Pecuária Brasil #19

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Benevenuto, Marcilélia Guimarães, Marcos Vicente, Maria Carmelina de Lamare, Mecânica de Comunicação, PiaR Comunicação, Rafael Felipe, Rubens Neiva, Sabrina Alves, Senar MT, Tayara Beraldi, Thell de Castro

Direção Gustavo Miguel (34) 9 9142-5081 gustavomiguel.gm@gmail.com Cláudia Monteiro (34) 9 9142-5082 claudiapecuariabrasil@gmail.com

Contato comercial |34| 3313-0371 / 3077-0379 / 3077-0451

Edição Natália Escobar - MTB 19731/MG redacaopecuariabrasil@gmail.com

Jurídico Cláudio Batista Andrade Renato Mendonça Costa

Revisão Cecília Schroden - MTB 1024/MG Colaboração Augusto Neto, Ascom Famato, Attuale Comunicação, BPA Comunicação Integrada, Maria Fernanda Diniz, Camila Lopes, ComTexto Comunicação Corporativa, Comunicação CNA, Comunicação Embrapa, Dalízia Aguiar, Faeza Rezende, Gisele Assis, Gisele Rosso, Grupo Publique, Henrique Rodrigues Alves, Indiara Assessoria de Comunicação, Jardine Comunicação, Léo César, LN Comunicação, Márcia

Circulação e Assinaturas assinaturapecuariabrasil@gmail.com Impressão Gráfica 3Pinti - Uberaba/MG Tiragem: 9 mil exemplares diagramação Carlos Lopes

FOTÓGRAFOS PARCEIROS Boy (17) 9 8115-8087 Carlos Lopes (34) 9 8814-0800 Fábio Fatori (13) 9 8121-0011 Flávio Venâncio (67) 9 8143-0131 Gustavo Miguel (34) 9 9142 5081 Jadir Bison (34) 9 9960-4810 JM Matos (34) 3325-4963 Marcelo Cordeiro (31) 9 9946-9697

Maurício Farias (34) 9 9994 1949 Ney Braga (34) 9 9960-9610 Pitty (34) 9 9978-1205 Roberto Mattos (67) 9245-2040 Rubens Ferreira (11) 3609-1562 Wellington Valeriano (34) 9 9173-1487 Zzn Peres (21) 9 8094-1977

Publicação periódica da Pecuária Brasil Editora e Publicidade Ltda. ME. CNPJ: 14.681.507/0001-62

nossa capa

Redação, Publicidade e Administração Rua Bernardo Guimarães, 250 - Estados Unidos 38015-150 • Uberaba-MG • (34) 3313.0371

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CIRCULAÇÃO GRATUITA Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores. As matérias publicadas podem ser reproduzidas desde que citadas a fonte.

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A belíssima Grande Campeã ExpoZebu 2017 do Gir Leiteiro embeleza essa edição representando a força genética da raça em quatro países. FOTO/Gustavo Miguel


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SUMร RIO

raรงa

Pantaneiro

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Brangus raรงa - pg. 66

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sempre na Pecuária Brasil 20 . Pecuária em Rede 24 . Pecuária Indica 26 . PORTEIRA ABERTA 42 . entrevista

Pecuária Indica pg. 24

46 . CALENDÁRIO 48 . PECUÁRIA 360º 61 . RAÇA 83 . CARNE 95 . LEITE 107 . ZONA RURAL 116 . GENTE 121 . SOCIAL 126 . OPINIÃO 134 . PONTO DE VISTA

Modelo Frigorífico CARNE - pg. 84

136 . ANDANÇAS

Fazenda Inteligente zona rural - pg. 108

Minas Gerais na França pg. 26 junho/julho 2017| #pecBR

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apresentação

Tempo de comemorar Cláudia monteiro

Diretora Executiva

claudiapecuariabrasil@gmail.com

CAPA

RAÇA

EQUINOS

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Depois de uma ExpoZebu histórica, temos o prazer de apresentar uma edição tão inesquecível quanto. Nessa edição, comemoramos três anos da nossa primeira publicação com o nome Revista Pecuária Brasil, e acreditamos em nosso trabalho mais do que nunca. Acreditamos porque nosso trabalho é reflexo de um setor que não para de crescer e se superar a cada dia, um setor no qual é impossível não acreditar. Como não acreditar no trabalho de homens e mulheres que, mais uma vez, sustentaram e fizeram crescer o PIB brasileiro com o suor de suas testas? É disso que vamos falar nas próximas páginas, da força e potência trabalhadora que é o agronegócio do nosso país. Dessa máquina que nunca para de desbravar novos caminhos e crescer. Trazemos nessa edição uma entrevista com o novo diretor técnico da ABCZ, Valdecir Marin, que vislumbra para os nossos leitores o futuro da pista de julgamentos. Como sempre, trazemos também as melhores novidades das raças mais importantes da pecuária brasileira, assim como as últimas notícias sobre a produção de carne e leite. Nas próximas páginas você vai encontrar muita informação sobre as raças nelore, brangus, senepol, brahman e várias outras, além de conhecer o modelo frigorífico ideal, de acordo com especialistas. Também vai ficar por dentro da produção de leite no Mato Grosso, que vem crescendo a passos largos frente outros estados. Falando em caminhar para o futuro, publicamos nessa edição uma reportagem especial sobre o que será o nosso amanhã: o conceito da fazenda inteligente. Não dá mais para ficar desatualizado sobre as novidades do meio, o futuro já é agora e informação é essencial para uma boa gestão. Então fique com a gente e descubra nas próximas páginas para onde que o agronegócio brasileiro vai nos próximos anos.


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PECUÁRIA DE ONDE Municípios brasileiros que aparecem nessa edição

Guaramiranga (CE) Queijo artesanal

Umuarama (PR) Seleção de brangus

Botucatu (SP) Nova sede da Central Bela Vista

Pontes e Lacerda (MT) Leite em ascenção

destinos internacionais China Colômbia França Índia República Dominicana Venezuela

Alegrete (RS) Alexânia (GO) Aracruz (ES) Arandu (SP) Avaré (SP) Barra do Bugres (MT) Barretos (SP) Bela Vista (MS) Belo Horizonte (MG) Brasileira (PI) Brotas (SP) Cachoeira do Sul (RS) Cachoeira Dourada (MG) Campina do Monte Alegre (SP) Campo Grande (MS) Campo Mourão (PR) Campos Novos (SC)

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Colíder (MT) Conquista (MG) Contagem (MG) Cravinhos (SP) Dourado (SP) Dourados (MS) Entre Rios de Minas (MG) Esteio (RS) Eunápolis (BA) Fortaleza (CE) Goiânia (GO) Guararapes (SP) Imperatriz (MA) Ipameri (GO) Itagibá (SP) Ituverava (SP) Lins (SP)

Manaus (AM) Marcelândia (MT) Paim Filho (RS) Pará de Minas (MG) Paracatu (MG) Paranaíba (MS) Poconé (MT) Pompéu (MG) Ponta Porã (MS) Porangatu (GO) Porto Alegre (RS) Porto Estrela (MT) Presidente Prudente (SP) Ribeirão Preto (SP) Rio Branco (AC) Rio de Janeiro (RJ) Rio Verde (GO)

Santa Maria da Serra (SP) Santo Antônio de Goiás (GO) Santo Antônio do Aracanguá (SP) Santos (SP) São Carlos (SP) São Gabriel do Oeste (MS) São José dos Quatro Marcos (MT) São Paulo (SP) São Sebastião do Paraiso (MG) Sidrolândia (MS) Sinop (MT) Tabaporã (MT) Uberaba (MG) Uberlândia (MG) Umuarama (PR) Valparaíso (SP) Vila Velha (ES)


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colaboradores

TATIANE TETZNER

Médica veterinária doutora em Reprodução Animal, especialista em Julgamento das Raças Zebuínas pela FAZU/ABCZ, autora do livro bilíngue em português e espanhol “Gir Leiteiro: a nossa Raça’’ e consultora técnica em evolução genética de rebanhos leiteiros, Tati vem sempre colaborando com nossa publicação.

José Otávio Lemos

Autor de diversos livros sobre as raças zebuínas e membro do Conselho Técnico do Indubrasil, o zootecnista e escritor sempre atualiza a equipe da Pecuária Brasil com as principais notícias do setor.

Rose Mendes

A gerente comercial da Minerembryo já se tornou uma amiga da equipe da Pecuária Brasil, colaborando constantemente com conteúdo e informação para nossos leitores.

Carlos Eduardo Lopes

Fotógrafo há 18 anos, Carlos colabora desde a primeira edição da Pecuária Brasil, deixando nossas páginas mais bonitas através do seu olhar. A partir dessa edição, ele também assina a diagramação da revista, passando a fazer parte da nossa equipe.

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pecuária em rede Use a hashtag #pecBR e apareça aqui!

@Sabino Ferreira de Faria

@caioarossato

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#pecbr

@ Associação dos Criadores de Brahman do Brasil ACBB

@showdapecuaria

@agropecuariaw2r

@nelore.smp

@acuniart

@carloslopesphoto

@fazenda3jr

Paty Sibin

Larissa Cabral Sabino

@guerreiro_joaorafael

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#pecbr

@caumonteiro

@rayssagf

@fazenda_medalha_milagrosa

@agrovica

@erosguzera

@aloofotos

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pecuária indica o que estou lendo

pecuária de leite no brasil

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ale a pena recorrer, mais uma vez, à maior instituição de pesquisa agropecuária do país, a Embrapa. “A pecuária de leite no Brasil: cenários e avanços tecnológicos” representa uma parceria inédita, do ponto de vista editorial, de duas unidades da entidade: Embrapa Gado de Leite, com sede em Minas Gerais, e Embrapa Pecuária Sudeste, com sede no estado de São Paulo. O livro é a mais recente produção sobre o agronegócio do leite no país. Duarte Vilela, um dos editores da obra, diz que o objetivo foi fazer um grande apanhado de informações de interesse do setor leiteiro nacional; que permitisse projetar o agronegócio do leite para os próximos dez anos. Com 23 capítulos distribuídos em 436 páginas, trata-se de uma obra de conteúdo bastante eclético e destinado a um vasto público. Trata-se também de um material de grande importância para os formuladores de políticas públicas para o agronegócio do leite. Leitura importante. Os interessados podem adquirir exemplares na Embrapa Pecuária Sudeste, por meio do telefone (16) 3411 5600.

Facilitador de secagem para vacas leiteiras

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Natália Escobar Jornalista e editora da Pecuária Brasil

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á um ano no mercado, o primeiro e único facilitador de secagem do mundo, mostra excelentes resultados em campo. Produzido pela Ceva Brasil, Velactis não é um hormônio, mas age no cérebro alterando a secreção hormonal. Ao aplicar o produto após a última ordenha, o medicamento inibe a prolactina, o que causa rápida diminuição na produção de leite e facilita todo o manejo e processo de secagem. A equipe técnica aponta entre as vantagens do produto a possibilidade da secagem abrupta; a redução rápida da produção de leite; manutenção da saúde do úbere, evitando os riscos de infecções; e garantia do bem -estar da vaca, que antes sofria com a pressão, inchaço e dor no úbere. Outro item de grande importância observado foi a diminuição dos casos de infecções intramamárias, as temidas mastites.


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porteira aberta Índia proíbe venda de gado para abate

O governo da Índia, maior exportadora de carne bovina do mundo depois do Brasil (em toneladas de carne), proibiu a venda de gado “improdutivo” em todo o seu território, que até então era permitido. Agora, animais que não dão leite e não são usados para procriação estão protegidos do abate. No país a vaca é considerada sagrada, e na maioria dos estados já não é permitido criar ou vender gado para abate. Diferente das restrições anteriores, porém, essa medida se aplica também aos búfalos. Segundo o jornal norte-americano Financial Times, a medida deve devastar a economia baseada na exportação de carne no país, que hoje gera US$ 5 bilhões por ano.

Minas na França

Quando o mineiro Osvaldo Martins de Barros Filho começou a vender queijo artesanal pela internet em 2009, sendo pioneiro neste setor, jamais imaginava que um dia seria convidado para uma viagem à França para desbravar o processo de fabricação, maturação e harmonização de queijos franceses. E mais, para participar do Concurso Mondial du Fromage, no Salão do Queijo em Tours, cidade internacional da Gastronomia. Mas foi o que aconteceu, e o pecuarista levou alguns exemplares dos Queijos Artesanais Alagoa em diferentes tamanhos e estágios de maturação (com tempo de cura que varia de 10 dias a 12 meses). Os produtos ficaram expostos ao público e participaram do Salão do Queijo, em junho. Não só os franceses, mas os demais estrangeiros que passaram por lá tiveram a oportunidade de provar o sabor do queijo brasileiro. Entre eles o tremruá, versão mineira do termo francês terroir, que significa território, terreno, determinado local que contém condições naturais e ambientais que propiciam singularidade, propriedade ímpar a um cultivo ou produção.

Diretor Executivo do Grupo Araunah, Enos Ma, afirma que, em três anos, toda a holding espera atingir R$ 350 milhões, sendo o agro responsável por 70% deste montante

Produtos Penergetic serão comercializados pela Araunah Agro

Há 16 anos, chegava ao Brasil, diretamente da Suíça, uma novidade para os produtores, técnicos e pesquisadores do agronegócio. A tecnologia Penergetic, especializada em bioativação na agricultura, traz resultados que promovem a vida do solo, o equilíbrio dos microrganismos e a vitalidade produtiva dos cultivos. O produto é comercializado pela equipe do Grupo Araunah, fundado em Uberaba (MG). Agora, a holding apresenta uma nova arquitetura interna e de marcas. Traz a linha Penergetic para a Araunah Agro e amplia o mix de produtos. Serão oferecidas três linhas de produtos, com objetivos distintos: promover, proteger e produzir. Com as mudanças, projetase mais do que dobrar o faturamento até 2020.

Brasil livre da pleuropneumonia bovina

O Brasil foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), por unanimidade, como país livre da pleuropneumonia contagiosa bovina (CBPP em inglês). A certificação foi entregue em maio, durante a reunião anual da OIE, em Paris. De acordo com a OIE, “a concessão reflete a transparência e a qualidade do serviço veterinário do país”. 26

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ABS compra In Vitro Brasil

Em abril a ABS Global passou a controlar 100% das ações da In Vitro Brasil S.A. (IVB). Desde 2015, a multinacional americana já possuía a maioria dos títulos (51%) da empresa focada em produção in vitro de embriões bovinos. A negociação dos outros 49% era esperada para 2018, mas foi antecipada. A ABS Global é líder mundial em genética bovina, serviços de reprodução e tecnologia de inseminação artificial, com atuação em mais de 70 países. Já a IVB é uma empresa sediada no Brasil com biotecnologia focada em produção de embriões bovinos por fertilização in vitro (FIV).

Matsuda aposta no gir leiteiro

A Matsuda é uma empresa líder de mercado que tem a missão de fornecer a seus clientes produtos de alta qualidade. Por isso, agora a empresa também investe em genética da raça gir leiteiro. Um dos sócios do Grupo Matsuda, Leonardo Cerise, é um grande criador da raça Girolando há muitos anos. As fazendas de propriedade dele e do Grupo Matsuda no município de São Sebastião do Paraiso (MG) são dedicadas à produção leiteira e o plantel vem sendo aprimorado a cada ano. Na ExpoZebu 2017, os parceiros adquiriram a Nivani (antes de ter recebido o título) que foi consagrada Reservada Campeã Vaca Jovem durante a feira. A bela matriz foi comprada (50%) da RC Genética, de Rubens Câmara (Lins – SP), e, foi também Campeã Fêmea Jovem e Melhor Úbere Jovem na Exposição Estadual do Gir Leiteiro de Franca (SP), em maio. O objetivo da empresa é produzir embriões para aprimorar a genética da raça.

Glória e seu clone: o pecuarista Paulo de Castro Marques, proprietário da matriz, clonou a genética dela em parceria com a J4 Agropecuária

Pecuária sem Glória

IPC 800 GLÓRIA 154, ou simplesmente GLÓRIA, foi a mais importante matriz da raça brahman no Brasil. Ela morreu aos 18 anos e deixou um legado de 208 filhos nascidos com 23 touros diferentes, 1.022 netos e 1.573 bisnetos. Desses 4.900 descendentes diretos, centenas foram campeões nas mais importantes exposições pecuárias do país.

Novo CAR em MT

O Sistema Mato-Grossense de Cadastro Ambiental Rural (Simcar) é a nova ferramenta de gerenciamento de todos os Cadastros Ambientais Rurais (CAR) do Estado de Mato Grosso. A criação do sistema foi aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governo do estado. O Simcar possibilitará aos produtores realizar a inscrição de novos imóveis rurais e a retificação dos cadastros que serão migrados do sistema federal para o estadual.

Bovinocultura de corte

A sexta edição do Encontro de Bovinocultura de Corte será organizada pelo Grupo de Estudos “Luiz de Queiroz” (GELQ), coordenada pelo professor doutor Carlos G. S. Pedreira (Esalq-USP). Programado para os dias 28 e 29 de setembro, será promovido na sede da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), em Uberaba (MG). O evento será um momento para reflexão do tema “Tendências de Mercado, Campo e Sustentabilidade”. Leonardo Cerise, Jorge Matsuda e Leonardo Cerise Júnior

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porteira aberta Ourofino apresenta nova fábrica de biotecnologia

Angus inicia abates no Acre

O Programa Carne Angus chegou ao Acre. Em maio foi realizado o primeiro abate de Angus na unidade JBS de Rio Branco. Foram 577 animais da raça abatidos, marcando a primeira experiência com a Certificação Angus no estado. Apesar de ter caráter experimental, a ação busca fomentar a raça na região, onde a criação de animais meio sangue vem se expandindo.

Selante interno para controle de mastite

A Biogénesis Bagó, uma das empresas líderes em saúde animal no mercado latinoamericano, acabou de lançar um produto que complementa a terapia antibiótica de secagem ao bloquear o ingresso de microrganismos patógenos no canal do teto. O Ubresan Selante é um mecanismo que mimetiza o mecanismo fisiológico de fechamento do canal, auxiliando naturalmente na profilaxia da mastite.

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No dia 1º de junho, a Ourofino Saúde Animal completa 30 anos de trabalho. A data é marcada com a apresentação da nova planta de biotecnologia da indústria brasileira para a produção de vacinas e tecnologias recombinantes. O complexo fabril está abrigado na sede da companhia em Cravinhos (SP). A conquista da empresa contribui para a referência do Brasil na produção de insumos para o agronegócio mundial. As prioridades do projeto foram estrutura e tecnologia. Com 6.842 m2 de área construída, sendo 4.554 m2 dedicados a produção e com áreas de Nível de Biossegurança 2 (NB2), a fábrica permitirá a operação em duas plataformas tecnológicas: células/vírus e bactérias/ leveduras, esta para a produção de biológicos veterinários em rotas biotecnológicas tradicionais e recombinantes, conhecidas como a nova geração de vacinas.

Guzerá em novo sumário

A edição 2017 do Sumário de Touros da Raça Guzerá foi lançado na 83ª ExpoZebu, em maio. A publicação do Programa Nacional de Melhoramento do Guzerá para Leite (PNMGuL), conduzido pelo Centro Brasileiro de Melhoramento Genético do Guzerá (CBMG) e pela Embrapa Gado de Leite, traz novidades como o resultado para genotipagem de diversos touros para o gene da beta-caseína, além dos tradicionais genes da kappacaseína, beta-lactoglobulina, DGAT1, prolactina e tireoglobulina.


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porteira aberta Produção chinesa

A planta que a Biogénesis Bagó construiu na China, denominada Yangling Jinhai Biotecnologia, recebeu recentemente as certificações de “Boas Práticas de Fabricação” do Ministério da Agricultura do país e obteve as licenças necessárias para começar a produzir e comercializar a vacina contra febre aftosa para suínos e bovinos. Isso faz com que a empresa seja o primeiro laboratório estrangeiro a produzir na China.

Biogénesis Bagó tem novo diretor

Empresa líder em saúde animal no mercado latinoamericano, a partir de agora a Biogénesis Bagó, conta com um novo diretor geral para o Brasil. Graduado na Argentina em Medicina Veterinária, Marcelo Alejandro Bulman traz para a empresa uma ampla experiência e conhecimento de mais de 30 anos na dinâmica da indústria de saúde animal no país e na América Latina.

Hugo Sigman, CEO do grupo Insud, com representantes do governo chinês

Nova pelagem montana Os selecionadores do composto tropical montana agora têm uma nova opção de pelagem para os touros: a preta, que passa a identificar o black montana. A decisão já foi oficializada pelo Comitê Técnico do Programa Montana. O composto é tradicionalmente conhecido pela pelagem vermelha, passando por vários tons, variando do creme ao cereja. Manchas brancas e pretas em pequenas quantidades são aceitas. A abertura para o preto completo é um pedido antigo dos criadores, que abre uma nova oportunidade comercial.

Wesley Safadão em Manaus

Em maio o cantor Wesley Safadão esteve em Manaus (AM) e aproveitou para visitar os amigos Aciole e Zenilda Castelo Branco, da Agropecuária Taj Mahal. O criador de nelore é um grande incentivador de novos criadores, e garantiu que a conversa com o cantor sobre sua entrada para atividade já está avançada. Aciole também quer levar outras celebridades para o campo, como a sua amiga e cantora sertaneja Marília Mendonça, que considera a possibilidade.

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Investimento

A Aqua Capital, fundo de private equity com investimentos em agronegócio, alimentos e logística no Brasil e América do Sul, acaba de adquirir participação majoritária na Casa da Vaca, reconhecida com uma das maiores e melhores distribuidoras de produtos para saúde animal do Brasil.


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porteira aberta Criadoras mirins

A ABCZ ganhou três novas associadas muito especiais durante a ExpoZebu: as irmãs Maria Clara Catelane Trivelato (8 anos) e Maria Júlia Catelane Trivelato (10 anos), e a prima Maria Eduarda Trivelato Lemos (9 anos). Antes de se associarem, elas foram recebidas pelo presidente da entidade, Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, e entregaram uma carta contendo um “plano de ação” que escreveram por conta própria. As irmãs Maria Clara e Maria Júlia são filhas dos criadores frente ao criatório Tabapuã da Gê, Gerusa Catelan e João Trivelato Neto, criador agraciado com o Mérito ABCZ. Já Maria Eduarda é filha do casal de criadores Daniele Trivelato e Paulo Sérgio Martins Lemos, que selecionam a raça tabapuã em Bandeirantes (MS).

Inovação na Megaleite

A equipe da Major Nutrição Animal está de malas prontas para embarcar para área VIP do Parque Gameleira, em Belo Horizonte (MG), onde a Megaleite será promovida de 28 de junho a 1º de julho. Lá serão expostas as tecnologias desenvolvidas pela empresa para a pecuária leiteira, com direito a demonstração de viabilidade e técnicos à disposição dos pecuaristas. Cinco fêmeas Girolando serão expostas para mostrar a eficiência dos produtos oferecidos. Os exemplares são oriundos do criatório de José de Castro Rodrigues Neto, a Fazenda Santana da Serra, onde foram desenvolvidos experimentos com as tecnologias Major Nutrição Animal, que obtiveram resultados surpreendentes. As vacas serão alimentadas apenas com os produtos da empresa, como acontece de fato em várias propriedades atendidas pela Major Nutrição Animal. Elas serão manejadas e ordenhadas diariamente, demonstrando a produtividade e qualidade do leite resultante da dieta. Também serão apresentados os resultados de estudos realizados na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

Roberto Góes é reeleito

Filhas de criadores de tabapuã no Mato Grosso do Sul são as sócias mais jovens da história da ABCZ

Durante a 83ª Expozebu, foi realizada a votação para a nova presidência da Associação Brasileira dos Criadores de Indubrasil (ABCI) e Roberto Fontes de Góes foi reeleito para estar a frente da instituição no triênio 2017/2020. O 1° vice-presidente é José Henrique Fugazzola de Barros e o 2° Vice Presidente é Rodrigo Caetano Borges. O setor ficará a cargo da médica veterinária Letícia Mendes de Castro

ANCP cria novo setor tecnológico

A Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), na busca contínua pela inovação e excelência de seu relacionamento com colaboradores e associados, criou o setor de Transferência de Tecnologia. O objetivo é desenvolver projetos focados em ações de transferência de tecnologia e de comunicação em melhoramento genético, fundamentais para a disseminação do conhecimento frente às novas descobertas geradas pela pesquisa; prospecção de novas demandas e a inovação na produção de gado de corte brasileiro.

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CAPA

GRANDE CAMPEÃ EXPOZEBU 2017: quatro países em busca da melhor genética Quilombo (Brasil), Los Manantiales (Venezuela), El Tesoro (Colômbia) e Pryca (República Dominicana): quatro tradicionais criatórios latino-americanos comemoram parceria em busca da evolução genética do Gir Leiteiro através da matriz Devassa, grande destaque da atualidade

JM Matos

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tulo máximo de Grande Campeã, Campeã Vaca Adulta e Melhor Úbere da pista de julgamento e do concurso leiteiro. Nesse seu melhor momento, novamente retornou aos palcos dos grandiosos leilões da ExpoZebu, para ser comercializada em 50% de suas cotas durante o Leilão Gir Leiteiro Nacional. Winston Drummond (Fazenda Quilombo, Brasil) e Rigoberto Gómez (Los Manantiales, Venezuela) decidiram por disponibilizar 50% dessa matriz com grande chance de ser a Grande Campeã em poucos dias. Os compradores foram os amigos e já parceiros da Fazenda Quilombo em inúmeras doadoras de destaque, Don Jorge Enrique Moreno (Ganadería El Tesoro, Colômbia) e José Martí, (Rancho Pryca, República Dominicana). Dessa forma, Devassa se tornou a “vaca de quatro países”, sendo 25% de cada uma das seleções. O leilão aconteceu no dia 30 de abril, e o sonho se tornou realidade no dia 05 de maio de 2017, quando as expectativas foram confirmadas e Devassa sagrou-se a Grande Campeã da ExpoZebu. Mais um troféu para abrilhantar

a sala de premiações da Fazenda Quilombo, situada no município de Capinópolis, no Triângulo Mineiro, onde mora a matriz de cinco anos, recorde de valorização do Gir Leiteiro durante a ExpoZebu 2017. Até o presente momento, esse ano, Devassa conquistou os seguintes títulos: Grande Campeã, Campeã Vaca Adulta e Melhor Úbere Adulto em pista e concurso leiteiro nas três exposições que participou: Araxá, ExpoZebu e Franca 2017. “E que venha a Megaleite 2017, em Belo Horizonte, pois o passaporte da Devassa já está carimbado. Já fiz várias outras Grandes Campeãs nos últimos anos, mas conquistar um Grande Campeonato com uma matriz da nossa marca é algo muito especial”, garante o selecionador Winston. Genética de família “A mãe da Devassa, Eclipse, de criação de Dirceu Azevedo Borges (marca DAB), me chamou muito a atenção na apartação de matrizes para aquisição no ano de 2009. Algo de muito especial me saltou aos olhos: sua força leiteira expressiva. Era a matriz mais

Eclipse, mãe da Grande Campeã Devassa

JM Matos

a

história da Grande Campeã Gir Leiteiro 2017 até poderia ser algo comum, como de outras Grandes Campeãs que já desfilaram pela famosa e majestosa pista de julgamento do Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG). Mas não. A trajetória da matriz Devassa é recheada de planos, expectativas, sonhos e realizações. Uma história especial que merece ser contada. Quando novilha, Devassa foi comercializada em 50% das suas cotas durante a ExpoZebu 2015, quando estava com gestação adiantada e já mostrava a sua exuberância e equilíbrio corporal. Quando ela teve seu primeiro parto, aos 35,2 meses, impressionou pela qualidade de seu sistema mamário, e fez bonito durante toda a sua lactação conquistando inúmeros títulos importantes. Foi a 3ª Melhor Fêmea do Ranking Nacional Gir Leiteiro 2014 e 2015, a Grande Campeã e Campeã Vaca Jovem Ituiutaba 2015, Reservada Campeã Vaca Jovem ExpoGil/Nacional da Raça 2015, Campeã Vaca Jovem e Melhor Úbere Jovem Megaleite 2015, Campeã Vaca Jovem Concurso Leiteiro Megaleite 2015, Integrante da Progênie de Pai campeã Megaleite 2015, Campeã Vaca Jovem e Melhor Úbere Jovem Morrinhos 2015, Campeã Vaca Jovem e Melhor Úbere Jovem Paracatu 2015 e Integrante da Progênie de Pai campeã Paracatu 2015. A matriz produziu na sua 1ª lactação 13.114 kg de leite, 365 dias, produção real aferida pela ABCZ. Nesse ano de 2017, no seu segundo parto, Devassa brilhou durante a Exposição de Araxá, recém-parida, conquistando o tí-

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CAPA

Diego Sanchez, Jorge Andres Moreno, Don Jorge Enrique Moreno, Wilson Martinez, Winston Drummond e José Martí

Winston Drummond comemora o Grande Campeonato com Vanessa Machado Solon, Tatiane Tetzner, Rigo Neto, Wilson Martinez e Fabrício Quirino

Rigo Neto, Winston Drummond, Wilson Martinez e Fabrício Quirino

Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, Joaquim José da Costa Noronha, Tatiane Tetzner, Laura e Cleiber Alves Garcia

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completa em capacidade corporal, amplitude de peito, costelas compridas, oblíquas, arqueadas e muito espaçadas, com uma capacidade torácica e abdominal impressionantes; excelente proporcionalidade, harmonia de conjunto e equilíbrio. Fiquei fascinada”, conta a médica-veterinária doutora em Reprodução Animal, jurada efetiva da ABCZ e Girolando, Tatiane Almeida Drummond Tetzner, que é responsável técnica pelo rebanho, seleção de doadoras e acasalamentos dirigidos da Fazenda Quilombo. Nesse dia, Tatiane ainda não imaginava que aquela seria uma matriz tão fantástica para transmitir todas essas características às suas filhas. “Ao longo dos anos, Eclipse se consagrou como a ‘rainha do curral’, e até hoje contribui com sua genética; segue doando oócitos, e demonstrando a sua longevidade produtiva e reprodutiva”, conta. Agora, é sua filha que faz bonito no continente inteiro. “Devassa impressionou muitos jurados diferentes ao longo de oito exposições que participou até o momento. O equilíbrio do conjunto e a força leiteira evidenciada somado a um sistema mamário impecável, com certeza chamam a atenção, pois, no momento do julgamento comparativo, o jurado busca por uma matriz equilibrada em estatura, forte em estrutura óssea e com boa capacidade corporal. Por isso, esperamos que a Devassa possa contribuir com sua genética extraordinária para a evolução do Gir Leiteiro e Girolando nos quatro cantos da América Latina, se tornando uma doadora longeva como sua mãe Eclipse que, com mais de 15 anos e meio, está em plena forma, saudável e funcional”, finaliza Tatiane. Parceiros de sucesso A Fazenda Quilombo seleciona Gir Leiteiro desde 2010, quando o criador Winston adquiriu matrizes de genética diferenciada de importantes criatórios. Logo depois veio a seleção Girolando Minas Leite, a partir de doadoras renomadas adquiridas e também de matrizes Girolando ½ com touros holandeses mundialmente consagrados. Atualmente, a fazenda produz muito leite e muita genética com as duas raças. Em 2015, o criatório começou a expandir suas fronteiras através de parcerias latino-americanas. A parceria de genética entre a Fazenda Quilombo e a Hacienda Los Manantiales de Rigoberto Gómez, Venezuela começou naquele ano, e se fortaleceu em 2016 durante a ExpoZebu. Agora, a parceria se expande para outros


cenários. Los Manantiales é referência de genética na Venezuela e muitos animais já se destacaram nas principais pistas de julgamentos promovidas pela Asocebu Venezuela, inclusive conquistaram o título com a Grande Campeã Nacional 2016. O Gir Leiteiro se tornou a paixão de toda a família, Rigo e Rigo Neto, pai e filho, decidiram então investir na melhor genética Gir Leiteiro brasileira. A parceria do criatório venezuelano com a Fazenda Quilombo envolve tanto doadoras renomadas como Devassa, Manola e Dengosa (todas campeãs e de destaque em produção de leite), bem como novilhas e bezerras que conquistaram títulos de campeãs e Melhor Novilha da Raça, filhas de Ofélia, fenômenos para o futuro. A colombiana Ganadería El Tesoro iniciou a seleção de Gir Leiteiro no ano de 2002, quando também se tornou sócio da Asocebu Colômbia. Começaram com um pequeno núcleo de animais e iniciaram os acasalamentos com touros brasileiros provados e positivos para PTA Leite. Os proprietários Don Jorge Enrique Moreno e Jorge Andrés relatam que no ano de 2010 conquistaram o primeiro Título de Melhor Expositor de Gir Leiteiro da Colômbia e, de aí em diante, tem ganhado inúmeras exposições como Melhor Criador e Melhor Expositor Nacional. El Tesoro tem investido nas melhores matrizes Gir Leiteiro do Brasil entre as quais estão os clones de Profana de Brasília, Dengosa Mutum, e também parcerias em doadoras consagradas como Discreta, Jamila, e mais recentemente a

parceria com a Devassa, Grande Campeã da ExpoZebu 17. A família Moreno realiza anualmente um leilão que se chama Los Tesoros del Gyr, um dos mais renomados da América Latina e o mais importante da Colômbia. O Rancho Pryca, que começou há apenas dois anos na raça em seu país, a República Dominicana, conta com a experiência de José Martí, selecionador de Pardo Suíço há mais de 20 anos e de Brahman há mais de sete. Em 2015 adquiriu animais Gir Leiteiro originários do México, e logo depois iniciou as parcerias com doadoras no Brasil. Hoje, é parceiro da Fazenda Quilombo não apenas na Grande Campeã ExpoZebu 2017, mas também da Grande Campeã do concurso leiteiro da ExpoZebu 2016, Discreta FIV WAD, entre outras. A parceria de sucesso do Rancho Pryca com Quilombo e El Tesoro envolve inúmeras doadoras de famílias consagradas, campeonatos em pistas e concursos leiteiros, sinônimo de genética de ponta do Gir Leiteiro.

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entrevista

Valdecir Marin Júnior

O rumo das pistas Os julgamentos de animais em exposições são famosos no país inteiro, e tem um importante papel na seleção de genética para pecuária. No universo zebuíno, a ExpoZebu é de longe a pista mais concorrida, e em 2017 contou com grandes inovações que podem apontar o futuro dessa modalidade de avaliação

a

Gustavo Miguel e carlos lopes

tual Diretor Técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Valdecir Marin Júnior tem sua história entrelaçada à do zebu. Zootecnista graduado pela Universidade de Maringá, no Paraná, formou-se em 1984. Em 1986, pisou pela primeira vez na pista do Parque Fernando Costa para julgar um campeonato, na Expoinel Mineira daquele ano. De lá pra cá, sua vida nunca mais se separou da história do zebu brasileiro. Julgou onze edições da ExpoZebu consecutivas e 13 Expoinel. Também foi técnico de campo da ABCZ por 18 anos, de 1986 a 2004. Construiu sua carreira dentro da área técnica da ABCZ, sendo hoje um dos maiores conhecedores dos processos da entidade e das raças zebuínas, além de também trabalhar como consultor pecuário.

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Pecuária Brasil . Quais foram as novidades dessa edição da maior feira zebuína do mundo, a ExpoZebu 2017? A grande novidade foi o retorno do jurado titular acompanhado do assistente dentro da pista. Além disso, a partir dessa edição os jurados tiveram acesso à ficha dos animais julgados, tendo mais informações para embasar suas escolhas. Também trouxemos novamente para dentro da ExpoZebu o Campeonato Modelo Frigorífico para todas as raças de corte, o que é uma disputa necessária para nossa pecuária a campo produtora de carne. Reformulamos o regulamento do concurso Matriz Modelo, acrescentando, pela primeira vez na história, a ficha reprodutiva dos animais às informações disponíveis aos jurados. Além disso, colocamos a escolha e premiação de todos os Grandes Campeões, Melhores Expositores e Criadores de todas as raças para o último dia de feira, o que gerou uma movimentação que há muito tempo não acontecia. Há anos que a ExpoZebu não tinha tanta audiência assim. Esses fatores, somado ao

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entrevista trabalho sério da ABCZ para promover essa grande feira, foram a fórmula para o sucesso dessa edição. PB . Depois dessas inovações, o que podemos esperar para o futuro dos julgamentos de pista das raças zebuínas brasileiras? VM . Acredito que a tendência do modelo executado aqui é ser replicado pelo país. A ExpoZebu é promovida em maio e é sempre um espelho para o que vai acontecer no restante do ano. Então, em 2017 ao menos, acredito que a maioria das exposições irá seguir esse modelo proposto aqui. Pela quantidade de público e pela empatia de todos com o julgamento, é nítido que deu certo. Acredito que a tendência agora é crescer e evoluir mais ainda esse formato. PB . Sobre o concurso Matriz Modelo, até a penúltima edição da ExpoZebu quem julgava as vacas dessa disputa eram criadores. Esse ano os jurados foram você e o presidente da ABCZ, Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges. Por quê? VM . Os jurados foram escolhidos democraticamente pelo presidente, que se nomeou e me convidou para acompanha-lo no julgamento. Antes

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eram mais pessoas escolhendo esse campeonato, porém, nossa intenção é reduzir para ter uma linha em comum, uma identidade no julgamento. Em um trio, por exemplo, é muito difícil ter uma unidade de pensamento. Quando é apenas um ou dois, o critério é mais claro e o direcionamento mais efetivo. PB . Já os jurados dos campeonatos regulares foram escolhidos pelos expositores no ato da inscrição de seus animais. O que você acredita que essas escolhas refletiram? VM . Primeiramente, refletiu a necessidade de ser democrático nesse processo. A participação direta do pecuarista é muito necessária e positiva. Quando você promove uma inovação dessas é com a razão, e não emoção. Quando um jurado faz uma escolha em pista, premiando um animal ou outro, a razão também tem que prevalecer. Isso quem vai nos dizer é o expositor. Para o próximo ano, estamos considerando alterar algumas regras, ainda sendo estudadas para serem mais rígidas na votação e escolha dos jurados. Pensamos em melhorar a proporcionalidade entre o peso da escolha do expositor com a quantidade de animais inscritos. PB . Qual a possibilidade de em algum momento a ABCZ contratar um quadro de jurados fixos, que

trabalhem exclusivamente para entidade, sem vínculos externos? VM . Essa não é a intenção da ABCZ. Por sermos uma associação, não podemos fechar o quadro de jurados apenas para funcionários. Existem excepcionais profissionais que trabalham diretamente com determinada raça zebuína e essas raças precisam do trabalho deles no julgamento. Seria praticamente impossível contratar todos os bons profissionais que existem e merecem oportunidade. A palavra chave nessa profissão é talento. Tendo talento, seja funcionário ou prestador de serviço, o trabalho será bem feito. PB . E como a ABCZ pretende manter a modernidade e efetividade do modelo de julgamento? Ou seja, como fazer dessa ferramenta uma colaboração cada vez mais eficiente para pecuária como um todo? VM . O julgamento é hoje, agora. E o hoje é o reflexo da melhor genética agregada ao melhor fenótipo, que vai refletir na pecuária que sustenta nosso país. A diretoria do Arnaldo tem como meta promover uma reunião anual do Conselho Técnico das Raças Zebuínas, assim como uma reciclagem nacional de todos os técnicos e jurados da entidade que, juntos, somam um quadro com mais de 300 profissionais.


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CALENDÁRIO 55ª EXPOPAR 27 de junho a 5 de julho Paranaíba (MS) (67) 3342-1746

EXPOLIDER 12 a 16 de julho Colíder (MT) famato.org

EXPONORTE 18 a 27 de agosto Porangatu (GO) (62) 3362-4246

EXPOMARCOS 30 de junho a 9 de julho São José dos Quatro Marcos (MT) famato.org

EXPOBEL 14 a 23 de julho Bela Vista (MS) sindicatoruraldebelavista.com.br

EXPOGENÉTICA 20 a 28 de agosto Uberaba (MG) abcz.org.br

EXPORÃ 30 a 16 de julho Tabaporã (MT) famato.org

EXPOINTER 26 de agosto a 3 de setembro Esteio (RS) expointer.rs.gov.br

EXPAM 17 a 22 de julho Ituverava (SP) sindicatoruraldeituverava.com.br

EXPOINEL MS 5 a 10 de setembro Sidrolândia (MS) (67) 3342-1746

NELORE BREEDERS CUP 3 a 5 de agosto Dourado (SP) (17) 3234-1151

46ª EXPOINEL 21 de setembro a 1º de outubro Uberaba (MG) ranking@nelore.org.br

EXPOINEL ES 3 a 6 de agosto Aracruz (ES) (27) 2122-2249 TECNOCARNE 8 a 10 de agosto São Paulo (SP) tecnocarne.com.br

ENCONTRO BOVINOCULTURA DE CORTE 28 e 29 de setembro Uberaba (MG) fealq.org.br/eventos

EXPOINEL PR 4 a 9 de julho Campo Mourão (PR) (44) 99972-3701 PECNORDESTE 6 a 8 de julho Fortaleza (CE) pecnordestefaec.org.br/2017 EXPO RIO VERDE 6 a 16 de julho Rio Verde (GO) contato@neloregoias.com.br EXPOMAR 6 a 9 de julho Marcelândia (MT) marcelandia.mt.gov.br EXPOIMP/ EXPOINEL NO 8 a 16 de julho Imperatriz (MA) (99) 3582-8845 SUPER LEITE 12 a 15 de julho Pompéu (MG) (37) 99984-9554 MEGALEITE 28 de junho a 1º de julho Belo Horizonte (MG) megaleite.girolando.com.br

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EXPONEL VV 10 a 12 de agosto Vila Velha (ES) (27) 2122-2249


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Canal rural

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3º Encontro Vila Real

Maurício Ianni abriu as portas de sua fazenda, em Brotas (SP), para terceira edição do Encontro Vila Real. Este ano, o remate aconteceu em duas etapas, nos dias 19 e 20 de maio. As prenhezes foram o foco da primeira etapa do remate, quando foram vendidos 11 lotes de elite por R$, 6 mil. A média dos 10 acasalamentos foi de R$ 47 mil e o único animal do catálogo, a bezerra Thaliba FIV VRI Vila Real, teve 50% de sua propriedade arrematada por R$ 91,2 mil pela Agropecuária RS, de Roberto e Simone Bavaresco.

Zootec

O 27º Congresso Brasileiro de Zootecnia foi promovido no Mendes Convention Center, em Santos (SP), com o tema central “Inovação e Empreendedorismo para o Agronegócio Pecuário”, de 22 a 24 de maio. Com promoção da Associação Brasileira de Zootecnistas (ABZ), Universidade de São Paulo (USP) por intermédio da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) e Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), o Zootec contou com 24 eventos paralelos e reuniu quase duas mil pessoas.

Em Goiânia

A 72ª Exposição Agropecuária do Estado de Goiás foi promovida pela Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA) de 19 a 28 de maio. O slogan escolhido para a exposição agropecuária este ano, “Agronegócio, o maior aliado do Brasil”, refletiu a crença dos pecuaristas do estado. Foram mais de 700 animais bovinos nos pavilhões.

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Farsul comemora 90 anos A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, primeira Federação de agricultura do Brasil, comemorou nove décadas no último mês de maio. A entidade reuniu seus líderes, presidentes de sindicatos rurais, autoridades do estado e entidades ligadas ao agronegócio para comemorar as conquistas e lembrar que a união de forças continua a guiar a sua trajetória.

Nacional Hereford e Braford

A Exposição Nacional de Hereford e Braford 2017 foi promovida de 15 a 19 de maio, no Parque de Exposições Lauro Dornelles, em Alegrete (RS). Com um acréscimo de 15% no número de animais inscritos para julgamento em relação ao último ano, o eventou contou com 299 exemplares em exposição e julgamento, sendo 101 animais no galpão e 123 para o julgamento de rústicos, além de 75 exemplares participantes da II Copa dos Criadores.

Expoagro MS

Entidade comemorou aniversário com almoço em Porto Alegre

Tarde de negócios

O tradicional criador José Antônio Rodrigues Furtado recebeu os amigos neloristas no dia 10 de junho para a terceira edição da Tarde de Negócios RFA Nelore. O encontro aconteceu na Fazenda Planalto da Santa Marta, em Campina do Monte Alegre (SP), e teve um faturamento de mais de R$ 1 milhão.

O Sindicato Rural de Dourados, no Mato Grosso do Sul, comemorou os resultados da 53ª Expoagro, promovida de 12 a 21 de maio, no Parque de Exposições João Humberto de Carvalho. Durante 10 dias, o evento ofereceu uma ampla programação que incluiu eventos técnicos como seminários, palestras e dias de campo, leilões, shows musicais, praça de alimentação e área expositora com apresentação das últimas novidades em tecnologia para o campo. No total, foram realizadas 24 palestras, quatro seminários, dois Dias de Campo que reuniram cerca de 900 pessoas, oito oficinas e 10 cursos.

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Genética disputada

Na tarde de 22 de abril, o tradicional Leilão Nelore CEN alcançou a significativa marca de 26 compradores de sete estados: São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Tocantins. Realizado na Fazenda Crioula, em Valparaíso (SP), o evento colocou parte da produção do pecuarista Carlos Eduardo Novaes à venda. O criador conduz há mais de meio século um conceituado trabalho de melhoramento genético, que também seleciona sindi e equinos quarto de milha. A movimentação financeira registrou média de R$ 10,2 mil para touros nelore, R$ 5,6 mil para fêmeas nelore, R$ 6,8 mil para touros sindi, R$ 4,4 mil para as fêmeas sindi, R$ 10 mil nos machos quarto de milha e R$ 13.440 para as disputadas fêmeas da raça equina.

Funrural discutido

O presidente da CNA, João Martins, e os presidentes e representantes das Federações estaduais estiveram reunidos em maio na busca de uma solução para a cobrança do Funrural. O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Nilson Leitão, também esteve presente à reunião. No final de março, o STF decidiu pela constitucionalidade da contribuição recolhida pelo empregador rural pessoa física. A cobrança incidirá sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção. A CNA e a FPA estão unidas na busca de uma solução favorável aos produtores e a todas as cadeias produtivas.

Agrishow 2017 Discussão sobre o futuro

A Federação de Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa PB) reuniu em 23 de maio os presidentes dos sindicatos regionais em uma assembleia. O evento foi comandado pelo presidente da entidade e pecuarista selecionador da raça sindi Mário Borba, que discutiu os problemas enfrentados pelo agronegócio no nosso país e como devemos agir de agora em diante. Os presidentes dos sindicatos ainda participaram de uma dinâmica sobre a importância do sindicalismo na vida dos produtores rurais.

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A 24ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola (Agrishow 2017) foi promovida de 1ª a 5 de maio, em Ribeirão Preto (SP). Os negócios chegaram ao montante negociado de R$ 2.204 bilhões, o que significa uma recuperação de 13% em relação à edição anterior. Contando os fechamentos dos bancos, bem como os negócios iniciados em Ribeirão Preto, mas finalizados nos próximos meses, a expectativa é que o valor será maior. Passaram pelo evento 159 mil pessoas; sendo que em 2016 foram 152 mil. Além da elevação de 4,6% na quantidade de público, as mais de 800 marcas expositoras nacionais e internacionais ressaltaram a qualificação desses visitantes, formada, sobretudo, por compradores e produtores rurais de pequeno, médio e grande portes do Brasil e do exterior.


Wagner Tamietti

Exposição Estadual MG

De 1º a 4 de junho, Belo Horizonte (MG) recebeu a 57ª edição da Exposição Estadual Agropecuária. Tradicional no calendário agropecuário do estado e com entrada gratuita, o evento é realizado pela FAEMG e Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e instituições vinculadas – Emater, Epamig e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Foram mais de 66 mil pessoas passando pelo Parque de Exposições da Gameleira. Os três leilões que venderam 81 lotes de mangalarga marchador, pampa, jumento pêga e pônei somaram vendas de R$ 975 mil, aumento de 11% ante R$ 874 mil registrados em 2016. A Exposição Estadual inovou neste ano e trouxe, além das apresentações e julgamentos de animais, a venda para os consumidores de produtos certificados da agroindústria como cachaças, queijos, doces e farinhas. O evento também resgatou a apresentação dos caprinos e ovinos e a miniusina para processamento de queijos e iogurtes que puderam ser degustados pelo público.

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ExpoZebu

Lançada como a maior edição dos últimos anos, a 83ª ExpoZebu cumpriu o que prometeu. Uma feira maior em números e programação trouxe ao Parque Fernando Costa um público como há muito tempo não se via. Mais de 200 mil pessoas visitaram o Parque Fernando Costa. Nos 21 pregões foram movimentados R$34,8 milhões. Foram realizados também três shoppings de animais, além das vendas nos estandes montados no parque. A expectativa é de que direta e indiretamente tenham sido movimentados R$150 milhões de reais. Comitivas de 30 países diferentes visitaram a feira, somando 374 estrangeiros no total. Em pista passaram cerca de 1.810 animais, 15% a mais que no ano passado. Além dos zebuínos, cerca de 360 cavalos trouxeram ainda mais elegância e movimentação à feira. A Vila Hípica reuniu animais de quatro raças diferentes: quarto-de-milha, mangalarga, crioulo e fresian, que participaram de provas de tambores, balizas e marcha.

Angus de Outono

O remate do 3º Angus de Outono foi promovido no dia 13 de junho, no Parque do Sindicato Rural de Cachoeira do Sul (RS), e cresceu 8,7% comparado à edição de 2016. Promovido pelo Núcleo Centro Angus e chancelado pela Associação Brasileira de Angus, o leilão arrecadou R$ 529,2 mil com a venda de 385 animais. O valor médio chegou a R$ 1,4 mil por cabeça.

Rima Weekend

A sexta edição do Rima Weekend foi promovida pela Rima Agropecuária na Fazenda Santa Maria, em Entre Rios de Minas, município localizado na região central mineira. Em três dias foram vendidos 138 lotes de machos, fêmeas e prenhezes nelore, equinos e asininos por R$ 11,8 milhões, média geral de R$ 85,6 mil.

Senepol 3G Weekend

Superagro 2017

A Superagro Minas, um dos maiores encontros do agronegócio do país, foi promovido entre os dias 31 de maio e 5 de junho, no complexo Parque de Exposições da Gameleiras, em Belo Horizonte (MG). O evento recebeu quase três mil animais de 30 raças de cinco espécies (bovinos, equinos, asininos, caprinos, bubalinos e ovinos); entre eles, o zebuíno brahman chamou atenção pela beleza racial e docilidade.

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Em cinco dias de eventos, o Senepol 3G Weekend atraiu centenas de pessoas de várias partes do país interessadas em informação técnica sobre a pecuária e na aquisição de genética de ponta da raça. O evento, realizado na Fazenda Santa Inês, em Barretos (SP), entre os dias 24 e 28 de maio, contou com palestras técnicas e cinco leilões, sendo três de senepol. A programação ainda teve o Leilão Cavalo Quarto de Milha no dia 27 de maio, e um pregão beneficente que arrecadou R$ 500 mil em prol do Hospital do Câncer de Barretos, no dia 28 de maio.


Exportação baiana

Reunião e dia de campo CV

Com o tema ILPF (Integração Lavoura-PecuáriaFloresta) em destaque, a 3ª Reunião Técnica e o 4º Dia de Campo da Fazenda Campina foram realizados nos dias 19 e 20 de abril, na região de Presidente Prudente (SP). Promovidos pela Embrapa, Cocamar (Cooperativa Agroindustrial), Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) e Rede de Fomento ILPF, com apoio do Grupo CV, os dois eventos reuniram cerca de 850 pessoas, entre pecuaristas, agricultores e estudantes.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) realizaram em Eunápolis (BA), o Seminário da Rede Agropecuária de Comércio Exterior (InterAgro), em 29 de maio. O evento teve a participação de mais de 70 produtores rurais e lideranças do sul da Bahia e reuniu representantes do governo e setor privado, além da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb). Os participantes receberam informações sobre os procedimentos de exportação de produtos do setor agropecuário e discutiram temas como as etapas do processo aduaneiro, linhas de financiamento, acordos internacionais, entre outros.

SIAL China

Para estreitar os laços comerciais estabelecidos com chineses e reforçar a qualidade da carne brasileira junto a outros países importadores, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) participou do SIAL China, um dos mais importantes eventos globais de inovação no setor alimentício, promovido entre os dias 17 e 19 de maio, em Xangai. No estande de 512 m², os visitantes da feira conferiram produtos e soluções apresentadas pelos 15 associados da entidade presentes. Foram mais de US$ 23 milhões gerados em negócios para a indústria brasileira do segmento de carne bovina.

R$ 2,7 milhões em dois dias

Mais de 300 pessoas estiveram no tatersal da fazenda de Michel Caro e Patricia Zancaner Caro para participar do TRIO Bonsucesso 2017. Realizado nos dias 27 e 28 de maio, o faturamento total do evento alcançou cerca de R$ 2,7 milhões. O evento reuniu três oportunidades de negócios: comercializou touros, matrizes e doadoras. No dia 27 de maio, a fazenda ofertou 140 touros de 32 meses pela média de R$ 11,7 mil. Em 28 de maio, a Bonsucesso vendeu 110 matrizes pela média de R$ 8,56 mil.

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Seminário da ANCP

O 23º Seminário da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) aconteceu dia 12 de maio, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Cerca de 250 pessoas acompanharam as palestras e discussões sobre as inovações do melhoramento genético de bovinos de corte. As novidades foram apresentadas por palestrantes, nacionais e internacionais, que elucidaram as dúvidas de criadores, pesquisadores, técnicos, executivos de empresas da área de genética, programadores de melhoramento genético, associações das raças de bovinos e pecuaristas. O evento foi aberto pelo Prof. Raysildo Lôbo, presidente da ANCP, e pelo pecuarista Carlos Viacava, vice-presidente da instituição e titular do Nelore Mocho CV, que celebraram mais um ano de sucesso de encontro.

A palestra de abertura do evento foi proferida pelo pesquisador Ignácio Aguilar, do Instituto Nacional de Investigação Agropecuária do Uruguai, que falou sobre o “Procedimento do Passo Único GBLUP em Avaliações Genéticas de Bovinos de Corte”. O painel I contou com o tema “A aplicação de tecnologias na seleção”, moderado por Cláudio Magnabosco, pesquisador da Embrapa.

Dia de Campo Leite Forte

A Premix, em parceria com a MSD Saúde Animal e a Planalto Tratores Valtra, realizou o 1º Dia de Campo Leite Forte da Agropecuária OP, no dia 20 de maio, na Fazenda Buriti, em Ipameri (GO). No evento, que contou com a participação de 20 produtores rurais da região, foram informados os resultados obtidos pela propriedade, que registrou 28% de aumento na produção. Os dados foram apresentados por Lieber de Freitas Garcia, coordenador de Pecuária Leiteira na Premix.

ExpoCampos

BF Golias da Brasil Florestal TE346, da Fazenda da Brasil Florestal, é o grande campeão no julgamento Angus na 12 ExpoCampos Foto: Mario Tissot

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A Associação Brasileira de Angus tem a sua primeira exposição ranqueada na cidade de Campos Novos (SC), durante a 12ª ExpoCampos, tradicional feira agropecuária da cidade promovida em 2017 de 19 a 21 de maio, no Parque de Exposições Leônidas Rupp. Organizada pelo Núcleo Catarinense de Criadores de Angus, a exposição contou com 72 animais de argola, entre machos e fêmeas, que fazem parte do rebanho de quatro propriedades.


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O NELORE É A NOSSA MOEDA. SUA VALORIZAÇÃO DEPENDE DE INVESTIMENTO E COMPROMETIMENTO. LEILÃO VIRTUAL SANTA EDWIGES

LEILÃO REPRODUTORES NELOVALE 2017

15 DE JUNHO - 14h - CANAL RURAL RAPHAEL COUTINHO - FAZ. SANTA EDWIGES VIRTUAL (21) 99982-1597

09 DE JULHO - 11h30 FERNANDO BARBOSA TEIXEIRA RIO BRANCO - AC (68) 99985-0419

FAMÍLIAS DE SUCESSO GRUPO MONTE VERDE

MEGA EVENTO EAO - 750 TOUROS

LEILÃO VIRTUAL NELORE BULA & CONVIDADOS ESPECIAIS

MEGA EVENTO EAO - 250 FÊMEAS

15 DE JULHO - 12h30 - CANAL RURAL EAO AGROPECUÁRIA ITAGIBÁ - BA (73) 3531-8100

17 DE JUNHO - 14h - CANAL RURAL GRUPO MONTE VERDE UBERABA - MG (34) 3338-7004 - 99801-9070

16 DE JULHO - 12h30 - CANAL RURAL EAO AGROPECUÁRIA ITAGIBÁ - BA (73) 3531-810

20 DE JUNHO - 21h - CANAL RURAL NELORE BULA - MOZART VILELA ANDRADE VIRTUAL (67) 99944-1382

10º LEILÃO

LEILÃO HRO EMBRYO

23 DE JUNHO - 21h - CANAL RURAL HRO EMPREENDIMENTOS ARANDU - SP (14) 3766-1233

LEILÃO HRO NELORE ELITE

24 DE JUNHO - 14h - CANAL RURAL HRO EMPREENDIMENTOS ARANDU - SP (14) 3766-1233

GUADALUPE EAO EDIÇÃO VIRTUAL • FÊMEAS 2017

10º LEILÃO

GUADALUPE EAO EDIÇÃO VIRTUAL • TOUROS 2017

LEILÃO VIRTUAL GENÉTICA RS

27 DE JUNHO - 21h - CANAL RURAL ROBERTO E SIMONE BAVARESCO VIRTUAL (41) 99609-6219

7º VIRTUAL ELITE J FARIA & CONVIDADOS

30 DE JUNHO - 21h - CANAL TERRAVIVA JOSÉ JESUS APARECIDO DE FARIA VIRTUAL (17) 3321-6100

LEILÃO BRUMADO 2017

1 DE JULHO - 12h - CANAL RURAL FAZENDA BRUMADO - ANTONIO JOSÉ PRATA CARVALHO BARRETOS - SP (17) 3322-0166

LEILÃO TOUROS TERRA BOA 2 DE JULHO - 14h - CANAL RURAL JOSÉ LUIZ NIEMEYER DOS SANTOS GUARARAPES - SP (18) 3606-1132 - (18) 99666-9926

A ACNB RECOMENDA 60

#pecBR | junho/julho 2017

10º LEILÃO

GUADALUPE EAO

EDIÇÃO VIRTUAL • PRENHEZES 2017

10º LEILÃO GUADALUPE & EAO EDIÇÃO VIRTUAL - FÊMEAS 2017 29 DE JULHO - 13h - CANAL RURAL FAZENDA GUADALUPE, EAO NELORE SANTO ANTÔNIO DO ARACANGUÁ - SP (18) 3303-7200

10º LEILÃO GUADALUPE & EAO EDIÇÃO VIRTUAL - TOUROS 2017 30 DE JULHO - 13h - CANAL RURAL FAZENDA GUADALUPE, EAO NELORE SANTO ANTÔNIO DO ARACANGUÁ - SP (18) 3303-7200

10º LEILÃO GUADALUPE & EAO EDIÇÃO VIRTUAL - PRENHEZES 2017 31 DE JULHO - 21h - CANAL RURAL FAZENDA GUADALUPE, EAO NELORE SANTO ANTÔNIO DO ARACANGUÁ - SP (18) 3303-7200

LEILÃO VIRTUAL DE TOUROS VRC E FILHAS 1 DE AGOSTO - 21h - CANAL RURAL VICENTE RODRIGUES DA CUNHA VIRTUAL (18) 3623-8101

5º LEILÃO BOI COM BULA PREMIUM 21 DE AGOSTO - 21h - CANAL TERRAVIVA BEABISA, EAO AGROPECUÁRIA, FAZENDA MUNDO NOVO, NELORE JANDAIA UBERABA - MG (16) 3203-8815

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#pecBR

raça

SELEÇÃO . GENÉTICA . CRIAÇÃO . LEILÕES

Central Bela Vista Nova sede para maior da América Latina MELHORAMENTO Senepol

EQUINOS

Pantaneiro

BRANGUS

Cruzamento junho/julho 2017| #pecBR

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RAÇA

Foi inaugurada em Botucatu (SP) a nova sede da Central Bela Vista, que recebeu investimentos de mais de R$ 20 milhões – sem qualquer tipo de financiamento público, confirmando o quanto o Grupo CRV acredita no potencial da pecuária brasileira

A maior central de sêmen da

América Latina DIVULGAÇÃO

a

Central Bela Vista foi adquirida pelo Grupo CRV em 2011 e, no ano seguinte, já se anunciou a compra da nova propriedade, próxima à antiga sede, em Pardinho (SP), para abrigar as novas instalações. A empresa faturou R$ 6 milhões em 2016, com a produção de 1,6 milhão de doses, e espera fechar 2017 com R$ 10 milhões de faturamento e 2,6 milhões de doses produzidas. Agora, com essa nova estrutura, as expectativas

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RAÇA

são de expandir os negócios. “O investimento na nova sede foi de R$ 20 milhões só com a construção. Nós compramos a Central Bela Vista anos atrás porque sabíamos que precisávamos crescer. Desejamos uma central moderna, que tenha mais atenção para os animais, com segurança para os funcionários e com mais sustentabilidade. Aqui podemos plantar todo o milho, todo o capim, toda a alimentação. Sobre o investimento, é que temos uma visão para o Brasil, temos uma visão de maior produção. Achamos que o país pode produzir mais carne, mais leite, produtos agrícolas, de forma mais eficiente. Agora temos uma crise, mas em cinco anos será diferente. Dizer que ‘porque o Brasil está em crise não devemos investir’, é não estar lá quando o Brasil mais precisa. Confiamos muito no país”, garante o presidente da Central Bela Vista, Paul Vriesekoop. A propriedade conta com 130 hectares e é beneficiada pelo clima, com altitude próxima de 1.000 metros, o que, em conjunto com o isolamento sanitário, são importantes diferenciais para a produção de sêmen congelado de bovinos e bubalinos das mais diversas raças de corte e leite. Além disso, a nova sede da Central Bela Vista está estrategicamente localizada próxima às rodovias Castello Branco e Marechal Rondon. A fazenda conta com laboratório contendo equipamentos de última geração, banco de sêmen, curral de quarentena anti-stress, centro de coleta e piquetes funcionais, sempre visando o bem-estar dos animais. Além de sistema de irrigação nos piquetes e drenagem pluvial, as estruturas contam com ruas totalmente asfaltadas, facilitando a movimentação da misturadora e, consequentemente, oferecendo uma distribuição das dietas com melhor

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O Gerente de Operações Gerson Sanches com os holandeses Paul Vriesekoop, presidente da Central Bela Vista, e Roald van Noort, CEO da CRV

Peter Broeckx, Paul Vriesekoop, Nanna Stolze e Roald Van Noort

Diretoria, colaboradores e conselho da CRV na inauguração da nova sede, em Botucatu (SP)

Piquetes para até 500 reprodutores

qualidade e específica para necessidade de cada reprodutor. A nova sede também dá atenção especial à sustentabilidade, desde a produção de alimentos para nutrição animal, passando pela industrialização das doses, até o armazenamento. Outro ponto importante é que as fazendas ao redor são de produção agrícola, o que favorece ainda mais a situação sanitária da nova sede. “É uma central desenvolvida e construída em cima de três pilares: segurança dos funcionários, bem-estar dos animais e sustentabilidade. Quando falamos em segurança para os funcionários, falamos de piquetes, temos corredores específicos para os animais se movimentarem, cercas de 2 metros e 20 centímetros de altura. Já bem-estar dos animais, temos aqui todos os piquetes com irrigação, curral anti-stress e troncos hidráulicos que favorecem os animais. E sustentabilidade é produção própria de capim, pré-secado e tudo mais”, explica o Gerente de Operações da empresa, Gerson Sanches. “O objetivo é trabalharmos mantendo os mais elevados padrões de qualidade de sêmen para que o criador obtenha ótimos índices de prenhez ao usar esse produto em suas vacas e para que tenhamos também uma ótima gestão dos touros. Não há melhor lugar no Brasil para coletar sêmen dos touros além da Central Bela Vista”, acrescenta. “Nos próximos anos, o mercado de inseminação artificial vai crescer ainda mais porque as fazendas vão estar mais tecnificadas para obter os melhores resultados. O Grupo CRV tem muita experiência em produção de sêmen de ótima qualidade, tendo unidades espalhadas em diversos países do mundo. Agora, vamos ampliar esse serviço de coleta para atender os pecuaristas, centrais de inseminação e o mercado de exportação”, conclui o presidente da empresa, Paul. Inauguração A solenidade de inauguração contou com a presença de 250 convidados, entre autoridades brasileiras e holandesas, pecuaristas, clientes e colaboradores, no dia 16 de maio. Estiveram presentes o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim; a consulesa da Holanda, Nanna Stolze; o auditor fiscal federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Jean Guilherme Fernandes Joaquim; o deputado estadual Fernando Cury; o prefeito de Botucatu, Mario Pardini, o presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, Mario Cury, entre outros. Também marcaram presença o presidente da Central Bela Vista, Paul Vriesekoop, o CEO da CRV, Roald van Noort, o chairman da CRV, Peter Broeckx e conselheiros do Conselho de Supervisores da CRV, vindos da Holanda. Todos participaram da cerimônia que descerrou a fita e inaugurou oficialmente a nova sede. junho/julho 2017| #pecBR

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raça

Brangus em ascensão Cruzamento entre angus e zebu é uma opção certeira para várias regiões do país, e a cada dia se consolida como o casamento perfeito entre carne de qualidade e rusticidade

a

ABB E DIVULGAÇÃO

década de 1940 marca o início do boom da pecuária no Brasil. Foi nessa época que técnicos do Ministério da Agricultura, em Bagé (RS), realizaram os primeiros cruzamentos entre angus e zebu. O objetivo era a criação de um animal que apresentasse altos índices de produtividade, mesmo criado em condições de clima e meio-ambiente adversas, típicas das regiões tropicais e subtropicais, como é o caso do Brasil. A experiência inovadora deu certo. A Associação Brasileira de Brangus (ABB), criada em 1979, já registrou 406 mil animais. O crescimento de novos criadores foi de 38%, em 2015. No último ano, houve um acréscimo na comercialização e na produção de sêmen de 35%, gerando 250 mil doses. Segundo a ABB, 90%

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dos animais registrados são brangus 3/8, algo que atesta a consolidação da raça no país. A união da rusticidade das raças zebuínas (resistência a parasitas, tolerância ao calor, habilidade materna) com as vantagens do angus (qualidade da carne, precocidade sexual, elevado potencial materno) formou uma raça completa. A marca Brahman Canaã, da Agropecuária Leopoldino, foi cinco vezes consagrada Melhor Criador e Melhor Expositor da raça. A fazenda, que fica em São Carlos (SP), exporta genética para Bolívia, Paraguai e Panamá, entre outros países. Paulo Scatolin, responsável pela seleção, conta que no Mato Grosso existe um projeto de produção a campo de 30 mil matrizes cruzadas por ano com bons resultados. “Os animais brangus nascidos do projeto foram fantásticos, desmamaram com oito meses e mais de 300 kg e excelente acabamento. O zebu imprime fantástica rusticidade, enquanto o angus melhora a qualidade da carne, unindo o útil ao agradável. É o casamento perfeito”, afirma Paulo. Foram essas características que saltaram aos olhos do também pecuarista José Luiz Niemeyer dos Santos, tradicional selecionador de gado nelore, com mais de 50 anos de trabalho na Fazenda Terra Boa, em Guararapes (SP). Após arrendar uma fazenda em Dourados (MS) e comprar 600 vacas brangus e alguns touros, ele ficou admirado com o desempenho dos animais mesmo em um solo arenoso e seco. “Mesmo em precárias condições, o gado ia bem, o que me chamou atenção para a raça. Fiquei impressionado com a produtividade do rebanho. Separei uma cabeceira de novilhas, inseminei com os melhores touros, registrei-as e comecei a seleção do Brangus JT”, conta o selecionador. O sufixo JT é uma homenagem ao seu pai, José Travassos dos Santos, fundador da Terra Boa, cujo gado comercial usou sempre a marca JT.

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“Em todas as oportunidades de contato com nossos clientes, sempre nos preocupamos em ter informações sobre a adaptação de nossos touros aos variados tipos de manejos e regiões. Temos animais trabalhando em todo Brasil Central e no Norte, todos muito adaptados e com ótimos resultados”, afirma. Seleção Nos anos 1990, a Prata Agropecuária já tinha iniciado sua seleção de brangus na Fazenda Rio Bonito, em Umuarama (PR), partindo de um rebanho de tabapuã vermelho, oriundo de uma genética própria. No início da década seguinte, foram importados touros e novilhas que formaram a base genética própria, com touros 3/4 argentinos sobre vacas 1/4 americana. Com mais de 20 anos de seleção, o grupo está produzindo brangus 100% adaptado às condições da região Centro-oeste, sempre buscando o máximo de adaptação e criando animais que expressem seu potencial dentro das condições de pastos. “Criamos, assim, animais com genética própria para o Brasil central. Hoje o plantel conta com cerca de 600 matrizes”, conta o engenheiro agrônomo e criador Antônio Renato Prata, conhecido como Pratinha. Xará de Pratinha, Antônio Maércio de Jorge também sempre trabalhou com pecuária, investindo na vocação para o campo que herdou dos pais. Há mais de 11 anos, resolveu apostar alto no cruzamento industrial entre angus e brangus para produzir bezerros para o mercado inicialmente local, no estado do Mato Grosso. “Tinha medo de cruzar com essas raças e os animais não se adaptarem, já que a minha região é muito quente. Mas quando eu fiz as primeiras experiências, vi que funcionava muito bem”, conta, lembrando que foi um dos primeiros a arriscarem no Mato Grosso. “Na época, quase ninguém fazia isso. Mas, o mercado já sinalizava que procurava carne de alta qualidade e bezerros mais lucrativos”, justifica. Atualmente, ele administra duas fazendas da família: Aruã (em Porto Estrela) e São Jorge (em Barra do Bugres) e produz mais de 1,6 mil bezerros por ano. E vende tudo. “É só o mercado ficar sabendo que você tem bezerro cruzado para vender que não sobra um. Vendemos imediatamente. A procura é grande. A remuneração é bem melhor. Afinal, os animais alcançam peso a desmama muito superior. E o preço da fêmea é quase o mesmo do macho. Enquanto, nas outras raças, essa relação é bem diferente”, conta. 68

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O engenheiro agrônomo e criador Antônio Renato Prata seleciona brangus desde a década de 1990


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raça

Programa de melhoramento genĂŠtico

do Senepol

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Com 17 anos de seleção no Brasil e uma taxa de crescimento superior a 20%, a raça bovina de corte Senepol agora conta com um programa oficial de abrangência nacional para promover a sua contínua evolução genética

o

Programa de Melhoramento Genético do Senepol (PMGS) acaba de ser lançado pela Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCB Senepol) com o objetivo de oferecer aos selecionadores ferramentas para o conhecimento do valor genético de seus animais e para auxiliar nos processos de melhoramento animal. “Com o surgimento da genômica nos últimos anos, muitos conceitos e estratégias têm sido revistos e aprimorados em programas de melhoramento genético em todas as raças. No senepol não será diferente. Para fazer frente a este desafio, o PMGS se assenta em quatro etapas fundamentais, algumas delas desenvolvidas há algum tempo pela associação e outras, como é o caso da genômica, serão implantadas em breve”, explica o presidente da ABCB Senepol, Pedro Crosara Gustin. Segundo o superintendente técnico da entidade, Celso Menezes, o programa possui adesão voluntária dos criadores. “O PMGS tem o objetivo fundamental de criarmos o Arquivo Zootécnico Nacional da raça senepol, centralizando todas as informações de provas e avaliações em um único banco de dados e garantindo a evolução e a sustentabilidade da raça para as gerações futuras sem nenhum tipo de interferência”, explica. A primeira parte do PMGS é o Registro Genealógico de Nascimento e Definitivo (RGN/ RGD), que permite a identificação individual de um animal em relação a seu pedigree, idade, dados fenotípicos e genotípicos. As informações de registro que constam no banco de dados da entidade são essenciais para o melhor controle e

DIVULGAÇÃO

para o avanço do melhoramento genético da raça. Delegada do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para execução em todo o país do RGN/RGD da raça, a ABCB Senepol realizou até o ano passado quase 56 mil registros, número 27% maior que o de 2015. A Avaliação Genética e Geração das DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie) é a segunda parte do PMGS. O programa Geneplus (Embrapa) é o responsável pela geração das DEPs da raça, trabalho que vem sendo realizado desde 2010 por meio de contrato de cooperação técnica com a associação. As avaliações genéticas proporcionam a comparação entre o valor genético dos indivíduos para diferentes características. Esse é um processo contínuo que se aprimora a medida que o banco de animais avaliados aumenta. Na edição do Sumário de Touros de 2016, a base de dados analisados chegou a 69,2 mil, em uma matriz de parentesco de 82,1 mil indivíduos. “Possuímos a maior base de dados do senepol no Brasil e acreditamos que também em nível mundial. Nossos técnicos inspetores já estão em fase final de habilitação para serem também técnicos de melhoramento do programa Geneplus, visando a minimização de custos aos criadores associados”, informa Pedro. A terceira etapa do PMGS é direcionada para as Provas de Avaliação, que permitem analisar características de mensuração mais difícil, como ultrassonografia de carcaça, avaliação morfológica, eficiência alimentar, aspectos reprodutivos. As informações geradas pelas provas serão usadas para ampliar a base de dados do PMGS.

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A genômica é a quarta etapa do programa, sendo a única que ainda não está implantada. Esta tecnologia consiste da análise direta do DNA do animal, através de uma amostra de pelo, sangue ou tecido de orelha, para geração de informação que auxiliarão os sistemas de seleção da raça. Foram estabelecidos quatro níveis de aplicação da genômica para a raça, sendo que todos eles estarão integrados em um único teste de DNA. Neste primeiro momento, já está sendo estruturado o teste de marcadores diretos para as seguintes características: musculatura dupla (relacionada a problemas que afetam o desempenho do animal) e tamanho de pelo (ligado à adaptabilidade da raça). Em curto prazo, ocorrerá o aprimoramento das DEPs tradicionais para peso e carcaça com a incorporação da genômica, aumentando a precisão das mesmas. Em médio prazo, o PMGS terá o desenvolvimento da genômica para características novas como eficiência alimentar, reprodução e qualidade de carcaça. “É necessário resguardar a caracterização morfológica e funcional da raça, conciliando ferramentas tradicionais com as novas tecnologias, para que possamos evidenciar cada dia mais os benefícios e atributos que nossa raça proporciona à pecuária de corte nacional”, finaliza o presidente da ABCB Senepol.

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Presidente da ABCB Senepol, Pedro Crosara Gustin


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RAÇA

Cavalo

pantaneiro Estudo recente com mais de 11 mil animais revelou que raça equina pantaneira possui maior diversidade genética quando comparada às outras do país DIVULGAÇÃO, NICOLI DICHOFF E RAQUEL BRUNELLI

P

esquisa conduzida pela Embrapa Pantanal em parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Pantaneiro (ABCCP) por três anos revelou grande variabilidade genética na raça como um todo. “A análise de pedigree é uma das mais simples do ponto de vista genético. Avaliamos a genealogia dos animais e, a partir desses dados, conseguimos ver o quanto eles são mais próximos ou mais distantes entre si. Dessa forma, é possível visualizar quais seriam as principais famílias, as que são fundadoras da raça, atualmente. Essa questão é fundamental para discutir

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a endogamia (acasalamento entre indivíduos aparentados, geneticamente semelhantes) dentro do rebanho”, explica o pesquisador Samuel Paiva, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Com a análise de pedigree de mais de 11 mil animais, a pesquisa afirma que o cavalo pantaneiro possui baixos graus de consanguinidade, de forma geral. De acordo com o pesquisador, os estudos identificaram 11 “famílias” dentro da ampla variabilidade genética verificada na raça. Neste momento, a empresa de pesquisa discute com criadores as possibilidades para a cessão de sêmen de garanhões de cada uma das famílias identificadas para o banco genético da Embrapa com o objetivo de subsidiar pesquisas futuras. Os dados das pesquisas foram discutidos durante um encontro de produtores rurais e representantes da ABCCP, em de Campo Grande (MS). A pesquisadora Sandra Santos, da Embrapa Pantanal, conversou com o grupo sobre a criação de um núcleo de reprodução que reúna garanhões dos 11 grandes grupos genéticos da raça. “Essa ideia surgiu a partir da demanda de um criador, que nos procurou para falar sobre a preocupação com o ‘afunilamento’ da raça. Isso mostra que eles têm interesse em manter a diversidade”, afirma. Para a pesquisadora, a consanguinidade entre os animais gera perdas de características relacionadas a desempenho, produtividade e adaptação, entre outros fatores. “Esse trabalho de investigação genética e análise de pedigree é a base para realizarmos cruzamentos planejados e melhoramentos futuros. Podemos buscar formas de levar a raça a uma grande produtividade, mas temos que respeitar a diversidade ao mesmo tempo. Podemos aliar as duas coisas”, garante. O presidente da ABCCP Paulo Freitas participou do encontro e contou que a criação do núcleo de reprodução está em andamento. “Nós já temos uma estrutura bastante razoável em Poconé (MT), com baias, espaço para pastar e pessoas para cuidar dos animais. A ideia seria conversar com os criadores para disponibilizar esses garanhões e trabalhar com recomendações técnicas sobre os melhores cruzamentos para cada caso, buscando genéticas mais distantes do criatório de cada um”, objetiva.

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A arte de

criar nelore em cenário paradisíaco Nelore Breeders Cup é um evento inédito que reunirá os melhores criadores do Brasil em um dos mais requintados resorts do país para uma competição nunca antes vista

n

elore Euro Motors Breeders Cup é um evento inédito e inovador que reunirá os melhores criadores do Brasil no melhor resort para família do país e segundo melhor do mundo. Em disputa acirrada nunca antes vista, com mais de R$80 mil em prêmios. E para completar com excelência o evento, um grande remate promovido pelos criatórios Nelore Lince e Nelore Canaã. O belo eco resort Santa Clara, localizado em Dourado, no estado de São Paulo, será o cenário perfeito para um encontro nunca realizado antes no mundo do nelore. A Euro Motors Breeders Cup é um evento inovador e especialmente pensado para os criadores que pretendem avaliar a qualidade de seu plantel em disputa acirrada. O criador poderá inscrever seu time de até 10 animais, obrigatoriamente com a marca de seu criatório. Organizado pela LRS, com assessoria da SAP o evento será entre os dias 3 e 5 de agosto. Serão cinco campeonatos com duas categorias por idade cada: Campeonato Bezerro e Bezerra; Campeonato Júnior Menor e Novilha Menor; Campeonato Júnior Maior e Novilha Maior; Campeonato Touro Jovem e Fêmea Jovem; e o Campeonato Touro Sênior e Vaca Adulta. Todos os campeões participarão do grande campeonato, inclusive os bezerros vencedores. O jurado será escolhido pelos próprios criadores, dentre os profissionais do quadro da Associação Bra-

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sileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Remate Durante a Nelore Euro Motors Breeders Cup, na sexta feira do dia 4 de agosto, os criadores Cesar Garetti (Nelore Lince) e João Leopoldino (Nelore Canaã), prometem surpreender também disponibilizando a melhor genética de seus criatórios no primeiro remate Excelência Lince e Canaã, com transmissão ao vivo pelo Canal Ruralx e Remate Web, a partir das 21h. Cenário A sede do hotel é uma fazenda construída no início do século XX pela família do Presidente Washington Luís, que mantem até hoje todo o seu charme e requinte. Em harmonia com a natureza, próximo a cidades como Brotas, Jaú, São Carlos e Ribeirão Preto. Eleito pela TripAdvisor o melhor hotel para famílias do Brasil e o 2º melhor do mundo, conquistando assim o selo qualidade Travellers’s Choice 2017. Perfeito para todas as idades, com estrutura completa de lazer, dispõe de seis piscinas, hípica, quadras, campo de futebol, um parque de aventuras completo e monitoria para a criançada a partir dos três anos de idade. Mas, se a intenção é descansar e voltar pra casa renovado, o SPA by L’Occitane está totalmente preparado para relaxar e cuidar do seu corpo, em num espaço de 500 metros quadados, com sauna, piscina privativa, banhos, massagens e tratamentos para o corpo com produtos da marca francesa que dá nome ao SPA.


João Leopoldino Neto e César Tomé Garetti: promotores do evento junho/julho 2017| #pecBR

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#pecBR

carne

PRODUÇÃO . MERCADO . ARROBA

Pronto para o abate O modelo ideal para o frigorífico

TERMINAÇÃO Eficiência alimentar junho/julho 2017| #pecBR

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carne

Modelo

frigorĂ­fico 84

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Demanda de um mercado em evolução faz retornar à pista da ExpoZebu concurso de melhor carcaça

DIVULGAÇÃO e gustavo miguel

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busca pela carne perfeita começa muito antes do supermercado. A produção de qualidade é iniciada no pasto, construída em cima de genética selecionada para essa finalidade. Quão mais apurado o trabalho de seleção, mais resultado dará. Esse saldo é medido pela qualidade da carcaça que o animal apresenta quando vai para o frigorífico, que é o que define que tipo de carne ele produz. Nesse sentido, mais qualidade quer dizer mais lucro. “É preciso melhorar os processos de produção para aumentar os ganhos da cadeia produtiva. Os produtores já estão recebendo mais por carcaças de alta qualidade. E a cada ano cresce o número de produtos dentro do padrão de qualidade”, garante o diretor de relacionamento

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carne

Jurado Fabiano Araújo elegeu os melhores exemplares para o frigorífico

Criador de sindi e diretor da ABCZ, Adáldio Castilho entrega premiação para José Humberto Camparino pelo melhor exemplar da raça

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com pecuaristas do Grupo JBS, Fábio Dias. Esse é um dos motivos pelo qual o Campeonato Modelo Frigorífico retornou à pista da maior feira zebuína do mundo, a ExpoZebu, depois de quase duas décadas fora do evento. Esse ano com o novo formato, a disputa teve a participação das raças guzerá, gir, nelore, nelore mocho, sindi e tabapuã. Todos inscritos foram machos de 16 a 20 meses, participantes de algum programa de melhoramento genético e classificados no máximo em TOP 20%. O julgamento aconteceu sob o comando do jurado Fabiano Rodrigues da Cunha Araújo, auxiliado por Érica Priscila. “Esse julgamento é um pouco diferente do tradicional porque foca em características econômicas que garantem mais rentabilidade à indústria frigorífica, como desempenho, rendimento e terminação. O animal precisa apresentar equilíbrio entre elas. Uma vez que o zebu apresente essas características de forma equilibrada passa a ser a primeira opção do pecuarista, pois é a garantia de maiores ganhos por eficiência”, diz o jurado. Na raça brahman o animal vencedor foi Mister BR 1270, do casal Mary Lúcia e Adalberto Cardoso (Fazenda Braúnas), enquanto o exemplar vencedor da raça guzerá foi Torião J.A., advindo do espólio do guzeratista Paulo Emílio Almeida Carneiro (Fazenda Palestina), atualmente administrado pelo irmão Marcos Carneiro e filho, Cláudio Carneiro. “A seleção da Fazenda Palestina busca musculosidade na carcaça desde o início, por isso saímos na frente quando o assunto é modelo para o frigorífico. Sempre trabalhando um animal produtivo sem esquecer a caracterização racial, esse sempre foi nosso foco. O ganhador do concurso é exemplo disso: um animal extremamente precoce, com carcaça ampla, que agrada tanto na parte frigorífica quanto racial”, conta o zootecnista da seleção mineira, Gustavo Henrique Carneiro de Souza. Já no nelore padrão o ganhador foi Gaiado 1, vindo do plantel de Jaime Pinheiro (Agropecuária Vila dos Pinheiros), e no nelore mocho foi Tripodi ER do FSN, de Evandro Reis da Silva Filho (Fazenda Serra Negra). A raça tabapuã premiou um animal do criatório de Gustavo Oliveira de Souza (Fazenda Gurita), Textil Fiv de Tabapuã; enquanto o sindi teve eleito como melhor exemplar o tou-


Presidente da Nelore do Brasil Renato Barcellos premia a HVP Agropecuária, representada por Nielce Crispim

Criador da Fazenda Braúnas, Adalberto Cardoso recebe premiação do selecionador de nelore José Furtado, da Agropecuária RFA

ro Cravo Camparino, do criador José Humberto Villela Martins (Fazenda Camparino). “O gado tem de ser bonito e funcional, além de ser dócil. O rebanho precisa ter fertilidade com precocidade, produtividade e rusticidade”, explica o selecionador José Humberto, que, além de sindi, também cria nelore, gir leiteiro e o equino quarto de milha, em Cárceres (MT). “Esse campeonato traduz a real finalidade de qualquer raça, que é a produção e carne com qualidade”, afirma o gerente da Agropecuária da Vila dos Pinheiros, Nielce Crispim. O brahmista Adalberto Cardoso, presidente da Associação dos Criadores de Brasil do Brasil (ACBB), concorda com Nielce. “Aqui avaliamos o que o campo realmente precisa”, garante.

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CARNE

Eficiência

alimentar Bovino que ganha mais peso comendo menos é um ponto chave na produção de carne DALÍZIA AGUIAR E DIVULGAÇÃO

Criatório de brahman em Uberlândia destaca eficiência alimentar

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B Pesquisador Luiz Otávio Campos da Silva, da Embrapa Gado de Corte

ovinos eficientes produzem mais carne e têm menor custo de produção. Em busca da genética desse animal, a Embrapa está conduzindo em quatro estados brasileiros um estudo sobre conversão alimentar com inédita utilização de balanças e cochos eletrônicos de última geração. “É a primeira vez que pesquisamos eficiência alimentar em larga escala na Embrapa, graças ao avanço tecnológico”, afirma o líder da pesquisa, Luiz Otávio Campos da Silva, da Embrapa Gado de Corte. Ele explica que a eficiência é a relação entre o que o indivíduo consome e o seu ganho de peso. Para conferir isso, é preciso medir quanto do alimento que o animal comeu foi convertido em carne. O cientista frisa que essa medição requer investimento, equipamento e recursos humanos especializados. Os cochos automáticos instalados em centros de pesquisa da Embrapa em Bagé (RS), Campo Grande (MS), São Carlos (SP) e Santo Antônio de Goiás (GO) fazem a medição em seis raças: nelore, caracu, senepol, canchim, brangus e hereford. Por meio de uma estrutura automatizada computadorizada, formada por cochos eletrônicos e estações de pesagem conectados 24 horas, com fornecimento de informações em tempo real, é possível gerar dados de consumo e comportamento alimentar com mais confiabilidade e acurácia. O melhorista da Embrapa Roberto Augusto de Almeida Torres Júnior, um dos responsáveis pelas metodologias genético-estatísticas do projeto, explica que a eficiência alimentar é baseada no consumo animal de matéria seca, ganho médio do animal no período, peso médio metabólico (demanda de energia para mantença) e ganho médio por dia. Com isso calcula-se o consumo esperado para cada animal e perspectivas de ganho no peso. “Ao fim, a variável de eficiência é basicamente a diferença entre o quanto o animal de fato consumiu e o quanto esperávamos que consumisse”, explica. Os tourinhos usados no estudo são de rebanhos de parceiros externos e da própria Embrapa. Trata-se de animais já com genética superior, puros de origem (PO), aptos para o papel de reprodutores em futuro próximo, promovendo, assim, uma redução no intervalo entre as gerações.

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Genética para carne A genética é ponto essencial para otimização de qualquer característica, especialmente a eficiência alimentar. “A mensuração do consumo alimentar residual (CAR) é de grande importância para o setor pecuário, uma vez que permite identificar animais geneticamente mais eficientes, de menor consumo alimentar, promovendo o aumento da produtividade, ao mesmo tempo em que se reduz o custo de produção”, explica Carina Ubirajara, professora doutora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Tanta é a importância da característica para seleção de bovinos de corte que, no último ano, o Programa Nacional de Touros Jovens (PNAT) da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) adicionou a obrigatoriedade do teste de Eficiência Alimentar para os animais participantes. “Além do critério da avaliação genética do Programa, este teste capacitará os animais que são eficientes no quesito de grande custo econômico para a atividade pecuária”, explica o gerente de melhoramento genético da ABCZ, Lauro Fraga. A iniciativa atende uma exigência do mercado, que procura animais cada vez mais produtivos. “É uma característica de grande impacto econômico nos sistemas de produção, pois produzir carne consumindo cada vez menos recursos implica em maior eficiência e, consequentemente, menor impacto ambiental e maior lucratividade para o criador”, define Henrique Ventura, Superintendente Técnico-Adjunto de Melhoramento Genético da ABCZ. No criatório mineiro Uberbrahman (projeto pecuário dos criadores Aldo Valente e Carlos Balbino), a eficiência alimentar é um dos principais pontos levados em consideração na avaliação do rebanho, que reconhecido como referência dentro da raça zebuína brahman. “Em mais de 10 anos de estudos percebemos que precisamos buscar o equilíbrio. Já trabalhamos para que virtudes como precocidade, ganho de peso e qualidade de carcaça se juntem na medida certa e sejam interessantes para expressar essa composição genética superior em vários sistemas de produção. O animal que se sai bem no Uberbrahman vai ter bons resultados em outros criatórios. Hoje nosso diferencial está na eficiência alimentar e isso é muito importante, porque os animais que comem menos para produzir no mesmo nível dos outros, vão ser mais rentáveis na propriedade pecuária”, afirma Giovana Faria de Moraes, médica veterinária pesquisadora doutoranda em Reprodução Animal pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) que dá suporte aos estudos desenvolvidos junto ao plantel.

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ourofinosaudeanimal.com

Ourofino, 30 anos.

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Inspirar para cuidar, produzir e desenvolver.

Desde o primeiro dia, sabíamos que para conquistar nosso espaço no mercado, precisaríamos ousar. Com empreendedorismo, fomos pioneiros em ações inovadoras no setor da indústria veterinária brasileira. Reforçamos o nosso compromisso de continuar inspirando práticas e investindo em soluções integradas para os mercados pet e de animais de produção.

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leite

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NUTRIÇÃO . PRODUÇÃO . ORDENHA

Mato Grosso Pecuária leiteira cresce no estado

CONFINAMENTO Confortável junho/julho 2017| #pecBR

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LEITE

Mato-Grossense Estado tradicionalmente produtor de carne a pasto, Mato Grosso se destaca na pecuรกria leiteira Gustavo Miguel

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ato Grosso é o oitavo produtor nacional de leite, com uma produção anual de 618 milhões de litros, o que representa apenas 3% da produção brasileira. Apesar disso, nos últimos 10 anos a produção de leite cresceu 154,29%. Mesmo com as dificuldades, a cadeia produtiva está em expansão no estado. Somente a região oeste do estado é responsável por 43% da produção, ou seja, 264.914 milhões de litros/ano. Dados do Instituto Mato-grossense de Pesquisa Agropecuária (Imea) apontam que 84% das propriedades produtoras de leite contam com mão de obra familiar. A média da produção é de 5,9 litros por dia e apenas 2,9% contam com assistência técnica. Deste total, 2,6% recebem orientação dos laticínios e 0,3%, assistência técnica do setor público. “É uma cadeia produtiva formada por pequenos produtores e muito carente de assistência técnica”, explica o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), Otávio Celidonio. Produzir leite na região amazônica foi o maior desafio do produtor rural Nivaldo Michetti ao chegar em Mato Grosso, em 2010. Vindo de Santana de Itararé, no Paraná, o produtor investiu em uma propriedade rural no município mato-grossense de Paranaíta, a Estância Vanda. Apenas sete anos depois, sua fazenda ficou entre as sete vencedoras da segunda edição do Prêmio Sistema Famato em Campo, uma realização da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e Senar-MT. Além do desafio de produzir leite, Nivaldo optou em melhorar o ambiente onde ficam as vacas leiteiras. Para concluir o projeto, o produtor estabeleceu o plantio de árvores com o sistema de integração pecuária-floresta. “Devido à falta de informação, tive que fazer alguns experimentos de espaçamento e de escolha das melhores espécies para a região”, contou. Apostando na integração e interação de atividade, a estância tem superprodução de pastagem no período chuvoso. Um projeto futuro é se tornar referência na produção de leite na região norte de Mato Grosso para servir de exemplo para outros produtores. “Temos uma estrutura simples, porém eficaz na produção de leite. Nosso principal objetivo é compartilhar informação com outros produtores do estado”, relatou. O produtor rural aposta no conforto ambiental e na oferta

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leite

Superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), Otávio Celidonio

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de alimentos. Utiliza sistema de integração agricultura-pastagem-floresta. Na agricultura produz milho e cana-de-açúcar que são utilizados na produção de silagem e volumoso em época de escassez de pastagem. Também são usadas grandes quantidades de espécies forrageiras, com destaque para as brachiarias, pannicuns e cynodons em um sistema de pastejo rotacionado. O sombreamento é feito com eucaliptos e mogno africano, o que é considerado por ele como fundamental para o sistema, já que o gado tem grande concentração de sangue europeu obtido do cruzamento de jersey e holandês, conhecido com jersolando. Orgulhoso com os trabalhos realizados na propriedade, o pecuarista conta que em 2016 a produção média foi de 900 litros/dia, com uma média de 18,5 litros/vaca em lactação no período de seca e 16 litros/dia nas águas. Atualmente, na estância são 42 vacas em lactação. “Somos abençoados porque estamos em uma região farta, com água de qualidade e em abundância. A logística é favorável aos negócios. Podemos contar com três laticínios na região”, conta Nivaldo.


Trabalho familiar É escuro e o relógio ainda não marca quatro horas da manhã, mas Deocleciano Francisco Feliciano, que já comemorou 70 aniversários, e o filho Marcosoney Feliciano Souza já estão na sala de ordenha. Há 18 meses, o processo era feito manualmente e a produção não passava de dois litros de leite por vaca. Com o ingresso da família no programa Senar Tec Leite e a implantação da ordenha mecânica, esse número chegou a seis litros por vaca, ou seja, houve um aumento de mais de 130% na produção de leite por animal em lactação. Nesses 18 meses, muitas mudanças aconteceram no Sitio Boa Esperança. O Senar Tec Leite leva assistência técnica e gerencial para cerca de 120 produtores na região de Pontes e Lacerda, oeste do Estado. Os cinco técnicos envolvidos no programa fazem visitas mensais aos produtores, orientando, fazendo anotações e ajudando a analisar e tomar decisões sobre as ações realizadas dentro da propriedade. No sitio Boa Esperança quem acompanha a família Feliciano é a zootecnista Leticia Carvalho. Mensalmente, ela se reúne com o proprietário para, juntos, analisarem as anotações e alinharem as ações para os próximos 30 dias. Além da melhoria na higiene da sala de ordenha, parte do pasto está passando por uma reforma e a capineira também já está pronta, o que vai garantir a alimentação dos animais para o período da seca. Marcosoney conta que, com pequenas mudanças houve uma melhoria muito grande na qualidade do leite. “Tanto que passamos a receber seis centavos a mais por litro de leite em função da melhoria de qualidade. Além disso, também estamos melhorando o rebanho por meio de inseminação artificial. Temos 47 novilhas inseminadas”, conta. O rebanho do sitio Boa Esperança é composto atualmente por 260 animais. Além das 47 novilhas que já estão inseminadas, tem ainda 52

Maressa Vilela, administradora seleção GV5

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vacas em lactação, 24 “secas”, 14 animais destinados ao descarte, 28 bezerras e mais 24 bezerros em aleitamento. Genética para o leite Nesse cenário majoritariamente dominado pela produção em pequena escala, existem grandes selecionadores de genética trabalhando em prol de um Mato Grosso que produza mais leite. Exemplo disso são os criadores de gir leiteiro Evandro do Carmo Guimarães e Aylon David Neves, que juntos formam a Basa Pantanal. Com um criatório de ponta em Jangada, município no oeste de Mato Grosso, a dupla cria gir leiteiro e holandês de alto padrão para produzir um meio-sangue girolando de qualidade superior e disseminar genética. O projeto Basa Pantanal mantém um estoque de mil animais meio-sangue para pronta entrega, além de uma produção leiteira de 3,5 mil litros por dia para demonstrar a genética funcional. O objetivo é atingir cinco mil litros,

o que se concretizará em breve. A produção individual dos animais é destaque, bem acima da média encontrada no estado. As melhores primíparas chegaram a produzir até 30kg de leite por dia, atingindo até 57kg na segunda gestão. “O objetivo do nosso trabalho é agilizar o crescimento do estado através do melhoramento genético. Mato Grosso tem tudo para ser o maior produtor de leite do país. Já é o maior produtor de algodão, soja e carne, e em breve será também de leite. As perspectivas são boas para os produtores. Existem laticínios abrindo e tudo indica um futuro promissor”, afiança o selecionador Aylon. Com área quase equivalente ao país vizinho, a Bolívia, o estado do Mato Grosso é pioneiro em produção de proteína animal a pasto. Em 1968, Getúlio Vilela de Figueiredo comprou terras no estado e, por quase quarenta anos, produziu animais para corte. Em 2008, o criador percebeu que faltava alguma coisa por ali: o leite. Nascia ali a marca Gv5. Hoje, a qualidade genética do rebanho leiteiro de Mato Grosso é destacada no cenário nacional. “Quando cheguei aqui, existia um estado muito grande para ser construído. Hoje, sabemos que esse estado é uma realidade. Acreditamos no Mato Grosso como uma futura bacia leiteira do país”, conta o selecionador mineiro, que se radicou mato-grossense. “O mercado precisa de genética de qualidade, principalmente no Mato Grosso. Por isso, estamos constantemente avaliando nosso rebanho para multiplicar linhagens que nos tragam resultados cada dia melhores. Queremos estar entre os melhores e ter a certeza que estamos contribuindo para melhorar a genética do gado de leite nacionalmente. Acreditamos no potencial do estado e investimos nisso”, explica Maressa Vilela, filha de Getúlio e administradora da fazenda.

Basa Pantanal, projeto de genética leiteira dos criadores de gir leiteiro Evandro do Carmo Guimarães e Aylon David Neves

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O alojamento de descanso para o gado leiteiro começou a ser utilizado nos Estados Unidos, na década de 1980

Confinamento mais confortável

artesanal Um tipo de confinamento para produção de leite que aumenta o bem-estar animal e já utilizado em países de clima temperado está sendo avaliado para as condições brasileiras carlos lopes, Embrapa, Semex e Divulgação

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leite

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técnica chama a atenção de pecuaristas de olho nos resultados ligados ao manejo do rebanho, ao aumento da produtividade e à saúde dos animais. O que está por trás deles é um nome estrangeiro, que vem sendo falado cada vez mais no setor produtivo nacional: “compost barn”, que pode ser traduzido livremente como “estábulo de composto”. O sistema de instalação visa reduzir custos de implantação e manutenção, melhorar índices produtivos e sanitários dos rebanhos e possibilitar o uso correto de dejetos orgânicos (fezes e urina) provenientes da atividade leiteira. Trata-se de uma alternativa aos sistemas de produção de leite em confinamento denominados free stall, no qual as vacas ficam retidas em baias de poucos metros quadrados, ou tie stall, em que os animais são criados, também em baias individuais, presos a correntes. O compost barn tem por característica deixar os animais livres no estábulo. Embora continue confinada, a vaca circula à vontade, interagindo com as outras, o que possibilita que ela exercite seus instintos sociais com o grupo e apresente cio com mais facilidade, o que melhora os índices reprodutivos. Esse sistema de produção chegou ao Brasil em 2011, já sendo adotado em países como Estados Unidos, Canadá, Holanda e Israel desde meados de 1980. Cerca de 300 produtores brasileiros já optaram pelo compost barn, seja adaptando antigos free stalls, seja construindo um novo sistema. Mas, ainda há poucas informações da pesquisa agropecuária nacional sobre sua adaptabilidade às condições do país. Para suprir esta lacuna, a Embrapa Gado de Leite (MG) vem realizando, desde 2014, um estudo sobre o uso da tecnologia. “Por ser uma técnica importada de países com clima temperado é necessário que verifiquemos sua adaptabilidade às condições tropicais”, diz o pesquisador Alessandro Guimarães, que está à frente dos trabalhos. A principal característica do compost barn é a utilização de uma “cama” orgânica cobrindo todo o estábulo. Em função dessa característica, vários outros aspectos de engenharia agronômica foram modificados em comparação aos sistemas de confinamento tradicionais. As baias, com suas camas de areia ou de borracha, por exemplo, foram abolidas. Em vez do concreto, que prejudica o casco dos bovinos, o piso

do estábulo é formado por material orgânico que pode ser serragem e casca de amendoim, ou outro material orgânico que seja de baixo custo e de fácil disponibilidade para o produtor. Cama vira adubo A cama fica em contato com o solo, com uma altura entre 20 e 50 centímetros. As vacas defecam e urinam no material, dando início ao processo denominado “compostagem”, que controla a decomposição de materiais orgânicos. No caso do compost barn, os resíduos depositados pela vaca passam por uma semi compostagem aeróbica (em contato com o ar). Para que isso ocorra de forma efetiva, a cama deve estar sempre seca e passar por uma constante aeração, o que é feito por meio de ventiladores e com a escarificação duas vezes ao dia (revolvimento do material com tratores e enxadas mecânicas). O composto é removido e substituído de tempos em tempos. Dependendo do manejo, a cama pode ficar até um ano sendo utilizada no estábulo. Ao substituir por um novo composto, o material velho pode ser vendido como adubo orgânico ou utilizado na propriedade para fertilizar o solo, o que dá ao pro-

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cesso um importante apelo ambiental.

Executivo do Grupo Araunah, Jônadan Ma.

Exemplo A Agropecuária Boa Fé, empresa do Grupo Araunah com sede em Conquista (MG), em 2017 comemorou um ano de implementação da tecnologia. “Foram investidos mais de um milhão de reais para construir essa estrutura coberta e climatizada de dois mil metros quadrados. Optamos por esse sistema depois de pesquisar o que seria melhor para a região. As vacas ficam em um ambiente confortável e tem alimento disponível 24 horas, o que potencializa a produção de leite”, explica Fabiano Camargo, gerente da empresa agropecuária. A estrutura é um galpão com capacidade para até 240 vacas, que são ordenhadas diariamente. Além de propiciar maior conforto para o rebanho, a tecnologia compost barn também favorece a higiene do local e dos animais, assim como diminui o odor e incidência de moscas, o que facilita a salubridade do produto final. Além dessa tecnologia, na fazenda todos os animais são monitorados todo o tempo, o que possibilita maior controle da produção através de softwares de monitoramento. A Agropecuária explora de maneira integrada culturas de soja, milho, cana, aveia e sorgo, consorciadas com eucaliptos e a pecuária leiteira, totalmente tecnificada e intensiva. “Acreditamos que o caminho para produzir leite no futuro seja tecnologia de ponta. Objetivamos produzir 10 milhões de litros por ano antes de 2022, e, para isso, constantemente melhoramos nossa tecnologia de produção. É um trabalho contínuo. Através do compost barn demos um grande passo nessa direção, e estamos colhendo resultados muito positivos”, conta o engenheiro agrônomo e Diretor

Sustentabilidade Outro ponto positivo da tecnologia é que ela é sustentável. O sistema reduz os custos de implantação e manutenção, melhorando, além dos índices produtivos e sanitários, o uso dos dejetos orgânicos provenientes da atividade leiteira. O método concilia a produção e o meio ambiente, o que dá ao processo um importante apelo sustentável. O chão do galpão é coberto de serragem, que forma uma “cama orgânica” com cerca de 55 centímetros, onde o animal deixa seus dejetos. Essa cama é revirada de duas a três vezes ao dia (dependendo do clima), e a parte de cima é seca com o tempo e a ventilação, enquanto a parte inferior entra em processo de fermentação transformando a mistura em um rico adubo. O processo leva até um ano, e pode ser feito de maneira indefinida, suprindo a necessidade da lavoura. “É um ciclo sustentável de produção. A vaca come a ração produzida pela lavoura, o dejeto dessa comida vira adubo, que volta para lavoura para virar comida de novo. Assim, além de diminuirmos custos de produção e aumentarmos o bem-estar dos animais, também contribuímos para um agronegócio sustentável”, explica Fabiano.

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Zona rural GESTÃO . TECNOLOGIA . SUSTENTABILIDADE . MERCADO

O futuro chegou Fazenda inteligente já é realidade PIB Crescimento junho/julho 2017| #pecBR

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zona rural

Fazenda inteligente O futuro chegou também para o campo, e para crescer no meio não é mais suficiente apenas maquinário e genética de última geração. Agora, é necessário pensar cada detalhe com muita eficiência e precisão, e a tecnologia está aí para revolucionar divulgação

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perfil do pecuarista brasileiro mudou drasticamente nas últimas décadas. O estereótipo da enxada ficou no passado. Com a ascensão econômica vivida pela atividade, hoje responsável por 30% do Produto Interno Bruto (PIB), o consumo de tecnologia cresceu entre os criadores de gado. O mais evidente sinal dos novos tempos é o uso do smartphone. Com a ajuda do dispositivo móvel, o criador rastreia o gado, faz a análise de solo, monitora a fazenda, acompanha o abate e até constrói a cerca. Esta última novidade foi lançada pela empresa Belgo Bekaert Arames, líder nacional na venda de arames com sede em Contagem (MG), durante a Agrishow 2017, em Ribeirão Preto (SP). Parece um tanto simples, mas a cerca é o primeiro passo para tornar a pecuária mais produtiva e lucrativa. A estrutura garante controle sobre a pressão de pastejo exercida pelo gado, organiza a entrada no curral, ajuda a economizar em adubos e fertilizantes e possibilita gerir os nascimentos da bezerrada na estação reprodutiva, um dos mais importantes manejos de uma fazenda pecuária. Pensando nesta necessidade diária do pecuarista, a empresa investiu na criação do Belgo 3D, um aplicativo de celular exclusivo e disponível nos sistemas Android e iOS. Utilizando uma tecnologia inovadora de realidade aumentada, o usuário terá acesso instantâneo a projeções 3D de simulações de cercas com os produtos da empresa, além de vídeos instrutivos com dicas de instalação. Após baixar e abrir o aplicativo, basta apontar a câmera do celular para a imagem no catálogo de produtos da empresa para que ocorra a experiência em três dimensões. “Desenvolvemos o app para mostrar os produtos aplicados de forma rápida e simples, sendo possível visualizar a cerca instalada com seus fios e mourões. Sempre investindo em inovações tecnológicas como essa, a empresa elevou a comunicação com o pecuarista a um novo patamar”, explica Gustavo Nogueira, gerente de Negócios da Belgo Bekaert Arames.

Mariana Vasconcelos, CEO da Agrosmart

O futuro chegou Mas não foi só a cerca 3D que chamou atenção durante uma das maiores e mais completas feiras de tecnologia agrícola do mundo. A Agrishow teve na edição

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deste ano o espaço “Fazenda Inteligente: o futuro chegou”. O objetivo bem sucedido foi aproximar os produtores rurais das novas tecnologias de agropecuária digital que estão revolucionando a tomada de decisões e produtividade no campo. O projeto foi idealizado por seis startups pioneiras em agtech no Brasil: Agrosmart, Aegro, InCeres, Horus Aeronaves e SpecLab. As startups investidas pela SP Ventures, um dos 10 maiores fundos investidores em agtech no mundo, segundo a Agfunder, se uniram com o objetivo de apresentar ao público o resultado de um extensivo trabalho de pesquisa, além da vivência dos problemas no campo. As soluções apresentadas durante a feira já são acessíveis ao produtor brasileiro e aplicáveis à agropecuária de precisão, monitoramento da lavoura para irrigação inteligente, sistemas de gestão agrícola, drones, análise de solo dentre outras tecnologias de ponta. “A utilização de tecnologias digitais no campo está tornando as fazendas cada vez mais automatizadas e inteligentes. A captura e processamento de um grande volume de dados estão transformando a tomada de decisão no campo e essas inovações serão responsáveis pela expansão da próxima fronteira agrícola, ajudando o produtor a elevar a produtividade das lavouras para um novo patamar nunca antes visto no Brasil e no mundo, de forma mais sustentável”, explica Mariana Vasconcelos, CEO da Agrosmart. “Está se formando, no Brasil, um ecossistema muito favorável ao desenvolvimento de novas tecnologias. Nossa primeira participação e das demais empresas envolvidas com o projeto Fazenda Inteligente, durante a Agrishow, é uma prova de como esse movimento está evoluindo no Brasil”, reforça o CEO da InCeres, Leonardo Menegatti. Tecnologia da Informação “Se até ontem abrir espaço para automações e maquinários de ponta era suficiente para se diferenciar da concorrência (ou driblar as intempéries do setor), hoje, o cenário passa por uma nova transição com a presença da Tecnologia da Informação no segmento do agronegócio”, afirma o diretor da Unidade de Agronegócio da Mega Sistemas Corporativos, Gustavo Almeida. Segundo o executivo, as soluções inteligentes têm

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ajudado agricultores a aumentar a produtividade e a rentabilidade no campo, como, por exemplo, as ferramentas de gestão empresarial para os setores de Pecuária, Grãos, Fruticultura, Reflorestamento e Sucroalcooleiro. “Ao adotar um bom ERP (sistema de gestão empresarial, na sigla em inglês), o responsável pelo negócio poderá expandir a eficácia e a melhoria dos processos, garantir a assertividade no controle da produção e mais agilidade na sua comercialização, com a obtenção total dos custos por fases”, explica. “A automatização de todos os processos é um caminho para que o agronegócio continue crescendo no Brasil. Diante de tudo o que temos vivenciado nos últimos anos, também vale ressaltar a importância de intensificar a produção nacional de forma sustentável, que, por sua vez, poderá ser alcançada ao associar a elevação da renda do produtor rural ao que chamamos de inclusão produtiva. E isto será possível com o direcionamento dos investimentos ao uso assertivo da tecnologia”, conclui. Zootecnia de precisão O conceito de “zootecnia de precisão” pode ser definido como a gestão da produção animal que se baseia nos princípios e na tecnologia da Engenharia de Processos, sendo o principal meio através do qual ocorrerá a utilização de sensores ‘inteligentes’. Baseando-se no monitoramento automático e contínuo dos animais e dos processos físicos relacionados, a zootecnia de preci-

CEO da InCeres, Leonardo Menegatti


são trata a produção animal como um conjunto de processos interligados, onde os animais são monitorados continuamente, assim como todos os processos envolvidos em sua criação. “A fazenda inteligente já é uma realidade, agregando valor ao produto, auxiliando o manejo, a nutrição, a sanidade e garantindo o bem estar dos animais e consequentemente a qualidade do produto final”, garante a professora doutora Ibiara Almeida Paz, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), coordenadora do 2º Congresso de Zootecnia de Precisão, promovido em abril pelo Instituto Oswaldo Gessulli (IOG).

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zona rural

Agropecuária

impulsiona PIB Primeiro trimestre de 2017 resulta em leve retomada da economia, puxada pelo setor que sustenta o país e estima crescimento de 9% no acumulado do ano DIVULGAÇÃO

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Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre de 2017 cresceu 1% em relação ao quarto trimestre de 2016. Foi a primeira alta nessa comparação, após oito trimestres consecutivos de queda. Comparando com o mesmo período de 2016, o PIB recuou 0,4%. Já o PIB agropecuário teve alta de 13,4% no período, a maior em 21 anos. O resultado encerrou uma série de oito semestres consecutivos em queda na comparação com o trimestre anterior. Do R$ 1,595 trilhão totalizado pelo PIB, a agropecuária foi responsável por R$ 93,4 bilhões. Em comparação, a indústria teve expansão de 0,9% e o setor de serviços fechou estável entre um período e outro (0%). Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no início de junho. Foi o melhor desempenho do setor agropecuário em termos trimestrais desde 1996. “A agropecuária resiste à crise e mostra um bom desempenho. Resultado de uma boa safra, impulsionada pelo clima favorável, alta produtividade e pelos agricultores que utilizaram tecnologia de ponta”, opina o secretário adjunto da Agricultura de Santa Catarina, Airton Spies. O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, afirmou que o excelente resultado no primeiro trimestre é importante para o setor e mostra que “o produtor rural continua a acreditar na atividade, mesmo com a turbulência política e econômica que o país atravessa”. “Esse resultado é o melhor adubo para que a atividade consolide o seu responsável papel de dar suporte à retomada da normalidade social e política do país”, afirmou. Uma análise feita pelo Núcleo Econômico da CNA aponta que, além do clima favorável, o resultado positivo do setor se deve aos elevados investimentos dos produtores rurais na safra deste ano. “Este investimento foi focado em um pacote tecnológico como sementes, adubos e defensivos de elevado padrão de produtividade”, diz o texto do Comunicado da Confederação. A partir destes resultados do PIB, a entidade estima que a agropecuária apresente crescimento de 9% no acumulado do ano. Puxada pela perspectiva de uma supersafra e diante das re-

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formas econômicas, que se traduzem em maior credibilidade na economia, a agropecuária conseguiu atingir uma produção recorde. Apenas entre janeiro a março, o setor gerou R$ 93,4 bilhões em riqueza para o país, ante os R$ 52,871 bilhões registrados no trimestre imediatamente anterior. Um dos setores mais importantes da economia, a agricultura deve registrar neste ano uma safra recorde de grãos. A projeção é que a colheita chegue a 232 milhões de toneladas, aumento de 24,3% em relação à temporada passada, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Perspectivas O desempenho do setor agropecuário foi o principal responsável pelo crescimento esperado para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano. Mas as boas notícias vindas do campo não devem ficar restritas a estes três meses iniciais. De acordo com especialistas, a expectativa é que fatores como o clima e a baixa base de comparação, em relação a 2016, continuem dando frutos até dezembro, fazendo com que a produção agrícola cresça, na pior das estimativas até agora, 6%. Conforme o consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) Pedro Arantes, apesar da atual crise política, a previsão é que o setor agropecuário continue apresentando resultados expressivos, baseados nas safras agrícolas e graças às boas condições climáticas. “O agro ainda é o carro-chefe da economia brasileira. Ele é quem alavanca o PIB, com destaque, principalmente, nas culturas de milho e soja. Apenas aos preços das commodities dos milhos e soja que tiveram queda nos preços quanto comparada ao ano passado”, pontua o especialista. De acordo com o IBGE, o carro-chefe desta recuperação será a safra de grãos, estimando uma produção de 26,2% maior este ano na comparação com 2016, chegando a 233,1 milhões de toneladas.

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Wenderson Araújo

Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins


TendĂŞncias de mercado, campo e sustentabilidade

GELQ-2018 ESALQ/USP

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PECUARISTAS . ESPECIALISTAS . CRIADORES

Social

Os melhores eventos do bimestre

PERFIL Elair Bachi junho/julho 2017| #pecBR

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Elair Bachi foi o primeiro pecuarista a registrar um animal indubrasil no Rio Grande do Sul dentro da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) há dez anos, e, hoje é conhecido como um dos criadores que mais trabalha em prol da raça

Selecionador entusiasta

e

lair Bachi tem um carinho especial pela raça. Ele começou a selecioná-la há dez anos, quando tinha apenas 26 anos de idade, ao mesmo em tempo que se tornava um homem do agronegócio. Pós-graduado em Direito, preferiu o trabalho do campo ao dos tribunais, e hoje trabalha ao lado da família na sua propriedade, o Sítio Tio Fiorindo, em Paim Filho (RS), selecionando não só o indubrasil, mas também o gir leiteiro. Filho de Fiorindo Zucco Bachi e Pierina Belusso Bachi, Elair é uma pessoa de personalidade família, e que acredita que o indubrasil se encaixa perfeitamente nesse perfil. A docilidade e beleza da raça conquistaram a todos em sua casa, e o criador afirma que ela transformou a vida deles. Não é para menos que Elair é conhecido como um dos maiores entusiastas do meio. “Nós não entramos na raça para brincar. Dentro do nosso possível vamos fazer o que for necessário para propriedade crescer, ser viável. Mas também temos um compromisso social com a raça. A criação dela é muito gratificante, faz parte da vida da família”, conta. No começo, o Sítio Tio Fiorindo abrigava apenas seis animais. Hoje já são quase cem, e, muitos deles com genética dos campeões das pistas da Expointer. O indubrasil passou vinte anos fora da feira, mas retornou em 2011, pelas mãos de Elair. Ele se planejou por quase um ano, e, depois de muitos

desafios, expôs seis animais que encantaram a todos os presentes. Resultado disso, hoje a raça tem muito mais expressão no estado. O pecuarista conhecido pela sua força de vontade e prestígio entre os colegas da raça trabalha diariamente em prol do indubrasil, construindo parcerias e se associando com outras pessoas e empresas com a mesma crença e disposição que ele. “Algumas parcerias foram essenciais, como é o caso da revista Pecuária Brasil e dos amigos Eduardo Mulinari do Banco do Brasil, Valmir Kolcente do Banco Cresol e Marcos Pinto, do Banrisul; assim como o apoio de outras empresas como a Matsuda, Migro, I9 Sites, DN Pneus, Fadisol Semilha, FR Basso, Alta Genectics, FG Comércio e Representações, Agropecuária Piazza, Rufatto Contabilidade e Concessionária Guarita”, conta. Hoje a marca de Elair (EIF) está em vários cantos do país através da genética selecionada no Sítio Tio Fiorindo. Além disso, o trabalho também já desbravou fronteiras e chegou a outros países, a exemplo do touro Tupi, em coleta na central Alta Genetics, que exporta sêmen para o mundo todo. Para o criador, esse é o resultado de um trabalho árduo e levado a sério, sempre pensando em melhorar a agropecuária brasileira. “Minha grande missão como pecuarista é melhorar a pecuária de uma forma geral, colaborando naquilo que for possível para que o alimento de qualidade chegue à todas as mesas com preço acessível, e que todas as famílias tenham condições de consumir e comer bem”, finaliza.

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social

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Beth, Gustavo, Bruno, Pedro e Maria Helena

Bony, Val e Maurício

Carla, Jaqueline e Joana

Fred e Ciça

Gabriel, Felipe e Pedrinho

João, César e Paulo

Júlio e Dari

Júnior Baiano, Paulo, Adir e Willian

#pecBR | junho/julho 2017


Kátia, Bárbara e Valentina

Luiz, César e Cássio

Macedo e Mafra

Milton e Zé Furtado

Murilo, Gibertoni e Maria

Noemia e Iomar

Raphael, Marcelo e Bavaresco

Ronaldo, José Gilmar, Neíder e Cristiane

Thiago, Manoella, Sofia, Tathiana e Renato

Zé Furtado, Juraci, Jacilene e João Gabriel

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social

A FAMÍLIA 3G AGRADECE PRIMEIRAMENTE A DEUS, E TAMBÉM A TODOS NOSSOS COLABORADORES E AMIGOS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O SUCESSO DESTA EDIÇÃO! FOI REALMENTE UM SHOW! OBRIGADA FAMÍLIA SENEPOL!

Carolina, Luísa e Isabel

Fernanda e Thaisa

Gustavo, Nicole, Frederico e Marcos Achiles

Ilmara e José Vasconcelos

Renan, Pedro e Arthur

Jéssica, Victor e Lívia

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#pecBR | junho/julho 2017


João Daloia Neto, Gabriela, Maria Inês e João Daloia

Juninho Biasi, Chiquitão Senepol da Mata, Vinicius e Giuliano

Paulo e Vanderley Yamamoto

Perla, Rose e Aline

Regina, Cíntia e Dr. Tomazine

Rafael, Gabriel, João da Loya e Arthur

Rejaine e Hugo

Rômulo, Mari, Paulo, João Mário e Elisabeth

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social

Ana Cláudia, Guillermo, Celso, Deniz e João Gabriel

Fernando, Daniel, Letícia, Paulo e Brito

Ana Luisa, Renata e Meire

Henri, Ademir e Nathalia

Belinha, Solange, Cássio e Luiz

Artur e Marcelo

Luiz Carlos, Gabriel, Flávia, Irani e Bruna

Bruno e Mariane

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#pecBR | junho/julho 2017

Heverardo e Márcio


Bruno, Vanilton e ClĂĄudio

Douglas e Carol

Mateo, Victoria, Valentina, Maxxi, Stephanie e Bernardo

Enir e JosĂŠ Jaime

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social

Cadu, Antônio, Beto, Betinho, Marcelo, Luciano, Bavaresco e Franciele

Anorival, Diego, Zezão, Leandro e Clóvis

José Eduardo e Ana Elisa

José Humberto e AnÍbal

José Josias, Silvestre e Cida

Lourival, Emmanuelle e Vittório

Brito e Thiago

Léo, Gysele e Renato

Rafaela e Netinho

Matheus e Adaldinho

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#pecBR | junho/julho 2017

Valentina e Thiago

Sônia, Maria e Zé


Mafra Júnior, Osvaldinho, Rafael e Júnior Chaves

Antônio e Laísa

Mauro Christianinne e Jhoanna

Mazão e José Henrique

Miguel, Adir e João Leite

Nelclair e Irineu

Neyberth, Juan Carlos, Amir e Betinho

Noel e Agenor

Renata e Adáldio

Tônio, Brenda, Rafael, Gustavo, Lidiane, Luciana e Rodrigo

Wilson, João, Adalberto e Silvia

Henrique, Lucyana, Paulo, Michaela, Plauto e Cláudio

Milton de Marchi e Gustavo

Victor e Humberto

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Marcos Vinicius Biehl

opinião

Médico veterinário, doutor em Ciências e gestor nacional da Premix marcos.biehl@premix.com.br

técnico

Efeito da nutrição materna sob o desenvolvimento fetal

n

os últimos anos, muitas pesquisas têm sido realizadas com o objetivo de entender como a nutrição materna afeta a saúde e a produtividade durante o período pós-natal. Sabe-se que a nutrição materna durante a prenhez desempenha função essencial sob o desenvolvimento fetal e placentário, afetando diretamente a saúde e a produtividade da prole. Quando o manejo nutricional da matriz é deficiente, a subnutrição é uma consequência imediata, sendo reportadas severas complicações na produção animal, que incluem o aumento da mortalidade neonatal, disfunções respiratórias e intestinais, crescimento neonatal retardado e diferenças no diâmetro das fibras musculares. Como resultado ocorre a redução na qualidade da carne. Um aumento no suprimento de aminoácidos possui grandes implicações na programação fetal, pois quando a dieta é deficiente em cisteína ou taurina, grande parte da metionina é utilizada para conversão destes dois aminoácidos. Assim, a deficiência destes aminoácidos possui efeitos duradouros sobre os efeitos epigenéticos no desenvolvimento do feto. Com a subnutrição das fêmeas, ainda durante a placentação e estabelecimento do sistema vascular materno-fetal, é reduzida a transmissão das quantidades necessárias de nutrientes e de oxigênio, sendo estes muito exigidos durante o terço final de gestação. Além dos efeitos produtivos, ainda são reportados efeitos reprodutivos, onde novilhas oriundas de fêmeas submetidas a suplementos proteicos durante o terço final de gestação obtiveram a taxa de prenhez superior

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quando comparadas a novilhas oriundas de vacas não suplementadas. Em um segundo estudo, a suplementação proteica das vacas influenciou a puberdade das filhas, pois um maior número de fêmeas atingiu a puberdade, quando comparadas as filhas de vacas não suplementadas. Os efeitos de uma correta suplementação das matrizes sobre o seu próprio desempenho reprodutivo são notáveis. Em um experimento realizado por Nepomuceno, vacas foram submetidas a uma suplementação proteica e obtiveram taxa de retorno à ciclicidade no pós-parto precoce 13% superior e aumento na taxa de prenhez de 4,8%, quando comparadas a vacas não suplementadas em um mesmo escore de condição corporal. Um fato potencial associado à subnutrição durante a gestação é o aumento exponencial de substâncias oxidativas no corpo da matriz, sendo que a subnutrição leva à uma redução de substâncias antioxidantes, estas, por sua vez, desempenham consequências negativas para o feto a curto e longo prazo. A suplementação adequada com selênio visa prevenir possíveis efeitos deletérios causados pelos radicais livres. Portanto, é notório o efeito da suplementação mineral proteica durante a fase gestacional. Assim, com o objetivo de suprir as necessidades de aminoácidos como já citados, devemos ter em mente a utilização de produtos de suplementação animal que contenham em sua formulação fontes de proteína verdadeira que propiciarão um aporte de nutrientes necessários para o desenvolvimento fetal adequado, refletindo na produtividade do sistema de cria.


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Luiz Antonio Galvão

opinião

Sócio da LDG Advogados Uberaba • Pós graduação latu senso Direito Processual Civil (2013/2014) luizgalvao@ldgadvogados.com.br

JURÍDICO

Funrural em sua atual perspectiva

q

uando se fala no Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural, logo percebe-se preocupação por parte dos produtores rurais no sentido de que não se sabe ao certo como proceder em relação à sua cobrança, e recentemente, conforme noticiado nos veículos de comunicação, o assunto tornouse passível de grande alarde novamente em detrimento do novo posicionamento do STF. Desta forma, como prosseguir? Primeiramente, há de se analisar sua trajetória. O FUNRURAL foi criado em 1971 no intuito de arrecadação de dinheiro para financiamento da previdência rural, e, após a chegada da Constituição Federal de 1988 e sua posterior emenda constitucional 20/98, reestrutura-se a Previdência, tendo como base de cálculo para a contribuição previdenciária, o faturamento do produtor rural pessoa física, ou seja, a receita bruta da comercialização. Em 1992, através da Lei 8.540, regulamentou-se a contribuição do empregador rural para a seguridade social, no intuito de auxílio ao setor rural para financiamento da Previdência de seus empregados. No ano de 2010, por sua vez, foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal, o Recurso Extraordinário n° 363.852, mais conhecido como o leading case “Caso Mataboi”. Em referida decisão, foi declarado inconstitucional o artigo 1° da lei 8.540/92, autorizando-se por consequência, os produtores a não recolherem o FUNRURAL, modificando-se ainda a Lei 8.212/91, abrindo-se precedente para que os produtores de todo o país ingressassem com pedido na justiça de suspensão da cobrança. Outro caso que mereceu atenção à sua época, foi o Recurso Extraordinário RE 596.177, que tratou basicamente do mesmo tema, concedendo desta vez, Repercussão geral ao assunto, declarando que era inconstitucional a contribuição a ser recolhida pelo empregador rural pessoa física, incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, prevista no Art.25 da Lei 8.212/91, com redação dada pelo Art. 1° da Lei8.540/92. Por consequência destes casos, os tribunais de primeira instância começaram a conceder uma série de liminares autorizando o empregador rural a não recolher a taxa, recomendando-se que o valor fosse depositado em juízo (caso ocorresse mudança de opinião por parte do STF futuramente). Apesar do caráter opcional, muitos produtores deixaram de recolher o FUNRURAL a partir deste momento. Ocorre que, de fato, conforme já explicitado anteriormente, o STF em julgamento recente, mais especificamente em março do corrente ano, em votação de 6x5, mudou seu posicionamento. Isso quer dizer que o entendimento passa a ser

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de que a cobrança do FUNRURAL é de fato constitucional, ou seja devida. O ponto divergente que pode ser observado neste caso remete aos julgamentos do caso Mata Boi e do próprio Recurso Extraordinário 718.874/RS-RG (de março de 2017), ao passo que o leading case de 2010 foi pautado pela Lei 8.540/92 e o recente julgamento, por sua vez, baseado na Lei 10.256/01. Portanto, pode-se dizer que essa mudança de posicionamento constitui inclusive uma mudança de jurisprudência, sendo certo que, uma vez contrariando o posicionamento anteriormente firmado, é possível que se permita uma modulação de efeitos à luz da segurança jurídica, como observado no Art. 27 da Lei 9.868/1999, em sede de Embargos de Declaração, ou seja, simplificando, existe ainda como opor recurso cabível para sanar as obscuridades e inconsistências deste julgado. Além disso, é importante salientar que existem ainda questões não decididas nesses precedentes de constitucionalidade, como por exemplo, a questão relacionada ao adquirente, qual seja, a da sub-rogação, da qual ainda não há previsão legal vigente que seja capaz de a impor. Outro fator ainda não apreciado é o caso do FUNRURAL para pessoa jurídica produtora rural e agroindústria. Percebe-se que ele possui mesma identidade da contribuição para a seguridade social (COFINS), gerando possivelmente o que chamamos de bis in idem que pode por sua vez, ser explicado como a situação em que o mesmo ente tributante cobra um tributo do mesmo contribuinte sobre o mesmo fato gerador, mais de uma vez. Por fim, podemos verificar que, apesar deste revés, o tema do FUNRURAL para o setor do agronegócio ainda carece de uma solução definitiva, apesar de que inclusive, já existe projeto de Lei que tem por objetivo a sua anistia. Conclui-se então que, uma solução prática para os produtores rurais neste caso, é que eles passem a depositar em juízo os valores do FUNRURAL a partir do mês de março (no qual foi julgado o Recurso Extraordinário) e aguardem a solução definitiva, já que é possível prever que a Receita Federal dê início a procedimentos de multa quando essa questão se tornar prioridade. Agindo desta forma, os produtores se resguardam pelo fato de que não estarão sujeitos ainda a uma possível cobrança de multa e juros.

Leia na íntegra em nosso site revistapecuariabrasil.com.br


Eduardo Muniz de Lima

opinião

Diretor da Minerembryo

VISÃO

A hora de fazer dinheiro é agora!

o

Brasil é o país do futuro. O que vemos hoje com desmandos, crise política e econômica não mostra isto, mas não podemos brecar os caminhos traçados para a pecuária do futuro. Todo trabalho de melhoramento genético, seja no corte ou no leite, de décadas de seleção, às vezes se contamina com o momento pessimista. Os investimentos de médio e longo prazo passam a não ser mais prioridade nas fazendas e sim a simples sobrevivência no mercado. E é nesta hora que os grandes visionários do agronegócio fazem dinheiro. A crise institucional e econômica que passamos hoje, talvez a maior de nossa recente história Republicana, com políticos de “alta patente” sendo investigados e muitos deles presos, nos leva a reavaliar todos os nossos negócios. Queremos a lisura nas contas públicas, pessoas honestas no comando da nação, o Brasil sendo “passado a limpo”, e, de preferência com rapidez. Mas isto cabe aos órgãos competentes, Polícia Federal, Judiciário e não devemos nos contaminar pelo pessimismo em nossa atividade pecuária. Devemos entender a crise como oportunidade e elas estão escancaradas para a pecuária hoje. No gado de corte comercial vemos preços bastante atrativos para quem quer ingressar no negócio, seja no bezerro, ainda mais com preços do milho baixos, ou nas fêmeas para reprodução. No leite ocorre o mesmo, com oportunidades de compra muito interessantes de animais jovens a valores baixos que facilmente se pagarão em

sua vida produtiva. Mas, é no gado puro que vejo as maiores oportunidades nesta crise. Quem estuda genética, grandes famílias de doadoras de embrião, selecionadas por grandes criadores há décadas, veem alta viabilidade nos preços exercidos pelo mercado hoje. Estes criadores não teriam nenhum interesse de venda de animais realmente diferenciados, não fosse o momento atual do mercado, de alta oferta e preços em queda. E é aqui que acredito em ótimos negócios ao entrar em novas raças ou adquirindo novas famílias para seu plantel de gado Elite. Através de uma gestão rural profissional, planejamento estratégico bem feito de médio e longo prazo, nutrição, manejo e multiplicando-se esta genética superior de maneira ágil através de ferramentas disponíveis como a Fertilização In Vitro e a terceirização da receptora ou da criação dos bezerros, recebendo-os desmamados com peso garantido, torna-se um caminho mais rápido e barato para se fazer dinheiro no agronegócio nacional. Num país que já é o grande player de produção de proteína animal no mundo, o novo criador hoje não precisa nem ter terra, como na compra de embriões ou doadoras em parceria com os selecionadores, e não precisa mais ter estrutura para receptora, para partos, creep, mão-de-obra treinada e sim o olhar empreendedor do negócio, da melhor genética, ávido por resultado financeiro, como uma águia ao avistar sua presa. A hora é agora!

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André Pastori D’Aurea

opinião

Zootecnista Doutor em Nutrição Animal e consultor técnico da Premix andre.daurea@premix.com.br

econômia

Recria lucrativa de bovinos

A

palavra recria significa “criar novamente”. Assim, quando compramos bezerros recémdesmamados com o intuito de transformá -los em novilhos, nós seremos os responsáveis por esta transformação. O desempenho destes animais está em nossas mãos. O objetivo da fase de recria é desenvolver o animal para que ele possa expressar o máximo do seu potencial genético, imprimindo conformação e estrutura e, consequentemente, ganho em peso no menor tempo possível. O manejo nutricional é o principal influenciador na produção de bovinos de corte. Com a variação na quantidade e qualidade das forragens ao longo do ano, devido à sazonalidade climática, as estratégias de suplementação são a principal ferramenta para influenciar nos índices produtivos e econômicos da propriedade. Animais jovens que sofreram restrição alimentar podem resultar em animais adultos com baixos índices produtivos e menor peso. Portanto, as estratégias de suplementação existentes desde o nascimento até o abate são ferramentas que devem ser utilizadas para redução do tempo de abate. A fase de crescimento em que o animal se encontra tem in-

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fluência direta na utilização dos nutrientes da dieta, assim como na composição do ganho. Entre o nascimento e a puberdade, os bovinos apresentam maior taxa de crescimento, proporcionando melhor conversão alimentar. Portanto, para aumentar a rentabilidade da produção de bovinos de corte devemos investir na suplementação durante a recria. Como os animais em recria apresentam maior potencial de crescimento, o investimento em suplementação nesta fase pode acelerar o ganho em peso, aumentando a eficiência de produção, imprimindo melhor ganho em peso e estrutura aos animais, levando a benefícios produtivos e econômicos. Para a recria eficiente de animais a pasto não basta simplesmente suplementar o animal. Devemos ter controle dos índices zootécnicos, manejo e adubação das pastagens para obtenção de altas performances. É fundamental o controle da suplementação, garantindo consumo na dosagem correta e utilização do suplemento adequado de acordo com a recomendação do técnico responsável. Assim, para contornar o ágio da compra do bezerro e o aumento nos custos na terminação em confinamento, investir na suplementação da recria é a saída mais viável para encurtar ciclos e produzir uma arroba de forma eficiente e econômica, explorando a fase de crescimento do animal.


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Gustavo Rampini

ponto de vista

“O agronegócio é o Brasil que dá certo, que cresce com uma taxa positiva, fantástica, um sucesso absoluto, mostrando sua capacidade de produtividade, inovação e tecnologia, com livre iniciativa, mais liberdade de operação, menos intervenção e mais empreendedorismo. Temos deficiências ainda na logística e na comercialização, mas o agronegócio é aquilo que se deveria mirar para fazer o país dar certo”. Roberto Gianetti da Fonseca, economista e vice-chairman do LIDE (Grupo de Líderes Empresariais) 134

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“É muito falado que precisamos entender o consumidor, a cadeia produtiva, nutrição e biotecnologia. Mas quando se fala do produtor, do que ele está fazendo, não é dada a devida atenção. É como se o produtor, aquele que está na base e na área de transformação, ficasse de fora do jogo”. Aldo Valente, pecuarista e selecionador de brahman

“O Brasil conquistou o mercado da carne pela qualidade do nosso rebanho, e essa qualidade se deve muito às raças zebuínas. Temos uma responsabilidade cada vez maior com o melhoramento e com a sanidade do nosso rebanho para que esse mercado seja consolidado”. Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, presidente da ABCZ

“Apesar do cenário atual, o mais difícil foi feito lá atrás com os primeiros passos na plantação das sementes e na criação do gado. Foi complicado iniciar uma indústria de máquinas. Esses foram os períodos mais difíceis. As dificuldades de hoje, podemos superar, com o mesmo espírito, consciência e persistência”. Aldo Rebelo, jornalista e ex-ministro

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ANDAnÇAS

carlos alberto da Silva, presidente do Grupo Publique

CR Ô NICAS SO B RE O COTIDIANO RURAL

carlos@publique.com

Uma nova geração com valores tradicionais

N

a primeira semana de junho, fiz uma palestra para um time de jovens herdeiros do agronegócio. Uma turma muito bem formada, com idade variando entre 18 e 32 anos. No meio de uma de minhas palestras, fiz um exercício com a galera para saber em que pé estavam em relação aos sonhos de vida. A formação da turma variava de agronomia a direito, de contabilidade à gastronomia, de processos gerenciais à psicologia e por aí afora. O desafio que propus foi falar de sonho, mais precisamente: qual seu maior sonho? Não foi fácil eleger um só e, mais difícil ainda, colocar foco no debate. Assim, decidi aceitar um sonho profissional e um sonho pessoal. Interessante avaliar os resultados. No lado profissional, uma parcela significativa das respostas foi na direção de ser bem-sucedido, ganhar dinheiro. Evoluir a fazenda

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herdada dos pais, ser referência no negócio, atuar com simplicidade e ser orgulho para a família. Ser independente e ter um negócio próprio também apareceram nas respostas dos alunos. No lado pessoal, uma maioria significativa respondeu que ter uma família era o grande sonho a ser perseguido. Ser feliz também apareceu muito de perto com a construção da família. Alguns foram mais específicos, como ter filhos, fazer uma especialização, crescimento pessoal, viajar, conhecer o mundo. Deixar um legado para as próximas gerações e ter tempo foram também respostas encontradas. Ensinar é a melhor maneira de aprender. Eu sempre aprendo muito com esta moçada. E acredito que é esta geração que vai dar jeito no Brasil. Uma nova geração, antenada no futuro mas ligada aos grandes valores da terra.


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