Revista Olha! - 9ª edição

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R$ 4,90

número 9 ano o edição 9 outubro 2013

Cult Mestre Dila, um dos mais talentosos artistas populares, mostra sua história de vida Comigo foi assim De Carpina para o mundo. Conheça a carreira do cantor e compositor, Silvério Pessoa Eu sou Veja como Heitor Alves faz para conciliar a carreira de administrador com a música

refém da beleza perfeita Cirurgias plásticas são a bola da vez entre os jovens Profissionais alertam quanto aos cuidados que se deve ter A vaidade excessiva pode trazer consequências

procedimentos estéticos são cada vez mais procurados

w w w. r e v i s ta o l h a .c o m . b r

entrevistão: Tradicionais, modernas, reinventadas. Muitos são os conceitos sobre família, mas o fato é que esses núcleos são essenciais para a sociedade e vêm, na contemporaneidade, de diversas formas. Conheça a visão da psicóloga Vânia Lacerda sobre o assunto.




listão

34 outubro 2013 edição 9

Frases de impacto Para inspirar o leitor, a cada abertura de seção a Revista Olha! interage com fras

olha! nossa capa foto lucas gomes MODELO da capa Andresa Alves Beleza - capa Rosângela Augusta Rosa Bonita (Centro de Beleza Unissex) foto das aberturas de seção lucas gomes MODELO das aberturas de seção DANY PIRES (fabrício gomes produções)

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14 Vaidade A procura por cirurgia plástica entre jovens vem crescendo vertiginosamente. Porém, a ditadura da beleza também merece atenção.

30 Entrevistão Muitos são os conceitos que definem as relações familiares de hoje em dia. Para esclarecer outros pontos ligados ao assunto, a Olha! conversou com a psicóloga Vânia Lacerda.

Eu mesmo

22 Não à “independência”! Ministrar suas próprias contas, para uns, é o passaporte para seguir em frente com os planos pessoais. Porém, para outros, é a reafirmação de que o melhor lugar do mundo é a casa dos pais.

Os outros

34 Eu sou Cursar Administração na UFPE nada tem de ligação com a carreira musical de Heitor Alves, vocalista da banda La Cambada, certo? Errado. Descubra como ele liga a ciência à música. 36 Deu/Não Deu Baseado em uma Lei Federal do Estatuto do Desarmamento, veja qual a opinião popular em relação ao requerimento apresentado por um vereador caruaruense. Ele sugere que guardas municipais passem a trabalhar armados, com a finalidade de ajudar na segurança pública.


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ses de impacto de escritores brasileiros.

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40 Comigo foi assim A musicalidade é eclética. É assim que o cantor, compositor e, acima de tudo, defensor ferrenho da riqueza cultural nordestina, Silvério Pessoa, vê a música. Ao longo da sua carreira, prêmios, viagens e apresentações que marcaram sua história. Conheça um pouco mais desse artista carpinense, que é visto como um orgulho para os pernambucanos.

44 Cult Nascido em 23 de setembro de 1937, no sítio Pirauá, Sertão de Orobó, Paraíba, José Soares da Silva, ou simplesmente Dila, é reverenciado pela importância da sua arte. Mesmo dono de um legado inestimável para a cultura popular nordestina, a simplicidade faz parte da maneira com que ele enxerga a vida. Acompanhe um pouco da história de vida do mestre xilogravurista, Dila.

Fora do ar

Ser, ter e escolher

46 Consumão Um dos carros mais desejados da atualidade, o HB20, da Hyundai, é o tema da seção desse mês. 48 Campanha O sucesso do Facebook traz indispensáveis lições para turbinar sua carreira e seus negócios. Esse é o mote do livro “O jeito Zuckerberg de fazer negócios”, de Ekaterina Walter. 50 Fim


mente aberta seguidores na rede

nossos

“Entre os brasileiros, há uma preocupação excessiva com o corpo e, com isso, deixa-se de lado o espírito. É saudável que as pessoas se cuidem” Ivo Pitanguy - Cirurgião Plástico

Pensar em beleza é se submeter a uma ditadura. Que perdoem os feridos por esse estilo de governo baseado no militarismo. Mas, se for levado em consideração tudo que uma pessoa é capaz de fazer para se enquadrar no chamado “padrão de beleza”, a comparação, certamente, será bastante válida. Comparações à parte, a forma com que as pessoas são influenciadas pela mídia, sobretudo os jovens, é preocupante. Coloca aqui, tira dali, estica de lá, suga de cá... parece mais uma preparação para algum tipo de show de piadas, mas, na verdade, é uma forma bem humorada de se criticar as incisões cirúrgicas realizadas por uma parcela considerável da população. Não é à toa que o Brasil vem se destacando no mercado de cirurgias plásticas, com 905,1 milhões de incisões, seja em homens ou mulheres. O país só perde para os Estados Unidos, em números de cirurgias, que lidera o ranking com 1,1 bilhão de procedimentos regidos pelo deslizar do bisturi. Os dados são da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), apresentados no início do segundo semestre desse ano, tomando como comparação os anos de 2008 e 2012. Outro dado alarmante é que, no mesmo período, o número de cirurgias plásticas em adolescentes, entre 14 e 18 anos, mais do que dobrou nos quatro anos, saltando de 37.740 procedimentos para 91.100. Um crescimento de 141%. Geralmente o que motiva a procura por esses procedimentos é a insatisfação das pessoas com

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Wagnner Sales A revista Olha! é mesmo muito bacana! Parabéns a todos os profissionais envolvidos. Da mesmo vontade de ler até o fim. Muito bacana! Adorei a matéria com o mágico (modelo) amigo e futuro estudante de Educação Física Dih Hunter e do maravilhoso e amado Sebá Alves e sua fábrica de sonhos. Dentre tantas outras. Parabéns!!! via facebook

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o próprio corpo, enxergando naquela personagem da novela, por exemplo, o sonho do corpo perfeito. Mesmo com todos os riscos possíveis em uma intervenção cirúrgica reparadora, homens e mulheres, sobretudo as mulheres, levam mesmo em consideração o sucesso do resultado. A lipoaspiração é a cirurgia mais realizada entre as meninas, chegando a 211 mil procedimentos só em 2011, seguida do implante de silicone nas mamas, que também já foi uma das intervenções mais procuradas. A regra vale tanto para adultos quanto para adolescentes. Entre os meninos, a liderança na lista fica com a ginecomastia, que é a redução das mamas, seguida da correção de orelha de abano. Como já foi falado anteriormente, os riscos existem, porém, para quem quer estar de bem com o espelho, eles não fazem muita diferença. Mas, profissionais alertam que, quanto menor a idade, mais atenção merece o procedimento. Isso porque muitos dos jovens que procuram por essas intervenções ainda estão na fase de mudança do corpo, podendo trazer prejuízos também à saúde. Irresponsabilidade à parte, seguir as orientações dadas pelos médicos, assim como respeitar o período de recuperação, é imprescindível para o sucesso de uma intervenção. É isso que tentaremos mostrar nessa edição da Olha! Além das demais seções que deixam você, leitor, sempre informado. Robson Meriéverto​n - editor

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Vanessa Moraes A Revista Olha! cada dia melhor! Qualidade de conteúdo inegável, Parabéns a toda a equipe! via facebook

Heitor Alves Ainda não tive tempo de parabenizar, mas acompanho a revista desde a 1ª edição e pense num material de primeira! Parabéns à equipe! via facebook

Prazeres Barbosa A Olha! é realmente uma via de comunicação, que tem comprometimento com o artista. Acho isso o máximo! Parabéns, meus queridos! Amo vocês! via facebook

Rebecca Monteiro Amei fazer esse trabalho. A revista Olha! sempre arrasa. Beijos. via facebook

Rivaldo Pereira Mais uma ótima edição, mais um excelente trabalho, tema super importante que vem para alertar essa juventude sobre esses perigos. Parabéns. via facebook

Ana Rebeca Passos Muuuito bom! Conteúdo, criatividade, assuntos de interesse público. Tudo num só lugar. Perfeita! via facebook

Joalline Nascimento A capa dessa edição está fazendo jus ao assunto abordado. Ficou muito bom! Além disso, o assunto é bastante importante e do interesse de todos, principalmente dos jovens, que devem se conscientizar com relação ao uso das drogas. via facebook

Uhelio Gonçalves A revista mostra, mais uma vez, um assunto polêmico e de forma mais dinâmica possível o que deixa o leitor empolgado para ir até o fim da edição. Sou colecionador desde o primeiro exemplar e mensalmente aguardo a próxima publicação. via facebook


Psicologia e especialista em Psicologia Hospitalar pela PUC-SP. Trabalhou no Instituto do Coração e na Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, ambos em São Paulo. É psicóloga clínica, com atuação em consultório particular há 29 anos. Realiza trabalho psicológico com enfoque psicanalítico, em Psicoterapia Breve e Tradicional.

Paraibano de nascimento, José Soares da Silva, ou simplesmente é considerado um dos xilogravuristas de maior prestígio do Nordeste. Nas feiras livres do interior, Dila teve o primeiro contato com a literatura de cordel. Mais tarde, de forma autoditada, conheceu a técnica da xilogravura e se apaixonou. Aos 76 anos, a arte de talhar histórias em pedaços de madeira ainda é o seu ganha-pão.

Mestre Dila,

Nascido em Carpina, Zona da Mata Norte de Pernambuco, é músico e define o seu trabalho como eclético. Aos 51 anos de idade, ele vê a musica de forma diferente, com tratamento atual e moderno, embasado em referências do cancioneiro popular de todas as regiões do estado. Desde o início, Silvério mescla tradição e contemporâneo buscando novos ritmos.

Silvério Pessoa

Frederico Santos

é formado em medicina pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). No Rio de Janeiro fez curso de cirurgia geral na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e três anos em cirurgia plástica no Hospital Beneficência Portuguesa. Foi médico visitante do conhecido cirurgião plástico Ivo Pitanguy. Periodicamente participa ativamente de congressos nacionais e internacionais na área.

Andreza Ferreira Vou buscar a minha! Os assuntos estão excelentes, como sempre! É muita novidade numa revista só. Admiro o trabalho de vocês, parabéns!!! via facebook

Pollyana Ribeiro Nossa sociedade se distancia cada vez mais da inocência e de verdadeiros valores. Sou pela liberação de todas as drogas, mas não sou apologista do uso delas. via facebook

Dário Silva Acho que liberar não seria bem uma solução, mas sim uma questão de conscientização de cada um. Parabéns! via facebook

Valéria de Fátima Ótima revista. Inspirada em um conteúdo variado e dinâmico para o público engajado a cada edição. Parabéns!!! via facebook

Júnior Mehiel Recebi a minha e é notória a grande qualidade gráfica e de conteúdo que a revista vem mostrando. Muito interessante mesmo a edição de setembro. Além das fantásticas matérias, produzidas de um ponto de vista totalmente inovador e ousado, as entrevistas embutem um valor informativo enorme. Parabéns a todos. via facebook

Joanna Gabriella Sobral Conscientizar os jovens é um dos primeiros passos para acabar com este “modismo” que leva à morte! A liberação não é a solução. Parabéns pela revista e pela ajuda à população. Isso mostra o desempenho como produto jornalistico! Parabéns! via facebook

colaboradores

Vânia Lacerda é graduada em

Lane Arruda O nome da revista já nos remete a um olhar aprofundado sobre o tema da capa. Drogas sempre serão um assunto polêmico. Não tenho como pegar a minha nas bancas, mas acompanho pela internet. via facebook Enid Medeiros A cada edição, os assuntos tratados pela Olha! ficam ainda melhores e mais interessantes. Parabéns, pessoal pela dinâmica da publicação. via facebook Elaine Dias Sou fã da Olha! A cada publicação, ela está melhor! Nesta última edição, assuntos importantes para a sociedade refletir. Ela não é apenas uma revista mensal, é um verdadeiro meio de discussões que nos faz enxergar a realidade por vários ângulos. Além de tudo isso, proporciona aos leitores a oportunidade de expor sua opinião através das redes sociais. Excelente!!! via facebook


se liga Jogos Estaduais Profissionais de esportes se uniram para promover a primeira edição dos Jogos Estudantis de Caruaru (JEC) da Rede Particular. O evento, realizado de 17 de setembro a 6 de outubro, contou com a participação de 2.600 atletas de 27 escolas particulares, sendo 24 de Caruaru, uma de Arcoverde e duas de São Caetano. Os jogos incluíram as modalidades de basquete, futsal, futebol society, handebol, judô, karatê, natação, tênis de mesa, vôlei e xadrez. A proposta é incentivar a prática esportiva e promover a cidadania. As partidas foram realizadas no Colégio Diocesano, Sagrado Coração, Alternativo, Santa Maria dos Anjos, Sesc, Contato e no Clube Esporte Vida.

O Vale-Cultura deve beneficiar até 42 milhões de trabalhadores

resultado do enade As instituições de educação superior avaliadas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), ano passado, já podem acessar as informações on-line sobre o cálculo do conceito do exame. O Conceito Enade, obtido a partir dos resultados do exame aplicado aos estudantes, é um dos indicadores de qualidade da educação superior brasileira. No sistema eMEC, os itens do cálculo estarão dispostos por instituição, área de avaliação e município. As instituições poderão dispor de informações sobre estatísticas descritivas do curso e área de avaliação referentes à prova de 2012, além de respostas do questionário do estudante sobre infraestrutura e organização didáticopedagógica.

OUTUBRO 2013 www.revista

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benefício

Acesso à cultura é estimulado

o programa vale-cultura disponibilizará R$ 50 mensais aos trabalhadores A partir deste mês de outubro, os trabalhadores contratados em regime Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que recebem até cinco salários mínimos, têm direito ao novo programa do governo que estimula o acesso à cultura. Trata-se do Vale-Cultura, um cartão com benefícios aceitos em programas, com ênfase na facilitação do acesso à mesma. O valor de R$ 50 por mês estará disponível à população nos moldes do vale-transporte e do tíquete-refeição. Com o cartão, além de financiar entradas em festas, alugar filmes, comprar ingressos de teatro, circo, dança, exposições e até jornais e revistas, o beneficiado também poderá juntar os valores durante meses para um projeto mais caro, como a compra de um instrumento musical, por exemplo. O benefício é regulamentado por decreto presidencial. A expectativa das autoridades é que o Vale-Cultura beneficie até 42 milhões de trabalhadores celetistas, podendo injetar até R$ 25 bilhões anuais no setor. Deverão ser beneficiados preferencialmente os empregados que ganham até cinco salários mí-

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nimos - R$ 3.390. Os que recebem salários acima do valor também poderão ser contemplados, desde que a empresa já tenha garantido o benefício a todos os funcionários do grupo preferencial. O desconto nos salários será de R$ 1 para quem ganha um salário mínimo, podendo chegar a R$ 5, para quem ganha cinco mínimos. Para que o programa passe a funcionar de fato, será feito o credenciamento das empresas que vão oferecer o benefício. As empresas interessadas em conceder o Vale-Cultura aos trabalhadores deverão se inscrever na Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefic). A inscrição, que começou no último dia 7 de outubro, deverá ser solicitada por meio do site www.cultura.gov.br. Já no momento da inscrição, a interessada deverá indicar a empresa operadora de cartões benefícios credenciados no Ministério da Cultura de sua preferência e o número de empregados aptos a receber os R$ 50, conforme a faixa de renda mensal. Vale ressaltar que o benefício não financia gastos com TV por assinatura, games e vídeo on demand.

fotos: divulgação


Quando vocĂŞ participa,

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SaĂşde fica ainda melhor.


se liga sem fronteiras O Nordeste enviou o maior número de graduandos para o exterior pelo programa Ciência Sem Fronteiras, em relação ao número de estudantes da região. Até agosto, o governo concedeu 547 bolsas para cada 100 mil universitários nordestinos, contra 509 no Sudeste. As bolsas oferecidas pelo Brasil somam quase 37,8 mil - das 101 mil prometidas até 2015. Especialistas apontam que ainda é cedo para determinar impactos no desenvolvimento científico-tecnológico das instituições nordestinas. Porém, a expectativa mais imediata é de que as bolsas favoreçam a internacionalização das universidades locais e incrementem o repertório dos estudantes.

Nordeste lidera consumo de crack no país Dos 370 mil consumidores regulares da droga estimados nas capitais do País, 148 mil estão na região

O estudo foi realizado com 25 mil pessoas de forma domiciliar e indireta

Enem A partir do próximo ano, as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) serão elaboradas numa espécie de caixa-forte montada na nova sede do Inep, órgão do Ministério da Educação responsável pelo exame. A intenção é que o espaço, com alta segurança e vigilância reforçada, ocupe um dos pavimentos do edifício. Ao todo, serão 21 salas com capacidade para até dez pessoas, com acesso após rigorosa triagem. Todo o espaço, estimado em 988 m², estará sob vigilância de 101 câmeras de circuito interno. A expectativa do Inep é que o complexo custe R$ 15,2 milhões e esteja funcionando a partir de março de 2014. O Enem passou por falhas de segurança nos anos de 2009, 2011 e 2012.

OUTUBRO 2013 www.revista

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ranking

Dos 370 mil usuários regulares, 50 mil são crianças e adolescentes, até 18 anos

Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela que cerca de 370 mil brasileiros de todas as idades usaram regularmente crack e similares (pasta base, merla e óxi) nas capitais. Grande parte desse usuários, 38,7% vivem na região Nordeste, o que significa 148 mil pessoas. O estudo é a maior pesquisa já feita no país sobre o tema. Foram duas vertentes pesquisadas pela Fiocruz, sob encomenda da Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas): um que traça estimativas sobre o número de usuários nas capitais do país, e o segundo que traça um perfil do dependente de crack, em âmbito nacional. A divulgação da pesquisa é esperada desde o ano passado. A segunda região com maior número absoluto de usuários é a Sudeste, com 113 mil ou 29,6%. Em seguida, vêm o Centro-Oeste (51 mil ou 13,3%), o Sul (37 mil ou 9,7%) e o Norte (33 mil ou 8,6%).

Futuro. Independente do estágio educacional, estar atento às notícias é um diferencial que determina o sucesso das estratégias Conquista A Fafica conquista, mais uma vez, três selos no “Guia do Estudante - Melhores Universidades 2014”. O reconhecimento foi atribuído pelo nível dos cursos de graduação em Administração, Ciências Contábeis e Pedagogia. Desde 2007, os cursos da instituição são certificados pelo GE Profissões Vestibular. O Guia avalia a qualidade do ensino superior no Brasil desde 1988, dando a oportunidade de os futuros estudantes conhecerem os melhores cursos oferecidos pelas instituições do país. Os três cursos da Fafica também integrarão a publicação GE Profissões Vestibular 2013, que passa a circular nas bancas a partir do dia 11 de outubro.

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Vestibular 2014 A Fafica já está com inscrições abertas para o processo seletivo para o ingresso dos feras em um dos 10 cursos superiores oferecidos pela instituição no ano de 2014. Estas serão feitas exclusivamente pela Internet (http:// www.fafica.com) de 10 de outubro e três de novembro de 2013. O processo será realizado em uma única etapa. A taxa de inscrição para confirmação da inscrição custa R$ 80, podendo ser paga nas agências da Caixa Econômica Federal ou Casas Lotéricas de todo o país. O prazo limite para o pagamento da taxa de inscrição, através de boleto gerado via Internet, é 4 de novembro de 2013. Ao todo são oferecidas 960 vagas para a primeira e segunda entrada.

Segundo Tempo Alunos de dez escolas da rede municipal de Caruaru, na zona urbana e no campo, passam a contar com o Programa Segundo Tempo. As escolas contempladas foram: Álvaro Lins, Gianete Silva, Cesarina Moura, Laura Florêncio, Leudo Valença, Altair Porto, Capitão João Velho, Josélia Florêncio, Maria Félix e Professor Machadinho. No total, serão mil estudantes beneficiados, sendo cem em cada escola, que terão aulas de futsal, basquetebol, voleibol, handbol, futebol, tênis de mesa, atletismo e outras atividades complementares. O programa tem como objetivo democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte, promovendo o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens.

Representação O Colégio Diocesano de Caruaru está comemorando a classificação de três alunos para a terceira fase da Olimpíada Brasileira de Física. Caio Lira Alves, Davi Cavalcanti Sena e Guilherme Bortoloto, todos do 8º ano do Ensino Fundamental II. A Olimpíada Brasileira de Física (OBF) é um programa permanente da Sociedade Brasileira de Física (SBF) destinado a todos os estudantes do ensino médio e da última série do ensino fundamental. A primeira fase é realizada em todas as escolas participantes e é obrigatória. Na segunda fase participam todos os alunos que tenham obtido a nota mínima na primeira fase e assim sucessivamente para as duas outras fases restantes.

Pesquisa e extensão Entre os dias 18 e 23 de novembro, a Fafica realiza o XII Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão (EEPE), que traz como tema “Educação, Cultura e Subjetividade: desafios éticos na contemporaneidade”. Segundo o diretor geral da instituição, padre Luís Carlos do Nascimento, o evento deve estimular o diálogo plural entre os diferentes saberes, aprendizagens, linguagens, metodologias e epistemologias existentes. “As buscas ininterruptas de sentidos e de justiça para a condução da vida, para os formatos relacionais e para os empreendimentos organizacionais são algumas das razões que legitimam o eixo norteador do encontro para nossos alunos”, afirma.

foto: divulgação


AUTOMAÇÃO COMERCIAL Softwares de automação comercial, deixaram de ser somente sinônimo de modernização ou agilidade no atendimento aos clientes. Hoje estas ferramentas são indispensáveis para o bom desenvolvimento, transformando tarefas manuais repetitivas em processos automáticos, realizados por uma máquina. RUA TREZE DE MAIO, 6-B - 81 210325-00 RUA LAURENTINO ROCHA, 501 - 81 3101-1800

Na Cultura, aprender inglês é mergulhar numa nova cultura, que agrega a visão de outros povos, permitindo a construção de novos referenciais. É por isso que a Cultura acrescenta essa dimensão cultural aos seus cursos, promovendo o interesse pela leitura, teatro, cinema, música e costumes de outras nações de língua inglesa. Embarque nessa viagem, e curta, você também, a vida com mais cultura! Caruaru (81) 3721.4749


eu me


“O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala. O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.”

mesmo João Cabral de Melo Neto


BEL

ESTAR DE BEM COM O ESPELHO É UMA QUESTÃO QUE INTERFERE DIRETAMENTE NA AUTO A PROCURA POR INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS VISANDO À VAIDADE, COLOCOU O BRASIL


EZA

OESTIMA DE MUITA GENTE, SOBRETUDO QUANDO O ALVO EM QUESTÃO SÃO OS JOVENS. L NO SEGUNDO LUGAR DO RANKING. PORÉM, DEVE HAVER ATENÇÃO QUANTO À SAÚDE


capa


Beleza é sinônimo de bem-estar consigo mesmo. é também um dos ingredientes da felicidade pessoal, que está ligada diretamente à autoestima e, por que não, ao sucesso profissional. com todas essas definições, ainda há quem julgue essa vaidade como um item que deve ficar de fora da vida de homens e mulheres? na realidade, não. então, é mais que aceitável a posição que a preocupação com a beleza ocupa na vida das pessoas. no entanto, o exagero não faz bem nem em assuntos com todo esse grau de importância na vida das pessoas. Hoje, o Brasil ocupa posição de destaque no mercado mundial quando o assunto em questão é a preocupação com a vaidade, onde estão inclusas as intervenções cirúrgicas, sobretudo a cirurgia plástica e demais procedimentos estéticos. nesse cenário, o que não é de se admirar é a procura desenfreada de jovens pela indústria da beleza. e por esse motivo essa busca é o principal motivo que leva 60% dos pacientes a enfrentar o bisturi com finalidade estética no país. com 24 anos de idade, o sonho da jovem renata mayara sempre esteve relacionado à forma com que ela se via no espelho. desde a infância, até o início da adolescência, o excesso de peso sempre foi uma barreira entre sua autoestima e o espelho. “nunca fui uma pessoa satisfeita com a minha condição de ser apontada na rua como ‘gordinha’. foi quando resolvi mudar de vida e emagrecer”, afirma renata. com o passar dos meses e alguns quilos a menos, a malhação passou a ser sua aliada nessa drástica mudança de vida. com a primeira batalha pelo peso ideal vencida, o próximo passo veio com a colocação de uma prótese de silicone nos seios. “Quando era gorda, nunca fui vaidosa, mas, à medida que eliminei o peso, comecei a prestar um pouco mais de atenção a minha aparência, resolvendo mudar mesmo e ficar de bem com o espelho”, conta renata. depois da decisão, lá se foram longos meses juntando dinheiro com o propósito de fazer a cirurgia. nesse meio tempo, procurava informações sobre os procedimentos, cuidados na recuperação e demais dúvidas sobre a intervenção. no mês de abril desse ano veio à realização do sonho. “coloquei uma prótese de 375 mililitros, o que veio acompanhado de uma boa dose de autoestima”, diz. cinco meses depois da intervenção, só a rotina de exercícios físicos na academia de ginástica continuou a mesma, porque em relação ao guarda-roupa, esse teve de sofrer grandes mudanças. o número de cirurgias plásticas entre adolescentes de 14 a 18 anos mais do que dobrou nos últimos quatro anos. segundo levantamento realizado pela sociedade Brasileira de cirurgia plástica (sBcp), no ano de 2008 o número de procedimentos era de 37.740. em 2012 esse número passou para 91.100, o que representa uma alta de 141% no intervalo. no mesmo período, o número total de plásticas em adultos saltou de 591.260 para 819.900, uma alta de 38,6%, o que implica dizer que o número de cirurgias no público jovem cresceu em um ritmo 3,5 vezes maior. além de estar num crescimento acelerado, a participação de jovens no total de cirurgias (911 mil procedimentos), também cresceu: saltou de 6% em 2008 para 10% em 2012. na época com 18 anos de idade, a grande insatisfação de lorena florêncio era com o tamanho dos seios. grandes demais para a sua idade e corpo, ela se sentia incomodada com as roupas mais justas e decotes. “não me sentia bem. Já cheguei várias vezes a sair de casa por conta desse problema”,

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“Coloquei uma prótese de silicone com 375 mililitros, o que veio acompanhado de uma boa dose de autoestima, o que me fez ficar de bem com o espelho” rENAtA MAyArA 17

outubro 2013 www.revista

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lembra. A mãe de Lorena tinha certo receio em autorizar a cirurgia para redução dos seios, por isso combinou com ela que, aos 18 anos, liberaria a realização do procedimento. Depois disso, a barriga saliente passou a ser outra preocupação da jovem. “Desde a minha adolescência sempre tive esse problema com a barriga. Porém, os seios era prioridade para mim. Além do que, tinha pretensão em engravidar no futuro. Então, não adiantaria fazer uma lipoaspiração 1 se pretendia ser mãe”. Ano passado, aos 29 anos de idade, 11 anos depois da primeira plástica, Lorena realizou mais um sonho de beleza. “Acho que toda mulher precisa se sentir bem para estar confiante em tudo que se mete a fazer. Hoje me sinto no alto da minha confiança”, ressalta. Com o mesmo propósito de ficar de bem com o espelho e superar as piadas dos familiares, foi que a auxiliar administrativa Taysa Michella também recorreu à implantação de silicone nos seios. “Sempre fui alvo de brincadeiras pelo tamanho dos meus seios. Isso sempre me incomodou. Vou ser bem sincera: na realidade, as piadas eram o de menos. Isso mexia mesmo era com a minha autoestima. Principalmente quando via uma blusa mais decotada e não podia usar por não ficar bem no meu corpo”, conta. Aos 21 anos, a jovem teve sua primeira filha. Pouco tempo depois, começou a trabalhar, o que foi visto como o primeiro passo para a realização do sonho. “A partir de então, podia contar com meu dinheiro para realizar o sonho de colocar silicone”, lembra. Aos 24 anos, enfim, Tayza passou do manequim 16 de adolescente para 42. De acordo com a SBCP o número de intervenções estéticas é consideravelmente maior que as reparadoras, com um total de 73% da primeira, ante 27% da segunda. Apesar de ser bastante procurada, a colocação de prótese de silicone nos seios não corresponde pela maioria absoluta dessas intervenções. No mês de janeiro deste ano de 2013, a lipoaspiração desbancou a prótese de silicone e voltou a ser a cirurgia plástica mais popular no Brasil. Ela já tinha ocupado o posto de campeã em 2004, caiu em 2007 e voltou a liderar em 2011. O levantamento faz parte de pesquisa realizada pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), em conjunto com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Em quatro anos, o número de cirurgias plásticas 2 no país quase dobrou: passou de 629.287, em 2008, para 905.124, em 2011, o que representa um aumento de 43,9%. Em 2011, foram feitas 211.108 lipos contra 91.800 em 2007, um aumento de 130%. No mesmo período, foram 148.962 cirurgias de aumento de mama, o que representa um crescimento de 54,5%. Em números absolutos, o Brasil é vice-campeão mundial em cirurgia plástica, com 905 mil, só perdendo para os Estados Unidos, que realizou 1,1 milhão de procedimentos em 2011. “A procura por cirurgias aqui em Caruaru por parte dos jovens não é grande como em outros centros urbanos. Mas isso tem aumentado. Isso vem sendo justificado pela cultura local ainda um pouco preconceituosa. De todo o total de cirurgias realizadas aqui no meu consultório, apenas 20% corresponde a jovens abaixo de 18 anos”, destaca o cirurgião plástico Frederico Santos. Quem pensa que as intervenções cirúrgicas e preocupação com a vaidade são uma exclusividade das mulheres, engana-se. Os homens representam uma parcela crescente na busca por melhorar a relação com o espelho por meio do bisturi. Entre esse público, os procedimentos mais procurados são a ginecomastia (redução das mamas que crescem demais) e a cirurgia para corrigir a orelha de abano. O estudante de administração Paulo Lima foi uma dessas pessoas que recorreu à cirurgia plástica para sanar um problema que o incomodava desde a infância. “Na escola, sempre fui alvo das brincadeiras dos meus colegas. Com o passar dos anos, o fato de conviver com esse problema não fazia bem para a minha autoestima. Além do que, quando me olhava no espelho, sentia que algo estava faltando para ter ainda mais confiança em mim, seja quanto pessoa e profissional”, conta. Nesse caso, não foi só a vaidade que funcionou como mola precursora para que Paulo optasse pela cirurgia. “Queria sentir um pouco mais de segurança na minha atuação enquanto profissional. Continuando com esse problema é como se eu perdesse um pouco da minha confiança perante os desafios que fosse enfrentar. Não foi só uma questão de vaidade, mas de autoafirmação”, ressalta o estudante. Para o cirurgião plástico, casos como esses merecem também um pouco de atenção, pois o resultado satisfatório

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Ao mesmo tempo em que se populariza, a lipoaspiração também acumula mortes, muitas vezes atribuídas à imperícia profissional ou à falta de condições do local onde é feita. Por ano, oito pessoas morrem no país durante o procedimento, segundo a Isaps. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica ainda prepara um levantamento do número de mortes e das possíveis causas associadas a elas. Apesar de preocupantes, o Brasil tem os menores índices do mundo, mas é um problema sério: 85% das denúncias de mortes ou intercorrências que chegam ao Conselho Regional de Medicina (Cremesp) são de médicos que não têm especialidade em cirurgia plástica. 2

Um levantamento feito pela SBCP-SP - Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo, com médicos de todo o país, durante a última Jornada Paulista de Cirurgia Plástica, revelou que 56,04% dos cirurgiões registraram um aumento no atendimento de pacientes com idade acima de 65, nos últimos 10 anos. Para 18,58% deles não houve alteração e 25,39% não registraram esse aumento.

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da intervenção vai bem além que puramente estético. “O problema é que muitos desses jovens se sentem retraídos. Daí os pais tem de ficar atento quanto a essas mudanças de comportamento, sobretudo no que diz respeito ao comportamento, à forma de se vestir e interagir com outras pessoas da mesma faixa etária, ficando, de certa forma, reclusos. Isso se deve a um fato de desconforto perante as demais pessoas, por se acharem feios, menos charmosos”, explica Frederico. Intervenções precoces Em boa parte dos casos, o desejo de corrigir uma imperfeição no corpo é puramente estético, mas, em outros casos, há necessidade por questões de saúde, como o caso de jovens que possuem mamas muito pesadas, podendo causar problemas na coluna. São as chamadas cirurgias reparadoras. De acordo com o cirurgião plástico Frederico Santos, não existe uma norma que defina qual a idade mínima para se submeter à cirurgia plástica. “Cada caso tem de ser avaliado separadamente. A idade não é o mais importante, e sim avaliar a evolução física do paciente”, diz. Segundo Frederico, há adolescentes com 14 anos que já possuem corpo biológico de adulto. “O que temos de avaliar é a maturação de cada um. Na menina, em geral isso acontece dois a três anos depois da primeira menstruação. No menino é mais difícil definir o início da puberdade, por isso é preciso avaliar caso a caso”. Nas mulheres, a complicação na saúde pode vir devido ao volume das mamas, que começa a se desenvolver no início da puberdade até os 18 anos. “Nesse período é indicado que se faça uma avaliação minuciosa para que não acarrete em nenhum problema futuro, como crescimento exagerado, diminuição da capacidade de amamentação e até problemas de coluna e postura”, alerta Frederico, apesar de esses tipos de problema serem mais difíceis de acontecer por conta de treinamentos e especializações pelas quais os cirurgiões plásticos têm de passar. Procedimentos e cuidados Hoje a técnica mais indicada para colocação de prótese de silicone na mama é por detrás do músculo. “Ela não prejudica a realização de exames futuros como a mamografia, que pode identificar problemas de saúde como o câncer de mama, por exemplo”, justiça o cirurgião. Frederico também explica o porquê dessa ser uma discussão ferrenha entre mastologistas e cirurgiões plásticos. “O grande ponto de discussão é só por conta da dificuldade na hora do diagnóstico, não a impossibilidade na realização do exame. Hoje a medicina dispõe de muitos equipamentos, como ultrassom, mamografia e até a resonância magnética para se identificar as lesões mais milimétricas”, justifica Frederico. Outro problema que pode ser ocasionado por uma incisão mal estudada é que determinadas cirurgias de mama podem diminuir a capacidade de amamentação das mulheres, seja ela adolescente ou mulher formada. “Isso não é visto como via de regra. Mas tem de ser avisado pelo médico antes da cirurgia para que a paciente fique ciente”, completa o cirurgião. O tamanho da prótese é outro ponto de divergência entre médicos e pacientes, ao menos na primeira consulta. As pacientes chegam com uma ideia errada de quanto maior o tamanho da prótese, melhor. “Na verdade essa proporcionalidade da prótese tem de ser equivalente às medidas das mulheres. Mesmo com a possibilidade de se obter um resultado artificial, as mulheres adultas não se importam muito, e optam pelo tamanho máximo ou até acima disso”, orienta. Como todo produto industrializado, a prótese de silicone tem sua validade e garantia de fabricação. Umas são de 10 anos e outras de 20 anos. Se, nesse período, houver qualquer tipo de problema com ela, a paciente recebe outra sem qualquer custo. “Isso não significa que a prótese tem de ser trocada. Como o material melhorou bastante, isso não é mais necessário. Porém, há mulheres que preferem ficar resguardada pela garantia dos fabricantes, caso venha a ocorrer algum problema com o material, optando pela troca regular”, esclarece Frederico. Toda pessoa que fizer uma cirurgia de colocação de mama, tem de ter um acompanhamento médico pela vida inteira. É indicado que as adolescentes que passarem por essas intervenções façam uma ultrassom de mama a cada dois anos. Já entre as mulheres adultas esse tempo cai para um ano. Entre os 35 e 40 anos, além da ultrassom, os profissionais indicam que as mulheres com essa faixa etária façam também uma mamografia. Esse acompanhamento também independe da colocação ou não da prótese.

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SEJA POR COMODIDADE OU OUTRAS PRIORIDADES DE VIDA, O FATO É QUE, MESMO CO SA DOS PAIS. A CHAMADA GERAÇÃO CANGURU TAMBÉM VÊ NA DECISÃO UM REFÚGIO P


OM A INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA, MUITOS FILHOS OPTAM POR CONTINUAREM NA CAPARA PROBLEMAS, COMO A SEPARAÇÃO E A FALTA DE ADAPTAÇÃO EM MORAR SOZINHO


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a taxa de fecundidade é uma estimativa do número de filhos que uma mulher tem ao longo da vida. seguindo uma tendência mundial, sobretudo dos países urbanizados, a taxa de fecundidade no Brasil está em constante declínio. de acordo com dados divulgados pelo instituto Brasileiro de geografia e estatística (iBge), o país registra uma média de 1,94 filho por mulher, estando abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher. em 1960, a taxa de fecundidade no Brasil foi de 6,3 filhos por mulher. desde então, a redução ocorreu de forma gradativa: 1970 (5,8), 1980 (4,4), 1991 (2,9), 2000 (2,3) e 2006, com dois filhos por mulher, registrou média abaixo da necessária para a reposição populacional. a educação sexual, o planejamento familiar e a grande participação da mulher no mercado de trabalho são alguns aspectos que acarretaram redução da taxa de fecundidade no Brasil.

comportamento

texto diego gondim fotos lucas gomes modelos Wellington costa e daniela almeida (faBrício gomes produções)

tomar decisões acertadas é algo que demanda tempo e dinâmica. no caso de decidir como será a vida daqui para frente, é preciso ainda mais reflexão. em se tratando de escolher a hora certa de sair da casa dos pais, os caminhos podem ser diversos. Hoje em dia, muitos têm dúvidas sobre qual a melhor forma de dizer o que era impensável na geração dos seus pais: o comunicado de que vai esticar a permanência junto aos genitores. segundo dados da pesquisa nacional por amostra de domicílios (pnad), do instituto Brasileiro de geografia e estatística (iBge), nas casas brasileiras em que a renda familiar é mais alta, a porcentagem de filhos entre 25 e 29 anos ainda morando com os pais atinge 66%. Já na faixa dos 30 aos 34 anos, o índice é de 29%. se por um lado há jovens que não conseguiram emprego ou que o perderam recentemente e estão recém-separados, por outro, muitos ficam porque preferem assim. o engenheiro Heverton alves, de 24 anos, faz parte dessa chamada geração canguru. ele é natural da cidade de agrestina, onde mora com a mãe. engenheiro formado, mesmo trabalhando em caruaru, o profissional ainda não tem como meta principal deixar o lar. “atualmente é uma escolha. eu preciso da minha mãe e ela precisa de mim”, justifica. Heverton sempre quis investir em uma formação na área de ciências exatas. tanto que se formou pela universidade federal de pernambuco, em 2010, e trabalha em uma das maiores construtoras da cidade. o detalhe é que ele também foi classificado em universidades de campina grande e do recife, mas preferiu ficar perto de casa. “sempre valorizei a família unida. foi a melhor opção para mim”, completa. a presença materna no domicílio foi o fator que mostrou mais influência na proliferação dos jovens cangurus. de acordo com a pesquisa, os jovens adultos que não tinham mãe viva apresentam três vezes mais chance de sair de casa, já que, normalmente, é a mãe quem proporciona casa, comida e roupa lavada. os números também mostram uma tendência que começou nos anos de 1990, quando o jovem precisou aumentar o tempo de estudo para competir no mercado de trabalho. outro fator que induz a permanência de alguns filhos na casa dos pais é a redução na taxa de fecundidade 1 . isso faz com que haja menos pessoas em casa, além de permitir aos pais investir nos filhos, que passam a ter mais espaço para a privacidade. mesmo trabalhando, alguns adultos preferem acumular renda para quando resolver sair. “gostaria de ficar perto. mas isso pode mudar, se surgirem outras oportunidades”, revela Heverton. para a pesquisa da pnad, um em cada quatro jovens adultos brasileiros, de 25 a 34 anos, ainda vive com os pais. entretanto, o aumento da tendência nas últimas duas décadas não chega a ser novidade, pois o fenômeno é mundial. o que surpreende é o salto entre os homens. o índice praticamente dobrou no período, passando de 13,7%, em 1986, para 24,2% em 2008. se no passado havia dificuldade financeira e de se firmar no mercado de trabalho, o principal motivo que impedia os jovens de iniciar uma vida longe dos pais, hoje, o cenário mudou: com comida, roupa lavada e privacidade no próprio quarto, os jovens adultos não têm motivos para abrir mão da comodidade. como não há mais o conflito de gerações que os pais tiveram de enfrentar, eles aproveitam para investir nos estudos e guardar dinheiro. entre as mulheres, o avanço foi menor de 13,7% (1986) para 18,3% (2008). o levantamento foi feito pela demógrafa regiane de carvalho em sua tese de mestrado. para terapeutas familiares, muitos desses pais e mães acolhedores são da geração que viveu o movimento hippie e a luta pela democracia. contudo, eles tentam reproduzir dentro de casa essa liberdade pela qual lutaram. esse fenômeno também está relacionado ao individualismo contemporâneo e à dificuldade de estabelecer vínculos afetivos. em outras palavras, representa o conforto que pais e filhos encontram em si, já que as relações afetivas e o trabalho estão mais difíceis, ao contrário da boa convivência familiar, nesses casos. porém, cabe aos pais mostrar o caminho. os estudos são considerados a chave da oportunidade. é importante que os filhos tenham uma formação e especializações na área de atuação escolhida. Quanto menos tempo for perdido entre um nível de estudo e outro, melhor. com a diminuição do hábito de casar mais cedo, não é nenhum problema adiar o matrimônio e permanecer morando com os pais. uma dica para evitar possíveis conflitos entre os pais e os filhos que preferem estender ainda mais essa permanência na casa dos pais é ajudar nas despesas da casa, de cooperar. o que seria mais comum na análise do psicanalista elko perissinotti, vice-diretor do instituto de psiquiatria do Hospital das clínicas da faculdade de medicina da usp. “a era do patriarcado está moribunda. estamos na era do ‘filharcado’. os filhos não querem assumir os riscos de autodestruição semelhante aos pais, que se acabaram num emprego sem férias, para terem suas casas e um casamento eter-


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comportamento

no. são os filhos que exigem os pais por perto, mas numa relação utilitária: casa, comida e roupa lavada”. luciana menezes tem 37 anos e já teve a experiência de morar fora de casa. durante nove anos morou no recife, onde trabalhou no setor de transportes. ela tinha um ritmo de vida que considerava ideal, mas mudou os planos por motivos profissionais. Há dois anos, luciana voltou a morar na casa dos pais. “você se acostuma com seu ritmo, com seu jeito. voltar muda algumas coisas. mas, a casa, comida de mãe, roupa pronta são detalhes que fisgam a gente na escolha pela volta”, diz, concordando com a opinião do psicanalista. decisões como a de luciana também são comuns: adultos com mais de 30 anos, com independência financeira, muitas vezes em um relacionamento estável, que, por opção, resolvem voltar ou continuar morando na casa dos pais. na lista de vantagens do filho regresso entra o conforto do lar, já que custa caro manter uma casa. aliás, a questão financeira pesa muito na decisão. “não tem como comparar as despesas de manter uma casa, com as que você tem morando com os pais. mesmo ajudando, os custos que se têm estando na casa da sua mãe são inferiores àqueles que teria se tivesse que arcar com sua própria casa”, diz. no quesito privacidade, há controvérsias. “em uma casa que é sua, é mais fácil administrar questões pessoais como horários dos afazeres e outros. nesse ponto, temos que nos adaptar”. o que luciana quis dizer também bate com o que outros filhos adultos que moram com os pais descrevem. por exemplo, na hora de sair, eles acabam tendo de dar satisfações, que são mais comuns quando o filho é adolescente: como dizer a que horas vai voltar para casa. “Quando a gente conhece o mundo, não quer mais voltar para casa, fica tudo pequeno. não me arrependo de morar sozinha. mas acho bem mais tranquilo, financeiramente falando, ficar na casa dos meus pais”, enfatiza luciana. atualmente, luciana menezes trabalha no setor comercial e de contratos de um grande centro de compras e nas horas vagas se dedica à fotografia. “para a mãe, o filho nunca cresce. antes de sair de casa para morar fora ouvi questionamentos do tipo ‘vai sair de casa por que, se você tem tudo aqui?’. Bom, acho que não precisou nem responder à pergunta: voltei”, descontrai. o outro lado da moeda também merece atenção. segundo os psicólogos, quando a pessoa opta por ficar com os pais, pode retardar o conhecimento, a experiência e o amadurecimento de cuidar verdadeiramente de si. a experiência também pode ser negativa para os pais, por adiar o processo de envelhecimento. para a psicóloga rosemere almeida, do ponto de vista da autonomia, é importante que os filhos realmente tenham o lugar deles. entre as vantagens de sair da casa dos pais, mesmo com alguns empecilhos, estão a criação da própria rotina e das próprias regras, a organização pessoal da casa, a privacidade completa e a liberdade de chegar e sair na hora que quiser, sem ter de dar satisfações, que são naturais quando os pais estão por perto. mesmo assim, a permanência dos filhos em casa pode proporcionar a companhia e cuidados para os pais, que se lembram, com nostalgia, de quando os filhos eram pequenos. Há, também, o caso dos pais idosos que necessitam de companhia, o que torna a convivência boa para os dois lados. “independentemente de quando ou por que decidiram sair da casa dos pais ou permanecer nela, é essencial que todos saibam administrar bem o espaço e a liberdade para conviverem bem. por isso, é necessário que se estabeleça a responsabilidade dos filhos na organização, nas despesas e no respeito às regras do lar”, conclui a psicóloga.

“Atualmente é uma escolha. Eu preciso da minha mãe e ela precisa de mim. Gostaria de ficar perto. Mas isso pode mudar, se surgirem outras oportunidades” hEVErtON AlVES outubro 2013 www.revista

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“A angústia é parte da condição humana. Não se pode deixar que a angústia da morte nos paralise. A resposta está no convívio com os outros. Não se vive sem amizade, sem amor, sem adversidade.” Fernando Henrique Cardoso

os outros


os


entrevist達o reportagem diego gondim foto lucas gomes

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Novas Famílias. tradicionais,

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na psicologia, frequentemente o homem é definido como um ser “bio-psico-social”. o lado biológico seria explicado por uma perspectiva mais naturalista, evolucionista, experimental e quantitativa. Já o lado social seria explicado por questões culturais, históricas, relativas ao significado, e a análises qualitativas. a psicologia como projeto de ciência tem numa de suas principais inspirações o positivismo. enquanto ser cultural, o homem poderia ser explicado pela sociologia. nada que pudesse garantir a autonomia de uma ciência dita “psicológica”. Quando um psicólogo diz que o homem é um ser bio-psico-social, está enunciando aquilo mesmo que tornou a psicologia possível: a justaposição de três universos de questões díspares, reunidos para dar conta do homem como objeto de conhecimento de si mesmo.

modernas, reinventadas. Muitos são os conceitos sobre família, mas o fato é que esses núcleos são essenciais para a sociedade e vêm, na contemporaneidade, de diversas formas. Novas ou antigas, existe sempre uma influência permanente entre elas e a sociedade, e vice-versa. Na entrevista, a psicóloga Vânia lacerda fala sobre o tema e desmistifica pontos atrelados ao desenvolvimento das novas famílias.

Psicologicamente, o que poderíamos entender como conceito de família? de forma geral, o conceito de família, historicamente, é algo relativamente novo para a humanidade. ela se constituiu mesmo no século xviii, quando esse grupo familiar passou a ter maior privacidade, a entender a questão da sociedade privada, do casamento, do marido, da mulher, dos filhos. tudo em um ambiente mais privado. então, a gente pode considerar família, como a vemos hoje. antes era algo mais coletivo e tinha uma conotação de subsistência, de sobrevivência, era uma questão maior do grupo. dessa época para cá, as relações familiares passaram a ter um foco na ligação afetiva. temos toda uma preponderância, uma influência biológica, o instinto de sobrevivência, preservação da espécie, caracteres realmente biológicos que são inerentes ao ser humano. não podemos negar que o ser humano é um ser biopisíquicossocial 1 . existe uma influência permanente entre a família e a sociedade: uma influencia a outra. psicologicamente falando, a gente pode entender a família como uma célula base, o primeiro grupo que vai estar mais intimamente ligado ao desenvolvimento do ser humano. O tempo passa e com ele muitas coisas se trans-

formam. A formatação da família e as concepções das mesmas também vão se modificando com o passar dos dias. Atualmente, qual a principal mudança na estrutura familiar? a família era mais ligada às questões do papel do homem, da mulher, que tinham como referências toda formação judaico-cristã, religiosidade, mitos, ao fato de que toda mulher tem um instinto materno. mas, as mudanças são de acordo com a evolução da humanidade. não sei se há uma principal mudança, é uma série de fatores que formam a evolução, muitas vezes baseada na quebra de paradigmas. é uma série de questões culturais, sociais, que acaba influenciando o emocional. Esse novo comportamento da família afeta de alguma forma (positiva ou negativamente) o desenvolvimento das crianças? temos que pensar em como esses vínculos vão moldando o pensamento, o caráter do individuo. ele sempre será afetado, porque sempre vai estar recebendo influência e influenciando. a partir do momento em que uma pessoa pensa em ter filhos, em ter uma família, seja qual for o formato. não é só pensar em ter filhos. Há muitas questões aí por trás. então, sempre vai afetar. agora se positiva ou negativamente, isso é uma questão que as

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“A função de pai e de mãe é sempre essencial, primordial. Por isso que nesses novos modelos de família, a gente pode ver melhor esse comportamento. Já temos algumas respostas, nada em definitivo, mas é importante ter essa função que acaba sendo feita por alguém que vai ser a referência”

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A função maternal começa com a capacidade biológica de gerar um filho ou com a decisão de adotar uma criança. Chama-se de função maternal e/ou paternal todo o cuidado e investimento que os pais devem ter na criação e na formação de uma criança até ela se tornar adulta. Isto é, o cuidado com a alimentação, vestuário, saúde e escolaridade. O cuidado com os filhos é necessário enquanto crianças e adolescentes. Mas, para que sejam pessoas que sabem escolher e que assumem as consequências das próprias decisões, é preciso desde cedo ir aos poucos permitindo que façam escolhas.

ciências humanas vêm estudando, principalmente por ser algo muito novo, no sentido da evolução da humanidade. Nós podemos pensar em seguir ideais como aquele que você teve um bom pai, uma boa mãe e consequentemente vai ser bom ser humano. Assim, isso vai sendo passado de geração em geração. São muitos fatores envolvidos, não só consciente, como inconscientemente. Aí vêm os sociais, culturais, econômicos, políticos, que vão acontecendo, mas que podem ser positivos ou negativos. Ainda estamos descobrindo algumas coisas, conhecendo a realidade. Somos resistentes às mudanças, mas isso vai mudando com a consciência.

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O conceito de família vem se ampliando para abranger as mais diversas formas de núcleos familiares existentes hoje em dia. É nesse contexto, observando que o divórcio vem se tornando algo cada vez mais comum e frequente, que surge o tema da multiparentalidade. A Lei 11.924/2009 já regulamentou a possibilidade de o enteado adotar o patronímico da família do padrasto ou da madrasta, porém a questão da multiparentalidade vai além, e questiona-se se seria possível alguém ter em seu registro civil o nome de duas mães ou de dois pais. Sobre o tema não há consenso doutrinário, sobretudo no que tange à questão sucessória e alimentar, porém grande parte dos doutrinadores modernos é favorável a essa possibilidade, como o professor Flávio Tartuce, que afirma que a multiparentalidade é um caminho sem volta na modernização do direito de família e que representa uma consolidação da afetividade como princípio jurídico em nosso sistema.

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Uma coisa que se observa muito hoje em dia é a inversão de papéis como, por exemplo, a mãe que sai para trabalhar e o pai que fica em casa cuidando dos filhos. Socialmente, situações como essas trazem algum efeito para o comportamento dos filhos? São mudanças que vão acontecendo, são quebras de paradigmas que vão moldando o funcionamento da sociedade. Como consequência, isso muda o indivíduo, que ajuda a moldar a sociedade. Por exemplo, temos a mulher. Historicamente, foilhe dado o papel daquela que acolhe, que cuida, até por uma questão biológica (a mulher tem uma gestação, gera por nove meses uma criança, amamenta, tem um contato íntimo de fato, esse instinto maternal), coube à mulher essa função. Então, quando ela se vê em uma situação em que precisa trabalhar fora, dentro da psicologia, a gente entende isso como o papel de pai, que não está necessariamente atrelada a questão de gênero. Lembro de um trabalho bastante interessante de um grupo de psicólogos, que estudou à questão das crianças da antiga Febem, onde se começou a perceber que aquelas mulheres que trabalhavam lá poderiam ser mães substitutas. Ou seja, aquela instituição poderia estar exercendo uma função maternal 2 positiva para aquelas crianças, para que elas se sentissem pertencentes ao meio, porque é importante para o ser humano ter o sentimento de pertencimento, de ter uma base emocional vinculada a ser acolhido, a ser cuidado. Existe essa dependência biológica e logicamente também a tendên-

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cia de estruturar e desenvolver iniciativas para que essa criança cresça em sua independência, tenha sua própria formação e que essa criança possua a própria família. Oficialmente, no Brasil, já é possível ter dois pais ou duas mães. Já existem decisões judiciais reconhecendo esse novo modelo de família, baseado na multiparentalidade 3 . Na sua opinião, por que há tanta resistência social em conviver, ou mesmo aceitar essa ‘parentalidade socioafetiva’ como um modelo a mais de família? Permanecemos, por um longo período de tempo, nesse padrão burguês de família: pai, mãe, filho e filha, por questões culturais, sociais, religiosas, crenças, enfim. Então, qualquer coisa que saia dessa estrutura assusta, é diferente, a gente não sabe como lidar. Surge então o preconceito, a resistência, o que é até natural. Se a gente for pensar, voltando um pouco à questão anterior, será que esses são mesmo novos modelos? Ou são estruturas que agora podem ter uma expressão mais evidente porque as pessoas estão mais tolerantes? Se você parar para pensar, sempre houve separações, sempre houve conflitos, mas não aceitos socialmente, moralmente. As pessoas eram isoladas. Antigamente, até mulheres que se separavam ou que buscavam a felicidade, o afeto, eram isoladas e até taxadas como prostitutas, por exemplo, mesmo fazendo uma opção por amor. Aos olhos sociais da época, isso era ilegal, imoral. Hoje a gente já tem uma tolerância maior. A mesma coisa explica a questão da mulltiparentalidade, que também engloba a função de pai e a função de mãe. São importantes as funções materna e paterna, independente do gênero. Quando duas mulheres, dois homens adotam, ou um dos dois tem um filho, é comum a gente pensar em como fica a identidade sexual dessa criança, como ela vai diferenciar o sexo. Na prática, o que a gente vem percebendo, o que os especialista vêm observando é que essa função acaba sendo feita por alguém da família, por um irmão, primo, um amigo, na escola. Há toda uma rede social que vai garantir que a criança faça essa diferenciação sexual e tenha essa sua inserção na sociedade como se fosse uma família tradicional.


Casais homoafetivos também costumam adotar filhos. Há casos em que um dos cônjuges tem filhos e estes por sua vez são adotados pelo outro, oficialmente. O que isso pode representar para o futuro adulto? Certamente são relações novas. É difícil lidar com o novo. Você nunca sabe se está acertando ou não. Mas a ideia, dentro da psicologia, é procurar ver naquele indivíduo um ser que você está criando, que está sob seus cuidados. Tem que haver dedicação, tem o custo financeiro, o custo emocional, o custo social, tem a ver com o seu desejo, com o que significa ter um filho, dar o seu nome, ser seu herdeiro, quem é essa pessoa que você está olhando e respeitá-la como tal. Quanto mais próximo da transparência, de acordo com a evolução da criança, até chegar a fase adulta, mas dentro da linguagem que ela entenda, é saudável já ir passando o tipo de relação que ocorre, o tipo de vínculo que está se criando. Agora, desde que dê uma base emocional para que ela compreenda e se sinta querida dentro do grupo social. Antigamente era difícil ser criança de pais separados, havia um estigma, ela era diferente dos outros. Quando se é criança ou adolescente, é importante se sentir pertencente a um grupo igual ao dos outros. Hoje não, já é bem mais comum, já é mais aceito e o custo emocional é menor, porque a sociedade está aceitando. Outro fator que vem deixando de ser tabu é contar logo cedo que o filho teve uma origem na adoção. Vemos também alguns filhos que se traumatizam ao saber tardiamente que foi adotado. Demorar muito a contar que o filho foi adotado pode ser prejudicial para ele? Os profissionais que trabalham com adoção - psicologia jurídica 4 - defendem, há algum tempo, que é importante, desde o início, contar à criança qual é a sua história. Até um certo tempo, adotar era algo muito diferente. Sinto que ainda existe muito preconceito com a adoção, mas é uma prática legalizada. Aquela famosa história de adoção à brasileira, na qual o adotado era filho de alguém da família e passa a ter como “pais” os irmãos, alguém próximo, acabava ajudando para que as coisas ficassem às escondidas, não era bem visto adotar. E, quando mais tarde a pessoa sabia, po-

deria sentir uma quebra de confiança. Nesses casos, é natural que eles queiram conhecer os pais biológicos, porque também é natural querer conhecer a própria história. Se ele foi adotado, ele foi abandonado por alguém. Então, cria-se uma fantasia e vêm os questionamentos: por que eu fui abandonado? O que foi que eu fiz? Como era/ seria a minha história? Quando, desde o início, comenta-se essa história, respeita-se essa história, o filho já vai absorvendo isso e vai se sentindo acolhido pelos pais adotivos. No final das contas, acho que o importante é essa função materna e paterna que ele vai receber, o que vai fazer com que ele se sinta um ser humano inteiro, que pode ser bem sucedido. Na minha prática clínica, observo que vários casos de conflitos vêm de pessoas que tiveram bons pais, boas mães, então a causa dos conflitos nem sempre é a mesma. É válido que, coerentemente, saibamos a forma mais adequada de acompanhar o entendimento da criança, com um uma linguagem que ela possa entender a própria história, que é muito importante, para dar mais segurança para essa criança. Afora os que adotam, têm ainda os que preferem a reprodução assistida e independente, ou seja pais que querem criar os filhos sozinhos e mães com o mesmo objetivo. Dividir a educação das crianças ou ter um “exemplo masculino ou feminino” em casa não é essencial para a formação do indivíduo? A função de pai e de mãe é sempre essencial, primordial. Por isso que nesses novos modelos de família, a gente pode ver melhor esse comportamento. Já temos algumas respostas, nada em definitivo, mas é importante ter essa função que acaba sendo feita por alguém que vai ser a referência: um avô, um tio, um amigo, uma irmã, a própria mãe, uma amiga, a escola, uma professora. Agora por que essas pessoas querem ser pais sozinhas? Vai depender da história dela, do exemplo de pai e de mãe que ela teve. Uma pesquisa aponta que as novas gerações são muito mais críticas, em relação à educação que receberam. Muitas não querem fazer como as gerações passadas fizeram, mas vão lidar com o novo. Porque, na verdade, não sabemos o que vai vir pela frente.

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A psicologia jurídica é uma vertente de estudo da Psicologia, consistente na aplicação dos conhecimentos psicológicos aos assuntos relacionados ao Direito, principalmente quanto à saúde mental, quanto aos estudos sócio-jurídicos dos crimes e quanto à personalidade da Pessoa Natural e seus embates subjetivos. Por esta razão, a Psicologia Forense tem se dividido em outros ramos de estudo, de acordo com as matérias a que se referirem. Ela surgiu como uma demanda das áreas originalmente destinadas às práticas jurídicas. Essa particularidade supõe exigências específicas, que são norteadas pelo Direito. Porém, a entrada da Psicologia no mundo jurídico está procurando encontrar o próprio caminho, já que a ciência tem compromisso com o sujeito.


eu sou reportagens robson meriéverton fotos lucas gomes 1

À primeira vista, o jovem Heitor Alves é uma pessoa bastante tímida. Porém, é no palco que o estudante de administração se sente em casa e transparece toda sua versatilidade. Para ele, a música é vista como algo essencial na vida de um ser humano. Na banda La Cambada, além dos vocais, Heitor ainda toca violão, guitarra e gaita, além de demonstrar bastante intimidade com as composições.

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Versatilidade. Do curso de administração Heitor Alves buscou inspiração para alavancar e solidificar a carreira de músico na ‘La Cambada’ Ao invés de escolher entre a administração e a música, o jovem Heitor Alves 1 , 23 anos, resolveu juntar os dois mundos em prol de uma ideia única: o crescimento pessoal e profissional. Enquanto cursa o 8º período de Administração na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ele segue a vocação musical, como vocalista da banda La Cambada. “O que aprendo na faculdade aplico na administração da banda. Entendo a nossa carreira musical como um produto que precisa crescer e render lucro”, afirma Heitor. O envolvimento com a carreira musical começou desde a infância. Os primeiros passos foram dados com a criação de uma banda na escola. “Na época, tinha 16 anos. Ensaiávamos na calçada da minha casa, com dois violões e um balde”. Mesmo sendo filho de um pai músico, a vida entre os acordes e canções estava longe de ser preferência dos pais para o futuro. “Aprendi a tocar violão com o meu tio. Meus pais sempre tiveram medo que eu me decepcionasse com a música”, diz o jovem. A cobrança quanto à formação educacional era uma constante. Na escolha do curso, Engenharia Florestal era a sua primeira opção. Desaprovado pela mãe, Heitor usou outro método para nortear seu futuro acadêmico. Com um dado na mão e a sorte jogando a seu favor, ele ficou com a administração. “Tinha de escolher entre os cursos públicos oferecidos por aqui. Como nenhum deles era mesmo minha vontade, usei a sorte para escolher”. As tentativas frustradas dos pais para que Heitor tirasse a música da cabeça não surtiram efeito. Tanto que o jovem se juntou com outros amigos para formar outra banda: a La Cambada. Com a dedicação e envolvimento dos integrantes, a ideia começou a ganhar força, tanto que foram surgindo os primeiros trabalhos. “Em pouco tempo de estrada, ganhamos cachê maior do que todos já fechado por meu pai. Isso funcionou como um incentivo para seguirmos em frente e, mais que isso, para provar a meus pais que a música tem futuro”. Recentemente, a banda La Cambada participou de um festival musical na cidade do Recife, ficando classificada entre as três melhores. “É aí onde entra um pouco dos meus conhecimentos na administração. Uso os conhecimentos que adquiro na academia pensando no futuro da banda. Trata cada música como um novo produto que precisa de divulgação e de ser conhecido pelo público”. Como se ainda não bastasse, o polivalente Heitor Alves ainda toca gaita, guitarra e ainda está desenvolvendo projeto solo, também no âmbito musical.



deu/não deu texto diego gondim

esse é um espaço para que os leitores e especialiistas discutam os fatos bacanas, polêmicos ou esdrúxulos que caíram na boca do povo e os que passaram batido na imprensa

Deu. Depois da repercussão negativa causada pela

decisão da Justiça de censurar jornais de Pernambuco , o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Guilherme Uchoa, retirou ação junto ao Tribunal de Justiça do Estado (TJPE). O político pediu que os veículos fossem impedidos de citar o nome dele e da filha, Giovana Uchoa, sobre um processo de adoção de uma criança, caracterizando suposto esquema de tráfico de influência. 1

“A censura à Imprensa é sempre uma manobra espúria de governantes, que não admitem a divulgação de suas transgressões e, para aqueles que infringirem as leis, no exercício de sua profissão. Temos mecanismos legais que devem ser utilizados em desfavor de quem infringir. Portanto, Imprensa livre sempre!” Lucimary Passos

bretudo em um Estado Democrático. Proibir a difusão da informação não é um dos meios mais saudáveis para “orientar” uma população. As notícias surgem e devem ser acompanhadas e interpretadas por todos, em seus diversos aspectos. A Imprensa tem mecanismos que asseguram esse conceito e assim o deve fazer.” Darlan Melo

“Além de ferir a Constituição Federal, que é clara ao afirmar que “nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação (§ 1º do art. 220)”, a Censura à Imprensa fere ainda os valores morais para o convívio de uma sociedade democrática.” João César Xavier

*** “Não concordo. Ainda acho alguns profissionais despreparados para fazer uso de arma de fogo. A decisão é precipitada, pois dependendo da forma como a situação se desenvolva, em vez de oferecer segurança pode colocar em risco a população. Vários fatores precisam ser discutidos antes que esses profissionais façam uso desses equipamentos e a população precisa opinar e decidir junto ao Legislativo. Precisamos analisar se esses profissionais

“O compromisso com a informação ultrapassa muitas barreiras. Todos têm direito a se comunicar, so-


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Não deu. O vereador Gilberto de Dora sugeriu,

em sessão na Câmara de Vereadores de Caruaru, que os guardas municipais passem a trabalhar armados . Porém, ele acredita que esta é uma decisão que deve ser tomada em conjunto com o Poder Executivo, autoridades competentes, sociedade civil e os próprios guardas municipais. Atualmente, Caruaru possui 43 guardas municipais e alguns acreditam que a medida ajudaria na segurança pública. 2

seriam treinados?Como seria essa capacitação? Enfim, não é algo que se defina de uma hora para outra, é preciso muita cautela na análise dessa situação.” Alline Mirelly “Não sou a favor. Não creio que os guardas municipais aqui da cidade tenham condições de andar armados pela falta de preparo dos mesmos. Pelo que observamos nas ruas, eles são totalmente Alline Mirelly despreparados em diversos aspectos. Creio que a solução para a segurança, nesse caso, deveria utilizar outros aspectos, que surtam efeitos mais consistentes. A arma dá um ‘poder’ muito grande ao

ser humano e nem todos sabem lidar com isso. Se eles querem só uma proteção, por que não uma arma de choque?” Alyne Oliveira “Muitas alternativas vêm para melhorar e garantir o bem-estar do cidadão em todo o país e também para os que moram em Caruaru. Eu sou a favor, pois ser um guarda municipal não deixa de ser uma profissão de risco. Eles precisam ter algo em prol do trabalho que fazem, pois hoje em dia o cidadão de bem não pode andar armado e fica refém nas mãos dos bandidos.” Alessandra de Gois

“Esses profissionais seriam treinados?Como seria essa capacitação? Enfim, não é algo que se defina de uma hora para outra”

O caso repercutiu em todo o país e diversos órgãos prestaram solidariedade aos meios de comunicação censurados pela decisão do juiz Sebastião de Siqueira Sousa, entre eles Jornal do Commercio, Diario de Pernambuco e TV Clube. Guilherme Uchoa disse que enfrentava um momento familiar difícil e que o advogado, sem consultá-lo, entrou com a ação. O deputado também lamentou ter a imagem atrelada a um caso de adoção de criança, “indevidamente”. 2

A ideia seria baseada em uma Lei Federal do Estatuto do Desarmamento, que prevê o uso de armas por guardas em cidades com mais de 50 mil habitantes. Para a Autarquia Municipal de Defesa Social, Trânsito e Transporte (Destra), a Guarda Municipal foi instituída para trazer mais proteção para a cidade e há intenções para o uso de equipamento de choque.


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“O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.” Fernando Pessoa

ora do ar


comigo foi assim reportagem diego gondim foto lucas gomes

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Singular. Nascido em 1962, Silvério Pessoa sentiu na música uma forma diferente de ver o mundo. tanto que já passou por muitos países mostrando muita musicalidade a cidade natal é carpina, na zona da mata norte de pernambuco. a musicalidade é eclética: rock, hip-hop, punk e intervenções eletrônicas. essas são algumas sonoridades absorvidas pelas tradições e refletidas em trabalhos que se misturam ao gosto de muitos. “não houve uma substituição de gênero, de ideia, de temática de filosofia. Houve uma ampliação no meu objetivo que é trabalhar o diálogo entre a tradição, a cultura do povo e a música universal. Hoje percebo que meu trabalho é mais híbrido, empolga mais. está mais para uma música brasileira, do que para uma música regional”, defende o músico silvério pessoa. sua carreira começou na banda elfos, mas ganhou projeção nacional com o cascabulho em 1994, com a qual fez turnês pelo canadá, estados unidos e alemanha. nesse tempo, silvério gravou quase uma dezena de cds e dvds, bem recebidos pelo público e crítica no Brasil e exterior, contando com inspiração no legado de grandes artistas como Jacinto silva e Jackson do pandeiro, e participação de tantos outros, a exemplo de dominguinhos, lenine, alceu valença, siba, lula Queiroga, zé vicente da paraíba e ivanildo vila nova. de tanto correr atrás, seus álbuns já ganharam citações em artigos e publicações especializadas da europa, bem como recebeu grandes prêmios de reconhecimento no âmbito musical. seus trabalhos também já receberam nota máxima pela folha de s.paulo, revista veja e rolling stones argentina. “uma carreira artística se caracteriza por desafios, por ambição no sentido de buscar, desenvolver, ampliar, de progredir, evoluir”, afirma silvério. adverso à decisão de outros artistas em deixar a sua terra, silvério fala sobre o orgulho de morar em pernambuco. “diria que tem muita coisa para fazer ainda por aqui. Queria muito explorar os espaços do sertão, agreste... circular por aqui”. durante a trajetória, o pernambucano não se recusou a levar a arte para os quatro cantos do país. e é essa a mensagem que ele deixa, parafraseando uma ideia de chico science que dizia ‘faça o que você é que dá certo’. “no caminho pode ter mudanças determinantes, efetivas, muito difíceis. faça o que for: seja feliz. esse é o grande segredo”, finaliza.


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“Há uma diferença entre ter arrependimentos e questionar decisões que você tomou e valores que defendeu. Arrependimento é em relação a algo que você gostaria de anular, que você gostaria que nunca tivesse acontecido. Já questionar decisões passadas e valores que você um dia adotou é um ato de reflexão – de reavaliar o que importa na vida e dizer para si mesmo: Muito bem, talvez aquele não tenha sido o melhor caminho, mas eu vou aprender com a experiência.” Madonna

ser, ter e


escolher


cult

mestre dila

Nascido em 23 de setembro de 1937, no sítio Pirauá, Sertão de Orobó, Paraíba, Dila é reverenciado pela importância da sua arte. Mesmo dono de um grande legado, a simplicidade faz parte do seu dia a dia, o que vai de encontro com a forma de levar a vida até hoje

Paraibano de nascimento, porém, pernambucano e, acima de tudo, caruaruense de coração, o senhor José Soares da Silva tem uma rica história dentro da cultura popular nordestina. Identificado pelo nome de batismo, pode passar despercebido aos ouvidos de muita gente. Mas, quando se fala do mestre Dila e todo o seu legado, o reconhecimento brota de todas as partes. Nas feiras livres do interior nordestino, Dila teve o primeiro contato com a literatura de cordel 1 . Mais tarde, de forma autoditada conheceu a técnica da xilogravura, e apaixonou-se. Entre os estados do Ceará, Paraiba, Pernambuco e Alagoas, começou a garimpar reconhecimento. Hoje, aos 76 anos, a arte de talhar histórias em pedaços de madeira ainda é o seu ganha pão. E pensar que tudo começou quando era criança. De família numerosa, o sustento dos nove irmãos, incluindo o próprio Dila, vinha da agricultura, nas plantações de milho, feijão, algodão e pastoreando o gado. “Meus pais sempre trabalharam com a enxada para nos dar de comer”, reafirma. Ainda na década de 1940, Dila criou seus primeiros cordéis. A inspiração para as histórias e rimas impressas nos folhetos vinha de personagens do próprio convívio, além de outros da cultura nordestina. “Fazia folhetos com personagens daqui. Lampião era um deles. Também tinha o Diabo e Padre Cícero”, lembra Dila. Com o passar dos anos, a arte começou a sobressair diante da lida com a enxada e as ferramentas de preparação do roçado. “Com meus folhetos debaixo do braço, saía para vendêlos entre as feiras da região”. Nesse contato, Dila conheceu muitos poetas e artistas populares. Na adolescência, por volta do ano de 1952, não houve feira na redondeza que o cordelista não visitasse. Inclusive, foi em uma dessas vindas a Caruaru que Dila ficou e não mais voltou. “Costumava frequentar a feira de Caruaru há mais tempo, mas,

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A Literatura de Cordel é um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos. O nome tem origem na forma como tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes. 2

José Francisco Borges, mais conhecido como J. Borges é um dos mestres do cordel, um dos artistas folclóricos mais celebrados da América Latina e o xilogravurista brasileiro mais reconhecido no mundo. A divulgação do seu trabalho como gravurista iniciou-se em 1972. Suas gravuras ilustram livros publicados no Brasil, na França, em Portugal, na Suíça e nos Estados Unidos. Hoje, J. Borges continua trabalhando com seus filhos no seu atelier em Bezerros, onde máquinas tipográficas dividem espaço com centenas de matrizes, gravuras e folhetos de cordel.

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nesse ano, fui convidado para fazer um trabalho. E que trabalho foi esse que não voltei mais. Resolvi ficar por aqui de uma vez por todas”, justificou Dila. Instalado na cidade, trabalhou em jornais locais, onde imprimia seus cordéis. Compôs uma página montada na madeira, no Jornal Agreste, onde fazia carimbo e xilogravura. Também já imprimiu sua arte em outros veículos de comunicação tradicionais na cidade, como o jornal A Defesa e no hoje octogenário, Jornal Vanguarda. No seu itinerário, empreendeu atividades artísticas diversas, como escrever, publicar e ilustrar folhetos, entalhando, desde madeira a pedaços de borracha vulcanizada. Na época, suas gravuras ilustraram rótulos de cachaça, livros, remédios, entre muitos outros produtos. Os contatos de Dila se estendiam além da sua rica obra. Parceiros e amigos também frequentavam a mesma roda de conversa, a exemplo do amigo Lídio Cavalcanti. Este deu uma impulsionada considerável na vida de Dila, convidando-o para participar de um programa na Rádio Liberdade. “Lá eu lia folhetos de cordel. Uns de minha autoria, outros de amigos”, conta. A influência de Dila era tão grande que chegou a inspirar o nascimento de outros artistas. Um deles é o conceituado xilogravurista J.Borges 2 . “Na época era uma pessoa que frequentava muito a minha casa. Interessava-se bastante pelos meus trabalhos”, conta Dila. Apesar da semelhança entre os talentos, no mundo das artes há espaço para todos. “Nunca tivemos desavenças. Sempre fomos muitos amigos. Quando não era ele que vinha a minha casa, era eu quem passava na casa dele”. Utilizando a casca de cajá ou umburana com uma pitada de imaginação, Dila já produziu milhares de xilogravuras em mais de 50 anos de carreira. Até pouco tempo, o mestre xilogravurista possuía sua própria tipografia, a Folheto São José, que funcionou durante muitos anos em sua residência, no Bairro de Nossa Senhora das Dores, em Caruaru. Em maio de 2002, Dila foi contemplado com o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. “Sintome honrado com esse reconhecimento em vida. É um presente para qualquer artista”, ressalta o homem de poucas palavras. Em 2007, ganhou uma biografia intitulada Xilogravura do Mestre Dila: Uma visão poética do Nordeste, organizada pelo pesquisador Hérlon Cavalcanti. O xilogravurista também já foi homenageado na maior festa popular da cidade: o São João de Caruaru no ano de 2009. Ano passado, a saúde de Dila pregou-lhe uma peça. Às pressas, o artista foi encaminhado à emergência de um hospital da cidade com suspeita de ter sido acometido de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Porém, logo se recuperou e voltou para casa.


Filho de José Ferreira da Silva e Josefa Maria da Conceição, Dila diz que o nome que o identifica até hoje surgiu ainda na infância. “Como eram muitos filhos, cada um tinha um apelido. O meu era Dila. E assim fiquei conhecido até hoje”, conta o mestre xilogravurista. Mesmo com o espaço de honra na galeria dos mestres, Dila não perdeu a simplicidade, muito menos a timidez que lhe é peculiar. Porém, é munido dos seus instrumentos que o artista sente-se à vontade.

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Sofisticação. Considerado um dos veículos mais cobiçados da atualidade, o HB20 da Hyundai é uma verdadeira máquina. O conforto e o design são os diferenciais do carro Objeto de consumo

Feito para os brasileiros, com um design marcante da Hyundai e itens de série que agradam a todos, o HB20 é um dos veículos mais cobiçados da atualidade. Um ano depois de lançado, esse é o primeiro popular da Hyundai fabricado no Brasil. O exterior do carro é uma combinação sem igual de sofisticação, esportividade e fluidez. A visão frontal tem faróis alongados e para-choque marcante. Já a lateral é volumosa, com vincos demarcados e linha de cintura mais alta, reforçando o dinamismo do modelo. Mesmo durante o dia, o exclusivo painel Hyundai Supervion Cluster é sofisticado e esportivo. Fornece leitura clara e direta de cada informação no painel de instrumentos, acionado automaticamente ao girar a chave. Revestido em couro, o volante do HB20 oferece ótima aderência ao toque e ergonomia, devido aos ajustes de altura e profundidade. A traseira possui um design único e inovador. O acabamento em preto da Coluna B realça o visual da lateral com modernidade e esportividade e já vem equipado de série. Nas opções, máscara negra e prateada, o farol com escultura fluida oferece sofisticação e esportividade sem igual até hoje em carros da categoria. As lanternas traseiras também possuem um formato especialmente bem desenhado, resultando em uma personalidade única e exclusiva.

“O HB20 tem um designer diferenciado, o que atrai o cliente. Além disso, o carro é confortável, conta com um bom espaço interno e proporciona uma boa visão ao motorista. Os veículos Hyundai têm linhas e desenhos diferentes. Eles seguem um padrão de diferenciação, onde primam visual do carro e nada agrada mais o público do que o visual. Muitas pessoas quando vão adquirir um automóvel pensam no conforto que ele oferecerá. Entretanto, a beleza também é um dos primeiros itens observados. A montadora acertou nisso.” Marcelo Santos “Para mim o espaço, conforto, versatilidade, economia, entre outras tantas características, são pontos que podem definir o desejo de possuir um HB20. Vejo que o carro ganha fácil quando o assunto ou característica mencionada é o design arrojado, com detalhes que sempre remetem ao modelo, produzido no país. Sem falar que o veículo é um charme à parte. O painel de controle central facilita o acesso a todos os componentes e a maciez em controlar essa máquina impulsiona qualquer um a meter a mão no bolso e ser feliz.” Ayslan Melo


Entre comemorações, ações didáticas e empenho no ensino, os alunos dão show de engajamento 1 Com o tema “Juventude, construindo saberes numa cultura de paz”, cerca de 10 mil pessoas, entre alunos das redes municipal, estadual e particular de ensino, além da comunidade e representantes de entidades, participaram do desfile cívico, alusivo ao Dia da Independência em Caruaru. O evento atraiu muitas pessoas para as ruas, que puderam conferir de perto a performance dos desfiles e bandas mar-

ciais que integraram a parada. 2 O Colégio Alternativo comemorou 30 anos com grande festa. O momento contou com a presença de vários políticos de influência no Estado, professores, pais, alunos e a direção do próprio colégio. 3 O Colégio Antenor Simões comemorou a Semana Nacional do Trânsito de maneira bem didática. Alunos de todas as séries participaram de ação pedagógica com arte-educadores

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da Destra. O evento focou a conscientização, educação e cumprimento das leis de trânsito. 4 O Colégio Diocesano desenvolve um projeto de robótica entre os alunos do 4º ao 7º ano do Ensino Fundamental. A prática tem um objetivo didático, incentivando os alunos a conhecer um pouco mais sobre o funcionamento das coisas, além de servir como incentivo para que, no futuro, eles possam se aprofundar na área. Vale lembrar que a robótica desenvolve a capacidade de raciocínio lógico e de solução de problemas. 5 O estudante Davi Cavalcanti Sena, de apenas 13 anos, que cursa o 8º ano do Ensino Fundamental II no Colégio Diocesano, foi o único pernambucano a conquistar medalha na Olimpíada Internacional de Matemática.

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campanha

Desligue a TV e vá ler um livro. Nós que trabalhamos na Olha! indicamos quatro livros para você parar o tempo à sua volta e se entregar aos prazeres da leitura Peça-me o que quiser Megan Maxwell (Suma de Letras)

Gustavo Cerbasi (Gente) Com tempero latino e uma abordagem excitante, a autora conta a história da secretária espanhola Judith Flores e seu chefe, o alemão Eric Zimmerman, também conhecido como Iceman. Recém-chegado ao comando da empresa Müller, antes dirigida por seu pai, Eric tem uma atração instantânea pelo jeito divertido de Judith e exigirá que ela o acompanhe nas viagens de trabalho pela Espanha. Mesmo sabendo que está se metendo numa situação arriscada, a ideia de estar ao lado de Iceman é irresistível. Com ele, a jovem viverá experiências sexuais até então inimagináveis, em um universo de fantasias eróticas pouco convencionais. Conciliando sexo e romantismo na medida exata, “Peça-me o que quiser” é uma história de amor cheia de encontros e desencontros, na qual os jogos eróticos, o voyeurismo e o desejo de ultrapassar todos os limites do prazer são os grandes protagonistas.

O jeito Zuckerberg de fazer negócios Ekaterina Walter (Saraiva)

O sucesso do Facebook traz indispensáveis lições para turbinar sua carreira e seus negócios. A criação de Mark Zuckerberg mudou a maneira como o mundo se comunica, se engaja e consome a informação. Mas o que Zuck fez para conseguir a ascensão meteórica do Facebook? A resposta está neste livro que apresenta os 5 P’s (paixão, propósito, pessoas, produto e parcerias) do sucesso do Facebook aplicáveis em qualquer empresa ou negócio.

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Casais inteligentes enriquecem juntos finanças para casais Um dos maiores detonadores de brigas entre o casal são as dificuldades financeiras. Faltou dinheiro para pagar as contas? A culpa recai sobre o parceiro esbanjador, que não quer nem saber se havia saldo no banco na hora de fazer alguma compra. Sobrou dinheiro no fim do mês? Em vez de comemorar, o casal pode arranjar mais um motivo de discussão sobre como investir ou gastar aquela quantia. Para Gustavo Cerbasi, a causa desses desentendimentos é a falta de conversa sobre dinheiro entre o casal. Em geral, só se fala sobre o assunto quando a bomba já estourou. Tem jeito? Sim, é possível mudar se houver vontade e compromisso do casal, seja qual for seu orçamento. Com sugestões para casais em qualquer fase do relacionamento, dos namorados aos casais com filhos adultos, este livro mostra diferentes estratégias para formar uma parceria inteligente, ao longo da vida, na administração das finanças da família.

O príncipe da privataria Plamério Dória (Geração Editorial)

Uma grande reportagem, 400 páginas, 36 capítulos, 20 anos de apuração, um repórter da velha guarda, um personagem central recheado de contradições, poderoso, ex-presidente da República, um furo jornalístico, os bastidores da imprensa, eis o conteúdo principal da mais nova polêmica do mercado editorial brasileiro: “O Príncipe da Privataria” – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição.


Este espaço é todo seu: pode reclamar, dar dica, mandar opinião, bater boca ou também pode dar os parabéns, que é bom e a gente gosta! “Apesar de ser um tema discutido há muito tempo, nunca é demais lembrar o perigo e o mal que as drogas trazem para a sociedade. Trabalho com jovens e vejo que, infelizmente, essa parcela da população é impiedosamente afetada pelo perigo e as consequências negativas que os entorpecentes carregam. Ler conteúdos esclarecedores como os trazidos pela Olha! sobre o tema é enriquecedor para todos nós, que podemos debater e combater esses malefícios com mais argumentos e orientados por uma matéria compromissada com alimentar as consciências com informação de qualidade.” Nestor Cavalcanti “Para todos que acompanham a Revista Olha!, quero dizer que sou jovem e gostei muito da matéria que fala sobre o Jovem Aprendiz. Quando a li, vi que as oportunidades estão mais próximas do que imaginamos e distribuídas em centenas de lugares. Faço Ensino Médio e me interessei muito pelo programa, depois da reportagem da revista. Nunca pensei que poderia ter a minha vida contagiada por uma matéria e a Olha! fez isso. Parabéns a todos e obrigada por nos incentivar a procurar o melhor.” Amanda Kelly “Ficar ligado no que acontece nos colégios e nas faculdades é o que chama a minha atenção. Particularmente, acompanho o Se Liga, que traz informações interessantes com essas características. As dicas de leitura também são muito interessantes. Sou apaixonado por livros e sempre dou uma olhadinha nas su-

gestões dadas pela revista. Muitos dizem não ter o hábito de ler. Digo que, ao passar as páginas de uma Olha!, incentivo não falta. Ótima campanha apoiar o costume de mais leitores.” Heitor Bezerra “Todo mês tenho uma surpresa agradável ao ver essa publicação, produzida na cidade de Caruaru. A cada edição, vejo que a qualidade da Olha! só aumenta tanto em conteúdo informativo, quanto em impressão. O papel está melhor e a qualidade do acabamento superior. É uma revista que certamente está entre as melhores feitas no Estado, com profissionalismo e respeito ao leitor, que tem acesso a reportagens que valorizam a terra, que ressaltam o que Caruaru e região têm para mostrar, sem esquecer o compromisso com a verdade dos fatos, elemento essencial para o bom Jornalismo.” Francisco Chagas “Desde o ano passado, observo a evolução da Olha! Porém, o compromisso continua o mesmo: nos brindar com matérias que enriquecem o nosso vocabulário e nos traz informações que levaremos para sempre. O importante é saber que esse meio de comunicação perpassa as edições procurando temáticas atuais que atingem toda a família, desde o avô até o neto. Tem reportagem para todos. Tudo muito bem ilustrado e disposto de uma forma que não nos faz perder o gosto por ela. Pelo contrário: prende a nossa atenção do começo ao fim, com páginas carregadas de informação.” Antônio Paulo de Melo

www.revistaolha.com.br jornalismo@revistaolha.com.br atendimento ao leitor: (81) 3101-2950 Diretor executivo obede Gueiros neto Departamento comercial Fauzia Emannuelly Editor Robson Meriéverton Jornalista Visual (Projeto Gráfico) Sandemberg Pontes Reportagens Robson Meriéverton e Diego Gondim Fotografia Lucas Gomes Edição de Imagem Lúcio Moreira Revisão Chalice Pinheiro Publicidade para anunciar na Olha!, ligue: (81) 3101.2950 Permissões da Olha! para usar selos, logos e citar qualquer avaliação da revista, envie um e-mail para a redação jornalismo@revistaolha.com. br. Nenhum material pode ser reproduzido sem autorização por escrito. Saiba que os artigos assinados pelos colaboradores da Olha! não expressam necessariamente a opinião da revista. A Olha! não se responsabiliza pelo conteúdo dos textos de colunas e anúncios. É permitida a reprodução das matérias publicadas pela revista, desde que citada a fonte. Olha!, número 9, ano 0, edição 9, é uma publicação mensal, com distribuição comercializada nas principais instituições de ensino públicas e privadas, assim como nas escolas municipais, estaduais e particulares de Caruaru, por R$ 4,90. Impressão MXM Gráfica. Tiragem 5 mil exemplares. Sede Rua do Norte, 48, 2º andar, sala 201, Centro, Caruaru, Pernambuco, tel. (81) 9544.1794, de segunda a sexta, das 8h às 18h. Contato Comercial Ailton Lima, tel. (81) 9544.1794, das 8 às 18h, de segunda a sexta, comercial@revistaolha.com.br

boca no mundo

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“Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes. Mas você tá vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho.” Cazuza

fim




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