Revista Novo Rural | Fevereiro 2019

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1 | Revista Novo Rural | Fevereiro de 2019


Carta ao leitor ALEXANDRE GAZOLLA NETO

Professor e empresário do agronegócio, diretor da Novo Rural

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agropecuária brasileira produz, atualmente, alimentos para mais de 1 bilhão e 190 mil pessoas. A população do brasil é de 230 milhões, nesse sentido temos uma sobra de produção que precisa ser alocada no mercado externo. Para isso, as empresas do agronegócio precisam dedicar mais atenção e planejamento para conquista destes mercados consumidores. Não são necessários só bons produtos, mas sim um conjunto de ações e estratégicas integradas, que fortaleçam os produtos e serviços junto à consumidores globais.

“Cada país tem uma vocação e o agronegócio é a vocação do Brasil.”

Existem vários desafios associados aos sistemas de produção agropecuários: frete, logística, crédito, insegurança jurídica, volatilidade do câmbio e falta de policiamento na zona rural. Ainda assim, o setor conseguiu o que parecia impossível, mantendo resultados positivos em anos “complicados” para a economia do país. Iniciamos 2019 com grandes perspectivas no agronegócio, com o encaminhamento de novas políticas públicas em nível estadual e federal. Porém, não podemos deixar de inovar e buscar novas oportunidades, investindo em tecnologia, otimizando processos de produção e em qualificação profissional.

Competitividade e sustentabilidade das cadeias produtivas agropecuárias, contribuindo para ciclos virtuosos de desenvolvimento. A agropecuária brasileira do futuro deve estar centrada em investimentos para cada vez mais aumentarmos a profissionalização das atividades, o desenvolvimento de estratégias sustentáveis que proporcionem o uso racional de recursos e a maximização dos rendimentos. Essas ações só serão possíveis se focarmos em:

Garantir o abastecimento do mercado interno e a ampliação constante das exportações. Promover a geração de emprego e renda, com efeitos positivos para frente e para trás na cadeia de valor. Processos alicerçados no conhecimento técnico. Capacidade de antecipação de riscos, de oportunidades e de desafios. Projetos coordenados de decisão e ação entre os diferentes agentes que integram o setor.

Dando continuidade ao ciclo de inovação, estamos com inscrições abertas para o curso de Qualificação em Agricultura de Precisão e Gestão da Variabilidade da Lavoura, que surge com o objetivo de qualificar agricultores e profissionais do agronegócio brasileiro. O mesmo terá uma duração de 100 horas/ aulas, desenvolvido em cinco módulos presenciais de 20 horas cada, em Frederico Westphalen/RS.

Além disso, nesta edição desenvolvemos diversos panoramas relacionados ao setor agropecuário. A seção Agricultura traz, entre outros temas, o atual estágio das lavouras de soja, o início da colheita do milho e a expectativa de produtividade. Na Pecuária destacamos um projeto de destinação de dejetos suínos no município de Frederico Westphalen e o planejamento forrageiro na produção de leite. Entre outros temas, trazemos uma matéria sobre a viticultura na região de em Mendoza, na Argentina, através do trabalho do Inta, o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária do país vizinho. Outro destaque desta edição é a cobertura do 1º Tour Tecnológico do projeto Construindo e Desafiando a Produtividade, na Fazenda Vila Morena, em Boa Vista das Missões. Vale a pena saber mais sobre o manejo adotado por este grupo de produtores.

Uma excelente leitura!

A revista Novo Rural é uma publicação realizada em parceria com Circulação Mensal

Tiragem

13 mil exemplares

Fone: (55) 3744-3040 Endereço: Rua Garibaldi, 147, sala 102 - B. Aparecida 2 | RevistaFrederico Novo Westphalen/RS Rural | Fevereiro de 2019

Convênio:

ABRANGÊNCIA: Alpestre, Ametista do Sul, Barra Funda, Boa Vista das Missões, Caiçara, Cerro Grande, Chapada, Constantina, Cristal do Sul, Dois Irmãos das Missões, Engenho Velho, Erval Seco, Frederico Westphalen, Gramado dos Loureiros, Iraí, Jaboticaba, Lajeado Do Bugre, Liberato Salzano, Nonoai, Nova Boa Vista, Novo Barreiro, Novo Tiradentes, Novo Xingu, Palmeira das Missões, Palmitinho, Pinhal, Pinheirinho do Vale, Planalto, Rio dos Índios, Rodeio Bonito, Ronda Alta, Rondinha, Sagrada Família, São José das Missões, São Pedro das Missões, Sarandi, Seberi, Taquaruçu do Sul, Três Palmeiras, Trindade do Sul, Vicente Dutra e Vista Alegre.

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Alexandre Gazolla Neto Patricia Cerutti

Gracieli Verde

Cíntia Henker

Juliana Durante

Cristiano Gehrke

Fabio Rehbein, Laís Giovenardi e Tainara Schneider


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Giro pelo agronegócio Victória Vieira Bertagnolli, de Palmeira das Missões/RS

Doutora em Agronomia, atua na Ruraltek Planejamento e Assessoria “Aqui na região de Palmeira das Missões a semeadura de soja está praticamente finalizada, restando algumas áreas que receberão soja para a safrinha. O estabelecimento inicial das lavouras de soja foi prejudicado pela precipitação em grandes volumes próximo a semeadura, gerando maiores problemas em solos compactados, declives e/ou locais que tendem a acumular mais água, como partes baixas e planas. Parte dos problemas foi explicado pela presença de fungos de solo que acometem o desenvolvimento inicial da cultura, como Phytophthora, o qual tem sua infecção favorecida na presença de água livre no solo e temperaturas amenas. Em novembro ocorreu a maior parte da ressemeadura. O início de dezembro foi marcado por estiagem, mas atingindo em maior proporção soja no estádio vegetativo, trazendo poucas consequências para a produtividade na região. Apesar das lavouras de soja estarem bonitas, provavelmente haverá limitação de produtividade em alguns locais devido à baixa população de plantas. A maior parte das lavouras da região se encontra em fase de florescimento e enchimento de grãos, e a expectativa de produtividade é boa em função da disponibilidade hídrica. No entanto, a preocupação com doenças e insetos também deve aumentar.”

Tiago André Sliwinski, Erechim/RS

Engenheiro-agrônomo e consultor comercial na Sementes Estrela “Após implantação da cultura da soja com grandes dificuldades, necessidade de ressemeadura em várias e diversas regiões, as lavouras tiveram um período vegetativo inicial satisfatório. Porém, a primeira quinzena de janeiro, de suma importância para a realização de tratos culturais voltados a prevenção de pragas e doenças, foi prejudicada pelo excesso de chuvas. Muitas áreas encontram-se com as aplicações de fungicidas e inseticidas com intervalos de aplicações acima do recomendado. Sem falar que em algumas áreas da metade Sul do Estado se vê perdas acima de 60% em função de enchentes em áreas de várzea. De agora em diante, faz-se necessária atenção aos tratos culturais, uso de produtos recomendados e com eficácia comprovada, bem como cuidado no emprego de tecnologias de aplicação adequadas e de qualidade. O potencial produtivo inicial já foi lançado com o uso de sementes de alto vigor e escolha de cultivares adequadas para as diferentes épocas e regiões, precisamos evitar e controlar qualquer redutor de produtividade, para assim alcançarmos o teto produtivo desejado.”

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Marcio Witter, de Sarandi/RS

Gerente-técnico e RT Sementes da Sementes Cotrisal “A partir da consultoria e monitoramento, encontramos lavouras de soja nos mais diversos estádios de desenvolvimento, desde emergência até mesmo em maturação fisiológica, justificado pela ampla aptidão das variedades, pelas condições climáticas adversas ocorridas no período ideal de semeadura o que determinou escalonamento e também por termos áreas com “safrinha”, seja em áreas após milho utilizado para silagem ou milho hiperprecoce colhido recentemente. A maioria das áreas implantadas com a cultura da soja, nesta safra 2018/2019, apresentaram problemas de estabelecimento causados pela combinação de condições climáticas e solos com baixa capacidade de drenagem ou absorção de água, o que resultou em falhas na emergência e morte de plântulas por ataque de fungos. Problemas relacionados a estabelecimento da soja, na maioria das áreas, não tiveram relação com germinação ou vigor de sementes certificadas pois os multiplicadores, cada vez mais, buscam melhorar e intensificar o controle e qualidade, porém torna evidente a necessidade de melhorar as práticas de manejo de solo com incremento de palhada, rotação de cultura e descompactação de solo, para que esses problemas sejam eliminados ou amenizados na continuidade do “plantio direto na palha” nas próximas safras. Quanto à cultura já implantada, devemos focar no manejo de pragas principais onde lagartas e percevejos se destacam e manejo de doenças no qual a atenção é dividida em DFCs, mofo branco e ferrugem asiática. Independente de pragas ou doenças, as boas práticas indicam a necessidade de evitar a entrada destas na lavoura, utilizando produtos preventivos ou dedicar o esforço em manter a população ou inóculo em níveis baixos evitando prejuízos. Nesse contexto se faz necessário um conjunto de atividades onde podemos destacar o monitoramento das áreas e diagnose, reaplicação de produtos em intervalos recomendados, geralmente entre 12 a 15 dias, utilizar reforço e combinação de produtos e rotacionar ou alternar diferentes princípios ativos com objetivo de combater o complexo de pragas e doenças, pois assim como o clima está favorável para o desenvolvimento das culturas da mesma forma contribui para aparecimento, desenvolvimento e maior agressividade dos patógenos.”

Guiverson Ferreira Bueno, Lucas do Rio Verde/MT

Produtor rural e acadêmico de Agronomia “A colheita da soja aqui na região Norte do Mato Grosso iniciou cedo para muitos produtores, que já começaram a plantar o milho em 2 de janeiro e outros iniciando o plantio do algodão. As produtividades estão de 10% a 15% menor que o esperado para a região. A mosca branca não foi uma praga preocupante nesta safra para os produtores que plantaram a soja ainda em setembro e colheram começo de janeiro. Já os que ainda têm soja em estágio reprodutivo estão sentindo uma alta pressão da praga. A ferrugem não chegou a incomodar grande parte das lavouras de soja, apenas algumas áreas que chegaram apresentar sintomas em pontos isolados. Os produtores têm que se atentar muito ao manejo do solo, pois os nematóides estão causando grandes perdas de produtividade, além de ficarem atentos também à vaquinha e aos percevejos no arranque do milho.”


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Agricultura

FRUTAS

Gracieli Verde

Melancia para refrescar o verão e aquecer a renda Produtor Miguel Lopes, de Palmitinho, é um dos agricultores que investem na produção de melancia há cerca de cinco anos

Na região, produtores familiares também investem na cultura

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os meses de intenso calor, como dezembro e janeiro, uma das frutas mais procuradas pelos consumidores é a melancia. Ideal para manter a hidratação do corpo pela alta concentração de água, é de sabor intenso e doce, o que também atrai paladares. Segundo dados do Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul, o Estado é o maior produtor nacional de melancia, atividade mantida principalmente em propriedades de pequeno porte e por agricultores familiares. Ainda segundo o documento, a produção média gaúcha para o triênio 2013-2015 foi de 405.501 toneladas/ano, que representou 19% da produção nacional. Os municípios maiores produtores de melancia no período foram Encruzilhada do Sul, com 77.333 toneladas/ano; Rio Pardo, com 51.333 toneladas/ano; e Triunfo, com 34.267 toneladas/ano. Na região, por mais que o movimento de produção entorno da melancia seja tímido, alguns produtores têm visto na atividade um complemento de renda. Municípios como Palmitinho, Liberato Salzano, Alpestre, Erval Seco, Nonoai, Rodeio Bonito, Caiçara e até Frederico Westphalen já contam com agricultores que cultivam a fruta. Na linha Guarita, interior de Palmitinho, o agricultor Miguel Lopes tem investido na produção. Mesmo em um cenário de preços estáveis e de custos de produção em alta,

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ele acredita que é um importante complemento de renda na propriedade de 10 hectares. Ele e a esposa Vanderli também possuem uma pocilga, com capacidade para 800 suínos por lote na terminação. No período de férias da faculdade da filha, Fabiana, de 21 anos, ela também auxilia a família, inclusive vendendo as frutas na cidade. – Uma das vantagens é que temos adubo em maior quantidade, porque usamos os dejetos nas lavouras. Nosso solo está bem nutrido, o que facilita a produção. Isso ajuda a controlar os custos, porque outros insumos só aumentaram os últimos anos – conta o produtor. Hoje o foco da família Lopes é atender clientes de Palmitinho, que já representa um mercado importante, com uma população de sete mil habitantes, grande porcentagem residindo na cidade. Nesta safra 2018/2019 o produtor cultivou dois hectares com a cultura, com uma estimativa de colher 25 toneladas no total. De olho no que a clientela quer, o produtor investe em variedades híbridas e precoces e que sejam mais agradáveis ao paladar. “O cliente quer melancia fresca e doce. Isso é essencial para que ele sempre procure pelo nosso produto”, ressalta. Segundo Lopes, nos últimos anos ele vem avaliando que variedade mais têm agradado ao público. “Para a próxima safra vamos selecionar ainda mais essas variedades, para termos frutas com ainda mais qualidade”, revela, citando inclusive que troca ideias com produtores de outras regiões para ver qual é a tendência no consumo da melancia.

Aumento na área Em Erval Seco, o produtor Fernando Câmara de Souza cultivou 1,3 hectare de melancia na safra 2018/2019. Para o próximo ciclo, a expectativa é cultivar 2,5 hectares. “Cultivamos em maior quantidade há dois anos e nossa produção tem variado muito, conforme o clima. Na safra passada somamos 18 toneladas e agora deveremos chegar a 30 toneladas”, exemplifica. Segundo ele, o preço médio tem ficado entre R$ 0,80 e R$ 0,90 por quilo. Souza considera que este valor muito parecido com o do ano passado, já na produção foi bem melhor. Ainda em relação ao mercado, o produtor acredita que é preciso estar articulado para não ter problemas. Buscar o próprio mercado é uma estratégia, sem depender de atravessadores.


Agricultura

FRUTAS

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Você sabia?

Um dos diferenciais que o produtor Miguel Lopes tem é no modo de plantio, além da irrigação – esta não pode faltar para viabilizar a produção. Hoje ele adota o sistema de plantio direto, que tem tornado a produção mais agroecológica. A aveia usada para formar a camada de palha, por exemplo, não é dessecada, ela morre naturalmente e também auxilia no controle de ervas daninhas. Além disso, na adubação o uso de dejetos de suínos também soma na fertilidade do solo. – A gente vê uma preocupação em ter frutos de qualidade e com uma postura muito responsável diante do que é vendido ao consumidor. Esse manejo mais agroecológico também prevê o sombreamento para as frutas, com o uso de pontos com milho. Isso garante mais qualidade na fase de maturação da fruta – comenta o técnico agropecuário Alex de Mello Rubin, da Emater/ RS-Ascar de Palmitinho. Ele e o colega Luan Jaques da Costa, que também é técnico agropecuário, atendem essas famílias produtoras com assistência

– O cultivo da melancia se dá em quase todas as regiões tropicais, subtropicais e temperadas do planeta. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a China é atualmente o maior produtor mundial, seguida pela Turquia, Irã e Brasil.

técnica por meio da instituição. Hoje, uma das dificuldades para este tipo de produção, segundo Lopes, é a falta de mão de obra. Trata-se de uma atividade bastante rústica, que exige colheita manual, por exemplo, entre outros manejos durante o ciclo. A deriva de defensivos agrícolas de outras propriedades também tem sido um desafio, segundo o produtor. Outra questão envolve a parte comercial. – Vem muito vendedor de fora e acaba barganhando parte da clientela por causa do preço. Nós não temos como vender por menos de R$ 1 por quilo da fruta, na média. Isso é uma questão que nos incomoda. Claro que, para compensar, buscamos sempre ter uma fruta de mais qualidade e sabor. É isso que o cliente quer – afirma. De qualquer forma, é unânime entre assistência técnica e produtor que a fruta tem mercado e que cada vez mais o consumidor prima por qualidade, fatores que podem ser uma oportunidade para quem tem vocação em trabalhar com a terra.

Divulgação

Plantio direto e irrigação

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Agricultura

MILHO

“Apesar daquele período de pouca chuva, estamos tendo safra cheia”, exclama o produtor Cezar Augusto Noro, de Seberi

A

pesar de alguns sustos do clima nesta safra – como a falta de chuva em parte de dezembro e depois precipitações praticamente diárias em janeiro –, o milho tem gerado um clima de otimismo entre maior parte dos agricultores contatados pela Novo Rural na segunda quinzena do mês passado, quando a colheita seguia em ritmo acelerado – quando São Pedro permitia! Por mais que em algumas áreas o produtor sabe que o rendimento por hectare poderia ser maior, o resultado tem sido satisfatório. Até o dia 31 de janeiro, 23% da área de milho do Estado estava colhida, segundo a Emater/RS. – Ano passado tivemos uma média de 170 sacas por hectare e nesta safra estamos passando dos 180 sacas/ ha. É uma boa produção, não se pode reclamar, até porque neste ciclo tivemos menos incidência de pragas e doenças, apenas um pouco de percevejo na fase inicial – diz o produtor Ivo Augusto Giongo, que cultivou 26 hectares de milho em Seberi. Ele e o filho Ronaldo estão satisfeitos com a cultura. Assim que colhiam o milho, já estavam efetuando a semeadura da soja safrinha. Ainda mais satisfeito com a safra, o agricultor Cezar Augusto Noro, que tem áreas em Seberi e Boa Vista das Missões, somando quase 60 hectares de milho, tem colhido 214 sacas por hectare, mais que os 188 sacas do ciclo anterior. No dia 30 de janeiro metade da área de Noro estava colhida. “Apesar daquele período de pouca chuva para a cultura, estamos tendo safra cheia”, exclama. Em vários municípios a colheita evoluiu bastante nos últimos dias de janeiro. “Por aqui temos praticamente 20% da

Gracieli Verde

Área de milho nas microrregiões do Médio Alto Uruguai e Rio da Várzea

94 mil hectares

99 mil hectares

83,3 mil hectares

88,15 mil hectares

2015/2016

2016/2017

2017/2018

2018/2019

*Dados da Emater/RS

área colhida”, estima o extensionista Luciano Miglioransa, da Emater/RS de Ronda Alta. Por lá, os tetos mais produtivos têm chegado a quase 190 sacas por hectare, mas se espera fechar uma média geral de 150 sacas/ha no município, conforme a Emater/RS. Para a FecoAgro/RS – entidade que também monitora a cultura principalmente em relação ao mercado –, por mais que o milho não ocupe tanto espaço nas lavouras gaúchas, a tecnologia empregada é cada vez melhor, o que repercute na produtividade. A amplitude na janela de plantio do milho é citada como grande vantagem pelo presidente, Paulo Pires, pois se começa a plantar em agosto, em regiões mais quentes, especialmente na costa do Rio Uruguai, e depois vai evoluindo até ir para áreas mais frias, como os Campos de Cima da Serra. Nesta safra 2018/2019, de acordo com levantamento de janeiro da Conab, a área de milho soma 753,9 mil hectares no Estado. Na região do Médio Alto Uruguai e do Rio da Várzea a Emater/RS estima uma área de 89 mil hectares.

Produtividade das lavouras tem se mantido em alta em áreas mais favorecidas pelo clima e com mais tecnologia empregada

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Gracieli Verde

Colheita evolui com boa produtividade Ivo Augusto Giongo, de Seberi, já estava semeando a soja safrinha na resteva do milho

Diferentes ambientes de produtividade O engenheiro-agrônomo Jonas Michta, que integra a equipe técnica da AgroBella, explica que na região a produtividade tem variado bastante de um município para outro, o que ocorre naturalmente pelos distintos ambientes de produção. – Nas áreas de municípios costeiros ao Rio Uruguai, o plantio da cultura do milho é feito mais cedo, com possibilidade de uma segunda safra, que tem mais potencial de produtividade. Nesses casos temos visto uma média de 160 sacas/ha, nas melhores condições de produção – pontua. Já em regiões como Seberi e Boa Vista das Missões, se vê outro cenário, com tetos produtivos bem maiores, chegando a 180/190 sacas/ha, justamente por ter solo e ambiente diferentes. “O mesmo acontece em regiões como Erval Seco, Dois Irmãos das Missões e Palmeira das Missões, onde o ambiente é ainda mais favorável, com potencial para 200 sacas/ha em área de sequeiro”, avalia. Isso tem justificado o desempenho da colheita de milho também nesta safra. – De modo geral, o clima influenciou mais as áreas mais próximas ao Rio Uruguai, com aquela falta de chuva em dezembro. Já no caso de Frederico Westphalen, temos visto produtores colhendo entre 170 e 190 sacas/ha, o que é bem mais positivo – compara.


Alexandre Gazolla Neto

Agricultura

Engenheiroagrônomo, mestre e doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes. É diretor da Novo Rural, professor na Universidade Regional Integrada – Campus de Frederico Westphalen/RS, além de diretor do O Agro Software para o Agronegócio e da Vigor Consultoria para o Agronegócio

BOLETIM TÉCNICO

Os desafios no manejo de doenças de fim de ciclo na soja Manter-se alerta às doenças é indispensável para o desenvolvimento sustentável da cultura

O

desenvolvimento da soja é afetado por vários fatores, entre eles destacamos diversas doenças fúngicas, responsáveis por significativa redução na produtividade de grãos, impactando diretamente na rentabilidade final do sojicultor. Com uma projeção de crescimento de 1,7% na área semeada e uma redução de 0,4% na produção, a estimativa nacional é de 118,8 milhões de toneladas. O desafio dos agricultores no estágio final do ciclo é prevenir o ataque das principais doenças que afetam a planta, buscando alternativas que possibilitem a expressão do máximo potencial produtivo. Diversas práticas culturais têm contribuído positivamente para o desenvolvimento da soja brasileira: softwares específicos, sensores captando dados em tempos real, monitoramento integrado de pragas - doenças e plantas daninhas, novas cultivares, estratégias de manejo inovadores, máquinas e equipamentos de última geração, etc. Em con-

trapartida, existem dificuldades que podem limitar o desenvolvimento da cultura, gerando reduções significativas de rendimento nas lavouras. Entre estas destacamos o complexo de doenças de final do ciclo (DFC’s), Oídio (Microsphaera diffusa) e a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi Sydow), que de forma epidêmica têm causado grandes perdas. A rentabilidade e a sustentabilidade das regiões produtoras estão associadas ao manejo utilizado, o qual deve considerar vários fatores, entre eles as características das cultivares, a região de produção, época de semeadura, condições climáticas, nível tecnológico, índices de controle de pragas e doenças, dos fungicidas e inseticidas utilizados. Os materiais que se destacam nas lavouras apresentam ciclo mais curto, menor área foliar e produtividade superior aos anteriores. Porém, sua suscetibilidade para algumas doenças também é maior, especialmente aquelas causadas por fungos necrotróficos. Não podemos deixar de citar os materiais que estão sendo desenvolvi-

dos com maior resistência à ferrugem asiática. O problema se agrava quando consideramos a intensificação da produção de grãos por unidade de tempo e área foliar da planta. Por isso, a margem de tolerância aos agentes redutores de rendimento, como pragas e doenças, deve ser mínima. O monitoramento e os tratos culturais devem estar direcionados à prevenção de doenças e à manutenção da área foliar da planta, para que esta possa expressar o máximo potencial. Outro aspecto que o produtor deve considerar é que ao fracionarmos a planta em duas partes, teremos realidades distintas. Na metade superior, a deposição de fungicidas durante a aplicação é superior, proporcionando maior eficiência no controle de doenças. A metade inferior reserva uma série de desafios, com destaque para maior presença de patógenos, especialmente os necrotróficos. Este cenário fica mais complexo nas cultivares que apresentam maior presença de vagens no terço inferior da planta, região de difícil penetração de fungicidas durante as aplicações, principalmente após fechamento das linhas.

“Nas últimas safras presenciamos mudanças significativas nas cultivares de soja que predominam nas regiões produtoras de grãos.”

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Agricultura

SOJA

F

evereiro corresponde a uma época decisiva para a cultura da soja no RS. Com maior parte das áreas em floração (42%) e enchimento de grãos (38%), segundo a Emater/RS, janeiro termina com “tudo sob controle”, mas na expectativa que logo ali em março a colheita seja positiva. Nos últimos dias de janeiro, também conforme a Emater/RS, o cenário era favorável para as aplicações de fungicidas, o que exige bastante atenção do produtor. – Na maioria das áreas o produtor deve chegar a quatro aplicações de fungicidas neste ciclo. De agora em diante é importante monitorar as áreas para evitar o ataque de percevejos, já que temos lavouras em fase de enchimento de grãos – alerta o agrônomo Felipe Lorensini, da Emater/RS de Palmeira das Missões, onde está concentrada a maior área da cultura da região, com 100 mil hectares. Ficar atento à incidência de ferrugem asiática em regiões como de Tenente Portela e arredores também é um alerta do consultor Rogério Wollmann, que assessora agricultores em vários municípios.

“Na região de Boa Vista das Missões e arredores isso está controlado, mas não dá para ficar desatento”, ressalta. Em relação à expectativa de produtividade, poucos arriscam uma projeção. Para vários profissionais consultados pela reportagem, é importante avançar mais na safra para ter mais precisão. “Mas a gente não vê tanta perda, talvez 5%, tendo em vista que tivemos problemas com germinação, no início do ciclo”, observa o técnico agropecuário Luciano Miglioransa, da Emater/RS de Ronda Alta, onde 26 mil ha contam com a soja neste verão. Em alguns casos de variedades super-precoces, que já estavam sendo colhidas no fim de janeiro, a produtividade girava em torno de 65 sacas/ha na região de Nonoai. “Nesses casos, temos produtores que estão semeando a safrinha de feijão, porque o produto está com um preço bem competitivo, quase R$ 300 por saca. É um comportamento diferente neste ciclo”, pontua o técnico Marcio Trentin, da Agrototal. O produtor Osmar Bonfanti, que soma 500 hectares de soja cultivados em Palmei-

Soja No Rio Grande do Sul 2018/2019: 5.890.619 hectares Regiões do Médio Alto Uruguai e Rio da Várzea 2018/2019: 398.480 hectares Acesse novorural.com e acompanhe novidades em relação ao mercado da soja!

ra das Missões, Boa Vista das Missões e Seberi, é mais receoso em relação aos resultados desta safra. “Se ano passado tivemos vários produtores batendo uma média de 80 sacas/ha, não acredito muito que chegaremos nisso este ano”, estima. O medo de Bonfanti é em relação à aparência das lavouras, que “demonstram estar parelhas”, mas podem esconder problemas. “Somente quando essa soja perder a folha é que veremos como essas falhas de germinação vão repercutir na quantidade de grão produzido por hectare”, alerta. Também como empresário e cerealista, Bonfanti conta que tem percorrido bastante as áreas agricultáveis do Estado e esse cenário se repete em outras regiões. “Nas lavouras da nossa família, estimo uma queda de 15%” prevê, torcendo que para isso não passe de uma estimativa conservadora. Nas regiões do Médio Alto Uruguai e do Rio da Várzea, estimativa da Emater/RS é que 398.480 hectares estejam cultivados com a soja nesta safra. No Estado esse número chega a 5.890.619 ha, segundo a instituição.

Municípios com maior área na região 2018/2019 Palmeira das Missões Chapada Ronda Alta Sarandi Nonoai

100 mil hectares 41 mil hectares 26 mil hectares 18 mil hectares 15 mil hectares Dados: Emater/RS

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Atenção ao manejo A equipe técnica da Agricenter Seberi alerta os produtores quanto às condições climáticas. No mês de janeiro, por exemplo, foram frequentes os dias com alta umidade, temperaturas lá em cima e horas excessivas de molhamento da planta. “Com isso, a pressão de doenças na cultura da soja tende a aumentar. Por isso, devemos tomar alguns cuidados para não perdermos potencial produtivo da soja para doenças e pragas, cuidados como reduzir o intervalo de aplicação de fungicidas (12 a 15 dias) visando proteger a soja por “camadas” e não deixar a doença entrar na lavoura, principalmente a ferrugem asiática da soja. “Outra medida que vem mostrando muita eficiência e auxilia no manejo de doenças é agregar o multissítio ao sistema”, cita a equipe através de nota técnica. O alerta para a presença do percevejo também é reforçada. “Este causa dano direto à cultura, reduzindo drasticamente o potencial produtivo da soja e comprometendo o rendimento final da lavoura. O monitoramento constante e eficiente é de suma importância”. Para diminuir o abortamento de flores e vagens, a equipe técnica da empresa também tem recomendado a aplicação de bioestimulantes, que atuam na parte fisiológica da planta, ajudando no balanço dos hormônios e diminuído o nível de estresse causado por condições climáticas e por ataque de pragas e doenças.

Gracieli Verde

Uma safra que divide opiniões

Problemas como replantio e falhas nas lavouras podem afetar o resultado na colheita, mas ainda não é possível ter previsões oficiais em relação a projeções


Marcia Ghizzi

Agricultura

E-mail: marcia@ oagro.com.br

Ferrugem asiática: alertas e cuidados para altos rendimentos

O

estabelecimento das lavouras de soja na safra 2018/2019 ocasionou preocupação aos agricultores no Sul do Brasil, com maior destaque para o Estado do Rio Grande do Sul. A ocorrência de grande volume de chuvas nesse período, associado ao surgimento de doenças radiculares, desencadeou uma alta taxa de morte de plântulas, comprometendo a formação do estande inicial de plantas nas lavouras. O manejo para altos rendimentos de grãos é dependente de um estande de plantas uniforme e com alta capacidade de produção. Atingido este objetivo inicial, o foco passa para os demais fatores relacionados à redução de produtividade. Neste caso, citamos como exemplo as doenças que ocorrem durante o ciclo de desenvolvimento da cultura, com destaque para a ferrugem asiática. As condições climáticas favoreceram a chegada da ferrugem asiática mais cedo no RS, ao contrário dos cenários que tivemos nas últimas safras, conforme constatações do Consórcio Antiferrugem, que tem como objetivo monitorar o aparecimento e evolução da doença nos Estados produtores. Os primeiros relatos em lavouras comerciais no Rio Grande do Sul ocorreram em meados de novembro de 2018. Cabe lembrar que a ferrugem da soja é considerada a principal doença da cultura, responsável por reduções superiores a 80% na produtividade. A agressividade da doença possui relação direta com as condições amDivulgação

No registro, folha da soja com a ferrugem asiática

Divulgação

Engenheira-agrônoma, analista de Desenvolvimento de Mercado na O Agro Softwares para o Agronegócio

BOLETIM TÉCNICO

bientais, principalmente alta umidade, com índice de molhamento foliar superior a seis horas, acompanhado de temperaturas entre 15°C – 28 °C, condições ideais ao desenvolvimento do fungo. Essa combinação de fatores vem deixando o produtor rural preocupado, desafiando-o a redobrar a atenção no manejo sanitário, principalmente em áreas onde ocorreu atraso na semeadura. Essas regiões apresentam maior concentração de esporos do fungo, consequentemente maior pressão da doença. Para uma proteção eficiente em relação às doenças da soja, devemos considerar as características de desenvolvimento da espécie. Recomenda-se que a primeira aplicação de fungicidas ocorra antes do fechamento das linhas, pois dessa maneira o produtor consegue uma maior proteção das folhas. Neste momento, além da ferrugem, os produtores devem usar produtos para controle das manchas foliares e doenças de final de ciclo. As demais aplicações devem ser realizadas em intervalos de 14 dias, pois esse é o tempo da planta formar uma nova camada de folhas e também o tempo do fungo

causador da ferrugem completar um novo ciclo. Chegando o esporo da ferrugem na planta ele germina, começa um processo de colonização e o processo de infecção na folha, a partir desse momento existe vários ciclos sucessivos de sete a dez dias em que o fungo reinfecta a própria planta e as plantas vizinhas, sendo também facilmente transportados pelo vento. Com o aumento dos casos de resistência dos principais grupos químicos de fungicidas, é fundamental a rotação de princípios ativos, buscando sempre a adição de produtos multissítio nos programas de manejo, a fim de aumentar o controle da doença e também, evitar o desenvolvimento de resistência. O sucesso no manejo integrado de doenças na soja passa por um programa de monitoramento dos índices de ocorrência de doenças ao longo do ciclo, seguido por recomendações técnicas eficientes, a utilização de tecnologias adequadas, associadas à boas práticas agrícolas, proporcionando um manejo mais assertivos. Dessa forma, diminuímos os riscos de produção e otimizamos os rendimentos de grãos. Boa safra a todos!

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Especial

ARGENTINA - PARTE 2

Em Mendoza, pesquisadores do Inta mostraram a estudantes unidades experimentais de uvas, que são irrigadas com água acumulada das geleiras da Cordilheira dos Andes Gracieli Verde

jornalismo@novorural.com

A

experiência de conhecer Mendoza, na Argentina, sem dúvidas é enriquecedora para quem trabalha e interage com o setor agropecuário, especialmente na produção de frutas, entre elas a uva. Nesta edição, seguimos trazendo a segunda parte de uma reportagem sobre a visita de um grupo de acadêmicos do curso de Tecnologia em Agropecuária da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Campus de Frederico Westphalen, àquela região argentina, realizada em dezembro de 2018.

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Divulgação

De onde vem o sabor dos vinhos mendocinos

Referência em uva e vinho A região de Mendoza está entre as maiores produtoras de vinho do mundo, com mais de 230 mil hectares de vinhedos. O diferencial é que lá é uma região de árida, de deserto. Mas, as águas que descem das geleiras da Cordilheira dos Andes é que salvam a agricultura, principalmente a fruticultura. Com sistemas extremamente eficientes de irrigação, especialmente por gotejamento, é possível obter altas produtividades de uva – esta é a única maneira de viabilizar a produção agrícola. Por lá, a uva começou a ser cultivada com a vinda dos colonizadores espanhóis, por volta de 1590, que se alimentavam de uva-passa para as longas caminhadas e também usavam o vinho para celebrar nas missas católicas. A grande amplitude térmica durante o dia também permite que a qualidade das uvas seja excelente. Para conduzir os parreirais, o uso das chamadas espaldeiras é o que mais favorece a cultura, incluindo proteções para chuvas de granizo. Por lá, são mais de dez mil cantinas em atuação. Segundo a engenheira-agrônoma Claudia Lucero, que faz parte da equipe da unidade experimental do Insti-

tuto Nacional de Tecnologia em Agropecuária (Inta) em Mendoza, lá o foco da produção vitícola é para os vinhos (52% das videiras). Dentre essas videiras, a variedade malbec é que predomina, tanto que este vinho é conhecido mundialmente pela qualidade e sabor do produto argentino. “Foi a variedade que mais se adaptou à região”, revela Claudia. Já o vinho resultante desta uva é considerado de “fácil consumo”, por ser mais frutado, o que cai mais no gosto dos consumidores. Na unidade do Inta de Mendoza, os pesquisadores também mantém uma coleção de 650 variedades de uva, algo considerado muito importante para a manutenção de, inclusive, uvas chamadas crioulas. – Entre os estudos que os pesquisadores desenvolvem na unidade está sobre a tolerância à falta de água, tolerância à salinidade da água (característica da região), avaliações de podas manuais e mecanizadas, sobre a condução das plantas, propagação das videiras e preservação de variedades – detalha a profissional. Segundo ela, no caso da variedade malbec, a produtividade tem ficado numa

média de 25 mil quilos por hectare. – Mas, outras variedades produzem até 75 mil quilos por hectare. Essas videiras têm vida útil de cerca de 20 anos em produção, mas também há manejos mais artesanais em que as plantas produzem por muito mais tempo. Temos casos de parreirais com 80 anos de vida – explica Claudia. Hoje, o custo de implantação de um hectare de parreiral no formato em que é utilizado em Mendoza, já com a irrigação, tem ficado em torno de 5 mil dólares. É claro que há métodos mais caros, com mais recursos para os produtores. Por lá a colheita da uva se dá nos meses de fevereiro a abril. A pesquisadora Laura Martinez, também do Inta de Mendoza, explica que o ambiente desértico da região tem raras chuvas durante o ano, que não passam de 250 milímetros a cada 365 dias. No verão, as temperaturas podem chegar a 42 °C, com sensação térmica bem maior. Isso faz com que o grau brix da uva, por exemplo, seja extremamente alto, o que é um desafio em solo brasileiro, porque chove bem mais.

Solos também desafiam os argentinos Solos também desafiam os argentinos


Especial

ARGENTINA - PARTE 2

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Divulgação

Quanto mais neve, melhor O engenheiro-agrônomo Federico Olmedo, responsável por monitorar informações relacionadas ao uso da água a irrigação da unidade, ressalta que todo esse sistema depende de invernos com boas nevascas na Cordilheira dos Andes. É isso que garante que a água se acumule em quantidade suficiente no Reservatório de Potrerillos, o principal da região, para que possa ser enviada aos produtores. Os órgãos regulamentadores é que liberam esta água, de acordo com a disponibilidade. Nos últimos anos as nevascas têm sido cada vez menores,

o que tem deixado o nível dos reservatórios baixo. Isso é uma preocupação para os próximos anos, porque a normalização dos níveis de água é essencial para que a agricultura e a vida naquela região seja viável. – Isso mostra que eles estão em uma região em que poderia ser considerada um problema por falta de água, mas, ao contrário do que na nossa região, mesmo assim conseguem se abastecer e ser um dos grandes produtores de frutas da Argentina, e com excelente qualidade – diz um dos professores da equipe que acompanhou a comitiva gaúcha.

Pouca chuva favorece sanidade Se para os gaúchos manter a saúde das uvas em dia é um grande desafio, devido à umidade das chuvas recorrentes, em solo argentino essa realidade é bem diferente. O ambiente com irrigação se torna bem mais con-

trolado e, como a maior parte das doenças das videiras se resume a fungos, o clima seco barra esse tipo de problema. Há quem diga que por lá esse cultivo é praticamente orgânico, devido ao baixo uso de insumos.

Oliveiras argentinas também são referência Outro atrativo do setor agrícola de Mendoza são as oliveiras. Uma das visitas foi a uma fábrica de azeite. A unidade trabalha de março a julho neste processamento, com a parceira de quatro produtores locais. Por lá a produtividade tem sido de dez mil quilos de oliveira por hectare. Os empresários da agroindústria contam que a colheita é escalonada e tem se inserido fortemente na área do turismo, com visitas guiadas e loja na própria estrutura. Raul e Norberto Muravnik, que gerenciam os negócios atualmente com o sócio Horacio Ilardo, são da quinta geração da família que trabalham com oliveiras.

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Agricultura

EVENTOS

Fazenda Vila Morena sedia 1º Tour Tecnológico

A

boa receptividade do projeto Construindo e Desafiando a Produtividade (CDP) vista a campo pela equipe técnica ficou ainda mais evidente durante o 1º Tour Tecnológico, realizado no dia 30 de janeiro, na Fazenda Vila Morena, em Boa Vista das Missões. O empreendimento, que tem foco nos cultivos de milho e soja, faz parte do Grupo Schaedler e é uma das 15 áreas do Norte do Estado que integram esse trabalho. Esse projeto é mantido pelas marcas Dekalb-Bayer, Monsoy, Roundup, Climate FieldView, Stoller, Intacta RR2 PRO e CropMetrics, com colaboração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), através do professor-doutor Antônio Luis Santi, que atua no curso de Agronomia do campus de Frederico Westphalen. O coordenador-geral do projeto e representante técnico de vendas da Dekalb-

-Bayer, Antonio Gutheil, ressaltou que o objetivo do encontro era justamente difundir informações que estão se destacando nesses dois anos de projeto. Ele mostrou conceitos básicos relacionados ao trabalho, com foco na melhoria da produtividade das áreas agrícolas assistidas. – Queremos mostrar o manejo que esse grupo de empresas vem aplicando, alicerçado com o assessoramento técnico da UFSM. Esses resultados podem ser irradiados para outras áreas, a exemplo do que já vem acontecendo aqui na Fazenda Vila Morena. Neste ano, depois de bons resultados da safra passada, mais 170 hectares tiveram este manejo replicado. Isso comprova o sucesso desse trabalho – conta Gutheil, ressaltando que o trabalho segue por mais dois anos nestas 15 fazendas. Como no início foram feitas diversas

análises para ter um diagnóstico de como está o solo e a produtividade das áreas assistidas, ao fim desta etapa esses dados serão atualizados, podendo ser identificados quais os avanços alcançados. Para isso, ferramentas da agricultura digital e de precisão estão sendo usadas, bem como a experiência de todos os envolvidos. Num médio prazo, o objetivo é ofertar este mesmo projeto para outras regiões do Estado gaúcho, como a Metade Sul, para suprir a carência de informação técnica relacionada a uma agricultura rentável e sustentável. Durante o tour tecnológico os professores Antônio Luis Santi, da UFSM/FW, e Paulo Sérgio Pavinato, da Esalq/USP, explanaram sobre quais as vantagens de um ambiente de alta fertilidade de solo, mostrando aspectos importantes como a dinâmica da infiltração da água, fundamental

Silvana Kliszcz/Agência Agro Brasil/Divulgação

CONSTRUINDO E DESAFIANDO A PRODUTIVIDADE

para o bom desenvolvimento das culturas. O ajuste na população de plantas ideal também foi mostrado aos visitantes. Outra abordagem do tour foi na diferenciação entre os ambientes de alta e baixa produtividade, com foco nas qualidades química e física do perfil do solo. Já o representante técnico de vendas da Climate FieldView, Rodrigo Alff, relatou as vantagens da agricultura digital e de como essas ferramentas são importantes para organizar e reunir as diversas informações coletadas durante o trabalho. Em nome da CropMetrics, o gerente Frederico Doeler também demonstrou a necessidade de realizar a leitura de condutividade elétrica, que pode auxiliar na definição de ambientes de produção e na prescrição de população de plantas e taxa variada, por exemplo.

Convidados interagiram com equipe técnica do projeto CDP na Vila Morena

Kássia Lutz/Agência Agro Brasil/Divulgação

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Agricultura

EVENTOS Fotos: Cíntia Henker/Novo Rural

DEPOIMENTOS

Antonio Gutheil Engenheiro-agrônomo e RTV da Dekalb-Bayer

“O principal objetivo do projeto CDP é aumentar a rentabilidade do produtor através de um sistema sustentável de produção. É como o próprio nome já diz: construindo e desafiando a produtividade, que significa trabalharmos com um sistema de produção dentro da propriedade levando em conta o perfil do solo e melhorando a matéria orgânica dessas áreas. Hoje o projeto atende a 15 propriedades, que somam uma área de 50 mil hectares, dos quais estamos monitorando 1.500 hectares. Esta é a primeira fase do trabalho e o projeto terá duração de quatro anos. Outro ponto fundamental é a geração de dados que esse trabalho está proporcionando, principalmente baseados em coeficientes de variação. Inclusive, ao longo desses quatro anos diversos trabalhos científicos terão como base esse projeto. Nosso desafio maior é, no final do dia, aumentar a renda do produtor, mas de uma maneira sustentável, para que ele realmente perceba o valor dessas tecnologias e possa usá-las em mais áreas a cada safra.”

Antônio Luis Santi Professor-doutor da UFSM/FW

“O primeiro desafio através do projeto foi conhecer e entender qual o potencial produtivo de cada uma das 15 áreas distribuídas no Norte do Estado. O segundo grande momento foi caracterizado por avaliar aspectos químicos e físicos dessas áreas, paras termos subsídio de informações para novas tomadas de decisões. Agora estamos no final do ciclo do milho e também no andamento da cultura da soja e o objetivo é conversar com mais produtores sobre os principais aspectos a serem avançados na tomada de decisões os próximos anos. Entender o solo de um ambiente de alta produtividade nos mostra o comportamento que as plantas têm ao longo do perfil. Uma das observações é que esses ambientes em que estão atingindo altas produtividades, tanto de soja quanto de milho, têm uma melhor distribuição e uma concentração de carbono ao longo do perfil, mais potássio, fósforo e também uma melhor saturação de base. Entretanto, o que mais tem chamado atenção é esse aprofundamento do sistema radicular. Neste ambiente de lavoura aqui na Fazenda Vila Morena vemos raízes da cultura do milho crescendo até a 1,8 metro de profundidade. Se comparado com ambiente de baixo produtividade, não chegam a 1 metro de profundidade. Então, isso é fundamental para mostrarmos aos produtores a importância da rotação de culturas, a inclusão do milho no sistema de produção e fazer o básico bem feito, como os aspectos ligados a plantabilidade, a distribuição mais eficaz das plantas na linha, ao manejo fitossanitário, entre outras variáveis.”

Eliseu Schaedler, proprietário da Fazenda Vila Morena “A gente já está comprovando os resultados desse trabalho e isso é uma soma de conhecimentos de produtos que a gente vai juntando e que o projeto trouxe para nós. Conseguimos um resultado bastante satisfatório já no último plantio da soja e, agora, no milho também está se confirmando. Acho que o caminho é este: a soma de tecnologia e de conhecimento é que vai beneficiar a nós, agricultores. A gente agradece a oportunidade de participar do projeto, porque também existe um crescimento dentro da propriedade em termos de tecnologia, de conhecimento, práticas e técnicas e de como executar a parte operacional.”

Carlos Eduardo Dauve, gerente da Fazenda Vila Morena “Tem sido uma experiência muito positiva, de muito aprendizado. Estamos conseguindo melhorar alguns fatores que limitavam a nossa produtividade. O principal resultado que já considero importante é trabalhar com um sistema de produção. Como é um trabalho de quatro anos, é possível avaliar o conjunto e não apenas os fatores isolados.”

Rodrigo Alff, RTV da Climate FieldView “Tudo o que o agricultor faz na fazenda gera um mapa ou é um dado. A plataforma Field View coleta e processa todos esses dados através das máquinas que ele tem e coloca tudo em lugar só. Assim, o agricultor vai conseguir cruzar essas informações e aí começar entender quais são os fatores que estão impactando na produtividade. Esse é o grande ganho que o agricultor tem com o Field View, poder analisar tudo o que está impactando na rentabilidade.”

Paulo Sergio Pavinatto, professor da Esalq/USP “Durante o encontro focamos nossa conversa na disponibilidade de nutrientes e como podemos fornecê-los para as plantas. Tentamos dar uma abordagem geral de como esses nutrientes se comportam no perfil do solo, e como nós podemos manejar através do cultivo e do manejo das plantas para melhorar a disponibilidade deles. Foi um dia proveitoso.”

Marcelo Antunes, da Stoller “Está é uma boa oportunidade para o produtor perceber que tem diversas tecnologias disponíveis. Cada vez mais é necessário que ele faça um investimento maior na lavoura para buscar mais produtividade e rentabilidade. O ideal é que possa identificar os fatores limitantes em cada lavoura, em cada talhão, e fazer os investimentos corretos, desde uma calagem até uma melhor nutrição folhar, tentando sempre maximizar a produção e com isso lucrar mais. Investir é rentabilizar melhor a propriedade.”

Fernando Dessoy, da Mosaic “A fertilidade do solo é conjunto de associações feitas no manejo. Aqui na Vila Morena, além da rotação de culturas, se observa muito a qualidade química e física do solo, trabalhando o perfil deste solo e construindo essa fertilidade a longo prazo. No projeto estamos focando bastante nestas análises de perfil de solo. E estamos trabalhando com linhas como a MicroEssentials, que possui nitrogênio, fósforo e enxofre no mesmo grânulo de fertilizante.”

Frederico Doeler, da CropMetrics “Nosso intuito é contribuir na gestão de água. Por isso, a gente trabalha com levantamentos de condutividade elétrica e topográfica do solo para definirmos zonas de manejo e ver as diferenças nos tipos de solos, bem como a capacidade de retenção de água, que é o que vai restringir ou potencializar a produtividade. Além disso, a gente trabalha com sensores de solo e monitoramento da umidade nas áreas irrigadas, para medir em tempo real, até 90 cm, o que tem disponível de umidade para a planta.” 15 | Revista Novo Rural | Fevereiro de 2019


Agricultura

VIDEIRAS

Feira da Uva reúne rural e urbano em Sarandi Já em Ametista do Sul, primeira edição da Festa da Uva está prevista para fevereiro

A

Ametista do Sul programa 1ª Festa da Uva

Marcela Buzatto/Emater/Divulgação

Evento contou com comercialização de produtos da agricultura, artesanato e apresentações culturais Concurso para escolher o maior cacho de uva do município foi uma das atrações da Feira

O município de Ametista do Sul vai comemorar a safra 2018/2019 da uva. Para isso, está programada para o dia 24 de fevereiro a 1ª Festa da Uva, que será realizada na linha Sangão. O evento será uma parceria entre a prefeitura, as secretarias de Administração e Agricultura, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Emater/Ascar-RS. A programação contará com missa de ação de graças ao encerramento da colheita; espaço externo ao pavilhão destinado à exposição de produtos e serviços oferecidos à atividade agrícola, como exposição de maquinários e tecnologias utilizadas na viticultura; espaço interno com exposição e comercialização de produtos à base de uva (vinhos e sucos) e doces à base de uva; almoço com churrasco e acompanhamentos; escolha das soberanas da 1ª Festa da Uva e animação musical com a banda La América.

Soberanas

Marcela Buzatto/Emater/Divulgação

colheita da uva é, literalmente, motivo de festa para Sarandi e região. Nesta época, a tradicional Feira da Uva e da Agroindústria Familiar, que chegou à 11ª edição neste ano, reúne público local e regional. Neste mês de janeiro a programação transcorreu entre os dias 11 e 13, no parque de exposições da cidade. A programação contou com roteiros turísticos em comunidades do interior, através da Allegro Turismo Rural, comercialização de produtos da agricultura familiar e artesanato, além de apresentações culturais. A promoção é uma parceria entre a Emater/RS-Ascar, Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf), prefeitura, Coopafs, Associação de Comercialização de Produtos da Agricultura Familiar (Acpaf) e Associação Comercial, Industrial, Serviços e Agronegócios (Acisar). Após dez edições, pela primeira vez a feira foi realizada no parque de exposições do município. De acordo com o engenheiro-agrônomo Luciano Schwerz, da Emater/ RS-Ascar de Sarandi, a mudança contribuiu com resultados positivos, melhorando as vendas e a estrutura disponível para os expositores e visitantes. – As dez primeiras edições foram realizadas na avenida, no centro da cidade. Foi muito bom para a divulgação, mas era necessário um local maior. Essa alteração favoreceu bastante, tanto nas vendas quanto no número de visitantes, que teve um acréscimo de 30% – estima Schwerz. Neste ano, 23 famílias de agricultores dos municípios de Sarandi, Barra Funda e Nova Boa Vista comercializaram produtos da agricultura familiar durante os três dias de evento. Além disso, uma das novidades da feira foi a comercialização de peixe vivo. Outro diferencial é que as entidades promotoras do evento organizaram espaços temáticos com assuntos de interesse dos visitantes. Um dos temas abordados durante a feira foi a rastreabilidade de vegetais frescos pela equipe técnica da Emater/RS. – Queríamos possibilitar ao agricultor esclarecer dúvidas sobre como vai funcionar esse novo processo e garantir que o consumidor também conheça essa ferramenta que estará à disposição – salienta o agrônomo. Neste ano, outro destaque da feira foram o desfile e a escolha das soberanas de Sarandi. Karla Koche (rainha), Maria Luiza Fink (primeira-princesa) e Herica de Quadri (segunda-princesa) formam a corte do município para o período de 2019.

Maior cacho de uva de Sarandi Em paralelo à feira, uma das atrações foi o tradicional Concurso para o Maior Cacho de Uva do município, que neste ano correspondeu à sétima edição. O evento, promovido pela Emater-RS/Ascar, Sintraf e administração municipal, acontece junto ao almoço do Clube de Mães da comunidade São Cristovão Sobradinho. Mais de 300 pessoas prestigiaram o concurso, que tem como objetivo estimular os viticultores na produção de uvas com maior qualidade e produtividade. Neste ano, foram premiados o primeiro e segundo colocados, nas categorias americanas – uvas niágara –, e livre – uvas híbridas e europeias.

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As inscrições das candidatas à corte das soberanas da Festa da Uva seguem até o dia 8 de fevereiro. As interessadas podem se inscrever Escritório Municipal da Emater/RS. Para concorrer ao posto de rainha ou princesas, as meninas precisam ter entre 15 e 25 anos e ser filha de agricultores familiares de Ametista do Sul, residir ou ter vínculo com a comunidade rural, dentre outros critérios.

Vencedores Categoria americanas

Categoria livre

1° lugar: Silvana Zardo, com um cacho da uva biágara branca, pesando 591 gramas.

1° lugar: Odivan Zardo, com um cacho da uva da cultivar benitaka, pesando 1.646 gramas.

2° lugar: Eduarda Sartori Manzer, com um cacho da uva niágara branca, pesando 590 gramas.

2° lugar: Silvana Zardo, com um cacho da uva da cultivar rainha itália, pesando 1.241 gramas.


Antonio Luis Santi

Agricultura

Engenheiroagrônomo, doutor em Ciência do Solo/Agricultura de Precisão, coordenador do Laboratório de Agricultura de Precisão do Sul da UFSM-FW, e representante do Fórum dos ProReitores de PósGraduação e Pesquisa (FOPROP) na Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, junto ao Ministério da Agricultura.

BOLETIM TÉCNICO

Tempo de planejar: “É preciso banir o vazio outonal e manter o solo coberto o ano todo”

A

cultura do milho já foi colhida em grande parte e, muito em breve, o mesmo ocorre com a cultura da soja. É tempo de planejar. Há um tempo muito preciso entre a saída da cultura de verão e a implantação da cultura de inverno, um período que varia de 60 a 90 dias, em que devemos melhorar a eficiência. Isso corresponde a 25% do tempo produtivo da lavoura. Deixar a lavoura descoberta neste tempo significa que, de cada quatro anos, um ano não cultivamos nada. O solo precisa de cuidados e de “alimento” para manter a vida e a atividade biológica em harmonia. A melhor maneira de manter o equilíbrio é adicionando carbono e cultivando diversidade de espécies na área – quantidade e qualidade desse carbono. A sustentabilidade de um sistema de produção transcende os cultivos de interesse meramente econômicos, como a soja e o milho. Há necessidade de envolver outras culturas com diferentes propósitos, como por exemplo a habilidade de descompactar o solo, suprimir plantas daninhas, ciclar nutrientes em especial o nitrogênio, aumentar a matéria orgânica no solo, aumentar a infiltração e retenção de água, aumentar a estabilidade de agregados e a estruturação, quebrar o ciclo de pragas e doenças, entre outras tantas vantagens.

A planta ideal? Em primeiro, lugar não existe! O que existe são plantas com características desejáveis: Que tenha um rápido crescimento e estabelecimento

De fácil implantação e extinção

Produza uma grande quantidade de massa verde e seca

Resistente a ataque de pragas e doenças

Que seja pouco exigente em fertilidade e capacidade de aproveitamento e ciclagem de nutrientes

Tenha sementes baratas e com alto teor germinativo

Que não seja hospedeiro destas e, se possível, seja repelente às mesmas e/ou abrigue predadores destas O verdadeiro sistema plantio direto, segundo Derpsch, “não significa apenas a não preparação do solo fazendo o resto da mesma forma como sempre”. A rotação de culturas é a base da sustentação do sistema. Um estudo conduzido pelo doutor Sá, da UFPR, em 2002, demonstrou que para manter o equilíbrio do sistema a produção de resíduos culturais nos sistemas de produção devem ser na média acima de 10 toneladas por hectare. Isso é muito importante, pois na década de 1990 o Brasil perdeu um bilhão de toneladas de solo por

Sistema radicular agressivo e volumoso

“A rotação de culturas é a base da sustentação do sistema.”

Promova proteção contra a erosão

ano, para uma produção de 80 milhões de toneladas de grãos. Quer dizer, o país trocava 12,5 toneladas de solo para cada 1,0 tonelada de grãos produzida – situação insustentável econômica e ambientalmente. Outra justificativa para manter o solo coberto o ano todo é a demanda por água para produzir grãos. A cultura do milho consome 300 litros de água por kg de massa seca produzida e a cultura da soja 500 litros por kg de massa seca (Magalhães, 1985), isso porque 96% da massa seca é carbono e água, produto da fo-

tossíntese. A redução da perda de água por evaporação no plantio direto resulta em economia água – condições fisiológicas e bioquímicas favoráveis a produtividade. Portanto, a eficiência do sistema de produção depende da realização de uma agricultura conservacionista. Esta, por sua vez, é uma “cesta” de práticas agrícolas – “os agricultores escolhem o que é melhor para eles” – não é “prescritiva” e representa atualmente “a melhor prática” para alcançar a sustentabilidade agrícola a longo prazo.

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Agricultura

EVENTOS

Cobertura diversificada contribui para "solos vivos" Profissionais da Sematter Sementes explicam os benefícios de utilizar policultivos como o Raíx Adubação Verde em áreas destinadas para agricultura e pastagens

Divulgação

Divulgação

Divulgação

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Divulgação

I

mplantar o verdadeiro sistema de plantio direto, que requer o mínimo de revolvimento de solo, rotação de culturas e cobertura permanente no solo, é o que muitos consultores também chamam de um entendimento mais consistente sobre o funcionamento do solo. Este deixa de ser apenas um “suporte para as plantas” e passa a ser visto como um complexo “sistema vivo” de múltiplas inter-relações. – É assim que começamos a entender a vida e a dinâmica dos organismos vivos, como fungos, bactérias e minhocas existentes e atuantes no interior do solo. Os micro e macro seres desempenham papéis fundamentais na estabilidade e nos sucessos produtivos, sejam nas lavouras de grãos ou nas pastagens. A agregação das partículas de solo e a ampliação da rede nutricional vegetal são só alguns dos muitos benefícios conferidos pelos organismos vivos, que são os construtores da verdadeira fertilidade química, física e biológica do sistema solo-planta – defende o engenheiro-agrônomo André Rech, do Raíx Adubação Verde. Ele integra a Sematter Sementes, de São Miguel do Oeste/SC. Essa construção de solos vivos a que Rech se refere é muito mais favorecida com a diversificação de espécies vegetais implantadas nos ambientes produtivos. As misturas de plantas, denominadas policultivos, maximizam a blindagem e a proteção das lavouras contra a erosão, adicionam carbono orgânico de fontes variadas, incrementando matéria orgânica no perfil do solo, e estimula o desenvolvimento de novas espécies de organismos anteriormente inativos no solo. Tanto que isso já tem feito com que produtos específicos sejam lançados no mercado, a exemplo dos Policultivos Raíx. – A ampliação desta rede de comunicações entre as diversas raízes e os mais variados seres vivos confere a lavouras de trigo, soja, feijão, milho ou as pastagens, maiores possibilidades na obtenção de todos os nutrientes minerais, água e oxigênio necessários à produção vegetal com o menor custo possível, assim como proteções da rizosfera contra a ação de agentes fitopatogênicos – garante o agrônomo. Ele parafraseia a agrônoma e doutora Ana Maria Primavesi, que defende que quando o perfil do solo é dobrado, aumenta-se em oito vezes o volume de solo a ser explorado pela cultura comercial, o que é extremamente importante para o resultado final

de lavouras ou áreas de pastagens. O agrônomo Ivonar Fontaniva, que é diretor de Tecnologia e Desenvolvimento do Raíx Adubação Verde, reforça que, com isso, as plantas terão uma eficiência maior na utilização de insumos a médio prazo e suportarão maiores períodos sem chuvas, devido ao solo tornar-se mais grumoso, com maior estruturação biológica. “Ou seja, com isso se constrói uma ampla simbiose, com diversas plantas versus diversos organismos de solo, agora vivo”, explica. Outro benefício visto com a semeadura dos Policultivos Raíx a campo é a redução de plantas daninhas nas lavouras. “O sombreamento total da área proporciona a inibição da germinação de espécies que anteriormente ‘roubavam’ a produtividade”, pontua Fontaniva. Isso também tem sido comprovado em testes de áreas experimentais, em parceria com universidades como a Unochapecó, de Chapecó/SC.

E em áreas de pastagem? Talvez você esteja se perguntando como é possível aliar o uso de produtos como o Raíx em áreas destinadas para a produção de ferrugem animal. Como construir solos vivos neste caso, ou em áreas destinadas para silagem ou pastagens piqueteadas? – Nestas situações orienta-se aos produtores um redimensionamento das áreas. Pode-se separar uma porção de área para a implantação dos policultivos, rotacionando as áreas ao longo dos anos. No manejo proposto, ganha-se em produtividade e eficiência técnica e econômica já na próxima cultura – explica Fontaniva. Ele reforça que o desafio do produtor rural é entender qual é a sua real necessidade, se é no vazio outonal e ou invernal do seu sistema produtivo. Para cada cultura e intervalo entre as safras comerciais há composições de plantas e ciclos distintos para cada ambiente produtivo, maximizando as produtividades e as rentabilidades líquidas, independente da atividade agropecuária exercida.


Negócios

EVENTOS

INFORME PUBLICITÁRIO

Agrototal recebe clientes e parceiros em dia de campo

O

potencial agrícola da região é inegável e, seguindo uma tendência nacional, este é um dos setores que mais cresce. Em Nonoai, município-sede da Agrototal Insumos Agrícolas, são quase 20 mil hectares de soja cultivados a cada safra de verão, o que movimenta recursos relacionados a insumos, logística, plantio e colheita, além da própria produção. Em um cenário regional, a Agrototal também tem conquistado o mercado em vários municípios vizinhos. É por isso também que o Dia de Campo Agrototal chegou à terceira edição neste ano com pleno sucesso, tanto de público como nos assuntos técnicos abordados, mais uma vez em parceria com a AB Comércio de Cereais. O evento foi realizado nos dias 17 e 18 de janeiro, às margens da rodovia RS-406, em Nonoai. Foram quase 20 expositores parceiros que puderam se relacionar com o público do setor agropecuário. O coordenador do evento, o técnico-agrícola Marcio Trentin, ressalta que o crescimento do evento representa o fortalecimento do setor e o interesse em novidades e tecnologias. – Estamos otimistas para programar ainda mais ampliações no próximo ano, com foco também em outros públicos, como as mulheres rurais. Além disso, deveremos ter mais parceiros, o que engrandecerá ainda mais o evento – ressalta.

Um dos destaques desta edição do ponto de vista técnico foi a apresentação de uma simulador de chuva, para demonstrar aos produtores a capacidade de infiltração de água no solo. Segundo o engenheiro-agrônomo Carlos Roberto Olczevski, da Emater/RS-Ascar, o desafio era mostrar os efeitos da chuva, especialmente quando o cultivo é realizado “morro acima, morro abaixo”, ou seja, a favor do declive do terreno, comparado ao plantio realizado em nível. – É por isso que existe a recomendação de fazer o plantio de culturas agrícolas em nível, para que haja conservação de solo e água, evitando a erosão e perdas nas safras futuras – reforça. Outro tema que esteve em pauta foi a necessidade de uso de plantas de adubação verde no outono/inverno ou no período pós-colheita da soja precoce, bem como importância da palha como proteção superficial do solo contra chuvas e efeitos do sol, além das raízes das plantas como estruturadoras do solo e formadoras de canais que possibilitam a maior infiltração de água das chuvas no solo, o que garante maior resistência à erosão. Já em relação aos demais estandes parceiros, os temas transitaram entre as principais culturas de verão, a soja e o milho, com variedades que melhor se adaptam ao clima e solo e da região, bem como outros insumos que contribuem para lavouras bem formadas, saudáveis e com alto potencial produtivo.

Marcos Serpa, sócio-proprietário da Agrototal Insumos Agrícolas

Cíntia Henker

Nesta terceira edição o evento somou quase 20 expositores e cerca de 1,2 mil visitantes

Maquinários também fizeram parte do dia de campo Nesta edição mais de 15 municípios da região tiveram produtores participando do dia de campo da Agrototal. Os organizadores estimam em um público de, pelo menos, 1,2 mil pessoas em dois dias. O empresário Marcos Serpa, sócio-proprietário e responsável de área da Agrototal, reforça que todo o crescimento do evento também foi possível com a viabilização de transporte para agricultores de toda a região, além dos apoio dos parceiros e demais entidades que estão integradas o evento, como a Emater/RS e a Embrapa. – Estamos na terceira edição e a cada ano nos surpreendemos com a grande participação das pessoas. Isso mostra o otimismo que o setor está vivenciando – acredita Serpa.

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Negócios

EVENTOS

Feiras movimentam setor agropecuário Programe-se para ficar por dentro das novidades e participar de eventos que agregam experiências para o produtor rural

Acompanhe também através do novorural.com /agenda

Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural

U

ma das estratégias dos mais diversos setores que objetivam a difusão de tecnologias de conhecimento são as feiras e demais eventos realizados durante o ano. Em 2019, mais uma vez a agenda deve ser intensa no setor agropecuário. Uma das primeiras do país foi a 21ª Itaipu Rural Show, realizada em Pinhalzinho, no fim de janeiro e início deste mês de fevereiro (confira a cobertura na edição de março). Lá o foco foi pequena e média propriedade rural, com opções tecnológicas para as mais diversas áreas de atuação, desde a produção de grãos até hortaliças e pecuária leiteira. Outra feira com grande relevância para o setor é a Expodireto Cotrijal, que ocorre anualmente, em Não-Me-Toque. A edição de 2019 está confirmada para o período de 11 a 15 de março. Segundo a assessoria de imprensa da Cotrijal, a programação completa deve ser divulgada no início da segunda quinzena de fevereiro. Esta é uma das agendas que costuma reunir grandes nomes da agricultura, com foco em produções importantes para o agronegócio. A agricultura familiar também tem espaço, inclusive com comercialização de produtos de agroindústrias. Para o mês de março uma agenda considerada importante também é a Expoagro Afubra, promovida pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), no parque de exposições de Rio Pardo/RS. Neste ano a programação começa dia 26 e segue até 28 de março. Lá o foco também é para o uso de tecnologias e a diversificação da propriedade rural. Ainda em relação a eventos que tenham grandes proporções de público e de negócios, a Expointer 2019, sem dúvidas, integra esta lista. É considerada a maior feira a céu aberto da América Latina, reúne referências da agropecuária e está prevista para o período de 24 de agosto a 1º de setembro, em Esteio/RS. Lá, outro destaque é o comércio de artesanato e produtos de agroindústrias familiares. Os interessados precisam ficar atentos aos prazos para inscrição, que normalmente são divulgados ainda no primeiro semestre, através da Emater/ RS-Ascar e da Fetag/RS.

Expodireto Cotrijal é a próxima grande agenda do setor agro no RS

Veja outros eventos que podem ser de seu interesse Show Rural Copavel 2019

Festa Nacional da Uva

Expoagro Cotricampo

De 4 a 8 de fevereiro Cascavel/PR

De 22 de fevereiro a 10 de março Caxias do Sul/RS

De 22 a 24 de fevereiro Campo Novo/RS

Cotrisal promove dia de campo neste mês

A

região contará com mais uma edição do Dia de Campo Cotrisal – Gerando Conhecimento e Superando Desafios, nos dias 14 e 15 de fevereiro, promovido pela cooperativa que tem matriz na cidade de Sarandi/RS. Segundo os organizadores, o evento serve para atualizar os visitantes em relação à modernização no setor agrícola. A programação ocor-

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re no Campo Experimental da Cotrisal, às margens da rodovia BR 386, no bairro Beira Campo, em Sarandi. Devem fazer parte do evento empresas parceiras e pesquisadores, possibilitando que os produtores confiram novas tecnologias e as tendências do agronegócio, com foco em mais produtividade, menos custos e aumento da rentabilida-

de no campo. As unidades de Pecuária e Peças & Implementos da Cotrisal também participarão do evento, apresentando produtos e serviços. No Campo Experimental Cotrisal os seis hectares disponíveis são usados para testar e avaliar diversas alternativas para a agricultura da região, através de experimentos com técnicos especializados.


ESCLARECIMENTO DA CRELUZ SOBRE A RETIRADA DE SUBSIDIOS NA TARIFA RURAL DECRETO 9642/2018 ASSINADO PELO EX-PRESIDENTE MICHEL TEMER EM 28/12/2018 OBJETIVO Apresentar os efeitos gerados pela publicação do Decreto nº 9642/2018 nas faturas de energia dos associados.

DESCRIÇÃO DOS FATOS Nas tarifas aplicadas no setor elétrico nacional sempre houve desconto no valor das tarifas aplicadas aos consumidores da classe rural. Inicialmente sendo subsidiados através das tarifas dos demais consumidores da mesma área de concessão (subsídio cruzado) e depois, após a publicação do Decreto nº 7.891/2013, subsidiado através de recursos da CDE – Conta de Desenvolvimento Energético. Grupo

Em 28 de dezembro de 2018 foi publicado no Diário Oficial da União o Decreto nº 9642/2018 o qual prevê a retirada desses descontos à razão de vinte por cento ao ano, extinguindo-se em cinco anos.

A

B

17,14% 8,57%

Com a publicação do Decreto nº 9642/2018, os descontos apresentados no quadro abaixo, previstos no Decreto 7891/13 os quais são custeados pela CDE, serão reduzidos em cada processo tarifário à razão de 20% ao ano a partir de 1º de janeiro de 2019. Tarifa

Desconto

Demanda

10%

Energia

10%

Demanda

15%

Energia

15%

Rural

Energia

30%

Serviço Público - Água, esgoto e saneamento

Energia

15%

Rural Serviço Público - Água, esgoto e saneamento

Ano 1

30/07/2019

60%

dos associados

Classe rural

associados

acréscimo

13.860 8,5%

Ano 3

30/07/2021

Ano 4

Ano 5

30/07/2022

30/07/2023

A retirada dos descontos na cooperativa inicia em 30/07/2019 e finaliza em 30/07/2023.

Decreto 9642/2018 publicado em 28/12/2018 Retirada dos descontos tarifários para os consumidores enquadrados nas classes: • Rural Baixa Tensão; • Rural Média Tensão; • Serviço Público de Água, Esgoto e Saneamento.

Na Creluz, a retirada desses descontos irá afetar em torno de 60% dos associados (13.860 associados), gerando um efeito para a classe rural de aproximadamente 8,5% de acréscimo considerando impostos (ICMS e PIS/ COFINS) no primeiro ano. Vale salientar que a retirada dos descontos irá afetar todos os consumidores do país em todas as áreas de concessão.

Corresponde a

Ano 2

30/07/2020

Como visto no gráfico acima, com a retirada do subsidio da tarifa B2 Rural, em cinco anos haverá um acréscimo de aproximadamente 43% usando como referência a tarifa atual, ou seja, o associado que hoje paga R$ 100,00 mensais em cinco anos vai pagar R$ 142,86.

O decreto abrange mais descontos, no Quadro acima foram mantidos apenas os que causarão efeito na cooperativa.

Irá afetar

34,29% 25,71%

ANÁLISE

Classe

42,86%

EFEITO AO CONSUMIDOR

R$

100

,00

Afeta 60% dos consumidores; Inicia a retirada em 30/07/2019; Cada ano retira 20% do desconto; Finaliza em 30/07/2023.

O associado que hoje paga R$ 100,00, em

cinco anos

R$

142

,86

vai pagar

REFERÊNCIAS BRASIL.2013. Decreto nº 7891/2013.2013 —. 2018. Decreto nº 9642/2018.2018

Jamenson Guilherme Ozelame Gerente de Regulamentação

www.creluz.com.br 21 | Revista Novo Rural | Fevereiro de 2019


Pecuária

GERAL

22 | Revista Novo Rural | Fevereiro de 2019

Taquaruçu do Sul tem granja produtora de ovos

A

Família Ciganski, de Taquaruçu do Sul, inaugurou um dos maiores aviários da região com foco na produção de ovos, no fim de janeiro. O empreendimento está localizado na linha Chielle/Pessotto, interior do município, e conta com 10 mil aves de postura. De acordo com o proprietário, Marcos Ciganski, cerca de 5 mil aves já estão produzindo e a expectativa é que em fevereiro a outra metade do aviário também inicie a produção.

Liberação da criação de tilápia na bacia do Rio Uruguai é anunciada

F

O empreendimento deve produzir 780 dúzias de ovos por dia quando operar em capacidade máxima, tendo como principais clientes padarias, lancherias, restaurantes, supermercados e indústrias alimentícias. A automação da granja inclui classificação dos ovos por tamanho, os quais também são embalados de forma padronizada. O projeto da granja é da arquiteta e urbanista Lilian Mery Barros Niederauer. João Vitor Cassol/Jornal AU

Inauguração ocorreu no fim de janeiro

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oi anunciado no mês passado o fim da disputa judicial que proibia a introdução, reintrodução e criação da tilápia-do-Nilo em tanques escavados na bacia do Rio Uruguai. A criação da tilápia, espécie exótica originária da Ásia, estava proibida no Rio Grande do Sul desde 2003, a pedido do Ministério Público Federal. A liberação de criação da tilápia em tanques escavados foi baseada em estudos que apontaram não haver risco de dispersão da espécie. A regularização definitiva da atividade depende agora de portaria da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura. O secretário de Agricultura do Estado, Covatti Filho, pontua que a liberação da tilápia depois de 15 anos de disputa jurídica abre um novo momento para a cultura na Bacia do Rio Uruguai. – Agora, após a portaria específica, o produtor poderá se regularizar e receber apoio de políticas públicas para incrementar a atividade e a produção, tendo acesso a financiamento para investimentos e cadastramento de agroindústrias no SIM e Susaf – avaliou. Esta é uma forma também de os produtores da bacia do Uruguai terem mais uma oportunidade de diversificação e o Estado terá maior arrecadação de ICMS. Nesta semana a superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) visitou a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) para alinhar informações e encaminhar a edição de portaria que dê segurança jurídica aos municípios para licenciarem a criação da espécie em tanques de 1000 m², cujo empreendimento não ultrapasse dois hectares de lâmina d'água, limite definido pela Fepam aos municípios. Essa portaria deve ser publicada nos próximos meses.


Pecuária

INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

Gracieli Verde

Frederico Westphalen inova para dar destino correto para dejetos Projeto capitaneado pela prefeitura pela Granja São Paulo viabiliza a distribuição de esterco para outras propriedades rurais. Com isso, pecuária de leite deve ter incremento a partir do uso da fertirrigação Gracieli Verde

jornalismo@novorural.com

Q

uem anda pela linha São Paulo, no interior de Frederico Westphalen, nem imagina que por baixo da terra está uma solução determinante para o funcionamento de um dos maiores projetos do mundo na área da suinocultura, que é

a granja batizada com o mesmo nome da comunidade, gerenciada pela Agropecuária Balestreri, responsável por produzir mais de 200 mil leitões por ano para a Adelle Foods, marca do frigorífico Labema, com sede no município vizinho de Seberi. Trata-se de um sistema de distribuição de dejetos de suínos por gravidade, que parte de várias esterqueiras,

tanto as da granja como outras espalhadas pela comunidade. Com isso, se tornou viável escoar a quantidade de dejetos que sai da granja São Paulo diariamente, algo em torno de 180 mil litros. Para muitos este é considerado um projeto ousado e inovador, mas ao mesmo tempo uma solução inteligente que deve refletir em outras atividades agropecuárias.

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Pecuária

INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

O reflexo na pecuária leiteira O engenheiro-agrônomo Cleber Cerutti, que está no comando da Secretaria Municipal de Agricultura de Frederico Westphalen, tinha uma grande responsabilidade ao assumir o setor, no início do governo de José Alberto Panosso, em 2017. Não era por nada, mas além de as áreas de agricultura e pecuária demandarem de uma atenção especial, uma vez que é visível o interesse de muitas famílias em continuarem investindo no campo, o município precisava dar apoio a um projeto que já havia colocado Frederico Westphalen em uma vitrine mundial da suinocultura nos últimos meses, a Granja São Paulo, gerenciada pela Agropecuária Balestreri. Essa granja, como a Novo Rural já abordou em edições anteriores, é um dos maiores complexos do mundo na área de suinocultura – com sete mil matrizes sendo mantidas para gerarem 210 mil leitões por ano, uma média de 30 leitões/ matriz/ano. Com essas proporções, obviamente que a demanda por um projeto adequado de destinação desses dejetos seria imprescindível para que tudo pudesse funcionar – isso era requisito para liberações ambientais, inclusive. – Já haviam várias tratativas de como um sistema de distribuição poderia funcionar, para que esses dejetos servissem de adubo para áreas de agricultura e pastagem de outros produtores do município. Mas ainda era algo inicial, dá para se dizer. Tínhamos que ter a participação e a aceitação da parte mais importante nesse processo: os

produtores rurais que rodeiam esta região, que teoricamente teriam de ser os primeiros a aceitarem receber em suas propriedades parte desses dejetos – relata o secretário Cerutti, ainda no caminho para a comunidade de linha São Paulo, que fica a cerca de 12 quilômetros do perímetro urbano de Frederico Westphalen. Lá residem cerca de 35 famílias rurais, com perfis produtivos diversos, tanto de grãos, de leite como de hortaliças. O desafio era grande. Afinal, Cerutti precisou usar do conhecimento técnico para, também, sensibilizar as famílias que este trabalho seria algo para beneficiar a todos, e não somente colocar em funcionamento a granja – que, obviamente, também era fundamental naquele momento. Para auxiliar nesta fase de sensibilização das famílias em aderir ao projeto, a colaboração de alguns agricultores foi crucial para o trabalho ter andamento. Uma destas pessoas que teve papel decisivo neste trabalho foi o agropecuarista Fernando Michnoski, que reside há poucos quilômetros da granja. Ele e a esposa Denise Secretti, que mantêm um plantel de vacas leiteiras, já estão colhendo os frutos desse trabalho. Graças a esse projeto, um dos planos do casal em investir em irrigação pôde ser adiantado, mas com um plus para a atividade, a fertirrigação. Na propriedade também foi construída uma esterqueira extra, que também vai servir outras unidades produtivas vizinhas. – Hoje temos 3,6 hectares de pastagem pere-

nes irrigadas e com apenas cerca de um mês já percebemos o quanto poderemos incrementar na produção de leite. Já está sobrando pasto, as vacas não vencem comer tudo – exclama Denise. Atualmente a unidade produtiva conta com 20 animais, num sistema de produção a pasto. Já pensam em fazer feno com o pasto que sobra, para armazenar esse alimento de uma forma alternativa. No entanto, eles querem mais! “Pelo que percebemos neste primeiro mês de uso da fertirrigação, poderemos chegar tranquilamente a 60/70 animais se alimentando desta área, até porque já estamos analisando a possibilidade de investir na ampliação deste projeto, com fertirrigação em mais, pelo menos, três hectares, para as pastagens anuais”, adianta Fernando. Com alguns cálculos rápidos, é possível chegar à produção de pasto por corte da grama. “A cada dez dias é possível ter cerca de 25 toneladas de pasto renovado para o plantel”, estima o agrônomo Cleber Cerutti. Em uma das análises de produtividade da grama usada como pastagem, no caso da tifton, foi constatada a produtividade de 600 gramas de massa verde por metro quadrado – isso ainda em dezembro de 2018. Quando a reportagem esteve no local, em janeiro, já se estimava 800 gramas por metro quadrado. De agora em diante, o casal também espera investir em variedades diferenciadas de pastagem, que possam agregar uma nutrição ainda melhor para o plantel. Gracieli Verde

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Pecuária

INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE Reprodução

Lei municipal ampara incentivo

Mapa mostra parte da região que deverá ser beneficiada nos arredores da granja

Impacto na redução de custos mente o dobro de animais em produção, somando 20 litros/vaca/dia. De agora em diante, certamente veremos um custo de produção mais baixo, devido à redução na compra de adubos minerais. É importante ressaltar, entretanto, que tudo isso deve estar aliado a uma assistência técnica eficiente, que auxilie o produtor no manejo da propriedade e da atividade leiteira, porque o sucesso advém de um conjunto de iniciativas, e não apenas de um fator isolado – alerta. No caso deles, o investimento no projeto de fertirrigação somou R$ 25 mil, por meio de acesso ao Pronaf Mais Alimento.

Influência em outras atividades do setor primário De 2017 para 2018, dados da Secretaria da Fazenda da prefeitura revelam que a pecuária leiteira teve um incremento de 35% em Frederico Westphalen. A expectativa é que essa atividade cresça ainda mais, porque o uso de dejetos para adubar as pastagens deve incrementar a produtividade de pasto para os animais – o que é fundamental para que se obtenha mais produção de leite por animal. Não muito longe de onde moram Fernando e Denise, outro morador, Edenilso Tur, acredita que o adubo que chega na propriedade pode ser estratégico para cultu-

ras como do melão e da melancia. Lá ele já tem um sistema de irrigação sendo usado e que logo será adaptado para a fertirrigação. O intuito é usar também na pastagem que hoje alimenta as 16 vacas em lactação. “Até usamos com uma mangueira um pouco improvisada em uma área que vamos plantar melão, mas ainda vamos ajustar para poder usar mais este adubo que passa pela nossa terra”, comenta Luciana, esposa de Edenilso. Isso comprova que, de agora em diante, outras possibilidades surgirão com esta facilitar de ter o adubo encanado pelo interior do município.

Projeto para longo prazo O secretário de Agricultura, Cleber Cerutti, explica que a execução desse projeto deve ser efetuada a longo prazo. No total, quase 130 famílias poderão ter acesso. Nesta primeira fase, foi viabilizada uma lei municipal para que o poder público local pudesse auxiliar com serviços necessários para abertura das valas que armazenam os encanamentos. Como contrapartida, a Agropecuária Balestreri também cedeu uma cota de recursos para que fosse possível viabilizar as primeiras linhas de encanamento de adubo para as famílias.

Segundo o gestor Luiz Henrique Balestreri, da Agropecuária Balestreri, há bastante interessados em ter acesso ao dejeto, mas hoje a empresa não consegue atender a todos de forma gratuita. “Temos visto que esta é uma oportunidade de os produtores melhorarem a fertilidade do solo e, consequentemente, de suas produções. Para nós, foi algo fundamental para que tivéssemos possibilidade de dar o correto destino aos dejetos, porque também envolve uma questão ambiental”, salienta o empresário.

muito grande, porque se tivéssemos que fazer qualquer outro tipo de ação para tirar o dejeto de lá ficaria inviável do ponto de vista econômico – acredita o prefeito. Também através de uma lei municipal, a prefeitura pode viabilizar até 500 metros de cano por produtor, com registros e conexões. Já o produtor, como contrapartida, precisa ter um projeto da Emater/RS, para justificar e planejar como a fertirrigação será aplicada na propriedade. Para 2019 o orçamento da prefeitura prevê o valor de R$ 100 mil para esta finalidade. Panosso explica também que no futuro se planeja construir outros reservatórios de dejeto em localidades mais distantes, para que dali o líquido possa ser direcionado através de encanamentos superficiais para outras propriedades mais distantes. Gracieli Verde

O engenheiro-agrônomo Jeferson Vidal Figueiredo, do Escritório Municipal da Emater/RS de Frederico Westphalen, salienta que a evolução vista na propriedade de Fernando e Denise vem sendo comprovada pelos dados avaliados nos últimos três anos, em que eles contam com assessoramento direto da instituição na área leiteira. Ele acredita que, de pronto, o principal impacto da fertirrigação no atual sistema é na redução do custo de produção. – Em 2016 a propriedade tinha quatro vacas dando leite, com uma média de 10 litros de leite/vaca/dia. Em 2018 são pratica-

A expectativa é que o poder público de Frederico Westphalen destine mais recursos para esse projeto, para seguir com a ampliação das redes de distribuição. O prefeito, José Alberto Panosso, reforça que isso comprova a preocupação do município com o setor primário. Para ele, esta é a "grande indústria" que contribui para movimentar a economia local. Para que esse projeto saísse do papel, além do empenho da equipe técnica da Secretaria de Agricultura e da prefeitura, houve um envolvimento de várias instituições, como universidades e entidades ligadas ao setor. – É este conjunto que foi essencial para o sucesso desta iniciativa, porque levamos em conta questões ambientais e sustentáveis para modernizar o campo e, com isso, incentivar a geração de renda entre as famílias rurais – pontua Panosso. O incremento da economia do município deve se dar por várias frentes, segundo Panosso. Uma delas, obviamente, é com o próprio funcionamento da Granja São Paulo, além do reflexo em outras atividades, como já foi citado. Segundo o prefeito, investimos cerca de R$ 250 mil são contabilizados pelo poder público municipal nesta fase. O valor de R$ 140 mil para compra de encanamentos e registros foi aprovado pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento (Comude) e pela Câmara de Vereadores. O restante é contabilizado em horas-máquina e demais serviços para abertura de valas e questões relacionadas à infraestrutura. – Isso é de um custo-benefício

Clima de otimismo e premiação marcam novo cenário para Frederico Westphalen O projeto rendeu ao prefeito José Alberto Panosso uma premiação estadual, por parte do Sebrae/RS. Trata-se do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor, nas categorias Inovação e Sustentabilidade e Pequenos Negócios no Campo, em 2018. Agora, a expectativa é pela etapa nacional, que ocorre ainda neste primeiro semestre de 2019, pois o projeto automaticamente se classificou para concorrer como um dos melhores do Brasil nesta área. Mas, segundo o prefeito, a satis-

fação vai além do prêmio. – Estamos em um momento muito importante para Frederico Westphalen, com a Granja São Paulo em funcionamento, com a construção da indústria de laticínios da Cotrifred, bem como outros diversos empreendimentos que envolvem nosso setor primário. Em curto prazo teremos um cenário muito mais consolidado e promissor – defende o líder do Executivo, ressaltando que o objetivo é primar por inovação também no campo.

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Pecuária

INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

Região avalia gestão dos dejetos e da água nas granjas Estudos mostram que o consumo médio por suíno chega a 8,3 litros de água/lote, muito acima do ideal Gracieli Verde

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lém deste projeto inovador implantado em Frederico Westphalen, outra frente vem abordando entre os suinocultores a importância de usar com atenção os dejetos nas lavouras. Outra preocupação é com o manejo e uso da água nessas granjas, o que reflete diretamente na quantidade e na qualidade do adubo orgânico gerado pelo dejeto suíno. Esse trabalho é resultado de uma cooperação técnica entre Emater/RS-Ascar e Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia/SC. No mês de janeiro, três dias de campo abriram para o público informações que vêm sendo avaliadas em três propriedades rurais, localizadas nos municípios de Palmitinho, Rondinha e Pinhal. Os eventos foram promovidos pela Emater/RS e Embrapa, com apoio das prefeituras dos municípios. Em Palmitinho, a unidade de referência está localizada na linha Lajeado Leão, na propriedade da família Vargas. Um dos trabalhos realizados na área da família foi um experimento em uma lavoura de milho para silagem. Em quatro parcelas foram adotados manejos diferenciados em relação à adubação, sendo uma com adubação química, outra com dejeto suíno espalhado na superfície, uma terceira com o dejeto de suíno injetado no solo, e uma quarta sem nenhuma adubação. – É possível constatar que o desempenho das parcelas foi muito parecido, comprovando que o solo desta área está rico em nutrientes. Neste caso, o ideal é usar fertilizantes de modo a repor o que a planta extrai do solo. Para saber o quanto o solo precisa, é fundamental fazer análises de solo estratificadas, com uma boa amostragem do solo – ressalta o agrônomo Carlos Roberto Olczevski, da Emater/RS. No caso da área da família Vargas, foram usados 63 mil litros de dejetos por hectare, respeitando o que o solo necessitava no que se refere a nitrogênio e potássio, por exemplo.

O manejo da água O pesquisador Evandro Barros, da Embrapa Suínos e Aves, revela o manejo e o uso da água dentro da granja de suínos está diretamente ligada à quantidade de dejetos gerada ao longo do lote, independente de finalidade – se for para matrizes, crechário ou terminação. Segundo ele, estudos da Embrapa em Santa Catarina mostram que o consumo médio em unidades de terminação de suínos chega a 8,3 litros de água por animal durante o lote, quando o ideal seria até 4,5 litros. – Isso impacta bastante no produto final que esse esterco se torna, porque ao invés de transportarmos nutrientes para a lavoura, estamos levando muita água – pontua Barros. Em relação ao valor econômico des-

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se esterco gerado, o pesquisador revela que quatro metros cúbicos de dejeto equivalem a uma saca de adubo 09-3312, muito popular entre os agricultores. Assim, em uma pocilga com capacidade para 1 mil suínos, consumindo 4,5 litros por dia por animal, se gera 1.350 metros cúbicos de dejetos, o que corresponderia a mais de 300 sacas de adubo. – É importante avaliarmos esse dejeto como algo que tem valor, porque grande porcentagem dos nutrientes que é consumido pelos animais acaba ficando no esterco – ressalta. Para auxiliar nesse aspecto, a Embrapa e a Emater/RS têm recomendado que os suinocultores usem homogeneizadores de dejetos, que nada mais

são do que equipamentos que misturam o dejeto na esterqueira. Isso reflete na qualidade do dejeto usado como adubo, uma vez que mistura todos os componentes, tanto a parte sólida como a parte líquida. – Estar de olho na densidade do dejeto é outro ponto fundamental. Hoje existem densímetros de baixo custo para o produtor poder avaliar isso. Além disso, os escritórios municipais da Emater/RS também têm o equipamento e podem auxiliar nessa análise. Quanto mais concentrado estiver este esterco utilizado nas lavouras, mais nutrientes efetivamente levaremos para lá – reforça o agrônomo Carlos Roberto Olczevski, da Emater/RS.


Parceiros do leite

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MERCADO

Brasil não pode criar cotas no Mercosul. “Eles também têm problemas lá com seus produtores, e nós temos que achar uma solução inteligente”, desafiou. Já o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, lembrou que o governo brasileiro precisa se manifestar até dia 6 de fevereiro sobre a renovação ou não do processo antidumping contra a Nova Zelândia e União Européia. Até a data, serão mantidas as tarifas de 14,8% para as importações de leite da UE e 3,9% da Nova Zelândia. O executivo Marcelo Martins reivindicou acelerar a elaboração do Certificado Sanitário Internacional (CSI) para iniciar as exportações de leite para o México e a China, opções que considera importantes para escoamento da produção brasileira.

A

tendendo à demanda dos conselheiros, o Conseleite deu início, na reunião realizada em janeiro de 2019, à análise dos dados de custo de produção e seus impactos no setor leiteiro. Para isso, o colegiado contou com estudo preliminar realizado pelo assistente técnico estadual em Bovinocultura de Leite da Emater/RS, Jaime Ries, que fez uma explanação com cruzamento de dados tabulados pela Emater a campo no Rio Grande do Sul. – Trouxemos aqui um ensaio do que pode ser feito com os dados que temos, com o objetivo de alinhar junto ao Conseleite uma avaliação mais aprofundada de custos. Ainda precisamos definir qual a metodologia para criar algo nos moldes do Índice de Custos de Produção (ICP) Leite, tabulado pela Embrapa Gado de Leite – opinou. Para facilitar a compilação desses dados, Ries propôs um indexador formado por uma cesta de insumos da produção leiteira, que integre gastos com nutrição, medicamentos, mão de obra, material de construção, entre outros.

Valor destinado para indenizações aumenta 9,64% no Estado

S

e comparado o ano de 2018 a 2017, foi registrado um aumento no valor de recursos destinados para indenizações de produtores de leite. O ano de 2018 fechou com R$ 4,2 milhões designados a erradicação de animais positivos para tuberculose ou brucelose, o que corresponde a 9,64% a mais do que no ano anterior. Os dados foram divulgados pelo Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa). Na visão do secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios (Sindilat), Darlan Palharini, isso aponta que os criadores estão cada vez mais conscientes sobre a importância da eliminação dessas zoonoses no Estado. Outra informações divulgada pelo Fundesa é que o valor que coube às indenizações no setor leiteiro correspondem a mais de 60% do valor utilizado nas quatro cadeias que compõem o Fundo (aves, suínos, pecuária de corte e pecuária de leite) – R$ 6,5 milhões. Atualmente o fundo conta com saldo de R$ 84,84 milhões.

COMUNICAÇÃO INTEGRADA

mês de janeiro foi marcado por mais debates sobre a atual situação da cadeia produtiva do leite. Uma reunião de representantes de entidades gaúchas com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, mais uma vez colocou em pauta a sugestão de que o governo compre parte dos estoques de leite em pó – com o objetivo de aliviar a pressão do mercado interno –, bem como a criação de programa de incentivo à exportação de lácteos. Conforme o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Alexandre Guerra, o encontro foi considerado um dos passos para recuperar a competitividade do setor, que sofre desvantagem se comparado ao Mercosul. O panorama pode ser revertido, de acordo com Guerra, com a criação de cotas de importações mensais da Argentina e Uruguai que deem previsibilidade do volume que chegará ao Brasil. – Em outubro e novembro do ano passado foi importado o dobro de produtos em comparação a 2017. Isso gera desequilíbrio comercial e enfraquece o mercado como um todo – avalia. Além disso, Guerra pontua que não é só a produção que determina a falta de competitividade, mas também os custos envolvidos no processo, como preço do combustível, de insumos e de peças de maquinário. Segundo a ministra Tereza Cristina, um dos objetivos é criar uma política para o setor na Câmara Setorial do Leite e Derivados, que será incluída no Plano Plurianual (PPA), a ser lançado em abril. Ela informou ainda que está buscando uma solução para as importações de leite junto às autoridades argentinas, mas alertou que o

Setor quer avaliar o custo de produção de leite

Divulgação

Setor leiteiro aguarda política nacional O

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Parceiros do leite

PRODUÇÃO

Daiane Binello/Arquivo AU

Hora de planejar e garantir o alimento das vacas Tendo em vista as características climáticas do Norte do Estado, o pesquisador considera mais fácil compor um sistema de produção de leite a pasto com eficiência Gracieli Verde

jornalismo@novorural.com

V

olta e meia o planejamento da oferta de forragens para o gado leiteiro é assunto em pauta por aqui. Não é por acaso. Acontece que o fornecimento adequado de alimento para esse rebanho é um dos desafios por parte dos pecuaristas. Estudos em várias regiões do país apontam que esta é uma demanda recorrente, tanto que os mais diversos programas de assistência técnica dão bastante atenção para esse aspecto. Para ter sucesso neste manejo, o que reflete em toda a atividade leiteira na propriedade rural, ter um planejamento é fundamental. Para tanto, estar antenado no que tem de novo e de

melhor no que se refere às pastagens é fundamental. É claro que, do ponto de vista técnico, essas novidades também precisam ser avaliadas com cautela. – Ao procurar uma novidade, uma nova cultivar de uma espécie forrageira, o produtor precisa avaliar se realmente necessita fazer essa mudança. Porque muitas vezes a gente procura aquela forrageira milagrosa, mas nenhuma delas é. Todas têm problemas, pontos limitantes e precisamos entender que o mais importante é compor um sistema com diferentes forrageiras, cada uma oferecendo aquilo que tem de bom – defende o pesquisador Gustavo Martins da Silva, da Embrapa Pecuária Sul, de Bagé, no Sul do Estado Tendo em vista as características climáticas do Norte do Estado, o pesquisador considera mais fácil compor

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um sistema de produção de leite a pasto com eficiência. Ele cita como espécies importantes para ter na propriedade o tifton e o capim-elefante. Este último, inclusive, tem uma cultivar desenvolvida pela Embrapa que está ganhando bastante espaço na áreas, segundo Silva, que é o BRS Kurumi, que serve para pastejo direto do gado. As espécies panicuns e braquiárias são outras que podem dar bons resultados. – É sempre importante o produtor priorizar as forrageiras tropicais perenes, porque estas dão uma base para esses sistemas a pasto que a gente tem visto com mais êxito em diversas unidades produtivas – relata o agrônomo.

De olho no vazio outonal

Para driblar o tão temido vazio outonal, que na prática é aquela época en-

tre o verão e o inverno em que a pastagem da época quente perde força e a que se adapta ao frio ainda está nascendo, é preciso ter estratégias e várias delas já estão dando certo em muitas propriedades. – Temos uma cultivar da Embrapa, que é o BRS Estribo, um capim-sudão já bastante conhecido. Este é mais resistente ao frio, então segue crescendo e oferecendo pasto até a entrada do inverno. Fizemos alguns testes e até mesmo com temperaturas mais baixas ele segue crescendo. Somente para de crescer quando a temperatura bate nos três graus. Inclusive, há quem plante o capim-sudão depois do milho safra. Ao invés de fazer o milho safrinha, cultiva o capim-sudão mesmo no tarde, em fevereiro, pois ainda consegue produzir bastante massa, agregar essa maté-


Parceiros do leite

PRODUĂ‡ĂƒO

Qualidade das sementes O pesquisador Gustavo Martins da Silva tambĂŠm atenta para outro fator que influencia numa boa pastagem para o gado leiteiro, a qualidade da semente dessas forrageiras. Ele e mais um grupo de extensionistas da Emater/RS que integram o programa Rede Leite, na regiĂŁo de IjuĂ­, tĂŞm abordado esse assunto com frequĂŞncia entre os pecuaristas, devido aos sĂŠrios problemas que se vĂŞ a campo. – Temos visto semente de baixa qualidade, pouca germinação, baixa pureza e, consequentemente, baixo vigor, que seriam fatores muito importantes para o estabelecimento da pastagem. A campo, nem sempre as condiçþes sĂŁo ideais para a planta germinar e se estabelecer, entĂŁo tem que tomar muito cuidado nesse quesito – alerta o profissional, orientando que o produtor opte sempre por sementes de qualidade e oficiais, que tĂŞm uma garantia muito maior de sucesso. E ele reforça: â€œĂ‰ importante o produtor qualificar esse processo de compra, com mais calma e atenção, pois o preço baixo nem sempre ĂŠ sinĂ´nimo de economiaâ€?.

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Gustavo Martins da Silva atua na Embrapa PecuĂĄria Sul, em BagĂŠ

Minimiza riscos, uma vez que o produtor consegue enxergar lå na frente o que Ê possível acontecer, em caso de alguma intempÊrie ou algum vazio entre as estaçþes, por exemplo. Reduz a oscilação de produção de leite, porque com alimento garantido se consegue manter um equilíbrio tambÊm na produtividade. Melhora as condiçþes de trabalho, organiza a rotina e diminui a penosidade no dia a dia. Facilita o manejo do rebanho e favorece o conforto animal. Proporciona sistemas de produção de alimentos mais eficientes. Reduz o custo de produção.

O que devo levar em conta na hora de planejar esta etapa da produção? Faça um levantamento do seu rebanho. Divida os animais em lotes por categorias, como as vacas em produção, as secas, as novilhas, terneiras, os reprodutores e outros que possa ter na propriedade. Para iniciar Ê preciso estimar o peso desses animais. Avalie a årea que pode ser destinada para a pastagem perene e anual, alÊm da silagem. Um profissional pode auxiliar nesse trabalho como uso do GPS. Você tambÊm precisa saber o quanto a sua pastagem produz para calcular a capacidade de suporte, ou seja, a quantidade de animais que você pode colocar por piquete, bem como o tamanho desses piquetes. Para isso, Ê preciso cortar um metro quadrado do pasto e pesar para iniciar os cålculos. TambÊm Ê importante saber em qual Êpoca as pastagens rendem mais, para justamente evitar períodos de vazio forrageiro, colocando outra opção nessas Êpocas, e montar o calendårio para cada propriedade.

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Serve para otimizar mĂŁo de obra e o uso da terra nas propriedades.

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Por que devo planejar a implantação das pastagens?

Manuela Bergamim/Embrapa/Divulgação

ria orgânica ao solo, cobrir essa terra e ainda dar um pastejo estratĂŠgico nessa ĂŠpoca do ano com boa qualidade de forragem – explica Silva. Uma novidade na ĂĄrea das aveias ĂŠ a URS Flet, lançada pela UFRGS em parceria com a Embrapa. Esta ĂŠ uma aveia branca para pastejo e cobertura do solo. Ela pode ser bastante antecipada no plantio, por ser precoce, e estĂĄ entrando no mercado com boa expectativa. – Em termos de produção, ela bate as aveias pretas comuns, pode produzir de 6 a 9 toneladas de matĂŠria seca por hectare. A expectativa ĂŠ que entregue muito mais pasto com uma produção antecipada. Se cultivada em inĂ­cio de março, por exemplo, em abril jĂĄ se consegue entrar com os animais, ou mais tardar na primeira quinzena de maio – explica. AlĂŠm disso, outro material que jĂĄ estĂĄ no mercado, tambĂŠm de responsabilidade da Embrapa, ĂŠ o trigo BRS Pastoreio. Entre os azevĂŠns, a empresa de pesquisa tambĂŠm lançou o BRS Integração, que se destaca pela produção total de massa de pasto. – Tem superado a maioria desses cultivares que jĂĄ estĂŁo no mercado, inclusive em experimentos feitos em Santa Catarina se vĂŞ esta variedade entre as primeiras em termos de produção total de forragem – pontua o agrĂ´nomo. O diferencial do BRS Integração ĂŠ que nĂŁo ĂŠ tĂŁo precoce na largada, mas “explodeâ€? depois em termos de produção e fecha o ciclo mais cedo. “Por isso que o nome dele traz a integração, que ĂŠ a integração com a soja, com culturas de verĂŁo, pois ele fecha o ciclo antes e permite que vocĂŞ entre com uma culturas de verĂŁo normalmenteâ€?, relata Silva.

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Pecuária

APICULTURA

Divulgação

Pela vida das abelhas e pelo mel Município de Pinhal coloca em prática política pública para incentivar a profissionalização de apicultores e, consequentemente, garantir a vida das abelhas

Gracieli Verde

jornalismo@novorural.com

A

liar políticas públicas com a capacitação de agricultores e pecuaristas na área da apicultura tem sido um dos desafios no município de Pinhal. Um trabalho de parceria entre a prefeitura e o escritório municipal da Emater/RS-Ascar resultou em um projeto de incentivo, inclusive com a criação de uma lei municipal, para que fosse possível viabilizar mais colméias em produção no município. O zootecnista e técnico agropecuário Luis Henrique Corteze Lima, que atua na Emater/RS-Ascar do município, explica que esta era uma demanda do setor, uma vez que já existe um determinado número de agricultores que coletavam mel de abelha, mas de uma forma bastante extrativista, ainda com poucas técnicas de manejo. Além disso, é uma forma de garantir a sobrevida das abelhas. – Enquanto equipe técnica, fazia algum tempo que nos desafiávamos a ter algo para incentivar essa atividade,

pela importância que ela pode ter na geração de renda complementar para as famílias. Temos um cenário de várias propriedades que cessaram a produção de leite, então o mel poderia ajudar a suprir parte da renda para essas famílias – relata o profissional. Na prática, ano passado foi possível aprovar uma lei municipal que rege esse programa, uma vez que com recursos do Poder Executivo, a prefeitura viabilizou a compra de cinco caixas para colméias para cada produtor que aderiu ao projeto. Como contrapartida, o produtor precisava adquirir uma caixa adicional. Outra contrapartida de quem aderiu a esse trabalho era participar de capacitações na área. – Temos um grupo bem diverso, que atua nas mais diversas atividades agrícolas. São homens e mulheres de faixa etária variada. As capacitações foram feitas em grupo para facilitar e agilizar esse processo. A ideia é que até o fim de 2019 possamos ter as primeiras remessas de mel sendo colhidas – estima o engenheiro-agrônomo Sylvio Trentin, que também faz parte da equipe da Emater/RS no município.

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Cronograma Conforme do cronograma do projeto, a primeira remessa de caixas já foram distribuídas às 27 famílias que aderiram ao programa. Isso gera um incremento de mais de 160 caixas/colméias no município. De agora em diante, o produtor rural que demonstrar interesse em participar também pode procurar a equipe da Emater/RS-Ascar. A ideia é formar mais um grupo de interessados, para que seja possível ministrar os treinamentos em conjunto. Entre os critérios para poder participar está o de ser morador de Pinhal, ter local adequado para colocar as colmeias (em caso de ser morador urbano), comprar uma das caixas (cinco são doadas pela prefeitura e outra serve como contrapartida do produtor), adquirir os equipamentos de proteção individual e cera alveolada e ter disponibilidade de participar das capacitações técnicas sobre apicultura. – Entendemos que esta é uma maneira de dar um suporte maior para esses produtores durante todo o pro-

cesso. É uma maneira ministrarmos os orientações importantes do ponto de vista do manejo dessas abelhas, para uma produção de qualidade e que garanta a sobrevida desses enxames – salienta Lima. Esse também é o objetivo da administração municipal de Pinhal. O prefeito em exercício, Luiz Carlos Pinto Ribeiro, reforça que ter esse acompanhamento técnico é essencial para que o projeto seja implantado com segurança e possa ter os resultados almejados. – O mel é um produto muito procurado pelos consumidores. Acreditamos que no futuro possamos ter algo mais organizado do ponto de vista de mercado. Antes disso, precisamos fomentar a produção para que se viabilize uma casa do mel, por exemplo. Inclusive, com essa lei municipal já está prevista a compra de equipamentos para extração do mel. São etapas importantes para que daqui alguns anos essa atividade esteja organizada e gerando


Pecuária

APICULTURA

não há agricultura sem a apicultura!

Gracieli Verde

renda para nossas famílias – acredita o líder do Poder Executivo. Esse apoio do poder público, seja com recursos ou assistência técnica, é visto de forma positiva entre os produtores. O agricultor Rogério Zambiazi é um dos que integram o grupo e se diz satisfeito com o aprendizado na área. Ele e a irmã Maria mantém uma propriedade de 12,5 hectares no município. – Para nós, é uma possibilidade de ter um produto a mais para a venda. Já vendemos uva, peixe, hortaliças, entre outros produtos da agricultura. No futuro o mel poderá vir a somar nesse sentido – acredita, otimista. Na propriedade os Zambiazi têm outras 12 colmeias, que somaram cerca de 120 quilos nesta safra. A ideia também inclui mais investimentos na meliponicultura, que é a produção de mel das abelhas sem ferrão.

Lembre-se:

Família Zambiazi com extensionistas e representantes do Poder Executivo: parceria para viabilizar incremento na apicultura

Tacio Philip/Divulgação

Técnicas “amigáveis”

Meliponário será viabilizado em parceria com a Creluz

Cuidados com o manejo são cruciais para garantir enxames saudáveis

Outra iniciativa que deve marcar uma nova fase para a preservação da vida das abelhas na região é a implantação de um meliponário didático no horto florestal da Creluz. O objetivo é aliar o que já existe de trabalho ambiental neste espaço, que é mantido pela cooperativa de eletrificação, para que seja agregado esse assunto. O foco será nas abelhas sem ferrão, para que seja possível viabilizar as visitas ao local com mais segurança. Segundo o projeto, o trabalho seria uma parceria entre a Creluz e a Emater/RS-Ascar, sendo que a cooperativa contribuirá com recursos e a Emater/RS com o monitoramento e organização do espaço. No Brasil, conforme informações do projeto, existem mais de 300 espécies de abelhas silvestres sem ferrão. Neste caso, o objetivo é reunir pelo menos 30, que são mais comuns pelas características ambientais locais. É uma projeção que pode garantir um novo cenário para a difusão da meliponicultura na região, uma vez que preservar essas espécies é um passo essencial para difundir também a produção desse mel. Até porque, a vida humana depende grandemente das abelhas – todas elas –, pois cerca de 70% das plantas de importância para a alimentação das pessoas dependem de polinização delas.

Nos últimos meses a sobrevivência de enxames de abelhas têm sido tema de pautas na mídia, principalmente pelo fato de haver registros de mortes em várias regiões do Estado gaúcho. Em São José das Missões também houve esse problema, que é considerado grave por profissionais da agricultura e ambientalistas. Em vários casos a suspeita é o uso inadequado de alguns manejos em áreas de agricultura, que acabam refletindo nas abelhas. O engenheiro-agrônomo Mairo Piovesan, da Emater/RS-Ascar de São José das Missões, separou algumas orientações para evitar esse tipo de problema. “Somente na virada de 2018 para 2019, cerca de seis mil colmeias foram mortas no RS, segundo apicultores”, cita o profissional. Lembre-se: em caso de dúvidas, sempre procure um profissional capacitado para lhe orientar.

Manejo relacionado à aplicação de defensivos

Em relação à proteção das colmeias

• Mapear a presença de apicultores na região e avisar aos mesmos quando fizer aplicações de inseticidas para que, dentro do possível, os apicultores fechem suas colmeias. • Consulte na bula do agrotóxico e no receituário agronômico se há orientação sobre toxicidade do produto às abelhas e o período adequado de aplicação do produto. Observe as recomendações do horário de aplicação e temperatura indicadas nas bulas dos agrotóxicos. • Mantenha a mata ao redor da cultura agrícola que funciona como um atrativo para as abelhas, evitando que elas se desloquem até a cultura. • Evitar a colocação de colmeias em culturas com alta frequência de aplicação de produtos e não dependentes de polinização. • Utilize métodos de monitoramento e avaliação da população de pragas nas lavouras e determine uma combinação de métodos para controle (quem nem sempre é a aplicação de produtos químicos). • Reduzir a aplicação de produtos químicos ao somente o necessário e com total observação das orientações técnicas.

• Mapear a presença de lavouras na área de visitação das abelhas (num raio de até 6 km) e avisar os produtores sobre sua atividade na área. • Utilizar áreas de mata (APP, Reserva Legal e Reflorestamento) para a locação do apiário. A mata fornece alimento e evita o contato da abelha com os agrotóxicos. • Recomenda-se instalar o apiário em local seguro de corrente de vento para evitar exposição das abelhas à deriva de agrotóxicos. • Cultivar plantas melíferas próximo às colmeias para evitar deslocamento das abelhas até áreas agrícolas mais distantes. • Forneça alimentação suplementar às abelhas, principalmente em períodos de baixa oferta de florada natural, evitando assim que as mesmas busquem alimento nas culturas agrícolas e acabem entrando em contato com agrotóxicos.

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Juventude Rural

EXPERIÊNCIA

Segunda turma do Pronera tem atividade de integração Outra novidade é a confirmação da terceira turma do programa, que abrirá vagas para agricultores no curso Tecnologia em Agropecuária da URI Gracieli Verde/Novo Rural

O

empreendedorismo e a agregação de valor na agricultura familiar ficaram em evidência durante o Seminário de Encerramento das Atividades da Segunda Turma do Pronera, promovido pela URI de Frederico Westphalen, na primeira quinzena de janeiro. Por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), agricultores e filhos de agricultores tiveram acesso ao curso de Tecnologia em Agropecuária da universidade de forma gratuita, com recursos do governo federal. Esta é a segunda turma, de cerca de 30 alunos, que se gradua por meio dessa política pública. Durante o encontro, palestras com os professores Claudir Zuchi e Roseli Zanchin destacaram o compromisso que o agricultor precisa ter do ponto de vista ético para com a produção de alimentos. Além disso, outra abordagem foi em relação ao potencial da agregação de valor na produção da agricultura familiar. A professora Roseli exemplificou casos de alunos que estão investindo em agroindústrias – área de sua responsabilidade no curso – e que estão apostando no que sabem produzir inicialmente para subsistência para, em uma escala um pouco maior, tornar isso um negócio. Satisfeita com o resultado do trabalho dos últimos anos, que somam pelo menos uma agroindústria totalmente legalizada nesta turma, e outra em busca por formalização, Roseli ressalta que isso é prova

Encontro também contou com a presença de familiares dos acadêmicos do avanço que se vê para a agricultura familiar. “Essas agroindústrias são formatadas a partir de conhecimentos que essas pessoas já têm, mas aprimoram do ponto de vista técnico para tornar isso uma fonte de renda”, salienta.

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O professor Gelson Pelegrini, que coordena o curso de Tecnologia em Agropecuária da URI de Frederico Westphalen, revela que já foi confirmada a terceira turma da graduação por meio do Pronera. O extrato de fomento já foi publicado no Di-

ário Oficial da União, no fim de dezembro de 2018, e a expectativa é que o edital de abertura das inscrições seja publicado neste mês de fevereiro. Mais 40 vagas devem ser abertas para iniciar os estudos ainda em 2019.


Qualidade de vida

EVENTOS

Mulheres terão ações comemorativas em março

T

radicionalmente no mês de março o público feminino rural têm eventos alusivos ao Dia Internacional da Mulher – 8 de março. Neste ano não será diferente. Equipes da Emater/ RS, de sindicatos, cooperativas e demais entidades relacionadas ao setor se mobilizam para organizar estes encontros, que fortalecem os vínculos de amizade e valorização do público feminino do campo, afinal, a presença delas também é forte e fundamental nesta área. Abaixo seguem algumas das agendas previstas para o mês de março. Outros eventos também estão em fase de definição. Por isso, fica o convite para acompanhar o portal novorural.com/agenda e ficar por dentro do que vai acontecer no próximo mês!

Q

PROGRAME-SE! Dia 1º de março Caminhada da Paz - Abertura das atividades alusivas ao Dia Internacional da Mulher Saída em frente à Catedral até a Faguense Frederico Westphalen Dia 3 de março 16º Encontro Municipal de Integração dos Grupos de Senhoras e Moças Linha São Luis, Jaboticaba Início: 9h30min Promoção: Emater/RS-Ascar, prefeitura, STR, Cooperjab, Grupo de Senhoras e Moças Dia 8 de março 8º Encontro Regional de Mulheres Salão Paroquial de Liberato Salzano Início: 8h30min Promoção: Emater/RS-Ascar, municípios Constantina, Liberato Salzano, Engenho Velho, Novo Xingú e São José das Missões Encontro Intermunicipal de Mulheres Dois Irmãos das Missões Promoção: Emater/RS-Ascar, municípios de Dois Irmãos das Missões, Erval Seco e Seberi e STR Encontro Dia Internacional da Mulher Salão da Terceira Idade, São Pedro das Missões Promoção: Emater/RS-Ascar, Prefeitura, Secretaria da Educação e Assistência Social Encontro Municipal de Mulheres Praça 8 de Março, Cerro Grande Início: 9 horas Encontro Municipal de Mulheres Erval Seco Promoção: Entidade Feminina de Assistência Social (EFAS), prefeitura e Emater/RS-Ascar Dia 9 de março Encontro Microrregional de Mulheres Linha Santa Cruz, Planalto Início: 9 horas

Como as inovações tecnológicas podem ajudar você, agricultor familiar

Promoção: Emater/RS-Ascar, Prefeitura, STR e Sicredi Encontro Intermunicipal de Mulheres Caiçara Promoção: Emater/RS-Ascar, municípios Caiçara, Frederico Westphalen, Iraí, Vicente Dutra, prefeitura e STR 16º Encontro Intermunicipal de Mulheres Linha Rincão, Taquaruçu do Sul Início: 8 horas Promoção: Emater/RS-Ascar, municípios de Taquaruçu do Sul, Vista Alegre, Palmitinho e Pinheirinho do Vale, Prefeitura e STR Encontro Intermunicipal de Mulheres Ginásio 3 de Junho, Chapada Início: 8h30min Promoção: Emater/RS-Ascar, municípios Barra Funda, Novo Barreiro, Chapada e Nova Boa Vista e prefeitura Encontro Municipal de Mulheres Ronda Alta Dia 11 de março Dia D'Elas Início: 13h30min Rondinha Promoção: Emater/RS-Ascar e prefeitura Dia 16 de março Atividades alusivas ao Dia Internacional da Mulher Praça da Matriz, Frederico Westphalen

uem pratica agricultura familiar no Brasil tem como desafio a identificação de estratégias para produção sustentável, por meio de soluções que agreguem valor aos produtos e ampliem sua inserção no mercado. Além disso, precisa perceber tendências de mercado – e se adaptar a elas. O acesso à informação e a tecnologias é um dos fatores que ajuda para a manutenção do agricultor no campo. O êxodo rural é uma realidade e o acesso à inovação pode criar condições para a manutenção da viabilidade econômica dos estabelecimentos familiares e sua capacidade de se reproduzir como unidade social familiar, além de poder contribuir para a modernização do setor. Portanto, os agricultores devem estar atentos ao modo como operacionalizam as decisões e estratégias para organizar seu processo produtivo e a sua forma de inserção nos mercados. Devido ao tamanho limitado das propriedades familiares, sua capacidade de produção e sustentabilidade ficam prejudicadas. Por isso, um dos principais benefícios que os produtores podem obter com a inovação é a possibilidade de tornar sua produção viável e capaz de trazer retorno econômico, proporcionando, assim, aumento da renda e melhor bem-estar ao agricultor familiar. É necessário desmistificar a herança histórica de que a agricultura familiar é basicamente uma agricultura de subsistência, voltada única e exclusivamente para o consumo da família e quebrar as barreiras que impactam a transformação de um agricultor familiar em um empreendedor rural. Além disso, a inovação no campo também contribuirá para a adoção de práticas que proporcionem o melhor uso dos recursos naturais, tornando assim a produção familiar cada vez mais sustentável ambientalmente.

“É necessário desmistificar a herança histórica de que a agricultura familiar é basicamente uma agricultura de subsistência, voltada única e exclusivamente para o consumo da família e quebrar as barreiras que impactam a transformação de um agricultor familiar em um empreendedor rural.” Texto adaptado de “Agricultor familiar, entenda como inovações tecnológicas podem te ajudar”. Fonte: Agrishow digital

Dia 22 de março Encontro Dia Internacional da Mulher CTG de Sagrada Família Início: 13h30min Promoção: Emater/RS-Ascar, CRAS, prefeitura, Assistência Social e Secretaria de Saúde Dia 30 de março Encerramento atividades alusivas ao Dia Internacional da Mulher com palestra Frederico Westphalen

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Qualidade de vida

CULINÁRIA

O sabor inconfundível do maracujá

O maracujá é uma das frutas de sabor e textura inconfundível. Há quem ame e quem odeie. De qualquer modo, não há como negar que é uma fruta especial do ponto de vista do sabor e propriedades. Conhecido por ser um leve calmante, o fruto do maracujá também é propício para sucos, batidas, sorvetes e outros pratos doces. A sugestão deste mês é de um bolo, contribuição da área social da Emater/RS.

Ingredientes - massa • 3 ovos • 2 xícaras (chá) de açúcar • ½ xícara (chá) de óleo • 3 xícaras (chá) de farinha de trigo • 1 xícara (chá) de polpa de maracujá • 1 colher (sopa) de fermento químico em pó

Como preparar

Bolo de maracujá

Bata na batedeira os ovos, o açúcar e o óleo. Acrescente aos poucos a farinha e logo após acrescente a polpa de maracujá. Bata até misturar bem e depois acrescente o fermento em pó e misture com uma colher. Coloque a massa em uma forma untada e enfarinhada. Leve ao forno pré-aquecido em 180°C por 40 minutos ou até dourar.

Ingredientes - cobertura • 1 xícara (chá) de açúcar • ½ xícara (chá) de água • ½ xícara (chá) de polpa de maracujá

Como preparar Leve ao fogo, sempre mexendo, a água e o açúcar até dar o ponto de fio e não muito grossa. Depois retire do fogo e acrescente a polpa de maracujá e misture bem. Sirva a calda por cima do bolo já assado e decore com sementes de maracujá a gosto.

Pesquisador ensina fazer desidratador de baixo custo

A

desidratação é considerada uma das técnicas mais antigas de conservação de alimentos. Apesar disso, continua atual e eficaz, na visão do pesquisador Félix Cornejo, que atua na Embrapa Agroindústria de Alimentos. Ele explica que existe uma demanda de tecnologias para atender à pequena produção, que muitas vezes dispõe de poucos recursos financeiros. Para servir de norte, a Embrapa possui uma publicação que ensina passo a passo a construção de um desidratador de baixo custo. Trata-se do manual “Construa você mesmo um desidratador de alimentos”, que é disponibilizado gratuitamente, inclusive para baixar na internet. Sobre o desidratador, as peças para a montagem são simples e podem ser facilmente encontradas no comércio. Cornejo salienta que o sistema de seca-

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gem é montado dentro de uma caixa de isopor, onde é instalado o sistema de aquecimento com ventilação e uma estrutura de tubos de PVC com bandejas. “O aquecimento e a circulação do ar de secagem são realizados por um aquecedor de ambiente composto por resistências elétricas e ventilação”. A desidratação deve ser feita separadamente para cada tipo de matéria-prima, que inclui frutas, plantas medicinais, ervas aromáticas, condimentos, legumes e tubérculos. As frutas colocadas no desidratador devem ter um tamanho uniforme. O pesquisador orienta que sejam utilizadas temperaturas de 40º a 50°C para vegetais folhosos e condimentos e de 60º a 70°C para frutas, legumes e tubérculos. A temperatura pode ser ajustada no próprio aquecedor.

Para baixar, acesse o código ou o link bit.ly/2D3mBq5


Cá entre nós

Qualidade de vida

OPINIÃO

Violência contra a mulher:

ISSO TEM QUE PARAR É preciso mudar a cultura, os comportamentos, a naturalização das crenças de dominação e tantas outras coisas

Dulcenéia Haas Wommer

Assistente técnica regional social da Emater/RS- Ascar de Frederico Westphalen e-mail: dwommer@ emater.tche.br

Sobre qual assunto você quer que eu escreva? Mande sua sugestão para o WhatsApp (55) 9.9960.4053

N

ão é fácil falar, muito menos entender ou se conformar com a triste realidade das manchetes nestes últimos tempos. Quero falar do feminícidio. Da dor e da tristeza destas notíciais, bem como o sofrimento que algumas mulheres passam ao conviverem em relacionamentos violentos, e outras que já não estão mais aqui nem para ler isto. A Lei do Feminicídio, número 13.104, de 9 de março de 2015, passou a tipificar como crime hediondo o assassinato de mulheres, com pena de 12 a 30 anos de reclusão. Apesar disso, a lei ainda não conseguiu promover mudanças significativas. Penso que precisamos agir antes de o crime acontecer, mudar a cultura de que a mulher pertence ao homem, sem poder de decisão, escolha ou opinião. Agressões físicas e psicológicas, como abuso ou assédio sexual, estupro, escravidão sexual, tortura, mutilação genital, negação de alimentos e maternidade, espancamentos, entre outras formas de violência que ocasionam a morte da mulher, podem configurar o feminicídio. Entre 2016 e 2018, o número de processos abertos baseados nesse tipo de crime aumentou 51% no Brasil. Em primeiro lugar, está o Estado do Rio Grande do Sul, com 340 casos, seguido por Santa Catarina, com 250 registros, e Goiás, com 161. Essa estatística foi obtida por meio de um levantamento feito pelo O Globo (noticiado em 15 de janeiro de 2018), a partir de dados dos tribunais de Justiça do país. Ao todo, 13 tribunais de justiça responderam aos questionamentos da reportagem so-

bre casos de feminicídio tentado e consumado. Por outro lado, o Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado a aderir ao movimento mundial Eles por Elas, em setembro de 2015, e a Assembleia Legislativa é o único parlamento brasileiro a ter uma frente parlamentar voltada à não violência contra as mulheres. Já em relação às câmaras de vereadores do Estado, há mais de 60 adesões. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado gaúcho, em balanço feito pelo Comitê Gaúcho Eles Por Elas, da ONU Mulheres, nos últimos quatro anos o Rio Grande do Sul registrou o assassinato de 356 mulheres, vítimas de feminicídio. A média é uma mulher morta a cada quatro dias em crimes cometidos por parceiro ou ex-parceiro. No mesmo período foram registrados 6.149 estupros, média de quatro por dia. Já o número de agressões com lesão no período foi de 87.480, média de 59 mulheres por dia. Já em outros países, o abuso psicológico e emocional em relacionamentos íntimos é agora considerado crime, como na Irlanda, onde a Lei de Violência Doméstica entrou em vigor dia 3 de janeiro deste ano e prevê proteção às vítimas de "controle coercitivo", um tipo de abuso emocional e psicológico que visa despir a pessoa de sua autoestima e capacidade de ação. Embora o abuso psicológico e emocional – incluindo o controle de comportamento, isolamento

e ameaças de violência – seja mais difícil de reconhecer do que a violência física, pode ser igualmente prejudicial, dizem os especialistas. Com o efeito cumulativo dessas “alfinetadas”, mina a confiança da pessoa em si mesma e pode levar a um isolamento social, uma fobia, uma depressão profunda. E sabia que até para isso temos música? Quem já não ouviu ou dançou “Ajoelha e chora, ajoelha e chora, quanto mais eu passo o laço, muito mais ela me adora...” Que horror, não é?! É disso que eu falo: é preciso mudar a cultura, os comportamentos, a naturalização das crenças de dominação e tantas outras coisas. Mas também temos uma boa notícia. Em dezembro de 2018 a Emater-Ascar/RS assinou adesão ao movimento mundial Eles Por Elas, ou He for She em nível mundial. A iniciativa é da ONU Mulheres, entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres. O objetivo é provocar a reflexão sobre esse problema cultural, ainda enraizado na sociedade. Então vamos lá! Quanto mais a população e entidades enfrentarem este debate e o desafio da valorização da mulher, mudando a cultura machista – como já disse o papa João XXIII, na década de 1960, “mulher é gente” –, menos mulheres pagarão com suas vidas!

Embora o abuso psicológico e emocional – incluindo o controle de comportamento, isolamento e ameaças de violência – seja mais difícil de reconhecer do que a violência física, pode ser igualmente prejudicial, dizem os especialistas.

Até a próxima!

AGENDA

MARÇO

2019 is em Veja ma m/agenda al.co novorur

8

11 a 15

16

26 a 28

Dia de campo sobre soja

Expodireto Cotrijal

Roteiro Turístico Encantos da Colônia

Expoagro Afubra

Sarandi

Não-Me-Toque

Nova Boa Vista

Rio Pardo

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Cooperativismo

AÇÕES

Seberi conta com nova agência da Sicredi Alto Uruguai Segundo Poltronieri, o espaço atende as necessidades dos associados e da missão do ser cooperativo

Espaço cooperativo Coordenadora da Unidade de Cooperativismo do Escritório Regional da Emater/RS de Frederico Westphalen E-mail: marcia.faccin @gmail.com

Ato de inauguração teve presença de autoridades

da Sicredi com a comunidade, em oferecer produtos e serviços de qualidade, aliados a um atendimento diferenciado, valorizando indistintamente a todos os associados – disse. Segundo o presidente da Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG, Eugenio Poltronieri, o espaço atende as necessidades dos asso-

Assessoria de Imprensa Sicredi/Divulgação

Marcia Faccin

Assessoria de Imprensa Sicredi/Divulgação

A

s duas agências do Sicredi no município de Seberi – Centro e Boca da Picada – se unificaram e agora são uma só. Idealizada para criar uma experiência ainda mais cooperativa, a agência apresenta a evolução da marca Sicredi, desenvolvida com o objetivo principal de posicionar o Sicredi como instituição financeira cooperativa comprometida com a vida financeira dos seus associados e com as regiões onde atua. A inauguração da nova agência Sicredi, que fica localizada na Avenida General Flores da Cunha, 848, em frente a Prefeitura Municipal, ocorreu no dia 18 de janeiro e contou com a presença de associados e comunidade seberiense, bem como autoridades, representantes de entidades e imprensa. Para o gerente da agência de Seberi, João Beltramin, o espaço amplo foi pensado para oferecer conforto, proximidade e interação entre os associados. – Queremos reforçar o compromisso

Colaboradores comemoram novo espaço de trabalho

ciados e da missão do ser cooperativo. – Reunimos os coordenadores de núcleo e assim, com um estudo técnico demonstrando a economia da unificação das duas agências, decidimos por entregar a Seberi um único espaço. O Sicredi é feito de pessoas para pessoas, então o nosso desejo é que este município prospere cada

vez mais com a força cooperativa – disse. Durante o seu discurso, o prefeito Cleiton Bonadiman destacou o papel social da cooperativa. “Este é um ato muito importante para nós seberienses. O Sicredi é um grande parceiro para os investimentos do nosso município. O nosso muito obrigado a esta instituição cooperativa”.

É preciso evoluir também na forma de cooperar

V

ou começar nossa reflexão deste mês com uma frase que nos últimos dias está rolando nas redes sociais e que, no meu entender, é uma das mais puras verdades – que se formos ver, o nosso grande mestre dos mestres, Jesus Cristo, já dizia há mais de 2 mil anos, mas muitas vezes insistimos em nos vermos como concorrentes ao invés de parceiros. Pietro Ubaldi, filósofo e pensador espiritualista italiano que viveu no século passado já dizia: “O próximo grande salto evolutivo da humanidade será a descoberta de que cooperar é melhor que competir”. Você concorda com essa brilhante frase? Você é do tipo de pessoa que coopera? Que participa ativamente da vida da comunidade e da sociedade onde está inserido? Você é do tipo de pessoa que participa ativamente da vida da sua cooperativa? Seguidamente somos convidados, como equipe que trabalha diretamente com cooperativismo e associativismo em nosso escritório regional, para falarmos sobre cooperativismo e seus benefícios. Ficamos muito felizes por fazermos essas falas, de mostrarmos a importância que a cooperação, através das nossas cooperativas, tem para o desenvolvimento local e regional, e mais felizes ainda ficamos quando enxergamos os associados participando ativamente da vida da cooperativa. É por isso que sempre falo: a cooperativa é de

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todos e para todos, e quanto mais eu me envolver, mais vou contribuir com a cooperativa e mais benefícios e participação nos resultados econômicos e sociais vou usufruir, pois a distribuição das sobras é proporcional ao meu envolvimento e atividades desenvolvidas e desempenhadas com a cooperativa, e isso é a coisa mais justa, pois quanto mais acreditar na minha cooperativa, mais retorno vou ter. Quanto menos me envolver com a minha cooperativa, menos retorno eu vou ter. Então, se quero uma cooperativa forte, com bons resultados para os associados e para a comunidade em geral, preciso efetivamente fazer com que isso aconteça. Enquanto equipe da unidade de cooperativismo, que atende as cooperativas agropecuárias da região, conseguimos observar bem as cooperativas em que os associados e diretoria participam ativamente. Estas conseguem evoluir e crescer constantemente. Gosto muito de citar como exemplo de dinamismo, garra, persistência e força de vontade o presidente com mais idade atuando na nossa região, que é o seu Ulices Trevisol, presidente da Cooperativa Vale das Cuias, uma cooperativa criada em 2015 (mas que está lutando de forma associativa desde 2004, quando iniciou a construção de um espaço para comercializar as cuias), e terá inaugurada seu ponto de comercia-

lização e sua sede agora no mês de fevereiro. O seu Ulices, com 74 anos de idade, foi a pessoa que em 2016 conversou com o então secretário da SDR, Tarcísio Minetto, para ver da possibilidade de aporte de recursos públicos para viabilizar a conclusão da obra e para adquirir equipamentos para colocar em funcionamento a tão sonhada Cooperativa Vale das Cuias, e a mesma está em vias do sonho se tornar realidade. E olha que esse cargo de presidente não tem honorários, pois, muitas vezes, quando a cooperativa está bem estabelecida e com bons investimentos, todos querem ser da diretoria para ganhar honorários. Nesta cooperativa é bem ao contrário, como faltou dinheiro para concluir a obra, o seu Ulices emprestou dinheiro das suas economias para conseguir viabilizar o empreendimento, até fazer nova chamada de capital por parte dos associados, que participam ativamente das reuniões da cooperativa. Trago este exemplo, que para mim simboliza e muito o que é o espírito cooperativo, de doação, de dar o seu melhor para que todos consigam ganhar mais e melhor. São de exemplos como do seu Ulices que estamos precisando para efetivamente evoluirmos, como diz o filósofo e pensador Pietro Ubaldi. Que possamos dar o grande salto evolutivo e nos vermos mais como cooperantes do que como competidores.


Campo Aberto

GERAL

Expofred

Prazo

Cozinha Didática deve ter obra licitada neste semestre em Frederico Westphalen demanda pelo uso de uma cozinha didática no parque de exposições de Frederico Westphalen é grande. Basta ver o trabalho que é realizado em cada edição da Expofred, em que a Emater/RS difunde receitas diversas para o público visitante. Esse assunto vem sendo discutido há tempos e, na semana passada, teve mais um passo. A obra deve ter início em breve e uma comitiva da Emater/RS e a prefeitura estão coordenando o andamento dos trabalhos. Esse mesmo grupo participou de reunião em janeiro, no gabinete do Poder Executivo. Os recursos para esta obra foram anunciados ainda na Expofred de 2018, pelo então deputado federal Giovani Cherini, intermediada por meio do secretário Municipal de Meio Ambiente, Marcos Cerutti. Ao todo, o empreendimento deverá custar cerca de R$ 320 mil e será construído no Parque de Exposições Monsenhor Vitor Battistella. Para o prefeito José Alberto Panosso, a Cozinha Didática irá beneficiar o município e a região, principalmente, no que se re-

Gracieli Verde

A

Agricultores de FW precisam revisar blocos de notas

A Recente reunião ocorreu no gabinete do prefeito Panosso

fere a capacitações relacionadas à gastronomia e culinária. – Tenho a certeza que este será mais um instrumento para qualificar a comunidade local. Além disso, a estrutura também poderá ser utilizada durante a Expofred e, claro, para realizar cursos e treinamentos durante todo o ano – acredita.

gricultores e pecuaristas de Frederico Westphalen precisam apresentar os blocos de notas fiscais de 2018 na Secretaria da Fazenda, até o fim de fevereiro. A informação é do Poder Executivo. No momento da apresentação os talões devem conter todas as notas e as devidas contra-notas. A revisão é obrigatória por Lei e quem não efetuar a apresentação dos mesmos poderá ter sua inscrição estadual baixada ou ser impedido de retirar novo talão na repartição.

Tecnologia

Custos de produção de frangos de corte mais altos em 2018

A

pesar de os custos de produção de frangos de corte calculados pela Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa terem se mantido estáveis em dezembro de 2018 (218,06 pontos, ante 218,05 em novembro), acumularam uma alta de 14,21% durante todo o ano passado. A informação é da Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia/SC. Apenas os custos com a nutrição subiram 11,65% nos 12 meses de 2018 – o gasto com a alimentação das aves representa 69% do total dos custos de produção dos frangos. O custo de produção do quilo do frango de corte vivo também se manteve es-

Equinos

Imunização contra influenza passa ser obrigatória

O

s cavalos que participarem de eventos agropecuários no Estado deverão receber a imunização contra a influenza equina. A medida passará a ser obrigatória a partir de 1º de março deste ano. Os sintomas da doença são parecidos aos de gripe, e os veterinários deverão assinar e carimbar a carteira de vacinação dos animais para comprovar a realização da imunização. Apesar de ser uma doença de transmissão rápida, a influenza equina tem a taxa de mortalidade baixa.

tável em dezembro, encerrando o ano em R$ 2,82 no Paraná, valor calculado a partir dos resultados em aviário tipo climatizado em pressão positiva. Já o ICPSuíno caiu pelo terceiro mês consecutivo, chegando aos 219,49 pontos em dezembro, -1,34% em relação a novembro de 2018 (222,47 pontos). No ano, os custos de produção de suínos subiram 9,85%, influenciados principalmente pela alimentação dos animais, que teve um aumento de 9,68%. O custo por quilo vivo de suíno produzido em sistema de ciclo completo em Santa Catarina caiu para R$ 3,84 em dezembro (o menor valor desde março de 2018).

Custo de produção (Kg)

R$ 2,82 2018

Custo de produção (Kg)

R$ 3,84 2018

Brasil tem primeiro biofertilizante registrado

A

empresa brasileira Microquimica registrou o Vorax®, o primeiro biofertilizante regulamentado no país. Trata-se de um produto com ação bioestimulante, produzido a partir de um processo de fermentação biológica. O registro abre oficialmente uma nova classe de produtos regulamentados para o uso no Brasil, incentivando a agricultura brasileira a tornar-se cada vez mais sustentável. O Vorax® tem como um dos seus ingredientes ativos um aminoácido chamado ácido L-glutâmico e o seu formulado promove o crescimento e produtividade da planta.

Hortifrútis

Estendido o prazo para a rastreabilidade

D

e acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agricultura e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o prazo para a exigência da rastreabilidade de alguns produtos hortifrútis deve ganhar um novo prazo. A exigência entrou em vigor no dia 1º de fevereiro de 2019 e as entidades estão trabalhando para que o prazo aumente para mais seis meses. O intuito da iniciativa é identificar os

lotes que saem das propriedades de quem trabalha com citros, maçã, uva, batata, alface, repolho e pepino. Desde fevereiro, outros 22 produtos deverão passar pelo processo de identificação, entre eles melão, morango, coco, goiaba, caqui, mamão, banana, manga, cenoura, batata-doce, beterraba, cebola, alho, couve, agrião, almeirão, brócolis, chicória, couve-flor, pimentão, abóbora e abobrinha.

Declaração de aptidão

Validade é prorrogada por dois anos

O

Ministério da Agricultura aumentou o prazo de validade da Declaração de Aptidão (DAP) ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), para os dois anos. O documento é utilizado para identificar agricultores familiares e empreendimentos familiares rurais organizados e, para acessar as linhas de crédito do Pronaf, o agricultor deve estar em dia com a DAP.

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Campo Aberto

GERAL

Susaf

Suinocultura

Taquaruçu do Sul consegue equivalência na inspeção para produtos de origem animal Gracieli Verde/Arquivo NR

ideranças municipais de Taquaruçu do Sul comemoram um anúncio considerado importante para o setor primário local: desde dezembro de 2018 o Serviço de Inspeção Municipal (SIM) passa a equivaler ao Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf/RS). Com isso, as agroindústrias que são inspecionadas pelo SIM ficam autorizadas, após aprovação de documentação, a venderem em todo

Assessoria de Imprensa Prefeitura FW/Divulgação

Frederico Westphalen

A

Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realiza assembleia geral no dia 8 de março, em sua sede, na cidade de Estrela/RS. Fazem parte da pauta a apresentação do relatório de atividades, a prestação de contas e a proposta de alteração do Estatuto da entidade, além da eleição da diretoria para a próxima gestão. Todos os sócios efetivos estão convocados a participar. A entidade solicita confirmação de presença até o dia 28 de fevereiro. Responde atualmente pela presidência da entidade o agropecuarista Valdecir Luis Folador. Assessoria de Imprensa Acsurs/Divulgação

L

o território gaúcho. Segundo o prefeito, Valmir Luiz Menegat, o pedido da equivalência ao Estado havia sido feito no mês de novembro passado. “É uma demanda importante da agricultura que está sendo concretizada, especialmente do setor das agroindústrias familiares, que estão agregando valor à receita de diversas famílias desde que o sistema SIM foi implantado no município, ainda em 2013”, destacou. Atualmente existem duas agroindústrias formalizadas no município, uma de embutidos de carne suína e outra de filetagem de tilápia – a primeira está em fase de adaptação para poder ser inserida no programa. Uma nova agroindústria de processamento de pescado está sendo construída, devendo ficar pronta ainda em fevereiro, com objetivo também de ser inserida no Susaf. A expectativa é positiva, uma vez que o mercado para filé de tilápia, por exemplo, é crescente em nível regional e poucos estabelecimentos estão autorizados a comercializarem o produto fora do município de origem.

Nova diretoria da Acsurs será eleita em março

Valdecir Folador é o atual presidente da entidade

Agricultura

Mais produtos biológicos no mercado Pontilhões novos melhoram infraestrutura no interior

E

m Frederico Westphalen, mais dois pontilhões foram inaugurados no interior, beneficiando desta vez as comunidades de São Bras e Mazzonetto. O ato foi realizado na segunda quinzena do mês e contou com a participação de representantes do Poder Executivo, Legislativo e moradores. A administração investiu mais de R$ 50 mil nas obras, com recursos próprios. Segundo o secretário de Agricultura, Cleber Cerutti, as pontes atendem os pedidos das comunidades. “Há um fluxo crescente de veículos e maquinários no interior. Por isso temos esta necessidade de modernizar a infraestrutura viária do município”, ressalta. O morador Angelin Vissotto observa que as pontes facilitarão o deslocamento dos agricultores

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Lideranças e moradores acompanharam ato, no interior de FW

das redondezas. “Antes tínhamos que andar por um caminho muito maior porque não havia estes acessos. Agora, com as construções prontas, poderemos transportar equipamentos com segurança”, revela. Já o prefeito, José Alberto Panosso, reforçou que a intenção da administração é de construir mais pontes no interior. “Investimos recursos próprios porque era necessário dar este suporte para a população frederiquense e seguiremos neste propósito. Nos próximos dias entregaremos mais duas pontes nas linhas Encruzilhada e Getúlio Vargas. Além disso, buscamos junto à Defesa Civil recursos para a construção de mais seis pontes”, adianta.

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Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) autorizou, em 2018, o uso de 52 novos defensivos de baixa toxidade. Alguns podem ser usados na agricultura orgânica. Esse é considerado um recorde. No total são 450 itens registrados. Estes agrotóxicos de baixa toxicidade – menos nocivos à saúde humana – são aqueles que contém organismos biológicos, microbiológicos, bioquímicos, semioquímicos ou extratos vegetais, e podem até mesmo ser usados na agricultura orgânica. Com a nova política de priorizar os produtos biológicos, a demora para o registro destes produtos foi reduzida. Atualmente o tempo médio entre o pedido de registro pelo interessado e a conclusão do processo varia de três a seis meses. Além do Mapa, também analisam os pedidos os Ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).


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Campo aberto

Sicredi Grande Palmeira encerra 2018 com mais de R$ 10 milhões de resultado Cooperativa também anuncia que distribuirá R$ 4 milhões diretamente para associados om um cenário diferenciado da realidade atual da economia brasileira, a Sicredi Grande Palmeira, instituição financeira cooperativa, fechou o exercício de 2018 com uma marca histórica de resultado. A operação acumulada do ano fechou com saldo positivo, somando recursos administrados acima de R$ 469,4 milhões, um crescimento de 23,73% em relação a 2017. Com uma carteira de crédito total de R$ 251,6 milhões, que cresceu 19,5% em relação a 2017, a cooperativa gerou uma economia aos associados que deixaram de pagar juros mais altos em outras instituições financeiras.

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O presidente da cooperativa, Elvis Roberto Rossetto, destaca que a direção está atento à evolução da carteira de crédito, buscando melhores alternativas de atendimento aos associados – Isso inclui linhas de crédito melhores, taxas mais atrativas e prazos de acordo com as necessidades de cada perfil. Com o crescimento da carteira de crédito, é necessário aportarmos mais valores ao Fundo de Reserva da Cooperativa, motivo pelo qual os associados no ano de 2017 aprovaram em unanimidade o aumento neste fundo. O Fundo de Reserva indica a nossa estrutura patrimonial e diretamente ligado a este indicador está a nossa alavancagem para ofertar cada vez mais Empréstimos Rurais e na Carteira de Crédito Geral. Quanto mais patrimônio a Cooperativa possui, maior é a sua alavancagem frente ao Mercado Financeiro, quanto maior a alavancagem, maior é a capacidade da

Cooperativa oferecer linhas de crédito melhores para seus associados – salienta. Nos seus 37 anos de existência, a Sicredi Grande Palmeira se destaca entre as 42 cooperativas do sistema a nível de central, onde figura na 11ª posição dos melhores percentuais de crescimento de resultado no ano de 2018, chegando a um marco histórico, apresentando aos seus associados um resultado de mais de R$ 10 milhões, o qual se originou através do aumento do número de negócios com os associados. Vale destacar que os negócios realizados pela cooperativa com seus associados são sólidos e sustentáveis. A cooperativa tem indicadores de inadimplência excelentes. Em 2017, encerramos com um Indicador de 0,54% sobre a carteira de crédito total e em 2018, mesmo com o crescimento na carteira de crédito de 19,5%, o Indicador de Inadimplência reduziu para 0,42%.

Relacionamento com associados O presidente Elvis R. Rossetto também falou sobre o relacionamento direto com os nossos associados. – Desde que assumimos a gestão da cooperativa nosso principal objetivo era o de estarmos cada vez mais próximos de nossos associados, ouvindo a sua opinião e atendendo as suas necessidades. Este relacionamento fez com que nossos associados confiassem ainda mais na cooperativa e realizassem suas movimentações financeiras com maior fidelidade, aumentando o número de negócios e, em consequência disso, o resultado, tudo isso sem precisar aumentar taxas, gerando uma economia significativa para nossos associados quando comparado com outras instituições financeiras – afirma. O Sicredi está sempre investindo em ações que visam a participação de seus associados. Uma delas é a Assembleia, reunião que permite que a decisão coletiva se sobressaia e na qual o associado, “dono do negócio”, seguindo os princípios do cooperativismo, pode votar e ajudar a decidir os rumos da cooperativa

de crédito. O processo de assembleias 2019 acontece na cooperativa no período de 18 de fevereiro à 21 de março, quando ocorre a Assembleia Geral Ordinária. O edital com as pautas e datas de cada assembleia encontra-se fixado no mural de cada agência à disposição de todos os associados. Dentre os destaques da pauta estará a destinação dos resultados, onde desde o ano passado é distribuído não somente na cota capital, mas também na conta corrente dos associados. Neste ano, a cooperativa, além do valor de R$ 1,1 milhão de juros ao capital já pagos em dezembro/18, levará para distribuição R$ 2,9 milhões, somando, assim, mais de R$ 4 milhões entregues diretamente aos associados que realizaram suas movimentações financeiras com a instituição. – Encerramos 2018 com importantes realizações, construímos os resultados a várias mãos, contamos com o apoio de nossos associados, colaboradores, Coordenadores de Núcleo, Conselhos de Administração, Fiscal, entidades parceiras e também com

a imprensa regional que opinaram, participaram e divulgaram, contribuindo para mais esta página de sucesso na história de nossa cooperativa. Em nome da Sicredi Grande Palmeira agradecemos e desejamos que em 2019 possamos seguir nesta caminhada de desenvolvimento, fazendo a diferença na vida de nossos associados e comunidades – finaliza o presidente Elvis Roberto Rossetto.

Elvis Rossetto presidente Sicredi Grande Palmeira

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Fazer

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