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OPINIÃO

Eduardo Muniz de Lima (Mineiro) CEO da Minerembryo Central de Receptoras

Tempo das “vacas magras” ou das grandes oportunidades?

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Em um cenário de commodities se desvalorizando, apreensão com o novo governo, inflação mundial em 2 dígitos, juros altos levando à retirada de recursos da produção para investimentos mais seguros e até no exterior, como vislumbrar o futuro?

Em abril de 2021, escrevi um texto aqui nesta revista Pecuária Brasil sobre os períodos de “vacas gordas” e de como acreditava que deveríamos guiar nossas decisões. Na época tínhamos uma @ de R$320,00, soja a R$175,00, e milho a R$98,00, bem diferente dos dias atuais. Hoje, estamos com R$277,00, R$174,00 e R$85,00 (cotações em 26/01/23), respectivamente, quase dois anos depois.

Junte-se a isso o fato de que, na pecuária, temos a baixa do ciclo que ocorre aproximadamente a cada seis anos e que encontra agora, um terreno “fértil” para grandes baixas. Resumindo, nossos ativos do agro caíram muito, seja nos valores nominais, seja na inflação do período. Na época, comentei sobre construirmos uma reserva financeira para os períodos difíceis que viriam. Parece que chegou a hora!!!

Com o novo presidente eleito, as diretrizes do país mudam de rota de um governo não centralizador, política liberal e foco na produção para um governo centralizador e baseado no consumo. Isso altera “visceralmente” todo o planejamento do agro com expectativa de diminuição de financiamento do Plano Safra e novas taxações, como já verificado no estado de Goiás. Vamos aguardar quão intenso será este impacto.

A pandemia, que ceifou milhões de vidas ao redor do mundo, em 2020 e 2021, trouxe a conta em 2022, por meio do recuo do PIB de grandes potências, até negativo, e uma inflação mundial nunca vista, acima de 10%, retraindo mercados, fechando empresas, diminuindo empregos e necessitando políticas de auxílio aos mais afetados.

Com os juros altos para conter a inflação, retira-se muitos recursos da produção para colocá-los em investimentos mais seguros com rentabilidade garantida, neste momento turbulento, o que agrava a situação do setor produtivo que dispensa funcionários e enxuga custos para manter os negócios de pé. Vemos, inclusive, um movimento de deslocamento de recursos ao exterior aumentado de maneira exponencial feito por desacreditados da nova política.

Com todos estes desafios, o que faremos, caro leitor?

Historicamente, é exatamente neste cenário de crises que encontramos grandes oportunidades, “enquanto uns choram, outros vendem lenços”.

São vários os exemplos, cito aqui alguns como no corte, a compra de bezerras para ficar no pasto 2 anos e começar a entregar bezerros desmamados a partir de 2025, quando o ciclo pecuário deverá retomar sua força na valorização dos bezerros. A compra de genética como touros melhoradores e embriões, na maioria das vezes indexados em @, está muito interessante também. Em nosso setor de FIV (Fertilização In Vitro), nunca foi tão barato contratar os serviços de uma central de receptoras de embrião, que você envia o embrião e recebe a prenhez com 90 dias de gestação, já que também o preço é indexado em @ e que caiu 23% em um ano, enquanto todos os outros insumos subiram muito como diesel, adubos, sementes, defensivos etc.

Com a nossa @ 19% mais barata que os grandes players exportadores mundiais e mais plantas frigoríficas autorizadas a exportar, nossos frigoríficos e o MAPA poderiam atingir novos e bons mercados lá fora.

O maior ativo do agro, a terra, mostra sinais de desaquecimento e pode se transformar em uma tremenda oportunidade de aquisição.

No caso do leite, a continuação das políticas de auxílio à população de baixa renda deve estimular o consumo de produtos da cesta básica, entre eles o leite, com ótimas expectativas de aumento de consumo e de preço para este ano. Além desses, uma infinidade de novos negócios surgirá para ocupar a lacuna daqueles que desistem ou de novos nichos que surgem.

Com os recursos nas carteiras mais conservadoras e garantidas, a atividade produtiva recua, mas no primeiro faro de oportunidade, eles mudam de ativo e aceleram setores com alto potencial de crescimento em nosso país, como é o caso do agro, capaz de alimentar seis “Brasis”.

A crise sempre se mostra uma bela oportunidade que nunca deve ser desperdiçada.

Quem se preparou antes, está com a faca e o queijo na mão. Mas, para todos, haverá novos caminhos. A vitória cabe aos persistentes e aos que se arriscam mais em tempos de escassez.

Vamos às compras!

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