REVISTA
Ano 4 - Edição 40 - Maio/Junho de 2020 | Exemplar R$ 12,00
VAI TER ALIMENTO
NO COCHO?
Cenário coloca à prova a capacidade do pecuarista de manter a produção de leite. Com dificuldade para preservar a qualidade da silagem, eles precisam recorrer a alternativas viáveis para mais uma temporada PG 22 A 24
AGRICULTURA PODE LUCRAR COM O “AÇO VERDE” PG 18 A 20
ÁREA DESTINADA AO TRIGO PODE AUMENTAR NESTA TEMPORADA PG 16 E 17
Editorial MASCARADOS, SEGUIMOS EM FRENTE
A
Gracieli Verde, editora
Fica evidente que o agricultor e o pecuarista são os grandes motores para a continuidade do trabalho e o movimento da economia.
rotina alterada em função do atual momento em que vivemos tem mexido com praticamente tudo o que gira ao nosso entorno. A pandemia do coronavírus é protagonista em praticamente todas as notícias que são veiculadas, independente de portal, jornal ou canal de televisão. A quarentena, que é vivenciada por muitos, em especial quem acumula fatores e idades de risco, divide opiniões e exige que estejamos muito mais atentos e, por vezes, até ficamos incomodados com essa realidade que se estabelece. Uma coisa é certa: não há como voltar no tempo. Agora, mais do que nunca, é preciso mirar para o presente e para o futuro e se reprogramar da maneira que for possível. No agronegócio, principalmente para os gaúchos, o acúmulo dos impactos do coronavírus com os da estiagem, que tirou parte do lucro dos produtores, faz com que muitas vezes se fique de “olhos arregalados” diante de tudo isso. “A estiagem levou a capacidade de investimento do produtor para a safra de inverno”, me disse um líder muito respeitado em meados de abril. “A gente se viu forçado a rever muita coisa. Se antes as transações on-line de venda eram deixadas de lado, agora estão precisando acontecer, porque nossos representantes não conseguem chegar até certas propriedades, temos que respeitar este momento”, me dizia outra empresária do ramo agrícola, que também sente na pele e no bolso o preço da falta de chuva somado às apreensões geradas pelo Covid-19. Entre uma reflexão e outra, está claro também que o agronegócio novamente está dando suporte para o país, tanto na geração de riquezas porque, efetivamente, não pode parar, e também porque garante o abastecimento da população urbana, que em grandes centros vive quase que encarcerada. Entender com clareza como sairemos deste cenário ainda é impossível, por mais domínio técnico que se tenha de macroeconomia ou sociedade. São muitas perguntas a serem respondidas nos próximos meses. Mas, fica evidente que o agricultor e o pecuarista são os grandes motores para a continuidade do trabalho e o movimento da economia e que, mais uma vez, precisarão ter muita resiliência. Mais do que isso, precisarão reforçar os cuidados na gestão de recursos e na tomada de decisão.
Circulação: Bimestral Tiragem: 8 mil exemplares Fechamento: 04/05/2020 Fone: (55) 2010-4159 Endereço: Rua Garibaldi, 147, sala 102 - B. Aparecida Frederico Westphalen/RS Fale conosco (55) 9-9960-4053 relacionamento@novorural.com jornalismo@novorural.com contato@novorural.com
A revista Novo Rural é uma publicação realizada em parceria com
Abrangência: Rio Grande do Sul, Oeste de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná.
PR SC
Resiliência também requer técnica Checar as pautas desta edição foi transitar em momentos de preocupação e cuidado. Antes da pandemia se estabelecer mais próximo de nós, conseguimos ir a campo, conversar com as pessoas – coisa que jornalista gosta muito, afinal, é isso que nos dá “gás” para traduzir o que é vivido lá na ponta através das palavras ou imagens. Uma dessas pautas nos traz um case sobre a produção de bambu, que tem na região um dos nomes-referência no assunto em nível de Brasil, o artista plástico Carlos Ciprandi. Para outras, o contato telefônico ou via mensagens virtuais foi intensificado. Mesmo assim, não deixamos de qualificar cada vez mais as informações compartilhadas com você, produtor e produtora rural. Afinal, estamos juntos, como aliados, também neste momento. Seguiremos trabalhando, com todos os cuidados recomendados pelas autoridades de saúde, para construir cenários mais reconfortantes. Um abraço.
2 | NOVO RURAL
RS
Direção
Alexandre Gazolla Neto
Editora
Gracieli Verde
Produção de conteúdo Camila Wesner Rafaela Rodrigues
Relacionamento Juliana Durante
Capa
EwaStudio
MAIO | JUNHO 2020
INTERAÇÃO | ON-LINE
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Novo Rural
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#LEITORNOVORURAL A interação com os animais no campo é muito rotineira e se tornam de estimação. No interior de Caiçara/RS, eles também tornaram o cenário ainda mais propício para o ensaio fotográfico dos pequenos Pedro Henrique e João Vitor. A presença dos animais e o fato de "estar em casa" foram os grandes diferenciais para o resultado encantador dos cliques da fotógrafa frederiquense Carla Baldin.
Presidente da Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG comenta sobre cenários
O Januário adora acompanhar a médica-veterinária Cláudia Dazzi, de Iraí/RS, em um chimarrão. Mas diferente do tradicional, ele gosta mesmo é de provar a erva! Cada um com seus gostos, não é?!
Confira a entrevista com a presidente da Sicredi Alto Uruguai RS/SC/MG, Angelita Marisa Cadoná. Ela comentou como está sendo o trabalho na cooperativa de crédito diante da pandemia do Covid-19. Ela também compartilhou iniciativas que visam o aumento da eficiência do trabalho junto às agroindústrias familiares, bem como sobre o aplicativo Sicredi Conecta, que promete aproximar agentes de negócios na abrangência da cooperativa.
Por
Alexandre Gazolla
José de Barros França Neto, Francisco Krzyzanowski e Fernando Henning | Pesquisadores da Embrapa Soja
Engenheiro agrônomo e Doutor em Sementes
Alto índice de sementes de soja esverdeadas
“N
a safra 2019/2020, em diversas regiões brasileiras, tem sido relatada a ocorrência de elevados índices de sementes de soja esverdeadas, o que é um sério problema para a indústria de esmagamento, pois a produção de óleo tem custo aumentado devido à adoção de práticas de remoção da clorofila. Para sementes, o problema é muito mais sério, pois implica na drástica redução da germinação e do vigor. Dados de pesquisa da Embrapa Soja em conjunto com a UFLA sugerem que em pré-colheita, níveis de até 9% de sementes esverdeadas poderão ser tolerados; logicamente, o ideal seria ter 0% do problema. A remoção de sementes esverdeadas de um lote pode ser realizada por equipamentos selecionadores de cores que, apesar de caros, removem grande parte destas.
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Gracieli Verde
Vanderlei Zonta é pecuarista no interior de Frederico Westphalen/RS
Morgan garante qualidade de silagem através de concurso
Divulgação
U
ma iniciativa inédita na região envolveu uma parceria entre a Morgan e Cotrifred. Trata-se do 1º Concurso Mais Silagem – temporada 2019/2020. Trinta e sete pecuaristas se inscreveram, em toda a área de atuação da Cotrifred. O trabalho foi balizado com alguns critérios técnicos e valorizou quem tem parceria com a cooperativa e que investe em produtos da marca. Nove parâmetros foram analisados, entre eles o índice de fibra em detergente neutro (FDN), que indica a quantidade de fibra presente na silagem; de amido, de NDT e de volume de massa verde. Ver os resultados confirmados por um laboratório de confiança permite que o produtor tenha muito mais precisão no manejo desse alimento para o gado. Isso significa mais facilidade na rotina de alimentação do plantel e, o mais importante, garantia de resultados mais competitivos na produtividade leiteira. – O mais importante para nós é entender qual é o índice de nutrientes digestíveis totais, porque isso mostra efetivamente qual a capacidade dessa silagem se transformar em leite – afirma o pecuarista Vanderlei Zonta, de Frederico Westphalen/RS, que é um dos vencedores. Na propriedade de Zonta, se chegou a uma produtividade de 45 mil litros por hectare, considerando o alimento fornecido para o gado de leite – um número classificado como positivo em um cenário adverso do ponto de vista climático como o vivenciado nesta safra 2019/2020. A média Brasil é em torno de 27 mil litros por hectare. Lá o produtor cultivou o híbrido MG 652, em que alcançou uma produtividade de 77.100 quilos de massa verde por hectare. Outro vencedor do concurso é Dênis Caratti, de Palmitinho/RS, cuja propriedade somou mais de 38 mil litros de leite por hectare de produtividade no período avaliado e 70.307 quilos de massa verde por hectare. – Quanto melhor é a silagem, maior é a produção, ainda mais em uma época de entressafra como esta, que vem depois de uma estiagem rigorosa – analisa Caratti, feliz com o resultado do híbrido Morgan 20A78 que cultivou. Família Caratti, de Palmitinho, também participou
7 | NOVO RURAL
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MAIO | JUNHO 2020
Agricultura
Uma safra para refletir
M
ais uma vez o setor agropecuário precisa mostrar a sua resiliência em meio a um cenário cheio de desafios e incertezas.
Meses atrás, ninguém imaginava e/ou previa com precisão que uma estiagem poderia assolar o Sul do Brasil e nem mesmo que uma pandemia ia se instalar
no planeta causando tanta insegurança. O momento é de reflexão e cautela e toda instrução técnica e informação de qualidade devem ser consideradas.
A estiagem veio nos mostrar que precisamos estar preparados. Precisamos trabalhar com escalonamento dos períodos de plantio, com diferentes materiais, contar com uma boa estrutura de solo, avaliar alternativas para agregar valor as nossas safras, não podemos parar de evoluir. Luciano Schwerz
Engenheiro-agrônomo e gerente regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen/RS.
Temos que ficar cada vez mais atentos aos detalhes, às boas práticas agrícolas, inclusive, no que diz respeito a adição de diferentes plantas de cobertura no sistema de produção, com diferentes tipos de raízes, para melhorar a estrutura física, química e biológica do solo. Produtores que não levaram isso em consideração, por exemplo, foram os que mais sentiram os efeitos da estiagem e, como consequência, os que menos colheram. Ronaldo Outeiro Giongo
Engenheiro-agrônomo e produtor de soja em Seberi/RS.
Toda e qualquer prática que resulte em melhoria da qualidade do solo vale a pena. Em uma safra onde as perdas médias na cultura da soja se aproximam a 50% na área de atuação das cooperativas, com situações de até 70%, chama a atenção os contrastes entre os bons e os maus manejos. Nesta safra, ao ignorarmos a qualidade do solo, ignoramos vários sacos de soja por hectare. Nesta safra redescobrimos a necessidade de um insumo básico: o capricho. Geomar Corassa
Engenheiro-agrônomo, gerente de pesquisa na Cooperativa Central Gaúcha Ltda. (CCGL) e coordenador da Rede Técnica Cooperativa (RTC)
Estimativa de perdas* Área total (ha)
Produção estimada (t)
Perda estimada (t) (23/03/2020)
% de perda
Área colhida (14/04/2020)
Soja
405.600
1.425.236.800
373.173.550
27%
90%
Milho grão
87.630
780.876.770
164.252.470
22%
93%
Milho silagem
30.560
1.082.105.400
230.443.150
22%
84%
Feijão segunda-safra
9.755
127.581.130
2.010.045
35%
10%
Cabeças
Litros/mês
Litros/mês
107.556
34.481.832
8.620.457
25%
Acumulado no ano
Atividade
Bovinocultura de leite
* Os dados se referem aos 42 municípios de abrangência da Regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen/RS 8 | NOVO RURAL
MAIO | JUNHO 2020
LAVOURA CONECTADA Por
Antônio Luis Santi
santi@connectfarm.com.br
Engenheiro-agrônomo, doutor em Ciência do Solo/Agricultura de Precisão, coordenador do Laboratório de Agricultura de Precisão do Sul da UFSM-FW e representante do Fórum dos Pró-Reitores de Pós-Graduação e Pesquisa na Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão junto ao Mapa
O que a seca nos ensinou?
Q
ue a safra 2019/20 foi difícil, desafiadora, mais uma prova para nossos heroicos produtores, ninguém deve ou pode ter dúvida disso. Mesmo assim, estamos num momento que tudo se inicia novamente e é fundamental reavaliar o que acertamos e o que e onde se errou. Talvez muitos técnicos e agricultores pensam que um ano de frustrações ocasionadas por estresse hídrico como esse que vivemos não ajuda em nada como fonte de dados para a busca por altas produtividades. Porém, são exatamente essas situações que proporcionam as melhores informações para repensar o sistema de produção. Vejamos um comparativo em um talhão de 57 hectares cultivado com a cultura da soja em condições de sequeiro, na safra 2002/03, em que houve excelente distribuição hídrica como se comportou a variabilidade da área e sua relação quilogramas produzidos por milímetros precipitado. Numa condição como essa em que existe boa oferta de água para tudo parece “funcionar” muito bem, mas, na safra seguinte, 2003/04, em que houve uma das maiores secas no RS, a lavoura torna-se completamente “manchada”, elucidando que as qualidades química, física e biológica do solo não andam bem e que basta suprimir a água para gerar uma variabilidade enorme na área.
Tenho escutado muito: “Estou produzindo bem, não preciso mudar...”. A grande questão é que não é possível ser eficiente e realmente preservar o meio ambiente e ganhar dinheiro quando se tem na lavoura uma instabilidade produtiva. Sem dúvida alguma, a água é a principal determinante de uma boa safra ou da frustração. Porém, com inteligência e técnica, cabe criarmos subsídios para que seja armazenada no solo e posteriormente disponibilizada para as culturas. É preciso entender que a cultura do milho consome 300 litros de água para cada quilograma de massa seca que a planta produz e a cultura da soja consome 500 litros por quilograma de massa seca produzida. Ora, considerando que uma lavoura de milho com uma produtividade média de 150 sc. ha-1 (muito comum de se encontrar no Sul do Brasil) produza só de massa 9 | NOVO RURAL
Apoio técnico:
seca de grãos 9.000 kg e mais 12.000 kg de massa da parte aérea e raízes, está se falando de uma produção de 21.000 kg de massa seca por ha. Para se obter essa produção é necessário 6.300.000 (seis milhões e trezentos mil) litros de água por hectare. Para um ciclo de 120 dias, é necessário, em média, que sejam absorvidos 52.500 litros de água diariamente pelas plantas. Alguém pode dizer: “Santi, mas esse cálculo é muito subjetivo”. Sim, ele é, porque a complexidade é ainda maior. O que prova que para o sucesso da lavoura e para chegar em altas produtividades, além de combinar genética e ambiente, é necessário “acertar o manejo” de mais de 50 fatores de produção. Mas, sem entender como as plantas dependem da água não há sucesso. Já dizia meu querido e saudoso Dirceu Gassen: “As plantas bebem nutrientes todos os dias”. Para melhor compreendermos o que a seca pode nos ensinar, na figura abaixo é apresentada a relação entre água no solo e a produtividade da cultura da soja em uma área de lavoura no RS numa das piores safras das últimas décadas, onde a média de produtividade da cultura da soja foi de apenas 17 sc. ha-1. Vejamos que numa safra com tamanha frustração a pior área dessa lavoura entregou 41 sc. ha-1 e o ambiente de maior potencial 70 sc. ha-1. Essa é uma das provas científicas de que investir na qualidade do solo é rentável e necessário.
Estamos iniciando um novo ciclo, já nos preparando para uma nova safra. Esse é o momento para ousar, fazer diferente e melhor. Repensar o sistema de produção se faz mais do que necessário. Rotação com plantas eficientes, diversidade de espécies, de raízes, aumentar a produção de palha. “A palha é a pele do solo”, é ela que evita a perda de água e garante a vida no solo. Talvez uma das coisas que mais aprendi com essa safra 2019/20 pode ser resumida com uma frase dita por um produtor: “professor Santi, onde tinha mais palha na minha lavoura cheguei a produzir 30 sc. ha-1 a mais do que onde não tinha”. O segredo continua sendo fazer o básico bem feito. MAIO | JUNHO 2020
Agricultura MERCADO DA SOJA Por
Luiz Fernando Gutierrez Roque
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luiz.gutierrez@safras.com.br Economista e analista de mercado da consultoria Safras & Mercados
Brasil está consolidando a colheita de uma nova safra recorde
D
evido à estiagem no Rio Grande do Sul, a safra brasileira de soja deverá ficar abaixo do esperado inicialmente. Apesar disso, a safra ainda deverá ser recorde no país. Segundo o último relatório de SAFRAS & Mercado, divulgado no fim de março, a produção brasileira de soja em 2019/20 deverá totalizar 124,188 milhões de toneladas, com elevação de
4,1% sobre a safra da temporada anterior, que ficou em 119,306 milhões de toneladas. No dia 7 de fevereiro, data do relatório anterior, a projeção era de 124,554 milhões de toneladas. O avanço da colheita em todo o país trouxe um panorama mais claro do verdadeiro potencial produtivo da safra brasileira nesta temporada. No Rio Grande do Sul, a falta de umidade
registrada no primeiro trimestre do ano culminou em uma das maiores perdas produtivas dos últimos anos. A maior parte das lavouras gaúchas não receberam umidade suficiente em momentos importantes do desenvolvimento, o que derrubou o potencial produtivo das plantas do Noroeste ao Sul do Estado. Infelizmente, a safra gaúcha sofreu um grande revés em 2020.
ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE SOJA - BRASIL - SAFRA 2019/20 - Área em mil ha, Produção em mil t e Rendimento em kg/ha -
2019/20 (**) Estados
A/B %
2018/19 (*)
C/D %
Área Plantada (A)
Área Colhida
Produção (C)
R.M.
Área Plantada (B)
Área Colhida
Produção (D)
R.M.
SUL
1
-6
12.280
12.219
37.486
3.068
12.170
12.109
40.035
3.306
Paraná
0
24
5.560
5.532
20.912
3.780
5.550
5.522
16.898
3.060
Rio Grande do Sul
1
-32
5.980
5.950
13.923
2.340
5.900
5.871
20.429
3.480
Santa Catarina
3
-2
740
736
2.651
3.600
720
716
2.708
3.780
CENTRO-OESTE
3
10
16.610
16.527
59.078
3.575
16.150
16.069
53.607
3.336
Mato Grosso
2
6
9.820
9.771
34.394
3.520
9.670
9.622
32.329
3.360
Goiás
3
6
3.670
3.652
13.146
3.600
3.580
3.562
12.396
3.480
Mato Grosso do Sul
8
31
3.040
3.025
11.252
3.720
2.820
2.806
8.586
3.060
Distrito Federal
0
-3
80
80
287
3.600
80
80
296
3.720
SUDESTE
3
17
2.750
2.736
10.280
3.757
2.660
2.647
8.774
3.315
Minas Gerais
2
15
1.700
1.692
6.394
3.780
1.660
1.652
5.550
3.360
São Paulo
5
21
1.050
1.045
3.886
3.720
1.000
995
3.224
3.240
NORDESTE
1
2
3.420
3.403
10.814
3.178
3.390
3.373
10.588
3.139
Bahia
1
-3
1.650
1.642
5.319
3.240
1.640
1.632
5.483
3.360
Maranhão
1
9
1.000
995
3.104
3.120
990
985
2.837
2.880
Piauí
1
5
770
766
2.390
3.120
760
756
2.269
3.000
NORTE
2
4
2.052
2.042
6.530
3.198
2.014
2.004
6.301
3.145
Tocantins
2
6
1.050
1.045
3.260
3.120
1.030
1.025
3.075
3.000
Rondônia
1
0
345
343
1.133
3.300
340
338
1.137
3.360
Roraima
5
9
42
42
128
3.060
40
40
117
2.940
Pará
2
2
590
587
1.937
3.300
580
577
1.904
3.300
Amapá/Amazonas/ Acre
4
5
25
25
72
2.900
24
24
69
2.880
BRASIL
2
4
37.112
36.926
124.188
3.363
36.384
36.202
119.306
3.296
(*) Projeção, SAFRAS. (**) Previsão, SAFRAS. Sujeitas a revisão. | Fonte: SAFRAS e Mercado. Baseado em pesquisa com produtores, cooperativas e indústrias do complexo soja.| Março/2020 Copyright 2020 - Grupo CMA
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MAIO | JUNHO 2020
BOLETIM TÉCNICO Por
PRÁTICAS DE MANEJO X AMBIENTES DE PRODUÇÃO
Alexandre Gazolla Neto agazolla@novorural.com
Engenheiro-agrônomo, doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes e empresário do agronegócio
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Detalhes que fazem a diferença no manejo para altas produtividades
S
empre depois de um ciclo de dificuldades paramos para refletir, entender e avaliar os acertos e erros diante das ações de manejo associadas aos sistemas de produção agropecuários, com destaque para a produção de grãos. A safra 2019/2020 reforçou aos agricultores a necessidade de um planejamento de ações a longo prazo, com especial destaque para os cuidados com o solo, espécies para rotação de culturas e, principalmente, a definição de cultivares. Negligenciamos em diversos momentos o planejamento e o escalonamento de cultivares com diferentes ciclos, características, resistências e demandas fisiológicas, tomando como ponto principal para escolha somente o rendimento do grão. Porém, em grande parte dos materiais genéticos, essa característica só é alcançada em um ambiente adequado, com disponibilidade equilibrada dos fatores de produção para o crescimento e desenvolvimento das plantas, tais como água, luz e nutrientes. Sempre devemos priorizar o planejamento e divisão das áreas de produção entre cultivares com diferentes ciclos e características produtivas, isso gera maior segurança e estabilidade de rendimento aos produtores e demais agendas integrantes da cadeia produtiva. Precisamos ter em mente que o aumento da produtividade com rentabilidade não está baseada unicamente na utilização de uma cultivar, insumo ou serviço específico, mas em um conjunto de práticas agronômicas executadas ao longo dos anos, com vistas a melhorar o solo e o ambiente de produção. A manutenção da produtividade frente as variações ambientais é diretamente proporcional ao conhecimento aplicado por metro quadrado. Devemos estar atentos a todas as fontes de variabilidade associadas a uma área de produção, analisar o histórico e traçar um planejamento a longo prazo. A atenção às práticas adequadas de manejo, integradas ao incremento da precisão das máquinas semeadoras, cultivares modernas, técnicas de agricultura de precisão, otimização e preservação da capacidade produtiva do solo, aprimoramento da cobertura vegetal através da rotação de espécies e a semeadura direta, são questões fundamentais para gerar maior segurança, produtividade e rentabilidade em anos “bons” e “ruins”.
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GRÃOS: PRÁTICAS PARA ALCANÇAR A ESTABILIDADE PRODUTIVA • Planejar as ações e a alocação de espécies para cinco anos • Fazer a rotação de culturas • Reduzir a compactação do solo • Minimizar o trânsito de máquinas e equipamentos em lavouras • Escalonar cultivares dentro de cada espécie e área de produção • Utilizar plantas de cobertura separadamente ou consorciadas • Garantir a presença constante de plantas vivas ou palha sobre o solo
• Identificar e quantificar a variabilidade dos ambientes de produção • Realizar o estabelecimento de plantas com distribuição uniforme, livre de falhas, plantas duplas, triplas e dominadas • Proporcionar um ambiente adequado para a germinação, emergência e estabelecimento inicial • Utilizar sementes de qualidade, principalmente com altos índices de vigor e germinação MAIO | JUNHO 2020
Agricultura
Hora de garantir a “safra da sustentabilidade” para o solo Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural
Entressafra é o momento ideal para o produtor adotar práticas que auxiliem na redução de doenças que podem permanecer na lavoura mesmo após a colheita
D
epois de finalizada a colheita de soja, o produtor deve se atentar a outros fatores que devem assegurar a eficiência na produtividade do próximo ciclo. Através da utilização de cultivares suscetíveis ou resistentes, bem como das práticas culturais adotadas, é possível aumentar ou reduzir a incidência de doenças nas lavouras. O doutor em Fitotecnia e gerente regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen/RS, Luciano Schwerz, explica que algumas doenças que afetam a oleaginosa apresentam maior agressividade e são mais preocupantes, a exemplo da ferrugem asiática, que depende de plantas vivas para o seu desenvolvimento. – Esta doença encontra ao longo do ciclo produtivo condições favoráveis para o seu desenvolvimento, dependendo da presença dos esporos nas lavouras, os quais são deslocados por correntes de ar e/ou mantidos por plantas hospedeiras. Por isso se reforça a importância do vazio sanitário, que evita a existência de plantas vivas que possam servir para o aumento da população do fungo – explica Schwerz. Segundo ele, existem também patógenos – fungos, protozoários e vírus – que podem permanecer nas lavouras por meio dos restos culturais ou de estruturas especializadas de sobrevivência. Nesse contexto, o manejo dos restos culturais está diretamente atrelado ao sistema de plantio direto, no qual toda a palhada é deixada sobre o solo. – Se houver falhas no manejo, este sistema pode criar condições favoráveis para a disseminação e a sobrevivência de fitopatógenos ne-
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crotróficos, que se alimentam de tecidos mortos e podem afetar a safra futura – reforça. Entre as doenças elencadas pelo profissional como recorrentes em solos gaúchos, principalmente em áreas com falhas de manejo, ausência de rotação de culturas e compactação do solo, estão o Pythium, Phytophthora e Rhizoctonia, que ocasionam o apodrecimento das sementes e, até mesmo, morte das plantas adultas. Outro fungo que sobrevive como micélio dormente em restos culturais ou sementes infectadas é o Phomopsis spp, que prejudica os estádios iniciais de formação das vagens. Questionado se o controle de doenças através da rotação de cultura é uma prática eficiente, Schwerz comenta que esta prática está relacionada com o manejo dos restos culturais e com o período necessário para a mineralização – os restos culturais fornecem abrigo e nutrição aos fitopatógenos durante a fase de decomposição da matéria orgânica no solo. Sendo assim, estes são afetados com o plantio direto e a rotação de cultura. – A rotação de culturas cria condições adversas aos fungos que possuem afinidade com a soja, por exemplo. As-
sim, quando outra palhada e/ou raízes são incorporadas no solo, esses fungos acabam tendo sua capacidade de sobrevivência reduzida. Precisamos ajustar nossas práticas de manejo, a fim de gerar mais palhada para aumentar a população de microrganismos que, ao mineralizar esses restos culturais, reduzem a incidência de doenças e melhoram as condições dos solos – aponta. Apesar dos nítidos resultados satisfatórios com a prática, o agrônomo relata que o Sistema de Plantio Direto está ocorrendo em menos de 20% da área de abrangência da Emater/RS-Ascar, que compreende 42 municípios do Norte gaúcho. – O que efetivamente se vê é a sucessão de culturas em meio ao plantio direto sobre a palha, um grande risco para nossa economia e sustentabilidade. Pensar em sistemas é ter planejamento. Nossa região permite a implantação de três safras ao longo do ano: duas podem preconizar a renda [soja, milho, trigo, cereais de inverno, entre outros] e uma pode ser a “safra do solo”, garantindo uma melhor estrutura para superar os desafios, como a estiagem e a erosão – reitera Schwerz. MAIO | JUNHO 2020
Alexandre Gazolla
Palha mal distribuída: um obstáculo para o estabelecimento da lavoura Bom manejo auxilia no controle de plantas daninhas, pragas e doenças nas culturas subsequentes
E
ntre os principais fatores que afetam o estabelecimento de plantas está a distribuição desuniforme de palha sobre o solo durante a colheita de soja, o que dificulta a operação futura das semeadoras e, consequentemente, reflete na baixa produtividade na temporada de inverno. Segundo o engenheiro-agrônomo e doutor em Produção e Tecnologia de Sementes Alexandre Gazolla, a colheita é o momento ideal para corrigir a distribuição de palha e garantir o sucesso da próxima safra. – A prática realizada de forma correta faz com que durante a próxima semeadura a máquina não experimente diferentes pressões, o que pode ocasionar uma semente incrustada na palha e/ou uma semente em excesso de profundidade de semeadura, comprometendo o estabelecimento na emergência das plantas – ressalta. O agrônomo também explica que a palha cria um ambiente extremamente
favorável às condições físicas, químicas e biológicas do solo e contribui, inclusive, para o controle de plantas daninhas. – Entre as diversas ações que o produtor deve ficar atento, também está relacionada a implantação das espécies de inverno e à dessecação da área, para que não ocorra a ressemeadura natural de plantas daninhas – pontua, reforçando que a eficiência no controle destas deve ser feito durante seu desenvolvimento inicial, pois quanto menor a planta, maior a facilidade de controlá-la. O doutor em Sementes explica ainda que essas estratégias também auxiliam na gestão do banco de sementes de plantas daninhas no solo e o controle de hospedeiros intermediários, reduzindo a ocorrência de plantas daninhas, pragas e doenças, responsáveis pela queda de produtividade, qualidade e rentabilidade do agricultor. – Para exemplificar, destacamos o manejo da buva (Conyza bonariensis
Qualidade da semeadura inicia com a distribuição uniforme da palha na colheita anterior
e Conyza canadensis), que tem seu processo de germinação e infestação iniciado durante o pousio e desenvolvimento das lavouras de cereais de inverno e/ou safrinha de milho. Ao utilizarmos herbicidas de forma eficiente nesta época integrando a rotação de culturas, observamos significativa redução na população desta espécie – exemplifica Gazolla.
POR QUE DISTRIBUIR A PALHA DE MANEIRA UNIFORME? • Garantir eficiência no estabelecimento de plantas da próxima safra • Criar um ambiente favorável às condições físicas, químicas e biológicas do solo • Gerir o banco de sementes de plantas daninhas no solo • Reduzir a ocorrência de pragas e doenças
Agricultura DA PESQUISA AO CAMPO Por
Telmo J. C. Amado
proftelmoamado@gmail.com Engenheiro-agrônomo, doutor em Ciência do Solo e professor no Departamento de Solos da UFSM
Manejo pós-safra: oportunidade para corrigir problemas de solo
Deslocar parte da adubação para o inverno, tem resultado em incremento da produção de matéria seca.
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Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural
P
assada uma das safras mais desafiadoras das últimas décadas para as culturas da soja e do milho no Rio Grande do Sul, pela distribuição irregular de chuvas durante o ciclo e pelo déficit hídrico durante estádios fenológicos críticos, é hora de buscar corrigir problemas do solo que agravaram o impacto da estiagem. De fato, tivemos períodos muito longos de estiagem em fases críticas, como o enchimento de grãos. Além disso, as chuvas foram muito localizadas causando uma grande variabilidade no desempenho das lavouras próximas uma das outras. Fato que tem induzido erros grosseiros na estimativa do tamanho da quebra da safra no Estado, com estimativas que variaram de 12 a 45%. Essa grande variabilidade entre lavouras próximas nos faz refletir se foram realmente chuvas
esparsas ou o histórico de manejo de cada área, ou ambos associados, que está por trás desse fato. Lavouras com compactação do solo, com baixo uso de calagem, desequilíbrio de bases no complexo de troca, deficiência de potássio, baixa qualidade química da camada de 0,20-0,40 m, baixo teor de matéria orgânica e com pouca rotação de culturas, pastejo muito intensivo e destinadas a silagem foram as que mais sentiram a estiagem. O período é propício para corrigirmos problemas de solo que vem se agravando ao longo das safras. Aliviar a compactação do solo e melhorar a qualidade química do perfil são dois dos problemas mais frequentes a serem enfrentados, pois compromete o aprofundamento do sistema radicular das culturas de grãos. Entre os métodos corretivos à compactação destacam-se a escarificação mecânica ou biológica (raízes de plantas de cobertura) ou a associação deste métodos. De fato, no projeto Aquarius tem se
buscado integrar as estratégias de descompactação com a melhoria do perfil, combinando a aplicação superficial de calcário, escarificação mecânica associada a semeadura de um consórcio ou policultivo de culturas de cobertura e aplicação de gesso em cobertura durante o desenvolvimento das culturas. Resultados de dois anos de experimentos têm comprovado a eficiência da integração dos métodos, com prolongamento das melhorias das condições físicas do solo induzidas pela intervenção mecânica. A adubação de sistema, ou seja, deslocar parte da adubação para o inverno, tem resultado em incremento da produção de matéria seca durante o inverno e também deve ser considerada. O período é também propício para adubações orgânicas, orgânico-mineral, uso de condicionadores de solo e revitalização da atividade biológica com aplicação de Trichoderma, entre outros. E você, já decidiu o que tem que ser melhorado no seu solo para a próxima safra? MAIO | JUNHO 2020
Como oferecer um alimento mais
Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural
SEGURO?
A RASTREABILIDADE É UM COMPROMISSO DE TODOS
Interesse pelo girassol surgiu ainda em meados dos anos 2000, quando Rafaelo Rigon cursava Agronomia
Como criar alternativas para a safra de inverno Em Boa Vista das Missões, o produtor Rafaelo Rigon tem mantido a cultura no sistema de produção e vê bons resultados
H
á mais de cinco anos usando o girassol no sistema de produção agrícola adotado nas lavouras localizadas em Boa Vista das Missões/RS, o engenheiro-agrônomo Rafaelo Rigon tem se tornado referência no assunto. – Ao meu ver, comparado ao trigo, o girassol é uma ótima opção. O preço de venda do girassol é balizado pelo preço da soja, mas o custo de produção é bem menor, em torno de 13/14 sacas de soja. É claro que tem algumas questões de manejo que o produtor precisa estar atento, porque é uma cultura que não aceita replantio, por exemplo – conta. Por outro lado, quando tudo transcorre dentro do esperado, a lavoura de girassol praticamente cobre também os custos da futura lavoura de soja, segundo Rigon. Nesta safra, serão 85 hectares da cultura na área do produtor, a produtivida-
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de está estimada em 30/32 sacas por hectare. Rigon também semeia canola. Para esta vai destinar 220 hectares nesta temporada, com a expectativa de produtividade girando em torno das 22/25 sacas. A implantação da cultura iniciou em abril e a de girassol deve ser realizada em julho. Assim como a canola, o girassol também muitas vezes gera dúvidas na hora da colheita. Mas Rigon garante que “não tem mistério”. Para tal, é usada a mesma plataforma que colhe o milho. Ele ressalta que o cuidado maior da cultura é ao semear. – É importante estar de olho na previsão do tempo, porque tem que chover logo para gerar uma boa emergência. Depois de emergido, o girassol prefere anos não muito chuvosos para estar florido, ao contrário do milho, até porque, depende do trabalho das abelhas para polinizar – explica.
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Agricultura Gracieli Verde
SAFRA DE INVERNO Por
Marcelo André Klein
marcelo.klein@embrapa.br Engenheiro-agrônomo, analista da Embrapa Trigo, em Passo Fundo/RS
Trigo com boas perspectivas para 2020
O
trigo é o principal cultivo de inverno do Sul do Brasil. Juntos, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná têm representado 88% da área e da produção total de trigo no Brasil. Produzimos, aproximadamente, 40% da nossa demanda nacional, que varia entre 10 e 12,5 milhões de toneladas e importamos, anualmente, entre 6,5 e 7,0 milhões de toneladas. A importação gerou, somente no ano de 2019, um desembolso de U$$ 1,5 bilhão. Nosso principal parceiro comercial é a Argentina, país do qual importamos, em média, 75% do trigo que precisamos para abastecer o mercado interno. Nos últimos quatro anos, a área cultivada se manteve praticamente estável nesses três Estados, com média de 723.000 hectares para o Rio Grande do Sul; 56.000 hectares para Santa Catarina e 1.042.000 hectares para o Paraná. As produtividades têm variado de ano para ano. O ano de 2016 foi excepcional para a triticultura gaúcha, considerada a melhor safra dos últimos cinco anos. Apesar de ter a maior área plantada, o Paraná já soma três anos consecutivos de frustrações, por conta da ocorrência de geadas no Sudoeste e seca no Norte e Noroeste do
Estado. Para 2020, o cenário mostra-se favorável ao cultivo do trigo nessa região do país. Na previsão climática de inverno, a tendência aponta para uma estação com baixa umidade, o que favorece o cultivo pela menor incidência de doenças e o aumento da qualidade do produto colhido. No cenário internacional, a desvalorização do real, em função da pandemia do Covid-19, tornou extremamente cara a aquisição de trigo argentino, cuja tonelada chegou ao mercado nacional por até R$ 1.300,00 no mês de março de 2020, com possibilidade de elevação em conformidade com o câmbio. Esses fatores que compõem o cenário tritícola levaram à valorização do produto nacional. Para fevereiro de 2020, a elevação de preço chegou a 4,09% no RS e 7,37% no PR. Com os preços atrativos no balcão, pode-se esperar um aumento na área cultivada para a safra 2020 nesses Estados. Temos terra, máquinas, tecnologia disponível e, principalmente, produtores experientes e com vontade de trabalhar. Trigo é a mais importante opção econômica para o uso das terras no inverno no Sul do Brasil.
Trigo é a mais importante opção econômica para o uso das terras no inverno no Sul do Brasil.
Ano
Área RS*
Prod.**
Área SC*
Prod.**
Área PR*
Prod.**
Produção total***
2016
777
3.214
58
3.800
1.086
3.140
6.128
2017
699
1.826
54
2.630
962
2.308
3.637
2018
682
2.746
58
2.540
1.098
2.582
4.854
2019
736
3.015
51
3.015
1.024
2.080
4.488
*Área - mil hectares | **Produtividade média kg/ha | ***Produção total - milhões de toneladas Fonte: Conab
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MAIO | JUNHO 2020
Rafaela Rodrigues
Trigo: demanda interna aquecida deve favorecer a cultura Mesmo em um período de incertezas para o setor agrícola, o mercado tritícola brasileiro está otimista neste ano, com fatores colaborando para a ampliação da área do cereal
A
pesar da baixa movimentação nos negócios do mercado brasileiro de trigo, com vendedores e compradores retraídos, a demanda interna está aquecida e a redução na oferta da Argentina – maior exportador do cereal – e demais países produtores do Mercosul tendem a estimular o interesse dos moinhos no produto brasileiro e, consequentemente, incentivar investimentos e a ampliação da cultura no país. Segundo o engenheiro-agrônomo e um dos gerentes comerciais da OR Sementes, Maicon Pes Matana, a alta no dólar registrada nos últimos meses encareceu o valor do cereal no mercado nacional, impacto sentido principalmente na indústria. Com os custos de importação mais caros, a procura pelo trigo brasileiro deve aumentar. Sem números precisos até o momento, a expectativa também é de que área plantada aumente no país. – Em abril já houve relatos de trigos 17 | NOVO RURAL
importados chegando ao mercado no valor aproximado de R$ 1.400,00 a tonelada. A área plantada também deve aumentar neste ano, por conta da necessidade do produtor buscar uma fonte de renda no inverno em virtude da frustração na safra de verão – estima. De acordo com o coordenador da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e presidente do Sindicato Rural de Palmeira das Missões, Hamilton Jardim, o porém da questão é que a alta do dólar também impacta no custo de produção da lavoura de trigo. Aliado a isso, a estiagem reduziu significativamente a receita dos produtores de milho e soja, “que são os que plantam o trigo no inverno”, como ele mesmo diz. Por isso, a agilidade nas resoluções propostas pelo governo para minimizar os prejuízos da safra de verão e iniciar a de inverno, como a renegociação de dívidas, deve ser priori-
zada neste momento. – Vamos iniciar a implantação da cultura com o dólar alto e com produtores descapitalizados. O produtor precisa que essas medidas sejam consolidadas a curto prazo, para que ele possa tomar a decisão logo, que os agentes bancários acatem as decisões e que a gente possa reverter esse quadro de perdas – disse Hamilton Jardim no fim de abril à reportagem. Para finalizar, o engenheiro-agrônomo da OR Sementes destaca a importância do cereal para as práticas agrícolas, especialmente no que diz respeito à rotação de culturas no inverno. – O trigo traz diversos benefícios, como retorno econômico, redução de plantas daninhas, pragas e doenças, controla a erosão do solo, aumenta os teores de matéria orgânica, melhora as características físicas e químicas do solo e, ainda, possibilita ao produtor a adubação no sistema de plantio direto – reforça o agrônomo. MAIO | JUNHO 2020
Agricultura Fotos: Rafaela Rodrigues
Carlos Ciprandi, de Planalto/RS, é um artista plástico que trabalha com a gramínea milenar no Norte gaúcho e apoia a expansão da atividade através da agricultura
Bambu: o “aço verde” que pode revolucionar o campo Pesquisador garante que a gramínea pode ser alternativa de renda para a agricultura Por
Rafaela Rodrigues
jornalismo@novorural.com
M
ais difundida nos países asiáticos, a cultura do bambu começou a ganhar força no mercado mundial nos últimos anos por conta de sua versatilidade. Da gramínea é possível produzir biomassa para geração de energia, alimento, materiais para execução de projetos em arquitetura e engenharia, além de artigos de decoração. Mas, para que tudo isso possa acontecer ele precisa ser efetivamente produzido e é aí que ele entra também como alternativa para a agricultura. Por ano, o mercado mundial de bambu movimenta cerca de 60 bilhões de dólares, segundo a Rede Internacional de Bambu e Rattã (Inbar), entidade que reúne mais de 43 países em iniciativas voltadas para o uso deste vegetal, incluindo o Brasil. No Brasil, conforme dados da Associação Brasileira de Produtores de Bambu (Aprobambu), existem cultivos de bambu no Maranhão, compreendendo 22 mil hectares, destinados à produção de biomassa para geração de energia para o setor industrial, principalmente cervejarias e cerâmicas. Na Paraíba e Pernambuco, os 15 mil hectares com a planta destinam-se à produção de celulose e papel para embalagens de cimento. São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Paraná em cultivos comerciais com foco na produção de brotos comestíveis e fitocosméticos – cosméticos naturais a base da planta. São 258 espécies de bambu no Brasil, distribuídas em 35 gêneros e encontradas nos diferentes biomas brasileiros, conforme a Lista de Espécies da Flora Brasileira. Essa diversidade corresponde a cerca de 20% do total dos bambus no mundo.
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Do Norte gaúcho para o mundo Ao chegar no Museu do Bambu & Cia, em Ametista do Sul/RS, o receptivo artista plástico Carlos Ciprandi faz uma explanação sobre a história do bambu e dá uma prévia do que o visitante vai encontrar nos corredores do espaço. Tamanho o conhecimento pela gramínea faz ele ser autoridade sobre o assunto. Logo na entrada, os olhos se perdem em meio a tantos objetos, muitos trazidos da China pelo próprio Ciprandi. É surpreendente a versatilidade do bambu e a riqueza de detalhes das peças expostas. Bicicleta, materiais para construção civil, como assoalho; utensílios para cozinha, como tigelas e talheres; instrumentos musicais, como uma sanfona e, até mesmo, alimentos, como refrigerante e conservas do broto do bambu, produzido por Ciprandi e comercializado no local, formam parte do acervo. O artista plástico dedica o seu tempo à gramínea há mais de duas décadas. Entre estudos e visitas à China, onde a cultura é bastante difundida, conheceu este material alternativo para fazer a sua arte – além de ser uma opção para a agri-
cultura. – Nesse tempo aprendi que o bambu é muito mais do que uma matéria-prima para artesanato e a cada dia que passa ele me surpreende mais – releva Ciprandi, que aproveita a sua autoridade no assunto para explicar que são lançados, em média, três a quatro produtos de bambu por dia. Além do museu, onde receNa entrada do museu exemplares de várias espécies ficam expostas
MAIO | JUNHO 2020
Nesse tempo aprendi que o bambu é muito mais do que uma matéria-prima para o artesanato. be turistas de várias regiões do país, ele conta com um viveiro especializado na produção e comercialização de mudas de bambu, possui duas oficinas, uma de arte e artesanato e outra de móveis. Inicialmente, o museu, que também serve como loja e atelier, estava localizado em Planalto/RS, mas tendo em vista que o fluxo turístico de Ametista do Sul era mais estratégico para o negócio, o espaço ganhou um novo endereço. O local chega a receber em torno de 50 visitantes por dia dependendo da temporada.
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Produtor pode ganhar R$ 15 mil/ha ao ano com a atividade É possível fazer do bambu uma alternativa de renda para a agricultura familiar. Com as técnicas de colheita adequadas, a gramínea rebrota com facilidade e pode produzir por muito tempo sem a necessidade de replantio – mais de 30 anos. Segundo Ciprandi, em áreas plantadas, a partir dos quatro anos já é possível colher material com potencial econômico, dependendo da espécie e finalidade de uso. – Para usar como madeira, por exemplo, o bambu precisa ser colhido aos quatro anos. Se comparado ao eucalipto, podemos vislumbrar um retorno econômico a curto prazo. Contamos com poucas plantações comerciais de bambu no Brasil, sendo que temos muita área disponível e esta atividade não demanda de elevado custo de produção e nem alto índice de tecnologias empregadas – destaca. Ainda de acordo com Ciprandi, o único investimento que o produtor precisa fazer e que demanda um custo mais alto é a aquisição das mudas, que custam entre R$ 50,00 e R$ 65,00 cada. É válido ressaltar que o valor corresponde a mudas que passam por um processo de controle de qualidade, algo importante para quem pretende ter bons resultados com atividade. – Em um hectare são plantadas em
média 200 mudas. Então, o investimento seria em torno de R$ 10 mil, fora o preparo do solo. É difícil quantificar a estimativa de produtividade do bambu, como é feito nas culturas convencionais, mas é possível projetar uma colheita em um hectare de 1 mil varas e 5 toneladas de broto. Sendo assim, trabalhamos com uma projeção de R$ 15 mil por hectare ao ano – explica, acrescentando que o produtor pode agregar valor em produtos provenientes do vegetal, como o carvão do bambu que serve como filtro natural e que pode ser vendido a R$ 120,00 o quilo; ou até mesmo para fins medicinais. Sobre os custos de produção, ele ainda reforça que não é preciso utilizar defensivos, produtos químicos são utilizados somente após a colheita das varas, quando é feito o tratamento para evitar a contaminação por carunchos – pelo alto índice de amido, o caruncho acaba sendo um dos grandes inimigos do bambu, mas o tratamento é semelhante ao da madeira. Pode-se dizer que a experiência de campo de Ciprandi é adquirida a cada dia na área de um hectare, localizada em Planalto/RS, que ele destina para o plantio do bambu. Ele se desafia ainda a ministrar cursos e consultorias para interessados no plantio de bambuzais. MAIO | JUNHO 2020
Agricultura MUSEU DO BAMBU & CIA
Produtos à base de bambu podem servir como insumos para a produção agrícola Do processo denominado pirólise, que envolve o aquecimento controlado da temperatura, é possível criar o Biochar, um produto rico em carbono, ideal para estruturação de solos. Combinado com fertilizantes orgânicos, ele pode ser aplicado em diferentes tipos de ambientes. O Biochar melhora em até 40% a biologia do solo; até 50% a retenção de nutrientes; até 18% a capacidade de retenção de água e aumenta a matéria orgânica. Do processo bambu-Biochar, é possível aproveitar a fumaça para fazer um vinagre ou ácido pirolenhoso que pode, inclusive, servir como inseticida em hortas orgânicas e também servir como adubo para orquídeas. – Esses itens podem ser produzidos pelo próprio produtor. Nem a fumaça se perde e o melhor de
tudo é que não precisa de tecnologia avançada para a produção desses insumos – frisa Ciprandi. Ainda de acordo com ele, para desenvolver a cadeia produtiva do bambu, é preciso inicialmente despertar o interesse do produtor rural, que ele compreenda que esta pode ser uma atividade econômica a mais ou a principal da propriedade. Os órgãos competentes poderiam criar mais linhas de crédito para investimentos, inclusive, produtores interessados podem conseguir financiamento para o plantio do bambu com recursos do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf). É válido ressaltar que, ainda em 2011, o governo federal sancionou a Lei nº 12.484, que dispõe sobre a Política Nacional de Incentivo ao Plantio do Bambu, projetando uma expansão da atividade no país.
Mercado mundial Movimenta cerca de 60 bilhões de dólares ao ano
258 espécies no Brasil Distribuídas 35 gêneros Representa 20% do total dos bambus no mundo
Áreas comerciais no Brasil Maranhão 22 mil hectares destinados à produção de biomassa para geração de energia
RS Ametista do Sul
O Museu do Bambu fica em Ametista do Sul/RS, na Av. Bento Gonçalves, 1055. Está localizado ao Norte do Estado do Rio Grande do Sul, a 438 Km de Porto Alegre e 93 km de Chapecó em Santa Catarina. Recebe visitantes durante toda a semana e recebe excursões com agendamento prévio. *Este conteúdo foi coletado antes de iniciar a quarentena em função do coronavírus
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Paraíba e Pernambuco 15 mil hectares destinados à produção de celulose e papel para embalagens de cimento
São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Paraná: cultivos com foco na produção de brotos comestíveis e fitocosméticos
O que falta para difundir a cultura no país • Interesse dos produtores rurais, já que possuem área adequada para o plantio • Mais linhas de crédito para investimentos
• Entender que o bambu pode ser uma atividade econômica a somar ou se tornar a principal da propriedade
MAIO | JUNHO 2020
Tecnologia
Iniciativas globais garantem eficiência dos produtos Massey Ferguson Rafaela Rodrigues
Vinicius Cunha ministrou uma palestra na Arena Tech, da Massey Ferguson, na Expodireto Cotrijal 2020
Viabilizar tecnologias de acordo com as necessidades dos produtores rurais segue sendo a premissa da companhia. Com o Crop Tour, a marca também consolida esse movimento no Rio Grande do Sul
A
s etapas para alcançar altos índices de produtividade nas lavouras são muitas e estas podem ser potencializadas graças ao maquinário e as tecnologias embarcadas utilizadas durante o processo. Por isso, o produtor rural deve se atentar a vários aspectos antes de investir para garantir que o produto gere os resultados esperados na propriedade rural. Entre as estratégias utilizadas pelas concessionárias para assegurar a eficiência estão as demonstrações in loco. A Massey Ferguson, em parceria com a concessionária Itaimbé Máquinas, realiza o Crop Tour – inclusive, a Itaimbé Máquinas trouxe o evento com exclusividade para o Rio Grande do Sul no final de 2019. O evento já 21 | NOVO RURAL
é consolidado fora do Brasil e através dele foi possível avaliar o desempenho das novas máquinas e tecnologias da Massey Ferguson nas diferentes etapas da lavoura: plantio, aplicação de defensivos, colheita e fechamento do ciclo por meio de eventos de campo. Os ganhos das técnicas empregadas ao longo do processo são demonstrados aos produtores nos encontros. – A gente vai a campo entender como as máquinas e as tecnologias estão entregando produtividade ao cliente. O diferencial desta iniciativa é eles poderem acompanhar tudo de perto – explica Vinícius Cunha, coordenador Farm Solutions da AGCO América do Sul. A AGCO é a companhia que detém a marca Massey Ferguson, entre outras.
Farm Solutions Outra iniciativa global da Massey Ferguson é o pacote de serviços agronômicos Farm Solutions, criado para auxiliar os produtores rurais no processo de transição para a agricultura digital. Ele oferece soluções agrícolas inteligentes e abertas, que podem ser integradas com outras tecnologias e parceiros que o produtor possua durante o ciclo produtivo. – Tanto o Crop Tour quanto o Farm Solutions têm como objetivo atrelar os nossos produtos e tecnologias às necessidades de cada agricultor. Ou seja, ter a solução que melhor se adapta a cada perfil de produtor e localidade onde ele se encontra – explica Cunha. Ainda de acordo com o profissional, através do Farm Solutions é possível ter acesso a softwares que somam na eficiência de tratores, plantadeiras, pulverizadores e colheitadeiras. Com o software AgroCAD, é possível controlar o tráfego de máquinas na propriedade, diminuindo a compactação do solo e melhorando o aproveitamento da área disponível para plantio, evitando, por exemplo, a sobreposição das linhas. Já a plataforma criada pela InCeres coleta dados e analisa toda a área de cultivo para fornecer uma compreensão melhor do solo e sua fertilidade. Isso favorece o aumento do rendimento e a lucratividade. Por fim, a plataforma Solinftec, permite o monitoramento e gerenciamento da frota e do trabalho dos operadores. Também é possível acompanhar condições meteorológicas.
Confira vídeos do Crop Tour:
MAIO | JUNHO 2020
Capa Rafaela Rodrigues
Estiagem coloca à prova a produção de alimento para o gado Com a qualidade da silagem comprometida e a falta de pasto em muitas propriedades rurais, pecuaristas terão que lidar com os custos de produção mais elevados nesta temporada. Alternativas de alimentação com cereais de inverno são apontadas por especialistas como possibilidades para garantir patamares de produção em alta Por
Rafaela Rodrigues
jornalismo@novorural.com
C
onsolidada como uma das principais atividades da agropecuária, a bovinocultura de leite está entre as que mais sentem os efeitos da falta de chuva na produção, já que a alimentação do rebanho é majoritariamente a pasto e este já está escasso nas propriedades, pois não rebrota da forma ideal por falta de água no solo. Somados os 42 municípios de abrangência da Emater/RS-Ascar, são 5.992 produtores de leite, sendo que 97,25% deles utilizam o sistema de produção a base de pasto com suplementação. Entre as práticas para otimização dos custos e da produção está a confecção de silagem, mas neste ciclo, esta tem mostrado um padrão de qualidade comprometido em alguns casos. De acordo com o engenheiro-agrônomo e assistente técnico regional de Sistema de Produção Animal da Emater/ RS-Ascar, Valdir Sangaletti, a silagem cultivada precocemente, que representa 60% da área plantada nesta safra na região, apresentou boa qualidade, mas os cultivos de plantio tardio – 40% da área – apresentam redução na produtividade. – Observamos plantas de pequeno porte, falha na emissão de espigas e pouco enchimento de grãos. Muitos produtores estão fazendo a silagem só da massa verde. Esta situação deverá levar os produtores a terem sérias dificuldades na alimentação do rebanho – prevê Sangaletti.
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Milho silagem Área total (42 municípios): 30.560 ha Produção estimada na implantação (t): 1.082.105.400 t Perda estimada (23/03/2020): 230.443.150 t % perda: 22% Área colhida até 14/04/20: 84%
Bovinocultura de leite Cabeças: 107.556 Produção estimada: 34.481.832 litros/mês Perda estimada (23/03/2020)*: 8.620.457 % perda: 25% *Com base no acumulado do ano Fonte: Regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen/RS MAIO | JUNHO 2020
Júnior Ferro/Divulgação
MAIS INVESTIMENTOS PARA MANTER A PRODUÇÃO Tendo em vista este cenário, a tendência é de aumento nos custos de produção, já que o produtor vai precisar investir em mais insumos, como ração e demais concentrados, para incrementar o alimento oferecido aos animais. – Esta situação também pode ocasionar a redução da produção, que pode ocorrer pela baixa quantidade e qualidade do alimento disponível, bem como pela redução do plantel; diminuição da produtividade de leite por vaca e redução da renda do produtor, o que impacta diretamente na qualidade de vida das famílias – enumera Sangaletti. O produtor Rudimar Marcolin, de Iraí/RS, compara a produção antes e depois da estiagem – no mês de abril. Ele conseguiu garantir silagem, mas de qualidade inferior se comparado a safras anteriores. – É uma situação complicada. Hoje contamos com 27 vacas em lactação. Antes da estiagem nossa média de produção era de 19 mil litros/mês, hoje não chega a 14 mil/mês – relata o pecuarista iraiense. Outro produtor do município, Josemar Castelli, relata que a produção já reduziu 15% e para evitar mais perdas teve que aumentar a silagem – armazenada da safra anterior – e a ração no cocho. – Minha produção reduziu em torno de 15% com a estiagem. Para não agravar a situação estou adicionando mais ração e silagem no cocho. Com isso, estou conseguindo ter um volume de leite considerável, mas em compensação meu custo de produção aumentou em 20% – estima. O pecuarista Marcos Link, de Pinheirinho do Vale/RS, também conta que está sendo complicado driblar a situação. – Estou tendo mais gastos do que ganhos. Neste período de estiagem estamos produzindo 100 litros a menos por dia – lamenta o produtor, que conta com 17 vacas em lactação. 23 | NOVO RURAL
Nestes pequenos grãos, presentes nas amostras coletadas para análise, é possível observar o baixo acúmulo de amido ocasionado pela falta de água na fase de enchimento de grãos
Análises comprovam a baixa qualidade Com o início do recebimento de amostras para a avaliação da qualidade bromatológica, o pós-graduado em Pecuária Leiteira Júnior Ferro, do laboratório Labnutris – de Vila Maria/RS –, conta que está evidente a perda na qualidade com base na avaliação dos principais parâmetros: matéria seca, amido, fibras e nutrientes digestíveis totais. – Muitos produtores tiveram perdas consideráveis na qualidade. Mesmo nessa condição, alguns conseguiram ensilar
seu volumoso, outros nem isso – relata, com base nas 2,5 mil amostras analisadas no laboratório de janeiro a abril deste ano. Ainda segundo Júnior, silagens com teores baixos de amido – principal fonte de energia da silagem –, inferiores a 20%, acabam gerando grande necessidade de complementação no cocho, através de ração ou milho triturado, o que diante dos preços atuais acaba encarecendo a dieta do plantel.
QUALIDADE INFERIOR AFETA A PRODUÇÃO LEITEIRA O doutor em Zootecnia e professor João Pedro Velho, da Universidade Federal de Santa Maria - Campus Palmeira das Missões/RS, explica que o déficit hídrico não permite a composição bromatológica adequada da espiga para ensilagem. Mas, se tratando de uma situação que não há previsão a curto prazo de chuva e que o produtor precisa de volumoso para manter a alimentação dos animais, é preciso considerar a prática mesmo nessas condições. – No entanto, volumosos de baixa qualidade, ou seja, muita fibra e de baixa degradabilidade ruminal e com baixo teor de conteúdo celular (amido e constituintes nitrogenados), são inadequados para vacas de leite, em função das suas exigências nutricionais diárias e não pos-
tergáveis – reforça o professor-doutor. Segundo ele, volumosos de qualidade inferior impactam sobre a produção animal, sobretudo das vacas de leite, principalmente de rebanhos de raças especializadas, como a holandesa e a jersey. – O déficit de nutrientes disponíveis para as vacas em lactação altera o estado fisiológico do animal e desbalanços nutricionais podem ser percebidos, inclusive, na composição do leite. Como as condições de produção de leite na região Norte gaúcha são bastante heterogêneas, é difícil descrever todos os fatores que podem alterar a produção animal. No entanto, falta de alimentação para rebanhos leiteiros geralmente repercutem por mais de uma lactação – pontua.
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Capa Alternativas para substituir ou complementar a silagem de milho
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e acordo com Sangaletti, entre as alternativas apontadas pelos produtores está a confecção de silagem das culturas de inverno, com destaque para a aveia, triticale, centeio e trigo, que não apresentam filamentos na espiga – isso se as condições climáticas forem adequadas. Ele também comenta sobre o feno de gramíneas de verão –
em final de ciclo – e de inverno. O pré-secado também se torna uma boa opção. A silagem de grão úmido pode ser uma alternativa de suplementação concentrada. A cana-de-açúcar também pode auxiliar os produtores a evitarem prejuízos, como perda de peso ou de produção de leite dos animais nesses períodos, principalmente em propriedades menores.
– Independente da alternativa usada, é importante buscar orientação para elaborar a dieta do rebanho, priorizando nutrientes balanceados. Talvez nem todas as alternativas possam ser usadas neste momento, mas são indicativos quando falamos em planejamento e organização. Temos que pensar com antecipação – salienta o ATR da Emater/RS-Ascar.
Trigo pode ser um importante aliado para manter a alimentação animal em dia
U
ma das apostas desta entressafra será a silagem de trigo. Segundo o pesquisador de Pastagens e Integração Lavoura-Pecuária Renato Fontaneli, da Embrapa Trigo (Passo Fundo/RS), é nítido o esforço da pesquisa para oferecer cultivares com fins forrageiros. – Cultivares de trigos forrageiros são utilizados para pastejo, fenação e ensilagem. Para silagem podem ser na forma de pré-secados ou emurchecidos; colheita direta, em silos tipo trincheira ou de superfície; e de grãos úmidos, ensacados ou mesmo em si-
los trincheiras – explica. Questionado sobre os valores nutricionais da silagem de trigo e se ela pode substituir a de milho neste quesito, o pesquisador responde que os cereais de inverno em forma de silagem apresentam maior teor de proteína bruta em relação ao milho e, no caso do trigo, pode ter concentração e energia semelhante. Sendo assim, é possível reduzir o uso de alimentos proteicos, a exemplo do farelo de soja, para animais com maior potencial leiteiro. – Embora o milho tenha maior potencial de produção
Rafaela Rodrigues
Cereais de inverno podem ser utilizadas para conservação de forragem em condições anaeróbias, silagem e pré-secados
de massa seca por área, a vantagem dos cereais de inverno é a utilização de áreas ociosas e que necessitam de cobertura neste período. Ressaltando que no Rio Grande do Sul são cultivadas quase 8 milhões de hectares de soja, milho e arroz e pouco mais de 1 milhão de hectares são destinados para o trigo, aveia-branca, cevada, canola, triticale e centeio. Portanto, temos mais de 80% de terras com possibilidade de produção de alimentos mais nobres na forma de grãos para alimentação animal, me refiro a aves, suínos e gado leiteiro – projeta.
INTERESSE PELO CEREAL TEM AUMENTADO Com a possibilidade de também utilizar o trigo para pastejo, Fontaneli afirma que o produto tem se consolidado como uma alternativa mais atrativa que a própria aveia-preta. Por isso, tem aumentado o interesse pela adoção dos cereais de inverno com fins forrageiros. Ele frisa também que outros cereais de inverno, como aveia-branca, triticale e cevada, devem ser analisadas pelos produtores a partir de suas particularidades 24 | NOVO RURAL
• Trata-se de uma cultura com maior polivalência que as forrageiras tradicionais, pois possibilita a colheita de grãos e mesmo silagens com maior energia que a de aveia-preta e azevém • A indústria sementeira é mais tradicional com cereais de inverno que com forrageiras
• O agricultor usa tradicionalmente mais adubo no trigo, desde a semeadura e em cobertura
• O trigo tem maior concentração de nutrientes que a aveia-preta, pois é menos aquoso
• Os animais preferem o trigo em relação à aveia-preta, que é menos atrativa para os bovinos
• Percebe-se maior produtividade de leite e de carne bovina que com as forrageiras tradicionais MAIO | JUNHO 2020
Pecuária Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural
Ração mais cara repercute na indústria A quebra na safra de milho e na soja no Estado está refletindo no custo das rações e, consequentemente, encarecendo a matéria-prima que chega nas agroindústrias de suínos e aves
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alta no preço do milho e farelo de soja, principais matérias-primas para a produção de rações, reflete em outro elo da cadeia produtiva de suínos e aves, a indústria. O empresário Rogério Gobbi, que é sócio-proprietário da Suinocultura Gobbi, em Rondinha/RS, considera o cenário atual como atípico para um setor que estava otimista e agora precisa lidar com a alta dos insumos. – A alta no milho está impactando mais de 70% nos custos de produção da indústria. Além da variação do dólar alterar constantemente o preço do cereal, o valor dos antibióticos e aminoácidos subiram mais de 30% – conta Gobbi. Segundo o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, desde o início do ano o setor estava sentindo o aumento nos custos de produção por conta da estiagem, que afetou a produção das matérias-primas para rações. – Se compararmos com o mesmo período de 2019, tivemos um aumento de 30% no milho e no farelo de soja, sendo que estes representam quase 70% na base das rações fornecidas aos animais – ressalta Folador. Ele ressalta que a expectativa está na safra de milho do Mato Grosso para o preço se estabilizar no mercado nacional. Com base nas informações da indústria exportadora, Folador relata que as exportações estão ocorrendo normalmente, não houve nenhuma retração. – Não esperávamos a estiagem e muito menos uma pandemia. Mas, neste momento, não há estimativa de retração nas vendas externas. Já no mercado interno, os pequenos e médios frigoríficos já sentem os reflexos do baixo consumo – relata. 25 | NOVO RURAL
Avicultura A variação do dólar e o consequente aumento das vitaminas e aminoácidos também foram citados pelo proprietário do Abatedouro de Frangos Piovesan, Vanderlei Piovesan, de Frederico Westphalen/RS, quando perguntado sobre o preço da ração no mês de abril. – O custo da ração subiu em torno de 30%. Por mais que às vezes não tenha o que fazer para baixar os custos, todo mundo vai precisar se ajustar ao máximo para garantir espaço no mercado. As classes produtivas devem estar integradas e entender a real situação, não apenas pensar em seu próprio bolso – frisa Piovesan.
Custos de produção de frangos de corte e de suínos já subiram mais de 6% em 2020 Os custos de produção de frangos de corte e de suínos calculados pela Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS), da Embrapa, tiveram uma forte alta no mês de março, acumulando 4,17% e 2,96%, respectivamente, na comparação com fevereiro – Santa Catarina e Paraná são usados como estados referência nos cálculos por serem os maiores produtores nacionais de suínos e de frangos de corte, respectivamente.
Apenas nos três primeiros meses deste ano, o Índice de Custos de Produção do Frango (ICPFrango) já chega a 6,82%. Apenas os gastos com a nutrição dos animais subiram 4,86% em março. Com isso, o custo de produção do quilo do frango de corte vivo no Paraná passou dos R$ 3,07 em fevereiro para R$ 3,19 em março. Já o ICPSuíno foi aos 254,18 pontos em março, continuando a alta registrada mensalmente desde outubro de 2019. Em 2020, o índice acumula alta de 6,34%. O custo por quilo vivo de suíno produzido em sistema de ciclo completo em Santa Catarina passou dos R$ 4,32 em fevereiro para R$ 4,44 em março.
Custos de produção Março 2020 Evolução nos últimos 12 meses
ICPFrango
2019: 211,58 pontos 2020: 247,20 pontos No mês: + 4,17% No ano: + 6,82%
ICPSuíno
2019: 213,51 pontos 2020: 254,18 pontos No mês: + 2,96% No ano: + 6,34% Fonte: Embrapa Suínos e Aves MAIO | JUNHO 2020
Parceiros do leite Boas práticas
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NA PECUÁRIA Sanidade do plantel em primeiro lugar
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ando continuidade à série Boas Práticas na Pecuária, a reportagem traz alguns dados que merecem atenção quando se trata do controle da brucelose nos rebanhos bovinos. Com base no último inquérito feito no Rio Grande do Sul, em 2013, o fiscal agropecuário estadual Jailo Boesing, que atua em Frederico Westphalen/RS, relata que 13,5% das propriedades rurais do Estado possuem um animal testado positivo para a doença. Na região Norte, cerca de 2,5% têm casos positivos – a vacinação é regida pela IN 10/2017 do Ministério da Agricultura, que indica a obrigatoriedade de vacinação em todas as fêmeas
Gracieli Verde/Arquivo Novo Rural
bovinas e bubalinas entre os três e oito meses de idade. – Após entrar no plantel, a doença acarreta vários prejuízos ao produtor, como aumento na repetição do cio, abortos, descarte precoce de animais e, consequentemente, baixa produção de leite, ou seja, um prejuízo econômico bastante significativo – enfatiza Boesing, destacando a importância de evitar a doença no plantel. Entre as principais orientações para prevenir a brucelose no rebanho está a aquisição de animais testados negativos para a doença. Isso requer que, antes de trazer animais para a propriedade, sejam feitos os exames. Quando detectada a doença na propriedade, o local é interditado pela Inspetoria Veterinária e a liberação da movimentação dos animais é feita somente quando nenhum testar positivo. – Após detectada, o produtor vai precisar reforçar as práticas de higiene para evitar a disseminação da doença para outros animais do plantel. Entre as práticas estão a limpeza das instalações e recolha dos restos placentários. A orientação preventiva também é de que se façam testes rotineiros na propriedade – reitera. Em relação aos humanos, quando há casos suspeitos, a inspetoria notifica a Secretaria Municipal da Saúde e orienta a família averiguar se houve a
transmissão. A enfermeira Andreia Costa, da Secretaria de Saúde de Cunha Porã/SC, relata que o principal sintoma é a dor nas articulações e também podem ocorrer episódios de sudorese e febre noturna. – Orientamos que as pessoas usem os equipamentos necessários na hora de fazer inseminações e partos, como luvas, para evitar o contato com o sangue de animais. Nos pacientes diagnosticados é feito um monitoramento durante dois anos. Os assintomáticos não precisam fazer tratamento, somente as pessoas que apresentam os sintomas é que recebem medicação – explica a profissional de saúde. Para o médico-veterinário José Giachini, que atua no Oeste de SC e é parceiro da Suifarma Saúde Animal, o pecuarista precisa ter claro que manter os exames do plantel em dia é um investimento, faz parte de uma postura de cuidado com os animais e com a própria família. – É fundamental que mudemos esta cultura de ver esses exames como mais um gasto na propriedade rural. Temos visto em várias consultorias que coordenamos que os pecuaristas que monitoram o rebanho evitam perdas maiores, têm mais segurança para trabalhar e conseguem ter diferenciais de competitividade no mercado – avalia o profissional.
Hora de executar o planejamento forrageiro
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azer a gestão da produção de alimentação para o gado é tão importante quanto o bom manejo adotado durante a temporada. Programar com antecedência qual variedade vai ser semeada, ou qual manejo precisa ser feito conforme a época do ano é fundamental e integram ações previstas por meio de um planejamento forrageiro adequado à realidade de cada tambo.
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– É muito importante planejar o alimento para o ano todo. É válido reforçar que todas as etapas devem ser seguidas à risca para garantir a eficiência e rentabilidade com a pastagem – salienta o engenheiro-agrônomo e especialista em Pecuária de Leite Jéferson Vidal Figueiredo, do escritório da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen/RS.
Em novorural.com/prosadocampo você encontra a entrevista completa sobre o assunto através do podcast Prosa do Campo.
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Parceiros do leite “Precisamos ter esperança por dias melhores”, diz presidente da Apil/RS Nestor Tipa Júnior/Divulgação
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m meio a uma pandemia, o Rio Grande do Sul precisa lidar também com as perdas causadas pela falta de chuva, que desde o fim de 2019 acarreta prejuízos significativos em todos os elos da economia gaúcha ligada ao setor primário. É em situações como esta que é possível observar a resiliência do setor agropecuário, que precisa se reinventar a cada dia, não só nas técnicas de manejo para as atividades que desempenha, mas também as suas aspirações em relação ao futuro. Para 2020, o setor lácteo gaúcho estava otimista quanto ao aumento do consumo no âmbito nacional. De acordo com o presidente da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil/RS), Delcio Giacomini, a retração no consumo da matéria-prima e seus derivados já era visível nos primeiros dias de abril, especialmente nos produtos
As incertezas sobre o futuro também assombram as indústrias do setor lácteo gaúcho, que com a pandemia somada à estiagem temem maiores impactos na cadeia produtiva
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com valor agregado. – Nas indústrias já se observa uma retração nas vendas. Somente o leite UHT continua firme no mercado. Os produtos derivados e com valor agregado estão apresentando uma queda de 30% nas vendas dos últimos dias, a exemplo do queijo. Não podemos fazer afirmações quanto ao futuro, pois cada dia ele parece incerto. Mas, já enxergamos uma desvalorização quanto aos produtos industrializados – relata o presidente, que é diretor do Laticínio Friolak, com sede em Chapada/RS. Além da redução nas vendas, ele também analisa a alta nos custos de produção. – Compramos muitos insumos com base no valor do dólar, a exemplo das embalagens dos produtos. Também enxergamos uma alta nos ingredientes usados para o processamento, como os coagulantes, com alterações significativas no preço – explica.
INICIATIVA VISA ESCOAR PRODUÇÃO DE PEQUENAS INDÚSTRIAS Entre as medidas tomadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é o ofício circular que autoriza laticínios com o Selo de Inspeção Federal (SIF) a comprarem leite de pequenas indústrias com selos de inspeção estaduais ou municipais. A iniciativa partiu de uma ação conjunta entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e entidades do setor. – A medida vale, em caráter excepcional, durante o período de calamidade pública. O poder público deve olhar com bons olhos para o setor, porque o leite
tem uma produção permanente. Imagina se as indústrias parassem, teríamos mais prejuízos além da estiagem. Não podemos parar e precisamos ter esperança por dias melhores – reitera Giacomini. O presidente da Apil/RS conversou com a reportagem no início de abril. Giacomini foi empossado como presidente da entidade para a gestão 2020/2021 e sucedeu o empresário Wlademir Dall’Bosco, do Laticínio Boavistense, de Nova Boa Vista/RS, que esteve no comando da entidade nos últimos seis anos.
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Parceiros do leite Gracieli Verde/Novo Rural
Biomaster reforça presença no mercado de homeopatia
Com um vasto portifólio de produtos para homeopatia veterinária, a empresa ganha solidez no mercado com a nova marca parceira, a Hpharm, que corresponde a antiga Biomax
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om a homeopatia veterinária ganhando cada vez mais espaço na rotina da pecuária brasileira, empresas do ramo têm adotado medidas para se tornarem mais sólidas. Há dez anos atuando no mercado veterinário, a Biomax agora passa a ser Hpharm - Homeopatia Veterinária. A marca é revendida na região pela Biomaster, com sede em Não-Me-Toque/RS. O médico-veterinário e dire-
tor técnico da Hpharm, César Alberto Coutinho, conta que o reconhecimento da homeopatia como um medicamento veterinário orgânico pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Mapa) foi um dos fatores que motivou a parceria entre as empresas. – A Biomax sempre contou com alta tecnologia na produção e o resultado sempre foi produtos com qualidade excelente. A mudança de nome da marca se deu porque queríamos uma identidade que demonstrasse a força da homeopatia farmacêutica – explica Coutinho, que há 20 anos trabalha na área, em especial no Estado do Paraná. Além do reconhecimento pelo órgão federal, Coutinho relata que nos últimos anos tem percebido uma mudança no comportamento do pecuarista no que diz respeito a utilização da homeopatia, uma vez que se tem mais acesso a informações e o bem-estar
animal tem ganhado cada vez mais força na pecuária. Entre as estratégias utilizadas pela Hpharm junto à distribuidora Biomaster está em levar informações ao produtor e uma assistência especializada. – Primamos por um atendimento diferenciado, com foco na assistência ao pecuarista. Não estamos no mercado para simplesmente posicionar produto, mas para orientar o cliente e termos melhores resultados em conjunto – comenta Coutinho. Segundo o médico-veterinário, a Hpharm tem investido em tecnologias para garantir ainda mais a eficiência na produção leiteira, auxiliando o pecuarista na tomada de decisão. – O produtor sabe que os nossos distribuidores vão entregar mais do que um produto para ele. Nós estamos levando segurança e transparência ao campo – ressalta Coutinho.
Parceiros do leite Tecnologia: o ingrediente da vez A crescente adoção de tecnologias nos sistemas de produção tem dado solidez ao termo Pecuária 4.0, que tem fomentado o potencial do setor lácteo em vários aspectos
A
s tecnologias estão cada vez mais presentes na rotina dos pecuaristas brasileiros e o termo Pecuária 4.0 está aí para consolidar esse movimento. De acordo com o doutor em Sistemas de Produção Animal Rogerio Dereti, que atua como analista na Embrapa Gado de Leite, esse avanço tecnológico no setor começou mais intensamente há dez anos, com a criação de ferramentas digitais que permitem a interface entre os animais e as plataformas de informação. – Um conjunto de inovações que acontecem em uma dinâmica muito rápida e que cada vez mais está ganhando importância no cenário atual – defende Dereti. Questionado se o Brasil está preparado para acompanhar essas inovações, Dereti analisa o atual contexto: – Temos problemas de infraestrutura e precisamos de eficiência no acesso à internet no meio rural. Mas, felizmente, observamos uma aproximação entre as diferentes áreas do conhecimento, criando modelos de negócios, gerando riquezas e cada vez mais buscando atingir esses produtores que estão prontos para dar esses ‘saltos’ tecnológicos – pondera, frisando que a produção de leite brasileira é significativa e que, no momento, passa por uma qualificação nos sistemas de produção. Uma das fomentadoras desse processo, inclusive, é a Pecuária 4.0. Ainda segundo o analista, mais importante do que a existência dessas tecnologias é o que elas podem trazer de vantagens para as pessoas – fundamentalmente é isso que determina a adoção delas ou não. – O produtor vai tomar a decisão de aderir ou não a essas alternativas de acordo com os impactos que elas vão gerar em sua propriedade – explica.
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“Não existe tecnologia milagrosa” Independente do tamanho da produção é possível adotar tecnologias na propriedade. Mas, antes de tudo, é preciso entender as necessidades de cada realidade e como as tecnologias poderão ser úteis. Cabe aos técnicos e consultores uma comunicação clara com os pecuaristas sobre o processo de adesão. – Não existe tecnologia milagrosa,
existe uma ferramenta bem aplicada, com o propósito de gerar valor para quem aplica na propriedade e no produto que vai chegar ao consumidor. É válido ressaltar que uma casa se sustenta quando há um bom alicerce, tem que ter alimentação de qualidade para os animais, um bom manejo sanitário, entre outras ações básicas – frisa.
Potencial para competir Sobre a competitividade no mercado externo, Dereti acredita que o Brasil tem potencial, mas que ainda é preciso melhorar em alguns pontos considerados por ele cruciais. – O contexto de competitividade no mercado mundial do leite é
cada vez mais acirrado. Precisamos, cada vez mais, intensificar a qualidade do leite, a eficiência dos sistemas de produção. Como aliados temos a pesquisa, as startups e os jovens cada vez mais engajados com a causa – acrescenta.
Rogerio Dereti esteve na Expodireto Cotrijal 2020 e conversou com a Novo Rural.
Acesse a entrevista também através deste código:
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Parceiros do leite Pecuária 4.0 retém jovens empreendedores no setor
Rafaela Rodrigues
Z2S
Sistemas Automáticos
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startup Z2S, de Passo Fundo/RS, desenvolveu uma máquina que faz a limpeza automática da ordenhadeira e reduz a Contagem Bacteriana Total (CBT) em até 95%, o que impacta diretamente no valor do leite pago ao produtor. – A máquina surgiu da minha vivência com a pecuária de leite. Um problema que eu e minha família tínhamos na propriedade era a questão da limpeza dos equipamentos de ordenha. A gente sempre ficava com uma CBT alta, então levei essa problemática para a graduação, onde tive aporte técnico para desenvolver essa solução e apoio
para criar a startup – relata o engenheiro-elétrico Elias Sgarbossa. Sgarbossa conta que sempre pensou em uma máquina totalmente automatizada, mas com um custo acessível a todos. A startup tem parceria firmada com a Vital Tech, que fica responsável pela comercialização do produto. Rafaela Rodrigues
ZEIT
Rafaela Rodrigues
C
riado pela Embrapa Gado de Leite, o Ideas for Milk agrega o maior desafio de startups da cadeia produtiva do leite. A iniciativa é uma experiência única no agronegócio que reúne produtor, indústria e diferentes áreas do conhecimento. Três das finalistas da última edição do desafio são do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. São químicos, engenheiros-elétricos e da Computação levando inovação para o campo.
Tem entrevista em vídeo com esses jovens empreendedores também. Acesse:
Portabilidade em Análises Químicas
J
á pensou analisar a qualidade do leite cru na propriedade utilizando apenas um celular? Pois então, a startup Zeit, de Santa Maria/RS, desenvolveu um dispositivo que faz isso. Os dados são enviados para nuvem (Big Data) e acessados por meio de um aplicativo, que permite ao produtor tomar decisões rapidamente. A solução gera informações seguras para rastreabilidade do leite. – Percebemos que as pessoas precisavam pegar uma amostra e levar no laboratório para somente depois de 10 a 15 dias úteis ter um laudo. Foi aí que desenvolvemos uma análise portátil, que agiliza na tomada de decisão do produtor. Nosso sistema funciona sem conectividade, quando ele estiver em um lugar com acesso à rede, esses dados serão enviados para nuvem automaticamente – explica o diretor-executivo da Zeit, Renan Buque Pardinho. A iniciativa parte de três químicos, que contam com o apoio técnico de zootecnistas, farmacêuticos, especialistas em análises químicas e em tecnologia da informação. Em dezembro deste ano deve ocorrer o lançamento comercial do produto.
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BIONEXUS ALLAGRO
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startup Bionexus, de Chapecó/SC, desenvolveu o Milkspec, uma plataforma de monitoramento e gestão da qualidade do leite. – Desenvolvemos uma tecnologia que permite analisar uma amostra de leite e a partir desta obter indicadores que
permitam uma tomada de decisão. O mais interessante é que tudo isso está interligado em uma plataforma que mantém um histórico e integra os agentes atuantes na cadeia produtiva – conta o engenheiro de computação Emiliano Veiga. MAIO | JUNHO 2020
Juventude Rural GESTÃO PARA O FUTURO Por
Flávio Cazarolli
flavio@focorural.com.br
Engenheiro-agrônomo, especialista em Gestão de Recursos Humanos e palestrante na área de sucessão rural. Gerencia a Foco Rural Consultoria, em Ijuí/RS
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Gestão financeira: a importância do orçamento!
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omo vimos nos textos anteriores, cada vez mais se torna necessária a profissionalização do agronegócio, exigindo do produtor cada vez mais conhecimento e uso de ferramentas de gestão financeira. Sobre o orçamento, este deve ser entendido como um plano detalhado de aquisições e uso de recursos materiais e financeiros. O orçamento tem uma grande ligação com o longo prazo da empresa, por este motivo, tem importância estratégica, pois permite ao produtor traçar o passo a passo financeiro de um projeto e/ou um período, buscando antecipadamente avaliar as limitações e dificuldades que poderá
encontrar e, em tempo hábil, construir caminhos alternativos de solução. Alinhado com o fluxo de caixa, o orçamento possibilita ao produtor avaliar especialmente as origens dos recursos que vai precisar. Dessa forma, poderá organizar qual fonte de recurso deverá acessar, sejam recursos próprios, de agentes financeiros, obtidos junto a fornecedores, através de vendas antecipadas de sua produção ou outras origens. O orçamento é uma importante ferramenta de planejamento e controle das operações de uma empresa. No entanto, é muito comum ocorrerem erros em sua elaboração.
Equívocos frequentes na elaboração de um orçamento • Ficar preso aos resultados do passado Em se tratando da elaboração de um orçamento, o passado pode ser um bom professor. Porém, o uso excessivo de dados históricos, sem as devidas análises e ajustes ao novo momento pode conduzir a erros. Inúmeras situações devem ser consideradas no uso de dados do passado, em especial novas tecnologias, procedimentos, tendências sociais, movimentos políticos, desenvolvimento econômico.
acaba comprometendo a assertividade na análise de resultados finais. As relações de dependência entre as diversas áreas da empresa, bem como suas especificidades, exigem que cada item do orçamento tenha uma análise própria e receba o tratamento corretivo de acordo com sua característica. Em alguns casos, projeções de aumento de desembolso em um item pode estar ligado a uma estratégia de redução em outra área.
O orçamento é um plano de aquisições, de uso e busca de recursos. Sua boa elaboração tem função estratégica e tácita para o futuro de uma empresa rural. Está alinhado com o fluxo de caixa que funciona como agenda de compromissos financeiros.
• Baixo envolvimento do grupo familiar na elaboração do orçamento A falta do envolvimento da família durante a construção do orçamento cria dois problemas, o primeiro é a possível falta de comprometimento de todos com as metas e objetivos do orçamento. O segundo, é deixar de considerar fatores importantes para alguma área da empresa, por simplesmente não terem sido consultados os membros da família que atuam nestas áreas.
• Inflexibilidade em relação a necessidade de ajustes Em qualquer tipo de planejamento a rigidez não é um bom caminho a seguir. Um bom administrador deve revisar seu planejamento e fazer os ajustes necessários para alinhar o orçamento a qualquer fato novo que demonstre impacto significativo nos planos elaborados. Tomando os devidos cuidados com sua elaboração, o orçamento é uma ferramenta eficaz na gestão do negócio rural e, certamente, seu uso adequado trará um alto grau de tranquilidade para o produtor em relação as ações necessárias no âmbito da gestão financeira, visto a previsibilidade e antecipação dos principais fatos.
O orçamento é uma importante ferramenta de planejamento e controle das operações de uma empresa.
• Simplificar as projeções com uso de correções lineares Correções lineares de gastos ou receitas podem facilitar a elaboração de um orçamento, mas esta prática simplista 33 | NOVO RURAL
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ossibilitar que o associado tenha mais tempo, facilitando o seu dia a dia, são os principais objetivos dos canais de relacionamento, oferecidos pelo Sicredi. Essas opções de produtos e serviços (caixas eletrônicos, internet banking, aplicativo) oferecem a comodidade de poder fazer suas movimentações financeiras onde quiser. Conforme o gerente regional de desenvolvimento do Sicredi, Irajá Turchetto, os meios eletrônicos de atendimento são completos e permitem a realização da maior parte das operações sem a necessidade de ida às agências. – Recomendamos que os as-
sociados façam uso dessas plataformas, que são muito seguras. Há também os canais telefônicos que podem ser utilizados para sanar dúvidas, como o WhatsApp oficial do Sicredi (51) 3358.4770. É importante ressaltar que, caso haja qualquer problema, temos um fundo garantidor para as transações eletrônicas que busca suportar, em âmbito de sistema, eventuais perdas financeiras oriundas de fraudes eletrônicas ou falha de algum processo. Neste caso, o associado tem assegurado pelo Sicredi o valor da transação. Mas, reforçamos que as plataformas são muito confiáveis – afirma o gerente regional.
Associados As vantagens dos canais disponibilizados pelo Sicredi são destacadas por associados que usufruem destas possibilidades. Um deles é Lucas Studinski, de Seberi/RS, que utiliza o aplicativo e garante que ele lhe traz muitas facilidades. – A comodidade de não precisar ir até as agências é muito boa, porque consigo fazer todas as transações e consultas na conta, de onde eu estiver. Entendo que é o jeito Sicredi de ver o futuro – argumenta Studinski. Outra associada que vê benefícios em usar as plataformas disponíveis é Maria Eli de Souza, de Caiçara/RS, que utiliza o aplicativo no seu celular para pagar contas, controlar os gastos com o cartão de crédito, pagar boletos e fazer transferências. – Para mim isso é ótimo, pois não preciso ir na agência e nem enfrentar filas, então é uma tranquilidade. Uso bastante o 35 | NOVO RURAL
aplicativo, porque ele é prático e de fácil manuseio. Inclusive, faço compras parceladas nas empresas e não vou até as lojas para pagá-las, faço o depósito pelo celular e envio o comprovante. Isso é muito bom – frisa Maria. Outra forma de uso de canais é agente credenciado, como é o caso da associada Ana Clara Johner Bertani, de Frederico Westphalen/RS, que tem este sistema na sua empresa há 10 anos. – Recebemos todos os tipos de contas, compensação e boletos. Buscamos, com isso, oferecer um plus aos nossos clientes, que vêm no estabelecimento e conseguem algo a mais do que eles buscam no ato da compra, podendo pagar outras contas. Além disso, a pessoa não precisa se deslocar até a agência, o que é uma praticidade e uma grande vantagem – salienta Ana.
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Opções disponíveis facilitam as movimentações financeiras, que podem ser feitas de qualquer lugar, sem a necessidade de ir até uma agência
Associada Maria Eli de Souza, de Caiçara/RS, utilizando aplicativo Sicredi
Canais de relacionamento Internet Banking
Com o Internet Banking você consulta saldos, extratos, aplicações, comprovantes e previdência, realiza transferências entre contas Sicredi, DOCs e TEDs, paga boletos de cobrança, contas de consumo e fatura de cartão de crédito, cadastra débitos em conta, agenda transações, além de aplicar e resgatar investimentos.
Aplicativo
Com o aplicativo para smartphones você tem acesso ao Sicredi na palma da sua mão, 24 horas por dia. São diversas funcionalidades, desde consultas de saldo e extrato até gerenciamento de investimentos, contratação e liquidação de crédito pré-aprovado e controle de agendamentos.
Serviços por telefone
Além de contar com os serviços de suporte, você ainda pode realizar aplicações e consultar seus investimentos entre outras opções. A Central de Relacionamento do Sicredi está preparada para tirar suas dúvidas sobre todos os nossos produtos e serviços. Ligue 0800724.4770.
WhatsApp Oficial
Você pode ser atendido pelo seu gestor de conta, entrando em contato pelo número (51) 3358.4770.
Caixa eletrônico
Para você evitar filas e ganhar mais tempo na hora de realizar suas transações financeiras, use o caixa eletrônico. Você pode realizar saques, consultar saldos e extratos de contas e aplicações, transferências, depósitos e pagamento de contas.
Agente credenciado
São estabelecimentos autorizados a prestar serviços em nome do Sicredi, como farmácias, lojas e supermercados, que formam uma grande rede onde você pode pagar contas de água, luz, telefone, boletos de cobrança e tributos com toda a facilidade.
MAIO | JUNHO 2020
Cooperativismo ESPAÇO COOPERATIVO
Repórter
Por
Marcia Faccin
marcia.faccin@mail.com
Coordenadora da Unidade de Cooperativismo do Escritório Regional da Emater/RS de Frederico Westphalen
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Apoio técnico:
A força do agro!
O
Mais um investimento para o Norte gaúcho
C
om a operação prevista para iniciar ainda neste ano, a Subestação Pinhal Augusto Moro, localizada na Linha Pitol, em Pinhal/RS, representa um investimento de R$ 22,5 milhões por parte do Grupo Creluz. No mês de março a cooperativa lançou a pedra fundamental para a construção da Subestação. “Um grande sonho que se torna realidade, contribuindo significativamente para tornar mais robusto e confiável o nosso sistema de distribuição, diminuindo drasticamente o número de quedas de energia”, ressalta o presidente Elemar Battisti. A construção está em estágio avançado com cerca de 65% do seu cronograma concluído e será responsável por atender 70% dos consumidores da cooperativa, em 17 municípios da sua área de atuação: Dois Irmãos das Missões, Erval Seco, Boa Vista das Missões, Jaboticaba, Cerro Grande, Lajeado do Bugre, Sagrada Família, São Pedro das Missões, Novo Tiradentes, Pinhal, Rodeio Bonito, Seberi, Liberato Salzano, Cristal do Sul, Palmeira das Missões, Frederico Westphalen e Ametista do Sul. O complexo tem uma capacidade máxima de 50 MW, sendo uma das maiores subestações do interior gaúcho e receberá energia em alta tensão da Usina Foz do Chapecó, através de um linhão que já está sendo construído ligando Planalto a Constantina.
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mundo todo está sendo surpreendido negativamente pela pandemia do Covid-19, que nos últimos meses está ocasionando a paralisação quase que geral de grande parte das atividades econômicas e produtivas. Aulas suspensas, empresas fechadas, escritórios atendendo através de teletrabalho, pessoas não podendo visitar seus familiares e amigos, entre outras coisas que esse vírus está ocasionando. Apesar desta situação, teve algumas atividades que não pararam, dentre elas o setor produtivo do agronegócio, ou seja, a nossa agricultura continuou firme, produzindo e garantindo a produção de alimentos para abastecer a população, mesmo enfrentando uma das secas mais fortes dos últimos anos em grande parte do nosso Estado do Rio Grande do Sul. Precisamos reconhecer, destacar, divulgar, dar visibilidade, cada vez mais, ao importante trabalho que sempre é realizado pela agricultura, garantindo produtos para alimentar a população, inclusive, em épocas de pandemia como estamos vivenciando. Por esse motivo, fica mais visível o importantíssimo papel que o setor primário desenvolve em uma região, Estado e país. Esperamos que, com tudo isso, possamos tirar alguns aprendizados, aqui falo a sociedade como um todo, pois devemos rever alguns conceitos, algumas prioridades e opiniões. Precisamos cada vez mais valorizar a nossa produção local e regional, valorizar as nossas cooperativas e empresas regionais que, em momentos de dificuldades, continuam firmes e fortes presentes na região, ajudando a pensar em ações e estratégias que buscam unir forças para vencer e se reinventar e aportando recursos financeiros para hospitais e entidades assistenciais. Que cada um de nós possamos fazer a nossa parte, priorizarmos os produtos dos produtores, empresas e indústrias da nossa região, divulgarmos o que temos de bom e ressaltar quem efetivamente em momentos de dificuldades não “se afrouxa”, como diz o ditado, pois os nossos empreendedores rurais continuaram produzindo, plantando, colhendo, processando e transformando matéria-prima em produto final para garantir o abastecimento da população. Eles contam também com outra classe que em muitos momentos passa despercebida por parte da sociedade, que são os caminheiros, responsáveis pelo transporte dos produtos da lavoura do agricultor até as unidades produtivas, e daí até as gôndolas dos supermercados, para garantir o abastecimento dos alimentos que a população em geral irá comprar. Fica aqui também o reconhecimento a esta tão importante classe que transporta a riqueza do nosso país que são os nossos irmãos caminheiros. Que Deus, em sua infinita bondade, possa continuar abençoando os nossos agricultores e caminhoneiros, dando a eles muita saúde, perseverança e coragem. E a nós, que possamos a cada dia valorizar mais essas duas importantes profissões que ajudam a produzir, gerar e transportar as nossas riquezas. MAIO | JUNHO 2020
Qualidade de vida CÁ ENTRE NÓS Por
Dulcenéia Haas Wommer dwommer@emater.tche.br Tecnóloga em Marketing e extensionista rural da Emater/RS-Ascar
Apoio técnico:
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Recalculando rota Olá mulheres, mães, amigas!
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este mês de maio, as mães serão muito lembradas e homenageadas. Elas ou nós, que temos uma missão linda de dar continuidade à vida em conjunto com os homens. Depois, a missão continua nos cuidados, na educação, na preparação para a vida toda. E, assim, nasce uma mãe! Com muitas preocupações, mudanças no corpo, o sentimento maternal que nos prepara por nove meses. Lembro-me de uma frase que diz: se um grão de trigo não for jogado na terra e não morrer continuará sendo somente um grão. Como podemos comparar nossa vida com esta passagem bíblica? Isso serve também para este momento de mudanças no mundo com a pandemia e momento de crise
Cuidemos o que estamos espalhando, jogando e semeando, é disso que nosso coração está cheio! 37 | NOVO RURAL
na saúde, nas finanças, nos relacionamentos. Tendo que adiar sonhos, talvez, como aquela voz (feminina) do GPS que muitas vezes nos diz: Recalculando rota! Se cada pensamento nosso for jogado na terra, o que nascerá? Que sentimentos nos fazem seguir em meio à turbulência e aceitar as mudanças? Por esse motivo, a mulher é um dos esteios muito fortes na família para conduzir, encaminhar filhos, para “segurar a onda” nas horas de crise. É ela quem tem a palavra amiga e firme dizendo “isso vai passar!” Mudanças muitas vezes são necessárias! Cá entre nós, sempre foi nosso papel e continuará sendo levar ânimo aos nossos familiares na hora que o clima judia as lavouras, na hora de fazer economia, na hora do choro dos filhos ou de dar o consolo para uma amiga. “Enquanto houver sol”, música dos Titãs, também nos lembra para seguirmos, cantando, “Quando não houver saída, quando não
houver mais solução, ainda há de haver saída, nenhuma ideia vale uma vida. Quando não houver esperança, quando não restar nem ilusão, ainda há de haver esperança, em cada um de nós, algo de uma criança. Enquanto houver sol, enquanto houver sol...”. Mesmo que no inverno tenhamos menos sol, é importante jogar boas sementes. Mês de junho vem com dia do Meio Ambiente, que também nos lembra a cuidar melhor da nossa natureza. Estamos num período de grandes reflexões para mudanças de comportamentos, conceitos e adaptações, porém, cada vez mais forte a necessidade do cultivo dos alimentos para subsistência e sobrevivência – e isso também o vírus nos mostrou. Abastecimento de alimentos através da horta, pomar e porão cheio. Cuidemos o que estamos espalhando, jogando e semeando. É disso que nosso coração está cheio! Fraternal abraço a todos! MAIO | JUNHO 2020
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REALIZAÇÃO:
Arroz e feijão: da terra à saúde Simples de serem cultivados e preparados, essa combinação, típica da culinária brasileira, tem muito a oferecer para a saúde e o bem-estar humano
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ão dá para negar, pode ter uma car- na propriedade e experiência de campo para ne bem temperada, mas se não tiver manter o próprio cultivo. aquele arroz e feijão a refeição fica – Os custos para produzir essas cultuincompleta. Não só ras são menores do que pela beleza que esses compara comprar os produtos. plementos representam no Além disso, eles podem ser prato brasileiro, mas tamproduzidos sem adição de Com o cultivo bém pelo valor nutricional defensivos agrícolas. Outro do arroz e que estes fornecem para o ponto fundamental é que organismo humano. com o cultivo do arroz e feijão o produtor – Esses alimentos se feijão o produtor rural manrural mantém o complementam nutriciotém o vínculo e o valor afenalmente porque possuem tivo com a comida caseira e vínculo e o valor aminoácidos essenciais. com a cultura local – reforafetivo com a Mais do que isso, enconça a nutricionista. tramos sais minerais e ouPara introduzir esses alicomida caseira tros nutrientes necessários mentos na rotina, Beltramin para a nossa saúde – exsalienta que o hábito aliplica a nutricionista Scheila mentar é criado através de Beltramin. práticas diárias. Segundo a profissional, que também é – Se a pessoa não tem o costume de especializada em Doenças Crônicas, o pú- consumir, ela pode estabelecer um dia da blico rural pode se beneficiar ainda mais semana para fazer o consumo dos alimencom uma alimentação baseada nesses dois tos. O arroz e feijão pode ser consumido por produtos. Até porque, eles possuem espaço crianças e adultos – acrescenta.
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Deixe o seu feijão “exalar” sabor Para quem adora colocar temperos nas comidas, a nutricionista deixa algumas dicas que podem ser usadas no preparo do feijão e dar “aquele toque especial” ao prato, como ela mesmo diz. – Uma dica preciosa é deixar os grãos mergulhados em água de 8 horas a 12 horas antes do preparo. Isso ajuda a reduzir os gases causados pelos oligossacarídeos e também reduz substâncias como os taninos e fitatos, que atrapalham a absorção de alguns nutrientes da refeição. Um dos temperos que não podem faltar é uma folha de louro. Alho, cebola e temperos verdes, estes últimos ao finalizar a preparação, também fazem a diferença – recomenda.
MAIO | JUNHO 2020
Agora estamos no WhatsApp!
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