1 | Revista Novo Rural | Fevereiro de 2018
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las são verdadeiras vitrines das inovações, oportunidades de conhecimento de novas tecnologias. As feiras-exposições cumprem um papel importante, de aproximar o público, parceiros e entidades do setor, proporcionando que em poucos dias o acesso a uma grande quantidade de informações, que ajudam a transformar a realidade no campo. As feiras também ajudam a criar oportunidades para quem produz, abrindo mercados para agroindústrias, movimentando todo setor. Nesta edição levamos até você algumas novidades apresentadas na Itaipu Rural Show, realizada em Pinhalzinho,
no vizinho Estado de Santa Catarina, onde nossa equipe visitou diversos parceiros. Também estamos com os preparativos para estar na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, e de lá trazer as principais novidades, além de marcar presença no Espaço da Emater/RS-Ascar. E neste ano ainda estaremos presentes na Expofred, onde teremos a oportunidade de encontrar nossos leitores e proporcionar momentos de integração, troca de ideias, para fazer a revista Novo Rural cada vez melhor. Encerrando este espaço, gostaria de fazer dois convites especiais, para que você estimule toda a famí-
lia para conferir o texto do nosso jovem colunista Vanderlei Lermen, que está falando sobre gestão da propriedade, assunto obrigatório! Destaco também, com muito orgulho, que esta edição da revista está repleta de informações estratégicas sobre o leite, mostrando os cenários que estão se formando neste ano, que promete uma melhor valorização do produto. Você pediu mais conteúdo e aqui está! É só conferir! Desfrutem destas e outras reportagens nesta revista que é produzida especialmente para você, com muito profissionalismo e amor pelo meio rural! Boa leitura! Patrícia Cerutti - Diretora
NESTA EDIÇÃO
3 Agricultura
22 Agroindustrialização
Já é hora de se programar para o plantio de trigo duplo propósito. Veja também informações sobre a cultura da soja, a colheita do milho e do figo e o plantio da safrinha.
Em Sarandi, a produção de vinhos foi intensa no mês de janeiro, principal época de colheita da uva no município.
26 Juventude rural
12 Tecnologia
Família de Taquaruçu do Sul expõe como é possível aliar o desenvolvimento das atividades na propriedade à sucessão. Para isso, pais e filhos precisam ceder nas decisões.
Investimentos em irrigação têm mudado o patamar de produtividade em propriedades da região. Em um cenário de mudanças climáticas, esse tipo de investimento é estratégico para o produtor rural.
29 Economia regional
16 Parceiros do Leite
Veja dados relacionados à exportação de produtos da região e qual a participação do setor agropecuário nisso.
Especialista fala sobre perspectivas para 2018 no mercado lácteo. Veja também como a gestão da atividade torna a propriedade eficiente mesmo em épocas de margens de lucro apertadas.
20
34 Ações que inspiram
Espaço da Suinocultura
Veja a última matéria da série “Sustentabilidade”, com dicas de como separar o lixo e de como fazer uma composteira na propriedade
Conheça a história da Suinocultura Gobbi, referência na região de Rondinha. Além disso, Câmara Setorial do setor está com nova coordenação.
A revista Novo Rural é uma publicação realizada em parceria por Convênio:
Diretora
Editora-chefe
Coordenador financeiro
Gerente Comercial
Reportagem
Fábio Rehbein, Karen Kunichiro, Laís Giovenardi e Leonardo Bueno
Patricia Cerutti
Gracieli Verde
Dione Junges
Eduardo Cerutti
Circulação Mensal
Tiragem
13.500 mil exemplares
Fone: (55) 3744-3040 Endereço: Rua Getúlio Vargas, 201 - B. Ipiranga Frederico Westphalen/RS
Revista Novo Rural
@novorural
55 99624-3768
Débora Theobald
Diagramação e publicidade
ABRANGÊNCIA: Alpestre, Ametista do Sul, Barra Funda, Boa Vista das Missões, Caiçara, Cerro Grande, Chapada, Constantina, Cristal do Sul, Dois Irmãos das Missões, Engenho Velho, Erval Seco, Frederico Westphalen, Gramado dos Loureiros, Iraí, Jaboticaba, Lajeado Do Bugre, Liberato Salzano, Nonoai, Nova Boa Vista, Novo Barreiro, Novo Tiradentes, Novo Xingu, Palmeira das Missões, Palmitinho, Pinhal, Pinheirinho do Vale, Planalto, Rio dos Índios, Rodeio Bonito, Ronda Alta, Rondinha, Sagrada Família, São José das Missões, São Pedro das Missões, Sarandi, Seberi, Taquaruçu do Sul, Três Palmeiras, Trindade do Sul, Vicente Dutra e Vista Alegre.
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Luiz Henrique Magnante/Embrapa/Divulgação
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Agricultura
Safra de inverno
BRS Pastoreio: o trigo versátil do mercado
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possibilidade de ter um produto que serve para mais do que uma finalidade torna os investimentos mais competitivos na propriedade rural. O trigo de duplo propósito, que tem diversas variedades no mercado, é uma dessas tecnologias que facilitam a vida do produtor, especialmente para quem tem plantel de vacas de leite. Uma das opções, a variedade BRS Pastoreio, tem trazido uma nova dinâmica para propriedades que têm como foco esta produção.
– Tenho acompanhado produtores que estão usando esse material e tem mostrado desempenho superior a outras opções que já estavam no mercado anteriormente. Este foi um passo à frente para o setor de modo geral – avalia o zootecnista e doutor em nutrição de bovinos de leite, Gilmar Meinerz, que também é professor da Universidade Federal Fronteira Sul – Campus de Cerro Largo e conhece o BRS Pastoreio desde o seu lançamento pela Embrapa, em 2015. Dentro da porteira, Meinerz ressalta
que essa opção garante a flexibilidade de o produtor ter o trigo para silagem, pré-secado ou feno, e ainda colher o trigo em grão depois, se o mercado for favorável. “É um produto versátil”, define. Sob um ponto de vista mais geral, o profissional observa que também é importante analisar o custo de oportunidade da terra, que no inverno corresponde à lavoura de trigo, historicamente com uma rentabilidade menor do que as cultivas de verão, mas que também impacta num custo de produção reduzido.
– Outra questão a ser levada em conta é que somente 30% da área que tradicionalmente é ocupada no verão é utilizada com as culturas de inverno, e essa ociosidade do solo não é saudável nem do ponto de vista técnico nem financeiro – defende, citando ainda que nesses casos de trigos que podem ser destinados para silagem ou feno, como o BRS Pastoreio, os impactos climáticos são menores, diferente do que pode acontecer com o milho, que é mais suscetível a estiagens, por exemplo.
BRS Pastoreio não tem aristas, o que melhora a qualidade da silagem, do feno ou do pré-secado
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Interação
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Fevereiro2018 COMENTÁRIOS
Dia 8 Dia de campo sobre soja
Conteúdo da Novo Rural
Propriedade de Vagner Orbak, a partir das 9 horas Ronda Alta
“A edição de jan.18 está um primor, parabéns!”, Paulo Lima, de Palmeira das Missões, via Facebook “A Revista Novo Rural é um exemplo de como mostrar as pessoas do meio rural e o valor da agricultura familiar para a sociedade. Nas reportagens produzidas pelo meio estão representados o orgulho de trabalhar no campo, produzindo com dignidade, profissionalismo e amor pelas atividades rurais.” Marco Medronha, gerente estadual de Comunicação da Emater/RS-Ascar, por e-mail
Colunistas
Dias 28/02 e 1º/03 Dia de Campo da Cotrifred sobre culturas de verão
Sorgo para silagem “É uma excelente alternativa na safrinha fazer silagem do sorgo Advanta. É muito bom. Além do baixo custo no cultivo, tem bons resultados na produção de leite e os animais comem bem. Ano passado plantamos e gostamos”. Jaquelina Uberbomm, de Derrubadas, via Facebook
Local: Área Experimental, em Taquaruçu do Sul Realização: Cotrifred, com apoio da Emater/RS-Ascar
“Parabéns ao Vanderlei pelas pesquisas realizadas e pela iniciativa da divulgação. Promover a comunicação também é contribuir para o desenvolvimento rural. Eder Paulo Pandolfo, via Facebook
Março2018 De 5 a 9 Expodireto Cotrijal 2018
Linha Santos Anjos, Frederico Westphalen
“Achei bem interessante essa matéria. Eu também gosto de me arrumar e sair de autoestima boa, porque tem gente que acha que produtora rural não se cuida”, Jucelia Fernandes, de São João do Oeste/SC, via Facebook
“Parabéns para a Emater, Secretaria de Agricultura e administração, que faz um ano que estão mexendo na estrada e colocando tubulação. Quando chegar ao fim da obra, que está perto, realmente ficará lindo o lugar, contando com a colaboração de todos os moradores.” Jacques Oliveira, vereador em Frederico Westphalen, via Facebook
endo em vista o primeiro ano de circulação da revista Novo Rural, comemorado em novembro do ano passado, foi realizada a promoção “Fotografou, comentou, viajou!”, que sorteou uma viagem ao Santuário do Divino Pai Eterno, no Estado de Goiás – cuja data será confirmada. O sorteio foi realizado no dia 20 de janeiro e a vencedora é Luciana dos Santos Moraes, do município de Nonoai. A equipe da Novo Rural agradece à STL Turismo, pela parceria em mais uma promoção, bem como a todos que participaram, contribuindo com sugestões de pautas e comentários. Contamos com todos acompanhando o nosso trabalho ao longo de mais um ano.
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15 4º Seminário Regional da Suinocultura Divulgação
Ganhadora da viagem ao Santuário Divino Pai Eterno é de Nonoai
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Local: Parque de Exposições de Não-Me-Toque
Horário: 9h30min Local: salão paroquial de Pinheirinho do Vale
Dia 3 Roteiro Turístico "Encantos da Colônia" A partir das 8 horas Local: propriedades rurais de Nova Boa Vista Promoção: Emater/RS-Ascar
Gracieli Verde
Soja
Agricultura
Produtor precisa se preparar para negociar
O agricultor Leandro Magalhães Vieira e o agrônomo Felipe Lorensini, da Emater, no interior de Palmeira das Missões
Ao entrar num mês decisivo para a cultura da soja, clima é de expectativa Gracieli Verde
revistanovorural@oaltouruguai.com.br
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e olho no clima e na lavoura. É essa a rotina dos agricultores que apostam na “indústria a céu aberto” que se tornam as propriedades rurais a cada safra. Nesta época do ano isso se intensifica, seja pela etapa decisiva das lavouras, especialmente no caso da soja, que em maior parte está na fase reprodutiva – ou mesmo pelas frequentes oscilações climáticas, comuns nesta estação mais quente do ano. Se por um lado as várias chuvas favoreceram o desenvolvimento da cultura em janeiro, por outro também deixou os produtores em alerta pela facilidade em ter a incidência de doenças fúngicas – devido aos períodos de abafamento, temperaturas altas e umidade. Conforme o Boletim Meteorológico da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Irrigação, entre os dias 19 e 25 de janeiro, Palmeira das Missões, por exemplo, registrou 160mm, ficando entre os índices mais expressivos do Estado. Era a chuva que o produtor Leandro Magalhães Vieira, da Linha Arame Cortado, localizada no município, esperava alguns dias antes, quando a reportagem esteve na propriedade. Nos 330 hectares cultivados com a cultura, Vieira comenta que a aparência das plantas está bem melhor se comparado ao ciclo passado. Mesmo assim, é conservador ao estimar a produtividade em cerca de 50 sacas/hectare – na safra 2016/2017 chegou a colher 70 sacas/ha, mas na atual não conseguiu escalonar a semeadura como o desejado por causa de chuvas. “Agora tudo depende do clima”, reforçava no dia 11 de janeiro, o que ainda vale para fevereiro, que é considerado um período decisivo para a soja. “Deveremos ter uma safra considerada normal, não tão grande como no ano passado, mas significativa. No mês de fevereiro se define muita coisa”, confirma o coordenador da Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues. “De forma geral as lavouras estão bem mais uniformes, se comparado com a safra anterior”, acrescenta o agrônomo Felipe Lorensini, da Emater/RS de Palmeira das Missões.
Mercado: como vai a margem de lucro?
"Deveremos ter uma safra considerada normal, não tão grande como no ano passado, mas significativa." Jorge Rodrigues, coordenador da Comissão de Grãos da Farsul
Tradicionalmente as primeiras lavouras de soja começam a ser colhidas no fim de março na região. Quanto mais se aproxima essa data, mais pressão negativa o valor pago pela saca do produto sofre, segundo o consultor Luiz Fernando Gutierrez Roque, da Safras & Mercado. Mas tem outros fatores nessa jogada. “Se o Brasil tiver safra cheia, o preço também não consegue subir. Hoje o que mais deixa o mercado em alerta é o clima, porque interfere diretamente no desempenho da safra. Além disso, existe a oscilação do dólar, que tem tendência de ficar mais firme neste ano, em função de questões políticas brasileiras”, pondera Roque, observando que esse cenário pode mudar de forma rápida. Ele acredita que os patamares atuais de preços trazem indícios de uma safra com rentabilidade um pouco menor do que o ciclo 2016/2017. “Em algumas regiões isso está muito próximo do valor do custo e, por isso, há uma margem mais apertada para o produtor”, estima. Por esse motivo, o coordenador da Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, reforça a necessidade de o produtor estar atento na hora de negociar a safra para manter uma média de ganho.
Com a palavra a meteorologista Graziella Gonçalves, da Somar Meteorologia O que esperar do clima para os próximos meses? Graziella – O Noroeste do Rio Grande do Sul está sob a influência de uma La Niña fraca, de duração curta, que pode seguir até março, no máximo início de abril. Essa La Niña ainda traz algumas consequências. Não significa que a gente vai ter longos períodos de estiagem, a gente viu que está tendo chuva, mas em alguns momentos essa chuva para e se tem alguns períodos de tempo seco. Esses períodos de tempo seco não tendem a ser tão longos, mesmo assim segue um padrão de chuva um pouco
mais irregular. Este verão exige um pouco mais de cautela em relação ao manejo e estar sempre de olho na previsão do tempo. Para fevereiro, pelo que tudo está indicando, mais precisamente na primeira quinzena do mês, a gente vai ter muita formação de canal de umidade, que vai se estender desde a região Norte até o Sudeste, isso vai acabar desfavorecendo o Estado gaúcho, onde não deve ter uma chuva tão frequente. Essa umidade só tende a retornar um pouco mais a partir da segunda quinzena, mas mesmo assim o mês pode terminar com chuvas abaixo da média. 5 | Revista Novo Rural | Fevereiro de 2018
Agricultura
Grãos
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Gracieli Verde
Milho: mercado com demanda controlada Primeiras áreas colhidas em Boa Vista das Missões têm somado entre 100 e 120 sacas/hectare, mas há áreas que se destacam com até 200 sacas/ha
A
s chuvas de janeiro, na maior parte pancadas intensas e por vezes isoladas, geraram preocupação para quem precisava colher o milho e, em seguida, semear a safrinha. Em Boa Vista das Missões, por exemplo, na semana do dia 22, 40% da área estava colhida, bem menor do que se o clima tivesse sido mais seco – pois em safras passadas nesta época 80% já estava estocado nos armazéns, segundo a Emater/RS. Já em relação à produtividade, não é tudo o que se esperava, mas não chega a ser ruim, segundo o técnico agropecuário Leônidas Piovesan, da Emater/RS. “Nas primeiras áreas colhidas têm variado entre 100 e 120 sacas/hectare”, cita. No Norte gaúcho, também
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conforme dados divulgados pela Emater/RS, 18% da área havia sido colhida até o dia 25 de janeiro, apenas 4% a mais que a semana anterior, visível dificuldade em avançar mais naquele período. Já a produtividade dessas áreas tem sido de 108 sacas/ha, com boa qualidade dos grãos. É claro que em lavouras que têm um histórico de manejo diferenciado em relação ao solo, se vê resultados bem superiores. Exemplo foi visto em Boa Vista das Missões. Na área do agricultor Cornelis Uitdewillgen, chegou a colher 200 sacas/hectare em área de sequeiro. "É resultado de anos de muito cuidado com o solo", conta ele. Mesmo com episódios de pouca chuva em dezembro, as variedades resistiram bem e mantiveram o bom desempenho na produtividade.
Mercado deve seguir firme A demanda por milho neste início de ano é considerada fraca e os movimentos de colheita também ajudam a pressionar o preço da saca do produto para baixo, segundo o zootecnista Rafael Ribeiro de Lima Filho, que é consultor de mercado da Scot Consultoria. – A tendência, a curto prazo, até início de março, deve ser de preços pressionados para baixo. Claro que isso também depende do clima. No Paraná, por exemplo, a colheita tem dificuldades em função das chuvas, então isso pode ter algum outro re-
flexo – pondera. Ainda segundo o consultor, a sustentação do mercado também se deve aos estoques de passagem. “Em 2016, quando houve uma disparada do preço do milho, o Brasil tinha 17 milhões de toneladas em estoque. Para esta temporada, tem entre 23 e 24 milhões, então isso também influencia para manter esse preço controlado”, acredita. Considerando esse cenário de normalidade, a orientação de Lima Filho é aproveitar as oportunidades de compra a um valor mais baixo.
RS deve colher 5 milhões de toneladas Simbolicamente a abertura da colheita da safra de milho no Estado foi realizada no dia 26 de janeiro, na Agropecuária Ouro Verde, da família Beutinger, em Giruá, Noroeste gaúcho. O ato teve a presença de autoridades estaduais, como o governador, José Ivo Sartori, e o secretário de Estado da Agricultura, Ernani Polo.
Segundo a Emater/RS, são 731 mil hectares de área plantada e a expectativa é de que sejam colhidas 5,2 milhões de toneladas de milho até março. O Rio Grande do Sul é responsável por 6% da produção nacional, oscilando entre a sexta e a sétima colocações entre os maiores produtores do cereal no país.
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Grãos
Safrinha: riscos, mas também possibilidade de mais lucro “E
Gracieli Verde
stamos apostando em ter uma renda extra”, diz o produtor Miguel Caxambu, que reside em Seberi, e é um dos muitos agricultores que têm o hábito de cultivar a chamada safrinha, que nada mais é do que a segunda safra logo em seguida à principal cultura de verão da propriedade naquele ciclo, às vezes milho, em alguns casos a própria soja ou o feijão. Seu Miguel cultiva as áreas com os filhos, Alison e Alexandro. São 50 hectares no total, sendo 16 reaproveitados nesta segunda safra. Na resteva fumo e de milho já tinha soja nascendo nas primeiras semanas de janeiro. A semeadura da segunda safra havia começado ainda em dezembro de 2017, e as últimas áreas foram plantadas até o fim de janeiro. “Esperamos colher entre 40 e 45 sacas/ hectare”, planeja seu Miguel, acreditando que vale a pena o risco, apesar de no ano passado o lucro ter sido zero, em função de perdas com o excesso de chuvas. – Como também plantamos fumo, é uma cultura que deixa bastante resíduos no solo, principalmente no que se refere à adubação. Então é uma forma de aproveitar isso na cul-
Na propriedade dos Caxambu, em Seberi, safrinha começou a ser implantada ainda em dezembro
tura posterior – assinala o produtor. No município vizinho de Boa Vista das Missões, na Fazenda Vila Morena, este é o terceiro ano em que é cultivada a safrinha. Uma área de 100 hectares receberá pela segunda fez a soja, e outra lavoura de 40 hectares será ocupada com feijão, segundo o gerente Carlos Eduardo Dauve. Na safra 2015/2016, na safrinha predominou o feijão, que teve uma produtividade considerada boa. Já na safra 2016/2017 a fazenda também arcou com prejuízos no feijão, mesmo caso que o seu Miguel, em função do excesso de chuvas. “Desta vez, no caso da soja, por exemplo, queremos somar 100 sacas por hectare juntando a safra normal e a segunda, 60 na primeira e 40 na segunda”, estima Dauve, ressaltando que isso é a expectativa e na espera de que o clima colabora, porque, como é de conhecimento do produtor, essa segunda safra é de maiores riscos, mas, ao mesmo tempo, menos investimentos. “É uma forma de otimizar a mão de obra, aproveitar melhor a infraestrutura disponível e, claro, ter mais uma entrada de renda”, enumera.
Gracieli Verde
Chuva atrapalhava o plantio
Por várias tardes de janeiro os planos de entrar na lavoura tiveram que ser suspensos região afora, devido às chuvas típicas de verão. Era dia 23 de janeiro e ainda nenhum hectare da safrinha havia sido cultivado na fazenda Vila Morena. E várias outras propriedades tiveram a mesma dificuldade. As chuvas diárias só deram uma trégua depois do dia 25 do mês passado – por mais que fossem isoladas, já comprometiam o plantio. Sem contar que com vários dias nublados, a umidade demorava para ir embora. Inclusive, na tarde em que a reportagem esteve na fazenda a chuva chegou logo após os registros fotográficos. Na propriedade, desde o início do mês até o dia 23, 173mm de chuvas foram registrados.
Menos feijão Em Boa Vista das Missões, a área de feijão safrinha deve reduzir neste ciclo, de 2 mil hectares 1,1 mil, conforme dados da Emater/RS. De soja devem ser 1,5 mil hectares, um movimento maior do que em anos anteriores. Já a safrinha de milho para grão não deve passar de 600 hectares, além dos mil ha para silagem. “Ano passado teve muita perda de feijão, que não pôde ser colhido por causa das chuvas. Neste ano a soja se tornou mais atrativa principalmente por questões de mercado”, avalia o extensionista e técnico agropecuário Leônidas Piovesan, da Emater/RS local.
Carlos Eduardo Dauve e Leônidas Piovesan, na Fazenda Vila Morena, em Boa Vista das Missões
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Agricultura
Fruticultura
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uando a reportagem da Novo Rural esteve na propriedade de Ênio Luiz Refosco e Sirlei Rubert, no interior de Planalto, na segunda quinzena de janeiro, o trabalho dos dois e do filho Fabio era intenso no pomar. Além dos figos verdes, que são tradicionalmente vendidos à indústria, neste ano foi optado por comercializar uma parte do produto maduro, uma forma de agregar mais valor à atividade. Seu Ênio conta que há pelo menos 12 anos a família decidiu investir na fruticultura, ao optar por voltar a morar no campo. O gosto por trabalhar com a fruta é exposto pela esposa Sirlei. “Sou apaixonada pelo figo. Prefiro vir para o pomar do que trabalhar em outra coisa”, exclama. Hoje os pomares somam seis hectares de figo e cinco de laranjas – no total a propriedade tem 17 hectares. Por mais que o figo tem perdido competitividade em relação a outras culturas, os pomares deverão ser mantidos ainda por alguns anos, com tendência de serem substituídos pela laranja. “É algo que vamos fazer para facilitar o nosso trabalho, porque temos dificuldade em ter mão de obra terceirizada”, comenta Ênio. Ele explica que a colheita do figo exige uma mão de obra mais especializada, tendo em vista os riscos de trabalhar com a fruta. “Aquele líquido que sai da fruta quando a gente colhe provoca queimaduras, então a gente precisa estar bem protegido para não sofrer lesões. Por isso, quem trabalha como diarista, prefere lidar com outras culturas, como a uva, por exemplo”, conta. Nesta safra o casal espera colher quatro toneladas por hectare, mas já chegou a somar seis ton/ha em anos anteriores. “A idade do pomar influencia nessa produtividade”, ressalta o extensionista Dirceu Bizello, da Emater/RS local. Por mais que as várias chuvas de janeiro prejudicaram um pouco as frutas maduras, o figo verde não sofre tanto.
Muda o cenário do Figo em Planalto Município é o segundo maior produtor de figo no Estado, no entanto, produtores têm dificuldade no acesso a mão de obra para colheita Mercado
A relação de Planalto com o figo
Para o mercado de figo maduro, é possível comercializar o produto direto em pontos de vendas, supermercados ou ao consumidor. Já no caso do figo verde, não tem como fugir dos chamados atravessadores, que conseguem ter acesso à indústria. Um desses atravessadores que atua na região tem pago entre R$ 1,80 a R$ 2 por quilo de figo verde. O custo de produção é estimado em R$ 1,20 por cada quilo da fruta.
Conforme dados da Emater/RS, foi em 1995 que o figo começou a ocupar espaço em áreas do município. Primeiramente foram dois hectares implantados, já com foco no comércio para a indústria. Hoje são mais de 200 hectares com a cultura, somando 126 produtores. Para a safra 2017/2018, a expectativa é que sejam colhidas 945 toneladas. Planalto é reconhecido como segundo maior produtor de figo do Estado gaúcho. Além disso, se vê a expansão nas áreas de laranja e videira, caracterizando Planalto e arredores um polo produtivo na fruticultura.
Veja algumas peculiaridades da cultura do figo A colheita se dá entre janeiro e abril. A cultivar mais plantada em Planalto é a roxo de Valinhos. É fundamental que seja feita a adubação conforme a análise de solo. Em relação a doenças, a principal é a ferrugem, que ataca as folhas duran-
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te todo o ciclo vegetativo da cultura. Isso ocorre devido à alta umidade e altas temperaturas. A doença pode causar perdas de até 80% da produção e o controle é feito com produtos à base de cobre. No que diz respeito às pragas, a principal é a broca-dos-ponteiros, que ataca os ramos da cultura no período de outubro a abril. O controle se dá com
produto à base de deltametrina. O pico de produção do figo se dá ente o terceiro e o oitavo ano do pomar. Já a vida útil do pomar é de 12 a 15 anos. A produtividade habitual é de 6 a 10 toneladas /hectare de figo verde e 10 a 15 ton/ha de figo maduro.
Gracieli Verde
Na metade de janeiro, o trabalho de colheita era intenso, tanto de figo verde como maduro. Além da família Refosco, também aparece no registro o extensionista Dirceu Bizello (E)
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Fruticultura
Tirando intempéries, safra de uva é positiva
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“A nossa estimativa de produção no início da safra era de 5,1 mil toneladas, mas o total chegou a 2,7 mil toneladas.” Clair Olavo Bertussi, técnico agropecuário da Emater/RS de Alpestre
mil toneladas da fruta, com um preço médio pago ao viticultor entre R$ 2 e R$ 2,50 por quilo. “O que percebemos foi uma queda no preço neste ano, principalmente nas variedades destinadas para vinho. A indústria alega que tem vinho estocado do ano passado e assim o preço ao produtor diminuiu”, esclarece a agrônoma Joceani Dal Cero, da Emater/RS. No município são 160 hectares cultivados com a fruta e 50 produtores envolvidos nessa atividade. Distante quase 20 quilômetros dali, em Planalto, a produtividade foi um pouco menor por hectare – 12 toneladas/ha, segundo levantamento da Emater/ RS. A produção nesta safra é de 5,5 mil toneladas. No município o preço teve uma variação
maior, entre R$ 0,70 e R$ 2,50/ quilo. Ali são 459 hectares de uva, que demandam do trabalho de 226 produtores. Já em Alpestre, outro importante produtor de uva, onde existem 250 hectares de parreirais, a produção da safra teve uma redução de 46% do que era esperado. Um episódio de granizo na segunda quinzena de outubro de 2017 atingiu 30% da área em produção, conforme recorda o técnico agropecuário Clair Bertussi, da Emater/RS. “A nossa estimativa de produção no início da safra era de 5,1 mil toneladas, mas o total chegou a 2,7 mil toneladas”, expõe. O valor médio pago por quilo da fruta ao produtor foi de R$ 1,88. Por lá são 200 famílias que trabalham com a viticultura.
Valor bruto movimentado pela safra de uva nesses municípios:
R$ 19 milhões* Ametista do Sul 2,4 mil toneladas 160 hectares
Planalto 5,5 mil toneladas 459 hectares
Alpestre 2,7 mil toneladas 250 hectares *Estimativa considerando o valor médio pago ao produtor
HOLY
uva mais uma vez se mostra como uma das principais culturas da microrregião de Ametista do Sul, Alpestre e Planalto. Com a colheita encerrada neste ciclo nesses municípios, se vê que a produtividade tem se mantido semelhante a anos anteriores. De forma geral, conforme consulta às equipes dos escritórios municipais da Emater/RS, a qualidade também se manteve nos parreirais. Estimativa aponta que o valor bruto movimentado pela safra de uva nesses municípios deve ser de R$ 19 milhões. Em Ametista do Sul, a produtividade média por hectare ficou em 15 toneladas, o que já era previsto pela equipe da Emater/RS. No total, foram 2,4
Safra 2017/2018
· Via tecnológica da suinocultura · Máquinas e implementos agrícolas · Oportunidades de negócios · Novidades em sistemas de produção · Salão da Agricultura Familiar · Espaço da Emater · Exposição de animais
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Associação Frederiquense de Desenvolvimento
s shownais naciroações e at a toda par ília! fam
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Agricultura
Geral Gracieli Verde
Concurso do Maior Cacho de Uva Outra atração tradicional da feira foi a sexta edição do concurso que elege o Maior Cacho de Uva de Sarandi. Na categoria Uva Americana, quem conquistou o primeiro lugar foi o produtor Jocimar Novello, que apresentou um cacho pesando 730 gramas. O produtor Bruno De Luca ficou com o segundo lugar, com um cacho de 684 gramas. Na categoria livre, o maior cacho de uva pesou 1043 gramas e garantiu o primeiro lugar ao produtor Odivan Zardo.
Roteiro turístico
10ª Feira da Uva movimenta Sarandi res uma diversidade de produtos e fortalecer as potencialidades de Sarandi e da região, mostrando não apenas a uva in natura, mas também os produtos processados nas agroindústrias familiares e outros produzidos pelos agricultores familiares – afirma Magnabosco. O gerente-regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, Clairto Dal Forno, ressaltou que a feira é uma oportunidade de promover canais curtos de comercialização, que aproximem o consumidor do produtor rural. “Isso movimenta a economia local e serve de incentivo ao setor primário”, acredita. A qualidade dos produtos é um dos diferenciais da feira, segundo o presidente da Acpaf, Maurício Petry. “Somente o que vai à nossa própria mesa é digno de ser vendido”, exclamou, em nome dos expositores, que no total eram 35, envolvendo cerca de 70 famílias.
Gracieli Verde
A
interação entre o público consumidor e produtores de alimentos em geral foi grande durante a programação da 10ª Feira da Uva e da Agroindústria Familiar de Sarandi e Região, que foi realizada entre os dias 12 e 14 de janeiro, em frente à Praça Farroupilha, no centro da cidade. A organização ficou a cargo do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf), Emater/RS-Ascar, prefeitura, Coopafs e Associação de Comercialização de Produtos da Agricultura Familiar (Acpaf). Ainda na abertura oficial do evento, o presidente do Sintraf, Ivandro Magnabosco, ressaltou o envolvimento de várias entidades nessa organização, fator considerado importante para a concretização de mais uma edição. O tom do discurso foi de agradecimento. – A feira tem o objetivo de oferecer aos consumido-
Além de apresentações artísticas e musicais, um roteiro turístico também integrou a programação, no dia 13, pela manhã. O Roteiro da Uva ficou a cargo da Allegro Turismo Rural, com apoio do Sintraf, Conselho Municipal do Turismo, Emater/RS e prefeitura de Sarandi. Entre os locais visitados estiveram a agroindústria de sucos Tolotti, em Barra Funda, a Vinícola Vizini e o Museu do Vinho, na linha Cocho, Sarandi, e a Capela São João, na linha Barra do Signor, onde também foi servido um almoço típico italiano. Polenta recheada, macarronada, radici, maionese e outras delícias foram servidas por um simpático grupo de senhoras da comunidade.
Grupo de turistas visitou pontos do meio rural do município
Programa da Erva-Mate tem sequência neste ano
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gaúchos, gerar renda e qualificar a produção. Depois de validar as prioridades, o grupo definiu as ações e estratégias que contemplarão o plano de ação deste ano, elencando as atividades que devem ser executadas na região para fortalecer a cadeia produtiva da erva-mate. Entre as ações propostas, destacam-se a busca pela garantia da preservação do potencial genético de remanescentes nativos de erva-mate, a criação de um campo de produção de sementes, a manutenção, aperfeiçoamento e difusão da qualidade da matéria prima local, bem como das Boas Práticas de Fabricação (BPF), o treinamento para a assistência técnica, produtores e tarefeiros, maior controle de matéria-prima vinda de fora, fiscalização sanitária e fiscal, entre outras ações. Como estratégias o grupo propôs a realização de capacitações, cursos, seminários, treinamentos e outras atividades específicas, que permitirão o desenvolvimento das práticas elencadas, para atender as necessidades da região.
Marcela Buzatto/Divulgação
M
ais uma reunião do Programa Gaúcho para a Valorização e Qualificação da Erva-mate foi realizada em janeiro, em Palmeira das Missões. O encontro serviu para validar as ações que haviam sido debatidas e elencadas ano passado, incorporando as demandas da cadeia produtiva da erva-mate da região – que abrange o Polo Ervateiro Planalto e Missões. A região que envolve o Polo Ervateiro Planalto e Missões compreende uma área superior a 3,4 mil hectares, o que representa 9,8% do total do Estado. A produção de matéria-prima ultrapassa as 42,5 mil toneladas por ano, nos 93 municípios de abrangência do Polo. O Programa Gaúcho para a Valorização e Qualificação da Erva-Mate vem sendo executado pela Emater/RS-Ascar, com o objetivo de organizar a cadeia produtiva, criando uma rede entre produtores, viveiristas, indústrias, tarefeiros e entidades de ensino e pesquisa. A intenção é aumentar a produtividade, promover o melhoramento genético dos ervais
Grupo definiu as ações e estratégias que contemplarão o plano de ação de 2018
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Agricultura
Dia de campo
Agrototal
Fotos: Gracieli Verde
reúne parceiros e clientes em Nonoai
A
necessidade de uma assistência técnica eficiente na propriedade rural é comprovada rotineiramente. De longe se vê que os resultados são diferenciados quando uma lavoura é acompanhada de perto pelo produtor rural e sua equipe técnica. Com esse viés que a Agrototal foi fundada, há pouco mais de um ano, em Nonoai. Com a empresa também atua a AB Comércio de Cereais, que realiza a compra de grãos. “O foco da Agrototal é a assistência técnica e a busca por maiores produtividades”, ressalta o gerente de insumos, Marcos Serpa. Em relação ao 2º Dia de Campo, realizado nos dias 18 e 19 de janeiro, Serpa salienta que esta é uma forma de aproximar-se ainda mais dos clientes e parceiros, a fim de fortalecer esses vínculos em busca de mais rendimentos a cada safra. A Agrototal tem sede em Nonoai, mas também atende em vários outros municípios da região. No dia de campo cerca de 30 empresas estiveram representadas e centenas de produtores acompanharam a programação.
Ter um manejo que permita explorar o máximo do potencial produtivos das culturas é um dos desafios do agricultor. Foi esse um dos pontos abordados pelo representante Janderlei Deotti, da Arysta, uma das primeiras marcas a fechar parceria com a Agrototal. Segundo ele, momentos como estes vivenciados em janeiro servem justamente para mostrar ao produtor novas tecnologias, para incrementar o potencial produtivo das culturas. Na linha de produtos, a Arysta reforçou a tendência no uso de biossoluções, que são fisioativadores e fortalecem a planta do ponto de vista nutricional. “Entendemos que plantas bem nutridas e equilibradas têm mais resistência ao ataque de pragas e doenças”, explica Deotti.
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Novidades do mercado Outra das presenças no dia de campo foi do Grupo Inquima, que mostrou produtos na linha de adjuvantes, que são adicionados às caldas de defensivos agrícolas – um deles, inclusive, é considerado o mais vendido do Brasil. “Desde que a marca se tornou o Grupo Inquima, o foco também é para a parte de genética vegetal e de nutrição de plantas”, cita o representante André Peixoto. No dia de campo a marca também mostrou as três variedades de soja desenvolvidas pela Inquima e que já ocupam espaço no mercado gaúcho. “Futuramente também teremos a tecnologia Intacta à disposição”, garante Peixoto.
MIP no radar dos produtores A necessidade de o produtor adotar o manejo integrado de pragas, que inclusive é uma recomendação da Embrapa e demais entidades relacionadas ao setor, também foi ressaltada pela equipe da Pioneer. O representante comercial na região Moisés Boemo ressaltou para a necessidade de constante monitoramento das lavouras. Ele também mostrou produtos do portfólio da marca. “Um deles é o mais vendido na região, que é um milho hiperprecoce, o 1680. Este tem controle para lagartas, apresenta boa sanidade, nesta safra suportou bem casos de vendavais e tem alta produtividade”, cita Boemo. Além disso, o que encheu os olhos dos clientes foi o lançamento da soja 95Y52, que ano passado já apresentou resultados muito bons de produtividade. “Neste ano há um potencial próximo a 90 sacas/ha”, pontua.
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Tecnologia
Irrigação
Gracieli Verde
revistanovorural@oaltouruguai.com.br
Gracieli Verde
Irrigação é estratégia para ter mais produtividade Agricultores confirmam a importância de implantar sistemas de irrigação que permitam garantia na produção mesmo em época de pouca chuva O casal Volnei e Vanilde Albarello
N “É um investimento que a gente recomenda.” Volnei Albarello, produtor
este verão a região Norte gaúcha pode se considerar privilegiada no que diz respeito ao clima. Enquanto o Sul do Estado sofre com uma estiagem desde novembro de 2016 e a agricultura e a pecuária devem arcar com expressivos prejuízos, a metade Norte segue com índices consideráveis de precipitações em janeiro. Mas nem sempre é assim e prova disso foram as grandes estiagens que causaram milhões de prejuízos em meados de 2010 e 2011 e, recentemente, no último mês de dezembro, sucessivos dias de sol intenso assustaram os produtores de soja e prejudicaram algumas lavouras de milho. Tendo em vista esse cenário, voltam à tona assuntos que são considerados estratégicos para o setor. Além de um manejo preventivo por parte do produtor, que inclua escalonamento no plantio e utilização de variedades de ciclos diferentes, a irrigação é uma tecnologia cada vez mais imprescindível para garantir a produtividade nesses casos e, mais do que isso, acessar novos patamares nesse quesito. Quem vê o entusiasmo do casal Volnei e Vanilde Albarello, de Taquaruçu do Sul, que investiu há cinco anos em um pivô rebocável,
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consegue ver na prática a diferença que isso faz. Para dar conta de irrigar os cerca de 30 hectares, que normalmente são cultivados com milho e soja no verão; e aveia, trigo ou couve-flor no inverno, o casal Albarello investiu cerca de R$ 120 mil. Nas lavouras da família os níveis de produtividade são outros na atualidade, muito mais elevados. Sem contar que o nível de segurança do produtor aumentou, afinal, não existe aquele receio a cada consulta na previsão do tempo. – Na safra passada tínhamos milho e a irrigação fez a diferença. Colhemos 240 sacas por hectare. Depois fizemos safrinha de soja e chegamos a colher 50 sacas por hectare, apesar de termos perdido uma parte por causa do excesso de chuvas no fim da safra – conta Albarello, explicando que como a lavoura fica em uma várzea, quando chove bastante há risco de alagar. O investimento ainda está sendo pago, porque R$ 70 mil do total foram financiados por meio do Pronaf, com uma linha de crédito para irrigação. “Mas é um investimento que a gente recomenda”, garante Volnei. Na propriedade a opção do pivô rebocável foi a mais adequada à realidade, uma vez que assim ele consegue movê-lo com trator para vários pontos da lavoura.
Manejo diferenciado O técnico agropecuário Mateus Cargnin, da Emater/RS de Taquaruçu do Sul, ressalta que com a irrigação a lavoura é conduzida de uma forma ainda mais precisa, do ponto de vista das tecnologias utilizadas, como sementes e insumos, e do manejo empregado. O investimento em adubação, por exemplo, é muito maior, para explorar ainda mais o potencial produtivo das culturas. “Neste ano esperamos uma média de pelo menos 80 sacas/ha na soja”, exemplifica o produtor, tendo em vista o investimento mais alto por hectare. Outro diferencial, no caso das lavouras de Albarello, é em relação à rotação de culturas. Além das mais tradicionais na região, como o milho, a soja e o trigo, há alguns anos foi agregada a couve-flor, em parceria com uma empresa de Lagoa Vermelha. – Isso tem melhorado muito a qualidade do nosso solo, porque a couve-flor exige altos índices de adubação. Para se ter uma ideia, a cada plantio se deposita dois mil quilos de adubo por hectare na lavoura. Isso é muita coisa e deixa resíduos no solo que são aproveitados por outras culturas implantadas posteriormente – explica o produtor. Nesta safra, a soja precisou ser irrigada algumas vezes, porque em dezembro passado apenas duas chuvas foram registradas na propriedade, uma no dia 13 e outra no dia 17, segundo Albarello, que monitora a quantidade de cada precipitação para projetar os momentos que é necessário acionar o sistema. “Você não pode esperar secar muito, senão depois não recupera mais a umidade o suficiente para a planta se desenvolver bem”, orienta.
Irrigação
O cenário diferenciado de Palmeira das Missões
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“A gente põe mais semente, aduba mais, então tem uma lavoura de padrão bem diferenciado em relação às outras.”
s investimentos em irrigação comprovam por si só a eficiência no campo. Prova disso é ver a realidade de Palmeira das Missões, que soma hoje 12 mil hectares de área irrigada. Por mais que há quem diga que poderia haver muito mais pela extensão da área agricultável do município, que soma cerca de 130 mil hectares, já é considerado um bom número. Outro fator importante é que da área de 9 mil hectares de milho, 7 mil são irrigados. É o que coloca o município em um patamar mais elevado de produção. “É por isso que normalmente nossos índices são mais competitivos nesta cultura”, pontua o agrônomo Felipe Lorensini, da Emater/RS. Esses números são registrados graças a produtores como seu Ivo Ribeiro Lautert, que mantém a Fazenda Primavera, na linha Guaritinha. Por lá são dois pivôs instalados, um há três anos e outro há dois, com capacidade de atingir 120 hectares no total. Nesta safra, um dos pivôs irriga 30 hectares de pipoca e outros 30 hectares de milho; e o segundo abrange uma área de soja de 60
hectares. Em dezembro passado, o sistema foi acionado várias vezes. Na safra 2016/2017, na área irrigada a média de produtividade do milho na granja foi de 248 sacas/ha. “A gente põe mais semente, aduba mais, então tem uma lavoura de padrão bem diferenciado em relação às outras”, comenta seu Ivo. Já na área de pipoca ele espera colher entre 100 e 120 sacas/hectare. Na soja a irrigação também tranquilizou o produtor no ciclo atual. Aquele receio de que a falta de chuva pudesse prejudicar a lavoura não atormentou seu Ivo. No total, a granja soma 370 hectares de soja. Na safra 2016/2017, a média, somando a área irrigada e de sequeiro, ficou em 82 sacas/ha. Seu Ivo tanto recomenda o investimento que revela que em breve vai investir em mais um pivô, uma vez que a estrutura de captação da água já está pronta, o gasto vai se resumir ao equipamento e à montagem, ou seja, vai ser mais acessível. Outra vantagem da Fazenda Primavera é que como a irrigação é acionada à noite – entre zero hora e 6 horas –, consegue um desconto de até 90% no valor da energia elétrica. Gracieli Verde
Ivo Ribeiro Lautert, produtor
N
este segundo mês do ano, iniciamos nossa jornada na Revista Novo Rural, buscando estar mais próximos de você, compartilhando as novidades sobre a internet e as tecnologias disponíveis para facilitar a sua vida e o seu trabalho. Primeiro queremos nos apresentar como empresa. Talvez você já conheça nossos serviços ou já tenha ouvido falar de nós, a Tchêturbo. Em 2018 completamos 15 anos de atividade, oferecendo internet, telefonia fixa, hospedagem de sites e outras soluções para a vida das pessoas e das empresas. Nossa história começou em Frederico Westphalen, e hoje já estamos em mais de trinta municípios. Sabemos que a tecnologia está em constante evolução, e cada vez mais presente no cotidiano de todos. Redes sociais, aplicativos para gestão financeira pessoal e empresarial estão em alta, e na agricultura não poderia ser diferente. Neste sentido, listamos algumas dicas que podem auxiliar você no gerenciamento da sua propriedade.
Imaflora: o programa simula as normas do Código Florestal em imóveis rurais. Para a simulação, é necessário ter os dados das Áreas de Preservação Permanente (APP), de uso consolidado e áreas de uso restrito do imóvel, com vegetação nativa ou não em cada uma das situações. Gratuito. Suplementa Certo: desenvolvido pela Embrapa Gado de Corte juntamente com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, possibilita ao produtor da cadeia bovina comparar os rendimentos do mesmo tipo de produto e suplementação. Disponível para Android.
Strider: o aplicativo auxilia no controle de pragas, tendo como uma de suas principais vantagens a possibilidade de ser usado em modo off-line. Ele possibilita ao produtor manejar pragas, controlar aplicações e monitorar dados sobre fertilidade e umidade. Possui uma interface amigável, similar ao WhatsApp e ao Facebook. Gratuito.
Estado tinha 150 mil hectares irrigados em 2014
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plataformas muito úteis para o seu trabalho no campo
INMET Tempo e Clima: aplicativo do Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil (INMET), o aplicativo oferece informações sobre previsão do tempo para os próximos cinco dias, além de dados como precipitação, temperatura e umidade. Também mostra imagens atualizadas de satélites meteorológicos. Disponível para Android e iOS.
Técnico agropecuário Mateus Cargnin com Albarello
Na tentativa de potencializar os investimentos na área de irrigação, segue em vigência o Programa Estadual de Expansão da Agropecuária Irrigada “Mais água mais renda”, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Irrigação, instituído ainda em 2013. A comparação que a equipe da secretaria faz é da irrigação com o seguro agrícola, pelas garantias que essa tecnologia traz aos produtores. Por mais que há interesse do
Conectados
produtor em melhorar os indicadores das lavouras, se considera tímido o investimento nesta área. Um dos dados que comprovam, no entanto, a importância de um olhar diferenciado em relação ao assunto é que há um comprometimento do potencial produtivo das lavouras gaúchas, no mínimo, em sete a cada dez anos, afetando a produtividade dos grãos e a renda dos produtores de alguma forma.
E você, já usa algum destes softwares para gerenciar a sua lavoura? Conte pra gente! Se você tem alguma dúvida ou sugestão de conteúdo para este espaço, mande seu e-mail para novorural@tcheturbo.com.br.
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Tecnologia
Irrigação
Veja como a irrigação potencializa a produtividade
Para quem quer investir
CULTURAS
ÁREA DE SEQUEIRO ¹ Kg/ha
ÁREA IRRIGADA Kg/ha
INCREMENTO %
Milho
3.486
12.000
209,8
Soja
2.051
4.200
104,8
Feijão
Pastagem²
1.009
15 t/ha
2.600
30 t/ha
157,7
100,0
Pelo programa “Mais água mais renda”, o produtor tem acesso a licenciamento ambiental em áreas irrigadas até 100 hectares e outorga do uso
da água para açudes até 10 hectares. Além disso, há um incentivo financeiro para a implantação e/ou ampliação do uso de sistemas de irrigação.
Público
Linhas de crédito
Reembolso concedido pelo governo do Estado
Agricultura familiar Pecuarista familiar
Pronaf
100% da primeira e última parcela
Médio produtor
Pronamp
75% da primeira e última parcela
Outros produtores
Moderinfra Finame PSI
50% da primeira e última parcela
¹Média dos últimos 10 anos; ² Produção média de massa seca (t/ha).
(Fonte: SAP/Conab/Emater)
A que o produtor precisa estar atento: Para ter um sistema de irrigação, é preciso ter licenciamento ambiental para o uso da água. Cada projeto é avaliado por meio da Fepam. No caso da família Albarello, existe uma outorga do uso da água do rio Fortaleza, que faz divisa com a propriedade. Já na Fazenda Primavera foi feita uma estação de captação, da qual a água é bombeada para os equipamentos. Em relação ao crédito, também é possível acessar valores por meio do Pronaf. Para projetos de até R$ 10 mil, que por vezes se encaixam em projetos de irrigação em pequenas áreas de pastagens, é possível encaminhar via Feaper, que é o Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais. Para isso, é preciso ver a disponibilidade desses projetos com as equipes da Emater/RS. Para estimar investimentos e custos com manutenção, é importante ter o acompanhamento de profissionais capacitados ao implantar um sistema de irrigação. É um investimento que vai além do fornecimento de água na lavoura, interfere em todo o sistema de produção. Além disso, existem vários tipos de tecnologia, não apenas o pivô. Você precisa avaliar as suas necessidades para escolher o sistema mais adequado e com maior custo-benefício. O acesso à rede de energia elétrica trifásica também é requisito básico. A não ser que use sistemas cujos motores funcionam a diesel. Troque ideias com outros produtores que já investiram para avaliar qual a melhor opção para a sua realidade.
Na ausência da irrigação... Enquanto você não tem um sistema de irrigação instalado, é importante estar atento aos seguintes aspectos: Escalonar a época de semeadura/plantio e utilizar cultivares de ciclos diferentes. Isso diminui o risco de perdas em caso de falta de chuvas. Utilizar densidade de plantas indicada para a cultura. Dar preferência ao plantio direto na palha. Não sendo possível, mobilizar o solo o mínimo necessário, por ocasião do preparo e da semeadura. Dentro do sistema de produção, observar práticas de rotação de culturas. Um solo bem cuidado tem mais água armazenada e as plantas conseguem se desenvolver mesmo em condições mais adversas.
Descompactar o solo, quando necessário. Implantar as culturas em condições adequadas de umidade e temperatura do solo. Dar ênfase ao monitoramento de doenças e pragas. Consultar a assistência técnica da Emater, cooperativas e outras para o manejo e a condução das culturas de primavera/verão. Para a definição da época de semeadura/plantio, consultar o zoneamento agrícola do Ministério da Agricultura. Gracieli Verde
Na Fazenda Primavera investimentos devem seguir na irrigação
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Horticultura
Agricultura
De tomate gourmet a minipimentões doces Novidades foram apresentadas durante o Itaipu Rural Show 2018, no Oeste catarinense
A
proveitar nichos de mercado para hortaliças que tenham sabor diferenciado foi uma das dicas do gerente de desenvolvimento de produtos Claudio Nunes, que recebeu visitantes durante o 20º Itaipu Rural Show, em Pinhalzinho/SC, entre os dias 24 e 27 de janeiro. Sem dúvidas, o setor de horticultura mais uma vez foi um dos destaques da feira, que é realizada pela Cooperativa Regional Itaipu. No total foram cerca de 300 expositores, com tecnologias nas áreas de cereais, leite, gado de corte, plantas medicinais, máquinas e implementos. Entre os produtos que foram expostos estavam novas variedades de minipimentões doces, que podem ser servidos recheados ou como aperitivos, e não apenas como condimento, como costumeiramente é utilizado. Essas duas variedades apresentam grau brix entre 7 e 8, segundo Nunes. – Outra opção é na linha tomates, um na linha gourmet, tipo uva, amarelo, de brix de 8 a 10 e de sabor acentuado; e outro do tipo cereja, de coloração alaranjada e brix de 11 a 12, ou seja, muito doce. Ainda temos um pepino para salada que não tem nada de amargor, é mais digestivo, tem pouca semente e alta crocância. É muito produtivo, especialmente em cultivo pro- Claudio Nunes, gerente de desenvolvimento de produtos tegido – descreve o profissional, mostrando em seguida novidades na linha de alfaces, como as do tipo “mimosa”. Ele ressalta que esse tipo de produto tem o papel não somente agregar valor ao agricultor, mas incentivar o consumo desse tipo de alimento, especialmente entre crianças e adolescentes. “Hoje o consumo de verduras e legumes é de 130 gramas por dia entre os brasileiros, abaixo dos 400 gramas recomendados pela Organização Mundial da Saúde”, ressalta. Quer dizer, no mercado esse tipo de produto pode ter um apelo bem mais atrativo aos olhos do consumidor.
“Hoje o consumo de verduras e legumes é de 130 gramas por dia entre os brasileiros, abaixo dos 400 gramas recomendados pela Organização Mundial da Saúde.”
>> Adaptação à região Nunes explica que essas variedades comentadas preferem, naturalmente, ambientes mais quentes. “Portanto, podem sim se adaptar ao verão na região do Alto Uruguai, na de Frederico Westphalen e nos arredores de Passo Fundo”, cita. Para que as variedades correspondam ao potencial de produtividade e de qualidade, pois são mais resistentes a pragas e doenças, Nunes diz que a marca recomenda o cultivo protegido.
>> Importância do marketing Abrir mercados para esse tipo de produto, segundo Nunes, depende de algumas ações estratégicas por parte do horticultor. Se por um lado 180 gramas de um tomate desses citados por Nunes podem ser vendidos por R$ 4,50 a R$ 5, devidamente embalados, em regiões próximas a Porto Alegre – ou seja, é um produto com um alto valor agregado, como se diz – o horticultor precisa, antes de tudo, mostrar para as pessoas que esse produto existe e é bom e fácil de consumir. – A gente recomenda que se façam ações que permitam que o consumidor conheça esses alimentos, para depois o agricultor investir no plantio. Até porque, tem variedades como estas que você precisa ensinar esse público a comer. Ações de demonstração em supermercados costumam dar bons resultados – opina Nunes.
Check-list para investir Analise se o produto se adapta à sua propriedade e qual tipo de cultivo ele exige, para estimar o investimento. Encontre formas de mostrar o produto ao consumidor antes de produzir em escala comercial. Ali terá um “termômetro” para ver como isso terá saída, margem de custos e de lucro. Ensine o consumidor a comer essas hortaliças. Parcerias com profissionais da área de alimentação e supermercados podem ser uma boa opção para mostrar receitas e inserir esses itens na rotina das pessoas. Apelar para a necessidade de o brasileiro aumentar o consumo de hortaliças é uma sugestão, afinal, são “alimentos-amigos” da saúde das pessoas. Ter um viés agroecológico também é importante para fortalecer esse aspecto. Ações de marketing são fundamentais para conquistar mercados. Você pode firmar parcerias com as próprias marcas que fornecem as sementes, que também podem e devem prestar assistência técnica. 15 | Revista Novo Rural | Fevereiro de 2018
Revista Novo Rural Fevereiro de 2018
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Parceiros do leite
Consultor defende que, para aqueles produtores que estão em condições de investir, este é o momento
A
importância da bovinocultura de leite para as famílias rurais, bem como para os municípios – especialmente os de pequeno porte, onde a agropecuária mantém a economia local – é muito visível, tanto que é um assunto recorrente em encontros, rodas de conversa e nas nossas edições. Tendo em vista este início de ano, entende-se como importante repensar ações que foram executadas – ou não! – em 2017, e também prospectar o que podemos esperar – ou efetivamente fazer – em 2018. Afinal, o produtor rural, seja ele agricultor ou pecuarista, é desafiado a cada dia a se reinventar nas atividades e, com isso, garantir a competitividade dentro da sua área de atuação. Para trazer aos leitores uma análise na área de produção de leite, nesta edição o convidado a contribuir nesse conjunto de reflexões é o consultor Wagner Beskow, que é sócio-diretor da Transpondo, e tem estado em diversas regiões do país propondo melhorias e novas posturas do bovinocultor de leite, justamente na busca por ter uma margem de lucro condizente com a realidade de cada propriedade. Acompanhe.
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>> Encerra-se 2017 deixando uma lição dura Os bons produtores seguiram no caminho da especialização e aprimoramento de sua gestão e se dedicaram em colocar dinheiro e esforços naquilo que nós e outros colegas e instituições que trabalham na mesma linha indicamos, buscando aumento de produtividade, com menor custo por litro, mesmo gastando mais por mês ou ano (isso é algo para poucos entenderem). Os tradicionais ficaram ainda mais preocupados, se dedicando a exigir do governo aquilo que este não pode, não deve e não vai oferecer. Perderam
tempo e deixaram de fazer o dever de casa. Quando tentaram, comprometeram ainda mais recursos em coisas que não trazem um litro de leite extra, agravando ainda mais seu fluxo de caixa. O acirramento de um processo de seleção previsto e necessário. Os "tiradores de leite", os incrédulos, os que atiram para todo lado sem foco nem profissionalismo, os que só reclamam sem abrir os olhos, ouvidos e mente, os que tentam puxar os outros para trás, com postagens negativas nas redes sociais, sem fazerem sua parte, caíram fora da atividade em massa.
Experiências para tirar do ano que se encerra • Reforça-se a afirmação que temos feito de que "leite não é para qualquer um!" • Investimentos em confinamentos de 30-40 vacas, com 22-25 l/vaca/ dia de média não se pagam. Investir em estrutura e depois não ter um profissional que oriente dieta, aceitando médias baixas? Confinamento é 100% cocho. Não tem "jogo de corpo" para a vaca compensar erros. Quem investe em confinamento e não tem orientação em dieta está desinformado. E, se ainda por cima, tal investimento levou a cortes em fertilizante, semente ou ração, é alguém que está ou estava perdido. • É possível sobreviver com margem nos períodos difíceis. Não é agradá-
vel, tudo fica mais apertado, mas só quebra quem não sabe que leite é conversão de comida em quantidade e qualidade, pela vaca. Tudo, tudo o demais é aparato para gerar e permitir o consumo dessa comida. Saiu disso, tem que ser bem pensado, planejado e na hora certa. • Nunca investir contando com preços altos para pagar as contas! Receita certa para quebrar. • Assistência técnica de qualidade, responsável, preocupada com os interesses do produtor, vale muito mais que um aceno temporário de aumento no preço do leite. Não abandone a empresa ou a cooperativa que está, visível e comprometidamen-
te, lhe auxiliando a crescer, simplesmente porque uma outra lhe ofereceu preço momentaneamente melhor. • Entenda de mercado, pelo menos saiba que UHT, queijo e pó determinam preços ao produtor e que, dependendo do mix de produtos de sua empresa, ela irá ter capacidade diferente de lhe pagar, às vezes subindo/ descendo à frente das outras, às vezes atrás. Esse descompasso é do mercado, não é "sacanagem". Cobre, exija, fiscalize, mas conheça sua empresa e o mercado dela. Você faz parte disso. É uma bicicleta de dois acentos. Um é seu, o outro é da indústria. Pedalem juntos! E esse recado vale para as indústrias descomprometidas com o produtor, também.
Gracieli Verde
Leite: o que esperar de 2018
Realização
Em parceria com
Revista Novo Rural Fevereiro de 2018
Divulgação
Recomendações para 2018 • Deveremos ter uma recuperação, pelo menos parcial, no consumo doméstico de lácteos, fruto de uma continuidade na recuperação da economia, sobretudo pela inflação baixa, juros em queda, com recuperação de empregos. • Os preços internacionais devem continuar a se recuperar, passado um período de indecisão. Isso não significa aumento aqui. • O petróleo subiu de US$40 para US$60 o barril em 2017 e, historicamente, há uma correlação deste com o preço das commodities lácteas. • Nossa grande dúvida é no campo político brasileiro. Lava Jato não pode parar, condenações têm que ser ratificadas e expandidas e o próximo presidente precisa ser comprometido com desoneração e enxugamento da máquina pública, com mínima intervenção nas atividades privadas. • Para fins de planejamento, apenas, sugerimos que
se considere uma recuperação de US$0,05/l no preço ao produtor para volumes abaixo de 300l/dia e de US$0,10 para volumes acima de 1.000l/dia, na média de 2018 frente à média fechada em 2017 (válido se o dólar ficar entre R$ 3,00 e R$ 3,50). • A indústria e suas associações precisarão investir pesado em promoção do consumo doméstico em 2018. É necessário reverter o quadro de retração que, além do efeito renda deprimida, teve um efeito de percepção negativa gerado por movimentos de anticonsumo. • Mesmo num cenário positivo como parece, o produtor previdente não deve contar com preços melhores, buscando colher e poupar parte de uma maior margem. • Quem está bem e tem recursos para investir (acredite ou não, lidamos com muitos nessa situação), deve investir agora, imediatamente. Este é o momento.
Consultor Wagner Beskow é sócio-diretor da Transpondo
“Quem está bem e tem recursos para investir, deve fazer agora. Este é o momento.” Wagner Beskow
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>> O que vislumbramos para o final de 2018 Com tudo que a cadeia passou de 2015 a 2017, uma verdadeira montanha russa em preços, custos e margens, temos hoje um perfil já diferente de produtores, mais profissionais, mais focados, mais entendedores de mercado e com as rédeas na mão. Esta seleção continuará em 2018, pois uma fatia grande, hoje, precisaria pelo menos R$0,20/l, de imediato, para cobrir apenas o desembolso. Os que estão nessa situação, por não terem conseguido dominar o processo até agora, muito provavelmente deixarão a atividade nos próximos meses. Algumas indústrias também mostrarão, em 2018, o abalo que sofreram em 2017. Neste momento, a maioria delas opera com margens negativas ou muito reduzidas, sobretudo em UHT e pó. Muitas delas precisariam ter reduzido ainda mais o custo da matéria-prima (sobretudo preço de compra), mas não conseguiram graças à concorrência que temos no campo. Esta concorrência é o maior patrimônio que temos no setor. É ela que força empresas a buscarem eficiência e no ano que se inicia isso se intensificará ainda mais. Depois do acirramento na seleção natural por produtores mais eficientes, o que de mais impactante tivemos foi o surgimento de uma sintonia que não existia no setor. Todos os elos da cadeia láctea hoje conversam, sentam à mesa, compartilham de ideias em fóruns regionais e nacionais e de forma muito positiva e construtiva. Largou-se a ideologia política de um segmento social para se abraçar a causa da cadeia produtiva do leite como um todo. Isso é maturidade! A experiência passou a falar mais alto. Os países que hoje são fortes no leite, todos passaram por isso e, ao chegar nesse ponto, encontraram solo fértil para criarem mecanismos de planejamento, de contratos, de enfrentamento de crises, entre outros. Acreditamos que 2018 será o ano para este tipo de ações. O terreno está aplainado para isso, basta cada um e cada representação fazer sua parte, com visão de futuro, transparência e desprendimento.
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Parceiros do leite
Na ponta do lápis: a gestão como aliada do produtor Conhecer e analisar os dados gerados pela produção de leite têm sido fundamental para obter resultados satisfatórios, mesmo em um cenário não tão favorável no que se refere aos preços xar. Temos recebido por qualidade, o que nos estimula a ser ainda mais cuidadosos com os animais e com o produto. Isso também mantém o preço do leite que produzimos um pouco melhor do que se tivéssemos indicadores de qualidade mais baixos – explica a produtora, que chegou a receber R$ 1,33 por litro enquanto tinha quem recebia R$ 0,90/litro, e olha que esse patamar chegou a ser anda mais baixo em determinados meses, basta ver os valores-referência do Conseleite para o Estado. Além do assessoramento técnico da indústria para a qual comercializa o leite, a família – que também tem as filhas Gabriela, 13 anos, e Priscila, 7 – faz parte do programa Gestão Sustentável da Agricultura Familiar, executado pela Emater/RS-Ascar. São centenas de famílias que monitoram dados econômicos e sociais, a fim de aprimorar a eficiência das atividades. Na propriedade de 12,5 hectares, são 22 vacas na ordenha, mas a meta é chegar a 28 animais em lactação. Para essa ampliação, os investimentos não param. Melhorias em infraestrutura também estão em andamento, como na sala de alimentação e de ordenha. Quando possível, Juliane ainda faz artesanato para vender. “A atividade leiteira é paixão”, exclama a produtora, comentando que as filhas também já compartilham do gosto pelos animais, apesar da pouca idade.
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Gracieli Verde
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erenciar toda e qualquer atividade agropecuária em tempos de “vacas magras” é ainda mais desafiador. É nesta hora que se vê a facilidade em ter dados da propriedade quando tudo – ou grande parte – está registrado, como as despesas, as receitas, os imprevistos, os investimentos em andamento ou projetados para o futuro. Na área de leite, que é extremamente complexa, pelo conjunto de fatores que envolve, fazer esse controle tem sido o diferencial de muitas famílias pelo Estado afora. Na região funciona da mesma forma. Temos falado sobre esse assunto desde o início do trabalho da Novo Rural e, cada vez mais, fica comprovado de que isso precisa ser incentivado. No interior de Dois Irmãos das Missões, o casal Juliane e Luciano Scopel sabe bem o valor de adotar essa prática ao longo dos últimos anos. Desde que o casal tem trabalhado para si, com o plantel próprio, há cinco anos, o controle dos dados econômicos são anotados – primeiramente em um caderno, hoje em planilhas no computador. Essa prática, que hoje faz parte do gerenciamento da atividade, deixa Juliane bem mais tranquila em relação aos resultados. Mesmo em um cenário considerado de crise em 2017, na propriedade foi possível obter um lucro médio condizente com a expectativa do casal. – A gente não pode se quei-
Ficou com dúvidas?
Este tema tem sido e será ainda mais recorrente por aqui. Se você tem alguma dúvida, pode encaminhar para nossa equipe. Vamos consultar especialistas para ajudá-lo. Combinado? Mande o seu questionamento para o WhatsApp (55) 9-9624-3768 ou para o e-mail revistanovorural@ oaltouruguai.com.br.
Na prática • De janeiro a fim de setembro de 2017, a atividade de leite teve uma despesa mensal de mais de R$ 10 mil na propriedade dos Scopel. Já a receita ultrapassou os R$ 14,7 mil/mês – na média. • O valor pago por litro do leite na propriedade se manteve entre R$ 1,30/1,40, isso graças à qualidade”, justifica a produtora. • Nesse cálculo de despesas x lucros, já estão descontados os investimentos, gastos com alimentação, etc. É tudo feito conforme “manda o figurino”. “Não adianta ficar injetando dinheiro de outras atividades na pecuária leiteira, porque daí você mascara os problemas e não os resolve”, orienta o agrônomo Darci Iora, da Emater/ RS do município. • Na propriedade dos Scopel, tudo o que foi construído nos últimos anos é graças à renda do leite, inclusive a recuperação do solo, que
exigiu altos investimentos em adubação e correção. Tudo para garantir pastagens de qualidade para o rebanho e mais rentabilidade no futuro. • No caso dos Scopel, a renda tem sido considerada boa para o ano que passou. “Temos consciência de que podemos melhorar, por isso continuamos fazendo investimentos. Ao mesmo tempo, sabemos que essa renda que temos é maior do que se fôssemos trabalhar na cidade”, analisa Juliane. Quer dizer, cada família precisa analisar a sua realidade e ver no que é possível evoluir. Mais um detalhe: a assistência técnica pode auxiliar muito nisso, seja pública ou de alguma empresa de sua confiança, ou ainda da indústria que compra o leite. • Ter o gerenciamento da atividade em dia facilita a projeção de metas. Isso também estimula o produtor a ver no que precisa melhorar e onde pode chegar, com os “pés no chão”.
Realização
Em parceria com
Revista Novo Rural Fevereiro de 2018
Hora de organizar o pasto de inverno Alimentação adequada do plantel requer planejamento antecipado
• Analise a área que pode ser destinada para a pastagem perene e anual, além da silagem. Um profissional pode auxiliar nesse trabalho com o uso do GPS.
• Você também precisa saber o quanto a sua pastagem produz para calcular a capacidade de suporte, ou seja, a quantidade de animais que você pode colocar por piquete, bem como o tamanho desses piquetes. Para isso é preciso cortar um metro quadrado do pasto e pesar para iniciar os cálculos. • Também é importante saber em qual época as pastagens rendem mais, para justamente evitar períodos de vazio forrageiro, colocando outra opção nessas épocas, e montar o calendário para cada propriedade.
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Tarde de campo sobre bovinocultura de leite
13h30min Linha Rigon Engenho Velho
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Tarde de campo sobre bovinocultura de leite
13h30min Linha Trombetta Engenho Velho
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Tarde de campo sobre bovinocultura de leite
13h30min Linha Martinelli Engenho Velho
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a reunião de janeiro do Conseleite, realizada na capital do Estado, o professor Eduardo Finamore, da Universidade de Passo Fundo, apresentou alguns dos dados de um levantamento realizado no Estado em relação ao preço-referência do leite pago ao produtor no último ano. Este indicou que em 2017 esse valor teve uma redução de -7,64%. Fatores como este contribuíram para que o ano passado seja considerado o pior em 12 anos no Rio Grande do Sul. Segundo Finamore, acredita-se que o valor de referência da matéria-prima leite é de recuperação gradual no longo prazo. O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, também aposta nesta possibilidade, pois em fevereiro e março é costumeiro ter uma diminuição da produção, o que deve influenciar o mercado.
O
Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite/RS) elegeu nova diretoria para o biênio 2018/2019, em janeiro. A gestão será presidida no primeiro ano pelo secretário-geral da Fetag, Pedrinho Signori, e terá o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, como vice-presidente. Em 2019, as posições se invertem. – Vivemos um momento crítico, mas esse espaço é um instrumento importante de construção da cadeia. Os problemas são nossos e estamos aqui para colaborar e construir juntos – disse Signori. Gracieli Verde/ Arquivo NR
Fevereiro DIA
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Conseleite tem Pedrinho Signori como presidente
Vamos relembrar um check-list básico para você fazer o planejamento forrageiro. Se pintar alguma dúvida, procure um técnico da Emater/RS do seu município. • Faça um levantamento do seu rebanho. Divida os animais em lotes por categorias, como as vacas em produção, as secas, as novilhas, terneiras, os reprodutores e outros que possa ter na propriedade. Para iniciar é preciso estimar o peso desses animais.
2017 fecha com queda de -7,64% no preço do leite
Gracieli Verde/Arquivo NR
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mês de fevereiro já é decisivo para o bovinocultor de leite não passar por apertos em relação à alimentação do plantel. O vazio forrageiro, geralmente nas trocas de estações, como do verão para o outono, que pode atrapalhar o desempenho dos animais, pode ser evitado. “Se não tem variação no fornecimento de pasto, há garantia de equilíbrio na produtividade de leite”, reforça a engenheira-agrônoma Andreia Kraemer, da Emater/RS-Ascar de Rio dos Índios. Trata-se de um exercício de programar com tempo as pastagens e demais alimentos dos animais: o que, quanto e onde deve ser plantado, como será manejado e qual potencial de produção desse pasto.
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Tarde de campo sobre bovinocultura de leite
13h30min Linha Maraschin Engenho Velho
Pedrinho Signori integra a diretoria da Fetag
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Gracieli Verde
Sede da empresa, em Rondinha
Família Gobbi: parte da história da suinocultura regional Quando se fala na atividade na região de Rondinha, é preciso valorizar a atuação da família, que há mais de cinco décadas mantém negócios no município Gracieli Verde
revistanovorural@oaltouruguai.com.br
“D
a mesma forma que recebo vocês, eu recebo a cada produtor na hora do pagamento do lote”. A afirmação é do empresário Rogério Gobbi, ao falar sobre o compromisso que a família tem com os produtores integrados que tornam a Suinocultura Gobbi uma das referências na região de Rondinha. A grande influência para esta postura de empatia com os parceiros de negócio é do pai, seu Nelson (em memória). Desde muito jovens, Rogério e os irmãos Mauro e Alexandre sabem bem o valor daquela frase que diz que “único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”, atribuída a Albert Einstein. Ao lado da mãe Etelvina, hoje aos 69 anos, que ficou viúva bastante jovem – aos 44 anos –, os três filhos precisaram assumir as responsabilidades e dar sequência aos negócios, atribuição que cumprem com muita dedicação, ao lado do tio Alcides Gobbi.
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Um pouco da história A trajetória da atual Suinocultura Gobbi começou em 1964, a partir do trabalho de Nelson Gobbi (em memória), que instalou em Rondinha um comércio de “secos e molhados”. Mais tarde, o estabelecimento começou a comprar suínos e cereais. Com a evolução nos negócios, já no comando dos filhos Mauro, Rogério e Alexandre, com o tio Alcides – o pai Nelson havia falecido em 1992 –, a decisão em implantar o próprio sistema de integração na área foi tomada em 1996. – Precisávamos ter mais regularidade no fornecimento dos suínos aos frigoríficos. Uma vez que fazíamos apenas a compra de terceiros, não tínhamos uma quantidade semanal suficiente para atender a demanda. Iniciamos a integração para 500 animais, com três produtores, uma realidade bem diferente de hoje – recorda Rogério. Hoje na sociedade cada um dos irmãos é responsável por uma área. Mauro faz a administração, Alexandre é responsável pelo transporte e pela manutenção da frota e o tio Alcides é um dos motoristas. Já o próprio Rogério atua no fomento, diretamente com os suinocultores. A Suinocultura Gobbi também fomenta negócios em Entre Rios, Três Palmeiras, Ron-
da Alta, Sarandi, Barra Funda, Nova Boa Vista, Chapada, Novo Barreiro, Constantina e Roque Gonzales. Cerca de 50% da produção da empresa está concentrada em Rondinha, segundo Rogério, e a expansão dos negócios deve contemplar ainda mais o município-sede, uma vez que estão sendo priorizadas propriedades que fiquem num raio de 30 quilômetros de distância, para otimizar custos. Ao longo dos anos, a família Gobbi acompanhou as mudanças que ocorreram na suinocultura, na transição dos produtores independentes para a ampliação dos sistemas de integração com as indústrias, que também deram outro foco na produção, com suínos de genética mais apurada para a produção de carnes e com menos teores de gordura. – São cenários diferentes que vivenciamos. Se lembrarmos do início da década de 1970, Rondinha já era um dos maiores produtores de suínos do Estado, mas com outro formato. Hoje também estamos entre os líderes, mas com a maioria no sistema integrado – avalia Rogério, citando que atualmente a Suinocultura Gobbi conta com 80 integrados, somando as unidades de produção de leitões, crechários e terminações.
Câmara Setorial tem nova coordenação
Mercado cada vez mais exigente
“Cada vez mais é preciso dar garantia de um produto saudável. É isso que mantém o mercado para o que produzimos.” Rogério Gobbi, empresário
O estilo do consumidor, de forma geral, tem mudado muito e isso tem repercutido na maneira de produzir alimentos, especialmente as carnes, como a suína. “Cada vez mais é preciso dar garantia de um produto saudável. É isso que mantém o mercado para o que produzimos”, ressalta Rogério. Por isso, uma equipe composta por veterinários e técnicos acompanha o trabalho a campo, para garantir os padrões de qualidade desde o alojamento até a entrega nos frigoríficos. Essa postura cuidadosa tem garantido mercados duradouros. “Vendemos há muitos anos para um frigorífico no interior de São Paulo. Além disso, comercializamos no Paraná e para alguns frigoríficos na região”, expõe o sócio-proprietário. Por mais que hajam outras duas integradoras que também possuem parceiros em Rondinha, a maioria dos produtores de suínos locais tem vínculos com a Suinocultura Gobbi. Tendo em vista este cenário, esta é a atividade agropecuária que mais gera receita de impostos para o município.
Os novos projetos
s trabalhos da Câmara Setorial da Suinocultura já iniciaram para o ano 2017. Em janeiro foi eleita a nova coordenação. Agora o coordenador é o suinocultor Nilson Bagatini, de Pinhal. Lucídio Ceolin ficou como vice-coordenador – ele é de Caiçara – e Elisandro da Silva, de Palmitinho, é o novo secretário. O grupo já definiu algumas propostas de ações que serão realizadas para envolvimento da cadeia produtiva da suinocultura neste ano – que também serão acompanhadas pela Novo Rural ao longo do período. Uma das metas da câmara é fortalecer as Associações Municipais de Suinocultores. Para isso, deverá reunir lideranças envolvidas no setor, secretários de agricultura, técnicos da Emater/RS-Ascar e representantes das associações de suinocultores da região para discutir e definir estratégias para tal.
Se você tem interesse em investir, veja alguns critérios básicos:
Seminário Regional da Suinocultura A Câmara também tem tratado a respeito do 4º Seminário Regional da Suinocultura, que está agendado para o dia 15 de março, em Pinheirinho do Vale. A programação iniciará às 9h30min e duas palestras estão sendo organizadas. Bioseguridade na suinocultura será o tema ministrado pelo médico-veterinário e pesquisador na área de sanidade e virologia da Embrapa Suínos e Aves de Concórdia/ SC, Luizinho Caron. Já as perspectivas do mercado da suinocultura, tradicional temática presente no evento, serão apresentadas pelo presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador. O seminário encerra às 13 horas, com almoço.
É preciso avaliar se a família tem vocação e disponibilidade de mão de obra para a atividade. Um dos aspectos que pode ser importante, por exemplo, é que a família tenha algum jovem envolvido no processo.
Divulgação
A integração da Suinocultura Gobbi está em expansão. São mais negócios que estão por vir, com a construção de novas pocilgas. Inclusive, vários investimentos nesse sentido já estão em andamento no município. “Noventa por cento das novas integrações estão sendo viabilizadas em Rondinha e isso é motivo de satisfação, porque também vemos muitos jovens acreditando na atividade”, salienta o empresário Rogério Gobbi. Os projetos normalmente correspondem a estruturas para mil suínos/lote, que somam um investimento de R$ 330 mil. Esse valor geralmente é financiado pelo produtor por meio do Pronaf, que tem prazo de dez anos para pagar, via uma instituição financeira. – Também temos uma parceria com uma construtora, que edifica as pocilgas de acordo com as exigências da nossa empresa pelo valor orçado. É uma segurança que tanto a integradora quanto o produtor têm, porque há garantias previstas em contrato. Esta é uma atividade que exige um padrão também neste quesito, que depois reflete em melhores resultados – esclarece. Por mais que este seja um mercado que oscila bastante, a estimativa é que em seis ou sete anos um projeto deste naipe seja pago. No município de Rondinha, o poder público local incentiva os interessados em investir no setor. Além de praticar valores mais acessíveis na emissão de documentações relacionadas ao licenciamento ambiental, também é feita a terraplanagem sem custo ao produtor.
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Ter condições ambientais dentro do que a legislação prevê, como área suficiente para destinar os dejetos, entre outros aspectos técnicos. “O crescimento precisa ser sustentável”, reforça Rogério. Ter capacidade de acessar crédito para investir, através de um banco ou uma cooperativa de crédito.
Grupo se reúne periodicamente para debater questões relacionadas à criação de suínos
Uma combinação que tem dado certo em Rondinha, e em outros municípios também, é da suinocultura com a bovinocultura de leite.
Granja São Paulo aloja primeiro lote de fêmeas
No caso da Suinocultura Gobbi, a preferência é por unidades familiares, que não precisem contratar mão de obra externa.
Arquivo pessoal/Divulgação
Família Gobbi na comemoração do cinquentenário da empresa, em 2014
Gerenciada pela Agropecuária São Paulo, a Granja São Paulo teve os primeiros animais alojados em dezembro de 2017, segundo o advogado Luiz Henrique Baletreri – ele coordena a implantação da unidade no interior de Frederico Westphalen. Desta vez quatro mil fêmeas foram alojadas, mas ainda virão outros lotes, que completarão as sete mil porcas que deverão somar no total. Isso deverá gerar 210 mil leitões por ano, uma média de 30 leitões/matriz/ano, conforme já retratamos em reportagem no mês de maio de 2017. Por enquanto, os animais alojados ainda estão em fase de adaptação. Por isso, somente pessoal autorizado pode acessar as instalações, para evitar problemas sanitários. A Granja São Paulo fornecerá leitões para os produtores integrados à Adelle Foods, com sede em Seberi, da qual a Agropecuária Balestreri é sócia, bem como para outras granjas do grupo. O investimento total deve somar R$ 30 milhões. São cerca de 40 mil metros quadrados de área construída em um terreno de 25 hectares.
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Agroindustrialização Sarandi
Gracieli Verde
revistanovorural@oaltouruguai.com.br
Dirceu Colombo no trabalho com a uva
Produção de vinho se mantém, apesar de parreirais menores Profissionalização do setor tem sido crucial para garantir a manutenção dos negócios
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hegamos na casa de Dirceu e Solange Colombo no início da tarde, na linha Sanga do Leão, bem próximo do perímetro urbano de Sarandi – às margens da BR-386. Ainda era janeiro, época de plena colheita de uva no município. Colombo estava em outra localidade, onde foi buscar mais uma carga de uvas para preparar o vinho, bebida que não falta na mesa da família e dos amigos. Ao chegar, por volta das 14 horas, mesmo sem almoçar, a prioridade era moer a carga de 1,5 mil quilos da fruta que havia trazido. “É bom fazer isso logo”, exclamava, enquanto nos convidava para ir ao porão da casa, onde estão os equipamentos instalados e a temperatura, de cara, era muito mais agradável. Naquela hora o céu já apontava que viria chuva ao longo da tarde – o que se confirmou horas depois –, motivo pelo qual o produtor não pensou duas vezes para virar o meio-dia no parreiral. Afinal, o ciclo curto da colhei-
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ta da fruta exige rapidez. “Se molha a uva, não fica tão boa para o vinho”, diz. Isso interfere no grau de açúcar da fruta, que é determinante para a qualidade da bebida. Dona Solange mantinha a mesa posta para, assim que ele encerrasse o processo, pudesse finalmente almoçar. “Em época de colheita de uva é assim, tem que priorizar o trabalho”, diz ela. Já no porão, seu Dirceu mostrava as fases da produção. O aroma da uva tomava conta do lugar, ainda mais sendo moída. A uva ia mudando de forma e se transformando no conhecido mosto, que depois passa pela fermentação para dar origem ao vinho, que fica armazenado nas pipas, onde também é filtrado e espera o ponto ideal para ser engarrafado, vários meses mais tarde. Seu Dirceu conta que neste ano deve fazer 12 mil litros de vinho, que corresponde à capacidade da estrutura que ele tem disponível – no caso do vinho artesanal, a legislação permite que se faça até 20 mil litros por ano.
Tradição de família
“Muita gente vem buscar o vinho aqui em casa, mas também temos compradores em Goiás.”
Dirceu Colombo, vitivinicultor
De origem italiana, a família tem tradição da feitura do vinho. Dirceu aprendeu a fazer a bebida com o pai Antônio (em memória) e hoje os filhos Tiago e Luciano também o ajudam. “Aprendi com ele e a cada ano aumentamos a produção, por isso temos essa estrutura”, conta, enquanto agilmente organiza o espaço e pega uma garrafa de vinho da safra passada para nos mostrar. A cor vibrante do vinho feito com a uva bordô é de encher os olhos. É isso que também atrai o consumidor, além da qualidade, claro. “Muita gente vem buscar o vinho aqui em casa, mas também temos compradores em Goiás, que todo ano adquirem uma parte da produção”, revela. Neste ano a uva está excelente, segundo ele. Tem tudo para novamente ter um vinho de alta qualidade. Atualmente o vinho corresponde a 20% do faturamento da propriedade, que também cultiva grãos. Mais do que uma atividade econômica, também é um passatempo, uma forma de manter a tradição da família. Não muito longe dos Colombo, a família Vizini é outra que tem tradição nessa produção. A vinícola foi aberta oficialmente em 1999. Nos primeiros anos, Arlésio Vi-
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Sarandi Fotos: Gracieli Verde
Arlésio Vizini mantém vinícola no interior do município
zini conta que foram produzidos em média 180 mil litros por safra. Hoje o patamar está entre 60/70 mil litros, diminuição motivada pelas mudanças de mercado nos últimos anos. O aumento de impostos esteve entre os fatores que encareceram o produto ao consumidor, o que refletiu na demanda. Além da carga tributária para a própria agroindústria, que também pesou nos custos. Agora, com a possibilidade de encaixar-se no Simples Nacional a partir deste ano, a expectativa é que haja uma redução de impostos no setor, o que pode favorecer algum tipo de reação. Nos Vizini a rotina do mês de janeiro também era intensa. Pela manhã era hora de trazer a fruta fresca para a vinícola, para em seguida iniciar o processo de produção. E pelo caminho também eram vistos outros produtores levando uva para casa. Era a vindima dando uma dinâmica diferente para o interior de Sarandi nesse período.
A influência cultural da colonização italiana Já trouxemos aqui dados da Emater/RS que mostram que os parreirais reduziram de tamanho em Sarandi nos últimos anos. Dos cerca de 400 hectares, hoje são cerca de 105. Mesmo assim, as vinícolas e cantinas artesanais seguiram suas trajetórias, mesmo tendo que comprar matéria-prima de fora. Arlésio Vizini também aprendeu a lidar com o vinho com o pai e credita esse fortalecimento das vinícolas ao perfil desses produtores, descendentes de italianos e que têm fortes vínculos com as uvas e o vinho no dia a dia. “Se pensarmos no distrito de Barreirinho, sempre teve famílias que faziam vinho. É vocação,
PROMOÇÃO
é a cultura dessas famílias”, afirma. Vizini, por exemplo usa 50% de uva própria e outro 50% compra de fora. Já Colombo comprou maior parte do produto em Sarandi, mas também adquiriu as primeiras remessas em Ametista do Sul, outro polo que vem desenvolvendo a viticultura fortemente nos últimos 20 anos. Ele conta que na década de 1960 existia uma cooperativa e já se produzia vinho comercialmente. Por mais que esta deixou de existir, o costume de ter pelo menos no porão de casa a possiblidade de fabricar a bebida se manteve, e cada vez mais forte. “Quem já tinha mercado e pontos de vendas, se profissiona-
Energia solar
Gerador fotovoltaico para geração de 380kWh/mês
lizou e seguiu no mercado”, comenta o agrônomo Luciano Schwerz, da Emater/RS. Outras vinícolas de porte ainda maior também estão instaladas em Sarandi e nas redondezas, assim como agroindústrias que fazem o suco de uva. É um mercado que caracteriza aquela região e que, pela intensa movimentação pela BR-386, motiva o crescimento desse comércio em vários pontos. É um hobby de muitos produtores que se tornou um negócio. E um bom negócio, não é mesmo?! Já dizia aquela frase sobre o vinho, “nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário”. Já tomou uma taça hoje?
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Gestão & Empreendedorismo
Ações
Empoderamento do jovem é decisivo na sucessão Diretor-técnico da Emater/RS-Ascar, Lino Moura, fala sobre a importância do envolvimento da família na gestão das atividades, entre outros temas
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er uma visão geral da propriedade, analisá-la como um sistema e, com isso, programar ações que promovam a geração de renda e de qualidade de vida das pessoas são alguns dos desafios das famílias rurais, segundo o diretor-técnico da Emater/RS-Ascar, o agrônomo Lino Moura. Ele está no cargo desde o início do governo de José Ivo Sartori, juntamente com o presidente, Clair Tomé Kuhn, e a diretora-administrativa, Silvana Dalmás. Em recente vinda a Frederico Westphalen, Moura conversou com a reportagem e reforçou os desafios que a entidade tem encarado, apesar de entender que isso não é somente responsabilidade da Emater/RS, mas de vários entes que devem trabalhar em prol do setor agrícola. Lino de Moura começou a carreira como extensionista da Emater/RS em Seberi, em 1978, e logo após passou a atuar em Frederico Westphalen, onde trabalhou até 1981. Depois, cursou mestrado em Desenvolvimento Rural e se especializou na área de irrigação, isto na Espanha. Já atuou como gerente regional e também em escritórios municipais. Confira alguns trechos do que Moura expôs sobre sucessão familiar rural, gestão e valorização das mulheres.
Lino Moura é engenheiroagrônomo
Preocupação com as pessoas
Empoderamento dos jovens e das mulheres
Muito mais do que incentivar o desenvolvimento de determinadas cadeias produtivas, a Emater/RS atua por meio ações que reflitam na qualidade de vida das pessoas, segundo o diretor-técnico. “Por isso que temos ingressado no debate em áreas que até então não participávamos, como na suinocultura. Parcerias que estão viabilizando esse acompanhamento, como o caso da Embrapa, têm sido essenciais para isso”, defende Moura. O diretor acredita que o público interno da Emater/RS, ou seja, os próprios extensionistas, têm conseguido internalizar bem essa postura de auxiliar os produtores rurais assistidos de uma forma conjunta. Ele defende, inclusive, que esse incentivo à gestão das propriedades seja uma ferramenta a mais para promover a sucessão rural.
Seguindo nessa abordagem sistêmica na assistência técnica às famílias, Moura acredita que o fato de separar os grupos em mulheres e jovens, por exemplo, limita algumas reflexões de gênero que são fundamentais para o avanço das famílias na busca pelo bem-estar social e econômico. – Não vejo outra possibilidade para fazer sucessão rural a não ser empoderar as mulheres e os jovens, de trabalhar com as famílias e não simplesmente setorizar. Tenho trabalhado com dados relacionados a gênero e tentado instigar os colegas a analisar o antes e o depois dessas famílias envolvidas na extensão rural. É importante, por exemplo, analisar quantas mulheres têm participado mais das ações da sociedade onde a família está inserida, como diretorias de entidades – orienta. Em alguns aspectos naturalmente existem mais avanços e em outros nem tanto. Inspirado em casos aqui da região, Moura demonstra esperança em ver que homens têm mudado o comportamento na organização das tarefas diárias. – Vi um depoimento de um casal aqui de Iraí que compartilha as atividades, porque historicamente as mulheres sempre tiveram que fazer as tarefas domésticas e ainda ajudar na lavoura. Essa divisão de tarefas é muito importante, por mais simples que possa parecer – pontua. Superar questões como essa passam pelo empoderamento das mulheres e dos jovens. – É isso que vai influenciar a sucessão rural, porque interfere no modo de vida das pessoas, além do acesso à renda. Um guri que já na quinta-feira começa a pensar como vai pedir dinheiro para os pais para poder sair no fim de semana não vai ficar na propriedade rural. Além disso, ele também quer participar das decisões e, se os pais disserem a ele, desde pequeno, que o rural é ruim, não vai ficar no campo – reflete. A masculinização e o envelhecimento das pessoas que residem no campo são realidade. Quer dizer, as questões de gênero precisam ser trabalhadas. – Uma moça que tem que pedir dinheiro para o pai, depois para o marido ou até para sogro quando precisa comprar um objeto pessoal não vai ficar no interior. Por isso essa questão é tão importante e deve ser debatida, para que haja evolução e evitemos que mais meninas saiam do campo por não vislumbrar uma vida melhor ali – analisa.
“Uma moça que tem que pedir dinheiro para o pai, depois para o marido ou até para sogro quando precisa comprar um objeto pessoal não vai ficar no interior.” Lino Moura, diretortécnico da Emater/RS
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Ações Cooperativistas têm acesso Espaço cooperativo diferenciado a crédito D
urante a 20ª edição do Itaipu Rural Show, realizada entre os dias 24 e 27 de janeiro, em Pinhalzinho/SC, a Sicredi Alto Uruguai RS/SC ofereceu vantagens especiais para os associados e produtores que visitaram o estande da cooperativa de crédito. De acordo com o gerente da agência de Pinhalzinho, Fernando José Conte, os as-
Marcia Faccin
sociados da Sicredi Alto Uruguai RS/SC tiveram a vantagem de um limite de crédito pré-aprovado para fecharem contratos de negócios na feira, uma maneira de valorizar a parceria. Há alguns anos a cooperativa também se fortaleceu no Oeste catarinense, contribuindo para o fomento do setor agropecuário regional.
Coordenadora da Unidade de Cooperativismo do Escritório Regional da Emater/RS de Frederico Westphalen
Como identificar os diferenciais das empresas cooperativas? Gracieli Verde
“Temos ótimos e bons exemplos de verdadeiras cooperativas que fazem um bom trabalho na região onde estão inseridas, valorizando o associado, gerando emprego e renda, e acreditando nos potenciais locais.”
Sicredi teve presença garantida no Itaipu Rural Show
Ações são planejadas para fortalecer setor na região A
pós realizar com êxito o 1º Seminário Regional do Cooperativismo, em 2017, agora a comissão regional do setor já se prepara para organizar ações alusivas ao Dia Internacional do Cooperativismo neste ano. Uma reunião foi realizada em janeiro, com a presença de lideranças cooperativistas, representantes da Emater/RS e da respectiva Unidade de Cooperativismo, bem como da revista Novo Rural, a fim de planejar eventos
Você já parou para se perguntar qual a diferença entre as empresas cooperativas das demais empresas privadas, públicas ou S/A? Sim? Não? Por quê? Você já parou para refletir sobre a importância de valorizarmos mais as empresas cooperativas das demais empresas? Sim, de valorizar mais as empresas cooperativas, sejam elas do ramo agropecuário, crédito, eletrificação, mineração, etc.? Como já comentei em outras oportunidades aqui neste espaço, as empresas cooperativas não obtêm lucros, mas sim sobras, as quais são reinvestidas na própria cooperativa ou então distribuídas entre o quadro de associados e na comunidade onde a cooperativa está inserida. Nas empresas ou organizações cooperativas, os donos são os associados, por isso venho insistindo muito para você, que é associado a alguma cooperativa, em participar das reuniões, assembleias e encontros, e acompanhar de perto a sua cooperativa. E você que ainda não é associado, lhe convido a visitar alguma cooperativa, conversar com o presidente, com a diretoria e colaboradores e perguntar sobre a cooperativa, sobre seu foco de atuação, sua inserção na comunidade local e regional, e sobre o faturamento que ela obteve no decorrer do último ano. Tenho certeza que irá se surpreender positivamente com o cooperativismo. Novamente volto a insistir e bater na tecla de você procurar uma verdadeira cooperativa, séria, honesta, transparente, onde os princípios e valores sejam efetivamente implementados, pois como em todas as atividades e setores, nos deparamos com alguns “espertinhos” que tentam se utilizar do sistema cooperativo para benefício próprio, mas esses casos são a minoria. Temos ótimos e bons exemplos de verdadeiras cooperativas que fazem um bom trabalho na região onde estão inseridas, valorizando o associado, gerando emprego e renda, acreditando nos potenciais locais. Você já se deu conta da importância de comprar, negociar com cooperativas ao invés de outros estabelecimentos comerciais? Para negociar com cooperativas, não preciso necessariamente ser sócio, posso comprar em um supermercado, uma agropecuária, em uma unidade de atendimento de uma cooperativa ao invés de outro estabelecimento comercial. O diferencial é que na grande maioria das vezes as vantagens são melhores e o lucro sobre essa movimentação financeira vai ficar circulando na região, gerando mais renda, desenvolvimento e não nas mãos de dois ou três ou então indo embora da região, como costumeiramente acontecem com outras empresas que não são de empreendedores regionais. Primo muito em valorizar, acreditar e confiar nas organizações da região, nas cooperativas e nos empresários locais, pois são essas pessoas e organizações que em épocas de crise permanecem aqui, acreditando e ajudando a construir alternativas para melhorar a renda e a competitividade da região. Pensemos nisso e que possamos valorizar cada vez mais o bom cooperativismo e as nossas cooperativas e empreendimentos regionais. Só assim conseguiremos ter uma região forte e competitiva.
que mais uma vez mostrem a força do segmento. Uma série de ações está sendo organizada par mobilizar a comunidade regional entorno do assunto, também como forma de validar atividades planejadas através do Fórum Regional do Cooperativismo. Café para a imprensa, atividades em cada cooperativa e um encontro especial de encerramento devem movimentar o primeiro semestre do setor em nível de região. Divulgação
Lideranças planejam atividades para o primeiro semestre
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Juventude rural Gracieli Verde
Sucessão com as “cartas na mesa”
Planos de Luciano são de aprimorar o manejo da atividade leiteira para ter resultados ainda melhores
Família Cancian mostra na prática como é possível conciliar o desejo dos pais com a vocação dos filhos e fazer da propriedade um negócio rentável Gracieli Verde
revistanovorural@oaltouruguai.com.br
A
postura empreendedora e companheira do pais Edene e Claudete Cancian teve um peso importante na hora de o filho mais velho decidir por querer morar na propriedade e dar continuidade nos investimentos na área leiteira. Depois de estudar o curso técnico em agropecuária no Instituto Federal Farroupilha, em Frederico Westphalen, ele até chegou a tentar a vida na cidade, mas logo repensou ao perceber o quanto a família já havia investido em infraestrutura e máquinas. Ao voltar para casa, a negociação de Luciano Júnior com os pais foi no sentido de ajustar questões relacionadas à renda e à atividade de leite (que sempre foi o seu maior interesse). Colocadas as “cartas na mesa”, um dos desejos era ter direito a uma percentagem dos lucros e mais poder de decisão nas rotinas diárias. “Por outro lado, eu
queria que ele estudasse, que fizesse uma faculdade. Lembro que falamos sobre isso enquanto tratávamos os suínos, em um domingo de manhã”, conta o pai, comentando que o fato de ambas as partes cederem foi crucial para que as coisas dessem certo. Hoje Luciano tem 27 anos e nos últimos meses a namorada Vanessa, de 22 anos, também foi morar na propriedade, apesar de ela ser dentista e trabalhar na cidade. O fato de Luciano ter de estudar, como uma condição imposta pelo do pai para poder coordenar os negócios, tinha outra vantagem. Em Taquaruçu do Sul, onde moram, a prefeitura tem um benefício para jovens do campo que cursam o Tecnologia em Agropecuária, na URI de Frederico Westphalen. O subsídio é de 50% da mensalidade, segundo o secretário de Agricultura, Tiago Pessotto, e segue em vigência nesta gestão. É uma forma de incentivar esses jovens a buscarem mais qualificação.
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Gestão jovem, mas com o apoio da voz da experiência
Desde que Luciano Júnior assumiu o desejo de ser um pecuarista de leite, as decisões relacionados à atividade, na propriedade localizada na linha Sete de Setembro, são praticamente do rapaz. “Eu ajudo, às vezes dou minha opinião, mas a responsabilidade é dele”, garante o pai. Compra de insumos, formas de manejo e o trabalho de forma geral estão concentrados no primogênito – já que o filho mais novo, Gabriel, 21 anos, cuida da pocilga com capacidade para 900 suínos. “E desde então as coisas têm melhorado. Está dando certo. Graças a Deus a gente vê que o resultado é positivo”, avalia o pai, com tranquilidade. Hoje a média diária de produtivida-
“Eu ajudo, às vezes dou minha opinião, mas a responsabilidade é dele” Edene Cancian, o pai
Os conselhos que dariam... ...Aos pais:
...Aos filhos:
“É preciso ficar na retaguarda, mas dar liberdade para eles colocarem ideias novas na propriedade. Com o meu pai eu tive dificuldades, então não quis reproduzir isso. Hoje a gente tem mais entendimento para aceitar algumas coisas, e exigindo resultados. Claro que isso tudo se o filho gostar da atividade, senão não adianta. Hoje em dia a tecnologia favorece muita coisa. A gente tem outra realidade de produção agrícola. Eu não escondo de ninguém que meu pai fez muita falta quando partiu. Até porque eu não tinha espaço para participar dos negócios. Então, quando ele se foi, tive que me virar para tomar as decisões.” Edene Cancian, agricultor, 64 anos
“A primeira coisa é gostar do que faz e buscar conhecimento e tecnologia viável para a propriedade. Não adianta forçar ninguém a trabalhar no que não gosta, porque também tem que estar ciente que muitas vezes vai ter que trabalhar nos fins de semana. Tem que ser realista e ver que cada propriedade tem uma realidade, então tem que analisar o que é viável.”
Vanderlei Holz Lermen
Agricultor, tecnólogo em Processos Gerenciais, técnico em Agropecuária e bacharel em Desenvolvimento Rural
Luciano Cancian Júnior, bovinocultor de leite, 27 anos Gracieli Verde
O Censo Agropecuário e a importância do gerenciamento financeiro da propriedade
O
Seu Edene e dona Claudete com o filho mais velho, Juliano (D), acompanhados do secretário de Agricultura, Tiago Pessotto (E)
de por vaca tem sido de 26 litros, mas já chegou a 32 no inverno. Neste ano a meta é chegar pelo menos a 35 litros/ vaca/dia na época mais fria do ano, segundo Luciano. Faz pouco tempo que os quase 30 animais estão alojados em um free-stall. “Como temos pouco espaço na propriedade, que tem 10,3 hectares e outros cinco alugados, essa foi uma alternativa para viabilizar a atividade”, conta Luciano. Seu Edene recorda com nostalgia de quando ordenhava 30 litros de leite por dia, há muitos anos, de todo o plantel.
“Hoje uma vaca produz isso”, compara, ressaltando que a evolução é perceptível em vários aspectos se pensar na época em que ele começou. Ele mesmo sempre teve uma visão mais empreendedora desde jovem e se desafiava a buscar novidades para a propriedade. – Lembro que quando trabalhava com meu pai, fui ver como era feita a silagem. Ele não gostou da ideia, achou um absurdo. Mesmo assim, eu fui o primeiro a fazer silagem aqui no município. São coisas assim que vão evoluindo. Hoje eu fico na retaguarda – conta, cons-
ciente que serve de referência para os filhos. Tendo em vista as experiências que passou, sabe bem que um caminho mais favorável para o êxito na sucessão é justamente ser parceiro da prole, estar ao lado da gurizada, orientar, mas dar liberdade também. Em relação ao caçula, o futuro ainda vai depender do que ele quiser fazer. “O Gabriel é ainda mais jovem, está estudando Administração no Instituto Federal Farroupilha e vamos apoiar no que decidir”, diz seu Edene.
produtor rural que ainda não havia se dado conta da importância do gerenciamento financeiro da propriedade rural e das anotações dos custos de produção e das receitas obtidas, certamente viu o quanto isso faz a diferença quando recebeu a visita do recenseador do IBGE, para o Censo Agropecuário. Quem teve dificuldade para responder as perguntas percebeu o quanto é importante pensar a sua propriedade como um negócio, uma empresa e, com isso, ter todos os dados disponíveis quando necessário. Perguntas como: quanto gastou com adubação, com agrotóxicos, sementes, combustível, serviço de terceiros na sua lavoura; ou qual o valor gasto com ração, sal mineral, medicamentos e assistência nos seus animais são difíceis de responder sem ter as anotações em mãos, não acham? Mais interessante são as questões que envolvem quanto o produtor recebeu com a venda da sua produção de grão, leite ou animais. Quem lembrou exatamente quanto faturou com a venda do leite no período de outubro de 2016 a setembro de 2017? Essa nem foi tão difícil, foi só pegar o bloco de produtor e fazer as contas. Todos fizeram assim. Será? Difícil mesmo foi responder todas as perguntas para cada hortaliça produzida aqui na minha horta. Confesso que nesse ponto nem eu tinha os dados exatos, pois não faço o controle de cada item em separado, e sim o geral. Mas, percebi como seria interessante saber quantas unidades de cada hortaliça comercializo por ano aqui no sítio, porém, são cerca de 20 produtos diferentes. Na produção de leite temos algo que pode ter induzido muitos produtores ao erro nas respostas: a produção de silagem por hectare. Geralmente medimos isso em carretões de 6, 7 ou 8 toneladas. Porém, em um carretão de 8 toneladas não cabem 8 toneladas de silagem. Tive a oportunidade de tirar essa dúvida quando plantava uma área de terra um pouco mais distante da minha propriedade, e no trajeto para trazer a silagem até aqui, pesamos um carretão de 7 toneladas com silagem. De silagem, havia pouco mais de 3 toneladas. Esses são dados um pouco difíceis de calcular, pois esse peso vai variar conforme a lavoura de milho. No entanto, foi possível ter uma ideia. Sobre o Censo, estou curioso para ver os dados e poder compará-los com o censo de 2006. O agronegócio deve ter evoluído muito nesses 11 anos. Para fechar, os dados que foram recolhidos são apenas alguns dos detalhes que precisamos levar em conta quando pensamos no gerenciamento de propriedades rurais. E quem melhor que o jovem para fazer esse trabalho? Faça as anotações em um caderno, em uma planilha no Excel ou procure algum aplicativo para auxiliar. Aliás, esse será o assunto para a próxima coluna.
Como você quer chamar este espaço? Gostaria muito de contar com a sua contribuição para auxiliar a gente a definir o nome deste espaço. Dinamismo, interação e opinião serão algumas marcas que deveremos deixar por aqui. Por isso, gostaríamos de receber sugestões, pelo e-mail, pelo WhatsApp ou pelo Facebook da Novo Rural ou na minha página pessoal, para que nossa equipe possa avaliar.
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Divulgação
Fique atento Mais prazo para preencher o CAR
I Abertas mais de três mil vagas para curso gratuito
O
s interessados em cursar o Técnico de Nível Médio em Agronegócio, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), podem se inscrever até o dia 9 de fevereiro, pelo site etec. senar.org.br. São mais de 3 mil vagas distribuídas em todo o Brasil, com duração de dois anos de estudos. Podem se candidatar pessoas com o ensino médio concluído e ser preferencialmente agricultor familiar ou de propriedades de médio porte, agente de assistência técnica e extensão rural cadastrado no Programa Rural Sustentável do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou ser vinculado a empresas do setor ou a órgãos oficiais credenciados no Programa de Assistência Técnica e Gerencial do Senar. O curso tem carga horária de 1.230 horas e terá bases de apoio presenciais em todas as regiões do país em 92 endereços do Senar. As atividades são semipresenciais, sendo os conteúdos a distância disponibilizados pela internet, material impresso e vídeoaulas, além dos executados em encontros presenciais (20% do conteúdo) nos locais de apoio.
nicialmente, o prazo de encerramento do preenchimento do Cadastro Ambiental Rural (CAR) expirava em dezembro de 2017. No entanto, uma prorrogação por parte do governo amplia até fim de maio para que os proprietários rurais possam fazer a inscrição dos dados de suas áreas. O CAR é uma base eletrônica de dados criada a partir do novo Código Florestal e contém informações das propriedades e posses rurais, além dos limites das posses com áreas de vegetação nativa e reservadas para preservação. Essa inscrição no cadastro eletrônico é obrigatória para todos os imóveis rurais do país. A regularização ambiental das propriedades pode garantir acesso a benefícios e compensações para imóveis que possuem excedentes de vegetação nativa ou cotas de reserva ambiental. Na região, sindicatos e escritórios particulares de contabilidade ou engenharia agronômica prestam esse serviço.
Blocos de notas são atualizados
O
s agricultores de Frederico Westphalen devem comparecer na prefeitura para revisar os blocos de notas de fiscais. O ideal é que os produtores façam isso até o fim de fevereiro. Sem a revisão do bloco, o produtor não pode participar de programas de incentivo à agricultura implantados pela prefeitura. – Para você que é de outro município, consulte a equipe da prefeitura para se atualizar em relação aos prazos!
Selo Agro + Integridade premiará empresas
O
Selo Agro+ Integridade é um prêmio de reconhecimento às empresas que adotam práticas de governança e gestão capazes de evitar desvios de conduta e de fazer cumprir a legislação, em especial, a Lei Anticorrupção (Lei 12.846, de 1º de agosto de 2013). As inscrições para obter o selo serão abertas a partir de 1º de fevereiro e encerradas em 31 de maio. O resultado será homologado no final de setembro. A premiação do Selo Agro+ Integridade ocorrerá no Dia da Agricultura, 17 de outubro deste ano. A empresa deverá criar um programa que inclua Código de Ética ou de Conduta e divulgá-lo interna e externamente. Empregados e dirigentes deverão fazer cursos e treinamentos sobre os temas relacionados ao programa e ao código. Entre os requisitos de compromisso ético, a empresa precisa comprovar que é signatária do Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção, promovido pelo Instituto Ethos. Para mais informações, acesse os links: http://bit.ly/agropremio http://bit.ly/agropremio2 http://bit.ly/regulamentoagro
Agricultores precisam estar atentos aos prazos para o Pnae
A
s alterações nos períodos letivos ocasionados pela greve dos professores da rede estadual de ensino, ano passado, devem refletir nos prazos para a compra de produtos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Tendo em vista que o novo ano letivo deve começar, na maior parte das escolas, em março, os produtores interessamos em comercializar itens para este mercado devem ficar atentos e consultar as direções dos educandários do seu município. A expectativa é que neste mês de fevereiro grande parte das escolas abram chamadas públicas para essas compras. “Temos que esperar o Ministério da Educação liberar a primeira parcela da verba. Assim que isso acontecer, pretendemos lançar a chamada pública”, revela o diretor da Escola Estadual Afonso Pena, de Frederico Westphalen, Claudecir Luis Frizon. Situação semelhante também ocorre em outras escolas da região que a reportagem contatou. Inclusive, segundo a equipe da 20ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), de Palmeira das Missões, as escolas geralmente aguardam a entrada de parte dos recursos para iniciar as aquisições. Caso o produtor tenha alguma dúvida, deve se dirigir às escolas estaduais de seu município ou, ainda, procurar assessoramento nos escritórios municipais da Emater/RS-Ascar.
Inventores podem se inscrever no Prêmio Afubra/Nimeq, no site Afubra
S
eguem abertas as inscrições para o 5º Prêmio Afubra/Nimeq de Inovação Tecnológica em Máquinas Agrícolas para Agricultura Familiar. O cadastro das informações deve ser feito no site da Afubra, www.afubra.com.br/expoagro, nas categorias Empresa e Inventor. Na categoria Inventor podem participar agricultores, inventores e/ou pequenas oficinas que não se caracterizam como fábricas ou empresas. Ambos precisam estar empregados na agricultura familiar. A categoria é destinada para in-
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ventos de máquinas agrícolas inovadoras. Neste caso, as inscrições podem ser feitas até o dia 28 de fevereiro. Os critérios para seleção são: originalidade e criatividade, praticidade do equipamento em facilitar e agilizar o trabalho no campo, viabilidade de sua fabricação em larga escala, menor impacto social e ambiental e relação custo/benefício. A premiação envolverá troféus e vales-compras. Para a categoria Empresa podem se inscrever empresas expositoras da 18ª Expoagro Afubra, que sejam fabrican-
tes de máquinas, equipamentos e/ou componentes agrícolas, inclusive, sistemas informatizados para o uso no meio rural, produzidos e fabricados no Brasil e voltados à agricultura familiar. O prazo de inscrições encerra no dia 9 de março. O prêmio é uma promoção da Afubra com o Núcleo de Inovação em Máquinas e Equipamentos Agrícolas da Universidade Federal de Pelotas (Nimeq/Ufpel). Esta edição conta com a parceira da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e da Emater/RS-Ascar.
Economia
Exportação
2017: região soma US$ 50 milhões
Fábio Pelinson
jornalismo@oaltouruguai.com.br
C
arne suína, soja, milho e pedras preciosas. Esses quatro produtos foram os que mais embarcaram de municípios da região com destino a diversos outros países, por meio de exportações no ano 2017. Os negócios que partiram daqui para o mundo movimentaram pouco mais de 50 milhões de dólares durante os 12 meses do ano passado. O valor corresponde a um crescimento de 51,2% em comparação ao volume financeiro de operações com o exterior em 2016. Esse aumento na região se deve especificamente a três municípios: Seberi, que saltou de US$ 14,66 milhões exportados em 2016 para US$ 26,7 no ano passado; Palmeira das Missões, que exportou quase US$ 10 milhões em soja e milho, em 2017, e Ametista do Sul, que teve um aumento de 56% no valor de pedras vendidas com o mercado internacional. Na contramão do crescimento do volume de negócios com outros países encontra-se Frederico Westphalen. Com o cenário desfavorável para a principal empresa exportadora de carne suína no município, Frederico Westphalen, que já chegou a exportar US$ 51 milhões em um único ano na última década (2009), negociou menos de US$ 6 milhões no ano passado, uma queda de 6,9% em relação a 2016. A queda nas exportações frederiquenses não foram percebidas no volume da região porque Palmeira das Missões voltou a negociar seus principais produtos com outros países do mundo. Enquanto em 2016 as exportações palmeirenses somaram apenas US$ 52 mil – com destaque para a venda de erva-mate –, em 2017 foram quase US$ 10 milhões, 60% de soja e 40% de milho, que foram para China e Irã. No ano passado, segundo estimativa da Emater, o município teve 82 mil hectares cultivados de soja. As exportações se concentraram nos meses de abril, julho, outubro e novembro, e representaram o maior valor exportado pelo município desde 2004. Seberi também contribuiu decisivamente para o resultado expressivo de 2017, cravando sua estaca como o maior exportador da região, na 57ª posição no Estado. Com
60%
Palmeira das Missões
Histórico da última década*
40% 2017:
PRINCIPAIS DESTINOS
Seberi e Palmeira das Missões lideraram os negócios com o exterior no ano passado devido à comercialização de carne suína e soja
US$ 9.998.325,00
+ 19.900%
em relação ao ano anterior
93º município
China
2008 – US$ 400.030 2009 – US$ 44.800 2014 – US$ 11.524 2015 – US$ 15.006 2016 – US$ 51.956 2017 – US$ 9.998.325
Irã
Produtos: Soja 60% Milho 40%
que mais exporta no Estado
* Nos anos de 2010, 2011, 2012 e 2013 não houve registro de exportações.
74%
Seberi
PRINCIPAIS DESTINOS
2017:
US$ 26.701.629
Histórico da última década*
12% 4,2%
3,8%
+ 82,1%
1,3%
1,1%
2015 – US$ 609.741 2016 – US$ 14.659.142 2017 – US$ 26.701.629
em relação ao ano anterior Hong Kong
Rússia
57º município
que mais exporta no Estado
Frederico Westphalen
Argentina Geórgia Costa do Angola Marfim
Produto: Carne suína
76%
Histórico da última década*
PRINCIPAIS DESTINOS
2017:
US$ 5.994.921,00 14%
- 6,9%
4,1%
em relação ao ano anterior
2,8%
2,2%
105º município
que mais exporta no Estado
*Na última década, Seberi só passou a exportar no ano de 2015.
Rússia Albânia
2008 – US$ 75.000 2009 – US$ 51.332.778 2010 – US$ 35.632.966 2011 – US$ 48.915.132 2012 – US$ 26.212.709 2013 – US$ 25.107.269 2014 – US$ 44.077.868 2015 – US$ 34.669.014 2016 – US$ 6.381.421 2017 – US$ 5.994.921
Uruguai Armênia Paraguai
Produtos: 94% carne suína; 2,3% suportes elásticos; 2,1% legumes; 1,8% máquinas
os negócios concentrados na Rússia (74%) e Hong Kong (12%), a Adelle Foods negociou um volume de US$ 26 milhões, um crescimento de 82,15% em relação a 2016, primeiro ano de atuação da marca. Embora em volume inferior, outros municípios da região que tiveram bons resultados em
2017 foram Ametista do Sul e Planalto, ambos com a comercialização de pedras preciosas. Os dados do Mdic, de janeiro a dezembro do ano passado, ainda confirmam essa reação do cenário econômico observada na região, uma vez que em 2017 as exportações brasileiras voltaram a crescer após cinco sucessivos anos de quedas.
Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic)
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Qualidade de vida
Culinária
Viiva a V
Otimizar o uso do tão desejado sorvete em outras receitas pode ser uma boa pedida para o verão. Por mais que o sorvete seja muito consumido de forma individual, a combinação com outros ingredientes é muito frequente. Sugerimos algumas opções para você variar o cardápio de sobremesas neste verão!
criatividade! TORTA DE SORVETE Ingredientes • 1 caixa de chocolate Bis ou waffler de sua preferência • 1 lata de leite condensado • 3 colheres de chocolate em pó • 1 colher sobremesa de manteiga • 1 kg de sorvete de sua preferência
Modo de preparo Em um recipiente de vidro, pique os chocolates Bis ou o waffler. Distribua o sorvete em bolas, cobrindo todo o pirex, em apenas uma camada. Coloque no freezer. Em uma panela coloque uma lata de leite condensado, o chocolate em pó e a manteiga, leve ao fogo para cozinhar. Quando começar a borbulhar e aparecer o fundo, desligue o fogo e despeje quente sobre o sorvete que está no refratário. Enfeite com chocolate granulado ou raspas de chocolate. Leve novamente ao freezer e retire alguns minutos antes de servir.
COLABOROU:
Luciene Teresinha Duso, Emater/RS de Liberato Salzano
SORVETE DE MILHO VERDE NATURAL Ingredientes • 5 espigas de milho verde • 5 colheres (sopa) de açúcar • 2 latas (das de leite condensado) de leite de vaca • 1 lata de leite condensado • 2 caixas de creme de leite - 200 g cada • 1 colher (café) de essência de baunilha • 1 pitada de sal
Modo de preparo Bata no liquidificador grãos de 5 espigas de milho verde natural, com 2 latas de leite de vaca. Coe e leve ao fogo, sempre mexendo, para engrossar; quando adquirir consistência de mingau, coloque uma pitada de sal e 5 colheres (sopa) de açúcar, espere apurar mais um pouco e desligue. Depois de frio, coloque este mingau no liquidificador com uma lata de leite condensado e 2 caixas de creme de leite, bata e acrescente uma colher (café) de essência de baunilha. Leve ao congelador por cerca de 3 horas e meia, depois retorne ao liquidificador para bater mais e garantir maior cremosidade. Retorne ao congelador, deixando por mais 6 horas antes de servir
COLABOROU:
Lisiane Paula Staggemeier Mattje, Emater/RS de Nova Boa Vista
PUDIM DE SORVETE Calda
Segundo creme
• ½ xícara de chocolate em pó • ½ xícara de Nescau • ½ xícara de água • ½ xícara de açúcar Colocar no fogo e quando começar a borbulhar, contar um minuto. Tirar e despejar na forma de pudim, caramelizando bem a forma. Levar ao freezer.
• 4 claras • 8 colheres de açúcar • 300 g de nata Bater as claras em neve com o açúcar, acrescentar a nata e misturar com o primeiro creme já frio. Despejar na forma de pudim, deixar endurecer, desenformar e conservar no freezer. Tirar 20 minutos antes de servir.
Primeiro creme • 1 lata de leite condensado • 4 gemas • 1 lata de leite de vaca Misturar todos os ingredientes e cozinhar. Deixar esfriar e reservar. 30 | Revista Novo Rural | Fevereiro de 2018
COLABOROU:
Luciene Teresinha Duso, Emater/RS de Liberato Salzano
Saúde
Água para
Cá entre nós
que te quero!
Dulcenéia Haas Wommer
Assistente técnica regional social da Emater/RS- Ascar de Frederico Westphalen E-MAIL: dwommer@emater.tche.br
Quem ama cuida!
Uma hidratação correta garante uma pele saudável, regula o trânsito intestinal ea função renal, entre outros benefícios
M
esmo que muitas pessoas já terem o hábito de levar consigo uma garrafinha de água, ainda existe gente que não costuma beber água na quantidade necessária e acaba prejudicando sua saúde, mesmo sem querer. Isso porque a água representa cerca de 60% a 70% do peso corporal e é indispensável a todas as funções do organismo. – Entre várias funções, a água é responsável pela regulação da temperatura corporal, ajuda na manutenção do volume vascular e possibilita as reações enzimáticas envolvidas na digestão, absorção, transporte e metabolismo. Além de transportar substâncias, como os nutrientes e o oxigênio, para as células, promove a excreção de outras através
dos rins – esclarece a nutricionista Ana Clara Bertoletti. Ainda segundo ela, uma hidratação correta garante uma pele saudável, regula o trânsito intestinal e a função renal, mantém a função articular e permite a otimização de muitas outras funções, contribuindo globalmente para o bem-estar. – Por isso, a água é a bebida eleita como prioridade e deve ser consumida de forma abundante no dia a dia. A ingestão insuficiente de água contribui para que o corpo comece a perder as reservas de gorduras e proteínas e, consequentemente, tenha dificuldades em desempenhar as funções vitais. Diversos órgãos, como o fígado e os rins, deixam de funcionar corretamente – ressalta.
Quantidades diárias médias recomendadas de consumo de água:
CRIANÇAS
BEBÊS
1-3 anos 900 ML
(7-12m)
4-8 anos 1,2 L
600 ML
ADOLESCENTES FEMININO 9-13 anos 1,6 L
ADULTOS
2,3 L
LACTANTES
MULHERES 14-18 anos 1,8 L
(=19 anos)
3,1 L
2,2 L
HOMENS
MASCULINO 9-13 anos 1,8 L
GRÁVIDAS
14-18 anos 2,6 L
(=19 anos)
3,0 L
FAIXA ETÁRIA QUANTIDADE
Ao fazer aquela receita especial, um doce ou um salgado, cada ingrediente tem a medida certa. Nem mais, nem menos. Mas não são apenas pratos saborosos que nos causam sensações agradáveis e de prazer. Se voltarmos ao tempo de namoro, podemos lembrar do frio na barriga, mãos trêmulas, ansiedade para que as horas passassem e assim pudesse chegar logo o momento de encontrar a pessoa amada. Delícia de sentimentos, os mesmos que levaram à decisão do casamento ou qualquer outro tipo de união entre duas pessoas. Não há dominador, nem dominado, apenas paixão e amor. No entanto, muitos relacionamentos ao longo do tempo podem esquecer o que os uniu e dar lugar para outros sentimentos e comportamentos que podem nos fazer sentir infelizes. O grande perigo é ir se acomodando nesta condição, onde a prioridade passa a ser os filhos, a casa, o trabalho, a sobrevivência, enfim. Aos poucos vai surgindo um sentimento de poder sobre o outro e os sinais da paixão, do carinho, do amor vão se apagando, dando lugar a outra situação, bem mais sombria, chamada violência doméstica, onde na maioria das vezes a mulher é a vítima. As estatísticas de violência contra as mulheres são noticiadas a toda hora e elas continuam sendo vítimas de seus parceiros, maridos, companheiros, “ex” ou familiares. É preciso lembrar que somos seres humanos iguais na importância e nas oportunidades. A Constituição Federal de 1988 determinou a igualdade de gêneros: somos diferentes nas questões físicas, nas habilidades, nos talentos, maneira de sentir, gostos, cores e amores. Mas, as diferenças não justificam ou legitimam a desigualdade. A igualdade de gêneros também não abre mão de gentilezas entre as pessoas, sendo elas homens ou mulheres, pois gentileza gera gentileza! Nossa sociedade não tem mais espaço – ou não deveria mais aceitar – para atitudes de machismo, que fazem com que certos homens se sintam superiores às mulheres. Lembre-se que a violência doméstica contra as mulheres é “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”, segundo a Lei 11.340, art. 5. Nas classificações de violência está a psicológica, que é a diminuição da autoestima da mulher, perturbação, humilhação, insultos, isolamento, perseguição, ameaças. Outro exemplo: violência moral, calúnia, injúria, difamação. Também existem a violência física: chutes, empurrões, tapas, socos, toda a forma de castigos, privações e\ou atos que causem lesões corporais; violência sexual: presenciar, manter ou participar de relação forçada, te pressiona, te exige práticas que você não gosta, se nega a usar preservativos, te nega o direito de usar preservativos; e violência patrimonial e econômica: destruição de bens, retenção de dinheiro ou divisão dos lucros de forma desigual, não deixar trabalhar, ocultar bens e propriedades. Cuidado! A violência pode estar tão perto ou dentro das nossas casas. Lembre-se também que o empoderamento e a autoestima passam pela renda. Mulheres, não podemos mais achar que não podemos! A mulher é tão diferente do homem quanto o homem é diferente da mulher. Vamos usar as diferenças para somar, respeitar, entender o potencial de cada um e não se submeter à discriminação e desvalorização. Lembrem-se: um direito não é o que alguém deve te dar. Um direito é o que ninguém pode te negar. Por isso, se chamam direitos e não favores! Além disso, funciona como naquela máxima da música de Caetano Veloso, “quando a gente ama é claro que a gente cuida”, não é mesmo?! Sobre qual assunto você quer que eu escreva? Mande sua sugestão para o WhatsApp (55) 9.9624.3768
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Campo Aberto
Geral
>> Vacinação dos equinos precisa estar em dia Gracieli Verde/Arquivo Jornal AU
>> Taquaruçu do Sul se prepara para a 14ª Feira do Peixe
A
14ª edição da Feira do Peixe de Taquaruçu do Sul já está sendo moldada. Segundo o secretário de Agricultura do município, Tiago Pessotto, ainda em fevereiro a programação será divulgada. As atrações ocorrem entre os dias 24 e 27 de março, nos arredores da praça da igreja católica matriz. “O evento terá espaço para o comércio em geral, artesanato, para a agricultura familiar, além da tradicional Mostra da Terneira”, adianta. A expectativa é que sejam comercializadas entre 10 e 15 toneladas de peixe. A realização do evento é da Prefeitura de Taquaruçu do Sul, com o apoio de diversas entidades. Debora Theobald/Arquivo AU
Programa Nacional de Sanidade de Equinos tem orientações sobre a imunização dos animais
G
arantir o bem-estar dos equinos, seja para o trabalho no dia a dia ou para aqueles que são atletas, é requisito básico para ter animais sadios. Já a sanidade também está ligada à imunização dos animais, que o produtor pode adotar conforme as orientações do seu veterinário de confiança. Uma das recomendações é que neste início do ano, em especial em fevereiro, seja feita a vacinação contra gripe equina, encefalomielite equina, tétano, raiva e garrotilho. Isso deve ser adotado, em especial, por quem submete os animais a aglomerações e ao transporte, o que acaba expondo-os à disseminação de doenças.
A raiva e encefalomielite, por exemplo, são transmitidas por um vírus. Essas enfermidades atingem o sistema nervoso dos animais, provocando uma série de distúrbios neurológios, que, na maioria das vezes, levam o animal a óbito. Além disso, por serem zoonoses, essas doenças podem contaminar os humanos. No Brasil, a vacinação dos equinos tem normas por meio do Programa Nacional de Sanidade de Equinos (PNSE). Este registra quais são as vacinas obrigatórias, como por exemplo, a de influenza equina, e quais enfermidades necessitam de notificação compulsória. Na dúvida, converse com um médico-veterinário.
Expectativa é de comercializar entre 10 e 15 toneladas de peixe
Gracieli Verde/Arquivo NR
>> Expodireto Cotrijal 2018 será no início de março
C
om expectativa de repetir os resultados de 2017 em relação aos negócios, a Expodireto Cotrijal 2018 será lançada no dia 6 de fevereiro, em Porto Alegre, um mês antes da feira, marcada para o período de 5 a 9 de março, em Não-Me-Toque. Serão mais de 500 expositores distribuídos em 84 hectares. Entre os destaques estarão soluções para a agricultura e a pecuária. Outro espaço importante é o destinado a produtos da agricultura familiar. Extensionistas da Emater/RS da região também estarão no evento, inclusive vários deles têm auxiliado na organização de alguns espaços, a exemplo do cooperativismo e do turismo rural. Caravanas da região devem se deslocar à feira, como ocorre a cada edição. Você deve procurar a Secretaria de Agricultura ou o escritório da Emater/RS do seu município, ou até mesmo a sua cooperativa ou o sindicato, para demonstrar o interesse em participar.
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Em 2017 evento recebeu mais de 240 mil visitantes
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Geral
Divulgação Adriano Dal Chiavon/Jornal O Alto Uruguai
Taturana é uma das lagartas mais temidas nesta época
Na foto, prefeitos que compõem a nova gestão da entidade
>> Longe dos animais peçonhentos
>> Gilson de Carli preside a Amzop em 2018
O
prefeito de Liberato Salzano, Gilson de Carli (MDB), foi o escolhido entre os prefeitos do partido emedebista para assumir a presidência da Associação dos Municípios da Zona da Produção (Amzop) neste ano. A assembleia-geral ordinária que definiu a nova diretoria da entidade foi realizada no fim de janeiro, em Seberi. De Carli substitui o prefeito de Rondinha, Ezequiel Pasquetti (PP), que presidiu a entidade em 2017.
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Tesoureiro – Leonir Koche (PSDB), de Erval Seco Conselho Fiscal Titulares: Luiz Carlos Panosso (MDB), de Palmitinho, Antônio Vilson Bernardi (PP), de Iraí e Elton Tatto (PDT), de Pinheirinho do Vale Suplentes: Miguel Gasparetto (PT), de Ronda Alta, Carlos Reginaldo Santos Bueno (PSB), de Boa Vista das Missões e Valmir Luiz Menegatt (PSDB), de Taquaruçu do Sul
>> Expofred 2018 terá destaques no setor agropecuário
C
Gracieli Verde/Arquivo Jornal AU
esta época do ano o calor intenso favorece o aparecimento de insetos e animais peçonhentos, como lagartas, cobras e aranhas. É importante que se tome cuidado, pois alguns acidentes podem ser fatais. Em janeiro, inclusive, se viu notícias de um caso de morte no Oeste de Santa Catarina, alguns dias após uma mulher encostar-se a uma lagarta, possivelmente uma taturana. Conforme informações da Vigilância Ambiental, que integra a 19ª Coordenadoria Regional de Saúde de Frederico Westphalen, é recorrente que lagartas, como a taturana sejam encontradas na região. Felizmente, por aqui o número de acidentes é baixo – dois casos entre 2016 e 2017. Mesmo assim, é importante intensificar as medidas preventivas. Cuidados ao fazer a manutenção do jardim e mesmo no trabalho na lavoura são essenciais para evitar problemas. Usar botas e roupas que protejam maior parte do corpo também são uma forma de prevenção. Se mesmo assim passar por algum incidente, é importante procurar atendimento médico imediato, para evitar que quadros mais graves sejam registrados e tragam consequências irreversíveis. Tendo em vista que também é época de férias e a criançada gosta de brincar ao ar livre, é fundamental monitorar os pequenos nesse sentido.
Veja quem compõem a nova diretoria da Amzop Presidente – Gilson de Carli (MDB), de Liberato Salzano Primeiro vice-presidente – Edmilson Pelizari (PP), de Pinhal Segundo vice-presidente – Eduardo Russomano Freire (PDT), de Palmeira das Missões Primeiro secretário – Nelson Grassieli (PT), de Pontão Segundo secretário – Adenilson Della Paschoa (PSB), de Novo Tiradentes
Emater/RS mais uma vez marcará presença na feira com um amplo espaço
om quase 100% do estandes comercializados até o fim de janeiro, a Expofred 2018 já confirma sucesso em mais uma edição, agendada para ocorrer entre 27 de abril e 1º de maio, no Parque de Exposições Monsenhor Vitor Batistella, em Frederico Westphalen. Mais uma vez um dos destaques será o setor agropecuário, que a cada edição mostra com mais clareza a sua importância para a economia regional na feira frederiquense. Na Via Tecnológica da Suinocultura serão oito espaços destinados para empresários
do setor, que mostrarão novidades em produtos e serviços. O setor ainda contará com exposição de técnicas como a hidroponia para a área de horticultura. Já na área de leite, haverá exposição de terneiras, inclusive com uma fase municipal. A Emater/RS-Ascar estará presente na feira, com a equipe técnica recebendo os visitantes. Diferentes atividades serão expostas, inclusive um espaço especial para demonstração de filetagem de peixe, além do Pavilhão da Agroindústria Familiar, Pavilhão do Artesanato e do Espaço do Cooperativismo.
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Ações que inspiram
Resíduos Sede do consórcio, em Trindade do Sul
Pessoas mais conscientes em relação ao lixo Para finalizar a série “Sustentabilidade”, veja dicas importante para separar corretamente os resíduos, além de um modelo de uma composteira caseira Gracieli Verde
revistanovorural@oaltouruguai.com.br
O
destino adequado de resíduos, sejam eles sólidos, orgânicos ou rejeitos, deve ser pauta recorrente no dia a dia. Afinal, é preciso tornar hábito boas práticas nesse sentido, uma vez que isso interfere na saúde e no bem-estar das pessoas, além de repercutir no meio ambiente. Por isso, a Novo Rural também se desafia a trazer esse tema – inclusive é a proposta desta série. Nesta edição, trazemos a última reportagem da série “Sustentabilidade”, ressaltando o posicionamento do Consórcio Intermunicipal de Cooperação em Gestão Pública (Conigepu), cuja sede está localizada em Trindade do Sul. Nossa expectativa é que outros
bons exemplos possam colocar o tema no debate novamente em oportunidades futuras. O trabalho de base nas ações e na conscientização em Gramado dos Loureiros, por meio de parceria entre Emater/RS, prefeitura e comunidade, mais uma vez é destacada pelo diretor-administrativo do consórcio, Valdemir Zorzi, respaldando pela bióloga Juciane Negri. O incentivo ao uso de composteiras, por exemplo, reduziu a quantidade de resíduos orgânicos que chegam à central. Foi o que também serviu de inspiração para a equipe que atua em Trindade do Sul, bem como aos demais municípios, com o apoio dos prefeitos consorciados ao Conigepu e do presidente do consórcio, Odair Pelicioli, que deram ênfase ao projeto e desenvolveram diversas ações.
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>> Cada um com a sua responsabilidade O diretor-administrativo ressalta que projetos como este são de suma importância para a sensibilização das pessoas. – Faz com que cada um reflita sobre sua responsabilidade com o meio ambiente. Cada setor tem a sua responsabilidade e precisa fazer sua parte para que tudo funcione corretamente na gestão de resíduos. A prefeitura é responsável pela coleta, mas o cidadão tem a obrigação de separar na sua casa os resíduos que gera, garantindo assim mais qualidade de vida e um ambiente saudável e equilibrado – defende. A bióloga Juciane Negri reforça que
a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos é a referência para toda a gestão dos resíduos sólidos no país, portanto, precisa ser amplamente divulgada e executada. – É através de projetos como este, que envolvem a comunidade, que é possível fazer com que as informações cheguem a cada cidadão e se incentive cada um a adotar atitudes simples, como a de separar os resíduos, reduzir, reutilizar e dar o destino adequado para tudo o que é gerado, destinando para o aterro sanitário somente rejeito, resultando assim num desenvolvimento sustentável para a sociedade – completa.
Conigepu/Divulgação
Sustentab lidade E S P E C I A L
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O SICREDI NA MINHA VIDA
Faça a separação correta do lixo!
Histórias de
Mesmo quem reside no interior precisa levar isso em consideração, porque só assim se viabiliza um coleta nas comunidades, uma vez que os resíduos orgânicos, por exemplo, podem ser usados em composteiras. Temos dicas para você observar na hora de fazer essa separação.
Resíduo orgânico
Cascas de frutas e legumes, erva-mate, restos de alimentos e demais resíduos úmidos.
Rejeitos
Resíduo seco (reciclável): Plásticos, papéis secos, metais, vidros, enfim, tudo o que é reciclável.
Atenção! • Pilhas, baterias e lâmpadas devem ser entregues nos pontos de coletas (ecopontos), disponíveis no comércio local, para posterior destinação aos aterros industriais.
• Resíduos de oficinas e borracharias: (pneus, para-brisas, filtros, embalagens de óleos e graxas, etc.) devem ser encaminhados aos aterros industriais.
• Medicamentos vencidos, materiais perfuro-cortantes (agulhas e lâminas de barbear) devem ser entregues nas unidades de saúde.
• Eletroeletrônicos: devem ser encaminhados aos ecopontos para posterior destinação.
• Óleo de cozinha: entregar em ecopontos disponíveis, para o destino ambientalmente correto.
• Embalagens de agrotóxicos: devem ser encaminhados aos locais de compra.
Para você que quer fazer uma composteira • Para se fazer a compostagem é necessário um tambor de plástico com tampa (na qual deve ser feito uma pequena perfuração para que não acumule água) de 50, 100 ou 200 litros, dependendo da demanda.
• Acrescente sobre o composto diariamente um pouco de terra, serragem ou cal virgem para controlar as moscas. • Quando a composteira estiver cheia até o nível do solo, retire o tambor e cubra o composto com a terra. Aguarde em torno de 90 dias e o adubo estará pronto para ser utilizado em hortas, pomares e jardins.
E
sta é uma história “de pai para filho”, pois Cleber Luiz Bridi seguiu os passos do pai, Denis Bridi, seu maior exemplo. “Há mais de 20 anos que meu pai trabalha com a atividade leiteira. Quando me formei na escola agrícola, eu não queria seguir na atividade, mas após um estágio fiquei convencido que era isso que eu queria. Comecei, com o apoio do meu pai, a trabalhar com a atividade leiteira. Hoje tenho amor pela atividade. Atualmente também plantamos em torno de 500 hectares, temos uma pocilga de 500 suínos e, agora, com o apoio da Sicredi Grande Palmeira, temos o galpão de composto para 100 animais. Eu acredito que a diversificação na propriedade é muito importante, porque agora que estamos passando por uma estiagem, uma coisa vai agregar a outra”, destaca o filho. Bridi lembra que o Sicredi em Dois Irmãos das Missões começou pequeno, assim como ele na atividade leiteira, mas aos poucos ambos foram se desenvolvendo e crescendo juntos. “No começo eu tinha pouca movimentação, abri uma conta somente para receber o crédito do leite e com o tempo e o apoio do Sicredi eu fui me desenvolvendo. Na minha percepção, a alavancada maior da Sicredi Grande Palmeira aconteceu nestes dois últimos anos. Percebo que o pessoal começou a acreditar mais no Sicredi aqui em Dois Irmãos. No Sicre-
di eu sou o Cleber, não somente mais um número, pois você chega à agência e o pessoal te conhece, sabe da tua realidade, além do que, a gente participa das decisões. Há pouco tempo participei de uma reunião, pude dar a minha opinião, as minhas sugestões de melhoria. A atual gestão está no caminho certo e a gente sempre torce para que melhore cada vez mais. Quando nós, associados, realizamos nossos negócios temos que fazer no Sicredi, pois ele é nosso e participamos do resultado da cooperativa”. Para o futuro, Cleber quer continuar a desenvolver a sua propriedade e seguir com o ideal cooperativista que aprendeu com seu pai, e também quer continuar contando com o Sicredi para isso. “No futuro tenho planos de investir mais, principalmente, na atividade leiteira, que é uma coisa que eu gosto muito, e sei que o Sicredi estará do meu lado. Também continuar trabalhando em cooperação, que é algo que acredito que traz bons resultados.
Prova disso é a parceria que tenho com mais dois primos, onde unimos a nossa produção de leite para vender e juntos entregamos ao mês mais de 200 mil litros de leite. Também estamos comprando medicamentos e outras coisas juntos. Para fazer silagem também contratamos uma máquina para uso comum dos primos e outros amigos produtores, e conseguimos um preço melhor. Trabalhamos como uma cooperativa", comenta Bridi. Cleber diz que vai seguir indicando o Sicredi para os seus amigos. “Indico e sempre indicarei o Sicredi para os meus amigos, pelo relacionamento e atendimento diferenciado que o Sicredi tem conosco, associados. Quando penso em uma indicação sempre tomo muito cuidado para indicar uma boa pessoa, que vá honrar com seus compromissos, afinal, o Sicredi é nosso. Se ir bem, isso reflete nos associados e nas comunidades de forma positiva, é uma corrente”, finaliza Cleber.
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• Corte a parte inferior do tambor. Faça a abertura no solo para enterrá-lo, deixando uma pequena parte, aproximadamente 20 cm, exposta.
• Deposite ali toda matéria orgânica produzida diariamente.
Cleber Luiz Bridi, 31 anos, é associado da Sicredi Grande Palmeira, agência de Dois Irmãos das Missões, há 12 anos Divulgação
Fraldas, papel higiênico, absorventes, papéis engordurados, bitucas de cigarros e chiclete.
desenvolvimento e cooperação
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sicredi.com.br
Com a poupança do Sicredi, você e o seu agronegócio prosperam juntos.
Poupança no Sicredi
Quando você poupa com a gente, o seu dinheiro é destinado ao Crédito Rural. Com isso, a sua região se fortalece, sua cooperativa e sua propriedade crescem e você ainda participa dos resultados. Mais recursos
Traga sua poupança para o Sicredi e venha crescer com a gente. Saiba mais em sicredi.com.br SAC - 0800 724 7220 / Deficientes Auditivos ou de Fala - 0800 724 0525. Ouvidoria - 0800 646 2519.
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Crédito Rural