REVISTA
Ano 4 - Edição 47 | Julho - Agosto de 2021 | Exemplar R$ 12,00
UMA NOVA FASE PARA O CRÉDITO RURAL Com novo Plano Safra para a temporada 2021/2022, governo sinaliza foco maior na agricultura familiar e abre possibilidade de “plugar” o agronegócio no mercado de capitais. Período é classificado como de transição e produtor precisa aprimorar aspectos gerenciais dos negócios PG 6 E 7 Transporte e armazenamento de sementes exigem atenção PG 17 Custo de produção de suínos aumenta quase 50% em um ano PG 20 E 21
Editorial O ATO DE COMUNICAR PARA O “NOVO AGRONEGÓCIO”
O Gracieli Verde Editora-chefe
“ano-novo” para a agricultura e pecuária brasileira começa com um clima de otimismo e cautela. Otimismo porque os preços de vários dos produtos agrícolas seguem em alta e existe a possibilidade de esses patamares se manterem por mais algum tempo. Simultaneamente, há que pregar cautela tendo em vista que esses patamares são atípicos, naturalmente não são considerados habituais. Esses aspectos ficam claros no conteúdo que repercutimos nesta edição sobre crédito rural e o Plano Safra que está em vigor desde 1º de julho. Além disso, tendo em vista a referência que é para o setor, nos valemos de uma participação do ex-ministro Roberto Rodrigues em uma live promovida pela Sicredi Alto Uruguai, em junho, em que trouxe percepções robustas sobre o que o agronegócio precisa para ampliar a produção e ser ainda mais estratégico diante dos cenários que tendem a surgir, com o aumento populacional mundial e a demanda crescente por alimentos. Como desafios, o ex-ministro reforça que há uma necessidade urgente de deixar claro para a sociedade o nível de sustentabilidade do setor. Para ele, é preciso “andar juntos” rumo a uma produção cada vez mais antenada nas boas práticas focadas na preservação do meio ambiente. E a comunicação do agronegócio para com outros segmentos é essencial neste processo. Para que isso tenha mais efetividade, é fundamental que todo o setor perceba o papel do ato de comunicar neste contexto, que é importante ter uma postura mais propositiva, mais presente, mais simpática e mais próxima das pessoas para construir essa reputação. Essa reputação do “novo agronegócio” – termo usado pelo ex-ministro que tomo a liberdade de reproduzir aqui – depende do quanto quem produz tem capacidade de ficar mais próximo de quem consome, em uma relação de respeito e de empatia. Comunicar é essencial para chegarmos lá. Prova disso vemos em um dos cases desta edição, o jovem Joelson Rech, de Erechim/RS, que tem visto na produção de alimentos de qualidade, produzidos de forma responsável, a fonte de renda para a família e para mantê-lo no campo. São perfis como este que devem fazer a diferença dentro desta realidade, em que o campo e a cidade precisam estar mais próximos e, porque não, unidos.
A comunicação a serviço do agro!
Circulação: Bimestral Fechamento: 12/07/2021 Onde estamos Rua Raul de Miranda e Silva, 206, Bairro Fátima Erechim/RS CEP: 99.709-270
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A revista Novo Rural é uma publicação realizada em parceria com
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do Sul, Oeste de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná.
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O que ex-ministro avalia como essencial: • Reformas na parte logística, gerando mais eficiência e custos mais competitivos • Política de renda mais clara • Ampliação de acordos e mais diplomacia com o comércio internacional • Ter acesso a mais tecnologia, com digitalização e conectividade • Sustentabilidade: focar em 2
| NOVO RURAL
RS
sanidade dos rebanhos e certificações • Organização rural: usar modelos como o cooperativismo • Estar atento ao “novo agronegócio”, que prevê maior integração da área rural com a urbana • Criar novos sistemas integrados de produção e comercialização, trazendo mais eficiência e qualidade
Direção
Alexandre Gazolla Neto
Editora-chefe & Relacionamento
Gracieli Verde
Produção de conteúdo Débora Franke Samuel Agazzi
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Evelise Pandolfo
Capa
Samuel Agazzi
JULHO | AGOSTO 2021
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plano safra A gente coopera, o campo prospera. Os recursos do Plano Safra 2021/2022 já estão disponíveis. Seja para contratar um crédito para sua produção crescer, ou um seguro para proteger seu patrimônio, aqui você conta com a parceria de quem nasceu no campo e está ao lado do produtor há 118 a
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Vigência plena da INC n° 02/2018 a partir de agosto Gracieli Verde
A Instrução Normativa Conjunta trata da obrigatoriedade da rastreabilidade de frutas e hortaliças
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pós 720 dias do estabelecimento da Instrução Normativa Conjunta – INC nº 02/2018, criada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com o intuito de monitorar e controlar os resíduos de defensivos, passa em entrar em vigência plena a adequação à instrução a partir do 1° de agosto. A INC em questão estabelece a obrigatoriedade de adoção de procedimentos de rastreabilidade de frutas e hortaliças ao longo da cadeia produtiva. O procedimento permite identificar todo o caminho percorrido pelas frutas e hortaliças, desde a propriedade em que foram produzidas até sua chegada ao consumidor. Anteriormente contemplando outras variedades, esse último prazo estabelecido pelo Mapa abrange os seguintes grupos e variedades, ao lado.
A rastreabilidade permite conhecer todo o trajeto do produto
RASTREABILIDADE PLENA A PARTIR DE 1° DE AGOSTO GRUPOS Frutas
VARIEDADES Abacate, Abacaxi, Anonáceas, Cacau, Cupuaçu, Kiwi, Maracujá, Melancia, Romã, Açaí, Acerola, Amora, Ameixa, Caju, Carambola, Figo, Framboesa, Marmelo, Nectarina, Nêspera, Pêssego, Pitanga, Pera e Mirtilo Cará, Gengibre, Inhame, Mandioca, Mandioquinha-salsa,
Raízes, tubérculos e bulbos Nabo, Rabanete, Batata yacon
Couve chinesa, Couve-de-bruxelas, Espinafre, Rúcula,
Hortaliças folhosas e ervas Alho-poró, Cebolinha, Coentro, Manjericão, Salsa, Erva-doce, Alecrim, Estragão, Manjerona, Salvia, Hortelã, Orégano, Mosaromáticas tarda, Acelga, Aipo; Aspargos
Hortaliças não folhosas
Berinjela, Chuchu, Jiló, Maxixe, Pimenta, Quiabo
Apesar da pandemia, cooperativas aumentam faturamento
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m 2020, cooperativas que integram o Fórum Regional do Cooperativismo – de abrangência dos municípios das microrregiões do Rio da Várzea e do Médio Alto Uruguai atualizaram a pesquisa anual organizada pela Unidade de Cooperativismo da Emater/RS de Frederico Westphalen. Os dados foram divulgados em julho. As 20 cooperativas participantes geraram 4.972 vagas de trabalho e tiveram um faturamento de R$ 4,9 bilhões. Os resultados são comemorados pela coordenadora da Unidade de Cooperativismo da Emater/ RS-Ascar de Frederico Westphalen (UCP) e responsável pela tabulação dos dados, Marcia Faccin. – Mesmo em 2020, um ano com
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grande retração da economia, as nossas cooperativas continuaram empreendendo e apresentando números positivos, além disso, continuaram abrindo novas unidades. Isso demonstra a grandeza e a preocupação que as cooperativas têm com o desenvolvimento e crescimento das regiões em que estão inseridas – reforça a administradora. A coordenadora também destaca outro diferencial do sistema cooperativo, como a distribuição de sobras aos associados. – Em 2020, nove cooperativas fizeram a distribuição de sobras entre seus associados, fazendo circular mais de R$ 149 milhões na economia local – revela. Em virtude da pandemia e das
ações de combate a covid-19, as cooperativas também viram a necessidade de auxiliar os gestores de hospitais da região. Em 2020, nove instituições destinaram mais de R$ 4,6 milhões para casas de saúde regionais. Em nível de Estado, o relatório Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2021 (ano-base 2020), divulgado pelo Sistema Ocergs-Sescoop/RS, indicou um faturamento recorde das cooperativas na ordem de R$ 52,1 bilhões, com incremento de 6,4% em relação ao período anterior. Durante o ano passado, a confiança dos gaúchos no sistema cooperativo também aumentou. O relatório indicou que o número de associados às 455 cooperativas gaúchas passou de 2,97 milhões para 3,06 milhões em 2020. JULHO | AGOSTO 2021
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Novos rumos para o crédito rural? Especialistas falam sobre Plano Safra 2021/22 e crédito rural. Momento de transição deve gerar uma nova etapa para o agronegócio e exigir um posicionamento mais forte por parte do produtor no quesito gestão das atividades agrícolas Por
Gracieli Verde jornalismo@novorural.com
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radicionalmente o mês de julho marca o início de um “ano-novo” agrícola para o produtor rural. Com isso, passa a vigorar uma nova remessa de recursos disponíveis por meio do Plano Safra 2021/22. Somando os valores para custeio e para investimentos, o Plano Safra 2021/22 tem à disposição para este ciclo o montante de R$ 251,2 bilhões – anunciados no fim de junho pelo governo federal. Este montante representa um aumento de R$ 14,9 bilhões (6,3%) em relação ao Plano anterior. O Tesouro Nacional destinou R$ 13 bilhões para a equalização de juros. Os financiamentos poderão ser contratados a partir de 1º de julho de 2021 a 30 de junho de 2022. Do total, R$ 177,78 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização e R$ 73,4 bilhões serão para investimentos. Os recursos destinados a investimentos tiveram aumento de 29%. Para os agricultores familiares, houve um acréscimo de 19%. Serão destinados R$ 39,34 bilhões para financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com juros de 3% e 4,5%. Desse valor, R$ 21,74 bilhões são para custeio e comercialização e R$ R$ 17,6 bilhões para investimentos. Entre as novidades do Plano Safra deste ano está o fortalecimento do Pronaf Bioeconomia, com a inclusão de financiamento para Sistemas Agroflorestais, construção de unidades de produção de bioinsumos e biofertilizantes e projetos de turismo rural que agreguem valor a produtos e serviços da sociobiodiversidade. Para o médio produtor, no âmbito do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), foram disponibilizados R$ 34 bilhões, um aumento de 3% em relação à safra 6
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passada. São R$ 29,18 bilhões para custeio e comercialização e R$ 4,88 bilhões para investimento, com juros de até 6,5% ao ano.
Um novo momento para o agro Entender o tamanho do agronegócio e avaliar com mais clareza a quantidade de recursos necessária para que o setor possa financiar suas atividades em custeio e investimentos tem sido o desafio para lideranças do setor, em conjunto com o governo federal. O economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, acredita que este é um passo maduro e realista necessário para o agronegócio rumo a mais acesso a recursos. – Um recado muito claro que fica deste Plano Safra atual é que estamos em uma transição e que não é de hoje. Estamos caminhando para um sistema de crédito em que temos a participação menor do governo e maior do mercado de capitais. Quem não perceber isso pode ter mais dificuldade lá na frente, tanto o produtor, que precisa comprar, quanto as empresas que precisam vender – esclarece. O motivo que mais influencia esta mudança é que o agronegócio cresce a taxas muito superiores se comparado à economia brasileira. Com isso, o crédito não consegue ser mantido pelo governo. – Esse sistema funcionava bem nos anos 1990, quando foi criado, e até dez anos atrás, porque era enorme para o tamanho do agro. Mas, hoje, isso está ficando pequeno para o agronegócio – avalia o economista, explicando que não foi necessariamente o plano que “encolheu”, e sim o agro que cresceu. Isso desperta a tendência de o agro plugar-se ao mercado de capitais, por exemplo, que é infinitamente maior em termos de recursos disponíveis. É justamente o objetivo da nova Lei do Agro, que auxiliará nesta conexão. O agronegócio precisa se financiar com outras fontes, por isso existe este movimento. JULHO | AGOSTO 2021
– Na prática, isso deixa um recado para as empresas do agronegócio de forma geral: quem não se organizar para participar do mercado de capitais terá dificuldades, porque os produtores não vão tomar crédito apenas nos bancos, mas nas próprias empresas vendedoras. Já os produtores precisam ter muito organizado o lado gerencial do negócio, para que o mercado de capitais possa avaliar com mais precisão os riscos de cada pessoa que toma crédito. Do contrário, também terão dificuldades – alerta Da Luz. Isso porque no modelo existente, com acesso aos recursos por meio dos bancos, essas instituições financeiras já têm um sistema organizado e onde o produtor já opera suas finanças. Mas, para o mercado de capitais é preciso “ter a casa em dia” com informações de contabilidade e faturamento ainda mais atualizadas e comprovadas. Nesse sentido, o recado é para toda a cadeia que gira em torno do agronegócio.
– O crédito rural precisa ser de interesse de toda a cadeia, porque não é importante apenas para quem compra, mas também para quem vende. Diz respeito a todos que se relacionam de alguma forma com o produtor e com os recursos usados no setor – pontua o economista-chefe da Farsul.
O QUE PRECISA ESTAR NO RADAR DO PRODUTOR? - É fundamental ter melhor gestão dos negócios. É preciso “ser bom” e “demonstrar” o quanto, principalmente produtores de médio e grande porte, para o acesso ao mercado de capitais - Chegou a hora em que a dificuldade do produtor não é necessariamente gerar mais produtividade, mas executar o gerenciamento da propriedade como um todo
O olhar voltado à agricultura familiar
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presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Carlos Joel da Silva, considera positivo este novo ano-agrícola para a agricultura familiar, considerando os recursos disponibilizados via Plano Safra. Usando as palavras do presidente, “os R$ 39,34 milhões ficaram muito próximos dos R$ 40 milhões pedidos pela entidade ao Mapa”. Ele reforça que é o maior plano-safra da história para agricultura familiar. – É claro que precisamos ter cautela olhando o cenário, porque houve aumento de 12% no custeio agrícola e, se fizermos um comparativo com o plano-safra passado, não vamos estar financiando a mesma área, porque o custo subiu mais de 12%. Tudo teve reajuste maior de 12% – pontua, acrescentando que mesmo que as taxas de juro sofreram aumento, isso não deve inibir o produtor a acessar o crédito, apesar de também impactar no custo de produção. A Fetag/RS também defende que haja uma política agrícola para um período maior, e não apenas para o ano agrícola, para que o produtor tenha mais segurança. Tendo em vista que a tendência é que o custo de produção siga em alta para a próxima safra, Silva recomenda cuidado para os investimentos e controle nos custos.
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– O ano bom é o ano em que o produtor precisa ter mais cuidado com os investimentos. Estamos em um momento atípico economicamente falando. É hora de o produtor investir na produção, mas com cautela. Temos a oportunidade de preços bons, mas tem que olhar para as próximas safras que vierem precisam ser bem planejadas. Além disso, o produtor precisa entender mais de comercialização, porque muitos perderam por causa de contratos com vendas antecipadas – exemplifica.
O estímulo à bioeconomia e outros aspectos que se destacam O economista e professor Nilson da Costa, da UFSM – Campus de Palmeira das Missões, vê como positivo o Pronaf Bioeconomia, que prevê estímulos a sistemas agroflorestais, para produção de bioinsumos, bem como o incentivo ao turismo rural. – Outro destaque é o aumento da renda bruta para o Pronaf, uma renda de até R$ 500 mil por ano. Da mesma forma, a ampliação de recursos para agricultura de baixo carbono é uma boa notícia, principalmente no momento em que o mundo cobra o Brasil, nós avançamos nessa pauta – lista o docente. JULHO | AGOSTO 2021
Agricultura
Ruraltek amplia capacidade para teste de germinação em areia
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Fotos: José Carlos Schmitt Camara/Ruraltek/Divulgação
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busca por um alto padrão de qualidade nas sementes exige uma série de testes preconizados pela pesquisa e que, na prática, comprovam as características ideais para garantir vigor e germinação a campo. Isso faz parte da evolução do agronegócio no que se refere ao uso de tecnologias na lavoura, de modo que gere mais produtividade ao fim de cada ciclo. Quando se fala em qualidade de sementes, um dos testes que tem se difundido muito nas últimas safras é o de germinação em areia, se mostrando como uma ferramenta bastante eficiente no controle de qualidade. – Além de ser recomendado pelas Regras para Análise de Sementes, este teste minimiza a interferência de fungos, principalmente aqueles aderidos no tegumento das sementes, diminuindo os re-testes nos laboratórios de análises de sementes. É possível visualizar o desenvolvimento do sistema radicular das plântulas e danos nos cotilédones – explica a engenheira-agrônoma Ivete Schwantes, que também é mestre em Patologia de Sementes. Esta crescente busca por mais informações dos lotes de sementes tem feito com que esta demanda cresça na Ruraltek, empresa mantida pela agrônoma e que há 30 anos presta serviço neste segmento, inclusive se tornando Entidade Certificadora de Sementes em 2018, atendendo as normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ivete ressalta que o teste de germinação em areia pode ser feito em qualquer etapa após o beneficiamento das sementes, sendo uma opção para lotes antes e após o tratamento industrial. “Por isso, temos trabalhado para aumentar a capacidade da sala de germinação, com constantes investimentos neste setor”, pontua a empresária. Profissionais que pesquisam e estudam constantemente o segmento de sementes também recomendam este tipo de análise, dentre outras existentes no mercado. O professor
Alexandre Gazolla, doutor em Produção de Sementes, preconiza que a germinação em areia se reforça como uma importante etapa na avaliação dos lotes, bem como para vários manejos relacionados às sementes escolhidas para o cultivo. – É algo que traz clareza para análise dos lotes e permite que possamos ver com mais detalhes tanto a parte aérea como as raízes das plantas. É uma análise oficial e dá muito mais segurança nessas avaliações dos lotes. Sem dúvida, este é o teste que mais temos recomendado atualmente – ressalta Gazolla.
A Ruraltek tem sede em Palmeira das Missões/RS e você conhecer mais sobre a empresa em www.ruraltek.com.br
JULHO | AGOSTO 2021
Agricultura
Vazio sanitário da soja passa a valer a partir da safra 2022/23 Para a temporada 2021/2022, produtor já precisará seguir um calendário de semeadura com uma janela de 110 dias. Este será divulgado até 31 de julho Gracieli Verde jornalismo@novorural.com
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om a Portaria nº 306/2021, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabeleceu novas medidas para controle e prevenção da ferrugem asiática em nível nacional. Com isso, passa a ser obrigatório o vazio sanitário para a cultura da soja a partir de 2022. Mas, neste ano, o produtor já vai precisar se adaptar a um calendário específico, que será divulgado ainda em julho. O chefe da Divisão de Defesa Vegetal da Secretaria de Agricultura do Estado, Ricardo Augusto Felicetti, explica que o calendário de semeadura terá uma janela de 110 dias para a execução desta etapa. Já o vazio sanitário prevê 90 dias em que não pode haver soja (nem mesmo plantas espontâneas) nas lavouras. No Rio Grande do Sul, as entidades representativas do setor estão participando desse processo por meio da Câmara Setorial da Soja. – Entendemos que é uma medida para preservar a cultura da soja, tendo em vista a resistência dos fungos que causam a ferrugem. Em 2019, entretanto, ainda na Expodireto Co-
trijal, o setor acordou que haveria um calendário de semeadura. Mas, para regrar todos os Estados, teve essa intervenção do Ministério da Agricultura, retomando a discussão neste ano. Agora estamos avançando rumo à definição do calendário de semeadura – explica Felicetti, lembrando que esse debate também teve marcos em 2007 e 2009. Sobre o calendário de semeadura para a próxima safra, o prazo para ser divulgado pela Divisão de Defesa Vegetal é até 31 de julho. Já o período de vazio sanitário deve ser informado em 2022, para o ano agrícola 2022/23. Para isso, as entidades também opinam para estabelecer o período considerado mais próximo do ideal aos variados perfis de sistemas de produção, considerando também o Zoneamento Agroclimático. A preocupação é com a operacionalização de outras culturas, como o milho, que precisa ser incentivado no Estado em função das cadeias produtivas de carnes. Os cronogramas serão atualizados a cada ano, podendo sofrer alterações conforme condições climáticas ou outras situações pontuais. – É importante que o produtor compreenda e adapte o seu manejo a essa medida para preservar a cultura da soja. Os melhores princípios ati-
Durante o vazio sanitário não pode haver soja cultivada ou tiguera em nenhuma área agrícola
vos existentes no mercado têm 80% de eficiência no controle, sendo que agronomicamente o que se preconiza seria de 92% para mais – pontua o agrônomo.
Gracieli Verde
Por
Agricultura MERCADO DA SOJA Por
Luiz Fernando Gutierrez Roque luiz.gutierrez@safras.com.br Economista e analista de mercado da consultoria Safras & Mercados
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USDA impulsiona preços, mas junho encerra com cotações mais baixas no Brasil
O
s relatórios de área plantada e de estoques trimestrais de soja dos EUA, divulgados no dia 30 de junho pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, impulsionaram os contratos futuros em Chicago na última sessão do semestre, movimento que naturalmente foi acompanhado pelos preços domésticos. A movimentação interna também ganhou ritmo. Este impulso registrado após o relatório diminuiu as perdas acumuladas ao longo de junho no mercado brasileiro. Com muita volatilidade de Chicago e com o recuo do dólar, o mês foi marcado por um ritmo arrastado nas negociações. A saca de 60 quilos no Porto de Paranaguá subiu de R$ 151,00 para R$ 165,00 entre os dias 25 de junho e 2 de julho. Mas, no início do mês, a cotação era de R$ 173,00. Em Rio Grande, o comportamento foi semelhante, com a saca iniciando junho em R$ 173. Na última semana do mês, o preço se recuperou parcialmente, passando de R$ 148,00 para R$ 164,50. Em Passo Fundo, a saca iniciou o mês cotada a R$ 170,00. Entre os dias 25 de junho e 2 de julho a saca passou de R$ 144,00 para R$ 159,50. Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), o contrato com entrega em novembro, o mais negociado, subiu 10,18% no período, fechando a sexta-feira (30 de junho) a US$ 13,99 por bushel. No mês, a posição subiu 1,91% e no semestre, a alta foi de 25,83%.
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O bom desempenho de Chicago no mês foi definido pelo desempenho da última semana, principalmente com a forte valorização ocorrida após a divulgação dos números do USDA, que indicou área e estoques abaixo do esperado. O mês teve altos e baixos, típico do período do mercado de clima. Além das projeções climáticas, o fluxo do dinheiro de fundos, dúvidas sobre o uso de biocombustíveis e preocupações com a estratégia chinesa para combater a alta das commodities mereceram atenção e mexeram com força nos preços. O USDA indicou que a área plantada com soja nos Estados Unidos em 2021 deverá totalizar 87,6 milhões de acres. Se confirmada, a área ficará 5% acima do total cultivado no ano passado. Apesar do aumento anual, o número surpreendeu e ficou bem abaixo da expectativa, que era de uma área de 89,15 milhões de acres. O número repete a estimativa do relatório de intenção de plantio, divulgado em março pelo USDA, fato extremamente incomum. Na comparação com o ano passado, a área deverá ser igual ou maior em 28 dos 29 estados produtores do país. O mercado entendia que o bom ritmo registrado nos trabalhos de plantio aliado à recuperação de patamares mais elevados em Chicago em 2021 incentivaria os produtores a avançarem ainda mais com áreas de soja na nova safra. Mas, segundo o USDA, tal expectativa não deve se confirmar. Os estoques trimestrais de soja em grão dos Estados Unidos, na posição 1º de junho, totalizaram 20,87 milhões de toneladas. O volume estocado recuou 44% na comparação com igual período de 2020. O número
também ficou abaixo da expectativa do mercado, que era de um estoque de 21,63 milhões de toneladas. O recuo nos estoques trimestrais abre a possibilidade de o USDA reduzir sua estimativa para os estoques finais norte-americanos da temporada 2020/21 já no seu próximo relatório de oferta e demanda. Após a divulgação destes últimos relatórios, Chicago ganhou muita força, fechando com valorizações superiores a 7% na maioria das posições. O câmbio também mereceu destaque para a composição dos preços internos neste mês de junho. No mês passado, a moeda americana caiu de R$ 5,223 para R$ 4,972, acumulando uma perda de 4,8%. É importante destacar que a moeda norte-americana não fechava abaixo do patamar de R$ 5,00 desde junho de 2020. No semestre, a moeda americana perdeu 9,2%. Este comportamento também pesou sobre as cotações da oleaginosa e tirou ritmo dos negócios no Brasil. Até a colheita norte-americana, que começa no mês de setembro, o mercado manterá as atenções centralizadas no clima para o desenvolvimento da nova safra. Lembramos que as condições das lavouras de soja dos EUA registram o pior início de desenvolvimento desde 2012. Embora ainda seja cedo para quaisquer definições sobre a produção, o panorama atual traz grandes preocupações para alguns estados produtores importantes, como a Dakota do Norte, Dakota do Sul, Minnesota e Iowa. Se o clima não for positivo nos meses de julho e agosto, poderemos ver perdas produtivas importantes na safra norte-americana, fato que pode levar Chicago a testar patamares ainda mais elevados no segundo semestre. JULHO | AGOSTO 2021
Samuel Agazzi
Mais soja e cotações nas alturas
Coredes Rio da Várzea e Médio Alto Uruguai registraram acréscimo de mais de 400 mil toneladas em comparação com 2020
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os municípios do Médio Alto Uruguai e do Rio da Várzea foi produzida cerca de 1,5 milhão de toneladas de soja na safra 2020/2021, um acréscimo de mais de 400 mil toneladas em comparação com a temporada anterior. Os dados são do Escritório Regional da Emater/Ascar de Frederico Westphalen – responsável por 42 municípios nestas duas microrregiões. A regional contabilizou também a produtividade média: cada hectare plantado produziu 60,6 sacas do grão. Neste aspecto, se destacaram os municípios de Barra Funda, Novo Barreiro e Sarandi, todos contando com uma produtividade superior a 70 sacas por hectare.
de mais de 327% em 11 anos. A Emater/Ascar registrou também a precificação através do dólar. Cada saca de soja, custou, na moeda americana, cerca de US$ 28,2, um aumento percentual de 39% em comparação com o que foi pago ao produtor em 2020. Historicamente, a atual média de preço significa um acréscimo
RANKING DE PRODUTIVIDADE
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Cotações A cotação histórica da soja também foi percebida pela Emater/Ascar. Nos municípios abrangidos pela regional, a média da saca de soja foi de cerca de R$ 157. Em analogia com o ano de 2020, quando os produtores receberam por saca R$ 107,3, a atual cotação significa um aumento de mais de 46%. Em comparação à cotação de 2010, onde era pago R$ 36, 7 à saca, o preço da soja registrou uma elevação em reais 11 | NOVO RURAL
de 33% em analogia à 2010, ano em que cada produtor recebeu, em média, US$ 21,07 à saca. A área total plantada também chegou a nova marca histórica. Mesmo com o pequeno acréscimo de 0,4% na área ante 2020, a região plantou mais de 418,7 mil hectares de soja na última safra.
Barra Funda 70,2 sc/ha
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Ronda Alta 63,3 sc/ha
Novo Barreiro 70 sc/ha
Seberi 63,3 sc/ha
Sarandi 70 sc/ha
Três Palmeiras 63,3 sc/ha
3
Boa Vista das Missões 68,3 sc/ha
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Palmeira das Missões 66,6 sc/ha
5
Engenho Velho 65 sc/ha
Gramado dos Loureiros 60 sc/ha Nonoai 60 sc/ha Novo Tiradentes 60 sc/ha
7
Lajeado Do Bugre 60,3 sc/ha
Rio dos Índios 60 sc/ha
8
Chapada 60 sc/ha
Rondinha 60 sc/ha
Constantina 60 sc/ha
Sagrada Família 60 sc/ha
Dois Irmãos das Missões 60 sc/ha
São José das Missões 60 sc/ha
JULHO | AGOSTO 2021
Como as boas práticas de plantio podem ser estratégicas para produzir mais Conversamos com especialistas para trazer informações sobre a importância do manejo do solo para executar bem a semeadura, inclusive para a cultura do milho
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m dos principais fundamentos do manejo do solo é manter a cobertura dele em dia. Para trazer novidades sobre o manejo de plantas de cobertura e outros aspectos relacionados à manutenção de nutrientes no solo, o projeto Boas Práticas de Plantio ouviu o professor Dr. Telmo Amado, da Universidade Federal de Santa Maria, uma das referências internacionais neste assunto.
Selecionamos algumas orientações do professor Telmo que podem ser importantes para você, produtor, reavaliar os manejos utilizados na sua propriedade rural.
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Estudos norte-americanos estão avaliando mais a fundo os benefícios do nabo forrageiro para o solo. Além da melhoria nos atributos químicos, físicos ou biológicos do solo, mas quando cultivado antes do trigo auxilia na redução de ataques de nematóides. Por ser uma planta rica em água, quando feito o chamado “plantio verde”, essa água da fitomassa auxilia no processo de emergência das plantas. Toda a biota do solo é beneficiada por essa composição química.
2 Por mais que o nabo seja uma planta bastante conhecida do pro-
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dutor rural, o que é importante é ajustar essas combinações das plantas de cobertura para obter resultados ainda melhores. É este encaixe dos sinergismos entre elas que fazem a diferença. Tem-se visto que o nabo pode gerar 10% de incremento na produtividade do trigo, conforme estudos da Embrapa. Também é um excelente ciclador de nitrogênio e enxofre.
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O uso dos policultivos também tem se destacado nos últimos dois anos e tem melhorado a biota do solo, com espécies que são complementares entre si. Para aqueles produtores que usam o inverno como período de revitalização do solo, esta é umas das melhores estratégias para recuperar o solo em um curto espaço de tempo. Quanto maior o número de espécies, melhor o resultado.
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Divulgação
Como aplicar as boas práticas na semeadura do milho?
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s boas práticas de plantio também podem “jogar” a favor da cultura do milho. Para um bom estabelecimento é necessário primeiramente uma alta qualidade das sementes e, em segundo, um plantio bem feito, visando sempre um bom estabelecimento das lavouras. Separamos algumas orientações do professor Alexandre Gazolla, doutor em Produção de Sementes, especial para o projeto Boas Práticas de Plantio:
1 Assista ao conteúdo em vídeo acessando o QR Code. Compartilhe com os amigos produtores rurais que podem ter interesse no assunto!
Para o estabelecimento das lavouras de milho ocorrer de maneira correta é importante considerar a velocidade do plantio. Uma velocidade reduzida significa maior precisão na distribuição da semente, tanto horizontal como vertical, fazendo com que todas as unidades de produção estejam expostas às mesmas condições de aeração, umidade e temperatura do solo. A distribuição uniforme da semente infere na limitação ou não da planta. O excesso ou falta de profundidade expõe a semente a situações adversas e isso, consequentemente, gera uma planta limitada e baixa produtividade.
2 O produtor deve considerar também as questões de leitura de ambiente de produção que, naturalmente, será seu ambiente de plantio em que cada semente estará inserida em um microambiente. Sendo assim, esse ambiente se constrói ao longo dos anos, com um trabalho contínuo de safra após safra melhorando o
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solo, os micronutrientes, a disponibilidade de água e de aeração.
3 Também é preciso estar atento à temperatura do ambiente e do solo. A semente de milho germina melhor em uma temperatura acima de 20°C. Dessa forma, essa temperatura deve ser registrada a 4 cm do solo, profundidade recomendável para a cultura. Caso a temperatura esteja abaixo do recomendado, pode ocorrer um atraso na germinação e até mesmo uma limitação na planta, que poderá ficar atrasada em relação às demais.
4 Além disso, em caso de chuva, é preciso respeitar uma janela 24 horas posteriores para iniciar o plantio, ou assegurar uma janela de 24 horas sem chuva após o plantio para evitar o dano por embebição ou por excesso de umidade.
5 Caso o produtor realize o tratamento de sementes em casa, deve ter cuidado, visto que a semente de milho é suscetível ao dano mecânico ou ao excesso de produto. Por isso, o ideal é que se compre a semente já tratada industrialmente, garantindo melhor distribuição de ativos e calda em cada unidade de produção, consequentemente evitando dano por fitotoxidade – causado pelo excesso do produto – ou até mesmo a ausência do produto.
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Agricultura
CoopSalzano opera oficialmente e assume transações do fair trade
O
município de Liberato Salzano, um dos principais polos citricultores do Rio Grande do Sul, deu mais um passo positivo para melhor posicionamento no mercado de citros. Após dois anos de tratativas junto aos órgãos regulamentadores, a CoopSalzano agora também inicia as atividades no mercado Fair Trade (comércio justo), coordenando as atividades comerciais. Os últimos processos legais foram oficializados neste mês de junho. A cooperativa surge como uma forma de modernizar e facilitar trâmites mercantis com os clientes da Associação de Citricultores do município, que antes operacionalizava este mercado. O presidente da associação, o citricultor Leandro Rubini, conta que,
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com isso, a ideia é intensificar o incentivo à produção de laranja orgânica. O objetivo é chegar a 40 produtores orgânicos certificados até 2023. Atualmente, o município possui oito produtores regularizados, totalizando 200 hectares, 100 destes em produção no momento. – Hoje existem muitas opções de insumos e materiais focados para a produção orgânica. Os produtores não terão mais trabalho por aderir a esse modo produtivo, mas terão vantagens financeiras e de qualidade de vida – destaca. Rubini reforça que o mercado Fair Trade possui requisitos que precisam ser fielmente seguidos, como a transparência e corresponsabilidade na gestão da cadeia produtiva e comercial, o respeito pelo meio am-
biente, entre outros. – Se o produtor se adequar às regras, o mercado paga um preço mínimo na tonelada do produto. No ano de 2019, por exemplo, quando o preço estava mais abaixo, nós tivemos o valor médio final de 58% superior ao mercado convencional – salienta. A partir de agora, as negociações e comercializações são feitas através da cooperativa. Os associados, migraram, majoritariamente, da associação para a cooperativa. Além disso, a CoopSalzano está possibilitando a inclusão de novos cooperados da região, além de ter aberto conversas com municípios como Aratiba, Erechim e Mariano Moro para atender o Assista através interesse de associação através das deste código: frutas orgânicas – algo bastante almejado em anos anteriores. JULHO | AGOSTO 2021
Agricultura Gracieli Verde
Inverno aquecido para a cultura do trigo
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o embalo das altas nos preços dos grãos, a estimativa revelada pela Emater-RS/ Ascar é que o trigo preencha mais de 1 milhão de hectares nesta safra, sendo a maior marca em 11 anos. O incremento na área total do trigo não é em vão, de acordo com o diretor técnico da Emater/RS, Alencar Rugieri. – Viemos de uma boa safra de verão e, apesar dos preços remunerativos atraentes, a atividade agrícola não pode ser analisada de modo isolado. Assim, os produtores que aderem ao tripé produtivo da gestão, profissionalismo e planejamento trabalham seguindo os preceitos deste sistema de produção e, consequentemente, há o incremento da área cultivada – frisa Rugieri. A expectativa da Emater é que desta área – 13% superior à da safra
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anterior –, sejam produzidas cerca de 2,9 milhões de toneladas, um número 37% superior ao ano passado. Para atingir esta produção, a entidade estima uma produtividade média de 2,6 mil kg/ha, isto é, cerca de 43 sc/ha. A safra de inverno e do trigo, em especial, tem ganhado mais importância também para a pecuária, tendo em vista o aumento do preço de outros produtos agrícolas que são base para a fabricação de rações. – Agora, com nosso Estado sendo certificado como zona livre de febre aftosa sem vacinação, a tendência é de aumento na exportação da carne e, logo, um fortalecimento da pecuária. E, para isso, a demanda por alimento para estes animais será ainda maior – destaca o chefe de gabinete da Secretaria de Agricultura do Estado, Erli Teixeira.
Em outros Estados do Sul Em Santa Catarina, na safra 2021/22, a Secretaria Estadual de Agricultura espera um incremento de 38% na área de cultivo de trigo. A meta inicial era aumentar em 20 mil hectares a área plantada com cereais de inverno em Santa Catarina, e os resultados já superam todas as expectativas, com ampliação de 26,5 mil hectares somando trigo e aveia. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral) do Estado prevê o cultivo de 1,170 milhão de hectares. Isso é 4% maior frente aos 1,125 milhão de hectares cultivados em 2020. BOAS PRÁTICAS DE PLANTIO - Você quer saber mais sobre este tema? Acesse este código e assista a um conteúdo especial sobre manejo de semeadura de trigo. Mesmo que já tenha semeado a sua área para esta safra, fica o conhecimento para o próximo ciclo. JULHO | AGOSTO 2021
BOLETIM TÉCNICO
Transporte e armazenamento de sementes exigem uma série de cuidados Divulgação
Por
Alexandre Gazolla, doutor em Produção e Tecnologia de Sementes agazolla@novorural.com
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e antemão, é primordial compreender a semente como um ser vivo que tem um metabolismo ativo, que reage em função da temperatura do ambiente e da umidade relativa. Tomando como base a cultura da soja, principal expoente econômico da última safra, quando se trata do armazenamento da semente – também entendida como uma unidade de produção –, o cenário ideal é que seja mantida em um local onde a temperatura ambiente seja inferior a 25°C. Ainda, quanto menor esta temperatura, melhor. Os desafios logísticos são grandes para manter a qualidade fisiológica dos lotes de sementes ao longo do processo logístico, principalmente quando o transporte ocorre entre regiões com temperatura e umidade relativa distintas. Neste cenário, um grande aliado é uma logística rápida e precisa, construída com o objetivo de proporcionar aos lotes de sementes um armazenamento temporário eficaz, ágil e preciso. Em uma visão moderna do armazenamento, recomenda-se como ferramenta auxiliar ao processo logístico a estruturação em pontos estratégicos de centros de distribuição de sementes com ambiente climatizado. Esses centros devem estar localizados em regiões estratégicas e devem ser utilizados como um eixo de ligação entre o produtor de sementes, o distribuidor e o agricultor. Quando o controle da temperatura é desconsiderado e a semente, que anteriormente estava em uma câmara refrigerada, é exposta a um clima mais quente, a semente ativa seu metabolismo e degrada suas reservas, o que compromete o vigor. O recomendável é manter a semente em condições climáticas entre 12°C a 17°C durante o armazenamento, favorecendo a manutenção da qualidade fisiológica que foi construída ao longo do ciclo de
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Locais adequados para armazenar o estoque são fundamentais para manter a sanidade dos lotes
produção pelo produtor de sementes. Outro aspecto que o produtor deve se atentar é a umidade relativa, em que o ideal é que fique abaixo de 70%, mas superior a 55%. Quando armazenada a baixa umidade, ocorre a perda de umidade na semente, expondo-a ao dano por embebição no campo. Os lotes de sementes com baixa porcentagem de umidade no momento da semeadura, exigem maior atenção às boas práticas de plantio, visando proporcionar um ambiente, reduzindo o risco de dano por embebição com alta disponibilidade de água no solo nas primeira 24 horas, podendo levar as unidades de produção à morte ou a limitação. Também é fundamental prestar atenção na ambientação da semente. Dados preliminares coletados nos últimos três anos apontam que o melhor procedimento é elevar a temperatura da câmara a 17°C nos dias anteriores à expedição para a lavoura, diminuindo o máximo a variação da tempera-
tura entre a câmara-fria e o campo. Para o transporte de sementes é recomendado a impermeabilização da carga, reduzindo riscos de entrada de água em decorrência de uma precipitação pluviométrica. Além disso, a saída do caminhão deve ocorrer logo após o término do carregamento, priorizando a descarga no cliente final. Esses cuidados com transporte e armazenamento farão com que a semente mantenha a qualidade, com altos índices de vigor e germinação construídos durante todo o ciclo produtivo. Outros aspectos que devemos considerar durante o armazenamento, é sempre utilizar estrado de madeira embaixo das embalagens, restringindo a troca brusca de temperatura entre piso de concreto ou terra com as sementes. Neste ambiente devemos priorizar o controle de animais, pragas e doenças, uma ventilação adequada, ausência de luz direta e indireta e evitar armazenar outros insumos junto aos lotes de sementes. JULHO | AGOSTO 2021
Agricultura Gracieli Verde
Célio Michalski e a família comercializam de 15 mil e 18 mil pés de alface por mês
Família Michalski: uma história de vida conectada à horticultura
É
de conhecimento geral – e possivelmente reforçado por todas as mães – que o consumo diário de hortaliças é extremamente benéfico para a saúde. Elas são importantes fontes de vitaminas, sais minerais, fibras e antioxidantes. Para ela chegar até a mesa dos brasileiros, é preciso de produtores como a família Michalski. Há 42 anos os Michalski migraram seu sistema produtivo da avicultura para a horta. A mudança significou, também, um passo para o sucesso. Passado esse tempo, na mesma área em que começaram, a família possui 5 hectares destinados à horticultura. Entre mudas de alface e tomates está Célio, proprietário da terra localizada no bairro Agrícola, em Erechim, que há 15 anos coordena a atividade. Dos 5 hectares voltados à horticultura, 3,5 estão em estufas, cobertos e protegidos das oscilações do tempo e do clima. O restante da horta está
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a céu aberto. – Estamos expandindo a área coberta porque hoje, sem cobertura, fica difícil produzir – revela Célio. E desta horta saem alface, temperos verdes, radicci, rúcula, couve-manteiga e, em determinadas épocas, tomate e repolho. A produção em escala tem uma explicação. A família Michalski destina suas hortaliças para suprir a demanda da maior rede de mercados de Erechim, além de outros estabelecimentos de menor porte. Em tempos habituais, mensalmente saem da propriedade entre 15 mil e 18 mil pés de alface, por exemplo. – Os pedidos são feitos diariamente e os mercados cobram qualidade. Nossa meta é sempre entregar um bom produto – destaca. Devido ao ciclo da alface – principal produto da horta dos Michalski, o inverno normalmente representa um momento de queda nas vendas. – No verão a alface corresponde
a 80% das vendas da nossa horta, já no inverno há uma queda de 30% – conta. Para tentar reduzir o impacto da estação sobre a rentabilidade da família, Célio revela que está planejando investir em outros sistemas de produção, como a hidroponia. Utilizando uma solução nutritiva para fornecer os minerais necessários para o crescimento das plantas sem a utilização do solo, a técnica é uma opção para se diferenciar no ciclo de produção. – É uma opção diferente para o consumidor e um ganho a mais para nós – diz, de olho na gestão do empreendimento. A família dá conta de todo o processo produtivo, desde a produção, até classificação e a expedição dos produtos. Para isso, Célio tem a ajuda da esposa Leandra, do filho João Vitor e da mãe Lídia. Quando necessário, são contratados diaristas para auxiliarem na rotina. JULHO | AGOSTO 2021
Negócios
Sicredi fortalece o compromisso com a agricultura familiar no RS
Oferecimento:
Sicredi/Divulgação
Atuação do sistema junto à agricultura familiar e em toda a cadeia produtiva do agronegócio fomenta o desenvolvimento econômico nos locais que a Cooperativa está inserida
A
o longo de sua história, o Sicredi vem reforçando cada vez mais a sua atuação no desenvolvimento econômico e social por meio do crédito rural. Atualmente, a instituição está entre as que mais concede crédito para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) no Brasil, segundo dados publicados pelo BNDES. Apenas no Rio Grande do Sul, a atuação do Sicredi impactou mais de 51 mil famílias por meio do Pronaf, o que corresponde a mais de 70% das operações de crédito rural liberadas pela instituição em todo o Estado em 2020, representando um volume de R$ 3,3 bilhões movimentados. A proximidade da Cooperativa tem proporcionado soluções mais assertivas que se adequam a real necessidade do associado. – A proximidade do Sicredi com o associado permite entender suas necessidades e como atendê-las da melhor maneira possível, oferecendo as soluções mais adequadas para cada realidade. A oferta de crédito para agricultores familiares representa um impulso ao desenvolvimento sustentável das economias locais e à geração de renda e emprego nas regiões onde o Sicredi está presente – destaca o vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port. Os impactos positivos da atuação do Sicredi podem ser visualizados em Sagrada Família/RS, na propriedade da família Sartori. Mário e a esposa Loriema se dedicam à atividade agrícola há quase 50 anos e, desde 2012, os filhos Cleomar e Maico são os responsáveis pela continuidade das culturas trabalhadas na propriedade. Com o crédito concedido pela Cooperativa, os produtores vêm prosperando a cada ano. Atualmente, a propriedade da família é dedicada para uma produção 19 | NOVO RURAL
diversificada. São produzidos grãos de milho, trigo, aveia e soja em cerca de 200 hectares. Além disso, também trabalham com a pecuária leiteira, possuindo um plantel de 25 vacas em lactação. Para a família, o Plano Safra foi fundamental no crescimento em outras culturas. “Além dos recursos subsidiados para o plantio, os valores nos trouxeram segurança e tranquilidade para investir de forma mais assertiva, assim podendo desenvolver várias culturas”, comenta Cleomar. Para o patriarca, o agronegócio tem um papel fundamental no desenvolvimento, não somente da economia local, mas em todo o país e “para a produção dos alimentos que todos os dias chegam à mesa dos brasileiros”, ressalta.
Subsídio da Cooperativa proporciona novos investimentos Em 2017, a família Sartori também optou por iniciar os investimentos na suinocultura, com a construção de uma pocilga com capacidade para cerca de mil suínos. Com a experiência positiva e os recursos do Plano Safra 2020/2021, uma nova estrutura está sendo finalizada. Nela serão abri-
gados mais 1,2 mil suínos. – O Sicredi sempre foi nosso parceiro, nos auxiliando através da oferta de crédito para aquisição de maquinários agrícolas, estrutura física de nossa propriedade, custeio das lavouras e investimento na atividade da bovinocultura de leite e suinocultura – conta Cleomar. É desta maneira que a Sicredi vem proporcionando o desenvolvimento nos locais em que atua, e além de difundir a cultura cooperativista, também possibilita a realização de sonhos dos associados que representam o agronegócio.
Apoio ao desenvolvimento no campo Além de apoiar a agricultura familiar por meio do Pronaf, o Sicredi, um dos principais financiadores do agronegócio no país, contabilizou, em 2020, R$ 8,4 bilhões nas liberações de crédito rural em mais de 118 mil operações no Rio Grande do Sul, um aumento de 16% em comparação com 2019, quando foram liberados mais de R$ 7 bilhões em um número superior a 117 mil operações, incluindo Pronaf, Pronamp e demais linhas de crédito rural.
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Pecuária
Custo de produção de suínos aumenta quase 50% em um ano Relação de troca milho/suíno negativa
Alta nos preços do farelo, relação de troca negativa e exportações preocupam o setor. Será que ainda é possível incrementar o faturamento nos últimos seis meses do ano?
O economista e analista do Setor de Prospecção e Avaliação Tecnológica da Embrapa Ari Jarbas Sandi conta que o milho incide em cerca de 60% na formulação física das rações e para esse índice é considerada a quantidade de 1kg de suíno vivo tem para adquirir 1kg desse insumo. – A alimentação, normalmente, é o maior valor nos custos de produção de suínos. Em Santa Catarina, por exemplo, a ração corresponde a quase 80% dos custos totais de um ciclo completo, considerando dados de janeiro de 2020 a abril deste ano – revela Sandi. O índice atual da relação de troca é de 4,3, o pior desde 2014.
Por
Samuel Agazzi jornalismo@novorural.com
A
alta nas cotações dos grãos, comemorada por parte do agro, acaba impactando todo o setor produtivo. Avicultores e suinocultores, por exemplo, precisam lidar com uma constante variação nos custos de produção. Dados da Central de Inteligência da Embrapa Aves e Suínos apontam que, na interseção de tempo entre maio de 2020 ao mesmo mês de 2021, os valores do custo de produção de suínos tiveram um acréscimo de 47,25%. O panorama para os produtores de frango não se distancia do quadro dos suinocultores. Ainda segundo os dados da Embrapa Aves e Suínos, nos primeiros cinco meses do ano, os custos para a produção de frango de corte subiram 19,63%. Desde a criação desse índice de controle pela Embrapa, em 2010, é o maior acréscimo registrado. O milho é o grão comumente utilizado para nutrição, tanto suína quanto avícola. No final de junho de 2021, de acordo com a cotação da CooperAlfa, o produtor do grão recebia cerca de R$ 80 por saca. Esse preço, convertido em ração, impacta diretamente a relação de troca milho/suíno. Esse indicador se encarrega de numerar a capacidade de permuta entre o preço do suíno pronto para o abate – desconsiderando os custos de produção – e a precificação do insumo básico do animal, o milho. 20 | NOVO RURAL
A baixa relação de troca gera um custo de produção maior do que o mercado acaba pagando ao produtor no final do ciclo, desta forma, gerando um déficit nas finanças. Atualmente, os dados da Embrapa apontam que o produtor gasta, em média, R$ 7,03 para produzir um quilo de suíno vivo, enquanto o mercado, por sua vez, paga ao quilo de suíno vivo R$ 6,54.
Linha azul: Preço de mercado 1kg de suíno vivo (suinocultura independente) Linha laranja: Custo de produção de 1kg de suíno vivo
Jarbas também apresenta a relação de troca tida pelo avicultor. A variação de aumento nos preços do milho, grão que corresponde a 59% da composição das rações de frangos de corte, foi de 81,2% entre maio de 2020 e abril de 2021. Já a variação nos preços do farelo de soja, 32,5% da composição das rações, foi de 44,9% no mesmo período acima.
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Sandi frisa que existem outras variações igualmente impactantes para a formação dos custos de produção de frangos de corte. O avicultor integrado é remunerado de acordo com um che-
cklist de eficiência produtiva estabelecido pela agroindústria integradora. – A receita do produtor depende de fatores que muitas das vezes não se encontram sob a sua responsabili-
dade, como por exemplo a qualidade nutricional dos alimentos fornecidos aos frangos e a qualidade do material genético em produção – destaca o analista. Períodos
Pertencimento das despesas
Item das despesas
abril/março 2021
abril/janeiro 2021
abril 2021/ maio 2020
abril 2021/ maio 2016
Avicultor integrado
Gás para aquecimento das intalações (GLP)
2.85%
-0.51%
23.49%
45.94%
Avicultor integrado
Linha para aquecimento das intalações
7.14%
7.14%
44.10%
39.03%
Avicultor integrado
Mão-de-obra (salário sem encargos) manejos 0.00%
17.75%
17.75%
25.52%
Avicultor integrado
Maravalha para a cama
4.65%
4.65%
17.97%
9.93%
Agroindústria integradora
Pintos de um dia
12.58%
16.18%
33.94%
68.54%
abril 2021/ maio 2020
abril 2021/ maio 2016
Pertencimento das receitas
Item das receitas
abril/março 2021
abril/janeiro 2021
Agroindústria integradora
Frango vivo
-3.27%
18.21%
43.11%
78.84%
Avicultor integrado
Remuneração do avicultor integrado
5.77%
11.84%
19.15%
52.29%
Consumo interno aumenta, mas China retrai na compra
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Gracieli Verde
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a prática, o cenário é de preocupação entre os suinocultores gaúchos. O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, relata que o preço pago ao produtor pelo mercado numericamente não é ruim, contudo, os altos valores do milho e do farelo de soja ocasionam essa relação de troca negativa. Outro fator que gera receio na cadeia produtiva de suínos brasileira é a queda de preço na China. O país oriental é o maior consumidor mundial da proteína e, na tentativa de melhorar a precificação interna da carne e estimular os suinocultores a continuarem produzindo, vai comprar volumes não especificados da proteína produzida localmente para os estoques estatais. Com isso, o Brasil pode registrar uma queda das exportações neste segundo semestre. – O mercado chinês deu uma pequena recuada devido a questões internas, está trazendo e vai trazer dificuldades para nossa cadeia produtiva. O volume que, naturalmente, era destinado à China vai ficar no mercado interno e, com a maior oferta da proteína, consequentemente haverá uma diminuição do preço para o suinocultor – estima Folador. Por outro lado, o mercado nacional segue mostrando crescimento no consumo per capita de carne suína. De acordo com Folador, em 2015,
Ração corresponde a quase 80% dos custos totais de um ciclo completo
por exemplo, a média per capita era de 14,4 kg, já em 2020 cada brasileiro consumiu cerca de 16,4 quilos anualmente. Devido a fatores culturais, a média do Rio Grande do Sul é superior a nacional: cada gaúcho consome, em média, cerca de 27 quilos de carne suína durante o ano. – O mercado interno dá sinais de recuperação e no inverno o consumo de carne suína costuma aumentar. Acredito que neste ano teremos mais um salto de consumo dentro de uma perspectiva de sustentação da
demanda de nossa produção. Não podemos nos esquecer que cerca de 75% da produção é comercializada internamente – comenta. Folador acredita que o segundo semestre será desafiador e exigirá habilidade do suinocultor. As reservas acumuladas em 2020, ano positivo para o setor, poderão ser queimadas para sustentar o cenário vigente. O presidente ainda acrescenta que a volta da normalidade das exportações alinhada ao mercado interno deverá trazer equilíbrio e rentabilidade aos produtores. JULHO | AGOSTO 2021
Sistema de produção confinado atrai pecuaristas de leite em Erechim Bem-estar animal e conforto no manejo do plantel são alguns dos atrativos. Por outro lado, há que ter oferta abundante de alimento no cocho Gracieli Verde
Apoio:
Osmarino e Nair Toigo, moradores do interior de Erechim/RS Por
Gracieli Verde jornalismo@novorural.com
T
er mais controle no manejo geral do rebanho de vacas leiteiras, especialmente do ponto de vista sanitário e em relação à dieta do plantel, é uma das vantagens de adotar um sistema de produção confinado, a exemplo do compost-barn. Com isso também se busca o aumento da produtividade de leite. Esses foram alguns dos fatores que influenciaram a família de Osmarino e Nair Toigo, de Erechim/RS, a investir neste modelo de produção. Com um investimento robusto na propriedade rural localizada na linha Aurora, a família também viabiliza o trabalho do filho Darlan, que segue na atividade pecuária com os pais. Atualmente são 32 animais em lactação que há 60 dias já estão na nova estrutura. A capacidade do espaço, entretanto, comporta até 120 vacas. – Aqui tem sido bem mais fácil manejar o rebanho. Agora temos mais espaço para crescer, para produzir mais – pontua o agricultor Osmari22 | NOVO RURAL
no, animado com este novo momento da família na atividade. Em uma estrutura de quase três mil metros quadrados, o sistema conta com controle total da ambiência através da climatização, uma nova e moderna sala de ordenha, em que é possível acompanhar a produtividade individual de cada animal, entre outras melhorias. Seu Osmarino ainda não revela a produtividade do plantel, mas espera um aumento significativo na produtividade das vacas, que deve impactar na produção da propriedade nesta nova fase. Segundo ele, ainda está fazendo uma seleção dos animais, priorizando aqueles que têm uma média mais alta. – Acompanhamos a família Toigo há vários anos e este modelo adotado na propriedade deverá proporcionar um aumento de 50% na produtividade. É um novo momento que será marcado por mais bem-estar animal e também mais facilidade no trabalho rotineiro para a família – pontua o médico-veterinário Walmor Gasparin, da Emater/RS de Erechim, que assessorou o projeto. JULHO | AGOSTO 2021
Gracieli Verde
Uso racional de recursos O projeto também tem algumas ferramentas que impactam em menor custo e no uso racional de recursos. Uma cisterna armazena milhares de litros de água da chuva, captados do telhado da estrutura. Já um sistema de aquecimento solar também permite que a higienização da ordenhadeira seja feita de acordo com o que a legislação exige. Essas medidas também facilitam o trabalho de limpeza do espaço – algo muito prezado pela família, pois reflete diretamente na qualidade do leite que é vendido para a indústria. Quando olha a estrutura antiga, localizada ao lado do compost, é notável o orgulho de seu Osmarino em ver a evolução do trabalho na propriedade onde sempre viveu e prosperou com a família.
O secretário de Agricultura de Erechim, William Racoski, revela que a procura por apoio para a execução desse tipo de projeto tem aumentado junto ao setor. São produtores interessados em intensificar a atividade de leite, com vistas a um sistema mais moderno de produção. – Inclusive, estamos formatando um projeto de lei para propor ao Legislativo, com o intuito de formalizar junto ao município um programa de apoio para a produção de proteína animal, com foco na suinocultura e avicultura, mas que também beneficiará a pecuária de leite. O objetivo é poder dar mais suporte aos produtores nas terraplanagens para a construção das estruturas – explica.
Gracieli Verde
Veterinário Walmor Gasparin, da Emater/RS
Mais investimentos no município
Secretário de Agricultura de Erechim, William Racoski
Confinamento com animais livres Conforme a tradução livre, compost barn significa “estábulo de compostagem”. Segundo informações da Embrapa, este modelo surgiu como alternativa aos sistemas de produção de leite em confinamento como o free-stall (galpões onde as vacas descansam retidas em baias individuais) e o tie-stall (vacas presas
a correntes também em baias individuais). Mesmo que no compost-barn as vacas continuem confinadas, podem circular livremente pelo espaço. Isso faz com que exercitem os instintos sociais com o grupo, o que reflete na melhoria dos indicadores reprodutivos e, consequentemente, no aumento da produção de leite.
Gracieli Verde
Capacidade do espaço é para até 120 vacas leiteiras
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JULHO | AGOSTO 2021
Juventude Rural
O permanecer no campo Gracieli Verde
No caminho contrário de muitos jovens do meio rural, Joelson Rech resolveu permanecer e investir na evolução da propriedade da família. Fruticultura foi uma das alternativas que fortaleceu a geração de renda
Gracieli Verde salva como: Família Rech Erechim Linha Montanha Alegre (GV) (35) Legenda: Joelson com os pais Terezinha e Irany José Rech: cumplicidade na vida e no trabalho
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a encosta de uma montanha, não por menos localizada na linha Montanha Alegre, em Erechim/RS, é onde a família Rech firmou residência e resolveu contrapor a estatística. O filho mais novo do casal Irany José e Terezinha Rech, Joelson – hoje aos 25 anos –, fez o caminho contrário do que a maioria dos jovens no meio rural: decidiu ficar e investir na propriedade de pouco mais de 20 hectares. Joelson conta que na comunidade em que vive é o único jovem que ficou e trabalha no campo. Mas, a permanência dele passa de uma simples escolha para uma questão de identidade. Joelson relata que desde muito cedo ajudava o pai nos afazeres, como capinar a lavoura e, quando terminou o ensino médio, aos 15 anos, optou por não ingressar em uma universidade e focar seu tempo e esforço na propriedade da família. – Desde criança sempre gostei do ofício e mesmo minha mãe querendo que eu seguisse os estudos no ensino superior, preferi ficar. Hoje, quando alguém vem até aqui, compra um dos nossos produtos e elogia o trabalho, não há satisfação maior para mim – relata. A permanência de Joelson significou também uma mudança no sistema produtivo. Segundo ele, como a propriedade não é grande em extensão, foi investido em diferentes culturas para possibilitar uma maior rotação de capital. No início, a base produtiva era constituída basicamente por grãos e uma criação independente de suínos e, atualmente, foi investido na fruticultura, com opções como pêssego, uva e caqui. – Vejo muitos jovens que deixam o meio rural com a ideia de que as terras da família não são suficientes, mas é preciso entender que agricultu-
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Joelson com os pais Terezinha e Irany José Rech: cumplicidade na vida e no trabalho
ra não é somente sobre milho e soja. Necessitamos ter uma visão mais ampla e perceber que há outras opções que agregam valor e alimentam o povo diariamente – comenta. Esse aspecto também tem outro fator favorável, o fato de Erechim ser um polo urbano de mais de 100 mil habitantes, o que o torna um grande consumidor de alimentos. – Essa proximidade favorece esses negócios focados na produção de alimentos. A cidade cresce e a ter canais sólidos permite a consolidação. Temos grandes redes de supermercados e feiras que permitem uma inserção importante neste mercado – pontua o chefe do escritório municipal da Emater/RS de Erechim, Adriano Szynkaruk. Inclusive, isso fomenta um mercado bastante aquecido neste segmento na Capital da Amizade.
Juntos há 35 anos, Irany e Terezinha comemoram a decisão do filho – Era tudo que precisávamos. Sentimos orgulho de tê-lo conosco e sempre falamos que até onde tivermos forças, estaremos incentivando-o. Toda decisão tomada é conversada e, juntos, optamos pelo melhor, como uma família – enfatiza Terezinha. Uma dessas decisões tomadas visando o melhoramento da propriedade foi a melhoria de fontes de água
potável para a propriedade. Joelson revela que instalar um sistema de irrigação no parreiral é um dos próximos passos rumo à melhoria na produtividade das frutas. Esses avanços são frutos de uma boa relação familiar e de uma mentalidade focada. Joelson relata que a estratégia usada é aliar o esforço à determinação. – Para crescer, é preciso “pôr a mão na massa”. Não adianta esperar que as coisas aconteçam do nada. Se temos sonhos, precisamos levantar e correr atrás. Já evoluímos bastante nossa propriedade, ainda temos mais para fazer, mas um dia chegamos lá, não podemos desistir – frisa. Número de jovens com estabelecimentos agropecuário no Rio Grande do Sul
Nº total de estabelecimentos no estado:
365,094 Homens de 25 a 34 anos nos estabelecimentos:
21,008 5,75% do total Mulheres de 25 a 34 anos nos estabelecimentos:
3,408 0,93% do total
JULHO | AGOSTO 2021
GESTÃO PARA O FUTURO Por
Flávio Cazarolli
flavio@focorural.com.br
Engenheiro-agrônomo, especialista em Gestão de Recursos Humanos e palestrante na área de sucessão rural. Gerencia a Foco Rural Consultoria, em Ijuí/RS
A tomada de decisão (parte 2)
N
as atividades de gestão de uma empresa rural o que se torna uma rotina é a necessidade de tomar decisões para resolver problemas. A grande variabilidade de situações e fatores que afetam o desenvolvimento dos negócios rurais fazem surgir desafios e problemas diariamente e com diferentes graus de complexidade. Entre as técnicas utilizadas pela administração rural para melhorar a assertividade na solução de problemas está o Método de Análise e Solução de Problemas (Masp), que consiste nas seguintes etapas:
e seleção do 1. Identificação problema: baseados em
fatos e dados, relacionamos os problemas e escolhemos o mais grave, isto é, aquele que está afetando em maior grau os resultados do processo, descrevendo-o objetiva e claramente.
2.
Busca e avaliação das causas: a fim de eliminar o problema, buscamos identificar suas causas. Entre as causas possíveis, procuramos identifi-
A grande questão não é a dimensão do problema, mas sim o jeito como lidamos com ele.
car qual é a principal, ou seja, onde o problema se originou. Isto pode ser feito utilizando o diagrama de causa e efeito, onde relacionamos o problema com suas possíveis causas. Geração das alternativas de so3. lução: identificadas as causas é necessário avaliar alternativas de solução para cada uma dessas causas. As ações sugeridas devem ter o caráter corretivo (eliminação da causa) e preventivo (prevenir nova ocorrência). das alternativas de 4. Avaliação solução: utilizando critérios ade-
quados, selecionamos as alternativas de solução a serem implementadas, com o objetivo de remover, de fato, as causas do problema. Entre os critérios de avaliação, é interessante considerar os aspectos como custos de implantação, tempo para implantação, complexidade e benefícios. das ações: defini5. Planejamento da a solução, é preciso planejar
sua implementação, ou seja, elaborar um plano de ações onde devem ser consideradas as tarefas específicas, prazos para conclusão, todos os envolvidos e os recursos necessários. O hábito de disciplinar a busca de soluções com ferramentas adequadas evita uma série de armadilhas muito comuns nas decisões do dia a dia. As principais são: • Concluir por intuição: ir direto à solução do problema sem analisar suas causas e sem explorar devidamente o problema. • Decidir pelo caminho mais curto: desprezar dados e fatos fundamen-
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tais, por pressa ou dificuldade de obtê-los. • Dimensionar mal o problema: muitas vezes, a solução encontra-se em esfera superior de decisão (fora do nosso controle) ou depende de negociações com outras pessoas ou empresas. • Contentar-se com uma única solução: insistir na solução encontrada e tentar justificá-la, passando por cima de objeções, dificuldades e custos. • Isolar-se com o problema: não consultar outras pessoas para a solução e nem aquelas que serão responsáveis pela implantação da decisão. • Desprezar os detalhes: encontrar a solução sem aprofundar sua viabilização com o planejamento dos recursos financeiros, das pessoas e dos materiais necessários. Muitos problemas vão surgir no desenvolvimento da nossa atividade empresarial e mesmo na nossa vida pessoal. Faz parte. São estes percalços que nos definem e fazem quem somos. A grande questão não é a quantidade ou a dimensão dos nossos problemas, mas sim o jeito como lidamos com eles. Resolver os problemas é uma das habilidades mais essenciais para qualquer ser humano. É preciso ter atitude, mas também inteligência emocional e poder analítico para sair de certas situações.
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É tempo de quê?
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niciando o mês de julho, a Emater/ RS-Ascar traz importantes orientações, de diferentes atividades, que devem ser observadas nesse período.
Manejo de inverno para os viveiros de piscicultura: “Algumas práticas especiais são recomendadas para os piscicultores realizarem no inverno. Aplicação de calcário nos tanques: essa prática tem o objetivo de aumentar a alcalinidade da água, evitando diminuir a variação de pH da água entre a manhã e à tarde. Esta ação diminui a produção de amônia tóxica no fundo dos viveiros, local onde os peixes ficam no inverno, e que podem ocasionar a morte dos peixes. A aplicação do calcário pode ser realizada mesmo com os peixes nos tanques. O calcário deve ser aplicado em toda a área alagada. Outra técnica recomendada para controle da amônia nos tanques de piscicultura é a utilização de biomoduladores, que são produtos que utilizam bactérias para consumir a matéria orgânica do fundo dos viveiros, evitando a formação da amônia e são muito eficientes nessa função. No período de inverno, ocorrem dias nublados, com chuvas, sem a presença de sol, então não acontece a fotossíntese e a produção de oxigênio pelo fitoplâncton. É nesta condição que pode ocorrer a morte de peixes por falta de oxigênio no inverno. É recomendado aos piscicultores que tenham aeradores de reserva para serem utilizados nesta situação. Outro método importante de manejo em águas de temperaturas muito baixas é a aplicação preventiva de sal na água, prática que visa diminuir o estresse, repor os sais do corpo dos peixes e permite também a formação de muco sobre a pele dos peixes, promovendo a proteção contra doenças”. Carlos Roberto Olczevski
Manejo de plantas invasoras: “É época de controlar e manejar plantas invasoras. A entressafra da soja e do milho coincide com o período de emergência de espécies de difícil controle, como a buva. Por isso, o produtor precisa ficar atento, pois neste momento de inverno podemos empregar alguns herbicidas que irão controlar, além 26 | NOVO RURAL
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do nabo em lavouras de trigo, por exemplo, também a buva e outras plantas de folhas largas e de difícil controle. Ou seja, você aplica para controlar o nabo e “ganha”, nesta mesma operação, o controle para buva e outras plantas de difícil controle. Para isso, o produtor pode lançar mão do uso de produtos hormonais, como o 2,4-D, ou inibidores de ALS, como o metsulfurom-metílico, e no caso do trigo o iodosulfurom-metílico, o qual também apresenta ação sobre azevém e aveia involuntária, garantindo um manejo mais eficiente e econômico. Mas, lembre-se, antes de tomar qualquer decisão, consulte os extensionistas da Emater/RS ou os profissionais da área para estabelecer o melhor manejo em sua lavoura”. Luciano Schwerz
Foto salva como: Luciano Schwerz salva como: buva (6)
Organização e cuidados na propriedade rural: “Este é o tema que incentiva as famílias rurais a olharem para seu local de moradia e trabalho, buscando qualificar estes ambientes. Agora que chegou o inverno, geralmente esta época prioriza alguns trabalhos mais dentro de casa, porão ou galpão e, quem sabe, até sobre um tempinho! Muitas vezes o local mais limpo não é aquele que mais se limpa, mas o que menos se suja ou mantém organizado. O indicado para um faxinão nestes locais é de uma a duas vezes por ano. Com isso, renovamos as energias e melhoramos também a saúde. Por isso, devemos “destralhar", ou seja, fazer uma seleção do que realmente ainda vamos utilizar. Para isso, usamos a regra do "um ano": se em um ano você não usou, provavelmente não irá usar ou precisar. "Ame ou deixe ir", isso mesmo, poderás doar, vender ou direcionar para o lixo (adequado). Perceba que depois de realizado este trabalho você se sentirá melhor, mais leve, além do que, o local ficará bonito e organizado”. Dulcenéia Haas Wommer
Emater RS
Alerta Sanitário – Raiva dos herbívoros: “A raiva é uma doença causada por um vírus altamente fatal e ocorre em animais e humanos. Nos animais, a raiva é transmitida através da mordida dos morcegos. Levando em conta a ocorrência de focos de raiva em vários municípios do Estado e alguns na nossa região, e considerando que esta enfermidade se controla de forma preventiva – pois não há tratamento e o animal acaba morrendo em poucos dias –, destacamos a importância e a necessidade da vacinação e revacinação nos animais suscetíveis. É importante observar, localizar e identificar os possíveis refúgios de morcegos nas propriedades e no entorno, bem como sintomas característicos da doença, como fraqueza (animal que cai com facilidade), dificuldade de mastigar, salivação excessiva, perda de força nas patas traseiras, isolamento dos demais animais, entre outros. Caso haja algum foco ou sintoma em animais da propriedade, é necessário comunicar imediatamente a Inspetoria de Defesa Agropecuária do município”. Valdir Sangaletti
Viver bem na Terceira Idade: “Quando alcançamos a terceira idade, percebemos que os nossos movimentos são mais lentos e temos algumas dificuldades em realizá-los e isso não é fácil de se ajustar. Todavia, quando tomamos conhecimento que podemos realizar novas atividades, estamos nos oportunizando uma melhor qualidade de vida. Sendo assim, podemos contribuir com nosso bem-estar físico, mental e social desenvolvendo atividades que nos proporcionem satisfação, tranquilidade e alegria. Contar com o amor, o carinho, a atenção, o cuidado, o apoio e a presença da família nessa etapa da vida serve de alicerce para que a adaptação seja ainda mais simples, leve e agradável. E lembre-se sempre: “Envelhecer é inevitável, ficar velho é uma opção””. Marlete Peroza Piaia JULHO | AGOSTO 2021
Qualidade de Vida CÁ ENTRE NÓS Por
Dulcenéia Haas Wommer dwommer@emater.tche.br Tecnóloga em Marketing e extensionista rural da Emater/RS-Ascar
Apoio técnico:
Por vezes a poda é necessária
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Divulgação
E
stamos na estação mais fria do ano e algumas rotinas são necessárias nesta época. É o momento de fazermos podas nas árvores e tirarmos tempo para organizar o galpão ou o porão. Isso tudo é necessário para que a vida renove, rebrote, e para que tudo esteja organizado para os trabalhos que virão na próxima estação. E o que isso tem a ver com o tema que quero abordar nesta coluna? Quero falar de comportamentos machistas de nossa cultura e as atitudes que precisam ser revistas. Sabemos que muitas reflexões estão sendo feitas ao redor do mundo – muito necessárias, por sinal – sobre a participação da mulher na sociedade, seus desafios, a violência sofrida e a busca pelo empoderamento, tão essencial para que a vida também flua melhor nas famílias, dando dignidade às mulheres. Bem, voltando à questão das podas e organizações de galpões ou porões, penso que assim também podemos fazer com a questão dos comportamentos de homens e mulheres. Fazer uma poda bem drástica em preconceitos e maus tratos, reorganizar o lugar de cada um, dando credibilidade e valor a cada membro da família, jogando fora velhos costumes que oprimem, que machucam, que impedem o brilho no olhar. O que são estes comportamentos? O que é machismo estrutural? Como podemos perceber isso no dia a dia? Na prática, uma pessoa machista é aquela que acredita que o homem é superior à mulher ou
que tem papel distinto só pelo fato de ser homem, subjugando a mulher como sendo inferior. O machismo estrutural é cultural e inerente a diversos aspectos de uma sociedade, tendo sido normalizado por muitas décadas. Praticado não só por homens, mas observem, pelas próprias mulheres. São termos pejorativos que depreciam a imagem da mulher, comentários e julgamentos sobre roupas, tipo físico, piadas, apontamentos sobre comportamentos e que, acima de tudo, rebaixam a capacidade das mulheres. Esta percepção dos fatos no nosso dia a dia foi trazida pelas colegas extensionistas em um curso sobre o tema. Conforme as colegas, “não é fácil, está enraizado”. “A pessoa precisa entender ou querer a mudança”. “Não há obrigação, o que podemos é lançar a semente e adubar.” Por isso, tenho cada vez mais certeza que precisamos falar muito sobre isso ainda! Cá entre nós, você já observou quantas vezes ao dia elogia e fortalece outras mulheres? Ou crítica? Faz comentários invejosos ou que desmere-
cem e desmoralizam amigas, vizinhas, familiares e colegas? Se as próprias mulheres continuarem com comportamentos machistas umas sobre as outras, provavelmente irá demorar muitas décadas para alcançarmos a igualdade em direitos, participação social e renda. Precisamos entender que começa primeiro entre nós, mulheres e meninas, para depois conversarmos com homens e meninos. Crescemos assim como nossos pais, e os pais de nossos pais, diz Reshma Saujani no livro “Corajosa sim, perfeita não”, com ideias sociais preconcebidas sobre gênero tão arraigadas em nossa mente, que surpresa seria se elas não influenciassem nosso modo de criar os filhos. Convido-te, portanto, a compreender que a mudança que queremos ver começa por nós. Iniciemos no inverno, para que a primavera, o verão e o outono sejam agradáveis, promissores, floridos e com a doçura dos frutos nos galhos que foram necessariamente podados no inverno. Até a próxima estação! JULHO | AGOSTO 2021
Qualidade de Vida
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Luciene Duso Extensionista rural
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Plantas pendentes
A
s plantas pendentes foram muito usadas nas décadas de 1970, 1980, principalmente em varandas e salas. Quem não lembra das samambaias, avencas, penduradas na casa da vó, envoltas em arranjos de macramê? Com a diminuição dos espaços de casas e os chãos cada vez mais disputados, a tendência de plantas no alto ou em paredes, como os jardins
(55) 99683-0199
Vamos cultivar?! Onde cultivar plantas pendentes:
1. Vasos suspensos, cuias, vasos irrigáveis: Criam um ponto de destaque no ambiente e otimizam o espaço. 2. Tripés: Estão em alta e são utilizados em vários tamanhos para composições e para lugares amplos. 3. Vasos em treliças: Fixar argolas e compor uma decoração. 4. Nichos: Fixados à parede no formato de nichos. 5. Paredes verdes ou verticais: Sistema de vasos auto-irrigáveis, cobrindo todo um espaço. 6. Arranjos pendentes: Para bancadas ou mesas. Um toque de verde adiciona mais charme à decoração.
verticais, estão retornando. As plantas pendentes são uma proposta simples e ao mesmo tempo bela para a decoração de ambientes externos ou internos, de residências ou estabelecimentos comerciais. Elas trazem um toque de natureza, levando mais textura, leveza e beleza ao ambiente. Podemos dividi-las em plantas de sol, meia sombra e sombra.
Rafaela Rodrigues/Arquivo Novo Rural
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Pendentes de meia-sombra ou sombra: 1. Aspargo pendente 2. Samambaias 3. Peperômias (filodendro, melancia, serpens) 4. Jiboias 5. Flor-de-maio 6. Avencas 7. Chifre-de-veado 8. Singônio 9. Lambari
Necessitam de iluminação solar. Varandas, quintais... 1. Suculentas: dedo-de-moça, cordão-de-pérola, cacto-macarrão, planta-fantasma, corações-emaranhados, rabo-de-rato... 2. Dinheiro-em-penca – tostão 3. Cissus – cipó-uva 4. Heras 5. Brinco-de-princesa 6. Gerânios 7. Petúnias 8. Begônias 9. Columeias (peixinho, batom) 28 | NOVO RURAL
Rafaela Rodrigues/Arquivo Novo Rural
Pendentes de sol:
As plantas pendentes transformam o ambiente e colocam as pessoas em contato com a natureza. Purificam os espaços, iluminam, aquecem, apaziguam, encantam, enfim, desembrutecem e minimizam as agruras do dia a dia. Fica a dica: vamos espalhar plantas pendentes por aí?
Saiba mais sobre as plantas pendentes através deste QR Code:
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Propagação de plantas
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Reprodução
ropagação é toda a forma de obter novas plantas. Neste processo, existem dois tipos de propagação: 1. Sexuada: através de sementes. É importante escolher boas matrizes. 2. Assexuada: através de partes de um vegetal. Processo mais rápido, proporciona mudas com as mesmas características da planta mãe.
1. Estaquia de caule: Estaca herbácea (verde) ou estaca lenhosa (muita umidade para fazer e usar o período de dormência da planta, quando cai a folha). · Coletar material em dias nublados ou chuvosos. · Estacas de 10 a 35 cm, com pelo menos 2 gemas. · Lavagem do material com hipoclorito de sódio a 1% – 1,5%. · Corte em ângulo inclinado. · Enterrio na vertical, 2 cm mais ou menos. Uma gema na terra e duas fora. · Se for ponteira, cortar as folhas na metade para não desidratar antes de enraizar.
2. Estaca de folhas:
4. Estruturas especiais:
· Processo mais restrito onde usa-se folhas inteiras e saudáveis.
· Bulbos: caules modificados, encurtados, com folhas escamosas e grossas. Formam pequenas gemas (bulbilhos) que podem ser destacados e plantados. Exemplos: Cebola e amarilis.
· Enterrar a metade da folha em um recipiente com areia ou com um substrato bem drenado e esperar ela enraizar. Após esse período, plantar em um vaso para reprodução.
· Rizomas: caules especializados que crescem na horizontal, podendo ser divididos em partes que contenham uma ou duas gemas. Exemplos: Agapanto, espada-de-São-Jorge e lírios.
3. Divisão de touceiras: · Separação de brotações ou rebentos enraizados · Sempre fazer uma divisão após o término do período de florescimento da planta. Divulgação
· Tubérculos: porções expandidas de rizomas que se desenvolvem abaixo do solo. Podem ser divididas. Exemplos: Dálias, açafrão, batata doce e begônias. Pode ser improvisado uma estufa até o enraizamento. Após o plantio das mudas, deixar as plantas em locais com luz filtrada. Após uns 10 dias começam a enraizar. De 2 a 3 meses vão virar adolescentes, prontos para irem morar no local definitivo. Fazer a rustificação da planta e ir acostumando aos poucos com o sol.
Saiba mais sobre propagação de plantas através deste QR Code:
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Cooperativismo
Repórter
Projeto Creviva reúne ecologia e sustentabilidade Divulgação/Creluz
A
Cooperativa de Geração e Distribuição de Energia (Creluz), com matriz em Pinhal/ RS, criou o programa Creviva. O objetivo é estimular o desenvolvimento de práticas de preservação e recuperação do meio ambiente na comunidade. Com um processo de produção de mudas totalmente ecológico e sustentável, aproveitando a captação da chuva e os rejeitos orgânicos recolhidos nos canais das usinas hidrelétricas do Grupo Creluz, o Horto Florestal se tornou referência em preservação ambiental. De acordo com o técnico em Gestão Ambiental Ronaldo Sartoretto Bagatini, que atua no espaço, o trabalho com as mudas é realizado durante o ano todo. – As mudas nativas são de extrema importância para a preservação do meio ambiente. Além disso, o Grupo Creluz realiza todo esse processo de forma sustentáve – explica. A Creluz também disponibiliza mudas para as associações e cooperativas de fora da área de atuação do Grupo, reforça o técnico em Ges-
tão Ambiental Adriano Bossi. – Sempre visamos a preservação do meio ambiente. O horto produz em média 50 espécies de árvores nativas, sendo algumas delas espécies em extinção. Por meio da doação de mudas, nosso objetivo é auxiliar na preservação de nascentes e áreas degradadas – afirma. Outro aspecto frisado por Bossi é que o perímetro urbano também é destino para as plantas nativas. As espécies retiradas do horto produzem
sementes que são coletadas nas cidades próximas da área de atuação da cooperativa formando um ciclo produtivo e, consequentemente, aumentando a sustentabilidade do processo. – Além disso, as mudas mais antigas do horto, com dez anos ou mais, já estão produzindo sementes e estamos podemos coletá-las aqui mesmo tornando a ação ainda mais sustentável – complementa.
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