O zebu 218

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FECHAMENTO AUTORIZADO - Pode ser aberto pela E.C.T.

EDIÇÃO 218 • ANO 44 • JULHO/AGOSTO 2016

Nelore

Fazenda Eliza mostra que genética vem de família

Brahman

Casa Branca seleciona para produção de qualidade

ExpoGenética

9 Edição contará com principais programas de melhoramento a

Nelore

Fazenda Água Fria traz sua trajetória de seleções de sucesso


Épico ÉpicoRG RG G EGNEÉNT ÉI C TA I C IAN C I NOCMOPM A PRAÁRVÁ EVL E! L ! BITELO BITELO DS DS X ACIMA X ACIMA RG RG (OFICIAL (OFICIAL DA DA SM)SM) RGM RGM 3330 3330 NASC.: NASC.: 01/02/2013 01/02/2013

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Foto: JM Matos

SÊMEN DISPONÍVEL

PMGZ: iABCZ 28,66 TOP 0,1%

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Editorial

Foto: Luís Maluf

Para um planeta que terá população de 9,5 bilhões de habitantes até 2050, a produção de alimentos é uma preocupação constante. Um dos desafios para os produtores rurais é produzir mais em um espaço cada vez menor e com menos custos. A estratégia tem sido investir em tecnologia genética. Pensando nisso, a Revista O Zebu no Brasil traz edição especial com conteúdo voltado a oferecer a você leitor, informação atualizada a respeito do que há de novo na produção de carne e leite. Dando o pontapé inicial para o segundo semestre, a revista traz agenda recheada de feiras e exposições para os próximos meses. Trazemos com a programação completa de importantes eventos do calendário 2016, como a 9ª ExpoGenética, 45ª Expoinel, a 12ª ExpoBrahman e a 5ª ExpoGil, feiras que fecham o Ranking Nacional de cada raça e contemplam os melhores do ano. A expectativa é, sem dúvida, de excelentes resultados e também de bons negócios. Na seção entrevista, você confere tudo sobre recente pesquisa genômica, que gerou dados inéditos que podem aumentar a produtividade do Nelore. Nesta edição, você também confere o trabalho de melhoramento genético realizado pela Nelore Água Fria; o desenvolvimento da raça pela Fazenda Eliza, através da pecuária familiar, bem como o investimento na melhoraria de características como habilidade materna, desempenho de produção, carcaça e precocidade da Nelore RG. A Revista O Zebu no Brasil mostra ainda os resultados obtidos pela Fazenda Casa Branca, com o cruzamento do Brahman com as raças Angus e Simental Sul-Africano. Aqui você também confere tudo o que aconteceu durante a 7ª Superleite, em Pompéu (MG), a 6ª Expam, em Ituverava (SP) e a 35ª Edição da já tradicional Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, e ainda fica por dentro dos bons números apresentados pelo cavalo Crioulo no mercado de equinos e da raça Senepol. Uma boa leitura e até a próxima edição! Equipe Revista o Zebu no Brasil

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O ZEBU Índice

REVISTA

26 44

10 O ZEBU

14

Entrevista

20

Fazenda Eliza

26

Nelore RG

30

Fazenda Água Fria

36

Expoinel 2016

44

Guzerá na ExpoGenética

48

Sumário PMG2B

54

Megaleite 2016


62

Casa Branca

66

ExpoBrahman 2016

70

Dia de Campo Tabapuã

74

Dia de Campo MMBS

76

Sindi - Uma raça que desponta

82

Critérios de seleção Indubrasil

90

Exposição Mangalarga Marchador

92

Mercado do Crioulo

96

Sumário Senepol

100

Superleite

102

Reprodução em foco

104

Expam

106

Adubação de pastagem

54

92

66

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O ZEBU Expediente

REVISTA

www.ozebunobrasil.com.br Fundador: Adib Miguel (1946-2013) O Zebu no Brasil é uma marca registrada sob o nº 815672454, junto INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) Diretora Geral Anna Keila Miguel Matos ozebunobrasil@ozebunobrasil.com.br Diretor de Fotografia José Maria de Matos Filho josemaria@ozebunobrasil.com.br Jornalista Responsável Thassiana Macedo MTB 14763/MG jornalismo@ozebunobrasil.com.br Departamento Comercial (34) 9 9817-7972 (34) 9 9942-6309 Direção de Arte Augusto Neto augustoneto93@gmail.com

Departamento Jurídico Demick Ferreira OAB/MG – 105407 Publicação periódica de José Maria de Matos Filho ME CNPJ : 86.553.070/0001-92 Redação, Publicidade e Administração: Rua Engenheiro Gomide, nº 222 - Bairro Boa Vista - Uberaba/MG - CEP 38017-160 / Reclamações e sugestões: ozebunobrasil@ozebunobrasil.com.br (34) 3336-6300

Nossa capa: A edição 218 da Revista O Zebu no Brasil traz estampado na capa o touro Épico Rg, do criador Ricardo Gouveia, da Nelore RG. Trata-se de exemplar de excepcional beleza racial e avaliação genética. Foto: Wellington Valeriano Arte: Nativa

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Foto: Wellignton Valeriano

Revisão de Texto Suzy Mary Leandro


O ZEBU Panorama

“Se o agronegócio é motor da economia, o combustível é o capital, e esse capital precisa de proteção.” Álvaro Dabus, diretor da AD Corretora de Seguros, durante o Global Agribusiness Forum 2016.

“O Brasil é o maior exportador do mundo de carne bovina. Temos o segundo maior rebanho e o principal rebanho comercial. São Paulo não tem o maior rebanho, mas trabalha a carne. Um quarto da exportação da carne sai daqui. É um setor muito importante socialmente, pelos empregos que gera e, economicamente, pelo significado que tem na balança comercial.” Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, durante o InterCorte – Exposição Tecnológica da Cadeia Produtiva da Carne.

“Nós somos competitivos pagando altas taxas de impostos, enquanto a concorrência é subsidiada, o que torna a disputa desigual e, nossas autoridades, ainda não acordaram para isso.” Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura (1974 a 1979), em entrevista à revista Nelore.

“Olhando os resultados é evidente que vale a pena adotar a ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), mas é preciso ter claro que é um sistema que só apresenta resultados se o produtor tiver níveis de planejamento e organização muito grandes. Se por um lado o sistema mostra retorno, receita e comportamento mais estável no tempo, isso é em decorrência do desempenho do produtor. Saber negociar no momento correto e entender as dinâmicas dos preços são fundamentais”. Júlio César dos Reis, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, sobre avaliação de quatro Unidades de Referência Tecnológica e Econômica em Mato Grosso.

O ZEBU 13


O ZEBU Entrevista

Alexandre Caetano

Pesquisa genômica gera dados inéditos, que podem aumentar produtividade do Nelore Por Thassiana Macedo • Fotos: Divulgação

Pesquisa executada em parceria entre o Laboratório Multiusuário de Bioinformática da Embrapa Informática Agropecuária (SP), Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), Embrapa Gado de Corte (MS), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), geraram informações genômicas que podem aumentar a acurácia das avaliações de bovinos. O trabalho se baseou em um amplo mapeamento de regiões de duplicação genômica, conhecidas como CNVs (Copy Number Variations), em animais da raça Nelore. Esses trechos apresentam possíveis relações com doenças genéticas e características de importância econômica como a qualidade da carne. Os resultados foram publicados na edição do dia 13 de junho, da revista BMC Genomics. O estudo, iniciado há cerca de dois anos, mapeou pela primeira vez as CNVs usando uma amostragem ampla da raça Nelore, levando à conclusão de que 64% do genoma desses bovinos apresentam regiões de variações de número de cópias. Diante da importância da pecuária de corte para a economia brasileira e da raça Nelore, que representa mais de 80% do rebanho de gado de corte Nacional, os pesquisadores se uniram para estudar a fundo as CNVs nessa raça. Em entrevista à Revista O Zebu no Brasil, o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) e coordenador do trabalho, Alexandre Rodrigues Caetano, explica sobre as implicações da pesquisa e os próximos passos do estudo.

O Zebu no Brasil - Qual o ob-

fica, até então geradas por um grupo

genoma. Desses, 688 estão localiza-

jetivo de realizar o mapeamento de

nos EUA, eram baseadas em apenas

dos em regiões que contêm genes que

CNVs na raça Nelore? E como se

uma amostra. Nós utilizamos dados

afetam características de produção em

deu esse trabalho?

de genotipagem de um total de 1.717

bovinos. Para comprovar os resulta-

Alexandre Caetano - Nós exe-

animais, touros e filhos desses touros,

dos, sequenciamos material genético

cutamos esse trabalho para gerar um

e dados de sequenciamento para iden-

de oito genearcas, ou seja, touros que

mapa extenso desse tipo de variação

tificar um total de 68 mil CNVs dis-

foram importantes para a formação

genômica na raça, já que as informa-

tintos, distribuídos em 7.300 regiões,

da raça no Brasil, como contraprova.

ções disponíveis na literatura cientí-

que equivalem a uma área de 62% do

A sobreposição dos resultados obtidos

14 O ZEBU


comprovou a solidez das análises realizadas, já que 92% das CNVs foram observados com os dois métodos. O Zebu no Brasil - Esse trabalho científico, feito 100% no Brasil, é uma derivação de outras pesquisas na área de genômica e marcadores moleculares. O que faz dele um estudo inédito? Alexandre Caetano - A Embrapa está executando trabalhos para implementar a Avaliação/Seleção Genômica no Nelore, e esse trabalho serviu de base para mostrar que a inclusão Foto: JM Matos

de dados de CNV nas análises trará ganhos de acurácia nas avaliações. Esse é o estudo mais aprofundado de mapeamento de CNVs na raça, e foi também a primeira vez que dados de frequência desse tipo de variação genômica no Nelore foi comparado com dados de outras raças, no caso o Holandês, para identificação de Assinaturas de Seleção, associadas com variações no número de cópias. O Zebu no Brasil - Que resulta-

consideradas em estudos futuros. Ao

as duas raças de origens distintas,

analisar os resultados com dados de

zebuína versus taurina, vêm sendo

um estudo semelhante, realizado por

submetidas para produção de carne

outro grupo com a raça Holandesa,

versus leite. Todos os resultados obti-

foi possível identificar que 47 dessas

dos mostram que a inclusão de dados

regiões apresentam Assinaturas de Se-

de CNV nos estudos genômicos com

leção, resultado do processo distinto

raça Nelore devem trazer resultados

de seleção e melhoramento aos quais

importantes.

dos esse estudo revelou? Era o que

O Zebu no Brasil - Quais serão

se esperava? Alexandre Caetano - O estudo mostrou que o genoma do Nelore, assim como outras raças de bovinos, possui uma área extensa com duplicações e deleções e que, embora a maior parte delas ocorra em frequências muito baixas (<1%) na raça, existem 296 regiões que apresentam esse tipo de variação, em mais de 10% do rebanho e que, portanto, devem ser

Todos os resultados obtidos mostram que as inclusões de dados de CNV nos estudos genômicos, com raça Nelore, deverão trazer resultados importantes”

os próximos passos dessa pesquisa iniciada há dois anos? Alexandre Caetano - A Embrapa Gado de Corte (MS) lidera projetos para inserir a tecnologia de Seleção Genômica nos programas de avaliação e melhoramento genético do Nelore em que atua. O trabalho que publicamos estabeleceu as bases para

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O ZEBU Entrevista

Foto: JM Matos

Para comprovar os resultados, sequenciamos material genético de oito genearcas, ou seja, touros que foram importantes para a formação da raça no Brasil, como contraprova” que os dados de CNV sejam também incluídos nessas análises, trazendo ganhos de acurácia e, consequentemente, avanços nos ganhos genéticos

pende da eficiência das pesquisas em

juvenil, eficiência alimentar, melhor

obtidos para o Nelore na produtivi-

andamento para gerar Avaliações Ge-

rendimento de carcaça, carne de me-

dade de carne, precocidade produtiva

nômicas para a raça, e como os resul-

lhor qualidade etc., resulta em ganhos

e reprodutiva, e qualidade de carcaça

tados obtidos serão incorporados pelo

genéticos em características que me-

e carne.

setor produtivo. O resultado da pes-

lhoram a lucratividade do produtor e

quisa que divulgamos trará avanços

a qualidade dos produtos oferecidos

O Zebu no Brasil - Seria viável

incrementais a esses processos. A Se-

ao consumidor, além de diminuir o

realizar esse mapeamento genômi-

leção Genômica tem grande potencial

impacto do setor ao meio ambiente.

co das outras raças zebuínas, reali-

para gerar ganhos genéticos significa-

Portanto, a execução de pesquisas

zando a mesma verificação também

tivos no Nelore, principalmente em

nessa área, que geram conhecimentos

para características destinadas à

características de mensuração difícil,

e ferramentas que podem ser aplica-

produção de leite, por exemplo?

cara e/ou tardia, e a incorporação de

das eficientemente pelo setor produ-

informações de CNV a essas avalia-

tivo, tem grande impacto positivo

ções trará avanços ainda maiores.

em vários aspectos da bovinocultura.

Alexandre Caetano - Sim, não só para outras raças zebuínas, como também outras raças bovinas.

Essas informações poderão ajudar os O Zebu no Brasil - Qual a im-

melhoristas na seleção de material ge-

O Zebu no Brasil - Que impli-

portância de pesquisas genéticas

nético. Além disso, futuramente, po-

cações práticas essa pesquisa pode

voltadas para características econô-

derão contribuir em novas pesquisas

ter na produção nacional de carne?

micas de produção bovina?

científicas para identificar genes cau-

E em quanto tempo isso poderia

Alexandre Caetano - A seleção de

sadores de doenças genéticas ou com

chegar aos trabalhos de seleção das

animais mais produtivos, que apre-

impacto na produtividade de carne

propriedades brasileiras?

sentam precocidade sexual e alta fer-

do Nelore, em prol da pecuária de

tilidade, maior taxa de crescimento

corte no Brasil.

Alexandre Caetano - Tudo de16 O ZEBU


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18 O ZEBU


Nelore

REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Nelore Eliza

Foto: Wellington Valeriano

Boa genética vem de família

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O ZEBU Nelore

Nelore Eliza Boa genética vem de família Por Thassiana Macedo • Fotos: Wellington Valeriano

Estima-se que o Brasil possui um

Hoje, a raça é considerada patri-

Nelore, vencem inúmeros desafios

rebanho superior a 212 milhões de

mônio legitimamente nacional, isso

para se manterem fortes no mercado.

bovinos de corte e leite criados a pasto,

porque sua evolução se dá paralela-

Essa história de superação da Fa-

dos quais 85% do gado de corte são

mente ao fortalecimento das famílias

zenda Eliza começou com os pecu-

Nelores ou anelorados, o que equivale

rurais brasileiras que, assim como o

aristas Clarindo Soares de Oliveira

a mais de 180 milhões de cabeças. O

(in memorian) e Ilda Maria Marques

Nelore brasileiro produz mais de 360

Oliveira, com seu filho Édimo José de

mil toneladas de carne saudável e natural, exportada para quase 150 países, e é cada vez mais demandada por consumidores esclarecidos do mundo todo. A raça vem despontando como referência em genética bovina em Minas Gerais, especialmente no Noroeste do estado. É lá que a Fazenda Eliza desenvolve o melhor do Nelore. 20 O ZEBU

A criação de Nelore se destina à produção de Touros Eficientes, para melhoria do rebanho de nossa região, Noroeste Mineiro, e também do Estado e nacional”

Oliveira – advogado –, que se casou com a professora Neusa Helena Queiroz Oliveira, em julho de 1986. Dessa união, surgiram os filhos Maurício Queiroz Oliveira Maceratesi – também advogado –, Eliza Maria Queiroz Oliveira – estudante de Medicina –, e Édimo Júnior Queiroz Oliveira – estudante, mais conhecido como


O clima exige um trabalho mais rigoroso de seleção da raça, com o foco em atender os produtores da região do Noroeste e Norte de Minas Gerais, onde é necessário um gado zebuíno mais resistente e adaptado” Pimpa. Mas essa família não estaria completa se não fizessem parte também o pecuarista Luiz Domingos de Queiroz (Luiz Temóteo) e a professora Maria Batista de Castro – pais de Neusa –, e Ludimilla Pereira Dornelas – estudante de Odontologia e noiva de Maurício. O patriarca Édimo José revela que o início de sua trajetória na pecuária foi em uma propriedade de 100

homenagem à filha de Édimo José,

Goiás e no Distrito Federal, onde se

a propriedade, de 3.200 hectares, foi

sagra campeão nas categorias em que

fundada na zona rural do município

participa. “Temos adquirido belos

de Riachinho, Rodovia MG-181, KM

exemplares de equinos e estamos pro-

26, no Noroeste de Minas Gerais.

jetando entrar fortemente na criação

Além de ser banhada pelo ribeirão

de cavalos, quando Édimo Jr. comple-

Riachão e pelos córregos Amendoim

tar 18 anos”, afirma o patriarca.

e Salobro, onde a água é abundante, conferindo prosperidade a toda a pro-

Boa genética vem de família

dução, a localização também é privi-

É nesse ambiente de união fami-

legiada. “A parte alta da propriedade

liar que é feita a seleção Nelore Eliza.

encontra-se sobre uma chapada e o

Por estar situada em região de clima

meio da fazenda fica na parte baixa,

tropical e, portanto, bem quente, a

ocupada por terras de cultura. Situa-

propriedade está localizada em área

da no Vale do Urucuia, com elevado

menos populosa e com índice plu-

potencial agrícola e pecuário, a região

viométrico abaixo da média.

conta com alto índice de agricultores

exige um trabalho mais rigoroso de

familiares”, destaca Édimo José.

seleção da raça, com o foco em aten-

“Isso

A Fazenda Eliza também vem ex-

der os produtores da região do Noro-

pandindo seu ramo de atuação dentro

este e Norte de Minas Gerais, onde

da pecuária. Hoje, o filho caçula, Édi-

é necessário um gado zebuíno mais

mo Jr. (Pimpa), apaixonado por cava-

resistente e adaptado ao clima brasi-

los das raças Mangalarga e Quarto de

leiro. Consequentemente, realizamos

Milha, administra o Haras Fazenda

a seleção para obter um gado de pa-

Eliza e compete nas provas de Três

drão nacional, que é capaz de ofertar

Tambores realizadas no Estado de

genética adaptada para todo o País.

hectares, situada no distrito de Alexandrita, município de Iturama, no Triângulo Mineiro. “Lá fazíamos uma pecuária tradicional de Agricultura Familiar. Em 1997, adquirimos outra propriedade no estado de Tocantins. Em 2000, algumas vacas receberam o registro de LA (livro aberto) e, em 2004, adquirimos a Fazenda Eliza. Cinco anos depois, iniciamos rigorosa seleção do Nelore Padrão, sendo que meu filho Maurício é o incentivador, por ser apaixonado pela raça”, conta. Denominada Fazenda Eliza em O ZEBU 21


O ZEBU Nelore Arquivo Pessoal

família dos mais renomados criatórios do País, com animais descendentes de família como a Maharash, Itália IV, Verdana I J. Galera, Jocaira J. Galera, Espanhola J. Galera, Opera da S. Cruz, Amiga SR da Sara, Jutava TE SL da SJ, Haryana, Libra da CB, Catala TE S. Barbara, Opera 15 da Paraguaçu, Trattoria te carnnel, Noruega MRA, entre outras tantas que compõem o plantel”, destaca. Apesar do foco principal ser a

Hoje, a criação de Nelore se destina à produção de Touros Eficientes, para melhoria do rebanho de nossa região, Noroeste Mineiro, e também do Estado e nacional. Disponibilizamos para o mercado cerca de 100 touros por ano, mas estruturamos a fazenda para aumentar essa produção e chegarmos a disponibilizar no mercado cerca de 150 touros da seleção Nelore Eliza por ano”, estima o pecuarista. Para isso, Édimo José detalha que todas as principais tecnologias dis-

rebanho de gado de corte com cerca de 1.700 animais, destinada a cria, recria e engorda; um rebanho Nelore PO, com cerca de 700 animais, com alta qualidade genética, visando a rusticidade, habilidade materna, desenvolvimento de carcaça e precocidade, tendo em vista as características para adaptação à região de Agricultura Familiar, que precisa girar os recursos mais rapidamente, por sua carência de recursos. “Possuímos doadoras de

produção de Touros Nelore PO, o criador conta que a participação em exposições é uma forma de divulgação do rebanho, de fazer novas amizades, conhecer criadores e aprender cada vez mais. “Hoje, participamos das exposições regionais no Estado de Minas Gerais, como as de Unaí, João Pinheiro e Patos de Minas, com animais de produção própria e de destaque. E temos auferido premiações importantes nos rankings das exposições Nelore Minas, com

poníveis no mercado são utilizadas

animais como Catala I de Faz. Eliza,

para o desenvolvimento do rebanho.

Luna de Faz. Eliza, México FIV de

“Trabalhamos com IATF, inseminações naturais, touro de repasse com genética e qualidade comprovada, transferência de embrião e FIV. Nos próximos anos, grande parte dos animais ofertados pela seleção Nelore Eliza serão produtos de FIV, visto que esses animais agregam mais genética, precocidade, carcaça, rusticidade, habilidade materna e suas características raciais são indiscutíveis”, reforça. O pecuarista explica que a seleção Nelore Eliza é formada por um 22 O ZEBU

A partir do momento em que somos fornecedores de genética, objetivamos obter animais que possam transmitir excelente genética capaz de agregar características como habilidade materna, fertilidade e ganho de peso”

Faz. Eliza, Espanha FIV de Faz. Eliza e Catala FIV da Palma”, frisa. Segundo ele, todas as aquisições estão sendo feitas baseadas em orientações de profissionais, como os zootecnistas Luís Sérgio Amaral e Daniel Ulhôa e o médico veterinário Lauro Fraga. “A partir do momento em que somos fornecedores de genética, objetivamos obter animais que possam transmitir excelente genética capaz de agregar características como habilidade materna, fertilidade e ganho de peso


aos animais oriundos de cruzamentos,

Arquivo Pessoal

através da participação em programas de melhoramento”, informa. Em razão disso, o pecuarista afirma que a Fazenda Eliza fez um estudo, avaliando todos os programas de melhoramento que existem no mercado e disponíveis aos criadores de Zebu, em especial ao Nelore, e pretende passar a trabalhar com o Programa de Melhoramento Genético das Raças Zebuínas (PMGZ), por ser o com maior banco de dados e poder dar mais segurança às avaliações dos animais da Nelore Eliza. o

ideais aliadas a uma carcaça impres-

ciada à alta habilidade materna. “Óti-

touro Foles FIV CBN, na Liquidação

sionante, com aprumos absoluta-

ma oportunidade para quem busca

da Agropecuária Modelo, CBN598,

mente perfeitos para suportar com

grande desenvolvimento aliado à alta

Basco SM x Inda FIV CS (Ranchi Ipê

tranquilidade seus 1400kg”, conta o

habilidade materna e rápida termina-

Ouro). Trata-se de um touro jovem

criador.

ção de carcaça, que é o que se busca

“Recentemente,

adquirimos

espetacular, que representa toda a

De acordo com Édimo José, o

amplamente nos resultados da IATF.

modernidade do Nelore, com desem-

touro é destaque nas avaliações in-

Ele conquistou os títulos de Campeão

penho extraordinário, boca enorme,

trarrebanho para peso nas diversas

Touro Sênior em Barretos e Bauru,

muito bem pigmentado, dócil, garu-

idades, com rendimento e termina-

Reservado Campeão em Ituverava,

pa plana, ossatura forte, arqueamen-

ção de carcaça. É possuidor de uma

1º Prêmio Expoinel MG e ExpoZebu

to largo e profundo, com proporções

genética de grande fertilidade asso-

2015. Ou seja, é um touro para ser usado em larga escala nas IATF pelo

Arquivo Pessoal

Brasil, pois pode contribuir muito para acelerar o desenvolvimento da raça”, pontua. No último ranking nacional, participando apenas de cinco exposições, Foles FIV CBN terminou o ranking como o 10º melhor touro do Brasil. “Atualmente, ele se encontra em coleta de sêmen na Central Uberaba, antiga Nova Índia, do nosso amigo Willian, produzindo em larga escala, com sêmen disponível aos produtores e preço acessível para IATF”, ressalta. O ZEBU 23


O ZEBU Nelore A Fazenda Eliza possui recinto próprio destinado à realização de leilões de Nelore PO e de gado de corte, para venda de sua produção. Por cinco anos seguidos, a propriedade vem disponibilizando genética de qualidade aos seus convidados. “Em 2015, nosso leilão foi transmitido pelo Agro Canal e realizado pela Programa Leilões. Este ano, chegamos ao 6º Leilão, o Leilão Anual Nelore Eliza, nos dias 13 e 14 de agosto, a partir das 13h, com transmissão pelo Canal Rural, realização da Programa Leilões e presencial na sede da Fazenda Eliza, na Rodovia MG181, KM, Riachinho (MG). No dia 13, serão ofertadas 300 matrizes Nelo-

pela Secretaria de Estado da Agricultu-

ao realizar o Dia de Campo Pró-Ge-

re PO prenhas e paridas, 130 reprodu-

ra, Pecuária e Abastecimento de Minas

nética. Segundo Édimo José, a edição

tores Nelore PO, Doadoras, Novilhas

Gerais, o Leilão Anual Nelore Eliza

mais recente ocorreu neste dia 15 de

de Pista, pacotes de sêmen do touro

conta com o apoio de Emater, IMA e

julho, com diversas palestras em prol

Foles FIV CBN e cavalos Quarto de

Minas Pecuária.

da Agricultura Familiar e do desen-

Milha; e, no dia 14, somente presen-

Além de contribuir para o apri-

volvimento do Zebu, contando com

cial na sede da Fazenda Eliza, irão ao

moramento da raça Nelore através

o apoio do Ministério do Desenvol-

remate 1000 animais de corte para

da venda de genética, a Fazenda Eliza

vimento Agrário (MDA), Governo de

cria, recria e engorda. Chancelado pelo

também investe no repasse da expe-

Minas Gerais, Emater-MG, Epamig,

Pró-Genética 2016, título concedido

riência adquirida ao longo dos anos

IMA, Faemg, ABCZ e Pró-Genética.

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O ZEBU 25


O ZEBU Nelore

Nelore RG Por Thassiana Macedo • Fotos: Wellington Valeriano / JM Matos

Características como ossatura robusta e forte, musculatura compacta e bem distribuída, temperamento ativo e dócil, grande resistência a calor e parasitas, bem como alta capacidade de transformar alimentos grosseiros em carne de qualidade e excelente habilidade materna, entre outras, tornaram o Nelore uma raça adaptável à diversidade de clima e condições rústicas do Brasil. Tudo isso, unido à genética com singular potencial melhorador da raça, atraiu os olhares do jovem médico veterinário e pecuarista Ricardo Gouveia, na década de 1980, para os primeiros investimentos na raça Nelore. “Acompanho o Nelore há anos, pois 26 O ZEBU

sou apaixonado pela raça, sempre vejo espaço para melhorias e busco isso em minhas seleções”, ressalta. É na Fazenda São Benedito, situada em Inaciolândia (GO), que o criador

Acompanho o Nelore há anos, pois sou apaixonado pela raça e sempre vejo espaço para melhorias e busco isso em minhas seleções”

aplica todos os conhecimentos e tecnologias disponíveis no mercado para a seleção Nelore Mocho RG. Ricardo conta que a família iniciou a criação de gado em uma propriedade em Campina Verde, na região do Triângulo Mineiro. “Em 2000, fomos para o Estado de Goiás, para continuar o trabalho em outra propriedade da família, no município de Inaciolândia. Já são 35 anos que criamos Nelore, conhecemos todos os indivíduos a fundo, as famílias da propriedade. A Nelore Mocho RG, uma empresa familiar, sempre se dedicou a um trabalho de aprimoramento da raça, pois sempre vimos no Nelore um grande poder de desenvolvimento por sua rusticidade e habilida-


de materna, uma vez que as mães têm capacidade ímpar para cuidar e desmamar bezerros pesados e ainda emprenhar novamente”, esclarece o criador Ricardo Gouveia. A precocidade de terminação garante nas carcaças Nelore distribuição homogênea da cobertura de gordura, sendo a mais valorizada no mercado. A padronização da carcaça otimiza a estrutura industrial e agrega valor aos cortes que possuem grande sabor. “A qualidade frigorífica já nos surpreende, mas buscamos a cada dia melhorar e aprimorar essas características. Nosso rebanho ainda se situa em Goiás, contudo, apostamos no crescimento do mercado e aumentaremos a criação para uma propriedade em Barra do Garça, no Estado do Mato Grosso, onde também passaremos a criar Nelore Mocho”, ressalta Gouveia. O criador adianta que a Nelore Mocho RG vai iniciar um trabalho voltado para melhoramento genético baseado nas avaliações, junto a programas de melhoramento e outras técnicas de avanço genético. O objetivo é aumentar esse rebanho de genética aprimorada, destinada à venda de touros melhoradores. “Com a ajuda de profissionais capacitados, a assistência de Luís Amadeu Vendrame, centrais de inseminação e o aval de serviços tecnológicos, entre outros que tanto nos auxiliam, nós buscamos melhorar sempre a habilidade materna, desenvolvimento de carcaça, desempenho de produção e precocidade. A ideia é fazer o ciclo curto para oferta de touros melhoradores e sêmen”, afirma. Ricardo Filho afirma que a Nelore RG está entre os maiores vendedores de sêmen da raça, tendo touros em central desde 1993, sendo o touro Vencius RG

um líder de vendas no Nelore Mocho há 5 anos consecutivos. “Ou seja, contribuímos com nossa genética em todo o país, através da venda de touros e de sêmen. Sempre fizemos o trabalho de melhoramento muito fechado em nossa seleção. No início, usamos o touro Fenômeno RG, que foi premiado na ExpoZebu e nos deu várias matrizes de qualidade, bem como Chacravati RG e Éden RG, o qual foi Campeão Novilho Precoce na ExpoZebu 1992. Desde o início da criação, estamos voltados para o melhoramento genético a fim de obter qualidade de carcaça. Nosso rebanho nunca foi baseado em

modismos, sempre seguimos nossa ideia e construímos o gado com nosso jeito, ou seja, com o nosso biotipo desejado. Buscando sempre a melhoria constante das características de maior importância econômica na produção de carne. Isso nos levou a estar sempre entre os líderes dos principais sumários de melhoramento do país, desde a década passada, com os touros Pacote RG, Vencius RG, Consórcio RG, Ditado RG e Épico RG”, destaca o pecuarista. Opção de linhagem O mais novo destaque na bateria

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de touros, com grande oferta de sêmen nas principais centrais do país, é Épico RG, exemplar de excepcional beleza racial e avaliação genética. Se caracteriza por seu pedigree totalmente aberto para Nelore Mocho. Trata-se de um touro equilibrado, muito funcional, com incrível comprimento, costelas bem arqueadas e compridas. Com boa avaliação associada à beleza racial, ele representa aquilo que o Nelore Mocho RG busca, ou seja, aliar raça e números”, esclarece o criador Ricardo Gouveia Filho. Filho de Bitelo DS com Acima RG, Épico RG é um touro de três anos, com 1.100 kg bem distribuídos. Nas características ganho em peso pós-desmama (GPD), peso a desmama (PD-ED), peso ao sobreano (PS-ED) e peso ao ano (PA-ED) por efeito direto, que indicam potencial do reprodutor para gerar filhos com desempenho superior no período da desmama ao sobreano; bem como no iABCZ, índice de seleção que contempla características de importância econômica, sugerido como critério de seleção dos animais dentro do PMGZ, Épico RG é top 0,1%.

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Épico RG, nada mais é do que o fruto de um trabalho sério, dedicado e verdadeiro, voltado sempre para o melhoramento genético”

Ricardo Gouveia ressalta que o touro é uma excelente opção de linhagem que acasala muito bem com todos os touros RG, sendo ótima opção para filhas de Pacote, Vencius e Consórcio. “Épico RG, nada mais é do que o fruto de um trabalho sério, dedicado e verdadeiro, voltado sempre para o melhoramento genético, que não aconteceria sem a ajuda de toda a equipe RG e parceiros”, frisa.


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Fazenda Água Fria Uma trajetória de seleções de sucesso Por Thassiana Macedo • Fotos: Jm Matos

A rusticidade do Nelore e seu poder de transformar fibras, inclusive as de baixa qualidade, em carne e leite são as principais características da raça. Essa capacidade fez com que a raça se adaptasse muito bem às condições tropicais brasileiras, tornando-se uma opção para a produção de carne nas diversas e adversas condições a que é submetida. Foi apoiado nestas características e com a coragem de desbravadores, como os criadores da família Guimarães, que o Nelore saiu das tradicionais zonas de produção pecuária do país para ganhar regiões até então inóspitas, como o Pará. A história da Fazenda Água Fria, localizada no sul do estado, começa em 1972. Um dos pioneiros naquela região, João Guimarães, enfrentou todas as dificuldades da época, para que a Fazenda se tornasse, nos dias atuais, uma referência em seleção de Nelore a pasto, voltada para a produtividade. Com muito

Sempre em busca dos melhores resultados em fertilidade, a seleção Nelore Água Fria destina todas as matrizes à estação de monta de 120 dias, com descarte total das matrizes vazias no diagnóstico de prenhez” 30 O ZEBU


Os touros da Fazenda Água Fria são profundos, bem arqueados e com muito volume de musculatura, principalmente no traseiro, que é onde se encontram os principais cortes frigoríficos” empenho e aproveitando a qualidade do solo, com água abundante e bom clima, fizeram a criação da raça prosperar. Se no início a família Guimarães deu importante contribuição à pecuária nacional desbravando uma região até então inexplorada, hoje permanecem com o mesmo ideal: fazer parte do crescimento e da melhoria da criação de gado na região. Representando a 3ª geração da família, o zootecnista João Guimarães Filho, assume a Fazenda Água Fria em 2003, e dá continuidade ao projeto dos seus antecessores ao trazer seus atualizados conhecimentos acadêmicos para agregar ainda mais valor à produção. Em busca de melhores resultados, foi inserida em 1990, a estação de monta reduzida de 120 dias, mesmo ano em que iniciou os trabalhos com inseminação artificial (IA). Ao estagiar com o professor Raysildo Lobo, Guimarães Filho, implanta na Fazenda Água Fria um projeto de melhoramento genético

e seleção. “No ano 2000, entramos no Programa de Melhoramento da Raça Nelore, desenvolvido pela Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), para obter auxílio na escolha dos melhores animais e nos acasalamentos dirigidos. Hoje, a propriedade também participa do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) da ABCZ, garantindo assim mais confiabilidade aos repro-

dutores comercializados”, explica o criador. Sempre em busca dos melhores resultados em fertilidade, a seleção Nelore Água Fria destina todas as matrizes à estação de monta de 120 dias, sendo que 100% das diagnosticadas vazias são descartadas, assim como todas as matrizes com bezerros classificados como inferiores ao peso na desmama. “Esse trabalho cuidadoso nos proporciona índices

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O ZEBU Nelore de prenhez que variam ano a ano, de 85% a 90%, entre novilhas primíparas e vacas, somente com suplementação mineral. Nos machos, essa fertilidade pode ser observada na excelente CE (circunferência escrotal) dos touros com apenas 24 meses, o que mostra elevada precocidade sexual”, explica. Segundo Guimarães Filho, o segredo da seleção Água Fria é que todo o trabalho é desenvolvido a fim de obter touros melhoradores para as características produtivas e que tenham valor econômico para a pecuária de corte do Brasil Central, mas principalmente no Norte do país. “Nosso foco são animais medianos, equilibrados em conformação e estrutura, bem avaliados e com preservação do padrão racial. A seleção para Habilidade Materna é muito trabalhada por estar correla-

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Os bezerros de FIV produzidos na Fazenda Água Fria são provenientes das TOP 2,5%, melhores matrizes do rebanho com os melhores touros disponíveis no mercado” cionada ao peso no desmame com precocidade sexual e com peso ao abate. Características tão marcantes no rebanho que utilizamos no projeto de fecundação in vitro fêmeas vazias da estação de monta e temos desmamas com peso próximo às realizadas com receptoras meio san-

gue”, destaca o especialista. Neste sentido, o pecuarista esclarece que a principal característica selecionada no rebanho Água Fria é o ganho de peso. “Uma vez que para chegarmos nessa característica, todas as outras, como fertilidade e habilidade maternal, já foram cumpridas, essa é a qualidade que define as escolhas dos reprodutores que serão doadores de sêmen, e os touros que serão destinados à reserva ou à venda, visto que o ganho de peso é a característica que está diretamente ligada ao preço final recebido pelo produtor rural com a venda ao frigorífico”, explica. Guimarães Filho ressalta que outra característica marcante no rebanho Água Fria é conformação de carcaça. “Os touros da Fazenda Água Fria são profundos, bem arqueados e com muito volume de


musculatura, principalmente no traseiro, que é onde se encontram os principais cortes frigoríficos. Além disso, de nada adianta todas estas características se o padrão da raça não for definido e preservado. Por isso, nossos touros têm cara de macho com apenas 24 meses e já possuem perfil de touros com a ‘cara de negócio’”, reforça o criador. Toda essa preocupação é para melhor atender à clientela crescente e fiel do Nelore Água Fria. “Em 2011, realizamos o primeiro leilão de touros, marcando esta nova etapa com sucesso total. Tal foi o desempenho, que o leilão passou a ser realizado anualmente, no mês de agosto, e tem surpreendido a todos pela sua crescente melhoria na qualidade dos animais ofertados ano a ano”, conta. O ano de 2016 será marcado

Pensando em agregar ainda mais valor à produção, o criador João Carlos Guimarães Filho investiu pesado em sustentabilidade, através da implantação do projeto de Integração Lavoura e Pecuária” não apenas pela evolução genética dos animais, que é cuidadosamente trabalhada todos os anos, mas também será determinante por contar com a maior oferta de touros no Norte do país e uma das maiores do Brasil. “O mais importante é que mantivemos o mesmo padrão de qualidade que proporcionou à

Nelore Água Fria o reconhecimento nacional e o mesmo critério de seleção que classificou o leilão do ano passado como possuidor de uma das melhores genéticas ofertadas em 2015. Para o leilão de 2016, identificamos os melhores animais da safra 2014. Todos foram criados e recriados a pasto, e preparados apenas com suplementação, o que garante total adaptação dos animais em fazendas de qualquer região do país”, informa o criador. Tecnologia em reprodução Pensando sempre em qualidade e produtividade, João Guimarães procurou trabalhar com o que há de mais moderno em reprodução bovina. A Fazenda Água Fria já transferiu aproximadamente 2.500 embriões, resultando em mais de 1.100 prenhezes e se consagrando em pouco tempo como um dos O ZEBU 33


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maiores projetos de produção de touros Nelore PO no Norte do país. Na próxima estação de monta, a fazenda pretende ampliar o número de embriões transferidos. Para que iniciasse os trabalhos de produção de embriões na Fazenda Água Fria, foram selecionadas 45 Doadoras de um rebanho de mais de 2.000 Vacas PO avaliadas. Dessa forma, os bezerros de FIV produzidos na Fazenda Água Fria

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são provenientes das TOP 2,5%, melhores matrizes do rebanho com os melhores touros disponíveis no mercado. E hoje conta com um estoque de embriões congelados, que são produzidos e armazenados durante o ano. “Além disso, atualmente temos dois reprodutores em comercialização de sêmen nas duas principais centrais do Brasil. Comendador da Água Fria, Top 1%, encontra-se na

ABS Pecplan. Já o touro Turbo da Água Fria, também Top 1%, está na Alta Genetics. Ambos são destaques dentro da bateria de touros com sêmen à venda no mercado. Esses animais refletem o objetivo de seleção da Fazenda Água Fria: beleza racial, precocidade, musculatura e avaliação genética positiva, proporcionando animais funcionais, sem perder a rusticidade que faz a raça Nelore ocupar 80% do rebanho nacional”, conta o criador Guimarães Gifoni. O pecuarista conta ainda, que na estação de monta de 2015/2016, entraram em reprodução nada menos que duas mil matrizes PO (puro de origem). “Foram realizadas aproximadamente 500 prenhezes de um projeto com 45 doadoras em receptoras Nelore. Em 2015, foram comercializados aproximadamente 500 touros da raça. O objetivo é atingir a comercialização de 1000 Touros por ano até 2020, com um aumento de 20% ao ano”, ressalta. Pensando em agregar ainda mais valor à produção, o criador João Guimarães investiu pesado em sustentabilidade, através da implantação do projeto de Integração Lavoura e Pecuária. “Na safra 2015/2016, plantamos 350 hectares de milho consorciado com braquiária, para a produção de grão e assim abastecer a fabricação de ração própria, que será utilizada na suplementação, em um projeto de semi-confinamento integrado com rotacionado intensivo, para terminação a pasto de 8 UA/ha (unidade


animal por hectare). Além de disponibilizar na área colhida, pastagem de braquiária e palha de milho de excelente qualidade, que será utilizado no período mais crítico de pastagem do ano, entre os meses de julho e novembro”, adianta o pecuarista. No entanto, Guimarães Filho, sabe que nada disso seria possível sem uma equipe preparada e totalmente envolvida com o trabalho. Por isso, a Fazenda Água Fria preserva o bem estar de seus colaboradores, sempre mantendo moradias em perfeito estado de conservação, com água e energia elétrica, além de manter todas as crianças em sala de aula. “Em 2015, por exemplo, construímos e doamos para a Prefeitura de Xinguara, na comarca de Vila Paraíso, um Posto de Saúde da Família, próximo à fazenda, para atender melhor os colaboradores e suas familiares, além de toda a população rural daquela região”, conclui o criador. O ZEBU 35


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Expoinel 2016: maior evento da raça Nelore completa 45 anos Por Thassiana Macedo • Fotos: Nelore Minas

O maior evento da raça Nelore no país, a Expoinel chega à sua 45ª Edição. Promovida pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), a edição 2016, que fecha o ano-calendário de exposições da Associação, está marcada para ocorrer entre os dias 15 e 25 de setembro. Vale lembrar que a etapa é obrigatória para criadores e expositores que disputam os Rankings Nacionais Nelore e Nelore Mocho, como a Liga dos Campeões e a Super Copa do Ranking, mas todos podem participar, mesmo os que não estão disputando o ranking. Durante dez dias, o Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), será palco de julgamentos de aproximada36 O ZEBU

Para a 45ª Edição da Expoinel foram confirmados 12 leilões, sob a chancela Leilão Oficial Nelore” mente mil animais da raça Nelore e Nelore Mocho. As inscrições foram abertas no dia 15 de julho, e a entrada dos animais no parque está prevista para o dia 12 de setembro. A data base também está definida para dia 16 de setembro. Para esta Edição da Expoinel foram confirmados 12 leilões, sob

a chancela Leilão Oficial Nelore. “A agenda de leilões deste ano reafirma a força da Expoinel para o mercado de animais Nelore PO. Esses leilões vão movimentar a maior exposição da raça no país, gerando boas oportunidades de negócios para compradores e vendedores”, afirma Path Franco, gerente de eventos e leilões da ACNB. Os remates começam no dia 15 de setembro, às 13h, com o 37º Leilão Anual Carpa e, às 14h, com o Leilão Terras da Liberdade – Quarto de Milha. No dia 18, é a vez do Leilão Nelore Colorado Expoinel, às 13h. Dia 19, a Associação promove o Leilão Virtual ACNB & Amigos, às 21h. No dia 20, também às 21h, ocorre o Lei-


Etapa é obrigatória para criadores e expositores que disputam os Rankings Nacionais Nelore e Nelore Mocho, como a Liga dos Campeões e a Super Copa do Ranking” lão Liquidação Nelore Kaká 1ª etapa. Já o Leilão Nelore JOP Reprodutores está marcado para acontecer no dia seguinte, às 21h. No dia 22, ocorrem o Leilão Prenhezes de Clones Geneal, às 12h, e o Leilão Mata Velha, às 21h. No dia 23 de setembro, é a vez do Leilão Liquidação Aud Baby 2ª etapa, às 13h, e do Leilão Terras do Nelore, às 21h. No último dia de remates, serão promovidos o Leilão Carthago & Monte Verde, às 13h, e o 7º Leilão EAO & Guadalupe, às 21h. Na Edição anterior, a Expoinel contou com faturamento total de aproximadamente R$16 milhões, através da negociação de 548 lotes de animais e média de R$29.010,65 por lote. Cento e onze expositores apresentaram 975 animais Nelores e Nelores Mochos para os julgamentos. Este ano, a expectativa é de que durante dez dias sejam julgados mais de 800 animais Nelores e Nelores Mochos. A data base, pesagem e diagnóstico de gestação ocorrem no dia 16 de setembro. A ACNB manteve os mesmos valores de argola praticados no ano passado, sendo: para sócios

em dia com a ACNB, R$275,00 e para não sócios ou sócios em atraso, R$325,00. “Como todos os anos, a casa da Nelore estará aberta para receber os amigos durante a Expoinel. Não deixe de nos visitar, conhecer os nossos programas e tomar um café com a nossa equipe, que está sempre de prontidão para melhor atendê-lo”, afirma Renato Barcellos, presidente da ACNB. O estande da Nelore também vai receber a grife Nelore, onde os visitan-

tes poderão adquirir roupas e acessórios da marca. Para a realização da Expoinel 2016, a ACNB conta com apoio da ABCZ, DSM-Tortuga, FertVitro, Geneal, Programa Leilões, Chevrolet, V-Max Virginiamicina, Santander e Ourofino Saúde Animal. Nesta Edição, a exposição vai abrigar novamente a Expobrahman, realizada pela Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB) e a ExpoGil, promovida pela Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL).

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Criadores estão preparados para 9ª Edição da

ExpoGenética Por Thassiana Macedo • Fotos: JM Matos

De 20 a 28 de agosto, o Parque de Exposições Fernando Costa, em Uberaba (MG), recebe criadores de todo o país para a 9ª Edição da ExpoGenética. A exposição contará com a participação dos principais programas de melhoramento genético das raças zebuínas, além da escolha dos touros da nova bateria do Programa Nacional de Touros Jovens (PNAT). Os animais inscritos foram inspecionados pelos técnicos da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) nas propriedades de origem. Em 2016, a expectativa da Associação é ter a participação de 750 animais trazidos por 90 expositores. Em relação aos leilões, a estimativa é manter as boas médias da Edição de 2015, quando foram realizados nove 38 O ZEBU

leilões e o faturamento total foi de R$17.364.640,00. A solenidade de abertura da ExpoGenética 2016 está marcada para o dia 22, no Tatersal Rubico de Carvalho, onde em seguida ocorrerá o lançamento simultâneo dos Sumários de Raças. Haverá mesa redonda com o tema “A seleção de zebuínos para corte deve almejar nichos de mercado ou os desafios da segurança alimentar mundial?”; seguida de dois painéis sobre: “As características do mercado europeu e australiano”, com Fabiano Tito Rosa, gerente Executivo de Originação do Minerva Foods, e “As características do mercado do Oriente Médio”, com Carlos Eduardo Rocha, sócio diretor da Perfect Beef Company e da Eleven Brazil Importação e Exportação.

O evento precede um final de semana de leilões que compõem o calendário comercial. Estão confirmados nove remates tradicionais e concorridos, quando serão ofertados exclusivamente animais com avaliação superior. As centrais de sêmen também se movimentam para receber um contingente robusto de visitantes e promover um verdadeiro show, com os disputados desfiles de touros que se destacam na comercialização de material genético. No dia 23 de agosto, a 9ª Edição da feira contará ainda com a realização do primeiro curso gratuito sobre o Projeto Equação da Pecuária Eficiente, lançado pela ABCZ em maio, durante a 82ª ExpoZebu. O projeto está baseado no tripé básico da produção animal: saúde, nutrição


e genética, e contará com três fases, todas elas gratuitas para os criadores participantes. A primeira fase é um diagnóstico no qual o pecuarista poderá identificar em qual estágio está o seu sistema produtivo e sua produtividade. A segunda fase do projeto é de compreensão desse diagnóstico, cuja análise qualitativa será feita por um corpo técnico, formado por especialistas em cada um dos temas. E a terceira fase é a capacitação e educação dirigida do pecuarista, com especialistas renomados em cada uma das três áreas, para suprir as deficiências de conhecimento técnico do negócio. Nos pavilhões de animais estão sendo administrados os espaços reservados aos programas de melhoramento, onde o PMGZ se destaca pela grande procura. Os expositores do PMGZ do ano passado já confirmam presença e há muitos que nunca participaram com animais e, agora, querem trazer seus produtos. Eles estão bastante animados e a expectativa é grande pela oportunidade de fazer contatos

com o principal mercado de genética avaliada, de acompanhar os leilões, o Julgamento Matriz Claudio Sabino, o Concurso Leiteiro Natural e o PNAT”, explica o Gerente de Provas Zootécnicas, Ismar Carneiro. Este ano estão confirmadas as participações e o lançamento dos Sumários dos programas de melhoramento Nelore Brasil, da ANCP; o Programa Paint, da Lagoa da Serra; o Geneplus, da Embrapa Gado de Corte; o Programa de Melhoramento Genético da

APTA (Instituto de Zootecnia de Sertãozinho); e o PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos), conduzido pela ABCZ. Em 2016, a ExpoGenética contará com a entrega do Prêmio Cláudio Sabino Carvalho. Participarão 3.280 animais de corte e leite das raças Nelore, Nelore Mocho, Gir dupla aptidão, Brahman, Guzerá, Tabapuã e Sindi. Esse prêmio é conferido às matrizes que apresentam altos índices de fertilidade, com boa idade ao primeiro parto e também intervalo entre partos, aliados a uma avaliação genética positiva. Podem concorrer ao prêmio matrizes que apresentam altos índices de fertilidade, com boa idade ao primeiro parto e também intervalo entre partos, aliados à avaliação genética positiva, com idade compreendida entre 5 e 10 anos, no dia 21 de agosto de 2016, e que atendam às exigências de: ter pelo menos quatro filhos portadores de O ZEBU 39


O ZEBU Nelore RGN ou aptos a recebê-lo, oriundos de monta natural, monta controlada ou inseminação artificial e ter avaliação positiva, de acordo com as regras do Regulamento. As matrizes inscritas serão avaliadas por uma comissão formada por cinco avaliadores, os quais poderão pertencer ou não ao quadro do Colégio de Jurados das Raças Zebuínas (CJRZ). A comissão indicará um grupo de, no máximo, 10 matrizes por raça, limitado a 50% do total de animais em disputa. A 5ª Edição do Concurso Leiteiro Natural, novamente a cargo da equipe do PMGZ Leite, será realizada na Estância Orestes Prata Tibery Jr., localizada no município de Uberaba (MG) e terá duração de 19 dias, sendo 14 dias de adaptação e 5 dias de concurso efetivo. Ou seja, a adaptação das matrizes será realizada entre os dias 29 de julho a 12 de agosto e o concurso entre os dias 13 e 17 de agosto. Foram disponibilizadas 30 vagas para matrizes zebuínas com aptidão leiteira. As vagas foram limitadas a três animais por expositor e por raça, independente da categoria de registro. As matrizes deram entrada na prova entre os dias 27 e 28 de julho. A alimentação consistirá em pastagem, complementada com silagem e/ ou feno de boa qualidade, de forma satisfatória. E será fornecida ração comercial balanceada para produção de leite. O Concurso Leiteiro será efetuado em duas ordenhas diárias, sendo realizadas as pesagens de 10 ordenhas, com intervalo de 11 horas entre as ordenhas da manhã e tarde, e 13 horas 40 O ZEBU

entre as ordenhas da tarde e manhã. A primeira ordenha será efetuada no dia 13 de agosto, às 5h. A décima ordenha será efetuada no dia 17 de agosto, às 16h. Todas as matrizes serão ordenhadas de forma manual. Para cada ordenha do concurso efetivo será efetuada a pesagem do leite

e análise qualitativa do leite: células somáticas, gordura e proteína. Será feita genotipagem para b-caseína (A2). Após o encerramento do Concurso Leiteiro Natural, no dia 17 de agosto, as matrizes serão transportadas do local do Concurso para mostra durante a ExpoGenética 2016.


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Exposição vai sediar o Fórum Latino Americano do Agronegócio Sustentável Por Cidinha Rosário

Com o objetivo de criar um espaço aberto à sociedade latino-americana, com a finalidade de discutir ações que contribuam para a qualidade do meio ambiente, no tocante às reduções de gases de efeito estufa oriundos da agropecuária, acontece de 23 a 25 de agosto, no Centro de Eventos Rômulo Kardec de Camargos, em UberabaMG, o Fórum Latino-Americano do Agronegócio Sustentável. O evento simultâneo à ExpoGenética, contempla a participação de profissionais no âmbito internacional e demais entidades afins, interessadas em debater ações desafiadoras sobre o conjunto “Sustentabilidade, Meio Ambiente e Agropecuária”. O fórum, promovido pela Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba), propõe-se a promover o conhecimento e incentivar o debate entre agricultores, pecuaristas, representantes governamentais, pesquisadores e estudantes sobre os problemas e as consequências da utilização assistemática dos recursos naturais, tanto na produção agrícola quanto na pecuária. O Brasil, ao lado de alguns países, tem peso político especial na área, sendo essa uma iniciativa que irá enriquecer e aprofundar questões que visam conter os impactos, há tempos considerados negativos para a preservação do meio ambiente. A ideia é discutir os resultados de pesquisas e estudos de casos diversos para elaborar uma agenda atuante e que contenha sugestões de políticas públicas adequadas para o setor, além de propostas 42 O ZEBU

de ferramentas de trabalho para a gestão e o desenvolvimento ambiental. A Fazu entende ser prioridade incentivar o debate acerca de temas como esse, que são considerados fundamentais para a formação comum de futuros profissionais e empreendedores, entre os quais devem constar aqueles que são conscientes e preparados para as reais necessidades do planeta. No dia 23, após a abertura, ocorre a palestra magna com Fernando Antônio de Souza Costa, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), sobre “Políticas de fomento às boas práticas ambientais de produção na América”. No dia seguinte, Stella Huertas, da Udelar, do Uruguai, fala sobre “Impacto da mão de obra qualificada na sustentabilidade da pecuária”; Mário Chizzotti, da UFV, fala sobre “Eficiência alimentar como parâmetro de seleção de bovinos”; Ignácio Velazco, do Instituto Nacional de Investigaciones Agropecuarias,

aborda as “Estratégias nutricionais de bovinos para baixa emissão de metano, no Uruguai”; também haverá apresentação sobre manejo e tratamento de dejetos animais; e Dênis Prata apresenta caso sobre “Produção pecuária sustentável na Bolívia”. No dia 25, os participantes assistem às palestras de Juan Fernando Marrero, da Venezuela, sobre “Sustentabilidade dos sistemas produtivos tropicais”; de Freddy Soto, da Costa Rica, sobre “Uso eficiente da água na irrigação – Dimensionamento e monitoramento de sistemas de irrigação”; de Luiz Adriano Maia Cordeiro, da Embrapa Cerrados/ Sudeste, sobre “ILPF como base de sequestro de carbono na produção agropecuária”; de Adriana Marlene Moreno Pires, da Embrapa Meio Ambiente, sobre “Viabilidade do uso de resíduos agrícolas, agroindustriais e urbanos como fertilizantes”; e de Diego Felisbino Fraga, da Fazu, sobre “Manejo integrado de pragas”.


REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Foto: JM Matos

Guzerá

Guzerá cresce na

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ExpoGenética 2016

terá maior participação da raça Guzerá Por Thassiana Macedo • Fotos: JM Matos

A 9ª ExpoGenética começa com boas perspectivas para as raças zebuínas. Cerca de 750 animais avaliados pelos principais programas de melhoramento genético serão expostos. Anualmente, o evento democratiza o que há de mais novo e avançado em conhecimentos sobre seleção e oferta de genética melhoradora. Por isso, vem atraindo cada vez mais criadores de Guzerá e pecuaristas, que vislumbram na raça o potencial de produção e rentabilidade, sem deixar de pensar na qualidade. De acordo com o presidente da Associação de Criadores de Guzerá do Brasil (Guzerá Brasil), Adriano Varela Galvão, a participação da raça 44 O ZEBU

no mercado vem crescendo significativamente e a explicação para este bom momento para o Guzerá são as ações de marketing para divulgação do potencial produtivo. “Se deve a esse trabalho da Associação e de muitos criadores, que vêm mostrando os benefícios do Guzerá e que tem despertado interesse dos produtores na raça. Em um momento de economia instável, em que produtores buscam rentabilidade, o Guzerá é sem dúvida uma grande alternativa, tanto para carne quanto para leite. Para o produtor que quer continuar produzindo leite e ter um bezerro mais pesado para fazer uma renda extra com um tourinho de abate, bem como para o

produtor de corte que quer um animal resistente, 100% Zebu, que vai bem em pastagens brasileiras, suporta o calor e que não tenha problemas com parasitas, o Guzerá surge como boa alternativa”, afirma. O sucesso de grandes e pequenos criadores de Guzerá tem dado visibilidade às características da raça e tem despertado o interesse de novos pecuaristas, com o objetivo de obter rentabilidade criando Guzerá PO ou usar a raça em seus trabalhos com cruzamentos para carne ou leite. “O Guzerá pode ser criado por todo mundo e já começa a ser procurada para a estação de monta. Normalmente, os criadores do Centro-Oeste começam


O Guzerá pode ser criado por todo mundo e já começa a ser procurada para a estação de monta. Normalmente, os criadores do CentroOeste começam a comprar touros e sêmen em agosto” a comprar touros e sêmen em agosto, ou seja, agora na ExpoGenética, para já entre dezembro e janeiro fazer a monta. Estamos na internet, mantemos um canal de comunicação no Canal do Boi e congregamos os criadores em grupos de whatsapp, porque quando mostramos que os pecuaristas estão vencendo os desafios, novos criadores passam a acreditar no trabalho da Associação”, destaca. Adriano Varela afirma que quem estuda e depois testa os benefícios do Guzerá, realmente se sente seguro com os resultados. Quem não conhece, vê os números e se sente tentado a investir. “Este mês, tivemos a adesão de seis criadores. Não é um crescimento exponencial, mas é sustentado”, informa. Durante a 9ª ExpoGenética, a Guzerá Brasil realiza a primeira reunião da diretoria recém eleita no dia 22. “Nesta reunião, traçaremos as diretrizes da Associação para os próximos três anos da raça, ou seja, o que precisa ser feito para o crescimento e fortalecimento do Guzerá”, frisa. No dia 23, a diretoria se reúne com os presidentes dos núcleos regionais

ligados à Associação. “Acredito que essa reunião será muito importante, porque será a oportunidade de cada regional colocar as dificuldades e sucessos que vem obtendo com a raça, para traçarmos uma linha que seja não o que todos querem, mas o que a maioria precisa”, reforça. Além disso, este ano, teremos um pavilhão inteiro do PNAT para mostrar a raça na ExpoGenética, com número de criadores e animais superior ao da Edição passada. Adriano Varela destaca que a venda de sêmen e tourinhos está bem aquecida atualmente; por isso, uma novidade durante a exposição deste ano, é que haverá leilão de uma seleção de touros Guzerá. “Esperamos uma democratização da genética e também de embriões vitrificados, que também serão uma nova oportunidade de negócios para os criadores, pois há demanda e eles passam a ter esse novo produto para oferecer ao mercado”, avalia. O PNAT tem início no dia 24 de agosto, no Pavilhão Multiuso, quando os touros serão avaliados por uma comissão de criadores e por técnicos da ABCZ. No dia 25 de agosto, os

animais serão avaliados por representantes das Centrais de Inseminação parceiras. “É uma excelente oportunidade de divulgar o rebanho e comercializar genética. Além de valorizar o melhoramento genético em sua essência, identificando os melhores indivíduos, comparando dentro da fazenda e fora dela, com o aprendizado é possível evoluir na escolha dos melhores e daqueles que não atendem aos objetivos”, afirma Lauro Fraga, gerente do PMGZ/Pro-Genética ABCZ. Desde que teve início, em 2010, o PNAT já pré classificou 60.560 touros em todo o Brasil, dos quais 400 touros participaram efetivamente na ExpoGenética das seis edições anteriores. Desses, 74 touros foram classificados, coletados e com doses distribuídas para rebanhos colaboradores. Ao todo, o PNAT distribuiu 47,4 mil doses de sêmen gratuitamente, para 319 rebanhos colaboradores em 19 estados. Um total de 82.322 doses foram inseminadas e comunicadas à ABCZ, com 21.173 produtos nascidos e comunicados à Associação, e 13.588 produtos com pesagens válidas no CDP/PMGZ.

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O ZEBU Guzerá

Mesa redonda discute tendências de seleção Uma das atrações da exposição será a mesa redonda no dia 22 de agosto, no Tatersal Rubico Carvalho, a partir das 14h, com o tema “A seleção de zebuínos para corte deve almejar nichos de mercado ou os desafios da segurança alimentar mundial?”. O evento contará com dois painéis: um conduzido pelo Gerente Executivo de Originação do Minerva Foods, Fabiano Tito Rosa, sobre “Boi gordo: tendências e exigências de mercado” e o segundo “As características do mercado do Oriente Médio”, apresentado por Carlos Eduardo Rocha, Sócio diretor da Perfect Beef Company e da Eleven Brazil Importação e Exportação. Na sequência, ocorre debate com representantes de cada programa de melhoramento genético presente na exposição. “Em minha apresentação, abordarei os principais fatores que têm afetado a oferta de animais para abate e a demanda por carne bovi46 O ZEBU

na, traçando um cenário de mercado para o curto e médio prazos. Também tratarei de questões de qualidade e exigências de mercado, tanto

doméstico quanto exportação, buscando alinhamento entre produtor e indústria”, comenta Fabiano Tito. O evento é gratuito e aberto ao público.


REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Foto: JM Matos

Gir

Sumário PMG2B

Ferramenta para identificar potencial genético O ZEBU 47


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Sumário PMG2B

apresenta resultados inéditos Por Assessoria de imprensa PMG2B • Fotos: JM Matos

O Programa de Melhoramento Genético da Seleção 2B – PMG2B –, um dos mais inovadores projetos para a identificação de vacas Gir leiteiro, que envolve o aumento da produção leiteira, garantindo lucros e crescimento do rebanho, foi divulgado pela primeira vez durante a Megaleite/2016, em um coquetel para mais de 200 pessoas. Idealizado e coordenado pelo experiente criador José Afonso Bicalho e pelo veterinário Adriano Bicalho (ambos da Agronegócios 2B), com o acompanhamento do zootecnista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fabio Toral, o Programa teve início em 2010, na Fazenda Cachoeira, localizada em Ferros/MG e, simultaneamente, na Fazenda Palmeiras, em Paraopeba/ MG. “No Programa são avaliadas características relacionadas à quantidade e qualidade do leite, reprodução e eficiência de produção. Tudo feito dentro das mesmas condições de ma48 O ZEBU

Esse material é uma excelente ferramenta para identificação dos animais com mais potencial genético para características economicamente importantes e que, portanto, podem ser utilizados em maior intensidade nos rebanhos” nejo, para que as diferenças genéticas entre os animais sejam identificadas com maior precisão”, explica Toral. De acordo com o coordenador do projeto, as vacas são selecionadas com base em seus valores genéticos já antecipados. “Esse processo é mais preciso que a seleção baseada na avaliação fenotípica ou na avaliação com

base na genealogia, apenas. Consequentemente, as mudanças genéticas são maiores. Apenas as vacas com alto potencial genético são classificadas como doadoras e submetidas a procedimentos especiais de reprodução, como a FIV”, completa. A partir desses resultados foi divulgado o primeiro Sumário de Vacas Gir Leiteiro. No material foram apresentados os resultados das avaliações genéticas das vacas analisadas pelo projeto com índices e informações que poderão ser usadas como base para a identificação de animais com maior potencial genético. “Esse material é uma excelente ferramenta para identificação dos animais com mais potencial genético para características economicamente importantes e que, portanto, podem ser utilizados em maior intensidade nos rebanhos”, comenta Adriano Bicalho. Certificação Para se chegar ao resultado pu-


blicado no Sumário foram avaliadas oito características economicamente importantes. Entre essas: a produção de leite por dia; percentual de gordura; percentual de proteína; contagem de células somáticas; duração da lactação; idade ao primeiro parto e intervalo de parto e, peso ao parto. “Os controles leiteiros foram realizados a cada 14 dias, com alternância de um controle oficial da ABCZ e um da fazenda. O controle da fazenda seguiu o mesmo procedimento do oficial. As análises individuais de qualidade do leite foram realizadas com as amostras colhidas no dia do controle oficial”, explica Bicalho. Ele conta ainda que os dados publicados foram submetidos a um controle de qualidade rigoroso antes de cada avaliação genética. “Esta etapa foi fundamental para garantir a confiabilidade dos registros utilizados e, principalmente, dos resultados. Um dos grandes diferenciais do PMG2B é a formação e registro de lotes de manejo, que identifica, no nosso banco de dados, animais de estágios fisiológicos semelhantes e que receberam as mesmas condições de criação. Já durante a análise das características leiteiras, a data do controle leiteiro foi concatenada ao lote de manejo, para realizar os ajustes necessários para predição dos valores genéticos. Apenas os dados de lotes de manejo, com pelo menos três animais, foram aproveitados para as avaliações genéticas. Ainda, apenas os controles leiteiros realizados entre 5 e 305 dias de lactação e as lactações com pelo menos três registros (de produção ou qualidade, conforme a característica em análise) foram mantidos no banco de dados. Nessa avaliação genética foram considera-

dos os dados de vacas de primeira até quarta lactações e que pariram entre os anos de 2011 e 2016, nas Fazendas Cachoeira e Palmeiras”, diz o veterinário, ressaltando que os dados foram analisados utilizando-se um modelo estatístico conhecido como “modelo animal”. “Esse modelo possui propriedades estatísticas muito robustas, que o torna o modelo mais utilizado nas avaliações genéticas do mundo todo”, destaca.

“Com essa ferramenta é possível separar os efeitos ambientais, como estágio fisiológico, nutrição, manejo sanitário, condições climáticas, dentre outros; daqueles efeitos causados pelos genes que os animais possuem, como os chamados efeitos genéticos aditivos. Sendo possível a comparação dos animais que receberam condições ambientais diferentes, através da análise de seus valores genéticos preditos”, completa.

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Selo de qualidade As vacas que estão ativas no rebanho 2B e que tiveram seus dados incluídos na avaliação genética receberam selos de qualidade do PMG2B. Ao todo foram seis selos que compravam a qualidade dos animais avaliados.

25 vacas com os maiores VG Leite VG Leite positivo VG Gordura e VG Proteína positivos VG Leite positivo VG Gordura e VG Proteína positivos VG LCCS negativo VG Leite positivo VG IPP e VG IDP negativos VG Leite positivo VG Peso negativo Cinco melhores vacas do rebanho com base no Índice PMG2B, que ainda atenderam às seguintes condições: VG Leite acima da média geral, maior valor genético para pelo menos uma das características avaliadas, ou maior valor para um dos índices, ou que estiveram classificadas em maior número de grupos de mérito genético superior (pelo menos quatro grupos) SELOS (Mais Leite, Mais Sólidos, Mais Qualidade, Mais Reprodução, Mais Eficiência e TOP5)

Para a certificação, as cinco melhores vacas do rebanho, com base no Índice PMG2B, atenderam algumas condições impostas, entre as quais: ter o Valor Genético Leite acima da média geral; maior valor genético para pelo menos uma das características avaliadas, ou maior valor para um dos índices, ou que estiveram classificados em maior número de grupos de mérito genético superior em pelo menos quatro grupos.

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Resultados Logo nos primeiros resultados, foram registradas 300 lactações controladas, com mais de 2.500 controles leiteiros individuais e a utilização de mais de 1.600 animais na matriz de parentesco para avaliação genética, sendo a maioria avaliada na Fazenda Cachoeira, em Ferros. No Sumário completo, que pode ser acessado no site da Agronegócios 2B, são apresentadas todas as tabelas com as vacas classificadas para valor genético para leite. “Todos os resultados apresentados tiveram como base o modelo animal. Para isso, foi necessário estimar as herdabilidades e repetibilidades das características”, como explica o veterinário.

Herdabilidades e repetibilidades das características avaliadas no PMG2B.

Na tabela estão apresentadas as estatísticas descritivas da base de dados do PMG2B, em maio de 2016

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O ZEBU Gir De acordo com Adriano Bicalho, para avaliar o impacto da seleção para características econômicas, como é o caso do PMG2B, foram usadas médias para características economicamente importantes em sistemas de produção de leite e resultados financeiros obtidos com vacas de diferentes potenciais genéticos, para calcular a renda bruta obtida. Sendo usados dados de pagamento pela indústria CCPR/Itambé.

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Médias para características economicamente importantes em três grupos de vacas, e resultados obtidos ao final de quatro lactações

“Estes resultados representam aproximações e podem ser influenciados por outros fatores não considerados como diferenças nos custos de produção em cada sistema de produção. Entretanto, também é fundamental registrar que os resultados obtidos com a seleção são acumulativos e, além do aumento da receita com a utilização das vacas geneticamente superiores, é necessário ressaltar que as filhas des52 O ZEBU

sas vacas continuarão contribuindo para o aumento da receita no sistema de produção”, explica. A seleção 2B dissemina a genética selecionada no PMG2B através da venda de sêmen dos touros 2B em teste e provados, embriões Girolando a fresco ou congelados e bezerras Girolando e Gir Leiteiro desmamadas com cinco meses de idade. “Esse projeto não foi feito para ficar confinado apenas a um

rebanho. Com o tempo, ele pode se expandir, promovendo o melhoramento de maior número de animais. Contribuímos dessa forma para sair da seleção saudosista e empírica para uma seleção técnica e científica. E lembramos que qualquer projeto de seleção é mutável e flexível, ajustando-se ao longo do tempo aos animais selecionados e ao mercado que os recebe”, conclui Bicalho.


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Parque de Exposições Dr. Pedro Ludovico Teixeira

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O ZEBU Gir

Megaleite 2016 obtém faturamento 127% maior e quebra de recordes Por Thassiana Macedo • Fotos: JM Matos

A primeira edição da Megaleite na capital mineira superou as expectativas mais otimistas. Mesmo com o país enfrentando um momento de instabilidade política e econômica em 2016, a feira registrou um faturamento de R$4.121.380,00 com a venda de animais em oito leilões e dois shoppings. Esse balanço revela que o volume negociado foi 127% maior que o registrado em 2015, quando quatro leilões geraram R$1.818.020,00. Outros recordes batidos pela feira foram: o número de animais da raça Girolando inscritos, o volume da produção de leite no concurso leiteiro e a quan54 O ZEBU

A 27ª Exposição Nacional de Girolando contou com 781 animais inscritos; novo recorde de participação, celebrando a trajetória ascendente dos 20 anos de homologação da raça” tidade de participantes da Megaleite. Passaram pelo Parque da Gameleira,

em Belo Horizonte, 75 mil pessoas entre os dias 21 a 26 de junho. A abertura oficial do evento contou com a presença do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, que anunciou o início do projeto de revitalização do Parque da Gameleira. Serão destinados R$5 milhões para a reforma do recinto, a partir deste ano, para recuperação dos pavilhões, da parte elétrica e do abastecimento de água, entre outros. Pimentel também anunciou a criação do Fundo Sanitário Privado, relativo ao combate à febre aftosa. Minas Gerais completa 20 anos sem registrar a doença.


Várias raças competiram na pista da Megaleite, que reuniu o total de 1.400 animais, de mais de 240 expositores. A 27ª Exposição Nacional de Girolando contou com 781 animais inscritos, novo recorde de participação e encerrou o Ranking 2015/2016, celebrando a trajetória ascendente dos 20 anos de homologação da raça. A premiação dos melhores da Megaleite e do Ranking aconteceu no último dia da feira. O resultado está disponível em www.megaleite.com.br. No Torneio Leiteiro, com 24 fêmeas participantes, houve a quebra de quatro recordes. A raça Gir Leiteiro realizou durante a Megaleite sua 8ª Exposição Internacional e contou com 358 animais inscritos. A vaca Doris FIV Alambari sagrou-se grande campeã Gir Leiteiro da Megaleite 2016. De propriedade da expositora Herica Cristina F. Diniz Gonçalves, Doris produziu 222,750 kg/leite e teve média de 74,250 kg/leite. A grande campeã de pista foi Casuarina FIV CAL, do expositor Winston Frederico A. Drumond e, o grande campeão foi Expoente TE, de Brasília, do exposi-

tor Fazenda Brasília Agropecuária. A vaca Capitu FIV Agro SD conquistou o título de Grande Campeã ao atingir uma produção de 270,540 kg/leite em nove ordenhas e média de 90,180 kg/leite. Com esse desempenho, ela passa a ser a nova recordista (entre as vacas 5/8) de todas as edições da exposição. O animal pertence ao expositor João Domingos Gomes dos Santos, de Luiziânia (GO). Entre as fêmeas 1/4, a recordista é a vaca Liberdade FIV Teatro, do mesmo expositor.

Ela produziu 150,700 kg/leite. A recordista entre as fêmeas 1/2 é a novilha Solar do Engenho Bélgica, do expositor Thiago Viana Nogueira, de Sete Lagoas (MG). Além de ser recordista da Megaleite, ela é recordista nacional. Já a raça Holandesa teve 152 animais inscritos para a 25ª Exposição de Gado Holandês de Minas Gerais – Exphomig 2016, que ocorreu dentro da programação da Megaleite. Já a 32ª Exposição Nacional da Raça Pardo-Suíça teve julgamento de 64 animais. Também aconteceu a Mostra Especial da Raça Jersey, com 45 exemplares. A edição 2016 dos sumários de touros e vacas foi lançada na Megaleite e trouxe a avaliação genética de mais de mil animais. No caso do Sumário de Touros, a publicação apresenta touros provados em 12 grupos do Teste de Progênie, sendo que este ano, foram incluídos 12 novos reprodutores. Outra novidade é a genotipagem para A2. Já o Sumário de Vacas, traz as tops 1000 da raça Girolando de maiores valores genéticos para a

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O ZEBU Gir produção de leite, ordenadas em valores decrescentes. Os Sumários são realizados por meio de parceria entre o Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG) e a Embrapa Gado de Leite. Para o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Girolando, Jônadan Hsuan Min Ma, a feira refletiu a atual conjuntura de mercado de genética leiteira, que segue em franca expansão, inclusive com grande interesse por parte de criadores estrangeiros. “Esse crescimento é apoiado em alguns fatores, sendo um deles o aumento da oferta de animais de alta qualidade. As avaliações genéticas e provas zootécnicas vêm imprimindo ao rebanho brasileiro a confiabilidade que o mercado sempre exigiu. Estamos elevando a cada ano as vendas de sêmen, embriões e animais vivos. Temos a ampliação dos rebanhos leiteiros em regiões que não tinham tradição na produção de leite, como Norte e Centro-Oeste. O mesmo vem acontecendo em países da América Central e do Sul, com os criadores estrangeiros vindo ao Brasil buscar genética de ponta para viabilizar a pecuária em seus países”, reforça. Durante a feira, que é uma grande vitrine da genética leiteira do país, os visitantes puderam ver e adquirir exemplares de alto valor genético, não apenas de Girolando, mas das raças Gir Leiteiro, Holandês, Pardo-Suíço e Jersey. “O apoio do Governo do Estado, por meio da Seapa e da Codemig, em um grande exemplo da parceria pública com a Associação, também foi fundamental para o sucesso da feira. Modelo esse que está sendo pleiteado 56 O ZEBU

por mais três cidades brasileiras para sediar a Megaleite 2017. Enfim, saldo positivo nas áreas técnica, comercial, social e financeira”, frisa Ma. Faturamento O Leilão Noite do Girolando Edição Especial movimentou R$306.540,00, com a venda de 54 lotes. O Leilão Noite das Campeãs faturou R$223.470,00, com 41 lotes vendidos. O 1º Grande Leilão Girolando Basa Pantanal leiloou 56 lotes, por R$ 423.000,00. O Leilão Exclusivo Girolando 5/8 e PS negociou 36 lotes, por R$174.600,00. O Leilão Gir Leiteiro Fazenda Brasília 55 Anos ofertou 24 lotes, faturando R$1.028.450,00. O Leilão Úbere Cheio movimentou R$273.300,00, com a venda de 32 lotes. O Leilão Divas do Girolando teve a venda de 40 lotes, pelo montante de R$677.100,00. O 2º Leilão Grupo SV e Convidados Especiais faturou R$514.920,00, com a negociação de 43 lotes.

O Shopping Genética do Futuro da Fazenda Barreiro Alto negociou durante toda a Megaleite animais Girolando e Holandês, contabilizando R$350 mil em vendas. O Shopping Virtual Genética RBB comercializou R$150 mil, com a venda de animais Girolando. Além disso, foram realizadas vendas diretas de animais, de material genético e de diversos produtos pecuários pelos expositores e 80 empresas presentes na Megaleite, cujos valores ainda estão sendo contabilizados, mas que até o momento, pelas informações preliminares, já ultrapassam R$10 milhões. O presidente da Girolando, Jônadan Ma, avalia que os números finais da Megaleite confirmaram que a decisão de tornar a feira itinerante foi acertada. “Tivemos recorde no número de animais Girolando inscritos, maior volume de negócios tanto nos leilões quanto nos estandes das empresas expositoras e um público superior às edições anteriores. Recebemos


inúmeros depoimentos de criadores e das empresas ressaltando que ficaram muito satisfeitos com o resultado da feira”, afirma. Feira foi palco de reuniões sobre segurança no campo e convênios O uso de créditos de PIS/COFINS foi tema de reunião na Megaleite 2016. O objetivo foi discutir a realização de projetos de investimento em melhoramento genético, através de recursos do projeto Leite Saudável, do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com uso de créditos e a colaboração de centrais de inseminação e indústrias lácteas. Já a segurança pública, foi tema da audiência pública realizada pela Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Também foram abor-

dados temas como valorização da pecuária leiteira e preço do leite, dentre outros assuntos. A audiência foi finalizada com a entrega de três veículos ao Fundo de Investimento do Teste de Progênie da raça Girolando, que serão utilizados para entrega gratuita de doses de sêmen de touros Girolando aos criadores de todo Brasil. Além disso, o parque recebeu visitantes de 15 países das Américas, Europa, Ásia e mais dois países da América Latina firmaram convênio de cooperação técnico-científica com a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, para transferência de tecnologia na área de melhoramento genético e registro genealógico. Associações de Honduras e Costa Rica receberão a assistência técnica da entidade para que possam registrar animais Girolando em seus países. Técnicos da Girolando irão à Cos-

ta Rica, neste segundo semestre, para avaliar a demanda por registro no país, e farão o controle dos rebanhos para produção de animais da raça com procedência comprovada. Honduras tem rebanhos cruzados e pretende aumentar os rebanhos registrados de Girolando. As comitivas estrangeiras de 13 países que participaram da feira reuniram-se para debater quais as necessidades de cada país em relação à raça Girolando. A Guatemala deve abrir o mercado para o Brasil em breve e recebeu do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) uma proposta de certificados veterinários para sêmen e embriões. O vice-ministro de Desenvolvimento Econômico Rural da Guatemala, Felipe Orellana Mejia, participou da reunião na Megaleite e confirmou o interesse de seu país pelas raças leiteiras selecionadas no Brasil. O ZEBU 57


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Fotos: JM Matos


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Brahman

REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Casa Branca

Foto: JM Matos

seleciona para produção de qualidade

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Casa Branca: seleção para produzir qualidade da carne Por Thassiana Macedo • Fotos: Jm Matos

A cadeia produtiva da carne bovina movimenta cerca de R$167,5 bilhões por ano e gera aproximadamente 7 milhões de empregos, movendo toda a economia brasileira. O setor produz 9,5 milhões de toneladas, sendo 7,6 milhões de toneladas destinadas ao mercado interno e 1,8 milhão de toneladas exportadas para mais de 140 países, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Essa evolução da pecuária conta com a contribuição da Casa Branca Agropastoril, que coloca à disposição dos criadores, genética moderna e animais funcionais, férteis, precoces e com excelente carcaça. Nos próximos cinco anos, o Brasil pode ser o maior produtor de carne bovina do mundo, superando os Estados Unidos. Essa realidade é 62 O ZEBU

resultado do trabalho desenvolvido por criadores como Paulo de Castro Marques, da Casa Branca. “Entendemos que esse é o caminho do contínuo crescimento da atividade, tanto em termos de quantidade de carne produzida por hectare quanto em qualidade de carne. Todo o nosso trabalho está baseado nestes objetivos principais. E não medimos esforços

Entendemos que esse é o caminho do contínuo crescimento da atividade, tanto em termos de quantidade de carne produzida por hectare quanto em qualidade de carne”

para oferecer aos pecuaristas do País a melhor genética Brahman, Angus e Simental sul-africana disponível no mundo, para adaptar-se à realidade brasileira”, ressalta o pecuarista. A Casa Branca Agropastoril é um empreendimento pecuário com 16 anos de experiência no mercado, focado no trabalho de melhoramento genético, com o objetivo de selecionar reprodutores funcionais, rigidamente avaliados e prontos para servir a campo nas regiões mais exigentes do Brasil. “Temos como pilar do nosso programa de melhoramento genético a complementariedade de raças. O Brahman é a opção de Zebu escolhida devido à sua precocidade, rusticidade, produtividade a campo e presença mundial indiscutível. Meu pai, João Marques, foi um apaixonado por pecuária e eu cresci na fazen-


da. Desde cedo me identifiquei com a pecuária e, a partir de 2000, estruturei o projeto Casa Branca”, conta Paulo de Castro. O pecuarista destaca que a marca é reconhecida por seu grande investimento em genética. Ele conta que a base do plantel das raças Brahman, Angus e Simental sul-africano foi escolhida com muito cuidado em várias partes do mundo. “O Brahman, por exemplo, origina-se de criatórios norte-americanos, como Hudgins (EUA), o maior projeto da raça no mundo, além de animais da Colômbia e de projetos brasileiros. Nosso trabalho com o Brahman objetiva a seleção de reprodutores para trabalho a campo nas regiões mais exigentes. Entendemos que a raça tem qualidades indiscutíveis e pode contribuir positivamente para aumentar a produtividade da pecuária nacional. Somente colocamos touros Casa Branca no mercado após avaliações periódicas e exame andrológico”, esclarece. Visando a complementariedade das raças e o consequente aumento da produtividade brasileira, Paulo de

Temos como pilar do nosso programa de melhoramento genético a complementariedade de raças” Castro Marques reforça que o projeto investe significativamente nas raças Angus e Simental sul-africano. “Assim como fizemos com o Brahman, buscamos a melhor genética Angus nos Estados Unidos, Canadá, Argentina e Rio Grande do Sul; e a genética Simental no Canadá, Estados Unidos

e, especialmente, na África do Sul. O objetivo das três raças é a produção de reprodutores funcionais, devidamente avaliados, com exame andrológico positivo, férteis, precoces e rústicos. São os reprodutores ideais para trabalho no Brasil Central, região que impulsiona a pecuária brasileira”, explica o criador. Por isso, segundo o empresário, o projeto produz atualmente cerca de 100 reprodutores Brahman por ano e 300 reprodutores Angus e Simental sul-africano são comercializados anualmente. Todo esse trabalho é desenvolvido em cinco propriedades rurais que integram a Casa Branca Agropastoril, sendo quatro instaladas em Minas Gerais e uma em Mato Grosso. Duas delas estão localizadas em Silvianópolis (MG). A Fazenda Santa Ester é a propriedade que concentra todas as etapas do projeto do Brahman Casa Branca, incluindo produção, seleção e melhoramento da raça. Já a Fazenda Santa Helena é destinada à produção e ao melhoramento genético da raça Angus, de onde saem os melhores produtos para multiplicação

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O ZEBU Brahman do Angus Casa Branca. A estrela da Fazenda Pinhal, localizada em Turvolândia (MG), é o Simental sul-africano. Nessa propriedade, é feito todo o trabalho de melhoramento genético e seleção da raça, incluindo as etapas de cria e recria. A Fazenda Água Limpa, em Fama (MG), é a central de reprodução da Casa Branca, recebendo as doadoras das raças Angus, Brahman e Simental. Por fim, a Fazenda Casa Branca, instalada em Cocalinho (MT), é o verdadeiro campo de provas dos touros do projeto Casa Branca. Os reprodutores são testados de acordo com as rígidas condições do Brasil Central e avaliados nas mais importantes características de produção e reprodução. Paulo Marques ressalta que a Casa Branca utiliza todas as tecnologias disponíveis em melhoramento genético, incluindo técnicas modernas de acasalamento e seleção. “Contamos com um laboratório de transferência de embriões na Fazenda Santa Ester, com toda a estrutura necessária para multiplicar a melhor genética Brahman, Angus e Simental sul-africana. Esse trabalho é coordenado pelo médico veterinário e especialista em biotecnologia, Pedro Antônio Ribeiro Sobrinho, mais conhecido como Pedrão, cujo trabalho tem apresentado excelentes resultados, acelerando o processo de aprimoramento da genética Casa Branca”. O pecuarista entende que para o sucesso do trabalho de melhoramento genético é importante participar das exposições agropecuárias. Por

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isso, a Casa Branca participa com seu time de pista das três raças, objetivando mostrar o resultado do seu trabalho e compará-lo com o dos demais criadores. “Pertencentes ao nos-

A Casa Branca produz atualmente cerca de 100 reprodutores Brahman por ano e 300 reprodutores Angus e Simental sul-africano são comercializados anualmente”

so plantel, CABR Mifalla 2263 acabou de ser coroada Grande Campeã da raça Brahman na Expozebu 2016 e PWM ON DANCE foi a Grande Campeã da Exposição Nacional da Raça Simental. Nessas importantes exposições, ainda fomos escolhidos como Melhor Criador e Melhor Expositor, e também estamos entre os melhores criatórios de Angus do País. No recente julgamento da raça Angus na Beef Expo, em São Paulo, por exemplo, nosso PWM REI TEICB 1561 LÍDER foi coroado Grande Campeão. Além disso, temos participações vitoriosas nas exposições de Londrina e Expointer, entre outras”, conclui Paulo de Castro Marques.


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12ª ExpoBrahman visa mostrar o

potencial da raça e atrair criadores Por Thassiana Macedo • Fotos: Jm Matos

Este ano, a Expoinel vai reunir, pelo quarto ano seguido, criadores de Brahman. A exposição vai abrigar a 12ª ExpoBrahman, realizada pela Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB). No ano passado, cerca de 250 exemplares puderam apresentar o que a raça tem de melhor, explorando a sua rusticidade, habilidade materna, precocidade sexual, além da sua beleza racial. O julgamento Brahman a Campo contou com a participação de aproximadamente 150 animais, com idade entre 8 a 96 meses, criados exclusivamente no sistema a campo (rústico) e os grandes julgamentos de Pista, que comprovam a evolução da genética zebuína. Um número significativo de ani66 O ZEBU

Durante a ExpoGenética estaremos com a nossa casa aberta, recebendo a todos, mas com uma participação mais modesta, porque estamos focado na ExpoBrahman e a expectativa é muito boa” mais deve participar da feira prevista para ocorrer entre os dias 19 e 25 de setembro, no Parque Fernando Costa, simultaneamente à Expoinel (Exposição Internacional de Nelore) e à ExpoGil (Exposição de Gado Gir Lei-

teiro). Após a entrada de animais, no dia 21 de setembro ocorre a pesagem, o diagnóstico e o ultrassom de carcaças a partir das 8h, seguida de uma confraternização entre criadores e tratadores, às 18h. No dia 22, começa mais uma Edição do Julgamento à Campo, às 17h os criadores participam da palestra “Avanços da ACBB”, seguida de assembleia geral da entidade. No dia 23, será a vez dos criadores participarem do Julgamento Convencional, das 8h às 17h e do painel “O boi que vende”. Neste dia, também ocorrerão reuniões com os técnicos e as regionais, com discussões sobre as diretrizes da raça. O Julgamento à Campo continua no sábado (24), enquanto as crianças participam das mini aulas do


projeto “Crescendo com o Brahman”. Às 20h, acontece o Leilão Brahman Brasil. A apresentação em pista dos resultados da Segunda Edição do projeto Crescendo com o Brahman ocorre às 9h, no dia 25, seguida da revelação dos Grandes Campeões, com desfile marcado para as 11h. De acordo com o presidente da ACBB, Adalberto Cardoso, o objetivo é trazer os antigos criadores para voltarem a ser associados e atrair e despertar novos pecuaristas para os benefícios do Brahman. “Durante a ExpoGenética estaremos com a nossa casa aberta, recebendo a todos, mas com uma participação mais modesta, porque estamos focado na ExpoBrahman e a expectativa é muito boa. Já garantimos o nosso leilão, quando a Associação vai disponibilizar 12 lotes doados por criadores, com o objetivo de arrecadar fundos para os trabalhos programados pela Associação para 2017. Pretendemos trazer um núme-

Os preços no mercado estão aquecidos e subindo período a período, e vemos a procura aumentando, em especial para sêmen e touros para os cruzamentos industriais com Angus” ro mínimo de 15 a 20 criadores com animais para o Brahman à Campo e para o Julgamento Convencional. Acreditamos que teremos em torno de 100 animais na pista e até 180 no Brahman à Campo”, ressalta. No total, serão oferecidos 40 lotes do que há de melhor na raça Brahman e a expectativa é movimentar quase R$1 milhão, sendo 12 lotes doados por criadores em prol da ACBB e 28

lotes serão comercializados pelos próprios pecuaristas. Mercado aquecido O presidente da ACBB, Adalberto Cardoso, ressalta que nos últimos anos houve uma saída de criadores da Associação, mas ele conta que quando a nova gestão iniciou os trabalhos, levantamentos mostraram o bom momento da raça. “Passamos a conhecer pessoas que são os maiores registradores de animais na ABCZ, o que significa que a raça está muito bem no mercado e o que não andava bem era a atração de criadores de uma maneira geral. Veio daí nossa preocupação de resgatar os pecuaristas, porque o Brahman está indo bem e muito além das nossas melhores expectativas. Somos a segunda raça que mais registra na ABCZ, os preços no mercado estão aquecidos e subindo período a período, e vemos a procura aumentando, em especial para sêmen e touros para os cruzamentos industriais com An-

O ZEBU 67


gus, por exemplo, os quais vêm apresentando resultados muito satisfatórios para os criadores”, reforça. Cardoso afirma que essa é a realidade com a qual a Associação vem se preocupando, além do trabalho voltado ao desenvolvimento de animais puros e cada dia melhores, a entidade busca dar apoio a criadores conscientes de que precisam fazer animais de qualidade e bem avaliados para resultados economicamente positivos no campo e no cruzamento industrial. “O principal mercado que o Brahman tem no Brasil é o do cruzamento industrial e será crescente à medida que esse interesse for sedimentado entre os criadores da raça. E não será como

68 O ZEBU

no passado, quando houve uma bolha e as pessoas passaram a querer criar Brahman por achar interessante vender animais de até R$200 mil. Hoje,

os criadores são mais realistas e há um mercado bem definido, que é quem decide os preços de cada mercadoria, e é em torno disso que temos trabalhado dentro da Associação, ou seja, focando no cruzamento industrial tanto de F1 Nelore com Brahman e F1 Angus com Brahman”, esclarece. Além da atração de criadores para a ACBB e o apoio ao cruzamento industrial, o presidente Adalberto Cardoso informa que o terceiro pilar da atual gestão, e que será foco na ExpoBrahman, é a busca de técnicos de todas as regionais do país para dentro da Associação. “Durante a feira, vamos falar muito sobre o Brahman e as vantagens que o cruzamento com a raça pode oferecer e depois vamos colocar esses técnicos como agentes do Brahman no campo. Vamos fazer um trabalho junto com a ABCZ, para que esses técnicos estejam capacitados a prestar assistência direta ao pequeno e médio criador, em cada região brasileira. Esse é um trabalho de sustentação que estamos desenvolvendo e que será iniciado durante a ExpoBrahman”, adianta.


REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Foto: JM Matos

Foto: JM Matos

Tabapuã

Fazenda Chapadão

Abre as porteiras para criadores O ZEBU 69


Fazenda Chapadão

Foto: JM Matos

O ZEBU Tabapuã

apresenta PMGZ em Dia de Campo Por Cidinha Rosário

Na manhã de sábado, dia 16 de julho, na Fazenda Chapadão-TJG, em Guarda-Mor (MG), mais de 100 pessoas de vários estados do país prestigiaram o Dia de Campo – 100% PMGZ. Sérgio Germano, filho dos proprietários da fazenda, Maria Cecília e Marcos Germano, deu início às palestras. Ele falou sobre a fazenda e o uso do PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos) no rebanho TJG. Em seguida, o médico veterinário e criador da raça Tabapuã, Edson Ribeiro, falou sobre os números e avanços que a raça Tabapuã obteve nos últimos anos. Em números, a raça desperta a atenção pela consistência de sua evolução, dentre os zebuínos de corte, e assume a segunda colocação como maior número de registros de animais nascidos (RGN). Crescimento esse sustentado pela distribuição de 70 O ZEBU

cobertura nacional de seus 284 criatórios, demonstrando a sua adaptabilidade à grande diversidade de biomas do território nacional. Entre os destaques do compromisso da raça com a produtividade, as provas de ganho de peso (PGP) são um capítulo à parte, pois além de ser proporcionalmente a raça que mais desafia seus machos em provas, ela o faz há muito tempo, em especial nos criatórios tradicionais. Lauro Fraga, gerente de Melhoramento Genético da ABCZ, e Cristiano Botelho, gerente Comercial do PMGZ, falaram sobre a importância do Programa e os benefícios que proporciona. Fernando Garcia de Carvalho, zootecnista e proprietário da FB–GAB, finalizou as palestras com a Dinâmica de Curral, onde foram apresentados a forma de acasalamento fenotípico aliado

às avaliações genéticas, com o título “Um olho no computador e outro no curral” e os resultados destes anos de trabalho no curral. O Dia de Campo – 100% PMGZ, que contou com o apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã (ABCT), encerrou com um delicioso almoço. TJG – A base do criatório do Tabapuã TJG, em Guarda-Mor (MG), começou a ser formada em 2009, quando algumas vacas da Fazenda Córrego de Santa Cecília, de Rodolpho Ortenblad, foram adquiridas. Após alguns meses, o criatório comprou boa parte do plantel da Fazenda Morada da Prata, por ocasião de sua liquidação. A prioridade da seleção TJG é produzir fêmeas precoces, identificadas por meio de análise de carcaça, e touros


que passem para seus filhos precocidade e maior aproveitamento de carcaça. A Raça Tabapuã O Tabapuã surgiu a partir de um planejamento específico; a raça é considerada a maior conquista da zootecnia brasileira dos últimos cem anos, segundo especialistas. Possui como características grande habilidade materna, docilidade, excelente conformação e acabamento de carcaça; e é, sem dúvida alguma, de grande valia para o desenvolvimento econômico do país. Além disso, a raça é a mais testada em provas de ganho de peso oficializadas pela ABCZ e está representada, hoje, por mais de meio milhão de cabeças registradas e espalhadas por todo o território nacional. Sobre o PMGZ O Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) é desenvolvido pela ABCZ desde 1992, em todas as suas unidades de atendimento, através dos seus técnicos de campo. Atualmente, o programa controla cerca de 3.600 rebanhos de todas as raças zebuínas e em todo o território nacional, por meio de suas três provas zootécnicas: • Controle do Desenvolvimento Ponderal (CDP), • Provas de Ganho em Peso (PGP) e • Controle Leiteiro (CL). Os dados obtidos pelo PMGZ são fontes para geração das avaliações genéticas de animais jovens e adultos e disponibilizam ao mercado informações genéticas consistentes, que atestam as performances dos rebanhos inscritos.

Criadores de Tabapuã participam de curso sobre julgamento Com o objetivo de aprimorar seus conhecimentos, os criadores da raça Tabapuã, Carlos Otto Laure e Wagner Lobão, participaram do Curso de Julgamento no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), no final do mês passado. No evento, que aconteceu entre os dias 25 e 29 de julho, os criadores buscaram através do curso, aprimorar os conhecimentos sobre métodos e critérios de seleção e julgamento das raças zebuínas. O curso foi composto por aulas teóricas e práticas sobre temas diversos, como: “Exterior de Zebuínos”, “Métodos e Critérios de Julgamento”, “Padrão Racial, Anatomia e Morfologia de Zebuínos”, “Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos”, “Conformação Morfológica de Zebuínos Leiteiros e Zebuínos com Aptidão para Corte” e “Avaliação de Tipo”. O curso contou ainda com aulas práticas de julgamento com exemplares das raças zebuínas. O encerramento foi marcado por visita à Central Genetics.

O ZEBU 71


72 O ZEBU


REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Foto: JM Matos

Sindi

A raรงa que desponta

no cenรกrio da pecuรกria nacional

O ZEBU 73


O ZEBU Sindi

Sindi MMBS

realiza Dia de Campo Fotos: Arthur Targino

A criadora Mariella Maldonado de Barros, da Nelore e Sindi MMBS, realizou em julho, seu Dia de Campo na Fazenda Catarinense, localizada em Cáceres (MT). O local de realização do evento é uma região de pecuária próspera e onde se concentra um dos maiores rebanhos comerciais do Estado do Mato Grosso. O encontro promovido pela MMBS colocou o Sindi definitivamente em evidência no cenário produtivo da região Centro-Oeste, junto com importan-

74 O ZEBU

tes criadores, como José Humberto Vilela e Rene Barbour. Acreditando no potencial da raça, técnicos e pecuaristas observam no Sindi o potencial de desenvolver e contribir de modo decisivo com a pecuária daquele Estado, somando suas qualidades às do maior rebanho comercial do país e um dos principais pólos de seleção das raças zebuínas no Brasil. O Dia de Campo contou com a presença de micros, pequenos, mé-

dios e grandes criadores da raça, que juntos possuem um rebanho que ultrapassa 700 mil cabeças, e também teve a participação de interessados em conhecer as características do Sindi. Todos se mostraram ávidos pelas informações sobre as qualidades da raça e seus benefícios quando utilizada em cruzamentos, além do potencial econômico do Sindi, altamente adaptado ao clima tropical. Durante o evento, os criadores assistiram duas importantes palestras


sobre a raça, pois outro objetivo do Dia de Campo era difundir conhecimento e informações atualizadas. Arthur Targino, criador e consultor da raça, ministrou palestra sobre o potencial econômico do Sindi, enquanto Antony Paulo Luenenberg, da MSD Saúde Animal, falou sobre bem estar animal. O Dia de Campo foi uma iniciativa da Nelore e Sindi MMBS e contou com o apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi), MSD Saúde Animal, Connan Nutrição Animal, Democracia do Sindi, Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), Grupo Estância Bahia, Sindi Castilho e Empório Agropecuário. O ZEBU 75


O ZEBU Sindi

Sindi: uma raça que desponta no cenário da pecuária nacional Por Centro de Referência da Pecuária Brasileira • Fotos: JM Matos

De acordo com Alberto Alves Santiago (1984), a raça Sindi é originária da região de Kohistan, parte da província de Sindh, no Paquistão, onde é conhecida como Red Sindhi. A variedade Las Belas do Sindi, considerada a mais pura da raça, ainda é encontrada naquela região até as divisas com a região do Baluchistão. Sua feição assemelha-se ao gado vermelho afegão do qual acredita ser um dos troncos do Sindi moderno. Santiago reforça que sua origem mais remota, provavelmente se relaciona aos deslocamentos de culturas 76 O ZEBU

milenares de povos seminômades, que já haviam experimentado algum processo de domesticação bovina, entre as quais se relacionavam ao Gir do oeste da Índia, o Sahiwal do Pundjab e ao já dito gado vermelho do Afeganistão. Em 1930, Ravísio Lemos e Manoel de Oliveira Prata, trouxeram alguns exemplares da raça Sindi da Índia para o Brasil; contudo, muitos desses animais acabaram desaparecendo em possíveis cruzamentos com o Gir, restando apenas alguns poucos preservadores da raça.

Cerca de 20 anos sem importações de zebuínos da Índia, entre os finais de 1940 e início da década de 1950, Felisberto de Camargo – agrônomo e diretor do Instituto Agronômico do Norte, localizado à época no Estado do Pará, resolveu trabalhar para a quebra das barreiras sanitárias impostas pelo Ministério da Agricultura, que impediam a importação de animais de outros países para o Brasil. Em 2015, um grupo de 46 bovinos da raça Sindi, descendentes diretos dessas importações de Felisber-


to de Camargo, realizada em 1952, pertencente ao rebanho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foi registrado como Puro de Origem (PO) pela Associação Brasileira de Criadores de Zebuínos (ABCZ). Este fato trouxe um refrescamento de sangue dos rebanhos, já que a população de Sindi no país ainda é pequena, mas vem crescendo nos último anos. Veja os dados estatísticos dos últimos 20 anos em número de Registro Genealógico definitivo de acordo com dados estatísticos da ABCZ. Gráfico 01

No ano de 1974, os pedidos de registro dessa raça praticamente cessaram na ABCZ. Frente à quase extinção dos criatórios de Sindi no Brasil, o paulista José Cezário de Castilho era único criador que insistia no registro do rebanho. Numa parceria com a Universidade Federal da Paraíba – UFPB, em 1980, Castilho disponibilizou animais que seriam avaliados no semi-árido nordestino. Ao que se seguiu, a Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (EMEPA) levou os melhores exemplares de 12 fêmeas e 2 machos de Colina para o sertão paraibano. A EMEPA ainda recebeu, em 1988,

mais quatro reprodutores, 30 matrizes e quatro crias, descendentes diretos da importação de 1952, que pertenciam ao Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido (CPATU), da Embrapa, no Pará. De ambos os núcleos, o gado Sindi foi partindo para outros estados como Pernambuco e Alagoas. Sendo assim, a década de 1990 passou marcada pela ascensão de criatórios de Sindi no país. Consequentemente, houve pedidos para a necessidade de retomar a execução dos serviços de registro genealógico da raça efetivamente pela ABCZ. Durante dez anos, criadores, a ABCZ e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), discutiram, avaliaram e reavaliaram os documentos pertencentes aos centros oficiais de pesquisa, que alegavam ser a raça totalmente apropriada para a produção de leite no semiárido nordestino. Além disso, esse período foi reservado para a apresentação de uma nova reivindicação dos criadores de Sindi: o reconhecimento de uma variedade mocha da raça. Nesse sentido, um documento de autoria do zootecnista e professor Alberto Alves Santiago foi encaminhado, em 1999, para a ABCZ, alegando as vantagens da raça. Com o advento na década de 1990 da discussão mundial sobre desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas e ainda o reconhecimento do Brasil como grande fornecedor de alimento mundial, as raças zebuínas foram se destacando ainda mais. No caso da raça Sindi, que é O ZEBU 77


O ZEBU Sindi

oriunda de regiões desérticas, explica-se a expansão desses animais no semiárido brasileiro, que se estende por todos os estados da região Nordeste, parte de Minas Gerais e do Espírito Santo, em uma área total que abrange cerca de 974.752 Km2. A temperatura média do ar situa-se em geral acima dos 20ºC, e a temperatura máxima apresenta-se acima de 30ºC na maior parte do ano, chegando a 38ºC na estação mais quente. Pesquisas sobre os parâmetros fisiológicos e índice de tolerância ao calor de bovinos Sindi no semiárido paraibano comprovaram que a raça apresenta alto índice de tolerância ao calor, o que possibilita sua criação em regiões semiáridas. Outra importante pesquisa foi a descrição da estrutura genética da raça Sindi no Brasil, utilizando dados do registro genealógico de animais nascidos entre 1955 e 1998. O banco de dados foi separado nos seguintes períodos: 1979-1983, 198478 O ZEBU

1988, 1989-1993 e 1994-1998. A raça está se despontando a cada ano e com a intensificação do uso de programas de melhoramento genético no país, como ferramenta para

a seleção, os criatórios e número de animais vêm crescendo. Tendo em vista as características e o potencial do gado Sindi para o Nordeste, além da criação em outras regiões do Brasil, a Embrapa Semiárido está elaborando novos projetos de pesquisa visando estudar aspectos como o melhoramento genético, reprodução e qualidade do leite, carcaça e carne desses animais. Conclui-se que as potencialidades da raça começam a despontar para novos rumos e necessita de mais pesquisas. Com mais dados e acompanhamentos de indicadores, estes sim, nortearão avanços cada vez mais significativos. O Sindi é altamente rústico, adaptável a tipos de clima que estão cada vez mais comum, tornando a raça imprescindível à pecuária nacional


O ZEBU 79


80 O ZEBU


REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Foto: JM Matos

Indubrasil

Critérios de seleção da raça Indubrasil

O ZEBU 81


O ZEBU Indubrasil

Critérios de seleção da raça Indubrasil Por Djenal Tavares Queiroz Neto • Fotos: Jm Matos

Uma reflexão importante para a raça

lhoramento da raça, tanto para corte

Indubrasil em seu trabalho de melhora-

quanto para leite, os rebanhos precisam

mento e na sua utilização nos sistemas

ser selecionados com outros procedi-

de produção deve ser feita. Alguns pon-

mentos simples e pontuais. Direcionar

tos precisam ser observados com maior

os plantéis para evidenciar as vantagens

rigor, especialmente por todos os sele-

que a raça oferece em relação às demais

cionadores da raça, que colocaram o In-

raças zebuínas, que reunidas, de fato,

dubrasil como opção viável e aprovada

somente o Indubrasil contém.

nas fazendas de muitos países de clima

O Indubrasil tem um papel im-

tropical e subtropical.

portante na pecuária mundial, espe-

O Indubrasil moderno e produtivo

cialmente nos cruzamentos. Algumas

é realidade nos rebanhos de todos os

características da raça são vantagens

selecionadores ativos da raça no Brasil.

fundamentais para a sua inclusão nos

Já é apenas registro do passado proble-

sistemas de produção de carne e de lei-

mas como mortalidade elevada dos be-

Além de participar do Programa

te. São elas: temperamento, fertilidade,

zerros, baixa fertilidade, tetas grossas,

de Melhoramento Genético das Raças

habilidade materna, ganho em peso,

umbigos pendulosos, rusticidade baixa

Zebuínas – PMGZ, utilizando-o como

precocidade de acabamento, conversão

e animais tardios.

uma ferramenta eficaz de seleção e me-

alimentar, cobertura muscular, rustici-

82 O ZEBU


dade, aprumos e ossatura.

eram; batendo a cabeça em mourões.

poral, rusticidade, mansidão e habilida-

Até casos de caírem duros no chão,

de materna.

Temperamento

provocados pelo estresse e morrendo de

A docilidade é uma característica

raiva ou sei lá o que. Vacas Guzerás pa-

Fertilidade

muito positiva para o manejo dos reba-

ridas, desejando furar com seus chifres

Na moderna pecuária, um ponto

nhos. Com animal dócil temos resulta-

os vaqueiros, para defender suas crias,

crucial e determinante na eficiência da

dos melhores: na produção de leite, du-

com grande fúria, ou qualquer um que

criação está na reprodução do rebanho

rante a ordenha das vacas; em produção

ousasse chegar perto. Machos Guzerás

e com o Indubrasil não pode ser dife-

de carne, na engorda e confinamento de

avançando em pessoas que, se não fosse

rente. Em tempos remotos, este item

animais; e na lida com o rebanho, ou

pela proteção divina, não sairiam vivas

foi sendo esquecido e até alguns criado-

seja, o manejo praticado dia a dia nas

desses momentos infelizes! Touros de

res adotavam a prática de colocar as no-

propriedades rurais. Quanto mais dócil,

raças europeias também já mataram

vilhas em reprodução somente depois

mais produtivo. E o inverso é verdadeiro

muitas pessoas.

de atingirem um tamanho que suposta-

também, pois um animal bravio sofre de

Portanto, o temperamento é item

mente seria desejável para uma matriz,

estresse e afeta seu desempenho, além de

importante economicamente, não só

que era acima de 15 arrobas. Como

atrapalhar os outros do mesmo lote.

pela produção maior, mas também pela

consequência, animais tardios eram be-

Uma fêmea dócil alimenta-se me-

segurança das pessoas que lidam com o

neficiados e os precoces não eram ob-

lhor e com tranquilidade enfrenta as ro-

gado. É indiscutível essa vantagem na

servados como vantajosos. Grande erro

tinas das propriedades, como ordenha,

raça Indubrasil e deve-se escolher touros

de seleção.

vacinação, trato alimentar, etc. Produz

extremamente dóceis para reprodução.

Felizmente, é parte do passado e

mais leite e cria melhor seus bezerros.

Vacas F1 Indubrasil x Zebu são óti-

ajuda a explicar a baixa fertilidade de

Essa característica do Indubrasil poten-

mas mães e desmamam bezerros mais

alguns rebanhos Indubrasil da época,

cializa outras, especialmente habilidade

pesados por causa da docilidade tam-

que ajudaram a derrubar seu prestígio

materna e fertilidade.

bém, que herdam do Indubrasil. São

a partir da década de 60, no Brasil, jun-

Um macho também possui maior

excelentes matrizes para serem utiliza-

tamente com a consanguinidade desen-

desempenho produtivo quando é man-

das como receptoras pela estrutura cor-

freada, a qual colaborou com a degene-

so. Em confinamentos, animais bravios demoram na adaptação a ambiente e manejo novos. Muitos se afastam do cocho com a presença dos tratadores ou visitantes e perdem peso. Deixam de ganhar peso, conforme seu potencial genético. Quanto ao manejo nas fazendas, vários fatos indesejáveis em propriedades de criação de Nelore e Guzerá ocorrem. Existem fazendas que criam Nelore onde os peões têm grande dificuldade de levar o rebanho ao curral. Quanto ao motivo do comportamento dos animais, eles informam que até evitavam levar o gado para o curral porque, na maioria das vezes, pelo menos uma cabeça morria de tão bravos que O ZEBU 83


O ZEBU Indubrasil

ração de alguns importantes rebanhos

em fertilidade. Fazendas de produção

Habilidade materna

brasileiros, provocando prejuízos para a

de Indolando também possuem eficiên-

O Indubrasil tem a característica

raça em todo o mundo.

cia reprodutiva, como também nas de

marcante de ser uma raça zebuína de

produção de corte, com F1 Indubrasil x

grande porte e excelente habilidade

Nelore ou tricross.

materna. Poucos estudos científicos fo-

Em condições normais de criação, a raça responde satisfatoriamente no quesito fertilidade e precocidade sexual

Recomenda-se, portanto, prestar

em todas as regiões do Brasil. Todavia,

muita atenção nos quesitos fertilida-

deve-se observar no sumário de touros

de, idade ao primeiro parto e interva-

A proposta de desenvolvimento

da ABCZ/EMBRAPA os indivíduos

lo entre partos. Que não seja introdu-

do Indubrasil é, de fato, ser uma raça

negativos para fertilidade, idade de pri-

zida no rebanho genética indesejável

de duplo propósito. A raça tem como

meiro parto e intervalo entre partos, os

e que um incremento da seleção seja

verdade genética as soma das caracte-

quais estão relacionados também com a

verificado para que a raça continue

rísticas das raças Gir, Guzerá e Nelore.

rusticidade.

crescendo com consistência e possa

Afirmar que o Indubrasil é ruim, seria o

Temos muitos exemplos positivos

ser utilizada em qualquer sistema de

mesmo que dar um tiro no próprio pé.

em propriedades que criam Indubrasil

produção, pois é reconhecida como a

Além do mais, que adianta afirmações

puro, com índices considerados bons

melhor para cruzamentos.

distantes da verdade? Certamente, tais

84 O ZEBU

ram desenvolvidos com a raça e isso é lamentável.


afirmações perderão a força e o valor. A credibilidade desses “doutores da verdade” será sobremaneira abalada. O desempenho do Indubrasil no campo é o que garante seu desenvolvimento e seu crescimento quantitativo em muitos países. Nos livros do pesquisador e escritor Rinaldo dos Santos, existem citações de matrizes Indubrasil com excelente média de lactação. No Brasil, alguns trabalhos voltados para a pesquisa do Indubrasil leiteiro deram início a uma nova fase, porque finalmente está sendo provado que a raça tem uma aptidão extraordinária para produzir leite. São lactações que em nada deixam a dese-

mais importante observar o conjunto, a

de grande porte e que tem um exce-

jar em relação às demais raças zebuínas

verdadeira dupla aptidão, não se esque-

lente desempenho em ganho em peso

leiteiras, embora muito precise ser feito

cendo da carne.

diário, precocidade de acabamento,

ainda para aprimorar uma linhagem leiteira no Indubrasil. Mas será que é necessário voltar-se tanto para a produção de leite? Os depoimentos em todas as regiões brasileiras de muitos pecuaristas

No Indubrasil, recomenda-se sele-

cobertura muscular, aliado a excelente

cionar touros que tenham mães com

conversão alimentar. Um ZEBU com

boa habilidade materna e eliminar as

letras maiúsculas!

vacas que criam mal os seus bezerros,

Identificar indivíduos e linhagens

do mesmo modo como é feito com as

que imprimam tais características é meta

outras raças zebuínas de corte.

de seleção na raça e, mais ainda: a melhor

que trabalham produzindo leite sempre

Aqueles que desejarem seguir um

direção é chegar a um Zebu equilibrado,

são favoráveis ao Indubrasil. Há anos

caminho semelhante ao que vem sendo

não apenas o maior. A seleção deve ca-

que vacas Indubrasil são cruzadas ou

feito em outras raças zebuínas, focando

minhar na meta de um animal precoce

inseminadas com touros Holandês e

mais no leite, que não esqueçam a ori-

e bem conformado, porque assim dará

produzem F1 de grandes lactações em

gem da raça e que o Indubrasil já é bom

uma carne excelente a custos interessan-

regime de campo ou nos sistemas di-

para cruzamento para leite, precisando

tes. Existem muitos animais e algumas

versos adotados nas referidas fazendas.

apenas mostrar seu desempenho. Muito

linhagens que possuem essas virtudes.

Rusticidade, longevidade e excelentes

cuidado para não perder a rusticidade

produções são características infalíveis

em troca de mais leite.

do cruzados com Indubrasil. Pode-se concluir que a raça já possui

cia e um animal tardio ou improdutivo não encontrará espaço nos sistemas de

desse cruzamento. Pardo Suíço e até a Jersey são garantia de bons lucros quan-

A pecuária moderna exige eficiên-

Ganho em peso / precoci-

produção. Por isso, prestar atenção na

dade de acabamento / co-

precocidade de acabamento é algo de

bertura muscular

grande importância e um item dos mais

uma boa aptidão leiteira e os seleciona-

Zebu campeão em peso, o Indu-

relevantes a ser valorizado na seleção do

dores não precisam correr atrás de gran-

brasil possui quatro características que

Indubrasil. Em contrapartida, animais

des lactações para o Indubrasil, sendo

não devem estar separadas. Uma raça

tardios devem ser desprezados.

O ZEBU 85


O ZEBU Indubrasil Rusticidade A rusticidade da raça é outro fator positivo que desperta interesse de muitos pecuaristas em vários países. No Brasil, a raça vence os desafios do clima e momentos de deficiência nutricional de norte a sul, destacando-se no semiárido nordestino e nas terras gaúchas, onde é bastante apreciado e criado. Este quesito fará da raça Indubrasil uma alternativa segura para garantir o desempenho de produtividade das fazendas de pecuária, que experimentam mudanças climáticas e maior rigor nos períodos de estiagem, frio e calor. Vitorioso poderia ser outro nome da raça Indubrasil porque, apesar de desprezado pelos institutos de pesquisa e perseguido por muitos técnicos, que demonstram preconceito e má vontade em conhecer melhor a raça, continua vivo e cumprindo seu papel nas fazen-

mento do conjunto, da harmonia do

critério, dar o devido valor e utilizar o

das do mundo com grande louvor.

animal, alguns animais “ossudos” e mal

Indubrasil moderno que já é encontra-

É rústico e precisa continuar sendo

feitos eram premiados até nas melho-

do em praticamente todas as fazendas

rústico. Portanto, muito cuidado com os

res pistas do Brasil. Então, os técnicos

do mundo.

artificialismos através de medicamentos,

também têm sua parcela de responsabi-

Com o auxílio de ferramentas de

anabolizantes, rações, etc. Nas pistas e

lidade, juntamente com a ABCZ. Mas

seleção eficientes, a raça tem um futuro

nas ordenhas, alguns plantéis de todas

aqui não devemos procurar culpados,

garantido e um caminho seguro a tri-

as raças zebuínas estão se afastando da

porque o Indubrasil está muito bem!

lhar. Participar de provas zootécnicas

rusticidade, em nome de suposta produ-

O ponto negativo histórico desta re-

e do Programa de Melhoramento Ge-

tividade, assim como o gado Holandês é

alidade foi a propaganda maldosa que

nético das Raças Zebuínas – PMGZ,

grande produtor de leite e deficiente em

a raça sofreu (e ainda sofre) no Brasil.

além das características mencionadas

rusticidade, sendo muito delicado e frá-

Críticas injustas em parte, especialmen-

anteriormente, é fundamental para

gil. Um perigo que o Indubrasil precisa

te porque tinham como objetivo derru-

o Indubrasil mostrar seu potencial

afastar de sua seleção, que não tem com-

bar o Indubrasil em favorecimento de

e cumprir seu objetivo de reunir em

promisso com modismos.

outras raças zebuínas.

uma raça as vantagens econômicas das

Aprumos corretos e ossatura condi-

principais raças zebuínas. Ele, que é

Aprumos e ossatura

zente com o tamanho e a estrutura do

soberano nos cruzamentos, um Zebu

A estrutura óssea do Indubrasil é

animal são algo que poderemos admi-

de carne e leite, um zebu equilibrado,

outro item que deve ser observado com

tir como natural, uma vez que animais

produtivo e muito bonito. Uma paixão

muito critério na seleção da raça.

defeituosos tendem a fracassar na sele-

para os que criam este Zebu mundial,

Antigamente, quando a valorização

ção natural. Entretanto, não se admite

produzindo e selecionando um Indu-

do tamanho era excessiva e em detri-

esperar uma seleção natural; basta ter

brasil sempre melhor!

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REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Foto: Wellignton Valeriano

Equinos

Exposição Mangalarga

bate recorde O ZEBU 89


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35ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador bate recordes Por Thassiana Macedo • Fotos: Renato Aguilar/ ABCCMM

De 13 a 23 de julho de 2016, Belo Horizonte sediou no Parque Bolivar de Andrade, a 35ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, o maior evento equestre da América Latina. Promovida pela Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM), a exposição teve como tema central “Nacional e Família”, e promoveu a interação entre criadores e usuários de todo o Brasil. Durante onze dias, a Nacional do Mangalarga Marchador recebeu mais de 200 mil visitantes, com movimento de R$20 milhões em negócios ocorridos nos leilões, shoppings de animais e vendas diretas entre os criadores. Também foram registrados no período 230 novos sócios na ABCCMM. Estiveram reunidos no parque 1.800 animais, que participaram de concursos de marcha, julgamentos, provas funcionais e sociais oriundos de todo o país, número recorde e marco de todas as edições. Um dos destaques desta Edição foi o leilão beneficente Marchadores pela Vida, com a arrecadação de mais de R$1,1 90 O ZEBU

milhões. O valor apurado foi proveniente de doações de coberturas, embriões, óvulos, animais, joias e até camisas de Cruzeiro, Atlético Mineiro e América, assinadas pelos jogadores, mais uma camisa do Barcelona autografada pelos craques Messi e Neymar, além de instrumentos musicais doados pelo cantor Eduardo Costa e de sertanejos que estão despontando no cenário nacional. As provas funcionais, realizadas na pista de areia do parque, tiveram

800 conjuntos inscritos que disputaram as modalidades: Três Tambores; Seis Balizas; Cinco Tambores; Work Penning; Prova de Maneabilidade; Apartação de Curral e Marchador Ideal. Participaram das competições, criadores e seus familiares, usuários e profissionais ligados ao Mangalarga Marchador. O Test Ride do Mangalarga Marchador e a minifazenda, atividades oferecidas pela ABCCMM ao público visitante, propiciou às crianças,


•MARCHA BATIDA - CAMPEONATO DA RAÇA Grande Campeão Nacional da Raça – Forró do Aro, de Antônio Santos Silva Filho, Haras Nova Figueira, Novo Hamburgo (RS) Reservado Grande Campeão Nacional da Raça – Sino do Yuri, de Yuri Semansky Engler, Haras Yuri, Jequitibá (MG) Grande Campeã Nacional da Raça – Vaidade da Santa Esmeralda, de Haras Santa Esmeralda Ltda., Esmeraldas (MG) Reservada Grande Campeã Nacional da Raça – Baronesa Ianu, de Victor Penna Costa, Haras Bavária, Guidoval (MG) •CAMPEONATO DE MARCHA Campeão dos Campeões de Marcha – Iguape Catalão, de Maria Helena Pereira da Silva Cazzani, Haras MH, Vassouras (RJ) Reservado Campeão dos Campeões de Marcha – Ulisses Meaípe, de André Nascimento Monteiro, Haras Sapecado, Itaperuna (RJ) Campeã das Campeãs de Marcha – Nostalgia do Morro Azul, de Adão Luiz de Andrade, Fazenda Santa Vitória, Palmeiras (GO) Reservada Campeã das Campeãs de Marcha – Nina de San Genaro, de Condomínio Nina de San Genaro, Haras MH, Vassouras (RJ)

jovens e adultos a oportunidade de experimentar o cavalo Mangalarga Marchador e conviver com o ambiente rural. Ao todo, 11 mil pessoas fizeram o teste e puderam comprovar as qualidades da raça. O número foi recorde se comparado a outras edições. A raça Mangalarga Marchador possui um plantel de 600 mil cabeças no País. Somente Minas Gerais corresponde a quase metade desse número. A ABCCMM possui 12 mil associados, com 67 núcleos no Brasil e também em países como a Alemanha, Itália, Estados Unidos e Argentina. É uma raça brasileira, proveniente do Sul de Minas, fruto do cruzamento de cavalos Álter, de origem portuguesa, com éguas selecionadas para sela. O número de criadores cresce todos os meses e uma das explicações para esse crescimento é a paixão pelo cavalo, que é bastante conhecido pela docilidade e elegância. O animal também tem fácil relacionamento com o homem. A Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador comemora o número de associados, mais de 12 mil. A cada mês, 200 novos integrantes. Todos os anos, a exposição nacional é o ponto de encontro dos admiradores da raça.

•CAMPEONATO JOVEM DA RAÇA Grande Campeão Nacional da Raça – Damasco da Pao Grande, de Walter Soares Ribas, de Fazenda Pao Grande, Paty do Alferes (RJ) Reservado Grande Campeão Nacional da Raça – Abiara da Figueira, de André Nascimento Monteiro, Haras Sapecado, Itaperuna (RJ) Grande Campeã Nacional da Raça – Batalha da Santa Esmeralda, de Haras Santa Esmeralda, Esmeraldas (MG) Reservada Grande Campeã Nacional da Raça – Relíquia do Minatto, de Ricardo Minatto Brandão, Fazenda Aurora, Nova Veneza (SC) Melhor Expositor – André Nascimento Monteiro Melhor Criador Expositor – Magdi Abdel Raouf Gabr Shaat Melhor Criador Não Expositor – Maurício Zacarias Constâncio-Espólio •MARCHA PICADA – CAMPEONATO DA RAÇA Campeão Nacional da Raça Marcha Picada – Jequitibá Rheal, de Marcelo Gasparin, Fazenda Salto Boa Vista, Tijucas do Sul (PR) Reservado Campeão dos Campeões de Marcha Picada – Poeta do Porto Azul, de Bruno Henry Gregg, Fazenda Rodeio Gaúcho, Araruama (RJ) Campeã Nacional da Raça Marcha Picada – Corsa da Pedra, de Condomínio Corsa da Pedra, Haras Caballeiro e Haras Vale das Paineiras Reservada Campeã Nacional da Raça Marcha Picada – Realidade Violeta, de Alexandre Augusto Teixeira Gonçalves, Haras Guariroba, Salvador (BA) •CAMPEONATO DE MARCHA Campeão dos Campeões de Marcha Picada – Paparazzo E.A.O., de Gilberto Aluízio Lino, Haras G.A.L, Recife (PE) Reservado Campeão dos Campeões de Marcha Picada – Lundú da Pedra Verde, de João Vita Fragoso de Medeiros, Haras Cascatinha, Camaragibe (PE) Campeã das Campeãs de Marcha Picada – Eva Alto do Rio, de Tadeu Leal Reis de Melo, Haras Alto do Rio, Chã Grande (PE) Reservada Campeã das Campeãs de Marcha Picada – Doutora do Amelo, de Renato Fragoso de Menezes, Haras Iluminata RFM, Recife (PE) Melhor expositor – Bruno Henry Gregg Melhor Criador Expositor – Riocon Fazendas Reunidas Rio de Contas Ltda. Melhor Criador Não Expositor – Carlos Augusto Karam

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Profissionais de centros urbanos investem no mercado de equinos Por Nestor Tipa Júnior/AgroEffective • Fotos: Cao Ferreira/ABCC

Mesmo em tempos de turbulência econômica no país, alguns setores se mantêm aquecidos para os investidores, apesar da retração na maioria dos segmentos. Com o agronegócio em expansão e segurando os números na economia do Brasil, o setor vem sendo um dos mais atrativos para esse público, que vem trocando ações e imóveis por investimentos no campo. A equinocultura surge como opção para quem não quer colocar os ovos na mesma cesta e prefere promover uma variação. Mas para realizar esse tipo de investimento, é preciso se cercar de informações e assessoria de quem tem 92 O ZEBU

experiência no ramo. Um exemplo é o empresário do setor de automóveis, Marcelo Piccoli, de Porto Alegre (RS). Há 60 dias, ele decidiu entrar no ramo do cavalo Crioulo e comprou uma cota de um garanhão da raça chamado Maragato dos Alpes, que é detentor de títulos de exposições e pai de exemplares que vêm comprovando nas pistas a genética campeã do animal. Piccoli diz que entrou neste meio pela paixão pelos animais que carrega consigo desde pequeno. Mas a paixão também virou negócio e, mesmo em pouco tempo, já celebra o retorno pelo investimento na venda de uma

cobertura (que significa a venda do sêmen do animal para acasalamento ou inseminação artificial). “Faz pouco tempo que entrei neste tipo de investimento e já tive este retorno. Pretendo continuar investindo”, salienta. O empresário também já adquiriu a cota de 50% de um outro exemplar da raça Crioula. Além do negócio, o investidor também pretende entrar no mundo das competições equestres e vai se preparar para o Freio do Proprietário, modalidade promovida pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC). “Como eu gosto de competição, e já competi em moto velocidade por 12 anos, ga-


nhando títulos, tenho muita vontade de entrar no pódio do Freio do Proprietário”, ressalta. Já Marcelo Sulzbach, que é piloto e comandante de aeronaves de uma grande empresa do setor aéreo há 17 anos, decidiu diversificar a carteira de investimentos que já contava com ações e imóveis. Foi aconselhado por um amigo a entrar neste meio pelo qual se interessou e começou a trabalhar com esta frente, mesmo não tendo ligação com o agronegócio. “Eu não lido com o cavalo Crioulo no campo, sou só um investidor. Continuo na minha atividade e uso o cavalo Crioulo como um investimento, assim como a Bolsa de Valores, por exemplo”, destaca. Sulzbach avalia que, colocando na ponta do lápis, a aquisição de cotas e coberturas vem sendo um excelente investimento, pelo retorno em relação a outros setores. Garante que o retorno líquido que tem alcançado é de aproximadamente 6% ao mês, maior do que vem obtendo no mercado financeiro. Uma das estratégias do investidor é comprar na baixa temporada de vendas de equinos e vender

na alta temporada. “A oscilação não é a do mercado financeiro, pois existe uma sazonalidade. A época de vendas é sempre a mesma”, afirma. Um dos modelos mais comuns de investimento é a compra de cotas do equinos, onde o investidor adquire um percentual do animal e tem direito à venda de um número de coberturas anuais. Conforme o exemplar conquista títulos, ou seus descendentes obtêm resultados em provas e exposições, o cavalo é valorizado. Um exemplo é o garanhão da raça Crioula JLS Hermoso, que foi comprado por seu proprietário pelo valor de R$30

mil e gerou campeões nas pistas da raça Crioula. Em 2014, a venda de cotas do animal garantiu uma valorização de mercado do exemplar em R$16 milhões. Para Gonçalo Silva, diretor da Trajano Silva Remates, escritório de leilões rurais que intermedeia este tipo de negociação, ao contrário do que ocorre em muitos setores, o mercado do cavalo Crioulo vem se mantendo estável desde o ano passado. “Isto é uma prova de que é um bom investimento comparando com imóveis, por exemplo. No que se refere a preços, o setor vem se mantendo estável. Já no que se refere à comercialização e ao número de novos entrantes, o setor vem crescendo. Ainda é um segmento que cresce apesar da crise”, observa. Silva avalia que as tecnologias e as novas regras sobre transferências de embriões autorizadas pela ABCCC vêm impulsionando o mercado. “A tecnologia no segmento dos equinos vem avançando a passos largos, principalmente após as novas normativas sobre congelamento de sêmen e transferência de embriões, possibilitando um maior crescimento e ganho de longo prazo. É uma forma de segurança para o investidor”, conclui. O ZEBU 93


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REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Foto: JM Matos

Senepol

Raรงa divulga

Sumรกrio de Touros O ZEBU 95


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Senepol ganha

Sumário de Touros e inicia os estudos com genômica Por Thassiana Macedo • Fotos: JM Matos

O interesse dos criadores pela raça Senepol, nos últimos anos, foi decisivo para inseri-la definitivamente em linhas de pesquisa. Quem garante é o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Gilberto Menezes, que integra o centro de pesquisa responsável pelos trabalhos com a raça. A entidade acaba de lançar o Sumário de Touros Senepol, composto por animais avaliados geneticamente em relação a diversas características de importância econômica. É resultado de um trabalho de melhoramento genético realizado desde 2010, em parceria com o Programa Geneplus, o Núcleo Brasileiro de Melhoramento do 96 O ZEBU

Senepol e a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Senepol (ABCB Senepol). “As provas de desempenho e avaliação genética fazem com que a assertividade de seleção seja aprimorada, e isso é um beneficio ímpar para o

A dinâmica dos processos de seleção artificial associada às biotécnicas reprodutivas pode levar à diminuição da variação genética”

crescimento da raça, seja em genética pura ou em cruzamento”, considera também Gilmar Goudard, presidente da ABCB Senepol. Ele comenta que o Sumário é uma antiga solicitação dos criadores, dada sua importância como fonte de informação genética para tomada de decisão. O melhorista Gilberto Menezes revela que os estudos conduzidos envolvem estratégias de seleção, cruzamentos e genômica. “Em 2014, foi a terceira raça com maior produção de sêmen no Brasil, perdendo somente para Angus e Nelore. É uma raça que tem apelo e, por isso, demanda informações técnico-científicas. Precisamos


Apesar de ter apenas 16 anos de seleção no Brasil, o Senepol já evoluiu geneticamente em vários pontos, tornando-se cada vez mais produtiva dentro das condições de clima e manejo” conhecer para orientar os produtores”. Apesar de ter apenas 16 anos de seleção no Brasil, o Senepol já evoluiu geneticamente em vários pontos, tornando-se cada vez mais produtiva dentro das condições de clima e manejo brasileiros. Para o superintendente técnico da ABCB Senepol, Celso Menezes, ao compararmos os primeiros animais que entraram no país com o rebanho atual, é possível perceber esse

avanço. “O padrão racial, por exemplo, atualmente é mais uniforme, em consequência principalmente dos acasalamentos bem dirigidos e pela adoção por parte dos criadores de um sistema de seleção cada vez mais rigoroso. Outras características que avançaram muito nestes últimos anos foram a velocidade de ganho em peso e a eficiência alimentar”, assegura Menezes. Hoje, machos S1 Senepol são abatidos com 16 arrobas aos 22 meses de idade, com 56% de rendimento de carcaça, índice que coloca a raça entre as melhores nesse quesito. O superintendente técnico considera que o primeiro passo para se obter um rebanho de alta qualidade é o registro genealógico, pois ele dá a garantia oficial de informações como origem, idade, grau de sangue, pureza e padrão racial. “A partir dos dados do registro do animal é que os criadores irão se orientar para fazer os melhores acasalamentos, evitar a consanguini-

dade e as características indesejáveis e potencializar o ganho genético”, diz Celso Menezes. Dados da Associação apontam um rebanho estimado em aproximadamente 46 mil cabeças (puro e cruzado) registradas na entidade, um acréscimo de 28% em relação a 2014 e 70% comparado a 2013, com leilões (machos e fêmeas) saltando de 12, em 2011, para 45 no ano passado. Avaliações genéticas Indivíduos cada vez mais semelhantes racialmente tendem a ter desempenhos produtivo e reprodutivo também semelhantes; tornando o índice de descarte cada vez menor. Por isso, o registro genealógico aliado às ferramentas de seleção, como o Sumário de Touros e as provas de desempenho, têm impulsionado o avanço do rebanho Senepol nestes 16 anos. As avaliações genéticas são de extrema importância para o desenvolvimento autossustentável da raça. “A cada resultado de prova temos uma surpresa positiva, descobrindo mais uma virtude que a raça tem e pode oferecer como benefício para os nossos produtores. É somente através das avaliações que conseguiremos o seu real potencial”, garante Menezes. No caso do Sumário de Touros lançado pela Embrapa Gado de Corte, as avaliações são feitas com base em dados coletados nas propriedades e nas provas de avaliação de desempenho. Um dos exemplos é a Prova de Avaliação de Desempenho a Pasto do Senepol (PADS), realizada desde 2011. A prova avalia em condições padronizadas o desempenho dos animais a pasto, identificando aqueles com alto potencial, para um futuro teste de progênie, metodologia O ZEBU 97


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O padrão racial é mais uniforme, em consequência dos acasalamentos bem dirigidos e pela adoção por parte dos criadores de um sistema de seleção cada vez mais rigoroso” que avalia os touros pelo desempenho produtivo de seus descendentes. Dessa forma, auxilia no reconhecimento de touros jovens promissores. O trabalho foi liderado pelo melhorista Luiz Otávio Campos da Silva. Três touros Senepol foram selecionados na etapa final da 5ª Edição da PADS, realizada na Fazenda San Francisco (Miranda-MS), com a participação de 108 animais. Os animais classificados como Elite passam a integrar o Programa de Avaliação de Touros Jovens (ATJPlus Senepol) e terão sêmen coletado e distribuído pela ABS Pecplan. O material genético será distribuído para as fazendas colaboradoras do ATJ Plus e para os participantes da prova. Conforme Gilberto, a ideia é testar mais rapidamente os animais, pois “a forma mais eficiente de descobrir se um animal é superior geneticamente é por seus filhos. Se ele produz filhos de qualidade, ele é um melhorador”. Os pesquisadores acreditam que ter essa certeza quando o animal ainda é jovem transmite confiabilidade aos produtores na hora de adquirir o sêmen, que pode ser usado puro ou em 98 O ZEBU

cruzamento. A sexta edição da PADS começou no dia 1º de julho e vai até abril de 2017. Uma das novidades é a inclusão de fêmeas na prova. A intenção é identificar fêmeas precoces e mais produtivas, para que sejam uma forma de escolha de doadoras dentro dos rebanhos selecionados da raça. As fêmeas também são avaliadas pelo Programa Safiras do Senepol, em relação a critérios visuais, ganho de peso, carcaça, eficiência alimentar, escore de trato reprodutivo, frame e população folicular, que determinam o potencial da novilha em tornar-se ou não uma doadora (óvulos), por uma equipe técnica que conta com pesquisadores da Embrapa. “É um grande diferencial conhecer a competência das doadoras, suas qualidades e deficiências quando usadas seja em monta natural ou inseminação”, frisa o coordenador técnico do Programa, José Antônio Fernandes Júnior. Seleção genômica De olho na agilidade e confiabilidade da genômica, a pesquisadora Andréa Egito, já iniciou estudos nessa área com a raça Senepol. Ela deu

os primeiros passos a fim de avaliar a estrutura genética da raça e validar genes candidatos. Com base em um banco de dados de fenótipos e dados genômicos (DNA), serão identificados genes que influenciam determinadas características econômicas. Segundo ela, os estudos podem evidenciar os gargalos genéticos e auxiliar no monitoramento e na manutenção sustentável da variabilidade genética. “A dinâmica dos processos de seleção artificial associada às biotécnicas reprodutivas pode levar à diminuição da variação genética”, esclarece a médica veterinária. Para a doutora em genética, elaborar um teste de DNA que avalie a mutação em animais Senepol, permite identificar geneticamente os indivíduos que apresentam a síndrome da musculatura dupla, subsidiando o criador nos processos de acasalamento e seleção. Os especialistas e profissionais da área acreditam que esses estudos poderão agregar valor a um produto que se tornou uma importante opção nos rebanhos brasileiros de melhoramento genético.


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Superleite alcança R$30 milhões em negócios Por Thassiana Macedo • Fotos: Divulgação

A 7ª Edição da Superleite, maior evento do agronegócio do Centro-Oeste Mineiro, realizada de 20 a 23 de julho, em Pompéu, superou as expectativas e se firmou como uma das maiores feiras da pecuária leiteira do estado. O balanço do Sindicato dos Produtores Rurais de Pompéu, responsável pela organização, aponta o melhor resultado da história. Foram R$30 milhões em negócios, número que supera em R$5 milhões o montante de vendas da Edição passada. Segundo o presidente Antônio Carlos Barbosa Álvares, o faturamento pode ser ainda maior, pois boa parte das vendas iniciadas durante a feira são concluídas depois. O evento celebrou os 50 anos do Sindicato dos Produtores Rurais de Pompéu, fundado em 24 de julho de 1966. Este ano, a feira no Parque de Exposições Paulo Soares Maciel reuniu 52 empresas expositoras e foi prestigiada por 48 criadores de todas as regiões de Minas Gerais, mas também dos estados de Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo, com um total de 391 animais expostos, sendo 201 da raça Gir Leiteiro e 190 da Girolando. A programação contou com julgamento de raças, torneios leiteiros, palestras técnicas, dinâmicas, leilão e feira de negócios. E contou com público recorde, formado por mais de 20 mil visitantes 100 O ZEBU

em quatro dias de evento. O Torneio Leiteiro foi mais um destaque na programação da 7ª Superleite. O presidente do Sindicato, Antônio Carlos, declara que a cada ano a disputa tem revelado animais de alto valor genético e promovido criadores de várias cidades mineiras e de outros estados do Brasil. A premiação para as Grandes Campeãs de Gir Leiteiro e Girolando foi de R$5 mil e para as categorias foi de R$1 mil. Pela raça Gir Leiteiro, a Grande Campeã e Melhor Úbere Adulto foi a vaca Doris FIV Alambarí, da expositora Hérica Cristina de Resende, do Rio de Janeiro. Doris produziu 204,340 kg de leite e teve média de 68,113 kg de leite. Pela raça Girolando, a Campeã Novi-

lha (com dois dentes) e Grande Campeã Geral da Superleite foi Solar do Engenho Benita, da Fazenda Curral Queimado, pertencente aos proprietários Thiago Viana Nogueira e Rodrigo Nogueira, da cidade de Sete Lagoas. O animal apresentou produção total de 207,480 kg de leite e média de 69,160kg de leite. A vaca adulta meio sangue, Quelinha Everett FIV 2B, bateu o recorde mundial de 2015 de produção de leite no Torneio Leiteiro Girolando, realizado na Superleite. Ela terminou a feira com uma produção média de 95,277 kg de leite e, no último dia do torneio, registrou pico de produção de 97,420 kg. Na somatória das nove ordenhas, Quelinha produziu 285,830 kg.


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O ZEBU Reprodução em foco

Michele Bastos, Roney Ramos e Bruno Freitas Médicos Veterinários Especialistas em reprodução animal da Ourofino Saúde Animal

IATF – A importância do crescimento folicular

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folicular se torna fundamental para o sucesso dos programas reprodutivos. Neste contexto, é importante destacar que a pulsatilidade de LH, que é regulada pela progesterona (P4), está diretamente associada à taxa de crescimento folicular. Dessa forma, no momento da retirada do dispositivo, quando há queda da P4 e consequentemente um aumento da pulsatilidade de LH, a taxa diária de crescimento folicular é aumentada. Porém, esse crescimento é diferente conforme o tamanho do folículo. Na figura 1 é possível notar que durante o proestro (fase do ciclo que antecede o cio e a ovulação), vacas com folículos abaixo de 9 mm apresentaram uma taxa de crescimento (mm/

dia) maior do que vacas com folículos acima de 12,5mm (RAMOS et al.,2012, Anim. Reprod., v. 9(4), p. 856). Esse parece ser um mecanismo de autorregulação para que mesmo folículos menores consigam alcançar bons tamanhos de folículos ovulatórios. Devido a esse mecanismo de autoregulação, pequenas alterações do período de duração da fase progesterônica não alteram a taxa de concepção. Segundo Mingoti et al., 2016 (Abstract book - ICAR, 2016, p. 507), vacas holandesas em lactação que receberam protocolos de IATF com dispositivo permanecendo por 8 ou 9 dias não apresentaram diferença na taxa de concepção aos 30

Foto: JM Matos

Na busca pelo aumento da taxa de concepção, várias adaptações têm sido sugeridas para os protocolos de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Uma delas é o que foi chamado de IATF em blocos (PFEIFER et. al, 2015. EMBRAPA/RO). Na IATF em blocos, o momento da IA é definido conforme o tamanho do folículo, avaliado por ultrassonografia 48h após a remoção do dispositivo de progesterona (tabela 1). Levando em consideração que as vacas que apresentam folículos menores terão a ovulação naturalmente atrasada, essa estratégia permite a inseminação no momento mais adequado, para que ocorra a fecundação. Apesar dos bons resultados obtidos com essa estratégia, ela tem as desvantagens de: 1) necessitar de uma avaliação ultrassonográfica no dia da IA; 2) exigir mão de obra capacitada e 3) um maior manejo dos animais, fatores que podem ser limitantes para o uso dessa estratégia na maioria das propriedades do Brasil. Com a utilização de programas como a IATF em blocos, bem como o conhecimento de que a ovulação de folículos maiores aumenta a probabilidade de concepção em vacas de corte, o controle do crescimento


dias (28,3% (41/145) vs. 23,8% (34/143); P = 0,28, respectivamente) e aos 60 dias [(24,8% (36/145) vs. 21,7% (31/143); P =0,47, respectivamente]. Em vacas Nelore, os protocolos de IATF com 3 manejos (dispositivo por 8 dias) ou 4 manejos (dispositivo por 9 dias) não apresentaram diferença na taxa de concepção [52,9%(101/191) vs. 48,6%(88/101); P=0,43, respectivamente]. (MINGOTI et al., 2015. Anim. Reprod., v.12(3). p.662). Uma estratégia muito interessante para potencializar o crescimento folicular em vacas de corte é o uso da prostaglandina no início do protocolo (D0). Porém, essa estratégia é dependente da ciclicidade dos animais, ou seja, é eficiente apenas em animais com presença de corpo lúteo no D0. Nesse caso, a queda de progesterona para os níveis de liberação do dispositivo pode permitir uma maior taxa de crescimento dos folículos e a consequente melhora na taxa de concepção [55,5%(101/191) vs. 52,1%(88/101); P=0,05](CHAVES NETO et al., 2015. Anim. Reprod. v.12, p. 669). Outro ponto importante é o uso da gonadotrofina coriônica equina (eCG), hormônio aplicado geralmente no dia da retirada do dispositivo de progesterona e, sem dúvida, uma das formas mais eficientes de estimular o crescimento folicular, especialmente em fêmeas de corte, que apresentam um longo período de anestro pós-parto resultando em baixa taxa de crescimento folicular.

Através do uso da eCG em vacas em anestro é possível obter taxas de concepção semelhantes ou próximas às obtidas em animais cíclicos. Atualmente, na Argentina, há uma tendência para o aumento do uso de protocolos curtos com um maior período de proestro. Porém, naquele país, o rebanho é constituído na sua maioria por raças taurinas que naturalmente apresentam uma maior taxa de crescimento folicular. É provável que no Brasil, com rebanho de animais zebuínos ou azebuados, esse incremento não seja obtido, devido à menor taxa de crescimento folicular

nesses animais, onde o encurtamento do período de crescimento poderia comprometer o seu tamanho final, a sua capacidade de ovulação e consequentemente a taxa de concepção. Em conclusão, fica claro que existem atualmente diversas opções disponíveis para o incremento da taxa de concepção nos programas de IATF. Assim, é importante escolher a estratégia que se adapta às condições da propriedade e melhore a eficiência dos programas reprodutivos. O auxílio do médico-veterinário na escolha dessas estratégias reduz drasticamente a possibilidade de erros.

Tabela 1. Momento da Inseminação Artificial conforme o programa IATF em blocos (adaptado de PFEIFER et. al, 2015. Circular Técnica. EMBRAPA/RO)

Figura 1. Relação entre a taxa de crescimento diário folicular e o tamanho do folículo durante o proestro

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6ª Expam apresenta mais de 400 animais e movimenta R$3 milhões em negócios Por Thassiana Macedo

A 6ª Exposição Agropecuária da Alta Mogiana (Expam), realizada entre os dias 18 e 24 de julho, promovida pelo Sindicado Rural de Ituverava superou as expectativas e se consolidou como importante evento do agronegócio da região. Altamente diversificada, a Expam contou com exposição e julgamento de animas das raças Nelore e Senepol, bem como de cavalos Paint Horse, e feira de máquinas agrícolas e de veículos. Também houve feira de touros, com a participação e supervisão da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), onde ocorreu a venda de vários touros das raças Nelore, Guzerá e Sindi. Em 2016, a Feira de Agronegócios, Exposição Bovina de Nelore e Exposição Equina de Paint Horse reuniu o maior número de expositores, empresas, patrocinadores e linhas de financiamento com condições especiais aos produtores, contando com a apresentação de cerca de 420 animais. Ao todo participaram 330 animais da raça Nelore, 30 da raça Senepol e 35 equinos da raça Paint Horse em posição, e ao menos 25 animais participaram da prova dos Três Tambores. Segundo o Presidente do Sindicato Rural de Ituverava, Gustavo Ribeiro Ro-

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cha Chavaglia, uma das novidades da 6ª Edição ocorreu na participação da raça Paint Horse. “Os expositores mais uma vez mostraram toda beleza e qualidade da raça, mas o que também aumentou a presença na exposição foi a prova de Três Tambores, que envolveu participantes de Ituverava e toda região, com provas de adultos e jovens, e também com a participação de crianças. O Nelore esteve em exposição e julgamento com a presença dos mais renomados criadores e melhores exemplares da raça. De animais de alto valor, avaliados em mais de R$1 milhão, podemos citar pelo menos uma dezena deles. O Senepol não deixou por menos, contando com expositores que trouxeram exemplares de alta performance no conceito genético e que promoveram uma ótima degustação dos

cortes da raça”, ressalta. Segundo ele, estima-se um volume de negócios aprovados e em aprovação de aproximadamente R$3 milhões, durante a feira. “Em números, tivemos a maior participação de expositores e patrocinadores na história da Expam e, em comercialização também, pois foram negociadas colheitadeiras Case, veículos Toyota e Chevrolet, tratores Massey Fergusson/Case New Holand, caminhões Ford, implementos diversos, insumos e defensivos agrícolas”, destaca. Para Chavaglia, o ponto alto da Expam 2016 foi a grande visitação de produtores de Ituverava e região, bem como da população local, que pôde contemplar o agronegócio local e regional. “A comissão organizadora agradece a presença de todos e já convida para visitar e participar da VII Expam, em 2017”, afirma. Nas premiações, o título de Melhor Criador e Expositor ficou para Marcelo Ribeiro Mendonça. A Grande Campeã foi a vaca Taiga FIV Monte Verde, de propriedade do pecuarista Dorival Gilbertoni, e a Reservada Grande Campeã foi Lisboa Colorado, pertencente a Marcelo Ribeiro Mendonça. Já o touro Gold Colorado, também de Marcelo Ribeiro, foi coroado Grande Campeão, enquanto o título de Reservado Grande Campeão ficou com Luterano FIV Cass, de Cassiano Terra Simão.


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Aplicação de adubação associada ao manejo de pastos geram resultados para a pecuária Por Cidinha Rosário • Fotos: JM Matos

O professor e engenheiro agrônomo da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ-USP), Moacyr Corsi, 72 anos, uma das principais autoridades do manejo de adubação de pastagens, falou com a Revista Zebu no Brasil, sobre seu trabalho e os resultados que suas pesquisas vêm alcançando, principalmente no que se refere a ganhos. Moacyr Corsi, desde que nasceu, vive a pecuária. Ele é engenheiro agrônomo, mestre e phD em Agronomia pela Ohio State University, doutor em Ciência Animal e Pastagens e possui dois pós-doutorados pelas West Virginia University e Massey University. Para a Revista Zebu no Brasil, o 106 O ZEBU

professor Moacyr versou sobre seu trabalho e, principalmente, a respeito do enorme potencial de produção da pecuária nos dias de hoje. De acordo com o professor Moacyr, o pecuarista precisa se convencer, ao intensificar a produção de capim, de que a atividade pecuária é lucrativa, e que o trabalho que ele vai exercer pode lhe proporcionar um resultado econômico muito melhor do que outras iniciativas que pode ter no uso da terra, como a agricultura. Ao mostrar a importância do trabalho de classificação de pastagens, o pesquisador explica que do trabalho iniciado na década de 70, nos dias de hoje, os resultados obtidos são bastante significativos, que chegam a um

“potencial de produção de 40 a 50 hectare/ano”. As pesquisas que se iniciaram na região de Piracicaba (SP), com o gado de leite, hoje são desenvolvidas em várias regiões do país, como em Rondonópolis (MT), Rancharia (SP) e Paragominas (PA); bem como com vários sindicatos e cooperativas de produtores. No trabalho estão envolvidos, sob a supervisão do professor, sete profissionais, e cada um trabalha com pelo menos de 8 a 10 propriedades. Segundo o professor, o objetivo “é obter um resultado bom para ficar fácil difundir a tecnologia, visando obter uma pecuária sustentável”. Moacyr faz questão de explicar que os pecuaristas se interessam pelo


projeto e, ao ingressarem, realizam profissionalmente o trabalho. “Mas a nossa dificuldade está na difusão da informação dos resultados obtidos, para convencer o pecuarista a tomar a iniciativa no sentido de realizar o projeto”, explica. Em seguida, de acordo com o professor, o desafio é fazer com que o pecuarista tenha os conceitos corretos sobre a aplicação e o emprego das tecnologias na hora e na quantidade adequada. “É muito difícil colocar tecnologia em um sistema de produção sem avaliar corretamente qual o nível tecnológico da propriedade. Porque se você oferecer mais tecnologia do que ela é capaz de absorver, não conseguirá os resultados esperados e, por outro lado, se oferecer uma tecnologia abaixo do nível tecnológico, o resultado também será frustrante”, alerta Moacyr. Segundo o professor, o resultado econômico, em muitas das propriedades em que os projetos são desenvolvidos, no que se refere à produção, se equiparam ou são superiores ao que a soja e a cana de açúcar apresentam na média. Moacyr explica que

“se já temos essas propriedades, com sistemas de intensificação de adubação de pastagens implantados e, que no primeiro ano atingem um retorno econômico semelhante ao da agricultura, vemos o potencial enorme que a pecuária tem”. Ele argumenta ainda, ao destacar a importância do trabalho para a pecuária, “que ao comparar a pecuária intensiva de um ano com a agricultura de soja de três, quatro, até cinco anos, conseguimos mostrar esse potencial. Já quando se trabalha a pecuária por mais tempo, dois, três, quatro anos, aí nota-se um retorno econômico bem superior ao da agricultura”. Contudo, é fundamental, argumenta o professor, que o trabalho tenha um acompanhamento técnico, para conhecer o processo tecnológico, sua evolução, de forma a agregar conhecimento e ganhar confiança no processo, buscando o desenvolvimento da propriedade como um todo, “porque todo processo é começado por uma área menor, com o objetivo de, nessa área piloto, orientar o pecuarista sobre como e o que ele tem que fazer e que hora ele tem que

fazer”, explica. O professor pesquisador da ESALQ-USP, Moacyr Corsi, disse ainda à Revista Zebu no Brasil que, apesar da média brasileira ser de cinco arrobas por hectare ano, nos projetos desenvolvidos esse número é superior a 30 arrobas por hectare/ano. Sendo que nos projetos mais antigos, a produção chegou a cerca de 40 arrobas. “Os iniciais, no primeiro ano, a meta é de 25 arrobas. Do segundo em diante, a meta já é determinada por eles mesmos – levando em consideração as melhores médias de resultados do grupo que trabalhou no projeto (são cinco, seis, até 20 fazendas). Geralmente, eles atingem essa meta, chegando até a 50 arrobas por hectare/ano.” O pesquisador destaca que as respostas dos pecuaristas em relação à absorção e aplicação de tecnologia em suas propriedades são muito boas, muito rápidas e que cada vez mais eles acreditam e melhoram seus resultados. Que “no início são bem desafiadores e, após um tempo, são muito satisfatórios”. Forrageiras: adubação e manejo para pastagens O professor Moacyr Corsi realiza pesquisa com o melhoramento da fertilidade do solo através da adubação associado ao manejo de pastos, em busca de maior aproveitamento das forragens produzidas. Seus estudos têm por base o aproveitamento do capim Tanzânia na alimentação animal. E a pesquisa realizada sob sua coordenação, com esse capim, mostra que a pecuária é tão rentável quanto qualquer outro tipo de cultivo realizado na agricultura. Segundo o pesquisador, a escolha O ZEBU 107


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pelo Tanzânia foi feita por conta da existência do capim na região do entorno de Piracicaba (SP), na década de 70, por garantirem pastagens mais estáveis e a redução do tempo de pesquisa. “Com alto potencial, a espécie se adequou perfeitamente aos objetivos do experimento, que tem sido aplicado também em outros Estados, como Pará, São Paulo, Goiás e Minas Gerais. De acordo com o pesquisador, “o nível de produção depende da fertilidade inicial do terreno e de sua estrutura. Existem solos que são arenosos e, com isso, o índice de fertilidade precisa ser aumentado com certo cuidado, pois isso depende bastante do acúmulo de matéria orgânica. No início do processo, a adubação deve

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ser leve nesse tipo de solo. Em territórios mais argilosos, as adubações já são mais concentradas. Evidentemente, os resultados são diferentes nesse princípio, o que acaba mudando depois de certo tempo, visto que a produtividade de ambos se aproxima”. Pelo projeto, em terrenos argilosos, os adubos precisam ser aplicados anualmente com cerca de 300 kg de nitrogênio por hectare. Depois, é preciso atingir a saturação no solo com a calagem em torno de 75% a 80%, níveis de fósforo de 20 PPM e de potássio, de 3% a 5%, dependendo da intensificação da produção. “Os pecuaristas podem imaginar que esses valores são altos para pastagens, mas garantimos que os resultados são

satisfatórios”, argumenta o professor. Moacyr faz questão de ressaltar que na fertilidade natural, raramente se consegue 0,8 unidade de animais por hectare, o que corresponde a aproximadamente uma cabeça ao ano. E, com a pesquisa implantada, esse número aumenta cerca de sete vezes. “E as respostas em termos de produtividade de carne ou ganho de peso são consideráveis. Enquanto que no sistema tradicional se produz cinco arrobas por hectare, o nosso produz 55 arrobas. Assim, o que parece ser tão caro, torna-se mais barato”. Já em relação aos solos arenosos, o professor assinala que a fertilização deve ser gradativa, devido à dificuldade de associação com as técnicas de manejo, uma vez que o pecuarista tem que levar em consideração os custos das aplicações e o manejo para não perder as forragens. O pesquisador garante que após as avaliações, a rentabilidade da criação de animais pode ser igual à da agricultura, “principalmente com inovações tecnológicas ocorridas na interpretação dos nutrientes necessários ao enriquecimento do solo, no manejo das pastagens e, ainda, nos aspectos de melhoramento genético e sanidade animal”.


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Novidades na ACNB para 2016 A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) conta com novos quadros de diretores para o biênio 2016/2018, encabeçado por Renato Diniz Barcellos Corrêa. Ele assume a missão de continuar importantes projetos voltados aos criadores da raça, como o Programa de Qualidade Nelore Natural, o Circuito Boi Verde de Julgamentos de Carcaças, o Ranking Nacional e os Leilões Oficiais. Além disso, Renato Barcellos pretende lançar a primeira prova de performance de progênies de touros identificados para características de carcaça, cujas informações serão disponibilizadas aos programas de melhoramento genético. Outra novidade será as novas linhas de cortes especiais de carne Nelore, para atender o mercado crescente.

CAR: 95% dos imóveis já estão cadastrados

Com o prazo recém-prorrogado até 31 de dezembro de 2017, todos os proprietários rurais precisam realizar o seu cadastramento. De acordo com o relatório de junho, divulgado pelo Serviço Florestal Brasileiro, 377 milhões dos 397,8 milhões de hectares passíveis, foram registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR). O montante corresponde a 94,79% do total. As regiões Norte e Sudeste, bem como o estado do Maranhão, possuem mais de 100% das suas áreas cadastradas. Já a região Nordeste continua na lanterna do CAR. Apenas 65% da área foi cadastrada até o momento. O estado mais atrasado é a Bahia, com pouco mais de 33% do total inscrito. O Sul e o Centro-Oeste têm números semelhantes, perto de 90%. 110 O ZEBU

Foto: Divulgação

Melhor Queijo Artesanal

O queijo do município de Tiradentes, na região de Campo das Vertentes, feito pela produtora Lúcia Maria Resende, foi o grande vencedor do 9º Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal. A disputa foi realizada pela Emater-MG, em Belo Horizonte, durante a Megaleite 2016, em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura e a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. Foram escolhidos os cinco melhores queijos de Minas Gerais, entre 27 concorrentes. Em segundo lugar, ficou o produtor José Maria de Oliveira, do município de Rio Paranaíba; seguido por Geraldo Moreira da Silva e José Baltazar da Silva, do município de Serra do Salitre; e na quinta colocação ficou Reinaldo de Faria Costa, de Vargem Bonita.

Exportações de material genético Foto: Reprodução

O Brasil está ampliando os mercados para exportação de material genético bovino. Em 2015, as vendas de sêmen movimentaram US$1,5 milhão. Com a abertura de novos mercados este ano, como República Dominicana e Etiópia, a expectativa é de que as vendas aumentem em 2016. Outro país que deve assinar em breve protocolo sanitário com o Brasil é a Guatemala. O vice-ministro de Desenvolvimento Econômico Rural da Guatemala, Felipe Orellana Mejia, esteve em Belo Horizonte, para reunião entre comitivas de países da América Latina e entidades brasileiras, como a ABCZ, durante a Megaleite 2016. A Guatemala acaba de receber do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) uma proposta brasileira de certificados veterinários para sêmen e embriões, especialmente de raças leiteiras.


Foto: Divulgação

Pecuária perde Antônio José Loureiro Borges

O ex-presidente da ABCZ, Antônio José Loureiro Borges, faleceu no dia 22 de julho, em Uberaba (MG), aos 84 anos. Formado em Direito, chegou a exercer a advocacia na capital carioca, mas voltou para Uberaba, logo após a morte do pai, em maio de 1955. No Triângulo Mineiro, dedicou a vida à pecuária. A paixão pelo campo veio do avô, José Caetano Borges, um dos pioneiros do Zebu, que em parceria com o cunhado Joaquim Machado Borges, organizou em maio de 1906, a primeira exposição de gado no Brasil, na Fazenda Cassú. Herdou rebanho de Indubrasil, raça que o avô ajudou a criar, mas também investiu em Gir e Nelore, chegando a receber vários prêmios na ExpoZebu. Ele foi diretor e presidente do Sindicato Rural de Uberaba; vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e da Federação de Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg); presidente do Banco Nacional de Crédito Cooperativo e diretor do Banco do Brasil.

Girolando na Expointer

Agendada para acontecer no período de 27 de agos-

to a 4 de setembro, em Esteio (RS), a Expointer 2016 abriu inscrições para a 4ª Mostra Oficial da Raça Girolando. Em virtude do atual cenário econômico do país, o Núcleo Gaúcho de Criadores de Gir Leiteiro e a Associação Brasileira de Criadores de Girolando decidiram que as inscrições seriam gratuitas. A iniciativa visa estimular a participação dos criadores e de um número maior de exemplares na mostra. A entrada dos animais será de 22 a 25 de agosto, e o julgamento na pista do gado de leite, será no dia 27 de agosto, às 14h. Um desfile dos grandes campeões está marcado para o dia 2 de setembro, às 10h.

Carne Nelore Natural

A produção de carnes com o selo Nelore Natural registrou crescimento acima do esperado, no primeiro semestre deste ano. Nos seis primeiros meses do ano foram produzidas 709.260 toneladas, cerca de 815% acima do volume registrado em igual período do ano passado. Os dados fazem parte do levantamento do Programa Qualidade Nelore Natural (PQNN), coordenado pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB). O volume registrado no semestre é resultado dos abates de animais Nelore de pecuaristas participantes do programa nas unidades de Bataguassu, no Mato Grosso do Sul; Chupinguaia, em Rondônia, e Paranatinga, no Mato Grosso. No total, seis unidades do Frigorífico Marfrig fazem parte do programa, premiando os neloristas com até 3% sobre o valor da arroba.

Foto: Divulgação

PGP avalia sistema de confinamento

Trezentos animais da raça Nelore estão sendo avaliados em uma Prova de Ganho em Peso, oficializada recentemente pela ABCZ, em Cáceres (MT). Os animais participantes da prova, que avaliará o ganho de peso em confinamento, integram o rebanho da Agropecuária Grendene Ltda. A pesagem de entrada aconteceu no dia 20 de maio e a final será em 4 de novembro, executada pelo técnico Fabio Eduardo Ferreira. Em 2015, foram realizadas pela ABCZ, 124 Provas de Ganho em Peso em todo o Brasil, com 4.972 animais avaliados. A finalidade é testar e disponibilizar ao mercado, tourinhos com alto desempenho produtivo e biótipo adequado à produção de carne; identificar melhor desempenho no ganho em peso; seleção de rebanhos; auxiliar avaliações e testes de progênies de reprodutores e avaliar mudanças genéticas. Foto: Reprodução

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O ZEBU Geral Foto: Divulgação

Desfile de touros

A ABS Pecplan prepara mais um Desfile de Touros. No dia 22 de agosto, às 15h30, a sede da Central, em Uberaba (MG), recebe criadores para mostra dos melhores reprodutores do mercado. Pelo segundo ano seguido, o Desfile de Touros integrará a programação oficial da ExpoGenética. Em 2015, o evento contou com a presença de mais de 500 produtores brasileiros e estrangeiros. Em 2016, o evento traz 30 animais equilibrados e prontos para gerar lucros aos criadores. Entre eles, os já famosos Destak, Landau e Cacique, além das recentes contratações que vão estrear no mercado na próxima safra. Entre as novidades da Fazenda Água Boa: Sul e Usineiro; do Rancho da Matinha: Volp, Vasco, Vingador e Velero, e da Vera Cruz: Mutreco. Quem participar do Desfile terá acesso ao Catálogo de Corte Zebu 2017.

Doação de coberturas para a ABCCC Durante a ExpoZebu 2016, a Mape Leilões realizou um remate especial e conseguiu arrecadar R$167 mil em prol do Núcleo de Criadores de Cavalo Crioulo de Minas Gerais. Entre as coberturas doadas para o leilão, criadores de todo o Brasil puderam contar com a excelente genética dos garanhões Viragro Rio Branco e Viragro Fogonero, pertencentes ao criador Avelino Antônio Vieira Neto. Situada no município de Dom Pedrito (RS), a Viragro Agropecuária – Cabanha A Tala mantém mais de 150 112 O ZEBU

EUA removem barreira para a carne brasileira

Brasil e Estados Unidos celebram acordo que libera a entrada de carne bovina “in natura” brasileira no mercado americano. A assinatura em Washington pôs fim a uma negociação que se arrastava desde 1999. O acordo foi formalizado por uma troca de compromissos dos dois países. Os EUA passam a aceitar a entrada de carne brasileira de regiões onde o gado é vacinado contra a febre aftosa, visto que só aceitavam carne de Santa Catarina, estado livre da doença. Já o Brasil, passa a aceitar a carne dos EUA, apesar das ocorrências de vaca louca em território norte americano. Órgãos especializados dos dois países fizeram inspeções para liberação de frigoríficos. O mercado americano é vitrine mundial, quando se trata de avaliar condições sanitárias. Agora, outros países poderão abrir suas portas para a carne brasileira.

dos mais resistentes puros sangues do país. E foi com o objetivo de fomentar a raça do cavalo Crioulo, que a Cabanha A Tala doou coberturas dos principais garanhões de sua seleção, desenvolvida com animais de alta capacidade morfológica e funcional.

Foto Diego Giudice


Criadores elegem nova diretoria da ABCZ Os associados da ABCZ elegeram no dia 1º de agosto, a diretoria e os conselhos que estarão à frente da gestão da entidade nos próximos três anos (2016/2019). A Revista O Zebu no Brasil foi a única publicação que teve a oportunidade de acompanhar de perto a campanha das duas chapas, para trazer em primeira mão para os criadores, todas as novidades sobre a disputa. A chapa “A a Z, ABCZ para Todos” encabeçada pelo pecuarista Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, foi a escolhida por 50,9% dos associados. Ao todo, foram contabilizados 3.702 votos. A chapa “A a Z, ABCZ para Todos” recebeu 1.885 votos, enquanto a chapa “ABCZ Unida”, encabeçada por Frederico Cunha Mendes, recebeu 1.734 votos. As posses da Diretoria da ABCZ e Conselhos acontecem na noite do dia 31 de agosto, no Centro de Eventos Rômulo Kardec de Camargos, em Uberaba (MG).

Nelore Jandaia faz pista limpa no Leste de MT Como parte da programação comercial da 33ª Expoleste, em Barra do Garças (MT), William Koury recebeu convidados no Sindicato Rural do município, na tarde de 25 de junho, para o Leilão Nelore Jandaia. O remate comercializou 252 reprodutores Nelores avaliados pelo Nelore Brasil, da ANCP, sendo a segunda maior oferta da categoria este ano, ficando atrás apenas dos 260 animais do Produção Revemar, no início de junho. Os animais saíram à média de R$11.124, alta de 31% nos preços em comparação com a edição anterior do pregão. Na cotação do dia, o valor é equivalente a 83 arrobas de boi gordo para pagamento à vista no Sudoeste de MT (R$134/@). O total movimentado no pregão foi de R$2,8 milhões. A Nelore Jandaia surgiu há mais de 50 anos, quando William Koury adquiriu a Fazenda Kuluene, em Gaúcha do Norte (MT). Desde 1998, o criatório se dedica à seleção por precocidade, buscando melhor produtividade a pasto. Além dos números da ANCP, os animais saíram com avaliação morfológica do Boi com Bula, da BrasilcomZ. Os trabalhos de pista foram conduzidos pelo leiloeiro Lourenço Miguel Campo, com captação de lances para pagamentos em 24 parcelas. A organização foi da Central Leilões e a transmissão foi do Canal Rural.

Vera Cruz fatura R$5,2 milhões

Em 23 de julho, Jairo e Eduardo Machado, receberam pecuaristas no Parque de Exposições de Barra do Garças, MT, para o 8º Leilão Nelore Vera Cruz. Os criadores colocaram à venda 1.851 animais, entre touros, matrizes e gado de corte, movimentando mais de R$5,2 milhões. Foram vendidos 201 touros à média de R$12.698, sendo o maior preço médio da categoria registrado no Estado este ano. Na cotação do dia, os animais saíram a 95,4 arrobas de boi gordo para pagamento à vista na praça (R$133/@). A maior disputa foi para Araguaia RMVC, da parceria entre o Rancho da Matinha e Fazenda Vera Cruz. O animal de três anos é filho de REM Torixoreu em vaca Rambo da MN e é Top 0,5% nos sumários da ANCP e PMGZ. Ele foi vendido em 75% por R$128.700, para João Márcio de Oliveira, Luiz Roberto Soares e ABS Pecplan. Entre as fêmeas, a média para 100 matrizes foi de R$5.976. Todos os animais PO saíram com avaliação genética dos programas PMGZ, da ABCZ; Nelore Brasil, da ANCP, e Nelore Qualitas. A venda de gado de corte teve 1.549 animais negociados ao preço médio de R$1.322, respondendo pela receita de R$2 milhões. O remate teve organização da Estância Bahia e transmissão do Canal Terraviva. Os pagamentos foram fixados em 24 parcelas.

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