Pecuária Brasil #33

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DIREÇÃO Gustavo Miguel +55 (34) 9 9142-5081 gustavomiguel.gm@gmail.com

Mecânica de Comunicação, Notícia Expressa, Renata Negri, Rose Domingues, Sindilat e Texto Comunicação.

Cláudia Monteiro +55 (34) 9 9142-5082 claudiapecuariabrasil@gmail.com

CONTATO COMERCIAL +55 (34) 3071-1000 / 3071-0600 3313-0371 / 3317-2320

EDIÇÃO Natália Escobar - MTB 19731/MG redacaopecuariabrasil@gmail.com

JURÍDICO Cláudio Batista Andrade Renato Mendonça Costa

COLABORAÇÃO ABCGil, ABCZ, ACNB, Ana Caroline Carvalho, Ana Maio, Cepea, CNA, E-Comunicação, Eliana Stulp, Embrapa, Engenharia de Comunicação, Famato, Flávia Romanelli, Grupo Publique, Interfuse, Jardine Comunicação, Ketchum, Larissa Vieira, Máquinacohn&wolfe, Marcelo Moreira,

CIRCULAÇÃO E ASSINATURAS assinaturapecuariabrasil@gmail.com DIAGRAMAÇÃO Carlos Lopes REVISÃO Marcela Mônica dos Santos

FOTÓGRAFOS PARCEIROS Ana Clark (82) 9 8150-2220

Marcelo Cordeiro (31) 9 9946-9697

Boy (17) 9 8115-8087

Maurício Farias (34) 9 9994 1949

Carlos Lopes (34) 9 8814-0800

Ney Braga (34) 9 9960-9610

Douglas Nascente (17) 9 8174-0202

Pecuária em Foco (67) 3383-5533

Fábio Fatori (13) 9 8121-0011

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Gustavo Miguel (34) 9 9142-5081

Rubens Ferreira (11) 3609-1562

Jadir Bison (34) 9 9960-4810

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Publicação periódica da Pecuária Brasil Editora e Publicidade Ltda. ME. CNPJ: 14.681.507/0001-62 Redação, Publicidade e Administração Rua Manoel Roberto da Silva, 40 - Estados Unidos 38015-390 Uberaba (MG) | (34) 3313-0371 |

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CIRCULAÇÃO GRATUITA Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores. As matérias publicadas podem ser reproduzidas desde que citada a fonte.

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NOSSA CAPA É com prazer que, mais uma vez, trazemos o empresário e nelorista Aciole Castelo Branco Maués para abrilhantar nossa capa, desta vez, ladeado pelos seus filhos e sucessores, Frederico e Igor, que dão prosseguimento ao legado de empreendedorismo do pai. FOTO Pecuária em Foco e Carlos Lopes


APRESENTAÇÃO

ABRINDO AS PORTAS DE 2020

CLÁUDIA MONTEIRO

Diretora da Pecuária Brasil

claudiapecuariabrasil@gmail.com

RAÇA

CARNE

É com grande felicidade que iniciamos mais um ano de muito trabalho em prol da pecuária brasileira. Nessa década que se inicia, mantemos o compromisso de continuar contribuindo para esse setor insubstituível, e nem sempre reconhecido pela sociedade. Por isso, trazemos nas próximas páginas um apanhado geral do que esperamos que 2020 seja: muito próspero e marcado pelo crescimento. Na editoria Raça você vai ficar sabendo sobre as novidades e expectativas das principais raças zebuínas, que formam a base do rebanho brasileiro para produção de carne e leite. Vai ainda ler sobre a pesquisa brasileira que conseguiu melhorar a tradução do genoma bovino, relacionando genes às características que eles expressam, mais um exemplo de como a Ciência pode revolucionar qualquer setor. Leia também, na editoria Carne, uma reportagem sobre o mercado em 2020 e outra sobre a pesquisa recentemente divulgada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que traça o perfil do consumidor brasileiro. Na editoria Leite, saiba mais sobre a importância do cuidado com as bezerras de reposição, essenciais para continuidade da atividade. E ainda: conheça a história de sucesso do empresário e nelorista Aciole Castelo Branco na nossa reportagem de Capa, e a estreia do Haras Seven Horse, da nelorista Samai Idalló, na editoria Gente. Tudo isso e muito mais para mostrar que temos muito trabalho pela frente e muito potencial a ser explorado. Por isso, nossa missão é enaltecer e divulgar o agronegócio, que sustenta a economia do país e alimenta milhões de pessoas. Vamos juntos.

LEITE

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SUMÁRIO

Dicionário genético

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ABCGil continua genotipagem PG. 82

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SEMPRE NA PECUÁRIA BRASIL 10 . PECUÁRIA EM REDE 14 . PECUÁRIA INDICA 18 . AGRO NO PRATO 20 . PORTEIRA ABERTA 24 . CAPA

Nelore em 2020 PG. 42

26 . ENTREVISTA 30 . CALENDÁRIO 35 . RAÇA 63 . CARNE 73 . LEITE 83 . GENTE 90 . SOCIAIS 94 . PONTO DE VISTA 96 . OPINIÃO

Indubrasil crescendo PG. 58

101 . EM FOCO

ACGB comemora 65 anos PG. 46

Tendências de consumo PG. 64 JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR

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PECUÁRIA DE ONDE Municípios brasileiros que aparecem nessa edição

INOCÊNCIA (MS) A genômica na rotina

UBERABA (MG) Vem aí a Expoinel MG

DESTINOS INTERNACIONAIS Bolívia China

Estados Unidos Índia

Água Boa (MT) Alexânia (GO) Alfenas (MG) Aparecida do Rio Doce (GO) Araçatuba (SP) Aracruz (ES) Araguaína (TO) Avaré (SP) Barra do Garça (MT) Batatais (SP) Bela Vista do Maranhão (MA) Belo Horizonte (MG) Botucatu (SP) Brasilândia (MT) Brasília (DF) Brotas (SP) Cafelândia (SP) Caldas Novas (GO)

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Campinas (SP) Campo Grande (MS) Campos de Cima da Serra (RS) Campos dos Goytacazes (RJ) Capitólio (MG) Catalão (GO) Conchas (SP) Cratéus (CE) Curitiba (PR) Dom Pedrito (RS) Dourados (MS) Eldorado do Sul (RS) Esteio (RS) Feira de Santana (BA) Florianópolis (SC) Fortaleza (CE) Foz do Iguaçu (PR) Goiania (GO)

Guararapes (SP) Hulha Negra (RS) Indaiatuba (SP) Ituiutaba (MG) Jaboticabal (SP) João Pessoa (PB) Londrina (PR) Maçambará (RS) Marília (SP) Missal (PR) Morrinhos (GO) Naviraí (MS) Nova Santa Rita (RS) Novo Horizonte (SP) Paracatu (MG) Pardinho (SP) Pelotas (RS) Piracicaba (SP)

Piripiri (PI) Poconé (MT) Ponta Porã (MS) Porangaba (SP) Porto Alegre (RS) Ribeirão Preto (SP) Rio Branco (AC) Rio de Janeiro (RJ) Rio Preto (SP) Sales (SP) Santa Vitória do Palmar (RS) São Carlos (SP) São José do Rio Preto (SP) São Luís (MA) Silvianópolis (MG) Uberaba (MG) Uberlândia (MG) Vila Velha (ES)


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PECUÁRIA INDICA

O QUE ESTOU LENDO

A HISTÓRIA DO QUEIJO MINAS ARTESANAL

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irme em seu propósito de produzir e democratizar conhecimento, a Embrapa disponibilizou gratuitamente na internet o livro Queijo Minas Artesanal: Valorizando a Agroindústria Familiar. A obra é organizada por Rodrigo Paranhos e Virgínia Martins da Matta, pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos e está disponível para ser baixada gratuitamente (link abaixo). Além dos editores, são coautores os pesquisadores Ana Carolina Chaves, Cristina Takeiti, Daniela Freitas de Sá, e os analistas Marcelo Ciaravolo, Paulo Portes e Roberto Machado. A obra fornece uma noção abrangente de como este sistema agroalimentar funciona. Há informações sobre aspectos da tecnologia, ciência, história e cultura dos Queijos Minas Artesanais. Como ganhar dinheiro com na pecuária: os segredos da gestão descomplicada Por Antonio Chaker El-Memari Neto Editado por Inttegra Universidade R$ 89,90

Cláudia Monteiro Diretora comercial da Pecuária Brasil

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SEGUINDO A COMIDA

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Em parceria com a rede britânica de televisão BBC World News, o Canal Rural lançou a série multimídia Seguindo a Comida (Follow the Food), que investiga como agricultores e pesquisadores estão trabalhando para garantir um futuro sustentável, a longo prazo, para a cadeia global de alimentos. São seis episódios, gravados no Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, África e China, contando histórias sobre produzir alimentos suficientes e ainda mais nutritivos, de forma segura e sustentável. A série aborda, ainda, questões fundamentais como os desafios para o uso eficiente da água, a diminuição do desperdício, as inovações tecnológicas que contribuem para o desenvolvimento do setor, a conexão entre o produtor e o consumidor, além da sucessão familiar no campo e os jovens do setor. A série está disponível no YouTube do Canal Rural.


CERVEJA SONHADORA A cervejaria Dogma, fundada em 2015, acaba de lançar a Dreamin, uma double ipa com citra e mosaic. Intensa, frutada e cítrica, a cerveja possui graduação alcoólica de 7.9%. R$ 40 (473 ml)

CORDEIRO IMPORTADO A marca 1953 Friboi, criada para atender à crescente demanda por carne bovina de alta qualidade, amplia sua atuação e lança para o varejo uma linha completa de cordeiros. São sete cortes selecionados, importados do sul da Patagônia chilena. Os itens são congelados e comercializados em embalagens a vácuo. Preço sob consulta

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PECUÁRIA INDICA

CARLOS ALBERTO PEREIRA Jornalista, enófilo e tecnólogo em Turismo e Hotelaria vinhosetal@gmail.com

VINHOS

CINCO TENDÊNCIAS DO VINHO EM 2020

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nfluenciada pela rápida evolução tecnológica, a vida de todos nós tem mudado radicalmente, e vem alterando o nosso comportamento. Hoje, especialmente os mais jovens, colocam como prioridade valores ligados à ecologia, à saúde e a conveniência. É a alimentação vegana, as bebidas com pouco álcool, o cuidado severo e obsessivo com o corpo, a defesa intransigente do meio ambiente e as conveniências tecnológicas através dos aplicativos e das compras pelos e-commerces: o mundo na palma da mão, através de um click! Tudo está mudando muito rápido. No mundo do vinho não poderia ser diferente! Por isso, separei cinco tendências que irão impactar o consumo de vinho neste ano de 2020. Boa leitura! Vinhos menos doces e com menos álcool. Preocupados com a saúde e o bem-estar, os jovens das gerações Y e Z cada vez mais abrem mão dos açúcares e das bebidas com teores alcóolicos altos. Atentos a este mercado, as indústrias vinícolas tendem a intensificar a produção de vinhos menos alcoólicos e menos doces. Uma vez que os gostos se voltam para sabores mais ácidos ou naturais (especialmente em branco e espumante) e com a gradação alcoólica dos vinhos mais baixa, com valores entre 6 e 8,5%. Regiões clássicas produtoras de vinho doce, como Tokaj ou Sauternes, estão pensando em produzir mais vinhos brancos secos. Os espumantes populares, como o Prosecco, se esforçam para reduzir o açúcar com base na qualidade, passando do método charmat para o método tradicional. Vinhos veganos. Vinhos naturais, vinhos orgânicos e biológicos já são tendência há anos, mas, nesta nova década, os vinhos veganos entram em cena. Aqueles cuja produção, além de não utilizar produtos químicos na vinha ou na adega, não utiliza nenhum produto de origem animal ou técnica que envolva trabalhar com animais. Vinhos de maconha. Trata-se dos chamados ‘vinhos cruzados’, cujas novas elaborações vão dos vinhos de cerveja, aos intensificados em barris de uísque ou vinhos com cannabis (maconha) da América do Norte, onde algumas áreas começaram a permitir o cultivo para fins terapêuticos.

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Vinho em lata. A Austrália foi a precursora na produção de vinho em lata, e foi seguida pelos Estados Unidos, onde a tendência de consumo é cada vez mais forte. Embora a garrafa de vidro ainda seja mais utilizada e continuará sendo nos próximos anos (com crescimento significativo de garrafas menores), outras embalagens alternativas seguem tendência. Etiquetas inteligentes. Neste ano de 2020 você também pode começar a ver a etiqueta inteligente, onde na garrafa terá um código QR para acessar rapidamente informações mais detalhadas sobre o produto, também com sistemas antifurto e de ponto de verificação para evitar perdas e garantir a rastreabilidade da mercadoria. São rótulos interativos que, embora levantem dúvidas em alguns países, em outros representam um valor agregado para tranquilizar o consumidor sobre a autenticidade do produto.


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Amon Samuel de Assis

AGRO NO PRATO

Chef do Taj Hotel de Três Lagoas (MS) e membro da Federazione Italiana Cuochi (FIC) @chef_amon_assis

RECEITAS

Cheesecake a base de leite e queijo A2A2

Ingredientes Para base: 200g de biscoito Maria quebrado 80g de manteiga de leite Para massa: 2 latas de leite condensado 2 copo de cream cheese 2 copo de leite 6 ovos inteiros 1 colher de baunilha Para calda: 500g de morangos inteiros 200g de açúcar cristal

E

ssa é uma receita especial, servida no Leilão Sindi OT, realizado no dia 10 de agosto de 2019 pelo pecuarista Ângelo Tibery. Para ocasião, ela foi produzida com leite e queijo A2A2 proveniente de vacas da raça sindi, o que deu o toque diferencial. Perfeito para o verão, que pede sobremesas refrescantes e leves, é a finalização perfeita para qualquer refeição.

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Modo de preparo Bata todos os ingredientes da base no liquidificador até espumar bem. Leve para cozinhar no vapor por 40 minutos em panela bem tampada. Dica: se quiser fazer no forno convencional, utilize uma pudinzeira (forma metálica) em banho-maria. Para cobertura, limpe os morangos, tire os talos, adicione o açúcar e leve ao fogo baixo. Deixe o morango sorar e soltar a água por duas ou três horas, até criar ponto de fio. Dica: A calda vai espumar no começo, depois baixar a espuma, vá tirando a espuma aos pouco e passando um pincel culinário úmido na lateral para não criar cristais de açúcar e açucarar o doce. Para base, misture a manteiga derretida e o biscoito quebrado. Após cozida, coloque a cheesecake sob a base, pressione levemente e acrescente a calda. Decore com morangos frescos.


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PORTEIRA ABERTA MÁQUINA AUTOMÁTICA DE CARNE

Nos Estados Unidos, já é realidade: uma máquina que vende carne fresca para churrasco. A novidade foi criada por um brasileiro que vive nos EUA chamado Claudio Landsberg, empresário e executivo com quase 30 anos de experiência em varejo. Ele comanda a empresa Casa Group que faz toda a gestão e suporte, liderando o ranking como a maior operadora de vending machine da Central Flórida.

CARNE DO FUTURO

O futuro do consumo de proteína animal será foco de debate durante o VI Simpósio de Produção Animal e Recursos Hídricos (SPARH). O evento será realizado pela Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), nos dias 19 e 20 de março de 2020. Três especialistas renomados ligados à área de alimentos vão discutir aspectos do tema. Andrea Mesquita, fundadora da startup Território da Carne e cofundadora do Movimento Carnivorismo Brasil, Gustavo Guadagnini, diretor geral do The Good Food Institute no Brasil e Luiz Demattê, CEO da empresa alimentícia Korin.

SEM FRONTEIRAS

BRASIL NA ÍNDIA

De 22 a 27 de janeiro, comitiva do Governo Federal esteve na Índia em missão oficial para buscar acordos comerciais para o setor agropecuário, com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro, da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e do presidente da ABCZ, Rivaldo Machado Borges Júnior. Durante a missão, foi firmado acordo de cooperação técnica na área de produção animal, que prevê parceria em sanidade animal, capacitação técnica e pesquisa em genômica bovina e intercâmbio mútuo de material genético. Em 2019, o Brasil exportou US$841 milhões em produtos agropecuários para a Índia.

MSD COMPRA VAKI

A MSD Saúde Animal anuncia a aquisição da Vaki, empresa de equipamentos de monitoramento de vídeo de peixes da Pentair, companhia global em tratamento de água. A compra da tecnologia tem o objetivo de reforçar o posicionamento da MSD Saúde Animal no setor e ampliar o seu portfólio de aquicultura. 20

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Marfrig Global Foods, uma das companhias líderes globais em carne bovina e a maior produtora de hambúrguer do mundo, deu início ao projeto Marfrig Sem Fronteiras, que tem como objetivo estimular o aprendizado e promover novas oportunidades a imigrantes refugiados. A iniciativa, que está em andamento na planta de Várzea Grande (MT), já conta com cerca de 40 estrangeiros que acabaram de ser contratados para atuar em diversas áreas do Complexo Industrial Várzea Grande.

NOVO PRESIDENTE DO CONSELEITE RS

O engenheiro agrícola Rodrigo Ramos Rizzo foi eleito e empossado novo presidente do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite RS) para a gestão 2020/2021. Representando a Federação da Agricultura do Estado do RS (Farsul), ele assumiu o colegiado em nome dos produtores com meta de atualização e análise dos itens que compõem a metodologia de cálculo do valor de referência do leite. Durante a reunião, também foi divulgada a projeção para o leite no estado: o valor de referência projetado para janeiro de 2020 subiu, atingindo R$ 1,1267, alta de 0,88% em relação ao consolidado de dezembro de 2019 (R$ 1,1169).


NOVO CENTRO DE PESQUISA INÉDITO NO BR

Com investimento de R$ 40 milhões, será lançado no dia 11 de fevereiro o São Paulo Advanced Research Center for Biological Control (SPARCBio), um centro avançado de pesquisa, inédito no país, que visa estabelecer um novo modelo de manejo para o controle de pragas e doenças para regiões tropicais. Dirigido pelo professor José Roberto Postali Parra (foto), o SPARCBio foi concebido por meio de parceria entre Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) e Koppert Biological Systems, líder mundial em controle biológico, e tem como missão desenvolver projetos de pesquisa, produtos e tecnologias que resultem no uso e fortalecimento do controle biológico de pragas e doenças, para uma agricultura mais sustentável no Brasil.

CORRAL É REELEITO NA FAMATO

O engenheiro agrônomo Normando Corral foi reeleito para presidir a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso no triênio 2020/2022. O Sistema Famato tem como entes federados o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar MT), Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e Sindicatos Rurais.

PIB

1,15% foi o aumento registrado no Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio de janeiro a outubro de 2019, conforme levantamento da CNA e CEPEA. A área de insumos foi a principal responsável pela alta em 10 meses no período, com expansão de 7,19%. JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR

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PORTEIRA ABERTA NOVA DIRETORIA PARA ABCZ

No dia 1º de janeiro de 2020, a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) passou a ter nova diretoria, diplomada em dezembro último. O grupo presidido por Rivaldo Machado Borges Júnior ficará a frente da entidade no triênio 2020-2022.

NOVO PRESIDENTE DA EMBRAPA

O agrônomo Celso Luiz Moretti foi nomeado presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Graduado em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), ele é mestre e doutor em Produção Vegetal e atua há 25 anos na entidade. Celso também é conselheiro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS).

SKG ABRE FÁBRICA EM VALINHOS

Buscando uma nova posição no mercado brasileiro de cortes de proteína animal em frigoríficos no Brasil, a SKG inaugurou fábrica de serra fitas e firma parceria para a produção de máquinas de afiação. Essa é uma guinada nos negócios da empresa, que é a maior distribuidora de itens de corte para frigoríficos e agora parte para a produção de produtos próprios. Localizada em Valinhos (SP), a nova fábrica foi desenvolvida em parceria com a Munkfors, empresa sueca que figura entre as líderes mundiais no segmento.

INSCRIÇÕES ABERTAS PARA EXPOZEBU 2020

Os criadores já podem se inscrever para a maior exposição zebuína do mundo. Os que se anteciparem vão garantir descontos no valor da argola. Para as inscrições realizadas entre os dias 27 de janeiro e 6 de março, os valores serão de R$350 (associados) e R$700 (não associados) por animal. De 7 de março a 3 de abril, os investimentos serão R$400 e R$800. De 4 a 17 de abril, prazo final para inscrição, o valor passa para R$450 e R$900. As inscrições poderão ser feitas on-line no site da entidade (abcz.org.br). A ExpoZebu 2020 será realizada de 25 de abril a 3 de maio, em Uberaba (MG). 22

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DIA NACIONAL DO PRODUTOR DE LEITE

Foi protocolado, em dezembro, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei - PL 6487/2019, que institui o Dia Nacional do Produtor do Leite, a ser comemorado no dia 12 de julho em todo o território nacional, com o objetivo de valorizar a categoria, bem como incentivar o consumo de produtos lácteos. A lei foi idealizada pela Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite).

PRÊMIO CNA AGRO BRASIL

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil homenageou profissionais, personalidades e empresas que contribuíram para a agropecuária brasileira e para o país com a entrega do Prêmio CNA Agro Brasil em uma cerimônia no dia 17 de dezembro de 2019. Os vencedores da 4ª edição do evento receberam o troféu pelos serviços prestados ao agro em quatro categorias: Destaque do Ano (Rodrigo Maia), Política (Alceu Moreira), Pesquisa e Desenvolvimento (Eliseu Alves) e Comunicação (General Motors).


PRÊMIO JOVEM EMPREENDEDOR RURAL

Com o objetivo de incentivar filhos de produtores rurais e contribuir para sua permanência no campo, a 4ª edição do Prêmio Jovem Empreendedor Rural contemplou 18 jovens com valores entre R$ 4 mil e R$ 6 mil. A proposta é que as quantias sejam utilizadas para implementação de projetos que diversifiquem a produção, aumentem a renda nas propriedades rurais e impactem positivamente as famílias e comunidades dos jovens. A iniciativa, realizada pela Japan Tobacco International (JTI), abrangeu egressos do Instituto Crescer Legal e das Escolas Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC) e de Vale do Sol (Efasol).

ALIMENTO SEGURO

Divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o novo relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos confirma a segurança dos alimentos consumidos pelos brasileiros. A entidade analisou 4.616 amostras de 14 alimentos de origem vegetal e pesquisou até 270 substâncias químicas nesses produtos. No total, 77% das amostras foram consideradas satisfatórias, sendo que em 49% delas não foram detectados resíduos de pesticidas. Em 28% das amostras, os resíduos estavam em concentrações inferiores ao Limite Máximo de Resíduos (LMR) estabelecido pela Anvisa.

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CAPA

O ano da

Agropecuária Taj Mahal

artesanal

Aciole Castelo Branco Maués e família comemoram a consolidação e o sucesso absoluto do criatório de nelore em 2019 e brindam a chegada de 2020 com muitas novidades CARLOS LOPES, GUSTAVO MIGUEL E PECUÁRIA EM FOCO

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O

ano de 2019 foi histórico para a marca do empresário e pecuarista amazonense Aciole Castelo Branco Maués, que participou com louvor dos maiores leilões e exposições de nelore do país. Por onde passou, a Agropecuária Taj Mahal foi o centro das atenções. “Apesar do cenário econômico, nós conseguimos obter êxito em todas as nossas negociações, parcerias e participações em eventos. Atravessamos esse ano ofertando bons animais em praticamente todos os leilões do Brasil, e chegamos a 2020 com a sensação de dever cumprido”, conta o empresário, que também atua no ramo da piscicultura, produzindo 1,2 mil toneladas de peixe por ano em Manacapuru, no Amazonas. Logo na primeira exposição de 2019, a Expoinel Mineira, em Uberaba (MG), o trabalho de mais de duas décadas na seleção da raça nelore já deu resultados. A Agropecuária Taj Mahal foi destaque na pista, consagrando animais no Campeonato Novilha Maior: Seleta FIV TAJ, criação e propriedade da Taj Mahal, e Savana FIV TAJ, premiada na categoria 18 a 20 meses, oriunda da Taj Mahal, que hoje pertence ao criatório da Rima Agropecuária. Nos leilões, durante todo o ano, os animais da Taj Mahal se mantiveram entre os mais valorizados. Em março, no 2º Leilão Sampa, promovido na Sociedade Hípica Paulista, a cobiçada novilha de pista Seleta FIV TAJ, descendente da família Parla FIV AJJ, foi a recordista de preço do pregão, arrematada por R$276 mil em 50% de suas cotas. No restante do ano, a marca continuou marcando presença e sendo destaque nos principais remates de Norte a Sul: Noite dos Campeões, Elo de Raça, Força da Raça MS, HRO, Leilão da Sabiá, entre muitos outros. Encerrando o ano, Aciole promoveu o maior leilão de prenhezes do Brasil. Na noite de 2 de outubro de 2019, em Brasília (DF), estiveram reunidos mais de 600 pessoas, entre grandes empresários, investidores e celebridades, para um evento que ficará na memória da família nelorista. Foi o 3º Leilão Encontros, organizado pelo tradicional pecuarista de Manaus e pelo governador do Distrito Federal e também pecuarista Ibaneis Rocha. O evento ofertou a melhor genética disponível no país, teve liquidez total, bateu R$ 2,6 milhões de faturamento e inaugurou uma nova época de prosperida-

Aciole Castelo Branco

de para pecuária seletiva em Brasília. Nunca um leilão no Brasil recebeu tanto prestígio de pessoas tão ilustres. A marca contou com convidados ofertantes os cantores sertanejos Eduardo Costa, Zé Neto e Cristiano, Fabiano Menotti, Henrique e Juliano, entre outros importantes nomes da seleção de nelore. Grandes empresários, políticos e celebridades também prestigiaram este, que foi o mais importante evento do agronegócio em Brasília. A trilha sonora da noite ficou por conta do cantor sertanejo Fábio Viana, que prestigiou a Taj Mahal com um show inesquecível. Genética Taj Mahal Formada pelo casal Aciole e Zenilda Castelo Branco e os filhos Igor, Frederico e Letícia, a família da Agropecuária Taj Mahal é dona da maior produção de peixe no Amazonas, além de uma das maiores construtoras do estado. Mas, o coração do patriarca sempre bateu mais forte pela pecuária. Por isso, Aciole mantém, em Uberaba, duas propriedades rurais, entre elas a histórica Fazenda Taj Mahal, que guarda os tesouros genéticos do nelore desde 1999, quando a família começou a investir na genética da raça.

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CAPA

O empresário brinca que foi contagiado pelo nelore, e garante que continuará investindo firmemente na atividade. Pecuaristas contemporâneos a ele liquidaram plantéis de peso, saíram da criação da raça, mas, Aciole permanece, teimando em ser apaixonado pelo nelore. “Dificilmente as pessoas que entraram na minha época consolidaram seus plantéis da mesma maneira. Eu vim para ficar. Eu amo a raça. O nelore é uma coisa abençoada”. Justamente por isso, o investimento em melhoramento genético sempre foi constante e intensivo. Agora, a seleção chegou ao seu formato mais primoroso. “Depois desses mais de 20 anos, a Taj Mahal atingiu seu amadurecimento e o ápice de seu profissionalismo. Hoje, temos um banco genético forte e consistente, embasado nas matriarcas mais renomadas do Brasil, como Tajayama, Membeca, Lakota, Ariana, Faruska e Parla. O que vemos nascer dentro do nosso criatório é a expressão máxima do melhoramento genético da raça nelore”, garante Aciole. Durante toda sua carreira, o visionário selecionador também ficou conhecido por ser um grande incentivador e entusiasta da raça nelore, e constantemente atrai investidores e novos criadores para a atividade. “Eu fui ‘picado’ pelo nelore, e sempre visei ampliar a relevância da raça atraindo mais empresários e potenciais selecionadores para conhecê-la”, conta ele, que é conhecido também pela sua grande rede de amizades com celebridades, como o cantor sertanejo Wesley Safadão, que começou a investir no agronegócio por influencia de Aciole.

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Com tudo em 2020 A Agropecuária Taj Mahal não poderia estar mais preparada para esse ano que começa. Além de continuar seu forte trabalho de seleção genética, Aciole pretende investir ainda mais no nelore de pista, e participar das principais exposições e julgamentos do país, como a ExpoZebu. “2019 foi histórico também pela quantidade de investimentos que fizemos em genética, em 2020 continuaremos fazendo. Chegamos com tudo em 2020, e a perspectiva é de ampliar cada vez mais a força da Taj Mahal na seleção de nelore”, garante. A família Castelo Branco ainda promete outra edição do Leilão Encontros neste ano. “Queremos promover esse evento anualmente. Se depender de mim, vamos revezando uma edição em Brasília com uma em Manaus, todo ano, porque são cidades que merecem e precisam de eventos como esse. Em 2020, será ainda melhor que em 2019”, conta Aciole. Além disso, o empreendedor também vai retomar os investimentos no Haras Taj Mahal. Quanto ao futuro, Aciole só planeja continuar o trabalho de construção do seu legado de empreendedorismo. “Quero deixar minha marca na história da agropecuária brasileira, e vou continuar trabalhando para isso, dando exemplo aos meus filhos, que já trabalham comigo nas empresas há mais de 15 anos. Eu plantei a semente, e, cada um em sua área, eles herdaram a vocação para o empreendedorismo, o que muito me orgulha. Eu faço a minha parte”, finaliza.

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ENTREVISTA

FABIANO TITO ROSA

O PADRÃO QUE O MUNDO QUER O comprador dos bois conta qual é a qualidade buscada pela indústria que atende o mercado interno e externo de carne

PRETA RIBEIRO

Z

ootecnista especializado em Administração em Agronegócio, Fabiano Tito Rosa é o diretor de compras de gado da Minerva Foods, empresa líder em exportação de carne bovina na América do Sul que possui, atualmente, capacidade diária de abate de 26,3 mil cabeças de gado. Ele foi analista da Scot Consultoria por nove anos, de onde saiu para estruturar a área de business intelligence da Minerva Foods, na qual hoje é responsável pela compra de gado em todo território nacional. Fabiano é analista de commodities agrícolas, especialista em cadeia de carnes, ex-consultor de gestão, investimentos e planejamento estratégico para empresas rurais e empresas do agronegócio. O especialista também atua como palestrante e escritor.

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Pecuária Brasil . Qual a importância da qualidade e da padronização de carcaça para o mercado com o qual você trabalha? Fabiano Rosa . O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, porém, exporta muito pouco daquilo que produz. Produzimos muito, mas, exportamos cerca de 25% apenas. O restante é mercado doméstico. Já no Minerva, a situação é ao contrário, pois a empresa é voltada para a exportação, exportando 70% de sua produção. Por isso, a questão de qualidade é tão importante. Isso veio para ficar. O boi, finalmente, está deixando de valer só quanto pesa, o que sempre foi uma demanda do setor. Isso vem acontecendo porque a exigência do mercado vem aumentando. Antes, era possível atender praticamente todo o mercado com qualquer animal. Então, era se esforçar para comprar barato, porque o boi representa 80% do custo da indústria frigorífica. Hoje, não é mais possível fazer qualquer mercado com qualquer animal. Agora, eu ainda preciso comprar barato, mas, a precificação é diferente. Preciso pagar pelo que o animal vale, em questão de qualidade, porque no final o meu resultado também depende disso. É isso que vem mudando. PB . E o setor produtivo está acompanhando essa mudança? FR . Em 2012, 46% do gado abatido pela Minerva passou pelo cocho, seja no confinamento, semi-confinamento, ou mesmo na oferta de um proteinado de alto valor para suplementação. Em 2018, esse número subiu para 77%. Ou seja, podemos perceber que a produção de boi para corte somente a pasto está acabando. A tendência é de que, cada vez mais, a suplementação seja utilizada para complementar

o pasto e entregar um produto mais bem acabado em tempo hábil. Por isso, começamos a trabalhar com um preço diferenciado para touros terminados no confinamento. O objetivo é pagar pelo que o animal entrega. Estamos evoluindo nesse processo, e o setor vem respondendo. PB . Vemos que os animais que chegam para o abate têm diferentes perfis. Qual seria o ideal?

FR . Costumamos dizer que o boi é uma comódite, mas, qual a definição desse conceito? Comódite é um produto com padrão definido, de qualidade e características uniformes, que não são diferenciados de acordo com sua marca, quem os produziu ou sua origem, sendo seu preço uniformemente determinado pela ofer-

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ENTREVISTA

ta e procura internacional. Então, se é verdade que o boi é uma comódite, é a única despadronizada que existe. Na Minerva, recebemos boi de todo jeito. Por isso, acreditamos que seja necessário ter um padrão mínimo. Quando falamos em padrão de qualidade precisamos entender que cobertura de gordura tem sua importância, mas, não é sinônimo de qualidade. O primeiro ponto a ser observado é a idade. Não existe mais mercado para gado erado, aquele com idade acima de três anos, a não ser que consideremos o mercado interno de baixo valor. Mercado que exige uma qualidade melhor não aceita, como é o caso da China. Chinês come de tudo, até espetinho de escorpião, mas, não come boi erado. É um país que só aceita carne proveniente de animais com 30 meses ou menos. Ainda são poucos produzindo animais assim. Para atender mercados mais exigentes, no geral, o teto é de 36 meses e quatro dentes. O detalhe é que alguns mercados não aceitam mais nem os de 36 meses, como o Chile, que só compra animais com até dois dentes e no máximo 24 meses. E isso é sobre o mercado de comódite, não o premium, que tem exigências maiores. PB . Quais seriam as exigências para esse mercado superior?

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FR . Para esse mercado, um animal meio-sangue nelore com angus, por exemplo, se for inteiro, é dente de leite. Se não, não vai. Cota Hilton, por exemplo, é só animal com dente de leite. Para novilhas, que são o produto de corte mais valorizado no mercado frigorífico, o padrão é de quatro dentes, porque a novilha entrega uma carne com qualidade superior a um macho jovem inteiro, portanto, a tolerância dos mercados é maior.

para o Chile, por exemplo, é necessário tirar toda a gordura. Mas, mesmo assim, um mínimo de gordura é essencial que o animal tenha, para proteger a carne durante o processo de resfriamento no frigorífico, para chegar ao PH adequado e não ter problema de cor. Se eu abater um animal gordo, eu consigo atender o mercado que quer e o que não quer, porque a gordura eu consigo refilar, o que eu não consigo é colocar.

PB . E com relação ao peso na balança? Qual o ideal? FR . O boi tem que ter peso, mas, cuidado com o exagero. O animal quando começa a passar de 24 ou 25 arrobas começa a dar problema. Quem compra uma picanha de dois quilos? Ninguém quer compar. Então, não faz sentido entregar um gado com esse peso. É preciso que a gente se ajude. O pecuarista precisa entregar o boi que ele quer comer. O ideal é entre 21 e 22 arrobas, o que atende bem. Já no quesito cobertura de gordura, o mínimo ideal é a cobertura mediana, nem excessiva nem escassa, algo aproximado de três milímetros. Porém, não é todo mercado que quer gordura. Para vender

PB . E as tendências para o futuro, como o pecuarista deve acompanhar? FR . Há dez anos, um boi erado era aquele com cinco anos ou mais. Hoje, um boi já é erado aos três anos. Se o pecuarista não está atendendo a exigência do mercado hoje, tem boas chances de já estar muito atrasado para as tendências de amanhã. E a pecuária é uma atividade de ciclo longo, ou seja, o que vai ser feito daqui três ou quatro anos tem que estar sendo construído agora. A tendência maior do mercado é que o seguimento de carnes premium cresça e o seguimento de comôdites fique estagnado, pois os consumidores estão cada vez mais exigentes.


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CALENDÁRIO INTERESTADUAL GIROLANDO 1º a 8 de fevereiro Uberaba (MG) girolando.com.br SHOW RURAL COOPAVEL 3 a 7 de fevereiro Cascavel (PR) showrural.com.br COPLA CAMPO 10 a 13 de fevereiro Piracicaba (SP) coplacampo.com.br FEMAGRI 12 a 14 de fevereiro Guaxupé (MG) cooxupe.com.br/femagri EXPOAGRO COTRICAMPO 14 a 16 de fevereiro Campo Novo (RS) cotricampo.com.br

SUPER RIO EXPOFOOD 16 a 18 de março Rio de Janeiro (RJ) superrioexpofood.com.br

EXPO PARANAVAÍ 6 a 15 de março Paranavaí (PR) (44) 3424-2020

EXPOAGRO AFUBRA 18 a 21 de março Rio Pardo (RS) afubra.com.br/expoagro

EXPOBEL 7 a 15 de março Francisco Beltrão (PR) (46) 3523-1720

FEMEC 24 a 27 de março Uberlândia (MG) femec.com.br

TECNOAGRO 12 e 13 de março Chapadão do Sul (MS) fundacaochapadao.com.br

EXPOGRANDE 27 de março a 7 de abril Campo Grande (MS) (67) 3345-4200

EXPOGUAPI 12 a 15 de março Guapirama (PR) (43) 3573-1122

PARECIS SUPERAGRO 31 de março a 3 de abril Campo Novo do Parecis (MT) parecissuperagro.com.br

EXPO UMUARAMA 12 a 22 de março Umuarama (PR) (44) 3621-9500

AGROPECRUZ 1º a 5 de abril Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) fexpocruz.com.bo/ferias/agropecruz

FOTO Carlos Lopes

EXPOINEL MG 5 a 8 de fevereiro Uberaba (MG) neloreminas.org.br

EXPO PORTOBELLO 4 a 8 de março Mangaratiba (RJ) (21) 2789-8000

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Foto Cristiano Bizzinotto

EXPOZEBU 25 de abril a 3 de maio Uberaba (MG) abcz.org.br

EXPOPALMAS 8 a 14 de abril Palmas (PR) (46) 3262-5839

EXPOINGA 7 a 17 de maio Maringá (PR) expoinga.com.br

EXPO LONDRINA 9 a 19 abril Londrina (PR) expolondrina.com.br

EXPO CURVELO 11 a 17 de maio Curvelo (MG) (38) 3721-5222

EXPOAGRO DOURADOS 15 a 24 de maio Dourados (MS) (67) 3424-6686

ENCONTRO SCOT 14 a 17 de abril Ribeirão Preto (SP) scotconsultoria.com.br

AGROBRASÍLIA 12 a 16 de maio Brasília (DF) agrobrasilia.com.br

RONDÔNIA RURAL SHOW 26 a 30 de maio Ji-paraná (RO) rondoniaruralshow.ro.gov.br

EXPOFRÍSIA 23 a 25 de abril Carambeí (PR) expofrisia.com.br

TECNOFRIGORIFICO 13 a 15 de maio Fortaleza (CE) tecnofrigorifico.com.br

BAHIA FARM SHOW 26 a 30 de maio Luís Eduardo Magalhães (BA) bahiafarmshow.com.br

AGRISHOW 27 de abril a 1º de maio Ribeirão Preto (SP) agrishow.com.br

FEINAGRO 13 a 15 de maio Mineiros (GO) feinagrocomiva.com.br

PECNORDESTE 4 a 6 de junho Fortaleza (CE) (85) 3535-8006

AGROTECSHOW 6 a 9 de maio Barra do Garça (MT) agrotecshow.com.br

FENASUL 13 a 17 de maio Esteio (RS) farsul.org.br

AGROFENA 5 a 14 de junho Patos de Minas (MG) fenamilho.com.br

EXPOBIRA 7 a 10 de maio Ubiratã (PR) (44) 99155-2869

EXPO PALOTINA 14 a 17 de maio Palotina (PR) (44) 3649-5855

SUPERLEITE POMPÉU 21 a 24 de julho Pompéu (MG) superleitepompeu.com.br

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RAÇA

#pecBR

SELEÇÃO . GENÉTICA . CRIAÇÃO . LEILÕES

De olho na Ciência PESQUISA BRASILEIRA MELHORARA A TRADUÇÃO DO GENOMA BOVINO COM TUDO EM 2020

NELORE, GUZERÁ E SINDI JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR

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RAÇA

DICIONÁRIO GENÉTICO Pesquisa brasileira consegue melhorar a tradução do genoma do bovino, relacionando genes às características que eles expressam

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DIVULGAÇÃO E GUSTAVO MIGUEL

redizer desempenho. Selecionar animais com assertividade. Explorar características para melhor aproveitamento no sistema de produção. Obter incremento de produtividade e aumentar a qualidade de seu produto. Que pecuarista não gostaria de ter em mãos todo este pacote de vantagens e oportunidades de forma mais rápida no seu rebanho? Com esse desejo em vista, há mais de dez anos a tecnologia genômica vem sendo estudada pelos acadêmicos do setor e tem, cada vez mais, se tornado realidade na vida dos pecuaristas como uma ferramenta indispensável para auxiliá-los a melhorarem seus rebanhos, aumentarem a produtividade e eficiência reprodutiva, assim como a lucratividade do seu sistema de produção.

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Os estudos não param e novas descobertas são sempre bem-vindas. Uma delas é o recente trabalho desenvolvido na Embrapa Pecuária Sudeste, que conseguiu melhorar a tradução do que está escrito no genoma do bovino, ou seja, relacionar genes às características que eles expressam, como maciez da carne, quantidade de gordura, entre tantos outros. O genoma pode ser entendido como um livro que indica o que a célula precisa produzir. Até então, muitos genes não estavam decodificados, eram desconhecidos ou não se conhecia seu significado. Agora, os dados obtidos permitirão diversos avanços que vão desde direcionar programas de melhoramento genético bovino até desenvolver animais que apresentem carnes sob medida com detalhes como maciez e sabor determinados. Os estudos foram conduzidos pela pesquisadora Luciana Regitano, e os resultados foram publicados na revista científica britânica Nature. O trabalho, conhecido como anotação funcional do genoma bovino, foi realizado pela bolsista de pós-doutorado Marcela Maria de Souza, orientada por Luciana. Ela construiu uma espécie de “dicionário” com todos os genes de bovinos que atuam como fatores de transcrição, ou seja, codificam proteínas que ativam ou bloqueiam as expressões de outros genes, o que também define como os efeitos desses genes vão “aparecer” na carne. Antes desses resultados, a pesquisa recorria à anotação do material genético de outras espécies para traçar paralelos com os bovinos. Luciana conta que eram utilizados bancos de dados de humanos e camundongos. Relacionando esses resultados com outros resultados do projeto “Bases moleculares da qualidade da carne de bovinos da raça nelore”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), os estudos da Embrapa identificaram diferenças de expressão dos genes relacionadas a características de qualidade da carne.

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RAÇA A “tradução” dos genes

O estudante Bruno Andrade e a pesquisadora doutora em genética que conduziu o estudo, Luciana Regitano

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Para entender mais facilmente o significado da descoberta, Luciana propõe a analogia de se imaginar o DNA como se fosse um livro. “Imagine que você tivesse que traduzir um livro de um idioma desconhecido para o seu. Há uma sequência de letras que são as bases. Determinadas letras podem representar genes ou não. O DNA do genoma do boi ainda não foi completamente traduzido, ou seja, boa parte ainda está em linguagem incompreensível”, explica. De acordo com ela, mesmo os “trechos sem genes” são considerados importantes, pois podem regular a função dos genes. Atualmente, existe indicação de quais genes do boi podem ser fatores de transcrição (que codificam proteínas que regulam a expressão dos genes) e como vão produzir proteínas. Antes era feita a chamada predição in silico, (obtida em uma simulação computacional) com base em modelos conhecidos. Marcela estudou esses genes e atualizou o “dicionário” de genes humanos que são fatores de transcrição. Com essa base, ela procurou correspondentes no boi. Para cada correspondente, buscou na literatura experimentos que confirmassem que esses genes codificam fatores de transcrição. “Ainda há trechos desse livro em idioma incompreensível, mas ela traduziu, checou e verificou se aqueles correspondentes entre humanos e bovinos que têm evidência de serem fatores de transcrição são, de fato, como nos humanos. Procuramos, por exemplo, variações de DNA que são importantes para que o animal produza uma carne melhor e apresente maior eficiência do uso dos alimentos”, detalha Luciana. A pesquisa trabalha com um volume de dados gigantesco, o chamado big data. Um dos maiores desafios envolvidos é conseguir filtrar o que interessa e remover o que não interessa para cada estudo em particular. “Com a pesquisa da Marcela, conseguimos focalizar atenção nas partes mais interessantes. Queremos encontrar fatores que regulam a maciez e já temos o conjunto de dados mais importante para procurar essas variações. É como se tivéssemos que localizar uma pessoa em deter-


minada cidade no mundo, mas não soubéssemos onde procurá-la. A pesquisa indicou o continente, o país e o estado onde a cidade se localiza. Agora o caminho para localizar a pessoa está mais perto”, compara a cientista. Avanço para raça

O trabalho de análise da expressão relacionada aos alelos (cada uma das formas possíveis do mesmo gene) foi projeto do doutorado de Marcela, mas, para raça nelore, pode significar avanço no melhoramento genético com mais rapidez. “Conseguimos identificar alguns genes, já associados anteriormente a importantes características de produção animal, que apresentam a expressão majoritária de um ou outro alelo”, conta Marcela. Recentemente, ela foi contratada pela Universidade de Iowa (Uiowa), nos Estados Unidos, para onde se mudou no fim de 2018. “O legal é que aproveitamos os dados já disponíveis para investigar a expressão alélica, um campo de pesquisa que está ganhando força recentemente. Ainda pouco se sabe em bovinos quando comparado a humanos e camundongos”, destaca a pesquisadora. De acordo com ela, o estudo conseguiu identificar genes com esse padrão em bovinos, mais especificamente em nelore, que é a principal raça do rebanho brasileiro. “A identificação de genes importantes para produção animal que apresentam expressão monoalélica, ou seja, apenas uma cópia é expressa, pode contribuir para aumentar a acurácia dos programas de melhoramento e o nosso trabalho é o primeiro a descrever vários genes com esse padrão na raça”, conclui Marcela. A genômica na rotina

O produtor de pecuária de corte Silvio Pires, de Inocência (MS), utiliza touros melhoradores, transferência de embrião e inseminação artificial por tempo fixo (IATF) para aumentar a produtividade de seu rebanho. Na fazenda, o rebanho é comercial e o ciclo completo. Assim como ele, outros tantos pecuaristas brasileiros combinam

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RAÇA biotecnologias reprodutivas com genômica animal na rotina de suas propriedades rurais. Isso é o que nota o pesquisador brasileiro Laércio Ribeiro Porto-Neto, há 11 anos atuando na CSIRO Agriculture & Food, entidade de pesquisa australiana, que divide essa aplicabilidade em baixa, média e alta tecnologia. A adoção de Diferença Esperada na Progênie (DEP) genômica com touros melhoradores ou com inseminação artificial (IA), por exemplo, é enquadrada como baixa. “Um núcleo de touros melhoradores, genotipados, torna-se referência para um grupo de multiplicadores e, posteriormente, um rebanho comercial. Utilizando um animal melhorador você amplia o resultado. É simples, use o touro certo”. Para eficiência reprodutiva é possível intervir também na taxa de desmama e no peso do bezerro ao desmame na produção. Como técnicas consideradas média estão o uso de DEP genômica com IATF ou com fertilização in vitro (FIV). Já a alta tecnologia envolve a edição genômica com clonagem ou com FIV. Segundo Laércio, a baixa e média têm alta penetração e melhoram o rebanho, estão próximas ou prontas para aplicação. As de alta têm baixa penetração e geram animais melhorados, com a grande maioria em desenvolvimento. “Sendo ainda preciso aperfeiçoar as técnicas, identificar as mutações causais úteis para o melhoramento animal. Precisamos saber exatamente e, assim, regulamentar”, afirma. Ele ainda reforça que, para as condições brasileiras, com altos índices de inseminação por touro, animais a pasto, o melhoramento passa pela aplicação de tecnologias baixas, médias e eficientes. Ele sugere que o produtor observe o que está disponível e pondere a adequação (ou não) ao seu sistema produtivo e realidade. A dica é seguida por Silvio, que enxerga a genômica de alto nível ainda distante de seu cotidiano, mas altamente necessária para o futuro. Para o pecuarista, a adoção passa por ajustes em toda propriedade, “pois, a expressão do potencial genético só será percebida se o ambiente estiver preparado para isso”, diz.

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RAÇA

Nelore chega com tudo em 2020

Com recordes e exposições em 14 estados brasileiros, 2019 entrou para a história da raça, que promete continuar sendo destaque neste ano que se inicia com a Expoinel MG CARLOS LOPES E DIVULGAÇÃO

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O

ano de 2019 foi de crescimento, marcos e muitas comemorações para raça nelore. O Circuito Nelore de Qualidade, promovido pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), por exemplo, apresentou números recordes no ano que passou. Entre março e novembro, foram realizadas 26 etapas em 11 estados, com a participação de 228 pecuaristas. Ao todo, mais de 21 mil animais foram avaliados. “É impressionante ver como o Circuito Nelore de Qualidade cresceu em 2019, batendo todos os recordes. Em 2018, promovemos 11 etapas, com a participação de 67 produtores e avaliação de 8,8 mil animais. Os números neste ano reforçam o empenho dos pecuaristas no fomento da raça nelore e no melhoramento genético do rebanho. A preocupação com a produção de carne de qualidade é uma marca indiscutível”, ressalta Nabih Amin El Aouar, presidente da ACNB. Os vencedores do Circuito Nelore de Qualidade foram conhecidos após a última etapa, na unidade do Friboi, em Campo Grande (MS). O pecuarista Adilton Boff Cardoso (MS) conquistou a Medalha de Ouro de Melhor Lote de Carcaças de Machos. A Medalha de Prata foi para Sérgio Przepiorka, enquanto o bronze ficou com Sandra Maria Massi. Além do sucesso do programa, a raça também foi destaque nas pistas, realizando exposições oficiais em todo país, em 14 estados diferentes. No final de 2019, as realizações dos neloristas foram celebradas na Nelore Fest, em São Paulo (SP). A 20ª edição do Oscar da Pecuária premiou os mais bem pontuados do Ranking Nacional Nelore e Nelore Mocho e Circuito Nelore de Qualidade, além de homenagear pessoas e empresas que contribuíram para o sucesso da raça. Entre os premiados do Ranking Nacional Nelore, destaque para Rima Agropecuária, conquistando a Medalha de Ouro de Melhor Criador, Melhor Expositor Nelore e Campeão Supremo. A medalha de prata do Melhor Criador foi para Marcelo Ribeiro de Mendonça e Irmãos, que também conquistou a prata de Melhor Expositor e Campeão Supremo. A medalha de bronze de Melhor Criador, Melhor Expositor e Campeão Supremo

Circuito Nelore de Qualidade bateu recorde em 2019

ficou com a Jatobá Agricultura e Pecuária. No campeonato Melhor Criador e Melhor Expositor Nelore Mocho a Medalha de Ouro foi para Lourival Louza Júnior. A Medalha de Prata de Melhor Criador Nelore Mocho foi para Dalila Cleopath Toledo, que ainda recebeu a Medalha de Bronze de Melhor Expositor Nelore Mocho. Udelson Nunes Franco conquistou a Medalha de Bronze de Melhor Criador e Melhor Expositor Nelore. A Nelore Fest também marcou o momento de homenagem da ACNB a personalidades de destaque da raça e da pecuária brasileira em 2019. É o prêmio Nelore de Ouro – O Oscar da Pe-

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RAÇA cuária. Foram homenageados grandes nomes do setor, como a Matsuda Sementes e Nutrição Animal, que recebeu o Oscar da Pecuária na categoria Excelência em Tecnologia. Na categoria Destaque Nelore Natural – Frigorífico, a homenagem foi para a Friboi. Na categoria Destaque Nelore Natural – Produtor, o Grupo Schlatter foi o homenageado. Ricardo Antônio Vicintin foi homenageado como Incentivador da Raça. O destaque da Nova Geração foi Maria Cecília Brazil Menezes Garcia, enquanto que na categoria Família Nelorista a homenagem foi para a Família de João Aguiar Alvarez. Por fim, o Oscar da Pecuária para a Liderança de Destaque na Pecuária Nacional foi para Rivaldo Machado Borges Júnior. Após um ano de conquistas e muitas premiações, agora os criadores de nelore de todo o país voltam suas atenções ao Ranking Nacional Nelore – ano calendário 2019/20, que começa com a Expoinel Minas. Ela acontece entre os dias 31 de janeiro e 8 de fevereiro, no Parque de Exposições Fernando Costa, em Uberaba (MG). A promoção é da Associação Mineira dos Criadores de Nelore (AMCN), com apoio da ACNB. “A Expoinel Minas 2020, o primeiro grande evento da pecuária no ano, acontece no momento em que os animais estão no auge de sua morfologia, após ficarem cerca de quatro meses sendo preparados em seus criatórios. Portanto, é certeza absoluta de animais que, além da genética superior, exibirão a excelência dos manejos pelos quais passaram”, destaca Roberto Alves Mendes, presidente da AMCN. A expectativa é de avaliação de 600 animais Nelore na exposição. O jurado responsável pelas avaliações será Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, pecuarista e ex-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). “A exposição é o momento em que o criador tem a oportunidade de mostrar o trabalho feito na fazenda. Colocar os animais em pista para avaliação na Expoinel Minas proporciona aos criadores e/ou expositores saber se estão no caminho certo em relação ao trato genético dos animais”, complementa Loy Rocha, gestor executivo da AMCN.

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OPINIÃO TÉCNICO

Pecuária em 2T Precocidade e Precisão no Ciclo Completo

A

pecuária moderna exige ferramentas sólidas para estabelecer as deficiências e fortalezas dos projetos, em qualquer sistema de produção, na cria, recria ou terminação, ou mesmo ciclo completo, extensivos ou intensivos, e assim determinar os “caminhos” para atingir os objetivos com maior facilidade. Já que temos um ciclo longo de produção na pecuária, qualquer ganho em tempo representa muito lucro, imagina ainda ganhar além do tempo, também na genética que é inserida no rebanho com maior rapidez. Aí desvendamos o 1º T!!!! TEMPO: substantivo masculino, “sinônimo” absoluto de precocidade e maior lucro na pecuária de corte!!! Mas o que é precocidade? PRECOCIDADE se refere a toda ação de seleção determinada a redução do ciclo pecuário. E onde identificar a precocidade no rebanho? NO PESO: Independente do sistema de produção, analisando contemporâneos, o indivíduo ou grupo que tem a maior capacidade de ganho de peso será o mais precoce, seja na desmama, ao ano, sobreano e ao abate, consequentemente aquele que consegue produzir mais peso em menor tempo. NO RENDIMENTO E ACABAMENTO: Mencionado logo ali acima o abate, mas não só o peso identifica precocidade ao final do ciclo da pecuária de corte, junto a outros dois fatores que influenciam o sistema terminal: rendimento e acabamento da carcaça. A precocidade em rendimento será distinta por aqueles animais geneticamente superiores para

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Tabela 1: Valor Médio na Comercialização de Touros nelore e nelore mocho (24 à 36 meses).

área de olho de lombo (AOL), que expressa o resultado direto desta característica. Ou seja, maior AOL maior rendimento de carcaça, maior lucro no abate. Já quanto ao acabamento, a espessura de gordura subcutânea (EGS – Dep ACAB) demonstra a capacidade do animal formar maior ou menor quantidade de gordura. Como o último tecido a ser formado é o adiposo (gordura), quando o animal expressa a deposição de gordura frigorífica ideal (mediana à uniforme) já reflete sua terminação precoce, nos animais zebuínos abaixo de 24 meses, e nos taurinos continentais e seus cruzamentos abaixo de 18 meses, como um exemplo convencional na classificação frigorífica de carcaças. NA FERTILIDADE: Nos apresenta tanto nas fêmeas, quanto nos machos, indicadores diretamente correlacionados a precocidade sexual. Já ouviu ou leu esse dito? “Sem vaca prenhe


Rafael Mazão Diretor técnico Dstak Assessoria Pecuária e consultor dep. técnico Alta Genetics rafaelmazao@dstak.com

não tem seleção!” Exatamente isso, sem matriz gestante não existe produto, se não existe produto não tem como selecionar nada! Mas queremos mais, buscamos as novilhas prenhes à idade púbere o mais precoce possível, direcionando o desafio aos zebuínos (base nacional) nossa busca é: todo mundo gestante até os 15 meses!!! Probabilidade de parto precoce (3P). Além do bom manejo, sanidade e nutrição, “pois avião não decola com gasolina comum”, podemos selecionar e ter bons resultados na antecipação do ciclo no primeiro produto da matriz. Lembra da precocidade em acabamento (Dep ACAB) citada ali em cima? Então, ela tem alta correlação com precocidade sexual, pois o mesmo hormônio que libera a produção de gordura no organismo tem associação aos hormônios reprodutivos à idade púbere, leptina! Por isso, além de ficar de olho da Dep 3P também atente-se para a Dep ACAB ao selecionar fêmeas precoces sexualmente. Trabalhos indicam superioridade de mais de 33% de diferença no fluxo de caixa nas propriedades que utilizam as novilhas com prenhez precoce (12 à 15 meses) quando comparadas em sistemas convencionais com primeira concepção de 24 à 27 meses de idade. Já nos machos, atualmente o melhor indicativo é através daqueles indivíduos melhoradores para perímetro escrotal ao ano (PE 365), evidenciando ainda serem mais pesados a mesma idade, pois existe relação genética direta com alta herdabilidade para seleção de perímetro escrotal e peso. Mas, já sendo estudado em vários selecionadores e comprovada eficácia da seleção para a característica de precocidade sexual dos machos, devida maior herdabilidade comparada à Dep PE 365, análises através de um conjunto de informações pós-desmama pelo tamanho testicular, aliada à produção espermática e análise dos ductos seminais por ultrassom, estas já preditas no Pro-

grama de Melhoramento Genético ANCP através da Dep Idade à Puberdade de Machos (Dep IPM). A seleção reflete nas fêmeas também, ou seja, filhas de touros melhoradores para Dep PE 365 e Dep IPM são mais precoces sexualmente, e ainda os filhos ganham na mensuração testicular, refletindo em maior ganho econômico quando se trata de reprodutores, como visto na Tabela 1. Identificar os animais melhoradores que levam ao rebanho ganho genético e produtivo além da média da população, significa sentar numa Ferrari e andar de 0 a 100 km/hora em 2,8 segundos, deixando de lado o tradicional Fusca que talvez nem chegue aos 100 km/hora. Agora sim, o 2º T: TECNOLOGIA! A pecuária moderna exige precisão, e “sinônimo” de precisão é tecnologia, somente com ferramentas de identificação com precisão podemos tomar as melhores decisões e selecionar os animais precoces que ficam, e os tardios que serão descartados do rebanho. As avaliações genéticas provenientes dos sumários é uma destas ferramentas, que atestam touros, matrizes e produtos, através das dep’s de pedigree, interinas e de progênies, esta última provando os animais e aumentando a acurácia quanto as características de precocidade. As avaliações genômicas que dão subsídio antecipado é mais uma aliada, dando oportunidade dos animais jovens melhoradores em precocidade serem multiplicados com maior confiabilidade genética, colaborando também com a redução do intervalo de gerações e maior lucratividade. As avaliações intra rebanho dão suporte técnico, quando mensurado e avaliado a produção de contemporâneos por safra do desmame ao sobreano. Identificando produtos, matrizes e reprodutores, assim dando oportunidade de manter da porteira para dentro os mais produtivos e precoces no sistema de produção, e os ineficientes da porteira para fora.

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RAÇA

Guzerá encerra 2019

artesanal com fôlego total para 2020

No ano em que comemora 65 anos de sua fundação, ACGB continua trabalhando a todo vapor GUSTAVO MIGUEL

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Associação dos Criadores de Guzerá e Guzolando do Brasil (ACGB) encerrou 2019 comemorando os 65 anos de sua fundação e um ano de muitas novidades e excelentes resultados. A raça participou de oito exposições ranqueadas e três concursos leiteiros em todo Brasil, reunindo criadores e fazendo sucesso por onde passou. Uma das novidades foi que, em 2019, ocorreu a alteração do ano-calendário do Ranking ACGB. A proposta foi adequar o calendário e seguir as diretrizes propostas pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). “Anteriormente, ele se encerrava sempre no último dia da ExpoZebu. Agora, começa no primeiro dia do ano e termina no último, sendo denominado pelo ano corrente”, conta a gerente técnica da entidade, Carla Martins da Silva. O novo Ranking foi divulgado na ExpoZebu 2019, que, para além dos 142 animais julgados de 23 expositores, também contou com o lançamento da Edição Especial do Sumário Leiteiro da raça. O documento foi elaborado pelo Centro Brasileiro de Melhoramento do Guzerá (CBMG) em comemoração aos 25 anos do Programa Nacional de Melhoramento Genético do Guzerá para Leite (PNMGuL). Informações técnicas foram levantadas em parceria entre a Embrapa Gado de Leite e o Centro de Melhoramento Genético do Guzerá (CBMG) e resultaram nesta que é a 20ª edição do sumário das avaliações genéticas de touros e matrizes duplo provados da raça. A publicação apresentou dados genéticos dos melhores entre os 700 touros e 400 matrizes avaliados pelo Teste de Progênie, pelo Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) e/ ou pelo Núcleo de Múltipla Ovulação e Transferência de Embriões (MOET) em 2018. Pistas em todo Brasil Sempre que exemplares da raça entram nas pistas de julgamento, sua beleza racial e rusticidade chamam a atenção de todos os presentes. Não poderia ser diferente nas exposições oficiais da qual o guzerá participou em 2019, fazendo bonito em todas: 76ª Expo Curvelo, 16ª Megaleite, 33ª Expo Paracatu, 53ª Agropec, 53ª Expopará, Expofac, 56ª Exposição Agropecuária de Goiânia, além da concorridíssima ExpoZebu. “Importante

ressaltar que essas foram as participações nas exposições ranqueadas, porque ocorreram outras com a raça, mas fora do Ranking”, explica Carla. Leite de guzerá Além do desempenho na pista, as raças guzerá e guzolando também participaram de três concursos leiteiros: na Expoinel Minas, na ExpoZebu e na Megaleite. Mas, quando o assunto é leite, o destaque ficou para o recorde de produção da raça. Laje FIV Boa Lembrança é a nova recordista de produção de leite em Lactação Oficial aferida pela ABCZ. Ao todo, o animal da raça guzerá atingiu 13.483,91 quilos de leite, quebrando o recorde batido pela fêmea Haical FIV Boa lembrança, que fechou a lactação em 11.552,00 quilos de leite no ano de 2016. Laje teve seu primeiro parto aos 34 meses, com uma lactação oficial de 5.558 kg de leite. O segundo parto foi aos 52 meses, com uma lactação oficial, de 7.390 kg de leite. Vale ressaltar que a vaca continua em plena atividade, tendo seu quarto parto registrado aos 99 meses, em abril. Tanto a atual recordista quanto a anterior são de criação de Marcelo Garcia Lack.

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RAÇA A toda prova Em 2019, outra importante participação do guzerá foi no 22º Teste de Desempenho de Touros Jovens Embrapa/AGCZ, que avalia animais a pasto e segue até 20 de maio de 2020. As avaliações foram iniciadas em 31 de julho com dez animais da raça brahman, 23 da raça guzerá e 46 animais da raça tabapuã, oriundos de 16 criatórios de quatro estados (GO, DF, MG e MT). O TDTJ engloba a prova de ganho em peso a pasto que tem duração de 294 dias, sendo 70 dias de adaptação e 224 dias de prova efetiva. Durante todo o teste os animais serão mantidos em pastagens renovadas por sistema de integração Lavoura e Pecuária, sendo suplementados com mineralização adequada para a categoria animal e época do ano. Após a PGP, os animais participarão do Teste de Eficiência Alimentar, com avaliação do Consumo Alimentar Residual (CAR), posteriormente, os animais selecionados poderão ser comercializados como Touros Jovens Avaliados e Aprovados pela Embrapa, em setembro de 2020. “Até aqui, nas primeiras pesagens, o guzerá tem se destacado frente a outras raças na prova de desempenho alimentar e ganho de peso”, conta Carla. Que venha 2020 No geral, o que o ano de 2019 significou para a raça: a presença em eventos em todas as regiões do país, a maior valorização de animais ofertados em leilões, o aumento no número de exposições e na procura pelo guzolando. Para o ano que inicia-se, a entidade representativa do guzerá já tem planos e expectativas para alavancar ainda mais a raça. Além da participação nas tradicionais exposições do calendário do Ranking ACGB, em 2020 será promovida a Exposição Nacional do Guzerá. Será a 14ª edição, e acontecerá de 3 a 12 de julho de 2020, em Governador Valadares (MG). São esperados cerca de 30 expositores para concorrerem com seus animais na pista tradicional, pista aptidão leiteira e concurso leiteiro de guzerá e guzolando. “Para 2020, estamos trabalhando pra aumentar o número de associados. A meta é dobrar o número. O momento é favorável para a pecuária. A associação acredita que o mercado está em firme crescente. Novas metodologias foram criadas para melhorar lucratividade, estamos investindo em sistemas, informática, ferramentas fundamentais para comercialização”, garante o presidente da ACGB, Marcos Carneiro.

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RAÇA

Sindi

com expectativa alta para 2020 Grande exposição em Recife marca final de um ano produtivo para raça

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DIVULGAÇÃO E GUSTAVO MIGUEL

romovida dentro da 78ª edição da Exposição Nordestina de Animais e Produtos Derivados, no Parque de Exposições do Cordeiro, em Recife (PE), a 17ª Exposição Nacional da Raça Sindi aconteceu de 12 a 19 de outubro de 2019. A mostra reuniu cerca de 150 animais para a pista de julgamento, torneio leiteiro e o 1º Leilão Sindi FTI, promovido por Marcelo Tavares de Melo e convidados. A raça foi a mais representativa da Exposição Nordestina, e a que gerou maior movimentação de público e os maiores investimentos.

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Criadores de todo o país estiveram no Parque do Cordeiro para prestigiar a programação da raça, além de discutir as expectativas para 2020. Entre eles, marcaram presença, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi) Ronaldo Andrade Bichuette, representantes da Associação Norte-rio-grandense de Criadores (Anorc), do Núcleo dos Criadores de Sindi do Rio Grande do Norte e de importantes plantéis da Bahia, Paraíba, Ceará, Pernambuco, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo.

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RAÇA

O jurado Márcio Diniz foi o responsável por definir os melhores animais entre um grupo de 108 inscritos. Ele elogiou o nível de evolução genética do rebanho. “Eu estive no Recife há algum tempo. O gado está muito melhor atualmente e apresenta muitas qualidades. Nós conhecemos a realidade do Nordeste e as diferenças da criação, principalmente pelas restrições em períodos prolongados de estiagem. Fiquei muito bem impressionado com a estrutura e as características que destacam a dupla aptidão da raça. É essencial que os criadores entendam e busquem para cada região o tipo que seja mais adequado para cada sistema de produção”, pondera O presidente da ABCZ também comentou sobre a qualidade demonstrada na pista do Recife. “Os animais são muito produtivos e de muita caracterização racial. O sindi é um trunfo para o cruzamento em termos de adaptação. Não apenas em regiões quentes e secas, mas, também em condições confortáveis para reprodução em regiões temperadas e subtropicais. Nós temos notícia do sucesso do sindi até no Rio Grande do Sul”, conta Arnaldo. Além da qualidade em pista, mais uma boa notícia do evento pernambucano foi a entrada de dez novos criadores na raça. “São nossos novos embaixadores do sindi, e com certeza nossos novos amigos. Notamos a adesão de investidores em pecuária, de criadores que estão começando na atividade e também de selecionadores renomados de outras raças. Eu fico feliz e empolgado de ver como o sindi tem despertado interesse no mercado. Além dos talentos naturais da raça, isso também é mérito do trabalho de promoção e marketing desenvolvido pela nossa Associação, que continuará trabalhando muito em 2020”, garante o presidente da ABCSindi, Ronaldo.

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Remate O 1º Leilão Sindi FTI ofertou 33 lotes da seleção FTI e dos convidados Fazenda Bom Jesus, Sindi Pé da Serra, Sindi Montana, Sindi Cerrado, Sindi FG, Sindi OT, Agropecuária J. França, Fazenda Asa Branca, Sindi P e Sindi Carrapicho. Sob o comando do leiloeiro Guillermo Sanchez, touros, garrotes, doadoras, novilhas, bezerras, prenhezes e aspirações foram arrematados por criadores de todo país. A média geral do remate ficou em R$ 16 mil, e o faturamento chegou a R$ 568 mil, posicionando o leilão entre os melhores do ano. “Eu me sinto muito grato por realizar esse leilão e por conseguir trazer tanta gente para resgatar, com o sindi, a tradição dos leilões e da exposição do Recife. Nós temos pouco mais de cinco anos de trabalho com a raça e os resultados positivos servem de estímulo para continuarmos focados no melhoramento genético da raça”, afirmou Marcelo.

Anúncio ABCSindi Jan2020.pdf

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RAÇA

SUPERIORIDADE GENÉTICA Tabapuã da UFLA recebe Certificado de Superioridade Genética depois de apenas cinco anos de trabalhos de melhoramento com a raça DIVULGAÇÃO E JADIR BISON

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arantir carne bovina de qualidade para o consumidor final tem sido o objetivo de inúmeros produtores Brasil afora. Para que o produto ideal seja possível, é necessária genética de qualidade no início da cadeia produtiva. Para tal, pesquisa é essencial. Ao conciliar pesquisa e produção, os resultados alcançados superam as expectativas. Um exemplo que comprova isso são as pesquisas do Grupo de Melhoramento Animal e Biotecnologia (GMAB), da Universidade Federal de Lavras (UFLA), coordenados pela professora Sarah Laguna Conceição Meirelles. Recentemente, duas fêmeas participantes dos estudos receberam o Certificado de Superioridade Genética (CSG), concedido pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), por meio do Programa de Melhoramento Genético de Zebuíno (PMGZ).

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O CSG é oferecido aos 20% melhores animais de suas safras, considerando as características genéticas, e também a sua avaliação visual comprovada por um técnico da ABCZ. Os animais certificados recebem também a marca do PMGZ. Para receber o CSG, o rebanho deve estar inscrito no módulo completo do PMGZ Corte, o candidato deve possuir peso válido para a DEP de peso a desmama e ser ranqueado através do iABCZ (avaliação genética do PMGZ). A professora Sarah explica que, ao trabalhar a área do melhoramento genético, é possível unir superioridade genética com os efeitos ambientais (dieta, manejo e instalações) para obter uma carne de melhor qualidade e contribuir com uma melhor genética dos novilhos na região do Sul de Minas. “Estamos honrados com a certificação, pois, com apenas cinco anos de um trabalho bem direcionado, selecionando animais superiores geneticamente, e conduzindo os acasalamentos, foi possível receber dois certificados de superioridade genética. É necessário que os animais preencham alguns requisitos impostos pelo programa, por isso, é motivo de muito orgulho para nós a certificação dessas duas fêmeas, fruto de um trabalho progressivo de melhoramento genético realizado pelo GMAB”, diz a coordenadora do Grupo. Os estudos com a raça Tabapuã na UFLA iniciaram em 2008, por meio de doações de produtores da região. A partir de 2013, esse rebanho foi inserido no Programa de Melhoramento Genético de Zebuíno (PMGZ), com a finalidade de identificar animais superiores geneticamente da raça. Em 2017, esse programa começou a emitir certificado de superioridade genética, dado aos 20% dos animais superiores geneticamente do respectivo ano.

Professora Sarah Laguna (de branco) com os alunos participantes do GMAB Gustavo Ribeiro, Mariana Matioli e Carolina Fernandes

Fêmeas da Ufla que receberam a certificação

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RAÇA

indubrasil impulsionado Concessão do Mapa aprova registro PO de fêmeas da raça sem ascendência, e medida servirá para resgatar e preservar genética

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GUSTAVO MIGUEL

m novembro de 2019, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aprovou a concessão do Registro Genealógico Definitivo como Puros de Origem (PO) para fêmeas da raça indubrasil sem genealogia ascendente conhecida. A proposta, pleiteada pela Associação Brasileira dos Criadores de Indubrasil (ABCI), recebeu apoio integral da comissão da raça no Conselho Deliberativo Técnico (CDT), órgão de deliberação superior integrante do Serviço do Registro Genealógico das Raças Zebuínas, o que contribuiu para sua aprovação em primeira instância e o referendo positivo do órgão federal. “Isso significa a disponibilização de uma maior variabilidade genética para o indubrasil. Vamos aumentar consideravelmente o rebanho de fêmeas da raça. Estamos fazendo o levantamento dos rebanhos que são puros, mas que deixaram de registrar. Com este novo livro, todos voltarão à origem PO e, sem dúvida alguma, será muito proveitoso para a raça. Este é um fato histórico para a ABCI”, comemora o presidente da ABCI, Roberto Góes.

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De acordo com o superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Luiz Antônio Josahkian, na prática aquelas fêmeas anteriormente registradas como PA (Puros por Avaliação), mais conhecidas no mercado como LA, receberão o status de Puros de Origem. “O pleito da ABCI é justo, considerando o estágio atual da raça, um patrimônio genético brasileiro que merece toda a nossa atenção e apoio”, afirma. Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, presidente da ABCZ, também foi um dos defensores da concessão. “Ao longo do tempo, muitos pecuaristas tradicionais deixaram de registrar o rebanho e estavam com o plantel desativado. Com a aprovação do Mapa, todo esse material genético será recuperado. A missão da ABCZ é fomentar todas as raças zebuínas, atendendo as necessidades especiais de cada uma delas. Queremos que elas cresçam e contribuam cada vez mais para a pecuária nacional, seja com animais produtores de carne e leite, seja como animais que preservem a história do nosso Zebu”, afirma o presidente.

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RAÇA

BRASIL É O PRIMEIRO PAÍS A LANÇAR O SUMÁRIO GENÔMICO DE FÊMEAS SENEPOL DIVULGAÇÃO

O documento foi elaborado pela Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol e ajudará os criadores a selecionar matrizes de alta qualidade genética

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raça bovina de corte senepol foi mais uma a incorporar a genômica a seu Sumário de Fêmeas. A iniciativa coloca o Brasil na vanguarda da seleção genética da raça, sendo o primeiro país no mundo a disponibilizar aos pecuaristas essa tecnologia. Em parceria com a Embrapa Gado de Corte, a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCB Senepol) lançou o Sumário de Fêmeas Senepol 2019/2020. Dados genotípicos de 3.274 animais foram utilizados nas análises, permitindo a publicação de Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs) tradicionais e genômicas de 12 características: peso ao nascer, peso à fase materna, peso à desmama, peso ao sobreano, ganho de peso pós-desmama, escore de conformação frigorífica à desmama, escore de conformação frigorífica ao sobreano, perímetro escrotal ao sobreano, área de olho de lombo ao sobreano, espessura de gordura subcutânea ao sobreano, marmoreio e consumo alimentar residual. Para o ex-presidente da ABCB Senepol, Pedro Crosara Gustin, esta é mais uma tecnologia que permitirá aos criadores elevar a qualidade de seus rebanhos. “É uma grata surpresa constatar que a maioria dos animais que entraram nessa edição do Sumário de Fêmeas faz parte de fazendas participantes do Programa de Melhoramento Genético da Raça Senepol [PMGS] e que adota as mais modernas ferramentas para selecionar os exemplares de seus planteis”, assegura Pedro, que em 2020 passou a presidência da entidade para o também selecionador da raça Itamar Netto. Outra novidade desta segunda edição do Sumário de

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Fêmeas é a divisão das matrizes em duas categorias: “Seniores” (nascidas até 2012) e “Jovens” (nascidas a partir de 2013). A categoria “Seniores” apresenta as 100 melhores matrizes PO da raça com base no Índice de Qualificação Genética (IQG). Na categoria “Jovens”, optou-se pelas 50 melhores. “Essa novidade visou a ampliar o leque de fêmeas com seus resultados divulgados, em especial daquelas mais jovens. Agora, cabe ao criador utilizar, de forma efetiva, as informações do Sumário nas decisões de seleção dentro dos criatórios para que realmente haja o melhoramento genético do rebanho”, destaca o pesquisador da Embrapa Gado de Corte e gestor do Programa Geneplus, Gilberto Menezes. O Sumário de Fêmeas Senepol 2019/2020 pode ser acessado gratuitamente pelo site da associação (www.senepol.org.br).


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RAÇA

EXPOAPI

se reafirma como maior evento da região Edição de 2019 foi um sucesso, e a de 2020 promete ser ainda maior

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JÚNIOR LOBO

romovida de 30 de novembro a 8 de dezembro de 2019, a 69ª Expoapi lotou o Parque de Exposições Dirceu Arcoverde, na BR-343, em Teresina (PI). Foram mais de 5,5 mil animais participantes, vindos de criatórios de 16 estados brasileiros, que consagraram a importância da mostra para o setor agropecuário da região. O evento contou com julgamento, concurso leiteiro, vaquejada, cursos, palestras, leilões e shopping de animais. A feira foi organizada pela Associação Piauiense dos Criadores de Zebu (APCZ) e pela Associação dos Criadores de Nelore do Norte do Brasil (ACNNB), e contou com a participação das raças nelore, gir leiteiro, girolando e o curraleiro pé-duro, além dos bubalinos, que participaram pela primeira vez da exposição. Na pista, o Grande Campeão da raça nelore foi Lorde FIV STV, do expositor José Gilmar de Carvalho, e a Grande Campeã foi Inajá 4 FIV da Valônia. O Melhor Expositor da raça foi Cicinato Leão, e o Melhor Criador foi Gilson de Sousa. Já no gir, o Grande Campeão foi Nilton FIV do Basa, do expositor André Maurício Nogueira, e a Grande Campeã foi Gengis Khan de Brasília, também do expositor André, que levou o título de Melhor Expositor da raça na Expoapi. O Melhor Criador foi Francisco Feitosa de Albuquerque Lima. Mas, os holofotes ficaram sob os dois remates e o shopping de animais promovidos dentro da programação Expoapi. O 3º Shopping Nelore Vitória, que nesta edição contou com a participação da Fazenda Maravilha, foi promovido de 3 a 7 de dezembro. O sucesso foi ab-

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soluto: logo no primeiro dia de negociações, o pecuarista promotor do evento Leônidas Freitas vendeu 70% dos animais disponíveis e, nos dias seguintes, liquidou toda a oferta. Além da comercialização, a Fazenda Vitória também promoveu durante o evento a 2ª Copa Nelore Vitória, que julga animais produzidos e vendidos pelo criatório durante o ano com objetivo de privilegiar e premiar quem investe e acredita nesse trabalho de seleção. O Leilão Fazenda JM, promovido no dia 5 pelo pecuarista e empresário João Mádison Nogueira, também foi um sucesso. A oitava edição do remate ofertou 12 fêmeas girolando, arrematadas ao preço médio de R$ 11,4 mil, 23 novilhas e matrizes gir leiteiro pela média de R$10,7 mil e um embrião por R$24 mil. A 69ª Expoapi ainda contou com o 3º Leilão Joias da Raça Nelore, no dia 6, promovido pelos criadores Cicinato Leão (Nelore Leão), Naum Ryter (Igarapé Agropecuária) e João Mádison (Fazenda JM). Foram comercializadas 17 fêmeas e 13 touros nelore, além de embriões e pacotes de doses de sêmen. No total, o pregão promovido pelos três tradicionais criatórios nordestinos registrou faturamento de R$530,8 mil. Agora, as expectativas são as melhores para a edição de 2020, que já está confirmada e celebrará os 70 anos de história da feira. “Temos certeza de que, a cada ano que passa, estamos crescendo e reafirmando a Expoapi como a maior exposição da região Nordeste e uma das maiores do país. Vamos agora trabalhar para que façamos um evento para marcar a história do agronegócio piauiense”, conta o criador e expositor André, que também é presidente da APCZ.


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CARNE

PRODUÇÃO . MERCADO . ARROBA

Tendências de consumo A CARNE QUE O BRASIL QUER MERCADO ARROBA JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR

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CARNE

O que o consumidor

quer?

Cada vez mais exigente, brasileiro tem perfil de consumo traçado por pesquisa que indica que procedência será cada vez mais essencial ANA MAIO, DIVULGAÇÃO E GISELE ROSSO

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Q

uem produz qualidade tem mercado garantido. Isso porque os consumidores estão cada vez mais cientes dos seus desejos e exigências, e querem pagar pelo que é bom. Prova disso é que, em 2016, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o Brasil importou mais de mil toneladas de cortes especiais, apenas dos Estados Unidos e Austrália. Isso significa de 30 a 38 mil bois abatidos por mês. Porém, para conseguir esse mercado, é necessário conhecer o cliente. Projeções da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e MBAgro afirmam que, entre 2016 e 2027, a alta na produção de carne será de 21% no país. Como o mercado é exigente, instituições de pesquisas brasileiras trabalham diariamente para que o Brasil ofereça um produto de alta qualidade. Exemplo é a pesquisa recentemente divulgada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que traça o perfil do consumidor brasileiro. A pesquisa mostra, entre outros dados, que mulheres com mais de 50 anos, renda elevada e grau de escolaridade superior são as que mais se preocupam com práticas sustentáveis relacionadas à criação de animais na hora de comprar carne. Trata-se de um nicho de mercado que valoriza a qualidade do produto em detrimento do preço e dá alta atenção às informações contidas nos rótulos. Grupos de consumidores como esse são capazes de motivar a expansão de práticas pecuárias sustentáveis que demonstrem cuidados com os animais, com o ambiente e com os trabalhadores envolvidos da produção. O estudo, coordenado pela pesquisadora Marcela Vinholis com a participação dos pesquisadores Waldomiro Barioni Júnior e Renata Tieko Nassu, foi apresentado durante a 64ª Reunião Anual da Região Brasileira da Sociedade Internacional de Biometria e 18º Simpósio de Estatística Aplicada à Experimentação Agronômica (RBras-Seagro), em Cuiabá (MT). Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores aplicaram 634 questionários, que resultaram em 402 respostas válidas. A sistematização e publicação foram realizadas recentemente. “Essa pesquisa pode representar uma oportunidade para a indústria de alimentos comunicar melhor o uso de práticas de produção ambientalmente mais sustentáveis como estratégia de diferenciação do produto no mercado brasileiro”, afirma a pesquisadora Marcela.

Pesquisadora Marcela Vinholis coordenou estudo sobre hábitos de consumo do brasileiro

A consumidora Maria Luiza Giudicissi Valente, de São Carlos (SP), se preocupa com a qualidade e pagaria mais por uma carne com garantia de procedência

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CARNE Ela reconhece os consumidores como potenciais agentes de mudança. “Um comportamento mais responsável pode contribuir para o desenvolvimento sustentável”, explica a pesquisadora, lembrando que é importante continuar monitorando o comportamento dos consumidores para verificar se essas características se mantêm ao longo do tempo. O estudo revela também que os consumidores buscam nos rótulos informações sobre a origem do produto. “A indústria que produz carne diferenciada precisa estar atenta para não poluir os rótulos com excesso de informações”, destaca. Resultados sugerem ainda que os consumidores são receptivos a mensagens da indústria sobre os benefícios ambientais na compra de produtos oriundos de práticas de produção ambientalmente mais sustentáveis. “O uso de selos e certificações nos rótulos é uma das possíveis estratégias para sinalizar atributos diferenciais e estimular um comportamento de consumo mais responsável”. Já um eventual excesso de informações pode gerar confusão e tornar-se um obstáculo para a mudança de comportamento. Tendência internacional

A pesquisadora Renata Nassu trabalha diretamente com a qualidade da carne. Engenheira de alimentos, além do conhecimento, ela desenvolveu uma curiosidade natural pelo assunto. Sempre que viaja, gosta de visitar supermercados e observar os padrões de compra de consumidores. Segundo ela, nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália, os consumidores se preocupam com a rastreabilidade e valorizam carne sem antibiótico e sem hormônios. Redes de supermercados especializados em produtos diferenciados se multiplicam e ganham cada vez mais adeptos na busca por produtos mais sustentáveis. Renata relembra um fato curioso que notou em suas viagens: a venda em supermercados da carne moída “de um boi só”, o que permite ao consumidor saber de onde veio o produto que está comprando. “No Brasil, o padrão é misturar carnes de vários indivíduos, mas lá eles estão agregando valor com essa identificação. É uma questão de transparência”, conta. Em São Carlos (SP), de acordo com a pesquisadora, já é possível encontrar prateleiras inteiras de produtos diferenciados nos supermercados. “É um nicho em crescimento no Brasil”, revela.

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Produção integrada

De acordo com os pesquisadores, o fato de o Brasil ser um importante exportador de carne bovina gera demandas por adoção de práticas de produção mais sustentáveis e que minimizem o impacto ambiental associado à produção pecuária convencional e extensiva. O estudo cita como exemplo os sistemas integrados de produção, aqueles que situam em uma mesma área a pecuária, a lavoura e, em alguns casos, a floresta. “A adoção dos sistemas de produção integrados tem sido recomendada e estimulada para a recuperação e renovação de pastagens degradadas”, frisa a pesquisadora. Ela conta que esse modelo ajuda ainda na manutenção e reconstituição de cobertura florestal, pois prevê o uso de boas práticas agropecuárias, adequação da unidade produtiva à legislação ambiental e maior diversificação da renda. A consumidora Maria Luiza Giudicissi Valente, de São Carlos, representa o grupo diagnosticado na pesquisa. É mulher, empresária, tem curso superior, 52 anos, e se preocupa com a qualidade dos alimentos que consome. “Eu pagaria mais por esse tipo de carne por respeito à vida dos animais, das pessoas que trabalham nessa cadeia e por respeito à minha família”, argumenta. A empresária imagina que essa carne seja proveniente de um sistema que aplique técnicas de conservação da natureza e respeite as pessoas envolvidas na produção, da fazenda ao frigorífico. Segundo ela, a identificação desse produto nas prateleiras depende do rótulo, que informe a procedência por meio da rastreabilidade. “Deveria ter um código na embalagem que permitisse que a gente soubesse, imediatamente, na hora da compra, de que fazenda veio, como essa propriedade trabalha, como é a relação com os funcionários, o

que o gado come, se ele se alimenta de transgênico, os remédios que ele toma, como é o pasto, se é orgânico ou que tipo de pesticidas eles usam”, opina. A jornalista e blogueira Lylia Diógenes, de Brasília (DF), também se encaixa no perfil identificado na pesquisa. Ela tem 62 anos, nível de educação superior, consome carne regularmente e diz que pagaria a mais por um produto ambientalmente sustentável. “Considero que a saúde está em primeiro lugar e acredito que uma carne produzida de forma ambientalmente sustentável seja mais saudável”, diz. Já a analista Paula Telles, pós-graduada em direito processual e moradora de Franca (SP), ainda não atingiu a faixa de 50 anos – tem 45 –, mas sugere que também pagaria mais pelo produto em questão. “Acho que pagaria sim, dependendo do nível da diferença que determinadas condutas podem causar. Mas teriam que me falar das condições do meio ambiente que são preservadas. Se eu souber disso, posso pagar sim”, afirmou. A pesquisa não levantou a porcentagem que os consumidores estariam dispostos a desembolsar a mais.

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CARNE E o preço?

A pesquisadora Marcela explica que as práticas de produção mais sustentáveis costumam ser mais caras porque envolvem uma gama de tecnologias, como os sistemas integrados entre lavoura, pecuária e floresta (ILPF), produção orgânica, entre outras. Além disso, segundo ela, a baixa escala de produção também impacta o valor de mercado. Muitas vezes, a produção diferenciada ocorre em pequenas propriedades rurais, que não conseguem diluir o custo no volume de produção, como a produção em massa. “No caso dos cultivos orgânicos, o alto custo dos produtos reflete também os gastos com insumos, como fertilizantes específicos permitidos para esse tipo de produção”, exemplifica. Ela explica que, em todos os casos, trata-se de um aspecto da qualidade do produto chamada de “crença”. “Ou seja, o consumidor tem que acreditar que o produto foi produzido com práticas mais sustentáveis. Ele não consegue avaliar de forma objetiva no momento da compra ou do consumo. É diferente de um indicador mais palpável, como aparência ou sabor, que ele consegue visualizar ou sentir. Para resolver esse problema, a maioria desses produtos diferenciados envolve a certificação do processo de produção, que visa sinalizar e garantir ao consumidor que aquela informação é crível. Isso também infere um custo adicional ao processo”, pondera a pesquisadora.

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RAÇA

O QUE ESPERAR PARA 2020? Depois do valor da arroba bater R$200 no final de 2019, o consumo interno desacelerou e agora está por volta dos R$190, mas, a expectativa é de um ano estável

O

APTA E DIVULGAÇÃO

setor pecuário nacional começou 2020 com perspectivas de que o mercado siga firme. De acordo com pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/ USP, o fundamento vem da baixa oferta de animais para o abate e da possível continuidade da demanda internacional aquecida. Nesse sentido, em 2020, a pecuária nacional vai ter que responder com aumento de produtividade para conseguir atender à crescente demanda por novos lotes para abate. No geral, o cenário econômico brasileiro é favorável. O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) no encerramento de dezembro, prevê crescimento de 2,3% da economia brasileira em 2020. Além disso, estimativas indicam inflação controlada e taxa de juros baixa, contexto que pode atrair novos investimentos na produção e estimular a demanda.

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Do lado da oferta, a disponibilidade de animais está baixa em todas regiões acompanhadas pelo Cepea. De modo geral, de aporto com a entidade, esse cenário é resultado do crescente abate de fêmeas em anos recentes. Além disso, os preços considerados baixos por operadores de mercado entre 2017 e início de 2019 também desestimularam parte dos pecuaristas, o que freou o ritmo de investimentos nos últimos anos. Nesse sentido, os preços do bezerro devem continuar firmes ao longo dos próximos dois anos. Quanto à procura, pesquisadores do Cepea indicam que a esperada melhora da economia tende a elevar a demanda por carne bovina. Ressalta-se, contudo, que o atual alto patamar dessa proteína pode fazer com que parte dos demandantes migre para proteínas mais competitivas, como a suína e a de frango. Já no contexto internacional, os persistentes casos de Peste Suína Africada (PSA) na China podem manter o país asiático comprando volumes elevados de carne bovina brasileira. O alto patamar do dólar, por sua vez, deve continuar estimulando frigoríficos exportadores a realizarem novos contratos externos. Importante lembrar que, em novembro de 2019, novas plantas frigoríficas brasileiras foram habilitadas para exportar carne à China e, para 2020, há possibilidade de abertura de novos mercados, como a Indonésia. Assim, agentes do setor acreditam que os embarques brasileiros de carne bovina sigam acima de 100 mil toneladas por mês, cenário que tem sido verificado desde julho de 2018, conforme dados da Secex. As perspectivas são de aumento nos custos de produção da pecuária de corte em 2020. O principal motivo é a baixa oferta de animais de reposição e sua consequente valorização – vale lembrar que esse item chega a representar mais da metade dos gastos

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RAÇA dentro da fazenda de recria. Somado a isso, os fundamentos atuais indicam sustentação nos preços do milho, que estão mais elevados no mercado domésticos, devido, entre outros fatores, às exportações recordes desse cereal em 2019. Planejamento para o ano

Em todo o início do ano as pessoas fazem um balanço, planejam novos projetos e traçam estratégias para atingir suas metas. Na pecuária não é diferente. Além de ser um bom período para se planejar, o início de ano para os pecuaristas também é época de ganhar dinheiro. No início do ano, no chamado período das águas, o custo de produção da arroba do gado de corte cai e o produtor tem a chance de lucrar mais, isso, é claro, se tiver feito um bom planejamento. O pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Rezende Siqueira, dá algumas dicas para que o produtor aproveite o período de chuvas para deslanchar no ganho de peso dos bovinos de corte. Segundo ele, este é o momento mais importante para o gado atingir as metas de ganho de peso traçadas pelo pecuarista ao longo do ano. Um pasto bem formado, com folhas, e bem manejado é fundamental para que os animais alcancem até 80% da meta anual. “É difícil falarmos no ganho de peso que pode ser alcançado. Isso depende da estratégia do pecuarista. Porém, é possível que o animal alcance de 700g a um quilo de peso por dia nessa época do ano”, afirma Siqueira. O pesquisador da APTA conta que o segredo para atingir os resultados é fazer um bom manejo

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dos animais e do pasto. “O grande gargalo da pecuária nacional é que ao animal é oferecido uma forragem que não o permite comer aquilo que precisa consumir durante o dia. É preciso ter uma boa estrutura de pasto, ou seja, disponibilizar folha para o animal para que ele consiga colher muito em um só bocado. Com isso, ele atinge o ganho de peso adequado. Conseguir um pasto com essa estrutura depende de técnicas de manejo, da escolha de forrageiras adequadas para o tipo de solo da propriedade e no tempo correto de inserir e retirar o animal daquele ambiente”, explica. Com o ganho de peso lá em cima, o custo de produção da arroba despenca, fazendo desta a época mais lucrativa do ano para o produtor rural. “O custo de produção da arroba é obtido pela divisão do valor gasto pelo produtor pelo ganho de peso do animal naquele período. Isso significa que o produtor pode gastar a mesma coisa agora do que gasta na época da seca, porém, os ganhos tendem a ser muito maiores, porque o animal vai ganhar mais peso. Isso impacta diretamente no custo de produção deste animal e na lucratividade da fazenda”, explica o pesquisador da APTA. De acordo com o pesquisador, se o objetivo do produtor for a recria dos animais, é preciso usar suplementação para potencializar os ganhos. Se a ideia é terminar os animais, é necessário adequar a suplementação para o alcance da meta. “Muitas vezes o produtor acha que não deve usar suplementação neste período, porque tem um bom pasto. Isso não é verdade. Vale a pena suplementar, porque ele estará imprimindo ganhos maiores na arroba mais barata, ou seja, terá lucro mais fácil”, afirma.


LEITE

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NUTRIÇÃO . PRODUÇÃO . ORDENHA

Bezerras de reposição PORQUE É IMPORTANTE NÃO DESCUIDAR DELAS ABCGIL NOVO SUMÁRIO JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR

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LEITE

A importância da reposição adequada

Um dos maiores desafios na atividade leiteira é a criação de fêmeas para reposição, que representa o futuro da produção em qualquer propriedade, e nem sempre recebe o devido cuidado

CARLOS LOPES, DIVULGAÇÃO E GUSTAVO MIGUEL

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futuro de qualquer atividade pecuária reside na produção de animais jovens, de melhor qualidade que as gerações anteriores. São os chamados “animais de reposição”, essenciais para continuidade e evolução da produção, seja de carne ou leite. A principal finalidade da criação de bezerras e novilhas é produzir animais de alta qualidade para a reposição de vacas a serem descartadas, melhorando assim o mérito genético e, portanto o potencial de produção do rebanho. Especificamente na atividade leiteira, a criação das novilhas de reposição tem um impacto profundo na lucratividade da fazenda, e nem sempre recebe a devida atenção. De acordo com o Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB), divulgado em 2019, 15% das bezerras com menos de um ano de vida morrem nas fazendas brasileiras por problemas sanitários e de manejo. Isso quer dizer que quinze em cada 100 bezerras nascidas em fazendas de leite no Brasil morrem antes de completar doze meses, na maioria dos casos por questões de resolução simples e barata, como manejo e boas práticas sanitárias e profiláticas. O número real pode ser ainda maior, pois os dados são referentes a 900 fazendas que estão entre as mais tecnificadas do país, responsáveis pela produção de 1,37 bilhão de litros de leite por ano, aproximadamente 4% da produção nacional. “A informação de sobrevivência é um importante recurso para realizar projeções de rebanho e planejamentos financeiros. Das 69 mil bezerras nascidas entre abril de 2018 e março de 2019 nessas fazendas, foram registradas aproximadamente 11 mil baixas, desconsiderando-se os descartes voluntários”, contabiliza Heloise Duarte, médica veterinária e diretora-geral do IILB. Segundo ela, 56% das mortes de bezerras registradas pelo levantamento do IILB devem-se a três fatores: diarreia (21%), tristeza parasitária (20,43%) e pneumonia (14,29%). “Essas são causas que podem ser resolvidas com ações de gestão simples, que não exigem investimentos vultosos. A diarreia decorre da falta de higiene nos currais, a tristeza parasitária é transmitida por carrapato e a pneumonia pode ser reduzida com maior cuidado na acomodação dos animais”, exemplifica.

Alexandre Mota

Heloise Duarte, médica veterinária e diretora-geral do IILB

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LEITE

Engenheiro agrônomo Alexandre Pedroso

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Para ela, pode-se notar a diferença entre as fazendas que gerenciam esses problemas. Pelos dados do IILB, nas fazendas posicionadas entre as “top 10%”, a mortalidade das bezerras é 41% menor. “Nessas, morrem nove a cada 100, e isso é uma grande diferença”, diz ela. Outro ponto de comparação feito pela diretora: nos Estados Unidos, uma referência entre as fazendas de leite, a Dairy & Calf Heifer Association (DCHA) indica que a expectativa ideal é de uma mortalidade de 10% de bezerras e novilhas até os 24 meses (dois anos). Para o consultor técnico em bovinos de leite da Cargill Nutrição Animal, Alexandre Pedroso, a produção de boas novilhas é essencial para substituírem as vacas que naturalmente saem do rebanho, pelos mais variados motivos. “Mesmo que a ‘perda’ de vacas no rebanho por doenças ou outros distúrbios seja pequena, a vida produtiva desses animais é limitada, de forma que é imprescindível ter na fazenda um bom programa de criação de bezerras e novilhas para garantir a reposição adequada dessas vacas”, diz ele. Porém, de acordo com Alexandre, infelizmente muitas fazendas ainda não dão a devida atenção a essa questão. “Ainda há produtores que pensam nas bezerras e novilhas apenas como um item de custo na fazenda, quando, na verdade, deveriam encarar a criação desses animais como um dos investimentos mais importantes para a lucratividade. Via de regra, esse é um dos grandes exemplos de que o barato pode sair muito caro”, explica. Para o especialista, um bom programa de criação de bezerras e novilhas deve ter por objetivo principal a “entrega” de novilhas parindo em bom estado por volta dos 24 meses. “Para tal, há algumas metas a cumprir, que são parâmetros fundamentais para garantir a eficiência do processo, como garantir a ingestão de quantidade adequada de colostro de boa qualidade nas primeiras 24 horas de vida da bezerra. Outro parâmetro importante, ou meta a ser atingida, é conseguir que aos 90 dias de vida a bezerra apresente pelo menos 17% do peso adulto desejado. Isso significa que se o PV adulto é de 600 quilos, as bezerras deverão pesar pelo menos 102 quilos aos 90 dias de vida”, afirma Alexandre.


Médico veterinário Mario Viderman

Nutrição das bezerras Apesar da importância das bezerras de reposição, elas nem sempre são as mais bem cuidadas da fazenda. Muitas vezes, as bezerras são as últimas a serem atendidas em suas necessidades nutricionais. E essa pode não ser a melhor estratégia para o futuro do projeto, como orienta o gerente de Bovinos da Auster Nutrição Animal, Mario Viderman. “De maneira geral, as atividades de rotina nas propriedades têm como foco ações que visam a obtenção de resultados imediatos. No caso das fazendas de leite, a prioridade é cuidar bem das vacas em produção. Sem contar as emergências frequentes, devido à baixa atividade preventiva”, destaca Mario Viderman Oliveira, gerente de Bovinos da Auster Nutrição Animal. O especialista recomenda que é muito importante ter atenção ao futuro da produção. “Em nossas casas, frequentemente focamos em ações de resultados imediatos. Raramente separamos um tempo preparando o futuro. É como se dedicássemos menos tempo na formação de nossas crianças e mais tempo lavando a louça”, exemplifica Mario. Para Alexandre, para a criação de uma boa bezerra de reposição é preciso seguir um bom programa de aleitamento e iniciar precocemente o fornecimento de ração inicial. “O consumo de alimentos sólidos é restrito nas primeiras semanas de vida, mas, é fundamental que sejam introduzidos precocemente para que o desenvolvimento do rúmen seja estimulado o quanto antes. O objetivo de um bom programa nutricional nessa fase é atingir o consumo de ração inicial (concentrado) de 2 kg/dia para promover a desmama, entre 60 e 90 dias de vida. Obviamente essa ração deve ser de alta qualidade, contendo aditivos específicos que ajudem no desenvolvimento ruminal e na prevenção de doenças. Nos primeiros 90 dias, a ocorrência de doenças não deve passar de 10% e a mortalidade de bezerras deve ficar abaixo de 5%”, projeta o especialista. Após a desmama, Alexandre explica que o foco é atingir o peso adequado para a primeira cobertura, por volta dos 13 a 15 meses de idade. “A meta é ter

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LEITE pelo menos 75% das novilhas prenhes aos 15 meses de idade, com, no mínimo, 55% do PV adulto quando tiverem a prenhez confirmada. Trata-se de um objetivo totalmente possível, mas, infelizmente isso ainda é um desafio em muitas fazendas. No entanto, é preciso entender que atingir essa meta é fundamental para garantir a lucratividade da operação leiteira”. De acordo com o especialista, investir corretamente em nutrição durante a fase pré-púbere pode resultar em redução na idade de primeira cobertura e, consequentemente, de primeiro parto, o que é altamente desejável. “No entanto, esse investimento precisa gerar retorno financeiro positivo em um prazo mais curto e, para tal, é fundamental adotar tecnologias corretas, usar alimentos de alta qualidade, formular adequadamente as dietas e fazer um bom acompanhamento do ritmo de crescimento das bezerras e novilhas em cada etapa”, acrescenta. Sendo assim, é preciso enxergar toda a cadeia produtiva do leite como um todo, sem deixar para segundo plano os animais que são o futuro da atividade. “É muito importante que produtores de leite e técnicos envolvidos no manejo dos rebanhos leiteiros entendam que a criação de novilhas é um investimento que pode ter retorno em prazo mais longo ou mais curto, de acordo com a qualidade do trabalho feito com esses animais e com o nível de investimento em manejo, qualidade dos alimentos e uso adequado de tecnologias. Esse investimento determina a vida útil desses animais no rebanho e o quanto eles darão de retorno financeiro ao produtor”, finaliza Alexandre.

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LEITE

ABCGil

recebe material para genotipagem

Resultados serão divulgados em duas etapas, na ExpoZebu e na ExpoGenética

A

GUSTAVO MIGUEL

té o dia 20 de fevereiro de 2020, a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGil) está recebendo amostras genéticas para serem genotipadas, e posteriormente divulgadas no 3º Sumário Brasileiro de Fêmeas e 3ª Avaliação Genômica de Fêmeas Jovens e Adultas da Raça Gir Leiteiro, a ser lançado em agosto, na ExpoGenética, em Uberaba (MG). Este ano haverá uma divulgação prévia dos resultados, durante a ExpoZebu, em abril, somente para os proprietários dos animais participantes. “Serão divulgadas, para os respectivos criadores, as informações referentes à GPTAs de seus animais com suas respectivas confiabilidades. A informação para cada criador é ferra-

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menta fundamental para decisões técnicas e comerciais internas a cada plantel”, afirma Jean Carlos de Oliveira, auxiliar administrativo da ABCGil. Já o ranking com os animais Top 10% da raça serão divulgados apenas no lançamento do Sumário. Na oportunidade, a ABCGil também promoverá um seminário sobre a importância do genoma e sobre como utilizar melhor as informações. Os envelopes para coleta do pelo deverão ser solicitados à associação pelo telefone (34) 3331-8400 ou através dos e-mails scl@girleiteiro.org.br ou girleiteiro@girleiteiro.org.br e posteriormente enviados de volta. O investimento da genotipagem por animal é de R$140 para associados ou R$200 para não associados.


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GENTE

PECUARISTAS . ESPECIALISTAS . CRIADORES

Empreendedorismo feminino SAMAI IDALLÓ INVESTE EM GENÉTICA DE PONTA PERFIL HELENA LEONEL CURI JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR

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CRIADORES

Paixรฃo

que virou negรณcio 84

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Nome por trás do criatório Nelore Idalló e da estreante marca H7 (Haras Seven Horse), Samai Idalló investe em Uberaba (MG) e entra para o time das grandes empreendedoras apaixonadas que movem o agronegócio brasileiro

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GUSTAVO MIGUEL

empresária, nelorista, criadora de cavalos, e agora até apresentadora de TV, Samai Idalló é a perfeita representação da força da mulher que sabe o que quer. Com apenas 32 anos, está traçando uma carreira de vitórias e conquistas que colocam seu nome entre as grandes representantes femininas do agronegócio. Não é para menos. Samai é apaixonada pela vida no campo e pela agropecuária, e tem a força realizadora de quem trabalha com o que ama. É ela o nome por trás do criatório Nelore Idalló e do Haras Seven Horse, que em 2019 estreou brilhantemente na seleção do cavalo quarto de milha. Logo de início, a empresária investiu pesado no sonho de criar equinos e adquiriu exemplares de genética que são referência mundial. Entre os destaques está a égua Dee Whiz Girl (Whiz In Chex TPC x Starstruck Girl), premiada em primeiro lugar no Campeonato Mineiro de Rédeas, logo na estreia da marca H7 nas competições. Dee Whiz Girl está sob os cuidados do conhecido treinador de rédeas Gilson Diniz Filho, que também está treinando outra égua do Haras Seven Horse, a First Night. Ela é filha do premiado One Time JR com Hope Question, e irmã do Campeão Potro do Futuro 2018, Fiat Best Chex. Elas são apenas alguns dos exemplos do investimento que Samai fez em seu sonho. “A minha paixão por cavalos veio da infância e, inclusive, antecede o meu amor pelo gado. Desde criança eu queria ter um cavalo quarto de milha, e hoje, graças a muito trabalho, tenho o Haras Seven Horse, que abriga não apenas um, mas, vários

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CRIADORES dir esforços e investimentos. No nosso setor, adquirindo os animais certos, com manejo adequado e paixão pelo que se faz, não tem como errar”, sentencia Samai.

Led Skeets Peppy, um dos primeiros animais adquiridos pelo Haras Seven Horse

exemplares da raça, todos com muita qualidade genética”, conta Samai. Além de Dee Whiz Girl e First Night, o Haras Seven Horse também possui uma filha do mundialmente conhecido garanhão quarto de milha tríplice coroa nos Estados Unidos Spooks Gotta Whiz, a Spooks Prime Mil, e uma filha do maior reprodutor em atividade no momento segundo o Ranking da Associação Nacional do Cavalo de Rédeas (ANCR) Gunner Boy, Oprah Gunner. São duas fêmeas de grande peso genético que também já estão sendo preparadas para competir. “É o que há de melhor em genética da raça no mundo. Já começamos bem. O importante não é você ter muitos animais, mas sim ter qualidade, que é o que buscamos incansavelmente”, garante Samai. Para 2020, ela prevê muitas competições e premiações. A expectativa já é grande para participar da competição Derby ANCR 2020, promovida em Avaré (SP), em março. Por conta do investimento na raça, Samai foi entrevistada no programa Zebu Para o Mundo, do Canal do Boi, da qual saiu com um convite para ser apresentadora convidada. Até junho, ela comanda o programa na companhia do apresentador Luiz Crosara, mostrando o melhor do agronegócio e da criação de cavalos. Nas gravações, ela conheceu um dos maiores criadores de cavalo crioulo do mundo, Turmo Schaffner, da Cabaña La Entrerriana, da Argentina, que a convidou para conhecer o criatório no país vizinho. A pecuarista foi, conheceu o trabalho, gravou o programa, e ainda voltou de lá com a perspectiva de firmar parceria para exportar a raça para o mundo todo. Como boa empreendedora que é, tem a habilidade de enxergar as oportunidades, e agora desbrava novas possibilidades. Sempre pensando em se superar como profissional e crescer como pessoa. “Meu objetivo é sempre melhorar, crescer e evoluir, ganhando cada vez mais espaço. Sem me-

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Nelore Apesar dos projetos com os equinos, o amor da criadora pelo nelore não diminuiu. Nem os investimentos, que mostram resultados a cada dia. Em 2019, na Exposição Agropecuária de Uberlândia (MG), uma cria do Nelore Idalló foi destaque absoluto na pista: Fauzi FIV Idalló (Landau da Di Genio x Hodiria FIV FNT) foi consagrado Campeão Bezerro, com onze meses na época. Em 2020, o criatório completa três anos de seleção, e o trabalho continua a todo vapor. Para pista que abre o ano dos neloristas, a Expoinel Mineira, Samai vai levar uma novidade do criatório: Zafira (Elkro x Hodiria) uma novilha de 18 meses que “promete” grandes feitos, leva também o Munir (Alarme x Elegance 2) e Palácio (Alarme x RBB Noandha). “Temos o prazer de constatar que estamos sempre entre os melhores nas pistas que participamos. Esse sucesso é resultado de uma equipe focada e determinada, trabalhando de maneira muito sincronizada em prol de um objetivo em comum. E vamos continuar marcando presença. Esse ano, o Nelore Idalló estará com força total nas pistas de julgamento. Começaremos o ano com pé direito, levando cinco animais de qualidade excepcional para Expoinel Mineira, e depois queremos fazer também ExpoZebu e outros eventos importantes no país. Estamos com uma expectativa alta. Nossos animais estão mais bem preparados do que nunca”, garante a pecuarista.


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Perfeita representante da mulher pecuarista, Helena Leonel Curi é exemplo de sucessora e profissional apaixonada antes mesmo de pegar o diploma de médica veterinária

Uma pecuarista por vocação

H

PITTY

elena é um daqueles casos preciosos de filhos que não precisam ser convencidos a serem sucessores. Qualquer um que a veja na lida da fazenda ou apresentando o gado nas pistas de julgamento pode perceber o olhar apaixonado de quem tem a sorte de amar profundamente o que faz. Seja no manejo do gado sindi ou dos muares, sempre acompanhada pelos seus fiéis e amados cachorros heelers, Helena transborda alegria em trabalhar com os animais. E não tem tempo ruim para ela, que vai da pista para o cocho, faça chuva ou faça sol, com a naturalidade e atitude de quem nasceu para isso. Filha dos pecuaristas Felipe Curi e Cláudia Leonel, da Fazenda Porangaba, Helena tem no sangue a paixão pela pecuária. O gosto pelos animais veio de casa, ensinado pelos pais, que também a incentivaram a estudar e conhecer tudo sobre a raça sindi, o zebuíno que a família seleciona há 13 anos. Pouco tempo depois que começaram a trabalhar com o sindi, Helena começou a trabalhar na fazenda, em Jardinópo-

lis, interior de São Paulo, quando tinha apenas 15 anos. Com o tempo, a lista de suas responsabilidades foi aumentando, junto com sua determinação e importância para o funcionamento da propriedade. Quando chegou a hora de cursar o Ensino Superior, mudou-se da sua cidade natal, Ribeirão Preto (SP), para Uberaba (MG), cidade internacionalmente reconhecida como formadora de profissionais de excelência para agropecuária. Hoje com 24 anos, a jovem pecuarista está terminando a graduação em Medicina Veterinária. Já mora na Fazenda Porangaba, administrando de perto o manejo do gado, os acasalamentos, as apartações e a preparação para apresentação nas pistas de julgamento, nas quais ela conduz os destaques da seleção, que sob sua condução já conquistaram várias premiações. Mas, apesar das grandes emoções das pistas, ela confessa que a parte mais satisfatória é o dia a dia no campo. “Minha missão é com a raça. Quero trabalhar para fazê-la conhecida e pintar o Brasil de vermelho, cor de sindi! Confio na minha raça e no melhoramento genético que eu e muitos criadores estamos fazendo, pois sei que ela tem muito potencial e muitas qualidades que fazem dela a raça perfeita para nosso tipo de manejo”, garante.

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SOCIAL

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Aciole e Zenilda

Amanda e Henrique

Benedita, Fabiano, Antonio Sposito, Vinicius e Rodolfinho

Camila e Thiago

Cássio, César, João e Paulinho

Daniela, Mayara, Ibaneis, Zezão e Marcelo

Fabiano, José e Bruno

Guilherme e Poliana

Henrique, Simone, Bavaresco e Juliano

Joy, Paulo, Jairo, Zezão e Guto

Kado e Renata

Marília Gabriela, Fabiano, Tatá, José Furtado e Bruno

Pedro, Maria Helena, Lee Esse e Leonardo

Zé de Marchi, Brunno, Zé Furtado, Dindo e Kado

Juliano, Mohana e Helena

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Barbara, Dalila e Carlos Neto

Bill, Hanny, Dalila, Marino, Arlinda, Mariana e José Carlos

Dr Botelho e Dalila

José Carlos e Clementina

Lucila, Sergio, Marcelo, Dalila, José Carlos, Victor, Mariana e Victória

Neusinha e Dalila

Sergio, Dalila e José Carlos

Waltinho, Dalila e Bethânia

Mathias, Thiago, Dalila Neta, Dalila, Bárbara, Carlos Neto, Joaquim, Clementina e José Carlos

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SOCIAL

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Amandio, Teresinha, Aurico e Osvaldo

Breno e Andrea

Bruno, Matheus, Amanda e Pedro

Cicinato, Gerson e Gilson

Darci e Arruda

Matheus, Amanda, Geovana, Victor, João Carlos e Eny

Equipe e diretoria Flamboyant V2

Família e Diretoria Matsuda

Isadora, Eurico e Flávia

João, Hélio, João e Fernanda

Larissa, João Guilherme, Priscila, Márcio e Mariza

Leonardo, Betinho e Valeria

Lyria, Beatriz, Tatiane e Cristina

Milton, Silvestre e Ronan

Naum e José Gilmar

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Neider, Gustavo, José Gilmar, Cristina e João

Osvaldinho, Osvaldo, Tereza e Felipe

Paulo, Cláudia, Neiara, Ciça e Vanessa

Rafael, Dr Fernando, Juliana e Gustavo

Ricardo, Marisa, Nabih, Bruno, Max e Paula

Romildo, Ronan, Silvestre, Eurico e Renato

Valeria, Betinho e Bill

Vinicius, Fabiano, Diego e Júnior

Wellington, Evandro e Maria Letícia

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PONTO DE VISTA

“É o animal PO que faz a diferença no melhoramento genético. É o certificado da genética, desenvolvida há 100 anos pela ABCZ, que comprova que determinado animal é capaz de transformar o rebanho do produtor. Não existe genética melhoradora no mercado paralelo. Não existe concorrência. Valorizar a carne e o leite de zebu será nossa prioridade. É preciso divulgar e reforçar que o zebu está presente diariamente na carne bovina que chega à mesa dos consumidores brasileiros. É inaceitável que a população consuma carne premium fruto de cruzamentos em que a base é zebu e não conheça a origem desse produto”. Rivaldo Machado Borges Júnior, empresário, pecuarista e novo presidente da ABCZ

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“Precisamos acreditar no Brasil e reverter o sentimento de que esse país não tem jeito. Após vários anos de baixos preços da arroba, o que acabou levando muitos produtores a abandonar a pecuária, agora, chegamos a um bom momento, com o preço da arroba mais justo. As medidas econômicas tomadas pelo Governo Federal também devem refletir positivamente na economia. Cabe ao produtor continuar fazendo a sua parte, adotando tecnologias para produzir alimentos de qualidade e com rentabilidade”. Itamar Netto, produtor rural e novo presidente da ABCB Senepol

“É notável o clima de confiança e consciência dos desafios ligados à profissionalização do setor, em ritmo, intensidade e abrangência sem precedentes em nosso país. O agronegócio, antes lembrado apenas por símbolos tradicionais como o chapéu, botina, cavalo, vacas e tratores, agora ganhou uma conotação bem digital. Estamos falando de máquinas autônomas, produtores com tablets e smartphones, drones, mapa de colheita na tela do tablet, sistemas de ordenha automáticos (sem interação humana), dentre outros recursos que têm transformado este segmento e está atraindo novos profissionais e empreendedores, que chegam com uma visão bem diferente da tradicional”. James Cisnandes Júnior, diretor da Engineering, companhia global de Tecnologia da Informação e Consultoria especializada em Transformação Digital

“Inovação não é algo que você pode ter, é algo que você tem de aplicar. Não importa qual o setor em que você esteja, ele será transformado pela tecnologia. Arrisque, teste, este é o melhor momento para isso”. Jonathan Medved, fundador e CEO da OurCrowd, a maior plataforma do mundo de crowdfunding de capital

“Hoje, o setor agropecuário é o mais dinâmico da economia brasileira, tanto em suas taxas de crescimento da produção e das vendas externas, como em avanços tecnológicos e em inovação. Nossa produção rural sustenta o equilíbrio das contas externas e alimenta as diversas cadeias do agronegócio, que dão vida ao conjunto da economia, mesmo em tempos de crise”. João Martins, presidente da (CNA)

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Luís Eduardo Mendonça de Almeida

OPINIÃO

Acadêmico de Zootecnia nas Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) e diretor comercial da Fazupec Eficiência Animal almeidaluis.pk@gmail.com

TÉCNICO

Até onde é culpa do boi?

D

entre os muitos aspectos positivos da pecuária nacional, os pontos negativos são os constantemente citados na mídia. As críticas em relação à pecuária podem ser divididas em fases, onde já foram alvos: as áreas destinadas para produção animal, quantidade de água utilizada nos sistemas produtivos, e, mais recentemente, a produção dos gases de efeito estufa (GEE) pelos animais e a destinação dos dejetos bovinos. Porém, diferente do que é dito comumente nas grandes mídias, a pecuária brasileira consegue aliar a eficiência produtiva com a preservação do meio ambiente. Isso é facilmente perceptível pelo crescimento exponencial no número de animais e de índices produtivos a cada ano, enquanto as áreas destinadas à produção reduziram desde a década de 90. Ou seja, o nosso sucesso produtivo está relacionado de forma mais direta com o emprego tecnológico e de técnicas de manejo do que com abertura de novas áreas. O Código Florestal Brasileiro, criado pela lei nº 4.771 em 1965, é considerado o mais completo do mundo, sendo os produtores rurais do Brasil os únicos do planeta a terem a atribuição por lei de preservar pelo menos 20% de suas propriedades como áreas de reserva legal, além das áreas de preservação permanente (APP) nas propriedades por onde passam cursos hídricos. Isto, aliado às áreas de reservas indígenas e unidades de conservação, são responsáveis pela preservação de mais de 65% do nosso território. Tendo em vista a grande quantidade de bovinos produzidos no país, superando 200 milhões de cabeças, há uma grande pressão da mídia sobre como a produção de GEE, sobretudo metano (CH4), pelos animais, pode impactar no meio ambiente, sendo eles constantemente colocados como vilões do aquecimento global. Mas, serão mesmo os bovinos os maiores responsáveis por esse processo? Pois bem, os nossos sistemas produtivos se baseiam quase em sua totalidade em produção a pasto. Sistemas estes que possuem um grande potencial de sequestro do carbono, gás emitido em larga escala pelas grandes indústrias e automóveis. Além disso, trabalhos voltados à melhoria da qualidade das dietas dos ruminantes mostram eficiência na redução da produção de metano através da fermentação entérica. Desse ponto de vista, a pecuária sai do papel de vilã para peça fundamental na diminuição de gases na atmosfera, fato que raramente é colocado em evidência. Um hectare de pastagem em boas condições tem capacidade de sequestro de cerca de oito toneladas de CO2/ano. Levando em conta os nossos mais de 160

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milhões de hectares de pastagem, é possível calcular a efetividade dessas áreas na retirada do CO2 da atmosfera, o que foi, inclusive, um dos fatores que viabilizou a criação de programas de produção sustentável, como os programas Carne Carbono Neutro e Carne Baixo Carbono, destinados às propriedades que produzem em sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), e aquelas onde a maior parte do ciclo produtivo é baseado a pasto, respectivamente. Os bons números da pecuária tendem a melhorar cada vez mais, tendo em vista a continuidade do emprego tecnológico em nossos sistemas, junto à uma mão de obra cada vez mais qualificada. Projeções apontam que até 2050 a população mundial será de cerca de 9,2 bilhões de pessoas, e atribui-se ao Brasil a responsabilidade de alimentar 1/3 dessa população, o que vai demandar um aumento superior a 70% na nossa produção. Atingiremos essa meta de forma eficiente e sustentável, como sempre fizemos, desde os prelúdios da pecuária brasileira.


Breno Molina

OPINIÃO

Pecuarista, empresário e presidente da Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT) neloremt@terra.com.br

PRODUÇÃO

Pecuarista, um sobrevivente da crise

M

ato Grosso possui cerca de 100 mil pecuaristas, mais de 80% deles possuem no máximo 290 cabeças. Então, quando falamos no setor da pecuária e do aumento na arroba bovina, estamos nos referindo em sua grande maioria a pequenos produtores que enfrentam há mais de cinco anos uma grave crise financeira com a estagnação no preço da arroba bovina. Claro que nós, pecuaristas, não vamos comemorar o encarecimento da cesta básica ou a restrição no consumo desse alimento tão importante para a população brasileira, que é a carne. Por outro lado, quem hoje critica o reajuste nos preços tem ideia de que muitos produtores vêm diminuindo o próprio rebanho, arrendando ou vendendo parte das suas terras para sobreviver? Apesar de os insumos voltados à produção na pecuária terem sido constantemente reajustados em mais de 100% nesse período, entre eles, óleo diesel, encargos trabalhistas, energia elétrica, ração, sal mineral, arame e medicamentos, com a atual valorização, o preço pago pela arroba de boi subiu somente 40%, ou seja, menos da metade. Pesa sobre nós ainda outro item importante: uma alta carga tributária. Se nos compararmos a estados vizinhos, como Pará ou Mato Grosso do Sul, pagamos até 12 vezes mais impostos e somos muito pouco competitivos em vários aspectos no mercado interno e externo. Ainda assim, sempre que o Estado passa por problemas de gestão, por investir mal os impostos arrecadados, ameaça de taxação o agronegócio induzindo a população ao erro de acreditar que somos “barões”. No início do ano de 2019, inclusive, nos posicionamos contrários à manutenção do Fethab 2 e também criticamos os inúmeros impostos (Fethab 1, Fabov, Fesa, etc), que sobrecarregam o produtor, mas não são revertidos em melhorias na infraestrutura que é necessária para o escoamento da produção mato-grossense.

Do que adianta termos o maior rebanho do país, com 30,2 milhões de animais, se não temos apoio para manter a atividade? Realmente, não tem lógica, principalmente se pensarmos que mesmo com uma margem negativa ou muito próxima disso, temos que modernizar a pecuária, investindo em novas tecnologias e genética. Porque a qualidade da carne que vai à mesa do cidadão passa pelo investimento que cada um de nós vem fazendo e que infelizmente ninguém sabe ou não quer ver, inclusive o próprio governo! Em meio às críticas recentes, chegamos à conclusão de que o povo brasileiro desconhece como é a vida no campo e os percalços pelos quais passam os produtores rurais. Comprar os alimentos em prateleiras de supermercados gera a falsa impressão de que tudo é muito simples e fácil, porém, a nossa atividade exige muita paixão pelo que se faz. Caso contrário, já teríamos desistido. O cenário está melhor sim e ao invés de comemorar, estamos aproveitando o momento para pagar contas e ter um fôlego para 2020. Não temos certeza sobre os preços, se vão ou não se estabilizar, mas neste primeiro ano do governo Bolsonaro nós obtivemos conquistas importantes, entre elas, a abertura de novos mercados de exportação com a venda dos nossos produtos para Oriente Médio e China. É fundamental refletir ainda sobre a manutenção no câmbio do dólar. A política adotada pelo ministro Paulo Guedes contribuiu para a valorização do nosso produto por parte das indústrias, e esse é um fator decisivo para a regulação do mercado. Entenda que não é o pecuarista que determina o preço da arroba bovina, mas a indústria frigorífica que diz o quanto pode pagar. Como boa parte da nossa produção da carne é exportada, os preços praticados nas últimas semanas vêm beneficiando toda a cadeia produtiva, inclusive o produtor. Ainda assim, o incremento médio para nós foi de apenas até 40%, o que não conseguiu equiparar ainda as perdas sofridas nos últimos cinco anos. Pelo contrário, estamos nos recuperando de uma longa e acentuada crise.

LAYOUT RODAPÉ REVISTA PECUÁRIA BRASIL - JANEIRO 2020 (7 X 21 CM).pdf 1 28/01/2020 08:00:43

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OPINIÃO

Celso Luiz Moretti Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) celso.moretti@embrapa.br

VISÃO

Alimentos para o mundo

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om tecnologia moderna, a agropecuária brasileira alimenta hoje mais de 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo, o que equivale a um Brasil e uma China juntos. Em pouco mais de 10 anos, a população mundial chegará a 8,5 bilhões de pessoas. O processo de urbanização se acelerará. A melhoria de renda, associada ao aumento da longevidade e mudanças nos padrões de consumo, produzirá crescimento na demanda por alimentos (35%), energia (40%) e água (50%). Nem todos os países conseguirão enfrentar os desafios sociais, ambientais e geopolíticos impostos por essas mudanças. Disputas localizadas e migrações crônicas e em massa ocorrerão em busca de segurança alimentar. Ainda hoje, o flagelo da fome atinge mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo. Mais do que produzir em quantidade e com qualidade, o grande desafio está na distribuição e na redução do desperdício, que pode chegar a 20% na produção de grãos e a estratosféricos 50% na produção de frutas e hortaliças. Apenas alguns países, nas últimas décadas, desenvolveram tecnologia de produção agropecuária e estão preparados para enfrentar tais desafios. Eles podem alimentar sua população e a de outros países. É o caso do Brasil, exemplo único no cinturão tropical do globo. Em pouco menos de cinco décadas, o país deixou de ser um importador líquido para se tornar um dos maiores produtores de alimentos, fibras e bioenergia do mundo. A agropecuária brasileira exporta para mais de 180 países. O agronegócio responde por quase 25% do PIB nacional, emprega um terço da população ativa e é responsável por quase metade de tudo que é exportado. E faz isso de forma sustentável. O Brasil protege, preserva e conserva 66,3% de sua vegetação e florestas nativas. Mais de um quarto do território brasileiro está dedicado à preservação da vegetação nativa dentro das propriedades rurais. O país só chegou a esta situação porque investiu de forma consistente e contínua em ciência, tecnologia e inovação agropecuária nas últimas décadas. Graças à tecnolo-

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gia, incorporou à matriz produtiva brasileira 45% dos 200 milhões de hectares de cerrados, área inóspita e desacreditada até a década de 70. Em 2019, os cerrados produziram mais de 50% dos grãos e da cana-de-açúcar do Brasil. Com tecnologia, a tropicalização do gado europeu e indiano tornou o país um grande produtor de leite e o maior exportador de carne bovina. A Embrapa e seus parceiros do setor público e privado tiveram responsabilidade decisiva nesse processo. Tecnologias foram e são geradas, transferidas e adotadas pelo setor produtivo. Em 2018, quase 50% da área agrícola e pecuária do país adotava pelo menos uma tecnologia da Embrapa e seus parceiros. Não é pouco. Esses números demonstram, de forma inequívoca, a conexão da pesquisa com o mundo rural. A pesquisa pública contribui para que o agro seja uma potência, um dos setores mais competitivos da economia, colocando alimentos baratos na mesa do brasileiro. É estratégica para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Nos bancos genéticos da Embrapa, por exemplo, estão armazenados o futuro da segurança alimentar das novas gerações de brasileiros. É lá que estão conservados genes ou microrganismos para enfrentar as mais de 400 pragas e doenças que batem à porta do país, querendo entrar pelos portos, aeroportos e fronteira seca. Manter esse banco genético e a expertise em utilizá-lo sob controle do Estado brasileiro é questão de Segurança Nacional. A demanda por alimentos crescerá nas próximas décadas. Acordos comerciais, como o que está em negociação entre o Mercosul e a União Europeia, possibilitarão que os alimentos produzidos no Brasil contribuam para a segurança alimentar de um número crescente de pessoas em todo o mundo. A pesquisa agropecuária continuará a ter um papel central para liderança e competividade do país na produção de alimentos. Seguir investindo em pesquisa e desenvolvimento agropecuário garantirá, não somente ao Brasil, mas também a vários outros povos ao redor do globo, a manutenção da segurança alimentar e da paz.


OPINIÃO

Carlos Alberto Marino Filho Engenheiro agrônomo especializado em Zootecnia e jurado das raças zebuínas camarinof@gmail.com

GENÉTICA

Qual o equilíbrio na seleção de uma raça?

C

om o decorrer dos anos, muito conhecimento e muitos formatos de seleção foram utilizados, testados, melhorados ou esquecidos. Sem dúvida, cada fase e cada moda teve sua importância indelével no desenvolvimento das raças zebuínas no Brasil. Porém, hoje, após tanto tempo, tantas modas e com a acumulação de tantas tecnologias, muitos selecionadores ainda se perguntam: “qual o melhor caminho a seguir?”. Quando falamos na raça nelore, a discussão tem se tornado cada vez mais acirrada para se definir qual caminho seguir. Hoje, ferramentas como avaliação genética, baseada nos Programas de Avaliação, têm sido amplamente utilizadas. A tecnologia também nos proporcionou a condição de utilizar a genômica. As medidas de ultrassom, também têm um grande espaço no mercado. Essa linha de trabalho hoje entra em atrito com linhas mais tradicionais, ou como se fala coloquialmente, com o “olho”. É aí que entra o equilíbrio. As avaliações genéticas têm uma importância fundamental, já que os dados colhidos ajudam a traduzir a capacidade de transmissão de características produtivas e reprodutivas. A genômica é muito interessante, pois auxilia a identificar os animais que possuem os genes positivos para características de importância econômica na seleção. As medidas de ultrassom são um indicativo direto da capacidade de um animal em ter alto rendimento produtivo na sua carcaça. Mas, há alguns fatores que nenhuma ferramenta de seleção ainda pode identificar em um animal. Por isso, a avaliação visual, nunca vai deixar de ter sua importância. A análise de características funcionais mostra a importância da seleção visual no processo de criação. Podemos citar como exemplo a observação dos aprumos de um animal. É comum observarmos animais de ótima avaliação genética, porém, com algum senão ou defeito nos aprumos. Por exemplo, um reprodutor com os jarretes de angulação reta não conseguirá cobrir um lote de fêmeas a campo com a mesma eficiência que outro com correção neste quesito. Isso resulta em diminuição da eficiência reprodutiva de um rebanho, e este é um impacto econômico que afeta muito a receita de uma fazenda. Outro aspecto produtivo de enorme importância é a análise do comprimento e da largura corporal de um animal. Essa é a característica de maior impacto no peso do animal de corte, e a peça muscular que gera maior receita para um pecuarista de corte é o contrafilé. Isso é o mesmo que dizer que através da análise visual é possível se identificar qual a verdadeira composição de peso de

um indivíduo. A balança só mede o peso absoluto. Mas, saber se um animal é pesado e compõe bem seu peso, ou seja, possui musculatura farta, bom acabamento e boa distribuição, isso só o olho traduz. Na prática, essa análise resulta em seleção de animais superiores em rendimento de carcaça, mais eficientes em ganho de peso e de melhor qualidade na composição dos seus cortes cárneos. A caracterização racial também merece um exemplo: animais racialmente enquadrados apresentam características que direta e indiretamente afetam a eficiência de um rebanho. Isso porque o padrão racial estipulado pela ABCZ não foi baseado apenas em beleza, mas, principalmente, em características com correlação produtiva. Um quesito é a conformação da boca do animal. Um animal com boca bem desenvolvida e bem articulada é certamente muito mais eficiente na ingestão de alimentos, porque o fator de maior impacto na eficiência de pastejo de um animal é o tamanho do bocado, ou seja, a capacidade em apreender maior quantidade de forragem em uma só ação de captura do alimento. Portanto, animais de boca mais volumosa, mais bem articulada e mais bem encaixada têm, sem dúvida alguma, maior eficiência para ganhar peso em sistemas de produção a pasto. Nos exemplos citados, que são pouquíssimos ainda frente a todas as características que são avaliadas visualmente em um animal, buscamos demonstrar que o olho ainda é e continuará sendo sumamente importante na seleção zebuína. Na maior parte dos países do mundo, como por exemplo, na Grã-Bretanha, famosa pela seleção secular de raças altamente eficientes para a produção de carne, a avaliação visual e análise dos biotipos animais continua sendo colocada em posição de destaque dentre as ferramentas para seleção e melhoramento. É aí que se encontra o equilíbrio de uma seleção na atualidade: a utilização de ferramentas tecnológicas como a avaliação genética, a genômica, a ultrassonografia, a eficiência alimentar e todas elas aliadas a avaliação visual. Todas essas ferramentas devem ser sinérgicas. É fundamental que o selecionador e seu técnico estejam sempre cientes de que os animais podem ter destaque em apenas uma ou outra ferramenta de seleção, e que os animais mais interessantes para o melhoramento massal da pecuária de corte nacional são aqueles que reúnem equilibradamente mais positividade em cada uma das ferramentas disponíveis. É assim que se melhora o rebanho de todo um país, e assim que um país se mantém como maior exportador de carne bovina do mundo, com todos os elos da cadeia trabalhando de forma eficiente e lucrativa.

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Eduardo Muniz de Lima “Mineiro”

OPINIÃO

Médico veterinário especialista em Produção de Ruminantes, MBA em Gestão Empresarial, MasterMind Aliança Agrotalento e diretor da Central de Receptoras Minerembryo diretoria@minerembryo.com.br

MERCADO

Uma revolução está por vir em 2020

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arroba resolveu “gangorrar” no início de 2020, se ajustando ao gap de novembro de 2019. O mercado chinês continua comprando como nunca. O leite se abre para mercados internacionais. A economia interna mostra sinais claros de aquecimento após um ano de novo governo. Na outra ponta, da genética, estamos preparados para vender touros de corte e matrizes de leite avaliados nesta nova realidade? O ano de 2020 começa quente na pecuária com um ajuste de preços depois do gap criado em novembro de 2019 de escassez de gado e forças robustas de demanda. Como as chuvas demoraram a cair no centro-sul do Brasil, não tivemos o boi de pasto em novembro e os bois do segundo giro dos confinamentos diminuíram depois dos resultados pífios do primeiro giro com @ estacionada e milho e soja subindo. Conclusão: faltou o boi gordo em quantidade. Do lado da procura, tivemos a China comprando como nunca e de um pool maior de frigoríficos e o mercado interno se aquecendo, somada à liberação da primeira parcela do 13º salário. Conclusão: explosão dos preços da @ do boi chegando a R$231,00/@, em SP. Já em janeiro vemos uma @ de R$ 190,00, por enquanto, mas, tudo dentro da normalidade de readequação de mercado dentro de uma nova realidade de preços, e não mais aqueles R$150,00 que insistiram por praticamente três anos. De acordo com a ABIEC, o Brasil exportou 1,847 milhão de toneladas de carne e gerou receita de U$7,59 bilhões, respectivamente aumentando 12,4% e 15,5% em relação a 2018. Devemos dar destaque à China (quase 45% juntando-se a Hong Kong), UE, Egito, Chile, Emirados Árabes e a Rússia, que voltou a importar depois de dois anos. Para 2020, a ABRAFRIGO acredita em aumento de 10% nas exportações

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puxadas pela China, que continua com a Febre Suína Africana, as queimadas na Austrália, nosso concorrente direto, e o dólar atraente aos exportadores. Quanto ao leite, o preço tem se mantido firme ao longo das águas e com tendência de alta, de acordo com o Cepea, aliado ao câmbio que inviabiliza a importação. Os valores de animais geneticamente superiores se mantiveram altos e o genoma entrou com tudo na seleção de rebanho. A Ministra da Agricultura Tereza Cristina vem fazendo um trabalho sensacional e já abriu os mercados do Egito, China, e agora, em janeiro, na Índia, fechou parcerias para a produção e o processamento de leite. O mercado interno mostrou recuperação da economia com mais de um milhão de novos empregos, taxa Selic mais baixa da história, vendas de final de ano aumentando mais de 10%, déficit baixou em 59 Bi, IBOVESPA acima de 120.000 pontos (23/01/20), aumento considerável de investimentos externos no Brasil e, para ajudar, a Argentina taxou sua carne em 30% para exportação. Acho que, depois disto tudo, posso afirmar: Deus é brasileiro mesmo! Agora, volto uma pergunta a você criador: será que estamos fazendo a pecuária que este mercado aquecido exige hoje? Será que estamos usando a genética, sanidade, manejo e nutrição necessária a este novo mercado nacional e internacional? Estamos investindo nas tecnologias certas que nos permitem mais lucratividade em nossa atividade? Quais as ferramentas de reprodução estamos usando para o melhoramento? Medimos e avaliamos nossa seleção? Fazemos uso econômico da FIV? E já falo aqui: se preparem para o que virá em 2020. Temos uma equipe preparando tecnologias completamente disruptivas no campo e acesso a material genético com genoma a valores justos que irão revolucionar a pecuária do brasil e do mundo. Aguardem!


EM FOCO

Foto Wenderson Araujo

“As vezes quando bate no fundo do peito uma saudade Quando paro na estrada até parece que já estou perto de casa

Sérgio Reis

Logo dou por mim e vejo que estou bem distante E que a saudades é parte dessa vida viajante”

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