Revista Pilotis # 28 - novembro/dezembro de 2014 Produção interna dos alunos e educadores do Colégio São Luís
TECNOLOGIA Menos fila na hora de buscar seu filho MISSÃO RURAL Experiência de vida NOTURNO Tardes de cinema
os 7 pilares da administração brasileira vs 1 novo presidente eleito O cenário atual do Brasil e a visão de nossos alunos sobre os sete principais temas debatidos durante o período eleitoral, que agora são colocados diante de nosso governante.
Edição/Jornalista Responsável Marcia Guerra - DECOM Departamento de Comunicação (MTB 2435) Diagramação e projeto gráfico André Cantarino - DECOM Revisão Departamento de Publicações
A capa deste número da Pilotis não é de brincadeira. Brinca, sim, é verdade, com um placar que certamente ficará engasgado para sempre na memória do País do Futebol. Mas, no fundo, é só isto: um placar de uma partida de uma Copa do Mundo. Folclore... 7 x 1, aqui, aponta para a seriedade que é o desafio de continuar construindo o Brasil. Assim, pode-se argumentar que o evento mais importante do ano foram as eleições de outubro passado. Politicamente, não há nada mais universal no nosso País do que eleger os representantes do Poder Executivo federal e estadual, além de Senadores e dos Deputados Federais. O bem que se pode fazer por meio desses cargos tem incidência sobre todos os brasileiros, além
Reportagem Adriana Messias Alves – Prof.ª de Redação do EF Carolina P. Graziano – Prof.ª de Redação do EM Daniela A. Cury Rojas – Prof.ª de Geografia do EF Denise Krein – Ex-assessora técnico pedagógica Fábio Olliani – Coordenador da Ed. Física e Esportes Gilberto Teixeira – Professor de História do EM Noturno e Coord. do Centro de Memória do CSL Iracy Gomes – Assessora de Formação Cristã Julia Braun – Estagiária do DECOM Jussane Pavan – Prof.ª de Redação do EM Noturno Kely Cristina Pasquali – Prof.ª de Matemática do EF Marcelo Martins – Coordenador do DTA Marcia Guerra – Coordenadora do DECOM Margarete da Penha Sevilha – Prof.ª de Ciências do EF Moacyr Nogueira – Professor de Geografia do EM Nilza Guimarães – Professora de Artes Pilar Baptista – Ex-estagiária e colaboradorado DECOM Rafael Facchini – Aluno da 3.ª série EM Tuna Serzedello – Assessor do DECOM
das repercussões internacionais inerentes ao mundo globalizado. E a Pilotis vai mais além: da zona rural de Montes Claros, MG, ao Oriente Médio e suas complexidades. De uma reflexão profunda sobre o processo de avaliação dentro da Pedagogia Inaciana ao testemunho de um antigo aluno sobre o seu trabalho com a NASA. Encerrando este “ano que vale 200”, celebrando o bicentenário da restauração universal da Companhia de Jesus (1814-2014), a Pilotis é uma vitrine do CSL: fiel à sua história, reverente para com a sua memória, dinâmico, inova-
Colaboração Tuna Serzedello - DECOM Direção-Geral Pe. Eduardo Henriques, SJ Direção Benedita de Lourdes Massaro Jairo Nogueira Cardoso Luiz Antonio Nunes Palermo
dor, buscando excelência e qualidade em tudo o que faz, “antenado”, conectado e aberto ao mundo e à sociedade em que está inserido. Obrigado por mais este ano a todos vocês que fazem o São Luís tornar-se o que é chamado a ser por vocação!
Rua Haddock Lobo, 400 - Cerqueira César CEP 01414-902 / São Paulo, SP
Boa leitura! Pe. Eduardo Henriques, SJ Diretor-Geral do Colégio São Luís
Tel.: 11 3138 9600 / www.saoluis.org
A Revista Pilotis é uma publicação interna do Colégio São Luís.
Revista Pilotis # 28 - novembro/dezembro de 2014
4 projeto interdisciplinar Vai chover?
22
7 INTERAMIZADE Prazer em “vestir a camisa”
Os 7 pilares da administração brasileira vs 1 novo
8 estudo do meio
presidente eleito
18
Novos olhares no contexto da educação
11 tecnologia Menos fila na hora de buscar seu filho
12 sistema de qualidade avaliação Avaliar para quê?
De Miami a Antofagasta em busa da qualidade
14 missão Rural Experiência de vida
17 língua inglesa TOEFL no Colégio São Luís
21 bienal de artes Antigo Aluno Ao infinito e além!
Asas do Tempo: Arte, memória em movimento
48
29 evento SINU na veia
30 teatro Conexões 2014. Uma edição bem-temperada na web
38 ensino médio noturno
Leia mais matérias completas no site www.issuu.com/revistapilotis
32
Tardes de cinema
artigo Oriente Médio: Um breve relato da situação atual e
40 história Padre Guy
dos conflitos da região.
44 Faça você mesmo Uma coruja pra lá de útil!
46 cultura
PROJETO INTERDISCIPLINAR
vai
chover?
O tema Mudanças Climáticas inspirou a criação do projeto interdisciplinar Estação Meteorológica, que envolve as disciplinas de Ciências, Geografia, Matemática e Redação.
Por Adriana Messias Alves, professora de Redação; Daniela Anselmi Cury Rojas, professora de Geografia; Kely Cristina Pasquali, professora de Matemática e Margarete da Penha Sevilha, professora de Ciências.
O
s impactos gerados pelo constante aumento das emissões mundiais de gases de efeito estufa podem ser cada vez mais graves e até irreversíveis. Essa é a conclusão do estudo mais recente feito pelo Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC), que será divulgado oficialmente neste mês. As mudanças climáticas pelas quais o planeta passa inspiraram a criação do projeto interdisciplinar Estação Meteorológica no ano de 2007, realizado com as turmas do 6.º ano EF. Esse projeto tem por objetivo despertar o interesse dos alunos pelas questões meteorológicas por meio da observação do céu, da realização de medidas das condições do tempo, do tratamento dos dados e das discussões sobre esse importante tema. Entendemos que o projeto Estação Meteorológica contempla as etapas do Paradigma Pedagógico Inaciano e o conteúdo programático das disciplinas envolvidas. 4 | Revista Pilotis
PROJETO INTERDISCIPLINAR
“Os alunos se mostraram muito interessados e motivados porque puderam aplicar, em uma situação real, os conteúdos que aprenderam no Laboratório de Ciências.”
Avaliação: A avaliação levou em consideração os seguintes aspectos: • Envolvimento no processo de coleta de dados. • Organização das informações e confecção dos gráficos. • Análise dos dados coletados e apresentação dos resultados. • Respeito e colaboração no trabalho em equipe. Acreditamos que esse projeto tenha contribuído para a formação integral do/a aluno/a, mostrando-lhe que as ações humanas interferem na vida do planeta Terra: “Escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.” Deuteronômio 30,19.
Contexto
Experiência
As medições foram realizadas no período
A contextualização realizada nas aulas
A experiência foi realizada por meio da
de 18 a 29 de agosto de 2014, durante o
de Ciências e Geografia iniciou-se com o
utilização de diferentes instrumentos de
recreio, obedecendo a uma escala de 15
levantamento de questões do cotidiano:
medida das condições do tempo, como
alunos por dia. Elas resultaram em mo-
Vai chover? A umidade do ar está baixa?
barômetro (pressão atmosférica), higrô-
mentos de aprendizado significativo. Os
A amplitude térmica de hoje será inverti-
metro e psicrômetro (umidade do ar),
alunos se mostraram muito interessados
da? A qualidade do ar está ruim? As con-
termômetro ambiental, termômetro de
e motivados porque puderam aplicar,
dições da atmosfera estão favoráveis à
máxima e mínima e termômetro de solo
em uma situação real, os conteúdos que
dispersão dos poluentes? A temperatura
(temperaturas), além de pluviômetro
aprenderam no Laboratório de Ciências.
da Terra está aumentando?
(quantidade de chuva). Em caso de chuva,
Durante as aulas teóricas, os alunos pude-
Se a Terra continuar se aquecendo no pa-
media-se seu grau de acidez. Os alunos
ram compreender os fatores geográficos
drão atual, os cientistas preveem um ce-
utilizaram a biruta e a rosa-dos-ventos
que interferem no clima, como a latitude, a
nário devastador para as próximas déca-
(GPS) para identificar a direção e a Escala
altitude, a maritimidade, a continentalida-
das. A hipótese é de que haja destruição
Beaufort para estimar a velocidade dos
de e a transpiração dos vegetais. Propomos
em massa de plantas e animais, déficit na
ventos. Além disso, eles observaram o céu
a eles situações práticas e exercícios de
produção de alimentos, inundações cos-
para avaliar seu grau de cobertura e iden-
aplicação para que identificassem de que
teiras, aumento da pobreza e fome, além
tificaram os diferentes tipos de nuvens. A
maneira esses fatores interferem na dinâ-
de perdas econômicas em todo o mundo.
altitude foi avaliada por um altímetro.
mica climática de várias regiões do planeta. Revista Pilotis | 5
PROJETO INTERDISCIPLINAR
“A partir dessas atividades, as crianças poderão realizar várias ações individuais e/ou coletivas, com o objetivo de reduzir a poluição do ar.” Foram trazidas para as aulas várias curio-
tões climáticas às atividades humanas.
sidades sobre as questões climáticas no
A partir dessas atividades, as crianças po-
mundo. Informações sobre a previsão do
derão realizar várias ações individuais e/
tempo para o dia também foram pesquisa-
ou coletivas com o objetivo de reduzir a
das e apresentadas pelos próprios alunos.
poluição do ar. Entre elas, podemos citar:
Após a coleta dos dados na Estação Me-
andar mais a pé e de bicicleta, dar prefe-
teorológica e seu registro na apostila de
rência ao transporte coletivo e às fontes
laboratório, chegou o momento de se
alternativas de energia, organizar caro-
trabalhar com o tratamento dessas infor-
nas, plantar árvores, entre outras.
mações nas aulas de Matemática. Com
Para finalizar do projeto, todas essas ques-
as informações organizadas em tabelas,
tões e também os dados coletados e ana-
e tendo algumas noções básicas da pla-
lisados foram utilizados para a produção
nilha eletrônica Excel, os gráficos foram
de um texto jornalístico, gênero estudado
construídos em duplas no Laboratório de
nas aulas de Redação. Os estudantes, or-
Informática. Os alunos construíram gráfi-
ganizados em duplas, foram protagonistas
cos comparativos de barras múltiplas e de
da situação vivenciada, mas se colocaram
linhas, escolheram o layout e nomearam
na posição de redatores em 3.ª pessoa,
adequadamente cada um dos elementos
relatando de forma imparcial os principais
dos gráficos (eixo horizontal e eixo verti-
fatos, transformando-os em notícia.
cal, título e legenda).
Por meio da elaboração de um título chamativo e de um lead (primeiro parágrafo
Reflexão
da notícia) bem elaborado, os alunos in-
A análise dos dados coletados permitiu a
formaram à comunidade do Colégio São
VEJA MAIS NO FLICKR
reflexão sobre a relação entre as condições
Luís o que o 6.º ano realizou, quem fo-
Confira as fotos do projeto em um
da atmosfera e a previsão do tempo. Am-
ram as pessoas envolvidas no fato, como
álbum especial no Flickr do Colégio:
pliando o tema, discutimos a intensificação
o fato se deu, onde e quando ocorreu, e
www.flickr.com/photos/saoluis/sets
do efeito estufa, correlacionando as ques-
por que se constituiu dessa forma.
6 | Revista Pilotis
interamizade
O prazer em
“vestir a camisa” Os Jogos Interamizade do Diurno aconteceram entre os dias 26 de setembro e 02 de outubro e do Noturno entre os dias 17 e 19 de outubro, no CSL. Por Fabio Oliani, coordenador de Educação Física e Esportes
M
ais um Interamizade chegou
poder ter a lembrança de um gol ines-
ram estampados nos banners são verda-
e nós, como professores,
quecível, uma cesta no último segundo,
deiros exemplos do Esporte no São Luís.
sentimos o mesmo “frio na
aquele bloqueio que decide uma partida.
Assim como tantos ex-alunos que hoje
barriga” que os alunos sentem todo ano.
Sendo assim, não tem como não sentir
dirigem as Associações Atléticas de suas
Como não se envolver com um grupo
esse “friozinho na barriga”.
respectivas universidades e que sempre
que se reúne semanalmente, no meio de
aparecem para nos lembrar do sentido
provas, trabalhos, viagens de Estudo do
De roupa nova
de nosso trabalho.
Meio, e que, ao mesmo tempo, trabalha
Foi o XXIV Interamizade do CSL e nossa
Em 2014, mais de quarenta colégios par-
a sua modalidade, aprofundando sua
torcida, que se autoproclamou a QUA-
ticiparam de nossos jogos. De 26 de se-
técnica, aprendendo mais um pouco so-
DRICULADA, fez com que o uniforme
tembro a 19 de outubro, mais de cem
bre tática e, principalmente, entendendo
não perdesse aquele desenho. Os alunos
partidas foram jogadas. Ainda parece
o que é ser para o outro? Pois é exata-
que jogaram seu primeiro Interamizade
que escuto: “O São Luís que vai jogar.
mente isso que as modalidades esportivas
– que durante as Escolinhas de Esporte
Quadriculada vai estar lá!”.
coletivas fazem com os alunos. Quantos
viviam nos perguntando quando chega-
jogos, campeonatos, vitórias, derrotas,
ria a sua vez e sonhando com esse mo-
Novo site
quantos momentos inesquecíveis viven-
mento – e os alunos que jogaram seus
Os Jogos Interamizade contaram, neste ano,
ciamos com esses grupos! Como é bom,
últimos jogos – aqueles que sempre re-
com um novo hotsite, para que todos pudessem
num tempo em que o mundo pede pres-
presentaram o Colégio com a “alma”,
acompanhar a tabela de jogos e as fotos do evento.
sa e as coisas boas passam depressa,
levaram a Tocha e as Bandeiras e estive-
Acesse: www.saoluis.org/interamizade
Revista Pilotis | 7
ESTUDO DO MEIO
novos olhares no contexto da educação
Alunos da 2.ª série do ensino médio viajam para Omaha, USA.
Por Carolina Prospero Graziano, professora de Redação da 2.ª série EM.
8 | Revista Pilotis
ESTUDO DO MEIO
M
eio-dia de um domingo. Dia
em uma língua que não a materna. Por
A programação é elaborada de forma que
dos Pais. No portão E7 do gi-
isso, foram evitados os destinos turísticos
os alunos possam ter uma compreensão
gantesco aeroporto de Atlan-
americanos, muitas vezes já desbravados
global da vida em Omaha - a passada, a
ta, um grupo de trinta e quatro ado-
por alguns dos nossos alunos. O objetivo
presente e a futura. Assim, conhecemos
lescentes ouvia, sentado em roda, que
era ter uma experiência autêntica, não só
uma fazenda viva, que recria a vida na
nenhum de nós sairia dos Estados Unidos
dentro de uma instituição jesuíta, como é
região em tempos passados, com pes-
naquele dia. Estavam todos sem banho
a bela Universidade de Creighton, mas no
soas da comunidade assumindo o papel
havia mais de vinte e quatro horas, além
interior de uma nova comunidade.
de atores; fomos ao principal museu da
de cansados pela noite passada ali. Mas nenhuma palavra de revolta foi ouvida. Esse foi um momento marcante na viagem realizada por um grupo de alunos da 2.ª série do Ensino Médio do Colégio São Luís para a Universidade de Creighton,
“Todas essas atividades somaram-se às aulas de inglês frequentadas diariamente.”
em Omaha. Caso os dias anteriores não
cidade, localizado em uma antiga estação de trem, tendo como guia um simpático velhinho cuja própria história se mistura com a do lugar; conhecemos os principais departamentos da Universidade, entendendo como funciona o modelo de ensino superior norte-americano; vimos
tivessem causado grande impacto, esse
Convidada para fazer parte da equipe
um jogo de beisebol ao lado de muitas
ocorrido talvez tivesse sobrepujado to-
que acompanharia os estudantes, eu não
famílias da região; dançamos jazz no par-
dos os outros. Felizmente, não foi isso o
sabia bem o que esperar. Já havia ouvido
que, apesar de o tempo não ter colabora-
que aconteceu.
falar, em algumas reuniões, das ativida-
do como gostaríamos; conhecemos em-
A proposta desse Estudo do Meio era
des que eram realizadas por lá. Mas ou-
presas da região, que deram aos nossos
conhecer de perto a vida em um outro
vir não esclarecia o suficiente. Somente
jovens perspectivas de quem eles podem
país, entrando em contato com hábitos
quando vivenciei o programa, dia após
vir a ser amanhã. Todas essas atividades
diferentes, entendendo um outro mo-
dia, tive a real dimensão do que ele signi-
somaram-se às aulas de inglês frequenta-
delo de pensamento, comunicando-se
ficava em termos humanos e cognitivos.
das diariamente, focadas em expressões e Revista Pilotis | 9
ESTUDO DO MEIO
O blog da turma Saiba um pouco mais sobre como foi a viagem no blog escrito pelos alunos: www.10daysomaha.wordpress.com
estruturas úteis ao acompanhamento de
para o grupo. Ali, eles se descobriram ca-
durecido, que experimentou inúmeros
cada um desses eventos. Um programa,
pazes de tomar conta da sua própria vida,
momentos de aprendizado e alegria, o
como se pode observar, bastante amplo e
e descobriram também que essa vida só
atraso do voo, embora incômodo e ines-
interessante, que certamente contribuiu
existe e faz sentido dentro de uma coleti-
perado, resumiu-se apenas a um contor-
para o desenvolvimento intelectual, cul-
vidade. Lições preciosas para o presente e
nável desvio de percurso.
tural e linguístico dos nossos alunos.
o futuro de cada um.
É claro que uma experiência tão marcante
No entanto, os efeitos não foram apenas
Além disso, as amizades e experiências
não poderia deixar de ter seus desdobra-
acadêmicos. É preciso destacar o quanto
compartilhadas estimularam a prática do
mentos na rotina escolar. A disciplina de
a experiência trouxe de amadurecimento
inglês em contexto, desinibindo-os de
Redação se beneficiará profundamente
aos estudantes, devido a todas as novi-
forma geral. Qual não foi meu espanto
dela, já que os alunos produzirão jornais
dades envolvidas. Na Universidade, por
ao ouvir vozes (até então quase inaudí-
ao longo do terceiro bimestre, nos quais
exemplo, os quartos e banheiros eram
veis na sala de aula) conversando com
incluirão textos sobre o Estudo do Meio.
compartilhados, o que exigia paciência
segurança em um idioma estrangeiro!
Além disso, uma exposição de fotografias
e muito jogo de cintura. Os cartões e as
Ou ao ver o rosto sempre sério sorrindo,
artísticas está em processo de produção,
chaves eram de responsabilidade dos alu-
ou os olhos sempre distraídos focados
após oficina do professor Paulo Sutti,
nos, e perdê-los implicaria arcar com as
no empacotamento de comida para os
como forma de valorizar um olhar mais
consequências. Os horários eram rígidos
mais necessitados. Tantas e gratas sur-
apurado sobre essa outra realidade. Isso
- um elemento cultural do País - e pre-
presas, que só a convivência diária pôde
sem contar o blog escrito durante a via-
cisavam ser seguidos, sem que ninguém
me propiciar. Um novo olhar sobre alu-
gem, que nos ajudou a promover a refle-
tivesse de lembrá-los disso. Lidar com es-
nos que, sem querer, muitas vezes asso-
xão sobre o que foi vivido por meio do
sas questões não foi fácil, mas certamen-
ciamos apenas ao desempenho em nos-
relato constante. Todos esses trabalhos
te ajudou os nossos meninos e meninas a
sa disciplina.
atestam a validade e a importância desse
crescer. Ajudou-os a olhar para si sem o
Depois dessa descrição, acredito que fica
tipo de proposta, que extrapola os muros
apoio de terceiros; a resolver os próprios
mais fácil entender a cena que abre este
escolares e prepara os nossos estudantes,
problemas, a pensar em soluções cabíveis
artigo. Diante de um grupo unido e ama-
integralmente, para o mundo.
10 | Revista Pilotis
tecnologia
Menos fila
na hora de buscar seu filho
O aplicativo Filho sem Fila está sendo utilizado com sucesso pelos pais do CSL desde agosto deste ano. Por Marcelo Martins, coordenador do DTA
O
Colégio São Luís, buscando
ações de educação no trânsito que o Co-
aprimorar seus serviços, trouxe
légio exerce há algum tempo em nossa
uma inovação para toda sua co-
região e com a nossa comunidade.
munidade em agosto deste ano: o aplica-
Em 2013, instalamos o sistema de som
tivo Filho sem Fila.
na galeria, o que diminuiu consideravel-
Esse aplicativo determina um raio de
mente o tempo de espera dos pais. Ago-
distância de 300 m do CSL, a partir do
ra, o Filho sem Fila vem complementar
qual os pais podem avisar o Colégio de
esse trabalho, pois agiliza a organização
sua chegada, acessando o aplicativo pelo
no momento do embarque dos alunos na
celular. Dessa maneira, o auxiliar que está
rua interna.
na galeria recebe o comunicado e pode
O aplicativo funciona no horário de sa-
chamar o filho, que fica em uma área re-
ída do período da manhã, entre 12h e
servada para o embarque.
13h15, e do período da tarde, entre 18h
O intuito dessa ferramenta é ratificar as
e 19h15. Revista Pilotis | 11
Sistema de Qualidade
De Miami a Antofagasta, em busca da
qualidade Por Tuna Serzedello, departamento de Comunicação
N
a indústria, repetir os mesmos
de suas faculdades espirituais (memória,
procedimentos na elaboração de
entendimento e vontade), pessoais (tra-
um produto garante a sua qua-
dição e cultura) e pelo fortalecimento do
lidade. Mas, o que garante a qualidade
indivíduo enquanto ser livre, para que
na escola?
ele possa desenvolver ao máximo suas
Em uma escola, a repetição de certas
potencialidades a serviço dos outros, em
práticas com alunos diferentes não leva
busca do bem comum.
necessariamente ao mesmo resultado. O ideal de uma escola é que todos os
Gestão escolar
seus alunos tenham o máximo de apro-
Traçar as estratégias não é uma tarefa
veitamento e que eles sejam desafiados
simples. Para facilitar o desafio vivido
a aprender em sua capacidade máxima,
diariamente pelos educadores do Colé-
o que, sabemos, varia de aluno para alu-
gio São Luís, a FLACSI (Federação Latino-
no. Uma escola de qualidade deve estar
-americana dos Colégios Jesuítas) criou
comprometida com a formação integral
um Sistema de Qualidade na Gestão Es-
de todos os seus alunos.
colar para ser aplicado a todos os colégios jesuítas, de Miami a Antofagasta, Chile.
12 | Revista Pilotis
Educação jesuíta
Esse sistema, criado sob encomenda para
Para uma escola ligada à Companhia de
ser aplicado em colégios da Companhia
Jesus, essa formação passa por uma visão
de Jesus, começou a ser desenvolvido em
integral da pessoa, pelo desenvolvimento
2011 por especialistas da Universidade
Sistema de Qualidade
25%
40%
CLIMA ESCOLAR
PEDAGÓGICO CURRICULAR
FOCO
APRENDIZAGEM INTEGRAL
ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA E RECURSOS
25%
10%
Alberto Hurtado do Chile e da Univer-
jetivos conquistados na aprendizagem.
sidade Católica do Uruguai. Sua imple-
Em seguida, na etapa 2, serão definidas
mentação começou em 2013, em colé-
metas para a elaboração dos planos de
gios da América espanhola.
melhoria, cuja implantação deverá ocor-
Agora, em 2014, o sistema começa a ser
rer em um prazo de 20 meses. Ao final
testado em colégios brasileiros e três são
de 20 meses, uma auditoria da FLACSI
os pioneiros: Colégio Medianeira de Curi-
virá conferir os frutos desse processo.
tiba, Colégio Diocesano de Teresina e o
Depois disso, o ciclo recomeça com uma
Colégio São Luís em São Paulo.
nova autoavaliação.
FAMÍLIA E COMUNIDADE
“Uma escola de qualidade deve estar comprometida com a formação integral de todos os seus alunos.”
O sistema foi criado com base no pedido
Passo a passo
dos diretores dos colégios, visando ga-
A primeira etapa da implantação do
rantir o cumprimento da missão jesuítica
sistema já está em andamento. Foram
na educação. O CSL foi escolhido como
criadas quatro equipes, uma para cada
um dos pioneiros no Brasil por já ter in-
âmbito do projeto: pedagógico curricu-
corporado em sua cultura a realização
lar; clima escolar; organização, estrutura
de planejamentos estratégicos de metas,
e recursos; e família e comunidade. Todas
autoavaliações, pesquisas com institutos
elas com foco na aprendizagem integral
externos, e por ser um centro curioso,
do estudante.
interessado em novas práticas, que au-
Mais informações sobre o “Sistema de
O objetivo desta primeira etapa é fazer
mentem a eficácia dos nossos métodos
Calidad en la Gestión Escolar” podem ser
uma autoavaliação e identificar os ob-
inacianos de educação.
obtidas no site da FLACSI: www.flacsi.net
saiba mais
Revista Pilotis | 13
MISSÃO RURAL
Experiência de vida A Missão Rural faz os alunos mergulharem em uma realidade diferente daquela em que eles vivem e proporciona-lhes momentos inesquecíveis. por Iracy Gomes, Assessora de Formação Cristã do 6.º ano EF fotos Caroline Faria Lamaita
A
Experiência de Comunhão e Participação – Missão Rural – é uma experiência de inserção para acolher e se deixar acolher,
uma oportunidade de comunhão com pessoas que, na simplicidade, trabalham e confiam na generosidade da natureza, um apelo à participação nos afazeres do dia a dia e à solidariedade, promotora de uma sociedade igualitária; enfim, um convite a valorizar as pequenas coisas, porque na verdade elas são grandes.
Incrível é pouco Por Victor Sá – 2.ª série EM, turma 3 Desde pequeno, já ouvia falar da chamada Missão Rural. Lembro-me de uma vez, se não me engano no 9.º ano, quando alguns colegas e eu fomos chamados para ouvir relatos de alunos que tinham acabado de voltar da Missão. Nessa reunião, além de ouvir as histórias daquele lugar simples e mágico, conheci aquele café extremamente doce e aquele pão de queijo parecido com um biscoito de polvilho que hoje me são tão familiares. A partir de então, decidi que iria. 14 | Revista Pilotis
MISSÃO RURAL
No segundo ano do EM veio o convite, logo me
Finalmente cheguei em minha casa: era uma fa-
inscrevi e me certifiquei de que meus amigos fi-
zenda bem afastada das demais e a casa em si
zessem o mesmo. Chegado o dia da ida, nos di-
tinha muitos cômodos bem espaçosos, mas todos
rigimos ao Colégio, para depois, na rodoviária,
simples, somente com o necessário. Nilza, uma
pegarmos o ônibus e enfrentarmos as 15 horas na
mulher muito simpática, logo veio me receber.
estrada. A ansiedade era grande: aquela viagem
Depois ia conhecer seus dois filhos, Felipe, de 16
tinha gosto de aventura; mas o frio na barriga e a
anos, e Thiago, de 17. No começo é estranho,
dúvida também eram. Muitas vezes me vi questio-
você se sente um pouco deslocado, vai testando
nando se deixar o conforto de casa para me meter
sua liberdade dentro da família e tentando conhe-
no meio do nada realmente valia a pena.
cer um pouco mais de cada um. Mas essa estra-
Ao chegar em Montes Claros, fomos acolhidos em
nheza passa rápido, acontece de forma natural,
mais uma das casas dos jesuítas. Lá tomamos café
você logo se sente parte daquela família e à von-
da manhã e fomos divididos em dois grupos para
tade com eles.
que fôssemos encaminhados para as comunidades
Descobri que Thiago já estava na faculdade, fazia
rurais em que ficaríamos. No meu grupo, havia
Agronomia e adorava andar a cavalo. Já Felipe ain-
duas amigas que ficariam na mesma comunidade
da estava no EM, gostava de ler e, melhor de tudo,
que eu: Mavi e Clara. Nós ficaríamos em Chapadi-
ouvia Legião e Engenheiros do Havaí, duas bandas
nha. Pegamos uma van e partimos para deixar as
de que eu gosto muito, o que rendeu muita con-
10 pessoas de meu grupo em suas famílias. Fui o úl-
versa. Nilza se mostrou uma mulher muito bata-
timo a ser deixado, o que significou mais 5 horas de
lhadora e sempre aberta para conversa, era só me
viagem. Mas foi bom, ia conhecendo as novas fa-
sentar à mesa da cozinha que ela logo começava
mílias e as casas de meus amigos, o que só aumen-
a puxar assunto, além de tudo era ótima cozinhei-
tava a curiosidade para saber como seria a minha.
ra. Eles me trataram muitíssimo bem, mas tive de
“No começo é estranho, você se sente um pouco deslocado, mas essa estranheza passa rápido, acontece de forma natural.”
Revista Pilotis | 15
MISSÃO RURAL
“Conheci pessoas que me trataram com muito carinho e vivem bem mais felizes com muito menos do que eu tenho em casa.”
16 | Revista Pilotis
implorar para ajudar, não queriam me dar nenhum
Muitas vezes me pego pensando nessa viagem e
trabalho. Mas, depois de muito esforço, consegui
a saudade vem forte. Ainda converso com Nilza,
ajudar na horta, colher laranjas, limpar o engenho
Thiago e Felipe e não vejo a hora de voltar. Ela
de farinha e cuidar dos sete cachorros de lá.
me fez perceber que é possível ser feliz com muito
Vivi momentos incríveis. Num deles, estava mon-
pouco, mas também me fez dar valor a, por exem-
tado num cavalo no topo de uma colina, olhando
plo, um mercado próximo de casa ou ao forro do
aquela paisagem linda e árida, com Skank tocando
telhado. Agora, não tenho dúvidas de que esse
no celular de Felipe, e naquele instante me senti
“meio do nada” é mágico e o recomendo a todos.
infinito. Outro momento foi a ida à feira para vender farinha, também com o Felipe. Na feira, eu co-
Superação
nheci uma realidade muito diferente, muita gente
Por Marina Saraiva – 2.ª série EM, turma 3
parava para conversar comigo e saber de onde eu
Confesso que tive de pensar muito antes de acei-
era, e também ficou clara a rivalidade entre atleti-
tar ir para Montes Claros, tinha muito medo de
canos e cruzeirenses. Ainda na feira, tive a sorte de
não me acostumar com outro estilo de vida, de
encontrar mais 5 amigos da Missão e então pude-
sentir falta da minha família e do meu dia a dia.
mos compartilhar nossas experiências, saber como
Então eu pensei: “De que adianta eu me isolar no
cada um estava e renovar as energias.
mundo que já conheço enquanto milhares de pes-
Houve também uma festa de forró, na qual pude
soas vivem uma realidade totalmente diferente?”
encontrar mais amigos do CSL com suas famílias
E não me arrependi de minha decisão, agora não
rurais, e me diverti muito, além de conhecer mais
só visitei uma nova realidade, como conheci pes-
daquela cultura, mesmo brasileira, bem diferente
soas que me trataram com muito carinho e vivem
da nossa: a festa junina deles deixa a nossa no chi-
bem mais felizes com muito menos do que eu te-
nelo. Se eu fosse contar tudo o que aconteceu lá,
nho em casa. Isso me ensinou a respeitar o pouco
teria de escrever um livro, e não um texto, mas es-
e a dar valor a tudo que tenho. Foi uma experiên-
ses foram os momentos que mais marcaram.
cia indescritível, realmente recomendo!
LÍNGUA INGLESA
MAIS INFORMAÇÕES Para saber mais basta entrar em contato pelo e-mail international@saoluis.org.
Desde agosto, o CSL tornou-se uma das instituições autorizadas a aplicar a prova. Por Julia Braun, estagiária do DECOM.
A
cada ano, cerca de um milhão de pessoas
ensino na qual os futuros alunos desejam ingressar.
em todo o mundo avalia seus conheci-
Segundo o ETS, as notas são divulgadas cerca de 15
mentos da língua inglesa com o TOEFL.
dias após a realização do exame e podem ser visu-
Desde o mês de agosto, o Colégio São Luís passou
alizadas por meio do cadastro de cada participante.
a integrar o grupo de instituições autorizadas a aplicar essa prova, após receber a Certificação do
O COLÉGIO
ETS – Educacional Testing Service, uma conceitua-
Inteiramente realizada no computador, a prova
da instituição americana.
será sempre ministrada nos laboratórios do sexto andar do São Luís, aos sábados de manhã. Alunos,
O TESTE
ex-alunos, pais, professores e funcionários podem
O TOEFL - Test of English as a Foreign Language -
prestar o TOEFL. A avaliação também será destina-
é o maior exame destinado a comprovar o nível de
da ao público externo.
proficiência em língua inglesa, e é obrigatório para
Essa conquista concretiza mais um pouco a inten-
quem deseja ingressar em universidades americanas.
ção do Colégio de internacionalizar o ensino ofere-
Aceito no mundo todo, em mais de 9000 insti-
cido. Projetos como o Estudo do Meio em uma ci-
tuições, o certificado é concedido àqueles que
dade de Nebraska, nos Estados Unidos, e parcerias
possuem competência para usar e compreender o
com universidades da Rede Jesuíta de Educação
inglês de nível universitário.
já anunciam o desejo de abrir os horizontes dos
A prova é composta por quatro partes: compreen-
alunos e de inseri-los no mundo da globalização.
são de texto, compreensão auditiva, exame oral e exame escrito. Todas essas habilidades requeridas
QUERO PRESTAR!
são necessárias para comprovar a capacidade do
Os interessados em realizar o teste devem se ins-
candidato de realizar atividades de nível acadêmi-
crever diretamente no site do Educacional Testing
co na língua estrangeira.
Service (www.ets.org) e selecionar o Colégio São
O resultado varia de 0 a 120 pontos e é composto
Luís como local da prova. O recomendável é que
pela soma dos pontos obtidos em cada uma das
o cadastramento seja feito com um mês e meio
quatro partes, que variam de 0 a 30. Quem define
de antecedência. O valor da prova é de U$ 215,
a nota mínima necessária no teste é a instituição de
pagos diretamente ao ETS. Revista Pilotis | 17
avaliação
? ê u q a r pa
r a i l Ava
P
18 | Revista Pilotis
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avaliação
AÇ
O
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ÃO
PARADIGMA PEDAGÓGICO INACIANO
E CIA IÊN ER XP
AVALIAÇ ÃO
NTEXTO CO
ÃO
F RE
L
que impulsiona e inspira os ide-
tos positivos e negativos do processo de
na elementos para a reflexão constante
ais educativos do Colégio São
ensino e aprendizagem, indicando as ne-
sobre a prática docente, permite a veri-
Luís é a Pedagogia Inaciana, pro-
cessidades de novas intervenções. Assim,
ficação das competências e habilidades
posta pedagógica da Companhia de Je-
a avaliação fornece subsídios para que a
desenvolvidas pelos alunos, incentiva a
sus explicitada em diversos documentos.
excelência, inspiração do Magis Inaciano,
revisão e reconstrução das formas de en-
A Pedagogia Inaciana é mais do que uma
seja alcançada.
sinar e dos instrumentos pedagógicos e
metodologia de ensino, ela nos apresenta
Dentro de uma instituição jesuíta, a ava-
fornece subsídios para a tomada de cons-
uma perspectiva quanto à pessoa que se
liação não assume um caráter classificató-
ciência dos sujeitos envolvidos no proces-
pretende formar em um colégio jesuíta
rio, mas promove a consciência individual
so de ensino e aprendizagem. Quanto ao
e nos sugere um caminho para que os
do que foi possível alcançar. O professor
aluno, ele tem a possibilidade de identifi-
valores inacianos sejam incorporados no
tem a oportunidade de refletir sobre o tra-
car o que deve melhorar e de rever suas
processo de ensino e aprendizagem.
balho desenvolvido, e o aluno, de verificar
atitudes em relação à construção do co-
A Pedagogia Inaciana propõe-nos que a
os avanços e as dificuldades na sua apren-
nhecimento, assumindo um papel ativo
construção do conhecimento pelo aluno,
dizagem, para que, juntos, busquem me-
na sua aprendizagem, o que é muito im-
mediada pelo professor, ocorra em cinco
lhores resultados, não no sentido da com-
portante em um colégio jesuíta, já que a
momentos que se inter-relacionam: contex-
paração de um aluno com outro, mas no
proposta é formar pessoas competentes,
to, experiência, reflexão, ação e avaliação.
sentido da comparação do aluno consigo
conscientes, reflexivas e comprometidas,
Pode-se verificar que a avaliação é um
mesmo, tendo como desafio a autossu-
impelidas a agir com liberdade e por op-
dos momentos da ação educativa de um
peração. O aluno é sempre incentivado a
ções pessoais, mas sempre assumindo a
colégio jesuíta. De acordo com o Projeto
dar o melhor de si, a superar seus próprios
responsabilidade sobre as próprias ações.
Pedagógico do Colégio São Luís, a avalia-
limites e a desenvolver ao máximo suas
Além de tudo isso, a avalição também
ção é uma ação educativa que proporcio-
potencialidades individuais.
é um momento privilegiado de aprendi-
na ao aluno e ao professor a possibilidade
A avaliação tem muitas finalidades. Ela
zagem. Isso porque ela permite que os
de um permanente diagnóstico dos pon-
orienta a ação do professor, proporcio-
alunos aprendam com o erro, descubram Revista Pilotis | 19
avaliação
“O aluno é sempre incentivado a dar o melhor de si, a superar seus próprios limites e a desenvolver ao máximo suas potencialidades individuais.” formas de lidar com suas próprias emo-
propostas e ao nível de desenvolvimento
Pedagógica, o professor Cipriano Luckesi,
ções, gerenciem o tempo, desenvolvam
dos alunos, levando-se em conta sua fai-
renomado doutor em Educação e espe-
autonomia. Ainda propicia a construção
xa etária. A avaliação deve ser clara, pre-
cialista em avaliação da aprendizagem,
de competências e habilidades importan-
cisa, de modo a comunicar exatamente
ministrou uma palestra aos professores,
tes na sociedade moderna, pois, depen-
sua proposta, com comandos adequa-
na qual se refletiu sobre o papel da avalia-
dendo do tipo de avaliação, ela favorece
dos. Além disso, necessita de parâmetros
ção. Ao terminar a palestra, Cipriano Lu-
que os alunos aprendam a expor seus
claros para atribuição de valor, pois, sen-
ckesi afirmou que a avaliação é um ato de
pontos de vista, ouçam e respeitem opini-
do um diagnóstico, uma constatação, ela
amor. Um ato de amor, pois o professor,
ões diferentes da sua, trabalhem de forma
qualifica o que está sendo avaliado pela
ao avaliar o aluno, dispõe-se a acolhê-lo,
colaborativa e cooperativa, convivam com
comparação entre os resultados alcança-
em oposição a excluí-lo e puni-lo.
os colegas, busquem informações, produ-
dos e um padrão esperado, o que permi-
A ideia de que a avaliação é um ato de
zam conhecimento e resolvam problemas
te uma quantificação desses resultados.
amor e de acolhimento está totalmente
complexos, entre tantas outras coisas.
Para que a avaliação seja efetiva, ela tam-
em consonância com a proposta pedagó-
Para que atinja seus fins, a avaliação precisa
bém precisa ser focada no que é essencial
gica de um colégio jesuíta. O professor
ser processual, sistemática e dinâmica, de
e relevante para a aprendizagem do alu-
precisa dispor-se a conhecer o que o alu-
forma a favorecer ajustes constantes para
no. Assim, o professor deve ter clareza do
no aprendeu, o que o aluno conseguiu
o efetivo trabalho educativo. Essa visão,
que é importante e fundamental naquele
atingir naquele estágio particular de de-
portanto, não reduz a avaliação a provas,
momento da vida escolar do aluno, para
senvolvimento, e, sobretudo, dispor-se a
embora elas sejam de grande importância.
que a profundidade e complexidade do
assumir a sua contribuição para a apren-
É por isso que outras formas de avaliação
que é avaliado sejam apropriadas.
dizagem, revendo suas ações, na busca
estão presentes no Colégio São Luís.
Por saber que a avaliação é um tema que
do que é melhor para o processo forma-
A elaboração de qualquer instrumento
exige estudo e aprofundamento constan-
tivo do aluno. Desse modo, o professor
de avaliação não é uma tarefa simples e
te por parte do corpo docente, o Colégio
também assume a parte que lhe cabe no
fácil, pois ele precisa ser coerente e com-
São Luís desenvolve um trabalho formati-
processo de ensino e aprendizagem, e a
patível com o trabalho pedagógico rea-
vo com os seus professores. No início des-
avaliação assume o caráter de construção
lizado, adequado às situações didáticas
te ano, por exemplo, durante a Semana
desse processo, e não de finalização dele.
20 | Revista Pilotis
bienal de artes
Asas do Tempo: arte, memória em movimento Por NILZA GUIMARÃES, PROFESSORA DE ARTES.
A
sétima edição da Bienal de Artes
panhia de Jesus e se situou em “dois
“A caminhada de nossos alunos no mun-
dos Colégios Jesuítas aconteceu
períodos de uma mesma história, num
do da Arte e da Cultura se ampliará para
nos dias 08, 09, 10 e 11 de outubro,
mesmo espírito”.
além de nossos olhos e corações. Acre-
no Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro.
Neste ano, em que a Companhia de Jesus
ditamos que a experiência da Bienal de
O evento é mais que um encontro para
celebra os 200 anos de sua Restauração,
Artes contribuirá com a nova Província
a produção intensa da Arte. Ele é um
a Bienal de Artes teve como tema Asas
Brasil e com outros projetos que surgirão,
dos inúmeros frutos de um trabalho com
do Tempo: arte, memória em movimen-
fomentando cada vez mais a sensibiliza-
o qual a equipe se fortalece e aprende
to, e fez parte da história de integração
ção e a educação do olhar dos nossos
constantemente junto aos nossos alu-
de nossos alunos com a Arte e a Cultura,
educadores e alunos para aquilo que é
nos. Essa edição da Bienal de Artes teve
que é proposta do projeto educativo da
Belo e Divino.” (Texto retirado do docu-
em vista a futura Província Brasil da Com-
Companhia de Jesus.
mento oficial da VII Bienal de Arte – RJ)
saiba mais Confira as fotos da VII Bienal de Artes em um álbum especial no Flickr do Colégio: www.flickr.com/saoluis/sets
Revista Pilotis | 21
capa
22 | Revista Pilotis
capa
os 7 pilares da administração brasileira vs 1 novo presidente eleito O cenário atual do Brasil e a visão de nossos alunos sobre os sete principais temas debatidos durante o período eleitoral, que agora são colocados diante de nosso governante. por Marcia Guerra e Julia Braun, departamento de comunicação.
V
amos fazer um pequeno teste. Você já pas-
O nariz, constantemente trancado pela poluição e
sou 24 horas sem reclamar de alguma coisa
pela falta de chuva.
em relação à nossa cidade, ao nosso estado
A revista Pilotis conversou com alguns alunos de
ou ao nosso País?
diversas faixas etárias sobre a situação atual de São
O trânsito sempre carregado pela manhã, a falta
Paulo e do Brasil e pediu a eles que comentassem
de placas indicativas ou a rua esburacada certa-
e indicassem algumas soluções possíveis para cada
mente são motivos diários de descontentamento.
item lembrado. Até o fechamento da revista, os
Contas de luz, de água ou do supermercado, caras
estudantes ainda não sabiam quem seria o próxi-
demais, com impostos embutidos, não dão trégua.
mo presidente brasileiro.
O medo ao sair de casa, estamos sempre olhando
Saiba mais o que pensam nossos alunos sobre o
para todos os lados, sem abrir os vidros do carro
mundo em que vivemos e o que as próximas gera-
e rezando para que nem nós nem nossa família
ções querem realizar para mudar os principais pro-
sejamos vítimas de assalto ou de outra violência.
blemas e as deficiências da nossa sociedade. Revista Pilotis | 23
capa
1
SAÚDE
“Já aconteceu comigo de ir no único hospital da cidade e não ter nem soro, e não dá para fazer nada sem soro. Não vejo como um hospital pode estar “A saúde pública é uma questão emergencial. Há
aberto sem materiais básicos. Para mudar isso, temos que investir em saúde,
necessidade de maior número de hospitais pú-
investir em lugares como o que eu falei, que só têm um hospital e têm um
blicos para que as pessoas sejam atendidas mais
déficit de saúde muito grande. Sem essas condições básicas nenhum médico
rapidamente e não em macas nos corredores.”
quer trabalhar, não adianta muito contratar médicos de outros países se você
Michaela – 2.1
não tiver hospitais para eles trabalharem.” Luiza, 3.1
a atual situação do brasil
A taxa de desemprego,
O Brasil, em 2013,
Segundo o TSE, o
De acordo com dados
em 2013, teve seu pri-
registrou 13 milhões
índice de abstenção
do ano de 2010 do
meiro aumento desde
de analfabetos com 15
nas eleições de 2014
IBGE, estão preser-
2009. De 6,1% passou
anos ou mais, segundo
subiu de 19,39% no
vados apenas 12%
para 6,5% de brasi-
dados divulgados re-
primeiro turno para
da área original da
leiros sem trabalho,
centemente pela PNAD
21,1% no segundo.
Mata Atlântica, o
segundo a PNAD.
(Pesquisa Nacional por
Em números absolu-
bioma mais devastado
Amostra de Domicí-
tos, 30,14 milhões de
do País. Já o Pampa
lios), do IBGE (Instituto
eleitores deixaram de
Gaúcho e o Cerrado
Brasileiro de Geografia
ir às urnas no segun-
perderam, respectiva-
e Estatística).
do turno.
mente, 54% e 49,1% da sua área original.
24 | Revista Pilotis
capa
SEGURANÇA
“A segurança pública é uma questão do Brasil e a demora da polícia e da justiça em resolver os casos, além das pessoas que saem da cadeia sem terem mudado e já cometem novos crimes. Outra questão é o preconceito, não só de cor, mas também
“Eu prenderia todas as pessoas que fizessem coi-
de religião e de opção sexual. Cada pessoa tem
sas ruins, melhoraria todas elas e depois liberta-
direito de escolher o que quer ser.” Pedro – 6.4
ria.” Maria Eduarda – 3.5
Segundo dados do
No início deste ano, o
Mais de 50 mil pessoas
O índice que mede a
O trânsito – conside-
IBGE, São Paulo está
CFM (Conselho Federal
foram assassinadas em
concentração de renda
rado por 70% dos
entre os oito muni-
de Medicina) apresen-
nosso país em 2012,
no País piorou para
paulistanos como
cípios detentores do
tou um relatório após
segundo o Relatório
0,498 (quanto mais
“ruim” ou “péssimo”
maior número de
visitar oito hospitais de
Global sobre Homicí-
perto do zero, menor
em pesquisa realizada
favelas no Brasil, com
urgência da rede públi-
dios (Global Study on
a desigualdade) em
pelo Ibope – tende a
612, seguido pelo
ca, indicando proble-
Homicide 2013). Esse
2013. De acordo com
ficar ainda pior com o
Rio de Janeiro, com
mas estruturais no SUS
número equivale a 11%
o jornal O Estado de
aumento do núme-
513. As favelas são
que ferem a dignidade
do total mundial. O
São Paulo, “o esgota-
ro de pessoas que
uma alternativa para
e os direitos da popu-
Brasil está em 7.º lugar
mento do crescimento
possuem carro. Em
pessoas carentes, e as
lação. Pacientes em
no ranking de países
econômico desde 2011
2013, somavam 52%
ocupações indevidas
macas e em colchões
com maior número de
torna ainda mais difícil
e, neste ano, são 62%.
aumentam a cada ano
pelo chão, demora
assassinatos. O que
seguir distribuindo
Em contrapartida,
na capital.
para o atendimento no
deveria ser obrigação do
renda. Para piorar, as
o governo facilita a
PS e falta de água nos
Estado – cuidar da segu-
razões desse esgota-
compra de automóveis
banheiros são alguns
rança pública dos seus
mento (baixa qualifica-
e, ao mesmo tempo,
dos muitos cenários de
cidadãos – não acontece
ção da mão de obra,
aumenta o número de
caos encontrados.
e as pessoas estão
infraestrutura defi-
ciclofaixas pela capital.
cada vez mais expostas
ciente, burocracia, má
Frotas de ônibus con-
à violência urbana.
regulação, custo fiscal)
tinuam com número
atingem em cheio a
estagnado, assim
distribuição de renda”.
como obras do Metrô e de trens.
Revista Pilotis | 25
capa
cidadania “A divulgação e o compartilhamento de informações sobre a política brasileira é importante para que a nossa geração conheça, se envolva e entenda que política faz parte da vida de todos. Eventos como o que aconteceu no final de setembro, o qual foi realizado por iniciativa dos alunos do Ensino Médio e que trouxe, com a ajuda dos professores e convidados, a história e a situação da política no País, são um bom exemplo. Outros projetos que o Colégio incentiva e promove, como o de realizar ações em instituições carentes, também conseguem desenvolver os valores morais e éticos que faltam em nossa sociedade.” Victor – 2.3
“Deveria haver na escola uma educação política desde cedo para que as crianças e depois os jovens pudessem entender a real importância do voto, para que acabasse esse distanciamento entre as pessoas e a política.” Marina – 2.3
MORADIA “O aumento das favelas, que acontece pelo fato de as pessoas estarem mais pobres e não conseguirem comprar as suas casas, é um problema para as cidades grandes. E também a falta de água, que pode ser melhorada com ações simples como o que fazemos em casa: enquanto a água do chuveiro esquenta, você pode guardar em um balde para usar no lugar de dar a descarga.” Sofia – 6.5
“A questão da moradia no Brasil poderia ser resolvida com a expansão de algumas cidades do interior que estão em ascensão. O governo poderia oferecer ou facilitar o trabalho e a moradia nesses locais para que as pessoas saíssem das grandes cidades.” Ottavio Augusto – 9.2 26 | Revista Pilotis
capa
EDUCAÇÃO “Educação é a base de tudo. A pessoa que tem mais informações consegue mais e melhores empregos, ganha um salário e faz a economia girar. É importante dizer que a educação não se resume somente à formal, de conteúdo ensinado na escola. Há também a formação de valores morais. Atualmente, a nossa sociedade está totalmente distorcida em relação à ética. O governo deveria ter uma política mais rigorosa em relação à educação pública brasileira. Outra boa ação seria a obrigatoriedade de todos os funcionários públicos colocarem seus filhos em escolas públicas. Seriam obrigados a olhar por elas e melhorar a qualidade do ensino. Para isso também seria necessário o envolvimento da comunidade como um todo, as pessoas teriam de deixar o comodismo e o individualismo de lado e se aproximar mais da política. O sistema de avaliação também deveria mudar, pois o vestibular avalia somente um dia da capacidade do aluno de fazer prova e não o seu real conhecimento. O sistema que deveria ser adotado seria o de avaliação do histórico escolar do aluno e entrevistas para conhecer a sua capacidade.” Léo – 2.2
“As universidades, como a USP, precisam se atualizar. Há necessidade de um incentivo por parte do governo para que os currículos e os professores sejam atualizados. Um bom exemplo disso é a Engenharia da USP.” Paulo – 2.1
“Eu construiria mais creches, hospitais e escolas e também mudaria policiais para eles trabalharem melhor. Não roubaria dinheiro e ia diminuir os assaltos.” Paola – 3.5
“O investimento na educação é a chave para tudo, pois é um processo lento, mas que ‘conserta’ vários outros problemas da sociedade. Lembrando que não só a construção de mais escolas é importante, mas também, principalmente, o investimento na formação de professores.” Luís Felipe – 9.2 Revista Pilotis | 27
capa
TRANSPORTE “Eu acho que o transporte no Brasil não é muito bom, mas também não é muito ruim. Ajuda as pessoas a se locomoverem, mas é ruim nas horas que está muito cheio. Como tem pouco, lota demais e aí é muito complicado. Mas nos horários mais vazios ajuda bastante. Para melhorar podiam incluir mais linhas e aumentar o número de metrôs.” Júlia – 8.2 “Na Linha Amarela do metrô a qualidade é muito boa, só que na linha vermelha a qualidade é diferente. Eu acho que existe um pouco dessa dife“O transporte público atualmente é bem cheio,
rença entre as condições das linhas e isso deveria
não tem cadeira para todo mundo. Acho que o
se estabilizar, de forma que deixasse todas iguais.
governo tinha que investir no transporte.”
Deveria ter mais assentos e ser mais rápido.”
Mateus – 8.2
Giovanna – 9.3
MEIO AMBIENTE
“O desmatamento das
“O maior problema de
florestas contribui com
São Paulo é a poluição.
o aquecimento global
Tem muita propaganda
e pode ser combatido
sobre o que se pode fa-
com a ajuda do gover-
zer, mas a solução é fácil
no em patrulhar as áre-
e pode ser feita por qual-
“Eu não deixaria nin-
as verdes, e também de
quer um: uma carona
guém poluir nem gastar
“Eu não deixaria poluírem rios.” João Pedro – 3.6
cada um de nós, plan-
solidária ou a reciclagem
água. Construiria escolas
“Eu mandaria melhorar a poluição e também não
tando novas árvores.”
de lixo, por exemplo.”
e cuidaria da natureza.”
fumarem, senão iriam todos presos.”
Felipe – 6.4
Giovana – 6.5
Gabriela – 3.6
Carlos Eduardo – 3.6
28 | Revista Pilotis
evento
SINU na veia
Oitava edição do evento organizado e divulgado pelos alunos do CSL para os próprios alunos.
por Rafael Lourenço Facchini, aluno da 3.ª série EM
A
conteceu nos dias 12, 13 e 14
Um só time
e exercitam o lado humanitário, tão valo-
de setembro a VIII Simulação In-
Uma das marcas do São Luís, a SINU é
rizado pelo colégio. Por outro lado, os or-
terna das Nações Unidas (SINU),
um evento que, embora organizado por
ganizadores enfrentam enormes desafios,
que contou com 150 participantes dos
alunos do terceiro ano, envolve todos os
uma vez que ter a SINU nas mãos é uma
três anos do Ensino Médio do São Luís e
setores do Colégio, passando pelo Almo-
enorme responsabilidade, que exige com-
do Colégio São Francisco Xavier, e alunos
xarifado, pelos Departamentos de Comu-
prometimento e dedicação incansáveis.
a partir do 9º ano do Ensino Fundamen-
nicação e de Tecnologia, pela Tesouraria,
tal, de ambos os colégios, como staff.
pelas Coordenações e pela Direção. São
#vaiSINU
oito meses de preparação, que incluem
Quando a gente é menor e ouve no
Organização reconhecida
a escolha dos comitês e temas, inúmeras
Colégio que “a SINU é top”, desconfia,
reuniões, a preparação dos guias de estu-
porque acha que não deve ser tão le-
A SINU vem sendo aperfeiçoada pelos
do, a busca incansável por patrocinadores,
gal estudar e ficar lá um fim de semana
organizadores há oito anos e se tornou
a compra de todos os materiais e brindes,
debatendo um assunto que, aparente-
um dos principais eventos do colégio, re-
o aviso nas salas de aula e muito mais,
mente, não tem nada a ver com a nos-
conhecido entre as escolas de São Paulo
para que tudo esteja pronto na hora certa.
sa vida. Mas, quando a gente participa
tanto por sua organização quanto por sua
pela primeira vez, se encanta. A SINU
qualidade acadêmica. Nesse sentido, para
Vivência e aprendizado
tem muito disto: ela encanta as pessoas.
elevar ainda mais o nível do evento, este
Também pelo fato de ser organizada por
Quando você está lá, naquele ambiente
ano a equipe organizadora apresentou
alunos, a SINU é uma possibilidade única.
especial, com seus amigos, vendo toda
duas novidades: a presença de duas se-
Tanto para quem participa quanto para
aquela gente preparada e interessada,
cretárias acadêmicas e de secretários ge-
quem organiza, ela representa vivenciar
querendo mudar o mundo para melhor,
rais e administrativo-financeiros adjuntos,
uma experiência ímpar. Por um lado, os
você realmente vê que sim, estamos no
que contribuíram enormemente para a
delegados fazem contato com o mundo
caminho certo. E isso não tem preço. Este
preparação da simulação. No total, foram
diplomático e com a realidade da ONU, à
é o verdadeiro legado da SINU: mostrar
seis secretários e 16 diretores, estes distri-
qual a SINU procura ser o mais fiel possí-
que tudo dá para fazer, mostrar que nós
buídos por cinco comitês: o Conselho de
vel; exercitam a oratória, a argumentação
podemos, sim, fazer a diferença. Porque,
Segurança das Nações Unidas (CSNU), o
e o diálogo; estudam temas históricos e
como me disse certa vez o Rodolfo Uras,
Conselho de Direitos Humanos (CDH), o
atualidades importantes para o vestibular,
um dos organizadores da VII SINU, da
Grupo dos 20 (G-20), o Tribunal de Nu-
para a compreensão do nosso contexto
qual eu participei, “a SINU é como um
remberg (TN) e o Comitê de Imprensa (CI).
atual e para a formação como cidadãos,
filho”. #vaiSINU Revista Pilotis | 29
teatro
uma edição bem temperada Por Tuna Serzedello, departamento de Comunicação
H
á oito anos acontece o Projeto Conexões de Teatro para Jovens, com textos inéditos da nova dramaturgia. Esse trabalho, realizado por meio da parceria entre o Colégio São Luís, o British Council, a Cultura Inglesa, a Escola Superior
de Artes Célia Helena e o National Theatre de Londres, é uma preciosidade e tem fomentado um pequeno tremor de terra no campo do teatro estudantil. Nos oito anos do projeto, observamos como os estudantes são transformados pelo contato com o teatro. É contagiante. Grupos que trazem outros grupos, que lotam o teatro nas apresentações da Mostra, que indicam, que leem, que pesquisam, que se assistem, que se orgulham.
Colhendo frutos Já temos História, e, neste ano, comemoramos algumas conquistas. Espetáculos da Mostra do Conexões de 2013 (A Estática, Celular: o show e Submarino) estiveram em cartaz na cidade de São Paulo, com ótimo público. A autora Claudia Schapira ganhou o prêmio Shell de dramaturgia com o texto escrito para o Conexões em 2011 (Con30 | Revista Pilotis
teatro
saiba mais Mais informações sobre o projeto e a Mostra encontram-se no site www.conexoes.org.br.
tos que cantam sobre pousospássaros). O
Realidade das escolas, presente na rea-
Mentiroso para o National Theatre de
coletivo Apoena continua excursionando
lidade dos grupos e nos palcos do pro-
Londres em 2006. Essa foi uma das peças
por festivais de teatro no estado de SP
jeto, a voz dos jovens poderá ser ouvida
mais populares daquele ano do projeto
com a peça Flor da Pele, encenada por
também por meio do texto escrito por
Connections. Por aqui, não poderia ter
ele em 2012 e escrita por uma ex-aluna
um coletivo de jovens escoceses, o gru-
sido diferente. A combinação dos perso-
do projeto, Mariana Marteleto.
po Junction25 de Glasgow, que escreveu
nagens e situações que levam o protago-
Além disso, temos a inauguração do
a peça Anoesis. O título faz referência à
nista a mentir compulsivamente são sim-
novo site do Projeto Conexões (www.
palavra grega que significa “um estado
plesmente hilárias.
conexoes.org.br), no qual são disponi-
de pura emoção sem nenhum significado
Um dos acontecimentos muito celebra-
bilizados os textos impressos aqui e nos
cognitivo”. Na peça, feita para ser adap-
dos em 2014 foi o 450º aniversário de
livros de outras edições (dos autores que
tada às vozes dos integrantes dos grupos
nascimento do mais importante dra-
autorizaram), para leitura e download em
que a escolherem, o alvo é o sistema edu-
maturgo de todos os tempos: William
português e em inglês. Isso certamente
cacional. Avaliações, políticas públicas,
Shakespeare. Fiel aos seus princípios, o
amplia ainda mais os limites do projeto.
currículos, nada escapa a essa torrente de
Conexões convidou o brasileiro Marcos
sensações proposta pelo texto.
Barbosa para adaptar para o projeto uma
Ex-aluno escritor
peça, inédita no Brasil, de Shakespeare:
Nesta edição, temos o orgulho de apresen-
Mais histórias
Cimbelino. Desse encontro entre Marco,
tar outra prata da casa: José Arthur Ridolfo,
Jovens são críticos, rebeldes, têm opiniões
Shakespeare e Cimbelino, nasceu o tex-
ex-aluno do Colégio São Luís e participante
fortes e, é claro, são muito divertidos. A
to Cimbelino XXI: um ensaio, que nos
do Conexões entre 2008 e 2011, é um dos
edição 2014 do Projeto Conexões nos traz
mostra a essência de um grupo de jovens
autores deste portfólio. Sua peça, A Voz do
dois exemplos muito distintos de comé-
que tenta montar uma peça e nos sugere
Silêncio, trata sobre jovens inconformados
dias jovens. O parlapatão e palhaço Hugo
como entender esse clássico nos dias de
com o sistema e que traçam um plano para
Possolo escreveu Cérebro à vinagrete, que
hoje. Uma peça engraçada, poética e que
mudá-lo. Inspirado nas manifestações de
“tempera” muito bem humor e mistério.
faz uma importante reflexão sobre o pa-
junho de 2013, o nosso Zé – do alto dos
Um casal de namorados tem de desvendar
pel do artista em sua época.
seus 20 anos – apresenta uma apaixona-
o roubo dos gabaritos de uma prova e aca-
Um portfólio entusiasmante para um gru-
da visão sobre a sua fé na capacidade de
ba se envolvendo com uma estranha seita.
po de jovens entusiasmado pelo teatro e
mudança dos jovens. Essa visão é compar-
Uma deliciosa confusão que mistura fil-
que realizará, com certeza, espetáculos
tilhada pela equipe do projeto, que tem o
mes de ação com personagens de Gógol.
que marcarão a história. A história de
prazer de publicar a sua primeira peça.
O autor escocês Gregory Burke escreveu
vida de cada um deles. Revista Pilotis | 31
artigo
ORIENTE MÉDIO Um breve relato da situação atual e dos conflitos da região.
Por Moacyr Nogueira, professor de geografia.
32 | Revista Pilotis
artigo
O
riente Médio é a denomina-
sistem práticas tradicionais, como a agri-
ção que os europeus deram à
cultura mediterrânea7 e o pastoreio nô-
porção ocidental do continen-
made8. No entanto, é no Oriente Médio
te asiático, diferenciando-a do extremo
que estão as maiores reservas mundiais
Oriente, situado às margens do Oceano
de petróleo. No Golfo Pérsico, especifica-
Pacífico. A área compreende o Levante
mente, está mais da metade das reservas
Mediterrâneo1, as Penínsulas da Anató-
mundiais desse combustível fóssil que se
lia e Arábica, a Planície da Mesopotâmia,
constitui na principal matriz energética
o Irã e o Afeganistão; abrangendo uma
mundial. Daí a importância dessa região
área de aproximadamente 7 milhões de
para a economia mundial.
km² – menor que o território brasileiro,
Sob o ponto de vista político, é uma re-
com 8,5 milhões de Km² – dividida em
gião instável. São inúmeros os conflitos
18 países.
e diversas suas motivações. Em muitos
Seu ambiente natural é diverso. Predomi-
momentos, sobretudo na história recente
nam formações planálticas e desérticas. O
da região, a instabilidade política regional
clima árido é o elemento mais marcante,
dissemina-se pelo mundo todo.
com chuvas escassas, e é determinante de
ca pobre, com inúmeros rios temporários,
Os conflitos – uma breve história da instabilidade política regional
ueds3, exceto os rios Tigre e Eufrates, na
Ao se tratar dos conflitos no Oriente Mé-
uma vegetação estépica2, composta por arbustos secos, e de uma rede hidrográfi-
Mesopotâmia, e o rio Jordão, endorreico ,
dio, muitas vezes parte-se de algumas
na Palestina, que deságua no Mar Morto.
ideias amplamente disseminadas, por
Sua população constitui um mosaico de
exemplo: a ideia de que esses conflitos
culturas e nacionalidades. Caracteriza-se
são generalizados, de que eles sempre
por grande diversidade étnica – com pre-
existiram ou, ainda, de que é impossível
dominância dos semitas5 –, linguística (o
entendê-los. Pode-se ainda atribuir-lhes
árabe é a língua com maior número de
generalizações, como a afirmação de que
falantes) e religiosa – com predomínio do
eles estão relacionados ao petróleo ou às
islamismo , e suas várias denominações
diferenças étnicas e religiosas.
(sunitas, xiitas, alauitas etc.), além de ju-
Não se pode dizer que essas ideias sejam
deus e inúmeras comunidades cristãs, de
de todo incorretas, mas são generaliza-
diversas denominações.
ções e, portanto, são imprecisas. Essas
No que se refere à economia, é uma re-
generalizações têm a função de explicar
gião periférica. Têm grande importância
os acontecimentos no Oriente Médio de
as atividades comerciais e o turismo. Há
uma forma mais simples, o que contribui
pouca industrialização. Embora existam
para reforçar, muitas vezes, uma visão
várias áreas de agricultura irrigada, per-
preconceituosa e excessivamente ociden-
4
6
Revista Pilotis | 33
artigo
tal acerca das questões daquela região.
nia –, entre outros, pois estes entendiam
Em 1982, Israel invadiu o Líbano – Ope-
Atualmente, podem ser identificadas no
que os palestinos árabes seriam prejudi-
ração Paz na Galileia –, mas essa ação
Oriente Médio as seguintes áreas de ten-
cados com a partilha e que um Estado
não pode ser considerada uma guerra,
são: a Palestina, o Golfo Pérsico, o Afega-
judeu se constituiria como um corpo
pois teve a anuência do governo, então
nistão, a Síria e o norte do Iraque.
estranho na região, onde predominavam
cristão, libanês. Nessa operação, os obje-
árabes e muçulmanos. Vale lembrar que
tivos de Israel eram desarmar grupos de
A Palestina
a ONU, que começou a operar em 24 de
palestinos que atacavam o norte de Israel
Os conflitos na região da Palestina têm
outubro de 1945, não tinha a autoridade
a partir do Líbano e combater a OLP –
como pivô o Estado de Israel.
que tem hoje.
Organização para a Libertação da Pales-
Em 1947, a ONU – Organização das Na-
Estabeleceu-se uma situação de impasse
tina14 –, liderada por Yasser Arafat, que
ções Unidos – propôs uma partilha para
que chegou ao fim em 15 de maio de
acabou expulso do País.
a região da Palestina, visando acomodar
1948, quando o Sr. David Ben Gurion de-
Em 1987, teve início a Intifada, a revolta
dois povos sem Estado – árabes pales-
clarou, em Tel Aviv, a criação do Estado
popular palestina nos territórios da Faixa
tinos e judeus. A Palestina passara a ser
de Israel, pondo fim à diáspora judaica10
de Gaza e da Cisjordânia. Reivindicavam-
mandato britânico em 1922, como parte
de quase 2000 anos.
-se esses territórios para a formação de
dos entendimentos relativos ao Tratado
A criação do Estado de Israel deu início
um Estado Palestino.
Sikes-Picot, de 1918, formalizado entre a
às guerras
árabe-israelenses. Foram
A revolta palestina gradativamente ganhou
Inglaterra e a França para dividir o espólio
quatro: a primeira, a Guerra de Indepen-
apoio internacional e seu relativo sucesso
do Império Turco-Otomano, derrotado na
dência, entre 1948 e 1949; a Guerra do
levou representantes palestinos e o Estado
Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Suez, em 1956; a Guerra dos Seis Dias,
de Israel às negociações na década de 90.
A proposta feita foi recusada pelos vizi-
em 1967; e a Guerra do Yom Kippur ,
Em 1993, com o Acordo de Paz de Oslo,
nhos árabes desses novos Estados, Egito,
em 1973. Esta última foi o estopim para
foi criada a Autoridade Palestina, e vários
Líbano, Síria, Transjordânia – atual Jordâ-
a Primeira Crise do Petróleo .
outros acordos se seguiram.
9
34 | Revista Pilotis
11
12
13
artigo
Apesar desse avanço, o Estado Palestino
são lançados contra o território israelense.
Golfo Pérsico, o que levou o mundo à Se-
autônomo e soberano não se efetivou.
Além dos danos materiais, tanto os aten-
gunda Crise do Petróleo19.
Os maiores obstáculos para a sua con-
tados do Hamas quanto a operação is-
Um paliativo para a crise desencadeada
solidação são: o status de Jerusalém15, o
raelense fazem inúmeras vítimas civis, a
pela Revolução Iraniana foi a Guerra do
controle dos mananciais hídricos, o esta-
despeito dos pedidos internacionais por
Golfo, 1980-1988, entre o Irã dos funda-
belecimento de fronteiras defensáveis, a
um cessar-fogo definitivo.
mentalistas xiitas e o Iraque, liderado pelo
retirada dos assentamentos israelenses, o
ditador Saddam Hussein.
retorno dos refugiados e, principalmente,
O Golfo Pérsico
Em 1988, com o fim da Guerra Irã x Ira-
as ações terroristas.
A Revolução Islâmica no Irã, de 1979,
que, 1 milhão de mortos depois, os xiitas
Diante desse impasse, em 2000, teve iní-
pode ser indicada como um marco para
permaneciam no poder no Irã, mas não
cio a Intifada Al Aqsa. Nessa nova etapa
se entenderem os conflitos modernos na
eram mais uma ameaça tão grande. Sa-
do movimento emancipacionista pales-
região do Golfo Pérsico.
ddam Hussein enfrentava uma crise sem
tino, estes lutam pelo cumprimento dos
Naquele ano, os muçulmanos xiitas , li-
precedentes – economia destruída, gran-
acordos firmados na década de 90.
derados pelo Aiatolá18 Khomeini, toma-
de endividamento, oposição crescente.
Em 2004, os palestinos passaram a ter au-
ram o poder no País, derrubando o Xá
Nesse contexto, buscou um inimigo ex-
tonomia sobre a Faixa de Gaza, e a Cisjor-
Mohammad Reza Pahlevi, governante
terno. Invadiu o Kuwait em 02 de agosto
dânia passaria gradativamente ao contro-
autoritário que era um dos maiores alia-
de 1990, sob o pretexto de que o País,
le palestino, conforme os assentamentos
dos dos Estados Unidos no Oriente Médio
durante a guerra, explorara petróleo em
israelenses e suas tropas fossem retirados.
e que tentara reduzir a influência dos reli-
uma zona de fronteira, prejudicando o
Foram essas ações terroristas, sobretudo
giosos xiitas, ocidentalizando o País.
Iraque. Além disso, Saddam Hussein ar-
17
as atribuídas ao Hamas , que levaram
O combate à influência ocidental e, prin-
gumentava que o Kuwait foi parte do ter-
Israel, em julho de 2014, a iniciar a Ope-
cipalmente, à dos Estados Unidos, consi-
ritório iraquiano e que sua incorporação
ração Limite Protetor, que consiste em
derados o Grande Satã, serviu como mo-
era uma questão de soberania.
bombardeios a alvos ligados ao grupo ter-
tivação para a derrubada do regime do
A ONU determinou a imediata retirada
rorista (principalmente a túneis utilizados
Xá e trouxe um grande temor à economia
de tropas iraquianas do Kuwait. Saddan
por milicianos) e na invasão terrestre para
mundial, pois os xiitas – agora no poder
Hussein recusou-se a retirar suas tropas
localizar e neutralizar grupos hostis, cap-
– ameaçaram fechar o Estreito de Ormuz,
do País e desafiou a ONU, que determi-
turar armas e, principalmente, mísseis que
impedindo o escoamento de petróleo do
nou a criação de uma força multinacional
16
“Os conflitos na região da Palestina têm como pivô o Estado de Israel.”
Revista Pilotis | 35
artigo
“A Revolução Islâmica no Irã, de 1979, pode ser indicada como um marco para se entenderem os conflitos modernos na região do Golfo Pérsico.”
para libertar o Kuwait. Essa força foi for-
interna entre suas inúmeras etnias. Em
rebeldes. Bashar Al Assad foi acusado de
mada e liderada pelos Estados Unidos e
1990, o País voltou-se contra os Estados
utilizar armas químicas contra os rebeldes.
o processo para a libertação do Kuwait
Unidos, que instalavam tropas na Arábia
Em 2014, foram realizadas eleições e o
começou em 16 de janeiro de 1991.
Saudita – terra santa islâmica, onde está
ditador obteve quase 90% dos votos, o
Ao Iraque derrotado foram impostas
Mecca23. Durante esse conflito interno, o
que gerou protestos da oposição, que o
duas condições: primeiro, duas zonas de
Talebã ascendeu ao poder.
acusou de fraude. Porém, o ditador per-
exclusão aérea ao Norte e ao Sul, para a
Em 2001, o Talebã governava o Afega-
manece no poder.
proteção de curdos e de xiitas, respecti-
nistão e seu líder, mulah Omar, declarou
Rússia e China são contrárias a uma in-
vamente, que eram comumente atacados
apoio irrestrito à Al Qaeda e ao seu líder,
tervenção internacional no País, o que
por Saddan Hussein; a segunda condição
Osama Bin Laden, inclusive valorizando
na prática possibilitaria aos Estados Uni-
era a obrigatoriedade do País permitir,
os feitos de 11 de setembro daquele ano
dos inserirem-se ainda mais na região.
sempre que a ONU solicitasse, inspeções
nos Estados Unidos.
Por isso, as duas potências ameaçam
de seu arsenal, devido ao fato de o Iraque
Esse apoio serviu como pretexto para a
vetar quaisquer propostas intervencio-
ter usado armas químicas contra minorias
invasão de uma coalizão anglo-america-
nistas na Síria por intermédio do Conse-
curdas durante a guerra contra o Irã. A
na no Afeganistão. Com isso, a precária
lho de Segurança da ONU27, do qual são
recusa de Saddan Hussein em permitir
estrutura do Talebã foi destruída e foi
membros permanentes.
tais inspeções e a suspeita de que o País
eleito um presidente; mas, até hoje, o go-
mantinha estoques de armas químicas le-
verno pós-Talebã não teve competência
O Estado Islâmico
varam à invasão do Iraque, em 2003, pela
para neutralizar os mujahedins que até
Estado Islâmico do Iraque e do Levante
coalizão anglo-americana, que depôs o
hoje afrontam o governo.
autoproclamado califado28 jihadista suni-
24
25
ta. Formado por membros remanescentes
ditador, o qual foi julgado e condenado
A Síria
dos grupos Estado Islâmico do Iraque, Al-
A guerra civil na Síria teve início com as
-Qaeda no Iraque e Shura Mujahideen,
O Afeganistão
manifestações populares, em janeiro
além de outros grupos insurgentes meno-
Os conflitos no Afeganistão intensificam-
de 2011 – no contexto da denominada
res. Criado em 29 de junho de 2014, seu
-se em 1979, quando a então URSS in-
Primavera Árabe
vade o País para apoiar o governo socia-
Bashar Al Assad, ditador que herdara o
Nas áreas dominadas pelo Estado Islâmi-
lista de lá, o qual enfrentava uma revolta
poder de seu pai, Hafez Assad, em 2000.
co, a conversão ao islamismo é obrigató-
muçulmana. Durante uma década, os
Em março do mesmo ano, após severa
ria e vigora a charia – o código de leis
soviéticos tentaram, em vão, destruir os
repressão, a revolta popular transformou-
islâmico. Além disso, o Estado Islâmico
mujahedins21. O conflito interno destruiu
-se numa guerra civil, fazendo inúmeras
persegue minorias, como os muçulmanos
o País, que já era um dos mais pobres do
vítimas civis e levando milhões a abando-
xiitas, os cristãos armênios e os drusos29.
mundo. E foi durante esse conflito que
narem suas casas e a buscarem refúgio
Em setembro de 2014, ele iniciou o exter-
à morte em seu País.
20
26
– contra o regime de
líder – califa – é Abu Bakr al-Baghdadi.
surgiu a Al Qaeda .
em países vizinhos.
mínio sistemático de uma minoria cristã
Os soviéticos retiraram-se em 1989 e o
O conflito intensificou-se quando a Ir-
que fala o aramaico, considerado patri-
Afeganistão mergulhou em uma guerra
mandade Islâmica passou a apoiar os
mônio da humanidade.
22
36 | Revista Pilotis
artigo
glossário Levante Mediterrâneo corresponde à região do
culo I da Era Cristã, com o processo de desjudaização
20
litoral do Mar Mediterrâneo que compreende o nor-
da Judeia pelos romanos, no qual os judeus viveram
1991, formado por 15 repúblicas: Rússia, Bielorrús-
te da Península do Sinai, o litoral da Faixa de Gaza,
fora da Palestina – Terra Prometida.
sia, Ucrânia, Moldávia, Lituânia, Letônia, Estônia,
de Israel, do Líbano, da Síria e da Península da Ana-
11
tólia, Turquia.
12
1
Estepe: vegetação arbustiva com poucas formações
URSS: Estado socialista que existiu entre 1922 e
Guerra: conflito armado entre Estados.
Armênia, Geórgia, Azerbaijão, Turcomenistão, Ca-
Yom Kippur: o mais sagrado dos feriados judaicos
zaquistão, Quirquistão, Tadjiquistão e Uzbequistão.
2
- Dia do Perdão.
arbóreas. A denominação deriva do russo: степи step.
13
cia militar e nuclear, fez oposição ao poder dos Esta-
Ueds são rios temporários, que existem apenas em
preços do barril do petróleo, em setembro de 1973,
dos Unidos durante o período da Guerra Fria.
épocas de chuva. A denominação deriva da pala-
decorrente de um boicote feito pelos países do Golfo
21
vra francesa oued, que é uma derivação do árabe
Pérsico, devido ao apoio ocidental a Israel na Guerra
islamismo, admitindo inclusive o martírio.
يداولاwadi.
do Yom Kippur.
22
3
Drenagem endorreica: diferente da drenagem
Primeira Crise do Petróleo: elevação abrupta dos
OLP – Organização para a Libertação da Palestina:
Constituiu-se na 2.ª economia mundial. Superpotên-
Mujahedins: guerreiros de Allah que lutam pelo
Al Qaeda: organização fundamentalista islâmica
4
14
internacional que luta contra a influência ocidental,
exorreica, que corre para os oceanos e mares, ela
organização criada em 1964 com o objetivo de re-
principalmente, sobre assuntos islâmicos.
termina no continente, numa lagoa ou mar fechado.
presentar a população palestina no processo de rei-
23
5
Semita: conjunto etnolinguístico composto por
vindicação de um Estado nacional. Foi admitida na
situada na Arábia Saudita.
vários povos que compartilham as mesmas origens
ONU em 1982.
24
culturais, com destaque para os árabes e os hebreus.
15
poder no Afeganistão e contra a influência ocidental
A acepção bíblica da expressão tem sua origem no
e muçulmanos, situada na Cisjordânia, à margem
no País, considerada impura.
Gênesis, que faz referência aos descendentes de Sem
oeste do rio Jordão, considerada capital por Israel e
25
ou, do hebraico, םשShem, filho de Noé.
reivindicada pelos palestinos para ser a capital de seu
islâmica e na lei sagrada – a charia.
6
futuro país.
26
VII da Era Cristã. Tem Maomé, ou Mohammed, como
16
Hamas ou “Movimento de Resistência Islâmica”:
popular que teve início na Tunísia, em 2010, e que
profeta, e seu livro sagrado é o Corão.
Islamismo: religião monoteísta surgida no século
Jerusalém: cidade sagrada para judeus, cristãos
Mecca: a mais sagrada cidade para os islâmicos,
Talebã: grupo fundamentalista sunita que luta pelo
Mulah: homem/líder islâmico instruído na teologia
Primavera Árabe: série de movimentos de origem
organização palestina sunita que atua nas áreas polí-
rapidamente se espalhou pelo norte da África – Líbia
7
tica e filantrópica. Por meio de facções armadas, pro-
e Egito – e por países do Oriente Médio, principal-
dicional que se caracteriza por pequenas proprieda-
move ações terroristas contra Israel.
mente os de regime autoritário – Síria e Iêmen.
des e mão de obra abundante devido à natureza dos
17
27
cultivos (oliveiras, figueira e videiras).
Agricultura mediterrânea: sistema de cultivo tra-
Xiita: ramo do islamismo cujos seguidores acredi-
Conselho de Segurança da ONU: organismo da
tam ser descendentes do profeta Maomé – Muham-
ONU responsável por resolver questões relativas aos
8
Pastoreio nômade é uma prática de criação rudi-
mad. Os xiitas não fazem distinção entre vida religio-
conflitos entre os países. Formado por 15 países, sen-
mentar bastante antiga, disseminada por áreas desér-
sa e a secular. Entendem que o líder político deve ser
do 5 membros permanentes, com poder de veto so-
ticas e semidesérticas e que consiste no deslocamen-
o líder religioso.
bre as decisões do organismo – o P5 e dez membros
to constante de um rebanho, geralmente pequeno,
18
temporários (2 anos), o T10.
em busca de recursos como alimentos e água. É uma
dignitário na hierarquia religiosa.
28
atividade que antecede a pecuária moderna e está
19
O califa fundamenta sua autoridade política na do
associada a espécies mais rústicas de gado, como ca-
após a chegada dos xiitas ao poder no Irã, o que
profeta Maomé.
prinos, ovinos e o dromedário.
trouxe um grande temor – sobretudo entre os países
29
Estado: organismo político-jurídico constituído
ocidentais – de que o novo governo do País bloque-
ximadamente 1 milhão de indivíduos, que se disse-
por um território, população, autogoverno, leis
asse o Estreito de Ormuz e, assim, impedisse o esco-
minou por territórios do Líbano, Israel, Síria, Turquia
e soberania.
amento do petróleo dessa região, a maior produtora
e Jordânia. Falantes do árabe, não são considerados
mundial de petróleo.
muçulmanos pelos praticantes do islamismo.
9
Diáspora judaica: período histórico iniciado no sé-
10
Aiatolá: para os muçulmanos xiitas, é o mais alto
Segunda Crise do Petróleo: ocorreu em 1979,
Califado: forma de governo tipicamente islâmica.
Drusos: comunidade religiosa composta por apro-
Revista Pilotis | 37
ensino médio noturno
Tardes de
Cinema por Jussane Pavan, professora de Redação.
O
projeto Tardes de Cinema é um
Isso tudo tem como objetivo formar um
encontro quinzenal em que
público ativo e interessado pela sétima
assistimos (Professora Jussane
arte, que consiga perceber e desvendar
Pavan, de Redação, Professor Gilberto
pequenos detalhes das obras mais mar-
Teixeira, de História, e alunos do EM No-
cantes que já foram criadas e também
turno) a filmes que estão fora do circuito
daquelas que ainda serão.
convencional de cinema.
O antes
Um pouco de tudo – com qualidade
Procuramos apresentar aos alunos filmes
O primeiro tema do projeto foi a adoles-
desconhecidos deles, que tragam junto
cência e aqueles que estão à margem do
ao seu enredo reflexões que nos façam
comum. Assistimos a filmes como Mary
entender um pouco melhor o mundo e o
e Max, Conte comigo e Ghost world.
ser humano.
Depois, começamos a fazer uma mostra
Esse encontro é iniciado com uma discus-
de diretores famosos. Nesse momento,
são sobre o filme a que iremos assistir, uma
conhecemos um pouco melhor a vida e
breve biografia do diretor da obra e tam-
a obra de algumas figuras de destaque,
bém algumas características marcantes que
como Hitchcock, Roman Polanski e Ta-
devem ser salientadas para melhor com-
rantino. Mais à frente, iniciamos um tour
preensão e apreciação da obra artística.
pelo mundo, passamos pelo cinema latino-americano e agora estamos vendo o
38 | Revista Pilotis
E o depois
cinema europeu.
Após a sessão, fazemos uma discussão
É sempre um prazer o momento do cine-
sobre tudo o que envolve a arte do ci-
ma. É nele que conseguimos nos esque-
nema: a direção, a atuação, a direção de
cer um pouco do cotidiano e mergulhar
arte, a trilha sonora, entre outras coisas.
na liberdade da arte.
ensino médio noturno
Tenho muitas dúvidas sobre o futuro. Não sei se quero Exatas, Humanas ou Biológicas. A minha única certeza, que tenho graças a essa maravilhosa iniciativa, é que o cinema... ah, o cinema, eu quero para sempre comigo.”
O que os alunos têm a dizer?
por dois professores que admiro muito: a
“O Cineminha não é só um ‘extra’ que o
mostrar filmes que não são muito vistos
“Bem... O que dizer do Cineminha? Ou
Colégio nos proporciona, é algo mais. Ele
normalmente, nos faz analisá-los de for-
melhor, o que não dizer do Cineminha?
muda seu olhar cinematográfico. Sabe
ma reflexiva, tentando entender o que
Segundo o Dicionário Brasileiro da Língua
quando você vai ao cinema sozinho e de
queriam dizer com o filme e interpretan-
Portuguesa (Jornal da Tarde), cinema sig-
repente percebe que ir acompanhado é
do os detalhes que passam despercebi-
nifica ‘arte ou ciência da cinematografia’.
mil vezes melhor? O Cineminha é algo
dos pela maioria. Depois de frequentar
Se analisarmos o significado de arte no
como ir acompanhado ao cinema, só que
o Cineminha, passei a ver os filmes com
mesmo dicionário, teremos: o ‘conjun-
melhor (acredite!), porque a sala está lo-
outros olhos, não mais só como uma for-
to de regras para fazer ou dizer alguma
tada de amigos cinéfilos!
ma de entretenimento.
coisa com perfeição’. Logo, o cinema é
Lembro com perfeição da primeira vez que
Dentro daquela sala pequena, junto de
arte, busca a perfeição e, quando entro
fui ao Cineminha. Também lembro quan-
pessoas que também apreciam o cinema
no Cineminha do Colégio São Luís, sinto
do me peguei indicando metade dos filmes
e gostam desse projeto, talvez até mais
como se estivesse entrando num mundo
que conheci no Cineminha e comentando
do que eu, me sinto muito bem, como
perfeito, onde tenho acesso a toda a per-
os diretores que nos foram apresentados
se nada mais importasse, só aqueles mo-
feição que envolve a arte do cinema. Lá,
como se fôssemos amigos íntimos.
mentos durante os filmes e as discussões
eu consigo esquecer qualquer problema,
É gratificante poder participar desse pro-
sobre eles. Me sinto vivo.”
simplesmente desligar minha mente do
jeto. Quando vi, estava até fazendo um
(Vinícius Borges, 2.2)
mundo real, e ligá-la no mundo fictício.
(Juliana de Almeida, 2.2)
Jussane e o Giba. Esse projeto, além de
curso de cinema e pensando em entrar
Tantas discussões e reflexões sobre os te-
nesse maravilhoso mundo cinemato-
“Eu me lembro da primeira vez que fui
mas abordados nos filmes exibidos, pro-
gráfico! É uma ótima quebra de rotina,
ao Cineminha, e o filme era Conta comi-
postas pelos professores – maravilhosos
chegando a deixar seu dia mais colorido,
go (Stand by Me). Não poderia explicar
professores, aliás –, fazem com que mi-
porque não vemos filmes como em um
em palavras o quão importante esse fil-
nha cabeça trabalhe direito e expandem
domingo tedioso, nós os comentamos
me foi para mim ou o quão importante
meus conhecimentos. O Cineminha me
como um todo, tiramos deles o seu me-
o Cineminha se tornou pra mim a partir
proporciona uma eterna aprendizagem e
lhor e o melhor de nós também.”
daquele momento.
sei que, a cada filme que é exibido, me
(Gabrielle Neves, 2.2)
O mais interessante sobre as discussões é
torno um pouco mais culto e, para mim,
o quanto elas nos mostram o melhor da
isso é muito importante. É um projeto
“O cinema é uma arte que sempre me
vida e o melhor de nós. Nos torna mais
maravilhoso, que me traz conhecimento,
interessou, devido a sua grandiosa com-
críticos em relação à arte e em relação a
alegria e cultura. Só tenho a agradecer
plexidade. Muitos não percebem a difi-
tudo o que nos cerca. Análises que vão
aos meus queridos mestres, Jussane e
culdade e todo o trabalho envolvido para
além de luz e movimentação de câmera.
Gilberto, por criarem esse lindo, grande
fazer um filme de qualidade.
Analisamos o sentimento que a história
e excelente projeto.”
O Cineminha é um ótimo projeto criado
quer passar.
(Vinícius Vieira M. Lima, 2.2) Revista Pilotis | 39
HISTÓRIA
padre
Por Gilberto Teixeira, professor de História e coordenador do Centro de Memória do CSL.
40 | Revista Pilotis
HISTÓRIA
“Eu era apenas um garotinho quando os destinos do mundo estavam se decidindo na Segunda Guerra Mundial.”
Q
uem quer que se aproxime do
de um trabalho como esse nos revela a
invariavelmente desmanchava-se em lá-
centro de Nova Friburgo não
um só tempo a transitoriedade da vida
grimas... Mas havia tanta ternura, e ao
pode deixar de notar a presença
e a importância de agirmos com diligên-
mesmo tempo tanta esperança naquelas
imponente da fileira de palmeiras impe-
cia e celeridade quando nosso objetivo é
belas missivas, e tal cumplicidade entre
riais que se distribuem, no alto do morro,
capturar e compartilhar a sabedoria da
mim e minha mãe no sentimento pela
diante do majestoso prédio do Colégio
experiência de longas vidas dedicadas a
ausência de meus irmãos que esses mo-
Anchieta. De bem longe, elas atraíram
um ideal.
mentos inesquecíveis de minha infância
minha atenção na manhã ensolarada do
Durante quase duas horas, à luz quen-
foram decisivos na descoberta de minha
dia 28 de maio de 2014. Naquela oca-
tinha do sol de maio que entrava pelo
própria vocação. (...)”
sião, subi a longa rampa que dá acesso
janelão da sala, conversamos sobre sua
Desde muito cedo, ele demonstrou um
ao prédio chamado carinhosamente de
vida, infância, primeiros anos de novicia-
olhar atento às injustiças e disposição e
Château pelos antigos moradores do lu-
do, e sobre os desafios de dirigir grandes
coragem para combatê-las. A despeito de
gar. Meu propósito ali era encontrar-me
colégios por todo o País. A mais viva im-
sua ascendência francesa, ele lembrava
com um homem que, do alto de seus
pressão que a conversa deixou em mim
com revolta o tratamento que os brasilei-
83 anos de idade, e em plena atividade
foi a de um homem absolutamente de-
ros deram, em sua terra natal (a cidade de
como reitor daquele colégio, pode ser
terminado e firme, mas compassivo e, so-
Rio Grande), aos cidadãos de origem ale-
considerado um dos mais importantes
bretudo, profundamente coerente.
mã durante a Segunda Guerra Mundial: “Eu era apenas um garotinho quando os
dirigentes de colégios no seio da comunidade jesuíta: o padre Guy Jorge Ruffier.
A origem e a infância
destinos do mundo estavam se decidin-
O objetivo do encontro era realizar uma
Padre Guy era de uma família de imigran-
do na Segunda Guerra Mundial. Vivi este
entrevista – talvez a última grande entre-
tes franceses que foi muito profícua em
ambiente francófilo lá em Rio Grande.
vista concedida por ele – para um projeto
relação a padres. Três de seus irmãos mais
Havia muitos alemães vivendo ali, muitos
de História Oral de vida dos ex-reitores
velhos, antes dele, abraçaram a vocação
eram comerciantes de casas que traziam
do Colégio São Luís, que se encontra em
sacerdotal e jesuítica. As cartas por eles es-
seus nomes e quando as coisas engros-
fase de elaboração.
critas à família, segundo o padre Guy, fo-
saram vi coisas que me marcaram muito.
Naquela ocasião, ao encontrá-lo tão so-
ram as sementes de sua própria vocação:
Não podia entender, ainda criança, como
lícito, gentil e disposto, absolutamente
“Lembro-me de que o correio deixava as
homens pudessem virar animais selva-
nada me faria supor que o caprichoso
cartas e eu ia correndo para recolhê-las,
gens! Vi pessoas invadindo casas comer-
destino não permitiria que ele vislumbras-
passava pela cozinha para preparar um
ciais alemãs e atirando pela janela coisas
se o produto final de sua generosa dis-
copo de água com açúcar e ia para sala
preciosas, arruinando vidas de vizinhos,
posição: uma das mais belas entrevistas
para abri-las e lê-las com a minha mãe. O
pessoas da comunidade, pelo simples
que tive a honra de colher. A realização
copo de açúcar, claro, era para ela, que
fato de serem alemãs. O povo aplaudia Revista Pilotis | 41
HISTÓRIA
“As diferenças entre as religiões muitas vezes são muito mais de caráter cultural do que religioso.” aqueles atos de selvageria como se es-
Guy trabalhou com jovens no Rio de Ja-
aos outros, foi lá no arquivo e tirou todas
tivessem numa tourada! E eu, francês
neiro, nos duros anos da ditadura militar.
as fichas em que havia alusões a mim e
de origem, muitas vezes envolvi-me em
Junto com muitas lembranças de lutas e
me mostrou. Olhei espantado para toda
brigas defendendo alemães, às vezes ao
enfrentamento contra os poderosos, ele
aquela informação coletada a meu res-
custo de um nariz quebrado!”
lembrou também uma bela história de
peito. Isso abriu um canal de confiança
concórdia e entendimento naqueles tem-
entre nós. Naquele momento histórico,
Experiências e vocação
pos em que tais coisas foram tão raras:
isso foi muito importante, pois havia mui-
Durante toda a sua formação nos pri-
“Mas naqueles anos havia uma sede de
ta incompreensão e falta de diálogo entre
meiros anos, a experiência que mais o
justiça e o povo pensante estava muito
as diferentes formas de pensamento, o
marcou e com a qual teve mais prazer foi
presente, de forma que comecei a dar
que, naquele cenário, estava se tornando
a do magistério, fase obrigatória da for-
aulas de catequese para os pais dos alu-
perigoso para muita gente.”
mação de jesuítas, cumprida no mesmo
nos. Foi um sucesso danado, em pouco
Colégio Anchieta, do qual muitos anos
tempo tínhamos uma sala cheia de pais e
História e trabalho
depois seria reitor. Experimentando as di-
nos reuníamos uma vez por semana. Isso
Como reitor de colégio, a primeira expe-
ferentes facetas do trabalho no Colégio,
foi um divisor de águas no trabalho de
riência do padre Guy foi no Colégio An-
convivendo e trabalhando com alunos,
pastoral do Santo Inácio, pois a adesão
tônio Vieira de Salvador, onde ele atuou
professores e pais, o padre Guy parece
dos pais deu muito mais força ao traba-
de 1980 a 1988. Suas memórias desse
ter encontrado aquilo que mais o fascina-
lho com os alunos. Inclusive, entre esses
tempo são muito felizes, repletas de his-
va. Mas, antes de assumir definitivamen-
pais, havia um coronel do exército e esse
tórias sobre a bondade e a fé do povo
te essa vocação, ele lembrou com muita
coronel, que tinha uma cabeça muito
baiano. Sem nenhum preconceito, com a
gratidão que seus superiores na ordem
boa, começou a se entusiasmar. Ele di-
mente aberta que sempre o caracterizou,
ainda o destinaram a estudar Teologia na
zia aos pais mais próximos dele: ‘Esse
ele disse:
Universidade Gregoriana em Roma. Além
padre, afinal, não é tão perigoso quanto
“Havia um jesuíta que trabalhava comigo
de Roma, ele também estudou catequese
estão dizendo!’ Então um dia ele me dis-
no Colégio, creio que ele ainda está lá,
em Bruxelas e lá descobriu sua profunda
se: ‘Padre, venha comigo!’ Então fomos
cuja mãe era uma Mãe de Santo de um
vocação para o trabalho com os jovens.
juntos ao Campo dos Afonsos, onde es-
terreiro próximo. O filho era muito devo-
No Brasil, ele desenvolveu muito essa vo-
tava sediado o CINEMAR (Centro de In-
to, um jesuíta fervoroso, mas a sua mãe
cação sendo animador de pastoral nos
formações da Marinha). Chegando lá, ele
nos convidava a ir às festas umbandistas
primeiros anos de retorno ao País. Padre
apresentou as patentes dele, era superior
no terreiro dela e lá íamos nós! Havia um
42 | Revista Pilotis
HISTÓRIA
profícuo diálogo inter-religioso naquela
damente que eu nem me dei conta. Cada
cidade e, como se sabe, isso é cada vez
uma de suas histórias me transportava a
mais raro... As diferenças entre as religi-
um tempo diferente, a um conjunto de
ões muitas vezes são muito mais de cará-
problemas, desafios, e a um conjunto de
ter cultural do que religioso propriamen-
soluções nascidas do discernimento ina-
te. Claro que se nascesse na Índia seria
ciano de um experimentado educador.
hindu e não católico, mas provavelmente
Amarrando todas elas, destacava-se se a
teria os mesmos valores...”
personalidade daquele que as viveu com coerência e no serviço aos demais.
No São Luís
A notícia de seu falecimento chegou até
Depois desse colégio, o padre atuou
mim apenas no dia 2 de agosto, embora
como reitor em sete dos catorze colé-
tenha acontecido no dia 23 de julho. No
gios jesuítas no Brasil, contando inclusi-
dia de sua morte, fazia exatos 55 dias que
ve com sua inesquecível passagem pelo
eu tinha mergulhado na história daquela
CSL (1999-2005). Foram anos de intenso
vida tão rica e cheia de lições. Desde en-
aprendizado para ele e de grande benefí-
dade era recuperar colégios em dificulda-
tão, vinha trabalhando no seu depoimen-
cio para os colégios por onde ele passou.
des. Ele mesmo, com um sorriso irônico,
to e dando-lhe a forma definitiva com a
Ao mesmo tempo em que dirigia esses
admitia essa característica, afirmando:
qual figurará no produto final de nosso
colégios, ele ainda encontrou tempo para
“Acho que sou isso mesmo, mas não te-
trabalho. Ansiava pelo momento em que
ser presidente de uma entidade nacional,
nho grandes méritos em ser assim. Isso
ele pudesse ler seu depoimento e pudés-
a AEC (Associação de Educação Católica),
tem tudo a ver com a minha própria for-
semos discutir os seus detalhes. Esse dia
o que lhe deu uma ampla visão da educa-
mação. Meu pai me mandava lustrar os
jamais chegará...
ção praticada no País por todas as escolas
sapatos da casa e, se faltava um único
Por mais tristeza que possa ter causado
católicas e não apenas pelas jesuítas. As
centavo no troco do que foi pago pelo
a todos nós o falecimento do padre Guy,
histórias da sua atuação nessas institui-
serviço, ele me chamava à sua presença
ela não se compara à alegria de termos
ções são fonte inspiradora. Em cada uma
de noite: ‘Onde está o troco?’ e tinha que
sido todos testemunhas da vida plena de
delas, revela-se o homem paciente, mas
dar conta de tudo. Exatidão, coerência e
realizações que ele compartilhou conos-
decidido; aberto a sugestões, mas muito
honestidade. Esses valores se adquirem
co. Nas palavras de seu depoimento ele
convicto de seus princípios. Seu grande
no início da vida, quando se vive numa
está mais vivo do que nunca e como sem-
pragmatismo combinado com uma len-
família que acredita neles e os cultiva.”
pre foi em vida, sua experiência continu-
dária parcimônia fez com que ele ficasse
Posso afirmar que as quase duas horas
ará sendo uma eterna inspiração àqueles
conhecido como um reitor cuja especiali-
que durou a entrevista passaram tão rapi-
que virão.
“Exatidão, coerência e honestidade. Esses valores se adquirem no início da vida, quando se vive numa família que acredita neles e os cultiva.”
Revista Pilotis | 43
faça você mesmo
uma
a j u r o c
pra lá de útil! Quer aprender a fazer um marcador de página diferente e muito fofo? Acompanhe o nosso passo a passo e deixe os seus momentos de leitura muito mais divertidos e bonitos. É fácil de fazer e com certeza será uma ótima atividade familiar!
1
2
3
Recorte os moldes do corpo, das asas,
Em seguida, recorte os desenhos. Não se
Com a cola colorida branca, desenhe bo-
dos olhos, do bico e das patas da coruja.
esqueça de desenhar e recortar as asas e
linhas nas asas e na parte de cima da ca-
Com um lápis, risque os pedaços colori-
as patas duas vezes, para formar os pa-
beça. Com a cola verde, faça o mesmo na
dos de EVA, contornando os moldes.
res; e o corpo azul também, para cobrir
barriga e com a preta desenhe os olhos.
os dois lados do CD.
Espere secar.
PASSO A PASSO DETALHADO NO FLICKR Para visualizar todas as fotos do passo a passo, acesse o álbum “Marcador de página de Coruja” no nosso Flickr: www.flickr.com/photos/saoluis/sets
44 | Revista Pilotis
faça você mesmo
Você vai precisar de: - 1 CD velho; - EVA azul, verde, vermelho e branco; - 1 tesoura sem ponta; - 1 lápis grafite - 35 cm de elástico chato; - 1 embalagem de cola instantânea; - cola colorida branca, verde e preta; - folha de moldes (disponível no Flickr).
4
5
6
No CD, cole as duas pontas do elástico,
Utilizando a cola instantânea, cole um
Cole a parte de cima da cabeça próxima
uma em cada extremidade oposta. O
dos círculos azuis do corpo da corujinha
a uma das pontas do elástico, para que o
elástico de 35 cm é usado para marcar
no CD, cobrindo as pontas do elástico.
centro do corpo da coruja fique alinhado
livros e cadernos médios, mas, caso a in-
No verso do CD, cole o segundo círculo.
com o livro que você irá marcar. Em se-
tenção seja usar o marcador em um livro
guida, cole as asas, a barriga, as patas, os
maior, o seu comprimento deve aumen-
olhos e o bico da corujinha.
tar também.
Revista Pilotis | 45
cultura
A ONDA O professor Rainer Wenger é escolhido para lecionar autocracia em uma escola na Alemanha. Logo na primeira aula, decide, para exemplificar melhor aos alunos o conceito de governo totalitário, criar um modelo do governo fascista dentro da sala de aula. O movimento recebe o nome de “A Onda”, e ganha uniforme e saudação própria. À medida que vai crescendo, Rainer passa a perder o controle daquilo que iniciou. Os alunos se tornam mais disciplinados, porém, também violentos. Baseado em um caso real, que aconteceu em 1967, na Califórnia, o longa demonstra que a linha entre a ideologia e a dominação é bastante tênue. Título original: Die Welle Gênero: Drama Classificação: 16 anos
Como surgiu o chapéu de cozinheiro? Durante a Idade Média, na França, o trabalho de cozinheiro
A TROCA
era visto com tanta
Você trocaria um baú cheio de ouro por um copo
importância que eles
de água e um alfinete? Não, né? Mas o Joaquim
recebiam um título
trocou! Afinal, quando se está em um deserto
militar, o de officiel
morrendo de sede, um pouco d’água vale muito
de bouche (oficial
mais que um grande tesouro.
da boca). Dentro da
É assim que começa o livro A Troca, que conta a
hierarquia da cozinha,
história de uma coisa que é trocada pela outra, e
os chapéus brancos
depois por outra. “Quanto vale um amor? Depen-
de alturas variáveis
de de quanto dura? Ou depende de quem procu-
foram adotados para
ra?”, pergunta a escritora. No final dessa brinca-
identificar o posto
deira, após termos solucionado todas as dúvidas,
exercido por cada um.
passamos a entender o verdadeiro valor das coisas
Enquanto o chef usava
e a pensar mais sobre o que é importante.
sempre o mais alto de todos, os auxiliares
Autor: Bia Hetzel
mais simples vestiam
Ilustração: Jean-Claude R. Alphen
apenas um boné.
Editora: Manati
46 | Revista Pilotis
cultura
COM A MÃO NA MASSA! Criança adora entrar na cozinha procurando guloseimas. Mas quem disse que criança também não pode aprender a cozinhar? A escola de gastronomia Minichefs oferece diferentes cursos para ensinar a molecada a preparar vários pratos. O cardápio muda a cada semana e varia de cozinha mexicana ao menu que tem a banana como ingrediente principal. A idade mínima para se tornar um minichef é de 4 anos, e os pais podem assistir às aulas junto com os filhos. A intenção da escola é propor uma revolução por meio da cozinha, envolvendo as crianças em uma atmosfera de descoberta e experimentação. Tudo isso sempre levando em conta a segurança dos pequenos, é claro. MINICHEFS ESCOLA DE GASTRONOMIA Horários de aula variados durante a semana e aos sábados pela manhã. O calendário é divulgado no site: www.minichefs.com.br. Rua Fiandeiras, 828 Vila Olímpia. Os preços variam de R$ 90,00 a R$ 427,00 por curso.
UM NOVO OLHAR SOBRE A HISTÓRIA Dentro do Parque Ibirapuera, em um edifício projetado por Oscar Niemeyer, funciona desde 2004 o Museu Afro Brasil. Ele possui um acervo de mais de 6 mil obras, entre elas, pinturas, esculturas, gravuras, fotografias e peças etnológicas que ajudam a contar a história dos afrodescendentes no Brasil. O grande objetivo do curador Emanoel Araújo é que o próprio olhar negro reconstrua sua história. Assim, ele procura abordar temas como escravidão, religião, arte, trabalho e até mesmo futebol, porém, sempre buscando fugir do tradicional ponto de vista triste e estereotipado da trajetória dos negros no Brasil. O museu possui um acervo permanente, um auditório e uma biblioteca, e realiza exposições temporárias ao longo do ano. MUSEU AFRO BRASIL (MAB) De terça a domingo, das 10h às 17h. Parque do Ibirapuera: Av. Pedro Álvares Cabral – Portão 10. Gratuito. Evento permanente.
Revista Pilotis | 47
antigo aluno
ao infinito e além! Antigo aluno do Colégio São Luís fala sobre os pontos negativos e positivos da opção por uma universidade no exterior e conta sobre a sua incrível trajetória, que o levou a trabalhar na NASA.
I
van Aragona certamente não é um antigo aluno comum. Com muita coragem e garra, em 2008, com apenas 19 anos, conquistou uma vaga na universidade americana Indiana Institute of Technology, transferindo-se, após um certo tempo, para
a Colorado State University. Porém, seus sonhos não pararam por aí: Ivan, que se graduou em Engenharia de Produção, Química e minors em Matemática e Italiano, teve um projeto aprovado e financiado por nada mais, nada menos do que a NASA. Em sua pesquisa, estudava e propunha formas de como lidar com a questão do transporte de combustível de outros planetas (como Marte) para a Terra. Hoje, Ivan trabalha junto ao governo norte-americano, em uma empresa chamada Transportation Technology Center Inc, que lida com formas de transporte ferroviário – e que tem como clientes, por exemplo, o Metrô de São Paulo e a companhia Vale do Rio Doce. Em entrevista à Revista Pilotis, Ivan conta-nos sobre a sua experiência de estudar no
Por Pilar Baptista
48 | Revista Pilotis
exterior, sobre seu trabalho junto à NASA e sobre a escolha profissional.
antigo aluno
“Nossa ideia era produzir o combustível em Marte devido às altas concentrações de gás carbônico.” Revista Pilotis: Como se deu o proces-
isso, desde que cheguei lá, comecei a tra-
rém, carregar o combustível de volta ao
so para que você pudesse estudar em
balhar como tutor na faculdade e dava
planeta Terra é praticamente impossível.
uma universidade no exterior?
aulas de reforço de Química em um co-
Nossa ideia era produzir o combustível
Ivan Aragona: Eu joguei tênis a minha
légio da cidade. Esses primeiros traba-
em Marte devido às altas concentrações
vida toda, e conseguia conciliar os estu-
lhos me ajudaram muito a crescer como
de gás carbônico. Fomos vencedores do
dos com os torneios federados e confe-
pessoa, pois passei a dar valor ao meu
concurso de melhor projeto do ano e
derados. Eu sempre tive o sonho de me
próprio dinheiro, algo que não acontecia
recebemos uma bolsa para dar continui-
tornar um tenista profissional, mas infe-
enquanto morei no Brasil, já que, como
dade à proposta. Como passei a receber
lizmente é muito difícil, e não dependia
eu morava com meus pais, não precisava
essa ajuda de custo, acabei deixando o
somente do meu esforço. Sempre falavam
me preocupar em pagar as minhas con-
tênis de lado e passei a me dedicar à vida
que, mesmo que eu não conseguisse, eu
tas. Porém, ao estudar fora do meu país,
de pesquisador. Esse momento foi funda-
poderia estudar no exterior com uma ex-
tive que enfrentar algumas dificuldades,
mental para me ajudar a me tornar quem
celente bolsa de estudos. Uma frase que
como o preconceito por ser estrangeiro
sou, além de possibilitar a abertura de
me marcou, de um técnico espanhol, foi:
– no começo muitas pessoas davam risa-
diversas portas em empresas americanas.
“O tênis tem muito a oferecer, não só
da do meu sotaque –, o frio (o inverno
Hoje, estou em processo de cidadania
uma carreira no profissional”. Existem
chegava a -30°C), as saudades da comida
americana, já que, por conta de meus
empresas qualificadas que auxiliam essa
brasileira, da família e de meus amigos.
trabalhos realizados, acabei me tornando um candidato, com grande potencial, a
transição, ajudam a divulgar seu currículo no tênis e na tradução de documentos
RP - Como começou a sua trajetória
cidadão. Além disso, também estagiei na
escolares para poder ser aceito em uma
profissional na NASA?
NASA por três meses, durante o summer
faculdade americana. Foi através desse
IA - Meu trabalho com a NASA é uma
break – as férias de verão – e pude apren-
procedimento que consegui essa oportu-
pesquisa que comecei no meu segundo
der muito.
nidade de estudar fora do Brasil.
ano de faculdade. Tudo começou com um projeto especial na faculdade e, como
RP - Qual foi, na sua opinião, o maior
RP - Como você descreveria a experi-
a NASA tem grande interesse por proje-
desafio de trabalhar em uma empre-
ência de estudar fora do Brasil?
tos do gênero, eu e meu grupo viajamos
sa desse porte?
IA - Foi um aprendizado incrível, que
em 2010 para o Alabama para fazer
IA - Para mim, o momento mais desafia-
ajudou muito a acelerar meu amadureci-
nossa apresentação em uma conferência
dor foi encarar pessoas altamente qua-
mento. Nos EUA, existe uma cultura que,
com vários especialistas e astronautas.
lificadas. Não acredito que eu seja alta-
depois dos 16 anos, você deve trabalhar
Tratava-se de uma pesquisa relacionada
mente inteligente, mas sou uma pessoa
para ajudar a pagar os seus estudos. Por
a combustíveis: é possível ir a Marte, po-
batalhadora, estudei muito para estar ali Revista Pilotis | 49
antigo aluno
“Sempre que venho ao Brasil, visito o CSL para relembrar esses bons momentos ao ver os professores ensinando e os alunos brincando.”
e com certeza não foi fácil. Por exemplo,
tória. Não acredito que o professor seja
em faculdades brasileiras – batalhei mui-
desde o começo, quando fui apresentar
somente responsável por ensinar a sua
to, talvez algo que não teria de fazer se
meu projeto, tive muito medo, principal-
disciplina, acredito que eles sejam tam-
tivesse levado os anos do colegial mais
mente na hora das perguntas, pois sabia
bém verdadeiros mentores para a vida.
a sério. Quanto à escolha profissional,
que estava perante pessoas altamente
Infelizmente, acredito que não tive ma-
acabei optando pelo curso de Engenha-
qualificadas. Mesmo mais para frente,
turidade suficiente na época para saber
ria, baseando-me nas disciplinas de que
em algumas reuniões, confesso que não
aproveitar tudo o que eles tinham para
mais gostava na escola: Química, Física e
entendia absolutamente nada do que
me oferecer. Sempre fui um aluno brinca-
Matemática. A partir daí, fui eliminando
meu chefe estava falando, mas concorda-
lhão, que gostava muito de fazer piadas,
carreiras que jamais faria, para, depois,
va com ele, fingindo saber. Porém, logo
e acho que isso pode ter me prejudicado
quanto àquelas em que tinha interesse,
após uma dessas reuniões, eu ia estudar
um pouco durante minha vida escolar.
conversar com pessoas formadas na área,
e procurar entender absolutamente tudo
para que eu começasse a me imaginar
que havia sido apresentado. Às vezes, de-
RP - Quais lembranças e saudades
trabalhando naquele determinado ramo.
morava muito para conseguir entender,
você tem do tempo em que estudava
Quanto à opção de “estudar fora”, acre-
mas, como disse, com muita luta a gente
no CSL?
dito que seja uma grande experiência –
consegue atingir nossos objetivos.
IA - Tenho muita saudade dos meus ami-
e quando digo “fora”, não quero dizer
gos, da época da escola, momento em
necessariamente no exterior. Meu irmão,
RP - O Colégio São Luís influenciou de
que tudo era muito tranquilo e que mi-
Marcio Pagano Aragona (formado no Co-
alguma forma essa sua trajetória? Se
nha maior preocupação era somente es-
légio São Luís em 2010), por exemplo,
sim, de que maneira?
tudar. Também tenho saudade de vários
estuda na Universidade Federal de Pelotas
IA - Se eu voltar a morar no Brasil, o Co-
professores e funcionários do Colégio.
(no curso de Engenharia Hídrica) e, as-
légio São Luís certamente será o colégio
Foi, com certeza, minha segunda casa
sim como eu quando me mudei para os
onde meus filhos irão estudar. Tive uma
por três anos. Sempre que venho ao Bra-
Estados Unidos, está aprendendo a lidar
base muito importante que, somada à
sil, visito o CSL para relembrar esses bons
com o fato de cuidar da própria casa e de
educação que recebi dos meus pais, foi
momentos ao ver os professores ensinan-
sua vida financeira, além de, ao mesmo
determinante para meu amadurecimento
do e os alunos brincando, levando a vida
tempo, estudar e acreditar que isso é im-
e minhas conquistas. Eu tive professores
que eu levava há quase nove anos.
portante. Tais aprendizados são ricos para
extremamente qualificados e respon-
o amadurecimento de cada um e, muitas
sáveis – e faço questão de citar alguns,
RP - Você tem algum recado para pas-
vezes, não são apreendidos em opções
como Denise Krein, Miguel Zein, Eliane
sar aos alunos que estão em momen-
dentro da própria cidade e universo. Acre-
Person, o nosso querido (e já falecido)
to de escolha profissional?
dito que seja necessário expandir nossos
professor Martinho – que não somente
IA - Acredito que tive de me esforçar
horizontes quanto ao leque de opções de
foram professores, mas foram também
muito mais durante esses anos do que
universidades, de forma a não nos ater-
amigos. Pessoas que me ajudaram e me
meus amigos que se prepararam melhor
mos à USP como única alternativa de ex-
aconselharam durante a minha traje-
durante o ensino médio e ingressaram
celência, como acontecia antigamente.
50 | Revista Pilotis
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