REVISTA
Ano 4 - Edição 44 Janeiro | Fevereiro de 2021 Exemplar R$ 12,00
ÁGUA PARA GARANTIR A VINDIMA! Em períodos regidos pelo clima, viticultores se asseguram na irrigação para manter os aspectos mercadológicos exigidos, a exemplo da sanidade e da qualidade das frutas. Com o sistema, eles têm conseguido atingir esses parâmetros e garantir a safra PG 6 A 10
NA SOMBRA E COM ÁGUA FRESCA, VACAS LEITEIRAS PRODUZEM MAIS PG 20 A 22 AGROBELLA CARNES PREMIUM NA VITRINE DA SUSTENTABILIDADE PG 23
Editorial O QUE TERÁ RELEVÂNCIA EM 2021
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Gracieli Verde Editora-chefe
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“montanha-russa” de acontecimentos dos últimos meses, com pandemia do coronavírus e as oscilações significativas no clima, foram apenas alguns dos principais influenciadores do nosso dia a dia. “Foco de laser” no que realmente é relevante para o momento tornam a rotina menos pesada e mais assertiva para a construção de melhores resultados. Foi isso que também norteou a produção desta primeira edição de 2021, que chega com expectativa otimista, mas, ao mesmo tempo, de “pés no chão”. Mais uma vez, em uma das vitrines da edição, a Revista Novo Rural retrata a importância da irrigação para que a fruticultura da região se fortaleça e possa superar momentos de estiagem, como os que vivenciamos nesta safra. Em um comparativo, é notável que apesar de ser uma tecnologia já bastante conhecida, a irrigação precisa ser mais difundida pela alta relevância para safras mais equilibradas do ponto de vista de produção e de qualidade dos produtos agrícolas. No que se refere à sustentabilidade do agronegócio, trazemos cases regionais que mostram o quanto o setor tem investido em projetos competitivos para obter resultados mais robustos e, ao mesmo tempo, garantir ativos ambientais a médio e longo prazo. Geração de energia limpa e renovável tornam um projeto de produção de carne bovina de alta qualidade da AgroBella uma referência nacional. Na pecuária de leite, um jovem produtor de Seberi tem comprovado o potencial da integração pecuária-floresta com um rebanho de vacas jersey. São diferenciais que comprovam mais uma vez o perfil empreendedor dessas famílias. E esse desenvolvimento sustentável também é abordado pelo colunista Flávio Cazarolli. Isso certamente seguirá sendo uma das tônicas dos nossos conteúdos em 2021. Com a coluna Gestão para o Futuro, também estendemos o convite para a leitura das demais participações, que com diferentes perfis trazem perspectivas para pensarmos em que podemos aprimorar o nosso amanhã. Em 2021 também seguiremos abordando conteúdos que respeitam as tendências de comportamento das pessoas, que têm olhado com mais carinho e atenção para a relação com as plantas e com os ambientes em que convivemos. Da mesma forma, o consumo de uma das carnes mais produzidas na região, a suína, ganha destaque nesta temporada. Afinal, valorizar o que produzimos aqui é uma forma de fazer a nossa parte para a busca de melhores cenários para todos. Além desta ferramenta através da qual você nos lê, fica o convite para nossas interações no ambiente digital, em que traremos webséries dos projetos de conteúdo Parceiros do Leite, Boas Práticas de Plantio e Lavoura do Futuro. É a nossa busca por qualificar ainda mais o que chega até você, seja impresso em papel, na tela do seu computador ou do seu smartphone, em texto, vídeo ou áudio. É a comunicação a serviço do setor agropecuário. Um forte abraço!
Circulação: Bimestral Tiragem: 8 mil exemplares Fechamento: 21/12/2020 Fone: (55) 2010-4159 Endereço: Rua Garibaldi, 147, sala 102 - B. Aparecida Frederico Westphalen/RS Fale conosco (55) 9-9960-4053 relacionamento@novorural.com jornalismo@novorural.com contato@novorural.com
A revista Novo Rural é uma publicação realizada em parceria com
Abrangência: Rio Grande do Sul, Oeste de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná.
PR SC RS
Direção
Alexandre Gazolla Neto
Editora
Gracieli Verde
Produção de conteúdo Rafaela Rodrigues Débora Franke Giovani Meireles
Capa
Rafaela Rodrigues
JANEIRO | FEVEREIRO 2021
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Presidente da Emater/RS avalia o ano de 2020
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m entrevista à Novo Rural, o presidente da Emater/RS e superintendente-geral da Ascar, Geraldo Sandri, avaliou como foi o ano de 2020 para a extensão rural e o setor agropecuário gaúcho. Também analisou as ações administrativas realizadas na atual gestão e adiantou algumas projeções para o ano 2021. “Todas ações administrativas tomadas durante esta gestão trouxeram um avanço importante para a extensão rural no Estado. A política pública só chega até a ponta se a extensão for valorizada e fortalecida e estamos buscando isso junto às lideranças estaduais e federais”, ressaltou Sandri.
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Soja em sucessão à aveia-preta e ao trigo pode ter produtividade 54% maior
“S Por
Por Alvadi Antonio Balbinot Junior
Engenheiro-agrônomo, mestre em Fitotecnia e doutor em Produção Vegetal. Atua como pesquisador na Embrapa Soja (PR)
emear aveia-preta e trigo no Sul do Brasil durante o outono/inverno pode aumentar em 54% a produtividade da soja em comparação com áreas deixadas em pousio. Essa é uma das constatações do artigo Performance da Soja em Sucessão à Aveia-preta e ao Trigo, publicado em junho de 2020 na revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB), produzido por pesquisadores da Embrapa e de quatro universidades. O experimento foi conduzido no outono/inverno de 2017 e de 2018 e foram aplicados sete tratamentos: pousio (1); palha de aveia-preta ou de trigo, sem raízes (2 e 3); parcelas com raízes
de aveia-preta ou trigo, sem palha (4 e 5); e parcelas com palha e raízes de aveia-preta ou trigo (6 e 7). O desempenho da soja foi estimado a partir das variáveis: densidade de plantas; índice de área foliar; teor de clorofila, estimado pelo índice SPAD; matéria seca acumulada, produtividade de grãos e componentes do rendimento. Com isso, foi comprovado que os efeitos das raízes da aveia-preta e do trigo mostraram-se tão importantes quanto os da cobertura de palha deixadas no solo para explicar os aumentos de produtividade de 1.467 kg/ha, ou seja, 54% superior ao das áreas que ficaram em pousio no outono/inverno.”
INTERAÇÃO | ON-LINE Liberato Salzano: Farmácia fitoterápica difunde benefícios das plantas medicinais
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m 2005, o município de Liberato Salzano/RS deu início a um projeto que seria abraçado pela comunidade. A farmácia de plantas medicinais, que surgiu de uma demanda de entidades e do poder público municipal, atualmente comercializa mais de 100 produtos e se tornou uma referência no Noroeste gaúcho. O sucesso da iniciativa se reflete nos números: em média, 700 pessoas adquirem produtos na farmácia por ano. A extensionista da Emater-RS/Ascar, Luciene Duso, comemora o retorno positivo da população. – Os produtos medicinais são muito procurados pela comunidade. Vimos que, indiretamente, isso auxiliou na diminuição do fluxo nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade, e na menor procura por medicamentos controlados, ou que não sejam fitoterápicos – afirma.
Revista Novo Rural também em podcast
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o quadro Além da Apuração, do podcast Prosa do Campo, você confere os principais conteúdos em áudio das edições da Revista Novo Rural. Relembre a edição de Novembro | Dezembro 2020!
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Capa Rafaela Rodrigues
Seu Edemar Mezzaroba conta com a irrigação para o cultivo da uva há cerca de seis anos em 3,5 hectares na propriedade
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Da água para a uva Disponibilidade de água é fundamental para os viticultores atenderem os aspectos mercadológicos exigidos, a exemplo da qualidade da fruta. Na obtenção desses parâmetros, inclusive, a irrigação tem se mostrado uma tecnologia eficiente, especialmente em períodos regidos pelo clima, como a safra atual Por
Rafaela Rodrigues jornalismo@novorural.com
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cultivo da uva desempenha um papel econômico muito importante para as famílias rurais do Rio Grande do Sul, especialmente no âmbito da agricultura familiar. O Estado é o maior produtor nacional de uvas, com participação de 90% na produção de vinhos e espumantes, conforme a Radiografia Agropecuária Gaúcha 2020, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). São 147 municípios que produzem uva para finalidade de mesa e 208 com o cultivo voltado à produção de vinhos e sucos. Os maiores produtores do Estado estão na região da Serra, sendo os municípios em destaque Flores da Cunha, Bento Gonçalves e Caxias do Sul – nesta ordem. Na Radiografia, o valor bruto da produção de uva ficou estimado em R$ 1,03 milhão em 2020.
Na cultura da uva, a água é essencial para se ter os aspectos mercadológicos exigidos: sanidade e qualidade
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Relação entre água e qualidade A sanidade e a qualidade são aspectos fundamentais em todas as atividades agropecuárias. No mercado de frutas, em especial no de uva, essas questões são rígidas e definem o sucesso do escoamento de uma safra. Conforme o enólogo Nivaldo Potrich, que atua em Ametista do Sul/RS, a água contribui de forma efetiva para a formação desses parâmetros. – Mesmo que se faça a adubação via solo, se não tiver água suficiente para dissolver os nutrientes e, assim, as raízes absorverem e conduzirem à parte aérea [produtiva], a planta sofrerá as consequências. Em períodos de estiagem, a planta chega em um estágio em que ao invés de nutrir o cacho, ela vai usar a água que tem para se manter viva, resultando na má qualidade da fruta. Na cultura da uva, a água é essencial para se ter os aspectos mercadológicos exigidos: sanidade e qualidade – frisa Potrich. Nem demais, nem de menos. A quantidade de água define, de fato, a produtividade da uva. É o que pode ser observado na safra 2020 gaúcha. Conforme dados da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Seapdr, houve uma queda de 18,2 % na produção geral de uvas na safra comparada a de 2019. As causas: excesso de chuva na floração e a estiagem no enchimento da baga e na maturação. A quantidade de água a ser consumida por uma videira vai depender de diversos fatores, como o desenvolvimento foliar da cultura, a radiação solar incidente, a temperatura do ar, a velocidade do vento e a umidade relativa do ar. É o que explica o pesquisador
Em primeiro lugar, deve-se considerar a qualidade e a quantidade de água disponível para a irrigação. Marco Antônio Fonseca Conceição, pesquisador Embrapa Marco Antônio Fonseca Conceição, da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves/RS. – De um modo geral, para as condições da Serra gaúcha, por exemplo, pode-se considerar valores aproximados entre 1,0 mm/dia no início da brotação e no inverno; a 4,0 mm/dia durante a maturação no verão. Isso equivale, respectivamente, de 10.000 a 40.000 litros/hectare por dia – pontua o pesquisador, reforçando que em períodos de alta temperatura a demanda por água pela planta aumenta, pois maior é a sua transpiração. Ainda conforme ele, o estresse hídrico afeta, principalmente, a fotossíntese das plantas. Como consequência, o cenário resulta em perdas na produtividade e na qualidade das frutas. JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Capa Como adaptar a irrigação a sua realidade Para enfrentar períodos de estiagem, como os registrados nas duas últimas safras, o sistema de irrigação tem se tornado um grande aliado do viticultor. Segundo o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, é preciso se atentar em alguns aspectos na hora de investir no sistema: – Em primeiro lugar, deve-se considerar a qualidade e a quantidade de água disponível para a irrigação. Outro fator importante é o custo do investimento e da manutenção do sistema em relação ao preço final da fruta e ao aumento esperado da produtividade. Ressalto que o projeto de irrigação necessita ser bem dimensionado, visando uma boa uniformidade de aplicação da água, pois se essa aplicação for desuniforme, parte do
vinhedo poderá apresentar excesso de umidade, enquanto que em outra poderá haver déficit hídrico – ressalta, salientando a importância de realizar o manejo da irrigação com base em critérios técnicos. Sobre os sistemas, o pesquisador descreve sobre o de gotejamento, um dos mais usados nos parreirais gaúchos. – Quando bem dimensionado, esse sistema permite uma alta uniformidade de aplicação de água e evita o molhamento foliar, reduzindo o risco de ocorrência de doenças fúngicas na cultura. O consumo de água do parreiral costuma ser menor nesse sistema, quando comparado a outros [microaspersão, por exemplo], em função da menor área molhada pelos gotejadores e, consequentemente, das Rafaela Rodrigues
Produtor Sidmar Meazza está com o projeto encaminhado para instalar a irrigação nos parreirais e, com isso, alcançar resultados positivos com a produtividade 8 | NOVO RURAL
menores perdas por evaporação da água do solo – explica. Ele também destaca que nesse sistema as práticas culturais – poda, condução de ramos, entre outros – não precisam ser interrompidas durante a aplicação de água, facilitando o manejo da cultura. – Também é possível realizar a aplicação de fertilizantes através da água [fertirrigação], aumentando a eficiência do uso desses produtos e reduzindo a necessidade de mão de obra. Uma das principais limitações desse método é a sua maior suscetibilidade ao entupimento, inclusive, em decorrência de águas com alta concentração de ferro, requerendo, muitas vezes, o investimento em sistemas de filtragem mais onerosos – salienta o pesquisador.
Efetividade do sistema é observado em Ametista do Sul/RS Nos Coredes Rio da Várzea e Médio Alto Uruguai, no norte do Rio Grande do Sul, a produção de uva também ganha destaque no Estado. No cultivo da fruta destacam-se os municípios de Planalto/ RS, Alpestre/RS e Ametista do Sul/RS. Nessa região, a irrigação tem desempenhado um papel fundamental na produtividade e garantido maior qualidade das frutas em períodos de pouca chuva. Por lá, conforme o engenheiro-agrônomo e extensionista rural Jardel Casaril, da Emater/RS-Ascar, são necessários, em média, 5,0 mm/ dia durante a maturação no verão. Segundo a extensionista rural Tatiane do Santos, do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar de Ametista do Sul, a viticultura é uma das principais atividades agrícolas do município. São aproximadamente 170 hectares de videiras, que envolvem cerca de 50 famílias rurais, todas com mão de obra própria. – A viticultura se destaca pelos aspectos econômicos e sociais. Na safra 2019/2020, a área com parreirais novos aumentou em 10 hectares. Em relação a produtividade, o município fica entre 10 e
A viticultura se destaca pelos aspectos econômicos e sociais.
15 toneladas por hectare. No ciclo atual, dependendo da propriedade e em virtude da estiagem, esse volume deve chegar à metade ou talvez a um pouco mais – estima a extensionista rural. A profissional conta, ainda, que nas propriedades que possuem um sistema de irrigação e tiveram água disponível no período essencial para a formação da fruta, que foi nos meses de setembro a novembro, conseguiram uma média um pouco maior. – Já aquelas que não têm o sisJANEIRO | FEVEREIRO 2021
tema tiveram problemas na produtividade e na qualidade. Com isso, tivemos uma grande procura de produtores por projetos de irrigação, perfuração de poços e novos açudes para conseguir irrigar seus pomares nas próximas safras – revela. Um desses produtores foi o Sidmar Meazza. Na propriedade localizada na Linha Alta, interior de Ametista do Sul, ele cultiva 6,5 hectares de uva da variedade Niágara rosada. Para a reportagem, ele definiu este ano como o “mais desafiador de todos”, como ele mesmo disse. Isso porque o período prolongado de estiagem afetou severamente seus parreirais – as folhas amareladas eram visíveis logo na chegada ao local. Na safra 2019, ele colheu cerca de 25 toneladas. Nesta temporada, ele acredita que não alcançará esse número e não se arriscou a estimar a produção. – Estamos com o projeto encaminhado para instalar o sistema por gotejamento. Acreditamos que a irrigação irá ajudar a manter a nossa produção e garantir ainda mais qualidade das frutas, algo muito cobrado pelo mercado – ressalta Meazza, destacando que a produção já foi afetada na safra passada por conta da falta de chuva. Para o produtor, que tem a atividade como principal fonte de renda, o mercado para a fruta é rentável e tem viabilizado maior qualidade de vida para a família, inclusive, estimulado a permanência do filho Rodrigo, de 23 anos, na propriedade. – Escoamento tem e estamos conseguindo vender por um preço bom, mas precisamos investir cada vez mais na qualidade e na sanidade do nosso produto – reforça, relatando que as frutas colhidas em sua propriedade são comercializadas para uma empresa do Paraná.
APRO VEI TE!
Graciele Verde/Arquivo Novo Rural
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Capa Rafaela Rodrigues
Seu Edemar e a esposa Adriana estão otimistas com a safra atual, mesmo em um período de desafios para a atividade
Na mesma comunidade, a cerca de 2,5 quilômetros de distância da propriedade da família Meazza, reside o seu Edemar Mezzaroba. Há mais de duas décadas ele trabalha com o cultivo de uva na propriedade de 25 hectares. São cerca de 3,5 hectares destinados à produção da uva Niágara rosada. A atividade é a principal geradora de renda da família. Em meados de 2014, o produtor investiu na irrigação por gotejamento. Desde então, ele tem obtido bons resultados com a produção. Além do investimento no sistema, ele tem buscado cada vez mais se aperfeiçoar na cultura, a prova disso é que quando começou na atividade, seu Mezzaroba trabalhava com cinco variedades de uva e, agora, só conta com parreirais de Niágara rosada – variedade de mesa. “Estou me aperfeiçoando nesta”, salienta o produtor, que escoa a sua produção para uma cooperativa local. – Hoje em dia a qualidade é crucial em qualquer negócio, mas especialmente na fruticultura. Desde que investi no sistema vejo uma diferença muito grande na qualidade da fruta, no tamanho da baga e no 10 | NOVO RURAL
peso. Mas eu vi resultado mesmo no ano passado e neste – relata seu Mezzaroba. O viticultor também foi prejudicado com a falta de chuva na temporada, mas em menor proporção se comparado às áreas sem o sistema. – Neste ano sentimos os impactos da falta de chuva bem cedo comparado aos outros ciclos, praticamente desde agosto sem chuvas expressivas. Em setembro, por exemplo, eu deixava a bomba ligada de 10 horas a 12 horas/dia, dia sim e dia não. A partir de outubro comecei a irrigar todo dia, aí deixava de 8 horas a 10 horas a bomba ligada. Já em novembro eu irrigava de manhã e de tarde as plantas já estavam murchas, então eu molhava novamente de tarde para elas não sentirem muito e ainda teve algumas que foram prejudicadas. Neste período foram 100 mil litros de água/dia nos parreirais – detalha o produtor. No fim de semana anterior da visita ao seu Mezzaroba – início de dezembro – havia chovido aproximadamente 83 mm na comunidade. “A chuva mais expressiva desde agosto”, como ele relatou.
Essa precipitação trouxe alívio ao produtor, que pode aumentar suas reservas hídricas para a irrigação. Na época do investimento, seu Mezzaroba recorreu ao programa estadual Mais Água Mais Renda. O financiamento foi feito via linha de crédito Pronaf – que reembolsa em 100% a primeira e a última parcela. Também contou com o apoio do Grupo Creluz para instalação da energia trifásica no local. O projeto para instalação do sistema foi feito via Escritório Municipal da Emater/ RS-Ascar local. Somando a construção dos açudes, equipamentos e demais investimentos, o sistema ficou em torno de R$ 40 mil. – Somando o lucro do ano passado e o que pretendo ter neste [graças a irrigação] já pago uma parte ou quase todo o investimento. Acredito que em dois anos devo terminar de pagar o financiamento – estima o viticultor. Na safra 2019, o produtor colheu 21 toneladas. Neste ano, ele estima colher pelo menos umas 30 toneladas. “Daqui dois ou três anos pretendo estar colhendo de 50 ton. a 60 ton.”, projeta seu Mezzaroba, que define o mercado de uva como “rentável” para a região onde atua. JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Publieditorial
Ritmo dos embarques brasileiros de soja deverá seguir elevado em 2021
Por: Dylan Della Pasqua Editor-chefe da Agência SAFRAS
As exportações de soja do Brasil deverão totalizar 83 milhões de toneladas em 2021, acima dos 82,8 milhões projetados para 2020. A previsão faz parte do quadro de oferta e demanda brasileiro, divulgado por SAFRAS & Mercado. No levantamento anterior, divulgado em setembro, os números eram de 82,5 milhões de toneladas para as duas temporadas. SAFRAS indica esmagamento de 45,7 milhões de toneladas em 2021 e de 44,5 milhões de toneladas em 2020, representando um aumento de 3% entre uma temporada e outra. Em relação à temporada 2021, a oferta total de soja deverá subir 2%, passando para 133,853 milhões de toneladas. A demanda total está projetada por SAFRAS em 132,3 milhões de toneladas, crescendo 1% sobre o ano anterior. Desta forma, os estoques finais deverão subir 736%, passando de 186 mil para 1,553 milhão de toneladas. Acesse mais notícias como esta em tempo real! Agora está muito fácil acompanhar os mercados agropecuários em tempo real.
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Subprodutos SAFRAS trabalha com uma produção de farelo de soja de 34,98 milhões de toneladas, com aumento de 2%. As exportações deverão subir 2% para 17,5 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno está projetado em 17,35 milhões, aumento de 2%. Os estoques deverão subir 9% para 1,603 milhão de toneladas. A produção de óleo de soja deverá subir 2% para 9,2 milhões de toneladas. O Brasil deverá exportar 800 mil toneladas, com queda de 27% sobre o ano anterior. O consumo interno deve subir de 8,31 milhões para 8,62 milhões de toneladas. O uso para biodiesel deve subir 6% para 4,5 milhões de toneladas. A previsão é de estoques caindo 57% para 97 mil toneladas.
Agricultura BOLETIM TÉCNICO Por
Alexandre Gazolla Neto agazolla@novorural.com
Engenheiro-agrônomo, doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes e empresário do agronegócio
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Construindo a rentabilidade na produção de grãos A precisão e a assertividade nas ações de manejo ao longo do período vegetativo e reprodutivo da soja como pilares para produtividades competitivas
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stamos em pleno desenvolvimento vegetativo em diversas regiões produtoras de soja do Brasil, salvo os Estados que enfrentaram ou ainda enfrentam dificuldades de realizar a implantação das lavouras em função da restrição hídrica e das altas temperaturas. Este momento do ciclo da soja é decisivo para controle de plantas daninhas, pragas e doenças. O primeiro desafio no contexto do manejo para altos rendimentos de grãos foi marcado pelo estabelecimento de plantas distribuídas uniformemente e com alta capacidade produtiva, aspecto este que já foi ou está sendo vencido. Agora é hora de canalizar os esforços no controle dos agentes redutores de produtividade. A identificação dos índices de dano econômico causado por pragas e doenças exige um monitoramen-
Este momento do ciclo da soja é decisivo para controle de plantas daninhas, pragas e doenças.
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to criterioso e detalhado das áreas de produção, de forma a não realizar aplicações em excesso ou atrasadas. Neste caso, os dois extremos acabam gerando desperdício de recursos por parte dos agricultores. Entre as principais preocupações destacamos a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) da soja. O fungo Phakopsora pachyrhizi é um patógeno biotrófico que necessita de hospedeiro vivo para sobreviver e ampliar a sua multiplicação. Atualmente, este fungo se caracteriza como a principal doença na cultura da soja no Brasil. O nível de dano econômico que esta doença pode ocasionar depende do nível e momento de infecção, de condições climáticas favoráveis à sua multiplicação, da resistência/tolerância e do ciclo da cultivar utilizada. Reduções de produtividade próximas a 74% são observadas quando comparadas áreas tratadas e não tratadas com fungicidas em lavouras com alta incidência da doença. A confirmação da ferrugem é feita pela constatação no verso da folha de saliências semelhantes a pequenas feridas (bolhas), que correspondem à estrutura de reprodução do fungo. Essa observação é facilitada com uma lupa de 10 a 20 de aumento pelo técnico ou agricultor. A ferrugem asiática da soja desafia a cadeia produtiva a cada safra, onde são observados comportamentos diferentes do patógeno, seja em relação a sensibilidade a fungicidas ou ao período de ocorrência e evolução nas lavouras.
Recomendações de manejo: • Efetuar o monitoramento constante e detalhado das lavouras • Realizar as aplicações em intervalos adequados seguindo as recomendações específicas de cada produto • Utilizar tecnologia de aplicação adequada, com volume de calda recomendado para cada estágio fisiológico • Conduzir as aplicações de fungicidas de forma preventiva, sempre em associação com fungicidas multissítios • Rotacionar fungicidas com diferentes mecanismos de ação • Não realizar mais de duas aplicações de fungicidas do mesmo mecanismo de ação em um mesmo ciclo de produção • Controlar as plantas remanescentes em lavouras e beiras de estrada • Respeitar o período de semeadura recomendado para cada região e cultivar, principalmente na safrinha • Desenvolver um plano de rotação de culturas com um planejamento de longo prazo • Em caso de dúvidas, consulte sempre um engenheiro-agrônomo JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Tendências climáticas: fevereiro requer maior atenção dos produtores Meteorologia indica que La Niña trará temperaturas elevadas e baixa possibilidade de chuva para o início de 2021
O
ano de 2021 iniciará com desafios para os produtores do Sul do país. Por mais que isso já não é tão novidade assim, vale relembrar que a região está sob a influência do fenômeno La Niña e viverá dias de poucas chuvas, já que as pancadas ficarão mais concentradas na região Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. É o que destaca a meteorologista Maria Clara Sassaki, da Somar Meteorologia. – Algumas pancadas de chuva poderão acontecer no início do mês de janeiro na região Sul, mas com baixos volumes acumulados. Poucas regiões podem ter chuva acima da média. É importante salientar que no primeiro mês do ano, a chuva na região Sul do Brasil deverá acontecer de forma bem interca-
lada com períodos de tempo mais firme. Ou seja, haverá janelas longas de tempo firme e com temperaturas bem elevadas nesse período – prevê. Segundo ela, isso não significa que teremos um período de seca total na região Sul. Apesar disso, os períodos de tempo firme poderão ser prejudiciais para as culturas de verão. Já o mês de fevereiro exigirá maior atenção dos produtores, devido a temperaturas elevadas e a baixa possibilidade de chuva, decorrentes do fenômeno La Niña. – O período de estiagem deve ser maior na região Sul no segundo mês do ano. As temperaturas devem ficar bem mais elevadas e a chuva vai ficar abaixo da média nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Cataria e Paraná – destaca.
Fenômeno La Niña Conforme explica a meteorologista, o fenômeno La Niña é responsável pela diminuição das chuvas na região Sul do Brasil e a concentração de volumes expressivos de chuva especialmente na região Sudeste. – O fenômeno acaba favorecendo a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que são corredores de umidade. Eles vão desde o Sudeste até a região Norte do país, e também aumentam as chuvas em parte do Nordeste – explica.
Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural
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Agricultura
Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural
Um olho no clima e outro na lavoura de soja Rumo à reta final, a safra de soja merece atenção no monitoramento de pragas e doenças. Mesmo em uma temporada de clima seco, o acompanhamento garantirá o alcance de melhores resultados econômicos
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alta de chuva para o plantio, custos de produção em alta, cotações em patamares históricos. Esses são só alguns dos fatores que tornam a safra de soja 2020/2021 uma das mais singulares dos últimos anos. Apesar de tudo, a perspectiva de bons preços no mercado brasileiro e externo sustenta a projeção de uma safra com produção recorde, inclusive, pelo aumento de área cultivada registrado em algumas áreas produtoras do país. Por mais que a ocorrência de pragas e doenças foram minimizadas em função do clima mais seco nesta temporada, o monitoramento das lavouras é ainda mais importante no fim do ciclo, visando alcançar os resultados econômicos esperados com a safra. O engenheiro-agrônomo e doutor em Produção e Tecnologia de Sementes Alexandre Gazolla alerta para as chamadas doenças de final de ciclo (DFCs). Apesar destas estarem presentes em diversos momentos do cultivo, muitos dos sintomas são mais facilmente percebidos apenas no fim da fase reprodutiva. Por isso, é fundamental o monitoramento da lavoura, pois os grãos ainda não estão totalmente formados e o prejuízo pode ser significativo ao produtor. – As cultivares que se destacam nas lavouras apresentam ciclo mais curto, menor área foliar e produtividade superior aos usados em safras passadas.
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Porém, sua suscetibilidade para algumas doenças também é maior, especialmente aquelas causadas por fungos necrotróficos. O monitoramento e os tratos culturais devem estar direcionados à prevenção de doenças e à manutenção da área foliar da planta, para que esta possa expressar o máximo potencial produtivo – ressalta Gazolla. Outro aspecto ressaltado pelo doutor em Sementes e que deve ser considerado na aplicação de produtos são as “realidades distintas apresentadas pela planta”, como ele mesmo se refere. – Se dividirmos a planta em duas partes, na metade superior a deposição de fungicidas durante a aplicação é maior, proporcionando alta eficiência no controle de doenças. A metade inferior reserva uma série de desafios, com destaque para maior presença de patógenos, especialmente os necrotróficos. Este cenário fica mais complexo nas cultivares que apresentam maior presença de vagens no terço inferior da planta, região de difícil penetração de fungicidas durante as aplicações, principalmente após fechamento das linhas – explica o agrônomo, destacando a importância do acompanhamento técnico para a prática. Já a engenheira-agrônoma e doutora em Produção Vegetal Joana Graciela Hanauer, da Emater/RS-Ascar, reforça a importância do pleno funcionamento das tecnologias de aplicação nesta fase da
cultura e também sobre o acompanhamento das tendências climáticas. – Durante todo o ciclo da cultura os produtores devem se atentar às condições ambientais, pois estas determinam a possibilidade do desenvolvimento de pragas e doenças em função de cada uma ter especificidades por temperatura e umidade adequada para o seu desenvolvimento. Estar com os pulverizadores inspecionados, fazer a seleção de pontas que produzam gotas do tamanho correto para haver a penetração dentro do dossel e o atingimento dos alvos, sempre observando as condições ambientais para a aplicação, são fundamentais para o controle das doenças e também de pragas – destaca Joana. Existem várias tecnologias disponíveis no mercado para auxiliar os sojicultores no monitoramento e controle de pragas e doenças, desde o clássico monitoramento por pano de batida, coletores de esporos, armadilhas, até a utilização de sensoriamento remoto, por meio de drones e softwares associados a esse sistema. É válido ressaltar que todas as tecnologias disponíveis devem ser adotadas de acordo com nível tecnológico que é possível implantar na área. Independente do monitoramento que se adequa ao agricultor, o importante é que as áreas sejam monitoradas e acompanhadas pela assistência técnica de confiança do sojicultor. JANEIRO | FEVEREIRO 2021
MERCADO DA SOJA Por
Luiz Fernando Gutierrez Roque luiz.gutierrez@safras.com.br Economista e analista de mercado da consultoria Safras & Mercados
Oferecimento:
Safras reduz estimativa de produção do Brasil
A
produção brasileira de soja em 2020/21 deverá totalizar 132,498 milhões de toneladas, com elevação de 5,5% sobre a safra da temporada anterior, que ficou em 125,619 milhões de toneladas. A estimativa atualizada foi divulgada por SAFRAS & Mercado em dezembro. Em outubro, a projeção era de 133,52 milhões de toneladas. Houve um recuo de aproximadamente 1 milhão de toneladas na estimativa de produção devido a alguns problemas climáticos. SAFRAS indica aumento de 2,9% na área, estimada em 38,415 milhões de hectares. Em 2019/20, o plantio ocupou 37,347 milhões de hectares. O levantamento indica que a produtividade média deverá passar de 3.466 quilos por hectare para 3.501 quilos. Foram feitos ajustes negativos pontuais em produtividades médias esperadas para alguns estados produtores do Centro-Oeste, Sudeste e parte do Sul. Embora ainda seja cedo para definições, o clima irregular registrado desde setembro na maior parte do país trouxe alguns problemas regionalizados, principalmente nos estados da faixa central. Ainda não podemos falar em grandes perdas produtivas em nível país, mas precisamos de regularidade climática
nos próximos meses para que as condições da safra não piorem. Mesmo com os ajustes negativos atuais, ainda deveremos colher uma nova safra recorde, se o clima permitir. O fenômeno La Niña é fator central até a colheita, ligando um alerta principalmente para a Região Sul. Já no lado das negociações, o mercado brasileiro de soja começa o ano em ritmo bastante lento. Os preços apresentaram poucas oscilações nas últimas duas semanas de 2020 e praticamente não houve negócios reportados, com produtores e indústria evitando entrar no mercado. O destaque do mês de dezembro ficou por conta da alta expressiva em Chicago, onde os contratos atingiram nos melhores níveis em mais de seis anos. No Brasil, os produtores, bem capitalizados e com boa parte de suas produções já comercializadas, evitam negociar lotes novos. A prioridade é acompanhar o desenvolvimento das lavouras. A falta de chuvas em algumas regiões continua como motivo de preocupação, inclusive para o primeiro trimestre de 2021. Aliás, o clima no Brasil e na Argentina foi um dos fatores que impulsionou os contratos futuros na Bolsa de Mercadorias de Chicago. As incertezas com
relação ao tamanho da oferta da América do Sul nesta nova temporada é o principal fator de suporte para Chicago. Sinais de demanda aquecida pela oleaginosa americana e a perspectiva de retomada da economia global, com o início da vacinação contra o Covid-19, completaram o cenário positivo. Depois de ameaçar em novembro, os contratos futuros finalmente romperam a marca de US$ 12,00 por bushel na segunda quinzena de dezembro, atingindo os melhores níveis desde junho de 2014. Outro ponto importante na formação dos preços internos é o câmbio. O dólar segue perdendo terreno frente ao real, tirando a competitividade da soja brasileira. Com o otimismo do mercado financeiro, a moeda americana continua demonstrando fraqueza frente a outras unidades monetárias. A tendência é vermos um dólar trabalhando mais próximo ou até mesmo abaixo do patamar de R$ 5,00 nos primeiros meses de 2021, mas isso vai depender muito do quadro fiscal no Brasil. Não havendo um horizonte de melhora nos problemas fiscais internos, a moeda norte-americana pode voltar a ganhar terreno frente ao real brasileiro.
2020/21 (**) Estados
2019/20 (*)
A/B %
C/D %
Área Plantada (A)
Área Colhida
Produção (C)
R.M.
Área Plantada (B)
Área Colhida
Produção (D)
R.M.
SUL
1
16
12.430
12.368
43.110
3.486
12.280
12.219
37.132
3.039
Paraná
1
-2
5.600
5.572
20.505
3.680
5.560
5.532
20.912
3.780
Rio Grande do Sul
2
43
6.080
6.050
19.964
3.300
5.980
5.950
13.923
2.340
Santa Catarina
1
15
750
746
2.642
3.540
740
736
2.297
3.120
CENTRO-OESTE
4
-1
17.425
17.338
59.924
3.456
16.780
16.696
60.618
3.631
SUDESTE
3
-1
2.900
2.886
10.388
3.600
2.815
2.801
10.525
3.758
NORDESTE
2
11
3.490
3.473
11.958
3.444
3.420
3.403
10.814
3.178
NORTE
6
9
2.170
2.159
7.118
3.297
2.052
2.042
6.530
3.198
BRASIL
3
5
38.415
38.223
132.498
3.466
37.347
37.160
125.619
3.380
(*) Projeção, SAFRAS. (**) Previsão, SAFRAS. Sujeitas a revisão. Fonte: SAFRAS e Mercado. Baseado em pesquisa com produtores, cooperativas e indústrias do complexo soja. Dezembro-20. Copyright 2020 - Grupo CMA
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JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Agricultura Camila Wesner/Arquivo Novo Rural
Cotações do milho seguirão em patamares elevados no início do ano A demanda aquecida pelo cereal no mercado interno e os bons índices nas exportações serão alguns dos fatores que contribuirão para a elevação dos preços
C
âmbio valorizando o dólar, demanda brasileira aquecida e otimismo nos índices de exportações são apontados como fatores que contribuirão para os preços elevados no mercado brasileiro nos primeiros meses de 2021. A projeção é do consultor Paulo Molinari, de Safras & Mercado. Conforme Molinari, as análises não indicam uma acomodação da demanda doméstica pelo cereal, mas ele ressalta que a safra de verão não será suficiente para atender toda a procura do mercado, principalmente por conta da estiagem que reduziu a produção no Sul do país, com destaque para o Rio Grande do Sul. Essa situação deve contribuir para o cenário de preços firmes, mas só até a entrada da segunda safra de milho no segundo semestre, “quando o am-
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biente tende a mudar razoavelmente”, como estima o consultor ao se referir a uma expectativa de acomodação nas cotações. – Se o problema do abastecimento de soja se resolverá com a entrada da safra de verão em fevereiro, o milho somente se resolverá com a entrada da safrinha em julho, ou com fortes importações. Com a entrada da safrinha 2021, o mercado se condiciona ao fluxo de exportações. Neste ponto, o mercado brasileiro de milho dependerá do quadro internacional de preços, demanda de exportação e câmbio – avalia Molinari. Segundo o consultor, o ano 2020 fechou com cerca de 34 milhões de toneladas de milho embarcadas. – Número inferior a 2019, quando foram exportadas 42 milhões de tone-
ladas. Mesmo assim, se manteve em um ritmo bom e saudável ao mercado – observa. Ainda no âmbito das exportações, Molinari destaca que o mercado externo deverá seguir com atenção ao potencial fluxo de compras pela China – que costumava importar mundialmente 3,8 milhões de toneladas de milho por ano, mas deve absorver 24 milhões na safra 2020/2021. Sobre os custos de produção na temporada atual, o aumento foi de 10% a 15% devido ao valor dos fertilizantes, segundo o profissional. Aliado a isso, houve pouca correção nos demais insumos. – Deve-se esperar que em 2021 os custos da safra 2022 subam devido aos preços dos insumos absorverem a correção cambial – projeta Molinari. JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Consultoria:
Produção:
Gracieli Verde
Você identifica as limitações no estabelecimento da lavoura de soja? Criar um mecanismo de registro dessas limitações na lavoura permite que o agricultor possa aprimorar os processos do sistema de produção
O
constante aprimoramento nos processos durante a safra tem permitido que o produtor seja cada vez mais eficiente na produção agrícola. Por um lado, as atuais tecnologias usadas no dia a dia exigem máximo cuidado e precisão; por outro, garantem maior assertividade e uma alta performance. É claro que fatores como o clima sempre geram uma apreensão, afinal, o insumo água é uma dos mais básicos e essenciais para as plantas se desenvolverem. Dito isso, a Revista Novo Rural, em parceria com o Dr. Alexandre Gazolla, doutor em Tecnologia de Sementes e consultor, compartilham a partir desta safra informações sobre dicas e manejos considerados importantes para esta etapa do ciclo por meio do projeto Boas Práticas de Plantio. Antes, esses conteúdos já eram veiculados através de colunas técnicas ou pautas da revista e no portal novorural.com. Agora, esse leque de orientações passa a ter uma identidade própria, com o intuito de aumentar ainda mais o alcance dessas informações junto ao público agro. O objetivo é que a cada safra de inverno ou verão sejam compartilhadas
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informações de como aprimorar esses processos, não somente na cultura da soja, mas também em outras que contribuem para os sistemas de produção. Essas boas práticas de plantio consistem em um conjunto de manejos que incluem desde a escolha da cultivar mais adequada à região e às características do ambiente de produção, a velocidade de semeadura, a temperatura e a umidade do solo, a profundidade em que a semente é depositada, entre vários outros aspectos. Parece simples elencar esses itens, mas avaliar isso levando em conta as mais diferentes realidades é o desafio, permitindo que cada vez mais agricultores possam ter mais êxito na rotina agrícola e explorando ao máximo o potencial de uma semente e do sistema de produção adotado. – Ter esse costume de registrar o que acontece no campo nesta fase facilita para que na próxima temporada os ajustes possam ser feitos. Assim como outras informações da lavoura ficam armazenadas para gerar o histórico da área, criar essa dinâmica na época de plantio facilita que busquemos a excelência – defende Gazolla.
Abra a câmera do seu smartphone, aponte para este QR Code e veja uma avaliação de estabelecimento feita pelo consultor:
Fale com a gente! E você tem alguma dúvida sobre como melhorar os processos de semeadura levando em conta o seu sistema de produção, ou seja, as culturas de cobertura que você utiliza e o sistema de rotação de culturas que adota? Envie sua opinião ou contribuição para o WhatsApp (55) 99960-4053! JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Graciele Verde
O que inverno tem de oportunidade para o produtor?
D
iscutir as oportunidades que a safra de inverno tem para a agricultura e para a pecuária tem sido uma pauta recorrente, porque ali pode estar uma alternativa para potencializar e diversificar a fonte de renda do produtor rural. Para o pesquisador Giovane Faé, da Embrapa Trigo, de Passo Fundo/RS, olhar para este aspecto com mais atenção pode favorecer que se viabilize a propriedade ou se rentabilize mais por hectare por ano. – Isso porque o trigo também resulta na melhoria do solo e não prejudica o estabelecimento da safra de verão. Não que as plantas de cobertura sejam simplesmente substituídas pelo trigo, mas que também entrem em um sistema de rotação de culturas – pontua.
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Possibilidades como a integração lavoura-pecuária, que pode ter o trigo como uma das culturas centrais, também são levantadas – uma maneira de fazer uma safra a mais ao ano graças a renda com a venda de carne ou de leite, conforme Faé. Defensor das cultivares de trigo, o agrônomo Carlos Ramiro Joaquim, que integra a equipe técnica da Cotrifred, observa que há que evoluir o planejamento dos sistemas de produção, permitindo dimensionar melhor a divisão das áreas para cada cultura. Isso, segundo ele, pode contribuir com uma nova percepção em relação ao inverno. – Estamos ampliando esse debate com o produtor, para que nas próximas safras possamos ter uma mais diversidade no inverno, inclu-
sive com as possibilidades de variedades de duplo-propósito, que são outro nicho de mercado dentro dos trigos – pontua. São contribuições como essas que a série Lavoura do Futuro trará em seu primeiro episódio, que vai ao ar neste mês de janeiro. Ao longo de 2021, o projeto promete pautas que trazem temas de relevância para a agricultura, de modo que debates proporcionem reflexões sobre como aprimorar os sistemas de produção levando em conta a viabilidade econômica e a sustentabilidade. A lavoura do futuro é aquela que garante rentabilidade, equilíbrio no que se refere ao uso dos recursos naturais e que garantam a longo prazo bons resultados. Acompanhe em Youtube.com/novorural e em Facebook. com/novorural e assista! JANEIRO | FEVEREIRO 2021
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/EmaterRS
Emater RS
Extensão rural com foco nas tendências para 2021
Outro assunto que é destaque na produção de grãos e que será intensificado em 2021 através do trabalho Emater/RS-Ascar é o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e o Manejo Integrado de Doenças (MID). Para tanto, a Emater/RS-Ascar dispõe de ferramentas de trabalho para execução e ações dentro deste cenário. No MIP, os extensionistas estão fazendo o acompanhamento das lavouras e realizando panos de batida, monitorando a presença de pragas e determinando os lineares de danos econômicos, trabalhando doses de produtos, indicações adequadas de princípios ativos, entre outras práticas, para garantir sucesso e boa eficiência na aplicação. Já no MID, a exemplo da Ferrugem asiática, a Emater/ RS-Ascar está trabalhando com os coletores de esporos, ferramenta que serve de base para o monitoramento, alerta e possível utilização de produtos para o manejo. Assim como em 2019 e 2020, nesta safra também será implantada uma rede de coletores de esporos em todo o Estado. Nesta região, os coletores estão em Seberi e Sarandi. Com relação à cultura do trigo, a Emater/RS-Ascar manterá suas parcerias com empresas privadas, cooperativas, cerealistas, propondo a realiza-
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Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural
N
esta edição a Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), traz informações a respeito das tendências e das ações previstas para o setor da produção de grãos em 2021. Uma das linhas de atuação da Emater/RS-Ascar para este novo ano é um trabalho que vem ganhando grandes proporções em nível de Brasil, com boas experiências, é a produção de bioinsumos. Neste momento, a Emater/RS-Ascar e a Embrapa estão programando uma capacitação dentro dessa temática que visa à multiplicação de microrganismos que fazem parte de um processo de manejo integrado, processo de controle biológico de pragas e doenças, em especial nas culturas de grãos, como a soja, o milho e o trigo. Estes insumos biológicos, como o Bacillus subtilis, proporcionam uma condição de trabalho melhor, com menor agressividade no meio ambiente e, consequentemente, mais sustentabilidade, além de agregar no aspecto econômico, pela redução dos custos. Atualmente, a produção “on farm”, já está presente nesta região e, em 2021, a Emater/ RS-Ascar intensificará ações nessa área, através da capacitação do seu corpo técnico, qualificando os extensionistas que prestarão apoio e orientação aos agricultores nesse processo de produção e utilização de produtos biológicos.
,
ção de dias de campo, em que serão apresentados aspectos tecnológicos da cultura, materiais genéticos que trazem melhores características, maior resistência e tolerância a doenças, entre outros fatores que são importantes para garantir maior rentabilidade e produtividade para os produtores. Ainda pensando na produção de grãos, a tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários também será alvo de trabalho para 2021. A Emater/RS-Ascar intensificará a orientação e os cursos de Boas Práticas de Aplicação de defensivos para reduzir problemas de deriva, de eficiência e, principalmente, de contaminação dos aplicadores. Outra proposta para este ano é a implantação de Unidades de Referência e de experimentação para compreender o desempenho de algumas cultivares que possam contribuir para a diversificação da produção, estando inseridas nas estratégias de manejo dos produtores. Um exemplo disso é cultura do sorgo. Já nesta safra, a Emater/RS-Ascar irá trabalhar sete híbridos de sorgo, que serão distribuídos em três locais e implantados em diferentes épocas de semeadura. Dessa forma, serão obtidos resultados que contribuirão para melhorar o posicionamento da cultura, aproveitando o microclima da região, bem como a janela do período de pós-safra de milho e soja, que é o mês de fevereiro. Para 2021, um dos grandes projetos que a Emater/RS-Ascar continuará executando é o Pró-Milho, programa da Seapdr que visa fomentar esta cultura tão importante para muitas cadeias produtivas. O Pró-Milho trabalha ações focadas no crédito, irrigação e solo. “Olhar para o milho é extremamente importante, tendo em vista que a rotação de cultura e também a diversificação e opções de segunda safra viabilizarão e tornarão este processo de produção ainda mais interessante”, salientou o gerente do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, Luciano Schwerz. JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Sistema pecuária-floresta: uma via de mão dupla na atividade leiteira Do bem-estar animal ao aumento da produtividade, sistema integrado abre novas possibilidades na produção de leite, prezando pela sustentabilidade em vários aspectos dentro da propriedade rural Por
Débora Franke jornalismo@novorural.com
P
ara melhorar a produtividade do rebanho leiteiro, o jovem pecuarista João Maciak, 32 anos, decidiu investir na integração pecuária-floresta (IPF) na propriedade rural de 38 hectares, localizada no interior de Seberi/RS, na Linha Levulis. Destinando três hectares para o cultivo de eucalipto integrado às pastagens, o produtor contribui para o bem-estar do rebanho da raça jersey e vê, na prática, como o uso mais eficiente dos recursos disponíveis pode fazer a diferença. Há 30 anos trabalhando com a pecuária de leite – atualmente principal fonte de renda –, a família Maciak conheceu o sistema em 2012, em um programa de assistência técnica desenvolvido por uma parceria entre a Farsul, Senar/RS e Sebrae/ RS voltada à bovinocultura de leite. Após visitar uma propriedade que mantinha o sistema silvipastoril em São Miguel das Missões/RS, os seberienses passaram a colocar em prática um plano de ação para implantar a IPF e obter resultados mais sustentáveis. Para efetivar o projeto, o programa auxiliou a família Maciak com o mapeamento da propriedade e as medidas de distanciamento entre as mudas de eucalipto – uma das espécies mais recomendadas para a prática, já que possui rápido crescimento. Somando o valor de 500
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mudas, pastagens e demais insumos para manter o sistema, o investimento total ficou em torno de R$ 1.200,00 na época. Conforme o pecuarista, dois anos após o primeiro plantio já foi possível observar o resultado no bem-estar dos animais. Na produtividade nem se discute, conciliando o sistema com a assistência de um profissional para ajustar a dieta dos animais, ele tem conseguido alcançar patamares de produtividade satisfatórios com o rebanho de 26 vacas em lactação. – Para evitar o pisoteio dos animais, fiz o plantio das mudas e as cerquei. Com dois anos, as plantas já proporcionaram sombra e foi quando comecei a observar os resultados. Com uma dieta equilibrada conseguimos atingir 23 litros/vaca/dia neste mês [dezembro 2020] e o objetivo é aumentar cada vez mais esse número – projeta o pecuarista. No espaço são três piquetes com o cultivo de capim-sudão no verão e aveia no inverno. O pastejo ocorre de forma rotacionada. Atualmente, são 120 árvores no local, divididas em quatro fileiras com distância de 16 metros entre cada uma. A distância entre as plantas é de 4 metros a 6 metros. Além de servir como sombra para os animais, os eucaliptos também vêm ajudando na renda da família, já que permite a comercialização de madeira.
– Realizamos o primeiro raleio [retirada de algumas árvores para fornecer a entrada de luz e favorecer o crescimento das árvores remanescentes] e a poda quatro anos depois do plantio, ficaram somente as árvores mais vistosas. A madeira foi comercializada na época. No ano passado [2019] foi feito mais um raleio em que comercializei novamente a madeira e o próximo corte ocorrerá conforme o desenvolvimento das árvores. Apesar do preço estagnado do eucalipto na região, é uma planta que cresce rápido, por isso é vantajoso – conta. A manhã era ensolarada e quente quando a reportagem visitou a família Maciak. Era impossível não perceber a diferença de temperatura entre o espaço com sombra e o sem a presença das árvores. Os animais estavam acomodados e pareciam gostar do ambiente, apreciando a sombra durante todo o período em que permanecemos na propriedade. As vacas eram dóceis, outra característica comum na raça jersey. – A sombra traz conforto para o animal e, com isso, maior é a produtividade, porque assim elas se alimentam melhor e produzem mais. Pretendo continuar com o sistema, porque ter uma área de sombra para os animais no verão é uma vantagem em uma região de altas temperaturas na estação – destaca. JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Rafaela Rodrigues/Novo Rural
JoĂŁo Maciak investiu no sistema em 2012 na propriedade de 38 hectares no interior de Seberi/RS
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JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Um sistema interligado O sistema silvipastoril (SSP) é apenas uma das possibilidades dos chamados sistemas de integração. Estes podem ser fontes de produção de grãos, fibras, madeira, energia, leite ou carne na mesma área, em plantios em rotação, consorciação e/ou sucessão, conforme a Embrapa. De acordo com a instituição, o sistema funciona com o plantio de culturas agrícolas anuais durante o verão e de árvores associado a espécies forrageiras. Há várias possibilidades de combinação entre os componentes agrícola, pecuário e florestal, resultando em diferentes sistemas inte-
IPF na propriedade da família Maciak PROPRIEDADE:
38 hectares
SISTEMA INTEGRAÇÃO PECUÁRIA-FLORESTA (IPF):
3 hectares
INVESTIMENTO [ANO 2012] EM 500 MUDAS DE EUCALIPTO, PASTAGEM E INSUMOS:
R$ 1.200,00
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grados, como lavoura-pecuária-floresta (ILPF), lavoura-pecuária (ILP), agroflorestais (SAF) ou silvipastoril (SSP), como o utilizado na propriedade da família Maciak. Hoje a Embrapa é referência na difusão de informações relacionadas a esse sistema de produção e isso tudo de modo público e gratuito ao produtor. Isso porque o objetivo, conforme a instituição, é potencializar o uso mais eficiente dos recursos da propriedade e melhorar a qualidade do solo e da água, resultando na possibilidade de redução de uso de defensivos químicos e na melhoria do ambiente produti-
vo de uma forma geral. Isso tudo reflete na redução da vulnerabilidade aos riscos climáticos. Tanto que para 2030, a meta registrada no Acordo de Paris sobre mudanças climáticas é aumentar esta área em mais 5 milhões de hectares no Brasil. Conforme dados da Rede ILPF, no Brasil são 11,5 milhões de hectares que usam este sistema de produção. O Rio Grande do Sul figura neste ranking com 1,4 milhão de hectares, graças a produtores como a família Maciak – que, além de João, é formada pelo pai Antônio, de 71 anos, e a mãe, dona Tereza, de 69 anos.
Comercialização de madeira: - 4 anos após o plantio e em 2019
ATUALMENTE [DADOS DE 2020]: 120 árvores de eucalipto Divididas em 4 fileiras com 16 metros de distância entre estes
Rebanho: 26 vacas em lactação Produtividade: 23 litros de leite por vaca/dia
Distância de 4 metros a 6 metros entre as árvores
JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Pecuária Jornal O Alto Uruguai
Carne de gado premium à base de energia limpa AgroBella se torna referência para o Brasil em geração de energia com o uso de dejetos bovinos. Projeto é alicerçado na sustentabilidade, conceito priorizado desde a implantação do confinamento, que hoje engorda 3,5 mil bois em Seberi/RS, no Norte do RS
Projeto propõe inovação para otimização de recursos na pecuária de corte
Por
Gracieli Verde jornalismo@novorural.com
T
ornar a pecuária cada vez mais sustentável tem sido um dos desafios do agronegócio. Na prática, considerar os vários aspectos que este conceito prevê é efetivamente tirar do papel decisões estratégicas para atender um consumidor informado e exigente. Mais do que isso, é construir projetos produtivos que gerem renda e ativos ambientais com equilíbrio. Nesse quesito, o Médio Alto Uruguai gaúcho tem do que se orgulhar. Em Seberi/RS, município essencialmente agrícola e que conta com um dos maiores confinamentos de gado de corte do Estado, a Agrobella Carnes Premium tem dado passos largos rumo à sustentabilidade, primando pela geração e uso de energia limpa e renovável. Isso vem a complementar toda a tecnologia embarcada que é usada nos processos de produção nos atuais cinco galpões que abrigam cerca de 3,5 mil bois. O projeto começou a ser executado há cerca de três anos e hoje conta com a engorda de animais das raças Angus e Wagyu, reconhecidas pela qualidade na mesa do consumidor. Em dezembro de 2020 o confinamen23 | NOVO RURAL
to se tornou autossustentável em energia limpa e estável, com excedente que será destinado para atender a demanda de outra estrutura da AgroBella localizada em Frederico Westphalen/RS. Há aproximadamente um ano, o confinamento já tinha todos os equipamentos alimentados com eletricidade própria, pois os dejetos gerados pelo plantel eram utilizados para a geração de energia por meio de um biodigestor. Buscando maior intensificação da atividade, outro biodigestor com maior capacidade e tecnologia alemã foi instalado. Isso representa mais um processo de evolução do projeto, pelo fato de o excedente da produção do confinamento agora ser injetado na rede de energia da concessionária RGE. Com isso, os créditos são abatidos na conta de luz da fábrica de ração da marca AgroBella. Segundo o diretor comercial da empresa, Renato Sponchiado, este investimento é resultado de um trabalho conjunto da direção, equipe e parceiros da AgroBella. – A usina instalada exigiu mais de três anos de muitas pesquisas, não apenas da direção da AgroBella, mas de todos os profissionais envolvidos, e em várias regiões do Brasil e do mundo. Não foi levado em consideração apenas o aspecto financeiro, mas também o que significa como inovação para o setor. É um projeto que
quebrou barreiras – define. No ponto de vista agronômico, uma das vantagens é para as lavouras da granja, especialmente as utilizadas para a produção de milho para compor a dieta dos animais em engorda. – Os biodigestores maturam mais rapidamente o dejeto, permitindo uma melhor eficiência deste biofertilizante nas lavouras, sem contar que evita qualquer tipo de contaminação – observa o engenheiro-agrônomo Jonas Mitcha, que também integrou a equipe da AgroBella que acompanha o projeto. A expectativa é que em futuro próximo a produção de energia gerada a partir da biomassa do confinamento torne a fábrica de rações da marca totalmente autossuficiente. Foram cerca de R$ 2 milhões muito bem investidos, garante o empresário. Sem contar que a iniciativa vai contribuir com a evolução da tecnologia de geração de energia por meio da biomassa, servindo para aperfeiçoar sistemas futuros. – Pesquisamos muito sobre como fazer tudo isso de uma forma viável. Tenho certeza que isso vai crescer muito no Brasil e queremos contribuir para este movimento – reforça Renato, que já visitou países como os Estados Unidos, onde também se inspirou para a viabilização da AgroBella Carnes Premium. JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Pecuária
Carne suína deve seguir liderando as exportações em 2021 ABPA/Divulgação
ABPA estima que as exportações da proteína no período cheguem a 1,1 milhão de toneladas. Carne de frango também ganhará destaque na produção, cerca de 14,5 milhões de toneladas estão previstas para este ano Por
Rafaela Rodrigues jornalismo@novorural.com
U
m ano de bons negócios no mercado doméstico e externo – especialmente para a carne suína –, mas também de desafios. Assim foi definido o ano de 2020 para o setor de proteína animal brasileiro. Com a demanda asiática aquecida por carne de frango e suína, os setores deverão se manter em patamares elevados em 2021. Conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção brasileira de carne de frango poderá alcançar até 14,5 milhões de toneladas neste ano, número que superaria em 5,5% os números de 2020. Já as exportações deverão chegar a 4,35 milhões de toneladas. Para a carne suína, a estimativa é de que a produção fique em torno de 4,4 milhões de toneladas, número até 3,5% superior à produção de 2020. A alta esperada para as exportações de 2021 poderá alcançar até 10%, com total de 1,1 milhão de toneladas previstas. Para adiantar algumas projeções para o ano que inicia, a reportagem da Novo Rural conversou com o presidente da ABPA, Ricardo Santin. Confira trechos da conversa:
O ano de 2020 foi marcado pela pandemia gerada pelo Covid-19 e também pelos custos de produção em alta para o produtor e para a indústria. Considerando esses dois fatores, como avalia o ano que passou para o setor de proteína animal? Ricardo Santin – Em virtude da pandemia, todo aquele planejamento que fizemos para 2020 não se conso24 | NOVO RURAL
lidou. Por outro lado, chegamos ao fim do ano com o crescimento de 0,7% nas exportações de aves e aumento de 37% nas exportações de suínos se comparado a 2019. Crescemos também em disponibilidade dessas proteínas para o mercado interno, 6% e 0,5%, respectivamente, algo muito importante. Conseguimos manter as exportações e as ofertas de produtos para os brasileiros em meio a um cenário de dificuldades. Conseguimos crescer e isso é algo muito positivo.
Para 2021, quais são as projeções para o mercado de carne suína? O setor continuará se destacando? Ricardo Santin – O destaque vai continuar para o setor suinícola, porque os efeitos da Peste Suína Africana foram ainda mais severos em 2020 na China, tanto é que eles produziram de 36 milhões a 38 milhões de toneladas contra 54 milhões de toneladas que produziam antes da doença. Neste ano, a projeção é de que eles produzam por volta de 42 milhões de toneladas, o volume continua menor comparado ao que produziam. Com isso,
já dá para apontar que a carne suína continuará sendo muito demandada, inclusive, porque o Brasil conseguiu crescer no mercado e quebramos a barreira de 1 milhão de toneladas na exportação. Para 2021, estamos prevendo um crescimento de cerca de 10% nas exportações, chegando a 1,1 milhão de toneladas previstas.
Em 2020 foi registrado uma alta no consumo de carne de frango. O setor deve continuar retomando suas forças no mercado interno? E no âmbito das exportações? Ricardo Santin – O aumento de 6% no consumo da proteína no mercado interno e de 0,5% nas exportações foi impulsionado, principalmente, pelo crescimento do preço do boi na temporada. O frango foi uma das proteínas que mais sofreu com a pandemia, porque os maiores mercados da carne são restaurantes e lanchonetes e estes tiveram suas atividades paralisadas, comprometendo o mercado. No entanto, tivemos esse aumento e esperamos para este ano uma elevação de 3% no consumo do mundo e de 2 a 2,5% no mercado brasileiro. Nas exportações, projetamos um aumento de 3% a 5%. Chamo atenção JANEIRO | FEVEREIRO 2021
A atividade de produzir alimentos é nobre.
para um problema que, infelizmente, está ocorrendo na Ásia e na Europa, que é a Influenza Aviária. Então, nós brasileiros, devemos preservar ainda mais a sanidade dos nossos plantéis.
Para esses setores, quais serão os principais desafios? Ricardo Santin – Não deixar cair o nível de sanidade que a gente tem. Com esses dois problemas mundiais devemos triplicar os cuidados para conseguirmos ficar livres dessas doenças. Também devemos ser desafiados com os custos de produção em alta, com destaque para o milho. Talvez não nos mesmos patamares de agora, porque haverá uma queda com a entrada da safra de soja e a safrinha de milho, mas não devemos observar a curto prazo sacas de milho nas cotações como as de 2019, por exemplo. Com base nas cotações atuais prevemos um ano com os preços dos insumos mais caros. Por isso, haverá um reajuste no pre-
ço final do produto, tanto no mercado interno quanto externo, ou seja, vamos ter que crescer um degrau no nível de preço dos produtos brasileiros para poder manter o equilíbrio na cadeia de produção.
Fazendo um recorte para o Rio Grande do Sul: o Estado está trabalhando com boas projeções para o setor, especialmente o suinícola, mas ainda busca a autossuficiência na produção de milho. Esse fator poderia ser considerado um gargalo para o setor? Ricardo Santin – Sim. A boa notícia é que estamos trabalhando em um projeto visando uma maior utilização dos cereais de inverno para o setor de proteína animal. A Embrapa Trigo [Passo Fundo/RS] e a Embrapa Suínos e Aves [Concórdia/SC] irão desenvolver variedades específicas para a produção animal. Além disso, tem o programa Pró-Milho RS para aumentar a área de milho, que apoiamos e acreditamos que agregará nessa questão. Também estamos trabalhando junto a demais entidades do setor de proteína animal gaúcho para conseguir linhas de financiamento para armazenamento de grãos, carregamento de estoque e, especialmente no RS, para irrigação. Com o reconhecimento de área livre de febre aftosa sem vacinação, iremos trabalhar agora para a abertura de mercados. A suinocultura gaúcha tem potencial para crescer muito, inclusive, na qualificação das ven-
das [venda de miúdos e carne com osso à China e demais países].
No Norte gaúcho observamos cada vez mais famílias integrando a suinocultura com a pecuária de leite e também investindo mais na avicultura. Este movimento tem fomentado a permanência do jovem no campo. Que mensagem o senhor deixa para esses “novos investidores”? Ricardo Santin – Quando se começa a consorciar atividades, você reafirma a sua propriedade como uma empresa rural. Isso é importante: ter mais de uma alternativa, pois vai chegar um momento em que o suíno estará com a cotação em baixa e é o leite que vai ajudar o produtor manter a renda. Aos jovens, eu ressalto a questão da gestão: tem que colocar tudo na ponta do lápis. Buscar novas tecnologias para inovar na atividade, a exemplo dos cereais de inverno. Mas, acima de tudo, acreditar na atividade. A FAO [Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura] estima que nos próximos cinco anos devemos aumentar em 40% a produção de alimentos para o mundo e até 2050 em 100%. Cerca de 40% desses alimentos, inclusive, sairão do Brasil. Seremos um dos grandes parceiros para a segurança alimentar do globo. Por isso a importância do jovem, dos pecuaristas investirem cada vez mais na produção de alimentos. A atividade de produzir alimentos é nobre.
Juventude Rural GESTÃO PARA O FUTURO Por
Flávio Cazarolli
flavio@focorural.com.br
Engenheiro-agrônomo, especialista em Gestão de Recursos Humanos e palestrante na área de sucessão rural. Gerencia a Foco Rural Consultoria, em Ijuí/RS
O desenvolvimento sustentável do agronegócio
Tem sido crescente o incentivo por práticas agrárias mais conscientes.
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Divulgação
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ue legado ambiental queremos deixar para a nova geração? Tenho observado a crescente divulgação do impacto do agronegócio sobre o meio ambiente, alguns artigos depreciam o crescimento animador do setor olhando numa perspectiva meramente econômica e contrapondo com uma perspectiva ambiental ameaçadora, especialmente causando impactos pela superexploração do meio ambiente, gerando problemas como desmatamento, degradação do solo, perda da biodiversidade, contaminação de água, ar e solo e geração de resíduos. Nos últimos anos tem sido crescente o incentivo por práticas agrárias mais conscientes e para que haja um desenvolvimento sustentável do agronegócio no Brasil. A sustentabilidade favorece não só o meio ambiente, mas também aumenta a produtividade das empresas com redução de custos e abertura de mercados no mundo inteiro.
A legislação ambiental brasileira é frequentemente apontada como uma das mais avançadas do mundo, podendo ser comparada, pelo menos sob o aspecto formal, com a estrutura normativa de países hoje na vanguarda em termos de gerenciamento das questões ligadas à preservação dos recursos ambientais e à promoção da sustentabilidade do desenvolvimento econômico. Mesmo tendo uma legislação abrangente, padrões de qualidade ambiental equiparáveis a alguns dos mais rigorosos países desenvolvidos, sanções penais e administrativas suficientemente expressivas e órgãos ambientais legalmente dotados das devidas atribuições para o exercício do poder de polícia, os resultados concretos em termos de melhoria da qualidade dos parâmetros relacionados ao meio ambiente não são notados pela sociedade brasileira e mundial. O que estamos fazendo de errado para termos esta imagem negativa? Precisamos colocar nas nossas pautas de discussão os temas do desenvolvimento sustentável, a ideia de desenvolver tecnologias inovadoras capazes de conciliar a produção de alimentos com a proteção ambiental, duas das questões mais impor-
tantes para manutenção da vida na Terra. De fato, a legislação ambiental brasileira tem sido considerada referência por muitos autores e instituições internacionais. Entretanto, acima de toda a legislação está a postura do produtor rural brasileiro, que tem amadurecido com as questões ambientais, e salvo as exceções de toda a regra, tem se esforçado no sentido de preservar o meio ambiente consolidando o Brasil como um país capaz de aliar a segurança alimentar do mundo com sustentabilidade ambiental. O Brasil será capaz de emergir como um líder mundial na proteção ambiental e poderá criar as condições necessárias para conciliar a crescente produção agrícola com a proteção de suas florestas e biodiversidade. Para o agronegócio brasileiro, não há dúvidas que o desenvolvimento sustentável é a grande marca a ser desenvolvida, é o verdadeiro selo de qualidade que precisamos para colocar nos nossos produtos, e que muito mais que abrir as portas do mercado mundial, vai chancelar e trazer justiça para o esforço que o setor empreendeu para conquistar esta posição de segurança alimentar e preservação ambiental. JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Negócios
Planejamento financeiro para uma vida mais próspera
Oferecimento:
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Técnicas simples que auxiliam na gestão
Organizar as compras por grupos de aplicação e utilização
Segmentar por empreendimento e períodos agrícolas, seja em planilhas manuais ou cadernos de controle, construindo um histórico e controle atual, que podem lhe auxiliar no gerenciamento de seu fluxo de caixa para cada empreendimento
Manter o registro de preços de produtos, épocas de compras, referências de empresas e produtos, preço de vendas e períodos, em uma relação com compromissos a pagar com o referido empreendimento. Por exemplo: investimentos, custeios agrícolas, CPR’s ou outros contratos 27 | NOVO RURAL
Sicredi/Divulgação
planejamento financeiro é um processo que faz parte da gestão da propriedade e constitui-se como um fator determinante para o seu sucesso. Desta forma, o produtor pode visualizar onde estão os gastos mais expressivos e buscar alternativas para contenção e balanceamento dos investimentos conforme a estimativa de lucro. O agronegócio é dinâmico e tem muita influência de mercado nos principais insumos necessários para o desenvolvimento das atividades. É neste sentido que se torna fundamental o planejamento financeiro, para que o produtor não fique “refém” do momento ou do que está disponível no mercado.
Jovem casal muda de vida por meio da Educação Financeira Um jovem casal do interior de Alpestre/RS participou do Programa Educação Financeira em agosto de 2019. Mudanças significativas foram sentidas depois das orientações recebidas. Vanessa dos Santos da Maia Erthal e Jean Cesar Erthal, casados há seis anos, resolveram participar da capacitação para buscar mais conhecimento. “Nosso desejo era melhorar o que já fazíamos, mas não imaginávamos que as consequências seriam tão significativas para nossa família”, conta Vanessa. Jean comenta que, antes do curso, os dois não tinham o hábito de anotar nada do que compravam e vendiam e, por isso, não sabiam se tinham ganhos. “Nosso erro estava em comprar sem saber a quantidade exata que precisávamos, o que gerava desperdício. Agora, com o planejamento, sabemos o precisamos e não adquirimos nada além do necessário”, explica Jean. O casal entende que, apesar de jovem, fez o curso no momento certo, pela evolução alcançada.
“Depois do programa nos sentimos mais unidos, estamos participando dos negócios de uma forma mais equilibrada. Definimos junto com o meu sogro e minha sogra, que trabalham conosco na propriedade, o que faremos e a forma que devemos seguir para alcançar o que almejamos”, ressalta Vanessa. Com 20 hectares e outros 15 hectares arrendados, a família produz milho, fumo, uvas, leite e mais recentemente financiou no Sicredi uma pocilga, pois na capacitação tiveram a certeza que seria um ótimo investimento. O casal também destaca a utilização do aplicativo do Sicredi, alegando a comodidade da ferramenta, já que conseguem fazer muitas operações pelo celular, não precisando se deslocar até uma agência. “Trabalhamos com o Sicredi porque é uma cooperativa, então também somos donos e tudo o que investimos retorna para nós. Sou grata a esta instituição por tudo que já evoluímos e porque acredito que o conhecimento é tudo, já que ninguém tira o que aprendemos”, finaliza Vanessa.
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Cooperativismo Divulgação
Cooperativas agropecuárias seguirão fortalecendo a economia Assim como no ano passado, o cooperativismo continuará desempenhando um papel fundamental na manutenção da economia nacional em 2021
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agronegócio reforçou o seu espaço como elo principal da economia nacional em 2020. Em um ano atípico, o setor garantiu o abastecimento de alimentos e demais mantimentos vitais à população, renda para as diversas famílias que têm a vida atrelada ao campo e também na manutenção da saúde, através de iniciativas de entidades representativas do setor. Neste processo, o cooperativismo agropecuário também teve grande destaque – junto ao de crédito e de infraestrutura. Conforme o levantamento Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2020, do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, as cooperativas agropecuárias formam, atualmente, o segmento economicamente mais forte do setor em solo gaúcho. Só em 2019, a renda deste ramo gerada ao Estado – imposto e contribuições – chegou a R$ 2 bilhões. Ainda segundo o recente levantamento, no Rio Grande do Sul as cooperativas reúnem 2,97 milhões de associados distribuídos em 444 cooperativas, o que representa 52,6% de participação da população gaúcha. O destaque, é claro, fica para as coo-
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perativas agropecuárias. Inclusive, o número atualizado delas neste ramo, registradas junto à Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul, aumentou no ano passado, chegando a 128 cooperativas, com 343,7 mil associados. O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/ RS), Paulo Pires, ressalta que o cooperativismo teve “um ano interessante”, mesmo em meio a pandemia e a estiagem. Para 2021, as perspectivas são otimistas, segundo o dirigente, mas a atenção novamente se voltará ao clima, o que sinaliza que cada cooperativa deverá discutir na sua gestão a eficiência e a profissionalização. – Estamos indo para um mundo profissionalizado e no nosso setor não pode ser diferente – ressalta Pires. Para o presidente da Cooperativa de Produtos da Agricultura Familiar de Frederico Westphalen (Coopraf) – que abrange 11 municípios do RS – e do Fórum Regional do Cooperativismo, Vanderlei Zonta, o cooperativismo seguirá fomentando o desenvolvimento econômico junto do setor
agropecuário. – Na agricultura familiar sempre enfrentamos desafios, tanto no clima quanto nas cotações. No entanto, para esses momentos temos o apoio das cooperativas, que devem continuar desenvolvendo seus sócios neste ano, ainda mais com esperada retomada na economia pós-pandemia – destaca Zonta, que também é produtor rural. Nesta mesma linha, a coordenadora da Unidade de Cooperativismo do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen – que abrange 42 municípios gaúchos –, Marcia Faccin, destaca o desempenho do setor agropecuário e do cooperativismo no ano que passou e acredita que 2021 seguirá sendo fortalecido pela atuação conjunta dos setores. – Para 2021, mais do que nunca, as cooperativas terão um papel indispensável na retomada da economia, no fortalecimento do setor produtivo. Acredito que o cooperativismo agropecuário será um dos grandes agentes de desenvolvimento econômico e social, inclusive, deve ter novamente uma grande contribuição para o PIB gaúcho – frisa Márcia. JANEIRO | FEVEREIRO 2021
ESPAÇO COOPERATIVO
Repórter
Por
Marcia Faccin
marcia.faccin@mail.com
Coordenadora da Unidade de Cooperativismo do Escritório Regional da Emater/RS de Frederico Westphalen
Apoio técnico:
Novo ano para novos desafios!
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m novembro de 2020, o Grupo Creluz passou pela Auditoria Externa de Monitoração das NBR’s – sigla para conjunto de normas técnicas brasileiras – ISO 9001, que se refere ao Sistema de Gestão da Qualidade e ISO 10002, que trata do tratamento das reclamações dos clientes. Em virtude da pandemia gerada pelo Covid-19, a auditoria ocorreu de forma virtual e foi conduzida pelo auditor-externo da TÜV NORD Brasil – RTÜV, o engenheiro-eletricista Rosano Alfredo da Rosa. Na oportunidade, foram analisados departamentos ligados às áreas técnica, comercial e administrativa da cooperativa. A reunião de encerramento da Auditoria Externa foi realizada na matriz, em Pinhal/RS, com apresentação do relatório à coordenação do Sistema de Gestão da Qualidade e a comunicação de que o Grupo Creluz tem a certificação mantida para o ano de 2021. Em 1996, a cooperativa aderiu aos programas de qualidade e produtividade. No ano de 2012, o Grupo Creluz foi a primeira cooperativa de eletrificação rural do Estado do Rio Grande do Sul a implantar a NBR ISO 9001. Esse conjunto de métodos de gestão ligados às boas práticas ajudaram a melhorar o desempenho e a promover uma cultura organizacional de resultados corporativos satisfatórios. Conforme análise da coordenação do Sistema de Gestão da Qualidade da cooperativa, essa certificação reforça o empenho e a dedicação da direção e dos colaboradores em não medirem esforços para atender a legislação, visando aprimorar ainda mais os serviços prestados aos associados. Grupo Creluz/Divulgação
ano de 2021 chegou cheio de novas oportunidades e desafios. Um novo ano dentro do “novo normal”, como muitos estudiosos dizem. Para as nossas cooperativas um período de oportunidades, de se aproximar ainda mais do associado para convidar a vivenciar o cooperativismo durante todos os dias do ano, de visitar mais a cooperativa, de negociar e fazer com que o bom cooperativismo possa trazer ainda mais benefícios para a comunidade. No decorrer de 2020 vivenciamos muitas experiências que nos obrigaram a tomar decisões e atitudes diferentes. A sua cooperativa lhe ajudou nesse período? Esteve ao seu lado lhe proporcionando segurança, confiança e credibilidade nas negociações? Precisamos neste novo ano repensar algumas questões do nosso cotidiano, entre estas valorizar de fato quem esteve ao nosso lado nos bons e maus momentos e, efetivamente, vivermos o bom cooperativismo. Estamos nos aproximando das assembleias gerais ordinárias que as cooperativas, por força de lei, devem realizar até o terceiro mês do ano subsequente do último exercício fiscal. Momento de participar, acompanhar o que a cooperativa na qual você é associado fez durante o ano e o que projeta para 2021. Também é o momento de acompanhar atentamente os números que a cooperativa obteve em 2020 e ver qual será o valor que você terá de participação nas sobras que a cooperativa distribuirá para cada associado. Na grande maioria, as sobras são proporcionais à movimentação do associado, uma iniciativa democrática. Importante também ressaltar que em algumas cooperativas, por decisão da diretoria e aprovado em assembleia, as sobras são reinvestidas nos negócios, visando ampliar ainda mais a participação no mercado. Por isso, é fundamental acompanhar atentamente os investimentos e projetos futuros desta, pois quanto mais melhorias fizer, mais você irá ganhar com a sua cooperativa. Se você é um associado atuante, lhe convido a continuar com essa garra, dinamismo e comprometimento com a sua cooperativa, inclusive, lhe parabenizo por essa atitude. Mas se você é um associado que raramente participa, lhe convido a buscar inteirar-se mais do dia a dia da cooperativa na qual você é sócio e ter uma relação melhor de “dono” da cooperativa, afinal, todo associado é responsável em investir, acreditar, valorizar, acompanhar a gestão e as estratégias que estão sendo tomadas pela diretoria eleita, e se em algum momento não concordar com a decisão tomada por esta, dialogue e entenda o porquê que os conselheiros tomaram tal decisão. Nossa participação é fundamental para termos uma cooperativa forte, com associados satisfeitos, engajados e comprometidos com o bom cooperativismo. Sucesso a todos e que tenhamos um 2021 repleto de saúde, paz, conquistas e que o sistema cooperativo possa cada vez mais contribuir com o desenvolvimento das pessoas e da comunidade onde está inserido. Vida longa ao cooperativismo e aos associados atuantes e comprometidos!
Certificação Internacional da Qualidade garantida para 2021
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Turismo Rural Rafaela Rodrigues
A família Faccenda acredita no potencial do turismo rural no município e está na expectativa para retomada das atividades
Do amor aos animais nasce o empreendimento da família Faccenda A história da Hotelaria Estância Riograndense está atrelada com a confiança e o respeito aos animais, especialmente ao cavalo Por
Rafaela Rodrigues jornalismo@novorural.com
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Gracieli Verde
gramado propício para um piquenique, as árvores, os cavalos e as redes coloridas são convidativas para permanecer por ali durante horas, sem se preocupar muito com o passar do tempo. Esse conjunto de elementos não passam despercebidos ao chegar na Hotelaria Estância Riograndense, localizada na comunidade Sanga do Leão, em Sarandi/RS. O domingo era ensolarado e, ao chegar ao local, a reportagem da Novo Rural foi recebida pela dona Celis Faccenda, 55 anos, proprietária do negócio voltado ao turismo rural. “Tudo começou como uma brincadeira entre amigos”, revela ela, com os olhos marejados ao contar sobre a história do empreendimento, que é regido pelo amor e respeito aos animais. Graduado em Zootecnia e com passagem pela Universidade do Cavalo, em São Paulo, o jovem Luan, 28
anos – filho mais velho de Celis –, deu o sive, o piquenique foi um atrativo criapontapé inicial para a criação da hotelaria do em meio a pandemia para retomar de equinos na propriedade herdada pelos a atividade com segurança, respeitanavós maternos, Ângelo Pelizari e Jandila do o distanciamento social. Marafon Pelizari. Depois de se aposentar – Como professora eu gostava de da educação, há quatros anos, Celis, o conversar, do contato com as pesesposo, Dario, 63 anos, e a filha, Tágasoas e queria isso aqui no interior. ta, 22, também retornaram à propriedade Também sempre gostei de cozinhar, para ajudar na administração da Hotelaria só que eu não sabia como começar a – até então eles moravam na cidade. trabalhar nesta área. Procurei o EscriDesde julho de 2019, o local também tório Municipal da Emater/RS-Ascar e recebe turistas, que podem desfrutar de um passeio em meio a natureza, onde conhecem a lenda do Umbu, a história da família e desfrutam de um momento relaxante. No fim do roteiro, os turistas recebem uma cesta de piquenique, com delícias produzidas na cozinha da própria Celis, para serem consumidas no belo gramado que compõe a entrada do local. Inclu- Durante o roteiro, os turistas também têm contato com os animais
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Gracieli Verde
recebi orientações de como atuar com o turismo rural. Fico muito feliz quando as pessoas saem daqui e relatam que gostaram do lugar, das minhas comidas – conta a empresária rural, ressaltando que o carro-chefe dela é o café campeiro.
Respeito aos animais O contato com os cavalos ajudou muito o desenvolvimento de Luan na infância. A admiração por esses animais virou profissão. Hoje ele dedica a vida à doma e a cuidar da Hotelaria para que os cavalos tenham a saúde e bem-estar assegurados. Para isso, ele conta com o auxílio da família e do colaborador Dafner da Silva. – Depois de estudar na Universidade do Cavalo, ele aprendeu a olhar esse animal de um jeito diferente e entender melhor sobre o comportamento. O cavalo é um reflexo de nossas ações. Se o tratarmos bem, ele vai retribuir da mesma forma. Por isso, nosso trabalho é baseado na confiança e em respeitar o animal – revela Tágata, orgulhosa do dom do irmão e com brilho nos olhos, outra apaixonada pelos cavalos. Uma das estrelas da propriedade é a égua Chalana, de 21 anos, mais conhecida como a matriarca da Hotelaria Estância Riograndense e que atualmente desfruta da “aposentadoria” na pastagem farta e na companhia de outros animais. – Ela foi adquirida com seis meses de idade. Foi ela que fez a gente se apaixonar por este estilo de vida – relata Tágata.
Sussi e família conhecerem o local pela internet e adoraram a experiência
Um mercado em ascensão O município de Sarandi/RS é um dos pioneiros do turismo rural no Norte gaúcho, com atrativos que vão desde a vindima até locais como a Hotelaria da família Faccenda. Segundo a empresária Andressa Cereza, sócia-proprietária da Agência Allegro Turismo Rural, o setor tem se mostrado cada vez mais próspero e o investimento em negócios nas áreas interioranas devem ser a nova aposta do mercado turístico no pós-pandemia. – Observamos bastante procura pelo turismo rural e enxergamos o potencial crescente desse setor na região, especialmente após a pandemia. Estudos mostram que as pessoas vão procurar por locais em meio a natureza e com pouca aglomeração, tornando o meio rural propício para as atividades de lazer – conta a empresária, na expectativa para a retomada das atividades. O extensionista rural Graciel Maggioni, da Emater/RS-Ascar local, completa reforçando que o turismo rural está sendo cada vez mais valorizado. Ele tam-
bém destaca que a instituição trabalha junto dos empresários rurais desde a identificação dos potenciais turísticos da propriedade, no planejamento, na definição de investimentos e dá assessoramento contínuo para os negócios. – O isolamento social está fazendo as pessoas valorizarem mais a natureza e locais como este. A Hotelaria Estância Riograndense é um local especial para trazer a família e as crianças nos fins de semana, para ter esse contato com a natureza e os animais de forma segura – reitera o extensionista rural. A turista Sussi Diana Rizzi concorda com essa avaliação de Graciel. Ela e o marido levaram as pequenas Isabela e Cecília para conhecer a Hotelaria. Sussi é de Sarandi e conheceu o local através das redes sociais. – A minha filha Isabela ama cavalos e quando vi a imagem com os animais e que era aqui em Sarandi, me chamou muito a atenção. Então, aproveitamos o domingo para vir conhecer. Um lugar lindo. Adoramos – exclama a visitante.
Interessados em conhecer a Hotelaria Estância Riograndense podem entrar em contato com a Agência Allegro pelo telefone (54) 9.8401-5409.
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VITRINE RURAL
95 .9FM
Tecnologia
Da fazenda ao celular: jogos simulam a realidade do campo Disponíveis em diferentes plataformas, os simuladores vêm sendo popularizados desde 2009 e reúnem milhares de adeptos pela internet Rafaela Rodrigues
Por
Samuel Agazzi jornalismo@novorural.com
C
om a praticidade que os smartphones entregam, não é difícil simular diferentes realidades em uma tela que cabe na palma da mão. As fazendas, que normalmente ocupam alguns hectares de área, podem ser transportadas em alguns pixels, reproduzindo cenários bucólicos muito fiéis que se tem no campo ao vivo e a cores. Esse mundo pode ser possibilitado pelos games, que a cada dia são mais presentes e comuns nos celulares dos brasileiros. Jogos como o Mini Fazenda e o Colheita Feliz estão no imaginário comum de quem utilizava o saudoso Orkut. Contudo, mesmo com o desuso da rede social, o formato de “simulador de fazenda” continua sendo procurado e comumente baixado nas lojas de aplicativo. Se os jogos desse estilo foram popularizados no Brasil através do Orkut, sua consolidação em nível mundial ocorreu no Facebook, através do Farmville. Criado em 2009, o jogo precisou de apenas nove meses para superar a marca de 75 milhões de jogadores, mais do que o dobro de usuários em relação ao segundo colocado. O professor Sidnei Renato Silveira, do Departamento de Tecnologia da Informação da UFSM – Campus de Frederico Westphalen/RS, credita a popularidade destes games ao acesso desde a infância. Ou seja, cada vez mais cedo as crianças utilizam esse tipo de “brinquedo”. – As crianças aprendem várias regras de convivência por meio de jogos. Atualmente, com o avanço das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação [as chamadas de TDICs], os jogos digitais, educacionais ou não, estão sendo cada vez mais utilizados. Esse avanço se deve, também, ao grande número de smartphones e ao desenvolvimento de inúmeros jogos na versão mobile – destaca
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Games rurais caem no gosto do público por simularem realidade do campo
o professor. Quanto ao formato de “simulador de fazenda”, Silveira relata que os jogos de simulação permitem que os usuários possam construir seus próprios ambientes. Esse processo de construção é mais instigante do que somente jogar e alcançar pontuações e novos níveis dos jogos. – Além de estarem ligados a essa característica de construção, essas ferramentas também destacam uma área importante para o Brasil, que é o agronegócio – pontua Silveira. Uma cooperativa vinícola da Serra gaúcha, inclusive, tem percebido este cenário e o utiliza a favor dos produtos da marca. O game Aurora Aventuras estimula o consumo de suco de uva integral e mostra características do produto. O jogo é compatível para mobile, nas versões Android e iOS. Desde o lançamento, em 2014, mais de 35 mil downloads foram feitos.
A atração pela realidade do campo Apesar das várias possibilidades de os games estarem na rotina das pessoas, especialmente das mais jovens, quando
o tema envolve o agronegócio nada tem sido mais atrativo para o público que a dinâmica de uma fazenda. Esse contato com uma realidade projetada é percebido por Ila Pamela de Carvalho, de Goiânia/GO, que joga Hay Day há dois anos. – Moro na cidade, tenho pouco contato com o meio rural, talvez por isso o jogo seja minha válvula de escape – relata Ila.
Esse avanço se deve, também, ao grande número de smartphones Sidnei Renato Silveira, docente da UFSM-FW
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Para Ila, o simulador é popular pelo dinamismo do jogo, além de proporcionar vínculos com outros jogadores. “Já houve até casos de casamentos de pessoas que se conheceram através dos games”, conta. Se engana quem pensa que esse universo fica preso unicamente à tela do celular. Lançado em 14 de abril de 2008, o Farming Simulator se propõe a colocar o jogador na pele de um agricultor, onde ele tem que colher suas plantações e vender para aumentar a sua fazenda e comprar outros campos. O jogo é livre para fazer o que quiser. O jogador cresce e escolhe o que quer fazer. Então, pode usar o dinheiro em campos adicionais e comprar máquinas, tratores e o caminhão. Os animais podem ser comprados durante o jogo, mas os jogadores têm que cuidar deles. O game vem sendo atualizado anualmente. Sinônimo de sucesso, o simulador de fazenda já vendeu 25 milhões de cópias mundialmente e possui mais de 90 milhões de downloads em seus aplicativos para Android e iOS. Um desses downloads é o de Jonathan de Lima Ferreira, natural de Taciba/SP. O tratorista de 31 anos acompanha o desenvolvimento do jogo desde o início, em 2008. Jonathan conta que trabalha com o preparo do solo até o plantio de cana mecanizada e o jogo é uma representação fiel da vida no campo. – O jogo representa a rotina no meio rural. É possível ter contato com todo tipo de cultura, desde a agricultura até a pecuária, em que você participa de todas as fases do processo – frisa o tratorista. Para quem nunca teve contato com o meio agrícola, Ferreira acredita
que é possível utilizar o jogo como forma de aprendizagem, devido a fiel representação da realidade. – O jogo é detalhado, não há um simulador tão realista no mercado e, por isso, quem nunca pisou no meio rural pode aprender algo sobre a agricultura – prevê. Em uma pesquisa realizada com os seguidores do Instagram da Revista Novo Rural (@novorural), foi constatado que 56% conhecem o que é um simulador de fazenda. Mesmo que 79% acreditem que não seja possível simular a realidade de um agricultor, 69% creem que seja possível aprender através destes simuladores. É a ascensão do agronegócio até mesmo nas horas de descanso.
O jogo é detalhado, não há um simulador tão realista no mercado e, por isso, quem nunca pisou no meio rural pode aprender algo sobre a agricultura. Jonathan de Lima Ferreira, tratorista
Listamos alguns jogos populares para testar no seu celular. Que tal?! HAY DAY: Com gráficos bem coloridos, o game permite comércio tanto online como offline de seus produtos. O jogo consta com mais de 100 milhões de downloads e é avaliado com 4,4 em uma escala de 5. A classificação do jogo é livre e pode ser baixado gratuitamente. FARM STORY 2: O jogo apresenta centenas de itens diferentes que podem ser comercializados entre os jogadores. Nele é possível customizar seu rancho nos mínimos detalhes, escolhendo desde a disposição das árvores até a fauna que habitará a fazenda. O jogo já foi baixado mais de 5 milhões de vezes, é avaliado com a nota de 4,2 e possui classificação livre. DAIRY FARM: O game proporciona administrar tanto os itens como as finanças de sua fazenda particular, com vastas possibilidades de construção. Com classificação livre e gratuito, o jogo já foi baixado mais de 10 milhões de vezes. FARMVILLE 2: Mesmo o jogo tendo ganhando notoriedade através dos navegadores das redes sociais, a experiência pode ser convertida para a tela do celular. Com 130 MB de tamanho, o aplicativo já foi baixado mais de 50 milhões de vezes e é avaliado com 4,4 e pode ser jogado por todos os públicos. FARMING SIMULATOR: É o simulador mais sério e completo do mercado, com ampla variedade de veículos licenciados oficiais para o jogador cuidar de sua própria fazenda. Há um compromisso em representar o cotidiano agropecuário da maneira mais realista possível. Este jogo pode ser baixado tanto nos sistemas Android e iOS, bem como para computador.
Tecnologia AGRO 4.0 Por
Guilherme Almeida Busanello guilherme@dronagro.com.br
Engenheiro-agrônomo, especialista em agronegócios pela Esalq/USP, CEO da Dronagro, apaixonado por inovação e tecnologia no agronegócio
Jornada do produtor rural e agtechs: como ambos se relacionam?
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Encarar a transformação digital com base na jornada do produtor. Esse é o desafio de todos que inovam no agronegócio.
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lá, amigos do agro digital! Inicialmente, gostaria de deixar a todos os leitores da Novo Rural meus desejos de feliz ano-novo! O ano de 2020 foi desafiador em diversos aspectos e nos fez refletir sobre nosso comportamento no âmbito pessoal e profissional. Desenvolver novas habilidades e nos adaptarmos a uma rotina diferente da que vivenciamos normalmente nos tirou da zona de conforto e nos tornou profissionais melhores em diversos pontos. Que 2021 seja um ano repleto de realizações a todos nós! Dan Roam, autor de Desenhando Negócios, nos escreve em seu livro: “A pessoa capaz de descrever melhor o problema é a que mais tem chances de solucioná-lo”. Cada vez mais, o ator principal desse processo de modernização da agricultura, que é o produtor rural, é inserido em discussões sobre o agro 4.0. Afinal, é ele quem vive a realidade do campo, sustenta sua família e seu negócio safra após safra. E, principalmente, é quem mais utiliza as soluções das agtechs e das outras companhias do agronegócio. Encarar a transformação digital com base na jornada do produtor. Esse é o desafio de todos que inovam no agronegócio. A Markestrat Business Intelligence, empresa especialista em inteligência de mercado, realizou pesquisas e projetos com agricultores, fabricantes e distribuidores no Brasil, e dividiu a jornada do produtor em seis etapas: planejamento para a safra, obtenção de informações e compra de insumos, operações de plantio, aplicação de produtos, operações de colheita, e pós-colheita. Onde as soluções que você oferece aos seus clientes se encaixam nessa jornada?
Entender a jornada e fornecer soluções que amenizam as dores e necessidades do agricultor é um fator de sucesso não só para as agtechs, mas para qualquer empresa do meio rural. Além disso, outro fator de sucesso de uma solução é a facilidade de adesão. Cada talhão tem suas características próprias e deve ser analisado individualmente, e as novas ferramentas disponíveis já são capazes de realizar essa análise rapidamente, com poucos cliques ou toques na tela, e possibilita planejar as ações em toda a jornada do produtor. Por fim, os benefícios das soluções que vão ao campo devem considerar o aumento da produtividade, redução de custos, comercialização eficiente e redução dos riscos. O elo entre a tecnologia e o homem do campo está cada vez mais forte e cada vez mais presente nas propriedades do nosso país. A nova geração de produtores está cada vez mais conectada e essa união entre a tecnologia e a experiência será a receita do sucesso para uma agricultura mais forte. JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Qualidade de vida CÁ ENTRE NÓS Por
Dulcenéia Haas Wommer dwommer@emater.tche.br Tecnóloga em Marketing e extensionista rural da Emater/RS-Ascar
Apoio técnico:
De quem é a tarefa?
Isso também é tarefa de todos: a preservação da saúde e da vida.
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o ler o título certamente vocês já pensaram que eu já inicio o ano delegando tarefas e trabalhos! Talvez sim, tenhamos que continuar falando para homens e mulheres da divisão de tarefas domésticas. Iniciamos o ano cheio de curiosidades, como se comportará a sociedade frente ao vírus, o distanciamento social e tudo que tivemos que nos adaptar no ano que passou. Até quando perpetuarão nossos novos comportamentos e cuidados com a saúde. Geralmente, são as mulheres que cuidam da prevenção, da saúde física e mental de seus familiares. E quem cuida delas? O índice de violência contra a mulher aumentou durante a pandemia. Ao falar de tarefa, falamos também de carga horária, se fizéssemos um calendário de ocupação da mão de obra em cada família ou casal, o que iríamos descobrir? Como está a divisão justa do trabalho doméstico? Quantas horas diárias e quais as tarefas de cada um? Ouvimos muito o termo: “mas eu ajudo em casa”. Ajuda? Então,
é porque não é teu trabalho! A mulher saiu para o trabalho, mas o homem não voltou. Percebem a diferença dos termos? Quando falamos dessas diferenças que aprendemos culturalmente através das gerações precisamos pensar também como o homem se sente com as pressões desses costumes? Por exemplo, ele é cobrado ou ridicularizado quando chora, quando é gentil ou sensível. Não é verdade?! Esses enquadramentos rígidos em que fomos educados para ser homem ou ser mulher prejudicam, na maioria das vezes, a harmonia e as relações familiares ou dos casais. Pois bem: estamos iniciando o ano e eu poderia pegar mais leve. Porém, pode ser também a oportunidade para rever conceitos e provocar mudanças desde o início do ano. Já que janeiro é considerado “Janeiro Branco”, para abordar a saúde mental da população. Janeiro Branco é considerada a maior campanha de saúde mental do mundo. Um pacto pela saúde: Todo cuidado conta! Leonardo Abrão afirma que cada um pode ser o agente de
saúde do outro. Pode parar e olhar o outro e perguntar como está sua vida? Ou olhar para dentro de si mesmo, viver e não sobreviver. Ainda mais agora. Pesquisas de universidades, entre elas a UFSM, já divulgam que 65% dos entrevistados afirmaram ter piorado sua saúde mental durante a pandemia. Cá entre nós, bom seria se todas as instituições, dimensões políticas, círculo familiar, escolar, relações de vizinhança aderissem ao pacto para priorizar a saúde mental, onde todo cuidado conta. O que ajuda na saúde mental também é o trabalho com jardins, terra e plantas. E para inovar nas plantas utilizadas em paisagismo, que tal conhecer na coluna “Vamos Cultivar?!”. Os capins que estão em alta, modernos, rústicos, mas delicados e com uma certa leveza. Uma nova opção, assim como é novo o ano que se inicia. Lembrando a citação de Machado de Assis: “um único raio de sol é capaz de afugentar a sombra”. Isso também é tarefa de todos: a preservação da saúde e da vida. Um abraço de Feliz Ano-Novo! JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Qualidade de Vida Por
Vamos cultivar?!
Luciene Duso Extensionista rural
Apoio e mentoria:
Capins: Leves e soltos na brisa do vento...
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história dos gramados ornamentais, ou capins, iniciou nos campos de pastagens naturais que serviam de alimentação para os animais, cujas espécies mais resistentes sobreviveram. Nos terrenos eram considerados ervas daninhas, matagal, lugar de abandono ou baldio. Foi somente na idade média que as gramíneas, como eram denominadas, tornaram-se populares em jardins e espaços esportivos. No Brasil, o paisagista Roberto Burle Marx foi o pioneiro em reconhecer as características ornamentais da família das poaceaes, entre elas, os capins. Atualmente, nos jardins contemporâneos e moder-
Plantio:
A reprodução é por divisão de touceiras ou sementes que se espalham. Podem se tornar plantas invasivas, devendo sempre fazer o controle. São plantas muito rústicas. Podem ser cultivadas pela beleza de suas folhagens como também pelas suas inflorescências.
Local:
Saiba mais sobre os capins através deste QR Code:
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Muito boas para contenção de áreas de risco, de erosão ou de encosta, barrancos, taludes, pois elas têm um rizoma que se desenvolve embaixo da terra e que ajudam a costurar terrenos irregulares. São plantas pouco exigentes de solo e de matéria orgânica. Necessita de terra comum de jardim, sol e poucas regas. São plantas que aguentam muito bem temperaturas altas de verão e baixas até 5 C° negativos, sendo ideal para o nosso clima de região Sul.
nos os capins estão cada vez mais presentes, através de maciços interessantes e de fácil cultivo. O capim se popularizou de 20 anos para cá. É uma planta bonita, barata, de fácil cultivo e efeito maravilhoso. Além de ter passado a ocupar um lugar nobre nos jardins, o capim tem uma verdadeira pegada ecológica, ou seja, por ser uma planta tão rústica, de baixa manutenção e regas, ele entra muito bem no paisagismo sustentável, motivo pelo qual já é um sucesso nos países da Europa e EUA, onde a economia de água é fundamental em planejamentos de jardins. Vamos ousar e apostar no novo, no moderno? Fica a dica!
Cuidados:
O período de floração inicia na primavera, durando até o outono. Após a floração a indicação é de uma poda drástica, pois ela rebrotará com mais vigor.
Espécies: - Capim dos Pampas (Cortaderia selloana): nativo do Sul do país. Pode chegar até 3 metros de altura. Inflorescência creme ou rosada. Pode ser usada como planta destaque ou escultural em um jardim. - Capim do Texas (Pennisetum setaceum): Nativo da África, mas muito utilizado nos EUA, principalmente Califórnia, por isso o nome do Texas. Possui duas variedades: o verde e o rubro, o último mais utilizado pois se destaca na composição. A textura, o volume e o movimento desses capins formam uma paisagem muito interessante em maciços. Outros capins também utilizados são o Capim Santa Fé e o Capim Chorão. JANEIRO | FEVEREIRO 2021
Elementos para jardins Bancos e pergolados em madeira são boas opções de elementos para jardins
Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural
Q
uando falamos em jardim falamos de vida, de natureza, de bem-estar, de aconchego, de paz. Também falamos de boa aparência, capricho, dedicação, bom gosto. Quando vamos organizar ou construir um jardim sempre temos um propósito em mente. Para que este jardim vai servir? Para gerar alimento? Para ter espaço de vida? Para ser visivelmente agradável? Podemos identificar um ou mais propósito no nosso jardim, definir se ele vai ser rústico ou moderno e assim escolher a ornamentação com elementos adequados que irão deixar o jardim mais criativo e aconchegante, valorizando a paisagem e o espaço, priorizando elementos mais próximos da natureza, para que o resultado seja um verdadeiro cartão-postal. Confira algumas opções:
Divulgação
Eucatrat/Divulgação
Eucatrat/Divulgação
Pedras grandes
Divulgação
Divulgação
Cercas em madeira
Balanços em madeira Divulgação
Caminhos e pisantes
Luzes
Água
Patrocínio:
Saiba mais sobre os elementos para jardins através deste QR Code: (55) 99683-0199 37 | NOVO RURAL
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Chef
Guisado de paleta suína com batata Ingredientes
Preparo
• 1 kg de paleta com osso suíno • 2 cebolas • 3 dentes de alho • Alecrim • 500 g de batata inglesa • 500 ml de água quente • Sal e pimenta-do-reino • 1 tomate maduro grande • 2 colheres de sopa de extrato de tomate • Salsinha e cebolinha • Azeite
Limpe a peça de paleta retirando boa parte da camada de gordura, corte em cubos de 4 cm x 4 cm, tempere com sal e pimenta do reino, mantenha o osso. Corte em pedaços pequenos 2 cebolas, reserve uma para base, amasse o alho e faça uma pasta, lamine salsinha e cebolinha, passe nos cubos de carnes e reserve. Leve a carne à geladeira cober-
ta por filme plástico em um refratário para marinar por 12 horas. Depois, retire e deixe retomar a temperatura ambiente antes de cozer. Corte em cubos médios as batatas, coloque em uma solução de água fria e sal, reserve. Em uma panela grande, aqueça azeite, junte a cebola reservada e refogue até dourar, coloque a carne e refogue até selar bem, junte a água quente até cobrir, coloque o osso deixe levantar fervura, tampe a panela e deixe cozer por 25 minutos. Depois, abra, junte a batata reservada escorrida coloque o tomate maduro cortado em cubos médios, o extrato de tomate misture bem abaixe o fogo para médio, deixando cozer até que os legumes fique macios com a panela semi tampada, corrija o sal se necessário.
Montagem Coloque no prato uma colher grande de guisado, decore com salsinha e cebolinha laminada e sirva. Sugestões de acompanhamento: arroz branco ou integral, polenta, farofas, saladas folhosas.
Dica do Chef
A carne suína é saudável para o coração. A proteína é naturalmente baixa em sódio e uma boa fonte de potássio — dois nutrientes que, combinados, podem ajudar a regular a pressão arterial. Além disso, a carne suína possui menor teor de sódio em relação às demais carnes e maior teor de potássio, que caracteriza seu possível potencial anti-hipertensivo em indivíduos com consumo regular de cortes magros.
(Fonte: maiscarnesuina.com.br, uma iniciativa da ABCS, com apoio do Sebrae)
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