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Drones facilitam a vida do pecuarista

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OPINIÃO

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Equipamento vem sendo utilizado amplamente para pulverização de pastagens e lavouras para produção de silagem

Um drone de pulverização sobrevoa pela primeira vez a lavoura de mi lho da Fazenda Olhos D’Água, localizada em Pompéu, região central de Minas Gerais. Como as chuvas foram intensas na região nos me ses de dezembro e janeiro e a lavoura já estava alta, o criador Alexandre Freitas optou por não pulverizar com trator para não correr o risco de as plantas serem amassadas e, consequentemente, ter a produção reduzida. “Nesta época do ano, sempre encontramos muita dificuldade em fazer as pulverizações com trator nos momentos mais adequados, seja pela ausência de dias com sol, seja pelo fato de as lavouras já estarem com uma altura muito elevada. A opção foi utilizar os drones para pulverizar parte da lavoura. O resultado tem sido surpreendente e certamente será mais uma tecnologia que utilizaremos na propriedade”, assegura Freitas, que é selecionador da raça Girolando.

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Dos 32 hectares de lavoura, o drone pulverizou em 10 hectares. Foi feita a aplicação de adubo foliar e de inseticidas para lagarta e cigarrinha. A colheita está prevista para início de março e a expectativa é de produzir 50 toneladas por hectare. Toda a safra de milho vai para a produção de silagem, para alimentar o rebanho da Olhos D´Água, que hoje conta com um plantel de 400 animais Girolando registrados. “Como temos maquinário, a pulverização com trator fica mais barata e consigo jogar mais produto. Mas, analisando as perdas que teria em não pulverizar as áreas inviáveis para uso do trator, como o aparecimento de pragas, por exemplo, o custo de uso do drone é totalmente viável”, garante o criador.

Os preços variam conforme a região e o tipo de serviço prestado, mas, em média, a pulverização com drone em Minas Gerais está entre R $140,00 e R$180,00 por hectare.

Na visão do coordenador de Graduação em Agrocomputação e de Pós-graduação em Agricultura de Precisão das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU), Matheus Oliveira Alves, as diversas vantagens da tecnologia compensam o investimento. “Os drones vêm ganhando espaço entre os pecuaristas porque dão uma visão ampla da lavoura e do pasto, permitindo identificar com antecedência os pontos que precisam de maior atenção”, diz Alves.

Entre os vários usos do equipamento, está o mapeamento. Com base nas imagens precisas coletadas de vários pontos da fazenda, o profissional consegue rela- cioná-las com os outros dados, obtidos por meio de satélites ou mapeamento digital da lavoura. Com isso, é possível identificar precocemente problemas na plantação, como falhas de plantio, pragas e doenças. “Por fazer um monitoramento rapidamente, mesmo em áreas maiores, o drone dá mais agilidade e precisão ao diagnóstico que as imagens de satélites, por exemplo. Assim, o agricultor pode tomar medidas com maior assertividade, visando o bom desenvolvimento das plantas e a produtividade da safra”, diz o professor da FAZU, que, em 2016, ganhou um prêmio internacional na Drone Show Latin America por ter desenvolvido metodologia para identificar falhas em lavouras de cana-de-açúcar.

As imagens capturadas ainda permitem definir estratégias de plantio e os locais mais propícios para a semeadura. O uso do equipamento ainda facilita a identificação de falhas no plantio. Isso permite que o produtor decida sobre estratégias de replantio, ajuda definir o número de mudas que devem ser plantadas e em quais áreas esse replantio deve ocorrer. Como consequência, o agricultor evita a queda da produtividade da safra provocada por essas falhas.

Nesta área de mapeamento, alunos da FAZU realizaram um estudo sobre o uso de drone na identificação de falhas na área de grãos que será publicado em breve em um evento internacional.

A Prefeitura Municipal de Uberaba, por meio da Secretaria do Agronegócio, tem utilizado drones para ma-

Zona Rural

peamento das áreas agrícolas, tanto na pecuária quanto na agricultura. O serviço é gratuito e tem contribuído para que os produtores locais possam elevar a produtividade de suas lavouras.

Pulverização de pastos e lavouras

Assim como o criador Alexandre Freitas, outros criadores têm adotado o drone para pulverização. Neste caso, é um equipamento específico para este trabalho, com capacidade de carga, de defensivos agrícolas, como inseticidas, fungicidas, herbicidas e nematicidas. A grande vantagem desse método de pulverização é que a aplicação ocorre de forma localizada, rápida e precisa, evitando o desperdício do produto e diminuindo o impacto ambiental. Além de controlar problemas fitossanitários, como a presença de pragas, o uso de drones otimiza o número de pessoas envolvidas na operação.

Já na pecuária o drone pode ser um aliado para o mapeamento das pastagens, podendo apontar o nível de degradação, as áreas que precisam ser reformadas, a qualidade da pastagem, dentre outros pontos. “Na FAZU, estamos utilizando o equipamento também para a aplicação de fertilizantes na pastagem, alcançando uma maior eficiência no uso do produto. Ainda estamos desenvolvendo um estudo para monitorar a lavoura, plantada para produção de silagem para o rebanho da FAZU”, explica o professor.

Ele destaca que o drone é uma ferramenta complementar. É como vê também o criador Alexandre Freitas. “Aqui na Fazenda Olhos D’Água sempre tentamos utilizar as melhores tecnologias disponíveis, tanto no tocante ao melhoramento genético, bem como para a parte gerencial, nutricional, sempre contando com assistências de especialistas do setor, e, pelo visto, neste tocante à utilização dos drones foi mais uma tecnologia que veio para ficar”, conclui o criador de Girolando.

Novo curso de drone

No Brasil, a utilização do drone é regulamentada pelo Ministério da Agricultura (MAPA), que admite seu uso na aplicação de defensivos, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes. Apesar de popularmente ser conhecida como drone, o termo técnico da tecnologia é Aeronave Remotamente Pilotada (ARP), direcionado para classificar as aeronaves não tripuladas de caráter não recreativo.

Originalmente, esse equipamento surgiu para fins militares. Porém, por conta da sua praticidade e ampla possibilidade de aplicação, passou a ser utilizado em outras áreas, como na agricultura.

O professor da FAZU lembra que para operar o drone é preciso ter um curso específico reconhecido pelo Ministério da Agricultura. Para atender a grande demanda do mercado pelo serviço, em 2023, a FAZU ofertará em sua grade curricular o curso de operação de drone. A duração do curso será de uma semana, com aplicação de prova ao final, para obtenção do certificado. “É um grande diferencial para os profissionais de Ciências Agrárias, principalmente, pois muitas empresas dão preferência a quem tem o curso de operação de drone”, conclui o professor Matheus Alves.

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