EDIÇÃO 216 • ANO 44 • MARÇO/ABRIL 2016
FECHAMENTO AUTORIZADO - Pode ser aberto pela E.C.T.
REVISTA
ReunidasCastilho 80 anos de seleção no sindi
Entrevista
Luiz Claudio Paranhos fala sobre as novidades da 82ª ExpoZebu
Gir Leiteiro
ABCGIL apresenta Sumário de Touros em maio
Sindi
Dia de Campo Reunidas Castilho resgata história do Sindi
Indubrasil
Do Semiárido nordestino aos Pampas gaúchos para o mundo
2
O ZEBU
O ZEBU
3
4
O ZEBU
O ZEBU
5
O ZEBU
Editorial Já são 82 anos do maior encontro de criadores de raças zebuínas no Brasil e no mundo: a ExpoZebu que ganha, este ano, alguns reforços e novas modalidades de julgamento como o “Zebu a Campo”. Pesquisas, estudos, programas de melhoramento genético, avanços da genética zebuína, em busca do aumento da produção sustentável da carne e do leite, serão colocados à prova entre os dias 30 de abril e 6 de maio, onde os holofotes estarão voltados para o Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), palco das principais disputas de julgamentos, onde serão escolhidos os melhores exemplares de cada raça de 2016. A segunda edição do ano da Revista O Zebu no Brasil traz uma matéria sobre as novidades esperadas para a feira. Na Entrevista, o presidente da ABCZ, Luiz Claudio Paranhos falou sobre as expectativas para a ExpoZebu e apresentou uma prévia sobre o balanço da sua gestão à frente da entidade, da qual se despede este ano. A dedicação da nossa equipe, a cada edição, fortalece o trabalho em prol da divulgação das raças zebuínas e do agronegócio em todo o país. Nesses últimos dois meses, acompanhamos vários eventos entre esses o Dia de Campo da Reunidas Castilho, do criador Adaldio Castilho, capa desta edição da Zebu no Brasil. O evento faz parte das comemorações por oito décadas de um intenso trabalho que a consolida entre as principais divulgadoras de uma das raças mais antigas do mundo: o Sindi. Temos ainda artigos técnicos, alguns trabalhos desenvolvidos nos principais criatórios do país e muito mais!
Foto: JM Matos 6
Uma boa leitura e até a próxima edição! Equipe Revista o Zebu no Brasil
O ZEBU
O ZEBU
7
O ZEBU Índice
REVISTA
22 40
8
O ZEBU
16
Entrevista
22
Agéo Agropecuária
28
Expoinel Minas
30
Circuito Geneplus Embrapa
34
Rally da Pecuária
40
Guzerá Makady
44
Guzolando na ExpoZebu
50
Fazenda Córrego Frio
56
Sumário de Touros
58
Megaleite 2016
62
Brahman cresce no Norte e Nordeste
68
Zebu a Campo
72
Vitrine da Carne
76
Crescimento do Tabapuã
80
Sindi Castilho
82
Nacional do Sindi
86
Indubrasil para o mundo
92
Manejo de equinos
56
86
100
ABCCC: Bem estar animal
104
Crioulo no Parque Fernando Costa
110
Senepol EGB
114
Boi vermelho chegou para ficar
118
Diretoria Arnaldo Manoel
124
Estreias ExpoZebu
128
Índia: origens do Zebu
132
Diretoria Fred Mendes
136
Reprodução em Foco O ZEBU
9
10 O ZEBU
O ZEBU 11
12 O ZEBU
O ZEBU 13
O ZEBU Expediente
REVISTA
www.ozebunobrasil.com.br Fundador: Adib Miguel (1946-2013) O Zebu no Brasil é uma marca registrada sob o nº 815672454, junto INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) Diretora Geral Anna Keila Miguel Matos ozebunobrasil@ozebunobrasil.com.br Diretor de Fotografia José Maria de Matos Filho josemaria@ozebunobrasil.com.br Equipe de Jornalismo Sabrina Alves MTB 11197/MG salves.jornalista@gmail.com Thassiana Macedo MTB 14763/MG jornalismo@ozebunobrasil.com.br Departamento Comercial Pamela Ramalho (34) 9 99426309 pamela@ozebunobrasil.com.br Robert Carvalho (34) 9 98177972 robert@ozebunobrasil.com.br Direção de Arte Augusto Neto augustoneto93@gmail.com Revisão de texto Monica Cussi Departamento Jurídico Demick Ferreira OAB/MG – 105407
Nossa capa: A edição 216 da Revista O Zebu no Brasil traz estampada o rebanho do criador de Sindi Adaldio Castilho, proprietário da Reunidas Castilhos, localizada em Novo Horizonte, interior de São Paulo, que completa este ano 80 anos de seleção. Creditos: JM Matos
14 O ZEBU
Foto: Eduardo Maluf
Publicação periódica de José Maria de Matos Filho ME CNPJ : 86.553.070/0001-92 Redação, Publicidade e Administração: Rua Engenheiro Gomide, nº 222 - Bairro Boa Vista - Uberaba/MG - CEP 38017-160 / Reclamações e sugestões: ozebunobrasil@ozebunobrasil.com.br (34) 3336-6300
O ZEBU Panorama
“Os dados provam o que afirmamos desde que estourou a crise econômica no nosso país: nosso setor é forte, e é o que mantém o Brasil firme, e não permite que o drama brasileiro se intensifique ainda mais”. Ricardo Laughton, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros e vice-presidente da FAEMG
“O horizonte de demanda crescente cria para a agropecuária brasileira uma condição favorável. O Brasil pode ampliar sua produção em 40%”. Ex-Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Roberto Rodrigues, em palestra no Show Safra BR 163.
“Antes de embarcar em alguma aventura tecnológica é importante avaliar se a fazenda tem recursos (especialmente humanos) para absorver a tecnologia a ser adquirida”. Sérgio Raposo de Medeiros, engenheiro agrônomo (Embrapa Gado de Corte)
“(...) a restauração florestal é uma ferramenta eficaz para neutralização do carbono na atmosfera. Também não poderíamos nos esquecer da crise hídrica que ainda vivenciamos, já que as florestas exercerem papel crucial no ciclo hidrológico”. Mario Mantovani e Rafael Bitante Fernandes, diretores de Políticas Públicas e gerente de Restauração Florestal da Fundação SOS Mata Atlântica
O ZEBU 15
O ZEBU Entrevista
Luiz Claudio Paranhos “O Zebu é forte e o futuro da nossa pecuária está fadado ao sucesso”
A ABCZ tem o importante papel de acompanhar e levar aos criadores as melhores alternativas e orientações para o aumento contínuo da produção de carne e de leite no país. O Brasil é o segundo maior exportador de carne do mundo e está entre os cinco principais produtores de leite e, por isso, a entidade tem uma forte parcela nesse crescimento. Mesmo em meio a uma turbulenta disputa política, o que atinge diretamente a economia nacional, 2016 está sendo considerado um ano importante para a pecuária que se consolida como um dos segmentos mais estáveis do país. O entrevistado desta edição da Revista O Zebu no Brasil é o presidente da ABCZ, Luiz Claudio Paranhos, que falou sobre o ano para a pecuária, as novidades da 82ª edição da ExpoZebu e o balanço do mandato que encerra este ano.
Por Sabrina Alves • Fotos: Francis Prado/ABCZ
Revista O Zebu no Brasil - Um dos principais focos da ABCZ é o fortalecimento do PMGZ, como tem se dado esse processo? Luiz Claudio Paranhos - O PMGZ é institucional e, por isso, tem uma construção e uma administração coletiva e que representa todo um segmento da pecuária seletiva. O PMGZ trabalha com todas as raças zebuínas, sendo que o aprendizado e as experiências de criadores da raça Nelore, por exemplo, servem de 16 O ZEBU
A ExpoZebu sempre foi um espaço para a inovação e para a reflexão positiva sobre o futuro das raças zebuínas” referenciais para a Tabapuã ou para a Brahman. O recíproco é verdadeiro. O conceito de seleção também é uma
característica muito forte. É claro para todo o grupo que não se faz seleção somente com números. Conduzi-la dessa forma pode levar a distorções e perdas de eficiência. Isso se dá pelo fato de que não conseguimos medir com instrumentos todos os aspectos importantes da produção animal. Para conseguir isso, é preciso usar o talento humano, traduzido, no caso do PMGZ, na expertise acumulada em quase um século de
trabalhos sistemáticos de técnicos e criadores. Um ponto muito positivo e que deve ser destacado é o da internalização do PMGZ no âmbito técnico da ABCZ. Isso trouxe agilidade no retorno das informações aos criadores participantes e a possibilidade de inclusão de novas características, que são discutidas democraticamente com um conselho de criadores e técnicos. Temos hoje os melhores técnicos a serviço do programa, bem como um grupo de melhoristas que consideramos ser um dos melhores do mundo. A equipe interna tem Superintendente do Serviço de Registro Genealógico das Raças Zebuínas (SRGRZ) da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) Luiz Antonio Josahkian, Henrique Torres Ventura, Superintendente Técnico Adjunto de Melhoramento Genético, Mariana Alencar Pereira, pesquisadora e Edson Vinícius Costa, analista. O conselho de consultores externos é composto pelos professores José Aurélio Garcia Bergmann, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Fabyano Fonseca e Silva, da Universidade Federal de Viçosa, e pelo pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Fernando Flores Cardoso. Temos ainda várias colaborações pontuais de outros excelentes profissionais da área de melhoramento genético, que sempre que solicitados nos ajudam. Revista O Zebu no Brasil – Em entrevista concedida em 2014, você disse que apenas 10% dos pecuaristas brasileiros utilizavam o melhoramento genético como
ferramenta diária. Como está esse número hoje? E qual a perspectiva de crescimento (ou não) para os próximos anos? Luiz Claudio Paranhos - Esses 10% são os pecuaristas que estão no patamar da atividade seletiva, dos que criam, registram animais no banco zootécnico do Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) e trabalham para atender o mercado de genética nacional e internacional. Uma parte deles também se dedica ao trabalho na pecuária comercial, produzindo gado de corte ou leite. Agora, no âmbito exclusivo da pecuária comercial, existem milhares depropriedades rurais – de todos os tamanhos, com todo nível de tecnificação e em todas as regiões do Brasil. Nesse cenário, a utilização do melhoramento genético como um insumo de eficiência produtiva – sendo ele o touro registrado ou o sêmen de reprodutores – ainda pode crescer muito. E isso precisa acontecer! Recentemente, em um estudo que envolveu mais de 1 milhão e 200 mil animais, observamos uma relação direta e muito significativa
Estamos em um momento de economia e mercado sensíveis. (...) O único setor que abriu novas vagas no período foi o da agropecuária”
entre os valores genéticos médios dos pais com o desempenho real de seus filhos. Por exemplo, os melhores acasalamentos para DEP de peso a desmama e de peso ao sobreano, realmente resultaram na imensa maioria dos produtos mais pesados naquelas características. Essa lógica aplicada nos rebanhos comerciais vai resultar – junto com manejo, sanidade e nutrição – em maior e melhor produção de carne ou de leite, otimização dos recursos naturais, sustentabilidade econômica e ambiental. Revista O Zebu no Brasil – Sobre a ExpoZebu, quais as novidades e expectativas para esse ano? Luiz Claudio Paranhos - A ExpoZebu sempre foi um espaço para a inovação e para a reflexão positiva sobre o futuro das raças zebuínas. Por isso, como grande novidade trazemos para a exposição o Julgamento Zebu a Campo, que mostrará aos visitantes um pouco do modelo de criação semi-extensiva agregando à seleção intensiva apresentada na pista de julgamento tradicional, que nada mais é que um laboratório para que os animais expressem ao máximo a sua genética. Novidades em participação de raças também. Teremos a estreia do Guzolando no torneio leiteiro e uma mostra de morfologia de cavalos Crioulos. O complexo da ExpoZebu Dinâmica já está bastante movimentado, desde o dia 2 de abril – quando foi realizado o 1º Dia de Campo com palestras O ZEBU 17
O ZEBU Entrevista
Priorizamos a melhoria dos serviços prestados pela ABCZ e retomamos a representatividade política do segmento pecuário” de pesquisadores da Embrapa e demonstrações das empresas expositoras. E a expectativa para os leilões da ExpoZebu também está alta, com praticamente todos os tradicionais remates já confirmados. Revista O Zebu no Brasil – Economia e Mercado – Esse ano será decisivo para a política e, consequentemente, para a Pecuária. Quais serão as reivindicações apresentadas aos líderes políticos que estarão presentes da 82ª ExpoZebu? Luiz Claudio Paranhos Estamos em um momento de economia e mercado sensíveis. Para reforçar essa ideia a gente pode lembrar os números do emprego formal no país. O Brasil perdeu em 2015 um total de 1,542 milhão de postos de trabalho com carteira assinada. E esse dado é o pior desde 1992. O saldo foi 17,707 milhões de admissões e 19,249 demissões. O único setor que abriu novas vagas no período foi o da agropecuária. Isso demonstra a solidez da atividade, mas não significa que ela seja invencível. O segmento precisa de previsibilidade e de estabilidade. A 18 O ZEBU
pecuária é feita em ciclos longos, os investimentos são altos e só são recuperados em prazo estendidos. Nosso pleito seguirá nessa ordem: previsibilidade, segurança jurídica, estabilidade econômica e política, atenção para liberação de recursos e criação de políticas públicas, como por exemplo, a extensão rural. Revista O Zebu no Brasil – Você também está à frente da Câmara Setorial. Quais são os seus projetos futuros? Luiz Claudio Paranhos A Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento tem uma agenda própria e é determinada pelo próprio Mapa mediante as demandas, pleitos e necessidades do setor que
são apresentados ao Ministério. As pautas envolvem todos os assuntos que afetam o setor, entre eles destaco as campanhas para erradicação da febre aftosa, bem como para o controle e combate de outras zoonoses, protocolos de comércio, legislação, carga tributária e outros. Revista O Zebu no Brasil – Esse é o seu último ano à frente da ABCZ, como presidente. Você enfrentou uma era considerada conturbada para a economia dos últimos anos. Em contrapartida, teve a oportunidade de liderar uma das maiores associações do país dentro do segmento agropecuário, que vem sendo considerado o “alicerce” da economia nacional. Qual foi e qual será o impacto disso na sua vida?
Luiz Claudio Paranhos - Presidir a ABCZ é uma honra. Eu agradeço a confiança que me foi concedida ao ser convidado para essa função, bem como a dos cargos de diretor que já ocupei em outras gestões. Sinto muito orgulho do trabalho que tenho conseguido desenvolver com o estímulo e o apoio da minha diretoria, com a dedicação dos colaboradores e das equipes executivas da ABCZ e com todo o suporte da minha família. Eu tenho a convicção de ter feito o melhor para a entidade. É gratificante constatar que a ABCZ é forte, o Zebu é forte e o futuro da nossa pecuária está fadado ao sucesso. As realizações à frente da ABCZ representam um momento histórico para minha família, e ele será passado como um patrimônio para as futuras gerações. Revista O Zebu no Brasil – Qual o balanço da sua gestão? Luiz Claudio Paranhos - Muito positivo. A gestão foi arrojada e audaciosa no sentido de atender prontamente as expectativas da classe. Partimos em 2013 – dos preparativos das comemorações dos 80 anos da entidade, que foi um momento histórico – para grandes realizações. Priorizamos a melhoria dos serviços prestados pela ABCZ e retomamos a representatividade política do segmento pecuário. Todos os setores internos receberam atenção e investimentos para que tenham mais abrangência, agilidade e qualidade. Já citamos o trabalho para a grande mudança do PMGZ, o qual é contínuo, e venho para um
resumo das ações mais recentes. Houve um amplo esforço no sentido de simplificar o Serviço de Registro Genealógico das Raças Zebuínas, com rotina mais ágil e a extinção da cobrança de multas de Comunicações de Cobrição (CDC) que não gerarem nascimento. A ABCZ manteve-se comprometida em levar capacitação aos criadores e colaboradores através da realização de cursos, treinamentos, seminários, dias de campo, palestras e eventos gratuitos, com a participação de aproximadamente 8.000 pessoas. E a entidade hoje tem cadeiras nos principais Fóruns do setor, com destaque para a adesão ao Fórum das Entidades Representativas do Agronegócio do Brasil (Ferab), criado pelo Mapa para congregar as entidades do Agronegócio e aproximá-las das decisões do Ministério e o Instituto Pensar Agropecuária, em Brasília. O prestígio da ABCZ culminou com a
minha indicação para a presidência da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina, e a do diretor Antônio Pitangui de Salvo para a presidência da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Os investimentos realizados pela ABCZ ao longo de 2015 fizeram com que a entidade tivesse sua melhor avaliação nos últimos 10 anos por parte dos associados. A pesquisa de satisfação realizada anualmente apontou um índice de satisfação de 93%. Os índices de satisfação dos criadores com os serviços do Registro Genealógico são de 97,58% quanto ao atendimento do técnico na propriedade, e de 97,08% quanto ao atendimento das equipes dos escritórios e sede. A satisfação com o atendimento técnico das Avaliações Genéticas do PMGZ chegou a 94%.
O ZEBU 19
20 O ZEBU
REVISTA O ZEBU NO BRASIL
Foto: JM Matos
Nelore
Agéo
Investindo no futuro O ZEBU 21
O ZEBU Nelore
Agéo Agropecuária Há 40 anos investindo no agronegócio Por Thassiana Macedo • Fotos: JM Matos
Com quase meio século de tradição no agronegócio, a Agéo Agropecuária está inserida no mercado brasileiro com o que existe de melhor em criação, desenvolvimento e melhoramento genético da raça Nelore, também voltada para a pecuária semi-extensiva e extensiva. Tornou-se referência nacional graças ao trabalho de Argeu Géo, um empreendedor visionário que não se limitou ao convencional e investe em inovação para o setor. Selecionador nato, cujo conhecimento foi herdado do avô e do pai, o agropecuarista Argeu Géo soube transformar o prazer da criação em um ótimo negócio. Segundo o diretor da Agéo, o zootecnista Rogério Araújo, através de uma organização inteligente, o empreendedor soube potencializar 22 O ZEBU
a capacidade produtiva dos 1.500 hectares da propriedade Agéo, localizada no município de Paraopeba (MG). Em 40 anos de experiência no agronegócio, Argeu Géo se preocupa com cada detalhe da fazenda que
foi cuidadosamente desenhada de modo a agregar valor a cada uma das atividades exercidas na propriedade. Um dos grandes diferenciais de todo esse trabalho de excelência está na equipe de colaboradores, que se dedica em fazer da Agéo
Zzn Peres
Agropecuária uma empresa exemplo de perfeição. Observados de perto por Argeu Géo, a fazenda conta com a criação de 800 animais da raça Nelore, plantel especial formado por exemplares de ponta e descendentes das principais famílias. Hoje, 26 doadoras são responsáveis pela genética nacionalmente reconhecida por características raciais, grande fertilidade e qualidade produtiva. Com a mesma paixão e experiência consagradas ao Nelore, há sete anos, o selecionador Argeu Géo passou a investir na criação da raça Mangalarga Marchador contando com 150 éguas, sendo 20 doadoras da melhor genética equina. PRIME DAS RAÇAS O selecionador não se restringiu aos limites da Fazenda Agéo. É, hoje responsável pelo tradicional Leilão Prime das Raças, realizado com todo o requinte a cada dois anos. A Fazenda Agéo abre as porteiras para ser visitada pelos amigos e criadores de todo o país. “O objetivo é colocar à disposição animais de referência e qualidade. É também a oportunidade
de convidar os amigos para uma grande festa”, conta o anfitrião. Nos dias 1 e 2 de abril, foi realizada mais uma edição do Prime das Raças, com bons resultados na comercialização de genética de alta qualidade. Passaram pelo remate Grandes Campeãs de pista, doadoras mães de campeões e exemplares que
são verdadeiras promessas. O leilão, promovido pela Agéo, Cristal Agropecuária e Haras Santa Esmeralda ofereceu embriões e babys, disponibilizados no primeiro dia do evento, sendo um dos destaques a venda de 50% de Shakira FIV Agéo arrematada pela HRO e AF Agropecuária. Fechando o primeiro
O ZEBU 23
O ZEBU Nelore
24 O ZEBU
especialistas, há cerca de seis anos a produção utiliza a melhor tecnologia disponível no mercado. O produto é certificado pelo Ministério de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pelo programa Grama Legal, o que garante a pureza e qualidade da grama produzida. Zzn Peres
dia de remate com aproximadamente R$ 2,5 milhões. No segundo dia, o sucesso foi o mesmo com destaque para o remate de Madona FIV Agéo, Campeã Bezerra em Setes Lagoas 2015; primeiro Prêmio Novilha Menor na Expoinel Minas 2016 e Campeã Progênie de Pai na Exposição de Passos 2016. O lote teve 50% de sua cota vendida para a Fazenda Araras. Já a Esmy FIV HVP, de propriedade da Agéo Agropecuária e da Vila dos Pinheiros, teve 33% adquirida pelo criador Flávio Rezende, valorizada na sua totalidade em R$ 504 mil. Os dois dias de leilão fecharam com um faturamento de mais de R$ 5,5 milhões. GRAMAS Outro importante ramo de atuação, que ocupa 500 hectares da Fazenda Agéo, é a produção de grama Esmeralda, totalmente irrigada por pivô central. Supervisionada por
Zzn Peres
Zzn Peres Zzn Peres
O ZEBU 25
26 O ZEBU
O ZEBU 27
O ZEBU Nelore
Números positivos fecham a Expoinel Minas Por ACNB • Fotos: JM Matos
O primeiro evento do calendário de eventos pecuários do ano fechou com “chave de ouro”. Foram quase 900 animais inscritos de 96 expositores da raça Nelore. O balanço conta ainda com cinco leilões oficiais, com um faturamento total de R$4.511.120,00; 541 fêmeas e 311 machos participantes das pistas de julgamento, e um saldo positivo para a feira. Organizada pela ACNB Minas, a exposição terminou com a divulgação dos grandes campeonatos. Genova Gibertoni, pertencente ao expositor Rima Agropecuária ficou o título de Grande Campeã. Já o título de Reservada Grande Campeã ficou com a Boliva FIV Amod da Agropecuária Vila dos Pinheiros. Na categoria Macho, o Grande Campeão foi Volverine FIV da Carpa do expositor Agropecuária Vila dos Pinheiros, vencedor do Campeonato de Touro Sênior. Já o título de Reservado 28 O ZEBU
Grande Campeão ficou com o reprodutor RIMA FIV IRENIO 5 da Rima Agropecuária. Leilões - O primeiro leilão da Expoinel Minas 2015 aconteceu no dia cinco de fevereiro. O virtual EAO foi palco das melhores e mais atualizadas amostras de machos, fêmeas e prenhezes do Nelore de Elite, com faturamento total de
R$863.040,00. Foram ofertados 3 machos, 21 fêmeas e 10 prenhezes. Os machos vendidos alcançaram média de R$ 13.200,00, enquanto as fêmeas foram vendidas, em média, por R$ 24.702,00, já as prenhezes ficaram com a média de 31.704,00 cada lote. Um total de 34 lotes. Na sexta-feira, dia seis de fevereiro, foi a vez do Leilão Minas de Ouro.
O segundo leilão oficial de 2015, obteve um total de R$906.800,00 em vendas, com a comercialização de 22 lotes, entre fêmeas e prenhezes de elite Nelore. Foram 18 lotes de prenhezes com a média de R$36.133,33 por lote. Além das prenhezes, foram comercializados 4 lotes de fêmeas com a média de R$69.863,76 cada. O destaque ficou com a fêmea Indonézia 25 MPSI. Com 106 meses Indonézia teve 66% de sua posse arrematada por R$99.200,00. No sábado, dia sete, aconteceram dois leilões na exposição com o leilão Exclusive e o leilão Fazenda Nova Trindade e Convidados. Com o maior faturamento da Expoinel Minas 2015, o leilão Exclusive ofertou 111 lotes na tarde de sábado, totalizando R$ 1.046.520,00 em vendas, com a média de R$ 9.470,77 por lote, entre fêmeas e prenhezes Nelore. O leilão Fazenda Nova Trindade somou R$ 728.640,00, com a oferta de 18 lotes, na noite de sábado. E para fechar os remates da Expoinel regional mineira, dia 8 de fevereiro, aconteceu o leilão Matrizes Nelore Integral & Ourofino com 124 lotes entre fêmeas e prenhezes da raça Nelore. O total geral do leilão ficou
em R$ 966.120,00, com a média de R$ 7.812,08 por lote. O lote mais valorizado foi a fêmea Oclusa FIV Integral, arrematada por R$ 91.200,00.
Todos os leilões da Expoinel Minas 2015 foram oficializados pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB).
O ZEBU 29
O ZEBU Nelore
Pecuaristas de dez estados conferem resultados sobre utilização de genética em Goiás Por Jéssika Corrêa / Assessoria de Imprensa • Fotos: Divulgação
Produtores, técnicos e pesquisadores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Tocantins, Roraima, Pará e Bahia percorreram cinco cidades de Goiás para conferir os resultados obtidos por pecuaristas goianos, atendidos pelo programa de melhoramento genético Geneplus Embrapa, desenvolvido para auxiliar criadores de gado na utilização de recursos genéticos para a produção rentável e de qualidade. O Circuito Geneplus Embrapa aconteceu entre 12 e 15 de abril e incluiu no roteiro os municípios de Quirinópolis, Jussara, Itapirapuã, Britânia e Nova Crixás. Para o pesquisador do Geneplus e idealizador do circuito, Leonardo Nieto, o programa tem como objetivo levar aos criadores mecanismos para desenvolver o uso de tecnologias no campo. “Anualmente podemos comprovar a eficiência dessa parceria onde os técnicos 30 O ZEBU
auxiliam os pecuaristas a produzirem com qualidade. O programa sem dúvida agrega muito no processo rentabilidade”, enfatiza o pesquisador. Durante os quatro dias de circuito, os 60 participantes confirmados no evento percorreram cerca de mil quilômetros entre os municípios do interior de Goiás selecionados para a etapa. Em cada propriedade um criador apresentou, por meio de palestra, os resultados obtidos após a implantação do programa de melhoramento genético. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Goiás possui o 3º maior rebanho bovino do Brasil com mais de 21 milhões de cabeças. A primeira fazenda visitada foi a Laçada, em Quirinópolis, no dia 12. Em seguida, dia 13, o grupo seguiu para o município de Jussara, onde foram conferidos os resultados do Geneplus na Fazenda Santa
Helena (Ipameri). Já na quarta-feira, dia 14, o circuito passou pelas fazendas Sucuri e Santa Helena, em Itapirapuã e Britânia, respectivamente. O evento finalizou no dia 15, na Fazenda Barreiro Grande, em Nova Crixás. Todas as propriedades têm no plantel a raça Nelore, que representa mais de 80% do rebanho bovino do País. O Circuito, cujo objetivo é a troca de experiências entre produtores no que se refere a manejo, nutrição além dos aspectos genéricos, chegou à quarta edição em 2016. No ano passado, foi a vez de criadores de Mato Grosso do Sul apresentarem os resultados obtidos em parceria com o programa em sete propriedades rurais visitadas. Nesta etapa do evento, a caravana sul-mato-grossense também viajou até o Estado vizinho para conferir de perto as técnicas de manejo adotadas pelos pecuaristas goianos em parceria com a entidade.
O ZEBU 31
32 O ZEBU
O ZEBU 33
O ZEBU Nelore
Rally da Pecuária
rumo ao próximo destino
Por Assessoria Rally da Pecuária / Adaptação Sabrina Alves • Fotos: Divulgação
Serão ao todo 60 mil quilômetros percorridos até o dia 10 de junho. Onze estados e cerca de 150 pecuaristas visitados. Esses são os números da 5ª edição do Rally da Pecuária. Organizada pela Agroconsult, com o apoio da CNA, a expedição teve início dia 11 de abril e terá no destino os estados do Rio Grande do Sul, por onde começa a expedição e depois Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Rondônia e Acre, última parada do mapa. De acordo com a organização a intenção é avaliar a bovinocultura de corte brasileira, tendo como objetivo buscar a evolução do rebanho nacional, qualidade de pastagens, técnicas
34 O ZEBU
de manejo e índices zootécnicos. “Neste ano temos duas situações distintas: no longo prazo, a redução da rentabilidade levará à adaptação do produtor que, em busca de aumento na renda, irá melhorar o pacote tecnológico. No curto prazo, provocará o efeito inverso, em que o produtor vai retrair o uso de tecnologia na busca intuitiva por economia”, disse Maurício Palma Nogueira, coordenador do Rally da Pecuária. A equipe do Rally da Pecuária é formada por técnicos que levarão aos visitantes informações sobre homogeneidade do pasto, volume de massa, população de plantas, altura do capim e utilização das pastagens relatadas pelos próprios produtores.
Já os técnicos terão a missão de entrevistar os participantes, levantando informações qualitativas e quantitativas sobre o total de cabeças de gado, confinamento, índices de fertilidade, manejo sanitário, comercialização de animais, entre outros, sendo todas as informações registradas em um questionário padrão. PÚBLICO-ALVO A programação do Rally inclui ainda eventos que serão realizados nas cidades de Bagé, São Gabriel, Alegrete (RS); Umuarama (PR); Presidente Prudente (SP); Uberlândia (MG); Goiânia e Nova Crixás (GO); Campo Grande, Naviraí e Aquidauana (MS); Rondonópolis e Juara (MT); Gurupi e Araguaína
O ZEBU 35
O ZEBU Nelore (TO); Xinguara, São Felix do Xingu e Redenção (PA); Ji-Paraná e Ariquemes (RO) e Rio Branco (AC). Os dados coletados, segundo a organização, serão apresentados em um relatório dividido por temas: tendência de aumento ou redução do rebanho, quantidade de animais confinados por perfil, controle de invasoras e insetos nas pastagens, nutrição do rebanho, condição geral dos pastos e do rebanho, tecnologias de reprodução e uso de Inseminação Artificial (AI) e Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), sanidade, estrutura de propriedade e evolução da produtividade. Em 2014, conforme publicado pela assessoria do projeto, os produtores atingiram um aumento mé-
36 O ZEBU
dio na produtividade de arrobas por hectare/ano. “Esse grupo tende a ganhar mais fôlego, aumentando ainda mais o volume de animais ofertados e, em razão dessa oferta, tornará as condições piores para os produtores
de menor tecnologia. No futuro próximo, quando os preços não forem favoráveis, a situação econômica dos menos tecnificados ficará muito mais difícil”, reforçou o coordenador de Pecuária da Agroconsult.
O ZEBU 37
38 O ZEBU
Guzerá
REVISTA O ZEBU NO BRASIL
Clones da Alice
Foto: JM Matos
reproduzindo genética no Guzerá Makady
O ZEBU 39
O ZEBU Guzerá
Guzerá Makady Reproduzindo genética que fez história Por Thassiana Macedo • Fotos: Arquivo pessoal
Localizada na região de Marabá, no estado do Pará, a Fazenda Colorado concentra o criatório da marca Guzerá Makady, pertencente ao pecuarista Mateus Ferraz Souza. Nem mesmo a vida dedicada à Medicina afastou o criador de sua paixão pela pecuária, que surgiu ainda na infância. Terceira geração de família tradicionalmente devotada à criação de gado em Itapetinga, na Bahia, o criador vive nos Estados Unidos desde 1992, mas não deixa de voltar ao Brasil, com a esposa Katie Ferraz e os cinco filhos, para visitar amigos e familiares, mas acima de tudo, respirar a vida no campo durante as temporadas que passa na fazenda. 40 O ZEBU
Decidi investir em uma raça que tivesse características de excepcional ganho de peso em ambiente tropical e o Guzerá é essa raça” É assim também que Mateus Ferraz confere de perto o aprimoramento do rebanho formado por, aproximadamente, 150 animais Guzerá PO, cuja criação é destinada à engorda para corte, bem
como acompanha outro foco da propriedade, que é o sistema de silvicultura, gerenciando o processo de reflorestamento sustentável, com o plantio de mogno africano. Segundo o criador, o avô Viriato Ferraz e os tios Gugé e Pedro Ferraz de Oliveira sempre trabalharam com pecuária de corte e elite das raças Gir, Indubrasil e Nelore. Membros ativos da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), os precursores da família Ferraz criaram vários animais de genética singular em Itapetinga (BA), para exposição nos principais eventos do país, como a ExpoZebu. Inspirado nessa his-
Marcelo Cordeiro
tória, Mateus Ferraz iniciou sua criação em 2009. “Decidi investir em uma raça que tivesse características de excepcional ganho de peso em ambiente tropical e o Guzerá é essa raça. No Brasil, o Guzerá vai bem de norte a sul e de leste a oeste. No semiárido nordestino, nem o Nelore aguenta o clima da região, enquanto o Guzerá obtém bons resultados. Quanto à escolha da raça, sou o primeiro da família, porque o Guzerá vem se firmando como uma raça zebuína rústica e de bom desenvolvimento, com excelentes características de produção como gado de corte e leite, e que ainda suporta as intempéries do clima tropical”, conta. Além disso, Ferraz decidiu apostar
no Guzerá pela raça ter alta capacidade de transmitir melhoramento de carcaça e ganho de peso, sem requerer um regime alimentar especial, provando ser uma raça rústica e produtiva. “O cru-
zamento do Guzerá com outras raças bovinas, zebuínas ou europeias é comprovadamente mais rentável, por criar animais com mais facilidade de ganho de peso. E isso é o resultado de uma heterose genética”, diz. Em busca de um Zebu perfeito, a Guzerá Makady cria animais da raça com acasalamentos cuidadosamente planejados, tendo como meta produzir animais rústicos, férteis e precoces, com uma carga genética capaz de agregar funcionalidade e beleza a qualquer plantel de bovinos. CLONES O grande passo da marca Guzerá Makady neste sentido foi aquisição de material genético da Alice da Morumbí para a criação de seus clones. Matriz de qualidade excepcional, Alice era uma verdadeira matriarca Guzerá, tendo sido
Alice da Morumbí era versátil nos acasalamentos e imprimia sua genética de altíssima qualidade, em carcaça e beleza, nos acasalamentos com qualquer touro” O ZEBU 41
O ZEBU Guzerá
doadora tetracampeã do Ranking Nacional ACGB (Associação de Criadores de Guzerá do Brasil). Para o pecuarista Mateus Ferraz Souza, ela foi um ícone da raça que contribuiu de forma efetiva para a evolução e o melhoramento genético da criação nacional. “Mais do que saudade, ela deixa o legado de uma linhagem vencedora que continuará nas pistas, por meio de seus descendentes. Produziu muitos animais campeões em várias exposições nacionais, inclusive em Uberaba (MG). Esta vaca foi um bom exemplo de matriarca da raça, por produzir machos e fêmeas campeões com uma enorme variedade de touros. Ou seja, a Alice da Morumbí era versátil nos acasalamentos e imprimia sua genética de altíssima qualidade, em carcaça e beleza, nos acasalamentos com qualquer touro”, ressalta. O criador se recorda que quando Alice morreu, o material genético dela ficou armazenado no laboratório da Geneal, para uma possível reprodução nuclear. “Infelizmente, Mário Ermírio de Moraes, proprietário da Guzerá Suaçuí, também veio a falecer. Naquele momento, os familiares do criador
42 O ZEBU
Os animais Alice da Morumbí TN I a V Makady são de ótima aparência morfológica e com características saudáveis” resolveram não dar continuidade ao criatório. Surgiu, então, a oportunidade para a Guzerá Makady de formar
meu próprio criatório em 2009. E não hesitei em adquirir o material genético da Alice da Morumbí para fazer clonagens”, recorda Ferraz. Segundo o pecuarista, a Geneal já tinha a posse do material em seu banco genético para este trabalho. “Todo o processo de clonagem foi feito de maneira profissional e fiquei satisfeito com a qualidade dos animais produzidos por transferência nuclear. Os animais Alice da Morumbí TN I a V Makady são de ótima aparência morfológica e com características saudáveis”, informa. Maior matriarca da raça dos últimos anos, Alice da Morumbí teve uma série de descendentes de destaque em diversos plantéis de Guzerá, como Alice III, Galã da Morumbi, Imigrante da Suaçuí, Jato da Capital, Jurema da Capital, Levis da Suaçuí, entre tantos outros animais, sempre com fortes características genéticas para ganho de peso e desenvolvimento de carcaça. Ao reproduzir essa genética, que fez e continua fazendo história, o criador aposta na preservação e na difusão do melhor da raça. “Esses cinco clones serão de grande valia para melhorar a genética nos criatórios de Guzerá do Brasil”, completa Mateus Ferraz.
O ZEBU 43
O ZEBU Guzerá
Central Leite
Guzolando marca presença na pista e no Fazenda Ygarapés
Concurso Leiteiro da ExpoZebu Por Thassiana Macedo • Fotos: Arquivo Pessoal
Em 2016, a Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil (ACGB) celebra 60 anos de intenso trabalho de divulgação da raça, cuja comemoração atingirá seu ponto culminante durante a 82ª ExpoZebu. Pela primeira vez, a entidade terá a oportunidade de apresentar o potencial produtivo de animais Guzolando na principal exposição pecuária brasileira. O presidente da ACGB, Adriano Varela Galvão, lembra que a história do Kankrej, o primeiro nome do Guzerá, está relacionada à própria origem da humanidade. Ele conta que a referência mais antiga são selos impressos em cerâmica e em terracota encontrados em sítios arqueológicos de Mohenjo-Daro e Harappa, na Índia e no Paquistão, datados de 5 mil anos. O museu de Bagdá, no Iraque, apresenta muitas peças e artefatos de ouro com a imagem do touro Guzerá. Hoje, o Guzerat, como se escre44 O ZEBU
Alguns anos depois do trabalho de fortalecimento da genética Guzerá, a nova raça [Guzolando] estará presente na ExpoZebu 2016 para demonstração de suas qualidades genéticas e vantagens produtivas” ve o nome da raça na Índia, é distintivo do próprio Ministério de Agricultura daquele País e é apontada como sendo “melhoradora das demais raças”. Conforme registro do Centro de Referência da Pecuária Brasileira da
ABCZ, foi a primeira raça zebuína a chegar ao Brasil. Trazida da Índia na década de 1870, pelo Barão de Duas Barras, o Guzerá logo dominou o cenário da pecuária entre os cafezais fluminenses, como solução para arrastar os pesados carroções através das montanhas até os vagões para transporte de café, além de produzir carne e leite. No ano de 1956, surgiu a Associação dos Criadores de Guzerá, inicialmente sediada na região Nordeste, sendo transferida para Uberaba o início dos anos 1990, com o apoio da ABCZ. “Todos os presidentes sempre tiveram um apreço muito grande pela raça, buscando divulgar os benefícios da raça. Sabe-se que o Guzerá é um Zebu de dupla aptidão, sendo bom de carne e bom de leite. Cada um dos presidentes buscou desmitificar a raça e, hoje, continuamos mostrando que o Guzerá é
muito bom nos cruzamentos, por sempre agregar valor. Os próprios criadores que se dedicam à raça e aos cruzamentos vão facilitando esse entendimento. Um touro Guzerá sobre uma vacada de leite confere mais faturamento, pois se obtêm uma novilha que dá leite e um bezerro mais pesado, o que confere uma receita extra. Isso demonstra que a raça é especial para cruzamentos e é um Zebu completamente adaptado ao Brasil, tão resistente quanto o Nelore e ainda dá muito leite”, ressalta. Outro destaque da história da ACGB foram as parcerias com os criadores da raça, espalhados pelo Brasil, que sempre foram fundamentais para a divulgação do Guzerá. Para Adriano Varela, com estes rebanhos foi possível testar animais cada vez mais produtivos, bem como o apoio financeiro à associação com investimentos necessários para a solidificação da raça. Há mais de duas décadas, a Associação de Criadores de Guzerá do Planalto, iniciou os estudos do cruzamento entre as raças Holandês e Guzerá, que resultou no Guzolando. Em 2009, a ACGB assinou convênio com a ABCZ para o registro de animais Guzolando. Alguns anos depois desse trabalho de fortalecimento da genética Guzerá, a nova raça estará presente na ExpoZebu 2016 para demonstração de suas qualidades genéticas e vantagens produtivas na pista principal do Parque Fernando Costa. Adriano Varela ressalta que na manhã de 5 de maio será realizada uma apresentação técnica do Guzolando. Para isso, serão apresentados em torno de 10 animais de diversos graus de sangue. Os criadores interessados em participar dessa mostra podem fazer inscrição pelo site da ABCZ. A FIRMEZA DO GUZOLANDO Produção e longevidade. Criador de Guzerá desde 1989, Marcelo Lack
Marcelo Lack ordenha vaca Guzerá de grande produção leiteira
iniciou seu próprio plantel aos 18 anos de idade, sendo a primeira geração de guzeratistas da família, em virtude de ter se inspirado na versatilidade da raça. Com 27 anos de experiência, o criador afirma que para quem vive da atividade leiteira, o Guzerá é a melhor raça. Além disso, ele lembra que se trata de um zebuíno capaz de também produzir carne muito bem, completando o pacote. Quarta geração de descendentes suíços que se tornaram criadores dedicados ao café e depois ao leite, Marcelo Lack conta que o bisavô Alcides José de Wermelinger sempre criou Zebu, visando a produção de leite na região serrana do estado do Rio de Janeiro, local pouco
especializado nesse ramo pecuário. Por volta de 1978, ele conta o pai herdou o rebanho de vacas Guzolando, fruto das primeiras experiências da família em cruzamentos de touro Holandês com vacas Guzerá, e vice-versa, nas décadas de 1920 e 1930 no Rio de Janeiro. A busca por pureza e o investimento em melhoramento genético resultou em animais cada vez mais rústicos e propícios para a produção de leite nessa região montanhosa do país. “Além de serem animais longevos, uma das principais características para uma produção de leite lucrativa é uma vaca que permanece mais tempo no curral, porque repor boas vacas leiteiras sem-
Raça Guzerá imprime rusticidade e longevidade nos cruzamentos com Holandês
O ZEBU 45
O ZEBU Guzerá pre foi muito caro. E a vaca Guzolando fica muito tempo no curral produzindo, com baixo índice de mastite e perda de peso, por ter úbere mais alto e tetas corrigidas, o que favorece longevidade produtiva, ao herdar essa característica da raça Guzerá. É possível uma vaca Guzolando ultrapassar 10 anos produzindo”, avalia Lack. Na Universidade de Uberaba (Uniube), em Minas Gerais, o criatório de Guzolando gerenciado por Marcelo Lack vem demonstrando o potencial lucrativo dessa nova raça. “O cruzamento de Holandês com qualquer raça zebuína de aptidão leiteira, ou seja, com Guzerá para fazer Guzolando, com Gir para Girolando, com Indubrasil para Indolando e etc., sempre vai dar muito leite. Porém, o que faz o Guzolando ser melhor é justamente por sua fertilidade, longevidade, qualidade de úbere e adaptabilidade ao clima tropical, características próprias do Guzerá”, afirma o criador. Lack também chama a atenção para o potencial de resposta mais rápida quando a alimentação de uma guzolanda é modificada para aumentar a produção de leite, em comparação com outras raças. “A prova disso é que nós temos vacas Guzolando aqui na baia para estrearem na ExpoZebu 2016. Com dois anos, já estão na fazenda produzindo mais de 36 kg de leite. Nossa expectativa, é que passe de 40 kg”, frisa. Para ele, esta será a oportunidade dos produtores de leite de outras partes do país conhecerem de perto as qualidades dessa raça em formação, embora no leste de Minas Gerais já existam leilões de animais Guzolando, com excelentes resultados. Há cerca de três anos, a Uniube vem realizando leilões de Guzolando e a procura por novilhas já é tão grande que o criatório não tem conseguido atender à demanda. Foco no leite. Nos 130 hectares da 46 O ZEBU
Dalton Canabrava verifica rebanho Guzolando em sua fazenda
Com dois anos, [vacas Guzolando] já estão na fazenda produzindo mais de 36 kg de leite. Nossa expectativa, é que passe de 40 kg” Fazenda Olhos D’água, localizada entre os municípios de Curvelo e Felixlândia (MG), equipada para inseminação, ordenha e manejo mais sofisticados, que o criador Dalton Canabrava cria animais das raças Holandês PO e Girolando e faz o controle leiteiro oficial do rebanho Guzolando. Na Fazenda Memorial, de 250 hectares, o pecuarista desenvolve a criação de Guzerá com ordenha manual, inseminação artificial e realiza os cruzamentos de Holandês e Guzerá. E é na Fazenda da Lapa, entre Curvelo e Monjolos, que Canabrava dedica 500 hectares para cria e recria do Guzolando. Dalton Canabrava conta que faz mais de 20 anos que as primeiras guzolandas chegaram à Fazenda Olhos
D’água, oriundas do criatório do irmão Rodrigo Canabrava, da Guzerá-Guzerati. “Inicialmente, tivemos dificuldades de nos adaptarmos àquelas vacas rústicas, muito diferentes das holandesas que criávamos. Aos poucos começou uma história de encantamento, ao percebermos as facilidades de manejo sanitário, de produção e a fertilidade que aumentavam a cada ano, e sobretudo a longevidade”, destaca o pecuarista. Foram as primeiras experiências bem-sucedidas com o Guzolando que o levou a criar Guzerá, com o afixo Guzelact, em 2006. “Assim comecei com a produção de minhas próprias Guzolandas e me tornei um entusiasta da raça, lutando pela sua completa implantação com o registro dos diferentes graus de sangue e a inclusão do Guzolando Sintético”, ressalta Canabrava. Altualmente, o plantel da Central Leite conta com cerca de 200 animais Guzerá PO (puro de origem) e PC (puro por cruza), sem registro, mas todos de linhagem leiteira comprovada, cerca de 100 fêmeas registradas e outras tantas em processo de registro ou aguardando idade para registrar. “Te-
Marcelo Cordeiro
mos condições de produzir Guzolandas a partir do cruzamento Holandês-Guzerá, Guzerá-Holandês e Sintético, com a produção dos primeiros touros guzolandos produzidos a partir de FIV, com animais de elite”, informa o criador. Na última Exposição Nacional do Guzerá realizada em Curvelo, em 2015, Dalton Canabrava foi convidado a participar com Guzolandas e o resultado foi a premiação da Grande Campeã do Torneio Leiteiro. “A vaca Mineira Guzerati foi destinada à exportação e fechou a lactação com mais de 9 mil kg. Concursos leiteiros são ideais para revelar a potencialidade da raça para a produção em regime de pasto, podendo se tornar uma das mais importantes alternativas para produção de leite com economicidade e boa adaptação no Brasil. A Guzolanda de pista ainda depende da completa implantação dos registros da raça em todos os graus de sangue, inclusive com machos reprodutores”, destaca. De pai para filho. Situada no município de Jampruca, a 80 quilômetros de Governador Valadares (MG), há quase seis décadas, a Fazenda Ygarapés já demonstrava estar focada no futuro da pecuária. Atualmente, o plantel é formado por 200 guzolandas e 350 matrizes Guzerá Segundo o pecuarista Marcus Fi-
Fazenda Ygarapés
gueirêdo, mais conhecido como Mica, o pai José Transfiguração Figueirêdo iniciou o criatório de Guzerá em 1958. E em 1973, passou a investir na inseminação artificial e, visando a ampliar a produção de leite, começou a produzir Guzolandas. “Na época, na região dos vales do Rio Doce e Mucuri, havia uma certa resistência para aceitação do Guzerá, pois muitos não conheciam. Dessa forma, a produção de Guzolandas não só aumentou a produção de leite da fazenda de 1.043 hectares, como também ampliou o mercado de touros Guzerá. Isso, com certeza, favoreceu o reconhecimento da qualidade das raças Guzerá e Guzolando”, reforça.
Mica Figueirêdo afirma que o trabalho com guzolandas, da Fazenda Ygarapés, foi um dos pioneiros e o marco da primeira comercialização foi em 1978. “Durante a Exposição Agropecuária de Teófilo Otoni (MG), meu pai José Transfiguração Figueirêdo levou cinco novilhas Guzolandas prenhes que se destacaram pela uniformidade, qualidade de úbere e desenvoltura, chamando atenção de todos, o que até então era um trabalho pouco conhecido. Essas novilhas, adquiridas pelo pecuarista Sebastião Peroba Gazzinelli, fizeram carreira e venceram muitos concursos leiteiros promovidos pela cooperativa da região”, conta o criador.
O ZEBU 47
48 O ZEBU
Gir
REVISTA O ZEBU NO BRASIL
Fazenda C贸rrego Frio
Foto: JM Matos
Leite de qualidade
O ZEBU 49
O ZEBU Gir
Leite bom é leite de qualidade Por Sabrina Alves • Fotos: Arquivo pessoal / JM Matos
Partindo da premissa de investir em qualidade com foco na produção leiteira sustentável, os criadores Renato e Marina Lage, pai e filha, responsáveis pela criação de Gir Leiteiro e Girolando na Fazenda Córrego Frio, vem apostando num intenso trabalho genético envolvendo as duas raças. A aposta foi feita na região montanhosa de Santa Maria de Itabira, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). A princípio, a alta produtividade leiteira foi desacreditada, inclusive por técnicos da área que visitaram a propriedade, como lembra o criador. Mas, a confiança em se fazer um bom trabalho genético aliado a um bom investimento, 50 O ZEBU
É fundamental que se apresente um gado que seja avaliado e comprovado” conhecimento adquirido e, principalmente paciência, desencadeou uma das principais seleções do estado e do país, com foco na produção leiteira. Renato Lage, é medico cirurgião plástico e ao contrário de muitos criadores renomados, não herdou a pecuária dos pais. A mais breve lembrança junto ao agronegócio, que ele relata, vem de tios e do avô, Francis-
co Samuel Lage, que inclusive participou da aquisição dos primeiros zebuínos importados para o Brasil, oriundos da Índia. “Tudo começou por um acaso. A raça Gir Leiteiro me encantou desde cedo, quando ia às fazendas de alguns tios criadores de gado. Lembro bem daquele dezembro chuvoso de 2004, quando eu estava na fazenda dos meus pais, em Santa Maria de Itabira, um primo, o Lulu, pediu para eu ir até a sua fazenda. No trajeto passei em outra fazenda de seleção Gir que, por coincidência, o dono também era médico e acabei comprando três vacas e um tourinho Gir, sem registro. No ano seguinte, resolvi apostar um pou-
co mais e comprei mais dez vacas PO, em Pirapora e Buritizeiros, pela Fazenda São José das Gaitas, de Aloizio Valadares e seu filho. Grande figura e um apaixonado pelo Gir”, conta. Os animais levados para a fazenda de seu pai, Domingos Martins Lage, muito conhecido como Gote (nome dado à marca do rebanho), não recebiam cuidados específicos. A fazenda era destinada à produção de eucalipto e, tempos depois, passou a receber novas adaptações para atender às demandas daqueles animais. “Eu as soltei lá sem pretensão alguma. Mas, as vacas paririam e foi necessário colocar curral, capineira e pastos, que sequer haviam. Foi um verdadeiro sufoco!”, relata. Atualmente, o plantel conta com 250 matrizes Gir Leiteiro e com a raça Girolando é feito um trabalho de cria e recria e engorda. “O início seria apenas um hobby. Achei as vacas bonitas e tudo aquilo me lembrava a infância. Depois, fui comprando o gado de renomados criadores, entre essas da Fazenda Calciolândia, Brasília, Palma, dentre outras. Hoje, temos um plantel que considero bem representativo com importantes matrizes do Gir Leiteiro em âmbito nacional”, cita.
PRODUZINDO CAMPEÃS A proposta é criar um gado rústico, bonito, com precocidade, longevidade e, acima de tudo, animais extremamente saudáveis. Renato Lage já contabiliza um número bem expressivo de Campeãs e Campeões em feiras e exposições. Ainda um pouco discreto nas suas participações em nível nacional,
o criador diz que ainda busca feiras mais próximas a Belo Horizonte, que é a realidade vivida por ele. Entre os destaques está o campeonato Vaca adulta, Melhor Úbero, Conjunto Família, que sagrou a fêmea Delicada do EGB, como a grande Campeã da Super Agro de 2015. Delicada ainda integrou o time das Grandes Campeãs da categoria Vaca Adulta durante a 32ª Exposição Agropecuária e Industrial de Itabira (Expoita). Outro destaque foi o macho Jaipur do Gote, que se sagrou Campeão Touro Jovem e Reservado Grande Campeão. Em 2008, também durante a Expoita, o título de Campeão Touro Jovem e Grande Capeão Touro, ficou com Rubi do Gote. Outros grandes importantes prêmios foram conquistados por outros animais que integram a seleção Gote. Neon Evva sangrou-se Campeão Tou-
O ZEBU 51
O ZEBU Gir
ro Adulto em 2009 na Expoita, junto com Dama do Gote, que alcançou os títulos de Campeã Fêmea Adulta, Grande Campeã e Melhor Úbero; Fumaça do Eldorado, ficou com o título de Campeã Vaca Adulta, Grande Campeã, Melhor Úbero e Conjunto família, em 2007.
52 O ZEBU
A lista conta também com Tanagra, que foi Campeã Vaca Adulta e Reservada Grande Campeã, em 2009, pela mesma Exposição de Itabira. O criador associa esses títulos a um forte e intenso processo de avaliação e controle leiteiro, aos quais são submetidos todos os animais da seleção.
A excelente produção de leite, segundo Lage, requer muito mais do que o trabalho diário. “É fundamental que se apresente um gado que seja avaliado e comprovado. O controle Leiteiro da ABCZ e da Girolando feito nas doadoras comprova a real lactação do gado para oferecer ao mercado um produto confiável. Até então, tínhamos gado com lactações que não eram comprovadas e a realidade acabava sendo diferente. Essa transparência na metodologia é fundamental para o criador moderno”, reforça. Lage destaca ainda a participação de algumas fêmeas em torneios leiteiros naturais. As novilhas primíparas seguem o sistema de alimentação natural para a participação nos concursos naturais. EVOLUÇÃO Por fazer parte de um grupo de médicos cirurgiões plásticos com carreira internacional, o médico conta que já teve a oportunidade de visitar a Índia por algumas vezes. Para ele, esse
Tudo que aprendi, posso dizer que 90% foi através de informações boca a boca, de criador para criador mesmo” contato com o gado sagrado, comprovou que a genética zebuína brasileira está muito além do que a presenciada no exterior. “Hoje, o Brasil detém o melhor banco de genética Zebu do mundo. No Gir Leiteiro temos um leite altamente produtivo com a presença de produtor de caseína com alta quan-
tidade de proteína”. A experiência adquirida ao longo dos anos, levou Renato a integrar a diretoria da Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL), em Minas Gerais. Segundo ele, a inserção na política pecuária teve a proposta de buscar melhorias o setor. “Tudo que aprendi, posso dizer que 90% foram através de informações boca a boca, de criador para criador mesmo. Mas, depois, busquei informações através da Embrapa, da própria ABCGIL e, estudando muito fui aprendendo mais. Existe uma frase antiga que fala: ‘educação é fundamental’ e sem educação, sem estudo e sem conhecimento, não evoluímos. O mundo, hoje, anda a passos rápidos e
O ZEBU 53
O ZEBU Gir
quem não se qualifica acaba ficando para trás”. O criador considera o banco genético nacional como um verdadeiro patrimônio, “É o melhor do mundo, temos que aproveitar e explorar melhor esse gado”. “Tive o trabalho de comprar representantes das melhores matrizes para desenvolver um trabalho, não apenas para ter, mas sim, para desenvolver um projeto de deixar um banco genético acessível a todos que tenham interesse em adquirir um gado de boa qualidade. Vamos priorizar uma seleção bonita, produtiva e, acima de tudo, adaptado ao nosso clima e ao nosso solo”. DE PAI PARA FILHO, DE PAI PARA FILHA Desde o falecimento de seu pai, Sr. Gote, há dois anos, Renato Lage passou a se dedicar mais à pecuária. Hoje, conta com a importante ajuda da filha, Marina Lage, responsável pela parte técnica de toda a seleção. Renato expõe que o pai foi um grande entusiasta da nova empreitada e o carinho pelo Gir Leiteiro foi mu54 O ZEBU
tuo, transformando-o em um apaixonado pela raça e ativamente presente em todas as atividades da fazenda, com participação em feiras e exposições. “Meu pai e a minha mãe, Leda Lage, foram grandes incentivadores. No início, como eu trabalhava muito, era ele quem tocava o gado
e o levava para as exposições. Todos achavam que ele era o criador (risos), inclusive recebendo diversas premiações”, lembra. Agora, o gosto pela pecuária caiu nas graças da filha. Marina disse que se encantou com a docilidade do Gir Leiteiro, mas tudo foi com o tempo.
Formada pela PUC Minas, de Betim, Marina tinha um único propósito: dedicar o tempo para cuidar de cães e gatos, que sempre foram a sua grande paixão. “Foquei a maior parte do curso em pequenos animais. Após o término da faculdade trabalhei quatro anos em clinica pet, e, só depois comecei a ajudar na fazenda do meu pai com o gado, foi aí que percebi que o gado Gir Leiteiro é dócil, como aqueles pequenos animais que queria cuidar, foi então me encantei”, disse a veterinária. Ela conta que a seleção e o manejo prioriza a melhoria genética para a produção de leite, formação de gado elite e produção de Girolando F1 de alta qualidade. “Buscamos continuamente focar no manejo alimentar, reprodutivo e sanitário dos animais”, completa a médica veterinária que conta com o apoio de um corpo técnico. Entre os trabalhos feitos por Marina na fazenda está o manejo reprodutivo, aplicação e adequação de técnicas de IATF, monta controlada e, nos casos de animais com melhor qualidade racial, são feitas FIV. “Meu pai sempre dizia que na vida tudo é paciência e a criação de gado exige muita dessa paciência. Não é possível ter um bom resultado, em
um curto espaço de tempo. As qualidades de vaca excepcional só serão percebidas depois de algumas gerações. Assim como a árvore, é a pecuária que se fortalece com o passar dos
anos. E além da paciência, a amizade também fortalece o trabalho. Assim como dizia o criador mineiro, João Feliciano, “O Gir faz amigos!”, pontua Renato Lage.
O ZEBU 55
O ZEBU Gir
ABCGIL apresenta nova edição do
Sumário de Touros Por Sabrina Alves • Fotos: JM Matos
O Brasil já atinge uma produção anual de mais de 30 bilhões de litros de leite e essa demanda só tende a aumentar. Por isso, a raça Gir Leiteiro conta com um amplo estudo sobre o melhoramento genético do rebanho nacional, encabeçado pelo Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL). Reconhecido como o zebuíno com maior produtividade leiteira, criada em clima tropical, a raça conta com pesquisas que auxiliam no avanço genético contribuindo para o aumento da produção de leite. Entre os trabalhos desenvolvidos está o da equipe técnica da Associação 56 O ZEBU
Hoje em dia, além destas características seminais, estão sendo estudadas características funcionais como temperamento, libido e característica de conformação” Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) que apresentará, em maio, a 24ª edição do Sumário de Touros.
A publicação tem como proposta orientar os criadores de Gir Leiteiro sobre os melhores reprodutores da raça, auxiliando na compra de sêmen a ser usado nos acasalamentos de seus rebanhos. Os animais que serão apresentados no sumário fazem parte da bateria de touros provados pelo PNMGL, por meio do Teste de Progênie (TP). O material será apresentado pela equipe técnica da ABCGIL e da Embrapa Gado de Leite. Segundo o superintendente Técnico da ABCGIL, André Rabelo Fernandes, desde 2009, a ABCGIL, em parceria com a Embrapa e com
Os produtores confiam no Teste de Progênie e a demanda pela inclusão de novos touros tem aumentado”
Superintendente Técnico da ABCGIL, André Rabelo Fernandes
a FAZU (Faculdades Associadas de Uberaba), deram início a uma nova etapa na evolução técnica do PNMGL, através da Prova de Pré-Seleção de touros para o Teste de Progênie. “Nesta prova são avaliadas características reprodutivas como: congelabilidade, motilidade, defeitos maiores e menores, dentre outras, todas ligadas à produção comercial de sêmen nos tourinhos candidatos ao TP. Hoje em dia, além destas características seminais, estão sendo
estudadas características funcionais como temperamento, libido e característica de conformação. Com isso, é possível formar um banco de dados consistente na parte reprodutiva de machos, possibilitando posteriores estudos de associação genética com características produtivas e reprodutivas nas fêmeas. Garantindo o aumento da acurácia e funcionalidade na seleção do Gir Leiteiro”, explica Rabelo. Quem também está à frente do trabalho é a superintendente Técnica Adjunta de Melhoramento Genético da ABCGIL, Ranielly Maciel. Ela explica que o Teste de Progênie permite a inclusão de novos touros, aumentando a demanda de produtores
Superintendente Técnica Adjunta de Melhoramento Genético da ABCGIL, Ranielly Maciel
que acreditam, cada vez mais, no teste. “Os produtores confiam no Teste de Progênie e a demanda pela inclusão de novos touros tem aumentado. Podemos dizer que o Teste, é hoje, o maior responsável pelo sucesso do Gir Leiteiro. Todas as informações geradas nesses 31 anos de existência foram determinantes para o crescimento da raça”, completa. A apresentação do Sumário acontecerá no dia 4 de maio, no Salão Nobre da ABCZ, em Uberaba.
Touros Gir Leiteiro
O ZEBU 57
O ZEBU Gir
Megaleite 2016 rumo à capital mineira Por Larissa Vieira • Fotos: Divulgação
Entre as novidades da feira estão a comemoração dos 20 anos do Girolando e o Jubileu de Prata da Exphomig Faltando dois meses para a primeira Megaleite na capital mineira, os preparativos para a feira já foram iniciados. Associações de criadores de raças leiteiras reuniram-se em março, no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte (MG), para definir como será a participação de cada entidade na maior feira do setor. O evento contará em sua programação com as principais exposições das raças Girolando, Gir Leiteiro, Holandês, Jersey, Pardo-Suíço, Indubrasil, Guzerá Leiteiro e Sindi. A expectativa é de que 1.600 animais participem das competi-
58 O ZEBU
ções da Megaleite 2016, que acontecerá de 21 a 26 de junho, no Parque da Gameleira, com o apoio do Governo de Minas, e terá como tema “Um novo horizonte para uma pecuária leiteira forte, presente e participativa”. As inscrições de animais começaram no dia 4 de abril. No caso da raça Girolando, elas poderão ser feitas pelo site da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando (www.girolando.com.br). Nas demais raças, as inscrições serão em suas respectivas entidades. A Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais deci-
diu transferir seu principal evento, que no último ano ocorreu em Barbacena (MG), para a Megaleite. A entidade comemorará o Jubileu de Prata da Exposição de Gado Holandês de Minas Gerais (Exphomig) e espera a participação de cerca de 220 animais para julgamento separado de Holandês vermelho e de branco. “Por acreditarmos que a união das raças leiteiras torna o setor mais forte, optamos por realizar nosso evento anual na Megaleite. Além de comemorar os 25 anos da Exphomig, faremos a entrega do prêmio ‘Os melhores de Minas’ para homenagear os criadores que
O ZEBU 59
O ZEBU Gir
Entre as novidades da feira estão a comemoração dos 20 anos do Girolando e o Jubileu de Prata da Exphomig
se destacaram no ano”, ressaltou Cleocy Júnior, superintendente da Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais. Já a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando prepara a 27ª Exposição Nacional de Girolando com a participação de 800 animais em julgamento e torneio leiteiro, além de leilões. E a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro realizará sua 8ª Exposição Internacional, com a expectativa de receber 350 animais. A Megaleite ainda deve contar com 230 bovinos das raças Pardo-Suíço, Jersey, Indubrasil, Guzerá e
60 O ZEBU
Sindi, sendo que a Associação Brasileira dos Criadores de Pardo-Suíço fará uma Exposição Nacional durante a feira. A reunião das associações contou com a presença do presidente da Girolando, Jônadan Ma; do vice-presidente, Olavo Júnior; do diretor Odilon Filho; da presidente da Associação de Jersey Minas Gerais, Angela Junqueira; do superintendente da Associação de Holandês, Cleocy Júnior; do superintendente substituto do Holandês, Silvano Júnior; do coordenador de Exposições do Gir Leiteiro, Fausto Gomes, e do diretor da Associação de Pardo-Suíço, Márcio Campos.
PARCERIA COM O GOVERNO DE MINAS O Convênio de Cooperação Técnica e Financeira garantindo a realização da MEGALEITE 2016 (13ª Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite) na capital mineira pela primeira vez, foi assinado em fevereiro. Foi firmado entre o Governo de Minas, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), e pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, no dia 11 de fevereiro. Segundo o governo estadual, a medida faz parte das ações de fomento ao agronegócio e ao desenvolvimento econômico do país e de Minas Gerais, com estímulo à cadeia produtiva do leite e seus derivados. O Estado é atualmente o maior produtor de leite do Brasil, além de ser um polo de produção de genética bovina de reconhecimento internacional e de abrigar as sedes das principais associações nacionais de raças leiteiras. Participaram da solenidade de assinatura do documento o secretário de Estado da Fazenda, José Afonso Bicalho; o secretário Adjunto da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária, Kléber Vilela (representando o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Cruz Reis Filho); a diretora de Fomento à Indústria Criativa da Codemig, Fernanda Medeiros Azevedo Machado (representando o diretor presidente da Codemig, Marco Antônio Soares da Cunha Castello Branco); o presidente da Girolando, Jônadan Ma; o 4º vice-presidente da Associação, Olavo de Resende Barros Junior, e o gerente de Projetos da Girolando, Bruno de Barros Ribeiro de Oliveira.
Brahman
REVISTA O ZEBU NO BRASIL
Raรงa de resultado Foto: JM Matos
de Norte a Nordeste
O ZEBU 61
Brahman ganha espaço no Norte e Nordeste do país
Foto: JM Matos
O ZEBU Brahman
Por: Sabrina Alves • Colaboração: Fernando Augusto Meirelles
Já bastante consolidado no cená-
que estavam em busca de reprodutores
rio da pecuária nacional e reconhecido
da raça para cruzamentos, foi surpreen-
a criação da raça e entre esses, está o
(...) quem usa volta para comprar e, principalmente, indica para outro criador”
paraibano Renato Cruz. Reconhecido
sou a investir em animais PO, com a
tores, o Maranhão vem aderindo, também, ao uso da genética Brahman. Investidores passaram a explorar
como um dos maiores vendedores de touros Brahman nos estados do Maranhão e do Pará, o criador, responsável pelo Rancho RC, mudou-se para o Maranhão, ainda na década de 1990, mais precisamente na região do Grajaú. Seu rebanho, destinado a recria e engorda, começou em 2005, passando a fazer uso desses reprodutores em matrizes aneloradas. Renato Cruz conta que o retorno pode ser percebido logo na primeira geração, quando os animais atingiram peso ainda na desmama. Em meados de 2007, o núcleo pas62 O ZEBU
proposta de produzir touros para uso
dente. A partir de então, passou a ofertar esse produto ao mercado. “O que me chama mais atenção é: quem usa volta para comprar e, principalmente, indica para outro criador. É uma plena satisfação do cliente”, conta o criador.
próprio. Segundo Renato, a crescente procura por parte de outros criadores, Fernando Meirelles
como um dos grandes estados produ-
RESULTADOS Ivan Melo comemorou, logo no começo, os resultados positivos que a sua produção atingiu. A partir daí, passou a fazer uso desses animais também na Fazenda Alvorada, localizada na cidade de Paragominas, no estado do Pará. Os investimentos, a princípio, foram feitos nos cruzamentos de matrizes Nelore e meio sangue para cruzamento industrial. Entre os destaques estava o peso na desmama quando comparados com outras raças zebuínas e taurinas. “O Brahman veio para solucionar uma limitação no nosso rebanho zebuíno na precocidade de acabamento e qualidade de carcaça, sem perder a rusticidade do Zebu”, diz o empresário. Atualmente, o grupo focou na criação de animais PO, nos quais são aplica-
das técnicas de FIV para o aumento do rebanho para a produção dos seus próprios reprodutores. REFORÇO TÉCNICO O consultor e responsável pelo acompanhamento de grande parte das fazendas da região Norte, Fernando Meirelles é um admirador da raça Brahman. Segundo ele, o investimento da raça é garantia de retorno ao pecuarista. “Indicamos a raça Brahman, por ver nela uma ferramenta fácil, barata e de alto retorno operacional e financeiro para a pecuária nacional. Principalmente, quando utilizada nas nossas condições de boi de cupim comendo capim, com precocidade e qualidade de carcaça, que é hoje, exigida numa pecuária moderna de ciclo curto”, completa Meirelles, responsável pela Agroplan Consultoria Agropecuária.
Fernando Meirelles
NOVOS INVESTIDORES A criação de gado Brahman também despertou a atenção do empresário e agropecuarista Ivan Melo. Seus investimentos sempre foram focados para a pecuária de recria e engorda de gado comercial. Entretanto, nem sempre foi possível colher bons rendimentos. Ivan lembra, que depois da dificuldade na compra e o aumento do preço do bezerro, resolveu investir na cria. Para isso, adquiriu novas propriedades destinadas a este fim. Localizadas nos municípios de Castanhal, Paragominas e Chaves (PA), as fazendas passaram a fazer o ciclo completo de cria, recria e engorda e, desde então, acabou introduzindo a genética da raça Brahman. Ivan explica que logo no início adquiriu reprodutores das seleções CWM, LINCE, SKOL e AGSM. A proposta, segundo o pecuarista, era de melhorar a genética das matrizes que já tinha adquirido. “Logo na primeira geração nos surpreendemos com a qualidade dos produtos, principalmente no tocante à estrutura, como musculatura e a qualidade da sua carcaça e, também, à adaptabilidade dos reprodutores Brahman, que superaram adversidades, como enchentes e alagamentos, durante o período de chuva, na fazenda Cajueiro, situada na Ilha do Marájo. O mesmo ocorreu durante a severa época de seca”, diz.
O ZEBU 63
64 O ZEBU
O ZEBU 65
66 O ZEBU
O ZEBU 67
O ZEBU Brahman
ACBB comemora expansão do julgamento
“Zebu a Campo” Por Sabrina Alves
Miguel Xavier 68 O ZEBU
de associados e de criadores de Brahman para conhecerem as novas ações da atual gestão. “Estamos com um forte trabalho de resgate dos criadores, antigos e novos. Mesmo que não tenhamos um número grande de animais durante a feira, convidamos os criadores de Brahman para conhecerem os nossos projetos. Com a ajuda de todos e, com a divulgação da raça, principalmente em relação ao Cruzamento Industrial, que vem sendo muito discutido a nível nacional, iremos fortalecer a nossa raça. Já temos, atualmente no país, um número expressivo de criadores de Brahman que registram seus animais junto à ABCZ. Por isso, temos a certeza que a raça se mantém forte e, com isso, vamos intensificar essa força com os nossos novos projetos”, comenta Adalberto.
Ainda segundo o presidente, “ver essa modalidade de julgamento a campo, implantado pela diretoria anterior, ser expandido para as demais raças zebuínas coroa, sem sombra de dúvidas, um trabalho de muito sucesso. Primeiro, porque ali se tem um modelo, que é Carlos Lopes
Criadores de Brahman estão comemorando a chegada da ExpoZebu, que terá, este ano entre as principais atrações, o julgamento Zebu a Campo: modalidade que ganhou reconhecimento depois do “Brahman a Campo”. A novidade foi comemorada pela nova diretoria da Associação dos Criadores de Brahman (ACBB), que tem entre as prioridades, a solução de um grande desafio: resgatar os tempos de ouro da associação trazendo, novamente, os criadores para participar efetivamente de todos os novos projetos da ACBB. As primeiras ações acontecerão durante a 82ª ExpoZebu. De acordo o presidente da ACBB, Adalberto Cardoso, a proposta para a feira não é somente a de trazer um número expressivo de animais, mas sim, um número grande
Adalberto Cardoso
Maurício Farias
a realidade vivida na fazenda e que passa a ser apresentada em um julgamento. E, segundo, porque a partir dessa análise, será possível trabalhar a melhoria das raças”, comenta. O presidente da ABCZ, Luiz Claudio Paranhos falou em entrevista publicada pela entidade, no lançamento da nova modalidade de julgamentos de Trios de Zebuínos a Campo, que o concurso tem como destaque a mostra de raças de corte que priorizam os sistemas mais próximos das condições naturais de criação de bovinos, praticado na maior parte do território nacional. “Esse julgamento foi instituído para somar. A pista desafia o potencial genético dos animais ao máximo, ao controlar as condições nutricionais e ambientais, isolando muitas variáveis que interferem na bovinocultura. O método de avaliação dos animais a campo vai introduzir e destacar dentro das atividades da ExpoZebu os méritos dos modelos de seleção desenvolvidos em sistemas que privilegiam a utilização de pastagem ou semi-confinamento e representam a pecuária moderna fomentada pela entidade”, explicou Paranhos, em reportagem publicada pela ABCZ.
PISTA Os tradicionais julgamentos de pista, mais uma vez, chegam para comprovar a importância do Zebu para a cadeia produtiva da carne e do leite no Brasil. Além, é claro, de expor o avanço da genética zebuína. Exemplares da raça Brahman estarão presentes também no julgamento de pista. Conforme explica o presidente, foram indicados importantes nomes para o julgamento, que serão definidos pela ABCZ. “Indicamos
Miguel Xavier
técnicos que estavam um pouco afastados. Esses nomes foram repassados para a ABCZ, responsável pela definição final desses jurados. Em relação ao Brahman a Campo, indicamos nomes que estão mais familiarizados com esse trabalho”, diz. Para a modalidade Zebu a Campo, a ABCZ e o Colégio de Jurados das Raças Zebuínas confirmou o nome do jurado Fábio Eduardo Ferreira. Para o julgamento de Pista, a análise ficará a cargo do especialista e jurado homologado pela ABCZ, Izarico Camilo Neto. LEILÕES “Já temos marcado um grande leilão durante a ExpoZebu. Será o ‘Brahman Grupo Nacional’ agendado para o dia 7 de maio. O ponto de encontro será na Casa do Brahman, durante a exposição. Serão ofertados 100 touros Brahman PO e 120 fêmeas PO, originários do Rancho Brahman, Brahman do Lago, Brahman Vitória e Querença”, destaca Adalberto. Além do leilão, a ACBB antecipou ainda que novas ferramentas para os criadores serão lançadas durante a ExpoZebu. O ZEBU 69
O ZEBU Brahman
Maurício Farias
CRESCENDO COM O BRAHMAN Outra novidade lançada pela ACBB em parceria com a ABCZ será o projeto “Crescendo com o Brahman”. Segundo a diretoria, a ideia é a de envolver toda a família durante a ExpoZebu. Os mais novos terão a oportunidade de conhecer, na prática, a realidade da pecuária. A ação, conforme a ABCZ, já é realidade em outros países, conhecido como “Júnior show”. “A fim de promover a integração da família e comunidade com o evento agropecuário, na perspectiva da respon-
70 O ZEBU
sabilidade social e da cidadania, o objetivo é levar ao público infanto juvenil informações sobre a trajetória da raça Brahman e a importância de sua contribuição quanto à geração de emprego e renda, produção de divisas (importação e exportação), preservação do ecossistema e produção de alimentos (carne)”, apresentou a coordenação do projeto. O diretor de Marketing, Aldo Valente, reforça sobre a importância do evento e de como divulgar a raça para os mais diversos públicos, inclusive as crianças, que serão responsáveis pela
propagação da raça no futuro. “Domingo, 1º de maio, será o dia da Família na ExpoZebu. Serão inúmeras atividades de integração, reunindo nossas paixões, a família, os amigos e o gado, num só contexto”, expõe Valente. A programação contará com várias atividades, entre essas: aulas práticas sobre manejo e bem-estar animal, palestras, apresentação da raça Brahman, entrevistas, apresentação em pista pelos melhores alunos, tudo com a presença do instrutor Nilson Dornellas. As atividades serão voltadas para crianças e adolescentes de até 16 anos e as inscrições poderão ser feitas diretamente pelo e-mail: marketing@brahman.com.br, na sede da ACBB e no Museu do Zebu.
Aldo Valente
REVISTA O ZEBU NO BRASIL
Foto: JM Matos
Foto: JM Matos
Tabapuã
Vitrine da Carne Genética de rendimento
O ZEBU 71
O ZEBU Tabapuã
Vitrine da Carne
mostra resultados de carcaças Zebu Por Thassiana Macedo • Fotos: Divulgação
De 31 de março a 3 de abril, a ExpoPec, Exposição das Tecnologias Voltadas ao Desenvolvimento da Pecuária, movimentou a cidade de Porangatu (GO). Realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e pelo Sindicato Rural de Porangatu, Sebrae e Canal Rural, o evento recebeu o apoio da Associação Goiana dos Criadores de Zebu (AGCZ), presidida por Wagner Miranda. A Associação dos Criadores de Tabapuã em Goiás (ACTG) marcou presença no evento representada pelos criadores Giorgio Arnaldi, da Fazenda Buona Sorte, e Wagner Miranda, do Parque das Vacas/ExpoParque. Giorgio Arnaldi disponibilizou dois animais PO da raça Tabapuã para o workshop para a Vitrine da Carne, sendo um macho e uma fêmea NGT 3274 Jimmy da NGT. O destaque foi Jimmy da NGT, um
72 O ZEBU
exemplar jovem da raça Tabapuã, escolhido por ultrassom, pela linhagem e qualidade genética. Foi uma novilha de 14,2 meses, pesando 405 kg na data do embarque, 381 kg após 12 horas de jejum e rendimento no gancho do frigorífico de 220 kg, com rendimento de carcaça de 57,74%. Esta novilha é filha de Firlo da NGT, classificado como o
Animais no frigorífico, pouco antes do abate
melhor touro PO do Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens (PNAT) em 2013. O exemplar pertence ao criador Giorgio Arnaldi que vem trabalhando para recuperar a linhagem Pampulha. Esse animal foi criado a pasto, em Mozarlândia (GO), e recebeu suplementação de alto consumo nos últimos dois
meses, demonstrando uma qualidade excepcional de carne após o abate. “Além de oferecer um produto de qualidade para ser trabalhado na Vitrine de Carne, o objetivo deste trabalho foi comprovar análises e estudos que a fazenda vem fazendo ao longo dos últimos 15 anos, em busca de uma carcaça frigorífica de qualidade. Todas as análises feitas anteriormente com o animal vivo podem ser comprovadas com a avaliação da carcaça do animal abatido”, conta Arnaldi. O zootecnista e técnico da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), Marcelo Monteiro Garcia, foi
responsável por acompanhar o abate, fazer as mensurações de área de dorso-lombo, e espessura de gordura. De acordo com ele, a carcaça da novilha foi totalmente trabalhada pelo consultor em cortes de carnes, Marcelo Bolinha, para a vitrine enquanto metade da carcaça de um macho abatido para o evento foi destinada à avaliação de rendimento de carcaça da raça Tabapuã. “O macho teve rendimento de carcaça de 56,64%, o que é um rendimento excelente para um animal Zebu. A fêmea teve uma cobertura de gordura bastante uniforme, conseguindo cobrir toda a linha dorso-lombo,
descendo para coxas e costelas”, esclarece Monteiro. Na atual conjuntura de vida saudável, no qual as pessoas querem eliminar o consumo de gordura, Monteiro ressalta que a carne de Zebu vem favorecer o mercado. “Animais que demonstraram, tanto na hora do desmonte da carcaça, como na degustação, uma maciez e qualidade de carne bastante desejável. Nós levamos esses animais para demonstrar que o Zebu tem carne de qualidade. Dizem que a carne de Zebu é menos macia que a de raças taurinas, porque os animais não têm gordura entremeada e isso desfavoreceria o sabor e a maciez. Esse evento demonstrou bem que quando o animal é jovem, tem uma alimentação adequada de capim e no final da vida ele tem uma aceleração dessa alimentação, ele pode sim ter uma carne suculenta, macia e uma gordura que o consumidor pode retirar se não gostar”, declara. Outro aspecto positivo verificado durante o evento, segundo Marcelo Monteiro, foi o rendimento carne e osso dos animais que, por serem
O ZEBU 73
O ZEBU Tabapuã
jovens, tem ossos menores, menos calcificados e com mais carne. Avaliando a meia carcaça do macho, foram encontrados apenas 12% de ossos, sendo o restante de carne vermelha e de boa aparência, capaz de atrair o consumidor. No caso da novilha, após o abate foi possível obter 220 kg de carne de alto padrão, resultante do trabalho de melhoramento genético desenvolvido na Fazenda Buona Sorte. Para Marcelo Bolinha, nos quesitos sabor, rendimento, precocidade, maciez, cheiro cru e assada, rendimento carne e osso, aspecto e acabamento, a carne Tabapuã abatida no evento possuía alto padrão de qualidade, capaz de atingir qualquer mercado de carne Premium. PREPARO E SABOR DA CARNE TABAPUÃ Para proporcionar uma completa experiência aos visitantes e comprovar o nível da carne animais Tabapuã, a ExpoPec também convidou a veterinária e chef Elisabeth Schreiner e zootecnista Sandra Carvalho, que promoveram uma verdadeira degustação técnica. A carcaça de excelente conformação, assim como ótimo acabamento de gordura, surpreendeu as duas especialistas. Para elas, as raças zebuinas em geral apresentam ótimo rendimento 74 O ZEBU
de carcaça, alto rendimento de cortes e principalmente carnes com menor teor de gordura, exigência do mercado consumidor brasileiro, quando se trata de preparos do dia a dia. A médica veterinária Elisabeth Schreiner ressalta que a carcaça da fêmea jovem da raça Tabapuã apresentou excelente qualidade da carne. “Essa sim é um exemplo de carcaça onde não existe carne de primeira e de segunda, pois a carcaça inteira, dianteiro e traseiro, é
de excelente qualidade. Ela apresentava cobertura de gordura adequada ao preparo de cortes grelhados, maciez, suculência e sabor, os quais, após o preparo puderam ser validados pelo seleto público presente durante a degustação”, pontua a chef. Sandra Carvalho ressalta que todas as raças podem produzir carne de qualidade, sob o ponto de vista de origem, inspeção, aparência adequada e atendimento às exigências do mercado a que se destina. “Por exemplo, uma carcaça com pouco acabamento de gordura pode ser excelente para produção de hambúrguer, mas não deveria ser utilizada para grelhados, onde a gordura é essencial. As vantagens dos animais da raça Tabapuã são a grande adaptabilidade aos diferentes climas e forrageiras e a aptidão materna, alta fertilidade e precocidade tanto na cria, quanto na idade de abate, o que resulta em excelentes ganhos de carcaça. A raça se diferencia quanto à conformação, grau de acabamento de gordura e um certo grau de marmoreio. Também nos chamou atenção o alto nível de tecnologia utilizado pelos pecuaristas do estado de Goiás”, conclui a zootecnista.
O ZEBU 75
O ZEBU Tabapuã
Registros oficiais comprovam crescimento da raça Tabapuã Por Thassiana Macedo • Fotos: JM Matos
A raça Tabapuã tem apresentado números que despertam atenção pela consistência de sua evolução. Dentre os zebuínos de corte, já assume a segunda colocação como maior número de registros de animais nascidos (RGN). Esse crescimento tem sido sustentado pela distribuição de cobertura nacional de 284 criatórios, demonstrando a sua adaptabilidade à grande diversidade de biomas do território nacional. Segundo o médico veterinário Edson de Azevedo Ribeiro, o tamanho de cada raça é estimado pelo volume de registros de nascimentos (RGN) 76 O ZEBU
O Tabapuã é uma raça de características tropicais, como qualquer zebuíno, tendo como diferencial os resultados produtivos” feitos anualmente. Assim é possível estimar o volume de reprodutoras. Conforme os últimos dados oficiais da ABCZ, em relação ao registro, em 2014, o Tabapuã teve 17.836 RGN, enquanto o Nelore Mocho teve
15.604 RGN, Guzerá 15.495 RGN e Brahman 11.115 RGN. Das raças zebuínas de corte, a Nelore padrão é a que teve mais registros, com 306.273 RGN. “Isso demonstra que o Tabapuã é a segunda raça zebuína de corte em volume de registros de nascimento. Embora também tenha reconhecida a sua habilidade materna, não existem criatórios direcionados para seleção de linhagem leiteira. Quanto à evolução dos números, em 2009, foram 15.849 RGN de Tabapuã, com crescimento lento, mas sempre foi consistente”, avalia. Conforme dados do Centro de
Referência da Pecuária Brasileira, da ABCZ, entre os estados com mais nascimentos da raça Tabapuã em 2014, aparece Goiás com 4.621 animais, representando 21,42% do total, naquele ano. Em seguida, está o Pará, com 2.808 exemplares, representando 13%; Minas Gerais, com 2.403 animais; e Bahia, com 2.010 exemplares. Também aparecem na lista, Tocantins (1.919), Paraná (1.673), São Paulo (1.232), Mato Grosso (990) e Rio de Janeiro (972). Para o especialista, isso demonstra que o Tabapuã é uma raça de características tropicais, como qualquer zebuíno, tendo como diferencial os resultados produtivos. De acordo com a Associação Brasileira de Criadores de Tabapuã (ABCI), entre os destaques do compromisso da raça com a produtividade, estão as provas de ganho em peso (PGP), que são um capítulo à parte. Além de ser a raça que proporcionalmente mais desafia seus machos em provas, o Tabapuã faz isso há muito tempo nos criatórios tradicionais. “As provas de ganho em peso a pasto ou confinada, sempre acompanharam a
evolução da raça. Os principais criatórios utilizam esta ferramenta para avaliar seus machos da safra, tanto para direcionar a venda dos melhores produtos, como para identificar seu machos de repasse”, reforça Ribeiro.
A entidade destaca que o mercado de sêmen também vem apresentando evolução crescente nos relatórios da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), com destaque na heterose que proporciona tanto na base branca anelorada, quanto nas fêmeas ½ sangue, pois agrega docilidade, habilidade materna para leite e muito peso. Em 2014, criadores da raça Tabapuã venderam um total de 120.280 doses, contra 99.613 doses no ano anterior, sofrendo um crescimento de 51,5%. No que se refere aos dados sobre exportação de material genético, o Tabapuã manteve a marca de 1.500 doses enviadas para o exterior, em comparação com o ano anterior, enquanto algumas outras raças apresentaram queda de (-) 25,6%. O ZEBU 77
O ZEBU Tabapuã MELHORAMENTO GENÉTICO O Programa de Melhoramento Genético de Raças Zebuínas (PMGZ/ ABCZ) é a ferramenta oficial de aprimoramento da raça, que norteia a evolução das próximas gerações por meio da análise das DEP (Desvio Esperado de Progênie) para características de leite, peso e fertilidade. Estes dados compõem o índice final (IQG), que ranqueia os indivíduos. Em 2014, o programa contava com 75 rebanhos Tabapuã, compostos por 166.460 animais inscritos. O médico veterinário Edson de Azevedo Ribeiro ressalta que o programa ainda permite o acasalamento dirigido das matrizes para controle do melhor ganho genético e da consanguinidade. “O programa processa os dados fornecidos, através de um sistema de bioestatística, conseguindo identificar o que é ganho genético e o que é efeito de ambiente, como ração, boas e más pastagens. O programa então compara os indivíduos dentro do rebanho e em relação aos demais animais contemporâneos nascidos em todo o território nacional, gerando as DEP’s”, explica. Desta forma, Ribeiro informa que é possível evitar enganos pelo olho, quando animais bem alimentados tendem a ser bem avaliados visualmente. “O programa avalia características de peso, leite e fertilidade, sendo que quanto maior o número de filhos avaliados, melhor é a confiança ou acurácia da informação. Porém, vale lembrar que o ideal é fazer o uso de avaliações genéticas em conjunto com avaliações visuais”, esclarece o especialista. 78 O ZEBU
O Programa de Melhoramento Genético de Raças Zebuínas (ABCZ) é a ferramenta oficial de aprimoramento da raça, que norteia a evolução das próximas gerações” Os leilões são o grande termômetro do momento da raça, pois a procura e a agregação dos valores arrematados demonstram o interesse pela raça, que é fruto de um trabalho seletivo direcionado, iniciado na década de 1940. O número de animais leiloados subiu de 1.189 no ano de
2005, para um total de 2.020 animais em 2014. “Os valores médios dizem respeito a uma oferta de 80% de animais de produção, principalmente em eventos virtuais e 20% em eventos elite com valor agregado. O preço médio das fêmeas, em 2014, era de R$ 5 mil, dos machos, de R$ 5,6 mil e de embriões, de R$ 5,5 mil”, afirma o médio veterinário. Edson de Azevedo Ribeiro ressalta que as expectativas são muito positivas para a ExpoZebu 2016. “Há uma grande união em prol da raça, com vários eventos, entre leilões e julgamentos, sendo agendados e compartilhados dentro dos grupos. Acredito que Uberaba será o ponto de encontro nacional entre os novos e os mais tradicionais criatórios do país”, completa o especialista.
REVISTA O ZEBU NO BRASIL
Foto: JM Matos
Sindi
Dia de Campo
Reunidas Castilho O ZEBU 79
O ZEBU Sindi
Sindi Castilho abre as porteiras em Dia de Campo
Por Sabrina Alves • Fotos: Arthur Targino
A Reunidas Castilho, um dos principais criatórios destinados exclusivamente à seleção da raça Sindi, abriu as porteiras para mais um Dia de Campo. O evento teve como proposta apresentar a produtividade e a genética encontradas no criatório que, em 2016, completa 80 anos de seleção. O evento organizado pelo criador Adaldio Castilho Filho, contou com o apoio da ABCZ que esteve representada pelo presidente Luiz Claudio Paranhos, pelo vice-presidente Arnaldo Manuel Machado Borges, pelo diretor Frederico Cunha Mendes, pelo superintendente Luiz Josahkian, pelo gerente comercial do PMGZ, Cristiano Botelho e pela gerente do PMGZ Leite Bruna Hortolani. O Dia de Campo Sindi Castilho foi realizado na fazenda Tabaju, localizada na cidade de Sales, no interior de São Paulo. Na programação estava a apresentação do trabalho acompanhado pelo Programa de Melhoramento Genético da ABCZ, o PMGZ, do qual Adaldio faz parte desde 2006. A qualidade e a produtividade dos animais Sindi foi apresentado por Adaldio, um grande entusiasta da raça no país. 80 O ZEBU
“Esse momento marcou o retorno do Sindi que chegou à Fazenda Tabaju em 1936. O evento foi histórico dentro da raça e para a minha família que trabalhou muito para que tudo acontecesse da melhor maneira possível, oferecendo conforto a todos os presentes”, disse o criador emocionado. Adaldio ainda falou sobre os cuidados que foram tomados para a realização do Dia de Campo. “Ficamos muito preocupados em fazer uma apresentação completa, onde tudo fosse esclarecido. Para isso, palestras e apresentações foram ministradas para comprovar as características
produtivas da raça tanto para corte como para leite. Para a minha vida, considerado essa data a realização de um sonho. Conseguimos reunir em um único local apreciadores da raça de várias partes do país e do mundo, entre esses Turquia e Bolívia. Sem dúvida, um dos dias mais felizes das nossas vidas!”, comemora. O superintendente Técnico da ABCZ, Luiz Antonio Josahkian, também abordou sobre os aspectos do “PMGZ na prática”, juntamente com o consultor Fernando Costa, responsável por falar sobre a produtividade do criatório e da pecuária. “Um ponto bastante interessante do
evento foi a harmonia entre a teoria e a prática. Em nossa apresentação especificamente, pontuamos a necessidade de uma seleção mais global, pois na seleção deve ser observado o conjunto de características, visando sobretudo, a funcionalidade dos animais. Também não devem ser observados apenas os números, em função da importância da avaliação visual dos animais. Essa teoria ficou bem expressada com as apresentações dos animais, quando foram apresentados os resultados práticos da seleção”, diz Luiz Josahkian, em matéria publicada pela ABCZ. Todo o processo apresentado no Dia de Campo, teve a colaboração da Carvalho Assessoria, pertencente a Geraldo e Fernando Carvalho e do consultor e especialista da raça Sindi, Arthur Targino. “O Dia de Campo teve como fio condutor o destaque na produtividade da raça, notadamente do rebanho Castilho que vem investindo sistematicamente nas ferramentas de melhoramento e na identificação de animais com genética
superior em carne e leite, objetivando a produção de proteínas de alta qualidade a custo cada vez mais competitivo em regime de pasto. Foram apresentados touros e matrizes que vem se destacando nesse conceito, evidenciando tanto a produção quanto a longevidade, sempre aliando esses fatores com características raciais sólidas dentro de um esquema de seleção definido para atender às necessidades da pecuária produtiva”, explicou Targino. Arthur falou ainda sobre a representatividade do plantel para a pecuária nacio-
nal. “O rebanho Castilho além de pioneiro no Brasil é o maior difusor de genética Sindi, fez inúmeras parcerias desde a época do Sr. Cito Castilho com importantes instituições de pesquisas a exemplo da Esalq, Instituto de Zootecnia de Sertãozinho, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e, hoje, está presente de forma marcante em todos os rebanhos comerciais do país. São 80 anos de relevantes serviços prestados à pecuária brasileira, sobretudo ao Sindi”, completa o consultor.
O ZEBU 81
O ZEBU Sindi
Nacional do Sindi em Uberaba Por Sabrina Alves • Fotos: ABCSINDI / Arthur Targino
A tradicional Exposição Nacional da Raça Sindi, será realizada, a partir deste ano, no Parque Fernando Costa, simultaneamente com a 82ª ExpoZebu. A novidade, anunciada pela Associação Brasileira de Criadores de Sindi, prevê a participação de 150 exemplares da raça que serão avaliados entre os dias 4,5 e 6 de maio. A 14ª edição da Expo Nacional terá uma novidade. De acordo com a diretoria da ABCSindi, o animal que ganhar o título de Grande Campeão no julgamento de Pista, será consagrado, também, como o novo Campeão da Nacional. Para o presidente da ABCSindi, Ronaldo Bichuete, o evento se mantém como “o mais importante, em peso, que a raça tem”. De acordo com o cronograma da 82ª ExpoZebu, todos os julgamentos da raça acontecerão no período da manhã. Sendo o julgamento Zebu a Campo, que terá exemplares da raça Sindi participando da disputa, realizado nos dias 1 a 3 de maio. Os animais desta modalidade serão concentrados 82 O ZEBU
no Pavilhão Multiuso, do Parque Fernando Costa. Ainda na programação está o Concurso Leiteiro e o Concurso Leiteiro Natural. A entrada de matrizes aconteceu entre 3 e 4 de abril e o período de adaptação, entre os dias 5 e 18 do mesmo mês. A primeira pesagem aconteceu no dia 19 de abril, com dez ordenhas, sendo a última pesagem feita dia 23 de abril. Na programação da ABCZ, o concurso Leiteiro está previsto para os dias 1º a 4 de maio. “Teremos animais Sindi presente na Pista, no Torneio Leiteiro tradicional (persistência) e no Torneio Leiteiro Natural. A raça Sindi é a única que vem em todas as edições da ExpoZebu ativamente dentro do torneio persistência”, comemora Bichuete.
AGENDA ABCSINDI NA EXPOZEBU Criadores, especialistas e apreciadores da raça Sindi terão ainda a oportunidade de participar de várias atividades durante a ExpoZebu. A diretoria da associação confirmou a realização do 1º Fórum Nacional da Raça Sindi. O evento trará a discussão das diretrizes da seleção funcional da raça, com a presença dos principais criadores e divulgadores da raça, além de técnicos que serão responsáveis pela mediação das discussões. Ainda na programação está a realização de assembleia geral com toda a diretoria da ABCSindi e reuniões com a presença ativa de criadores da raça.
O ZEBU 83
84 O ZEBU
REVISTA O ZEBU NO BRASIL
Foto: JM Matos
Indubrasil
Adaptรกvel
no Brasil e no mundo
O ZEBU 85
O ZEBU Indubrasil
Indubrasil: do Semiárido nordestino aos Pampas gaúchos, para o mundo Por Thassiana Macedo • Fotos: JM Matos
86 O ZEBU
A origem do Indubrasil está diretamente ligada à trajetória da atividade pecuária no Brasil. Segundo registros reunidos pelo Centro de Referência da Pecuária Brasileira, criado pela Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), a história da pecuária no Brasil começou com a vinda dos portugueses, entre as décadas de 1530 e 1540, alguns trazidos da Europa e outros da África. Conforme o livro “Zebu: 60 Anos de Registro Genealógico”, da ABCZ, o Indubrasil foi formado por estudiosos fluminenses, que iniciaram os primeiros experimentos na década de 1880, tendo o Barão de Paraná, como um dos incentivadores, cruzando Guzerá com Nelore, diante do sucesso dessas raças nos trabalhos nos cafezais montanhosos do Rio de Janeiro. Esse novo animal recebeu o nome genérico de “Zebu”. Com a chegada do Gir, a partir de 1911, o novo zebuíno recebeu a introdução de mais esse sangue, de orelhas alongadas, o que foi decisivo para a consolidação do Zebu no Brasil. No ano de 1898, fazendeiros do Triângulo Mineiro iniciaram importações de animais diretamente da Índia, sem intermédio de casas importadoras. A pecuária de corte evoluiu, ganhou incentivo do Governo e pecuaristas começaram a praticar a técnica de seleção que surgiria mais tarde como ciência dentro do melhoramento zootécnico brasileiro, fixando as raças zebuínas Guzerá e o Nelore no Brasil. Isto serviria para as bases de rebanhos locais em Uberaba e Conquista, em Minas Gerais, trabalho já bem consolidado em terras fluminenses muitos anos antes, pois no Rio de Janeiro o Zebu já fazia parte da lida no campo. Ainda conforme registro do Centro de Referência da Pecuária Brasileira,
seguindo o exemplo do Rio de Janeiro, com as primeiras iniciativas de registro genealógico, em 1918, o Herd Book Zebu começou a ser organizado. No ano seguinte, dezenas de pecuaristas uberabenses se reuniram para formar uma associação com o objetivo de desenvolver o Zebu em Minas Gerais e aprimorar a pureza das raças e obter, em um único animal, toda a variedade de aptidões e habilidades do gado Zebu. As raças europeias eram predominantes, mas ofereciam limitações de adaptação ao clima tropical brasileiro, dando lugar ao mestiço Zebu, rústico e resistente. A crise do café e, depois, o período pós-guerra que se seguiu, criaram condições favoráveis ao fortalecimento da pecuária como atividade econômica e ao aprimoramento das raças puras de Guzerá, Nelore e Gir, que deram surgimento ao mestiço triplo, inicialmente denominado Induberaba, Induaraxá, Induporã, Indubelém, Indugoiás, Indubahia, até chegar a uma nova raça brasileira, o Indubrasil, a partir de 1920. Na Exposição Nacional de 1920, lá estava o garrote “Induberaba” e ou-
Segundo a ABCI, a raça dominou a pecuária brasileira entre os anos de 1925 até 1945, passando de 15% do total de animais no país, para 79,8%” tro animal chamado “Uberaba”, como pode ser visto em Catálogo presente no Museu do Zebu. Mais tarde, em 1926, brilha em Uberaba o animal adulto, Induberaba, do coronel José Caetano Borges que foi, de fato, um dos maiores investidores da nova raça. Com a criação da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro em 1934, com sede em Uberaba, o novo padrão racial foi estabelecido e consolidado em 1938. DO CALOR NORDESTINO AO AR GELADO DOS PAMPAS Hoje, o Indubrasil ocupa seu espaço em todas as regiões brasileiras, do semiárido nordestino aos pampas gaúchos, e já vem ganhando o mundo. Segundo a Associação Brasileira de Criadores de
Indubrasil (ABCI), a raça dominou a pecuária brasileira entre os anos de 1925 até 1945, passando de 15% do total de animais no país, para 79,8%. Alguns anos depois, criadores de Pernambuco produziram o Indubrasil Vermelho, de onde se espalhou para Bahia, Sergipe e outros estados sendo, posteriormente, exportado para os Estados Unidos com o objetivo de desenvolver a raça Brahman, a qual gerou o gado australiano. Desde 2015, a Tailândia vem importando animais da raça Indubrasil, com o propósito de realizar o melhoramento genético de seus criatórios. O acordo para exportação foi oficializado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a relação comercial externa continuará em 2016. De acordo com a Associação dos Criadores Gaúchos de Zebu (ACGZ), a raça Indubrasil tem apresentado crescimento significativo nas regiões Sudeste e Centro-oeste do país, bem como no Sul, em especial no Rio Grande do Sul. Dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) revelam que a venda de sêmen da raça destinada ao corte cresceu 58,5% em 2014, na O ZEBU 87
O ZEBU Indubrasil comparação com o ano anterior. Segundo a ABCI, a raça chegou ao estado há vários anos, mas não houve registro oficial de seleção sistemática, por algum tempo. O boi de orelhas longas, vindo do Triângulo Mineiro, voltou a ganhar notoriedade em terras gaúchas quando o criador Elair Bachi, do município de Paim Filho (RS), começou a criar animais em seu sítio, tornando-se o primeiro a registrar o Indubrasil na ABCZ. Bachi começou com seis animais e, hoje, o rebanho já conta com cerca de 100 exemplares, entre eles, grandes campeões das pistas da Expointer e da ExpoZebu. É o caso do touro Tupi da Natureza, que também se sagrou Grande Campeão no Rio Grande do Sul. Em 2015, Lúdica da Natureza foi a Grande Campeã da raça na Expointer. Conforme levantamento da ACGZ há criatórios de Indubrasil também em outras cidades gaúchas, como Muitos Capões, Novo Hamburgo e Capão Bonito do Sul, por exemplo, onde a raça tem apresentado excelente desempenho, sem qualquer problema de adaptação. As propriedades são geralmente pequenas, em torno de 50 a 100 hectares, mantendo cerca de 100 animais. Na região dos Campos de Cima da Serra, município de Muitos Capões o clima é frio, com ventos congelantes, onde os animais já enfrentaram 6º negativos. A época de frio mais intenso começa da segunda metade de abril, passando por maio, junho e julho, esquentando somente em meados de novembro. Segundo criadores da região, durante o inverno, o Indubrasil muda sua coloração, quando perde o branco característico e adota uma cor bem mais escura para absorver mais calor. A pelagem também fica mais comprida, 88 O ZEBU
surgem pelos nas orelhas e no úbere e o couro fica mais duro, tudo isso para suportar o frio dos pampas. O temperamento dócil do Indubrasil se modifica. Os animais costumam ficar mais amuados, evitando respirar os ventos gelados da época. Nos dias mais frios, os animais se escondem nos capões formados pelas araucárias, vegetação típica da região sul. Agrupados, os animais tentam dividir o calor do corpo, e as vacas deitam ao redor das crias, para aquecê-las. De acordo com a ABCI, o Indubrasil, comparado ao gado europeu, sofre mais no inverno, como esperado. Porém, como o clima do Sul do Brasil é apenas frio e, não apresenta neve como os países europeus, o Indubrasil tem se comportado bem. No verão, há dias em que a temperatura atinge 40ºC. Enquanto o gado europeu sofre, o Indubrasil volta a adquirir sua conformação originária. No geral, a avaliação da ABCI é de que o Indubrasil também leva vantagem nas regiões de frio seguido de calor, pois os trabalhos de melhoramento genético têm obtido linhagens mais adaptáveis tanto ao frio, quanto ao extremo calor.
RAÇA INDUBRASIL: O ZEBU MUNDIAL No dia 5 de maio, a partir das 8h30, a Associação Brasileira de Criadores de Indubrasil realiza a 1ª edição do “Seminário Internacional da Raça Indubrasil: O Zebu Mundial”, durante a 82ª ExpoZebu, no Salão Nobre da ABCZ. Às 9h, o superintendente Técnico da ABCZ, Luiz Antônio Josahkian, ministra a palestra “O PMGZ como ferramenta de seleção”; às 10h, é a vez do gerente regional e técnico de campo, Roberto Winkler falar sobre “O PMGZ na seleção da Raça Indubrasil”; e às 11h, o superintendente adjunto de Melhoramento Genético da ABCZ, Carlos Henrique Cavallari, fala sobre “O Indubrasil, Zebu de Carne e Leite”. Após o almoço, don Sérgio Lúcio, do México, palestra sobre “O Indubrasil nas Américas”; às 15h, os inscritos participam de um debate entre os especialistas Rinaldo dos Santos, don Sérgio Lúcio, Acrísio Cruz e Clarindo Miranda, sobre “O Indubrasil e sua função na pecuária mundial”, encerrando com a entrega do Mérito Indubrasil aos apoiadores da raça.
O ZEBU 89
90 O ZEBU
REVISTA O ZEBU NO BRASIL
Foto: Gabriel Oliveira
Equinos
SaĂşde animal
dicas de manejo correto O ZEBU 91
O ZEBU Equinos
Técnico revela dicas para um manejo correto Por Jean Alex Martins • Revista Quarto de Milha Fotos: Reprodução
Na maioria das propriedades voltadas à criação de equinos, o mal mais comum que atormenta os proprietários, treinadores e tratadores é a cólica. Todos os criadores já passaram por situações onde algum de seus animais sofreram com esse tipo de problema. Normalmente, quem é indicada como culpada por desencadear esse problema é sempre a ração. Mas veremos que uma série de fatores pode levar a essas condições, que na maioria das vezes, erros simples e corriqueiros no manejo diário são os responsáveis por desencadear esse e outros problemas. Mas antes é importante lembrar porque a nutrição de equinos é tão especifica e algumas diferenças no trato digestório guardam a chave para que fiquemos atentos a esses cuidados. Pode parecer uma comparação desnecessária para alguns, mas é bom sempre deixar claro que cavalo não é vaca, mas ainda há muitas pessoas que teimam em criar equinos da mesma forma que fazem o manejo do gado ou mesmo em conjunto. Uma série de particularidades, no trato digestório de equinos, exige cuidados especiais para sua nutrição, ainda que a tropa seja criada a pasto.
92 O ZEBU
Iniciando pela boca, umas das particularidades do equino é a altura de pastejo. Equinos têm o hábito de pastejo muito rente ao solo. Ele seleciona os brotos e as folhas mais novas. É muito comum em piquetes mal manejados, áreas com gramas mais altas e com excesso de pastejo, exatamente devido a essa seleção na hora de pastejar. Outra questão importante está ligada à dentição dos animais. Fator que precisa ser acompanhado periodicamente. É preciso avaliar se os dentes estão sem pontas grosseiras que possam estar machucando-o. Caso seja necessário, deve-se chamar um profissional especializado para fazer essas avaliações e efetuar a correção. Outras duas particularidades no trato digestório de equinos estão no estômago, que é relativamente pequeno se comparado ao tamanho do cavalo e no intestino delgado, que apresenta uma taxa de passagem alta. Esses fatores são relevantes, pois interferem no tempo de retenção do alimento. Isso é importante principalmente quando se refere ao fornecimento da ração. Por isso, que se recomenda o fracionamento do seu fornecimento. Quanto mais fracionada, maior será
seu aproveitamento e menor as chances de ser mal digerida quando chegar ao Intestino Grosso e fermentar. “O manejo diário, seguindo a rotina com horários certos para o fornecimento da comida, treinamento, banho, entre outras ações, ajuda na redução do estresse de baia” O Intestino Grosso de equinos é onde ocorre a fermentação dos alimentos, neste compartimento acontece a degradação e o aproveitamento do capim realizada pelos microrganismos intestinais. Essa simbiose é importante na nutrição equina e é a partir dela que equinos e bovinos possuem a capacidade de ser herbívoros. Nesse compartimento, uma das características é o grande volume hídrico. Essa alta concentração de água no Intestino Grosso de equinos, entre outras funções, funciona como uma caixa d’agua, sempre que o animal precisa de água por alguma razão e não tem acesso a bebedouros. É nesse compartimento que ele irá retirar parte da água que precisa para manter-se. Essas são apenas algumas das diferenças que os equinos apresentam. O que é importante lembrar é que tudo está interligado e
pequenos erros de manejos podem influenciar em toda uma cadeia muito bem organizada e isso pode atrapalhar o desempenho de seu animal. ERROS COMUNS DE MANEJO Uma palavra é fundamental no dicionário de quem lida com cavalos: “rotina”. Fazer o manejo diariamente, seguindo uma rotina com horários certos para o fornecimento da comida, para o treinamento, banho, entre outras ações, ajuda muito na redução do risco de distúrbios e até mesmo na redução do estresse de baia, além de ajudar a identificar quando algo não está bem com alguns dos animais. Segue abaixo cinco erros comuns no manejo diário que podem influenciar seus resultados, mas que podem ser realinhados e realizados de forma correta no dia a dia: 1) Não fracionar o fornecimento de ração durante o dia - devido ao estomago relativamente pequeno e a taxa de passagem alta no Intestino Delgado, quanto maior a quantidade de ração fornecida por refeição, pior é seu aproveitamento. Fornecer volume grande de ração em uma única refeição reduz a eficiência da ação gástrica e a taxa de absorção dos nutrientes no Intestino Delgado. As chances dessa ração mal digerida chegar ao Intestino Grosso, fermentar e criar um quadro de cólica é muito alta. Dessa forma, é extremamente importante ter em mente que, quanto maior for o volume de ração que você queira fornecer para seu cavalo, maior deve ser o número de vezes que deverá fracionar o seu fornecimento ao longo do dia. 2) Não respeitar um período mínimo entre o fornecimento de ração e o fornecimento
do feno – após o fornecimento de ração deve-se aguardar um período de pelo menos uma a uma hora e meia para o fornecimento do feno. Isso porque o processo de digestão e a absorção dos nutrientes da ração, que deve ser realizada no Intestino Delgado, precisam de um tempo mínimo para ocorrer. Quando fornecemos o feno, ele aumenta mais ainda a taxa de passagem neste compartimento e funciona como uma “vassoura”, arrastando todo alimento desse compartimento para o Intestino Grosso e aumentando o risco deste alimento fermentar e criar um quadro de cólica. 3) Fornecer muita ração e pouca quantidade de feno – como foi dito anteriormente, equinos são animais herbívoros e o feno deve fazer parte de sua vida. A relação mínima e segura que deve haver entre o fornecimento da ração e do feno é de no mínimo 50/50. Ou seja, se o consumo diário por equino for de 4Kg de ração, seu consumo de feno deve ser no mínimo de 4kg ou mais. 4) Deixar o animal sem água por um longo período de tempo – esse é um problema que parece tolo, mas que é muito frequente. Como foi dito anteriormente o Intestino Grosso tem um grande volume hídrico e precisa dele para funcionar adequadamente. Quando ele cai, isso pode influenciar de forma negativa em todo ecossistema intestinal. Deve-se ter um cuidado especial com animais mantidos em piquetes com bebedouros que exigem ser enchidos manualmente. Muitas vezes os animais derrubam os bebedouros, derramando toda a água e ficando por um longo período sem ela. Isso pode ser prejudicial para o animal, principalmente em dias
quentes e quando mantidos em piquetes não sombreados. Muitas vezes, o animal para de comer como reflexo do período sem água. Os bebedouros automáticos são ótimos, pois se mantêm sempre cheios e facilitam a vida dos tratadores. Contudo, atenção especial deve ser dada aos animais mantidos em baias e piquetes com esse tipo de bebedouro, pois deve-se observar se eles estão de fato consumindo água. Inúmeros fatores podem influenciar no consumo e observar essa alteração comportamental podem fazer a diferença. O consumo hídrico é um indicativo extremamente importante sobre a saúde de seu animal, pode ser um sinal claro de que algo não vai bem. Várias alterações podem influenciar no consumo de água, então é bom ficar muito atento a isso. Animais adultos mantidos com dietas hiperproteicas, que não estão gestando ou amamentado e são mantidos com rações com teor acima de 14% de proteína bruta ou com feno de alfafa como única fonte de volumoso, apresentam um consumo hídrico maior e consequentemente produção maior de urina. Isso ocorre porque todo excesso, no caso a proteína, precisa ser excretada na urina. Isso vai interferir de forma negativa para o animal, pois a tendência é de ter a baia sempre úmida e não é preciso nem relatar o quanto uma baia nesse estado pode ser ruim para seu cavalo. Além disso, essa excreção exige um gasto energético que poderia ser utilizada para melhorar o seu desempenho. Em caso de dúvidas, consulte um zootecnista especializado em nutrição equina para verificar e até mesmo balancear a dieta. 5) Animais soltos em piquetes com pastagens novas – é comum no início das estações de chuva alguns animais mantidos em piquetes apresentarem quadros de diarreia e até mesmo casos de cólica. Isso ocorre porque, como foi dito antes, os equinos selecionam os capins mais novos, quem contém em sua composição substâncias altamente fermentáveis, além de teor maior de proteína e água. Para evitar esse tipo de ocorrência, deve ser organizado um esquema de entrada e saída de animais nos piquetes, padronizando-se uma altura de entrada.
O ZEBU 93
94 O ZEBU
O ZEBU 95
96 O ZEBU
O ZEBU 97
98 O ZEBU
REVISTA O ZEBU NO BRASIL
Foto: JG Martini
Crioulo
ABCCC lanรงa Manual de
Bem Estar Animal O ZEBU 99
O ZEBU Crioulo
ABCCC avança na batalha em defesa do bem estar animal Por Rejane Costa/AgroEffective • Fotos: Éverton Souza Marita/ABCCC/Divulgação
A regulamentação e o reconhecimento dos eventos equestres com a aplicação efetiva das práticas de bem estar animal em provas e seletivas são, hoje, realidades não tão distantes quanto pareciam há algum tempo. Conquistas recentes no âmbito legal mostraram que as medidas adotadas em prol da legalização foram determinantes para alcançar os atuais resultados positivos. Para a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), estes resultados consolidaram a certeza de que é preciso seguir incentivando permanentemente atitudes de bem estar, reforçando a posição da entidade e agindo politicamente em defesa dos eventos da raça. Um passo importante dessa caminhada foi dado no início de fevereiro, quando a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Maus Tratos aos Animais concluiu a análise do relatório proposto pelo deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), pedindo a proibi-
100 O ZEBU
ção à perseguição seguida de laçadas e derrubadas de animais em rodeios. Na ocasião, foram aprovados três destaques ao texto, entre eles um que retirou do relatório o trecho que pedia a proibição desse tipo de evento. Atenta à movimentação de entidades que defendem o bem estar animal, a ABCCC vem fazendo a sua parte e adotando práticas que, além de garantir a segurança e a integridade de todos os envolvidos, podem também ser determinantes na manutenção da longevidade de seus eventos. A entidade trabalha com base em seus regulamentos, cujas determinações referentes ao bem estar são bastante rígidas e contribuem para o sucesso e a evolução crescente das suas atividades. São levados em consideração durante todos os eventos do cavalo Crioulo, práticas e iniciativas como o descanso do gado, segurança no transporte, proteção na mangueira, presença de médico veterinário, estação móvel de atendimento, exame
antidoping, inspeção no exame de admissão dos instrumentos e acessórios do arreamento utilizados pelo cavalo e pelo cavaleiro, além da presença de fiscais de bem estar que auxiliam na revisão dos animais, assim como a desclassificação do cavalo caso seja constatado qualquer tipo de sangramento. Recentemente, a ABCCC integrou um grupo de trabalho que incluiu também representantes de outras entidades de raça e o Sindicato dos Médicos Veterinários, na construção do Manual de Práticas de Bem Estar Animal em Eventos Equestres do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Esse manual contém orientações e sugestões de medidas a serem adotadas visando o esclarecimento, a divulgação e a execução de tais práticas. Essas orientações são repassadas aos participantes
das provas e divulgadas nos meios de comunicação da Associação e em material de sinalização do evento. Estão também previstas em regulamento penalizações em caso de excesso de ajuda, mau uso ou exigência excessiva do animal, ou ainda por qualquer movimento ou prática que coloque em risco a sua integridade física. Além disso, animais que foram retirados das provas mediante apresentação de atestado médico veterinário ficam proibidos de participar de qualquer modalidade funcional durante 30 dias. O superintendente de Serviço de Registro Genealógico da ABCCC, Rodrigo Teixeira, afirma que o intuito das ações da entidade visando as práticas de bem estar, é o de ir ao encontro do que a sociedade brasileira clama: a convivência harmoniosa do ser humano com os animais. “Estas
medidas são importantes para salvaguardar as provas funcionais, para que possamos seguir selecionando os melhores indivíduos e fomentando as práticas desportivas, de lazer e de trabalho. Nosso homem do campo já tem por conduta e princípio cuidar bem do cavalo, companheiro de longas jornadas e que lhe provém o sustento e, agora, a entidade formalizou essas ações e estende de forma ávida a todos que ajudam a mover o ciclo da raça Crioula”, salienta. Segundo Teixeira, existe um projeto em andamento capitaneado pela ABCCC, que consistirá em formar, em cada núcleo afiliado, os agentes de bem estar animal. A figura deste agente terá o papel fundamental de mapear, através de formulários próprios, se a estrutura dos eventos realizados pelos núcleos está de acordo com os padrões sugeridos no Manual de Boas
Práticas. As informações dos agentes serão confrontadas com a dos Inspetores Técnicos designados e o Setor de Eventos da entidade é quem fará um ranking baseado exclusivamente neste quesito. Teixeira explica que a ideia é premiar os vencedores com o Selo de Qualidade em Bem Estar Animal na cerimônia de premiação da Expointer, onde receberão da diretoria da entidade esta distinção, bem como alguns prêmios que ainda estão em estudos. “Precisamos dar visibilidade e distinção a estas organizações que estão mais evoluídas servindo, assim, o bom exemplo como uma prática ao alcance de todos. Esta capilarização das práticas de bem estar, é determinante para o sucesso e perpetuação destas ações que vieram para ficar e, cada vez mais, farão parte de nosso cotidiano”, garante Teixeira. O ZEBU 101
102 O ZEBU
O ZEBU 103
O ZEBU Crioulo
Raça Crioula conquista espaço no Parque Fernando Costa Por Thassiana Macedo • Fotos: Éverton Souza Marita/ABCCC/Divulgação
O cavalo Crioulo estará pela primeira vez no maior palco da pecuária do Brasil. Em 2016, Uberaba (MG) contará com uma Exposição Morfológica Passaporte, de 4 a 7 de maio. A prova em solo mineiro vai classificar animais para a grande final da modalidade na Expointer. O momento é ideal para inaugurar o primeiro escritório da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulo (ABCCC) fora de Pelotas (RS), o qual só foi possível em razão do crescimento da raça em Minas Gerais no ano de 2015. Segundo a associação, a manada da raça Crioula atingiu a marca de 402.341 animais no ano passado, ante os 377.882 registrados em 2014. Ainda que a região Sul concentre quase 380 mil animais nos es104 O ZEBU
tados de Rio Grande do Sul (87%), Santa Catarina (7%) e Paraná (6%), hoje, o plantel mineiro conta com 1,3 mil animais, resultado de um crescimento de 8% em Minas Gerais, superando a média nacional que foi de 6,4%. Para atender aos criadores de outras regiões do país que têm investido na raça, a ABCCC vai inaugurar durante a 82ª ExpoZebu, promovida pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), um escritório que estará mais próximo dos novos criadores no Brasil. No Centro-Oeste, o crescimento de animais registrados chegou a 13,5%, no Norte a 11% e no Nordeste atingiu 10,1%. Por ser central e estratégica a região de Uberaba foi a escolhida para sediar um estande fixo
no Parque Fernando Costa, facilitando a troca de informação e a realização de negócios com os criadores de gado que buscam animais funcionais e resistentes para a lida nas fazendas. A iniciativa da ABCCC recebeu o apoio da ABCZ e do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Minas Gerais, criado em 2015 e presidido por Marcelo Moura, com o objetivo de promover eventos da raça dentro e fora das exposições do Parque. Segundo o vice-presidente do Núcleo, Patrick Villa Nova Pereira, o objetivo é servir como ponto de apoio para receber criadores consolidados e novos, sendo a casa do cavalo Crioulo dentro da ABCZ. “Em uma área de 1 mil m² teremos um quiosque para atender ao público que vai assistir ao
julgamento morfológico. Duas pistas foram montadas para o evento, uma de areia com 900 m² e outra menor, destinada ao aquecimento dos animais. A intenção é realizar uma exposição completa com: a concentração de cavalos machos, que podem receber o registro definitivo; julgamento incentivo, participando animais com menos de dois anos de idade; e julgamento de morfologia”, explica. As análises morfológicas são divididas em duas modalidades, uma voltada a animais criados a campo e outra a equinos criados em galpão. Cada modalidade é subdividida em categorias que variam de acordo com a idade do animal, no caso das fêmeas também se divide em éguas prenhas e éguas com cria ao pé. Patrick Villa Nova reforça que o julgamento morfológico consiste na avaliação da composição estrutural, assim como das aptidões e preparo físico dos cavalos. Este procedimento é feito por jurados convidados com base em modelo estabelecido pela ABCCC. O animal que melhor se enquadrar aos padrões de conformação do cavalo Crioulo é eleito o Grande Campeão e segue para a Expointer, em setembro. A ABCCC espera reunir criado-
res de todo o Brasil que trarão para o Triângulo Mineiro, o número mínimo de cavalos Crioulos para classificação. De um total de 60 animais, devem se classificar os quatro melhores machos e as quatro melhores fêmeas que participarão da final do ranking, em Esteio (RS). A entrada dos animais no Parque Fernando Costa está marcada para o dia 4 de
maio, com mensuração no dia 5 e o julgamento morfológico nos dias 6 e 7 de maio sendo que, no último dia, a grande final dos cavalos Crioulos será realizada na pista principal do Parque, junto com o julgamento das raças zebuínas. Um coquetel de encerramento do leilão de coberturas, em prol do núcleo, também está marcado para o dia 6 de maio.
O ZEBU 105
O ZEBU Crioulo PROJETO FUTURO De olho no crescimento da raça de cavalos voltados para o trabalho no campo, Patrick Villa Nova adianta que o Núcleo de Criadores de Minas Gerais já repassou ao presidente da ABCZ, Luiz Claudio Paranhos, a planta completa de uma pista de campo oficial para cavalo. Projeto prevê a construção da pista na Estância Orestes Prata Tibery Júnior, localizada na BR-050, onde é realizada a ExpoZebu Dinâmica. O objetivo da entidade é atender todas as raças que tiverem interesse de realizar eventos. Por isso, o vice-presidente revela que o Núcleo também já está pleiteando junto à ABCCC, a oportunidade de trazer uma etapa classificatória do Freio de Ouro para Uberaba em 2017, torneio com seleção funcional dos cavalos.
106 O ZEBU
O ZEBU 107
108 O ZEBU
REVISTA O ZEBU NO BRASIL
Foto: JM Matos
Senepol
EGB e ParaĂso
mais sabor no cruzamento com Zebu
O ZEBU 109
O ZEBU Senepol
Senepol EGB Carne saborosa nos cruzamentos com Zebu Por Thassiana Macedo • Fotos: JM Matos
O sucesso da raça Senepol no Brasil se deve a pecuaristas que estão conseguindo abater animais aos 20 meses de idade, com peso médio de 18 arrobas, cuja maciez da carne atrai o mercado consumidor mundial desde 2012. Isso vem provocando um incemento de até 30% em todas as etapas de produção de carne brasileira, com grande impacto na lucratividade. Com visão sempre antenada no mercado, em 2015, Enir Gomes Barbosa iniciou a criação de gado Senepol em parceria com a Senepol Paraíso, em Uberlândia (MG), pertencente a Leonardo Chaves, da dupla Victor e Léo. Junto com o sócio Antonio Elias Namen Lopes, empresário no ramo de Empreendimentos Imobiliários, a criação de Senepol acontece na Fazenda Estiva localizada em Brumadinho, que é de propriedade de ambos os sócios. Enir Barbosa conta que foram realizados os processos de FIV com as doadoras da Senepol Paraíso com o sêmen dos touros em destaque da raça disponíveis no mercado. “Hoje, temos 60 produtos de embriões nascidos na fazenda, machos e fêmeas de alto valor genético. Temos quatro doadoras, todas adquiridas em leilões com assessoria do Rodrigo Debossan, da Senepol Paraíso”, ressalta. O trabalho é desenvolvido na Fazenda Estiva, localizada em Bru-
A atividade pecuária da Fazenda Pedra Preta hoje consiste em leite, corte e melhoramento genético” 110 O ZEBU
madinho, Minas Gerais, onde Enir Barbosa cria gado de corte em confinamento e o rebanho Senepol. Em sua segunda propriedade, denominada Fazenda Pedra Preta, no município de Cordisburgo, o pecuarista dedica à criação de gado das raças Gir Leiteiro, Girolando, Nelore e desenvolve também o confinamento de gado para corte. “A atividade pecuária da Fazenda Pedra Preta hoje consiste em leite, corte e melhoramento genético”, frisa Barbosa. Como bom empreendedor, a aposta no Senepol não foi cega. Empresário bem sucedido no ramo de hortifrutti, carnes e laticínios, Enir Barbosa busca sempre levar produtos de qualidade para a mesa de seus amigos e clientes. “O Senepol tem muitas vantagens, como a carne muito macia, o ganho de peso rápido, a precocidade comprovada e eficácia na realização de cruzamento industrial com os zebuínos, principalmente com o Nelore”, afirma o pecuarista. Segundo os sócios Enir Barbosa e Antônio Elias, o Senepol é uma excelente opção para acabamento de animais a pasto. Com temperamento dócil, animais da raça têm habilidade
Um Senepol cobre, a campo, de 40 a 50 vacas, com um índice de prenhez por monta natural é superior a 90%” de encontrar alimentos e transformá-lo em carne macia mais rapidamente que outros, sendo considerados de baixa manutenção nutricional. No confinamento, o Senepol também
vem provando, através de programas de pesquisa, que é um animal de alta performance. Além disso, o valor de um bezerro cruzado com Senepol chega a ser 40% maior que outras raças, gerando maior faturamento na produção. O pecuarista Enir Barbosa ainda chama atenção para a vida útil do reprodutor. Um Senepol cobre, a campo, de 40 a 50 vacas, com um índice de prenhez por monta natural é superior a 90%. Além disso, para se obter a heterose desejada entre taurinos e zebuínos, o Senepol tem demonstrado ser uma solução interessante. “O objetivo da criação é expandir o rebanho e, com o trabalho de melhoramento genético, buscar animais melhores com alto índice zootécnicos a fim de que outros criadores também possam melhorar ainda mais seus rebanhos”, revela. O Senepol da Fazenda Pedra Preta acaba de se apresentar nas exposições SuperAgro e ExpoCurvelo, amO ZEBU 111
O ZEBU Senepol
O objetivo da criação é expandir o rebanho e, com o trabalho de melhoramento genético, buscar animais melhores com alto índice zootécnicos” bas em 2015, onde Leonardo Chaves palestrou sobre a raça, junto com o assessor Rodrigo Debossan. “Ainda não fizemos parte de provas de ganho de peso, mas estamos trabalhando o gado para começar a participar também”, conclui o criador. HISTÓRIA DE SUCESSO Como qualquer empreendedor nato, Enir Gomes Barbosa não começou sua história de sucesso na pecuária no ano passado. Conhecido como um homem calmo, amigo e humilde, o pecuarista nasceu na fazenda da família Barbosa, localizada em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, estado de 112 O ZEBU
Minas Gerais, onde o pai tirava 30 quilos de leite por dia de 20 vacas. Acostumado a viver entre os animais, Enir Barbosa cresceu como todo bom mineiro do interior: esperto e ressabiado. Assim cresceu e se tornou empresário do ramo de frutas, hortaliças e produtos derivados de origem animal, como leite e carne. Em 1972, Enir montou uma
banca de verduras no Mercado Central de Belo Horizonte e quando a Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa), três anos depois, o empresário foi um dos primeiros a apostar suas economias em uma nova loja. Porém, o gosto pela lida no campo, que sempre correu pelas veias, nunca abandonou os pensamentos do empresário. Foi assim que adquiriu a Fazenda Estiva, localizada em sua terra natal. De negócio em negócio, o empresário conseguiu transformar a fazenda em uma propriedade de 420 hectares, que já chegou a produzir 5 mil quilos de leite Girolando. Em 2002, surgiu o Laticínio Qualisul. Logo vieram os primeiros animais da raça Gir Leiteiro, com alto potencial genético. Em 2008, Enir se desfez do plantel Girolando e Gir, adquiridos no início e abateu animais de corte para fornecer carne de qualidade em suas lojas. Em gran-
des leilões, investiu em animais dos plantéis Calciolândia, Gavião e São Bento e hoje detém representantes das principais linhagens da raça Gir. Desde então a marca EGB vem se destacando pelo desempenho produtivo e em pista, pela docilidade, precocidade e fenótipos corretos do rebanho, o qual já conquistou o troféu de Grande Campeã do Torneio Leiteiro de Pará de Minas 2010. Nos anos de 2012/2013, Enir levou troféus de Melhor Expositor Mineiro no Ranking da ABCGIL; Melhor Fêmea do Ranking Nacional e Mineiro com Edesia FIV Albos, 4ª Melhor Fêmea do Ranking Nacional e 2ª Melhor Fêmea do Ranking Mineiro com Eva FIV do EGB; e Grande Campeã em Sete Lagoas e Melhor Úbere Vaca Adulta na Superleite de Pompéu com Branca Belvedere.
O ZEBU 113
O ZEBU Senepol
Senepol,
o boi vermelho que chegou para ficar Por André Casagrande e Béth Mélo • Foto: Divulgação
114 O ZEBU
associados, que subiu de 247 para 346, uma evolução de 40% entre os últimos dois anos. Destaque para Minas Gerais, com 134 criadores associados à entidade, São Paulo, com 47, e Goiás, com 45. “Embora o mercado esteja retraído, estamos otimistas em relação a 2016, pois, a cada dia, novos pecuaristas conhecem os benefícios do Senepol e passam a investir nesta raça que tem muito a contribuir para a melhoria da quanti-
Carlão da Publique
Presente no Brasil desde 2000, ano a ano, o Senepol tem registrado saldos positivos em importantes índices. O uso dessa raça nos projetos pecuários brasileiros não está atrelado apenas às suas capacidades reprodutivas e genéticas. Deve-se, também, à sua grande expressividade no aumento da produtividade, tendo em vista a exigência de qualidade de novos mercados de exportação que foram abertos em 2015 e 2016, nos quais outros bovinos de corte não atendem plenamente a essa demanda e, nesse cenário, o Senepol, com rebanho expressivo, tem a sua importância acentuada. Por sua vez, os números comprovam o bom momento da raça. Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCB Senepol), em 2015, o rebanho dessa raça totalizou 44.039 cabeças, crescimento de 24% em relação às 35.460 cabeças registradas no ano anterior. A ABCB Senepol também contabilizou aumento expressivo no quadro de
Gilmar Goudard
dade e da qualidade da carne brasileira”, afirma Gilmar Goudard, presidente da ABCB Senepol. “Temos o maior plantel do mundo e, com certeza, também a melhor genética. O futuro é promissor”, prevê. A comercialização de animais Senepol em leilões esteve bastante movimentada em 2015. Para se ter uma ideia, os 43 remates oficiais colocaram no mercado 3.949 lotes, ante 2.650 nos 29 pregões realizados no ano anterior. E o faturamento cresceu em relação a 2014: passou de R$ 33,6 milhões para R$ 50,7 milhões, uma evolução de 51% no período, o maior faturamento obtido com a venda de animais taurinos do Brasil. Por sua vez, enquanto o valor médio dos touros subiu dos R$ 11.418 para R$ 14.457 (aumento de 8,4%), o das fêmeas passou de R$ 31.233 para R$ 33.858 (incremento de 26,6%) na mesma análise. A participação da raça em eventos também foi expressiva. Saltou de 28 para
Sadi Isper
45, incremento de 61% na mesma comparação. Em 2016, a agenda do Senepol começou bastante movimentada. Depois de participar da InterCorte, etapa de Cuiabá (MT) e da Expogrande, em Campo Grande (MS), as atenções estão voltadas para dois eventos que serão realizados em São Paulo: a BeefExpo, de 14 a 16 de junho, que contará com a presença de animais Senepol em exposição e inclusive leilão da raça, e a etapa paulista da InterCorte, dias 16 a 17 de junho. “Nossa ideia é utilizar todas as etapas do Circuito InterCorte para fomentar o trabalho de seleção realizado pelos núcleos locais de criadores de Senepol e mostrar que a raça está pronta para ser protagonista na produção de carne de qualidade e no aumento da produtividade pecuária do País e, principalmente, contribuir para aumentar a renda dos nossos pecuaristas”, comenta o presidente da ABCB Senepol. A MELHOR GENÉTICA “Temos, seguramente, a melhor genética do mundo da raça Senepol”. A afirmação do criador Sadi Isper, do Senepol Luar, em Santa Mariana, PR, faz coro à ideia de Goudard e atesta a qualidade do rebanho brasileiro dessa raça. “A cada ano, o crescimento do Senepol surpreende, estamos averme-
Alcides Neto
lhando o Brasil”, comemora. “Por ser um taurino adaptado, o Senepol está contribuindo para a pecuária brasileira com o cruzamento industrial de Norte a Sul do País; seja na vacada Nelore meio sangue ou nas fêmeas das demais raças, utilizando o touro Senepol, o pecuarista terá produtos (bezerros filhos dos touros) padronizados”, enfatiza. Sadi Isper, que tem Guilherme Reich como parceiro no criatório, lembra que os cruzados Senepol nascem pequenos – o que facilita o parto –, possuem caráter mocho e, após alguns dias de vida, já começam a tomar corpo, apresentando evolução em ganho de peso progressivo e notável. “É uma raça que agrega valor para o pecuarista, pois produzirá um bezerro cruzado adaptado ao clima tropical, de fácil conversão alimentar”, ilustra e acrescenta que as fêmeas, oriundas de cruzamento industrial, caso o pecuarista não queira abatê-las, pode segurá-las e conservá-las na fazenda, pois possuem ótima habilidade maternal. “A raça, oriunda do Caribe, é feita para o nosso clima, razão pela qual ela chegou aqui no Brasil e disseminou-se rapidamente, mostrando o que precisávamos – um taurino que não sente absolutamente nada com o calor que predomina aqui e faz o serviço completo”, ressalta. Segundo Sadi Isper, no início da criação, foi árduo e trabalhoso para importar embriões e genética da Ilha de Sant Croix. No entanto, ele afirma que, após a base pronta, o número de animais começou a aumentar rapidamente e, hoje, os criatórios contam com ferramentas importantes para a tomada de decisão, como as provas de eficiência alimentar, reprodutiva e as avaliações resultantes da parceira com a Embrapa – Geneplus.
Maria Vitória
ATRIBUTOS DA RAÇA ATRAEM NOVOS CRIADORES Ano após ano, a raça Senepol conquista mais admiradores, tanto pelas suas características quanto pelas facilidades de manejo, adaptabilidade, bom desempenho a campo e genética de qualidade para o cruzamento industrial, características que se traduzem em produtividade e rentabilidade para a pecuária brasileira. A cada remate, novos criadores adquirem exemplares da raça para iniciar atividades em seus criatórios. Dentre estes estão Maria Vitória Faé Proença, da Fazenda Vitória, em Rio das Antas, no meio oeste de Santa Catarina; Sérgio Battistella Bueno, da Agrícola Rio Galhão, na região da Chapada das Mangabeiras, TO; e José Flávio Andrioli, da Fazenda Duas Barras, em Juína, MT. Segundo Maria Vitória, o critério para a escolha da raça está diretamente relacionado às suas características. “Escolhi o Senepol pela beleza e função dos animais; além de serem muito dóceis, são extremamente produtivos e de fácil manejo”, explica a criadora que tem como objetivo produzir animais PO (doadoras e reprodutores) tanto para quem quiser ingressar na raça quanto para quem precisar de um reprodutor O ZEBU 115
O ZEBU Senepol para cruzamento industrial a campo. Uma das pioneiras a investir no Senepol em Santa Catarina, Maria Vitória tem boa perspectiva em relação ao desenvolvimento da atividade em sua região. “Minha expectativa é grande, pois o Senepol é uma raça que dia a dia prova que veio para ficar e agregar na pecuária brasileira”. E acrescenta que está começando agora na atividade, em fase de nascimento das primeiras matrizes. “A ideia é expandir o criatório e atender à demanda do estado”, planeja. Sérgio Battistella Bueno, da Agrícola Rio Galhão, conta que escolheu o Senepol porque precisava de uma raça que aliasse precocidade, rusticidade e elevado ganho de peso para iniciar seu projeto de integração lavoura-pecuária. Ele conta que incentivado pelo seu tio, Carlos Battistella, do Senepol 77K, entusiasta e pioneiro da raça na região, adquiriu dele os primeiros touros. Com objetivo inicial somente no cruzamento industrial com Nelore, ao conhecer melhor a raça, Battistella também investiu em algumas novilhas PO. “Meu primo, Kadu Battistella, grande melhorador de Senepol rústico, incentivou-me a ampliar o meu projeto e a investir na criação de gado puro”, conta. Segundo Sérgio Bueno, os touros Senepol se adaptaram muito bem à região, cobrindo, cada um, mais de 40
116 O ZEBU
vacas e a ideia é continuar investindo. “Também quero confinar parte desse gado meio-sangue, preferencialmente as fêmeas, utilizando os subprodutos do meu silo e da minha lavoura (casquinha de soja, milho, milheto), para o máximo aproveitamento de tudo o que é produzido na fazenda, maximizando, assim, os resultados”, prevê o criador que completa: “O Senepol é parte integrante do nosso projeto e as perspectivas para o futuro da raça são as melhores possíveis.” Outro novo criador, José Flávio Andrioli, da Fazenda Duas Barras, conheceu o Senepol através do criador Jorge Basílio. “Queria touros que cobrissem
as vacas a campo, para fazer cruzamento industrial. Achei o Senepol muito resistente ao calor, comprei alguns touros, gostei dos resultados e resolvi adquirir algumas doadoras para fazer touros na própria fazenda, para uso próprio e também para suprir a demanda, pois há muita procura na região”, explica. Sócio-proprietário da Duas Barras, José Andrioli possui uma pequena área de pastagens onde realiza atividades de cria, recria e engorda. “Junto com meu irmão, Antônio Andrioli, fazemos IATF, usamos Aberdeen e repassamos com Senepol. Estamos muito satisfeitos com os resultados, até o momento”, conta ele.
O ZEBU 117
O ZEBU Informe Publicitário
Conheça a diretoria • Com Arnaldo, ABCZ para todos Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges – Presidente Médico Veterinário, formado pela UFMG em 1976, é membro do Conselho Deliberativo Técnico da ABCZ desde 1978 e do CJRZ desde 1983, e criador da raça Nelore desde 1980. Arnaldo vem de tradicional família de zebuzeiros, com história de 110 anos no trabalho de melhoramento das raças Gir e Nelore da marca R. Já realizou 387 julgamentos oficializados pelo CJRZ, no Brasil e difundindo o Zebu em seis países, avaliando 97.244 animais,. Em 34 anos de assessoria a rebanhos da raça Nelore e Nelore Mocho, avaliou e acasalou mais de 300 mil animais, no Brasil e exterior. Participou do 1º registro internacional realizado na Índia, em 1998, e hoje trabalha com os filhos na assessoria em genética animal Ipê Ouro. Carlos Viacava – 1° vice-presidente Nasceu em São Paulo (SP) e formou-se em Economia na USP. É vice-presidente da Associado da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores e da Associação de Criadores de Nelore do Brasil (ACNB). Criou o Programa Nelore Natural, em 2001, e é membro do Conselho Técnico da ABCZ desde 1999. Sócio gerente da Faive Empreendimentos Imobiliários Ltda, da CVI Empreendimentos Imobiliários Ltda e da Agropecuária Santa Gina Ltda, Viacava se dedica a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), em Caiuá (SP). Criador de Nelore Mocho desde 1986, recebeu o Mérito ABCZ na gestão de José Olavo Borges Mendes pelo trabalho de 30 anos. Marco Antônio Andrade Barbosa – 2° vice-presidente Formado em Economia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo (SP), Marco Antônio Andrade Barbosa, o Maab, nasceu em Uberaba (MG). Se dedica à pecuária há 43 anos, representando a 3ª geração de criadores de Zebu. Realiza a seleção de Gir Leiteiro, Guzerá, Nelore PO/POI e Nelore Mocho, pelo PMGZ. Cria Jumento Pêga, sendo presidente, pelo 2º mandato, da Associação Brasileira de Criadores de Jumentos Pêga (ABCJ). Foi diretor da ABCZ nas gestões de 1986/1990 e 1990/1992. Em 1998, integrou a comitiva oficial para avaliar os rebanhos na Índia. Ronaldo Andrade Bichuette – 3° vice-presidente Natural de Uberaba (MG) onde se formou em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia do Triângulo Mineiro, em 1976, Ronaldo Andrade Bichuette é pecuarista, diretor da empresa Rio Grande Engenharia e presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi). Por quatro mandatos, de 2003 a 2015, foi vice-presidente e diretor do Sindicato da Indústria da Construção Pesada de Minas Gerais (SICEPOT). Como criador da raça Sindi, recebeu o título de Melhor Expositor durante a Expozebu 2012, e é com a mesma dedicação que Ronaldo também é um dos maiores criadores de cavalo Mangalarga. 118 O ZEBU
Foto: Zzn Peres
Ana Cláudia Mendes Souza Criadora de Guzerá e Nelore, casada com o advogado Marcelo Mendo G. de Souza e mãe de Daniel e Lucas Mendes Souza, Ana Claudia lidera o reconhecido empreendimento pecuário de seleção genética conhecido como Amar. Tem campeões e grandes campeões produzidos com a sua marca. Filha do ex-presidente da ABCZ Edilson Lamartine Mendes, que empresta o nome ao Museu do Zebu. Seu pai foi um dos fundadores e 1º presidente do Sindicato Rural de Uberaba, fundado em 1968. Graduada em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, é analista na MBR (Minerações Brasileiras Reunidas).
Arnaldo Prata Filho Natural de Uberaba (MG), Arnaldo Prata Filho, é graduado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia do Triângulo Mineiro e representa a 3º geração de criadores de Gir e Nelore. Trabalha com sistema de integração pecuária e agricultura, com o plantio de eucalipto e soja. Filho de Arnaldo Rosa Prata, ex-Presidente da ABCZ, foi diretor da entidade de 1998 a 2004, criando o projeto Zebu na Escola. Em 1990, fundou a Super Som Fm e hoje conta com três emissoras em Minas e São Paulo. Foi diretor da Associação Comercial e Industrial de Uberaba (Aciu) e atualmente é diretor da Associação Mineira de Rádio e Televisão.
Cláudia Tosta Junqueira Natural de Ribeirão Preto (SP), Cláudia Tosta Junqueira formou-se na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ituverava, em 1986, e hoje preside o grupo CTJ junto com sua filha Lúcia Junqueira, atuando no plantio de cana de açúcar e soja, bem como na pecuária extensiva desde os 22 anos de idade. Em 2005, recebeu da Embrapa o prêmio de produtividade por hectare da região Brasil Central. Em 2007, fez curso de especialização em Confinamento e Comércio Exterior na University North Texas. Cursou o Master Agrobusiness, em 2008, na Fundação Getúlio Vargas e participa há 25 anos das principais feiras e exposições do agronegócio, abrindo fronteiras comerciais com Angola, Argentina, Bolívia, Panamá, Senegal e Venezuela.
Foto: Zzn Peres
Cícero Antônio de Souza Natural de Campo Grande (MS) e bacharel em Ciências Jurídicas pela Universidade de Uberlândia (MG), Cícero Antônio de Souza é pecuarista e empresário. Criador há mais de 30 anos da seleção Nelore 42. Foi deputado estadual por quatro legislaturas, de 1986 a 2001, exercendo a presidente da Assembleia Legislativa de 1993 a 1995, da Comissão do Trabalho e Cidadania e Direitos Humanos, da Comissão de Constituição, Justiça e Redação e da Comissão de Acompanhamento e Execução Orçamentária, e foi relator adjunto da Comissão de Sistematização da Constituinte de 1989. Atuou como Fiscal de Rendas de Mato Grosso de 1968 a 1973, e presidente do TCE eleito para os biênios 2007/2008, 2009/2010, 2011/2012 e 2013/2014.
O ZEBU 119
O ZEBU Informe Publicitário Fabiano França Mendonça Silva Formado em Administração de Empresas, em 1992, pela Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro, em Uberaba, Fabiano França Mendonça Silva iniciou seu criatório em 1994, começando sua seleção PO com o Nelore Alódia, no município de Patos de Minas (MG) e expandiu seu plantel para o Mato Grosso. Foi membro do Conselho Consultivo da ABCZ 1998/2001, é diretor do Sindicato Rural de Patos de Minas, desde 1999, fez parte da diretoria da Associação Mineira de Criadores de Nelore, de 2000 a 2015, e integra o Conselho até 2018. É conselheiro Consultivo por Minas Gerais da atual gestão e integra o Comitê Pró-Genética da ABCZ e o Instituto Avançado em Veterinária “José Caetano Borges”. Gabriel Garcia Cid Nascido em Londrina (PR), Gabriel faz parte da 3ª geração de pecuaristas da Família Garcia Cid, da Fazenda Cachoeira 2C. É diretor da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil pelo 2º mandato consecutivo, ex-presidente e atual vice da Associação dos Neloristas do Paraná. É neto de Celso Garcia Cid, criador que realizou duas importações de Zebu da Índia, em 1960 e 1962, recebendo dois Méritos Pecuários ABCZ. Com 55 anos de seleção, a Fazenda Cachoeira 2C conquistou neste ano pela 10ª vez o título de Melhor Criador e Expositor da Raça Nelore no Paraná, e está entre os 10 melhores Criadores de Nelore do Brasil nos últimos 2 anos.
Foto: Pecuária
Gil Pereira Nascido em Pratinha (MG), graduado em Administração de Empresa pela União Pioneira de Integração Social. Desde 1982, comanda o grupo Emplavi, composto por oito empresas no ramo de incorporação imobiliária. Comanda também o projeto de Bovinocultura de Corte, em Goiás, trabalho de melhoramento genético através do projeto Nelore Santa Cruz. É sócio fundador e atual diretor da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (ADEMI) e membro do Conselho Consultivo da ABCZ por três mandatos, incluindo o atual.
Luiz Antônio Felippe Paulista de Piracicaba, graduado em Ciências Agronômicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Luiz Antônio Felippe é presidente da Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso pela 3ª vez. Foi membro do Conselho Deliberativo Técnico da ABCZ, de 1992 a 1994, e do Conselho Consultivo, por Mato Grosso, de 1994 a 2009, e na atual gestão. Foi diretor da ABCZ de 2010 a 2013 e da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, de 2006 a 2009. É membro da atual diretoria do Sindicato Rural de Cuiabá. Em 2014, recebeu o título de Mérito ABCZ na Categoria Nacional, e em 2015 foi agraciado com o Oscar da Pecuária Nacional, na categoria Incentivador da Raça, pela ACNB. 120 O ZEBU
Marcelo Ártico Natural de Três Fronteiras (SP), Marcelo Ártico formou-se em Engenharia e é presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã (ABCT) 2015/2017. Em 2015, conquistou o 3º Melhor Expositor e Criador no Ranking Nacional, e tem a Grande Campeã da Expozebu, Dryka FIV da Ártico. Com os filhos dirige o Grupo Terras da Ártico, em Aparecida do Taboado (MS) e Tabapuã (SP).
Marcos Antonio Astolphi Gracia Formado pela Faculdade de Direito de Itú (SP) em 1972, com foco em Direito Agrário, Marcos Antonio Astolphi Gracia é criador da raça Nelore com a marca “LG”, que completa este ano 40 anos de criação. É atual presidente, pela 2ª vez, do Conselho Consultivo da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura, vice-presidente da Associação Goiana dos Criadores de Zebu e diretor técnico da Associação Goiana do Nelore. Rivaldo Machado Borges Junior Uberabense, Rivaldo Machado Borges Júnior iniciou sua seleção de Nelore em 1989 e hoje utiliza reprodutores do PMGZ. Terceira geração da marca R, também é criador de Gir. Conquistou, em 2006, o prêmio Excelência Empresarial - Fazenda Modelo. Foi presidente do Sindicato Rural de Uberaba e da Comdagro, membro do Conselho Deliberativo da Fazu e do Administrativo da Certrim. Hoje é diretor da ABCZ e vice-presidente da Faemg. Foi conselheiro consultivo da ABCZ, de 2007 a 2010. Valdecir Marin Junior Natural de Colina (SP), Valdecir Júnior é graduado em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (PR). Sócio-fundador da Avanti Consultoria em Pecuária desde 2003, é jurado efetivo desde 1986 do Colégio de Jurados das Raças Zebuínas. Atuou como jurado da ExpoZebu de 1991 a 2001, e da Expoinel de 1989 a 2002, bem como desempenhou o papel de técnico de campo da Sociedade Rural Brasileira da ABCZ, de 1986 a 2004, e fez parte do conselho Deliberatativo Técnico da raça Nelore. Eduardo Falcão de Carvalho Médico Veterinário pela Universidade de São Paulo (USP), Eduardo Falcão foi membro do Conselho Técnico da ABCZ de 2001 a 2006, do Conselho Consultivo Leite da CRV Lagoa, ocupou a Presidência da Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) de 2001 a 2007, onde tornou-se membro do Conselho Diretivo. É a 2ª geração de selecionadores de Gir Leiteiro, com trabalho iniciado há 53 anos. Na Estância Silvania dirige produção de Leite A2, que não causa alergia. O ZEBU 121
O ZEBU Informe Publicitário
CONSELHO CONSULTIVO
ACRE Fernando Alvares Zamora Francisco Salles Ribeiro Filho Valmir Gomes Ribeiro
ALAGOAS Arthur José Machado Vasconcelos Everado Pinheiro Tenório Luiz Jatoba Filho
BAHIA Claudia M. Lemgruber S. Tavares Miguel Pinto de Santana Filho Paulo Roberto Gomes Mesquita
CEARÁ Fábio Pinheiro Cardoso Francisco Feitosa de Albuquerque Lima Francisco Magno Neto
DISTRITO FEDERAL Arnaldo Morales Brito Junior José Eustáquio Elias Ronaldo Alves de Souza
ESPÍRITO DO SANTO Eraldo Missagia Serrão José Luiz Moraes Victor Paulo Silva Miranda
GOIÁS Clarismino Luiz Pereira Júnior Otoni Ernando Verdi Filho Silvestre Coelho Filho
MARANHÃO Antonio José Dourado de Oliveira Naum Roberto Ryfer Ruy Dias de Souza
MATO GROSSO Francisco Olavo Pugliesi de Castro Jorge Antonio Pires de Miranda Olimpio Risso de Brito
MATO GROSSO DO SUL Antônio Celso Chaves Gaiotto Francisco José Maia Costa Marcos de Rezende Andrade
MINAS GERAIS Evandro do Carmo Guimarães Ricardo Antonio Vicintin Udelson Nunes Franco
PARAÍBA Fabiano Churchil N. Cesar Paulo Roberto de Miranda Leite Renato Ribeiro Coutinho Cruz
PARANÁ Raphael Zoller Roberto Bavaresco Theodoro Busso Beck
PERNAMBUCO Giulliano Nobrega Malta José Carlos Neves Lobo Silva Rodrigo Otavio Vasconcelos
PIAUÍ Agenor Veloso Neto Igreja João Madison Nogueira João Sebastião Alves Neto
RIO GRANDE DO NORTE José Gilmar de Carvalho Lopes José Teixeira de Souza Junior Kleber de Carvalho Bezerra
RIO GRANDE DO SUL Clarissa Rohde Lopes Peixoto Hildo José Traesel Valdir Ferreira Rodrigues
RONDÔNIA Alexandre Martendal José Macedo da Silva Josué Luiz Giacometti
SÃO PAULO José Antônio Furtado José Luiz Junqueira Barros João Aguiar Alvarez
SERGIPE Gustavo Resende de Menezes Walter Garcez de Carvalho Wilson Correa de Souza
TOCANTINS Andrea Noleto de Souza Stival Edvaldo Araujo Ferreira José Manoel Junqueira de Souza Cunha
André Gonçalves Ferreira Arnaldo de Campos Eduardo Nogueira Borges Eduardo Rodrigues da Cunha
CONSELHO FISCAL
Oscar José Caetano de Castro Paulo Sérgio de Ávila Lemos Rodrigo Abdanur Carvalho Romeu Borges de Araujo Junior
122 O ZEBU
Geraldo Ferreira Porto ( Gê Porto) Luiz Carlos Borges Ribeiro
O ZEBU 123
O ZEBU Geral
Estreias marcam ExpoZebu 2016 Por Sabrina Alves • Fotos: JM Matos / ABCZ
Com uma nova data, a ExpoZebu – Exposição Internacional de Gado Zebu, realizada entre os dias 30 de abril e 7 de maio terá, neste ano, muitas novidades. Entre essas, a já anunciada modalidade de julgamento de “Zebu a Campo”. A expectativa da organização é que, somente para essa disputa, sejam julgados cerca de 600 animais de todas as raças de corte, criados no sistema a campo. A modalidade terá entre os critérios de julgamento, a avaliação de trios, que os pais tenham avaliação genética positiva, em programas oficiais de melhoramento genético. Os trios podem participar em quatro categorias: Bezerro e Bezerra (8 até 12 meses); Macho de Sobreano e Fêmea de Sobreano (12 até 16 meses); Garrote e Novilha (16 até 22 meses); Tourinho e Fêmea Jovem (mais de 22 até 27 meses). 124 O ZEBU
A ExpoZebu sempre foi um espaço para inovação e para a reflexão positiva sobre o futuro das raças” “Esse julgamento será bem semelhante ao que acontece com as progênies em pista, só que com a avaliação genética como filtro para a participação”, explica o superintendente adjunto do Colégio de Jurados das Raças Zebuínas, Mário Márcio Moura. Entre as principais propostas dessa modalidade está a avaliação das condições naturais de criação de zebuínos, que é a realidade de grande parte dos planteis distribuídos pelo país. O presidente da ABCZ destacou as novidades deste ano e reforçou so-
bre a importância dos julgamentos durante a exposição. “A ExpoZebu sempre foi um espaço para inovação e para a reflexão positiva sobre o futuro das raças. Por isso, como grande novidade trazemos para a exposição o Julgamento Zebu a Campo, que mostrará aos visitantes um pouco do modelo de criação semi-extensiva agregando à seleção intensiva apresentada na pista de julgamento, que nada mais é que um laboratório para que os animais expressem ao máximo a sua genética. A expectativa para os leilões da ExpoZebu também é alta, com praticamente todos os tradicionais remates já confirmados”, antecipou Luiz Claudio Paranhos. O vice-presidente da ABCZ, Gabriel Prata Rezende, também falou sobre a 82ª edição da exposição que, segundo ele, resgatará alguns momentos já vividos na feira, como a parti-
cipação do cavalo Crioulo, contando com o julgamento morfológico de machos e fêmeas, que será promovido na Estância Orestes Prata Tibery Júnior, simultaneamente com a ExpoZebu Dinâmica. “Cavalo Crioulo, raça genuinamente brasileira, vai fazer uma exposição este ano, voltando à época antiga, quando havia exposições de cavalos durante a ExpoZebu, mas por questão de espaço, não foi mais possível. Agora, com a aquisição da Estância ABCZ, passamos a ter mais espaço sendo possível a participação da raça”,
Gabriel Prata RezendeFrancis Prado
disse o vice-presidente. Para o pecuarista, a evolução da exposição nesses 80 anos foi fundamental para o avanço da pecuária produtiva. “Já são 82 exposições completadas este ano e a evolução, tanto do Zebu quanto da pecuária e da agricultura, durante esse período, traz uma responsabilidade muito grande de todos nós pecuaristas e agricultores, que temos obrigação em fazer um alimento saudável para a população”, completa. A programação contará ainda com os tradicionais leilões, julgamentos de pista, onde serão escolhidos os Grandes Campeões e as Grandes Campeãs de cada raça de 2016. E outra novidade será a entrada de animais da raça Guzolando no tradicional Concurso Leiteiro. Além disso, a diretoria da ABCZ anunciou ainda quatro importantes eventos. Um deles será o 1º Fórum Brasil Índia, organizado pelo Museu do Zebu com o apoio do Centro de Referência da Pecuária BrasileiraZebu. Outros pontos importantes: reunião da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da CNA; 1º Seminário Internacional da Raça Indubrasil e a reunião do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de
Agricultura (Conseagri). JURADOS O Colégio de Jurados das Raças Zebuínas já confirmou os nomes dos jurados que participarão das provas que serão realizadas entre os dias 1º a 7 de maio e a pré-seleção da raça Nelore acontecerá no dia 30 de abril. A escolha dos nomes para os julgamentos das raças Gir leiteiro, Guzerá, Nelore e Tabapuã foi feita por membros das “Comissões Conjuntas” de cada raça, integradas por representantes da ABCZ, das associações e jurados. Já para os jurados responsáveis pelos julgamentos das raças Brahman, Gir dupla aptidão, Indubrasil e Sindi, as sugestões foram feitas pelas próprias associações e deferidas pela ABCZ. Lembrando que os nomes dos jurados da Matriz Modelo não foram anunciados pela comissão até o fechamento desta edição. Entre os nomes está do jurado Fábio Eduardo Ferreira, responsável pelo julgamento Zebu a Campo. Já os julgamentos de pista foram divididos por raça. Para o Brahman, a responsabilidade será o jurado Izarico Camilo Neto; Gir Leiteiro com Marcio Diniz Junior, Lilian Mara Borges Jacinto e Alan Marcolini Campidelli e Gir du-
Já são 82 exposições completadas neste ano e a evolução tanto do Zebu quanto da pecuária e da agricultura, durante esse período, nos traz uma responsabilidade muito grande (...)” O ZEBU 125
O ZEBU Geral
pla aptidão - João Eudes Lafetá Queiroz. Para os julgamentos da raça Guzerá e Guzerá aptidão leiteira, a avaliação será feita pelos jurados: João Eduardo Ferreira Assumpção, Lucyana Malossi Queiroz e Willian Koury Filho. Rubenildo Claudio B. Rodrigues ficará a cargo da raça Indubrasil e os julgamentos da raça Nelore ficaram com Lourenço de Almeida Botelho, Carlos Alberto Marino Filho e José Augusto da Silva Barros. E, Nelore Mocho, com
126 O ZEBU
Marcelo Ricardo de Toledo. A raça Sindi será julgada por Célio Arantes Heim e, por último, Marcelo Miranda Almeida Ferreira, com a raça Tabapuã. VISITANTES Este ano, além da Vitrine da Carne, a ABCZ terá um espaço dedicado a culinária, que tem como ingrediente principal o leite, uma das atrações da feira. O sucesso da edição anterior da Vitrine da Carne traz de volta a chef Manoela Lebrón, responsável pela
elaboração dos pratos usando variados cortes de carne. Todos com degustação para o público. Já a apresentação da desossa ficará a cargo do famoso chef gaúcho Marcelo Bolinha, que mostrará aos presentes como fazer cortes, limpeza da carne, porcionamento, dentre outros. HOMENAGENS Já tradicional, a ABCZ entregará o Mérito ABCZ durante a abertura oficial, programada para o dia 30 de abril, a partir das 10h, no Palanque Oficial do Parque Fernando Costa. Criado em 1977, o Mérito homenageia personalidades que tiveram destaque, contribuindo para a pecuária Zebuína. Entre elas, nomes de criadores nacionais e internacionais, pesquisadores, líderes de associações, técnicos da ABCZ, dentre outros. EXPOZEBU DINÂMICA A feira promovida pela ABCZ, acontecerá entre os dias 4 e 6 de maio, simultanemante com a ExpoZebu, na Estância Orestes Prata Tibery Jr., em Uberaba/MG. A proposta, de acordo com a entidade, é a de aproximar os produtores rurais de soluções integradas como ILPF (Integração Lavoura/Pecuária/ Floresta), além de consorciamentos, novas cultivares, máquinas, equipamentos, serviços, e de modernas tecnologias para ampliar a produtividade da pecuária nacional. O assunto foi inclusive tema do primeiro Dia de Campo realizado em Uberaba, no dia 2 de abril, e faz parte das atividades da ExpoZebu Dinâmica. O evento contou com a participação do pesquisador da Embrapa Cerrados, João Kluthcouski, conhecido como João K. Considerado o mago da Integração, o palestrante falou aos presentes
sobre a importância da ILPF, inclusive abordando sobre a discussão em relação à necessidade do aumento da produção global de alimentos, que deverá suprir a demanda prevista para 2050, onde aproximadamente nove bilhões de pessoas precisarão de alimento em todo o mundo. Quem também participou do evento foi o pesquisador da Embrapa Cerrados, Luiz Adriano Maria Cordeiro. Para ele, a ILPF tem como papel, reduzir as emissões de gases e por isso deve ter adesão dos pecuaristas. Segundo a organização, serão aproximadamente 3 mil metros quadrados destinados a apresentação de diversas variedades de forrageiras e sua produtividade, tendo como foco ainda a ILPF, que terá área demonstrativa de recuperação de pastagens degradadas, com baixo custo e demonstração de mogno, acácia, teca, nim, eucalipto citriodora e clone. A ABCZ promoverá ainda outro Dia de Campo durante a ExpoGenética, programada para agosto. Ainda durante a programação de maio, a feira terá algumas novidades, como o circuito chamado o “Caminho da Produção”. Os visitantes terão a oportunidade de conhecer cada eta-
pa da produção agropecuária. A apresentação será feita pelos patrocinadores do evento e entre os destaques está a coleta de amostra de solo, correção de solo, escolha de sementes, regulagem de plantadeira, ILP/ILPF, adubação foliar, dentre outros. Outro ponto será um espaço dedicado à genética zebuína. O “Dinâmica Genética” será destinado aos criadores que participam do PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos). CONCURSO LEITEIRO NATURAL Em sua 4ª edição, o concurso já superou as expectativas da equipe do Programa de Melhoramento Genéti-
co - Leite. Ao todo foram disponibilizadas 30 vagas e, segundo a gerente do PMGZ Leite, Bruna Hortolani, a procura “mostra o grande interesse dos criadores em participar de uma prova diferenciada como esta”. A prova é destinada às matrizes das raças zebuínas com aptidão leiteira como Gir Leiteiro, Sindi e Guzerá. Todos os animais participantes serão divididos em três categorias de idade, sendo Fêmea Jovem (menos de 36 meses), Vaca Jovem (mais de 36 até 48 meses) e Vaca Adulta (mais de 48 meses). Serão dez pesagens realizadas entre os dias 19 e 23 de abril. O concurso faz parte das atividades da ExpoZebu Dinâmica.
O ZEBU 127
O ZEBU Geral
Bhansi Gir, feito com diferentes linhas de famílias
Índia: uma jornada às origens do Zebu Por Thassiana Macedo • Fotos: Arquivo pessoal
Em uma viagem de 16 dias, o zootecnista e escritor José Otávio Lemos, que também é jurado e conselheiro técnico da Associação Brasileira dos criadores de Zebu (ABCZ), percorreu oito mil quilômetros pela Índia em uma jornada para conhecer as origens do Zebu. Pelo caminho, conheceu cidades históricas onde brasileiros, precursores da importação de zebuínos, buscaram os primeiros exemplares de importantes linhagens, como Hosur, Guntur, Chintadelevi, Nellore, Ongole, Bhavanagar e Gondal. Para também conhecer cidades como Andhra Pradesh, Tamil Nadu, Telangara, Hariana, Gujarat, Maharastra, Bangalore, Chennai, Hyderabad, Nova Delhi e Ahmedabad, José 128 O ZEBU
Otávio teve a companhia de Venugopal Badaravada. Voluntário da ONG Ankush, o indiano é bem conhecido no Brasil por seu trabalho de preservação e melhoramento das raças zebuínas na Índia, que desde a década de 1950, vêm se perdendo nos cruzamentos desenfreados com raças taurinas. “Estive em um templo de cinco mil anos, em Basara, às margens do Rio Godavari, e em Hyderabad, capital dos estados de Andhra Pradesh e Telangara, com centros de informática de alta tecnologia que controlam outros pelo mundo afora. Conversei com o ministro da Agricultura, Radha Mohan Singh e com vaqueiros nômades”, informa José Otávio. Durante a visita, o conselheiro
técnico da ABCZ teve a oportunidade de encerrar a conferência “National Workshop on Herbal Treatment for Animals & Conservation of Native Livestock Breeds”, realizada no Centro de Preservação da Memória de Mahatma Gandhi, em Sevagran. José Otávio falou sobre a importância das raças zebuínas e sua contribuição para o Brasil ser um país exportador de produtos e genética bovina, bem como sobre o trabalho de melhoramento genético e o uso correto de touros para promover evolução e produtividade a cada geração. No local, o conselheiro conheceu fazenda dedicada à criação de Tharparkar, zebuíno originário do deserto de Thar e uma das principais
Uma sobrinha neta do Karvadi com 20 anos e produzindo
A LAM Farm tem também uma central de coleta de sêmen dos melhores touros Nelore do país
raças leiteiras. “Ela tem uma aparência morforlógica muito próxima do Brahman, porém com uma seleção de milhares de anos”, frisa.
Durante a viagem, José Otávio conheceu o indiano Pradipsingh Raol (Pradip), fazendeiro na cidade de Bhavnagar e descendente da
O time de elite da fazenda do templo Jaggannahi Ji apresenta um tipo muito uniforme até nos úberes
família do marajá daquela região. Pradip começou a se relacionar com brasileiros em 1959, quando Celso Garcia Cid e, depois, quando outros pecuaristas estiveram na Índia para importar animais, sêmen e embriões ao Brasil. “A última importação de embriões que vieram para o Brasil foram coletados na propriedade dele, onde o Gir é descendente do gado que o marajá de Bhavnagar deu de presente para Celso Garcia Cid”, conta. José Otávio também conheceu a fazenda do governo em Chintadelevi, onde foi reunido o lote que veio para o Brasil em 1962, na qual veio Karvadi, por exemplo. Ele conta que encontrou uma sobrinha neta do animal, com 20 anos de idade e ainda produzindo cria e leite. Lá deve ser construído o Kamadhenu Breending Centre, para preservação e melhoria da raça Nelore (Ongole). “Há ainda um esforço que envolve o governo do estado de O ZEBU 129
O ZEBU Geral
O pastor cuida do gado Guzerá e sabe a genealogia de cada animal de cor
Telangana, a ONG Ankush e instituições indianas para que venha a ser criado no Brasil o International Kamadhenu Breeding Centre. Será uma fazenda com investimento de, aproximadamente, US$ 15 milhões em terras cedidas em comodato pelo Brasil, para que haja uma troca de genética entre a Índia e o Brasil. Nela, indianos transfeririam a tecnologia agropecuária que possa nos interessar e nossa genética seria multiplicada oficialmente na Índia”, ressalta. Ao visitar o ministro de Agricultura de Andhra Pradesh, Prathipati Pulla Rao, José Otávio ficou hospedado na casa do parlamentar Y.V. Subba Reddy, que já confirmou presença para a ExpoZebu 2016. “Está sendo preparada uma delegação 130 O ZEBU
oficial da Índia para a ExpoZebu. O próprio ministro Federal da Agricultura da Índia, Sri Radhamohan Singh Ji, está empenhado para que o grupo venha a Uberaba e veja, de perto, o que os brasileiros fizeram com as raças indianas importadas da
Índia”, revela. O conselheiro técnico conta que, segundo a secretária de Agricultura de Gujarat, Mona Khandhar, o estado que originou as raças Gir e Guzerá já iniciaram os trâmites legais para importar 10 mil doses de sêmen de
José Otávio cumprimenta o Ministro Rao, que o recebeu em casa para ouvir sobre o Nelore do Brasil
touros Gir brasileiros provados para leite, visando o aprimoramento do rebanho leiteiro e a preservação da raça na Índia. José Otávio reforça que o presidente da Associação de Gir e Guzerá da Índia, o criador Pujya Achayryashri Ghanshyamji Maharaj Ji, que já visitou o Brasil várias vezes, é um dos defensores do uso de bons reprodutores brasileiros na vacada da Índia, tendo publicado o livro “Índia é a mãe do Zebu e o Brasil é o pai”. Em Gujarat, ele visitou importantes centros de seleção do Gir, como Gopi Farm-Jamka, fazenda totalmente voltada para a produção orgânica de leite. Na Fazenda Manekba Gaushala, do governo, destinada à criação de Guzerá (Kankrej), o vaqueiro chamava cada animal
Na LAM Farm, um Nelore bom de raça e ordenhada duas vezes ao dia
pelo nome, sendo atendido, e conhecia o indíviduo e a genealogia “de cabeça”. O último lote de Cangaiam em fazenda oficial do governo está no município de Hosur, há 35
km de Bangalore. Uma curiosidade da propriedade é o cemitério onde foram enterrados vacas e touros especiais no rebanho, no início do século passado.
Em Junagah, um dos berços do Gir em Gujarat, um belo trabalho com a raça numa fazenda de produção orgânica
O ZEBU 131
O ZEBU Informe Publicitário
ABCZ UNIDA anuncia os nomes que estarão ao lado de
Frederico Cunha Mendes
As exportações brasileiras de carne bovina seguem driblando crises internacionais. No mês de março, por exemplo, os embarques aumentaram 23% em volume e 9% em receita. Um dos grandes responsáveis por este crescimento é a China. Na terra onde A Grande Muralha fora construída, um provérbio diz que “uma longa caminhada começa por um passo”. E o primeiro passo para o sucesso da carne bovina brasileira no mundo foi dado ainda em 1962, através da audácia de visionários criadores, hoje um legado amparado pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Gestão a gestão, a entidade se reescreve e assume o papel de porta-voz dos pecuaristas brasileiros. Para continuar esse processo de evolução, é que a Chapa ABCZ UNIDA lança os nomes que vão compor a diretoria ao lado do candidato Frederico Cunha Mendes: JONAS BARCELLOS CORRÊA FILHO - 1º VICE Fred Mendes faz as honras e descreve Jonas Barcellos como um divisor de águas na zebuinocultura, além de um importante diplomata, que se destaca pela articulação junto às esferas governamentais e empresariais. Empreendedor de sucesso na Fazenda Mata Velha, cria Nelore desde 1970 e também liderou o grupo de criadores que voltou à Índia para “garimpar” animais capazes de refrescar o sangue deste importante zebuíno. JOVELINO CARVALHO MINEIRO FILHO - 2º VICE Jovelino Mineiro é um entusiasta da pecuária moderna, reconhecido pelo protagonismo e inovação aplicada à seleção de Nelore, Brahman e Gir. Desde 2003, colabora com a evolução da ABCZ por meio de cargos de influência. O titular da Fazenda Sant’Anna é pioneiro no projeto Ge132 O ZEBU
noma Nelore e um dos primeiros a manifestar apoio a Fred. Pureza racial, funcionalidade e rendimento superior de carne a campo são suas metas à pecuária moderna. GABRIEL PRATA REZENDE 3º VICE Gabriel Prata é médico, pioneiro em medicina nuclear e apaixonado pelo Nelore, Gir e Brahman. De 2004 a 2008, presidiu a Associação dos Criadores de Brahman do Brasil. Foi um dos primeiros pecuaristas que acreditaram no potencial do zebuíno norte-americano que, há quase duas décadas, está presente na pecuária brasileira. “Minha vida toda trabalhei com pecuária e sempre participei de movimentos associativistas”, relembra. VILEMONDES GARCIA - DIRETOR Mais conhecido como Bill, é industrial e produtor rural desde 1972. Selecionador de gado Nelore há 33
anos, foi um dos fundadores e o primeiro presidente do Núcleo de Criadores de Nelore de Avaré e Região (2002), posição que ocupou também na Associação Paulista de Criadores de Nelore (APCN) e Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB). É o atual presidente do Conselho Deliberativo da ACNB. PEDRO GUSTAVO BRITTO NOVIS - DIRETOR Pedrinho Novis vem de uma família tradicional na pecuária. Em 2009, deixou o mercado financeiro para se dedicar aos negócios da família, entre eles, a Fazenda Guadalupe, reduto Nelore no interior paulista. Por três biênios (2010/2011, 2012/2013 e 2014/2015) foi membro da diretoria da Associação Paulista dos Criadores de Nelore e, neste ano, completa o segundo mandato à frente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil.
CELSO BARROS CORREIA DIRETOR Celso é um dos irmãos que deram origem ao tradicional Condomínio Irmãos Barros Correia, berço de matrizes premiadas da raça Nelore. O pecuarista já foi presidente da Associação dos Criadores de Alagoas, sabedoria que Fred Mendes fez questão de aglutinar à chapa. A Fazenda Recanto democratiza não apenas genética, mas também tecnologias benéficas à produtividade pecuária. Seu evento mais conhecido é o Leilão Nelore Barros Correia. PAULO ALEXANDRE C. O. BROM - DIRETOR Paulo Brom é vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã, nasceu de uma família tradicional de agropecuaristas goianos e seu primeiro contato com o zebuíno genuinamente brasileiro, no qual possui, hoje, 500 vacas, se deu em 2008. Desde então, é associado da ABCZ e tem no PMGZ a ferramenta para selecionar animais melhoradores. Também é diretor da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura e conselheiro da Fundepec Goiás. RONALDO RODRIGUES DA CUNHA - DIRETOR Titular da Agropecuária Rodrigues da Cunha, com fazendas no Mato Grosso e Pará, Ronaldo assumiu os negócios da família em 1984. Ao longo de sua trajetória a propriedade já registrou, na ABCZ, mais de 55 mil animais da raça Nelore. Atingiu a marca de maior fornecedor de touros geneticamente superiores, com cerca de 1.500 vendas anuais e também de “boi Europa” na lista Trace.
SÍLVIO DE CASTRO CUNHA JÚNIOR Sétima geração de pecuaristas, Sílvio cria Gir e Girolando, além de ser titular da empresa Agroexport, trading especializada em negócios internacionais de animais vivos, maquinários e outros produtos, fundada em 1988. Seu pai, Sílvio de Castro Cunha, foi diretor e vice-presidente da antiga Sociedade Rural do Triângulo Mineiro. JOSÉ DE CASTRO RODRIGUES NETTO - DIRETOR José de Castro é diretor na gestão atual da ABCZ e ocupou a mesma função com Eduardo Biagi. Foi presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro no triênio 1995/1996/1997, duas vezes vice-presidente e diretor por 17 anos. Atualmente, preside o Conselho Diretivo da entidade. É um criador que se destaca na raça e no controle leiteiro, com médias entre 17quilos/dia para animais
com menos de 36 meses e 40 quilos/ dia para vacas adultas a pasto. ADALDIO JOSÉ DE CASTILHO FILHO - DIRETOR Adaldinho é um grande apaixonado pela milenar Sindi, raça de origem paquistanesa, e já foi vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi. As Fazendas Reunidas Castilho capilarizam essa genética nacionalmente através do Leilão Essência da Raça, que vai para a sexta edição. No remate, promete levar ao tatersal vacas de 25 anos com bezerros ao pé, comprovando a tão comentada longevidade natural deste gado. ANTÔNIO PITANGUI DE SALVO – DIRETOR Engenheiro-agrônomo formado pela Universidade Federal de Viçosa, Antônio de Salvo é a quarta geração de criadores de Guzerá na Fazenda Canoas, em Curvelo (MG). Foi vice-presidente da FAEMG (hoje segundo secretário) e preside a Comissão
O ZEBU 133
O ZEBU Informe Publicitário
Nacional da Bovinocultura de Corte da CNA. LEDA GARCIA DE SOUZA DIRETORA Paulista radicada em Três Lagoas (MS), Leda é filha de Cláudio Fernando Garcia de Souza, o Cláudio Totó, um ícone da pecuária brasileira. Junto ao pai e os irmãos Marcos e Fernando, administra o plantel Nelore e Guzerá que leva a marca CS. Ela foi a primeira presidenta do Sindicato Rural de Três Lagoas, entre os anos de 2005 e 2008. Atualmente, é diretora da entidade e uma das grandes entu-
134 O ZEBU
siastas da Expozebu Dinâmica. ROSANA GAMBA - DIRETORA Criadora de Nelore há 26 anos, Rosana Gamba, proprietária da Fazenda Farofa, de Uberaba (MG), foi conselheira da entidade pelo Estado do Rio de Janeiro nas gestões de Eduardo Biagi e José Olavo Borges Mendes. Usuária do PMGZ, seu compromisso é atender produtores de carne bovina com genética funcional, objetivo cumprido com o reforço de Herói da Santa Marta, adquirido na Chácara Naviraí, animal que liderou o ranking da USP na época.
WILSON MARTINELLI – DIRETOR Há 40 anos criando Nelore, Martinelli é pioneiro em leilões e biotecnologias reprodutivas no Norte do Mato Grosso. Por 25 anos, foi diretor da Associação dos Criadores do Norte do Estado e, atualmente, ocupa pasta similar na Associação dos Criadores de Mato Grosso, entidade que reúne milhares de associados. Com o Leilão de Touros Wilson Martinelli & Convidados, em sua 21ª edição, comercializa quase 400 reprodutores com a chancela PMGZ 100%. ABELARDO LUPION DIRETOR O Nelore Beka nasceu na década de 1960, quando o avô de Aberlado Lupion, Moisés Lupion, ex-governador do Estado do Paraná, foi presenteado por Celso Garcia Cid (Cachoeira 2C), com um touro trazido da Índia. O pai, João Fortunato Bulcão Mello, perpetuou a criação até 1978, deixando a rica tradição nas mãos de Lupion. Deputado Federal paranaense por seis mandatos, Lupion trouxe para o Brasil 1.200 embriões da Índia, em 1998.
O ZEBU 135
O ZEBU Reprodução em foco
Michele Bastos, Roney Ramos e Bruno Freitas Médicos Veterinários Especialistas em reprodução animal da Ourofino Saúde Animal
Como aumentar a quantidade de bezerros de inseminação artificial? Um dos principais benefícios da inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é a facilitação do avanço genético. Tal técnica permite a utilização sistemática de sêmen de touros que produzem bezerros com maior peso à desmama, por exemplo. Nesse contexto, a ressincronização é uma tecnologia que permite realizar outra IATF de uma fêmea previamente inseminada: o objetivo da técnica é aumentar o número de bezerros nascidos de inseminação artificial (IA), eliminar a necessidade de observação de cio, diminuir o número de touros para repasse e, por fim, melhorar a eficiência reprodutiva e produtiva dos rebanhos. Existem dois momentos para o início dos protocolos de ressincronização: 1) No momento do diagnóstico de gestação, ao redor de 30 dias após a primeira IATF e 2) antes do diagnóstico de gestação, no 22o dia após a primeira IATF. A escolha do momento para início do protocolo de ressincronização depende do sistema de produção, do manejo de pastos e lotes na fazenda, dos custos envolvidos e da mão de obra (disponibilidade do veterinário para realização da ultrassonografia e dos funcionários da fazenda para o manejo dos animais). 136 O ZEBU
Piquete maternidade de vacas Nelore que receberam IATF com sêmen de touro Angus; nota-se a homogeneização do lote de bezerros nascidos. Fazenda Rio Verde (MS)
RESSINCRONIZAÇÃO NO MOMENTO DO DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO (RESSINC) A ressincronização no momento do diagnóstico de gestação proporciona maior flexibilidade, podendo iniciar-se 30 dias após a primeira IATF, de acordo com a rotina e disponibilidade do veterinário e dos funcionários da propriedade (Figura 1)*. Com essa metodologia, o tratamento de ressincronização é realizado somente nas fêmeas que não emprenharam após a primeira IATF. Devido aos inúmeros benefícios adquiridos com o uso da ressincro-
nização no momento do diagnóstico de gestação, essa estratégia reprodutiva vem sendo cada vez mais empregada pelos profissionais do setor. Dados de campo são indicativos de que quando a ressincronização é utilizada de maneira adequada e em condições propícias (nutrição, sanidade e manejo adequados), é possível obter aproximadamente 75% de taxa de prenhez com a IATF + ressincronização, mantendo o intervalo entre partos dos animais que se tornam gestantes próximo a 12 meses – resultando em 1 bezerro por matriz por ano.
*Figura 1 Protocolo Ourofino de IATF + ressincronização para vacas de corte
Bezerros Nelore nascidos a partir de protocolo de IATF + ressincronização. Nota-se a padronização do lote
RESSINCRONIZAÇÃO SEM PRÉVIO DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO (RESSINC PRECOCE) A ressicronização iniciada 22 dias após a IATF (sem prévio diagnóstico de gestação), (Figura 2)* proporciona antecipação de oito dias na realização da 2a IATF (comparada com a ressincronização com início no momento do diagnóstico de gestação, Figura 1), diminuindo o intervalo entre a primeira e a segunda inseminação. Essa tecnologia pode ser de grande interesse para fazendas que precificam os bezerros por quilo vivo, que tenham data fixa para comercialização dos animais vindos da ressincronização ou que desejam encurtar a estação de monta. Por outro lado, o início desse protocolo deve ser feito em 100% das fêmeas (prenhes e não prenhes) 22 dias após a primeira IATF. Ainda, com o estabelecimento dessa tecnologia, a realização da
ultrassonografia (juntamente com a retirada dos dispositivos de progesterona) torna-se inflexível, exigindo maior organização e disponibilidade do médico-veterinário. Os dados são indicativos de que quando a ressincronização precoce é utilizada em condições adequadas, é possível obter aproximadamente 75% de taxa de prenhez em apenas 32 dias de estação de monta, mantendo o intervalo entre partos das vacas que se tornam gestantes próximo a 12 meses. Com a implementação de pro-
gramas reprodutivos que utilizam a primeira IATF precocemente (30 a 40 dias pós-parto), seguida por ressincronização, obtêm-se aumento da quantidade de bezerros de inseminação artificial, tornando-se uma importante estratégia para acelerar o melhoramento genético e produzir produtos com elevado peso à desmama. A escolha do tipo de ressincronização deve ser baseada na realidade de cada propriedade e, portanto, o auxílio do médico-veterinário é de suma importância para o estabelecimento desse manejo reprodutivo.
*Figura 2 Protocolo Ourofino de IATF + ressincronização precoce para vacas de corte.
O ZEBU 137
O ZEBU Geral
Resultado técnico do PMG2B Acontece no dia 3 de junho, a apresentação do projeto Programa de Melhoramento Genético de Animais Gir leiteiro do criatório 2B, no Dia de Campo Técnico na Fazenda Cachoeira, em Ferros (MG). A proposta é mostrar os resultados obtidos com a seleção de vacas mães de touros mais rentáveis com análise da produção de leite, produção de sólidos do leite e, reprodução e eficiência alimentar desses animais analisados. Todo o projeto foi acompanhado e assinado pelo veterinário Adriano Bicalho e pelo professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Fábio Toral. Durante a Megaleite, a 2B fará o lançamento oficial do caderno de Resultados do PMG2B, assinado pelos responsáveis técnicos do projeto e que servirá de base para o avanço da pecuária leiteira.
Agronegócio brasileiro pode chegar a 10% do mercado mundial em 2018 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vai intensificar o investimento em negociações comerciais e sanitárias com os 22 principais mercados internacionais que, juntos, representam 75% da atividade mundial. Objetivo é ampliar a participação do agronegócio brasileiro no comércio mundial de 7% para 10%, até 2018. Negociações em 2015 representaram potencial anual de US$ 1,9 bilhão em exportações e, para 2016, a expectativa é de US$ 2,5 bilhões. A Defesa Agropecuária vai ampliar o programa de controle da doença de mormo, que ataca equinos. Outra prioridade é a elaboração da Lei Plurianual Agrícola, com duração de cinco anos, a ser enviada para o Congresso Nacional, em agosto.
Fonte: Instituto de Estudos Pecuários-Iepec
Mapa inicia campanha de vacinação contra aftosa A Campanha Nacional de Vacinação contra a Febre Aftosa de 2016 começou em março, nos estados do Amazonas e do Pará, que juntos têm 22,17 milhões de cabeças de bovinos e bubalinos. Esse número representa 10% de todo o rebanho brasileiro, composto por 212,12 milhões de animais, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A maioria das unidades da Federação participa da campanha no mês de maio, conforme calendário nacional. Na segunda etapa da campanha de 2015, a vacinação atingiu índice de cobertura de 98,17% do rebanho. 138 O ZEBU
Brasil sedia congresso sobre a EGEE Em 2019, o Brasil será sede, do 7º Greenhouse Gas and Animal Conference Agricultura (Congresso sobre Gases de Efeito Estufa e Agropecuária). O evento ocorre a cada três anos em Melbourne, na Austrália, e esta será a primeira vez na América Latina. A previsão é de que ocorra em maio, mas a data ainda não está definida. A conferência será em Foz do Iguaçu, no Paraná, e participam os principais cientistas e formuladores de políticas públicas das áreas de tecnologias e avanços para medição, modelagem e mitigação de gases de efeito estufa na agropecuária mundial.
Fonte: Divulgação
Aplicativo permite estimar o peso dos animais sem o uso de balança A JetBov desenvolveu aplicativo para auxiliar na coleta e na comunicação de dados do rebanho. O pecuarista faz anotações sobre o animal e os dados são sincronizados de forma automática ao software JetBov, na nuvem, assim que o aparelho estiver conectado. Com o uso de uma fita métrica, o pecuarista pode fazer a medição do animal e, em seguida, jogar os dados no aplicativo que faz a conversão da estimativa do peso sem o uso da balança. O aplicativo, desenvolvido pela startup com sede em Joinville (SC) e disponível sem custo para Android, também permite utilizar leitores de brincos eletrônicos. Por meio de um sensor bluetooth, a comunicação é feita direto do chip para o sistema, o que representará ganho de até 30% no tempo do manejo. Fonte: Divulgação
Raça Girolando perde o touro Torpedo Bolton
Morreu, aos nove anos, Torpedo Bolton Santa Luzia, um dos principais touros da raça Girolando, um dos líderes e recordistas de vendas da ABS Pecplan. Provado no teste de Progênie da raça, o reprodutor ganhou destaque como líder do Sumário Girolando ¾ em 2015, quando também garantiu a 2ª colocação no geral, com PTA de 594,27 kg de leite. Fruto de acasalamento dirigido que uniu o grande patriarca holandês, que é líder mundial de vendas, e A família consistente da Quartinha Terra Vermelha, Torpedo foi o mais jovem touro a atingir a marca de 100 mil doses de sêmen comercializadas com menos de três anos de produção na Central. Ele deixa como legado milhares de filhas grandes produtoras de leite em diversos plantéis brasileiros. Fonte: Divulgação
Iraque quer comprar 500 mil bois do Brasil até 2017 O Iraque quer adquirir 500 mil cabeças de bois do Brasil para engorda e reprodução até 2017, segundo a Câmara do Comércio e Indústria Brasil-Iraque. O projeto de retomada da pecuária do país está orçado em US$ 6 bilhões, que serão investidos no incentivo à criação de empresas no segmento e também na agricultura no país. A verba foi aprovada pelo parlamento iraquiano e inclui a compra do gado. Os negócios com o Brasil tiveram início no segundo semestre de 2015. O Brasil voltou a exportar gado em pé para o país, após a suspensão do embargo à carne bovina que o Iraque mantinha contra o Brasil, retirado em março do ano passado. Em janeiro, foram embarcadas 10 mil cabeças pelo Porto de Vila do Conde, em Barbacena (PA). Os bois serão distribuídos entre pequenos empresários do Iraque, para criar alternativas de negócios e abastecimento de comida à população.
Ferramenta de congelamento acelera melhoramento genético Ministra cobra agressividade do Congresso em acordos externos
Titular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Kátia Abreu tem cobrado maior atuação do Congresso na negociação de acordos comerciais internacionais. A meta é aumentar de 7% para 10% a participação do Brasil na venda de produtos agropecuários no mundo. Para ela, caberia aos senadores negociar acordos que visam a harmonizar regras e facilitar procedimentos sanitários e fitossanitários, sem envolver tarifas ou cotas comerciais. As negociações concluídas em 2015 representaram potencial anual de US$ 1,9 bilhão, em exportações, e a expectativa para 2016 é de US$ 2,5 bilhões.
Pecuaristas podem adquirir genética via embriões congelados por uma tecnologia lançada pela ABS Pecplan. O melhoramento ABS NEO já vem pronto através de um rigoroso processo de seleção para características produtivas. Foram projetadas e elaboradas linhas genéticas para atender às principais necessidades do campo. A criação da ferramenta é resultado da aquisição de 51% da In Vitro Brasil (IVB), que trabalha com biotecnologia focada na produção de embriões bovinos por fertilização in vitro (FIV). De acordo com o gerente de Mercado, Frederico Glaser, a combinação genética visa atender as principais características de interesse econômico através de seis linhas: Leite à Pasto, Produtividade Leiteira, Tecnologia Leiteira, Reposição Eficiente, Nelore PRO e Performance Adaptada.
O ZEBU 139
O ZEBU Geral
Sistema online auxilia produção de leite CRV Lagoa lança ferramenta Ovalert, sistema de monitoramento online, que reúne informações sobre o rebanho, proporciona melhor aproveitamento do tempo e contribui para uma produção leiteira mais sustentável. O software pode ser acessado por dispositivos como smartphones e tablets, na fazenda ou à distância, via internet. Para o analista técnico do Departamento Leite da CRV Lagoa, entre os benefícios estão o índice de até 90% de precisão na detecção de cio, o aumento da performance reprodutiva e do potencial genético. O Ovalert permite o direcionamento preciso dos acasalamentos. O sistema registra em quanto tempo o animal come e alterações do comportamento alimentar, a fim de evitar queda na produção, custos com tratamentos e descarte do animal. E, também, permite o monitoramento dos animais quanto ao balanço energético, estresse e durante o pós-parto, quando estão mais suscetíveis a doenças. Fonte: Divulgação
Destinação correta
Teve início desde o dia 16 de março, a consulta pública à minuta de portaria que estabelece normas para cadastro, comercialização, armazenamento, exposição de agrotóxicos e afins e a destinação de suas embalagens vazias. A consulta ficará aberta por 60 dias, sendo 15 de maio o prazo final para os interessados encaminharem as sugestões. A iniciativa do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) tem como objetivo a adequação a legislação mineira que rege o setor às normas da ABNT, atualizadas em 2013. A consulta e a ficha de participação podem ser acessadas em www.ima.mg.gov.br/consultaspublicas e, qualquer pessoa pode enviar sugestões.
140 O ZEBU
Eleições Gir leiteiro
A ABCGIl divulgou no dia 6 de abril, os nomes dos candidatos que irão concorrer a próxima eleição, agendada para o dia 5 de maio, das 9h às 17h, durante as atividades da ExpoZebu. A chapa 1 é encabeçada pelo criador Joaquim José da Costa Noronha e pelo candidato a vice-presidência, Lúcio Rodrigues Gomes. Já a chapa 2 – tem como candidato a presidente, Angelus Cruz Figueira e Henrique Cajazeira Figueira. Todo o processo eleitoral será acompanhado pela comissão responsável formada por Mykhaell Bezerra da Silva (presidente), André Rabelo Fernandes (vogal) e Gisele Rosa (secretária). O edital completo pode ser acessado pelo site da associação: www.abcgil.org.br.
Indianos no Brasil
Técnicos do setor pecuário da Índia estiveram em Uberaba, representando a Associação Indiana da Indústria de Lácteos e de departamentos governamentais responsáveis pela atividade pecuária do estado indiano de Punjab. Na visita eles visitaram alguns departamentos da ABCZ e do Museu do Zebu, para conhecerem um pouco do trabalho desenvolvido pela entidade. Na agenda ainda estava à visita ao Lanagro (Laboratório Nacional Agropecuário), na Sede da Epamig, com a presença do secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento João Cruz Reis Filho e representantes da Fapemig. O grupo ainda visitou algumas fazendas no caminho até Belo Horizonte, entre essas a Fazenda 2B, Fazenda Jasdam, Fazenda Epamig-Prudente de Morais, Fazenda Epamig-Uberaba, Central ALTA Genética e ABS PecPlan, Fazenda Can Can (Passos, Grupo Cabo Verde), Fazenda Calciolândia, Laticínio e Fazenda Bom Destino (búfalos), reunião com representante CRV Lagoa da Serra, Reunião com representante CRI, Associação Brasileira do Gir Leiteiro.
Números positivos
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA/2015) divulgou o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), que atingiu um índice de 23%. De acordo com a CNA, o crescimento é reflexo do aumento da população mundial, que deve atingir uma média 9,7 bilhões de pessoas até 2050. A previsão é que o Brasil aumente sua produção agropecuária em 40%, até 2019, e de alimentos em 80%, até 2050. Outro dado foi sobre as exportações. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), nos próximos cinco anos, a previsão é que o Brasil seja, de fato, o O touro Navarro de Naviraí é o mais novo contratado da maior produtor de carne bovina do mundo, superando o atual Semex. O reprodutor está entre as novas contratações que irão líder de mercado: os Estados Unidos, atualmente, o país resintegrar o catálogo de corte Zebu 2016. De linhagem Jabriel ponsável por 17% da produção total de carne. x Guincho, Navarro é um touro jovem, que reserva genética absoluta de seleção da Chácara Naviraí e unanimidade entre os técnicos, quanto ao seu conjunto e conformação. A ABCZ divulgou em seu site e na Revista ABCZ (Edição 91), o Segundo o gerente de Gado de Corte da Semex, Antônio resumo do Relatório do Presidente, bem como as Demonstrações FiCarlos Sciamarelli, a contratação tem o objetivo de reforçar a nanceiras e o Parecer do Conselho Fiscal, aprovados na última Assembateria de touros altamente provados para agregar valor e aubleia Geral Ordinária, de 31/03/2016. De acordo com a entidade, as mentar a rentabilidade do produtor. Navarro chegou à Central contas da ABCZ foram auditadas pela KPMG e submetidas à análise de Coleta Tairana - parceira da Semex - em Presidente Prudendos membros do Conselho Fiscal, que emitiram parecer propondo a sua te/SP, no último dia 8 de março de 2016. aprovação pela Assembleia Geral.
Navarro de Naviraí
Prestação de contas
Produção leiteira
O IBGE divulgou, em março, os números referentes à captação formal de leite no último trimestre de 2015. De acordo com a nota publicada pela Scot Consultoria, a pesquisa apontou que o volume de leite adquirido pelos laticínios foi de 6,3 bilhões de litros. O que representou uma queda de 3,9% em relação ao mesmo período de 2014. Ainda segundo a nota, no acumulado de 2015, a captação de leite totalizou 24,0 bilhões de litros, uma queda de 2,8% em relação ao ano anterior.
Novo recorde em concurso leiteiro
O Concurso Leiteiro realizado durante a 14ª Exposição Especializada do Gir Leiteiro de Passos/MG teve mais um recorde de produção de leite quebrado. A fêmea Vicenza FIV Cabo Verde (JCVL 1499), do expositor e criador José Coelho Vitor, produziu durante o campeonato Fêmea Jovem (até 36 meses), um total de 168,925kg de leite durante os três dias de concurso, totalizando uma média de 56,308kg de leite. O recorde anterior era da fêmea DORIS FIV ALAMBARI, com média de 55,906kg de leite, durante o concurso leiteiro da Exposição de Uberlândia, em 2014.
O ZEBU 141
O ZEBU Geral
O futuro é o pasto
Por: Júlio César de Barros Diehl, Gerente de Marketing e Qualidade Fertigran Fertilizantes
Na última edição, falamos que o Brasil é o país com maior potencial para produção de alimentos do mundo. Temos condições climáticas: o sol fornecendo luz e calor, a água e o ar que são os motores para a fotossíntese, que é a reação química mais importante da natureza, pois junto com nutrientes minerais produz todos os vegetais que sustentam a vida na Terra. E, hoje, vamos abordar sobre a importância do pasto. No nosso entender, o pasto é o futuro da pecuária de leite e de carne. O grande desafio do pecuarista é ser um grande agricultor de pasto. Tarefa muito mais difícil do que produzir soja ou milho, mais propriamente dito. Quando se colhe milho ou soja, a planta está morta e ao colher os grãos, a nova safra só virá com um novo plantio. Por isso, o pasto é diferente. Se colhermos, é preciso cuidar para que ela rebrote e continue sustentando os novos pastejos. O pasto é uma cultura perene e temos que mantê-lo vivo e saudável pelo maior tempo possível. A reforma de pastagens é resultado de um grave erro de manejo do gado e do pasto. A grande dificuldade em manter o pasto produtivo e perene é transformar o gado numa colheitadeira viva, tão eficiente como as máquinas. Se bem manejada, a pastagem não precisará ser reformada e continuará produtiva. De acordo com o professor Moacir Corsi,
142 O ZEBU
da ESALQ (um dos maiores especialistas em Manejo de Pastagens do mundo), as empresas de fertilizantes, os técnicos e os pecuaristas, ainda não descobriram o negócio de Adubação de Pastagens. Uma de suas citações de maior impacto é: “se o pecuarista não souber colher o pasto, ele não deve adubar”. Em pastagens adubadas e mal manejadas, a perda de forragem pode ser de até 80%. Então, porque para adubar uma pastagem, em que se pode perder essa porcentagem? MANEJO Como definir manejo? O manejo do pasto busca controlar a altura da forrageira em que o gado deve entrar no pasto. Esse momento procura uma maior palatabilidade e o maior teor de proteína da forrageira. Um dos momentos mais importantes do manejo é a altura da saída do gado, chamado: resíduo pós pastejo. Para isso, é preciso ter uma altura determinada e folhas que vão continuar a fotossíntese e proporcionar a rebrota rápida da forrageira. O Pasto raspado não tem área foliar para rebrotar com velocidade. A lotação deve ser muito controlada para evitar o subpastejo quando sobra forragem e ela que perde qualidade. Já o superpastejo é quando o resíduo pós-pastejo não é respeitado e o pasto é raspado. O gado é sua colhedeira e deve entrar e sair quando o manejo determina. Para começar a adubação é necessário um diagnóstico dos objetivos do produtor para a
sua propriedade e caso ele esteja satisfeito com os resultados que vem obtendo, nada deverá ser feito. Caso contrário, a ajuda de um profissional da área é fundamental para cumprir as metas e objetivos a serem traçados. Se o diagnóstico indicar a intensificação, que envolve uma série de medidas de conhecimento da propriedade e sua gestão, um plano deverá ser traçado. A adubação só deverá ser adotada se houver necessidade de aumento da lotação. A primeira medida deve ser escolher o pasto a ser trabalhado, que deverá ser uma área pequena, para um melhor pasto. Assim, os investimentos serão menores e os resultados mais rápidos. Já a análise de solo deve ser a primeira medida a ser tomada. Devem ser coletados 20 pontos no pasto escolhido. O planejamento da coleta, a ação de coleta e todo o processo deverão ser orientados por profissional especializado. A interpretação dos resultados, a recomendação e execução deverão ser realizadas à risca e sem economias. Não existe tamanho definido para essa área, a única exigência é que seja aplicada toda tecnologia disponível. Lembrando que a pecuária de corte ou de leite só será rentável com aumento da produtividade em kg de carne ou de leite por hectare. É evidente que além do pasto, outras medidas e outros modelos de gestão complementarão a nutrição dos animais, mas o futuro não dispensará as pastagens muito bem manejadas.
O ZEBU 143
O ZEBU Calendário
Leilão Gir leiteiro 2B e Parceiros Com um faturamento de R$423 mil, terminou mais uma edição do Leilão Gir Leiteiro 2B e Parceiros realizado em Belo Horizonte dia 11 de abril, 5% a mais em relação a edição de 2015. Com animais de excelente qualidade com foco na produção intensiva de leite, o leilão foi considerado um dos mais importantes e esperados do ano. O IX Leilão Gir Leiteiro 2B e Parceiros contou com uma novidade. Pela primeira vez, os lotes foram apresentados antes com a oportunidade de pré-lances feito pelo aplicativo Zap Agrocom. Os interessados puderam acessar o aplicativo através do smartphone ou tablet, o que facilitou a compra final. A oportunidade proporcionou aos compradores o acesso exclusivo a informações como genealogia dos animais e visualização de vídeos. A grande estrela da noite foi a fêmea Incisão FIV de Brasília que teve 33% comercializada por R$150.000,00 para o criador Eurípedes José da Silva, proprietário da Fazenda Uberaba, em Paraopeba/MG. Os promotores do evento já confirmaram a próxima edição do evento para 2017.
LeilãoLondrina Gir leiteiro 2B e Parceiros Leilão Fest O leilão Londrina Fest 2016 fechou a noite com um saldo positivo. A equipe da Revista O Zebu no Brasil esteve presente do remate que fechou com uma média de faturamento de R$52.000,00. O leilão realizado no Recinto Jose Molina Garcia, durante a 56ª Edição da ExpoLondrina, no Paraná, foi promovido em conjunto pela Agropecuária RS, Fazenda Cachoeira 2C, Nelore Kalunga e Agro Zoller. Foram ofertados 30 Lotes de Nelore Elite e, entre os destaques estava um lote especial com quatro prenhezes, uma de cada promotor participante. Além disso, mais 13 lotes foram ofertados por convidados especiais. 144 O ZEBU
Nelore Paranã
A bi-grande Campeã Nacional ESPN Javanesa Um dos mais renomados criatórios do país dedicados ao Nelore de Pista, terminou seu primeiro leilão de prenhezes com recordes de faturamento. Promovido por Aguinaldo Ramos e Aguinaldinho, responsáveis pela Nelore Paranã, com mais de 25 anos de tradição, vem investindo há dois anos na seleção do Nelore de Pista e já é considerado um dos mais representativos do país. Foram ofertados 28 lotes de prenhezes. Entre os destaques na noite estavam a bi-grande Campeã Nacional ESPN Javanesa ofertada em acasalamento com o patriarca Bitelo da SS vendida a R$331.200,00 para a Fazenda Vila Real de Maurício Ianni. Izabella, Prada, Beluga, Bélgica 8, Hariana, Jade, Melopéia, Big Salsa também estiveram presentes no remate. Samma, a prenhez da doadora mais valorizada da história do nelore brasileiro, a grande PARLA FIV AJJ ofertada em acasalamento Big Ben da S. Nice, foi vendida por R$252mil para a RS Agropecuária de Roberto e Simone Bavaresco. A média geral do leilão atingiu mais de R$110 mil e um faturamento total de R$3.098.400,00, fechando a noite com recorde de faturamento do ano. O evento foi dedicado ao criador Sylvio Propheta de Oliveira, fundador da HRO Agropecuária, que faleceu no dia 12 de abril.
O ZEBU 145
146 O ZEBU
O ZEBU 147