AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
1
2
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
3
DIREÇÃO Gustavo Miguel +55 (34) 9 9142-5081 gustavomiguel.gm@gmail.com Cláudia Monteiro +55 (34) 9 9142-5082 claudiapecuariabrasil@gmail.com
Angelelli, Mecânica de Comunicação, Na Mídia Assessoria, Nathã Carvalho, Nova PR, PecPress, Rubens Neiva, Texto Comunicação, Victor Fonseca, Voltz Comunicação. CONTATO COMERCIAL +55 (34) 3313-0371 / 3077-0379 / 3077-0451 / 3317-2320
EDIÇÃO Natália Escobar - MTB 19731/MG redacaopecuariabrasil@gmail.com +55 (34) 9 9908-2228 COLABORAÇÃO ABCZ, ABRA, Agência IBGE, Agência Senado, AgroEffective, Alfapress Comunicações, Attuale Comunicação, Breeders Comunicação, Bruno Nunes Kamogawa, Central Press, CNA, e – Comunicação, Embrapa, Esalq, Expressa Comunicação, Famato, Fernando Dantas, Gessulli Agribusiness, Grupo Publique, HDPRcomunicação, Jardine Comunicação, Ketchum, Larissa Vieira, Lisley Silvério, Lívia Hormigo, LN Comunicação, Luiza Rossi, Marci Guimarães, Maria Paula
JURÍDICO Cláudio Batista Andrade Renato Mendonça Costa CIRCULAÇÃO E ASSINATURAS assinaturapecuariabrasil@gmail.com IMPRESSÃO Gráfica 3Pinti - Uberaba/MG Tiragem: 9 mil exemplares DIAGRAMAÇÃO Carlos Lopes REVISÃO Marcela Mônica dos Santos
FOTÓGRAFOS PARCEIROS Ana Clark (82) 9 8150-2220
Marcelo Cordeiro (31) 9 9946-9697
Boy (17) 9 8115-8087
Maurício Farias (34) 9 9994 1949
Carlos Lopes (34) 9 8814-0800
Ney Braga (34) 9 9960-9610
Douglas Nascente (17) 9 8174-0202
Pitty (34) 9 9978-1205
Fábio Fatori (13) 9 8121-0011
Roberto Mattos (67) 9245-2040
Flávio Venâncio (67) 9 8143-0131
Rubens Ferreira (11) 3609-1562
Gustavo Miguel (34) 9 9142-5081
Thiago Galdiano (11) 9 9364-1398
Jadir Bison (34) 9 9960-4810
Wellington Valeriano (34) 9 9173-1487
JM Matos (34) 3325-4963
Zzn Peres (21) 9 8094-1977
Luiz Moreira (34) 9 8427-4669
Publicação periódica da Pecuária Brasil Editora e Publicidade Ltda. ME. CNPJ: 14.681.507/0001-62 Redação, Publicidade e Administração Rua Manoel Roberto da Silva, 40 - Estados Unidos 38015-390 Uberaba (MG) | (34) 3313-0371 |
@revistapecuariabrasil
www.revistapecuariabrasil.com.br
CIRCULAÇÃO GRATUITA Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores. As matérias publicadas podem ser reproduzidas desde que citadas a fonte.
4
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
NOSSA CAPA A Agromaratá, do Grupo José Augusto Vieira, estampa nossa capa dessa edição com toda pujança do agronegócio, setor do qual a empresa é pioneira. Foto: Arquivo Pessoal
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
5
6
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
7
8
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
9
APRESENTAÇÃO JÁ É QUASE 2019
GUSTAVO MIGUEL E CLÁUDIA MONTEIRO
Diretores da Revista Pecuária Brasil
gustavomiguel.gm@gmail.com claudiapecuariabrasil@gmail.com
RAÇA
D O pecuarista da Fazenda 3R, Rubens Catenacci , e o gerente da propriedade, Rogério Rosalin
O QUE É QUE ESSE TOURO TEM? O macho tem impacto direto sobre a fertilidade do rebanho e, consequentemente, na rentabilidade da pecuária. Por isso, escolher ou produzir um bom reprodutor é um dos pontos chave da cadeira pecuária CARLOS LOPES, DENILSON RODRIGUES, DIVULGAÇÃO, GUSTAVO MIGUEL, MARCELO CORDEIRO E MARIA GABRYELLA RIBEIRO
60
e acordo com estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), um touro infértil pode representar a perda de 25 a 50 bezerros, conforme a relação touro:vaca utilizada. Já uma vaca infértil representa a perda de um bezerro, apenas. Para além da importância fundamental das fêmeas do rebanho, o touro é peça básica na fórmula de qualquer sistema de produção, seja para carne ou leite. Independentemente do setor pecuário ou raça selecionada, a escolha do reprodutor é que encaminhará o futuro da atividade. “Sabe-se hoje que, em torno de 5% dos touros em serviço são animais inférteis, ou seja, que não produzirão filhos. E, pior ainda, entre 20 e 40% dos touros em serviço são subférteis, isto é, produzem menos filhos do que deveriam”, explica a doutora em Reprodução Animal pesquisadora da Embrapa, Alessandra Corallo Nicacio. Além de ser fértil, um touro também precisa de várias outras características de importância econômica, além da habilidade de passar estas aos seus filhos. A busca dessas características é a essência do Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens (PNAT), promovido pela Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), em complemento ao Programa de Melhoramento Genético Zebuíno (PMGZ). Lançado em 2010, o PNAT seleciona e avalia reprodutores zebuínos registrados com idades entre 18 e 30 meses, com exame andrológico positivo para avaliação de suas progênies através do PMGZ. Ao todo, 110 touros congelaram e tiveram suas doses distribuídas para rebanhos colaboradores participantes do PMGZ. Em 2018, a 9ª edição do programa contou com 136 animais, sendo 105 exemplares de nelore e nelore mocho, 16 de tabapuã, 11 da raça brahman e quatro touros sindi. Os animais classificados foram premiados durante a ExpoGenética, em Uberaba (MG). Uma das novidades dessa edição foi o novo índice (iABCZ) feito por geneticistas da ABCZ e da Embrapa, que trabalharam em conjunto para a apresentação do Sumário de Touros 2018 PMGZ/ Geneplus. Nesta edição, o índice final aparece com maior ponderação para a característica stayability (longevidade reprodutiva). “Essa mudança não foi feita de uma hora para outra. Há dois anos, a ABCZ contratou o maior especialista do mundo em índice econômico, o americano doutor Michael
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
61
RAÇA
CARNE
TERMINAÇÃO EFICIENTE O ANO TODO
DIVULGAÇÃO E NEPI/UFMT
Tecnologia e manejo garantem resultados positivos na terminação de bovinos faça chuva ou faça sol
A
terminação é o período que antecede o abate. É uma das fases mais importantes na cadeia produtiva, já que é a etapa que determina mais fortemente a qualidade e o peso da carcaça, embora a genética e o manejo do animal durante toda sua vida também sejam determinantes. Neste período final, o animal deve atingir um peso ideal, depositando um percentual mínimo de gordura para uma boa comercialização com o frigorífico. “A terminação é a fase final da produção da carne, e representa a síntese de todos os esforços desenvolvidos nas etapas anteriores do processo produtivo, a cria e a recria. É nesta fase que finalizamos a deposição de carne na carcaça e passamos a ‘colocar’ a gordura na carcaça dos animais seja ela de cobertura ou de marmoreio. Nesta fase, procuramos fazer com que os animais atinjam peso e acabamento de carcaça de acordo com os objetivos pré-esta-
belecidos no planejamento e com as demandas do mercado”, conta o professor Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes, coordenador do Núcleo de Estudos em Pecuária Intensiva (Nepi), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). No Núcleo, que fica em Sinop (MT), são desenvolvidas, atualmente, dez pesquisas diferentes na área de nutrição e produção de bovinos de corte. Entre elas, a maioria passa pelo assunto terminação. Com base nesses estudos, o professor acredita que o caminho natural da pecuária de corte é a intensificação. “Prova disso é que vários são os grupos que desenvolvem pesquisas na busca de soluções para esta pecuária de ciclo curto. Para nós do Nepi, a intensificação da pecuária de corte com redução do ciclo de produção é meta primordial na busca da eficiência e lucratividade. Assim, visando aumentar a competitividade de sistemas pecuários e a manutenção de margens de lucratividade como no passado, a intensificação dos sistemas produtivos torna-se uma necessidade presente”, explica. “Apesar do crescimento do uso do confinamento como estratégia de terminação de bovinos de corte, o Brasil tem em sua maioria animais para o abate criados no sistema pasto-suplemento, ou seja, são terminados a pasto no período das águas e da seca recebendo suplementos protéico-energéticos”, acrescenta Eduardo. Ele afirma que, do ponto de vista zootécnico, existe tecnologia para abater animais com mais de 16@ de carcaça aos 12 ou 13 meses de idade (no sistema de confinamento) ou aos 17-20 meses de idade (no sistema pasto-suplemento). “Em pastejo, temos dados obtidos com animais da raça nelore abatidos com 510,5 kg (17@) de peso corporal aos 19 meses. Com animais ½ sangue angus x nelore, conseguimos abatê-los com 524 kg (17,5@) aos 17,5 meses de idade. Ou seja, tendo potencial genético, os animais respondem à nutrição adequadamente balanceada para altos desempenhos”, conta. Eduardo acredita ainda que a intensificação da produtividade também é considerada a melhor saída para contornar problemas ambientais atualmente relacionados à pecuária de corte, como a seca, o desmatamento para formação de novas pastagens, a degradação do solo resultante do baixo investimento na manutenção de pastagens, a emissão de gases de efeito estufa pelo rebanho bovino, entre outros fatores. “Temos que deixar claro que a intensificação pode ser a pasto ou em confinamento, sendo este último considerado como o que há de mais tecnológico no mercado. Mas, independente do sistema de terminação, devemos buscar o abate de animais jovens, pesados e com bom acabamento de gordura. Esta é a demanda do
Professor Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes, coordenador do Núcleo de Estudos em Pecuária Intensiva da UFMT
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
96
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
97
CARNE
LEITE
GIR LEITEIRO
ENTRA DEFINITIVAMENTE NA ERA DA GENÔMICA Seguindo tendência mundial já difundida na pecuária leiteira do Brasil, é lançado o 1º Sumário Brasileiro de Fêmeas com avaliação genômica
O
DIVULGAÇÃO, GUSTAVO MIGUEL E MARCOS LA FALCE
ano de 2018 está sendo histórico para a raça gir leiteiro e seu melhoramento genético. O principal motivo é o pioneiro 1º Sumário Brasileiro de Fêmeas com avaliação genômica, importante ferramenta na seleção da raça. A publicação foi elaborada ao longo do último ano pela Embrapa Gado de Leite e a Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGil) , e lançada durante a ExpoGenética 2018, em Uberaba (MG), marcando um novo momento na trajetória da raça. “Desde 1985, quando foi criado o Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL) pela ABCGil e Embrapa, não se observava tamanha motivação por parte de criadores e técnicos em prol de um objetivo comum, na qual a evolução da raça é a pauta prioritária. O empenho dos criadores em impulsionar a confecção da ferramenta genômica fez com que presenciássemos um movimento
110
sem precedentes na pecuária brasileira”, comenta o selecionador da raça e presidente da ABCGil, Joaquim José da Costa Noronha, conhecido como Kinkão. De acordo com ele, mais de 4,5 mil amostras de animais de 67 criatórios de todo país foram coletadas e genotipadas através do financiamento exclusivo dos criadores. No total, foram genotipadas cerca de seis mil vacas. O sumário divulga o TOP 10%, que são as 600 vacas entre as melhores avaliadas. O pesquisador da Embrapa Gado de Leite e coordenador técnico PNMGL, João Claudio Panetto informa que o sumário traz a primeira avaliação genômica de fêmeas jovens, aquelas que ainda não entraram na fase produtiva. “A avaliação genômica fornece informações mais precisas para o gerenciamento reprodutivo do rebanho”, afirma. “Esse sumário é um passo de enorme importância para raça. Sabemos que não é apenas isso, que existem muitas outras coisas importantes para avaliar um animal, mas, a genômica chegou para ficar. São informações muito relevantes conseguidas em tempo menor. Assim, a genômica se soma às outras ferramentas também essenciais que temos para avaliação, trazendo um benefício para raça como um todo. Ficamos muito satisfeitos com as avaliações genômicas do rebanho Gv5”, conta Maressa Resende Vilela Bettencourt, do Grupo Cinco Estrelas, um dos criatórios que participaram do sumário, classificando quatro animais entre as 15 melhores Fêmeas Jovens. Para o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, “o sumário é uma importante fonte de informação para os criadores e produtores interessados na seleção dos melhores animais para os seus rebanhos”. Ele explica que a genômica, já utilizada no Sumário de Touros lançado também em 2018, permite maior confiabilidade das estimativas, especialmente no caso dos animais jovens. “Estamos orgulhosos de apresentar um trabalho que é um claro exemplo de sucesso de parceria público-privada num momento de grande escassez de recursos”, complementa Paulo. Marcos Vinícius Barbosa da Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, também esteve presente para a apresentação dos resultados da primeira avaliação de fêmeas. Ele explica que os resultados podem
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
LEITE
10
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
111
Iniciamos a edição desse bimestre com a sensação de que o tempo nunca andou tão depressa. Até o mês de agosto, que costuma ser conhecido como um que demora a passar, já se foi e daqui a pouco é dezembro. Mas, sabemos que essa percepção é causada pelo tanto que temos trabalhado. Estamos cada vez mais conectados com a pecuária, visitando cada vez mais eventos e criatórios diferentes, e, acreditamos, cada vez mais no que fazemos. Por isso, continuamos com toda força até 2019, e ainda lançaremos mais duas edições até lá, além desta em suas mãos. Mas, antes disso, temos o imenso prazer de apresentar a 25ª edição da Pecuária Brasil, publicação que já conta com mais de cinco anos de trabalho contínuo na promoção da agropecuária brasileira. Nas próximas páginas você encontrará os principais resultados dos eventos do bimestre que passou, assim como a agenda para os próximos. Além disso, trazemos as notícias dos novos ventos que sopram pelas pastagens brasileiras. O genoma da raça gir leiteiro está, cada dia, mais próximo de ser decifrado, enquanto o mercado de genética cresce a passos largos. Enquanto isso, novas soluções são encontradas para uma produção de proteína animal sustentável e lucrativa, como é o caso do nelore de dupla musculatura, resultado de um cruzamento melhorado geneticamente. Você também vai ler sobre o touro ideal para pecuária de corte e como produzi-lo. Vai conhecer, ainda, o banco mundial de informações genéticas organizado pela Embrapa, o Alelo Animal. Encontre também nessa edição as reportagens sobre terminação de bovinos e a nova lei para queijos e produtos artesanais de origem animal. Temos também o prazer de apresentar o estudo realizado na 7ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural, da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) e da Informa/FNP, que comprova que revistas têm importante papel na comunicação do agronegócio. Através da pesquisa, foi possível concluir que um em cada quatro produtores rurais do Brasil lê revistas especializadas periodicamente para se informar e se atualizar tecnicamente. Isso muito nos alegra e nos dá orgulho de fazer parte do seguimento. Tudo isso e muito mais está te esperando nas próximas páginas. É um enorme prazer poder entregar a você, querido leitor, uma edição melhor que a anterior a cada bimestre. Trabalhamos para evoluir sempre e agradecemos sua companhia nessa jornada. Lembrando que a Revista Pecuária Brasil está sempre aberta às sugestões dos seus leitores, porque é ele nossa razão de existir. Conecte-se com a gente, entre em contato e faça parte da sua publicação favorita.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
11
SUMÁRIO
Nelore de musculatura dupla
104
A importância da revista PG. 132
12
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
13
SEMPRE NA PECUÁRIA BRASIL 24 . PECUÁRIA EM REDE 26 . PECUÁRIA INDICA 32 . PORTEIRA ABERTA 40 . CAPA 44 . ENTREVISTA
Especial Brahman PG. 73
50 . CALENDÁRIO 52 . PECUÁRIA 360º 59 . RAÇA 95 . CARNE 109 . LEITE 127 . ZONA RURAL 135 . GENTE 144 . SOCIAL 156 . PONTO DE VISTA 158 . OPINIÃO
Mercado PG. 134 14
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Genômica no sumário de fêmeas PG. 110
Banco genético mundial PG. 66
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
15
PECUÁRIA DE ONDE Municípios brasileiros que aparecem nessa edição
PONTES E LACERDA (MT) Brahman no cruzamento
COLINA (SP) Suplementação na seca
DESTINOS INTERNACIONAIS Argentina Austrália Bolívia Canadá Colômbia
Emirados Árabes Estados Unidos México Paraguai Uruguai
Alexânia (GO) Aparecida do Rio Doce (GO) Araxá (MG) Avaré (SP) Barra do Garças (MT) Bataguassu (MS) Bela Vista (MA) Braço do Norte (SC) Brasilândia (MS) Brasileira (PI) Cafelândia (SP) Camanducaia (MG) Camapuã (MS) Campina do Monte Alegre (SP) Campinas (SP) Campo Grande (MS)
16
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Campos Gerais (PR) Castro (PR) Colatina (ES) Coqueiros (SE) Corrente (PI) Cotegipe (BA) Dois Irmãos dos Buritis (MG) Esteio (RS) Franca (SP) Funilândia (MG) Guararapes (SP) Inocência (MS) Itupeva (SP) Juara (MT) Lagarto (SE) Laranjeiras do Sul (PR)
ARAÇATUBA (SP) Nelore de dupla musculatura
Magda (SP) Mangaratiba (RJ) Marília (SP) Mineiros (GO) Novo Progresso (PA) Paracatu (MG) Paranaíba (MS) Paranatinga (MT) Pardinho (SP) Pirenópolis (GO) Pontes e Lacerda (MT) Porto Velho (RO) Promissão (SP) Rancharia (SP) Redenção (PA) Ribeirão Preto (SP)
Rincão (SP) Rio de Janeiro (RJ) Rio Verde (RS) São Gabriel do Oeste (MS) São José do Rio Preto (SP) São Paulo (SP) Tabapuã (SP) Tangará da Serra (MT) Teresina (PI) Três Lagoas (MS) Uberaba (MG) Vila Rica (MT) Vila Velha (ES)
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
17
Victor e Eny
FH Pastagem
Amanda, Victor, Eny e Geovana
Anfitriã do evento, Eny recebe premiação conquistada de conjunto reservado na categoria Progênie de Pai com filhos do Rambo da MN
VI Exponel VV Neloristas se reúnem em Vila Velha para Exponel VV, Copa do Atlântico e premiação do Ranking capixaba Mais uma vez, o Espírito Santo atraiu criadores e estudantes de todo país em um evento em prol da pecuária brasileira e do Nelore. De 26 a 29 de julho, criadores mineiros e cariocas se juntaram aos capixabas para sexta edição da Exposição da Raça Nelore de Vila Velha (Exponel VV). Os selecionadores dos três estados e convidados do país inteiro prestigiaram a mostra promovida dentro da Estrutura do Centro de Estudos do Agronegócio – CEAGRO da Fertilizantes Heringer S/A. Com o apoio da Associação Capixaba dos Criadores de Nelore (ACCN), a exposição sediou uma das etapas da Copa do Atlântico, campeonato promovido pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB). Mais de 500 convidados, entre criadores, expositores, estudantes, técnicos, autoridades e entusiastas da raça marcaram presença na exposição que contou, além do 2 18
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
julgamento, com uma rica programação técnica. “A realização da VI Exponel – Vila Velha foi um sucesso e uma conquista. Foi um evento marcado pela qualidade dos animais em pista. Foi também o encerramento do Ranking Estadual do nelore, que é feito com muita dedicação. A qualidade da programação técnica também foi um destaque, contando com palestras de empresas, profissionais e acadêmicos”, conta o zootecnista e supervisor de pecuária da Fertilizantes Heringer Humberto Luiz Wernersbach Filho. “Nossa expectativa para Exponel é sempre a melhor possível, e, como não poderia deixar de ser, essa edição foi mais um sucesso. O amplo leque de programação traz os principais conceitos que envolvem a produção pecuária e a raça Nelore. Para produzir uma proteína animal diferenciada, precisamos esclarecer todos os processos
Reunião das empresas Heringer e Matsuda com a ACNB
que antecedem sua composição final. Este é o grande objetivo da Exponel: compreensão da relevância do Nelore na cadeia produtiva da carne e como aperfeiçoá-la”, comenta o Dr. Nabih Amin El Aouar, presidente da ACNB e ACCN. “Além da qualidade da exposição em si e da admirável estrutura da Fazenda Paraíso, a recepção que recebemos aqui foi excepcional”, acrescenta o gerente executivo da ACNB, André Locatelli. Na noite do dia 28, foi promovida a cerimônia de entrega do Ranking Capixaba. Na ocasião, o Nelore Herin-
Victor com a comissão julgadora da Exponel Vila Velha, Delsique, Mazão e Tiveron
ger foi premiado como Melhor Criador e Melhor Expositor da raça no estado. O segundo Melhor Criador e terceiro Melhor Expositor foi a empresa Unicafé Agrícola, e o terceiro Melhor Criador e segundo Melhor Expositor foi o pecuarista José Luiz de Moraes, do Nelore Araras. Na ocasião, também foi comemorado o contrato firmado entre a ACNB e o novo parceiro oficial da entidade: Matsuda. “Um agradecimento especial a todos que colaboraram para que esse evento pudesse acontecer. Não é fácil fazer uma exposição desse nível no estado e essa já é nossa 6ª edição. E podem aguardar a VII Exponel VV.
Conjunto Campeão Progênie de pai NOVA GERAÇÃO do KAYAK TE MAFRA AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
19 3
Ficamos muito felizes com a quantidade de criadores e qualidade dos exemplares trazidos esse ano, e agradecemos cada um”, finaliza Victor Miranda diretor de pecuária do Nelore Heringer. A agenda agitada do criatório não para. Depois do Dia de Campo, a equipe Heringer ainda participou do Circuito Boi Verde (etapa Espírito Santo), em Colatina. Já em setembro, será promovido o tradicional Leilão Anual Nelore Heringer de Touros Provados. Marcado para o dia 22 de setembro, na Fazenda Paraíso, em Vila Velha, a sétima edição do remate ofertará a melhor genética disponível em um dos plantéis mais reconhecidos do país. Julgamento
Na pista, os jurados responsáveis por escolher os melhores entre os 122 animais inscritos foram José Delsique de Macedo Borges, Luís Renato Tiveron e Rafael Mazão Ghizzoni. Foram três dias de disputado julgamento entre os exemplares de dez expositores. “Essa exposição é marcante pelas inovações que agrega aos eventos da raça nelore. A presença de grande público visto aqui é admirável, e a qualidade dos animais surpreendeu. Exposição fantástica. Saio daqui muito satisfeito com o evento e os campeonatos”, afirma José Delsique. A Grande Campeã foi a Rima FIV Malásia, do expositor CRL Agropecuária; e a Reservada foi Noruega FIV Santa Cruz, do expositor Agropecuária Xuab. Entre os machos, o Grande Campeão foi o touro Nobre FIV Ageo, exposto pela Agropecuária Xuab, enquanto o Reservado foi Rima FIV Mago, também da CRL Agropecuária.
20 4
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Melhor equipe de tratadores da Exponel
Anselmo, Victor, Angelo e Joaquim
Geovana e Amanda
Victor e Eny
Joaquim, Mazão e André
Leonardo Cerise, Humberto, Olavo Miguel, Lavínia, Flávia, Tadeu, Leonardo Matsuda, Wallace, Nabih e José Canal
Leonardo, Dailton, Neusedino, Mauro e Rossoni
Leonardo, Luiza e Zilmere
Luis Fernando, Leonardo, José Luiz, Alcenir, Humberto e Nabih
Amanda, Victor, Eny e Geovana
Nabih, Amanda, Victor, Geovana e José Luiz
Geovana e Edelga
Victor e Gustavo
Victor, Catarina e Evair
Wallace, Professor Pietro, Fernando e Breno
Wallace, Victor, Leonardo, Leonardo Matsuda, Nabih, Eduardo, José Canal e Tadeu
AGOSTO/ SETEMBRO / SETEMBRO2018 2018 | #pecBR AGOSTO | #pecBR
5 21
COLABORADORES Foto Arnaldo Mussi
TALITA COSTA
Jornalista, especialista em comunicação corporativa com 14 anos de atuação na área, Talita é diretora da agência de comunicação Cia da Mensagem, responsável por toda a comunicação da 50ª Exposição Agropecuária de Barretos, realizada em julho.
MARIA FERNANDA DINIZ
Jornalista mestre em Comunicação Social, Maria Fernanda trabalha na Embrapa desde 1990, na sede da entidade, em Brasília (DF), e constantemente colabora com a redação da Pecuária Brasil agenciando entrevistas e enviando conteúdo.
PAULA FERNANDA
Graduada em Secretariado Executivo, Paula trabalha no departamento internacional da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB), e nessa edição colaborou com a produção da editoria especial da raça.
THUANE REIS PACHECO
Engenheira de Alimentos, Thuane faz parte da equipe ACBB, sempre colabora com a Pecuária Brasil, e nesta edição participou da produção da editoria especial da raça.
22
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
23
PECUร RIA EM REDE Nos siga no Facebook e Instagram, use a hashtag #pecBR e apareรงa aqui!
@arthur1107
@fazenda_pedra_azul
@gir_girolando_ss
@gumiguel
24
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
@carloslopesphoto
@figogenetica
@giumosena
@joaovitormenez
#pecBR
@euricovelasco
@ganadof1
@glamour.rural
@luisgroppa
#pecBR
@mariarafreitas
@rootsnamaste
@neloredajaragua
@sindioficial
@neloremfoco
@wagyu_santabarbara
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
25
PECUÁRIA INDICA
O QUE ESTOU LENDO
SUCESSO NO LEITE
P
or iniciativa da Clínica do Leite, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/Esalq), a pecuária de leite passou a contar com uma importante ferramenta que pode beneficiar o setor. O segmento de extrema importância para o agronegócio brasileiro, tanto pelo volume de negócios quanto pelo número de empregos que gera, exige dedicação intensa das pessoas envolvidas na atividade. Para facilitar a gestão da fazenda, a Clínica do Leite idealizou um sistema de gerenciamento para transformar fazendas produtoras de leite em negócios, cada vez mais rentáveis, a partir do conhecimento em gestão. Denominado Controle MDA, o sistema possui ferramentas que mapeiam as atividades com os animais, as tarefas dos funcionários, a gestão financeira e até o planejamento da fazenda. A jornada de implantação MDA, com o passo a passo de todas as etapas a serem cumpridas para aperfeiçoar a gestão da fazenda estão detalhadas no livro Sucesso no Leite, lançado esse ano pela editora da Esalq. Paulo Fernando Machado, autor da obra, é professor titular do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) desde 1980, onde fundou a Clínica do Leite. Sucesso no Leite: Como transformar a fazenda em um negócio mais produtivo, rentável e de valor para as pessoas Por Paulo Fernando Machado Editora Esalq 192 páginas
Natália Escobar Jornalista, assessora de comunicação e editora da Pecuária Brasil
26
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
UM CHAPÉU PARA CADA CAVALGADA
P
ensando nos apaixonados por cavalos, a marca Pralana desenvolveu uma coleção inspirada na raça equina mangalarga marchador. São cinco linhas, desenvolvidas em feltro ou tecido, disponíveis nas cores café, bege, pino, castor e preta, todas unissex.
TEAT SEAL Selante intramamário produzido pela Zoetis é indicado para a prevenção de novas infecções intramamárias durante período seco, reduzindo a incidência de mastites subclínicas no período seco e na lactação subsequente Preço sob consulta
OCITOCINA FORTE UCB Um dos carros-chefes do portfólio da UCBVET, o produto é indicado para estimular as contrações da musculatura da glândula mamária para a ejeção do leite, auxiliando, ainda, no tratamento e na prevenção da mastite Preço sob consulta
ESTILO BELGA A Cervejaria Leopoldina lançou a Leopoldina Belgian Tripel, uma releitura de um estilo desenvolvido inicialmente por monges na Bélgica, elaborada com um toque de expertise enológica, refermentada em garrafa com leveduras tradicionalmente usadas em espumantes R$ 59,60 (750 ml)
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
27
PECUÁRIA INDICA
CARLOS ALBERTO PEREIRA Enófilo, jornalista do Agronegócio com formação em Turismo e Hotelaria mktcap@gmail.com
A mulher do vinho
A
lém da excepcional qualidade da última safra e o crescimento dos negócios de vinhos registrados no Brasil nos últimos meses, a outra boa notícia para todos nós e para a cadeia produtiva do vinho é a eleição de uma brasileira para o mais importante cargo de um órgão internacional ligado ao vinho. A enóloga Regina Vanderlinde, natural de Braço do Norte (SC), formada em Farmácia Bioquímica e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina e professora da Universidade de Caxias do Sul, é a nova presidente da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), sediada em Paris. A sua eleição é um marco histórico, pois pela primeira vez uma brasileira assume a presidência de um órgão tão importante e de tamanha expressão no mundo dos vinhos. Sua candidatura foi amplamente apoiada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e Ministério das Relações Exteriores, em que exerceram importante papel na negociação deste pleito e também pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). Regina é doutora em Enologia pela Universidade de Bordeaux e sempre teve importante participação na OIV, especialmente em Comissões e Grupos de Trabalho no Comitê Executivo e na Assembleia Geral da entidade. A eleição ocorreu no mês de julho, na capital francesa, em uma Assembleia Geral Extraordinária da OIV, onde a brasileira obteve 36 dos 45 votos dos países membros. Ela sucede a alemã Monika Christmann pelos próximos três anos no comando da entidade. Com essa vitória, o Brasil entra definitivamente para o mapa vitivinícola mundial, fato que pode contribuir para que o país saia da 14º posição no ranking dos maiores produtores de vinho, e, ainda, ajudar na promoção interna do vinho brasileiro, aumentando o consumo per capita, que ainda é muito modesto por aqui (dois litros no Brasil, contra 31,6 litros na Argentina, por exemplo). Assim como na pecuária e agricultura, o Brasil é importante referência no mundo, agora o setor de vinha e vinhos, também conquista o seu espaço com esta eleição. Parabéns!
28
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Regina Vanderlinde
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
29
AGRO NO PRATO
Valmir Moura Júnior Gerente comercial da Caimasul alemaobbq@gmail.com
RECEITAS
Tartare de jacaré
Ingredientes
A
partir de agora, em toda edição da Pecuária Brasil você confere receitas únicas que tenham produtos agropecuários como protagonistas, contendo a essência do agronegócio em seus sabores e aromas, assinadas por renomados chefs de cozinha, sejam profissionais ou por hobby. Para começar, o gerente comercial da Caimasul e entusiasta da Gastronomia Valmir Moura Júnior, conhecido como Alemão, ensina a preparar um exótico e saboroso prato com carne de jacaré, produto cada vez mais apreciado no mercado nacional, e já muito difundido em mercados internacionais. O tartare de carne de jacaré é de simples preparo, e o sabor adstringente e suave é único, enquanto a textura tenra da carne é marcante. Harmoniza bem com cerveja tipo weiss, vinhos tintos menos encorpados, de boa acidez e baixa tanicidade, e também vinhos brancos.
30
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
150 g de filé de cauda de jacaré 1 cebola roxa média ½ colher de sopa de mostarda djon 25 g de alcaparras Meio limão siciliano 1 fio de azeite Sal e pimenta do reino a gosto Modo de preparo
Corte cuidadosamente a carne de jacaré com uma faca bem afiada, em quadrados pequenos, de aproximadamente dois centímetros. Faça o mesmo com a cebola, cortando em quadrados menores que o da carne. Junte a carne e a cebola em um recipiente, esprema a metade do limão siciliano e misture. Acrescente o restante dos ingredientes e misture tudo. Sirva em seguida.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
31
PORTEIRA ABERTA COMITIVA DE BANGLADESH
Em agosto, uma comitiva de Bangladesh composta por produtores e empresários do país asiático ao lado da Índia visitou a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGil), em Uberaba (MG), para conhecer a raça. Recepcionada pelo presidente da entidade, Joaquim Jose da Costa Noronha (Kinkão), a comitiva realizou uma visita guiada pelo Parque de Exposições Fernando Costa, onde se encontra a sede da ABCGil. Eles foram apresentados às atividades relacionadas ao melhoramento genético do gir leiteiro desenvolvidas pelo Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL), assim como aos mais recentes resultados do genoma da raça.
COLATINA RECEBE CIRCUITO NELORE DE QUALIDADE
A Associação Capixaba de Criadores de Nelore (ACCN) e a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) promoveram no Frigorífico Frisa, em Colatina (ES), a nova etapa do Circuito Nelore de Qualidade, nos dias 30 e 31 de agosto. O objetivo é fomentar a produção de carne de qualidade superior, e conta com o patrocínio da Matsuda, e o apoio da Fertilizantes Heringer, participante e anfitriã do evento através da marca Nelore Heringer. O Circuito Nelore de Qualidade avalia os animais nelore criados nas diversas regiões do país, evidenciando a capacidade de a raça produzir carne bovina com qualidade, com precocidade e produtividade.
INDICAÇÃO PARA PRESIDENTE
O presidente eleito da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã (ABCT), Júlio Christian Laure indicou o nome do também pecuarista Sérgio Germano para ser seu sucessor na presidência da entidade no biênio 2019/2020. Sérgio, da Fazenda Chapadão, é o atual diretor financeiro da ABCT, e concorrerá pela presidência na próxima eleição, que será promovida em dezembro.
PIB DO AGRO DEVE CRESCER EM 2018
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, que responde por pouco mais de 20% da atividade econômica do Brasil, deverá crescer 3,4% em 2018, impulsionado por uma retomada da atividade da agroindústria, estima o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. O crescimento deverá ser menor que o apontado no ano passado, quando o PIB do agronegócio saltou 7,6% com a força do setor primário turbinado por uma safra recorde de vários produtos, como soja e milho. Mas, ainda assim, a estimativa para este ano indica que o PIB do agronegócio ficará acima do que deve crescer a economia brasileira como um todo (1,5%, segundo a última pesquisa Focus, do Banco Central), em meio aos efeitos de uma greve histórica de caminhoneiros, em maio. 32
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
UNIDADE DE REFERÊNCIA TECNOLÓGICA
Lançada em agosto, em Ribeirão Preto (SP), pelo Instituto de Zootecnia (IZ), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, a Unidade de Referência Tecnológica (URT) visa difundir os sistemas de produção e tecnologias para contribuir com a evolução da pecuária sustentável. A URT vai mostrar, de forma realista, uma vitrine tecnológica com viabilidade econômica, combinando os sistemas – Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF) e produção intensiva de bovinos de corte, objetivando também o aumento da produtividade e renda do produtor rural e a geração de empregos. A expectativa é que na área de 42 hectares sejam apresentadas oportunidades de uso eficiente do solo, considerando a recuperação de áreas degradadas ou em degradação e a renovação de áreas. O projeto, com duração de 12 anos, está estimado em R$ 3 milhões.
BRF FATURA R$ 8,2 BILHÕES NO TRIMESTRE A receita operacional líquida da BRF (uma das maiores companhias de alimentos do mundo, com produtos comercializados em mais de 140 países, dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy) atingiu R$8,2 bilhões no 2° trimestre de 2018, um aumento de 1,9% frente ao mesmo trimestre do ano anterior. O resultado reflete o crescimento de 4,0% no volume comercializado no período, sobretudo devido ao desempenho nos mercados brasileiro e muçulmano, que compensou redução de vendas em outros mercados como Europa, Rússia e China.
OBSERVATÓRIO GAÚCHO DA CARNE
O Sistema Famato recebeu, em julho, a visita de representantes do Observatório Gaúcho da Carne (OGC) - um website lançado em março deste ano no Rio Grande do Sul. A ferramenta conecta os dados já existentes e reúne todas as informações da pecuária de corte em um só lugar. A ideia do website é fazer uma radiografia permanente e fiel da atividade, permitindo o desenvolvimento de políticas que melhorem a qualidade da carne gaúcha. O Observatório é uma iniciativa da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi) e do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, com o apoio de entidades representativas da pecuária gaúcha. Já foi apresentado para 17 entidades brasileiras, entre públicas e privadas, com o objetivo de melhorar a compreensão dos consumidores sobre a atividade e a procedência da carne oferecida ao mercado. Os dados vão desde o nascimento dos animais até a exportação dos produtos gaúchos e estão disponíveis em observatoriodacarne.com.br.
DESFILE DE TOUROS
Durante a ExpoGenética, em Uberaba (MG), no dia 21 de agosto, foi promovido o 3º Desfile de Touros GENEX, no Harmonia Hotel Fazenda. Na ocasião, 20 reprodutores foram apresentados para 300 participantes interessados em conhecer os expoentes da raça zebuína que compõem a bateria de corte de uma das empresas líderes no segmento de inseminação artificial (IA) no Brasil. Conduzido pela Central Leilões e realizado em parceria com a Central Bela Vista, Minerva, Brasil com Z e a GlobalGen, o desfile contou com comentários detalhados da gerente de produto corte da GENEX, Juliana Ferragute, e do diretor da consultoria Brasil com Z, William Koury Filho.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
33
34
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
35
PORTEIRA ABERTA TERMINAL MARÍTIMO É ALTERNATIVA PARA AGRO
GTPS ANUNCIA NOVA COMISSÃO EXECUTIVA
O Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) elegeu a nova Comissão Executiva, em julho. Caio Penido, pecuarista e membro do Conselho Administrativo do Grupo Roncador, assume a presidência do Grupo. A nova Comissão também terá Leonardo Lima, diretor de Sustentabilidade da Arcos Dourados na vice-presidência, e Breno Felix, diretor de Operações e Inovação da Agrotools, como tesoureiro do GTPS. A nova comissão cumpre mandato até 2021.
PMGZ COMERCIAL
A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) lançou mais uma ferramenta para o melhoramento genético do rebanho nacional, o PMGZ Comercial. Dessa vez, o foco está nos criatórios comerciais, que, a partir de agora, contam com uma modalidade específica do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ). Os detalhes foram apresentados à imprensa pelo presidente da ABCZ, Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, e sua diretoria, ao lado da equipe técnica. O pecuarista e empresário Marcelo Baptista de Oliveira, da Agro Maripá, foi o primeiro a assinar parceria com o programa, inscrevendo 15 mil matrizes. 36
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
A VLI, empresa de soluções logísticas que integra terminais, ferrovias e portos, oferece ao agronegócio uma opção para o escoamento de grãos e o recebimento de insumos. Em junho, o Terminal Marítimo Inácio Barbosa (TMIB) realizou o carregamento de 30 mil toneladas de soja destinadas à Venezuela. A VLI está prospectando cargas nesse segmento e um novo navio deverá ser embarcado nos próximos meses. O embarque de soja, milho e farelo a partir do TMIB, localizado em Barra dos Coqueiros (SE), pode ser uma alternativa para pequenos e médios produtores da Bahia exportarem seus produtos. Localizado perto de importantes corredores logísticos e rodovias, como a BR-101, o terminal dispõe de área alfandegada e está apto para receber navios de vários portes.
DO BRASIL PARA ÍNDIA
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Ministério da Agricultura da Índia firmaram protocolo sanitário que permitirá a exportação de animais vivos para reprodução para o território indiano. O acordo é fruto da 1ª Rodada de Negociações de Protocolos Sanitários realizada durante a 84ª ExpoZebu, por meio da parceria entre o Mapa, ABCZ e a Apex Brasil, que reuniu oficiais dos governos do Brasil e de países interessados na pecuária brasileira. O gado zebu originário da Índia passou no Brasil por intenso trabalho de melhoramento genético orientado pela ABCZ e tornou-se a melhor opção para melhoria do rebanho indiano, especialmente para as raças com aptidão leiteira.
MORRE TOURO MACUNI DO SALTO
No final de julho morreu o touro Macuni do Salto, reprodutor da raça nelore vindo do criatório Nelore da Nana, propriedade de Ana Luiza Consoni Guimarães, em Goiás. O animal chegou a comercializar 450 mil doses de sêmen, sendo o líder de vendas da raça por seis anos consecutivos. Macuni do Salto chegou à Alta em 2006, produzindo ao longo de sua história 482.239 doses. O maior vendedor de sêmen da história da Alta morreu aos 15 anos de idade.
MSD TEM NOVO DIRETOR
A MSD Saúde Animal anuncia a promoção de Henrique Casagrande como novo diretor da unidade de negócios de ruminantes do Brasil. O profissional, que trabalhava na unidade do México, chega para substituir Tiago Arantes, que agora é o novo gerente geral da MSD Saúde Animal do México.
APP INÉDITO
A partir de agora, os pecuaristas poderão comprar animais da raça leiteira girolando com apenas um clique. A Associação Brasileira dos Criadores de Girolando lançou o aplicativo Girolando, tecnologia desenvolvida para permitir que pequenos e médios produtores rurais possam adquirir de forma rápida e fácil animais de alta qualidade genética. Disponível para os sistemas IOS e Android, o aplicativo é gratuito e trará lotes de touros e fêmeas, com informações da genealogia, fotos e link de vídeo. A inclusão dos anúncios será feita de forma rápida e segura pelo Sistema WEB, portal de serviços de uso exclusivo dos associados da entidade.
ANUÁRIO LEITE 2018
O Brasil produziu 35,1 bilhões de litros de leite em 2017, consolidando sua posição de quarto maior em termos mundiais. Mesmo com esse volume, o país importou cerca de 169 milhões de litros para suprir a demanda interna. No ano passado, o brasileiro consumiu, em média, 173 litros de leite. Essas e outras importantes informações sobre a cadeia do leite no Brasil estão no Anuário Leite 2018, publicação que resulta de parceria entre a Embrapa Gado de Leite, a Texto Comunicação Corporativa e o jornalista Nelson Rentero, especialista no setor leiteiro. A publicação inédita possui rico conteúdo com estatísticas, análises, artigos opinativos e entrevistas com o chefegeral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, e o presidente da Comissão Nacional da Bovinocultura de Leite da CNA, Rodrigo Alvim.
AGRICULTURA FAMILIAR RECUPERA PASTOS
O desmatamento na região amazônica do Pará está sendo combatido pela agricultura familiar. Os pastos degradados são restaurados pelo plantio de espécies nativas pelo projeto Cacau Floresta, da maior organização ambiental do mundo, The Nature Conservancy (TNC). A iniciativa apoia 117 famílias em 415 hectares (ou 581 campos de futebol) de cacau plantados em sistemas agroflorestais. A região, que já foi uma das maiores em desmatamento, hoje é exemplo em desenvolvimento sustentável. São Félix do Xingu e Tucumã têm 36 produtores familiares que participam do projeto plantando 113 hectares de cacau.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
37
PORTEIRA ABERTA MARFRIG INAUGURA A CASA MONTANA
NOVAS CULTIVARES PARA PASTAGEM
A Barenbrug do Brasil desenvolveu um programa especializado para a criação de novas cultivares, dividido em Melhoramento Genético (cruzamento e avaliação das espécies), Ensaios Regionais e Desenvolvimento Tecnológico (avaliação da produção de biomassa em diferentes regiões, confirmação da performance animal e validação do cultivar em condições de fazenda). Essas informações comporão todo o pacote tecnológico de uso da nova forrageira, que estará disponível desde o lançamento até a adoção do cultivar, garantindo ao produtor segurança na escolha de um produto para sua fazenda.
SUMÁRIOS GIROLANDO
O Sumário de Touros do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG) passou a contar com 127 touros avaliados no teste de progênie. Foram incorporados à publicação de 2018 novos 27 touros, um número recorde para o Programa. A divulgação do Sumário ocorreu durante a Megaleite, realizada em Belo Horizonte. O número de novos touros incorporados ao Sumário cresceu 27% em relação a 2017. Junto com o Sumário de Touros, Embrapa e Associação de Criadores de Girolando também lançaram a publicação Top 1.000 Vacas Girolando, um ranking que traz as mil vacas com o maior valor genético para a produção de leite da raça, publicado desde 2013.
38
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
A Marfrig Global Foods, segunda maior companhia global de proteína bovina do mundo, por meio de sua operação no Brasil, inaugurou em julho a Casa Montana. Instalada próxima a unidade da companhia em Itupeva(SP), a loja ocupa um espaço de 200m² na Rua Juliana de Oliveira Norges, no Parque das Vinhas. O local oferece aos consumidores produtos da Marfrig, carnes bovinas e ovinas importadas, bem como itens relacionados, como temperos e carvão. O local terá ainda uma área gourmet para receber convidados, com espaço para aulas, reuniões, confrarias, apresentações, confraternizações e degustações.
AQUECIMENTO DE MERCADO
O mercado para a pecuária no país no segundo semestre deve ter venda em alta com preços remuneratórios e médias satisfatórias para os vendedores de gado. A avaliação é do leiloeiro e diretor da Trajano Silva Remates, Marcelo Silva, com base na observação do comportamento do mercado nos eventos realizados nos últimos meses, que estão demonstrando um aquecimento de mercado para quem tem qualidade genética para vender. Outra questão que pode puxar a alta nas vendas é a exportação de gado em pé. Conforme o profissional, regiões mais ao norte do país, além de Argentina e Uruguai, estão aumentando suas exportações para o mercado externo, especialmente o Oriente Médio.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
39
CAPA
Genética produtiva do
Maranhão para o Brasil
Tradicional Agromaratá, do nordestino Grupo JAV, comemora resultados de 20 anos de melhoramento genético para pecuária de corte e quase 60 anos de trabalho em prol do agronegócio brasileiro
40
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
A
ARQUIVO PESSOAL
Agromaratá é uma empresa que faz parte do DNA da agropecuária brasileira. Isso porque, desde a década de 1960, imprime sua marca na história do setor que sustenta a economia do país, através de um trabalho sério e focado em produtividade. Nascida no município de Lagarto (SE), a empresa iniciou sua trajetória em 1960, através das mãos do empreendedor José Augusto Vieira, que decidiu investir na comercialização de fumo moído em corda, sem saber o que o futuro guardava. O comércio regional cresceu e nasceram as Indústrias de Fumo Saci LTDA, que produzem até hoje o famoso Fumo Saci. Visando novos horizontes para os negócios, o empresário José Augusto ingressa no setor alimentício através da aquisição da Indústria de Torrefação e Moagem de Café Maratá, dando continuidade a produção do Café Maratá, presente no mercado desde 1962. Ampliando seus horizontes pelo estado, um importante marco foi a abertura de uma filial conhecida como Fumo Maratá, aumentando a fabricação de diferentes tipos de fumos e seus derivados, em escala de produção cada vez maior. Depois disso, o pioneiro José Augusto iniciou investimentos na produção de embalagens e alimentos, até iniciar o processo de internacionalização da empresa, que começou a exportar no final da década de 1990. De lá para cá, o empreendimento de José Augusto virou o Grupo JAV, que atua em diversos seguimentos do agronegócio (citricultura, nutrição animal, agricultura, armazenagem e pecuária), e está inserido também no Maranhão e na Bahia. Além do agronegócio, o Grupo JAV também mantém os investimentos nos seguimentos de alimentos, descartáveis, embalagens plásticas, exportações e construção civil. Atualmente, o empreendimento emprega mais de 5,3 mil colaboradores e desenvolve vários trabalhos sociais
através da Fundação José Augusto Vieira, fundada em 1992, que atende atualmente mais de 900 crianças.
Genética Maratá
Prezando pela excelência em todas as atividades em que atua, o Grupo JAV é reconhecido internacionalmente pelos seus produtos. Na agropecuária não poderia ser diferente. Por isso, a Agromaratá é um dos maiores e mais consolidados empreendimentos rurais, sendo reconhecida como uma das grandes produtoras de gado no Norte e Nordeste brasileiro. Atuando na pecuária de corte com ciclo completo desde 1991, a empresa tem como objetivo produzir carne bovina com qualidade em volume. Utilizando as mais modernas tecnologias disponíveis no mercado, as mais de 30 mil matrizes da Agromaratá produzem bezerros de genética superior, desmamados entre sete e oito meses, recriados a pasto e engordados em semi-confinamento. Ao ano, a empresa fornece mais de 36 mil cabeças para o abate. Mas, chegar nesse número grandioso com qualidade e sem genética seria impossível. A Agromaratá possui um rebanho nelore núcleo de três mil matrizes nelore PO destinado à produção de mil touros, em média, por safra. Desde 1998, este rebanho participa dos programas de melhoramento genético da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) e da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (PMGZ/ ABCZ). Além disso, todo rebanho passa pelas mais refinadas ferramentas de seleção genética, como IATF, FIV, avaliação e seleção intrarebanho, avalição morfológica (EPMURAS) e ultrassonografia de carcaça. O resultado é visto no campo e na balança. “Fomos conhecendo as melhores seleções, entendendo cada vez mais qual genética funcionava no nosso rebanho, e direcionando com foco em produtividade. Com a evolução nítida que foi se sucedendo, os pecuaristas da região comeAGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
41
CAPA çaram a querer essa genética, e percebemos que era hora de trabalhar também com a comercialização dela. Compramos, então, o rebanho de grandes selecionadores da região que estavam liquidando, como o Nelore Caracol e o Nelore Sandim, um dos primeiros a ser avaliado pela ANCP. Assim, fomos evoluindo geneticamente o rebanho até chegar à qualidade que temos hoje. Somos totalmente sustentáveis em termos de genética nelore”, conta um dos filhos de José Augusto, Ricardo Vieira, que dirige o trabalho de seleção. O foco da seleção Agromaratá está em imprimir em seus animais características de impacto econômico, como desempenho ponderal, precocidade sexual, fertilidade, musculosidade e acabamento da carcaça. A evolução genética visualizada pelos índices econômicos MGTe (Mérito Genético Total Econômico, da ANCP) e iABCZ (Índice ABCZ) demonstra a eficiência na busca de resultados e ganhos genéticos que impactam na sustentabilidade do rebanho comercial. Isso pode ser verificado através de números. Na tabela na página ao lado, por exemplo, é possível ver um comparativo entre a evolução genética média observada no MGTe, pela média dos rebanhos integrantes da ANCP e a evolução genética média do rebanho da Agromaratá, de 2005 a 2017, totalizando um período de 13 safras. Para efeito de comparação, cada safra é formada por todos os animais nascidos de abril de um ano a março do ano subsequente. Por exemplo, para a safra de 2017, foram considerados os animais nascidos de abril de 2017 até março de 2018. Fica nítido, no gráfico, que a tendência genética observada para o Mérito Genético Total Econômico do rebanho Agromaratá está acima da média da ANCP. No mesmo período, o mérito genético médio e a tendência genética observados para o rebanho Agromaratá na habilidade materna foi 35% acima do observado na ANCP.
42
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Para as quatro características indicativas do desenvolvimento corporal (pesos aos 240, 365 e 450 dias de idade), a tendência genética observada no mesmo período para o rebanho Agromaratá foi superior à média da ANCP de 13% (desmama) a 19% (sobreano). Já os avanços genéticos para perímetro escrotal (PE), estão muito acima das médias da ANCP: +57% (aos 365 dias) e +81% (aos 450 dias). Para probabilidade de parto precoce (PPP), a média foi superior à da ANCP em 43%; e para característica de acabamento, 50% superior. Esses números demonstram que a excelente evolução genética observada para as características (pesos, habilidade materna, PE, idade ao primeiro parto, PPP, Stayability e AOL) integrantes do cálculo do Mérito Genético Total Econômico (MGTe) reflete no nível genético dos animais Agromaratá. A média de MGTe da safra 2017 é de 14,41udp (unidades de desvio-padrão), ou seja TOP 5 a 6%. No período de 2005 a 2017, o incremento do MGTe médio no rebanho da Agromaratá
foi 18% superior ao apresentado, em média, pela ANCP. “Nossa filosofia de trabalho é ofertar ao mercado a melhor qualidade possível, que é o que nosso pai nos ensinou. Seja na indústria ou no campo, ele só trabalha com primeira qualidade. Por isso, o Grupo JAV e a Agromaratá estão sempre empenhados em reforçar essa filosofia, buscando constantemente a melhor qualidade disponível para ofertar”, enfatiza Ricardo. Os pecuaristas, produtores ou selecionadores que tiverem interesse em pecuária produtiva, terão uma oportunidade imperdível de conhecer esses resultados ao vivo. O melhor do nelore nordestino estará recebendo visitas no próximo dia 20 de outubro, quando a Agromaratá abre a venda da safra desse ano, no seu 6º Dia de Campo. O evento será promovido na Fazenda Nelore, no município maranhense de Bela Vista (BR 316, km 275) e é a chance de conhecer o estágio em que o projeto de melhoramento da empresa se encontra, além de adquirir os melhores exemplares.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
43
ENTREVISTA DANIELE MARQUES DE ALMEIDA
O MOMENTO DA GENÉTICA Durante a ExpoGenética 2018, em Uberaba (MG), foi nítida a evolução do mercado genético bovino. O volume financeiro levantado nos remates, por exemplo, cresceu 10,2%, enquanto a oferta aumentou 3,7%. Foram 12 remates que comercializam 1.524 lotes por R$22,5 milhões, melhor desempenho de oferta e receita na história da feira. O interesse pela genética brasileira também foi fácil de constatar: o evento recebeu visitantes de doze países. Quem entende, garante: o momento da genética é agora.
F
DIVULGAÇÃO
ormada em Zootecnia pela Universidade de Marilia em 2000, Daniele Marques de Almeida foi gerente técnica na Associação Brasileira Criadores de blonde d’aquitaine e, desde 2006, atua como zootecnista com ênfase em projetos de melhoramento genético. Consultora da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) há 10 anos, Daniele atende os estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, e participa da ExpoGenética desde sua primeira edição. Na ANCP, desenvolve trabalhos de consultoria das certificações Global G, atendimento ao criador associado, consultoria genética com acasalamento otimizado e dirigido, além de consultoria a qualidade de dados. Daniele acredita que a tendência é que cada vez mais fazendas farão projetos de melhoramento genético, pois buscam animais melhoradores, de ciclo curto no produto final e de carne de qualidade. Pecuária Brasil . Como foi a participação da ANCP na ExpoGenética 2018? Daniele Marques de Almeida . A ANCP veio até aqui mostrar os resultados do melhoramento genético na prática, e tudo que temos conseguido promover
44
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
com as ferramentas tecnológicas e processos que desenvolvemos nos rebanhos associados. A cada ano, a ANCP traz uma tecnologia nova para auxiliar na seleção do gado, o que nós acreditamos que colabora em muito com a evolução da pecuária. O lançamento desse ano é um aplicativo onde o produtor consegue visualizar e utilizar os dados da ANCP em qualquer lugar que esteja. Também na ExpoGenética fizemos o lançamento da Reprodução Programada (RP), um teste de touros jovens que avalia os melhores e disponibiliza o material genético destes para os associados. No lançamento do catálogo com a safra desse ano, alguns exemplares tiveram todas as suas 600 doses disponibilizadas comercializadas em cinco minutos, o que mostra o interesse crescente pela genética. PB . E ao que você atribui o crescimento desse interesse? DA . Os pecuaristas já sabem que para melhorar a produtividade é necessário ter informação. Por isso, tudo que nós fazemos tem o aval da pesquisa, tem significância. Nós podemos explicar o porquê das tecnologias, comprovar o que a gente faz. Temos uma base de dados sólidos, o que minimiza ao máximo a possibilidade de erros. Os criadores participantes tem acesso a várias ferramentas. Desta forma, a ANCP administra os programas de melhoramento genético com o banco de dados de altíssima qualidade, resultando em uma avaliação genética eficiente. Então, os pecuaristas brasileiros estão buscando, cada vez mais, essa segurança, que é a garantia de evolução genética.
PB . Essas ferramentas que permitem o melhoramento genético já são acessíveis para pecuária brasileira como um todo? A maioria dos produtores já consegue ter acesso? DA . Com certeza. Esse é o nosso objetivo constante, buscar novos criadores que tenham esse interesse e disponibilizar essas ferramentas de auxílio. Através delas, conseguimos provar que um touro PO é melhor, e vende-lo para aquele produtor comercial com interesse em ter bezerros melhores. PB . E qual o custo desse animal para o produtor? DA . Os valores de mercado hoje são razoáveis. Um touro melhorador bom costuma sair por volta dos R$11 mil, valor que ainda pode ser parcelado. Não é mais tão caro. Esse
custo fica diluído nos custos gerais da pecuária , e potencial de melhora de lucro é enorme. Esse touro vai agregar diminuindo o ciclo produtivo, o que, no final das contas, que dizer um custo bem menor. É um investimento que se paga facilmente. PB . Qual será o próximo desafio do melhoramento genético? DA . Existem vários projetos em andamento, como a genômica, que há três anos a ANCP desenvolve e está revolucionando o melhoramento. Mas, ainda não é tão fácil, por exemplo, testar o genoma de um animal para ver qual a chance dele desenvolver determinada doença, como na genética humana. Porém, as características produtivas já estão sendo trabalhadas, com enorme êxito. AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
45
46
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
47
48
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
49
CALENDÁRIO EXPOINEL NACIONAL 20 a 29 de setembro Uberaba (MG) nelore.org.br EXPOICARAIMA 21 a 23 de setembro Icaraíma (PR) (44) 3665-2279 FESTIVAL DO CAVALO 22 a 24 de setembro Salvador (BA) contato@abccpe.com.br
FENAOESTE 1º a 15 de outubro São Borja (RS) sindiruralsaoborja.com.br/portal ESALQ SHOW 9 a 11 de outubro Piracicaba (SP) fealq.org.br/esalqshow SUPER NORTE 10 a 12 de outubro Belém (PA) secretaria@aspas.com.br
EXPOBRAHMAN E EXPOGIL 24 a 29 de setembro Uberaba (MG) brahman.com.br
FENILACT 11 a 22 de outubro Ijuí (RS) expoijuifenadi.com.br
GOIÁS GENÉTICA 26 a 29 de setembro Goiânia (GO) agczgoiania@hotmail.com
EXPOTOLEDO 11 a 15 de outubro Toledo (PR) srtoledo.com.br
PORK EXPO 26 a 27 de setembro Foz do Iguaçu (PR) porkexpo.com.br
FESTA DO BOI 12 a 20 de outubro Parnamirim (RN) anorc.com.br
FT COMMODITIES AMERICAS SUMMIT 15 e 16 de outubro Rio de Janeiro (RJ) eventos.embrapa@embrapa.br EXPOVEL 7 a 12 de novembro Cascavel (PR) expovel.com.br BEEF WEEK 15 a 25 de novembro São Paulo (SP) beefweekbrasil.com.br AGROCAMPO 19 a 25 de novembro Maringá (PR) srm.org.br INTERCORTE 21 a 23 de novembro São Paulo (SP) intercorte.com.br FENAGRO 25 de novembro a 3 de dezembro Salvador (BA) accoba.com.br
EXPOCRUZ 16 a 29 de setembro Santa Cruz (Bolívia) expocruz.com.br
50
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
51
PECUÁRIA 360
O
MUTUM WEEKEND
Léo Machado abriu as porteiras da Fazenda Mutum, em Alexânia (GO), nos dias 10 e 11 de agosto para o 6º Mutum Weekend. Foram promovidos dois remates com as raças gir leiteiro e girolando, que movimentaram R$ 2,2 milhões. No primeiro dia, foram vendidas nove bezerras e 19 novilhas gir leiteiro, enquanto no segundo dia a família Machado ofertou 82 fêmeas girolando e 10 fêmeas gir leiteiro.
SINDI NA EXPOGENÉTICA
Reforçando a presença do sindi na maior exposição de genética zebuína do país, a ExpoGenética, as Fazendas Camparino, Reunidas Castilho, Jauquara e a Marca OT promoveram o Leilão Sindi Reprodutores, na tarde de 24 de agosto, em Uberaba (MG). Foram negociados 54 touros, e a média ficou em R$11,7 mil, movimentando total de R$32,1 mil.
EXPOINTER
A Expointer 2018 chegou ao fim se consolidando mais uma vez como a maior exposição agropecuária da América Latina. Nos nove dias de feira, de 25 de agosto a 2 de setembro, o volume de vendas superou a edição anterior. O total de negócios foi de R$ 2,3 bilhões, valor 13% superior ao ano de 2017. Somente a Leiteria Sindilat, por exemplo, comercializou mais de 250 quilos de queijos. Na pista, sob condução da jurada Lucyana Queiroz, ocorreram entre os dias 26 e 29 de agosto os julgamentos das raças zebuínas na Expointer 2018, realizada no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. As raças gir leiteiro, brahman, tabapuã, indubrasil e guzerá abrilhantaram as pistas com a mostra de excelentes exemplares. 52
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
CONGRESSO NO PANAMÁ
GENÉTICA ADITIVA NA EXPOGENÉTICA
Com a venda de 65 fêmeas e 50% dos touros REM DHEEF e REM F22, o leilão teve liquidez total e média de R$35,8 mil. A Genética Aditiva promoveu seu primeiro remate durante a ExpoGenética, no dia 22 de agosto, em Uberaba (MG). Dentre os destaques, a venda do lote 1001 do REM DHEEF (vice-líder do sumário PMGZ/Embrapa/Geneplus), com 47 meses de idade, Top 0,1%, adquirido em 50% pela Alta Genetics, valorizado o animal em mais de R$1,8 milhão.
MEGA LEILÃO 2018
Com a venda de 333 touros nelore, o 15º Mega Leilão da Genética Aditiva foi realizado no sábado, dia 4 de agosto, em Campo Grande (MS). A média foi 10% superior em relação à edição do ano passado e a liquidez foi total.
Os produtores de leite do Panamá estão investindo na raça brasileira girolando, que já domina grande parte dos rebanhos panamenhos. O país acaba de sediar o 23º Congresso Nacional Leiteiro, ocorrido nos dias 9 e 10 de agosto, na cidade de David, que contou com palestras técnicas sobre a internacionalização da raça e ferramentas de seleção. O coordenador Operacional do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), Marcello Cembranelli, ministrou duas palestras sobre a experiência brasileira com a raça.
EXPO PARACATU E NACIONAL DO GUZERÁ
Durante a 32ª Expo Paracatu, a maior feira agropecuária do noroeste mineiro, foi promovida a 13ª Exposição Nacional da raça Guzerá, em Paracatu (MG), no Parque de Exposições Emiliano Pereira Botelho. Na pista de julgamentos, os trabalhos de avaliação dos mais de 100 animais guzerá inscritos ficaram a cargo do presidente da ABCZ, Arnaldo Manuel Borges. A exposição também contou com o retorno à pista do da categoria Aptidão Leiteira, cuja avaliação foi feita pela jurada e técnica Carla Martins. A exposição foi uma promoção da Associação dos Criadores de Guzerá e Guzolando do Brasil (ACGB) com o apoio do Grupo Guzerá Paracatu e da Cooperativa Agrop. Do Vale do Paracatu (Coopervap).
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
53
PECUÁRIA 360
O
AGROLEITE 2018
KATAYAMA FATURA R$ 7,8 MILHÕES
No maior leilão de sua história, a Katayama Pecuária comercializou 822 animais, entre reprodutores e matrizes, com liquidez total, nos dias 18 e 19 de agosto, na Estância Cachoeirinha, em Guararapes (SP). O faturamento total foi de R$ 7,8 milhões, um crescimento de 10% em relação à edição do ano passado.
LEILÃO DO ADIR
Realizado em Ribeirão Preto (SP), em 3 de agosto, o Leilão do Adir registrou média de R$82,2 mil e faturamento de R$ 1,3 milhões com a venda de 17 lotes de animais nelore PO colocados à venda, entre touros, matrizes e aspirações. O touro Shivangi da 2L, o lote mais disputado do remate, cuja cota de 50% foi comercializada por R$170,4 mil, valorizando o animal em R$340,8 mil. O leilão também ofertou seis animais da raça sindi, sendo um touro e cinco matrizes, que fizeram média de R$11 mil.
54
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Neste ano, o evento recebeu cerca de 73 mil visitantes de 13 a 18 de agosto, e contou com a participação recorde de mais de 700 animais e a adesão de 205 empresas, que juntas movimentaram R$ 65 milhões. A já tradicional escolha da Vaca do Futuro e da Campeã Suprema da exposição esse ano ficaram a cargo dos juízes Adam Liddle, dos Estados Unidos, que julgou os animais da raça holandesa, e do brasileiro Enedi Zanketi, que conduziu a avaliação da raça jersey. A Vaca do Futuro foi a Vicky Premier Tenfen, do expositor Sandro Aurelio Hey, e a Campeã Suprema foi a Adrimar Rietje Braxton 530 TE, dos expositores Hendrik Reinaldo de Boer, Hender Wrobel e Cláudio Pires. O Melhor Criador e Melhor Expositor do Agroleite 2018 foi Hans Jan Groenwold. A vaca da raça holandesa Harm Rika Deann 2875, do criador Lucas Rabbers, de Castro (PR), foi a primeira colocada na categoria maior produção vaca adulta do Torneio Leiteiro. A próxima edição ocorrerá de 13 a 17 de agosto de 2019.
1º LEILÃO SINDI OT
Estreando nos leilões de sindi, Ângelo Mário Tibery abriu as porteiras da sua fazenda em Três Lagoas (MS) para o 1º Leilão Sindi OT. O pecuarista trabalha com a raça nelore há décadas, sendo de família tradicionalmente nelorista, e vem se dedicando ao sindi nos últimos anos, sendo por dois anos consecutivos o Melhor Expositor da raça na ExpoZebu. O remate movimentou R$ 1,3 milhão com a venda de 248 animais.
CHAROLÊS EM BAGÉ
LEILÃO DIGITAL
A MaisAtivo, empresa de serviços de intermediação de ativos do Grupo Superbid, promoveu no dia 25 de agosto o primeiro evento digital Boi com Bula, realizado em parceria com a BrasilcomZ e encerrado com transmissão ao vivo durante a Feira ExpoGenética, em Uberaba (MG). Ao todo, 32 lotes da raça nelore foram ofertados, sendo 29 touros reprodutores, duas novilhas e um lote de embriões. Todos os animais à venda foram vistoriados por veterinários e zootecnistas com avaliações criteriosas e credenciadas da BrasilcomZ. Entre os arrematados, destacam-se um pacote com dez embriões por R$8,4 mil; um touro filho de Bitelo DS com Nadã do Bonsucesso levado por R$16,2 mil; e um touro filho de Sherlock Mat. e mãe Backup e Epmuras vendido por R$22,2 mil.
A Associação Brasileira de Criadores de Charolês (ABCC) reuniu criadores, técnicos e profissionais do setor nos dias 27 e 28 de junho, na Embrapa Pecuária Sul em Bagé, localizada na região da Campanha do Rio Grande do Sul, para a realização de dois importantes eventos para a raça: a reciclagem de inspetores técnicos e a divulgação dos resultados da 1ª Prova de Avaliação a Campo (PAC) e eficiência alimentar, realizadas em parceria com a instituição de pesquisa. A raça charolês participou pela primeira vez das provas, reunindo exemplares oriundos de criatórios localizados em cinco municípios diferentes do Rio Grande do Sul. A programação teve início no dia 27, com as abordagens teóricas do curso de atualização de inspetores técnicos, conduzidas pela superintendente de registro genealógico da Associação Nacional de Criadores Herd Book Collares (ANC), Silvia Freitas. Os resultados das provas e os animais vencedores foram apresentados no dia seguinte. Presidente da ABCC, Iriberto Tozzo realizou a entrega dos certificados aos proprietários dos primeiros colocados juntamente com os pesquisadores da Embrapa, Roberto Barcellos, Joal Leal e Marcos Yokoo.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
55
PECUÁRIA 360
O
43ª EXPOCORRENTE
A ExpoCorrente foi promovida de 17 a 22 de julho, no Parque de Exposições Governador Alberto Tavares Silva, em Corrente (PI). A programação da maior feira agropecuária do estado contou com feiras, leilões, palestras, exposições de animais, julgamentos de raças, vaquejada, expotrilha e grandes shows musicais. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) participou com um estande, montando um ponto de atendimento no estande da Associação Piauiense de Criadores de Zebu (ACPZ).
AVESUI 2018
Durante os três dias da Feira da América Latina de Aves, Suínos e Peixes (AveSui), que ocorreu em Medianeira (PR), de 1º a 3 de agosto, as visitas aos estandes das empresas expositoras foram constantes. Mais de 13 mil pessoas passaram pelos corredores com um objetivo definido: encontrar novos fornecedores e comprar os produtos e soluções apresentados. O volume de negócios levantado no evento girou em torno de R$ 750 milhões. A AveSui promoveu ainda o Congresso de Zootecnia de Precisão e o Seminário Técnico-Científico que discutiram temas importantes para o setor, que teve a participação de mais de 500 profissionais e produtores.
LEILÃO TRANSMONTANA
A 12ª edição do Leilão Brahman Rio, o maior leilão presencial do estado do Rio de Janeiro, foi sucesso de vendas no dia 7 de julho, durante a 59ª Exposição Agropecuária e Industrial do Norte Fluminense (ExpoAgro), realizada pela Fundação Rural de Campos (FRC). Com faturamento total superior a R$1 milhão, o evento disponibilizou touros e fêmeas brahman, além de 800 animais para cria, recria e engorda. O Leilão Brahman Rio é promovido pelo Brahman Transmontana, a leiloeira responsável foi a Progredir e a transmissão foi da Pastar.
VIRTUAL FATURA R$ 4 MILHÕES
Pela primeira vez realizado, o leilão virtual GAP Brasil, organizado pela GAP Genética, de Uruguaiana (RS), que teve a Estância Bahia Leilões e a Trajano Silva Remates como escritórios de venda, foi considerado um sucesso. O remate, ocorrido em 23 de junho, superou os R$4 milhões em faturamento com médias de R$4,26 mil na venda dos produtos de genética e R$1,44 mil nos animais de corte.
56
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
CAMPO GRANDE EXPO
De 16 a 20 de julho, em Campo Grande (MS), foi promovida a primeira edição da Campo Grande Expo, a mais jovem feira do calendário brasileiro de eventos do agronegócio. Organizada pela Certfica Agro e ocupando uma área total de 20 mil m2, reuniu, no Terra Nova Eventos, 80 marcas entre fabricantes de máquinas e implementos para agropecuária, silos e armazéns, sementes e outros insumos, além de fornecedores de software e prestadores de serviços para o produtor rural. Diante do bom movimento, diversos gestores de empresas já manifestaram a intenção de participar da próxima edição, que já foi anunciada pelos organizadores para o período de 27 de maio a 1º de junho de 2019, no mesmo local.
LEILÃO DE RÚSTICOS
O Leilão de Rústicos Angus, realizado em 28 de agosto, durante a Expointer, em Esteio (RS), atingiu R$121,5 mil para a venda de 18 animais, média geral de R$6,7 mil. Em 2017, o remate atingiu R$ 106,2 mil. O maior preço do leilão foi uma novilha angus PO, vendida pela Cabanha Santa Angela e adquirida por Assilon Schmidt por R$8,2 mil. Foto Gabriel Olivera/ Agência El Campo
LEILÃO TERRA BOA
ANGUSHOW FATURA R$ 190 MIL
O leilão AnguShow 2018 arrematou R$190,5 mil em junho, durante a Exposição de Avaré, no interior de São Paulo. O remate, promovido pela Casa Branca Agropastoril e a Fazenda São Marco, teve destaque para a venda da prenhez da grande campeã na Expolondrina e na Expoutono de Uruguaiana, a fêmea PWM Type TEICB2009 Hitter, propriedade de ambas cabanas, por R$15 mil. A média geral ficou em R$7,6 mil.
O remate do criador José Luiz Niemeyer dos Santos comercializou R$ 1,8 milhão em Guararapes (SP), no dia 1º de julho. Foi o melhor resultado em valorização para oferta de brangus em 2018, fato confirmado pela Associação Brasileira da raça (ABB). O remate alcançou média de R$ 17,5 mil para os touros da raça. Drácula JT, o destaque dessa oferta, bateu em R$40,8 mil. As fêmeas brangus obtiveram média de R$8,3 mil, enquanto o nelore PO bateu a média de R$9 mil. O touro Fantoche, exemplar da genética Nelore da Terra Boa, foi vendido a R$ 30 mil.
WORKSHOP DE BEM-ESTAR
No dia 4 de julho, a convite da certificadora Cdial Halal, Erika Voogd, renomada auditora, especialista norte-americana em bem-estar animal e presidente da Voogd Consulting realizou um workshop baseado em “Bem-Estar Animal”, em São Paulo (SP). O evento contou com mais de 100 participantes.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
57
PECUÁRIA 360
O
FOTO Fábio Fatori
VIRTUAL FAZENDA BRASÍLIA
Em 23 de agosto, a Fazenda Brasília promoveu mais um leilão virtual. Foram ofertadas 55 fêmeas girolando (média de R$6 mil), 13 bezerras gir leiteiro (média de R$10,1 mil) e oito garrotes gir leiteiro (pela média de R$5,6 mil).
TABAPUÃ NO LEILÃO ROMANCINI
No dia 17 de agosto, em Laranjeiras do Sul (PR), a Agropecuária Romancini promoveu a quarta edição de lei leilão. Com 100% de liquidez, os promotores faturaram R$899,2 mil com a venda de touros e fêmeas da raça tabapuã, e também gado comercial.
REMATE CASA BRANCA
O 4º Leilão Anual Casa Branca ofertou, em Silvianópolis (MG) nos dias 7 e 8 de setembro, 205 animais das raças angus, brahman e simental. O faturamento total superou R$ 2,5 milhões, com aumento de 15% sobre o resultado do ano anterior.
DUPLA DE REMATES
No último final de semana de agosto, João Aguiar Alvares promoveu dois leilões na sede do seu criatório, em Cafelândia (SP). No primeiro dia, foram movimentados R$921,6 mil com a venda de 11 acasalamentos, uma aspiração, uma fêmea e 50% da bezerra Croácia FIV da Valônia, arrematada pela Nelore Kalunga por R$124,8 mil. No segundo dia, foram vendidos R$2 milhões, entre cotas de participação e animais inteiros. Foram comercializadas 15 fêmeas à média de R$130,5 mil.
58
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
25 ANOS DE JACAREZINHO
Comemorando 25 anos de história, a Agropecuária Jacarezinho promoveu mais uma edição do seu já tradicional leilão anual de touros no dia 29 de julho, em Cotegipe (BA). Com 100% de liquidez, o remate faturou mais de R$ 4,5 milhões com a venda de 581 animais.
RAÇA
#pecBR
SELEÇÃO . GENÉTICA . CRIAÇÃO . LEILÕES
Touros melhoradores O QUE UM REPRODUTOR PRECISA PARA SER BOM? GENÉTICA
BANCO MUNDIAL
REPRODUÇÃO MANEJO
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
59
RAÇA
O QUE É QUE ESSE TOURO TEM? O macho tem impacto direto sobre a fertilidade do rebanho e, consequentemente, na rentabilidade da pecuária. Por isso, escolher ou produzir um bom reprodutor é um dos pontos chave da cadeira pecuária CARLOS LOPES, DENILSON RODRIGUES, DIVULGAÇÃO, GUSTAVO MIGUEL, MARCELO CORDEIRO E MARIA GABRYELLA RIBEIRO
60
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
D O pecuarista da Fazenda 3R, Rubens Catenacci , e o gerente da propriedade, Rogério Rosalin
e acordo com estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), um touro infértil pode representar a perda de 25 a 50 bezerros, conforme a relação touro:vaca utilizada. Já uma vaca infértil representa a perda de um bezerro, apenas. Para além da importância fundamental das fêmeas do rebanho, o touro é peça básica na fórmula de qualquer sistema de produção, seja para carne ou leite. Independentemente do setor pecuário ou raça selecionada, a escolha do reprodutor é que encaminhará o futuro da atividade. “Sabe-se hoje que, em torno de 5% dos touros em serviço são animais inférteis, ou seja, que não produzirão filhos. E, pior ainda, entre 20 e 40% dos touros em serviço são subférteis, isto é, produzem menos filhos do que deveriam”, explica a doutora em Reprodução Animal pesquisadora da Embrapa, Alessandra Corallo Nicacio. Além de ser fértil, um touro também precisa de várias outras características de importância econômica, além da habilidade de passar estas aos seus filhos. A busca dessas características é a essência do Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens (PNAT), promovido pela Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), em complemento ao Programa de Melhoramento Genético Zebuíno (PMGZ). Lançado em 2010, o PNAT seleciona e avalia reprodutores zebuínos registrados com idades entre 18 e 30 meses, com exame andrológico positivo para avaliação de suas progênies através do PMGZ. Ao todo, 110 touros congelaram e tiveram suas doses distribuídas para rebanhos colaboradores participantes do PMGZ. Em 2018, a 9ª edição do programa contou com 136 animais, sendo 105 exemplares de nelore e nelore mocho, 16 de tabapuã, 11 da raça brahman e quatro touros sindi. Os animais classificados foram premiados durante a ExpoGenética, em Uberaba (MG). Uma das novidades dessa edição foi o novo índice (iABCZ) feito por geneticistas da ABCZ e da Embrapa, que trabalharam em conjunto para a apresentação do Sumário de Touros 2018 PMGZ/ Geneplus. Nesta edição, o índice final aparece com maior ponderação para a característica stayability (longevidade reprodutiva). “Essa mudança não foi feita de uma hora para outra. Há dois anos, a ABCZ contratou o maior especialista do mundo em índice econômico, o americano doutor Michael AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
61
RAÇA MacNeil. Ele veio para o Brasil, frequentou reuniões conosco aqui na ABCZ, e, utilizando dados dos rebanhos da ABCZ, elaborou um índice econômico. Nesta fórmula, a característica que mais se destacou foi a stayability. Desta forma, a gente readaptou o nosso índice. É uma característica do futuro que tem impacto diretamente no bolso do criador”, justifica o pesquisador e membro do conselho do PMGZ Corte, Fabyano Fonseca, da Universidade Federal de Viçosa. O pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Luiz Otávio Campos Silva, justifica que, mesmo com as mudanças, o novo iABCZ apresenta uma alta correlação com o índice anterior e o índice da Embrapa. Vale destacar que o novo índice da ABCZ possui peso de 35% para a característica stayability e, ao mesmo tempo, continua valorizando características que também impactam de forma significativa para um bom resultado genético e, por consequência, financeiro, como peso (à fase materna, à desmama, ao ano, ao sobreano, e pós-desmama), área de olho de lombo, acabamento de carcaça , idade ao primeiro parto e perímetro escrotal. “Todos os índices econômicos preveem a inclusão da stayability, porque características reprodutivas são muito importantes para colocar dinheiro no bolso”, completa Luiz Otávio. Vale destacar que o Sumário de Touros 2018 PMGZ/Geneplus 2018 também inovou com a apresentação de dados genômicos da raça nelore, o que representou uma grande revolução com uma avaliação mais precisa dos animais. Dos 110 touros do PNAT que congelaram e tiveram suas doses distribuídas para rebanhos colaboradores participantes do PMGZ até agora, 83,6% possuem iABCZ até 10% e 90% deles possuem iABCZ até 20%. “O PNAT é hoje um dos mais importantes filtros na busca de jovens reprodutores para o mercado. É o equilíbrio de genética, fenótipo e avaliação”, afirma Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, presidente da ABCZ. Mas, o que um touro precisa ter para ser classificado no PNAT e possuir bons índices? “Um bom touro tem que, primeiramente, ser de pura origem (PO). Depois disso, é essencial que ele tenha passado por bons filtros avaliativos, para que a certeza das qualidades dele seja maior. Dito isso, é importante que um touro tenha as características superiores de interesse econômico, como boa performance a campo, conformação, funcionalidade, fertilidade, padrão de carcaça e, claro, caracterização racial, que também é importante”, conta Luís Otávio Pereira Lima, o diretor operacional do rebanho das fazendas Agromaripá, do selecionador de nelore e gir leiteiro Marcelo Baptista de Oliveira. O criatório classificou no PNAT 2018 o Bodrum II FIV de Maripá, TOP 5%. O nelorista José Antônio Furtado, da Fazenda Planalto de Santa Marta, em Campina do Monte Alegre (SP),
62
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
também acredita que um dos pontos mais importantes é a funcionalidade. “Só através da genética é possível chegar ao touro que vai imprimir funcionalidade na pecuária”, conta o pecuarista frente à marca Nelore RFA, que já classificou quatro animais no PNAT. Na ExpoGenética 2018, ele foi homenageado com o Mérito ABCZ pelos mais de 20 anos trabalhando em prol da raça e do melhoramento da pecuária brasileira. O pecuarista e selecionador Rubens Catenacci também recebeu o Mérito ABCZ, como um reconhecimento pelo trabalho que vem desenvolvendo na pecuária de corte. Rubinho, como é conhecido, produz bezerros de qualidade superior na Fazenda 3R, em Camapuã (MS). “Sem touros com excelência genética é impossível avançar na pecuária de corte. Para um touro ser bom, tem que ter genética”, garante Rubinho. “A escolha do touro é muito importante, e deve ser feita pensando no objetivo da atividade pecuária em questão. Hoje, nosso objetivo é produzir carne de qualidade em quantidade, então buscamos reprodutores com avaliação positiva para carcaça e ganho de peso. Somente através da avaliação genética é possível saber o que colocar na propriedade”, acrescenta o gerente da Fazenda 3R, Rogério Rosalin. Produzir bem com a menor quantidade alimento possível também é desejável. Por isso, esse ano, os touros inscritos no PNAT também passaram por um teste de desempenho e eficiência alimentar. Pela primeira vez, a prova foi obrigatória para todas as raças participantes do programa. O teste foi realizado na Fazu durante 93 dias. O índice final é composto por 40% de conversão alimentar residual; 40% de ganho de peso no período; 15% área de olho de lombo e 5% de acabamento de carcaça. “Tivemos excelentes resultados e, mais uma vez, os animais mostraram o potencial genético de ganho de peso e terminação de carcaça de forma sustentável. Observamos uma padronização dos animais classificados, que possibilitará a escolha final de indivíduos representativos de cada raça”, comemora Lauro Fraga, gerente de melhoramento genético da ABCZ, responsável pelo PNAT. Mesmo quem não teve exemplares classificados nessa edição do PNAT sabe da importância do programa e seus objetivos. “O PNAT é um programa importante e nós acreditamos muito nele. Todo ano, inscrevemos animais. Nos dois últimos anos, 2016 e 2017, tivemos touros classificados, mas, esse ano, infelizmente ficamos de fora. Mas, isso é bom porque a gente aprende e pode ir melhorando cada vez mais. Isso só mostra que o nível dos touros tem aumentado cada mais, e a seleção está cada vez mais apurada”, conta Emanuel Adrian, gerente da Fazenda Vitória, localizada no município de Brasileira, a 183 km de Teresina (PI), referência em seleção de nelore na região.
Lauro Fraga, gerente de melhoramento genético da ABCZ, responsável pelo PNAT
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
63
RAÇA Exame andrológico Ser fértil é essencial. Por isso, os programas de melhoramento genético também utilizam o exame andrológico como critério de seleção das provas zootécnicas. Segundo o gerente da ABCZ, Lauro, o exame andrológico é essencial para identificar animais de grande fertilidade e é um critério de classificação dentro do PNAT. “Todos os reprodutores inscritos neste ano foram submetidos ao exame, e apenas aqueles que apresentaram padrão inquestionável para congelamento e industrialização de sêmen passaram para a fase final do programa”, explica. O exame foi conduzido pelo laboratório ASBIA Bio, sediado no interior do Parque Fernando Costa. As doses de sêmen coletadas passaram por análise computadorizada em equipamentos de última geração, garantindo um diagnóstico mais preciso da motilidade e da concentração do sêmen. Para o presidente da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), Sérgio Saud, “não se faz melhoramento genético da noite para o dia. O Brasil tem excelentes programas de melhoramento, mas é preciso a participação ativa dos criadores na utilização dos touros jovens, para que, um dia, eles se tornem provados. O PNAT é hoje um dos mais importantes filtros na busca de touros jovens das raças zebuínas, ajudando a colocar no mercado sêmen de qualidade genética superior”, diz Saud. O programa já distribuiu mais de 70 mil doses de sêmen nos nove anos de existência, sendo mais de 13 mil em 2017.
64
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
65
RAÇA
BASE MUNDIAL DE DADOS Primeiro sistema internacional para armazenamento de informações genéticas, produtivas e genealógicas de animais de interesse zootécnico proporciona acesso ágil e padronizado a bancos genéticos e informações genômicas de diferentes países
N
DIVULGAÇÃO
um mundo cada vez mais conectado, no qual a informação é uma moeda preciosa, a produção, o armazenamento, manutenção e compartilhamento de dados são essenciais. Acompanhando essa tendência mundial, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA-ARS, sigla em inglês) e o Agri Foods Canadá se uniram em um projeto para criar uma base de dados mundial de genética animal. O Alelo Animal é um projeto fruto de mais de dez anos de estudos promovidos através dessa parceria, e consiste em uma base de dados que, atualmente, reúne informações de mais de 12 mil ani-
66
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Samuel Paiva
mais, incluindo equinos, bovinos, ovinos, peixes, entre outras espécies. Até agora, a base conta com informações de animais do Brasil, Estados Unidos e Canadá, mas está em constante construção e aberta a qualquer país interessado em compartilhar dados sobre pesquisas nessa área. No Brasil, essa base de dados faz parte de uma iniciativa maior da Embrapa, chamada de Sistema Alelo, responsável pela documentação e informatização de dados gerados pelas pesquisas de recursos genéticos, incluindo também plantas e microrganismos. O Portal Alelo permite o acesso aos dados de recursos genéticos, promovendo o intercâmbio e o compartilhamento de conhecimento entre instituições do Brasil e do exterior. Para que essas informações cheguem aos produtores brasileiros nas mais diversas regiões, é necessária uma plataforma segura, organizada e de fácil acesso. Por isso, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia colocou à disposição da sociedade a versão em Português da nova página pública do Sistema de Informações Alelo Animal, disponível no site aleloanimal.cenargen.embrapa.br, permitindo ao usuário verificar e comparar em tempo real as coleções de diferentes países. A tradução permite que tanto as páginas do Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA-ARS), quanto às da Embrapa possam ser acessadas em português e inglês. O acesso e o conteúdo seguem uma lógica e um design que favorecem uma navegação intuitiva. O Alelo Animal é um respeitável “armazém” de dados sobre a diversidade de material biológico guardado, que, na prática, é uma excelente ferramenta e o primeiro sistema internacional voltado para o armazenamento de informações desse tipo. Fazem parte desse grande acervo pelo menos 12 mil animais e seus descritores fenotípicos, genotípicos e moleculares, além de mais de um milhão de amostras de DNA, e sangue criopreservados em freezers ou nitrogênio líquido. Ao acessar a nova página do Alelo Animal, o público vai compreen-
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
67
der um pouco melhor a importância de se conservar material biológico das raças, pois, será fácil de constatar que esses repositórios servem tanto como matéria prima para a pesquisa nesse campo, como para auxiliar na segurança alimentar dos países. Esses bancos atraem especial interesse dos cientistas dedicados ao melhoramento genético, uma das áreas mais relevantes da produção animal – responsável por parte dos saltos de produtividade do Brasil e Estados Unidos na pecuária. “É um banco onde guardamos os dados e a genética em si, obtida através de doação. Um produtor pode enviar para nós a amostragem de um determinado animal e nós guardaremos, com intuito de preservação das raças. No início, trabalhamos mais com as em extinção, mas, agora, estamos intensificando o trabalho com as raças comerciais, o que pode dar uma nova perspectiva para pecuária de um futuro breve”, explica o pesquisador brasileiro Samuel Paiva, da Embrapa. Origem
A Embrapa investe em pesquisas de conservação de raças de animais domésticos de interesse zootécnico desde a década de 1980. O objetivo é garantir a preservação de raças seculares no Brasil, muitas desde a época da colonização, ameaçadas de extinção pela introdução de outras mais produtivas. O desaparecimento desses animais significaria a perda de um verdadeiro tesouro genético, visto que possuem características de rusticidade e adaptabilidade adquiridas ao longo dos séculos, que têm enorme potencial para utilização em programas de melhoramento genético, especialmente a partir do cruzamento com raças mais produtivas. Esse trabalho é desenvolvido em parceria com instituições de pesquisa e ensino brasileiras e, principalmente, com associações de criadores. Essa colaboração é imprescindível ao objetivo principal da Embrapa, que é a reinserção dessas raças no mercado. “A valorização e uso sustentável desses animais pelo setor produtivo são os fatores que podem efetivamente garantir a sua sobrevivência”, enfatiza um dos pesquisadores brasileiros responsáveis pelo projeto, Arthur Mariante. Hoje, esses animais (que incluem bovinos, caprinos, ovinos, suínos, asininos, equinos e bubalinos)
68
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
são conservados em mais de 20 núcleos de conservação em todas as regiões brasileiras. O avanço das pesquisas nas áreas de biotecnologia e genômica ofereceram aos pesquisadores da Embrapa a possibilidade de modernizar as ferramentas de conservação e, atualmente, o material genético é conservado também na forma de sêmen e embriões congelados em criobancos (a 196°C abaixo de zero) e em bancos de DNA e tecidos. Premiação internacional
Em 2016, o projeto já foi premiado pelo seu pioneirismo. O Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos deu ao projeto o título de melhor concorrente na categoria Transferência de Tecnologia. A honraria se deve a disponibilização da expertise alcançada pela Embrapa ao longo de quatro décadas de estudos para a sociedade brasileira e internacional. Harvey Blackburn, diretor do Centro Nacional de Preservação de Recursos Genéticos (NCGRP) do ARS/USDA em Fort Collins, no estado norte-americano do Colorado, ressalta que a parceria com a Embrapa, estabelecida durante a permanência do pesquisador Arthur Mariante no Programa Embrapa Labex Estados Unidos, em Fort Collins, foi fundamental para a geração da ferramenta informatizada. “Com mais de 90 mil doses de sêmen, cerca de 450 embriões e aproximadamente 12 mil amostras de DNA, a preservação de recursos genéticos da Embrapa é muito significativa, o que gera um rico intercâmbio. O Brasil guarda inúmeras espécies que os Estados Unidos não têm e vice-versa”, declarou. Para ele, é possível que o mundo compartilhe no futuro um sistema global de organização de recursos genéticos. “Estamos começando a fazer a ligação dos recursos genéticos do mundo ocidental”. Para o pesquisador brasileiro Samuel, o Alelo Animal estabelece um padrão para acesso e armazenamento de dados de recursos genéticos e, por isso, é um potencial candidato a modelo para uma base compartilhada mundialmente. “Grande parte das pesquisas básicas e aplicadas relacionadas ao agronegócio dependem da existência de diversidade genética entre e dentro das espécies. Por isso, a importância de acesso a grandes acervos é fundamental à ciência”, finaliza.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
69
RAÇA
Senepol
terá programa de certificação de carne No ano em que completa 18 anos de Brasil, a raça passa a contar com o Programa de Certificação da Carne Senepol, que acaba de ser lançado pela Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol
C
DIVULGAÇÃO
om a raça sendo cada vez mais usada em cruzamento industrial no país, esta é uma estratégia da entidade para tornar a carne de senepol ainda mais competitiva, além de garantir segurança alimentar ao processo produtivo e as qualidades sensoriais do produto, como maciez, sabor e padronização, que são bastante demandadas pelos consu-
midores. Intitulada SQA (Senepol Quality Assurance), a certificação foi desenvolvida com base em rigorosos protocolos de produção e padronização, elaborados pelo engenheiro-agrônomo Roberto Barcellos e pelo consultor Jorge Dias. Entre as regras do protocolo a serem seguidas estão: classificação fenotípica (grau de sangue da raça, pelagem, tipo de animal, maturidade, tipificação de carcaça), programa nutricional e programa sanitário. Todo o processo de produção da carne será avaliado por técnicos do PMGS e, caso aprovado, o produto receberá o selo SQA. Segundo Barcellos, o projeto é integrado com os demais elos da cadeia produtiva, tendo o consumidor final como o foco. “É um trabalho que tem de começar de trás para frente, identificar quem está produzindo, coordenar os produtores para trabalharem em conjunto e criar a demanda na ponta final da cadeia”, diz o consultor.
O programa está em fase de implantação e, em breve, os produtores interessados em receber o selo SQA poderão se registrar na Plataforma da CNA, sem custo, e conhecer as regras e o padrão racial requerido. A proposta é que as carcaças entregues dentro dos critérios de qualidade do SQA recebam uma bonificação acordada previamente entre o frigorífico e o produtor, e com o apoio da ABCB Senepol. Quando chegarem às prateleiras dos supermercados as carnes com o selo do SQA, isso significará para o consumidor que ele está adquirindo um produto de origem controlada, desde a criação até o abate, ou seja, do pasto ao prato. De acordo com o presidente da ABCB Senepol, Pedro Crosara, o programa SQA é uma forma de valorizar a genética dos rebanhos participantes do Programa de Melhoramento Genético da Raça Senepol (PMGS). “Em alinhamento total com o aumento da demanda do mercado para carne de alta qualidade, estamos lançando o SQA, que será concedido às carnes provenientes de animais oriundos de cruzamento industrial com a raça, certificando seus processos produtivos e garantindo padronização e qualidade superior. Isso trará benefícios ao produtor, à indústria frigorífica e, principalmente, ao consumidor. Queremos fomentar o consumo da carne senepol para um público que prioriza o consumo de um produto diferenciado”, esclarece.
Como participar Podem participar do SQA produtores rurais de qualquer região do Brasil que atuam na pecuária de corte, cujo rebanho comercial tenha, no mínimo, 50% de sangue senepol. O primeiro passo é se cadastrar na Plataforma de Qualidade – Carne Bonificada da CNA pelo site rastreabilidade.cnabrasil.org.br. Depois do cadastro aprovado, basta indicar os animais a serem abatidos e em qual frigorífico (dentre os que estão cadastrados na Plataforma) ocorrerá o abate. Um técnico da ABCB Senepol irá inspecionar as carcaças dos animais abatidos. O produtor receberá do frigorífico uma bonificação por todas as carcaças entregues dentro dos requisitos do SQA.
70
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
71
RAÇA
Manejo reprodutivo focando o melhoramento Técnicas reprodutivas exigem bons índices de fertilidade e fazem diferença no ciclo pecuário e na evolução genética de um rebanho
E
CARLOS LOPES
m sua 30ª edição, a capacitação em melhoramento de gado de corte da Embrapa e Programa Geneplus foi promovida este ano entre os dias 17 e 20 de julho, em Campo Grande (MS). O ponto alto do evento foi a participação da pesquisadora da Embrapa Pantanal Juliana Corrêa Borges Silva, que ministrou palestra com o tema “biotécnicas e manejo reprodutivo para maximizar o melhoramento genético animal”. Durante sua palestra, Juliana explicou que não há biotécnica reprodutiva que funcione se os índices reprodutivos estiverem baixos. “Primeiramente, o produtor deve ter um manejo bem realizado para então aplicar as biotécnicas: seja a IATF, a FIV, ou qualquer outra. A base do melhoramento é uma reprodução bem feita”, explicou. A pesquisadora ainda afirmou que o manejo reprodutivo se trata de dar condições da vaca parir uma boa cria por ano. “Premissas importantes como nutrição e sanidade devem estar inclusas, pois não conseguimos reproduzir se não há condições mínimas. Assim, a prática da estação de monta visa concentrar o período de reprodução nos meses mais favoráveis do ano e, por consequência, otimizar os esforços em busca da maior eficiência reprodutiva e produtiva na propriedade. Quanto mais concentrada, isto é, quanto mais curta for a estação de monta, mais centralizada será a estação de parição ou nascimentos, e menores serão as diferenças entre as idades
72
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
dos primeiros e últimos animais nascidos naquela safra”. Dessa maneira, os animais serão mais contemporâneos, facilitando a programação e planejamento das atividades de nascimentos, desmana, seleção e vendas. “A época do ano de estabelecimento da estação de monta coincide com as melhores condições nutricionais das pastagens, que propiciarão melhores condições corporais e de atividade ovariana (ciclicidade) das matrizes, o que é fundamental para que a eficiência reprodutiva seja maximizada”, acrescenta. Juliana alertou, ainda, que se uma propriedade não faz estação de monta, é necessário começar aos poucos. “Um exemplo é começar deixando as vacas e touros juntos por seis meses e ir cortando os meses das pontas, até que a estação esteja com três ou quatro meses de duração. No Brasil, de maneira geral por causa da distribuição das chuvas, a estação se dá de outubro a fevereiro”, completou. Ela ainda acrescentou que é muito importante a coleta e registro de informações sobre a estação, regra básica em um manejo reprodutivo que visa melhoramento genético. O evento, uma realização anual da Embrapa Gado de Corte e do Programa Embrapa de Melhoramento de Gado de Corte (Geneplus), tem como foco principal a genética e visa proporcionar aos participantes uma oportunidade de atualização técnica, fomentando a discussão de temas que possam contribuir para a melhoria da produtividade, qualidade de produto e para a redução de custos.
#pecBR
BRAHMAN ESPECIAL
A raça mundial BRAHMAN SE CONSOLIDA NO MUNDO EXPOBRAHMAN NOVIDADES
PNAT
MELHOR VALORIZAÇÃO AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
73
BRAHMAN
BRAHMAN no cruzamento
Raça imprime fertilidade, ganho de peso, rusticidade e conformação em cruzamentos direcionados para o frigorífico, seja com taurinos ou zebuínos ABB, CLÁUDIA MONTEIRO, DIVULGAÇÃO E JMMATOS
74
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
N
a constante busca por uma pecuária mais produtiva, eficiente e de qualidade, os produtores rurais de corte estão sempre de olho nas melhores raças para o cruzamento industrial, aquele planejado para o frigorífico. O cruzamento de raças costuma ser mais viável economicamente do que produzir através de raças puras, e essa matemática o pecuarista já entendeu. Isso porque, ao cruzar duas raças, é possível obter as vantagens de cada uma delas, além de aumentar a heterose do rebanho e diminuir o custo da produção. Nessa conta, o uso da raça brahman é garantia de ganho em produtividade, rusticidade e qualidade de carne. Prova disso é que a Austrália, segundo maior exportador de carne no mundo, tem sangue da raça em 70% do seu rebanho. No país que deu origem à raça, os Estados Unidos, existem vários cruzamentos originados dela, como o simbrah (com o simental), brangus (com angus), o braford (com hereford), santa gertrudis (com shorthorn), bravon (com devon), brahmousin (com o limousin) e o charbray (com charolês), o que comprova as qualidades produtivas do brahman. Por lá, a cruza mais comum é entre o zebuíno e o europeu taurino, que gera animais precoces, dóceis, férteis, rústicos, estruturados e com qualidade de carcaça. Mais do que isso, o brahman cruzado com taurinos evidencia, principalmente, ganho de peso e qualidade de carne. Dados da Associação Brasileira dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB) afirmam que no cruzamento meio-sangue com a raça europeia angus, por exemplo, os machos são desmamados com média de 268 quilos (kg), e as fêmeas, com 251 kg. Nos campos brasileiros, é comum ver rebanhos tratados exclusivamente a pasto indo para o frigorífico aos 30 meses, com 530 kg e excelente cobertura de carcaça. As fêmeas F1 brahman x angus iniciam seu ciclo reprodutivo até os 20 meses, geralmente com 400 kg. O primeiro parto acontece, em média, aos 30 meses, e a habilidade materna é evidente. Docilidade somada à rusticidade também fazem da vaca cruzada uma boa receptora. Em Goiás, no município de Aparecida do Rio Doce, o clima é muito seco e quente, mas, ainda assim, o pecuarista Felipe Lemos, do Brahman Nova Pousada, é um dos vários criadores no mundo que
Pecuarista Felipe Lemos, do Brahman Nova Pousada
comprovam diariamente as qualidades produtivas da raça. A propriedade utiliza o brahman PO para melhoramento e comercialização de genética, sendo que o forte é a venda de reprodutores e sêmen. Também produzem gado de corte em um programa de recria e engorda, a campo e em confinamento, no qual utilizam o brahman cruzado com angus e nelore. “A raça agrega ao cruzamento conformação frigorífica, docilidade e rusticidade, além de promover a heterose, o que gera precocidade no abate e acelera o ganho de peso”, conta Felipe. Com um rebanho de duas mil vacas brahman PO e mais de três mil matrizes com, pelo menos, 50% de genética brahman, o pecuarista tem desmamado os bezerros cruzados
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
75
BRAHMAN
com média de 200 kg (fêmeas) a 230 kg (machos). E não é apenas em Goiás que o brahman vai bem. O tradicional Grupo OB desenvolve atividade pecuária e melhoramento genético das raças brahman e nelore desde a década de 1990, no município de Pontes e Lacerda, a sudoeste do estado de Mato Grosso, no Vale do Rio Guaporé. Comandado pelo reconhecido pecuarista e empresário Ovídio Brito, o Grupo OB produz, em média, 200 tourinhos de genética superior para pecuária de corte brasileira. Com clientes no país inteiro, os resultados da eficiência produtiva do brahman são comprovados em diferentes realidades. Ao lado da propriedade de Ovídio, sua irmã, Cida Brito, faz ciclo completo com os touros OB e tem abatido mais de mil cruzados por ano, com excelentes resultados. “O touro brahman cruzado com a vaca nelore gera um choque de heterose fantástico. É um cruzamento muito simples, e de sucesso garantido, que agrega rusticidade, habilidade materna e muito peso. Nossos clientes tem desmamado cruzados aos oito meses com média de 210 kg (machos)/ 200 kg 76
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
(fêmeas), a pasto. Conseguimos imprimir no cruzamento praticamente a mesma média do PO”, conta José Arnaldo, responsável pelo rebanho brahman do Grupo OB. Na região, até produtores de leite estão comprando touros brahman. “Através da inserção da raça em rebanhos leiteiros, os pecuaristas estão conseguindo produzir bezerros melhores, que se tornam fonte de renda extra para propriedade”, afirma. Ele ainda acrescenta que a fertilidade é outro ponto forte da raça. “Comprovamos dentro do nosso plantel que o brahman é tão fértil quanto o nelore”, garante. Genética para produtividade Porém, para que esses resultados excepcionais sejam possíveis nos cruzamentos, genética de qualidade é essencial. É um dos fatores mais decisivos no peso final da balança. Isso porque, mesmo com manejo e nutrição excelentes, não é possível engordar com qualidade um animal que não tenha, ao menos, o mínimo potencial genético necessário para tal. Por isso, inúmeros criatórios no mundo todo investem na
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
77
BRAHMAN seleção de brahman, visando a melhoria do produto final. Um dos criatórios brasileiros que desenvolve esse trabalho de melhoramento genético é o Brahman Braúnas, em Funilândia (MG). Até 2008, o foco da fazenda era a atividade leiteira, mas, naquele ano, passou por uma modernização em sua estrutura para receber um novo projeto de melhoramento genético. Hoje, o criatório é um dos mais respeitados e conhecidos no meio brahmista, já tendo sido por duas vezes consagrado Melhor Criador e Melhor Expositor da ExpoBrahman, mais importante evento do calendário da raça. Mas, não é só nas pistas que a marca comprova sua excelência genética. No campo também dá resultados. O Brahman Braúnas é referência em sistema de manejo e aumento de produtividade para produtores de animais de corte, e por isso, vende genética para todo país e exterior, sendo que a maioria dos clientes está em busca de aumentar a produtividade e encurtar o tempo de abate. “Um bom resultado no cruzamento só é possível com genética de qualidade. Uma coisa não anda bem sem a outra. A partir do momento que você faz avaliação genética, através dos números, já está melhorando a produtividade da pecuária de corte como um todo. A avaliação genética é fundamental para que seja possível perpetuar essa qualidade nos nossos campos”, garante Adalberto Cardoso, responsável pela seleção.
Rebanho PO da Fazenda Braúnas, detentor de genética utilizada no país inteiro e exterior para produção de cruzados
78
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
79
BRAHMAN
Brahman
mundial
Zebuíno com maior presença na pecuária mundial, raça demonstra que pode produzir carne em quantidade e com qualidade em qualquer lugar
C
FOTOS CARLOS LOPES, DIVULGAÇÃO E VICTOR ANTUNES
riado em todas as regiões do planeta, em especial Estados Unidos, Austrália, Colômbia, Paraguai, e praticamente toda América Latina, o brahman está em mais de 77 países ao redor do mundo. Nos cinco continentes, são mais de 60 entidades representativas de criadores. Diferentes nações em diversos climas e condições, mas, em todas, a raça se firma como uma máquina de produzir carne. Especialmente no Brasil, o brahman se adaptou muito bem devido a sua eficiência para produção de carne nos trópicos. Hoje, são mais de 200 mil animais registrados junto à ABCZ. Os números do Programa de Melhoramento Genético das Raças Zebuínas (PMGZ) provam essa eficiência, mostrando que, em comparação com outras, o brahman pode ganhar até 18% a mais de peso por dia, a pasto. Prova da pujança da raça no país foi o touro brasileiro que ganhou o título de melhor do mundo. CABR Mus-
80
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
sambe 2264, propriedade da seleção do criador Paulo de Castro Marques com os sócios Wilson Roberto Rodrigues, Charles Maia e Paulo Scatolin, foi eleito o melhor reprodutor no FWSSR Brahman Show, em Fort Worth, Texas (EUA), em janeiro deste ano. Uma vitória que comprova a eficiência do melhoramento genético realizado pelos brasileiros. Mas, não é só no Brasil que a raça faz sucesso. “Temos um resultado muito bom nas relações exteriores justamente porque ela se adapta a qualquer clima ou adversidade, sendo o zebu mais difundido no mundo. Com a Bolívia, por exemplo, temos uma parceria de quase dez anos e vemos uma expansão contínua”, conta Paulo, que também preside a Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB). A raça já tem espaço garantido na pecuária mundial pelas suas características produtivas, e o Brasil aproveita esse mercado em expansão, que cada dia necessita de mais genética para produzir mais e alimentar o mundo. Recentemente, no final de 2017, um sheik dos Emira-
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
81
BRAHMAN
dos Árabes procurou criadores brasileiros para importar genética da raça que pela sua adaptabilidade, precocidade, docilidade e capacidade de produzir carne em quantidade e qualidade. Com objetivo de tornar seu país autossuficiente na produção de leite e carne, o investidor selecionou 185 animais de 18 raças, provenientes de criatórios de destaque no Brasil. Os exemplares brahman vieram do município de Brasilândia (MS), onde Alexandre Ferreira Coccapieller comanda a seleção do Brahman Vitória. “A raça é amplamente utilizada no mundo, pura e em programas de cruzamento. Essa exportação representa a abertura de um novo mercado para os criadores brasileiros. É o reconhecimento do nosso trabalho e nos motiva a seguir evoluindo”, comenta o pecuarista. O Brahman Braúnas, que tem sede em Funilândia (MG), também já exportou, e pretende intensificar esse trabalho em 2018. “A consolidação da raça na pecuária mundial faz com que ela seja um investimento seguro para qualquer país com foco na produção de carne, o que gera muito interesse, especialmente na genética brasileira”, conta o responsável pela seleção mineira, Adalberto Cardoso. A genética da Agropecuária W2R, de Pardinho (SP), também já cruzou fronteiras e chegou a quase 50 propriedades pecuárias em toda América Central e do Sul. Exportando desde 2013, o criador Wilson Roberto Rodrigues acredita que a grande vantagem que atrai estrangeiros para a raça é a ótima habilidade materna e adaptabilidade aos diferentes tipos de pecuária.
82
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Wilson Roberto Rodrigues, da Agropecuária W2R, exporta genética brahman desde 2013
Paulo Scatolin, pecuarista e presidente da ACBB
O touro brasileiro CABR Mussambe 2264 foi eleito o melhor reprodutor do mundo no FWSSR Brahman Show, em Fort Worth, Texas (EUA)
GENÉTICA DE RESULTADOS!
CABR IOTIN 1769
JDH MR MOSLEY MANSO X CABR DHIFALLA 889
MGTe
TOP
10,06 2%
CABR OMEGA 2436 (FILHA) GRANDE CAMPEÃ EXPOZEBU 2018
CABR PARTY 2527 (FILHA)
RESERVADA GRANDE CAMPEÃ EXPOZEBU 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
83
BRAHMAN
“O pecuarista brasileiro é um dos mais eficientes do mundo. Desde quando o brahman chegou ao país, em 1994, evoluiu muito e hoje é uma raça com a cara do nosso país, que desperta interesse porque produz muito bem. Principalmente nos quesitos de conformação do umbigo e habilidade materna, muito valorizados lá fora, o brahman se sobressai”, conta o criador. Ele ainda destaca que, em 2018, as expectativas são prósperas para o mercado mundial. “A raça vem em uma crescente, e esse ano esperamos muitos estrangeiros para ExpoBrahman, que promete ser bastante movimentada. A tendência é que o brahman ganhe cada vez mais espaço”, garante. “Nesse cenário de expansão, o papel da ACBB é fazer com que a raça seja cada vez mais conhecida no mundo e reconhecida como uma grande oportunidade econômica na pecuária. Para isso, a associação se compromete a continuar agindo em prol da divulgação do brahman, estreitando relação com outros países”, finaliza Maria De Lamare, gerente executiva da entidade.
84
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
85
86
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
87
BRAHMAN
EXPOBRAHMAN 2018
terá julgamentos e encontro internacional
De 24 a 30 de setembro, a Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB) promove a 14ª edição da ExpoBrahman, mostra que reunirá criadores, profissionais e estudantes do mundo inteiro no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG) MARIA GABRYELLA RIBEIRO
88
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
T
udo pronto para a edição de 2018 do mais esperado evento da raça brahman, que promete ser um sucesso. Na 14ª ExpoBrahman haverá o tradicional julgamento na pista e o a campo, que avalia exemplares sem cabresto. As inscrições para os julgamentos estão abertas até o dia 20 de setembro e devem ser feitas pelo site brahman.com.br, onde está disponível a ficha de inscrição, que deverá ser envidada para o e-mail da associação (brahman@brahman.com.br). “Esperamos animais de alto nível genético nos julgamentos. A cada ano ficam mais evidentes os fortes investimentos que os criadores direcionam para o melhoramento da raça, o que reflete diretamente na qualidade do brahman, seja na pista ou a campo”, afirma a gerente executiva da ACBB Maria De Lamare. Além das disputas, a ACBB também promoverá rica programação para todos os públicos interessados na raça. O ponto alto do evento será o Brahman Jovem Internacional, encontro que reunirá jovens pecuaristas e estudantes de vários países para debater as vantagens da raça em qualquer realidade. Representantes do Paraguai, Bolívia, Colômbia, Panamá e México já confirmaram presença. Promovido em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), por meio da comissão ABCZ Jovem, o encontro será realizado nos dias 27 e 28 de setembro, no período da manhã e da tarde, debatendo temas ligados à inovação, como empreendedorismo e desenvolvimento de startups. Haverá, ainda, painéis e atividades práticas ligadas ao melhoramento genético, bem-estar animal e meio ambiente, além de um debate sobre o papel da mulher no agronegócio. Entre os nomes confirmados para o Brahman Jovem Internacional estão: Sérgio Lucio Villalón (criador de brahman e técnico da AMCC/ México), Carlos Henrique Cavallari (zootecnista, mestre em Sanidade e Produção de Bovinos nos Trópicos, diretor acadêmico da Fazu e presidente da Fundagri), Luiz Antônio Josahkian (zootecnista e superintendente técnico da ABCZ), Sarah Laguna Conceição Meirelles (doutora em Zootecnia, mestre em Genética e Melhoramento Genético Animal e Professora da UFLA), Renata Camargos Paranhos (zootecnista e criadora de brahman), Luciana Queiroz (zootecnista e jurada da ABCZ),
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
89
BRAHMAN Maria Cecília Garcia (médica veterinária proprietária do Nelore Kalunga), Leonardo Oliveira Fernandes (doutor em Zootecnia, pesquisador da EPAMIG e professor da FAZU), José Machado (FairTek Sistemas Inteligentes), Leandro Melo (Oficina5 Soluções Inteligentes) e Carla Batista (analista do Sebrae). A programação contará também com curso para os tratadores e encontros técnicos de novos parceiros da entidade. Destaque para o Shopping Brahman que, após o sucesso na ExpoZebu 2018, será promovido novamente durante toda a semana da ExpoBrahman, ofertando a melhor genética disponível na raça dos melhores criatórios participantes. “Está tudo sendo planejado com muito empenho da diretoria e equipe para que a ExpoBrahman continue sendo o maior evento entre os criadores de brahman do Brasil. Queremos um evento com o que há de melhor na raça, além de promover grande encontro entre criadores e associados”, afirma Paulo Sérgio Scatolin, presidente da ACBB. A ExpoBrahman será promovida paralelamente à Exposição do Guzerá Centro-sul, Expoinel e Expogil, mostras das raças guzerá, nelore e gir leiteiro, em parceria com as respectivas associações representativas. Mais informações podem ser obtidas no site da ACBB ou pelo telefone (34) 3336-1228.
90
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
91
BRAHMAN
BRAHMAN MARCA PRESENÇA NO PNAT E NA EXPOGENÉTICA Raça bateu a melhor média no Leilão PNAT e lançou a 14ª ExpoBrahman
M
ais uma vez, a raça brahman enriqueceu a ExpoGenética, feira técnica especializada em melhoramento, promovida pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), em Uberaba (MG), de 19 a 26 de agosto. Durante o evento, criadores, profissionais e estudantes do mundo inteiro tiveram a oportunidade de conhecer, de perto, a funcionalidade do zebuíno de corte. A Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB) participou do evento, que recebeu visitantes de doze países. Em um dos momentos mais esperados da ExpoGenética, especialistas e criadores avaliaram e classificaram os animais do Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens (PNAT), em 2018 completando sua nona edição. Organizado pela ABCZ, o programa avalia touros de todas as raças zebuínas registrados com idades entre 18 e 30 meses, com exame andrológico positivo para avaliação de suas progênies através do Programa de Melhoramento Genético Zebuíno (PMGZ). Esse ano, três touros brahman participaram, sendo que dois foram classificados e premiados. Os touros VPJ Mr. Piper e VPJ Mr. French, propriedades da VPJ Pecuária, foram classificados como superiores em 1º e 2º lugares.
92
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Após a divulgação dos classificados, a ABCZ promoveu o primeiro Leilão PNAT, que ofertou alguns dos melhores exemplares participantes desta edição do programa. Os touros da raça brahman obtiveram a melhor média do remate, R$14,7 mil. A título de comparação, o nelore teve média de R$11,5 mil, enquanto o tabapuã e o nelore mocho obtiveram média de R$11,4 mil.
Lançamento Durante a ExpoGenética, a ACBB ainda lançou o próximo e mais importante evento do calendário da raça, a 14ª ExpoBrahman. No dia 23, a Casa do Brahman ficou lotada quando a diretoria da entidade recebeu criadores, técnicos e a imprensa para um almoço, que também contou com a presença da diretoria e do presidente da ABCZ, Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges. Na oportunidade, o presidente da associação do brahman, Paulo Scatolin convidou todos a participarem da mostra, que reunirá os maiores criatórios e a melhor genética da raça no Parque Fernando Costa, de 24 a 30 de setembro. O almoço de lançamento da ExpoBrahman 2018 teve o apoio da Geneal Genética e Biotecnologia Animal, a mais nova parceira da ACBB. Através da parceria, associados agora têm descontos especiais nos serviços oferecidos pela empresa, que incluem teste de DNA e clonagem.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
93
94
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
#pecBR
CARNE
PRODUÇÃO . MERCADO . ARROBA
Terminação QUAL O SEGREDO PARA ENGORDAR E LUCRAR NA PRODUÇÃO DE CORTE?
MIOSTATINA MUSCULATURA DUPLA AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
95
CARNE
TERMINAÇÃO EFICIENTE O ANO TODO
DIVULGAÇÃO E NEPI/UFMT
Tecnologia e manejo garantem resultados positivos na terminação de bovinos faça chuva ou faça sol
96
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
A
terminação é o período que antecede o abate. É uma das fases mais importantes na cadeia produtiva, já que é a etapa que determina mais fortemente a qualidade e o peso da carcaça, embora a genética e o manejo do animal durante toda sua vida também sejam determinantes. Neste período final, o animal deve atingir um peso ideal, depositando um percentual mínimo de gordura para uma boa comercialização com o frigorífico. “A terminação é a fase final da produção da carne, e representa a síntese de todos os esforços desenvolvidos nas etapas anteriores do processo produtivo, a cria e a recria. É nesta fase que finalizamos a deposição de carne na carcaça e passamos a ‘colocar’ a gordura na carcaça dos animais seja ela de cobertura ou de marmoreio. Nesta fase, procuramos fazer com que os animais atinjam peso e acabamento de carcaça de acordo com os objetivos pré-esta-
belecidos no planejamento e com as demandas do mercado”, conta o professor Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes, coordenador do Núcleo de Estudos em Pecuária Intensiva (Nepi), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). No Núcleo, que fica em Sinop (MT), são desenvolvidas, atualmente, dez pesquisas diferentes na área de nutrição e produção de bovinos de corte. Entre elas, a maioria passa pelo assunto terminação. Com base nesses estudos, o professor acredita que o caminho natural da pecuária de corte é a intensificação. “Prova disso é que vários são os grupos que desenvolvem pesquisas na busca de soluções para esta pecuária de ciclo curto. Para nós do Nepi, a intensificação da pecuária de corte com redução do ciclo de produção é meta primordial na busca da eficiência e lucratividade. Assim, visando aumentar a competitividade de sistemas pecuários e a manutenção de margens de lucratividade como no passado, a intensificação dos sistemas produtivos torna-se uma necessidade presente”, explica. “Apesar do crescimento do uso do confinamento como estratégia de terminação de bovinos de corte, o Brasil tem em sua maioria animais para o abate criados no sistema pasto-suplemento, ou seja, são terminados a pasto no período das águas e da seca recebendo suplementos protéico-energéticos”, acrescenta Eduardo. Ele afirma que, do ponto de vista zootécnico, existe tecnologia para abater animais com mais de 16@ de carcaça aos 12 ou 13 meses de idade (no sistema de confinamento) ou aos 17-20 meses de idade (no sistema pasto-suplemento). “Em pastejo, temos dados obtidos com animais da raça nelore abatidos com 510,5 kg (17@) de peso corporal aos 19 meses. Com animais ½ sangue angus x nelore, conseguimos abatê-los com 524 kg (17,5@) aos 17,5 meses de idade. Ou seja, tendo potencial genético, os animais respondem à nutrição adequadamente balanceada para altos desempenhos”, conta. Eduardo acredita ainda que a intensificação da produtividade também é considerada a melhor saída para contornar problemas ambientais atualmente relacionados à pecuária de corte, como a seca, o desmatamento para formação de novas pastagens, a degradação do solo resultante do baixo investimento na manutenção de pastagens, a emissão de gases de efeito estufa pelo rebanho bovino, entre outros fatores. “Temos que deixar claro que a intensificação pode ser a pasto ou em confinamento, sendo este último considerado como o que há de mais tecnológico no mercado. Mas, independente do sistema de terminação, devemos buscar o abate de animais jovens, pesados e com bom acabamento de gordura. Esta é a demanda do
Professor Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes, coordenador do Núcleo de Estudos em Pecuária Intensiva da UFMT
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
97
CARNE
mercado”, sinaliza professor Eduardo. As tecnologias para terminação são diversas. Mas, independente da escolhida para o rebanho, é necessário avaliar a viabilidade, e essa avaliação deve contemplar todo ciclo pecuário. “A intensificação do sistema começa antes da fase de terminação. Do ponto de vista nutricional, em ambos sistemas de produção, a intensificação começa durante a fase de cria com busca de maior peso à desmama. Para isto, uma das estratégias seria o fornecimento de suplementos protéico-energéticos para animais ainda lactentes (creep-feeding) quando buscamos uma diferença de no mínimo 1@ a mais na desmama em relação à animais que recebem somente suplemento mineral. No pós-desmama, devemos explorar o potencial de ganho de peso dos animais durante a recria, período no qual o animal apresenta boa conversão alimentar. Desta forma, se faz necessária a continuidade do fornecimento de suplementos protéico-energéticos específicos para esta fase”, explica o professor. Ele ainda cita estudos científicos que indicam ganhos na fase de pós-desmama variando de quatro a sete arrobas, em função da quantidade de suplemento consumido pelos animais. No caso da busca por uma pecuária de ciclo curto (intensiva), estratégias para ganhos de cinco a sete arrobas na recria são necessárias. “Considerando um animal desmamado (sete meses) com 240 kg (8@), caso ganhe 150 kg (5@) ou 210 kg (7@) durante a recria, o mesmo terá entre 390 e 450 kg possibilitando a redução de tempo durante a terminação a pasto ou em confinamento”. O professor conta que costuma aconselhar aos pecuaristas que definam as estratégias de suplementação (planos
98
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
nutricionais) a serem praticadas pensando não somente na resposta direta (ganho de peso), mas também no futuro deste animal na fase de terminação. “Importante no contexto da suplementação protéico-energética é que a intensificação do sistema deve ser feita de maneira crescente. De forma geral, a intensificação da produção de carne, dentre as características economicamente importantes, destacam-se o peso de venda às idades alvos, peso de carcaça e maciez de carne para animais de abate mais precoces”, explica. Já o custo, é fatalmente elevado devido ao aumento da intensificação. “Isto ocorre, principalmente, pela maior demanda de insumos no sistema. Porém vários estudos já demonstraram que ao analisarmos a renda/ unidade de área nota-se que a mesma aumenta de forma linear, ou seja, maiores gastos com investimento resultam em maiores rendas”, pondera Eduardo.
Suplementação na seca Buscando as melhores estratégias para alcançar resultados positivos na terminação, os produtores apostam no uso da suplementação em semiconfinamento. Para isso, é necessário aliar o pasto como ferramenta de engorda com o uso de suplementação. “É aí que mora o desafio, pois o produtor se depara com as dificuldades da seca, quando o pasto não é mais atrativo”, explica o médico veterinário Márcio Bonin, gerente técnico da Connan, uma das maiores indústrias de nutrição animal do Brasil. Em experimento promovido em parceria com a
Marcio Bonin, gerente técnico da Connan
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) de Colina (SP), a Connan testou um protocolo para terminação aplicável em qualquer época do ano. Chamado de “Termina-Fácil”, o produto é um concentrado para formulação de rações para bovinos de corte em semiconfinamento. No experimento, foram acompanhados dois lotes de animais com peso de 480 kg por 90 dias, sendo um alimentado em semiconfinamento tradicional (oferta de suplementação de 0,5% do peso vivo do animal) e o outro com o protocolo a ser testado. “Ao final de 90 dias de experimento, contabilizamos cinco arrobas de diferença entre as carcaças, resultado que oferece ganhos e lucratividade ao produtor”, conta Márcio. O protocolo prevê o uso do produto misturado ao milho ou outro farelo energético na alimentação a pasto. “É uma tecnologia segura que tem como base o pasto. Com ela, o pecuarista pode programar a terminação para qualquer fase do ano e também utilizá-lo em vacas vazias, as quais, após o desmame, ficam na propriedade aguardando o próximo período de águas para serem abatidas”, finaliza o médico veterinário. No interior do Mato Grosso, no município de Juína, o pecuarista Wilander Roger Norberto também testou o protocolo de suplementação. Na Fazenda São Bento, ele faz cria, recria e engorda, num rebanho de 2,5 mil animais. Ele relata que o desafio de melhorar sua produtividade foi cumprido com sucesso. “Estamos obtendo ótimos resultados, inclusive conseguimos atingir o ganho de 1@ em apenas 18 dias. Atualmente, usamos na propriedade em todo o sistema de engorda, inclusive no período de pré-confinamento”, conta.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
99
O NELORE É A NOSSA MOEDA.
SUA VALORIZAÇÃO DEPENDE DE INVESTIMENTO E COMPROMETIMENTO.
LEILÃO MEGA CARPA 2018
LEILÃO TOUROS DE QUALIDADE VERDANA
02 DE SETEMBRO - 10h - CANAL RURAL CARPA SERRANA BARRA DO GARÇAS - MT (16) 3987-9003
27 DE SETEMBRO - 21h - CANAL RURAL VERDANA AGROPECUÁRIA VIRTUAL EXPOINEL 2018 - UBERABA - MG (14) 99175-6923
LEILÃO VIRTUAL NELORE JOP
10 DE SETEMBRO - 21h - CANAL RURAL NELORE JOP VIRTUAL (18) 3301-8835 - (18) 99695-3617
LEILÃO PRENHEZES DE CLONES GENEAL 28 DE SETEMBRO - 12h GENEAL GENÉTICA ANIMAL EXPOINEL 2018 - UBERABA - MG (34) 3334-5100
LEILÃO VIRTUAL DE FÊMEAS VRC & FILHAS
11 DE SETEMBRO - 21h - CANAL RURAL VICENTE RODRIGUES DA CUNHA LUCIANA R. DA CUNHA OLIVEIRA LILIANA R. DA CUNHA ROCHA VIRTUAL (18) 3623-8101 - (18) 3623-8763
LEILÃO RIMA & GIBER - EXPOINEL 2018 28 DE SETEMBRO - 21h - CANAL RURAL RIMA AGROPECUÁRIA E NELORE GIBERTONI EXPOINEL 2018 - UBERABA - MG (31) 99803-2301 - (16) 99707-6075
29º LEILÃO FAZENDA SANT’ANNA
16 DE SETEMBRO - 14h - CANAL TERRAVIVA CARMO, JOVELINO E BENTO MINEIRO RANCHARIA - SP (18) 3265-1329
LEILÃO NELORE LINCE E OUROFINO 30 DE SETEMBRO - 13h - CANAL RURAL NELORE LINCE E OUROFINO GENÉTICA ANIMAL VIRTUAL (16) 98129-9903
VII LEILÃO NELORE HERINGER DE TOUROS PROVADOS
22 DE SETEMBRO - 13h30 - CANAL DO BOI DALTON DIAS HERINGER FAZENDA PARAÍSO - VILA VELHA - ES (27) 2122-2248
2º LEILÃO PECUÁRIA DO FUTURO AGRO SANTA BÁRBARA
25 DE SETEMBRO - 21h - CANAL RURAL AGROPECUÁRIA SANTA BÁRBARA XINGUARA VIRTUAL (63) 3233-4112
4º LEILÃO ACNB & AMIGOS PRENHEZES NELORE
27 DE SETEMBRO - 18h ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE NELORE DO BRASIL EXPOINEL 2018 - UBERABA - MG (11) 3293-8900
13º LEILÃO
& CO N V I D A D O S
17º LEILÃO IBC - NELORE BARROS CORREIA 20 DE OUTUBRO - 13h30 - INTERNET AGRESTELEILOES.COM.BR IRMÃOS BARROS CORREIA FAZENDA RECANTO - CHÃ PRETA - AL (82) 3327-1433
6º LEILÃO VIRTUAL DE TOUROS FAZENDA ARARAS 28 DE OUTUBRO - 14h - CANAL RURAL FAZENDA ARARAS VIRTUAL (31) 3539-9100
Apoio:
Acesse www.nelore.org.br e descubra as vantagens de ter um leilão oficial. (11) 3293.8900 • leilaooficial@nelore.org.br
100
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
4º LEILÃO
ACNB AMIGOS PRENHEZES NELORE
27
SETEMBRO | 18H
QUINTA-FEIRA KIOSK ARMAZÉM DO BOI UBERABA/MG
DURANTE:
APOIO
www.n e l o re. o rg. b r
ASSESSORIAS
|
n el oreofi c i al
|
LEILOEIRA
REALIZAÇÃO
ac nbnel oredobras i l
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
101
Participe da mais importante exposição do Nelore, que encerra o Ranking Nacional da Raça.
DE 01 A 15 ANIMAIS: R$ 350,00 para sócios R$ 400,00 para não sócios A PARTIR DO 16º ANIMAL: R$ 300,00 para sócios R$ 350,00 para não sócios
‣PESAGEM E DATA BASE: 22/09 ‣JULGAMENTO NELORE: 24 a 30/09 ‣JULGAMENTO NELORE MOCHO: 28 a 30/09 LEILÕES:
27/09 18h - Leilão ACNB & Amigos - Prenhezes 27/09 21h - Leilão Touros de Qualidade Verdana 28/09 12h - Leilão Prenhezes de Clones Geneal 28/09 21h - Leilão Rima & Giber - Expoinel 2018 INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES: (11) 3293.8900 / rankingnacional@nelore.org.br
EVENTOS
‣XIV EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DA RAÇA BRAHMAN
102
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
S I M U LT Â N E O S :
‣20ª EXPOSIÇÃO NACIONAL DO GIR LEITEIRO
‣2ª EXPOSIÇÃO GUZERÁ CENTRO SUL UBERABA
do Nelore no Brasil
ANOS
A MAIOR TRANSFORMAÇÃO DA PECUÁRIA M U N D I A L PA S S A P O R E S S A S L I N H A S .
1868
2018
20 a 30 setembro
Parque Fernando Costa
Uberaba-MG
A P O I O
w w w. ne lore . org. br
|
neloreoficial
R E A L I Z A Ç Ã O
|
acn bn elored ob rasil AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
103
CARNE
15% a mais de
rendimento na carcaça Resultado de mais de 13 anos de estudos, linhagem nelore com rendimento de carcaça de mais de 60% promete aumentar a produtividade do rebanho bovino de corte brasileiro DIVULGAÇÃO
104
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
A
umentar a produtividade individual de cada animal dentro do rebanho é um dos pontos essenciais para aumentar a rentabilidade da pecuária brasileira em geral. É, também, um dos maiores desafios. Por isso, criadores e pesquisadores em todo país trabalham diariamente em busca de soluções que possam potencializar a produção de carne, encurtando o ciclo de abate e aumentando o peso na balança. Uma das soluções encontradas foi o nelore de dupla musculatura, que impressiona pelo tamanho e musculosidade. O fenótipo da chamada musculatura dupla é observado em vários bovinos de corte, mas, mais comumente encontrado em raças europeias como belgian blue, limousin, blonde d´aquitaine e piemontês. Porém, apesar da carcaça abundante, essas raças não possuem a rusticidade necessária para produzir em larga escala em qualquer clima do país. Pensando nisso, surgiu a ideia de unir uma coisa com a outra. Batizada de nelore myo, a nova linhagem de bovinos da raça de corte mais presente nos campos brasileiros é resultado de mais de 13 anos de pesquisas voltadas às áreas de biotecnologia de reprodução animal e genômica. Quem começou as pesquisas foi o médico virologista doutor em Genética da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Amílcar Tanuri, que dedicou mais de uma década de trabalho ao projeto. Com o objetivo de elevar em 15% o rendimento da carcaça do rebanho bovino, aumentando a massa muscular do animal, ele
Médico virologista doutor em Genética da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Amílcar Tanuri dedicou mais de uma década de trabalho ao projeto
propôs o melhoramento genético do nelore por meio do cruzamento com a raça belgian blue, conhecida justamente pela robustez, causada pela mutação de apenas um gene: a miostatina, que controla a produção de células musculares na fase embrionária. Esse gene controla a hiperplasia (aumento do número) e hipertrofia (ampliação) das fibras musculares. Ou seja, a musculatura desse animal com a variação na miostatina não é literalmente dupla, mas sim mais desenvolvida. “A miostatina é responsável pelo controle de crescimento muscular nos bovinos. Os animais com a variação nesse gene possuem musculatura mais desenvolvida, o que representa maior rendimento de carcaça e lucratividade para a pecuária de corte”, conta Rodrigo Alonso, médico veterinário doutor em Reprodução Animal, que foi orientando de Amílcar desde o início do projeto, e, hoje, fez dessa linhagem um negócio. Esse ano, ele largou o cargo de gerente geral de uma grande empresa multinacional de genética para se dedicar integralmente ao trabalho do rebanho batizado de Nelore Myo. Ele conta que o que era um projeto acadêmico, agora está virando um negócio. Hoje o rebanho Nelore Myo tem mais de 1,5 mil animais, entre os que estão na propriedade de Rodrigo, em Araçatuba (SP), e nas fazendas dos parceiros, que começaram esse ano a trabalhar com essa linhagem. O médico veterinário explica que na execução do projeto foram utilizadas diversas biotecnologias da reprodução animal, como inseminação artificial e transferência de embriões produzidos in vitro selecionados por testes genéticos e tecnologias genômicas de última geração. A raça belga só foi utilizada na primeira geração, para produção das fêmeas meio sangue nelore x belgian blue. Nos cruzamentos seguintes, foram usados apenas animais da raça nelore. Como utilizamos análises genômicas durante o processo de seleção, já na quinta geração foi possível identificar indivíduos acima de 99,99% AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
105
CARNE de composição genética do nelore, apresentando a mutação para o aumento da massa muscular, apresentando aspecto da musculatura hipertrofiada. Alguns pecuaristas e estudiosos ainda não confiam na aplicabilidade dessa linhagem, porque ela poderia ser mais susceptível a problemas ligados ao desenvolvimento do animal. Mas, Rodrigo afirma que o que se tem visto até então não é o mesmo visto na literatura. “O projeto possui alto grau de inovação tecnológica, tendo o potencial de quebrar alguns paradigmas da pecuária de corte. Um deles, defendido por muitos técnicos e pesquisadores da área é que a mutação do gene é prejudicial para a pecuária de corte, devido aos efeitos negativos associados ao gene. Apesar de contrariar a maior parte da academia, os resultados demonstram que os problemas associados à miostatina somente são evidentes nos animais homozigotos mutados, que carregam as duas cópias do gene alteradas. “Nosso objetivo é produzir apenas animais heterozigotos, que tem apenas uma das cópias alterada, pois já apresentam maior rendimento de carcaça, sem terem problemas de parto, fertilidade e de terminação de carcaça”, explica.
A linhagem de dupla musculatura foi tema de uma dinâmica realizada na 17ª Tecnoshow Comigo, em Rio Verde (GO)
Rendimento
O médico Almícar também é produtor rural no município de Serranópolis (GO), e tem um plantel de 50 animais oriundos da nova variedade, e já obteve resultados expressivos do estudo científico. No primeiro abate, houve um ganho aproximado de três arrobas na carcaça, com aproveitamento da carne passando de 55% para 60%. Além da vantagem financeira, com ganho para os pecuaristas e frigoríficos, a nova variedade pode reduzir o impacto ambiental nas pastagens, já que com menos animais é possível conseguir a mesma quantidade de carne em relação ao nelore puro. O rendimento de carcaça é representado pela proporção de peso da carcaça (carne e ossos) em relação ao peso vivo do animal. Esse é o valor utilizado pelos frigoríficos para a remuneração do pecuarista no abate. Animais da raça nelore apresentam variação de 50% a 55% de rendimento de carcaça, enquanto que as raças com a variante no gene da miostatina atingem mais de 60%. Rodrigo, do Nelore Myo, acredita que é possível obter rendimento extra de até 15%. Ele faz as contas: aumentando em 15% o rendimento de carcaça, é possível bater 61% de rendimento. Com a arroba (@) valendo R$150, um boi de 18 @ (ou 540 quilos) rendendo 61% tem 329,4 quilos, o produtor chega a ganhar três arrobas por cabeça, o que nesse cenário quer dizer R$450. “Vale a pena”, garante.
Rodrigo Alonso, médico veterinário doutor em Reprodução Animal, largou o emprego para se dedicar ao Nelore Myo
Pelota da Myo, touro heterozigoto para o polimorfismo no gene da miostatina
106
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
REALIZAÇÃO:
43 3373.7077
TRANSMISSÃO:
ASSESSORIA
67 3423.7214
AGÊNCIA:
67 99944.1382
67 3204.2325
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
107
CARNE
Nelore Natural expande atuação Duas unidades frigoríficas da Marfrig Global Foods, em Goiás e Mato Grosso do Sul, foram inseridas no programa que também está sendo replicado na Bolívia
E
DIVULGAÇÃO
m parceria com a Marfrig Global Foods, a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) expandiu, ainda mais, o seu programa de premiação dos animais da raça, o Programa de Qualidade Nelore Natural (PQNN). Desenvolvido e gerenciado pela entidade, o programa tem por objetivo oferecer ao mercado produtos com garantia de origem e qualidade controlada, elevando a rentabilidade dos produtores participantes. Duas novas unidades da Marfrig, localizadas em Paranaíba (MS) e Pirenópolis (GO), passaram a fazer parte do programa em julho, totalizando agora sete unidades participantes em quatro estados. As outras unidades já participantes são as de Promissão (SP), Paranatinga (MT) e Tangará da Serra (MT), Bataguassu (MS) e Mineiros (GO). “O Nelore Natural valoriza os pecuaristas que produzem animais de acordo com os padrões pré-estabelecidos, oferecendo remuneração adicional aos produtores que investem na raça”, explica Nabih Amin El Aouar, presidente da ACNB. Machos e fêmeas podem participar do programa. A premiação é estabelecida de acordo com a combinação das características sexo, peso, idade e acabamento de gordura na carcaça, podendo chegar a até R$5 a mais por arroba. “A entrada de duas novas unidades amplia a abrangência
108
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
do Programa Nelore Natural, permitindo que maior número de pecuaristas possa participar e receber os benefícios oferecidos pela parceria da ACNB com a Marfrig. Os criadores que investem na criação de um nelore mais precoce em ganho de peso e acabamento de carcaça merecem ser melhor remunerados”, assegura Nabih. Guilherme Alves, gerente de produto da ACNB, destaca que esta é a segunda boa notícia para o Nelore Natural em 2018. A primeira foi a expansão do programa para a Bolívia, comunicada em maio. “Estamos cumprindo a nossa missão de estimular os pecuaristas a investirem em genética selecionada, produzindo animais de qualidade superior, e mostrando o potencial da raça”, ressalta. Em maio, durante a 84ª ExpoZebu, em Uberaba (MG), a ACNB assinou com o presidente da Associação Boliviana de Criadores de Zebu (Asocebu), Mario Ignacio Anglarill Serrate, um acordo de cooperação técnica para colocar o programa em prática no país vizinho. Mario diz que a pecuária de corte boliviana, puxada pela raça nelore, também passa por um momento de expansão. “É muito importante investir em um programa de carne de qualidade para contribuir com o crescimento da atividade, e o Nelore Natural é o exemplo perfeito, devido à contribuição à raça no Brasil. Temos muita confiança de que fará o mesmo sucesso na Bolívia”.
LEITE
#pecBR
NUTRIÇÃO . PRODUÇÃO . ORDENHA
Genômica PRIMEIRO SUMÁRIO DE FÊMEAS GIR LEITEIRO COM AVALIAÇÃO GENÔMICA É LANÇADO LEGISLAÇÃO A NOVA LEI 13.680 AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
109
LEITE
GIR LEITEIRO
ENTRA DEFINITIVAMENTE NA ERA DA GENÔMICA Seguindo tendência mundial já difundida na pecuária leiteira do Brasil, é lançado o 1º Sumário Brasileiro de Fêmeas com avaliação genômica
O
DIVULGAÇÃO, GUSTAVO MIGUEL E MARCOS LA FALCE
ano de 2018 está sendo histórico para a raça gir leiteiro e seu melhoramento genético. O principal motivo é o pioneiro 1º Sumário Brasileiro de Fêmeas com avaliação genômica, importante ferramenta na seleção da raça. A publicação foi elaborada ao longo do último ano pela Embrapa Gado de Leite e a Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGil) , e lançada durante a ExpoGenética 2018, em Uberaba (MG), marcando um novo momento na trajetória da raça. “Desde 1985, quando foi criado o Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL) pela ABCGil e Embrapa, não se observava tamanha motivação por parte de criadores e técnicos em prol de um objetivo comum, na qual a evolução da raça é a pauta prioritária. O empenho dos criadores em impulsionar a confecção da ferramenta genômica fez com que presenciássemos um movimento
110
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
sem precedentes na pecuária brasileira”, comenta o selecionador da raça e presidente da ABCGil, Joaquim José da Costa Noronha, conhecido como Kinkão. De acordo com ele, mais de 4,5 mil amostras de animais de 67 criatórios de todo país foram coletadas e genotipadas através do financiamento exclusivo dos criadores. No total, foram genotipadas cerca de seis mil vacas. O sumário divulga o TOP 10%, que são as 600 vacas entre as melhores avaliadas. O pesquisador da Embrapa Gado de Leite e coordenador técnico PNMGL, João Claudio Panetto informa que o sumário traz a primeira avaliação genômica de fêmeas jovens, aquelas que ainda não entraram na fase produtiva. “A avaliação genômica fornece informações mais precisas para o gerenciamento reprodutivo do rebanho”, afirma. “Esse sumário é um passo de enorme importância para raça. Sabemos que não é apenas isso, que existem muitas outras coisas importantes para avaliar um animal, mas, a genômica chegou para ficar. São informações muito relevantes conseguidas em tempo menor. Assim, a genômica se soma às outras ferramentas também essenciais que temos para avaliação, trazendo um benefício para raça como um todo. Ficamos muito satisfeitos com as avaliações genômicas do rebanho Gv5”, conta Maressa Resende Vilela Bettencourt, do Grupo Cinco Estrelas, um dos criatórios que participaram do sumário, classificando quatro animais entre as 15 melhores Fêmeas Jovens. Para o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, “o sumário é uma importante fonte de informação para os criadores e produtores interessados na seleção dos melhores animais para os seus rebanhos”. Ele explica que a genômica, já utilizada no Sumário de Touros lançado também em 2018, permite maior confiabilidade das estimativas, especialmente no caso dos animais jovens. “Estamos orgulhosos de apresentar um trabalho que é um claro exemplo de sucesso de parceria público-privada num momento de grande escassez de recursos”, complementa Paulo. Marcos Vinícius Barbosa da Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, também esteve presente para a apresentação dos resultados da primeira avaliação de fêmeas. Ele explica que os resultados podem AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
111
LEITE ser um divisor de águas para a raça. “A ideia de se fazer esse catálogo é obter um direcionamento em relação à seleção de fêmeas, ou seja, identificar quais delas têm potencial para se tornarem mães de touros. Ao verificar os valores genômicos dessas vacas, percebemos que um grande número delas tem esse potencial. Agora, a gente tem a possibilidade de, já no nascimento do indivíduo, saber o potencial produtivo desse animal, seja na produção de leite, seja na geração de machos e fêmeas de grande qualidade”, descreve. É possível concluir que a utilização da genômica nos programas de melhoramento genético pode revolucionar a seleção de uma raça. Os avanços em genética molecular e bioinformática consolidam a ciência genômica e o conhecimento sobre os fatores genéticos responsáveis pelos fenótipos complexos, que permitem a seleção de genótipos superiores de forma mais rápida e precisa. Por isso, as instituições que trabalham em prol da pecuária brasileira têm investido em estudos e divulgação de conhecimentos nesse campo. Em maio desse ano, a ABCGil e Embrapa, com o apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), já tinham lançado o Sumário do 26º Grupo de Touros da Raça Gir Leiteiro, que nesta edição contou pela primeira vez com a avaliação genômica. “A avaliação genômica e a inclusão dos dados de todas as lactações das filhas dos touros, medidas que trazem maior confiabilidade aos resultados deste que é um dos mais bem-sucedidos programas de melhoramento genético de zebuínos leiteiros do mundo”, justifica o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marco Antônio Machado. Na prática
Alguns países já abandonaram os programas de melhoramento genético tradicionais, investindo na seleção genômica. As vantagens da seleção por meio da avalição genômica em relação à tradicional incluem menor custo dos procedimentos, além de maior rapidez e acurácia nos resultados. Prova de que a genômica é uma tendência revolucionária e sem volta é a raça girolando, resultado do cruzamento entre o gir leiteiro e o holandês, que representa a maioria do rebanho leiteiro do país, e já utiliza efetivamente essa ferramenta em sua prova de seleção de reprodutores. Somente animais com avaliação genômica puderam ser inscritos na 7ª Pré-Seleção de Touros Girolando, que está sendo desenvolvida em 2018, pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. Como a avaliação genômica é feita a partir do DNA do animal, o criador precisou enviar uma amostra de pelo
112
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Pesquisador da Embrapa Gado de Leite, João Claudio Panetto
Maressa Vilela Bettencourt, do criatório Gv5, uma das participantes do inédito Sumário de Fêmeas
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
113
LEITE
Chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins
para entidade, e, a partir do resultado genômico, foi possível identificar os animais positivos para produção de leite, característica de grande impacto econômico na pecuária leiteira. De acordo com o coordenador Operacional do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), Marcello Cembranelli, a adoção da genômica levará a uma maior pressão de seleção dos touros. “A genômica abre grandes possibilidades para o melhoramento dos rebanhos, permitindo reduzir, consideravelmente, o tempo e o custo da avaliação do animal em comparação às ferramentas tradicionais”, destaca Marcello. Em maio, a entidade já tinha lançado o primeiro produto brasileiro de avaliação genômica para rebanhos leiteiros. O serviço leva o nome de Clarifide Girolando e é fruto de parceria público-privada que envolveu a Embrapa, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando e as empresas CRV Lagoa e Zoetis. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcos Vinícius, o Clarifide é resultado de seis anos de pesquisas em genômica, genética molecular e bioinformática. “Reunimos o que há de mais avançado nos conhecimentos de genoma e sistemas computacionais para avaliar as informações provenientes de um chip com centenas de milhares de dados relacionados ao DNA bovino”, conta o cientista. A solução já está disponível no mercado. Os interessados devem procurar a Zoetis, caso se interessem em fazer a avaliação genômica de fêmeas. Para a avaliação de machos, a empresa credenciada é a CRV Lagoa. 114
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Marcos Vinícius Barbosa da Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Leite
A avaliação genômica abre grandes possibilidades para o melhoramento dos rebanhos. Ela permite, por exemplo, que o animal seja selecionado antes mesmo de nascer. É possível retirar uma pequena amostra (dez células) de um embrião após sete dias da fecundação in vitro (fertilização realizada no laboratório) e, por meio dessas poucas células, analisar todo o seu genoma. Caso o embrião possua as características desejáveis, ele é transferido para a vaca (barriga de aluguel) que irá proceder a gestação. Do contrário, poderá ser descartado. Além de economizar tempo, esse procedimento otimiza as barrigas de aluguel, pois a vaca passará a gerar somente os melhores embriões previamente selecionados.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
115
LEITE
Nova lei para comercialização de artesanais Sancionada lei que beneficia produção artesanal de origem animal e facilita a venda de produtos com selos estaduais DIVULGAÇÃO
D
epois de muitos anos de reivindicações de produtores de leite e queijo, em julho, foi sancionada, sem vetos, a Lei 13.680, que facilita a comercialização de produtos artesanais de origem animal em todo o Brasil. Ela altera a Lei nº 1.283, de 18 de dezembro de 1950, que dispõe sobre o processo de fiscalização de produtos alimentícios de origem animal produzidos de forma artesanal. Ficou mais fácil vender de um estado para o outro. Agora é permitida a comercialização interestadual de produtos alimentícios produzidos de forma artesanal, com características e métodos tradicionais ou regionais próprios, empregadas boas práticas agropecuárias e de fabricação, desde que submetidos à fiscalização de órgãos de saúde pública dos estados e do Distrito Federal.
116
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Superintendente técnico da CNA Bruno Lucchi acredita que a nova legislação poderá impulsionar a produção de alimentos artesanais
Chef Roberta Sudbrack, que teve produtos artesanais apreendidos pela Vigilância Sanitária, durante o Rock in Rio 2017, comemorou a nova lei
A lei beneficia agricultura familiar em produção artesanal de origem animal, como queijos, mel, salames, linguiças, presuntos, mortadelas e geleias. A legislação anterior previa que os produtos artesanais de origem animal poderiam ser vendidos com o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura. O texto sancionado também prevê a substituição do SIF pelo Selo Arte, de artesanal. O registro com o selo Arte deverá seguir regras higiênico-sanitárias e de qualidade já estabelecidas em lei e será concedido pelos órgãos de saúde pública em cada estado. As exigências de registro serão adequadas às dimensões de cada empreendimento, e os procedimentos deverão ser simplificados. Já a inspeção e fiscalização terão naturezas prioritariamente orientadoras, com critério de dupla visita para a lavratura dos autos de infração. Segundo o deputado Evair de Melo, autor do projeto de lei, essa aprovação foi uma vitória da agropecuária brasileira. “Vamos redescobrir o Brasil com os sabores dos produtos, uma revolução. Quebramos a espinha da burocratização e vamos dar novas oportunidades a produtores rurais”, garante. Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, a produção artesanal agropecuária no Brasil tem uma grande importância, tanto pelo ponto de vista econômico como social. “Esta lei vai beneficiar milhares de famílias por todo o país, que produzem produtos da agroindústria artesanal, como é o caso do queijo artesanal. Estas famílias poderão, agora, comercializar seus produtos em todo o território nacional”, disse. “A legislação antiga era um entrave para a comercialização. A partir de hoje, os produtores de alimentos artesanais poderão vender seus produtos em todo o Brasil”, declarou o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi. Ele acredita, ainda, que a nova legislação poderá impulsionar em muito a produção de alimentos artesanais e tradicionais. A aprovação da lei veio praticamente um ano após a polêmica envolvendo a renomada chef Roberta Sudbrack, que teve produtos artesanais oriundos do Rio Grande do Sul apreendidos pela Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro, durante o festival de música Rock in Rio, em 2017. A chef comemorou a aprovação com grande alegria e afirmou que, agora, o produto artesanal brasileiro conquistou o direito de circular livremente pelo seu país. “Este é o dia que a cultura brasileira volta a respirar”, sentenciou em nota divulgada para seus seguidores nas redes sociais.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
117
LEITE
PARÂMETROS DE QUALIDADE MUDARÃO SÓ EM 2019
O Novos padrões de qualidade do leite passam a vigorar somente no próximo ano DIVULGAÇÃO E RUBENS NEIVA
118
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
s pecuaristas terão mais tempo para regularizar suas produções para que se encaixem nos novos padrões de qualidade do leite, exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a partir de 2019. A prorrogação dos prazos para a alteração dos padrões de Contagem Bacteriana (CPP) e Contagem de Células Somáticas (CCS) em leite, que fazem parte da Instrução Normativa nº 31, foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 29 de junho. As mudanças estavam previstas para entrar em vigor no dia 1º de julho deste ano em todas as regiões do Brasil. As novas regras alteram a Instrução Normativa nº 62, de 29 de dezembro de 2011. A mesma Instrução também estabelece critérios e procedimentos para a produção, acondicionamento, conservação, transporte, seleção e recepção do leite cru em estabelecimentos registrados no serviço de inspeção oficial. Os novos parâmetros de qualidade serão de 100 mil CBTs e 400 mil CCS. O gestor do Núcleo Temático Saúde Animal e Qualidade do Leite, Alessandro de Sá, lembra que a alteração dos parâmetros mínimos vem sendo prorrogada seguidamente. Segundo o pesquisador, a ampliação do prazo permite que o setor produtivo se adeque melhor para cumprir a normativa, mas, os novos índices de qualidade são desafios a serem alcançados. “A evolução da qualidade do leite no Brasil é muito lenta”, reconhece. Alessandro ressalta que a Embrapa Gado de Leite tem participação ativa nas discussões e formulações das propostas que visam novos parâmetros de qualidade para o leite brasileiro e também trabalha nas ações de pesquisa e transferência de tecnologia para que o setor produtivo consiga atingir tais metas. Mas, segundo ele, é preciso uma política forte e efetiva de qualidade do leite por parte do setor público, principalmente com intensifi-
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
119
LEITE cação da fiscalização. “Sem fiscalização, não há como aferir a qualidade”, aponta. Ele afirma, ainda, que os grandes laticínios têm políticas efetivas de qualidade, com programas de capacitação para seus produtores e bonificação por qualidade e quantidade. Já as pequenas indústrias ainda encontram muitas dificuldades e necessitam de apoio técnico para implantar uma boa política de qualidade. “É aí que entra o trabalho das instituições públicas para que o setor produtivo consiga se adequar”, indica Alessandro. Para o especialista, a qualidade é o maior entrave para que o agronegócio do leite brasileiro se destaque no cenário internacional como grande exportador.
Manual Para atender as exigências e a crescente valorização da qualidade do leite, a Embrapa lançou em maio desse ano um manual para manutenção da qualidade do leite cru refrigerado armazenado em tanques coletivos para pequenos produtores, técnicos, transportadores e coletores de amostras de leite. A publicação traz recomendações para a produção de leite com qualidade, desde a ordenha até o transporte para o laticínio, com foco em protocolos de higienização de tanques coletivos ou comunitários de armazenamento refrigerado de leite cru. A publicação é um trabalho conjunto realizado entre pesquisadores e analistas da área de transferência de tecnologia da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e Embrapa Gado de Leite (MG). O manual aborda, de forma detalhada, questões técnicas, normativas e legais relacionadas à produção, armazenamento e transporte de leite, contendo um guia para coleta de amostras para análise. “Esse manual apresenta os protocolos mais modernos para obtenção e manutenção de leite com qualidade proveniente de agricultores familiares, que armazenam leite em tanques comunitários; desde a ordenha do animal até o transporte para a unidade de processamento”, informa Letícia Mendonça, analista da área de transferência de tecnologia da Embrapa Gado de Leite. A publicação está disponível no site da Embrapa (embrapa.br).
120
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Gestor do Núcleo Temático Saúde Animal e Qualidade do leite, Alessandro de Sá
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
121
122
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
123
124
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
125
126
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
#pecBR
ZONA RURAL GESTÃO . TECNOLOGIA . SUSTENTABILIDADE . MERCADO
Mercado AS PREVISÕES PARA A PRÓXIMA DÉCADA
BIOACÚSTICA
COMPORTAMENTO ANIMAL
MÍDIA
A REVISTA NO AGRO AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
127
ZONA RURAL
O som do
comportamento animal Pesquisa disponibiliza manual prático de bioacústica para avaliação de comportamento animal RAFAEL ROCHA
128
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
A
produção animal acaba de ganhar mais uma tecnologia para avaliação. A bioacústica, estudo dos sons produzidos pelo organismo do animal, é um meio eficiente e conhecido para a caracterização do comportamento de bovinos. Porém, até então, faltava um documento orientador para auxiliar na padronização do método durante sua aplicação. Em 2018, pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) validaram um método de bioacústica para avaliação de comportamento de bovinos em pastejo e disponibilizaram um manual prático e detalhado com todos os procedimentos de coleta e análise de dados para o uso desta metodologia. O material é inédito. Pesquisadores já utilizam gravadores de som para monitorar o comportamento ingestivo e de pastejo de bovinos, mas não havia um passo a passo de como fazer o procedimento e analisar os áudios. Para isso, foi realizada a avaliação com os gravadores nos animais e as observações visuais, para poder comparar e validar o método da bioacústica. A validação foi realizada em relação ao método de avaliação visual, durante 60 dias, com novilhas girolando em sistema de integração lavoura-pecuáriafloresta (ILPF), em Porto Velho (RO). “O método é prático e permite o registro de forma precisa e contínua nos períodos diurno e noturno das atividades de pastejo, ruminação, ócio e ingestão de água, o que diminui a possibilidade de subestimação ou superestimação dos resultados”, relata Eduardo Schmitt, professor da Universidade Federal de Pelotas. O manual traz dicas importantes e que podem facilitar a utilização da metodologia, minimizando erros e perda de tempo, como o preparo adequado dos gravadores, passo importante para facilitar a leitura posterior dos dados. O manual disponibiliza ainda os espectogramas – representações gráficas das ondas sonoras – para que o usuário possa fazer a interpretação dos áudios de maneira mais prática e rápida. “Procuramos disponibilizar informações relevantes, aquelas que são o ‘pulo do gato’ para que os usuários não percam tempo e avancem em suas pesquisas”, conta a pesquisadora da Embrapa Rondônia Ana Karina Salman. A pesquisadora explica que o trabalho de validação mostrou boas vantagens para o método da bioacústica em relação ao visual. Em geral, a ava-
liação visual se restringe ao período diurno e com duração média de 12h, já com o gravador é possível monitorar o animal durante o dia e a noite por 48h ininterruptas. Ela conta que queriam saber, por exemplo, se o animal na pastagem sombreada consumia menos água e pastejava por mais tempo do que na pastagem a pleno sol. Na prática, pelo método visual, não conseguiu diferenciar. No entanto, analisando os áudios foi possível identificar que o
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
129
ZONA RURAL
número de vezes e o tempo que os animais bebiam água na pastagem a pleno sol foi maior e o tempo de pastejo foi menor do que os animais que estavam em pastagem sombreada. Considerando as avaliações durante o dia, as informações obtidas sobre os tempos de pastejo, de ócio e de ruminação foram iguais em ambos os métodos. O que demonstra a funcionalidade do uso dos gravadores em substituição ao método visual. “Facilitou o processo, conseguimos ver coisas mais detalhadas e obter mais respostas. É simples o uso, mas precisava de um manual a ser seguido”, argumenta a pesquisadora. Para os produtores, saber detalhes do comportamento animal no pastejo auxilia diretamente no manejo do rebanho. A pesquisadora dá um exemplo: se o profissional informa ao produtor que no início da manhã e final da tarde é o horário de pico de pastejo, o pecuarista não vai prender os animais no curral nesses momentos, buscando a mínima interferência e a máxima eficiência da atividade de pastejo. Custo Para utilizar o método da bioacústica, são necessários gravadores MP3, cabrestos, tecido TNT, filme de PVC e fita de empacotamento. O item mais caro dessa lista é o gravador que custa, em média, R$ 250 para compra direta, sem frete incluso. A análise dos áudios é realizada com o auxílio do programa Audacity, um software livre (gratuito) que reproduz os áudios captados pelos gravadores. Este programa gera espectogramas dos áudios que são específicos de cada atividade exercida pelos animais, dessa forma é possível identificar os tempos de início e fim de cada uma. De acordo com o professor Eduardo, “é uma metodologia relativamente barata e fácil de ser utilizada porque não envolve o uso de equipamentos ou programas computacionais caros e de difícil aquisição”. Os pesquisadores consideram que a metodologia da bioacústica apresenta grande potencial para novas pesquisas que possam detalhar ainda mais o comportamento animal, ou oferecer dados que possam determinar o nível de estresse térmico ou o consumo de pasto, entre outros. São informações valiosas para tomadas de decisão dos produtores.
130
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
131
ZONA RURAL Na Megaleite 2018, a Revista Pecuária Brasil chamou a atenção até das crianças
A importância da
revista no agro Pesquisa comprova que revistas têm importante papel na comunicação do agronegócio CARLOS LOPES E DIVULGAÇÃO
132
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
U
m em cada quatro produtores rurais do Brasil lê revistas especializadas periodicamente para se informar e se atualizar tecnicamente. Os dados são da 7ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural, da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) e da Informa/FNP. A pesquisa também mostra que esse percentual pode ser superior em determinadas regiões. É o caso dos rizicultores do Rio Grande do Sul: 59% deles destacam as revistas como os veículos de comunicação preferidos.
A pesquisa foi desenvolvida com 2.835 produtores rurais, em 15 estados. Entre vários outros dados, o estudo mostrou que 27% dos produtores entrevistados leem revistas pelo menos uma vez por mês. “A comunicação é dinâmica. As mídias digitais estão aí para agilizar a divulgação de conteúdos, porém é inegável a relevância das revistas no agronegócio. O cenário da comunicação é desafiador e a integração de todos os veículos de comunicação (impressos, eletrônicos e digital) é muito importante, como mostra a pesquisa”, destacou Jorge Espanha, presidente da ABMRA. “Por levarem informação, conhecimentos técnicos e de negócios, e por deixarem o leitor mais tempo em contato com os seus conteúdos, as revistas segmentadas do agro permitem que os anunciantes usufruam de um meio que lhes transfere valor e mantém as suas mensagens publicitárias mais tempo em exposição ao seu público-alvo”, complementou Ricardo Nicodemos, vice-presidente da ABMRA e coordenador da pesquisa, reforçando que “as revistas do mercado agro compõem o bom mix de comunicação e tornam as campanhas publicitárias completas”. “Em âmbito nacional, as revistas são preferidas por 4 a 5% dos brasileiros. Quando trazemos para o agronegócio, esse percentual sobe para 27%. É bastante representativo”, assinala Denis Delli, diretor da revista C&O Agronegócio. José Vicente Ferraz, diretor da Informa/ FNP, que edita os anuários Anualpec e Agrianual, concorda. Ele assinalou que o conteúdo editorial, característica básica das publicações impressas, é cada vez mais valorizado pelos produtores rurais. “Eles buscam informação nas fontes que mais confiam”. Esse aspecto também foi lembrado por Cida Muniz, gerente comercial da Editora Centauro, que edita as revistas A Granja, AG do Criador e A Granja Kids. “O exemplo do Rio Grande do Sul confirma que a realidade das revistas é diferente de estado para estado, sendo mais forte em regiões com produção agropecuária forte”. Osvaldo Ciasulli, diretor das revistas Feed&Food e Cães & Gatos, citou o dinamismo do mercado e da comunicação para defender estratégias criativas para “fortalecer as marcas e atrair a atenção dos parceiros comerciais e leitores, nossos alvos prioritários”. “A importância da comunicação de precisão no agro vem otimizar recursos e ampliar o impacto da mensagem e conteúdo quando usado de forma estratégica. Por isso, a 7ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural proporciona uma segmentação efetiva dos públicos a serem atingidos”, conclui Jorge. Agora, a ABMRA vai estudar
formas de trabalho em conjunto com as revistas agropecuárias para valorizar o trabalho de comunicação realizado pelas publicações e os demais meios de informação ao campo. Reconhecimento Reconhecendo a importância das revistas para o agronegócio, e especialmente da Revista Pecuária Brasil para o seguimento, a Dstak Assessoria Pecuária homenageou os diretores desta publicação, Cláudia Helena Monteiro e Gustavo Miguel, pelo trabalho desenvolvido. A honraria foi entregue pelo consultor fundador da Dstak, o especialista em Melhoramento Genético Rafael Mazão, durante a Confraria ExpoGenética, evento promovido pela empresa para reunir e homenagear os mais importantes nomes do setor. “Ficamos imensamente felizes e agradecidos pela lembrança. Esse é o tipo de reconhecimento que nos mostra que estamos no caminho certo para atingir nosso objetivo: trazer para nossos leitores uma revista cada vez melhor a cada edição”, comemora Cláudia.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
133
ZONA RURAL
MERCADO
PECUÁRIO EM NÚMEROS Dados divulgados pelo IBGE mostram aumento no abate de bovinos e queda no de frangos, enquanto produção de ovos bate recorde no segundo trimestre de 2018
O
GUSTAVO MIGUEL
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, em agosto, os resultados trimestrais da pecuária. No segundo trimestre de 2018, o abate de bovinos teve aumento de 3,6%, e o de suínos registrou alta de 1,9%. Na comparação entre o segundo e primeiro trimestre de 2018, o abate de bovinos caiu 0,4% e o de suínos aumentou 0,9%. Já o abate de frangos caiu 5,4% em comparação ao segundo trimestre de 2017, e 8,3% frente ao trimestre imediatamente anterior, chegando a 1,36 bilhão de cabeças. No segundo trimestre de 2018, foram abatidas 7,69 milhões de cabeças de bovinos sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária. Essa quantidade foi 0,4% menor que a registrada no trimestre imediatamente anterior e 3,6% maior que a do segundo trimestre de 2017. O peso acumulado das carcaças foi de 3,33 milhões de toneladas no segundo trimestre de 2018, caindo 5,2% em relação ao trimestre ime-
134
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
diatamente anterior e 1,8% frente ao mesmo período de 2017. A produção de 1,89 milhões de toneladas de carcaças bovinas no segundo trimestre de 2018 aumentou 0,5% em relação ao primeiro trimestre deste ano e 3,2% em relação ao segundo trimestre de 2017. Já a aquisição de leite cru feita pelos estabelecimentos que atuam sob algum tipo de inspeção sanitária (federal, estadual ou municipal) no segundo trimestre de 2018, foi de 5,47 bilhões de litros. O valor representa uma queda de 9,0% em comparação ao volume registrado no primeiro trimestre desse ano, comportamento tradicional da série histórica, em que o segundo trimestre do ano geralmente é de menor captação. A estimativa também foi 3,2% menor do que a quantidade de leite adquirida no mesmo trimestre em 2017. A produção de peças de couro recuou 3,5% e 7,4% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Já a produção de ovos subiu 4,5%, totalizando 857,60 milhões de dúzias, e cresceu 1,3% em relação ao trimestre anterior. Tal volume é recorde para um segundo trimestre desde 1987.
#pecBR
GENTE
PECUARISTAS . ESPECIALISTAS . CRIADORES
Sociais OS MELHORES EVENTOS DO BIMESTRE
PERFIL LAURINHA AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
135
GENTE
136
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Laura Loren Rodrigues da Silva
O futuro da pecuária
F
GUSTAVO MIGUEL
ilha da manicure Anália Aparecida Margarida da Silva e do vigilante Leomario Rodrigues da Silva, Laura nunca tinha tido contato com bovinos, até o dia em que foi visitar a primeira exposição de gado da sua vida, antes de completar quatro anos de idade. Era a exposição de gado leiteiro de Araxá, cidade natal dela. Depois daquele momento, nunca mais parou de falar sobre vacas. O avô paterno de Laura criava gado, mas, a atividade não foi passada para os filhos, que nunca chegaram a trabalhar no meio. “Meus pais nunca me incentivaram a gostar de fazenda, aconteceu naturalmente. Meu avô até criava boi, mas nem cheguei a conhecer ele. Não sei como, mas foi só evoluindo essa paixão minha”. Aos quatro anos, já queria ser zootecnista, antes mesmo de aprender a pronunciar o nome da profissão. “Ela dizia que ia ser ‘zoonista’ quando crescesse”, conta a mãe, Anália. Mas, a certeza foi ficando mais forte com o passar dos anos, e hoje, aos 12 anos, ela sabe que quer ser, também, jurada de pista e médica veterinária. Desde a primeira, nunca perdeu uma exposição de gado promovida em sua cidade. Em uma delas, conheceu o selecionador de gir leiteiro Winston Drummond, da Fazenda Quilombo, e a médica veterinária da Padma Consultoria Pecuária, consultora da seleção, Tatiane A. Drummond Tetzner, que são inspirações para Laura. “Admiro todos os criadores que conheço. É sempre um ensinamento muito grande conversar com qualquer um deles. Mas, em quem eu me inspiro mesmo é na Tatiane”, conta Laura, que desde que conheceu a médica veterinária, nunca perdeu uma oportunidade de estar por perto dela. “Admiro muito ela pelo trabalho que faz, por tudo que ela sabe, pela pessoa que ela é, por tudo”, conta Laura, encantada. Nas exposições de Araxá, Laura também se apaixonou pela raça gir leiteiro, assim como Tatiana. Foi amor à primeira vista. Quando questionada por que gosta tanto da raça, ela não pensa duas vezes antes de responder: “não tem explicação, é uma paixão”. Na companhia de Tatiana, foi pela primeira vez à Uberaba
(MG), justamente durante uma ExpoZebu. Foi quando conheceu as outras raças zebuínas, das quais Laura também gosta, mas não esconde o favoritismo pelo gir leiteiro e girolando. Hoje, já conhece muito sobre as raças e fala delas com propriedade, sabendo diferenciá-las e identificar as particularidades de cada uma. “Adoro e admiro todas as raças, acho elas lindas e acho que são uma evolução muito grande para o Brasil, mas, a minha paixão é o gir leiteiro”, conta. Além de inteligente, Laura também é sábia, e tem consciência de que ainda há muito a aprender, e um mundo para ser descoberto. “Quanto mais você estuda, menos você sabe. Para estar nesse meio é preciso estudar sempre mais. E tudo é uma novidade, uma oportunidade de aprender algo novo”, diz. Para o futuro, além de já saber qual é o seu objetivo, Laura também já tem todos os planos traçados. Quando chegar a hora de ingressar no Ensino Médio, optará pelo técnico em Agropecuária. Depois, se graduará em Zootecnia, e, quando for uma profissional, dedicará sua carreira à raça gir leiteiro. Depois, quer fazer Medicina Veterinária também. Por isso, sonha em logo se mudar para Uberaba, para viver o mais próximo possível de sua paixão e futura profissão. “Acho que ao completar 16 anos ela já vai bater asa. Eu e meu marido teremos que dar um jeito de acompanhar”, conta a mãe. Cursando o 6º ano do Ensino Fundamental, Laura é uma das mais estudiosas da turma. Estuda muito para poder ir às exposições no tempo livre. Está sempre ligada no calendário das feiras agropecuárias, e torce para crescer logo para poder viajar o Brasil todo. Desde nova, ela falava para mãe que, no seu aniversário de 15 anos, não queria fazer festa. Queria ganhar de presente uma vaca gir leiteiro PO. Mas, não seria necessário esperar tanto. Em 2017, ganhou uma sociedade com o criador Winston na novilha Galeria FIV WAD, o que ela descreve como um dos melhores momentos de sua vida. Conta com orgulho que a vaca já pariu duas vezes, mas, ainda não foi para torneio. Com o sonho realizado, agora ela parte para novos sonhos. A festa ela vai deixar para o dia que se formar zootecnista.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
137
138
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
139
140
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
141
142
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
143
SOCIAL
144
Byron, Bruna e Guilherme
Diogo, Plauto e Guilherme
Ângela, José Coelho, Luiz Carlos, Maurício e Rodrigo
Karla, Meire e Maria Teresa
Thiago, Juliano e Guilherme
Rose, Guilherme, Jenecy, Gustavo, Andreza, Patrícia e Diogo
Diego, Noelle, João Gabriel e Francisco
Maria de Lourdes e Eurípedes
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
145
146
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
147
148
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
149
SOCIAL
150
Marisa, Meire, Léo, Ana Luísa, Ana Paula e Bruno
Valadão, Samuel e Dr. Nabih
As Divas do Girolando
Boi, Celsinho e Pipa
Vinícius e Saul
Henrique, Lucyana e Bruno
José Eduardo, Luiz e Victor
Léo e Crisio
Lilian, Henrique, Byron e Marcos Brenner
Maria Tereza e Paulo Maximiliano
Agnaldo e Wellerson
Michaela, Plauto, Pedro e Eduardo
Rodrigo, Bruno, Léo e Tatiane
Uander, Winston, Tatiane e Rodrigo
Ana Clara, João Pedro, Darlon, Meire, Leydmar e Roberto
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Diego, Maressa, Adir, Marino e Paulo
Lucas, Evhair, Adriano e Rodrigo
Juliana, Graziela, Renata, Leandro, Plínio e Andréa
Thuane e Nathane
Marcelo, Willian e Luiz Otávio
Marcus, Heverardo e Ricardo
Maressa, Adalberto e Marci
Nádia, Dunya, Path e Raquel
Orlei de Freitas, José Barros, Zanata e Bi
Ricardo,Rose , Zezé , Brenda
Pedro, Jamila, Zélia e Alcides
Ricardo, Ferreti e Baruffi
Rubiquinho, Adáldio e Adaldinho
Sergio, Júlia e Guilherme
Simone e Eduardo
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
151
SOCIAL
152
Wilson, Cláudio, Ed e Paulo
Wilson, Marcus Carneiro, Arnaldinho, Ana Cláudia e Eros
Ângelo e Bia
Arlinda e Marino
Dalila, Carlão e Thiago
Alceu e Renata
Eduardo Filho, Maurício, Eduardo e Arnaldinho
Emílio, Wilson, Valdomiro e Felipe
Gabriela, Mazão e João Pedro
Jenecy e Cássio
Adriana, Fábio, Murilo e JCJ
Adriana, Deise e Renato
Adriana Crispim, Cris Caputo e Flavia Marzabal
João Faria e Cadu
Leão e Vadinho
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Kotty, José Carlos e Olívia
Leonardo, Samuel, Bruno, Tarine e Humberto
Marlon, Fernanda, Evhair, Rafael e Juliana
Vander, Cláudia e Mazão
Mazão, José Aparecido e Neurisvan
Victor, Ângelo e Henrique
Silvinho, Adir e Lourenço
Nelson, Carlos Henrique e Júnior
Juliano, Léo e Lilia
Dr. Nabih e Fernando
Marina, José Mário e Murilo
Reginaldo e Toninho
Rogerio Corrêa, Bruna, Geane, Roberto Peres, Léo, Adalto, Bruno e Lilia
Humberto, Tarine e Victor
Victor, Cecília e Nelson
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
153
154
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
155
PONTO DE VISTA “Nossa grande efetividade para assegurar ganhos constantes de produtividade é o agro brasileiro estar baseado em ciência, tecnologia e competência do produtor agrícola. Foi isso que fez com que o Brasil, em 40 anos, passasse de país importador de alimentos para um dos maiores exportadores do mundo e o primeiro gigante mundial na agricultura tropical. As expectativas para os próximos dez anos, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, é muito relevante para o Cone Sul”.
Foto Gerardo Lazzari
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG)
156
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
“Precisamos de um conjunto legal que dê conforto jurídico aos investidores, principalmente para estimular a reconstrução e ampliação da infraestrutura, uma das áreas que mais prejudica atualmente a produtividade do agronegócio brasileiro”. Tarcísio Hübner, vice-presidente de Agronegócio do Banco do Brasil
“Para aumentar o nosso estoque de alimentos para abastecer o mundo precisamos que nossa produção cresça 20% daqui dez anos. O milagre de alimentar o mundo é brasileiro”. Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agropecuária, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV-EESP e embaixador especial da FAO para o Cooperativismo
“O principal do projeto genômica é você ter acurácia mais rápida dos touros jovens, você rapidamente tem as informações como se já tivesse filhos nascidos, você não fica só nos dados de genealogia, tendo os dados do indivíduo em si, somados com a genealogia, então você acelera o processo de decisão”. Edson Ribeiro, médico veterinário e criador da raça tabapuã
“Ter referências femininas faz com que todas essas mulheres do agronegócio se estimulem e continuem batalhando para conquistar seu espaço no setor. Nós temos que mostrar possibilidade para essas mulheres. Elas têm que perceber que podemos estar juntas, unidas, podemos trocar experiências, trocar vivências, crescer juntas. Não estamos sozinhas”. Teresa Vendramini, socióloga e diretora executiva da SRB
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
157
Giovani Ferreira
OPINIÃO
Coordenador da Pós-Graduação em Inovação e Gestão Estratégica no Agronegócio da Universidade Positivo giovani.ferreira@up.edu.br
VISÃO
O milagre da intercooperação
N
o mundo moderno e globalizado do agronegócio e do cooperativismo também é preciso ser mais eficiente e competitivo. Diluir custos e ampliar as margens como forma de remunerar melhor a atividade, seja ela comércio, produto ou serviço, de qualquer que seja a natureza do negócio. Até aqui, nada de novo. A receita é simples e continua sendo a mesma desde o início da humanidade. O desafio está em como fazer, como seguir a regra, colocar a teoria em prática. A tecnologia tem sido uma aliada fundamental, seja na operação ou gestão do negócio, do agronegócio ou então das cooperativas. Idem para as técnicas e modelos de governança e compliance, empreendedorismo e inovação, que trazem contribuição importante do ponto de vista de inteligência. Mas como conectar tudo isso, implantar uma solução 360º, criar um ecossistema com sinergia, de pessoas e processos, capaz de propor, elaborar e executar, de forma rápida, prática e objetiva? Mais uma vez, é hora de aprender. E, neste caso, nesta análise, com as cooperativas, em especial as agropecuárias. Seguindo premissas básicas e de conceitos na composição do sistema, as cooperativas Brasil afora têm experimentado, e gostado, cada vez mais, dos projetos de intercooperação. Negócios nos quais duas ou mais cooperativas singulares se unem em prol de um interesse comum, na linha “juntas somos mais fortes”. Os principais e maiores cases estão na agroindústria, embora haja experiências em outros ramos. Foi-se o tempo, por exemplo, em que cada cooperativa de uma região produtora de leite ou trigo tinha sua própria e exclusiva indústria de processamento. A união para construir uma única unidade de beneficiamento, com capacidade para receber e processar a produção dos cooperados de todas as cooperativas, digamos sócias no investimento, customiza recursos, humanos e financeiros, na implantação e operação. Ao mesmo tempo em que maximiza resultados e margens, além de diluir riscos e tornar o negócio mais eficiente e com-
158
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
petitivo de ponta a ponta - da produção ao mercado, passando pela indústria e distribuição. Um dos principais polos de intercooperação do Brasil está na região dos Campos Gerais do Paraná. Há parcerias no processamento de carnes, lácteos, grãos e cereais. Com as sedes administrativas em um raio de 100 quilômetros, as cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal beneficiam, juntas, as produções de leite, trigo e suínos de 4.500 cooperados. Seguindo o exemplo das cooperativas centrais, que recebem, processam e comercializam a produção de várias singulares, os holandeses dos Campos Gerais reinventam, ou resgatam, com maestria, o cooperativismo da intercooperação. As três cooperativas somaram 4,8 mil funcionários e um faturamento de R$ 6,5 bilhões em 2017. Neste modelo, não há necessidade de se criar uma central. Apenas uma gestão executiva da agroindústria, preservando assim a identidade das singulares e sua relação com o quadro social. Duas premissas ou questionamentos básicos levaram essas cooperativas a decidir pela intercooperação. Primeiro porque é preciso transformar e adicionar valor à produção primária. Segundo, porque enfim entenderam que não vale a pena construir uma indústria sozinho, para operar muitas vezes à meia carga, se é possível viabilizar o negócio com escala, diluir custo e risco, na união com outras cooperativas. Além de industrializar a produção dos cooperados, essas unidades industriais processam e embalam a produção para outras marcas. Uma prestação de serviço que afere uma nova receita para as cooperativas, a partir do investimento industrial. Surge um novo cooperativismo, das cooperativas da nova geração. Porque já não basta produzir. É preciso industrializar. É preciso cooperar. É o momento e o mundo da intercooperação. De pequenos produtores que fazem um grande negócio. Com um potencial multiplicador quase que imensurável, a considerar as mais de 6.500 cooperativas registradas no sistema da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) no país, de 13 ramos, com 371 mil funcionários e 13,2 milhões de cooperados. Somente as cooperativas do agronegócio faturaram juntas R$ 200 bilhões, em 2017.
OPINIÃO
Ana Lúcia Chaves Contabilista na LEX Contábil Assessoria e Consultoria atendimento@lexcontabil.net.br
JURÍDICO
Entenda o eSocial
E
m janeiro de 2007, por meio do Decreto nº 6.022, foi criado o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), com o objetivo, dentre outros, de padronizar, racionalizar e uniformizar as informações contábeis e fiscais dos contribuintes, tornando mais rápido o acesso às informações e as fiscalizações mais efetivas, com o cruzamento de dados e auditoria eletrônica. O SPED vem sendo implantado por etapas, que se iniciaram com a implantação do projeto da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) e um dos mais recentes é o eSocial, que pretende simplificar e unificar a entrega das obrigações trabalhistas, previdenciárias e fiscais em todo o país. O eSocial, instituído por meio do Decreto nº 8.373/2014, segue um cronograma de implantação que divide os contribuintes em três grupos, sendo o 1º grupo composto pelas empresas com faturamento superior a R$ 78 milhões anuais; o 2º grupo compreende os demais empregadores e contribuintes; e o 3º grupo os entes da Administração Pública. A implantação será feita em cinco etapas para cada grupo, dessa forma os empregadores incluirão gradativamente suas informações no sistema. No mês de julho, iniciamos a implantação pelo 2º grupo, e nesta primeira etapa os empregadores deverão enviar ao eSocial apenas as informações de cadastro da empresa, já na segunda fase, em setembro de 2018, ficam obrigados a incluir as informações relativas aos trabalhadores, como admissões, afastamentos e desligamentos. Em novembro de 2018, quando se inicia a terceira etapa, torna-se obrigatório o envio das folhas de pagamento e em janeiro de 2019, concluem-se as etapas, quando o eSo-
cial começa a substituir a Guia de Informações à Previdência Social (GFIP) e quando deverão ser enviados os dados de segurança e saúde do trabalhador. O pequeno produtor rural que faz parte desse 2º grupo, teve o início da sua obrigatoriedade alterado para janeiro de 2019, assim, de acordo com o cronograma, a partir de 1º de maio de 2019, deverão ser enviadas ao programa as informações referentes à aquisição e a comercialização da produção rural. O produtor rural pessoa física que apenas comercializa produção rural de terceiros, não precisará enviar estas informações. O produtor deverá informar o valor da receita bruta da comercialização da produção rural própria e dos subprodutos e resíduos, se houver, quando comercializar com: adquirente domiciliado no exterior (exportação); consumidor pessoa física, no varejo; outro produtor rural pessoa física; outro segurado especial; pessoa jurídica, na qualidade de adquirente, consumidora ou consignatária; pessoa física não produtor rural, quando adquire produção para venda, no varejo ou a consumidor pessoa física; destinatário incerto ou quando não houver comprovação formal do destino da produção. Deverão ser enviadas estas informações ainda que na dação em pagamento na permuta, no ressarcimento, na indenização ou na compensação feita com produtos rurais pelo produtor rural. O eSocial é uma iniciativa conjunta do Ministério do Trabalho, Caixa Econômica, Secretaria de Previdência, INSS e Receita Federal. Quando totalmente implementado, reunirá informações de mais de 44 milhões de trabalhadores do setor público e privado do país em um único sistema.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
159
Décio Luiz Gazzoni
OPINIÃO
Membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Engenheiro Agrônomo e pesquisador da Embrapa decio@gazzoni.eng.br
ECONOMIA
Os desafios da mão de obra no campo
O
primeiro desafio é quantitativo: está cada vez mais difícil encontrar cidadãos que aceitem enfrentar o repto de trabalhar no campo. Muitos dos que lá se encontram almejam migrar para as cidades. Quem já está na cidade, dificilmente retorna ao campo, mesmo em um quadro de desemprego, e não obstante ofertas de remuneração maior. O segundo desafio é o da qualidade. A acelerada evolução tecnológica do agronegócio impõe a necessidade de conhecimentos cada vez mais especializados. E a dinâmica acentuada da evolução exige permanente reciclagem. A imposição de regras de sustentabilidade para o agronegócio – seja ambiental, social ou econômica – exige uma qualificação ainda maior de quem aceita o trabalho no campo. O fenômeno não é apenas brasileiro. As estatísticas da FAO mostram que, desde 2010, há mais pessoas nas cidades do que nos campos, revertendo uma condição milenar da humanidade. E a tendência é inexorável, pois as projeções do Banco Mundial indicam que haverá 3,4 bilhões de habitantes na área rural do mundo em 2020, contra estimados 3,1 bilhões para 2050. Ou seja, 40% das pessoas viverão no campo em 2020 e apenas 32% em 2050. A redução do contingente de habitantes nas áreas rurais confere um impulso adicional à automação e à mecanização das lavouras, criando um círculo retroalimentador, em que menor oferta de mão de obra obriga a um incremento acentuado na automação, o que, por sua vez, reduz a demanda de mão de obra. Por outro lado, as tecnologias de automação exigem profissionais cada vez mais qualificados. Somando os dois termos da equação, temos que os salários médios no campo, para funções equivalentes, serão maiores que os da cidade, com o bônus do menor custo de habitação e alimentação no campo. A explanação teórica acima é ratificada por números da economia brasileira, como os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD contínua) do IBGE. Conforme Felippe Serigati, economista do GV Agro que debruçou-se sobre a PNAD, em 2017 a mão de obra empregada no cultivo da soja recebeu, em média, R$2.610,48 mensais, salário 26% maior do que a remuneração média da população ocupada em todas as atividades no país, naquele ano. Obviamente, tanto em um caso quanto em outro, há uma amplitude a considerar, com os maiores salários associados com maiores exigências de formação, conhecimento, treinamento, habilidade e experiência. No caso do trabalho no campo, as tecnologias da nascente “agronomia digital” são as que exigem maior qualificação, portanto com re160
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
muneração mais elevada. Isto inclui diversos processos de agricultura de precisão, gestão de fatores de produção, levantamentos e previsões e a operação de sofisticadas máquinas agrícolas, como as modernas colhedoras, plantadoras e auto-propelidos. Desde a década passada que a tendência de melhoria da qualificação da mão de obra era percebida no seio das cadeias do agronegócio, enquanto a informalidade reduzia-se acentuadamente. Foi o que comprovou a análise da PNAD efetuada por Serigatti, com queda de 3,4% ao ano no número de empregos informais, entre 2012 e 2017, ao passo que os empregos formais reduziram-se 1,4% a.a. Essa tendência auxiliou a consolidar a melhoria do salário médio real no período, que cresceu 7% acima da inflação, enquanto a remuneração dos empregos urbanos cresceu 4,6%. Em 2014, 33,6% dos empregados no agronegócio recebiam um salário mínimo, índice que foi reduzido para 29,8%, em 2016. No mesmo período, houve uma redução dos empregados com dois ou menos anos de estudo, passando de 34,4% para 32,3%. Os números mostram que o desemprego é, cada vez mais, um fenômeno urbano – no campo vige o fenômeno inverso, a falta de mão de obra. E a tecnificação acelerada do campo exige cada vez mais qualificação. De forma consentânea, verifica-se que o desempenho da economia do interior do país, em regiões com maior peso do agronegócio, o PIB cresceu 3,7% ao ano. No mesmo período, o crescimento do PIB das regiões metropolitanas foi de 2,5% a.a. O que reafirma outra máxima: é o agronegócio que está mantendo o Brasil à tona e foi quem evitou o naufrágio durante a profunda recessão do último triênio. As modificações no perfil da mão de obra no campo estão diretamente associadas com as exigências da sociedade moderna, emolduradas pela busca de sustentabilidade na agricultura. O atendimento às questões ambientais e trabalhistas passa a ser um pré-requisito para a produção agrícola. Em especial, persegue-se o aumento da produtividade, pela necessidade de maior eficiência econômica e pelas restrições para expansão de áreas para produção. Esse conjunto de requerimentos remete as demandas para diferentes instituições da sociedade. As lideranças do agronegócio clamam alinhamento das instituições de pesquisa e desenvolvimento com a nova realidade e a dinâmica do agronegócio, ao tempo em que, mais que nunca, são sentidas as deficiências de instituições de assistência técnica oficiais. A evolução tecnológica exige adaptação urgente do currículo e das ementas disciplinares dos cursos de Ciências Agrárias das nossas Universidades, para colocar no mercado os profissionais que são exigidos pelo novo patamar tecnológico, cujo ícone é a Agronomia Digital.
Eduardo Muniz de Lima “Mineiro”
OPINIÃO
Médico veterinário pela UNESP-Jaboticabal, especialista em Produção de Ruminantes, MBA em Gestão Empresarial, MasterMind Aliança Agrotalento e diretor da Central de Receptoras Minerembryo diretoria@minerembryo.com.br
GENÉTICA
Novos negócios na cadeia da carne?
O
mercado da carne no Brasil mudou. Os consumidores estão mais atentos à qualidade e modo de preparo. A “gourmetização” do produto afeta até a arquitetura das casas. Mas, ainda há mudanças culturais a serem alcançadas, e janelas de mercado se abrem. A “dona de casa” que cuida de filhos vai às compras, à padaria, ao açougue durante a semana, está mudando. A mulher estudou, se especializou, foi ao trabalho, ficou independente e não tem tempo para as compras de semana mais. Nos EUA, a gigante Amazon entrou com tudo no setor alimentício derrubando a venda de gigantes do varejo supermercadista com venda pela internet com uma logística impressionante para perecíveis. Os novos consumidores, ávidos por qualidade e rapidez, mudam a maneira de comprar e preparar, investindo um pouco mais de dinheiro nestes itens. Características como aparência, aroma, textura, sabor, são discutidas por “chefs” iniciantes e disseminados pelo país através de programas de TVs em todo o mundo. Eventos fantásticos como a Churrascada capitaneada por Rogério Betti, do açougue De Betti, entre outros, mudou o churrasco do patamar de alimentação e entrou no entretenimento. É a “Disney” dos amantes da carne. O setor da carne gourmet cresceu mais de 40% em 2017, de acordo com alguns fornecedores, e hoje muda até nossas casas. Em recente pesquisa com arquitetos no sul de Minas Gerais, foi concluído que 95% das plantas de novas casas classe A tem área gourmet com churrasqueira. Fato engraçado é que até os vegetarianos seguem a onda, seja para não desvalorizar o imóvel no futuro, ou não querem deixar de receber amigos carnívoros. Em recente viagem à Europa, especificamente a Portugal, pude
observar como o aspecto cultural interfere neste consumo. Um país tradicionalmente consumidor de peixes se rende aos poucos à carne de vaca, principalmente com o aumento do turismo após o ingresso do país na Zona do Euro, que abriu as portas de novos restaurantes de carne prime ou incorporou em seus cardápios mais tradicionais. Como consumidor de carne prime, mas, principalmente, como pecuarista sinto esta mudança no meu trabalho como Central de Receptoras de Embrião, procurado para fazer novos acasalamentos ou mesmo cruzamentos de raças buscando maior marmoreio, maciez, suculência, consistência, entre outras. Isto tudo é puxado pela ponta da cadeia que exige esta ruptura dos costumes antigos e paga bem por isto, mesmo com a crise econômica do país. Vejo aqui uma grande oportunidade de negócios não só para o Brasil, mas, para todo o resto do mundo. Vamos sair da “zona de conforto”, pecuaristas.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
161
OPINIÃO
Michaela Demétrio Nutricionista e produtora de leite e derivados no Sítio Rio Negro michaela@dieter.com.br
LEITE
Leite, lácteo, queijo
A
medicina evolui, os estudos avançam, inovam-se as tecnologias, incorporam-se conceitos, criamse novos hábitos e o objetivo é sempre melhorar a saúde humana, visando prosperidade e longevidade. Temos que ser muito hábeis e rápidos para incorporar tantas mudanças em nossas vidas, ou ficar alertas e desconfiados para mais uma invenção, se ela realmente é benéfica para a saúde humana ou se é para o bolso de quem a produz. Grandes discussões são construídas sobre o leite: se ele é devido, se não é devido, de vaca ou de cabra, deve ser cru ou pasteurizado, com lactose, sem lactose – o que é intolerância? E agora mais um item na nossa lista de dúvidas: leite A2, um novo conceito de leite para garantir a saúde daqueles que desenvolveram alergia ao leite de vaca. Todas as informações são, de alguma forma, coerentes, estudadas e se aplicam a vários tipos de situações, cada tipo de leite para a situação mais adequada. Mas, vale lembrar, leite é a secreção das glândulas mamárias da vaca, considerado um alimento, levando consigo nutrientes e toxinas. Umas produzidas pelo próprio metabolismo animal, outras pela ingestão da água contaminada, alimentação indevida, medicamentos e doenças que afetam a produção e a qualidade do leite da vaca. De nutrientes encontramos açúcares, proteínas, gorduras, vitaminas, sais minerais...
162
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
Mas, acima de tudo, o leite, sendo um alimento, contém o que chamamos de “energia vital”, que é aquele ingrediente que não se mede empiricamente, mas, se sente no paladar, no aroma, na textura, no benefício, no bem estar, na vontade do “quero mais”. Leite traz lembranças da mãe, do lar, dos bons tempos, do mingau na casa da vó, do curral da fazenda de um tio, da mamadeira, do aconchego, do mimo da época de criança. Leite é um resgate a infância. E, consequentemente, o queijo, produzido na fazenda, a partir do leite cru, aquele leite quentinho que acabou de ser ordenhado na vaca, com sua rica microbiota natural, aquela que dá o terroir característico da região. Cabe a nós, criadores e pecuaristas, a responsabilidade de ofertar um produto final que garanta a segurança alimentar dos consumidores, defendendo sempre o manejo de animais sadios, criados com respeito, livres de doenças como brucelose e tuberculose, com as boas práticas implementadas na ordenha. A qualidade do manejo é que vai possibilitar a vaca produzir o seu máximo, ainda com o diferencial do leite puro e limpo, aromático e adocicado. Hoje, encontramos no mercado vários tipos de lácteos, com aromas, corantes e adocicados. Embalagens coloridas e bem moldadas para atrair o paladar do consumidor, mas, tem alimento mais nutritivo e gostoso que um simples copo de leite puro e integral?
Rodolffo Assis
OPINIÃO
Médico veterinário, especialista em produção de gado de corte e consultor técnico da Alta rodolffo.assis@altagenetic.com
TÉCNICO
Acasalamentos dirigidos
A
pesar de ainda pouco aplicado, o melhoramento genético tem se firmado como uma forma imprescindível para o incremento na rentabilidade da pecuária nacional. Há duas ferramentas que podem promover esse melhoramento: seleção e acasalamento. Muito se comenta sobre seleção, e sua utilização tem sido facilitada nos últimos anos com adventos em identificação e mensuração dos animais. Já o acasalamento direcionado, na maioria das vezes, ou não é empregado ou é utilizado de forma menos eficaz do que se poderia. Quando se fala em acasalamento dirigido, muitos imaginam que o objetivo seja apenas correções morfológicas, como orelhas, pigmentação, marrafa e chanfro, mas a verdade é que essa ferramenta vai muito além disso, e se torna fundamental no processo de melhoria nos principais fornecedores de genética do mundo. É importante que haja um levantamento da situação atual do rebanho, dos objetivos e dos critérios de seleção para que a escolha dos reprodutores que serão utilizados seja eficiente. A partir de uma minuciosa análise, devem-se escolher os touros e as quantidades que cada um deles deverá ser utilizado. Após essa etapa, já é possível a verificação da média da próxima safra. Caso essa etapa seja negligenciada, mesmo com um ótimo direcionamento de acasalamento, não será possível atingir os objetivos. Há a possibilidade de se definir a quantidade de utilização após o acasalamento individual. Isso dá maior liberdade para o acasalamento, mas deve se tomar cuidado para que não se concentrem acasalamentos com touros que, entre os selecionados, estejam entre os piores, o que é comum acontecer quando o acasalamento prioriza muito a correção morfológica dos animais. Nessa situação, o ganho genético esperado não seria alcançado. Entre os objetivos citados, dois necessitam que os animais possuam avaliação genética. O primeiro é o controle de consanguinidade. Sabe-se que animais com alto coeficiente de endogamia (resultado do cruzamento entre parentes próximos) são menos produtivos. Esse fato é conhecido como depressão endogâmica e afeta, principalmente, a fertilidade e a sobrevivência. Hoje, praticamente todos os programas de melhoramento dispõem de softwares, que calculam o coeficiente de endogamia dos possíveis acasalamentos e permitem limitar esse valor. Em geral, recomenda-se que esteja abaixo de 6,25. Outro objetivo que necessita que os animais possuam avaliação genética são os ajustes morfológicos. O direcionamento individualizado dos acasalamentos é utilizado, há muito tempo, para essa finalidade. Consiste em encontrar o reprodutor adequado para corrigir um ou mais pontos morfológicos inadequados de uma matriz. O resultado esperado é a maior quantidade de produtos adequados a um padrão, seja ele estabelecido por uma raça ou pelo próprio selecionador. Como exemplos, po-
demos citar possíveis ajustes em frame, umbigo, pigmentação, garupa, boca, ossatura, caráter mocho, etc. Apesar dessas características, em geral, possuírem alta herdabilidade (muita influência genética), devemos salientar que ocorrem muitos equívocos por serem informações, na maioria das vezes, de origem subjetiva. Nesse sentido das correções genéticas, o acasalamento funciona para corrigir alguma deficiência genética que o animal tenha. Em matrizes que sejam negativas para peso ao sobreano, por exemplo, seriam utilizados touros muito bons para essa característica, resultando, assim, em produtos positivos. Esse tipo de acasalamento pode ser chamado de corretivo ou compensatório. Para isso, os atuais programas de melhoramento trabalham com possibilidade de filtros nas projeções das avaliações dos acasalamentos, ou seja, pode-se excluir acasalamentos que resultem em características piores que um valor predeterminado. Quando é realizada a seleção prévia para os reprodutores e suas respectivas quantidades e se priorizam os acasalamentos corretivos, há um aumento na homogeneidade da próxima safra, podendo-se ter menos descartes por avaliações muito ruins, mas dificilmente serão produzidos animais de excepcional genética. Seguindo o exemplo acima, utilizaríamos as doses de sêmen de que dispomos de um touro com excepcional peso ao sobreano para corrigir as matrizes mais fracas nessa característica e teríamos que utilizar um touro inferior nesse quesito nas matrizes superiores. A obtenção de animais com avaliações genéticas extremas é o maior objetivo dos rebanhos de seleção. Baseia-se em priorizar o acasalamento dos melhores machos com as melhores fêmeas e, automaticamente, dos piores machos com as piores fêmeas (entre os já selecionados). A esse sistema é dado o nome de acasalamento entre semelhantes. Quando se utiliza esse tipo de estratégia, há uma maior variabilidade genética da safra, o que é muito importante para se obterem animais “fora da curva”, objetivo primário dos selecionadores. Em geral, quanto mais se adota essa estratégia, mais se aumenta a quantidade de animais extremos e diminui a quantidade de medianos. Longe de ser apenas uma ferramenta para ajustes estéticos, o acasalamento direcionado tem se tornado uma peça fundamental para o melhoramento genético planejado e sustentável. Realizá -lo de forma eficiente pode gerar uma significativa redução no tempo necessário para se atingirem os objetivos de seleção.
Leia na íntegra em nosso site: revistapecuariabrasil.com.br/noticia/248-acasalamentos-dirigidos
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
163
ANDANÇAS
CARLOS ALBERTO DA SILVA, presidente do Grupo Publique
CRÔNICAS SOBRE O COTIDIANO RURAL
carlos@publique.com
30 anos de andanças no agro
E
m 1988, eu já trabalhava no agro havia dois anos, primeiro como assistente de marketing da Pecplan Bradesco e, depois, como contato comercial da Revista dos Criadores. Nessa época, eu trabalhava de dia e estudava à noite, no curso de Jornalismo da PUC/ SP. A ideia de fundar a Publique surgiu dessa experiência e aconteceu oficialmente no dia 23 de setembro de 1988, quando ainda faltavam alguns meses para sair o meu diploma de jornalista, que chegou ao final daquele mesmo ano. A empresa nasceu para prestar serviços de comunicação para pecuaristas e agricultores, com foco especial em leilões de gado de raça, associações de criadores e fazendas em geral. De olho no salto que estava para ocorrer, juntei-me ao meu antigo patrão, o empresário Nilton Cândido Silva, e, juntos, criamos a empresa, inicialmente uma agência de publicidade. No ano seguinte, o fotógrafo Fábio Fatori juntou-se ao empreendimento. Em pouco tempo, a aposta mostrou a sua força. Bastaram dois ou três anos para a empresa se consolidar na liderança desse segmento. Chegamos a pilotar, por exemplo, todos os leilões da ExpoZebu, já no início dos anos 90. Uma época em que não existia praticamente nenhuma das tecnologias tão conhecidas nos dias atuais: telefone celular, internet, Facebook, smartphones, YouTube, WhatsApp. Uma fase romântica da atividade. Os anos 90 mostraram a força da mídia impressa, que segue forte até os dias de hoje, como mostra a Revista Pecuária Brasil. Ao celebrar 10 anos, a empresa adotou um novo posicionamento e passou a se chamar Grupo Publique, uma alusão à ampliação das atividades da empresa para áreas como assessoria de imprensa, banco de imagens e captação de recursos de patrocínio e merchandising para os eventos de nossos clientes. A celebração dos 10 anos foi de uma criatividade impressionante. Imagine dois animais em frente a um hotel cinco estrelas na região da Avenida Paulista. Agora, imagine estes dois animais - um touro limousin importado da França pela Agropecuária Corona e uma novilha nelore de pista do banqueiro Joca Simonsen - caminhando pela calçada da Rua Frei Caneca e chegando efetivamente à Avenida Paulista em frente ao Conjunto Nacional. Resultado: mídia espontânea em todos os grandes jornais do país e nas principais emissoras de TV. O tempo passou, o novo século chegou, as commodities agrícolas tornaram-se objeto de desejo no planeta inteiro e o Brasil transformou-se em um campeão de produtividade e exportações. A segunda década de vida do nosso Grupo foi centrada na relação com as indústrias do agro, calcada no conhecimento
164
#pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
profundo da alma dos pecuaristas e agricultores, consolidado na primeira década. Nesta fase, passamos a atender grandes marcas. A empresa ampliou seu portfólio e passou a oferecer os serviços de editora, eventos e marketing digital. Consolidou-se como a única empresa do segmento de comunicação e publicidade com foco 100% no agronegócio. Já em 2001, recebemos o Troféu Nelore de Ouro, da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, durante a edição do Nelore Fest daquele ano. Vale lembrar que a Publique criou para a ACNB o nome dessa festa, o design do troféu e o slogan usados até hoje. Em sua terceira década, a empresa continuou crescendo em direção a novos horizontes. Recebemos reconhecimentos importantes pela trajetória, como os diversos prêmios da ABMR&A, Associação Brasileira de Marketing Rural & Agronegócios. Fui eleito Homem de Mídia pela ABC, Associação Brasileira de Criadores, e homenageado com o Prêmio Especial Beef Expo 2015. Adquirimos a Revista AgroRevenda, lançamos publicações customizadas, como Senepol, Gir Leiteiro e AgroGuia da Folha de S. Paulo, além de dezenas de títulos feitos sob medida para diversos clientes, dentre eles o Noticiário Tortuga, da DSM. Em eventos, vale destacar a série de encontros com pecuaristas produzida para a multinacional DuPont. Foi num desses encontros, precisamente no dia 26 de agosto de 2014, em Vila Rica (MT), que nasceu a semente do programa Fala Carlão. Primeiro, no meu Facebook pessoal, posteriormente, ganhou uma fanpage e culminou com o Blog no site do Canal Rural, que já conta com mais de 2,2 mil edições. Desde março de 2018, com a estreia no Canal Rural, o endereço mais tradicional do segmento, o programa Fala Carlão coroa e homenageia o início de um novo ciclo, celebra os 30 anos de atividades do Grupo e pavimenta o caminho da quarta década de vida, com novas ferramentas de comunicação para o desenvolvimento cada vez maior do marketing para o agronegócio. Para ratificar o nosso compromisso com o agro, o Grupo Publique tem sede em uma fazenda no interior de São Paulo, conectada com o mundo através de uma equipe altamente qualificada e espalhada pelo país, em sistema home office, que, em última análise, simboliza o compromisso de proximidade com os seus clientes. Nesta caminhada toda, a principal lição que aprendemos foi a importância da satisfação, do retorno financeiro e de imagem. O trabalho é fruto do planejamento, da criação e do atendimento. Chegar aos 30 anos com todo o respeito do mercado é um sinal inequívoco de que o caminho trilhado sempre foi o da inovação, criatividade e eficiência na gestão da verba de nossos clientes.
AGOSTO / SETEMBRO 2018 | #pecBR
165
ACELERE SEUS RENDIMENTOS Multiplique os índices de Produtividade
(18) 3226-2000 - Álvares Machado - SP (35) 3539-1800 - São Sebastião do Paraíso - MG 166 #pecBR | AGOSTO / SETEMBRO 2018
www.matsuda.com.br