Revista NORDESTE - Edição 74

Page 1




4-DEZEMBRO 2012


5-AGOSTO 2012


í Ano 7 - Número 74 - Dezembro/2012

ENTREVISTA

10

Uma nova visão de poder é possível - Em entrevista exclusiva, a deputada Luiza Erundina fala sobre o crescimento do PSB, investidas rumo a 2014 e lamenta aliança do PT com Paulo Maluf

POLÍTICA

20

Os ventos sopram a favor - O governador Eduardo Campos tem somado conquistas que podem credenciá-lo ao cargo de candidato à presidência em 2014

24

Estados pressionam Congresso - Parlamentares convocaram sessão para analisar o veto à divisão dos royalties de petróleo

Diretor Presidente

Walter Santos

Diretora Administrativa/Financeira

Ana Carla Uchôa Santos

Diretor Comercial

Pablo Forlan Santos Diretor de Marketing

Vinícius Paiva C. Santos Logística

Yvana Lemos COMERCIAL Gerente Comercial

Daniela Seravalli

ECONOMIA 26

Atendimento Comercial

Jone Falcão REDAÇÃO

36

“Estado não é garantia do desenvolvimento” - Economista Rômulo Polari reclama da participação excessiva do governo no mercado financeiro

40

Temporada quente - Setor turístico está aquecido com a chegado da alta estação e estados nordestinos são preferência nos destinos

Editora

Rivânia Queiroz Repórteres

Rafael Oliveira e Juliana Carneiro (PB)

E o PAC avançou? - Relatório revela que programa chegou ao final do 2ª ano com 38% das ações previstas executadas

Colaboradora

Jéssica Figueiredo (PB) Editoria de Arte Ceiça Rocha (editoração eletrônica) Kleber Costa da Fonseca (tratamento de imagem, diagramação e charges) Vinícius Santos e Eudes Lopes (capa)

NEGÓCIOS 46

48

Projeto Visual: Néctar Comunicação

ATENDIMENTO/ FINANCEIRO Supervisora e Contas a Pagar

Kelly Magna Pimenta

Contas a Receber

GERAL

Milton Carvalho Contabilidade

Emília Medeiros (contadora)

Pessoa inaugurar primeiro Centro-Dia do país voltado às pessoas com deficiência

80 Um realizador de sonhos - Empresário Léo Coutinho recebe título de cidadão pernambucano, comemora 35 anos de sua empresa e anuncia novo empreendimento

ESCRITÓRIOS COMERCIAIS ÔMEGA MÍDIA São Paulo / SP (+55 11 3670-4072)

EDUCAÇÃO

SHS QD. 6 Cj. A Bloco E Sl. 1713 - 70316-000

Rio de Janeiro / RJ (+55 21 2225-0206) Largo do Machado, 54 Cj. 1204 - 22221-020 Av. do Contorno, 6283

CULTURA

Sl. 1605 - 30110-110

Salvador / BA (+55 71 3017-6969) Av. Tancredo Neves, 1189 Sl. 1413/1414 - 41820-021

Recife / PE (+55 81 3465-4479) Av. Visc. de Jequitinhonha, 279 Sl. 1405 - 51021-190

* Representantes exclusivos das praças (SP, DF, RJ, MG, BA, PE e CE).

SEDE Pça. Dom Ulrico, 16 - Anexo - Centro João Pessoa - PB Cep 58010-740 / Tel/Fax: (83) 3041-3777 Impressão: Gráfica Sul e Editora

6-DEZEMBRO 2012

Av. Cel. Estevão, 1107 Alecrim - Natal - RN Fone: (84) 3211-2360

Distribuição: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos A Revista NORDESTE é editada pela Scientec - Associação para o Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia

www.revistanordeste.com.br

castigado os nordestinos. Estiagem tem arrasado plantações e matado o gado de fome e sede

76 Um lugar de esperança - Ministra Tereza Campello vem a João

PARA ANUNCIAR Ligue: (83) 3041-3777 comercial@revistanordeste.com.br

Belo Horizonte / MG (+55 31 2535-2711)

58 Que tamanha judiação - Maior seca dos últimos anos tem

Gonzaga, recebeu homenagem no dia em que faria 100 anos

CARTAS PARA REDAÇÃO faleconosco@revistanordeste.com.br

Brasília / DF (+55 61 3223-3003)

Um novo modelo de advocacia - Di Cavalcanti Advogados propõe um conceito diferente de advocacia no Nordeste, oferecendo um atendimento personalizado com um nível alto de especialidade

68 Do paletó ao gibão e chapéu de couro - O Rei do Baião, Luiz

ASSINATURAS (83) 3041-3777 Segunda a sexta, das 8 às 18 horas www.revistanordeste.com.br/assinatura

Rua Ministro Godói, 478 10º andar - 05015-000

A expansão dos Call Centers - Empresas do setor invadem os estados da região, atraídas pela oferta e custo da mão de obra

84 Revivendo o revolucionário Paulo Freire - Cinquentenário do

educador Paulo Freire será lembrado. Calendário nacional já está sendo elaborado

98 O frevo é da humanidade! - Ritmo pernambucano acaba de ser reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade

COLUNAS 8

Cartas e E-mails

14 Antonio Delfim Netto 16 Plugado (Walter Santos) 18 Carlos Roberto de Oliveira 44 Ipojuca Pontes 50 José Dirceu 82 arquiteturas (Rossana Honorato) 88 Digestivo (Rivânia Queiroz) 94 Vinhos (Afra Soares) 98 Agito Nordeste


CAPAPA 52 Uma nova forma de ver o mundo - Pai da internet no Brasil, Demi Getschko, foi um dos palestrantes do evento que aconteceu na Paraíba, BrasilCanadá 3.0, e que trouxe o debate sobre a evolução da internet no Nordeste

CULTURA

90

Nordestinos também dançam com Madonna - cantora Pop Star não veio ao Nordeste mas arrastou caravanas de todos os estados até o Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, onde fez shows da mais recente turnê

Estamos todos conectados “Ter um computador sem internet é como ficar sozinho com a Sharon Stone numa ilha deserta: é uma maravilha, mas não tem graça, porque você não tem como contar pra ninguém”. Esta frase, do saudoso humorista Bussunda, revela a importância cada vez maior da internet no mundo. Estamos todos conectados, e as distâncias diminuíram. Seja para uma pesquisa, um preenchimento de cadastro ou para participar ativamente das redes sociais, a grande rede entrou de vez no cotidiano da humanidade. O pai da web brasileira, Demi Getschko, que esteve na Paraíba participando da conferência Brasil-Canadá 3.0, percebe uma necessidade cada vez maior das pessoas se manterem conectadas. As redes sociais conseguem materializar o imaginário coletivo. O pensamento agora quer ser externalizado, pois há plateia para isso. Através das postagens e com a interatividade dos outros usuários, há uma dinâmica troca de informações, em uma velocidade incrível, capaz de transformar anônimos em famosos em poucas horas; tornar problemas sociais conhecidos e gerar mobilizações transformadoras na sociedade, passando por cima de qualquer tentativa de controle da informação. Com tanta gente conectada e trocando informações a todo o momento, já tem quem ganhe dinheiro com soluções criativas. A facilidade de uso das ferramentas da internet faz com que a criatividade, principalmente dos mais jovens, se transforme em negócios. O futuro tão real das Smart Cities, cidades onde as ferramentas virtuais e a tecnologia podem ser usadas para solucionar problemas e melhorar a qualidade de vida da população, também dá claros sinais de que este é um caminho sem volta. Ensino à distância, que faz com que o conhecimento das grandes faculdades cheguem aos lugares mais remotos; mercadorias, antes inacessíveis para quem não viajava para o exterior, agora podem ser adquiridas sem sair de casa; ver na tela do celular qual o trajeto mais rápido e com menos trânsito para chegar a um destino. As possibilidades são muitas. E cabe a cada um pensar na melhor forma de aproveitar toda esta tecnologia ao seu favor. Quem sabe se a próxima ideia é a sua? Boa leitura!

7-DEZEMBRO 2012


Cartas e E-mails

Quem conhece de mercado editorial, sabe que a NORDESTE veio para ficar e ser líder, com nível de padrão nacional

Dentro do mercado editorial do País, cada vez mais percebo crescimento de conceito e de influência da revista com o conteúdo jornalistico” Cleo Niceas, presidente da ABAP Nordeste, Recife

A revista tem estatura e importância, mas precisa estar mais forte em Salvador para reproduzir os efeitos de sua cobertura”

João Carlos Paes Mendonça , empresário, Recife, PE

Não temos dúvidas sobre o papel da revista, sempre de qualidade, e quanto mais se envolver com educação o fará da melhor forma possível”. Betânia Ramalho, Secretária de Educação do Rio Grande do Norte, Natal

Acompanhamos com atenção a Revista NORDESTE a cada edição e sempre nos surpreendendo com informações de nível indiscutível” Coordenação de Comunicação do Ministério das Cidades, Brasília

Tenho a impressão de que quem vê a revista em qualquer banca do Rio de Janeiro a considera com padrão do que há de melhor. É muito diferenciada”

8-DEZEMBRO 2012

Eliane Rodrigues Queiroz, Rio de Janeiro

Empresários portugueses que estão querendo investir no Nordeste ficaram surpresos com a abrangência e repercussão da revista, onde querem anunciar” José Orlando, empresário, João Pessoa

Marielson Carvalho, professor, Salvador.

Sou viajado e até hoje nada foi feito igual no mercado editorial, a partir do Nordeste. É a nossa voz e opinião, enfim, que chegou”

Não há uma pessoa que tenha acesso à revista para não aderir e considerar necessária a sua expansão em todo País”

Hugo Leão, cantor e compositor, João Pessoa

Geraldo Pinheiro, médico, Fortaleza

Nota da Redação: Sugestões de pauta ou matérias podem ser enviadas para o endereço eletrônico da editora: rivaniaqueiroz@revistanordeste.com.br. Agradecemos a sua participação.

NORDESTE On-line Facebook: Revista Nordeste Twitter: @RevistaNordeste E-mail: faleconosco@revistanordeste.com.br Site: www.revistanordeste.com.br

REVISTA NORDESTE • Ano 7 • N.º 73 Precisamos ampliar a circulação porque do ponto-de-vista conceitual e de conteúdo ela é única e faz o retrato exato do Nordeste sem esteriotipos nem discriminação nem oba-oba” Marcelo Castro, deputado federal, Brasília


9-DEZEMBRO 2012


Entrevista

Uma nova visão de Luiza Erundina fala sobre o crescimento do PSB e pondera que para chegar à Presidência a sigla precisa se fortalecer no Sudeste João Thiago

M

ais de quarenta anos de vida política dão à deputada federal por São Paulo, Luiza Erundina, a autoridade de dizer “não” à vice-prefeitura da cidade com maior orçamento de todo o país. Faze-lo por motivo ético, e não político dá ainda mais credibilidade à deputada. Ao saber que Paulo Maluf apoiaria o então candidato do PT, hoje prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, Erundina abriu mão da vice-prefeitura. A paraibana de Uiraúna é conhecida por ter a coragem que falta a muitos homens na política brasileira. Nesta entrevista Erundina fala de seu partido, o PSB, que, embora tenha tido um grande crescimento nas eleições de 2012, ainda tem muito a percorrer. Sobre as pretensões do partido de alcançar a Presidência da República, afirma sem pestanejar: O partido precisa crescer no Sudeste se quiser alcançar este objetivo.

Luiza Erundina


e poder é possível Fotos: Wilson Dias/ABr

Revista Nordeste - Como foi o processo de rompimento da aliança com o PT para as eleições municipais em São Paulo? Luiza Erundina – A aliança com Maluf foi feita à minha revelia. Na noite anterior à visita de Lula e Haddad à casa do Maluf, em São Paulo, eu falei com o Fernando e ele disse que a aliança não estava firmada. Que era algo que ainda seria repensado. Foi complicado ver o Lula no jardim da casa do Maluf apertando a mão dele. É triste ver isso. Por causa de um minuto a mais o PT se alia a um dos sobreviventes da ditadura militar. Foi demais para mim. Muito além do razoável. Nordeste - Abrir mão da vice foi uma decisão difícil de tomar? Luiza Erundina - Eu não preciso ser vice para fazer política. Fico feliz porque quando a gente faz algo que corresponde ao anseio da sociedade não tem erro. Não tem como não ficar satisfeita. Nordeste - Como a senhora enxerga o crescimento do PSB nestas eleições municipais no Brasil? Luiza Erundina - Não é pouca coisa ser eleito pelo PSB. É uma grande responsabilidade, e o crescimento do partido é algo a se celebrar e comemorar, evidentemente. No entanto, junto com esta comemoração é necessário enxergar que a responsabilidade aumenta no sentido de atender às necessidades da população. A esfera municipal de poder é a mais visível para a população. O Estado e a Nação são grandezas abstratas. É o poder local, municipal que é realmente visível para a população. Fico feliz de ver o partido crescendo tanto no Brasil e especialmente no Nordeste. Nordeste - De que forma este aumento de responsabilidade deve se refletir

Eduardo Campos é uma alternativa real para uma eventual candidatura à Presidência

na gestão do PSB nas cidades brasileiras a partir de 2013? Luiza Erundina - Nosso partido quer mudar a forma de exercer o poder neste país, e particularmente, em cada cidade que estivermos gerindo. Existem diferenças fundamentais em uma gestão socialista. Eu já fui vereadora e prefeita, e foi no poder municipal que aprendi a exercer a política verdadeira. Os poderes legislativo e executivo municipais são a base fundamental da Nação Brasileira. A democracia e a nação se constroem de baixo para cima, e a base primeira deste processo não é outra esfera senão a esfera municipal, o poder local. Isso

define o projeto socialista. Durante muito tempo os municípios foram deixados de lado na divisão de responsabilidades e de poder. O prefeito nunca teve muito o que falar sobre as questões econômicas, salariais, tributárias e estratégicas do país. Os gestores têm muito pouco poder de gerenciar sobre as questões municipais. O estado Brasileiro não deu o poder à esfera local, que é a mais visível para o cidadão. O estado é uma abstração. A união é uma abstração. O município é concreto. O poder local municipal se completa, se amplia, através do poder popular, que é o poder dos movimentos. A representatividade dos conselhos, 


da participação direta da sociedade no processo democrático, nas decisões estratégicas no controle e na execução destas decisões.

12-DEZEMBRO 2012

Nordeste - Na sua cidade natal, Uiraúna (no sertão paraibano), o prefeito eleito João Bosco Nonato Fernandes é do PSB. A senhora pensa em se aproximar de sua gestão? Luiza Erundina - Sei, e fiquei muito feliz com a notícia. Me sinto até interessada em, quem sabe, vir à posse dele no dia primeiro. Espero que ele faça a diferença na cidade. Por ser um prefeito socialista, tem um projeto diferente de gestão. Um projeto que já estamos concretizando em todo o Brasil. Nordeste - Em que consiste este projeto? Luiza Erundina - Acima de tudo, o governo com vocação socialista tem uma prática de gestão diferenciada. Socialismo pressupõe uma correlação de forças na sociedade que nos dê condições políticas para conquistarmos e realizarmos aquilo que for definido como sendo prioridade para a população. Definimos a gestão a partir da forma como governamos. Uma gestão de esquerda tem como primeiro pressuposto as prioridades concentradas na maior parte da população de uma cidade. O foco é sempre na coletividade. Saúde, educação, saneamento básico, infraestrutura urbana, habitação, tudo aquilo que é prioritário para a maioria. Esta é a marca que define a gestão democrática popular com perfil socialista. Frente às demandas, que são muitas, e a capacidade de resposta a estas demandas, que é limitada, a gestão socialista tenta equilibrar estas prioridades, dando a elas a atenção devida e possibilitando o desenvolvimento social contínuo. Um outro traço que define a gestão do PSB é o modo como se dá esta gestão. Como você governa? Talvez isso seja mais definidor de um perfil democrático popular do que propriamente as prioridades. Pois um governo conservador, de direita, se for responsável, vai priorizar, também, as questões sociais para responder aos direitos da população de uma cidade. Ao passo que a gestão é mais definidora de

Nós, sequer, chegamos ao capitalismo quando o assunto é a distribuição da terra no Brasil

um perfil de um modelo do que propriamente suas prioridades. Nordeste - E quais são as características desta gestão? Luiza Erundina - Uma gestão socialista, um governo popular, é ético. Absolutamente honesto. E isso não é uma qualidade. A ética e a honestidade são pressupostos da cidadania. Sobretudo de quem detém um mandato popular, uma função pública. Ele tem que ser essencialmente ético e honesto na gestão do recurso público, do interesse público, do bem comum. A ética e a moralidade são princípios inegociáveis e portanto uma gestão democrática tem que ter estas características não só no discurso, mas na prática do exercício do poder e da gestão do interesse público numa gestão democrática e popular. Nordeste - Como estas características de honestidade e ética se destacam? Luiza Erundina - A gestão democrática é transparente, com controle público, se submetendo à fiscalização de quem delegou o poder. Nós, políticos, temos uma função que foi delegada a nós. O poder que temos não nos pertence.

Quem nos deu este poder foi o povo. Eles transferiram a nós a autoridade para governa-los. O poder nos é delegado democraticamente em eleições livres e soberanas. Temos que dividi-lo com sua fonte de origem, que é o próprio povo. Trazer o povo para dividir a responsabilidade sobre as decisões que repercutem na definição das prioridades orçamentárias. A lei mais importante de uma esfera de poder é o orçamento que é aprovado para ser executado no ano seguinte. E as prioridades orçamentárias, e a definição do uso dos recursos daquela cidade tem que ser submetidos a fóruns democráticos e populares para saber se o dono do poder concorda com o que está sendo proposto por seu representante no exercício do poder. Por isso o Orçamento Popular. Quem determina onde será usado o dinheiro é o povo, propondo prioridades no uso dos recursos e fiscalizando se seus representantes estão fazendo o que precisa que seja feito. Nós temos que socializar o quanto a prefeitura vai receber naquele ano e como vamos distribuir estes recursos escassos diante de uma demanda crescente, sobretudo quando se trata de uma conjuntura complicada como a da seca, que penaliza de forma


tão aguda nosso povo na região Nordeste. Nordeste - A senhora fala do controle do povo sobre o orçamento... Luiza Erundina - Isso. Gestões democráticas, com participação popular na definição das prioridades, com controle público, população fiscalizando, controlando, criticando, para que a gente acerte mais, são o caminho para a democratização do poder. São as críticas do povo que determinam a condução do governo.

Nordeste - A senhora foi uma das primeiras mulheres a ter destaque na política brasileira. Como vê a evolução da representatividade feminina neste meio? Luiza Erundina - Basta ver uma coisa. As bancadas são feitas para homens. Eu sempre preciso de um banquinho, senão as pessoas não conseguem me ver. Mulheres são mais baixas, mas são a maioria da população. Hoje somos 52% da população e 52% dos eleitores. Mas não somos 52% dos prefeitos, vereadores e políticos em exercício no Brasil. Se você for contar, o número de prefeitas que se elegeram em todo o Brasil é uma minoria absoluta. E isso não é só no PSB, mas em todos os partidos. As bancadas ainda não são feitas para nós, mas vamos mudar isso. Ainda temos muito o que avançar na democracia em nosso país. Nordeste - Como começou sua luta pela democratização dos meios de comunicação e qual a importância desta causa para o Brasil? Luiza Erundina - Minha origem na luta política teve como mote a democratização da terra no país. A reforma agrária, que representa a democratização da propriedade da terra. Esta é uma

A aliança com Maluf foi feita à minha revelia. Foi complicado ver o Lula no jardim da casa dele apertando sua mão

questão muito importante em um país continental como o nosso em que ainda existe tanta concentração de terra nas mãos de poucos, em uma estrutura fundiária pré-capitalista. Nós, sequer, chegamos ao capitalismo quando o assunto é a distribuição da terra no Brasil. A democratização dos meios de comunicação no país é estratégica por conta disso. Não existe democratização da terra sem a democratização dos meios pelos quais a informação chega ao público. A mesma concentração de poder que existe nas relações fundiárias existe nas relações da comunicação do Brasil. No início eu não entendi de que forma colaboraria com a Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática, mas descobri a luta pela democratização dos meios de comunicação e cheguei à conclusão que ela é mais importante que a reforma agrária, que a reforma urbana. Pois no dia em que a gente fizer a democratização dos meios de comunicação, estaremos conquistando poder para o povo. E a maioria ter o poder quer dizer que teremos a autonomia para fazer todas as

demais reformas que nosso país precisa. Agrária, urbana, política, tributária, sem as quais o Brasil, mesmo crescendo economicamente, não construirá o projeto de nação e desenvolvimento ao qual o está vocacionado.

Nordeste - Há um projeto socialista para a Presidência da República? Há um plano em torno do nome de Eduardo Campos? Luiza Erundina -Ele tem uma capacidade de articulação política muito importante. É uma liderança jovem, competente e que dialoga com diversas forças políticas. É uma alternativa real para o PSB para uma eventual candidatura à Presidência da República. Isto acontecerá na próxima eleição nacional? Isso vai depender da conjuntura, do momento político. Há muitos desafios para se enfrentar nos próximos anos. Temos que considerar que o PSB é forte no Nordeste, mas se não conseguir se destacar no Sudeste, onde ficam os principais colégios eleitorais, terá mais dificuldade de viabilização de um projeto nacional.

13-DEZEMBRO 2012

Nordeste - O governante tem que ter um perfil de diálogo com a população, e isso incluiria ouvir as críticas? Luiza Erundina - Um governante democrático não só ouve, mas aceita, recebe e considera estas críticas e corrige o curso da ação de governo. Isso se ele, de fato, for democrático, e é isso que dá qualidade à gestão e a faz diferente de qualquer outra. É isso que diferencia realmente uma gestão socialista.


Opinião

Tristezas não resolvem

14-DEZEMBRO 2012

O

ministro Guido Mantega recebeu muitas críticas, recentemente, ao dizer que acredita que a economia brasileira vai voltar a crescer 4% ou até um pouquinho mais em 2013 e nos anos seguintes. Apesar do baixo crescimento do PIB em 2012, não tenho dúvida de que vamos terminar o ano com a economia “rodando” entre 3,5% e 4%. A expansão do terceiro trimestre sobre o segundo (acima de 1%) e a expectativa de que não ficará abaixo de 1% no quarto trimestre em relação ao terceiro, já aponta para um crescimento anualizado de 4%. Com todas as dificuldades que enfrentamos este ano - a economia externa baleada e as exportações reagindo mal - o ministro Guido e sua equipe podem comemorar, discretamente, o fato que vamos virar o ano novo com nossa economia se recuperando. O crescimento em 2013 não está dado. Sua sustentação vai depender do comportamento da política econômica, da aceleração dos investimentos públicos ao longo do ano e da cooptação do setor privado, para que este recupere o espírito animal e desamarre seu navio do ilusório cais da segurança. Aqui entra a famosa sentença de W.I. Thomas que veste como uma luva a atual situação brasileira: “se as pessoas definem suas circunstâncias como reais, então elas serão reais em suas consequências”. Se o setor privado brasileiro, erroneamente, passa a supor que o governo tornou-se hostil ao mercado e que deseja ampliar o seu tamanho, ele tira as consequências dessa sua crença, buscando uma posição defensiva segura até que a tempestade (o governo passageiro) dê lugar ao sol. Não adianta ficar triste: “as circunstâncias pensadas como reais levam à consequências reais”. Para cooptar o investimento privado indispensável para a ampliação do crescimento é preciso mudar aquela crença. O governo deve insistir que

é “pró-mercado” e não “pró-negócio”. Precisa convencer que é a favor da competição regulada e ágil e que não pretende realizar diretamente aquilo que por sua natureza o setor privado sabe fazer melhor. O governo – a exemplo do velho aforisma sobre os costumes romanos – deve mostrar que não se envolve com os “negócios” que caracterizam o “capitalismo de compadres”. E tem que se esforçar para cooptar a massa gigantesca de pequenos, médios e grandes empresários, assustados com o fantasma da “estatização”, que seria o seu “verdadeiro objetivo”, como corneta a oposição... Talvez o teorema de Thomas ajude a entender o paradoxo de um governo, extremamente bem avaliado pela sociedade, ser visto ao mesmo tempo com profunda desconfiança pelo seu setor produtivo privado, particularmente o financeiro. Apesar dos tênues sinais de que o cenário internacional está ficando “menos pior”, o que nos dá algum alento para melhorar as exportações, a aceleração do crescimento vai continuar dependendo cada vez mais de nós mesmos. Depende do suporte que o governo for capaz de dar para o crescimento do mercado interno e das respostas do setor privado às políticas postas em prática. A única forma, na realidade, de projetar o crescimento é tratar de construí-lo, por que não existe nenhum mecanismo mágico que garanta o acerto das previsões. O ano está terminando e o mundo não acabou em 2012, como os feiticeiros previram... Nossa economia tem tido um comportamento peculiar, com maior crescimento nos setores de serviços, uma verdadeira revolução no processo da inclusão social, o mercado de trabalho praticamente em pleno emprego, com as instituições funcionando bem, de forma que não há nenhum obstáculo intransponível para que o Brasil volte a crescer mais.

Antonio Delfim Netto Professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento

Talvez o teorema de Thomas ajude a entender o paradoxo de um governo, extremamente bem avaliado pela sociedade


SAC CAIXA: 0800 726 0101 (informações, reclamações, sugestões e elogios) Para pessoas com deficiência auditiva ou de fala: 0800 726 2492 Ouvidoria: 0800 725 7474

caixa.gov.br facebook.com/caixa

CHEGOU A SUPER CONTA CAIXA EMPRESARIAL

O banco das melhores taxas tem uma novidade exclusiva para você empresário de uma micro, pequena ou média empresa. É a Super Conta CAIXA Empresarial. Um pacote de soluções com muitas vantagens que facilitam o dia a dia do seu negócio. Confira:

CAPITAL DE GIRO TAXA DE

0,94%

A.M.

ANTECIPAÇÃO DE RECEBÍVEIS* % TAXA DE A.M. + TR

1

CHEQUE ESPECIAL** % A.M. TAXA DE

3,20

CONHEÇA TAMBÉM O PACOTE DE BENEFÍCIOS EXCLUSIVOS PARA QUEM TEM DOMICÍLIO BANCÁRIO NA CAIXA. FALE COM UM DE NOSSOS GERENTES E PEÇA A SUA SUPER CONTA CAIXA EMPRESARIAL.

*Condições válidas para o GIROCAIXA Instantâneo Múltiplo somente para antecipação de faturas de cartão de crédito. **Condições válidas para empresas que tenham domicílio bancário na CAIXA com recebimento de cartão de crédito. Condição de Cheque Empresa válida para faixa de taxa de juros do credenciamento.

15-DEZEMBRO 2012

QUEM COMPARA VEM PRA CAIXA.


Walter Santos ws@revistanordeste.com.br

Um outro aeroporto com foco em PE – PB Desde que a Fiat decidiu instalar sua nova planta industrial no município de Goiana, Litoral Norte de Pernambuco, anda em processo a elaboração do projeto de implantação de um aeroporto nesse município, que vai atender não somente o estado pernambucano, como João Pessoa, na Paraíba, e cidades adjacentes. Não há, pelo menos por enquanto, informações concretas sobre a construção do terminal. Entretanto, consultores e empresários revelam que há um compromisso firmado com o Governo Eduardo Campos, desde 2011, para que seja construído o aeroporto. Isso para atender o fluxo de passageiros depois que fábrica da Fiat estiver inaugurada. Esta ação está atrelada a outro grande investimento na região: a implantação de uma rodovia diferenciada, como existe em São Paulo, para permitir o

fluxo e escoamento da produção e dos automóveis fabricados pela empresa, passando por fora de Recife e Região Metropolitana, e chegando até o Complexo de Suape. Nos anos 70, época em que Per-

A FIEP e os investidores A propósito dos investimentos da Fiat, em Goiana, a iniciativa já vem tendo reflexos na área fronteiriça. O presidente da Federação das Indústrias (Fiep), Buega Gadelha, revelou que está recebendo representantes da indústria italiana para conversar sobre o interesse de executivos da montadora por moradias no Litoral Sul paraibano, sobretudo no município do Conde. “ Temos feito muitas reuniões de trabalho exatamente para prover os executivos e

O que muda em São Luís (MA)

funcionários da Fiat que têm intenção de, mesmo trabalhando em Pernambuco, residir no Litoral Sul da Paraíba”, confirmou.

16-DEZEMBRO 2012

Condomínio do IBIS Ainda sobre a Fiat, há informações de que a rede de Hotéis IBIS, da Accorr, está negociando a compra de um terreno próximo ao Centro de Convenções de João Pessoa, também para

nambuco foi administrado por Marco Maciel e, posteriormente, por Roberto Magalhães, o assunto ganhou força, mas o projeto para a construção de um aeroporto em Goiana foi abortado.

atender a demanda dos funcionários e diretores da fábrica. Quem esteve com os diretores da rede hoteleira garante que eles já tomaram a decisão de implementar o equipamento.

O prefeito eleito de São Luís, Edvaldo Holanda Jr, vai focar seu trabalho no combate à corrupção. No discurso de posse, o adversário dos Sarney no Maranhão disse: “Será um trabalho de mudança de velhas práticas administrativas e combate a corrupção”. Para a tarefa, convocou a “imprensa livre” os sindicatos, empresários e a população.


Inovando em Teresina

O único Prefeito do PT

“Equipe fraquinha” Ainda não saiu da garganta de muita gente do Governo Federal as criticas do ex-ministro Ciro Gomes de que a equipe de Dilma Rousseff reúne ministros considerados “fraquinhos”, sem apresentar resultados à altura das necessidades dos setores

O cenário de Aracaju “Temos uma responsabilidade grande. Sabemos da expectativa dos sergipanos, por isso, estaremos empenhados com garra e força na certeza de que vamos cumprir o objetivo apresentado na campanha”. Foi com esse discurso que o prefeito eleito João Alves Filho foi diplomado. Ele é prinmcipal opositor do governador Marcelo Deda. “Fomos escolhidos pelo povo para resolver problemas”. Ele reiterou que vai buscar parcerias com os governos Federal e Estadual.

várias áreas de atuação e promete inovar.

Um fato inusitado se registrou na capital do Piaui, nos últimos dias de dezembro. O prefeito eleito Firmino Filho embarcou na véspera da diplomação, dia 17, para Nova Iorque, nos Estados Unidos. No seu microblog Twitter, publicou a seguinte mensagem: “Viajando. Retorno janeiro”. De acordo com a futura secretária municipal de Comunicação, Claudia Brandão, trata-se de uma viagem familiar. “É uma viagem de férias junto à família. Ele só volta no final do mês”.

e das pastas. Ele se referia aos ministérios da Casa Civil, Articulação Política e Saúde. Ciro, sem papas na língua, ainda reproduz o mesmo conceito na atualidade, mesmo respeitando o legado da presidenta da República. Mas que não perde o tempo para criticar os ministros, disso ele não se afasta não.

Como fica Natal Geraldo Julio foca em Campos O prefeito eleito Geraldo Julio fez o dever de casa, em termos de gratidão, ao ser diplomado pelo TRE/PE. “Quero agradecer ao governador Eduardo Campos, o governador mais bem avaliado da história recente deste País. Não tenho como retribuir pessoalmente a tudo o que o senhor tem proporcionado à minha vida nesses últimos anos. Mas prometo me entregar com afinco, sem descanso, me dedicar com amizade e lealdade, para dar uma vida melhor ao povo do Recife”. Emocionado, Geraldo Julio lembrou ser filho de militantes políticos que lutaram pela redemocratização durante a ditadura militar.

O prefeito diplomado de Natal, Carlos Eduardo, agradeceu mais uma vez a Deus e ao povo potiguar "por ter nos confiado mais uma vez à grande responsabilidade de ser o seu gestor, nos próximos quatro anos". Ele define o momento como referência da democracia. "A democracia brasileira se reafirma e representa uma conquista para todos nós”. Para ele, "é preciso retomar o caminho do desenvolvimento”. Em Natal nunca se viu uma situação tão caótica. Vamos precisar da união de todos".

17-DEZEMBRO 2012

O prefeito diplomado de João Pessoa, Luciano Cartaxo, atrai para si a condição de ser o único prefeito de capital do Partido dos Trabalhadores no Nordeste. Nos últimos dias, depois da diplomação, tem apresentado um conjunto de ações para os 113 dias de governo, focando as ações prioritárias no combate à pobreza e busca de investimentos, tendo a educação e a saúde como foco. Também vai atacar


Opinião

Mais barulhentos que os sinos de Noel e os fogos do réveillon

18-DEZEMBRO 2012

D

o mensalão já não se aguenta mais falar, a não ser sobre a queda de braço que começa a ser travada entre o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, ambos reivindicando o poder constitucional de cassar os mandatos dos deputados condenados pelo STF. É briga de cachorro grande, sem a admissão de coleira, cujo rosnado preocupa pela crise institucional que pode causar. Com os superpoderes de Rosemary Noronha e o depoimento de Marcos Valério, as oposições midiática e partidária, visam atingir, agora, prioritariamente, Lula na sua ação política como avalista maior do PT e, no campo eleitoral, onde já o convocam para disputar, em 2014, o governo de São Paulo. Por osmose, esperam colocar pedras no caminho da reeleição de Dilma, uma presidente cuja popularidade e aprovação, sua (81%) e do governo (62%), mostram-na blindada ao pessimismo com que os seus opositores pintam o atual momento econômico brasileiro. No caso específico de Rosemary, o petardo acionado tem uma potência que excede o campo político e pode desestabilizar Lula em pontos vitais. No emocional e no físico. A mídia tem dado às 33 viagens internacionais em que a secretária acompanhou Lula e das quais Marisa não participou, de 2005 a 2010, praticamente o mesmo peso que atribui aos crimes de que a acusa: tráfico de influência, nomeações para cargos de alto escalão, obtenção de laudos e pareceres fraudulentos. Tudo isso em troca de dinheiro para comprar um imóvel de classe média, nomear uma filha para um órgão estatal, falsificar um diploma de curso superior para um ex-marido e curtir um cruzeiro de três dias, ouvindo a dupla sertaneja Bruno e Marrone. Verdadeiras as denúncias, o pedágio cobrado pela secretária era próprio de estradas apenas carroçáveis. Esse escândalo, com o destaque dado às viagens, tumultua, sem dúvida, a relação de Lula com sua mulher Marisa e demais familiares. E o que é pior, submete-o a uma situação de estresse, de alto risco para quem extirpou um câncer, há pouco tempo. Coin-

cidência ou não, Hugo Chavez, presidente da Venezuela, que vive permanentemente pressionado pela mídia, tem visto recidivar, por mais de uma vez, em seu organismo, um mal similar. No ano de 2005, em depoimento à CPI dos Correios, Marcos Valério, respondendo ao deputado João Fontes (PDT-SE),disse que “nunca tivera contato com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva”. Diante da insistência do parlamentar, Valério assegurou que jamais fora ao Palácio do Planalto conversar com o presidente da República. Condenado, agora, a 40 anos de cadeia e ao pagamento de expressiva multa pecuniária, Valério, que corre o risco de aumentar pena e multa quando julgado for, pelo STF, o mensalão tucano, tornou-se voz autorizada, senhor dos dons da onisciência e da onipotência. Diz saber de conversas entre Lula e Palocci, detalhes da morte de Celso Daniel, transações financeiras na China, encontros de Lula e Dirceu, projeto da Portugal Telecom, etc... Tudo afirmado sem provas, num depoimento que, na opinião do ex-procurador geral da República, Antônio Fernando de Sousa, autor da denúncia na qual Joaquim Barbosa baseou o seu relatório, está eivado das expressões “eu acho”, “eu vi” e “me disseram”. Em virtude disso – diz Antônio Fernando de Sousa - “vi que não tem o que fazer, porque não há documentos, nem datas. Só tem a fala sem indicação de como confirmá-la”. É óbvio que as “performances” de Rosemary e de Valério disputarão os espaços da mídia com os festejos do Natal e Ano Novo. No escândalo de Rosemary, o PSDB, o DEM e o PPS, sentem-se mais à vontade em repercuti-lo e têm nas opiniões dos ministros do STF, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio, favoráveis à investigação dos fatos, um incentivo de primeira linha. Já com respeito ao depoimento de Marcos Valério, sigiloso porém publicado pelo jornal O Estado de São Paulo, será exaustivamente repetido,ao ponto de sobrepor-se ao barulho dos sinos de Papai Noel e aos fogos do Réveillon.

Carlos Roberto de Oliveira Jornalista, consultor de Marketing e sócio da CLG

Valério tornou-se voz autorizada, senhor dos dons da onisciência e da onipotência. Diz saber de conversas entre Lula e Palocci, detalhes da morte de Celso Daniel, transações financeiras na China, encontros de Lula e Dirceu...


Uma parceria pela geração de trabalho e renda no país.

A Fundação Banco do Brasil e o BNDES se uniram para promover o desenvolvimento sustentável de comunidades rurais e urbanas que vivem em situação de vulnerabilidade econômica, por meio de programas e tecnologias sociais voltados à geração de trabalho e renda.

www.fbb.org.br/bndes-fbb

19-DEZEMBRO 2012

Em três anos, foram investidos R$ 130 milhões, envolvendo mais de 120 mil famílias no processo de transformação social.


Política

o

Nenhum político brasileiro montou tão bem a estratégia para 2014 quanto o governador de Pernambuco. Eduardo Campos saiu das urnas eleitorais em 2012 conquistando 443 prefeituras no país, das quais, cinco em capitais. Um crescimento de mais de 42% da legenda é presidida por ele. Afora isso, intensificou a agenda com os representantes do PIB brasileiro e vem ocupando espaços privilegiados na mídia, o que tem lhe rendido o título de potencial candidato à Presidência da República na sucessão de Dilma Rousseff.

o

Os ventos

sopram a favor

20-DEZEMBRO 2012

Rafael Oliveira

O

que é preciso para consolidar uma candidatura à Presidência da República? Vamos à regra padrão: Uma boa base eleitoral, coligação forte e financiamento garantido para a campanha. Baseado nisso, tem gente que nem precisou decorar esta lição em cima da hora: já sabe de tudo isso desde quando ainda era criança. Eduardo Campos

aprendeu na escola Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco. O jeito de articulador, de bom relacionamento com todos e o poder de argumentação que o avô tinha parece estar no sangue do atual governador de Pernambuco. Chegou de mansinho, lá em 1985, ainda bem jovem, como presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); no ano seguinte, era chefe de gabinete de Arraes,

já mostrando trabalho: participou da criação da primeira Secretaria de Ciência e Tecnologia do Nordeste e da FACEPE, em 1987 e 1989, respectivamente. Na década de 90, deu seu primeiro grande passo ao filiar-se ao PSB. Virou deputado estadual, onde foi líder e um dos mais des-


tacados parlamentares da bancada da oposição, e deputado federal por duas vezes, conquistando ainda o Ministério da Ciência e Tecnologia entre 2004 e 2005. De lá pra cá, se tornou o presidente nacional do PSB e governador reeleito, com índice de aprovação de 89%. Aproveitou todo este tempo na carreira política para conhecer e ser co nhecido entre empresários, integrantes de outros partidos e estabelecer

Foto: Divulgação

alianças fortes. Dito isto, fica a pergunta: Será que ninguém segura Eduardo Campos? É a partir daí que começa o zum-zum-zum nos bastidores. Falar no nome do socialista para disputar a Presidência da República ainda é um assunto indigesto para alguns dirigentes de partidos. Nas bocas, saem frases filtradas como “ainda é muito cedo para falar de 2014”, enquanto que dentro das cabeças, o pensamento é um só: “2014 é logo ali”. Assunto difícil de falar com o próprio Eduardo, que decidiu fechar o bico sobre o assunto. Mas nem por isso deixa de rodar os quatro cantos do Brasil. O socialista entrou na rota de empresários e integrantes do mercado financeiro do Sul e Sudeste, e de tradicionais financiadores de campanha, e já tem canais privilegiados com o PIB nacional. Contatos importantes já fazem parte da agenda de Eduardo, como Jorge Gerdau, presidente do Conselho de Administração da Gerdau, Carlos Jereissati, da Jereissati Participações e Marcelo Odebrecht. Os contatos também se intensificaram no meio

financeiro, como o presidente da JP Morgan no Brasil, Cláudio Berquó, André Esteves, do BTG Pactual, Lázaro Brandão, do Bradesco, e Roberto Setubal, do Itaú. Armando Monteiro Neto (PTB-PE) é um dos mais chegados de Eduardo Campos e sabe da importância dessa aproximação. “Ele é um político habilidoso e gestor aplicado, que utiliza ferramentas modernas de produtividade e eficiência. Isso atrai o empresariado”, disse o senador e expresidente da Confederação Nacional das Indústrias. Eduardo não deixa de dar suas declarações em eventos como o seminário “Novos Ventos na Política Brasileira”, promovido pelo Jornal Valor Econômico (do qual participaram o prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o reeleito no RJ, Eduardo Paes (PMDB). “Precisamos alavancar o investimento, mas não é só isso. Precisamos melhorar a educação, investir em ciência e tecnologia, melhorar a infraestrutura. Tem uma pauta que não está tão clara como nos últimos anos”. É, tem muita gente de olho na próxima tacada de Eduardo Campos.

21-DEZEMBRO 2012

Ilustração: Kleber Costa


A pedra no sapato de E Dentro do PSB já há quem defenda que o partido não lance candidatura própria em 2014 e continue apoiando o governo Dilma. Esse é o sonho do PSB no Ceará. Sem citar o nome de Eduardo Campos, o ex-ministro Ciro Gomes disse, no mês passado, que o PSB deve abandonar a ideia. “Nós estamos participando do governo de Dilma de forma satisfatória, e vejo que ela está se esforçando em torno de questões centrais. Não há motivo para irmos contra ela”, afirmou o político. E cutucou: “Cultivo a lealdade e a decência. Se nós formos lançar candidato, devemos abandonar imediatamente o governo”. Cid Gomes, claro, mantém a mesma linha, e ainda elogia o governo Dilma Rousseff como argumento para manter a aliança fortalecida em 2014. “Nós ajudamos e tivemos um papel decisivo na eleição da presidenta Dilma. O partido concordou com o espaço que foi oferecido para o PSB. Dilma implementou coisas que nós mesmos defendemos, como a mexida nas taxas de juros, sem grandes traumas. Dilma

Foto: Divulgação

Irmãos Gomes defendem manutenção da aliança com o PT de Dilma na próxima disputa

amadureceu o Brasil, a gente não tem do que reclamar dela. Em nome de quê a gente vai ter uma candidatura própria?”, argumenta. Quando perguntado sobre Eduardo, Cid não deixa de elogiar o partidário, mas diz que a sigla ainda precisa ter mais força, se quiser ir contra o PT.

“Eduardo tem muitas qualidades. É o governador mais bem avaliado do Brasil. Ele tem as condições para vir a ser um candidato a presidência. Só que uma candidatura não se faz do dia para a noite. O Ciro Gomes, por exemplo, em 2010, chegou a ter 18% na preferência do eleitor nas pré-pesquisas, e

PT: de olho no PSB

22-DEZEMBRO 2012

Foto: Divulgação

Alguns dirigentes dentro do PT não veem com bons olhos a movimentação de Eduardo Campos. O senador Humberto Costa, depois de perder as eleições do Recife para o PSB do governador, começa a mandar recados para o diretório nacional: “Não subestimem Eduardo Campos! Ele vende utopias que seduzem muito a nova classe C. Eu não duvido de que ele possa vir a ser um nome forte em 2014”, alertou o petista durante coletiva em sua festa de confraternização de fim de ano. “Nós vimos o que aconteceu com Marina Silva. Se lançou para presidente sem apoio de nenhum prefeito. O resultado a gente conhece”, completou. A companheiros mais próximos, o ex-

Humberto: “Não subestimemem Eduardo”

presidente Lula também já desabafa acerca dos planos de Eduardo. Em privado, tem dito que o governador aparelha-se para disputar a Presidência em 2014, embora não creia que o ‘aliado’ venceria a eleição. Ele acha que a entrada do socialista no jogo eleitoral tornaria a reeleição de Dilma mais difícil, já que, na disputa, Eduardo roubaria votos no Nordeste. Nos bastidores, o PT tenta consolidar a tese de que a expansão do PSB no pleito 2012 ocorreu sob o guarda-chuva do governo federal, principalmente em áreas de atuação do Ministério da Integração, comandado pelos socialistas. Também não desejam aumentar a participação da sigla no primeiro escalão de Dilma, mesmo sem o Planalto falar em ampliação desse espaço.


Eduardo Eduardo só 3% em uma amostragem recente no Ibope. É claro que isso muda com o tempo, mas é fundamental que se tenha uma base mais sólida”, diz. Cid reforça que o crescimento do partido vem acontecendo, mas aos poucos. “Já somos o 2º partido em quantidades de governadores de estado. Temos deficiências na Câmara, nossa bancada é pequena, no Senado então, nem se fala”, diz. E sobre 2018? Cid não esconde que chegar à presidência é o real objetivo do PSB. “Todo partido deve ter como objetivo alcançar o poder e implementar aquilo que acredita, que é melhor do que as pessoas. O PSB deseja um dia (e já fez isso no passado) disputar a Presidência da República. O nosso objetivo é chegar ao poder. Não tem que esconder, nem ter vergonha de dizer isso. Deixemos encerrar o ciclo da Dilma, para estarmos à vontade para dizer: “nós lhe apoiamos, e agora queremos estar livres para a possibilidade de ter uma candidatura”. Mas não dá para dizer o que dá para acontecer até 2018. São planos.”

Que partido é esse? O Par tido Socialista Brasileiro parece que não está para brincadeira. Nas últimas eleições municipais, foi o que mais cresceu em número de prefeituras conquistadas, com 42,9% (O PT teve um crescimento de 14,4%, enquanto que PMDB e PSDB apresentaram quedas de 14,2% e 11,3%, respectivamente). O PSB começa 2013 com 443 prefeituras, e é o partido com mais capitais: Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Recife (PE), Cuiabá (MT) e Porto Velho (RO). A maior parte das cidades conquistadas está nos maiores colégios eleitorais: São Paulo (29), Minas Gerais (31), Rio de Janeiro (8), Bahia (28) e Rio Grande do Sul (18); com forte concentração em estados do Nordeste, com Pernambuco (58), Piauí (53) e Ceará (40). O período eleitoral terminou, e não deu nem tempo do PSB respirar. Sem perder o clima do momento, Eduardo Campos, presidente nacional da sigla, promoveu um encontro em Brasília com os 443 prefeitos eleitos. Quem foi, sentiu uma empolgação na base do par tido com a possibilidade de candidatura própria em 2014.

A palestra que Eduardo fez caiu como uma luva para o momento: Enquanto governadores e prefeitos pressionam o governo federal por mais recursos, o socialista solta o tema “Por um Novo Federalismo Brasileiro”; para estimular o consumo, promove desonerações que reduzem os repasses dos fundos de participação de estados e municípios. Mas tem gente dentro do partido que teme a decisão de Eduardo, frente à delicada aliança com o governo Dilma e a pressão de alguns dirigentes do PSB em reforçar a ideia de candidatura própria. “Tem vezes que você tem que brigar para ser candidato. No caso do Eduardo, ele vai ter que brigar para não ser”, disse o deputado Márcio França (PSB-SP). Enquanto isso, o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, tenta acalmar os ânimos. “Nossa prioridade agora é a organização par tidária. Se ele vai ser candidato ou não, é segundo plano. Agora é o momento de mostrar ao par tido nossa força, depois do excelente desempenho que tivemos nas últimas eleições”, afirmou.

Para os cientistas políticos, a corrida para 2014 começou antes mesmo de iniciar o pleito 2012. Mas a coisa está sendo trabalhada de forma bem sutil – e muito bem pensada, pois cada passo pode ser uma ótima estratégia, ou o início de uma tragédia. O cientista político Jaldes Menezes, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), disse que tudo vai depender do andamento do governo Dilma, em 2013. “Se a crise econômica se aguçar, é possível que o PSB rompa com o PT e confirme sua candidatura própria. Se os índices de aprovação do governo Dilma continuarem altos, acho pouco provável que ele queira este embate agora”, analisa.

Jaldes acha que o socialista ainda vai pensar muito bem antes de dizer algo ou fazer qualquer ação, para evitar decisões precipitadas que podem desgastar a relação com o PT. “O nome está cogitado, é verdade. Ele tem esse interesse. Mas não estou certo de que ele tenha tempo suficiente para viabilizar uma campanha forte para 2014. Ele vem se encontrando com empresários paulistas, tem saído com mais frequência nos jornais. Mas acho que ele deve pensar mais sobre 2018”, completa. Há também quem perceba altos riscos em deixar a disputa para 2018. Para Adriano Oliveira, cientista político da Universidade Federal de Pernambuco

(UFPE), a oportunidade de Eduardo Campos se lançar como candidato ao Palácio do Planalto é agora. “Eduardo se transformou em um ator estratégico, importante como impedidor da continuidade do poder do PT, e ele sabe disso”, explica. “Ele certamente vai ser atropelado em 2018 pelo PT com Fernando Haddad ou outra indicação”, explica, dizendo que o PT não vai querer abrir mão. “Essa conversa de que chegar para Dilma em 2018 com a conversa de que o PSB apoiou ela e que agora o PT fica com esta dívida com os socialistas é papo furado. O PSB apoiou o PT porque quis, e já teve espaço dentro do governo. O PT não deve abrir para ninguém”, analisa Oliveira.

23-DEZEMBRO 2012

Analistas avaliam riscos


Política

Estados pressionam

Congresso Parlamentares se articulam e convocam sessão para analisar veto à divisão dos royalties de petróleo

O

24-DEZEMBRO 2012

s parlamentares dos estados considerados nãoprodutores de petróleo se articularam com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para convocar uma sessão do Congresso que analisaria todos os vetos presidencias, inclusive o que impediu uma nova distribuição dos royalties de petróleo mais igualitária entre estados e municípios. O encontro aconteceria na quarta-feira, dia 19 de dezembro. Uma sessão para análise do veto sobre os royalties de petróleo estava agendada para o dia anterior (terçafeira, dia 18), mas foi cancelada depois da decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que concedeu liminar impedindo a votação preferencial desse veto sobre os demais que aguardavam na pauta. A decisão de Fux, no entanto, não impede que seja feita uma sessão para analisar todos os vetos que aguardam apreciação no Congresso Nacional. “Acertamos com o presidente Sarney que vamos apresentar um requerimento para que seja convocada uma sessão do

Congresso (na quarta-feira, dia 19) para analisar todos os vetos”, disse o senador Wellington Dias (PT-PI), antes da convocação. Logo que soube da decisão do ministro Fux, o presidente do Senado, José Sarney, anunciou em Plenário que havia determinado à Advocacia-Geral do Senado que ingressasse, já na manhã da terça-feira (18), com um pedido de reconsideração e com um agravo de instrumento contra decisão do ministro do STF que impede o Congresso de votar o veto parcial da presidente Dilma Rousseff à nova partilha dos royalties. O senador Lindbergh Farias (PTRJ) relatou a decisão do ministro Fu x e r e s s a l t o u q u e , d u r a n t e a sessão do Congresso em que se decidiu pela urgência no exame do veto, presidida pela deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), vários parlamentares apontaram desrespeito a regras constitucionais. O ministro Fux considerou que o veto parcial não poderia ser examinado antes dos outros 3 mil vetos presidenciais que aguardam a apreciação do Congresso.


Os governadores dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo comemoraram intensamente, no início da segunda quinzena de dezembro, o ato unilateral do ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux. Ele concedeu liminar mandando suspender a sessão do Congresso Nacional prevista para dia 18, quando os parlamentares tomariam a decisão de sepultar o veto da presidenta Dilma Rousseff, sobre a nova distribuição dos royalties do Pré-Sal. Sentimento diferente teve as lideranças políticas dos demais estados, sobretudo, do Nordeste, que mantiveram reação para derrubar a liminar e o veto. Este é o segundo ato, após o da presidenta Dilma, a impedir que o petróleo explorado em alto mar, de propriedade da União, tenha uma forma desequilibrada de distribuição dos royalties, acabando, assim, com o formato atual, onde toda a riqueza é concentrada em dois estados. Os produtores argumentam perdas, que não serão sentidas, uma vez que o Pré-Sal assegura o “status quo” em vigência, onde a maior parte dos recursos ainda ficará nãos mãos do Sudeste. A tese do ministro é clara: “Defiro o pedido liminar nos termos em que formulados para, inaudita altera parte, determinar ao Congresso Nacional que se abstenha de deliberar acerca do veto parcial nº 38/2012, antes que se proceda à análise de todos os

Fux abriga teses pró Rio e Espírito Santo, manda suspender votação no Congresso, mas luta dos estados insiste pela igualdade

vetos pendentes com prazo de análise expirado até a presente data, em ordem cronológica de recebimento da respectiva comunicação, observadas as regras regimentais pertinentes”. Apesar disso, o presidente do Senado, José Sarney, avisou que recorrerá da decisão para manter a autonomia do Poder Legislativo. Na análise dos especialistas em Direito, ao deferir a liminar, o ministro avalia que não há diferença entre os vetos presidenciais. Segundo sua decisão, a Constituição, ao impor tanto um prazo de trinta dias para

a deliberação acerca do veto, quanto o trancamento de pauta como consequência para o seu descumprimento, exige a apreciação dos vetos em ordem cronológica de comunicação ao Legislativo. “Aos olhos da Constituição, todo e qualquer veto presidencial é marcado pelo traço característico da urgência, que resta evidente pela possibilidade de trancamento da pauta legislativa em razão da sua não avaliação oportuna. Daí por que não há, diante da Lei Maior, vetos mais ou menos urgentes. Todos o são em igual grau”. 25-DEZEMBRO 2012

Tensão entre poderes

Foto: Divulgação


Economia

E o PAC a Relatório revela volume de investimentos do Governo Federal em infraestrutura em todo o país. Houve avanços, mas as grandes obras ainda estão emperradas João Thiago

L

ançado em 29 de março de 2010 e com previsão de recursos da ordem de R$ 1,59 trilhão, a segunda parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) chega ao segundo ano com 38,5% das ações previstas para o período de 2011/2014 concluídas. O valor total do investimento feito em 2012 foi de R$ 272,7 bilhões. Ao todo, segundo o 5º balanço do PAC 2 apresentado no final de novembro pelo Governo Federal, desde 2010, o valor investido no programa chegou a R$ 385,9 bilhões em obras de infraestrutura logística, social e urbana até

Foto: Rodrigo Nunes

Ministro das Cidades, Aguinaldo Silva, revela que objetivo é aumentar a execução orçamentária


avançou? Foto: Divulgação

BR 101/RN - Duplicação Ponta Negra

afirmou o ministro. Os números dão peso às realizações efetivadas até agora. Ao todo, mais de mil quilômetros de rodovias, quase quinhentos empreendimentos na área de saneamento básico, quase um milhão de unidades habitacionais construídas dão o tom do andamento das obras em todo o Brasil. Para o ministro Aguinaldo Ribeiro, o crescimento do processo tem sido contínuo. “Ele tem que ser uma constante. No Minha Casa Minha Vida, por exemplo, o valor investido este ano já é 23% mais alto que o valor que havíamos proposto para investir”, explicou.

Execução cresceu 19% entre junho e setembro 385,9 324,3

R$ bilhões

setembro de 2012. O objetivo é aplicar, até 2014, R$ 708 bilhões. A maior mudança que foi registrada na avaliação do PAC 2 foi o crescimento do ritmo das obras. De setembro de 2011 a setembro de 2012 um crescimento de mais de 120% foi registrado, com um salto de R$R 242 bilhões (veja infográfico). De junho a setembro deste ano o crescimento registrado foi de 19%. Em 2013, de janeiro a março, a expectativa é que o Plano de Aceleração tenha um volume de liberação de recursos na ordem de R$ 65 bilhões, nas áreas de habitação, saneamento básico, contenção de encostas, pavimentação de rodovias e investimentos nas grandes e médias cidades brasileiras. As médias cidades, inclusive, serão, segundo o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, beneficiadas com R$ 7 bilhões. Os projetos, atualmente, estão em fase de seleção, mas o financiamento já está liberado. “Nossa meta é, em 2013, aumentar a execução orçamentária e entregar o maior número de obras possível. Faço sempre um alerta para os prefeitos para que preparem suas equipes e apresentem projetos de qualidade para ter acesso aos recursos. A boa gestão é que garantirá a entrega pontual das obras para a população”,

204,4 143,6

1º balanço 30 jun/2011

34% 21,4%

86,4 9%

40,4%

15% 2º balanço 30 set/2011

3º balanço 31 Dez/2011

4º balanço 30 jun/2012

5º balanço 30 set/2012


Um teto sob o qual viver Só no Ceará, o “Minha Casa Minha Vida” beneficiou 16 mil famílias. Ao todo, o programa teve um aporte de R$ 155 bilhões de janeiro a setembro deste ano. Mais de 950 mil unidades residenciais começaram a ser construídas. Uma boa parte delas já foi concluída. Em Sobral, no interior do estado, Clemilda Guimarães tem os olhos brilhando e não se separa da chave que foi entregue em suas mãos. “Eu não vou pagar mais aluguel. A casa é minha. Muita coisa vai melhorar agora. Eu sou mãe solteira, com duas filhas. Esse programa foi muito bom para mim, melhorando minhas condições financeiras, me dando a possibilidade de ter minha própria casinha, meu canto”, comemorou. Até 2014, o programa terá investido R$ 2 bilhões em residências no estado, criando 23 mil casas para a população. O ministro Aguinaldo Ribeiro destaca que o Nordeste é a região em que o programa mais avançou. “Em pouco mais de um ano do lançamento do Minha Casa Minha Vida a região Nordeste já contratou 65% das unidades da primeira etapa do programa. Já são mais de 540 mil unidades na região. Na modalidade destinada a

Foto: Divulgação

Minha Casa Minha Vida prevê quase um milhão de residências em todo o Brasil

municípios com população de até 50 mil habitantes, das 107.348 unidades ofertadas, mais de 60 mil foram para a região Nordeste”, destacou o ministro. Além de aumentar o investimento total e direcionar grande parte do programa para o Nordeste, uma das regiões com maior déficit habitacional no Brasil, o programa ainda prevê aumentar o desempenho do Minha Casa Minha Vida aumentando os limites

de subsídios oferecidos pelo Governo. “O Governo Federal aumentou de R$ 65 mil para 76 mil, o valor máximo de subsídio das unidades habitacionais contratadas na modalidade empresas. Para famílias com renda mensal até R$ 5 mil, os limites de valores dos imóveis e dos subsídios também foram ampliados e as taxas de juros dos financiamentos reduzidas”, explicou o ministro das Cidades.

Foto: Divulgação


Foto: Divulgação

Em busca de novos caminhos Para os transportes o montante destinado soma R$ 26,8 bilhões. A promessa é de que aeroportos, portos, rodovias e ferrovias serão ampliados, reformados, criados. Portas para o escoamento da produção brasileira. Ao todo, 1.120 km de rodovias, quase 500 quilômetros de ferrovias, 16 empreendimentos em aeroportos e 14 em portos farão com que a logística brasileira seja desafogada. Um dos destaques é o Porto de Itaqui,

no Maranhão. A construção do Berço 100 no Cais do Sul do Porto foi construído em tempo recorde. A estimativa de investimentos totais para o porto até 2016 é de R$ 940 milhões para a entrega, além do Berço 100, de mais um berço dedicado exclusivamente a derivados de petróleo, além da construção de um terminal de grãos com capacidade para até 10 milhões de toneladas por ano. Para o ministro dos Portos, Leônidas

Porto de Itaqui: Cais 100 é uma das obras concluídas em tempo recorde no PAC 2

Cristino, a necessidade de que o Nordeste se integre ao novo contexto da economia brasileira e mundial é premente. “Com investimentos públicos e privados e redistribuição da carga entre os portos, com operações mais rápidas e custos menores, os portos do Nordeste poderão crescer muito. Itaqui é estratégico nesta nova concepção”, afirmou durante seminário em Fortaleza (CE).

Saneamento preocupa Construir casas é necessário, mas as obras que mais têm chamado a atenção do Ministério das Cidades, até em decorrência da necessidade urgente, são as de saneamento básico. Hoje, pouco mais da metade da população brasileira (cerca de 55%) têm acesso a este benefício. No Nordeste, menos de 10% das prefeituras contam com algum órgão que efetua o controle sobre o saneamento. Segundo o Atlas Nacional do Saneamento Básico do IBGE, publicado em 2011, a cidade de Rafael Godeiro, no Rio Grande do Norte, é dona de um prêmio, no mínimo, indigesto. É a cidade com o mais alto índice de internações hospitalares

no país em decorrência de diarreia, chegando a 6,8 ocorrências para cada 100 habitantes. O município não conta com serviço de tratamento de esgoto. Segundo o estudo elaborado a partir de pesquisas feitas entre 2000 e 2008, apenas 59 municípios do Rio Grande do Norte contam com atendimento de uma rede geral de esgoto. Isso representa apenas 17% dos domicílios potiguares. A própria capital, Natal, não tem o serviço universalizado. “Uma das maiores preocupações que temos é com a questão do saneamento básico. Já temos 94,9% destas obras pelo menos, contratadas. Cerca de 70% já

foram iniciadas ou concluídas. Em Alagoas, na Bahia, na Paraíba, e em Sergipe as obras estão ainda mais aceleradas”, afirmou o ministro. O Ministério das Cidades está em processo seletivo de intervenções de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, com previsão de recursos no valor de R$ 20,8 bilhões. “Essa seleção deverá ser concluída até o primeiro semestre de 2013. Está ainda em curso a seleção de empreendimentos de manejo de águas pluviais no Programa de Prevenção de Riscos e Resposta a Desastres Naturais, com recursos adicionais do PAC de cerca de R$ 8 bilhões”, disse Aguinaldo.


Grandes obras atrasadas Quando concluídas, as obras de duplicação nas rodovias vão melhorar o escoamento de mercadorias do Nordeste

Trecho da Transnordestina que ligará as cidades de Fortaleza, Recife e o interior do Piauí já está concluído

BR -101

Transposição

A obra de duplicação e requalificação da BR-101, que corta boa parte do litoral nordestino e é considerada fundamental para melhorar o turismo está atrasada. Apenas 50% do percurso está feito, apesar de 75% dos recursos previstos terem sido desembolsados até 2010. O custo também cresceu bastante, de R$ 1,4 bilhão para quase R$ 3 bilhões.

A transposição do Rio São Francisco originou vários pedidos de aditivos por parte das empreiteiras contratadas. O custo da obra subiu 40% para R$ 6,8 bilhões, enquanto o prazo de conclusão, inicialmente estimado para dezembro de 2010, segue indefinido. O eixo leste, mais avançado, está com 55% de execução e só deve ser inaugurado no fim de 2015.

NA METADE DO CAMINHO Como se encontram as obras da ferrovia Nova Transnordestina

Cidades referências Cidades intermediárias Obras iniciadas Obras nãoiniciadas

Pecém

1.728 km

É a extensão total da ferrovia

CEARÁ

874 km

Aurora

30-DEZEMBRO 2012

É a extensão em obras

854 km

É a extensão a iniciar

RIO GRANDE DO NORTE

PIAUÍ

Eliseu Martins

Trindade

Missão Velha

PARAÍBA

Conceição Ribeira do Canindé Salgueiro PERNAMBUCO Pesqueira do Piauí ALAGOAS BAHIA

SERGIPE

Suape

No modal ferroviário, a grande novidade é que 37% dos 1.728 quilômetros da Transnordestina, que ligará Fortaleza, Recife e o interior do Piauí, já estão concluídos. A obra visa diminuir os custos de transporte na região, e ligar importantes rodovias, hidrovias e portos em uma rede multimodal que privilegiará o transporte de cargas para exportação e importação. O foco é acelerar sem perder a qualidade nas obras. “Uma das recomendações da presidente à sua equipe é trabalhar com foco no cumprimento das metas e prazos. Estamos sempre fazendo avaliações dos projetos governamentais para corrigir possíveis erros e ressaltar os acertos”, disse Aguinaldo, ao acrescentar que “a aceleração beneficiará famílias de baixa renda”. Aguinaldo destacou que o programa deve ter o foco voltado, sempre, para a população de baixa renda. “Essa aceleração tem o objetivo de beneficiar mais famílias de baixa renda e, ao mesmo tempo, movimentar a economia com a geração de empregos e a manutenção do crescimento da construção civil e de outras áreas. Ainda este ano, vamos atingir a meta de um milhão de casas concluídas e entregues à população”, concluiu.


SE JÁ É BONITO NA IMAGEM, IMAGINE AO VIVO VILA GALÉ CUMBUCO A imagem fala por si. Um resort de sonho, nas paradisíacas dunas da costa dos ventos junto à charmosa vila do Cumbuco. Um novo conceito de férias para o Ceará: All inclusive com diversão e conforto para você!

24 HOTÉIS EM PORTUGAL E NO BRASIL EM LAZER E NEGÓCIOS NA CIDADE E NO CAMPO WWW.VILAGALE.COM.BR

71 3263 9999

31-DEZEMBRO 2012

Faça a sua reserva através do site www.vilagale.com.br ou procure o seu agente de viagens.


Publieditorial

CARCINICULTURA: SALDO DE LUTAS EM 2012 E O QUE É PRECISO FAZER PARA O SETOR CRESCER EM 2013/14 Itamar Rocha, Engº de Pesca CREA 7226-D/PE (abccam@abccam.com.br)

32-DEZEMBRO 2012

No decorrer de 2012, foram abertas duas grandes frentes de luta no plano político-institucional em prol da carcinicultura brasileira: a participação setorial no novo código florestal, e a manutenção da proibição das importações de camarão. Em ambas as frentes, os saldos foram relativamente positivos. Não na dimensão e profundidade que almejávamos, mas, certamente, de expressiva importância para o momento atual e o futuro dessa promissora atividade da economia primária do Nordeste. O longo caminho percorrido pela tramitação do novo Código Florestal Brasileiro no Congresso Nacional abriu espaço para a primeira jornada de fortalecimento do cultivo de camarões no Brasil, principalmente para estabelecer uma sólida relação da carcinicultura com a nova legislação florestal. Com efeito, a avaliação do novo Código para a carcinicultura, especialmente aquela praticada nos ambientes estuarinos, deve ser feita considerando alguns aspectos que retratam com nitidez o que realmente foi possível conseguir não apenas no texto da Lei, mas também no contexto político e social. Daí a importância que a ABCC concede aos principais aspectos registrados durante a tramitação da Lei no Congresso Nacional e a sanção Presidencial. 1- Reconhecimento Político da

Atividade: Durante os dois anos de tramitação e intensas negociações do novo código florestal, deputados e senadores ouviram, quase que diariamente, a menção das palavras carcinicultura (que alguns não sabiam o que significava), apicuns e salgados (que quase ninguém imaginava o que era) e mangue, que a maioria queria proteger sem saber por quê. Nesse aspecto, tivemos a oportunidade de levar, primeiro ao deputado Aldo Rebelo e depois ao Congresso Nacional, informações técnicas, sociais e econômicas de grande valia para desfazer a imagem distorcida que congressistas, consultores legislativos, representantes de entidades de defesa do meio ambiente e o próprio Governo Federal tinham ou faziam da atividade. Finalmente, obtivemos o reconhecimento da carcinicultura como fonte importante de emprego e renda para a Região Nordeste e para o Brasil. A prova de que logramos êxito nos nossos intentos está no fato de que a carcinicultura e o sal são as únicas atividades tratadas em capítulo específico da Lei, quando esta se refere ao uso dos ecossistemas apicuns e salgados. 2- Visibilidade Institucional: A presença da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) e de suas associações estaduais filiadas do Rio Grande do Norte (ANCC), Ceará

(ACCC/ACCN), Piauí (ACCP), Paraíba (ACCP/PB) e Pernambuco (SINDPEPIS), nas principais discussões com técnicos, empresários, representantes políticos e outras entidades de produtores, levaram à sociedade a exata dimensão e importância do cultivo de camarão para as economias de seus respectivos Estados. Com certeza, os carcinicultores saíram fortalecidos e respeitados ao final desse processo. 3- Segurança Jurídica: O exame cuidadoso do Código Florestal mostra que, pela primeira vez, as definições de manguezal, apicum e salgado passaram a constar em uma Lei Ordinária de âmbito Federal, encerrando uma discussão que se arrastava há mais de duas décadas sob a bandeira do ambientalismo radical, que tentava fundir esse 3 (três) biomas sob o manto dos manguezais, objetivando única e exclusivamente impedir ou dificultar o desenvolvimento da carcinicultura estuarina brasileira. A parte disso conseguiu-se que a Lei estabelecesse as condições de operação da atividade no tocante à garantia de acesso ás APPs para captação e drenagem de água, possibilidade de implantação de infraestrutura nas APPs e outros avanços que a leitura do texto legal revelará. Com esse novo marco legal, é de se esperar que cessem as indefinições das entidades estaduais para


demonstrar ao governo e à sociedade os inúmeros trabalhos científicos que mostram os consideráveis riscos de significância epidemiológica causados por patógenos infecciosos presentes em camarões marinhos importados, cultivados ou extrativos. O assunto é de tal ressonância internacional que a Organização Internacional de Epizootia (OIE), ramificação especializada das Nações Unidas, lista um significativo número de enfermidades presentes em 29 países potencialmente exportadores de camarões congelados ou frescos, que apresentam para o país importador um alto risco de transferência de agentes etiológicos, que ocasionam enfermidades emergentes ou variações de enfermidades já estabelecidas. O problema está, principalmente, no reprocessamento do camarão importado que é necessário para sua distribuição no mercado importador e que gera um fluxo de resíduos líquidos, elevando consideravelmente os riscos de introdução de doenças nos corpos de água estuarinos e marinhos e, consequentemente, a contaminação dos crustáceos nativos e cultivados do país importador. O problema em termos econômicos e sociais é revelado pelo Laboratório de Referência da OIE para Doenças de Camarões, da Universidade do Arizona, que calculou em US$ 15 bilhões as enormes perdas ocasionadas pelos principais vírus (WSSV, TSV, YHV, IMNV, IHHNV, etc) em diferentes países nos últimos 20 anos. Por outro lado, tratamos de demonstrar que os vírus que afetam o camarão marinho revelam uma enorme resistência ao tratamento de frio à que são submetidos no seu processamento de origem e reprocessamento no país importador. No caso da Man-

cha Branca (WSSV), a doença mais disseminada e a que maiores perdas têm ocasionado à carcinicultura mundial, o vírus sobrevive ao processo de congelamento e à estocagem a frio, de modo que seus resíduos ao entrarem nos estuários podem causar infecções nos camarões cultivados e nas populações naturais. Duas iniciativas de importação de camarões em 2012 foram desmontadas, com a intervenção da ABCC e a compreensão do MPA e seus setores competentes, a do camarão equatoriano e a do argentino. Entretanto, este último país volta a insistir junto ao Governo brasileiro para a entrada de seu camarão extraído do mar, cujo estado sanitário está cientificamente comprometido por doenças virais que podem trazer enormes prejuízos para os crustáceos brasileiros naturais e cultivados. Por isso, não vemos sentido para que, diante de tantas evidencias sobre os riscos que a importação de camarão traz para os países importadores, de repente o Brasil concorde em favorecer a Argentina rompendo a proibição das importações estabelecida desde 1999. E o que é pior: importando um camarão afetado por doenças virais, segundo trabalhos científicos de pesquisadores da própria Argentina. O desfecho dessa luta ainda está por vir, mas em defesa dos carcinicultores brasileiros, a ABCC contratou uma renomada banca de advogados para defender interesses do setor, mantendo as restrições que vigoram com sucesso há 13 anos. A capacidade de conceber e elaborar projetos de desenvolvimento setorial da ABCC foi outro saldo significativo que marcou o ano de 2012. O Projeto das Boas Práticas de Manejo e Biossegurança, aprovado pelo MPA, conduzirá à realização do mais ambi-

33-DEZEMBRO 2012

o licenciamento ambiental e, portanto, para a regularização das fazendas, principalmente dos micro e pequenos produtores. A partir da visibilidade que a carcinicultura, sob a competente e responsável liderança da ABCC e suas afiliadas estaduais, adquiriu ao longo desse processo, associado à segurança jurídica que o Novo Código Florestal trará para o setor, é de se esperar novas vitórias setoriais. Já ficou patente no Congresso Nacional o reconhecimento da carcinicultura como uma das soluções de maior viabilidade econômico-social para o desenvolvimento pesqueiro e o fortalecimento da economia rural da Região Nordeste. O outro grande desafio confrontado permanentemente pelo setor em 2012 com saldo positivo, mas não definitivo, diz respeito à manutenção da norma oficial que proíbe a importação de camarões, como forma de impedir a entrada no Brasil de enfermidades que causam enormes prejuízos a vários países produtores e que, se autorizada, representa uma ameaça contra a sanidade não apenas da carcinicultura nacional, mas também dos nossos crustáceos em geral. O Equador e a Argentina são os dois países que pressionam pela remoção de medida governamental que proíbe a entrada no país de camarões vivos ou mortos de qualquer origem, uma Instrução Normativa do MAPA de 1999 e outra do MPA de 2010. Enquanto o produto equatoriano encontra nichos para sua colocação no mercado internacional e suaviza a pressão, a Argentina insiste em introduzir no Brasil o seu camarão oriundo da pesca extrativa, e para isso exerce constante pressão sobre os órgãos federais competentes: MPA e MAPA. A luta da ABCC se concentra em


34-DEZEMBRO 2012

cioso plano regional de capacitação de produtores, trabalhadores rurais e técnicos envolvidos com o cultivo de camarões no Nordeste, cujo foco está voltado para produtividade, sustentabilidade ambiental, sanidade e qualidade do camarão. Outro importante projeto elaborado pela ABCC e apoiado pelo MPA, já concluído, foi o Levantamento da Infraestrutura Produtiva da Carcinlcultura Nacional, o qual permitiu a realização de um verdadeiro censo da atividade em seus aspectos produtivos, tecnológicos, mercadológicos e ambientais, cujos resultados serão divulgados no início de 2013, mas que já antecipam a crescente participação do micro e pequeno produtor no conjunto da carcinicultura nacional. Restam-nos agora, os comentários sobre o que fazer para o desenvolvimento sustentável da carcinicultura brasileira, ou seja, quais os desafios que se apresentam para o crescimento sustentável do setor nos próximos anos. Desde o momento em que se comprovou a viabilidade do cultivo da espécie L. vannamei, originária do Pacífico, às águas estuarinas e continentais do Brasil, a carcinicultura brasileira passou a representar uma real alternativa para a interiorização e fortalecimento das áreas interioranas do Nordeste, onde pode ser fomentado com base na pequena unidade de produção. A interiorização do vannamei, como ferramenta de inclusão social é, portanto, o grande foco a ser dado ao crescimento da atividade na presente década. Este foco responde às seguintes perguntas cruciais para que seja possível levar o desenvolvimento ao interior da Região Nordeste: Como promover a geração de emprego e renda para o pequeno produtor rural e sua família? E para trabalhadores rurais de escassa qualificação profissional? Como encontrar

alternativas de trabalho que se ajuste à mão de obra da mulher rural capaz de lhe conceder independência? O cultivo do camarão marinho, pela sua capacidade de lucratividade em pequenas áreas e de gerar empregos sem maiores exigências de qualificação profissional, inclusive utilizando mão de obra feminina no processamento e agregação de valor ao seu produto final, dá respostas satisfatórias ás referidas perguntas. Para isso, faz-se necessário estabelecer sólidas parcerias entre governo, empresas âncoras, detentoras de tecnologias, e as comunidades de trabalhadores rurais ou de pescadores artesanais, para determinar o grau de aproveitamento do potencial de cada região e a elaboração dos respectivos projetos, com o enfoque no desenvolvimento regional sustentável. A regularização e consolidação do cultivo do camarão L. vannamei, principalmente para o micro e pequeno produtor, dependem da licença ambiental, cuja obtenção é geralmente obstaculizada por uma série de entraves dos Órgãos Ambientais dos Estados. Entretanto, com o que estabelece o novo Código Florestal em relação a esse tema e a iniciativa exemplar do Governo de São Paulo, que passou a dispensar a licença para empreendimentos de cultivo de camarão e peixes de água doce, com áreas de até cinco hectares de viveiros, abriu-se uma nova perspectiva. No Nordeste, tanto o estado do Rio Grande do Norte quanto o do Ceará, já estão trabalhando os textos para emissão de decretos semelhantes, para o que a ABCC, em ambos os Estados, está participando e colaborando ativamente da elaboração das respectivas minutas. A grande meta do setor para 2013, para ser coerente com o Plano Safra da Pesca e da Aquicultura do Governo Federal que pretende dobrar a produção aquícola

brasileira até 2014, é a regularização de todos os produtores no que concerne ao licenciamento ambiental, meta esta essencial para que sejam viabilizados os financiamentos bancários necessários para a realização dos investimentos para ampliação e adequação/modernização, requeridas para a intensificação da produção nacional. A carcinicultura brasileira, depois de enfrentar e superar as dificuldades geradas pela ação antidumping dos EEUU e a progressiva desvalorização cambial, que ocasionaram perda de sua competitividade das exportações, envolvendo tanto o mercado dos Estados Unidos como o da Europa, voltou-se para o mercado doméstico e hoje destina 100% da sua produção para o consumo interno. O grande objetivo estabelecido pelo setor é o de intensificar os atuais sistemas produtivos com o uso das Boas Práticas de Manejo e Medidas de Biossegurança, para que possa aumentar sua produção e, conseqüentemente, a oferta desse nobre produto no mercado interno. Para feito de comparação, cabe aqui mencionar que enquanto o consumo de carnes vermelhas no Brasil foi 55 kg per capita em 2001, o do camarão, cujo preço no nível do produtor é competitivo com o das carnes, ficou na diminuta cifra de 550 gramas/per capita no referido ano. A intensificação dos atuais sistemas de produção com maior produtividade, usando a mesma dimensão dos recursos naturais, tem ainda um objetivo que é imperioso para a carcinicultura nacional, aproximar-se dos parâmetros produtivos asiáticos e assim abrir o caminho para a retomada de sua competitividade no contexto das exportações setorial, de tal ordem, que permita um futuro retorno ao trading internacional.


35-DEZEMBRO 2012


Economia

“Estado não é ga

do desenvolvim Ideias de Celso Furtado permeiam pensamento do economista e ex-reitor da UFPB, Rômulo Polari

Walter Santos

36-DEZEMBRO 2012

O

professor universitário e ex-reitor da Universidade Federal da Paraíba, Rômulo Polari, tem um vínculo histórico com a Paraíba, e ainda mais forte com João Pessoa. Esta conexão se consolida ainda mais com o papel que tem ocupado como líder da transição governamental na capital paraibana. Coordenador da equipe de transição do prefeito eleito Luciano

Cartaxo, Rômulo tem mostrado bom senso e cuidado nos assuntos mais delicados do processo pós-eleitoral. Mas não é sobre o trabalho com o futuro prefeito de João Pessoa que é necessário falar. O vínculo de Rômulo Polari com o desenvolvimento da Paraíba se demonstrou ao longo de suas duas gestões como reitor da UFPB, com a valorização dos profissionais da região e a implantação de um projeto humanista na Universidade, tornando-a mais próxima da popula-

ção paraibana. Seu conhecimento da realidade da Paraíba e seu olhar para as oportunidades do mercado fazem dele um analista preocupado e realista, que reclama da participação excessiva do governo no mercado e acredita na tese de Celso Furtado, de que o estado tem papel importante no fomento ao desenvolvimento de economias periféricas, como o Brasil. Desenvolvimento este que ele não viu chegar, ainda, à Paraíba.


Fotos: Andrea Gisele

arantia

mento”

NORDESTE – Culturas que já foram a base da economia paraibana, como algodão, sisal e abacaxi perderam espaços no mercado e na vida interna das pessoas. O que motivou tudo isso? A competitividade acabou com elas? Polari – O setor primário da economia paraibana tornou-se claramente decadente. Algumas grandes culturas comerciais

A Paraíba é insuficientemente dotada de recursos naturais e capital produtivo.

integradas às atividades agroindustriais foram drasticamente reduzidas (as algodoeira e sisaleira), outras se tornaram modestamente prósperas (abacaxi e cana-de-açúcar). Nenhuma nova cultura de grande dimensão econômica nasceu na Paraíba. A autossuficiência do abastecimento do consumo estadual de bens agrícolas, frutas, verduras e outras não chegam a 55%. Na base determinante de tudo isso, destaca-se a tradicional resistência ou baixa propensão do setor primário paraibano à modernização de suas relações sociais, organização e inovações técnico-materiais da produção. Como resultado do anacronismo de suas condições sociais e técnicas de produção, as culturas agrícolas paraibanas tornaram-se detentoras de baixos níveis de competitividade. Os preços dos bens agrícolas são formados pelo mercado mundial. Nesse contexto, o poder de inserção depende essencialmente de eficiência, produtividade e qualidade que a Paraíba não tem. NORDESTE – Por que as gerações pós Celso Furtado não souberam nem deram

o mesmo tratamento transformador na análise e aplicações de políticas transformadoras? Polari – Celso Furtado tinha convicção na poderosa força transformadora que tem a atividade intelectual baseada no conhecimento científico e filosófico, ligando o homem à história. Daí nasceu e se desenvolveu o seu interesse pelas ciências sociais, como meio de compreensão transformadora do mundo. As propostas revolucionárias de Furtado tinham como fundamento a atuação do Estado como fomentador do desenvolvimento das economias capitalistas periféricas. De certa forma, esse ideário passou a ser de ampla aceitação prática, inclusive para as economias capitalistas desenvolvidas que, desde 2008, passaram a ser o centro da grande crise mundial. NORDESTE – Sociedades como a da Paraíba dependem muito do poder público. Em sua opinião, onde a nossa elite política é responsável pela falta de um “boom” mais consistente do ponto de vista econômico? Polari – As atividades do setor público têm 

37-DEZEMBRO 2012

Revista NORDESTE – Depois de um tempo considerável de estudos, quais fatores o senhor apontaria para a ausência de novas vocações econômicas na Paraíba? R ô m u l o Po l a r i – A Pa r a í b a é insuficientemente dotada de recursos naturais e capital produtivo. O seu território está quase todo no Polígono das Secas e tem 86% incluídos no semiárido Nordestino. Esses fatos dificultam a vida socioeconômica, mas não são as causas do subdesenvolvimento estadual. O problema da Paraíba não é, necessariamente, descobrir suas vocações econômicas. O que se impõe é a concepção e execução de um competente projeto de desenvolvimento. As diretrizes, objetivos, metas e ações têm que ser objetivamente voltadas para quatro aspectos básicos: a involução relativa da economia paraibana no contexto nordestino; o baixo padrão das condições de vida da população; o crescente desequilíbrio socioeconômico estadual entre as regiões e a deficiência de infraestrutura e outras condições econômicas básicas. É preciso e possível superar essa situação através da atuação conjunta da iniciativa privada e dos governos Federal, Estadual e municipais. É claro que o Governo do Estado tem um papel insubstituível. Compete-lhe oferecer à sociedade paraibana um coerente e convincente projeto de desenvolvimento, bem como coordenar a implementação do seu conteúdo operacional.


um peso de mais de 32% na formação do PIB da Paraíba. Na economia do Nordeste esse peso é de 23% e na do Brasil de 16%. É evidente que essa participação do setor público paraibano é excessiva. Isto reflete uma carência essencial da economia paraibana, que não tem um setor produtivo privado de maior dimensão e complexidade organizacional e técnicomaterial.

38-DEZEMBRO 2012

NORDESTE – Tomando por base as últimas décadas do século XX e as primeiras do século XXI, que ciclos ou projetos podem ter se distinguido diferentemente da estagnação? Ou nada aconteceu fortemente? Polari – Nos anos 1970 a economia paraibana cresceu a altas taxas. Isto se deu sob forte influência positiva do processo, então em curso, de grande expansão econômica do Brasil e do Nordeste, com destaque para os anos 1970-1975, que foram no auge do chamado “milagre econômico”. No decênio 1970-1980, a taxa de crescimento do PIB brasileiro foi de 10,3% ao ano. O PIB da economia paraibana, mesmo tendo sido afetado por pesadas secas, cresceu a 9,4% ao ano. Nesses anos, a formação bruta de capital fixo girou em torno de 25% do PIB, com uma participação de, aproximadamente, 14,5% do setor privado e de 10,5% do setor público. As ações do Governo Federal nesses investimentos equivaleram a cerca de 6% do PIB estadual e foram decisivos para o “boom” no desempenho econômico. NORDESTE – As sociedades são avaliadas pelo PIB e IDH. Qual a constatação do que somos ao longo das décadas? Polari – A Paraíba passa por um processo de involução relativa. Entre os anos de 1960 e 1970, a sua economia era, folgadamente, a quarta maior do Nordeste. De 1980 a 1990, foi progressivamente perdendo posição. Em 2002, passou a ser a 5ª maior economia estadual da região e, em 2005, a 6ª. Posição essa que deve ter mantido neste ano de 2012, superando apenas os estados do Piauí, Alagoas e Sergipe. Esse desempenho econômico vem limitando a conquista de avanços significativos na melhoria das condições de vida da população. Os indicadores sociais do Estado pioraram relativamente no cenário nacional. A síntese desse

Nos anos 1970 a economia paraibana cresceu a altas taxas.

malogro se revela no ranking dos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) dos estados brasileiros. O melhor resultado alcançado pela Paraíba, nas duas últimas décadas, foi a posição de quarto menor IDH do País.

O desenvolvimento da Paraíba requer, como condição necessária e suficiente, a execução de grandes projetos especiais para a superação do atraso das regiões do Sertão Paraibano e da Borborema, assim como do Litoral Norte.

NORDESTE – Que políticas ou projetos precisariam ser adotados antes, agora e depois para gerar qualidade de vida dos paraibanos com retomada de nossa economia? Polari – Diante das limitações naturais, o desenvolvimento sustentável da Paraíba depende essencialmente da educação de qualidade, em todos os níveis, para o seu povo. É também fundamental dispor de um competente sistema de geração, difusão e incorporação de ciência e tecnologia. Além dessa base essencial, a Paraíba precisa de uma moderna infraestrutura. O estado é insuficientemente dotado de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. É fundamental que a Paraíba corrija as suas disparidades socioeconômicas regionais.

NORDESTE – No seu entendimento, por que o estado paraibano é desprovido de grandes obras com repercussão socioeconômica, a exemplo de Suape, em Pernambuco? Polari – Os grandes empreendimentos econômicos cer tamente ajudariam a desen volver a Paraí ba. O E st a do também precisa ter mais investimentos do Governo Federal na expansão e modernização de sua infraestrutura. O desenvolvimento da Paraíba só faz sentido se for concebido como um processo exequível e com capacidade de ser uma solução definitiva. Por isso, tem que ser adequadamente inspirado na modernidade social, econômica, científica, tecnológica e cultural do


mundo, sobretudo, nas tendências futuras das forças for tes da sociedade, do conhecimento, do mundo globalizado. É preciso abominar as estratégias piegas, cuja tônica seja o argumento miserável do aproveitamento de mão de obra a baixos níveis salariais. Pelo contrário, o desenvolvimento depende essencialmente da boa remuneração da força de trabalho disponível e operante no Estado, que deve ser empregada em atividades econômicas modernas, tecnologicamente avançadas e com alta capacidade de agregação de valor nos bens e serviços localmente gerados.

NORDESTE – E o governo de Ricardo Coutinho? Qual a sua avaliação? Como o senhor projeta os resultados futuros dessa gestão? Polari – Infelizmente, mais uma vez, se frustram as expectativas dos paraibanos. Em síntese, nada de novo, de novo. A tônica vem sendo a mesmice secular de não fazer do governo o centro promotor e coordenador de um projeto de desenvolvimento socioeconômico estadual. A política paraibana contínua com a lógica absurda do compromisso tácito com o atraso. Esse comportamento tende a ser um tanto mais forte no curso de um primeiro mandato governamental. Nessa condição, os gestores têm se preocupado com o seu projeto de reeleição. Os interesses pessoais falam muito mais alto do que os da sociedade. Lamentavelmente, a Paraíba continua na sua costumeira evolução histórica aleatória, sem ter por base um competente projeto de desenvolvimento socioeconômico sustentável.

39-DEZEMBRO 2012

NORDESTE – Como o senhor avalia o desempenho dos últimos governos? Polari – Deixou a desejar, à luz dos resultados socioeconômicos. A Paraíba, que se apresenta no desvario publicitário dos governos estaduais, rivaliza com a Bélgica em termos de desenvolvimento e bem-estar social. A Paraíba dos números e dos fatos é outra muito diferente. Não há como desconhecer que, há muitos anos, a Paraíba tem o 4º menor Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil. A sua renda per capita é uma das mais baixas do Nordeste, superior apenas às do Piauí, Maranhão e Alagoas. O PIB paraibano, até os anos 90, era um dos quatro maiores das economias estaduais nordestinas. Atualmente, deve ser o quarto menor.


Economia

40-DEZEMBRO 2012

Consumo do turismo cresce no Brasil. Número de viagens domésticas aumenta 18,5% de 2007 a 2011

C

hegou o verão. A época mais esperada do ano, tanto para quem vai descansar, quanto para quem quer faturar com ele. Nos principais polos turísticos do país o fluxo é intenso e a expectativa é de uma temporada de muitos lucros na região Nordeste. Uma pesquisa encomendada pelo Ministério do Turismo à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), vinculada à USP, agora em 2012, mostrou que houve um aumento considerável no turismo brasileiro. O estudo comparou a movimentação turística do país de 2007 a 2011, e observou que houve um aumento da proporção de domicílios urbanos que realizaram viagens domésticas de 38,2% para 44,0% (variação de + 15,2%); aumento do número de consumidores de turismo de 49,724 milhões para 58,915 milhões e crescimento do número total de viagens domésticas realizadas no País, que passou de 161,107 milhões em 2007 para 190,884 milhões

em 2011, o que significa um crescimento de 18,5%. Os números são animadores. “O segmento tem crescido acima de dois dígitos. Temos 58 milhões de brasileiros que passaram a consumir turismo”, comemorou o presidente nacional da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Hérico Fermi. Segundo ele, o aumento se deve, em sua maior parte, a uma classe emergente que quer consumir viagens. Ele informou também que no Nordeste o principal destino, quando o assunto é lazer, é a Bahia, seguida por Ceará e Rio Grande do Norte. Já quando se trata de negócios, o estado preferencial é Pernambuco, que ocupa o 1º lugar no ranking. “Em virtude desse tipo de turismo, Pernambuco tem tido ocupação de 85% de sua rede hoteleira durante todo o ano”, destacou. Ainda sobre a pesquisa da Fipe, dos 49.227 domicílios urbanos no país (de acordo com o censo 2010), 44% deles estão propensos a viajar e mais de 21


mil são consumidores de turismo. O número de pessoas que viajam por domicílio é de 2,72. Isso representa os mais de 58 milhões de consumidores que viajam pelo menos uma vez ao ano, no Brasil. Outro detalhe chama atenção na pesquisa: dos 58 milhões de turistas domésticos, mais da metade deles são originários de apenas cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. No item da pesquisa da Fipe que

avalia qual destino as pessoas desejam conhecer, o principal desejo de consumo turístico dos brasileiros é o arquipélago Fernando de Noronha no território pernambucano, com 13,3%. Já a capital cearense, Fortaleza, surge como segundo polo (10,7%) que mais desperta interesse. Os outros destinos nordestinos mais desejados, de acordo com a pesquisa são: Salvador e Porto Seguro (BA); Natal (RN); Recife e Ipojuca (PE); Maceió (AL) e São Luís (MA).

Ranking da fipe

Dos cinco primeiros destinos mais desejados no país, quatro estão no Nordeste

1º Fernando de Noronha (PE)

4º Salvador (BA) 5º Natal (RN) Fonte: Pesquisa Caracterização e dimensionamento do turismo doméstico no Brasil - 2010/2011

Fotos Divulgação

3º Rio de Janeiro (RJ)

41-DEZEMBRO 2012

2º Fortaleza (CE)


Feriados lotam rede hoteleira O segmento turístico do Nordeste tem intensificado ações para atrair os visitantes. E já vem apresentando bons resultados. Em Alagoas, a rede hoteleira está comemorando um aumento de 11% na ocupação dos leitos da capital, em relação ao mesmo período do ano passado. Hotéis associados à Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Alagoas tiveram média de ocupação acima de 98% durante o feriado de 12 de outubro. No 7 de Setembro, 87%. Hotéis de Maceió e de Maragogi, antes mesmo da alta temporada, já estavam com 100% de ocupação. Para o presidente da ABIH-AL, Glênio Cedrim, a tendência é de taxas

ainda mais altas nos próximos meses, quando a temperatura sobe. “Nos feriados prolongados que tivemos, agora em novembro e em dezembro, a procura pelo destino aumentou. Houve muita oferta nas operadoras e nas companhias aéreas. Isso representa um crescimento alto no fluxo do nosso turismo”. A Infraero registrou aumento no fluxo de passageiros no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, em Maceió. No acumulado entre janeiro e agosto deste ano, desembarcaram 1.100.338 passageiros, contra 1.038.889 em 2011. Um crescimento de 5,92%. A rede de hotelaria do Rio Grande

42-DEZEMBRO 2012

Polo estratégico Polo turístico em desenvolvimento, João Pessoa atrai não apenas pelas belezas, mas pela localização. A capital paraibana é estratégica, ficando próximo a Natal, capital do Rio Grande do Norte, e Recife, no estado de Pernambuco, outros dois importantes centros do turismo nordestino. Morador de Dourados, no Mato Grosso do Sul, Jander da Silva Costa está na cidade pela quarta vez e disse que sempre que puder, voltará a João Pessoa. Apaixonado pela capital paraibana, ressaltou que aproveita a temporada para esticar a viagem a estados vizinhos. “Além da beleza desta terra, aqui eu fico no centro. Se quiser me deslocar até Natal, Recife ou Porto de Galinhas é um pulo. Isso é uma das coisas que mais me atrai”, confessou. O turista elogiou a hospitalidade, ao enfatizar que o pessoense é, por

do Norte também está otimista. Espera para a temporada 2013 uma ocupação média de 86% nos hotéis, mesmo percentual registrado em janeiro do ano passado. Em Salvador, na Bahia, a hotelaria fechou o mês passado com uma ocupação média de 68,71%, segundo indicadores de uma pesquisa feita pela Taxinfo, realizada em parceria com as ABIHs Nacional e da Bahia. Na comparação dos dados de Salvador com igual levantamento realizado em outras capitais no mesmo período observa-se que a taxa de ocupação da cidade em novembro situou-se abaixo da verificada em Aracaju (74,20%), por exemplo. Fotos: Andrea Gisele

Jander Costa e Mafalda sempre que podem vêm a João Pessoa

natureza, um povo gentil e receptivo. O mesmo disse a senhora Mafalda Croci Zanone, da cidade de Guarapari, no Espírito Santo. “As pessoas são atenciosas, hospitaleiras... Sinto-me bem aqui, tanto que estou voltando pela terceira vez. O curioso é que geralmente repito uma viagem apenas uma vez e aqui já é a terceira vez que venho”, brincou a turista que prometeu retornar da próxima vez com a família.


Foto Divulgação

Negócios para todos os lados

Natal quer contratar 1,8 mil Até o Carnaval de 2013, empresários de Natal, no Rio Grande do Norte, esperam contratar 1,8 mil trabalhadores temporários para atuarem em hotéis, bares e restaurantes. Eles estão de olho no aquecimento da alta estação. O número é 12,5% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. À época, foram abertas 1,6 mil vagas, segundo informações repassadas pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio-RN). A oferta se deve a abertura de novos empreendimentos no Estado, bem como ao período de alta temporada, que agita o setor. E pode ser que ainda se precise contratar mais gente, caso a ocupação hoteleira passe da média prevista para este verão. Na estação passada, a ocupação dos leitos foi acima dos 80%. De olho no filão, algumas empresas já aumentaram o quadro de temporários. O Hotel Serhs contratou 50 novos funcionários para somar-se aos 300 fixos da casa. O Best Western Premier Majestic aumentou o seu quadro com mais quatro empregados, dos 76 efetivos. “Temos uma das maiores redes hoteleiras do país e nossos empresários apostam bastante em qualificação e capacitação”, acrescentou Luciano Kleiber, coordenador

de comunicação da presidência da Fecomércio-RN. Ainda dentro da cadeia turística, os bares e restaurantes localizados nos corredores turísticos de Natal vão ampliaram em 30% a oferta de suas vagas. O setor espera que o fluxo nos estabelecimentos suba em média 50% durante a temporada 2013. “O Sistema Fecomércio, através do Senac, forma por ano cerca de 3 mil profissionais nas áreas de turismo e hospitalidade, todos com um padrão de excelência reconhecido nacionalmente”, informou Luciano Kleiber. Ele disse que o Rio Grande do Norte tem algo em torno de 42 mil leitos no estado sendo 30 mil só em Natal. “Mas infelizmente o setor tem se ressentido de um maior investimento em divulgação. Ao longo deste ano, tudo o que o governo do estado aplicou para este fim foram R$ 4 milhões, muito pouco. Também sofremos este ano com poucos investimentos em infraestrutura. Diante disso, todo o trabalho de captação tem se resumido basicamente ao esforço dos empresários. Por isso, se repetirmos os números da alta estação de dezembro/11 a fevereiro/12, quando a média de ocupação ficou na casa dos 85%, já será muito bom”, comentou.

43-DEZEMBRO 2012

Bom para passear, melhor ainda para fazer negócios. Em Pernambuco, além das belezas naturais, da pluralidade cultural e das opções de lazer, os visitantes contam com polos avançados de negócios e eventos, em áreas diversas. A capital pernambucana figura ao lado de Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Florianópolis entre os maiores destinos para negócios. Com as ações em captação de eventos realizadas com apoio do Recife Convention & Visitors Bureau, a cidade deverá receber, até 2013, cerca de 80 mil turistas de eventos e acompanhantes, um incremento de 14% se comparados aos visitantes atraídos com os eventos captados em 2008. Desta forma, esta modalidade de turismo movimentará, nos próximos anos, mais de 192 mil diárias nos equipamentos hoteleiros recifenses e um impacto na economia de mais de R$ 127 milhões. Um ranking do ICCA (International Congress And Convention Association), que listou os destinos que mais sediaram eventos internacionais no ano de 2008, posicionou Pernambuco em 6º lugar no Brasil, consagrando o Recife entre os principais destinos na recepção de eventos internacionais no país. Segundo informações do Recife Convention & Visitoirs Bureau, no ano de 2008, as hospedagens de turistas de negócios e convenções em hotéis, pousadas e flats tiveram um incremento de 12 pontos percentuais. O total de turistas, incluindo acompanhantes, foi de 144.477. A intenção de voltar ao Recife é de 96%. Além disso, o maior número de turistas que vem para as feiras é das regiões do Sul e Sudeste, com permanência média de cinco dias, gerando cerca de 650.146 diárias (R$ 240 milhões).


Opinião

Nas garras do Leão

44-DEZEMBRO 2012

F

oi Ferdinand Lassalle, o inventor do Partido Social Democrata que, operando nos bastidores da vida política alemã em meados do século XIX, levou o “Chanceler de Ferro” Otto von Bismarck a instituir o sistema da Previdência Social na Prússia. Bismarck era um conservador empedernido, mas, para triturar as propostas virulentas de Karl Marx, inspiradas na “luta de classes”, promoveu o cooperativismo, a legalidade do movimento sindical e a lei de acidentes de trabalho – de fato, uma forte agenda contra o emergente Terror Vermelho. Como não poderia deixar de ser, irritado com a influência política exercida por Lassalle sobre o “Chanceler de Ferro”, Karl Marx rompeu com o líder social-democrata e passou a chamá-lo de “judeu negro”, ridicularizando-o por “repuxar o pixaim por trás das orelhas” (esquecendo, como velhaco nato, de restituir o dinheiro grosso que sempre lhe tomava emprestado). Eis a realidade dos fatos: no histórico, para promover o que chamam de “justiça social”, os sociais democratas passaram por cima da “ditadura do proletariado” e partiram, ao longo dos anos, para a tomada do poder pelo voto. Uma vez no comando da máquina do Estado, estabeleceram como norma uma crescente (e lesiva) cobrança de impostos sobre a riqueza criada pelo capital e o trabalho. Por “vias legais”, eles pretendiam (e pretendem) chegar ao mesmíssimo comunismo preconizado pelo carniceiro Marx. Mas o fato concreto é que, no chafurdar da panacéia distributiva, os herdeiros do doidivanas Lassale terminaram por levar, afinal, a Europa e os Estados Unidos ao mais deslumbrante cano. Com efeito, a Europa agoniza. Basta olhar: no exercício da prática predatória de manter privilégios sem a contrapartida da criação de riqueza pelo trabalho, o velho continente afunda no desemprego, na recessão e na men-

dicância - e a vegetar na crença leviana de que apelando para greves, protestos e passeatas resolve o imbróglio. Pior: diante do caos, o grosso da burocracia socialista e apaniguados dos “benefícios sociais” sequer acatam a hipótese de rever os salários supimpas, as “vantagens adquiridas” e as inviáveis prerrogativas assistenciais que o Estado falido não tem como manter. Neste cafarnaum, a própria Alemanha, ainda de pé por se nutrir na ética do valor da parcimônia e do trabalho, navega à beira do abismo enquanto a Merkel vocifera diante de uma União Européia insolvente: “Assim não dá, é o fim!”. No Brasil, país cevado na retórica das petas oficiais, o governo socialista, em nome da “inclusão social”, está impondo anualmente uma carga tributária de mais de R$ 1,5 trilhão – o que leva ao desespero a imensa população que vive por fora das benesses do Estado e sofre horrores nas garras do Leão. Na prática, enquanto o governo Dilma promete chegar ao 40º ministério com a criação da pasta da Irrigação - outra boca rica para o amparo da militância e aliados -, a Câmara Federal, abastecida pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, aprovou em votação relâmpago projeto de lei que obriga as empresas a divulgarem nas notas fiscais os impostos que entram na composição de preços e serviços, entre eles o IR, ICMS, ISS, IPI, IOF, IP, PSLL, Confins, Pis/Pasep e Cipe – sem falar na inflação, imposto paralelo cobrada pelo poder. Tais siglas embutem, em média, 39% do preço das mercadorias e usurpam, durante o ano, o correspondente a quase cinco meses de trabalho do abestalhado contribuinte. O drama agora é sancionar a lei: por especificar o peso do Estado na formação dos preços, o Planalto teme os efeitos da medida na consciência do povaréu. Sua intenção, ao que se diz, é empurrá-la com a barriga. E bota barriga nisso!

Ipojuca Pontes Escritor e cineasta

o governo socialista, em nome da “inclusão social”, está impondo anualmente uma carga tributária de mais de R$ 1,5 trilhão


COOPERADOS UNICRED COMEÇAM O ANO COM TRANQUILIDADE

financeiras, tornando possível a oferta ainda mais diferenciada nas condições em produtos e serviços para os cooperados. “A virtuosidade das conquistas resulta em melhores condições aos nossos associados, seja em produtos, serviços e atendimento de qualidade e principalmente, garantindo sobras compatíveis com suas expectativas”, explicou o Presidente do Sistema. Nas Cooperativas de Crédito todo o resultado obtido nas transações financeiras com os cooperados é distribuído entre aqueles que movimentaram suas contas na instituição. “As Sobras são o nosso maior diferencial. Porque não há outra instituição financeira que divida entre os usuários os lucros (Sobras) obtidos durante um exercício, isso faz do cooperado cliente e dono da Cooperativa”, finalizou Wilson Moraes. O Sistema Unicred Norte/Nordeste possui atualmente 27 Cooperativas que abrangem do sul da Bahia ao estado do Pará, disponibilizando 98 pontos de atendimento aos cooperados.

Produtos oferecidos pelas Cooperativas do Sistema Unicred. Empréstimo Pessoal Empréstimo Consignado Antecipação de Recebíveis Cartão de Crédito Visa Cheque Especial

45-DEZEMBRO 2012

Todo ano começa igual para muitas famílias brasileiras: um grande número de despesas do final do ano junta-se às contas típicas dos primeiros meses, fazendo com que muitas pessoas desequilibrem suas finanças no quebra-cabeça dos compromissos orçamentários. Essas despesas com impostos, material escolar, férias, viagens e presentes costumam dar dor de cabeça em muita gente e para garantir que seus cooperados comecem o ano no azul e livre dessas preocupações as Cooperativas filiadas ao Sistema Unicred Norte/Nordeste colocam à disposição dos cooperados uma gama de produtos pensados exclusivamente para atender a essas necessidades. “Nossas Cooperativas possuem linhas de crédito e financiamentos desenvolvidos para os nossos cooperados cumprirem com suas obrigações. Dessa forma conseguimos facilitar suas vidas e fortalecer a economia”, justificou Wilson Ribeiro de Moraes Filho, Diretorpresidente da Unicred Central N/NE. Visando sempre o bem estar do cooperado e buscando a movimentação de recursos na economia, o Sistema Unicred Norte/Nordeste disponibilizou, até o mês de outubro, o montante de R$ 1,4 bilhão em concessão de crédito para seus cooperados, contribuindo não apenas para o aquecimento da economia da região, mas para o fortalecimento e competitividade das Cooperativas, colocando-as cada vez mais em um patamar de destaque em relação às demais instituições


Negócios

A expansão Estados da região têm 11% das centrais do país, enquanto a participação do Sudeste no setor cai para 59,5%

S

e você receber uma ligação de alguém desconhecido para perguntar se não gostaria de consumir um produto e o sotaque for da terra, não estranhe. Call Centers descobriram o Nordeste e estão desembarcando por aqui. Maior empresa do setor, com faturamento anual de R$ 3 bilhões, a Contax apostou no Nordeste e inaugurou no ano passado a sua maior unidade empresarial na cidade do Recife. Além da companhia, outras grandes empresas do telemarketing estudam locais estratégicos para servir de endereço a futuras instalações na região. É o caso da Almaviva e Tivit. A AeC, também no ranking das maiores do setor, abriu uma operação em Campina Grande, na Paraíba, e se prepara agora para o início das atividades de um empreendimento em

João Pessoa, previsto para janeiro do próximo ano. Até o fim de 2013, espera operar com novas unidades na região, assim, metade dos funcionários da empresa estará no Nordeste. "A disputa e a formação de mão de obra nas grandes cidades estão ficando caras", confessou Cássio Azevedo, sócio da AeC, em entrevista ao à Folha de São Paulo, ao justificar a opção pela transferências dessas companhias para o Nordeste. No Recife também está a CSU. Na Bahia, a Atento e a Call Contact Center. Há ainda a pernambucana Provider, que se expandiu para demais estados (AL, CE, MA, PB, PI, RN, SP, RJ, BH) e vai apostar no interior dos estados nordestinos, com unidades já em Caruaru, em Pernambuco, e em Imperatriz, no Maranhão. Essa migração de empresas do Sudeste do país para o Nordeste já tem

46-DEZEMBRO 2012

Gigante do setor tem sede e Considerada a maior central de relacionamento da América do Sul, a Contax chegou com pompas na capital pernambucana, que teve, na sua inauguração, a presença da presidente Dilma Rousseff. A presidente exaltou o porte do empreendimento. A unidade possui uma área de 42 mil metros quadrados. Ao todo, são 5,7 mil posições de atendimento (PA) e capacidade para realizar mais de 17 milhões de contatos por mês, respondendo sozinha por 7% dos mais de 220 milhões de interações por telefone, e-mail, chat e SMS realizadas mensalmente em todo o Brasil.

“A inauguração da central reafirma o compromisso da Contax com o crescimento e a modernização do Brasil. Estamos orgulhosos de gerar cada vez mais oportunidades de emprego qualificado em todo o território nacional”, declarou, à época, Michel Sarkis, presidente da empresa. A Contax também está no Distrito Federal e em nove estados brasileiros, incluindo Bahia e Ceará. Quando inaugurada, a Contax anunciava 14 mil colaboradores. Hoje, já são mais de 20 mil. O desejo de se instalar por aqui tem alguns motivos. Primeiro, as empresas de telemarke-


dos Call Centers Foto: Divulgação

Perfil dos operadores Além de serem estudantes em grande parte, os operadores são, em sua maioria, mulheres (75%), com até 35 anos (84%) e ganham em média o mesmo que no Sudeste: R$ 706. Dentro da estrutura existem outros cargos, todos superiores, com médias salarias que variam de R$ 1.725 e 5.207, segundo a Abrarec Associação Brasileira das Relações Empresa Cliente.

Empresa aposta no interior

como consequência uma retração na participação dos estados daquela região no total de empregados do setor. A região deve encerrar 2012 com 11% das centrais, sobre 9% em 2009. Por outro lado, o Sudeste perde participação: de 62% para 59,5% no mesmo período.

em Recife Foto: Roberto Stuckert Filho

ting estão em busca de custos menores de mão de obra, depois pela baixa rotatividade – aqui os colaboradores ficam em média mais tempo no serviço - e por último, incentivadas por isenções fiscais dos municípios. “A média salarial nas duas regiões é a mesma, mas uma pessoa no Rio ou em São Paulo, por exemplo, fica dois anos e meio na função. No Recife, o colaborador pode passar até cinco anos. E é evidente que os funcionários que permanecem mais tempo são mais dedicados e mais Contax inaugurou a maior unidade da empresa na capital pernambucana, com a presença da presidente Dilma Rousseff

Foto: Divulgação

Cidades pequenas têm potencial de crescimento

250 em Imperatriz, que representam 20% do faturamento total da empresa. A vantagem de se instalar em cidades menores, segundo Moisés, é que a mão de obra é melhor e mais motivada, “o que é fundamental para esse negócio”. eficientes”, frisou Marcos Schroeder, diretor de relações com investidores e finanças da Contax. Daniel Domeneghetti da CEO E-Consulting, agência que presta consultoria a empresas de call Centers, explicou que “há redução no custo unitário de operação, que é quanto custa um minuto de operação montada em cada região (...). Há casos em que se tem um custo 30% menor”. Daniel ressaltou, contudo, que essas vantagens podem ser relativas. “Não adianta querer ir para um lugar qualquer, que não ofereça infraestrutura, que não tenha nem mão de obra, pois possui uma população de faixa etária elevada, que não possui um transporte público eficiente”, concluiu.

47-DEZEMBRO 2012

AeC abriu operação em Campina Grande

Antes da chegada das gigantes à região, o Nordeste já tinha uma companhia forte. A décima no ranking nacional das empresas de telemarketing: o Grupo Provider, de Pernambuco. Os quinze anos no mercado deixa o presidente do grupo, Moisés Assayag, à vontade para dizer que os concorrentes “estão chegando atrasados”. Ele resaltou que os grandes centros, como Recife, Salvador e Fortaleza, já estão saturados e apresentam os mesmo problemas de mão de obra do Sudeste. Por isso, a empresa investe em cidades menores, mas com potencial de crescimento. Dos 11 mil funcionários da empresa, 2 mil estão em Caruaru e


Negócios

Um novo modelo de advocacia Nos escritórios boutique, o atendimento jurídico é feito de forma segmentada por especialistas

A

48-DEZEMBRO 2012

s configurações econômicas no Brasil mudaram. Cada vez mais, os investimentos nos mais diversos setores estão sendo direcionados para o Nordeste, e Pernambuco vem se consolidando como uma das principais portas de entrada para o desenvolvimento da região. Essa transformação econômica tem gerado reflexos em vários aspectos na vida dos pernambucanos, desde a ampliação do poder de consumo da população ao aumento de vagas de

emprego especializadas para atender esse mercado em expansão. No mundo atual acompanhar tendências virou uma necessidade. Assim como acontece em vários mercados, como os da moda, o editorial, e o de bares e restaurantes, a tendência mundial é a da segmentação. Produzir bens e promover serviços para grupos específicos; quando isso acontece, o cliente deixa de ser consultado da forma convencional para ser atendido por um especialista. O resultado: consumidores mais satisfeitos, com maior possibilidade de ter as expectativas atendidas. E esta filosofia está chegando ao Direito. A nova tendência de mercado se traduz em um novo modelo de advocacia: o escritório boutique. Nele, a atuação é focada em uma ou em poucas áreas de atuação relacionadas. Fazendo uma comparação com a produção industrial, os escritórios tradicionais usam o modo de produção fordista: soluções em massa e idênticas para todos os tipos de caso. Um escritório boutique usa o método taylorista: soluções individualizadas. Para que essa diferenciação do escritório funcione, quem está na linha de frente, em contato direto com os clientes, são justamente os sócios e os advogados mais se-

Phelippe Di Cavalcanti: conceito diferente de advocacia

niores. Isso permite que a equipe seja composta de advogados extremamente capacitados, focados e experientes no que fazem. Um dos primeiros escritórios deste tipo já foi inaugurado no Nordeste. Em Pernambuco, o advogado Phelippe Di Cavalcanti, que acaba de abrir seu escritório em Recife, tem foco em consultoria e planejamento tributário. Experiência adquirida após uma bem-sucedida trajetória em um dos maiores escritórios do país, o Ulhôa Canto, localizado em São Paulo. “Durante esse período, atendi grandes clientes nacionais e internacionais e, agora, trago essa experiência na bagagem para o Recife”, diz. Phelippe Di Cavalcanti explica que, nos escritórios boutique, o cliente já percebe a diferença no atendimento pelo grau de conhecimento dos profissionais. “No Di Cavalcanti Advogados, estou propondo um conceito diferente de advocacia no Nordeste, oferecendo um atendimento personalizado com um nível alto de especialidade”, explica Phelippe, com o aval de empresas nacionais e internacionais que já foram seus clientes em outros escritórios. Especialista em consultoria e planejamento tributário, área onde poucos atuam, o pernambucano é o sócio-responsável pelas áreas tributária e de operações societárias do escritório, oferecendo serviços ligados à estruturação de projetos de planejamento tributário, consultoria em relação a tributos diretos e indiretos assessoria na identificação e apuração de passivos tributários através de auditoria jurídica e contencioso judicial tributário. O Di Cavalcanti Advogados também irá atender nas áreas aduaneira e imobiliária.


ENTRA ANO, SAI ANO E A SIN CONTINUA SENDO UMA DAS AGÊNCIAS MAIS PREMIADAS DA PARAÍBA. SE NÃO TIVESSE DADO TANTO TRABALHO, ATÉ A GENTE IA ACHAR QUE FOI MARMELADA.

Conheça as peças premiadas: www.sincomunicacao.com.br

49-DEZEMBRO 2012

Fechamos 2012 com 9 prêmios. Ainda bem que não foram 7, senão, alguém poderia dizer que era conta de mentiroso.


Opinião

Desenvolvimento dos municípios nordestinos

50-DEZEMBRO 2012

A

divulgação do Índice Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) de Desenvolvimento Municipal, no início de dezembro, trouxe uma constatação muito significativa acerca do crescimento do Brasil na última década: a região Nordeste foi a que mais se desenvolveu entre 2000 e 2010. O levantamento, que só utiliza estatísticas públicas oficiais, avalia dados referentes ao emprego e renda, saúde e educação. Quase a totalidade dos municípios nordestinos, 97,8%, apresentou crescimento, refletido, sobretudo, pela melhoria dos indicadores de saúde e educação. Nestes dois quesitos, 95,9% das cidades do Nordeste avançaram concomitantemente. A evolução da região ficou acima da média nacional, uma vez que 93% de todos os municípios registraram crescimento em relação ao estudo anterior. O levantamento da Firjan é uma referência para o acompanhamento do desenvolvimento socioeconômico brasileiro, cuja metodologia possibilita determinar com precisão se a melhora ocorrida em determinado município decorre da adoção de políticas específicas, ou se o resultado obtido é apenas reflexo da queda dos demais. De leitura simples, o índice varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior é o desenvolvimento da localidade avaliada. Na análise dos Estados nordestinos, Ceará e Pernambuco destacaram-se pelo bom índice de desenvolvimento, ocupando a 10ª e 11ª posições do ranking dos Estados, respectivamente. No indicador Emprego e Renda, o município de Ipojuca, na região metropolitana do Recife e onde está instalado o complexo industrial portuário de Suape, sobressaiu, recebendo a nota máxima pelo segundo ano consecutivo. O avanço considerável do desenvolvimento social e econômico da região na primeira década do século pode ser atribuído a um conjunto de fatores, como a ampliação da rede de assistência à saúde e o aumento da escolarização no período fundamental.

O Sistema Único de Saúde (SUS) e o programa de Saúde da Família estão presentes em quase todos os municípios nordestinos e o ensino fundamental é praticamente universalizado. Além disso, a melhoria da renda dos moradores da região – decorrente do aumento do emprego, do salário mínimo acima da inflação, dos pagamentos feitos pela previdência social e dos recursos transferidos por meio do programa Bolsa Família, que incluiu sete milhões de famílias nordestinas – contribuiu decisivamente para impulsionar a economia local. Contudo, apesar da evolução, as desigualdades regionais permanecem, evidenciando a necessidade de se levar o desenvolvimento também ao interior do Nordeste. A distância da região em relação às regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste é significativa, haja vista que 67,6% dos municípios nordestinos ainda apresentam índices abaixo de 0,6, isto é, têm nível de desenvolvimento baixo ou regular. Enquanto as regiões Sul e Sudeste possuem juntas 51% dos municípios brasileiros entre os 500 maiores índices, com 91,2% de participação, nas regiões Nordeste e Norte estão 40% dos municípios brasileiros entre os 500 menores no ranking de 2010. Chama a atenção ainda o fato de Teresina e Maceió terem sido as únicas capitais brasileiras a registrar recuo e de Alagoas seguir com o pior desempenho: praticamente não evoluiu no índice Firjan de 2010, mantendo-se como o único Estado brasileiro com grau de desenvolvimento regular (abaixo de 0,6). As conquistas obtidas na região demonstram que o modelo de desenvolvimento seguido pelo Brasil na última década tem produzido os resultados esperados. Contudo, é preciso aprofundar o enfrentamento das desigualdades regionais, tanto por meio de políticas específicas, como pela continuidade do crescimento econômico com inclusão social, distribuição de renda e melhoria da qualidade da educação.

José Dirceu Advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT

O avanço considerável do desenvolvimento social e econômico da região na primeira década do século pode ser atribuído a um conjunto de fatores, como a ampliação da rede de assistência à Saúde e o aumento da escolarização


51-DEZEMBRO 2012


Capa

Uma nova form de ver o mund Pai da internet no Brasil diz que rede tem modernizado o país, embora reconheça que ainda há limitações a serem corrigidas Jéssica Figueiredo*

52-DEZEMBRO 2012

R

esponsável por disponibilizar a web nas diversas regiões do país, Demi Getschko – Conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil - mostrou como a internet está modernizando o país, sendo utilizada em diversos setores, desde serviços de banco à disponibilização da rede wi-fi em shoppings, praças e centros culturais. “Os tipos de serviços eletrônicos no Brasil têm crescido. Claro que ainda há muita coisa a resolver e falta o canal de retorno. A via atual, por enquanto, privilegia apenas uma das direções. Mas também estou otimista com o que poderemos ter à disposição, nos próximos anos”, afirmou o especialista, considerado o “pai” da internet brasileira. Durante a palestra na conferência Brasil-Canadá 3.0, evento que aconteceu na cidade de João Pessoa, no começo do mês, Demi e outros mestres no assunto apresentaram aos paraibanos uma nova forma de ver o mundo digital. A equipe de nomes consagrados discutiu inovações das mídias digitais e os impactos dessas novas tecnologias na sociedade. Demi Getschko observou que a sociedade brasileira se transformou após

a disseminação da internet. “Temos indicadores que mostram que a internet no Brasil vai muito bem. Trouxe muito empreendedorismo”, comentou. Ele também afirmou que a rede só assumiu um papel tão importante na sociedade devido ao grande contingente de jovens que usam a rede atualmente. “O foco principal dessa conferência é essa população jovem que habita a rede e tem ideias criativas, e que será estimulada a colocar em práticas suas ideias”, ressaltou. Também convidado para debater sobre as novas utilidades da internet no Brasil, o presidente da Associação Nacional para Inclusão Digital, Percival Henriques, elogiou a conferência, comentando que ela é de grande importância e que, certamente, trará bons frutos para o futuro digital da Paraíba. “Nós queremos que a conferência se transforme num evento fixo em João Pessoa, para reforçar as parcerias com as empresas do Canadá e de outros países. Temos vários detalhes do desenvolvimento canadense nessa área de mídia, de pós-produção de cinema, que podem ser aproveitados no Brasil, assim como nós também temos muito a mostrar”, garantiu.

Getschko: “Web assumiu papel de destaque devido ao volume de jovens na rede”


ma do Foto: MarcelloVilar

A internet também tem sido ferramenta fundamental na construção de projetos para as cidades do futuro ou Smart Cities. Durante a conferência Brasil-Canadá 3.0, o professor Fernando Vilar, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), explicou que no Nordeste as ferramentas virtuais poderão ser usadas para solucionar problemas como o da mobilidade urbana, segurança e monitoramento ambiental. Ele informou que projetos dessa natureza estão sendo estudados e devem entrar em funcionamento daqui a alguns anos. “O projeto em desenvolvimento busca aperfeiçoar Percival: “É importante reforçar parcerias com empresas do Canadá e outros países”

a zona urbana da cidade com tecnologias de rede, que vai permitir a criação de experimentos que possam melhorar a vida das pessoas que vivem nos centros urbanos”, adiantou. De acordo com o professor, os projetos de Cidades Inteligentes já estão sendo aplicados nas grandes metrópoles do país, como Porto Alegre e Rio de Janeiro. “Com os grandes eventos que vão ser realizados no Brasil, em 2014 e 2016, há perspectiva que esses investimentos possam ser desenvolvidos em outras cidades. Acredito que nos próximos cinco anos encontraremos esse tipo de serviço em todas as metrópoles brasileiras”.

53-DEZEMBRO 2012

Mundo virtual ajuda metrópoles


Ferramentas virtuais que antes serviam como lazer e informação abrem portas para futuros negócios

54-DEZEMBRO 2012

N

Da

interativi

a

o mundo digital, os que não têm perfil no Facebook, conta no Twitter ou aplicativo Instagram instalado no celular, smartphone ou tablet, não parecem pertencer ao século 21. Mas essas redes sociais tão utilizadas nos dias atuais já não são mais novidade. Agora, outros interesses começam a despertar atenção. Além da interatividade, da diversão, da informação, as ferramentas se transformam em oportunidades de trabalho. Sérgio Vilar tem 21 anos, e há cinco desenvolve sites e aplicativos para internet, celulares e outras plataformas. Apesar de o serviço na empresa pela qual trabalha tomar boa parte do seu dia, ele conseguiu encontrar tempo para criar, de forma independente, seis novas ferramentas para a web. A nova atividade vem abrindo portas para o jovem empreendedor. “Decidi desenvolver esses aplicativos de acordo com as minhas necessidades. Gosto de criar coisas úteis, que facilitem a minha vida e a das pessoas que têm as mesmas necessidades que eu”, comenta Sérgio. Apaixonado por aplicativos, ele conta que sentia falta de algo a mais nas ferramentas de sorteios disponíveis na internet. Daí, surgiu a ideia de criar algo diferente, que possibilitasse a realização de sorteios virtuais de uma maneira mais fácil. “Gostaria de desenvolver um aplicativo que pudesse

oportun dar mais liberdade ao usuário. Geralmente, essas ferramentas usam links para serem repetidamente tuitados, usando hashtags(termos seguidos de # para facilitar a busca por assuntos nas redes sociais) e nomes específicos. O Tupinikin deixa você livre para usar qualquer palavra ou expressão como chave de sorteio”, explica. O aplicativo de Sérgio ganhou espaço nas redes sociais, recebeu indicação de agências de publicidade da região Nordeste e ainda foi usado para sortear um ingresso do show da cantora pop Dulce Maria, no Brasil. O empreendedor é apenas um dos milhares de jovens que estão usando as redes sociais como investimento para novas oportunidades de trabalho. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Agências Digitais, esse novo nicho já empregou mais de 25 mil pessoas – muitas delas entre 25 e 28 anos. O desenvolvedor de 21 anos ainda não chegou a ganhar dinheiro com os aplicativos que criou, mas não nega a influência das redes sociais no mercado de trabalho. “É um campo muito bom de trabalhar porque nunca fica parado, sempre tem muita gente usando. Esse ritmo mantém as ferramentas em constante utilidade, e isso gera uma renda fixa para o desenvolvedor. Hoje, já é possível trabalhar desenvolvendo somente para as redes sociais”, confirma.

Sérgio Vilar, é apenas um dos milhares de jovens que est


Jogos digitais movimentam mercado

idade para

nidade

Marsal Branco, professor, co-fundador e sócio da Ludema Game Studio Curtir

Foto: Divulgação

Outro mercado em expansão na internet é o de jogos eletrônicos. O produto vem se transformando em alternativa de renda para muitos empreendedores. Diferentemente das redes sociais, que conquistam um público diversificado, os jogos de computador ou videogame atraem, em sua maioria, adolescentes à procura de divertimento criativo e duradouro. “Atualmente, os jogos digitais detêm a maior parte, senão, todas as principais características da indústria criativa, especialmente no que tange à inovação”, destaca Marsal Branco, professor e co-fundador e sócio da Ludema Game Studio, desenvolvedora de jogos digitais. Ele abordou o assunto durante a conferência BrasilCanadá 3.0, realizada na cidade de João Pessoa, neste mês. Os desenvolvedores de jogos eletrônicos são, na maioria, jovens entre 23 e 28 anos, segundo o Censo Gamer, primeiro estudo nacional a mapear o mercado de jogos eletrônicos no Brasil. Ainda segundo a pesquisa, eles ainda compõem uma pequena parcela no mercado brasileiro, quando comparado à produção de jogos eletrônicos desenvolvidos em países estrangeiros, como Estados Unidos e China, que têm tecnologias mais avançadas. Isso não significa que, por aqui, os jogos não estejam sendo produzidos com qualidade. O produto brasileiro se difere dos demais quanto aos formatos. As opções disponibilizadas, geralmente, são voltados à áreas específicas, como educação e marketing, o que não impede que os profissionais deixem de ter novas ideias.

55-DEZEMBRO 2012

tão usando as redes sociais como investimento para novas oportunidades de trabalho

Foto: Divulgação


Xilo

Xilo: premiado no exterior Foto: Divulgação

Com independência e vontade de mostrar um conteúdo de qualidade, um grupo de estudantes do Curso de Jogos Digitais da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, em Campina Grande (PB), desenvolveu o game Xilo, premiado no Festival de Jogos do SB Games, maior evento de jogos da América Latina. O game ainda não foi finalizado, mas já recebeu os troféus de Melhor Som e Melhor Jogo, por voto popular. “É mais ou menos assim que funciona com games: você faz uma versão e espera o feedback (reposta). Por que o desenvolvimento de jogos é demorado”, explicou Rodrigo Motta, fundador do jogo e coordenador do grupo. Xilo não é um jogo comum, apesar de ter todos os elementos que compõem um game popular: diferentes níveis de dificuldade para cada fase e um personagem que anda, pula, corre e destrói coisas para ganhar pontos. O diferencial do jogo produzido pelos brasileiros é a arte. Todo desenvolvido em xilogravuras, o game traduz a realidade

56-DEZEMBRO 2012

Foto: Marcello Vilar

Cosette: “tecnologia deve ser mais difundida”

Estudantes de Campina Grande (PB) desenvolvem game independente e levam troféu

do Nordeste de uma forma bastante criativa – e, acima de tudo, divertida. “Sempre achei a cultura da minha terra linda e queria retratar isso em algo que amo, que são os jogos. Fiz isso pela minha cultura e por mim mesmo, e creio que as pessoas que gostam da cultura nordestina, estejam aqui ou em qualquer outra parte do país, também vão gostar”, comentou Rodrigo. Os empecilhos da independência

podem até diminuir o ritmo da produção de jogos no Brasil, mas não parecem ser uma grande preocupação quando a intenção é mostrar um material de qualidade. “Jogos eletrônicos têm muito a ver com arte, com cinema, com música. Ninguém quer fazer música ou filme ruim, queremos fazer jogos inovadores, que as pessoas se apaixonem, joguem e se divirtam”, reforça o coordenador.

Novo conceito de ensino Quando a nova tecnologia de ensino à distância chegou ao Brasil, foram muitas as faculdades que decidiram adotar o sistema. A proposta era modernizar e apresentar um novo conceito de aprendizagem. Seria a metodologia ideal para transformar a educação brasileira. No entanto, o novo formato não se popularizou, em virtude do alto custo. Muitas instituições preferiram continuar usando o método clássico. A discussão também entrou na pauta da conferência Brasil-Canadá 3.0. Durante o evento, especialistas informaram que o Brasil tem uma grande demanda, mas que a falta de investimentos no setor impede que a tecnologia se desenvolva.

Apesar disso, existem empresas que vêm apostando neste conceito e têm oferecido cursos gratuitos à distância para estudantes concurseiros. Um exemplo citado pelos especialista no evento foi o “Rota dos Concursos”. Para a professora da UNESP Cosette Castro, a tecnologia de ensino à distância deveria ser mais difundida no país, por tornar o ensino mais dinâmico. Ela observou que a tecnologia pode fazer com que a juventude se expresse melhor e de forma mais moderna. “Temos que ter esses jovens produzindo conteúdo, em diferentes plataformas digitais, para mostrar que esse país tem muito para exportar”, afirmou.


57-DEZEMBRO 2012


Geral

58-DEZEMBRO 2012

O Rei do Baião, Luiz Gonzaga, há décadas indagava a razão de tanto sofrimento do sertanejo. Sessenta e cinco anos após o desabafo traduzido em sua canção Asa Branca o retrato da seca e miséria é o mesmo

Rivânia Queiroz e Mônica Melo

H

á mais de 65 anos o Rei do Baião Luiz Gonzaga gritava a dor sertaneja no que seria mais tarde o maior clássico da música nordestina em todos os tempos: Asa Branca. A canção retrata fielmente o drama vivido pelo sertanejo, que sente a “terra ardendo igual a uma fogueira de São João”, que em tempos difíceis não tem água para a sua plantação, que vê o seu pequeno rebanho morrer de fome e de sede. “Por que tamanha judiação?”, perguntava Gonzagão, na canção. A história contada ou, melhor, cantada em Asa Branca não é nenhuma ficção. Ela é real e vivida há séculos por esse povo sofrido. De lá para cá, nenhuma mudança foi sentida efetivamente. Alguns paliativos, medidas emergenciais, programas de governo. Mas uma política concreta ainda está por vir. Pelo menos é o que pensa o deputado e engenheiro civil Francisco de Assis Quintans, que tem dedicado boa parte do seu mandato ao assunto. “Não se faz nada porque não se tem uma decisão política. Se você verificar, do século XVI até agora o que se fez foi investir na seca no período de estiagem. Depois que passa, passam-se as ações, os investimentos. Isso é a história quem conta, não sou eu que estou dizendo”, declarou o deputado. Quintans disse que para se conviver com a aridez e a semiaridez os investimentos devem ser contínuos. “Não pensando apenas em carros-pipa, em

distribuição de cestas básicas, medidas que não garantem sustentabilidade”. Na sua avaliação, uma das principais ações é, sem dúvida, a conclusão da Transposição do Rio São Francisco - obra inicialmente calculada em R$ 4,8 bilhões e com conclusão prevista para dezembro de 2012, o que não ocorreu. No ano passado, o custo da obra foi reestimado para 6,9 bilhões, com a previsão de acabamento, segundo o Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, no segundo semestre de 2015. “A transposição vai resolver o déficit hídrico da região. Lamentavelmente, a obra está aí abandonada, com as oliveiras crescendo dentro dela, dando uma demonstração de descaso”, denunciou o parlamentar. Ele convocou a sociedade, os políticos e as entidades a lutarem pela conclusão da transposição, pela distribuição de água espacial e por um programa eficiente de água para todos os cidadãos. “Nesse governo tem tudo. Ações não faltam. Mas elas estão todas patinando, sem sair do lugar. Temos que pensar em programas efetivos, em melhorar, inclusive, o nível educacional da população nordestina, pensar em barragens subterrâneas, em culturas xerófilas. Isso nos dará sustentabilidade”, apontou Quintans. E foi mais além: “Os técnicos ficam nos seus gabinetes olhando para a praia, trabalhando de costas para o semiárido, tomando decisões sem saber o tamanho do sofrimento do sertanejo. Eles andam em carros com ar-condicionado, enquanto o trabalhador rural está lá no sertão tirando mandacaru e matando cascavel”, alfinetou.


Trovoadas de esperança regiões do Cariri e Curimataú. As temperaturas também começaram a cair nesses locais. No Ceará foram registradas chuvas até mais fortes. O problema é que o solo do estado está muito seco e a água que caiu ajudou apenas a aliviar os reflexos da estiagem prolongada, insuficiente para reverter o quadro da seca que predomina por lá. A previsão é de pouca chuva para os próximos meses no Ceará. Por hora, as notícias não são as mais animadoras. A expectativa é de que chova em todos os estados nordestino, o que não será suficiente para aplacar a seca - uma das piores dos últimos 40 anos. O semiárido do Nordeste ainda deve sofrer com chuvas abaixo do esperado até maio do próximo ano. Conforme o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/ Inpe), de março a maio de 2013, a chuva deve ficar bem abaixo dos 200 milímetros considerados normais para o Nordeste nesta época do ano.

Francis Lacerda, coordenadora do Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (Lamepe), explicou que apesar da previsão de pouca chuva, este trimestre é considerado a estação chuvosa no semiárido nordestino. “Em anos de chuva abaixo da média neste período, como o que se configura na previsão, chove muito durante um ou dois dias, e depois temos períodos prolongados sem chuva, que podem ser de 10, 15 ou até 30 dias de seca. Nos dias sem chuvas, as temperaturas costumam ficar bastante elevadas”, disse.

59-DEZEMBRO 2012

“Já faz três noites que pro norte relampeia. A asa branca ouvindo o ronco do trovão já bateu asas e voltou pro meu Sertão. Ai, ai eu vou me embora. Vou cuidar da prantação. A seca fez eu desertar da minha terra. Mas felizmente Deus agora se alembrou de mandar chuva Pr’esse Sertão sofredor”. Quisera os homens do Sertão, também agora, fossem ouvidos por Deus e que caisse chuva para aplacar a dor e o sofrimento daqueles que há tempo não sabem o que é ter água numa torneira, para beber ou dar ao gado, e que vai sendo vencido pela estiagem que insiste em permanecer. Luiz Gonzaga, em “A Volta da Asa Branca” - outra canção de protesto para chamar a atenção das autoridades para os problemas e para o descaso do poder público com o Nordeste – dizia que a asa branca estava de volta, ela era um sinal de chuva. Agora, o sertanejo olha para o céu e procura a asa branca de Gonzagão. A esperança é de dias melhores. Algumas trovoadas já foram sentidas pelo Sertão nordestino. No final de novembro, pancadas de chuvas foram registradas em alguns estados. Na Paraíba, o pouco de água que caiu animou moradores das

Fotos: Divulgação


Com o pires na mão Fotos: Divulgação

60-DEZEMBRO 2012

Os produtores rurais estão com o pires na mão mendigando aos governos créditos, subsídios e outras efêmeras ajudas paternalistas para conseguir escapar de uma das mais severas secas. Como se não bastasse, há anos eles também esperam uma solução efetiva para o endividamento rural. As dívidas são antigas e vêm se arrastando sem que aja uma solução concreta. Entra governo, sai governo e o problema permanece e se agrava. O que foi apresentado até hoje está longe de solucionar a questão. “As medidas dos governantes não tratam o real problema do financiamento rural: os encargos do

inadimplemento. O crédito rural no Brasil, sobretudo no semiárido do Nordeste, é uma viagem pela contramão”, considerou o deputado Francisco Quintans. O parlamentar ressaltou que o crédito não é formulado tecnicamente de acordo com a realidade e vocação de cada região. “É um exercício mesquinho de burocratas urbanóides, contaminado por um financismo simplório que não serve nem ao congresso dos produtores e nem à segurança do banco. Não ajuda ao desenvolvimento econômico-social de ninguém”, desabafou. A indignação do deputado tem uma razão. A única região semiárida no mundo que não tem

Deputado Francisco Quintans critica Crédito Rural. Osvaldo Coelho manda carta ao ministro

uma política de crédito rural, que leve em consideração a seca, é o Brasil. “A nossa política de crédito é equivocada. Não temos assistência técnica, não há investimentos públicos massificados nas regiões com densidade populacional alta no setor rural. Os assentamentos são improdutivos, degradados e miseráveis”. O ex-deputado Osvaldo Coelho (DEM/PE), dono de oito legislaturas, mandou carta ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrando sua indignação com a situação. No documento, reclamou da falta de investimentos federais e disse que a presidente Dilma Rousseff só tem olhado para as regiões mais ricas do país. “Não falta dinheiro para a Copa do Mundo, Olimpíadas, trem bala e até para emprestar ao FMI”, criticou, ao acrescentar que “o governo só não tem dinheiro para irrigação no Nordeste, iniciado nos anos 70, paralisado radicalmente no governo Lula, que não implantou sequer um hectare irrigado nos seus dois mandatos”. O pernambucano Osvaldo Coelho concluiu que Dilma precisa dar um tratamento diferenciado à região. “Temos a maior taxa de analfabetismo do País, o PIB per capta do semiárido correspondente a metade do nordestino e a 25% do nacional. Temos apenas três, de um total de 63 universidades federais”.


tarquia criada em 2007. O INSA trabalha dentro de duas vertentes. A primeira diz respeito à segurança alimentar e nutrição, tanto humana quanto forrageira. As pesquisas são desenvolvidas em cima da proteção do solo contra a erosão e da produção e conservação de forragens nativas. A outra foca a segurança hídrica, através do desenvolvimento de tecnologia social, voltada à convivência sustentável com o semiárido. “Estamos desenvolvendo algumas pesquisas. Uma delas é o mapeamento das áreas do semiárido”. Segundo Leonardo, a ideia é identificar as áreas mais vulneráveis. O trabalho é feito em parceria com a Defesa Civil. Há ainda o projeto estruturante denominado de Sistema de Gestão da Informação e do Conhecimento do Semiárido e o de Identificação e Monitoramente do Processo de Desertificação. “Com o mapeamento da estiagem conseguimos demonstrar quais áreas na Paraíba, no Rio Grande do Norte e Bahia são mais vulneráveis à desertificação. Além desses pontos, são muito críticos o leste central do Piauí, o oeste de Alagoas e Sergipe, bem como as áreas mais ao norte de Pernambuco, confrontadas com a Paraíba, e as do leste do Ceará, próximas ao RN e PB”.

Enquanto o sertanejo enfrenta todas as adversidades do longo período de estiagem, sentindo na pele as consequências de um problema que se arrasta há séculos sem uma solução, o Governo Federal garante que tem dado atenção especial à problemática. De passagem por João Pessoa para inaugurar o primeiro Centro-Dia para Pessoas com Deficiência, a Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, defendeu as ações federais que estão sendo implementadas para a seca que, segundo ela, tem aliviado a fome da população nordestina. “Nós temos várias ações, tanto do MDS quanto medidas do Governo Federal. Os depoimentos que nós temos dos governadores dessa região dão conta que essa seca, mesmo sendo uma das piores dos últimos 50 anos, tem sido vivida de forma diferente. Isso porque a população conta agora com programas sociais como Bolsa Família, Bolsa Estiagem, Seguro Safra e distribuição de milho diferenciado”, justificou, durante a solenidade que aconteceu no dia 4 de dezembro. A ministra ainda lembrou que já foram construídas 500 mil cisternas no Nordeste e que carros-pipa estão assegurando o abastecimento de água da população, com distribuição do líquido nas casas e propriedades rurais. “Estamos torcendo para que a chuva volte logo ao Sertão. Enquanto isso, temos um conjunto de ações que estão sendo feitas. Ao contrário das outras secas, nesta as pessoas não estão passando fome. As pessoas estão passando necessidade, estão sofrendo muito, mas a gente não vive a fome como a gente viveu em outras situações”, observou a ministra Tereza Campello.

61-DEZEMBRO 2012

Criado em 2004 com a proposta de reduzir a desigualdade social e viabilizar soluções para quem vive no semiárido brasileiro, o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) pouco fez desde sua regulamentação, em 2006. Não por incompetência ou falta do que executar. Mas pela ausência de um “olhar federal” que tem limitado o desenvolvimento do trabalho que é feito apenas por nove pesquisadores, que tratam de um semiárido de quase 22 milhões e 600 mil habitantes. “Nós temos um orçamento exclusivo para a nossa pesquisa, diferentemente de outros institutos (por exemplo, o INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que recebem outras verbas e podem expandir o trabalho”, lamentou Leonardo Bezerra de Melo Tinoco, coordenador do Sistema de Gestão da Informação e do Conhecimento. Ele disse que o INSA não veio para resolver os problemas do semiárido, “porque esse é um problema nacional, e não de uma unidade de pesquisa, que envolve questões de exclusão social ao longo de centenas de anos”. Leonardo Tinoco observou que o déficit vem de séculos e que o problema se acumula desde a época da criação da Sudene – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – au-

“O sertanejo não está passando fome”, diz ministra Fotos: Divulgação

Medidas adotadas não têm resolvido drama


Uma paisagem sem cores Maior seca dos últimos 40 anos arrasa plantações no Sertão, mata o gado de fome e sede e endivida os agricultores, que começam a migrar para as zonas urbanas

62-DEZEMBRO 2012

A

medida que se avança pelas estradas em solo nordestino rumo ao oeste, as paisagens pelo caminho vão se modificando drasticamente. O cenário começa a perder cores, ganhar aridez e mostrar aos viajantes que a pobreza e a escassez de oportunidade ainda são uma poderosa realidade que ronda o cotidiano daqueles que moram na região. Apesar de a seca ser uma velha conhecida do sertanejo, como uma realidade permanente e que em maior ou menor grau, acontece praticamente todos os anos, o Brasil ainda não aprendeu a conviver com ela. Ao longo de 2012, a situação que já estava difícil, só piorou. A seca chegou com força destruindo em poucos meses o que se construiu ao longo de anos a fio com trabalho duro. Cada casebre ao longo da estrada tem uma história triste para contar de alguém que não está pedindo esmola e sim oportunidade de garantir o sustento da família. Com a falta de condições de trabalho, muitos abandonaram a atividade agrícola e se lançaram em

subempregos nas zonas urbanas na tentativa de sobreviver. Não são raros os agricultores endividados e sem condições de contabilizar os prejuízos. O assentado da fazenda Pitombeira, em Ouro Velho, José Brás Macedo, perdeu duas vacas em menos de uma semana e vendou as outras que tinha por R$ 300 para evitar que morressem de fome também. “O milho, a torta e o farelo que vieram do governo só chegaram depois que vários animais morreram. Menos de 20% dos animais da região ainda estão vivos. Essa é a seca que mais deu prejuízo em 50 anos”, reclama. O agricultor lembra que o inverno terminou em julho de 2011 e depois disso não veio mais chuva. Ele perdeu R$ 15 mil tentando plantar capim para alimentar o gado e mais R$ 7,5 mil para perfurar um poço que atualmente é a única fonte de água para sete famílias. Mas segundo seu José, a solução é apenas paliativa, pois não adianta cavar poços e construir cisternas se não há chuva para abastecê-los. “Há fazendas em que morrem cinco ou seis animais por dia. Eu seria capaz de dar o meu


pão para salvar minhas vaquinhas”, emociona-se. Os agricultores são unanimes em dizer que nunca a situação foi tão difícil. Em outras estiagens, havia a palma que mantinha o gado vivo enquanto não vinha água do céu. Mas devido à praga da cochonilha, não há mais da planta em todo o interior nordestino. “Não tem palma em lugar nenhum. Ano passado, ela socorreu muita gente no Cariri, mas agora não tem mais nada. As cidades só estão conseguindo sobreviver por conta do funcionalismo público e dos aposentados que ainda sustentam o comércio. É a pior seca que eu já vi” conta Ronaldo Alcântara, que largou o campo para se tornar taxista na cidade de Serra Branca (PB). O agricultor assentado na cidade de Sumé, José Evandro Moura de Al-

meida, é outro que lamenta a falta da palma. Ele conta que alguns animais estão comendo o pouco mandacaru que é possível encontrar na região e que a ajuda oficial é lenta e irregular. Seu José disse que há quatro semanas não recebe mais a ração que vinha do Governo do Estado. Sem essa ajuda, ele e muitos outros criadores da região acreditam que em menos de 30 dias percam o restante do gado. Mesmo que comece a chover hoje, serão necessários, no mínimo, 15 anos de bons invernos para recuperar o que foi perdido. “Precisamos de socorro para tentar salvar o que ainda resta. Perdi 30 animais esse ano e não sei mais o que fazer para manter vivos os que restam. A situação é desesperadora, nunca vi algo assim em 40 anos”.

Famílias sertanejas têm enfrentado uma das piores estiagens. A esperança é de chuva

Sem palmano Sertão, a planta mandacarú é usada na alimentação dos bilhos

63-DEZEMBRO 2012

Fotos: Mônica Melo


Criadores sofrem com severa estiagem

64-DEZEMBRO 2012

Quem optou por vender o gado não está conseguindo mais do que 30% do valor real e quem insistiu na palma viu a cochonilha pôr fim a tudo de novo. O criador Zé Zacarias tem 61 anos e trabalha na roça há 53. Ele viu seu maior sonho ser realizado no ano de 2007, quando recebeu do Governo Federal o sítio onde mora. Atualmente, não consegue pensar em uma solução para permanecer na sua terra conquistada após tantos anos de luta. O único açude da sua propriedade secou há oito meses e o abastecimento, que estava sendo feito através de carros-pipa, foi interrompido há semanas, sem condi-

ções de trabalho, ele precisou vender quinze animais. “O restante eu não consigo vender porque está muito magro. A gente vai sobrevivendo como pode, mas a vida é assim: pobre tem que sofrer mesmo”, conforma-se. O agricultor reclama que a seca é agravada pela falta de manutenção nos açudes, que com o tempo perdem profundidade e tem sua capacidade de armazenamento reduzida. Se os reservatórios estivessem com a manutenção em dia, talvez pudessem aguentar um pouco mais. Na cidade de Brejo do Cruz, Francisco Santino de Oliveira, 78 anos,

também tenta vender as aves de sua granja de oito hectares que ainda estão vivas. Ele também investiu na agricultura: alugou tratores, pagando R$ 100 a hora, mas perdeu todo o milho e feijão que plantou. “Mesmo que tivesse nascido, não compensaria. Eu paguei R$ 21 pela saca de sementes e quem conseguiu colher, vendeu a R$ 30, ou seja, não há retorno na produção”. Entre os seus vizinhos, quem tem mais recursos está mandando o gado para os hotéis ou vendendo para não perder. “O gado é bem tratado, bem criado por nós e, no final, a gente precisa vender para escapar da morte”.

José Bráz Macedo perdeu duas vacas na mesma semana. A situação tem se repettido com outros criadores do semiárido


“Estamos apenas sobrevivendo”

Evanildo Oliveira de Araruna perdeu 80% das abelhas que criava na propriedade

abelhas, algumas vacas e toda sua criação de bode. Pelas vacas que vendeu, só conseguiu 50% do valor, mas era a única alternativa para que os animais não morressem. As que restaram não têm forças para produzir mais leite. Um de seus vizinhos chegou a perder oito vacas de fome e sede nas últimas duas semanas. Para Evanildo, o grande problema é a falta ação governamental para realizar coisas simples, como cisternas de placas subterrâneas e tanques de pedra, que ajudaria muito a minimizar os prejuízos da estiagem prolongada na região.

“Esmola” A falta de ação governamental é o alvo de muitas reclamações entro os que vivem da terra. A desorganização na distribuição da ração, a falta de ações preventivas, apesar de a seca ser sempre uma certeza, e o preço do crédito rural são as maiores queixas. Muitos não conseguem honrar seus compromissos com os bancos porque perderam tudo e outros estão indo embora para cidades maiores. “Precisamos planejar e mostrar o caminho ao produtor para sobreviver nessa região e evitar o êxodo que é muito grande nessas épocas. Os jovens de 17 anos estão desiludidos com a região e não

“Aqui no cariri temos vários lajeiros. A água que cai durante o inverno vai embora e agora está fazendo falta. Quando começar o inverno, vamos começar do zero novamente”, lamenta. Evanildo acredita que se houvesse incentivo para plantar avelóz, macambira, mandacaru e umburana, espécies que suportam mais tempo em condições pouco favoráveis de clima, muito sofrimento poderia ter sido evitado, mas no momento não há mais tempo para isso. “Não temos mais o que esperar, chegamos ao nosso limite”, lamenta o homem do Sertão.

não resolve problema

querem continuar na atividade rural”, avalia o produtor e técnico agrícola, Wellington da Silva Corrêa, que tem uma pequena propriedade em Serra Branca. Para ele, ver o Sertão florescer e parar de ver animais mortos ao longo das estradas exige uma posição firme dos governos. Ele defende que o homem do campo não pensa em esmola ou assistencialismo, ele quer condições de trabalho. “O agricultor não gosta de receber ajuda do governo, esmola, ele gosta de produzir e ganhar seu dinheiro, vender seu bicho, sua produção e educar seus filhos”.

A maioria dos sertanejos insiste em afirmar que não espera “esmolas do governo”, aguarda soluções. Em Patos, o casal de idosos, Maria de Lourdes e Francisco Aureliano de Assis já perdeu a conta das suas idades, mas lembra ter vivido o suficiente para afirmar nunca ter visto uma situação tão caótica. O casal já sobreviveu da pesca e da agricultura, hoje, nenhuma das atividades é possível,em virtude da estiagem. Toda a água disponível ondemoram vem de um chafariz que nem sempre dá conta da demanda. “No dia que tem água a gente bebe, quando não tem, não tem”.

65-DEZEMBRO 2012

Nem mesmo as cidades onde há a irrigação e que possuem grandes reservatórios estão em situação melhor. No perímetro irrigado de São Gonçalo, em Sousa, a preocupação com nível do reservatório é constante. O problema é que o volume do açude continua baixando e já está faltando água para a irrigação. Morador da região, João Tomé Paes, tem 62 anos e esperança que chova em janeiro para salvar sua plantação de cocos. “Estamos apenas sobrevivendo. Não podemos ficar assim, apelamos para Deus mandar chuva senão teremos que sair daqui”, lamenta. Ele conta que apesar de trabalhar com uma espécie vegetal resistente, seu limite para encontrar uma solução e não perder a plantação é de apenas mais três dias. “Até hoje não teve uma seca como essa, antigamente as pessoas de outras regiões vinham aqui buscar água. Sou colono desde 1976 e nunca vi isso, sempre tivemos água para esperar o inverno. A vida aqui não é fácil porque dependemos dos outros para sobreviver. Em todos eses anos, a situação só faz piorar, por enquanto, não temos mais esperanças. As notícias que vêm são sempre ruins”. As histórias de perda se avolumam à medida que se encontra pessoas das regiões atingidas. O apicultor, criador e agricultor Evanildo Oliveira de Araruna, 40 anos, perdeu 80% das suas


66-DEZEMBRO 2012

O Brasil está trabalhando duro para que a seca tenha outra cara.

Ao longo dos anos, a seca do semiárido brasileiro tem sido um desafio permanente para os sertanejos, os governos e a ciência. Mas o Brasil aprendeu que é possível, sim, conviver com a seca, ampliando, ainda mais, a rede de estímulo e proteção aos moradores das áreas atingidas. Essa região tem se revigorado com fortes investimentos de infraestrutura, programas de desenvolvimento econômico e ações sociais que beneficiam, permanentemente, todos os estados do Nordeste. Não faltam, também, amplas ações emergenciais, que ampliam benefícios e garantem proteção, crédito e acesso à água para quem precisa nos períodos de grandes estiagens, como a deste ano, que é a maior das últimas décadas.


AÇÕES REGIONAIS ESTRUTURANTES A solução dos problemas do semiárido passa, necessariamente, pela solução dos problemas de todo o Nordeste. Primeiro, porque eles são semelhantes. Segundo, porque uma economia regional forte ajuda a proteger as áreas mais vulneráveis à seca.

Veja algumas ações e resultados, em parceria com governos estaduais e prefeituras:

• Ampliação do saneamento básico em 1.288 municípios.

como refinarias e estaleiros.

• Nas ações de combate à miséria,

• Na educação, construção de

6,9 milhões de famílias no Bolsa Família e 4,8 milhões de crianças e jovens no Brasil Carinhoso.

creches e criação de vagas em universidades e escolas técnicas.

• No transporte, construção e reforma de 2.500 km de rodovias, 2.300 km de ferrovias, 6 aeroportos e 10 portos.

• Sementes, capacitação e R$ 12,3 bilhões em crédito e apoio à agricultura.

• 956 km de adutoras construídas, duas barragens, mais de 500 mil cisternas e 4,1 mil hectares de área irrigada significam acesso à água para consumo e plantação.

• Mais de 300 km de canais, 14 aquedutos, 29 barragens, 5 túneis e 9 estações de bombeamento em obras para a integração da bacia do São Francisco.

A seca sempre vai existir, mas seus efeitos a gente pode mudar. bra s i l .gov.br/s e cas e m iar ido

67-DEZEMBRO 2012

• Criação de 3,8 milhões de empregos. • Implantação de grandes projetos,


Geral

68-DEZEMBRO 2012

Do paletó ao gibão Depois de tentar ganhar a vida como cantor e sanfoneiro na cidade grande, adotando o paletó e a gravata, o nordestino, que no final da década de 30 causou estranheza no programa de Ary Barroso “com sua voz estridente”, decidiu mergulhar nas suas próprias raízes. Ao regressar à terra natal, Exu, lá por volta de 1946, decidiu romper com um papel que não fora assimilado no sudeste do país e incorporar o melhor personagem: ele mesmo. Era final da década de 40. Luiz Gonzaga acabara de compor Asa Branca. Daí para frente nunca mais largou a sanfona, o chapéu de couro e o gibão, indumentárias que representam o seu sertão e o do cangaceiro Lampião. A receita foi infalível, e o sucesso do sertanejo que virou o rei do baião, inevitável.

U

ma sanfona na mão e a coragem de um sertanejo. Foi assim que o Rei do Baião chegou à cidade grande, vindo de Exu,

município humilde do Sertão de Pernambuco. No Rio de Janeiro, onde deu início à carreira, tentou chamar a atenção com canções que nada tinham a ver com sua


história. O paletó e a gravata, a música comum e a voz não agradaram ao público e a Ary Barroso, apresentador de um programa popular na Rádio Tupi. Aconselhado,

resolveu ser ele mesmo. De volta ao palco do programa, arrancou aplausos da plateia com Vira e Mexe, canção de sua autoria. Era o primeiro sucesso do homem

que mais tarde se tornaria um ícone da música, do Nordeste e porque não dizer do país. A partir de 1946, a vida de Luiz Gonzaga muda com a canção Asa Branca. Nascia um novo estilo e a verdadeira identidade do homem do Sertão que deixou um legado que vem sendo repassado a novas gerações da música brasileira. Este mês, mais precisamente no dia 13, data em que foi comemorado o Centenário de Gonzagão – se ele estivesse vivo completaria 100 anos –, os artistas Gilberto Gil e Dominguinhos (parceiro de Luiz Gonzaga e um dos seus maiores discípulos), homenagearam o mestre entoando a música que ficou consagrada: Asa Branca. Ao lado de Daniel (neto de Gonzaga e filho de Gonzaguinha) e Joquinha (sobrinho do Rei do Baião) emocionaram durante as comemorações ao Centenário, na cidade de Exu, terra natal do sanfoneiro. “Ele foi meu primeiro ídolo”, confessa o baiano Gilberto Gil, que se reaproximou da música nordestina e de Luiz Gonzaga ao lançar o álbum Fé na Festa: ao vivo, há dois anos. O trabalho foi, inclusive, mostrado durante o evento do dia 13. Além desse, Gil tem outros CD’s que trazem composições do sanfoneiro pernambucano. O baiano já havia regravado a canção “17 léguas e meia”, as versões de “Respeita Januário”, “Xote das meninas”, “Eu só quero um xodó” e “Vem morena”. Em 2000, Gil lançou o disco “As canções de eu, tu e eles”, com a trilha sonora do filme “Eu, tu e eles”. A maioria das músicas ficou conhecida na voz de Luiz Gonzaga e ganhou novas versões do músico baiano. Este ano, as gravadoras Universal Music e Discobertas fizeram o álbum “Gilberto Gil canta Luiz Gonzaga”, para comemorar os 100 anos do Rei do Baião e os 70 anos de Gil.

69-DEZEMBRO 2012

Fotos: Divulgação

o e chapéu de couro


A obra de quem levou o

Sertão

ao Brasil P

70-DEZEMBRO 2012

ara o povo nordestino, sobretudo os das regiões de geografia mais árida, as músicas cantadas por Gonzagão eram como fotografias. Elas levavam a imagem da seca aos olhos do resto do Brasil. O chão “ardendo” e o gado morrendo de sede foram cantados, pela primeira vez, na música Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, em 1947. E foi exatamente a partir daí que o sanfoneiro despontou no mercado da música nacionalmente. Hoje, são atribuídas a ele a gravação de mais de 600 músicas, em 266 discos. No início da década de 40, Gonzaga viveu tempos amargos no Rio de Janeiro, quando ainda não tinha decidido representar a música que ouvia quando criança no sertão de Pernambuco. Nas ruas, tentava ganhar dinheiro tocando em sua sanfona os fox trotes e valsas. Já nas apresentações em programas de rádio, fazia imitações de artistas famosos. Até que, em um desses,

trouxe para a plateia a dançante Vira e Mexe, um “chamego”, como ele mesmo denominou. A partir daí, aparecem os primeiro fãs e os convites para trabalho tornaram-se frequentes, chegando a trabalhar no programa de rádio A Hora Sertaneja. O primeiro disco com músicas do Rei do Baião, em 78 rotações por minuto, foi comercializado já em 1941. Trazia a valsa Farolito e a mazurca Véspera de São João. Não havia sinal de que ele seria o grande ícone da música nordestina. Durante os cinco anos seguintes, Gonzagão apenas acrescentou chorinhos e polcas ao repertório de seus discos, até a chegada da Asa Branca. Junto com ela, num mesmo disco, o também nordestino xote No Meu Pé de Serra anunciavam novos tempos para a cultura nacional.


Sucessos conferem o título de rei conferia o título de rei deste ritmo. Esses anos trouxeram episódios importantes da vida do sanfoneiro: grave acidente automobilístico sofrido por Luiz Gonzaga, em 1951, e os contratos com a Rádio Mayrink Veiga e com a gravadora RCA Victor, que usava suas prensas exclusivamente para ele. Também nesta década, as músicas Baião de Dois e Paraíba ganham versões em japonês. E, por fim, gravou seu primeiro LP de 12 polegadas, o Xamego. Era a época em que Xote das Moças e Gibão de Couro estavam na boca do povo.

Declínio e ressurgimento Embora na década de 1960 Luiz Gonzaga tenha sido reverenciado por outros artistas do Brasil, como Gilberto Gil e Geraldo Vandré, sua popularidade vinha diminuindo. Aqui, ele grava composições de seu filho Gonzaguinha e do cearense Patativa do Assaré. Do último ano da década até 1977, quando retornaria ao sucesso, sua carreira foi permeada por rompimento de contratos e cancelamento de shows. Ainda assim, lança o LP que contém a música Samarica Parteira, de Zé Dantas. A sua última década de vida foi rica em número de criações. O sanfoneiro lança o disco Se-

Gonzagão gravou mais de 600 músicas

tenta Anos de Sanfona e Simpatia e ganha o primeiro disco de ouro com o LP Danado de Bom. Luiz Gonzaga recebe também o Prêmio Shell e o Troféu Nipper de Ouro. Em 1988 e 1989, antes da sua morte, o Rei do Baião ainda grava quatro LPs pela Copacabana.

O pesquisador Assis Ângelo mostra uma das raridades de seu acervo, com centenas de itens da MPB

Filme emociona moradores de Exu Dentro da programação dos 100 anos de Luiz Gonzaga, os conterrâneos do sanfoneiro puderam reviver a história do Rei do Baião, contada no filme do cineasta Breno Silveira. Gonzaga: De Pai Para Filho foi exibido para uma grande plateia que foi ao Parque Asa Branca, em Exu, no dia 13 deste mês. A película que emocionou o Brasil explora a relação entre Gonzaga e Gonzaguinha, o filho que, apesar das divergências e do afastamento do pai, queria reconhecer a sua história a partir da figura do pai, saber das suas origens, da sua mãe e da sua infância. Essas passagens estão presentes no filme e mostram o renascer da relação entre os dois, num dos momentos mais significativos da produção, protagonizados por Adélio Lima, como Gonzagão, e Júlio Andrade, como Gonzaguinha.

71-DEZEMBRO 2012

Na década de 1950, o pernambucano de Exu já era sucesso em praticamente todo o país. Aproveitando a boa repercussão, lançou mais de 20 novas músicas só no primeiro ano, a maioria delas em parceria com Humberto Teixeira e Zé Dantas. Desta vez, os discos continham praticamente toadas, xotes, maracatus e baiões. Na música A Dança da Moda, ele dava o recado: “No Rio tá tudo mudado / Nas noites de São João / Em vez de polca e rancheira / O povo só pede e só dança o baião”. Foi aqui que o ritmo, a história e a imagem de Luiz lhe


INFORME PUBLICITÁRIO

Educando para um futuro melhor

N

Implantação de escolas que funcionam em tempo integral, valorização profissional, reajustes salariais e ampliação e melhoria da rede de ensino. A política educacional de João Pessoa superou metas e agora conta com 95 escolas e 43 Centros de Referência em Educação Infantil (Creis). Entre 2010 e 2011, por

exemplo, foram investidos cerca de R$ 300 milhões em construções e reformas de unidades escolares. Em dois anos e oito meses, foram construídas 51 novas salas de aula na rede regular, 17 nos Creis e 18 para o Programa Mais Educação, além da entrega de nove ginásios poliesportivos, totalizando 45 na

rede municipal. Nos Jogos Escolares da Paraíba, a Escola Municipal Celso Furtado foi medalha de ouro na categoria xadrez de 12 a 14 anos (o projeto conta com três mil alunos da rede municipal) e as escolas Antônia do Socorro Silva Machado e Moema Tinoco da Cunha Lima venceram a etapa paraibana da VI Olimpíada

Emprego e renda para todos

D 72-DEZEMBRO 2012

estinado a micro e pequenos empresários (ou a quem decidiu apostar no próprio talento e começar um pequeno negócio), o Programa Municipal de Apoio aos Pequenos Negócios de João Pessoa (Empreender-JP) segue em ritmo acelerado. Para se ter uma ideia, a liberação de novos contratos e em-

préstimos do programa triplicou nos últimos dois anos e meio. Somente de abril de 2010 a novembro deste ano, foram 14.222 contratos, com investimentos de R$ 35.743.598,18, o que dá uma média anual de R$ 14.297.439,27 – enquanto o valor referente ao período entre 2005, quando o programa foi

lançado, e abril de 2010 é de R$ 19.830.882,70 (ou seja, uma média de R$ 3.966.176,54 por ano). O programa também cresceu e passou a atender novos nichos de mercado, com a ampliação do número de linhas de crédito por meio de três novas modalidades: Turismo, Tecnologia da Informação (ambas


dado com o alunado da rede, foram realizadas consultas oftalmológicas em 12 mil alunos, com distribuição de quase cinco mil óculos, pelo Programa Saúde do Estudante. Na área de valorização profissional, houve ampliação do projeto que estimula o empenho de gestores e educadores com o Prêmio Es-

cola Nota 10, por meio do pagamento do 14º salário: este ano, o projeto beneficia também os profissionais dos Creis. Além disso, a PMJP promoveu reajuste salarial acima de 35%para professores, técnicos e especialistas de toda a rede municipal, superando a meta do Ministério da Educação, de 22%.

em fase de implantação) e Empreender Solidário – essa última linha, aberta aos beneficiários do programa Bolsa Família, do Governo Federal, funciona em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social do Município e já liberou mais de R$ 67 mil. Em paralelo, o Sistema Na-

cional de Emprego de João Pessoa (Sine-JP), também vinculado à Secretaria de Trabalho, Produção e Renda do Município, registrou acréscimo, até outubro deste ano, no número de encaminhamentos de inscritos e de trabalhadores inseridos no mercado de trabalho, em relação ao mesmo

período de 2011. Em 2012, o Sine-JP inseriu 260 pessoas no mercado de trabalho, cadastrou 500 empresas, ofereceu 849 vagas de emprego, fez 17.373 atendimentos e 4.946 encaminhamentos. Realizou, ainda, 2.364 requerimentos de Seguro Desemprego. 73-DEZEMBRO 2012

Brasileira de Robótica, com participação de 52 escolas do município. João pessoa é a única capital do Brasil onde 100% das escolas municipais têm bandas marciais. Neste ano, a PMJP entregou instrumentos musicais para 18 bandas marciais da rede e implementou a pedagogia da música em todos os Creis. No cui-


Uma população mais saudável

A

prefeitura comemora muitos avanços na saúde de João Pessoa. Hoje, a rede municipal conta com 180 Unidades de Saúde da Família (seis delas foram reformadas ou construídas em 2012; outras seis estão prestes a ser inauguradas), quatro Centros de Espe-

cialidades Odontológicas (com a abertura do CEO Torre) e dois Centros de Práticas Integrativas (um no Valentina e outro no Bancários, o Equilíbrio do Ser, com investimento de quase R$ 3 milhões). O Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) foi implantado na Capital,

em parceria com o Ministério da Saúde, e beneficia 170 mil pessoas. Para atender melhor a população por meio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a prefeitura adquiriu duas motolâncias, duas Unidades de Suporte Avançado, uma Unidade de Suporte Básico e quatro ambulân-

Fluidez e segurança do trânsito

M

obilidade urbana é um tema que remete a muitos progressos em João Pessoa. Nesses dois anos e oito meses, a Semob instalou o Terminal de Integração do Bessa, ampliou a malha cicloviária para 48 quilômetros

(com o conceito de faixa preferencial para ciclistas), e criou novos acessos para ligar a zona norte à zona sul da cidade. Desde 2011, com a realização do Projeto Caminho Livre, os principais pontos de estrangulamento da cidade foram

solucionados. O monitoramento de vídeo na cidade, implantado desde 2010, ganhou mais 36 câmeras, pelo projeto Jampa Digital. Ao todo, são 68 câmeras de acompanhamento em tempo real, em duas salas de con-

Cidade limpa e ecológica

A

74-DEZEMBRO 2012

Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur), responsável pela coleta de aproximadamente 700 toneladas de lixo por dia na Capital – cerca de 20 mil toneladas por mês –, também se preocupa com a reciclagem e a educação ambiental. A atualmente, o órgão recicla 3% de

tudo o que é coletado (índice acima dos 2% da média nacional) e envolveu 22 dos 64 bairros da cidade (ou 34,3% do total) na coleta seletiva domiciliar – que consiste na separação correta do lixo desde a sua origem. Para as ações de limpeza de João Pessoa, a empresa in-

vestiu, com recursos próprios, R$ 1,15 milhão na aquisição de cinco caminhões, dez motos e uma vã. Também reabriu a fábrica de vassouras ecológicas, localizada em Mangabeira, com produção de 20 vassouras por dia, feitas a partir de garrafas PET; criou o personagem “Limpinho da Silva”, para massificar


INFORME PUBLICITÁRIO

dade de Pronto Atendimento (UPA), que registrou, entre janeiro e novembro deste ano, cerca de 44 mil procedimentos ambulatoriais. O Complexo Hospitalar Tarcísio Burity (Ortotrauma) foi habilitado para a realização de procedimentos de alta complexidade e

implantou a Urgência Pediátrica Rebeca Cristina. Já nos hospitais municipais Santa Isabel e de Valentina, salas, equipes e exames foram ampliados, novos serviços foram implantados e o atendimento registrou aumento de 57% e 33%, respectivamente.

trole: no Controle de Tráfego por Área (CTA) e no Centro Administrativo Municipal (CAM). A prefeitura implantou o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento,

no valor de R$ 766.345.93 e teve a garantia de R$ 188 milhões, por meio do PAC da Mobilidade Urbana nas Grandes Cidades, do Governo Federal, para beneficiar 84% dos bairros da cidade, contemplando 91% da população da

Capital paraibana. Duas passarelas foram construídas na BR-230, com investimento de R$ 1,94 milhão, e 14 vias tiveram suas calçadas reformadas, somando 23 quilômetros, com recursos no valor de R$ 3 milhões.

as ações de educação ambiental com a população; e retomou o projeto “Meu Bairro é Limpeza”, que leva serviços de capinação, roço, varrição, pintura e educação ambiental a vários bairros. A PMJP mantém cinco Núcleos de Coleta (galpões de reciclagem) e um Centro de Triagem

em funcionamento no Aterro Sanitário Metropolitano. Mantém ainda parceria com cooperativas de catadores e iniciou a construção de um núcleo de reciclagem no Valentina Figueiredo. Para reciclar o óleo de cozinha usado, implantou o “Projeto Não Vai Pelo Ralo” (nos últimos três anos, uma média de

5,4 mil litros de óleo foram transformados em sabão). Para o período de veraneio, a Emlur criou o “Projeto Cidade Limpeza, Verão Beleza”, atuando na conscientização de moradores, comerciantes e turistas em relação à limpeza das praias e ruas no verão.

75-DEZEMBRO 2012

cias para transporte sanitário. Outras obras importantes para a saúde na Capital foram a Central de Medicamentos Edson Leite, no bairro das Indústrias, a nova sede da Unidade de Saúde da Família do Cuiá (ambas foram inauguradas recentemente), e a implantação Uni-


Geral

Pessoas com deficiência passam a contar com espaço de apoio social. Primeiro Centro-Dia foi inaugurado na PB e vai atender 150 beneficiários, estimulando as atividades de convivência

Um lugar de

esperança Juliana Carneiro

76-DEZEMBRO 2012

A

ssim como quatro milhões de brasileiros que apresentam algum tipo de deficiência motora severa, Alex da Silva, de 16 anos, não consegue realizar atividades simples, como tomar banho ou alimentar-se, sem a ajuda de outra pessoa. No seu caso, há um agravante. Ele também depende de políticas de assistência social, por se encaixar no grupo mais pobre da população do país. Hoje, a oferta de serviços para pessoas como ele está, notoriamente, mais abundante. Já são dois milhões de beneficiários que acessam a verba mensal de R$ 622, do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Mas isso ainda é pouco, considerando que esse

tipo de deficiência deixa, no mínimo, duas pessoas da família sem condições de vincular-se a um emprego. Andrea da Silva, mãe e cuidadora do adolescente, não pode mais exercer a profissão de empregada doméstica desde que o filho mais velho nasceu com sequelas da paralisia cerebral. Alex não pode andar, quase não fala e desenvolveu, também, uma deficiência intelectual. Hoje, além de cuidar do filho, a dona de casa precisa alimentar outros dois, o marido que está desempregado e a mãe que sofre de esclerose múltipla. “Moro numa casa pequena, com pouco espaço. Para todo lugar tenho que levar meu filho no braço, trocar fralda. Dedico minha vida para cuidar dele”, conta Andrea. Mesmo com todas as dificuldades, ela faz ques-

tão de contratar um ônibus para que seu filho possa ir à reabilitação. “Pago porque não dá para ir de ônibus. Fica longe e demora para aparecer um com acessibilidade”, acrescenta. Em João Pessoa, onde vive, o adolescente teve que recorrer ao auxílio de Organizações Não Governamentais para que suas atividades de reabilitação fossem possíveis. “Depois de lutar muito para conseguir uma vaga na Funad (Fundação de Apoio ao Deficiente), consegui, mas só soube meses depois. Acabei perdendo”, conta a mãe de Alex. Na época em que buscaram ajuda, há cerca de dez anos, havia poucos espaços capacitados para receber pessoas com deficiência. Hoje, a situação parece caminhar para a atenuação do problema. O Nordeste, campeão no número de


Centro servirá de modelo O Centro-Dia instalado em João Pessoa servirá de modelo para os outros 27 que estão em fase de implantação no Brasil. “É o primeiro que compõe um plano nacional articulado com os estados e municípios”, disse a secretária Nacional da Assistência Social, Denise Colin. Ela acrescentou que este formato foi discutido diretamente com a presidenta Dilma Rousseff, quando ficou acertado que a expansão dos centros partiria de uma observação sobre o desempenho dos pioneiros. Como estímulo à socialização, os Centros-Dia recebem pessoas com deficiência, sem a necessidade de cuidadores. Sozinhas, desenvolvem autonomia e convivência com outras pessoas fora de círculo familiar. No mesmo passo, os parentes, que dedicam grande parte do seu tempo a acompanha-los, também têm mais independência. “Há mães que não podem sequer trabalhar para cuidarem de filhos que não andam ou não enxergam. São pessoas com grande grau de dependência”, disse a coordenadora do centro de João Pessoa, Cibelle Almeida.

No quadro de profissionais, que poderão acolher até 150 pessoas, o equipamento paraibano conta com terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais, além de cuidadores. Há ainda parceria com os órgãos estaduais e municipais de saúde. Para assegurar a assistência completa ao usuário, equipes poderão ainda fazer visitas domiciliares, para acompanhamento com psicólogos ou assistentes sociais. O Centro-Dia já conta com 30 famílias assistidas, todas também recebem, mensalmente, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) do Governo Federal. Outra ferramenta que está sendo implantada são as Residências Inclusivas. Também no estado da Paraíba, já há data prevista para a inauguração de duas unidades, uma na capital e outra no município de Santa Rita. Ambas serão entregues até fevereiro e maio do próximo ano, respectivamente. Esses equipamentos serão fundamentais para o acolhimento de jovens e adultos com deficiência em situação de dependência e com baixa renda. Foto: Divulgação

pessoas com deficiência, agora sai na frente em políticas sociais de inclusão. O primeiro Centro-Dia de Reabilitação do país foi inaugurado na capital paraibana no último dia 4, com a presença da ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A entrega do espaço faz parte do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Viver Sem Limites, do Governo Federal. Trata-se de um modelo diferenciado de assistência, que prevê o acolhimento diário do usuário, estimulando as atividades de convivência na sociedade e oferecendo-lhe, antes de tudo, autonomia. Para a Paraíba, que é o segundo estado da Federação com mais pessoas com deficiência – 27,8% da população, cerca de um milhão de pessoas – o rece-

bimento do centro significa que a questão vem sendo tratada com um olhar mais atento pelo poder executivo. “Os governantes da Paraíba, no município e estado, tomaram iniciativa, fizeram adesão ao plano no tempo certo”, disse a ministra. Também estão no nordeste o

primeiro e o terceiro lugar no ranking. No Rio Grande do Norte 27,8% e no Ceará 27,7% de sua população declarou possuir alguma deficiência, entre visual, motora, intelectual ou auditiva, ao Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

77-DEZEMBRO 2012

Foto: Divulgação


Ministra expõe foco das ações do governo

Foto: Agência Brasil

Além do âmbito federal do Plano Viver sem Limites, as pessoas com deficiência na Paraíba têm contado com ações desenvolvidas pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano. Este ano, foi inaugurado o quarto Centro de Reabilitação no município de Sousa, no sertão. Além disso, há, de forma continuada, a Oficina de Órtese e Prótese e um Comitê Gestor da Pessoa com Deficiência. “O que nós queremos é uma coisa simples, que a gente se reconheça não pela nossa condição física ou de pobreza, mas pela nossa condição de cidadãos”, disse Aparecida Ramos, secretária da SEDH. Toda a trajetória do MDS em re-

lação às políticas para a pessoa com deficiência foi pontuada pela ministra Tereza Campelo. “Nós tínhamos, no início do governo Lula, menos de 1 milhão de pessoas que recebiam o BPC, hoje são mais de 2 milhões, além do BPC na Escola”. A ministra explicou que havia 80 mil crianças com deficiência que recebiam o benefício e que estavam fora da escola. A conduta do Ministério foi realizar campanhas para levar as crianças de volta às escolas, e a meta foi atingida. Hoje, são mais de 300 mil crianças em sala de aula. “Estamos apenas fazendo cumprir os direitos das pessoas com deficiência”, concluiu.

Tereza Campello informou que a meta do BPC na escola foi cumprida

78-DEZEMBRO 2012

Em favor da pessoa com deficiência Dos nove estados nordestinos, apenas o Piauí ainda não está na lista para a implantação dos Centros-Dia, até maio de 2013. Com exceção de Teresina, todas as capitais já fizeram a adesão junto ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Já a criação das Residências Inclusivas está programada apenas as cidades de João Pessoa e Santa Rita (PB), Maceió (AL) e Salvador (BA). O estado da Bahia, inclusive, concentra o maior número de beneficiários do BPC, somando mais de 190 mil pessoas. Até 2014, mais 200 Residências Inclusivas começarão a ofertar serviço de acolhimento. Outra meta estabelecida prevê que 104 mil famílias sejam visitadas em seus domicílios no próximo ano, para a aplicação do Questionário de Identificação de Barreiras. Mais 50 mil deverão ser realizadas em 2014. O MDS pretende que todos os municípios brasileiros

Foto: Divulgação

Informações Os centros-Dia poderão atender até 30 pessoas por turno Nas unidades, irão atuar 13 profissionais – 3 de nível superior e 10 cuidadores O MDS investirá R$ 40 mil/mês em cada unidade Os governos estaduais vão gastar R$ 20 mil/mês

façam adesão ao Plano Viver Sem Limites. O Ministério ressalta que esses programas devem ir além do acesso ao benefício financeiro, ele deve focar atenção para as demandas das pessoas com deficiência. A melhoria das condições de sua vida e de sua família está no topo das prioridades.

Cerca de nove mil pessoas recebem o BPC na Paraíba Bahia e Minas têm a maior concentração de beneficiários do programa


79-DEZEMBRO 2012


Geral

Um realizador de sonhos A trajetória de um inovador na gastronomia, de eventos e festas, agora é cidadão de Pernambuco

Rivânia Queiroz

80-DEZEMBRO 2012

E

le é paraibano, mas acaba de virar cidadão pernambucano. Leonardo Coutinho, empresário do ramo da gastronomia e realização de festas e eventos, tem motivos de sobra para fechar o ano comemorando. Além da merecida homenagem da Assembleia Legislativa de Pernambuco e do aniversário de 35 anos da empresa que leva o nome de Blu’nelle, ele acaba de anunciar que até o final de 2013 estará abrindo as portas de um novo empreendimento no Recife. Léo Coutinho, como é conhecido no meio empresarial, se descreve um sonhador. Mais que isso, diz ser “um realizador de sonhos”. “Sou um realizador de sonhos. Faço aquilo que projeto”, asse -

Fotos: Divulgação


Prestigiado na Alepe Familiares, amigos e personalidades do mundo político e empresarial prestigiaram a cerimônia que deu o título de Cidadão Pernambucano a Léo Coutinho, no plenário da Alepe, no início de dezembro. O empresário recebeu a homenagem pelo trabalho que vem desempenhando naquele estado. “Recife foi um porto para mim, fui acolhido, é o lugar que escolhi para chamar de meu, com todo respeito aos pernambucanos, que tão bem conservam as memórias dos seus antepassados e tão

bravamente e orgulhosamente defendem seu DNA”, confessou. Ele ainda enalteceu a terra que abraçou, ao dizer que também se sente um Pernambucano. “Com respeito a minha pátria mãe Paraíba, agora, sou um de vocês, que conhece e reconhece cada canto desta cidade de geografia privilegiada... Que reconhece, com um paladar ancestral, a boa gastronomia, e que espera o nascer e o pôr do sol com sua cadência, marcada no bumbo do maracatu anunciando um renovado dia”.

Clima acolhedor O Armazém Blu`nelle ficou ainda mais charmoso para receber os convidados de Léo Coutinho, que festejaram com ele o título concedido pelo deputado estadual Antônio Moraes. O salão da casa de recepções do empresário foi decorado especialmente para a festa, utilizando peças do acervo pessoal e artesanato regional, o que deu um clima acolhedor. Um grande painel feito com cana- de -açúcar chamava a atenção dos presentes, que puderam curtir

a noite ao som da Orquestra Metais, do maestro Lima Neto, e da cantora paraibana Renata Arruda, amiga do anfitrião. “Sou pernambucano com a alma curtida na minha Paraíba, um nordestino voraz e utópico, sou um cidadão do mundo com o coração na minha gente, com a crença na minha luta”, confessou o animado empresário. Coutinho decorou espaço com artesanato regional e peças do seu acevo pessoal

81-DEZEMBRO 2012

gurou. Sobre 2013, avisou que não poderia detalhar o projeto da nova casa de recepções a ser inaugurada na capital pernambucana. “Posso apenas adiantar que estou viajando muito e pensando nela”, esquivou-se. Embora evite o assunto, o empresário deixou escapar algumas dicas. “Gosto de energia, do diferente, de me sentir bem ao entrar num espaço, e é isso que procuro passar aos meus empreendimentos”, revelou. O gourmet disse ainda que procura inspirações em coisas místicas, exóticas, curiosas. E que as usa muito bem na criação dos seus espaços, na decoração dos ambientes, na hora de servir e nos pratos que cria. “Penso nos detalhes, em tudo, das peças decorativas, aos pratos e talheres que vou servir”. Desde que chegou ao Recife, em 2003, quando abriu a pizzaria Cipó Brasil, Léo tem chamado atenção pela criatividade e ousadia. Ele aproveitou a riqueza dos ingredientes locais para adaptar aos pratos e vai transformando a simples charque, a batata doce, o inhame, o maxixe e outros alimentos nordestinos em menu sofisticado. “Ao entrar no mercado recifense, explorei os produtos da terra, elaborando um cardápio diferenciado. Num mercado altamente competitivo, meu trabalho foi muito bem recebido”, comemorou. Não é para menos. O empresário deixa qualquer um de água na boca. Só para citar algumas de suas iguarias, que tal um camarão ao molho de rapadura, ou o delicioso consomée de abóbora com carne de charque? Entre as suas invenções também se destacam os chips de batata doce com carpaccio de mignon ao molho de pitanga ou magret de pato com goma de jaca grelhada. Para fechar, ele investe em bebidas com um toque de ervas. “Uso alecrim, capim santo, manjericão, semente de aroeira (pimenta rosa) e frutas nos drinques. Gastronomia é isso. É experimentar, adaptar, usar o que temos e ousar. O resultado do que você faz vai depender do seu bom gosto e da sua criatividade”, contou o segredo do seu sucesso.


arquiteturas Rossana Honorato

Um sopro de vida espetacular

À

medida que o fim do ciclo nesta vida se anunciava, a resistência em transcendê-lo parecia engrandecer. A mente irrequieta empenhava o desejado retorno do trabalho à ordem do dia: “... a sua arquiteturazinha, muito simplesinha, nada mais que isso...”... Habituando-se à ausência das cigarrilhas que lhes amparavam das desavisadas exposições da emoção. Com a arquitetura de Pampulha, primeira metade do século passado em Belo Horizonte, viu revelar-se a rara habilidade em angariar o que disse ser: “... só sorte, pelas oportunidades, os contatos, a amizade com Capanema, Lúcio Costa...”... Programas especiais divertiram sua imaginação para abrigar as artes, o lazer e... o poder, o que conta a história oficial. O mesmo que o transitou da utopia comunista ao exílio. Um além-mar que lhe abriu outras sortes! Paisagens estrangeiras convidavam ao diálogo a forma construída que revolucionou.

A gente vem, conta uma história e vai embora. Oscar Niemeyer Discípulo de um visionário da história da arquitetura moderna, o franco-suíço Le Corbusier; criatura da grande parceria com outro grande mestre, Lúcio Costa – no plano-piloto da reconhecida cidade-monumento: Brasília, patrimônio da humanidade –, superou a si mesmo o “poeta das curvas”, “arquiteto do século”, mestre de mestres... Oscar Niemeyer garantiu à arquitetura brasileira seu lugar no mundo. O fruto do trabalho, grande amor da vida, integrou-se essencialmente ao conteúdo disciplinar de todas as escolas de arquitetura do planeta. Nove dias antes de completar 105 anos de invenção, a morte anunciada do grande brasileiro impacta o mundo. O que parecia animar uma expectativa surreal da condição humana, idealmente representada pela charge de capa do Estado de Minas: O MESTRE DAS CURVAS, no último dia 16 de novembro, de Quinho Cartunista. Por toda parte, o Brasil e países vários buscaram e buscam reverenciar esse ar-

quiteto que fez do concreto armado uma massa de modelar, que desafiou a ousadia da engenharia brasileira e seduziu-a a acompanhar-lhe, revolucionando a arte de construir com o mestre parceiro Joaquim Cardozo. Em meio ao necessário debate sobre a essência da arquitetura, evidenciou a função da forma: a beleza, o êxtase visual. A “sua” inserção na paisagem urbana ousou competir com a natureza a não disputar-lhe a atenção. Esse Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Paraíba, grande pedagogo da arquitetura mundial, transcendeu um denunciado caráter “elitista” da sua criação, universalizando a popularização da arquitetura monumental. Se em vida construiu um legado para a história da arquitetura e do urbanismo; ao partir prestou seu grande tributo à profissão. * Falas de Niemeyer entre aspas foram ouvidas na solenidade em que o Instituto de Arquitetos do Brasil o condecorou com o título “Arquiteto do Século”, em 2001, na capital do Rio de Janeiro.

82-DEZEMBRO 2012

Crônica visual

Foto: Rossana Honorato

Muita gente já experimentou fazer castelos de areia na praia. Uma técnica simples passada de pais para filhos gotejando pingos de mistura de areia e água do mar com a mão em concha e os dedos apontando para baixo. Uma diversão que acabou despertando paixões e gerando espetáculos que atraem o olhar de passantes e buscam conquistar um lugar também fora do sol. O que vem sendo incentivado em alguns lugares no mundo – cidades de Portugal e França chegam a realizar campeonatos -, e tem tudo para ser estimulado nas praias do Brasil. A foto ao lado, feita em Copacabana, no Rio de Janeiro, mostra o instante em que o artista popular alertava para a placa à frente da obra: _Este trabalho depende da sua contribuição.


rossanahonorato@revistanordeste.com.br Foto: Emerson Saraiva

Urbi et orbi

Acontece Quase despercebida, terminou dia 08 em Doha, Qatar, a COP18 - Conferência das Partes da ONU. O novo foi renovar o compromisso do Protocolo de Quioto para reduzir o aquecimento global. Um acordo originado em 1988, firmado em 1997 e somente ratificado internacionalmente em 2004, visando conciliar crescimento econômico com equilíbrio socioambiental.

Boa iniciativa A parceria Mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável da UFMG e Câmara Municipal de Mariana (MG) rendeu um gol para a memória da cultura brasileira: o projeto de restauro e intervenção da Casa de Câmara e Cadeia de Mariana, uma exposição do processo produtivo e o lançamento de um livro sobre a história do edifício.

com uma bela alcunha: Museu dos Três Pandeiros, pela composição formal dos volumes cilíndricos conectados entre si, cuja implantação projeta-se parcialmente em balanço sobre as margens do Açude Velho, um dos principais cartões postais

Identidade A renovação do calendário anual do planeta deve ser uma das poucas, senão a única uniformização cultural a ser saudada no cenário global. As celebrações coletivas de encerramento de ano e começo de um novo ciclo, à parte a variação de fuso-horário, sincronizam a energia da humanidade a um propósito comum: gratidão ao passado e esperança no futuro.

Sala de aula Ventos favoráveis a gestões femininas vertem no país. Uma histórica disputa entre mulheres fez da profa. Margareth Diniz a 1a. reitora da UFPB. Difícil é resumir o currículo da paraibana farmacêutica e médica, dra. em Prods.Naturais e Sintéticos Bioativos, tutora do PFM-USP, membro do INCT-INOFAR/UFRJ, de câmaras FAPEMIG/ ANVISA e da International Society for the Promotion of Health Technology Assessment. (LATTES)

da cidade. Revestidos em vidro espelhado refletem esse belo entorno. A produção artística paraibana passa a contar com mais um importante memorial. Campina Grande dista 110 km da capital do Estado.

Economia MASTER MIND O método criado por Napoleon Hill busca desenvolver a habilidade pessoal para liderança, promover espíritos empreendedores. O ministro da Educação Mercadante, a pref. Dárcy Véra de Ribeirão Preto, Maurício Abravanel do SBT, o pres. da Embelleze Itamar Serpa aderiram à formação, presente em 21 estados do país entre os quais a Paraíba. É o que conta o representante brasileiro Jamil Albuquerque.

Canteiro de reflexão Competências essenciais para uma vida acima da média, para o Master Mind: objetividade, autoconfiança, iniciativa e liderança, imaginação, entusiasmo, autocontrole, personalidade agradável, pensar com exatidão, concentração e foco, cooperação, tirar proveito do fracasso, tolerância, economia e fazer mais que o combinado e a regra de ouro: a lei universal da força cósmica do hábito.

83-DEZEMBRO 2012

A paisagem urbana de Campina Grande foi realçada com a inauguração (a 1ª póstuma), no último dia 13 de dezembro, de uma obra de Oscar Niemeyer. A iniciativa da UEPB deu vez ao Museu de Arte Popular da Paraíba que já chegou


Educação

Revivendo o revo

Educação no Brasil projeta ações para comemorar o cinquentenário do método adotado em Angicos, no RN Walter Santos

84-DEZEMBRO 2012

Q

uando 2013 chegar, precisamente depois de retomadas das aulas nas redes estaduais de ensino, quem entrará na pauta principal de muitos educadores do Brasil, em especial do Nordeste, é o legado do revolucionário método Paulo Freire, que, 50 anos atrás, numa cidade chamada Angicos (RN), promoveu a alfabetização de centenas de trabalhadores rurais, em apenas 40 horas/aula. Isso chamou a atenção do Brasil e de países estrangeiros. À época, o então presidente João Goulart se deslocou até o Rio Grande do Norte para ver “in loco” o processo. Apesar de impressionar, a inserção ideológica na metodologia, abrigando senso crítico revolucionário na formação dos educandos, levou o genial educador ao exílio. Paulo Freire foi mais uma vítima da Ditadura Militar, o que interrompeu a aplicabilidade do seu método nos anos seguintes. “Precisamos promover um calendário intenso para marcar o cinquentenário de Angicos, maior expressão de atividade prática do método Paulo Freire de educar”, comentou a secretária de Educação do Rio Grande do Norte, Betânia

Paulo


Freire Ramalho, uma das entusiastas da programação. Este contexto está sendo alvo de reuniões sequenciadas no Ministério da Educação e na região Nordeste e vem envolvendo pensadores e autoridades educacionais que desejam ressaltar os 50 Anos de Angicos, cujo ápice se dará em 28 de agosto, data exata em que se concretizou a experiência exitosa de Paulo Freire, seguramente um dos mais importantes educadores do Brasil de todos os tempos.

“Há um esforço concentrado a envolver o Ministério da Educação e diversos estados nordestinos para discutirmos e processarmos meios de extrair ensinamentos do método Paulo Freire, porque ainda vivemos problemas do analfabetismo”, colocou Betânia Ramalho. Segundo ela, já está sendo feita a estruturação de um calendário nacional, pontuando diversas atividades para o decorrer de 2013. A ideia é revivenciar o legado histórico deixado pelo educador, tendo a cidade de Angicos um tratamento diferenciado, exatamente por ter sido o local da praticidade do método conhecido.

Como registrado em muitos trabalhos, a repercussão da experiência de Angicos, envolvendo centenas de trabalhadores rurais no Interior do Rio Grande do Norte, em 1963, foi enorme. Sobretudo, pelo caráter inovador do sistema de alfabetização, com forte conteúdo político-ideológico, e pela rapidez com que os trabalhadores foram alfabetizados. A cerimônia de encerramento da experiência, em abril de 1963, e a reportagem de Antônio Callado, no Jornal do Brasil, em janeiro de 1964, dão a ideia exata da repercussão. Seu êxito impulsionou experiências semelhantes em vários estados, numa escalada que deu origem ao PNA, proposto pelo MEC. Do material didático do método de alfabetização, sistematizado em 1962/1963 por Paulo Freire, foram reproduzidos os esquemas originais elaborados no SEC – Serviço de Extensão Cultural - da então Universidade do Recife, para a experiência de Angicos. Os documentos relativos ao experimento (levantamento do universo vocabular, pesquisa sobre o perfil dos alunos, etc.) são cópias dos originais do diário de campo elaborado por Carlos Lyra, na sua maioria, reproduzidos em seu livro “As 40 horas de Angicos”.

Secretária do RN, Maria Betânia informou que já está em processo a elaboração de um calendário nacional para comemor os 50 Anos de Angico

85-DEZEMBRO 2012

olucionário

Mudando a forma de alfabetizar


O pensador, o crítico... O professor Paulo Freire é, de longe, o mais importante educador crítico do Brasil. Seu trabalho é consistentemente adotado por estudantes em universidades, por professores do ensino fundamental e médio, por estudantes de magistério e por membros de grupos de ação social e de novos movimentos sociais. Mais quem foi esse homem que transformou a forma de alfabetização, qual sua história, sua família, sua vida?

Vida

O pernambucano Paulo Freire nasceu em Recife, em 19 de setembro de 1921. De família humilde, teve uma infância marcada por dificuldades econômicas e desde cedo conheceu a pobreza. Foi alfabetizado em casa, por seus pais, escrevendo com gravetos, no chão de terra debaixo das mangueiras do quintal. Como gostava muito de estudar, assim que concluiu a escola secundária, tornou-se professor. Formado em Direito, não exerceu a profissão. Optou por se engajar na formação de jovens e adultos trabalhadores e por atuar em projetos de alfabetização.

Revolução

Com uma metodologia diferente, criou uma teoria epistemológica que o tornou conhecido internacionalmente. Foi a partir dos anos 60 que desenvolveu a proposta revolucionária de alfabetização, através da vivência dos educandos.

Método

A nova teoria valorizava o universo cultural e vivencial dos educandos, estabelecendo o diálogo como método e, através dele, a construção coletiva do conhecimento, instituindo uma relação “dialógica” entre natureza e cultura, o que fez os alunos se perceberem como sujeitos e, portanto, construtores de sua própria história. As atividades no Movimento de Cultura Popular no Recife inspiraram sua teoria do conhecimento e o seu método de alfabetização extrapolou os limites do país.

86-DEZEMBRO 2012

Exílio

Contribuições

Com outros companheiros de exílio, fundou o Instituto de Ação Cultural – IDAC e no início dos anos 70 trabalhou na África, especialmente nas ex-colônias portuguesas: Guiné Bissau, Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe. Assessorou campanhas de alfabetização e contribuiu para sistematização de programas e projetos educacionais.

Anistia

Em 1980, com a anistia, voltou ao Brasil. Por considerar ofensivas as regras impostas, recusou-se a pedir a reintegração a seu cargo na UFPE. Passou então a trabalhar como professor na PUC/São Paulo. Tornou-se professor da Universidade de Campinas Unicamp, onde lecionou até o final de 1990.

Secretaria

Na Secretaria de Educação de São Paulo, imprimiu o diálogo sobre condições de ensino e de trabalho, consolidando uma gestão democrática. Investiu na formação permanente dos educadores, melhorou as condições de trabalho e aprovou o primeiro Estatuto do Magistério da rede municipal.

Morte

Depois de deixar a Secretaria de Educação do Município de São Paulo, em 1991, retomou suas atividades acadêmicas, publicando diversos livros e fomentando, de forma permanente, a discussão educacional. O Professor Paulo Freire morreu em 02 de maio de 1997, aos 75 anos, na cidade de São Paulo.

Como consequência da sua atuação, Paulo Freire foi preso em 1964 e exilado. Durante o período de exílio, trabalhou no Chile, com alfabetização de camponeses. Nos Estados Unidos, ministrou aulas na Universidade de Harvard, como professor convidado, e depois se fixou em Genebra, na Suíça. Lá, foi consultor especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial de Igrejas, viajando e trabalhando em diferentes países, tornando-se mundialmente conhecido. Ilustração: Kleber Costa


87-DEZEMBRO 2012


Digestivo

Rivânia Queiroz rivaniaqueiroz@revistanordeste.com.br

Da Paraíba para Hollywood “Savages” (2012) - ou Selvagens, em Português - é o último lançamento do polêmico cineasta norte-americano Oliver Stone. O filme tenta fazer um paralelo entre as vidas privilegiadas de três californianos e a realidade de quem atua nos cartéis de drogas mexicanos. Até aí, nada demais! Um detalhe, no entanto, chama a atenção dos cinéfilos: a fonte (ou tipo de letra) usada na descrição do elenco que traz, entre outros, John Travolta, é paraibana. A Old Press é assinada pelo ilustrador de Campina Grande Galdino Otten, que teve os direitos do seu trabalho comprados pela Universal Pictures. A fonte é utilizada na abertura da película, em seis minutos de caracteres, e no encerramento, com quase dez minutos.

88-DEZEMBRO 2012

O São Francisco vai pro Galo

O Galo da Madrugada vai homenagear em 2013 o Rio São Francisco. O tema do desfile “O Rio São Francisco deságua no mar do frevo” foi anunciado no momento em que o ritmo genuinamente pernambucano se tornou Patrimônio Imaterial da Humanidade. E será neste passo que o folião vai tomar as tradicionais ruas do centro do Recife, quando o maior bloco carnavalesco do mundo passar. Para esta edição da festa foi confeccionado um CD de frevo e camisa do bloco com representações típicas ribeirinhas.

Outro gigante do entretenimento, Time Warner, também vem usando o

Sanfona na mão Um projeto desenvolvido pelo Museu do Vaqueiro do município de São José de Mipibu, na Grande Natal, tem levado a música nordestina a garotos de comunidades rurais. Meninos entre 8 e 16 anos estão recebendo aulas gratuitas de sanfona e aprendendo a tocar os clássicos do baião no instrumento imortalizado por Luiz Gonzaga, que se estivesse vivo este ano faria 100 anos. Os meninos de São José de Mipibu resgatam a cultura do Nordeste voltando no tempo através das canções de Gonzagão, como Asa Branca, que anuncia chuva na terra sertaneja.

mesmo tipo no drama americano Lawless (2012), ou Infratores, em exibição no Brasil desde outubro deste ano. Aqui, a tipografia de Galdino aparece nos cartazes impressos e na web, nos Estados Unidos e Europa. Mas o talento do artista gráfico tem se destacado não é de agora. Em 2004 ele despertou interesse quando começou a se inspirar na cultura nordestina, inventando fontes que retratam o ambiente de cordéis de Manuel Monteiro, e das xilogravuras, de J. Borges, e outros xilogravuristas da região. Sua contribuição para a cultura nordestina está nas fontes: Xilo Galdino, Cordel Movies, Booklet Cordel, Cordel Groteska, Cordel Valentine, Cordel Encarnado, Cordel Circo Mambembe, Xilo Cordel Literature, Ochent Silibrina.

Celebrando Jorge Amado O escritor baiano Jorge Amado e sua mulher Zélia Gattai ganharam uma escultura em bronze, em tamanho real, que retrata também o cachorro de estimação do casal, Fadul. A imagem é do artista plástico Tatti Moreno e foi instalada na praça de Santana, localizada no bairro do Rio Vermelho, bairro onde os escritores moravam em Salvador. A obra celebra o centenário de Jorge Amado, pai de romances como Gabriela Cravo e Canela, Dona Flor e seus Dois Maridos e Capitães de Areia. No local ainda foi colocada uma placa com a frase de Jorge Amado. “Na Bahia, toda criação provém do povo, de sua graça e de sua força”.


Cantora, compositora e violonista brasileira de Música Popular, Maria Gadu que chamou a atenção de público e crítica, sendo indicada duas vezes ao Grammy Latino - estará mais uma vez na capital paraibana, onde abrirá o Projeto “João Pessoa – Extremo Cultural – Onde o som nasce primeiro”. O evento acontece neste mês de janeiro e já faz parte do calendário cultural da cidade, que também receberá outros grandes nomes. Serão 16 shows com artistas locais e nacionais, com apresentações no Busto de Tamandaré e no Ponto de Cem Réis. Entre as atrações de peso: Kid Abelha, Léo Jaime, Martinho da Vila e Milton Nascimento. Maria Gadu abre o projeto com show no Ponto de Cem Réis e Milton Nascimento se apresenta no Busto de Tamandaré, no dia 19 de janeiro

Baleirinho Bom O cantor Zeca Baleiro apresentou na segunda quinzena deste mês o novo trabalho da carreira, intitulado de “O Disco do Ano”, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador. A apresentação contou com a participação da baiana Margareth Menezes, que fez uma participação especial na gravação do novo CD do artista. Ela divide os vocais com o cantor na música “Último Post”. O álbum, lançado em abril, tem 12 faixas inéditas, com exceção da música “Nada Além”, gravada em parceria com Frejat no disco “Intimidade entre Estranhos”.

Samba no pé A cantora, compositora e sambista Karynna Spinelli tem cortado estados para mostrar que Pernambuco também tem samba no pé. No último dia de novembro participou, em Brasília, do Festival de Cultura Popular. Em Recife, no começo deste mês, se apresentou ao lado do carioca Diogo Nogueira no Baile Perfumado. A bela jovem acaba de lançar seu primeiro Cd Morro de Samba e é apontada pela crítica como a grande voz feminina do samba Pernambucano.

curtas A exposição “Pinturas” do artista plástico Francisco Brennand abriu suas portas neste dezembro. De forma inédita, a mostra de 17 trabalhos deixou a oficina, no bairro da Várzea, no Recife, e se instalou no Espaço Brennand, em Boa Viagem. A visitação ficará aberta até 20 de janeiro. Até o dia 25 de janeiro, os baianos poderão conferir a exposição Max, Panóptica 1973 – 2011 que reúne 160 obras do ilustrador e quadrinista espanhol Francesc Capdevila. As visitações acontecem de segunda a sexta, das 9h às 19h, no Instituto Cervantes, na Av. 7 de Setembro, em Salvador. Sergipe garantiu ações culturais para 2013. Aprovou três projetos na Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC): temporada 2013 da Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE), 3º Festival de Teatro e a ‘Orquestra Jovem’, que já fazem parte da agenda cultural do Estado. A Galeria ACBEU recebe a exposição Solo Pátrio Bahia Brasil, do artista plástico paulista Percival Tirapeli. A mostra traz 20 pinturas em diferentes formatos em acrílico sobre tela desenvolvidas nos últimos dois anos. Até 22/12, de segunda a sexta, das 14h às 20h, e sábados das 16h às 20h, com entrada franca.

89-DEZEMBRO 2012

De volta à terrinha


Cultura

Nordestinos também dançam com

Madonna

90-DEZEMBRO 2012

Agenda de shows contemplou as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Ainda não foi desta vez que a região Nordeste recebeu a Pop Star

Rafael Oliveira

S

e Madonna não veio ao Nordeste, o Nordeste foi até Madonna. A diva do POP arrastou caravanas de todos os estados até o Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS). A distância não foi motivo para que grupos da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e dos outros seis estados deixassem de conferir o show de luzes, cores e movimentos da mais recente turnê, MDNA Tour, que começou em Tel Aviv (Israel) em maio deste ano, e chegou ao Brasil em dezembro. Mesmo com datas incomuns para um evento musical (em SP, os shows aconteceram nos dias 04 e 05, terça e quarta-feira), cada um que arrumasse um jeito para não perder o espetáculo. Os números oficiais ainda não foram contabilizados pelo Observatório do Turismo de São Paulo e pela Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro; mas, só para se ter uma ideia, a agência TAM Viagens, em João

Pessoa, vendeu 10 pacotes duplos criados especialmente para o evento em SP. Em Salvador (BA), apenas uma das oito lojas venderam 12 pacotes duplos. As duas filiais de Maceió (AL) comercializaram um pouco mais: 25 pacotes duplos. Só nesta amostragem, quase 100 pessoas que procuraram uma agência específica, fizeram as malas para ver a turnê paulista. “Para um evento que aconteceu em um dia de semana, e que tomaria pelo menos dois dias do passageiro, achamos que as vendas superaram nossas expectativas. Claro, nada comparado a outros eventos como o Rock In Rio, onde vendemos bem mais pacotes”, analisa Katiúcia Fernandes, suporte comercial da filial TAM Viagens de Maceió. “Shows internacionais e outros eventos que acontecem no Sul e Sudeste do Brasil, como o Salão do Automóvel, a SPFW e a Oktoberfest, é sempre garantia de bons negócios para a gente”, completa. Para o MDNA Tour, cada pacote, com aéreo, duas diárias e transporte hotel/evento/ hotel, custou, em média, R$ 2,5 mil. 


91-DEZEMBRO 2012

Foto: Divulgação


Fotos: Divulgação

92-DEZEMBRO 2012

Entre os fãs do nordeste, estava o enfermeiro paraibano Carlos Alves. “Precisei trocar meu plantão no hospital com outro colega só para realizar o sonho de ver um show de Madonna”, conta ele. “Agora terei que trabalhar dobrado para compensar, mas tenho certeza de que cada segundo daquele show ficou marcado dentro de mim, e valeu o esforço”, comemora. Em Pernambuco, muitos foram por conta própria, como os amigos Robson Albuquerque, analista de marketing, e Daniel Verçoza, gerente comercial de uma construtora, ambos do Recife. “Como tinha um amigo que mora lá, fiquei na casa dele. Só tive mesmo o gasto com a passagem aérea”, conta Daniel. Robson, que se considera fã incondicional da cantora, não iria deixar passar desta vez. “Tenho todos os LPs, CDs, DVDs e até VHS da Madonna. Fui a todos os shows que ela fez no Brasil, e desta vez, decidi assistir ao show nos dois dias. Ela canta lá em casa todos os dias, não há porque não ir visitá-la em São Paulo!”, brinca. De Maceió, o bancário J. B. Gambarra(que preferiu deixar só

Os fãs Robson Albuquerque (acima) e Carlos Alves foram ver de perto a diva

o sobrenome por inteiro), conta a loucura que fez para ir a São Paulo em pleno dia útil. “Inventei uma mentirinha. Disse ao chefe que precisava cuidar do meu pai, que mora

em Natal, e por isso teria que me ausentar por dois dias. Que ele não descubra a verdade!”, conta. Pois é, para eles, vale tudo pela experiência de ver MDNA.


Carreira ainda vai longe Em São Paulo, as apresentações no estádio do Morumbi não chegaram a lotar. Com 140 mil ingressos disponibilizados pela organização para venda nos dois dias, a Material Girl cantou para pelo menos 108 mil pessoas, segundo a organizadora Time For Fun. E isso não é uma notícia ruim, pelo menos para quem foi. “Não ficamos naquele empurra-empurra, tínhamos espaço suficiente para dançar, a estrutura de A&B, segurança e sanitários estava ótima, não houve tumulto. Não poderia estar melhor”, conta Pepe Jordão, Dj pernambucano. Como o Brasil entrou na rota dos shows internacionais, a euforia do mercado parece já ter atingido o ápice e mostra uma aparente queda. Desta vez, o público não precisou enfrentar filas para ter acesso ao estádio. Alguns (poucos) fãs ficaram acampados por até 45 dias antes do evento, mas a maior par te chegou por volta das 5h. Estes receberam de presente a passagem de som da diva, que tocou trechos de Vogue e Celebration, além de brincar com o público, soltando em português alguns palavrões impublicáveis que andou aprendendo em terras brasileiras. No primeiro dia do show, previsto para começar às 20h, atrasou apenas 30 minutos. Por volta das 22h15, A imagem do interior de uma catedral gótica surgia nos telões em alta definição que faziam parte do cenário. Uma cantoria gregoriana dava início ao espetáculo. O público já delirava aos gritos, mas o volume

700 peças de vestuário são divididas entre os artistas 374 é o peso em toneladas do palco 116 minutos é o tempo aproximado da apresentação 90 caixas de som no palco 29 caminhões levam a estrutura de produção no país 24 guitarras são usadas por Madonna e sua banda 9 percussionistas “levitam” e outros 9 tocam no chão do palco 4 microfones customizados em ouro, prata, cromo e preto são usados 3 fisioterapeutas ficam de prontidão para atender os 22 dançarinos

Abaixo o preconceito O show também fez o público pensar sobre o preconceito. O belo vídeo-protesto “Nobody Knows Me” exibia imagens de jovens mortos nos últimos anos vítimas da homofobia nos Estados Unidos. Antes da próxima música Human Nature (Natureza Humana) aproveitou para proferir um discurso. “Não temos o direito de julgar os outros por nada. Só temos que amar a todos, porque, na verdade, somos uma só alma!”. Apesar de ter sido em inglês, as imagens no telão deixaram a mensagem bastante clara até mesmo para quem não entende a língua norte-americana. Uma grande festa com Celebration, onde as luzes do palco se voltam para

o público, transformando o estádio do Morumbi em uma gigantesca pista de dança. E assim, neste clima de festa, o “Good Night, São Paulo” de Madonna encerrou mais uma das marcantes passagens pelo Brasil. “Inenarrável”, proferiu o psicólogo paraibano Marcos Lacerda, ao final do show. “Suportei a explosão do que eu nem sei dizer, dentro e fora de mim. Cor, luz... Tudo entrando, tragado por cada célula, corpo e espírito modificados numa dança que só poderia se chamar... vida. Sim... Alí, naquele momento, a vida mostrou-se dança”. É, Madonna ainda consegue inspirar muita gente.

93-DEZEMBRO 2012

Curiosidades da MDNA Tour

da euforia foi perceptível quando Madonna apareceu de dentro dos telões, como num passe de mágica. A partir daí, foram quase duas horas de muito movimento, tanto do público quanto dos dançarinos, que não paravam um segundo sequer. Esbanjando uma energia invejável aos 54 anos, pulou, dançou, tocou guitarra, fez baliza e até um pequeno striptease. Misturando músicas do novo álbum, “MDNA” com sucessos como Vogue, Papa Don´t Preach, Celebration e Like a Prayer(esta com direito até a um coral), Madonna estruturou o show com o claro objetivo de reafirmar seu nome como a rainha do POP. Cantou “Express Yourself”, e com a mesma batida, emendou com um trecho de “Born This Way”, de Lady Gaga. Os fãs já haviam percebido um suposto plágio da música de Gaga por ter muitos elementos parecidos com a mesma faixa de Madonna, e a diva só mostrou que isso é verdade. Logo depois, terminou a cutucada com a música “She´s Not Me” (Ela não sou eu). Arrematou a afirmação com o sucesso “Give me all your luvin´” (Me dê todo o seu amor), que tem na letra trechos como “Love Madonna, You Want it” (Ame Madonna, você a quer).


Vinhos [ por Afra Soares ]

Na Contramão “Decisão de juiz não se discute, se cumpre”. Esta é uma máxima que precisa ser repensada. Ultimamente, o que se tem visto é a “ditadura do judiciário” interferindo nos hábitos das pessoas e nas suas preferências. Não sou contra a criação de leis, desde que elas venham para o bem de todos e sejam criadas com critérios e muito estudo do assunto. Mas, o que isto tem a ver com vinhos? Tem. Em alguns paises desenvolvidos o vinho é tratado e taxado como alimento. No Brasil, vivemos numa luta constante para que o vinho seja tratado como tal. Diversos estudos internacionais e nacionais já provaram que o vinho faz bem a saúde, diferentemente das bebidas destiladas. Na Rússia, país que tem um alto índice de alcoolismo, o governo vem incentivando a produção e o consumo de vinhos para reduzir este vício, pois, estudos desenvolvidos naquele país indicam que nos países consumidores de vinhos o alcoolismo é quase inexistente. O vinho é a única bebida alcoólica que é também alimento. Agora, o juiz Marcelo Borges, da Justiça Federal de

Santa Catarina, proibiu a publicidade de vinhos e cervejas na televisão entre as 6h e 21h. A pedido do Ministério Público Federal, a justiça também proibiu que propagandas de bebidas com mais de 0,5% de álcool façam associações a esportes olímpicos ou de competição, ao desempenho saudável de atividades, à condução de veículos, à imagens ou idéias de êxito e à sexualidade das pessoas. Em sendo assim, o Ministério Público terá que proibir a propaganda de suco de uva, de 0,6 até 0,8% de teor alcoólico, o suco de maracujá e o nosso caldinho de cana, excelente acompanhamento para o pastel de feira e que faz o deleite de homens, mulheres e crianças. Você sabe qual o teor alcoólico do caldo de cana? Chega a 1,2%. Como diriam minhas netas, “me poupe”. Com a televisão mostrando noite e dia cenas de nudez, sexo, droga, assassinato e outras barbaridades, não vai ser uma propaganda de vinho que vai desvirtuar o jovem brasileiro. Melhor uma boa taça de vinho do que “otras cositas”.

94-DEZEMBRO 2012

Saudosismo Nos anos 50, Colim Gramp, enólogo da Orlando Wyndham, em Barossa Valley, e responsável pela evolução da indústria do vinho na Austrália, criou uma marca de vinhos doces e frisantes, chamada Barossa Pearl, que ficou famosa por transformar consumidores de cerveja em fãs de vinho. O sucesso provocou a criação de uma categoria

de frisante que incluía outros rótulos como Star Wine. Apesar do grande

Devendo ao Brasil A revista norte-americana Wine Enthusiast acaba de publicar a sua lista dos 100 melhores vinhos do ano de 2012. Com 96 pontos, o argentino Riglos Gran Corte Las Divas Vineyard 2009, um blend de Malbec, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, produzido por Paul Hobbs no Vallee de Uco, foi o grande vencedor. Foram avaliados 15.500 vinhos de acordo com a relação preço-qualidade, disponibilidade, singularidade e variedade em termos de regiões e estilos. Somente rótulos de 12 paises foram eleitos: Argentina (3), Austrália (3), Áustria (3), Chile (2), França (19), Alemanha (2), Itália (17), Nova Zelândia (3), Portugal (5), África do Sul (5), Espanha (8) Estados Unidos (30). Um dia o Brasil vai estar nessa, podem apostar.

desempenho deste vinho, nos anos 70 a produção foi finalizada. Agora, por conta da demanda crescente de vinhos desse tipo, liderados pelo Moscato, o grupo francês Pernod Rickard, atual dono da Orlando Wyndham, pensa em trazer a marca de volta ao mercado. “As pessoas tinham vergonha de beber esses vinhos mais doces, mas agora elas não parecem se importar e estão explorando o estilo”, comentou o diretor do grupo, Brett McKinnon. Que venha!


Nasceu Alemão, virou Canadense

Tudo isto acontecendo...

-12º, o que colaborou para a produção de uma safra promissora de Ice Wine naquele país. “As uvas estavam muito saudáveis, por isso o vinho é limpo, estamos totalmente animados com os 195 graus Öechsle [indicador da quantidade de açúcar no suco]” disse um produtor da região. No Brasil, também temos nosso vinho do gelo, produzido em Santa Catarina pela Vinícola Pericó.

...e a gente aqui na praça

A propósito vejam esta: Uma pesquisa feita pelo Projeto SUN, na Espanha e que estudou por mais de 10 anos 13 mil pessoas adultas, concluiu que mulheres que consomem pequenas doses de vinho têm menos riscos de desenvolver depressão do que as abstêmias. O projeto analisou 13.619 pessoas formadas em faculdades, com 38 anos, em que 42% eram homens, todos inicialmente sem depressão. Os resultados mostraram que somente 22 homens apresentaram quadro de depressão, enquanto 88 mulheres desenvolveram a doença. Entre essas mulheres, aquelas que consumiam cerca de uma taça de vinho por dia apresentaram menores chances de desenvolver depressão ao longo dos 10 anos da pesquisa. Conclusão: depressão é doença de mulher que não toma vinho.

E como o assunto são os benefícios do vinho, na África do Sul um SPA oferece banhos de vinho, feitos com extrato da uva Pinotage. Acreditam os seus proprietários que as propriedades antioxidantes da uva ajudam a retardar o processo de envelhecimento da pele. O vinho ajuda a estimular as fibras de colágeno e elastina, para que a pele se mantenha firme por mais tempo. Esse processo também consegue tratar celulites e reduzir as gorduras localizadas. “Dentro da banheira você se sente como se estivesse num banho normal, mas por conta do extrato da uva, a água fica um pouco mais quente. Você consegue se sentir desintoxicando, se livrando de todo o estresse do ano. As uvas definitivamente fazem efeito sobre você”, diz um cliente do SPA.

Vinho rubro-negro

O Flamengo, quem diria, lançou um vinho e dois espumantes oficiais na sua lista de produtos licenciados, segundo sua diretoria, voltados para a classe A. Os vinhos produzidos para o clube é um Gran Reserva Cabernet Sauvignon, de origem chilena, e dois espumantes, um Brut e um Rosé. "Nessa época de fim de ano, de festas, celebrações, nós queremos que as pessoas possam celebrar com estilo, com a paixão do rubro-negro. O torcedor

O maior A Itália, com uma produção de 41.6 milhões de hectolitros na campanha de 2012, apesar da queda de 11% no volume de produção em relação ao ano anterior, conseguiu, mais uma vez, ultrapassar a França e se tornar o maior produtor de vinho do mundo. A França ficou em 2º lugar com 40,6 milhões de hectolitros, seguido de perto pela Espanha com 35 milhões. O 4º lugar ficou com a Alemanha com uma produção de 8,9 milhões. Esses quatro países, juntos, correspondem a 87% da produção de vinhos na Europa. A diminuição da superfície de vinhedos e as más condições climáticas desse ano causaram a redução na produção de vinho na Europa. Explica a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV).

do Flamengo é um torcedor Premium", avaliou Lucas Lanna, diretor da empresa que licenciou os produtos. Henrique Brandão, vice presidente de marketing do clube, falou que "Esses vinhos são direcionados a um público mais sofisticado. Às vezes as pessoas acham que o Flamengo só tem que produzir produtos para a massa, evidentemente por ser um clube, popular. Mas o Flamengo também é líder na classe A". E agora vascaínos? Acesse o site: www.vinhoprosaerepente.com.br e vejam outras notícias.

95-DEZEMBRO 2012

O Ice Wine é um vinho de sobremesa, nascido na Alemanha no século XVIII, de dificílima produção, onde a temperatura no momento da colheita precisa chegar a, pelo menos, 7º negativos, sendo hoje o vinho ícone do Canadá. Devido a uma produção pequena ou por fazer muito calor, há anos a Alemanha não produzia este vinho, mas, na última semana a mínima na região esteve perto dos


Nordeste Agito

02

agitonordeste@revistanordeste.com.br

03

Confraternização do JCPM

01

01 - João Carlos Paes Mendonça e Walter Santos. 02 - Carla Seixas e Carla Peixoto da comunicação do grupo 03 - Anfitrião ao lado de jornalistas pernambucanas 04 - Carmem Peixoto e cover de Elvis Presley

01 Luciano Cartaxo é diplomado prefeito de João Pessoa

96-DEZEMBRO 2012

Festa do Blog Social 1 A colunista recifense Roberta Jungmann recebeu convidados na noite que reuniu a sociedade pernambucana para comemorar mais um ano do seu blog, no final de novembro

02

04

03 Deputado Anísio Maia, o vice-prefeito eleito Nonato Bandeira e o prefeito eleito

Gil Sabino e Maurício Burity prestigiam diplomação


CARNATAL 2012 01 - A Cantora Ivete Sangalo sacudiu os foliões na micareta que aconteceu na capital potiguar. 02 - Chiclete com Banana incendiou o carnaval fora de época com Bell

01

04

02

05 Oswaldo Trigueiro, Anísio Maia, José Raimundo de Lima e Walter Santos

06 Lucélio Cartaxo ao lado dos empresários do grupo WSCOM

O vereador eleito Fuba e Cartaxo celebram diplomação

Diplomação

02 - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, parabeniza Geraldo Julio

01

02

97-DEZEMBRO 2012

01 - O prefeito eleito do Recife, Geraldo Julio ao lado da esposa Cristina


Cultura

O Frevo é da humanidade!

98-DEZEMBRO 2012

Ritmo pernambucano está salvaguardado pela Unesco, que conferiu à dança título merecido “Entra na cabeça/ Depois toma o corpo/E acaba no pé”. Quem nunca arriscou o passo, como é denominado na dança no frevo, talvez não tenha entendido a embriaguez da qual Capiba se referia na letra de Voltei Recife, um dos hinos do Carnaval pernambucano. Agora, não faltarão oportunidades. Reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade, o conjunto de dança, música e demais expressões que o ritmo carrega está salvaguardado pela Organização das Nações Unidas Para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O título foi conferido no dia 5 de dezembro e reuniu representantes do Governo do Estado de Pernambuco e membros da organização internacional em Paris. "Não há nada que represente melhor Pernambuco do que o frevo. É a marca fundamental de nossa identidade. Por isso, é motivo de orgulho para todos nós esta conquista", disse o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que recebeu a notícia por telefone. Assim como ele, o prefeito da cidade do Recife, João da Costa, comemorou o título. "É um dia histórico. O ritmo não é mais só do Recife, é parte da cultura imaterial da humanidade", afirmou, enquanto as comemorações aconteciam no Pátio de São Pedro, no centro da cidade recifense. Ele acrescentou que, ainda este ano, durante sua gestão, o Paço do Frevo, que também ajudará a preservar a memória do ritmo, será

inaugurado, embora não completamente concluído. O reconhecimento da população de que o frevo faz parte de sua herança cultural foi um dos fatores fundamentais para que ele fosse considerado Patrimônio da Humanidade. “Na minha família, desde muitas outras gerações, todos têm ligação com o frevo. Sempre fomos carnavalescos e eu comecei a dar meus primeiros passos quando pequena”, disse a jovem recifense Rayana Barbosa. Aos 21 anos de idade, ela carrega a responsabilidade de levar a música e a dança de forma profissional em apresentações em diversas partes do Nordeste. O incentivo dos governos e os diversos grupos culturais que propagam, com orgulho, o ritmo nascido em Pernambuco, são também responsáveis pelo seu fortalecimento. Assim como Rayana, dezenas de outros jovens também puderam passar por escolas, como a Guerreiros do

Frevo, do bairro da Mangueira. A identidade cultural do recifense é, talvez, uma das mais originais e resistentes de todo o país. “Há muitos grupos que dão oportunidades a crianças de comunidades pobres, não só para dançar o frevo, mas outras danças populares, percussão, e outros”, acrescentou Rayana. Participaram da comissão brasileira na França para a titulação do frevo como Patrimônio Imaterial da Humanidade, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, e diversos artistas ligados ao frevo. Dos 120 patrimônios imateriais protegidos pela Unesco, apenas três são brasileiros: o samba de roda do Recôncavo baiano, as expressões gráficas e orais da tribo Wajãpi e, agora, o frevo.


99-DEZEMBRO 2012


u t r u o F . . a s ç u n c e a i s h n i o t i , e t r o i f d d o r s s a s o n s n e p n o o ê v o c a c ê r s a t p o a l m o s a b t é m a v o n são v s . c seejos de er des .

des

100-DEZEMBRO 2012

total

uma homenagem da total combustíveis a todos que, assim como nós, acreditam em um natal mais verde e em um 2013 sustentável.

www.totalcombustiveis.com.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.