Revista Pilotis # 26 - março/abril de 2014 Produção interna dos alunos e educadores do Colégio São Luís
COPA DO MUNDO O Brasil entre as Copas PROJETO SOCIAL Uma experiência para a vida inteira VESTIBULAR Lista de Aprovados
ANO QUE VALE sob o lema “dois períodos de uma mesma história NUM mesmo espírito”, a Cia. de Jesus celebra os 200 anos de restauração da ordem, que foi SUPRESSA entre 1773 e 1814. Mas o que significa isso?
Edição/Jornalista Responsável Marcia Guerra - DECOM Departamento de Comunicação (MTB 2435) Diagramação e projeto gráfico André Cantarino - DECOM Revisão Departamento de Publicações Reportagem Anna Paula Sun - Antiga aluna do CSL Cris Mazzocchi - Coordenadora do 6.º ano EF Edison Petenussi - Prof. de Sociologia do EM Diurno Gilberto Teixeira - Professor de História do EM Noturno e Coordenador do Centro de Memória do CSL Iracy Gomes - Ass. de Formação Cristã do 6.º ano EF
Ano de importantes eventos
José Nilson M. dos Santos - Antigo aluno do CSL Juliana Quarenta - Antiga aluna do CSL
Este é o ano do Bicentenário da Restauração da Companhia de Jesus (1814-
Marcia Guerra - Coordenadora do DECOM
2014). A data oficial da fundação dos jesuítas é 1540, quando Santo Inácio
Marcelo Carvalho - Responsável pelos Cursos Extras
obteve a aprovação do Papa Paulo III para a Fórmula do Instituto, documento
Paula Viotti Bastos - Professora de Educação Física
que foi o núcleo inicial das Constituições que o mesmo Santo Inácio escreveu
Pilar Baptista - Estagiária do DECOM
ao longo dos dez primeiros anos de existência da nova Ordem religiosa.
Tuna Serzedello - Assessor do DECOM
O que isso tem a ver com o São Luís? O Colégio São Luís é jesuíta e faz parte da Companhia de Jesus, juntamente com milhares de obras do mundo inteiro.
Colaboração Tuna Serzedello - DECOM
Vamos à história. Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil. Era o começo de uma perse-
Direção-Geral
guição mundial. Quem já viu o filme A Missão tem uma ideia do que estava
Pe. Eduardo Henriques, SJ
acontecendo. Todo esse processo culminou com a supressão da Companhia de Jesus por decreto papal em 1773. Assim, os jesuítas deixaram de existir oficialmente até 1814, quando um outro papa, Pio VII, restaurou a Ordem.
Direção Benedita de Lourdes Massaro
A fundação do nosso São Luís em Itu, em 1867, faz parte do processo de
Jairo Nogueira Cardoso
retorno dos jesuítas ao Brasil, país que ajudamos a formar no início da colo-
Luiz Antonio Nunes Palermo
nização (1549). A nossa cidade, que nasceu em torno e por causa do Colégio de São Paulo de Piratininga há 460 anos (1554), ficou sem a presença da educação jesuíta de 1759 até a transferência do CSL para a Avenida Paulista, em 1917. Mais detalhes sobre essa história e mais novidades que acontecem neste ano no CSL você poderá ler nas páginas desta edição da revista Pilotis.
Rua Haddock Lobo, 400 - Cerqueira César CEP 01414-902 / São Paulo, SP
Que Deus abençoe a todos e boa leitura! Pe. Eduardo Henriques, SJ Diretor-Geral do Colégio São Luís
Tel.: 11 3138 9600 / www.saoluis.org
A Revista Pilotis é uma publicação interna do Colégio São Luís.
Revista Pilotis # 26 - março/abril de 2014
4 projeto social Uma experiência para a vida inteira
Capa 1 ano que vale 200
22
9 Estendido Quem não se comunica...
10
10 Copa do Mundo O Brasil entre as Copas
13 Cursos Extras Família tem espaço na escola
25 Novidade A nova TV São Luís
26 Teatro De ator a escritor
29 Antigo Aluno (Noturno) Mudança de vida
30 aspas | O que há de errado no mundo e Internacional São Luís Internacional
o que podemos fazer para melhorá-lo?
32
34 Eleições “Acredito na rapaziada”
37 Estudo do Meio Revista Rural na web
38 Esporte
Leia mais matérias completas no site
Mulheres na quadra
www.issuu.com/revistapilotis
Vestibular Lista de aprovados no Vestibular
14
40 Faça você mesmo Diversão com a Galinha Pintadinha
42 Cultura 44 Antigo Aluno (Diurno) Pelo bem do Próximo
projeto social
Uma experiĂŞncia para a
Vida Inteira Antigos alunos do CSL dĂŁo vida a projeto que transformou vidas em Montes Claros
por anna paula sun e juliana quarenta fotos Luiza Montesanti, Carolyn Gilbert e Danilo Palomares
4 | Revista Pilotis
projeto social
A
ticipação é uma das melhores
Depoimento de Anna Paula Yazaki Sun
oportunidades oferecidas pelo
“O essencial é invisível aos olhos”. Com
Colégio São Luís. Sendo compromisso
a simplicidade de Saint-Exupéry - e talvez
primordial da instituição constituir muito
beirando o clichê -, inicio o relato de uma
mais que meramente um ambiente de
das experiências mais importantes das
excelência acadêmica, a “Missão Rural”
nossas vidas.
é atividade que já se tornou tradição. É
O ano era 2008. A Comunidade Chapa-
exemplo da busca pelo desenvolvimento
dinha acolheu a mim, assim como a ou-
Experiência de Comunhão e Par-
de um ser humano, cujas habilidades não podem restringir-se apenas ao campo teórico do conhecimento. Em 2008, Anna Paula Sun e Luiza Montesanti foram recepcionadas na Comunidade Chapadinha. Em 2009, Juliana Quarenta e Danilo Palomares conviveram com uma família da Comunidade Rio do Sítio. Nesses contextos, vivenciaram momentos de profundo amadurecimento, devido às diversidades encontradas. Esses estudantes jamais seriam submetidos a tais situações caso permanecessem no contexto no qual estão socialmente inseridos. Após seguirem caminhos diferentes, esses quatro estudantes se reencontraram por iniciativa de Luiza Montesanti, que, cursando faculdade nos Estados Unidos,
tras cinco meninas do São Luís, de braços
viu no projeto “Live it! Fund” uma chan-
abertos. Entre essas sortudas estava Luiza
ce de retornar a Montes Claros, MG.
Montesanti, uma de minhas melhores
Tal projeto consiste em um investimento
amigas à época.
financeiro que a faculdade de Macalester,
Foi naquele inverno que tive a oportuni-
em Minnesota, oferece aos graduandos,
dade de me deparar com um dos maiores
os quais são incentivados a pensar em ini-
paradoxos da humanidade. Percebi, por
ciativas que ponham em prática o concei-
meio das pessoas que me receberam com
to de cidadania global, propiciando uma
um carinho inexplicável, que a felicidade
mudança social relevante. Unidos, então,
vai muito além de uma casa bem-estrutu-
pensaram em um projeto que poderia
rada na cidade. Percebi que, infelizmen-
ajudar a convivência em comunidade: re-
te, solidariedade e riqueza material não
formar o centro comunitário.
são medidas diretamente proporcionais.
Assim, em 25 de junho de 2013, Anna e
Percebi, enfim, que a felicidade é algo
Juliana partiram para Montes Claros com
que vai muito além da redoma social per-
diversas expectativas, esperanças e parcei-
feita na qual estava inserida.
ros, prontas para mudar uma realidade.
O tempo passou e seguimos por cami-
“Percebi, enfim, que a felicidade era algo muito além da redoma social perfeita na qual estava inserida.”
Revista Pilotis | 5
projeto social
“A realidade nova e a ternura com que as pessoas nos tratavam me inspiraram e me fizeram aprender muito na vida.”
6 | Revista Pilotis
nhos distintos. Luiza foi morar nos Esta-
envergonhei-me por não ter percebido a
dos Unidos, para lá estudar. Eu, depois
falta que eles me faziam também.
de um árduo ano de cursinho, finalmente
Foi no fim de 2012 que, por meio de
ingressei na Faculdade de Direito da USP.
e-mails, eu e a Juliana recebemos um
Contribuir para uma melhora social, a par-
convite inusitado da Luiza. A faculdade
tir de então, não somente era um sonho
Macalester, na qual ela estuda, incentiva
juvenil: tornou-se uma obrigação moral a
seus alunos a gerenciar projetos sociais,
ser cumprida, uma vez que a sociedade
por meio do financiamento destes. Assim,
estava financiando minha formação.
pensando na experiência que tivemos em
Nunca me esqueci da vontade de voltar
2008, Luiza nos convidou a desenvolver
a Montes Claros. Assim, em julho de
um projeto para a Chapadinha, a ser fi-
2012, finalmente retornei. Com a ajuda
nanciado pelo “Live it! Fund”. Ficamos
do São Luís, pude ser recepcionada por
atônitas com o convite, que, obviamente,
uma nova família, na minha comunida-
foi aceito de imediato.
de tão amada. Rever todos foi um dos
Como eu havia sido a pessoa com maior
momentos mais importantes. Muitos se
contato com a comunidade, fiquei encar-
lembravam de mim e contavam histórias
regada de iniciar uma série de pesquisas
de quando os visitei em 2008. Histórias
com os membros da Chapadinha, a fim
estas de que, confesso, muitas vezes nem
de extrair as melhores possibilidades de
lembrava. Senti o quão importante minha
investimento. Por meio de inúmeras liga-
presença havia sido para a vida deles e
ções, fui informada de que um dos maio-
projeto social
ex-alunos e uma americana que, entre milhares de e-mails e reuniões semanais via Skype, planejávamos minuciosamente os detalhes da realização do projeto. Entre as ideias dessas reuniões e planejamentos, buscamos então uma parceria com o Colégio São Luís. Marcamos uma reunião com a Benê, que logo acatou a nossa ideia e animou-se com o projeto, além dos nossos antigos professores, que nos apoiaram incondicionalmente. Assim, em junho, depois de conseguirmos grandes parceiros, com muita animação, esperançosos e com muitas expectativas, fomos a Montes Claros. A longa viagem nos ajudou a conhecer melhor a Carolyn, a americana que também fazia parte do projeto. Fomos recebidos em Montes Claros por aqueles que, ao longo do projeto, se tornaram grandes parceiros e apoiadores: Padre Kity, Alice e Zé Luís. Chegamos, então, à comunidade. A maior surpresa era que a obra já estava começada! Os nossos contatos iniciais tinham
Depoimento de Juliana Veshagem Quarenta
conseguido um pedreiro por doação da
do centrinho comunitário que possuíam. Tratava-se de uma casa antiga e simples,
A missão rural foi uma das melhores ex-
Montes Claros. Seu Roberto era o nome
cuja construção foi feita com muito es-
periências no Colégio São Luís. Minha
dele e, ao longo do tempo, construímos
forço. Nesse local, realizavam-se missas,
rotina baseava-se sempre nas mesmas re-
uma grande amizade e carinho com
consultas médicas, reuniões da Associa-
alidades. Entender o que foi a Experiência
aquele senhor.
ção... Soube, por meio do meu pai minei-
de Comunhão e Participação em Montes
A obra foi cativando a comunidade e a
ro (o Nilson), que já havia sido levantada
Claros na minha vida é entender o que eu
nós. Passávamos grande parte do dia na
uma certa quantidade de materiais de
sou hoje. A realidade nova e a ternura com
obra, ficamos amigas dos voluntários, das
construção para reformar esse local. No
que as pessoas nos tratavam me inspira-
crianças e aprendemos algumas coisas
entanto, a comunidade nunca teve subs-
ram e me fizeram aprender muito na vida.
sobre construção.
trato para tal. Senti, naquele momento,
Quando a Luiza nos convidou para rea-
O consultório médico representava mui-
que promover a reforma desse centro se-
lizar esse projeto, aquele sentimento de
to para os moradores. Na primeira reu-
ria o objetivo perfeito.
fazer parte de novo de uma comunidade
nião que fizemos para nos apresentar, foi
Foi assim que, por meio de inúmeras li-
rural em Montes Claros me animou. Fo-
combinado, juntamente com as mulheres
gações para Minas Gerais, assim como
mos atrás de ligações, entendemos qual
da comunidade, que os almoços seriam
reuniões semanais via Skype, chegamos
seria a real demanda dos moradores.
servidos por elas. Dessa forma, elas tam-
a um projeto final. Optamos por levar a
Buscamos parceiros, conseguimos mais
bém poderiam participar da obra.
esse centrinho uma reforma, a qual en-
um voluntário de São Paulo, que é tam-
Assim, ao longo de quatro semanas, ex-
globaria o acréscimo de dois banheiros e
bém ex-aluno do Colégio São Luís, Danilo
perimentamos as deliciosas comidas mi-
de um consultório médico.
Palomares Roselli. Assim, éramos quatro
neiras das mulheres da comunidade e
res desejos dos moradores era a reforma
prefeitura de Bocaiuva, distrito próximo a
Revista Pilotis | 7
projeto social
“O projeto, para todos nós, voluntários, foi maravilhoso. Foi reviver diversos momentos da nossa vida e poder confirmar a importância que eles tiveram na nossa formação.”
trabalhamos duro na obra. Construímos,
trabalhar nos detalhes. Além da correria
maravilhoso. Foi reviver diversos momen-
no dia a dia, uma unidade dos voluntários
da reforma, trabalhávamos também na
tos da nossa vida e poder confirmar a im-
e dos pedreiros. Havia um revezamento
festa de inauguração, que aconteceria na
portância que eles tiveram na nossa for-
de voluntários, moradores da comunida-
sexta-feira. Os ânimos estavam exaltados.
mação. Montes Claros representa muito
de, que trabalhavam como serventes de
Como a obra terminaria? Como ficariam
mais que uma comunidade carente para
pedreiros e tinham prazer por estarem ali.
os detalhes? Enquanto isso, também es-
nós, é símbolo de luta diária pela quali-
A obra foi também um momento de co-
távamos ansiosos para receber a placa
dade de vida, de força para lidar com as
munhão, em que se perceberam ali, além
que nomeava aquele centrinho: “Centro
dificuldades impostas pela vida na roça.
de vizinhos, amigos que podiam contar
Comunitário da Chapadinha”.
Aquele consultório médico significou a vi-
uns com os outros; perceberam a força
A última semana foi chegando ao fim,
tória de uma comunidade que agora terá
que eles unidos tinham.
o centrinho ficou lindo! As doações que
o mínimo de infraestrutura para atendi-
Conseguimos também fazer um grande
conseguimos completaram a nossa obra!
mentos feitos por profissionais de saúde,
jogo de futebol e, para isso, tivemos de
O consultório médico agora teria móveis,
significa também um marco em nossas
passar uma manhã arrumando o campi-
maca e biombo. Estávamos cheios de
vidas. Tudo o que aprendemos, vivemos
nho, que estava desativado, pois havia se
alegria, o nosso projeto estava ali, to-
e sentimos não acontecerá de novo. Só
transformado em um pasto. O jogo de
mando forma!
temos a esperança de que, assim como
futebol foi muito simbólico! Estávamos
Na sexta-feira, trabalhamos de manhã e,
aconteceu conosco, a Experiência de Co-
todos lá, com vários times formados, as
depois, voltamos à casa e nos arrumamos
munhão e Participação toque cada um
mulheres, os senhores, cada um como
para a missa de encerramento e para a
dos alunos do Ensino Médio, para que
queria: torcedores, juízes, times mistos,
festa posterior. Foi um dos dias mais bo-
juntos busquem a construção de uma
e, para alegrar mais ainda, uma pipoca
nitos naquela comunidade. A missa, as
qualidade de vida melhor para os mais
feita no fogão do centrinho.
falas de cada um e a esperança que tudo
necessitados. Essa atividade é exemplo
Assim, o centrinho foi tomando forma.
aquilo gerou no coração de cada um ilu-
para a busca de um desenvolvimento ple-
Na última semana, acordávamos mais
minavam a nossa obra.
no de um estudante e uma das mais belas
cedo para chegar à obra e pintar, além de
O projeto, para todos nós, voluntários, foi
promovidas pelo Colégio São Luís.
para saber mais Confira fotos e registros da reforma realizada pelo projeto no site www.liveitchapadinha.wordpress.com
8 | Revista Pilotis
estendido
Quem não se
comunica...
O novo curso do Período Estendido oferece técnicas para o aluno construir seu discurso e expressá-lo de maneira clara e objetiva.
O curso As aulas, com 50 minutos de duração, acontecerão uma vez por semana e serão ministradas por uma equipe diferente de professores. O conceito de termos uma
A ideia
o curso em prática. Expressão Corporal
equipe que se alterna nas aulas e nos con-
Como falar, o que falar, com quem falar,
e Oral, ou ECO, como os professores o
teúdos. Além de poder apresentar dife-
quando falar... A comunicação está pre-
apelidaram, irão, durante o ano, auxiliar
rentes ideias, exemplifica modos distintos
sente em tudo e é item básico e necessá-
os alunos e também descobrir junto com
de apresentação pessoal de acordo com
rio em qualquer momento: na escola, na
eles como conseguir expressar os pensa-
as características dos próprios professores.
rua, no trabalho, no esporte, em família,
mentos e ideias, e quais ideias e pensa-
As possibilidades de dinâmica de aula
no lazer, nas redes sociais etc.
mentos são esses.
pensadas são:
É possível aprender a se comunicar? É
“Pelo nome da aula muitos alunos já con-
• Debates;
possível realizar atividades ou exercícios
seguem intuir o que acontecerá ao lon-
• Mesas-redondas;
que ajudem uma pessoa a se expressar
go do ano: ‘Ah, professora, a gente vai
• Simulações (júri, ONU, Congresso etc.);
de maneira clara e objetiva?
aprender a se expressar com o corpo e a
• Leituras dramáticas;
É a isso que o novo curso de Expressão
voz!’. De certa maneira faremos isso, mas
• Discursos (escrita e leitura pública);
Corporal e Oral, criado especialmente para
COMO faremos isso será nossa descober-
• Expressão corporal;
os alunos do Período Estendido do Colé-
ta esse ano!”, conta Caru.
• Técnicas vocais;
gio São Luís, pretende responder.
Caru também é atriz, além de professo-
• Teatro-jornal;
ra de Teatro, e sua contribuição ao curso
• Mídia-educação (análise e produção dos
A proposta
será na parte corporal e no trabalho com
meios de comunicação);
Os professores de Teatro e de Arte, Caru
a voz e na construção de como expressar
• Palestras e apresentações (dos alunos,
e Paulo, são os responsáveis por colocar
essas ideias por meio do corpo.
dos temas trabalhados), entre outras. Revista Pilotis | 9
copa do mundo
O Brasil entre as
COPAS por Gilberto Teixeira, professor de Hist贸ria do EM Noturno
10 | Revista Pilotis
copa do mundo
N
este ano será realizada a 20.ª Copa
tumultuados. No entanto, nem tudo era
formas de atuação também estavam na
do Mundo FIFA de futebol no Bra-
tão diferente assim.
ordem do dia. Tal como hoje, a imprensa
sil. A expectativa com relação ao
De uma forma que nos lembra de acon-
procurava apenas provar a irracionalidade
evento só não é maior do que a infindá-
tecimentos recentes, em agosto de 1947,
da ação popular e desqualificar suas ações.
vel polêmica sobre o mérito desse evento
São Paulo foi palco de grandes manifesta-
esportivo em um país com os problemas
ções de rua em função de um aumento de
Futebol e Política
e carências como os que temos e o con-
150% no preço das passagens dos bon-
O ano de 1950 foi também de eleições
traste entre essas carências e as imensas
des da cidade. Houve greve e depredação
presidenciais. No dia 3 de outubro daque-
quantias de dinheiro público que foram
de bondes e de ônibus administrados pela
le ano, seria escolhido um novo presiden-
gastas na preparação da competição.
recém-criada CMTC (Companhia Munici-
te para substituir o senhor Eurico Gaspar
Esta não é a primeira vez que vários des-
pal de Transportes Coletivos). A imprensa
Dutra. Naquela ocasião, o grande candi-
ses assuntos polêmicos entram na pauta
condenou a ação dos manifestantes de
dato, aquele que desde o início do ano
da opinião pública nacional. Há exatos 64
uma forma que não parece muito distan-
figurava como favorito, era o Sr. Getúlio
anos, durante os preparativos da 4.ª Copa
te da forma como ela faz hoje em face
Vargas numa coligação entre a PSP e o
do Mundo FIFA, em 1950, muitas dessas
de manifestações semelhantes, como se
PTB. Embora ele tivesse sido ditador, go-
questões também se colocaram na ordem
pode ver neste trecho de O Estado de São
zava de grande popularidade graças à in-
do dia. Uma visita ao distante Brasil de 1950
Paulo do dia 10 de agosto de 1947:
tensa propaganda de sua imagem que foi
pode ser muito ilustrativa para pensarmos
“(...) O que houve está dentro da lógica
realizada em seu governo. De outro lado,
sobre as questões que nos angustiam em
que regula os atos das multidões. Elas
tínhamos como candidato da situação,
relação à Copa do Mundo de 2014.
não sabem proceder senão pela via de-
da coligação PSD-PR, além de outros par-
predatória. Os seus movimentos são tan-
tidos menores, o ex-prefeito de Belo Ho-
Diferenças e semelhanças
to mais naturais quanto mais absurdos.
rizonte Cristiano Machado. Entre ambos,
Naquele momento histórico, a recente II
Para matar a fome, destroem os alimen-
ainda havia o tenente-brigadeiro Eduardo
Guerra Mundial (1939-1945) havia sido
tos. (...) Era inevitável que encarecidos os
Gomes. A derrota do País naquela Copa
responsável pela suspensão de duas Copas
transportes, procurassem elas melhorar a
certamente deve ter inviabilizado seu uso
do Mundo (1942 e 1946). Em 1946, quan-
situação queimando os veículos destina-
político mais eficaz e o resultado é que
do a FIFA organizou sua primeira reunião
dos ao seu serviço. A maneira tradicional
o candidato de oposição, Getúlio Vargas,
depois da Guerra, o Brasil era o único can-
por que resolvem as suas dificuldades é
venceu as eleições, com uma votação de
didato para sediar a próxima Copa, cuja
proceder de tal modo que elas se tornem
48,73% dos votos contra 29,66% do
realização estava prevista para 1949, mas
mais agudas ainda (...)”
outro candidato de oposição, ficando o
acabou sendo adiada por mais um ano.
Como se vê, perto da Copa de 1950, o
candidato situacionista com 21,49% dos
O Brasil daqueles anos era ainda muito di-
tema das manifestações populares e suas
votos. Havia ainda um quarto candidato,
ferente do que vemos hoje. Acabávamos de sair de um longo regime de exceção política, o chamado Estado Novo, em que o Estado brasileiro tentou controlar as manifestações da sociedade civil por meio de órgãos de vigilância e censura da imprensa e dos meios de comunicação, como foi
“Em agosto de 1947, São Paulo foi palco de grandes manifestações de rua em função de um aumento de 150% no preço das passagens dos bondes da cidade.”
o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). O fim da Guerra, assinalando a definitiva derrocada dos regimes totalitários na Europa, pôs também em xeque essas tendências em nosso país. Os anos que antecederam a Copa de 1950 foram Revista Pilotis | 11
copa do mundo
que obteve menos de 1% dos votos.
o Uruguai. Acontece que seleções que
tos públicos, a natureza pública ou pri-
Em 2014, igualmente teremos eleições em
estavam destinadas a esse grupo desisti-
vada do financiamento do único estádio
ano de Copa, embora o resultado delas
ram antes de a Copa começar, como foi o
inteiramente construído para a Copa (o
dependa cada vez menos do desempenho
caso de Escócia, Índia e Turquia. Em com-
Maracanã) e o custo total do evento para
do selecionado nacional, já que são outros
paração, a Copa do Mundo de 2014 terá
os cofres públicos foram assuntos apaixo-
os tempos e hoje já não se faz esse uso tão
a presença de 32 seleções, divididas em
nadamente discutidos na imprensa cario-
imediato do futebol para fins políticos, ao
8 grupos, cada um com quatro seleções.
ca durante os meses que antecederam a
menos não como se fazia antes e durante
Absoluta igualdade...
Copa do mundo .
o Regime Militar, entre 1964 e 1985.
Ao fim e ao cabo, a Copa do mundo de
Quanto custa a Copa?
1950, como é de conhecimento geral,
O tamanho da Copa
A estrutura para o evento também apre-
acabou de forma trágica para nós, bra-
É verdade que a Copa do Mundo de
senta grandes diferenças. Em 1950, tí-
sileiros. Toda a nossa energia dispensada
1950 foi também muito mais modesta e
nhamos seis sedes (Belo Horizonte, Curi-
e os intermináveis debates em torno dos
simples do que a que agora realizaremos.
tiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro
gastos e do questionável legado da Copa
Eram apenas 13 os selecionados partici-
e São Paulo), embora a maioria dos jogos
terminaram de forma melancólica na tar-
pantes, divididos em quatro grupos, mas
tenha sido disputada entre São Paulo, Rio
de de 16 de julho de 1950, quando fomos
curiosamente os grupos tinham quanti-
de Janeiro e Minas Gerais (17 dos 22 jo-
derrotados pelo Uruguai pelo placar de 2
dades diferentes de seleções. Dois grupos
gos). Todos os estádios utilizados já exis-
a 1 e demos adeus às nossas pretensões
tinham quatro seleções, incluindo o do
tiam, com exceção do Maracanã, o único
de nos tornarmos campeões mundiais de
Brasil, que foi formado por nossa seleção
que foi construído exclusivamente para a
futebol. A comunidade de nosso colégio
mais México, Suíça e Iugoslávia. Um dos
Copa. Tal como agora, um assunto que
também acusou o golpe dessa trágica
grupos era formado por três seleções, e o
se discutiu muito à época foi o aporte de
derrota. Em um artigo não assinado da
outro, em que ficou o país que se sagraria
dinheiro público para a construção e re-
Revista São Luís – a precursora da nossa
campeão dessa Copa, o Uruguai, apenas
forma dos estádios onde se realizaram os
Pilotis –, um aluno do colégio comentou,
por duas: ele e a Bolívia. Claro que isso
jogos. Não há uma estimativa exata com
entre desiludido e traído, o destino da
não foi feito com o objetivo de favorecer
relação aos gastos, mas diferentes fontes
paixão do brasileiro pelo futebol. Aten-
citam recursos municipais, estaduais e
tem para o rancor e tristeza destas frases:
federais que foram utilizados para cons-
“Pois o amor faleceu com o campeonato.
truir ou reformar os estádios. Claro que,
Quando tínhamos nas mãos a Copa do
comparados às enormes despesas realiza-
Mundo, quando todas as brisas sopravam
das agora, os custos de 1950 foram quase
a nosso favor, aconteceu não sabemos o
desprezíveis. No estádio do Pacaembu, em
quê, faltou-nos qualquer coisa indefinível
São Paulo, por exemplo, a obra consistiu
(talvez força, talvez raça, talvez alma), e
em pavimentar o entorno, a atual Praça
a taça mundial bateu asas para sempre,
Charles Miller, já que, em dias de jogos, a
ad aeternum... Foi assim que, indiscu-
lama que se formava devido aos milhares
tivelmente, morreu o amor da multidão
de pés pisando a terra batida era lendária.
brasileira pelo futebol nacional. Espera-
Não havia, é claro, as grandes obras de
-se, agora, que outro esporte conquiste o
mobilidade urbana que hoje se realizam
coração desenganado das massas. (...)”.
no contexto da preparação da Copa. Po-
Sabemos que houve exagero do aluno,
rém, se considerarmos o assunto, uma
tanto é que aqui estamos a discutir no-
parcela muito pequena dessas obras fi-
vamente esses assuntos. Só podemos es-
cará pronta até a abertura da Copa, de
perar que o desfecho da Copa de 2014
forma que esse legado ainda pode ser
seja bem diferente do que se viu naquela
considerado incerto. Ainda assim, os gas-
triste tarde de julho.
“O Maracanã foi o único estádio construído exclusivamente para a Copa.”
12 | Revista Pilotis
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família escola
há vagas em todos os cursos Mais informações pelo e-mail cursosextras@saoluis.org ou telefone (11) 3138-9607
tem espaço na
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O
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são as atividades proporcionadas aos pais e aos avós de alunos e antigos alunos.
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Como participar Todos os cursos citados ainda encontram-se abertos para possíveis interessados em conhecer e participar de uma aula. Revista Pilotis | 13
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lista de aprovados no
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Allan Young Jae Lee
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Mackenzie - Engenharia Civil
Instituto Federal de São Paulo - Geografia Uniara - Direito
Ana Carolina C. G. Coradini
Faculdade Damásio de Jesus - Direito
UNIFESP - Ciências Contábeis
Bruna Neves Leite Ana Carolina De C. Bottaro
ESPM - Design
ESPM - Publicidade e Propaganda
Belas Artes de São Paulo - Design de Produto
Instituto Federal de São Paulo - Administração NSPER - SP - Administração
Bruno Antonio B. A. Lopes USP - Educação Física
Ana Clara Ladeira Cruz
São Camilo - Nutrição
UFSCAR - Química (7.º lugar) UNIFAP - Medicina
Bruno Fernando Panhoca UNIFESP - História da Arte
Ana Cristina Chimabuco
UFABC - Ciências e Humanidades
ESPM - Design
PUC-SP - Direito
Belas Artes de São Paulo - Design Gráfico UFAM - Artes Visuais
Caio Torrano de Almeida
Istituto Europeo di Design - Design Gráfico
FEI - Engenharia Mecânica Automobilísitica Mackenzie - Engenharia Mecânica
Ana Maria de Matos Guidi PUC - Jornalismo
Carolina C. Madaloso ESPM - Administração
Anna Vitoria Tieme Morinaga UFRJ - Ciências Biológicas - Biotecnologia
Daniel Neves Russo Instituto Mauá de Tecnologia - Engenharia Elétrica
Artur Renato Teixeira Santoro UFAL - Arquitetura
Dora Domingues Albim
Mackenzie - Arquitetura
São Camilo - Nutrição
Bianca Andriello
Emma da Cunha Lima
FAAP - Cinema
UnB - Gestão de Políticas Públicas FGV - Administração Pública
Bruna de Aguiar Vannucci ESPM - Publicidade e Propaganda
14 | Revista Pilotis
vestibular
Erika Mentzingen C. e Silva
Heitor de Proença G. Pires
USP - Nutrição e Metabolismo
PUC - Economia
São Camilo - Nutrição
UFABC - Ciências e Tecnologias - Engenharia de Produção (9.º lugar)
Flavia Canton Pladevall
UnB - Estatística (6.º lugar)
Mackenzie - Engenharia Civil
USP - Economia
Gabriel Alberti Rosatti
Heitor Pilotto Rodrigues Alves
USP - Ciências Biológicas
USP - Física
USFCAR - Ciências Biológicas (4.º lugar)
UNICAMP - Matemática
UNESP - Ciências Biológicas (5.º lugar) UNICAMP - Ciências Biológicas
Henrique M. Garrigós USP - Administração
Gabriel Marcos Teixeira
UNIFESP - Economia
USP - Física INSPER - Economia
Iago Fernandes de Sousa USP - Física
Giorgio Lopes Barcellos USP - Ciências Atuariais
Ingrid Schmidt ESPM - Publicidade e Propaganda
Giulia Guarieiro
FAAP - Rádio / TV
UFPB - Relações Públicas
Isabel Leme Oliva Giulia Tochio Lucci
USP - Eng. Ambiental (3.º lugar)
FAAP - Rádio / TV (10.º lugar)
UNICAMP - Eng. Ambiental UFSC - Eng. Ambiental
Giuliana Caram
UFV - Eng. Ambiental
FAAP - Rádio / TV ESPM - RJ - Jornalismo
João Pedro F. Saboia Cunha
UFRJ - Nutrição
FAAP - Economia
PUC - SP - Jornalismo
João Victor J. N. Macedo Giuliano Occulati Diogo
PUC - SP - Direito
Instituto Mauá de Tecnologia - Engenharia Elétrica
UNICAMP - Administração de Empresas
Gustavo Rodrigues de Marco Instituto Mauá de Tecnologia - Eng. de Produção Revista Pilotis | 15
vestibular
Júlia Carolina Ghizzi
Luiz Antônio Castro Custódio
USP - Economia
USP - Saúde Pública (2.º lugar)
Fundação Getúlio Vargas - FGV - Economia
FACAMP - Direito IFSP - Geografia (10.° lugar)
Julia Duprat Ruggeri UFBA - Direito
Luiza Del Nery Forghieri
Univ. Federal do Rio Grande do Sul - Direito
UFRJ - História UNIFESP - Administração
Julia Roriz de Oliveira USP - Gestão Ambiental
Lutti Mira Salineiro USP - Filosofia
Larissa Costa Moraes de Araujo PUC - Campinas - Odontologia
Manuela Lee Nogueira SENAC - SP - Gastronomia
Letícia Alves P. Morgan Belas Artes de São Paulo - Moda
Marcelo Vada Domingues
FASM - Moda
Mackenzie - Engenharia Civil
Luca de Moraes O. Nicolelis
Maria Sol Battaglini Rodriguez
FEI - Engenharia
FAAP - Publicidade e Propaganda
Luis Arthur O. Prado Galhano
Maria Vitória Pieralisi
FEI - Engenharia
UNESP - Psicologia PUC - Psicologia
Luis Carlos Pralong Eiras USP - Turismo
Mariana Melo Angelelli USP - Saúde Pública
Luis Filipe de O.Carneiro INSPER - SP - Economia
Marina Marcondes F. e Silva USP - Matemática
Luís Renato Moreira da Costa
Universidade de Campinas - Matemática
Instituto Mauá de Tecnologia - Engenharia
Marina Orioli Castellão Luísa Desiderio Cortés
Mackenzie - Arquitetura
USP - Letras
Matheus Medeiros da S. Cálio Luiz Gabriel Dias D. Machado PUC - Campinas - Ciêncas Biológicas
16 | Revista Pilotis
FEI - Engenharia de Controle e Automação
vestibular
Nathalia Marques Cordeiro
Rodolfo Augusto T. Calvo Uras
Anhembi Morumbi - Publicidade e Propaganda
ESPM - Relações Internacionais
São Judas - Publicidade e Propaganda
UFABC - Ciências e Humanidades UNIFESP - Administração
Nicolai Todinov Panzanella ESPM - Publicidade e Propaganda
Rodrigo Torrano de Almeida ESPM - Publicidade e Propaganda
Paula Krein
FAAP - Publicidade e Propaganda
USP - Medicina UNIFESP - Medicina (1.º lugar)
Sophia Sartori
UNICAMP - Medicina
USP - Ciências Sociais
UFCSPA - Medicina
Tatiana Semprini Ramalho Pinto Pedro de Sordi Soltau
Mackenzie - Publicidade e Propaganda
PUC - Tecnologia em Jogos Digitais Anhembi Morumbi - Design em Jogos Digitais
Tatiana Torrano de Almeida Cásper Líbero - Publicidade e Propaganda
Pedro Della Piazza de Souza
Mackenzie - Publicidade e Propaganda
FGV-SP - Direito
Teresa Pereira Bucci Rafael Abrahão Silva Oliveira
PUC-SP - Direito
PUC - Comunicação da Arte do Corpo
Thais Tereza Cataldi Beirão Rafael Bregola Cardoso Pinto
FAAP - Artes Visuais
PUC - Administração
Belas Artes - Artes Visuais
INSPER - Administração
Théo Vicente P. de M. A. Pinto Raphael Garcia Vasconcellos
Anhembi Morumbi - Gastronomia
ESPM - Publicidade e Propaganda
SENAC - Gastronomia
FAAP - Publicidade e Propaganda
Thiago Canguçú Ferreira Lima Regina Pereira Alves de Amorim
PUC - Campinas - Administração
PUC - Direito
FACAMP - Administração
Renan Brienza Simões
Thiago Paul Akli
USP - Direito
FMU - Economia
FGV - Administração Pública (1.º lugar) UNICAMP - Ciências Econômicas
Vitória Baraldi de Oliveira
UNESP - Direito
Cásper Líbero - Jornalismo Revista Pilotis | 17
vestibular
Ensino Médio Noturno
Adriana Vieira Marciano
Bianca Cristina G. Prudêncio
FASB - Pedagogia
Anhembi Morumbi - Psicologia São Judas Tadeu - Psicologia
Aline Cristina G. de Oliveira São Judas Tadeu - Química
Brenda Tomé de Freitas
Oswaldo Cruz - Química
PUC - Campinas - Biblioteconomia
Alissa da Costa Gloria e Silva
Bruna Eduarda de A. Valença
ESPM - Publicidade e Propaganda
FMU - História
Anhembi Morumbi - Publicidade e Propaganda
Bruno Varizi do Carmo Allan Matheus Ramos da Silva
FEI - Engenharia Civil
FAAP - Publicidade e Propaganda
Camila Pereira R. da Silva Amanda Pimenta dos S. Silva
UFMT - Ciências Biológicas
São Camilo - Fisioterapia
Carlla Shimpo Amanda Vieira Martins
FEI - Engenharia Elétrica
São Judas Tadeu - Fisioterapia - (5.º lugar) São Camilo - Fisioterapia
Carlos Vitor Soares Marques
Universidade Nove de Julho - Fisioterapia
Mackenzie - Ciência da Computação
Ana Beatriz Silva Aguiar
Caroline dos Santos Silva
Oswaldo Cruz - Engenharia Química
PUC-SP - Direito
Ana Carolina Santos Cruz
Cecile Rocha de Oliveira
FAAP - Relações Públicas
São Judas Tadeu - Engenharia de Produção
Belas Artes - Relações Públicas
Débora Menezes M.Brito Beatriz Amorim de Freitas
FEI - Engenharia
São Judas Tadeu - Arquitetura e Urbanismo Belas Artes - Arquitetura e Urbanismo
Diego Menezes Magalhães Brito
Anhembi Morumbi - Arquitetura e Urbanismo
São Judas Tadeu - Administração
Beatriz Cristina de Jesus Varizi
Diego Souza da Cruz Silva
UFPEL - Química
FEI - Engenharia Civil
São Judas Tadeu - Farmácia
SENAC - Moda
Oswaldo Cruz - Química
Felipe Fonseca da Silva
18 | Revista Pilotis
Beatriz Torres dos Santos
FAAP - Moda
Anhembi Morumbi - Gastronomia
Belas Artes - Moda
UNIOESTE - PR - Pedagogia
Anhembi Morumbi - Moda
vestibular
Gabriel Cesario da Costa
Isabele Gomes C. Correia
FEI - Engenharia Mecânica
Anhembi Morumbi - Rádio e TV
SENAI - Engenharia Mecânica (6.º lugar)
Janaina Sabino Silva Gabriel Fernando R. dos Santos
UNISO - Química Industrial
PUC-SP - Matemática
FMU - História
Giselle Rossi Alvarado
Jean Vinícios Machado Silva
Oswaldo Cruz - Química
FAAP - Arquitetura e Urbanismo
SENAC - Sistemas de Informação
São Judas Tadeu - Arquitetura e Urbanismo
IFSP - Análise e Desenvolvimento de Sistemas
Anhembi Morumbi - Arquitetura e Urbanismo
Giulia Forlin Cavalcanti
Jéssica Alves dos Reis
Universidade Nove de Julho - Administração
Belas Artes - Tec. em Produção Musical PUC-PR - Comunicação Social
Guilherme Coelho de Azevedo
Mackenzie - Publicidade e Propaganda
PUC-SP - Sistemas de Informação São Judas Tadeu - Sistemas de Informação
João Gabriel Ferreira da Silva
Mackenzie - Sistemas de Informação
UNESP - Geologia
Anhembi Morumbi - Design Gráfico
UFMT - Geologia
Uninove - Jogos Digitais
Joyce Maria Santos de Macêdo Gustavo Stefani
PUC-SP - Serviço Social
Univ. Federal de São Paulo - Automação São Judas Tadeu - Eng. Mecânica (1.º lugar)
Juliana Marques Cintra
Mackenzie - Design Gráfico
UNISANTOS - Ciências Biológicas UNIPAMPA - Química
Hannalicia Bueno de Freitas
FEI - Engenharia Civil
Faculdade de Ciências Médicas - Fonoaudiologia
IFSP - Química
Henrique de Castro Alberto
Juliano de C. Vieira Flório
São Judas Tadeu - Engenharia Civil
Anhembi Morumbi - Educação Física
Ingrid Castro Loureiro Silva
Kauê Comette Cardoso Matias
USP - História
FEI - Engenharia Civil
UNICAMP - Ciências Econômicas
Anhembi Morumbi - Engenharia Civil São Camilo - Fisioterapia
Isabel Carvalho Ferreira Silva Univ. Federal do AL - Ciências Sociais e Filosofia
Laís Ester Roveron
São Judas Tadeu - Direito
São Camilo - Fisioterapia
FMU - Direito
UNICID - Fisioterapia
Revista Pilotis | 19
vestibular
Larissa Moraes Silva
Luiza Cerqueira Marinho
Mackenzie - Direito
PUC-SP - Publicidade e Propaganda UFMT - Univ. Federal do Mato Grosso - Jornalismo
Larissa Vieira Freitas Santa Marcelina - Fisioterapia
Maria Tereza S.S.P. de Oliveira Cásper Líbero - Jornalismo
Leandro Lourencio Ferreira
Anhembi Morumbi - Jornalismo
São Judas Tadeu - Comunicação Social (3.º lugar) Anhembi Morumbi - Com. Social em Rádio e TV
Mariana Matos Santana FEI - Engenharia Civil
Leonardo Alexandre Silveira FECAP - Administração
Marianny da Silva Gomes
São Judas Tadeu - Marketing e Propaganda
PUC-SP - Engenharia de Produção
Faculdades Int. Rio Branco - Relações Internacionais
Mario Porta Lima Leonardo Dantas B. de Oliveira
PUC-SP - Administração
PUC-SP - Direito
Mackenzie - Administração
Mackenzie - Direito
Mateus Cesario da Costa Leticia Soares Gonçalves (2011)
FEI - Engenharia Mecânica
USP - Relações Internacionais
SENAI - Engenharia Mecânica (9.º lugar)
UNIFESP - Relações Internacionais UNESP - Relações Internacionais
Matheus Duarte de Jesus FMU - Direito
Luana Alves Melo São Camilo - Fisioterapia
Matheus Oliveira Rocha (2012)
São Judas Tadeu - Fisioterapia
UNESP - Engenharia Ambiental PUC-SP - Ciências Econômicas
Luís Carlos Moreira
UFF - Ciências Contábeis (5.º lugar)
PUC-SP - Ciências Econômicas
UFLA - Eng. Ambiental
UFPR - Ciências Exatas
Mackenzie - Engenharia Civil
FEI - Administração
Mikaela Alves Almeida Luiz Gonzaga de Souza Júnior
UERG - Gestão Ambiental (1.º lugar)
PUC-RJ - Engenharia Civil
UNIFESP - Filosofia
São Judas Tadeu - Engenharia Civil Cásper Líbero - Jornalismo
Paolla Menchetti Martins PUC - Campinas - Ciências Sociais
Luiz Gustavo H. de M. de Oliveira
20 | Revista Pilotis
PUC-RJ - Engenharia Civil
Pedro Henrique A. Cerqueira
São Judas Tadeu - Engenharia Civil
FEI - Engenharia Civil
vestibular
Pedro Henrique M. Raimundo
Verônica Alvarenga Pereira
UNISAL - Teologia
UFRS - Univ. Federal do RS - História
Raissa Moraes Silva
Vinícius de Lima Benedito
PUC - Albert Einsten - Enfermagem
IFNMG - Administração (9.º lugar)
São Camilo - Enfermagem
Vinícius Leite Ferreira Raquel de Carvalho Souza
UFPR - Engenharia
UEMS - Turismo
UNIPAMPA - Física FEI - Engenharia Civil
Samantha Silva de Macedo FASM - Moda
Vitória Barbosa Ferreira USP - Geografia
Sergio de Souza Borges
UFMG - Agronomia
Mackenzie - Ciências Contábeis
Vivian Brandão Garcia Stefany Souza Silva
PUC-SP - Direito
USP - Lazer e Turismo
São Judas Tadeu - Direito
HOTEC - Gestão de Turismo
Viviane Nascimento da Silva Talles Martins da Silva
São Camilo - Biomedicina (3.º lugar)
FEI - Engenharia Civil UFF - Matemática
Wilson Ferreira de Lima Júnior UFAM - Antropologia
Tayna Castilho Spirlandelli
Mauá - Engenharia Civil
Anhembi Morumbi - Farmácia Mackenzie - Farmácia
Yasmin Fermino de A. Silva UEMS - Agroecologia
Thais Pecly Lopes
FEI - Engenharia Civil
Anhembi Morumbi - Farmácia FAAP - Engenharia Civil
Yohana Castro Loureiro Silva USP - Ciências Sociais
Thais Feitoza Bezerra (2009)
UNICAMP - Ciências da Computação
UNESP - Engenharia Civil UFRJ - Engenharia Civil
Thayna Alves Felix Tomazim FEI - Engenharia Civil São Judas Tadeu - Engenharia Civil
Revista Pilotis | 21
capa
ANO QUE VALE
sob o lema “dois períodos de uma mesma história NUM mesmo espírito”, a Cia. de Jesus celebra os 200 anos de restauração da ordem, que foi SUPRESSA entre 1773 e 1814. Mas o que significa isso?
por tuna serzedello, departamento de comunicação
22 | Revista Pilotis
capa
“A Companhia de Jesus está presente em mais de 130 países e atua há mais de 470 anos.”
A PERSEGUIÇÃO E EXTINÇÃO DA COMPANHIA DE JESUS
ver França, Espanha, Portugal, Nápoles e Parma
A Cia. foi perseguida por questões econômicas e po-
foi um dos desfechos desse drama. Por meio do
líticas no Brasil e no mundo. Aqui, os descobrimen-
breve Dominus ac Redemptor, de 21 de julho de
tos das minas de ouro, a escravização dos índios e
1773, a Companhia foi supressa pelo Papa Cle-
certa acomodação por parte dos jesuítas foram o
mente XIV.
passarem para um cisma, e a Revolução Francesa
estopim para a sua expulsão pelo Marquês de Pomainda, do Papa Bento XIV, a nomeação de seu pri-
A PRESERVAÇÃO DA COMPANHIA DE JESUS NO leste europeu
mo, o Cardeal Francisco Saldanha, como visitador
Apesar de supressa, a Companhia de Jesus se man-
apostólico para a reforma dos jesuítas portugueses.
teve viva graças à sua presença em alguns países.
Ao mesmo tempo, estreitou relações com as cor-
Em 1772, a Polônia — nação onde a presença dos
tes bourbônicas, formando uma forte aliança para
jesuítas era praticamente hegemônica — foi dividi-
a expulsão da Companhia de Jesus dos domínios
da entre as potências russa, austríaca e prussiana.
portugueses e para a posterior supressão da Or-
O principal motivo dessa conservação foi o papel de-
dem. A conspiração contra os jesuítas apossou-se
sempenhado pelos jesuítas na educação. Frederico II
de todas as cortes da Dinastia Bourbon e das de
defendeu os padres jesuítas, chegando a afirmar
Portugal e da Espanha. O último e decisivo golpe
que, na religião católica, nunca encontrara melho-
foi a medonha alternativa: suprimir os jesuítas ou
res padres, sob todos os pontos de vista, e que
bal, então 1.º ministro de Portugal. Pombal obteve,
Revista Pilotis | 23
capa
“A admissão massiva de estrangeiros oriundos de territórios onde a Ordem permanecia supressa fez com que a Companhia de Jesus se mantivesse internacional.”
dificilmente poderiam ser substituídos na educa-
Império demonstra uma intenção firme de retornar
ção da juventude prussiana. Além dessa proteção
ao Brasil, numa atividade que será a principal mar-
oficial, Catarina II, czarina russa, realizou uma série
ca da atuação dos jesuítas restaurados no Brasil: a
de medidas para ampliar as possibilidades de ação
formação das elites políticas do país nas mais di-
dos jesuítas em seu território. Entre elas, a mais
ferentes regiões. O Colégio São Luís, estabelecido
importante foi a abertura do Noviciado de Polotsky,
em Itu, não tardou a se tornar o mais importante
que, além de formar novos membros para a Com-
colégio neste aspecto. Uma parte muito expressi-
panhia, possibilitou a admissão de antigos jesuítas
va das lideranças do país de diferentes regiões foi
espalhados pelo mundo. Esse crescimento gradual
formada integralmente ou esteve por alguns anos
da Companhia em terras russas e a admissão mas-
aos cuidados dos padres jesuítas deste colégio.”
siva de estrangeiros oriundos de territórios onde a Ordem permanecia supressa fizeram com que a
A COMPANHIA CONTEMPORÂNEA
Companhia de Jesus se mantivesse verdadeiramen-
Hoje, a Companhia de Jesus está presente em mais
te internacional, mesmo que em território russo.
de 130 países e atua há mais de 470 anos produzindo conhecimento para o desenvolvimento
A RESTAURAÇÃO E O COLÉGIO SÃO LUÍS
social por meio da pesquisa científica e do apro-
A convite da comissão que prepara as comemo-
milhões de pessoas em uma das maiores redes de
rações, o Prof. Dr. Gilberto Lopes Teixeira, Pes-
educação do mundo, a Rede Jesuíta de Educação,
quisador do Centro de Memória do Colégio São
que abraça mais de 180 colégios, 200 universida-
Luís, escreveu um artigo para o site do Bicente-
des e faculdades e 2724 centros de Educação Po-
nário (leia-o em www.bicentenariosj.com.br). Em
pular Fé e Alegria.
seu texto, cita os desafios da fundação do CSL em
Sua aposta na inovação, na formação integral de
Itu: “...os jesuítas finalmente conseguem quebrar
crianças e de jovens, no resgate da dignidade e da
site do bicentenário
as resistências da autoridade constituída e, no iní-
integridade humana por meio do Evangelho de Cris-
Para saber mais sobre a
cio de 1867, é concedida a licença para abertura
to continua inabalável, colaborando com a transfor-
História da Companhia e de
do colégio que se fez oficialmente em maio deste
mação da sociedade por meio da Espiritualidade, da
seus trabalhos, acesse:
mesmo ano. A ação de conjunto dos jesuítas em
promoção social, do diálogo intercultural e inter-reli-
www.bicentenariosj.com.br
todo território nacional ainda durante os anos de
gioso, do serviço da fé e da promoção da justiça.
24 | Revista Pilotis
fundamento intelectual. Conta com mais de três
novidade
a nova
TV São Luís
Projeto, equipe, captação de imagens, edição e pacote gráfico. Tudo diferente para trazer você mais perto da TV! O ano de 2014 será de muitos eventos e
que tudo estivesse melhor, em ordem e
vantes a toda a comunidade do Colégio
muitas novidades para a nossa comuni-
limpo para a volta às aulas.
São Luís.
dade educativa.
Você também pode e deve fazer parte da
Uma delas já começou a acontecer em ja-
Você na TV
nova TV São Luís! Novas ideias, suges-
neiro, antes da volta às aulas, e pode ser
A mudança e a renovação da TV São Luís
tões de pautas, cobertura de atividades e
vista por todos nos intervalos, nas aulas
objetivam trazer a TV para mais perto dos
eventos, produção de novos programas,
especiais e também na Vila Gonzaga.
nossos alunos e professores e torná-la par-
inclusão do veículo em projetos acadêmi-
Uma nova equipe da TV São Luís deu
te das suas rotinas escolares e dos seus
cos, tudo isso pode ser agendado com a
início às gravações, acompanhada pela
interesses diversos.
equipe do DECOM pelo e-mail tvsaoluis@
equipe do DECOM, e capturou imagens
Com vídeos mais longos e mais aprofun-
saoluis.org
do São Luís trabalhando a todo vapor
dados sobre assuntos atuais e acadêmi-
durante as férias escolares no mês de ja-
cos, a TV vai não somente retratar o dia
conheça a nova tv
neiro. A ideia foi mostrar o nosso Colégio
a dia do Colégio mas também mostrar
Acesse todos os vídeos da TV São
se preparando para o retorno dos nossos
curiosidades, notícias e novidades do
Luís em nosso canal do YouTube:
alunos, correndo contra o tempo para
mundo, além de sugestões culturais rele-
www.youtube.com/tvsaoluis
Revista Pilotis | 25
teatro
De ator a
José Arthur, o Zé, participou de quatro edições do projeto de Teatro para jovens “Conexões”. Agora, quem escreve é ele! por Marcia Guerra, coordenadora do DECOM
26 | Revista Pilotis
teatro
“Acho que até hoje não escrevi tanto sobre mim mesmo, e acho que não o faria novamente. O meu objetivo é, e sempre foi, passar uma mensagem. Ela é que tem relevância aqui. Espero que todos entendam.”
J
á podemos ter uma ideia de quem é o Zé no início da entrevista para a Pilotis, quando ele avisa: “Se existe
uma encarnação do antinarcisismo, essa seria eu, então seria preferível que atribuíssem mais atenção ao texto que escrevi. O que realmente importa aqui é o Teatro, a arte e, principalmente, a mensagem.” Infelizmente, Zé, este texto é sobre o Projeto Conexões, sobre o seu texto, mas também, e especialmente, sobre você!
Quem é o Zé? José Arthur ingressou no Colégio São Luís na antiga 1.ª série EF, em 2001, e saiu em 2003, quando passou um período em Brasília. Ao retornar, em 2007, para a 7.ª série EF, uma amiga sugeriu que ele cur-
credita aos professores, coordenadores e
foram de altíssima qualidade, e pratica-
sasse as aulas de Teatro, onde permane-
funcionários com quem conviveu durante
mente todos os que li durante o Projeto
ceu até sair do Colégio, em 2011, quan-
esses anos a sua formação pessoal.
também eram muito bons”, afirma Zé.
Zé acredita que o Teatro também teve
Zé e o Conexões
O que é o Conexões?
impacto na sua formação. “Apesar de o
De 2008 até 2011, dentro do Teatro do
O Projeto Conexões de Teatro Jovem teve
diretor de lá aparentar ter um parafuso a
CSL, Zé participou como ator do Projeto
início com a parceria entre o Colégio São
menos, eu não poderia ter mais sorte que
Conexões. “Acho que é um projeto mui-
Luís, o British Council, a Escola Superior
tê-lo ao meu lado”, diverte-se o aluno
to inteligente, divertido e com um objeti-
de teatro Célia Helena, Cultura Inglesa e
de Tuna Serzedello, professor de Teatro
vo nobre que é realmente necessário no
o Theatre de Londres, em 2007, e é uma
do CSL e responsável pelo Projeto Cone-
ambiente teatral de hoje, tanto no Brasil
versão do projeto original de Teatro da In-
xões no Colégio. Além disso, Zé também
quanto fora. Todos os textos que encenei
glaterra. Na sua oitava edição, este ano,
do se formou no Ensino Médio.
Revista Pilotis | 27
teatro
“Quanto a escrever, vou continuar pelo resto de minha vida.”
Filosofia”, filosofa o jovem. E continua: “O teatro grego fez com que eu me interessasse ainda mais pela Filosofia, já que podemos dizer que a Grécia foi o berço da filosofia ocidental. E a Filosofia influenciou muito minha visão sobre a arte em geral, principalmente nas áreas da Literatura, da o Projeto continua incentivando o teatro
deração ao escrever minha peça”, afirma
Poesia e, é lógico, das Artes Cênicas. Seria
jovem, promovendo a divulgação de au-
o jovem escritor. Porém, a sua motivação,
inevitável, para mim, seguir um caminho
tores nacionais e estrangeiros e propor-
segundo ele mesmo, referindo-se àquilo
que atravessasse essas disciplinas.”
cionando temas para reflexão e aprendi-
que lhe deu forças para colocar esses sen-
zado sobre esse universo.
timentos no papel, foram principalmente
Para onde Zé vai?
as manifestações populares do ano pas-
O universitário pretende continuar a es-
Zé e o Conexões (de novo)
sado, sua constante indignação com a si-
tudar Filosofia, assim como Teatro e dra-
Para a surpresa do agora antigo aluno
tuação político-social de nosso país e suas
maturgia. “Talvez eu estude Física mais
do São Luís, a peça “A voz do silêncio”,
ingênuas e modestas conclusões filosófi-
profundamente no futuro, coisa que sem-
escrita por ele em 2013, foi escolhida e
cas sobre os problemas da humanidade.
pre quis, mas isso seria para saciar minha
será encenada pelos grupos de Teatro
sede de conhecimento”, planeja. Zé pre-
que participarão do Projeto Conexões
Como ele chegou lá?
tende dar aulas nessas áreas também, já
neste ano. “A minha inspiração, no sen-
A Filosofia sempre permeou a vida de Zé,
que julga que ensinar é uma parte funda-
tido do conteúdo que utilizei como base
assim como a Física e as Artes Cênicas.
mental no desenvolvimento de qualquer
para escrever o texto, foram as peças que
“Conforme eu fui estudando percebi que
disciplina. “Quanto a escrever, acho que
li e das quais participei até hoje no Proje-
a distância entre Filosofia e Física é extre-
não tenho muita escapatória. Vou conti-
to. O estilo e a temática de “Blackout”,
mamente pequena, se é que ela existe, o
nuar provavelmente pelo resto de minha
do Davey Anderson, e a trama de “Uma
que para a maioria das pessoas é difícil en-
vida. Agora, se serão coisas que as ou-
História de Vampiro”, da Moira Buffini, e
tender, então bastava escolher por onde
tras pessoas podem considerar dignas do
de “Nas Alturas”, da Lisa McGee, foram
começar. No meu caso acho que ocorreu
tempo delas, não cabe a mim julgar”, ex-
elementos que levei bastante em consi-
uma influência mútua entre o Teatro e a
plica, modesto.
NOVO SITE DO CONEXÕES Veja a galeria de fotos, vídeos, notícias, histórico de todas as edições do Conexões, além de poder fazer download, em inglês e português, das peças: www.conexoes.org.br
28 | Revista Pilotis
antigo aluno (NOTURNO)
mudança de
Vida
por José Nilson Martins dos Santos, antigo aluno do EM Noturno
O COMEÇO
me falou que as inscrições para o Colégio
ências Econômicas na Faculdade Sao Luís.
Como muitos brasileiros, não tive oportu-
São Luís iriam abrir e me deu o endereço
Atuei por anos na área financeira, hoje
nidade de estudar em boas escolas e mui-
do Colégio. Imaginei que aquilo tudo não
sou sócio de um Café em uma Bibliote-
to menos de terminar os meus estudos
estava acontecendo, pois o São Luís era
ca do Estado de Connecticut e moro em
em tempo regular. Assim, eu terminei o
um colégio inacessível para mim.
Nova York.
não teria dado prosseguimento se não ti-
O MEIO
O NOVO COMEÇO
vesse conhecido o padre Chabassus.
Após criar coragem e fazer o teste, pas-
O nosso Café é pequeno e atendemos os
No Natal de 84, passava pela passare-
sei! O Colégio São Luís oferecia des-
estudantes e professores que vêm à Bi-
la subterrânea – aquela que atravessa a
contos para quem não pudesse pagar a
blioteca. Após 18 anos vivendo em outro
Consolação – e, como estava atrasado,
mensalidade integral, mas na época eu
país, já me acostumei com as diferenças
corria, por isso quase atropelei o padre
trabalhava como office boy e conseguia
culturais, que no início são mais difíceis.
Chabassus. Peguei os papéis dele que
pagar. Desde 1985, a minha vida mudou
Aos 49 anos de idade, sonho em fazer al-
derrubei no chão e os devolvi, pedindo
pra sempre. No final do ano, os profes-
guns cursos para ser professor voluntário
desculpas. Ele me desculpou e pergun-
sores me deram a medalha Inácio Loyola
e retribuir um pouco à comunidade tudo
tou se eu estava estudando. Respondi
de “esforço e perseverança”, que me deu
o que recebi, pois me considero um privi-
que sim, mas que com certeza não iria
mais energia para concluir o curso Técni-
legiado! Sou extremamente grato a Deus
continuar, pois eu não tinha dinheiro. Ele
co em Contabilidade. Em 1989, cursei Ci-
e aos Jesuítas.
Ginásio atrasado (1984) e provavelmente
Revista Pilotis | 29
ASPAS
O que hรก de errado no mundo e o que podemos fazer para melhorรก-lo?
30 | Revista Pilotis
ASPAS
“Posso falar da água? Eu poderia convencer o #deerradocomomundo
Sol para trazer a chuva e falar com as pessoas para elas reciclarem o lixo. Eu tomo banho rapi-
Compartilhe a sua resposta conosco
dinho e escovo os dentes rapidinho também, só
no Twitter com a hashtag e cite o
preciso abrir a torneira para lavar a escova e pra
nosso perfil @colegio_saoluis!
fazer bochecho.” Júlia Vasconcelos Abdalla, 6 anos, 1.º ano EF.
“Eu acho que o que está de errado com o mundo são as pessoas e o modo
“Eu quero que o mun-
como elas estão sendo educadas. E o que está de errado com as pessoas? A
do melhore na água
educação, a formação, o ensino, valores que antigamente elas tinham e ago-
porque ela está sendo
ra não têm mais, o jeito que uma pessoa trata a outra... A competitividade
muito gastada e está
atualmente é muito mais alta, então muita gente quer mal a outra porque
poluída. As pessoas
quer se sair melhor. Essa competição, esses atritos, acabam por gerar atro-
ficam jogando lixo no
cidades, desde guerras – que é o grau mais absurdo – até brigas no colégio
chão e deixam o nosso
– que também acontecem bastante. O que tinha que mudar é o modo como
mundo mais poluído.
essas crianças estão sendo educadas porque os pais, que são as pessoas que
E em São Paulo já está
estão fazendo do mundo algo ruim, são aqueles que estão educando-as, de
acabando a água! As
forma a estabelecer um ciclo. A curto prazo, nada vai mudar – a gente tem
pessoas têm que to-
que esperar décadas para ver se as coisas melhoram, mas o rumo delas está
mar banhos menores,
indo de mal a pior. Eu acho que as pessoas são o grande mal do mundo,
não deixar a torneira
estão transformando tudo em atrocidade, em coisas ruins.”
aberta, escovar os
Luís Felipe Sorgini Peterlini, 17 anos, 3.ª série EM.
dentes com a torneira fechada e jogar lixo no lixo.” Beatriz Carduz Castilho, 9 anos, 5.º ano EF.
“Eu acho que o mundo está muito poluído e temos que ajudar. Porque é o nosso mundo! E as pessoas não pensam no futuro e que isso vai prejudicar a gente. Podemos ajudar não jogando lixo no chão, não gastando muita água, reciclando e não usando muito o carro.” Carolina de Araujo Negri, 12 anos, 7.º ano EF.
Revista Pilotis | 31
internacional
al n io c a n r e t in são luís
por Tuna Serzedello, Departamento de Comunicação
E
sse título aí em cima quer dizer “Colégio São Luís” em chinês. Pelo menos na versão do Google tradutor. O processo de interna-
cionalização do CSL está em pleno curso. Neste ano, além de receber mais uma vez a Feira do Council Of International Schools (CIS TOUR), que conta com a presença de mais de 40 universidades internacionais, e de realizar pela segunda vez o Estudo do Meio da 2.ª série do Ensino Médio nos EUA, em parceria com a Universidade Jesuíta de Omaha/NE – a Creighton University –, o CSL foi certificado para ser um centro aplicador do TOEFL.
TOEFL O Test of English as a Foreign Language ou Teste de Inglês como uma Língua Estrangeira é um exame que tem o objetivo de avaliar o potencial individual de falar e de entender o inglês em nível acadêmico. Aplicado no mundo todo pela ETS (Educational Testing Service), é o principal exame para admissão de alunos estrangeiros em universidades que têm o inglês como língua principal. O CSL passou nas rigorosas exigências da ETS e se credenciou para aplicar o exame. Mais informações: international@saoluis.org 32 | Revista Pilotis
internacional
“Receber 40 universidades internacionais é ter um pedaço do mundo dentro do CSL.”
No Coração da América
Visão do Colégio
Omaha, veia econômica do estado de Nebraska e
O CSL aconselha seus alunos a não fazerem inter-
cidade onde mora Warren Buffet, o homem mais
câmbios longos (6 meses a um ano) durante o tempo
rico do mundo, receberá pela segunda vez os alu-
em que estiverem cursando o Ensino Médio. Além de
Saiba mais sobre as
nos do CSL que irão descobrir o que é ser um ci-
perderem o conteúdo acadêmico e o convívio (em
universidades parceiras
dadão do mundo, o papel do Brasil na economia
uma época muito especial) com os colegas de esco-
do CSL no site:
mundial e, como nossos embaixadores, represen-
la, o estudante retorna com dificuldades em diver-
saoluis.org/universidades
tar o País. Aprenderão sobre história, geografia e
sas matérias e, por melhor que seja o aluno, muitas
cultura americana, vivenciarão as diferenças entre
vezes acaba por perder o ano intercambiado.
os nossos sistemas educacionais e farão uma in-
Esses motivos fazem o CSL recomendar que o
vestigação dentro de si para descobrir quais são
aluno interessado em experiências internacionais
as suas aspirações profissionais. A viagem, que
viaje durante o período de suas férias letivas, nos
une passado, presente e futuro, pretende, além de
inúmeros summer courses oferecidos para ensino
ensinar na prática questões político-culturais e au-
do inglês como segunda língua ou que aguardem
xiliar os alunos na sua futura escolha profissional,
um pouco e cursem uma universidade fora do Bra-
dar uma visão crítica da sociedade americana.
sil, ou ainda façam um intercâmbio pela faculdade
universidades parceiras
com várias opções de cursos e bolsas.
CIS TOUR
Bolsas, descontos e financiamentos são outros te-
Receber 40 universidades internacionais é ter um
mas possíveis de serem discutidos na CIS Tour ou
pedaço do mundo dentro do CSL. Diferentes vi-
ainda no Departamento Internacional do Colégio
sões e propostas encantam os alunos e nos trazem
São Luís, que auxilia os alunos a entenderem e a
muitos questionamentos. Estudar ou não fora? É
amadurecerem a ideia de estudar no exterior, além
para mim? Eu posso pagar? Como fazer? Quando
de apresentar a eles as opções de bolsa e cursos
fazer? A feira ajudará a responder a essas questões.
nas diversas faculdades. Revista Pilotis | 33
eleições
“Eu acredito é na rapaziada Que segue em frente e segura o rojão Eu ponho fé é na fé da moçada Que não foge da fera e enfrenta o leão Eu vou à luta com essa juventude Que não corre da raia a troco de nada Eu vou no bloco dessa mocidade Que não tá na saudade e constrói A manhã desejada” Gonzaguinha
“Acredito na rapaziada” por Edison Petenussi, professor de sociologia do em diurno
34 | Revista Pilotis
N
osso país possui aspectos extre-
dura, o Poder é o monstro do povo, e na
mamente curiosos e, ainda que
democracia, o povo é o monstro do Po-
seja um anacronismo bruto ou
der”. Os estudantes agigantaram-se, agi-
até mesmo radical, vou me permitir con-
taram-se, organizaram-se, tudo em torno
siderar algumas coisas aqui. Exatamente
de um único desejo: autonomia. Em um
há cinquenta anos, o Brasil sofria uma
sistema democrático, a autonomia vem
mudança de direção extremamente signi-
por meio de um simples instrumento:
ficativa, a saber, o golpe militar de 1964.
o voto. Pois então era isso que aquelas
Retirava-se do poder o então presidente
“crianças” tanto desejavam? Queriam de
João Goulart e, junto com ele, a chama
volta “apenas” a autonomia para esco-
democrática de uma nação ainda contur-
lher quem deveria guiá-las? Exato! Hoje
bada. O País mergulha profundamente
este breve relato de uma ínfima parte da
no pesadelo da ausência de liberdade, au-
luta estudantil ganha um contorno leve,
sência de expressão, ausência de direitos;
característico a tudo o que as camadas
ouso dizer que o País era a própria ausên-
do tempo vão sutilmente sobrepondo. As
cia. Nos anos intermináveis que se segui-
gerações passam e passam pela história,
ram a essa mudança abrupta de direção
passam pelos direitos e lutas em frias pá-
política e social, não faltaram tentativas
ginas de livros com fotografias em preto e
de restabelecer a “ordem”, e uma classe
branco, longínquas sombras e narrativas
específica da sociedade passou a mostrar
de um tempo obscuro, mas um tempo
a que veio: a dos estudantes. Sim, o san-
que não é deles.
gue que corria nas veias daqueles jovens
Podemos observar várias falhas no pro-
já havia flertado tempo suficiente com a
cesso democrático atual no Brasil, mas
liberdade a ponto de saber que “na dita-
não podemos dizer que as condições
eleições
políticas não foram criadas para a ma-
tempo se passou e hoje temos o privilé-
a participação de jovens com 16 anos no
nutenção desse mesmo processo. Agora
gio de, aos 16 anos de idade e de forma
processo político por meio do voto são
vem o anacronismo, se é que podemos
espontânea, sermos coparticipantes dos
animadores. Segundo o TSE, nas eleições
chamar assim: imaginemos um estudan-
rumos da nossa nação. É bom que fique
municipais de 2012, mais de 2,6 milhões
te pós-64, vivente do ambiente ditato-
claro que isso é uma grande conquista e
de eleitores na faixa dos 16 aos 17 anos
rial, recebendo a notícia de que jovens
não deve ser encarado como um fardo.
puderam votar para prefeito e vereador.
ganhariam o direito de escolher seus
É bem verdade que a classe política não
Se analisarmos o cenário político e a ques-
governantes aos 16 anos. Quanta luta,
vem colaborando com o estímulo que es-
tão do estímulo à participação desses jo-
quanto sangue derramado para que es-
ses jovens devem receber para participar
vens, poderemos concluir que se trata de
sas doces palavras pudessem ganhar os
do processo político, mas encaremos com
um número expressivo. Se compararmos
ouvidos daqueles adolescentes. Hoje,
verdade, essa não é uma responsabilida-
os dados das duas últimas eleições, o pa-
essa conquista é real e deve ser encarada
de apenas de uma classe específica. A
norama é ainda mais animador: nas elei-
como uma das maiores do sistema demo-
discussão política deve ganhar os espaços
ções gerais de 2010, os jovens de 16 anos
crático vigente. Lugar-comum é lembrar
públicos, deve ser uma responsabilidade
do sexo masculino eram 436.942, já nas
a todos de que a democracia nasceu na
da família e, acima de tudo, deve ter es-
eleições municipais de 2012, o número
Grécia antiga, mas não custa rememorar
paço privilegiado nas casas educadoras.
foi de 475.354. Percebemos esse mesmo
as condições em que tal regime se esta-
Fomentar o debate e privilegiar o “con-
movimento quanto ao sexo feminino, que
beleceu: tinham direito a voto cidadãos
flito de ideias” é uma condição básica da
apresentava um total de 739.566 votan-
atenienses, homens e maiores de idade.
democracia e os jovens não podem ficar
tes nas eleições gerais de 2010, passando
Ora, guardadas as devidas proporções e
alijados desse processo.
para 827.783 nas eleições municipais de
o devido respeito aos pais da civilização
Ao contrário do que muitos podem vatici-
2012 (TSE). A curva desse gráfico também
ocidental, a democracia grega nascia
nar, proferindo frases que não são verda-
é ascendente entre os jovens de dezessete
cerceando direitos aos jovens de opinar
deiras quanto ao interesse dos adolescen-
anos, o que indica que não houve perda
e participar das decisões políticas. Muito
tes na política, os números que indicam
de interesse na participação política. Revista Pilotis | 35
eleições
Como cientista social e professor do Ensi-
e que possuem o poder de decisão (ainda
Estado pela ausência não justificada ao
no Médio, possuo experiências ricas acer-
que estejam submetidos a uma democra-
pleito, trata-se então de um dever jurídi-
ca do debate político em sala de aula. Não
cia representativa) entendem que não, ou
co e não político. O argumento contrário
penso que estamos diante de uma gera-
melhor, ainda entendem que não.
também existe e defende que o voto é
ção apática, de revolucionários de sofá
Se analisarmos os números que indicam a
um direito, não um dever, e representa a
ou de agitadores virtuais de redes sociais.
participação política dos jovens e o ama-
plena aplicação do direito e da liberdade
Outras gerações, como a de 64 ou até
durecimento do País no que tange a de-
de expressão.
mesmo a dos “caras pintadas”, recebiam
mocracia e o engajamento às questões vi-
No entanto, o argumento mais significa-
determinado estímulo ao processo demo-
tais do funcionamento da “coisa pública”
tivo é sem dúvidas o de que o voto fa-
crático e reconheceram-se extremamente
(res publica), ouso dizer que a obrigatorie-
cultativo é adotado em todos os países
importantes em um determinado mo-
dade do voto está com os dias contados.
desenvolvidos e de tradição democrática,
mento político do seu país. Os jovens hoje
Não podemos esconder as conquistas do
sendo que a liberdade outorgada a seus
precisam reconhecer que são os guardiões
último ano, alguns podem conjecturar
cidadãos não torna, em hipótese alguma,
das lutas e das conquistas de seus avós e
que foi “muito barulho por nada”, mas
sua soberania mais frágil. Além disso, en-
pais e garantidores dos direitos e da liber-
não podemos esquecer que somos uma
tendo que é tolice acreditar que o voto
dade de seus filhos, esse é o desafio.
democracia extremamente jovem e com
obrigatório possa gerar cidadãos politi-
Quando há paixão, consciência e prazer,
muito para conquistar e reconquistar. O
camente evoluídos. Estamos em 2014 e
quando entendemos e reconhecemos a
voto obrigatório é um resquício, um ves-
a exigência do voto já existia no Código
importância de nossa ação em sociedade,
tígio de um tempo que não serve mais,
Eleitoral de 1932, segundo um excerto
não nos precisam forçar a coisa alguma,
a não ser de exemplo do que não deve
de discurso proferido pelo ex-senador Ju-
vamos porque reconhecemos, enxerga-
ser feito. No entanto, esse tema é sempre
tahy Magalhães.
mos, tudo fica translúcido.
recorrente, em especial após o período
O debate está longe de terminar, mas
Talvez um dos ajustes necessários entre
de pleito, e no senado parece haver um
sem excesso de otimismo, coisa que par-
tantos de que ainda carecemos no pro-
“racha” de opiniões acerca dessa obriga-
ticularmente não possuo, vislumbro, por
cesso democrático seja a espontaneidade
toriedade. São vários os argumentos pró-
conta dos aspectos aqui abordados, um
do voto. A pergunta que fica é: como sou
-obrigatoriedade, um dos mais latentes
caminho democrático de amadurecimen-
obrigado a participar se o regime é demo-
é o de que o voto é um poder-dever, ou
to. Acreditemos nos novos guardiões das
crático? A pergunta que se contrapõe a
seja, mais que um “mero” direito, o voto
nossas lutas e conquistas, acreditemos
essa é: teríamos atingido uma maturidade
constitui-se num dever, numa responsabi-
no sangue de todos e todas que doaram
política para compreendermos que cada
lidade que cada um tem em relação aos
um tanto de si para que a sociedade bra-
voto é de suma importância e que a parti-
seus concidadãos ao escolher seus man-
sileira pudesse respirar em paz o doce ar
cipação é pura cidadania? Os responsáveis
datários. Ora, se somos “punidos” pelo
da liberdade.
“Quando há paixão, consciência e prazer, quando entendemos e reconhecemos a importância de nossa ação em sociedade, não nos precisam forçar a coisa alguma, vamos porque reconhecemos, enxergamos, tudo fica translúcido. “
36 | Revista Pilotis
estudo do meio
Revista
Rural por Cris Mazzocchi e Iracy Gomes, coordenadora e assessora de Formação Cristã do 6.º ano EF.
A Revista Rural é resultado do trabalho interdisciplinar do 6.º ano EF, realizado em 2013, após o Estudo do Meio que aconteceu em Leme-SP. Durante o ano, os alunos entraram em contato com os diversos conteúdos na sala de aula experienciados durante o Estudo do Meio. O tema “O Homem o e Ambiente” inspirou a criação da Revista Rural. O trabalho começou com uma apresentação do Tuna (DECOM), que mostrou a variedade de exemplares de revistas e suas particularidades. Feito isso, os professores, de acordo com seus conteúdos, programaram a distribuição dos diversos assuntos. A diagramação, a ilustração e a capa da revista foram elaboradas pelos alunos. Revista Pilotis | 37
esporte
Mulheres da
quadra por Paula Viotti Bastos, professora de Educação Física.
Em 1991, o Coordenador de Esportes
que treinavam e participavam de vários
lhano, Gabriela Queiro e Flávia Canton,
(Paulinho), numa conversa informal comi-
amistosos e campeonatos. A cada ano,
entre outras, receberam destaque.
go, lançou a ideia de iniciarmos o Futsal
eram mais e mais meninas que participa-
Em 21 anos de Futsal feminino no São
feminino para o ano seguinte. Ele sabia
vam dos treinos!
Luís, a melhor jogadora que já tive foi
da minha paixão pelo futebol! E foi com
Em 1996, o Futsal feminino foi pela pri-
Carolina Borges, a nossa Ninu, que, dife-
muita alegria que, em 1992, demos início
meira vez aos Jogos Jesuítas em Santa
rentemente das outras, não nasceu com
ao Futsal feminino.
Rita. Já em 2008, fomos à Europa com
o dom da bola, aliás, parecendo não ter
Os treinos aconteciam apenas durante os
7 meninas do Colégio São Luís, que se
capacidade alguma para jogar Futsal aos
recreios, nas quadras onde hoje se localiza
juntaram a meninas dos Colégios Ma-
olhos de quem não acredita. Havia me-
o prédio São Luís Gonzaga e que chamá-
ckenzie, Rio Branco e Santa Cruz para
ninas que nunca desistiram e às quais
vamos de “rala-rala”, por serem de cimen-
jogar futebol de campo. A experiência foi
eu insistia que conseguiriam jogar, cada
to. Iniciamos com as meninas do 5.º ano
marcante e divertida, e assim o Futsal fe-
uma com suas habilidades. Assim, muitas
ao Ensino Médio, com as categorias mini,
minino permanece até hoje!
meninas se tornaram grandes fixas, alas,
mirim, infantil e juvenil. Eram meninas que
pivôs e goleiras. Aliás, a melhor goleira
Derrubando preconceitos
nesses 21 anos de Futsal feminino se fez
curto em que aconteciam os recreios. Com essas primeiras equipes, fomos ao Oliarqui
Foram muitas barreiras vencidas, princi-
onato da sua vida, lá no Colégio Assun-
(Olimpíadas do Colégio Arqui).
palmente no começo, quando o precon-
ção, e pensou em desistir. Porém para a
Junto com o Coordenador Paulinho, per-
ceito era muito grande. “Meninas não fo-
alegria de todas, a nossa Ju 40 (Juliana
cebemos que poderíamos seguir com es-
ram feitas para jogar futebol”, já diziam
Quarenta) seguiu fechando o gol! É meu
ses treinos no ano seguinte.
educadores, pais, mães, tios, tias e todos
exemplo de jogadora, todos os dias, para
aqueles que nunca acreditaram na beleza
aquelas meninas que chegam sem saber
Ganhando espaço
e na arte de aprender e ser possível, SIM,
coisa alguma e vêm treinar porque gos-
Em 1993, muitas meninas se inscreveram
que meninas joguem futebol!
tam de futebol.
nos treinos e, com isso, saímos dos re-
Histórias de meninas que já nasceram
creios. Tínhamos, então, um horário e as
com o dom de jogar bola, como Fernan-
As histórias são muitas...
quadras da Bela Cintra para treinar!
da Botter, Angela Lima, Carolina Lacreta,
Uma das mais emocionantes histórias
Em 1994, o Futsal feminino contava com
Carla Mattar, Judith Piza, Daniela Cyrino,
aconteceu no dia 8 de outubro de 2006.
inúmeras meninas de todas as categorias,
Mariana Pereira, Juliana Barros, Ana Ga-
Em plenos XVI Jogos Interamizade, con-
vinham dispostas a treinar num tempo tão
38 | Revista Pilotis
assim, tomou 13 gols no primeiro campe-
esporte
seguimos chegar à final contra o Colégio
na em 2013 da 3.ª série EM. Eis mais um
2 horas, entre quadras externas e giná-
Palmares, com as meninas do Juvenil. No
caso de menina que tem paixão pelo fute-
sio. Aliás, essa é uma maneira de essas
dia anterior, perdi uma grande amiga aos
bol e que chegou para treinar sem saber
meninas, mulheres, mães, se despedirem
36 anos, de leucemia, e o enterro iria
jogar. Ela mesma brinca com isso e se tor-
do lugar onde jogaram por muitas vezes,
acontecer no horário da final.
nou uma bela jogadora. Fez belos gols nes-
o ginásio.
As meninas já conheciam a história des-
ses XXIII Jogos Interamizade de 2013, os
Enfim, emoções com vitórias, derrotas,
sa amiga, pois ela morava na Av. Paulista
últimos dela e dos quais fomos campeãs.
treinos, brincadeiras, amizades, festas,
e, quando íamos jogar no Colégio Mag-
Foi num Interamizade, quando o futebol
risadas, choros, alegrias, tristezas, cum-
no, passávamos na frente do prédio. Na
dela começou a aparecer, que combinei
plicidades, aprendizados, dificuldades...
Kombi, elas pediam que buzinássemos
com ela: “Se você fizer um gol, eu vou
Treinar meninas não é tarefa fácil, pois
e davam um “tchau” para mandar força
invadir a quadra”. Isso para mim era in-
os adversários são muitos além daqueles
positiva. No dia do jogo, o Prof. Fábio e
viável, pois seria passível de receber um
com os quais jogamos de fato. TPM, có-
a Prof.ª Rita ficaram com as meninas na
cartão amarelo, o que nunca aconteceu,
licas, briga com namorado, a unha que
final. Conversei com Daniela Jerez, minha
e muito menos invadir a quadra. E não é
quebrou, a nota ruim, a briga com a me-
capitã, e pedi que desse força para o time.
que ela fez o gol? E eu... invadi! Foi emo-
lhor amiga, o cabelo que desarrumou, a
Na hora do jogo, elas pediram que fosse
cionante, quase fomos para o chão!
inconstância da adolescência, o precon-
feito 1 minuto de silêncio no Ginásio.
ceito dos pais, meninas difíceis de domar, como Catarina, do Noturno, que na 1.ª
estar com elas, meninas que estavam co-
Reencontrando atletas e amigas
migo por 7, 8 anos! Fui ao enterro e liguei
Em 2012, foi realizado o 1.º Encontro de
série EM como minha capitã. Enfim, meu
assim que saí, para saber como estavam as
ex-alunas do Futsal feminino, com a par-
maior prazer é ver o quanto a vida pode
coisas. As meninas pediram que eu fosse
ticipação de quase 100 ex-alunas. Eu diria
ser aprendida por meio do Futsal para
até lá, e eu fui. Elas, com todos os pais, que
que foram poucas, pois é a soma às vezes
cada menina, e o quanto eu ainda apren-
sempre nos acompanharam nos jogos por
de 1 ano, apenas. Outros vários encon-
do com elas!
todos esses anos, estavam lá, gritando, vi-
tros virão e, se a emoção for igual à do 1.º
Cada turma que sai deixa saudade, e as
brando, por terem sido campeãs. Fui tão
encontro, que Deus me ajude a segurar
novas turmas trazem novas possibilidades.
abraçada que mal conseguia respirar. Jun-
meu coração.
Amo o que faço, simples assim.
tas, na alegria e na tristeza, comemoramos!
Montamos vários times, de acordo com
Se ainda tem gente que acredita que Fu-
Outra história foi com a Luiza Del Nery, alu-
as turmas, e elas jogaram bola por quase
tebol não é para meninas, que pena.
Não preciso dizer o quanto foi difícil não
série EM era encrenqueira e chegou à 3.ª
Revista Pilotis | 39
faça você mesmo
1
2
Você vai precisar de:
Recorte os moldes do bico, das patas, da
Pegue a bexiga azul-claro e infle-a. De-
- 1 bexiga azul-claro
crista e dos olhos da Galinha, disponíveis
pois, pegue a crista recortada da cartoli-
- 1 bexiga vermelha
no álbum do Flickr, nas linhas indicadas.
na vermelha e, separando as duas partes
- 3 cartolinas (ou papel-cartão), sendo uma
Você utilizará esses moldes como uma
criadas pelo pequeno corte em sua base,
branca, uma amarela e uma vermelha
referência para fazer os desenhos nas car-
encaixe-a na área que possui o nó da
- 1 par de olhos móveis
tolinas – que são mais resistentes e indica-
bexiga. Para colar, passe cola-bastão nas
- 1 tesoura sem ponta
das para compor a Galinha do que papel
pontas das duas partes que ficarão em
- 1 embalagem de cola-bastão
sulfite. Contorne os moldes nas cartolinas
contato com a bexiga.
- 1 caneta permanente
de mesma cor com lápis ou caneta e re-
- 6 botões amarelos ou brancos
corte. Lembre-se: tanto os olhos quanto
- Folha de moldes (disponível no Flickr)
as patas devem ser recortados da cartolina duas vezes, de modo a formar pares.
a a passo par o s s a p o a im asa Confira ac fácil e em c a ir e n a m e produzir d rsonagem a famosa pe
Não há a menor dúvida – a Galinha Pintadinha, fenômeno infantil que surgiu na Internet, é um verdadeiro sucesso com as crianças. Por isso, para garantir a diversão em casa, produzimos, junto com o Integral, um passo a passo de como fazer a sua própria Galinha Pintadinha, com o(a) seu(sua) filho(a)!
PASSO A PASSO DETALHADO NO FLICKR Para visualizar todas as fotos do passo a passo, acesse o álbum “Galinha Pintadinha” no nosso Flickr: www.flickr.com/photos/saoluis/sets
40 | Revista Pilotis
faça você mesmo
3
4
5
Para fazer os olhos, cole os olhos mó-
Pegue a bexiga vermelha e corte o seu
Por fim, cole as patas na parte inferior da
veis nos recortes de cartolina branca e,
bico, deixando apenas a parte mais arre-
Galinha. Para deixá-la ainda mais bonita,
depois, cole-os na bexiga na altura em
dondada. Em seguida, cole-a na ponta do
cole botões (na quantidade de sua pre-
que seriam seus olhos. Uma dica: caso
recorte de cartolina amarela, que será o
ferência) ao redor da bexiga e desenhe
não consiga encontrar olhos móveis para
bico da Galinha. Depois, é só colar o con-
cílios próximo ao molde branco, com a
comprar, você pode desenhá-los com a
junto na bexiga.
caneta permanente.
caneta permanente nos recortes brancos.
A OM C ERSÃO DIV
a h pintadin a h galin A orientadora de estudos do Integral, Thatiana Prado, realizou essa atividade com alguns alunos, após a contação da história “A galinha xadrez”, de Rogério Trezza (Brinque Books, 1996). Foi uma atividade e tanto!
Revista Pilotis | 41
cultura
Flor do Deserto O longa conta a história verídica de Waris Dirie, uma garota de família nômade, na Somália. Aos 13 anos, ela atravessa o deserto por dias para fugir de um casamento arranjado com um homem muito mais velho. A partir daí, a garota é enviada para Londres, onde, eventualmente, acaba sendo descoberta por um famoso fotógrafo e torna-se modelo. O filme intercala os momentos presentes da vida de Waris (que acaba saindo das passarelas para ser embaixadora da ONU) com flashbacks de sua infância árdua – o caminho que a levou a levantar a luta contra a circuncisão feminina praticada por sua cultura. Título original: Desert Flower Gênero: Drama Classificação: 14 anos QUANTO TEMPO DURA UM SONHO? Antigamente, acreditava-se que os sonhos aconteciam em flashs, ou frações de segundos, mas hoje já é sabido que, na verdade, eles ocupam tempo real em nossa mente. Os
Bíblia para crianças em rimas
sonhos acontecem à
O livro apresenta uma alternativa inovadora para
mesma velocidade que
apresentar a Bíblia aos pequenos: as principais his-
imaginamos vivenciá-
tórias bíblicas do Antigo e do Novo Testamento ga-
-los e podem durar
nham um formato de rimas. Os textos são, além de
de 10 a 40 minutos!
rimados, breves, divertidos e com uma sonoridade
O enredo dos sonhos
encantadora. Recontada por Silvia Timm e com
está sempre ligado
belas ilustrações feitas por Kristina Stephenson, a
a nossos medos,
musicalidade dos contos certamente irá envolver
preocupações ou
não só crianças mas adultos também. Disponível
desejos. No entanto,
na Biblioteca São Luís.
para nos lembrarmos do sonho, precisamos
Título original: Baby Bible
acordar no momento
Autor: Sarah Toulmin
em que ele acontece.
Editora: Paulinas
42 | Revista Pilotis
cultura
CLÁSSICO DA BROADWAY SEGUE EM CARTAZ Ainda dá tempo de assistir ao verdadeiro marco dos musicais, “O Rei Leão”, que segue em cartaz no Teatro Renault por tempo indeterminado. Baseado no desenho da Disney de mesmo nome, o espetáculo conta a famosa saga de Simba, herdeiro do trono da selva, após ter sido enganado por seu tio Scar e fugido de sua terra. No premiado musical, os expectadores poderão vivenciar uma experiência única da união de grandes talentos musicais e teatrais com referências da cultura africana e do teatro de máscaras e marionetes. As canções, originalmente elaboradas por Elton John e Tim Rice, ganham tradução de Gilberto Gil na versão brasileira e embalam a mágica e encantadora história. O REI LEÃO De quarta a sexta-feira, às 21h; Sábado, às 16h e às 21h; Domingo, às 14h e às 18h30. Ingressos: R$ 50 a R$ 270. Teatro Renault (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411, Bela Vista – Centro). Tel.: (11) 4003-5588. Classificação: Livre.
DRUMMOND NOS PALCOS GANHA NOVA TEMPORADA Maurício Soares Filho, professor de Literatura do Ensino Médio Diurno e Noturno do CSL, está mais uma vez em cartaz com o espetáculo “Resíduo Drummond”. Com direção de Luciana Garcia, Maurício dá vida ao monólogo dramático que perpassa os poemas de Carlos Drummond de Andrade (19021987). É por meio da incrível literatura de Drummond que o protagonista em conflito reflete sobre o mundo que o cerca. RESÍDUO DRUMMOND De 08/03 a 27/04. Sábado, às 20h; Domingo, às 18h. Ingressos: R$ 60. Teatro Livraria da Vila (Shopping JK Iguatemi – 2.º piso. Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041 – Vila Nova Conceição). Tel.: (11) 5180-4790/5180-4791. Classificação: 14 anos.
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antigo aluno (diurno)
Pelo bem do
Há 25 anos tentando ajudar as pessoas com o seu trabalho, Waldemar credita ao CSL esta importante lição de vida.
W
aldemar Manassero, 38 anos, é coordenador socioesportivo da instituição Acli Desenvolvimento Social. O antigo aluno do CSL é parte da nossa história e conversa com a revista Pilotis para contar um pouco de si mesmo e da sua missão de vida.
Revista Pilotis - Conte um pouco do seu his-
para pessoas com deficiência visual. Os atletas não
tórico acadêmico como aluno do CSL e depois
são cegos, mas têm baixa visão, sendo o que o
de ter se formado.
limite máximo de visão para poder participar da
Waldemar Manassero - Eu fui aluno do São Luís
modalidade é de 35%, ou seja, a perda é de pelo
de 1981 a 1993, tendo passado os treze anos de
menos 65%.
ensino no Colégio. Participei de diversos retiros espirituais, dos grupos de teatro, dos GVx e de
RP - Conte também sobre essa história de ge-
treinamentos de Futsal. Representei o Colégio nas
rações estudando aqui e a paixão pelo São
provas de natação e, praticamente todo sábado,
Luís. Quando começou e por que continuou?
ficava com mais um grupo de amigos, todos ex-
WM - Eu tenho diversos primos que estudaram no
-alunos, das 8h às 14h jogando Futsal. Sem som-
São Luís, um deles, o professor José Garcez Ghirar-
bra de dúvida, era a extensão da minha casa.
di, que, além de ter sido aluno, deu aula de inglês
Na faculdade, cursei Educação Física – minha pai-
por vários anos na escola. Se somarmos individual-
xão por futebol sempre foi grande – na UNESP,
mente os anos de escola dos membros da família
em Bauru. Em 2000/2001, fui preparador físico
Garcez Ghirardi, da família Luchetti e da minha fa-
do time feminino do Clube Atlético Juventus da
mília (Manassero), temos por volta de 100 anos de
Moóca e, em 2002, fui preparador físico do time
participação na vida do São Luís. Acho que é um
que representou a cidade de Salto e foi campeão
tempinho, né?
dos Jogos Abertos do Interior. Em 2003, dei aula
A escolha foi devida ao alto nível de ensino do São
no Colégio São Luís.
Luís, que é uma escola católica e que prepara para
Desde 2007 trabalho com Ginástica Laboral, uma
a vida.
modalidade de ginástica que é aplicada em empre-
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sas e combate as doenças osteomusculares relacio-
RP - O tio Guedes é seu primo! Ele é um patri-
nadas ao trabalho.
mônio do Colégio. Conte um pouco sobre isso.
Voltando um pouquinho no tempo, desde 2005
WM - Um dos símbolos do São Luís e que envolve a
coordeno e sou treinador de equipes de Futsal
história da minha família é o professor Guedes, que
antigo aluno (diurno)
“O momento mais marcante foi quando fui convidado a ser o treinador da Seleção Brasileira de Futsal”
deu aula para 3 primos, para mim e para meus ir-
marginalizadas, que sofriam e sofrem preconceitos
mãos. Em 2003, quando dei aula no Colégio, dividi
e retaliações. No ano passado me dei conta de que
uma turma de crianças com ele. Um exemplo a ser
já são 25 anos tentando ajudar o próximo, uma
seguido, uma pessoa muito dedicada e que, apesar
das tantas lições que aprendi no Colégio.
de não ser consanguineamente da minha família,
Meu trabalho com as pessoas com deficiência co-
faz parte dela sem sombra de dúvida.
meçou justamente por conta disso e por ter sido
Não foi apenas o Guedes que influenciou em mi-
convidado por um amigo e ex-colega de facul-
nha educação, tive outros professores muito im-
dade, José Dionísio, a treinar uma instituição que
portantes, mas, para não esquecer nenhum nome
desenvolve atividades esportivas com pessoas com
e para não ser injusto com nenhum deles, não vou
deficiência visual. Esse meu amigo é o atual prepa-
citá-los, mas já tive a oportunidade de agradecer
rador físico da seleção feminina de Goal Ball.
alguns via Facebook.
A realidade dessas pessoas não é de situação de risco, mas sim de passarem por preconceitos e re-
RP - Você diz que o Colégio o influenciou a
taliações em suas vidas profissionais nas empresas
trabalhar com pessoas com deficiência. De
onde atuam.
que forma? Teve algum momento ou alguma
O momento mais marcante foi quando fui con-
experiência marcante nesse sentido?
vidado a ser o treinador da Seleção Brasileira de
WM - A professora Lindamar Moledo, além de ou-
Futsal B2/B3 no ano de 2012. Iríamos disputar o
tros professores e coordenadores, representa uma
Mundial da modalidade no Japão, mas, por falta
parte muito importante da minha vida e da minha
de apoio, não conseguimos a verba. Outro mo-
história. Participo de ações de voluntariado desde
mento importante foi quando eu fui eleito o me-
os meus 12 anos, quando tive a primeira oportuni-
lhor treinador do Brasil da modalidade, em 2007,
dade, via São Luís, de ir a um asilo e a uma creche
em Vitória, no Espírito Santo. Em seguida, teve o
que eram mantidos pela escola. Desde esse perío-
mundial disputado no Brasil e tive o prazer de ter
do, mesmo em Bauru, sempre dediquei uma parte
quatro atletas pré-convocados pela seleção e três
da minha vida para pessoas em situação de risco,
que disputaram o mundial. Revista Pilotis | 45
antigo aluno diurno
“Os desafios mais delicados são, em primeiro lugar, fazer com que a sociedade não olhe com menosprezo para as pessoas com deficiência”
RP - Como era o CSL na sua época e o que
horários e professores. Como base do tripé de ativi-
conhece dele agora? Quais as principais dife-
dades serão desenvolvidas ações educacionais e de
renças e mudanças que aconteceram?
apoio psicológico às famílias. É importante citar aqui
WM - Das principais mudanças que vi, a maior de-
que o preconceito e as barreiras impostas nas vidas
las foi a criação de três quadras em cima do cam-
das pessoas com deficiência começam em casa.
pão e uma modernização tecnológica em relação
As dificuldades principais são as captações de ver-
à minha época, afinal em 2014 faz 21 anos que
ba, pois muitas vezes um bom projeto não é ana-
me formei, em 1993. Mas, pelo que me contam
lisado por pessoas que tenham uma determinada
alguns amigos que têm seus filhos estudando no
sensibilidade. Para conseguirmos passar entre os
São Luís, as lições e a maneira de se encarar a vida
50 projetos, entre mais de 2200 aprovados pela
continuam iguais, o que é muito importante.
FUMCAD em 2013, batalhamos por 4 anos, batendo nas portas de algumas empresas, até que
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RP - Descreva o seu trabalho com pessoas com
participamos desse processo seletivo, em que pas-
deficiência. Quais seus projetos em curso e
samos em terceiro lugar.
em planejamento? Quais as principais dificul-
Os desafios mais delicados são, em primeiro lugar,
dades e/ou desafios do seu trabalho?
fazer com que a sociedade não olhe com menos-
WM - Atualmente eu coordeno uma instituição
prezo para as pessoas com deficiência, como se
chamada Acli Desenvolvimento Social, fundada em
elas fossem incapazes de realizar quaisquer ativi-
2010/2011 por pessoas importantes da comunida-
dades. Claro que existem barreiras, não apenas
de italiana. Nossa presidente, por exemplo, é presi-
as arquitetônicas, mas simples adaptações fazem
dente também do Comites – Comitato degli Italiani
com que elas possam se desenvolver naturalmen-
all’Estero –, Rita Blasioli Costa. O projeto, que foi
te. Infelizmente, se por um lado as leis dão algu-
aprovado no ano passado pela FUMCAD, é o princi-
mas garantias, por outro acabam aumentando o
pal que estamos tocando em parceria com o Clube
preconceito contra essas pessoas. Em segundo
Esperia. Ele consiste em atividades esportivas, que
lugar, fazer com que a própria pessoa com defici-
serão aplicadas 100% integradas aos associados
ência se enxergue dentro de suas limitações, mas
do Clube Esperia. Ou seja, crianças e adolescentes
com um olhar desafiador de quem quer ultrapas-
normais e com deficiência visual irão fazer ativida-
sá-las, em vez de pararem e se amedrontarem no
des conjuntamente, dividindo os mesmos espaços,
primeiro obstáculo que aparecer.
Você pode participar da Revista Pilotis n.º 27! Envie sua sugestão de pauta, seu artigo, sua opinião ou sua crítica para revistapilotis@saoluis.org