Revista Novo Rural | Abril 2019

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1 | Revista Novo Rural | Abril de 2019


Carta ao

LEITOR

PATRÍCIA CERUTTI Diretora da Novo Rural

O legado das comemorações “O exemplo positivo motiva outras mulheres a acreditarem em seu potencial.”

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çadas para alcançar a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, pois elas sabem que têm o poder e capacidade de criar a sua oportunidade.

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, é um símbolo deste novo cenário, onde as mulheres estão cada vez mais presentes nos cargos de liderança, um reconhecimento a sua competência. Da mesma forma que Tereza Cristina, milhares de jovens estão buscando conhecimento, garantindo seu espaço com legitimidade e respeito, sem precisar recorrer a um discurso de concessões for-

Os números revelam o quanto o caminho do conhecimento é importante para a sonhada equidade de gênero. Em uma pesquisa realizada pela Corteva Agroscience, Divisão Agrícola da DuPont, que entre agosto e setembro de 2018 ouviu mulheres de 17 países, 80% responderam que deve haver mais treinamento em tecnologias e 79% apontaram a necessidade de mais educação acadêmica. Neste levantamento, as entrevistadas também revelaram que gostariam de saber mais sobre as contribuições das mulheres para o agronegócio, com 75% sugerindo maior divulgação das iniciativas femininas. Certamente, elas visualizam que o exemplo positivo motiva outras mulheres a acreditarem em seu potencial, além de ajudar a construir uma nova cultura, onde a participação feminina não seja uma exceção e sim algo natural, cotidiano.

credito que o principal legado do mês de março, quando todos os anos inúmeras iniciativas são realizadas para celebrar o Dia da Mulher, é a reflexão que consequentemente fazemos sobre os desafios e as conquistas em territórios ainda bastante masculinos, como o das propriedades rurais. Elas estão promovendo verdadeiras transformações no setor e o conhecimento tem sido a ferramenta mais importante para operar esta grande mudança. É através dele que legitimam seu espaço e conquistam o respeito dos homens, compartilhando decisões na gestão dos negócios.

A Novo Rural é parceira das mulheres, pois não apenas em março, mas em todos os meses, presta sua homenagem às conquistas femininas através das reportagens que valorizam seu trabalho. Mas acreditamos que nossa principal contribuição seja através das informações que disponibilizamos em nossas páginas, com orientações técnicas e exemplos de gestão que podem ser replicados nas propriedades ou servir de inspiração para as inúmeras leitoras que nos prestigiam todos os meses. Março já acabou, mas a mobilização das mulheres deve permanecer ativa, focada em buscar conhecimento, capacitar-se para os desafios e não temer as conquistas, pois cada uma delas é merecida, certamente fruto de grande esforço. Parabenizamos todas as mulheres e convidamos para que confiram no site da Novo Rural e em nossas redes sociais a ampla cobertura que realizamos nas comemorações realizadas em março. Uma excelente leitura!

Sarandi promete uma nova Feisa para 2019 uma série de atrativos, para que possamos somar um público maior durante os dias de feira – disse, anunciando um dos shows mais esperados o evento, com a dupla João Bosco e Vinícius. No setor agropecuário, além dos atrativos habituais no que se refere aos produtos da agricultura familiar, também está programado um seminário regional, com participação de pesquisadores renomados, como o engenheiro-agrônomo José Elior Denardin, da Embrapa Trigo, de Passo Fundo, e Ricardo Trezzi, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Isso está programado para o dia 3 de maio. No total são 150 estandes que

Gracieli Verde

A

20ª edição da Feira da Indústria de Sarandi (Feisa) foi lançada oficialmente no dia 25 de março, no Clube Harmonia. A noite contou com coletiva de imprensa e jantar. A programação está marcada para ocorrer entre os dias 1º e 5 de maio, no Parque de Exposições Pedro de Marco. O presidente da comissão organizadora e da Associação Comercial Industrial Serviços e Agronegócios de Sarandi (Acisar), empresário Marcio Tonetti, revelou que o principal propósito da feira, que é gerar negócios, será mantido, mas com o desafio de trazer outras atrações para mudar “a cara” da feira para Sarandi e região. – Resgatamos a realização de shows e incluímos na programação

Representantes da comissão organizadora, presidida por Marcio Tonetti (C) expôs atrações de 2019

formarão a feira, todos já vendidos pela comissão organizadora, sendo 20 destinado para a agricultura familiar. Na remodelação da feira estão inclusas as melhorias no parque de exposições.

A revista Novo Rural é uma publicação realizada em parceria com Circulação Mensal

Tiragem

13 mil exemplares

Fone: (55) 2010-4159 Endereço: Rua Garibaldi, 147, sala 102 - B. Aparecida 2 | RevistaFrederico Novo Westphalen/RS Rural | Abril de 2019

ABRANGÊNCIA: Alpestre, Ametista do Sul, Barra Funda, Boa Vista das Missões, Caiçara, Cerro Grande, Chapada, Constantina, Cristal do Sul, Dois Irmãos das Missões, Engenho Velho, Erval Seco, Frederico Westphalen, Gramado dos Loureiros, Iraí, Jaboticaba, Lajeado Do Bugre, Liberato Salzano, Nonoai, Nova Boa Vista, Novo Barreiro, Novo Tiradentes, Novo Xingu, Palmeira das Missões, Palmitinho, Pinhal, Pinheirinho do Vale, Planalto, Rio dos Índios, Rodeio Bonito, Ronda Alta, Rondinha, Sagrada Família, São José das Missões, São Pedro das Missões, Sarandi, Seberi, Taquaruçu do Sul, Três Palmeiras, Trindade do Sul, Vicente Dutra e Vista Alegre.

São quatro pavilhões e infraestrutura externa, somando 24 mil metros quadrados de área. No site www.novorural.com você confere a programação completa da feira.

Direção

Alexandre Gazolla Neto Patricia Cerutti

Editora-chefe Gracieli Verde

Site e redes sociais Camila Wesner

Capa

Silvana Kliszcz/Agro Brasil

Relacionamento Juliana Durante

Desenvolvimento de mercado Cristiano Gehrke

Diagramação e publicidade Fabio Rehbein


Interação

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(55) 9-9960-4053

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ON-LINE Destaque entre as mulheres Durante a 20ª Expodireto Cotrijal, que ocorreu no início do mês em Não-Me-Toque, as mulheres tiveram programação especial no estande da Massey Ferguson. A equipe da Novo Rural também foi convidada para prestigiar o 2º Encontro Mulheres do Agronegócio, através da Itaimbé Máquinas, que tem matriz em Santa Maria e lojas espalhadas pela região. Durante a visita produzimos conteúdo com a engenheira e diretora de novos produtos da AGCO para a América do Sul, Roseane Campos. Gaúcha de Porto Alegre, ela é a primeira mulher a ter um cargo de liderança na área de engenharia da multinacional. Já no encontro tivemos a participação da colunista Dulceneia Haas Womner, da Emater/RS – inclusive tem reportagem sobre o assunto nesta edição. Se você ainda não viu a entrevista com Roseane, acesse através do código abaixo.

Lançamentos apresentados por elas Inclusive, no estande da Massey Ferguson alguns lançamentos foram apresentados por mulheres durante a feira, a exemplo da Jaqueline Ottonelli, que é doutora em engenharia agrícola.

20ª Expodireto Cotrijal Durante uma semana de programação de Expodireto Cotrijal, a equipe de Novo Rural e novorural.com produziu uma série de conteúdos direto da feira. Na galeria de vídeos do site, no Youtube ou no Facebook, você pode rever tudo o que foi destaque durante uma das mais importantes feiras agropecuárias do país.

Trabalho ímpar “Muitas matérias da revista, sobre sucessão familiar na agricultura, vou utilizar na minha dissertação. Agradeço pelo trabalho ímpar da revista em trazer informações da agricultura para a nossa região”.

Marivaldo Van Neutgem, de Constantina, via Instagram

ABRIL

2019 is em Veja ma m/agenda al.co novorur

6 14º Fórum da Mulher

Câmara de Vereadores Palmeira das Missões

8 a 12 Semana Acadêmica de Agronomia

11 a 14 Feira do Peixe Taquaruçu do Sul

16 a 18 Feira do Peixe

Frederico Westphalen

Campus da UFSM Frederico Westphalen 3 | Revista Novo Rural | Abril de 2019


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Giro pelo agronegócio

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Foto do

LEITOR

Arisson Feranti, de Vacaria/RS

Engenheiro-agrônomo na Sementes Cerquinha “Nesta safra 2018/19, nos Campos Gerais de Cima da Serra, de modo geral tivemos uma boa distribuição de chuvas, em torno de 800 mm no decorrer da safra de verão. No desenvolvimento vegetativo houve uma leve estiagem e temperaturas mais altas, o que ajudou a formação de raízes na soja, mas no milho que estava pendoando ocasionou uma redução de produção. Nas áreas com bom perfil de solo, as culturas conseguiram suportar bem este veranico. Notou-se uma baixa pressão de doenças e pragas e um leve aumento na pressão percevejo. Em relação ao mofo branco, em áreas com rotação de cultura e aplicações química pré e pós-florescimento não tiveram problemas com o mesmo. Em áreas em que a rotação de cultura é feita há vários anos, com a implementação das lavouras dentro a época ideal de cada cultivar, sementes de alta qualidade, boa plantabilidade, aplicação de química dentro do cronograma e do monitoramento, o potencial produtivo, tanto na cultura da soja como na do milho, é o maior dos últimos tempos.”

Luana Rebelato

Dois Irmãos das Missões/RS

Fábio Bonfada Sorriso/MT

Rafael Vergara, de Pelotas/RS

Engenheiro-agrônomo, mestre em Ciência e Tecnologia de Sementes, atua na Sementes Simão “Com área colhida superior a 30% na metade Sul do Estado, na cultura do arroz nota-se decréscimo na produtividade até o início da segunda quinzena de março. Isso se justifica pelas excessivas chuvas e períodos de nebulosidade ocorridos na primeira quinzena de janeiro, período que coincide com o estágio reprodutivo da cultura, ocasionando assim o abortamento de estruturas reprodutivas. Com o início da colheita da cultura da soja na região, nota-se possível decréscimo de produtividade em algumas situações pontuais. Isso é ocasionado pelo estresse gerado pelas excessivas precipitações ocorridas na primeira quinzena do mês de janeiro, especialmente em lavouras estabelecidas em áreas de várzeas. A ocorrência de estiagem que acometem algumas regiões produtivas após a segunda quinzena de janeiro pode ainda ocasionar prejuízo aos produtores, tendo em vista que grande parte das lavouras comerciais ainda se encontram-se em período de enchimento de grãos.”

Leonardo Mori Pejuçara/RS

Kerli Fucks

Keti Agostini

Kerli Fucks

Keti Agostini

Dois Irmãos das Missões/RS

Sarandi/RS

Tales Tiecher, de Porto Alegre/RS

Doutor em Ciência do Solo, professor de Química do Solo na Faculdade de Agronomia da UFRGS “Época importante para ressaltar que sistemas agrícolas eficientes e sustentáveis precisam cobertura viva com plantas pela maior parte do tempo possível ao longo do ano. Contudo, é um grande desafio conseguir montar um plano de rotação de culturas que preencha o ‘vazio outonal’, entre a colheita da soja e semeadura da cultura de inverno. O cultivo de culturas comerciais nessa janela de dois a três meses é uma tarefa quase impossível, mas que pode ser facilmente preenchida com plantas de cobertura que traz inúmeros benefícios para o sistema de produção. Cultivar plantas de cobertura de outono, sozinhas ou em consórcio, melhora a atividade microbiana do solo, aumenta os estoques de matéria orgânica e ajuda no controle de plantas invasoras. Além disso, a maior ciclagem de nutrientes aliado à redução das perdas de nitrogênio por lixiviação, redução das perdas de potássio por escoamento superficial e redução das perdas de fósforo pela fixação pelo solo, diminuem substancialmente os custos com fertilizantes da cultura subsequente.”

Dois Irmãos das Missões/RS

Samira Pinno - Chapada/RS 4 | Revista Novo Rural | Abril de 2019

Sarandi/RS


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5 | Revista Novo Rural | Abril de 2019


Agricultura

OLEAGINOSAS

Gracieli Verde

Safra de amendoim com preços eståveis Cultura tambÊm foi favorecida pelo verão com chuvas na região

Nesta safra o rendimento mĂŠdio esperado tem sido de 3.500 kg por hectare com casca, o que resulta em cerca de 2.500 kg descascado. Em relação ao preço, o quilo do produto estĂĄ cotado entre R$ 6 e R$ 6,50/ kg com casca e entre R$ 8,50 e R$ 10,00/kg do produto descascado limpo e seco. “Isso demonstra certa estabilidade nos preços em relação aos anos anterioresâ€?, analisa o profissional.

Dificuldade em mecanizar a atividade gera desestĂ­mulo

São JosÊ das Missþes jå Ê reconhecido como importante produtor de amendoim. Entretanto, uma das dificuldades Ê na mecanização da atividade, uma vez que o trabalho ainda Ê bastante artesanal. AlÊm disso, se-

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gundo Piovesan, se vĂŞ um mercado nĂŁo tĂŁo seguro para o produtor. Mas, por outro lado, ĂŠ uma atividade rentĂĄvel. Para debater essas questĂľes, um dia de campo serĂĄ realizado em 12 de abril. A promoção ĂŠ da Emater/RS e da prefeitura. Esta serĂĄ a terceira edição do evento. Neste ano uma palestra tĂŠcnica com um pesquisador da Embrapa Clima Temperado abordarĂĄ temas como o manejo das lavouras, avaliação de novas variedades, gestĂŁo rural da propriedade, diversificação e aproveitamento do amendoim na alimentação das famĂ­lias. AlĂŠm disso, no dia de campo espera-se a presença da indĂşstria e de compradores para viabilizar negĂłcios com o amendoim. “A perspectiva ĂŠ que, viabilizando um mercado seguro e constante, mais produtores invistam nesta atividadeâ€?, acredita o agrĂ´nomo.

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ssim como as demais culturas de verĂŁo, o amendoim estĂĄ sendo favorecido pelo clima neste ciclo. Mas, houve dificuldades para realizar a semeadura em virtude do excesso de chuvas, especialmente no mĂŞs de outubro passado. A avaliação ĂŠ do engenheiro-agrĂ´nomo Mairo Piovesan, da Emater/RS-Ascar de SĂŁo JosĂŠ das MissĂľes, Ăşnico municĂ­pio com produção comercial do produto na regiĂŁo – cerca de 20 hectares. Segundo Piovesan, nas lavouras acompanhadas e monitoradas pela equipe tĂŠcnica estĂĄ sendo possĂ­vel observar bons rendimentos. “Mas, pela ocorrĂŞncia de chuvas Ă s vezes acima do esperado em praticamente todo o perĂ­odo vegetativo, a cultura teve ataques de doenças, em especial as manchas foliaresâ€?, pondera.

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Alexandre Gazolla Neto

Agricultura

Engenheiroagrônomo, mestre e doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes. É diretor da Novo Rural, professor na Universidade Regional Integrada – Campus de Frederico Westphalen/RS, além de diretor do O Agro Software para o Agronegócio e da Vigor Consultoria para o Agronegócio

BOLETIM TÉCNICO

Manejo pós-colheita define o sucesso da próxima safra A entressafra é o momento ideal para o agricultor eliminar as plantas de soja guaxa e realizar o manejo de plantas daninhas

O

manejo do sistema de produção após a colheita da soja e milho é fundamental para o sucesso da próxima cultura. Entre as diversas ações que o produtor deve ficar atento, a principal está relacionada à implantação das espécies de inverno e à dessecação da área, para que não ocorra a ressemeadura natural de plantas daninhas. Para o efetivo controle das plantas daninhas no sistema inverno/verão é necessário lembrar alguns aspectos básicas, como a rotação de culturas; a correta utilização das práticas agrícolas, a época de semeadura e o controle em áreas de pousio e bordaduras da lavoura, associado à precisão na utilização de herbicidas. Algumas estratégias desta integração já são conhecidas, como a diversificação das fontes de renda com as culturas de inverno e de verão na propriedade e redução significativa de pragas e doenças. A eficiência no controle de plantas daninhas deve ser otimizada durante seu desenvolvimento inicial, pois quanto menor a planta daninha, maior a facilidade de controlá-la. O agricultor deve garantir um intervalo mínimo entre o controle e o estabelecimento da cultura de 30 a 40 dias, favorecendo o armazenamento de água no solo, decomposição da palha e a ciclagem de nutrientes; aspectos integrados às boas práticas agronômicas relacionadas ao controle de plantas daninhas, pragas e doenças. Outro fator que deve ser considerado no

momento da colheita é a distribuição uniforme da palha sobre o solo pela colhedora, aspecto fundamental para o sucesso do Sistema Plantio Direto. Os cuidados nesta fase garantem benefícios nas próximas etapas do sistema de produção, como a distribuição de sementes e a emergência uniforme das plantas da cultura subsequente. A palha cria um ambiente extremamente favorável às condições físicas, químicas e biológicas do solo, contribuindo para o controle de plantas infestantes, estabilização da produção e recuperação ou manutenção da qualidade do solo. Nesta equação, a rotação e sucessão de culturas deve ser adequado para proporcionar a manutenção de uma cobertura mínima do solo com palha. Essas estratégias também auxiliam na gestão do banco de sementes de plantas daninhas no solo e o controle de hospedeiros intermediários, reduzindo a ocorrência de plantas daninhas, pragas e doenças, responsáveis pela queda de produtividade, qualidade e rentabilidade do agricultor. Para exemplificar, destacamos o manejo da buva (Conyza bonariensis e Conyza canadensis), que tem seu processo de germinação e infestação iniciado durante o pousio e desenvolvimento das lavouras de cereais de inverno e/ ou safrinha de milho. Ao utilizarmos herbicidas de forma eficiente nesta época integrado a rotação de culturas, observamos significativa redução na população desta espécie.

“A palha cria um ambiente extremamente favorável às condições físicas, químicas e biológicas do solo contribuindo para o controle de plantas infestantes, estabilização da produção e recuperação ou manutenção da qualidade do solo.”

Divulgação

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Engenheiroagrônomo, enólogo, professor adjunto na Unipampa - Campus Dom Pedrito e coordenador do curso de bacharelado em Enologia E-mail: vagnerbrasil@ gmail.com

OPINIÃO

Viticultura ganha espaço na região da Campanha gaúcha Por lá já são 1,5 mil hectares de uvas, sendo a segunda região maior produtora de vinhos finos do Brasil

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viticultura possui grande relevância, tanto socioeconômica quanto cultural para diversos países. Tradicionalmente praticada no Brasil em regiões de colonização italiana, tendo-se na Serra Gaúcha a principal região produtora do país. A vitivinicultura gaúcha é responsável por 90% dos vinhos produzidos no Brasil. O desejo em descobrir novas áreas para o setor vitivinícola e a crescente demanda por vinhos finos de qualidade fizeram com que pesquisadores estrangeiros (Universidade de Davis dos Estados Unidos) e brasileiros (Universidade Federal de Pelotas e Universidade Federal de Santa Maria) realizassem a descoberta de uma nova região promissora neste setor na década de 1970, designada como Campanha Gaúcha, localizada no Sul do Rio Grande do Sul, na divisa do Brasil com o Uruguai. Essa região possui reconhecimento no cultivo e produção de arroz, soja e pecuária, porém depois desta descoberta o ramo produtivo expandiu-se para a inserção da vitivinicultura. A Campanha Gaúcha está localizada na metade Sul do Estado, situada entre Candiota e Itaqui. Possui terrenos planos com pequenas declividades – o que facilita os tratos culturais através da mecanização –, clima em anos normais adequados a uma maturação completa das uvas, com verões quentes e secos, temperaturas amenas durante a noite e menores precipitações que a Serra Gaúcha. A região está localizada no paralelo 31°S,

Dandy Marchetti/Ibravin/Divulgação

Vagner Brasil Costa

Agricultura

mesmo paralelo que outros principais países produtores de vinhos, como África do Sul, Chile, Argentina e Austrália. Em quase que sua totalidade, a produção de uvas é da espécie Vitis vinifera L. ou europeias, no sistema espaldeira, para produção de vinhos finos, tendo como principais cultivares em produção a Chardonnay, Resling Itálico, Sauvignon Blanc e Gewurztraminer nas brancas; e Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinnot Noir, Tannat e Touriga Nacional nas cultivares tintas. Com relação as uvas americanas ou Vitis labrusca L., existem pequenos produtores que produzem uvas in natura ou produzem sucos que são vendidos nas feiras, principalmente as cultivares Bordô, Cora, Concord e Niágara, tanto no sistema convencional como orgânico. O setor vitivinícola da região da Campanha Gaúcha se mostra em crescimento e já conta com 1.500 hectares de uvas, sendo a segunda maior produtora de vinhos finos do Brasil. Segundo a Associação de Vinhos da Campanha, são 180 produtores, com 17 vinícolas, em sua grande maioria vinícolas boutiques, que buscam a produção de vinhos de excelente qualidade. Na região também está sendo implantado o primeiro curso de bacharelado em Enologia, desde 2011, na Universidade Federal do Pampa – Campus Dom Pedrito, vindo a auxiliar na

qualificação da mão de obra às vinícolas e produtores da região, já que este aspecto é um dos principais entraves da produção na região, por não ter ainda na vitivinicultura sua principal economia. Atualmente, foi protocolado no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (Inpi) a solicitação de Indicação de Procedência para os vinhos da Campanha, que foi coordenado pela Embrapa Uva e Vinho e teve como colaboradores a Embrapa Clima Temperado, Embrapa Pecuária Sul, Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Epagri, Universidade Federal de Santa Maria, Associação de Produtores Vinhos Finos da Campanha Gaúcha, Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Fapeg e Sibratec/Finep/MCTI – Recivitis – Rede de Centros de Inovação em Vitivinicultura, o que torna-se um marco para a região. Além do selo de qualidade, isso auxilia os produtores nas tomadas de decisões, agrega valor ao produto e se torna um primeiro passo para futuras denominações de origens à região. Dessa forma, devido à atividade vitivinícola ser recente, é muito importante a participação das entidades públicas e privadas, associação dos produtores e políticas públicas para que, em um futuro próximo, se conheça melhor as especificações da região em relação às características e a adaptação das cultivares, explorar melhor o potencial enológico da região, assim como trabalhar junto às boas práticas de produção, como por exemplo a produção integrada de uva, buscando-se que em breve os vinhos da Campanha Gaúcha possam estar não só nas prateleiras das principais regiões do Brasil, como nos principais países do mundo, competindo de igual para igual com vinhos regiões produtoras globais, como França, Portugal, Itália e Espanha.

Dandy Marchetti/Ibravin/Divulgação

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Agricultura

CAPACITAĂ‡ĂƒO

Qualificação em AP abre último lote de inscriçþes

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Novo Rural Comunicação, Capacitação e Eventos estĂĄ com o Ăşltimo lote de inscriçþes para a qualificação em Agricultura de PrecisĂŁo e Variabilidade da Lavoura, que começa neste mĂŞs de abril, em Frederico Westphalen. Agora o valor do curso pode ser parcelado em atĂŠ seis vezes de R$ 500, no cartĂŁo de crĂŠdito ou no boleto bancĂĄrio. Os interessados em fazer os mĂłdulos individuais tambĂŠm podem contratĂĄ-los. Basta entrar em contato com a equipe, pelo e-mail relacionamento@novorural.com. No total serĂŁo cinco mĂłdulos, de 20 horas cada um. – Lembramos que tambĂŠm ĂŠ possĂ­vel obter descontos nas inscriçþes de grupos de empresas, associaçþes ou entidades. SerĂĄ uma boa oportunidade para que esses profissionais inseridos na agricultura tenham acesso a dados e informaçþes extremamente importantes para a sua atuação no setor – ressalta o diretor da Novo Rural, agrĂ´nomo e doutor em Tecnologia de Sementes Alexandre Gazolla Neto, que inclusive serĂĄ um dos conferencistas.

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O que:

Qualificação em Agricultura de Precisão e Gestão da Variabilidade da Lavoura

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Onde:

Frederico Westphalen

Quando:

Primeiro mĂłdulo serĂĄ nos dias 12, 13 e 14 de abril, no salĂŁo nobre da ACI/FW

Informaçþes:

(55) 2010-4159 ou (55) 9.9960.4053

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Agricultura

SAFRA DE VERÃO

No Estado, março terminou com 32% da área de soja colhida, segundo dados da Emater/RS

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rodutores de soja da região respiram aliviados na colheita que iniciou de forma intensa na segunda quinzena de março. Isso porque ao longo do ciclo pairava a dúvida de como seria a produtividade das áreas, que na fase de germinação tiveram vários problemas. O solo extremamente úmido fez com que muitas falhas fossem vistas naquela etapa inicial. O engenheiro-agrônomo Nazaré Rafael Piran, da Cotrisal, de Sarandi, observa que em diversas áreas o rendimento tem surpreendido, com patamares acima das 80 sacas por hectare. “Mas, acreditamos que a nossa média fique nas 70 sacas por hectare na nossa região de abrangência”, estima. Depois daquela fase de maior umidade, o clima se tornou mais favorável. Mesmo que em dezembro vários dias de sol também geraram certa apreensão, passado isso o ciclo seguiu dentro da normalidade. “É claro que vemos os produtores investindo mais em tecnologia, o que também garante tetos produti-

vos maiores”, pondera Piran. Em uma das lavouras a reportagem esteve, na última semana de março, o rendimento chegava perto das 90 sacas por hectare. Por lá, o trabalho executado pelo produtor Antonio Celso e família mostrava bons resultados. Em Sarandi, são 18,5 mil hectares de soja cultivados nesta safra e até o dia 25 de março, 40% da área estava colhida. Mesmo com uma população de plantas abaixo do esperado, o engenheiro-agrônomo Luciano Schwerz, da Emater/RS de Sarandi, confirma que na maioria das áreas a produtividade está além das expectativas. – Com as condições melhores a partir de dezembro, a cultura expressou um bom potencial produtivo. Acredito também que os produtores que conseguiram fazer um manejo fitossanitário mais adequado, com intervalos corretos, confirmam este resultado. Isso é importante porque traz uma condição de melhoria de investimento daqui para frente – salienta o profissional.

Pós-colheita De agora em diante, a partir da retirada da soja da lavoura, é importante que se cuide mais da estruturação do solo, em aspectos como a fertilidade. – Temos alguns problemas de compactação para resolver. A partir da colheita, é importante dar o próximo passo, seja a implantação de alguma espécie para cobertura, a correção da fertilidade ou ainda buscando alguma solução mais pontual, como a escarificação – sugere Schwerz, reforçando que já é momento de pensar na próxima safra, proporcionando às áreas condições de reter a água, evitando perdas por escoamento ou erosão. – A safra atual é boa, mas nos traz um desafio maior: manter esses padrões de produção e consequentemente trabalhar estratégias para poder crescer sempre mais – ressalta.

Em Sarandi, colheita rendia dias de muito trabalho na última semana de março

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Gracieli Verde

Colheita: soja expressa bom potencial produtivo


Agricultura

SAFRA DE VERÃO

Gracieli Verde

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Leandro Magalhães Vieira cultiva 325 hectares de soja em Palmeira das Missões

Gracieli Verde

Palmeira das Missões tem cerca de 100 mil hectares cultivados com soja nesta safra 2018/2019 e figura entre as maiores áreas do Estado – em quinto lugar neste ranking. Nos 325 hectares do agricultor Leandro Magalhães Vieira a expectativa também é positiva. Talvez pelo fato de o início do ciclo ter sido mais turbulento, a atenção com o manejo foi mais precisa e garantiu que as primeiras áreas já somassem resultados atrativos do ponto de vista econômico. Até o dia 26 de março, 70% da área do produtor estava colhida. Já no município essa percentagem chegava a 40%, segundo a Emater/RS-Ascar. – Tivemos problemas com a germinação de algumas áreas, mas optamos por não fazer nenhum replantio. Mesmo assim acredito que vamos colher pelo menos três sacas a mais por hectare se comparado com ano passado – conta Vieira, garantindo que o manejo fez toda a diferença. Sob a ótica do agrônomo Felipe Lorensini, da Emater/RS de Palmeira das Missões, esse bom desempenho da soja comprova que os produtores têm adotado uma postura mais profissional diante do manejo. – Acredito que temos chances de ter uma média superior a ano passado, que ficou em torno de 70 sacas por hectare. O agricultor conseguiu fazer um manejo mais eficiente em relação às doenças, com bom posicionamento de produto e com mais cuidado na tecnologia de aplicação, principalmente em relação às condições ambientais. Se vê uma evolução nesse aspecto – argumenta.

Gracieli Verde

Na quinta maior área de soja da região...

Felipe Lorensini, agrônomo da Emater/RS de Palmeira das Missões

Clima: abril tem primeira quinzena com precipitações controladas O início da colheita da soja também tem sido beneficiada pelo clima. Nos últimos dez dias de março, poucas chuvas foram registradas, o que permitiu que o trabalho a campo rendesse. Até o dia 28 de março, 32% da área cultivada no Estado já estava nos armazéns. Já nas microrregiões do Médio Alto Uruguai, Rio da Várzea e da Produção, 30% das áreas estão colhidas, segundo a Emater/ RS-Ascar, com uma média inicial de 60 sacas/hectare. O meteorologista Celso Oliveira, Somar Meteorologia, revela que para a primeira quinzena de abril esse cenário tende a manter-se, apesar de naturalmente as chuvas aumentarem a medida em que o Outono avança. – Nesta primeira quinzena tem uma alternância interessante, principalmente na segunda quinzena de abril, na Metade Norte do Estado, mas não se vê persistência nesta

chuva. Entre 5 e 10 de abril deve ter um episódio de chuva até mais forte, podendo somar até 50 milímetros para esta região, mas de 11 a 15 de abril essa chuva já perde bastante a intensidade, se afastando do Estado – prevê. Como muitas parte das lavouras de soja tem variedades mais precoces, grande parte das áreas devem estar colhidas até lá. Entretanto, a preocupação maior é com a implantação da safra de inverno. “Na segunda quinzena de abril as chuvas tendem a estar mais presentes”, acrescenta o meteorologista. Essas chuvas mais intensas a partir daí se devem ao El Niño, que vai estar mais bem instalado, conforme palavras de Oliveira. “Pode haver mais chuva e temperaturas não tão baixas, o que não é bom para o trigo, por exemplo”, conclui Oliveira.

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Agricultura

SAFRA DE INVERNO

Nova safra que se aproxima traz desafios. FecoAgro/RS estima custo de produção de mais de R$ 2,8 mil por hectare Gracieli Verde

jornalismo@novorural.com

P

elo menos dois anúncios feitos em março deixaram os agricultores gaúchos em alerta em relação à safra de trigo, principal cereal cultivado no inverno no Rio Grande do Sul – que deve começar a ser implantada neste mês de abril, conforme o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, que prevê o período ideal para cada município. Um deles foi do presidente da República, Jair Bolsonaro, que nos Estados Unidos concordou em zerar a tarifa de importação para uma cota de 750 mil toneladas do grão. Atualmente essa taxa é de 10%. Outro foi em relação a uma estimativa de custo de produção divulgada pela FecoAgro/RS, que sinalizou o valor pago pelo produtor para um hectare de trigo na ordem de R$ 2.820,81, com uma produtividade esperada de 50 sacas/hectare, valor considerado alto. Durante a Expodireto Cotrijal, realizada no início de março, em Não-Me-Toque, havia a expectativa de lideranças do setor conversarem com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, sobre essa cadeia produtiva, mas não foi possível. O presidente da Comissão do Trigo e de Culturas de Inverno da Farsul, engenheiro-agrônomo Hamilton Jardim, estima que neste mês uma agenda em Brasília deve colocar o assunto em pauta com o governo. – São pontos que nos preocupam, porque infelizmente o trigo serviu de moeda de troca. Infe-

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lizmente quem não é autossuficiente na produção, como o Brasil, fica refém de importações. Esse pacote é ruim para a nossa triticultura. Claro que essa cota de 750 mil toneladas seria apenas 10% do que o Brasil deve importar neste ano, mas isso tende a se tornar permanente se não buscarmos alternativas para o nosso alto custo de produção – avalia Jardim. O grande entrave em relação ao custo de produção, segundo o agrônomo, é que países vizinhos do Mercosul conseguem produzir o trigo a um custo muito mais baixo, o que faz com que o produto brasileiro perca competitividade comercial, o que desestimula o plantio pelos produtores. – Este é um cenário que precisa estar em pauta com o governo, porque o agricultor gaúcho precisa ter mais liquidez no inverno. Hoje mais de 50% do trigo consumido no Brasil precisar ser comprado de fora – comenta, acrescentando que, na sua opinião, é plausível uma reavaliação dos acordos com países do Mercosul. Jardim acredita que a região Sul tem potencial para produzir mais, pelo menos 7 milhões de toneladas, mas se chega a cerca de 5 milhões de t, sendo que pouco mais de 3 milhões de t para moagem. “Isso nos afeta enquanto cadeia produtiva e como setor primário”. Para abril, uma agenda na segunda quinzena deve discutir esse assunto em Brasília, através da Câmara Setorial das Culturas de Inverno do Mapa, a qual também é presidida por Hamilton Jardim desde 2017.

Hamilton Jardim preside a Comissão de Trigo da Farsul e uma câmara setorial no Mapa

A produção de trigo para moagem é baixa se comparada com a demanda brasileira

Silvana Kliszcz/Agência Agro Brasil/Divulgação

Triticultores ansiosos por alternativas para o inverno


Airton Spies, agrônomo e doutor em Economia dos Recursos Naturais

Alternativas incluem trigo para alimentação animal

Alto custo: entenda mais

Não é de hoje que se discute a necessidade de alternativas para a safra de inverno gaúcha, uma vez que o trigo tem se tornado mais caro para produzir internamente, ao mesmo tempo em que é uma opção para o agricultor também ter renda no inverno. Mas esse é um desafio que não cessa e que põe a prova até mesmo a pesquisa. O engenheiro-agrônomo catarinense Airton Spies, doutor em Economia dos Recursos Naturais – que inclusive já foi secretário de Agricultura no Estado vizinho –, defende que no inverno pode estar a oportunidade de os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul minimizarem outro problema, a falta de milho para alimentar o rebanho de animais – especialmente suínos e frangos. – Temos que ver o potencial do uso dos cereais de inverno para fazer ração. Tanto em Santa Catarina como no Rio Grande do Sul, anualmente faltam milhões de toneladas de milho para a produção de carnes e esse produto vem de muito longe, o que encarece e gera outros problemas de competitividade. Já desafiamos a Embrapa Trigo e a Embrapa Suínos e Aves para nos mostrarem um caminho, para que tenhamos altas produtividades para ração e não neces-

Conforme estudo técnico da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), o custo total de produção de trigo fechou em R$ 2.820,81 por hectare, com produtividade de 50 sacas. O valor do desembolso do produtor gira em torno de R$ 2.029,83 por hectare. Ao preço de R$ 41,73 a saca, com base no mês de março de 2019, cobre apenas 73,96% do custo total ficando descoberto R$ 14,69 por saca. Levando em conta o desembolso, a rentabilidade é de 2%. Além disso, o número considera o valor de mercado. Conforme a FecoAgro/RS, se o produtor vender pelo preço mínimo trigo pão tipo 1 por R$ 40,57 a saca, o prejuízo aumenta para R$ 15,85 por saca em relação ao custo total. Para cobrir este custo total, o produtor precisará produzir 67,6 sacas, ou seja 4.056 quilos por hectare do cereal, com base no preço de mercado de R$ 41,73; e necessitará colher 69,53 sacas ou 4.171 quilos por hectare se vender pelo preço mínimo trigo pão tipo 1 atual. O que mais pesa nesse custo são os insumos, com 41,8% do total. Os fertilizantes chegam a 22,7% da composição do valor e as sementes ficam em 10,69%. Esse alto custo inviabiliza a produção no Rio Grande do Sul, segundo o presidente da FecoAgro/ RS, Paulo Pires. Ele acrescenta ainda que nos últimos cinco anos se aumentou a produtividade do trigo em 1,2 mil quilos por hectare, fechando o último ano da cultura em 3,2 mil quilos por hectare. Mesmo assim, não se conseguiu aumentar a rentabilidade. Outro dado divulgado pela entidade foi o resultado do terceiro ano da alternativa de trigo para exportação, organizado pela FecoAgro/RS em parceria com a Embrapa Trigo, de Passo Fundo. O custo de produção médio das áreas experimentais teve uma redução 21% nas áreas pesquisadas da Cotricampo, em Campo Novo, Cotrirosa, em Santa Rosa, Cotripal, de Panambi, Coopatrigo, de São Luiz Gonzaga, e uma área experimental da Embrapa Trigo, em Coxilha.

sariamente para farinha – argumenta o pesquisador. Spies, que durante a Expodireto Cotrijal falou sobre esse assunto, ressalta que isso geraria vantagens na logística, uma vez que o grão estaria localizado no Sul, além de gerar a renda para preencher a lacuna do inverno. “Dos sete milhões de hectares cultivados no verão nos dois Estados, apenas 15% da área é usada no inverno. Precisamos mudar isso. No restante, no máximo o produtor faz a cobertura do solo”. Do ponto de vista nutricional, embora o trigo tenha menos energia que o milho, tem mais proteína, então ele acredita que não há prejuízos. Por mais que ainda não exista uma projeção oficial por parte da Emater/RS em relação à área que deve ser semeada em 2019 com o grão – isso deve ser atualizado até metade de abril –, em alguns municípios se comenta em um possível crescimento da área. Dos 25 mil hectares cultivados em 2018, em Palmeira das Missões a expectativa é que esse número passe para 30 mil ha, segundo a Emater/RS. Lá o zoneamento permite que a semeadura inicie a partir de 1º de junho. A área de cevada também poderá ter um incremento de dois mil hectares, chegando a 6 mil ha; e de aveia branca e preta chegam a 9 mil e 10 mil, respectivamente. – De fato, a destinação do trigo para a alimentação animal na propriedade é uma alternativa que merece atenção, porque é uma forma de agregar valor, de ter uma ração mais barata do que você comprar. É claro que, pensando numa escala mais familiar, isso também demanda de investimentos em equipamentos, mas é algo que compensa – argumenta o engenheiro-agrônomo Felipe Lorensini, do escritório municipal da Emater/RS de Palmeira das Missões. Outra opção citada pelo agrônomo é implantar o sistema de integração lavoura-pecuária, que também pode preconizar o uso do trigo, até mesmo das opções de duplo propósito – que servem tanto para grãos como para pasto. – Essa também é uma maneira de preencher o vazio outonal, integrando cobertura de solo e produção de carne. Hoje é inviável trabalhar somente com a cobertura de solo no inverno, não somente por comprometer a geração de renda, mas também pelo alto valor das áreas agricultáveis – acrescenta Lorensini, que é doutor em Ciência do Solo.

Condições agronômicas e mercadológicas Tradicionalmente o mês de abril marca o princípio da safra de trigo no Sul. Segundo a Embrapa, a expectativa é de manutenção da área de 1,8 milhão de hectares nos três Estados, com aumento de 3,7% na produtividade. O pesquisador João Leonardo Pires, da Embrapa Trigo, ressalta que a implantação das lavouras deve seguir o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), que indica o melhor momento para a implantação da cultura em cada município apto ao cultivo do trigo, com base em registros coletados nas principais estações meteorológicas do País, estimando a frequência das ocorrências climáticas nos últimos 20 anos. Somente em relação aos trigos para alimentação animal, a estimativa da Embrapa é que essas variedades ocupem cerca de 100 mil hectares no Sul. Para o produtor que queira saber mais sobre questões agronômicas e mercadológicas para a safra deste ano, a Embrapa também disponibiliza a publicação “Informações técnicas para trigo e triticale - Safra 2019”. O documento pode ser acessado pelo código acima.

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Antonio Luis Santi

Agricultura

Engenheiroagrônomo, doutor em Ciência do Solo/Agricultura de Precisão, coordenador do Laboratório de Agricultura de Precisão do Sul da UFSM-FW, e representante do Fórum dos ProReitores de PósGraduação e Pesquisa (FOPROP) na Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, junto ao Ministério da Agricultura.

OPINIÃO

“Relembrar a história também é um caminho para errar menos e produzir mais...”

A

lguém já dizia que “conhecer o passado em detalhes é a melhor forma de se preparar para o futuro”. Neste mês vamos procurar destacar alguns momentos tecnológicos que fizeram a diferença na agricultura brasileira, permitindo avanços em produtividade e novas definições, como a digitalização da agricultura e o emprego da nanotecnologia. Para compreender o momento em que a agricultura brasileira está passando faz-se necessário resgatar marcos históricos dentro da expansão agrícola, movimentos científicos, educacionais e mesmo políticos e econômicos. Poderíamos nos basear em qualquer cultura para fazer esse exercício, porém, vou me basear na cadeia da soja, uma vez que esta é a principal cultura para nosso país. A cultura da soja teria surgido na China, em 2.839 antes de Cristo, se espalhado pelo mundo a partir do século XVII e introduzida no Brasil por Gustavo D’Utra, na Bahia, em 1882. Foi cultivada a primeira vez por Daffert, em 1892, no Instituto Agronômico de Campinas, e trazida para o RS pelo pastor Albert Lehenbauer, em 1923, espalhando sementes na região da Grande Santa Rosa, considerada o berço dessa cultura, uma alternativa ao intenso êxodo rural devido o esgotamento da fertilidade dos solos. Muita coisa mudou. Li recentemente um texto do meu grande amigo e pesquisador doutor Elmar Luiz Floss, em que o rendimento da soja, no Brasil, aumentou de 1.750 kg/ha na safra 1976/1977 para 3.390kg/ha na safra 2017/2018, ou seja, um aumento de 194%. No Rio Grande do Sul, para o mesmo período, saímos de uma produtividade de 1.620 kg/ha para 3.030 kg/ha, um aumento de 187%.

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1

A Primeira Grande Revolução A Primeira Grande Revolução ocorreu ainda na década de 1960, com a Operação Tatu, uma campanha de recuperação dos solos pelo uso de corretivos e fertilizantes químicos, com base em técnicas de amostragem de solo e financiamento governamental, fruto do empenho de agentes empresariais e políticos do RS, que com ações políticas conseguiram liberar crédito agrícola a taxa zero através de programas como Procal, Profertil e Funfertil. Aliado a isso, a criação da Pós-Graduação em Ciência do Solo da UFRGS, nessa mesma época, proporcionou qualificar mão de obra acadêmica e a formação de agrônomos especialistas em solos, que ajudaram abrir e consolidar fronteiras agrícolas.

2

A Segunda Grande Revolução A Segunda Grande Revolução foi a implementação do Sistema Plantio Direto, no início da década de 1970 e 1980, com redução drástica da erosão do solo, melhoria nas qualidades químicas, físicas e biológica, melhoria da qualidade das águas, economia de mão de obra, máquinas e combustível, um importante passo rumo à agricultura conservacionista.

3

A Terceira Grande Revolução A Terceira Grande Revolução pode ser resumida como a Biotecnologia. Com ela houve maior eficiência no controle fitossanitário de doenças, plantas daninhas e pragas, bem como a introdução de cultivares com maior potencial produtivo, menor ciclo, estatura menor prevenindo acamamento e mais responsivas à adubação.

4

A Quarta Grande Revolução A Quarta Grande Revolução pode ser entendida a partir do ano 2000, com a Agricultura de Precisão. A digitalização do campo, avanços na engenharia, tecnologia embarcada em máquinas, a nanotecnologia, a rastreabilidade dos alimentos, o próprio uso intensivo do celular e aplicativos no meio rural tem concretizado um novo momento, em que os dados agrícolas estão fazendo a diferença na hora de tomar decisão e gerenciar processos.

Onde fica o lado humano nessa avalanche e nessa história? O produtor, o técnico, o pesquisador e o extensionista são o centro, a mente e o coração de tudo. Sempre, em todos os momentos, houve e haverá uma pessoa executando, tomando as decisões ou mesmo, apertando um botão. A vida segue e o mais precioso continua sendo o homem.


Fundo Social Sicredi Grande Palmeira RS Aprovado pelos associados nas Assembleias 2019, serão destinados mais de 86 mil reais para projetos

U

m dos assuntos colocados em votação nas Assembleias de Núcleo da Sicredi Grande Palmeira no ano de 2019 foi a destinação de parte do resultado da Cooperativa para a criação Fundo Social. Foi aprovado por unanimidade pelos associados o percentual de 3% sobre o resultado do exercício social anterior, após as destinações estatutárias, que corresponde ao valor total de R$ 86.749,23 (oitenta e seis mil, setecentos e quarenta e nove reais e vinte e três centavos). O Fundo Social da Sicredi Grande Palmeira tem como objetivo apoiar as ações de interesse coletivo desenvolvidas em nossa área de atuação, que compreende os municípios de Jaboticaba, Novo Barreiro, Sagrada Família, São José das Missões, Dois Irmãos das Missões, Lajeado do Bugre, Boa Vista das Missões, Palmeira das Missões e São Pedro das Missões.

Projetos que serão apoiados pelo Fundo Social: • PROJETOS EDUCACIONAIS: projetos voltados a melhoria de processos educativos e de formação humana, tais como: formação, melhorias de estruturas de entidades voltadas a educação, materiais didáticos, móveis e utensílios. • PROJETOS CULTURAIS: tratam-se de atividades que visam garantir o acesso e ampliar as práticas culturais da comunidade, desenvolvendo atividades coletivas voltadas ao teatro, música, dança, pesquisa e seus respectivos materiais. • PROJETOS ESPORTIVOS INCLUSIVOS: objetivam a inclusão social de jovens e adultos através da prática de esportes. Exemplos: aquisição de materiais, equipamentos para prática esportiva e contratação de instrutor.

• PROJETOS DE SUSTENTABILIDADE: destinados a preservação, conservação e melhoria do meio ambiente visando a melhoria da qualidade de vida da comunidade, tais como: reciclagem, preservação e conservação de recursos naturais. • PROJETOS DE SEGURANÇA: englobam projetos que visam a melhoria da segurança da comunidade onde a agência atua, tais como: instalação de câmeras de vídeo, alarmes, preservação de acidentes. • PROJETOS DE SAÚDE: destinados a melhoria da saúde da comunidade, tais como: infraestruturas e equipamentos desenvolvidos por entidades da saúde e clubes de serviço. • PROJETOS SOCIAIS: iniciativas que visam proporcionar a melhoria da qualidade de vida das pessoas, atendendo às necessidades da comunidade, sem fins lucrativos.

Para ter acesso aos recursos do Fundo Social a entidade interessada deverá enviar formulário padrão preenchido, juntamente com os demais documentos necessários, entre os dias 10 de abril e 10 de julho de 2019 através do e-mail coop0229_fundosocial@sicredi.com.br. O regulamento completo, bem como os documentos necessários para as inscrições das entidade e as demais informações estão disponíveis nas Agências da Sicredi Grande Palmeira.

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Analista de mercado da consultoria SAFRAS & Mercado E-mail: luiz.gutierrez@ safras.com.br

Oferecimento:

Soja: nova safra, velhos desafios A temporada 2019/20 promete ser novamente de desafios para o complexo soja brasileiro e os mesmos não chegam a ser novidade

O

primeiro desafio começa na produção. A nova temporada iniciou de forma bastante promissora, ainda no último trimestre de 2018. O clima positivo em setembro, outubro e novembro permitiu o melhor ritmo de avanço dos trabalhos de semeadura dos últimos anos. O plantio pôde ser antecipado nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do país, também com o objetivo de diminuir os riscos sobre a janela de semeadura da safrinha de milho. As lavouras semeadas de forma precoce tiveram um bom desenvolvimento até fim de novembro, mantendo um alto potencial produtivo. Até aquele momento, o potencial de produção da safra brasileira chegava a 125 milhões de toneladas, visto ainda o aumento estimado de 3% na área de soja do país. Já em dezembro, os problemas começaram. A falta de umidade registrada ao longo do último mês de 2018, principalmente no Paraná e no Mato Grosso do Sul, impactou de forma importante o desenvolvimento das lavouras, com destaque para as semeadas precocemente. Os demais Estados das regiões Centro-Oeste e Sudeste também sofreram com a falta de umidade, mas os problemas se mostraram menos amplos e mais regionalizados com o passar do tempo. O clima irregular se estendeu até o final de janeiro, chegando ainda à região Nordeste. Perdas foram registradas nas regiões afetadas, mas a chegada de um clima regular, com bons volumes de chuvas, a partir do final de janeiro, trouxe condições favoráveis para a as lavouras mais tardias. A melhora climática acabou impedindo o avanço das perdas em todo o país, melhorando o desenvolvimento das lavouras. Depois deste vai e vem, o fato é: o clima não irá permitir a colheita de mais uma safra brasileira recorde em 2019, mas ainda estamos falando da segunda maior safra de nossa história. Com uma colheita já avançada, podemos dizer que estamos perto da consolidação de uma produção de pelo menos 116 milhões de toneladas de soja nesta temporada. Convenhamos, é muita soja, e isso nos leva ao próximo desafio: demanda. A demanda pela soja brasileira deverá recuar em 2019. Sim, a demanda deverá ser menor que em 2018, mas na verdade estará apenas voltando para a normalidade. A temporada anterior foi marcada por uma grande distorção no mercado internacional de soja. A guerra comercial entre EUA e China desenhou um novo

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Divulgação

Luiz Fernando Gutierrez Roque

Mercado de soja

quadro no comércio internacional da oleaginosa. A imposição da tarifa chinesa de 25% sobre a soja norte-americana alterou de forma significativa o fluxo comercial entre os principais players do mercado. A partir do segundo semestre de 2018, quando a tarifa entrou em vigor, toda a demanda chinesa por soja foi deslocada para o Brasil, único país com estoque suficiente para atender a necessidade de consumo do país asiático naquele momento, lembrando que em 2018 o Brasil colheu a maior safra de sua história, quando 121,66 milhões de toneladas foram produzidas. O deslocamento da demanda chinesa para os portos brasileiros fez os prêmios de exportação dispararem. Com os prêmios em elevação e uma demanda forte na exportação, os preços internos também dispararam, trazendo valores recordes para a saca de 60 quilos de soja, que chegou a ser negociada a R$ 100,00 nas regiões portuárias. O Brasil fechou o ano exportando 83,8 milhões de toneladas, algo nunca antes visto. Mas a verdade é que esse momento passou. Após mais de nove meses de negociações, tudo leva a crer que americanos e chineses estão muito próximos de fechar um acordo comercial, o que fará com que parte da demanda chinesa retorne para os portos do Golfo do México, levando o mercado de volta ao seu equilíbrio natural. Tal fato impactará de forma importante as exportações brasileiras, impactando também os estoques brasileiros de soja. A queda na demanda pela soja brasileira irá retirar parte da pressão positiva sobre os preços internos, já que os prêmios não terão espaço para grandes elevações. Neste cenário, a tendência é que tenhamos um panora-

ma de preços mais baixos para os produtores brasileiros em 2019, mas nada está definido. A questão envolvendo a guerra comercial continua como fator decisivo para a definição dos rumos de Chicago, prêmios e do comércio mundial da oleaginosa. Não havendo acordo, teremos novamente um segundo semestre com prêmios e preços elevados no Brasil, mas lembro que essa não é a tendência. Paralelamente a isso, o mercado deve olhar com muita atenção para o tamanho da nova safra norte-americana, que começa a ser semeada nas próximas semanas. A tendência é de um recuo na área destinada a oleaginosa naquele país devido aos altos estoques derivados dos problemas comerciais com a China. O tamanho da produção americana pode trazer impactos aos contratos futuros nos próximos meses, embora a questão comercial seja mais decisiva. Como Chicago e prêmios costumam andar em sentidos opostos, compensando um ao outro, um terceiro fator pode ser novamente o fiel da balança para o complexo soja brasileiro: câmbio. O mercado cambial deve ter mais um ano turbulento no Brasil. Após as fortes oscilações registradas em 2018 devido, principalmente, à eleição presidencial no país, o ano de 2019 começou trazendo novas incertezas. O otimismo inicial com a eleição de Jair Bolsonaro deu espaço, agora, a um temor com relação à “governabilidade” desta nova equipe executiva. Os ruídos frequentes entre setores do próprio governo, além da dificuldade de diálogo com os demais poderes e setores da sociedade, trazem incertezas quanto à aprovação das reformas que, todos sabem, precisam ser feitas. Neste sentido, a Reforma da Previdência surge como o principal desafio. Este atual ambiente político conturbado leva o câmbio de volta ao patamar próximo de R$ 4,00. Apenas a aprovação desta reforma pode levar o mercado ao patamar considerado de equilíbrio para este ano, entre R$ 3,60 e R$ 3,70. Não devemos ver o câmbio trabalhando muito abaixo destas linhas. Logo, 2019 promete ser um ano com uma taxa cambial ainda elevada, o que favorece a formação dos preços internos. Com todas estas indefinições que pairam sobre os principais fatores de formação dos preços neste ano, será importante uma atenção redobrada para aproveitar os momentos que o mercado irá oferecer. Para isso, a busca constante por informações de qualidade pode ser o fator decisivo para a tomada de decisões.


Agricultura

MANEJO

Você já garantiu a cobertura do solo na resteva da soja? Período de crescimento de “adubos verdes” coincide com o período em que muitas áreas no Sul do Brasil encontram-se em pousio. Produtor precisa ser estratégico para usar isso a seu favor Divulgação

U

ma boa lavoura começa com um bom planejamento. Se você, produtor, ainda não sabe responder a nossa pergunta inicial, poderá ter problemas futuros! O estágio atual – de retirada da principal cultura de verão, a soja – é um dos principais momentos para a busca de uma lavoura com alta produtividade. Isso porque várias iniciativas, como a adubação verde e a cobertura do solo, são definidas bem antes do início da safra principal (das culturas de soja, milho ou feijão, por exemplo) e ganham impacto direto na cultura subsequente. Os resultados mais notados são na supressão de plantas daninhas, na ciclagem de nutrientes, na quebra do ciclo de pragas e doenças, na descompactação, no armazenamento de água no solo, entre outras tantas vantagens, segundo o professor-doutor Antonio Luis Santi, do curso de Agronomia da UFSM – Campus de Frederico Westphalen. Ele explica que comprovações históricas demonstram que antigas civilizações, como romanos, gregos e chineses, já usavam técnicas de adubação verde com sucesso. Em razão do número de espécies conhecidas e disponíveis para os agricultores e de suas diferentes características botânicas e fenológicas, é possível cultivá-las das mais diferentes maneiras. – O período principal de crescimento desses adubos verdes coincide com o período em que muitas áreas no Sul do Brasil encontram-se em pousio, durante o qual podem ocorrer sérios riscos para a lavoura, como a proliferação e perpetuação de espécies espontâneas ou daninhas capazes de comprometer a produtividade, tanto de culturas de inverno como as de verão em sucessão. Por isso, o desafio é fazer com que o produtor use isso a seu favor – ressalta. As espécies mais conhecidas, segundo o professor, são as aveias (Avena strigosa Shreb. e Avena sativa L.), o nabo forrageiro (Raphanus sativus L.), as ervilhacas (Vicca sativa L.), tremoços (Lupinus albus L.), o centeio (Secale cereale L.), a ervilha-forrageira (Pisum arvense L.), o chícharo-comum (Lathyrus sativus), gorga (Spergula arvensis L.) e o azevém (Lolium multiflorum), entre outras.

Tremoço é uma das opções para garantir "vida" na terra

Algumas alternativas de outono e inverno e respectivas produções de massa e ciclagem de nitrogênio Nome comum

Família botânica

Massa Massa verde (t/ha) seca (t/ha)

Relação C/N

N fixado por ano (kg/ha)

Aveia-branca

gramínea

15-50

2,5-7

33-47

-

Aveia –preta

gramínea

15-60

2-8

21-42

-

Azevém

gramínea

20-60

2-6

36

-

Centeio

gramínea

12-35

2-7

19-42

-

Chícharo

leguminosa

20-40

2-6

12-25

80

Ervilhaca-forrageira

leguminosa

15-40

2,5-7

12-21

60-90

Ervilhaca

leguminosa

19-50

2-10

10-24

90-180

Ervilhaca-peluda

leguminosa

24

3-5

16

110-184

Nabo-forrageiro

crucífera

20-60

2-9

10-34

-

Tremoço-branco

leguminosa

15-40

2-5

14-23

123-268

Tremoço-azul

leguminosa

18,2-37,8

3-6

16,6-19,4

100

Trigo

gramínea

10-14

1,5-4

-

-

Triticale

gramínea

5-10

2-3

22

-

gramínea + leguminosa

-

3,5-6

-

-

Ervilhaca + aveia-preta+ tremoço-branco

leguminosa + gramínea + leguminosa

-

3,5-6

-

-

Ervilha-forrageira + aveia-preta

leguminosa + gramínea

-

3-6

-

-

Aveia-preta + ervilhaca

Vantagens interferem Santi explica que dentre as principais vantagens do cultivo dos adubos verdes de outono/inverno estão a proteção do solo contra a erosão no período de desenvolvimento vegetativo, o aporte de nitrogênio, principalmente com as leguminosas, a reciclagem de nutrientes e a diminuição da incidência de plantas daninhas – Mas não para por aí. A gente vê no campo que a prática também reduz a perda de nutrientes por lixiviação, a descompactação do solo, a reestruturação, a ativação da vida do solo e a viabilização do sistema plantio direto, principal defesa da pesquisa nos últimos anos. Nessa modalidade também é possível utilizar algumas espécies para tornar viável o sistema de integração lavoura-pecuária, que já tem vários cases de sucesso inclusive na nossa região – observa o docente. Outras espécies, como as crotalárias, o milheto, o sorgo, o capim-sudão ou aveia de verão, também vêm se adaptando muito bem às condições climáticas de Sul do Brasil. Estudos recentes realizados pelo Laboratório de Agricultura de Precisão do Sul (LAPSul), da UFSM - Campus de Frederico Westphalen, no Horto de Plantas de Cobertura, têm mostrado grande potencialidade de algumas dessas espécies citadas como alternativas pós a colheita da soja. – É nesta hora que o produtor precisa confiar na pesquisa e levar para o campo esses resultados. Só assim teremos maior estabilidade na produtividade e na produção na nossa agricultura – acredita.

17 | Revista Novo Rural | Abril de 2019


AgroindĂşstrias

PSICULTURA

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Um dos destaques da região Ê para a 13ª Feira do Peixe de Taquaruçu do Sul

N

esta Êpoca do ano, que antecede a Påscoa, o movimento na venda de peixes se intensifica, principalmente em função da quaresma, período em que culturalmente as famílias católicas deixam de lado a carne vermelha e priorizam pela carne de peixe. Como a Novo Rural jå informou em outras ediçþes, alguns municípios jå se destacam nesta årea, atÊ mesmo pela questão de legalização. Sarandi, por exemplo, estå com uma agroindústria em pleno funcio-

namento e com liberação para vender filĂŠ de tilĂĄpia em todo o Estado, graças Ă adesĂŁo ao Susaf. Outro municĂ­pio que tem conseguido dar destaque para o consumo desta carne ĂŠ Taquaruçu do Sul, onde hĂĄ 13 anos ĂŠ realizada a tradicional feira. Neste ano a programação ocorre entre os dias 11 e 14 deste mĂŞs, na Praça Monsenhor Albino ngelo Busato. Nesta edição, inclusive, o evento traz uma atração musical nacional, a dupla sertaneja Marcos e Belutti – no dia 13. Atraçþes Ă par-

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te, ĂŠ considerada uma boa oportunidade para movimentar este mercado. O produtor RogĂŠrio Ă‚ngelo Volpato, que produz peixe no interior do municĂ­pio, deve vender mais de trĂŞs mil quilos nesta quaresma. Neste ano ele estĂĄ com uma agroindĂşstria nova quase pronta, com vistas a atender este mercado. SĂŁo 110 metros quadrados em construção, que deve ser concluĂ­da neste primeiro semestre. O projeto ĂŠ de autoria da equipe da Emater/RS, com toda estru-

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18 | Revista Novo Rural | Abril de 2019

Gracieli Verde

MĂŞs de “safraâ€? para piscicultores

Em Taquaruçu do Sul, família Volpato investe em nova estrutura para filetagem de tilåpia


AgroindĂşstrias tura necessĂĄria para o negĂłcios. SĂŁo cerca de R$ 300 mil investidos na estrutura. Segundo ele, neste ano o preço tem ficado em torno de R$ 25 por quilo do filĂŠ. “TambĂŠm temos a opção de carpas, que vamos manter mesmo com a estrutura para filetar tilĂĄpiaâ€?, garante o produtor. No total, a feira promete vender entre 20 e 25 toneladas durante os quatro dias de programação. O gerente-regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, Clairto Dal Forno, reitera que a piscicultura ĂŠ uma atividade em expansĂŁo em todo o Sul, e que na regiĂŁo existe um movimento significativo nesse sentido. – Vemos que os produtores estĂŁo intensificando mais a produção por metro quadrado de lâmina d’ågua e vendendo uma carne de mais qualidade. A busca pelo filĂŠ por parte do consumidor tambĂŠm ĂŠ uma caracterĂ­stica forte, que ao mesmo tempo nos impĂľem desafios, mas tambĂŠm oportunidades – observa. Por isso, ele considera importante a realização das feiras locais. â€œĂ‰ uma forma de viabilizar estabelecimentos familiares legalizadosâ€?, acrescenta. Inclusive, nessa busca por fomentar esse mercado, um grupo de SĂŁo Pedro das MissĂľes esteve em Taquaruçu do Sul no mĂŞs de março. AlĂŠm do produtor RogĂŠrio Ă‚ngelo Volpato, os visitantes tambĂŠm conheceram a estrutura dos irmĂŁos Jovani, Gilvan e Gelson Volpatto, que por ano vendem cerca de cinco mil quilos de peixe, atividade que ĂŠ integrada Ă avicultura e ao tabaco. Como eles tĂŞm a inspeção municipal, o foco ĂŠ no mercado local.

PSICULTURA

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Feira do Peixe de Taquaruçu do Sul tambÊm terå 17ª Mostra da Terneira Confira a programação da principal feira do peixe da região

Dia 11

10 horas: abertura do salão paroquial, com exposição do comÊrcio, indústria e artesanato 16 horas: reunião com prefeitos da Amzop 18 horas: abertura oficial 20 horas e 22 horas: shows musicais

Dia 12 RogĂŠrio Ă‚ngelo Volpato, produtor em Taquaruçu do Sul

9 horas: reinício das atividades 10 horas: reabertura do salão de exposição

14 horas: dia de campo sobre pecuåria leiteira, na propriedade de Edmilson Turchetto, na linha Zanatta 19 horas e 22 horas: apresentaçþes e shows

Dia 13

10 horas: reinĂ­cio da feira 14 horas: 17ÂŞ Mostra da Terneira 20 horas e 23 horas: shows musicais, inclusive com Marcos e Belutti

Dia 14

10 horas: reinício da feira 14 horas: apresentaçþes de dança 20 horas e 22 horas: shows musicais

Confira algumas da feiras que ocorrem na regiĂŁo neste mĂŞs. No site novorural.com vocĂŞ vĂŞ o cronograma completo! Novo Barreiro

Dias 4 e 17 - Ao lado da prefeitura

Seberi

Dia 12 Na praça, com a feira do artesanato

Rodeio Bonito

Dia 13 de abril - Na praça da cidade

Jaboticaba

Ronda Alta

De 15 a 17 de abril Em frente Ă prefeitura da cidade

De 15 a 18 Na casa do trabalhador

Frederico Westphalen

Sarandi

Dias 16, 17 e 18 Ao lado do pavilhĂŁo da Feira do Produtor, no centro da cidade

Dias 17 e 18 Das 14 horas Ă s 20 horas e das 9 horas Ă s 20 horas, respectivamente No GalpĂŁo da Agricultura Familiar da Feisa

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19 | Revista Novo Rural | Abril de 2019


Pecuária

GERAL

Folador segue como presidente da Acsurs Região do Médio Alto Uruguai e Rio da Várzea também tem representantes no quadro de dirigentes Divulgação

A

presidência da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) foi renovada em março, em assembleia da entidade, mas o presidente, Valdecir Folador, segue no cargo. Este mandato segue até 2022. Folador coordena a entidade desde 2005 e garante que reforçar o trabalho das Cadecs é uma das metas para os próximos anos. – Isso é uma conquista que tivemos através da Lei da Integração e é uma aproximação importante com as empresas integradoras, para que as negociações evoluam. Nossa prioridade é o suinocultor e a cadeia produtiva como um todo – ressalta o líder. Auxiliar a cadeia produtiva na manutenção do status sanitário brasileiro é outro papel da entidade, segundo Folador. “Isso é fundamental para que possamos manter e ampliar mercados para exportação”, pontua. Um dos suinocultores da região que também integra a diretoria é Mauro Gobbi, de Rondinha – há 16 anos ele integra o grupo. Para ele, neste ano se espera que a retomada do mercado se consolide. “Este é um ano em que é preciso ter cautela nos investimentos, ter os ‘pés no chão’. Por mais que acreditamos em vendas maiores para a China, não é hora de se afobar”, acredita. Por outro lado, Gobbi espera sim que seja um ano de “pagar as contas, reformar as pocilgas e organizar as propriedades”. Em relação ao mandato, Gobbi salienta que a Acsurs “é o braço do produtor fora da porteira”, por isso da importância de também dedicar tempo para a entidade que se dedica na defesa do interesses dos produtores, segundo ele.

Grupo fica na direção da entidade até 2022

Conheça quem compõem a diretoria até 2022 • Presidente: Valdecir Folador • Primeiro-vice-presidente: Mauro Gobbi • Vices-presidentes: Rafael Acadrolli, Laurindo Vier, Renato Tecchio, Jean Fontana. • Conselho Fiscal (titulares): Edson Zancanaro, André Lermen e Volnei Zago; (suplentes) Elemar Hein, Marino Birck e Felipe Carpenedo. • Conselho Técnico: Flauri Migliavacca • Delegados junto à Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS): titular, Valdecir Folador; primeiro delegado suplente, Everson Walber, e segundo delegado suplente, Belmir Daros

Acsurs confirma 45º Dia do Porco em Frederico Westphalen O presidente Valdecir Folador também confirmou a realização do 45º Dia Estadual do Porco em Frederico Westphalen, no dia 9 de agosto deste ano. O evento é promovido pela associação, em parceria com a prefeitura e empresas do setor. Folador assinala que os detalhes da organização, como palestras e local, ainda estão em definição e nos próximos meses devem ser divulgados. Este é um dos mais importantes eventos da suinocultura gaúcha, que reúne anualmente grande número de criadores. Ano passado o evento ocorreu em Rodeio Bonito, reunindo grande número de produtores. O desafio é repetir esse sucesso.

Cai custo de produção de aves e suínos para corte

C

alculados pela Central de Inteligência de Aves e Suínos (Cias) da Embrapa, os custos de produção de suínos e de frangos de corte tiveram queda no segundo mês de 2019. O ICPSuíno baixou 0,85%, fechando fevereiro em 219,08 pontos, o menor valor dos últimos 12 meses. No ano, o índice de custo de produção de suínos acumula -0,18% e alta de 5,86% nos últimos 12 meses. A queda do ICPSuíno foi garantida com a redução dos gastos com nutrição (-0,91%). O custo por quilo vivo de suíno produzido em sistema de ciclo completo em Santa

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Catarina caiu de R$ 3,86 em janeiro para R$ 3,83 em fevereiro (o menor valor desde março de 2018). Já o ICPFrango teve uma variação de -0,71% em fevereiro, fechando o mês em 216,29 pontos. No ano, o índice de custo de produção de frangos de corte acumula -0,81% e alta de 8,35% nos últimos 12 meses. O custo de produção do quilo do frango de corte vivo caiu de R$ 2,82 em janeiro para R$ 2,79 em fevereiro no Paraná, valor calculado a partir dos resultados em aviário tipo climatizado em pressão positiva.

Fevereiro

- 0,85%

- 0,71%


Pecuária

SANIDADE

O prejuízo que a bicheira gera no rebanho gaúcho Divulgação

Embrapa divulga estimativa de gastos gerados por esse problema

P

opularmente conhecida como bicheira, a miíase é um dos problemas que os pecuaristas enfrentam no dia a dia com o rebanho. Uma estimativa divulgada pela Embrapa Pecuária Sul mostra o valor aproximado gasto anualmente pelo pecuarista gaúcho com a afecção: R$ 171.420.022,00. Isso mesmo. Cabe lembrar que o estudo levou em conta apenas os gastos com medicamentos e mão de obra, deixando de fora outros aspectos de difícil mensuração, como a perda de peso dos animais e a depreciação do couro dos bovinos e da lã dos ovinos. O problema é provocado pela mosca Cochliomyia hominivorax, que deposita ovos nas feridas dos animais. É por isso que os especialistas recomendam preservar o rebanho de ferimentos, com a utilização de cercas adequadas, e sempre tratar cicatrizações geradas por procedimentos cirúrgicos como castrações, por exemplo. A pesquisa avaliou dois cenários: um com propriedades que têm apenas criação de bovinos e outro com a criação conjunta de bovinos e ovinos, contexto em que ocorreram os maiores gastos para controle do problema, segundo explica o pesquisador da área de socioeconomia da Embrapa Jorge Sant’anna dos Santos, que conduziu os estudos. Dois estabelecimentos rurais modelo foram usados para fazer a estimativa de custo mínimo para tratar a bicheira: um com rebanho de 120 terneiros (pressupondo 150 vacas de cria); e outro com 100 ovinos e 250 bovinos. Somadas as despesas com medicamentos e o custo com a mão de obra, o valor gasto no estabelecimento-modelo somente com bovinos foi de R$ 1.504,80 ao ano. Na propriedade com bovinos e ovinos o número chegou a R$ 2.816,93. Sant’anna explica que, com dados da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do RS, foi possível estimar um número de 87 mil propriedades gaúchas nas quais o produtor investe para controlar a bicheira, sendo 47 mil estabelecimentos com a criação concomitante de bovinos e ovinos, e 40 mil apenas com bovinos.

Problema o ano todo Apesar de o período de setembro a abril, quando há menos frio no Rio Grande do Sul, ser considerado a época crítica para aparecimento do problema, em alguns estabelecimentos isso acontece o ano todo. – No nosso caso, o manejo dos potreiros é realizado duas vezes por semana. Se não tivéssemos essa enfermidade, o custo com manejo se reduziria praticamente pela metade. Devido à ocorrência de bicheiras se tem necessidade de dois funcionários para serviço de campo. Se fosse erradicada a bicheira, se teria necessidade de apenas um funcionário para o cuidado dos animais. E auxílio de mais uma pessoa apenas para realizar as dosificações, o que ocuparia quatro dias do mês em média – exemplifica o criador de bovinos e ovinos Antonio Silvano Oliveira, de Pedras Altas/RS, que calcula que 7,8% de todo o custo de sua propriedade está comprometido apenas com o controle da bicheira.

Causada por moscas A bicheira ou miíase é a infestação de animais vertebrados vivos por larvas de moscas. As larvas se alimentam do tecido vivo ou morto do hospedeiro. A etimologia da palavra vem de myie=mosca e ase=doença. Existem diversos tipos de miíases, dependendo da localização, biologia da mosca que a causa e tipo de tecido (morto ou vivo) do qual o inseto se alimenta.

Como tratar A pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul Cláudia Gomes explica que, para as miíases causadas pela mosca Cochliomyia hominivorax, o produtor deve fazer uso de boas práticas agropecuárias, como cuidado no manejo dos animais, manutenção de centros de manejo e cercas para evitar ferimentos que atrairão as moscas. – As moscas são atraídas pelo odor do ferimento e depositam ovos sobre a ferida, da qual saem as larvas. O tratamento preventivo é necessário em casos de cura de umbigo em bovinos recém-nascidos ou em procedimentos cirúrgicos, como a castração – orienta. Onde já existe o problema, o tratamento inclui produtos conhecidos por mata-bicheira ou larvicidas no local infestado. – Em sequência, deve ser feita a remoção das larvas, limpeza da ferida e tratamento com produtos de efeito cicatrizante e repelente. A cicatrização deve ser acompanhada e, se necessário, o tratamento da ferida deve ser repetido a fim de evitar novas infestações – completa a pesquisadora. Na dúvida, sempre é importante contatar com um médico-veterinário de sua confiança.

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Parceiros do leite

SANIDADE

Leptospirose bovina: uma inimiga da pecuária leiteira Doença é facilmente confundida com outras enfermidades e prejudicam, principalmente, as vacas em plena produção Gracieli Verde

revistanovorural@gmail.com

O

cuidado com a sanidade do rebanho leiteiro é fundamental para que o pecuarista tenha lucratividade. Por mais que alguns ainda enxerguem isso como despesa, é fundamental que parte dos investimentos na atividade sejam em manter em dia a saúde dos animais. Isso faz parte de um processo de tecnificação das unidades produtivas. Frequentemente trazemos por aqui pautas relacionadas às zoonoses, que são aquelas doenças que podem contaminar, além dos animais, também os humanos que estejam em contato com o rebanho. A brucelose e a tuberculose já foram temas abordados pela reportagem. Nesta edição, o alerta é em relação à leptospirose, uma doença pouco comentada, até porque não há obrigatoriedade de diagnóstico, notificação, vacinação ou de controle, mas é também uma questão de saúde pública, uma vez que pode afetar humanos. Além disso, é uma causadora de prejuízos para os agropecuaristas.

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Doença está intimamente ligada à dificuldade de controle de roedores Onde tem grande incidência de ratos e outros roedores o risco é excepcionalmente maior de ter leptospirose em bovinos. Isso porque a urina desses animais é que transmite a bactéria do gênero Leptospira, que ocasiona a doença. Além de prejuízos que o produtor pode ter com o rebanho contaminado, outro risco é a contaminação humana. – Infelizmente muitas vezes não se chega ao diagnóstico da leptospirose, porque a sintomatologia clínica é semelhante à outras enfermidades, como a tristeza parasitária bovina, também conhecida como “amarelão”; necessitando fazer sorologia para diferenciá-las. Já a suspeita é mais evidente quando a lesptospira causa problemas reprodutivos nas vacas, em que o animal tem retorno de cio ou aborto no quarto ou quinto mês de gestação – explica o médico-veterinário Thiago Caetano Schmidt Cantarelli, que atua na Cotrifred e é professor do curso superior de tecnologia em agropecuária da URI de Frederico Westphalen. Outra questão que pode confundir o pro-

dutor é que esses retornos de cio e abortos também podem ser causados por outras doenças reprodutivas. Por isso a importância de fazer o diagnóstico diferencial, para entender melhor o que está acometendo o rebanho. Cantarelli revela que normalmente o custo dos exames gira em torno de R$ 15 a 25 por amostra. Já as vacinas contra a leptospirose custam, em média, R$ 1 por dose, e são recomendadas, no mínimo, quatro doses no ano (dose, reforço e revacinações com intervalo máximo de quatro meses). Quer dizer, prevenir, mais uma vez, sai bem mais barato que remediar. – Se a vaca aborta no quinto mês de gestação, se perde muito do ciclo produtivo do animal, tanto com a produção de leite como com a inseminação que foi em vão. Sem contar que a vaca contaminada também dissemina a doença pela urina, pela placenta, feto e secreções vaginais. Então, isso acaba fazendo com que outras, que transitam pela mesma área se contaminem – relata, em tom de alerta.


Parceiros do leite

Revista Novo Rural Abril de 2019

SANIDADE

Manejo correto dos dejetos de suínos evita contaminação O suíno também é um transmissor da leptospirose. Ele não chega a adoecer, mas contamina-se devido contato com a urina de roedores. Então, onde é usado o dejeto de suínos como adubo é preciso ter cuidado e deixar esse esterco “curtir” conforme o recomendado, porque assim a bactéria morre antes de ir para a pastagem, por exemplo. Já nas pastagens a bactéria Leptospira pode sobreviver por longos períodos, quando há um ambiente adequado para sua sobrevivência. Existem manejos que auxiliam no combate. Fazer roçadas, por exemplo, permite que a bactéria morra com a radiação solar.

Controle de roedores é fundamental Um dos desafios do produtor rural é justamente esse controle de roedores, não somente ratos, mas preás e ratão-do-banhado, que podem viver nas proximidades da propriedade ou ficar perto das áreas de descanso dos animais. Existem raticidas que estão no mercado e que podem ser eficientes. A organização da propriedade também é fundamental, porque onde há alimento exposto tem roedor. Os silos de rações de metal tem facilitado bastante o controle, porque evitam o acesso desse tipo de animal. Evitar o acúmulo de madeiras e entulhos também é importante.

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Mercado de leite: preço estável em março

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Vacinação pode ser feita desde a idade inicial dos animais

Formas de contaminação e transmissão • Pelos alimentos e água infectados • Fetos e envoltórios fetais • Sêmen • Urina • Monta natural ou inseminação artificial

Sinais clínicos • Abortos ou infertilidade • Nascimento de terneiros fracos • Distúrbios hepáticos, renais e vasculares • Mamite atípica • Anorexia, febre, urina em excesso, sede excessiva, sangue na urina e dores musculares

Prevenção • Existe vacinação, mas não é obrigatória. É fundamental vacinar o rebanho desde cedo, ainda quando terneiras. • Em caso de suspeita, pode-se enviar amostras de sangue para exames no Laboratório de Diagnóstico da Leptospirose, localizado no Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFSM, em Santa Maria. • Ter um manejo correto das pastagens, com roçadas frequentes, para que a bactéria seja eliminada com a incidência da radiação solar. • Ter um controle eficiente de roedores.

estabilidade no preço do leite padrão produzido no Rio Grande do Sul marcou o mês de março. Segundo indexador projetado para este mês pelo Conseleite, o valor de referência ao produtor é de R$ 1,1365, pouco abaixo do preço consolidado em fevereiro de 2019 (R$ 1,1366). Uma reunião dos integrantes do Conseleite foi realizada durante a Expoagro Afubra, em Rio Pardo, no fim do mês passado. O professor Marco Antonio Montoya, da Universidade de Passo Fundo, assinala que este início de ano deve perdurar nos próximos meses. O Conseleite indica uma valorização de 0,84% no UHT no confronto com março/2018, indicador que sobe para 22,54% no caso do leite em pó. Na opinião do presidente do Conseleite, Pedrinho Signori, os próximos 30 dias devem indicar o cenário mais consolidado do comportamento do mercado após um período com cinco meses de queda seguido pela alta de fevereiro e, agora, diante do cenário de estabilidade de preços.

Sem avanço na volta de tarifas sobre importação de leite

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epois de o Ministério da Economia não renovar as tarifas antidumping sobre leite em pó importado da União Europeia e da Nova Zelândia, em fevereiro, a expectativa era que em março pudesse haver algum avanço ou anúncio por parte do governo federal. Mas, até o fim do mês nada foi divulgado. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, disse em um veículo de circulação nacional que a classe não quer protecionismo, mas “condições iguais de competitividade”.

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Pecuária

NUTRIÇÃO ANIMAL

Oferecimento:

Biotrigo/Dilvugação

O produtor de leite Hamilto Abatti superou os seis cortes do trigo para pastejo Lenox na safra de 2018

Alto teor de proteína Janderson Antoniolli, produtor de leite de Estação/RS, comenta que o custo da cultivar e o manejo é semelhante a outros tipos de pastagens, porém, o retorno e o custo benefício é mais interessante. – Produz muita matéria em pouco tempo, com teores de proteína passando de 30%. Sem dúvida, isso torna a propriedade eficiente, produzindo o máximo possível numa área pequena e num volume muito bom. Agrega em produtividade e em vida útil porque conseguimos um maior número de cortes em relação a outros materiais – conta.

Manejo

Pastagem de trigo reduz custos na alimentação Tecnologia de integração lavoura-pecuária proporciona maior aproveitamento na área de inverno, com gado de corte e de leite

N

o Brasil, a alimentação representa o maior custo da produção leiteira e também a maior preocupação dos produtores. Em torno de 70% de todo o valor gasto é destinado à alimentação. O custo é alto porque o setor da pecuária é dependente principalmente da disponibilidade de alimentos para os animais em produção. O verão é o período em que se produz maior volume de alimento conservado, especialmente a silagem de milho, mas no inverno as opções reduzem, prejudicando a produção e encarecendo o valor dos alimentos conservados. Preocupado em melhorar a produtividade, a qualidade e especialmente a eficiência da sua propriedade, o produtor de leite Jonatham Clamer, de Sertão/RS, resolveu inovar no inverno de 2018 e passou a complementar a alimentação das vacas 24 | Revista Novo Rural | Abril de 2019

com uma pastagem de trigo. Semeou 2,5 hectares da cultivar de trigo Leno e, depois de cinco pastejos, fez as contas comparando a produção quando os animais eram soltos em outros tipos de pastagem. Ele chegou à conclusão de que o pasto de trigo é mais rentável. – Eu observei que o trigo produz maior quantidade de matéria seca por hectare e com um teor de proteína mais alto. Na tirada de outros pastos, vindo pro Lenox, se tem uma produtividade de 2 a 2,5 litros de leite a mais por dia. Já quando tiramos os animais do trigo Lenox e botamos em outro tipo de pastagem, a produção diminuiu – constata. Em Joaçaba/SC, a cultivar também foi testada e aprovada. O produtor de leite Hamilton Abatti semeou dois hectares do trigo no mês de julho e até dezembro chegou

a oito pastejos. – No global, o trigo satisfez tudo o que eu precisava na propriedade. Ele é rentável e as vacas comem super bem. E ainda conseguimos aumentar em mais 2 litros/dia a produção de leite. Isso é fantástico, especialmente no inverno, quando normalmente a produção não é tão boa. Nesta safra vamos dobrar a área – relatou Hamilton. Segundo o zootecnista Éderson Luis Henz, da Biotrigo Genética, a pastagem de trigo é uma boa opção para o pecuarista, porque proporciona maior aproveitamento na área de inverno e, por suas características nutricionais, potencializa a engorda de gado e aumenta a produção de leite. A cultivar Lenox, de uso exclusivo para pastejo, possui alta palatabilidade, excelente sanidade foliar, elevada produção de biomassa e a alta capacidade de rebrota.

O engenheiro-agrônomo Jorge Stachoviack, da Biotrigo, explica que a capacidade de rebrota da cultivar de trigo Lenox proporciona novos pastejos entre 20 a 25 dias. – O Lenox possui um forte perfilhamento e enraizamento muito agressivo e com bom manejo pós-pastejo é capaz de superar seis cortes, com alta carga animal em sistemas de pastejo rotacionado ou contínuo. De uma forma bem manejada, essa cultivar pode expressar um grande potencial e suprir em quantidade e qualidade a produção de pasto no inverno – explica. Com o seu crescimento semi prostrado, o trigo também tem potencial de chegar a uma taxa de acúmulo diário de até 100 kg de matéria seca por hectare. É uma cultivar de ciclo super tardio e a época de semeadura indicada é a partir de março e durante todo o inverno. A recomendação é fazer uma adubação de base e sempre a cada entrada para pastejo o produtor faça uma adubação nitrogenada após a saída dos animais. “Este manejo acelera o rebrote e mantém a vida útil da pastagem”, finaliza Stachoviack.

Onde adquirir As sementes da cultivar Lenox podem ser adquiridas diretamente com a Biotrigo Genética, em Passo Fundo/RS, pelo telefone (54) 3327-2002, em Campo Mourão/PR, pelo telefone (44) 3525-6447, ou pelo site www.biotrigo.com.


Negócios

CONTEÚDO PRODUZIDO PELA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA SICREDI ALTO URUGUAI RS/SC/MG

TURISMO RURAL

“O nosso lema é resgatar a cultura do interior” A empresária Nair Teresinha Naue Melz conta como construiu o “Rancho Gastronômico da Nair”, um dos locais que integra o roteiro turístico Vale Encantado de Pinheirinho do Vale Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG

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O turismo regional é uma linha destinada ao fomento do turismo para investimentos na estrutura física e de serviços voltados ao turismo regional. Para saber mais, vá até uma agência do Sicredi e informe-se! Rancho da Nair é um dos atrativos turísticos de Pinheirinho do Vale Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG

air Teresinha Naue Melz nos recebeu com um largo sorriso. Logo ao chegarmos, nos contou que a sua história de vida possuía muitos momentos que contaram com a participação da Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG. – A Cooperativa abriu as portas aqui em Pinheirinho do Vale e, logo depois, eu e meu esposo nos associamos. Não sei explicar, mas a relação é diferente, é mais próxima, é uma amizade. No Sicredi me sinto em casa, tenho liberdade para falar com os colaboradores, eles me ajudam a colocar em prática meus sonhos, conta a associada. O gerente da agência de Pinheirinho do Vale, Juciani Carlos Albarello, nos acompanhou na visita. Ele relatou que Nair é uma associada dedicada e que pode ser inspiração pela sua determinação e garra. Então, entramos no Rancho Gastronômico. Nair nos mostrou o local e logo depois começamos a conversa. O aconchego do lugar deixou a história de vida da associada ainda mais cheia de detalhes. – Já fui professora, costureira, mas não era o que realmente me identificava. Meu esposo era envolvido com política, e eu decidi que iria tentar resgatar as receitas da minha mãe e avó, e foi assim que iniciei, fazendo bolachas. Pedi para meu esposo vender e, como conhecia muita gente, voltou para casa sem nada, conseguiu comercializar tudo que eu tinha feito. Recordo-me que colocava as bolachas dentro das latas de tinta. Para deixá-las limpas, esfregava com esponja de aço. Outra dificuldade é que tínhamos uma casa mais velha, tinha que assar todas as bolachas dentro de um fogão à lenha. Depois, um vizinho me emprestou um forno elétrico. Começamos do nada, mas sempre com fé e entusiasmo que iríamos alcançar nossos objetivos – conta. Aos poucos, Nair ficou conhecida regionalmente. Ela fornecia bolachas e cucas para mercados de Frederico Westphalen, Palmitinho e participava de feiras na região. Ela e o esposo foram adaptando os seus produtos, de acordo com as leis. Em 2007, construíram a confeitaria Melz e começaram a servir em eventos. – Perdi meu esposo e tive, então, o apoio da minha família para continuar. Teve uma época que eu queria muito sair

Nair Teresinha Naue Melz conta com o apoio da Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG há 17 anos

de Pinheirinho do Vale, colocar meu negócio em um lugar maior. Até que há cerca de três anos recebi o convite da Secretaria de Turismo para fazer uma capacitação em turismo rural. Foi difícil, mas fiz esse curso. Logo no início as aulas me fizeram perceber que como nasci, me criei aqui, minhas raízes estão aqui, essa é a minha terra, este é o meu lugar. Então, é em Pinheirinho do Vale que eu tenho que investir, pois é aqui que vou ficar – relata.

Com esse novo direcionamento, Nair decidiu que iria investir em turismo rural, e então, mais uma vez, a Sicredi foi sua parceira. – O Juci, gerente da Sicredi em Pinheirinho do Vale, estava envolvido com o incentivo da agregação de renda a nossa comunidade, por meio do turismo rural. Ele escutou toda minha história e me apresentou uma linha que a Cooperativa possui para nos ajudar. E foi assim, com o apoio

financeiro do Sicredi, que consegui inaugurar, em outubro do ano passado, o Rancho Gastronômico da Nair. Pude realizar o meu grande sonho – se emociona a associada. Com o investimento de Nair no Rancho e com a padaria, sete pessoas auxiliam o trabalho da empresária. “O Rancho representa tudo, o turismo, a família, pois este é um lugar para unir as pessoas. Oferecemos almoços por reservas para grupos, jantas, cafés coloniais. Tudo aqui é feito com muito amor, pois o nosso lema é resgatar a cultura do interior”. Além de Nair, o passeio turístico em Pinheirinho do Vale conta com visitas ao monumento do Tenente Portela, a uma trilha ecológica, aos Chás da Irene, ao Orquidário Luft, a tenda Hanauer e aos morangos Puhl. O gerente Juci nos contou que a Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG foi uma das parceiras na implantação desse roteiro. – Vemos nessa iniciativa uma oportunidade de crescimento para a região. Acompanhei toda a avaliação do roteiro turístico. Nosso desejo é que os proprietários destes lugares possam cada vez mais evoluir, se aperfeiçoar, para que os visitantes se encantem com as belezas da nossa terra – defende.

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Cooperativismo

INVESTIMENTOS

Durante a 20ª Expodireto Cotrijal, profissionais da rede já interagiram com produtores visitantes mostrando parte do trabalho

Aporte de recursos das cooperativas tem permitido que demandas de cada uma delas entre nas prioridades da pesquisa relacionada ao setor agro gaúcho Gracieli Verde

jornalismo@novorural.com

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esde meados de 2018 a Rede Técnica Cooperativa (RTC) tem criado um clima de expectativa positiva para a pesquisa relacionada ao setor agropecuário do Rio Grande do Sul. Isso porque a iniciativa, capitaneada pela Cooperativa Central Gaúcha Ltda. (CCGL), apoiada por todas as cooperativas que fazem parte e pela FecoAgro, está com uma equipe de pesquisadores para investigar manejos e práticas nas mais diversas áreas, como fitopatologia, plantas daninhas, entomologia, fertilidade e conservação do solo, entre outras. O desafio, segundo o coordenador desse projeto, o engenheiro-agrônomo Geomar Mateus Corassa, é justamen-

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te fazer uma ponte entre a pesquisa e as cerca de 30 cooperativas espalhadas pelo Estado. – Isso quer dizer que os protocolos experimentais são baseados nas demandas das cooperativas, até porque muitas delas possuem os campos experimentais demonstrativos. Então, agora a rede técnica acompanha, dá suporte, mas a cooperativa conduz. No final, a gente tem um banco de dados mais apurado levando em conta as peculiaridades de cada região do RS – explica. Segundo ele, essa condução dá muito mais segurança aos departamentos técnicos das cooperativas na tomada de decisão e, consequentemente, dá mais confiabilidade para a informação que chega até o produtor. Corassa explica que a RTC vem para suprir a demanda deixada pela Funda-

cep, que era uma instituição de pesquisa que foi desativada há alguns anos. – Nosso grande objetivo é pensar o novo momento que essa agricultura está vivendo. A Fundacep foi muito importante em temas como conservação do solo e no sistema plantio direto. Agora, as pesquisas também transitam na área de leite, em função da estrutura que a CCGL já possui neste assunto, além de reabrir linhas na agricultura – revela. Corassa é mestre em Agronomia e doutor em Engenharia Agrícola, inclusive com experiência nos Estados Unidos. É filho de associado de cooperativas, então tem total identificação com a área. Durante a 20ª Expodireto Cotrijal, realizada em março, em Não-Me-Toque, ele e demais colegas interagiram com os visitantes mostrando parte desse trabalho.

“No final, a gente tem um banco de dados mais apurado levando em conta as peculiaridades de cada região do Rio Grande do Sul.” Geomar Mateus Corassa, agrônomo e coordenador da RTC

Gracieli Verde

Rede Técnica promete nova fase para pesquisa


Cooperativismo Processo de retomada

Espaço cooperativo

O coordenador classifica este momento como um processo de retomada na pesquisa agropecuária dentro das cooperativas. – A gente quer recolocar as cooperativas no local que elas definitivamente merecem. Hoje a CCGL escoa praticamente 70% da soja do Estado em seus terminais portuários. Então, esse trabalho tem um impacto social muito grande, que envolve um universo de cerca de 170 mil produtores rurais. No que se refere à produção, também se espera um impacto significativo em função de toda informação que será gerada com esse trabalho – avalia Corassa. Outro diferencial é que a RTC vai focar em recomendar manejos, não produtos. Ou seja, se quer estabelecer relações idôneas entre pesquisa e o que chega ao produtor rural gaúcho, com foco na rentabilidade. A rede também deve ser uma geradora de ideias, de inovação e de tecnologia, inclusive trabalhando em conjunto com universidades e empresas. Hoje a CCGL tem a indústria de laticínios em Cruz Alta/RS, que é a maior planta industrial de leite em pó do Brasil. Por isso, a RTC fica centralizada nesta unidade. O projeto também conta com apoio da FecoAgro, por meio da qual a rede recebe os recursos das cooperativas, bem como apoio político. A rapidez na tomada de decisão no agronegócio é um dos desafios impostos neste trabalho. “As coisas estão acontecendo cada vez mais rápido e não se pode demorar anos para ver o que pode ser feito de diferente”, pontua o agrônomo.

Marcia Faccin

Coordenadora da Unidade de Cooperativismo do Escritório Regional da Emater/RS de FW E-mail: marcia.faccin @gmail.com

INVESTIMENTOS

Geomar Mateus Corassa é doutor em Engenharia Agrícola e coordena a rede

Jornada técnica Para o mês de junho deste ano a RTC está programando a primeira jornada, que será um evento que representará um marco também para as cooperativas gaúchas. Isso está previsto para os dias 5, 6 e 7 de junho, em Gramado, na Serra gaúcha. É uma oportunidade prática de fazer com que todas as cooperativas sentem à mesa e discutam o que o setor precisa evoluir. É o espírito de cooperar vindo à tona.

Cooperativismo, a força que move o mundo

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cabamos de vivenciar mais um importante momento para o cooperativismo, que são as assembleias gerais ordinárias, que as cooperativas realizaram ou estão realizando no decorrer deste mês. É maravilhoso acompanhar e ver o crescimento das cooperativas, ampliando sua participação no mercado local e regional. E você associado, participou da assembleia da sua cooperativa? Ficou contente com os resultados apresentados? Você sente orgulho em ser sócio da sua cooperativa? Cada vez mais, ao olharmos os números apresentados nas assembleias e as ações realizadas e desenvolvidas pelas nossas cooperativas, me convenço que o bom cooperativismo é sim a força que move o mundo, pois são pessoas unidas, compartilhando juntas de um mesmo ideal e propósito. Você já imaginou como seria o seu município, a nossa região, o nosso Estado ou o nosso país sem as cooperativas? Muitas vezes, não temos a dimensão da real importância que as cooperativas sérias, honestas e transparentes têm para o fortalecimento de uma comunidade ou região, mas precisamos,

cada vez mais, conhecer melhor as ações e os diferenciais que as cooperativas oferecem e proporcionam para os associados e comunidade em geral. Precisamos ser defensores, apoiadores e associados das cooperativas sérias e comprometidas com os princípios e valores cooperativos. Vivenciamos no mês passado a 20ª edição da Expodireto/Cotrijal, em Não-Me-Toque. Quem participou pôde observar e perceber a importância desta feira para o setor do agronegócio nacional, bem como a organização, o dinamismo, o envolvimento e comprometimento das pessoas para com a feira. Vale ressaltar que a referida feira é organizada e coordenada por uma cooperativa, com apoio e ajuda de diversas entidades. Mais um exemplo que o bom cooperativismo traz resultados para os associados e comunidade onde ela está inserida. Recentemente viajei para o Mato Grosso do Sul, passando por regiões do Paraná onde o agronegócio é forte e fiquei muito feliz em ver que a grande maioria das empresas lá atuando são cooperativas. Cooperativas estas que estão entrando muito forte no Mato Grosso do Sul e

no Paraguai, imprimindo seu modelo de gestão onde os associados participam dos resultados econômicos e sociais das mesmas, inclusive algumas sendo destaque nacional pelo volume de sobras distribuídas aos associados. É impressionante vermos que, a cada ano, novos exemplos de cooperativas sérias e transparentes surgem trazendo resultados econômicos e sociais para associados e comunidade como um todo. Para finalizar, vou utilizar parte de um texto escrito no site da Ocepar que diz: “O grande mérito do cooperativismo advém do fato de ser um movimento comunitário de base, calcado nos dons inatos do homem, de solidariedade, fraternidade e respeito recíproco. O cooperativismo, por livre e espontânea vontade, organiza-se democraticamente em sociedades de pessoas, na busca da satisfação de necessidades comuns, através da prática da cooperação e da mutualidade, buscando o aprimoramento social, sem desajustes e conflitos de classes”. Sejamos cada vez defensores, apoiadores e associados de cooperativas que praticam e implementam os princípios e valores cooperativos.

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Plantio Direto e a relação com os altos rendimentos Técnica permite uma produção mais sustentável na agricultura, mas precisa ser bem aplicada

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Kassia Lutz/Agência O Agro/Divulgação

s mais variados debates sobre aumento de produtividade com mais rentabilidade para o produtor enriqueceram o conteúdo técnico que circulou na 20ª Expodireto Cotrijal, no início de março, em Não-Me-Toque. O Sistema de Plantio Direto foi um dos assuntos que permeou alguns debates, principalmente em relação à forma como este vem sendo implementado nas lavouras. O professor-doutor Telmo Jorge Carneiro Amado, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), foi um dos que levantou o tema. – Temos sim agricultores que praticam, talvez, o melhor plantio direto do mundo, com rotação de culturas, que vem promovendo a atividade biológica do solo, a ciclagem, e que sustenta elevadas produtividades e, mesmo em anos com algum problema climático, ainda mantêm a estabilidade de produtividade. Mas, por outro lado, nós temos uma grande parcela de agricultores que parece que ficaram naquele primeiro passo do plantio direto, que é parar de revolver o seu solo. Esse é o primeiro passo que o agricultor tem que fazer realmente: diminuir a intensidade de mobilização do solo. Mas, o segundo passo, tão importante quanto esse, é proteger o solo 365 dias por ano – explanou Amado, em tom de orientação para os produtores. Segundo ele, isso tem total influência no controle de pragas e doenças, principalmente no caso da soja. – A medida que avançou a agricultura, uma vez que atingimos uma área muito expressiva, saímos de 50 milhões de hectares

Professor-doutor Telmo Amado

Professor-doutor Alexandre Gazolla Neto

e já passamos de 70 milhões de hectares em culturas de grãos. Com isso, nós temos uma pressão de pragas e doenças, que são novos desafios e temos que lidar com isso de uma forma integrada. Mas não é somente isso. Uma questão que tem preocupado muito aqui no Sul é quando temos chuvas muito pesadas. Um velho inimigo que nós achávamos que estava sob controle voltou, a erosão. Então, é preciso refletir o motivo pelo qual a erosão voltou, mesmo no sistema plantio direto – ressaltou. Ele reforça que somente interrupção da mobilização do solo não foi suficiente para permitir que o sistema entregasse tudo aquilo que é possível durante o ciclo produtivo. “Mas, por outro lado, temos praticamente em todas as regiões do Estado exemplos de que o sistema bem conduzido nos livra da erosão e está nos entregando aquilo que gostaríamos”, pondera. Para o professor-doutor Alexandre Gazolla Neto, que ministra aulas na URI – Campus de Frederico Westphalen e também presta consultoria para produtores, aprimorar o sistema de plantio direto requer mais conhecimento em pontos específicos, principalmente no estabelecimento da cultura. – Costumo dizer que a base de produção é planta, então o ponto fundamental é ter o máximo de plantas produtivas por área e também tirar a melhor resposta de cada uma delas. Além de entender e corrigir a variabilidade dentro da lavoura como um todo, é preciso avaliar metro por metro da lavoura. Falhas pontuais estão baixando nossa produtividade – alerta.

Passo a passo para a adoção do sistema plantio direto

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Verificar se existe algum impedimento nas camadas mais profundas do solo. Uma vez implantado o sistema de plantio direto, não vai revolver esse solo por um prazo longo. Então, há que resolver qualquer problema que possa existir. A preocupação maior é com a compactação do solo e com a acidez em profundidade.

Caso tiver alumínio em profundidade e deficiência de cálcio, na implantação do sistema é o momento de fazer a correção. Essa combinação é um impeditivo muito forte para o bom funcionamento do sistema plantio direto.

Definir qual a cultura de cobertura que vai fornecer mais palha. A base do sistema plantio direto é a proteção que ele oferece ao solo. É fundamental planejar bem a cultura de cobertura, mas não como cultura secundária. É preciso investir em semente de qualidade e adubação.

Fazer o planejamento da cultura subsequente. Mesmo aquele agricultor que diga que é um sojicultor, que gosta de plantar soja e que no verão esta é a principal cultura, tem que buscar alternativas para diversificação do sistema. Muita pesquisa mostra que a presença do milho a cada três anos de soja contribui muito com o sistema. Outra opção é utilizar duas culturas de cobertura, em sequência, antes da principal cultura econômica. Ainda assim, a pressão de pragas, doenças e de ervas daninhas resistentes a herbicidas são grandes desafios. Quanto menor a rotação de cultura, maior vai ser esse problema.

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Avaliação comprova boa aceitação do salame e do queijo Itens vendidos durante a feira foram analisados por consumidores Fotos: Gracieli Verde

Gracieli Verde

jornalismo@novorural.com

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m dos espaços mais visitados durante a Expodireto Cotrijal 2019, sem dúvidas, foi o Pavilhão da Agricultura Familiar, onde mais de 150 agroindústrias e 34 artesãos expuseram e venderam seus produtos. Eram embutidos, bebidas, como sucos e vinhos, conservas, panificados e demais agroindustrializados que somaram R$ 1,05 milhão em vendas neste ano, segundo a comissão organizadora da feira. Para poder contribuir com as agroindústrias que acessam este mercado, desde 2018 alguns produtos que são vendidos no espaço da agricultura familiar têm passado por testes de aceitação. É uma forma de ouvir a opinião de quem frequenta o espaço e compra esses produtos. Neste ano de 2019 o salame foi personagem da avaliação e passou pelo teste com 70% de aceitação, número considerado positivo. – É um trabalho estatístico-técnico, que pergunta a consumidores aleatórios a opinião sobre aspectos como aparência, sabor, gosto e aroma – explica o engenheiro-agrônomo Gaspar Antonio Scheid, da Emater/RS de Frederico Westphalen, que coordenou o espaço. Esse trabalho vem também para somar aos demais testes de qualidade, que envolvem avaliações físico-químicas e microbiológicas. “Cada agroindústria participante terá

Salame foi o produto alvo do teste de aceitação neste ano

acesso ao seu resultado individualmente, para que possa aprimorar a produção, caso necessário”, pontua o agrônomo. Já em 2018 o produto-alvo desse trabalho foi o queijo. Dez produtores autorizaram a análise desses itens, que tiveram quase 80% de aprovação. Scheid cita ainda que esse trabalho executado através da Emater/RS tem apoio da Secretaria de Agricultura do Estado, bem como demais entidades que apoiam este setor na Expodireto Cotrijal, como a Fetag e Fetraf. Também acompanhou Gaspar Antonio Scheid no trabalho junto ao pavilhão o assistente técnico regional Erni Breitenbach, da Emater/RS de Ijuí.

Vários representantes da região Entre as agroindústrias da região que estavam na feira constam a Embutidos Bisolo, Produtos Magalski, a Casa do Mel Gaitcoski, Cuias Trevisol, de Frederico Westphalen, a Marlac, de Caiçara, Doces Kunz, de Erval Seco, Embutidos Araldi, de Sarandi, Ervateira Prenda & Peão, de Novo Barreiro, Sucos Tolotti, de Barra Funda, Agroindústria Campo Doce, de Nova Boa Vista, através da Cooprafs e a Cooperac, de Constantina.

Clima otimista

Erni Breitenbach e Gaspar Antonio Scheid, ambos da Emater/RS

Neste ano o clima do setor foi diferente durante a Expodireto Cotrijal, de mais otimismo, uma vez que desde metade de 2018 algumas dificuldades do ponto de vista de legislação foram resolvidas, com um decreto do governo do Estado que alterou algumas regras para a adesão ao Susaf. Na região, por exemplo, 11 municípios agora já têm equivalência do Serviço Municipal de Inspeção (SIM) com o sistema unificado. – Agora a preocupação é outra, a de ampliar mercados e fazer isso sem deixar de lado as características dos produtos da agricultura familiar – comenta o engenheiro-agrônomo Gaspar Antonio Scheid, da Emater/RS.

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Erva-mate também é protagonista na Expodireto

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a edição de 2019 da Expodireto Cotrijal um dos destaques foi a erva-mate. No Recanto Temático, que em cada ano traz um assunto diferente, o produto “xodó” dos gaúchos teve sua história retratada, desde o uso dela pelos indígenas até a exploração do produto na indústria cosmética. – Nosso desafio foi mostrar a história e a evolução da erva-mate, desde 1554, quando os índios guaranis apresentaram a planta aos soldados espanhóis, mostrando marcos como em 1610, quando da introdução da erva-mate no mundo científico, com os padres jesuítas – comenta o engenheiro-agrônomo Ilvandro Barreto de Melo, da Emater/RS-Ascar de Erechim, citando que por isso a erva

também se tornou um produto muito importante para a região das Missões. Outro momento em que a erva-mate ficou em destaque foi durante o 12º Fórum Florestal do Rio Grande do Sul. Neste ano, o evento promovido pela Emater/ RS-Ascar, Cotrijal, Embrapa, Sindimate, Ibramate, Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Erva-mate (CSEM) e Programa Gaúcho para a Qualidade e Valorização da Erva-mate debateu assuntos da temática florestal voltados à cadeia desse produto, a partir do enfoque do desenvolvimento e da unificação do setor. Uma rodada de painéis, mediada pelo coordenador da Câmara Nacional da Erva-mate, Jorge Birck, foi o formato escolhi-

do para trazer ao público o debate sobre a cadeia produtiva da erva-mate, abordando o cenário atual e as perspectivas de futuro da produção e mercado.

O papel do produtor

Para o presidente da Associação dos Produtores de Erva-mate de Machadinho, Clairton da Fonseca, a qualificação técnica é fundamental para o setor. – Nós temos que olhar a agricultura como uma empresa. Seremos bem sucedidos se buscarmos informação e tecnologia, junto às entidades que têm conhecimento técnico. Assim, teremos capacidade de gerenciar nossa propriedade, independente do tamanho. Essa é a nossa missão, buscar

informação e conhecimento técnico. Essa é a nossa contribuição à cadeia da erva-mate – admitiu Fonseca. O Sindimate e o Ibramate também participaram do Fórum. O presidente do Sindimate, Álvaro Pompermayer, trouxe dados que apontam a evolução e a expressividade da cadeia da erva-mate para o Estado. Segundo ele, o Rio Grande do Sul industrializa 60% da erva-mate do país. O setor ervateiro emprega cem mil pessoas, de forma direta ou indiretamente. Mais de 20 países recebem o produto através da exportação e o RS contribui com a produção de 35 mil toneladas. Atualmente, ocupa a 18ª posição no ranking dos produtos exportados pelo Estado.

“Ecofisiologia da Soja” é tema de livro direcionado a produtores e técnicos

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dos para o grupo de pesquisa SimulArroz, que envolve mais de 60 estudantes, dos níveis técnico, de graduação e pós-graduação da UFSM. – Estamos em uma era em que existe a agricultura de insumos, que muitas vezes se torna pouco viável. Por isso, acreditamos em uma agricultura de processos, em que os produtores e técnicos precisam entender como a cultura vai se comportar no ambiente para manejá-la de forma adequada. Entender melhor esse processo e agir na hora certa é o que pode gerar mais lucro ao produtor – explica Kelin. O grupo SimulArroz existe desde 2013, quando criou um software que simula o desenvolvimento, crescimento e produtividade da cultura do arroz. No decorrer dos últimos anos também foram desenvolvidos softwares para outras culturas, como milho e soja.

Gracieli Verde

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esultado de mais de dez anos de pesquisa do grupo SimulArroz, um grupo de pesquisa lotado dentro da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o livro intitulado “Ecofisiologia da soja visando altas produtividades” foi lançado na Expodireto Cotrijal, no início de março, no espaço da universidade. A engenheira-agrônoma Kelin Pribs Bexaira, que é aluna no Mestrado em Engenharia Agrícola da universidade, explica que a publicação tem linguagem técnica, mas acessível para produtores rurais e demais profissionais do setor. – Nos desafiamos a falar sobre questões de manejo e mostrar os principais resultados que foram publicados em artigos científicos em revistas internacionais nos últimos anos – assinala a acadêmica. O livro está sendo comercializado a R$ 60 por exemplar e os recursos arrecadados são destina-

Engenheira-agrônoma Kelin Pribs Bexaira faz parte do SimulArroz


“As mulheres se fortalecem com outras mulheres” 2º Encontro de Mulheres do Agronegócio, da Massey Ferguson, tem participação da região durante a 20ª Expodireto Cotrijal e debate a conquista de espaço delas no setor Debate foi mediado pela jornalista Kellen Severo, do Canal Rural

“Ajudando e dando asas umas às outras é que vamos vencer esta forma de pensar.” Dulceneia Haas Wommer, extensionista rural

rência para os dois filhos pequenos que acompanham essa rotina diariamente. Nos 12 mil hectares do Grupo SA, localizados nas regiões de Alegrete e Santiago, a educadora especial Ana Luisa Bertagnolli está se reencontrando nos últimos anos. Isso porque ela assumiu uma das funções de gerência nos controles contábeis e de recursos humanos do grupo. “Sou nova no agro, me casei com um agrônomo, e vejo que nosso desafio é assumir esses postos com naturalidade, como um outro trabalho qualquer”, exclama. Para completar o time de mulheres que contribuíram com o debate, a assistente técnica regional da Emater/RS-Ascar Dulceneia Haas Wommer, de Frederico Westphalen, pôde representar o trabalho da extensão rural junto ao público feminino. – Trabalhamos na busca pela igualdade de gênero e no acesso e garantia de direitos para as mulheres do meio rural. Temos um papel de mostrar que ela tem potencial para atuar em várias frentes. A gente percebe que onde a mulher é participativa e dinâmica, leva esse conhecimento para a propriedade, consegue ser ouvida

e, por isso, aquela propriedade está melhor na gestão e na apresentação em geral. É um conjunto que torna a mulher importante para o meio rural – argumenta Dulceneia, que estudou o magistério e também tem formações na área de marketing e gestão de pessoas. Filha de pequenos agricultores, além de ter sido professora no meio rural, ela foi extensionista por quase 20 anos no município de Sarandi. – Hoje a mulher está no mercado de trabalho, mas não deixou daqueles encargos domésticos de 50 anos atrás, então ela está sobrecarregada. O homem precisa entrar também no meio doméstico. Para o homem, a vida pública pode estar em primeiro lugar. Já para mulher isso precisa ser a família e a casa. É compromisso também dos homens olhar para isso, porque eles estão em maioria nos cargos de gestão – alerta, reforçando que as mulheres se fortalecem em outras mulheres, por isso da importância do trabalho em grupos, para que se crie um clima de apoio mútuo. – Ajudando e dando asas umas às outras é que vamos vencer esta forma de pensar – exclamou. 31 | Revista Novo Rural | Abril de 2019

Fagner Almeida/Massey Ferguson/Divulgação

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protagonismo feminino no meio rural tem sido um tema que ganha espaço nos últimos anos. Com seus papeis cada vez mais desafiadores também no agronegócio, as mulheres mostram que cada vez são mais capazes de trabalhar de igual para igual com os homens. Pelo segundo ano consecutivo, a Massey Ferguson propôs esse tema no 2º Encontro Mulheres no Agronegócio, realizado durante a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, no dia 13 de março. Mediado pela jornalista Kellen Severo, do Canal Rural, o encontro reuniu mulheres de diversas regiões do Estado. Compuseram o time de convidadas a extensionista e assistente técnica regional da área social da Emater/RS Dulceneia Haas Wommer, de Frederico Westphalen (uma das colunistas da Novo Rural); a produtora Ana Luisa Bertagnolli, responsável pela área administrativo-financeiro do Grupo SA; Silvana Olga Binsfeld, que auxilia o marido a administrar o Sítio do Pica-Pau Amarelo; e Heloise Roos, agrônoma e produtora rural na Agrícola Três Fronteiras. O convite a Dulceneia foi feito através da Itaimbé Máquinas, com matriz em Santa Maria e lojas espalhadas na região, inclusive em Palmeira das Missões e Panambi. O que ficou em evidência foi a determinação de cada uma em mostrar o potencial, independente de cargo ocupado. – Antes de assumir a propriedade meus planos eram fazer mestrado e doutorado. Mas, o desafio do meu pai fez com que tudo mudasse. Aos 23 anos voltei para morar na lavoura, porque achei que era a melhor maneira de ter a convivência com os funcionários. Eu sabia que por mais que eu fosse técnica, teria muito a aprender com eles – disse a agrônoma Heloise Roos, que gerencia 900 hectares de lavoura com o marido. – Eu sempre digo que não estamos aqui para competir, mas para trabalhar em conjunto – conta. Para Silvana Olga Binsfeld, filha de pequenos produtores e que auxilia o marido na gestão do Sítio do Pica-Pau Amarelo, que tem foco na pecuária de leite, um dos desafios foi encarar a sucessão. – Fomos surpreendidos com o problema de saúde do meu sogro, então muita coisa foi novidade para nós dois. Mas, acredito que a mulher pode se inserir mais na rotina gerencial da propriedade, porque hoje temos mais abertura. Para se informar, basta querer – defende, esperando que essa postura também sirva de refe-


Juventude Rural

EDUCAÇÃO

De olho na sucessão rural em solo catarinense Em Santa Catarina, Epagri também foca atuação na formação de jovens rurais com prioridade na sucessão e na geração de renda nas propriedades com pecuária leiteira Gracieli Verde

jornalismo@novorural.com

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jovem catarinense Micheli Schabarum, de 18 anos, moradora do município de São Carlos, trabalha na unidade produtiva dos pais, onde 48 vacas estão em lactação, num sistema de produção baseado no compost barn. Hoje ela também é estudante do curso técnico em agropecuária no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) – Campus de São Carlos. O rapaz Deiverson Sost, 23 anos, trabalha na pecuária leiteira com a família, mantendo em lactação um plantel de 23 vacas, num sistema silvipastoril. Além da pecuária leiteira, os dois têm outra atividade em comum: a participação no programa “Juventude Rural: semeando no presente para colher no futuro”, que na prática é um curso ofertado 32 | Revista Novo Rural | Abril de 2019

por meio da Epagri, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – órgão oficial de extensão rural e pesquisa agropecuária do Estado vizinho. O grupo teve o primeiro encontro de uma temporada de nove meses no início de março, em São Carlos/RS. – Queremos novas experiências e esperamos que tenha muita parte prática. Acredito que será uma oportunidade de conhecer manejos diferentes nas propriedades dos colegas – espera Micheli. Para Deiverson, uma das expectativas é em relação a novas técnicas que possam auxiliar na maior rentabilidade da pecuária. “Penso que aliar a teoria e a prática será fundamental”, pontua. E é exatamente nesta linha que o trabalho promete ser executado nos próximos meses. O gerente-regional da Epagri em Palmitos, Mircon Frühauf, expõe que desde 2012 a instituição tem foco na for-

mação desses jovens. Na época, a iniciativa permitia que rapazes e moças, filhos de agricultores, pudessem participar de capacitações nos centros de treinamento, sobre os mais diversos temas relacionados ao dia a dia rural. – Para facilitar essa participação, foi optado por descentralizar mais esses cursos, porque na região os centros de treinamento estão localizados em São Miguel do Oeste e Chapecó – exemplifica. O extensionista Richard Junglaus, também da Epagri e que atua em apoio aos escritórios municipais, explica que esse trabalho é resultado da organização das entidades que atuam na região, como cooperativas de produção e de crédito, bancos, prefeituras, sindicatos e demais entidades que estão ligadas ao setor agropecuário. – Nada mais é do que uma ação de extensão cooperativa, em que as entidades

debateram o assunto juventude rural para definir o foco dessa capacitação dentro do cenário econômico, para justamente fazer sentido ao projeto de vida e às condições de cada jovem que participa da atividade – explana Junglaus, considerando este um novo ecossistema de inovação educacional, focado no desenvolvimento técnico, econômico, social e ambiental da região através das famílias rurais envolvidas. Com encontros mensais, as aulas contarão com temas técnicos, institucionais e universais, além de visitas direcionadas no campo. – É o agricultor falando para o agricultor. E aí que se trabalha o conceito de coesão, aplicando a técnica do “aprender fazendo”. Este é um investimento social com foco no negócio, termo bem usado na iniciativa privada, além da política de inovação – acrescenta Junglaus.

Gracieli Verde

Primeiro encontro do grupo ocorreu no início de março e atividade segue por mais oito meses


Juventude Rural

EDUCAÇÃO

O movimento de retorno ao campo O diretor de Extensão Rural e Pesqueira da Epagri, engenheiro-agrônomo Humberto Bicca Neto – que fica lotado em Florianópolis/SC –, também acompanhou esse primeiro encontro do grupo em São Carlos e acredita na força do movimento de retorno do jovens rurais para o setor agro. – Existem vários exemplos de jovens que estão voltando para casa e às atividades rurais por que aprenderam a fazer aquilo que gostam. Eles começam a perceber com que mais se identificam e isso se desenvolve desde pequeno, também sob a influência dos pais. O curso é mais uma oportunidade de eles perceberem isso e se profissionalizarem na área. Permanecerão no campo aqueles que estão buscando se profissionalizar – argumenta. Cada vez mais a tendência é que exista o agricultor profissional. “Não vai existir mais oportunidade para o amadorismo”, reforça o agrônomo, ressaltando a importância de formações na área de gestão da propriedade, por exemplo. Nisso também fica em evidência que o relacionamento familiar merece atenção no meio rural. – O envelhecimento do meio rural também é visto em outros países, não somente no Brasil. De qualquer forma, temos que buscar oportunizar que permaneçam no ambiente familiar, mas que melhorem esse relacionamento. É por isso que o tema sucessão familiar é trabalhado com muita intensidade nesse curso, para que os pais também entendam que os jovens só vão ver as oportunidade se eles gostarem da atividade que executam – contextualiza Bicca. Com algumas atividades agrícolas que agregam maior renda é possível que esses jovens desenvolvam e aprimorem o capital construído ao longo dos anos, tendo maior receita do que na cidade, além da qualidade de vida, na opinião do gestor. No Estado catarinense existem 13 centros de treinamento da Epagri. Nesses locais, de 2012 até 2018, foram capacitados mais de dois mil jovens em gestão, empreendedorismo e liderança dentro das cadeias produtivas. Maravilha e Cunha Porã, também em Santa Catarina, já tiveram esse curso em nível municipal por meio da Epagri. Este grupo que iniciou os trabalhos conta com 40 jovens das cidades de Águas de Chapecó e São Carlos. Em breve, Cunhataí, Flor Sertão e Riqueza, todas no Oeste barriga-verde, também terão turmas em formação.

Micheli Schabarum, de 18 anos

Diretor de Extensão Rural e Pesqueira da Epagri, agrônomo Humberto Bicca Neto

Deiverson Sost, 23 anos

Extensionista Richard Junglaus, da Epagri de SC

Gerente regional da Epagri de Palmitos, Mircon Frühauf

Mudanças comportamentais influenciam investimentos no meio rural O gerente regional da Epagri de Palmitos, Mircon Frühauf, reforça que há uma mudança de comportamento no campo proporcionada por novas oportunidades de negócios, e isso influencia diretamente nas decisões dos jovens. – Há algum tempo a gente não via esses jovens querendo atuar na agricultura ou na pecuária, até porque muitos pais já incentivavam os filhos a buscarem outras oportunidades, normalmente na cidade. Hoje se tem mais acesso a renda e a qualidade de vida também é levada em conta para esse

jovem ficar no meio rural. Por mais que há dificuldades, hoje tem sido mais acessível ter a internet em casa, o telefone e até mesmo carro ou motocicleta. Isso dá mais liberdade para esses jovens – avalia. Esse cenário, segundo ele, tem permitido que os jovens rurais não sintam mais vergonha da atividade agrícola, pelo contrário, estão mais orgulhosos em fazer parte deste setor. Propriedades mais bem organizadas do ponto de vista de moradia e infraestrutura também impactam na autoestima dessa geração.

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Qualidade de vida

DIA DA MULHER

Gustavo Menegusso/Jornal O Alto Uruguai/Divulgação

Região unida em prol de uma nova realidade

Caiçara contou com presença de mulheres de toda a região

Divulgação

Liberato Salzano também teve evento alusivo ao público feminino

Em Planalto, 1,5 mil pessoas se reuniram em programação

Sessão solene da Câmara Muncipal de Vereadores homenageou mulheres em Seberi

Divulgação

Cintia Henker/Jornal O Alto Uruguai/Divulgação

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Divulgação

A

valorização da mulher rural passa pela promoção de momentos de reflexão sobre os desafios que elas enfrentam na rotina do campo. No mês de março, em função do Dia Internacional da Mulher, vários eventos movimentaram a agenda pela região. Foram oportunidades de evidenciar o quanto as mulheres já evoluíram do ponto de vista de conquista de direitos, mas que também há um longo caminho para ser trilhado rumo à igualdade de gênero. Segundo levantamento do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar, no total foram mais de 10 mil mulheres envolvidas nestas ações descentralizadas em vários municípios, com 22 encontros. Neste ano um dos temas que ficou em evidência foi a aceitação em cada mulher, a busca pela verdadeira essência. “Buscamos trabalhar o que que lhe faz bem para alcançar a realização pessoal, chegando assim ao auge do seu poder transformador”, salienta a extensionista social da Emater/RS-Ascar de Planalto, Edimara Dal Ross. Já em Liberato Salzano, onde cerca de 700 mulheres estiveram reunidas, o encontro foi marcado por alegria, reflexão e espiritualidade. Um dos assuntos em pauta foi o movimento Movimento Eles Por Elas (He For She), que é uma ação mundial que envolve homens e meninos na remoção das barreiras sociais e culturais que impedem as mulheres de atingir seu potencial, e ajudar homens e mulheres a modelarem juntos uma nova sociedade através do diálogo sobre os direitos das mulheres e acelerar os progressos para alcançar a igualdade de gênero.

Em Dois Irmãos das Missões, mulheres de municípios vizinhos também presenciaram encontro


Negócios

TECNOLOGIA

Governo promete ampliar internet no campo

Aplicativos podem facilitar a gestão da sua atividade pecuária

Medida é fundamental para viabilizar modernização na agricultura brasileira Divulgação

Encontro ocorreu em Brasília, em março

A

necessidade de modernização da agricultura brasileira é um dos assuntos que circula no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília. Esse assunto também fez parte da pauta de 20ª reunião da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, órgão consultivo dentro do ministério. O professor-doutor Antônio Luis Santi, da UFSM – Campus de Frederico Westphalen e um dos colunistas de Novo Rural e novorural.com, participou do encontro, realizado em março. Ele representa o Fórum dos Pró-Reitores de Pós-Graduação e Pesquisa de todas as universidades brasileiras. – Também pudemos conhecer a estrutura do departamento de inovação para agropecuária, discutir o plano nacional da

agricultura digital de precisão e a revitalização da agenda estratégica da Agricultura de Precisão para o Brasil – revela o pesquisador. Um dos assuntos que foi colocado à mesa é relacionado à conectividade no campo, com a presença do secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa, Fernando Camargo. Ele prometeu entregar para a ministra, Tereza Cristina, uma proposta para ampliar o acesso à internet no meio rural. Ele garantiu que a equipe tem discutido alternativas de acesso à rede com empresas públicas e privadas do setor, com representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e universidades, porque isso ainda se trata de um grande gargalo para muitas regiões do país.

Obter bons resultados na produção de carne a pasto não depende apenas de variáveis como disponibilidade de forrageiras, qualidade do pasto, formas de manejos e condições climáticas. O produtor precisa saber como investir, sobretudo, no período seco, momento mais crítico para suplementar o gado. Entretanto, tomar certas decisões com presteza e assertividade não é tarefa fácil, ainda mais se isso envolve perdas e ganhos. Para auxiliar na tomada de decisão do produtor e na avaliação do benefício/custo da suplementação no período da seca, a Embrapa disponibiliza o $uplementa Certo, primeiro aplicativo para smartphones e tablets, com sistema operacional Android, desenvolvido com o objetivo de ajudar na escolha de produtos e estratégias pertinentes a nutrição de bovinos de corte. Ao inserir as informações sobre os produtos e o lote de animais a ser suplementado, o pecuarista terá acesso, após a comparação dos dados, a índices que mostram a margem da suplementação, que corresponde à diferença entre a receita e o custo da estratégia e/ou produto analisado; o ganho de peso que recupera o investimento, chamado de ponto de equilíbrio, e o retorno, em reais, para cada recurso investido.

Com o código abaixo, você conseguem acessa um vídeo explicativo de como o aplicativo funciona. Acesse através da câmera do seu celular!

Política de incentivo à AP

Outra pauta da reunião foi o acompanhamento do Projeto de Lei 355/19, de autoria da ministra Tereza Cristina, que está em tramitação na Câmara dos Deputados. Esse projeto institui a Política Nacional de Incentivo à Agricultura de Precisão, prevendo medidas como o apoio à inovação, o desenvolvimento tecnológico e sua difusão, a ampliação de rede de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do setor agropecuário, o estímulo à ampliação da rede e da infraestrutura de conexão de internet nas áreas rurais do país, bem como a divulgação das linhas de crédito disponíveis para financiamento da agricultura de precisão. Inclusive, os integrantes da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão chegaram a conversar com diversos parlamentares, na tentativa de sensibilizá-los sobre a importância de o setor ter essas políticas públicas aprovadas ao longo de 2019. 35 | Revista Novo Rural | Abril de 2019


Qualidade de vida

Opções para a Quaresma

SAÚDE E BEM-ESTAR

Estamos em plena Quaresma e é comum que as famílias, especialmente as católicas, tirem a carne vermelha do cardápio nesta época, principalmente nas sexta-feiras e nos feriados que antecedem a Páscoa. Para você poder servir opções diferenciadas neste período, separamos duas opções de receitas que não levam a carne vermelha como ingrediente. Bom apetite!

Peixe assado com molho de limão Ingredientes • 4 filé de peixe médios (pode ser de tilápia) • 1 pitada de pimenta-do-reino • 1/2 colher (chá) de colorau • suco de 1 limão • 1 cenoura grande em rodelas • 1 colher (sopa) de azeite • 1/2 lata de creme de leite • 2 colheres (sopa) de cheiro-verde (salsa e cebolinha) picado

Torta de palmito e alho-poró Ingredientes Massa

• 2 xícaras (chá) de farinha de trigo • 1 xícara (chá) de farinha de trigo integral • Meia xícara (chá) de manteiga • 1 lata de creme de leite • 2 gemas • 1 colher (chá) de fermento em pó • 1 colher (chá) de sal

Recheio

• 1 colher (sopa) de azeite • 1 cebolas médias, picadas • 1 talo de alho-poró fatiado • 2 tomates, sem sementes, picados • 2 vidros de palmito • 1 colher (chá) de sal • 1 pitada de pimenta-do-reino • 2 colheres (sopa) de cheiro-verde picado • 1 gema para pincelar

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Modo de preparo Em um recipiente coloque o peixe e tempere com a pimenta-do-reino, o colorau e metade do suco de limão. Reserve. Em um recipiente refratário distribua as rodelas de cenoura, regue com metade o azeite e distribua os pedaços de peixe, regando com o caldo do tempero e com o azeite restante. Leve para assar em forno médio (180°C), pré-aquecido, coberto com papel-alumínio por cerca de 20 minutos. Tire o papel-alumínio e volte ao forno para assar por mais 10 minutos, ou até que o peixe esteja cozido e sem muita água. Em um recipiente à parte misture o suco de limão restante, o creme de leite e o cheiro-verde, formando um molho cremoso. Retire o peixe do forno, distribua o molho e retorne ao forno, para aquecer. Sirva a seguir. Se desejar, acrescente raspas da casca de limão ao molho para ficar mais saboroso.

Modo de preparo Massa

Em um recipiente coloque as farinhas, adicione a manteiga, metade do creme de leite, as gemas, o fermento em pó e o sal. Misture-os com as pontas dos dedos, até que a massa solte completamente das mãos. Forre o fundo e as laterais de uma forma de aro removível (26 cm de diâmetro), reservando cerca de um terço da massa para a cobertura. Leve ao forno médio (180°C), pré-aquecido, por cerca 15 minutos. Reserve.

Recheio

Em uma panela, aqueça o azeite e refogue as cebolas e o alho-poró. Junte os tomates e refogue por 5 minutos. Acrescente o palmito, o sal, a pimenta-do-reino, o restante do creme de leite e o cheiro-verde, misture bem e coloque sobre a massa já na forma. Abra a massa reservada com o auxílio de um rolo, corte em tiras e cubra a torta, formando um gradeado e fechando bem as bordas. Pincele com a gema e leve ao forno médio (180°C), pré-aquecido, por cerca de 40 minutos ou até dourar. Sirva.


Cá entre nós

Qualidade de vida

Dulcenéia Haas Wommer

Assistente técnica regional social da Emater/RS- Ascar de Frederico Westphalen e-mail: dwommer@ emater.tche.br

OPINIÃO

Mãos que produzem, olhos que traduzem!

M

ãos que tocam, que seguram, que empurram, que apertam, que acariciam e que semeiam. Olhos que veem passar a história de suas vidas, que enxergam possibilidades, os filhos crescerem e que brilham pela alegria de suas conquistas, por gratidão pela vida. São mãos e olhares de agricultoras no seu trabalho. Esse é o norte de um projeto fotográfico que surgiu na UFSM, campus de Frederico Westphalen, em parceria com a Emater/RS-Ascar. “Mãos que produzem e olhos que traduzem” foi a forma que, juntamente com a acadêmica em Relações Públicas Catarina Bertoldo, quisemos homenagear a mulher agricultora. “Ah! Essas mulheres”, como cantaram Lean-

Fotos: Denise Fontana

dro e Leonardo. “Essas mulheres, no meu jardim a mais linda rosa, eternamente a flor mais cheirosa, peço a Deus pra não viver sem essas mulheres!” São mãos que produzem, olhos que traduzem e vozes que ecoam, pois nos diversos eventos alusivos ao Dia Internacional da Mulher foi possível ouvir histórias de superação de mulheres que muito bem conduzem propriedades rurais. Mas não é somente isso, elas também conduzem os mais diversos projetos, como agroindústrias, produção de hortaliças, flores, artesanato e, muitas vezes, sustentam famílias. Lembre-se: no dicionário das mulheres não existe a palavra acomodação. Acomodação? Se vira, a minhoca nem perna tem!

Registramos nosso agradecimento especial à Itaimbé Máquinas e a Massey Ferguson, que nos convidou para participar do 2º Encontro Mulheres do Agronegócio, mediado pela jornalista Kellen Severo e transmitido ao vivo da Expodireto Cotrijal. Inclusive, nesta edição da Novo Rural traz uma matéria completa sobre o evento!

Sobre qual assunto você quer que eu escreva? Mande sua sugestão para o WhatsApp (55) 9.9960.4053

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Campo Aberto

GERAL

Fernando Sucolotti/Divulgação

Turismo rural regional ĂŠ conhecido por franceses

R$ 73 milhĂľes sĂŁo liberados para seguro rural

O

Grupo conheceu vĂĄrios pontos do municĂ­pio

O

município de Iraí recebeu mais uma comitiva de franceses neste mês, que conheceram o turismo rural do município. O grupo era formado por estudantes da Casa Familiar Rural de Carpintaria, da França, a diretoria e os monitores da escola. Alunos e a direção da Casa Familiar Rural de Alpestre acompanharam a visita. A delegação foi recebida na Casa do Pastor, tradicional local turístico do município, com um cafÊ típico

Estado destina recursos para sementes forrageiras

O

Programa de Sementes Forrageiras, da Secretaria da Agricultura, PecuĂĄria e Desenvolvimento Rural (Seapdr) deve liberar mais R$ 2,3 milhĂľes em 2019, por meio do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper). No total serĂŁo R$ 4 milhĂľes destinados Ă ĂĄrea – mesmo valor de 2018. Conforme o diretor do Departamento de Agricultura Familiar e AgroindĂşstria da Seapdr, JosĂŠ Alexandre Rodrigues, responsĂĄvel pela coordenação do programa, a edição deste ano deve beneficiar 14 mil agricultores familiares do Rio Grande do Sul, garantindo crĂŠdito para a formação de pastagens de inverno e verĂŁo com bĂ´nus de adimplĂŞncia de 30% para aquisição de sementes. O pagamento referente Ă safra 2019/20 poderĂĄ ser efetuado atĂŠ o dia 28 de fevereiro de 2020.

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alemão, preparado pela proprietåria Edela Heydt Wartschow. O grupo seguiu para a Aldeia Indígena Goj Veso, para assistir uma apresentação cultural, experimentar pratos típicos dos indígenas e conhecer o artesanato local. A programação do grupo continuou com passeio de barco pelo Rio Uruguai, almoço servido pela família Dazzi, na Cripta da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, outro ponto turístico do município, e encerrou com a visita ao Balneårio Osvaldo Cruz e às piscinas externas.

Controle biolĂłgico: crescimento de mais de 70% no Brasil

A

produção de produtos biológicos para controle de pragas e doenças agrícolas cresceu mais de 70% no último ano no Brasil, movimentando R$ 464,5 milhþes ante R$ 262,4 milhþes em 2017. O resultado brasileiro supera o percentual apresentado pelo mercado internacional. Em termos globais, o setor apresentou crescimento de 17% no mesmo período. O mercado brasileiro segue tendência mundial na redução de agroquímicos para combater pragas e doenças nas lavouras. Devido ao clima tropical, o desafio dos agricultores Ê reduzir a aplicação dos pesticidas, principal mÊtodo de manejo de pragas do país atualmente, para tambÊm reduzir o custo da produção e os riscos associados para a saúde humana e os recursos naturais. O controle biológico faz parte do chamado Manejo Integrado de Pragas (MIP) e permite o uso de organismos vivos ou obtidos por manipulação genÊtica para combater pragas e doenças provocadas por lagartas comuns, mosca, nematoides (vermes microscópicos) e outros agentes nocivos para a agricultura.

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MinistÊrio da Agricultura, Pecuåria e Abastecimento (Mapa) anunciou a liberação de R$ 73 milhþes para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) nos meses de março e abril. Do total, R$ 52,8 milhþes serão destinados às culturas de inverno, como o milho safrinha, trigo e demais cereais. O restante do recurso serå disponibilizado para as frutas, pecuåria e demais culturas. De acordo com o diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Mapa, Pedro Loyola, no final de abril, deverå ser publicado um novo cronograma mensal de liberação do orçamento para PSR atÊ o fim do ano. Loyola ressaltou tambÊm que o valor total aprovado na Lei Orçamentåria Anual deste ano Ê de R$ 440 milhþes e que o ministÊrio se empenharå para disponibilizar integralmente este valor aos produtores, mesmo diante da restrição fiscal.

Gadolando disponibiliza sistema para cadastrar animais

A

Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) disponibiliza um sistema de controle da produção dentro da propriedade leiteira que permite o monitoramento da qualidade do leite. O programa Web + Leite pode ser acessado no site da entidade (www.gadolando.com.br), onde o criador associado direto e indireto que Ê aquele que usa o sistema cooperativo, preenche o seu código e senha. A partir daí são permitidas vårias açþes que irão ajudå-lo a ter uma radiografia completa do sistema de produção. A primeira delas Ê a realização do cadastro dos animais com informaçþes como data de nascimento, coberturas, mortes, prenhez e ocorrências (secagem, aborto, natimorto, parto, desmame). Segundo o superintendente TÊcnico da Gadolando, JosÊ Luiz Rigon, Ê importante que seja lançado no sistema tudo que acontece dentro da propriedade por meio deste cadastro que possui sete itens. Ele explica que, a partir do cadastramento das informaçþes, serå possível fazer dentro do sistema consultas e ter acesso a relatórios.


Campo Aberto

GERAL

O

professor André Luis Vian, do Departamento de Plantas de Lavoura da Faculdade de Agronomia, ficou com o primeiro lugar no concurso fotográfico do International Plant Nutrition Institute (IPNI) 2018, na categoria 4R Nutrient Stewardship. A fotografia apresenta a aplicação de “Ureia com inibidor da urease no milho”, publicado na primeira edição da revista Better Crops, do IPNI 2019. A imagem premiada trata da aplicação sistema plantio direto, em que se busca uma eficiência do uso de nitrogênio com aplicações no estádio de oito folhas

completamente expandidas, com o objetivo de potencializar a produção da cultura. O registro foi realizado na área experimental do Departamento de Plantas de Lavoura, localizada, na Estação Experimental Agronômica da UFRGS, onde o Grupo de Estudos em Agricultura Digital realiza os trabalhos. Vian é ex-aluno da Universidade Federal de Santa Maria – Campus Frederico Westphalen e atualmente reside em Porto Alegre, onde leciona na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG tem novo horário de atendimento

O

mês de abril tem uma novidade para os correntistas e demais associados da Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG. A partir deste mês a cooperativa passa a ofertar o atendimento ao público das 8h30min às 15 horas, tan-

to nas agências gaúchas como nas localizadas no Estado vizinho de Santa Catarina. O objetivo, segundo a assessoria da cooperativa, é proporcionar mais tempo e comodidade para os associados realizarem seus negócios.

Semana Acadêmica de Agronomia é neste mês

O

curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria - Campus Frederico Westphalen (UFSM-FW), organiza a 11ª Semana Acadêmica (Seagro). O evento ocorre entre os dias 8 e 12 deste mês de abril, com palestras no auditório do Instituto Federal Farroupilha (IFFar-FW). Já os minicursos serão realizados na UFSM-FW. Com o tema “Os desafios do engenheiro-agrônomo frente à integração da ciência e do campo”, a programação conta palestrantes renomados da área, como Elmar Luiz Floss, do Instituto Incia, a agrônoma Gabriela

Nichel, que tem se tornado conhecida na área de agricultura de precisão e tem presença forte na internet; além de Maíne Lerner e Diego e Rodrigo Alessio. O professor-doutor Alexandre Gazolla Neto, um dos diretores da Novo Rural, também palestrará sobre plantabilidade e altos rendimentos. O professor Antônio Luis Santi, da UFSM e que é colunista da Novo Rural, também mediará um dos debates. No total serão disponibilizados mais de 20 minicursos para os inscritos, que podem ser estudantes ou produtores rurais.

Acompanhe a cobertura pelo portal novorural.com! Lá você também tem acesso a toda a programação!

André Luis Vian/Divulgação

Ex-aluno da UFSM-FW, André Luis Vian vence concurso internacional

Autodeclaração pode ser emitida pelo produtor

T

rabalhadores rurais que precisam se aposentar podem se dirigir diretamente às agências do INSS para preencher uma autodeclaração de exercício de atividade rural. Desde o dia 20 de março, não é mais necessário que a autodeclaração seja ratificada por entidades públicas credenciadas pelo Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, ou por outros órgãos públicos. Todo o trabalho de exame e ratificação da autodeclaração entregue pelo trabalhador rural será feito pelo próprio INSS. A simplificação das regras de comprovação da atividade rural foi determinada pela Medida Provisória número 871, publicada em 18 de janeiro deste ano. O INSS diz que o segurado especial poderá continuar agendando seu atendimento pelo número 135, e que o tempo médio de espera é de 14 dias. O procedimento é gratuito. Para facilitar, o modelo de formulário de autodeclaração está disponível na internet (Declaração Rural ou Declaração Pescador), no portal do INSS e em todas as agências da Previdência Social. O documento poderá ser preenchido pela internet ou pessoalmente na agência. Depois, haverá a confirmação automatizada pelo INSS.

Duas fumageiras assinam protocolo para safra 2018/2019

D

epois de três rodadas de negociação em relação ao preço do tabaco para a safra 2018/2019, as entidades representativas dos produtores rurais de tabaco do Sul do País, que integram a Comissão para Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação de Integração da Cadeia Produtiva do Tabaco (Cadec), assinaram protocolo com a JTI e a Souza Cruz. Com a JTI, o reajuste médio assinado foi de 4,5%. No protocolo, ficou acordado que a tabela de preços da safra 2018/2019 servirá de base para o início da negociação de preços para a safra 2019/2020. A Souza Cruz, que na reunião de janeiro havia ofertado um reajuste de 3,08%, aumentou esta oferta para 3,5%. A Comissão assinou o protocolo com a empresa, mantendo a cláusula de que esta também será a base para o início da negociação para a próxima safra. Com a Philip Morris, a Comissão não firmou acordo para esta safra, por diferenças no cálculo do custo da mão de obra do produtor de tabaco e no percentual de aumento proposto, que ficou muito aquém da lucratividade necessária para o produtor. A questão da diferença no valor da mão de obra voltará a ser debatida em reunião da Fórum Nacional de Integração do Tabaco (Foniagro), aprovado de acordo com a Lei 13.288/2016 (Lei da Integração). 39 | Revista Novo Rural | Abril de 2019


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