Revista Novo Rural | Maio 2019

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1 | Revista Novo Rural | Maio de 2019


Carta ao

LEITOR

PATRÍCIA CERUTTI Diretora da Novo Rural

Em 7 de abril é comemorado o Dia do Jornalista. Como forma de homenagear os profissionais da comunicação que levam conhecimento e informações para os produtores rurais, convidamos duas profissionais que atuam no jornalismo rural para expressar o significado do seu trabalho.

A

inda é cedo para fazer uma análise mais precisa do cenário que se desenha para a economia regional com a venda da planta frigorífica da Adelle para a Seara Alimentos, a qual pertence ao Grupo JBS. Envolvendo uma soma milionária e impactando uma cadeia composta por milhares de produtores rurais e empresas fornecedoras, a negociação histórica irá proporcionar reflexos por um longo período. Ao mesmo tempo que há o sentimento de expectativas positivas com a capacidade de investimentos e ampliação de produção na indústria instalada em Seberi, também existe a preocupação em como acontecerá o processo de transição, que para acontecer depende ainda da aprovação do Cade, órgão federal responsável por validar este tipo de transação. Estaremos acompanhando e levando informações atualizadas até você, produtor rural, através da nossa plataforma digital. O frigorífico instalado em Seberi é o mais moderno do Brasil e representa a visão empreendedora e audaciosa de um grupo de empresários liderados então por dois ícones do setor Darci Mariotti e Léo Balestreri. Após a morte de Mariotti, Balestreri empregou todo seu conhecimento e capacidade de articular recursos para superar a série de adversidades que se impuseram ao projeto. Mesmo assim o período de tempestade que se abateu sobre a empresa foi mais prolongado e exaustivo, forçando uma decisão que certamente deve ter sido uma das mais difíceis para quem dedica corpo e alma a um empreendimento. Mas não resta dúvida de que, superado este período de transição, Balestreri, capitaneando a planta da Adelle agora em Frederico Westphalen, fará a marca crescer. Sua coragem e espírito empreendedor deixa um legado em Seberi que orgulha toda região e um exemplo para todos do imenso desafio que é sonhar e realizar.

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"Comunicar é informar, compartilhar informações, conhecimento e experiências. Comunicar sobre o setor agro é tornar conhecidas às vivências daqueles que fazem do meio rural um meio de vida. A comunicação rural desempenha importante função dentro do setor agropecuário. Ela é responsável por tornar visível tudo o que é desenvolvido no campo, bem como facilitar o acesso da população às novidades e acontecimentos desse setor. A comunicação rural cresce em ritmo acelerado, acompanhando a evolução da agricultura. É um nicho da comunicação que tem suas particularidades, mas acima de tudo, tem a responsabilidade e o desafio diário de levar ao conhecimento das comunidades os acontecimentos e novidades do setor agropecuário. E por tudo isso, é um dos meios que impulsionam o desenvolvimento agrícola do país".

Marcela Buzatto

Jornalista do Escritório Regional da Emater de Frederico Westphalen “Comunicar no setor agropecuário é se emocionar com histórias de superação. É se impressionar com tamanha tecnologia que é implantada a cada safra para as mais diversas cadeias produtivas. É se motivar com o entusiasmo de jovens, rapazes e moças, que acreditam no setor em que viram os pais superarem dificuldades dia após dia, mas nunca desistiram. É ter satisfação em reencontrar fontes anos depois e ver que o setor só evoluiu, cresceu e gerou frutos. É conhecer alguns rincões longínquos, mas cheios de vida e de muita simplicidade. É entender que o universo conspira a favor de quem faz, de quem acredita e de quem tem amor por si próprio e pelos seus. Nesses momentos de reflexão sobre o ato de comunicar no rural não tem como separar o coração da razão, a técnica do amor, o jornalista da fonte. É um entrelaçamento constante que faz deste meio um setor rico, principalmente, em recursos humanos, porque nosso maior bem ainda são as pessoas.”

Gracieli Verde

Editora-chefe da Revista Novo Rural e novorural.com

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Tiragem

13 mil exemplares

Fone: (55) 2010-4159 Endereço: Rua Garibaldi, 147, sala 102 - B. Aparecida 2 | RevistaFrederico Novo Westphalen/RS Rural | Maio de 2019

ABRANGÊNCIA: Alpestre, Ametista do Sul, Barra Funda, Boa Vista das Missões, Caiçara, Cerro Grande, Chapada, Constantina, Cristal do Sul, Dois Irmãos das Missões, Engenho Velho, Erval Seco, Frederico Westphalen, Gramado dos Loureiros, Iraí, Jaboticaba, Lajeado Do Bugre, Liberato Salzano, Nonoai, Nova Boa Vista, Novo Barreiro, Novo Tiradentes, Novo Xingu, Palmeira das Missões, Palmitinho, Pinhal, Pinheirinho do Vale, Planalto, Rio dos Índios, Rodeio Bonito, Ronda Alta, Rondinha, Sagrada Família, São José das Missões, São Pedro das Missões, Sarandi, Seberi, Taquaruçu do Sul, Três Palmeiras, Trindade do Sul, Vicente Dutra e Vista Alegre.

Direção

Alexandre Gazolla Neto Patricia Cerutti

Editora-chefe Gracieli Verde

Site e redes sociais Camila Wesner

Capa

Gracieli Verde

Relacionamento Juliana Durante

Desenvolvimento de mercado Cristiano Gehrke

Diagramação e publicidade Fabio Rehbein


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Promoção em parceria com a O Agro Softwares para o Agronegócio Uma parceria entre a Novo Rural e a O Agro Softwares para o Agronegócio ofertam uma promoção para interessados em implantar o sistema de rastreabilidade em alimentos em todo o Estado Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A solução intitulada Origem Garantida Ê uma ferramenta criada pela O Agro que jå atende produtores de alimentos na região Norte e em outras partes do Estado, com vistas a estar em dia com legislaçþes nacionais relacionadas ao assunto. AtravÊs da promoção, os leitores de www.novorural.com terão acesso a um código, no site, que darå desconto de 20% na adesão ao software. A promoção segue atÊ 10 de maio. O sistema Origem Garantida objetiva auxiliar o produtor a atender a Instrução Normativa Conjunta nº 2, instituída pelo MinistÊrio da Agricultura, Pecuåria e Abastecimento (Mapa) e Agência Nacional de Vigilância Sanitåria do MinistÊrio da Saúde (Anvisa). Esse documento tem validade em todo o território nacional, estabelecendo os procedimentos de controle para diferentes grupos de alimentos.

PARA

participar • Acesse www.novorural.com • Veja o código disponível no cupom • Entre em contato com a O Agro Softwares para o Agronegócio, pelo (55) 9-9707-0909

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• Informe o código • A partir daí, você terå o direto ao desconto de 20% na adesão ao software, em contratos assinados atÊ 10 de maio • Replique isso aos demais amigos e parceiros que tambÊm produzem alimentos e que precisam desta ferramenta para viabilizar mais negócios

Parceria com Safras & Mercado Estå conosco nas ediçþes impressas no portal www.novorural.com a Safras & Mercado, consultoria na årea do agronegócio reconhecida em todo o Brasil e tambÊm fora dele. Conteúdos diårios e semanais estarão no nosso portal, para bem informar você, leitor Novo Rural! Outra contribuição da consultoria Ê em relação a cotaçþes de produtos agrícolas em praças consideradas nacionais. Acesse www.novorural.com/ cotacoes e veja as atualizaçþes diårias. Se preferir, acesse atravÊs do código ao lado

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Foto do

LEITOR

Vagner Brasil Costa, de Dom Pedrito/RS

Engenheiro-agrônomo, enólogo, professor adjunto na Unipampa “Uma das culturas que está ganhando bastante destaque e que se firmando como promissora, principalmente no Estado do Rio Grande do Sul, é a oliveira. O Brasil hoje importa quase que em sua totalidade a quantidade de azeite e azeitona de mesa que consome. Mesmo sendo cultivada há mais de 50 anos no Estado, desde 2006 que houve o incentivo ao plantio e pesquisa. Segundo a Secretaria da Agricultura do Estado, existem em torno de 4 mil hectares de plantio de oliveiras no Rio Grande do Sul, com uma expectativa de uma produção em torno de 160 mil litros nesta safra de 2019, que teve início em meados de fevereiro, se estendendo até final de abril em algumas propriedades. As principais cultivares plantadas são Arbequina, Koroneiki, Picual, Arbosana, Frantoio, Manzanilla e Coratina, com seu principal destino o processamento de azeites. As principais regiões produtoras são respectivamente, Serra do Sudeste, Campanha Gaúcha e Depressão Central, tendo como principais municípios produtores Canguçu, Pinheiro Machado, Encruzilhada do Sul, Santana do Livramento, Cachoeira do Sul, entre outros. A safra deste ano, diferentemente de outras culturas que sofreram com as precipitações na maturação (uva, pêssego), a oliveira suportou bem o período de chuvas em janeiro, já que os frutos apresentavam-se ainda em endurecimento do caroço, o que ajudou a não se ter altos índices de antracnose, doença que influencia na produção e qualidade do azeite, principalmente nos índices de acidez e peróxidos. Em algumas propriedades o rendimento em óleo ficou em torno de 10 a 13%, rendimento este abaixo do encontrado nas principais regiões produtoras do mundo como Espanha, Itália e Portugal, que podem atingir um rendimento acima de 20% em algumas cultivares. Por ser uma cultura com centro de origem com condições edafoclimáticas bem diferentes das encontradas no Rio Grande do Sul, alguns entraves ainda vem sendo encontrados na produção, como por exemplo, adubação, manejos de plantas, podas, ponto ótimo de colheita, entre outros. Diante disso, no início de maio, pesquisadores de diversos centros de pesquisas e universidades, irão realizar um workshop em Santa Maria, com intuito de, através das demandas do setor produtivo, organizarem um macroprojeto em busca das soluções destes entraves.”

Gleison Roberto Minella, de Itá/SC Técnico em agropecuária e tecnólogo em gestão ambiental, sócio-administrador na Itaberry Frutas Finas e do Empório do Mirtilo

“Estamos no período de entressafra da cultura do mirtilo. No momento estamos realizando alguns tratos culturais, como poda, limpeza de ervas-daninhas e adubação. O cenário é promissor, visto que o crescimento do consumo no mirtilo no Brasil e no mundo tem sido significativo. Surgem novos produtos à base de mirtilo frequentemente, o que proporciona um grande aumento na procura por esta fruta. No entanto, nosso comércio sofre grande interferência do mercado internacional, principalmente Peru e Chile, e a falta de organização da cadeia produtiva nacional, além de termos altos impostos e altos custos com logística, o que tem dificultado a competitividade de produto nacional com o importado. Nós optamos por buscar alternativas complementares para a atividade. Criamos o Empório do Mirtilo, onde comercializamos mais de 30 produtos à base da fruta, como geleias, licores, sucos, sorvetes, frutas congeladas, chás, composto de erva-mate, entre outros, para agregar à atividade, bem como o turismo rural, com visitação e colheita nos pomares na época da safra.” 4 | Revista Novo Rural | Maio de 2019

Registro da colheita safra 2018/19 em Pontão/RS. Foto de Bruno Sangiovo

MAIO

2019

Veja mais em novorural.com/agenda

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Seminário Regional de Suinocultura

Local: Salão Paroquial de Taquaruçu do Sul Cartões para almoço podem ser adquiridos ao custo de R$ 25,00

Interleite Sul

8e9

Local: Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo De Nês Chapecó/SC www.interleite.com.br/sul

Módulo II da Qualificação em AP

17 a 19

Local: ACI de Frederico Westphalen/RS Promoção: Novo Rural Participação mediante inscrição


Aumente a rentabilidade do seu negócio Curso de Comercialização de Milho e Soja Foz do Iguaçu/PR 08/05/19 e 09/05/19 São Paulo/SP 14/06/19 e 15/06/19

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Agricultura

INVERNO

De olho no cheklist para mais uma safra de trigo Profissionais da Emater/RS orientam agricultores em relação à nova safra de trigo que está prestes a ser implantada

C

om a aproximação da época da semeadura do trigo, é chegada a hora de o produtor tomar decisões em relação à cultura. Nesta edição, a reportagem traz uma análise feita pela equipe técnica da Emater/RS aponta que nos 42 municípios que integram o Escritório Regional de Frederico Westphalen, na safra passada foram cultivados 82.496 hectare de trigo, alcançando produtividade média de 35 sacas por hectare, menos que a média estadual, que foi de 35,7 sacas/ha. Já no verão da safra 2017/2018 foram cultivados 340.028 hectares de soja, na mesma região. – Isso comprova que há condições de aumento do cultivo do trigo, pois atualmente se cultiva trigo no inverno em apenas cerca de 25% da área ocupada com soja no verão. Uma grande área fica descoberta no inverno, apesar de uma parte ser cultivada com pastagens de inverno, canola e adubos verdes – observa o agrônomo Carlos Roberto Olczevski, que é assistente técnico regional em Manejo de Recursos Naturais da Emater/RS na região. Um dos fatores que pode influenciar isso é que, no caso do trigo, se vê uma produtividade média alcançada muito baixa no Estado em relação ao potencial genético das cultivares utilizadas – que podem produzir mais de 100 sacas/ha. – As máximas produtividades alcançadas por triticultores em nossa região chegam a 90 sacas/ha. Além disso, na última safra 2018 observamos novamente um grande número de pedidos de Proagro por parte dos produtores de trigo, foram 1.447

laudos de perícias para lavouras de trigo, realizados somente pelos peritos da Emater/ RS nos 42 municípios, sem contar os peritos de outras empresas – revela Olczevski. Ele pontua que essa é uma situação que gera, além de estresse, prejuízo econômico a produtores e ao próprio governo, uma vez que o seguro é subsidiado, mas que não paga o prejuízo total, somente o valor financiado. Na busca por orientar os produtores que irão apostar na cultura, Olczevski e o colega agrônomo Luciano Schwers, da Emater/RS de Sarandi, alertam para alguns aspectos. Um deles é a escolha de cultivares, que exigem um escalonamento maior para reduzir riscos em caso de intempéries climáticas, em especial, a chuva e a alta umidade relativa do ar. – Com o melhoramento genético ocorrido nos últimos tempos, essas cultivares de trigo têm capacidade de obtenção de altas produtividades (até superior a 100 sacas/ha), mas ainda apresentam, na maioria dos casos, sensibilidade dos grãos à umidade causada por chuvas ou alta umidade relativa do ar, após alcançarem a maturação fisiológica dos grãos, ou seja, no período de colheita. Essas cultivares de trigo apresentam alta susceptibilidade a reidratação dos grãos após a maturação fisiológica, e isso aumenta a respiração celular, acelerando a degradação do amido e, por consequência, reduzindo a qualidade, o ph e a força de glúten – explica Luciano Schwers, ressaltando que em casos de pH menor de 72, o produto não é mais classificado como trigo e o preço pago ao produtor baixa consideravelmente.

Os profissionais separaram algumas orientações-chave para este ciclo que se inicia Mais conteúdos sobre esse assunto em novorural.com!

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Faça a adubação de acordo com análise de solo e a produtividade desejada e efetue os tratamentos fitossanitários em momentos estratégicos para o controle de doenças fúngicas, como oídio, ferrugem e giberela, que são as principais.

Antes de escolher a cultivar, converse com demais elos do setor. Na triticultura moderna, é importante escolher as cultivares de acordo com a classificação industrial (tipo pão, tipo melhorador, tipo branqueador). Isso é importante para o triticultor, para o cerealista e para os moinhos. Já existem cerealistas vendendo sementes de trigo conforme a classificação industrial do trigo garantindo a compra deste produto, pois há contrato com os moinhos para esta determinada classificação industrial. Este procedimento está em evolução na região e no Estado, alcançando resultados positivos para toda a cadeia.

Faça a semeadura escalonada, dentro do período indicado pelo Zoneamento Agroclimático do município e para a cultivar a ser plantada. Na região, para a maioria dos municípios e cultivares, o período indicado para plantio inicia em maio até junho. A precisão do período deve ser consultada no site do Mapa ou com seu agrônomo ou técnico de confiança.

Execute a semeadura com boa condição de solo, evitando solo com umidade excessiva. Isso garante a boa distribuição de semente, a semeadura na profundidade certa, permitindo a emergência homogênea das plantas de trigo e a população correta, indicada para a cultivar (300-330 mil plantas/ha).

Use racionalmente a aplicação de nitrogênio. Esse volume de nitrogênio é definido de acordo com a matéria orgânica apresentada na análise de solo e a produtividade esperada.

Ao colher o trigo, se o clima estiver chuvoso e nublado, é recomendada a colheita com maior umidade do grão (de 18% a 20 % de umidade de grão), podendo aplicar maturadores, objetivando evitar a perda de qualidade. Este procedimento objetiva diminuir a perda de peso e da qualidade do trigo.


Agricultura

FEIJÃO

Safrinha deve ter perdas

O

clima não tem sido tão favorável para as lavouras de feijão safrinha. Esse “balde de água fria” nos produtores deve somar prejuízos na hora da colheita, prevista para começar neste início de maio em locais como Boa Vista das Missões. “Maior parte das lavoura está entrando na fase de maturação, mas a aparência delas não é nada boa. Tem lavouras

que projetamos uma produtividade menor de 20 sacas por hectare”, revela o técnico agropecuário Leonidas Piovesan, da Emater/RS de Boa Vista das Missões. Segundo ele, 70% dos cerca de 2 mil hectares de feijão cultivados no município tem seguro agrícola, e alguns produtores estão acionando o Proagro para reaver perdas com a cultura.

Em nível de Estado, a segunda safra de feijão tinha 23% da área colhida; 15% madura, 35% das lavouras em enchimento de grãos, 19% em floração e 8% em germinação e desenvolvimento vegetativo, em abril. O valor pago pela saca de 60 quilos do produto teve uma média de R$ 172 no Estado. De forma geral, o produto tem registrado uma leve queda no preço.

Lavouras devem ter rendimento abaixo do esperado

Imagens meramente ilustrativas

Leonidas Piovesan/Emater/Divulgação

www.itaimbemaquinas.com.br ItaimbeMaquinas ItaimbeMaquinas @itaimbemaquinas Santa Maria Cacequi Cachoeira do Sul Palmeira das Missões Panambi Júlio de Castilhos

Consulte condições.

7 | Revista Novo Rural | Maio de 2019


Engenheiroagrônomo, mestre e doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes. É diretor da Novo Rural, professor na Universidade Regional Integrada – Campus de Frederico Westphalen/RS, além de diretor do O Agro Software para o Agronegócio e da Vigor Consultoria para o Agronegócio

OPINIÃO

Como ter um diferencial na construção de novos negócios? Rastreabilidade tem se fortalecido como uma ferramenta de transparência e aproximação com os clientes finais Gracieli Verde

Alexandre Gazolla Neto

Agricultura

A

exigência da legislação brasileira para que os grupos de vegetais utilizem a rastreabilidade para identificação do produtor, da indústria, do centro de distribuição e do supermercado, no que tange aos processos ao longo da cadeia produtiva – com especial destaque para o histórico de produção e do uso de agrotóxicos – já é uma realidade. Atualmente, em todo o território nacional a norma exige a identificação nos rótulos, seja através de etiquetas impressas com caracteres alfanuméricos, código de barras 2D ou outro sistema de forma única e inequívoca. Um dos principais objetivos é assegurar, ao consumidor, alimentos com garantia de origem e livre de irregularidades no uso de agrotóxicos e contaminantes. Em resumo, a rastreabilidade caracteriza-se como um conjunto de medidas e procedimentos que possibilitam registrar e monitorar sistematicamente as etapas da produção, visando garantir a origem

8 | Revista Novo Rural | Maio de 2019

e a qualidade do produto final. Isso requer a manutenção dos registros relevantes de todo o fluxo da cadeia produtiva para, eficientemente, podermos localizar um item, pertencente a um lote, desde os vários pontos de produção até o seu destino final. Porém, o simples fato da adesão a norma não inclui necessariamente uma mudança de perfil produtivo e qualidade dos alimentos que chegam ao consumidor. A rastreabilidade não deve ser uma ação isolada, exigindo a coordenação de procedimentos de diferentes profissionais em todas as etapas do processo produtivo. Devemos construir a mesma como uma teia com diversas interligações, que possuem com objetivo otimizar processos, reduzir custos, aumentar a qualidade dos alimentos e satisfazer as necessidades dos clientes por produtos seguros e com informações sobre a origem. A rastreabilidade, associada ao controle interno de qualidade e informações técnicas orientadas a informar os clien-

tes sobre a origem dos alimentos e afins, cria um ambiente de transparência e confiança entre os agentes – distribuidores e supermercados – relacionados na cadeia produtiva. Nesse contexto de inovação, a empresa produtora aumenta a transparência nas diversas etapas da produção, industrialização, distribuição e comercialização. Já o consumidor passa a receber informações-chaves, aumentando a credibilidade e a segurança. Portanto, a crescente demanda dos consumidores na busca por produtos saudáveis e com garantia de origem, os avanços tecnológicos e as novas estratégias produtivas passam a exigir das empresas do setor agropecuário maior atenção e planejamento para conquista e manutenção de novos mercados consumidores. Não são necessários somente bons produtos, mas sim um conjunto de ações e estratégias integradas, que fortaleçam os produtos ou serviços junto aos consumidores globais.


Agricultura

CITROS

Abertura da colheita marca ponto alto da safra Gracieli Verde/Arquivo NR

Em Liberato Salzano, apesar do clima otimista em torno da atividade, se prevê uma redução de 30% na produção de laranja para suco. Entenda os motivos

U

ma safra dentro da normalidade, com possibilidade de uma redução de 30% na produção de laranja para suco em relação ao ciclo anterior. Esta ĂŠ a expectativa do presidente da Associação de Citricultores de Liberato Salzano, Leandro Rubini, em relação Ă colheita que estĂĄ prestes a iniciar no municĂ­pio. Na regiĂŁo, Liberato Salzano ĂŠ um dos maiores produtores de citros, junto com Planalto e Alpestre, mas tambĂŠm tem destaque estadual neste quesito. Apesar dessa projeção de retração, o clima ĂŠ de “safra boaâ€?, garante Rubini. Isso porque o municĂ­pio saiu de uma safra extremamente positiva no ciclo 2018/2019, em que foram produzidas cerca de 25 mil toneladas de laranja. – Tivemos uma supersafra, entĂŁo ĂŠ natural que neste ano os pomares nĂŁo respondam tĂŁo bem assim, isso jĂĄ era esperado pelos produtores. AlĂŠm disso, tivemos bastante chuvas na ĂĄrea da florada dos pomares, o que prejudicou a quantidade de frutas por planta – explica Rubini. Como no ciclo passado os preços foram surpreendentes, essa queda soa mais como “volta Ă normalidadeâ€? do que perdas diretas para os produtores. Para esta safra, ainda nĂŁo hĂĄ informaçþes relacionadas sobre o preço ao produtor, segundo a entidade.

Colheita de laranjas se intensifica nos prĂłximos meses

Abertura oficial da colheita

Tradicionalmente Ê em Liberato Salzano que a região Norte do Estado gaúcho abre oficialmente a colheita de citros. Um evento estå programado para o dia 24 de maio, durante todo o dia, no salão paroquial da cidade. A promoção Ê da Secretaria Municipal de Agricultura, Associação de Citricultores de Liberato Salzano, Emater/RS-Ascar e Embrapa Clima Temperado, com apoio de outras marcas e entidades que integram com o setor.

Programação • 8h15min: recepção e inscriçþes • 8h45min: abertura oficial • 9h30min: palestra sobre melhoria da produtividade em citros, com os engenheiros-agrĂ´nomos e pesquisadores Bernardo Ueno e Roberto Pedroso de Oliveira, da Embrapa Clima Temperado, de Pelotas • 10h15min: palestra sobre aplicação da instrução normativa conjunta 02, sobre rastreabilidade em citros, com Helena Pan Rugeri, chefe do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Mapa • 11 horas: palestra sobre o impacto do herbicida 2,4-D na citricultura e o embasamento legal para limitação de uso, com Rafael Lima, chefe da divisĂŁo de agrotĂłxicos da Secretaria de Agricultura do Estado • 13 horas: palestra sobre nutrição de citros e o Programa SuperCitrus, com Taciana Seixas e Felipe Sangali, da Yhara • 13h45min: palestra sobre açþes dos condicionadores de solo na microbiota do solo, com Nilson Cesar de Carvalho, quĂ­mico e diretor industrial da Agrolatino • 14h30min: divulgação dos resultados e premiação do 12o Concurso Municipal de Qualidade e Produtividade de Citros

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Agricultura

HORTALIÇAS

Gracieli Verde

João Luís Schwertner já tem lotes de hortaliças rastreados há um mês

Cresce a adesão à rastreabilidade Principal objetivo é adequar-se à legislação, por meio da Instrução Normativa Conjunta 02/2018, da Anvisa e do Mapa. Em Ametista do Sul, a Coperametista conseguiu viabilizar a venda da uva in natura para redes de supermercados graças à rastreabilidade Gracieli Verde

jornalismo@novorural.com

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horticultor João Luís Schwertner, que mora em Rodeio Bonito, investiu na produção de alface, tempero verde, agrião e rúcula há quatro anos no município, usando o sistema de hidroponia. Antes, morou em Roraima, onde também cultivava hortaliças – ele atua no setor desde 2005. Há um mês ele tem um motivo adicional para trabalhar com mais segurança do ponto de vista sanitário e de comércio: está em dia com a legislação no que se refere à Instrução Normativa Conjunta 02/2018, da Anvisa e do Mapa, que prevê a rastreabilidade em alimentos frescos, como frutas, hortaliças folhosas e não folhosas, raízes e ervas aromáticas. Um primeiro lote de alimentos já passou a fazer parte dos rastreados em agosto do ano passado, como a maçã, a uva, citros, batata, alface, repolho, tomate e pepino. Neste ano, desde fevereiro, mais um grupo de vegetais passou a necessitar de rastreabilidade, incluindo produtos como banana, cebola, couve-flor, morango, melão, entre outros. Um grupo ainda maior de alimentos deve ser inserido na exigência a partir de fevereiro do próximo ano. Por mais que a normativa prevê um período de fiscalização orientativa, ou seja, que não necessariamente puna o produtor que não estiver adequado, mas que

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oriente e dê prazo para que possa adaptar-se, a falta da rastreabilidade barra questões de mercado, porque redes de compras já não aceitam mais produtos sem códigos que deem acesso a informações detaladas da produção. – No meu caso, se eu não me inserisse num sistema de rastreabilidade, não teria como vender as verduras para uma rede de supermercados, que inclusive tem um mercado aqui na cidade. Como minhas vendas são feitas praticamente só aqui e em Cristal do Sul, era importante ter essa ferramenta – comenta Schwertner, enquanto mostra as plantas em uma das estufas usadas para a produção, em um bairro de Rodeio Bonito. Para a área de cultivo protegido, ele usa 0,3 hectare. Hoje ele vende cerca de 150 pacotes de verduras por dia, de forma sortida entre temperos e três variedades de alface. Por mais que ainda seja cedo para o produtor avaliar como essa ferramenta de rastreabilidade vai repercutir nas vendas e na fidelização dos consumidores nas gôndolas do supermercado, ele acredita que com isso é um argumento a mais daqui para frente. Ele acredita também que, indiretamente, pode haver uma seleção de mercado em função disso, já que para seguir neste meio será obrigatória essa adequação. No caso de Schwertner, ele organiza as plantas em lotes e, com códigos QR consegue registrar num sistema on-line as informações sobre os produtos,

como data de plantio e colheita, identificação desses lotes, nome da variedade e data do recebimento do produto por parte do estabelecimento. Com o celular, através da câmera, é possível acessar um link, onde ficam abrigadas essas informações. Para muitos, isso soa como um custo a mais para o produtor. Para outros, já existe o entendimento de que é uma ferramenta importante para deixar o processo de produção mais transparente diante do consumidor. Até porque, essa legislação tem como principal objetivo impedir que produtos cheguem à mesa das pessoas com resíduos de produtos não autorizados nos cultivos. Ou seja, é uma questão de segurança alimentar e saúde pública. Há 18 anos produzindo hortaliças, o agricultor Vantuir Clério Nickhorn, também de Rodeio Bonito, é outro que está ansioso para finalizar o fornecimento de informações ao sistema que contratou para viabilizar a rastreabilidade de itens como alface, rúcula, rabanete, tempero verde, repolho, beterraba, beringela, abobrinha e pepino, que são cultivados na linha São Cristóvão. Hoje ele produz em um sistema convencional, mas ainda quer investir na semi-hidroponia para morangos. “Hoje eu vendo aqui em Rodeio Bonito e em Ametista do Sul. Espero que consiga ampliar as vendas com essa ferramenta”, diz o produtor, que comercializa, pelo menos, dois mil pés de alface por mês, dependendo da época do ano.


Agricultura

HORTALIÇAS

Em função da rastreabilidade, cooperativa consegue se inserir no mercado de uva in natura Gracieli Verde

A união do grupo de associados da Coperametista, com sede em Ametista do Sul, entorno da venda da uva in natura tem um motivo principal: a rastreabilidade da fruta. A análise é do presidente, Elton Mezzaroba, ao avaliar os últimos meses, que foram de implantação do sistema nas propriedades cadastradas. Neste caso, a cooperativa absorveu partes dos custos com a contratação do sistema. Na safra 2018/2019, a cooperativa conseguiu comercializar 118 toneladas de uva para grandes redes de supermercados. Antes disso: nada, apenas para transformação em suco ou vinho. Para o ciclo 2019/2020, a expectativa é que, pelo menos, 150 toneladas sejam comercializadas do mesmo modo. Quer dizer, este foi um passo fundamental rumo a novas possibilidades de negócios e, em consequência, mais renda para os viticultores. – Também viabilizamos a contratação de um enólogo para prestar assistência aos nossos associados que participam da rastreabilidade, para

Dúvidas ainda pairam no que se refere à alimentação escolar

aprimorar cada vez mais esse sistema, especialmente do ponto de vista dos controles necessários por parte do viticultor – conta o presidente, entusiasmado. Ele observa também que não chegaram a ser fiscalizados na safra passada, mas o incremento de mercado com a venda da uva injetou cerca de R$ 500 mil no faturamento da cooperativa, o que

Sindicatos pedem alterações no texto da normativa

Gracieli Verde

Vantuir Clério Nickhorn também investiu num sistema recentemente

tem gerado um clima de euforia entre os produtores, um cenário bem diferente se comparado a um ano atrás. “Além de termos o diferencial da precocidade das nossas uvas, agora a rastreabilidade também soma na hora de negociar”, ressalta Mezzaroba, que no futuro também quer rastrear os sucos e os vinhos produzidos na cooperativa.

Nos bastidores, há informações extraoficiais circulando de que existe a possibilidade de os alimentos da agricultura familiar comprados para alimentação escolar também devem ter a rastreabilidade. Em três Coordenadorias de Regionais de Educação do Estado que atenderam a reportagem, ainda não há orientações da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul sobre o assunto. O presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais da Agricultura Familiar de Frederico Westphalen (Coopraf), Vanderlei Zonta, comenta que ainda há dúvidas em relação a como implementar essa rastreabilidade nos produtos comercializados sem onerar o produtor. “Estamos avaliando de que forma podemos absorver esse custo, ou então se teremos que repassar isso ao produtor”, comenta. Um dos profissionais que atua na Unidade de Cooperativismo da Emater/RS de Frederico Westphalen comenta que, oficialmente, nenhuma nota foi emitida, mas é que pode ser exigido a partir do segundo semestre.

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Carlos Joel da Silva, citou à reportagem que em recente reunião com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a entidade já solicitou a prorrogação do prazo para que seja iniciada a fiscalização, quer dizer, que seja aumentado o período chamado de orientativo – em que os fiscais não chegam a punir, mas orientam o que fazer. “Mas, ainda não tivemos nenhum retorno, nenhum avanço nesse sentido”, disse Silva, no fim de abril. Ele reforça que a federação considera rastreabilidade de alimentos importante, mas não exatamente nos moldes que foi apresentada. “Acredito que precisamos rever a lista de produtos, porque em alguns casos o agricultor vai gastar mais para rastrear do que para produzir o alimento”, argumentou.

No site novorural.com você poderá conferir mais conteúdos sobre esse assunto durante o mês de maio! Acompanhe! 11 | Revista Novo Rural | Maio de 2019


Agricultura

HORTICULTURA

Como evoluir no plantio direto para hortaliças?

Hahn ĂŠ agrĂ´nomo, doutor em CiĂŞncia do Solo e mestre em Agroecossistemas

Pesquisador da Epagri, de Santa Catarina, defende que tÊcnica Ê fundamental para garantir características importantes para a qualidade do solo. Por outro lado, hå dificuldades de mão de obra para atuar em åreas com esse sistema de produção Gracieli Verde

revistanovorural@oaltouruguai.com.br

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plantio direto de hortaliças jå tem uma trajetória consolidada na região do Alto Vale do Rio do Peixe catarinense, especialmente no município de Caçador. Hå mais de dez anos a Epagri começou a desenvolver pesquisas nesta årea. O tomate, que soma mais de mil hectares naquela região, foi uma das primeiras culturas que teve essa tÊcnica implementada, segundo o agrônomo e pesquisador Leandro Hahn, que integra a equipe da Estação Experimental da Epagri de Caçador/SC. Ele esteve em Frederico Westphalen em abril, durante a 11ª Seagro, evento organizado pelo Diretório Acadêmico de Agronomia Guilherme Trevisol, da UFSM-FW. Hahn Ê doutor em Ciência do Solo e mestre em Agroecossistemas. AlÊm de Caçador, municípios vizinhos como

Lebon RĂŠgis, Fraiburgo, Rio das Antas, Calmon e Monte Castelo sĂŁo produtores de tomate, bem como de pimentĂŁo e abĂłbora cabotiĂĄ, muito utilizada na culinĂĄria. O plantio direto tambĂŠm vem sendo usado na cultura da cebola, ĂĄrea que vem sendo pesquisada na Estação Experimental da Epagri de Ituporanga, tambĂŠm em Santa Catarina. Por lĂĄ, essa tĂŠcnica tambĂŠm ĂŠ usada hĂĄ mais de dez anos e, segundo Hahn, se vĂŞ bons resultados nas lavouras. – O produtor tem visto as vantagens deste sistema, que ĂŠ um solo de melhor qualidade, menos perda desse solo, maior sanidade das plantas e, com isso, ele nĂŁo perde em produtividade em relação ao manejo convencional. Hoje estĂĄ mais evidente que ĂŠ preciso melhorar e mudar o manejo do solo para obter boas produtividades – explica o pesquisador, ponderando, entretanto, que o grande desafio ĂŠ adaptar esse sistema nos cultivos de alho e cenoura.

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Estado barriga-verde ĂŠ o terceiro maior produtor de alho Santa Catarina ĂŠ o terceiro maior Estado produtor de alho, atrĂĄs apenas de GoiĂĄs e Minas Gerais. Foi em Caçador/SC que praticamente todos os cultivares existentes no Brasil foram selecionados, conforme explica o agrĂ´nomo. Na regiĂŁo de Caçador sĂŁo 2,5 mil hectares com a cultura, mas ainda no sistema convencional. – Nosso desafio ĂŠ desenvolver um sistema de plantio direto para alho, ou ao menos introduzir algumas tĂŠcnicas de plantio direto com essa cultura, que priorize uso de plantas de cobertura antes do cultivo comercial, para que se possa melhorar esse solo do ponto de vista fĂ­sico e biolĂłgico – reforça. AlĂŠm de garantir um solo mais rico para a produção agrĂ­cola, o sistema de plantio direto tambĂŠm diminuir os custos de produção. Esse impacto ĂŠ sentido com o uso menor de maquinĂĄrio na lavoura, por exemplo. – Com o plantio direto nĂŁo preciso fazer todas aquelas operaçþes para mexer com o solo, como gradagem ou atĂŠ mesmo levantar canteiro com enxada rotativa. Simplesmente faço uma Ăşnica operação, que ĂŠ semeadura. AlĂŠm disso, hĂĄ uma redução do uso de herbicidas, porque se tem mais a incidĂŞncia de plantas invasora onde o solo ĂŠ revolvido – esclarece.

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Agricultura

HORTICULTURA

Gracieli Verde

Dificuldade com o manejo ainda impede que plantio direto se expanda mais Dos cerca de mil hectares de tomates cultivados comercialmente na regiĂŁo, ainda ĂŠ pequena a ĂĄrea que aposta no plantio direto. Mas por que, se ĂŠ uma prĂĄtica tĂŁo vantajosa? – Apesar de termos pesquisas que comprovam os benefĂ­cios para o produtor, ainda ĂŠ necessĂĄrio adaptar mĂĄquinas para auxiliar no manejo diĂĄrio da cultura. Por exemplo, mĂĄquinas para fazer a incorporação do adubo. Como tem a palha, nĂŁo ĂŠ tĂŁo simples, ĂŠ preciso abrir o sulco, cortar a palha e incorporar o adubo. Geralmente os produtores que investiram em plantio direto adaptaram mĂĄquinas que eram usadas para grĂŁos. Essa falta de maquinĂĄrio ĂŠ um problema do cultivo de hortaliças no modo geral. A gente tem pouca disponibilidade

e nĂŁo tem empresas que se interessam por esse segmento. As grandes empresas querem desenvolver mĂĄquinas para as grandes culturas – contextualiza. Outro empecilho ĂŠ a falta de mĂŁo de obra qualificada. Como a maior parte dos trabalhadores sĂŁo temporĂĄrios, preferem a praticidade e, assim, acabam priorizando quem planta o tomate na forma convencional, prejudicando o produtor que quer um cultivo diferenciado – sem mĂŁo de obra ele fica “de mĂŁos atadasâ€?. Com isso, se vĂŞ mais sucesso do uso do plantio direto entre os agricultores que cultivam ĂĄreas menores. No caso da cebola a adesĂŁo ĂŠ maior. Dos cerca de 3 mil hectares da regiĂŁo, cerca de 600 jĂĄ usam o plantio direto.

Um caminho sem volta Em recente viagem ao Estado da CalifĂłrnia, nos Estado Unidos, onde se produz metade das frutas e hortaliças consumidas naquele paĂ­s, o pesquisador Leandro Hahn tambĂŠm pĂ´de ver de perto tecnologias usadas em solo norte-americano. – O uso do plantio direto nas hortaliças ĂŠ um caminho sem volta. Claro que talvez nĂŁo teremos a integralidade que conseguimos na produção

de grĂŁos, em que temos ĂĄreas com 40 anos de solo sem ter sido mexido, mas a adoção de plantas de cobertura pode melhorar muito a qualidade do nosso solo. Sabemos que ainda temos um longo caminho a percorrer, mas quando se falou isso em grĂŁos, hĂĄ 30 ou 40 anos, tambĂŠm nĂŁo se imaginava que se chegaria a 100% das ĂĄreas com o plantio direto – compara.

Produção orgânica Novo Rural – Como vocĂŞ tem visto o movimento em torno da produção orgânica? Leandro Hahn – Esse tipo de cultura, como o tomate, ĂŠ muito difĂ­cil de fazer cultivo orgânico a campo, a nĂŁo ser que seja em estufas. AtĂŠ jĂĄ testamos na Estação Experimental, mas nĂŁo tem como controlar o ambiente e nĂŁo tem produto biolĂłgico para manter a produção saudĂĄvel a ponto de ser aceita nos pontos de vendas. Para a cebola ĂŠ a mesma situação. Nosso clima nĂŁo favorece essa prĂĄtica. Claro que na CalifĂłrnia ĂŠ totalmente diferente. LĂĄ visitei um produtor com 1,8 mil hectares de batata-doce orgânica e 500 hectares de cebola, tambĂŠm orgânica. Como ele consegue? É uma regiĂŁo totalmente seca, o clima ĂŠ diferente. Em Caçador, ano passado, tivemos 25 dias de chuva em outubro. Como vai controlar fungos em cebola se nĂŁo tiver fungicida? Como que vai controlar mosca da fruta sem inseticida? EntĂŁo, o cultivo a campo em grandes ĂĄreas de orgânico ĂŠ muito difĂ­cil no nosso caso. Em estufas ĂŠ um cultivo que estamos começando, que daĂ­ sim tem uma grande perspectiva de produzir o tomate orgânico, porque consigo controlar muito melhor o clima.

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13 | Revista Novo Rural | Maio de 2019


Antonio Luis Santi

Agricultura

“Abril... um mês dedicado ao solo e cuidados com a Terra...” No Brasil, o Dia Nacional da Consersação do Solo foi oficializado em 1989

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mês de abril é tido como um momento para reflexão: dia 15 é o Dia Nacional da Conservação do Solo e dia 22 o Dia Mundial da Terra. O Dia Nacional da Conservação do Solo, comemorado anualmente em 15 de abril, foi criado com o intuito de desenvolver um pensamento crítico na população sobre a importância da correta utilização do solo como um recurso natural para a produção de alimentos. O combate e conscientização sobre o que provoca a poluição do solo é outro ponto de destaque debatido durante este dia. No Brasil, o Dia Nacional da Consersação do Solo foi oficializado através do decreto de lei nº 7.876, de 13 de novembro de 1989. A criação desta data foi uma iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A escolha do dia 15 de abril é uma homenagem ao conservacionista norte-americano Hugh Hammond Bennett (1881 – 1960), considerado o “Pai da Conservação do Solo” nos Es-

tados Unidos e um modelo para todas as outras nações. Já no dia 22 de abril comemora-se em todo o mundo o Dia Mundial da Terra. A data foi criada em 1970, pelo senador norte-americano Gaylord Nelson que resolveu realizar um protesto contra a poluição da Terra, depois de verificar as consequências do desastre petrolífero de Santa Barbara, na Califórnia, ocorrido em 1969. No campo, o dia serve para reforçar as constantes práticas de conservação da terra, como o plantio direto na palha, manejo integrado de pragas e doenças, recolhimento de embalagens de agrotóxicos, entre outras iniciativas pensadas na preservação ambiental. O mundo usa este dia para fazer uma reflexão dos problemas do meio ambiente, como os níveis de contaminação de ar, da água e do solo e a escassez dos recursos naturais renováveis. Outra ação salutar assinada por representantes de 178 países na Agenda 21, ocorreu em 1992, com

a Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento e a Declaração dos Princípios para a Gestão Sustentável das Florestas, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Comemoramos o Dia da Terra para lembrar que o planeta e seus ecossistemas nos dão a vida e nos proporcionam as matérias-primas para subsistir. Nesse dia assumimos também a responsabilidade coletiva, como nos recordava a Declaração do Rio de 1992, de fomentar essa harmonia com a natureza e a Mãe Terra, porque “Mãe Terra” é uma expressão comum utilizada para se referir ao planeta Terra em diversos países e regiões, o que demonstra a interdependência existente entre os seres humanos, as demais espécies vivas e o planeta que todos habitamos. Mais que uma data, preservar o solo e cuidar do nosso Planeta Terra é amar a si próprio. Sendo assim, meu desejo é que exercitamos esse amor todos os dias! Divulgação

Engenheiroagrônomo, doutor em Ciência do Solo/Agricultura de Precisão, coordenador do Laboratório de Agricultura de Precisão do Sul da UFSM-FW, e representante do Fórum dos ProReitores de PósGraduação e Pesquisa (FOPROP) na Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, junto ao Ministério da Agricultura.

OPINIÃO

“É preciso ter clara a interdependência existente entre os seres humanos, as demais espécies vivas e o planeta que todos habitamos.”

14 | Revista Novo Rural | Maio de 2019


Sicredi Grande Palmeira distribui quase 4 milhões de reais para seus associados F azer parte de uma instituição financeira cooperativa possui inúmeros benefícios, não só com taxas e juros mais baixos que o mercado, mas também por receber anualmente sua participação nos resultados. A distribuição dos resultados ocorre sempre após a realização das Assembleias de Núcleo, onde são decididas as formas como o resultado será distribuído para seus associados.

No ano de 2019 a Sicredi Grande Palmeira repetiu um feito histórico, distribui parte do seu resultado em conta, para uso imediato, e outra parte na cota capital. Em 37 anos de atividades, este é o segundo ano onde o quadro social decide por esta forma de distribuição, beneficiando todos os associados que movimentam os seus recursos com a Cooperativa.

Após colocada em votação a proposta de distribuição, foi aprovado que 58% do saldo remanescente seria distribuído em conta poupança, o restante em cota capital. Desta forma, os associados receberam em sua poupança um total superior a 1,6 milhões de reais. Em cota capital o valor creditado foi superior a 1,1 milhão de reais.

Um momento muito importante para a região da Sicredi Grande Palmeira, onde estamos fomentando a economia regional, reinvestindo recursos diretamente nas comunidades onde estamos inseridos, valorizando o relacionamento com nossos associados e proporcionando melhoria na qualidade de vida de todos.

Além desses benefícios, os associados também receberam uma valorização em suas cotas capitais já existentes. O percentual de juros pagos neste ano foi de 4%, totalizando mais de 1,1 milhão de reais de juros pagos.

15 | Revista Novo Rural | Maio de 2019


Analista de mercado da consultoria SAFRAS & Mercado E-mail: luiz.gutierrez@ safras.com.br

MERCADO DE SOJA

Oferecimento:

Soja: cenário continua apontando para baixo

O

panorama do mercado internacional de soja permanece pouco animador. O crescimento da oferta aliado a dúvidas com relação à demanda chinesa pela oleaginosa nesta temporada mantém o viés negativo para os preços no primeiro semestre. No mercado internacional, a questão envolvendo a guerra comercial entre Estados Unidos e China permanece sendo o grande fator de pressão negativa sobre as cotações dos contratos futuros negociados na Bolsa de Chicago, grande balizador para a formação dos preços internacionais de soja. Desde o início da tarifação de produtos por parte de ambos os países, as importações de soja em grão norte-americana pela China recuaram para níveis preocupantes, o que culminou nos maiores estoques trimestrais norte-americanos da história na posição em 1º de março. Em suma, nunca se viu tanta soja disponível nas mãos dos produtores, da indústria e das tradings americanas nesta época do ano. Tal fato, por si só, já seria suficiente para explicar os níveis atuais da oleaginosa na Bolsa de Chicago, afinal, o maior produtor mundial da soja não consegue mais vender grandes volumes do seu produto para o maior país importador do mundo e único com potencial para consumir estoques tão elevados. A verdade é que a soja se torna, cada vez mais, um dos produtos centrais desta guerra. Aliado à esta questão comercial, nesta temporada estamos presenciando um novo crescimento da oferta mundial da oleaginosa. Embora a produção brasileira tenha sofrido com problemas climáticos que reduziram seu potencial produtivo, impedindo a colheita de uma nova safra recorde, ainda estamos falando de uma grande produção. 117 milhões de toneladas de soja devem ser colhidas nas lavouras brasileiras em 2019, que somadas à recuperação da safra da Argentina, que deve produzir cerca de 55 milhões de toneladas após uma safra de 35 milhões de toneladas em 2018, resultam em um aumento da oferta de soja sulamericana no mercado internacional nesta temporada. Ou seja, há muita soja no mercado, e Chicago reflete isso. Uma nova rodada de negociações entre representantes do alto escalão dos governos dos EUA e da China está marcada para ocorrer nos últimos dias de abril e primeiros dias de maio em solo americano. Nesta rodada, um novo fator – mas não tão novo assim – pode ganhar relevância nas discussões: a febre suína africana que se espalha pelo rebanho de suínos da China. A febre suína africana (ASF, na sigla em in-

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Gracieli Verde/Arquivo NR

Luiz Fernando Gutierrez Roque

Agricultura

glês), doença sem cura, já acomete o rebanho chinês desde o ano passado, mas ainda não havia alarmado as autoridades, os analistas e a mídia internacional. Em um primeiro momento, ainda no primeiro semestre de 2018, houve um certo controle dos focos da doença nas principais províncias produtoras de suínos na China. O problema é que, agora, o vírus começa a se espalhar pelo rebanho de todo o país asiático. Mais de um milhão de porcos já foram sacrificados ou morreram em decorrência da doença nas fazendas chinesas. Importantes órgãos internacionais já estimam que até 30% do rebanho de suínos chinês está em risco, e que os problemas podem se estender para além de 2019. E é por isso que este fator pode ganhar relevância nas discussões entre EUA e China. A questão da segurança alimentar é prioridade para o governo chinês. Dentro disso, os EUA podem estar ganhando uma “carta na manga” nesta guerra comercial. É possível que as discussões sejam aceleradas e que concessões, por parte da China, sejam feitas a fim de por um fim às tarifações vigentes, já que a carne suína americana paga um imposto de até 62% para entrar na China. Diante desse problema sanitário no rebanho chinês, o país asiático já começa a elevar suas compras de carne suína ao redor do mundo, e os Estados Unidos surgem como um dos maiores fornecedores desse produto. É importante destacar também o peso da carne suína na taxa de inflação chinesa, sendo ela a principal fonte de proteína para a população

do país. Estimativas recentes indicam que os preços da carne suína na China podem subir até 70% no segundo semestre de 2019, e isso não é nada favorável para uma economia que já vem crescendo em um ritmo menor há algum tempo. E quais os verdadeiros impactos da epidemia no rebanho de suínos da China sobre o mercado de soja? A queda na demanda por soja em grão é o primeiro fator. Com um rebanho cada vez menor, menos soja em grão será demandada pelos esmagadores chineses para a fabricação de rações. Lembrem-se que estamos falando do maior consumidor de soja do mundo. Mas este impacto negativo sobre Chicago deve ser “anulado”, em um segundo momento, por um segundo fator. A necessidade chinesa de aumentar a importação de carne suína irá incentivar o esmagamento de soja e o consumo de farelo para a alimentação de suínos nos EUA e no Brasil, visando, naturalmente, a exportação. Tal fato pode compensar o peso negativo da menor demanda chinesa por soja, mas ainda é cedo para definir quais destes fatores terá maior força. Hoje, o peso negativo está ganhando esta batalha. O momento continua sendo delicado para os preços, e não devemos ver grandes mudanças de patamares antes de julho deste ano. Além disso, não podemos esquecer da nova safra norte-americana de soja, que recém está sendo semeada e traz em seu potencial uma grande incógnita. O segundo semestre de 2019 promete ser agitado.


Agricultura

SOJA

Ciclo que está prestes a ser finalizado reforça uma “lição de casa” para quem quer produzir mais: manter o equilíbrio do solo com práticas mais conservacionistas

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té 25 de abril, 90% da área de soja do Rio Grande do Sul estava colhida. Os dados são da Emater/RS-Ascar. Em Palmeira das Missões, que tem a quinta maior área de soja do Estado, com 100 mil hectares, 100% da área estava colhida um pouco antes disso. Por lá, a média de produtividade ficou no patamar de 63 sacas por hectare, segundo a Emater/RS, 10% a menos do que no ciclo passado. Apesar de esta não ser considerada uma média baixa, é opinião de vários consultores que há potencial para mais. Claro que o ciclo 2018/2019 se caracterizou como um dos mais desafiadores do ponto de vista do estabelecimento inicial da cultura, com vários problemas de germinação, tendo áreas com replantio. – O que pode ser preocupante para o próximo ano é que temos visto problemas muito parecidos em lavouras com feijão safrinha. Se tivermos um cenário similar ao deste ano, poderemos ter um agravamento das doenças de solo. Por isso, é muito importante que o produtor que ainda não dá atenção para a rotação de cultura, que comece a fazer isso, porque os resultados só vêm a médio e longo prazo – alerta o engenheiro-agrônomo Felipe Lorensini, da Emater/RS de Palmeira das Missões.

Por mais que esse seja um assunto recorrente nas rodas de conversas com produtores, Lorensini acredita que faltam decisões mais estratégicas por parte do produtor e colocar isso em prática. Ele atenta também para a importância de prevenir ou até mesmo buscar resolver a questão da compactação do solo, fator que também influenciou parte dos resultados desta safra. – É importante que o produtor avalie bem que medida é necessária para se preparar para a próxima safra. É fundamental também que, em caso de usar técnicas como a escarificação, isso seja associado ao uso de plantas de cobertura com um sistema de radicular mais agressivo. Mix de diferentes espécies é o que mais está sendo recomendado nesses casos. Isso também auxilia no equilíbrio do solo de forma geral, até mesmo para combater as doenças que têm influência dos fungos de solo – orienta, reforçando que isso não é um resultado que se obtém de uma safra para outra, mas uma construção que precisa ser feita ao longo dos anos. Em Chapada, município que concentra a segunda maior área de soja das regiões do Rio da Várzea e do Médio Alto Uruguai, com 42 mil hectares, a média tem ficado em 66 sacas por hectare, conforme levanta-

mento da Emater/RS. “Mas temos casos de lavouras com mais qualidade em que se chegou a 77 sacas/ ha”, pontua o técnico em agropecuária Erivelton Gian Kreisig, da Emater/RS. Por lá, tendo em vista a incidência da ferrugem da soja, foi necessário mais cuidado do produtor em relação às aplicações de fungicida. “Quem conseguiu estabelecer um calendário de aplicações eficiente, conseguiu controlar a doença”, acredita. Nas áreas do Rio da Várzea e Médio Alto Uruguai, a Emater/RS estima uma produtividade média de 60 sacas/hectare neste ciclo, com lavouras apresentando produções recordes, chegando a 90 sacas por hectare em alguns casos. Já no caso da soja safrinha, que está com as lavouras em desenvolvimento, o porte das plantas é considerado menor que o das plantas da soja plantada no período recomendado, indicando menor potencial de produtividade. Esta não deve passar de 40 sacas por hectare, conforme estimativa da instituição. Um dos problemas enfrentados é a pressão maior de ferrugem asiática nessas lavouras. Neste caso, a maior parte das áreas está em fase de enchimento de grãos.

17 | Revista Novo Rural | Maio de 2019

Gracieli Verde/Arquivo NR

Safra 18/19 adverte: mais atenção para o solo!


Eduardo Lima Porto

Agricultura

Economista e diretor da Lucro do Agro Consultoria Agroeconômica, de Porto Alegre/RS Especial para Novo Rural

CRÉDITO RURAL

Crédito é o segundo insumo mais importante da agricultura Exigências de maiores e melhores garantias no cumprimento dos contratos irá afetar decisivamente a viabilidade econômica de milhares de agricultores

A

maior parte dos agricultores, especialmente os produtores de grãos, depende da concessão de crédito fornecido por terceiros. Nomeadamente, bancos, fornecedores de insumos e compradores (tradings). A disponibilidade do crédito para o custeio da produção tem variado muito nos últimos anos, respondendo basicamente aos efeitos causados por ciclos macroeconômicos de expansão ou retração, que abarcam uma infinidade de variáveis, como os preços das commodities e fatores subjacentes; o câmbio internacional; a taxa de juros doméstica e estrangeira; as qualificações de risco, etc. Nos últimos 10 anos tem se verificado um notável crescimento da participação de fornecedores de insumos e exportadores na composição do custeio, diminuindo sensivelmente a presença dos bancos, seja pelo excesso de burocracia e morosidade que apresentam, seja pela falta de interesse do sistema financeiro de atuar mais ativamente no setor. O crédito é, definitivamente, o segundo insumo mais importante do setor, só perde para a água. Nessa altura do ano, em que a colheita da soja em diversas regiões já permite antever o volume real que estará sendo posto na economia, surgem várias incertezas para quem costuma olhar um pouco além, que por hábito ou necessidade, nessa época se organiza para iniciar a construção de cenários para elaboração de uma estratégia para a próxima safra. Considerando a gravidade da inadimplência setorial, que está levando à falência alguns grupos tradicionais e a uma enxurrada de pedidos de recuperação judicial de centenas de agricultores – puxando no reboque a várias revendas e indústrias de insumos – de que forma será possível obter crédito (prazo-safra) em condições economicamente aceitáveis daqui para frente? O governo, que se encontra totalmente quebrado, será a solução mágica? Os bancos oficiais, igualmente exauridos, irão ampliar o volume de dinheiro para compensar uma redução, tida como mais do que certa, da presença dos fornecedores de insumos nas operações prazo-safra? Estas são apenas algumas das inquietudes que me levam a pensar sobre o negócio agríco-

la em 2019 no Brasil. Tenho muitas outras dúvidas, as quais poderiam aborrecer aos que acreditam que na última hora “tudo se ajeita”. “Bons resultados do passado não são uma garantia de repetição para o futuro”. A conjuntura atual faz dessa frase quase que um axioma da física. Há muito tempo que chamo a atenção de clientes e amigos do agro para a necessidade de profissionalizar na atividade do ponto de vista econômico-contábil-financeiro. Não basta apenas sermos bons da porteira pra dentro, auferindo ganhos de produtividade ano após ano, gerando benfeitorias na propriedade, circulando riquezas na economia regional, etc. Cada vez mais o produtor deverá conscientizar-se da necessidade de demonstrar “governança” na gestão do seu negócio. Desde a crise de 2008, em que as principais seguradoras de crédito deixaram de dar cobertura para as indústrias ou para as revendas de insumos. Sabem a razão? Porque não se consegue visualizar com clareza o risco individual dos agricultores, que são os principais clientes dessas empresas. O fato de um agricultor profissional mover milhões de reais por ano, deter um patrimônio milionário e não apresentar demonstrações contábeis coerentes com as normas exigidas acarreta uma enorme incerteza por parte de quem tem a função de de-

“Cada vez mais o produtor deverá conscientizar-se da necessidade de demonstrar ‘governança’ na gestão do seu negócio.”

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cidir ou não sobre a concessão de um crédito. O mercado caminha a passos largos para a desintermediação dos processos, o que em certa medida é bom, porque eliminam-se muitos custos agregados e aumenta-se a competitividade. Porém, essa conjuntura traz consigo um enorme desafio cultural e empresarial para o agricultor médio. Alguém sabe o que significa a relação “dívidas líquidas/EBITDA”? Em termos simples, é um índice que demonstra a geração de caixa obtida nas operações para fazer frente às dívidas. Cada vez mais a visualização clara desse tipo de indicador será exigida no agro. De que forma um analista de crédito poderia avaliar a atividade de um agricultor sem ter a frente demonstrações contábeis elaboradas de maneira consistente? Sinto dizer que quem não se preparar seriamente para isso terá muitos problemas para obter crédito. As exigências de maiores e melhores garantias no cumprimento dos contratos irá afetar decisivamente a viabilidade econômica de milhares de agricultores que, até então, nunca precisaram se preocupar com essa classe de questões. O Prazo-Safra embute o custo financeiro de operações como o desconto de duplicatas (hoje em torno de 30% a.a.), além de ser normal a inserção de um "fator de risco de inadimplência” sobre os preços dos insumos. O “bom pagador” sempre pagará o ônus do “mal pagador” e essa regra não será quebrada. O agricultor deve ter em mente que para obter crédito com terceiros, terá que aumentar significativamente o nível de segurança e visibilidade institucional da sua atividade. Afinal, R$ 1,00 vale rigorosamente a mesma coisa para todos, independentemente se alguém planta, vende um insumo ou se dedica a cortar cabelo.


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Pecuária

CAVALO CRIOULO

A paixão Buzzeto Pátria X

Seu Edson, o cabanheiro Daniel, a égua Montana da Vendramin e as companheiras Guacha e Gorda

Fiscal agropecuário do Estado aposentado, o veterinário Edson Buzzeto compartilha como iniciou a cabanha, influenciado pelo amor do filho Bruce aos animais Gracieli Verde

revistanovorural@gmail.com

scoltado pelas duas cachorras de estimação, a Gorda e a Guacha, a primeira uma border-collie de 12 anos e a segunda uma boiadeira-australiana ainda filhote, o médico-veterinário aposentado Edson Buzzetto chega na Cabanha Pátria Xucra, em Frederico Westphalen. No estábulo de tijolo à vista, não tem como deixar de reparar na três-marias florida com um vermelho intenso do lado de fora. O contraste das flores, o tom de marrom dos tijolos, a grama esverdeada, os bancos rústicos, os cães se divertindo e os cavalos ali por perto formam um cenário extremamente acolhedor. Dali não dá vontade de sair. É aquele tipo de paisagem que você quer 20 | Revista Novo Rural | Maio de 2019

emoldurar em um quadro, não só pela imagem, mas pelas histórias ali contadas. Algumas vamos nos desafiar a relatar por aqui – até porque as piadas não poderiam ser reproduzidas com o bom humor do fiscal agropecuário aposentado, que aos 65 anos agora se dedica praticamente integralmente à cabanha – antes atuava na Inspetoria Veterinária ligada à Secretaria de Agricultura do Estado. A cabanha tem várias datas que marcam a sua criação, mas oficialmente, em 2007, a família Buzzeto teve o primeiro animal registrado na Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulo (ABCCC), a Bailarina da Pátria Xucra. Mas, segundo o patriarca, essa história começou bem antes, ainda no fim da década de 1990, quando foi comprado o primeiro exemplar, uma égua chamada Affonso Dançarola, de pela-

gem douradilha, com oito anos de idade, em Jaguarão/RS. A aquisição foi motivada, principalmente, pelo gosto do filho Bruce por cavalos. Em 2004, após o animal adquirido ser transferido oficialmente para Bruce, se fortaleceu o projeto de, em companhia com o pai, ter uma cabanha de criação de equinos da raça crioula. “Era meio de brincadeira”, revela seu Edson, que é casado com a odontóloga Sara, com quem também tem a filha Sarita. Tanto Bruce como Sarita optaram pela Medicina, mas são apaixonados por cavalos, segundo o pai. Voltando à trajetória da Cabanha, hoje são 12 animais que ficam no espaço. Duas éguas estão se preparando com foco em uma prova de passaporte na morfologia, neste início de maio, organizada pelo Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Cruz Alta/RS.


Gracieli Verde

Gracieli Verde

Gracieli Verde

o dos pela Xucra

O cabanheiro Daniel Coelho Parcianello, funcionário que está há nove meses na Pátria Xucra, conta que a rotina das éguas Abençoada da Divisa Gaúcga, uma bela gateada, e a Montana da Vendramin, uma baia-rosilha, tem sido de treinamento e preparo físico para a prova. Parcianello é natural de Santa Maria, mas já trabalhou em centros de treinamento em Alegrete e outras regiões do Estado. “Desde os 12 anos eu só lido com cavalo”, conta, sorridente, demonstrando que ama o que faz. Seu Edson relata que o contato direto do filho Bruce com Daniel só reforça o quanto o filho está presente na cabanha mesmo morando em Ijuí, onde exerce a medicina. “Eles estão sempre conversando sobre os cavalos”, constata. Para Daniel, a rotina começa cedo com os animais, que depois de serem alimentados, no início da manhã, são escovados e vão para o treinamento. Como a morfologia também é avaliada em provas como a de andadura, é preciso trabalhar diariamente com os animais para que façam bonito na pista. – São pelo menos 40 minutos por dia de atividade para preparação física no redondel com as éguas. Depois elas precisam tomar banho e serem secas, para manter o pelo em dia – conta o rapaz. O veterinário Buzzeto reforça que essa confiança no cabanheiro é essencial, porque afinal, é com ele que os animais ficam maior parte do tempo. São animais que recebem extremo cuidado na alimentação, no manejo e na sanidade, para que fique em evidência a beleza física e a majestosidade do cavalo crioulo. “O cavalo não escolheu estar aqui, então temos que tratá-los bem”, reflete Daniel, comprovando que esse amor que o gaúcho por tradição tem pelo cavalo é carregado de respeito ao animal.

A inffluên ncia a pa ara outrros crriad dorres

Gracieli Verde

A grosso modo, o veterinário Buzzeto ousa estimar que em Frederico Westphalen devem haver cerca de 350/400 cavalos hoje em dia. Por mais que poucos ainda são levados para provas de morfologia ou ligadas à ABCCC, muitos fazem parte da rotina dos criadores através dos rodeios e outras atividades. Ele conta que sempre buscou incentivar o contato da comunidade em geral com o cavalo crioulo, especialmente na realização das feiras da cidade, a tradicional Expofred, que em algumas edições teve amostras e em outras exposições ranqueadas pela ABCCC. Por mais que a falta de recursos inibe, muitas vezes, a promoção de mais encontros deste gênero no município, foram iniciativas que somaram para que a imagem do cavalo sempre estivesse presente no evento considerado mais importante para Frederico Westphalen. Concomitante à pioneira Pátria Xucra, outras cabanhas também se fortaleceram nos últimos anos, como a do advogado Sílvio Rossetto, a do veterinário e empresário Juliano Locatelli, bem como do empresário e produtor rural Elbio Moura, em Erval Seco – que já foi pauta por aqui –, e da família Bastiani, de Jaboticaba. A família do empresário Sérgio Augusto Amaral também somou-se neste meio nos últimos anos, com a ascensão da Cabanha

Sol Brilhante, que inclusive já teve a fêmea AM Gaita premiada em um Bocal do Freio de Ouro da ABCCC e numa Expo FICCC, uma prova internacional, com alto desempenho na parte morfológica e também na funcional. – Isso demonstra que temos como criar animais de qualidade, com carinho e amor pelo principal símbolo nosso, dos gaúchos, apesar de isso não ser tão forte como em outras regiões do Estado, como na fronteira. Com o intermédio do veterinário Hugo Torriani pudemos conhecer cabanhas na região de Uruguaiana, onde ele já trabalhou, e por lá o pessoal “respira” cavalo do amanhecer ao deitar-se. Aqui nós somos um pouco diferentes, mas essa também é uma paixão – analisa o criador. Ao lembrar de Torriani, o colega de profissão Edson Buzzeto também o classifica como influenciador neste meio, indicando criadores na região de Uruguaiana que já são referência no assunto, além de ter trabalhado com um dos cavalos mais famosos do meio crioulo, o garanhão La Invernada Hornero, falecido em 1997. – Mesmo tendo começado como uma brincadeira, isso aqui toma 90% do nosso tempo, mas com muita satisfação. Meu filho me liga direto pra ver como estão as coisas, fala sempre com o Daniel também. É um entretenimento – define. 21 | Revista Novo Rural | Maio de 2019


Pecuária

NEGÓCIOS

JBS anuncia que assumirá planta da Adelle em Seberi Já a unidade de Frederico Westphalen da JBS passa a ser da marca seberiense Rafael Pavan/Arquivo AU

Adriana Folle, Leonardo Carlini e Gracieli Verde jornalismo@novorural.com

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bril terminou com uma notícia que, até então, não saía dos bastidores: a planta da Adelle Indústria de Alimentos, processadora de carne suína, situada em Seberi, foi vendida para a Seara Alimentos Ltda, do Grupo JBS. Uma nota oficial divulgada no dia 26 de abril revelou a transação que resultou numa permuta de ativos, incluindo abatedouro de suínos e fábrica de industrialização. O diretor-presidente da Adelle, Leonir Balestreri, disse que a Adelle ficará com a planta do frigorífico de carne suína sediada em Frederico Westphalen e com a fábrica de ração da JBS, localizada às margens da BR-386. – Recebemos o frigorífico de Frederico Westphalen no negócio, pois foi feito uma permuta. Não tínhamos outra saída, pois nosso endividamento era muito alto em decorrência de três anos muito difíceis. Tivemos prejuízos em 2016 pela forte recessão, altos custos de milho, o agravante do episódio da Operação Carne Fraca e, ainda, a greve dos caminhoneiros. Foram prejuízos significativos – disse Balestreri. À Agência Reuters, a JBS havia revelado que o valor da transação foi de R$ 235 milhões. Além disso, a unidade de Seberi vai contribuir com a estratégia da empresa no processamento de suínos e produtos preparados, como presunto, linguiça e bacon. A JBS também revelou que a aquisição será paga por meio da doação de R$ 80 milhões em pagamento do Frigorífico Frederico, localizado em Frederico Westphalen. Outros R$ 115 milhões do valor do negócio referem-se à assunção de dívidas da Adelle e R$ 40 milhões serão pagos em moeda corrente. Sobre o assunto, o diretor-presidente da Adelle Foods, Leonir Balestreri, concedeu entrevista coletiva no dia 30 de abril, acompanhado do diretor do frigorífico, Carlos Fávero. O frigorífico de Seberi, construído em 2015, possui, atualmente, 980 empregados e 170 integrados. Destes, aproximadamente 100 envolveram novas construções que foram implantadas na região, segundo a empresa. – O projeto foi implantado na hora errada, tudo convergiu para que não pu22 | Revista Novo Rural | Maio de 2019

Veja outras declarações do diretor-presidente da Adelle, Leonir Balestreri: Como ficam as dívidas da Adelle com os integrados?

Balestreri – Isso é responsabilidade da Adelle, mas eu queria registrar que esse passivo está sendo acertado, justamente, com a venda do frigorífico. Grande parte do valor refere-se aos integrados.

JBS assumirá frigorífico que está localizado às margens da BR-386, em Seberi

déssemos manter esse negócio, juros altos, mercado, tumulto político, ninguém acreditando no país, e acabamos nos endividando – revelou, em tom intimista, aos jornalistas. Ele também revelou que agora o desafio é seguir com a Adelle Foods em Frederico Westphalen, na estrutura que atualmente é da JBS. As duas marcas ainda aguardam aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para que o negócio efetivamente tenha os próximos trâmites de transição. Em relação aos funcionários, por exemplo, o diretor do frigorífico, Carlos Favero, revelou que todos poderão escolher se seguem com a JBS ou Adelle, em suas respectivas cidades, uma vez que em Frederico Westphalen a empresa também precisará de

mão de obra. – Com essa negociação, a casa fica em ordem. Os integrados passam a receber em dia, nós vamos conseguir cumprir os compromissos e isso passa uma tranquilidade, tanto para integrados quanto para os funcionários. Traumático será apenas para os sócios que perderam dinheiro, mas o compromisso que assumimos, nós cumprimos – disse o diretor da Adelle, Carlos Fávero. Conforme Balestreri, a JBS vai ter um cartão-postal em Seberi, porque esta é uma das plantas mais modernas do Brasil. A falta do empresário Darci Mariotti, falecido em 2014, também foi citada por ele. “Se ele pudesse nos aconselhar, talvez estivéssemos num patamar diferente”, registrou, em tom de nostalgia.

O que se espera O presidente da Câmara Técnica da Suinocultura, Nilso Bagatini, espera que, a partir das mudanças, a Adelle consiga “bons frutos” na nova empreitada. “Se vai ser bom ou não, é uma questão de mercado, pois vai depender muito do que vai acontecer nos próximos anos, para ter uma rentabilidade. Caso contrário, a situação pode apertar de novo”, projeta. O prefeito de Seberi, Cleiton Bonadiman, acolheu com entusiasmo a notícia. “A comunidade está ansiosa para ver o que vai mudar nessa troca de gestores dentro desses grupos”, declarou. Em Frederico Westphalen, o prefeito José Alberto Panosso, reforçou que a prefeitura procura apoiar o setor primário, extremamente importante para o desenvolvimento e geração de emprego. “Creio que a Adelle dará sequência neste grande projeto da melhor maneira possível. Acredito no potencial da empresa e do gestor Leonir Balestreri”, enfatizou.

Como será a matriz produtiva em Frederico Westphalen?

Balestreri – A ideia é que se produza o mesmo que se fabrica em Seberi, quem sabe menos o presunto. O modelo de Frederico Westphalen é quase igual ao que trabalhamos, o que altera é que teremos uma parcela de suínos próprios, e outra parcela teremos que ir no mercado buscar. Se tivermos suínos na região, iremos abater bastante. Se forem suínos apenas nossos, iremos abater menos e geraremos menos emprego. No entanto, infelizmente há um contrassenso: o próprio governo dá desconto para quem leva suíno para São Paulo, o que resulta em menos abates e menos empregos na região.

No auge da crise, qual era o déficit mensal do frigorífico?

Balestreri – Tivemos meses que perdemos R$ 5 milhões. O endividamento alto ocasiona juros altos. Pegamos três anos muito ruins de mercado. Foram quatro fatores que influenciaram para isso: construímos na hora errada, fizemos um frigorífico duas vezes maior do que o planejamos, tivemos uma crise terrível e também a greve dos caminhoneiros. E ainda tem outra situação que influenciou: ficamos muito tempo sem exportar para a Rússia, e construímos o frigorífico com foco na exportação para aquele país.


Parceiros do leite

Revista Novo Rural Maio de 2019

GERAL

Iniciativa é capitaneada por demais entidades que têm relação com o setor e em cooperação com a Superintendência Federal da Agricultura do RS

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s entidades ligadas ao setor agropecuário no Rio Grande do Sul, em cooperação com a Superintendência Federal da Agricultura no Estado, apresentarão as principais mudanças da produção e armazenagem do leite cru após a entrada em vigor das instruções normativas 76 e 77, em maio. Tratam-se de encontros com uma abordagem técnica do tema. Conforme a assessoria de imprensa do Sindilat, o primeiro encontro ocorre no dia 3 de maio, em Porto Alegre. Estará em pauta a operacionalização das normas, que entram em vigor no dia 31 de maio e definirão o futuro do setor lácteo brasileiro, segundo a entidade. Nos dias 8 e 9 de maio, o Sindilat e o Mapa levarão o evento para as cidades de Passo Fundo e Lajeado, respectivamente. Outras localidades também fazem parte do calendário, como Ijuí, Santa Rosa, Frederico Wesphalen e Pelotas, mas ainda não há data definida.

O Mapa elaborou um guia, no formato de perguntas e respostas, para auxiliar o produtor a sanar dúvidas sobre as normativas. Através do código QR, você pode acessar esse conteúdo pelo seu smartphone ou tablet.

www. novorural .com

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presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, assumiu em abril a presidência do Conseleite, no lugar de Pedrinho Signori, da Fetag – este agora é o vice-presidente. A alternância de cargos entre indústria e produtores está prevista no regimento do conselho. Guerra ressaltou que o essencial é dar andamento ao trabalho coletivo que vem sendo feito pelo desenvolvimento do setor.

Alexandre Guerra

Preço do leite retrai em abril

O Veja uma das questões!

Na próxima edição a Novo Rural traz mais informações sobre esse assunto. Acompanhe também o nosso site:

Conseleite tem novo presidente Divulgação

Alterações nas INs 76 e 77 serão apresentadas a produtores

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Como deve ser realizado o controle de brucelose a que se refere o artigo 4º da IN 2 nº77/2018? De acordo com a Instrução Normativa nº 10-2017, deve ser comprovada a regularidade da vacinação do rebanho contra a brucelose para que o leite possa ser entregue no estabelecimento. Cabe ao estabelecimento a comprovação ao sistema de inspeção da referida regularidade e de outras estabelecidas pelo órgão de defesa estadual.

valor de referência previsto para o leite no Rio Grande do Sul para o mês de abril ficou em R$ 1,1259 o litro, valor 2,66% abaixo do consolidado de março, de R$ 1,1567, segundo análise do Conseleite. Para o presidente do conselho, Alexandre Guerra, essa oscilação indica tendência de estabilidade do mercado. – Estamos há seis meses com preços do leite praticamente estabilizados no Rio Grande do Sul. Esperamos que o segundo semestre se mantenha nos padrões que estamos verificando – disse. Segundo o professor Eduardo Finamore, da UPF, responsável pela pesquisa, os números indicam que a maioria dos produtos do mix está acima dos valores praticados na média de 2018. Entretanto, se confrontar os meses de abril de 2019 com abril de 2018, o leite UHT – carro-chefe da produção gaúcha – está 3,51% abaixo do padrão do mesmo mês do ano anterior.

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Pecuária

INOVAÇÃO

Arquivo Pessoal

Uma marca frederiquense, mas com um olhar global

AgroBella Alimentos deve colocar no mercado produto inspirado nos norte-americanos. Iniciativa é um dos resultados da recente viagem do diretor de vendas, Renato Sponchiado, aos Estados Unidos Gracieli Verde

jornalismo@novorural.com

U

m dos desafios recorrentes de quem está em setores competitivos como o agropecuário é incorporar atitudes inovadoras na rotina dos negócios, seja por meio de produtos ou serviços. Nessa busca por novas ideias e possibilidades, o diretor de vendas da AgroBella, Renato Sponchiado, empresa frederiquense que tem sido protagonista na área de nutrição animal, buscou fora do Brasil inspirações para os negócios. No início do ano, ele passou mais de um mês nos Estados Unidos, transitando em Estados como Califórnia e Texas. Além de curso na área de gestão e eventos voltados para inovação, Sponchiado também conheceu fazendas produtoras de carne, vendo de perto técnicas usadas em solo norte-americano. Frigoríficos, confinamentos, laboratórios e universidades fizeram parte do roteiro do empresário.

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Algumas das percepções em solo norte-americano Avaliando o cenário da suinocultura, inicialmente, Sponchiado comenta que, comparativamente, o Brasil não perde em nada para os Estados Unidos. “No frango de corte acredito que estamos até mais evoluídos”. Mas, nas áreas de pecuária de leite e de corte, há muito o que aprender com os norte-americanos. – O que mais fica evidente nesse cenário é que lá a criação de gado é predominantemente em confinamentos. Eles andam em uma direção diferente da nossa, que ainda investimos na criação a pasto – compara. Outra questão que, segundo Sponchiado, para os norte-americanos está mais clara é em relação à tipificação das carnes no que diz respeito à qualidade. – Além de levar em conta o peso do animal, o tamanho da carcaça, entre outros detalhes, a espessura da gordura subcutânea é avaliada de forma diferente da nossa, porque não querem tanta gordura como nós, brasileiros. Inclusive, se há excesso de gordura, o criador é penalizado no programa de qualidade – conta. Claro que o marmoreio da carne também é

avaliado para qualificar o produto. Quanto melhor essa característica, mais valor agregado se consegue na hora da venda. “Mas como isso tudo pode nos inspirar aqui no Brasil?” – Olha, pode me cobrar no futuro se eu estiver errado, mas acredito muito que haverá uma expansão forte dos confinamentos no Brasil. Recentemente também participei de uma reunião com criadores e, se avaliarmos o crescimento dos últimos três anos, já se vê muita diferença. Então, acredito muito nesta evolução do nosso setor – avalia. Segundo ele, isso tem passado por uma tecnificação dos produtores de carne. – Sabemos que ainda temos uma pecuária quase que “extrativista”, muito baseada no pastejo no campo, o que não agrega valor à terra, se pensar desse ponto de vista. Na Metade Sul do Estado, com o avanço das lavouras de soja, esses pecuaristas estão vendo que precisam confinar o gado, que terão muito mais lucro. Por isso, acredito muito nesse avanço – reforça o empresário.


Pecuária

INOVAÇÃO

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COM A PALAVRA, RENATO SPONCHIADO Novo Rural – Em relação à nutrição animal, o que viu de interessante?

Sponchiado – Se avaliarmos números, o Brasil tem mais boi que os Estados Unidos, mas produz muito menos carne. Então, o caminho é buscar essa eficiência na produção. Na pecuária leiteira, por exemplo, eles são muito mais intensivos do que nós, com uma grande produção leiteira. Se a nossa média de animais por plantel varia dos 20 aos 100 animais leiteira, na Califórnia eles mantêm mil vacas na ordenha. Então, é muito diferente.

Sponchiado – No gado de leite uma coisa que é clara é nos investimentos em dietas pré e pós-parto. Eles têm visto que isso dá grandes resultados em mais sanidade para o animal e reflete também na produção. Falo isso baseado numa conversa com um veterinário que atua na Califórnia, que já trabalhou na China, inclusive.

Novo Rural – Então, a escala de produção é necessária para viabilizar esses negócios?

Novo Rural – Em relação às raças, alguma se destaca por lá? Sponchiado – O que eles mais criam é a black angus. É o que predomina nos programas de qualidade de carnes. Isso porque eles evoluíram muito em genética. Lá tem muita pesquisa na área de genética. No quesito qualidade certificada, a avaliação deles é mais rígida, avaliam a idade do animal, o grau de marmoreio, por isso tem essa fama.

Novo Rural – Vocês já trazem isso através da marca AgroBella, não é? Sponchiado – Sim, hoje temos uma ração bem específica para a fase pré-parto, que inclusive para a marca tem margem pequena de lucro, mas sabemos da importância desse tipo de produto para a cadeia produtiva.

Novo Rural – Vocês devem lançar mais novidades tendo em vista o que você viu nesta ida aos Estados Unidos?

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Sponchiado – Isso mesmo. Outra coisa que estão fazendo com essas vacas de leite é inseminarem com raças de corte, resultando em animais meio-sangue, que também dá uma carne de excelente qualidade. É isso que também estamos propondo com o projeto da AgroBella Premium. Acredito que estamos no caminho certo.

Arquivo Pessoal

Novo Rural – Como nós, brasileiros, podemos “chegar aos pés” dos Estados Unidos?

Sponchiado – Queremos ser pioneiros em um produto que já é usado lá, que é o milho floculado. Esse milho floculado é de mais fácil absorção dos nutrientes por parte dos animais, tanto para leite como para corte. Em breve vamos falar mais sobre isso. Sempre tivemos um perfil de trazer inovação através da AgroBella e, mais uma vez, vamos reforçar esta missão no mercado.

Arquivo Pessoal

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Geral

Liberato Salzano mantém área de brócolis presa alimentícia de Serafina Corrêa, apesar de a mesma ter sido incorporada por um grupo estrangeiro. “Agora, a prefeitura é responsável pelo transporte. Também somos responsáveis pela assistência técnica, mas sempre com monitoramento conjunto da equipe da empresa”, conta. Bertuol salienta que o cultivo de brócolis tem se tornado uma forma de proporcionar mais geração de renda no campo. “Tem sido um trabalho rentável e é uma safra fora de época para o produtor”, acredita. Em outros municípios da região em que o cultivo de brócolis estava se expandindo, porém, deve haver uma retração no plantio – integram esta lista Taquaruçu do Sul e Alpestre. Produtores alegam dificuldades nas relações de mercado para o produto como o principal desmotivador deste cultivo nesta safra.

Gracieli Verde/Arquivo NR

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erca de 50 hectares de brócolis serão cultivados em Liberato Salzano, município que tem consolidado esta cultura na agricultura local nos últimos anos. A área é semelhante à da safra passada, segundo o tecnólogo em agropecuária Alison Bertuol, que atua na Secretaria de Agricultura local. Segundo ele, o plantio dessas áreas começou no dia 10 de abril e deve seguir até a primeira semana de julho. “O plantio está sendo feito de forma bem escalonada, para que atenda a nossa demanda de resfriamento e transporte até Serafina Corrêa, onde a empresa integradora tem a sede e finaliza o processamento dos produtos”, explica o profissional. Nesta safra, a expectativa é que sejam colhidas de 600 a 800 toneladas de brócolis no município. Bertuol explica que segue a parceria com uma em-

Em 2017, Novo Rural já havia retratado a expansão da atividade no município

Dia de campo destaca atividade leiteira programação da 13ª Feira do Peixe de Taquaruçu do Sul, no início de abril, não teve somente atrações culturais e de entretenimento, mas também de conhecimento técnico. Uma das atividades foi um dia de campo promovido pela Emater/RS-Ascar, prefeitura e Secretaria Municipal da Agricultura e Meio Ambiente, com foco para a gestão da propriedade rural e a atividade leiteira. Os visitantes foram recepcionados na propriedade da família Turchetto, na Linha Zanatta. Entre os assuntos em pauta esteve o melhoramento genético, a nutrição e a gestão da atividade. A família Turchetto integra o Programa Gestão Sustentável da Agricultura Familiar, iniciativa do governo do RS, executada pela Emater/RS-Ascar. Com esse trabalho, a família traçou objetivos que pretendia alcançar em cinco anos, com assistência técnica da Emater/RS. Aumento da produtividade de leite, construção do galpão para criação das terneiras, aquisição do botijão de sêmen, melhoria dos arredores da propriedade, diversificação de produtos para subsistência, reforma da casa

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Divulgação

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Maio é mês de imunizar rebanho

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Visitantes foram recepcionados pela família Turchetto

e proteção de nascente natural foram alguns dos itens planejados. O empenho na busca por objetivos fez com que estes já fossem alcançados antes do prazo estipulado, o que é considerado positivo. O casal de agricultores Edmilson e Eliane revelaram que proporcionar um ambiente acolhedor, com mais qualida-

de de vida e bem-estar à filha Eduarda, que é portadora de necessidades especiais, foi uma das razões pela qual investiram também na organização da propriedade. Outro ponto importante foi o planejamento forrageiro para o gado leiteiro, adaptando os dez hectares disponíveis para a produção de forrageiras para as vacas.

nquanto o Estado não é classificado como livre de febre aftosa sem vacinação, o produtor tem a obrigação, prevista em lei, de imunizar o plantel de bovinos e bubalinos. A primeira etapa da vacinação é prevista para este mês de maio. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a dosagem aplicada será diminuída neste ano, a aplicação – que anteriormente eram 5ml – será de 2ml. Os pecuaristas devem comprar as vacinas nas agropecuárias conveniadas durante todo o mês de maio e, no prazo de 5 dias úteis, levar a nota fiscal na Inspetoria de Defesa Agropecuária para comprovação da vacinação. Além disso, durante a compra os produtores devem levar uma embalagem com gelo para transportar a dosagem.


Entrevista

EXTENSÃO RURAL

Os desafios de Geraldo Sandri diante da Emater/RS No quarto dia de exercício na presidência da instituição, o líder escolhido pelo governo do Estado conversou com a reportagem da Novo Rural. Segundo ele, o objetivo principal será aliar a extensão à modernização do setor, com mais acompanhamento ao produtor rural Rogério Fernandes/Emater/divulgação

Gracieli Verde

jornalismo@novorural.com

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nunciada depois de quase cinco meses da era Eduardo Leite no comando do Estado gaúcho, a nova presidência da Emater/RS-Ascar assumiu a instituição no dia 22 de abril. O presidente, Geraldo Sandri, é natural de São Marcos, na Serra, fez carreira no Banco do Brasil, inclusive atuou na região do Médio Alto Uruguai – como em Palmitinho e Seberi. Sandri garante ter transitado em regiões que produzem desde grãos até hortifrutigranjeiros ou com a pecuária bastante desenvolvida. “Estamos preparados para enfrentar esse desafio e implementar as mudanças que se fazem necessárias”, disse, por telefone, à reportagem. Além do presidente, ainda compõem o novo quadro diretivo da instituição um diretor-administrativo, o advogado Vanderlan Vasconcelos, e um diretor-técnico, o agrônomo Alencar Paulo Rugeri – este natural de Constantina, município da região do Rio da Várzea. “São duas pessoas fantásticas, com um ótimo relacionamento e muito conhecedores das suas áreas de atuação. Sempre trabalhei assim, de uma forma democrática e tomando as decisões que tem que ser tomadas, com a seriedade que o Estado quer”, reforçou Sandri. Em relação a região de Frederico Westphalen, revelou ter um carinho muito especial. “Conheço a realidade de cada produtor aí da região, sei das dificuldades e da capacidade que a instituição tem de poder ajudar e vamos potencializar isso, sempre buscando o desenvolvimento das famílias”, enfatizou. A expectativa agora fica para o anúncio dos gerentes regionais, que ainda não haviam sido divulgados até o fechamento desta edição. Confira trechos da entrevista concedida por Sandri a Novo Rural, em 25 de abril.

Novo Rural – Não é segredo para ninguém que, apesar de “jovem”, o Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen é extremamente atuante, inclusive com projetos que foram implementados inicialmente aqui e depois replicados em todo o Estado. Como isso repercute para o senhor?

Vanderlan Vasconcelos, Geraldo Sandri e Alencar Paulo Rugeri

Geraldo Sandri – É claro que temos que ver o Estado como um todo e todas as experiencias positivas, iniciativas dos escritórios municipais e dos regionais, serão valorizadas, potencializadas e replicadas para o Rio Grande do Sul inteiro, até porque a Emater/RS-Ascar tem um capital intelectual muito forte, tem uma herança e uma tradição do meio rural que vem do seu conhecimento intelectual, esse capital humano fantástico que a instituição tem e precisamos valorizar. Mas, ao mesmo tempo, também dependemos de questões orçamentárias. De qualquer modo, daremos continuidade às boas iniciativas e a processos que melhorem o nosso desempenho. Vamos valorizar todas as regiões e a de Frederico Westphalen vou pessoalmente visitar em breve. Novo Rural – Como buscar continuar o trabalho de base na extensão rural, tão importante socialmente para as comunidades rurais, dentro de uma era que se fala em agricultura 4.0? Geraldo Sandri – A agricultura já é 4.0! Queremos agilizar o processo e várias iniciativas que estão sendo avaliadas para modernizar nossa atuação. Meu sonho, e que já está acontecendo em alguns setores do agronegócio, que as coisas viabilizem que o agricultor possa ter o auxílio das tecnologias lá na lavoura. Embora algumas tecnologias já estão implantadas, agora temos que ver o que precisa ser melhorado. É um cami-

nho sem volta. Essas melhorias do meio rural serão, primeiro, para que se agilize o processo, que se entre definitivamente para era digital e que se reduzam custos através disso. Quer dizer, que a instituição seja enxuta no sentido de aproveitar bem essas tecnologias e que reduza o trabalho de nossos técnicos na parte burocrática, para que esses técnicos e agrônomos possam estar mais na ponta, acompanhando o produtor. Novo Rural – Sobre a junção da então Secretaria de Desenvolvimento Rural e Secretaria de Agricultura e Pecuária, que agora formam uma só, o que temos a ganhar? Geraldo Sandri – Não temos outro caminho a não ser o da racionalização dos recursos públicos. Falo isso considerando o governo do Estado está fazendo e o que deve ser feito dentro da Emater/RS-Ascar. E essa redução de gastos só vem para trazer melhorias. Se eu tenho mais recursos posso investir em novos programas, em novas tecnologias, até porque os recursos públicos estão escassos e fazer gestão chama-se administrar a escassez. Por isso, precisamos do apoio do produtor, dos extensionistas, não só nas inciativas da Emater/RS-Ascar, mas na mudança de relacionamento com o governo do Estado. É importante que a população enxergue isso, porque é preciso ter apoio. O benefício não é para o governo, mas para a população.

Novo Rural – Ainda em relação a recursos, qual a previsão orçamentária da Emater/RS para esta gestão? Também se comenta em alguns atrasos no pagamento de salários dos empregados, o que pode comentar sobre isso? Geraldo Sandri – Não vou falar de números, mas de processos. O primeiro é que estivemos ontem [24/05] em uma reunião na Secretaria de Agricultura. Essa também é minha preocupação pessoal de garantir os recursos para manter os serviços sempre em dia e os pagamentos de salários. Meu compromisso é buscar esses recursos e deixar as coisas em dia. E com relação ao orçamento, dependemos do convênio com o governo do Estado, firmado lá em 2015 e que encerra no final deste ano. Já começamos a rediscutir não só a questão do repasse do convênio como um todo, mas também a relação jurídica da instituição com o Estado. Posso te garantir uma coisa: não podemos abrir mão de toda essa capacidade técnica que a Emater/RS tem junto ao produtor rural. Novo Rural – Pode haver um novo plano de demissões incentivadas? Geraldo Sandri – Pelo que vi, o plano que teve no passado acabou beneficiando a instituição e os funcionários também, que queriam partir para um outro caminho. É uma pauta sempre presente. Novo Rural – Nos bastidores também já se ouviu a possibilidade de redução de escritórios regionais da Emater/RS. Por ser mais recente, o de Frederico Westphalen poderia estar “ameaçado”. O que tem de verdadeiro nisso? Geraldo Sandri – Isso está longe de ser consentido. Sinceramente, não tenho vontade nenhuma de fazer isso. Pelo contrário, precisamos incentivar e melhorar as práticas dos escritórios e buscar nas prefeituras esses convênios. Essa é a intenção da gestão atual. Não há nenhum estudo desse tipo. Pelo menos no momento, posso garantir que não.

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Cooperativismo

AÇÕES

Sicredi Alto Uruguai distribui mais de R$ 14,1 milhões “Ter o retorno do que investimos na nossa cooperativa é muito gratificante” Rogerio Odorcick, associado de Planalto/RS

Conteúdo produzido pela Assessoria de Comunicação da Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG

O “

Sicredi nos devolve o que investimos, e é o que sempre digo: quanto mais produtos adquirir, mais retorno terá”. É assim que a associada Sara Terezinha Queiroz, de Palmitinho/RS, recebeu a notícia que no último dia 29 estava disponível, em sua conta-corrente, o retorno das movimentações que realizou com a Sicredi Alto Uruguai RS/SC/

MG em 2018. Nesta data, a cooperativa distribuiu R$ 9,3 milhões aos seus associados. Mas, essa distribuição proporcional a utilização de soluções financeiras de cada associado não é a única forma de dividir os resultados. No dia 17 de dezembro de 2018 a cooperativa já havia distribuído R$ 4,8 milhões entre todos os associados, através da correção de juros ao capital de 6,3%. Somando esses dois valores, o montante de R$ 14,1 milhões corresponde mais de 30% do resultado financeiro alcançado em 2018.

Grupo Creluz promoveu a assembleia geral ordinária no dia 24 de abril, no Ginásio Municipal de Esportes de Pinhal. Na ocasião, aproximadamente 1,8 mil associados aprovaram importantes investimentos da cooperativa na geração e distribuição de energia elétrica. A assinatura dos presentes deu aval para a construção da subestação Pinhal Augusto Moro, investimento que chegará ao montante de R$ 22,5 milhões. A estrutura conta com um complexo que promete melhorar a qualidade do fornecimento de energia

para a região. Outra proposta explanada pela direção da Creluz, e também aprovada pelos associados, é relativa ao investimento em geração distribuída na região em diversas fontes. A Creluz declarou-se comprometida ainda com os investimentos em projetos ambientais, sociais e de desenvolvimento na região de atuação, que totaliza 36 municípios. Além disso, seguindo o protocolo, o relatório da prestação de contas relativo ao exercício de 2018 foi apresentado, bem como esclarecida a destinação das sobras dos resultados.

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– Cumprimos a nossa missão quando retornamos os resultados para os nossos associados e para a região onde estamos presentes, por isso é com imensa alegria que anunciamos essa distribuição. Os nossos associados podem conferir suas contas-correntes e a participação financeira que tiveram, ao mesmo tempo em que convidamos quem não é associado a vir conhecer os diferenciais de uma instituição financeira cooperativa – explica o presidente da cooperativa, Eugenio Poltronieri. Cintia Henker

Creluz promove assembleia em Pinhal O

Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG

Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG

Sara Terezinha Queiroz é associada e reside em Palmitinho/RS


ESPAÇO COOPERATIVO

Cooperativismo

Marcia Faccin

Coordenadora da Unidade de Cooperativismo do Escritório Regional da Emater/RS de FW E-mail: marcia.faccin @gmail.com

OPINIÃO

O cooperativismo que aquece a nossa economia Nossas cooperativas apresentaram um bom crescimento e o diferencial é que as sobras são reinvestidas na própria instituição e distribuídas aos associados

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Cooperjab, com 27 anos de atuação, apresentou um crescimento de 20,33%. A Coperametista, com 11 anos de atuação, apresentou um crescimento de 30% em 2018. A Coopraff, cooperativa que está no mercado há 11 anos, apresentou um crescimento de 18%. A Creluz, do ramo de eletrificação, que está no mercado há 52 anos, obteve um crescimento de 4,49%, bom índice para este setor. Já se olharmos os números das cooperativas de crédito, as mesmas também apresentaram um percentual de crescimento significativo em 2018, onde temos: Sicredi Alto Uruguai RS/SC/ MG com percentual de 23%, estando há 37 anos no mercado, ampliando no ano de 2018 sua área de atuação para o Estado de Minas Gerais; Sicoob Oestecredi, com percentual de 42% de crescimento, com 33 anos de atuação; a Cresol Frederico apresentou um crescimento de 30%, estando no mercado há 10 anos. Destacamos que isso significa mais oportunidades de trabalho, mais distribuição de sobras entre associados e o fortalecimento do setor no mercado, que infelizmente ainda temos pouco mais de 3% de todas as movimentações financeiras no Brasil feitas por cooperativas de crédito. Se olharmos os números dos bancos privados, os mesmos apresentaram um crescimento nos lucros em média de 18% em 2018, lucros esses distribuídos apenas com os seus acionistas. As nossas cooperativas apresentaram um crescimento maior, com um grande diferencial, esse crescimen-

“São elas que puxam para cima os índices de crescimento, faturamento, postos de trabalho e ações sociais em prol da comunidade onde estão inseridas.”

to é reinvestido na própria cooperativa e distribuído com associados, ou seja, todos nós. Associados das cooperativas, direta ou indiretamente, ganham, pois as cooperativas de crédito oferecem taxas e juros bem menores do que os bancos privados. Com esses números, quero aqui fazer uma reflexão do quanto as nossas cooperativas são importantes para o desenvolvimento de uma região, Estado e país, pois são elas que puxam para cima os índices de crescimento, faturamento, postos de trabalho e ações sociais em prol da comunidade onde estão inseridas. O presidente da Ocergs, Virgílio Perius, é otimista quanto à continuidade do crescimento das cooperativas em 2019. – Deveremos manter os indicadores de crescimento. Nos últimos três anos, crescemos linearmente 31%, em média 10% ao ano. Mantemos os empregos gerados mesmo com índices altos de desemprego no Estado e País, o que indica que teremos uma boa alavancagem que irá sustentar o crescimento para o próximo ano – prevê Perius. Como dizia o nosso ex-governador Sartori, as cooperativas são o Rio Grande que dá certo. Por isso, precisamos valorizar, apoiar e defender cada vez mais o bom cooperativismo e as boas cooperativas que temos em nosso meio, pois somente assim conseguiremos promover um desenvolvimento mais harmônico e sustentável para todos nós. Vida longa para as nossas cooperativas.

Divulgação

os últimos meses muito se tem falado sobre o percentual de crescimento da economia brasileira e gaúcha. No ano de 2018 a mesma mostrou sinais de melhora, fechando o período com um crescimento. Segundo dados do IBGE, o PIB brasileiro fechou o ano com um crescimento de 1,1%, com boas perspectivas de aumentar ainda mais estes números já no segundo semestre de 2019. Ao analisarmos os números apresentados pelas nossas cooperativas regionais quando das suas assembleias gerais ordinárias realizadas no decorrer destes últimos meses, os percentuais de crescimento de 2017 para 2018 são muito maiores do que o do PIB brasileiro. Dados esses que vem mais uma vez reforçar o que já escrevi várias vezes aqui neste espaço e sempre defendo: são as cooperativas as grandes responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento de um município, Estado e país. Falando em números, você participou da assembleia da sua cooperativa? Quanto foi o crescimento que a sua cooperativa obteve? Esse crescimento foi satisfatório? Tive a oportunidade de participar da assembleia de algumas cooperativas das quais sou sócia ou fui convidada, e os números são muito bons, demostram que as nossas cooperativas estão sendo bem administradas e estão contribuindo de forma significativa com o desenvolvimento local e regional. Vou citar os números de algumas cooperativas, do ramo agropecuário, crédito e infraestrutura, números esses que demostram a grande importância das cooperativas para a nossa região, gerando mais renda, emprego e distribuição de sobras entre os associados, além do trabalho social fantástico realizado diariamente pelas cooperativas. Para se ter uma ideia dos números, as cooperativas do ramo agropecuário como: Cotrifred, com 61 anos de atuação, apresentou um crescimento de 17,5% em 2018. A

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Agroindústria

PISCICULTURA

Jaboticaba tem pescado com Susaf Na região da Amzop, este é o segundo município a ter uma agroindústria familiar de filetagem de peixe com a inspeção estadual Gracieli Verde

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U

ma das fortes demandas na área de alimentos é na área de pescado. Por mais que se fale muito em incentivo no consumo da carne de peixe – considerada mais saudável –, ter agroindústrias legalizadas do ponto de vista sanitário é um desafio nas regiões do Médio Alto Uruguai e Rio da Várzea. Um dos motivos é que isso exige mão de obra qualificada para o processamento da carne, seja para desviscerar ou para preparar os filés, além de capacidade de investimento por parte das famílias. Por outro lado,

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essa é uma forma de agregar valor à produção, ou seja, o produtor lucrar mais com essa atividade. Em Jaboticaba, neste ano, o clima tem sido de um otimismo em particular. Isso porque, além de o município ter conseguido acesso ao Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar (Susaf) recentemente, no mês passado outro anúncio motivou o setor: a agroindústria Nobres Filés, que se caracteriza como um entreposto de pescado, também já está com os produtos identificados com o selo, podendo ser vendidos em todo o Estado gaúcho. Na região da Amzop, esta é a segunda agroindústria de pescado a ter essa liberação sanitária

– outras são vinculadas a sistemas municipais de inspeção, por enquanto. A primeira é o Pesque-Pague Arco-Íris, de Sarandi. O piscicultor Silvio Turra Gandin, que há pouco mais de um ano passou a investir com afinco na criação de peixes, não esconde a satisfação em poder atender esse mercado, até porque com isso ele conseguiu mudar a vocação da propriedade da família, de 34 hectares, que antes dependia da produção de grãos. – Investimos cerca de R$ 150 mil na agroindústria. Hoje nossa média de produção é de 600 quilos de filé de tilápia por semana, mas nossa capacidade é para filetar 800 quilos. Estamos con-

Gracieli Verde/Novo Rural

Família Gandin investiu R$ 150 mil no empreendimento


Agroindústria

PISCICULTURA

Gracieli Verde/Novo Rural

tentes com o resultado. Especialmente nestes dias que antecedem a Páscoa, temos uma saída muito grande de peixe congelado, inclusive as carpas e outras espécies – revelou Gandin, na semana que antecedeu o feriado. Na propriedade são 13 açudes, com cerca de dois hectares de lâmina d’água com peixes em engorda. A expectativa é que logo o mercado se amplie, uma vez que a família ainda está buscando abrir novos canais de vendas, além de fornecer para a alimentação escolar. “Estimamos que em dois anos nosso investimento se pague”, projeta o piscicultor. Ele comenta que a agroindústria também está habilitada para abater peixes de outros produtores, o que facilita e otimiza a oferta dessa carne para o mercado durante o ano. Além de Silvio, também atuam na atividade os pais Selvino e Neiva, a esposa Calianda e o tio Edebrando Stefanello. É a força da mão de obra familiar com uma dose de empreendedorismo fazendo a diferença no campo.

Fomento às agroindústrias

Administração municipal reitera apoio a produtores O prefeito de Jaboticaba, Luis Clovis Molinari Silva, e o vice, Edvaldo Rosa Ribeiro, ressaltam que a realização das feiras do peixe é que foram fatores importantes para o incentivo deste mercado no município. “Não adianta somente produzir o peixe, mas é fundamental que o agricultor tenha onde vender. Por isso, entendemos que a feira tem sido uma ação importante para esta época do ano”, assinala Silva.

Outras agroindústrias devem ser oficializadas no município num futuro breve. O engenheiro-agrônomo Alan Negrini, da Emater/RS-Ascar, cita que com a adesão do município ao Susaf, mais pessoas do campo têm se interessado neste segmento. – Em breve deveremos ter em funcionamento um moinho, com a oferta de várias farinhas e canjica, e outra agroindústria de embutidos. Estamos dando foco técnico nesta área até mesmo pelo fato de já termos esta inspeção que nos permite vender fora do município. Outra oportunidade que vemos é o ponto de venda de produtos de agroindústrias em Boa Vista das Missões, em parceria com a Cooperjab. Teremos mais esta possibilidade de comercialização, o que é importante para quem optar pela produção de itens agroindustrializados – defende. Gracieli Verde/Novo Rural

Piscicultor Silvio Turra Gandin mudou a vocação da propriedade no último ano

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Agrônoma, produtora rural e youtuber! A jovem Gabriela Nichel, de Chiapetta, representa bem uma nova geração que está mudando a forma de fazer agricultura: mais tecnológica, mais analítica e com foco nos resultados 32 | Revista Novo Rural | Maio de 2019

Gracieli Verde

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B

uenas, gurizada! Tudo certo?” É assim que Gabriela Nichel, 25 anos, normalmente começa seus vídeos no Youtube, através de um canal da Climate FieldVeiw, uma plataforma de agricultura digital que já apareceu por aqui outras vezes. Desinibida, comunicativa e curiosa por mais conhecimento, Gabriela tem representado bem essa nova geração da agricultura, que busca aliar ferramentas tecnológicas que facilitam as análises dos índices nas lavouras para melhores resultados no armazém e, consequentemente, no bolso.

Gabriela Nichel é engenheira-agrônoma, graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), cursa MBA em Gestão Empresarial na Fundação Getúlio Vargas e esteve em Frederico Westphalen no mês de abril, durante a 11ª Semana Acadêmica de Agronomia da UFSM-FW – quando conversou com a reportagem da Novo Rural. Filha de Gilberto e Ana Rosa Nichel, ela gerencia com o irmão Raul a Fazenda Boa Vista, em Chiapetta, que soma três mil hectares em produção. Eles também contam com a atuação da irmã Cíntia, a primogênita, que é responsável pela parte financeira dos negócios. O caçula Gustavo trabalha numa recapadora de pneus, que também é da família. Confira parte do bate-papo.


Juventude Rural NR – Como você desenvolveu esse interesse por tecnologia e pela agricultura? Gabriela Nichel – Desde que entrei na faculdade de Agronomia vi que gostava de solos e também de agricultura de precisão. Sempre enxergava que o resultado da agricultura de precisão teria que ser produzir mais com menos. Ao longo da graduação, acabei me dedicando bastante a essa parte de pesquisa em solos, em química e em fertilidade, mas fui deixando um pouquinho de lado a parte digital. Mas, quando fiz meu intercâmbio no Canadá, estudei numa universidade e fiz meu estágio em uma estação experimental que tinha ligação com o Instituto Internacional de Nutrição de Plantas, o IPNI, que já estava trabalhando com drones e imagens geradas via satélite. Isso foi entre 2013 e 2014. Quando voltei para o Brasil, continuei fazendo viagens para os Estados Unidos, porque eu trabalhava como guia de grupos que iam para lá visitar regiões mais agrícolas. Por isso, tive a oportunidade de conhecer fazendas e estações experimentais nos EUA que estavam utilizando a ferramenta da Climate FieldVeiw. Conheci produtores americanos que utilizavam isso e lá a ferramenta já era comercial. Quando a ferramenta se tornou comercial no Brasil, pensei em logo comprar. Então, desde o ano que a Climate entrou no Brasil eu participei desse processo e, por sorte, acabei caindo no Youtube. Como sou usuária “pesada” dessa ferramenta, porque só na minha conta no ano de 2018 tenho mais de 10 gigabytes de dados, que é bem acima da média, acabei me tornando uma das personagens da marca no Youtube.

NR – Mas então você contribui com análises da ferramenta também? Gabriela Nichel – Como eles sabem que eu aciono muito o 0800, sugerindo melhorias na ferramenta, participo de vários projetos-pilotos. Quando eles têm alguma coisa para ser testada, a gente testa lá em casa. Acabo testando antes de a ferramenta ser lançada. Por exemplo, com as imagens de satélites, fiquei um ano testando e só no outro foi implantado comercialmente. Como sou muito viciada em tecnologia, sempre quero ter computador, celular e todas as coisas conectadas umas com as outras, esses retornos que a gente dá para o pessoal da plataforma auxilia na melhoria da ferramenta. Se você não tem autocrítica, não melhora.

NR – Esta é uma área que está em pleno desenvolvimento. O que podemos esperar para os próximos anos?

Acredito que com dados em mãos os produtores podem revolucionar a agricultura.

fornecedor. Tem sim preconceito dentro do nosso meio, mas no momento que você mostra uma posição firme, se torna simples. É muito bacana ver outros jovens voltando e querendo fazer a diferença dentro de casa. No nosso caso, mesmo que não classifico ainda como sucessão familiar, nosso pai divide muito as responsabilidades conosco. Então, tem sido um processo muito natural. Nós somos em quatro irmãos – sou a penúltima – e a gente já pensa na próxima geração, que provavelmente vai ser totalmente diferente da nossa. Se a nossa terceira geração quiser ficar na agricultura precisa estar ciente que vai ser tudo diferente. Por isso, a gente já integra nossos sobrinhos nessa rotina também.

NR – Você é muito jovem, mas já acumula experiências no exterior. Também buscou “Talvez o qualificação em uma área bem específica maior desafio da agricultura, que é a digital, ao mesmo seja voltar tempo interligada com para casa não tudo que acontece na lavoura. Como foi o seu apenas para processo de inserção nos negócios da família? ajudar na

mão de obra, mas querer transformar a fazenda ou propriedade em uma empresa.”

Gabriela Nichel – Apesar de eu ter morado numa capital, em Porto Alegre, e ter ido para fora do país, gosto muito do interior. Então, me adaptar de volta em casa não foi problema. Acredito que podemos sim voltar pra casa e trabalhar nos próprios negócios, especialmente quando é uma engrenagem que já está rodando. No caso da nossa fazenda, já era um negócio estruturado. Meu irmão sempre foi um cara muito bom na gestão. O meu desafio em particular era como voltar para casa e ajudar realmente nesse processo de melhoria de produção e produtividade. No nosso caso, aumentamos nossa área cultivada de um ano para outro, então passou a ficar um pouco mais difícil para o meu irmão Raul gerir tudo sozinho e meu pai [Geraldo] sempre quis que eu voltasse para casa. Apesar de ter ficado surpreso quando eu optei por estudar Agronomia, meu pai ficou super feliz. Então, desde o início a ideia era me formar e voltar para casa. Quando fui para fora do país, ele não gostou muito, porque queria que eu voltasse logo para a fazenda. Mas eles ficaram super orgulhosos e viram o meu crescimento nesse período. Fiz estágio no Paraná e o intercâmbio no Canadá. Isso mudou minha cabeça e comecei a enxergar a agricultura de maneira diferente, principalmente como um negócio. Eu tive muita abertura, mas é difícil. A gente é de uma geração muito ansiosa, com expectativas muito altas, com qualquer problema a gente já cai. Mas, acredito que com equilíbrio e, principalmente, sabendo conversar, dá certo. Meu pai é um líder nato, meu irmão também, então tenho em quem me inspirar.

“A gente é de uma geração muito ansiosa, com expectativas muito altas. Mas, acredito que com equilíbrio e sabendo conversar, dá certo.”

Gabriela Nichel – Eu acho que vai mudar muito ainda aqui no Brasil. No primeiro ano comercial da plataforma, pelo que me lembro, eram cerca de 500 mil hectares monitorados com imagens em solo brasileiro e hoje já passa dos dois milhões de hectares mapeados.

PROTAGONISMO

NR – Você é responsável por alguma área específica na propriedade da família? Como é ser uma jovem agrônoma num meio tão masculino?

Gabriela Nichel – Hoje sou eu que faço todas as compras da fazenda e, mesmo sendo mulher, sendo jovem, nunca tive problema com nenhum

NR – Você interage muito com outras pessoas e muitas delas são jovens. Os desafios são parecidos entre vocês?

Gabriela Nichel – É muito bacana, especialmente nessas viagens que eu faço para fora do país. Tempos atrás a gente fez uma viagem que tinha apenas mulheres e fizemos uma dinâmica em que a cada uma contava a sua história. Aos poucos percebemos que os nossos desafios são muito parecidos. E falo isso também em relação aos jovens de forma geral. Outra coisa: as diferenças entre uma pequena propriedade ou uma grande propriedade às vezes estão nesses desafios. Talvez o maior dele seja voltar para casa não apenas para ajudar na mão de obra, mas querer transformar a fazenda ou propriedade em uma empresa.

NR – Para finalizar, um tema que é muito comentado e demandado pelos agricultores, principalmente da sua geração, é em relação ao acesso à internet no campo e à telefonia. O que você tem visto de negativo e positivo nas suas andanças pelo setor? Gabriela Nichel – Bom, em relação ao alcance do sinal para telefone na lavoura, acredito que não estamos bem no Rio Grande do Sul, mas estamos melhores que o Mato Grosso e o Centro-Oeste brasileiro, se formos comparar. Hoje, o celular pega na lavoura, pelo menos na nossa região. Mas, em relação a internet, é um problema, porque a 3G ou 4G não pegam. Então, a gente tem as empresas de telefonia que praticamente são um monopólio, que precisam ir para o campo, porque existe uma demanda muito grande. Vejo também que é preciso flexibilizar mais os planos. Eu mesma fui tentar comprar um plano de celular apenas de dados, para colocar nos tablets em função da plataforma que a gente usa, mas são caríssimos. Então, as empresas de telefonia têm que pensar que vai ter mais softwares rodando no campo e que os produtores vão precisar apenas de dados, e não ligação necesariamente. 33 | Revista Novo Rural | Maio de 2019


Tecnologia

COTIDIANO

Cooperativa incentiva monitoramento do rebanho

Ferramenta reúne informações sobre opções para adubação verde

Ferramenta emite relatórios do cio das das vacas, entre outras informações Divulgação

Ter informações estratégicas na palma da mão, seja através do smartphone, tablet ou outros tipos de publicações, é uma necessidade cada vez mais presente para o agricultor e pecuarista. Isso permite que o produtor tenha mais subsídios para tomar decisões estratégicas do ponto de vista técnico e de negócios. Mais uma sugestão que a coluna traz para você, amigo leitor, é o aplicativo Adubação Verde, que é totalmente gratuito. A ferramenta é resultado de uma cooperação acadêmica entre membros PET-SI da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), PPGAO/UFRRJ e Embrapa Agrobiologia. O aplicativo apresenta dados de 25 espécies de leguminosas fornecidos por pesquisadores da área, com o objetivo de mostrar ao produtor informações sobre adubação verde. Os conteúdos são direcionados para agricultores e demais profissionais que atuam no setor, inclusive estudantes.

Para baixar o aplicativo, pesquise-o na loja de aplicativos do seu celular.

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Divulgação

O

funcionamento do SenseHub, uma tecnologia que permite o monitoramento do rebanho leiteiro, foi demonstrada a profissionais da Cotrijal, em abril. Conforme informações da Assessoria de Imprensa da cooperativa, o equipamento fica preso ao animal através de um colar ou brinco, avaliando e gerando informações sobre reprodução, saúde e nutrição. São gerados de hora em hora relatórios de cio, de vacas com cio irregular, de suspeita de aborto, de vacas em anestro, de saúde geral do animal e alertas de dificuldades. O intuito é garantir o bem-estar animal e a lucratividade na propriedade. – Todas estas informações chegam ao produtor através de um aplicativo no celular ou computador, de maneira simples, didática e fácil de visualizar, para que ele possa tomar a atitude correta no momento certo. O monitoramento animal vem para facilitar a vida do produtor rural, vendo o cio quando ninguém está olhando, observando se o animal está ficando doente, o quanto está comendo e se está em estresse calórico, por exemplo – explicou Jerônimo Silveira Ribeiro, médico-veterinário da Allflex. Para incentivar o uso da ferramenta, associados da Cotrijal os associados interessados em instalar o sistema contarão

com o apoio da cooperativa. O produtor precisará pagar uma taxa mensal pelo uso. – Queremos oportunizar aos produtores o acesso a uma tecnologia que tem dado resultados muito positivos na reprodução, que é um dos principais problemas das propriedades. Com a gestão de comportamento, poderemos melhorar a taxa de serviço e evoluir em concepção e taxa de prenhez. Isso é sinônimo de mais leite e mais lucro – defende o gerente de Produção Animal da Cotrijal, Renne Granato.


CĂĄ entre nĂłs

Qualidade de vida

O seu colo ĂŠ o meu abrigo!

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DulcenĂŠia Haas Wommer

Assistente tĂŠcnica regional social da Emater/RS- Ascar de Frederico Westphalen e-mail: dwommer@ emater.tche.br

Sobre qual assunto vocĂŞ quer que eu escreva? Mande sua sugestĂŁo para o WhatsApp (55) 9.9960.4053

assim chega o mês de maio, com suas atençþes voltadas para as mães. Mulheres que têm a bênção de gerar outras vidas, embalar sonhos, abrigar seres humanos melhores! Sempre tive um pensamento comigo de que a gestação leva nove meses para o casal, principalmente a mãe, se preparar para esta nova fase da vida. Jå imaginou se, de um dia para outro, você se tornasse mãe? Seria muito estranho! Assim, nos preparamos mentalmente, com o prÊ-natal, e adequamos atÊ a casa para receber esta vida nova. Mas, mesmo assim tenho comigo que não tem curso que nos ensine a ser mãe. Falo isso por ter passado pelas três fases: primeira, quando estamos com o bebê nos braços e temos que aprender a diferenciar seu choro na madrugada, qual seria o choro do indefeso, cólica, frio, calor... Assim, somos essenciais na vida dele. Na segunda fase temos que aprender a ser mãe de adolescente, estar presente, orientando, ao mesmo tempo em que eles querem asas, têm muita disposição, irreverência e atÊ mesmo rebeldia. Na terceira fase precisamos aprender a ser mãe de adulto e ficar mais na arquibancada, na torcida, menos necessåria, aparentemente. Aí vem o sentimento de ninho vazio, quando eles realmente criam asas e partem para sua carreira solo. E têm ainda os filhos que são diferentes uns

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dos outros e, Ă s vezes, queremos implantar um formato padrĂŁo. Como disse a psicĂłloga Renata M. Bosi, que esteve palestrando no Encontro de Mulheres em Cerro Grande: “as pessoas sĂŁo diferentes, assim como as plantas, as flores, umas precisam mais de ĂĄgua, outras menos!â€? CĂĄ entre nĂłs, ah se eu tivesse a sabedoria de hoje! Talvez teria sofrido menos, teria passado menos noites em claro por preocupaçþes. AlguĂŠm se identifica comigo? Algumas de vocĂŞs me dirĂŁo “e ainda tem a fase de ser avĂłâ€?... Bom, essa ainda nĂŁo sei como ĂŠ! Ser mĂŁe ĂŠ para vida toda. O laço do cordĂŁo umbilical somente ĂŠ cortado na prĂĄtica, mas emocionalmente estĂĄ

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ali. “VocĂŞ ĂŠ a razĂŁo da minha felicidade, nĂŁo vĂĄ dizer que eu nĂŁo sou sua cara-metade, meu amor, por favor, vem viver comigo, no seu colo ĂŠ o meu abrigo...â€?. Me sinto assim, como a mĂşsica Meu Abrigo, que ĂŠ sucesso neste momento, roda o dia todo nas rĂĄdios e cola no meu ouvido de forma tĂŁo suave, embalando meus sentimentos. Mas vamos falar tambĂŠm da mĂŁe mulher, profissional, amiga. Lembro agora as palavras da professora Joseane Farias, que falou em recente Encontro de Mulheres, em TrĂŞs Palmeiras: “os homens sĂŁo mais fraternos entre si e as mulheres muito crĂ­ticas consigo mesmas e com sua semelhante, quando se cobra um padrĂŁo de beleza. Os homens nĂŁo, nĂŁo esquentam tanto com isso!â€? Por outro lado, conheço mulheres-mĂŁes que trabalham economizando, pensam mais nos filhos do que em si mesmas, mĂŁes que colocam sempre as necessidades dos filhos em primeiro lugar: o tĂŞnis para o filho, a roupa para a filha, os estudos... Cuidado para nĂŁo se anularem como mulheres! Quero parabenizar vocĂŞ, leitora, que jĂĄ ĂŠ mĂŁe, vocĂŞ que quer ser e vocĂŞ que talvez opte por nĂŁo ter filhos. Assim, jĂĄ compartilhei um pouco desta vivĂŞncia contigo tambĂŠm! Convido vocĂŞs para continuarmos a produzir esperanças, pensamentos, alimentos, movimentos positivos, sentimentos e relacionamentos do bem, pois somos colo, somos abrigo!

AtĂŠ mais!

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35 | Revista Novo Rural | Maio de 2019


Qualidade de vida As receitas que aproximam mães e filhos

CULINÁRIA

Maio é o mês dedicado às mães e nada melhor para comemorar do que uma boa receita. É praticamente unânime o fato de as mães terem cardápios mais do que aprovados e, normalmente, cheios de sabor e sentimentos. Por isso, em abril promovemos em nossas redes sociais a campanha “Qual é a #ReceitaDeMãe que você mais gosta?”. Através do Facebook, recebemos várias sugestões nos comentários

do post oficial e realizamos na enquete do Instagram para escolher a mais votada e trazer aqui, na edição impressa – decisão difícil em meio a tantas delícias. Assim, as duas receitas mais votadas foram o “Pastel de massa caseira” e a “Lasanha de pedacinho”. Como o pastel teve várias sugestões de massas, trazemos aqui duas opções para você experimentar e ver qual mais se adapta ao seu paladar. Bom apetite!

Pastel de massa caseira I Receita de Cecília Marlise Erhart Lutz, sugerida pela filha Kássia Lutz

Modo de preparo

Ingredientes • 2 xícaras de leite • 5 colheres de azeite • 1 colher de sopa (rasa) de sal • Farinha até dar o ponto (mais durinho)

Recheio

• 1kg de carne de frango desfiada ou de carne moída, temperada a gosto.

Pastel de massa caseira II Receita de Dóris Guth, sugerida pela filha Amanda Guth

Ingredientes • 2 xícaras (chá) de farinha de trigo • 1 ovo • ¼ de xícara (chá) de água • 1 ½ colher (sopa) de óleo • 2 ½ colheres (sopa) de cachaça • 1 colher (chá) de sal • Farinha de trigo a gosto para polvilhar a bancada

Misture o leite, azeite e sal e acrescente a farinha aos poucos, até formar uma mistura homogênea. Em seguida, amasse. Abra a massa com um rolo e coloque o recheio para montar os pasteis. Deixe o óleo esquentar bastante e frite os pasteis e sirva.

Dica:

Se quiser deixar o recheio mais suculento, acrescente um pouco de creme de leite e misture.

Modo de preparo Em uma tigela grande, misture a farinha com o sal e em uma pequena coloque o ovo. Bata com um garfo para misturar bem. Abra um buraco no centro da farinha e junte o ovo, a água, o óleo e a cachaça. Com um garfo, comece misturando os ingredientes líquidos à farinha, com movimentos do centro para fora. Assim que a farinha tiver absorvido os líquidos, misture a massa com as mãos para incorporar bem os ingredientes (a massa parece

um pouco seca). Amasse até que a mistura fique lisa e macia. Corte a massa ao meio para ficar mais fácil de abrir. Enquanto abrir a massa, vire aos poucos para que não grude na bancada. Enrole a massa sobre ela mesma, formando um rocambole (a massa não irá grudar). Embale esse rolinho com outro saco, feche e leve para a geladeira por duas horas, no mínimo. Após o descanso da massa, monte os pastéis com o recheio a gosto.

Lasanha de pedacinho Receita de Marlei Baggattini, sugerida pela filha Vitória Maria Durante Ingredientes Massa

• 3 ovos • ½ de água • Farinha para dar ponto

Molho

• 2 peitos de frango desfiados • 1 cebola • 2 tomates • 1 extrato de tomate • Tempero e sal a gosto

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Modo de preparo Massa

Espiche a massa, corte e toste dos dois lados em uma chapa quente. Depois disso, pique-a em quadradinhos pequenos.

Montagem

Prepare o molho a gosto e, em um refratário, alterne a massa e o recheio. Por último, acrescente queijo e coloque no forno para dourar.


Campo Aberto

GERAL

Qualificação em AP tem sequência em maio Próximos módulos do treinamento ofertado pela Novo Rural acontecem até agosto agricultura de precisão, como o professor Santi, e atualizar-se em relação ao assunto. “Abrimos uma empresa de prestação de serviços e de pesquisa recentemente na região de Ponta Grossa e essas interações são importantes para aprendermos mais”, disse. O próximo módulo ocorre nos dias 17, 18 e 19 de maio, sobre manejo do solo e ambiente, com o professor-doutor Telmo Jorge Carneiro Amado, da UFSM. Os outros dois módulos serão ministrados pelos professores Alexandre Gazolla Neto e Geraldo Lamas Júnior. O último encontro contará com conferencistas internacionais, que abordarão estratégias nacionais e internacionais para gestão da variabilidade. Os interessados em participar dos próximos módulos podem fazer contato com a equipe da Novo Rural, pelo fone (55) 9-9960-4053, pois restam poucas vagas – os módulos também podem ser contratados individualmente.

Gracieli Verde

U

m grupo de técnicos, agrônomos, estudantes e produtores integra a primeira turma do curso de qualificação em Agricultura de Precisão e Variabilidade da Lavoura, uma iniciativa capitaneada pela Novo Rural Comunicação, Capacitação e Eventos. O primeiro de um total de cinco encontros ocorreu no fim da primeira quinzena de abril, no Salão Nobre da Associação Comercial e Industrial de Frederico Westphalen. Nesse módulo, o professor-doutor Antônio Luis Santi ministrou as aulas, com foco em tecnologias associadas à agricultura de precisão, bem como tendências neste segmento. Ele também compartilhou experiências vistas em propriedades rurais espalhadas pelo Brasil. Um dos participantes da qualificação, o engenheiro-agrônomo Lucas Bochnia, de Ponta Grossa/PR, observa que este primeiro encontro foi uma oportunidade de ter contato com profissionais que são referência em

Grupo se reunirá para mais quatro módulos, totalizando 100 horas de aula

Farsul empossa nova diretoria sede da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) sediou a posse da nova diretoria da entidade, no dia 12 de abril, em Porto Alegre. O presidente, Gedeão Silveira Pereira, é o 24º da lista de líderes da entidade e assume a 40ª gestão desde o início da história da Farsul, há 92 anos. Segundo Gedeão, o desafio do setor é parecido com o do Brasil, de retomar o caminho da competitividade, que exige muito trabalho e eficiência. O presidente ressal-

tou sobre a necessidade de se fazer as reformas e trabalhar por elas. – Esse direcionamento exige muita coragem para o enfrentamento. Parte importante dessa mudança está nas mãos dos deputados federais – disse. O líder ainda citou mudanças consideradas importantes, como a criação do seguro agrícola rural contra intempéries, o que certamente também impactaria na redução do custo do financiamento para o setor.

O

Farsul/Divulgação

Lideranças nacionais e estaduais prestigiaram ato, em Porto Alegre

Seminário de Manejo de Culturas para Altos Rendimentos, realizado em abril no auditório da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - Campus Palmeira das Missões, foi uma das iniciativas da Associação dos Engenheiros-Agrônomos de Palmeira das Missões (AEAPAL), que busca proporcionar momentos de interação e atualização aos profissionais vinculados. Neste ano a programação foi contemplada com palestras de quatro engenheiros-agrônomos. Pela manhã, o professor-doutor Elmar Luiz Floss, do Instituto Incia, explanou sobre os sistemas de produção agrícola. Em seguida, o agrônomo e professor-doutor Marcelo Gripa Madalosso, da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), relatou experiências e estudos sobre o manejo estratégico de doenças na cultura da soja. Pela tarde, o empresário e professor-doutor Alexandre Gazolla Neto, que também ministra aulas na URI e é um dos diretores da Novo Rural, detalhou aos colegas de profissão estratégias aplicadas ao manejo de processos, qualidade de sementes e plantabilidade para altos ren-

Divulgação

A

Agrônomos participam de atualização através da AEAPAL

dimentos de grãos. O encerramento foi marcado pela palestra do doutor Alencar Zanon, da UFSM/Simularroz, que trouxe fundamentoções sobre ecofisiologia da soja para altas produtividades. 37 | Revista Novo Rural | Maio de 2019


Campo Aberto

GERAL

Gracieli Verde

Na URI/FW, o secretário conversou com lideranças, acadêmicos e docentes

Taquaruçu do Sul sedia 5º Seminário Regional da Suinocultura

O

município de Taquaruçu do Sul recebe a quinta edição do Seminário Regional da Suinocultura no dia 7 de maio, no Salão Paroquial da cidade. Estará presente o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador, sendo um dos palestrantes que abordará o tema “Tendências, perspectivas e desafios da suinocultura”. Além disso, assuntos como a legislação, gestão da suinocultura e contrato de cooperação técnica serão alguns pontos tratados por engenheiros-agrônomos da Emater/RS-Ascar e da Embrapa de Concórdia/SC. Posicionado no ranking de abate de suínos do RS na 28ª posição, Taquaruçu do Sul abateu 80.807 animais, tendo um crescimento de 4,8%, de 2017 para 2018. Já em 2016 para 2017, o crescimento de abates atingiu cerca de 17,16%. O 5º Seminário Regional da Suinocultura terá abertura às 9 horas e encerra ao meio-dia. Para confirmação de participação, consulte a comissão organizadora pelo telefone (55) 3739-1126 ou (55) 3739-1156.

Covatti Filho faz roteiro pela região e diz que quer modernizar o setor

O

secretário de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Rio Grande do Sul, Covatti Filho, fez um roteiro oficial na região no início de abril, quando conversou com lideranças ligadas ao setor agropecuário e participou de eventos, como a 13ª Feira do Peixe de Taquaruçu do Sul e uma aula inaugural do curso de Tecnologia em Agropecuária na URI - Campus de Frederico Westphalen. O tom do discurso foi de abertura de diálogo com o setor, para Covatti Filho entender melhor as demandas de agricultores e pecuaristas, bem como agroindústrias. “Queremos fazer a nossa parte da ‘porteira para fora’, para que possamos modernizar e desburocratizar a Secretaria de Agricultura. Temos que eliminar papeis e agilizar os processos”, exclamou. Para isso, ele pretende potencializar ferramentas que já existem para modernizar alguns processos, como o uso de aplicativos. “Queremos tornar o produtor rural on-line, temos tecnologia para isso. Nas inspetorias veterinárias, queremos implantar as unidades de autoatendimento, como totens”, revelou. Por outro lado, demonstrou preocupação com a dificuldade de acesso a internet e a telefonia no campo. “Esse é um problema complexo, em que, infelizmente, ficamos nas

mãos das grandes empresas”, disse. Outro assunto em pauta foi o programa Segunda Água, que deve viabilizar, nos próximos meses, a abertura de açudes e kits de irrigação, representando um incentivo para a piscicultura e para a melhoria em outras culturas agrícolas. Covatti Filho também citou a importância do processo técnico que está sendo instaurado no Estado para tornar o Rio Grande do Sul livre de febre aftosa sem vacinação. Ele acredita que isso, baseado em uma decisão técnica, contribuirá para abrir novos mercados para proteína animal produzida pelos gaúchos. Neste mesmo roteiro, lideranças receberam o secretário na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Frederico Westphalen. O presidente, Nadir Buzatto, recebeu o líder, bem como demais representantes de cooperativas, Emater/RS, imprensa e entidades ligadas ao setor. Questões relacionadas a análises de licenciamentos ambientais e acessos asfálticos foram algumas demandas apresentadas, inclusive capitaneadas pelo presidente da Cotrifred, Elio Pacheco. A cooperativa está construindo um empreendimento que deve processar uma representativa quantidade de leite, mas, segundo ele, há dificuldades burocráticas que dificultam que o projeto “ande” com mais agilidade.

Frederico Westphalen: Conselho Agropecuário se reúne em maio

E

stá prevista para o dia 7 de maio uma reunião do Conselho Municipal de Desenvolvimento Agropecuário, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Frederico Westphalen. O encontro começa às 9 horas e segue até as 16 horas. Durante a reunião, o coordenador do curso Superior de Tecnologia em

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Agropecuária da URI-FW, Gelson Pelegrini, ministrará uma palestra sobre a organização dos agricultores familiares no Conselho Agropecuário e sucessão familiar. Além disso, o engenheiro-agrônomo Leonir Bonavigo, da Emater/RS, falará sobre o papel do conselho no município.

Mestrado em Agronegócios recebe inscrições neste mês

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Programa de Pós-Graduação em Agronegócios da UFSM – Campus de Palmeira das Missões deve abrir o período de inscrições para seleção da próxima turma. Os interessados devem inscrever-se entre os dias 9 e 24 de maio. Para esta próxima turma, as aulas acontecerão nas quintas e sextas feiras. O cronograma pode ser conferido no site do programa, assim como as áreas temáticas e os respectivos docentes responsáveis. Serão ofertadas 22 vagas. O curso é gratuito. Para mais informações, escreva para ppgagr@ufsm.br ou contate pelos telefones 3742-8867 ou 8934.


Campo Aberto

GERAL

Gracieli Verde

11ª Seagro reúne grandes nomes do setor em FW

RS estuda formatação de treinamento para aplicadores de herbicidas

O Acadêmicos e profissionais ligados a empresas do setor interagiram com pesquisadores

O

curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria – campus Frederico Westphalen (UFSM-FW), através do Diretório Acadêmico Guilherme Trevisol, promoveu a 11ª Semana Acadêmica, no início de abril. Neste ano o tema do evento abordou os desafios do engenheiro-agrônomo frente a integração da ciência e do campo. O professor-tutor desta edição, doutor Igor Senger – que também é vice-diretor do campus –, ressaltou que além de ser um momento de trazer mais conhecimento aos acadêmicos, com a presença de pesquisadores renomados no setor, a semana também foi uma oportunidade de estabelecer relacionamento e trocar ideias. O diretor do campus da UFSM-FW, doutor Arci Dirceu Wastowski, atentou para o atual momento que vive a agricultura e a pecuária, com grandes oportunidades de negócios e, por consequência,

de chances de trabalho e empreendedorismo para esses jovens que estão na universidade. “Claro que com isso também vem uma cobrança cada vez maior do ponto de vista técnico, mas saibam que vocês estão inseridos em um setor que só cresce no nosso país”, disse. Entre as palestras, nomes como o do professor Elmar Floss, a engenheira-agrônoma Gabriela Nichel, o professor-doutor Alexandre Gazolla Neto, o engenheiro-agrônomo Tiago De Pauli, da Biotrigo Genética, o engenheiro-agrônomo e pesquisador Leandro Hahn, da Epagri de Caçador/SC, a engenheira-agrônoma Maíne Lerner, do Instituto Phytus, além dos irmãos Diego e Rodrigo Alessio e do professor Antonio Luis Santi tornaram a semana rica em debates e ideias. Uma série de minicursos também atendeu a expectativa dos participantes em outras áreas do conhecimento.

No site www.novorural. com/videos, você confere uma série de conteúdos relacionados aos temas em pauta durante o evento.

Setor busca soluções para a energia rural

A

realidade do produtor rural que enfrenta a falta de energia para o trabalho no campo, ou a demora no restabelecimento, foi exposta durante audiência na Assembleia Legislativa gaúcha, em abril. As queixas de produtores rurais, deputados, vereadores, prefeitos e do Ministério Público Estadual (MPE) foram direcionadas não apenas às empresas distribuidoras, mas também à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Mas, nenhum representante ligado à agência esteve presente na audiência, fato que gerou ainda mais críticas. As pessoas que relataram os problemas enfrentados apontaram principalmente para a falta de fiscalização efetiva e a aplicação de multas por descumprimentos de regras estabelecidas – o que cabe à Aneel. O promotor de Justiça Felipe Teixeira Neto, do Ministério Público Estadual, destacou que tudo que envolve energia elétrica é regulado pela Aneel, da mesma forma, existem números e índices de qualidade que pre-

cisam ser atendidos. Teixeira se disse alarmado com a revisão tarifária do ano passado, um aumento de 25%, e ainda detalhou que os próprios indicadores da Aneel mostravam que há quase 10 anos as concessionárias não atendem as regras impostas com a Aneel. Em nome da Emater/RS, a então diretora-administrativa Silvana Dalmás falou sobre a necessidade que os produtores têm em relação à energia. “Novas normativas sobre a produção de leite exigem que o produtor invista em resfriadores. Como ele vai fazer isso se não tem a garantia de que terá energia para mantê-los funcionando?”, questionou. Ao se defender das queixas sobre a empresa, o presidente da RGE, José Carlos Tadiello, enumerou dificuldades de manter a infraestrutura em áreas rurais e afirmou que a empresa deverá investir cerca de R$ 800 milhões no Estado em 2019. “E pagamos, sim, milhões de reais em multas, que obviamente preferiríamos investir na rede”, ponderou.

grupo de trabalho criado pelo governo do Estado para promover ações relativas à utilização do herbicida à base de 2,4-D teve a primeira reunião em abril, em Porto Alegre. O secretário de Agricultura, Covatti Filho, coordenou o encontro e apresentou oito propostas técnicas elaboradas pelo Departamento de Defesa Agropecuária (DDA) para as cadeias produtivas que sofreram prejuízos em decorrência da deriva do 2,4-D. Entre os encaminhamentos está a criação de quatro subgrupos para detalhar tecnicamente as propostas para um sistema de alerta meteorológico ao produtor, para treinamento dos aplicadores de herbicidas, regulamentação da aplicação terrestre e monitoramento. Também serão convidadas representantes de cadeias produtivas como da olivicultura, citros, maçã, erva-mate, noz-pecã, fumo, arroz e soja, além de representantes dos fabricantes do produto.

Dia de campo reúne piscicultores

E

m Trindade do Sul, o incentivo à piscicultura tem contribuído para a diversificação da produção e subsistência e como uma alternativa de geração de renda para as propriedades rurais. Por isso, a Emater/RS-Ascar promoveu um dia de campo em abril. A propriedade da família Dalla Rosa, na Linha Cachoeira, foi o local escolhido para o evento, que contou com a presença de produtores que já desenvolvem a piscicultura em suas propriedades, bem como de produtores interessados no segmento. Entre os temas abordados na data esteve o controle e a qualidade da água dos viveiros, jejum e depuração dos peixes, além do uso correto da rede, limpeza e desinfecção após a utilização. “Entendemos a importância de oportunizar maior aprendizagem e qualificação na atividade, que está se tornando importante para as propriedades rurais do nosso município”, comenta o técnico agropecuário Marcos Lopes, da Emater/RS-Ascar.

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