Revista Pilotis - número 26

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Revista Pilotis # 26 - março/abril de 2014 Produção interna dos alunos e educadores do Colégio São Luís

COPA DO MUNDO O Brasil entre as Copas PROJETO SOCIAL Uma experiência para a vida inteira VESTIBULAR Lista de Aprovados

ANO QUE VALE sob o lema “dois períodos de uma mesma história NUM mesmo espírito”, a Cia. de Jesus celebra os 200 anos de restauração da ordem, que foi SUPRESSA entre 1773 e 1814. Mas o que significa isso?


Edição/Jornalista Responsável Marcia Guerra - DECOM Departamento de Comunicação (MTB 2435) Diagramação e projeto gráfico André Cantarino - DECOM Revisão Departamento de Publicações Reportagem Anna Paula Sun - Antiga aluna do CSL Cris Mazzocchi - Coordenadora do 6.º ano EF Edison Petenussi - Prof. de Sociologia do EM Diurno Gilberto Teixeira - Professor de História do EM Noturno e Coordenador do Centro de Memória do CSL Iracy Gomes - Ass. de Formação Cristã do 6.º ano EF

Ano de importantes eventos

José Nilson M. dos Santos - Antigo aluno do CSL Juliana Quarenta - Antiga aluna do CSL

Este é o ano do Bicentenário da Restauração da Companhia de Jesus (1814-

Marcia Guerra - Coordenadora do DECOM

2014). A data oficial da fundação dos jesuítas é 1540, quando Santo Inácio

Marcelo Carvalho - Responsável pelos Cursos Extras

obteve a aprovação do Papa Paulo III para a Fórmula do Instituto, documento

Paula Viotti Bastos - Professora de Educação Física

que foi o núcleo inicial das Constituições que o mesmo Santo Inácio escreveu

Pilar Baptista - Estagiária do DECOM

ao longo dos dez primeiros anos de existência da nova Ordem religiosa.

Tuna Serzedello - Assessor do DECOM

O que isso tem a ver com o São Luís? O Colégio São Luís é jesuíta e faz parte da Companhia de Jesus, juntamente com milhares de obras do mundo inteiro.

Colaboração Tuna Serzedello - DECOM

Vamos à história. Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil. Era o começo de uma perse-

Direção-Geral

guição mundial. Quem já viu o filme A Missão tem uma ideia do que estava

Pe. Eduardo Henriques, SJ

acontecendo. Todo esse processo culminou com a supressão da Companhia de Jesus por decreto papal em 1773. Assim, os jesuítas deixaram de existir oficialmente até 1814, quando um outro papa, Pio VII, restaurou a Ordem.

Direção Benedita de Lourdes Massaro

A fundação do nosso São Luís em Itu, em 1867, faz parte do processo de

Jairo Nogueira Cardoso

retorno dos jesuítas ao Brasil, país que ajudamos a formar no início da colo-

Luiz Antonio Nunes Palermo

nização (1549). A nossa cidade, que nasceu em torno e por causa do Colégio de São Paulo de Piratininga há 460 anos (1554), ficou sem a presença da educação jesuíta de 1759 até a transferência do CSL para a Avenida Paulista, em 1917. Mais detalhes sobre essa história e mais novidades que acontecem neste ano no CSL você poderá ler nas páginas desta edição da revista Pilotis.

Rua Haddock Lobo, 400 - Cerqueira César CEP 01414-902 / São Paulo, SP

Que Deus abençoe a todos e boa leitura! Pe. Eduardo Henriques, SJ Diretor-Geral do Colégio São Luís

Tel.: 11 3138 9600 / www.saoluis.org

A Revista Pilotis é uma publicação interna do Colégio São Luís.


Revista Pilotis # 26 - março/abril de 2014

4 projeto social Uma experiência para a vida inteira

Capa 1 ano que vale 200

22

9 Estendido Quem não se comunica...

10

10 Copa do Mundo O Brasil entre as Copas

13 Cursos Extras Família tem espaço na escola

25 Novidade A nova TV São Luís

26 Teatro De ator a escritor

29 Antigo Aluno (Noturno) Mudança de vida

30 aspas | O que há de errado no mundo e Internacional São Luís Internacional

o que podemos fazer para melhorá-lo?

32

34 Eleições “Acredito na rapaziada”

37 Estudo do Meio Revista Rural na web

38 Esporte

Leia mais matérias completas no site

Mulheres na quadra

www.issuu.com/revistapilotis

Vestibular Lista de aprovados no Vestibular

14

40 Faça você mesmo Diversão com a Galinha Pintadinha

42 Cultura 44 Antigo Aluno (Diurno) Pelo bem do Próximo


projeto social

Uma experiĂŞncia para a

Vida Inteira Antigos alunos do CSL dĂŁo vida a projeto que transformou vidas em Montes Claros

por anna paula sun e juliana quarenta fotos Luiza Montesanti, Carolyn Gilbert e Danilo Palomares

4 | Revista Pilotis


projeto social

A

ticipação é uma das melhores

Depoimento de Anna Paula Yazaki Sun

oportunidades oferecidas pelo

“O essencial é invisível aos olhos”. Com

Colégio São Luís. Sendo compromisso

a simplicidade de Saint-Exupéry - e talvez

primordial da instituição constituir muito

beirando o clichê -, inicio o relato de uma

mais que meramente um ambiente de

das experiências mais importantes das

excelência acadêmica, a “Missão Rural”

nossas vidas.

é atividade que já se tornou tradição. É

O ano era 2008. A Comunidade Chapa-

exemplo da busca pelo desenvolvimento

dinha acolheu a mim, assim como a ou-

Experiência de Comunhão e Par-

de um ser humano, cujas habilidades não podem restringir-se apenas ao campo teórico do conhecimento. Em 2008, Anna Paula Sun e Luiza Montesanti foram recepcionadas na Comunidade Chapadinha. Em 2009, Juliana Quarenta e Danilo Palomares conviveram com uma família da Comunidade Rio do Sítio. Nesses contextos, vivenciaram momentos de profundo amadurecimento, devido às diversidades encontradas. Esses estudantes jamais seriam submetidos a tais situações caso permanecessem no contexto no qual estão socialmente inseridos. Após seguirem caminhos diferentes, esses quatro estudantes se reencontraram por iniciativa de Luiza Montesanti, que, cursando faculdade nos Estados Unidos,

tras cinco meninas do São Luís, de braços

viu no projeto “Live it! Fund” uma chan-

abertos. Entre essas sortudas estava Luiza

ce de retornar a Montes Claros, MG.

Montesanti, uma de minhas melhores

Tal projeto consiste em um investimento

amigas à época.

financeiro que a faculdade de Macalester,

Foi naquele inverno que tive a oportuni-

em Minnesota, oferece aos graduandos,

dade de me deparar com um dos maiores

os quais são incentivados a pensar em ini-

paradoxos da humanidade. Percebi, por

ciativas que ponham em prática o concei-

meio das pessoas que me receberam com

to de cidadania global, propiciando uma

um carinho inexplicável, que a felicidade

mudança social relevante. Unidos, então,

vai muito além de uma casa bem-estrutu-

pensaram em um projeto que poderia

rada na cidade. Percebi que, infelizmen-

ajudar a convivência em comunidade: re-

te, solidariedade e riqueza material não

formar o centro comunitário.

são medidas diretamente proporcionais.

Assim, em 25 de junho de 2013, Anna e

Percebi, enfim, que a felicidade é algo

Juliana partiram para Montes Claros com

que vai muito além da redoma social per-

diversas expectativas, esperanças e parcei-

feita na qual estava inserida.

ros, prontas para mudar uma realidade.

O tempo passou e seguimos por cami-

“Percebi, enfim, que a felicidade era algo muito além da redoma social perfeita na qual estava inserida.”

Revista Pilotis | 5


projeto social

“A realidade nova e a ternura com que as pessoas nos tratavam me inspiraram e me fizeram aprender muito na vida.”

6 | Revista Pilotis

nhos distintos. Luiza foi morar nos Esta-

envergonhei-me por não ter percebido a

dos Unidos, para lá estudar. Eu, depois

falta que eles me faziam também.

de um árduo ano de cursinho, finalmente

Foi no fim de 2012 que, por meio de

ingressei na Faculdade de Direito da USP.

e-mails, eu e a Juliana recebemos um

Contribuir para uma melhora social, a par-

convite inusitado da Luiza. A faculdade

tir de então, não somente era um sonho

Macalester, na qual ela estuda, incentiva

juvenil: tornou-se uma obrigação moral a

seus alunos a gerenciar projetos sociais,

ser cumprida, uma vez que a sociedade

por meio do financiamento destes. Assim,

estava financiando minha formação.

pensando na experiência que tivemos em

Nunca me esqueci da vontade de voltar

2008, Luiza nos convidou a desenvolver

a Montes Claros. Assim, em julho de

um projeto para a Chapadinha, a ser fi-

2012, finalmente retornei. Com a ajuda

nanciado pelo “Live it! Fund”. Ficamos

do São Luís, pude ser recepcionada por

atônitas com o convite, que, obviamente,

uma nova família, na minha comunida-

foi aceito de imediato.

de tão amada. Rever todos foi um dos

Como eu havia sido a pessoa com maior

momentos mais importantes. Muitos se

contato com a comunidade, fiquei encar-

lembravam de mim e contavam histórias

regada de iniciar uma série de pesquisas

de quando os visitei em 2008. Histórias

com os membros da Chapadinha, a fim

estas de que, confesso, muitas vezes nem

de extrair as melhores possibilidades de

lembrava. Senti o quão importante minha

investimento. Por meio de inúmeras liga-

presença havia sido para a vida deles e

ções, fui informada de que um dos maio-


projeto social

ex-alunos e uma americana que, entre milhares de e-mails e reuniões semanais via Skype, planejávamos minuciosamente os detalhes da realização do projeto. Entre as ideias dessas reuniões e planejamentos, buscamos então uma parceria com o Colégio São Luís. Marcamos uma reunião com a Benê, que logo acatou a nossa ideia e animou-se com o projeto, além dos nossos antigos professores, que nos apoiaram incondicionalmente. Assim, em junho, depois de conseguirmos grandes parceiros, com muita animação, esperançosos e com muitas expectativas, fomos a Montes Claros. A longa viagem nos ajudou a conhecer melhor a Carolyn, a americana que também fazia parte do projeto. Fomos recebidos em Montes Claros por aqueles que, ao longo do projeto, se tornaram grandes parceiros e apoiadores: Padre Kity, Alice e Zé Luís. Chegamos, então, à comunidade. A maior surpresa era que a obra já estava começada! Os nossos contatos iniciais tinham

Depoimento de Juliana Veshagem Quarenta

conseguido um pedreiro por doação da

do centrinho comunitário que possuíam. Tratava-se de uma casa antiga e simples,

A missão rural foi uma das melhores ex-

Montes Claros. Seu Roberto era o nome

cuja construção foi feita com muito es-

periências no Colégio São Luís. Minha

dele e, ao longo do tempo, construímos

forço. Nesse local, realizavam-se missas,

rotina baseava-se sempre nas mesmas re-

uma grande amizade e carinho com

consultas médicas, reuniões da Associa-

alidades. Entender o que foi a Experiência

aquele senhor.

ção... Soube, por meio do meu pai minei-

de Comunhão e Participação em Montes

A obra foi cativando a comunidade e a

ro (o Nilson), que já havia sido levantada

Claros na minha vida é entender o que eu

nós. Passávamos grande parte do dia na

uma certa quantidade de materiais de

sou hoje. A realidade nova e a ternura com

obra, ficamos amigas dos voluntários, das

construção para reformar esse local. No

que as pessoas nos tratavam me inspira-

crianças e aprendemos algumas coisas

entanto, a comunidade nunca teve subs-

ram e me fizeram aprender muito na vida.

sobre construção.

trato para tal. Senti, naquele momento,

Quando a Luiza nos convidou para rea-

O consultório médico representava mui-

que promover a reforma desse centro se-

lizar esse projeto, aquele sentimento de

to para os moradores. Na primeira reu-

ria o objetivo perfeito.

fazer parte de novo de uma comunidade

nião que fizemos para nos apresentar, foi

Foi assim que, por meio de inúmeras li-

rural em Montes Claros me animou. Fo-

combinado, juntamente com as mulheres

gações para Minas Gerais, assim como

mos atrás de ligações, entendemos qual

da comunidade, que os almoços seriam

reuniões semanais via Skype, chegamos

seria a real demanda dos moradores.

servidos por elas. Dessa forma, elas tam-

a um projeto final. Optamos por levar a

Buscamos parceiros, conseguimos mais

bém poderiam participar da obra.

esse centrinho uma reforma, a qual en-

um voluntário de São Paulo, que é tam-

Assim, ao longo de quatro semanas, ex-

globaria o acréscimo de dois banheiros e

bém ex-aluno do Colégio São Luís, Danilo

perimentamos as deliciosas comidas mi-

de um consultório médico.

Palomares Roselli. Assim, éramos quatro

neiras das mulheres da comunidade e

res desejos dos moradores era a reforma

prefeitura de Bocaiuva, distrito próximo a

Revista Pilotis | 7


projeto social

“O projeto, para todos nós, voluntários, foi maravilhoso. Foi reviver diversos momentos da nossa vida e poder confirmar a importância que eles tiveram na nossa formação.”

trabalhamos duro na obra. Construímos,

trabalhar nos detalhes. Além da correria

maravilhoso. Foi reviver diversos momen-

no dia a dia, uma unidade dos voluntários

da reforma, trabalhávamos também na

tos da nossa vida e poder confirmar a im-

e dos pedreiros. Havia um revezamento

festa de inauguração, que aconteceria na

portância que eles tiveram na nossa for-

de voluntários, moradores da comunida-

sexta-feira. Os ânimos estavam exaltados.

mação. Montes Claros representa muito

de, que trabalhavam como serventes de

Como a obra terminaria? Como ficariam

mais que uma comunidade carente para

pedreiros e tinham prazer por estarem ali.

os detalhes? Enquanto isso, também es-

nós, é símbolo de luta diária pela quali-

A obra foi também um momento de co-

távamos ansiosos para receber a placa

dade de vida, de força para lidar com as

munhão, em que se perceberam ali, além

que nomeava aquele centrinho: “Centro

dificuldades impostas pela vida na roça.

de vizinhos, amigos que podiam contar

Comunitário da Chapadinha”.

Aquele consultório médico significou a vi-

uns com os outros; perceberam a força

A última semana foi chegando ao fim,

tória de uma comunidade que agora terá

que eles unidos tinham.

o centrinho ficou lindo! As doações que

o mínimo de infraestrutura para atendi-

Conseguimos também fazer um grande

conseguimos completaram a nossa obra!

mentos feitos por profissionais de saúde,

jogo de futebol e, para isso, tivemos de

O consultório médico agora teria móveis,

significa também um marco em nossas

passar uma manhã arrumando o campi-

maca e biombo. Estávamos cheios de

vidas. Tudo o que aprendemos, vivemos

nho, que estava desativado, pois havia se

alegria, o nosso projeto estava ali, to-

e sentimos não acontecerá de novo. Só

transformado em um pasto. O jogo de

mando forma!

temos a esperança de que, assim como

futebol foi muito simbólico! Estávamos

Na sexta-feira, trabalhamos de manhã e,

aconteceu conosco, a Experiência de Co-

todos lá, com vários times formados, as

depois, voltamos à casa e nos arrumamos

munhão e Participação toque cada um

mulheres, os senhores, cada um como

para a missa de encerramento e para a

dos alunos do Ensino Médio, para que

queria: torcedores, juízes, times mistos,

festa posterior. Foi um dos dias mais bo-

juntos busquem a construção de uma

e, para alegrar mais ainda, uma pipoca

nitos naquela comunidade. A missa, as

qualidade de vida melhor para os mais

feita no fogão do centrinho.

falas de cada um e a esperança que tudo

necessitados. Essa atividade é exemplo

Assim, o centrinho foi tomando forma.

aquilo gerou no coração de cada um ilu-

para a busca de um desenvolvimento ple-

Na última semana, acordávamos mais

minavam a nossa obra.

no de um estudante e uma das mais belas

cedo para chegar à obra e pintar, além de

O projeto, para todos nós, voluntários, foi

promovidas pelo Colégio São Luís.

para saber mais Confira fotos e registros da reforma realizada pelo projeto no site www.liveitchapadinha.wordpress.com

8 | Revista Pilotis


estendido

Quem não se

comunica...

O novo curso do Período Estendido oferece técnicas para o aluno construir seu discurso e expressá-lo de maneira clara e objetiva.

O curso As aulas, com 50 minutos de duração, acontecerão uma vez por semana e serão ministradas por uma equipe diferente de professores. O conceito de termos uma

A ideia

o curso em prática. Expressão Corporal

equipe que se alterna nas aulas e nos con-

Como falar, o que falar, com quem falar,

e Oral, ou ECO, como os professores o

teúdos. Além de poder apresentar dife-

quando falar... A comunicação está pre-

apelidaram, irão, durante o ano, auxiliar

rentes ideias, exemplifica modos distintos

sente em tudo e é item básico e necessá-

os alunos e também descobrir junto com

de apresentação pessoal de acordo com

rio em qualquer momento: na escola, na

eles como conseguir expressar os pensa-

as características dos próprios professores.

rua, no trabalho, no esporte, em família,

mentos e ideias, e quais ideias e pensa-

As possibilidades de dinâmica de aula

no lazer, nas redes sociais etc.

mentos são esses.

pensadas são:

É possível aprender a se comunicar? É

“Pelo nome da aula muitos alunos já con-

• Debates;

possível realizar atividades ou exercícios

seguem intuir o que acontecerá ao lon-

• Mesas-redondas;

que ajudem uma pessoa a se expressar

go do ano: ‘Ah, professora, a gente vai

• Simulações (júri, ONU, Congresso etc.);

de maneira clara e objetiva?

aprender a se expressar com o corpo e a

• Leituras dramáticas;

É a isso que o novo curso de Expressão

voz!’. De certa maneira faremos isso, mas

• Discursos (escrita e leitura pública);

Corporal e Oral, criado especialmente para

COMO faremos isso será nossa descober-

• Expressão corporal;

os alunos do Período Estendido do Colé-

ta esse ano!”, conta Caru.

• Técnicas vocais;

gio São Luís, pretende responder.

Caru também é atriz, além de professo-

• Teatro-jornal;

ra de Teatro, e sua contribuição ao curso

• Mídia-educação (análise e produção dos

A proposta

será na parte corporal e no trabalho com

meios de comunicação);

Os professores de Teatro e de Arte, Caru

a voz e na construção de como expressar

• Palestras e apresentações (dos alunos,

e Paulo, são os responsáveis por colocar

essas ideias por meio do corpo.

dos temas trabalhados), entre outras. Revista Pilotis | 9


copa do mundo

O Brasil entre as

COPAS por Gilberto Teixeira, professor de Hist贸ria do EM Noturno

10 | Revista Pilotis


copa do mundo

N

este ano será realizada a 20.ª Copa

tumultuados. No entanto, nem tudo era

formas de atuação também estavam na

do Mundo FIFA de futebol no Bra-

tão diferente assim.

ordem do dia. Tal como hoje, a imprensa

sil. A expectativa com relação ao

De uma forma que nos lembra de acon-

procurava apenas provar a irracionalidade

evento só não é maior do que a infindá-

tecimentos recentes, em agosto de 1947,

da ação popular e desqualificar suas ações.

vel polêmica sobre o mérito desse evento

São Paulo foi palco de grandes manifesta-

esportivo em um país com os problemas

ções de rua em função de um aumento de

Futebol e Política

e carências como os que temos e o con-

150% no preço das passagens dos bon-

O ano de 1950 foi também de eleições

traste entre essas carências e as imensas

des da cidade. Houve greve e depredação

presidenciais. No dia 3 de outubro daque-

quantias de dinheiro público que foram

de bondes e de ônibus administrados pela

le ano, seria escolhido um novo presiden-

gastas na preparação da competição.

recém-criada CMTC (Companhia Munici-

te para substituir o senhor Eurico Gaspar

Esta não é a primeira vez que vários des-

pal de Transportes Coletivos). A imprensa

Dutra. Naquela ocasião, o grande candi-

ses assuntos polêmicos entram na pauta

condenou a ação dos manifestantes de

dato, aquele que desde o início do ano

da opinião pública nacional. Há exatos 64

uma forma que não parece muito distan-

figurava como favorito, era o Sr. Getúlio

anos, durante os preparativos da 4.ª Copa

te da forma como ela faz hoje em face

Vargas numa coligação entre a PSP e o

do Mundo FIFA, em 1950, muitas dessas

de manifestações semelhantes, como se

PTB. Embora ele tivesse sido ditador, go-

questões também se colocaram na ordem

pode ver neste trecho de O Estado de São

zava de grande popularidade graças à in-

do dia. Uma visita ao distante Brasil de 1950

Paulo do dia 10 de agosto de 1947:

tensa propaganda de sua imagem que foi

pode ser muito ilustrativa para pensarmos

“(...) O que houve está dentro da lógica

realizada em seu governo. De outro lado,

sobre as questões que nos angustiam em

que regula os atos das multidões. Elas

tínhamos como candidato da situação,

relação à Copa do Mundo de 2014.

não sabem proceder senão pela via de-

da coligação PSD-PR, além de outros par-

predatória. Os seus movimentos são tan-

tidos menores, o ex-prefeito de Belo Ho-

Diferenças e semelhanças

to mais naturais quanto mais absurdos.

rizonte Cristiano Machado. Entre ambos,

Naquele momento histórico, a recente II

Para matar a fome, destroem os alimen-

ainda havia o tenente-brigadeiro Eduardo

Guerra Mundial (1939-1945) havia sido

tos. (...) Era inevitável que encarecidos os

Gomes. A derrota do País naquela Copa

responsável pela suspensão de duas Copas

transportes, procurassem elas melhorar a

certamente deve ter inviabilizado seu uso

do Mundo (1942 e 1946). Em 1946, quan-

situação queimando os veículos destina-

político mais eficaz e o resultado é que

do a FIFA organizou sua primeira reunião

dos ao seu serviço. A maneira tradicional

o candidato de oposição, Getúlio Vargas,

depois da Guerra, o Brasil era o único can-

por que resolvem as suas dificuldades é

venceu as eleições, com uma votação de

didato para sediar a próxima Copa, cuja

proceder de tal modo que elas se tornem

48,73% dos votos contra 29,66% do

realização estava prevista para 1949, mas

mais agudas ainda (...)”

outro candidato de oposição, ficando o

acabou sendo adiada por mais um ano.

Como se vê, perto da Copa de 1950, o

candidato situacionista com 21,49% dos

O Brasil daqueles anos era ainda muito di-

tema das manifestações populares e suas

votos. Havia ainda um quarto candidato,

ferente do que vemos hoje. Acabávamos de sair de um longo regime de exceção política, o chamado Estado Novo, em que o Estado brasileiro tentou controlar as manifestações da sociedade civil por meio de órgãos de vigilância e censura da imprensa e dos meios de comunicação, como foi

“Em agosto de 1947, São Paulo foi palco de grandes manifestações de rua em função de um aumento de 150% no preço das passagens dos bondes da cidade.”

o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). O fim da Guerra, assinalando a definitiva derrocada dos regimes totalitários na Europa, pôs também em xeque essas tendências em nosso país. Os anos que antecederam a Copa de 1950 foram Revista Pilotis | 11


copa do mundo

que obteve menos de 1% dos votos.

o Uruguai. Acontece que seleções que

tos públicos, a natureza pública ou pri-

Em 2014, igualmente teremos eleições em

estavam destinadas a esse grupo desisti-

vada do financiamento do único estádio

ano de Copa, embora o resultado delas

ram antes de a Copa começar, como foi o

inteiramente construído para a Copa (o

dependa cada vez menos do desempenho

caso de Escócia, Índia e Turquia. Em com-

Maracanã) e o custo total do evento para

do selecionado nacional, já que são outros

paração, a Copa do Mundo de 2014 terá

os cofres públicos foram assuntos apaixo-

os tempos e hoje já não se faz esse uso tão

a presença de 32 seleções, divididas em

nadamente discutidos na imprensa cario-

imediato do futebol para fins políticos, ao

8 grupos, cada um com quatro seleções.

ca durante os meses que antecederam a

menos não como se fazia antes e durante

Absoluta igualdade...

Copa do mundo .

o Regime Militar, entre 1964 e 1985.

Ao fim e ao cabo, a Copa do mundo de

Quanto custa a Copa?

1950, como é de conhecimento geral,

O tamanho da Copa

A estrutura para o evento também apre-

acabou de forma trágica para nós, bra-

É verdade que a Copa do Mundo de

senta grandes diferenças. Em 1950, tí-

sileiros. Toda a nossa energia dispensada

1950 foi também muito mais modesta e

nhamos seis sedes (Belo Horizonte, Curi-

e os intermináveis debates em torno dos

simples do que a que agora realizaremos.

tiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro

gastos e do questionável legado da Copa

Eram apenas 13 os selecionados partici-

e São Paulo), embora a maioria dos jogos

terminaram de forma melancólica na tar-

pantes, divididos em quatro grupos, mas

tenha sido disputada entre São Paulo, Rio

de de 16 de julho de 1950, quando fomos

curiosamente os grupos tinham quanti-

de Janeiro e Minas Gerais (17 dos 22 jo-

derrotados pelo Uruguai pelo placar de 2

dades diferentes de seleções. Dois grupos

gos). Todos os estádios utilizados já exis-

a 1 e demos adeus às nossas pretensões

tinham quatro seleções, incluindo o do

tiam, com exceção do Maracanã, o único

de nos tornarmos campeões mundiais de

Brasil, que foi formado por nossa seleção

que foi construído exclusivamente para a

futebol. A comunidade de nosso colégio

mais México, Suíça e Iugoslávia. Um dos

Copa. Tal como agora, um assunto que

também acusou o golpe dessa trágica

grupos era formado por três seleções, e o

se discutiu muito à época foi o aporte de

derrota. Em um artigo não assinado da

outro, em que ficou o país que se sagraria

dinheiro público para a construção e re-

Revista São Luís – a precursora da nossa

campeão dessa Copa, o Uruguai, apenas

forma dos estádios onde se realizaram os

Pilotis –, um aluno do colégio comentou,

por duas: ele e a Bolívia. Claro que isso

jogos. Não há uma estimativa exata com

entre desiludido e traído, o destino da

não foi feito com o objetivo de favorecer

relação aos gastos, mas diferentes fontes

paixão do brasileiro pelo futebol. Aten-

citam recursos municipais, estaduais e

tem para o rancor e tristeza destas frases:

federais que foram utilizados para cons-

“Pois o amor faleceu com o campeonato.

truir ou reformar os estádios. Claro que,

Quando tínhamos nas mãos a Copa do

comparados às enormes despesas realiza-

Mundo, quando todas as brisas sopravam

das agora, os custos de 1950 foram quase

a nosso favor, aconteceu não sabemos o

desprezíveis. No estádio do Pacaembu, em

quê, faltou-nos qualquer coisa indefinível

São Paulo, por exemplo, a obra consistiu

(talvez força, talvez raça, talvez alma), e

em pavimentar o entorno, a atual Praça

a taça mundial bateu asas para sempre,

Charles Miller, já que, em dias de jogos, a

ad aeternum... Foi assim que, indiscu-

lama que se formava devido aos milhares

tivelmente, morreu o amor da multidão

de pés pisando a terra batida era lendária.

brasileira pelo futebol nacional. Espera-

Não havia, é claro, as grandes obras de

-se, agora, que outro esporte conquiste o

mobilidade urbana que hoje se realizam

coração desenganado das massas. (...)”.

no contexto da preparação da Copa. Po-

Sabemos que houve exagero do aluno,

rém, se considerarmos o assunto, uma

tanto é que aqui estamos a discutir no-

parcela muito pequena dessas obras fi-

vamente esses assuntos. Só podemos es-

cará pronta até a abertura da Copa, de

perar que o desfecho da Copa de 2014

forma que esse legado ainda pode ser

seja bem diferente do que se viu naquela

considerado incerto. Ainda assim, os gas-

triste tarde de julho.

“O Maracanã foi o único estádio construído exclusivamente para a Copa.”

12 | Revista Pilotis


cursos extras

família escola

há vagas em todos os cursos Mais informações pelo e-mail cursosextras@saoluis.org ou telefone (11) 3138-9607

tem espaço na

por Marcelo Carvalho, responsável pelos Cursos Extras fotos ronaldo hipólito e anderson silva

O

Colégio São Luís, além de oferecer cursos para os seus alunos, apresenta um diferencial, que

são as atividades proporcionadas aos pais e aos avós de alunos e antigos alunos.

Escolha o ritmo Na Dança de Salão, o aluno aprende vários ritmos, como forró, bolero, foxtrote, tango, chá-chá-chá, rock, valsa e samba de gafieira. As aulas acontecem todas as quintas-feiras, das 20h às 21h30, no Espaço Criança, com o professor Afonso.

Corpo e mente Por que não exercitar o corpo e a mente ao mesmo tempo? As aulas de Pilates, com a professora Carla, acontecem todas as quartas e sextas-feiras, das 7h às 8h e das 8h às 9h, no 3.º andar do prédio Bela Cintra.

Música para todos Em geral, o indivíduo que aprende a tocar algum instrumento musical desenvolve uma série de ganhos pessoais, como motivação, criatividade, interação, comunicação e alegria, além de aprimorar o raciocínio lógico e o poder de concentração. No CSL, oferecemos aulas de teclado, piano, violão e guitarra. A professora Silvia é a responsável e suas aulas acontecem no 7.º andar do prédio Haddock Lobo.

Como participar Todos os cursos citados ainda encontram-se abertos para possíveis interessados em conhecer e participar de uma aula. Revista Pilotis | 13


vestibular

lista de aprovados no

estibular Ensino Médio Diurno

Allan Young Jae Lee

Bruna Kar Roscigno Pinto

Mackenzie - Engenharia Civil

Instituto Federal de São Paulo - Geografia Uniara - Direito

Ana Carolina C. G. Coradini

Faculdade Damásio de Jesus - Direito

UNIFESP - Ciências Contábeis

Bruna Neves Leite Ana Carolina De C. Bottaro

ESPM - Design

ESPM - Publicidade e Propaganda

Belas Artes de São Paulo - Design de Produto

Instituto Federal de São Paulo - Administração NSPER - SP - Administração

Bruno Antonio B. A. Lopes USP - Educação Física

Ana Clara Ladeira Cruz

São Camilo - Nutrição

UFSCAR - Química (7.º lugar) UNIFAP - Medicina

Bruno Fernando Panhoca UNIFESP - História da Arte

Ana Cristina Chimabuco

UFABC - Ciências e Humanidades

ESPM - Design

PUC-SP - Direito

Belas Artes de São Paulo - Design Gráfico UFAM - Artes Visuais

Caio Torrano de Almeida

Istituto Europeo di Design - Design Gráfico

FEI - Engenharia Mecânica Automobilísitica Mackenzie - Engenharia Mecânica

Ana Maria de Matos Guidi PUC - Jornalismo

Carolina C. Madaloso ESPM - Administração

Anna Vitoria Tieme Morinaga UFRJ - Ciências Biológicas - Biotecnologia

Daniel Neves Russo Instituto Mauá de Tecnologia - Engenharia Elétrica

Artur Renato Teixeira Santoro UFAL - Arquitetura

Dora Domingues Albim

Mackenzie - Arquitetura

São Camilo - Nutrição

Bianca Andriello

Emma da Cunha Lima

FAAP - Cinema

UnB - Gestão de Políticas Públicas FGV - Administração Pública

Bruna de Aguiar Vannucci ESPM - Publicidade e Propaganda

14 | Revista Pilotis


vestibular

Erika Mentzingen C. e Silva

Heitor de Proença G. Pires

USP - Nutrição e Metabolismo

PUC - Economia

São Camilo - Nutrição

UFABC - Ciências e Tecnologias - Engenharia de Produção (9.º lugar)

Flavia Canton Pladevall

UnB - Estatística (6.º lugar)

Mackenzie - Engenharia Civil

USP - Economia

Gabriel Alberti Rosatti

Heitor Pilotto Rodrigues Alves

USP - Ciências Biológicas

USP - Física

USFCAR - Ciências Biológicas (4.º lugar)

UNICAMP - Matemática

UNESP - Ciências Biológicas (5.º lugar) UNICAMP - Ciências Biológicas

Henrique M. Garrigós USP - Administração

Gabriel Marcos Teixeira

UNIFESP - Economia

USP - Física INSPER - Economia

Iago Fernandes de Sousa USP - Física

Giorgio Lopes Barcellos USP - Ciências Atuariais

Ingrid Schmidt ESPM - Publicidade e Propaganda

Giulia Guarieiro

FAAP - Rádio / TV

UFPB - Relações Públicas

Isabel Leme Oliva Giulia Tochio Lucci

USP - Eng. Ambiental (3.º lugar)

FAAP - Rádio / TV (10.º lugar)

UNICAMP - Eng. Ambiental UFSC - Eng. Ambiental

Giuliana Caram

UFV - Eng. Ambiental

FAAP - Rádio / TV ESPM - RJ - Jornalismo

João Pedro F. Saboia Cunha

UFRJ - Nutrição

FAAP - Economia

PUC - SP - Jornalismo

João Victor J. N. Macedo Giuliano Occulati Diogo

PUC - SP - Direito

Instituto Mauá de Tecnologia - Engenharia Elétrica

UNICAMP - Administração de Empresas

Gustavo Rodrigues de Marco Instituto Mauá de Tecnologia - Eng. de Produção Revista Pilotis | 15


vestibular

Júlia Carolina Ghizzi

Luiz Antônio Castro Custódio

USP - Economia

USP - Saúde Pública (2.º lugar)

Fundação Getúlio Vargas - FGV - Economia

FACAMP - Direito IFSP - Geografia (10.° lugar)

Julia Duprat Ruggeri UFBA - Direito

Luiza Del Nery Forghieri

Univ. Federal do Rio Grande do Sul - Direito

UFRJ - História UNIFESP - Administração

Julia Roriz de Oliveira USP - Gestão Ambiental

Lutti Mira Salineiro USP - Filosofia

Larissa Costa Moraes de Araujo PUC - Campinas - Odontologia

Manuela Lee Nogueira SENAC - SP - Gastronomia

Letícia Alves P. Morgan Belas Artes de São Paulo - Moda

Marcelo Vada Domingues

FASM - Moda

Mackenzie - Engenharia Civil

Luca de Moraes O. Nicolelis

Maria Sol Battaglini Rodriguez

FEI - Engenharia

FAAP - Publicidade e Propaganda

Luis Arthur O. Prado Galhano

Maria Vitória Pieralisi

FEI - Engenharia

UNESP - Psicologia PUC - Psicologia

Luis Carlos Pralong Eiras USP - Turismo

Mariana Melo Angelelli USP - Saúde Pública

Luis Filipe de O.Carneiro INSPER - SP - Economia

Marina Marcondes F. e Silva USP - Matemática

Luís Renato Moreira da Costa

Universidade de Campinas - Matemática

Instituto Mauá de Tecnologia - Engenharia

Marina Orioli Castellão Luísa Desiderio Cortés

Mackenzie - Arquitetura

USP - Letras

Matheus Medeiros da S. Cálio Luiz Gabriel Dias D. Machado PUC - Campinas - Ciêncas Biológicas

16 | Revista Pilotis

FEI - Engenharia de Controle e Automação


vestibular

Nathalia Marques Cordeiro

Rodolfo Augusto T. Calvo Uras

Anhembi Morumbi - Publicidade e Propaganda

ESPM - Relações Internacionais

São Judas - Publicidade e Propaganda

UFABC - Ciências e Humanidades UNIFESP - Administração

Nicolai Todinov Panzanella ESPM - Publicidade e Propaganda

Rodrigo Torrano de Almeida ESPM - Publicidade e Propaganda

Paula Krein

FAAP - Publicidade e Propaganda

USP - Medicina UNIFESP - Medicina (1.º lugar)

Sophia Sartori

UNICAMP - Medicina

USP - Ciências Sociais

UFCSPA - Medicina

Tatiana Semprini Ramalho Pinto Pedro de Sordi Soltau

Mackenzie - Publicidade e Propaganda

PUC - Tecnologia em Jogos Digitais Anhembi Morumbi - Design em Jogos Digitais

Tatiana Torrano de Almeida Cásper Líbero - Publicidade e Propaganda

Pedro Della Piazza de Souza

Mackenzie - Publicidade e Propaganda

FGV-SP - Direito

Teresa Pereira Bucci Rafael Abrahão Silva Oliveira

PUC-SP - Direito

PUC - Comunicação da Arte do Corpo

Thais Tereza Cataldi Beirão Rafael Bregola Cardoso Pinto

FAAP - Artes Visuais

PUC - Administração

Belas Artes - Artes Visuais

INSPER - Administração

Théo Vicente P. de M. A. Pinto Raphael Garcia Vasconcellos

Anhembi Morumbi - Gastronomia

ESPM - Publicidade e Propaganda

SENAC - Gastronomia

FAAP - Publicidade e Propaganda

Thiago Canguçú Ferreira Lima Regina Pereira Alves de Amorim

PUC - Campinas - Administração

PUC - Direito

FACAMP - Administração

Renan Brienza Simões

Thiago Paul Akli

USP - Direito

FMU - Economia

FGV - Administração Pública (1.º lugar) UNICAMP - Ciências Econômicas

Vitória Baraldi de Oliveira

UNESP - Direito

Cásper Líbero - Jornalismo Revista Pilotis | 17


vestibular

Ensino Médio Noturno

Adriana Vieira Marciano

Bianca Cristina G. Prudêncio

FASB - Pedagogia

Anhembi Morumbi - Psicologia São Judas Tadeu - Psicologia

Aline Cristina G. de Oliveira São Judas Tadeu - Química

Brenda Tomé de Freitas

Oswaldo Cruz - Química

PUC - Campinas - Biblioteconomia

Alissa da Costa Gloria e Silva

Bruna Eduarda de A. Valença

ESPM - Publicidade e Propaganda

FMU - História

Anhembi Morumbi - Publicidade e Propaganda

Bruno Varizi do Carmo Allan Matheus Ramos da Silva

FEI - Engenharia Civil

FAAP - Publicidade e Propaganda

Camila Pereira R. da Silva Amanda Pimenta dos S. Silva

UFMT - Ciências Biológicas

São Camilo - Fisioterapia

Carlla Shimpo Amanda Vieira Martins

FEI - Engenharia Elétrica

São Judas Tadeu - Fisioterapia - (5.º lugar) São Camilo - Fisioterapia

Carlos Vitor Soares Marques

Universidade Nove de Julho - Fisioterapia

Mackenzie - Ciência da Computação

Ana Beatriz Silva Aguiar

Caroline dos Santos Silva

Oswaldo Cruz - Engenharia Química

PUC-SP - Direito

Ana Carolina Santos Cruz

Cecile Rocha de Oliveira

FAAP - Relações Públicas

São Judas Tadeu - Engenharia de Produção

Belas Artes - Relações Públicas

Débora Menezes M.Brito Beatriz Amorim de Freitas

FEI - Engenharia

São Judas Tadeu - Arquitetura e Urbanismo Belas Artes - Arquitetura e Urbanismo

Diego Menezes Magalhães Brito

Anhembi Morumbi - Arquitetura e Urbanismo

São Judas Tadeu - Administração

Beatriz Cristina de Jesus Varizi

Diego Souza da Cruz Silva

UFPEL - Química

FEI - Engenharia Civil

São Judas Tadeu - Farmácia

SENAC - Moda

Oswaldo Cruz - Química

Felipe Fonseca da Silva

18 | Revista Pilotis

Beatriz Torres dos Santos

FAAP - Moda

Anhembi Morumbi - Gastronomia

Belas Artes - Moda

UNIOESTE - PR - Pedagogia

Anhembi Morumbi - Moda


vestibular

Gabriel Cesario da Costa

Isabele Gomes C. Correia

FEI - Engenharia Mecânica

Anhembi Morumbi - Rádio e TV

SENAI - Engenharia Mecânica (6.º lugar)

Janaina Sabino Silva Gabriel Fernando R. dos Santos

UNISO - Química Industrial

PUC-SP - Matemática

FMU - História

Giselle Rossi Alvarado

Jean Vinícios Machado Silva

Oswaldo Cruz - Química

FAAP - Arquitetura e Urbanismo

SENAC - Sistemas de Informação

São Judas Tadeu - Arquitetura e Urbanismo

IFSP - Análise e Desenvolvimento de Sistemas

Anhembi Morumbi - Arquitetura e Urbanismo

Giulia Forlin Cavalcanti

Jéssica Alves dos Reis

Universidade Nove de Julho - Administração

Belas Artes - Tec. em Produção Musical PUC-PR - Comunicação Social

Guilherme Coelho de Azevedo

Mackenzie - Publicidade e Propaganda

PUC-SP - Sistemas de Informação São Judas Tadeu - Sistemas de Informação

João Gabriel Ferreira da Silva

Mackenzie - Sistemas de Informação

UNESP - Geologia

Anhembi Morumbi - Design Gráfico

UFMT - Geologia

Uninove - Jogos Digitais

Joyce Maria Santos de Macêdo Gustavo Stefani

PUC-SP - Serviço Social

Univ. Federal de São Paulo - Automação São Judas Tadeu - Eng. Mecânica (1.º lugar)

Juliana Marques Cintra

Mackenzie - Design Gráfico

UNISANTOS - Ciências Biológicas UNIPAMPA - Química

Hannalicia Bueno de Freitas

FEI - Engenharia Civil

Faculdade de Ciências Médicas - Fonoaudiologia

IFSP - Química

Henrique de Castro Alberto

Juliano de C. Vieira Flório

São Judas Tadeu - Engenharia Civil

Anhembi Morumbi - Educação Física

Ingrid Castro Loureiro Silva

Kauê Comette Cardoso Matias

USP - História

FEI - Engenharia Civil

UNICAMP - Ciências Econômicas

Anhembi Morumbi - Engenharia Civil São Camilo - Fisioterapia

Isabel Carvalho Ferreira Silva Univ. Federal do AL - Ciências Sociais e Filosofia

Laís Ester Roveron

São Judas Tadeu - Direito

São Camilo - Fisioterapia

FMU - Direito

UNICID - Fisioterapia

Revista Pilotis | 19


vestibular

Larissa Moraes Silva

Luiza Cerqueira Marinho

Mackenzie - Direito

PUC-SP - Publicidade e Propaganda UFMT - Univ. Federal do Mato Grosso - Jornalismo

Larissa Vieira Freitas Santa Marcelina - Fisioterapia

Maria Tereza S.S.P. de Oliveira Cásper Líbero - Jornalismo

Leandro Lourencio Ferreira

Anhembi Morumbi - Jornalismo

São Judas Tadeu - Comunicação Social (3.º lugar) Anhembi Morumbi - Com. Social em Rádio e TV

Mariana Matos Santana FEI - Engenharia Civil

Leonardo Alexandre Silveira FECAP - Administração

Marianny da Silva Gomes

São Judas Tadeu - Marketing e Propaganda

PUC-SP - Engenharia de Produção

Faculdades Int. Rio Branco - Relações Internacionais

Mario Porta Lima Leonardo Dantas B. de Oliveira

PUC-SP - Administração

PUC-SP - Direito

Mackenzie - Administração

Mackenzie - Direito

Mateus Cesario da Costa Leticia Soares Gonçalves (2011)

FEI - Engenharia Mecânica

USP - Relações Internacionais

SENAI - Engenharia Mecânica (9.º lugar)

UNIFESP - Relações Internacionais UNESP - Relações Internacionais

Matheus Duarte de Jesus FMU - Direito

Luana Alves Melo São Camilo - Fisioterapia

Matheus Oliveira Rocha (2012)

São Judas Tadeu - Fisioterapia

UNESP - Engenharia Ambiental PUC-SP - Ciências Econômicas

Luís Carlos Moreira

UFF - Ciências Contábeis (5.º lugar)

PUC-SP - Ciências Econômicas

UFLA - Eng. Ambiental

UFPR - Ciências Exatas

Mackenzie - Engenharia Civil

FEI - Administração

Mikaela Alves Almeida Luiz Gonzaga de Souza Júnior

UERG - Gestão Ambiental (1.º lugar)

PUC-RJ - Engenharia Civil

UNIFESP - Filosofia

São Judas Tadeu - Engenharia Civil Cásper Líbero - Jornalismo

Paolla Menchetti Martins PUC - Campinas - Ciências Sociais

Luiz Gustavo H. de M. de Oliveira

20 | Revista Pilotis

PUC-RJ - Engenharia Civil

Pedro Henrique A. Cerqueira

São Judas Tadeu - Engenharia Civil

FEI - Engenharia Civil


vestibular

Pedro Henrique M. Raimundo

Verônica Alvarenga Pereira

UNISAL - Teologia

UFRS - Univ. Federal do RS - História

Raissa Moraes Silva

Vinícius de Lima Benedito

PUC - Albert Einsten - Enfermagem

IFNMG - Administração (9.º lugar)

São Camilo - Enfermagem

Vinícius Leite Ferreira Raquel de Carvalho Souza

UFPR - Engenharia

UEMS - Turismo

UNIPAMPA - Física FEI - Engenharia Civil

Samantha Silva de Macedo FASM - Moda

Vitória Barbosa Ferreira USP - Geografia

Sergio de Souza Borges

UFMG - Agronomia

Mackenzie - Ciências Contábeis

Vivian Brandão Garcia Stefany Souza Silva

PUC-SP - Direito

USP - Lazer e Turismo

São Judas Tadeu - Direito

HOTEC - Gestão de Turismo

Viviane Nascimento da Silva Talles Martins da Silva

São Camilo - Biomedicina (3.º lugar)

FEI - Engenharia Civil UFF - Matemática

Wilson Ferreira de Lima Júnior UFAM - Antropologia

Tayna Castilho Spirlandelli

Mauá - Engenharia Civil

Anhembi Morumbi - Farmácia Mackenzie - Farmácia

Yasmin Fermino de A. Silva UEMS - Agroecologia

Thais Pecly Lopes

FEI - Engenharia Civil

Anhembi Morumbi - Farmácia FAAP - Engenharia Civil

Yohana Castro Loureiro Silva USP - Ciências Sociais

Thais Feitoza Bezerra (2009)

UNICAMP - Ciências da Computação

UNESP - Engenharia Civil UFRJ - Engenharia Civil

Thayna Alves Felix Tomazim FEI - Engenharia Civil São Judas Tadeu - Engenharia Civil

Revista Pilotis | 21


capa

ANO QUE VALE

sob o lema “dois períodos de uma mesma história NUM mesmo espírito”, a Cia. de Jesus celebra os 200 anos de restauração da ordem, que foi SUPRESSA entre 1773 e 1814. Mas o que significa isso?

por tuna serzedello, departamento de comunicação

22 | Revista Pilotis


capa

“A Companhia de Jesus está presente em mais de 130 países e atua há mais de 470 anos.”

A PERSEGUIÇÃO E EXTINÇÃO DA COMPANHIA DE JESUS

ver França, Espanha, Portugal, Nápoles e Parma

A Cia. foi perseguida por questões econômicas e po-

foi um dos desfechos desse drama. Por meio do

líticas no Brasil e no mundo. Aqui, os descobrimen-

breve Dominus ac Redemptor, de 21 de julho de

tos das minas de ouro, a escravização dos índios e

1773, a Companhia foi supressa pelo Papa Cle-

certa acomodação por parte dos jesuítas foram o

mente XIV.

passarem para um cisma, e a Revolução Francesa

estopim para a sua expulsão pelo Marquês de Pomainda, do Papa Bento XIV, a nomeação de seu pri-

A PRESERVAÇÃO DA COMPANHIA DE JESUS NO leste europeu

mo, o Cardeal Francisco Saldanha, como visitador

Apesar de supressa, a Companhia de Jesus se man-

apostólico para a reforma dos jesuítas portugueses.

teve viva graças à sua presença em alguns países.

Ao mesmo tempo, estreitou relações com as cor-

Em 1772, a Polônia — nação onde a presença dos

tes bourbônicas, formando uma forte aliança para

jesuítas era praticamente hegemônica — foi dividi-

a expulsão da Companhia de Jesus dos domínios

da entre as potências russa, austríaca e prussiana.

portugueses e para a posterior supressão da Or-

O principal motivo dessa conservação foi o papel de-

dem. A conspiração contra os jesuítas apossou-se

sempenhado pelos jesuítas na educação. Frederico II

de todas as cortes da Dinastia Bourbon e das de

defendeu os padres jesuítas, chegando a afirmar

Portugal e da Espanha. O último e decisivo golpe

que, na religião católica, nunca encontrara melho-

foi a medonha alternativa: suprimir os jesuítas ou

res padres, sob todos os pontos de vista, e que

bal, então 1.º ministro de Portugal. Pombal obteve,

Revista Pilotis | 23


capa

“A admissão massiva de estrangeiros oriundos de territórios onde a Ordem permanecia supressa fez com que a Companhia de Jesus se mantivesse internacional.”

dificilmente poderiam ser substituídos na educa-

Império demonstra uma intenção firme de retornar

ção da juventude prussiana. Além dessa proteção

ao Brasil, numa atividade que será a principal mar-

oficial, Catarina II, czarina russa, realizou uma série

ca da atuação dos jesuítas restaurados no Brasil: a

de medidas para ampliar as possibilidades de ação

formação das elites políticas do país nas mais di-

dos jesuítas em seu território. Entre elas, a mais

ferentes regiões. O Colégio São Luís, estabelecido

importante foi a abertura do Noviciado de Polotsky,

em Itu, não tardou a se tornar o mais importante

que, além de formar novos membros para a Com-

colégio neste aspecto. Uma parte muito expressi-

panhia, possibilitou a admissão de antigos jesuítas

va das lideranças do país de diferentes regiões foi

espalhados pelo mundo. Esse crescimento gradual

formada integralmente ou esteve por alguns anos

da Companhia em terras russas e a admissão mas-

aos cuidados dos padres jesuítas deste colégio.”

siva de estrangeiros oriundos de territórios onde a Ordem permanecia supressa fizeram com que a

A COMPANHIA CONTEMPORÂNEA

Companhia de Jesus se mantivesse verdadeiramen-

Hoje, a Companhia de Jesus está presente em mais

te internacional, mesmo que em território russo.

de 130 países e atua há mais de 470 anos produzindo conhecimento para o desenvolvimento

A RESTAURAÇÃO E O COLÉGIO SÃO LUÍS

social por meio da pesquisa científica e do apro-

A convite da comissão que prepara as comemo-

milhões de pessoas em uma das maiores redes de

rações, o Prof. Dr. Gilberto Lopes Teixeira, Pes-

educação do mundo, a Rede Jesuíta de Educação,

quisador do Centro de Memória do Colégio São

que abraça mais de 180 colégios, 200 universida-

Luís, escreveu um artigo para o site do Bicente-

des e faculdades e 2724 centros de Educação Po-

nário (leia-o em www.bicentenariosj.com.br). Em

pular Fé e Alegria.

seu texto, cita os desafios da fundação do CSL em

Sua aposta na inovação, na formação integral de

Itu: “...os jesuítas finalmente conseguem quebrar

crianças e de jovens, no resgate da dignidade e da

site do bicentenário

as resistências da autoridade constituída e, no iní-

integridade humana por meio do Evangelho de Cris-

Para saber mais sobre a

cio de 1867, é concedida a licença para abertura

to continua inabalável, colaborando com a transfor-

História da Companhia e de

do colégio que se fez oficialmente em maio deste

mação da sociedade por meio da Espiritualidade, da

seus trabalhos, acesse:

mesmo ano. A ação de conjunto dos jesuítas em

promoção social, do diálogo intercultural e inter-reli-

www.bicentenariosj.com.br

todo território nacional ainda durante os anos de

gioso, do serviço da fé e da promoção da justiça.

24 | Revista Pilotis

fundamento intelectual. Conta com mais de três


novidade

a nova

TV São Luís

Projeto, equipe, captação de imagens, edição e pacote gráfico. Tudo diferente para trazer você mais perto da TV! O ano de 2014 será de muitos eventos e

que tudo estivesse melhor, em ordem e

vantes a toda a comunidade do Colégio

muitas novidades para a nossa comuni-

limpo para a volta às aulas.

São Luís.

dade educativa.

Você também pode e deve fazer parte da

Uma delas já começou a acontecer em ja-

Você na TV

nova TV São Luís! Novas ideias, suges-

neiro, antes da volta às aulas, e pode ser

A mudança e a renovação da TV São Luís

tões de pautas, cobertura de atividades e

vista por todos nos intervalos, nas aulas

objetivam trazer a TV para mais perto dos

eventos, produção de novos programas,

especiais e também na Vila Gonzaga.

nossos alunos e professores e torná-la par-

inclusão do veículo em projetos acadêmi-

Uma nova equipe da TV São Luís deu

te das suas rotinas escolares e dos seus

cos, tudo isso pode ser agendado com a

início às gravações, acompanhada pela

interesses diversos.

equipe do DECOM pelo e-mail tvsaoluis@

equipe do DECOM, e capturou imagens

Com vídeos mais longos e mais aprofun-

saoluis.org

do São Luís trabalhando a todo vapor

dados sobre assuntos atuais e acadêmi-

durante as férias escolares no mês de ja-

cos, a TV vai não somente retratar o dia

conheça a nova tv

neiro. A ideia foi mostrar o nosso Colégio

a dia do Colégio mas também mostrar

Acesse todos os vídeos da TV São

se preparando para o retorno dos nossos

curiosidades, notícias e novidades do

Luís em nosso canal do YouTube:

alunos, correndo contra o tempo para

mundo, além de sugestões culturais rele-

www.youtube.com/tvsaoluis

Revista Pilotis | 25


teatro

De ator a

José Arthur, o Zé, participou de quatro edições do projeto de Teatro para jovens “Conexões”. Agora, quem escreve é ele! por Marcia Guerra, coordenadora do DECOM

26 | Revista Pilotis


teatro

“Acho que até hoje não escrevi tanto sobre mim mesmo, e acho que não o faria novamente. O meu objetivo é, e sempre foi, passar uma mensagem. Ela é que tem relevância aqui. Espero que todos entendam.”

J

á podemos ter uma ideia de quem é o Zé no início da entrevista para a Pilotis, quando ele avisa: “Se existe

uma encarnação do antinarcisismo, essa seria eu, então seria preferível que atribuíssem mais atenção ao texto que escrevi. O que realmente importa aqui é o Teatro, a arte e, principalmente, a mensagem.” Infelizmente, Zé, este texto é sobre o Projeto Conexões, sobre o seu texto, mas também, e especialmente, sobre você!

Quem é o Zé? José Arthur ingressou no Colégio São Luís na antiga 1.ª série EF, em 2001, e saiu em 2003, quando passou um período em Brasília. Ao retornar, em 2007, para a 7.ª série EF, uma amiga sugeriu que ele cur-

credita aos professores, coordenadores e

foram de altíssima qualidade, e pratica-

sasse as aulas de Teatro, onde permane-

funcionários com quem conviveu durante

mente todos os que li durante o Projeto

ceu até sair do Colégio, em 2011, quan-

esses anos a sua formação pessoal.

também eram muito bons”, afirma Zé.

Zé acredita que o Teatro também teve

Zé e o Conexões

O que é o Conexões?

impacto na sua formação. “Apesar de o

De 2008 até 2011, dentro do Teatro do

O Projeto Conexões de Teatro Jovem teve

diretor de lá aparentar ter um parafuso a

CSL, Zé participou como ator do Projeto

início com a parceria entre o Colégio São

menos, eu não poderia ter mais sorte que

Conexões. “Acho que é um projeto mui-

Luís, o British Council, a Escola Superior

tê-lo ao meu lado”, diverte-se o aluno

to inteligente, divertido e com um objeti-

de teatro Célia Helena, Cultura Inglesa e

de Tuna Serzedello, professor de Teatro

vo nobre que é realmente necessário no

o Theatre de Londres, em 2007, e é uma

do CSL e responsável pelo Projeto Cone-

ambiente teatral de hoje, tanto no Brasil

versão do projeto original de Teatro da In-

xões no Colégio. Além disso, Zé também

quanto fora. Todos os textos que encenei

glaterra. Na sua oitava edição, este ano,

do se formou no Ensino Médio.

Revista Pilotis | 27


teatro

“Quanto a escrever, vou continuar pelo resto de minha vida.”

Filosofia”, filosofa o jovem. E continua: “O teatro grego fez com que eu me interessasse ainda mais pela Filosofia, já que podemos dizer que a Grécia foi o berço da filosofia ocidental. E a Filosofia influenciou muito minha visão sobre a arte em geral, principalmente nas áreas da Literatura, da o Projeto continua incentivando o teatro

deração ao escrever minha peça”, afirma

Poesia e, é lógico, das Artes Cênicas. Seria

jovem, promovendo a divulgação de au-

o jovem escritor. Porém, a sua motivação,

inevitável, para mim, seguir um caminho

tores nacionais e estrangeiros e propor-

segundo ele mesmo, referindo-se àquilo

que atravessasse essas disciplinas.”

cionando temas para reflexão e aprendi-

que lhe deu forças para colocar esses sen-

zado sobre esse universo.

timentos no papel, foram principalmente

Para onde Zé vai?

as manifestações populares do ano pas-

O universitário pretende continuar a es-

Zé e o Conexões (de novo)

sado, sua constante indignação com a si-

tudar Filosofia, assim como Teatro e dra-

Para a surpresa do agora antigo aluno

tuação político-social de nosso país e suas

maturgia. “Talvez eu estude Física mais

do São Luís, a peça “A voz do silêncio”,

ingênuas e modestas conclusões filosófi-

profundamente no futuro, coisa que sem-

escrita por ele em 2013, foi escolhida e

cas sobre os problemas da humanidade.

pre quis, mas isso seria para saciar minha

será encenada pelos grupos de Teatro

sede de conhecimento”, planeja. Zé pre-

que participarão do Projeto Conexões

Como ele chegou lá?

tende dar aulas nessas áreas também, já

neste ano. “A minha inspiração, no sen-

A Filosofia sempre permeou a vida de Zé,

que julga que ensinar é uma parte funda-

tido do conteúdo que utilizei como base

assim como a Física e as Artes Cênicas.

mental no desenvolvimento de qualquer

para escrever o texto, foram as peças que

“Conforme eu fui estudando percebi que

disciplina. “Quanto a escrever, acho que

li e das quais participei até hoje no Proje-

a distância entre Filosofia e Física é extre-

não tenho muita escapatória. Vou conti-

to. O estilo e a temática de “Blackout”,

mamente pequena, se é que ela existe, o

nuar provavelmente pelo resto de minha

do Davey Anderson, e a trama de “Uma

que para a maioria das pessoas é difícil en-

vida. Agora, se serão coisas que as ou-

História de Vampiro”, da Moira Buffini, e

tender, então bastava escolher por onde

tras pessoas podem considerar dignas do

de “Nas Alturas”, da Lisa McGee, foram

começar. No meu caso acho que ocorreu

tempo delas, não cabe a mim julgar”, ex-

elementos que levei bastante em consi-

uma influência mútua entre o Teatro e a

plica, modesto.

NOVO SITE DO CONEXÕES Veja a galeria de fotos, vídeos, notícias, histórico de todas as edições do Conexões, além de poder fazer download, em inglês e português, das peças: www.conexoes.org.br

28 | Revista Pilotis


antigo aluno (NOTURNO)

mudança de

Vida

por José Nilson Martins dos Santos, antigo aluno do EM Noturno

O COMEÇO

me falou que as inscrições para o Colégio

ências Econômicas na Faculdade Sao Luís.

Como muitos brasileiros, não tive oportu-

São Luís iriam abrir e me deu o endereço

Atuei por anos na área financeira, hoje

nidade de estudar em boas escolas e mui-

do Colégio. Imaginei que aquilo tudo não

sou sócio de um Café em uma Bibliote-

to menos de terminar os meus estudos

estava acontecendo, pois o São Luís era

ca do Estado de Connecticut e moro em

em tempo regular. Assim, eu terminei o

um colégio inacessível para mim.

Nova York.

não teria dado prosseguimento se não ti-

O MEIO

O NOVO COMEÇO

vesse conhecido o padre Chabassus.

Após criar coragem e fazer o teste, pas-

O nosso Café é pequeno e atendemos os

No Natal de 84, passava pela passare-

sei! O Colégio São Luís oferecia des-

estudantes e professores que vêm à Bi-

la subterrânea – aquela que atravessa a

contos para quem não pudesse pagar a

blioteca. Após 18 anos vivendo em outro

Consolação – e, como estava atrasado,

mensalidade integral, mas na época eu

país, já me acostumei com as diferenças

corria, por isso quase atropelei o padre

trabalhava como office boy e conseguia

culturais, que no início são mais difíceis.

Chabassus. Peguei os papéis dele que

pagar. Desde 1985, a minha vida mudou

Aos 49 anos de idade, sonho em fazer al-

derrubei no chão e os devolvi, pedindo

pra sempre. No final do ano, os profes-

guns cursos para ser professor voluntário

desculpas. Ele me desculpou e pergun-

sores me deram a medalha Inácio Loyola

e retribuir um pouco à comunidade tudo

tou se eu estava estudando. Respondi

de “esforço e perseverança”, que me deu

o que recebi, pois me considero um privi-

que sim, mas que com certeza não iria

mais energia para concluir o curso Técni-

legiado! Sou extremamente grato a Deus

continuar, pois eu não tinha dinheiro. Ele

co em Contabilidade. Em 1989, cursei Ci-

e aos Jesuítas.

Ginásio atrasado (1984) e provavelmente

Revista Pilotis | 29


ASPAS

O que hรก de errado no mundo e o que podemos fazer para melhorรก-lo?

30 | Revista Pilotis


ASPAS

“Posso falar da água? Eu poderia convencer o #deerradocomomundo

Sol para trazer a chuva e falar com as pessoas para elas reciclarem o lixo. Eu tomo banho rapi-

Compartilhe a sua resposta conosco

dinho e escovo os dentes rapidinho também, só

no Twitter com a hashtag e cite o

preciso abrir a torneira para lavar a escova e pra

nosso perfil @colegio_saoluis!

fazer bochecho.” Júlia Vasconcelos Abdalla, 6 anos, 1.º ano EF.

“Eu acho que o que está de errado com o mundo são as pessoas e o modo

“Eu quero que o mun-

como elas estão sendo educadas. E o que está de errado com as pessoas? A

do melhore na água

educação, a formação, o ensino, valores que antigamente elas tinham e ago-

porque ela está sendo

ra não têm mais, o jeito que uma pessoa trata a outra... A competitividade

muito gastada e está

atualmente é muito mais alta, então muita gente quer mal a outra porque

poluída. As pessoas

quer se sair melhor. Essa competição, esses atritos, acabam por gerar atro-

ficam jogando lixo no

cidades, desde guerras – que é o grau mais absurdo – até brigas no colégio

chão e deixam o nosso

– que também acontecem bastante. O que tinha que mudar é o modo como

mundo mais poluído.

essas crianças estão sendo educadas porque os pais, que são as pessoas que

E em São Paulo já está

estão fazendo do mundo algo ruim, são aqueles que estão educando-as, de

acabando a água! As

forma a estabelecer um ciclo. A curto prazo, nada vai mudar – a gente tem

pessoas têm que to-

que esperar décadas para ver se as coisas melhoram, mas o rumo delas está

mar banhos menores,

indo de mal a pior. Eu acho que as pessoas são o grande mal do mundo,

não deixar a torneira

estão transformando tudo em atrocidade, em coisas ruins.”

aberta, escovar os

Luís Felipe Sorgini Peterlini, 17 anos, 3.ª série EM.

dentes com a torneira fechada e jogar lixo no lixo.” Beatriz Carduz Castilho, 9 anos, 5.º ano EF.

“Eu acho que o mundo está muito poluído e temos que ajudar. Porque é o nosso mundo! E as pessoas não pensam no futuro e que isso vai prejudicar a gente. Podemos ajudar não jogando lixo no chão, não gastando muita água, reciclando e não usando muito o carro.” Carolina de Araujo Negri, 12 anos, 7.º ano EF.

Revista Pilotis | 31


internacional

al n io c a n r e t in são luís

por Tuna Serzedello, Departamento de Comunicação

E

sse título aí em cima quer dizer “Colégio São Luís” em chinês. Pelo menos na versão do Google tradutor. O processo de interna-

cionalização do CSL está em pleno curso. Neste ano, além de receber mais uma vez a Feira do Council Of International Schools (CIS TOUR), que conta com a presença de mais de 40 universidades internacionais, e de realizar pela segunda vez o Estudo do Meio da 2.ª série do Ensino Médio nos EUA, em parceria com a Universidade Jesuíta de Omaha/NE – a Creighton University –, o CSL foi certificado para ser um centro aplicador do TOEFL.

TOEFL O Test of English as a Foreign Language ou Teste de Inglês como uma Língua Estrangeira é um exame que tem o objetivo de avaliar o potencial individual de falar e de entender o inglês em nível acadêmico. Aplicado no mundo todo pela ETS (Educational Testing Service), é o principal exame para admissão de alunos estrangeiros em universidades que têm o inglês como língua principal. O CSL passou nas rigorosas exigências da ETS e se credenciou para aplicar o exame. Mais informações: international@saoluis.org 32 | Revista Pilotis


internacional

“Receber 40 universidades internacionais é ter um pedaço do mundo dentro do CSL.”

No Coração da América

Visão do Colégio

Omaha, veia econômica do estado de Nebraska e

O CSL aconselha seus alunos a não fazerem inter-

cidade onde mora Warren Buffet, o homem mais

câmbios longos (6 meses a um ano) durante o tempo

rico do mundo, receberá pela segunda vez os alu-

em que estiverem cursando o Ensino Médio. Além de

Saiba mais sobre as

nos do CSL que irão descobrir o que é ser um ci-

perderem o conteúdo acadêmico e o convívio (em

universidades parceiras

dadão do mundo, o papel do Brasil na economia

uma época muito especial) com os colegas de esco-

do CSL no site:

mundial e, como nossos embaixadores, represen-

la, o estudante retorna com dificuldades em diver-

saoluis.org/universidades

tar o País. Aprenderão sobre história, geografia e

sas matérias e, por melhor que seja o aluno, muitas

cultura americana, vivenciarão as diferenças entre

vezes acaba por perder o ano intercambiado.

os nossos sistemas educacionais e farão uma in-

Esses motivos fazem o CSL recomendar que o

vestigação dentro de si para descobrir quais são

aluno interessado em experiências internacionais

as suas aspirações profissionais. A viagem, que

viaje durante o período de suas férias letivas, nos

une passado, presente e futuro, pretende, além de

inúmeros summer courses oferecidos para ensino

ensinar na prática questões político-culturais e au-

do inglês como segunda língua ou que aguardem

xiliar os alunos na sua futura escolha profissional,

um pouco e cursem uma universidade fora do Bra-

dar uma visão crítica da sociedade americana.

sil, ou ainda façam um intercâmbio pela faculdade

universidades parceiras

com várias opções de cursos e bolsas.

CIS TOUR

Bolsas, descontos e financiamentos são outros te-

Receber 40 universidades internacionais é ter um

mas possíveis de serem discutidos na CIS Tour ou

pedaço do mundo dentro do CSL. Diferentes vi-

ainda no Departamento Internacional do Colégio

sões e propostas encantam os alunos e nos trazem

São Luís, que auxilia os alunos a entenderem e a

muitos questionamentos. Estudar ou não fora? É

amadurecerem a ideia de estudar no exterior, além

para mim? Eu posso pagar? Como fazer? Quando

de apresentar a eles as opções de bolsa e cursos

fazer? A feira ajudará a responder a essas questões.

nas diversas faculdades. Revista Pilotis | 33


eleições

“Eu acredito é na rapaziada Que segue em frente e segura o rojão Eu ponho fé é na fé da moçada Que não foge da fera e enfrenta o leão Eu vou à luta com essa juventude Que não corre da raia a troco de nada Eu vou no bloco dessa mocidade Que não tá na saudade e constrói A manhã desejada” Gonzaguinha

“Acredito na rapaziada” por Edison Petenussi, professor de sociologia do em diurno

34 | Revista Pilotis

N

osso país possui aspectos extre-

dura, o Poder é o monstro do povo, e na

mamente curiosos e, ainda que

democracia, o povo é o monstro do Po-

seja um anacronismo bruto ou

der”. Os estudantes agigantaram-se, agi-

até mesmo radical, vou me permitir con-

taram-se, organizaram-se, tudo em torno

siderar algumas coisas aqui. Exatamente

de um único desejo: autonomia. Em um

há cinquenta anos, o Brasil sofria uma

sistema democrático, a autonomia vem

mudança de direção extremamente signi-

por meio de um simples instrumento:

ficativa, a saber, o golpe militar de 1964.

o voto. Pois então era isso que aquelas

Retirava-se do poder o então presidente

“crianças” tanto desejavam? Queriam de

João Goulart e, junto com ele, a chama

volta “apenas” a autonomia para esco-

democrática de uma nação ainda contur-

lher quem deveria guiá-las? Exato! Hoje

bada. O País mergulha profundamente

este breve relato de uma ínfima parte da

no pesadelo da ausência de liberdade, au-

luta estudantil ganha um contorno leve,

sência de expressão, ausência de direitos;

característico a tudo o que as camadas

ouso dizer que o País era a própria ausên-

do tempo vão sutilmente sobrepondo. As

cia. Nos anos intermináveis que se segui-

gerações passam e passam pela história,

ram a essa mudança abrupta de direção

passam pelos direitos e lutas em frias pá-

política e social, não faltaram tentativas

ginas de livros com fotografias em preto e

de restabelecer a “ordem”, e uma classe

branco, longínquas sombras e narrativas

específica da sociedade passou a mostrar

de um tempo obscuro, mas um tempo

a que veio: a dos estudantes. Sim, o san-

que não é deles.

gue que corria nas veias daqueles jovens

Podemos observar várias falhas no pro-

já havia flertado tempo suficiente com a

cesso democrático atual no Brasil, mas

liberdade a ponto de saber que “na dita-

não podemos dizer que as condições


eleições

políticas não foram criadas para a ma-

tempo se passou e hoje temos o privilé-

a participação de jovens com 16 anos no

nutenção desse mesmo processo. Agora

gio de, aos 16 anos de idade e de forma

processo político por meio do voto são

vem o anacronismo, se é que podemos

espontânea, sermos coparticipantes dos

animadores. Segundo o TSE, nas eleições

chamar assim: imaginemos um estudan-

rumos da nossa nação. É bom que fique

municipais de 2012, mais de 2,6 milhões

te pós-64, vivente do ambiente ditato-

claro que isso é uma grande conquista e

de eleitores na faixa dos 16 aos 17 anos

rial, recebendo a notícia de que jovens

não deve ser encarado como um fardo.

puderam votar para prefeito e vereador.

ganhariam o direito de escolher seus

É bem verdade que a classe política não

Se analisarmos o cenário político e a ques-

governantes aos 16 anos. Quanta luta,

vem colaborando com o estímulo que es-

tão do estímulo à participação desses jo-

quanto sangue derramado para que es-

ses jovens devem receber para participar

vens, poderemos concluir que se trata de

sas doces palavras pudessem ganhar os

do processo político, mas encaremos com

um número expressivo. Se compararmos

ouvidos daqueles adolescentes. Hoje,

verdade, essa não é uma responsabilida-

os dados das duas últimas eleições, o pa-

essa conquista é real e deve ser encarada

de apenas de uma classe específica. A

norama é ainda mais animador: nas elei-

como uma das maiores do sistema demo-

discussão política deve ganhar os espaços

ções gerais de 2010, os jovens de 16 anos

crático vigente. Lugar-comum é lembrar

públicos, deve ser uma responsabilidade

do sexo masculino eram 436.942, já nas

a todos de que a democracia nasceu na

da família e, acima de tudo, deve ter es-

eleições municipais de 2012, o número

Grécia antiga, mas não custa rememorar

paço privilegiado nas casas educadoras.

foi de 475.354. Percebemos esse mesmo

as condições em que tal regime se esta-

Fomentar o debate e privilegiar o “con-

movimento quanto ao sexo feminino, que

beleceu: tinham direito a voto cidadãos

flito de ideias” é uma condição básica da

apresentava um total de 739.566 votan-

atenienses, homens e maiores de idade.

democracia e os jovens não podem ficar

tes nas eleições gerais de 2010, passando

Ora, guardadas as devidas proporções e

alijados desse processo.

para 827.783 nas eleições municipais de

o devido respeito aos pais da civilização

Ao contrário do que muitos podem vatici-

2012 (TSE). A curva desse gráfico também

ocidental, a democracia grega nascia

nar, proferindo frases que não são verda-

é ascendente entre os jovens de dezessete

cerceando direitos aos jovens de opinar

deiras quanto ao interesse dos adolescen-

anos, o que indica que não houve perda

e participar das decisões políticas. Muito

tes na política, os números que indicam

de interesse na participação política. Revista Pilotis | 35


eleições

Como cientista social e professor do Ensi-

e que possuem o poder de decisão (ainda

Estado pela ausência não justificada ao

no Médio, possuo experiências ricas acer-

que estejam submetidos a uma democra-

pleito, trata-se então de um dever jurídi-

ca do debate político em sala de aula. Não

cia representativa) entendem que não, ou

co e não político. O argumento contrário

penso que estamos diante de uma gera-

melhor, ainda entendem que não.

também existe e defende que o voto é

ção apática, de revolucionários de sofá

Se analisarmos os números que indicam a

um direito, não um dever, e representa a

ou de agitadores virtuais de redes sociais.

participação política dos jovens e o ama-

plena aplicação do direito e da liberdade

Outras gerações, como a de 64 ou até

durecimento do País no que tange a de-

de expressão.

mesmo a dos “caras pintadas”, recebiam

mocracia e o engajamento às questões vi-

No entanto, o argumento mais significa-

determinado estímulo ao processo demo-

tais do funcionamento da “coisa pública”

tivo é sem dúvidas o de que o voto fa-

crático e reconheceram-se extremamente

(res publica), ouso dizer que a obrigatorie-

cultativo é adotado em todos os países

importantes em um determinado mo-

dade do voto está com os dias contados.

desenvolvidos e de tradição democrática,

mento político do seu país. Os jovens hoje

Não podemos esconder as conquistas do

sendo que a liberdade outorgada a seus

precisam reconhecer que são os guardiões

último ano, alguns podem conjecturar

cidadãos não torna, em hipótese alguma,

das lutas e das conquistas de seus avós e

que foi “muito barulho por nada”, mas

sua soberania mais frágil. Além disso, en-

pais e garantidores dos direitos e da liber-

não podemos esquecer que somos uma

tendo que é tolice acreditar que o voto

dade de seus filhos, esse é o desafio.

democracia extremamente jovem e com

obrigatório possa gerar cidadãos politi-

Quando há paixão, consciência e prazer,

muito para conquistar e reconquistar. O

camente evoluídos. Estamos em 2014 e

quando entendemos e reconhecemos a

voto obrigatório é um resquício, um ves-

a exigência do voto já existia no Código

importância de nossa ação em sociedade,

tígio de um tempo que não serve mais,

Eleitoral de 1932, segundo um excerto

não nos precisam forçar a coisa alguma,

a não ser de exemplo do que não deve

de discurso proferido pelo ex-senador Ju-

vamos porque reconhecemos, enxerga-

ser feito. No entanto, esse tema é sempre

tahy Magalhães.

mos, tudo fica translúcido.

recorrente, em especial após o período

O debate está longe de terminar, mas

Talvez um dos ajustes necessários entre

de pleito, e no senado parece haver um

sem excesso de otimismo, coisa que par-

tantos de que ainda carecemos no pro-

“racha” de opiniões acerca dessa obriga-

ticularmente não possuo, vislumbro, por

cesso democrático seja a espontaneidade

toriedade. São vários os argumentos pró-

conta dos aspectos aqui abordados, um

do voto. A pergunta que fica é: como sou

-obrigatoriedade, um dos mais latentes

caminho democrático de amadurecimen-

obrigado a participar se o regime é demo-

é o de que o voto é um poder-dever, ou

to. Acreditemos nos novos guardiões das

crático? A pergunta que se contrapõe a

seja, mais que um “mero” direito, o voto

nossas lutas e conquistas, acreditemos

essa é: teríamos atingido uma maturidade

constitui-se num dever, numa responsabi-

no sangue de todos e todas que doaram

política para compreendermos que cada

lidade que cada um tem em relação aos

um tanto de si para que a sociedade bra-

voto é de suma importância e que a parti-

seus concidadãos ao escolher seus man-

sileira pudesse respirar em paz o doce ar

cipação é pura cidadania? Os responsáveis

datários. Ora, se somos “punidos” pelo

da liberdade.

“Quando há paixão, consciência e prazer, quando entendemos e reconhecemos a importância de nossa ação em sociedade, não nos precisam forçar a coisa alguma, vamos porque reconhecemos, enxergamos, tudo fica translúcido. “

36 | Revista Pilotis


estudo do meio

Revista

Rural por Cris Mazzocchi e Iracy Gomes, coordenadora e assessora de Formação Cristã do 6.º ano EF.

A Revista Rural é resultado do trabalho interdisciplinar do 6.º ano EF, realizado em 2013, após o Estudo do Meio que aconteceu em Leme-SP. Durante o ano, os alunos entraram em contato com os diversos conteúdos na sala de aula experienciados durante o Estudo do Meio. O tema “O Homem o e Ambiente” inspirou a criação da Revista Rural. O trabalho começou com uma apresentação do Tuna (DECOM), que mostrou a variedade de exemplares de revistas e suas particularidades. Feito isso, os professores, de acordo com seus conteúdos, programaram a distribuição dos diversos assuntos. A diagramação, a ilustração e a capa da revista foram elaboradas pelos alunos. Revista Pilotis | 37


esporte

Mulheres da

quadra por Paula Viotti Bastos, professora de Educação Física.

Em 1991, o Coordenador de Esportes

que treinavam e participavam de vários

lhano, Gabriela Queiro e Flávia Canton,

(Paulinho), numa conversa informal comi-

amistosos e campeonatos. A cada ano,

entre outras, receberam destaque.

go, lançou a ideia de iniciarmos o Futsal

eram mais e mais meninas que participa-

Em 21 anos de Futsal feminino no São

feminino para o ano seguinte. Ele sabia

vam dos treinos!

Luís, a melhor jogadora que já tive foi

da minha paixão pelo futebol! E foi com

Em 1996, o Futsal feminino foi pela pri-

Carolina Borges, a nossa Ninu, que, dife-

muita alegria que, em 1992, demos início

meira vez aos Jogos Jesuítas em Santa

rentemente das outras, não nasceu com

ao Futsal feminino.

Rita. Já em 2008, fomos à Europa com

o dom da bola, aliás, parecendo não ter

Os treinos aconteciam apenas durante os

7 meninas do Colégio São Luís, que se

capacidade alguma para jogar Futsal aos

recreios, nas quadras onde hoje se localiza

juntaram a meninas dos Colégios Ma-

olhos de quem não acredita. Havia me-

o prédio São Luís Gonzaga e que chamá-

ckenzie, Rio Branco e Santa Cruz para

ninas que nunca desistiram e às quais

vamos de “rala-rala”, por serem de cimen-

jogar futebol de campo. A experiência foi

eu insistia que conseguiriam jogar, cada

to. Iniciamos com as meninas do 5.º ano

marcante e divertida, e assim o Futsal fe-

uma com suas habilidades. Assim, muitas

ao Ensino Médio, com as categorias mini,

minino permanece até hoje!

meninas se tornaram grandes fixas, alas,

mirim, infantil e juvenil. Eram meninas que

pivôs e goleiras. Aliás, a melhor goleira

Derrubando preconceitos

nesses 21 anos de Futsal feminino se fez

curto em que aconteciam os recreios. Com essas primeiras equipes, fomos ao Oliarqui

Foram muitas barreiras vencidas, princi-

onato da sua vida, lá no Colégio Assun-

(Olimpíadas do Colégio Arqui).

palmente no começo, quando o precon-

ção, e pensou em desistir. Porém para a

Junto com o Coordenador Paulinho, per-

ceito era muito grande. “Meninas não fo-

alegria de todas, a nossa Ju 40 (Juliana

cebemos que poderíamos seguir com es-

ram feitas para jogar futebol”, já diziam

Quarenta) seguiu fechando o gol! É meu

ses treinos no ano seguinte.

educadores, pais, mães, tios, tias e todos

exemplo de jogadora, todos os dias, para

aqueles que nunca acreditaram na beleza

aquelas meninas que chegam sem saber

Ganhando espaço

e na arte de aprender e ser possível, SIM,

coisa alguma e vêm treinar porque gos-

Em 1993, muitas meninas se inscreveram

que meninas joguem futebol!

tam de futebol.

nos treinos e, com isso, saímos dos re-

Histórias de meninas que já nasceram

creios. Tínhamos, então, um horário e as

com o dom de jogar bola, como Fernan-

As histórias são muitas...

quadras da Bela Cintra para treinar!

da Botter, Angela Lima, Carolina Lacreta,

Uma das mais emocionantes histórias

Em 1994, o Futsal feminino contava com

Carla Mattar, Judith Piza, Daniela Cyrino,

aconteceu no dia 8 de outubro de 2006.

inúmeras meninas de todas as categorias,

Mariana Pereira, Juliana Barros, Ana Ga-

Em plenos XVI Jogos Interamizade, con-

vinham dispostas a treinar num tempo tão

38 | Revista Pilotis

assim, tomou 13 gols no primeiro campe-


esporte

seguimos chegar à final contra o Colégio

na em 2013 da 3.ª série EM. Eis mais um

2 horas, entre quadras externas e giná-

Palmares, com as meninas do Juvenil. No

caso de menina que tem paixão pelo fute-

sio. Aliás, essa é uma maneira de essas

dia anterior, perdi uma grande amiga aos

bol e que chegou para treinar sem saber

meninas, mulheres, mães, se despedirem

36 anos, de leucemia, e o enterro iria

jogar. Ela mesma brinca com isso e se tor-

do lugar onde jogaram por muitas vezes,

acontecer no horário da final.

nou uma bela jogadora. Fez belos gols nes-

o ginásio.

As meninas já conheciam a história des-

ses XXIII Jogos Interamizade de 2013, os

Enfim, emoções com vitórias, derrotas,

sa amiga, pois ela morava na Av. Paulista

últimos dela e dos quais fomos campeãs.

treinos, brincadeiras, amizades, festas,

e, quando íamos jogar no Colégio Mag-

Foi num Interamizade, quando o futebol

risadas, choros, alegrias, tristezas, cum-

no, passávamos na frente do prédio. Na

dela começou a aparecer, que combinei

plicidades, aprendizados, dificuldades...

Kombi, elas pediam que buzinássemos

com ela: “Se você fizer um gol, eu vou

Treinar meninas não é tarefa fácil, pois

e davam um “tchau” para mandar força

invadir a quadra”. Isso para mim era in-

os adversários são muitos além daqueles

positiva. No dia do jogo, o Prof. Fábio e

viável, pois seria passível de receber um

com os quais jogamos de fato. TPM, có-

a Prof.ª Rita ficaram com as meninas na

cartão amarelo, o que nunca aconteceu,

licas, briga com namorado, a unha que

final. Conversei com Daniela Jerez, minha

e muito menos invadir a quadra. E não é

quebrou, a nota ruim, a briga com a me-

capitã, e pedi que desse força para o time.

que ela fez o gol? E eu... invadi! Foi emo-

lhor amiga, o cabelo que desarrumou, a

Na hora do jogo, elas pediram que fosse

cionante, quase fomos para o chão!

inconstância da adolescência, o precon-

feito 1 minuto de silêncio no Ginásio.

ceito dos pais, meninas difíceis de domar, como Catarina, do Noturno, que na 1.ª

estar com elas, meninas que estavam co-

Reencontrando atletas e amigas

migo por 7, 8 anos! Fui ao enterro e liguei

Em 2012, foi realizado o 1.º Encontro de

série EM como minha capitã. Enfim, meu

assim que saí, para saber como estavam as

ex-alunas do Futsal feminino, com a par-

maior prazer é ver o quanto a vida pode

coisas. As meninas pediram que eu fosse

ticipação de quase 100 ex-alunas. Eu diria

ser aprendida por meio do Futsal para

até lá, e eu fui. Elas, com todos os pais, que

que foram poucas, pois é a soma às vezes

cada menina, e o quanto eu ainda apren-

sempre nos acompanharam nos jogos por

de 1 ano, apenas. Outros vários encon-

do com elas!

todos esses anos, estavam lá, gritando, vi-

tros virão e, se a emoção for igual à do 1.º

Cada turma que sai deixa saudade, e as

brando, por terem sido campeãs. Fui tão

encontro, que Deus me ajude a segurar

novas turmas trazem novas possibilidades.

abraçada que mal conseguia respirar. Jun-

meu coração.

Amo o que faço, simples assim.

tas, na alegria e na tristeza, comemoramos!

Montamos vários times, de acordo com

Se ainda tem gente que acredita que Fu-

Outra história foi com a Luiza Del Nery, alu-

as turmas, e elas jogaram bola por quase

tebol não é para meninas, que pena.

Não preciso dizer o quanto foi difícil não

série EM era encrenqueira e chegou à 3.ª

Revista Pilotis | 39


faça você mesmo

1

2

Você vai precisar de:

Recorte os moldes do bico, das patas, da

Pegue a bexiga azul-claro e infle-a. De-

- 1 bexiga azul-claro

crista e dos olhos da Galinha, disponíveis

pois, pegue a crista recortada da cartoli-

- 1 bexiga vermelha

no álbum do Flickr, nas linhas indicadas.

na vermelha e, separando as duas partes

- 3 cartolinas (ou papel-cartão), sendo uma

Você utilizará esses moldes como uma

criadas pelo pequeno corte em sua base,

branca, uma amarela e uma vermelha

referência para fazer os desenhos nas car-

encaixe-a na área que possui o nó da

- 1 par de olhos móveis

tolinas – que são mais resistentes e indica-

bexiga. Para colar, passe cola-bastão nas

- 1 tesoura sem ponta

das para compor a Galinha do que papel

pontas das duas partes que ficarão em

- 1 embalagem de cola-bastão

sulfite. Contorne os moldes nas cartolinas

contato com a bexiga.

- 1 caneta permanente

de mesma cor com lápis ou caneta e re-

- 6 botões amarelos ou brancos

corte. Lembre-se: tanto os olhos quanto

- Folha de moldes (disponível no Flickr)

as patas devem ser recortados da cartolina duas vezes, de modo a formar pares.

a a passo par o s s a p o a im asa Confira ac fácil e em c a ir e n a m e produzir d rsonagem a famosa pe

Não há a menor dúvida – a Galinha Pintadinha, fenômeno infantil que surgiu na Internet, é um verdadeiro sucesso com as crianças. Por isso, para garantir a diversão em casa, produzimos, junto com o Integral, um passo a passo de como fazer a sua própria Galinha Pintadinha, com o(a) seu(sua) filho(a)!

PASSO A PASSO DETALHADO NO FLICKR Para visualizar todas as fotos do passo a passo, acesse o álbum “Galinha Pintadinha” no nosso Flickr: www.flickr.com/photos/saoluis/sets

40 | Revista Pilotis


faça você mesmo

3

4

5

Para fazer os olhos, cole os olhos mó-

Pegue a bexiga vermelha e corte o seu

Por fim, cole as patas na parte inferior da

veis nos recortes de cartolina branca e,

bico, deixando apenas a parte mais arre-

Galinha. Para deixá-la ainda mais bonita,

depois, cole-os na bexiga na altura em

dondada. Em seguida, cole-a na ponta do

cole botões (na quantidade de sua pre-

que seriam seus olhos. Uma dica: caso

recorte de cartolina amarela, que será o

ferência) ao redor da bexiga e desenhe

não consiga encontrar olhos móveis para

bico da Galinha. Depois, é só colar o con-

cílios próximo ao molde branco, com a

comprar, você pode desenhá-los com a

junto na bexiga.

caneta permanente.

caneta permanente nos recortes brancos.

A OM C ERSÃO DIV

a h pintadin a h galin A orientadora de estudos do Integral, Thatiana Prado, realizou essa atividade com alguns alunos, após a contação da história “A galinha xadrez”, de Rogério Trezza (Brinque Books, 1996). Foi uma atividade e tanto!

Revista Pilotis | 41


cultura

Flor do Deserto O longa conta a história verídica de Waris Dirie, uma garota de família nômade, na Somália. Aos 13 anos, ela atravessa o deserto por dias para fugir de um casamento arranjado com um homem muito mais velho. A partir daí, a garota é enviada para Londres, onde, eventualmente, acaba sendo descoberta por um famoso fotógrafo e torna-se modelo. O filme intercala os momentos presentes da vida de Waris (que acaba saindo das passarelas para ser embaixadora da ONU) com flashbacks de sua infância árdua – o caminho que a levou a levantar a luta contra a circuncisão feminina praticada por sua cultura. Título original: Desert Flower Gênero: Drama Classificação: 14 anos QUANTO TEMPO DURA UM SONHO? Antigamente, acreditava-se que os sonhos aconteciam em flashs, ou frações de segundos, mas hoje já é sabido que, na verdade, eles ocupam tempo real em nossa mente. Os

Bíblia para crianças em rimas

sonhos acontecem à

O livro apresenta uma alternativa inovadora para

mesma velocidade que

apresentar a Bíblia aos pequenos: as principais his-

imaginamos vivenciá-

tórias bíblicas do Antigo e do Novo Testamento ga-

-los e podem durar

nham um formato de rimas. Os textos são, além de

de 10 a 40 minutos!

rimados, breves, divertidos e com uma sonoridade

O enredo dos sonhos

encantadora. Recontada por Silvia Timm e com

está sempre ligado

belas ilustrações feitas por Kristina Stephenson, a

a nossos medos,

musicalidade dos contos certamente irá envolver

preocupações ou

não só crianças mas adultos também. Disponível

desejos. No entanto,

na Biblioteca São Luís.

para nos lembrarmos do sonho, precisamos

Título original: Baby Bible

acordar no momento

Autor: Sarah Toulmin

em que ele acontece.

Editora: Paulinas

42 | Revista Pilotis


cultura

CLÁSSICO DA BROADWAY SEGUE EM CARTAZ Ainda dá tempo de assistir ao verdadeiro marco dos musicais, “O Rei Leão”, que segue em cartaz no Teatro Renault por tempo indeterminado. Baseado no desenho da Disney de mesmo nome, o espetáculo conta a famosa saga de Simba, herdeiro do trono da selva, após ter sido enganado por seu tio Scar e fugido de sua terra. No premiado musical, os expectadores poderão vivenciar uma experiência única da união de grandes talentos musicais e teatrais com referências da cultura africana e do teatro de máscaras e marionetes. As canções, originalmente elaboradas por Elton John e Tim Rice, ganham tradução de Gilberto Gil na versão brasileira e embalam a mágica e encantadora história. O REI LEÃO De quarta a sexta-feira, às 21h; Sábado, às 16h e às 21h; Domingo, às 14h e às 18h30. Ingressos: R$ 50 a R$ 270. Teatro Renault (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411, Bela Vista – Centro). Tel.: (11) 4003-5588. Classificação: Livre.

DRUMMOND NOS PALCOS GANHA NOVA TEMPORADA Maurício Soares Filho, professor de Literatura do Ensino Médio Diurno e Noturno do CSL, está mais uma vez em cartaz com o espetáculo “Resíduo Drummond”. Com direção de Luciana Garcia, Maurício dá vida ao monólogo dramático que perpassa os poemas de Carlos Drummond de Andrade (19021987). É por meio da incrível literatura de Drummond que o protagonista em conflito reflete sobre o mundo que o cerca. RESÍDUO DRUMMOND De 08/03 a 27/04. Sábado, às 20h; Domingo, às 18h. Ingressos: R$ 60. Teatro Livraria da Vila (Shopping JK Iguatemi – 2.º piso. Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041 – Vila Nova Conceição). Tel.: (11) 5180-4790/5180-4791. Classificação: 14 anos.

Revista Pilotis | 43


antigo aluno (diurno)

Pelo bem do

Há 25 anos tentando ajudar as pessoas com o seu trabalho, Waldemar credita ao CSL esta importante lição de vida.

W

aldemar Manassero, 38 anos, é coordenador socioesportivo da instituição Acli Desenvolvimento Social. O antigo aluno do CSL é parte da nossa história e conversa com a revista Pilotis para contar um pouco de si mesmo e da sua missão de vida.

Revista Pilotis - Conte um pouco do seu his-

para pessoas com deficiência visual. Os atletas não

tórico acadêmico como aluno do CSL e depois

são cegos, mas têm baixa visão, sendo o que o

de ter se formado.

limite máximo de visão para poder participar da

Waldemar Manassero - Eu fui aluno do São Luís

modalidade é de 35%, ou seja, a perda é de pelo

de 1981 a 1993, tendo passado os treze anos de

menos 65%.

ensino no Colégio. Participei de diversos retiros espirituais, dos grupos de teatro, dos GVx e de

RP - Conte também sobre essa história de ge-

treinamentos de Futsal. Representei o Colégio nas

rações estudando aqui e a paixão pelo São

provas de natação e, praticamente todo sábado,

Luís. Quando começou e por que continuou?

ficava com mais um grupo de amigos, todos ex-

WM - Eu tenho diversos primos que estudaram no

-alunos, das 8h às 14h jogando Futsal. Sem som-

São Luís, um deles, o professor José Garcez Ghirar-

bra de dúvida, era a extensão da minha casa.

di, que, além de ter sido aluno, deu aula de inglês

Na faculdade, cursei Educação Física – minha pai-

por vários anos na escola. Se somarmos individual-

xão por futebol sempre foi grande – na UNESP,

mente os anos de escola dos membros da família

em Bauru. Em 2000/2001, fui preparador físico

Garcez Ghirardi, da família Luchetti e da minha fa-

do time feminino do Clube Atlético Juventus da

mília (Manassero), temos por volta de 100 anos de

Moóca e, em 2002, fui preparador físico do time

participação na vida do São Luís. Acho que é um

que representou a cidade de Salto e foi campeão

tempinho, né?

dos Jogos Abertos do Interior. Em 2003, dei aula

A escolha foi devida ao alto nível de ensino do São

no Colégio São Luís.

Luís, que é uma escola católica e que prepara para

Desde 2007 trabalho com Ginástica Laboral, uma

a vida.

modalidade de ginástica que é aplicada em empre-

44 | Revista Pilotis

sas e combate as doenças osteomusculares relacio-

RP - O tio Guedes é seu primo! Ele é um patri-

nadas ao trabalho.

mônio do Colégio. Conte um pouco sobre isso.

Voltando um pouquinho no tempo, desde 2005

WM - Um dos símbolos do São Luís e que envolve a

coordeno e sou treinador de equipes de Futsal

história da minha família é o professor Guedes, que


antigo aluno (diurno)

“O momento mais marcante foi quando fui convidado a ser o treinador da Seleção Brasileira de Futsal”

deu aula para 3 primos, para mim e para meus ir-

marginalizadas, que sofriam e sofrem preconceitos

mãos. Em 2003, quando dei aula no Colégio, dividi

e retaliações. No ano passado me dei conta de que

uma turma de crianças com ele. Um exemplo a ser

já são 25 anos tentando ajudar o próximo, uma

seguido, uma pessoa muito dedicada e que, apesar

das tantas lições que aprendi no Colégio.

de não ser consanguineamente da minha família,

Meu trabalho com as pessoas com deficiência co-

faz parte dela sem sombra de dúvida.

meçou justamente por conta disso e por ter sido

Não foi apenas o Guedes que influenciou em mi-

convidado por um amigo e ex-colega de facul-

nha educação, tive outros professores muito im-

dade, José Dionísio, a treinar uma instituição que

portantes, mas, para não esquecer nenhum nome

desenvolve atividades esportivas com pessoas com

e para não ser injusto com nenhum deles, não vou

deficiência visual. Esse meu amigo é o atual prepa-

citá-los, mas já tive a oportunidade de agradecer

rador físico da seleção feminina de Goal Ball.

alguns via Facebook.

A realidade dessas pessoas não é de situação de risco, mas sim de passarem por preconceitos e re-

RP - Você diz que o Colégio o influenciou a

taliações em suas vidas profissionais nas empresas

trabalhar com pessoas com deficiência. De

onde atuam.

que forma? Teve algum momento ou alguma

O momento mais marcante foi quando fui con-

experiência marcante nesse sentido?

vidado a ser o treinador da Seleção Brasileira de

WM - A professora Lindamar Moledo, além de ou-

Futsal B2/B3 no ano de 2012. Iríamos disputar o

tros professores e coordenadores, representa uma

Mundial da modalidade no Japão, mas, por falta

parte muito importante da minha vida e da minha

de apoio, não conseguimos a verba. Outro mo-

história. Participo de ações de voluntariado desde

mento importante foi quando eu fui eleito o me-

os meus 12 anos, quando tive a primeira oportuni-

lhor treinador do Brasil da modalidade, em 2007,

dade, via São Luís, de ir a um asilo e a uma creche

em Vitória, no Espírito Santo. Em seguida, teve o

que eram mantidos pela escola. Desde esse perío-

mundial disputado no Brasil e tive o prazer de ter

do, mesmo em Bauru, sempre dediquei uma parte

quatro atletas pré-convocados pela seleção e três

da minha vida para pessoas em situação de risco,

que disputaram o mundial. Revista Pilotis | 45


antigo aluno diurno

“Os desafios mais delicados são, em primeiro lugar, fazer com que a sociedade não olhe com menosprezo para as pessoas com deficiência”

RP - Como era o CSL na sua época e o que

horários e professores. Como base do tripé de ativi-

conhece dele agora? Quais as principais dife-

dades serão desenvolvidas ações educacionais e de

renças e mudanças que aconteceram?

apoio psicológico às famílias. É importante citar aqui

WM - Das principais mudanças que vi, a maior de-

que o preconceito e as barreiras impostas nas vidas

las foi a criação de três quadras em cima do cam-

das pessoas com deficiência começam em casa.

pão e uma modernização tecnológica em relação

As dificuldades principais são as captações de ver-

à minha época, afinal em 2014 faz 21 anos que

ba, pois muitas vezes um bom projeto não é ana-

me formei, em 1993. Mas, pelo que me contam

lisado por pessoas que tenham uma determinada

alguns amigos que têm seus filhos estudando no

sensibilidade. Para conseguirmos passar entre os

São Luís, as lições e a maneira de se encarar a vida

50 projetos, entre mais de 2200 aprovados pela

continuam iguais, o que é muito importante.

FUMCAD em 2013, batalhamos por 4 anos, batendo nas portas de algumas empresas, até que

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RP - Descreva o seu trabalho com pessoas com

participamos desse processo seletivo, em que pas-

deficiência. Quais seus projetos em curso e

samos em terceiro lugar.

em planejamento? Quais as principais dificul-

Os desafios mais delicados são, em primeiro lugar,

dades e/ou desafios do seu trabalho?

fazer com que a sociedade não olhe com menos-

WM - Atualmente eu coordeno uma instituição

prezo para as pessoas com deficiência, como se

chamada Acli Desenvolvimento Social, fundada em

elas fossem incapazes de realizar quaisquer ativi-

2010/2011 por pessoas importantes da comunida-

dades. Claro que existem barreiras, não apenas

de italiana. Nossa presidente, por exemplo, é presi-

as arquitetônicas, mas simples adaptações fazem

dente também do Comites – Comitato degli Italiani

com que elas possam se desenvolver naturalmen-

all’Estero –, Rita Blasioli Costa. O projeto, que foi

te. Infelizmente, se por um lado as leis dão algu-

aprovado no ano passado pela FUMCAD, é o princi-

mas garantias, por outro acabam aumentando o

pal que estamos tocando em parceria com o Clube

preconceito contra essas pessoas. Em segundo

Esperia. Ele consiste em atividades esportivas, que

lugar, fazer com que a própria pessoa com defici-

serão aplicadas 100% integradas aos associados

ência se enxergue dentro de suas limitações, mas

do Clube Esperia. Ou seja, crianças e adolescentes

com um olhar desafiador de quem quer ultrapas-

normais e com deficiência visual irão fazer ativida-

sá-las, em vez de pararem e se amedrontarem no

des conjuntamente, dividindo os mesmos espaços,

primeiro obstáculo que aparecer.


Você pode participar da Revista Pilotis n.º 27! Envie sua sugestão de pauta, seu artigo, sua opinião ou sua crítica para revistapilotis@saoluis.org



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