Pecuária Brasil #32

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Cláudia Monteiro +55 (34) 9 9142-5082 claudiapecuariabrasil@gmail.com

Publique, Image Comunicação, Isabela Flores, Jardine Comunicação, Ketchum, Nicole Thuler, Pec Press, Pedro H. Marino, PiaR Comunicação, Rafael Rezende, Rubens Neiva, Sílvia Sibalde, Texto Comunicação Corporativa e Unesp

EDIÇÃO Natália Escobar - MTB 19731/MG redacaopecuariabrasil@gmail.com

CONTATO COMERCIAL +55 (34) 3071-1000 / 3071-0600 3313-0371 / 3317-2320

COLABORAÇÃO ABCGil, ABCZ, ABQM, ACBB, ACNB, Agência Fapesp, AgroEffective Comunicação, André Julião, Andrezza Queiroga, Apex-Brasil, Atelier de Imagem e Comunicação, Attuale Comunicação, BCW Global, Bruno Sousa, Camila Cechinel, Carolina Barbizan, Carolina Jardine, CNA, Daniela Miranda, Embrapa, Grupo

JURÍDICO Cláudio Batista Andrade Renato Mendonça Costa

DIREÇÃO Gustavo Miguel +55 (34) 9 9142-5081 gustavomiguel.gm@gmail.com

CIRCULAÇÃO E ASSINATURAS assinaturapecuariabrasil@gmail.com DIAGRAMAÇÃO Carlos Lopes

FOTÓGRAFOS PARCEIROS Ana Clark (82) 9 8150-2220

Marcelo Cordeiro (31) 9 9946-9697

Boy (17) 9 8115-8087

Maurício Farias (34) 9 9994 1949

Carlos Lopes (34) 9 8814-0800

Ney Braga (34) 9 9960-9610

Douglas Nascente (17) 9 8174-0202

Pecuária em Foco (67) 3383-5533

Fábio Fatori (13) 9 8121-0011

Pitty (34) 9 9978-1205

Flávio Venâncio (67) 9 8143-0131

Roberto Mattos (67) 9245-2040

Gustavo Miguel (34) 9 9142-5081

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CIRCULAÇÃO GRATUITA Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores. As matérias publicadas podem ser reproduzidas desde que citada a fonte.

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NOSSA CAPA É com grande satisfação que trazemos em nossa capa a criadora de nelore mocho octacampeã Dalila Botelho, conhecida internacionalmente pela sua competência, dedicação e trabalho sério. Foto Gustavo Miguel


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APRESENTAÇÃO

DE NORTE A SUL E PARA ALÉM DAS FRONTEIRAS CLÁUDIA MONTEIRO

Diretora da Pecuária Brasil

claudiapecuariabrasil@gmail.com

RAÇA

CARNE

LEITE

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O segundo semestre de 2019 está chegando ao fim e nós temos o prazer de apresentar nossa 32ª edição com perspectivas otimistas para o setor, e boas expectativas para o próximo ano que se aproxima. Preparando para o fechamento de mais um ano, trouxemos para o leitor o melhor da vida no campo, de Norte a Sul no Brasil, e também na América do Sul. Acompanhe-nos nas próximas páginas e conheça o setor que mais cresce no país. Nessa edição, você encontra uma reportagem especial sobre a mais importante feira da Bolívia, a ExpoCruz, que mais uma vez tivemos o prazer de acompanhar de perto. Também trazemos os resultados da Expoinel, ExpoBrahman, ExpoGil e a Exposição do Guzerá Centro-Sul, que aconteceram simultaneamente em Uberaba (MG), e outras feiras agropecuárias importantes para o setor. Tem também uma reportagem sobre o que mudou nas regras do Ranking da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), e conteúdo especial sobre as raças gir leiteiro, sindi, brahman, senepol e muito mais. Na editoria Leite você vai conhecer sobre tecnologias para produzir mais e com mais sustentabilidade. Além disso, confira também nas próximas páginas tudo sobre o mercado da carne e do leite, as mais novas tecnologias para o setor e as principais marcas e criatórios do país. Fizemos tudo com muito carinho para você, leitor, encontrar em nossas páginas toda informação que poderia precisar, e muito mais. São mais de cem páginas com um conteúdo preparado com esmero e profissionalismo, pensando em quem importa para nós: nossos leitores e parceiros. Obrigada por acompanhar nosso trabalho e até a próxima!


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SUMÁRIO

Alterações no Ranking Nelore

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Avaliação de carcaça PG. 80

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SEMPRE NA PECUÁRIA BRASIL 16 . PECUÁRIA EM REDE 18 . PECUÁRIA INDICA 22 . PORTEIRA ABERTA 32 . CAPA 38 . ENTREVISTA

ExpoCruz 2019 PG. 54

42 . PECUÁRIA 360º 53 . RAÇA 79 . CARNE 85 . LEITE 101 . GENTE 104 . SOCIAIS 108 . PONTO DE VISTA 110 . OPINIÃO

Mais produtividade

115 . EM FOCO

PG. 86

O gene da rusticidade PG. 72

Pré-seleção de touros PG. 92 NOVEMBRO 2019 | #pecBR

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PECUÁRIA DE ONDE Municípios brasileiros que aparecem nessa edição

PARNAMIRIM (RN) Sindi na Festa do Boi

CAFEARA (PR) Cruzamento para corte

UBERABA (MG) Gir padrão

DESTINOS INTERNACIONAIS Bolívia China Estados Unidos

Paraguai Uruguai

Aparecida do Rio Doce (GO) Araguaína (TO) Bela Vista do Maranhão (MA) Belo Horizonte (MG) Brasília (DF) Brotas (SP) Campinas (SP) Campo Grande (MS) Conchas (SP) Cratéus (CE)

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Curitiba (PR) Dom Pedrito (RS) Eldorado do Sul (RS) Esteio (RS) Florianópolis (SC) Foz do Iguaçu (PR) Goiânia (GO) Jaboticabal (SP) Londrina (PR) Maçambará (RS)

Missal (PR) Nova Santa Rita (RS) Pelotas (RS) Piracicaba (SP) Piripiri (PI) Porto Alegre (RS) Ribeirão Preto (SP) Rio de Janeiro (RJ) Rio Preto (SP) Sales (SP)

Santa Vitória do Palmar (RS) São Carlos (SP) São José do Rio Preto (SP) São Luís (MA) São Paulo (SP) Silvianópolis (MG) Uberlândia (MG) Ventania (PR) Vila Velha (ES)


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COLABORADORES Especialmente nesta edição, a equipe da Pecuária Brasil gostaria de agradecer imensamente a todos aqueles que participaram da promoção Páginas de Amor, promovida em parceria com o projeto Agro Contra o Câncer. Foi um sucesso: 37 pessoas e empresas doaram um total de R$ 8,2 mil, depositados diretamente na conta da instituição. Parabéns ao ganhador da promoção, José da Costa Noronha, o Kinkão, da Terra Vermelha, e a todos aqueles que participaram.

Adriano Bicalho

Luciane Kahale

AgroGir

Luís Miguel Costa Rocha

Antônio e Marco Antônio

Maria Tereza Lemos

Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges

Marinho Santos

Cassiano Terra Simão

Maurício Ianni

Dalila Botelho

Minerembryo

Diomario Teixeira e filhos

Nelore Paranã

Eurico Velasco

Nylton e Samai Idalló

Fabiano Mendonça

Origem Embriões

Família Gibertoni

Paulo Cézar Barreira

Fausto Cerqueira

Phácil Consultoria

Francisco Botelho

Plauto Demétrio

Geise e Jairo de Paula

Raphael Zoller

Gir do Lino

Rodrigo Borges

João Cruz Reis Filho

Rodrigo Casale

José da Costa Noronha

Rubens Cunha Júnior

Laura Loren Rodrigues da Silva

Sérgio Bendilatti

Lilian Jacinto

Thiago Freitas

Para não esquecer: o Hospital de Amor continua precisando de ajuda para manter as cinco unidades fixas de tratamento e onze unidades de prevenção, onde são realizados quase um milhão de atendimentos por ano. Acesse hospitaldeamor.com.br e colabore em qualquer época do ano, com qualquer quantia.

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PECUà RIA EM REDE Nos siga no Facebook e Instagram, use a hashtag #pecBR e apareça aqui!

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PECUÁRIA INDICA

O QUE ESTOU LENDO

VOCÊ SABE COMO GANHAR DINHEIRO COM A PECUÁRIA?

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sse livro prático, baseado na experiência de mais de 20 anos de consultoria do autor, ensina o passo a passo para gestão descomplicada da empresa pecuária moderna, com foco em ampliação de resultado. Com o propósito de transformar a gestão pecuária, Antonio Chaker El-Memari Neto, líder do Instituto Inttegra de Métricas Agropecuárias, detalha, sem reservas, todas as etapas de gestão para que o pecuarista ganhe dinheiro com pecuária. A base para sua metodologia está na análise econômica, gerencial e de pessoas de 20 anos como consultor, além de reunir informações de mais de 420 fazendas, cujo índice de aproveitamento do método de gestão é de 92%. O sucesso acontece porque o pecuarista passa a ter os números do negócio nas mãos e sabe exatamente qual é o lucro esperado para os próximos quatro e oito anos. Como ganhar dinheiro com na pecuária: os segredos da gestão descomplicada Por Antonio Chaker El-Memari Neto Editado por Inttegra Universidade R$ 89,90

Cláudia Monteiro Diretora comercial da Pecuária Brasil

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VINICULTURA GEORGIANA

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riada em 2015, a WINE7 (wine7.com. br) é uma empresa com conceito inovador que trabalha com importações de produtos exclusivos no setor de bebidas destiladas e fermentadas, como vinhos georgianos e vodcas polonesas. A empresa tem exclusividade na importação dos vinhos da Geórgia, e a vinicultura georgiana vem ocupando cada vez mais espaço entre os apreciadores brasileiros dessa iguaria. Após mais de 70 anos de domínio russo, a Geórgia, que conta com uma variedade de mais de 500 uvas oriundas de sua região, começa a figurar entre os maiores produtores de vinhos do mundo. O solo e as condições climáticas, além da quantidade, permitem a cultura de uvas exclusivas e com as mais variadas características para a produção de vinhos diferenciados. Apesar de ser uma novidade aqui, os vinhos da Geórgia, antiga república soviética, são uma referência na enologia mundial, não só pela diversidade e exclusividade de suas uvas e processo de produção, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade, mas também pelo fato de o país ser considerado o berço da vinicultura mundial.


RANGER XLT

GERADOR RURAL A Husqvarna, empresa de origem sueca presente há mais de 40 anos no Brasil, lançou no Brasil uma linha de geradores de energia para profissionais e proprietários rurais. Eles são ideais para quem busca energia estável e segura para as mais diversas aplicações. Equipados com painel digital, eles trazem informações como voltagem, frequência e tempo de utilização do equipamento de maneira clara e precisa. A partir de R$ 1,5 mil

A nova Ranger conta com a versão XLT, equipada com motor 3.2 Duratorq diesel, de 200 cv, tração 4x4 e transmissão automática. Além de ar-condicionado digital de duas zonas, central multimídia SYNC 3 com tela de 8 polegadas, bancos de couro, sete airbags e câmera de ré, a Ranger XLT vem com sensor de chuva, monitoramento individual de pressão dos pneus, faróis automáticos, estribos plataforma e detalhes cromados. A partir de R$ 178 mil

PARMESÃO GOURMET De sabor acentuado, ligeiramente picante e textura consistente, o queijo parmesão da RAR Gourmet é maturado por, no mínimo, seis meses. Com o sabor, aroma e textura em perfeita harmonia, o queijo ressalta o aroma e sabor de cada prato, tornando-se um ingrediente indispensável na dispensa dos apreciadores da boa gastronomia. R$ 88 (300 gramas)

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PECUÁRIA INDICA

CARLOS ALBERTO PEREIRA Jornalista, enófilo e tecnólogo em Turismo e Hotelaria vinhosetal@gmail.com

VINHOS

VINHO TINTO E VERÃO

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qui no Brasil, muitos acham que a primavera e o verão são épocas do ano inapropriadas para o consumo de vinho, já que associam o vinho aos dias frios, que pedem como acompanhamento pratos mais encorpados, picantes e calóricos. Esta percepção é tanta que, um dia desses, estava em um supermercado procurando um vinho, quando encontrei um amigo que me questionou o fato de estar comprando vinho para beber nesta época do ano. Dizia ele que não consegue nem olhar para o vinho neste calor, que tem que ser cerveja ou chope. Respondi que estava à procura de um vinho branco, rosé ou espumante, pois são ideais para climas quentes e que são bem refrescantes. Ai ele me disse que não toma vinho branco, só gosta de vinho tinto. Pois bem, disse a ele: vinhos tintos também são excelentes companhias no verão! Claro que ele me olhou com uma cara de incrédulo, mas não ousou perguntar o por quê. Por isso, vou fazer a indicação de algumas uvas tintas que podem perfeitamente proporcionar muito prazer e frescor nestes dias de sol e calor escaldante. Os vinhos tintos merecem sim, um lugar na sua mesa no verão! E a maneira mais correta e prazerosa de degustar este vinho é escolher rótulos de uvas que ofereçam menor teor de tanino, que sejam mais leves, mais ácidos e mais frutados. Mas, claro, estes vinhos pedem um pouco mais de cuidado e não podem ser refrigerados em temperaturas muito baixas, pois mesmo que sejam mais leves, ácidos e frutados, eles são mais encorpados e tem um maior teor de tanino, se comparado aos vinhos de uva branca. Se a temperatura for excessivamente baixa, o vinho ficará com um sabor metalizado, trazendo ao paladar um grande desconforto. Assim sendo, a indicação é que o coloque para resfriar utilizando um balde de gelo com um pouco de água. Mas se você não conseguir colocar a garrafa no gelo, coloque-a na geladeira (na parte mais baixa) por 45-60 minutos antes de beber, que ficará numa temperatura aprazível, e deverá ser servido por volta de 12º a 14º. Assim, você poderá melhor explorar todos os aromas e sabores que ele pode oferecer. Mas, é impor-

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tante lembrar sempre de ler as descrições do vinho no rótulo, pois, além de descobrir uvas novas que combinam com verão, você ficará sabendo se as uvas foram cultivadas em regiões frias do velho mundo ou em regiões quentes do novo mundo. Pois, o terroir, as condições de cultivo e o método de vinificação vão te dar informações se o vinho tem mais ou menos frescor e frutas e se harmonizam bem com os dias quentes. Dentre as uvas tintas que entregam vinhos mais leves e que são perfeitamente resfriados, podemos citar muitas delas, mas vou indicar três que são de fácil acesso e ideais para os dias quentes. A lambrusco é uma uva que faz um vinho tinto frisante, de mesmo nome, muito conhecido e delicioso. Proveniente da região italiana de Emilia Romagna, combina muito bem com o calor de nosso clima tropical. Já a gamay é mais conhecida como a uva usada nos vinhos franceses beaujolais nouveau. Entrega vinhos alegres e frutados, com notas de frutas vermelhas, amora picante e laranja. É tradicionalmente servido gelado pelos franceses e no dia de sua colheita fazem uma grande festa popular. É um vinho para servir novo e fresco. Por último, conhecida como a “uva branca” das tintas, a pinot noir é oriunda da França, mais precisamente da região da Borgonha. Ela entrega vinhos bem leves, média estrutura, com boa acidez e taninos discretos. Quando jovem exibe aromas de frutas vermelhas frescas.


AGRO NO PRATO

Rodrigo Casale Churrasqueiro rodrigocasale2017@gmail.com

RECEITAS

Prime ribs com farofa de banana da terra

Ingredientes 1 peça de prime ribs (filé de costela com osso) 1 peça de short ribs (dianteiro) 150 g de bacon 500 g de farofa 5 bananas da terra Manteiga sem sal Sal a gosto

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suculência da carne feita na grela é inconfundível, e nada melhor do que uma farofa bem “da roça” para acompanhar. O prato harmoniza bem com vinhos tintos mais intensos e cervejas artesanais.

Modo de preparo Para farofa, coloque a manteiga no fogo até derreter e, em seguida, coloque o bacon. Frite até derreter bem toda gordura. Acrescente a farofa aos poucos, enquanto mexe. Para finalizar, coloque a banana da terra picada, e está pronta a farofa. Para o preparo das carnes, esquente a grelha da churrasqueira e coloque as peças, que devem ficar aproximadamente cinco minutos grelhando de cada lado. Quando a carne começa a soltar água na parte superior, é hora de virá-la para grelhar do outro lado. Sele também as laterais das peças. Coloque o sal a gosto e sirva em seguida.

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PORTEIRA ABERTA 0,83%

Das 49 gigatoneladas de gases de efeito estufa emitidos pelo mundo todo, 2,59% são emitidos pelo Brasil, e apenas 0,83% pelas atividades agropecuárias do país. Os dados foram compilados pelo chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pecuária Sudeste Alexandre Berndt, um dos organizadores da Conferência internacional sobre Gases de Efeito Estufa e Agricultura Animal (7ª GGAA), realizada este ano em Foz do Iguaçu (PR). O evento reuniu cerca de 150 especialistas em emissões de gases de efeito estufa do mundo todo. Na ocasião, Alexandre apresentou dados atualizados sobre as emissões brasileiras e afirmou que o país está em sétimo lugar no ranking de emissões, com um volume bem menor que grandes potências mundiais.

TECNOLOGIA BRASILEIRA LÁ FORA

A Intergado, startup brasileira que desenvolve e disponibiliza soluções de pecuária de precisão, está instalando bebedouros, cochos e balanças de tecnologia própria em instituições no Uruguai e Estados Unidos. A inserção de hardwares e softwares em centros de pesquisas agropecuárias e universidades do exterior é fundamental para que os profissionais da área mensurem os dados dos animais com muita exatidão, auxiliando na evolução do setor com auxílio da tecnologia brasileira.

DISTRIBUIÇÃO DE INSUMOS FATURA R$46,8 BILHÕES

O setor de distribuição de insumos agropecuários registrou, em 2018, um faturamento de R$46,8 bilhões. Esse valor representa um crescimento de 6,3% ante o resultado de 2017, quando o segmento alcançou R$ 44 bilhões. Os dados são da Pesquisa Nacional da Distribuição, uma realização da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) divulgada recentemente. 24

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ACGZ TEM NOVO PRESIDENTE

A Associação dos Criadores Gaúchos de Zebu (ACGZ) elegeu a nova diretoria que ficará a frente da entidade no biênio 2020-2021. Eleito por aclamação, o criador Ederson Coimbra Rothmundt, selecionador da raça indubrasil desde 2012, em Nova Santa Rita (RS), assumirá o cargo de presidente da entidade. Já André Pufal Pinto, também criador de indubrasil, atuará como vice-presidente. A eleição foi realizada durante a Expointer 2019, em Esteio (RS), em assembleia geral com associados.

MELHORADOR DE DESEMPENHO

A virginiamicina foi autorizada para uso como aditivo melhorador de desempenho na produção animal. A informação foi confirmada por parecer técnico da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SDA/ Mapa), divulgado no dia 7 de junho, dando parecer favorável da Secretária à “manutenção por 24 meses do uso da molécula (virginiamicina) na finalidade do atual registro”.

R$ 95 MILHÕES EM LÁCTEOS

A Nestlé investiu, nos últimos três anos, mais de R$ 95 milhões para consolidar um portfólio completo de lácteos e atender a diferentes perfis de consumo de leites e compostos lácteos no Brasil, com o olhar voltado para a melhor nutrição de crianças e adultos. Os investimentos envolvem pesquisa, desenvolvimento e inovação, em linha com as novas demandas do consumidor.

ANTECIPAÇÃO DE RECEBÍVEIS

A Giro.Tech: fintech é uma empresa criada com objetivo de simplificar as transações financeiras entre grandes empresas e seus fornecedores. Ela já operou mais de 20 milhões em antecipações de pagamentos com desconto dinâmico em apenas seis meses de operação. O negócio consiste em uma plataforma que auxilia empresas de grande porte a implantarem programas de antecipação de recebíveis aos seus fornecedores e oportuniza que pequenas e médias empresas tenham acesso a capital de giro com um custo muito menor e sem a burocracia que geralmente encontram no mercado financeiro.


IDEAS FOR MILK BATE RECORDE

REPRESENTAÇÃO

O Grupo Pecuária Brasil (GPB), que nasceu em uma rede social por meio da troca de mensagens entre produtores paulistas, tornou-se uma entidade com estatuto e contrato social, representando os pecuaristas do país. A agremiação começou há cerca de cinco anos no WhatsApp, transferindo-se depois para o Telegram. A diretoria é formada por Osvaldo Furlan Junior na presidência, Rodolfo Endres Neto como vice-presidente, e Luiz Roberto Zillo como diretor executivo, além de 17 integrantes do Conselho Deliberativo da nova entidade. O GPB e seus grupos coligados contam hoje com mais de 12 mil membros de 189 cidades, 17 estados e Distrito Federal, além de integrantes de três países. No total, seus membros possuem 1,6 milhão de cabeças de gado e abatem 985 mil animais por ano. Uma das iniciativas de maior destaque do GPB é o Balizador de Preços do Boi Gordo, iniciativa que congrega, em detalhes, as informações dos próprios pecuaristas sobre negócios realizados com a indústria frigorífica.

A equipe de pesquisadores da Embrapa Gado de Leite encerrou o circuito Caravana 4.0, primeira etapa do movimento Ideas For Milk, que objetiva fomentar a inovação na cadeia do leite no país. A ação envolve visita às principais universidades brasileiras para estimular os jovens talentos a propor soluções para os desafios da atividade. No total, a Caravana 4.0 visitou 52 instituições de ensino, em 33 municípios de 11 estados, em todas as regiões do país. Esse resultado é recorde.

FAMA INTERNACIONAL

O reprodutor da raça brangus Spartacus já teve 150 mil doses de sêmen comercializadas e mais de três mil filhos avaliados. Com fertilidade acima da média, comprovada pelo programa Concept Plus, o animal pertencente à Agrícola Anamélia Brangus HP e impressiona pelo desempenho de seus filhos. Um deles, o touro Marco Aurélio, em 2017 conquistou o grande campeonato da 48ª Exposição Nacional do Brangus da Argentina, em uma disputa com mais de 200 animais. Um ano antes, seu outro filho, Espartano já tinha sido o Grande Campeão da Exposição de Palermo, em Bueno Aires, uma das mostras mais tradicionais da América do Sul. A fama do reprodutor é tamanha que três criadores sul-americanos, Mauro Lopes, paraguaio, e os equatorianos Juan Pedro Rosero e David Pacheco, quando vieram fazer um curso de avaliação de carcaça na DGT do Brasil, fizeram questão de conhecer os donos de Spartacus.

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PORTEIRA ABERTA PUBLIQUE E HOSPITAL DE AMOR

O Hospital de Amor, maior complexo de tratamento oncológico do país, agora conta com a parceria do Grupo Publique. A empresa, que completa 31 anos em 2019, vai focar seus talentos e habilidades na prospecção e no envolvimento de um número maior de benfeitores, doadores e voluntários. A gestão de redes sociais do pecuarista Rubikinho de Carvalho, atual coordenador do projeto “Agro contra o Câncer”, a produção de conteúdo jornalístico e a criação de campanhas publicitárias na plataforma de produtos da Publique são as atribuições assumidas. Levar a mensagem do Hospital de Amor e conseguir a aproximação com um número maior de empresas e indústrias ligadas ao setor produtivo é o propósito da parceria.

MAIS 22% DE LEITE ATÉ 2029 A produção brasileira de leite deve apresentar um crescimento de 21,7% na próxima década, de acordo com o estudo de projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgado em julho. Segundo os pesquisadores, o crescimento do setor deve apresentar taxas anuais de 2% a 2,8% nos próximos dez anos, puxado por melhorias na gestão das fazendas e na produtividade dos animais. Projeção de crescimento no consumo de 21,63% no mesmo período, passando de 35,4 bilhões de litros projetados para 2019 para mais de 43 bilhões de litros em 2029. Com isso, a importação deve avançar 10,29% em dez anos, alcançando 75 bilhões de litros em 2029. Para exportações, as projeções são de queda: de 1,18 bilhões de litros esperados para 2019 para 1,16 bilhões de litros em 2029, queda de 2,1%.

BRASILEIROS NOS EUA

Um grupo de dez produtores do sul de Minas Gerais participou de um tour nos Estados Unidos. Acompanhados por representantes da ABS Brasil e ABS Global, eles visitaram fazendas e centros de pesquisa ligados à pecuária leiteira, além de conhecerem instalações da ABS em Wisconsin. O objetivo das visitas foi conhecer diferentes sistemas de produção inseridos na cadeia produtiva do leite, permitindo fazer um retrato completo de como funciona a pecuária leiteira na América do Norte, e comparando os diferentes manejos observados à realidade praticada no Brasil.

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STARTUPS DO AGRO

São Paulo é o estado que concentra o maior número de startups orientado ao setor agropecuário, sediando mais de 400 das 1.125 distribuídas pelo país. Os números constam do Radar AgTech Brasil 2019, mapeamento realizado pela Embrapa em parceria com a SP Ventures, a consultoria Homo Ludens e com apoio da StartAgro, da ACE e do Centro Universitário FEI. Dentre os dados coletados, aproximadamente 90% das empresas voltadas ao agro estão nas regiões sul e sudeste do país. As cidades que concentram o maior número delas são: São Paulo (262); Piracicaba (41); Campinas (38); Ribeirão Preto (37); Curitiba (36); Rio de Janeiro (35); Porto Alegre (29); Belo Horizonte (24); Florianópolis (21); Uberlândia (19); Goiânia (17); São José dos Campos (17); Londrina (15); Campo Grande (14); São Carlos (14), entre outras.


VPB DO AGRONEGÓCIO

O Valor Bruto da Produção (VBP), que mede o faturamento bruto da atividade dentro da porteira, deve ter leve queda de 0,2% em 2019, resultado quase estável na comparação com o ano passado, totalizando R$ 609,7 bilhões, segundo previsão da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A pecuária será a responsável por garantir esta estabilidade. O VBP do setor deve fechar o ano em R$ 232,9 bilhões, alta de 7% em relação a 2018. Destaque para a suinocultura, que deve ter crescimento de 22,9%, e da avicultura, com elevação de 14,2%, principalmente pela maior demanda por conta da peste suína na China. Para a carne bovina, a projeção é de expansão de 3,6% no VBP em 2019, na comparação com 2018, enquanto que para o leite a estimativa é de alta de 8,7%. Adriano BritoTrilux

NOVO DIRETOR ASSOCIADO PARA MSD

Gustavo Ferro é o novo diretor associado da MSD Saúde Animal. Com ampla experiência no mercado de tecnologia, Gustavo foi diretor da unidade de novos negócios e pecuária da Robert Bosch América Latina por seis anos. Formado em Engenharia de Produção Agroindustrial pela Universidade Federal de São Carlos (SP), o executivo tem especialização em gestão de projetos, com amplo conhecimento na área de tecnologia e pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas.

PORTARIA REGULAMENTA ESPORTES EQUESTRES

O Governo Federal sancionou em setembro a Lei 13.873, que regulamenta as práticas da vaquejada, do rodeio e do laço no Brasil. A medida classifica as atividades e suas respectivas expressões artísticas e esportivas como manifestações culturais nacionais, elevando-as à condição de patrimônio cultural brasileiro.

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PORTEIRA ABERTA PIB CRESCENDO

MELHOR FACULDADE PRIVADA DO BRASIL

Pelo 3º ano consecutivo, o curso de Agronomia das Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) foi eleita a melhor faculdade privada do Brasil, de acordo com o Ranking Universitário Folha (RUF). Publicado no início de outubro pelo jornal Folha de S. Paulo, o ranking também destacou a Agronomia Fazu na 5º colocação em avaliação de mercado, reafirmando o alto índice de empregabilidade dos formandos. O curo de graduação subiu na lista geral do RUF por dois anos consecutivos e chegou, em 2019, à 14ª posição.

MÁRCIO NERY ASSUME ASBIA

Foi eleita a nova diretoria da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), que comandará a entidade pelo próximo triênio 2019/2022. Márcio Nery Magalhães Júnior (foto) assume a presidência com intenção de fortalecer o Índice Asbia, fomentar a utilização de tecnologias de reprodução e impulsionar o mercado internacional para genética brasileira. A nova diretoria da Asbia também é composta por Cesar de Almeida Franzon (diretor operacional); Nelson Eduardo Ziehlsdorff (diretor técnico) e Fernando Furtado Velloso (diretor de Marketing), além de continuar com o apoio do gerente executivo, Carlos Vivacqua. A chapa foi aprovada por unanimidade.

Em outubro, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgaram que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio teve crescimento de 0,64% no acumulado de janeiro a julho de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado foi impulsionado principalmente pelo segmento de insumos, com alta de 7,88% nos primeiros sete meses do ano. Agroindústria e serviços registraram expansão de 1,60% e 1,18%, respectivamente. O PIB da atividade primária (dentro da porteira) foi o único que recuou (-2,99%).

VOZ FEMININA NO CAMPO

Oito meninas do meio rural foram certificadas pelo Instituto Crescer Legal e pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em outubro pela participação no programa Nós por Elas: A voz feminina do campo. Durante três meses, elas saíram das suas localidades rurais e foram para a Unisc, onde participaram de capacitações em sala de aula e nos laboratórios dos Cursos de Comunicação Social. Foram 256 horas de pesquisas sobre temas relacionados às mulheres e jovens do campo, história do rádio, conceitos e técnicas de radiojornalismo, estrutura da notícia, produção de textos e roteiros. A edição de 2019 do Nós por Elas contou com a participação de jovens com idades entre 16 e 19 anos dos municípios gaúchos de Vale do Sol, Boqueirão do Leão, Santa Cruz do Sul e Vera Cruz.

VACA BATE RECORDE MUNDIAL

Maressa da 3G 1854 (Diretor da 3G x SCR 124), bateu recorde mundial de produção de oócitos. Foram obtidos 485 em uma única aspiração. O animal é uma novilha da raça senepol, da Fazenda Senepol 3G, localizada em Barretos, no interior de São Paulo. 28

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PORTEIRA ABERTA BRASIL NA ALEMANHA

As 112 empresas brasileiras que participaram da centésima edição da feira Anuga, realizada em Colônia, na Alemanha, superaram todas as expectativas e realizaram US$ 3,4 bilhões em negócios: a maior marca histórica com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que lidera a participação brasileira há nove anos consecutivos. No pavilhão nacional o valor registrado em negócios foi de US$ 339,3 milhões. Já no pavilhão de carnes, US$ 2,3 bilhões foram fechados.

NOVA DIRETORIA PARA GIROLANDO

Primeira entidade de pecuária a adotar um processo de votação online, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando realizou, em outubro, a eleição para a escolha da sua nova diretoria. O pecuarista e engenheiro agrônomo, Odilon de Rezende Barbosa Filho, foi eleito com 230 votos. Associados em todo o Brasil puderam votar sem sair de casa, tanto pelo aplicativo quanto pelo site da entidade. A posse será no dia 14 de fevereiro de 2020, em Uberaba. A diretoria eleita comandará a entidade até 2022. Anúncio ABCSindi Nov2019.pdf

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PORTEIRA ABERTA ABC CERRADO

No início de novembro, o Senar, o Ministério da Agricultura, a Embrapa e o Banco Mundial anunciam os resultados finais do Projeto ABC Cerrado. Em cinco anos, 7,8 mil produtores rurais da Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Tocantins e o Distrito Federal foram beneficiados com capacitação em quatro tecnologias de baixa emissão de carbono: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), Sistema Plantio Direto, Recuperação de Pastagens Degradadas e Florestas Plantadas. Destes, quase dois mil receberam também assistência técnica e gerencial. Com esse conhecimento, o produtor rural contribuiu para a recuperação de mais de 93 mil hectares no Bioma Cerrado.

INCRA TEM NOVO PRESIDENTE

O pecuarista criador de guzerá Geraldo José da Camara Ferreira de Melo Filho assumiu a presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), responsável pela regularização de terras. Ele é economista pela Universidade de Brasília (UNB), foi superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) no Paraná, é filho do ex-governador do Rio Grande do Norte e ex-senador Geraldo Melo, e substitui no comando do Incra o general João Carlos Jesus Corrêa.

CATÁLOGO INTERNACIONAL

Para atender à crescente demanda internacional por informações técnicas e pela genética bovina brasileira, a empresa Semex Brasil acaba de lançar a primeira edição do catálogo “Brazil Export”. Totalmente em inglês, ele traz dados sobre a genealogia e a avaliação genética de touros de diversas raças de corte e de leite de grande procura em parte da África e da Ásia. São mais de 30 reprodutores das raças de corte brahman, brangus, nelore e senepol, e das de leite gir leiteiro, girolando, guzerá e sindi.

800 PROJETOS EM INOVAÇÃO

A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) bateu a marca de 800 projetos de inovação que unem a indústria e a pesquisa brasileira. Em seis anos de atuação, foram 566 empresas de todos os portes beneficiadas com o modelo de atuação da instituição que, além de recursos não-reembolsáveis, oferece uma rede de centros de pesquisas capacitados para criar soluções para o mercado. Os projetos da instituição atendem a demanda por inovação em diferentes áreas, como agronegócio, saúde, energia, mineração, entre outras, e diversos deles já estão no mercado nacional e internacional contribuindo para que pequenas e grandes empresas possam ter suas ideias viabilizadas.

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Um legado

construído com a força do amor 34

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Conhecida internacionalmente pela sua competência, dedicação e trabalho sério, a criadora octacampeã Dalila Botelho Toledo transformou seu amor pelo nelore mocho em genética de excelência GUSTAVO MIGUEL

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alila Botelho Toledo construiu um legado histórico e inquestionável na pecuária de seleção. Não existe registro de outro criador ou expositor que tenha ganhado tantos títulos consecutivos no Ranking da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB). Foram oito anos recebendo a honraria dupla de Melhor Criador e Melhor Expositor de nelore mocho, além dos inúmeros prêmios individuais pelos seus animais. Graças ao esforço imensurável, trabalho e dedicação de Dalila, hoje a Fazenda São José Da-Car, em Santa Maria da Serra, no interior de São Paulo, é referência internacional de qualidade genética. É com a força desse legado e a admiração de todos que a conhecem que Dalila chega aos seus 80 anos, comemorados em dezembro próximo. Ao olhar para tudo que viveu até agora, tem a convicção de que fez tudo da me-

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Dalila com o ex-presidente do Paraguai e proprietário da Goya Agropecuária, Juan Carlos Wasmosy Monti

Dalila com o irmão, Doutor Botelho

Flávia, Giosa, Mário de Paula, Dalila e Sr. Porto

Wellington, Alcântara, Isabel, Dalila, Neusinha e Laureano

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lhor maneira que podia e a certeza absoluta de que tudo valeu a pena. “Se pudesse voltar no tempo, não faria nada diferente. A história que construí e o rebanho que consegui selecionar me deixam imensamente satisfeita e orgulhosa. Através do meu trabalho tenho a oportunidade de conviver com o gado, o que é uma de minhas maiores felicidades, e também de estar junto de pessoas maravilhosas, que sempre me trataram muito bem e me fizeram sentir parte da família nelorista. É a criação que me faz ter amor pela vida e ímpeto de viver e trabalhar mais, fazer cada vez mais e melhor”, conta a criadora, conhecida carinhosamente no setor como Dona Dalila. Mas, os motivos para comemorar não param no aniversário celebrado por toda família nelorista. Em 2020, o Nelore Da-Car comemora 25 anos de muito trabalho, e os resultados continuam a dar orgulho para equipe do criatório paulista. Na ExpoGenética 2019, por exemplo, a matriz Odalisa, cria de Dona Dalila, conquistou o bicampeonato no Prêmio Matriz Cláudio Sabino Carvalho, que premia a melhor matriz do evento. “Meu sonho é ter uma vida muito longa e saudável para continuar trabalhando cada vez mais, produzindo cada vez melhor. De resto, o futuro a Deus pertence”, sentencia. Ela já pensou em parar a criação e aposentar-se. Mas, olhando ao redor, percebeu que ainda é cedo para acreditar que sua trajetória até aqui já foi o suficiente. “Aprendemos a conhecer a raça em todos esses anos. E quanto mais a vivenciamos, mais aprendemos. Por mais que às vezes eu pense em parar por causa de problemas de saúde ou da idade, na mesma hora vejo que é essa a minha motivação para viver”. Um olhar para estante de casa, cheia de troféus, a faz lembrar os momentos de satisfação que justificam seu trabalho e paixão. “Me lembro com carinho dos momentos em que vi os resultados de tanto tempo dedicado à raça. Os prêmios são consequências do trabalho, de muita luta. Um prêmio não é ganho, é lutado, conquistado”.


Ubirani Da Car

Fragância e Odalisca Da Car

Genética Da-Car Dalila escolheu primar pela qualidade. Seu rebanho é formado por animais que se destacam pela fertilidade, rusticidade, padrão racial e beleza. Agora, a criadora se dedica a refinar cada vez mais sua seleção e preservar seus “tesouros genéticos”. Por isso, faz parte dos programas de melhoramento da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) e da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), e investe constantemente em tecnologia. Seu mais recente investimento foi no clone de Mantes, uma das grandes matriarcas da seleção Da-Car. Agora a pecuária nacional pode desfrutar um pouco mais dessa genética única. Como Mantes, várias outras matrizes do plantel foram consagradas pela excelência na produção. Tranquila, Quimera, Ribalta, Faceira, Figura, Tarântula e Fragância, entre várias outras, integram esse time de genética superior. Outro destaque, e orgulho da criadora, é Formiga Da-Car, melhor progênie da ExpoZebu 2012 e melhor matriz no ranking da ACNB 2011/2012. A vaca é produtora de genética campeã: todas suas progênies foram premiadas. “O caso dela é muito importante, porque ela é mãe só de filhos premiados. Uma coisa muito difícil de acontecer”, orgulha-se Dalila. Tal superioridade genética é provada nas pistas de

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CAPA

Dalila com Dr. Botelho, Dra. Glacy e equipe Nelore Da-Car

julgamento, nas provas de ganho de peso e no pasto, o que é comprovado diariamente pelos pecuaristas Brasil a fora que usam a genética Da-Car. Um deles é o médico e pecuarista Francisco Botelho, irmão de Dona Dalila, que produz boi para o abate desde 1972. “O gado da Dalila realmente tem padrão racial e é muito bonito, porém, para mim não interessa a beleza. Me interessa o que diz o frigorífico. A boiada com genética Da-Car criada no pasto com leve suplementação nos últimos 45 dias é abatida aos 26 meses de idade com 21@ de média. É um abate produtivo, precoce e altamente rentável pelo retorno em pouco tempo. É uma genética com eficiência de carcaça fantástica, boa de pasto, boa de prova, boa de pista e boa de peso”, garante o irmão, conhecido como Doutor Botelho. Equipe Que Dona Dalila não tem o costume de sair de feiras pecuárias sem premiações já é um fato conhecido por todos. O que muitos não sabem é que um dos segredos por trás do sucesso é a equipe que ela carrega consigo para preparar os animais desde a inseminação até a entrada na pista. Equipe esta que também é um time de admiradores conquistados pelo carisma

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de Dalila, que hoje fazem coro na hora da torcida e nas constantes comemorações. “Temos um time sincronizado e eficiente, com muitos anos de trabalho na nossa fazenda. O sucesso nas pistas só é possível porque essa equipe entra em cena com seu amor e dedicação, cada um no seu setor, mantendo a integridade e excelência do plantel Da-Car”, conta Dona Dalila. História de superação Paulista de Piracicaba, Dalila cresceu na cidade, estudou na capital do estado e foi interna do Colégio Santa Marcelina. Sempre morou na cidade, mas, considera que é como se tivesse nascido na fazenda. A propriedade que hoje serve de criatório para o Nelore Da-Car era do pai de Dalila, José Dias Botelho. O patriarca da família criava gado caracu e a filha o acompanhava no campo desde pequena. O avô da criadora foi Antônio José de Camargo, um dos maiores cafeicultores brasileiros. Em 1925, ele ganhou um diploma certificando o título, e Dalila o guarda carinhosamente até hoje. “Uma família da roça”, resume. Ela se casou com o grande amor de sua vida, Carlos de Moraes Toledo, com quem foi feliz por muitos


anos, até que a morte dele os separou. Do casamento ficaram três filhos, que deram netos e depois bisnetos para Dalila, sempre trazendo muita felicidade para a avó. Um dos bisnetos, Mathias, apelidado de Tutico, é o mais novo boiadeiro da família, e Dalila se alegra de imaginar que ele poderá dar continuidade ao trabalho dela. Mas, não foi uma vida fácil. Nem sempre quem vê os olhos azuis de Dalila refletindo com a mesma serenidade as felicidades das conquistas e as dificuldades do dia-a-dia imagina que sua trajetória teve momentos de dor profunda e superação admirável. Só quem a conhece há muito tempo sabe que ela é muito mais forte do que pode transparecer o olhar sereno. “A vida inteira Dalila foi boiadeira, cria da roça. Mas, quando ela passou pelo trauma emocional de perder um filho, isso ficou muito mais latente. Ela se agarrou com todas as forças na criação do gado, e foi o que fez surgir nela uma força que nem ela sabia que tinha. Ela é um exemplo de quem, mesmo enfrentando todo tipo de desafio na vida, não desiste do seu sonho nem da sua paixão. Se hoje ela é a melhor criadora de nelore mocho do país é porque ela batalhou muito para isso, e este legado nunca será apagado”, conta Dr. Botelho. Depois de uma longa trajetória de superação, hoje os percalços ficam pequenos quando o assunto é amor

pela raça. Apoiada pelos filhos José Carlos e Sérgio Luís, Dalila foi encorajada a buscar um novo sentido para vida. Foi quando encontrou a raça que até hoje é uma das maiores fontes de alegria da criadora. “O nelore mocho me cativou e me ajudou a ter forças. Por isso tenho tanto amor e apego à criação. Conseguir permanecer oito anos consecutivos como melhor criadora da raça não foi fácil. É muito trabalho e dedicação total. Tem hora que você desanima, quando só vai e nada vem em troca. Mas, por tudo que a raça me deu durante a vida, inclusive vontade de viver, vale a pena”, garante a criadora. Foi o temperamento manso do nelore mocho que cativou Dalila. Ela acredita que a docilidade do gado facilita o manejo, além das outras características produtivas. Depois que começou a criar a raça, nunca mais quis saber de nenhuma outra. “O nelore é uma raça perfeita”, sentencia. Talvez essa admiração pelo gênio do nelore mocho venha da própria tranquilidade da criadora. Sempre elegante, desfila pelo mundo da pecuária com calma, se fazendo exceção em um universo dominado por homens. Acompanhada da família grande e dos amigos que foi conquistando pelo caminho, Dalila tomou seu posto de criadora. Não qualquer uma. A melhor criadora de nelore mocho da história da raça.

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ENTREVISTA

GERALDO BORGES

AS FRONTEIRAS DO LEITE BRASILEIRO O que falta para a nossa pecuária leiteira ganhar o mundo?

CARLOS LOPES

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residente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo de Carvalho Borges tem 49 anos de idade, e desde a infância está envolvido com a pecuária leiteira. Ele é filho, neto e bisneto de produtores rurais, e leva a tradição da família adiante, criando as raças gir leiteiro e girolando no interior de Minas Gerais e do Pará. Possui pós-graduação em Gestão Empresarial Estratégica e já foi por duas vezes presidente do Sindicato dos Criadores, sediado em Brasília (DF), do qual foi um dos fundadores e hoje é vice-presidente. É também um dos fundadores e foi conselheiro da Federação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal (Fape-DF), conselheiro da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, presidente da Câmara Setorial do Leite do DF e membro da Câmara Setorial do Leite do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Geraldo também já foi membro do Conselho Diretivo da Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGil) e representante da Fape-DF na Comissão da Pecuária de Leite na Confederação Nacional da Agropecuária (CNA), na qual atualmente é membro, representando a Abraleite. Também já ocupou diversos outros cargos em várias entidades do setor produtivo nacional, inclusive participado da criação de algumas.

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Pecuária Brasil . No cenário internacional, o Brasil já disputa lado a lado mercados como o da carne e da soja. Porém, o leite brasileiro ainda não tem essa competitividade. Por quê? No que Brasil precisa investir para ganhar competitividade no mercado externo? Geraldo Borges . O leite produzido no Brasil ainda não é competitivo pelo fato de ser uma cadeia produtiva que precisa ser organizada, onde precisaremos aumentar a qualidade e os índices de produtividade, resolver os problemas de ordem sanitária, sobretudo em relação à brucelose e à tuberculose, e principalmente ter uma desoneração em todos os elos da cadeia, aos produtores, às indústrias de laticínios e cooperativas, que sofrem assimetrias com outros países produtores e exportadores de lácteos. Temos muita tributação, encargos e despesas trabalhistas de uma CLT, que produtores de leite de outros países como os Estados Unidos e a Nova Zelândia não tem, obrigações ambientais com o ônus todo por conta do produtor brasileiro e problemas estruturais como energia elétrica rural de péssima frequência, estradas vicinais muito mal conservadas em um país de dimensão continental de logística difícil e cara, falta de assistência técnica, dentre outros. PB . Com relação ao trabalho dentro da porteira, o produtor brasileiro, no geral, já está preparado e tem tecnologia o suficiente para ter competitividade frente aos concorrentes internacionais? GB . Existem produtores de leite no Brasil extremamente eficientes, com gestão eficiente, tecnificados, com altos índices de produtividade por matriz e por hectare em todos os sistemas de produção, produzindo com qualidade

conhecemos alguém que não bebe leite por algum motivo, alguém que está pensando em reduzir o consumo, ou alguém que poderia se beneficiar dele. O consumo está estagnado há cinco anos no país. É claro que é um problema influenciado também pelo cenário econômico, porém, falta incentivo ao consumo de leite. Nós temos um problema de imagem. Falta trabalho de Marketing em cima do nosso produto. As pessoas que são contra a produção e o consumo de leite, como os veganos, estão fazendo um trabalho bem melhor, apesar de serem muito menos numerosos. Qualquer notícia negatiPB . Pensando no mercado interno, como fortalecer o cenário va sobre o setor, por mais isolada e esporádica que seja, ganha enorme do leite? repercussão nas redes sociais e na GB . Viajo o Brasil dando palesmídia em geral, e nós ainda não tras reunindo e conversando com estamos combatendo isso de maprodutores, técnicos e profissioneira eficiente. É necessário levar nais do setor em geral. Sempre informação para as pessoas. Hoje faço a mesma pergunta para eles: o consumidor quer saber a origem quantas pessoas você convenceu a beber leite e consumir derivados do produto que vai comprar, quer saber sobre bem-estar animal, prelácteos hoje? Ou ainda: quantas pessoas você convenceu hoje de que o leite e seus derivados são bons para saúde? Todos nós e gerindo seu negócio com bons e até ótimos resultados. Mas, a grande maioria não está preparada, não tem bons índices, não estão tecnificados e nem chega a eles assistência técnica. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE 2017/18, divulgado recentemente, são aproximadamente um milhão e duzentas mil propriedades produtoras de leite, em 99% dos municípios brasileiros, com extrema variabilidade nos mais diversos estilos de produção e extrativismo, muito pulverizada em todo o país e com baixa média de produção.

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ENTREVISTA servação ambiental, responsabilidade social. E essa é uma tendência mundial. Então, se queremos crescer no mercado nacional e internacional, precisamos mais do que atender todos esses quesitos, precisamos comunicar que eles estão sendo muito bem atendidos, e que nosso produto é bom. PB . Quais são as ações práticas que a Abraleite está promovendo nesse sentido? GB . Em seus dois anos de existência, a Abraleite vem divulgando matérias que mostram as virtudes do leite e dos derivados lácteos como alimento saudável ao ser humano em todas as fases de sua vida, bem como mostrando importância econômica e social que cadeia produtiva do leite tem para toda a sociedade, evitando o desemprego no campo, o êxodo rural e o consequente inchaço e aumento de índices de criminalidade nas grandes cidades. Também nesse sentido de informação à sociedade, a Abraleite tem promovido e apoiado ações, entrevistas e participações em programas de TV, rádio, mídia escrita e digital. Está sendo desenvolvido um segundo vídeo institucional da entidade, para ser amplamente divulgado, onde é realçada para a sociedade a importância do leite e dos produtos lácteos na nutrição humana e na economia do país. Outro projeto em andamento é a viabilização de consumo de leite em repartições públicas e, ainda, a compra governamental para instituições de Educação, Assistência Social, centros de detenção, entre outras.

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PB . As pessoas públicas e celebridades nem sempre colaboram para que a imagem do leite seja mais verdadeira para o consumidor, como é o caso da cantora Anitta, que recentemente divulgou informações truncadas sobre a produção leiteira. Outros casos mais sérios divulgaram informações completamente equivocadas. Como o setor pode rebater esse tipo de “ataque” de maneira que fique para o consumidor uma imagem mais positiva do leite? GB. Infelizmente, há pessoas desinformadas e outras mal intencionadas falando inverdades que chegam à sociedade e podem causar um estrago enorme, fazendo com que pessoas deixem de consumir produtos. Isso não ocorre somente com o leite e lácteos. A carne sofre esses mesmos “ataques”, o ovo já sofreu, assim como tantos outros alimentos de cadeias produtivas importantes do nosso Agronegócio. Por isso, estamos cada vez mais focados em divulgar a verdade sobre o leite e os seus subprodutos, incentivando também que as pessoas só divulguem notícias verdadeiras sobre nossa atividade. Estamos falando, cada vez mais, sobre a cadeia produtiva, que gera mais de cinco milhões de empregos diretos e muito mais empregos indiretos, sobre como o produtor de leite é importante para nossa nação e para o mundo, sobre como ele preserva o meio ambiente, emprega pessoas no campo com vida digna e como

pratica bons tratos animais. Até porque a preservação do meio ambiente, dos mananciais hídricos e o bem-estar das pessoas que trabalham na pecuária leiteira e dos animais são vitais para a nossa atividade, e as pessoas precisam saber disso. PB . Se o senhor pudesse dar um conselho para cada produtor de leite do Brasil, o que falaria para eles? GB . Que seja persistente, que seja cada vez mais eficiente em sua gestão de seu negócio, que se profissionalize cada vez mais, aperfeiçoe com tecnificação e busque informações, assistência técnica, melhoramento genético e outras práticas que o ajude na sua propriedade e sua atividade. Agregue valor ao seu produto com derivados lácteos artesanais, produção de leite A2 ou orgânico, e esteja sempre atento ao mercado. Quem conseguir, que faça produção em grande escala. Que o produtor compre e venda mais em conjunto, que valorize o cooperativismo e o associativismo. Muito importante também é que apoie e participe da Abraleite, que é a legítima representante dos produtores de leite do Brasil de todos os estilos e portes de produção. Que fortaleça cada vez mais esta instituição que luta pelos produtores de leite do país e que vem construindo um cenário melhor através de políticas públicas voltadas à pecuária leiteira, defesa da classe e da organização da nossa cadeia produtiva.


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EXPOINEL NACIONAL

A fêmea Camila FIV CRL, de Dorival Gibertoni, foi a Grande Campeã da Expoinel 2019, promovida de 19 a 28 de setembro, em Uberaba (MG). O Grande Campeão foi Rima Fiv Neru, da Rima Agropecuária. Os Grandes Campeões do nelore mocho foram Rancheria FIV da Zoller e Rolex FIV da Zoller, ambos da Z. Holding Participações. Além do julgamento dos animais, a Expoinel foi palco do 9º Simpósio “Nelore: A Carne do Brasil”. Mais de 200 pecuaristas, estudantes, técnicos, profissionais e formadores de opinião acompanharam os debates sobre melhoramento genético do Nelore, pastagens, carne de qualidade, bem-estar animal, entre outros temas.

LEILÃO LOGAN E LANDAU

O Nelore Di Genio promoveu no dia 25 de setembro, durante a Expoinel Nacional, a venda de 31 lotes com a genética dos touros Logan e Landau, e obteve faturamento de R$ 900 mil. O evento levou a remate 31 lotes com filhos, embriões e prenhezes dos dois touros, além de sêmen sexado e convencional, vendidos para todos os cantos do país. O leilão foi uma parceria entre o Nelore Di Genio e os sócios dos touros Landau (Amâncio Salomão, do Nelore Xuab) e Logan (Hélio Propheta, da HRO).

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EXPOSIÇÃO GUZERÁ CENTRO SUL

EXPOGIL 2019

Também foi promovida pela Associação dos Criadores da Raça Guzerá do Centro Sul a 3ª Exposição Guzerá Centro Sul, de 21 a 29 de setembro, concomitantemente à Expoinel, ExpoGil e ExpoBrahman. Os resultados dos Grandes Campeonatos não foram divulgados pela entidade promotora.

Paralelamente à Expoinel, a 21ª Exposição Nacional do Gir Leiteiro (ExpoGil) foi promovida de 22 a 29 de setembro, pela Associação Brasileira dos Criadores Gir Leiteiro (ABCGil). Na pista, conduzida pelo jurado André Rabelo, a Grande Campeã foi Resposta FIV de Brasília, do expositor José Coelho Vitor. A Reservada foi Maitê FIV Mutum, do expositor Léo Machado Ferreira. Entre os machos, Figo Benkaiah FIV, do expositor Roberto Martins Vilela, foi o Grande Campeão. Matt Mutum, do expositor Winston Drumond, foi o Reservado.

VIRTUAL JACAREZINHO

O 35º Leilão Virtual de Touros Agropecuária Jacarezinho foi promovido no dia 29 de outubro, e teve faturamento de R$ 1,9 milhão, atingindo média geral de R$ 7,8 mil. O lote mais valorizado foi o jovem reprodutor Decumbes AJ, arrematado por R$ 168 mil.

EXPOBRAHMAN

Também foi promovida, entre os dias 23 e 29 de setembro, a 15ª edição da ExpoBrahman. Na pista, a Grande Campeã foi CABR Riva 2731, de Paulo de Castro Marques. A Reservada foi Miss Vitória 5541, de Alexandre Ferreira. O Grande Campeão foi CABR Pharao 2623, de Paulo de Castro. O Reservado foi Mister W2R POI 1230, de Wilson Roberto Rodrigues.

EM GOIÂNIA

De 6 a 13 de outubro, Goiânia (GO) foi palco da tradicional Exposição Agropecuária de Goiás, que completou 56 edições em 2019. O evento ainda sediou a 9ª Goiás Genética, promovida pela Associação Goiana do Nelore (AGN), e a 14ª Exposição Internacional de Nelore (Expoinel), iniciativa da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB).

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DIA DE CAMPO AGROMARATÁ

No dia 5 de outubro, a Agromaratá promoveu a sétima edição do seu Dia de Campo, na Fazenda Nelore, em Bela Vista do Maranhão (MA). Na oportunidade, criadores, técnicos e estudantes da região tiveram oportunidade de conhecer a evolução genética do rebanho Agromaratá e trocar conhecimentos sobre melhoramento genético. Também foram comercializados 250 reprodutores e 30 matrizes nelore, além de 20 cavalos quarto de milha.

ENCONTRO VILA REAL

O 5º Encontro Vila Real foi realizado nos dias 25 e 26 de setembro, Brotas (SP), promovido pelo pecuarista Maurício Ianni. No geral, a movimentação financeira dos dois remates bateu R$ 5,3 milhões com a venda de 72 lotes. O grande destaque foi a venda da doadora Jamaya da Di Gênio, arrematada por R$ 1,95 milhão pelos pecuaristas João Aguiar Alvarez (Nelore Valônia) e Hélio Robles de Oliveira (HRO Empreendimentos).

MUTUM WEEKEND

Promovido pelo selecionador Leo Ferreira Machado no dia 5 de outubro, o Leilão Mutum Weekend – Elite Gir e Girolando foi um sucesso. Foram comercializados 57 lotes da raça gir leiteiro por R$ 2,2 milhões, com média de R$ 38, 9 mil. Ainda foram ofertados 24 exemplares 1/2 sangue girolando, por média de R$ 11,5 mil.

REPRONUTRI

A 4ª edição do Simpósio de reprodução, produção e nutrição de bovinos (Repronutri) consagrou o evento no setor produtivo com recorde de público (mais de mil inscritos) e com a presença de palestrantes nacionais e internacionais, que se reuniram nos dias 26 e 27 de setembro no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande (MS). Foram apresentados resultados recentes de pesquisas que podem ser aplicadas na prática nas propriedades, seja nas áreas de reprodução, nutrição, produção e genética, de uma forma integrada, visando impactar positivamente os sistemas de produção e contribuindo para o desenvolvimento da pecuária nacional.

SEMANA SINDI CASTILHO

De 30 de setembro a 6 de outubro, o criador Adáldio Castilho recebeu convidados de todo país para a Semana Sindi Castilho, na Fazenda Tabaju, em Sales (SP). Foram ofertados 180 reprodutores e 220 fêmeas, além de sêmen e embriões com a genética do criatório. A média superou R$ 10 mil.

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EXPOEMA 2019

A 61ª Exposição Agropecuária do Estado do Maranhão foi promovida de 23 a 27 de outubro, em São Luís (MA). Foram oito dias com programação incluindo cursos, palestras, visitas técnicas, rodeios, leilões, e julgamento do Ranking Nacional Nelore, iniciativa da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), em parceria com a Associação dos Criadores de Nelore do Norte do Brasil (ACNNB). O diretor da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e pecuarista Eduardo Falcão acompanhou os julgamentos das raças zebuínas nelore e gir leiteiro, que foram conduzidos pelo jurado Gilmar Miranda. Da exposição, participam animais de criadores do Maranhão e Piauí.

2º PRÊMIO MULHERES DO AGRO

De São Paulo ao Tocantins, as vencedoras do Prêmio Mulheres do Agro representam diferentes regiões do Brasil. As nove ganhadoras foram anunciadas durante o 4º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio. O objetivo principal é reconhecer a contribuição da mulher nas atividades agropecuárias e apoiá-las na luta em prol da igualdade de gêneros. Na categoria Grande Propriedade, a produtora Carla Sanches Rossato, de Sertanópolis (PR), ficou em primeiro lugar. Na categoria Média Propriedade, Vivian de Freitas Machado Oliveira, de Araguaína (TO), recebeu a premiação máxima. E na categoria Pequena Propriedade, Ivanda Maria Winter Heck, de Missal (PR), foi a vencedora.


2º LEILÃO PITANGUEIRA

A Fazenda Espinilho, em Maçambará (RS), foi cenário do 2º Leilão Pitangueira e Convidados. No total, 54 clientes arremataram os lotes disponibilizados, pela média de R$ 10,3 mil por animal. O touro X-Tudo, o mais valorizado do evento, foi leiloado por R$ 32 mil para Eduardo José Bernardes Filho, da Fazenda Alvorada. Já nas fêmeas, a média obtida ficou em R$ 4,95 mil.

MEGALEILÃO MONTANA

O 21ª Megaleilão Montana, realizado no dia 3 de setembro, alcançou a melhor média de sua história. Foram vendidos 53 reprodutores da safra 2017, todos com Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP), pela média de R$ 9,7 mil, para nove estados.

LEILÃO CFM BULLTRADE

A Agropecuária CFM vendeu 387 touros nelore no Leilão Virtual CFM BullTrade, realizado no dia 7 de outubro. Os machos, selecionados desde o nascimento, tem 24 meses de idade e estão prontos para trabalhar na próxima estação de monta, levando material genético superior para diversas regiões do país. O preço médio foi de R$6,8 mil por reprodutor, com faturamento total superior a R$ 2,6 milhões. No total, 28 pecuaristas de 13 diferentes estados fizeram aquisições no leilão.

ENCONTRO DOS ENCONTROS

“É junto dos bão que a gente fica mió”: esse foi o tema do Encontro dos Encontros da Scot Consultoria, e não houve frase melhor para descrever o evento, que aconteceu entre os dias 30 de setembro a 4 de outubro, em Ribeirão Preto (SP). Mais de 1,5 mil participantes, em sua maioria pecuaristas, vindos de 19 estados brasileiros, passaram pelo Encontro de Criadores, Adubação de Pastagens e Pecuária Leiteira.

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Fábio Fatori

NELORE E SINDI CAMPARINO

O tradicional pecuarista José Humberto Camparino promoveu a 2ª Semana Nelore e Sindi Camparino, de 26 de outubro a 3 de novembro. Foram comercializados perto de 600 animais das duas raças, entre matrizes e reprodutores e também embriões, com realização da Connect Leilões. Foram 135 compradores de 18 estados brasileiros.

LEILÃO DE BRANGUS

Realizado em 21 de setembro, o Leilão Virtual Brangus HP e Brangus do Sertão fez média de R$ 13,3 mil para 109 touros e R$ 7,9 mil para 66 vacas, com transmissão nacional pelo Canal do Boi. A captação de lances foi coordenada pelos leiloeiros João Campo e Lourenço Campo.

RESERVA

A segunda edição do leilão Reserva Angus faturou R$ 381,6 mil, no dia 27 de outubro, no Sindicato Rural de Santa Vitória do Palmar (RS). Foram comercializados 20 touros com média geral de R$ 11,3 mil, 20 fêmeas prenhes com média de R$ 3,8 mil e 29 fêmeas vazias que fecharam com média de R$ 2,6 mil.

YAMI

A primeira edição do Congresso Youth Agribusiness Movement International (YAMI) foi realizado nos dias 8 e 9 de outubro, durante o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, e recebeu 300 congressistas que debateram o papel e a missão da nova geração no setor. Foram promovidas seis palestras e cinco mesas redondas, contabilizando mais de 17 horas de conteúdo, que abordaram temas como: sustentabilidade, tecnologia, novas práticas do agronegócio, sucessão, agricultura urbana, tendências e oportunidades.

CASA BRANCA

O 5º Leilão Primavera Casa Branca vendeu 175 reprodutores e matrizes angus, brahman, simental e brangus, pacotes de embriões e sêmen no dia 7 de setembro, na Fazenda Santa Ester, em Silvianópolis (MG). Fizeram aquisições pecuaristas de todas as regiões do país. No total, foram 17 estados (AC, AL, BA, ES, GO, MA, MG, MS, PA, PB, PR, RJ, RO, RS, SC, SP e TO). O faturamento total foi superior a R$ 3,2 milhões.

ENCONTRO REPRODUZINDO RESULTADOS

A Vetoquinol Saúde Animal reuniu cerca de 30 veterinários especializados em reprodução de bovinos no Encontro Reproduzindo Resultados, focado em transferência de embriões e realizado em duas cidades: São José do Rio Preto (SP) e Belo Horizonte (MG). Os eventos contaram com palestras do médico veterinário e professor Carlos Fernandes.

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ESALQSHOW

A edição de 2019 do Esalqshow, fórum de inovação e tecnologia no agro, foi realizada de 9 a 11 de outubro, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), em Piracicaba (SP). Durante três dias, membros da academia, profissionais do mercado e lideranças do agronegócio estiveram reunidos com o objetivo de estreitar e fortalecer cada vez mais a relação entre universidades e demais elos do segmento. O evento proporcionou mais de 24 horas de conteúdo, contou com a presença de 112 painelistas, além de 65 expositores.

MULHERES DO AGRO REUNIDAS

O 4º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA) foi realizado nos dias 8 e 9 de outubro, no Transamerica Expo Center, em São Paulo (SP). Mais de 1,9 mil congressistas se reuniram para debater o tema “Agir – Ação Global: Integração de Redes”, que norteou a programação do encontro. Durante dois dias, as participantes acompanharam uma série de ações que destacaram a contribuição das mulheres como aceleradoras das inovações que conduzem o agronegócio no Brasil e no mundo. A 5ª edição do CNMA já está confirmada para os dias 27 e 28 de outubro de 2020.

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Rodrigo Alves Vieira

EXPO RIO PRETO

A 57ª Expo Rio Preto registrou recordes de público e de bons negócios. Mais de R$ 7,6 milhões em negócios foram realizados, e mais de 56 mil pessoas pelo Recinto de Exposições Alberto Bertelli Lucatto, em Rio Preto (SP). Foram 318 animais para exposição, julgamento e leilões, 14 raças (entre bovinos, equinos e ovinos), 81 empresas participantes e mais de mil profissionais atuando no evento.

GUATAMBU, ALVORADA E CATY

O Leilão Guatambu, Alvorada e Caty que chegou a sua 47ª edição no dia 10 de outubro, na sede da Estância Guatambu, em Dom Pedrito (RS). Em um recinto lotado, os compradores e convidados do remate acompanharam a venda dos lotes das raças hereford e braford dos três tradicionais criatórios, que comercializaram183 lotes. As médias fecharam em R$ 7,2 mil nos touros hereford e R$ 10,2 mil nos machos braford. Nas fêmeas, as médias ficaram em R$ 2,9 mil no hereford e R$ 3 mil no braford.

LEILÃO FAZENDA SANT’ANNA

Realizado no dia 15 de setembro, com transmissão nacional pelo canal Terraviva, o remate da Fazenda Sant’Anna bateu o faturamento de R$ 1,6 milhão com a venda de 149 animais. As médias do remate ficaram acima das da última edição, em 2018: R$ 11 mil para 129 touros nelore, R$ 13,6 mil para 12 reprodutores brahman, R$ 5,3 mil para seis touros gir leiteiro e R$ 9,9 mil para vacas girsey, resultante do cruzamento entre gir leiteiro e jersey, novidade que agradou os criadores presentes.

EXPOAGRO NO PIAUÍ

De 8 a 15 de setembro, o Parque Carolina Freitas Lira recebeu a 3ª Exposição Agropecuária de Piripiri (Expoagro), em Piripiri (PI). O evento é uma inciativa da Associação dos Criadores do Norte do Piauí (Ascrinp) e conta com julgamentos, exposições e leilões. Foram mais de R$ 5 milhões movimentados.

SIMPÓSIO NELORE CAPIXABA

Associação Capixaba dos Criadores de Nelore (ACCN) promoveu a primeira edição do Simpósio Capixaba Nelore no dia 10 de outubro, no Cine Teatro UVV, em Vila Velha (ES), com debates sobre os desafios e oportunidades para a raça nelore a nível regional e nacional. Na programação do evento, os participantes poderão acompanhar palestras com temas variados sobre a raça, como bem-estar animal, manejo produtivo para produção de carne de qualidade.

AGILIDADE EM PISTA

Foi em cerca de 90 minutos que o tradicional Leilão Santa Eulália negociou 41 animais angus ofertados durante a 93ª Expofeira de Pelotas (RS). A agilidade em pista surpreendeu e resultou em movimentação de R$ 352,8 mil. Os 22 touros PO comercializados saíram com média de R$ 9,2 mil. Os 16 touros PC obtiveram resultado médio de R$ 7,8 mil. Já as três fêmeas PO saíram com uma média de R$ 8 mil.

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BRAHMAN

Brahman

será destaque no Paraguai em 2020 De 9 a 12 de julho de 2020, a capital do Paraguai, Assunção, recebe o Congresso Mundial do Brahman

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DIVULGAÇÃO

Paraguai é um país que já tem excelência na produção de carne certificada, e a raça brahman é protagonista desse cenário. Por isso, o Congresso Mundial do Brahman 2020 não poderia ser em melhor local. O evento será composto por quatro dias de intensa programação voltada à raça, e espera reunir criadores e técnicos de várias partes do mundo. No dia 9 e 10 de julho haverá julgamento de animais. No dia 11, grandes especialistas do mundo inteiro participarão de encontros técnicos. Temple Grandin, dos Estados Unidos, ministrará a palestra “Bem-estar Animal: o Mundo Precisa de Todos os Tipos de Mentes”. Wilson Rondó Júnior, do Brasil, falará sobre carne e saúde na palestra “Sinal Verde para Carne Vemelha”. Marcos Medina, do Paraguai, ministrará a palestra “Situação e Perspectivas da Pecuária Sustentável”. Allan Savory, do Zimbabue, falará sobre “Manejo Holístico: Regenerar a Terra e Incrementar os Lucros”. Mario Pereira, do Paraguai, vai contar sobre a produção de carne no país, na palestra “O Saboroso Caminho da Nossa Carne com Marca”. O selecionador paraguaio do Grupo Fortaleza e diretor da Associação Paraguai dos Criadores de Brahman, Marcio Pohl, conta que o evento acontecerá dentro da maior exposição internacional agropecuária do calendário

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local, a 38ª Feira Internacional de Pecuária, Indústria, Agricultura, Comércio e Serviços, organizada pela União Industrial do Paraguai (UIP) e pela Associação Rural do Paraguai (ARP). Ele afirma que a proposta dos organizadores é um congresso com foco na produção de carne. “No Paraguai, a carne brahman possui marca e está em boa parte dos supermercados do país, fato que pode ser considerado único em todo o mundo. Logo, muitos países querem conhecer de perto como isso acontece”, explica. O evento pode ser vitrine também para genética brasileira. “A oportunidade é grande para mostrar a seleção nacional da raça, no Paraguai, que prima por um trabalho de melhoramento genético de mais de 50 anos. Logo, temos muito o que mostrar”, destaca o criador. A comitiva promotora do congresso já esteve na Colômbia, Estados Unidos, Argentina e Brasil, com o objetivo de divulgar e fazer os devidos convites formais. Até o início do próximo ano, outras nações serão visitadas, principalmente as vizinhas. “Queremos encher as pistas de animais, também com a presença de vários países. O evento ainda receberá uma reunião oficial da Federação Internacional dos Criadores de Zebu (Ficebu), compromisso que trará mais legitimidade. O objetivo é promover cada vez mais a integração da criação de brahman no continente e do mundo”, ressalta Marcio.


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RAÇA

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SELEÇÃO . GENÉTICA . CRIAÇÃO . LEILÕES

Ranking Nelore 2019/2020 ACNB DIVULGA ALTERAÇÕES NO REGULAMENTO EXPOCRUZ BOLÍVIA

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RAÇA

EXPOCRUZ

CADA VEZ MAIOR E MELHOR Em setembro, a equipe da Revista Pecuária Brasil esteve na Bolívia acompanhando a maior feira agropecuária do país vizinho, que movimentou mais de 300 milhões de dólares CLÁUDIA MONTEIRO

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ntre os dias 20 e 29 de setembro de 2019, foi realizada a 44ª Feira Internacional de Santa Cruz, a ExpoCruz, na cidade de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. A feira é organizada pela Feira Exposição de Santa Cruz (Fexpocruz), um dos mais importantes centros de negócios do país. Após os 10 dias de exposição, a ExpoCruz 2019 terminou com 102,1 milhões de dólares em intenções de negócios. Somados aos 202,8 milhões de dólares alcançados na conferência de negócios organizada pela Câmara de Indústria e Comércio de Santa Cruz (Cainco), o montante chega a 304,9 milhões. São números como esses que mantém a feira como uma das mais importantes da América do Sul. Além da pecuária, um dos setores de maior destaque no evento, a ExpoCruz também abriga outros 30, entre eles a indústria automobilística, a construção, agricultura, têxtil, educação, alimentícia, entre outros. Em 2019, o evento recebeu cerca de 450 mil visitantes e mais de 2,2 mil expositores vindos de 23 países, proporcionando 75 mil empregos diretos e indiretos. O pavilhão pecuário foi, mais uma vez, destaque absoluto da feira. Participaram 105 expositores, que levaram 900 exemplares de diferentes espécies e raças, entre bovinos, búfalos, equinos e caprinos. Foram promovidos julgamentos em pista com jurados da Bolívia, Brasil, Estados Unidos e Peru, e também Concurso Leiteiro. Entre os bovinos participantes estava a raça senepol. “Em relação a 2018, a ExpoCruz cresceu em 5% no número de animais inscritos, no geral. Mas, mais do que isso, o que aumentou muito foi a qualidade dos exemplares inscritos, em todas as raças. Esse ano, mais do que nunca, os visitantes podem ver a qualidade genética e a evolução do rebanho boliviano”, conta a médica veterinária organizadora do setor pecuário da ExpoCruz 2019, Daniela Valverde Soliz. Porém, ninguém pode negar que os protagonistas foram os zebuínos. As raças brahman, nelore, nelore mocho, gir leiteiro, e o cruzamento girolando estiveram presentes com 420 exemplares para serem expostos e avaliados no julgamento promovido pela Associação Boliviana de Criadores de Cebu (Asocebú). “Mais de 50% dos animais inscritos na ExpoCruz foram zebuínos, o que muito nos enche de orgulho. Especialmente porque vemos não somente a pista cheia, mas, também a plateia cheia de famílias de criadores, que trazem suas esposas e seus filhos, incentivando a sucessão na atividade pecuária, que aqui na Bolívia é muito familiar”, comemora o presidente da Asocebú, Mario Anglarill Serrate. “A ExpoCruz 2019 foi um sucesso. Tivemos julgamentos muito interessantes e prestigiados por criadores e profissionais de vários lugares do mundo, o NOVEMBRO 2019 | #pecBR

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RAÇA que proporcionou uma troca de conhecimentos técnicos muito importante. A pista esteve lotada de pessoas assistindo aos julgamentos em todos os dias, e contamos com a presença maciça dos criadores associados. Além disso, a qualidade genética que resultou dos 45 anos de seleção zebuína aqui na Bolívia foi outro ponto alto”, conta o gerente geral da Asocebú, Fernando Baldomar . “Destaque para a presença dos brasileiros aqui prestigiando a Bolívia. Dava quase para acreditarmos que estávamos dentro de uma ExpoZebu”, brinca. Osvaldo Pereira Barbosa, do criatório brasileiro Nelore Di Gênio, esteve pela primeira vez na Bolívia e se encantou com a qualidade do gado. “Uma pista muito boa, com animais superiores, com genética comparável a nossa no Brasil. E os bolivianos em si são muito trabalhadores, receptivos, alegres, e hospitaleiros. Fiquei satisfeito de conhecer”, conta. A liberação da exportação de carne pra China está aquecendo o mercado na Bolívia, o que coloca os bolivianos em um momento de otimismo. Esse foi um dos motivos do sucesso dos 14 leilões promovidos durante a exposição. “Todos os remates tiveram liquidez total. Estamos felizes com os resultados, e já pensando na próxima edição. Estamos, inclusive, considerando a participação de outras raças zebuínas, como o sindi, que está começando a chegar por aqui”, acrescenta Fernando. “Temos consciência de que, para atender ao mercado internacional, temos que ter mais qualidade e mais produtividade. É para isso que trabalhamos diariamente. E o resultado desse trabalho pode ser visto aqui na feira, tanto nas pistas de julgamento, como nos pavilhões de exposição e nos leilões”, garante o criador e presidente da Federação de Pecuaristas de Santa Cruz (Fegasacruz), Oscar Ciro Pereyra Salvatierra. A 45ª edição da ExpoCruz está confirmada, com data a ser divulgada no início de 2020.

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Presidente da Asocebú, Mario Anglarill Serrate


Os campeões Na pista de julgamento lotada, o momento mais aguardado foi a consagração dos Grandes Campeões, que evidenciaram a qualidade do rebanho boliviano. “A avaliação dos juízes foi positiva e a genética boliviana continua ganhando espaço. Na Bolívia, temos animais superiores em dados de fenótipo, beleza racial, produtividade e avaliação genética”, afirma Henry Suarez, gerente da Asocebú. Ele ainda conta que, durante a exposição, a associação recebeu a visita de empresários e agropecuaristas dos Estados Unidos, Equador, Brasil e Paraguai interessados nesta genética. Na raça brahman, a Grande Campeã foi Miss Arlina de El Tordo, propriedade de Romer Osuna, e a Reservada foi Miss Freda FIV Santa Ana, propriedade de Natalia Pereyra Shirmer. Entre os machos, o Grande Campeão foi Mr. Eros FIV Santa Ana, do criador Oscar Ciro Pereyra, e o Reservado foi Mr. Calixto FIV de La Francisca, dos criadores Obdulio e Douglas Ulloa. Na raça nelore, a Grande Campeã foi Nigéria FIV Sausalito, e a Reservada foi Nebrazka FIV Sausalito, ambas do criador Osvaldo Monasterio Rek. Entre os machos, o Grande Campeão Mursan FIV Sausalito, também propriedade de Osvaldo, e o Reservado foi Maruq FIV Moxos, propriedade de Marcelo Muñoz Añez. Já no nelore mocho, a Grande Campeã foi Kalila FIV de La Francisca, dos expositores Obdulio e Douglas Ulloa, e a Reservada foi Manglar FIV Sausalito, do expositor Osvaldo. O Grande Campeão foi Akerman FIV, propriedade do expositor Mario Anglarill Serrate, e o Reservado Mamut Sausalito, também propriedade do expositor Osvaldo. Na raça gir leiteiro, o expositor Mario Daniel Alvarez levou todas as premiações máximas. Entre as fêmeas, a Grande Campeã foi Daira FIV Del Monte, e a Reservada foi Finlândia FIV I Esterlina. O Grande Campeão foi Edmundo FIV Del Monte, e o Reservado foi Emiliano FIV Del Monte, todos propriedades de Mario Daniel. “Na pista da ExpoCruz, que é a maior feira agropecuária do país, a pressão é grande, pois aqui estão os melhores exemplares produzidos por todos os criadores do país. Por isso, trazemos para cá o melhor de nossa produção, para colocá-la à prova e reafirmar nosso trabalho de seleção. Esta edição, em especial, foi muito concorrida e produtiva”, conta o pecuarista e expositor da Cabaña La Francisca, Douglas Ulloa Saat, que seleciona as raças nelore, nelore mocho e brahman.

Gerente geral da Asocebú, Fernando Baldomar

Mais uma vez, os brasileiros marcaram presença na ExpoCruz 2019

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RAÇA

Concurso leiteiro As raças gir leiteiro e girolando participaram do Concurso Leiteiro, que promoveu dez ordenhas. A Grande Campeã gir leiteiro foi a vaca jovem Finlândia FIV, que produziu média de 37,153kg/leite/dia. A Reservada Grande Campeã foi a também vaca jovem Daira FIV Del Monte, que produziu média de 35,067kg/leite/dia. Ambas são propriedade do criador Mario Daniel. Na raça girolando, a Grande Campeã do Concurso leiteiro foi a vaca adulta Figo 110 FIV Gillespy, que produziu média de 51,953kg/leite/dia. Ela foi exposta por Andres Nacif. A Reservada Grande Campeã foi Kika FIV Araqua, que bateu a marca de 40,880kg/leite/dia. Ela também foi exposta por Mario Daniel. “Hoje temos 265 vacas no Controle Leiteiro da Asocebú, promovido em parceria com a ABCZ e a Embrapa, e o resultado disso foi visto no Concurso Leiteiro da ExpoCruz 2019. Estamos, cada vez mais, nos consolidando também como um pais com potencial para produção de leite de qualidade”, garante o gerente geral da Asocebú, Fernando. Os mais pesados Um dos resultados mais esperados do evento é o do exemplar zebuíno mais pesado de cada edição. Brandon FIV del Monte foi o ganhador da ExpoCruz 2019, registrando um peso de 1.245 kg. De acordo com a Asocebú, o exemplar da raça nelore tem 32 meses, um ganho de peso diário de 1,2 kg e pertence à Fazenda Nelorí, do criador Luís Fernando Saavedra Bruno, conhecido como Lucho, que seleciona nelore e brahman. “Temos feito o melhor possível para produzir aqui na Bolívia um rebanho de alta qualidade genética. Em nossa propriedade, há 20 anos participamos de programas de melhoramento genético, investimos em tecnologia, em inovação e capacitação, e estamos sempre em busca do melhor. Essa premiação é resultado deste trabalho”, conta o criador, que trabalha com gado comercial de ciclo curto na Bolívia. Na raça nelore mocho, Akerman FIV de El Trébol foi o mais pesado, com 1.240 kg, 34 meses e um ganho de peso diário de 1,1kg. O animal pertence à Cabaña El Trébol, propriedade do presidente da Asocebú, Mario. Já no brahman, Abdel de La Francisca alcançou um peso de 1.130 kg, tornando-se o mais pesado da raça com 33 meses de idade e um ganho diário de 1,1kg. Ele pertence aos criadores Obdulio e Douglas Ulloa.

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RAÇA

Oscar Ciro Pereyra Salvatierra, criador e presidente da Federação de Pecuaristas de Santa Cruz (Fegasacruz)

Na Bolívia, os criadores assistem aos julgamentos em salas climatizadas

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Zebu de Ouro Anualmente, sempre na ExpoCruz, a Asocebú promove o fechamento do Ranking Nacional boliviano e entrega a premiação dos melhores criadores, expositores e animais do ano. Na ocasião, também é entregue o Zebu Nacional de Ouro e o Zebu Internacional de Ouro, homenagem aos nomes que contribuem para o crescimento das raças zebuínas no país. A doutora Ilse Foianini de Egüez e o especialista Antônio Vasconcelos Portas conquistaram a honraria nas categorias nacional e internacional, respectivamente. A cerimônia de premiação foi promovida no último dia da feira. “Este é um ato significativo para a nossa associação, porque, uma vez por ano, destacamos o trabalho dos trabalhadores que realizam grandes atividades pecuárias na Bolívia”, afirmou o presidente da Asocebú. Ele ressaltou que Ilse Foianini de Egüez é uma criadora, veterinária e zootecnista que transmite seu conhecimento técnico a criadores e estudantes. Enquanto o Zebu De Ouro Internacional, Antonio Vasconcelos Portas, criador de zebu no Paraguai e na Bolívia, tem contribuído para a saúde animal na região. Na premiação dos melhores do Ranking 2018-2019, a raça brahman foi representada pelo Melhor Expositor, Oscar Ciro Pereyra. Obdulio e Douglas Ulloa ficaram com o título de 2º Melhor Expositor, e Mario Gonzalo Montenegro levou a 3ª colocação. Já na raça nelore mocho, Osvaldo Monastério foi consagrado, mais uma vez, o Melhor Expositor, seguido por Mario Anglarill e os expositores Obdulio e Douglas Ulloa, na 2ª e 3ª colocação, respectivamente. Osvaldo também foi o Melhor Expositor da raça nelore padrão, seguido por Mario e Marcelo Añez. Julio Nacif foi o Melhor Expositor da raça gir leiteiro, seguido por Mario Daniel Alvarez Alvis e Yamil Nacif.


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RAÇA

Brasil e Bolívia Os países vizinhos mantém um bom relacionamento, principalmente no setor pecuário. Hoje, os protocolos sanitários para exportação de sêmen, embriões e animais vivos do Brasil para Bolívia estão vigentes. De lá eles podem enviar para cá material genético. O clima de cooperação mútua fica evidente na ExpoCruz. Especialmente em 2019, os resultados dessa parceria foram ainda mais comemorados. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) participou do evento comemorado o primeiro ano da assinatura do “Contrato de Fornecimento de Ferramentas para o Melhoramento Genético de Zebuínos”, que oficializou o início da operacionalização da versão internacional do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) na Bolívia. “Em comemoração, vamos entregar os resultados deste primeiro ano de trabalho, que começou com o treinamento de todos os técnicos bolivianos e culmina com o lançamento do primeiro Sumário de Touros da Raça Nelore da Bolívia. A súmula foi desenvolvida com a metodologia do PMGZ, um marco para a pecuária boliviana, que passa a contar com as avaliações genéticas desenvolvidas com os mesmos padrões utilizados no Brasil. Essa é uma data muito especial, um dia que não só se comemora, mas se concretiza esse primeiro ano de trabalho. É a ABCZ apoiando as associações irmãs, buscando a eficiência na pecuária mundial”, comemorou o presidente da entidade, Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges.

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Ranking

Nelore 2019/2020 com novidades CARLOS LOPES E ARQUIVO PESSOAL

Alterações no regulamento da competição buscam melhorar a competitividade das pistas

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omo faz todos os anos, a Associação dos Criadores de Nelore (ACNB) divulgou em outubro o regulamento para participação no próximo Ranking Nelore, que premia os melhores das pistas de julgamento em todo país. Nesta edição (2019/2020), algumas alterações foram mais significativas. A entidade foi contatada pela equipe Pecuária Brasil, mas, não divulgou oficialmente o que motivou as mudanças. Porém, alguns expositores afirmam que foram consultados previamente, como é o caso do criador de nelore mocho Udelson Nunes Franco, da Fazenda Angico. “A ACNB procurou saber a nossa opinião sobre os julgamentos na pista, e recebeu uma diversidade enorme de sugestões, e acredito que as alterações refletiram bem isso. Com esse modelo de regulamento, temos condição de mostrar mais nossos animais”, conta. Entre as alterações estão as idades para competir em cada campeonato. O selecionador de nelore Thiago Rocha Lopes, da CRL Agropecuária, aprovou. “Para mim, os principais pontos foram a inclusão das vacas de 36 a 42 meses e a diminuição da idade dos machos para 30 meses. Diminuir a idade dos touros para progênie nova geração, agora com no máximo 60 meses, também foi uma alteração positiva, estimulando a utilização dos novos touros”, afirma. Confira todas as adequações das idades, categorias e campeonatos na página seguinte. O empresário e criador de nelore Cesar Tomé Garetti também acredita que as mudanças foram quase todas positivas. Ele elogia os campeonatos da categoria bezerro, afirmando que a divisão foi muito assertiva, porém, critica outro ponto. “Muita coisa ainda precisa ser revista. A quantidade de animais que temos hoje em pista nos mostra isso. Mas, especificamente sobre o

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RAÇA Ranking 2019/20, apesar das mudanças positivas, houve um erro em relação ao Campeonato Vaca Adulta. Ele deveria ser dividido em dois campeonatos, o que premiaria mais animais e abriria mais disputa. Temos hoje categorias de vacas muito jovens e muito adultas. É uma questão de fazer uma emenda e ajustar isso”, opina. Outra mudança foi a redução da idade na qual as crias devem obrigatoriamente estar ao pé das fêmeas paridas, para até os seis meses e zero dia de idade. Agora também será obrigatória a realização do diagnóstico de gestação por ultrassom. Para as fêmeas a partir de 20 meses e 0 dia, será obrigatória a apresentação de cópia da CDC à ABCZ, que comprove a cobrição/inseminação em data anterior à que a fêmea completa 20 meses e 0 dia. As fêmeas deverão comprovar, através do Atestado de Eficiência Reprodutiva emitido pela ABCZ, seu segundo parto, de concepção própria, anterior aos 40 meses e 0 dia de idade. Tais animais também deverão ter comprovado primeiro parto anterior aos 30 meses e 0 dia. No Ranking Nelore 2019/2020 outra novidade é que os julgamentos dos campeonatos voltarão a ser feitos imediatamente após o término dos julgamentos de suas respectivas categorias. Haverá também limitação dos dias de julgamentos: dois dias para exposições com até 200 animais e três dias para exposições com 200 a 300 animais. Em eventos com mais de 300 animas a duração fica a critério do organizador. Somente nas exposições dos Circuitos Amarelos será exigida a realização de exame de comprovação de paternidade por DNA de todas as crias ao pé das fêmeas paridas. A coleta de material biológico para tal exame será de responsabilidade dos promotores das exposições e o custo de sua realização será do expositor. O exame realizado em uma exposição isentará a realização nas exposições seguintes, para a mesma cria/ fêmea parida. Nessas exposições também será obrigatória a coleta de material biológico de todos os animais participantes para a realização de avaliação genômica. Esta tarefa será de responsabilidade das processadoras de julgamentos das exposições. Houveram mudanças também nas datas. A data de realização da Expoinel será alterada para de 12 a 18 de outubro. Em função disso, excepcionalmente, o ano calendário de exposições 2019/2020 será de 1° de outubro de 2019 a 18 de outubro de 2020. Em função dessa extensão, excepcionalmente neste ano calendário

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Udelson Nunes Franco, criador de nelore mocho

Thiago Rocha Lopes, da CRL Agropecuária

Cesar Tomé Garetti, empresário e criador de nelore


o Circuito Amarelo será composto por 12 exposições (contemplando São José do Rio Preto e a Expoinel Goiás, tanto de 2019 como de 2020). O Circuito Amarelo do Nelore Mocho ficará com nove exposições, também contemplando São José do Rio Preto e Expoinel Goiás de 2019 e 2020. O novo regulamento ainda prevê a divulgação pela ACNB dos resultados das pesquisas de opinião sobre a atuação dos jurados, realizadas com os expositores participantes das exposições dos Circuitos Amarelos. Para tanto, a respectiva pesquisa deverá ser realizada por e-mail, cuja resposta do expositor deverá ser recebida pela entidade em até 15 dias após a data de envio do e-mail de pesquisa, onde o expositor autorize a divulgação de sua manifestação. Somente serão divulgados os resultados em que se tenha a manifestação de mais de 60% dos expositores da exposição. “Sinceramente, essa alteração especificamente não achei muito positiva. A verdade é que nenhum jurado vai nunca agradar a todos. Sempre vai ter o contra e o a favor. Essa medida pode acarretar em uma série de lamentações que não são passíveis de serem resolvidas. Não há necessidade nisso. A pista é feita de surpresas. Se hoje um animal é Grande Campeão em determinada pista, o expositor aprova o jurado. Na próxima, se ele não for o melhor, o expositor já não aprova mais. É normal e imprevisível”, afirma Udelson. De acordo com o regulamento, os jurados não poderão realizar mensurações corporais em exposições nas quais julgar e os aparelhos celulares deles deverão ficar com as empresas processadoras durante o julgamento. Havendo condições, deverá ser feita a filmagem e transmissão do julgamento via internet. Com exceção das exposições dos Circuitos Amarelos realizadas em Uberaba, em todas as demais exposições oficiais deverá ser adotada a modalidade de julgamento por jurado único. Para os Rankings futuros, Thiago ainda deixa uma sugestão. “Hoje, existe uma lista de jurados que os organizadores devem respeitar nas principais exposições. Talvez no próximo devêssemos deixar a cargo do organizador da exposição selecionar o jurado a seu critério”, finaliza.

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RAÇA

OS GENES DA RUSTICIDADE Pesquisa desenvolvida na Unesp Jaboticabal em parceria com cientistas australianos identifica animais menos sensíveis ao ambiente

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DIVULGAÇÃO E GUSTAVO MIGUEL

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período seco do ano, e a consequente queda na qualidade das pastagens, afeta consideravelmente a produtividade do gado no Brasil. Tal fato, somado a um cenário de mudanças climáticas, torna cada vez mais necessária a seleção de animais resistentes a variações nas condições ambientais. Em artigo publicado recentemente na revista norte-americana Genetics Selection Evolution, pesquisadores do Brasil e da Austrália chegam mais perto de responder a esse desafio. Os cientistas encontraram 16 genes potencialmente associados à resistência do gado nelore – principal raça para a produção de carne no Brasil – a variações climáticas que afetam o ganho de peso. Os genes candidatos estão relacionados a processos biológicos como regeneração e diferenciação celular, resposta inflamatória e imunológica. A pesquisa integra o Projeto Temático “Aspectos genéticos da qualidade, eficiência e sustentabilidade da produção de carne em animais da raça nelore”, coordenado por Lucia Galvão de Albuquerque, professora da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (FCAV-Unesp) em Jaboticabal (SP). O trabalho foi realizado em parceria com pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália. “Estudamos a interação entre genótipo e ambiente em gado nelore com o objetivo específico de identificar animais menos sensíveis à variação ambiental. Sempre existiu uma preocupação em melhorar a média da produtividade dos animais, mas, agora é preciso também identificar aqueles mais resistentes às mudanças no clima. Essa deve ser uma preocupação sobretudo no Brasil, onde o gado é criado em pasto de diferentes tipos e em condições ambientais diversas. Ainda mais se levarmos em conta as mudanças climáticas globais”, disse

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RAÇA Roberto Carvalheiro, primeiro autor do artigo, que realizou parte do estudo em Queensland com apoio de Bolsa de Pesquisa no Exterior (BEP) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Para chegar aos 16 genes candidatos, os pesquisadores usaram o banco de dados da Aliança Nelore, que combina informações de diferentes programas genéticos da raça. O banco é mantido pela empresa GenSys, de Porto Alegre, com dados genéticos e fenotípicos de diferentes características produtivas avaliadas em mais de 1 milhão de animais, de cerca de 500 diferentes rebanhos do Brasil, Paraguai e Bolívia. Para padronizar a análise, foram considerados apenas animais com pais e mães conhecidos, de grupos contemporâneos – nascidos no mesmo rebanho, ano e estação do ano, do mesmo sexo e criados em um mesmo sistema de manejo – com um mínimo de 20 animais. Todos tiveram ganho de peso entre 30 e 250 quilos do período do desmame (por volta de sete meses de idade) ao sobreano (17 meses de idade aproximadamente). No total, foram analisados mais de 421,5 mil animais, de 9,9 mil grupos contemporâneos. O conjunto de dados permitiu a análise da tolerância do gado não só por conta da quantidade de informações, mas também pela diversidade de condições ambientais e de manejo em que os animais avaliados são criados. A média anual de chuvas nas fazendas, por exemplo, pode variar de 700 a 3 mil milímetros anuais, dependendo da localização. A estação seca, em algumas regiões, pode durar mais de sete meses. Trabalhos de pesquisa desta natureza, que contemplam a interação entre o genótipo e o ambiente, costumam adotar um índice que combina informações de temperatura e umidade para predizer a condição ambiental em que o animal foi criado. No entanto, segundo os pesquisadores, este índice é muito pouco preciso para predizer a qualidade nutricional do pasto, principal componente a afetar o desempenho dos animais no sistema de produção brasileiro. “Quando inseminamos uma vaca, o bezerro só vai nascer depois de nove meses e meio e vai passar a produzir dois ou três anos depois. Conseguimos prever a quantidade de chuva daqui a duas semanas, mas não fazemos a menor ideia de como estará o pasto daquela fazenda daqui a dois anos. Por isso, queremos identificar os animais que não terão o desempenho tão afetado em uma condição inesperada”, explica Roberto.

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Pesquisador Roberto Carvalheiro


Para isso, o grupo avaliou o ganho de peso dos animais 10 meses após o desmame, uma das características mais afetadas pela variação ambiental e devidamente registrada no banco de dados. Normalmente, o desmame dos bezerros ocorre ao fim da época de fartura de pasto. O período avaliado, portanto, é justamente quando há um período de seca e de pastagens de má qualidade. Após testar diferentes modelos estatísticos, os pesquisadores identificaram os chamados Modelos de Norma de Reação (RNM, na sigla em inglês) mais apropriados para analisar a sensibilidade à variação ambiental. A análise estatística mostrou que não é linear a associação entre as regiões do genoma e as condições ambientais – que no estudo foram classificadas em três categorias: desafiadora (pasto bem ruim), média (melhor, mas ainda não ideal) e boa (pasto muito bem cuidado, raro no Brasil). “Genes que indicam boa resistência do gado a uma condição que vai de desafiadora a média não são os mesmos que prevalecem nos gradientes médio a bom”, afirma o pesquisador. Resultados As estatísticas mostraram que, em ambientes desafiadores, genes normalmente associados com resposta inflamatória aguda, processos de diferenciação celular e proliferação de queratinócitos – células que produzem queratina, a proteína encontrada na pele e nos pelos – parecem desempenhar um importante papel na sensibilidade do gado. Em humanos e camundongos, por exemplo, o gene REG3A é associado com o reparo de ferimentos e com a homeostase da pele, contribuindo para a defesa do organismo. Outro gene da mesma família, o REG3G, está relacionado com a defesa antimicrobiana do intestino e estratégias para manutenção da simbiose do organismo com a microbiota intestinal, o que seria um fator de proteção durante restrições severas de alimento. Por outro lado, os genes mais associados com a resistência a ambientes não tão desafiadores (médio a bom) estão relacionados com respostas imunes e inflamatórias. Os genes IL4 e IL13 mostraram ser os candidatos mais plausíveis para esse tipo de condição ambiental. Eles compartilham uma gama de atividades em monócitos, células epiteliais e

células B, ou seja, têm papel importante na defesa do organismo. Os genes já foram apontados em outros estudos, ainda, como relacionados à regulação do metabolismo de proteínas e à função muscular, entre outras questões metabólicas. No total, os 16 genes candidatos desempenham 104 processos biológicos diferentes. Os resultados da pesquisa já podem ser aplicados nos rebanhos que abasteceram o banco de dados usado no estudo. Os touros que mostraram melhor desempenho em condições ambientais desafiadoras, por exemplo, podem ser selecionados como reprodutores e provavelmente terão descendentes mais resistentes às mudanças ambientais. Ainda é necessário, porém, validar os resultados em outros rebanhos bovinos. Novos estudos devem verificar se os 16 genes candidatos também afetam a resistência à variação climática em uma população independente, de animais, que não fizeram parte da pesquisa, sejam nelore ou de outras raças.

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RAÇA

CRUZAMENTO

QUE AUMENTA A RENTABILIDADE Raça recebeu novos investimentos através da Assogir, que promoveu grande programação durante a maior feira zebuína do mundo, e agora planeja ampliar as atividades e ações

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GRUPO PUBLIQUE

e olho no aquecimento do mercado de carnes, tanto para as vendas internas quanto externas, muitos pecuaristas estão apostando em uma genética de animais precoces e de bom acabamento de carcaça. Quem pretende vender para os frigoríficos que atendem a China, por exemplo, precisa cumprir a exigência de entregar produtos jovens e bem acabados. Neste caso, o cruzamento industrial tem sido a alternativa de muitos pecuaristas brasileiros. Por ser muito precoce e rústica, a raça senepol tem sido cada vez mais utilizada nos cruzamentos. O produtor Antônio Garcia Peres Ascêncio, da Fazenda Novo Horizonte, em Ventania (PR), confirma a tendência. “Já tinha ouvido falar que o senepol ia muito bem a campo, mas não conhecia a raça. Resolvi adquirir alguns tourinhos para usar em cruzamento e o resultado me surpreendeu. Os animais foram muito bem a campo, acompanhando e cobrindo a vacada. Tinha touros de outras raças, mas a que melhor atendeu à expectativa de cobrir a campo foi o senepol”, conta. Segundo ele, os primeiros produtores do cruzamento foram abatidos aos 20 e 22 meses, sendo as novilhas com 15 e 16 arrobas e os machos, com 19 arrobas. Em Crateús (CE), a Fazenda Grota do Pilar decidiu testar a rusticidade e precocidade do Senepol para driblar o clima semiárido. O pecuarista Adahil Leitão conta que os touros senepol tiveram uma excelente adaptação cobrindo bem as fêmeas red angus, mesmo com as adversidades climáticas do Ceará. “Os primeiros bezerros meio-sangue nascidos estão tendo uma adaptação fantástica.

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Os animais ficam 100% a pasto, recebendo uma suplementação mineral, e estão alcançando ótimo ganho de peso. Com esses resultados, pretendemos continuar utilizando a genética senepol para melhorar a rentabilidade do negócio”, diz o pecuarista, que trabalha com sistema de cria, recria e engorda. Já para Cristiano Martinelli Echs, de Cafeara (PR), a docilidade da raça é outra vantagem importante, pois facilita o manejo do rebanho e melhora o trabalho da equipe da fazenda. “Depois que começamos a utilizar os touros senepol, observamos que o rebanho ficou mais calmo. Além disso, os bezerros começaram a se sobressair quando comparados a bezerro de outros cruzamentos. O ganho de peso e o desenvolvimento são outros diferenciais bastante notórios”, garante o pecuarista, que é proprietário da Fazenda São Pedro e planeja aumentar o uso do touro senepol no plantel. De acordo com o superintendente Técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCB Senepol), Celso Menezes, os resultados alcançados nos cruzamentos indicam que a seleção do rebanho puro de senepol segue na direção certa, atendendo às principais demandas do mercado de carne. “O senepol tem apresentado um excelente desempenho, imprimindo nos produtos de cruzamento maior velocidade de ganho de peso, qualidade de carcaça e uniformidade. Tudo isso traz maior rentabilidade para a pecuária de corte comercial”, diz. O rebanho puro de senepol no Brasil já conta com mais de 108 mil animais registrados pela ABCB Senepol.


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RAÇA

Sindi é protagonista no RN Raça foi a mais numerosa dentro da Festa do Boi 2019

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57ª Exposição de Animais, Máquinas e Equipamentos Agrícolas do Rio Grande do Norte, conhecida nacionalmente como a Festa do Boi, foi promovida de 12 a 19 de outubro, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim (RN). Como de costume, o maior evento agropecuário do Nordeste brasileiro contou com a raça sindi, a mais numerosa na pista

de julgamentos. Foram 225 exemplares de genética superior participando da 17ª ExpoSindi Potiguar, realizada pelo Núcleo de Criadores de Sindi do Rio Grande do Norte. Na pista, o responsável pelo julgamento foi o médico veterinário e jurado João Marcos Borges, que visitou o Rio Grande do Norte acompanhado pelo pai, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Arnaldo Manuel Machado Borges, que fez questão de prestigiar o evento. A Grande Campeã da 17ª ExpoSindi Potiguar foi a vaca adulta Ótima J. França, propriedade do criador Josemar França. A Reservada Grande Campeã foi a vaca adulta Jangada 3 FIV do Baguassu, do criador Antônio Perianes Neto. O Grande Campeão foi o touro jovem Apolo Sindi da FTI, do criador Marcelo Tavares de Melo. O Reservado Grande Campeão foi o touro jovem Origame Sindi da FTI, também do criador Marcelo.

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Além dos julgamentos, foram promovidas reuniões técnicas e de confraternização, e um remate com liquidez total. O Leilão Sindi Estrelas é o mais antigo e tradicional evento comercial exclusivo da raça, realizado ininterruptamente desde 2002. Em sua 17ª edição, os promotores Júnior Teixeira (Sindi Bompasto), Ricardo Altévio (Agroarvoredo) e Orlando Procópio (Sindi OCP) ofertaram 40 lotes de fêmeas e venderam para todas as regiões do país. “Recebemos criadores de diversas regiões, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Rondônia, e praticamente todos os estados do Nordeste. Foi uma grande e produtiva confraternização da raça. No tocante ao leilão, fiquei muito satisfeitos que vários novos criadores de diversas regiões tiveram a oportunidade de investir”, conta Orlando. O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi), Ronaldo Andrade Bichuette, também prestigiou o evento e saiu de lá com uma impressão muito positiva. “A 17ª ExpoSindi Potiguar foi a expressão do momento de crescimento em que a raça se encontra. No Nordeste, por exemplo, o sindi tem soberania total na pecuária. Pela qualidade genética que vimos na pista, sabemos que esta é uma tendência para o país”, diz Ronaldo.


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CARNE

PRODUÇÃO . MERCADO . ARROBA

Avaliação de carcaça BARATA, PRÁTICA E RÁPIDA VALORIZAÇÃO REPRODUTORES NOVEMBRO 2019 | #pecBR

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CARNE

AVALIAÇÃO DE CARCAÇA

simples e acessível Pesquisa brasileira desenvolve tecnologia barata e prática para avaliação de carcaças bovinas CARLOS LOPES E RENATA SILVA

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Brasil é o segundo maior produtor e maior exportador mundial de carne bovina. Entretanto, estima-se que apenas 15% dos animais enviados para abate apresentam carcaças que atingem o padrão de qualidade na indústria frigorífica. Pensando nisso, a Embrapa Rondônia desenvolveu um dispositivo prático e de fácil acesso, em que o próprio produtor pode avaliar, de forma rápida e precisa, o acabamento da carcaça dos bovinos destinados ao abate, ou seja, a espessura de gordura, uma das principais características relacionadas à qualidade da carne bovina. A nova tecnologia é chamada de SagaBov, acrônimo para Sistema de Avaliação do Grau de Acabamento Bovino, e consiste em duas hastes articuladas que, ao serem encostadas da garupa formam um ângulo que indica se o animal está magro, com gordura adequada para o abate ou com excesso de gordura. Esse dispositivo foi baseado em outra régua desenvolvida também pela Embrapa Rondônia para avaliar a condição corporal do rebanho, chamada Vetscore. Não há no mercado nenhum instrumento similar para esse tipo de avaliação. Para o envio de animais para o abate, o produtor costuma fazer uma avaliação visual. Entretanto, ela é subjetiva e gera conflitos com os resultados recebidos do romaneio (documento emitido pelo frigorífico indicando o peso e valorização da carcaça, por exemplo). Outra opção é a ultrassonografia, à qual pouquíssimos produtores têm acesso, pois o custo é relativamente alto (cerca de R$15 por cada animal). De acordo com o pesquisador da Embrapa Rondônia e inventor do SagaBov, Luiz Pfeifer, a simplicidade e a eficiência da tecnologia fazem dela uma aliada tanto do pecuarista quanto da indústria frigorífica. “O uso dessa ferramenta pode beneficiar todos os elos da cadeia da carne. Com a avaliação e seleção de animais adequados para o abate, a indústria terá aumento do rendimento de carcaça fria, o produtor acesso aos programas de bonificação e o consumidor, maior qualidade de carne disponível no varejo”, explica. Trata-se de um dispositivo útil principalmente para produtores de gado de corte que atuam em

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CARNE

fase final de produção, ou seja, terminação de animais, assim como compradores de gado, confinadores e frigoríficos. A tecnologia está validada para ser utilizada em animais – machos castrados e fêmeas zebuínos, que representam 80% do rebanho nacional. Segundo o pesquisador, está em andamento a validação para machos inteiros e para animais da raça angus. O SagaBov deve chegar ao mercado com baixo custo. É um equipamento confiável, de simples utilização e apresenta resultado imediato. Foi realizado pela Embrapa o depósito de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e o edital para seleção de empresas que poderão comercializar a tecnologia está aberto. As empresas interessadas podem acessá-lo no Portal da Embrapa ou diretamente no endereço eletrônico. Como fazer a avaliação Para avaliar a carcaça, o bovino deve ser contido e o dispositivo deve ser posicionado sobre a garupa, entre a última vértebra lombar e a primeira vértebra sacral, e ser lentamente fechado até que suas réguas estejam em maior contato possível com a pele do animal. A leitura do grau de acabamento é indicada por cores no visor: vermelha, que significa grau de acabamento inadequado e corresponde a carcaças com gordura ausente e escassa; verde, que sinaliza carcaças com grau adequado de acabamento (gor-

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dura mediana e uniforme); e amarela, indicativa de grau de acabamento excessivo, ou seja, carcaças com excesso de gordura. A utilização da escala por cores facilita a avaliação imediata, o que dá praticidade e rapidez ao processo, principalmente quando há muitos animais no rebanho. Aqueles classificados com grau de acabamento adequado darão maior rendimento de carcaça, maior qualidade e podem garantir ao produtor melhor bonificação pela maior qualidade de carcaça entregue à indústria frigorífica.

Pesquisador Luiz Pfeifer, da Embrapa Rondônia


Para Sérgio Ferreira, profissional que realiza compra de animais para um frigorífico de Rondônia, há uma grande diferença entre gado pesado e bem acabado. Segundo ele, o foco do seu trabalho é buscar animais com rendimento de carcaça. “Uma ferramenta que consiga dar essa precisão do grau de carcaça para o produtor vai facilitar muito. Assim como será muito bom para a indústria, que poderá colocar no mercado produtos de melhor qualidade. Todos ganham”, comenta, prevendo que os produtores podem ganhar de 1% a 3,5% a mais pelo rendimento da carcaça. Menos conflitos O pesquisador Luiz explica que, muitas vezes, há conflitos entre a indústria frigorífica e o produtor a respeito das informações do lote, registradas no romaneio. O produtor pode ser penalizado caso algumas carcaças naquele lote não consigam atingir grau de acabamento adequado e ele não fica sabendo exatamente qual animal e por qual razão ele foi penalizado. Com a avaliação por meio do SagaBov, o produtor tem a certeza de que todos os animais atingiram o grau adequado de acabamento de carcaça e pode comprovar para o frigorífico que elas estavam bem acabadas. “Com isso, ganha o produtor com acesso à bonificação, e ganha a indústria com maior rendimento nos cortes, com carnes de melhor qualidade para serem entregues aos consumidores”, afirma o cientista. A entrega de carcaças de má qualidade gera um efeito cascata que afeta toda a cadeia da carne. Esses produtos normalmente não atingem qualidade de exportação e, com isso, o Brasil deixa de acessar diversos mercados potenciais e de obter as melhores remunerações disponíveis. As carcaças que não possuem qualidade para exportação invariavelmente têm menor valor e permanecem no mercado interno, que recebe oferta de cortes de menor qualidade. Outro ônus que recai sobre a cadeia produtiva é o mau aproveitamento do potencial de abate da indústria. Isso porque o custo de se abater uma carcaça mal acabada é o mesmo do abate de outra com nível de gordura adequado e que atingirá preço maior no mercado. Problema que o SagaBov também será capaz de sanar.

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CARNE

A valorização dos reprodutores de corte Animais de genética com conformação frigorífica muito desejável são mais valorizados no mercado dos grandes leilões

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CARLOS LOPES

ais qualidade gera mais lucro. Essa matemática funciona cada vez melhor no Brasil quando o assunto é carne. Por isso, produtores de todo país estão em busca de aumentar a qualidade de seu rebanho e, consequentemente, a do produto no gancho. Um dos mais conhecidos e comprovados caminhos para melhorar a carcaça de um animal é a seleção genética. Assim, reprodutores com boa conformação para o mercado de corte estão cada vez mais valorizados. Prova disso é o touro nelore mocho Rolex FIV da Zoller, valorizado em R$450 mil, no 5° Encontro Vila Real, conjunto de remates promovido pelo pecuarista Maurício Ianni, em Brotas (SP), nos dias 25 e 26 de outubro. A valorização é motivada pelas avaliações pelo qual o exemplar já passou. Em 2018, na ExpoZebu, em Uberaba (MG), ele foi consagrado o campeão do Campeonato Modelo Frigorífico e o Grande Campeão da raça no julgamento tradicional. Esse ano recebeu novamente o título de Grande Campeão na Expoinel Nacional. Rolex foi arrematado em 50% por dois novos investidores da raça, Wagner Ursi e Dado Francisco, que agora tem sociedade com Raphael Zoller no animal. “Utilizei o Rolex na estação passada, e a primeira filha nascida surpreendeu. A média de produção dele é extraordinária. Esse fator foi decisivo para acreditar e investir nesse jovem reprodutor com grande potencial”, diz Wagner. “Adquiri o Rolex, pois é um touro ícone na raça. Há muito tempo não aparecia um touro com tantas qualidades, inclusive com premiação de bi grande cam-

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peão na ExpoZebu. A precocidade e o fato de ele já ter congelado e comercializado grande quantidade de sêmen também motivou o investimento”, conta Dado, do Nelore DF. A qualidade e o potencial produtivo são tão grandes que Raphael não aceitou vender 100% do touro. “O sonho de toda seleção é ter um animal racialmente superior, com bons aprumos e excelente carcaça. Por isso, um animal que passa pela chancela da pista e do Campeonato Frigorífico, é um animal perfeito para pecuária brasileira. Sabemos que na busca do melhoramento genético, animais com padrão racial superior, aprumos corretos e de boa conformação frigorífica são animais economicamente produtivos e eficientes a campo na nossa realidade. O rebanho ideal para ser terminado a campo é aquele que, a pasto com suplementação proteica no inverno, produz animais para o abate em torno dos 24 meses. É essa genética que o Rolex tem, por isso foi tão valorizado”, explica o pecuarista.


LEITE

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NUTRIÇÃO . PRODUÇÃO . ORDENHA

Produtividade sustentável a campo

ESTUDOS BRASILEIROS REVELAM ALTERNATIVA PARA AUMENTAR PRODUTIVIDADE E MINIMIZAR AS EMISSÕES DE GASES PRÉ-AVALIAÇÃO GIR LEITEIRO

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LEITE

Mais produtividade, menos impacto ambiental

Estudos desenvolvidos no departamento de Zootecnia da Esalq aumentam a produtividade do gado leiteiro e minimizam as emissĂľes de gases causadores do efeito estufa ESALQ, GERHARD WALLER E GUSTAVO MIGUEL

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ncontrar o equilíbrio entre uma produção rentável e sustentável. Nessa tênue divisa caminha a produção agropecuária rumo ao objetivo maior de auxiliar no desafio de alimentar uma população crescente, preservando as reservas ambientais. No Brasil, onde se concentra um dos maiores rebanhos de gado do mundo, encontrar alternativas que possibilitem essa estabilidade entre as esferas social, ambiental e econômica, é tarefa que envolve o setor produtivo e a comunidade científica. A Escola Superior de Agricultura de Luiz de Queiroz (Esalq/USP) tem, em sua trajetória, importantes contribuições para o desenvolvimento da pecuária nacional. O departamento de Zootecnia traz em sua essência estudos que sempre ocuparam a vanguarda desse ramo da ciência, com destacadas linhas de pesquisas que vão da nutrição ao melhoramento genético animal, da reprodução à conservação de forragens e pastagens. Uma dessas pesquisas foi o tema do pós-doutoramento da engenheira agrônoma Marília Barbosa Chiavegato. Supervisionada pelo professor Sila Carneiro da Silva, ela analisou a qualidade da forragem, o desempenho animal e emissões de gases de efeito estufa em capim-elefante Cameroon submetido a estratégias de pastejo rotativo. Foram testadas maneiras de manejar os animais nas pastagens buscando minimizar as emissões de gases de efeito estufa - metano entérico CH4 – e aumentar a produtividade de leite. Segundo a agrônoma, o capim-elefante é bastante utilizado no setor, mas usualmente o foco do produtor está no período fixo de descanso antes de colocar o animal no pasto. “Nosso objetivo foi

Professor Sila Carneiro da Silva com a doutora Marília Barbosa Chiavegato

determinar o momento certo de disponibilizar o pasto para os animais para que as emissões fossem diminuídas e a produtividade de leite aumentada”, conta. Na Esalq, Marília conduziu experimento com vacas leiteiras e alterou o foco para altura do capim, desconsiderando o período de descanso fixo. “Seguindo um período fixado em dias de descanso, o produtor pode não ter a melhor forragem dependendo de condições de clima e solo. O pasto vai crescendo e pode passar do ponto. Por exemplo, pode ficar fibroso e o animal ter problemas na digestão, o que interfere na produção de leite e nas emissões de gases do efeito estufa, especificamente do metano entérico, que é o mais produzido pelos animais ruminantes”, detalha. Assim, buscando ajustar a dieta, os pesquisadores conduziram um experimento com dois rebanhos, monitorando 24 vacas leiteiras. “Foi um projeto bem grande, realizado em parceria com a Embrapa Pecuária Sudeste e

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LEITE Embrapa Meio Ambiente. E concluímos que é possível obter um equilíbrio entre produção de leite e emissão de gases”. A pesquisadora relata, ainda, que o melhor resultado foi obtido ao colocar os animais nos pastos de capim-elefante Cameroon quando eles atingem altura de 100 cm (correspondente à interceptação de 95% da luz incidente). “Isso resultou em forragem de melhor qualidade e o resultado foi um aumento de 30% no número de animais por unidade de área, ganho de 3 kg/dia de leite por animal e diminuição em 20% das emissões de CH4 entérico por kg de leite produzido”, afirma. Desse trabalho resultaram ainda duas teses. Uma delas conduzida por Camila Delveaux Araújo Batalha, com orientação do professor Flávio Augusto Portela Santos, e outra de autoria de Guilhermo Francklin de Souza Congio que, assim como Marilia, foi orientado pelo professor Sila. Mais proteína e caseína No caso da tese da Camila, o manejo baseado com interceptação luminosa (IL) de 95% permitiu que as vacas acessassem pastos com maior relação folha/colmo, resultando em uma forragem com melhor composição química. “Os animais pastejando forragem colhida aos 95%IL, ou altura de entrada nos piquetes de 100 cm, tiveram maior consumo de matéria seca e energia, com maior produção de leite por vaca e taxa de lotação, resultando em maior produção de leite por unidade de área. Além disso, a estratégia permite a diminuição das emissões de metano por consumo de energia líquida quando comparado à entrada dos animais nos piquetes com máxima IL, ou altura de entrada de 135 cm”, descreve a pesquisadora Camila, que ainda avaliou os efeitos do período de início pastejo (a.m. ou. p.m.) na produção de leite, variáveis ruminais e eficiência de uso de N de vacas leiteiras no terço médio da lactação. Segundo ela, o maior teor de carboidratos não fibrosos da forragem ao final do dia possibilitou o aumento da síntese de proteína microbiana, redução do nitrogênio uréico no leite e apresentou tendência para aumento da produção de proteína e caseína do leite em comparação às vacas que iniciaram o pastejo no período da manhã. “Ao longo dos estudos desta tese houve uma melhora no valor nutritivo da forragem adotando o critério de entrada nos piquetes com 95%IL (ou 100 cm de altura) e a troca de piquetes no período da tarde. Assim, o pastejo no período da tarde deve ser adotado juntamente com a

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LEITE altura de 100 cm para entrada dos animais nos piquetes como ajuste fino em sistemas intensivos de produção de leite à base de capim-elefante Cameroon”, aponta. Guilhermo Congio corrobora os resultados obtidos por Marília e Camila. “O manejo do pastejo com base na meta de 95%IL é uma prática ambientalmente segura que melhora a eficiência de uso dos recursos alocados por meio da otimização de processos envolvendo plantas, ruminantes e sua interface, e aumenta a eficiência da produção de leite”, afirma o pesquisador. De acordo com o professor Sila, o uso do critério de IL para manejar pastos permite que uma série de processos fisiológicos importantes e determinantes das respostas de plantas e animais em pastagens sejam integrados em uma simples e única variável de campo, a altura em que os pastos são mantidos e ou manejados. “Dessa forma, é possível transferir conhecimento e tecnologia ao produtor de forma simples, transformando ciência em prática. O bom manejo do pastejo aumenta a produção e a produtividade animal e reduz a intensidade de emissão de gases causadores do efeito estufa, contribuindo para uma pecuária cada vez mais produtiva, eficiente e sustentável”, considera o docente. Guilherme teve ainda como objetivo descrever e medir a influência de dois horários de alocação de novos piquetes aos animais sobre a composição química da forragem, consumo de matéria seca (CMS), produção e composição do leite, e emissões de CH4 entérico de vacas cruzadas. “Os resultados indicaram que a alocação de novos piquetes à tarde pode ser uma estratégia de manejo simples e útil que resulta em maior partição de N para produção de proteína e menor excreção de nitrogênio ureico no leite. A associação da meta pré-pastejo de 95%IL (ou altura de 100 cm) e a alocação do rebanho para um novo piquete à tarde poderia trazer benefícios econômicos, produtivos e ambientais para a intensificação sustentável de sistemas baseados em pastagens tropicais”. Seguindo na linha para continuar obtendo melhores índices de produtividade de leite, com baixo impacto ambiental, Marília antecipa futuras pesquisas. “Os próximos estudos envolverão outras pastagens, a questão da dieta, e também iremos olhar para as pastagens degradadas, que é um grave empecilho na produção. Testaremos uma estratégia de recuperação de pastagens degradadas também buscando aumentar a produtividade e diminuindo o impacto ambiental”, finaliza.

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LEITE

A PRÉ-SELEÇÃO

DOS PAIS DAS PRÓXIMAS GERAÇÕES ABCGIL promove 11ª edição da Prova de Pré-seleção de Touros para o Teste de Progênie, que em 2019 comemorou 10 anos como ferramenta essencial para o melhoramento genético da raça gir leiteiro

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ABCGIL E GUSTAVO MIGUEL

Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) está com tudo preparado para a 11ª Prova de Pré-seleção de Touros para o Teste de Progênie, a qual dará origem ao 35º grupo de touros do Teste de Progênie, que terá sua genética avaliada através de suas filhas. Esta pré-seleção avalia as características fenotípicas e de fertilidades dos touros inscritos, e é promovida pela ABCGIL em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), como parte do Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL), conduzido desde 1985 pelas duas instituições, juntamente com as Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu).

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Aproximadamente 50 touros inscritos em 2019, com idade entre 16 e 30 meses, chegam entre 18 e 19 de novembro em Uberaba (MG) e são acolhidos na Fazenda Escola da Fazu, onde serão avaliados durante seis meses. O resultado será divulgado no dia 26 de abril de 2020, na 86ª ExpoZebu, promovida entre 25 de abril (sábado) e 3 de maio (domingo). O objetivo é potencializar ganhos genéticos positivos como precocidade sexual e temperamento, além de inserir na raça reprodutores com características fenotípicas mais funcionais que irão dar sustentação para a produção leiteira com grande longevidade. “Nesta prova são avaliadas características reprodutivas (como congelabilidade, motilidade, defeitos maiores e menores, entre outros aspectos) ligadas à produção comercial de sêmen. Atualmente, estão sendo estudadas também as características funcionais, como temperamento, libido e conformação. Essas avaliações foram incorporadas à prova com objetivo formar um banco de dados consistente na parte reprodutiva de machos, o que tem possibilitado estudos de associação genética com características produtivas e reprodutivas nas fêmeas, colaborando para o aumento da acurácia e funcionalidade na seleção do Gir Leiteiro”, explica o superintendente técnico da ABCGIL e coordenador operacional do PNMGL, André Rabelo Fernandes. A Prova de Pré-seleção foi promovida pela primeira vez em 2009, e desde então já foram 492 touros avaliados. André explica que ela surgiu diante da necessidade de melhorar a seleção dos reprodutores que entram para o Teste de Progênie. “Em 2008, critérios técnicos mais rígidos foram incorporados para a entrada dos reprodutores. Também foram disponibilizadas vagas para touros com pedigree ‘mais aberto’, visando o controle da endogamia na população pura. Em 2009, percebemos a necessidade de refinar ainda mais, pois a seleção de touros para o Teste de Progênie sem prévio conhecimento das características de ordem reprodutiva pode acarretar em prejuízos para o criador, para o PNMGL e principalmente para o Gir Leiteiro, que terá disseminado em sua população uma genética de animais de baixa fertilidade”, afirma. Portanto, para entrar no Teste de Progênie da ABCGIL e Embrapa, o touro além de ser classificado pelas avaliações de fertilidade, temperamento e libido, deverá também ser aprovado para funcionalidade. Importante ressaltar que todos os touros participantes são submetidos as mesmas condições de manejo, alimentação e avaliações durante os 6 meses de prova.

O touro Gabarito AVLA, que passou na pré-seleção e está no Teste de Progênie, faz sucesso na bateria da CRV Lagoa

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LEITE

Para isso foi criado o Índice de Classificação de Touros (ICT), que pontua os touros em uma escala de 1 a 100 pontos, tendo cada característica um peso específico. “Com o ICT foi possível disponibilizar para o Teste de Progênie touros mais férteis, equilibrados e longevos, o que garantirá melhores resultados na vida produtiva das matrizes Gir Leiteiro”, garante André. O bom desempenho dos touros selecionados nas dez provas anteriores comprova a sua efetividade. Exemplo disso é o touro Gabarito AVLA, que passou na pré-seleção, está no Teste de Progênie, e hoje, aos cinco anos, compõe a bateria da CRV Lagoa. “Desde o seu nascimento eu acreditava que o Gabarito seria um animal excelente, porém, era necessário passar pela prova de pré-seleção para ter certeza”, conta o pecuarista proprietário do touro, João Vicente Ávila. Para o criador, essa seleção inicial é de extrema importância. “É uma prova fundamental, pois reúne os melhores tourinhos do país nas mesmas condições, avaliando de maneira justa o potencial de cada um. No mais, a prova de pré-seleção é uma vantagem econômica para o criador, pois ela antecipa a conclusão de que o touro é ou não apto para atender o mercado”, conta João Vicente, que já mandou sete touros para a pré-seleção, dos quais seis foram selecionados para o Teste de Progênie. O animal reprovado não produzia sêmen com boa congelabilidade, e essa informação poupou recursos para o criador, que, de outra maneira, teria continuado investindo em um animal que não daria tanto retorno. Com o advento da seleção genômica, a escolha dos touros ficou ainda mais ampla e refinada, aumentando a intensidade de seleção para a produção de leite desde as primeiras etapas do processo de escolha dos animais. Assim, ano após anos, a Prova de Pré-Seleção vem se consolidando como a forma mais segura e eficiente de ingresso de jovens reprodutores no Teste de Progênie da ABCGIL em parceria com a Embrapa e Fazu. “Os reflexos desta prova são visíveis na logística e operacionalização das centrais de coleta e processamento de sêmen. Do ponto de vista técnico, espera-se que a maior pressão na seleção para fertilidade e características funcionais dos touros candidatos possa refletir em ganhos para as futuras gerações de vacas descendentes destes animais”, finaliza André.

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LEITE

A REVOLUÇÃO DA GENÔMICA Pioneira no assunto, raça gir leiteiro avança na utilização comercial da genômica

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DIVULGAÇÃO

m 2015, um passo importante foi dado na pecuária leiteira do país: o sequenciamento do genoma da raça gir leiteiro foi concluído. O feito tem importância histórica por ser o primeiro sequenciamento do genoma de um mamífero feito por uma equipe 100% brasileira. Além disso, o avanço científico também trouxe novas perspectivas para o zebuíno leiteiro mais utilizado na pecuária do Brasil. Agora, quase cinco anos depois, a raça já evoluiu muito e tem pela frente um caminho de mais evolução. “Através da genômica pudemos antecipar resultados e, consequentemente, reduzir custos. O criador paga R$140 para ter um animal genotipado, o que é um custo que fica diluído, e ainda tem a economia de não gastar recursos com um animal não tão bom. Sem a genômica, esse criador só descobriria que seu exemplar não é o desejado após algumas gerações de filhas. É uma revolução na pecuária”, afirma o superintendente técnico da Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) e coordenador operacional do Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL), André Rabelo Fernandes. Ele ainda ressalta que um reprodutor genotipado pode ser mais valorizado comercialmente.

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Pesquisador da Embrapa Gado de Leite, João Cláudio Panetto

Em termos mais simples, o que a genômica faz é entender os genes que determinam as características dos animais, em especial, aquelas economicamente desejáveis. A tecnologia permite fazer com mais exatidão e amplitude o que já era feito antes na análise de DNA. A genômica determina os pontos de referência nos cromossomos, tecnicamente denominados marcadores moleculares. Esses pontos podem ser utilizados para diversas aplicações, entre elas a determinação de paternidade, construção dos mapas genéticos ou árvores genealógicas, pontuação de quais características são herdadas e em que nível, além de possibilitar que a seleção seja acelerada. Viabilidade comercial

As diferentes técnicas de seleção, advindas da genética tradicional, da genética molecular e da genômica, são usadas como estratégias complementares no melhoramento de raças. Uma aplicação prática pode ser feita na incorporação de novos indivíduos ao sistema produtivo. Em bovinos leiteiros, a taxa de substituição gira em torno de 20 a 25%. Se um produtor tem 100 vacas em lactação, por exemplo, irá descartar 20 vacas no ano seguinte e deve substitui-las por novilhas geneticamente superiores. Em um plantel de 50 novilhas, é indicado fazer uma avaliação genética tradicional, reduzindo o grupo de interesse para 30 novilhas e, só então, genotipar esses indivíduos. A associação das técnicas garante a eficiência tecnológica e econômica da estratégia de seleção. Outra tecnologia, os chips de DNA, tornou possível maximizar os ganhos genéticos por meio da redução do intervalo de gerações e do aumento da intensidade de seleção. A ferramenta pode ser usada para genotipar, por exemplo, touros testados para banco de sêmen, vacas destinadas para leilão e até mesmo embriões. Assim, não é preciso esperar nove meses de gestação até o nascimento para executar a avaliação genética. Outro uso comercial da genômica se dá através de sumários. Por isso, em abril deste ano, durante a ExpoZebu, a ABCGIL e a Embrapa lançaram o 27º Sumário de Touros do PNMGL com uma grande novidade: os touros da Prova de Pré-Seleção para o Teste de Progênie, que foram escolhidos com base no genoma de cada indivíduo. “Essa é a primeira bateria de touros em que 100% dos animais foram selecionados com uso da genômica antes de entrar no teste de progênie”, diz o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, João Cláudio do Carmo Panetto. Segundo ele, a genômica vem sendo aplicada desde 2016 no PNMGL, mas sua importância cresce a cada ano.

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LEITE O pesquisador ainda afirma que selecionar os touros que farão parte dos testes de progênie do programa de melhoramento pela avalição genômica, garante a superioridade genética dos animais que sairão provados daqui a alguns anos, tornando o programa mais eficiente. O pesquisador explica, em 2019, foram genotipados 265 touros, com as amostras coletadas na fazenda. “Com base nos resultados da avaliação genômica, os criadores inscreveram 50 touros para a pré-seleção. Desses, 33 animais foram aprovados nas provas reprodutivas e 30 terão o sêmen distribuído nas fazendas do programa para serem provados pelo desempenho de suas filhas no teste de progênie”, diz o pesquisador. Em 2018, já havia sido lançado o 1º Sumário Brasileiro de Fêmeas com avaliação genômica, importante ferramenta na seleção da raça. A segunda edição da publicação foi lançada durante a ExpoGenética, trazendo o resultado de mais 1,1 mil fêmeas gir leiteiro, o que representa mais do que o dobro publicado na primeira versão. No último ano, o PNMGL passou por grande revolução em sua estrutura, incluindo as avaliações genômicas de fêmeas jovens e adultas no portfólio de publicações da raça. Desde a última publicação, em agosto de 2018, até os dias atuais, foram incorporados 7,7 mil novos animais com genótipos que contribuíram para aumentar a acurácia da equação de predição genômica. Segundo o chefe-geral da Embrapa, Paulo do Carmo Martins, esse documento cumpre o objetivo de ser um importante gerador de informação para os criadores e produtores interessados na seleção dos animais de genética superior, propiciando maior progresso genético do gir leiteiro nacional, gerando renda e melhoria da qualidade de vida para a população. Já João Cláudio se diz extremamente satisfeito com o nível de interesse dos criadores pelo melhoramento genético promovido por esse programa, o que indica o grande impacto desse trabalho na melhoria de produtividade no setor leiteiro nacional. O pesquisador Marcos Vinícius Barbosa da Silva enfatiza que as avaliações genômicas tornam os resultados ainda mais efetivos e rápidos, por causa do aumento na confiabilidade das estimativas (GPTAs) usadas na seleção dos animais. No sumário, são divulgadas as GPTAs de fêmeas jovens e adultas para duas características: produção de leite e idade ao primeiro parto. Somente 10% das fêmeas com maiores GPTAs para produção de leite (Top 10%) são publicadas, caracterizando as melhores

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Marcos Vinícius Barbosa da Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Leite

fêmeas disponíveis no mercado, com base no valor genômico. Marcos Vinícius explica que os resultados podem ser um divisor de águas para a raça. “A ideia de se fazer esse catálogo é obter um direcionamento em relação à seleção de fêmeas, ou seja, identificar quais delas têm potencial para se tornarem mães de touros. Ao verificar os valores genômicos dessas vacas, percebemos que um grande número delas tem esse potencial. Agora, a gente tem a possibilidade de, já no nascimento do indivíduo, saber o potencial produtivo desse animal, seja na produção de leite, seja na geração de machos e fêmeas de grande qualidade”, descreve. Paulo observa, ainda, que o mercado tem valorizado sobremaneira a genômica e os avanços científicos em geral como ferramentas indispensáveis ao melhoramento genético de gado de leite. “O sumário é uma importante fonte de informação para os criadores e produtores interessados na seleção dos melhores animais para os seus rebanhos. Estamos certos de que a interação da iniciativa pública, como geradora e divulgadora de conhecimento e de tecnologias, e da iniciativa privada, que disponibiliza genótipos e animais para a produção de leite, é extremamente relevante neste momento de evolução do PNMGL”, completou.


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GENTE

PECUARISTAS . ESPECIALISTAS . CRIADORES

PERFIL LILIAN JACINTO NOVEMBRO 2019 | #pecBR

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GENTE

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Lilian Mara Borges Jacinto

Competência

de botina ou salto alto

L

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ilian é uma reconhecida profissional com extenso currículo e vasta atuação no Brasil e na América Latina. Graduada em Zootecnia e mestre em Ciência Veterinária, aos 36 anos ela é gerente de produto Leite Tropical na CRV Lagoa e jurada efetiva das raças zebuínas e girolando. Também é fundadora da empresa Pecuária de Salto Alto. Além disso, ela já tem duas pós-graduações, foi professora acadêmica por sete anos e está cursando MBA em Administração, Finanças e Geração de Valor, em Porto Alegre (RS), com conclusão prevista para 2020. A profissão é mais que um ofício para Lilian. Ela cresceu tendo um contato muito próximo com a roça e com o gado, e desde nova sabia que quando crescesse queria trabalhar com animais. “Não como veterinária, pois a parte de clínica e cirurgia não me chamava muito a atenção. Mas, em compensação, o melhoramento genético sempre me atraiu. Posso dizer que aprendi a fazer cálculos de porcentagem com as aulas que meu pai me dava sobre os graus de sangue que compõem a raça girolando”, conta. Hoje, ela é referência no setor. Mas, até chegar a esse patamar de reconhecimento e realização profissional, Lilian precisou trabalhar muito para cravar seu nome no mercado com a excelência que ela objetivava. Filha do conhecido zootecnista e jurado José Jacinto Júnior, ela já carregava no sangue o amor pela profissão, mas, quando começou sua carreira, teve que provar que era tão capacitada quanto o pai. “O maior desafio foi consolidar o meu nome no mercado. No começo, sendo jovem, mulher e carregando o sobrenome do meu pai, não foi fácil. Eu era muito mais cobrada e questionada do que normalmente os outros profissionais são”.

Porém, isso não a fez recuar em nenhum momento. “Busquei estudar e me aperfeiçoar na área, e fui conquistando os meus clientes e as oportunidades foram surgindo. Quem pensa que está sendo um caminho fácil se engana. Continuo me aperfeiçoando e dando duro para cada vez mais me tornar uma profissional de excelência”, garante Lilian, que aos 13 anos já ajudava o pai em julgamentos nas exposições próximas de Ituiutaba (MG), onde moravam. Aos 23 anos, em 2006, foi efetivada como jurada da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), sendo uma das primeiras mulheres a atuar efetivamente em julgamentos por todo o Brasil e América Latina. Agora, ela tem como missão profissional levar o máximo de conhecimento para as pessoas que querem evoluir na pecuária leiteira tropical no Brasil e no mundo. “Quero ajudá-las a serem melhores em seus negócios, ensinando o valor da comunidade, da liderança e do autoconhecimento. Quero que eles entendam a nobreza que é produzir alimento para o mundo, pois sabemos que é uma missão árdua. Mas, com o direcionamento certo, o seu negócio fica mais prazeroso e produtivo”. Pensando nessa missão, ela fundou a Pecuária de Salto Alto, uma empresa em sua fase inicial, que está sendo desenvolvida com muito carinho, e que em 2020 irá iniciar um novo ciclo de cursos e treinamentos. A proposta é oferecer cursos, treinamentos e consultorias para mulheres, com foco na pecuária leiteira tropical, área de especialidade de Lilian. “O desafio é diário, principalmente para nós mulheres, pois somos cobradas por nosso conhecimento técnico, postura, profissionalismo e ações. É uma busca constante em ser melhor a cada dia e levar o melhor para os meus clientes, pois a Zootecnia não só faz parte da minha vida, ela é grande parte da minha vida”, finaliza.

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SOCIAL

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Aldo e Renato Cruz

Alexandre, Matuque e Paulo

Andres e Julico

Antônio e Narell

Antonio Sposito e Benedita

Antônio, Valdinei, José Adelmo e Carlos Henrique

Arnaldinho, Cadu, Monatério e Osvaldinho

Bavaresco, Carlos Muñoz e Cadu

Bendiate e Guilherme

Bruno, Helio, Dindo, Zé Furtado, João e Paulo

Carla Forti, Selim Majluf, Garcia, Winston, Tatiane e Rodrigo

Juliana e Cláudio Beleli

Dado Francisco, Maurício Ianni, Zé Furtado e Tatá

Denis, Lucas e Luís Carlos

Diego, Maria Tereza e Boi

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SOCIAL

Dorival, Dalila e Maria José

Eduardo Pires, Rafael e Marcelo

Equipe Geneal

Felipe, Iara e Arnaldinho

Fernanda, Jaqueline, Lucas, Roberto, Eliane e Alice

Flávia, Giosa, Dalila, Mário e Sr. Porto

Geovana, Willian e Patrícia

Guillermo e Paulo

João, Mariana e Bruno

Jorge Nunes, Obidulio e Douglas

José Olavo e Fred

Lika e Laura

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SOCIAL

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Lucas, Gilberto, Ronaldo, Cachorrão e Alessandro

Luciano, Leo e Leonardo

Maria Silvio e Roberto

Miguel, Jairo e Guto

Mônica, Bavaresco, Jairo Lucho e Pedro

Nabih, Darci, Fernando e Zoller

Osvaldo, Cláudia e Juan Carlos

Paulo, Cláudia e Guillermo

Paulo, Maurício, Rodrigo, Elisabeth e Beto

Rafael, Rafela e Mariana

Rubens, Leondidas, Ademir, João Marcos e Emanuel

Sr. Dorival, Marlene e Dorival Filho

Totó e Fernando

Tuane e Maria

Vinicius, Bettina e Camila

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Zoller, Dado Francisco e JCJ

Vinicius, Dorival e Diogo

Ana Cláudia, Icce, Iara, Arnaldinho, Bruna e Rodrigo

Carla e Maurício

Ilse Foianini, Eduardo Eguez e Sylvia Monastério

Juan Carlos, Paulo Horto e Monastério

Junior, Ronaldo, Marcelo, Danilo, Felipe, Douglas, Robson, Eduardo, Adilson, Otoniel e Paulo

Oscar Ciro, Walter Cruz, Oscar Pereyra, Oscarito, Jaime e Mário Escalante

Osvaldo e Aurico

Obdulio, Daine, yngrid, Douglas, Thais, Adalberto, Kiara, Adalid, Douglas, Thamara

Ricardo, Gabriela, Loren e Mario

Rodrigo, Gustavo e Evandro

Valentina, Jean Carla, Juan Carlos, Mery Pamela e Káthia

Yolanda Yorimoto, Jessica Ribera, Alejandro Moreno e Marcelo Muñoz

Maria Cecília

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PONTO DE VISTA

“Daqui para frente, viveremos tempos turbulentos que nos exigirão muito mais organização, visão estratégica e capacidade de negociação. No passado, importadores vinham buscar nossas commodities nos portos brasileiros porque oferecíamos volumes crescentes a preços competitivos. Mas os próximos 20 anos não serão tão fáceis. A guerra hegemônica EUA-China vai ser longa e penosa para o mundo, podendo ajudar ou prejudicar o Brasil. O multilateralismo encontra-se em crise tanto na Organização Mundial do Comércio (OMC) como no andamento do Acordo do Clima. Ocorre que a demanda potencial do mundo é praticamente infinita, mas, apenas uma pequena parte dela é acessível para as nossas exportações por conta de inúmeras barreiras tarifárias e não-tarifárias. Nosso primeiro desafio será construir demandas consistentes e duradouras para nossos produtos”. Marcos Sawaya Jank, titular da Cátedra Luiz de Queiroz em Sistema Agropecuários Integrados da Esalq/USP e professor sênior de Agronegócio Global do Insper 110

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“Para a economia crescer, não bastará a produção agropecuária sozinha. Precisaremos de uma política agroindustrial, comercial e de agressividade para conquistas de mercados internacionais em todas as cadeias produtivas. Hora de um plano estratégico nacional do brasileiro. Sem isso, não adianta vender o Brasil… precisamos vender do Brasil”. José Luiz Tejon Megido, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e doutor em Educação

“Temos hoje um emaranhado de normas em todos os níveis – municipal, estadual e federal – o que impõe um alto custo administrativo para o setor produtivo. Por isso, precisamos manter uma grande equipe especializada para gestão tributária em nossas propriedades. É necessário e urgente a simplificação a quantidade de tributos no país”

“A gente sabe que uma das coisas onde somos mais competitivos é a carne bovina. Precisamos estar juntos para enfrentar os nossos concorrentes internacionais para que a gente continue ganhando e continue tendo a melhor, mais farta e mais saudável carne de todo o mundo”. Antônio Pitangui de Salvo, pecuarista e presidente da Comissão Nacional da Bovinocultura de Corte da CNA

Gil Pereira, pecuarista e diretor ABCZ

“Hoje a pecuária brasileira é a mais sustentável do mundo. Temos uma biodiversidade imensa e uma integração lavoura-pecuária que ninguém consegue fazer”. Cristiano Soares, pecuarista da AgroSB

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James Cisnandes Ribeiro de Souza Júnior

OPINIÃO

Head de Agribussiness da Engineering, companhia global de Tecnologia da Informação e Consultoria especializada em Transformação Digital james.cisnandes@engdb.com.br

LEITE

Os desafios do setor lácteo diante dos novos acordos internacionais

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ão há dúvidas de que o agronegócio é a locomotiva da economia brasileira. E o setor lácteo, um dos principais vagões desta locomotiva, está passando por desafios internos há anos, sobretudo, em razão dos custos de produção e logística, afetados pela ausência de políticas públicas estruturantes e efetivas. De acordo com a ministra da agricultura, Tereza Cristina, o alto custo de produção, agravado por problemas de infraestrutura, somado à margem de lucro cada vez mais espremida, faz o produtor rural perder competitividade. Dada as circunstâncias, certamente os produtores rurais, principalmente os pecuaristas, abandonarão sua atividade ou mudarão de foco, almejando uma maior rentabilidade. Além disso, as indústrias de laticínios e as cooperativas de produtores, elo crucial do setor, nunca se viram em uma ‘saia justa’ no sentido de orquestrar estratégias a fim de atender os dois públicos exigentes, que estão posicionados em extremos - o produtor rural e o consumidor final. A indústria de derivados do leite, em alguns casos por meio de cooperativas agroindustriais, possui o papel de combinar a oferta e a demanda, uma equação bastante complexa. E, no meio do caminho, há uma série de agentes intermediários como as transportadoras, consultorias, fábricas de insumos, atacadistas, entre outros. Nesse cenário, há também os novos desafios para os produtores nacionais ganharem novos horizontes, como a tratativa com a China, que abriu seu mercado para o Brasil exportar derivados de leite, e as boas notícias como o recente acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que promete “abrir as porteiras”. Mas, apesar do lado positivo, encontramos dúvidas, pois se trata de uma competição desleal uma vez que não estamos equiparados em termos de igualdade com os produtos estrangeiros, em razão do custo dos encargos brasileiros, principalmente a alta carga tributária.

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Somada a essa questão, enfrentamos também o desafio de tornar o agro 4.0. Ou seja, analisar minuciosamente a cadeia produtiva do leite a fim de mapear os processos, identificar os gargalos e aplicar as tecnologias necessárias para a automação em todos os elos da cadeia. Estamos diante da mola propulsora do processo de Transformação Digital do Agronegócio em todos os âmbitos, desde o campo (fazenda), passando pela logística, indústria, processo de produção industrial, distribuição até chegar no varejo. Uma vez que o fator determinante do sucesso atualmente é a batalha pelos preços na prateleira dos supermercados, surge a indagação: em qual momento eu posso atenuar custos para majorar os lucros? A resposta são os investimentos em tecnologia com o objetivo de alcançar uma gestão efetiva a partir dos dados coletados de forma automatizada, que se tornará uma condição indispensável até mesmo em razão da necessidade de cumprir as normas de segurança alimentar e melhorar as métricas da produção. Para isso, faz-se necessário a escolha de um parceiro com domínio tecnológico e conhecimento mercadológico sobre o ‘negócio do leite’. Isso forma o alicerce, entre pessoas, processos e tecnologias, necessário para suportar a jornada da Transformação Digital, na qual os processos são repensados a partir da ótica dos dados e, assim, soluções assertivas sugeridas para apoiar os processos em toda a cadeia produtiva, de ponta a ponta. A ideia é que as informações direcionem como simplificar, automatizar e controlar as operações com maior assertividade nos custos e na garantia de qualidade por meio da implementação de tecnologias como Analytics, Inteligência Artificial, Machine Learning, IoT, Chatbot, entre outros. O Brasil é um gigante do agronegócio sob o ponto de vista mundial e essa posição pode ser ampliada se repensarmos as tomadas de decisões e baseá-las em dados, não em achismos, ou seja, adotar uma cultura data-driven. O resultado? Uma nova forma de pensar com uma ótica digital, rumo a uma nova Era para a pecuária, a logística e a indústria do leite 4.0.


Eduardo Muniz de Lima “Mineiro”

OPINIÃO

Médico veterinário especialista em Produção de Ruminantes, MBA em Gestão Empresarial, MasterMind Aliança Agrotalento e diretor da Central de Receptoras Minerembryo diretoria@minerembryo.com.br

GENÉTICA

O mercado está preparado para uma @ de R$200?

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arroba resolveu acelerar no segundo semestre de 2019 mostrando virada do ciclo pecuário. O mercado chinês está comprando como nunca. Vemos a retomada de outros mercados e sinais positivos da economia interna. Na outra ponta da genética estamos preparados para vender tourinhos para os produtores de carne nestes valores? O mercado experimenta neste segundo semestre uma alta considerável nos valores da arroba, que vinha represada desde 2016. Com o advento da febre suína africana, a China veio ávida por comprar nossas carnes suínas (subiu 63% em um ano), mas, também os substitutos, como as aves, e a bovina (que aumentou 63,6% em 2019, e pode crescer20,8% em 2020, de acordo com a Scot Consultoria). A China sustenta este aumento nos últimos meses e é responsável por mais de 50% de nossas exportações. Novos mercados também mostram potencial de crescimento, como a União Europeia com os recentes acordos do novo governo. Egito, Irã e Chile completam a lista dos maiores destinos de nossas carnes bovinas mostrando crescimento ano a ano. Já o mercado interno começa a mostrar os primeiros sinais de aquecimento com pequena subida dos números de emprego, diminuição do endividamento, juros baixos que estimulam o consumo a prazo, concorrência de novos bancos e balança comercial favorável. Este valor de R$200 por arroba já parece não ser loucura, certo? Se deflacionarmos os valores, tivemos va-

lores acima de R$190/@ em 2011 e 2015, e já há muita conversa em cima de valores próximo a isto no mercado futuro. Nesta mudança no ciclo pecuário que ocorre sempre, em todos os países produtores de carne, em intervalos que variam de três a seis anos, há uma retomada de preços da @, o criador retém fêmeas esperando um preço melhor no bezerro. Mas, aqui, notamos que os abates de novilhas aumentaram 21% em 2019, puxada pela demanda chinesa, que só compra abaixo de 30 meses de idade. Assim, teremos menos fêmeas num futuro imediato e precisando de mais bezerro. E aí, caro leitor? Aqui teremos que melhorar nossas eficiências em reprodução bovina urgentemente, como estação de monta, IATF, TETF, monta natural com touros avaliados, fazendo mais bezerros com menos vacas. Hoje já temos também ferramentas para melhor escolher nossos reprodutores e diminuir os riscos na avaliação, como a genoma. Fazendas com alta tecnologia tem rentabilidade quatro vezes maior do que as de baixa tecnologia, também de acordo com a Scot Consultoria. O que isto nos quer diz, pecuarista? É um caminho sem volta! Está na hora de investir na atividade pecuária, que passa por manejo, sanidade, alimentação e genética. E é neste último item que os valores ainda não acompanharam a evolução da arroba e está na hora exata do investimento na compra de material genético de qualidade através de sêmen, touros avaliados, doadoras genotipadas ou embriões para se fazer a base genética na propriedade a valores ainda bastante “baixos”. Não deixem passar o cavalo arreado na sua frente!

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OPINIÃO

Antônio Roque Dechen Médico veterinário doutor em Zootecnia e diretor executivo da Intergado ardechen@usp.br

VISÃO

Alimentos e qualidade de vida

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omo engenheiro agrônomo e professor, fico surpreso quando temos que informar à comunidade que os nossos alimentos e fibras são fontes de energia para o nosso bem-estar e qualidade de vida. Por sorte o destino nos favorece por vivermos em um país tropical, que nos possibilita a produção de alimentos para no mínimo o dobro da nossa população. Destaque-se que em muitas das nossas cadeias agrícolas ainda somos ineficientes na agregação de valores aos nossos produtos, e temos muito a evoluir nesse sentido. A Associação Nacional de Adubos e Corretivos (Anda) coordena um grupo de profissionais das áreas agronômica e de comunicação, denominado: Nutrientes Para a Vida (NPV), com o foco de esclarecer à comunidade que a qualidade dos produtos é o resultado do manejo adequado do solo (correção e adubação), das variedades melhoradas e do controle de pragas e doenças. O desenvolvimento do agronegócio brasileiro é resultado de tecnologias, dos avanços do ensino, pesquisa e extensão no setor agro. Quem não se recorda dos cerrados antes dos anos 1970? E hoje, com manejo adequado, é referência mundial na produção de grãos, fibras e energia. Precisamos melhorar

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este cenário agregando valor nos nossos produtos, e deixar de exportar produtos primários. Como estamos nos preparando para esta nova demanda da sociedade? Quais as ações governamentais para a logística e estratégia da produção agrícola? Temos as condições necessárias para a produção e precisamos implementá-las e melhorar nossas estratégias. A sociedade, de forma geral, elogia a produtividade e a qualidade dos alimentos e critica o agricultor e o sistema produtivo. Os produtos agrícolas são muito bonitos nas gôndolas dos supermercados, no entanto poucos conhecem as dificuldades da cadeia produtiva do desenvolvimento das variedades e a acolhida pelo consumidor, ou seja, o percurso do campo a nossa mesa. Já assistimos uma enorme evolução no nosso cenário agrícola e continuaremos merecendo a atenção mundial como grande produtor de alimentos. Norman Borlaug, quando em visita ao Brasil ao ser perguntado de como via o futuro agrícola do Brasil, respondeu de forma simples e objetiva: “É impossível competir em agricultura com um país que tem a extensão territorial do Brasil e sol e água todos os dias; não se constrói a paz em estômagos vazios”.


Guilherme Ezequiel da Silva

OPINIÃO

Consultor e Coach consultor.guilhermesilva@gmail.com

EMPREENDEDORISMO

Sua empresa está afundando?

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ontrole... Essa é a palavra que deve ser retratada em ação nas ações diárias de um empreendedor. Não podemos crescer o que não podemos controlar. Empresa que cresce sem controle está totalmente vulnerável às questões do cotidiano e com certeza em algum momento será revelado essa vulnerabilidade em forma de impacto financeiro negativo no caixa da empresa. O desafio em questão não é falta de tempo, como muitos empreendedores insistem em dizer, pois, a questão é simples... Controle tem que fazer, e ponto final! É uma atividade que deve fazer parte do cotidiano, da rotina de trabalho, assim como temos que comer e beber. Desta forma, aumenta em muito as chances de sucesso de uma empresa ao longo do tempo. Temos que pensar de forma consciente que uma empresa nasce para a eternidade, e por mais que hoje possa estar tudo bem, haverá um momento em que ter reserva de capital fará toda diferença para se manter no mercado. Em tempos de crise, sempre sairá na frente quem investe mais, quem ousa mais, quem faz diferente, quem agrega valor. Qual valor sua empresa tem gerado para seus clientes? De que forma você se faz presente na vida do seu cliente quando ele não está em sua empresa? Como você tem surpreendido seu cliente? Como você tem cuidado de sua vida financeira? E de sua empresa? Você planeja seu dia? Planeja suas compras, seus investimentos? E seu crescimento? Você planeja? Tem elaborado e traçado, exatamente, o caminho a percorrer em um determinado tempo com uma meta definida? Você tem dado atenção a sua organização financeira?

Se sua resposta é não para algumas ou até mesmo todas essas questões, então você, de fato, precisa de um consultor de empresas neste momento, para te auxiliar, te desenvolver, te desafiar, e, principalmente, te tirar da atual zona de conforto. Este é o momento para mudar as coisas. Atuando como consultor de empresas há mais de dez anos, posso te afirmar, com toda certeza, que todo empresário empreendedor deveria sim ter um consultor ao seu lado, não só para dar suporte aos desafios da empresa, mas, para principalmente atuar como seu coach, desafiando, cobrando e fazendo com que você se desafie diariamente, adotando um novo estilo de vida e de comportamento que te aproxime de alcançar o mais alto nível de gestão do seu tempo e de sua produtividade.

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EM FOCO

Foto Wenderson Araújo

Já deu seis horas, mãe da lua anunciou Agora é ceia, prosa, verso e tocador A sanfoninha, oito baixo e toca alto pra danar Baião no chão, no céu, no ar

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