número 3 ano o edição 3 FEVEREIRO 2013
issn 2317-1995
R$ 4,90
Cult Aos 84 anos, Onildo Almeida mostra que sua relação com o tempo é de cumplicidade
administrar o dinheiro faz parte das lições
entrevistão: A pesquisadora francesa Nadège Mézié fala sobre os desafios do trabalho antropológico, a relação com a religião e ressalta que o caminho para o desenvolvimento do Brasil está na educação
Eu Sou Quando o hobby vira trabalho e o futuro financeiro começa a partir do compromisso
desde cedo Aprender a poupar é o primeiro sinal para lidar bem com o dinheiro O “não” também é uma ferramenta de aprendizado financeiro Especialista defende que o contato com o dinheiro comece na infância
w w w. r e v i s ta o l h a .c o m . b r
Comigo Foi Assim: Marcos Pasquim conta detalhes da sua vida até chegar ao estrelato
listão
34 FEvEREiRO 2013 EDiçÃO 3
Frases de impacto para inspirar o leitor, a cada abertura de seção a revista olha! interage com fras
olhA! nossA cApA foto Breno aUGUsto direção de fotogrAfiA sandemBerG pontes Modelo dA cApA sthefanne alVes foto dAs AberturAs de seção Breno aUGUsto Modelo dAs AberturAs de seção catarina melo a modelo calça cAnteiro boutique de sApAtos
8
28
10 O real valor do dinheiro nem sempre o dinheiro na mão de crianças se transforma em gastos fúteis. Veja quais artifícios e argumentos rose silva usou para educar, financeiramente falando, a pequena Ângela mickely
30 Entrevistão a pesquisadora francesa nadège mézié destaca os desafios do trabalho antropológico, a relação com a religião e ressalta que o caminho para o desenvolvimento do Brasil está na educação
Eu mesmo
Os outros
18 Estilo o ingresso no mercado profissional pode exigir mais de você do que possa imaginar, inclusive mudar a maneira de se vestir
34 Escrachado a estudante de direito lorena silvestre discute o preconceito entre as populações do sudeste e nordeste, em uma avaliação onde a sua opinião prevalece
26 Eu sou Quando há dedicação em algum tipo de hobby, o trabalho fica bem mais prazeroso. esse é o caso do dJ Ulisses freire que conta um pouco da sua vida
36 Deu/Não Deu a opinião popular sobre a aprovação de um jovem de 15 anos no vestibular de medicina de uma faculdade do ceará
OLHA! NO SEU BOLSO para acessar sua olha! pelo celular: 1. abra o leitor QR Code em seu celular; 2. foque o código com a câmera; 3. clique em Ler Código para acessar o conteúdo. Não tem leitor? para baixar o leitor acesse www.i-nigma.mobi
pronto. toda vez que aparecer esta imagem, é só usar o leitor para acessar o conteúdo de maneira rápida e fácil. acesse também no navegador de seu celular: revistaolha.com.br
ses de impacto de escritores brasileiros.
38
44
42 Comigo foi assim de programador de computadores ao estrelato nos palcos do teatro e novelas da tV. saiba detalhes da trajetória artística de marcos pasquim, contada por ele próprio
46 Cult aos 84 anos, onildo almeida mostra que sua relação com o tempo é de cumplicidade. famoso pelas composições gravadas por grandes nomes da música brasileira, onildo tornou caruaru conhecida internacionalmente através da música que imortalizou a diversidade do patrimônio cultural e imaterial: a feira
Fora do ar
40 Bastidores tranquilidade. esse foi o clima entre os alunos que fizeram o Vestibular de Verão da favip/deVry
Ser, ter e escolher
48 Consumão depois dos videogames, a onda agora é interagir com o jogo sem o uso de controles. essa é a realidade para os proprietários dos xbox 50 Campanha o livro terra de caruaru, de José condé, reeditado em 2012, está entre as indicações de leitura para você 49 Social Clube no mês de recesso das atividades escolares, os alunos aproveitaram para participar de festas e oficinas. Veja alguns clicks 54 Fim
mente aberta seguidores na rede
nossos
“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.” Paulo Freire
A vida realmente é uma caixinha de surpresas, sobretudo para as pessoas que levam os ensinamentos repassados pelos pais para a criação dos filhos. Mas, nem sempre o que é aprendido em outra época vem sem prazo de validade. Por mais embasamento que este possa oferecer, a adequação as novas formas de enxergar e ensinar para vida vem sofrendo constantes modificações. Em linhas gerais, esse é o assunto que trataremos nesta terceira edição da Revista Olha! Em uma rápida observação no cotidiano das pessoas é largamente perceptível o quanto algumas delas estão submissa ao desejo dos filhos, seja porque ele quer um brinquedo, uma roupa, ou até coisas mais caras, como um objeto tecnológico. Muitos desses pais não resistem e cedem à vontade dos filhos, os enchendo de mimos e presentes. O que vem ao caso é que essas atitudes nem sempre são pensadas a longo prazo. Shoppings viraram verdadeiros campos de consumo desenfreado quando o passeio é feito em família. Entre muitos sinais positivos e negativos, a vontade dos filhos acaba prevalecendo. No entanto, os especialistas alertam que esse é um terreno bastante arriscado para ser explorado, pois interfere diretamente no perfil que o jovem
Antônio Marcos Gente, o que é bom tem que ser valorizado, e muito. Um conteúdo leve e dinâmico. Sem esquecer da alta qualidade do material. E quero daqui abraçar e parabenizar a equipe desta conceituada revista. via facebook
de amanhã virá a agregar a sua vida. O mais complicado deles pode ser a não valorização das conquistas, ocasionado por ter as vontades atendidas sempre que induzido a tal. Quando se é feito um trabalho de ensinamento desde muito cedo, a criança já cresce sabendo valorizar aquilo que lhe é apresentado. As escolas vêm galgando um papel importante, intermediando os ensinamentos sobre educação financeira que são passados em casa pelos pais, com o que o mundo reserva para o futuro próximo. A história que servirá de norte para que o assunto seja tratado ao longo das nossas páginas veio a partir da experiência da mãe Rose Silva, com a filha, Ângela Mickely. Ela abriu mão de gastar sua mesada com outras coisas comuns entre as crianças para economizar e comprar um celular. Vale a pena conferir! Fora isso, preparamos uma edição recheada de assuntos para entreter e deixar informada toda a família, da criança pequena, passando pelos adolescentes, pais, até os avós. Por isso, nós que trabalhamos para levar para você, leitor, conteúdo de qualidade ao longo das páginas desta edição, desejamos uma excelente leitura. Robson Meriéverton - editor
Rodolfo Alves Gostei bastante da revista e da proposta, apenas pelo que li no panfleto. Ainda não comprei a edição impressa. Mas vou fazer logo! Parabéns! via facebook
Dany Oliveira Parabéns pelo trabalho maravilhoso... Sucesso sempre. via facebook
Fabrício Gomes #perfeita... cada edição fica mais atraente e informativa! via facebook
Nando Lira Arrasou pessoal. Agora, a revista com conteúdo digital #Adorommmmmm via facebook
Joselaine Gueiros Estão de parabéns! Ótimo conteúdo! via facebook
Li Costa Muito boa. via facebook
Letícia Xavier Estão de parabéns mesmo, ficou belíssima! Amei. via facebook
Augusto Santos Edição muito interessante, reportagens ótimas e com temas de importância para quem quer se manter atualizado. via facebook
lorena silvestre
nadège Mézié,
31 anos, é antropóloga e doutora em etnologia pela Université paris descartes – sorbonne, na frança. está ligada ao laboratório do centro de antropologia cultural (canthel), onde atua como diretora de redação de uma revista acadêmica. seus principais interesses de pesquisa incluem a violência, as religiões e a escrita etnográfica. atualmente é pesquisadora convidada pela fafica.
Marcos pasquim
natural de são paulo começou no teatro com a segunda versão da peça Blue Jeans, em 1992. dois anos mais tarde, voltou a interpretar uma personagem de maior importância na peça. a boa atuação chamou atenção e, em 1995, foi convidado para fazer parte do elenco da telenovela cara & coroa, da rede Globo. de lá até hoje, pasquim vem galgando sua carreira na tV com grandes papéis no currículo. radialista, compositor e cantor. aos 84 anos de idade, fez da música uma das representações do seu talento. entre as suas composições mais famosas, destaque para “a feira de caruaru”, que ajudou a projetar o nome da cidade para o mundo. Grandes nomes da música brasileira já gravaram músicas de almeida, entre eles: luiz Gonzaga, trio nordestino, chico Buarque, Gilberto Gil e amelinha.
onildo Almeida
Anayran Santos Gostaria de ver a olha! mostrando as pessoas que trabalham com eventos, como as festas tradicionais de rua. pode se tornar um bom negócio para visionários. via facebook Júlio Melo muito boa a revista. a cada edição, melhor. via facebook
Aline Duarte muito interessante cada um dos temas. Que bom quando lemos coisas com as quais nos identificamos. parabéns pelo capricho! via facebook
colaboradores
estudante do 3º período de direito na faculdade asces, se destaca por gostar de escrever desde os 12 anos de idade. atualmente se dedica a produção de textos voltados para a cultura nordestina e romances, todos disponibilizados em uma página na internet. sua inspiração vem de nomes como fernando pessoa, carlos drummond e clarice lispector. além de escritora e poetisa, lorena também é cantora.
thiago Silva achei muito massa o fato de ter uma revista neutra e que fale sobre a cultura daqui, sobre o que as pessoas querem e gostam. sem ser fútil. via facebook
Sandra Celestino parabéns pessoal. a qualidade da revista está excelente. Boas matérias, fotos... enfim, perfeita! via facebook
Carlos Caco Araújo rapaz, essa revista é show! Já pensou em colocá-la no issuu. com?! via facebook
Jesiane Rocha Gostei muito! principalmente dos poemas com paisagens de praia! achei inovador. parabéns! via facebook
Prazeres Barbosa adorei!!! obrigada a toda equipe e saibam que estou imensamente grata por tudo! Vamos que vamos curtir a olha! via facebook
Dâmares Carla super me identifiquei com as matérias, a produção, os textos, as fotos, enfim... essa é top! parabéns pelo trabalho e pela excelente qualidade do produto. há tempos os leitores de caruaru precisavam de uma revista assim. via facebook
se liga A premiação em dinheiro abrangerá os três primeiros lugares
homenagem
Jovens atraídos pela literatura
o concurso foi pensado para evidenciar o legado deixado por álvaro lins O Instituto Histórico de Caruaru, em uma ação conjunta com a Faculdade Asces e a Fafica, promove um concurso literário em homenagem a Álvaro Lins. O objetivo é premiar textos que tratam a respeito da sua vida e obra, em comemoração ao seu centenário. A premiação será de R$ 1,5 mil para o primeiro lugar, R$ 1 mil para o segundo lugar e R$ 500 para o terceiro lugar. Serão aceitos apenas ensaios inéditos, com extensão mínima de 50 laudas. O edital do Concurso já encontra-se disponível no site da Faculdade Asces. As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas até o dia 2 de abril, por meio do envio do ensaio e da ficha de inscrição (em anexo no edital) preenchida para o e-mail: centenarioalvarolins@gmail.com. Os trabalhos serão avaliados por Comissão Julgadora indicada pelas instituições promotoras do Concurso Literário. Esta atribuirá o prêmio a três obras e poderá indicar menções honrosas. As produções vencedoras serão divulgadas no dia 14 de maio, através dos websites da Faculdade Asces (www.as-
fevereiro 2013 www.revista
.com.br
6
ces.edu.br) e da Fafica (www.fafica.com). Álvaro Lins nasceu no dia 14 de dezembro de 1912 em Caruaru. Residiu na cidade até os 12 anos. Após concluir o curso primário, mudou-se para Recife, onde estudou no Colégio Salesiano e Padre Félix. Formou-se em Direito pela Universidade do Recife, em 1939. Além de exercer a advocacia, escrevia para os principais jornais da capital. Foi também redator e diretor do Diário da Manhã, no Recife. Aos 25 anos, escreveu seu primeiro livro: “História Literária de Eça de Queiroz”. Foi colaborador do suplemento literário do Diário de Notícias e dos Diários Associados, crítico literário, redator principal e dirigente político do Correio da Manhã (1940-1956). No âmbito político, Álvaro Lins foi Chefe da Casa Civil no governo Juscelino Kubitscheck e embaixador do Brasil em Portugal. Foi também membro da ABL (Academia Brasileira de Letras) e integrou o Instituto de Coimbra, em Portugal. Recentemente, foi homenageado com uma estátua em Caruaru.
intercâmbio educacional
Novos alunos começaram a embarcar para a prática
Mais 550 estudantes vindos do Agreste, Zona da Mata, Sertão e Região Metropolitana estiveram presentes na sede da Secretaria de Educação para entrega dos kits de viagem, documentação e uniforme de embarque do projeto Ganhe o Mundo. O primeiro embarque aconteceu nos dias 25 e 26 de janeiro, quando 150 alunos viajaram para a Nova Zelândia. Depois, no dia 29, outros participantes do projeto também embarcaram com destino a Austrália. Dia 31 do mesmo mês, outros 20 estudantes embarcaram para a Espanha. Já em fevereiro, no dia 3, outros 53 alunos seguiram viajem para a Austrália. O intercâmbio dura seis meses e é incentivado pelo governo do Estado. Profissionalizantes O Programa Jovens Talentos, que vai capacitar 13.957 estudantes para o mercado de trabalho até o fim do ano em todo Estado, está com inscrições abertas. Em Caruaru, serão ofertados seis cursos: porteiro, vigilante, auxiliar de limpeza, auxiliar de pessoal, recepcionista e operador de caixa. Para concorrer às vagas, os interessados devem ter idade mínima de 18 anos, ensino fundamental concluído ou estar cursando a 8ª ou 9ª série. A inscrição será feita na sede da Estação do Governo Presente, na Avenida Nossa Senhora de Fátima, nº 400, bairro Maurício de Nassau.
fotos: divulgação
Mais vagas Para um auditório lotado de estudantes, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que o Brasil precisa de mais vagas no ensino superior. O primeiro processo seletivo de 2013 do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) teve 1.949.958 de inscritos para 129.319 vagas em 3.752 cursos. No ano passado, 4,2 milhões de estudantes prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), prérequisito para disputar uma vaga em instituição pública de ensino superior pelo Sisu. O objetivo é dobrar o número de vagas disponíveis, para isso, Mercadante voltou a ressaltar a importância da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que aguarda parecer no Senado Federal. Encontro Em debate da União Nacional dos Estudantes (UNE), o ministro da Educação, Aloizio Mercadante ouviu as reivindicações dos jovens pela reformulação do ensino superior brasileiro. O tema discutido foi “A luta pela reforma universitária: do Manifesto de Córdoba aos nossos dias”, um questionamento aos modelos de universidade no Brasil e na América Latina. O debate é parte integrante do Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb) da UNE e reuniu cerca de quatro mil estudantes representantes de diretórios acadêmicos (DAs) e centros acadêmicos (CAs) de todo o país.
tecnologia
Colégio Criativo abraça ensino digital Visando o aumento no rendimento escolar, a tecnologia no ensino vem sendo usada em larga escala
O sistema permite o trabalho de conteúdos simultâneos
A utilização da tecnologia nas salas de aula vem com o objetivo de facilitar o aprendizado
Tecnologia é a palavra que movimenta o dia a dia de professores e alunos do Colégio Criativo de Caruaru. Computadores, tabletes e agora também a lousa digital fazem parte do processo de aprendizagem no Ensino Digital. Para o diretor da instituição, esse processo de inclusão tecnológica “vem para melhorar o rendimento dos alunos e auxiliar no aprendizado”, diz Edmilson Vidal. O sistema foi elaborado pelo Sae Digital, onde são trabalhados conteúdos simultâneos sem limite de linhas ou páginas. Pode-se dizer que o diferencial do material são as aulas que acompanham o livro (em formato de cartão SD). O material acaba atraindo a atenção dos alunos e facilitando a aquisição do conhecimento. Todas as matérias trabalhadas dispõem de arquivos em PDF. O sistema digital de aprendizado também é focado na nova filosofia de contextualização proposta pelo Enem.
Atualização. Estar por dentro do que acontece na educação é uma prova de interesse e preocupação com o futuro de todos Avaliação O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Pernambuco, Pedro Henrique, informou que a Ordem deverá fazer uma avaliação dos cursos de Direito no estado. O objetivo é elaborar uma lista de recomendações para os que procuram vagas nas universidades. Em Pernambuco existem 34 cursos de Direito.
ProUni Neste primeiro semestre, a oferta de vagas no Programa Universidade para Todos (ProUni) correspondeu a 162.329 bolsas, distribuídas em 12.159 cursos de 1.078 instituições. O total de bolsas integrais foi de 108.686, contra 53.643 de parciais. Desde a criação, o ProUni atendeu 1.096.359 estudantes.
Em Harvard A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação e a Universidade de Harvard abriram seleção para professor visitante na instituição norte-americana. A cooperação prevê a concessão de bolsa por ano acadêmico em Harvard, com início em agosto próximo.
Direção Professores efetivos da rede estadual, certificados na Avaliação em Conhecimentos em Gestão Escolar, poderão participar do processo que selecionará novos gestores para 233 escolas de referência em ensino médio, nas modalidades integral e semi-integral, e 20 escolas técnicas em todo o Estado.
7
Educação em foco O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, assinou Projeto de Lei que destina 100% dos recursos dos royalties do petróleo para Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. Se as coisas acontecerem como o planejado, os royalties serão distribuídos igualmente para todos os estados da Federação.
fevereiro 2013 www.revista
.com.br
eu mesmo
mo
“Quem é que pode ser gigante nesse mundo tão pequeno? Como é que faz pra gente ser feliz e rico ao mesmo tempo? Eu não sei, mas eu vou tentar. Todo remédio que me cura tem uma contra-indicação. O que faz bem pra alma pode fazer mal pro coração de quem tem pressa de chegar. Ai quem me dera um dia, ficar de papo pro ar, tirando um som de uma viola.” Rita Lee
educação financeira ‘Educar para a vida’ é uma expressão que faz parte do dicionário de todo pai preocupado com o futuro pessoal e profissional do seu filho. Desde cedo, a vontade de possuir determinado brinquedo ou objeto pode ser o começo para instigar, no futuro, a atenção para com o gasto de dinheiro e consequente realização de desejos. Um “não” dado na hora certa pode significar o começo de uma criação onde o poder de consumo seja adequado à realidade financeira familiar. Mesada, mimos, atendimento, vontades e “sim” a todo instante pode prejudicar a criação dos filhos no que diz respeito a forma de lidar com o dinheiro, ou melhor, ao se educar, financeiramente falando.
Financeiramente falando, os pais consideram a arte de educar um tanto quanto difícil, se levar em consideração os apelos consumistas de hoje, onde a realidade é outra
a preocupação em proporcionar uma educação de qualidade para as filhas danielle rayanne, 15 anos, e Ângela mickely, 9 anos, sempre esteve presente nos ensinamentos pessoais passados pela mãe rose silva, 36 anos. Quando criança, rose costumava conseguir as coisas com muito sacrifício, tendo começado a ajudar os pais desde os oito anos de idade. “sempre dei valor ao que conquistava. esse sentimento para com as coisas sempre fizeram parte da educação que meus pais passaram pra mim”, diz. e, foi a partir desse exemplo, que rose resolveu criar as filhas, salvaguarda as adequações culturais da época, onde o desejo dos herdeiros, induzido pelo consumismo tecnológico, passou a ser menos acessível, financeiramente falando, que os carrinhos e bonecas tão desejados em outras épocas. com a filha mais velha pode-se dizer que as cobranças quanto aos gastos comuns, na infância, foram mais amenas. seja pelo deslumbramento de se tratar da primogênita, ou traços da personalidade que começaram a aparecer desde cedo. assim, rose percebeu que a preocupação com os gastos não ocuparia muito espaço na sua vida. “desde pequena danielle demonstrou ser um pouco mais exposta aos gastos desnecessários. consumista mesmo. sendo assim, o processo de ensinamento foi mais lento, começando aos nove anos”, lembra. o primeiro passo para que ela não se tornasse uma adolescente compulsiva começou com exemplo a partir dos próprios brinquedos. “se já tivesse um brinquedo igual ou parecido, não justificaria a compra de outro”, explica. por incentivo da época ou geração, o desejo das crianças é bem diferente do ostentando antigamente, focando na aquisição de eletrônicos e celulares de última geração. “a tecnologia mexe com o instinto consumista dos pequenos. e, com minha filha mais nova, não foi diferente. por isso resolvi aplicar os ensinamentos financeiros um pouco mais cedo, até porque, ela já demonstrava
“Se os incentivos quanto a administração do dinheiro não começarem de cedo, vamos criar adolescentes mimados que não darão valor as conquistas que virão no fututo.” ROSE SiLvA
sinais de amadurecimento no que diz respeito à forma de lidar com o dinheiro”, conta rose. tudo começou incentivando a pequena Ângela a administrarem a quantia que era dada para o lanche, depois veio a mesada. “se os incentivos quanto a administração do dinheiro não começar de cedo, vamos criar adolescentes mimados que não darão valor as conquistas que virão no futuro”. de cinco para seis anos, a menina ganhou um celular do pai. com três anos de uso e os novos lançamentos aparecendo no mercado, não tardou para Ângela querer um celular novo. há cerca de um ano Ângela começou a se interessar em possuir determinado brinquedo ou objeto. “foi daí que resolvi ser um pouco mais dura e induzir que ela juntasse parte do dinheiro que ganhava na mesada para comprar o celular novo”, explica rose. a ideia começou a dar tão certo que logo veio a surpresa. “Quando chegava a época de ela ganhar presente, avisava a gente que preferia que esse fosse dado em dinheiro. foi um susto bem gratificante para mim em ver o interesse dela em adquirir aquele bem, não medindo esforços para conquistá-lo”. diferente de outras crianças, Ângela nunca passou por ataques histéricos, por algumas de suas vontades não serem atendidas. ao contrário, sempre teve consciência do que era obrigação dos pais, como ela mesma faz questão de ressaltar. “Quando vejo alguma coisa que eu quero muito, não peço mais a minha mãe nem a meu pai. Junto do dinheiro que ganho para poder comprar. menos as roupas, pois aí são eles que têm de comprar”, dispara Ângela. devido à posição que rose adotou para com a criação das filhas, chegou a ser alvo de crítica dos próprios familiares. “não levo isso muito em consideração. o que importa é que eu tenha a consciência tranquila que estou fazendo a coisa certa e preparando ela para o futuro”. para que rose tivesse esse tipo de atitude,
No aprendizado diário negar algum desejo da criança também faz parte do processo. Isso ajuda a tornálos preparados para as vitórias e frustrações tão comuns no dia a dia
“É fundamental que os pais tenham esse planejamento para com o futuro dos filhos. Muitas vezes eles próprios servem de exemplo na construção da subjetividade.” GHESA viEiRA
conhecimento
“Quando vejo alguma coisa que eu quero muito, não peço mais a minha mãe nem a meu pai. Junto do dinheiro que ganho para poder comprar. Menos as roupas, pois aí são eles que têm de comprar.” ângela Mickely
não se baseou em ninguém, apenas queria que o esforço em conseguir o dinheiro para o sustento familiar fosse reconhecido pelas filhas e que elas também tivessem a consciência de que não podiam consumir tudo que viam pela frente. “Sempre procuro estar próxima delas, conversando e orientando. Isso acaba ajudando nas escolhas”. Depois do celular, que foi comprado de acordo com o gosto da pequena Ângela, a próxima grande compra é uma bicicleta. “Com o dinheiro que sobrou da compra do celular,
fevereiro 2013 www.revista
.com.br
14
vou juntar mais um pouco e comprar uma bicicleta, que é o meu sonho”, revela a pequena. De acordo com a orientação 1 da psicóloga Ghesa Vieira, esse tratamento educacional passado por alguns pais representa considerável ganho positivo para o futuro da criança, que mais tarde virá a se tornar adulto. “É fundamental que os pais tenham esse planejamento para com o futuro dos filhos, até porque, eles, muitas vezes, servem de exemplo para os próprios fi-
lhos na construção da subjetividade, em relação ao comportamento e planejamento, tanto pessoal quanto financeiro”. Desde cedo, com essa linha de planejamento, Ghesa diz que “o ensinamento é passado de forma significativa, onde há um aprimoramento das ações, em relação ao exemplo captado pelos filhos”. Mas, nem sempre um pai organizado demais faz bem para a educação financeira do filho. A psicóloga explica que “os filhos precisam também passar por frustrações
texto roBson meriÉVerton fotos Breno aUGUsto Modelos sthefanne alVes criança - e daniela almeida e carlos miranda (da faBrício Gomes prodUções)
1
para estarem preparados para o futuro”. essas frustrações vêm a partir da negação de algum desejo. “o fato dos pais não possuírem determinada forma de tratamento ou desejo atendido quando criança, muitas vezes faz o possível para que o filho não passe por tal provação. mas a impossibilidade de não ter, também faz parte do processo de aprendizado”. Quanto ao atendimento dos desejos “é fundamental que também haja essa falta”, ressalta. para algumas crianças, ser bem tratada é
a partir dos dois anos, quando a criança começa a demonstrar desejos próprios, já é o momento de iniciar a educação financeira, mostrando o processo de troca do dinheiro por produtos; reserve as datas especiais para dar brinquedo à criança, isso evitará que ela queira tudo o tempo todo; É importante que as crianças entendam as diferenças sociais existentes bem como o seu real padrão de vida e os reais limites financeiros; os cofrinhos são ótimas opções de mostrar a importância de guardar o dinheiro e, por ser barato, pode ser dado entre os presentes; para definir o valor da mesada deverá analisar por trinta dias tudo que a criança gasta e dar aproximadamente 50% do valor, mais os valores para realização dos sonhos.
De acordo com avaliação profissional, a atitude que alguns pais têm de induzir que o filho saiba o valor do dinheiro é válida para o futuro pessoal e profissional 15
FeVereiro 2013 www.reVista
.com.br
As escolas também têm papel importante no desenvolvimento da preocupação com o lado financeiro das crianças, sobretudo com disciplinas que trabalhem com a aptidão nesse sentido
sinônimo de estar rodeada de presentes, mas, segundo Ghesa, nem sempre esse artifício é indispensável para fazê-las entender que são queridas. “ao longo de um ano, penso que haja apenas três ocasiões para se presentear uma criança. são elas: aniversário, natal e dia das crianças. fora esses, o trabalho de ‘privá-las’ de certas vontades tem de ser parte do aprendizado, preparando-as para a vida, o que vem a ser muito salutar para o desenvolvimento do indivíduo”. Quanto ao papel que as escolas desenvolvem nesse âmbito, disciplinas já fazem parte dos projetos pedagógicos para que haja o incentivo em despertar o interesse da criança para valorizar o dinheiro e as coisas conquistadas através dele. “trabalhar aptidões e vocações de forma organizada, a fim de auxiliar na educação familiar. essa é uma vertente que induz a criança a ter um pensamento empreendedor e responsável no que diz respeito ao tratamento do dinheiro”, alerta Ghesa. outro ponto que não deve interferir na relação pai/filho/dinheiro é que a ausência não seja suprida com o mimo em excesso. “nesse ponto o ‘ter’ não pode prevalecer sobre o ‘ser’. ou seja, é importante que os pais estejam presentes em todos os momentos do desenvolvimento da criança, para que não existam lacunas que, de início, possam ser preenchidas com presentes”, completa.
FeVereiro 2013 www.reVista
.com.br
16
b jo e d a d i l a n A perso ado de
e o merc
o h l a trab de trao d a c r e m o e u q s ssidade ão com h n Entender as nece u m o c m e e u g e empre s essoas. p s balho exige nem s a d e d a id l a n o s s da per alguns dos traço a tatuagem, uma roupa mais o, um s para a m Um corte de cabel s, a o s s e p s a it u omum a m ousada pode ser c pode parecer pesado demais. nal, o mundo profissio irantes ao sucesso na cars asp Há casos EM que o am abrir mão de elementos, recis p a id h l o c s e a ir e r
comportamento
texto roBson meriÉVerton fotos Breno aUGUsto produção sandemBerG pontes
“Aos 26 anos, no meu universo profissional, começaram a me chamar de ‘Marquinho’, pela aparência infantil, a partir da forma com que me vestia.” MARCOS tENóRiO
antes usados para lhe identificar, para conquistar o respeito. por isso é bom ficar alerta quanto aos exageros na hora de concorrer a uma vaga no mercado de trabalho. “eu era uma mistura de rock com cluber. Uma pessoa que andava sempre vestido de preto, pulseiras, piersing e outros adereços”, diz marcos tenório, 29 anos, especialista em educação a distância e mestrando em pedagogia da educação a distância. há pouco ele teve de passar por uma mudança de estilo para conquistar o respeito exigido pela posição que ocupa no mercado profissional como sócio de uma empresa de publicidade. por isso, os profissionais da área advertem: essa é uma boa oportunidade para que os jovens pensem e comecem a planejar seu ingresso no mercado de trabalho da forma menos impactante possível. a luta de marcos com a sua identidade visual começou ainda na adolescência. “nessa fase é comum que as pessoas sintam a necessidade de se identificar com algo. comigo não foi diferente. por isso comecei a pegar inspiração nas músicas que curtia e demais coisas para montar uma espécie de identidade”. como a mãe não era adepta do estilo, procurou, da forma que lhe era mais conveniente, interferir. “não lembro quantas foram as vezes que ela chegava com uma peça de roupa totalmente diferente do estilo que usava. como não fazia a menor questão de usar, tudo ficava para o meu irmão”, lembra. dos 15 aos 17 anos, marcos sofreu forte influência do rip rop na maneira de se vestir. “Vez por outra era constantemente parado pela polícia que insistia em me revistar pensando que era algum tipo de maloqueiro ou coisa do tipo. até minha mãe comparava meu guarda-roupas a um urubu, por estar sempre de preto”, recorda. as influências musicais à personalidade visual do até então adolescente, não pararam por aí. o gosto pelo rock e depois pelo ‘dance’ mexeram mais uma vez no figurino. “essas constantes mudanças até deixavam em dúvida os meus amigos, que sempre me questionavam pela forma com que me vestia”. Já no mercado de trabalho, a necessidade pela mudança começou a se mostrar necessária a partir do momento em que se passavam os anos e marcos não crescia perante o olhar das outras pessoas. “Já aos 26 anos, no meu universo profissional, começaram a me chamar de ‘marquinho’, pela aparência infantil que eu passava devido a forma com que me vestia. foi quando caiu a ficha de não querer ser conhecido pela cara e jeito de moleque que a forma de vestir evidenciava”. assim, veio mais uma mudança. dessa vez inspirada não pelas músicas ou defesa de algum movimento, e sim pela necessidade de crescer perante os olhos das outras pessoas e do próprio mercado profissional. antes, as camisas de botão eram abominadas por marcos. hoje, viraram parceiras diárias no trabalho. “roupas com cores mais sóbrias, peças que passavam um ar de adulto, ou um comportamento que evidenciava a minha posição de crescimento profissional. tudo isso foi percebido e aceito por uns e virou motivo de piada entre outros”. por isso ele agora aprendeu e faz questão de passar a receita de que é importante o jovem pensar sua vida no futuro, assim como considerar os obstáculos que terá de passar para entrar no mercado de trabalho. “nem sempre as pessoas têm a personalidade de se vestir e se comportar aceitas pelo mercado de trabalho. tudo depende de ser aceito ou não
21
FeVereiro 2013 www.reVista
.com.br
comportamento
pela empresa não só no currículo profissional e sim pela aparência, em alguns casos defendidas com identidade pessoas”. O que está sendo colocado em evidência não é você deixar de usar aquela peça que é do seu agrado, ou ter determinado comportamento devido a profissão que se escolheu. “No meu caso eu mantive algumas coisas da minha personalidade, apenas tomando cuidado com os excessos. Quanto ao comportamento, a mudança foi bem mais perceptível, pois quando você representa uma empresa a forma com que você se porta perante as situações, até mesmo em momentos de descontração, pode ser associada a sua imagem quanto profissional”, salienta Marcos Tenório. Mesmo assim, com ele a mudança foi lenta, a ponto de manter a roupa antiga para as festas e saídas entre amigos e a roupa séria para o trabalho. “Hoje posso dizer que só tenho roupa séria ou diferente daquilo que estava costumado a usar”. Situação parecida também foi vivida pela publicitária Márcia Malagueta. Acostumada a sair vestida com aquilo que lhe vem a cabeça, ela passou por uns maus bocado quando se viu tendo que adotar outro tipo de comportamento e forma de se vestir para conseguir uma oportunidade em uma empresa. “No começo foi um pouco difícil, tanto para me habituar quanto para compreender o que exatamente vestir, já que essa mudança seria adotada praticamente durante todos os dias da semana”, relembra. No dia a dia, Márcia adota um visual misturando peças com tom de alternativo moderno, com pitadas do rock e
“Passei a usar roupas com cores mais sóbrias, peças que passavam um ar de adulto, ou um comportamento que evidenciava a minha posição de crescimento profissional.” marcos tenório peças retrô. “Combinadas, essas peças falam muito sobre a Márcia que muitos conhecem, que de fato me faz verdadeira naquilo que me proponho”. Por mais que haja uma mudança, o importante é não abandonar a personalidade, pois de fato é aquilo que transcende para as pessoas e a identifica no meio social. “Isso é bastante engraçado de se pensar, e também de se entender. Por mais que eu tenha gerado toda essa mudança ainda passo facilmente para as pessoas o que gosto, o que curto”, opina Márcia. Há poucos dias, Márcia ficou surpresa com uma situação que teve de enfrentar devido a sua personalidade. Entrando em uma loja de roupa, sem que a vendedora a conhecesse, sugeriu uma peça e disse que cairia bem nela, por achar que tinha um gosto pelo estilo roqueiro. “Achei super engraçado, porque em nenhum momento deixei transparecer nada do que costumo vestir. Aí está o ‘x’ da questão: ser discreta sem que se perca a identidade”. Quanto a interferência da forma de vestir na sua personalidade, Márcia diz que, apesar de ter mudado a forma de se vestir por conta do trabalho, o comportamento e atitudes continuam as mesmas. Por demonstrar personalidade forte em algumas situações, quem pensar que a competência no âmbito profissional também não foi posta em xeque, se engana. “Por várias vezes passei por situações em que a forma que me apresentava levavam as pessoas a ter uma interpretação errônea sobre a minha competência. Mas, com alguns dias no trabalho, fazia questão de mostrar para eles que não tinha nada a ver”.
avaliação profissional
1
Na hora de uma entrevista profissional é bom evitar o uso de pasta de elástico com seu currículo. No lugar use uma maleta ou pasta-portfólio; Óculos de sol no alto da cabeça ou fones de ouvido no pescoço. Guarde qualquer aparelho que esteja usando; Roupas coloridas ou brilhantes. Exceto em empresas informais; Roupas largas ou apertadas demais. Considere como um investimento pessoal comprar uma boa roupa para as entrevistas - e que seja do seu tamanho; Sapato inadequado. Nem pense em tênis, sandálias ou qualquer tipo de sapato aberto; Evite piercings e tatuagens visíveis; Roupa amassada ou suada. Se necessário, tenha à mão outra camisa para a ocasião.
com Eugênio Sales
A maneira com que uma pessoa se veste diz muito sobre a personalidade. Na hora de cair em campo em busca de um emprego, é importante que se tenha bom senso quanto a aparência, apesar de muitas empresas serem mais flexíveis Mesmo com a personalidade própria dos jovens, nem sempre o mercado profissional está aberto a aceitação. Seja uma tatuagem a mostra, um corte de cabelo mais ousado, uma coloração pouco usual, ou até mesmo uma roupa mais estilosa, o fator de diferenciação pode interferir consideravelmente. De acordo com o consultor empresarial Eugênio Sales, é comum que haja algum tipo de “preconceito” entre a empresa empregadora e o candidato a vaga, sobretudo quando o perfil de ambos são muito diferentes. “Algumas empresas têm um padrão de qualidade interno, ou seja, têm um perfil já conquistado e na
“Devido ao meu cabelo vermelho e jeito meio despojado de me vestir, não era difícil me sentir alvo de olhares quando passava na rua. No entanto, quando comecei a trabalhar, nunca tive nenhum tipo de objeção dos patrões para com a forma com que me vestia. Mesmo com personalidade forte, sempre tive bom senso na hora de conciliar o meu estilo com o lado profissional.” Patrícia Bezerra
“Cada pessoa tem uma personalidade diferente, e quando existe a oportunidade de ingresso no mercado de trabalho, a atitude de algumas empresas nos faz colocar em xeque se o que vale mais é a competência dos profissionais ou a forma com que eles se vestem. Conheço alguns amigos que já passaram por situa-
hora da contratação a aparência física conta muito”. Em alguns casos, a aparência é tão imprescindível para algumas empresas que chega a ser colocada acima da competência profissional 1 . “Felizmente o Brasil tem melhorado nessa questão, mas alguns jovens de hoje que já têm sua personalidade “firmada” só procuram empresas que também tenham o seu perfil. Porém, muitas empresas ainda têm uma postura bastante inflexível 2 nesse sentido”, afirma Sales. Então, para que o jovem não passe por nenhum constrangimento ou perda de oportunidade devido a forma de se vestir, o bom senso ainda é
dade manda, e não ter caráter.”
ções em que a aparência prevaleceu. Acho uma pena.”
Mariana Morais
“Acredito ser uma atitude de puro preconceito, pois se trata de pessoas que expressam através da roupa sua ‘rebeldia’. Diante de uma sociedade que impõe um único estilo onde todos seguem para que não sejam mal vistos, sem aceitar outras opiniões, quando na verdade somos ‘livres’ e o que devemos a sociedade são os nossos deveres como cidadão. Somos capacitados a desenvolver o que aprendemos sem que a forma com que nos apresentamos interfira. Sou a favor da liberdade de expressão na maneira de todas as formas: como me visto, no meu comportamento. Assim, não adiantaria me vestir ‘lindamente’ como a socie-
“O mercado de trabalho exige uma postura do profissional que deva remeter ao consumidor uma identidade de responsabilidade, confiança. Infelizmente, boa parte da população mundial ainda é carregada de preconceitos e discriminam piercings e tatuagens. Em relação à roupa, nem todo mundo sente credibilidade em pessoas mal vestidas, ou com comportamento vulgar. Isso é muito ruim para a imagem profissional e da empresa. Roupas bem cuidadas e mais sóbrias dão uma impressão de organização, limpeza, e idoneidade, mesmo que só aparentemente. Por isso, a vestimenta e o comportamento devem ser avaliados na hora da contratação.”
Amanda Alves
2
Mesmo com a abertura do mercado no que diz respeito à aceitação de comportamentos antes inimagináveis na hora da entrevista de emprego, é bom que o candidato à vaga leve em consideração alguns pontos. Em alguns casos, a personalidade forte na forma de se vestir é vista como uma barreira, em outros, não é nem levada em consideração. Na dúvida é melhor não arriscar e, quando a vaga for conquista, perguntar se existe alguma restrição.
23
fevereiro 2013 www.revista
.com.br
comportamento
3
pode ser definido como uma estratégia individual para atrair e desenvolver contatos e relacionamentos interessantes do ponto de vista pessoal e profissional, bem como para dar visibilidade a características, habilidades e competências relevantes na perspectiva da aceitação e do reconhecimento por parte de outros.
“Empresas têm um padrão de qualidade interno” a melhor saída. “se o jovem se interessar em trabalhar numa determinada empresa, tenho certeza que vale a pena fazer o sacrifício, talvez temporário, até que a vaga seja conquistada”. dependendo da área de atuação, a aparência diferente do comum pode ajudar o jovem a se manter no mercado ou conquistar determinada oportunidade. mas é preciso ser firme, pois, para alguns pode ser ou parecer esquisito, no entanto, para outros a personalidade precisa ser respeitada. algumas pessoas se veem na necessidade de ceder às criticas e mudar de estilo para entrar no mercado de trabalho. “infelizmente isso é verdade e considero que esta ‘readaptação’ é muito importante, pois quem deseja obter sucesso num mercado altamente competitivo precisa em algum momento pagar o preço”, adianta sales. Quanto a consequência futura desse comportamento, a insatisfação pode ser uma delas. a adequação da personalidade ao mercado de trabalho está tão em evidência, que o consultor empresarial lançou há pouco um trabalho abordando essa temática. “trata-se do meu sétimo livro. com o tema Marketing Pessoal 3 , levanto o assunto de forma peculiar, onde aconselho o profissional moderno saber não só se vestir de acordo com sua profissão, bem como comportar-se de acordo com a mesma. por exemplo: não concordaria que um educador pudesse em sala de aula falar gírias o tempo todo, bem como ter gestos, atitudes e vestimentas inadequados com o cargo que ocupa, pois o mesmo será sempre ‘espelho’ para seus alunos”, exemplifica eugênio sales. Pesquisa a nube – consultoria de recrutamento e seleção de profissionais – realizou uma enquete sobre a entrada do jovem no mercado de trabalho. foram ouvidos mais de 10 mil candidatos com idades entre 16 e 24 anos. para 42,70% dos pesquisados a remuneração deixou de ser o item primordial. de acordo com eles, o que mais importa são as “atividades a serem desenvolvidas”, pois trabalhar com prazer é objetivo de grande parte da geração atual. apenas 15,41% dos entrevistados disseram priorizar a “remuneração”. os dados foram divulgados no mês de abril de 2012.
FeVereiro 2013 www.reVista
.com.br
24
eu sou reportAgeM anderson morais fotos Breno aUGUsto
1
aluno do 3º período do curso de licenciatura em educação física pela associação caruaruense de ensino superior – asces, Ulisses também é praticante de voleibol desde os 13 anos. recentemente descobriu habilidade para pilotar as picapes eletrônicas, se destacando como dJ. ele ressalta que não existe uma ligação direta da música com o esporte, mas que elas se complementam para animar o corpo e satisfazer o ego. 2
estudante de design no centro acadêmico do agreste – caa – Ufpe. ingressou nos jogos virtuais há aproximadamente cinco anos sem visão de negócio. com a negociação das “armas” foi possível adquirir computadores e objetos tecnológicos, além de fazer uma poupança para arcar com as despesas exigidas durante a graduação.
Corpo e mente. Com vocação esportiva descoberta na infância, o estudante e DJ Ulisses Freire concilia as batidas eletrônicas com a faculdade o que seria um hobby se transformou em uma fonte de renda que permitiu o ingresso à faculdade além da experiência de fazer novos amigos. É assim a vida de Ulisses Freire 1 , 25 anos, que há dois concilia sua vida de dJ a de estudante de educação física. manter uma rotina de estudos também não é fácil, já que a vida noturna muitas vezes não tem hora para acabar. entretanto, organização é fundamental na divisão do tempo para atender ambas as tarefas, sobretudo no que diz respeito a revisão dos conteúdos passados na faculdade e a seleção do set list para as noites de eventos. a vontade em ter uma especialização superior na área física veio desde cedo. “tenho uma ligação direta com a prática esportiva desde os meus 13 anos quando ingressei na seleção de voleibol de caruaru, chegando a participar ativamente dos jogos para representar a minha cidade”, conta Ulisses. e as vitórias sempre vinham e eram comemoradas com músicas e confraternizações. o interesse pela música eletrônica nasceu a partir dessas comemorações e saída com os amigos, durante os finais de semana. os primeiros conhecimentos nesse ramo foram repassados pelos dJs pingo e Guinho. “tive o privilégio de tê-los como amigos e professores. eu sempre fazia a abertura dos shows deles e, com o passar do tempo, o público das festas pedia para que eu fizesse uma apresentação. de tanto insistirem fui convidado a fazer parte do casting para ser o dJ residente de uma boate aqui em caruaru”, lembra Ulisses. durante os primeiros meses da faculdade, as mensalidades do curso de educação física tiveram que ser financiadas pela mãe, já que Ulisses não contava com um trabalho fixo. “aos poucos, as apresentações em festas e baladas em cidades vizinhas foram surgindo, abrindo novas oportunidades e, com elas, o reconhecimento”. para compensar as horas de trabalho em relação aos estudos, Ulisses aproveita o intervalo quando sai da faculdade até a hora em que vai para as casas de shows para reforçar o conhecimento que foi adquirido durante a aula. “agarro os livros e reviso todo o conteúdo, até mesmo durante as madrugadas, quando perco o sono. conhecimento sempre é bem vindo”. a utilização das redes sociais também auxilia Ulisses no contato com amigos e divulgação do seu trabalho. “pela rede já recebi vários convites para participar de festas, inclusive em outros estados. o bom de tudo isso é que posso dizer que faço a festa dos outros e também a minha”. ULiSSES FREiRE, 25 ANOS
FeVereiro 2013 www.reVista
.com.br
26
Estratégia e negócios. Nem sempre o que parece é. A estudante de Designe, Maria Helena usa suas artimanhas nos jogos virtuais para lucrar no início era somente mais um passatempo preenchido pela curiosidade e lazer de uma criança que em seu mundo imaginário, se sentia uma heroína capaz de acabar com o mal para salvar o planeta. em outros casos, a brincadeira nada mais era que ajudar um personagem a se livrar do perigo e conseguir chegar ao seu destino. foi assim que entre um jogo e outro a estudante Maria Helena Ferreira 2 , 25 anos, ingressou no mundo virtual. a diversão aliada aos estudos permite que ela encontre oportunidades de ganhar dinheiro para investir em cursos de programação e animação. são horas de conversas nas madrugadas em chats, que estão dentro e fora do próprio jogo e de negociações de suprimentos com outros jogadores. “as conversas vêm de pessoas que procuram armas virtuais ou componentes. são adultos de classe média, que não gostam da vida social em festas e baladas. preferem estar à frente da tela de um computador se imaginando na pele de um personagem, unindo o útil ao agradável”. a negociação dos suprimentos é feita abertamente, mas com alguns critérios de segurança. o valor da transação varia, dependendo do que o comprador deseja. “o item mais caro, hoje, custa r$ 600 e o mais barato chega a média de r$ 50. Vai depender do poder de negociação do comprador para comigo”. com o lucro obtido nos jogos virtuais, maria helena já adquiriu um computador de última geração, equipamentos eletrônicos e objetos para uso no curso de design. “os jogadores ficam adimirados quando veem que estão jogando com uma menina”. Quando tudo começou, os pais ficaram preocupados com essa história de ficar durante as madrugadas na internet. “minha mãe chegou a me chamar atenção por conta dessa mudança. comecei a mostrar a ela que estava ganhando dinheiro com isso e ela ficou ainda mais desconfiada. ela sempre me observa, mesmo que de longe”. outro ponto favorável é o aprendizado da língua inglesa. “como a maioria dos jogos está em inglês é preciso saber algumas palavras básicas”. apesar de não ter sido lesada em nenhuma transação, helena ressalta que é preciso ter jogo de cintura para driblar os hackers e os enganadores. “a liberação do item é concretizada quando tenho a certeza que o depósito foi realizado na minha conta. depois, vou contabilizar o quanto tenho e posso dormir sossegada, afinal já é de manhã e eu trabalhei durante toda a madrugada”. MARiA HELENA, 25 ANOS
27
FeVereiro 2013 www.reVista
.com.br
os
“todo conhecimento humano é relativo. cada subida prepara a queda proporcional. cada fossa abre espaço para a altura equivalente. no final da estrada estamos no mesmo ponto de onde saímos, no zero, no nada.” Carlos Heitor Cony
os outros
entrevist達o reportAgeM fernandino neto foto Breno aUGUsto
FeVereiro 2013 www.reVista
.com.br
30
Intercâmbio. A pesquisadora
1
A etnologia estuda os fatos e documentos levantados pela etnografia (método utilizado na coleta de dados), no âmbito da antropologia cultural e social, buscando uma apreciação analítica e comparativa das culturas.
francesa Nadège Mézié, antropóloga e doutora em etnologia desenvolveu estudos em Roma e no Haiti. Em Caruaru, sua pesquisa está voltada para a Associação Interreligiosa do Agreste. Nesta entrevista, Nadège comenta os desafios do trabalho antropológico, a relação com a religião e ressalta que o caminho para o desenvolvimento do Brasil está na educação.
Você é antropóloga e etnóloga. Quais as diferenParaentre que fique tudo mais claro, o que vem a ser o ças as duas atividades? 1 tem a vereducacional trabalho de orientação e ade quem ele A etnologia com pesquisas campo. é voltado? Estar sobre um campo para observar, dialogar com O Educacional é aquele possui a asOrientador pessoas, praticar e participar dasque atividades formação em PedagogiaA eantropologia habilitação em Orientaque elas desenvolvem. é uma prátiçãomais Educacional. A área deas atuação é dentrocultudas ca teórica que busca semelhanças Instituições de Ensino trabalhando diretamen-serais. O antropólogo observa as características te com o corpo discente (alunos) no acompanhamelhantes. mento as atividades escolares. Também trabalha ajudando os estudantes do Ensino Médio O que trouxe você ao Brasil? E a que estáindecirelaciosos, o seuem repertório de aptidões e tranadaaaavaliarem sua pesquisa Caruaru? duzi-lo emParis, escolhas paraé odavestibular. Moro em mas assertivas minha família cidade de Orientação Educacional e Profissional veio substiRennes, na região da Bretanha. Aprendi a falar tuir os testes vocacionais tão usados nos anos 70, português aqui, com as pessoas. Ouvindo e con80 e 90. A Posso palavra vocaçãomas é umpara termo derivado versando. entender, falar ainda do verboÉno latim “vocare” que significa “chamar”. é difícil. a primeira vez que estou no Brasil. CheO sentido original chamado espirituguei a Caruaru no expressa dia 21 deum setembro, voltei para al, muito no usado vocações sacerdotais. Portana França finalnas do ano e retornei em janeiro. Aqui 2 e gostato, atualmente é consenso entre os especialistas existe uma associação interreligiosa quede este termocomo vocação não responde a de-os ria analisar funciona, entendermais porquê manda.religiosos têm esta necessidade de fazer grupos uma associação. Existe alguma semelhança entre professor e orientador educacional? Qual? Quais as temáticas das pesquisas que você cosNão existe semelhança, pois são atuações diferentuma desenvolver? tes.duas Porém, como os professores exemplos paAs temáticas principais são são religião e violênra osMas alunos, vezes, ao perceberem que tal cia. gostomuitas de pesquisar sobre o corpo físico aluno possui mais facilidade uma determinae sua prática nas religiões, osem gestos. Tenho ouda disciplina, então o encaminhaEstive para um tras experiências internacionais. emtrabalho Roma, mais interventivo ao Orientador na Itália, durante ojunto mestrado e passeiEducacional. dois anos no Haiti, onde desenvolvi minha tese de doutoraQuais as principais um orientador do, sobre o trabalho atividades das igrejas de evangélicas naeducacional? quele país. Na Universidade de Sorbonne, sou di-
2
O Grupo Interreligioso de Caruaru nasceu da motivação de praticantes das mais diversas tradições religiosas, unidos pelo diálogo e pela construção de uma cultura de paz. As reuniões do grupo tiveram início no final de 2010, com participação da Ordem Rosa Cruz, Centro de Estudos Budistas Bodisatva, União do Vegetal, Igreja Católica, Santo Daime, Igreja Episcopal Anglicana, Pastoral Ecumênica, Jurema, Espíritas, Igreja Evangélica, Igreja Ortodoxa, Wica e Iskcom Sociedade Internacional para C. Krishna, além de terapeutas holísticos.
retora de redação de uma nova revista acadêmica, do laboratório Canthel 3 (Centro de Antropologia Cultural).
3
Canthel (Centre d’anthropologie culturelle) é o centro de pesquisa da Faculdade de Etnologia e Ciências Sociais - Sorbonne. O Canthel é um laboratório de antropologia cultural, aonde pesquisadores exploram temas transversais comuns a diferentes áreas e subdisciplinas. Seus membros atuam em diversos campos, como África, Américas, Ásia, Caribe e Europa, aonde recolhem materiais e observam práticas reais.
Aqui no Brasil, existem muitos cursos técnicos e grande parte dos estudantes quer o diploma para o mercado de trabalho. São poucos os que se dedicam ao meio acadêmico. Qual a importância da pesquisa para o ensino superior? Na França acontece o mesmo. Quando os estudantes estão nas faculdades e nas escolas, eles querem uma especialização para trabalhar. O ensino superior, hoje, é para o trabalho. No meu caso, é diferente. Porque estou na área das Ciências Humanas e elas não oferecem trabalho. O ensino é para o conhecimento. Um conhecimento quase puro para você e não para ajudar a sociedade. O meu trabalho é observar, interpretar e analisar. É um trabalho muito neutro, que não faz críticas. Quando trabalhei com as igrejas evangélicas no Haiti, por exemplo, as pessoas me falavam do imperialismo americano no país, determinando normas e exercendo um controle sobre eles. Mas esse não era o meu trabalho. O que eu precisava era entender a conversão, porque a pessoa estava na igreja, o que ela gosta na igreja, como funciona a vida na igreja. No contato com as culturas diferentes, como o antropólogo lida com o choque cultural? É possível deixar de lado o preconceito ao escrever? Quando eu falei de imersão, por exemplo, significa que você não tem distância. Você fica lado a lado, mas para observar é preciso manter um pouco
31
fevereiro 2013 www.revista
.com.br
“O Brasil é um país em desenvolvimento. E a educação é o fator mais importante. O país necessita fazer mais nessa área, não só para as escolas, mas também para a universidade”
4
o choque cultural referese à ansiedade e outros sentimentos provocados através do contato com culturas e ambientes desconhecidos. se não for observado com naturalidade, pode causar dificuldades para assimilar a nova cultura e uma visão preconceituosa sobre determinado povo e seus costumes.
a distância. a etnologia é sempre este jogo entre ficar lado a lado e manter distância para observar, anotar. Você pode até trabalhar com as pessoas. no haiti, a família com quem eu morei era comerciante e eu vendi para ela. o choque cultural 4 é interessante e você pode torná-lo em conhecimento. mas você também pode observar que há semelhanças. É necessário adaptação.
5
a antropologia estuda, principalmente, os costumes, crenças, hábitos e aspectos físicos dos diferentes povos do planeta. seu principal objeto de estudo é a diversidade cultural dos povos. os antropólogos utilizam, como fontes de pesquisa, os livros, imagens, objetos e depoimentos. porém, as observações, através da vivência entre os povos ou comunidades estudadas, são comuns e fornecem muitas informações úteis ao antropólogo.
Quais são as maiores dificuldades no trabalho do etnólogo? a dificuldade é que você mantém uma amizade com as pessoas, mas elas sabem que você vai embora. então, eles querem algo em troca. e essa troca é difícil para estabelecer. o que posso dar em troca das informações? Quando eles me dão uma informação, gosto de dar uma informação sobre mim. mas não é uma troca igual. não é possível a reciprocidade. Você tenta estabelecer uma relação a mais igual possível. Quais foram as suas impressões sobre o Brasil? você considera o país subdesenvolvido? eu não percebo o Brasil como um país subdesenvolvido. porque eu venho do haiti e a pobreza lá é quase extrema. o Brasil é um país em desenvolvimento. e a educação é o fator mais importante. o país necessita fazer mais nessa área, não só para as escolas, mas também para a universidade. investir na qualidade do ensino, na formação mais sólida dos professores, um rigor na contratação desses professores. Qual seria, então, o grande desafio da educação nos dias atuais? não só na educação brasileira, mas na educação em geral falta um espírito crítico. isso significa que você precisa contestar sempre, nunca aceitar tudo. outro problema é a corrupção, política e social, que é menor na frança. É preciso uma mudança de mentalidade e de atitude. talvez as leis ajudem a mudar, mas isso não é suficiente. passa pela educação também. depois, vem a questão do meio-ambiente. mas eu tenho confiança no Brasil, nas pessoas brasileiras. Vi que há uma força e uma crença no futuro que é muito interessante. porque na frança eu não vejo essa esperança. Como estudiosa das religiões, você acredita que o controle social que as igrejas exercem sobre a vida das pessoas contribui ou atrapalha o desenvolvimento social delas?
FeVereiro 2013 www.reVista
.com.br
32
não gosto muito de comentar sobre isso, porque é preciso fazer uma crítica às igrejas. mas, há pontos positivos e negativos. no haiti, por exemplo, o estado é quase morto. o presidente é um populista que canta e dança nas ruas. Um demagogo. não há uma educação pública e são as igrejas que fazem esse trabalho de educação. elas ensinam as crianças a ler e escrever. existe a escola dominical, onde eles interpretam a bíblia. mas é uma educação limitada aos dogmas e às doutrinas da igreja. você tem religião? não tenho, como muitos franceses hoje. De onde vem, então, o interesse de pesquisar algo em que você não acredita? É uma necessidade de compreender os outros. porque eles creem e como creem. Gosto de viajar, de conhecer outros lugares e culturas, para entender como as pessoas vivem. É como uma necessidade de dialogar, estabelecer uma relação sempre. as sociedades necessitam desse diálogo. se houvesse essa relação não haveria a necessidade de guerras, de incompreensão entre as religiões, como o islamismo e o cristianismo. É uma questão de diálogos de compreensão, de estabelecer uma relação. esta relação poderia ser conflituosa. É necessário o conflito, pois ele pode ajudar a transpor as diferenças. mas o conflito não deve ser violento e a relação permite o conflito dentro de um quadro de diálogo, de questionamentos. Mesmo com os conflitos, é importante o indivíduo ter uma religião, uma crença? não sei se é importante para as pessoas, mas é importante para as sociedades. acho que não existe sociedade sem religião. a antropologia 5 mostra que todas as sociedades e culturas estão ligadas a alguma religião. a religião é uma palavra de origem latina que significa religar, ligação entre as pessoas. a sociedade é uma ligação de pessoas. a religião é como o chão para uma sociedade. Onde está, então, a solução para os problemas do ser humano? não sei. talvez deus tenha a resposta para você. É difícil. as respostas do ser humano estão muito locais, nas comunidades, mas também são globais. e não podemos esquecer o nível político e global. se nós ficamos na religião, esquecemos o nível político que é importante também. É preciso haver um equilíbrio.
Buscando ideias e aperfeiçoamento, como solução RUA DO NORTE, 48, SALAS 201/202 CENTRO, CARUARU, PERNAMBUCO FONES: (81) 3719.1134/3719.5016/8898.1149 comercial@gueirosweb.com.br www.gueirosweb.com.br gueirosweb
escrachado foto Breno aUGUsto
1
.com.br
Diante desse argumento buscamos o auxílio da estudante de Direito da Asces, Lorena Silvestre 1 , para responder alguns questionamentos sobre o assunto. Caso Mayara Petruso É lamentável saber que existem comportamentos tão estúpidos em plena pós-modernidade. de fato, muitas pessoas generalizam demais e conhece muito pouco sobre seu povo, sua raça, sua cultura. o caso que ocorreu com a estudante chamada mayara petruso foi apenas um de inúmeros que acontecem diariamente, no entanto, fico indignada que uma estudante de direito tenha um pensamento tão mesquinho e estereotipado. Redes Sociais a maioria das redes sociais provoca mais o preconceito do que o orgulho, porque grande parte estereotipa as pessoas, fazendo com que elas sigam um conceito precipitado, sem ao menos pensar sobre ele. no entanto, não podemos generalizar, pois é nítida a existência de redes sociais que provocam o orgulho nordestino e que mostram a cultura e a história comovente dos nossos artistas. Comentários preconceituosos resultam em... ambiente social deteriorado. Programas Sociais a seca e a miséria incentivam os preconceitos, mas, principalmente, o modo como são retratadas nos programas de assistencialismo barato, os quais fazem com que muitas pessoas pensem que todo o nordeste é constituído de pobreza e seca, fazendo com que algumas pessoas desconheçam as praias maravilhosas, os lugares turísticos, a arte dos sertanejos, a história e a cultura incrível que rodeia o povo nordestino.
estudante do 3º período de direito na faculdade asces, lorena silvestre se destaca por gostar de escrever desde os 12 anos. atualmente, se dedica a produção de textos voltados para a cultura nordestina e romances, todos disponibilizados em uma página na internet. sua inspiração vem de nomes como fernando pessoa, carlos drummond e clarice lispector. além de escritora e poetisa, lorena também é cantora.
FeVereiro 2013 www.reVista
Preconceito. Algo formado antecipadamente sem a ponderação dos fatos. Sentimento negativo que cria barreiras invisíveis ou se materializa transformando-se em tempestade
34
deu/não deu texto robson meriéverton
esse é um espaço para que os leitores e especialiistas discutam os fatos bacanas, polêmicos ou esdrúxulos que caíram na boca do povo e os que passaram batido na imprensa
Resultado. Após ser aprovado em medicina pela
Universidade Federal do Ceará (UFC) com apenas 15 anos, o estudante Tiago Dirceu Saraiva
foi autorizado a ingressar no curso antes de concluir o ensino médio. Ele
1
concorreu a uma das 80 vagas da graduação que teve mais de quatro mil candidatos pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) . 2
SITE oglobo.globo.com (Em 21/01/2013)
“Se o estudante consegue apresentar bons resultados em exame de vestibular, não vejo problema na promoção dele a um nível superior ao qual ele, segundo um programa escolar, deveria cursar. Porém, é preciso que se faça um teste, referente à etapa de escolarização superada para garantir a comprovação do conhecimento mínimo, uma vez que o máximo já foi comprovado.” Ana Paula Bezerra, Técnica Educacional “Podemos afirmar a importância do ensino na fase dos infinitos vestibulares, sendo esse o período para acumular a bagagem de aprendizado, sobretudo para ingressar numa universidade. Os jovens estão, a cada dia, mais preparados para a concorrência, exigindo dele total dedicação e compromisso com o que se almeja. O caso do estudante Tiago Dirceu, de 15 anos, que foi aprovado no curso de medicina, nos mostra realmente o perfil de um jovem qualificado que busca a realização de objetivos, tendo foco no que deseja, pois, não é fácil uma aprovação, ainda mais nessa área. Foi
comprovado que não foi só sorte; além de ser aprovado no vestibular, conseguiu alcançar a aprovação também no exame com questões do ensino médio exigidos pelo Conselho de Educação do Estado do Ceará.” Carla Lemos, 25 anos, Administradora “Nesse caso, estamos diante de um aluno especial. Hoje em dia, a razão das crianças ingressarem logo cedo na vida educacional desperta nos educandos duas realidades diante da criança, tanto pelo gosto da escola ou como o repúdio pela própria, uma vez que a criança deixa muito cedo os laços afetivos e familiares para dividir os espaços com outros educandos. O aluno se enxerga precoce para os parâmetros da carreira educacional, onde o mesmo pula várias etapas de estudo, para ter o direito de cursar a graduação em medicina e é submetido a fazer um teste que lhe dará o direito de cursar, extremamente importante, salientando que estamos diante de um adolescente de 15 anos.” Milvio Cordeiro Leite, professor da Rede Municipal
1
Prejuízo. A proliferação do uso da internet, além de causar prejuízo para alguns detentores de obras autorais, também
pode ser uma excelente ferramenta para auxiliar nos estudos. Alguns sites especializados dispõem de uma infinidade de livros para download grátis dessas obras autorais. Um dos mais conhecidos é o site da Universia (www.universia.com.br).
*** “O prejuízo só é causado pelo alto valor dos CDs, DVDs, blu-rays e livros. Quem não tem condições de comprar acaba ‘baixando gratuitamente’. Esses produtos, que são para o desenvolvimento cultural e intelectual das pessoas, deveriam ser livres de impostos. Se fosse dessa forma o custo benefício de se comprar seria maior. Baixar livros acaba sendo uma alternativa para baratear o custo dos estudos, que no Brasil é bastante elevado.” Hélder Quaresma, estudante de Jornalismo “Acredito que a possibilidade de se baixar um livro em casa, gratuitamente e imprimir ou ler na tela do seu computador, seja excelente. Um belo incentivo à leitura. Creio que “não ter tempo para a leitura” o estudante ainda pode alegar, entretanto, pode evitar desculpas como: “Não vou ler porque não tenho o livro” ou “Não há na livraria, se solicitar vai demorar a chegar, não dá tempo...”, etc. E para os “apreciadores”
de uma boa leitura ou boas leituras, entendo ser esta uma alternativa formidável e incomparável. Penso que os “sites” que disponibilizam tal serviço deveriam ser melhor divulgados e esta sua pesquisa já é uma forma de divulgação.” Silvia Janaina Feitosa, Professora da Rede Municipal de Caruaru “A maioria de nós, jovens, busca a internet com mais frequência para realizar downloads, enquanto muitos reclamam que deveríamos dar mais atenção à leitura e aos estudos. Contudo, a internet também nos oferece isso. Só que de forma diferente. Os livros para download tornaram-se uma ferramenta bastante procurada. Eu mesma já “corri atrás” várias vezes. Como sou estudante e preciso estar constantemente informada, encontrei nos livros digitais uma ótima forma de estudo. É mais prático e rápido de ser encontrado. Além do mais, é uma forma de incentivar aqueles que não são adeptos da leitura a gostarem de ler.” Joalline Nascimento, estudante de Jornalismo
De acordo com o estudante, a inscrição para o Enem foi apenas para ganhar experiência. Das 180 questões que continham na prova, Tiago acertou 153. Na redação, a pontuação foi de 900 dos mil pontos destinados a ela. A prova foi realizada para ingresso no curso de Medicina da UFC, no campus da cidade de Sobral, a 250 km de Fortaleza. Para entrar, ele disputou com mais de 4 mil concorrentes as 70 vagas do curso. No resultado, ficou em 54º. 2
Na primeira edição deste ano, o Sisu ofereceu 129.319 vagas — 18% a mais em relação a 2012 — em 3.752 cursos. Neste primeiro semestre, 101 instituições públicas de educação superior promovem a seleção de estudantes por meio do sistema. O Sisu seleciona candidatos a vagas em instituições públicas com base nas notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
fo
ora do ar “o amor é o ridículo da vida. a gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. a vida veio e me levou com ela. sorte é se abandonar e aceitar essa vaga idéia de paraíso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. morrer não dói.” Cazuza
bastidores reportagem Anderson Morais fotos Breno augusto 1
As vagas oferecidas para o vestibular 2013.1 da instituição foram distribuídas assim: 50 vagas para o curso de Administração; 20 vagas para Ciências Contábeis; 50 vagas para Jornalismo; 20 vagas para Publicidade e Propaganda nos cursos de bacharelado. Para os cursos de curtaduração, conhecidos como tecnólogos, foram disponibilizados 100 vagas na área de Marketing; 100 vagas para Gestão de Finanças; 50 vagas para Gestão de Recursos Humanos; 50 vagas para Gestão Pública e 100 vagas para Gestão e Logística.
fevereiro 2013 www.revista
.com.br
40
Vestibular tranquilo Um domingo de verão com sombra e água fresca. Era essa a sensação dos inscritos para o vestibular 2013.1 da Faculdade do Vale do Ipojuca – FAVIP 1 . Nada de filas quilométricas ou mesmo correria para o local de acesso as provas. A sensação de tranquilidade era presente entre os estudantes e familiares que aguardavam no local. Descontraída e conversando com amigos momentos antes do vestibular, Andreza Rayane Silva, 19
anos, estudante da rede estadual de ensino, que busca uma vaga no curso de jornalismo, ressaltava que era preciso manter a calma e equilíbrio, antes e na realização das provas. “ estou tranquila para realizar a prova, este é o terceiro que realizo. o primeiro que fiz fiquei nervosa demais, não consegui me concentrar. para este, reservei mais um tempo para estudar e realizar técnicas de relaxamento para me sair bem”. para outros, o vestibular é a chance de reingressar
Quer fugir pra outro lugar?
na faculdade e conseguir terminar os estudos, como é o caso do estudante flávio Bazante de Barros, 22 anos. “estou prestando novamente o vestibular para o curso de administração para tentar uma oportunidade de financiamento através do fies (programa de financiamento estudantil). infelizmente a nota que obtive no enem (exame nacional do ensino médio) não foi suficiente para ganhar uma bolsa, mas eu não posso parar de estudar”, destacou.
#vamosfugir
Atendimento de segunda à sábabo, das 9 às 22 horas, e aos domingos, das 12 às 20 horas.
CVC SHOPPING DIFUSORA - FONE (81) 3727.9000 41
FeVereiro 2013 www.reVista
.com.br
comigo foi assim reportAgeM roBson meriÉVerton foto roBson meriÉVerton
FeVereiro 2013 www.reVista
.com.br
42
Perseverança. Entre críticas, elogios e muita batalha, o jovem programador Marcos Pasquim abriu mão dos computadores pelos holofotes o sucesso e a realização profissional nem sempre são alcançados na primeira experiência. do desejo de se dedicar a alguma atividade até a sua concretização, muitos obstáculos têm de ser superados. isso foi o que aconteceu com o ator marcos pasquim. aos 22 anos, já tinha uma vida devidamente estável com a profissão de programador de computadores. no entanto, o instinto curioso e destemido levou-o a experimentar outros mundos, descobrindo nos palcos a satisfação de ser ator. “posso dizer que o meu interesse pela vida artística começou no palco. além de programador de computadores, trabalhava também como modelo. por indicação, fiz um teste para ator, daí foi onde descobri que tinha facilidade em decorar textos e, acabei me interessando pelo teatro”, diz pasquim. o primeiro trabalho como ator foi em uma pequena participação na peça “Blue Jeans”, depois da aprovação em um teste. “Já no primeiro dia de apresentação, de frente do carinho e aplauso de todo aquele público, acabei me encontrando”. a chegada à televisão veio como consequência da boa atuação na peça. “o primeiro contato com a tV foi apavorante. isso aconteceu quando entrei na novela cara & coroa, da rede Globo”. por ser um rosto novo no mercado, recém saído das passarelas de moda, pasquim enfrentou muitas críticas. “no fundo, tinha lutado para que tudo caminhasse da melhor forma possível, inclusive me dedicando e buscando aperfeiçoamentos”. muitos personagens depois, não havia um que se destacasse como preferido, exceto dom pedro i, que viveu na minissérie “Quinto dos infernos”. “essa foi a primeira vez que colegas de trabalho chegarem até mim para parabenizar. ouvir que você está fazendo um bom trabalho é muito bom”. a comédia é um dos gêneros favoritos, mas envolve um nível de complexidade maior, pela intensidade que se exige do ator. “o drama também me atrai. na comédia, o ator consegue mostrar tudo em um só personagem”, explica. Quem vê pasquim falando com tanta intimidade da profissão acha que ele é realizado. “Quero aprender muito mais coisas, até porque, não sei se um dia me sentirei plenamente realizado pela quantidade de coisas que ainda posso aprender”, conclui o ator.
ser, ter e “Quando a gente muda, o mundo muda com a gente, e agente muda o mundo com a mudança da mente, na mudança de atitude não há mau que não se mude nem doença sem cura, na mudança de atitude a gente fica mais seguro, na mudança do presente a gente molda o futuro...” Gabriel o Pensador
escolher
cult
onildo almeida
Aos 84 anos, Onildo mostra que sua relação com o tempo é de cumplicidade. Famoso pelas composições gravadas por grandes nomes da música brasileira, ele tornou Caruaru conhecida internacionalmente através de sua decantada Feira
Um dia Onildo Almeida saiu passeando pela Feira de Caruaru e observou que as barracas ofereciam praticamente tudo o que se encontra no comércio de qualquer cidade desenvolvida. Verduras, frutas, animais, miudezas, artigos de magazines, sorvete, móveis e uma infinidade de coisas. A curiosidade serviu como inspiração para compor uma das músicas regionais mais ouvidas em todo o mundo. Onildo passou dois ou três meses pesquisando e anotando informações. Em seguida, começou a escrever os primeiros versos, procurando a rima com a letra “u”, porque combinava com Caruaru. “Porque toda feira é igual, mas a de Caruaru é diferente. Fui muito feliz quando escrevi que de tudo o que há no mundo tem na feira de Caruaru”, comenta. Era o ano de 1956 e Onildo estava na rádio Difusora, onde era funcionário e mantinha dois programas no ar: Vesperal das Quintas e Expresso da Alegria, feitos por uma equipe comandada por ele próprio. Onildo estava na técnica de som quando Ruy Cabral 1 foi lhe passar algumas instruções da programação. “Mostrei a letra e ele me pegou pelo braço e levou para o palco. Cantei a música três vezes seguidas e o povo aplaudiu. Senti que iria agradar o grande público”, recorda o compositor. Naquela época, Luiz Gonzaga era o único representante do baião e ninguém se atrevia a gravar músicas do gênero. Onildo decidiu então gravar a própria música num disco 78 rpm 2 . “Vendi 11 mil cópias”. O sucesso da música fez que com Gonzaga gravasse “A Feira de Caruaru”, lançada no ano seguinte, por ocasião do Centenário da cidade. Começava aí uma parceria e amizade que duraram o restante da vida. Luiz Gonzaga gravou 23 composições de Onildo Almeida. Além dele, outros nomes de peso se renderam ao talento do compositor caruaruense. Só Amelinha gravou 64 canções. Além do Trio Nordestino, Gilberto Gil e até Chico Buarque. A partir
reportagem Fernandino Neto fotos breno augusto 1
Nascido na cidade de Bonito, no Agreste de Pernambuco, o então Amélio Cabral adota o nome de Ruy Cabral, o qual fez história em vários veículos de comunicação do estado. Em Caruaru, Ruy ganhou grande projeção profissional. Seu maior sucesso foi na então Rádio Difusora com o programa de auditório “Expresso da Alegria”. O grande nome do rádio pernambucano faleceu no dia 26 de março de 2012, vítima de embolia pulmonar, no bairro de Casa Caiada, no município de Olinda, Região Metropolitana do Recife. 2
O disco de 78 rotações ou 78 rpm era uma chapa, geralmente de cor negra, empregada no registro de áudio (músicas, discursos, efeitos sonoros, trilha sonora de filmes, etc.). Em geral, foram grandemente utilizados na primeira metade do século XX. Até 1948 eram o único meio de armazenamento de áudio, quando foi inventado o LP, mais resistente, flexível, e com maior tempo de duração.
fevereiro 2013 www.revista
.com.br
46
daí suas músicas se tornariam conhecidas no Brasil e no mundo inteiro, rendendo-lhe direitos autorais até os dias de hoje. No mês de dezembro, por exemplo, a gravadora Universal lhe comunicou depósito por direitos autorais. A maioria por comercialização no exterior. Alemanha, França, Portugal, Espanha, Itália, Japão, Bélgica, Grécia, Inglaterra, Suíça, Japão, Austrália, Estados Unidos e Escandinávia são alguns dos países por onde as composições de Onildo têm circulado. Aos 84 anos, Onildo Almeida é um homem com muitos compromissos. Presidente reeleito da Academia Caruaruense de Cultura,Ciências e Letras (Acaccil), diretor do Memorial da Cidade e diretorproprietário da Rádio Cultura do Nordeste, ainda assim encontra tempo livre para fazer o que mais gosta: compor. Atualmente, está em estúdio gravando dois CDs, um secular (com músicas juninas) e outro gospel. Também vai à igreja todos os domingos. Canta, prega e é convidado para testemunhar sua conversão em igrejas do Estado e de fora. O segredo da longevidade ele explica. “Preservome de certas coisas para viver mais. Não bebo, não fumo, não faço extravagância alimentar e durmo pouco. Apenas quatro horas por dia. Quando você dorme, não vive”. Não é adepto das tecnologias atuais, mas costuma se manter informado. Lê a bíblia, jornais e revistas. Para Onildo, o cenário artístico em Caruaru é forte, mas desprestigiado. “Caruaru é um nome doce para a cultura, no entanto, a cultura está distante dos poderes”, critica. Defensor do forró e dos ritmos regionais, Onildo diz que os novos ritmos musicais, como o forró estilizado, são passageiros e fazem um sucesso fabricado. “Há quem não goste, mas acho necessário, pois quando você escuta essas ‘porcarias’ que têm por aí e compara, acaba valorizando a música tradicional”, enfatiza. Conhecido como compositor de forró e baião, Onildo é requisitado há décadas para compor marchinhas de campanhas eleitorais. Viúvo, pai de três filhos e avô de sete netos, Onildo Almeida aponta a família como o seu maior orgulho. “Porque não tive o menor problema com mulher e filhos, o que é muito difícil hoje em dia”. Simpático, ele revela ter alguns sonhos, mas dar-se por satisfeito com aquilo que conquistou. “A gente nunca se completa. Quando você consegue um objetivo, surgem outros. Mas, acho que cumpri minha missão na terra”. O tempo só fez bem ao “homem da feira” e ele não pensa em parar. “Eu não vi o tempo passar e estou inteiro. Considero-me um privilegiado”.
“Nas horas vagas, Onildo compõe ao som do piano e do violão. Escreve, lê a bíblia e periódicos como jornais e revistas. A residência tem muito de sua essência. A inspiração para escrever canções vem, segundo ele, da vontade de fazer. “Inspiração não se explica. Acontece”, ressalta o homem que tornou a Feira de Caruaru conhecida ao redor de todo o mundo
47
fevereiro 2013 www.revista
.com.br
consumão reportagem robson meriéverton fotos divulgação
fevereiro 2013 www.revista
.com.br
48
Ligados em tecnologia. Com o avanço dos artifícios tecnológicos, jogar videogame está virando coisa do passado. A onda agora é juntar a galera para interagir com o Xbox Interação
O Xbox 360 é um equipamento de jogos da sétima geração de videogames produzido pela Microsoft e lançado em 22 de novembro de 2005 nos Estados Unidos, em 2 de Dezembro de 2005 na Europa e em 10 de Dezembro de 2005 foi lançado no Japão. As características principais do Xbox 360 são o seu serviço Xbox Live que permite aos jogadores competir online, baixar jogos arcade, demos de jogos, trailers, shows de TV, música e filmes. No dia 4 de novembro de 2010, oficialmente foi lançado a nova versão chamada de Xbox 360 S (popularmente conhecida como Xbox 360 Slim) juntamente com o exclusivo sensor de movimentos Kinect. Desde então, o equipamento virou febre entre os jogadores de plantão.
“Durante muito tempo fiquei em dúvida sobre o melhor console, entre PS3 e Xbox 360. Depois de ouvir muitos colegas usuários de ambos aparelhos e analisar bastante, decidi pelo game da Microsoft, pois, além de ser mais acessível em termos de valores, alguns jogos que se encaixam mais no meu perfil estão disponíveis para ele. Os recursos gráficos são ótimos e o hardware é muito potente.” Vinícius Gomes, jornalista “Sempre gostei de jogos. Desde pequeno minha diversão era jogar nos Play Times. O que me incentivou a comprar o Xbox foi a tecnologia do movimento: o Kinect. Essa tecnologia permite que você jogue games específicos para serem usados no equipamento sem a utilização de controles ou qualquer coisa do tipo. Interação 100% com o jogador. Tenho o Xbox há dois anos. Na época que adquiri o produto, até porque tinha sido lançado há pouco tempo no Brasil, eram poucos os jogos com compatibilidade tecnológica com o aparelho. Mas logo foi lançada uma grande leva de jogos. Mesmo assim, não tive qualquer tipo de arrependimento.” Tiago Oliveira, professor de inglês
Entre festas, colônias e até prova de vestibular o período de férias foi bastante movimentado 1 Alunos do 3º ano do Colégio Antenor Simões encerraram mais uma etapa educacional em grande estilo. Após um ano intenso de muito estudo, antes da formatura, toda a turma se reuniu em eventos paralelos que prometem deixar muita recordação. Um deles foi o culto ecumênico, realizado no Teatro João Lyra Filho. 2 Outro momento marcante foi a aula da saudade. Como o próprio nome sugere, a turma aproveitou bem a oportunidade para com-
partilhar de boas lembranças. Todos os presentes aproveitaram o encontro para libertar a criança que existe dentro de cada um, com direito até a mergulho coletivo na piscina. 3 No período de recesso das atividades escolares, os pequenos do Colégio Atual aproveitaram bem o tempo livre na colônia de férias. Muitas atividades estiveram na programação, desde as lúdicas, passando pela arte, até as de cunho social, como as oficinas de reciclagem.
1
2
3
4
social clube
sem muito descanso
reportagem robson meriéverton fotos divulgação
5
Uma das atividades que fizeram mais sucesso entre a moçada foi a que envolveu o mundo do circo. 4 Dever cumprido. Esse foi o sentimento dos 215 profissionais habilitados para honrar os juramentos dos cursos de Biomedicina, Farmácia, Odontologia, Enfermagem, Bacharelado e Licenciatura em Educação Física e Fisioterapia dos alunos da Faculdade Asces. A festa aconteceu ainda no mês de dezembro de 2012. 5 O domingo, 2 de fevereiro foi dia de prova para os feras que se inscreveram no Vestibular de Verão da Fafica. No total, foram 445 vagas, distribuídas entre os 12 cursos superiores oferecidos pela instituição.
49
fevereiro 2013 www.revista
.com.br
campanha
Desligue a tv e vá ler um livro. Nós que trabalhamos na Olha! indicamos quatro livros para você parar o tempo à sua volta e se entregar aos prazeres da leitura Não há dia fácil
mark owen; Kevin maurer (Paralela)
não há dia fácil é um retrato da vida nas equipes do seal e um relato fiel da operação lança de netuno, realizada em 1º de maio de 2011, que resultou na morte do terrorista osama Bin laden. desde a pane no helicóptero Black hawk – que quase fez com que a missão fosse abortada – até o comunicado pelo rádio via satélite confirmando que o alvo estava morto, a operação dos vinte e quatro seal na propriedade secreta de Bin laden é recontada em mínimos detalhes. mark owen, membro do Grupo para o desenvolvimento de operações especiais da marinha dos estados Unidos, mais conhecido como equipe seis do seal, foi líder de uma das mais memoráveis operações especiais da história recente, assim como de inúmeras outras missões que nunca chegaram às manchetes.
Os segredos das apresentações poderosas roberto shinyashiki (Gente)
Você já percebeu que as pessoas de sucesso sabem vender seu peixe? Você já se deu conta de quantas apresentações faz todos os dias? infelizmente, muitos profissionais competentes fracassam por não saberem se comunicar de modo convincente. talvez, neste momento, você esteja preocupado com as apresentações que tem de fazer em seu trabalho, ou esteja chateado porque teve um desempenho sofrível em uma oportunidade importantíssima para sua carreira. não importa qual seja a profissão, função ou atividade que você resolveu abraçar para realizar seus sonhos. se quiser ter o sucesso que almeja, você vai precisar fazer apresentações poderosas. neste livro, roberto shinyashiki, com sua experiência de mais de 30 anos como palestrante profissional, vai ensinar todos os segredos para organizar e fazer apresentações de impacto.
FeVereiro 2013 www.reVista
.com.br
50
O preço da vitória harlan coben (Arqueiro)
myron Bolitar não é fã de golfe, mas, ao ser convidado por seu amigo Win para assistir ao aberto dos estados Unidos, aproveita a oportunidade para tentar conquistar novos clientes. e é o que acontece quando ele é procurado pelo pai de linda coldren, a golfista número 1 do ranking. antes que perceba, myron está novamente atuando como detetive, em busca de chad, o filho de linda que sumiu há dois dias. o desaparecimento é mais um peso sobre os ombros do pai do garoto, o também golfista Jack coldren, que lidera o torneio e luta para não repetir seu inexplicável fracasso de anos atrás. Win se recusa a ajudar no caso ao ser informado de que foi sua mãe, com quem não fala há anos, que recomendou myron à família coldren. mesmo sabendo que ela está à beira da morte, prefere manter distância.
Cinquenta tons de cinza e l James (intrínseca )
Quando anastasia steele entrevista o jovem empresário christian Grey, descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. ingênua e inocente, ana se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por ele. incapaz de resistir à beleza discreta, à timidez e ao espírito independente de ana, Grey admite que também a deseja - mas em seus próprios termos. chocada e ao mesmo tempo seduzida pelas estranhas preferências de Grey, ana hesita. por trás da fachada de sucesso - os negócios multinacionais, a vasta fortuna, a amada família -, Grey é um homem atormentado por demônios do passado e consumido pela necessidade de controle. Quando eles embarcam num apaixonado e sensual caso de amor, ana não só descobre mais sobre seus próprios desejos, como também sobre os segredos obscuros que Grey tenta manter escondidos.
boca no mundo
edições anteriores: venda exclusiva em bancas, pelo preço da última edição
Este espaço é todo seu: pode reclamar, dar dica, mandar opinião, bater boca ou também pode dar os parabéns, que é bom e a gente gosta! vida longa “Caruaru finalmente ganhou uma publicação com a qualidade e inteligência que a cidade e seus leitores mereciam e esperavam! E ela chegou com toda cara de quem pode e vai brigar em pé de igualdade com muitas publicações de circulação nacional! Vida longa à Olha! Sucesso às boas ideias!” Anderson Lima, Jornalista
democrática “Tive a oportunidade de ler a revista e fiquei bastante encantada com esse espaço democrático de dar dicas, opiniões. Achei o máximo e também quero dar minha sugestão de matéria. Tenho mais de 10 anos de experiência no ramo de motocicleta e seria muito legal se vocês abordassem esse assunto em uma matéria, evidenciando o uso do veículo pelo jovem, já que os acidentes em nossa cidade são alarmantes. A abordagem serviria para esclarecer os próprios jovens e também os pais.” Tereza Cristina, Supervisora Administrativa
surpresa “Fiquei bastante curiosa por saber que tinha uma nova publicação circulando pela cidade. Confesso que tive certo ‘receio’ pelo histórico de publicações que surgem em Caruaru a todo instante e têm uma vida muito curta. Mas, posso dizer que fiquei bastan-
te surpresa ao passar na banca e comprar, devido as qualidade e leitura atrativa. A capa logo me chamou atenção. Folheei toda a publicação com certo ar, mais uma vez repito, de surpresa. As imagens, o colorido e os textos formam uma harmonia impecável. Os leitores de Caruaru e região estão muito bem atendidos com essa revista que chegou para ficar. Parabéns a toda equipe.” Glorielly Aleixo conceito “A revista Olha! está surpreendendo o mercado editorial local. Com um conceito diferenciado, está mostrando que Caruaru pode ir muito além do que se vê. Parabéns a toda equipe da revista. Desejo sucesso e ótimas pautas. Por que o caminho certo, vocês já encontraram.” Andresa Franco qualidade “Olá pessoal da redação da Olha! Venho parabenizar todos vocês pela qualidade do produto posto em circulação. Estou feliz em saber que Caruaru conta com profissionais tão capacitados a ponto de produzir uma revista desse nível. Fiquei bastante empolgada com a publicação. Quando vejo alguma notícia no Facebook sobre a edição do mês, corro na banca para garantir a minha. Espero que continue trazendo matérias de qualidade e um visual bonito de se ver. Parabéns!” Jéssica Santos
www.revistaolha.com.br jornalismo@revistaolha.com.br atendimento ao leitor: (81) 9544-1794 Diretor executivo obede Gueiros neto Departamento comercial Fauzia Emannuelly Editor Robson Meriéverton, Projeto Gráfico e Jornalista Visual Sandemberg Pontes, Reportagem Anderson Morais e Fernandino Neto, Fotografia e Edição de Imagem Breno Augusto Publicidade para anunciar na Olha!, ligue: (81) 9544.1794 Permissões da Olha! para usar selos, logos e citar qualquer avaliação da revista, envie um e-mail para a redação jornalismo@revistaolha.com. br. Nenhum material pode ser reproduzido sem autorização por escrito. Saiba que os artigos assinados pelos colaboradores da Olha! não expressam necessariamente a opinião da revista. A Olha! não se responsabiliza pelo conteúdo dos textos de colunas e anúncios. É permitida a reprodução das matérias publicadas pela revista, desde que citada a fonte. Olha!, número 3, ano 0, edição 3, é uma publicação mensal, com distribuição comercializada nas principais instituições de ensino públicas e privadas, assim como nas escolas municipais, estaduais e particulares de Caruaru, por R$ 4,90. Impressão Gráfica Centauro. Tiragem 5 mil exemplares. Sede Rua do Norte, 48, 2º andar, sala 201, Centro, Caruaru, Pernambuco, tel. (81) 9544.1794, de segunda a sexta, das 8h às 18h. Sábados, das 8h às 13h. Contato Comercial Igor Santos, tef. (81) 9544.1794, das 8 às 18h, de segunda a sexta e sábados, das 8h às 13h, comercial@revistaolha.com.br
institUto do cÂncer infantil do aGreste
siGa-nos tamBÉm:
entre no nosso site: www.icia.org.br
COLABORE
precisAMos de suA AJudA
informações pelo fone: (81) 3727-7137 pelo e-mail: voluntariado@icia.org.br ou pelo site: www.icia.org.br colAbore
Doação on-line
Seja voluntário
Serviços
Lojinha
nossos nÚMeros pArA doAção Ao iciA caixa econômica Banco do Brasil Unicred
aGÊncia
conta
oPeraÇÃo
0051 159-7 2206
18.715-4 50.000-3 1269-6
003
“Que eu nĂŁo perca a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas.â€? Ariano Suassuna
fim