editorial
A terceira edição da Penas traz como destaque um projeto que interpreta os anseios do Departamento de Arquitetura em viabilizar uma Escola de Arquitetura e Urbanismo que contenha espaços adequados às especificidades da nossa profissão, proporcionando melhorias em termos de qualidade de ensino, pesquisa, extensão e administração. Inauguramos, ainda, a sessão "Rota de Fuga - novas paisagens, novas perspectivas", que tratará das experiências/pensamentos dos alunos ao conhecer outros lugares. Nessa edição da Penas, a equipe editorial se renovou. Quem reagiu à iniciativa do professor Aldomar em fundar a revista da nossa graduação, Carlos Onofre, acabou o curso e nós, Igor Santos e Italo Maia, nos dispusemos a doar (investir) nosso tempo no periódico de divulgação acadêmica dos alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN. Como toda experiência nova, a aprendizagem com a diagramação e edição de uma revista com uma proposta como a nossa tem, foi e continua sendo bem cautelosa. Não queremos alterar a proposta simpática que a revista tem e tampouco deixar atrasada a periodicidade da revista. Queremos recuperá-la e mantê-la, o suficientemente para atrair cada vez mais o interesse dos alunos em divulgarem seus trabalhos acadêmicos. Esperamos que nossa participação seja bastante produtiva e que mais interessados ingressem nessa causa e junte-se a nós para manter sempre viva essa iniciativa estudantil do nosso curso! Igor Santos e Italo Maia
su m á rio
05 herançasgaudi anas . . . . . . . . . . . . cl i nu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 0 cent roscomuni t ári os . . . . . . . . . . . .1 na i nt ernet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 2 t rabal hosf i nai s de graduação mobi l i dade e i nt egração vi ári a em cearámi ri m. . . . . .1 6 8 crat o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 uni dade de arqui t et ura 20 e urbani s mo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . res i denci alvi ri de. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 rot a de f uga:j oão em pri mei ra pes s oa24 cent ro de conví vi o 26 i nt ergeraci onal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 pos t o de s ervi çosbr. . . . . . . . . . . . . 3 0 ceduc. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . i ndús t ri a de conf ecções . . . . 3 2 gos t o de proj et o: e agora ? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 5 normaspara publ i cação . . . . . . . . . . . . . .4 0
expedi ent e. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
A
Heranças Gaudianas
ntonio Gaudí foi criador de um estilo próprio, no qual é possível observar a fusão do neogótico com as curvas sinuosas da Art Nouveau¹. Sua inspiração complexa se manifesta desde seus primeiros projetos. De maneira geral sua obra se baseia em algumas vertentes: sensibilidade dirigida à recuperação experimental dos materiais e técnicas de construção então consolidadas; interesse pelas definições estruturais de Viollet-le-Duc² e da arquitetura neogótica; atenção pelas formas da natureza, principalmente orgânicas, de onde vieram cores, texturas. Em seus projetos se observa que ele não explicita a estrutura do edifício, como na Casa Millá, onde o aço é escondido pela pedra. Procurando sempre distorcer e manipular o uso previsível dos materiais, encontrando originalidade na surpresa. Ao contrário do que se vê hoje, quando os arquitetos pensam na estrutura e trabalham a partir dela, o arquiteto primeiro imaginava o que queria e só depois procurava a solução estrutural. O mais incrível é que ele sempre encontrava uma solução, provando que é possível fugir do convencional. Ao longo da sua carreira, Gaudí vai afirmando a sua linguagem arquitetônica, caracterizada pelo uso livre e ágil dos estilos do passado, como afirmou inúmeras vezes: “a originalidade consiste em voltar às origens”. Além disso, seu preciosismo em cada obra é inspirador, principalmente para um aluno do início do curso de Arquitetura, pois nos ensina que cada projeto é único, e não só mais um, já que ele pensava desde o tipo de cobertura aos trincos das portas. Um exemplo disso é na Casa Vicens, onde ele projetou as grades de ferro, e usou as flores que existiam no terreno como modelo para os mosaicos que decorariam a residência de verão encomendada por Manuel Vicens i Montaner, em 1883. Nesta obra, que inicia a carreira desse grande arquiteto, já se torna evidente toda sua genialidade. O primeiro período de sua carreira arquitetônica foi caracterizado pela utilização de uma linguagem construtiva de grande simplicidade, em que há a predominância da linha reta sobre a linha curva, característica que ao longo de sua carreira irá inverter-se. Gaudí dá um toque especial à casa misturando os mais diferentes estilos arquitetônicos, apresentando uma mistura de elementos gótico e “mourisco”, porém seria mais preciso chamá-lo de Mudèjar, estilo em que o arquiteto se tornou mestre indiscutível. O Mudèjar, presente na arte e na arquitetura de raízes muçulmanas, foi um estilo retomado no final do século XIX num contexto especificamente catalão,
Salamandra (fonte) na escadaria de entrada do Parque Güell, por Sophia Motta
mesclando elementos cristãos e árabes, persas e norteafricanos. Esta casa, apesar de ser um dos trabalhos iniciais de Gaudí, define o tom do seu trabalho posterior com muitas de suas marcas registradas, como, por exemplo, as cores brilhantes, o uso do azulejo, decoração elaborada e chaminés. Os atuais proprietários, da família Herrero Jover, colocou a casa à venda por nada menos que 30 milhões de euros. O novo dono será obrigado a abrir o edifício para o público e não lhe será permitido fazer qualquer modificação sem a permissão da Prefeitura de Barcelona, pois foi designada Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2005. O esquema geral do artista é inspirado no neogótico, ainda que empregue arcos parabólicos, curvas de sinuosidade orgânica e biológica e abundante ornamentação vegetal. A esta primeira época devem-se El Capricho (1883-1885), em Santander, o Palácio Güell (1886-1889), em Barcelona, o palácio episcopal de Astorga (1889-1913) e outras construções. O Palácio Güell, foi construído entre 1886 e 1888, tendo sua decoração interna acabada por volta de 1889. Foi uma encomenda feita pelo conde e grande industrial têxtil Eusebi Güell e sua família, para a moradia da
(1) Foi um estilo estético essencialmente de design e arquitetura, que também influenciou o mundo das artes plásticas. Caracteriza-se pelas formas orgânicas, escapismo para a Natureza, valorização do trabalho artesanal, entre outros. (2) Arquiteto francês (1814-1879) ligado à arquitetura revivalista do século XIX e um dos primeiros teóricos da preservação do património histórico. Pode ser considerado um precursor teórico da arquitetura moderna.
mesma. Este foi o primeiro trabalho de grande escala por Gaudí a manifestar claramente a busca em novas idéias de construção, bem como uma interpretação de estilos históricos absolutamente pessoal e inovadora . O edifício está centrado em um amplo espaço vertical coroado por uma grande cúpula parabólica com janelas em forma de estrela. As outras áreas: salões, corredores, salas estão organizadas em torno deste espaço que constitui o salão principal. Uma imagem marcante está logo em sua fachada, com um vestíbulo duplo, para facilitar entrada e saída de carruagens, já que o palácio era um ambiente com várias festividades e recepções para a alta sociedade de Barcelona. Outro detalhe marcante nessa obra são as dezoito chaminés em diversas formas sugestivas, cobertas com peças de cerâmica quebrada e bem coloridas. Foi declarado como Patrimônio Mundial pela UNESCO, em 2 de Novembro de 1984, pela sua contribuição e influência na técnica e na forma moderna do edifício no século XX e por seu caráter criativo notável. Em 2004, o acesso de visitantes foi totalmente suspenso, devido a reformas para reparar alguns problemas estruturais no interior do edifício. Em 1° de fevereiro de 2008, o palácio foi parcialmente reaberto para visitação, com acesso limitado. Na plenitude da sua maturidade, Gaudí projeta e constrói em Barcelona o Parque Güell – marcado pela famosíssima escultura de salamandra toda em mosaico –, a Casa Batlló e a Casa Milà. Estas últimas foram composições inéditas quanto a sua tipologia, que se articula a partir de elementos internos, como pátios e escadas. Tipologia essa que lembra a arquitetura greco-romana. A casa Milá, é conhecida como “La pedrera” por ter sido toda feita em pedra. Ela foi encomendada por Pedro Milá i Camp, um rico empresário da época. Gaudí buscou inspiração na natureza, rompendo com a arquitetura tradicional ao não utilizar uma única linha reta. O arquiteto criou pavimentos completamente irregulares, varandas onduladas em ferro forjado com diferentes designs e distribuiu os apartamentos em torno de dois pátios centrais, um circular e outro oval, demonstrando preocupação em iluminar naturalmente os ambientes. Interiormente, os atrativos cômodos têm muito do seu estilo, com uma mistura do art nouveau
Casa Milà, fachada, por Sophia Motta.
e do Expressionismo. Mas o destaque é para o telhado do edifício, que apresenta uma série surrealista de chaminés, sendo muitas delas parecidas com guerreiros. A casa Milá pode ser considerada mais uma escultura do que um edifício convencional. Alguns críticos salientam a ausência de preocupação com a funcionalidade, mas outros consideram-na como arte. Em 1984 a Casa Milà foi classificada como patrimônio mundial da humanidade pela UNESCO, e hoje o seu primeiro andar é utilizado para exposições culturais, que também permite a oportunidade de ver o desenho interior. Na obra inacabada da Sagrada Família, que ocupou boa parte de sua carreira, há um grande número de significados simbólicos e históricos na arquitetura. Durante 43 anos, Gaudí acompanhou a construção da catedral, mas ele não chegou a vê-la pronta. A parte mais importante que conseguiu terminar foi a fachada da Natividade, que remete aos desenhos encontrados em grutas. A Catedral da Sagrada Família foi uma das únicas obras em que apareceu a figura humana, isso porque buscava inspiração mais diretamente na fauna e na flora. Cada edifício de Gaudí tem suas características especiais, que não se parecem com nenhum dos demais. Cada um deles foi concebido na sua integridade e constitui uma unidade, na qual todos os elementos estão perfeitamente coordenados. A geometria complexa de um edifício desse arquiteto coincide com a sua estrutura arquitetônica em que o todo, incluindo a sua fachada, dá a aparência de ser um objeto natural, conformando-se completamente com as leis da natureza, sendo, de certa forma, real. Uma frase de Lara Masini, como definição da obra desse importante arquiteto catalão sintetiza, com rara felicidade, o sentido de toda a sua vida: “A lição ativa e vital de Gaudí reside, certamente, na inextinguível e ansiosa busca da expressividade” (MANSINI, 1970).
REFERÊNCIAS ART NOUVEAU. Dispnível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Art_nouveau>. Acesso em: 2 jun. 2008. HITCHCOCK, Henry-Russel. Arquitectura de los siglos XIX y XX. Madrid: Ediciones Cátedra, 1993. MORAIS, Inácio. Ainda Gaudí – A Sagrada Família. Disponível em: <http://inaciomorais.multiply.com/photos/album/10#31.jpg>. Acesso em: 2 jun. 2008. PEVSNER, Nikolaus. Origens da arquitetura moderna e do design. São Paulo: Martins Fontes, 1996. PIZZA, Antonio. Arte y arquitectura moderna. 1851-1933. Barcelona: UPC, 1999. SCULLY, Vicent. Arquitetura Moderna. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 2002. VIDAS LUSÓFONAS. Antônio Gaudí. Disponível em : <http://www.vidaslusofonas.pt/antonio_gaudi.htm>. Acesso em: 1 jun. 2008. VIOLLET-LE-DUC. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Eugène_Viollet-le-Duc>. Acesso em: 1 jun. 2008. ZEVI, Bruno. A Linguagem Moderna da Arquitectura. Lisboa: Dom Quixote, 1984.
Autores: Adauto Morais Jr. | Ivana Poletto | Marcela Cabral Monte | Sophia Motta Fernandes Revisão: Ana Claudia Fernandes Ilustrações: Sophia Motta | Adauto Carvalho Diagramação e Design: Igor Santos | Italo Maia
Os autores são graduandos em Arquitetura e Urbanismo pela UFRN, ingressantes em 2008.1.
Cerâmicas na cobertura do Palacio Güell
Pavilh천es de entrada Parc G체ell. Barcelona, Espanha Foto por Carlos Onofre
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PENASREVISTADAGRADUAÇÃOEMARQUITETURAEURBANISMO.UFRN
clinu Proposta de uma clínica de urologia para Natal
O anteprojeto da clínica de urologia CLINU foi concebido a partir de diversas preocupações, dentre as quais estava a necessidade corriqueira de ampliação nos estabelecimentos de atendimento a saúde, a obediência a Norma RDC-050 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e a flexibilização dos ambientes – pois as constantes mudanças da tecnologia na área de saúde fazem com que apareçam, cada vez mais, novos equipamentos médicos, e faz com que os que já existem tornem-se mais sofisticados, portanto, os espaços devem estar aptos a reformas. Além disso, existiu também a preocupação quanto à funcionalidade dos ambientes, a diferenciação dos percursos de pacientes dos de funcionários, a concepção de espaços humanizados, a promoção de segurança para equipamentos hospitalares e para seus usuários e promoção de uma fácil manutenção para as instalações. Por fim, a apreensão com o controle de infecção e a plasticidade do edifício. Diante disso, o partido arquitetônico adotado é definido por seis blocos, dos quais cada um corresponde a um setor. Em síntese, os setores são: recepção e administração (um setor só), internação, apoio, diagnóstico, centro cirúrgico e ambulatório. Nessa distribuição a internação recebe a melhor ventilação e menor insolação e, no geral, os blocos estão separados por jardins internos – os quais possibilitam a iluminação natural – e espaços mais humanizados no interior da edificação. Esses seis blocos são marcados por um jogo de volumes simples e pelo uso de formas regulares nas fachadas externas, que junto ao material utilizado (pedras filetadas, pastilhas da cor branca - 5cm x 5cm, massa corrida pintada de branco ou vermelho e panos de vidro) compõem a estética da clínica. A marquise de seis metros utilizada na entrada do prédio, caracterizada pelo uso de concreto protendido, também contribui para essa estética. Por fim, para adequar-se as transformações do estabelecimento, foi adotado nos seis blocos apenas um pavimento – a fim de possibilitar a verticalização –, além do uso de grandes recuos, os quais permitem ampliações horizontais. Adotou-se
também a modulação, com intuito de racionalizar a construção e futuras ampliações. Por último, o lote da CLINU está situado na esquina das avenidas Xavier da Silveira e Bernardo Vieira, onde o prédio se encontra circundado por estacionamento e jardins, enquanto seu entorno é formado por diversos usos, tais como residências, instituições e serviços.
projeto clinu autora sandra albino prof. orientador ronald de góes tema arquitetura hospitalar ano 2008 local natal, rn
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centros comunitários dois projetos de centros comunitários de referência para Tirol O projeto do centro comunitário, localizado em Tirol, foi realizado em integração ao estudo da área circundante ao Canal do Baldo. A proposta foi desenvolvida em diferentes etapas: estudos volumétricos com blocos de madeira, estudo de caso, croquis, desenho técnico e maquete volumétrica e final. O centro comunitário foi pensado a partir de sua volumetria, mais especificamente a cobertura, evoluindo para a parte funcional, com desenvolvimento das plantas baixas, levando em consideração os estudos de radiação solar realizados no Heliodon, que influenciaram na questão do conforto térmico. As maquetes físicas foram instrumentos que ajudaram bastante na compreensão do projeto, contribuindo para sua evolução e desenvolvimento, como também para a sua visualização em 3D. Nesse projeto, a composição volumétrica é feita com três blocos retangulares: um central, no nível inferior, e dois laterais, no superior, que ficam parte em balanço, originando um pilotis. A cobertura unifica os três e origina um pátio no centro com pé-direito duplo e um terraço descoberto, idéias constantes desde o início. projeto centro comunitário de referência para o Tirol autora mariana barbosa prof. orientador marcelo tinôco tema institucional ano 2008 local natal, rn
* anteprojetos concluídos em 2008.2, quando as autoras cursavam o quarto período (temática:meio ambiente). Terreno de projeto localizado na esquina formada pelas avenidas Gov. Juvenal Lamartine e Prudente de Morais
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A concepção do projeto partiu da idéia de se construir um Centro Comunitário convidativo para os visitantes e agradável para os alunos. Sendo assim, optou-se por fazer espaços com aberturas que aproveitassem a ventilação e iluminação natural. Além disso, o relevo irregular do terreno contribuiu na decisão da forma da edificação. o projeto A entrada principal da edificação é feita pela fachada nordeste. Devido ao desnível do terreno, chega-se ao prédio por uma rampa, começando sob a laje da galeria e terminando entre as árvores do pátio central. A área de entrada, coberta pela laje da galeria, forma uma espaço de convivência. Na entrada secundária, podemos optar por subir as escadas e ir direto à área de aula ou ir à praça de alimentação. No pavimento inferior, 1.033,94 m², temos: praça de alimentação, vestiários, WC's, depósito, Sala para funcionários, copa, recepção da administração, sala de reunião, sala do diretor, BWC's, biblioteca, livraria e galeria para exposições. A galeria apresenta pé direito duplo, 6,45 m, e foi pensada para abrigar exposições tanto de pinturas, esculturas ou instalações. Com o lado interno praticamente todo em vidro, no pavimento superior é possível observar a exposição do alto. A administração foi feita na tentativa de dar maior conforto aos funcionários, que tem acesso a vestiários, copa e uma sala para descanso. A localização da biblioteca e livraria se deve a facilidade de acesso, pois qualquer visitante pode usufruir dos serviços oferecidos nesses locais, assim como galeria e praça de alimentação. O pavimento superior, que possui 586,21 m² de área útil, abriga: salas de dança, auditório, sala de aula e BWC's. Este é pavimento tem área bem menor que o primeiro e é voltado para atender um público mais restrito, principalmente alunos e professores. conforto térmico Todo o projeto foi feito baseando-se na incidência de raios solares e na ventilação. A biblioteca e salas de aula ficam no lado sudeste, por ser a fachada que recebe os ventos dominantes, por isso as aberturas desses ambientes se concentram nessa fachada. Na fachada noroeste, prejudicada pelos raios solares no período vespertino, foi feito um uso restrito de aberturas, sempre dando preferência para um sistema de saída do ar. As aberturas principais dos ambientes nesse lado da edificação estão voltadas para o pátio central. Além do cuidado tomado com a localização das aberturas, também as protegemos com brises de alumínio e com vegetação natural, usando árvores de médio a grande porte.
projeto centro comunitário de referência para o Tirol autora laura hernandes prof. orientador marcelo tinôco tema institucional ano 2008 local natal, rn
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na internet por igor santos e italo dantas
architecture
“O Architecture é um blog de discussão em
assuntos relativos à arquitetura, urbanismo, design e tudo relacionado a construção, mercado imobiliário, projetos e planejamento.” www.architecture.blogger.com.br/
Site com trabalhos caleidoscopio acadêmicos de temas diversos relacionados a tecnologia da edificação realizados na faculdade de arquitetura e urbanismo da UFSC. www.arq.ufsc.br/labcon/arq5661/caleidoscopio.htm
“ O portal (...) é uma iniciativa sem fins lucrativos que tem como objetivo reunir e socializar (sem pretensão de catalogação) notícias, projetos, ensaios, artigos, referências, procedimentos, regulamentações e links diversos, relacionados aos concursos de projeto como instrumentos de promoção da qualidade na arquitetura pública.” www.concursosdeprojeto.org/ Our mission is simple: to bring dezeen “you the best architecture, design and interiors projects from around the world before anyone else.” www.dezeen.com/
interactive architecture.org “Covers emerging architectural and artistic practices where digital technologies & virtual spaces merge with tangible and physical spatial experiences.” www.interactivearchitecture.org/
jonathan glancey endereço eletrônico da coluna mantida pelo crítico de arquitetura e design Johnatan Glancey no jornal britânico The Guardian www.guardian.co.uk/profile/jonathanglancey
“Luminapolis is a platform for luminapolis everyone working with light: Designers, architects, artists, town planners, media people, the creative industry. Luminapolis reports about light events: good light architecture, festivals,exhibitions, art events in museums and public places.” www.luminapolis.com/
“mdc tem por objetivo refletir sobre a produção
mdc contemporânea
brasileira de arquitetura,
buscando identificar tanto traços comuns e pontos de contato, como diferenças e contradições. É através do mapeamento de convergências e divergências que se discute o que poderiam ser chamados “denominadores comuns” nessas arquiteturas.”www. mdc.arq.br/
o pequi
“O Pequi é um catálogo de referências informal, que desbrava e esmiuça o que
existe de inovador, de fresco e criativo. Toda a reciclagem de informação, das grandes ideias, das grandes imagens, as formas e o seu produto bruto.” www.opequi.com/
plataforma arquitectura “Noticias de Arquitectura en español: Proyectos, Concursos, Edificios y más.” www.plataformaarquitectura.cl/
plataforma urbana Site mantido por uma equipe de arquitetos chilenos (os mesmos responsáveis pelo endereço plataforma arquitectura). Ênfase no debate sobre urbanismo e cidades, abrangendo toda a América Latina. www.plataformaurbana.cl/
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mobilidade e integração viária em ceará-mirim/rn proposições urbanísticas para um planejamento municipal de transporte O trabalho relaciona a estrutura territorial e urbana do município de Ceará-Mirim/RN com aspectos de mobilidade e de integração viária. Objetiva propor diretrizes para um planejamento municipal de transporte. Focaliza as dinâmicas referentes aos processos de ocupação dispersa e apresenta uma leitura de seu território identificando os elementos de sua estrutura territorial a serem considerados em processos de intervenção sobre o território. Como conclusão, formula proposições para o planejamento municipal de transporte. Ceará-Mirim é um município cujo território de 739,69 km2 é um dos maiores do Estado. Sua sede, que concentra quase a metade de toda a população municipal, equivale a uma pequena parcela do território, enquanto pouco mais da metade do contingente populacional se distribui entre seus limites, em localidades rurais ou de expansão urbana (Figura 1). Porém, as principais atividades de comércio e de serviços concentram-se na sede, o que faz com que a população residente nos demais núcleos necessite deslocar-se com freqüência.
Figura 02:Malha Viária de Ceará-Mirim. Fonte: IDEMA, 2006, editada.
O território de Ceará-Mirim é dotado de artérias que favorecem a integração viária com os demais municípios da Região Metropolitana de Natal (RMN), destacando-se nesse propósito, principalmente, a ferrovia e as rodovias federais (Figura 3).
Figura 01: Distribuição da ocupação em Ceará-Mirim. Fonte: IDEMA, 2006, editada.
A segmentação do território em distritos dificulta a integração municipal, de modo que alguns deles tornam-se segregados das demais áreas de ocupação em função das dificuldades de deslocamento de uma localidade para outra. A precariedade de muitas das vias de acesso é fator inibidor dos deslocamentos. Diante do padrão disperso de ocupação que o território de Ceará-Mirim apresenta, a articulação entre os diversos núcleos é possibilitada pela rica malha viária do município, dotada de artérias com hierarquias bem definidas, conforme mostra a Figura 02. A malha viária favorece o acesso à sede do município, de modo que é possível acessa-la de diversos pontos do território, por meio de interligações entre as vias disponíveis.
Figura 03: Malha viária da Região Metropolitana de Natal. Fonte: DER-RN sobre base cartográfica de Natal, 2006, editada.
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Por outro lado, a configuração radial restringe as possibilidades de deslocamento, polarizando para a sede do município as interligações principais, o que prejudica o funcionamento de um sistema de transportes dinâmico. Nesse sentido, faz-se necessário flexibilizar o sistema viário a fim de promover integrações entre os núcleos de ocupação como meio de possibilitar a elaboração de rotas mais abrangentes e assim permitir uma maior dinamização nos deslocamentos dentro do município, e é nesse propósito que, além dos raios apresenta-se um anel integração cujos trechos entre raios têm o objetivo de integrá-los entre si. Para colocar em prática um sistema de transporte eficiente em Ceará-Mirim, é necessária a intervenção espacial, já que é sobre o espaço que se percebem os resultados do papel estruturador que os deslocamentos de pessoas e bens exerce. Ressalta-se q importância de que a fluidez com que se desenvolvem os deslocamentos em âmbito metropolitano, dada a boa articulação viária, as boas condições físicas das vias e a satisfatória oferta de serviços de transporte, possa ser percebida no interior do município por meio de um adequado planejamento de transporte, a fim de que, suprindo as carências relativas à mobilidade, possa contribuir para a qualidade de vida da população e para o desenvolvimento municipal.
Figura 04: Proposta de rede de integração viária em Ceará-Mirim. Fonte: elaboração sobre base cartográfica do IDEMA, 2006, editada.
estudo mobilidade e integração em ceará-mirim/rn: proposições urbanísticas para um planejamento municipal de transporte autora aline c. bezerra lopes profª. orientadora dulce bentes tema estudos urbanos ano 2008 local ceará-mirim, rn
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crato formação e transformações morfológicas do seu centro histórico
Em diversas áreas do conhecimento têm se atentado para a necessidade – cada vez mais urgente – da preservação do patrimônio cultural. Dentro destas discussões, ressalta-se a importância do estudo e preservação do patrimônio urbano-arquitetônico, pois se entende que este representa a dimensão física para a salvaguarda da memória de uma sociedade. O município do Crato localiza-se no Cariri, região sul do Ceará, ao sopé da Chapada do Araripe, a 516 quilômetros da capital Fortaleza. O Cariri cearense costuma ser visto como um oásis no Sertão, tanto do ponto de vista ecológico, quanto climático e hidrográfico. Mas também por critérios culturais ele geralmente é classificado como uma região especial, diferente do ambiente cultural sertanejo que o rodeia.
os chamados “sertões de dentro”, e a de Pernambuco, onde o gado ocupou os “sertões de fora”. Com crescimento populacional e desenvolvimento, a povoação foi elevada à categoria de vila em 21 de junho de 1764, com a denominação de Vila Real do Crato e à categoria de Cidade pela Lei Provincial nº 628, de 17 de outubro de 1853. (HISTÓRIA do Crato... 2008; s.p).
Vista da cidade do Crato em 1860, vendo-se a esquerda a Praça da Sé, quando a igreja ainda possuía apenas uma torre – Aquarela de José dos Reis Carvalho. Fonte: Acervo do Museu de Arte Vicente Leite – Crato-CE. Foto: Waldemar Farias Filho, 2007.
em seguida: vista geral do centro da cidade. Fonte:Arquivo da Prefeitura Municipal de Crato (data não informada) Localização do município do Crato (em rosa) no estado do Ceará. Fonte: Elaboração própria sobre imagem disponível em <http://www.uep.cnps.embrapa.br>, 2008.
Do ponto de vista histórico, o Crato foi uma das primeiras povoações fundadas no estado, quando ainda no século XVII foram catequizados os índios que habitavam o vale de terras férteis onde hoje está sediada a cidade. Naquele momento, o Brasil assistia a uma expansão da pecuária, atividade complementar à economia açucareira, tendo como centros de irradiação as capitanias da Bahia,
Entretanto, verifica-se atualmente uma desvalorização e degradação do patrimônio edificado do centro histórico da cidade. Assim, surge o questionamento norteador deste trabalho: como se deram e quais são os padrões das transformações do centro histórico do Crato, partindo-se das transformações verificadas na estrutura espacial global da cidade? E, como o conhecimento destes padrões pode subsidiar diretrizes para o resguarde deste patrimônio? Neste sentido, o objetivo do trabalho é entender as características urbanas morfológicas do Centro Histórico de Crato, em perspectiva sincrônica e diacrônica.
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Para atingir os objetivos do trabalho, optou-se como forma organizacional da pesquisa na sua divisão em quatro etapas: (1) revisão teórico-metodológica que subsidiará as demais partes do trabalho; (2) diversos estudos dentro da metodologia da análise sintática do espaço; (3) constituí-se no inventário da situação atual do objeto de estudo, com os quais será construído um banco de dados, e sua respectiva análise; e, (4) a última etapa que compreende uma análise geral das etapas anteriores como embasamento para a proposição de diretrizes para a preservação do centro histórico do Crato. Foram realizadas pesquisas acerca da formação histórica da cidade e, tomando-se como procedimento metodológico a análise sintática do espaço, confeccionou-se representações axiais para os diversos estágios da ocupação urbana. Assim, percebeu-se que as vias mais acessíveis atraíram a construção de edifícios importantes, confirmando estudos sobre outras cidades brasileiras. O inventário edilício do estágio atual do centro histórico foi organizado em um banco de informações georeferenciadas, somando um total de 1840 lotes distribuídos em 60 quadras, que alternam-se com as sete praças existes no centro. Destes destacam-se 351 imóveis recomendados à preservação, nos quais foi possível identificar características estilísticas originais ou apenas um pouco modificadas. Diz-se aqui imóveis recomendados à conservação tendo em vista a necessidade de implementação de políticas públicas de incentivo à preservação das edificações remanescentes da arquitetura antiga, como documento palpável da memória da cidade. Acredita-se que a introdução de medidas legais de proteção deve visar não apenas o tombamento de imóveis de notoriedade arquitetônica e/ou histórica, mas também imóveis que apresentam pouco valor individual, porém são de inegável contribuição ao conjunto edificado da cidade. A pesquisa demonstrou ainda que as vias mais integradas na estrutura global da cidade tendem a atrair o uso comercial, que se mostrou mais deletério sobre o patrimônio edificado; e também a identificação dos usos residencial e institucional como promovedores de melhor conservação e preservação dos imóveis. As análises apresentadas ao longo do trabalho demonstraram que os principais padrões de transformação do centro são: (1) a falta de uso e conservação dos imóveis e (2) a substituição das edificações. O estado lamentável em que são mantidas parcelas da arquitetura antiga da cidade foi a primeira preocupação que justificou este estudo, mas o que se verificou ao longo das análise é que este descuido é muitas vezes proveniente da subutilização ou falta de uso das edificações. Como visto, a existência de edificações fechadas e em péssimo estado de conservação pode ser uma das justificativas dadas para o acontecimento do segundo padrão de transformação. A substituição das construções ocorreu ao longo da evolução da cidade, inicialmente em razão da perenidade da
arquitetura que foi edificada (casas de barro, telhado em palha de tosca construção). Transformações neste sentido ocorrem também depois por motivações que atrelam o incremento populacional da cidade e a justificativa de “modernização” – do traçado urbano e da arquitetura para acompanhar o seu desenvolvimento. Verificaram-se experiências neste sentido na década de 1950 com a demolição do Mercado Arapuca para dar origem aos bancos do Brasil e Caixeiral; ou no alargamento das ruas do centro visando à adequação ao veículo, mas que destituiu parcelas de seu patrimônio edificado; e, tantas outras substituições que ocorrem até aos dias de hoje. As perdas são irreparáveis e nos trazem à necessidade de refletir acerca de formas de controlar as transformações. Neste sentido, despontam dois questionamentos: o que esta se perdendo? Qual a qualidade da arquitetura que esta sendo produzida em seu lugar?
referências ALBERNAZ, Maria Paula; LIMA, Cecília Modesto. Dicionário Ilustrado de Arquitetura. 3 ed. São Paulo: ProEditores, 2003. 670p. CRATO. Lei do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. (Projeto de Lei). 2000a. 42p. Disponível em: <http://pddu.cidades.ce.gov.br/>. Acesso em: 22 abril 2008. HILLIER, Bill. Space is the machine. Londres: Cambridge University Press, 1996. Disponível em: <http://eprints.ucl.ac.uk/3881/1/SITM.pdf>. Acesso em: 07 maio 2008. ____________. Centrality as a process: accounting for attraction inequalities in deformed grids. In Urban Design International, 1999, 4(3&4), p.107-127. Tradução livre do original: “Live centrality means the element of centrality which is led by retail, markets, catering and entertainment, and other activities which benefit unusually from movement. H I S T Ó R I A d o C r a t o . D i s p o n í v e l e m : <http://www.crato.ce.gov.br/2007/?op=paginas&tipo=pagina&sessao=208&pagina=45 6>. Acesso em: 29 abril 2008. IPHAN. Cartas Patrimoniais. 3ª ed. Rio de Janeiro: IPANH, 2004. 408p. LEMOS, Carlos. O que é Patrimônio? 5ª ed. de 1987. São Paulo: Brasiliense, 2004. (Coleção primeiros passos, 51). REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da arquitetura no Brasil. 10ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2004. 211 p. (Debates) VARGAS, Heliana Comim; CASTILHO, Ana Luiza Howard de. Intervenções em centros urbanos: objetivos, estratégias e resultados. Barueri: Monole, 2006. 213p. TRIGUEIRO, Edja. CAVALCANTI, Alâni Fabíola. Inventário de uma herança ameaçada: registro e estudo de centros históricos do Seridó. Morfologia e Usos da Arquitetura (Base de Pesquisa). Departamento de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, [s.d]. Disponível em: <http://www.musa.ct.ufrn.br/bdc>. Acesso em: 08 out. 2008. ZANCHETTI, Silvio, MARINHO, Geraldo, MILLET, Vera (org.). Estratégias de intervenções em áreas históricas. Recife: MDU/UFPE, 1995. 219 p.
projeto crato: formação e transformações morfológicas do seu centro histórico autora ana paula campos gurgel prof. orientador edja trigueiro tema patrimônio histórico ano 2008 local crato, ce
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uau ufrn proposta de uma unidade de arquitetura e urbanismo para o campus ufrn
O tema do Trabalho Final de Graduação (TFG) apresentado no período 2007.2 consiste no projeto arquitetônico de uma Unidade Acadêmica Especializada de Arquitetura e Urbanismo para o Campus Central UFRN, com ênfase na otimização do seu desempenho térmico e energético. O terreno selecionado está localizado próximo ao Centro de Tecnologia, destacando-se sua posição privilegiada, por estar numa área favorável à captação dos ventos dominantes e ao lado dos Laboratórios de Arquitetura. A escolha pelo tema de espaço de ensino originou-se da busca por uma tipologia que pudesse ser associada com o clima, onde fosse conveniente a utilização da ventilação natural como estratégia passiva de condicionamento. A intenção era desenvolver uma proposta com potencial de se tornar uma referência para o Campus UFRN, que atendesse a demanda específica de forma racional, com características modulares e sistemas construtivos viáveis. O processo evoluiu e contou com a colaboração de diversos professores do Departamento de Arquitetura. Foi conduzido um processo de projeto permeado por inúmeras reflexões, críticas e sugestões. Gradativamente, outros aspectos foram sendo acrescentados, como a importância da modulação do projeto, da viabilidade do uso de sistemas construtivos, do partido estético, dentre outros. Questões da área de conforto ambiental e eficiência energética passaram a ser incorporadas
no programa para valorizar ainda mais uma eventual proposta. As motivações surgiram das pesquisas e trabalhos desenvolvidos pelo Laboratório de Conforto Ambiental (LabCon) da UFRN. Desta forma, foram levantadas referências de projetos, exploradas alternativas projetuais para futuras reflexões, aplicados conceitos de bioclimatologia e de eficiência energética no desenvolvimento do projeto e foi avaliado o impacto de elementos arquitetônicos no desempenho ambiental da edificação através de ferramentas de predição do comportamento térmico e energético.
ferramentas de análise As ferramentas de análise climática utilizadas foram o Analysis e o WeatherTool, que apresentam recomendações bioclimáticas a partir de um arquivo climático, do tipo TRY. Outros os programas de simulação mais simplificados foram empregados para explorar a geometria solar, essencial no desenvolvimento dos esboços, com destaque para o SunTool e o Ecotect. O software TAS foi empregado como uma ferramenta simplificada de simulação computacional de fluidos, simulando o escoamento do ar numa seção. Ao final do processo, foi utilizado um programa de simulação térmica e energética, o DesignBuilder, para análise dos fluxos de calor do
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edifício, além de temperatura do ar interno e externo, temperatura radiante média, consumo de energia, dentre outros aspectos.
a proposta A proposta foi desenvolvida em fases. A primeira abordou o programa, com a análise do terreno e a definição das necessidades, pré-dimensionamento e modulação. Na segunda fase, foram feitos os primeiros estudos volumétricos, seguidos da terceira etapa, que consistiu no desenvolvimento da proposta a partir de seu detalhamento. Desde os primeiros estudos volumétricos, houve a tentativa de aplicar as condicionantes de conforto térmico, como as maiores fachadas e aberturas voltadas para Norte e Sul, fachadas Leste e Oeste opacas, alta permeabilidade da edificação aos ventos, layout pouco fragmentado, menor profundidade das salas e átrio com iluminação natural e ventilação. Durante o desenvolvimento das versões da proposta, foram realizadas as simulações de ventilação natural e análises do sombreamento para teste de hipóteses dos estudos volumétricos. Elementos de composição de fachada, como fechamentos, brises e tirantes, foram incorporados ao partido arquitetônico sempre com base em simulações nos softwares.
considerações sobre o processo O campo de soluções projetuais foi reduzido desde a fase de préprojeto devido às várias restrições impostas pelo programa prédefinido pela comissão, pelo Plano Diretor do Campus, pela área disponível e pelos princípios de conforto ambiental relacionados à geometria solar e à ventilação. A implantação e volumetria foram determinadas desde o início do processo projetual, ainda que fosse adotada uma compacidade maior do que a desejada. As principais mudanças decorrentes das simulações ocorreram na envoltória, como na geometria de aberturas, proteções solares e no layout. O sucesso da integração das estratégias de eficiência energética foram comprovada ao término do processo, através das simulações no DesignBuilder. As decisões de implantação, volume e envoltória foram acertadas porque foram baseadas em experiências prévias, desenvolvidas nas disciplinas de conforto ambiental e outros projetos arquitetônicos.
solução final A solução final apresenta mais características do partido arquitetônico associadas com o conforto ambiental e eficiência energética, que foram inseridas na evolução da proposta a cada análise feita. Destaca-se a estrutura modulada, que potencializa a racionalização e padronização da construção, com o uso de sistemas pré-fabricados; o átrio central reduz os efeitos desagradáveis causados pela grande profundidade dos blocos, aumentando a permeabilidade aos ventos e à iluminação natural; o uso de grandes beirais, brises nas aberturas e venezianas, favorecendo o sombreamento e a ventilação cruzada; a elevação da coberta com estrutura aparente, promovendo a remoção do calor proveniente da radiação incidente sobre as telhas; e a mistura de materiais (concreto, estrutura metálica, brises em madeira e alumínio) ressalta a busca por um repertório com identidade regional, que remetesse ao clima e utilizasse referências de projetos representativos em várias regiões. ■
projeto unidade de arquitetura e urbanismo da ufrn autora carla varela araújo prof. orientador marcelo tinôco tema institucional ano 2007 local natal, rn
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residencial viride anteprojeto arquitetônico
Problemas relativos ao meio-ambiente, energia renovável, preservação dos mananciais d´água e temas afins, fazem com que a arquitetura sustentável seja tema constante no viés das principais discussões do momento, de modo que arquitetos, engenheiros e construtores sejam cada vez mais levados a incorporar este pensamento as novas demandas do mercado. No entanto, esta prática se faz pela preocupação que os impactos construtivos podem causar no ambiente ou apenas como uma ideologia verde a fim de atender a uma necessidade mercadológica? Segundo o economista Luis FernándezGaliano (2008), o “Marketing Ambiental” hoje é utilizado como instrumento capaz de elevar o nível de aceitação de uma empresa ou empreendimento junto a seus clientes, mesmo que este seja usado apenas como propaganda, não refletindo muitas vezes a ideologia da empresa ou empreendimento. Nesse contexto, o paisagismo, incluindo o vertical, surge como uma corrente oriunda d e s s e pensamento ecológico e q u e e s t e v e inicialmente ligado a Proposta volumétrica final. arquitetura sustentável, sendo Andrade, 2008. mais recentemente difundido pelos produtores imobiliários como rótulo de “viver bem”. Considerando o forte crescimento urbano da cidade de Natal e tendo como decorrência dele certos impactos e prejuízos ao meio ambiente, pelo simples fato de se ocupar o solo, faz-se necessário a busca de soluções que minimizem os impactos das grandes construções a natureza. Diante destas colocações, o trabalho apresenta uma proposta arquitetônica de um edifício multifamiliar, adotando o Paisagismo Vertical como principio norteador do ante-projeto, uma vez que a utilização do mesmo minimiza os impactos causados ao ambiente, contribuindo para a melhoria do clima, redução da poluição do ar, melhoria do desempenho energético e térmico da edificação, além da melhoria da qualidade de vida de seus usuários e do meio urbano.
Foram abordados no trabalho temas que embasassem o assunto discorrido. Estão entre eles a questão do paisagismo e a sustentabilidade nos dias atuais, o paisagismo vertical como uma alternativa verde para as construções, técnicas e observações ao se projetar jardim sobre lajes, além de estudos de caso de edifícios semelhantes. Para os estudos de casos, foram escolhidas as seguintes edificações: ACROS (Emilio Ambasz), em Fukuoka, Japão; Urban Cactos (UCX Architects), em Roterdã, Holanda; e Elephant and Castle Eco-Towers (T. R. Hamzah & Yeang international architect firm), em Londres, Inglaterra. O ante-projeto do residencial Viride, localizase na Avenida São José, no bairro de Lagoa Nova, num terreno com 3.852m² e conta com dois apartamentos tipo, com 80m² e 100m², totalizando 64 unidades. O programa de necessidades foi definido de acordo com a publicação do VII Salão Imobiliário do RN (2008), que apresentou em 75% dos seus anúncios apartamentos com os s e g u i nt e s amb ient e s : dois quartos, sendo uma suí te, sala de jantar e estar, cozinha e banheiro social. Além disso, a edificação também conta com as seguintes áreas comum: piscina/churrasqueira, piscina coberta, academia, salão de festas e de jogos, espaço goumert e brinquedoteca. Definido o partido arquitetônico (envoltória verde) e após os estudos dos condicionantes ambientais, principalmente no tocante a permeabilidade dos ventos, foi possível prever a volumetria da edificação, onde a mesma estaria cercada por terraços jardins com vazios horizontais e verticais para a circulação dos ventos, solução que contribui para a retirada do calor da edificação. A Pavimento tipo. envoltória verde serve para Andrade, 2008. reduzir a incidência de raios solares sobre as aberturas,
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mente Arquitetos e criando um clima mais ameno no interior do edif Urbanistas que atuam no ício, além de propiciar ao morador mercado de trabalho, uma um jardim interno e privativo, vez que eles devem e são em substituição da varanda. formadores de opinião. Já na cobertura, optou-se por um teto jardim em toda a sua extensão (excetuandobibliografia se área destinada a ABBUD, Benedito. Criando resgate), para cultivo de Paisagens: guia de trabalho vegetação de forração. Essa em arquitetura paisagística. medida implica também na São Paulo: Senac São Paulo, redução da absorção de 2007 carga térmica por parte do edifício. Optou-se por um Amazing Green Bullding: pé esquerdo não usual nas The ACROS Fukuoka. construções atuais, Disponível em: < chegando a um total de 3,06 http://www.metaefficient.co metros. Esta opção vai de m/architecture-andencontro com a lógica de building/amazing-greenmercado, mas faz-se necessária building-the-acrosEsquema de circulação de ventilação devido à especificidade do projeto. fukuoka.html>. Acesso em: Desta maneira será possível horizontal e vertical. Andrade, 2008. 15 jun. 2008. embutir os canteiros na laje, chegando então a uma situação paisagística ideal: o jardim estará Elephant & Castle Econo mesmo nível do passeio. A referida solução também facilita o Towers. Disponível em: <http://www. trhamzahyeangcultivo de espécies de médio porte, pois aumenta a área livre para a .com/project/skyscrapers/elephant-tower01.html>. Acesso vegetação se desenvolver. Já os jardins dispostos na circulação em: 17 de junho de 2009. horizontal dos pavimentos possuirão pé direito duplo, de maneira a permitir o cultivo de espécies maiores, como também propiciar GALIANO, Luis Fernández. É a economia, ecologistas!. uma maior amplitude visual para os que utilizam tal jardim. D i s p o n í v e l e m < O fato das unidades da frente serem duplex gerou dois pavimentos http://www.vivercidades.org.br/publique222/cgi/cgilua.exe/ tipo na edificação, conforme imagem abaixo. sys/start.hth?infoid=1077&sid=5>. Acesso em: 04 de abr. O trabalho se encerra abrindo espaço 2008. para essa discussão, esperando que seja levada adiante por Urban Cactos: High-rise. Disponível em: demais pesquisadores e <http://www.inhabitat.com/2006/11/07/urban-cactusprincipalbuilding/>. Acesso em: 17 de junho de 2008. YEANG, Ken. El Rascacielos Ecológico. Barcelona ES: Gustavo Gili, 2001. ■
Layout pavimento tipo 1 e 2. Andrade, 2008.
Visão geral da implantação da edificação no terreno. Andrade, 2008.
projeto residencial viride - anteprojeto arquitetônico autor daniel paulo silva prof. orientador fabricio leitão tema residencial ano 2008 local lagoa nova, natal, rn
em primeira
joão texto: Camila Furukava | título: Alan Trindade |João Pessoa, Mambembe, 2008 | Momento na praia, de atelier, ao final do encontro | foto: Camila Furukava Diagramação: Igor Santos e Italo Maiadasdasddasdsdsd
p e s s o a
Se me olhas com outros olhos, não sei se me vê como os comuns daqui Se passas por meus percursos o que deixas de rastro? O que levas de imagens? Espero que sintas o calor do início do dia, da estação, da ansiedade do encontro Espero que veja o trilho, o caminho, as escolhas do trem Espero que se choque com a desigualdade presa na igualdade cômoda burguesa E, que se divirta no Bereketê linear ao som do Triângulo Em seguida, que veja a Ribeira com as semelhanças de onde vens e as mudanças que relocam os pescadores que ali se alimentam para a chegada do turismo financiador de outros, que não eles. A hora do almoço é a mais legal! Local igual, Game Station, Mc Donald´s, Bob´s escutando Caetano. Na Laje, o sol e a segregação marcante da minha arquitetura urbana de Edifícios, difíceis de ocupação, palafitas e shoppings de mangues. Da beleza das praças bem utilizadas de skates, das curvas de Niemeyer, do reflexo do teu andar distraído que nem percebe que em seu flash, eu, João Pessoa, me mostro como me sinto, aberto aos olhares críticos, de futuros arquitetos urbanistas, humanos e brilhantes!
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espaço intergeracional moradia para idosos e convívio entre gerações Crianças e idosos: as duas extremidades do ciclo da vida se encontram em um espaço próprio, e desse encontro podem resultar benefícios mútuos. Essa foi a idéia que motivou a proposição deste TFG, cujo surgimento está ligado à necessidade de ampliação dos programas que integrem a infância e a velhice, a fim de combater o isolamento social sofrido pelo idoso e contribuir para o aprendizado e o desenvolvimento infantis. Na realidade brasileira essa preocupação se justifica, pois, por um lado, o envelhecimento populacional demanda novas alternativas e caminhos de se pensar nos espaços voltados para esse seguimento populacional (dentre os quais se destaca a habitação), e, por outro lado, a infância tem exigido cada vez mais cuidados, sobretudo quanto à preocupação com a manutenção da memória coletiva e o enfrentamento da violência social. Dentro desse contexto atual, o tema do TFG — inserido na área de Projeto de Arquitetura — correspondeu ao desafio de propor um espaço destinado à moradia de idosos, contemplando o convívio entre gerações como meio de conferir um processo de desenvolvimento saudável para ambos, por meio de uma arquitetura mais humana e integrativa.
vista geral do Espaço Intergeracional
implantação
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PENASREVISTADAGRADUAÇÃOEMARQUITETURAEURBANISMO.UFRN salão de festas e espaço comercial
proposta arquitetônica Localizado na Zona Norte de Natal-RN e implantado em lote com 17.351,40 m², o anteprojeto, com área total construída de 5454,87 m², foi desenvolvido em 3 blocos interligados por circulação coberta. A maior parte dos blocos é térrea, sendo executada com estrutura em concreto ou metálica, e fechamentos em alvenaria, com a busca de soluções climaticamente adequadas. O partido arquitetônico teve como eixo condutor a elaboração de espaços abertos que se integrem à comunidade, representando um convite ao convívio intergeracional.
oficinas interligadas pela marquise curva
bloco central, espaço de eventos e setor comercial É o coração do espaço intergeracional para o qual, a maior parte das edificações se volta. Nele, reuniram-se vários usos, como: biblioteca, anfiteatro, salão de festas, espaço para exposições e lojas comerciais para venda dos artigos produzidos nas oficinas.
oficinas Dedicadas ao convívio intergeracional, abrangem oficina de culinária, música, pintura, artesanato e brinquedoteca, em um partido arquitetônico que pretende ser lúdico. As oficinas foram pensadas como módulos independentes, unidos por uma extensa marquise branca apoiada em pilares na forma de “V” que formam bancos. Os módulos possuem cobertura em treliça metálica curva que de um lado “pousa” sobre a marquise enquanto que do outro se volta em direção ao chão, formando passeios cobertos. Sua acentuada curvatura permite a formação de um colchão de ar entre a cobertura e o módulo edificado, facilitando a circulação dos ventos e, consequentemente, as trocas de calor.
bloco habitação/serviços/saúde Destinado à moradia de idosos, o bloco totaliza 27 unidades habitacionais, abrangendo também setor de saúde e serviços. O programa básico para a unidade habitacional — composto por sala, quarto, cozinha, banheiro e varanda — norteou a concepção de todo o bloco, juntamente com a intenção de priorizar a ventilação natural nos apartamentos. Na parte posterior das habitações têm-se a área da piscina e o setor de saúde. Nas habitações, são propostas sacadas, protegidas por beiral e brises móveis que garantem privacidade e conforto térmico. Tendo em vista a acessibilidade, a circulação vertical no bloco da habitação ocorre por meio de rampa, escadas e plataforma de percurso vertical. No pavimento superior, a circulação representa “ruas de convívio”: uma grande varanda com visibilidade para o espaço intergeracional. O desafio deste TFG foi propor uma arquitetura com forte embasamento social, enfrentando questões contemporâneas a partir de novas perspectivas paradigmáticas, com o intuito de contribuir para estudos que conduzam propostas voltadas para a definição de modos mais humanos de produzir o espaço que hoje habitamos.
projeto espaço intergeracional: moradia para idosos e convívio entre gerações autora deisyanne câmara alves de medeiros prof. orientador gleice azambuja elali tema habitação ano 2008 local natal, rn
ventilação cruzada nas unidades habitacionais
acesso ao setor de saúde bloco da habitação volta-se para a parte central
parte posterior da hab. com brises móveis para proteção solar
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posto de serviços BR uma nova proposta arquitetônica ambientalmente adequada
Postos de combustíveis são classificados como um equipamento meramente utilitário, contudo eles têm um papel bem mais amplo que seu objetivo final de fornecer combustíveis derivados do petróleo e gás natural. Eles fazem parte de um cotidiano de grandes centros urbanos, não sendo meros cenários aos empreendimentos, pelo contrário, pulsam por uma plástica vívida em equilíbrio com o meio, que trazem ao corriqueiro dia-a-dia, uma satisfação por se transitar pelas suas vias principais. A essa necessidade surgiu a idéia de uma nova concepção para os postos de combustíveis BR, adequando-os ambientalmente ao meio inserido, não só referindo-se aos impactos que agridem de forma direta o meio natural, mas também a poluição visual notada pela repetição aparentemente pouco descompromissada desse tipo de estabelecimento. A nova imagem criada rompe com o padrão da arquitetura de postos observado atualmente, contudo preservando os preceitos básicos do empreendimento, tal qual a identidade da BR, a necessidade de estandardizar, padronizar e de se adequar às legislações ambientais. Para se desenvolver essa proposta foi selecionado um terreno de esquina situado no bairro da Praia do Meio - Natal/RN, próximo a Ponte Newton Navarro, despontando um grande potencial de consumidores, tendo em vista a geração de novas rotas de tráfego na região. O projeto focou seu desenvolvimento baseado na preocupação ambiental gerada por este equipamento potencialmente poluidor. Dessa forma, foram pensadas soluções sustentáveis nas quais o envolvesse desde o processo
construtivo, o próprio empreendimento e até durante o seu funcionamento. As diretrizes que nortearam o projeto se destacam em cinco tópicos: fluxograma bem resolvido, inovação do partido, flexibilidade da proposta, preocupação ambiental e a humanização da edificação. Tendo em vista que um posto de gasolina se caracteriza por uma prestação de serviços de forma bastante imediata, um fluxograma bem estrturado possibilita essa ação de forma eficaz e segura; por isso, foram estudadas diversas maneiras para se posicionar sua principal atividade, a ilha de bombas, propiciando a sua melhor disposição. Durante a elaboração do zoneamento do edifício, foram desenvolvidas e analisadas cartas solares de todas as testadas do terreno, obtendo assim, informações determinantes para a instalação das zonas de longa, média e curta permanência de forma coerente com a realidade do lote. Contudo, naturalmente, nem todas as necessidades ambientais do edifício puderam ser resolvidas com essa distribuição, partindo então, para soluções passivas de adequação às condições
estudos iniciais da ilha de abastecimento
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climáticas do local no desenvolver do projeto. A começar pelo sistema construtivo escolhido, o LSF (Light Steel Framing), que se caracteriza por perfis leves de aço galvanizado; essa escolha como partido estrutural do posto se deu pelo seu caráter modular, isolante térmico-acústico e reciclável; fazendo-se uso de painéis estruturais com módulo de 60cm x 60cm. Outra concepção sustentável ao empreendimento foi a sua cobertura, que se empregou telhas de plástico reciclável (PEAD reforçado), tecnologia pouco presente no Brasil, mas em alto nível de desenvolvimento no exterior. Dentro do programa de necessidades empregado destaca-se o setor de serviços compreendido pelos edifícios de apoio onde se encontra, dentre outras, a loja de conveniência “BR Mania”, departamento que ganhou destaque no projeto - devido seu grande crescimento no setor - ao agregar o “Espaço Mania”, área criada para servir de apoio aos consumidores que prolonguem o uso da conveniência em um ambiente confortável tipo deck com mesas e banheiros sociais. Ainda nesse contexto dos edifícios de apoio, buscouse sempre soluções com o uso de energias passivas, e para tal, foi projetada ações sustentáveis como o teto-jardim, o uso de ventilação e iluminação natural com a aplicação de sheds (abertura zenital) e brises nos módulos de fechamento do edifício. Essa proposta rompeu com um grande conceito dos postos de combustúveis atuais, a identificação de suas bandeiras; a meta desse projeto buscou apreender a visão do usuário quanto à 'marca' do posto não apenas pela sua publicidade e sim, principalmente, por sua própria arquitetura da estrutura como um todo, além da aplicação das cores verde e amarelo, característico da BR. Outra quebra de paradigma foi o afastamento das vagas de estacionamento dos clientes da BR Mania, fato este que se justificou baseando-se nos estudos empíricos realizados como referências ao desenvolvimento do trabalho; foi verificado que a existência de vagas diretamente na frente do edifício causava constantes conflitos entre o fluxo de automóveis que faziam uso de outros serviços prestados, em especial o abastecimento. Sendo assim, foi permanecido o mínimo de vagas (02, sendo uma para portadores de necessidades especiais) e as demais foram alocadas na área periférica do terreno, e ainda assim mantendo o acesso rápido e fácil ao edifício de serviços. A aplicação das legislações ambientais e urbanísticas foram utilizadas sem maiores dificuldades na proposta desenvolvida, pelo contrário, tornar o posto em equilíbrio ambiental e social só elevou a imagem/marca dos conceitos Petrobrás ao nível em que se pretende chegar: a atitudes e soluções sustentáveis na prestação de seus serviços. ■
BR Mania
Edificação de apoio suspensa com tratamento paisagístico, abertura zenital (sheds), brises
sistemas estruturais
projeto estação de serviços br autora lorraine egito prof. orientador marizo vitor tema serviços ano 2008 local praia do meio, natal, rn
Espaço Mania
Deck feito com perfis de plástico reciclado, PEAD reforçado
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ceduc metropolitano
projeto ceduc metropolitano: unidade para internação de adolescentes em conflito com a lei autora maria gabriela de oliveira sales profª. orientadora mariana fialho bonates tema institucional ano 2008 local natal, rn
unidade de internação para adolescentes em conflito com a lei
vista da implantação e locação do projeto no terreno
O tema abordado para este trabalho final de graduação, com o título de CEDUC METRPOLITANO: Unidade de Internação para Adolescentes em C0nflito com a Lei, trata de uma proposta arquitetônica elaborada com o intuito de viabilizar a aplicação de uma medida socioeducativa, conhecida como internação. No ordenamento jurídico nacional existem seis medidas socioeducativas para adolescentes que praticam crimes ou contravenções, que seriam: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços a comunidade, liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade e a internação em estabelecimento educacional. Dentre estas medidas a que necessidade de um projeto arquitetônico completo, com moradias, salas de aula, refeitório, posto de saúde, espaço para a pratica de esportes e religião, é a internação. A proposta apresentada segue os parâmetros arquitetônicos desenvolvidos pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos compactados num manual, chamado SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo). De forma a contribuir tanto à proposta quanto ao SINASE, foram realizados estudos de referência que subsidiaram muitas das decisões projetuais tomadas, além da verificação dos condicionantes, como a localização do terreno e suas especificidades, legislação, programa de necessidades e os usuários, que sempre contêm parte significante na influência das decisões tomadas em um projeto arquitetônico.
N
implantação e locação do projeto no terreno
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O terreno escolhido para a implantação da proposta localiza-se na Av. Capitão-Mor Gouveia, na Zona Oeste de Natal; próximo a promotoria Estadual da Infância e Juventude, ao Centro Integrado à Criança e ao Adolescente Infrator e a Semi-liberade Esperança, que diz respeito à espaços ligados a aplicação de medidas socioeducativas. O memorial descritivo elaborado, que de forma sucinta transmite as principais idéias e intenções da proposta arquitetônica, apresenta a divisão da proposta em setores, que formam o complexo de uma Unidade de Internação. Estes setores são descritos como: Acesso, Visita, Esporte e Religiosidade, Administração, Saúde, Serviços, Moradia e Educação e Oficinas Buscou-se dispor os blocos de setores de forma a “proteger” os setores de moradia e educacional, deixando-os num local mais reservado, portanto os blocos relacionados ao acesso, visitas, administração, saúde e serviços foram dispostos de forma a propiciar esta intenção. O projeto destaca-se pela horizontalidade (enfatizada pelo fato da necessidade de um gabarito baixo, no máximo de dois pavimentos); pela preocupação em utilizar uma vegetação apropriada, inclusive com a presença de tetos-jardins; e a persistência em humanizar ao máximo todos os ambientes, tentando diminuir a sensação de confinamento e aprisionamento.
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vista da praça e anfiteatro
vista do complexo esportivo vista do setor de moradia e educacional
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PENASREVISTADAGRADUAÇÃOEMARQUITETURAEURBANISMO.UFRN
indústria anteprojeto arquitetônico de uma indústria de confecções infanto-juvenil
A escolha do tema deste Trabalho Final de Graduação se relaciona com a realidade profissional da família da autora, que possui uma indústria de confecções em operação produzindo roupas infanto-juvenis para serem vendidas nas lojas Bamboo, distribuídas na cidade de Natal. Assim, o trabalho abriu espaço para se discutir aspectos referentes às instalações das atuais indústrias do segmento, aliando às necessidades reais da empresa, que busca, mesmo que futuramente, ampliações e melhoramento nas condições de trabalho e conforto de seus funcionários. As aplicações de estratégias de conforto térmico, luminoso e acústico se tornaram indispensáveis para a proposta, pois as condições do galpão atual da empresa não são as ideais, sendo alvo de constantes reclamações dos funcionários. Deste modo, o trabalho consistiu em desenvolver um anteprojeto arquitetônico de uma indústria de confecção que atendesse as necessidades funcionais e as condições de conforto ambiental para seus usuários. A área escolhida para a elaboração da proposta se situa em São Gonçalo do Amarante/ RN, onde parentes da autora possuem um terreno situado próximo do local previsto para o novo aeroporto do RN, o que favorecerá a criação de novos acessos e a melhoria dos existentes. Estudos prevêem a duplicação da BR 406, a criação de outras vias estruturadoras para o sistema viário da Região Metropolitana, até mesmo uma mudança no sistema ferroviário atual, o que facilitará o transporte de mercadorias e funcionários, tornando também
o exercício do trabalho Final de Graduação o mais próximo possível da realidade da empresa. As simulações com programas computacionais se mostraram de grande importância, pois ajudaram na reflexão quanto ao impacto das decisões projetuais, no controle e dimensionamento adequado das soluções, tornando-se possível uma análise do desempenho da proposta. Foram, então, realizados estudos de geometria solar, resistência térmica do sistema construtivo, iluminação natural, acústica e ventilação. Apesar de algumas simulações não conseguirem representar fielmente a realidade, devido às restrições dos programas quanto às características da região e às formas escolhidas para o projeto, servem para auxiliar a definição de elementos, materiais construtivos e as estratégias de conforto a serem incluídas na proposta, até mesmo estratégias de intervenções. O enfoque das simulações foi para o setor de produção, por ser o ambiente com o maior tempo de permanecia dos usuários. A influência do Laboratório de Conforto da UFRN nesta etapa foi de grande importância, pois o vínculo da autora como bolsista do laboratório auxiliou o uso dos diversos programas computacionais utilizados no trabalho. A proposta arquitetônica consiste em um bloco principal destinado à produção/ administração e dois blocos de apoio, um com os serviços de atendimento ao funcionário (recursos humanos, enfermaria, salas para consulta médica)computacionais.
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e vestiários, o outro com as atividades de convivência, serviços (restaurante, cozinha, despensa) e loja da fábrica. Além destes blocos, há a guarita, a subestação de energia, a caixa d’água e o estacionamento das bicicletas. O Setor de produção e administração foi elaborado seguindo o princípio da modulação. A planta retangular permite maior flexibilidade de layout e melhor fluxo de produção. Para quebrar a monotonia da planta retangular se pensou em uma cobertura metálica curva, dividida em partes com alturas diferentes, de forma a aproveitar a iluminação indireta proporcionada pelas aberturas que se formam nas laterais. O Jogo de formas curvas e volumes retangulares, articulados através de elementos estruturais metálicos promovem um sistema de ventilação cruzada, auxiliado pelo uso de cobogós e extensos beirais, protegendo as fachadas. Para o setor de convivência e apoio tentou-se criar espaços mais humanizados em integração com a natureza, de forma que todos os ambientes convergissem para um pátio central. Este pátio descoberto, bastante arborizado, com mesas e bancos, cria uma confortável e integrada área de convivência, no intuito de se valorizar o espaço cotidiano dos funcionários e ao mesmo tempo quebra a rigidez das formas retangulares tão comuns em indústrias. O trabalho se tornou bastante interessante por ter partido de uma tipologia industrial que normalmente utiliza galpões fechados, sem grandes preocupações com o ambiente de trabalho e atenção voltada apenas para a produção, mas que com os estudos de conforto ambiental foi possível obter uma solução preocupada tanto com as questões funcionais como de conforto para seus usuários, o que proporciona uma melhoria considerável no desempenho e na produtividade da empresa, além da eficiência energética na edificação.
processo criativo
projeto indústria de confecção infanto-juvenil autora marina cortês prof. orientador bianca araújo tema indústria ano 2007 local são gonçalo do amarante
Ilustração: Igor Santos
por vezes catastróficos, provocados pelos vulgos “Quarto do pânico” ou até mesmo o “Quin-
to do inferno”. Comigo a história foi assim: Resolvi fazer Arquitetura. Ponto! Sempre gostei de projetar,
* Resposta no verso da última página
Jefferson Damasceno É relativamente considerável o número de alunos que desistem do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo ainda nos primeiros períodos letivos da longa caminhada. A primeira pergunta que fica na mente de quem assiste ao fato com certa distância temporal – leia-se pouco mais vivido – é perguntar: Por que estes alunos decidiram prestar vestibular para Arquitetura? Opa! Ou seria para Urbanismo? Arquitetura e Urbanismo é que não foi! Ou foi? Espera aí, será que não fizeram pra Design porque o curso ainda não existia? Ou será que eles queriam mesmo era fazer para Engenharia Civil e, de última hora, decidiram por Arquitetura por algum motivo qualquer? Acredito que nem os desistentes saberiam, ao certo, responder estas questões. O fato é que, em minha opinião, depois
de um vestibulando ter feito sua escolha, meio que às escuras, pelo curso de Arquitetura e Urbanismo, não dá pra sentir o que nossa graduação tem a oferecer sem antes passar por, pelo menos, quatro períodos do curso, e
olhe lá! Porque ainda temos que considerar os efeitos psicológicos,
ou melhor, de rabiscar plantas baixas de residências, mesmo quando não fazia a mínima idéia das dores e delícias de ser arquiteto. Imaginem só que nessa época (1990...) eu não sabia nem que pra ir da sala para a cozinha não precisava passar por dentro dos quartos. Que potência do fluxograma! Durante minha graduação - e aí chegamos ao cerne da reflexão que gostaria de trazer para os leitores – quanto mais eu estudava Urbanismo (o “sobrenome” do nome do curso que escolhi), mais tinha certeza de que queria ser Arquiteto e ponto. Hoje até vejo que não dá
pra ser Arquiteto sem conhecer o Urbanismo e vislumbro a nobreza trazida por este “complemento” à formação generalista na qual adentrei, mas isso não vem ao caso neste momento, até porque agora é que vem o pior:
Quanto mais estudava projeto, mas me sentia triste e “oco”. Isso mesmo, oco de conhecimento em torno da atividade projetual em Arquitetura. Como otimista, que sempre fui, pensava que, com o tempo, as coisas iam
melhorar. Mas o tempo foi passando e eu me sentindo ainda um tanto leigo e ignorante. A única coisa que crescia dentro de minha massa cinzenta era a especialidade em desenho de projetos, diga-se de passagem, me formei um desenhista de mão cheia! Vocês precisam ver minhas pranchas de projeto: uma beleza! Pelo menos é o que eu acho. E minha mãe também. Mas esta formação eu adquiri no CEFET, com o curso de Construção Civil – habilitação em desenho de projetos – e praticando no escritório de arquitetura em que estagiei durante os cinco anos de curso. Espera aí então, afinal o que o curso de Arquitetura me acrescentou? Ah, lembrei: saí perito em funcionalidade, de alguns usos é claro, e principalmente, em criticar funcional e esteticamente os projetos alheios. É eu sou bom nisso! Vocês também? Que
coincidência! Procurar de quem é a culpa, para muitos é a mesma coisa que investigar quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha. Para mim não é não. Pode até ser que um dia eu mude de certezas. É ótimo mudar! Assumo minha condição natural de ser - humano: a “metamorfose ambulante”. Mas, hoje mesmo, eu poderia traçar um panorama de culpas e dolo. Se não o faço é porque, primeiro,
prefiro estimular que jogar pás de areia, depois, por questões éticas. Apenas uma ponta deste iceberg, posso revelar: Nota não revela conhecimento adquirido e os métodos de avaliação em nosso curso só podem ser consideravelmente falhos. De outra maneira, como se justificaria um aluno ser laureado e não saber projetar? Sim, porque eu não sabia e, talvez, ainda não saiba, mas estou descobrindo os caminhos que, diga-se de passagem, poderiam ter sido descobertos durante o curso sim! Pois olha só que ironia: Foi aqui mesmo que eu re-aprendi. E nem me venham com o jargão batido: - É questão de maturidade... É porque agora você quis enxergar... blá, blá, blá. Nada disso! Eu sempre quis saber, sempre fui um aluno super interessado, isso eu posso assegurar. E outra coisa: Existe um instru-
mento pra medir a maturidade necessária para se aprender Arquitetura? Então esse termômetro também deveria medir a maturidade para se ensinar Arquitetura. Afinal, diante desta condição mirabolante talvez o curso passasse por uma nova composição em seu quadro discente e docente. Solução: (Eita, aluno adora uma solução não é? É bom demais um pouquinho de certeza dentro dessa embarcação, por vezes, nauseante de tanto que balança!) Se você, como eu, gosta de projetar e quer ser Arquiteto, existem caminhos para recuperar as perdas e danos. Um deles, este foi o meu, é buscar um conhecimento mais científico em torno da elucidação do ato projetual. Se você ainda está na condição de aluno, APROVEITA! Há meios de exigir isso de seus professores. Organizem-se e procurem a coordenação do curso. Façam cumprir o mínimo: Aulas condizentes com o plano de curso (aprovado nas reuniões internas do departamento) que devem ter, de maneira clara, a ementa da disciplina acompanhada da metodologia utilizada para se cumprir os objetivos. Mas, atenção: Metodologia, falando mais especificamente das disciplinas de projeto, não é enumerar os recursos didáticos-pedagógicos que serão utilizados nas aulas, não é dizer como o aluno vai ser avaliado, vai além, muito além disso. Metodologia também não deve ser passada como “minha maneira específica de projetar”, isso é paternalismo doentio e nós não viemos até a universi-
dade em busca de um pai. Metodologia também não é a atitude do professor de simular um cliente abusado que nunca está satisfeito com o nosso projeto. Nós teremos nossos clientes pro resto da vida quando sairmos da universidade, também não viemos aqui pra isso, inclusive porque questão de gosto... Se discute, mas cada um tem o seu, muitas vezes, totalmente sem fundamento! Por fim, metodologia também não é definir as etapas projetuais que devemos percorrer: zoneamento, programa de necessidades, matriz de relações, organograma, fluxograma e... Nasceu! Mas se você já está mais pra lá do que pra cá, ou seja, do nono período em diante, então colegas, terão que recorrer a livros ou pósgraduações, muito bem orientados, senão a quizumba vai continuar! Dica: O programa de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRN está adquirindo, cada vez mais, respeito no panorama nacional. Foi nele que eu encontrei e tenho encontrado um bom conhecimento complementar. Durante o ano de 2005, ainda como aluno especial do mestrado, tive contato com alguns textos bastante elucidativos e reconfortantes contidos na publicação oriunda do Seminário Nacional sobre Ensino e Pesquisa em Projeto de Arquitetura – PROJETAR 2003 – (evento criado pelo pessoal de projeto que atua na Pós daqui e também no grupo de pesquisa Projetar) e aí percebi que valia a pena ficar. Durante os dois anos seguintes mergulhei fundo numa pesquisa científica que me fez perder cabelos e peso, mas que me trouxe um considerável conhecimento projetual. A dissertação resultante da pesquisa desenvolvida nos anos de 2006 e 2007, sob a orientação da Professora Dra. Maísa Veloso, tem este título: “O que é que há? O que é que está se passando” nessas cabeças? Na verdade, ele foi fruto de uma licença poética que repres enta
algo mais elaborado: um estudo sobre a concepção de projetos recentes da Arquitetura residencial unifamiliar em Natal. A escolha do recorte sobre o que estudar (Arquitetura residencial unifamiliar) veio desde o início do processo. Primeiramente por questões de identificação pessoal com o tema e, depois, por acreditar que há na projetação deste nicho, uma oportunidade ímpar para o exercício profissional: a concepção da edificação mais íntima e querida pela maior parte dos seres humanos: o lar-doce-lar. Para além das identificações pessoais com o recorte temático, a pesquisa se insere no contexto maior de uma demanda intelectual existente a nível nacional. As discussões acadêmicas atuais têm aberto um vasto leque para pesquisa no campo da elucidação do processo projetual e dos saberes sobre a arquitetura. Nesse sentido, um estudo sobre a concepção em arquitetura é muito importante, dentre outras coisas, porque tenta tornar inteligível a complexidade de escolhas que ocorrem na mente do arquiteto durante a elaboração do cerce ideológico de seu projeto. E essa é uma ferramenta importante, não só para profissionais, mas principalmente para alimentar o processo de ensinoaprendizado em arquitetura. Dessa maneira, nós (orientando e orientadora) perseguimos o objetivo de entender os processos de concepção adotados nos projetos selecionados através da utilização da teoria arquiteturológica. O que é isso? Vocês devem estar me perguntando. Arquiteturologia é um conceito teórico - desenvolvido por um arquiteto e professor Francês chamado Philippe Boudon - que busca a construção de um conhecimento sobre a arquitetura. O livro que tomamos como referencial teórico/metodológico “enseigner la conception architecturale - cous d´architecturologie” foi desenvolvido por Boudon, em parceria com outros pensadores, com finalidade pedagógica, ou seja, de ensino da concepção para estudantes da área da arquitetura, mas também pode ser utilizado para fins analíticos, como os próprios autores sugerem e testam no capítulo final do livro. Bom, mas logicamente esta não era a única alternativa, então por que decidimos ficar com ela? De fato, algumas literaturas a respeito da análise de projetos foram revisadas, mas de pronto identificamos um ponto de destaque na obra de Boudon: a busca pela elucidação do processo projetual de maneira mais investigativa e imparcial. Para nós, uma abordagem que não quisesse provar nada e que não qualificasse o objeto analisado foi vista com bons olhos. Por que? Pelo simples fato de que não gostaríamos de iniciar uma pesquisa com preconceitos ou carapuças classificatórias, nem muito menos, depois de analisar os projetos, tecer comentários críticos, do tipo qualificatório, sobre eles. Nosso intuito
era somente investigar, testar uma ferramenta, entender como ela poderia ser aplicada e o que poderia nos fazer enxergar... Depois, o conceito de arquiteturologia adequou-se muito bem aos propósitos desejados: Modelo teórico para construção de um conhecimento sobre Arquitetura através da investigação das operações mentais de cada arquiteto, no momento em que está dando ordem ao seu trabalho de concepção. Além disso, o conceito trás um deslocamento epistemológico que foi muito bem aceito por nós e definiu o rumo da pesquisa, desde a coleta do material até a análise. Trata-se de um deslocamento do objeto concreto (materialidade) para o virtual (intelectualidade), do resultado (obra) para o processo (projeto). Isso, vale a pena ressaltar, dentro de um processo analítico. O que não quer dizer que a abordagem negue a materialidade arquitetônica, de forma alguma, esta noção é inclusive abarcada por definições que constroem o modelo teórico, ela apenas centra sua atenção na concepção da arquitetura e não na construção material da arquitetura. Se ainda não entenderam, clareio ainda mais: mesmo que os projetos analisados estivessem sendo construídos, para nós, o que importava, enquanto objeto analítico, era o processo projetual (croquis, discursos e desenhos técnicos) Outro ponto interessante que a arquiteturologia nos oferece e que foi ótimo observar/comprovar é o fato de que ela se baseia numa perspectiva poiética (aceitação de ações humanas finalizadas sobre modelos substratos adotados previamente). Trocando em miúdos: Em arquitetura, nada se cria do nada e sim a partir de transformações sob algum modelo prévio. Já ouviu isso em algum lugar não foi? É uma versão mais científica do velho ditado: - nada se cria tudo se copia. Só que copiar não é bem a palavra correta, a mais adequada seria transformar. Resumidamente o modelo arquiteturológico (a parte metodológica da teoria) pode ser compreendido, a partir da noção de um sistema de operações no qual há uma constante relação
entre algo que é medido (um modelo / operando) e algo que lhe confere medida (escala / operador). Então é através da definição de 20 escalas arquiteturológicas que Boudon tenta desvendar as operações que regulam a passagem de um estado para outro: da mímesis (imitaçãoreplicação de um modelo) à poiética (transformação a partir de um modelo). Falando mais especificamente dos procedimentos metodológicos da pesquisa, quando nós recolhemos todo o material de análise (12 projetos, desenvolvidos por 6 arquitetos), observamos em cada projeto, como possivelmente teria se dado a utilização de cada escala dessas em sua concepção. Esta etapa gerou o que chamamos de Leituras arquiteturológicas prévias. A partir desse ponto, passamos ao planejamento e execução da fase de entrevistas de onde seriam obtidos os discursos dos arquitetos. Também aplicamos questionários onde tínhamos o objetivo de coletar informações profissionais dos arquitetos, mas também suas crenças gerais sobre arquitetura, suas referências, suas maneiras de especializarem-se ou de buscar inspirações, etc. Nesse momento demos início à fase de confrontação, resultando na análise definitiva que é nada mais que um cruzamento dos dados obtidos no levantamento gráfico (projetos, croquis), escrito (questionários) e falado (entrevistas) com a operacionalização do modelo arquiteturológico de Boudon. No decorrer das análises nós pudemos perceber como os arquitetos iniciam seus projetos, quais são suas prioridades e como elas se colocam desde o início e durante o desenrolar do processo projetual. Percebemos como fatores externos (principalmente os de ordem sóciocultural) podem influenciar nas decisões projetuais. Percebemos, por fim, o “estilo global” de cada arquiteto que revela, dentre outras coisas, o fato de que independente de quão diferente sejam os projetos concebidos por um arquiteto, todos vão ser fruto de processos de recortes, referenciações e dimensionamentos semelhantes. O processo de pesquisa foi exaustivo e os resultados, dos macros aos micros, foram muitos, o registro deles não cabe a um artigo como este. Para este momento, desejo apenas estimular e mostrar um caminho possível para o que, muitas vezes, consideramos impossível: Aprender a projetar. Como escrevi alguns parágrafos atrás, cada um deve ter seu próprio caminho de encontro ou re-encontro; de aprofundamento do sentimento positivo com relação ao processo de aprendizado na academia ou de reconciliação com ele. O meu foi esse que, resumidamente, acabo de apresentar. Se hoje gosto mais de projetar e sei mais um pouco sobre arquitetura foi graças a muito esforço, disciplina e dedicação numa via de mão dupla (PPGAU – Jefferson). Nunca é demais agradecer a nossos “pais” acadêmicos que no meu caso foi uma mãe chamada Maísa Veloso e lembrar aos futuros interessados no caminho do saber que as recompensas são prazerosas, mas o caminho é árduo e muitas vezes solitário... Do tipo que só se vale à pena trilhar, se realmente gostar do processo. Boas dores e delícias para os futuros arquitetos
Jefferson Damasceno é arquiteto e urbanista, professor substituto do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN. Ilustrações: Janyffer Morais|Diagramação e Design:Italo Maia
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A revista Penas é uma publicação periódica que tem como finalidade divulgar a produção acadêmica dos alunos da graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os trabalhos aqui expostos são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores, bem como possíveis imagens (fotos, diagramas, desenhos técnicos,ilustrações, gráficos, etc). Quando estas, excepcionalmente, forem de fontes externas ao corpo discente/docente do curso, serão devidamente referenciadas no próprio trabalho.
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte • Centro de Tecnologia • Departamento de Arquitetura • Curso de Arquitetura e Urbanismo
Chefia do Departamento de Arquitetura Prof. Marcelo Tinôco Prof. Aldomar Pedrini Coordenação do Curso de Arquitetura e Urbanismo Profª. Giovana Paiva Profª. Natália Vieira Revista Penas | ISSN 1984-3798 |Edição nº 03 Editores (discentes da graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRN) Igor Alves dos Santos (4º período) Italo Dantas de A. Maia (7º período) Professor Orientador Prof. Aldomar Pedrini
Contato: revistapenas@yahoo.com.br Agradecimentos: à Carlos Onofre, pela constante assessoria nesta edição de transição da equipe da revista (Igor e Italo); ao professor Aldomar Pedrini, pelo apoio, incentivo e infraestrutura oferecidos através do LabCon; ao Labinfo,também pelo apoio. Colaboraram nesta edição: Adauto Carvalho, Aline Lopes, Ana Cláudia Mendonça, Ana Paula Gurgel, Camila Furukava, Carla Varela, Carlos Onofre, Daniel Paulo de Andrade, Deisyanne Câmara, Felipe Musse, Ivana Carla Poletto, Jannyfer Morais, Jefferson Damasceno, Laura Hernandes, Lorraine Egito, Marcela Cabral, Maria Gabriela Sales, Mariana Azevedo Lima, Mariana Barbosa, Marina Medeiros, Roberta Nyele, Sandra Albino, Sophia Motta, entre outros que, por deslize, tenhamos esquecido de mencionar. Capa: Unidade de Arquitetura e Urbanismo (edição de desenhos técnicos fornecidos por Carla Varela). Design de Italo Maia. Editorial: Design de Igor A. Santos Sumário e expediente: uso de carta aerofotográfica (16-69-5) por IDEMA/TOPOCART (editada) Design da logo “Penas” de Renata Gabriela de Matos e Carlos Onofre. Fonte da Logo: Das Reich Gut Regular (http://www.netfontes.com.br). Design da capa nº03 de Italo Dantas de A. Maia