númerovinteequatro Revista Pilotis - n.º 24 - julho/agosto de 2013 Produção interna dos alunos e educadores do Colégio São Luís
nesta edição:
estudo do meio Crescendo longe de casa
esporte Pontapé inicial
palestra Sobrevivente ao holocausto
Fazer o bem
ação de CSL lança portal de divulg promover projetos sociais com foco em de o lado humano da socieda
m e u q a o d n a olh
:: editorial
Revista Pilotis - n.º 24 - julho/agosto de 2013
.3 Prezados leitores, Diante de um semestre tão rico, este editorial poderia dizer simplesmente: Muito obrigado!
.4 .6
Este agradecimento vai para todos os funcionários, professores, alunos e familiares. Foram momentos de aprendizado significativo e dedicação merecidamente recompensada dos
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nossos alunos, celebrados através de exposições e conclusões de projetos inovadores, da Educação Infantil ao Ensino Médio Diurno e Noturno; Familiares-parceiros demonstraram a sua
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confiança no São Luís, contribuindo com ideias e sugestões para o crescimento de todos; Educadores e professores competentes demonstraram sua paixão pela arte e missão de educar,
.12
debruçando-se sem tergiversações sobre as questões que definem o que é excelência em educação para esta geração que aí está; Funcionários de todos os setores não mediram esforços
.14
para fazer tudo muito bem feito, atingindo um equilíbrio aparentemente impossível: de um lado, o ritmo acelerado que o tamanho e o alto nível de exigência da comunidade impõem à
.16
rotina do Colégio, e, de outro lado, a atenção e o cuidado para com cada pessoa. Quando o semestre parecia aproximar-se do seu atracadou-
.19
ro para as férias, São Paulo e o Brasil assistiram a manifestações populares de envergadura pouco vista nos últimos anos em nosso País. Não se trata aqui de concordar ou não com o
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que aconteceu, pois são muitos os ângulos de análise possíveis e a diversidade de públicos, causas, líderes e estratégias. Na Pedagogia Inaciana, porém, aprendemos que não existe Edu-
.22
cação sem Contextualização. O contexto atual, então, reforça as nossas convicções de educar, promovendo valores e ideais como diálogo, participação, inclusão, respeito, discernimento,
.24
responsabilidade, compaixão, direitos e deveres, compromisso, consciência e competência.
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Boa leitura e, desde já, sejam bem-vindos ao segundo semestre!
.28
falaram de nós CSL na imprensa
aconteceu Flashes do São Luís
aconteceu especial Cliques do Arraiá do CSL
formação cristã
Conhecendo uma realidade diferenciada
antigo aluno Em busca de fazer o bem
palestra Sobrevivente ao holocausto
capa Fazendo o bem olhando a quem
estudo do meio Crescendo longe de casa
magis Jovens peregrinos
encontro de funcionários Conhecendo a história e uns aos outros
esporte Pontapé inicial
fórum de profissões O que quero ser quando crescer?
contos, crônicas e poesias Umbrella
e. m. noturno Um dueto de memórias
Pe. Eduardo Henriques, SJ Diretor-Geral do Colégio São Luís
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notas
Falaram de NÓS Leia as matérias completas no site www.saoluis.org/sala-de-imprensa
São luís tem programa tradicional e disputado Diário de S.Paulo Curso Noturno do Colégio São Luís ganha destaque em jornal por sua excelência.
No Dia da Terra, crianças contam como preservam o planeta UOL Alunos do Colégio São Luís participam de matéria sobre como preservar o planeta.
As marcas dos jesuítas em São Paulo Estado de S.Paulo O CSL ganha destaque em matéria sobre as marcas deixadas pelos jesuítas na capital.
Entrevista com Pe. Eduardo TV Globo/Jornal Nacional Diretor-Geral do Colégio São Luís é entrevistado em especial do Jornal Nacional sobre a eleição do Papa Francisco.
:: aconteceu VII Torneio Intercolegial de Xadrez No final de abril, 140 crianças, entre 6 e 16 anos, participaram de partidas de xadrez no CSL. O Torneio de Xadrez contou com a participação dos colégios São Luís, São Mauro, Santo Agostinho, Santa Marcelina, Mackenzie, Dante Alighieri, Mirassol, Móbile e Catamarã.
Semana Santa Jovem e Páscoa Gonzaga Durante os dias que antecederam a Páscoa, alunos do CSL e dos outros seis colégios da Província Centro-Leste da Rede Jesuíta de Educação participaram de dois eventos tradicionais, que buscam reviver os passos da Semana Santa de maneira litúrgica e pessoal. Os alunos passaram por Itaici, Santa Fé e Vila Gonzaga.
Troca de ovos de Páscoa do 3.º EM Diurno Os formandos comemoraram a Páscoa com uma grande troca de ovos. As turmas se dividiram em rodas e cada aluno anunciava quem havia sorteado para presentear. Também participaram da festa professores e auxiliares.
Apresentação temática do 3.º EM Diurno 2013 O 3.º ano do Ensino Médio Diurno tomou conta do piso Pilotis em março. Os alunos do “Terceiro Reinado” fizeram a sua festa com fantasias, músicas e bandeiras, dando continuidade à tradição, cujo objetivo é integrar os alunos que estão finalizando esse importante ciclo e se preparando para deixar o Colégio.
VI Festival de Judô O CSL recebeu cerca de 400 alunos de 14 entidades diferentes para mais um Festival de Judô. Os participantes nasceram entre os anos de 2001 e de 2007.
Projeto Cultural “África: um continente para desbravar!” O grupo do Período Estendido do 5.º ano, em concomitância com o estudo de Contos Africanos, dedicou o primeiro semestre de 2013 ao estudo do continente africano. Os alunos trabalharam com a culinária, as danças, as artes e diversos outros aspectos da África.
4
aconteceu ::
Dia Mundial da Saúde na Oficina de Artes O 3.º ano B do Integral comemorou o Dia Mundial da Saúde com uma atividade artística. Os alunos discutiram condições de bem-estar e registraram, com desenhos, como cada um cuida de si.
Piquenique de confraternização Alunos do Maternal e do Pré se encontraram em um piquenique com o objetivo de consolidar relações de amizade, além do importante aprendizado de valores. As crianças de várias idades se deliciaram com o evento.
Cozinhando no Integral Com o objetivo de desenvolver a autonomia dos alunos e de trabalhar o gênero literário, o grupo do 1.º ano D do Integral aproveitou a aula de culinária com receitas fáceis e curtas, de forma que eles pudessem gravá-las em suas memórias e fazê-las novamente em casa.
Partilha do Pão Durante o período que antecedeu a Páscoa, o Maternal I realizou uma atividade educativa que buscou resgatar o verdadeiro sentido do evento religioso. As crianças fizeram o pão e o repartiram entre si.
Plantio de Melissa no Integral A turma da manhã do Pré I cultivou sementes de melissa durante o primeiro semestre de 2013. O objetivo da atividade foi proporcionar ao aluno o interesse pelo cuidado com o meio ambiente.
Dia das Mães Os alunos do Maternal I comemoraram o Dia das Mães de forma muito especial. As crianças se dedicaram a confeccionar presentes para suas mães. No domingo, 12 de maio, houve uma missa em comemoração no Salão Santo Inácio.
5
:: aconteceu especial
cliques do
6
aconteceu especial ::
O Arraiá do Colégio São Luís, cheio de novas atrações e brincadeiras divertidas, aconteceu no sábado, 8 de junho de 2013, e foi um grande sucesso!
7
:: formação cristã
Conhecendo uma realidade diferenciada Experiência de Fraternidade possibilita aos alunos colocar em prática seus valores humanos. Por Iracy Gomes Assessora de Formação Cristã do 6.º ano EFII
Nos colégios da Companhia de
liberdade unido a uma maior dignidade
oportunidade de entrar em contato com
humana para todos.” (Características
os empobrecidos. Uma das atividades
da Educação da Companhia de Jesus,
propostas é a Experiência de Fraterni-
1998, p. 38.)
dade, direcionada aos alunos do 6.º
8
justas, que possibilitem o exercício da
Jesus, oferece-se aos estudantes a
A Experiência de Fraternidade prevê
ano do Ensino Fundamental à 3.ª série
o contato afetivo e efetivo com uma
do Ensino Médio, uma contribuição
realidade diferenciada, na qual nossos
para a formação integral proposta na
alunos terão a oportunidade de exercer,
pedagogia inaciana de educação, com
na prática, valores humanos, como
ênfase na formação humana. Portan-
solidariedade, compreensão, gene-
to, a Experiência de Fraternidade visa
rosidade, entre outros, teoricamente
promover uma leitura de mundo que
trabalhados na escola e na família. Os
ajude os alunos a crescer na sensibili-
alunos do 6.º ano fazem sua experi-
dade e no compromisso com o outro
ência em creches e em outras institui-
e com a sua realidade, em uma pers-
ções educacionais. As observações e a
pectiva de transformação. “A educação
vivência no local a ser visitado propor-
jesuíta tenta desenvolver nos alunos a
cionam a oportunidade para a criação
capacidade de conhecer a realidade e
e o desenvolvimento de dinâmicas
avaliá-la criticamente. Essa consciência
(jogos, brincadeiras de roda, teatro de
inclui a noção de que as pessoas e as
fantoche, pinturas, leitura de histórias,
estruturas podem mudar, juntamente
músicas etc.), atividades que possibili-
com um compromisso de trabalhar
tam uma integração e levam os alunos
por essas mudanças, de modo que se
a compreender, na prática, o que é “ser
construam estruturas humanas mais
mais para os demais”.
formação cristã ::
Margarete Sevilha Professora de Ciências “Nosso mestre Jesus disse: ‘O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir’ (Mt 20,28). Se Jesus colocou-se a serviço dos irmãos, por que não nós? Esse ensinamento foi vivenciado por alunos e por educadores no último dia 28. Na Experiência de Fraternidade do 6.º ano, cada um teve a oportunidade de oferecer algo de si para seus irmãos: tempo, habilidades, bens materiais e espirituais. Certamente,
Com essa experiência aprendi que ninguém é melhor que ninguém, que uma pessoa pobre pode ser muito mais sábia do que uma pessoa rica que não vê valor em nada.
essa experiência nos tocou profundamente e mostrou a chama viva do Espíri-
que ninguém é melhor que ninguém,
para uma sala em que havia entre 16 e
to Santo nos iluminando e conduzindo a
que uma pessoa pobre pode ser muito
22 crianças. Como sabíamos que elas
uma vida melhor, na qual reina a paz, a
mais sábia do que uma pessoa rica que
iam nos chamar de ‘tia’, fomos logo nos
compaixão e o amor ao próximo.”
não vê valor em nada.”
apresentando, dizendo que éramos tia Gabi, tia Fefe, tia Rafa... Começamos
Diana Eugenia G. Aildasani
João Victor Romani
com brincadeiras, desenhos para colorir,
Turma 1 - Creche Padre Gregório
Turma 2 - Fez a experiência na Fundação
fantoches de palito e uma bola.
“Quando chegamos à creche, estávamos
Fé e Alegria
Acredito que todas as crianças tenham
todos com um olhar diferente, pensan-
“Adorei a Experiência de Fraternidade,
gostado muito da nossa presença,
do em como seria essa Experiência de
foi demais. Meu grupo de atividades
porque nós gostamos de virar ‘tias’ e
Fraternidade, o que pensariam de nós.
ficou a maioria do tempo com as crian-
‘tios’ e de cuidar de crianças por um
Conhecemos os adultos da creche, os
ças de 1 a 2 anos, brincamos muito.
dia, além de termos aprendido várias
espaços e depois começamos a brincar
Algumas crianças eram mais tímidas,
lições de vida. Por exemplo, em vez de
com as crianças. Fizemos brincadeiras
outras, menos, no final todas brinca-
ficar bravo por não ter alguma coisa,
conhecidas, mas as crianças demoraram
vam. Saí de lá com uma lição: muitas
ficar feliz com o que tem, porque muita
para conseguir acompanhar. Brincamos
vezes nós reclamamos sem motivo; as
gente não tem nada e fica feliz com a
de batata quente, jogamos vôlei, fute-
crianças com as quais brincamos têm
presença de alguém, um abraço, um
bol, pulamos corda, pintamos desenhos
uma situação pior.”
beijo... E uma das coisas que me fazem
e contamos histórias. Percebi que as crianças gostaram bastante.”
querer voltar para lá é não só ver mas Gabriela Milani
também sentir a alegria das crianças
Turma 5 - Creche D. Luciano Mendes
com a nossa presença.”
Ana Delfino Marques
de Almeida
Turma 4 - Fez a Experiência na creche
“No dia 28 de maio, fui à creche D. Lucia-
Natalia Portes e Gabriela Casanova
Maria de Nazaré
no Mendes de Almeida para a Experiên-
Turma 4
“Participamos da Experiência de Frater-
cia de Fraternidade. Essa creche atende
“Ao sairmos do ônibus, sentimos ale-
nidade na creche Maria de Nazaré. Nos
mais ou menos 200 crianças, que nos
gria, amor, paz e harmonia. Sentimos
dividimos em seis grupos de atividades,
receberam com enormes sorrisos.
também que, de um jeito ou de outro,
cuidamos, brincamos e convivemos
Nossa chegada foi mais ou menos
iríamos ajudá-los. Quando entramos
com muitas crianças. Com elas, fizemos
assim: após a oração da manhã deles
na sala da creche, confirmamos nossas
teatrinho de fantoches, lemos muitas
(a hora em que nós chegamos), eles
sensações. Cada criança já simpatizou
historinhas, rimos muito, enfim, nos di-
voltaram para suas classes e, como já es-
com um de nós e nos seguiu por todos
vertimos. Com essa experiência, aprendi
távamos organizados em grupos, fomos
os lugares da creche.”
9
:: antigo aluno
Em busca de
fazer o bem Silvia Naccache, antiga aluna do CSL, é hoje coordenadora de um dos mais importantes órgãos voltados ao voluntariado em São Paulo. A antiga aluna Silvia Naccache
de voluntariado organizado, o Centro
enxergam a vida de modo diferente e
conversou com a Revista Pilotis sobre
ministra um curso denominado “Ges-
que se propõem a minimizar as difi-
as suas realizações profissionais e sobre
tão do programa de voluntariado em
culdades das outras, muitas vezes tão
os seus tempos de CSL. Ela é coordena-
organizações sociais”, que apresenta
distantes de seu próprio entendimento
dora do CVSP (Centro de Voluntariado
e estimula técnicas para a coordena-
e de seu convívio. Todos se juntam na
de São Paulo), um centro social sem
ção de grupos voluntários e projetos
construção de uma sociedade mais justa
fins lucrativos que tem como objetivo
sociais. Para empresas, o CVSP oferece
e solidária, de um mundo melhor para
organizar e capacitar segmentos sociais
orientação para a implementação e/ou
todos nós e para as gerações futuras. O
que estejam interessados em volunta-
reestruturação de programas de volun-
voluntariado é a oportunidade de parti-
riado, por meio do desenvolvimento de
tariado, estimulando funcionários para
cipar dessas mudanças, de retribuir algo
conteúdo e de formas de orientação.
essa causa. Já para a formação de novos
que se recebeu, de praticar a cidadania e
centros de voluntariado, o CVSP estimu-
a solidariedade, de fazer parte ativamen-
Revista Pilotis - Como é o seu traba-
la, orienta e trabalha na capacitação de
te da sociedade. Temos um lema aqui no
lho no Centro de Voluntariado de SP?
pessoas e de organizações que queiram
CVSP: “Tudo aquilo que você faz bem
Silvia Naccache - O CVSP tem o
implantá-los em suas cidades, formando
pode fazer bem para alguém!”.
papel principal de fazer a ponte para
uma rede, em todo o Brasil, de centros
pessoas interessadas em desenvolver
de voluntariado. Eu estou no CVSP há
tem a Lei n.º 9.608, que regulamenta
algum tipo de trabalho voluntário. O
10 anos, promovendo palestras, oficinas
a Lei do Serviço Voluntário em todo
Centro oferece uma palestra gratuita
e encontros, e também construo mate-
o território brasileiro. A promulgação
de orientação inicial, com duração de
rial para fortalecer a cultura do volunta-
dessa lei deu reconhecimento legal ao
duas horas, na qual os temas abordados
riado na nossa cidade.
trabalho voluntário, uma atividade que
são relacionados ao trabalho voluntário responsável e participativo. Ao final são distribuídos certificados de participação. Depois da palestra, cada um parte em
10
É importante lembrar que o Brasil
não se sabe quando teve início, mas é RP - Por que você decidiu trabalhar com voluntariado? SN - Acho que foi uma sorte enorme
de conhecimento público a sua utilidade e os benefícios que traz para a humanidade. A Lei 9.608, no artigo 1.º, define
busca de seu trabalho voluntário. Em
trabalhar no terceiro setor diretamente
o serviço voluntário como “a atividade
nosso site, temos mais de 1.200 organi-
com quem está de mangas arregaçadas,
não remunerada, prestada por pessoa
zações sociais cadastradas que oferecem
doando tempo, trabalho e talento para
física a entidade pública de qualquer
oportunidades de ação voluntária. Para
buscar soluções. Todos ganham com o
natureza, ou a instituição privada de fins
organizações sociais que desenvolvam
voluntariado. O trabalho voluntário é
não lucrativos, que tenha objetivos cívi-
ou queiram desenvolver programas
uma união de esforços de pessoas que
cos, culturais, educacionais, científicos,
antigo aluno ::
esforços e d o ã a uni iferente. m u é ário m a vida d t n u l o a lho v e enxerg a b a r u O t ssoas q de pe
1976
recreativos ou de assistência social, in-
outras pessoas. O voluntariado sempre
que acredita que faria a diferença. Seus
clusive mutualidade”. No parágrafo único
aconteceu na minha família, mas o São
valores têm de ser coerentes com os
do mesmo artigo 1.º, a Lei especifica que
Luís foi um facilitador e, é claro, parte
valores da organização social escolhida.
“o serviço voluntário não gera vínculo
importante na minha formação como
Também deve avaliar sua disponibilidade
empregatício, nem obrigação de natureza
uma cidadã mais solidária e consciente
e até que ponto pode se comprometer.
trabalhista previdenciária ou afim”.
quanto aos meus deveres e direitos.
É responsabilidade do voluntário a escolha da área de atuação, do local da atividade e
RP - Quais são as lembranças mais marcantes do seu tempo no CSL?
RP - Qual a importância de
ainda do público com o qual deseja atuar.
atividades de voluntariado, como
O voluntário deve refletir se gostaria de
a Experiência de Fraternidade, no
engajar-se em algum dos projetos de me-
parte da minha vida. Meu pai estudou
currículo escolar? Por que ser volun-
lhoria da cidade, procurar alguma escola
no colégio e meu irmão também. A
tário? O que você pode dizer para
ou uma organização social e, hoje, seu
decisão do Colégio de abrir suas portas
quem quer ser voluntário?
trabalho na organização pode ser presen-
SN - O Colégio São Luís sempre fez
para as meninas foi muito importante
SN - O voluntariado é uma prática
cial ou até mesmo a distância (por meio da
para mim e para a minha irmã. Foram
de cidadania e de solidariedade que
três anos de muito estudo, mas também
nos torna pessoas mais comprometi-
de muita alegria e muito aprendizado!
das com a construção de um mundo
São muitas as lembranças especiais dos
melhor, mais justo, mais inclusivo e com
Bem”. Como ele pode ser utilizado
meus tempos de São Luís, mesmo por-
mais qualidade de vida. Voluntário é a
pelas instituições?
que formei vínculos de amizade que te-
pessoa que, motivada por valores de
nho até hoje. Mas, além dos estudos, das
participação e de solidariedade, doa seu
forem criados para facilitar a visibilidade
missas de primeira sexta-feira do mês,
tempo, seu trabalho e seu talento, de
e a mobilização de recursos (humanos,
das conversas com nossos orientadores,
maneira espontânea e não remunera-
materiais e financeiros) de organizações,
nossos mestres e nossos coordenadores,
da, para projetos e causas de interesse
melhor! Nos últimos anos, além do site
muito dedicados e queridos, vem a lem-
social e comunitário. Todos podem ser
do CVSP e de outros centros de volunta-
brança de nossas atividades voluntárias,
voluntários, porém é preciso refletir sobre
riado, muitos novos portais apareceram
como a festa de Natal na creche na
algumas questões antes de iniciar um
para fazer isso, tais como o “Voluntários
Consolação e os projetos do Colégio.
trabalho. O voluntariado é uma escolha
Online”, o “Portal do Voluntário V2V”,
Ficou claro que, sendo jovens, podíamos
pessoal, individual, e é importante que o
“Corrente do Bem”, “Atados”, “Busca
estar juntos em momentos divertidos
voluntário saiba o que gostaria de fazer,
Voluntária”, “VNU”, “Voluntarius” e,
e, ao mesmo tempo, fazer o bem para
o que tem de melhor para oferecer e o
agora, o “Portal do Bem”.
internet ou do telefone, por exemplo). RP - Você conheceu o “Portal do
SN - Quanto mais portais e espaços
11
:: palestra
sobrevivente ao
holocausto Em um trabalho conjunto da equipe
Adolf Hitler, desenvolveu estratégias e
do 9.º Ano, o tema discutido com os alunos
planos de dominação da Europa. Seus
foi a 2.ª Guerra Mundial e as consequên-
primeiros alvos foram países vizinhos à
cias desse conflito até os dias atuais.
Alemanha, como Polônia, Tchecoslová-
Para complementar o trabalho
quia e Rússia, seguidos da Dinamarca e
desenvolvido, o Colégio São Luís, no
da Noruega. Posteriormente, a França
último dia 9 de maio, contou com o
e a Inglaterra também se tornaram alvo
depoimento da Sr.ª Rita Braun, uma das
de conquistas do exército nazista.
poucas sobreviventes de uma família
Nesse cenário de destruição,
numerosa que vivia em Cracóvia, antiga
durante a ocupação alemã, minorias
capital da Polônia, quando eclodiu a 2.ª
como judeus, homossexuais, negros e
Guerra Mundial.
deficientes se tornaram alvo das maiores atrocidades já cometidas, e os judeus
Uma mancha na História O conflito da 2.ª Guerra Mundial
totalmente dizimados. O número de
envolveu direta ou indiretamente quase
mortos da comunidade judaica atingiu
todos os países do mundo, e, dentro
a absurda quantidade de seis milhões
desse conflito de interesses, milhões de
(comparativamente, essa quantidade
pessoas foram mortas de forma cruel;
equivale à metade da população da
outras tantas que sobreviveram carre-
cidade de São Paulo).
gam marcas profundas dessa página triste da nossa história. A Alemanha, recém-saída da 1.ª Guerra Mundial, sob a liderança de
12
que viviam na Europa foram quase
Em muitas situações, segundo Rita Braun, “a morte era um alívio...”, pois os judeus eram torturados, às vezes por horas, antes de seu último suspiro de vida.
palestra ::
Para saber mais “A lista de Schindler” - 1993 Direção de Steven Spielberg. “O pianista” - 2002 Direção de Roman Polanski. “Fuga de Sobibor” - 1987 Direção de Jack Gold. Diário de Anne Frank - 2003 Editora Record - Autoria de
Trabalho interdisciplinar do 9º. Ano traz ao Colégio uma sobrevivente do Holocausto judeu Por Pádua Teixeira, Professor de Ciências do 9.º Ano
“Valas comuns eram cavadas e as
Anne Frank. Fragmentos de uma vida - 2010 Editora Institutos - Autoria de Rita Braun. Foto: Paulo Sutti
Todos que eram levados nos caminhões do gueto de Stanislavov gritavam: ‘Conte o que nos aconteceu’. Essa é a minha missão. experimentos científicos. Nos campos de
Independentemente de se achar que
pessoas eram colocadas em fila para
concentração, as câmaras de gás repre-
este ou aquele lado esteja correto em
que uma única bala de fuzil pudesse
sentavam um mecanismo que matava
uma guerra (se é que alguém pode estar
matar o maior número de pessoas
milhares de pessoas ao mesmo tempo.
correto na guerra), a vida é um dom
possível. Algumas morriam, outras não,
Com a promessa de poderem tomar
que nos foi atribuído por Deus e apenas
porém todas caíam na vala onde cen-
um banho e retornar para junto de seus
por Ele pode ser retirada, no momento
tenas de corpos eram jogados”, relata
parentes, mulheres, crianças, idosos e
também por Ele determinado, não se
Rita, em depoimento emocionado.
deficientes, considerados impróprios
justificando de forma alguma o sacrifício
Em alguns locais, os corpos eram
para o trabalho, eram levados para salas
de inocentes.
queimados às centenas e o cheiro de
onde tinham seus cabelos cortados para
Segundo Rita, que é autora do livro
carne humana queimada era sentido
a confecção de travesseiros e, posterior-
Fragmentos de uma vida, a sua presen-
a quilômetros de distância, segundo
mente, nus, adentravam salas que eram,
ça aqui no Colégio São Luís era uma
outros sobreviventes do Holocausto.
em seguida, lacradas. Dos chuveiros, saía
obrigação; ela ficou feliz por contar aos
Campos de concentração nazistas
o gás cianeto de hidrogênio que provi-
jovens tudo o que aconteceu naquele
foram montados e os principais foram
nha da reação de um pesticida agrícola
período de sofrimento para os judeus e
Treblinka, Sobibor, Auschwitz e Bel-
de nome Zyclon B (à base de ácido cianí-
para outras pessoas discriminadas. Sua
zec, que eram considerados campos
drico). As pessoas inalavam uma fumaça
esperança é a de que o mundo um dia
de extermínio, e só esses levaram à
tóxica que as levava à morte por asfixia
esteja desprovido de preconceitos de
morte aproximadamente três milhões
após quase 30 minutos de agonia.
toda espécie:
de judeus. Nesses e em outros campos
Até hoje, alguns desses locais de
“Todos que eram levados nos cami-
espalhados pela Europa, as pessoas
tortura são preservados para que as
nhões do gueto de Stanislavov gritavam:
que chegavam eram forçadas a traba-
novas gerações tenham conhecimento
‘Conte o que nos aconteceu’. Essa é
lhar, sofriam tortura e, muitas vezes,
das atrocidades cometidas durante a 2.ª
a minha missão.”, explicou a autora
serviam como cobaias humanas em
Guerra Mundial.
durante a palestra.
Foto: www.perdersetambemecaminho.wordpress.com
13
Fazer o bem
olhando a quem Colégio São Luís lança portal de divulgação de projetos sociais com foco em promover o lado humano da sociedade Por Tuna Serzedello, Departamento de Comunicação
Em comemoração aos seus 146 anos
os noticiários e existe a impressão de
mais para os demais”, o Colégio São Luís
que nada vem sendo feito para trans-
idealizou e lançou o “Portal do Bem”.
formar essa realidade. Como institui-
Inspirado no portal “Catraca Livre”, que
ção jesuítica e de ensino, acreditamos
é um painel virtual de várias atividades
no resgate do ser humano e em uma
culturais gratuitas, e na sugestão de
sociedade mais justa e fraterna. Mais
antigos alunos nossos que gostariam
do que formar nossos alunos para que
de conhecer e de ajudar as instituições
atuem como líderes nessa sociedade,
apoiadas pelo CSL, esse espaço nasce
queremos valorizar e aumentar o alcan-
com uma grande expectativa.
ce daqueles que fazem a diferença.
Se o foco dos jesuítas no mundo é
14
Crimes, violência e corrupção dominam
e materializando a ideia inaciana de “ser
O “Portal do Bem” é uma vitrine
“Ajudar o ser humano a ser mais huma-
virtual que oferece visibilidade a proje-
no por meio do serviço da fé e da pro-
tos sociais e colabora para incremen-
moção da justiça”, o “Portal do Bem”
tar uma “corrente do bem”. Nela, os
vem ao encontro dessa missão e oferece
usuários poderão conhecer e “seguir”
uma ferramenta prática para a humani-
os projetos que gostariam de ajudar,
zação da sociedade. Nos dias de hoje,
filtrados por cidade, região, categoria
somos bombardeados por más notícias.
e por tipo de ajuda: financeira, com
capa ::
O Portal do Bem tem grande importância social, além de estreitar a participação dos alunos em programas de apoio ambiental e cultural.
recursos materiais ou com trabalho
ção dos alunos em programas de apoio
voluntário. Por meio do portal, os
ambiental, cultural, entre outros. “Pre-
sociais realizados diretamente pelo CSL,
usuários também poderão indicar as
zamos por um ensino forte, em busca
que tem tradição no desenvolvimento
instituições a amigos e compartilhar
de excelência também na formação
de ações sociais. Alguns deles incenti-
informações, fotos e vídeos nos seus
humana, em valores e na profundidade
vam os alunos ao voluntariado, como
perfis em redes sociais.
espiritual. É muito importante conhe-
as visitas monitoradas a pacientes do
Por outro lado, as instituições po-
O Portal também abriga os projetos
cer o bem que se faz! Vemos muitos
Instituto de Ortopedia e Traumatolo-
derão publicar projetos, necessidades,
adultos que passaram pelo São Luís e
gia do Hospital das Clínicas; visitas a
fotos, vídeos, calendário de eventos e
hoje trabalham por um mundo melhor,
creches e asilos, entre outros. O CSL
contar com a visibilidade do “Portal
tecendo redes e unindo pessoas.”
desenvolve, ainda, há 70 anos, o projeto
do Bem” para amplificar e melhorar os
Entre as instituições já cadastradas
“Curso Noturno”, que oferece bolsas de
seus resultados. A participação nesse
estão a Associação de Assistência à
estudo a alunos provenientes de escolas
portal não é cobrada de lado algum; é
Criança Deficiente – AACD, a Funda-
da rede pública, para que possam
uma contribuição do Colégio São Luís
ção Pró-Sangue (vinculada ao Hospital
cursar o Ensino Médio no Colégio e se
para ajudar a mover essa corrente.
das Clínicas), o GRAAC, a TETO Brasil,
beneficiem da excelência educacional
além daquelas ligadas diretamente aos
do São Luís.
De acordo com o diretor-geral do
Cadastre-se no “Portal do Bem”:
Colégio São Luís, padre Eduardo Henri-
jesuítas, como a “Fé e Alegria”, a “Ina-
ques, o “Portal do Bem” tem grande
cianos por Haiti”, a Rede Ignaciana de
www.portaldobem.org.br e venha fazer
importância social e estreita a participa-
Juventude, entre outras.
o bem você também!
15
:: estudo do meio
o d n e c s Cre
a s a c e longe d Reformulação dos Estudos do Meio do Ensino Médio propõe construção de autonomia e olhar crítico dos alunos, com base em diferentes realidades. Por Pilar Baptista, Estagiária do DECOM
Os projetos de Estudo do Meio
novos tempos. A proposta de formação
sempre tiveram grande importância e
e educação vinculada às viagens passaria
espaço dentro do Colégio São Luís, uma
por três momentos: a formação do ser
vez que são oportunidades para que os
político e cidadão, a ampliação do olhar
alunos vivenciem a proposta de ensino
crítico e o conhecimento do próprio
da Instituição. A pedagogia inaciana,
eu. Com base nessas etapas, os novos
que orienta o projeto educacional
destinos foram escolhidos – a 1.ª série
das escolas jesuítas, segue o princípio
visitará a capital, Brasília, a 2.ª viajou a
dos cinco passos – experiência, ação,
Omaha, em Nebraska (EUA), e os for-
reflexão, avaliação e contexto – com o
mandos foram à cidade mineira de Cor-
objetivo de fornecer uma aprendizagem
disburgo, terra natal de Guimarães Rosa,
com significado, pleno desenvolvimento
grande nome da literatura brasileira.
e autonomia aos alunos. Dessa forma,
Tanto a turma da 2.ª série quanto a
os Estudos do Meio desenvolvidos pelo
da 3.ª tiveram excelentes experiências
CSL são parte importante da missão
em suas viagens, o que comprova que
educacional do Colégio, uma vez que
a vivência de outro ambiente trabalha a
possibilitam que os alunos utilizem os
autonomia, o olhar crítico e o crescimen-
cinco passos da pedagogia inaciana,
to de cada um.
concretizando-os em situações reais. Neste ano, as mudanças se concretizaram: as viagens realizadas pelas três
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No centro do Planalto Brasília não foi escolhida por ser um
séries do Ensino Médio sofreram uma
destino turístico. Dialogando com o foco
reformulação para se adequarem aos
de estudos de Sociologia e Filosofia,
estudo do meio ::
os alunos da 2.ª série do EM têm visita marcada à capital brasileira com o intuito de “compreender para transformar”.
Olhares do passado, do presente e do futuro A ampliação de senso crítico e de
puderam partir em sua viagem com o objetivo de ampliar o olhar sobre a cultura do outro, no caso, a tão supervalo-
Afinal, é preciso conhecer as realidades
visões de mundo é algo essencial para
da capital para que mudanças e críticas
o crescimento e o amadurecimento do
possam ser elaboradas.
ser humano, e nada melhor do que
base no tema central da viagem: passa-
conviver com uma realidade e uma
do, presente e futuro. Dessa forma, as
semestre (de 30 de setembro a 4 de
cultura completamente diferentes para
atividades foram divididas em programas,
outubro). Os alunos do CSL ficarão hos-
conseguir ser bem-sucedido nesse tipo de
de modo que os alunos tivessem uma
pedados no Centro Cultural dos Jesuítas
aprendizado. E foi exatamente esse tipo
compreensão plena do tema estipulado.
e já têm uma série de atividades progra-
de experiência que 34 alunos da 2.ª série
madas. Entre elas, visitas ao Congresso
do EM puderam vivenciar nos Estados
“passado” integrou as atividades ligadas
e a outros pontos-chave da política na
Unidos, de 30 de maio a 10 de junho.
à história dos Estados Unidos. Os jovens
A viagem acontecerá no segundo
cidade. Com essas visitas, eles procura-
Omaha está localizada no estado
rizada cultura norte-americana. A programação foi elaborada com
O programa relacionado ao tópico
do CSL tiveram aulas de História e de
rão entender o que é e como funciona
norte-americano de Nebraska, e é o
Geografia na Universidade, tentando
uma cidade jovem e planejada, além de
maior centro político e econômico da
compreender a estrutura socioeconômi-
questionar a sua funcionalidade.
região – apesar de não ser a capital
ca daquela região, assim como o modo
estadual –, uma vez que concentra
de pensar dos norte-americanos. Ainda,
do ser político e cidadão, os alunos
empresas de diversos ramos, integra o
fizeram visitas ao centro antigo local, a
também analisarão a grande oposição
Corn Belt (a região dos Estados Unidos
museus, assistiram a filmes e ao musical
problemática existente em Brasília: o
especializada no cultivo de milho) e é
“O Mágico de Oz” (uma verdadeira
contraste da cidade do Plano Piloto com
conhecida por sua forte segurança. Os
metáfora da história política americana),
a região administrativa, conhecida como
alunos do CSL ficaram hospedados na
e conheceram uma espécie de “museu
“cidades-satélite”. Como é a realidade
Creighton University, onde trabalharam
vivo”: um espaço com três fazendas
nas áreas próximas à capital, mas que
sua autonomia ao experienciar a vida
fictícias em Iowa, que remontam à rea-
não foram planejadas? Qual é a questão
universitária. Para realizar a viagem,
central desse contraste? Como é a rela-
eles tiveram de se submeter ao TOEFL
ção entre essas duas regiões? Questio-
(Test of English as a Foreign Langua-
namentos como esses serão feitos com
ge) – um exame que avalia o potencial
o objetivo de trabalhar o olhar sobre
individual do falar e do entender da
realidades diferentes, algo essencial para
língua inglesa por estrangeiros. Somente
a educação política.
após esse primeiro passo, os estudantes
Mantendo o objetivo da formação
17
:: estudo do meio
algo único na literatura brasileira: suas obras configuram uma cosmologia que comunica, capaz de partir do singular para ganhar o mundo. Por essa razão, os alunos do CSL visitaram a humilde cidade de cerca de 10 mil habitantes, localizada a oito horas da capital, Belo Horizonte, para seguirem os “passos literários” do escritor mineiro. O grupo foi acompanhado durante o percurso por monitores de um projeto que une contadores de histórias, de forma que os pontos da história de Guimarães fossem marcados pela recitação da literatura roseana por meio de canções ou declamações. Além da faceta literária, o estudo do meio procurou englobar outras matérias, como História, Biologia e Geografia. A proposta contou com uma preparação durante as aulas para que, depois, os alunos pudessem ter uma experiência direta. Dessa forma, foram trabalhados em lidade dos anos de 1700, 1800 e 1900.
os alunos do CSL tiveram a oportuni-
sala de aula assuntos como a Ditadura
Nessa Living Farm, estudantes de Histó-
dade de vivenciar as diferenças entre
Vargas – sendo possível fazer um paralelo
ria estavam vestidos a caráter, exerciam
os sistemas de ensino no Brasil e nos
com a viagem, uma vez que Guimarães
atividades típicas de suas épocas e esta-
Estados Unidos, além de terem a experi-
Rosa e sua esposa, Aracy, desempenha-
vam dispostos a explicar aos visitantes o
ência de entender o Brasil com base no
ram papel importante na entrada de
porquê de cada comportamento.
olhar do outro.
judeus no Brasil durante esse período –
Quanto aos programas do presente e do futuro, os alunos participaram de visitas a empresas, principalmente. Para o “presente”, o objetivo era focar na
Em meio às Veredas de Guimarães A ida de 75 alunos da 3.ª série do
Mas, acima de tudo, foi trabalhado com os alunos o mergulho na própria interioridade. O último ano do Ensino
orientação vocacional. Os estudantes
EM a Cordisburgo, de 12 a 15 de abril,
Médio é um momento de muita reflexão
frequentaram aulas nos departamentos
não foi inédita. A reforma do Estudo do
pessoal – não só quanto à escolha pro-
relacionados à sua escolha de carreira,
Meio para a turma de quase formados
fissional mas também a quem aquele jo-
além de fazerem visitas a empresas. Já
chegou antes, e, em 2013, completou a
vem será na vida adulta. Trata-se de um
para o “futuro”, eles focaram prin-
sua terceira edição. A proposta nasceu
momento de crises, de busca de sentido,
cipalmente em meios alternativos de
com o curso de Literatura: a leitura
de mergulho na imensidão das próprias
energia, tecnologia e reciclagem, pro-
de Guimarães Rosa em sala de aula
escolhas. Por isso, a viagem a Cordisbur-
curando entender quais são as apostas
tornou-se algo essencial, embora suas
go buscou, com base nas produções de
para um futuro tão ameaçado pela
obras já não integrassem mais a lista
Guimarães Rosa, auxiliar os alunos da 3.ª
questão ambiental.
de livros obrigatórios para o vestibular
série nesse momento, trazendo o olhar
da FUVEST. O médico, diplomata e
da cultura genuína e a ideia da interiori-
inventor de palavras foi capaz de fazer
dade que pode ganhar o mundo.
Envolvidos nesses programas e sob o entusiasmo de uma realidade diferente,
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e as características do famoso cerrado.
magis ::
jovens
peregrinos O MAGIS 2013 terá a participação das instituições da Companhia de Jesus e buscará integrar os participantes por meio de eventos artísticos e espirituais.
O MAGIS 2013 está cada vez mais
cipantes, no período de três dias. Em
da Rede Jesuíta de Educação – ajudarão
próximo. Com mais de mil pessoas en-
seguida, eles serão divididos em diversos
a cuidar da recepção dos participantes
volvidas nos preparativos – sendo, entre
grupos e enviados para 80 experiências
e da programação. Os colégios Antônio
elas, 500 voluntários –, o evento, que
em 40 cidades brasileiras diferentes.
Vieira, em Salvador, e Santo Inácio, no
acontece entre 12 e 22 de julho, reunirá
Apenas após esse percurso é que todos
Rio de Janeiro, por exemplo, irão recep-
mais de dois mil jovens de 50 países di-
se reunirão no Rio de Janeiro para a
cionar peregrinos de todas as partes do
ferentes que compartilham o cultivo da
Jornada Mundial da Juventude.
Brasil e do mundo.
espiritualidade inaciana. O MAGIS é um
Lá, a programação será intensa:
Os jovens participantes, que têm
encontro organizado pela Companhia
serão 7 dias repletos de conferências
entre 18 e 30 anos, também estarão
de Jesus e é um dos maiores eventos
com temas que envolvem a juventude,
envolvidos com diversas atividades.
que antecedem a Jornada Mundial da
além de diversas apresentações artísticas
Divididos por regiões, eles ensaiam as
Juventude (JMJ) que, neste ano, está
de cada um dos países participantes, o
apresentações artísticas para o MAGIS,
em sua 13.ª edição e acontecerá no Rio
Show das Nações. Além disso, os jovens
como Yuri Rebello, de 22 anos. “Assim
de Janeiro, com a presença do primeiro
participarão de missas, visitas turísticas
experimentamos uma prévia do que vi-
papa jesuíta da Igreja Católica.
por pontos históricos e relevantes sob
veremos no MAGIS”, diz o entusiasma-
o ponto de vista da Companhia de
do estudante de arquitetura e fundador
onde acontecerá uma série de atividades
Jesus, que está diretamente ligada ao
do Centro MAGIS da Juventude (CMJ),
que envolvem os temas da espiritualida-
encontro, uma vez que as instituições
um grupo responsável pela realização de
de e da cultura com os jovens parti-
da Companhia – incluindo os colégios
eventos preparatórios para o MAGIS.
O encontro terá início em Salvador,
19
:: encontro de funcionários
conhecendo a História e uns aos outros Funcionários do CSL se reúnem em Dia de Formação em Embu das Artes O Colégio São Luís sempre procurou integrar seus funcionários de forma
pouco mais sobre a Companhia de Jesus
agradável e condizente com a missão à
e agregar elementos culturais – princi-
qual se propõe. Dessa forma, o CSL, há
palmente no que diz respeito à História
cerca de dez anos, organiza encontros
da Arte, – os funcionários foram levados
entre funcionários no decorrer do ano
ao Museu de Arte Sacra, localizado no
para que esses possam conhecer a pro-
Largo dos Jesuítas, centro da cidade,
posta do Colégio e, ao mesmo tempo,
onde está a Igreja N. Senhora do Rosário
estabelecer relações amistosas entre si.
e a residência de padres da Companhia
Os encontros são sempre temáticos e
de Jesus. O MASJ possui um acervo rico
o tema escolhido para este ano foi o
de imagens de vestir e de roca esculpi-
crescimento pessoal e profissional.
das em madeira, capaz de reconstituir a
No primeiro semestre, foram organizadas algumas visitas a Embu das
20
Artes. Com o objetivo de conhecer um
história dos jesuítas no Brasil. Durante a visita monitorada, os funcionários do
encontro de funcionários ::
CSL puderam aprender um pouco mais
ao Brasil; outros pintaram a Igreja Nossa
Além disso, os funcionários partici-
sobre a missão jesuíta, por meio da re-
Senhora do Rosário, pois se encantaram
param de uma reunião em grupo para
composição de passagens bíblicas sobre
com a sua beleza e com o fato de aque-
compartilhar suas impressões sobre a ida
os missionários à época da catequese
la ser o ponto central de Embu das Artes
a Embu das Artes – tanto sobre a visita
dos índios.
– as casas da cidade foram construídas
em si quanto sobre a proposta daquele
Após esse primeiro momento, os vi-
voltadas sempre de frente para a Igreja.
encontro. As opiniões foram muitas,
sitantes puderam aproveitar um almoço
Outra atividade foi a construção de
mas a maioria caminhou para o sentido
em grupo e, em seguida, participar de
uma árvore simbólica. Em um lado da
de que a visita foi importante para que
mais algumas atividades, sempre volta-
árvore, os participantes escreviam seus
eles, funcionários, pudessem conhecer
das para o tema principal do encontro.
desejos profissionais, e, no outro, colo-
um pouco mais sobre o local em que
Foi proposto que eles retratassem em
cavam seus desejos pessoais. Também
trabalham, além de se relacionar com
uma pintura o que mais havia marcado
discutiram assuntos como “o que é a
pessoas que estão no mesmo ambiente
a sua visita. Alguns retrataram o mo-
felicidade”, o papel do amor e a espe-
de trabalho, mas com quem nunca tive-
mento histórico da chegada dos jesuítas
rança de manter as conquistas pessoais.
ram a oportunidade de conviver.
21
:: esporte
PONTAPÉ
INICIAL Por Tuna Serzedello, Departamento de Comunicação
2014. Ano de Copa do Mundo. Futebol será falado, vivido e respirado por todo o país. O “esporte bretão”, que foi trazido ao Brasil pelo inglês Charles Miller. Certo? Errado. O “pai” do futebol é o Padre Jesuíta José Mantero, antigo reitor do Colégio São Luís, local onde, no país, foi jogada a primeira partida de que se tem notícia. Essa informação foi apresentada pelo historiador José Moraes dos Santos Neto, em 2002, no livro Visão do jogo - primórdios do futebol no Brasil, e hoje consta até do Museu do Futebol em São Paulo. Mas em 2014 não vamos conhecer apenas os novos estádios que serão inaugurados por conta da Copa do Mundo; o novo Complexo Esportivo do Colégio São Luís também será inaugurado e, para comemorar a ocasião, o CSL convidou Paulo Goulart, especialista em memória do esporte, para pesquisar mais sobre o tema e lançar uma publicação que nos ajude a entender melhor
22
esporte ::
Um dos capítulos, que tratava de Educação Física, defendia a introdução de “exercícios ao ar livre”. Santos Neto conta que “as melhores instituições de ensino do País decidiram enviar “‘embaixadores’ a vários colégios europeus”. Um desses “embaixadores” foi o padre Mantero, que escolheu o futebol para ser praticado na escola. Entre 1879 e 1881, o Colégio São Luís enviou seus professores a visita à Europa e, lá, eles conheceram de perto o futebol então praticado na Harrow School, Inglaterra.
o pioneirismo do Colégio no futebol e o
outros, que ajudaram a escrever a histó-
Em seu livro Visão do jogo -
seu desenvolvimento ao longo dos anos.
ria do futebol profissional no País.
primórdios do futebol no Brasil, o
O esporte, principalmente o futebol,
Com o intuito de ampliar a pesquisa
historiador José Moraes dos Santos
sempre fez parte da história do CSL,
e de ouvir novas fontes sobre o processo
Neto mostra que, entre 1872 e 1873,
com muita prática, grandes times,
histórico do início do futebol no Brasil
o padre José Mantero, professor do
campeonatos internos e externos, Jogos
pelas mãos (e pés!) dos Jesuítas e sobre a
Colégio São Luís de Itu (SP), mantido
Jesuítas, Interamizade etc. Uma prova
sua ligação com a educação e a História
por jesuítas, teria apresentado a
desse envolvimento é o grande número
do Brasil, o livro está sendo escrito sob
bola de futebol a seus alunos na
de antigos alunos que trabalham como
a coordenação dos profissionais Gladis
hora do recreio. Antes de Miller, ele
dirigentes de clubes, como Luis Álvaro
Schmidt e Gilberto Lopes Teixeira, do
teria trazido da Europa bolas do tipo
(Santos FC), José Carlos Ferreira Alves
Centro de Memória Histórica do CSL, e
conhecido entre os padres como
e João Paulo de Jesus Lopes (São Paulo
deverá ser lançado em fevereiro de 2014.
“bola inglesa” ou ballon anglais,
FC), Luis Gonzaga Beluzzo (Palmeiras),
Saiba mais sobre a História do Espor-
Fernando Capez (Corinthians), Orlando
te no CSL no hotsite: www.saoluis.org/
Cordeiro de Barros (Portuguesa), entre
historia-esporte.
feitas de câmara de ar, depois substituídas por bexigas de boi.
23
:: fórum de profissões
O que quero ser quando
crescer
Os Colégios São Luís e São Francisco Xavier se unem em Fórum de Profissões para auxiliar seus alunos na escolha da profissão. Por Pilar Baptista, Estagiária do DECOM
O momento de escolher a profissão
do profissional, as possibilidades de atu-
nunca foi fácil. As inseguranças surgem
ação, as tendências do mercado de tra-
a todo instante: são novas descobertas,
balho e tantas outras. O evento se dividiu
novas invenções, novos métodos e novas
em três dias, para a abordagem separada
opções de carreira que palpitam frenetica-
das três grandes áreas do conhecimento:
mente. Com isso em vista, o Colégio São
Ciências Humanas, Exatas e Biológicas.
Luís e o Colégio São Francisco Xavier se uniram para o Fórum de Profissões, com o objetivo de auxiliar seus alunos nesse momento de reflexão. Durante os meses de abril, maio e
No dia 24 de abril, aconteceu a primeira etapa do Fórum de Profissões
junho, esse evento, que acontece todos
2013. Com o salão São Luís repleto de
os anos, contou com a presença de pais,
alunos, a palestra “Economia criativa”,
de antigos alunos e de profissionais das
ministrada pelo Professor Alan Moraes,
mais diversas áreas para conversas com os
do Istituto Europeo di Design, foi um
estudantes do Ensino Médio, de modo a
verdadeiro sucesso, e contou com a pre-
ajudá-los nessa etapa decisiva. Por meio
sença de cerca de 300 alunos do Ensino
da troca de experiências, o Fórum de
Médio Diurno e Noturno do CSL e do
Profissões buscou esclarecer dúvidas e
Colégio São Francisco Xavier.
fornecer informações a fim de gerar nos
Após esse primeiro momento, os
alunos escolhas conscientes a respeito da
alunos se reuniram em diferentes salas,
carreira profissional, da universidade e do
para conversas voltadas aos cursos de
projeto de vida desses jovens.
seus respectivos interesses. O grupo de
Entre as questões abordadas pelos
24
Por dentro das Humanas e das Artes
profissionais convidados foi composto
convidados estão o processo de escolha
por professores de grandes univer-
da profissão, a formação e as atribuições
sidades, pais de alunos e ex-alunos.
fórum de profissões ::
O Fórum de Profissões buscou esclarecer dúvidas e fornecer informações a fim de gerar nos alunos escolhas conscientes a respeito da carreira profissional
Algumas salas seguiram um padrão um
tra de abertura abordou o papel e as
pouco mais formal, já outras se adap-
características da Engenharia, assim
taram e o resultado foi uma conversa
como as perspectivas para o mercado de
de Biológicas e ligadas à saúde foi 4 de
mais descontraída.
trabalho dessa área. Após esse primeiro
junho. A palestra “Carreiras em alta”
momento, os alunos se reuniram em sa-
foi ministrada pela Professora Letícia
las, dividindo-se por áreas de interesses.
Bechara, atual coordenadora do exame
Muitos dos profissionais convidados são
vestibular da Escola de Negócios Tre-
Entre Exatas, Tecnologias e Saúde Tanto a segunda quanto a terceira
Siomara e o Padre Eduardo Betramini, SJ. Já o dia destinado a tratar da área
professores do Centro Universitário da
visan. Durante a palestra, a professora
etapa do Fórum de Profissões seguiram
FEI. Além das engenharias, os encontros
procurou se focar nas opções existentes
a mesma dinâmica do primeiro grande
também englobaram as áreas da Física,
no mercado de trabalho destinado a
encontro. No dia 7 de maio, o teatro do
da Matemática e das Ciências da Com-
essas áreas. O grupo de profissionais
1.º andar recebeu o Professor Doutor
putação. O CSL também recebeu dois
convidados para o encontro separado
Renato Papaléo, da Escola Superior de
convidados do Colégio São Francisco
por áreas de interesse foi composto por
Engenharia e Gestão (ESEG). A pales-
Xavier: a Coordenadora e Professora
pais e por ex-alunos.
25
:: contos, crônicas e poesias
UMBRELLA Quarenta aulas por semana. Três escolas diferentes. Condução, livros, pasta. Provas, vinte diários, redações para corrigir. E para completar, uma chuva fininha e insistente caindo, molhando-a toda apesar de sua sombrinha verde-escura, fazendo-a amaldiçoar o tempo, o ônibus que não chega, e até mesmo a sombrinha que pouco adianta... Finalmente, chega o bendito (?). Pode descansar por dez minutos até chegar ao bairro, atravessar a ponte sob um vento que quase vira sua sombrinha para cima, fazendo-a finalmente sorrir, lembrando-se dos desenhos animados. Escola, sala dos professores, com todos reclamando do salário, e ela apenas ouvindo, calada, às vezes sorri para si mesma, porque desespero de nada adianta... Sinal. Balbúrdia nas escadas, trezentos alunos se acotovelando, se empurrando para subir. “Boa tarde!” Respondem alguns: “Boa tarde, fessora”. Começa a aula de Inglês, sentindo-se a mais inútil de todas: acaso precisariam algum dia
26
contos, crônicas e poesias ::
conjugar o verbo “To Be”? Dá para se
passou!” Comenta ela o quanto é bom ter um pai assim... E o menino conta que
entender a forma negativa do passado
mais tarde, se estivesse chovendo, teria que trazer a irmã à aula. Ela não enten-
com a cabeça lá fora, pensando no
de: no Noturno estudam adultos, como um menino pequeno daqueles iria trazer
que seria a merenda do dia? Ela várias
a irmã? Pergunta ao João. Ele conta que a irmã é moça, mas na casa deles só
vezes se indagou isso, mas felizmente
tem uma sombrinha. Se chovesse, ele viria com ela para poder levar a sombrinha
consegue passar para os alunos que é
de volta, que o pai teria que ir trabalhar... Umbrella...
necessário, sim! Que vão precisar um
Ela junta seus diários e folhas e sai. Passa pela ponte sobre o rio mais calmo,
dia. Que o Inglês está presente em
agora que a chuva passou. Espera o ônibus novamente, sem mais o amaldiçoar.
toda parte, e que é legal aprender o
Uma chuva fina cai sobre ela, e nenhuma umbrella vai poder protegê-la.
significado de umbrella!
O que fazer para ajudar tantos joões espalhados neste Brasil? Tantas chuvas
Lá fora a chuva continua castigando
atrapalhando meninos franzinos e irmãs mocinhas e pais legais, todos com uma
a cidade. O rio Paraíba, ao lado da esco-
sombrinha só, e tantas umbrellas por aí, coloridas, arregaladas, a espiar a chuva
la, parece mais triste ainda, mais sujo,
com desdém!
mais maltratado. Olha para os alunos, e vê a mesma cena: tristes, maltratados... Suspira e continua com a lição.
E se ela desse a ele uma sombrinha? Talvez cessasse a chuvinha triste que insiste em chover sobre ela. Aula seguinte, pergunta ela, pisando nas palavras com sapatos de algodão,
Eis que aparece do lado de fora
morrendo de receio da reação do menino. Inventa uma sombrinha esquecida em
um senhor muito sem graça, com uma
sua casa, deixada de lado, sem função, poderia dar a ele? Ele agradece, satisfeito,
sacola de supermercado na mão. “Eu
abre um sorrisinho: little umbrella, diminui um pouco a chuvinha triste sobre ela.
queria falar com o meu filho, o João.”
Corre a comprar um guarda-chuva para ele. Escolhe um preto, de “homem”,
Vai o João falar com o pai. Menino
que abre automaticamente, uma etiqueta prateada pendurada, que ela logo tira:
franzino, não aparenta a idade que
afinal, era umbrella esquecido!
tem. O pai abre a sacola e entrega-
E agora? Como entregar ao João? A turma não pode saber! E lá vai ela
-lhe uma sombrinha. “Umbrella!”
novamente pisando com cuidado no terreno de palavras de areia movediça mais
Entra o João com a sombrinha, sendo
úmida que nunca pela chuvinha que insiste em cair, triste. Combina com ele: na
aclamado pelos colegas: “Nossa, que
saída, passar na secretaria e pegar com a moça. Os dois cochicham, meio assus-
pai legal! Veio trazer a sombrinha para
tados, combinando a entrega do “contrabando” de solidariedade!
você!” Senta-se o menino, sorridente, mas todo sem graça, como o pai. Umbrellas e mais umbrellas se passam, e o sinal toca. Todos saem fe-
Na saída, pergunta à secretária: ele pegou? Sim, tinha que ver a carinha de felicidade! Eu até falei que queria um igual pra mim, de tão bonito, e ele sorriu mais ainda! Ah... Passa a chuvinha triste totalmente... Umbrella! Um desses bem colori-
lizes com a liberdade, ainda mais que
dos, enormes, que não deixam passar uma gota de tristeza, abre-se totalmente
a chuva havia passado! Só fica para
em sua vida. E ela vê umbrellas em todas as bocas, imensos, acabando com as
trás o João, juntando devagarinho
chuvas que gostam de inundar nossos dias com tristezas...
seus livros surrados. Vem carregando
Passando pela ponte, vê o Sol intenso, despedindo-se. Até amanhã... Não
o umbrella. “Puxa, professora, meu
mais haverá chuva para um menino franzino e sua irmã mocinha e seu pai legal.
pai trouxe a sombrinha à toa, a chuva
Muito menos para uma professora de Inglês. Umbrella!!!
Roberta Lourenço Ramos - Professora de Língua Portuguesa do 9.º EF 1.º lugar no 11.º Concurso Literário do Servidor Público do Estado do Rio de Janeiro - 2004
27
:: e. m. noturno
Um dueto de memórias
Por Gilberto Lopes Teixeira, Coordenador do Centro de memória do CSL
Fabio Belviso - “Adeus infância.
em todos os sentidos, de verdadeiros
brincadeira. Recentemente, encontra-
Abrem-se as cortinas e começa o primei-
cidadãos. O Colégio São Luís formou.
mos, no Facebook, a postagem de um
ro ato: A Juventude. Do colégio Santo
Hoje, com raras exceções, poucas esco-
senhor que foi aluno do curso noturno
Alberto direto para o colégio São Luís,
las conseguem tal proeza.
em 1954 na qual ele narra suas memó-
curso noturno.
Esta matéria se constitui em uma
rias da vida no Colégio. Seu nome é
pelos Jesuítas. O curso noturno tinha
Fabio Belviso, e os trechos do texto que
aluno tinha que concordar (também
como diretor o inflexível, o honrado, o
remontam àquele tempo são transcri-
os pais) com várias exigências, den-
condutor consequente, o mestre que
ções exatas da postagem. Em oposição,
tre outras as de frequentar missa aos
escondia (no bom sentido para não
estão as “memórias” de um aluno
domingos, às 7 horas da manhã (havia
interferir na condução da escola) dentro
imaginário que “frequentou” o E.M.
uma caderneta de controle), e de perda
de seu coração um amor profundo e
noturno em 2013, ano em que esse cur-
de todas as aulas se o aluno chegasse
partilhável. Seu nome, Olavo Pereira.
so completou 70 anos de existência. O
fora do horário de entrada (às 19 horas
Nós o chamávamos de Irmão Perei-
contraste entre os tempos mostra uma
em ponto). Um começo de ano letivo di-
ra. Irmão porque não chegou a ser
permanência: o compromisso do curso
ferente de outras escolas onde conduta
ordenado padre. A doença o impediu.
noturno com a construção de uma
do aluno era a questão preponderante.
Era frágil fisicamente, mas um gigante
alternativa concreta de melhoria de vida
A disciplina estava no topo da lista e ai
espiritual e moralmente. Um ‘sopro’
de nossos alunos, além do compro-
quem dela se afastasse. Muitos diziam
mais forte poderia derrubá-lo de tão
misso com uma educação de qualidade
que melhor era a prisão.
magro que era, corroído pela doença.
e uma formação com base em valores
28
Para nele frequentar o pretenso
O Colégio São Luís era dirigido
Provoquei essa entrada proposi-
Entretanto, pela sua fé, pelo senso de
cristãos, algo raro nas propostas peda-
tadamente para mostrar como a boa
dever a cumprir, tornava-se uma verda-
gógicas atualmente.
escola é responsável pela formação,
deira rocha.”
e. m. noturno ::
Aluno atual - Estou no curso notur-
minava só tarde da noite. Puro engano.
ao salão amplo e lá vivíamos uma série
no do Colégio São Luís! Foi uma grande
Havia palestra a cada hora. Palestras de
de experiências que ampliavam nosso
felicidade quando li meu nome na lista
cunho religioso, palestras sobre a vida,
conhecimento sobre nossos sentimentos,
ali, naquela sala de espera tão linda,
sobre filosofia, sobre cidadania etc. No
sobre nossas vidas, sobre nós mesmos!
com aquele aquário enorme, cheio de
intervalo das palestras cada participan-
peixinhos... Não acredito que eu fui
te se recolhia a um local para meditar.
aceito! Eu não devo ter feito uma prova
Era como confessar consigo mesmo.
na Avenida Paulista e a entrada pela
tão boa, mas uma coisa é certa: eu pre-
Perscrutar toda nossa vida, das coisas
Rua Bela Cintra.
cisava muito dessa oportunidade! Meus
boas, das ruins, dos caminhos a seguir,
professores me disseram no primeiro dia
tudo vinha como um filme. As palestras
andar pela Paulista era a maior tranqui-
de aula que o Colégio havia decidido in-
nos envolviam a tal ponto que levavam
lidade. Eu seguia a pé até a Brigadeiro
vestir em mim e logo vi que era verdade.
nossos pensamentos a vasculhar nossas
Luiz Antônio e daí até minha casa, na
Adorei quando recebi meu uniforme e
almas e a partir daí a reflexão.”
Rua Major Diogo. Uns cinco quilôme-
todo o meu material didático. Acho que isso mostra que alguém está acreditando em mim. Fabio Belviso - “Algumas vezes
Fabio Belviso - “O Colégio ficava
À noite, depois das aulas (às 23h),
tros. Andar hoje esse percurso sem ser Aluno atual - Algo de que jamais
assaltado é ganhar na loteria. Bons
vou me esquecer são as Noites de For-
tempos aqueles. Às vezes, saindo de sua
mação. Quando o professor da primeira
casa na Paulista e passeando tranquila-
aula, depois da chamada, anunciava que
mente, dávamos de cara com o Conde
participava de Retiro Espiritual nas de-
aquela seria nossa Noite de Formação,
Francisco Matarazzo, que educadamen-
pendências do Colégio. A princípio, eu,
era uma gritaria geral e a alegria se espa-
te nos cumprimentava. Não raro saía
como outros alunos, achava ‘chato’ tal
lhava, pois todos sabiam que aquela se-
com seu imponente Cadilac de chapa
evento, que começava bem cedo e ter-
ria uma experiência especial. Descíamos
n.1, sem seguranças, obviamente.”
29
:: notas
Pintura dos tapumes Em homenagem aos 146 anos de história do Colé-
O Colégio São Luís está com um projeto de
gio São Luís, os painéis localizados no piso Pilotis foram
reformulação dos uniformes de seus alunos. Após
pintados por alunos em um projeto desenvolvido nas
consultar os próprios estudantes sobre quais seriam
aulas de Arte. A ideia - que partiu do reitor, padre Edu-
as principais mudanças desejadas no uniforme atual,
ardo, - seria a de contemplar o lado criativo dos alunos
a empresa U!Dress confeccionou as primeiras versões
do CSL, motivados pela comemoração do aniversário
das vestimentas.
do Colégio, além de importantes temas como cidada-
Algumas amostras foram expostas na Galeria para
nia, fé e justiça, homens e mulheres para os demais, a
que alunos e pais pudessem visualizar e opinar. A
busca por um mundo melhor, educação e ecologia.
exposição causou grande discussão a respeito, uma vez
Durante os meses de abril e maio, alunos selecio-
30
Projeto uniformes 2015
que todos estavam ansiosos para ver os primeiros sinais
nados em grupos realizaram as pinturas dos painéis.
do resultado final. Além disso, um e-mail de sugestões
Para aqueles que estão no EFI, a participação foi geral
foi criado, de forma a possibilitar esse diálogo entre
durante as aulas de Arte. O resultado agradou a todos,
Colégio e aluno a respeito de uma decisão que deve
uma vez que foi possível sentir o clima colaborativo e
ser tomada em conjunto. Após muitas contribuições,
humanizante entre educadores e alunos. Já diria o po-
a diretoria avaliou e decidiu estender o debate para
eta Bliss Carman: “Imponha-me uma tarefa na qual eu
2014, e as mudanças ocorrerão em 2015. Os unifor-
possa colocar algo do meu mais íntimo ser, e isso não
mes atuais poderão ser utilizados por mais 3 anos após
será mais uma obrigação; isso é alegria, isso é arte”.
a mudança definitiva.
agenda ::
:: expediente
Edição/Jornalista Responsável
julho
As atividades estão sujeitas a alterações.
Marcia Guerra - DECOM Departamento de Comunicação (MTB 2435) Diagramação
01
Início das férias
12 a 22
MAGIS
André Cantarino - DECOM 31
Dia de Santo Inácio de Loyola
Revisão Departamento de Publicações Reportagem
agosto
Gilberto Teixeira - Coordenador do Centro de Memória do CSL
01
Retorno dos alunos
02
Início das aulas de Educação Física, Teatro e Treinos do Noturno
03
Festival de Bandas
Iracy Gomes - Assessora de Formação Cristã do 6.º EF Pádua Teixeira - Prof. de Ciências do 9.º EF Roberta Ramos - Prof.ª de Língua Portuguesa do 9.º EF Tuna Serzedello - DECOM Pilar Baptista - Estagiária do DECOM 07 a 13
Semana de Investigação Científica da 1.ª série EM
Colaboração Tuna Serzedello - DECOM
10
Encontro de antigos alunos na Vila Gonzaga
Fotografia
11
Dia dos Pais
Daniel Spalato
14
Reunião de Pais dos alunos do EM Noturno
Direção-Geral
16 e 17
NAVI - Núcleo Audiovisual
Encontro de professores na Vila Gonzaga
Pe. Eduardo Henriques, SJ 24
Processo de Ingresso 2014 (Educação Infantil e Ensino Fundamental)
Direção Benedita de Lourdes Massaro
31
Testão 03 do 9.º ao 3.º ano EM Diurno e Prova Multidisciplinar do 6.º ao 8.º ano
Jairo Nogueira Cardoso Luiz Antonio Nunes Palermo
25! Rua Haddock Lobo, 400 - Cerqueira César CEP 01414-902 / São Paulo, SP Tel.: 11 3138 9600 / www.saoluis.org
A Revista Pilotis é uma publicação interna do Colégio São Luís.
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