Revista Novo Rural | Julho/Agosto 2020

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REVISTA

Ano 4 - Edição 41 Julho|Agosto de 2020 Exemplar R$ 12,00

AGRO: DOS DESAFIOS

ÀS INOVAÇÕES Personagens do setor relatam como têm sido gerenciar os negócios em meio à ascensão do Covid-19 e como estão se transformando para seguir com as atividades nesta temporada PG 16 A 19

COOPERATIVISMO SE REAFIRMA COMO UM DOS PILARES DA ECONOMIA PG 8 A 14

JOVENS DO AGRONEGÓCIO REVELAM INTERESSE EM EMPREENDER NO SETOR PG 34 E 35


Editorial Gracieli Verde editora

A FORÇA DO MOVIMENTO

Q

uando fomos forçados a “parar” em função da pandemia do novo coronavírus as dúvidas de como seriam dias e dias de isolamento social eram constantes. Talvez muitas delas ainda estejam conosco – por mais que no agronegócio a rotina foi alterada, mas jamais parou. Mesmo assim, ao longo desses últimos meses pudemos ter diversas percepções sobre o que está acontecendo, de modo que, em um cenário pós-pandemia, deveremos ter, provavelmente, uma postura mais clara, assertiva e estratégica. É natural que não haja respostas para todas as nossas inseguranças, mas perceber algumas mudanças que vem acontecendo representa a busca por clareza, essencial para seguirmos com mais discernimento rumo ao mundo pós-pandemia – que em algum momento há de chegar. Por isso, nesta edição de julho/agosto, o desafio da reportagem da Novo Rural foi trazer algumas dessas percepções com pessoas que vivenciam o dia a dia do agronegócio em diversas frentes. É natural que, tendo em vista as várias restrições que vivemos, as ferramentas digitais efetivamente se tornaram muito usadas e até mesmo desmistificadas por muitos de nós. É uma nova era que “aterrissou” em 2020, como muitos têm dito por aí. Para manter-se no mercado, cabe atualizar-se e adaptar-se imediatamente. É isso que tem permitido que alguns produtores mantenham ou até incrementem as vendas de alimentos mesmo durante a pandemia. O horticultor Ademar Azevedo do Prado, de Frederico Westphalen/RS, estima um crescimento de 20% nas vendas de verduras e legumes nesse período – ele é um dos personagens da matéria de capa. Nesse contexto, o cooperativismo também tem se fortalecido como ferramenta de união e solidariedade no agronegócio. Por mais que neste mês de julho o Dia Internacional do Coopera-

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tivismo precisa ser comemorado de forma diferente, é cada vez mais evidente o papel deste segmento nas comunidades onde ele está inserido. Um convite é para refletir com o conteúdo compartilhado pelo professor e colunista Pedro Luís Büttenbender, sobre cooinovação, e outra reportagem que traz dados atualizados sobre o setor em nível regional. Com a campanha Atitude Cooperativa, buscamos compartilhar boas notícias em meio ao caos, mostrando o quanto a participação neste meio tem fortalecido as famílias rurais e o quanto isso contribui com a economia local e regional. Nas nossas plataformas digitais você pode ver vários depoimentos relacionados ao tema. Outro destaque nesse contexto é o papel do jovens do agronegócio. Eles têm sido responsáveis por um protagonismo no uso de ferramentas que facilitam a comunicação e a resolução de questões do dia a dia durante este período. Inclusive, vale a leitura de mais uma participação do consultor e agrônomo Flávio Cazarolli, que aborda com propriedade o empreendedorismo do jovem rural e quais os desafios nesse quesito. De todo modo, as oportunidades são grandes e, apesar dos desafios, estamos de “antenas ligadas” para fazer essa produção e curadoria de conteúdo estratégico para você, leitor da Revista Novo Rural e do portal novorural.com. Isso tudo comprova a força que o movimento têm na rotina das pessoas. Como bem diz a colunista Dulceneia Haas Wommer: até água parada estraga! Vamos confiar na força que temos quando nos movimentamos, quando temos iniciativas para fazer as coisas saírem do papel. Mesmo que em ritmo diferente, isso certamente fará a diferença quando o mundo conseguirá conviver com a presença do coronavírus sem medo da sua letalidade.

Circulação: Bimestral Tiragem: 8 mil exemplares Fechamento: 01/07/2020 Fone: (55) 2010-4159 Endereço: Rua Garibaldi, 147, sala 102 - B. Aparecida Frederico Westphalen/RS Fale conosco (55) 9-9960-4053 relacionamento@novorural.com jornalismo@novorural.com contato@novorural.com

A revista Novo Rural é uma publicação realizada em parceria com

Abrangência: Rio Grande do Sul, Oeste de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná.

PR SC RS

Direção

Alexandre Gazolla Neto

Editora

Gracieli Verde

Produção de conteúdo Camila Wesner Rafaela Rodrigues

Capa

Rafaela Rodrigues

Um forte abraço e boa leitura!

JULHO | AGOSTO 2020


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Geral Oferecimento:

Agricultura familiar se reinventa para manter-se no mercado Sicredi apoia iniciativas dos associados para fortalecer o setor na pandemia

Temos três filhos e vamos nos reinventar quantas vezes forem necessárias para garantir o sustento deles.

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Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG

O

comércio de modo geral sofre com a redução do atendimento ao público, em função da pandemia do coronavírus. Os reflexos estão sendo sentidos também na agricultura familiar, incluindo agroindústrias, em que muitas estão enfrentando desafios pela redução nas vendas. Para ajudar neste processo, as pessoas de cada município podem contribuir para a manutenção da economia local, comprando os produtos destas agroindústrias. Com o objetivo de atender as expectativas dos consumidores, os proprietários destes espaços de produção de alimentos estão se reinventando para manterem-se no mercado. Este é o caso da Agroindústria Familiar de Panificação, instalada no distrito de Saltinho, em Rodeio Bonito/RS. A proprietária Marciliane Fátima Fereira está fazendo as vendas de porta em porta, pois entregava boa parte de sua produção em municípios vizinhos, integrando a merenda em escolas que estão sem atividade presencial. Para aumentar suas vendas, Marciliane foi em busca de ampliar a variedade de produtos – atualmente produz vários tipos de pães, de bolachas e massas – e também se empenhou em conseguir se adequar as legislações para poder comercializar os produtos também em mercados. – Há pouco tempo confeccionamos os rótulos de cada produto e conseguimos o selo Sabor Gaúcho, o que nos permite vender em outras cidades. Precisamos ampliar o nosso mercado, porque em função da pandemia meu marido, que é garimpeiro, não pode exercer suas atividades e isso diminuiu consideravelmente a renda da nossa família. Temos três filhos e vamos nos reinventar quantas vezes forem necessárias para garantir o sustento deles – assegura. Sobre a valo-

rização das agroindústrias, Marciliane orienta às pessoas em geral para comprarem os produtos fabricados, pois todos têm qualidade, acompanhamento de nutricionista, fiscalização severa e tudo está enquadrado dentro da legislação. – Fico agradecida a quem já opta pelos nossos produtos, mas gostaria que mais pessoas pudessem experimentar a nossa produção, para expandirmos nossas vendas e conseguirmos deixar a agroindústria com as portas abertas – salienta a proprietária. Para garantir a qualidade dos alimentos, Marciliane conta com a ajuda da Emater/RS-Ascar e do Sicredi – que foi parceiro em vários momentos. – A cooperativa me ajudou pagando metade do curso de boas práticas que durou uma semana e foi realizado em Erechim/RS. Era obrigatório eu fazer este treinamento para conseguir o alvará. Também participei de outras capacitações voltadas à alimentação que o Sicredi me proporcionou. Isso foi muito significativo para mim e sou grata pela ajuda constante – conta a associada do Sicredi. JULHO | AGOSTO 2020


Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG

A família Guerra, de Tenente Portela/RS, associada ao Sicredi, viu em um problema de saúde a oportunidade de empreender em um novo ramo. Um dos membros da família, por indicação médica, precisou parar de tomar uma de suas bebidas favoritas: o vinho. Como alternativa à substituição, foram procurar sucos de uva no mercado e perceberam que poderiam começar a sua própria produção, pois havia em sua propriedade alguns parreirais de uva. Assim, algo que iniciou como alternativa a uma adversidade familiar, se transformou em uma pequena produção para os parentes e amigos. Para isso, foram feitos treinamentos, originando a Agroindústria Familiar Guerra. Hoje, o foco é transformar as frutas em diferentes produtos, como doces de frutas cremosos e em calda, polpas congeladas, suco integral de uva e conservas vegetais, sempre mantendo seu sabor e nutrientes originais, sem aditivos, conservantes ou essências. As matérias-primas provêm do próprio cultivo familiar e de parceiros, que fornecem as frutas, de acordo com a demanda e sempre preservando a qualida-

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Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG

Uma necessidade gera oportunidade

de, desde o cultivo até chegar na agroindústria. Esta parceria agrega renda a outros agricultores familiares que buscam manter suas raízes na terra. A comercialização dos produtos é realizada em restaurantes, bares, lanchonetes, hotéis, além de escolas municipais e estaduais e outras

instituições da Região Noroeste. A participação em feiras e eventos da agricultura familiar é vitrine para o mercado, pois atende o consumidor final, que pode degustar dos produtos, facilitando a venda. Assim, novas oportunidades de negócios são abertas, ampliando a comercialização dos produtos.

Produção de morangos auxilia na renda familiar Representando 65% da renda da propriedade, a família de Aires Domingos Cazarotto, do município de Nonoai/RS, investe na produção de morangos. – Tudo iniciou com uma visita à Serra Gaúcha, onde fui conhecer as mudas importadas que eram cultivadas, e fiquei admirado com o resultado. Então, entre 1998 e 1999, resolvemos começar, com uma plantação de sete mil mudas, para termos uma fonte de renda alternativa. Hoje, temos 20 mil mudas, plantadas no chão – o que se torna um destaque, pois confere um sabor diferenciado ao morango, totalmente autêntico – conta Cazarotto. Na época, na região, era uma novidade e apesar de ser uma fruta com alto custo de produção, sempre foi de venda fácil. Houve anos em que a família colheu mais de 800 gramas por muda. A venda é

feita diretamente na propriedade e na cidade de Chapecó/SC. – Neste ano, em virtude da pandemia, creio que vai haver certa recessão econômica. Não tivemos nenhum prejuízo até o momento, pois a safra só inicia no fim de julho, mas a expectativa e a estratégia é aumentar as vendas na propriedade. O conselho que dou para produtores que têm a intenção de se aventurar nesse cultivo: primeiro, que comece devagar, pois o custo é alto e requer muita mão-de-obra; e segundo, que é preciso muita vontade, amor e dedicação para cuidar dessas plantas – orienta o produtor. A família trabalha exclusivamente com o Sicredi. – Isso porque ele nos atende em todas as necessidades, a qualquer hora, e com muita proximidade. Nos ajuda a realizar, diariamente, o nosso sonho – conclui Cazarotto.

JULHO | AGOSTO 2020


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AgroElite Agronegócios dá início ao projeto Pecuária de Elite Com cases e conteúdos que prometem inspirar e informar os pecuaristas, a AgroElite Agronegócios, com sede em Frederico Westphalen/RS, inicia neste mês de julho o projeto Pecuária de Elite. Esse trabalho, em parceria com a Novo Rural, tem como objetivo difundir informações sobre manejo e sanidade animal que são estratégicas para a pecuária, em especial para a bovi-

nocultura de leite. A AgroElite Agronegócios é distribuidora de produtos para nutrição e saúde animal da Real H, marca pioneira em homeopatia e que segue os princípios do presidente da companhia, o médico-veterinário doutor Cláudio Martins Real. A AgroElite também tem dois produtos com marca própria, os aditivos premium Ápice Lactação e Zero Tox.

Acesse o primeiro vídeo da série:

#LEITORNOVORURAL Novos formatos para informar o setor Desde o mês de junho a Novo Rural Comunicação, Capacitação e Eventos está promovendo uma série de bate-papos ao vivo através do Facebook.com/novorural e do Youtube.com/novorural. Os temas abrangem os mais

variados segmentos do setor, com o propósito de informar, inspirar e orientar. Os episódios são quinzenais e todos estes ficarão disponíveis nas plataformas da NR para serem acessados a qualquer momento.

O engenheiro-agrônomo e doutor em Sementes Alexandre Gazolla aproveitou o momento em que estava ministrando um treinamento para profissionais da Sementes Guará, em Panambi/RS, para fazer um registro. E ele reforça: “A obtenção de um estande uniforme de plantas e, consequentemente, a alta produtividade dos grãos, está diretamente relacionada com a qualidade das sementes.”

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Números reforçam a influência do cooperativismo no Norte gaúcho Pesquisa consolida a importância do sistema cooperativo nas comunidades. Em 2019, foram R$ 6,4 milhões investidos em ações sociais e R$ 2,1 milhões para ações de combate ao Covid-19 Rafaela Rodrigues/Arquivo Novo Rural

Durante Fórum Regional do Cooperativismo, em junho, cooperativas entregam cheque simbólico no valor de R$ 6,6 mil ao diretor do Hospital Divina Providência de Frederico Westphalen/RS, José Luiz Haubert

A

contribuição das atitudes cooperativas para o desenvolvimento econômico e social do Norte do Rio Grande do Sul foi reforçada na quarta edição da Pesquisa Cooperativas Regionais, elaborada pela Unidade de Cooperativismo da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen (UCP). Os resultados de 2019 ressaltam ainda mais o compromisso das cooperativas – de crédito, agropecuárias e de infraestrutura – com a comunidade regional.

Ao todo, foram 17 cooperativas consultadas nesta edição: Cotrifred, Cooperjab, Cooper A1, Coperametista, Coopraff, CooperDom, Sicoob, Cotrisal, Extremo-Norte, Coopervale, Coagril, Vale das Cuias, Coopatrisul, Cotrepal, Coopersalzano e Coopafs. Estas abrangem os 42 municípios de atuação da Regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen/RS. É válido ressaltar que as informações foram disponibilizadas de forma voluntária.

NÚMERO DE ASSOCIADOS TEM AUMENTO DE 6,5% EM COMPARAÇÃO A 2018 De acordo com a pesquisa, houve aumento de 6,5% no número de associados se comparado com o ano de 2018. De 2016, primeira edição da pesquisa, para 2019, o aumento foi de 10,5%. – Isso demonstra que as pessoas estão conhecendo o sistema cooperativo e se identificando cada vez mais com ele. O diferencial, inclusive, está na relação que elas estabelecem com a cooperativa em que elas são ‘donas’ do negócio. Nas cooperativas de crédito a adesão acaba sendo maior pela possibilidade de elas abrangerem toda a comunidade, além do setor agropecuário 8 | NOVO RURAL

– analisa a administradora Marcia Faccin, coordenadora da UCP e responsável pela tabulação dos dados da pesquisa. Atrelada a isso está a distribuição de sobras pelas cooperativas aos associados em 2019. – Este é outro diferencial do sistema cooperativo. Só em 2019 foram R$ 59,3 milhões, número baseado em nove cooperativas que adotaram esta medida. Reforço que este é um valor que circulará na economia região, gerando mais retornos para a comunidade – destaca a administradora. JULHO | AGOSTO 2020


Repórter

GERAÇÃO DE EMPREGO Outro dado que chama a atenção é a evolução no quadro de colaboradores das cooperativas. De 2018 para 2019, o aumento foi de 9,02 %. Já de 2016 para 2019, o acréscimo foi de 15,1%. – Sem dúvida, este é outro ponto em que as cooperativas se destacam. Mais emprego, mais qualidade de vida para as famílias do campo e da cidade e mais um fator impulsionando a economia regional. Além disso, mesmo em um cenário de pandemia, estas não registraram alterações em seu quadro de colaboradores – salienta Márcia.

ENVOLVIMENTO NAS AÇÕES SOCIAIS A pesquisa também permitiu identificar os valores destinados às iniciativas por parte das cooperativas. Em 2019 destinaram às ações sociais o valor de R$ 6,4 milhões. Neste ano, o compromisso com estas ações ficou mais evidente. A pandemia gerada pelo Covid-19 sensibilizou ainda mais as atitudes cooperativas. – Em decorrência deste cenário, duas novas perguntas foram incluídas no formulário enviado às cooperativas neste ano: recursos financeiros destinados aos hospitais e quais eram estes. Ao todo, as cooperativas destinaram R$ 2,1 milhões para ações de combate ao Covid-19, dados contabilizados entre março e junho de 2020 – relata a coordenadora da UCP da Emater/RS.

INTERCOOPERAÇÃO As atitudes cooperativas, em especial as da região em questão, podem ser observadas durante todos os 365 dias do ano. O Fórum do Cooperativismo Regional, por exemplo, foi idealizado para atuar com uma dinâmica diferente, em que todas as cooperativas se reúnem, debatem e promovem ações e campanhas conjuntas, dando mais força ao movimento de intercooperação.

PESQUISA COOPERATIVAS REGIONAIS (2019)

Mais agilidade para atender os associados

O

Grupo Creluz lançou uma nova tecnologia de comunicação para os associados, uma plataforma de voz e dados voltada para o atendimento através do 0800 510 1818, que agora também passará a contar com o atendimento automático pela assistente virtual da cooperativa: a CRIS (Creluz Intelligence Systems). Os associados agora passarão a contar com atendimento por comunicação escrita através do chatbot canal WhatsApp, como também por comunicação em voz pelo voicebot quando efetuarem chamadas convencionais. A CRIS vai atender com comunicação inteligente pelo chatbot WhatsApp e oferecerá aos consumidores de energia elétrica serviços como: emissão de segunda via de fatura, informação de falta de energia, consulta de débitos, entre outros. Como solução voicebot o atendimento será exclusivo para faltas de energia. Em ambas as plataformas o associado poderá optar por falar com um atendente humano. Com a Plataforma Bot, a Creluz terá mais agilidade nos atendimentos que serão simultâneos, padronizados e em maior número. As informações dos atendimentos são convertidas em relatórios estatísticos confiáveis de forma automática indo ao encontro do que preconiza a NBR ISO 9001 implantada na Cooperativa desde 2012.

Evolução número de associados

2017

172.788

2018

174.071

2019

185.461

Agência Holy

2016

167.757

Evolução número de funcionários

2016 3649

2017 3849

2018 3854

2019 4202

Valores destinados ações sociais (Contribuição de sete cooperativas)

2018

3.179.928,17

2019

6.456.784,88

Valor distribuído em sobras pelas cooperativas aos associados em 2019 (Contribuição de nove cooperativas)

R$ 59.390.633,70 Valor destinado ao combate do Covid-19 (março até junho 2020/Contribuição de sete cooperativas)

R$ 2.128.227,58 9 | NOVO RURAL

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Como o cooperativismo influencia a sua vida?

L

ançada em junho de 2020, a campanha da Novo Rural intitulada “Atitude Cooperativa” abre espaço para evidenciar, comunicar e valorizar o cooperativismo através das plataformas

João Ramos, suinocultor e bovinocultor de leite em Pinhal/RS Temos como exemplo a nossa propriedade, em que através de redes trifásicas do Grupo Creluz, sem custo algum, proporcionou uma melhor condição de trabalho, com energia de qualidade.

Janete Junges Schewede, presidente da Cooperativa de Produção dos Agricultores Familiares de Sarandi e Região (Coopafs)

É muito gratificante para mim, enquanto presidente de uma cooperativa, jovem e mulher, conseguir estar fazendo parte de uma construção que é o cooperativismo.

digitais e impressa. O convite é que se possa evidenciar a força deste segmento, que neste momento tem um papel ainda mais importante nas suas comunidades.

José Arno Ferrari, prefeito de Rodeio Bonito/RS e presidente da Amzop Aprecio com bons olhos o incentivo e o suporte dado pelas cooperativas à toda produção rural. Devemos agradecer sempre e entender que o cooperativismo em nossa região é muito maior do que seu discurso.

Marcia Faccin, coordenadora da Unidade de Cooperativismo da Emater/RS-Ascar de FW Sou uma defensora do cooperativismo. Temos ótimos exemplos de cooperativas que realizam trabalhos fundamentais e indispensáveis para o desenvolvimento local e regional. Precisamos cada vez mais valorizar e acreditar no bom cooperativismo.

Elton Mezzaroba, presidente da Coperametista

Maiara Hening, atua no Produtos do Sítio em Frederico Westphalen/RS

As cooperativas são indutoras do desenvolvimento regional. Onde tem cooperativismo tem mudanças.

O trabalho junto as cooperativas de crédito foi importante, pois acessamos linhas que permitiram ampliarmos e melhorarmos nossa produção, tanto na qualidade quanto na logística.

Nos envie o seu depoimento em vídeo ou em áudio pelo WhatsApp (55) 9 9960-4053. A campanha segue até agosto de 2020. 10 | NOVO RURAL

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CooperAtivas Por

Pedro Luís Büttenbender plbutten@gmail.com

Doutor em Administração, mestre em Gestão Empresarial, especialista em Cooperativismo e administrador. É professor-pesquisador da Unijuí/RS, assessor e associado a cooperativas.

Cooinovação

V

ocê se atraiu pelo título?! Que bom! Parece simples, mas não é. Você e eu, todos nós, estamos com nossas vidas transformadas. Alguns mais, outro menos. Porém, neste contexto, todos estamos vivendo realidades diferentes, a partir dos impactos mundiais, nacionais, regionais e locais da pandemia. Atenção, agora seguirão as consequências, com as consequentes chamadas pandemias econômicas, sociais, tecnológicas, etc. Os fatores de trabalho e renda, da gestão dos negócios, os mercados nacionais e internacionais reconhecerão novas dinâmicas. Valorizando nossas capacidades internas e reconhecendo as forças externas nos forçam a viver esta nova realidade. Esta não pode ser entendida como volta ao normal, com algumas diferenças. De uma era de mudanças, passamos a uma ‘mudança de era’, nos comportamentos e atitudes humanas, no trabalho, produção e negócios, nas tecnologias, das influências e controles de mercados, entre outros.

De uma era de mudanças, passamos a uma ‘mudança de era’. 11 | NOVO RURAL

A criatividade e a inovação têm a sua importância ampliada. A criatividade como o ato de pensar, imaginar, de criar e inventar. Referenciado pelas ciências como sendo uma cognição e competência individual. Já a inovação se traduz na capacidade de colocar as Ideias NOVAs em AÇÃO (i + nova + ação). Novos processos, técnicas, máquinas, produtos, relações com mercados (fornecedores e clientes) e demais parceiros. Os desafios e as oportunidades apontam para as estratégias de como desenvolver e acelerar as capacidades criativas e inovativas, traduzindo-as em inovações para a sociedade. Daí resulta a pergunta: por que o cooperativismo misturado com o tema da Inovação? Pois bem. As pessoas, através deste, apresentam aspectos culturais e de atitude muito diferenciadas e que podem ser consideradas únicas. Não apenas a capacidade de criar e inovar individualmente, mas desenvolver uma nova arte da inovação, que se constitui em criar e inovar em conjunto, em cooperação. Orientados pelos princípios e valores cooperativistas, com a centralidade nas pessoas, onde a capacidade criativa individual se soma com a capacidade do outro, e pela combinação, pela cooperação, pelo ambiente cooperativista, resulta no aumento multiplicado das capacidades de criação e de inovação. Não confundam os elementos acima com a versão simplificada, e muito difundida, da inovação colaborativa. Nessa um agente humano ou de capital colabora com o outro, formando parcerias, que mais interessam ao capital do que as pessoas. O cooperativismo é muito mais

amplo, pois tem a centralidade no ser humano, no valor da vida, na solidariedade, orientados pelos objetivos do desenvolvimento econômico e social dos seus membros e da sociedade. Resulta deste conjunto a COOINOVAÇÃO. A capacidade de criar e inovar cooperativamente. Onde os resultados são maiores do que a mera soma das partes. As partes isoladamente não alcançam esta competência superior e diferenciada, que resulta em ser coletiva. Não há mais criador ou proprietário individual da ideia criativa, da sua capacidade de colocar em prática e gerar os resultados almejados. A Cooinovação, resultante da iniciativa conjunta entre as pessoas, agregadas as fortalezas do cooperativismo e as oportunidades vividas, fazem desta dinâmica uma competência em gerar esperança, de todos sermos cidadãos e partícipes do desenvolvimento. A Cooinovação passa a movimentar comunidades, municípios, regiões e países em prol do desenvolvimento sustentável. Esta escrita já é uma primeira oferta, onde estou buscando cooperar com você que está lendo este texto. Saudações cooperativistas!

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Cooperjab comemora aniversário com solidez importantes à comunidade, como saúde e educação – salienta o presidente, Irramir Piccin. O sócio-fundador Dionizio Schiavinatto não esconde o orgulho de fazer parte desta história. Segundo o agricultor, o cooperativismo gerou um crescimento equilibrado. – A cooperativa surgiu para proteger os agricultores. A Cooperjab é que mais dá retorno financeiro para o município em impostos. Sem contar que hoje o agricultor tem mais liberdade na negociação de preços – defende. Para o agricultor Reni Bortoluzzi, que também foi um dos sócios-fundadores e segue ativo na cooperativa, a fundação da Cooperjab foi um passo importante para o setor primário, justamente pela busca de valorização do

Fotos: Gracieli Verde

O

s 70 sócios-fundadores que iniciaram a história da Cooperjab, há 29 anos, tinham em comum a crença de que o cooperativismo seria a saída para fortalecer as famílias da agricultura local no que diz respeito à comercialização de produtos, à logística e ao acesso a serviços. Hoje são 512 associados. Entre as atividades exercidas está a parte agropecuária, com compra de produtos da agricultura e comercialização de insumos, a fábrica de rações e o supermercado em Jaboticaba. – Além disso, somos uma grande geradora de ICMS no município, estamos em primeiro lugar na arrecadação em relação aos demais estabelecimentos, contribuindo com mais de 60% do valor adicionado, que forma índice para o retorno do imposto e que fomenta outras áreas

Irramir Piccin preside a cooperativa

que as famílias produziam. – No momento em que surgiu a cooperativa ela tratou todo mundo igualmente e isso foi muito importante. Isso permitiu agregar valor em cima do que produzíamos. Também facilitou o acesso aos insumos – recorda. Para quem segue esta história, como o associado e colaborador Cleiton Trentin, que há 15 anos concilia o trabalho na propriedade da família e a função na cooperativa, este também é um momento a ser comemorado. “A gente tem orgulho em ajudar a disseminar o cooperativismo, principalmente por termos muitos pequenos agricultores envolvidos”, diz. É o cooperativismo agropecuário somando para melhor dividir a renda entre as famílias do campo e permitindo que elas prosperem.


Cotrifred proporciona fortalecimento da pecuária na região

Jakson Dal Magro/O Alto Uruguai/Divulgação

O

ano de 2020 promete ficar marcado na história da região no que se refere ao agronegócio, em especial na pecuária de leite. Isso porque a cooperativa de produção deu início oficialmente aos trabalhos da indústria de laticínios, em 12 de maio, que levará a mesma marca para a mesa das famílias consumidoras. A inauguração da estrutura havia sido feita em dezembro de 2019. Lançado em 2016, o projeto somou investimentos de R$ 17 milhões. A indústria Laticínios Cotrifred deve colocar no mercado itens como queijos prato, colonial e muçarela, além da nata. Com habilitação junto ao Serviço de Inspeção Federal (SIF), os produtos poderão ser comercializados em todo

o território nacional. Outro destaque deste projeto é que todo o retorno relacionado aos impostos gerados pela Laticínios Cotrifred deverá beneficiar os municípios onde a Cotrifred está presente e de onde a matéria-prima será oriunda. Um convênio entre a cooperativa e as prefeituras dos oito municípios de abrangência prevê que o valor adicionado gerado pelo empreendimento será dividido proporcionalmente para cada um deles. Esse investimento promete fomentar a pecuária de leite na região, segundo análise do presidente, Elio Pacheco. – Quando o laticínio foi lançado, a Cotrifred contava com 1,2 mil associados inseridos na bovinocultura de leite,

mas apenas 242 produtores entregavam para a cooperativa. Acreditamos que com este investimento poderemos atender mais produtores. Com a indústria, queremos agregar valor a esse produto – ressalta o cooperativista. Segundo o presidente, as expectativas são positivas para os próximos meses. Uma das vantagens da cooperativa é a solidez que busca proporcionar aos associados do ponto de vista dos negócios. – O associado já tinha uma participação de resultados na cooperativa, já tinha descontos na aquisição de produtos e agora queremos beneficiá-los com uma melhor remuneração na atividade leiteira – pontua o presidente Pacheco.


Projeto da Cotricampo reúne alimentos para doar às Apaes Divulgação

Entregas das cestas de alimentos ocorrem em junho e seguem neste mês de julho

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cada ano as cooperativas se mobilizam para promover ações que reforçam a presença do setor nas comunidades onde estão inseridas. O Dia C de Cooperar, alusivo ao Dia Internacional do Cooperativismo, costuma motivar campanhas que promovem engajamento social e, com isso, várias entidades costumam ser beneficiadas. A Cotricampo, cooperativa com matriz em Campo Novo/RS, realizou neste ano uma campanha estimulando os associados, clientes e fornecedores a doarem alimentos não-perecíveis destinados aos alunos de dez instituições cadastradas. Trata-se do projeto Cooperando com as Apaes – estas que atendem um grande número de alunos excepcionais, com os mais diversos atendimentos. No início de junho, a cooperativa fez a entrega de 629 sacolas de alimentos, totalizando 8,8 toneladas que foram arrecadadas. Isso deve beneficiar 631 alunos pertencentes a entidades dos municípios de Campo Novo, São Mar-

tinho, Três Passos, Redentora, Tenente Portela, Braga, Crissiumal, Humaitá e Coronel Bicaco, todos na microrregião correspondente à Amuceleiro. Conforme assessoria de imprensa da Cotricampo, neste mês de julho haverá mais uma entrega de alimentos e a cooperativa contribuirá com R$ 15 mil em produtos. No total serão 23,3 toneladas direcionadas às instituições para serem entregues a alunos das Apaes. O presidente da Cotricampo, Gelson Bridi, destacou a satisfação em ver o envolvimento e a participação de associados, funcionários, clientes e fornecedores neste projeto, exercitando a cooperação e auxiliando as famílias destes alunos especiais. Hoje a cooperativa tem unidades espalhadas em municípios como São Valério do Sul, Dois Irmãos, Tenente Portela, Coronel Bicaco, Crissiumal, Bom Progresso, Alegria, Braga, Sede Nova, São Martinho, Tiradentes do Sul, Três Passos, Humaitá, Redentora, Derrubadas e Vista Gaúcha.

InovaCoop: Tecnologia em prol das cooperativas

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Sistema OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras – tem investido cada vez mais em processos transformadores para as cooperativas. Dentre as ações propostas recentemente está o InovaCoop, uma plataforma de inovação do cooperativismo brasileiro – criada pelo Sistema OCB. O site reúne conteúdos exclusivos sobre o setor, oferece cursos e demais ferramentas para cooperativas inovarem na prática. Para o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, a pandemia e as crises política e econômica aceleraram as motivações para trabalhar com o cooperativismo na era das inovações. – Inovação é fundamental para se conviver nesse mundo atualizado, para você criar e recriar, e nesse período de isolamento social a gente tem descoberto que tem muito a fazer e inovar – destacou Freitas.

Conheça o site www.inova.coop.br ou acesse o InovaCoop através do código:


Negócios

Plano Safra 20/21: governo destina R$ 13,5 bilhões a mais de recursos

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ançado em junho pelo governo federal, o Plano Safra 2020/2021 contará com R$ 236,3 bilhões para apoiar a produção agropecuária nacional. Do total, R$ 179,38 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização e R$ 56,92 bilhões serão para investimentos em infraestrutura.

Produtores rurais

No Pronaf, serão R$ 33 bilhões para financiamento, com juros de 2,75% e 4% ao ano, para custeio e comercialização. No Pronamp, serão destinados R$ 33,1 bilhões, com taxas de juros de 5% ao ano – custeio e comercialização. A subvenção ao Prêmio do Seguro Rural teve um acréscimo de 30% no valor, chegando a R$ 1,3 bilhão.

Inovação

No Plano Safra 2020/2021, os pecuaristas poderão financiar equipamentos e serviços de pecuária de precisão. Os

setores da pecuária bovina e bubalina, de leite e de corte também estão contempladas nos financiamentos para automação, adequação e construção de instalações.

Agricultura familiar

Os agricultores familiares poderão continuar usando o crédito para financiar e reformar casas rurais. Nesta safra, os recursos para este fim somam R$ 500 milhões. O filho ou filha do agricultor familiar, que possua Declaração de Aptidão (DAP) da sua unidade familiar, poderá também solicitar financiamento para construção ou reforma de moradia na propriedade dos pais.

Assistência Técnica

Os agricultores familiares e os médios produtores poderão financiar atividades de assistência técnica e extensão rural, de forma isolada, por meio do Pronaf e Pronamp, respectivamente.

Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG

A Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG garante R$ 455 milhões para atender as demandas dos associados – que já têm seus limites de custeio pré-aprovados – no novo agrícola. Além disso, eles podem contar com o suporte consultivo da Cooperativa, que desde 1º de julho está realizando operações nas agências alocadas em três estados do país. – A nossa origem na agricultura familiar combinada com a essência cooperativista e o propósito de fazer juntos têm sido a receita do crescimento dos associados e do Sicredi – ressalta a presidente Angelita Marisa Cadoná. No Plano Safra 2019/20, dos 7,6 mil contratos de crédito rural, 85% foram destinados a projetos de custeios e investimentos na agricultura familiar. Nos últimos quatro planos safras, os valores destinados a este mesmo setor cresceram 122%, chegando a R$ 227,3 milhões liberados e 6.451 contratos realizados.


Capa

O agro que segue e se transforma Rafaela Rodrigues

O setor não parou, mas precisou se reinventar em muitos aspectos para driblar as instabilidades nos negócios em meio a pandemia do Covid-19 Por

Rafaela Rodrigues jornalismo@novorural.com

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esmo que as atividades do agronegócio não tenham parado neste período de pandemia gerada pelo Covid-19, que o setor tenha sido o único a registrar crescimento no primeiro trimestre de 2020 – 1,9% comparado com o mesmo período do ano anterior e 0,6% em relação ao quarto trimestre de 2019, segundo o IBGE –, o agro tem se transformado, assim como os outros setores que compõem a economia brasileira. Para quem está acostumado com o “olho no olho” e o aperto de mão na hora de realizar os negócios, se adaptar a uma rotina de máscaras e cumprimentos à distância tem sido desafiador nesta temporada – mas muito necessário. Para manter o volume de vendas, a persistência e o fato de se permitir pensar “fora da caixa” fazem a diferença. Em meio a pandemia surgiram novas formas de fazer negócios e o agro, através dos vários segmentos e personalidades, têm construído as suas. Produtores rurais, cooperativas, empresas e profissionais voltados às diversas áreas do setor, relatam como tem sido esses últimos meses para os negócios, quais são os maiores desafios, que estratégias adotaram neste período para escoar a produção agrícola, manter o fluxo de caixa e tornar a experiência de compra e de consultoria mais cômoda e segura aos clientes.

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Família inova e aumenta volume de vendas em plena pandemia Ademar e a esposa Maiara fazem entregas semanalmente dos Produtos do Sítio

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WhatsApp já era muito usado na rotina de vendas da empresa familiar Produtos do Sítio, em Frederico Westphalen/RS. Através da ferramenta, os consumidores têm acesso às listas de produtos – folhosas, olerícolas, morangos e demais itens complementados com a produção de parceiros da região –, fazem os pedidos e aguardam a entrega à domicílio, que ocorrem duas vezes por semana. A qualidade dos produtos agroecológicos comercializados pela família Azevedo do Prado, sem dúvida, está entre os motivos pelo qual o volume de vendas se mantém em plena pandemia. Aliado a isso, a opção de o consumidor fazer o pagamento dos produtos através de transferências bancárias incrementou os negócios da família, já que o contato direto com o dinheiro – um canal de propagação do vírus – era uma das apreensões dos consumidores. – A transferência se tornou o nosso diferencial e está gerando resultados. O fato desta temporada coincidir com o nosso período de plantio também foi crucial, pois conseguimos dar conta desta demanda maior. Acredito que nossas vendas aumentaram em

torno de 20% em meio a pandemia – relata Ademar Azevedo do Prado Júnior, responsável pela comercialização dos Produtos do Sítio. A família faz parte, ainda, de um grupo de agricultores que também estão ligados à produção familiar. Para auxiliar no escoamento dos produtos de todos os negócios foi firmado uma parceria entre eles, na qual a família Azevedo do Prado ajuda na comercialização e na distribuição da produção. – A parceria já existia antes da pandemia, mas ficou ainda mais sólida neste período, pois conseguimos juntar ainda mais forças para seguir com as atividades. Assim, todo mundo ganha – reforça. Não pense que os desafios não chegaram até a família do Produtos do Sítio. Ademar conta que logo no início do isolamento social foi desafiador continuar com as atividades, pois as pessoas estavam receosas e o fato de eles terem contato com várias pessoas tornou o processo de compra mais retraído. No momento, a rotina de máscaras e álcool em gel só está reforçando a responsabilidade da família em entregar alimentos de forma segura aos consumidores. JULHO | AGOSTO 2020


Arquivo pessoal

Tele-entrega da família Souza gera resultados em Panambi/RS

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m Panambi/RS, os desafios também chegaram para a família Souza, que tem como principais atividades a produção de hortaliças e um sistema de criação de aves e abatedouro na propriedade. Para eles, o maior impacto foi na suspensão das atividades escolares – incluídos no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), para onde comercializam carne de frango e tomate. Já na cooperativa do município, para onde vendem verduras, o impacto chegou a 50% no início da pandemia, mas nesta o fluxo de negócios não demorou para se estabilizar novamente. A surpresa mesmo foi na feira do produtor do município, onde a família registrou acréscimo de 30% nas vendas, tanto na carne quanto nas verduras, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o jovem Felipe de Souza, responsável pela parte da rastreabilidade dos produtos. – Baixamos os preços de alguns

Na foto [da esquerda para a direita], a dona Ana Tolotti de Souza, o Felipe de Souza e o seu Wilson Florêncio de Souza

produtos na feira, a exemplo do tomate, o que ajudou a manter o ritmo dos negócios. Os impactos foram mais sentidos na venda de carne de frango, mas como é algo que pode durar mais tempo, se congelado, os prejuízos acabaram sendo menores se comparado com o que tivemos com as aves que já estavam prontas para abate – relata Felipe. O aumento das vendas na feira está atrelado as medidas adotadas pela família para manter o volume de negócios nesta temporada, que foi a entrega a domicílio. Além disso, eles relatam que o uso da máArquivo pessoal

Minha Feira em Casa

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m Sarandi/RS, uma iniciativa da Cooperativa da Produção dos Agricultores Familiares de Sarandi e Região (Coopafs) e demais parceiros tem se destacado na região Norte gaúcha por garantir o escoamento da produção familiar local. A cooperativa conta com 276 associados, abrangendo também os municípios de Almirante Tamandaré do Sul/RS, Barra Funda/RS, Carazinho/RS, Chapada/ RS, Nova Boa Vista/RS e Ronda Alta/ RS. Já que 98% da comercialização da Cooperativa é destinada ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), o primeiro impacto foi sentido com a paralisação das atividades escolares – por lei, 30% do recurso destinado às escolas para a compra da merenda escolar deve ser utilizado na aquisição de produtos da agricultura familiar. A venda direta, através da Feira do Produtor, também ficou comprometida nesta temporada. Para viabilizar aos agricultores locais a comercialização dos seus produtos e, aos consumidores, comprarem alimentos saudáveis de forma segura, a

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Consumidores têm aderido cada vez mais a nova iniciativa da cooperativa

chamada “Minha Feira em Casa” saiu do papel. De acordo com a presidente da Coopafs, Janete Junges Schewede, a experiência através da plataforma on-line está sendo muito produtiva, inclusive, por estar proporcionando aos agricultores a ampliação da cartela de clientes, como o público mais jovem. – A venda on-line criou uma oportunidade para a população em geral aces-

quina de cartão de crédito, já usada antes da pandemia, triplicou neste período. – Agora fazemos entrega a domicílio. Este serviço tem sido bastante procurado no município e está nos gerando bons resultados. Entregamos aos consumidores um cartão de apresentação na feira, os interessados entram em contato pelo WhatsApp e, com um pedido mínimo de R$ 25,00, fazemos a entrega dos produtos na casa do consumidor, com todas as medidas sanitárias necessárias para assegurar a saúde deles e a nossa – conta Felipe.

sar esses alimentos. Estamos atingindo um público mais jovem, que trabalha em tempo integral e não consegue ir à feira – analisa Janete. Até o fim de maio, 50 famílias estavam inseridas na plataforma, como a da Sibeli Metz, que gerencia a Agroindústria C&S Conservas e Doces. Para ela, o maior desafio desta temporada foi buscar novas alternativas para comercializar os produtos e conquistar novos clientes. No entanto, as vendas on-line tem ampliado o olhar dela sobre os negócios digitais. – A venda on-line era algo que já estávamos analisando para implantar na nossa agroindústria e a plataforma da Coopafs nos comprovou que dá certo. Acredito que este seja o mercado do futuro – afirma a empresária rural, que também comenta que as vendas via redes sociais foram intensificadas neste período.

Acesse a plataforma através deste QR Code:

JULHO | AGOSTO 2020


Capa Rafaela Rodrigues

Plataforma permite que cooperativas escoem as produções locais

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m espaço virtual chamado “Vitrine” permite o escoamento da produção familiar local de forma on-line, por meio das Centrais de Comercialização, as cooperativas. O projeto é uma iniciativa da Agência de Desenvolvimento do Médio Alto Uruguai (Admau) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), articulado pela plataforma Alimento de Origem, que conta com vários módulos, entre eles a Vitrine. A Cooperativa dos Produtores Rurais da Agricultura Familiar de Frederico Westphalen (Coopraff) está inserida na plataforma. Até a primeira quinzena do mês de junho, 40 dos 52 associados estavam comercializando seus produtos de forma on-line. De acordo com o presidente da Coopraff, Vanderlei Zonta, a

ferramenta está sendo uma grande aliada dos agricultores familiares neste período de pandemia. – Os resultados alcançados até o momento com a plataforma são satisfatórios e tem ganhado a adesão tanto dos agricultores quanto dos consumidores. Para o escoamento da produção está sendo uma grande aliada – frisa. O diretor-executivo da Admau, Eliseu Liberalesso, explica que o ingresso na ferramenta por parte das cooperativas é gratuito. – O grande objetivo da plataforma é criar uma grande rede, mas atendendo local e regionalmente com os atores ali presentes. No futuro, os produtos excedentes podem ser fornecidos em várias outras regiões – projeta Liberalesso.

Gradativamente a plataforma está gerando resultados e consolidando a qualidade dos produtos. Na foto, Evandro Antonello, que atua na Coopraff

Acesse a plataforma através deste QR Code:

Nas consultorias, novas modalidades de assessoramento

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ara manter a prestação de serviços aos produtores, as adaptações também foram necessárias nas consultorias, é o que relata o supervisor-técnico Marcelo Irala, da SIA Brasil, empresa especializada na assistência qualificada ao setor agropecuário. De acordo com Irala, antes mesmo da pandemia, a empresa já almejava a mudança no formato das consultorias, visando intensificar o uso das ferramentas digitais. O período foi oportuno para a transformação de alguns processos dentro da empresa. – Nós acabamos estruturando melhor nosso roteiro de consultorias, fazendo com que planejássemos a longo prazo algumas ações,

Este período está permitindo estruturar outras questões do meu trabalho.

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o que beneficiou a organização dos consultores – destaca Irala. Como os profissionais não podiam estar a campo, os produtores se tornaram os “olhos” deles nas propriedades rurais. Com isso, segundo o profissional, eles começaram a prestar mais atenção aos detalhes dos seus sistemas de produção. – A pandemia chegou no momento em que mais precisávamos estar perto dos nossos assistidos, em meio a estiagem. As tecnologias nos permitiram acompanhá-los mesmo diante deste cenário, por isso não tenho dúvida que vamos sair deste cenário usando mais ferramentas digitais. Algumas capacitações, inclusive, vão continuar sendo virtuais, como também algumas consultorias. Estamos conseguindo executar em torno de 70% do que estava previsto para este período – reitera. De acordo com ele, os 30% estão relacionados com a carência do sinal telefônico e do acesso à internet no meio rural. Dessa for-

ma, as visitas presenciais continuam sendo propostas aos assistidos. O consultor Juliano Alarcon Fabrício, mais conhecido como Dr. Pastagem, de Francisco Beltrão/ PR, também teve que se adaptar para atender os pecuaristas de leite e de corte assistidos por ele em fazendas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Paraguai e para realizar seus treinamentos técnicos e palestras. Ele também aproveitou as plataformas digitais para inovar e seguir com as atividades. – Tive retornos muito positivos das consultorias realizadas on-line. Inclusive, pretendo mesclar consultorias virtuais e presenciais e ampliar minha carteira de assistidos. Este período está permitindo estruturar outras questões do meu trabalho, gerar mais conteúdos nas mídias – comenta Juliano, referindo-se especialmente a produção de conteúdo para as plataformas do Dr. Pastagem, conhecidas internacionalmente. JULHO | AGOSTO 2020


Estratégias para evitar mais impactos

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m Ametista do Sul/RS, onde o turismo é considerado um dos principais geradores de renda do município, o comércio tem sentido os impactos na economia e isso também reflete na cadeia produtiva da uva. O presidente da Coperametista, Elton Mezzaroba, relata que uma das estratégias adotadas pela cooperativa foi abrir mão de grande parte da margem de lucro, baixando os preços dos produtos, para que as vendas não paralisassem ainda mais, já que a cooperativa acumula uma redução de 40% na comercialização de vinhos e sucos. Formada por produtores de uva de Ametista do Sul/RS, a preocupação do presidente é com o faturamento geral do empreendimento até o fim do ano, que deve ser impactado em função desses ajustes. – O volume de vendas está alto, mas os vinhos e sucos estão sendo comercializados a preço de custo, o que acaba impactando na margem de lucro da cooperativa. Ainda não sabemos como vamos fechar a conta lá na frente. Mas, isso é essencial para que possamos manter a estrutura neste momento – relata Mezzaroba, em tom de cautela.

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inovadoras em meio ao Covid-19 Cooperativa Tritícola de Frederico Westphalen (Cotrifred)

• Implementou o uso do WhatsApp e reforçou os serviços de entrega nos supermercados e agropecuárias • Doação de R$ 40 mil para hospitais e secretarias municipais da saúde nos oito municípios de atuação

Cooperativa Tritícola Mista Campo Novo

Emater/RS-Ascar • Feira Virtual da Agricultura Familiar

Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG • Investimentos em inovações digitais, como lives semanais, programas e formações on-line aos associados da instituição financeira cooperativa de crédito além da adoção do aplicativo Sicredi Conecta

(Cotricampo)

• Implementou o uso do WhatsApp

Cooperativa Tritícola de Sarandi (Cotrisal)

• Atualmente, está operando em nível experimental a opção de compras através do site da cooperativa e do aplicativo Cotricampo, que conta com a opção de conferir os preços praticados no âmbito dos produtos agrícolas

• Doação de R$ 1 milhão para auxiliar na manutenção de 16 hospitais da região Norte gaúcha no combate do Covid-19

Cotripal • Implantou um sistema de televendas via WhatsApp

Magazine Luiza • Em seu site de vendas, implantou a loja “suplementos nutricionais Tortuga”, para comercializar produtos para a nutrição da pecuária de leite e de corte e também para equinos

• Sistema CotriDrive • Aplicativos: o Cotripal pra Você e o Minha Cotripal, um com foco em ofertas, promoções e dicas do varejo e outro com foco em conteúdos agrícolas, incluindo cotações e previsão do tempo para associados, respectivamente

Orbia • Lançou o Desafio Covid-19, uma iniciativa realizada em parceria com a Bayer, Sicredi e o AgTech Garage que visa disponibilizar ferramentas gratuitas para que os agricultores as utilizem pelo período de dois meses JULHO | AGOSTO 2020


Agricultura

Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural

MERCADO DA SOJA Por

Luiz Fernando Gutierrez Roque luiz.gutierrez@safras.com.br Economista e analista de mercado da consultoria Safras & Mercados

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Preços brasileiros atingem novos recordes em maio e junho

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aio e junho foram meses marcados por cenários distintos em termos de comercialização de soja no Brasil. Apesar disso, em determinados períodos de ambos os meses, vimos os preços da soja atingirem patamares recordes no mercado interno. As oscilações foram comandadas, principalmente, pelo câmbio, que atingiu o maior patamar da história na primeira quinzena do mês de maio, enquanto em junho os preços encontraram suporte também em outras variáveis. Em Rio Grande/RS, no dia 13 de maio, a cotação da saca de 60 quilos chegou a R$ 116,00 no mercado disponível. Já no interior do Rio Grande do Sul, o recorde histórico no preço foi alcançado

Bem capitalizados, os sojicultores apostam em um cenário ainda mais favorável para o segundo semestre.

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no dia 19 de junho, quando a cotação de compra atingiu o valor de R$ 113,00 no mercado disponível. O câmbio foi decisivo para o desempenho dos preços brasileiros neste período. A moeda americana iniciou maio a R$ 5,437. Na máxima do mês, esbarrou na casa de R$ 6,00, fechando no maior valor da história no dia 13 de maio: R$ 5,9040. Já em junho, apesar de a moeda norte-americana ter operado em patamares mais baixos, a combinação de prêmios mais fortes e Chicago menos pressionado deu o tom positivo para as cotações. No mês de maio, os produtores aproveitaram o bom momento da primeira quinzena e negociaram um volume razoável a preços históricos. Com o recuo cambial, os vendedores se retraíram, travando a comercialização. Em junho, embora em determinado momento os preços praticados tenham se igualado aos recordes de maio, as negociações evoluíram pouco, com os produtores demonstrando pouco interesse em negociar o resto de sua produção disponível. Bem capitalizados, os sojicultores apostam em um cenário ainda mais favorável para o segundo semestre. A baixa disponibilidade de soja prevista para o resto do ano pode ser um grande trunfo para a ponta vendedora. Nos próximos meses, o mercado deve permanecer dividindo atenções entre os impactos socioeconômicos da pandemia do novo coronavírus ao redor do mundo e fatores ligados à oferta e à demanda do complexo soja nos principais países produtores e consumidores. O medo de uma segunda onda de contaminação do vírus ao redor do mundo voltou a crescer no fim do primeiro semestre, renovando as incertezas sobre a retomada da economia mundial. No lado fundamental do mercado de soja, a questão envolvendo a demanda chinesa pela soja norte-

-americana volta a ganhar peso diante da aparente “trégua” nas tensões políticas e comerciais entre Estados Unidos e China. Além disso, a China começou a aumentar gradativamente suas compras de soja norte-americana. A tendência é que as mesmas se intensifiquem a partir de agosto/setembro, período de definição da produção dos EUA e entrada dos primeiros volumes colhidos da nova safra. No lado da oferta, o mercado agora acompanha o desenvolvimento da nova safra norte-americana. Os trabalhos de plantio da nova safra avançaram sem problemas ao longo dos últimos meses, favorecidos pelo clima. O panorama inicial das lavouras é extremamente favorável. Se o clima continuar ajudando, os EUA deverão colher uma produção superior a 112 milhões de toneladas nesta nova temporada que, para eles, inicia em setembro. No Brasil, a forte demanda por exportação – que impulsiona os prêmios – somada a um câmbio ainda relativamente elevado diante de questões internacionais e fatores políticos e econômicos internos traz suporte para os preços da soja. A pouca disponibilidade de soja no segundo semestre do ano deverá ser um fator fundamental para a sustentação das cotações, embora o câmbio deva continuar como o fator principal para a definição dos preços. JULHO | AGOSTO 2020


Milho: Check-list para mais uma safra Depois de um período desafiador para a cultura do milho, é hora de reforçar a importância de algumas práticas para garantir uma boa safra. Atenção para estas dicas elencadas por especialistas:

Para escolher a cultivar O solo precisa ser de qualidade sob o ponto de vista químico e físico para que as sementes possam expressar todo o seu potencial

Claudir Basso

Engenheiro-agronomo, professor-doutor na UFSM-Campus de Frederico Westphalen/RS

Dê atenção a híbridos com relação a resistência às doenças, em especial a Helminthosporium turcicum, além da ferrugem e a mancha branca

Para o segundo cultivo – safrinha – priorize híbridos de milho mais precoces

No estabelecimento das lavouras, dê atenção às pragas, como a lagarta-do-cartucho, já mencionada, a lagarta-rosca e o percevejo barriga-verde

Busque híbridos com resistência à lagarta-do-cartucho

Observe constantemente a lavoura para não ter surpresas

Para um estande uniforme de plantas Utilize sementes de alta qualidade, com destaque para altos índices de germinação e vigor Evite realizar a semeadura em solo frio. Considere a faixa de temperatura adequada do solo para o plantio A umidade deve estar próxima a capacidade de campo, na profundidade uniforme de 4 cm. A temperatura deve estar entre 15°C a 25°C

Utilize velocidade de semeadura reduzida. De 4 km/hora a 6 km/ hora em semeadoras a vácuo e de 3,5 km/hora a 4,5 km/hora em semeadoras convencionais Para evitar falhas, duplas e triplas, distribua as sementes de forma precisa Lembre-se: para que ocorra a germinação e a emergência uniforme de plantas o contato solo-semente é indispensável

Alexandre Gazolla Neto

Engenheiro-agrônomo e doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes

Para a fertilidade do solo Na hora de escolher o fertilizante nitrogenado: faça um levantamento das opções de produtos no mercado; calcule o custo por unidade de nutriente; busque informações sobre a eficiência do produto e avalie se o aumento de eficiência do fertilizante “diferente” compensa o custo

Tales Tiecher

Engenheiro-agrônomo, professor-doutor do Departamento de Solos da UFRGS 21 | NOVO RURAL

Preze pela qualidade dos produtos

O mesmo vale para a aplicação: preze pela precisão Conte com um laboratório confiável para fazer as análises de solo A amostragem precisa representar o que tem na lavoura. Esta etapa é extremamente importante e trabalhosa, mas todo o sucesso e o manejo da adubação da fertilidade do solo dependem da amostragem de solo JULHO | AGOSTO 2020


Agricultura BOLETIM TÉCNICO Por

Alexandre Gazolla Neto agazolla@novorural.com

Engenheiro-agrônomo, doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes e empresário do agronegócio

Oferecimento:

Momento de refletir sobre o próximo ciclo de produção É fundamental o direcionamento de ações nos ambientes de produção de acordo com o manejo outonal e o que se almeja para a próxima cultura

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este importante momento de distanciamento social em função da pandemia causada pelo Covid-19, são distintas as ações para manter a qualificação dos profissionais e as atividades de produção nos diferentes setores agropecuários. O agronegócio brasileiro é o mais sustentável do mundo. São distintos setores e culturas em pleno desenvolvimento ao longo dos 365 dias do ano, sempre respeitando regras rígidas para utilização de insumos de produção e manutenção da fauna e da flora. Um dos principais setores da economia brasileira, em 2019, a agricultura e a pecuária foram responsáveis por 21,4% do PIB brasileiro. Em um rápido comparativo do PIB do agronegócio entre os meses de fevereiro de 2019 e fevereiro de 2020, aponta um crescimento de 2,42%, o equivalente a R$ 42 bilhões. Esses números só são possíveis com muito investimento em treinamento profissional, qualificação de estratégias de produção e adoção de tecnologias de ponta. Estamos em pleno desenvolvimento das culturas do trigo, cevada, canola, aveia preta e branca, azevém, centeio,

entre outras espécies de cobertura e exploração comercial no Sul do Brasil. O manejo das diferentes espécies com finalidade de exploração comercial de grãos ou como plantas de serviço – plantas para cobertura e proteção do solo – é indispensável para aumentarmos a produtividade de grãos. As técnicas de produção devem estar interligadas as boas práticas agronômicas, visando a redução do banco de sementes de plantas daninhas, o controle de pragas e doenças ao longo do ciclo de produção, criando um ambiente adequado ao estabelecimento e desenvolvimento das culturas. O correto manejo do solo e da palha, a rotação de culturas, a utilização de plantas de serviço e o trânsito reduzido de máquinas proporcionam a criação de um ambiente favorável à emergência e desenvolvimento das plantas, elevando gradativamente o potencial produtivo ao longo dos anos. Em diversas oportunidades observamos que muitos agricultores ainda baseiam seus investimentos em áreas que permanecem em pousio na entressafra das culturas de verão. Esta prática, além

A construção de altos níveis de produtividade não ocorre em uma única safra, mas sim ao longo dos anos de cultivo e investimento do sistema de produção.

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de degradar o solo e reduzir a eficiência produtiva, aumenta a incidência de sementes de plantas daninhas no solo, a ocorrência de pragas e, principalmente, de doenças que necessitam de plantas vivas para formar ciclos sucessivos de infecção. Um importante aliado dos agricultores na manutenção de altos índices de produtividade em áreas de produção nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul é a cultura do trigo. A espécie destaca-se como alternativa na rotação de culturas, fonte de renda e proteção do solo, adicionando diversos benefícios para as próximas culturas, como a soja e o milho. A construção de altos níveis de produtividade não ocorre em uma única safra, mas sim ao longo dos anos de cultivo e investimento do sistema de produção. Diversas pesquisas apontam o acréscimo na produção de soja e milho após o cultivo de trigo no inverno. Resultados semelhantes são encontrados na cultivo isolado ou em mix de plantas de cobertura.

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Família Piaia investe na rastreabilidade da produção de alimentos

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na Linha Piaia de Cezaro, interior do município de Vista Alegre/RS, que residem Marli, Norberto e os filhos Welisson, Ana Carolina e Iago – a família Piaia. Desde o ano passado, eles investem no Origem Garantida, sistema para rastreabilidade de alimentos que a nossa empresa oferece. Além da atividade leiteira, atualmente a família trabalha com a produção de morangos, mas os planos são de expansão para outras culturas, como tomate e melancia, revela Welisson. Na hora de comercializar, Norberto, o pai, é quem leva as frutas até a cidade de Vista Alegre, entregando de casa em casa para os clientes que fizeram pedidos e também em um

Faça como a família Piaia e invista na rastreabilidade da sua produção de alimentos!

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supermercado e padarias. Além disso, muitas pessoas, inclusive de outras cidades, vêm até a propriedade para buscar os produtos “direto da fonte”. Desde 2019, os morangos Piaia são rastreados, contando com um QR Code e o número do lote na embalagem, o que permite o acesso a diversas informações sobre como e onde foram produzidos. Os pais e irmãos trabalham juntos no manejo, colheita e embalamento das frutas, mas quem fica responsável pelo uso do sistema é Welisson. Ele conta que a cada nova colheita registra o lote de produção pelo próprio celular, com informações específicas e um código exclusivo, inserido manualmente na etiqueta de cada embalagem. “O sistema é bem fácil de mexer, para atualizar as informações e colocar as fotos. Só preciso de alguns minutos para registrar cada lote”, relata. A ideia de ter os alimentos rastreados começou com a filha Ana Carolina, que teve conhecimento do Origem Garantida por meio de um colega da faculdade. Após verificarem que alguns mercados já estavam exigindo a rastreabilidade e receberem a visita da nossa equipe na propriedade para esclarecer todas as dúvidas, a família Piaia começou a usar o sistema. Wellison faz questão de destacar que os morangos produzidos são livres de defensivos agrícolas e que para o controle de doenças e pragas são utilizados apenas métodos biológicos e alternativos. Nesse sentido, a rastreabilidade ajuda a garantir o controle e a transparência da produção e, segundo ele, é reconhecida e elogiada pelos clientes.

Entre em contato: (55) 9.9707-0909 ou contato@oagro.com.br

Lei da rastreabilidade passa a valer para mais um grupo de vegetais

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exigência da legislação brasileira para que os grupos de vegetais utilizem a rastreabilidade para identificação do produtor, da indústria, do centro de distribuição e do supermercado, no que se refere aos processos ao longo da cadeia produtiva – com destaque para o histórico de produção e do uso de defensivos – já é uma realidade. Um dos principais objetivos é assegurar ao consumidor alimentos com garantia de origem e livre de irregularidades. Para facilitar a adequação dos produtores, os vegetais foram divididos em grupos com diferentes prazos em que começa a valer a lei para cada um deles. Essa implementação de forma gradual atende a Instrução Normativa Conjunta 02/2018 – Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa (Anvisa) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). É válido ressaltar que a rastreabilidade se refere ao sistema que permite o acesso às informações mínimas que devem constar na consulta do produto. A vigência plena refere-se à rastreabilidade e ao caderno de campo com os registros dos insumos agrícolas aplicados. 23 | NOVO RURAL

Adequação à INC 02/2018 A partir de 1º de agosto de 2020, a lei começa a valer para o grupo composto por: Frutas: Melão, morango, coco, goiaba, caqui, mamão, banana e manga

Raízes, tubérculos e bulbos: Cenoura, batata-doce, alho, beterraba e cebola

Hortaliças, folhosas e ervas aromáticas: Couve, agrião, almeirão, brócolis, chicória e couve-flor

Hortaliças não folhosas: Pimentão, abóbora e abobrinha

A exigência do sistema para o terceiro e último grupo de vegetais passar a valer em 1º de agosto de 2021, mas o processo de adequação já deve iniciar a partir de 1º de agosto de 2020. JULHO | AGOSTO 2020


Agricultura DA PESQUISA AO CAMPO Por

Vagner Brasil Costa

vagnerbrasil@gmail.com

Engenheiro-agrônomo, enólogo, professor-adjunto da Unipampa-Campus Dom Pedrito e professor-colaborador PPGA-Agronomia/UFPel

O conteúdo contou com a colaboração da mestranda Lorena Quincozes, do PPGA-Agronomia/UFPel

Vitivinicultura brasileira em meio ao Covid-19

Devido ao isolamento social, algumas vinícolas aumentaram em até 60% suas vendas on-line. 24 | NOVO RURAL

Rafaela Rodrigues

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sperada pelos enólogos como um grande ano, a safra de 2020 superou as expectativas dos profissionais da área de vitivinicultura. A forte estiagem aliada a outros motivos edafoclimáticos – amplitude térmica e luminosidade – é responsável por um ano especial na história da vitivinicultura brasileira. O comportamento edafoclimático e o uso de alto nível tecnológico no processo de elaboração dos vinhos foram determinantes para considerar a safra 2020 a melhor de todos os tempos. Não pela quantidade – pois devido ao clima seco entre agosto e setembro houve prejuízos na brotação e, em outubro, uma grande precipitação, chegando a 400 mm na região da Campanha Gaúcha, prejudicando a fecundação –, mas pela qualidade. Há muitos anos as videiras gaúchas não produziam uvas tão equilibradas em acidez

e concentradas em açúcares, taninos – substâncias presentes na casca da uva e que dão estrutura e corpo ao vinho – e antocianinas. Perante à qualidade apresentada por todas as variedades de uva deste ano, a expectativa dos especialistas mais moderados é de que a safra de 2020 seja a melhor do Rio grande do Sul desde 2005, quando foi registrado uma safra ícone do cenário vitivinícola gaúcho. Nem mesmo a crise desencadeada pela pandemia do novo coronavírus e tampouco a considerável quebra na safra foram suficientes para tirar o otimismo do setor vitivinícola. O setor de marketing e de vendas das vinícolas buscaram alternativas on-line para alavancar as vendas e se manterem no mercado e consolidaram a experiência digital das empresas bem como fidelizarem clientes que já estavam acostumados a uma venda direta. O ano de 2020 será um marco para a história da vitivinicultura tanto na produtividade, qualidade da fruta e do vinho, como no

novo diferencial de vendas. Com a alta do dólar e o fechamento das fronteiras, aumentaram as vendas dos vinhos brasileiros. Segundo estudo realizado pela ViniBraExpo, houve relevante incremento de consumo de vinho a partir da declaração de estado de calamidade, coincidindo também como o início de fechamento de estabelecimentos comerciais e da imposição de isolamento social. Conforme o estudo, mais de 65% dos consumidores incrementaram o consumo de vinhos. Quando se fala em vinho brasileiro, houve um incremento no consumo de rótulos nacionais de 34%. Devido ao isolamento social, algumas vinícolas aumentaram em até 60% suas vendas on-line, ou seja, reforçando a questão de estratégias de marketing de vendas durante a pandemia. Espera-se, assim, uma maior valorização do vinho brasileiro frente ao próprio consumidor do país, para que possam visualizar que nosso vinho nacional possui qualidade igual ou superior aos vinhos importados. JULHO | AGOSTO 2020


Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural

A eficiência da cobertura verde nos pomares de fruticultura

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período de estiagem que o RS passou no fim de 2019 e primeiros meses de 2020 reforçou a necessidade da adoção de práticas cada vez mais eficientes no que diz respeito ao armazenamento de água no solo. Na fruticultura, assim como em outras atividades agrícolas, as plantas de cobertura têm se mostrado eficazes para esta função. Desde que bem manejadas, podem gerar retornos econômicos significativos aos produtores.

Entre as cultivares de plantas de cobertura que têm se destacado para os citros no inverno são as aveias branca e preta, consorciadas com nabo-forrageiro e/ou ervilhaca e trigo mourisco. Já no verão, o feijão-miúdo, a mucuna-anã, o feijão-de-porco, e as gramíneas como a aveia de verão e o milheto são alternativas. Ainda é possível o citricultor utilizar coberturas perenes, como o amendoim forrageiro.

CITROS

Respeitar o distanciamento das plantas frutíferas na hora de semear as plantas de cobertura também é importante, segundo o técnico-agropecuário Doraci Bedin, do Escritório da Emater/RS-Ascar de Planalto/RS. – A semeadura das plantas de cobertura deve ser realizada na época recomendada e com sementes registradas. O produtor deve ter cuidado em realizar a semeadura à lanço para evitar o corte das raízes superficiais das frutíferas, quando realiza a gradagem tratorizada – alerta o profissional. As espécies mais utilizadas nestas culturas e que têm gerado os melhores resultados são as aveias branca e preta, azevém e o nabo forrageiro, segundo ele.

Nos pomares adultos, o técnico-agropecuário Valdinei Bazeggio – do Escritório da Emater/RS-Ascar de Liberato Salzano/RS –, explica que as plantas de cobertura devem ser mantidas com o porte baixo com o auxílio de roçadas. Em pomares com um a três anos de idade esta prática deve ser redobrada. – O manejo com grade de disco é desaconselhado por provocar danos às raízes das plantas cítricas. O citricultor pode manter a vegetação na entrelinha, e a linha de cultivo com vegetação roçada ou livre de plantas, visando diminuir a competição por água, luz e/ou nutrientes entre as plantas de cobertura e as plantas cítricas – orienta Bazeggio.

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CAQUI E FIGO

UVA Na cultura da uva, a semeadura das plantas de cobertura é recomendada logo após a colheita em algumas áreas, em meados de março e abril, a exemplo do que é feito em Sarandi/RS. Em junho é executada a semeadura da aveia preta e ervilhaca, garantindo cobertura de solo até o fim de outubro. Mas, ainda no mês de julho, é possível fazer o manejo das plantas de cobertura introduzindo a aveia preta e a ervilhaca, ou o azevém nativo e a ervilhaca, também na intenção de manter a cobertura do solo e o controle de plantas invasoras até outubro. – É neste período [até outubro] que o pomar passa a exigir mais volume de água no solo para o enchimento do fruto e para garantir uma boa produção lá em novembro e dezembro – explica o engenheiro-agrônomo Jorge Buffon, do Escritório da Emater/RS-Ascar de Sarandi/RS. É válido ressaltar que a adoção das plantas de cobertura e a sua eficiência dependem de vários fatores, como o tipo de solo, o clima e as sementes disponíveis aos produtores. JULHO | AGOSTO 2020


Agricultura LAVOURA CONECTADA Por

Antônio Luis Santi

santi@connectfarm.com.br

Apoio técnico:

Engenheiro-agrônomo, doutor em Ciência do Solo/Agricultura de Precisão, coordenador do Laboratório de Agricultura de Precisão do Sul da UFSM-FW e representante do Fórum dos Pró-Reitores de Pós-Graduação e Pesquisa na Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão junto ao Mapa

Manejo do solo para altas produtividades

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ConnectFarm

ada nova safra vivemos uma nova “euforia” na busca por altas produtividades, porém, qual é exatamente os caminhos e estratégias que proporcionam as melhores informações para repensar o sistema de produção e atingir estabilidade e elevar a produtividade? Primeiro, que “um sistema de produção sustentável é aquele que se satisfaz sem interferir nas oportunidades do amanhã”. Sempre os efeitos da interação entre os atributos são mais importantes do que os efeitos isolados de cada um. Isso acontece porque os sistemas de produção são dinâmicos e os mecanismos e processos de transformação não se repetem da mesma forma. Cada vez mais me convenço de que “a sustentabilidade do sistema de produção está na estratégia de desenvolver uma agricultura com base no carbono – matéria orgânica.” Isso faz sentido porque todos os atributos do solo (químicos, físicos e biológicos) estão estreitamente relacionados a matéria orgânica. É possível observar na foto abaixo como o sistema se reorganiza com o passar do tempo no sentido de permitir que haja interação das variáveis e processos.

Área irrigada com problema de compactação a esquerda e sem problema físico a direita (área em verde)

Divulgação

Fragmento da camada superficial (0 a 0,05m) de um solo após 20 anos de sistema plantio direto com rotação de culturas

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Divulgação

Muitos esforços já aconteceram visando melhorar a química do solo. Muito ainda temos que avançar, porém, no que diz respeito a física do solo e também a biologia. Quando se deseja altas produtividades é fundamental compreender o todo. Mais importante que buscar elevar a produtividade é procurar estabilidade, pois é a diminuição da variabilidade que garante rentabilidade ao produtor. Um detalhe que aprendemos em mais de 15 anos pesquisando esse assunto é que a forma mais barata e que entrega resultado ao produtor é um eficiente planejamento de rotação de culturas, onde se agrega carbono ao sistema e também se respeita a variabilidade de espécies com sistemas radiculares distintos e também habilidades em ciclar nutrientes e liberar exsudatos para o solo, proteger contra a erosão e produzir com diversidade e quantidade palha.

Por que então não é fácil atingir altas produtividades? A questão é que para manter o sistema equilibrado é fundamental garantir um mínimo de cobertura na lavoura para que as interações químicas, físicas e biológicas aconteçam satisfatoriamente e as plantas de interesse econômico possam expressar seu potencial produtivo. Um trabalho do professor Sá, da UFPR, mostra os desafios em produzir material orgânico para sustentar os diferentes sistemas de produção. Para o RS, é necessário no mínimo 12 toneladas de resíduos culturais por hectare/ano. Dessa forma, quando na lavoura não se contempla coberturas no outono/inverno, não entra espécies com alta capacidade de produção de palha como o milho, logo “não se pode esperar milagre produtivo em um solo que passa fome”. Esse caminho parece fácil e no fundo é, basta pensarmos como planta. Essa reflexão parece uma loucura, porém, só tem sucesso aquele que tem a humildade de se imaginar no lugar de cada plantinha da lavoura.

Estimativa da produção de resíduos culturais em sistemas de rotação de culturas sob Sistema Plantio Direto no Brasil

JULHO | AGOSTO 2020



Parceiros do leite Como o ajuste na dieta das vacas pode influenciar na produção Com melhorias e adoção de técnicas de manejo, pecuaristas de Novo Tiradentes/RS vislumbram novos horizontes na produção de leite Rafaela Rodrigues

A família Paini é reflexo de um trabalho comprometido e motivado por ações inovadoras

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m levantamento realizado em março de 2017, com as famílias que integram a bovinocultura de leite em Novo Tiradentes/RS, possibilitou que as equipes do escritório municipal da Emater/RS-Ascar e da Secretaria Municipal da Agricultura e Meio Ambiente identificam-se os principais obstáculos que impediam o progresso da atividade no município. A partir do resultado obtido, as equipes trabalharam para idealizar políticas públicas, o que tornou viável a retomada do crescimento dos índices de produção no município que, até então, tinha como recorde 3,6 milhões de litros de leite registrado em 2015.

Assistência técnica e programa municipal viabilizam novo recorde de produção A ação conjunta resultou na criação do programa municipal Mais Pasto Mais Leite, em 2017 – e que vigora até os dias atuais. Por meio deste o poder público municipal disponibiliza aos pecuaristas, mediante a comprovação da atividade, até R$ 2 mil a fundo perdido para a aquisição de mudas de pastagem perene para um hectare e adubação. Além disso, o programa fornece quatro horas-máquina gratuitas para o preparo do solo. 28 | NOVO RURAL

– O que faltava para alavancarmos a produção eram manejos mais eficientes no que se refere a alimentação dos animais. A implantação de pastagens perenes e orientações para uma dieta correta foram e são os principais pontos trabalhados através do programa – salienta o engenheiro-agrônomo Luciano Schievenin, da Emater/RS-Ascar. Nos últimos anos é possível observar com mais precisão o diferencial deste trabalho. Em 2019 foram produzidos 4,6 milhões de litros de leite – volume recorde no município, o que representa 1,4 milhões de litros a mais se comparado com o ano de 2017, quando foram produzidos 3,2 milhões de litros de leite. – Além deste programa, oferecemos serviços de inseminação artificial, o que auxilia no melhoramento genético dos animais, e vacinação gratuita do rebanho contra a brucelose – reforça o secretário municipal da Agricultura e Meio Ambiente, Ademilson Luiz Ré.

Resultado positivo na ordenha é motivo de orgulho para a família Paini O sorriso no rosto do seu Airton Paini, 49 nos, e da esposa Janete, 47 anos, ao falarem sobre a evolução da produção nos últimos anos, revela o quanto

o engajamento conjunto para um bem comum pode refletir positivamente nos negócios e no bem-estar das famílias rurais. Há cerca de 20 anos trabalhando com bovinocultura de leite, a família Paini está entre as 39 propriedades beneficiadas com o programa. O trabalho começou em 2017, com as melhorias nas áreas de pastagens. Hoje, a família conta com quase três hectares destinados a pastagem perene, entre tifton e gigs – 1 hectare subsidiado pelo programa e o restante da área com recursos próprios. Em 2018 já foi possível observar um aumento de 92% na produção, chegando 62 mil litros, praticamente com os mesmos animais – incremento de somente duas novilhas ao plantel. Já em 2019, foram 83 mil litros. A propriedade tem 12,5 hectares – 6 ha são destinados para a bovinocultura de leite e 6,5 ha para a produção de grãos. Aos poucos, os pais de Patrícia, 19 anos, e Felipe, 13 anos, pretendem fazer mais melhorias no sistema de produção. – Estamos muito felizes em ver onde chegamos. Hoje nós contamos com 16 vacas em lactação, que produzem em média 17 litros/vaca/dia. Nosso objetivo agora é chegar aos 10 mil litros/mês – projeta Airton, com tom de orgulho e o sorriso no rosto. Para a Janete, que acompanhou a evolução da produtividade na ordenha, ter uma renda mensal que torne possível viabilizar condições melhores de vida para família é grandioso. O fato do filho mais novo demonstrar interesse em seguir na atividade também é um dos motivos para as melhorias na propriedade. – Eu vejo o resultado na ordenha dos animais, o que traz mais motivação para seguirmos em frente, pois estamos cada vez mais nos superando e tendo retornos significativos. Admiramos a vontade do Felipe em auxiliar e vamos incentivar sua permanência na atividade – relata a produtora. JULHO | AGOSTO 2020


Parceiros do leite Uso da homeopatia se mostra eficiente para manter sanidade de bezerros A nutrição e o fortalecimento da imunidade dos animais nos primeiros dias de vida são cruciais e merecem atenção dos pecuaristas de leite

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Alimentação

Ao nascer, o bezerro é um monogástrico com o estômago apresentando características diferentes do ruminante adulto, não sendo capaz de utilizar alimentos sólidos, tem reflexo para mamar e tem todas as condições fisiológicas e bioquímicas para utilizar o leite. Sob con-

Divulgação

m estudo realizado pelos professores Alexandre Vaz Pires e Ivanete Susin, da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq)*, reforça que a nutrição eficaz dos bezerros, especialmente nos primeiros dias de vida, contribui para que o animal expresse todo o seu potencial genético, o que garante mais solidez ao pecuarista leiteiro no que diz respeito a produtividade e lucratividade. Os bezerros recém-nascidos são muito suscetíveis a patógenos bacterianos e virais, já que eles são incapazes de produzir quantidades adequadas de anticorpos para enfrentar os desafios do ambiente. A ocorrência de doenças no primeiro mês de vida reduz as taxas de ganho de peso e tem sido relacionada com o aumento do risco de doenças na fase adulta.

Imunidade pode ser beneficiada com a homeopatia

Aliado as boas práticas de manejo e a uma nutrição adequada, as tecnologias, a exemplo da homeopatia, podem contribuir para o fortalecimento do sistema imunológico. Além disso, esta favorece a redução de diarreias neonatais e outras doenças que podem acometer as fases iniciais de vida do animal. A homeopatia age como um complexo vitamínico. Além disso, o custo-benefício dos tratamentos homeopáticos pode ser registrado a curto prazo.

dições normais de alimentação e manejo, em sessenta dias este bezerro deverá possuir o dobro de peso ao nascimento, aí está o segredo da primeira fase de transformação deste animal. Aos noventa dias, este bezerro se transforma em ruminante com habilidade para sobreviver com alimentos volumosos e concentrados, apresentando atividade microbiana relevante.

*Este texto é uma contribuição da Biomaster – Homeopatia Animal. As informações partem de um estudo realizado por pesquisadores da Esalq e foi complementado pelo médico-veterinário e diretor-técnico da Hpharm, Cézar Alberto Coutinho. O estudo completo você encontra em novorural.com. Acesse o conteúdo através deste QR Code:


Parceiros do leite Frederico Westphalen: os protagonistas por trás do recorde de produção

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m novo capítulo na história da bovinocultura de leite de Frederico Westphalen começou em 2016, com o fortalecimento da assistência técnica prestada pela Emater/RS-Ascar junto à Secretaria Municipal da Agricultura, cooperativas, universidades e demais agentes. E, claro, do engajamento das famílias envolvidas na atividade. Tamanho esforço resultou em um novo recorde produção em 2019: 17,3 milhões de litros de leite, superando a marca de 2018, quando foram produzidos 16,2 milhões de litros de leite – este, até então, era considerado o recorde histórico. Segundo dados da Emater/RS-Ascar, de 2015 a 2019 a bovinocultura de leite teve um crescimento na produção de 39% e na produtividade de 45% – mesmo com a redução de 28% dos pecuaristas. Nesse período, a receita dos bovinocultores de leite passou de R$ 12,5 milhões para R$ 22,5 milhões, ou seja, R$ 10 milhões a mais giraram na economia local, refletindo em renda para as famílias rurais frederiquenses e, consequentemente, aos setores do comércio e de serviços. A expectativa para 2020 é de que a atividade ganhe cada vez mais destaque no setor agropecuário do município, gerando renda e qualidade de vida para as famílias do campo.

Tem vídeo sobre o assunto em nosso canal do YouTube, pesquise por Novo Rural na plataforma ou acesse o conteúdo através deste QR Code:

O QUE DIZEM ALGUNS DOS ENVOLVIDOS NESTE TRABALHO Conseguimos ver o quanto a assistência técnica transformou as perspectivas das famílias. Por mais que as melhorias sejam fundamentais para o desenvolvimento da atividade, a confiança do produtor no profissional da assistência é crucial. Quando os dois trabalham juntos em prol de um mesmo objetivo as coisas fluem. Mateus Stefanello, engenheiro-agrônomo e chefe do Escritório Municipal da Emater RS-Ascar de Frederico Westphalen.

Rafaela Rodrigues

A gente sabia trabalhar, mas não tinha muita informação sobre dieta para as vacas, por exemplo. A pecuária de leite é uma atividade que depende muito de conhecimento e a assistência foi essencial. Roberto Piovesan, pecuarista

Temos muito para avançar, mas estamos no caminho certo. Buscar a assistência técnica e contar com o auxílio de pessoas para ajudar no planejamento e nas tomadas decisões são fatores fundamentais para o sucesso da atividade leiteira. Jeferson Vidal Figueiredo, engenheiro-agrônomo, especialista em Pecuária de Leite e extensionista no Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen.

Rafaela Rodrigues

Foram muitos os desafios para chegar até aqui. Fomos resolvendo a questão de água para o conforto dos animais, melhoramento da pastagem e estamos melhorando aos poucos a genética do plantel. Na época, conversamos com as meninas [filhas Débora e Helen] e elas resolveram ficar na atividade conosco, então inovamos e agora projetamos aumentar a produção. Valdecir Sarmento, pecuarista

Rafaela Rodrigues

A assistência foi fundamental. A gente sabia o que tinha que fazer, mas não sabíamos como e eles nos ensinaram. De lá para cá as mudanças foram muitas. Queremos aumentar nossa produção. Inclusive, estamos construindo uma nova sala de ordenha. Marcos Calegari, pecuarista

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JULHO | AGOSTO 2020


Pecuária

Famílias rurais somam investimento milionário em Alpestre/RS Assessoria de Imprensa Prefeitura/Divulgação

As obras seguem no município gerando mais renda e qualidade de vidas às famílias rurais

Suinocultura e avicultura contam com 40 projetos em andamento e somam cerca de R$ 30 milhões aplicados Por

Gracieli Verde jornalismo@novorural.com

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m trabalho focado na expansão da pecuária tem mudado a realidade de comunidades interioranas em Alpestre, município do Norte do RS com forte matriz produtiva no setor primário e que, no passado, já foi reconhecido como grande produtor de feijão. Em tempos remotos, este era o grão que fazia a economia local girar. Os anos passaram e a produção de feijão migrou para outras regiões. Agora, uma outra fase vem chegando, com novas oportunidades inclusive para famílias que já tinha buscado oportunidades fora do município, mas que hoje vislumbram possibilidade de geração de renda na terra-natal. Uma lei de incentivo criada por meio da administração municipal em parceria com a Câmara de Vereadores viabilizou a contratação de serviços para fazer

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melhorias em acessos e terraplanagens para construção de aviários e pocilgas, para que os produtores tenham mais capacidade de investir. Para se ter uma ideia, esse custo com terraplanagem pode ser subsidiado em até R$ 30 mil por produtor – o que reforça a importância desse apoio ao setor. Além de ter uma demanda represada de investimentos, o cenário positivo também é gerado pela presença de agroindústrias e integradoras próximas, como a JBS/Seara, com unidades de abate de frangos e suínos em Trindade do Sul e Seberi. Por parte do município, somando todos esses projetos, deve-se investir quase R$ 1 milhão, com o aval da Câmara de Vereadores. Isso se multiplica quando se fala do investimento dos produtores, que juntos devem somar cerca de R$ 30 milhões em obras. Segundo o secretário de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, Gilmar Matias da Silva, várias comunidades fo-

ram abrangidas por esse trabalho, com o intuito de pulverizar investimentos em diversas regiões. Os produtores foram selecionados de acordo com o perfil que as empresas integradoras exigem, respeitando aspectos como visão empreendedora, comprometimento, capacidade de investimento, acesso a crédito e, o principal, que tenham vocação para a pecuária. Hoje o município tem investido R$ 4,6 milhões ao ano na agricultura e na pecuária. – Acreditamos que é no setor primário que precisamos dedicar tempo e recursos. Isso representa investimentos diretos na propriedade rural – salienta o secretário. Nesta temporada são 20 aviários e 20 pocilgas em construção, vários deles em fase de conclusão. Os primeiros alojamentos de animais já foram feitos durante maio e junho. Todos com tecnologias avançadas e focadas na necessidade dessas famílias no que se refere aos ajustes de mão de obra – até robô para alimentação deve ser usado em algumas pocilgas. JULHO | AGOSTO 2020


Pecuária

Qual o perfil do avicultor moderno? Tendo em vista o crescimento da atividade avícola no Norte gaúcho, a Novo Rural buscou referências sobre quais requisitos têm sido exigidos de quem empreende no setor Daiane Binello/Arquivo Novo Rural

Por

Gracieli Verde jornalismo@novorural.com

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ntender quais as demandas do mercado do ponto de vista de recursos humanos para o agronegócio é essencial para quem decide empreender em áreas do setor, como a avicultura. Esta tem um sistema de integração altamente tecnificado e organizado, e requer habilidades pessoais mais complexas por parte dos produtores. Entender qual perfil de avicultor tem se destacado e quais requisitos o mercado atual exige foi uma das propostas da Novo Rural ao técnico em agropecuária Fernando Colussi Cenci, que atua no Abatedouro de Frangos Piovesan, com sede em Frederico Westphalen/RS. Confira trechos da entrevista. Quais habilidades técnicas são importantes para o avicultor atual?

Fernando Colussi Cenci - O produtor precisa estar envolvido com a evolução, saber o que é bem-estar animal, que é algo muito cobrado por órgãos certificadores de carne. A rastreabilidade também está sendo muito exigida e, para isso, o produtor deve estar ciente que seus controles diários devem ser assertivamente preenchidos. O avicultor deve ter em mente que ele tem muitas responsabilidades. Uma delas é saber que existe um Programa Nacional de Sanidade Avícola e em conjunto a Instrução Normativa 56, que deve ser seguida à risca, com controles básicos. Que outras características o avicultor precisa ter?

Fernando Colussi Cenci - Um perfil interessante é aquele incansável na busca pela melhoria contínua de sua produção e atividades de manejo. O produtor deve ter em mente que a produção de frangos de corte sofre mudanças contínuas, determinadas pelo o que o mercado interno e/ou externo deseja para seus clientes e cada cliente tem suas particularidades e que devem ser segui32 | NOVO RURAL

das para que tenha venda da carne e consequente aumento de produção de aves. Os investimentos que têm sido feitos são considerados altos. Em relação à viabilidade, como esse estudo é feito com o produtor?

Fernando Colussi Cenci – A integradora e o produtor são responsáveis pela viabilidade do projeto e de implementação de aviários. O uso de planilhas para fazer o acompanhamento do fluxo de caixa é fundamental. Sobretudo, o produtor deve estar ciente de sua responsabilidade para produzir com o máximo de cuidado. Também é essencial ter disponível água de qualidade, rede de energia e gerador para casos emergenciais, terreno apropriado para a logística de alojamento e carregamento dos lotes, poder de captação de crédito nas instituições bancárias, mão de obra disponível e que tenha um olhar clínico e crítico.

Temos visto também vários projetos novos que contam com jovens nas propriedades. Isso tem uma relevância social, mas também é importante em função da mão de obra. Esse é um formato que vem dando certo?

Fernando Colussi Cenci – O agronegócio tem sido a referência da economia brasileira e se acredita que a permanência dos jovens, trabalhando com dedicação e organização, colheita de frutos muito bons mais adiante. É válido ressaltar que para se ter sucesso na produção avícola o produtor deve ter a habilidade de entender o que um pintinho está sentindo e ter um sistema de automação eficiente na sua granja. Nisso, o produtor deve ser exigente com a empresa integradora para entregar-lhe o melhor auxílio técnico possível. Caso o empreendedor opte por colocar um empregado, que esse indivíduo deve ter o senso de um dono, para que ambos tenham sucesso com os resultados zootécnicos e econômicos da atividade produtiva. JULHO | AGOSTO 2020


Juventude Rural GESTÃO PARA O FUTURO Por

Flávio Cazarolli

flavio@focorural.com.br

Engenheiro-agrônomo, especialista em Gestão de Recursos Humanos e palestrante na área de sucessão rural. Gerencia a Foco Rural Consultoria, em Ijuí/RS

Empreendedorismo do jovem rural

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empreendedorismo jovem trata do fenômeno de abertura de negócios com ideias inovadoras por pessoas com menos de 30 anos. Esse movimento está relacionado, principalmente, com o desenvolvimento das ferramentas tecnológicas, que além de oferecer as suas próprias oportunidades, também abriu campo para novas empresas em diferentes setores. O setor rural, com sua ampla diversidade, é um campo aberto para o empreendedorismo. Empreender não é uma aventura, trata-se de uma decisão tomada depois de ter uma ideia e descobrir se é possível transformá-la em um negócio capaz de obter sucesso no mercado. A juventude é um dos mais importantes ativos do meio rural e torna-se estratégico eles adotarem ferramentas e instrumentos capazes de viabilizá-los enquanto agentes econômicos e sociais, com potencial de alavancar melhores condições de vida para suas comunidades, gerando renda e tornando-se agentes do desenvolvimento rural. É preciso ter paciência e ser cauteloso para ser empreendedor, não basta apenas ter coragem, é preciso analisar profundamente todas as possibilidades. A diferença entre um empreendedor e um aventureiro é exatamente a quantidade de horas dedicadas ao estudo dos seus projetos até a sua efetiva implantação. Especialmente na população jovem, o desejo por encontrar alternativas que atendam suas aspirações é latente e é preciso que recebam orientação adequada para que este ímpeto empreendedor não se torne uma aventura desastrosa ou, ainda, uma frustração permanente.

Como ser um empreendedor jovem Para alcançar este objetivo é preciso elaborar um planejamento e desenvolver uma série de habilidades para se tornar um empreendedor bem-sucedido. Persistência e dedicação serão as principais diretrizes de quem está iniciando jovem no empreendedorismo. Os negócios levam tempo até se firmarem, é preciso persistir às adversidades e acima de tudo dedicar-se em buscar novas soluções para os percalços do caminho. Outro ponto importante é levar o empreendedorismo de forma profissional e séria. Muitos casos de empreendedorismo podem ter surgido ao acaso, ou mesmo de um instante criativo, mas após iniciarem, os negócios exigem seriedade e muito profissionalismo. 33 | NOVO RURAL

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS PRECISAM SER TRABALHADAS E DESENVOLVIDAS:

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Ousadia e superação da insegurança A palavra ousadia no contexto do empreendedorismo está relacionada com a capacidade de analisar todos os pontos que envolvem o projeto, fazer um plano de negócios, estudar o mercado alvo, entre outros fatores importantes, buscando com base em informações e análises contextuais superar a insegurança normal de quando se está elaborando um projeto de negócios. Uma das principais características dos empreendedores de sucesso é a impulsividade controlada, que está relacionada à tomada de decisão, capacidade de assumir riscos e ter iniciativa.

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Dedicação e muito trabalho Por mais inovadora que seja uma ideia o sucesso só chegará depois de muita dedicação do empreendedor. Serão muitas horas por dia de trabalho para transformar um sonho em um negócio lucrativo.

Qualificação e educação continuada A qualificação deve acompanhar o empreendedor sempre, pois quanto mais ele souber, maiores serão as chances de suas ideias se transformarem em negócios. Buscar conhecimento constantemente é uma estratégia ligada ao desenvolvimento, crescimento e sobrevivência de qualquer negócio. Ouvir e observar como os jovens falam de si, de suas aspirações e projetos é o caminho mais seguro para orientar suas ações. Precisamos estimular os jovens a desenvolver o seu Ser como fonte de liberdade, capaz de gerar opções; como fonte de iniciativa, capaz de gerar ação; como fonte de compromisso, capaz de gerar e assumir responsabilidades.

Você tem uma ótima ideia de negócio, mas tem medo de colocá-la em prática por se achar muito jovem e inexperiente? Vá em frente, dedique-se mais algumas horas por dia e comece fazendo o projeto do negócio, busque auxílio nas diversas entidades que fomentam o empreendedorismo e transforme sua realidade. JULHO | AGOSTO 2020


Juventude Rural

As intenções empreendedoras dos jovens do agronegócio Divulgação

de políticas públicas. Essa nova ruralidade que a literatura cita, na minha visão, também perpassa por esses jovens urbanos – reflete Signor. Questionado se este movimento pode contribuir para a sucessão rural, Cleverson reforça que no momento em que o jovem rural encontrar esse ambiente para tirar os seus projetos do papel e enxergar novas possibilidades, ele fica mais estimulado. Então, este olhar do jovem urbano pode sim fomentar esse processo.

Como evitar a “fuga de cérebros”?

Recente pesquisa promoveu reflexões sobre o interesse dos jovens em investir no agronegócio. Isso, inclusive, pode servir de base para a elaboração de estratégias visando manter a presença desta juventude no setor

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importância de desenvolver políticas públicas, novos métodos de ensino com foco no agroempreendedorismo e demais estratégias de incentivo para os jovens permanecerem no agronegócio ficou ainda mais evidente em uma pesquisa realizada recentemente pelo administrador e mestre em Agronegócios Cleverson Paulo Signor, de Passo Fundo/RS. Ao todo, foram 700 jovens entrevistados, abrangendo nove instituições de ensino superior da região Norte gaúcha – campi federais e privados. Todos são estudantes de cursos ligados à área de Ciências Agrárias e interessados no 34 | NOVO RURAL

agronegócio – jovens rurais e urbanos; média de idade 22 anos. Na pesquisa, essas características definem o que o pesquisador chama de “juventude do agronegócio”. O objetivo? Analisar as perspectivas dessa juventude em relação ao seu próprio futuro, ao meio rural e às intenções empreendedoras no agro.

Os jovens do agronegócio também são urbanos

A perspectiva sobre o agronegócio também mudou para o jovem urbano. Dos 700 entrevistados, 50% moram com a família na cidade. De acordo com o pesquisador, entre os municípios visitados era possível observar uma característica em comum entre eles: a maioria dos empresários eram pessoas com vínculo no rural, ou seja, eles encontraram condições propícias para estabelecerem os seus negócios no meio urbano, o que faz Signor propor a seguinte reflexão na pesquisa: por que o contrário não poder ocorrer? – Os jovens urbanos gostam, estudam e têm intenções de empreender no rural, então porque não oferecer as mesmas condições para eles estabelecerem os seus negócios lá no campo, no agronegócio? Este olhar deve ser ampliado às instituições de ensino, aos formuladores

Para Signor, no caso do jovem rural, ficou muito claro durante a pesquisa que a saída deles da propriedade está relacionada com a falta de perspectivas e de autonomia para colocarem os conhecimentos adquiridos na universidade em prática, o que acaba direcionando o olhar deles para outros negócios, inclusive de outros setores. – Se tivermos políticas de agroempreendedorismo para a juventude do agronegócio talvez eles possam se estabelecer de outras maneiras no rural além da propriedade da família, mas ainda no rural, evitando assim a ‘fuga de cérebros’ – esclarece o pesquisador. Se tratando do jovem urbano, o pesquisador reforça que este pode ser um agroempreendedor sem necessariamente morar no campo. E é aí que entra a responsabilidade das instituições de ensino e dos órgãos competentes. Essa possibilidade precisa ficar mais clara aos jovens e à sociedade como um todo, através de disciplinas de empreendedorismo, por exemplo. – Dos nove campi visitados, somente três oferecem a disciplina de empreendedorismo. Destes três, dois não têm esta como obrigatória na grade curricular. Não estamos ensinando a juventude do agronegócio a empreender. E, quando ensinamos, é o empreender empresarial, que não deixa de ser necessário, mas não oferece uma visão de negócios sobre campo e o setor como um todo para eles – declara.

40% da juventude do agronegócio é formado por gurias Ao mesmo tempo em que a academia precisa aprimorar seus processos JULHO | AGOSTO 2020


de ensino, esta se consolida como um canal potencializador de outro movimento dentro do agronegócio, a presença das mulheres: 40% dos jovens que estudam e se interessam pelo setor são elas. – As mulheres são extremamente criativas, inovadoras, enxergam as oportunidades dentro dos negócios. E é isso que o setor precisa, porque hoje o agronegócio é uma questão de gestão, de adoção de tecnologias e novas práticas. E olha o desafio: precisamos pensar também no ponto de vista acadêmico em oferecer uma visão empreendedora para elas, políticas públicas para elas cada vez mais se inserirem nas atividades – instiga Signor, no intuito de promover mais discussões sobre o assunto.

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Perfil agroempreendedor

Para identificar um perfil agroempreendedor, Signor explica que em primeiro lugar é preciso que a pessoa goste do modo de vida rural. Outras características que compõem esse perfil são a criatividade, a vontade e a disponibilidade em aprender e a coragem de correr “riscos calculados”. Ele se refere ao ato de arriscar com uma base de planejamento. – Na pesquisa, inclusive, 95% dos jovens afirmam ser fascinados pelo modo de vida rural. Eles têm um alto perfil agroempreendedor. Precisamos entender e aproveitar isso para justamente não ocorrer a ‘fuga de cérebros’ – enfatiza. Por fim, ele reforça o compromisso de fomentar essas novas perspectivas sobre o campo e o setor como um todo no olhar da juventude do agronegócio. – Entender as intenções empreendedoras da juventude do agronegócio pode servir como insumo aos elaboradores de políticas públicas, às instituições de ensino na elaboração de currículos que possam potencializar as habilidades empreendedoras rurais e a economia regional, criando emprego e renda – salienta o pesquisador.

Arquivo pessoal

O PESQUISADOR

PESQUISA

700 jovens

Cleverson é filho de produtores rurais. Mestre em Agronegócios pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM - Palmeira das Missões) com pesquisa em Empreendedorismo Rural. Graduado em Administração de Empresas pela PUC/RIO. Pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios e em Gestão de Pessoas. Ele também é sócio-diretor da empresa IN Educação Corporativa. Atua como consultor empresarial, assessor pedagógico e docente do ensino superior.

estudantes universitários da área de Ciências Agrárias

A JUVENTUDE DO AGRONEGÓCIO

9 instituições

50% são jovens

de ensino superior

Região Norte do Rio Grande do Sul 35 | NOVO RURAL

urbanos

40% são

mulheres

fascinados pelo 95% são modo de viral rural

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Memórias

Os vizinhos de infância que foram parar no altar Gustavo Menegusso/Jornal O Alto Uruguai

Casados há 62 anos, Íria Josefina Santi e Valdomiro Pigatto Santi são personagens singulares da história da comunidade da Vila Trentin, em Jaboticaba/RS Por

Gustavo Menegusso | Especial para Novo Rural jornalismo@novorural.com

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uitas comunidades do interior ainda preservam a origem de suas histórias em obras arquitetônicas antigas, como casas de madeiras, moinhos ou igrejas. Em algumas localidades, o legado ficou apenas nas fotos ou em personagens que ainda mantêm vivas as memórias locais. É o caso de Íria Josefina Santi e Valdomiro Pigatto Santi, moradores da Vila Trentin, em Jaboticaba/ RS. Casados há mais de 62 anos, eles são personalidades comunidade Três Mártires.

Uma comunidade com espírito empreendedor

A história da vila, que se tornou distrito de Jaboticaba, se confunde muito com a biografia da família de dona Íria. Seus pais, Bortolo Felício Trentin e Maria Luíza Rossato Trentin, foram pioneiros do local, construindo as primeiras casas e estabelecimentos comerciais. Até uma pequena usina foi instalada, gerando energia elétrica em plena década de 1950. – Minha família veio de Nova Palma, então distrito de Júlio de Castilhos, para Jaboticaba, em abril de 1945, se instalando próximo à descida da Gruta de Nossa Senhora de Lourdes. Lembro que logo que chegamos o pai quis montar uma usina hidrelétrica onde tem a gruta – conta Íria. E, após muita coragem e trabalho braçal, o sonho de seu Bortolo tornou-se real em 1947, quando a comunidade, que contava com apenas alguns moradores, começava a ter “luz própria”. – Acho que só Palmeira das Missões e no Barril [hoje Frederico Westphalen] havia energia elétrica – afirma Santi. A energia gerada pela usina era usada para movimentar um moinho de pedra, o engenho de serra e a oficina de móveis da família Trentin.

O amor mora ao lado

Um fato curioso marca como foi o primeiro encontro de Íria com seu Valdomiro. Seus pais eram vizinhos no então distrito de Júlio de Castilhos. – Quando ele nasceu, a mãe foi lá ajudar a família. Era um costume na época, ainda mais sendo vizinha. Além disso, minha avó era parteira. Aí, naquele dia, minha mãe chegou em casa e disse para mim e minhas irmãs que precisávamos ir lá conhecer o gurizinho, que ele era bem bonito. Eu tinha dois anos na época. Depois acabamos estudando nos primeiros anos juntos também – revela a professora. 36 | NOVO RURAL

Íria Josefina Santi e Valdomiro Pigatto Santi são casados há 62 anos

Em abril de 1945, a família de Íria mudou-se para Jaboticaba e quatro meses depois foi a vez dos pais de Valdomiro seguirem o mesmo destino, só que em Boa Vista das Missões. Separados apenas por alguns quilômetros, foi questão de tempo para o destino colocá-los frente a frente no altar. – Na época, não tinha tantas promoções [eventos], havia o costume de se rezar o terço aos domingos à tarde e depois a turma ficava reunida para conversar e voltava todo mundo junto. Aí fomos nos conhecendo mais, nossas famílias já tinham relações de décadas, e casamos no dia 25 janeiro de 1958, na Capela Santa Maria Goretti, em Boa Vista das Missões – comenta Santi. Desta relação de amor, que perdura mais de seis décadas, nasceram oito filhos – Inês, Cláudio, Cecília, Carlos, Maria Ângela, Clementina, Aldo e Antônio –, além de 17 netos e seis bisnetos.

Um legado de fé

Além do exemplo de amor ao próximo, as famílias Trentin e Santi também construíram um legado na história religiosa dos municípios de Jaboticaba e Boa Vista das Missões, respectivamente. Na Vila Trentin, seu Bortolo colocou a imagem de Nossa Senhora de Lourdes próximo a uma das cachoeiras, dando início a uma devoção comunitária. Mais tarde, a paróquia transformaria a gruta em um santuário, que hoje é o principal ponto turístico da cidade e palco de uma das mais tradicionais romarias da Diocese de Frederico Westphalen. A igreja local também recebeu o nome de Três Mártires – Roque Gonzales, Afonso Rodrigues e Juan del Castilho – sugestão do pai de Íria, devoto dos mártires que estavam em processo de canonização na época. Em Boa Vista das Missões, a família Santi colaborou com a construção da primeira capela em honra à Santa Maria Goretti. Atualmente, seu Valdomiro e dona Íria continuam participando da comunidade que ajudaram a construir. Em casa, cada um com seus afazeres, os dois não abrem mão de duas paixões: a primeira, o amor um pelo outro e à família; a segunda, aquele bom vinho caseiro e o velho chimarrão, ingredientes de muitas histórias e lembranças aquecidas diariamente ao redor do fogão a lenha. JULHO | AGOSTO 2020


Qualidade de vida CÁ ENTRE NÓS Por

Dulcenéia Haas Wommer dwommer@emater.tche.br Tecnóloga em Marketing e extensionista rural da Emater/RS-Ascar

Apoio técnico:

Vida que segue!

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ostaria de recordar os meus últimos textos produzidos para este espaço. Em janeiro escrevi sobre Vontade de fazer. Já em março, sobre a falta de tempo: O tempo urge, pois nos faltava tempo para tudo. Para minha surpresa, em abril iniciamos o isolamento social, o que mudou a nossa perspectiva sobre o tempo e nos fez Recalcular a rota. Para esta edição, escrevo em home-office, procurando me cuidar ao máximo – sou do grupo de risco por problemas pulmonares, me adequando ao sistema de teletrabalho e trazendo uma reflexão sobre toda esta nova situação que ficará na história para ser contada às próximas gerações. Aqui vale lembrar a fala do bate-papo que assisti de dois grandes filósofos da atualidade, Leandro Karnal e Mário Sérgio Cortella: “para medicina e para o amor não existe sempre e nunca”. Então, vida que segue, com mudanças, adaptações e com máscaras! Muito se faz referência ao equilíbrio emocional como sendo um dife-

Então, vida que segue, com mudanças, adaptações e com máscaras! 37 | NOVO RURAL

rencial em momentos de crises. Como me vejo no novo normal? Precisando aprender a aprender! Com comportamentos de adaptabilidade, criatividade e resiliência, sendo estas atitudes que fazem a diferença. Em entrevista, o neurocirurgião Fernando Gomes reafirmou algumas informações necessárias para superar este momento de pandemia: 1) atividade física regular como força e alongamento; 2) alimentação saudável; 3) sono reparador e 5) estimular sua inteligência intrapessoal e existencial com meditação, oração e gratidão. “Isso fortalece a imunidade, a procurar coisas boas que aconteceram no dia”, disse. Cá entre nós, vejam que não há nenhuma novidade até aqui. Muito já ouvimos sobre isso ou já fazemos. A nossa Ascar/RS-Emater, que completou 65 anos em junho, sempre trabalhou o tema da qualidade de vida, promoção da saúde, alimentação saudável, higiene, melhorias nas diversas atividades realizadas e a valorização do meio rural para se viver e ter renda, assim como as questões de gênero e empoderamento feminino. Percebo, inclusive, que na maioria das vezes são as mulheres que mais buscam estes conhecimentos e fortalecem estas vivências na família. Se preocupam com os relacionamentos e a harmonia familiar cuidando da saúde e alimentação dos demais membros da família. E, neste momento da pandemia, como foi evidenciado o valor de poder morar em um espaço mais aberto, em contato com a natureza e consumo de alimentos produzidos com qualidade. Porém, sempre é importante lembrar de praticar esses conhecimentos e se abastecer com informações positivas. Lembro aqui das palavras do pales-

trante Arthur Igreja, convidado da Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG via Instagram, que afirmou que os 10 anos de inovação previstos aconteceram em oito semanas! Por outro lado, lembrou que a combinação tecnológica e o interesse pelas pessoas andam juntos, foco no ser humano com virtualidade, pois tudo passa pelas pessoas. “Quando este isolamento ou distanciamento passar, valorize as coisas da vida simples, das quais sentimos saudades durante a pandemia”, reforçou. Trago essas contribuições para demonstrar que estamos e sempre estivemos no caminho certo, principalmente as mulheres “prafrentex”, como gosto de chamar aquelas que buscam se atualizar, constroem seu espaço e sabem seu valor junto da família e da comunidade. Somos seres humanos em evolução constante, em conhecimento e comportamento mental. A beleza da vida é justamente aprender, se reinventar, inovar, se desenvolver com capacidade de fazer escolhas. Então, repitam comigo, várias vezes ao dia, se possível: Eu escolho ser feliz, eu escolho a cura, eu escolho viver em plenitude, eu escolho viver na luz! Lembre-se: água parada estraga e sangue parado adoece. Até mais! JULHO | AGOSTO 2020


Divulgação

REALIZAÇÃO:

Polenta: iguaria italiana que ganhou o coração do brasileiro

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a Itália para o Brasil. A polenta ganha o paladar de qualquer outra cultura que experimentar, apesar de também ser considerada quase que uma iguaria para as gerações mais jovens. Na casa da agricultora Maria Helena Klein Signor, 71 anos, localizada no interior de Sarandi/RS, o prato é tradicional no jantar da família e, segundo ela, está sempre acompanhado de salame, queijo, omelete (a tradicional fortaia) e radicci cozido. Sobre o preparo, ela diz que não tem segredo, os ingredientes são basicamente a farinha de milho, água e sal. – Para acertar o ponto da polenta recomendo que a farinha e o sal sejam colocados na panela com água em temperatura ambiente. O cozimento leva em torno de meia hora. O melhor jeito de servir depende do horário da refeição: se for no almoço é bom servi-la com um acompanhamento, como molho e carne moída e se for no jantar, brustolada [tostada na chapa] – explica dona Maria Helena, que relembra que os avós maternos são italianos descendentes de Ruffato e Dalcin. Além de trabalhar com a produção de grãos – milho, soja e trigo –, e com a pecuária – suinocultura, bovinocultura de leite e ovinocultura –, a dona Maria Helena é conhecida em Sarandi pelo preparo do prato no tradicional Roteiro da Uva do município, desde 2015, que é uma das atrações do turismo rural regional.

Farinha de milho e as propriedades nutricionais

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farinha de milho, além de usada para preparar a polenta, também está presente em receitas de bolos e pães. Do ponto de vista nutricional, é importante ficar atento a alguns aspectos. Segundo a nutricionista Vanessa Tonetto de Souza, a polenta pode ser incluída com moderação em todos os tipos de dietas. Como qualquer outro alimento, o equilíbrio no consumo é sempre o mais recomendado.

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Em novorural.com, a nutricionista explica melhor sobre as propriedades nutricionais da farinha de milho. Lá, também separamos algumas receitas incluindo a iguaria. Acesse o conteúdo através deste QR Code:

Você já pensou nas combinações que a polenta permite? A polenta pode render cardápios variados, conforme a disponibilidade de tempo para o preparo. Confira:

COM FRANGO ASSADO Se quiser assar alguns cortes de frango, seja no forno ou no espeto, e tiver uma polenta para acompanhar, é provável que fará sucesso. Apesar de o frango ser um alimento comum, assado dá um toque diferente de sabor que, conjugado com a polenta e uma salada mista de tomate com repolho roxo, trará uma releitura simples e saborosa para o prato.

A POLENTA INCREMENTADA Para uma polenta que você usa 2 xícaras de fubá, pode pode acrescentar 2 colheres de (sopa) manteiga, orégano e cebolinha à gosto, uma caixa de creme de leite e 3 colheres (sopa) de queijo parmesão. Para preparar, aqueça 6 xícaras (chá) de água com 1 pitada de sal. Adicione a manteiga e coloque o fubá, pouco a pouco, mexendo sempre, para não criar grumos até ferver. Deixe cozinhar. Desligue o fogo, acrescente os temperos e o creme de leite e misture bem. Para finalizar, coloque a polenta em um recipiente refratário, polvilhe o queijo parmesão e sirva. Você também pode levar ao forno médio, preaquecido, por cerca de 5 minutos para derreter o queijo.

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Dê mais valor ao que é daqui. Assim como adotamos novos hábitos para proteger a nossa saúde, também precisamos assumir novos hábitos para recuperar a nossa economia e superar esta crise. Um deles é muito simples: preferir sempre os produtos e serviços daqui. É dessa forma que vamos manter os setores do comércio e da indústria abertos, garantir os empregos, aumentar a arrecadação e fazer toda a riqueza que produzimos girar dentro do nosso Estado, do nosso país. Lembre-se sempre: na hora de comprar, valorize o que é nosso. Faça parte deste movimento. Faça uma Escolha de Valor.


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