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entrevistão: A cientista política, Ana Maria Barros, fala sobre a motivação dos manifestos que aconteceram no mês passado, em várias cidades do país. Segundo ela, as bandeiras levantadas pelos manifestantes mostram a força que a população tem em reivindicar seus direitos junto aos governantes
issn 2317-1995
R$ 4,90
número 7 ano o edição 7 agosto 2013
Cult Além do teatro e do cinema, os mamulengos se revelaram como a grande paixão de Sebastião Alves Comigo foi assim Conheça quais batalhas e conquistas marcaram a trajetória do jurista Paulo Muniz Eu sou Nem mágica, nem passarela. O que Diego Hunter quer mesmo é investir na área de Educação Física
vida sem sonho de criança Encontrar crianças trabalhando é uma realidade
Trabalho infantil tira chances de quem quer ir à escola Sem estudo, perspectivas de futuro são reduzidas Poder público convoca sociedade para o combate
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entrevistão: A cientistA políticA, AnA MAriA BArros, fAlA soBre A MotivAção dos MAnifestos que AcontecerAM no Mês pAssAdo, eM váriAs cidAdes do pAís. segundo elA, As BAndeirAs levAntAdAs pelos MAnifestAntes MostrAM A forçA que A populAção teM eM reivindicAr seus direitos junto Aos governAntes
Cult além do teatro e do cinema, os mamulengos se revelaram como a grande paixão de sebastião alves
SÉTIMA EDIÇÃO
Comigo foi assim conheça quais batalhas e conquistas marcaram a trajetória do jurista Paulo muniz Eu sou nem mágica, nem passarela. o que diego hunter quer mesmo é investir na área de Educação Física
vida sem sonho de criança Encontrar crianças trabalhando é uma rEalidadE
Trabalho infantil tira chances de quem quer ir à escola Sem estudo, perspectivas de futuro são reduzidas Poder público convoca sociedade para o combate
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olha! leva aos leitores conhecimento de qualidade. uma revista que traz as ideIas do futuro para o presente. Com linguagem leve e agradável, oferece aos leitores um mix de reportagens, seções, entrevistas, críticas, opiniões e pequenos ensaios. Em cada edição, apresenta uma gama variada de assuntos, aponta tendências, analisa, opina e estimula o debate de ideias. Fórmula que transformará na principal publicação do gênero na região. Olha! É uma revista abrangente, que atende um público cada vez mais qualificado, Sendo uma publicação vibrante e acessível.
revista
ANUNCIE NA NÚMERO 8
listão
26 agosto 2013 edição 7
Frases de impacto Para inspirar o leitor, a cada abertura de seção a Revista Olha! interage com fras
olha! nossa capa foto lucas gomes MODELO da capa criança - yohanan elluan gonçalves foto das aberturas de seção lucas gomes MODELO das aberturas de seção tatiana galdino as fotos das aberturas de seções foram produzidas no condomínio monteverde, em caruaru
eu
mesmo
“A defesa é natural: cada qual para o que nasce, cada qual com sua classe, seus estilos de agradar. Um nasce para trabalhar, outro nasce para briga, outro vive de intriga, E outro de negociar. Outro vive de enganar o mundo só presta assim: é um bom outro ruim, e eu não tenho jeito pra dar. Pra acabar de completar: Quem tem o mel, dá o mel. Quem tem o fel. dá o fel. Quem nada tem, nada dá.” Zé Ramalho
os outros
“Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” Cora Coralina
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14 Trabalho infantil Encontrar crianças trabalhando é uma realidade que está ao alcance dos olhos de quem quiser enxergar. Veja o que está sendo feito para combater esse mal em Caruaru.
30 Entrevistão A cientista política, Ana Maria Barros, fala sobre a motivação dos manifestos que aconteceram no mês passado, em várias cidades do país. Segundo ela, as bandeiras levantadas pelos manifestantes mostram a força que a população tem em reivindicar seus direitos junto aos governantes.
Eu mesmo
20 Fantasia Não é só entre as crianças que o universo do “faz de conta” encanta. Entre os adolescentes e jovens de mais idade, a interação com os personagens de desenhos animados e jogos, impressiona. Conheça um pouco do que envolve o encantamento da pós-graduanda em Marketing e Comunicação, Jullyanna Rodrigues, com o universo cosplay. 26 Eu sou Nem o encantamento pela mágica, muito menos a empatia com as passarelas. Descubra quais os planos para o futuro do jovem Diego Hunter.
Os outros
34 Deu/Não Deu Saiba qual a opinião de algumas pessoas sobre a vinda de médicos cubanos para suprir a demanda de falta de profissionais para atender a população em lugares remotos.
Olha! No seu bolso Para acessar sua Olha! pelo celular: 1. Abra o leitor QR Code em seu celular; 2. Foque o código com a câmera; 3. Clique em Ler Código para acessar o conteúdo. Não tem leitor? Para baixar o leitor acesse www.i-nigma.mobi
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ses de impacto de escritores brasileiros.
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38 Comigo foi assim Natural de uma família pobre, Paulo Muniz Lopes é o 6º de nove irmãos. Desde pequeno, a busca pela justiça esteve sempre entre os seus objetivos de vida. Tanto que não tardou para que ele enveredasse pela área do Direito. Hoje, Muniz acumula grandes conquistas na sua carreira profissional, incluindo a direção de uma das mais relevantes faculdades de Direito da região.
42 Cult Conheça um pouco da história de vida do sertanejo e caruaruense por adoção, Sebastião Alves, mais conhecido por Seba. Com 56 anos de idade e muitos trabalhos no teatro e no cinema, a grande paixão do artista são os mamulengos. Na garagem de sua residência, construiu o primeiro teatro garagem de Caruaru, onde recebe crianças e adultos mensalmente para os espetáculos.
Fora do ar
Ser, ter e escolher
44 Consumão Leves, potentes e arrojados. Passada a época do PC, do notebook e netbook, a vez agora é do Ultrabook. 46 Social Clube O que acontece no universo educacional de Caruaru, seja nas escolas públicas, particulares ou faculdades, fazem a notícia por aqui. 50 Fim
mente aberta seguidores na rede
nossos
“Pegamos o telefone que o menino fez com duas caixas de papelão e pedimos uma ligação com a infância” Millôr Fernandes
Quem nunca se sentiu incomodado ao ver uma criança abordando um motorista em um sinal enquanto trabalha? Na feira, o peso da responsabilidade começa cedo, com os menores carregando frete ou ajudando na comercialização nos bancos. Todas essas situações fazem parte de um único universo: o do trabalho infantil. Situações reais que fazem parte do dia a dia de muita gente que transita pelas ruas e avenidas de qualquer cidade, sobretudo as que despontam nos índices de desenvolvimento econômico. Porém, esse cenário de avanço não combina com a realidade de crianças que trocam as carteiras escolares por ferramentas de trabalho. Esse dado ainda desperta atenção por parte da sociedade e também dos governantes, para que, juntos, combatam esse mal. Segundo pesquisa divulgada pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPeti), entre os anos de 2009 e 2011, houve 30% de redução no número de casos em todo o país. Em Caruaru, essa situação de redução acompanha os índices nacionais, seja impulsionado pela ação de combate dos órgãos competentes, como a Secretaria da Criança, do Adolescente e de Políticas Sociais, ou pela vontade de mudança por parte da sociedade. Por se tratar de uma cidade que traz arraigada na sua cultura o trabalho na feira e no mercado de confecção, muitas crianças acabam envolvidas. As ações de combate ao trabalho infantil podem não cumprir o resultado esperado. A quem devemos
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Ayslan Melo Na sociedade em que vivemos, com certeza esse é um tema muito importante de ser avaliado e demonstrar que os pais têm total responsabilidade sobre as ações dos filhos é como um “abre olhos” para população, uma vez que, infelizmente, muitos pais deixam a TV e outras mídias como a babá de seus adolecentes, sabendo pouco, senão nada, sobre a vida dos mesmos! Com certeza essa edição ficou bem trabalhada e trará uma grande relevância à sociedade! Parabéns pessoal! Show! via facebook
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culpar? Ao poder público, que não dispõe de políticas públicas eficientes para erradicar esse atraso social? Aos pais, que, mesmo sabendo da ilegalidade da situação ainda insistem em explorar os filhos? Ou a nós mesmos, que, pela cultura passada de geração em geração, tomamos o simples fato de passar um dia trabalhando na feira, como algo indispensável para o crescimento profissional? O que falta é que cada um faça uma auto-avaliação e encontre a própria resposta. Talvez seja esse o caminho que muitos órgãos esperam da sociedade: participação. Nesse ponto é onde vale aquela máxima popular de que, uma andorinha só não faz verão. Enquanto não achamos a resposta, vamos continuar fechando os olhos para essa exploração, que resulta em problemas graves de saúde, já que alguns trabalhos exigir um esforço ainda não suportado pelo corpo em formação das crianças de 5, 10, 12, 14 anos de idade. A escola ainda é a melhor forma de se trabalhar o futuro. Você sabia que o Nordeste é responsável por concentrar mais crianças e adolescentes de 5 a 17 anos trabalhando em casa de terceiros, o que chega a um total absoluto de 102,6 mil pessoas, fora aquelas que estão fora dessa estatística? Pois bem, é para esse cenário que a Revista Olha! tenta abrir os olhos da sociedade, onde estão inclusas as crianças e jovens vítimas do trabalho infantil. Robson Meriéverton - editor
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Ana Paula Rocha Na Olha! a gente se identifica e se surpreende quando temos a oportunidade de ler uma revista ousada na medida certa! Parabéns! via facebook
Fabiana Barbosa A revista Olha! tem esse diferencial. Ela aborda temas tão importantes e necessários, em nossa sociedade. Parabéns, por mais essa bela edição. via facebook
Danielly SetteSiqueira Parabéns pelo belíssimo trabalho desenvolvido. O conteúdo está super legal! Parabéns! via facebook
Aguinaldo Lima Muito bom! Temas de grande importância para a população. via facebook
Maria Betânia Ferreira Adorei os temas desta revista, valorizando nossos artistas e atualizando os jovens e adultos com assuntos bem polêmicos. via facebook
Thiago Guedes Já comprei a minha, só falta a de vocês. Corram logo para as bancas. via facebook
Lucio Flavio Santos Muito bom! É preciso estimular a leitura dos fatos cotidianos da sociedade, diminuindo o noticiário policialesco que coloca nossas cidades como violentas, quando na verdade há outras coisas a serem ditas! Bom trabalho! via facebook
Cassio Lucena Iniciação precoce na vida sexual é resultado também da base familiar e dos círculos de convívio do jovem. O tema que a revista apresenta está em voga há bastante tempo na sociedade. Importantíssima a discussão. Parabéns ao editorial. via facebook
Sebá, veio para Caruaru ainda na adolescência. Na Capital do Agreste, conheceu a Arte Teatral, participou de diversas peças e filmes. Também criou o Teatro Garagem Mamusebá, na intenção de evidenciar a arte e a magia dos mamulengos. Hoje, aos 56 anos de idade, Sebá se dedica às artes cênicas e à preservação da cultura de raiz.
Paulo Muniz é bacharel em Direito pela
Faculdade de Direito do Recife, com especialização em Direito do Trabalho pela Unicap e em Ciências Humanas e Sociais pelo Instituto Mistici Corporis, da Itália. Já passou pela vice-presidência da Acic, é presidente do Movimento Polo Caruaru e também já respondeu pela pasta de Educação, Esportes, Juventude, Ciência e Tecnologia de Caruaru. Atualmente é diretor presidente da Asces. A cientista política Ana Maria Barros é Doutora em Ciência Política,
pela UFPE, Mestre em Educação Popular (UFPB) e especialista em Sociologia pela Fafica. Graduada em História, também tem curso superior em Direito. Ainda no âmbito acadêmico, desenvolve trabalhos de pesquisa. É professora de Metodologia do Ensino de História, Educação e Direitos Humanos e Ciência Política, na UFPE.
Sílvia Virgínia
A juíza é formada em Direito pela Faculdade Asces. No seu currículo profissional, a jurista já respondeu pela Defensoria Pública, 5ª Vara Civil e Colégio Regional dos Juizados Cíveis de Pernambuco. Também já acumulou os cargos de juíza nas comarcas de Chã Grande e Caruaru. Desde o ano de 1999, ela responde pela Vara Regional da Infância e Juventude.
Islane Carvalho Os temas escolhidos são de grande importância. Orientações que todos devem ter conhecimento. via facebook Dayanne Millena Revista superinteressante, temas instigantes e bem fundamentados na atualidade. Itinerante, atrativa e muito dinâmica. via facebook Márcio Mendes Podemos dizer, no que se refere à informação de qualidade,a revista Olha! é o divisor de águas do agreste pernambucano. Parabéns a todos os que fazem parte deste projeto que hoje já é uma realidade.Que venham novas edições. via facebook
Mayara Soares Parabéns! Muito bom o tema dessa capa, realmente deveria haver um conjunto de orientações da família e da escola para esclarecimento dos adolescentes. via facebook Alinne Gomes Excelente matéria! A nossa juventude precisa de temas assim. Parabéns! via facebook
Anderson Correia São pequenos hábitos que estimulam o gosto pela leitura e contribuem para o sucesso profissional, ampliando a criatividade, a linguagem, o vocabulário, a escrita e a consciência de mundo. Acredito muito na qualidade da revista Olha! pela forma como ela trata as informações. Faço bom gosto! Abraço em todos da revista. via facebook
colaboradores
Nascido em Sertânia, o ator e produtor cultural,
Sebastião Alves, conhecido como
Edy Andrade Parabéns pelo tema de grande importância em uma sociedade que ainda não olha a prática sexual de uma forma aberta e quem sai perdendo é os filho que por muitas vezes não aprende na teoria. via facebook Anderson Kleiton Muito boa a discussão da temática sobre o sexo na adolescência. Infelizmente muitos pais não quebram as barreiras para conversar e instruir seus filhos sobre isso, por terem vergonha. via facebook Leonardo Gomes Bezerra Temas bem oportunos para o atual contexto social e político que vivemos, a imprensa tem o papel de esclarecer o leitor e despertar a curiosidade e o “olhar” para determinados assuntos, o que me parece estar sendo cumprido pela revista. Parabéns! via facebook
se liga Educação em debate O Projeto Cordel nas Escolas já faz parte do cotidiano dos alunos da rede municipal, em Caruaru. Há alguns anos, essa nova ferramenta auxilia no ensino e aprendizado, fazendo com que os estudantes também conheçam mais sobre a cultura nordestina. Após a criação e produção de cordéis, a equipe do projeto lançou uma edição impressa sobre a utilização do cordel em sala de aula: Aconteceu, virou cordel. Os fatos noticiados foram escritos por alunos e professores em forma de cordel. O lançamento do trabalho reuniu alunos, professores, gestores e o secretário de Educação, Welson Santos, na Escola Municipal Luiz Pessoa.
vitória
Aprovado Estatuto da Juventude No texto, direitos e políticas públicas direcionados a jovens de 15 a 29 anos
fotos: divulgação
Férias no campus A Faculdade Asces realizou mais uma edição do projeto Férias no Campus. Nele, diversas atividades educacionais foram oferecidas para a comunidade, entre elas: oficinas, minicursos, cursos e workshops em várias áreas, além de palestras e capacitações. Diversos professores da entidade estão envolvidos no projeto, que, a cada ano, ganha mais adeptos.
O projeto atende os interesses e direitos dos jovens entre 15 e 29 anos
A Câmara dos Deputados aprovou o Estatuto da Juventude, que trata de direitos e políticas públicas voltadas a jovens entre 15 e 29 anos. Em tramitação na Casa desde 2004, o texto agora segue para sanção presidencial. Os parlamentares aprovaram a maior parte das alterações que vieram do Senado, com exceção de três itens. A Câmara manteve transporte escolar progressivo a estudantes do ensino superior, e não apenas do ensino básico; e derrubou a necessidade de selo de segurança para a Carteira de Identificação Estudantil, que, segundo os parlamentares contrários, poderia resultar em monopólio das entidades emissoras. O projeto do estatuto foi amplamente discutido durante toda a sessão, que aconteceu na noite da terça-feira, 9 de julho, e os debates ocorreram em duas etapas. Após apresentar parecer que resultou em vários questionamentos dos deputados, a relatora, deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), fez reformulações e apresentou uma versão mais consensual horas mais tarde. Um dos pontos mantidos conforme o texto da Câmara é o que libera meia passagem a todos os estudantes entre 15 e 29 anos em viagens interestaduais, independentemente do motivo, conforme legislação federal, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. “Nós estamos devolvendo o meio passe a todos os estudantes, porque a conjuntura política mudou”, diz a relatora. Por outro lado, foi aprovado texto do Senado que mantinha a reserva de vagas para estudantes no transporte interestadual, conforme ocorre com os idosos. São duas vagas gratuitas por veículo para jovens de baixa renda e mais duas com desconto de 50% para esses mesmos jovens. Parlamentares do DEM e PPS, tentaram derrubar regra do Senado que previa emissão da Carteira de Identificação Estudantil preferencialmente pela Associação Nacional de Pós-Graduandos, pela União Nacional dos Estudantes, pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e por entidades estudantis estaduais e municipais a elas filiadas. O destaque foi rejeitado por 268 votos contra 62 e 5 abstenções.
Este ano, os temas dos projetos serão ligados ao uso consciente da água
fotos: divulgação
região metropolitana
A previsão inicial é que o novo Mirabilância seja inaugurado só em 2015
Mirabilândia deve se mudar para Paulista
Com a saída do parque de diversões da área atual, o Cecom-pe passará por uma grande ampliação Depois de anos funcionando na divisa entre Recife e Olinda o Parque Mirabilândia deverá ser relocado. A decisão partiu da necessidade de ampliação do Centro de Convenções de Pernambuco. De acordo com Bruno Peixoto, diretor do parque, o complexo tem até o dia 26 de janeiro para deixar o espaço – prazo que está sendo acertado com a Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur). Após esta data, a área será devolvida ao Gover-
no do Estado. Circula à boca pequena que o novo Mirabilândia pode ser instalado em um terreno em Paulista ou Jaboatão dos Guararapes. A previsão inicial é que o novo Mirabilândia seja inaugurado apenas em 2015, tempo necessário para a montagem dos brinquedos e a construção de um teatro para o complexo. Esta é uma das novidades do espaço. Segundo Peixoto, a ideia é construir um teatro com capacidade para mil pessoas.
se liga
Cochilo faz bem Para que o dia não fique comprometido por causa das poucas horas de sono, recomendase a prática de um breve cochilo depois do almoço. Dizem os experts que essa é uma alternativa rápida e eficaz, indicada para melhorar o desempenho e devolver a concentração a quem tem privação do sono. É recomendado que o intervalo para a sesta seja de pelo menos seis minutos. Esse intervalo faz diferença para a pessoa retomar a concentração, melhorar a memória e outras habilidades.
Este ano, os temas dos projetos serão ligados ao uso consciente da água
Jovem Cientista. Estão abertas as inscrições para a 28ª edição do Prêmio Jovem Cientista, que terá como tema – Água: Desafios da Sociedade. Estudantes do ensino médio, da graduação e da pós-graduação podem se inscrever até 30 de agosto. Com o tema alinhado à política nacional de recursos hídricos do Governo Federal e ao Ano Internacional de Cooperação pela Água, promovido pela Unesco, esta edição do prêmio oferece mais de R$ 700 mil em bolsas de estudo, computadores e visitas aos laboratórios e fábricas, além de prêmios em dinheiro. A edição de 2013 premiará trabalhos em quatro categorias: mestre e doutor, na qual podem concorrer estudantes de mestrado, mestres, estudantes de doutorado e doutores. O prêmio foi criado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 1981. O concurso tem como objetivos revelar talentos, impulsionar a pesquisa no país e investir em estudantes e jovens pesquisadores que procuram inovar na solução dos desafios da sociedade.
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reposicionamento A ampliação do Centro de Convenções do Estado começa a sair do papel. A previsão é de que o projeto, que engloba mudanças significativas na estrutura, como duplicação do tamanho da área coberta, dos atuais 20 mil m² para 40 mil m², ampliação do estacionamento, construção de edifíciogaragem, edifício empresarial, hotel e praça de alimentação. Há 35 anos sem passar por uma reforma, o Cecon/ PE está operando no limite da sua capacidade. Até 2015, o governo espera dobrar o número de eventos realizados na Capital. Vale lembrar que o Recife se tornou destino internacional de congressos, depois que o International Congress and Convention Association (ICCA) classificou a cidade como 6ª no Brasil em captação de eventos internacionais.
Sintonizados. Fique por dentro do que está acontecendo em todas as esferas de interesse comum da sociedade educacional
Decisão O Senado aprovou, por votação simbólica, o projeto que destina recursos obtidos com a exploração do petróleo e gás natural para os setores da educação (75%) e da saúde (25%). O texto ainda voltará à Câmara, já que houve mudanças. Porém, o governo federal foi obrigado a acatar as regras de partilha definidas pelo Congresso, apesar de inicialmente defender a destinação integral dos royalties somente para a educação. A presidente Dilma Rousseff já indicou que abrirá mão do pacto que propôs sobre a distribuição dos recursos oriundos da exploração do petróleo do pré-sal, no qual 100% deles seriam destinados à educação, sendo sancionada a lei sem vetos.
Enem 2013 O Ministério da Educação divulgou o calendário para a edição 2013 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As inscrições encerraramse ainda no mês de maio. Quanto às provas, essas serão realizadas nos dias 26 e 27 de outubro. No primeiro dia de aplicação do Exame, os candidatos farão questões ligadas às áreas de ciências humanas e ciências da natureza. No segundo dia serão aplicadas as questões de linguagens, códigos e suas tecnologias, redação e matemática. A previsão do MEC é de que mais de 6 milhões de pessoas façam o Enem este ano. A prova será realizada em 1.632 municípios brasileiros, em 15 mil locais de aplicação.
Enade O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou as diretrizes curriculares para as provas do Exame Nacional de Estudantes (Enade) 2013. Nesta edição participarão estudantes de cursos superiores em 16 áreas do conhecimento. A previsão é de que o exame seja realizado no mês de novembro, em todo o território nacional. Além das questões específicas a cada área do conhecimento, haverá ainda avaliação da formação geral dos inscritos. Ao todo, a prova, com quatro horas de duração, terá 40 itens, sendo 30 de componentes específicos e 10 de questões discursivas.
Redação Este ano, a discrepância entre as notas dos dois corretores independentes da redação do Enem não pode ultrapassar 100 pontos. No ano passado, a diferença podia chegar até os 200 pontos. Se houver discrepância maior de 100 pontos, a redação passa por um terceiro corretor. Ainda assim a diferença permaneça, a correção será realizada por uma banca de especialistas. A estimativa do Ministério da Educação é de que, com esta alteração no processo de correção, uma em cada três redações sejam encaminhadas ao terceiro corretor. A partir desta edição também está prevista a anulação das redações que apresentem partes do texto deliberadamente desconectadas com o tema proposto.
Mais segurança A utilização de lacres eletrônicos em todos os malotes que transportam as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está em estudos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). O presidente do instituto, informou que a medida pode ser adotada ainda este ano. Os lacres garantem o acompanhamento dos horários de abertura e fechamento dos malotes, desde que saem da gráfica até o retorno. Eles fazem parte dos itens de segurança previstos, destinados a dar mais tranquilidade aos participantes. No ano passado, pela primeira vez, o Enem teve lacres eletrônicos nos malotes enviados aos locais de prova de todo o país.
concurso Escolas estaduais de Pernambuco que desenvolvem projetos culturais podem fazer uso de recursos do programa Mais Cultura nas Escolas, do Ministério da Educação (MEC). Serão financiados, ao todo, cinco mil projetos de escolas públicas de todo o Brasil, num investimento total de R$ 100 milhões. Os valores repassados às escolas contempladas variam entre R$ 20 mil e R$ 22 mil, dependendo da quantidade de alunos da unidade. O recurso deve ser usado na contratação de serviços culturais necessários às atividades artísticas e pedagógicas. O repasse será feito diretamente às escolas via Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE).
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“A defesa é natural: cada qual para o que nasce, cada qual com sua classe, seus estilos de agradar. Um nasce para trabalhar, outro nasce para briga, outro vive de intriga, E outro de negociar. Outro vive de enganar o mundo só presta assim: é um bom outro ruim, e eu não tenho jeito pra dar. Pra acabar de completar: Quem tem o mel, dá o mel. Quem tem o fel. dá o fel. Quem nada tem, nada dá.” Zé Ramalho
Mesmo com as polĂticas de combate, milhĂľes de crianças ainda tra que para ser mudada precisa do engajamento governamental e
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abalham para ajudar no sustento das suas famílias. Uma realidade e também por parte da sociedade. Lugar de criança é na escola!
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capa “Minha mãe depende da minha ajuda para sustentar meus dois irmãos”, diz o pequeno A.C., 13 anos, abordado em um sinal do centro de Caruaru. Encontrar crianças trabalhando é uma realidade que está ao alcance dos olhos de quem quiser enxergar. Não na mesma proporção de outrora, o trabalho infantil 1 é um mal que atinge grande par-
texto robson meriéverton fotos lucas gomes PRODUÇÃO fotográfica SANDEMBERG PONTES MODELO criança - yohanan elluan gonçalves
te da população carente brasileira. Em contrapartida, a ação de combate à proliferação, sobretudo erradicação dessa realidade vem acontecendo. Mas, para que seja um trabalho eficaz, depende também do engajamento de toda a sociedade. Sendo Caruaru uma cidade que basicamente tem sua economia vinculada à feira e ao mercado de confecção, não é difícil encontrar crianças trocando as horas de estudo e as brincadeiras em grupo, por ferramentas de trabalho.
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É toda forma de trabalho exercido por crianças e adolescentes, abaixo da idade mínima legal permitida para o trabalho, conforme a legislação de cada país. O trabalho infantil, em geral, é proibido por lei. Especificamente, as formas mais nocivas ou cruéis de trabalho infantil não apenas são proibidas, mas também constituem crime. A exploração do trabalho infantil é comum em países subdesenvolvidos e países emergentes, como o Brasil, onde nas regiões mais pobres esse trabalho é comum. Na maioria das vezes isso ocorre devido à necessidade de ajudar financeiramente a família.
“Se não fosse esse pouco dinheiro que tiro aqui no sinal, não sei se teríamos comida na mesa hoje”, dispara sem titubear A.C. É uma afirmação forte para sair da boca de uma criança, onde a inocência se disfarça na força de trabalho e na vontade de superar os obstáculos impostos pela vida. A.C., que não pode ser identificado por se tratar de um menor de idade, conta que mora em um bairro da periferia de Caruaru. Sua rotina diária envolve a ida a escola pela manhã, e, na parte da tarde, o trabalho pelas ruas e sinais da cidade, na finalidade de ajudar a mãe no sustento de mais dois irmãos menores. “Sinto que tenho a necessidade de ajudar minha mãe, já que ela está doente e tem de tomar conta do meu irmão menor”, justifica. Na casa de A.C. não é só ele quem trabalha. O pai, como não tem emprego certo, faz bicos para conseguir algum trocado para as despesas. “Mesmo trabalhando para ajudar em casa, meus pais não deixam que eu falte à escola, muito menos fique sem fazer minhas tarefas”, lembra o pequeno que atualmente está cursando a 4ª série do ensino fundamental. Ele ainda diz que não tem nenhuma obrigação quanto a se preocupar com o sustento da casa, mas ajuda porque vê que a mãe não tem condições e o pai está passando por dificuldades quanto a encontrar um emprego fixo. “Quando crescer, quero um futuro diferente para mim, por isso que não ligo muito para brincar e sim para conseguir ajudar minha família”. Mesmo mediante às necessidades, o trabalho infantil é uma prática que não condiz com o atual desenvolvimento da cidade, mas, em alguns casos, aceita pela sociedade. “Muitas das atividades realizadas pelas crianças faz parte de uma prática socialmente aceita. Sobretudo sendo Caruaru uma cidade que tem economia vinculada à feira e ao mercado de confecções”, justifica Sílvia Virgínia, juíza da Vara Regional da Infância e Juventude de Caruaru. Porém essa é uma prática que resulta em consequências futuras para a vida da criança em processo de formação. “O fato de trabalhar desde cedo e não ter vivido a fase de infância pode vir a ser um caminho mais curto para chegar ao mundo das drogas e outras consequências mais graves, seja na adolescência ou na vida adulta”, explica Sílvia Virgínia. Já a secretária da Criança, do Adolescente e de Políticas Sociais do município, Martha Me-
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O Aprendiz Legal é um programa de aprendizagem voltado para a preparação e inserção de jovens no mundo do trabalho. Com o Aprendiz Legal, as empresas participantes contribuem para a formação de jovens autônomos, que saibam fazer novas leituras de mundo, tomar decisões e intervir de forma positiva na sociedade. Essa é uma política que induz a responsabilidade compartilhada entre Estado, sociedade, família e através dos próprios jovens, atuando no fortalecimento da autoestima e condição como cidadãos por meio do trabalho. O programa Aprendiz Legal, ao basear-se na Lei 10.097/2000 e em sua regulamentação, o Decreto nº 5598/2005.
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lo, aponta outra consequência. “A criança que se ocupa com o trabalho infantil está se evadindo das obrigações educacionais. Mais tarde, quando adulto batalhando pela ascensão profissional, a qualificação profissional fará falta”. “Trabalho na feira há mais de dois anos. No início, tive de abandonar a escola por precisar trabalhar para ajudar a sustentar minha família. Já carreguei frete, mercadorias para os feirantes e até trabalhei como ambulante”, afirma J.M., 15 anos. Mesmo com a extensão do currículo profissional, na parte educacional, o jovem não tem muito o que listar. “Como larguei a escola por quase um ano, acabei me atrasando nos estudos. Hoje ainda estou cursando a 4ª série”, conta J.M. Para o trabalho infantil existente nas feiras da cidade, a juíza afirma que “há mais dificuldade de combate, pois essa prática está arraigada na cultura local”. Ela ainda explica que a prática está diretamente ligada à economia de algumas famílias. “Essa é uma atividade que tem muita força em Caruaru, juntamente com o trabalho nas confecções, que envolve atividades insalubres que prejudicam a saúde das crianças envolvidas”. No caso levantado pela juíza, os pais justificam a presença dos filhos nos ambientes de trabalho como uma escapatória para não deixá-los sozinho em casa. “Nesse ponto a segurança fala mais alto. Não tiro a razão deles. Mas, de forma natural, as crianças acabam se envolvendo com o trabalho, o que já distorce a causa inicial de eles estarem ali, sobressaindo à cultura”, esclarece. Além dessas duas atividades que prevalecem em Caruaru, o trabalho infantil doméstico também é responsável por elevar os indicadores desse cenário. Segundo dados divulgados pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPeti), no estudo “O Trabalho Doméstico no Brasil”, o trabalho infantil no lar entre crianças de 5 e 9 anos foi erradicado no Brasil de 2009 a 2011. No período, o número de casos caiu de 1.412 para zero, com base em informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Em relação às crianças e aos adolescentes das faixas etárias seguintes, dos 10 aos 13 anos, foram mais de 30,1 mil em 2011, envolvidos em atividades domésticas. Entre jovens de 14 aos 15 anos, 92,4 mil e dos 16 aos 17 anos, pouco mais de 135 mil. “Na verdade a gente pode atribuir essa baixa nos indicadores à política de combate, pois houve um avanço considerável nessa área. Programas sociais oferecidos pelo governo federal também ajudaram para que esses indicadores fossem alcançados”, explica Sílvia Virgínia. Grande parte da diminuição dos casos de trabalho infantil no Brasil se deve ao fato de a sociedade ter mostrado maior engajamento à causa. “Por outro lado, o trabalho infantil ainda persiste por haver uma espécie de omissão social. O Estado também não oferece as políticas necessárias para que esse tipo de trabalho seja combatido. Mas, pelo menos por parte da sociedade, isso vem mudando”, esclarece a juíza. Quanto à posição de Caruaru em meio ao mundo do trabalho infantil, Sílvia Virgínia explica que
“a cidade já teve mais à frente, com fiscalizações constantes nas feiras por parte do Conselho Tutelar acompanhado dos órgãos competentes, como a Procuradoria do Trabalho”. Porém, hoje, o que se vê é uma acomodação. “Precisamos de uma inovação, de políticas públicas que realmente atendam essas pessoas sem deixar espaço para um retrocesso”, sintetiza. Tais inovações podem vir a partir de fóruns de mobilização, palestras nas escolas e comunidade. “Quanto aos jovens que trabalham, essas atividades podem ser muito bem conciliadas com a escola. Um exemplo disso é incentivar o trabalho como Aprendiz Legal 2 . Para que isso aconteça, é preciso que se tenham todas as garantias trabalhistas inclusas”.
O combate
De acordo com a secretária da Criança, do Adolescente e de Políticas Sociais de Caruaru, Martha Melo, o enfrentamento e a erradicação do trabalho infantil é uma das prioridades do governo local. “É uma tarefa bastante difícil. Historicamente essa é uma realidade que vem perpetuando por muito tempo. Existem mitos em relação ao trabalho infantil que são fortalecidos pelas próprias famílias e sociedade, como o que diz que a criança que trabalha não está vagando nas ruas, nem está entregue a criminalidade e violência. Se fosse por uma questão de pobreza, a violência já teria acabado”. Para tanto, o combate a essa realidade tem de partir de um conjunto de ações, com o engajamento da sociedade, dos órgãos de defesa, da rede sócio-assistencial, procuradoria e poder judiciário. “Se o trabalho infantil fosse rentável, economicamente falando, a situação dos países seria bem diferente. Mas isso não acontece porque, 48% das crianças que realizam esse tipo de trabalho não recebem por ele. A maioria desses envolvidos são crianças ou adolescentes submissos, de fácil acesso, para que haja uma manipulação.”, diz Martha. Em Caruaru, muitas ações de assistência social ajudam a modificar a realidade no que diz respeito ao trabalho infantil. “Nessa construção do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), alinhada às esferas estadual e federal, realizamos, em todo o município, um trabalho de convivência e fortalecimento de vínculos, numa fase de reordenamento, que, através dos núcleos dos PETIs, oferecemos atividades sócio-educativas como aulas de dança e música”, afirma. O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) possui um papel fundamental no apoio às famílias e às atividades desempenhadas no combate ao trabalho infantil. “Estas atividades desenvolvidas oferecem às crianças oportunidades de ascenderem na vida, explorando assim todo o potencial artístico e intelectual das crianças que se encontram em situação de risco”, sintetiza a secretária.
Fiscalização
Para que as ações de combate ao trabalho infantil
capa sejam cumpridas, existem iniciativas de fiscalização envolvendo a Procuradoria do Trabalho, Conselho Tutelar, Ministério Público e a Vara da Infância e Juventude. “No âmbito municipal, temos as equipes de abordagem social, que verificam se as crianças ou jovens estão realizando algum trabalho pelas ruas. Às vezes, esses jovens estão trabalhando com algo mais grave, como a criminalidade. Porém, é importante que essas equipes façam a identificação para tentar dar um norte na convivência familiar, sensibilizando a entrar nos serviços de convivência, oferecidos através dos núcleos PETI e CRAS, com a sensibilização das famílias para tentar induzi-los a participar desses programas”. Entretanto, segundo a juíza Sílvia Virgínia, projetos dessa natureza, em alguns casos, podem ser vistos como uma oportunidade para aguçar o aproveitamento por parte de cabeças que divergem do real sentido do assistencialismo. “Se por um lado os programas sociais encabeçados pelo governo proporcionam melhor qualidade de vida às famílias e uma consequente possibilidade de ver o futuro com olhos mais esperançosos, por outro, esse auxílio pode vir a gerar uma acomodação so-
cial. A bolsa é importante, mas isso não dispensa o uso da fiscalização. Hoje podemos ver muitas pessoas que fazem uso desses recursos sem a menor necessidade”. A magistrada avalia o benefício social como sendo de fundamental importância quando é usado da maneira correta. “As famílias se cadastram em um determinado programa. Provisoriamente, tiram a criança desse trabalho. Mas, passado um tempo, voltam a explorar o menor com o trabalho”. Um diferencial na fiscalização municipal é o acompanhamento por parte das equipes, onde, não só as crianças são atendidas, como há assistência para toda a família. “Nesse serviço de convivência, além de o núcleo trabalhar com os meninos, as famílias também são trabalhadas diretamente. Sendo assim, essa questão de acomodação pelo dinheiro da contribuição praticamente é impossível de acontecer”, esclarece Martha. As crianças e adolescentes inscritos nesses serviços de convivência também contam com ajuda financeira, no que diz respeito à transferência de renda. Eles possuem o Bolsa Família e recebem uma quantia de R$ 25, por cada criança que frequente o PETI. “Além dos tra-
Mediante as necessidades, o trabalho infantil é uma prática que não condiz com o desenvolvimento social atual. Porém, cidades como Caruaru, que tem sua economia baseada na comercialização em feiras e no mercado de confecção, o mal fica difícil de ser combatido. Antes de tudo, a sociedade precisa desvincular da sua cultura que, por menor que seja o esforço, a criança tem de trabalhar. “O fato de trabalhar desde cedo e não ter vivido a fase de infância, pode vir a ser um caminho mais curto para chegar ao mundo das drogas e outras consequências mais graves, seja na adolescência ou na vida adulta”, explica a juíza da Vara da Infância e Juventude, Sílvia Virgínia. Já para a secretária da Criança, do Adolescente e de Políticas Sociais, “se o trabalho infantil fosse rentável, economicamente falando, a situação dos países seria bem diferente. Mas isso não acontece porque 48% das crianças que realizam esse tipo de trabalho não recebem por ele”, esclarece Martha Melo.
balhos artísticos-culturais, o que nos dá uma satisfação imensa, seja pela realização de trabalho voltado para o âmbito teatral, arte circense, entre outras. Desde 2009 apresentamos, em uma grande festa, as atividades promovidas ao longo de todo o ano”, completa.
Pesquisa
Atualmente, estima-se que cerca de 3,7 milhões de crianças e adolescentes, dos 5 aos 17 anos, estejam trabalhando no Brasil 3 . Os dados são do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o tema. Já os dados consolidados são referentes ao ano de 2011. Desse total, 7% executam tarefas domésticas, representando 3,9% do contingente total de empregados domésticos no país (de cerca de 7 milhões de pessoas). Ainda em relação ao quantitativo, mais de 102,6 mil estão no Nordeste, região que mais concentra crianças e adolescentes, dos 5 aos 17 anos, trabalhando. A Bahia foi o Estado nordestino com o maior número de casos verificados, 26,5 mil. No país, Minas Gerais foi o que mais contabilizou esse tipo de
atividade – 31,3 mil. Proporcionalmente, o aumento de casos foi mais expressivo no Rio Grande do Norte - de 6% para 15,1% da população infanto-juvenil. A região em que houve a redução mais significativa do número de casos foi a Sudeste. Entre 2009 e 2011, a quantidade de crianças e adolescentes nessa situação caiu de 105,7 mil para 66,6 mil – ainda que, com essa diminuição, tenha mantido o segundo lugar entre as regiões com mais casos. O Distrito Federal teve a maior redução percentual, 73%, seguido por Roraima (68,6%), Santa Catarina (62,2%) e Pernambuco (55,9%). Em relação ao gênero, a maioria das crianças e jovens envolvidos em trabalhos domésticos é do sexo feminino, seguindo a mesma dinâmica verificada mundialmente, na qual mais de 73% são meninas. De acordo com o estudo do FNPeti, das quase 260 mil crianças que trabalham em casa de terceiros, 93,7% são meninas (241,1 mil), mais do que a média mundial. Essa proporção foi praticamente a mesma nos últimos levantamentos da Pnad, nos anos de 2008 e 2009. Quanto à cor, o trabalho infantil doméstico é majoritariamente negro, 67% (172,6 mil).
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No Brasil, a Constituição Federal de 1988 (art. 7º XXXIII) admite o trabalho em geral, a partir dos 16 anos, exceto nos casos de trabalho noturno, perigoso ou insalubre, nos quais a idade mínima se dá aos 18 anos. A Constituição também admite o trabalho a partir dos 14 anos (art. 227, $ 3º, I), mas somente na condição de aprendiz (art. 7º, XXXIII).
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cosp
u n i v e r s o
Uma das principais características dos adeptos desse universo é que o praticante, além de criar os trajes, também interpreta o personagem caracterizado, reproduzindo os traços de personalidade como postura, falas e poses típicas. No ritual de mudança da pacata Jullyanna Rodrigues para a destemida Lady Sif, lá se vai quase uma hora de preparação. Entre roupa, maquiagem e assessórios, a realização vem com a proximidade com a personagem interpretada.
play
comportamento
texto robson mEriéVErton fotos lucas gomEs
não é só entre as crianças que o universo do “faz de conta” encanta. Entre os adolescentes e jovens de mais idade, a interação com os personagens de desenhos animados e jogos impressiona. as pessoas que assumem a personalidade dos seus ídolos fictícios são conhecidas como “cosplay”. Por alguns instantes, a real identidade passa a ficar em segundo plano e a magia de ser o herói da vez faz a alegria e a cabeça deles. seja pelo modismo ou admiração de infância, o que realmente importa são os novos adeptos que a forma cosplay de viver segue encantando, já que é quase impossível resistir à pausa para a foto ou para receber um ou outro elogio. bom para a autoestima. como num passe de mágica, a pós-graduanda em marketing e comunicação, Jullyanna rodrigues, 23 anos se transforma na lady sif, conhecida personagem das histórias em quadrinhos do guerreiro thor. não só pela roupa, mas também pelo conjunto de gestos que envolve toda interpretação, a jovem é capaz de despertar o imaginário de qualquer pessoa, como se estivesse participando de um filme. armada com uma espada e uma expressão facial característica, ela diz que interpretar cosplays faz parte de um sonho alimentado des-
“LEMBRO QUE A MINHA PRI FOI TIFA LOCKHART, INSP CHAMADO ‘FINAL FANTASY FORAM OUTRAS NOVE SEMPRE TEM AQUELA CON DEDICAMOS MAIS E QUE SIGNIFICADOS, SOB
THERE ARE TWO SETS OS DOORS T HAT MAKE UP THE AIRLOCK...
YOU SHOULD SEE AN INPUT PANEL JUST TO THE RIGHT OF THE FIRST SET.
LET ME KNOW WHEN YOU’VE FOUND IT.
de a infância. “recordo-me de que desde pequena preferia os desenhos japoneses às bonecas. Quem é que nunca teve vontade de ter os poderes de salvar o mundo, como aquela personagem que fazia parte da infância?”, afirma. uma das principais características do cosplay é que o praticante, além de criar os trajes, também interpreta o personagem caracterizado, reproduzindo os traços de personalidade como postura, falas e poses típicas. aos olhares desavisados, a brincadeira pode parecer um tanto excêntrica, muitas vezes retratada de forma indevida e repleta de estereótipos sobre o perfil daqueles que a praticam. no entanto, basta conhecer esse universo mais a fundo para perceber que seus praticantes revelam-se pessoas comuns, que tem um dia a dia tão normal quanto o de qualquer outro. a prática do cosplay 1 exige preceitos sólidos como organização, capacidade de superar desafios, explorar a criatividade e o potencial artístico nas caracterizações. aos 15 anos de idade, o que era só uma vontade passou a ganhar forma através dos tecidos e adereços que compunham a roupa da personagem. E era só o começo! “À medida que ia me interes-
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Embora existam relatos da presença de fãs fantasiados em convenções de Jornada nas Estrelas já em meados da década de 80, e posteriormente em encontros de jogadores de rPg e fãs de animes em 1994, acredita-se que o cosplay, como um hobby, chegou ao brasil por volta de 1996, junto com a primeira convenção de animes do país, o mangacon. realizado na cidade de são Paulo pela abradEmi - associação brasileira de desenhistas de mangá e ilustrações, o evento é considerado o marco inicial da difusão do cosplay no brasil, sendo realizado em um período de redescobrimento dos animes na televisão brasileira. ao longo dos anos, a prática do cosplay cresceu de forma exponencial, espalhando-se por todas as regiões do país. a forma que o cosplay é praticado no brasil caracteriza-se por uma mistura do modelo americano e japonês. o conceito norte-americano do masquerade foi importado e adaptado tornando-se o tradicional concurso de cosplay das convenções de anime brasileiras. de influência japonesa, podemos citar a ênfase na caracterização de personagens préexistentes e o foco na busca pela fidelidade, além da predominância de fantasias inspiradas em animes, mangás e games japoneses. atualmente existem milhares de praticantes espalhados pelo país, e os maiores eventos que reúnem fãs do hobby chegam a alcançar um público de mais de 40 mil pessoas.
IMEIRA PERSONAGEM PIRADA EM UM JOGO Y’. DE LÁ PARA CÁ, JÁ PERSONAGENS. PORÉM, NCEPÇÃO A QUE NOS REMETE A OUTROS BRETUDO DA INFÂNCIA.” 23
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comportamento
FIM!
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sando, pesquisava sobre a existência de outras pessoas que comungavam do mesmo gosto que o meu. não demorou muito, conheci uma galera aqui mesmo de caruaru, através de comunidade de uma rede social, que também se inspirava em personagens de desenhos japoneses para montar seu cosplay favorito”, diz Jullyanna. Entre um encontro e outro, a jovem também começou a conhecer eventos que aconteciam aqui mesmo no Estado e também fora, que tinham essa forma de diversão como foco principal. o envolvimento dos amantes do mundo cosplay é tão intenso que a dedicação para pesquisa e desenvolvimento da personagem chega a impressionar. com Jullyanna não foi diferente. “lembro que a minha primeira personagem foi tifa lockhart, inspirada em um jogo chamado ‘Final Fantasy’. de lá para cá, já foram outras nove personagens. Porém, sempre tem aquela concepção de que nos dedicamos mais a que remete a outros significados, sobretudo da infância”, afirma Jullyanna. o envolvimento com a causa também induz a participação de pessoas mais próximas, no caso de Jullyanna, a mãe e a tia. “no início elas não levaram muito a sério. agora, a mesma dedicação que tenho quando estou confeccionando um personagem pode ser vista nelas duas”. Por mais parecido que esteja, o perfeccionismo ainda deixa a intérprete insegura. além da roupa copiada à risca, a concepção da personagem ainda envolve maquiagem, lente de contato e uma pitada de dramatização. no ritual de mudança da sutil Jullyanna para a destemida lady sif, lá se vão 40 minutos, uma hora. antes disso, porém, a confecção da roupa depende de um trabalho árduo de pesquisa de material, entre tecido e adereços, para que a vestimenta chegue ao mais próximo possível do personagem. “geralmente gasto cerca de 20 dias a um mês nesse trabalho de confecção. Vale lembrar que também conto com a ajuda da minha mãe e da minha tia, que demonstram o mesmo empenho que eu para que tudo saia perfeito”. Por personagem, a jovem tem um gasto médio de r$ 400. tanta dedicação vale até participação em eventos do segmento. o primeiro do tipo que Jullyanna participou foi em 2008, no recife. “ao longo dos anos, esses eventos vêm se tornando uma verdadeira convenção de cultura pop, onde tudo se volta para esse universo. Ele ultrapassa a barreira do encantamento, partindo também para o lado da competição, onde muitos prêmios são distribuídos para os melhores”. Fora isso, ela também comemora as amizades que ficam para sempre. “a partir desses eventos, temos contatos com pessoas do brasil inteiro”. E para a cosplay, a atividade não atrapalha em nada. nos relacionamentos mais sérios, como o namoro, Jullyanna não tem do que se queixar. “apesar de não gostar de fazer cosplay, ele também participa comigo dos eventos, já que nesses também há espaço para jogos, que ele adora”. caruaru também já foi palco de eventos com essa temática. mas, devido à falta de incentivo, hoje já não existem mais.
eu sou reportAgens robson mEriéVErton foto lucas gomEs 1
o jovem, que atualmente está concluindo o ensino médio, se diz apaixonado pela área de Educação Física. tanto que, para o futuro, estudar na intenção de se tornar um profissional na área está entre os seus planos. Quanto à mágica, depois de ocupar lugar de destaque na sua vida, a dedicação agora é para a carreira de modelo, que já lhe rendeu conquistas como o título de mister garanhuns 2013.
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Determinação. Nem o encantamento pelo mundo da mágica e o glamour da vida de modelo desviaram o objetivo de seguir na Educação Física curiosidade e dedicação. não necessariamente nessa ordem, essas duas palavras juntas podem mudar a vida de uma pessoa. Principalmente quando se trata de um jovem com a cabeça cheia de planos e objetivos. é mais ou menos assim que Diego hunter, 21 anos 1 , atualmente encaminhando-se para a conclusão do ensino médio, vê a vida. o que faz o estudante diferente dos jovens da mesma idade são as atribuições escolhidas como rotina. Entre truques, mágicas e a carreira de modelo, dih hunter, como é conhecido entre os amigos, também se prepara para prestar vestibular na área de Educação Física. o envolvimento com a mágica veio aos 15 anos, depois que um amigo conseguiu impressioná-lo com um truque. “Fiquei tão curioso para saber como ele conseguiu fazer a mágica que não demorou para convencê-lo a me ensinar”, lembra hunter. cada vez mais interessado pelos truques, o que antes era curiosidade, logo passou a ser cogitado como possível fonte de renda. Por mais de um ano e meio, o jovem trabalhou em um quiosque de mágica, que funcionava em um shopping da cidade. “Esse tempo foi muito bom para o meu futuro como mágico, pois tive acesso a muitos outros truques”, atesta. não demorou muito começaram a aparecer os convites para participar de feiras e eventos. “apesar de ser uma pessoa muito tímida, fiz da mágica um instrumento para chegar mais próximo das pessoas, o que também ajudou no lado profissional”. a princípio, a mãe de dih não foi totalmente a favor da vontade do filho. mas, com o passar do tempo e a consequente evolução dos truques, ela acabou se rendendo e se tornando uma das principais incentivadoras. na escola e entre os novos amigos, todos ainda duvidavam da sua capacidade enquanto mágico. “Fazia mágica para convencê-los”, lembra. a dedicação à mágica lhe rendeu algumas conquistas, como o título de campeão Pernambucano de cartomagia, edição 2012. “a mágica virou mesmo uma paixão, tanto que passou a fazer parte da minha vida”, afirma sem medo de errar. um certo dia, dih recebeu um convite para ele inusitado: se aventurar no mundo da moda. mais precisamente, enfrentando as passarelas. “a carreira de modelo nunca foi foco na minha vida. mas, depois que as portas começaram a se abrir, passei a enxergá-la com outros olhos”. atualmente o jovem mágico e modelo é contratado de uma agência da Paraíba. mais recentementeconquistou o título de mister garanhuns 2013.
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os outro
ros
“Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” Cora Coralina
entrevistão reportAgeM robson mEriéVErton foto lucas gomEs
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Protestos. a onda de protestos
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Peculato é um crime de desvio de dinheiro público por funcionário que tem a seu cargo a administração de verbas públicas. é crime específico do servidor público e trata-se de um abuso de confiança pública. Está previsto no artigo 312 do código Penal brasileiro e se enquadra nos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral, que dispõe o seguinte: apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. Quem comete este tipo de crime está sujeito a uma pena de reclusão de 2 a 12 anos e pagamento de multa. o crime de peculato pode ser subdivido em cinco categorias previstas no código Penal: peculatoapropriação; peculatodesvio; peculato-furto; peculato culposo; e peculato mediante fraude (peculato-estelionato).
que contagiou o brasil nos últimos meses trouxe à tona a vontade que o brasileiro tem por mudanças. as bandeiras levantadas mostram ainda a força que a população possui, quando o assunto é lutar pela garantia dos direitos. Na entrevista, a cientista política ana Maria barros fala sobre as causas dos manifestos e conquistas alcançadas pela Nação, movida pelo desejo de ir rumo à renovação.
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Por que o brasileiro “demorou” a se mobilizar contra os atos que consideram abusivos no dia a dia? Estávamos vivendo dentro de uma grande apatia política, motivada pelo desencanto com a própria política e a frustração com os políticos. diante de um conjunto cada vez maior de abusos e atentados à cidadania tivemos esta explosão de manifestações que retratam a indignação do cidadão comum com o caos de muitas áreas do país. mas o estopim inicial foram os transportes urbanos e se estendeu para todas as outras áreas com problemas essenciais. O bem público é patrimônio de todos. a idoneidade do poder também pode ser chamado de bem público. Crimes do colarinho branco e corrupção ferem a Democracia e o bem público. Por que não temos a consciência disso no dia a dia? o problema é que a lei no brasil é branda para punir corruptos e isso gera um sentimento de impunidade que revolta a população, essa foi uma das razões que fez com que os manifestantes rejeitassem a participação de políticos e partidos nas manifestações. o fato é que o cidadão comum está indignado com a impunidade no país.
Fisiologismo é um tipo de relação de poder político em que ações políticas e decisões são tomadas em troca de favores, favorecimentos e outros benefícios a interesses individuais, em detrimento do bem comum. é um fenômeno que ocorre frequentemente em parlamentos, mas também no poder executivo, estreitamente associado à corrupção política. os partidos políticos podem ser considerados fisiologistas quando apoiam qualquer governo independente da coerência entre as ideologias ou planos programáticos.
Frutos foram colhidos com os manifestos, como a aprovação no Senado, da corrupção (ativa e passiva), do peculato 1 e da concussão em crimes hediondos. ainda que falte a aprovação no Congresso e a sanção presidencial, o que isso significa, na prática, para o povo brasileiro? a pauta é longa, mas essas aprovações demonstram que o congresso não deixou de prestar atenção no recado das ruas, estes projetos não caminhavam, muitos estavam há anos sem serem colocados na pauta. a sociedade pede agilidade, eficiência e pouco fisiologismo 2 . Vamos ver até onde avançarão. mas, sem dúvida, a reação da Presidência da república e do congresso ressalta que a voz da rua tem ecos significativos. vimos que os jovens foram os principais atores nessas mobilizações, em nível nacional com a uNE e local com a uespe e uesc. Foi a hora certa de acordar? os movimentos estudantis, os jovens em todo mundo, sempre estão na vanguarda da luta por direitos. sem dúvida, a copa das confederações e a copa do mundo expõem o brasil em uma vitrine mundial, e o momento foi propício, além de muito estratégico. antes mesmo das manifestações, es-
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“É preciso abrir o diálogo e apresentar soluções à sociedade. Estamos diante de uma multidão faminta por direitos e respeito à cidadania.”
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Em muitas capitais brasileiras, onde ocorreram protestos, foram registrados sérios danos ao patrimônio histórico. Prédios centenários que guardam parte da história do país tiveram suas vidraças quebradas, fachadas pichadas, e, em alguns casos, parte do mobiliário sofreu com a fúria de pequenos grupos isolados de manifestantes. Patrimônios privados, como bancos e lojas, também entraram na onda de depredação. Para reparar parte desses danos, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, anunciou que vai criar um programa para atender a recuperação das lojas depredadas por atos de vandalismo com uma linha de financiamento com condições diferenciadas. Em Pernambuco, sobretudo em Caruaru, os protestos ocorreram de forma mais pacífica, sem trazer esse tipo de danos.
tes movimentos têm suas pautas, e elas já apontavam para questões de interesse público e urgentes para o país, e estão colocados nas lutas por direitos. Na sua opinião, por que a onda pela reivindicação dos direitos incorreu com violência e depredação? Isso faz parte desse processo de lutar pelos direitos? Em grandes manifestações sempre é difícil conter pessoas que se excedem. A população brasileira passou longos anos sem realizar grandes manifestações e muita gente vem tentando se aproveitar do movimento para reivindicar outras pautas. Entre os ativistas desses movimentos podem ser encontrados partidos de direita, esquerda, além de golpistas. Ou seja, tudo junto e misturado. Cabe às lideranças conter essa massa que desvirtua os protestos. À polícia cabe a tarefa de agir na defesa do patrimônio público 3 , contendo o ânimo desses manifestantes que fazem parte de uma minoria, porém, fazem com que o ato seja visto de forma distorcida. Quanto aos governos, que eles atuem no sentido de cumprirem as pautas para evitar que estas ondas de revoltas se espalhem sem controle. É preciso abrir o diálogo e apresentar soluções à sociedade. Estamos diante de uma multidão faminta por direitos e respeito à cidadania. Historicamente, há uma dívida enorme do governo com a população, quanto à garantia dos direitos. Agora, essa dívida pode começar a ser paga, motivada pela onda de protestos? Esperamos que sim. Porém essas mudanças passam por uma grande modificação na política como um todo, envolvendo o controle dos gastos públicos, monitoramento e avaliação da aplicação dos recursos públicos, evitando que eles se percam na corrupção. Além de envolver também maior eficiência nas áreas de educação, saúde, tecnologia, emprego, renda, reforma política, tributação das fortunas e redução da carga tributária sobre aqueles que pagam as contas e estão sobrecarregados no Brasil. Muitos jovens levantaram a bandeira de que acabou o tempo do “deitado eternamente em berço esplêndido” para o “verás que um filho teu não foge a luta”. Acabou o tempo da subserviência para tudo?
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Tudo começou em 1989, quando o Brasil realizou a primeira eleição direta após três décadas. Collor foi eleito com 35 milhões de votos. Meses depois da posse, começaram a surgir denúncias sobre irregularidades na campanha. Diante da pressão da CPI, Collor pediu o apoio da população. A estratégia foi mal-sucedida, e os chamados “caraspintadas” saíram às ruas. Com a aprovação do pedido de impeachment, o caso foi parar no Senado, que abriu processo para apurar se houve crime de responsabilidade. Em 29 de setembro de 1992, a Câmara dos Deputados aprovou a perda do cargo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, marco do processo que levou à renúncia à perda dos direitos políticos por oito anos.
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Ainda é cedo para afirmar. Tomara que esses jovens tenham razão, vamos ver como as pautas serão acompanhadas pelo movimento. Caso contrário, volta todo mundo para casa, como aconteceu com os caras pintadas, cujo objetivo se limitou ao impecheament do Collor 4 e depois dele a corrupção correu solta no país. Como analisa a ação da mídia nesse contexto? A imprensa teve um papel fundamental na divulgação do movimento no país. Levando em consideração que estávamos em um momento de campeonato de futebol, ela soube compreender a relevância do momento político e seus impactos para que possamos melhorar a frágil democracia do nosso país. Ressaltaria, além das mídias tradicionais, as redes sociais que foram de importância fundamental para a organização e divulgação das manifestações. Qual a importância dos protestos para a história cultural da nação? Eles contribuem para o avanço da democracia participativa, tiram o cidadão da inércia possibilitando o crescimento da consciência política, demonstrando a insatisfação com os destinos do país, Estado ou cidade. Protestar faz com o que a pessoa saia da condição de alienação e amplie sua visão do mundo, compreendendo que o poder vem do povo e em nome do povo deve ser exercido. Povo consciente dá mais trabalho, cobra e não se vende por migalhas. Quais os caminhos que os jovens devem seguir para que a política perdure em seus ideais e que isso não seja apenas passageiro? Em primeiro lugar é importante que se tenha na cabeça que só se muda o mundo se essa mudança partir das cidades, estados, para que só assim chegue ao país. Essa modificação vem através da política. O jovem e todo cidadão têm que se envolver, participar de movimentos sociais, Organizações Não Governamentais, partidos políticos que representem suas causas, além de não abrir mão de sua condição de agente emancipador de si mesmo e do mundo. Lutar contra a injustiça, em defesa do bem comum é um bom começo. Há uma frase de Hannah Arendt que diz “A política pode ser a maior forma de expressão de amor ao mundo”. Assim se deve fazer política, por amor à humanidade e a todas as formas de vida no planeta.
deu/não deu texto diego gondim
esse é um espaço para que os leitores e especialiistas discutam os fatos bacanas, polêmicos ou esdrúxulos que caíram na boca do povo e os que passaram batido na imprensa
Deu. O Brasil paralisou as negociações para a vinda
de 6.000 médicos cubanos para suprir a demanda de falta de profissionais para atender a população em lugares remotos. Agora, profissionais de países como a Espanha e Portugal passaram a integrar a lista. O motivo da troca vem da sensibilidade que envolve o regime comunista de Cuba, onde as missões cubanas são aclamadas pelo trabalho humanitário. FONTE, SITE folha.uol.com.br/cotidiano
“A saúde pública no Brasil precisa de ajuda sim. Aliás, todos os setores públicos do nosso País precisam de um choque de gestão urgentemente. A falta de médicos nos lugares menores, talvez seja reflexo de uma desatenção do poder público, pois trabalhar em um lugar sem estrutura não é legal para nenhum tipo de profissional. A curto prazo, trazer médicos de fora é a solução, mas é preciso que o Brasil comece a formar os seus próprios médicos e oferecer, sobretudo, boa qualidade de trabalho para estes profissionais.” Betto Aragão “Essa decisão do governo, é um tanto infeliz. Como sempre os brasileiros são prejudicados e ficam a mercê de políticos corruptos e manipuladores. Os protestos serviram para mostrar que não somos cidadãos burros e que por mais que queiram nos subestimar, sabemos e sentimos na pele a realidade caótica que por muitos anos estamos vivendo. Será
que os governantes não entedem que saúde é algo fundamental para que a vida siga rumos promissores e dignos? Por que vetar a vinda de centenas de profissionais capacitados, médicos especializados, com força e sabedoria para serem aplicadas no nosso país e para o nosso povo? Enquanto isso, o povo brasileiro continua esquecido e se virando como pode. Super-heróis verde-e-amarelos que não fogem à luta e que clamam pelo que é de direito. São 6.000 oportunidades que estão sendo tiradas para melhorar a saúde publica do nosso país, milhares de vidas clamando por mais qualidade de vida e os governantes virando mais uma vez as costas para seu povo.” Julianne Monteiro *** “A onda de manifestos que vem ocorrendo por todo o País merece aplausos. Estamos falando de uma geração que nunca viveu isso ou sequer se mobili-
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Não deu. Uma das maiores ondas de protestos
que o país viveu nos últimos 20 anos surtiu resultados positivos. A força dos brasileiros que foram às ruas resultou na derrubada da PEC 37 , que limitava os poderes do Ministério Público e a aprovação do projeto de lei que torna a corrupção crime hediondo. A falta de mobilidade, problemas na Educação e Saúde também serviram de mote para os protestos. 1
zou efetivamente contra qualquer postura dos seus gestores públicos. Muitas críticas negativas ao movimento questionam a falta de liderança ou sobre um pauta organizada de reivindicações. Eu fui ao manifesto e vi gente com a cabeça aberta, gente que quer aprender, observar e, mesmo sem pauta inicialmente definida, viu o governo responder positivamente. Esse povo quer mais, quer saber para onde vão os trilhões arrecadados nessa carga tributária brasileira que só bate em quem quer crescer.” André Clemente “Estamos nas ruas porque nosso senso crítico está inflamado, devido o mau uso dos paradigmas impostos à sociedade. Somos a sociedade da mudança, da prática que está esmagando a teoria, que já está tão implícita em nosso meio, que a união de fato está fazendo toda a diferença e sem demagogia, está mostrando sua força. Estamos na rua porque a
mesma é a nossa passarela brasileira, nosso caminho para abrilhantarmos nossos desejos de um país mais quebrantado pelo voto consciente e respeitoso. Não queremos mostrar vandalismo, buscamos tão somente a revolução externalizada e não mais sucumbido por parâmetros ultrapassados.” Gênesis Ferreira “Esses manifestos mostraram, sobretudo, que a nação brasileira tem sim um amplo poder de voz. Independentemente da causa política que se apoie, a população viu que demonstrar os seus sentimentos funciona. Esse é um momento em que as novas gerações mostram ao Brasil a força que têm. É um momento histórico que mostra que os jovens e que todos os brasileiros podem sim fazer um Brasil melhor, unindo ideais, unindo propósitos e fazendo valer todo o orgulho que sentimos e sentiremos em ser brasileiros.” Daniel Mariano
Proposta de Emenda Constitucional 37/2011, abreviada como PEC 37, foi um projeto legislativo brasileiro que, se aprovado, limitaria o poder de investigação criminal a polícias federais e civis, retirando-o, entre outras organizações, do Ministério Público. O projeto foi de autoria do deputado Lourival Mendes (PT do B-MA). Na época, declarou que as CPIs não ficariam prejudicadas pela alteração, por terem outro trecho da Constituição tratando delas. No dia 25 de junho de 2013, depois de ser pressionado pela sociedade brasileira em inúmeras manifestações públicas de apoio às investigações pelo Ministério Público, a PEC 37 foi posta em votação e rejeitada com 430 votos contrários, 9 a favor e duas abstenções.
for
ora do ar “Você tem que encontrar o que você gosta. E isso é verdade tanto para o seu trabalho quanto para seus companheiros. Seu trabalho vai ocupar uma grande parte da sua vida, e a única maneira de estar verdadeiramente satisfeito é fazendo aquilo que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um ótimo trabalho é fazendo o que você ama fazer. Se você ainda não encontrou, continue procurando. Não se contente. Assim como com as coisas do coração, você saberá quando encontrar. E, como qualquer ótimo relacionamento, fica melhor e melhor com o passar dos anos. Então continue procurando e você vai encontrar. Não se contente.” Steve Jobs
comigo foi assim reportagem robson meriéverton foto priscila fontinele
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Perseverança. As dificuldade enfrentadas desde a infância não interferiram em nada nos objetivos pessoais traçados pelo jurista Paulo Muniz Lopes Natural de uma família pobre, que carregou sempre consigo o propósito de ajudar pessoas através da sua formação, Paulo Muniz Lopes é o 6º de nove irmãos. Cursou educação básica em grupos escolares de bairros, próximos de onde residia, no Recife. Enveredou por muitos cursos superiores até descobrir no Direito um ideal de vida. “A busca pela justiça foi uma das coisas que me atraiu na área, assim como o instrumento de transformação social”. À frente da presidência de uma das mais respeitadas instituições superiores do estado, Muniz ainda enxerga desafios a serem vencidos. No trabalho, seu envolvimento começou desde muito cedo. Aos 12 anos, trabalhava duro sem deixar os estudos de lado. Após a partida dos pais, a família de nove irmãos enfrentou grandes dificuldades, mas isso não o desviou dos objetivos. Já na formação superior, foi aprovado no vestibular da Escola Técnica Federal, onde cursou Segurança do Trabalho. Além disso, outros cursos também fizeram parte da sua formação, como Agronomia, Engenharia Civil e Educação Artística Estudou na Faculdade de Direito do Recife, onde veio a se formar advogado. “Em linhas gerais, o Direito justifica o que procurava em outras áreas do conhecimento para a formação e também enquanto ator social”, ressalta. No ano de 1998, o grande projeto da Asces fez com que o advogado, descobrisse em Caruaru uma nova etapa para a sua vida profissional, sendo convidado para assumir a presidência da Instituição e a Direção Geral. Entre os anos de 2009 e 2010, assumiu a gestão da Secretaria de Educação, Esportes, Juventude, Ciência e Tecnologia de Caruaru. “Tenho essa como uma das mais valiosas experiências que já tive. Foi onde pude empregar tudo o que aprendi com a prática do Direito em sociedade. Uma experiência, sem dúvida, indispensável para melhor compreeder Caruaru e sua gente”, diz Muniz. O jurista também já foi condecorado com o título de Cidadão Caruaruense pela relevância do trabalho prestado à comunidade. A mais recente de suas conquistas foi o lançamento do livro “Fraternidade em Debate: Percurso de estudos na América Latina”. O título reúne o resultado de um estudo sobre a fraternidade como categoria política.
ser, ter e
“Tudo o que você faz com modéstia faz bem, joga a vaidade fora. Não tente agradar ninguém. O modesto é muito ele. Errar é uma maneira de aprender. O modesto é muito livre, muito na dele, muito autêntico e faz tudo o que tem vontade. Vai numa festa, se diverte, faz tudo o que quer.” Luiz Gasparetto
escolher
cult Seba
Com o objetivo fixo na cabeça de virar artista de cinema, Seba revela que lutou muito para conquistar espaço no cenário cultural. Aos 56 anos de idade, uma das suas paixões mais latentes são os mamulengos, que consomem grande parte da sua dedicação atual
Numa época em que o trem levava e trazia passageiros por diversos destinos do interior do Estado, nasceu o desejo de Sebastião Alves, o Seba, pela arte cênica. “Meu sonho era ser artista, mas não era artista de teatro, porque eu não sabia o que era teatro”, relembra o ator. Natural de Sertânia, no Sertão do Estado, Seba, que hoje tem 56 anos de idade, teve o primeiro contato com o mundo da sétima arte ainda na infância, quando pulou o muro do cinema para assistir aos famosos filmes de faroeste. “Certa vez caí dentro de uma caixa. Expedito, que era funcionário de lá, me viu e não deixou barato”, conta. Porém, nem por isso seus objetivos sairam de foco. “Meu sonho era ser artista de cinema, sair de Sertânia e vir para cidade grande porque eu não conhecia outra coisa a não ser o cinema de lá, minha casa e a padaria”. Há pouco mais de 40 anos Seba chegou a Caruaru. O sonho de morar em uma cidade maior estava concretizado. Com 15 anos arrumou emprego em um fiteiro e começou a estudar e participar da escola de teatro. No colégio Padre Zacarias Tavares, com os colegas Edilson de Góes, Branco, Guiga Melo, Demóstenes Félix, iniciou seus primeiros passos no mundo do Teatro. Os anos foram se passando e ele aprimorava cada vez mais o seu jeito de lidar com as artes cênicas. Foram as expressões populares da raiz local, aliadas às técnicas absorvidas no Grupo de Teatro Ivan Brandão, que ajudaram Seba a desenvolver o seu sonho de tornar-se ator. Contudo, carismático como ele só, o iniciante conseguiu participar de espetáculos como “Solta o Boi na Rua”, “A Noite dos Tambores Silenciosos”, “Auto das Sete Luas de Barro”, “Olha pro Céu Meu Amor”, entre outras grandes montagens que rodaram o Brasil. Sua dedicação pela arte lhe redeu prêmios como Molière (maior prêmio do Teatro Brasileiro), bem como o Mambembe, APCA. Porém, nem tudo foi tranqui-
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Inspirado no mundo circense, o mamulengo é uma diversão popular que consiste em representações dramáticas por meio de bonecos confeccionados em pano e madeira. A origem dessa arte vem datada desde as civilizações antigas na Idade Média na representação dos presépios. No teatro de mamulengos, o improviso e a interação com o público são os carroschefe da brincadeira. Personagens universais, como Benedito, Rosita e Filomena, conduzem o diálogo entre eles e também com o público, que, na maioria das vezes, não segue um roteiro fixo, deixando-se levar pela interação do artista, que manipula os bonecos, e o público. As apresentações duram cerca de uma hora e são disputadas por crianças e pessoas de outras idades.
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lo para chegar até os objetivos traçados. “Se eu lhe contar as histórias que já vivemos em grupo de 18 pessoas com um pacote de bolacha e um quilo de cenoura, você não vai acreditar”, afirma, remetendo às dificuldades enfrentadas. Em um dos seus papéis no Teatro, encantou até o ex-presidente Lula, quando fez o Mau Ladrão, no espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. Seba também conseguiu chegar ao cinema, consagrando-se em filmes como “O Cangaceiro”, “Cidade de Quatro Torres”, e de produções de Camilo Cavalcanti. A receita? Muita dedicação. “Não sou perfeccionista, mas tenho atenção e responsabilidade em tudo que faço”, diz. Com tantas contribuições para a arte caruaruense, a partir de 1983, Sebastião Alves, enveredou por um caminho mágico e lúdico: a arte do mamulengo 1 . Os primeiros bonecos começaram a ganhar forma entre o intervalo de um espetáculo e outro que participava. Eles eram confeccionados em papel machê. “Eu já manipulava mamulengos. E, quando nós voltamos do projeto Mamembão, onde apresentávamos algumas montagens Brasil à fora, criei o Teatro de Mamulengo Mamusebá”. O primeiro espetáculo oficial foi em um aniversário infantil, no ano de 1985, no centro de Caruaru. De lá pra cá, o Mamusebá também participa do São João de Caruaru, uma das maiores festas populares do interior, além de outros eventos. Em 2009, uma fase especial marcou a trupe. Em um espaço todo decorado com mamulengos de mais de 110 anos, ventrículos de vários tipos, painel que reproduz os principais pontos turísticos de Caruaru, bancos que se movem e iluminação especial, o teatro itinerante ganhou local fixo. “O meu sonho era, no dia em que eu tivesse uma casa própria, fazer em uma garagem, quintal, um teatro. Então, a gente fez esse. Inauguramos com a Companhia Pernas para Circular, onde mais de 40 pernas de pau participaram da estreia”, comenta Seba. Quando se lembra dos caminhos que enfrentou, ele fala com orgulho de realizar com sua equipe de 10 pessoas uma apresentação no último domingo de cada mês, para mais de 120 pessoas, entre crianças, jovens e adultos da cidade. “Em primeiro lugar, caminhar, chegar onde eu estou, é exatamente como um médico que se dedica a sua função, a sua vida para com seus pacientes. Então me dedico totalmente à cultura popular. Trabalho com carinho. Tudo isso aqui que foi feito com essas mãos”, ressalta Sebastião Alves, creditando os trabalhos do sucesso a todos que o ajudaram a erguer parte da força da arte caruaruense. Hoje, Seba vê com tristeza a pouca valorização à arte popular, tanto por parte das pessoas, quanto por parte do governo. “É muito difícil. Você consegue porque tem história, disciplina e realiza o trabalho porque é responsável, senão não sai do canto”, finaliza.
Há 11 anos, Seba também conduz um programa em uma rádio local, dedicando o espaço ao forró autêntico. “Quanto a isso, sou altamente radical. Banda é só para vender. Aqui tem forró todo dia com artistas de Caruaru”, defende o artista referenciando nomes como Azulão, Jacinto Silva, Banda do Batista, Josélio, Trio Quentão. Porém, entre as paixões do artista, além dos palcos, estão Benedito e Chiquinha, além dos outros personagens da sua trupe de mamulengos.
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Evolução tecnológica. Leves, potentes e arrojados. O mundo da tecnologia realmente não para. Passada a época do PC, do notebook e netbook, a vez agora é do Ultrabook Portáteis
O Ultrabook é um tipo de laptop ultrafino e uma das maiores novidades no mercado mundial. Ele foi apresentado, em 2012, como um novo formato para o conhecido notebook, prometendo deixá-lo para trás em diversos aspectos. Apresentado como um novo conceito de computador portátil, o Ultrabook foi desenvolvido pela Intel. Em maio de 2011, a fabricante de chips investiu nessa nova classe de computadores e, desde então, empresas como Acer, Asus, LG e HP já lançaram ou anunciaram modelos que seguem o novo conceito. A iniciativa da Intel foi criar no mercado um computador para concorrer com o MacBook, da Apple. Cerca de US$ 300 milhões foram investidos em empresas que desenvolvessem os produtos e serviços para expandir o mercado de Ultrabooks. Segundo a Intel, para que um notebook se enquadre na categoria de Ultrabook, é necessário que possua menos de 21 milímetros de espessura e custe menos de mil dólares.
“Creio que um Ultrabook tem muitos pontos positivos para o nosso trabalho hoje em dia, sobretudo nas atividades que exigem transportar o equipamento. Para tanto, vale considerarmos as três principais vantagens dele como o pouco peso, bateria com grande duração e hardware mais potente, isso comparando com os atuais notebooks. Apesar do próprio conceito de baixo custo, com a popularização da tecnologia, melhor seria que esses preços ficassem ainda mais acessíveis, facilitando a vida de todos. Além desses detalhes, os Ultrabooks são superfinos e têm iniciação rápida, de cerca de seis segundos. No lugar dos discos rígidos, eles utilizam os SSDs, conhecidos como memória flash. Assim sendo, os Ultrabooks são grandes concorrentes dos notebooks e dos tablets, já que alguns deles podem vir até com telas sensíveis ao toque.” Gisele Cavalcanti “O Ultrabook apresenta algumas características de tablets, como design mais fino, maior velocidade no processamento, tem um desligamento mais rápido, sendo essas as principais vantagens sobre os Notebooks. Em relação a sua leveza, os Utrabooks apresentam um armazenamento em SSD (Drive de Estado Sólido). Armazenamento baseado em memória flash, que funciona em alta velocidade como os pendrivers, dispensando os tradicionais Discos Rígidos (HD) e até mesmo os drivers de CD/DVD ROM. As desvantagens são o custo alto e também ainda não possuírem uma grande capacidade de armazenamento, aí vem outra desvantagem: se quiser um armazenamento maior, o usuário deve adquirir um HD Externo ou Drive de CD/DVD também externo. Lembrando que para os usuários que gostam de mobilidade, o Ultrabook é uma boa opção, mas na minha opinião não passa de ‘modismo’.” Nicholas Medeiros
social clube
objetivos de vida
Das séries iniciais até o ingresso no ensino superior, os estudantes mostram que têm foco para seguirem atuantes na busca do aprendizado. Seja nas salas de aula das escolas públicas, particulares, ou faculdades, o importante é fazer do conhecimento uma ferramenta de crescimento pessoal e profissional, sem esquecer de focar o futuro
1 Para testar os conhecimentos na língua estrangeira, alunos do Colégio Alternativo de Caruaru participaram de mais uma edição da Olimpíada de Língua Inglesa. O evento também vem com o objetivo de incentivar, desde as séries iniciais, o estudo de outra língua. 2 Incentivando a prática esportiva entre os alunos matriculados na unidade de ensino, o Colégio Criativo é campeão de Futsal nas Olimpíadas do Sistema 2013. O título veio para os participantes na modalidade Infantil Feminino. Os jogos
foram realizados ainda no mês de junho. 3 Os alunos do Colégio Diocesano de Caruaru exercitaram muito bem a criatividade com um verdadeiro show de luzes, cores, figurino e coreografia na realização de mais uma edição da Gincana entre as turmas de ensino fundamental e médio. O resultado de todo o trabalho e esforço para apresentar o melhor pôde ser visto em todas as apresentações. Além dos alunos, pais e amigos também participaram do momento. 4 Os alunos da Escola Padre Zacarias Ta-
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vares participaram de uma oficina prática no laboratório de radiojornalismo, organizada pelos estudantes do curso de Jornalismo da Favip deVry. 5 alunos do 5º período do curso de arquitetura e urbanismo – turmas 1101 e 1102, realizaram atividade para conclusão do semestre 2013.1. tendo a arquitetura e urbanismo como pano de fundo, os alunos foram divididos em grupo, e cada um recebeu um capítulo do livro “sobrados e mocambos” – gilberto Freire, para realizarem a apresentação da sociedade da época. os alunos foram coordenados pela professora amanda casé.
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Na Cultura, aprender inglês é mergulhar numa nova cultura, que agrega a visão de outros povos, permitindo a construção de novos referenciais. É por isso que a Cultura acrescenta essa dimensão cultural aos seus cursos, promovendo o interesse pela leitura, teatro, cinema, música e costumes de outras nações de língua inglesa. Embarque nessa viagem, e curta, você também, a vida com mais cultura! Caruaru (81) 3721.4749
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Desligue a TV e vá ler um livro. Nós que trabalhamos na Olha! indicamos quatro livros para você parar o tempo à sua volta e se entregar aos prazeres da leitura Bruxos e Bruxas James Patterson (Novo Conceito)
É como entrar em um pesadelo. Do nada, você é retirado de sua casa, preso, e acusado de bruxaria. Parece século 17, mas é o governo da Nova Ordem, e está acontecendo agora! Sob a ideologia da Nova Ordem, O Único Que É O Único mantém seu poder à força, sem música, nem internet, nem livros, arte ou beleza. E ter menos de 18 anos já é motivo suficiente para que você seja suspeito de conspiração. Os irmãos Allgood estão encarcerados nesse pesadelo e, para escapar desse mundo de opressão e medo, terão que contar um com o outro e aprender a usar a magia. Do autor best-seller James Patterson, Bruxos e Bruxas é uma saga para se ler... antes que seja tarde.
O grande Gatsby F. Scott Fitzgerald (Geração Editorial)
Obra-prima de F. Scott Fitzgerald, este clássico do século XX retrata a alta sociedade de Nova York na década de 1920, com sua riqueza sem precedentes, festas nababescas e o encanto das melindrosas ao som do jazz. O sol em ascensão desse universo cintilante e musical é o enigmático milionário Jay Gatsby, ao redor do qual orbitam três casais glamorosos e desencontrados, numa trama densa, repleta de intrigas, paixões e conflitos que precipitam o trágico eclipse. Recriação soberba de um dos períodos mais prósperos da história dos Estados Unidos, O grande Gatsby é uma crítica mordaz à insensibilidade e imoralidade revestidas de ouro da chamada Era do Jazz, e um dos melhores romances talvez o melhor - já escritos nesse país.
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Makeup To Breakup Minha vida dentro e fora do Kiss Peter Criss (Lafonte)
Criado em 1973, o KISS abriu novos caminhos no mundo do rock com sua maquiagem elaborada, sua postura teatral, o uso de pirotecnia high-tech e com o som pesado, tornando-se um dos maiores grupos da história da música. O lendário baterista do KISS, Peter Criss, era o coração pulsante da banda. De sua posição elevada sobre o palco, tinha um posto de observação privilegiado de um dos maiores shows de rock de todos os tempos. Com autoconhecimento e maturidade, ele abre seu coração sem nenhum constrangimento, permitindo que mesmo fãs ocasionais do KISS - ou pessoas curiosas em saber mais acerca desse artista - acompanhem com grande interesse os altos e baixos de sua vida e carreira. Makeup to Breakup é o relato definitivo de um dos personagens mais importantes da história do rock.
J.R.R. Tolkien - O senhor da fantasia Michael White (Darkside Books)
Reconta a vida de Tolkien, autor de clássicos como a trilogia O Senhor dos Anéis e O Hobbit, e considerado um dos maiores autores de fantasia de todos os tempos. A biografia acompanha a vida e a trajetória do escritor, começando por sua infância na África do Sul, seguida do retorno da família para a Inglaterra. Os Tolkien estabeleceram-se em Birmingham, cidade que passava por uma rápida industrialização nos anos 1890, mas ainda era cercada por uma paisagem de tirar o fôlego. Este cenário que reunia e mesclava o coração industrial do Império Britânico próximo a bosques e montanhas idílicas e selvagens foi determinante para as ideias e a escrita de Tolkien.
Este espaço é todo seu: pode reclamar, dar dica, mandar opinião, bater boca ou também pode dar os parabéns, que é bom e a gente gosta! “A Olha! tem um conceito jovem e que atrai a nós, leitores. Tenho o maior prazer em ler os conteúdos que a revista traz, sempre de forma que prende a nossa atenção. Gosto muito das matérias, das fotos e principalmente da forma de abordagem que os profissionais adotam para conduzir os trabalhos. Minha seção favorita é a Comigo Foi Assim, onde a gente mata a curiosidade e sabe um pouco mais sobre a trajetória de nomes de Caruaru.” Marcelo Aragão “Bom, em primeiro lugar, parabenizo a equipe da Olha por mais uma edição de informações e conteúdos para uma boa leitura. Fico sempre aguardando para ler os novos exemplares, para saber o que vocês vão trazer sobre Caruaru para nosso conhecimento. O interessante é que, por ser daqui, a revista acaba nos aproximando ainda mais das curiosidades, fatos históricos, culturais e de comportamento que encontramos na cidade. Mais uma vez, parabéns a todos!” Evelyn Priscila “É o máximo contar com uma publicação como a Olha!, feita em nossa cidade. Quando as pessoas me perguntam, recomendo e garanto que não vão se arrepender, pois estão tendo acesso a um conteúdo limpo, interessante e instigante. o melhor de tudo é ver o nosso modo de vida estampado nas pági-
nas da revista, a cada edição, que sempre traz gente conhecida e que nos estimula a querer todos os números da Olha!. Quero ver qual será a surpresa da próxima edição.” Lorena Albuquerque “Olá, toda a equipe que produz a revista Olha! Não tenho palavras para descrever o trabalho de vocês. Como gosto muito de fotografia, sou suspeito para falar. Mas, o que mais me encanta nas publicações são mesmo as imagens. São fotos muito bonitas, ambientes escolhidos a dedo e que deixam a Olha! com um ar bem sofisticado. Gosto muito de ver as fotos das seções que dividem a revista, sempre em um ambiente surpreendente de Caruaru, pois nos mostram ângulos pouco observados, mesmo em lugares conhecidos.” Marcos Josiel “Acompanho a Olha! desde o início e já li todas do começo ao fim. Uma vez, fui a banca e comprei uma para uma amiga minha, que curte tecnologia e é muito consumista. Isso porque me lembrei da seção Consumão, que sempre traz dicas ótimas de produtos e de pessoas que adquiriram e de que forma esses equipamentos e objetos contribuem para as suas vidas. Quem sabe ela não se torna uma próxima personagem da seção. Abraços a todos!” Jéssica Siqueira
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boca no mundo
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fim “É claro que a vida é boa. E a alegria, a única indizível emoção. É claro que te acho linda. Em ti bendigo o amor das coisas simples. É claro que te amo. E tenho tudo para ser feliz. Mas acontece que eu sou triste...” Vinícius de Moraes