Revista Novo Rural Jan.2018

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1 | Revista Novo Rural | Janeiro de 2018


Vida que se renova Vid

A

credito que poucas profissões têm tão cre presente pre a vida por ciclos como a de agricult agricultor. É uma constante renovação, cada safra representa um período onde a na natureza se manifesta por etapas, em cad cada uma com suas expectativas e result sultados. A nossa vida também é assim sim, formada por ciclos. Alguns mais lo longos, como o tempo de vivermos a juventude, o de cuidarmos dos filhos, de aproveitarmos a liberdade da redução dos compromissos, enfim, depois dos filhos criados é hhora de compartilharmos as responsa sabilidades com eles. E vivemos também os ciclos mais curtos, representados ppelo calendário, que a cada 365 dias nos fa faz acreditar que sim, podemos recomeça meçar, fazer promessas, renovar os nossos so sonhos. A edição que chega até você é a primeira de um ano que será muito bom, pois nós o faremos diferente. Aprendemos com a crise e ela nos tornou mais

fortes, mais criativos e competentes. Fomos mostrando isso ao longo das edições que circularam em 2017 e não temos dúvidas que em 2018 teremos ótimas histórias de prosperidade no campo para levar até você, contaminando a todos com boas ideias e energia positiva. A revista Novo Rural de janeiro também está renovada, com mudanças no visual, mais fácil de ler, de visualizar as informações. Reorganizamos alguns conteúdos e convidamos pessoas muito legais para escrever para você, como o Vanderlei Lermen, um jovem agricultor, inquieto e empreendedor que começa neste mês a coluna (o nome do espaço contamos com sua ajuda para escolher!). Este mês também marca a primeira edição com o nosso novo gerente comercial, Dione Junges, profissional que começou a atuar na revista no mês de novembro e já trouxe novas ideias para melhorar ainda mais a Novo Rural. Seja bem-vindo, Dione! E se iniciamos falando de ciclos, que-

ro finalizar fazendo nossa homenagem ao amigo e parceiro da revista Francisco Frizzo, que foi chamado por Deus antes de concluir tudo que ainda tinha por fazer aqui, mas muito realizou no período em que esteve entre nós. Compartilhou conhecimento, incentivou o desenvolvimento, apoiou os sonhos de muita gente e ajudou a sonhar sempre, pois acreditava nas pessoas e na união de esforços. Que seu exemplo siga inspirando muitas pessoas com seus ensinamentos, que serão sempre lembrados por nós. Uma boa leitura a todos e que 2018 venha com muita saúde, afeto e prosperidade! Ah! Não esqueça de enviar seu cupom para participar do sorteio da viagem, comemorativo ao aniversário da revista Novo Rural. Resolvermos prorrogar o prazo para envio de cupom. Não perca a oportunidade de curtir merecidas férias!

Patrícia Cerutti Diretora

NESTA EDIÇÃO

5 Agricultura

28 Qualidade de vida

Ametista do Sul e Sarandi sediam solenidades para marcar o início da colheita da uva. Em Frederico Westphalen, a viticultura também está se destacando.

O verão requer sobremesas mais frescas e o sorvete pode ser uma boa pedida. A assistente técnica regional na área social, Dulcenéia Hass Wommer, agora também integra o time de colunistas.

12 Pecuária

Mel é colhido na região e em alguns municípios a safra deve ser de bons resultados. Em Constantina, produtor de leite investe em armazenamento de milho na propriedade. Sorgo é um opção alternativa para a alimentação do rebanho. Já na área de suinocultura o debate é sobre os biodigestores.

Cooperjab propõe projeto de incentivo a famílias que tenham jovens em processo de sucessão familiar

21 Agroindústria

32 Tecnologia

Pioneirismo da família Magalski, de Frederico Westphalen, na área de conservas, é tido como referência no município.

Fumicultores de Caiçara são pioneiros no uso de equipamentos importados da França para plantio e colheita de tabaco

24 Juventude Rural

34 Ações que Inspiram

Jovem casal de Palmeira das Missões tem sido protagonista nas decisões e encara a produção de alimentos como profissão. O agricultor Vanderlei Lermen estreia como colunista na editoria.

Série Sustentabilidade, com foco no destino a resíduos, tem sequência nesta edição

30 Cooperativismo

A revista Novo Rural é uma publicação realizada em parceria por Convênio:

Diretora

Editora-chefe

Coordenador financeiro

Gerente Comercial

Reportagem

Fábio Rehbein, Karen Kunichiro e Leonardo Bueno

Patricia Cerutti

Gracieli Verde

Dione Junges

Eduardo Cerutti

Circulação Mensal

Tiragem

13.500 mil exemplares

Fone: (55) 3744-3040 Endereço: Rua Getúlio Vargas, 201 - B. Ipiranga Frederico Westphalen/RS

2 | Revista Novo Rural | Janeiro de 2018

Revista Novo Rural

@novorural

55 99624-3768

Débora Theobald

Diagramação e publicidade

ABRANGÊNCIA: Alpestre, Ametista do Sul, Barra Funda, Boa Vista das Missões, Caiçara, Cerro Grande, Chapada, Constantina, Cristal do Sul, Dois Irmãos das Missões, Engenho Velho, Erval Seco, Frederico Westphalen, Gramado dos Loureiros, Iraí, Jaboticaba, Lajeado Do Bugre, Liberato Salzano, Nonoai, Nova Boa Vista, Novo Barreiro, Novo Tiradentes, Novo Xingu, Palmeira das Missões, Palmitinho, Pinhal, Pinheirinho do Vale, Planalto, Rio dos Índios, Rodeio Bonito, Ronda Alta, Rondinha, Sagrada Família, São José das Missões, São Pedro das Missões, Sarandi, Seberi, Taquaruçu do Sul, Três Palmeiras, Trindade do Sul, Vicente Dutra e Vista Alegre.


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Interação

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Janeiro2018 12, 13 e 14

COMENTÁRIOS

10ª Feira da Uva e Agroindústria Familiar de Sarandi e Região Sarandi

Conteúdo da Novo Rural

“Adoro as reportagens, pois me mantém informada sobre perspectivas e preocupações da agricultura. Sem contar as histórias de agricultores, jovens que permanecem no campo e que estão se realizando cada vez mais. São tantas histórias legais que nos enchem de coragem e esperança de permanecer na agricultura. Parabéns pelo belo trabalho.”

Elisandra Natali, jovem agricultora do interior de Frederico Westphalen, via WhatsApp

14 Concurso do Maior Cacho de Uva de Sarandi Sarandi

Vindima do Médio Alto Uruguai

24 a 27

“Parabéns às equipes municipais da Emater, sindicatos, prefeituras e cooperativas pelo brilhante trabalho. Sei como foi difícil o início, mas a vontade e a capacitação técnica deram resultados. Agora é só colher os frutos. Desejo que o sucesso continue.”

20º Itaipu Rural Show Pinhalzinho/SC

Luiz Antonio Busatta, de Erechim, via Facebook

26 Dia de campo de verão Fazenda Librelotto Boa Vista das Missões

Fevereiro2018 Colheita de pêssego em Trindade do Sul

“Parabéns. Isso se chama foco na fruticultura, ferramenta muito importante para a geração de renda. Isso mostra que nosso município tem muito potencial agrícola”.

Gelson Viapiana, via Facebook

8 Confira ainda...

Dia de campo sobre soja

Na fanpage da revista Novo Rural no Facebook você pode conferir ainda um vídeo sobre o uso do sistema de composteira para dejetos de suínos, em Rodeio Bonito. Para a família Betti, a tecnologia tem sido importante para dar o destino correto ao esterco produzido na granja.

Propriedade de Vagner Orbak, a partir das 9 horas Ronda Alta

Fotografou, comentou, viajou!

P

ara comemorar o primeiro ano da revista Novo Rural, estamos presenteando um leitor com uma viagem gratuita, com momentos de fé e lazer. Através de parceria com a STL Turismo, um leitor da revista conhecerá o Santuário do Divino Pai Eterno, no Estado de Goiás. O passeio também inclui visita à cidade de Caldas Novas, para aproveitar as piscinas com águas termais, tudo com almoço, café da manhã e pernoite inclusos. Para participar do sorteio é necessário apenas enviar sua foto junto da Novo Rural ou, se preferir, encaminhe seu comentário dizendo o que mais gostou na revista, ou ainda pode sugerir algum assunto para ser tratado nas próximas edições. 4 | Revista Novo Rural | Janeiro de 2018

ATENÇÃO PRORROGADO! Não se esqueça de colocar, no fim do texto, o seu nome e qual cidade você mora. O sorteio será no dia 20 de janeiro. Boa sorte!

COMO PARTICIPAR Envie sua foto com a revista + comentário sobre o que gostou da revista ou se preferir alguma sugestão de reportagem ENCAMINHE

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5 | Revista Novo Rural | Janeiro de 2018

Divulgação

Criado o Grupo de Produtores Orgânicos Barril

Agricultura

Banana é colhida em Caiçara

O

bananal da família Diedrich, que já foi tema de reportagem aqui na Novo Rural, já está rendendo frutos. A primeira remessa de bananas colhidas já estreou a câmara-fria que foi instalada na propriedade, que fica às margens do rio Uruguai, na linha Boa Vista, em Caiçara. Como o plantio foi escalonado, a colheita também vai ser distribuída durante o ano, segundo Paulo Diedrich, um dos sócios do negócio. A expectativa é que nesta primeira safra os quatro mil pés devem render 250 toneladas da fruta. “Temos colhido frutas de boa qualidade”, avalia o produtor.

N

Divulgação

uma uma ação motivada pelo Escritório Regional da Emater/RS-Ascar, a Unidade de Cooperativismo (UCP) e o Centro de Apoio ao Pequeno Produtor (Capa), agricultores de Frederico Westphalen, Planalto, Iraí e Caiçara, interessados na produção orgânica certificada de alimentos formaram um grupo, em dezembro. Trata-se do Grupo de Produtores Orgânicos Barril, que buscará a certificação de seus produtos. Os integrantes optaram pela certificação através do sistema participativo de garantia. Esse sistema é considerado mais facilitado pela presença de um núcleo da Rede Ecovida próximo na região, o chamado Núcleo Vale do Rio Uruguai. Com isso, os produtores cadastrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) poderão utilizar o selo oficial de Produto Orgânico Brasil. Hortifrutigranjeiros em geral, como laranja, uva, mandioca, batata, e até grãos, são alguns dos alimentos produzidos pelas famílias.

Geral

Reunião de definição do grupo ocorreu em dezembro de 2017

O assistente técnico regional de recursos naturais da Emater/RS-Ascar, Carlos Roberto Olczevski, explica que depois da adesão e dado início ao processo de transição, cada produtor terá que desenvolver um plano de manejo para o seu sistema de produção. “A Emater/RS-Ascar irá auxiliar nesse processo. Posteriormente, os produtores serão cadastrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) como produtores orgânicos”, assinala.

Primeira remessa de frutas já foi apanhada do pomar

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Agricultura

Grãos

Como você monitora a soja? Presença constante nas lavouras é essencial para prevenir-se de problemas relacionados a pragas e doenças. Veja mais dicas de como evitar transtornos neste ciclo

O

controle de doenças e pragas é crucial para que a soja mostre o máximo do seu potencial produtivo. Neste estágio de desenvolvimento, em que muitas lavouras já estão passando para a fase reprodutiva, o aparecimento de algumas doenças é mais comum. Por isso, é necessário ficar atento e ter um manejo preciso nessas áreas. É parecido com aquele ditado que diz que “é o olho do dono engorda o boi” – neste caso o olho do dono “protege” a lavoura. O engenheiro-agrônomo Darci Pedro Iora, da Emater/RS-Arcar de Dois Irmãos das Missões, compartilha nesta edição orientações importantes para auxiliar você, produtor, a tomar as melhores decisões ao monitorar as suas áreas. Em Dois Irmãos das Missões, município com pouco mais de dois mil habitantes e essencialmente agrícola – distante cerca de 50 quilômetros de Frederico Westphalen –, são mais de 15 mil hectares cultivados com a soja nesta safra 2017/2018. Nos 42 municípios de abrangência da Novo Rural, devem haver mais de 360 mil hectares da cultura.

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Ferrugem asiática

Lagartas

O “terror” da soja!

O manejo integrado em prática!

Com a soja passando do estágio vegetativo para o reprodutivo, a cultura se torna mais suscetível ao surgimento de ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi), que é destacadamente a principal doença da cultura da soja no Brasil – e de rápida evolução na lavoura. Depois de constatados o sintomas iniciais, através do monitoramento, deve-se entrar com o controle químico o mais rápido possível. Em áreas de maior porte, onde os equipamentos de pulverização demandam alguns dias para fazer todo o controle, pode-se realizar a aplicação preventiva quando encontrado o fungo em lavouras da região.

Percevejos Causadores de sérios danos! Devido ao hábito alimentar, os percevejos causam problemas sérios à soja – os grãos atacados ficam menores, enrugados, “chochos” e com cor mais escura. Nos ataques iniciais pode ocorrer abortamento de vagens, além da redução na qualidade, viabilidade e no vigor. Também sofrem alterações no teor de proteína e óleo, causa ainda retardamento na maturação e retenção foliar, dificultando a colheita. O controle deve ser iniciado quando a população atingir quatro percevejos por pano de batida (dois metros de fileira da cultura).

Gracieli Verde

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Também nesta época do ciclo ocorre com maior intensidade o ataque de lagartas na cultura. As principais delas são a lagarta das folhas (Anticarcia gemmatalis), falsa-medideira (Pseudoplusia include) e, a mais temida pela sua voracidade e dificuldade no controle, a Helicoverpa Armígera. Nesta fase, o monitoramento ideal da lavoura é, pelo menos, a cada quatro dias, fazendo a tradicional batida de pano, buscando identificar e quantificar qual o tipo de lagarta que está atacando a lavoura. Com esses números é possível tomar a decisão de fazer o controle ou não e optar por controle com produto biológico ou fisiológico, buscando assim preservar os inimigos naturais na lavoura – o que ajuda a manter o equilíbrio das populações de insetos pragas. Em última opção, pode-se entrar com o controle químico, com o produto recomendado para cada praga que esteja causando o dano econômico à cultura. Lembre-se que com o monitoramento se busca diminuir o uso de agrotóxicos e, quando necessário, fazer o uso do produto correto. Com isso diminuirmos a contaminação ambiental e os custos de com a lavoura.

Defensivos Em que condições aplicar O clima deve ser favorável à absorção e translocação dos produtos. Em geral as condições no momento da aplicação devem ser as seguintes: - A temperatura ideal é 20°C a 30°C. - Umidade relativa do ar de 60% a 90%. - Vento com velocidade inferior a 10 km/hora. - Evitar aplicação sobre plantas estressadas. - Usar produtos e volumes de calda recomendados para a cultura.


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Grãos

Trigo tem queda de 52% na produção Gracieli Verde

O

relatório de estimativa final de área, produção e produtividade das principais culturas de grãos de inverno da safra 2017 foram divulgadas pela Gerência de Planejamento da Emater/RS-Ascar, por meio do Núcleo de Informações e Análises (NIA), em dezembro. Os resultados apontam quedas significativas na produção e produtividade, em decorrência das intempéries climáticas ocorridas durante o ciclo. No caso do trigo, foi registrada a queda de 10% na área cultivada (699.725 ha); 47% na produtividade (1.727 kg/ha) e 52% na produção (1,2 milhões de toneladas). Já na cevada, mesmo com o aumento de 25% na área cultivada, a produtividade da cultura caiu 49% (1.827 kg/há) e 37% na produção (101 mil toneladas). Mesmo havendo um aumento de 3% na área cultivada de aveia, a produtividade e produção caíram de forma significativa, respectivamente 46% (1.550 kg/ ha) e 44% (361,7 mil toneladas). A canola também teve um incremento na área cultivada de 4% (51,1 mil ha), mas apresentou queda de 52% na produtividade (709 kg/ha) e 50% na produção (36,2 mil toneladas).

>> Preocupação com a próxima safra O presidente da Comissão de Trigo da Farsul e do Sindicato Rural de Palmeira das Missões, Hamilton Guterres Jardim, acredita que esses números relacionados ao trigo são preocupantes pelo impacto que poderão ter na próxima semeadura da cultura. “Penso que haverá um desestímulo muito grande, porque o produtor já vem de um cenário de redução de área. Isso é uma pena, porque deixa de arrecadar recursos e impostos em um momento em que a economia precisa de uma reação”, diz. Além disso, Jardim teme que essa desistência da cultura do trigo possa colocar em risco o sistema de plantio direto na palha. “Sem contar que temos que ver a propriedade como um sistema de produção, e não isolar a safra de inverno da safra de verão. É isso que estamos tentando mostrar para o governo, para que haja mais incentivos para o produtor brasileiro, que hoje compete com o produto argentino, principalmente”, analisa.

TRIGO 2017 Safra

Área (ha)

Produtividade (kg/ha)

Produção (t)

2016

779.045

3.265

2.541.889

2017

699.725

1.727

1.208.173

-10%

-47%

-52%

Diferença

Fonte: 2016 IBGE; 2017 GPL/NIA - Emater/RS-Ascar.

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Agricultura

Fruticultura

Gracieli Verde

Família Mezzaroba e lideranças iniciaram simbolicamente a colheita em Ametista do Sul

Colheita da uva movimenta economia da região Família Mezzaroba, de Ametista do Sul, e Zardo, de Sarandi, sediaram momentos importantes desta safra 2017/2018, abrindo oficialmente a colheita. Veja também como a viticultura tem se desenvolvido em Frederico Westphalen

A

os 76 anos, o viticultor José Ulisses Mezzaroba não escondia a alegria em ser o anfitrião da Abertura Oficial da Colheita da Uva do Médio Alto Uruguai, em nome dos demais produtores, ao lado da esposa, Jurema, do filho, Elton, da nora Odete, e do neto Felipe – no finalzinho de novembro passado, na linha Alta, em Ametista do Sul. “É um orgulho receber tanta gente na nossa propriedade”, exclamou dona Jurema. Ele, feliz também pelo recente título do Grêmio na Libertadores e vestido com a camisa do time do coração, recepcionava a amigos e colegas produtores com simpatia. O resultado do trabalho dedicado com a uva era visto na qualidade das frutas no parreiral. O filho Elton, que também preside a Coperametista, ressaltou a força de trabalho dos pais. “Não faze-

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mos nada de diferente que outras famílias. Meu pai, mesmo com essa idade, está todo dia no parreiral. É a nossa união que permite que as coisas aconteçam”, observou. Na propriedade são seis hectares de videiras. “Neste ano o destaque é a qualidade das frutas”, assinalou Elton, com uma expectativa de colher 15 toneladas por hectare, a mesma média esperada no município, segundo a Emater/RS. A Vidima do Médio Alto Uruguai foi realizada graças a uma parceria entre Emater/RS-Ascar, Coperametista, Agência de Desenvolvimento do Médio Alto Uruguai (Admau), programa Juntos Para Competir (iniciativa da Farsul, Senar/RS e Sebrae/RS) e Prefeitura de Ametista do Sul. O evento também teve apoio da Creluz, Sicredi Alto Uruguai RS/SC, Sindicato Rural de Frederico Westphalen, Sindicatos dos Trabalha-

dores Rurais de Ametista do Sul e revista Novo Rural. Neste ano, o evento ganhou um novo formato – ano passado a abertura da colheita foi municipal em Ametista do Sul –, com a realização do Seminário Regional da Fruticultura, uma maneira de levar mais capacitação aos fruticultores. O evento promete ser itinerante nos próximos anos, envolvendo especialmente os municípios de Ametista do Sul, Alpestre, Planalto e Frederico Westphalen. Em 2017 pelo menos 15 municípios da região tiveram produtores presentes no encontro, resultado de uma mobilização da Emater/RS e demais parceiros. Somente em Ametista do Sul, considerando uma média de produtividade de 15 toneladas/hectare e de preço de R$ 3/quilo, a movimentação econômica pode chegar a R$ 7,2 milhões durante a safra.


Fruticultura Frederico Westphalen: viticultura também se desenvolve no município Entidades engajadas em promover a vindima na região

Santos Anjos tem pontos a favor para a viticultura Alguns pontos a favor para a viticultura, como o relevo montanhoso, tem tornado a linha Santos Anjos uma localidade com vocação para esse segmento. “Há uma concentração de produtores de uva ali. Eles estão mostrando que é possível adaptar a uva ao clima da região, até porque vários deles já trabalharam na Serra, então se motivaram a investir”, comenta o engenheiro-agrônomo Mateus Stefanello, do escritório municipal da Emater/RS, que também assessora o trabalho desses viticultores. O fato de alguns produtores estarem em busca da agregação de valor ao produto, a exemplo da família Camargo, que fabrica vinhos, e da família Siduoski, que em breve vai inaugurar uma agroindústria de sucos, também é considerado estratégico e importante para a economia local. “Temos visto famílias investindo na legalização dos seus negócios, bem como numa produção de matéria-prima de forma tecnificada”, ressalta o agrônomo, o que é positivo, porque no futuro a localidade pode contar com uma série de atrativos para um possível roteiro turístico ligado ao meio rural. São planos de hoje que podem se tornar projetos e sair do papel, garantido um novo perfil produtivo para aquela região. Gracieli Verde

A união de esforços de várias entidades e parceiros em torno do evento foi destacada por lideranças políticas. “Estão todos de parabéns, mas o que interessa é promover o desenvolvimento lá na ponta, para o produtor”, ressaltou o secretário de Estado de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Tarcísio Minetto, que representou o governador, José Ivo Sartori. Em nome da equipe da Emater/RS, o gerente do Escritório Regional de Frederico Westphalen, Mario Coelho da Silva, dedicou o momento ao colega Francisco Frizzo, falecido no mês de novembro. “A felicidade do Frizzo pela expansão da fruticultura era gigante e isso só reforça a importância da união em fazer esse trabalho dar certo”, disse, emocionado. O viés comemorativo da abertura da colheita foi ressaltado pelo prefeito de Ametista do Sul, Gilmar da Silva. “Nos sentimos honrados com em sediar esta abertura e, sem dúvidas, é um momento de comemoração, que cria mais um marco para a região”, afirmou, reforçando que a gestão municipal também tem acreditado no potencial da fruticultura como uma importante geradora de emprego e renda para as famílias. Nessa linha também se pronunciou o supervisor regional do Senar/RS, Diego Coimbra. “É um momento de reconhecer que são os fruticultores que também desenvolvem a região”. O presidente da Sicredi Alto Uruguai RS/SC, Eugenio Poltronieri, que também falou em nome da Creluz – as duas cooperativas apoiaram o evento –, destacou a “lição de união” que a programação deu a todos os envolvidos. “Isso tudo em prol de uma atividade que gera renda às famílias, o que é mais importante”.

A

comunidade de Santos Anjos, em Frederico Westphalen – não muito longe do perímetro urbano –, tem se destacado nos últimos anos quando o assunto é a viticultura. São pelo menos seis famílias que se dedicam para o cultivo de videiras e que têm conseguido “mudar a cara” da localidade. “No futuro vamos ser o Vale das Uvas”, diz o viticultor Alexandre Camargo, entusiasta da atividade. Ele e o irmão André têm quatro hectares de parreirais, com variedades chamadas americanas e também de mesa – esta tem sido um dos diferenciais da propriedade. Os irmãos Camargo são mais um caso de quem foi para a Serra gaúcha, no fim dos anos 1990, em busca de emprego. Trabalharam anos nas colheitas da uva e aprenderam na prática a manejar a cultura. Depois dos anos 2000, o foco dos irmãos era estruturar o próprio parreiral na terra dos pais, em Frederico Westphalen. Em 2003 foram plantadas as primeiras áreas; em 2005 André voltou para cá e mais tarde Alexandre também optou por cuidar do próprio negócio por aqui, depois de aprender a fazer uma de suas paixões, o vinho – ele também trabalhou em uma grande vinícola lá na Serra. Foi de lá também que os irmãos trouxeram a ideia de, inclusive, construir a própria cantina, toda em pedra, que tem tudo para se tornar um ponto turístico no futuro. “Queremos ter renda o ano todo, então a produção de vinhos vai ser uma ferramenta importante para agregar valor à uva”, assinala Alexandre. Na safra passada a média de produtividade dos parreirais dos Camargo foi de 15 toneladas/hectare. Neste ano talvez esse número baixe um pouco, uma vez que teve parte do pomar que precisou ser substituído. Mesmo assim, se espera colher pelo menos 55 toneladas no total. “Nossa meta é chegar a 100 toneladas por safra, para poder abastecer a nossa cantina e ter a venda para consumo in natura”, revela Alexandre. No município, a média esperada fica entre 10 e 12 toneladas, segundo a Emater/RS.

Em Ametista do Sul a movimentação econômica pode chegar a R$ 7,2 milhões durante esta safra André e Alexandre Camargo trouxeram da Serra a inspiração para investir nas uvas

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Agricultura

Fruticultura Gracieli Verde

Sarandi: abertura da colheita marca início da 10ª Festa da Uva

J

á em Sarandi, cuja colheita da uva se dá de forma intermediária no Estado, uma vez que fica entre a da região do Médio Alto Uruguai e a da Serra gaúcha, a abertura oficial foi realizada no dia 14 de dezembro, na propriedade de Adelino Zardo, na linha Cocho, que pertence ao Distrito de Barreirinho. Ele e o irmão Valmir possuem juntos 22 hectares na localidade, e também dividem as tarefas no Em Sarandi, ato simbólico também representou início da colheita, em dezembro dia a dia nos seis hectares de videiras. Na propriedade as diversas variedades de uva representam a principal fonte de renda. Uma das nofornecem insumos para esta atividade. produtores”, garante Kunzler. vidades desta safra é o primeiro parreiral coberto da Neste ano a expectativa é que a média de proNo município também há a produção de olerípropriedade. É uma área menor de um hectare, mas dutividade seja de 15 a 16 toneladas por hectare. colas e a soma disso tudo tem tornado Sarandi um que tem grande potencial de produção. “A gente vai No caso da área da família Zardo que tem o cultiimportante fornecedor de alimentos para programuito para a Serra gaúcha, temos parentes por lá, e vo protegido, o potencial é de mais de 30 toneladas mas de compra do governo, a exemplo da alimeneu tinha um sonho de ter um parreiral coberto. Agopor hectare, depois de três a quatro anos, que será tação escolar e para presídios. A organização de ra que estamos vendo como funciona, pretendemos o pico de produção dessas videiras. Inclusive, todo produtores e agroindústrias em cooperativas tem cobrir outra área”, adianta seu Zardo. esse projeto do pomar protegido teve assessorapotencializado essa realidade. Zardo estima que o investimento neste pomar mento da equipe da Emater/RS. foi de cerca de R$ 120 mil, parte financiado e outra Para fomentar essa atividade agrícola, a Emater/ Janeiro é mês da parte de recursos próprios. “Mas estou RS tem feito campanhas de incentivo à 10ª Feira da Uva pensando em cobrir um outro parreiral renovação de pomares, com a aquisição que tenho em produção. Vamos avaliar Para incentivar a viticultura e dar mais visibilide mudas certificadas pela Embrapa. “É como vai ser possível adaptar para esse dade para o setor agroindústrias de Sarandi, uma importante que os produtores invistam sistema”, adianta o produtor. feira tem se tornado importante e chega neste ano em mudas de qualidade, com bom poO que mais somou na hora de decià décima edição. O evento realizado no dia 14 de tencial genético de produtividade e que dir pelo parreiral coberto foi a redução dezembro foi considerado o pontapé da feira, que tenham sanidade”, orienta Schwerz. no uso de insumos nas videiras. “Aqui segue com uma programação intensa nos dias 12, fizermos quatro aplicações, no outro Município não é 13 e 14 de janeiro, na avenida em frente à Praça devem ter passado de 10”, conta Zardo. Farroupilha, no centro da cidade. autossuficiente Isso resulta em frutas ainda mais sau– A Feira da Uva surgiu justamente para valorizar hectares de uva dáveis e de uma qualidade maior do que Mesmo com a diminuição de áreas o homem do campo, além de ser mais um canal de no sistema convencional. Mas, por oude videiras, Sarandi tem uma particucomercialização para os seus produtos – ressalta o tro lado, a mão de obra é bem mais inlaridade de manter o trabalho de diverpresidente do Sintraf, Ivandro Magnabosco. famílias tensa, porque exige um manejo diferensas cantinas de vinho e agroindústrias A promoção da 10ª Feira da Uva é da Emater/ produtoras ciado e bastante tecnificado. de suco de uva – além do potencial de RS-Ascar, prefeitura de Sarandi, Sintraf, Associaconsumo da fruta in natura, uma vez ção de Feirantes de Sarandi e Coopafs, com apoio toneladas Menos área de uva, que o município conta com mais de de patrocinadores. Em relação à programação, no por hectare é a mas demanda pela 20 mil habitantes. dia 12 os estandes abrem às 14 horas e à noite expectativa de fruta é grande Outro detalhe que é favorável para tem apresentações artísticas. Já no dia 13, os esprodutividade Sarandi é que mesmo colhendo um tandes abrem às 9 horas e às 10 horas ocorre a Sarandi tem vivenciado um fenômepouco depois da região de Alpestre, abertura oficial da Feira da Uva e da Agroindústria no, que teve início há uns 10 anos, de redução de Planalto e Ametista do Sul, consegue oferecer a Familiar de Sarandi e Região. parreirais, seja pela “competição” com outras cultuPara finalizar, no dia 14, às 10 horas, ocorfruta antes da Serra Gaúcha. “Por isso, temos uma ras ou mesmo pela falta de mão de obra, entre outros re missa no lonão da feira. Na mesma data a coboa janela de mercado para aproveitar”, ressalta fatores. Dos mais de 400 hectares do passado, hoje a munidade de São Cristóvão Sobradinho terá festa, Schwerz. Hoje Sarandi não é autossuficiente, por cultura conta com 105 hectares e com 55 viticultores, onde será anunciado o vencedor do Concurso do isso, muitas agroindústrias e cantinas compram a segundo levantamento atualizado da Emater/RS. Maior Cacho de Uva. Também haverá roteiros tufruta em outras regiões. – Mesmo assim, nos últimos três anos temos visrísticos nos dias 6 e 13 de janeiro. to uma retomada da produção de uvas, um pouco peInvestimento público los preços que estão melhorando para o produtor, além de uma maior produtividade e adesão a novas tecnoloO vice-prefeito de Sarandi, Glauber Kunzler, resgias, como no caso da família Zardo, que investiu num salta que a atual gestão municipal tem buscado insistema de cultivo protegido e tem neste ano a primeivestimentos que deem mais condições de desenra colheita nesta área – explica o chefe do escritório da volvimento a esta cadeia produtiva. O valor investido Revista Novo Rural Emater/RS de Sarandi, agrônomo Luciano Schwerz. em uma central de comercialização, bem como em A tarde de campo que foi realizada em seguida equipamentos para este setor, deve chegar a R$ 1,5 Na fanpage da Novo Rural no à abertura oficial da uva no município também teve milhão nos últimos tempos. “Em breve, equipamenFacebook você confere um vídeo como objetivo aproximar o produtor da assistência tos como máquinas embaladoras, classificadoras e com mais informações. técnica, bem como de empresas e cooperativas que lavadoras de frutas deverão estar à disposição dos

Sarandi 105 55 15

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Grãos

Agricultura

Milho sofre com falta de chuva e produção deve diminuir

O

Fernando de Rossi

ataque de lagartas no início do ciclo e alguns episódios de intempéries climáticas complicaram a safra de milho em alguns municípios da região, como no caso de Iraí, onde são três mil hectares cultivados com o cereal. “Estimamos uma redução de 20% a 30% na produtividade”, prevê o engenheiro-agrônomo Fernando de Rossi, da Emater/RS local. No mês de dezembro, o problema foi a falta de chuva em um momento importante para o milho, que já estava em fase de enchimento de grão. Apesar dessa queda prevista, o cenário tem sido bem diverso, dependendo muito das variedades usadas. A colheita deve se intensificar neste início de janeiro. – Esta safra tem nos mostrado que é preciso investir em novas formas de controle de pragas, no caso das lagartas, com o uso de opções biológicas. Já temos opções bastante eficientes no mercado, inclusive para soja – reforça Rossi. Rogério Wollmann

Em Boa Vista das Missões várias lavouras foram prejudicadas

Intempéries climáticas e ataques de lagartas prejudicaram a cultura do milho no município de Iraí e irão impactar na colheita

Em outros municípios, como Boa Vista das Missões, o sol forte de dezembro e a falta de chuvas foram ainda mais prejudiciais. “Temos áreas que poderão ter uma perda de 60% na produção”, estima Leonidas Piovesan, técnico-agropecuário da Emater/RS, esclarecendo que isso varia muito dependendo da área, porque as poucas chuvas de dezembro foram irregulares. Em Palmeira das Missões, que tem nove mil hectares de milho nesta safra, na semana do dia 18 de dezembro, 80% da área estava na fase de enchimento de grãos, e uma área menor em início de matura-

ção, nas variedades mais precoces. Por lá a realidade é um pouco diferente, porque maior parte da área conta com irrigação. “Por isso, aqui a expectativa de produtividade continua estável”, comenta o agrônomo Felipe Lorensini, da Emater/RS. Nos três mil hectares de milho para silagem cultivados em Ronda Alta, o impacto da pouca chuva também foi grande, assim como nos dois mil hectares destinados para grãos. “Não tem como prever as perdas, mas com certeza a planta está ‘sofrendo’ para formar o grão”, comenta o agrônomo Douglas Campigotto, da Emater/RS do município.

Safrinha: produtor precisa estar atento ao clima E

Soja mais tolerante Em Chapada, onde nesta safra 42 mil hectares foram cultivados com a oleaginosa, o desenvolvimento das lavouras é considerado bom. Mesmo com a pouca chuva, a soja não tem sofrido tanto impacto do clima, porque a maior parte está em fase de desenvolvimento vegetativo – no dia 17 de dezembro uma chuva de 20 milímetros deu uma melhorada no cenário. – O momento mais crítico iniciará daqui alguns dias, nas cultivares que entrarão na fase reprodutiva

com início da floração. Neste caso, momentos de déficit hídrico no estágio reprodutivo da soja provocam perdas na produtividade, mas, mesmo assim, não tão severas quanto no milho, por exemplo, pois o período de floração da soja é mais extenso – explica a agrônoma Joana Hanauer, da Emater de Chapada. De agora em diante, vale todo tipo de crença para que a chuva seja regular, afinal, isso refletirá diretamente na produtividade das lavouras bem manejadas.

Gracieli Verde

m municípios como Iraí, nos três mil hectares de milho deve ser implantada a safrinha de soja. O produtor é consciente de que a safrinha sempre envolve bastante riscos, mas, neste ano, também pode ser uma opção para repor perdas de culturas anteriores – principalmente neste caso. “É importante que o produtor escolha bem as variedades que se adaptem a essa época, porque ele fica mais exposto do ponto de vista climático”, comenta o agrônomo Fernando de Rossi.

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Pecuária

Apicultura Albino e Vande mantém agroindústria em Frederico Westphalen

Gracieli Vede

Boa safra para o mel Apesar de em alguns municípios chuvas terem atrapalhado o “trabalho” das abelhas, em Frederico Westphalen safra deve ser positiva

A

o trazer para o entreposto os quadros de mel das cerca de 300 colméias que estão espalhadas em 20 apiários em Frederico Westphalen, o casal Albino Mariano e Vanderlei Terezinha Gaitcoski dão início a outra parte do trabalho. A partir daí, é preciso desopercular esse quadros — o que consiste basicamente na retirada da cera para que o mel possa ser centrifugado —, e dar início ao processo de decantação do produto, para posterior embalagem. O trabalho na agroindústria de menos de 50 metros quadrados é intenso quando é época de recolher o mel, mas a garantia de um produto de qualidade dá ao casal tranquilidade para seguir com o negócio. “A gente faz por amor”, exclama dona Vande, como é mais conhecida. Além dela e do esposo, as filhas Camila e Angélica e o genro Evandro ajudam quando podem. São dez anos de legalização da Casa do Mel Gaitcoski, entretanto, há mais de 30 anos que o casal se dedica à apicultura. Nesta safra, a coleta do produto nos apiários iniciou em novembro passado, e novas remessas ainda poderão ser retiradas das caixas. A família Gaitcoski espera somar sete mil quilos de mel neste ciclo, o que é considerado positivo pelos produtores. “Aqui o destaque é para o cuidado com a

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qualidade do produto. Temos a preocupação de entregar para o consumidor um mel limpo, que tenha suas propriedades, tão benéficas para a saúde humana, devidamente protegidas”, assinala a médica-veterinária Simone Cesca, que é a responsável técnica do produto. Seu Albino acrescenta que este é um mel “tipo exportação”, pelo padrão de qualidade que possui. O empreendimento conta com a fiscalização do Serviço Municipal de Inspeção (SIM) de Frederico Westphalen, o que permite que o mel seja vendido em supermercados e outros estabelecimentos locais, bem como na Feira do Produtor, todo sábado pela manhã. Na própria Casa do Mel eles também vendem as embalagens com diversas gramaturas, ao gosto do cliente. Agora a expectativa também é participar da próxima edição da Expofred, que ocorre neste ano. O clima é de otimismo para esta safra, segundo seu Albino. “Não tivemos um inverno tão rigoroso em 2017. Temos tido dois anos de boa produção, o clima ajudou as abelhas a trabalharem bem”, brinca. Mas isso tem todo fundamento. Afinal, se a chuva for intensa durante da floração das plantas, por exemplo, as abelhas não conseguem recolher tanto néctar, por exemplo. Isso interfere diretamente na produtividade.

“Temos a preocupação de entregar para o consumidor um mel limpo, que tenha suas propriedades tão benéficas para a saúde humana devidamente protegidas.” Simone Cesca, médica-veterinária


Apicultura Manter a qualidade do produto é prioridade

Seu Gaitcoski conta que ao longo dos anos tem visto que os enxames de abelha têm migrado para mais próximo do perímetro urbano. Em vários casos ele é chamado para retirar enxames de casas ou prédios, porque é preciso ter técnica para lidar com as abelhas. “A gente também cuida para não colocar os apiários muito perto de lavouras onde podem usar agrotóxicos, tanto por causa da qualidade do mel, como pela saúde das próprias abelhas”, diz ele.

Gracieli Vede

Migração para a cidade

Localização A Casa do Mel Gaitkoski está localizada próximo da saída para a linha Encruzilhada. É uma chácara urbana, já que a cidade foi se expandindo e a propriedade da família se adaptou ao novo cenário. “Quando viemos morar aqui, era interior”, conta seu Albino.

Na região Alpestre

Falando em abelhas... Você já chegou a ser ferroado por abelhas? Pois é. Você sabia que no Brasil são mais de 15 mil acidentes com enxames por ano e que morrem 50 pessoas/ ano por causa direta do veneno das abelhas? São números como este que pesquisadores levaram em conta na hora de criar um soro antiapílico, que funciona no combate aos efeitos do veneno da abelha. Ele ainda não está à venda. Está sendo usado para pesquisa em apenas duas universidades, uma em São Paulo e outra em Santa Catarina. De qualquer forma, é algo importante para garantir a recuperação de quem sofre ataques severos. A previsão é que o soro esteja na rede pública de saúde em 2020.

No município de Alpestre, onde 25 famílias produzem o mel de forma comercial, os produtores estão satisfeitos, em sua maioria, segundo levantamento da Emater/RS. As primeiras coletas de mel foram iniciadas ainda em setembro. “Ainda é cedo para afirmar a produção deste ano, mas a expectativa dos apicultores é positiva. Também dependemos de como o clima vai se comportar daqui em diante, porque a safra segue até maio”, comentou o agrônomo Alencar dos Santos, da Emater/RS local, na metade de dezembro. Se o clima for favorável, há potencial para somar 10 mil quilos de mel neste ciclo.

Erval Seco

Um entreposto instalado em Erval Seco, que tem inspeção federal (SIF), torna a apicultura importante por lá. O apicultor Elton Milton Weirich é responsável pelo local. Neste ciclo, por causa de vários dias de chuva em outubro, a produção deve ser menor. O potencial era para seis mil quilos, mas o produtor estima somar dois mil quilos. O preço tem ficado estável em R$ 23/quilo.

Nonoai

Cenário semelhante é relatado em Nonoai, onde também a produção de mel não tem fronteiras, por ter selo SIF. Em áreas mais costeiras a rios, o resultado tem sido melhor, mas nas áreas mais planas a produção deve ser mais baixa, segundo informações da Emater/RS. Na safra passada foram 10 mil quilos de mel, já na atual há previsão de uma queda de 50% nesse número. Em relação ao preço, o mel é vendido a R$ 20/quilo quando embalado e R$ 12/quilo a granel.

Seberi

Em Seberi há uma previsão de incremento de 30% a 40% na produção de mel neste ano em relação a 2016, segundo análise da técnica agropecuária Pâmela Couto, da Emater/RS. Na safra passada foram coletados 11 mil quilos e os apicultores receberam, em média, R$ 18 por quilo do produto.

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Pecuária

Suinocultura Gracieli Verde

Na Granja Tres, a produção de biogás é de 6.900 metros cúbicos por mês

Biodigestores são viáveis para a região? Na busca por respostas em relação a essa tecnologia, debate chegou a Frederico Westphalen no mês passado, por meio de um grupo de trabalho em nível de Estado

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á 17 anos a Granja Tres foi uma das pioneiras na região na implantação de biodigestores, em Pinhal. Na época, em função de uma política de créditos de carbono que visava incentivar ações que reduzissem o efeito estufa, o investimento foi realizado, tendo em vista que são quase mil matrizes suínas alojadas na granja produtora de leitões, o que gera uma grande quantidade de dejetos. Por mais que era uma tecnologia considerada nova para a região, a necessidade de dar um destino correto para o dejeto e, por outro lado, reduzir gastos com energia elétrica, influenciou os empresários a encararem o desafio. Além disso, a Creluz concedeu autorização para injetar a energia produzida em paralelo à rede elétrica. A granja também tem produção de gado de corte e uma fábrica própria de rações. “É por isso que os biodigestores foram estratégicos, porque o consumo de energia era bastante alto”, comenta o eletrotécnico Nicássio Schmidt, funcionário e um dos responsáveis pelo monitoramento dos equipamentos. Hoje, depois de várias adaptações e busca por tecnologia mais condizente com a necessidade do projeto da granja, o resultado é positivo. De cerca de R$ 8 mil a 10 mil que gastariam mensalmente com a fatura de energia elétrica, o valor pago chega próximo de R$ 2 mil/mês. “De acordo com os resultados trimestrais, os funcionários até recebem gratificação, porque para a granja é importante que seja bem cuidada”, comenta Schmidt, contente por fazer parte desse trabalho.

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Alguns fatores tem sido considerados Para entender como projetos deram cercruciais para que esse projeto desse certo, to e como outros deixaram de funcionar ao como uma alta escala de dejetos e a dispolongo dos anos, que um debate reunindo linibilidade de mão de obra para ajudar a moderanças, prefeitos, profissionais do setor nitorar os equipamentos. e produtores rurais foi reA capacidade dos biodializado em dezembro, em gestores é para armazenar Frederico Westphalen. In570 metros cúbicos de esclusive, Nicassio Schmidt e terco e a produção de bioDaniel Tres mostraram esgás é de 6.900 metros cúses dados aos participanbicos/mês. Já no trabalho tes, pois são defensores de de monitoramento e anáiniciativas como essa. lise dos dados atua o seu Em nível de Estado, Aristides Luiz Tres, com o Grupo de Trabalho Maa coleta feita pelo colabotriz Produtiva dos Biodirador Artur da Silveira e gestores, cuja coordenacom assessoramento do dora é a deputada estadual Nicassio. Zilá Breitenbach, tem rea– A gente precisa enlizado audiências públicas tender um pouco desse justamente para levantar as sistema para cuidar, além demandas relacionadas a de ter assistência técniessa tecnologia. ca pós-venda. Hoje, se der – A ideia é fazer com qualquer problema, a genque esses encontros moste entra em contato com trem as demandas que teos profissionais que instamos em relação a esse laram o motor, por exemassunto, porque não poNicássio Schmidt, plo, e logo se resolve – ex- eletrotécnico da demos incentivar o uso de plica Schmidt. uma tecnologia se esta não Granja Tres Em relação à manutenfor condizente com a reção, os cuidados com o alidade do produtor rural. motor incluem troca de óleo, de filtro e vela. No caso do uso de biodigestores para geraO motor elétrico que é responsável pela geção de energia a partir de dejetos de suínos, ração da energia é um Falcon, da Ford, 50 temos visto que é importante que haja um cv. São produzidos 22 quilowatts/hora, com maior entendimento sobre o assunto, porque o consumo de 20 metros cúbicos de biogás/ nem todos os casos foram exitosos no pashora, gerados pelos dejetos. sado – assinala a deputada.

“Hoje, se der qualquer problema, a gente entra em contato com os profissionais que instalaram o motor, por exemplo, e logo se resolve.”


Suinocultura >> Potencial para uso do biogás e do biofertilizante é grande na região

“Temos visto que é importante que haja um maior entendimento sobre o assunto, porque nem todos os casos foram exitosos no passado.” Deputada Zilá Breitenbach

blema tecnológico nos modelos de biodigestores, que não são eficientes para a nossa realidade. É preciso avançar”, disse o agrônomo Carlos Roberto Olczevski, da Emater/RS-Ascar, levando em conta algumas experiências que não funcionaram no passado, e que alguns dos equipamentos acabaram sendo abandonados, diferente do caso da Granja Tres, que encarou o desafio de manter o projeto. Dos 42 municípios da região, 28 produzem suínos, por isso é um assunto que exige atenção. O secretário adjunto de Minas e Energia do Estado, engenheiro-eletricista José Francisco Braga, acredita que também é necessário planejar de que forma o produtor pode gerenciar essa geração de energia a partir do biogás. “O agricultor não tem como largar o que ele saber fazer para ter mais uma coisa para cuidar na propriedade, que é uma tecnologia que ele ainda não domina. Por isso, vejo que uma opção ter o gerenciamento feito por uma cooperativa”, opinou.

>> Dificuldade de acesso a crédito pode ser percalço Para o presidente da Associação de Suinocultores de Três Passos (Assuipassos), Elemar Hein, a dificuldade de acesso a recursos para financiar projetos desse tipo pode ser um impeditivo para que investimentos sejam feitos. “Hoje o nosso produtor dificuldade em comprovar a capacidade de pagamento, sem contar que ainda não tem uma legislação que faça com que nós recebamos alguma remuneração por essa energia gerada, temos apenas o abatimento”, comenta. Ele acredita que se o produtor recebesse pela energia excedente que

gera, seria um motivo a mais para investir. “Temos muito para evoluir”, exclama. O suinocultor Sadi José Acadroli, de Rodeio Bonito, cuja família vai completar 70 anos de trabalho na área em 2018, também afirma que ainda há muitas dúvidas em relação a sistemas de biodigestores que estão no mercado. “É claro que é meu sonho não deixar de herança para os filhos o problema dos dejetos, mas ao mesmo tempo, temos que saber como manejar isso tudo com eficiência”, afirma. Gracieli Verde

Em Frederico Westphalen, audiência reuniu lideranças regionais e produtores

Os potenciais da região para a geração de biogás ou biofertilizantes ficaram em evidência durante o encontro, mas também foram levantadas diversas ressalvas ao uso de biodigestores. – Entendemos que esse tipo de tecnologia não serve para todos os produtores, que é algo que exige investimentos, conhecimento e isso requer viabilidade econômica – ponderou o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul, Valdecir Folador. Lideranças também ressaltaram a necessidade de ampliar o debate em relação ao assunto, para que de fato a tecnologia que venha a ser implantada no futuro resulte em retorno aos investidores. “É preciso ter garantias, porque senão a despesa fica para o produtor”, reforçou Folador. Apesar de esta ser considerada uma ferramenta importante para dar o destino correto aos dejetos de suínos – entre vários outros –, é preciso adaptar formas eficientes de isso ser implementado com êxito. “Hoje temos pro-

Universidades devem participar do aprimoramento das tecnologias

O papel de trazer mais conhecimento técnico para essa abordagem em todo o Estado também é um dos compromissos de universidades, que estão engajadas nesse debate. Inclusive, na audiência realizada em Frederico Westphalen vários representantes de instituições públicas e privadas da região demonstraram essa preocupação e interesse em contribuir com o setor. A professora Cinei Riffel, que integra a equipe da Sociedade Educacional Três de Maio (Setrem), reforça que por mais dificuldades que ainda existam neste aspecto, há casos de produtores que estão satisfeitos com o equipamento, ou seja, é possível ter um sistema eficiente. “Mas, de fato, em função da complexidade, isso exige bastante conhecimento”, admite. Ela acredita que também seja hora de integrar a indústria para esse debate, para que desenvolvam produtos mais condizentes com a necessidade dos produtores, além da necessidade de ter um pós-venda eficiente. Em 2018, um relatório sobre o assunto será entregue ao governo do Estado gaúcho, junto com um projeto de adoção da tecnologia do biodigestor. – Queremos propor ações estratégicas, com a difusão de conhecimento técnico, englobando legislação e arranjos institucionais que contemplem a área, com a execução de um programa integrado que sinergicamente converta em resultado para todos os atores envolvidos, principalmente ao produtor rural – reforçou Zilá.

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Armazenamento de grĂŁos

Melhorando a alimentação do rebanho

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o interior de Constantina, na linha Savaris, a famĂ­lia Lazaretti divide o tempo em tarefas diĂĄrias ligadas Ă bovinocultura de leite e a uma agroindĂşstria de derivados de cana-de-açúcar, da qual ĂŠ sĂłcia. Nos 13,7 hectares de terra, as decisĂľes precisam ser bem planejadas para otimizar recursos e gerar renda. No Ăşltimo ano, um dos investimentos feitos pela famĂ­lia viabilizou a construção de um silo de armazenagem de grĂŁos, com capacidade para 500 sacas. “Todo ano a gente tinha que entregar o milho para alguma cooperativa ou outro armazenador para guardar esse produto. Isso gerava um custo para a propriedade, porque ĂŠ necessĂĄrio pagar taxas de armazenagemâ€?, conta o agricultor Aldecir Lazaretti, que coordena a unidade produtiva com a esposa, Roseli, a filha, Éveli, e os pais, Santo e Marina. Aldecir conta que em uma visita a parentes que residem em Coronel Bicaco viu que a estrutura poderia ser interessante para armazenar o milho usado para o preparo da ração do plantel de vacas leiteiras. “E fazer a prĂłpria ração tem se tornado muito mais barato, porque precisamos controlar os custosâ€?, ressalta. Depois de saber que a Emater/RS-Ascar projetava es-

FamĂ­lia Lazaretti comemora investimento e estĂĄ na expectativa para usar a estrutura nesta safra

sas estruturas e que havia crĂŠdito para financiamento, era hora de executar a obra. “Foram R$ 10 mil que emprestamos pelo Pronaf, na Cresol, para investir na estrutura. Esta serĂĄ a primeira safra que vamos utilizar o siloâ€?, comenta o produtor, com expectativa de que terĂĄ um produto de melhor qualidade para preparar a ração do plantel. O diretor-secretĂĄrio da Cresol de Constantina, Claudinei Tomazelli, observa que hoje o Pronaf conta com algumas vantagens para quem quer investir em armazenagem. “Uma delas ĂŠ o juro reduzido, de 2,5% ao ano, enquanto outras linhas contam com 5% ao ano. AlĂŠm disso, como de praxe do Pronaf, o prazo ĂŠ de dez anos para pagar o investimentoâ€?, menciona, ressaltando que ĂŠ uma forma de incentivar os produtores a terem uma melhor capacidade de produção e gerenciamento da atividade – no caso, na ĂĄrea de leite com foco na melhoria da alimentação do plantel. Hoje o rebanho em lactação da famĂ­lia Lazaretti ĂŠ de, em mĂŠdia, dez animais. â€œĂ‰ o que damos conta, porque tambĂŠm temos as atividades da agroindĂşstria. Como a nossa demanda ĂŠ de cerca de 40 sacas de milho por mĂŞs para fazer a ração, ĂŠ muito mais prĂĄtico ter esse milho em casaâ€?, reflete Aldecir.

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A Cresol

“Fazer a própria ração tem se tornado mais barato, porque precisamos controlar os custos.” Aldecir Lazaretti, agricultor

Em 2017, de janeiro a novembro, a Cresol liberou mais de R$ 73 milhões em Pronaf Custeio aos associados. Já na linha do Pronaf Investimento, o valor ultrapassou os R$ 15 milhões, que foram utilizados nas linhas com juros diferenciados a 2,5% ao ano, exemplos de projetos de irrigação, recuperação de solo e na construção de silos para armazenagem e secagem de grãos – como no caso da família Lazaretti. Conforme o diretor-secretário da cooperativa, Claudinei Tomazelli, a Cresol tem a disponibilidade de aproximadamente R$ 10 milhões que poderão ser utilizados para essas finalidades de investimento a longo prazo. “Isso traz uma segurança ainda maior na viabilidade destes projetos às famílias agricultoras, proporcionando maior produtividade e, consequentemente, uma maior geração de renda”, ressalta.

Ficou interessado? Esse assunto já foi pauta na Novo Rural em outras oportunidades. Esse modelo de silo-secador de alvenaria armado é difundido há anos por meio da equipe técnica da Emater/RS, por ser uma ferramenta importante para o agricultor e pecuarista, uma vez que consegue armazenar na propriedade a sua produção de milho ou outro grão que possa ser utilizado na alimentação dos rebanhos, tanto para vacas de leite como para gado de corte. É uma forma de baratear o custo com armazenagem e ter um produto de qualidade. Busque a equipe da Emater/RS do seu município para mais orientações. A sua cooperativa de crédito ou instituição bancária pode fornecer o crédito para esse investimento. Para quem trabalha com pecuária de leite, este é considerado um investimento estratégico para melhoria da atividade e da rentabilidade.

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Driblando a crise com alimentação adequada Usar culturas alternativas tanto para o pastejo como para a fabricação de forragens Ê uma estratÊgia para reduzir custos

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Divulgação

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atividade leiteira tem passado por um dos perĂ­odos mais complicados dos Ăşltimos anos, obrigando aos produtores a reverem seus conceitos de produção de forragem para a alimentação dos rebanhos. Por isso, tem sido necessĂĄria uma busca constante por alternativas que favoreçam, mesmo em ĂŠpocas de preços mais baixos do produto, a viabilização da atividade nas propriedades rurais. Mais do que nunca, se percebe que a atividade leiteira exige do produtor um alto grau de profissionalismo. Isso requer ter condiçþes de saber qual o custo de produção por litro do produto, por exemplo. – De todos os custos da atividade, 70% estĂĄ relacionado Ă alimentação. Por isso, quanto mais eficientes conseguirmos ser na produção de forragem de qualidade e com culturas alternativas, maior e nossa produtividade, e ainda temos a oportunidade da redução dos custos – defende o representante da Advanta Sementes na regiĂŁo, RogĂŠrio Vedelago. Ele ressalta que, nos Ăşltimos anos, algumas culturas vĂŞm ganhando espaço em diversas propriedades que tĂŞm a produção de leite e de carne como uma importante fonte de renda. Uma delas, principalmente na safrinha, ĂŠ o sorgo, seja em plantio na resteva de milho ou de soja precoce. “Temos visto opçþes no mercado com caracterĂ­sticas muito diferenciadas em relação ao sorgo que alguns produtores conheceram no passado, que muitas vezes deixaram resultados insatisfatĂłrios na qualidade da forragem e na produtividade de carne ou de leiteâ€?, afirma Vedelago.

>> Opçþes para silagem e para pasto

Alta sanidade e boa produtividade de forragem estĂŁo entre as vantagens da variedade

As opçþes que a Advanta Sementes tĂŞm colocado no mercado contam com a tecnologia BMR, que garante caracterĂ­sticas diferenciadas para no sorgo para pastejo (ADV 2800) como para silagem (ADV 2499). – Essa tecnologia BMR faz com que essas cultivares tenham uma diminuição no teor de lignina, que ĂŠ uma fibra que diminui a palatabilidade e digestibilidade e, consequentemente, aumenta a qualidade da forragem oferecida aos animais – explica Vedelago. O bovinocultor Luan Grapligia, na linha Castelinho, Frederico Westphalen, ressalta que, na propriedade que administra, o custo de produção da silagem do sorgo ADV 2499 foi bem menor em relação a silagem de milho, de aproximadamente 30%. Outra vantagem ĂŠ em relação a questĂľes como o nĂŁo acamamento, alta sanidade, boa produtividade de forragem e excelente aceitação pelos animais. Isso garantiu o aumento da produção de leite na propriedade. O sorgo tambĂŠm proporciona a produção de silagem de grĂŁo Ăşmido, que vem ganhando espaço nas propriedades que utilizam ração. “Inclusive, existem artigos da Embrapa incentivando esse trabalho de plantio como alternativa de produção, mostrando a substituição do grĂŁo do sorgo pelo grĂŁo do milho sem prejudicar a produção de leite e o desenvolvimento dos animaisâ€?, completa Vedelago.

Vantagens do sorgo ADV 2499 Custo de produção da silagem de aproximadamente 30% a menos em relação a silagem de milho.

NĂŁo acamamento.

Boa produtividade de forragem.

Alta sanidade.

Excelente aceitação pelos animais.


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Laticínios

Piton Revista Novo Rural Janeiro de 2018

>> De olho no inverno: é hora de planejar o plantio do trigo com foco no gado de leite

Trigo para pastejo: opção disponível para o produtor

Alguns destaques da cultivar

Quando o assunto é o pastejo dos animais, o TBIO Lenox está sendo conhecido pelos produtores da região, mas com características de um material europeu. A principal característica desta variedade é a qualidade da forragem produzida e o ciclo vegetativo extremamente alongado, o que proporciona um grande número de pastejos em relação a outras cultivares de inverno já conhecidas. Com características de rusticidade, o TBIO Lenox se assemelha ao TBIO Energia, porém, a cultivar não emite panícula para produção de grãos, o que lhe garante grande produção de forragem, com alta palatabilidade e qualidade nutricional.

• Ausência de arista, evitando problemas no trato digestivo dos animais. • Elevada produção de matéria natural. Em apenas um corte fornece alto volume de forragem com elevado valor nutricional. • Boa sanidade foliar. Por se tratar de uma cultivar para colheita de forragem de alta qualidade, é de extrema importância que as plantas estejam sadias para obter boa fermentação de silo e com baixa incidência de microtoxinas. • Boa resistência ao acamamento, o que resulta numa maior facilidade na colheita em relação a outras culturas de inverno.

A importância de utilizar culturas alternativas

• Aumenta a disponibilidade de alimento na propriedade, possibilitando o aumento do número de animais bem nutridos no plantel.

Divulgação

Outra alternativa para a produção de forragem conservada, que é considerada uma importante alternativa como cultura de inverno, é o trigo. Por mais que ainda estejamos em janeiro, em pleno verão, é importante que o produtor se organize para os próximos meses. O TBIO Energia é uma das novas opções para o produtor de leite, pois consegue ser uma alternativa para produção de silagem, pré-secado e feno de alta qualidade. Na última safra, alguns produtores já tiveram a oportunidade de conhecer o TBIO Energia, que tem se popularizado como o trigo-silagem. – É um material com ótima sanidade, alta capacidade de produção de forragem e, o que mais importa ao produtor de leite, uma silagem, feno ou pré-secado que têm uma ótima aceitação pelos animais, entregando uma produtividade de leite extremamente satisfatória na associação com silagem de milho ou de sorgo – afirma Rogério Vedelago. Entre outras vantagens está a rusticidade desse trigo, que exige baixo investimento em fungicida (entre uma e duas aplicações), conforme a finalidade de uso. Outra característica é que quando se busca a produção de feno ou pré-secado, é possível fazer o plantio logo após a colheita da cultura do soja, oportunizando em alguns casos dois ciclos até o momento de implantação da lavoura de verão. A cultivar também entrega grandes volumes de produção de forragem em um ciclo bastante curto – entre 80 e 90 dias – para a produção de feno e pré-secado, e 110 a 120 dias para a colheita da silagem.

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Vedelago ressalta que a ideia de se utilizar culturas alternativas para a produção de forragem de qualidade nas propriedades rurais vai ao encontro à necessidade de levar ao produtor a possibilidade de diminuir o custo de produção, além de aumentar a quantidade de volumoso, possibilitando o incremento na produção leiteira. Em países vizinhos, tanto o sorgo – seja para a produção de pastagem ou de silagem – como o trigo são consideradas as melhores alternativas para ter baixo custo de produção na atividade de leite. “Por isso, é dever de todo o produtor que deseja ser mais eficiente em sua atividade levar essas tecnologias para a sua propriedade, para que seja possível fazer um comparativo com o sistema atual que vem sendo utilizando”, ressalta Rogério Vedelago.

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Competitividade Ê a palavra-chave para o leite Exportação e suas implicaçþes foram alguns dos temas debatidos durante o 5º Fórum Itinerante do Leite, que ocorreu no Salão de Atos da URI, em Frederico Westphalen

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Gracieli Verde

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forte presença da bovinocultura de leite nos municĂ­pios da regiĂŁo, atividade que contribui de maneira muito representativa na economia dos municĂ­pios, motivou a realização da quinta edição do FĂłrum Itinerante do Leite em Frederico Westphalen, em novembro de 2017. O encontro foi realizado no salĂŁo de atos da URI, uma das parceiras na promoção. A quarta edição do fĂłrum havia sido realizada em Palmeira das MissĂľes, no mĂŞs de junho. Nesta edição o tema que norteou os debates se resumiu aos desafios que o setor deve enfrentar para conseguir chegar Ă exportação do produto. A palavra-chave que ficou em evidĂŞncia foi a competitividade que o setor precisa alcançar para conseguir concorrer de forma justa com o mercado internacional. Hoje a indĂşstria exporta basicamente creme de leite e leite condensado, mas a ideia ĂŠ abrir mercado para outros produtos. – Quem pode fazer a diferença somos todos nĂłs, cada um na sua parte. Ainda somos um paĂ­s importador de leite, entĂŁo hĂĄ todo um caminho para tornar o Brasil um paĂ­s exportador. Entre os aspectos que precisam ser melhorados estĂĄ a ampliação da produtividade, porque paĂ­ses como o Uruguai e a Nova Zelândia estĂŁo muito Ă frente de nĂłs. TambĂŠm ĂŠ preciso ter genĂŠtica e sanidade no rebanho – defendeu o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra. Como indĂşstria, ele sugere que ĂŠ necessĂĄrio agregar valor, oferecer assistĂŞncia tĂŠcnica, ter escala, inovação e pagar o produtor por qualidade. “JĂĄ o governo precisa resolver a guerra fiscal entre estados e proteger o mercado nacional, estabelecendo quotas que limitem a importação de leite, especialmente no caso do Uruguaiâ€?, salientou. Por mais que o compromisso seja de toda a cadeia produtiva, os pecuaristas tambĂŠm devem estar atentos ao mercado e ao que ĂŠ exigido para viabilizar as exportaçþes. “Ao produtor cabe fazer o gerenciamento da atividade leiteira, bem como primar pela qualidade do produto. Outro fator bem importante ĂŠ o controle de brucelose e tuberculose, porque precisamos ter a sanidade garantida para entrar em novos mercadosâ€?, destacou o assistente tĂŠcnico estadual da ĂĄrea de bovinocultura de leite da Emater/RS, Jaime Ries.

Carta aberta foi entregue a lideranças que estiveram no fórum

“Ao produtor cabe fazer o gerenciamento da atividade leiteira, bem como primar pela qualidade do produto.� Jaime Ries, assistente estadual de leite da Emater/RS

>> Carta aberta do setor ĂŠ entregue a lideranças A maior parte dos assuntos que foram debatidos durante o fĂłrum estĂŁo retratados em uma Carta Aberta, documento que foi entregue a lideranças de entidades — Fetag/RS, Sindilat/RS, Seapi e Secretaria de Agricultura de Santa Catarina — pelo engenheiro-agrĂ´nomo Valdir Sangaletti, do EscritĂłrio Regional da Emater/RS de Frederico Westphalen. – Estamos debatendo esses assuntos desde 2015, quando a Emater/RS divulgou os resultados da primeira pesquisa do setor. Na regiĂŁo estamos com 7.279 famĂ­lias que produzem leite, 100% delas sĂŁo da agricultura familiar e naquele momento jĂĄ começamos esse debate, inclusive com a criação da Câmara Setorial Regional do Leite. Para nĂłs, a atividade tem as funçþes econĂ´mica e social.

Talvez seja uma das atividades que mais favoreça sucessĂŁo rural, pela dinâmica financeira que tem – ressaltou. Na carta, Sangaletti expĂ´s que estĂŁo citados os desafios do setor, bem como potencialidades. “Temos muitos gargalos, mas temos casos de famĂ­lias que estĂŁo dando certo na regiĂŁo, com excelentes resultadosâ€?, destacou. O 5Âş FĂłrum Itinerante do Leite foi uma promoção do Sindilat, em conjunto com Fundesa, Farsul, Fetag, Secretaria da Agricultura (Seapi), URI e Canal Rural. TambĂŠm apoiaram o evento a AGL, Apil, Cotrifred, Creluz, Emater-RS, Embrapa, Famurs, Ocergs, Prefeitura de Frederico Westphalen, Senai-RS e Sicredi. Durante o evento tambĂŠm foram realizadas oficinas.


Conservas

Agroindústria

Como agregar valor à produção agrícola da sua propriedade?

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olher a matéria-prima e transformá-la no mesmo dia, ter um controle de qualidade apurado e fazer desde o plantio até a agroindustrialização e venda do produto estão entre os diferenciais de uma agroindústria familiar. Nesse quesito, a família Magalski, de Frederico Westphalen, tem total propriedade para servir de inspiração, tanto do ponto de vista técnico, pelo compromisso com o que produzem, como pelo histórico de persistência para colocar o negócio para funcionar, no início dos anos 2000. A família reside na linha Encruzilhada, onde a propriedade de 38 hectares tem cerca de 20 que geram renda durante o ano – somente para o plantio do pepino, algumas frutas e olerícolas são usados 10 hectares. Os irmãos Clair, Clóvis e Ademir é que, há quase 15 anos, investiram na estrutura que carrega na marca o sobrenome da família. Pepinos em conserva, doces de morango e figos cristalizados e em calda estão entre os produtos comercializados pelo trio de irmãos. Inicialmente eles somente produziam a matéria-prima e vendiam para esta ser industrializada fora, mesmo havendo o desejo de fazer esse processamento em casa. Com a assistência técnica da equipe da Emater/RS e da Secretaria de Agricultura do município, os irmãos contam que foi possível acessar recursos do governo do Estado para investir na agroindústria, o que foi decisivo para abrir o negócio naquela época. – Foi algo demorado até fazer tudo conforme a legislação pedia, mas foi possível, apesar de em alguns momentos pensarmos em desistir. Hoje podemos vender em todo o Estado e temos o selo Sabor Gaúcho, que nos caracteriza como oriundos da agricultura familiar e dá mais garantia para o consumidor – conta Clair, depois de mostrar a lavoura com pepinos e morangos que são usados na agroindústria.

Gracieli Verde

Irmãos Clóvis, Clair e Ademir Magalski estão no comando de uma das agroindústrias pioneiras em Frederico Westphalen

Clóvis, Ademir e Clair Magalski tornaram os produtos da agroindústria conhecidos na região

>> Mercado

“Hoje podemos vender em todo o Estado e temos o selo Sabor Gaúcho, que nos caracteriza como oriundos da agricultura familiar e dá mais garantia para o consumidor.” Clair Magalski, um dos sócios

Depois de superadas essas questões burocráticas e já acostumados com a fiscalização da Vigilância Sanitária, o foco se manteve em consolidar mercados para esses produtos, que inicialmente foram conhecidos pelo público local na Feira do Produtor de Frederico Westphalen. Com o tempo, supermercados também passaram a vender a marca e hoje é corriqueiro que o consumidor local e regional acesse esses itens. Feiras de proporções maiores, como a Expofred, Expodireto Cotrijal e a Expointer, têm sido importantes para aumentar as vendas e se tornar a marca mais conhecida. O crescimento da Produtos Magalski é comprovado pelos números. No primeiro ano de trabalho foram preparados cinco mil vidros de pepinos em conserva. Neste ciclo esse montante já chegou a 18 mil, segundo Ademir. “Mas, o que mais aumentamos ao longo desses anos foi o preparo de geleias, que no começo era em menor quantidade”, acrescenta. Atualmente, segundo os irmãos, o pepino e o morango são o carro-chefe nas vendas. Ao longo da trajetória os irmãos conseguiram organizar o negócio com a mão de obra disponível. Por mais que não há projetos de ampliação, para não perder esse caráter familiar, as melhorias não cessam. O investimento em estruturas cobertas para a produção de morangos está nos planos dos três irmãos-sócios, até porque este também é um produto que eles vendem in natura e tem boa saída.

Primeiro ano de produção do empreendimento:

5 mil vidros de pepinos Último ciclo:

18 mil vidros de pepinos processados

>> Cada caso é um caso Ter uma dimensão de mercado local e regional para alimentos, como no caso de conservas e geleias, é essencial antes de investir em uma agroindústria. “Normalmente os investimentos são altos e é preciso saber onde vai vender o produto. Por mais que Frederico Westphalen tenha uma população considerável, é importante ter um planejamento para ampliar o mercado”, reflete o agrônomo Mateus Stefanello, do escritório municipal da Emater/RS. Para isso, é necessário ver que tipo de formalização vai conseguir, se terá liberação para vender somente aqui ou em outros municípios. “Cada caso precisa ser avaliado individualmente, porque cada tipo de produto requer uma determinada fiscalização. Mercado para alimentos tem, mas é preciso planejar quem vai absorver essa produção”, orienta Stefanello. 21 | Revista Novo Rural | Janeiro de 2018


Intercooperando Ações Debora Theobald

Cooperjab incentiva jovens rurais Empreendedorismo é considerado importante para este público, que pode ter na agropecuária uma possibilidade de gerar negócios e renda

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las. A equipe da Emater/RS já está coletando informações de interessados em empreender e ter alternativas de diversificação. São famílias que começaram a buscar apoio para investir em áreas como agroindústria, suinocultura, piscicultura, fruticultura, produção de ovos, panificados, entre outras. São famílias que já possuem a produção artesanal e agora estão motivadas em buscar as adequações necessárias visando a formalização, a ampliação das vendas e a agregação de valor – detalha a coordenadora do seminário, Erenita Piccin Dalbianco. Inclusive, durante o seminário, casos de sucesso na agricultura familiar da região foram mostrados, como forma de despertar o interesse desses jovens em empreender. O gerente-adjunto da Emater/RS de Frederico Westphalen, Mario Coelho da Silva, também palestrou. A ideia é que a Cooperjab possa, no futuro, subsidiar de forma técnica e financeira projetos que fomentem atividades estratégicas para jovens rurais em processo de sucessão familiar. Todo esse trabalho também tem tido o assessoramento da Unidade de Cooperativismo da Emater/RS.

>> Diversificação, renda e qualidade de vida Para o presidente da Cooperjab, Irramir José Rubin Piccin, a parceria com entidades locais tem fortalecido as ações da cooperativa junto às famílias envolvidas. – É assim que poderemos proporcionar assessoria às famílias, buscando o desenvolvimento destes projetos com aporte técnico e subsídio financeiro. Acreditamos que somente valorizando as pessoas e o cooperado conseguiremos mudar a realidade – defende Piccin. Para tanto, um importante passo foi dado já em dezembro pelo poder

público local, com a oficialização do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), uma vez que isso será crucial para a concretização de vários projetos. – Enquanto cooperativa, queremos despertar a vontade de empreender, que o agricultor saia da zona de conforto e possa buscar mais renda e qualidade de vida. Além disso, que ele não dependa apenas de um ramo de negócio, pois quando temos uma safra frustrada ou baixo preço de algum produto, que o agricultor tenha outra opção de renda e consiga viver com dignidade – ressalta o presidente. Debora Theobald

olocar os princípios dos cooperativismo em prática prevê ações que intervenham na sociedade. É isso que também consolida o trabalho de uma cooperativa diante da comunidade onde ela está inserida. Tendo em vista esse aspecto, a Cooperjab, com sede em Jaboticaba, tem estado presente em ações consideradas importantes para o setor agropecuário, inclusive com foco no público jovem. Para efetivar atitudes nesse sentido, a cooperativa tem sido atuante na comissão que também integra a Sicredi Grande Palmeira, Emater/RS, Creluz, poder público local – por meio da Secretaria da Agricultura, Assistência Social e Educação –, Escola Estadual Pe. Francisco Goettler, escolas municipais 30 de Novembro e Pe. Roque Gonzales, Associação Comercial e Industrial de Jaboticaba e Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Uma das ações recentes foi o 2º Seminário Pais e Filhos, que foi realizado no fim de novembro, inclusive fez parte da programação comemorativa dos 30 anos de Jaboticaba. – Através desse trabalho também levantamos algumas demandas, aplicando uma pesquisa com os alunos das esco-

Evento também teve apresentação de casos de famílias que conseguiram fazer a sucessão rural

Presidente Irramir José Rubin Piccin diz que desafio é despertar o empreendedorismo nos jovens e agricultores


Ações Sicredi recebe Certificado de Responsabilidade Social em dúvidas 2017 foi um ano importante para instituições como a Sicredi Alto Uruguai RS/SC. Uma das conquistas da cooperativa de crédito foi a certificação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul do Prêmio Responsabilidade Social e a certificação como finalista do Troféu Destaque RS - Tema Norteador. Através do Tema Norteador, que teve como assunto “Equidade de Gênero”, a Cooperativa apresentou seu programa Sicredi Mulher. O Prêmio de Responsabilidade Social distingue ações de organizações públicas e privadas que atuam pelo bem-estar social e preservação do meio ambiente. O prêmio é instituído pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em 2000, por meio da Lei 11.440. – Ficamos muito felizes e compartilhamos essa nossa alegria com os nossos associados, especialmente com as mulheres, que também participam das nossas atividades. É um prêmio que referenda a preocupação que a cooperativa tem em desenvolver ações que despertem o empreendedorismo da mulher e que contribuam para a melhoria da qualidade de vida das nossas famílias associadas e no desenvolvimento regional – salienta a diretora de Operações, Angelita Marisa Cadoná.

cooperativo Divulgação

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Espaço

Para pensarmos!

Coordenador da Comissão Mista do Prêmio, Marcelo Gazen, com a diretora de Operações da Sicredi, Angelita Marisa Cadoná

O programa Sicredi Mulher é uma iniciativa da cooperativa e, com menos de dois anos de atividade, contemplou mais de 15 mil participações em mais de 150 ações neste período. As 27 agências da Sicredi Alto Uruguai contam com uma colaboradora representante e uma associada intitulada de “apoiadora”, ambas são responsáveis por mobilizar as ações desenvolvidas ou apoiadas através do programa em seus munícipios.

Cotrifred tem alvará liberado para construção de indústria Assessoria de Imprensa Prefeitura FW

Dari Albarello e Élio Pacheco com o prefeito José Alberto Panosso (C)

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ano 2017 encerrou com uma notícia considerada importante para a Cotrifred. Isso porque foi entregue, em dezembro, o alvará de liberação para a construção da indústria de produtos lácteos no município. A documentação foi entregue pelo prefeito de Frederico Westphalen, José Alberto Panosso, ao presidente da cooperativa, Élio Pacheco, e ao vice-presidente, Dari Albarello.

Marcia Faccin

Coordenadora da Unidade de Cooperativismo do Escritório Regional da Emater/RS de Frederico Westphalen

Pacheco destacou que esse apoio do poder público municipal é fundamental para dar sequência ao projeto do empreendimento. “Isso vai beneficiar toda a região, criando empregos, oportunidades na atividade leiteira, além de desenvolver o município de Frederico Westphalen e arredores”, acredita. A previsão é que a indústria seja inaugurada em 2019.

Mais um ano se iniciando, tempo de rever algumas atitudes e ações que desempenhamos no decorrer do último período e planejarmos as novas ações para este que acabamos de iniciar. Tempo de refletir, de avaliar, de colocar na balança o que nos tornou pessoas melhores neste último ano e o que poderíamos ter feito diferente e acabamos fazendo a “mesmice”, sendo consumidos pelo corre-corre do dia a dia. Você conseguiu alcançar todos os seus objetivos em 2017? Sim? Não? Aqui falo tanto pessoais quanto profissionais. Como está o seu envolvimento com as ações sociais da sua comunidade? Da sua cooperativa? Conseguiu acompanhar mais de perto a sua cooperativa? Participar das reuniões e atividades desenvolvidas por ela? Ainda não é sócio de uma cooperativa? Por que não buscou conhecer as opções que temos na região e associar-se? Conseguiu captar mais pessoas para o sistema cooperativo? Aqui falo do verdadeiro sistema cooperativismo, aquele que segue os princípios e valores cooperativos, que tem transparência na gestão e convida os associados a participar ativamente da vida da cooperativa. Nestes três primeiros meses do ano, as cooperativas precisam fazer as suas assembleias gerais ordinárias, onde são apresentados os resultados obtidos no decorrer do último ano e o planejamento para este que está iniciando. É um ótimo momento de participar, conhecer mais de perto a política de gestão da cooperativa, seus números e os rumos que ela está planejando e implementando a curto, médio e longo prazo. Pois somente conseguimos defender aquilo que realmente conhecemos e o sistema cooperativo é uma ótima opção para todos nós, pois conseguimos obter retorno com os resultados positivos gerados pela cooperativa no decorrer de um determinado período, e aí a importância de acompanharmos, de conhecermos, de buscarmos nos apropriar das informações financeiras e gerenciais da nossa cooperativa, para não termos “surpresas” negativas em determinados momentos. Somente participando, ajudando a diretoria a atingir os resultados programados, conseguiremos ter uma cooperativa forte, capaz de proporcionar retorno para nós, associados, e para a comunidade onde a cooperativa está inserida, pois todos os lucros gerados pela cooperativa são distribuídos entre os sócios ou reinvestidos na própria cooperativa, aqui na região e não tendo os lucros “mandados” embora como acontece com muitos outros empreendimentos que não são do sistema cooperativo. Quanto mais nós conhecermos efetivamente os bons exemplos de cooperativas sérias, idôneas e bem-intencionadas, mais iremos nos “apaixonar” por esse sistema que prima pela valorização das pessoas e da comunidade onde está inserida. Que possamos, neste decorrer de 2018, sermos mais defensores e apoiadores do bom cooperativismo.

“É um ótimo momento de participar, conhecer mais de perto a política de gestão da cooperativa, seus números e os rumos que ela está planejando e implementando a curto, médio e longo prazo.”

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Juventude rural Tiago Hensel e Bruna Nunes: empreendedorismo e força de vontade fazem a diferença

Gracieli Verde

Como fazer dos limões a tal da limonada Jovem casal de Palmeira das Missões estrutura negócio a partir do cultivo de hortaliças e vê na agricultura a possibilidade de construir um futuro promissor Gracieli Verde

revistanovorural@oaltouruguai.com.br

– A Bruna tá deitada. Não está querendo vir tirar foto porque tá um pouco cansada – comentou Tiago, o esposo, vindo em direção a uma das estufas que são utilizadas para a produção de hortaliças, enquanto aguardávamos para fazer o registro fotográfico. Brinquei e apelei: diga a ela que na próxima visita eu trago chocolates, porque a Bruna não pode ficar de fora da foto, de jeito nenhum. O cansaço tinha um motivo especial, ela estava à espera da Isadora, que nasceu no dia 13 de dezembro. Foi assim, entre uma brincadeira e outra, que estive pela segunda vez na residência do jovem casal Tiago Hensel, 24 anos, e Bruna Nunes, 20, no início do dezembro passado. O primeiro contato que tive com a Bruna foi ainda em abril de 2017. No entanto, o Tiago estava na cidade. Coletei algumas informações, produzimos fotografias, mas guardei com carinho parte dessa história. Não po-

deria ter tomado decisão melhor. Quase oito meses depois, retornei – novamente assessorada pelo extensionista e agrônomo Felipe Lorensini, da equipe da Emater/RS do município – e fica em evidência o perfil empreendedor dos dois, com novos olhares em relação à produção e ao mercado, além de a família estar crescendo. Desde que nos desafiamos a mostrar os potenciais que Palmeira das Missões tem em relação à produção de alimentos considerada familiar – uma vez que o município já é consolidado no cultivo de grãos, inclusive figura entre os seis que mais produzem soja no Estado, segundo o Atlas Socioeconômico gaúcho –, o caso de Bruna e Tiago tem estado no nosso “radar” de pautas. – É um dos casos que temos como referência, porque conseguiram encontrar a solução para o problema deles, produzir o que gostam e se inserir no mercado – confirma o agrônomo Lorensini, respaldado pelos demais colegas do escritório municipal da Emater/RS, que assessoram a propriedade agrícola.

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“B Busc camos s es strrutturar um m mix de prrod dutos que e no os de esse re end da ao lo ong go de e tod do o ano o e ta ambém pa ara a te erm mos ess sa re egula aridad de na a ofe erta.” Tiago Hensel, agricultor

Encontrando soluções Os estudos do curso na área agropecuária, na Escola Estadual Técnica Celeste Gobatto, sem dúvidas, serviram de base para Tiago dar o pontapé nos negócios com hortaliças. Há quatro anos, ainda na propriedade dos pais Paulo e Claudete Hensel, na localidade de Guaritinha, ele iniciou a produção – lá a família tem uma unidade produtiva de leite e de grãos. Alguns percalços fizeram com que Tiago e a esposa Bruna precisassem mudar de planos, não em relação às hortaliças, mas ao local. Os 12 quilômetros de distância da cidade, normalmente com estradas em condições não tão favoráveis para o tráfego, especialmente em dias de chuva, além da falta de acesso a energia elétrica suficiente e a água de qualidade pesaram na hora de decidir se ficariam por lá ou não. Logo surgiu a possibilidade de arrendar uma área de outro produtor – predominantemente de grãos –, a quatro quilômetros da cidade de Palmeira das Missões. O espaço em que trabalham, que fica às margens da rodovia BR-158, no quilômetro 109, já foi sede de uma fazenda de grãos. Era a oportunidade que o casal precisava para construir o próprio negócio e, de fato, “firmar o pé” na agricultura. Ali os dois estão há um ano e três meses, onde utilizam menos de um hectare de terra para o cultivo do que os sustenta financeiramente — somado a outro hectare na terra dos pais —, além de ter a infraestrutura de moradia. É aqui que se encaixa bem aquela frase, talvez um ditado popular: se a vida lhe der limões, faça uma limonada. Bruna, mesmo tendo nascido e se criado na cidade — antes de morar com Tiago ela trabalhava como caixa em um supermercado —, encarou a atividade com naturalidade e aprendeu na prática a trabalhar com as plantas. Ao lado do marido, também é protagonista desta história. “Já me adaptei”, exclama, sorridente.


O gosto pelas plantas

Próximos passos

De onde vem esse apreço por cultivar hortaliças e legumes, pergunto a Tiago. “Eu gosto de plantas e queria investir no que eu sabia fazer, já que eu tenho conhecimento técnico para trabalhar com isso”, diz, enquanto serve um chimarrão, apesar da tarde quente ainda de outono. O cultivo protegido soma algumas estufas e mais canteiros cobertos. Hoje são pelo menos dez variedades de hortaliças e legumes que o casal produz – couve, repolho, cenoura, beterraba, alface, rúcula, tempero verde e agrião são algumas das opções. Na propriedade dos pais, ainda cultiva brócolis, a céu aberto. E o valor investido até agora? Cerca de R$ 100 mil. Uma parte do investimento Tiago e Bruna conseguiram acessar por meio do crédito rural. Outra parte foi com recurso próprio. “Buscamos estruturar um mix de produtos que nos desse renda ao longo de todo o ano e também para termos essa regularidade na oferta”, expõe Tiago. Atualmente os produtos são vendidos na feira do produtor de Palmeira das Missões e em alguns supermercados.

Além da expectativa para a chegada da Isadora, que certamente já arrancava sorrisos mais que espontâneos dos pais de primeira viagem, as ideias não param quando o assunto é relacionado aos negócios. Já em andamento, o objetivo é também consolidar o projeto de um viveiro, que está em funcionamento há menos de seis meses. – Este comércio de mudas já representa 20% da nossa renda, então vemos que isso abrirá novos mercados, além de reduzir nosso custo de produção, porque deixaremos de ser compradores de mudas para sermos fornecedores –, avalia o jovem. Para gerenciar tudo isso, que não é pouca coisa – cada variedade cultivada requer cuidados em particular –, o casal não deixa de lado a busca por conhecimento. Ele, que é técnico em agropecuária, agora estuda um curso técnico em contabilidade, ela está nas aulas do técnico em administração, ambos no Colégio Estadual Três Mártires. “É uma rotina puxada”, diz Tiago, mas não esconde que o trabalho não os assusta, por mais que nos últimos tempos precisaram contratar um funcionário para ajudar nas tarefas diárias das estufas e do viveiro. “Sempre quis estudar mais, porque também é importante saber gerenciar. Por isso, cada um de nós está em um curso. A Bruna vai ficar responsável pela gestão e pelo marketing e eu pelo financeiro”, prevê. Entre os desafios está a viabilização de seguro para as estufas, que atualmente não se encontra no mercado, mas que seria importante para ter mais tranquilidade em relação aos investimentos.

Dicas do casal! O check-list de habilidades que você precisa desenvolver: Ter força de vontade. Gostar do que faz. Saber fazer. Ser persistente. Buscar conhecimento. Ter visão de mercado.

Vanderlei Holz Lermen

Agricultor, tecnólogo em Processos Gerenciais, técnico em Agropecuária e bacharel em Desenvolvimento Rural

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Aos que querem se inspirar Trabalhar no próprio negócio tem suas vantagens, mas, acima de tudo, segundo Tiago, é preciso querer e saber fazer. “Eu já trabalhei com vendas, mas foi aqui que mais me identifiquei. Como minha família não tem grandes áreas, foi necessário achar uma alternativa”, recorda, ressaltando que nesse processo a persistência foi crucial, porque nem tudo deu certo da primeira vez. “E quando dá errado, tem que

continuar tentando, não pode desistir”, enfatiza. Em relação à renda, também é preciso planejamento. Hoje os recursos que entram na conta da propriedade são usados para reinvestir no próprio negócio. “Ainda não separamos um salário para nós, estamos usando para o que é mais urgente”. O foco tem sido priorizar investimentos na produção de hortaliças para conquistar mais estabilidade no futuro. Gracieli Verde

om muita alegria começo nesta primeira edição de 2018 a contribuir com este meio de comunicação voltado ao setor rural. Nosso desafio será trazer temas pertinentes relacionados à juventude rural, gerenciamento da propriedade, produção orgânica e outros assuntos ligados à agricultura familiar. Gostaria de me apresentar, apesar de eu já ter participado de uma entrevista em maio do ano passado. Tenho 27 anos e, em primeiro lugar, sou agricultor. Moro em Boa Vista do Buricá, onde possuo uma pequena propriedade, o Sítio Lermen, voltado para a produção de leite e hortaliças, estas orgânicas. A propriedade é pequena mesmo. Utilizo apenas 3,5 hectares de terra para a produção. Minha propriedade tem 3 hectares, mas apenas 1 hectare é utilizável. Os outros 2,5 hectares estão divididos em duas áreas, não muito próximas, que alugo – áreas antes abandonadas pela pouca produtividade. É desafiador trabalhar assim, mas não impossível. De formação, sou tecnólogo em Processos Gerenciais, técnico em Agropecuária e agora estou me graduando bacharel em Desenvolvimento Rural. Estudar sempre fez parte da minha vida. Atualmente sou estudante de uma pós-graduação em Gestão Empresarial. Também trabalho em rádio, como locutor, e sou escritor, com dois livros publicados. Como sempre gostei do estudo e do campo, há cerca de três anos comecei a construir um projeto voltado aos jovens e à sucessão rural, chamado Perspectivas da Juventude Rural. Inclusive alguns resultados da pesquisa foram abordados na nossa entrevista. Para relembrar, através desse projeto realizo pesquisas para identificar fatores de decisão para a permanência ou não dos jovens no meio rural. Sobre isso também faço palestras, capacitações e ações, buscando motivar os jovens a permanecer no meio rural e mostrando a sua importância para o futuro da agricultura. Falando em futuro da agricultura, o que precisamos fazer para que nossa agricultura familiar cresça forte e não diminua drasticamente o número de produtores rurais nos nossos municípios? Esse será exatamente o contexto desse espaço. Discutir assuntos que possam auxiliar você, amigo agricultor e agricultora, de todas as idades, a melhorar a vida na sua propriedade rural. Ou melhor, na sua empresa rural. Isso mesmo, não importa se sua propriedade tem três, 10, 20 ou 100 hectares, ela deve ser vista e gerenciada como uma empresa. Para isso você pode participar enviando sugestões de assuntos para o e-mail holzlermen@hotmail.com ou através do WhatsApp (55) 9-9613-0524. Aguardo suas sugestões e espero contribuir para o futuro da agricultura!

Como você quer chamar este espaço? Gostaria muito de contar com a sua contribuição para auxiliar a gente a definir o nome deste espaço. Dinamismo, interação e opinião serão algumas marcas que deveremos deixar por aqui. Por isso, gostaríamos de receber sugestões, pelo e-mail, pelo WhatsApp ou pelo Facebook da Novo Rural ou na minha página pessoal, para que nossa equipe possa avaliar.

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Fique atento Debora Theobald

Você já respondeu ao Censo Agropecuário 2017?

Agricultores podem retirar protetor solar gratuito

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revista por uma lei estadual, a distribuição de protetores solares a agricultores gaúchos tem sido realizada com sucesso em Frederico Westphalen. O agricultor interessado deve fazer um cadastro no Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), para que então os pedidos sejam feitos por meio da Secretaria de Estado da Saúde. A ação faz parte do programa Saúde na Pele. Em Frederico Westphalen a retirada deve ser feita na unidade de saúde central. A equipe ressalta que é importante que os agricultores observem o cronograma de entregas conforme a inscrição feita no STR, uma vez que cada cadastrado tem direito a um frasco do produto a cada quatro meses. Se você reside em outro município, procure o seu sindicato para cadastrar-se.

Emater/RS oferece serviço de Coban do Banco do Brasil

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Correspondente Bancário Banco do Brasil (Coban/BB) é o novo serviço oferecido pela Emater/RS-Ascar. Em dezembro o presidente, Clair Kuhn, assinou contrato com a Superintendência do Banco do Brasil para a prestação de serviços de crédito aos agricultores familiares gaúchos, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O objetivo é financiar projetos individuais ou coletivos, para o custeio da safra ou atividade agroindustrial, ou para investimento em máquinas, equipamentos ou infraestrutura de produção. Em nome do Banco do Brasil assinou o contrato o superintendente estadual Edson Bündchen. O Sistema Coban será implantado em 251 municípios gaúchos – 300 técnicos serão capacitados. Na região, 23 municípios devem ser contemplados com o Coban. – Há muitos projetos executados no Estado junto com o BB e o Sistema Coban vai proporcionar melhorar o trabalho e a interação entre o agricultor e a Emater, pois teremos a ferramenta que é o projeto de crédito, favorecendo o acesso a políticas públicas, oportunizando a cada extensionista fazer projetos direcionados, que respeitem as questões ambientais e sociais – avalia Kuhn.

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zembro, as visitas estavam adiantadas, passando da metade do previsto. – Temos poucos setores que ainda não foram iniciados, apesar de nem todos terem sido concluídos ainda. Mais da metade dos estabelecimentos agropecuários já responderam o questionário – avalia o técnico em informações geográficas e estatísticas do IBGE, Cleovane Selbach. São 14 municípios atenCenso deve ser aplicado nos estabelecimentos agropecuários até o fim de fevereiro didos pela agência de FW, com um posto também em Censo Agropecuário, realizado pelo IBGE em Rodeio Bonito, no qual 49 recenseadores estão todo o Brasil, teve início em outubro de 2017 trabalhando para aplicar o censo. e está previsto para seguir até fevereiro desAinda de acordo com ele, em alguns casos, te ano. Com metade do prazo transcorrido para os produtores têm receio de revelar algumas inrealização da pesquisa, que pretende visitar toformações, mas o técnico destaca que todo condos os estabelecimentos agropecuários do país teúdo é mantido de forma confidencial e sigilosa. e fazer um levantamento do cenário rural brasiLembre-se que qualquer dúvida quanto ao leiro, a região atendida pela agência de Frederiquestionário e à aplicação do censo pode ser saco Westphalen está com um bom andamento da nado com o IBGE ou com a Emater/RS-Ascar, aplicação dos questionários. Até o dia 18 de deque tem disso parceira da instituição.

O

2018: SDR deve executar mais de 150 projetos via Consulta Popular

A

Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) deverá executar 158 projetos autorizados pela Consulta Popular 2017/2018, por meio de convênios com municípios e financiamentos via Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper), no próximo ano. O montante em dinheiro deverá ser de mais de R$ 9,4 milhões aplicados em diferentes projetos produtivos para a agricultura familiar, englobando desde a aquisição de insumos e equipamentos até a estruturação de feiras de produtores rurais nos municípios. A SDR receberá até o dia 15 de janeiro de 2018 os planos de trabalho e a documentação relativa às demandas votadas pelos eleitores. Os projetos serão executados no próximo ano por meio de convênios com os municípios, conforme a relação das demandas autorizadas. As demandas de financiamentos serão tratadas diretamente com a conveniada Emater/RS para a identificação dos beneficiários e a elaboração dos projetos de financiamento via Feaper.

CAR: no Estado, 89,67% da área está declarada

T

endo em vista que 10,33% dos agricultores gaúchos ainda não finalizaram os preenchimentos do Cadastro Ambiental Rural (CAR) – segundo o último boletim informativo emitido no fim de outubro de 2017 pelo Ministério do Meio Ambiente –, um pedido de prorrogação do prazo por mais um ano foi sugerido pela Fetag/RS. Quem entregou o pedido ao ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, em Brasília, foi o deputado federal Heitor Schuch, em dezembro. Em 2016, a Lei 13.335 determinou que o prazo para adesão ao cadastro CAR e ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) se encerraria em 31 de dezembro de 2017, podendo ser prorrogado por até mais um ano por ato do presidente da república. Além disso, está previsto que, após a data limite, as instituições financeiras só podem conceder crédito agrícola, em qualquer uma de suas modalidades, para proprietários de imóveis rurais que estejam inscritos no CAR. Em Frederico Westphalen, segundo a equipe do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), até a metade de dezembro, cerca de 90% da área foi cadastrada. Em Nonoai, no público atendido pelo STR, a estimativa é que 95% dos produtores declararam os dados, também até metade de dezembro. Até o fechamento desta edição, a presidência da República ainda não havia confirmado a prorrogação. Fique atento às nossas redes sociais para acompanhar este assunto.


Obituário

Especial

Falecimento de Francisco Frizzo comove região O presidente da Emater/RS, Clair Tomé Kuhn, antes mesmo de vir a Constantina, registrou em uma rede social o luto pela morte de Frizzo. “A região de Frederico Westphalen e o Estado perdem uma liderança com visão de futuro e que sempre trabalhou muito pelo desenvolvimento das comunidades. A Emater perde um colega muito dedicado e comprometido em tudo que sempre fez”, afirmou. O perfil entusiasta também foi lembrado por agricultores assistidos. “Era uma pessoa que acreditava e fazia de tudo para o desenvolvimento do rural e apoiava muito o jovem na sucessão rural, dando incentivo e oportunidades para crescer”, registrou Cassiano de Pellegrin, de Frederico Westphalen.

>> Um líder preocupado com o desenvolvimento regional

Fabio Pelinson

Francisco Frizzo era técnico em agropecuária desde 1980, pelo Colégio Presidente Getúlio Vargas, de Três de Maio. De olhar apurado para com as necessidades das famílias rurais, se tornou referência quando o assunto era agricultura e geração de renda. Defendia em seus discursos e atitudes que a família do campo tivesse renda e qualidade de vida. Também era defensor de projetos estratégicos para a região, em áreas como a suinocultura, a bovinocultura de leite e a fruticultura. Em sua trajetória profissional, Frizzo também trabalhou em uma indústria de alimentos e em uma cooperativa de suinocultores. Em setembro de 1990, ingressou na Emater/RS-Ascar, no escritório de Constantina. Em

1997, exerceu funções no município de Liberato Salzano. De 2001 a 2008, foi prefeito de Constantina e, em 2009, retornou para Emater/RS-Ascar, no município de Nova Boa Vista. No período de 2010 a 2011, licenciou-se da instituição para assumir o cargo de gerente-técnico da Laticínios Frizzo. Em 2012, retornou para a Emater/RS-Ascar, como chefe do escritório municipal de Liberato Salzano, onde permaneceu até setembro de 2014. Em 2015, ao lado do gerente-adjunto Mario Coelho da Silva, Frizzo assumiu o desafio de coordenar os trabalhos do Escritório Regional da Emater/RS de Frederico Westphalen, que conta com 42 municípios de abrangência.

>> O legado que Frizzo deixa para a região Frizzo foi um grande líder. Deixa um exemplo muito importante a todos nós. Era um motivador que liderava pelo seu exemplo. Na realização do seu trabalho conseguiu dar uma amplitude muito grande às ações do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar, através do seu conhecimento, dedicação e da relação com a região. Sempre acreditou na agricultura e no seu potencial. Além de um grande líder, e, acima de um colega, foi também um amigo que me deixou muitos ensinamentos”.

Mario Coelho da Silva, gerente-adjunto do Regional

O Frizzo foi um líder muito importante no fomento da diversificação das propriedades do nosso município. Ele tinha visão de futuro, sempre incentivando a permanência dos agricultores no meio rural, com qualidade de vida e boas condições de trabalho. O fato de termos 80% da nossa população no interior deve muito ao trabalho dele”

Francisco Frizzo

Gilson de Carli, prefeito de Liberato Salzano

O Frizzo sempre foi reconhecido pela sua capacidade de concretizar, de mostrar como é possível fazer a agricultura dar certo na prática. Ele defendia os projetos com conhecimento de causa e a partir das ações, porque atuou tanto na área pública como na área privada, não foi apenas um teórico. Isso teve um grande potencial de transformação de muitas famílias”

Elemar Battisti, presidente da Creluz

Clairto Dal Forno assume gerência regional Assumiu como gerente-regional da Emater/RS-Ascar em Frederico Westphalen, em dezembro, o engenheiro-agrônomo Clairto Dal Forno. Dal Forno iniciou a carreira como extensionista rural da Emater/RS em Pinheirinho do Vale, onde trabalhou de 2001 a 2003. Depois também atuou nos municípios de Caiçara, até 2014. No mesmo ano, passou a exercer a função de supervisor regional da Emater/RS-Ascar – tarefa que desempenha até o momento, concomitantemente à gerência. Ele é técnico em agropecuária pelo Colégio Agrícola de Frederico Westphalen, engenheiro-agrônomo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e especialista em Desenvolvimento Rural e mestre em Irrigação e Drenagem.

Daiane Binello

O

ano 2017 terminou triste para toda a Emater/RS e a região. O falecimento do gerente-regional de Emater/ RS de Frederico Westphalen, Francisco Frizzo, no dia 26 de novembro, foi, sem dúvidas, um momento que demorará para ser superado, tendo em vista a importância do seu trabalho na extensão rural em toda a região. Frizzo sofreu um enfarto, aos 55 anos, deixando a esposa, Ilaine, o filho, Eduardo, e a nora, Bruna. Além de extensionista rural da Emater/RS-Ascar há quase 30 anos, Frizzo se destacou na política. Foi eleito prefeito por dois mandatos de Constantina, cidade com pouco mais de 10 mil habitantes, e também presidiu a Amzop.

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Qualidade de vida

Culinária

para refrescar!

No calor do verão, nada como um sorvete para refrescar e agradar o paladar da família. A pedido de leitoras, trazemos opções de receitas caseiras dessa sobremesa que, com certeza, é uma das preferidas entre a maioria. Para tornar a sobremesa mais gostosa, você pode servi-la com salada de frutas ou compotas. Abuse da criatividade!

SORVETE DE MORANGO

SORVETE CASEIRO TRADICIONAL

Ingredientes

Ingredientes

• Meio quilo de morango picado (ou outra fruta de sua preferência) • 1 xícara de açúcar cristal • 2 claras de ovo

• 1 litro de leite • 1 ½ xícara de açúcar • 1 xícara de leite em pó integral • 1 colher de sopa rasa de liga neutra • 1 colher de sopa de Emustab • 1 colher de sopa de sabor para sorvete de sua preferência

Modo de preparo Coloque todos os ingredientes na batedeira. Bata por 20 minutos, coloque em potes e leve ao congelador.

Modo de preparo Separe o Emustab, que não deve ser colocado na primeira parte. Bata no liquidificador todos os outros ingredientes – o leite, o açúcar, o leite em pó e a liga – por 3 minutos. Coloque essa mistura no freezer para gelar de três a quatro horas. Divida o preparo em duas partes iguais para bater na batedeira com os demais ingredientes. Acrescente o Emustab e o sabor. Como você terá duas porções, pode usar um sabor em cada uma delas. Em cada parte você deve colocar meia colher de Emustab. Bata na batedeira até obter a consistência desejada e coloque novamente no freezer. A receita rende três potes de sorvete.

COLABOROU:

Marlene Peroza Albarello, extensionista rural social da Emater/RS de Caiçara

COLABOROU:

Marivone Sartoretto, extensionista rural da Emater/RS de Pinhal

SORVETE DE BANANA COM DOCE DE LEITE Modo de fazer

Ingredientes • 5 a 6 bananas • 2 colheres de sopa de doce de leite

COLABOROU:

Extensionistas da Emater/RS de Planalto

Corte as bananas em pedaços bem pequenos e deixe no congelador da noite para o dia. No dia seguinte, bata as bananas, ainda congeladas, em um processador, até que comece a virar um creme bem liso, sem nenhum pedacinho. Se não tiver processador, pode bater no liquidificador, mas se o aparelho não for muito potente é melhor esperar a banana amolecer um pouco, para não danificá-lo. Junte o doce de leite ao creme já batido. Mantenha no congelador até o momento de servir. Acrescente todo o doce de leite. Mexa bem com uma colher para incorporar o creme à massa. Leve ao freezer, ou congelador, por 4 horas.

Fotos: Divulgação

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Saúde

Não esqueça do

protetor solar Pele clara e a alta incidência de raios ultravioleta na região exigem que tenhamos mais cuidados com a pele no verão

O

trabalho intenso na lavoura ou nos arredores da propriedade precisam de um aliado muito importante, principalmente nesta época do ano: o protetor solar. Parece repetitivo, mas é importante que, de fato, não esqueçamos de usar esta proteção. O não uso do protetor solar pode ser extremamente prejudicial à pele, causando doenças como o câncer de pele. Como a incidência da radiação ultravioleta aumenta muito nesta época, é natural que as pessoas fiquem mais expostas. “O ideal é usar proteção com creme que contenham filtros solares, os conhecidos protetores solares, além de chapéus, óculos escuros, tudo para esconder a pele dos raios solares”, relembra o médico Márcio André Volkweis, especialista em Dermatologia e que atende em Sarandi.

Fique atento a essas dicas: Aplique protetor solar mais de uma vez por dia. Também é importante que a pele esteja limpa, além de o protetor ser passado alguns minutos antes da exposição. Independente do número do fator de proteção, ele não dura mais do que três horas na pele e deve ser reaplicado. Peles mais claras devem usar fatores altos, acima de 50, enquanto peles morenas na faixa de 30. Lembre-se que exposição ao sol sem proteção aumenta o risco de câncer de pele. No Norte do RS e Sul de SC existem duas das áreas do Brasil com os maiores índices de radiação ultravioleta, o que contribui para a grande incidência de câncer de pele.

Cá entre nós Dulcenéia Haas Wommerr

Assistente técnica regional social daa Emater/RS- Ascar de Frederico Westphalenn E-MAIL: dwommer@emater.tche.brr

Espelho, espelho meu! Praticamente se naturalizou o fato de a mulher dar atenção para várias demandas da propriedade ou da família e deixar-se de lado. Por isso, na nossa estreia por aqui, vamos propor uma reflexão sobre vaidade, ou a falta dela! Afinal, estamos começando mais um ano e por que não dar um novo sentido a velhos hábitos que adotamos ao longo da nossa vida, não é?! Outro dia ainda ouvi um comentário da Cida, uma manicure que atende em Sarandi, revelando que ultimamente, no salão de beleza onde trabalha, 70% das clientes são agricultoras. Elas fazem unha, corte, mechas, escova, botox nos cabelos, entre outros serviços. Confesso que me surpreendi, pois minha intenção era falar justamente sobre a importância da mulher dar um trato no visual. Sempre tenho falado que temos que dar uma ajudinha à natureza, pois ela é cruel conosco. E como diz Roberto Carlos na música “Mulher de 40”, “é jovem bastante, mas não como antes esta mulher bonita...” A mulher agricultora muitas vezes realiza trabalhos intensos nas propriedades e acaba por não tirar um tempo para cuidar do cabelo, das unhas, da saúde, ou dá prioridade para outros assuntos. Porém, a Cida me contou que nestes últimos tempos “as mulheres se emanciparam e têm sua renda”. E ela costuma estar de agenda cheia. Mas, minha amiga também tem algumas clientes que são viúvas e só agora podem “se arrumar”, pois o marido não queria que cortasse o cabelo, nem pintasse as unhas de vermelho... Pois é, já teve disso também. Não dá para crer, não é mesmo? Pois bem, espero que vocês estejam como as primeiras clientes da Cida, motivadas, sem brigar com o espelho e acreditando que o melhor sol é aquele que brilha dentro de você. Invista em você, ame-se, porque para a mídia você nunca está bem o suficiente, é a ditadura da beleza. E aí encontramos muitas mulheres com baixa autoestima. As mudanças de comportamento começam devagarinho, mas depois se instalam e viram hábito. Até os homens estão vaidosos, há uma nova percepção de estética e comportamento. No livro “Alô Chics”, da Glorinha Kalil, ela comenta que os pelos masculinos desde a época das cavernas eram aceitos e ostentados como sinal de masculinidade. Hoje são quase indesejáveis e tem homem depilando, fazendo unhas, usando creme. Outro exemplo que ela cita é a pele bronzeada como um luxo, mas hoje o sol é visto como um inimigo do qual a gente tem que se proteger, e o queimado é visto como ignorância e falta de cuidados com a saúde, sem falar que envelhece a pele mais rapidamente. Isso me fez lembrar minha mãe Olinda, que conta que quando era jovem tinha que ir para a lavoura e usava camisa de manga comprida daquele tecido de “volta mundo” para não queimar a pele. Naquela época a pele branca simbolizava nobreza e assim não demonstravam que tinham necessidade de trabalhar sol a sol, elas queriam ficar branquinhas. Hoje, pele branca é proteção! E, novamente, Roberto Carlos, sempre ele, nos dá um empurrãozinho quando canta “Coisa bonita, coisa gostosa, você é linda, é do jeito que eu gosto, é maravilhosa”. Até a próxima! Sobre qual assunto você quer que eu escreva? Mande sua sugestão para o WhatsApp (55) 9.9624.3768

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Tecnologia

Tabaco

Família Stefanello e Manfio tiveram a primeira experiência de colheita automatizada de fumo na região

Gracieli Verde

Automação chega a lavouras de fumo Famílias de Caiçara investem em maquinário que agiliza a colheita e reduz penosidade na lida com o fumo

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ma tecnologia fomentada por uma empresa fumageira para o preparo do solo, transplante e colheita do fumo tem chamado atenção em Caiçara, um dos municípios que tem maior tradição neste cultivo na região – segundo a Afubra, são mais de 880 hectares cultivados na safra 2017/2018. É a automação de uma atividade que é bastante artesanal no seu manejo. Desde o preparo das mudas até deixar o produto pronto para a venda, o fumo exige uma série de intervenções do produtor. No município de Caiçara o investimento no maquinário foi feito pelos casais Ronivan e Bruna Stefanello e Leandro e Marcia Manfio. Tanto Ronivan como Leandro são filhos de produtores

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de fumo e convivem com a atividade há muitos anos. Essa tecnologia está sendo importada da França por essa fumageira, que financia os equipamentos aos produtores, mas outras empresas que trabalham com cultura no RS também já testam equipamentos semelhantes. Por mais que seja uma tecnologia considerada importante para o setor, porque permite produzir o fumo em uma escala maior – os sócios juntos somam mais de 500 mil pés cultivados nesta safra 2017/2018 –, é um investimento que precisa ser planejado, conforme profissionais que atuam no setor. — Nós temos um projeto de ampliação da produção e de automação que é para 10 anos. Então, temos esse prazo para pagar os investimen-

tos. Como ampliamos o número de pés plantados, porque temos condições de colher com essas máquinas, também foi preciso investir em mais estufas para a secagem desse fumo — explica Leandro, citando que 22 unidades serão edificadas no total. Os primeiros testes feitos por essa fumageira iniciaram ainda em 2013 em outras regiões do Estado. Um dos pontos que precisa ser avaliado é o relevo, que não pode ter muita declividade, o que inviabiliza o uso dos equipamentos. A máquina também precisa de dois tratores ao mesmo tempo, um com a colheitadeira e outro com a carreta que recolhe as plantas, que em seguida são levadas para as estufas, onde são penduradas.


Tabaco Uma organização diferente para a colheita Essa inovação que as famílias Stefanello e Manfio estão viabilizando em Caiçara exige uma nova organização para a colheita por parte do fumicultor. Como na lavoura o processo é mais rápido, porque a máquina pode colher de 15 mil a 20 mil pés por dia, dependendo das horas trabalhadas, lá nas estufas também é preciso ter um grupo maior de pessoas para pendurar esse fumo recém-colhido. Isso exige que a mão de obra de diaristas precise ser contratada. “O ritmo de trabalho é outro, a gente vê que rende muito mais, não tem como comparar”, avalia Ronivan, satisfeito com esta primeira experiência. O pai de Leandro, seu Oswaldo, que há 46 anos trabalha com a cultura do fumo, cita outra vantagem, a de a planta ir logo para o “galpão” – como era em outros tempos, antes de as unidades de cura se tornarem estufas, que garantem mais rapidez na secagem da planta e, assim, gera mais qualidade. “É uma inovação para a cultura”, exclama Oswaldo, que hoje está aposentado, mas acompanha o trabalho das novas gerações. Neste caso, o investimento em todo o pacote de equipamentos e as novas estufas para secagem somam um investimento de mais de R$ 450 mil. Parece um valor alto, mas se diluído entre as duas famílias e em dez anos, se torna viável, segundo os produtores.

Se espera uma boa safra

Fiqu atento a alguns aspectos! É importante também que Fique você contate com a sua empresa com a qual possui parceria na pprodução, para ver que tecnologia ela tem disponível. Faça um estudo de viabilidade da sua propriedade em relação ao fumo, para avaliar se o investimento vale a pena. Se precisar, busque assistência técnica. Analise também como é o relevo da sua lavoura. Em alguns casos de declividade mais acentuada não é possível automatizar. Visite outros produtores que já usam a tecnologia. Ver de perto como funciona é importante para avaliar o investimento. Exija da empresa parceira assistência técnica e acompanhamento durante os trabalhos. No caso das famílias Stefanello e Manfio, um instrutor da empresa fumageira tem acompanhado todo o trabalho, já que é o primeiro ano de uso dos equipamentos.

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Agilidade na colheita é uma das vantagens, o que permite produzir em maior escala

Tendo em vista o uso de dois tratores para operacionalizar o uso dos equipamentos, isso também aumenta o custo com combustível e manutenção. Ou seja, é interessante que o produtor esteja atento a todos os aspectos do projeto. Na unidade de cura, a mão de obra também é mais intensa com o uso dos maquinários, porque na lavoura o trabalho “anda” mais rápido. Avalie também o custo e a disponibilidade dessa mão de obra. Tecnificar as atividades que você tem na sua propriedade é mais que tendência, já é realidade. No caso do fumo, além da agilidade, é possível diminuir consideravelmente a penosidade do trabalho, o que é importante para a saúde dos trabalhadores.

revistanovorural Gracieli Verde

Nos 24 hectares de lavoura de Ronivan e Leandro, a qualidade das plantas demonstra que o resultado pode ser muito bom ao fim do ciclo. O andamento da safra tem sido considerado dentro dos padrões aceitáveis para a cultura. “Tivemos sorte porque aqui o vento assustou em alguns episódios de chuva, mas nada que estragasse a lavoura”, ressalta Ronivan, que é técnico agrícola. Os produtores estimam a produtividade da área em três mil quilos de fumo por hectare. Já em relação ao preço, a expectativa é que os produtores recebam R$ 150 por arroba, tendo em vista a qualidade.

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Campo Aberto

Geral Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural

>> Chapada festeja os 50 anos de presença da Emater/RS Para celebrar as cinco décadas de trabalho da Emater/RS-Ascar em Chapada, bem como relembrar um pouco da história da Extensão Rural no município, o Escritório Municipal realizou, em dezembro, uma confraternização com um Jantar do Peixe, no salão paroquial. Homenagens e agradecimentos marcaram a noite, com a presença de diversas lideranças e autoridades. “Esses 50 anos de trabalho da assistência técnica e extensão rural e social deixaram marcas aqui no município, nas comunidades e nas famílias assistidas. Esse reconhecimento só nos faz querer continuar trabalhando para manter a assistência técnica cada vez mais forte”, disse o gerente do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar, Clairto Dal Forno. O prefeito de Chapada, Carlos Catto, também reconheceu o trabalho realizado pela equipe e a importância da assistência técnica para as famílias do meio rural. Uma das atrações da noite foi o Jantar do Peixe, uma forma de valorizar uma matriz produtiva considerada importante para o município e que teve como grande incentivadora as equipes da Emater/RS.

Há 20 anos o evento tem movimentado o setor agropecuário em Pinhalzinho, com público de todo o Sul do Brasil

>> 20º Itaipu Rural Show ocorre neste mês

Marcela Buzatto/Emater/Divulgação

Clairto Dal Forno destacou a trajetória de contribuições da Emater para o setor rural do município

A Cooperativa Regional Itaipu, com matriz em Pinhalzinho, no Oeste catarinense, promove a 20ª edição do Itaipu Rural Show, evento que se tornou a maior feira agropecuária do Estado vizinho, com foco em propriedades rurais de pequeno e médio porte. A programação inicia no dia 24 e segue até o dia 27 deste mês, Centro de Difusão de Tecnologias da Cooperitaipu, localizado às margens da BR-282, no quilômetro 580 da rodovia. O público poderá participar de palestras sobre suinocultura, avicultura, bovinocultura de leite, técnicas de ordenha, pastagens, práticas de silagem, plantas medicinais, cultivares de milho, soja, feijão, plasticultura, entre outros assuntos. A feira também contará com palestrantes de renome nacional. O acesso ao parque novamente será gratuito, com espaço para estacionamento. O parque ainda conta com trilha ecológica e infraestrutura de alimentação, entre outros atrativos.

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www.unipermacultura.com.br

>> Fetag: desafios seguem em 2018 O balanço do ano 2017 para a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS) não foi positivo, segundo o presidente, Carlos Joel da Silva. Ele considera que o ano foi de dificuldades para a agricultura familiar gaúcha, principalmente, pelos custos de produção mais elevados. Para 2018, uma das bandeiras da entidade estará a de melhorar a renda do produtor, bem como retomar políticas públicas. “O setor público está devendo aos agricultores e pecuaristas familiares. Estamos cobrando dos governos que façam sua parte, que é controlar custos e estoques reguladores para equilibrar oferta de produção. Que o agricultor seja remunerado adequadamente e que o consumidor não pague em demasia pelo produto final”, ressaltou o presidente, em dezembro, durante avaliação.

>> Alexandre Guerra é reeleito como presidente do Sindilat O presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat) e diretor da Cooperativa Santa Clara, Alexandre Guerra, foi reeleito como presidente para a gestão 2018/2020. A eleição foi por unanimidade e contou com 51 votos de indústrias que respondem, juntas, por mais de 80% da produção do Rio Grande do Sul. A posse foi realizada em dezembro de 2017.


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>> Famílias concluem programa Propriedade Sustentável

Estão abertas até o dia 20 de janeiro as inscrições para o curso de bioconstrução, por meio da UniPermacultura, com sede na comunidade de Dom José, em Alpestre. O curso é a distância, permitindo que pessoas de todo o Brasil possam participar, segundo a direção da universidade. Os interessados precisam escrever um e-mail para o contato@unipermacultura.com.br. Ou ainda, podem conversar com a equipe pela fanpage no Facebook, deixando mensagem no endereço www.facebook.com/unipermacultura. O curso é destinado para todos aqueles que têm interesse em conhecer técnicas de como construir edificações mais sustentáveis e de baixo custo, inclusive agricultores.

Esporte integrou participantes do encontro, em Erval Seco

O município de Erval Seco promoveu a 11ª edição dos Jogos Rurais Sol a Sol, no início de dezembro, promovidos pela Emater/ RS-Ascar e as comunidades da Caçador e Palmeira, com apoio da prefeitura, no CTG Mate Amargo. Tradicionalmente o evento é reconhecido por promover a integração entre as comunidades rurais através do esporte amador, da recreação, do lazer e da cultura. Nesta edição, dez equipes foram formadas, envolvendo 14 comunidades para disputar 21 modalidades. Na disputa das diferentes modalidades, a equipe que reuniu as comunidades linha Barra, linha Guarita e linha Fátima, conquistou o primeiro lugar. Além das provas culturais aconteceu a escolha da Garota Sol a Sol, com dez candidatas concorrendo ao posto de rainha e princesas. Gabriela Wommer, da comunidade Arco Íris,foi eleita rainha; Rosângela da Silva Pereira, da comunidade Bom Jesus, foi eleita primeira-princesa; e Laura Silveira Bauchspiess representante da Linha Figueira foi eleita segunda-princesa. A próxima edição dos Jogos Rurais Sol a Sol, em 2018, será na linha Figueira.

O Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite), junto com entidades por ele representadas, decidiram no dia 19 de dezembro, por emitir uma nota orientando os produtores a reduzirem a produção leiteira do Rio Grande do Sul em 10%. A decisão vem do fato da atual situação do mercado nacional, que sofreu um desequilíbrio com a entrada abundante do produto do Uruguai, fazendo os preços operarem em baixas, não cobrindo o custo de produção do bovinocultor de leite. "É consenso que a situação está péssima para o setor, tanto para a indústria quanto para o produtor", afirmou o presidente do Conseleite, Alexandre Guerra. A decisão foi tomada concomitante com o anúncio da queda do valor de referência para dezembro. Em novembro, o preço havia reagido minimamente devido à suspensão das importações do leite do Uruguai. Agora, o preço projetado para dezembro é de 0,8369 – 3,83% abaixo do consolidado de novembro (R$ 0,8702). Conforme Guerra, que também preside o Sindicato da Indústria de Laticínios (Sindilat), o resultado reflete o período de festas de fim de ano, quando o consumo de lácteos também enfrenta retração. Porém, em 2017, a queda agrava-se devido à crise generalizada do setor e à decisão do governo de reabrir o mercado para os produtos uruguaios sem haver um sistema de cotas para o leite em pó e para queijos.

>> Astura tem espaço para atender demandas de turismo rural em Alpestre Desde o fim do mês passado, a Associação de Turismo Rural de Alpestre (Astura) conta com um espaço cedido pela prefeitura. A associação, que quer fomentar o setor no município, fica anexa ao Centro de Cultura da cidade. Além disso, também foi oficializado o roteiro rural de Alpestre, que integra quatro propriedades, com o título “Saberes e sabores da roça”. “Alpestre está em um caminho de inovação e de se tornar referência na região, já que é o primeiro a possuir uma sala especial, com atendimento diferenciado para agendamentos e informações de turismo rural”, observa a assistente técnica regional social Dulcenéia Haas Wommer, da Emater/RS.

Debota Theobald

>> Inscrições abertas para curso de bioconstrução

>> Conseleite orienta produtores a diminuírem a produção Marcela Buzatto/Emater/Divulgação

As atividades do programa Propriedade Sustentável, que envolveram 57 famílias de dez munícipios da região do Médio Alto Uruguai, foram encerradas no fim de 2017. O programa Propriedade Sustentável é uma iniciativa da Sicredi Alto Uruguai RS/SC, em parceria com o Sebrae/RS, e tem como objetivo estimular a evolução na propriedade rural, promover transformações que possibilitem seu desenvolvimento continuado, bem como de seus núcleos familiares, com vistas a melhorar os resultados a partir da gestão da propriedade. Ano passado o programa envolveu os municípios de Erval Seco, Seberi, Alpestre, Ametista do Sul, Planalto, Taquaruçu do Sul, Vista Alegre, Palmitinho, Pinheirinho do Vale e Frederico Westphalen. “O programa foi bom para minha família. Estamos crescendo a partir dos conhecimentos que recebemos na parte agropecuária e financeira”, assinala o associado Julio Aimi, de Erval Seco. O Propriedade Sustentável é desenvolvido desde 2013 e já formou quatro turmas, totalizando mais de 110 famílias participantes na região. No formato desenvolvido com o Sebrae, o programa engloba atividades de assessorias e oficinas ao longo de um ano, contemplando conhecimentos práticos e didáticos, desde o auxílio para controlar financeiramente a propriedade até consultorias tecnológicas específicas da atividade de cada produtor.

>> Jogos Rurais Sol a Sol envolvem jovens de Erval Seco

Geral

Espaço fica anexo ao Centro de Cultura da cidade

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Ações que inspiram

Resíduos

Escola cumpre papel de conscientizar Crianças e adolescentes também são envolvidos no trabalho de sensibilização em relação à coleta seletiva do lixo Gracieli Verde

revistanovorural@oaltouruguai.com.br

Novas gerações têm papel importante em manter a adoção de práticas sustentáveis em relação ao lixo

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caso considerado de sucesso na implantação da coleta seletiva de resíduos em Gramado dos Loureiros e arredores está sendo assunto desta série sobre Sustentabilidade atrelada ao destino adequado do lixo. Um das ações que tem dado mais força nesse trabalho é o envolvimento de toda a sociedade nesse processo, independente da idade das pessoas ou se moram na cidade ou no interior. “O envolvimento das escolas é fundamental, porque precisamos garantir que no futuro esse trabalho tenha continuidade”, defende a extensionista da área social do escritório da Emater/RS de Gramado dos Loureiros, Carmen Zanella. Na Escola Municipal João Batista Neto, o diretor Marcelo Stradiotti ressalta que o trabalho iniciado por meio da equipe da Emater/RS, que proporcionou palestras para a comunidade escolar, só tende a melhorar. “O desafio é dar continuidade a esse trabalho e seguir motivando essa postura consciente em relação ao destino do lixo”, comenta o educador. No educandário a equipe dá exemplo. A horta no quintal tem várias composteiras para o lixo orgânico e o trabalho é acompanhado de perto pelos alunos, por mais que a responsabilidade seja da equipe que prepara a alimentação escolar. “A gente cuida bastante para separar o lixo e reutilizar o que pode ser reaproveitado para o adubo”, ressalta a merendeira Ione Batista, que atua na unidade. A primeira composteira da escola foi feita em 2016 e depois outras três foram instaladas.

>> A repercussão entre os alunos A participação dos alunos no trabalho de conscientização em relação ao projeto permite que essas novas gerações desenvolvam um comportamento diferenciado em relação aos resíduos. No campo, a necessidade de se articular para ter a coleta seletiva, especialmente para o lixo seco, é crucial para que qualquer projeto como este funcione, até porque dar o destino correto ao orgânico ali fica mais fácil. – No interior normalmente a gente não tem falta de espaço, então as famílias conseguem organizar melhor as composteiras mais amplas, usando também folhas de árvores para formar as camadas e ‘curtir’ esse lixo que se transforma em adubo – pontua Carmen. Na casa do estudante Tauan Machado, 11 anos, a separação do lixo já é realidade, o que é exposto com orgulho pelo menino. Alessandro Cristófoli, de 12 anos, diz que é importante que escola também esteja engajada nesse trabalho. “Quando a gente visitou o consórcio que recebe o lixo da região,

eu não imaginava que ia tanta coisa misturada” conta, mostrando como as ações do projeto estão impactando as pessoas e influenciando novas posturas. “Lá em casa a gente recolhe até as folhas de árvores que caem no jardim para misturar ao lixo orgânico para virar adubo”, diz, comprovando que além de “fazer o dever de casa”, tem na ponta da língua o que pode ser feito para melhorar a eficiência desse trabalho. Até porque, como diz a aluna Alana Bosa Campigotto, 12 anos, “é fácil fazer essa separação”. No caso da propriedade onde Luiz Henrique Neu Danieli, 12 anos, mora, os pais até adaptaram uma caixa d’água para torná-la uma composteira. É lá onde colocam o resíduo orgânico. “Melhorou muito”, diz o menino. São iniciativas assim que ainda devem influenciar a outras famílias, como a de Júlya Pitol, 14 anos, a reaproveitar na horta, misturado ao solo, tudo o que for casca de frutas ou restos de verduras e legumes.

Gracieli Verde

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SICREDI GRANDE PALMEIRA E S P E C IA L

Sustentab lidade >> Coleta seletiva no interior é essencial

Gerando desenvolvimento e renda para a comunidade Divulgação

Para a agricultora Marinês Seco, que mora na linha Encruzilhada dos Ribeiros, a coleta regular instituída no interior de Gramado dos Loureiros tem sido importante para a manutenção desse trabalho no município. Ela sente na pele como fica mais fácil de organizar a propriedade tendo um destino adequado para o lixo seco. “A gente vê que as propriedades estão mais organizadas, isso melhora a vida das pessoas”, acredita. A família, que produz soja e milho e mantém um plantel de mais de 50 vacas em lactação, já organizou a rotina para deixar tudo no lugar. “Na nossa comunidade a coleta é feita toda a primeira quinta-feira do mês, então a gente já deixa tudo organizado antes para o lixo ser levado”, relata.

>> Conigepu recebe diariamente 30 toneladas de resíduos O Consórcio Intermunicipal de Cooperação e Gestão Pública (Conigepu), que contempla 12 municípios da região, inclusive Gramado dos Loureiros, recebe na sua estrutura 30 toneladas de lixo todos os dias. Esse índice pode ser melhorado, por isso esse trabalho em parceria com a Emater/RS é estratégico. O Conigepu também envolve os municípios de Trindade do Sul, Alpestre, Nonoai, Rio dos índios, Três Palmeiras, Ronda Alta, Constantina, Engenho Velho, Sarandi, Entre Rios do Sul e Novo Xingu, somando uma população de 86 mil habitantes. Lá é feita a triagem, compostagem e aterro sanitário. Na próxima edição, saiba como esse trabalho também inspirou melhorias em outros municípios que integram o consórcio e veja dicas de como organizar melhor o descarte do lixo na sua casa.

E você, como destina o lixo?

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lém de atuar como financiadora do desenvolvimento de novos empreendimentos, no ano de 2017 a cooperativa desenvolveu importantes ações, entre elas o incentivo à suinocultura e à bacia leiteira. Promovendo encontros com agricultores da sua área de atuação, a cooperativa trouxe informações importantes, orientando e incentivando os mesmos. Em evento realizado no mês de julho, em Sagrada Família, a cooperativa apresentou sua nova linha de crédito para fomento da bacia leiteira, onde os recursos podem ser utilizados para investimentos em salas de ordenhas, aquisição de animais, resfriadores, entre outros. Uma linha de crédito fácil, rápida e com recursos próprios para atender toda a demanda do setor, incentivando a produção e promovendo o debate sobre a sucessão rural no meio. Também durante o ano, ocorreram encontros incentivando a suinocultura, com a participação de prefeitos, vereadores, entidades de classe, Emater e produtores rurais de toda a região. A necessidade de organização entre os poderes e o incentivo ao investimento neste setor da

cadeia produtiva foram os principais assuntos em pauta. Após os encontros, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer cases de sucesso e aprender um pouco mais sobre a produção de suínos, através de visitas técnicas realizadas na empresa Adelle, e em propriedades modelo, no município de Seberi. Destes encontros surgiram frutos, e o primeiro crédito liberado para a construção de uma pocilga através da Sicredi Grande Palmeira foi para o município de Sagrada Família, para a associada Eliane Bundchen, tornando-se também a primeira produtora rural da região a ingressar na suinocultura através dos investimentos do Sicredi. Para o presidente da cooperativa, Elvis Roberto Rossetto, “realizamos essas ações com o objetivo de trazer alternativas para os nossos associados. Como instituição financeira cooperativa, repassadora de recursos do crédito rural, o Sicredi tem como objetivo incentivar a atividade agrícola para manter o desenvolvimento da região e fortalecer a parceria com os associados”, complementa.

Divulgação

Refletir e organizar o destino do resíduo da sua propriedade é mais do que deixá-la limpa, é garantir um ambiente saudável para a família. E no seu município, como isso funciona? Você consegue dar um destino adequado para o que precisa ser descartado? Analise e compartilhe conosco a sua opinião sobre esse assunto!

Eliane Bundchen e família, associada do Sicredi de Sagrada Família, teve o primeiro crédito liberado para a construção de uma pocilga

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