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1 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Carta ao leitor ALEXANDRE GAZOLLA NETO
Professor e empresário do agronegócio, diretor da Novo Rural
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Dando continuidade ao ciclo de inovação, estamos com inscrições abertas para a Imersão em Agricultura de Precisão e Gestão da Variabilidade da Lavoura, que tem como objetivo qualificar agricultores e profissionais do agronegócio brasileiro. A mesma contará com grandes nomes, de destaque em nível nacional e internacional, e terá uma duração de 100 horas/aulas, em Frederico Westphalen/RS.
Você sabe quais principais práticas modernas de produção e gestão na atualidade? • Planejamento de produção e investimentos para as próximas safras • Controle financeiro dos custos fixos e variáveis • Utilização racional de insumos, horasmáquina e mão de obra • Manejo integrado de plantas daninhas, pragas e doenças • Manutenção preventiva de máquinas e equipamentos • Qualificação profissional em novas técnicas de produção e gestão • Comercialização
Em Palmeira das Missões o agrônomo Rodrigo Remos mostra uma cobertura de solo de qualidade. Ele que também é aluno da primeira qualificação em Agricultura de Precisão ofertada pela Novo Rural. Baita registro que mostra a tecnificação da agricultura na prática. Divulgação
emprego de novas tecnologias associadas ao manejo nos diferentes momentos do ciclo passa a ser fundamental nos modernos sistemas de produção. Isso, aliado à incorporação de novas áreas de cultivo e de estudo, desenvolvimento e melhoria de potenciais genéticos e fisiológicos das cultivares, bem como à utilização de adequadas técnicas de gestão – especialmente da elaboração de um programa específico com vistas ao aumento da produtividade agrícola – maximiza as áreas de produção já existentes. A existência de um grande número de espécies, com diversas cultivares com épocas ideais de semeadura, ciclo, safra e safrinha, passa a exigir uma constante atualização dos profissionais e agricultores. Essa agricultura dinâmica, moderna e conectada,exige uma coordenação gerencial em todas as fases, visando à otimização das variáveis envolvidas, redução de custos e aumento dos índices como o rendimento de grão, tendo um resultado final maior. Lembremos sempre que o sucesso da produção de alimentos, grãos, gado de leite ou corte está baseado no conhecimento do agricultor, aplicado na manutenção e alocação dos recursos associados aos sistemas de produção no agronegócio. Nesta ampla percepção, precisamos lembrar da preservação dos ecossistemas e da manutenção da fertilidade do solo, base inicial para todos os cultivos.
De Campo Verde/MT, a engenheira-agrônoma Eduarda Steinmetz mandou esse registro de uma lavoura de algodão. Uma bela composição que mostra a beleza desta cultura agrícola. Divulgação
Transição entre os ciclos inverno e verão exige planejamento
Foto do leitor
Destaques da edição Nesta edição a Novo Rural abre espaço para mostrar o trabalho da agricultura familiar na maior mostra agropecuária da América Latina, a Expointer 2019. Foram dias de negócios e muita troca de conhecimento que a reportagem teve o prazer de acompanhar e trazer para a revista neste mês de setembro. Histórias com cunho empreendedor é o que não faltam, pois outro conteúdo que norteia esta edição é a premiação do projeto Carnes Premium, da empresa frederiquense AgroBella. Além disso, a história do casal Márcio e Andreia, de
Nonoai, que adotaram um novo modelo de produção de ovos para alavancar a renda, traz outro olhar sobre os produtos coloniais na região. As colunas opinativas, construídas por profissionais de renome, com conhecimento técnico e especializado sobre os mais diversos temas do setor agropecuário, também o convidam para uma boa leitura. Acompanhe também outras novidades do setor, com foco em agricultura, pecuária, negócios e tecnologia, pelo portal www. novorural.com.
Direção A revista Novo Rural é uma publicação realizada em parceria com
Alexandre Gazolla Neto Patricia Cerutti
Editora-chefe Gracieli Verde
Circulação Mensal
Tiragem
10 mil exemplares
Fechamento
Reportagem
02/09/2019
Fone: (55) 2010-4159 Endereço: Rua Garibaldi, 147, sala 102 - B. Aparecida Frederico Westphalen/RS 2 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Rafaela Rodrigues Abrangência: Rio Grande do Sul, Oeste de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná.
Site e redes sociais Camila Wesner
Desenvolvimento de mercado Nadine de Jesus
Diagramação e publicidade Fabio Rehbein
Capa
Gracieli Verde
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3 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
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Giro pelo agronegócio Everton Garcia, de Passo Fundo/RS Engenheiro-agrônomo, supervisor comercial da Biotrigo Genética
“O clima ameno e seco registrado no Sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e nas regiões Sudoeste, Campos Gerais e Central do Paraná, traz um alerta para os produtores de trigo, pois já existem registros da ocorrência de oídio nas lavouras. Esta doença é causada por um fungo (Blumeria graminis f.sp. tritici), que se desenvolve sobre folhas e colmo, formando um mofo esbranquiçado. Esse fungo é biotrófico e sobrevive em hospedeiros vivos. A principal fonte primária do inóculo são as plantas voluntárias, havendo disseminação a longas distâncias através do vento. Para ocorrência, os conídios não requerem molhamento foliar como estímulo para a germinação. Uma das alternativas de prevenção é a escolha de cultivares com maior nível de resistência a este patógeno. Caso isso não ocorra, é importante tomar medidas preventivas, como tratamento de semente eficiente com alto residual e manejo químico preventivo. O melhor manejo a ser realizado consiste na aplicação de produtos específicos para controle desta doença. Aplicações preventivas utilizando triazois são eficientes, porém, com o fungo já instalado, se fazem necessárias aplicações de produtos à base de morfolinas. Vale lembrar que ao escolher as cultivares também deve-se levar em conta outras características, como qualidade (cor, força de W, estabilidade, P/L), segurança (PH, germinação na espiga) e sanidade (giberela, brusone, ferrugem, manchas foliares, oídio, mosaico)”.
Eduarda Steinmetz, de Campo Verde/MT Engenheira-agrônoma
“A colheita do algodão está a todo vapor no Mato Grosso, Estado considerado o maior produtor de algodão do país, seguido da Bahia. Devido ao preço oferecido ter melhorado no ano anterior, muitos produtores aumentaram sua área ou até mesmo voltaram a plantar. Com isso, a área plantada do Estado aumentou 35% comparado com a safra passada. Para este ciclo, é esperado um incremento de 35,4% na produção mato-grossense de pluma, passando de 1,35 milhão de toneladas em 2017/18 para 1,85 milhão de toneladas em 2018/19, um aumento significativo de 13%. O avanço das tecnologias, principalmente nas sementes e nos defensivos, favorece uma maior produção, fazendo com que o Brasil seja o quarto maior produtor de algodão do mundo”.
4 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
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Rômulo Souza Perlin, de Tupanciretã/RS
Engenheiro-agrônomo, especialista em administração e agronegócios “Toda empresa rural possui várias responsabilidades perante seus stakeholders (colaboradores, sócios, fornecedores, clientes). Ela precisa oferecer retorno de maneira compatível para cada um deles. Isso exige um grande conhecimento do seu gestor para manter o sucesso do negócio, que deve atribuir objetivos claros aos seus stakeholders, ficando mais fácil alcançá-los. Ao definir esses objetivos, a empresa precisa adotar medidas e indicadores para avaliar seu desempenho. Essas medidas afetam o comportamento das pessoas nas organizações, pois influenciam diretamente nos processos decisórios. Partese do pressuposto que o que não se mede não se pode gerenciar. Isso indica que toda empresa rural precisa de alguém que planeje, meça e gerencie de forma eficaz os resultados esperados”.
Giliardi Dalazen, de Londrina/PR
Engenheiro-agrônomo, doutor em Fitotecnia/ Herbologia, professor de controle de plantas daninhas na Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR) “Com o alto investimento tecnológico adotado na cultura do milho, como a utilização de sementes híbridas, adubação e irrigação, é fundamental que os produtores realizem o controle de plantas daninhas. O primeiro passo é realizar a semeadura em área livre de plantas daninhas, preferencialmente em solo com boa camada de palha. Nessa fase é essencial conhecer o histórico da área para proceder o controle de espécies resistentes ao glyphosate, como azevém, buva e capim-amargoso, utilizando herbicidas eficientes e recomendados para essas espécies na dessecação. Após a emergência do milho, o produtor deve fazer uso de herbicidas seletivos (Ex.: atrazina, nicosulfuron, tembotrione e glyphosate em híbridos RR), mantendo a área livre de plantas daninhas durante o período crítico de prevenção da interferência (PCPI), que vai dos 20 aos 60 dias após a emergência da cultura. É nesse período que as plantas daninhas mais prejudicam a cultura, competindo por água, luz, nutrientes e CO², resultando em menor produtividade de milho”.
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Na edição de agosto a reportagem da jornalista Rafaela Rodrigues sobre o case de produção agroecolĂłgica do SĂtio Pedras Brancas, de Frederico Westphalen, teve uma repercussĂŁo muito positiva. SĂŁo pautas como esta que fortalecem ainda mais a importância dos jovens no meio rural, especialmente quando estĂŁo imbuĂdos de inovação e empreendedorismo.
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Governador Eduardo Leite em Frederico Westphalen
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Agosto tambÊm foi marcado pela presença do governador do Estado, Eduardo Leite, no 45º Dia Estadual do Porco. O evento teve o destaque merecido, com participação expressiva do público, que lotou o Salão de Atos da URI/FW.
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5 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Agricultura
MAQUINÁRIOS
Agrícola São Joaquim atenta às novidades em maquinário
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om o solo bem preparado é hora de dar início ao plantio do milho. Na Agrícola São Joaquim, localizada em Seberi, o trabalho estava a todo vapor na penúltima semana de agosto. Para a safra 2019/2020, a equipe projeta cultivar 500 hectares da cultura, um aumento de 40% comparado ao ciclo anterior – as áreas ficam localizadas em Seberi e Erval Seco. A Agrícola São Joaquim, nome em homenagem ao filho de Marcelino Galvão Bueno Sobrinho Júnior, é prova do processo de sucessão familiar na agricultura. – Eu sou o mais novo entre os filhos e permaneci na lavoura. Aos poucos o nosso pai foi nos ensinando sobre os negócios e hoje não deixamos ele se envergonhar – conta Marcelino Júnior, em tom de orgulho. A família também é proprietária da Agropecuária Cometa, localizada em Seberi, e está investindo em uma área no centro do Estado, em Cachoeira do Sul, onde será instalada a Granja São Marcelino, “uma propriedade e uma experiência nova”, como ele classifica. Para atender as expectativas da próxima safra, Marcelino Júnior conta que sempre mantém em dia a frota de maquinário. Ele considera que o sucesso na lavoura deve-se a uma série de fatores, inclusive o uso de um maquinário de ponta e com tecnologia em-
barcada. Há muitos anos a família Galvão trabalha com a marca Massey Ferguson que, segundo ele, atende às necessidades da rotina agrícola. Neste ano, a revendedora Itaimbé Máquinas disponibilizou, inclusive, um trator MF 7719 acoplado a uma plantadeira MF 510 para um “teste drive” a campo. – Nós somos clientes Massey Ferguson há muitos anos. No ano passado, quando renovamos a frota de tratores junto à concessionária Itaimbé, em Palmeira das Missões, que é nossa parceira, a loja disponibilizou para o plantio de milho uma plantadeira pneumática que está em fase de testes na fazenda. É um equipamento muito bom, confortável e de fácil manuseio – adianta Marcelino Júnior. Entre os diferenciais do equipamento está, segundo o vendedor da Itaimbé, Lucas Fiorentin, o dosador Precision Planting, uma
Rafaela Rodrigues
Propriedade participa de Programa de Demonstrações e testa conjunto de trator e plantadeira Massey Ferguson para otimizar plantio de milho
tância para as demonstrações, pois é no campo que os produtores podem conferir o desempenho das nossas máquinas. – A Massey Ferguson passou por uma renovação muito grande nos últimos anos. Nada melhor do que mostrar isso no campo, na propriedade do cliente – ressalta.
O OTIMISMO QUE REFLETE O GOSTO PELA ATIVIDADE AGRÍCOLA
Lucas Fiorentin, vendedor da Itaimbé Máquinas
ferramenta inteligente que agrega maior performance na distribuição de sementes, exclusividade da Massey Ferguson. – É o que tem de melhor no mercado, com 99% de singulação, garantindo a população de sementes exata. Com o sistema à vácuo da plantadeira e o dosador, o produtor pode escolher a quantidade desejada de sementes – explica Fiorentin. O gerente de Vendas da Itaimbé, Abdil Karim, reforça que é dada muita impor-
Sem dúvidas, projetar uma boa safra não é tarefa fácil. É preciso avaliar com cuidado diversos quesitos para chegar ao resultado almejado. Por isso, ferramentas tecnológicas surgem para somar na vida de quem se dedica às atividades do campo. – Hoje a agricultura está vivendo um otimismo muito grande em todos os sentidos. Nós estamos sendo mais valorizados, é uma questão de orgulho dizermos que somo produtores. Sem contar que hoje as coisas estão mais facilitadas, desde o crédito até o acesso aos maquinários. É preciso aproveitar as oportunidades e trabalhar. Agricultura é trabalho, persistência. Hoje não trocaria a agricultura por nada – declara Marcelino Júnior.
Marcelino Galvão Bueno Sobrinho Júnior, produtor em Seberi
Rafaela Rodrigues
6 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Agricultura
GERAL
Decreto determina proibição do uso do fogo por 60 dias
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Mapa oficializou por meio de portaria mudanças no Selo Nacional da Agricultura Familiar (Senaf), ferramenta para identificar os produtos do setor. As modificações estão diretamente ligadas à chancela e imagem do selo. Uma das novidades é a disponibilização de duas opções de imagens do Selo da Agricultura Familiar, adequadas para aplicação em diversos tipos de embalagens e com um novo formato gráfico. A portaria também unifica a imagem dos sete tipos de selos existentes, garantindo o mesmo formato para todos e mudando apenas a identificação de acordo com o tipo de público.
Divulgação
Selo mais moderno para produtos da agricultura familiar
Não houve alterações nos procedimentos para solicitação e renovação do Senaf, que continuam a ser realizados por meio da plataforma digital denominada Vitrine da Agricultura Familiar, e no número de série, que permanece na imagem do Selo para possibilitar o rastreamento do produto na plataforma on-line. Para saber mais, acesse o código QR acima com a câmera do seu smartphone.
m decreto presidencial oficializa a suspensão do emprego do fogo no território nacional pelo período de 60 dias. O prazo começou a contar em 29 de agosto. Conforme o governo, a medida integra as ações da Operação Verde Brasil, deflagrada pelo governo federal para conter os focos de incêndio em áreas da floresta amazônica. A determinação suspende a permissão do uso do fogo, prevista no Decreto nº 2661, de 1998, para práticas agropastoris e florestais, como limpeza e preparação do solo antes do plantio, a chamada queima controlada. Este tipo de queima foi estabelecido para evitar a ocorrência de
incêndios e só é permitido ao interessado que obter autorização do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), para uso em etapas da produção e manejo agrícola ou florestal ou para fins de pesquisa científica e tecnológica em áreas definidas previamente pelo órgão público competente. A autorização é dada mediante a apresentação das técnicas, equipamentos e a mão-de-obra a serem utilizados pelo interessado, entre outros critérios. A emissão da autorização também depende de vistoria prévia nos casos em que o território contenha restos de exploração florestal e que faça limite às áreas de proteção.
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Santa Maria Cacequi Cachoeira do Sul Palmeira das Missões Panambi Júlio de Castilhos 7 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Agricultura
OPINIĂƒO
Ivete Schwantes Baumgratz
Raimunda Silva Engenheira-agrĂ´noma, mestre e doutoranda em CiĂŞncia e Tecnologia de Sementes E-mail: nonas_agro@hotmail.com
Engenheira-agrĂ´noma, mestre em Tecnologia de Sementes, gestora da Ruraltek, em Palmeira das MissĂľes E-mail: ruraltek@yahoo.com.br
A importância da qualidade das sementes na agricultura atual Testes disponibilizados no mercado são aliados do produtor rural
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qualidade de sementes tem sido destaque no cenĂĄrio nacional devido Ă relevância desse elemento nos sistemas de produção. Cada vez fica mais claro, a importância de o agricultor conhecer a qualidade das sementes que irĂĄ semear a cada safra, evitando prejuĂzos com a utilização de sementes de baixa qualidade – que poderĂŁo culminar com a necessidade de fazer ressemeadura, emergĂŞncia e estabelecimento desuniforme da lavoura, falhas e redução na produtividade. Em função das exigĂŞncias do mercado consumidor por sementes com qualidade superior, a avaliação da qualidade torna-se ferramenta estratĂŠgica, sendo considerada essencial para assegurar a qualidade dos lotes que serĂŁo disponibilizados no mercado. Atualmente tem-se disponĂvel vĂĄrios testes para avaliação da qualidade fisiolĂłgica de sementes, dentre os quais destacam-se o teste de germinação, vigor e desempenho de plântulas, alĂŠm de testes rĂĄpidos, que podem ser utilizados nas diferentes etapas do processo de produção de sementes. Destes, somente o teste de germinação ĂŠ realizado em carĂĄter obrigatĂłrio para comercialização de sementes. JĂĄ os demais sĂŁo realizados como anĂĄlises complementares, sendo recomendado, a utilização de mais de um teste para uma maior confiabilidade dos resultados. O teste de germinação pode ser realizado em papel e em areia. No entanto, tem-se notado o aumento na deman-
da pela realização do teste em areia, pois minimiza a interferĂŞncia de fungos, principalmente fungos aderidos ao tegumento das sementes, possibilitando o desenvolvimento vigoroso do sistema radicular e facilitando a visualização dos danos nos cotilĂŠdones das plântulas. Como testes de vigor destacam-se o teste de envelhecimento acelerado, teste de tetrazĂłlio e emergĂŞncia Ă campo. No teste de envelhecimento acelerado as sementes passam por estresse de alta umidade e temperatura, permitindo assim que as sementes mais vigorosas apresentem melhor desempenho em comparação as de baixo vigor. Esse teste, alĂŠm de fornecer informaçþes do vigor das sementes, possibilita a estimativa do potencial de armazenamento. O teste de tetrazĂłlio ĂŠ um dos mĂŠtodos mais utilizados no Brasil nos programas de controle de qualidade de soja, devido Ă rapidez e Ă eficiĂŞncia na determinação da viabilidade, vigor e identificação dos danos que sĂŁo responsĂĄveis pela redução da qualidade das sementes. JĂĄ o teste de emergĂŞncia Ă campo ĂŠ relativamente fĂĄcil de se realizar, de baixo custo e ainda fornece informaçþes muito prĂłximas Ă s condiçþes reais da lavoura. AlĂŠm dos testes citados anteriormente, muitos produtores tĂŞm optado pela realização em conjunto da qualidade fisiolĂłgica (germinação e vigor) e anĂĄlise sanitĂĄria, em função dos prejuĂzos causados pelos patĂłgenos Ă s sementes e sua interferĂŞncia na qualidade fisiolĂłgica e na condução dos testes em laboratĂłrio.
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Alexandre Gazolla Neto
Agricultura
Engenheiroagrônomo, mestre e doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes. É diretor da Novo Rural, professor na Universidade Regional Integrada – Campus de Frederico Westphalen/RS, além de diretor do O Agro Software para o Agronegócio e da Vigor Consultoria para o Agronegócio
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A plantabilidade como estratégia na construção de altos rendimentos de grãos Veja quais variáveis estão relacionados à distribuição e ao estabelecimento uniforme de plantas em campos de produção
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m estande de plantas ideal está diretamente relacionado à cultivar, época de semeadura, condições climáticas do ciclo de produção e à utilização de sementes com alta qualidade e procedência. Esses fatores também interagem de maneira decisiva não só no estabelecimento inicial, mas em todas as fases fenológicas de desenvolvimento das plantas até a colheita. Além disso, é crucial que esses itens estejam associados ao in“A construção cremento da precisão das máquinas semeade estandes doras, cultivares mode plantas dernas, técnicas de uniformemente agricultura de precisão, otimização da distribuídas capacidade produtiva dos solos, aprimoe com alto ramento da cobertura potencial é o vegetal e da semeaprimeiro passo dura direta, o que gera para o agricultor altos índices de rendimento de grãos aos alcançar agricultores. Porém, alguns aselevados índices pectos devem ser de rendimentos considerados para assegurar a distribuição de grãos.” desejada de sementes e propiciar condições favoráveis ao estabelecimento, desenvolvimento e à produtividade da lavoura. A semeadura e o estabelecimento da população de plantas são influenciadas por diversos fatores, que podem atuar isolados ou de forma combinada. Neste complexo cenário se dá a plantabilidade, caracterizada pela distribuição pre-
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Plantas dominadas em lavoura de produção de milho e soja cisa de plantas através de sementes. Nesta equação, o agricultor deve priorizar a relação entre a quantidade e distância entre elas, evitando falhas, duplas, triplas e obtendo espaços equidistantes, fator que influencia positivamente o desenvolvimento uniforme das plantas e a máxima expressão do potencial genético. A má distribuição longitudinal das plantas reduz significativamente a eficiência no
aproveitamento dos fatores de produção disponíveis, como água, luz e nutrientes. O acúmulo de plantas provoca o desenvolvimento de indivíduos de menor porte, as chamadas plantas dominadas, menos ramificadas, com produção individual reduzida, menor diâmetro de haste, problemas com enraizamento, maior propensão ao acamamento, dificuldade de proteção e que estarão competindo com as plantas de maior potencial. Por outro lado, espaços “Agrupamentos vazios nas linhas de semeadura facilitam o dede plantas, senvolvimento de plantas falhas e plantas daninhas, proporcionam uma maior variação na dominadas temperatura no solo em são variáveis dias quentes e maior perresponsáveis da de água por evapotranspiração. por baixos A utilização de serendimentos de mentes legais com algrãos no Brasil.” tos índices de germinação, vigor, pureza, livre de patógenos – plantas daninhas e mistura de cultivares – são aspectos fundamentais na construção de estandes de plantas uniformes e com alto potencial de produção, proporcionando a máxima expressão genética da cultivar, considerando épocas de semeadura e condições climáticas ideais. Outra variável que está intimamente relacionada à utilização de sementes de qualidade é a ocorrência de plantas domi-
nadas nas áreas de produção. Essas são Diversos dados de pesquisas e obserplantas que emergem depois e acabam vações a campo demonstram que nas seapresentando um desenvolvimento atrasameadoras utilizadas atualmente pelos do, competindo com as demais por água, produtores o emprego de velocidades suluz e nutriente. A ocorrência de plantas do- periores a 7,5 km h-1 reduz a precisão desses equipamentos, comprometendo minadas nas lavouras, também pode estar a qualidade de semeadura e aumentando relacionada ao excesso de profundidade as sementes duplas, triplas e falhas. Para de semeadura, velocidade excessiva e a equipamentos mecânicos de variação na distribuição verdisco recomenda-se velocitical de plantas. Cada falha por dade entre 3,5 a 4,5 km h-1, A uniformidade das sementes quanto ao tamanho metro quadrado e para pneumáticos entre 4,0 a no máximo 8 km h-1. e a forma influencia no fluxo causa perda Nesta, os melhores resultade seleção e distribuição em dos são obtidos com velocisemeadoras pneumáticas e, de 180kg a 240 dade inferior a 5 km h-1. principalmente, nas mecâkg de soja por Outro detalhe que não nicas. Nesta, a escolha de hectare. Plantas podemos deixar passar desdiscos é comprometida na percebido é a presença de ausência de uma amostra duplas e cobertura vegetal (palhade sementes uniforme. A velocidade de semea- triplas também da) sobre o solo. Sua importância é incontestável, dura corresponde a um dos dificultam a porém, essa camada pode parâmetros mais críticos proteção e interferir na correta distrie, muitas vezes, negligenbuição das sementes caso ciados, atingindo em diver- causam perdas a semeadora não seja resos casos velocidade supede folhas.” gulada de forma adequarior a 10 km/h. É importante da. Essa cobertura deve eslembrar que a velocidade de tar seca ou verde, evitando semeadura tem relação diiniciar o processo de semeadura com a reta com a ocorrência de falhas e semenpalha murcha, o que dificulta o seu cortes duplas e triplas, interferindo no estante devido a sua maior resistência, ocasiode inicial e na produtividade de grãos. O nando eventuais “embuchamentos” ou o excesso de velocidade de semeadura é o aprofundamento da massa vegetal interprincipal responsável pelos altos índices namento ao sulco, prejudicando a emerde coeficiente de variação na distribuição gência das plantas. de plantas.
Atenção para as principais fontes de variação que afetam a plantabilidade • Correta regulagem dos equipamentos. • Manutenção preventiva da semeadora seguindo as recomendações do fabricante. • Sementes uniformemente classificadas, seguido pela escolha correta do disco. • Velocidade de semeadura adequada. • Semeadura em nível no terreno. • Biomassa de cobertura com distribuição uniforme. • Palha de cobertura seca ou verde uniforFontes de variação
Problemas de distribuição de plantas com falhas e plantas dominadas
memente distribuída sobre o solo. • Evitar a semeadura com solo compactado, excessivamente seco ou úmido. • Utilizar sementes de qualidade e com altos índices de germinação e vigor. • Preferencialmente utilizar Tratamento Industrial de Sementes com Polímero. • Realizar a semeadura em profundidade adequada com distribuição vertical e horizontal uniformes. Soja
Milho
Trigo
Profundidade de semeadura uniforme (CM)
3
4
3
Necessidade de absorção de água (%)
50
30
32
Temperatura mínima do solo (°C)
8
10
5
Temperatura máxima do solo (°C)
40
42
41
11 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Antônio Luis Santi
Agricultura
Engenheiro-agrônomo, doutor em Ciência do Solo/Agricultura de Precisão, coordenador do Laboratório de Agricultura de Precisão do Sul da UFSM-FW, e representante do Fórum dos ProReitores de PósGraduação e Pesquisa (FOPROP) na Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, junto ao Ministério da Agricultura. APOIO TÉCNICO:
OPINIÃO
A grandeza da agricultura brasileira Do Rio Grande do Sul até o Estado da Rondônia, uma agricultura diversa que já evoluiu muito, mas ainda precisa se reinventar em vários aspectos Prometi contar um pouco da experiência que tive, no último mês de julho, quando realizei minha viagem do Rio Grande do Sul até o Estado de Rondônia. Já fiz várias vezes esse trajeto nos últimos 20 anos. Muita coisa vi acontecer positivamente, tanto em relação ao desenvolvimento humano como no manejo das lavouras, novos sistemas de produção e a pujança da diversidade agrícola. Começamos a viagem saindo da região Norte do Rio Grande do Sul, Estado que, modéstia parte, conheço muito bem. A percepção é de que há um aumento na diversidade de culturas, principalmente na época do ano definido como outono/inverno. Isso é extremamente importante para o sucesso dos cultivos de verão, por cobrir permanentemente o solo, ciclar nutrientes, aumentar a diversidade biológica do solo e melhorar a infiltração de água além de ser uma renda extra aos produtores.
RS
Lavoura com cultura da canola no Norte do RS
O Paraná, embora seja o “berço” do sistema plantio direto, onde em 1972 foram implantadas as primeiras áreas no Brasil, ainda enfrenta os desafios de ter as boas práticas de conservação. Assim que passamos a fronteira de SC com o PR já encontramos muitas lavouras em pousio, utilizando grades niveladoras para controle de ervas daninhas, cujos danos ao solo são de grande impacto por desagregar e mineralizar a matéria orgânica e expor o solo a erosão.
PR
O vizinho Estado de Santa Catarina enfrenta os mesmos problemas que o Rio Grande do Sul no que se refere à ausência de cobertura do solo, a volta da erosão nas lavouras e a redução na produtividade de culturas como a soja e o milho. Mesmo assim, há muitos produtores apostando nas boas práticas de manejo, em sistemas como a integração lavoura-pecuária e outras diversificações, como o caso de cultivos da oliveira. O clima favorável e a intensificação de pesquisas como da Epagri para com a adaptação de cultivares, adubação e demais práticas de cultivo podem proporcionar novas matrizes produtivas. Esse é um grande desafio para o Brasil.
SC
Cultivo de oliveiras ganha espaço em Santa Catarina
Embora é de conhecimento que a “janela” de semeadura da cultura da soja após a colheita do milho safrinha em sucessão, seja curta, há bons exemplos de que é possível implementar outras culturas e preservar a qualidade do solo. Próximo a cidade de Cascavel encontramos as dua situações abaixo. Área com pousio e incidência de plantas daninhas na resteva do milho safrinha e, lavouras com uso de aveia preta para cobertura, semeadura em nível e terraços visando além da rotação, práticas conservacionistas de suporte.
PR
Vazio outonal após a colheita do milho safrinha (acima) e cobertura do solo, semeadura em nível e terraceamento (abaixo) no Paraná
12 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Agricultura A ausência de cobertura após a safrinha e a prática de deixar o solo descoberto por 60 até quase 100 dias parece ser um dos maiores problemas a ser resolvido na agricultura brasileira. Essa situação também é enfrentada no Mato Grosso do Sul. Uma situação que visualizamos é o uso da grade para incorporar a palha do milho safrinha para diminuir o risco de queimada muito comum nessa época na região. A questão é que além de desestruturar todo o solo (conforme na foto) quando da passagem da grade, há perda na continuidade de poros, imobilização de fósforo e diminuição acentuada na vida do solo. Alternativas? Sim, há muitas. Em visita à área experimental da Universidade Federal da Grande Dourados tivemos a felicidade de visualizar experimentos em que várias plantas de cobertura estão se adaptando bem para essa época e condição. Culturas como a do nabo forrageiro, ervilhaca (foto) além de milheto, capim sudão ou aveia de verão e mesmo consórcios de plantas podem ser alternativas inteligentes e facilmente aplicáveis.
OPINIÃO
Na minha humilde visão, o que vai reger os novos passos da agricultura mundial será a nossa capacidade em diversificar, reinventar novos processos e trabalhar de maneira multidisciplinar ou seja, “sair do isolamento” da verdade absoluta na propriedade. Olhar o todo e saber trabalhar com pessoas. Já faz um bom tempo que atravessava o Mato Grosso e visualizava um grande confinamento de avestruz, porém, nunca tinha conseguido chegar tão perto desses animais. Uma fazenda com terra e todas as condições para permanecer produzindo soja e milho, mas, com inovação. Isso demonstra como nosso país é fantástico. O que falta é ousadia para fazer coisas diferentes, prospectar novos negócios.
MT
A reconstrução do Sistema Plantio Direto é uma necessidade. O Brasil tem mais de 38 milhões de hectares manejados com esse sistema, porém, que atendem de fato as premissas do verdadeiro sistema não passa mais de 5% dessa área. A rotação de culturas não é apenas uma estratégia para controle de erosão. Também é fundamental para o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas. O Mato Grosso já vem tendo que adotar uso de algumas espécies como as crotalárias para diminuir a pressão de pragas como os nematóides. Isso demonstra que uma nova agricultura é possível. Mas, caso não seja diversificado o sistema de produção, mais cedo ou mais tarde grandes problemas podem surgir e até inviabilizar a produção.
MT
MS Confinamento de avestruz no Mato Grosso Uso da cultura da crotalária como cobertura do solo após o milho safrinha no Mato Grosso
MS
Nos registros: o uso de grade aradora, o pousio após o milho safrinha e diversificação de cobertura de outono (nabo e ervilhaca) no Mato Grosso do Sul
Poderíamos relatar páginas e mais páginas sobre os 15 dias que estive percorrendo esses seis Estados, mas escolhi para esse momento o assunto que mais me chamou atenção e me preocupa há alguns anos: o vazio outonal.
Cada vez estou mais convencido que as mudanças somente vão acontecer por nossa própria vontade. Na foto que tirei no Mato Grosso, próximo a cidade de Rondonópolis, apenas uma estrada separa uma lavoura bem cuidada com plantas crescendo o ano todo (brachiária em sucessão ao milho safrinha) e uma lavoura em pousio e em sistema de plantio convencional, com uso intenso da grade aradora.
MT
RO
Uso de grade aradora e vazio de cobertura após o milho safrinha (a direita) e sobressemeadura de brachiária no milho safrinha (a esquerda) no Mato Grosso
Embora haja pujança no Brasil em clima, solo e diversidade, ainda nos esquecemos de questões básicas de manejo. Ora, alguém pode me dizer, e já me disseram, “estamos ganhando dinheiro e produzindo bem assim”. Atrevo a dizer que isso, se acontece, é algo momentâneo e passageiro.
Chegando ao Estado de Rondônia, o qual já visito há mais de 20 anos, a colheita do milho safrinha estava se encaminhando para o fim. Embora seja uma nova fronteira agrícola brasileira com enorme potencial de crescimento e áreas agricultáveis fantásticas, também nota-se a ausência de um sistema mais organizado que não apenas soja no verão e milho na safrinha.
Colheita de milho safrinha em Rondônia
Quando a agricultura 2.0, a qual chamamos de plantio direto, ou se mudava a forma de tratar a lavoura ou a erosão do solo, a perda de nutrientes, de água e a estagnação da produtividade iam quebrar muitos produtores. Hoje, já podemos falar da agricultura 4.0, da digitalização de processos e vários outros momentos tecnológicos. Mas, se as imagens continuarem como as que captei nesta viagem estamos caminhando para dias amargos.
13 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Luiz Fernando Gutierrez Roque
Agricultura
Analista de mercado da consultoria SAFRAS & Mercado E-mail: luiz.gutierrez@ safras.com.br
MERCADO DE SOJA
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Intenção de plantio indica área e produção de soja recordes no Brasil na safra 2019/20
O
Brasil, com condições climáticas favoráveis, deverá assumir a liderança no ranking de produção mundial de soja na safra 2019/20. As estimativas iniciais apontam para uma produção nacional encostando em 124 milhões de toneladas. Com problemas com o clima, os americanos deverão colher cerca de 100 milhões de toneladas. Os produtores brasileiros de soja deverão cultivar 36,631 milhões de hectares em 2019/20, a maior área da história, crescendo 0,8% sobre o total semeado no ano passado, de 36,339 milhões. A projeção faz parte do tradicional levantamento de intenção de plantio de SAFRAS & Mercado, divulgado no dia 19 de agosto. Com uma possível elevação de produtividade, de 3.270 quilos para 3.396 quilos por hectare, a produção nacional deve ficar acima da obtida nesta temporada. A previsão inicial é de uma safra de 123,788 milhões de toneladas, 4,7% maior que as 118,242 milhões obtidas neste ano. Apesar do novo recorde, o ritmo de aumento da área deverá diminuir nesta safra, em comparação com as anteriores. As incertezas com relação a questões fiscais no Brasil – como as discussões envolvendo a Lei Kandir e o Funrural – somadas a um novo aumento dos custos, queda recente nos preços e indefinições sobre os rumos do mercado internacional no contexto da guerra comercial trazem um cenário de desconforto para o produtor brasileiro neste momento. Tal desconforto leva, inicialmente, a intenção de elevar pouco a área a ser semeada com soja na nova temporada. Além disso, a recente melhora na remu-
14 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
neração da pecuária brasileira diminuiu o ímpeto da transferência de pastagens para o cultivo da oleaginosa. Deverá haver algumas transferências de áreas de feijão e milho verão nas regiões centrais do país, mas também em um ritmo inferior às safras anteriores. A maioria dos Estados brasileiros deverá ter aumento de área. Esta nova elevação da área brasileira, mesmo que sutil, trará novamente um potencial produtivo recorde para o país. Se o clima permitir, o Brasil poderá se consolidar como o maior produtor do mundo da oleaginosa na temporada 2019/20.
“A previsão inicial é de uma safra de 123,788 milhões de toneladas, 4,7% maior que as 118,242 milhões obtidas neste ano.”
Agricultura
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CRÉDITO RURAL
eforçando cada vez mais o seu compromisso com o agronegócio, desde o mês de julho, o Sicredi está recebendo solicitações dos seus associados para os recursos do Plano Safra 2019/2020. A instituição financeira cooperativa, reconhecida pelo BNDES como agente financeiro com o maior volume de operações de investimento contratadas no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), tem impulsionado as diferentes cadeias produtivas desenvolvidas pelos seus associados. Neste ano, para complementar as tradicionais linhas de crédito já oferecidas que atendem demandas de custeio, investimento e comercialização, o Governo Federal anunciou uma grande novidade: o Pronaf Mais Alimentos Moradia. Esta nova modalidade busca beneficiar os produtores na construção e reforma de residências rurais. Trata-se de uma linha com prazo de pagamento de até 10 anos, taxa de 4,6% ao ano e o limite de valor financiado de até R$ 50 mil. Tendo o seu foco de atuação vinculado a agricultura familiar, o Sicre-
di está à disposição de seus associados nas agências para o repasse de informações, esclarecimento de dúvidas e contratação de propostas. Exemplo disso, é o associado Ademar Mayer, que já buscou a Cooperativa para essa nova opção. Mayer apresentou o projeto, foi aprovado e agora está em fase final de contratação, buscando recursos para investir na construção de uma casa via Pronaf Mais Alimentos Moradia, que deverá proporcionar mais conforto e qualidade de vida a sua família. “O investimento virá em uma boa hora, pois é um grande sonho construir nossa casa,” declara o associado. - Esta linha vem de encontro à nossa preocupação de fortalecermos cada vez mais o agronegócio, especialmente a agricultura familiar. Possui também objetivo de incentivar a permanência dos produtores no meio rural e a sucessão familiar, pois proporciona que estes busquem, através desta linha, a construção e modernização do seu lar, tendo em consequência melhores condições de vida, ressalta o Gerente Regional de Desenvolvimento da Sicredi, Irajá Turchetto.
Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG
Sicredi destaca o Pronaf Mais Alimentos Moradia R
Jane Maria Bapes Magalski que trabalha com a produção de leite, também encaminhou o projeto
Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG
Quem está apto a receber este recurso? Agricultores e produtores rurais que fazem parte das unidades familiares de produção rural e que tenham Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) ativa, cadastrada na base de dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“Esta linha vem de encontro à nossa preocupação de fortalecermos cada vez mais o agronegócio, especialmente a agricultura familiar.”
Associados de Cristal do Sul encaminharam o projeto para o Pronaf Mais Alimentos Moradia
Irajá Turchetto, gerente Regional de Desenvolvimento da Sicredi 15 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Agricultura
FRUTAS
Gracieli Verde/Arquivo NR
Safra da laranja na reta final Alpestre e Planalto jå colheram mais de 60% da produção estimada para esta safra
A
s adversidades climĂĄticas registradas nos Ăşltimos meses contribuĂram para o adiantamento da colheita de citros na regiĂŁo. Mais da metade da produção estimada de alguns municĂpios jĂĄ foi colhida, a exemplo de Alpestre e Planalto. Em Liberato Salzano, municĂpio destaque na alta produtividade, a colheita ocorre dentro da normalidade. De acordo com o tĂŠcnico agropecuĂĄrio Clair Bertussi, do escritĂłrio municipal da Emater/RS-Ascar de Alpestre, mais de 60% dos 800 hectares de laranja em produção jĂĄ tiveram as frutas apanhadas neste ciclo. Hoje Alpestre possui 520 famĂlias envolvidas na atividade. Da laranja, cultura que prevalece no municĂpio, ĂŠ esperado colher em torno de 28 ton/ha. No momento, a variedade que estĂĄ sendo colhida ĂŠ a valĂŞncia. Entre as bergamotas estĂĄ sendo colhida a montenegrina. Para essa cultura, ĂŠ destinado cerca de 70 hectares. JĂĄ para o limĂŁo, em mĂŠdia 23 hectares, o destaque ĂŠ para um produtor com 10 hectares.
– Neste ano deveremos ter aumento de ĂĄrea, em torno de 100 hectares a mais – revela Bertussi. Em Planalto, de acordo com o tĂŠcnico agropecuĂĄrio Doraci Bedin, da Emater/RS-Ascar, a colheita de laranja jĂĄ ultrapassou os 60% da ĂĄrea total, que ĂŠ de 732 hectares. Com base no Ăşltimo levantamento feito pelo Censo AgropecuĂĄrio 2017, o municĂpio possui 365 produtores nessa cultura e 33 produtores na bergamota, com 33 hectares em produção. Para esta safra, Planalto estĂĄ trabalhando com uma mĂŠdia de 24 mil toneladas de citros – 17, 5 mil toneladas de laranja e 6 mil toneladas de bergamota. – Uma dos cultivares que mais predomina aqui ĂŠ a laranja valĂŞncia, que passa dos 80% da ĂĄrea total. Agora estĂĄ sendo colhida essa variedade e tambĂŠm a folha murcha, cuja a colheita fica para o fim de agosto, mĂŞs de setembro e talvez outubro, mas com o ritmo estĂĄ acelerado, acredito que nĂŁo reste muita fruta para colher atĂŠ lĂĄ – comenta Bedin.
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OPWPSVSBM DPN
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Serra gaĂşcha Em Liberato Salzano, municĂpio que possui a maior ĂĄrea com produção de laranja na regiĂŁo, com 950 hectares, a colheita estĂĄ ocorrendo dentro da normalidade, segundo o tĂŠcnico agropecuĂĄrio Valdinei Bazeggio, da Emater/RS-Ascar. – A expectativa ĂŠ colher em torno de 25 mil toneladas nesta safra. Cerca de 40% da ĂĄrea total de laranja jĂĄ foi colhida, com destaque para a variedade valĂŞncia – explica Bazeggio, que tambĂŠm comenta que 170 hectares do municĂpio sĂŁo destinados Ă bergamota e em torno de dois hectares para limĂľes. Do ponto de vista sanitĂĄrio, os municĂpios relataram problemas com a pinta-preta, muito favorecida pelas chuvas intensas no inĂcio do ano – doença causada pelo fungo Guignardia citricarpa, que nĂŁo provoca alteraçþes no sabor dos frutos, mas, devido Ă aparĂŞncia, tornam-se imprĂłprios para o mercado de fruta de mesa –, outro fator que contribuiu para o adiamento da colheita, alĂŠm dos registros de geada na regiĂŁo.
Outra região destaque na produção de citros Ê a Serra gaúcha. Em Caxias do Sul, de acordo com o engenheiro-agrônomo Enio Todeschini, da Emater/RS-Ascar, a colheita ocorre dentro da normalidade. Para esta safra são estimadas 26,5 mil toneladas de bergamota e 21,5 mil toneladas de laranja – lembrando que a produção de laranja Ê mais voltada para o consumo in natura. – A principal cultivar de bergamota na Serra Ê a montenegrina, que começou a ter o trabalho de colheita intensificado em meados de agosto. Jå na laranja, a principal Ê a monte parnaso, que estå começando a colheita somente nos pontos mais quentes da região. As duas variedades estão com åreas em expansão. AtÊ o momento as frutas estão apresentando um ótimo aspecto e sabor – conta Todeschini. Segundo ele, entre bergamota, laranja, limão e lima, Caxias do Sul possui em torno de 2.550 hectares.
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Agricultura
MANEJO
Agricultores atentos às INs que regem a aplicação de agrotóxicos Gracieli Verde
Em encontro realizado em Palmeira das Missões, Farsul e Senar/RS esclarecem dúvidas de produtores sobre o assunto
D
esde o início de julho o Estado gaúcho conta com duas instruções normativas que estabelecem novas regras para a aplicação de agrotóxicos hormonais, tendo em vista impactos causados por casos de deriva do herbicida 2,4-D em culturas consideradas sensíveis. Esse foi um dos assuntos tratados em um encontro organizado em Palmeira das Missões, em agosto, a Farsul em Campo, no Sindicato Rural, que descentraliza ações da federação para outras regiões do Estado. O coordenador de programas especiais do Senar/RS, Alexandre Prado, falou sobre o assunto, esclarecendo também qual o posicionamento do Senar e da Farsul em relação a isso. Contextualizou ainda como a Farsul participou dos debates em torno do assunto, dentro da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), desde o início do ano. – A Farsul trouxe esse assunto para dentro da instituição para tentar buscar uma solução e não a suspensão do 2,4-D, não por defender o produto, mas por defender a livre escolha do produtor rural em decidir o que aplicar nas lavouras conforme as suas necessidades – argumentou. Entre as proposições da Seapdr que foram aceitas pela comissão que cuida desse tema está a de treinar os agricultores e aplicadores para terem melhor eficiência nas aplicações de defensivos agrícolas. “Até porque, se a gente for ineficiente estaremos rasgando dinheiro”, comparou Prado, em tom de alerta. Ainda integram a lista de medidas a implantação de sistema de alerta de deriva, com informações de previsões agrometeorológicas e alertas sobre velocidade do vento, umidade e temperatura; cadastro de aplicadores de 2,4-D e sincronização com o Siga; regulamentação para aplicação terrestre; cadastro e localização dos cultivos comerciais sensíveis; revisão dessas chamadas zonas sensíveis e criação de um fundo de indenização.
Alexandre Prado, do Senar/RS, sanou dúvidas de agricultores sobre o tema em Palmeira das Missões
“Se a gente for ineficiente na aplicação estaremos rasgando dinheiro.” Alexandre Prado, do Senar/RS Municípios sinalizados pela IN 06/2019 Alpestre, Bagé, Cacique Doble, Candiota, Dom Pedrito, Encruzilhada do Sul, Hulha Negra, Ipê, Jaguari, Jari, Lavras do Sul, Santiago, São Borja, São João do Polêsine, São Lourenço do Sul, Santana do Livramento, Silveira Martins, Sobradinho e Vacaria
As normativas Alexandre Prado trouxe informações sobre as instruções normativas 05/2019 e 06/2019. A primeira trata do Termo de Conhecimento de Risco e de Responsabilidade, que é colocado no campo de observações do receituário agronômico, em que o produtor deixa registrada a ciência sobre os requisitos climatológicos para aplicação do produto. Já a segunda determina a aplicação de agrotóxicos através de um aplicador ca-
dastrado no sistema da Seapdr – o chamado Cadastro Estadual de Aplicadores de Agrotóxicos. Até maio de 2020, isso se aplica aos 24 municípios listados por ela (veja quadro abaixo). Nestes casos, conforme Prado, já houve notificações e análises laboratoriais que comprovaram a deriva e contaminação devido ao uso do 2,4-D. depois de maio de 2020, a obrigatoriedade desses termos da normativa valem para todo o território gaúcho.
Aplicadores capacitados serão aliados para evitar problemas de contaminação Para capacitar os aplicadores de 2,4-D, o Senar tem um programa específico, com treinamentos que iniciam em grupo e depois incluem consultorias individuais nas propriedades rurais. Grupos já estão sendo treinados pelo Estado. Prado explica que, além disso, deverá ser mantido um caderno de campo, com itens como o nome e CPF do produtor, qual o produto aplicado, qual a cultura que foi tratada, o período de aplicação, a coordenada geográfica da sede da propriedade, o número da receita agronômica, nome e CPF do aplicador, receita agronômica e nota fiscal, entre outros dados.
Já o curso, que é denominado Deriva Zero pelo Senar/RS, inclui noções de boas práticas no uso de equipamentos, como os pulverizadores, a devida manutenção e calibração, técnicas de aplicação, diâmetro das gotas e condições climáticas adequadas. Na consultoria individual em cada propriedade também é aplicado um check-list em cada equipamento usado na propriedade. Outras normativas ainda devem trazer a proposição de um preenchimento de um cadastro de culturas sensíveis, que poderão ser informadas pelos produtores de forma facultativa. 17 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Agricultura $ 1250$7,9$ '$ 5$675($%,/,'$'( '( $/,0(1726 (67É (0 9,*25 9RFr HVWi SUHSDUDGR"
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ACESSO À INTERNET
Mais conectividade no campo em debate Governo lança a Câmara Agro 4.0 e destina R$ 83 milhþes para esta demanda recorrente no dia a dia do novo agricultor brasileiro
U
m anĂşncio considerado importante para capital federal. Pesquisador na ĂĄrea de Agricula agricultura do Brasil foi feito em agosto, tura de PrecisĂŁo, ele considera este um passo mais precisamente sobre conectividade importante rumo Ă modernização do setor. no campo. O programa Câmara do Agro 4.0 se – Ao momento que isso avança como poresume a uma cooperação tĂŠcnica entre os milĂtica pĂşblica, esperamos que melhore a qualinistĂŠrios da Agricultura e da CiĂŞncia, Tecnolodade de vida no setor tendo a tecnologia como gia, Inovaçþes e Comunicaçþes (MCTIC), que ferramenta. Vemos com bons olhos isso que promete ampliar a conectividade no meio rural estĂĄ acontecendo. Podemos passar a ser exe estabelecer açþes para que o Brasil seja um portadores de conhecimento e potencializar as exportador de soluçþes de instartups que atuam no setor ternet das coisas com aplica– opinou, apĂłs a cerimĂ´nia. ção no agronegĂłcio. Ele ressalta que tendo A Câmara se propĂľe a traem vista o perfil do agronebalhar para levar conectividagĂłcio, que tem se caractede Ă s propriedades rurais de rizado ĂŠ uma das locomotitodo paĂs, com atenção espevas da economia brasileira, cial para as das regiĂľes Norte, responsĂĄvel por um em cada Nordeste e Centro-Oeste. No trĂŞs empregos e aproximaNordeste, por exemplo, o godamente um quarto do Proverno pretende investir cerca duto Interno Bruto (PIB). Professor Santi foi um dos de R$ 83 milhĂľes para levar – Pelo que pudemos perpoucos gaĂşchos que participaram conectividade ao ambiente ru- do ato em BrasĂlia ceber, essa iniciativa de traral. JĂĄ no Norte, o valor chega zer a Agricultura 4.0 para a R$ 35 milhĂľes, segundo o MCTIC. mais perto do produtor visa justamente eleDe agora em diante serĂĄ elaborado um crovar os Ăndices de produtividade de forma susnograma de trabalho em conjunto com todos tentĂĄvel, aumentar a eficiĂŞncia do uso de inos integrantes, com a finalidade de criar estrasumos, reduzir custos de produção, melhorar tĂŠgias para atender as metas. A Câmara serĂĄ a segurança dos trabalhadores rurais, dimicomposta por uma Secretaria Executiva com nuir os impactos ao meio ambiente e garantir um representante do Mapa e um do MCTIC. Se maior qualidade no alimento – explica Santi. espera que as discussĂľes em torno do tema Considerando que o setor agropecuĂĄrio presejam concluĂdas atĂŠ agosto de 2022. cisarĂĄ dar mais um salto de produtividade nos prĂłximos anos, em função do aumento populaO impacto no setor cional, essa expansĂŁo de produção recai sobre O professor-doutor AntĂ´nio Luis Santi, da o Brasil. É por isso que, segundo ele, a inovação UFSM – campus de FW, acompanhou o ato, na ĂŠ um dos principais fatores de crescimento.
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ENTRAVES PARA A AGRICULTURA 4.0
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18 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Rede: Baixa cobertura de redes,
com alto custo de transmissĂŁo por satĂŠlite e baixa qualidade do sinal dos celulares nas zonas rurais
Fomento: Escassez de linhas de
crÊdito para investimento em pesquisa, desenvolvimento, serviços e tecnologia da informação
Novos insumos e serviços: Desconhecimento do
potencial do uso da agrobiodiversidade brasileira e da implantação de novas tecnologias e modelos de negócios
Armazenamento e processamento: Demanda de
capacidade e necessidade de investimento em cloud e data centers para dar velocidade e segurança, transformando grandes quantidades de dados em informaçþes em tempo real
Hardwares e softwares:
Custos elevados dos sensores, hardwares e software para implantação em larga escala
Mão de obra: Serviços especializados e desenvolvimento de mão de obra qualificada
Expointer
DESTAQUES
Por onde passa a sustentabilidade da soja?
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Controle de pragas e doenças estão na lista de desafios do setor Gracieli Verde
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I
nformar aos brasileiros e ao mundo sobre o desempenho das lavouras de soja ĂŠ uma das missĂľes da mĂdia especializada no agro. O desafio que hoje ĂŠ comunicar neste setor motiva que instituiçþes busquem se aproximar mais dos veĂculos de comunicação, uma vez que as particularidades de cada segmento agrĂcola ou pecuĂĄrio exige conhecimento na ĂĄrea. – Nosso intuito ĂŠ mostrar mais sobre o cenĂĄrio da soja no Brasil e no mundo, de como somos dependentes da soja para a alimentação humana e de como ĂŠ desafiador levar mais conhecimento aos produtores – disse o chefe-geral da Embrapa Trigo, de Passo Fundo, Osvaldo Vasconcellos Vieira, em um encontro com jornalistas na Casa da Emater/RS na Expointer 2019. A promoção foi das duas instituiçþes, atravĂŠs de suas assessorias de imprensa. O pesquisador expĂ´s dados relacionados Ă evolução da produção de soja. Nos Ăşltimos 40 anos a produtividade praticamente dobrou, com cultivos considerados mais eficientes, cultivares com alto potencial de rendimento e adoção de novas tecnologias na lavoura. Nos Ăşltimos 20 anos, o crescimento anual da produção de soja no Brasil foi de 3,5 milhĂľes de toneladas, o que corresponde a um incremento de 13,4% a cada ciclo produtivo. – No nosso Estado as primeiras lavouras de soja foram introduzidas na dĂŠcada de
1960, sendo pioneiro no cultivo comercial do produto no Brasil. A mecanização e pesquisa empregada no setor permitiram que a cultura se expandisse com rapidez – explica Vieira. Dados mostram que nos Ăşltimos 20 anos a taxa de crescimento na ĂĄrea da soja no Estado foi de 3,9% por ano, enquanto a produção cresce 10,4% a cada 12 meses. O diretor tĂŠcnico da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri, salienta que uma das dificuldades vivenciadas no Estado em relação Ă cultura ĂŠ a grande variação de produtividade em diferentes regiĂľes do Estado. “Precisamos buscar um equilĂbrio, porque na metade Norte a produtividade ĂŠ considerada muito boa, mas na metade Sul ainda precisamos avançarâ€?, compara. Entre os principais desafios para a cultura foram citados o controle da ferrugem asiĂĄtica, principal doença que acomete a soja, resistĂŞncia de doenças e plantas daninhas, manejo responsĂĄvel e uma agricultura de processos. A colheita ĂŠ outro tema que merece atenção, segundo as duas instituiçþes responsĂĄveis pela pesquisa e extensĂŁo, respectivamente. – Temos visto um rendimento da lavoura muito diferente do rendimento potencial. Para melhorar isso ĂŠ fundamental considerar o tripĂŠ de gestĂŁo, planejamento a longo prazo e profissionalismo a campo – destacou Alencar Rugeri.
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19 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Expointer
CAPA
Gracieli Verde
A “menina dos olhos” da Expointer Embutidos e os mais variados produtos da agricultura familiar fizeram sucesso durante a feira
42º Pavilhão da Agricultura Familiar tem ampliação no número de vendas, mais estandes e reforça a consolidação do setor na maior feira a céu aberto da América Latina Gracieli Verde
jornalismo@novorural.com
G
randiosidade e diversidade talvez descrevam com mais fidelidade o que a Expointer 2019 expressou ao seu público. No 42º Pavilhão da Agricultura Familiar, espaço que brilhou mais uma vez, essas também eram as percepções. O espaço foi praticamente dobrado na infraestrutura, permitindo que 316 produtores pudessem expor e vender produtos, desde embutidos até artesanatos e flores. Era difícil escolher o que comprar diante de tantas opções. Mais do que isso, era de longe o setor mais entusiasmado com as vendas, com o retorno positivo do público e com a interação com outros produtores. A reportagem da Novo Rural esteve no parque na terça e quarta-feira, dias 27 e 28, interagindo com produtores rurais de várias regiões do Estado e também do Estado de Minas Gerais. – Estou voltando para a feira depois de cinco
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anos afastado da Expointer. Me surpreendi com o tamanho que ficou isso aqui. As vendas estão muito boas – exclamou Albino Gaitcoski, que vendia mel e derivados na feira. Ele tem uma agroindústria em Frederico Westphalen, onde já é bastante conhecido como apicultor. No estande da Embutidos Bisolo, outra agroindústria frederiquense que tem crescido consideravelmente nos últimos anos – foi inaugurada em 2016 –, o clima era muito parecido. “Estamos tendo um bom movimento. Pretendemos vender 1,5 mil quilos”, disse a jovem Andrieli Coldebella, adiantando que para 2020 novidades devem ser lançadas pela família. De Caiçara, os empreendedores da Marlac também agradaram muitos paladares com os queijos especiais para assar. Um dos sócios, o jovem Marcos Cassol, revelou que pretendia vender entre 800 e 1 mil quilos de queijo durante todo o evento. “Já nos primeiros dias superamos as vendas que havíamos programado, então acredito que será possível chegar a esse número”, disse.
“Estou voltando para a feira depois de cinco anos afastado da Expointer. Me surpreendi com o tamanho que ficou isso aqui.” Albino Gaitcoski, apicultor em Frederico Westphalen
Expointer
CAPA
Campina Verde, cidade que fica no Triângulo Mineiro; a bananinha chips de Itabirito, no leste mineiro; café artesanal do Sul do Estado, que é orgânico, sustentável e produzido por mulheres; derivados de jabuticaba de Sabará/MG; cachaças e outros produtos da Cooperativa Grande Sertão, que usa do extrativismo para processar de forma artesanal itens como chope de coquinho-azedo (conhecido como butiá no Sul), óleo de buriti, entre outros. Por lá, segundo Camila, o Estado mineiro caminha para a busca por regularização de mais produtos artesanais – todos que estavam na feira eram devidamente legalizados. – Também precisamos evoluir mais no cooperativismo, inclusive estamos lutando em prol de um programa para incentivar cada vez mais esse setor, porque a gente acredita que um produtor sozinho vai ter mais dificuldade de conseguir os seus objetivos do que em grupo. Sabemos que temos muito a evoluir ainda – compara. Além de produtores mineiros, a feira contou com outros quatro do Rio de Janeiro e um do Amapá. Cafés gourmet, polpas de açaí e palmitos em conserva também estiveram entre esses produtos.
Queijos de minas também entre os itens de fora do Estado Gracieli Verde
Mas não somente produtores gaúchos marcaram presença no pavilhão. Agroindústrias de outros Estados também foram convidadas a participar. De Minas Gerais, a assessora de Política Agrícola e Cooperativismo da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), entidade sindical filiada à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Camila Lima, coordenava o grupo. – Este é um intercâmbio entre produtores gaúchos e mineiros e todos os anos eles têm ido para Agriminas, que é uma feira de agricultura familiar considerada a maior do nosso Estado. Neste ano, 10 produtores gaúchos participaram dessa feira e trouxemos 11 agricultores mineiros para a Expointer – explica. Ela considera esta iniciativa importante, uma vez que há muita troca de experiências e conhecimento. “Não é só vender, a gente percebe que se aprende muito nessa troca”. Entre os produtos que estavam à venda nesse espaço havia o queijo minas artesanal, muito conhecido e inclusive um dos que recebeu recentemente o Selo Arte – do governo federal. Ainda integraram a linha de produtos a farinha de mandioca temperada de
Gracieli Verde
Sotaques e produtos diferentes
13,51% de aumento nas vendas O resultado das vendas do espaço da agricultura familiar somou R$ 4.540.549,57, o que representa um crescimento de 13,51% com relação ao ano passado. Na venda de artesanato, a expansão chegou a 8,38%, somando R$ 1,385 milhão. Neste ano foram 316 espaços, bem mais que ano passado. Isso porque o pavilhão foi ampliado e soma perto de 6 mil metros quadrados.
Derivados de jabuticaba direto de Minas Gerais
Gracieli Verde
Uma feira com diversidade
Pessoal da Emater/RS também acompanhou expositores do setor
Quando se comenta nos bastidores sobre a diversidade do setor agropecuário, muitas vezes é difícil de mensurar esse aspecto. Na Expointer isso fica muito evidente, especialmente no espaço da agricultura familiar. – Sem dúvidas, vemos que a cada ano essa diversidade aumenta, com flores, cogumelos, cervejas artesanais, além dos tradicionais embutidos e panificados. Também percebemos que os agricultores vêm mantendo a participação neste pavilhão, e ao mesmo tempo se dá visibilidade para novos negócios, que também é um dos objetivos deste espaço – comenta o engenheiro-agrônomo Gaspar Scheid, um dos assistentes técnicos regionais da Emater/RS de Frederico Westphalen que acompanhou os feirantes. O momento vivido pelo setor, com a le-
gislação mais flexível desde o ano passado para acessar o Susaf e o pavilhão da feira ampliado, dá perspectivas de projeção para as agroindústrias familiares. O Selo Arte, do Mapa, é outro fator citado como reconhecimento a esse tipo de produto mais artesanal, segundo Scheid. Inclusive, uma comitiva do Mapa prestou informações sobre esse assunto durante a feira – você pode conferir mais conteúdo sobre isso no portal novorural.com. Scheid também auxiliou a equipe que executou testes de aceitação sensorial de produtos como rapadura e cuca. Ou seja, na prática se tratava de uma avaliação por parte dos consumidores em relação aos produtos inscritos. “Isso serve para que o produtor possa entender melhor se o seu produto cai ou não no gosto do público em geral”, pontua o agrônomo.
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Expointer
CAPA
Gracieli Verde
Produtos à base de mel de Santiago, incluindo vinagre e cerveja artesanal, chamavam atenção dos consumidores
A criatividade à favor dos negócios O vinagre e a cerveja de mel eram pelo menos dois dos produtos que mais chamavam atenção no estande do Apiário Padre Assis, no Pavilhão da Agricultura Familiar. O administrador do empreendimento, Cristiano Bedin Rossignollo, conta com entusiasmo que a ideia foi do proprietário da agroindústria, seu Adi Pozzatto, de 75 anos, que mora em Santiago, cidade distante cerca de 400 quilômetros da capital Porto Alegre. Pozzatto é um empreendedor nato que soma mais de 50 anos de experiência com a criação de abelhas em uma propriedade de 12,5 hectares, no interior do município. A agroindústria já existe há 40 anos e há cinco tem inspeção federal. – Criamos o vinagre de mel há cinco anos. Isso foi uma ideia do seu Pozzatto. Ele começou fermentando o pólen, mel e água e fazendo testes para ver como ficava. Entre as propriedades deste vinagre é que elimina os radicais livres do organismo e também ajuda a emagrecer, devido às propriedades do pólen rico em proteína – explica, citando que o produto já está em redes de supermercado como a Zaffari, de Porto Alegre, e em lojas de produtos naturais. 22 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
A cerveja de mel também foi ideia do empreendedor Adi Pozzatto e foi criada em 2016. “É uma cerveja levemente adocicada, com sabor e aroma único e estamos lançando esse produto aqui na Expointer. A partir de agora a gente vai começar a vender em outros locais”, revela Rossignollo. Ele expõe que a produção de vinagre rende 10 mil litros/mês, com uma venda de cerca de 2 mil litros/mês, dependendo da época do ano. O Apiário Padre Assis nasceu da paixão de seu Adi pela apicultura, em 1966. A empresa ficou 10 anos na informalidade, vendia mel de porta em porta. Após as regularizações do ponto de vista sanitário, o empreendimento teve um grande processo, segundo o administrador. Hoje são 12 funcionários e um grupo de 20 apicultores que trabalham junto à empresa. – O Apiário Padre Assis também tem um trabalho de selecionar abelhas-rainhas para produzir o enxame. Também prestamos assistência técnica ao produtor que é associado. Por isso, eles produzem o mel de acordo com a qualidade que requisitamos – assinala, observando ainda que existe uma linha de produtos orgânicos da marca.
Crescimento exige adequações em infraestrutura Passado um ano desde as últimas adaptações na legislação estadual para as agroindústrias familiares acessarem o Susaf, se vê um incremento no número de estabelecimentos inaugurados nos últimos meses. Além disso, a Expointer conseguiu destinar ainda mais espaço para o setor. – A gente precisa reconhecer que essa alteração na legislação trouxe avanços para a agricultura nas agroindústrias familiares, nos produtos de origem animal. Claro que a gente ainda precisa avançar bastante, tem muito empreendimento que ainda continua só com a inspeção municipal, mas temos muitos municípios que estão de parabéns, inclusive que já têm o Susaf mesmo não tendo a agroindústria constituída, ou seja, o município já se adequou para poder atender as normas do Susaf – pontua o assessor de Política Agrícola e Agroindústrias da Fetag/RS, Jocimar Rabaioli. Ele também argumenta que os desafios não param por aí. A cada edição tem aspectos a serem melhorados. – De modo geral, assim como toda a Expointer, o Pavilhão da Agricultura Familiar é um espaço consolidado, que cativa os visitantes. Mas, do ponto de vista de infraestrutura, a disponibilidade de energia elétrica tem sido um problema. Já temos levado isso à Secretaria de Agricultura e essa é uma questão que afeta todo o parque. Mas, como ponto muito positivo a gente considera a ampliação do espaço, com mais de seis mil metros quadrados. Prova disso é que conseguimos trazer mais produtores nesta edição – avaliou Rabaioli.
Expointer
DESTAQUES
AgroBella Carnes Premium no circuito de premiados da Federasul Em mais uma edição do prêmio Vencedores do Agronegócio, Frederico Westphalen volta para o palco da Expointer e traz “para casa” o troféu Dentro da Porteira Agência Darup
Gracieli Verde
jornalismo@novorural.com
N
a quarta-feira de Expointer 2019 – dia 28 de agosto – fazia calor no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, mas o clima favorecia que os visitantes transitassem pelos centenas de espaços temáticos da feira. Um deles, o Restaurante Internacional, sediava um dos eventos considerados mais importantes da programação, que pelo sétimo ano premiou projetos inovadores do agronegócio em várias categorias. Para a família Sponchiado, fundadora e proprietária da marca AgroBella Alimentos, o dia era ainda mais especial. Além do sucesso da Casa AgroBella, que seguia sempre lotada de visitantes e na noite anterior – de terça-feira, 27 de agosto – havia sediado show com o cantor e “garoto-propaganda” da marca Joca Martins, era momento de receber uma das congratulações mais disputadas do Estado, o prêmio Vencedores do Agronegócio, concedido pela Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul, a Federasul, que hoje tem com presidente a empresária Simone Leite. Inclusive, acompanhada do governador Eduardo Leite, logo após almoçarem, a líder empresarial deu as boas-vindas ao público que prestigiava a entrega dos troféus em mais um tradicional Tá na Mesa, evento já conhecido da entidade. – Estamos muito felizes por que ter uma Expointer com sol, entusiasmo e uma força empreendedora que se renova a cada ano. A gente acredita que está a caminho de escrever uma nova história para o nosso Estado e país. Sem dúvidas, nós somos a mola propulsora através do nosso trabalho, da nossa determinação. Seguimos firme fazendo aquilo que está ao nosso alcance, que é empreender, gerar riquezas e postos de trabalho – disse Simone. Feitas as saudações, o governador Eduardo Leite também participou de um momento de interação. Ele também citou o diferencial do setor rural na economia, caracterizando produtores rurais como quem precisa ser reconhecido pelas “façanhas que empreendem no campo”, disse. “Isso é que gera um clima de otimismo”, ressaltou. Passadas as honras da casa, era momento de serem citados os agraciados pelo prêmio. O empresário Benoni Sponchiado recebeu o prêmio pela categoria Dentro da Porteira. A empresa, voltada para a nutrição animal, foi reconhecida em
Equipe AgroBella vibra em mais uma conquista da marca
função do projeto AgroBella Carnes Premium, sediado em Seberi, que buscou referências internacionais para produzir carnes de alto padrão para o mercado interno. – Estamos muito honrados por sermos reconhecidos pela Federasul. Estou aqui para agradecer especialmente a todos os profissionais que atuam conosco. Sabemos que a pecuária de corte precisa evoluir. Nós queremos, no futuro, sermos reconhecidos como a empresa que mais desenvolveu e investiu para a evolução do gado de corte no nosso Estado – afirmou. Saiba mais sobre como foi o cerimonial de entrega do prêmio e sobre o projeto. Acesse o código com a câmera do seu smartphone
O projeto AgroBella Carnes Premium Localizada no interior de Seberi, a criação de gado de corte AgroBella Carnes Premium utiliza as genéticas Angus e Wagyu puras, além de seus cruzamentos com raças europeias. Hoje são mais de 3,5 mil bovinos nos cinco módulos já finalizados. A previsão é que o projeto passe a comportar 10 mil animais com a construção de mais seis módulos. Planejado com tecnologia avançada e automatizada, que leva em conta técnicas de bem-estar animal e rastreabilidade, esse é considerado um projeto pioneiro em nível nacional. – Os animais recebem uma dieta balanceada dentro das exigências nutricionais de cada fase de produção, tudo isso sem a utilização de volumosos, como silagem e o feno, com o objetivo de produzir gado precoce, com peso ideal e carne de qualidade – explica o médico-veterinário e coordenador do projeto AgroBella Carnes Premium, José Carlos Scolaro Júnior. O empresário Benoni Sponchiado ex-
plica que outro objetivo pelo qual o projeto foi construído é justamente ter uma padronização no gado de corte, com a produção de carnes de qualidade, além de proporcionar uma renda extra para pecuaristas leiteiros que são parceiros do projeto, uma vez que eles fornecem os bezerros machos para o projeto. “Sempre quisemos desenvolver inovação e pesquisa na bovinocultura de corte e estamos tendo esta oportunidade com esse projeto”, reforçou o empresário. O mercado para esta carne, segundo Sponchiado, está em grandes centros, capitais como São Paulo. A possibilidade de a AgroBella ter uma marca própria no mercado também é considerada pelo empreendedor. Além da inovação na produção, o projeto também é reconhecido pela sustentabilidade que emprega, com a geração de biogás a partir dos dejetos e, em breve, energia. Parte dos dejetos também são usados em projetos de fertirrigação.
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Técnico em Agropecuária, agrônomo, doutor em Sistemas de Produção Vegetal e professor no Departamento de Plantas de Lavoura da UFRGS
BOLETIM TÉCNICO
Boas práticas de manejo de N em cereais: do “feijão com arroz” à tecnologia O manejo nutricional de cereais de inverno e de verão, como o trigo e o milho, é de fundamental importância para a construção do potencial produtivo dos cultivos. Essas culturas apresentam ótima resposta produtiva com o manejo adequado da adubação nitrogenada, pois o nitrogênio (N) é o nutriente que apresenta os maiores efeitos no desenvolvimento das plantas. Devido a sua importância nutricional para as plantas, o N está entre os insumos agrícolas que mais encarecem os custos de produção da lavoura. Segundo informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o custo de produção apenas com fertilizantes nitrogenados é em média 15% do custo total da lavoura, mostrando a necessidade de se tomar as decisões agronômicas mais acertadas quando o assunto está relacionado à adubação nitrogenada. As perguntas que sempre surgem nas rodas de conversa de produtores são: qual a melhor época para fazer o N em cobertura? Qual a dose que você usou? Qual a melhor fonte? Ureia com ou sem inibidor? A inoculação funciona mesmo? Entre outras mais. O que chama atenção nas safras agrícolas é a baixa eficiência do uso do N, aproximadamente 1 kg de grão produzido para cada 1 kg de N aplicado. Esse fato ocorre em função do manejo inadequado desse nutriente, que é fundamental para a obtenção de altos rendimentos de milho e de trigo. Para melhorar essa eficiência alguns ajustes básicos podem ser utilizados, como “fazer o feijão com arroz bem feito”. O básico no manejo do N em cereais é definir a fonte do fertilizante correta, a dose correta e o momento adequado. A escolha da fonte para as condições brasileiras se restringe em ureia simples e ureia com inibidores (urease, nitrificação ou com ambos os inibidores). O uso de ureia com inibidores auxilia na redução das perdas do nitrogênio para o lençol freático (lixiviação) ou para a atmosfera (volatilização). Para as condições sul-brasileiras, a dose a ser aplicada é definida em função de três fatores principais: teor de matéria orgânica do solo, expectativa de produção pelo produtor e, a mais importante, a cultura antecessora. Esses três parâmetros po-
dem ser manejados pelo produtor, pois com a utilização de uma cultura antecessora com características de fixação de N no sistema, permite que o produtor aumente a sua expectativa de produção e a longo prazo permite o incremento da matéria orgânica do solo. Entretanto, esse é um processo lento e depende de outros fatores ambientais. Porém, a inserção de uma cultura antecessora/cobertura permite inúmeros ganhos técnicos, produtivos e econômicos, que em alguns casos permite que o produtor reduza a dose de N mineral a ser aplicado. Quando se fala em momento adequado para a realização da adubação nitrogenada em cobertura (principal prática adotada pelos produtores) nas culturas em questão, devemos observar dois aspectos cruciais. O primeiro é a adubação, que deve ser realizada no momento da definição do potencial produtivo das culturas (que ocorre no período vegetativo das plantas, antes do florescimento, pois é nesta fase que ocorre a definição do número de plantas/m², espiga/m² e o número de grãos/espiga). Essa definição é de fundamental importância para que as altas produtividades possam ser atendidas. O segundo é que a prática da adubação sempre deve ser planejada para ser realizada anteriormente a uma chuva (entre 20 e 30 mm), pois adubar antes de uma chuva promove o efeito de incorporação do N no solo, permitindo que as plantas aumentem a absorção e consequentemente a eficiência agronômica do uso do N. Quando se fala em tecnologia para manejo do nitrogênio se encontra algumas fer-
"O básico no manejo do N em cereais é definir a fonte do fertilizante correta, a dose correta e o momento adequado."
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ramentas como os sensores ativos de vegetação (Greenseeker®, Cropcircle®, CropSpec®, N Sensor®), que são acoplados em distribuidores autopropelidos, e recentemente sensores passivos de vegetação (câmeras com bandas RGB, RedEdge, multiespectrais, entre outras), que são acopladas em drones ou vant’s. Esses sensores auxiliam o produtor a identificar a variabilidade no crescimento de lavoura, estimar a produção de biomassa verde, estimar o estado nutricional das plantas, e de posse dessas informações é possível definir estratégias de intervenções necessárias a serem realizadas. O Grupo de Estudos em Agricultura Digital (Gead) da Faculdade de Agronomia da UFRGS, em parceria com a Embrapa Trigo e Setrem, vem trabalhando no desenvolvimento de modelos matemáticos baseados no Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) para definir as doses de N a ser aplicado, em taxa variada e em tempo real, para o Rio Grande do Sul. Esses modelos vêm mostrando um aumento na eficiência do uso do fertilizante nitrogenado e aumento do potencial produtivo das culturas, ou seja, produzindo mais com a mesma dose de fertilizante. Essa prática é amplamente adotada em países como Alemanha (utilizando para o trigo) e Estados Unidos (utilizando para o milho). Ressaltamos que o emprego de tecnologia no campo deve sempre estar aliado com as práticas agronômicas recomendadas e com as necessidades das plantas, para que se obtenha rentabilidade técnica e econômica. As tecnologias disponíveis no campo são apenas ferramentas que permitem uma melhor tomada de decisão e gestão do negócio rural. Dessa forma, o técnico ou engenheiro-agrônomo é quem toma a decisão.
Grupo de Estudos em Agricultura Digital/Divulgação
André Luis Vian
Agricultura
Tecnologia
AGRICULTURA ORGÂNICA
Divulgação
Técnicas prometem soluções na hora de produzir Engenheiro-agrônomo apresenta algumas das tecnologias ofertadas no mercado para aumentar a produtividade e manter a qualidade na produção orgânica
O
Rafaela Rodrigues
espaço para produtos orgânicos no mercafornecer antibióticos orgânicos ao solo, esse processo faz do brasileiro tem aumentado consideravelmente com que o número de pelos radiculares e de raízes cresnos últimos anos. Somente em 2018 esse merçam significativamente – atenta o engenheiro-agrônomo cado faturou R$ 4 bilhões, resultado 20% maior Cezar Bourscheid, da BMF Orgânicos, de Três Passos/RS. do que o registrado em 2017, segundo Outro método citado por Bourscheid é dados divulgados pelo Conselho Brasia utilização de remineralizadores de solo, leiro da Produção Orgânica e Sustentáos chamados pós de rocha, capazes de alvel (Organis). A área destinada à ativiterar os índices de fertilidade do solo por dade também ganhou mais força. Para meio da adição de macro e micronutriense ter uma ideia, mais de 200 mil hectes para as plantas – essa utilização foi retares em dez anos, atingindo 1,1 migulamentada em 2016, pelo Ministério lhão de hectares em 2017. da Agricultura, Pecuária e AbastecimenComo qualquer outra atividade agríto (Mapa). cola, os resultados como altos índices de Os biocontroladores também foram produção, qualidade e rentabilidade demencionados por ele como agentes eficapendem de diversas questões que envolzes contra as pragas, como o BT-Bacilus vem o processo produtivo até o produThuringlensis (lagartas e brocas), Bacillus to final e, nesse contexto, o solo tem um amyloliquefaciens (fungicida de folhas papel fundamental e precisa de alguns e controla nematoides), Bacillus subtilis cuidados especiais. Avaliar as tecnolo(controla nematoides), Trichoderma (congias ofertadas e ter conhecimento técnico trola fungos de solo e de folhas), Beauvee qualificado são alguns dos desafios que ria (percevejo, mosca branca) e Metarhificam para quem opta pela produção orzium (cigarrinhas das pastagens, pulgão), gânica. Inclusive, debates sobre esse asentre outros fungos e bactérias com funsunto sempre chegam à reportagem da ções biotecnológicas Novo Rural através de produtores entre– Orientação técnica de qualidade, invistados pela equipe nos últimos anos. clusive para ver quais são as melhores – Para o solo ter uma estrutura física plantas recuperadoras de solo, fazer rotaadequada e os nutrientes que a planta ne- Cezar Bourscheid, ção de cultura bem como utilizar sementes engenheiro-agrônomo cessita, ele precisa ter no mínimo 4% de e mudas livres de doenças são mais almatéria orgânica, que pode também ser guns métodos fundamentais – acrescenta fornecida pela cobertura verde. A inoculação de sementes o engenheiro-agrônomo, que coordenou um painel durante com microrganismos eficientes também é recomendada, um evento regional sobre agrobiodiversidade e alimentação pois além de prevenir o aumento de fungos prejudiciais e saudável em Frederico Westphalen, em agosto.
"Para o solo ter uma estrutura física adequada e os nutrientes que a planta necessita, ele precisa ter no mínimo 4% de matéria orgânica."
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Gestão
ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Um novo olhar para a assistência técnica no RS Serviço começa a ser disponibilizado pelo Senar/RS a partir de 2020 e promete atender 10 mil agricultores e pecuaristas Gracieli Verde
O
ano de 2020 promete ser a entrada em uma nova fase para o trabalho do Senar em solo gaúcho. Baseado em um modelo que já funciona em outras regiões brasileiras, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural implantará no Rio Grande do Sul a Assistência Técnica e Gerencial, a chamada Ateg, que quer atender um grande número de famílias rurais espalhadas pelo Estado, com uma metodologia diferenciada daquela aplicada até então – que era focada em cursos de capacitação. – Agora vamos focar no atendimento individualizado para entender a necessidade de cada família que venha a fazer parte desse trabalho. Inicialmente vamos entrar fortemente nas cadeias produtivas de leite, gado de corte, ovinos e na agricultura, mas também queremos ingressar mais adiante em áreas como avicultura, suinocultura, aquicultura, apicultura e fruticultura – garantiu o superintendente do Senar no Estado, o zootecnista Eduardo Condorelli, que assumiu o cargo no início deste ano e esteve em Palmeira das Missões em agosto. Os captadores de interessados neste trabalho da Ateg serão, inicialmente, os sindicatos rurais espalhados pelo Estado. Essa será uma assistência técnica gratuita, focada não somente na parte de produção, mas na gerencial. – Não há mais como dissociar uma coisa da outra. Portanto, os profissionais que estarão conosco para este trabalho terão o desafio de diagnosticar as necessidades das famílias participantes, para em seguida propor a doação de tecnologias que sejam adequadas para aquela realidade, sempre respeitando os limites do produtor rural – ressaltou Condorelli. Ele reitera que nesses 26 anos de atuação do Senar/RS do Rio Grande do Sul muito já se contribuiu para o setor agropecuário, seja com cursos ou com ações sociais. Nesta nova fase do Senar, como classifica Condorelli, a meta é chegar a 10 mil famílias rurais. – Os profissionais terão um desafio muito claro, o de garantir que o produtor enxergue onde está a rentabilidade da propriedade. Nosso objetivo é que o produtor assistido pelo Senar tenha a certe-
Como vai funcionar Condorelli explica que, entre as ferramentas que a Ateg vai viabilizar através dos profissionais que atuarão pelo Estado estão aplicativos de campo, caderno do produtor, central de inteligência do serviço, bem como um grupo de profissionais técnicos que atuarão a campo, com supervisores e coordenadores desse trabalho. Isso tudo também vai gerar dados do setor, que serão compilados numa central de inteligência do Senar/RS, o que servirá para análises específicas de cada cadeia produtiva em que a Ateg atuará.
Cadeias produtivas que serão atendidas Eduardo Condorelli, superintendente do Senar/RS
“Os profissionais terão um desafio muito claro, o de garantir que o produtor enxergue onde está a rentabilidade da propriedade.” Eduardo Condorelli, superintendente do Senar no RS za de que está ganhando dinheiro na atividade agrícola ou pecuária – reforça o superintendente. Ele conta que o Senar/RS já vinha executando um trabalho na área de pecuária leiteira, graças a um convênio com o governo federal, que chegou a 1.140 famílias no Estado, e que termina neste ano. Isso, segundo ele, já mostra que é possível fazer um trabalho diferenciado nesta área, com foco em resultados para o produtor.
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PECUÁRIA LEITEIRA TERÁ ATENÇÃO ESPECIAL
Inicialmente, a meta é prestar serviço para cinco mil propriedades rurais do Estado. Nesta fatia também estaria a pecuária leiteira, que é uma área com grande demanda, até mesmo em função das recentes normativas de qualidade do leite. A partir do segundo semestre de 2020, mais cinco mil propriedades devem ser inseridas na Ateg.
METODOLOGIA
Segundo Condorelli, o modelo de assistência técnica seguirá uma metodologia que já é executada em outros Estados brasileiros, com foco no trabalho “dentro da porteira”. O foco é o produtor, a sua individualidade, os seus problemas. “Mas levaremos em conta as características dos produtores rurais, adaptando a metodologia para cada região, levando em conta outras experiências que já tivemos nas nossas áreas de atuação”, ressalta. Hoje, segundo dados do IBGE, no Estado a assistência técnica rural tem como principal origem as cooperativas, o governo – através da própria Emater/RS –, empresas integradoras ou contratadas pelo produtor. É por isso que, conforme análise do Senar/RS, existe ainda um grande número de agricultores e pecuaristas para serem incluídos nesse processo.
em 2020 Bovinocultura de leite Bovinocultura de corte Ovinocultura Agricultura Cadeias produtivas que serão atendidas
em 2021 Avicultura Suinocultura Aquicultura Apicultura Fruticultura
Parceiros do leite LaticĂnios Cotrifred deve ter obra finalizada neste mĂŞs
O
segundo semestre de 2019 promete mais um marco para a trajetĂłria da Cooperativa TritĂcola de Frederico Westphalen, a Cotrifred. A instituição deve finalizar, neste inĂcio de setembro, as obras da indĂşstria de laticĂnios, localizada na saĂda de Frederico Westphalen para Caiçara, na antiga ĂĄrea do abatedouro. “Estamos com 98% da obra concluĂdaâ€?, disse o presidente da cooperativa, Elio Pacheco, no dia 21 de agosto Ă reportagem. Faltavam apenas acabamentos nas linhas de produção para que, entĂŁo, pudessem ser feitos os testes pelos ĂłrgĂŁos fiscalizadores. A expectativa, segundo Pacheco, ĂŠ que atĂŠ o fim de setembro a unidade tenha as demais licenças necessĂĄrias para o inĂcio das operaçþes e para a inauguração. – É claro que isso ĂŠ uma estimativa, mas nossa expectativa ĂŠ poder começar em seguida os testes dos produtos e o encaminhamento de registros, como o do Serviço de Inspeção Federal, o SIF. Para isso tambĂŠm começaremos a receber a matĂŠria-prima dos produtores – explica o presidente.
Sensibilização dos pecuaristas
Em relação ao trabalho com os pecuaristas que devem fornecer a matÊria-pri-
INDĂšSTRIA
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ma Ă indĂşstria de laticĂnios, Pacheco comenta que inicialmente serĂŁo convidados os associados Ă Cotrifred. A direção da cooperativa estĂĄ confiante na adesĂŁo dos produtores ao projeto, uma vez que o vĂnculo com a cooperativa jĂĄ ĂŠ bastante forte. Mesmo assim, um trabalho a campo buscarĂĄ mais famĂlias para o projeto, atĂŠ mesmo por meio do programa Meu Tambo, Meu Futuro, que jĂĄ atua com assistĂŞncia tĂŠcnica Ă pecuaristas, em parceria com a URI – Campus de Frederico Westphalen e a Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG.
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PolĂtica de preço
Em relação a como serĂĄ a polĂtica de preço pago por litro de leite ao pecuarista, Pacheco nĂŁo dĂĄ detalhes, mas garante que haverĂĄ alguns motes norteadores que balizarĂŁo esse aspecto, como a qualidade do produto, a produtividade e a fidelidade com a cooperativa de modo geral.
Vagas de trabalho
Desde meados de agosto a Cotrifred estĂĄ recebendo currĂculos para algumas vagas mais tĂŠcnicas da indĂşstria de laticĂnios. A direção da cooperativa prevĂŞ que atĂŠ meados de setembro jĂĄ podem ocorrer as primeiras contrataçþes.
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Gracieli Verde/Arquivo NR
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Marca da cooperativa deve entrar no mercado atĂŠ o fim de 2019
Quatro tipos de queijo serĂŁo processados pela indĂşstria Os produtos do portfĂłlio da marca Cotrifred incluem quatro tipos de queijo, o mussarela, o prato, colonial e a ricota – alĂŠm da nata e do soro resfriado a granel. Os queijos prometem ser o carro-chefe da marca. A indĂşstria tambĂŠm contarĂĄ com um posto de recebimento e resfriamento autorizado a receber 50 mil litros de leite por dia. Outros 50 mil litros serĂŁo industrializados na unidade. AlĂŠm disso, o valor adicionado gerado pelo empreendimento serĂĄ dividido proporcionalmente entre cada municĂpio que integra a abrangĂŞncia da Cotrifred, apesar de a indĂşstria estar localizada em Frederico Westphalen. Os investimentos devem somar R$ 11 milhĂľes.
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27 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Pecuária
AVICULTURA DE POSTURA
Sistema free-range: um novo desafio para produção de ovos Cada vez mais os sistemas alternativos de produção estão ganhando mercado, inclusive os que envolvem questões de saúde e bem-estar animal Rafaela Rodrigues
jornalismo@novorural.com
O
sistema de produção de ovos free-range – termo em inglês utilizado para se referir a criação de aves fora de gaiolas – vai ao encontro do novo perfil de consumidor, que está mais exigente em relação às condições de criação dos animais. No caso o termo é adotado quando além das galinhas serem criadas fora de gaiolas, elas podem acessar uma área externa da granja. O sistema é usado na produção de ovos caipiras. Quando criadas no modo free-range, as
aves ficam soltas no galpão e devem ter acesso diário a uma área externa, ao ar livre, sempre que o clima permitir. No galpão estão disponíveis alimentação, água, ninhos, poleiros e saídas laterais para as áreas de pastejo. Além de espaço para a circulação e acomodação das aves, ventilação e luminosidade adequada, o piso desse ambiente deve ser coberto com materiais como maravalha, pó de pinus ou casca de arroz, apropriados para que as aves possam expressar seus comportamentos naturais, como tomar "banhos de areia". Ainda não há legislação específica de bem-estar para avicultura de postura no país, mas existem protocolos de boas práticas agropecuárias emitidos pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e Embrapa que são seguidos por criadores que optaram por investir nesse modelo de produção, como é o caso da família que gerencia a Granja Marca do Tempo, em Nonoai.
“Precisamos ter uma nova visão dos nossos sistemas de produção e buscar sim o conforto animal.” Andrea Kraemer, avicultora e agrônoma
Rafaela Rodrigues
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Pecuária
AVICULTURA DE POSTURA
Rafaela Rodrigues
Produtos diferenciados para um consumidor cada vez mais exigente A ideia de garantir a saúde e o bem-estar animal também está cada vez mais forte entre criadores. Na Granja Marca do Tempo, localizada em Nonoai, as galinhas poedeiras recebem um tratamento diferente do convencional, proporcionado pelo sistema free-range. Inaugurada em fevereiro deste ano, na Linha Balestrin, o negócio familiar nasceu da ideia empreendedora do casal Márcio Trentin e Andreia Kraemer, que juntaram suas experiências profissionais e de campo – ele técnico agrícola e ela engenheira-agrônoma e extensionista rural –, para levar ao consumidor um produto diferenciado. O espaço disponível e a oferta de ovos caipiras na propriedade também contribuíram para a idealização do negócio. – A gente se surpreendeu positivamente com a demanda dos consumidores. As pessoas estão cada vez mais buscando saber como são produzidos os alimentos e notando que tem coisas que vão muito além do preço, do simples fato de ingerir um alimento. Precisamos ter uma nova visão dos nossos sistemas de produção e buscar sim o conforto animal – defende Andreia Kraemer. Para manter esse sistema, Andreia comenta que a granja deve seguir uma série de normas determinadas pelos órgãos de inspeção, além de obedecer rigorosos processos de produção e higiene. – Hoje a questão da biossegurança é muito rígida, inclusive para o mercado de aves, um dos principais produtos de exportação do país. Eu não posso ser negligente com a legislação, até porque tenho que pensar nos consumidores, na minha família e na saúde dos animais – explica Andreia, que também fala que a venda dos ovos caipiras não é feita de forma direta, somente por meio dos canais de comercialização, como supermercados locais, justamente para manter a sanidade do plantel. Ela conta ainda que o encaminhamento junto ao Susaf já foi realizado – sistema que permite a venda dos produtos para outros municípios – e que, no momento, estão aguardando uma sinalização para dar os próximos passos, como a ampliação no número de aves.
Granja Marca do Tempo Plantel de 850 aves produzem em média
1.500 dúzias por mês
Produção brasileira 2017 Produção brasileira de ovos (unidade) 2015 – 39.511.378.639 2016 – 39.181.839.294 2017 – 39.923.119.357
Sim, as galinhas também pastam! No sistema free range não é permitido o uso de antibióticos preventivos na alimentação, somente para o tratamento de alguma possível doença. A alimentação é à base de cereais, frutas e pastagens especiais – na granja o pastejo ocorre de forma rotacionada, a principal pastagem do verão é a tifton e a do inverno é a aveia, azevém e algumas leguminosas –, nada de proteína animal. Além disso, os piquetes devem ser manejados para evitar a sua degradação ou contaminação. O pasto, por sua vez, contém alta quantidade de pigmentos naturais, os chamados carotenoides. Por isso, as aves põem ovos com gemas de cor mais intensa, o que agrada o consumidor. – Procuramos ouvir as opiniões
dos nossos consumidores e eles nos falam que quando vão preparar o ovo, sentem diferença no alimento. O ovo caipira não retém tanta gordura, fica mais consistente e a gema é mais amarela. A questão sensorial também muda, ele tem um sabor mais acentuado. Sem contar o valor nutricional, pois muitas pesquisas já mostram que o ovo caipira tem um percentual a mais de vitaminas, principalmente A e E – acrescenta Andreia. Atualmente a granja trabalha com um plantel de 850 aves, que produzem em média 1.500 dúzias por mês. Além disso, a granja conta com sistema próprio para embalar o produto, o que garante mais precisão no processo de higienização.
Destino da produção brasileira de ovos
99,74%
Mercado interno
0,26%
Exportações
Exportações brasileiras por produto
61% 39%
Ovo todo dia, sim! A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) criou um canal para incentivar o consumo do alimento. A fanpage “Ovo todo dia” no Facebook traz um conteúdo dinâmico sobre os ovos, como receitas, benefícios à saúde, curiosidades, entre outros materiais interativos. Vale a pena dar uma conferida!
Industrializado
Exportações dos Estados do Sul
0,015%
Paraná
0,10%
Santa Catarina
40%
Assistência técnica Ter acesso a informações técnicas fazem toda a diferença na hora de implantar um negócio. A Granja Marca do Tempo, desde o início das atividades, conta com o apoio da Emater/RS-Ascar. – Auxiliamos desde o levantamento topográfico, terraplanagem, até questões ambientais. Repassamos orientações sobre como viabilizar esse projeto junto aos órgãos competentes do município. Apoiamos a idealização da granja desde o início, até porque foi a primeira da região a trabalhar com esse modelo de produção – conta o engenheiro-agrônomo Olavo Arsego, da Emater/ RS-Ascar de Nonoai, que presta assistência à família.
In natura
Rio Grande do Sul
Consumo per capita (unidades/ano) 2015 2016 2017
191 190 192 Fonte: ABPA
Conheça! Veja mais sobre a Granja Marca do Tempo por meio da página no Facebook disponível neste QR Code ou pelo e-mail: granjamarcadotempo@yahoo.com.br
29 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Parceiros do leite Preço do leite Ê considerado eståvel Divulgação
O
valor do litro de leite estimado para o mês de agosto Ê de R$ 1,0870, 0,08% menor do que o consolidado de julho, que fechou em R$ 1,0879. A informação Ê do Conseleite gaúcho, comprovando que o preço tem se mantido eståvel em plena Êpoca considerada de safra. Para justificar esse cenårio, o que se viu foi a elevação do leite UHT em 4,12% e a queda do leite em pó em -2,89%. O professor Eduardo Finamore, da Universidade de Passo Fundo, alertou que os dados não consideram a recente elevação da cotação do dólar, uma vez que tabulam apenas os dez primeiros dias de agosto. Ele alertou ainda que o Estado gaúcho demanda por um plano estratÊgico para escoamento da produção, tendo em vista que, em breve, serå preciso concorrer com mais competitividade por mercados externos e atÊ mesmo dentro no Brasil. MatÊria-prima
Agosto/19
Maior valor de referĂŞncia
R$ 1,2500
Valor de referĂŞncia IN 76/77
R$ 1,0870
Menor valor de referĂŞncia
R$ 0,9783
Primeira mÊdia geomÊtrica trimestral Ê divulgada neste mês Entenda como ocorre o processo de obtenção desta primeira mÊdia e confira algumas avaliaçþes do setor desde a implementação das INs 76 e 77
J
å pautada em outras ediçþes, as Instruçþes Normativas 76 e 77 voltam a ser destaque nas påginas da Novo Rural, especialmente neste mês de setembro, quando o resultado da primeira mÊdia geomÊtrica trimestral – principal ferramenta para monitorar a qualidade do leite – serå divulgada. Para explicar como ocorre esse processo, a reportagem conversou com a mÊdica-veterinåria e auditora fiscal federal Milene CÊ, do MinistÊrio da Agricultura, Pecuåria e Abastecimento (Mapa). Confira trechos da conversa:
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QUALIDADE DO LEITE
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Novo Rural – Como a primeira mÊdia geomÊtrica trimestral serå obtida?
Novo Rural – Depois de suspenso, o produtor vai poder voltar à atividade sob quais critÊrios?
Milene CĂŠ – A primeira mĂŠdia geomĂŠtrica trimestral serĂĄ calculada com os resultados dos meses de junho, julho e agosto de 2019. Para isso, as amostras de produtores foram coletadas atĂŠ o dia 31 de agosto. Os resultados serĂŁo emitidos pelos laboratĂłrios neste mĂŞs de setembro e ficarĂŁo disponĂveis para o conhecimento dos produtores, indĂşstrias, serviços de inspeção e demais interessados.
Milene CĂŠ – Para o retorno da coleta do leite basta um resultado de CBT com padrĂŁo menor que 300.000 UFC/ml e uma visita tĂŠcnica do laticĂnio ao produtor. NĂŁo ĂŠ necessĂĄrio recompor a mĂŠdia, ou seja, para que ocorra a suspensĂŁo sĂŁo consideradas trĂŞs mĂŠdias geomĂŠtricas trimestrais consecutivas, e para retornar, basta um Ăşnico resultado para CBT conforme. O objetivo ĂŠ que o leite volte a ser coletado assim que os problemas de higiene sejam corrigidos, e que as interrupçþes ocorram muito raramente, ou melhor, que nunca aconteçam.
Novo Rural – Quando realmente ocorrerå a suspensão da coleta do leite? Milene CÊ – A interrupção da coleta do leite ocorrerå somente se as mÊdias de agosto, setembro e outubro ficarem acima de 300.000 UFC/ml. Ressaltando que a interrupção ocorrerå somente para o leite que não atenda ao padrão para a contagem bacteriana total (CBT), que pode ser rapidamente corrigida com higiene e conservação adequada do leite. É vålido ressaltar que o padrão måximo de 300.000 UFC/ml de leite, alÊm de ser facilmente atingido, deveria estar sendo atendido pelos produtores desde o ano de 2014.
Novo Rural – Ainda hå tempo dele se enquadrar? Milene CÊ – Sim, com certeza. Os valores de CBT são melhorados com facilidade e rapidez, independente do volume e da tecnologia de ordenha, alÊm disso podem ser coletadas vårias amostras para compor o resultado de cada mês. No Rio Grande do Sul temos quatro laboratórios da Rede Brasileira de Qualidade do Leite que podem analisar as amostras, situados em Frederico Westphalen, Lajeado, Passo Fundo e Pelotas. Essas anålises são råpidas e com baixo custo.
Parceiros do leite
QUALIDADE DO LEITE
A
primeira média geométrica trimestral servirá como um parâmetro de avaliação para as indústrias que, dentro desse processo, ficam com o papel de orientar os produtores quanto às adequações na produção. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), Alexandre Guerra, apesar de em torno de 20% dos produtores precisarem se adequar ainda, o Estado está apresentando uma melhoria significativa nesse sentido. Segundo ele, uma das principais dificuldades é o controle da CBT, a qual já vinha sendo trabalhada muito antes das normativas entrarem em vigor. – O produtor precisa, como dono do negócio dele, ter boas práticas de produção para que a sanidade do rebanho seja
preservada. A CBT diz respeito a produção, que envolve a manutenção preventiva, higiene e limpeza da ordenhadeira e também do resfriador, ele fazendo isso já fica dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Mapa – comenta Guerra, que aproveita para destacar que as normativas vêm para melhorar a competitividade do setor. Sobre os desafios da indústria nesse aspecto, Guerra explica que elas ficam encarregadas de repassar a forma como a produção deve ser operacionalizada, com base nas análises. – A indústria recolhe o leite mensalmente e manda para um laboratório oficial, que gera um resultado. Esse resultado nós replicamos para o produtor. Caso ele ainda não esteja enquadrado, nós orientamos o que fazer para ele atingir os índices, o que ainda tem tempo até outubro – explica.
Divulgação
Boas práticas de produção são essenciais
Fique atento! Para monitorar a qualidade higiênica do leite cru é realizado a contagem bacteriana total (CBT), a qual quantifica o número total de bactérias por miligrama de leite analisado.
Padrões exigidos pelas INs 76 e 77 Contagem bacteriana
Referência na produção
Adepto às Instruções Normativas, o produtor de leite Élido Ortigara, de Taquaruçu do Sul, segue à risca a legislação para garantir a qualidade da matéria-prima que sai da propriedade. Com um rebanho de 55 vacas, que produzem em média 2 mil litros/dia, o que corresponde a 36 litros/vaca/dia, os índices de CBT ficam em torno de 10.000 a 12.000 UFC/ml, enquanto a contagem de células somáticas (CCS) fica entre 250.000 e 300.000 Cel/ml, em média. – Se nós queremos exportar leite precisamos, sem dúvida, prezar pela qualidade, que envolve desde a higiene das ordenhadeiras, com o uso de água quente e produtos adequados, até a saúde das vacas – comenta Ortigara, que também destaca a importância de ter alimentação de qualidade para os animais o ano inteiro.
Como ficar de acordo com os padrões
300.000 UFC/ml Contagem bacteriana no leite cru de silo (limite até chegar na indústria)
900.000 UFC/ml Contagem de células somáticas
500.000 Cel/ml
• Higienização das ordenhadeiras e refrigeradores • Limpeza correta dos equipamentos e utensílios • Temperatura adequada de resfriamento – 4 graus centígrados na propriedade e 7 graus no recebimento na plataforma, isso de responsabilidade da indústria • Monitorar a saúde do animal
Laboratórios credenciados • Frederico Westphalen • Passo Fundo • Lajeado • Pelotas Valor pago em média por análise de amostras para CBT: R$ 5,00
31 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Cooperativismo
GERAL
Cooper A1 confirma mais investimentos no Rio Grande do Sul
Repórter
Família Zanetti investe em energia trifásica
A Edevaldo Stacke/Ascom Creluz
Cooper A1, com matriz em Palmitos/SC, anunciou mais investimentos no Médio Alto Uruguai gaúcho. Receberão novas filiais as cidades de Ametista do Sul e Cristal do Sul. Nesses dois municípios serão instaladas lojas com supermercado, agropecuária, além de linhas de materiais de construção e eletrodomésticos. Segundo a assessoria de imprensa da cooperativa, ainda não há precisão exata
do início das operações. Também será feito um trabalho de sensibilização dos agricultores para que se associem à cooperativa. Além disso, a Cooper A1 anunciou a construção de uma nova estrutura para a unidade de Alpestre. Lá, o espaço atual é alugado e, portanto, a cooperativa investirá em uma sede própria, que incluirá toda a loja de supermercado e demais serviços. Os valores que serão investidos não foram revelados pela cooperativa. Vignatti Fotografias/Divulgação
P
ara atender a alta demanda de energia elétrica na propriedade, a família Zanetti, da linha Alto Paraíso, interior de Pinhal/RS, investiu em uma rede de energia trifásica, que foi instalada pelo Grupo Creluz. – A nossa família trabalha basicamente com a suinocultura e bovinocultura de leite, atividades que demandam de muita energia, porque temos tudo automatizado. Por esse motivo, fomos atrás do Grupo Creluz, que fez toda a instalação na propriedade – conta o
produtor Odacir Zanetti. Ainda de acordo com Zanetti, os investimentos também são para fortalecer o trabalho dos filhos na propriedade, fomentando a sucessão familiar. – Cada vez mais estamos ampliando a propriedade, sempre em busca de melhorias – comenta o filho Salatiel Zanetti, que atualmente cursa Agronomia. Ele também comenta que muito dos conteúdos que ele aprende na universidade consegue aplicar na prática na propriedade.
Por meio do Programa Ligar, o Grupo Creluz realizou mais uma ação social, desta vez no município de Iraí, beneficiando mais 40 famílias, na linha Aeroporto. – Essa rede contou com a implantação de postes, condutores e transformadores. Além disso, por meio do fundo de apoio social foi realizado um atendimento descentralizado das nossas agências para o cadastro dessas famílias, que não precisaram se deslocar – explica Denilse Ramos da Rosa Romitti, do setor de projetos da Creluz, que também ressalta que essas ações sociais são provenientes de verbas aprovadas em assembleias. Para a comunidade esse momento é de comemoração, de acordo o conselheiro da comunidade indígena, Romario dos Santos. – É um projeto muito importante para a comunidade, em benefício das 40 famílias que foram contempladas. Essa energia que a Creluz está fornecendo é um feito inédito porque somos a primeira comunidade indígena do município a participar desse projeto da Creluz – conta Romario.
Acesse: www.creluz.com.br 32 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
Agricultura pode aumentar vendas para PAA
O
Seminário Regional de Cooperativismo, promovido pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), reuniu interessados no tema durante a Expointer 2019, em Esteio. Produtores e compradores de alimentos da agricultura familiar puderam dialogar sobre o processo de compra de produtos da agricultura familiar e de cooperativas por órgãos públicos, no contexto do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do governo federal, que em 2015 instituiu que os órgãos da União devem ter 30% das suas aquisições de alimentos provenientes da agricultura familiar. A coordenadora de Compras Institu-
Divulgação
Programa Ligar beneficia famílias em Iraí
Alpestre terá nova estrutura própria, segundo a direção da cooperativa
cionais do Ministério da Cidadania, Viviane Albuquerque, mostrou que a aquisição de alimentos da agricultura familiar pela União tem potencial para chegar a R$ 328 milhões no Rio Grande do Sul. No ano passado, porém, foram movimentados cerca de R$ 60 milhões, valor que representa 61% dos 30% que constituem a meta do PAA. Ou seja, a agricultura familiar ainda tem muito espaço para crescer no Estado, segundo a gestora.
Espaço cooperativo
Cooperativismo
Marcia Faccin
Coordenadora da Unidade de Cooperativismo do EscritĂłrio Regional da Emater/RS de Frederico Westphalen E-mail: marcia.faccin @gmail.com
OPINIĂƒO
A força do cooperativismo tambÊm se comprova pelos números
V
ocĂŞ jĂĄ se deu conta que grande parte dos produtos e serviços que hoje utilizamos sĂŁo produzidos e desenvolvidos por cooperativas? VocĂŞ jĂĄ observou nos supermercados a variedade de produtos Ă disposição que sĂŁo feitos por cooperativas, em sua maioria da agricultura familiar? Recentemente o MinistĂŠrio da Agricultura anunciou 24 estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar produtos lĂĄcteos para a China, maior importador mundial de produtos lĂĄcteos. Destes, seis empresas sĂŁo do Rio Grande do Sul e, entre elas, trĂŞs sĂŁo cooperativas. Dos trĂŞs principais exportadores de carne de aves do Brasil, uma ĂŠ cooperativa, a Aurora - Cooperativa Central Aurora Alimentos, com sede na vizinha cidade de ChapecĂł/SC, tendo sido tambĂŠm a Aurora a primeira empresa brasileira em 2014 a exportar carne suĂna para os Estados Unidos. Com apenas esses trĂŞs exemplos ĂŠ possĂvel observar a importância que o cooperativismo brasileiro tem para o desenvolvimento econĂ´mico. E vocĂŞ, valoriza os produtos das cooperativas? É associado? Quando vocĂŞ ouve falar ou pensa em cooperativismo, o que lhe vem Ă mente? Qual ĂŠ o dirigente cooperativo que vocĂŞ tem admiração? VocĂŞ jĂĄ parou para pensar qual ĂŠ a cara e a força do cooperativismo brasileiro, gaĂşcho e regional? Quem sĂŁo as pessoas que fazem o movimento cooperativo ser essa força tĂŁo importante para a nossa regiĂŁo, Estado e paĂs? JĂĄ observou em seu municĂpio quem sĂŁo os agentes financeiros que estĂŁo oferecendo produtos e serviços e estĂŁo sempre contribuindo com açþes sociais? VocĂŞ jĂĄ analisou quem sĂŁo as empresas que recebem grĂŁos e sĂŁo as balizadoras de preço em seu municĂpio? JĂĄ analisou quem sĂŁo as empresas, que independente do preço e do momento que vive a cadeia do leite, continuam recebendo e efetuando a coleta do leite nas respectivas rotas nas comunidades do interior? Quais sĂŁo as empresas que oferecem condiçþes com juros menores e que no final do ano, efetuam prestação de contas e distribuição de sobras aos seus associados? Quem mais oferece oportunidade de trabalho, com melhores salĂĄrios em seu municĂpio? Na grande maioria das vezes sĂŁo as cooperativas, sejam elas de crĂŠdito, agropecuĂĄrias ou outros ramos, que estĂŁo presentes em nossos municĂpios contribuindo com o desenvolvimento local e regional. VocĂŞ jĂĄ imaginou a nossa regiĂŁo sem as cooperativas? Em muitos municĂpios as cooperativas sĂŁo as maiores empresas que geram emprego, renda e impostos. Precisamos cada vez mais conhecer melhor as cooperativas, valorizar, participar e dar preferĂŞncia por produtos e serviços das cooperativas, pois elas sĂŁo daqui, vĂŁo continuar aqui, investindo, acreditando, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento dos municĂpios, Estado e paĂs. Tenho orgulho de ser cooperativista e de trabalhar pelo crescimento e fortalecimento de um setor que realmente faz a diferença na vida de milhĂľes de famĂlias, em nĂvel local, regional e nacional. Venha vocĂŞ tambĂŠm conhecer e encantar-se com o mundo cooperativo!
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Juventude Rural
SENSIBILIZAÇÃO
Jovens em Campo: projeto da Farsul aposta na nova geração do setor Gracieli Verde
Objetivo da instituição é motivar jovens a investirem no campo e nas várias possibilidades que ele oferece
U
m dos fatores que estimula os jovens seguirem carreira profissional no campo é a tecnologia. Mas, além disso, é fundamental que iniciativas de incentivo à inovação e à participação deles no meio social e nos negócios sejam promovidas, para que esses espaços sejam ocupados por essa nova “garotada do agro”. É essa inserção desde cedo que determina o grau de interesse deles pelos negócios e pelo rural. É por isso que o trabalho intitulado Jovens em Campo, organizado dentro da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), estimula a participação política e sindical dos jovens e futuros produtores rurais através de várias ações. – A Farsul vem apostando muito nos jovens, porque eles são o presente e o futuro do nosso setor. Eles estão ocupando lugares de destaque não só nas propriedades, mas também nas multinacionais, no setor público, entre outros espaços. E nós, sabendo disso, estamos procurando cada vez mais detectar e preparar esses novos líderes para o nosso segmento – conta o coordenador da comissão jovem da Farsul, Luiz Fernando Cavalheiro Pires, que também fala sobre os novos desafios para o ano que vem, como a ampliação e o fortalecimento do projeto. Nesse contexto, a Farsul está incentivando a formação de grupos jovens nas regiões de abrangência dos Sindicatos Rurais. A federação acredita que a melhor maneira de detectar e formar novos líderes do setor rural é por meio dessas entidades. – Essa ideia de visitarmos as regionais é justamente para estimular a formação de grupos jovens dentro dos sindicatos, fazendo com que futuramente eles se insiram no contexto da nossa estrutura sindical – reforça Luiz Fernando, que é advogado, mas com raízes no setor agro.
Luiz Fernando Cavalheiro Pires coordena a comissão de jovens da Farsul, é advogado e filho de produtor rural
Eixos temáticos trabalhados por meio do projeto Para aprimorar o conhecimento técnico dos jovens produtores rurais e incentivá-los a se tornarem líderes, a Farsul trabalha com foco em aspectos como o associativismo, a comunicação, a gestão, a inovação e a liderança. – Elencamos esses temas específicos por acreditar que são indispensáveis para a formação dos jovens. A gen-
“Não queremos que dentro da nossa federação existam herdeiros, mas sim sucessores vocacionados.” Luiz Fernando Cavalheiro Pires, da Farsul
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te sabe que a presença deles no campo tem diminuído, então é um meio de instigá-los, com cases de pessoas que, mesmo com dificuldades, conseguiram empreender, apresentar novas tecnologias, além de trabalhar a questão da sucessão planejada. Não queremos que dentro da nossa federação existam herdeiros, mas sim sucessores vocacionados, não só
para seguir no trabalho, mas para somar e agregar às atividades do dia a dia – expõe o coordenador da comissão jovem da Farsul, que atualmente conta com 600 jovens cadastrados. Luiz Fernando Cavalheiro Pires esteve em Palmeira das Missões em agosto, junto com uma comitiva da Farsul, quando conversou com a reportagem da Novo Rural.
Veja a que a Comissão Jovens Empresários Rurais se propõe • Incentivar a participação política e sindical dos jovens e futuros produtores rurais • Detectar e formar novos líderes do setor rural • Divulgar as ações da Farsul e do Senar/RS • Aprimorar o conhecimento técnico dos jovens produtores rurais • Formar alianças com outras entidades nacionais e estrangeiras para melhorar as relações entre os setores rural e urbano
Temas norteadores do trabalho do programa Jovens em Campo Associativismo Comunicação Gestão Inovação Liderança
Gestão para o futuro
Juventude Rural
Flavio Cazarolli
Engenheiroagrônomo, especialista em Gestão de Recursos Humanos e palestrante na área de sucessão rural. Gerencia a Foco Rural Consultoria, em Ijuí E-mail: flavio@focorural. com.br
OPINIÃO
Diferentes gerações, diferentes visões! “Você me diz que seus pais Não te entendem Mas você não entende seus pais... Você culpa seus pais por tudo Isso é absurdo São crianças como você O que você vai ser Quando você crescer?”
A
s palavras de Renato Russo na canção retratam as diferenças de como cada geração entende o mundo, seja sobre negócios, política, tecnologia, economia, religião, afeto ou sentimento. Temos dificuldade em se entender, se comunicar, de tentar se colocar no lugar do outro. Cada geração é um conjunto de indivíduos que coincidem em um período histórico determinado, mais ou menos extenso, e cujas maneiras de pensar, sentir e agir guardam certa afinidade que as distingue da geração precedente. As particularidades que definem cada geração não devem ser tratadas como certas ou erradas, apenas devem ser entendidas para facilitar as relações, sejam na família, no trabalho ou na sociedade. Cada geração tem características próprias, originadas daquilo que é próprio do seu tempo, de suas vivências. Os pesquisadores caracterizam cada geração e dão nomes a elas. Dedicam recursos para procurar entender o que é de cada tempo e, assim, contribuir, através de seus estudos, para o melhor enten-
dimento de como a sociedade deve lidar com os problemas específicos de cada uma. Para nós, leigos no assunto, cabe nos permitir a entender as mudanças do tempo, fazendo o exercício de se colocar no lugar do outro, buscando, a partir da nova perspectiva, compreender as diferenças na forma de ver o mundo. No desenvolvimento de um plano de sucessão empresarial devemos promover esse exercício para as duas gerações, buscando reduzir os atritos comuns dessas relações. Para os pais é importante entender que, apesar de suas vivências como filhos e filhas terem surtido efeitos positivos na construção de um adulto íntegro, trabalhador, empreendedor de sucesso, estas mesmas vivências aplicadas à nova geração não necessariamente trarão os mesmos resultados. Muitas vezes a repetição das mesmas “técnicas” utilizadas por seus pais para desenvolver agora seus filhos é encarada pela nova geração como arcaica, desnecessária e punitiva, especialmente se neste processo houver algum tipo de dificuldade. Por outro lado, um processo baseado em proteção e facilitação, buscando poupar os filhos das dificuldades que outrora os pais passaram, tende a criar um ambiente de acomodação, sem estímulos, o que acaba por contribuir para formação de um adulto apático, com dificuldades para lidar com conquistas e perdas. O sistema adotado em uma geração não é necessariamente ideal para a próxima. O caminho sugerido é utilizar um método equilibrado, que não facilite demais e nem dificulte demais. Em cada etapa do desenvolvimento
“O sistema adotado em uma geração não é necessariamente ideal para a próxima. O caminho sugerido é utilizar um método equilibrado, que não facilite demais e nem dificulte demais.”
dos sucessores é importante estabelecer responsabilidades, cobrar resultados e reconhecer as conquistas. Atualmente, com o desenvolvimento acelerado de novas tecnologias, métodos e conhecimento, dificilmente teremos entre a geração de pais e filhos a vivência das mesmas experiências. Por isso, tendemos a um maior conflito de gerações. O ideal é construir um ambiente onde o respeito sobre o modo de pensar de cada um seja a base do relacionamento. O foco é alinhar as diferenças de cada geração com os objetivos do negócio, buscando, com isso, equilibrar as relações entre a tradição e a inovação.
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Qualidade de vida
CULINÁRIA
Sonho polonês: tradição de 40 anos à mesa
Nesta edição vamos trazer uma receita clássica da culinária polonesa, mas com um toque especial, a contribuição da dona Ana, famosa na produção desta iguaria. Segundo ela, a receita a seguir rende 80 porções.
A
os 80 anos de idade, a dona Ana Bortoluzzi, da linha Cachoeira Branca, localizada em Rondinha/RS, tem muito a ensinar na cozinha. O famoso sonho polonês, preparado por ela há anos, já é tradicional no município, especialmente nas festas de comunidade. – A receita foi passada há cerca de 40 anos, em uma residência da comunidade pelas irmãs religiosas Tereza e Domingas, que residiam no Colégio das Freiras, em Rondinha. Desde essa época, os sonhos são produzidos para as festas de comunidade e se tornaram tradição ao longo do tempo – conta Mariza Bortoluzzi, nora da dona Ana, que também auxilia no preparo da receita.
Ingredientes • 25 ovos • 1 litro de leite • 600 g de açúcar cristal • 300 g de manteiga • 150 g de fermento de padaria • 5 kg de farinha de trigo • 3 kg de banha • 1 colher (de sopa) de sal • 2 tabletes de goiabada • Raspas de 6 limões (ou laranjas, se assim preferir)
Para o glacê
• 1 ½ kg de açúcar refinado • 3 xícaras de água • 1 colher (de sopa) de vinagre branco
Modo de preparo Para fazer o fermento
Coloque em um recipiente o leite, 300 g de açúcar cristal, o fermento de padaria e um pouco de farinha. O ponto desta mistura é mole. Reserve-a e deixe crescer.
Para fazer a massa
Na batedeira coloque 15 ovos inteiros, 10 gemas, 300 g de açúcar cristal, o sal, as raspas de limão e bata até a mistura ganhar volume. Em um recipiente grande coloque essa mistura da batedeira junto com o fermento já crescido. Em seguida, vá acrescentando farinha até ficar com uma consistência mais mole do que a massa de pão, por exemplo. Por último, acrescente os 300 g de manteiga, já derretida. Após a massa absorver toda a manteiga, coloque-a em uma superfície e amasse até ela ficar lisa. Coloque-a de volta no recipiente e a deixe crescer, quando perceber que ela cresceu, abaixe-a com as mãos e a deixe crescer novamente.
Para fazer o glacê
Ferva o 1 ½ kg de açúcar, junto com a água e o vinagre por aproximadamente 1 hora. Para ver o ponto, coloque um pouco em um prato e mexa com uma colher. Se ficar branquinho, está pronto.
Para moldar os sonhos
Divida a massa em rolos (pode ter como base a grossura de um copo de 250 ml), pegue esses rolos e divida-os em pedaços com uma largura de 2cm, aproximadamente. Dentro desse pedaço, coloque um cubo de goiabada e com as mãos feche-os em formato de círculo, sempre apertando as extremidades. Em seguida, coloqueos em um espaço enfarinhado, achate-os com as mãos e deixe a massa crescer. Com os sonhos crescidos e a banha já quente, comece a fritá-los. Depois de fritos, passe no glacê e deixe escorrer o excesso em uma espécie de grade.
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CĂĄ entre nĂłs
Qualidade de vida
DulcenĂŠia Haas Wommer
Assistente tĂŠcnica regional social da Emater/RS- Ascar de Frederico Westphalen e-mail: dwommer@ emater.tche.br
Sobre qual assunto vocĂŞ quer que eu escreva? Mande sua sugestĂŁo para o WhatsApp (55) 9.9960.4053
OPINIĂƒO
Quem nĂŁo sonha, nĂŁo vive! “TĂĄ escritoâ€? ĂŠ o nome de um samba motivacional que estĂĄ em uma novela atualmente. Foi gravado em 2007 pelo grupo Revelação, mas estĂĄ muito atual e tem a cara do setembro. “Erga essa cabeça, mete o pĂŠ e vai na fĂŠ, manda essa tristeza embora, basta acreditar que um novo dia vai raiar, sua hora vai chegar... Ă€s vezes a felicidade demora a chegar, aĂ ĂŠ que a gente nĂŁo pode deixar de sonhar, guerreiro nĂŁo foge da luta e nĂŁo pode correr, ninguĂŠm vai poder atrasar quem nasceu pra vencer...â€? Sonhar ĂŠ desejar ser feliz, empreender, acreditar. Nascemos zerados, mas o que acontece depois? Vamos nos moldando, acumulando medos, restriçþes, pessimismo, insegurança. Somos resultados de diversas crenças na vida, entĂŁo, Ă s vezes, ĂŠ preciso mudar o canal, a programação. Coragem nĂŁo ĂŠ ausĂŞncia de medo, mas sim colocar a fralda e ir assim mesmo. Pessoas que vivem na dĂşvida nĂŁo agem, nĂŁo falam. Se no passado algo deu errado, que nos sirva de aprendizado. Olhar para frente ĂŠ preciso. Essa descrição serve muito bem para grandes exemplos que acompanhamos no mĂŞs passado, com a inauguração de agroindĂşstrias de nossa regiĂŁo. Mulheres como Glaucia Brum de Deus, de Sarandi, Denise Chaves, de SĂŁo JosĂŠ das MissĂľes, e Janes Ciprandi, de Rodeio Bonito, que acreditam que podem e sĂŁo determinadas para dar o seu melhor. Elas buscaram os caminhos, os meios e o assessoramento da Emater/RS, fazendo a diferença em suas comunidades e, com isso, suas famĂlias prosperaram tambĂŠm. Poderia citar ainda muitos outros nomes de mulheres que fazem a diferença com seu protagonismo. Conversando tambĂŠm com meus colegas Scheid e Sangaletti, da ĂĄrea de agroindĂşstrias e bovinocultura de leite, respectivamen-
“Muitas vezes as pessoas desistem quando gastam 40% da sua energia ou nĂŁo alcançam o que querem, porque nĂŁo sabem o que querem!â€?
te, eles avaliam a importância das mulheres nesses setores para alcançar o sucesso nas atividades. CĂĄ entre nĂłs, os melhores resultados nĂŁo vĂŞm de pessoas extraordinĂĄrias, mas de pessoas simples, que fazem bem feito aquilo que precisa ser feito! Muitas vezes as pessoas desistem quando gastam 40% da sua energia ou nĂŁo alcançam o que querem, porque nĂŁo sabem o que querem! Foi o que ouvi hĂĄ poucos dias numa palestra. O que vocĂŞ quer? Como vocĂŞ se enxerga daqui a 5 ou 10 anos? Quais sĂŁo seus sonhos? Limites e oportunidades, quais vocĂŞ estĂĄ se dando? O ser humano precisa de adrenalina, que tem o papel de impulsionar, te jogar pra frente. EntĂŁo, vamos fazer a diferença juntas? E lembre-se, pessoas bem humoradas nunca estĂŁo sĂł.... “erga essa cabeça, mete o pĂŠ e vai na fĂŠ, manda essa tristeza embora..." Setembro vem aĂ para colorir nossas paisagens, pensamentos e açþes! ATÉ A PRĂ“XIMA!
"OVODJF UBNCĂ?N OBT OPTTBT QMBUBGPSNBT EJHJUBJT F BUJOKB BJOEB NBJT TFV QĂžCMJDP .BJT JOGPSNBĂŽĂœFT
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Campo aberto
GERAL
Qualificação na área de sementes traz grandes nomes para Frederico Westphalen Gracieli Verde
M
anejo da fertilidade do solo foi o primeiro tema da Qualificação em Gestão da Viabilidade e Tecnologia na Produção de Sementes, que iniciou no dia 16 de agosto, no Salão Nobre da ACI de Frederico Westphalen. O curso é mais uma promoção da Novo Rural Comunicação, Capacitação e Eventos, que desde o início de 2019 vem se reposicionando no mercado, com o objetivo de proporcionar capacitações em áreas estratégicas do setor agropecuário O primeiro módulo foi ministrado pelo professor Tales Tiecher, da UFRGS, e Antonio Luis Santi, da UFSM, ambos doutores em Ciências do Solo. O desafio foi justamente relacionar qual a importância do manejo de solo nos campos de produção de sementes, que precisam cada vez mais ter qualidade para gerar lavouras com altos rendimentos de grãos. O professor Alexandre Gazolla Neto, um dos diretores da Novo Rural, fez a abertura do encontro, dando as boas-vindas ao grupo de profissionais que se re-
O
prazo para proprietários rurais de todo o país enviarem a Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR) de 2019 segue até 30 de setembro. A Receita Federal deve receber 5,7 milhões de declarações este ano, cerca de 38 mil a mais que as 5.661.803 enviadas em 2018. A declaração só pode ser preenchida por meio do programa gerador da declaração, que pode ser baixado na página do órgão na internet. Devem apresentar a declaração pessoas físicas e jurídicas proprietárias, titulares do domínio útil ou que detenham qualquer título do imóvel rural. Apenas os contribuintes imunes ou isentos estão dispensados de entregar o documento. O produtor que perdeu ou transferiu a posse ou o direito de propriedade da terra desde 1º de janeiro também está obrigado a apresentar a declaração. Quem perder o prazo pagará multa de 1% ao mês sobre o imposto devido, com valor mínimo de R$ 50.
Turma seguirá com encontros até o fim deste ano
úne até dezembro para aperfeiçoar conhecimentos e processos na área de tecnologia de produção de sementes, um setor considerado altamente competitivo no meio agropecuário. – É uma satisfação tê-los conosco para estudar este tema. Esta é a primeira de muitas outras oportunidades de capacitação nesta área que a Novo Rural vai ofertar nos próximos anos – adiantou o empresário, que também é engenheiro-agrônomo e doutor em Tecnologia e Produção de Sementes.
IFFar tem inscrições abertas para cursos de agrárias
E
Entidades promovem encontro sobre agrobiodiversidade e alimentação saudável
E
Produtor precisa quitar ITR até fim de setembro
ntidades de toda a região estiveram unidas na organização do evento que congregou a quarta edição do Seminário Regional da Alimentação Saudável, 2ª Mostra Regional da Agrobiodiversidade e 1ª Feira Regional de Alimentos, Ciência e Tecnologias em Produção Orgânica, que aconteceu no mês passado, nas dependências do Instituto Federal Farroupilha (IFFar), campus de Frederico Westphalen. – Um dos temas que a Emater/RS-Ascar está trabalhando é justamente a segurança e soberania
alimentar. Foram três tópicos muito importantes tratados aqui hoje, como o resgate dos seminários regionais de alimentação saudável, a Mostra da Agrobiodiversidade e essa novidade que é o desafio da ciência e tecnologia para produção orgânica. Todos da organização ficaram satisfeitos com a grande participação do público e o engajamento de todas as entidades nesta ação – ressaltou a assistente técnica regional Dulcenéia Haas Wommer, da Emater/RS-Ascar, uma das entidades organizadoras do evento.
stá aberto o processo seletivo 2020 do Instituto Federal Farroupilha (IFFar) para os cursos técnicos integrados. No Campus de Frederico Westphalen estão sendo oferecidas 175 vagas, distribuídas entre o Técnico em Agropecuária (105 vagas), Técnico em Informática (35 vagas) e Técnico em Administração (35 vagas). As inscrições seguem até o dia 22 de setembro e a prova será realizada no dia 20 de outubro.
Festa da Colheita da Erva-Mate é oficializada no Estado
Rafaela Rodrigues
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oi sancionada em agosto a lei que institui Festa da Colheita da Erva-Mate no Calendário Oficial do Estado (resultado do projeto de lei 81/2017). A festa deve ocorrer de forma itinerante nos polos regionais Planalto e Missões, Alto Uruguai, Nordeste Gaúcho, Alto Taquari e Vale do Taquari, a partir de 2020. Em 2018 a primeira edição do evento ocorreu em Palmeira das Missões. O Estado é líder na produção industrial e vice-líder no cultivo. No total, são 250 indústrias, 15 mil agricultores e 150 viveiristas, além de 14 mil empregos diretos e indiretos.
Veja o calendário da Festa da Abertura da Colheita 2020: Ilópolis 2021: Venâncio Aires 2022: Novo Barreiro 38 | Revista Novo Rural | Setembro de 2019
2023: Erechim 2024: Machadinho
Campo aberto
GERAL
Emater/RS marca os 60 anos em Frederico Westphalen com festividades João Victor Cassol/Jornal O Alto Uruguai/Divulgação
Nestlé e Laticínios Bela Vista compartilham unidade de Carazinho
U
ma parceria entre a Nestlé Brasil e Laticínios Bela Vista, detentores das marcas Piracanjuba e LeitBom, foi anunciada em agosto. Lideranças das duas marcas estiveram em Carazinho, onde também esclareceram a situação a lideranças municipais. Conforme nota emitida pelas duas marcas, a Nestlé licenciará por um período de 10 anos ao Laticínios Bela Vista suas marcas Ninho e Molico, exclusivamente para o segmento de leite líquido no Brasil. Pelo acordo entre as empresas, o Laticínios Bela Vista assumirá as unidades da Nestlé que hoje produzem os leites UHT, aproveitando, assim, as linhas já instaladas e, principalmente, absorvendo os funcionários dessas localidades: Três Rios/RJ e Araraquara/SP e parte da fábrica de Carazinho/RS. Dessa forma, os colaboradores da Nestlé que atuam nesses locais serão transferidos para a nova empresa e contribuirão para as estratégias de crescimento e aceleração dos negócios no setor. Os termos do acordo devem ser submetidos ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A estimativa é de que a operação entre em vigor até o fim do ano.
Homenagens aos funcionários também foram feitas durante a programação
O
s 60 anos da Emater/RS em Frederico Westphalen ficarão na memória de centenas de pessoas que acompanharam um evento festivo no Distrito de São João do Porto, em agosto. Lideranças do setor, agricultores e funcionários da casa prestigiaram o encontro, entre eles o presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri, o secretário de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado, Covatti Filho, e o prefeito de Frederico Westphalen, José Alberto Panosso.
– Estamos aqui não somente para comemorar, mas para firmar outras parcerias para fortalecer esse trabalho na região. Parabéns aos colegas que participaram desta história, assim como as famílias assistidas – declarou Geraldo Sandri. Homenagens a extensionistas que atuaram no município, aos antigos grupos de jovens 4S, bem como a empresas e entidades parceiras deram continuidade às festividades. O coral da linha Castelinho foi uma atração à parte, bem como a participação da dupla sertaneja Erlon e Marcos.
Empresas de agrotóxicos têm um ano para adequar-se a novas regras
O
novo marco regulatório para agrotóxicos deve entrar em vigor até julho de 2020. Detalhado por meio de três resoluções e uma instrução normativa, o marco atualiza e dá maior clareza aos critérios adotados para avaliação e classificação toxicológica desse tipo de produto, segundo a Anvisa. O novo marco prevê alterações nos rótulos e nas bulas dos agrotóxicos, definindo regras para a disposição de informações, palavras e imagens de alerta, de forma a facilitar a identificação de riscos para a saúde humana.
Conforme a Anvisa, já foram enviados dados para reclassificação de aproximadamente 1.950 agrotóxicos registrados no Brasil, quase 85% do volume total (2.300) em circulação. O marco regulatório dos agrotóxicos levou em conta regras internacionais seguidas pelos países da União Europeia e da Ásia. A classificação da toxidade dos produtos prevista no marco poderá ser determinada a partir dos componentes presentes nos produtos, impurezas ou na comparação com produtos simi-
lares. Para cada categoria, haverá a indicação de danos possível em caso de contato com a boca (oral), pele (dérmico) e nariz (inalatória). Produtos “Extremamente Tóxicos” e “Altamente Tóxicos” - categorias 1 e 2, respectivamente - terão uma faixa de advertência vermelha. Produtos “Moderadamente Tóxicos” (categoria 3) terão uma faixa de advertência amarela. Já os produtos “Pouco Tóxico” e “Improvável de Causar Dano Agudo” - categorias 4 e 5 terão uma faixa azul.
Massey Ferguson apresenta tratores com motor eletrônico
U
ma das novidades do portfólio da Massey Ferguson, com lançamento especial da marca durante a Expointer 2019, é a linha MF 4200 Xtra, com motores eletrônicos. O coordenador de marketing do produto tratores AGCO, Eder Pinheiro, explica que este complemento ao portfólio da marca já era previsto nos planos da Massey Ferguson para a série MF 4200, que teve o aval dos consumidores por meio de pedidos dos produtores rurais. A linha promete mais economia, eficiência e performance Com o motor eletrônico AGCO Power de 3 cilindros e adequada ao Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) MAR-1, a série MF 4200 Xtra é composta de quatro modelos: o MF 4280 Xtra (80 cv), MF 4283 Xtra (89 cv), MF 4290 Xtra (99 cv) e MF 4292 Xtra (105 cv). Indicados para uso na fase de preparo na agricultura, como o preparo do solo, plantio, pulverização e outros serviços, os tratores da linha MF 4200 Xtra são ideais para cultivos de milho, arroz, soja e citros, além da utilização na pecuária. Na região quem representa a Massey Ferguson é a Itaimbé Máquinas, com matriz em Santa Maria e lojas em Palmeira das Missões e Panambi, entre outras cidades.
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