Revista Pilotis # 30 - agosto de 2016 Produção interna dos alunos e educadores do Colégio São Luís
QUE ESCOLA É ESTA QUE
QUEREMOS? PROJETO EDUCATIVO COMUM, LANÇADO EM AGOSTO, ORIENTA COLÉGIOS DA REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO NA REVISÃO DE SEUS CURRÍCULOS
DEBATE A importância do brincar ANTIGO ALUNO A promotora Silvia Chakian TEATRO 10 anos de Conexões
DIREÇÃO-GERAL Prof.ª Sônia M. V. Magalhães DIREÇÃO Pe. Geraldo Lacerdine, SJ - Diretor da Humanística Irineu Villares - Diretor Administrativo Dulcineia Alves - Diretora Acadêmica COORDENAÇÃO EDITORIAL Ana Maria Sigaud - Gerente de Comunicação e Marketing EDIÇÃO/JORNALISTA RESPONSÁVEL Camila Antunes (MTB 42718-SP) DECOM - Depto. de Comunicação Apresento a revista Pilotis número 30, que traz uma questão fundamental na capa: afinal, que escola é esta que queremos? Nos meus mais de 40 anos de
DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO
serviço na Companhia de Jesus, essa pergunta surgiu uma e outra vez, como
André Cantarino - DECOM
resposta à necessidade de dialogar com a sociedade, de ler os sinais dos tempos e, sempre que preciso, de atualizar a tradição educativa jesuíta.
FOTOS Maria Bonfim - DECOM
Nos últimos dois anos, porém, com a constituição da Rede Jesuíta de Educa-
Maria Tuca Fanchin
ção, que reuniu as 18 escolas jesuítas brasileiras num trabalho em coopera-
Acervo CSL
ção, passamos a refletir profundamente sobre o que é essencial e, portanto, diferencial na educação jesuíta. Desse processo surgiu o Projeto Educativo
REVISÃO
Comum, ou PEC, lançado agora em agosto, e tema da principal reportagem
Departamento de Publicações
desta edição. Sugiro que a leiam, assim como que dediquem um tempo para observar o PEC na íntegra*. Recomendo também a leitura das matérias “Se-
REPORTAGEM
jamos políticos!” e “Eles sobreviveram para contar a História”, entre outros
Carina Diniz - DECOM
artigos desta edição, que ilustram o trabalho que temos realizado, buscando
Sueli Marciale - Coordenadora Pedagógica
aliar conteúdos acadêmicos à formação em valores.
Tuna Serzedello - Humanística Paulo Panzeri - Humanística
Já mencionei em outras ocasiões como me sinto desafiada à frente deste
Laurindo Cisotto - Orientador Educacional
colégio, que pulsa numa cidade como São Paulo e forma pessoas dispostas a
Antonio de Pádua - Professor
trabalhar por uma sociedade melhor. Entendo que a tradição pela qual somos
Silvia Chakian - Antiga aluna
reconhecidos é uma tradição viva, que requer diálogo para dar a melhor resposta ao desafio de cada tempo. Porém, como nos disse o padre José Alberto
COLABORAÇÃO
Mesa, Secretário Mundial da Companhia de Jesus, tradição não é garantia
Reinaldo Rodrigues - Programador Web
de sucesso, por isso não medimos esforços para qualificar o nosso trabalho.
Ana Paula Ferreira - Estagiária DECOM
Agradecemos a confiança e a participação nessa fase de renovação. Boa leitura! Rua Haddock Lobo, 400 - Cerqueira César
Prof.ª Sônia M. V. Magalhães
CEP 01414-902 / São Paulo, SP
Diretora-Geral do Colégio São Luís
Tel.: 11 3138 9600 / www.saoluis.org A Revista Pilotis é uma publicação
* no Bate-papo Humanístico previsto para o dia 22 de outubro, conversaremos com mais detalhe sobre esse assunto.
www.fsc.org FSC® A000521
interna do Colégio São Luís.
Revista Pilotis # 30 - agosto de 2016
20
CSL CRIATIVO 4 A importância do brincar 24 Trocando as bolas 27 Viva a nossa cultura junina 38 Jovem cientista
CSL COMPROMETIDO Que escola é esta que queremos?
18
CSL CONSCIENTE 12 Eles sobreviveram para contar a História 44 O que circula pelo WhatsApp
CSL CRIATIVO 10 anos de Conexões
CSL COMPROMETIDO 28 Escola como lócus de formação docente 30 Em defesa das mulheres
CSL COMPETENTE 36 Trabalhar para transformar 40 Anotações de viagem 42 Ficou sabendo?
CSL COMPASSIVO 34 Meninas empoderadas
14 CSL CONSCIENTE Sejamos políticos!
OLHA SÓ! Nesta edição, identificamos as reportagens pela característica mais forte trabalhada na atividade em NA WEB
pauta. Assim, mostramos na prática a
Todas as edições da Revista
missão do Colégio São Luís: excelência
Pilotis estão disponíveis na
na educação de pessoas criativas,
área de publicações do site
compassivas, comprometidas,
www.saoluis.org
conscientes e competentes.
CSL COMPETENTE Por dentro do novo período integral
8
CSL CRIATIVO
A ORTÂNCIA P M I DO
BRINCAR COLÉGIO SÃO LUÍS PROMOVE EVENTOS PARA VALORIZAR E PROMOVER A BRINCADEIRA EM FAMÍLIA
POR CAMILA ANTUNES, COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO FOTOS MARIA BONFIM
4 | REVISTA PILOTIS
CSL CRIATIVO
A
rotina atribulada reduz o tempo de con-
Estudo realizado pela Fundação Maria Cecília
vivência da família, a falta de segurança
Souto Vidigal (FMCSV), dedicada à promoção da
faz com que passemos muito tempo con-
primeira infância, mostrou que o brincar foi pou-
finados e a tecnologia rouba a nossa atenção em
co valorizado quando se perguntou quais eram os
todos os lugares e momentos. Essa conjunção de
três itens mais importantes para o desenvolvimen-
fatores tem feito com que a brincadeira perca es-
to de uma criança de 0 a 3 anos. Somente 19%
paço na rotina das crianças – e é preciso olhar para
escolheram a resposta brincar/passear. As alter-
esse fenômeno com atenção.
nativas levar ao médico, alimentar e amamentar
De acordo com um levantamento do Museu das
ficaram entre as mais escolhidas. Na visão da es-
Crianças de Minnesota, nos Estados Unidos, 82%
pecialista em enfermagem e infância Anna Maria
dos pais acham que seus filhos brincam menos do
Chiesa, uma das consultoras da pesquisa, o fato
que eles próprios quando eram crianças. No Brasil,
de o brincar ter conquistado menos de um quinto
possivelmente, essa enquete encontraria resposta
dos votos da amostra (de 2002 entrevistas) é um
semelhante, uma vez que as crianças brasileiras
sinal da alerta: “É pela brincadeira que a crian-
passam, em média, 5h35m por dia em frente à
ça compartilha vivências e reconhece o mundo e
TV (Ibope, 2014) e 2h42m conectadas à internet
suas emoções. O maior aprendizado que a criança
(Ibope, 2012). Em comparação, o tempo ao ar li-
tem é na brincadeira”, diz.
vre não passa de 1 hora para 46% das crianças
Na fase escolar, também é muito comum que os
que vivem em grandes centros urbanos (pesquisa
pais relacionem a brincadeira à hora do descan-
da Unilever/Valor do Brincar Livre).
so, procurando oferecer o máximo de estímulos
“É pela brincadeira que a criança compartilha vivências e reconhece o mundo e suas emoções.” Anna Maria Chiesa, especialista em enfermagem e infância.
Peça Se essa rua fosse minha do grupo Palco Cia. de Teatro: encenação para turma do 1.o ano.
REVISTA PILOTIS | 5
CSL CRIATIVO Família na Escola: um sábado de brincadeiras para pais e filhos.
“Brincando, adultos e crianças liberam sua capacidade criativa, reforçam laços de afeto, dão risadas e, mais do que tudo, comunicam-se!” Pe. Geraldo Lacerdine, SJ, diretor da Humanística.
em aulas extras e atividades educativas. "É um
A programação tem início com uma pequena
grande engano! As crianças aprendem mais
palestra sobre o brincar. Estudioso do tema pela
quando brincam e se divertem. Inclusive, é essa
concepção do psicanalista inglês Donald Winni-
a grande aposta na reformulação do ensino na
cott, padre Geraldo tem dito nessas ocasiões que
Europa: considerar a realidade lúdica da criança
o brincar é o modo de comunicação por excelência
para planejar tempos, espaços e propostas de
das crianças, favorecendo questões importantes
aprendizagem.", afirma Padre Geraldo Lacerdine,
relacionadas à autoconfiança e à formação de va-
diretor da Humanística. Nesse sentido, queremos
lores éticos. “Brincando, adultos e crianças liberam
provocar a seguinte reflexão: quanto tempo meu
sua capacidade criativa, reforçam laços de afeto,
filho brinca por dia? Proporciono oportunidades
dão risadas e, mais do que tudo, comunicam-se!”,
para o livre brincar? A atividade é para ele natural
afirma Lacerdine.
e prazerosa? E para mim, em que momentos fico
A manhã do Família na Escola tem piquenique, jo-
disponível para brincar?
gos e muitas brincadeiras entre pais e filhos – além de uma atração especial! O Grupo Triii veio cantar
FAMÍLIA NA ESCOLA
O CSL E O BRINCAR
para os pequenos do Infantil e o grupo Palco Cia. de
Confira as próximas datas:
Com o objetivo de valorizar a brincadeira, o Colé-
Teatro apresentou a peça Se essa rua fosse minha
27/08 - 3.º ano
gio São Luís tem promovido os eventos Família na
para o 1.º ano. Estão previstos mais encontros no se-
10/09 - 4.º ano
Escola. Realizados aos sábados, eles são voltados
gundo semestre. Fique de olho na agenda e vamos
08/10 - 5.º ano
para os segmentos Infantil e Fundamental I.
brincar! (Colaborou Carina Diniz)
6 | REVISTA PILOTIS
CSL CRIATIVO
RECREIO EM CASA Com a ajuda dos professores que intermedeiam o recreio divertido ou dirigido, selecionamos as 10 brincadeiras de que as crianças mais gostam. São ideias para estimular momentos de lazer em família e entre amigos: PINGUE-PONGUE COM BEXIGAS
JOGOS DE TABULEIRO
Faça duas raquetes com palitos de sorvete e prati-
Atraem crianças a partir dos 7 anos. Desenvol-
nhos descartáveis. Encha uma bexiga e é só brincar.
vem a capacidade de refletir e de pensar estrategicamente, ensinando a calcular os riscos. Outras
CORRIDA DE AVIÃO
aprendizagens são: seguir regras, esperar a vez de
Sabe fazer um aviãozinho de papel, certo? Então,
jogar, saber perder e esforçar-se para ganhar.
é assim: cada participante dobra o seu e colore. Define-se o ponto de partida e de chegada e, ao
DAMA E XADREZ
sinal de comando, todos lançam o avião. Vence o
Dos 7 aos 11 anos, Dama e Xadrez estão entre os
que chegar primeiro à marcação.
jogos de que eles mais gostam. Assim como os de tabuleiro, desenvolvem a capacidade de raciocinar,
CORDA
de analisar riscos e de usar estratégias. Quando jo-
Pular corda é uma brincadeira antiga, que con-
gados com um familiar, criam um vínculo que fica
tinua atraindo as crianças e favorecendo a inte-
na memória para sempre.
gração e a atividade física. Pergunte quais são as músicas que seus filhos conhecem e recorde a sua
ELÁSTICO
infância com eles.
Com um elástico de aproximadamente 6 metros com as pontas amarradas, preso atrás dos calcanha-
JOGOS SIMBÓLICOS
res de dois jogadores afastados, a brincadeira co-
Reproduzem o dia a dia, como brincar de casinha,
meça. Cada vez um participante salta sobre os elás-
cabeleireiro, restaurante, mercadinho. O faz de
ticos, numa sequência de pulos predefinida. Se ele
conta – e a inversão de papéis – é ótimo para per-
consegue realizar os movimentos sem se enroscar, o
ceber como as crianças percebem o mundo.
elástico sobe um nível e vai para a altura dos joelhos.
DRAMATIZAÇÃO DE HISTÓRIAS
DOBRADURA
Para despertar a imaginação, selecione roupas,
A brincadeira trabalha a criatividade, paciência,
acessórios, utensílios e brinquedos. Cada um es-
concentração, capacidade de memorizar e habili-
colhe os objetos que vai usar e qual personagem
dades com as mãos. No YouTube, você encontra
será. Entre na fantasia e boa diversão.
diversos vídeos explicativos, a que as crianças adoram assistir para aprender. RODA DE MÚSICA Cantar para crianças pequenas é muitas vezes instintivo, mas, na escola, elas têm a rotina das rodas de música, nas quais experimentam instrumentos e brincam. Que tal manter o hábito? Vale também apresentar as suas músicas preferidas.
REVISTA PILOTIS | 7
CSL COMPETENTE
POR DENTRO DO NOVO
PERÍODO INTEGRAL CONSIDERANDO OS ALUNOS COMO PROTAGONISTAS DA APRENDIZAGEM, O COLÉGIO SÃO LUÍS ENRIQUECE O CURRÍCULO COM OFICINAS E PROJETOS EM GRUPO. POR SUELI MARCIALE, COORDENADORA PEDAGÓGICA DO INFANTIL E DO ENSINO FUNDAMENTAL I
8 | REVISTA PILOTIS
CSL COMPETENTE
A perspectiva da educação integral está presente nos cursos regulares, assim como nos oferecidos no contraturno, e tem como pressuposto básico a aprendizagem que integra diferentes saberes, espaços educativos, sujeitos e conhecimentos.
D
urante o segundo semestre de
da cidade, da região etc. Ao mesmo tem-
sujeitos de vivências que dependem
2015, renovamos a proposta
po, representa um continuum no tempo
de processos educacionais intencionais
para o curso do Integral, ofere-
escolar que está sendo ampliado.
abrangentes e da abertura do espaço
cido do Infantil 3 ao 9.º ano, de modo a
Toda essa mudança teve início à medi-
escolar como condição precípua de um
definir uma matriz organizada a partir de
da que concebemos o educando como
currículo, capaz de integrar os diversos
oficinas de aprendizagem.
produtor de seu conhecimento. Assim,
campos de conhecimento e as dimen-
Tal mudança, implementada em 2016,
nossos professores foram desafiados a
sões física, afetiva, cognitiva, ética, esté-
vem possibilitando uma ampliação do
repensar em como oferecer condições
tica e política.
universo de experiências educativas,
para desenvolver todas as potencialida-
No caso do Colégio São Luís, a perspecti-
científicas, artísticas, culturais e espor-
des ou dimensões formativas dos alunos.
va da educação integral está presente nos
tivas dos alunos, que têm aproveitado
Antes de começar uma atividade, por
cursos regulares, assim como nos ofereci-
plenamente o ambiente escolar, além de
exemplo, fazem um levantamento dos
dos no contraturno, e tem como pressu-
saídas para conhecer e observar outros
conhecimentos prévios e hipóteses sobre
posto básico a aprendizagem que integra
espaços da cidade.
o assunto, coletam e organizam dados da
diferentes saberes, espaços educativos,
As atividades propostas para cada oficina
biblioteca e materiais audiovisuais e tro-
sujeitos e conhecimentos. Dessa forma, o
refletem o novo projeto político-pedagó-
cam informações com seus pares. Nessa
que chamamos de “proposta curricular”
gico da Escola, que põe em xeque a frag-
perspectiva, a partir dos conhecimentos
para o curso Integral é uma ampliação da
mentação de conteúdos (leia mais sobre
desenvolvidos nas oficinas e dos interes-
jornada escolar que não apenas aumen-
o assunto na reportagem Que escola é
ses dos alunos, definem o tema para de-
ta o tempo de permanência do aluno na
esta que queremos?). Na perspectiva da
senvolverem os projetos.
escola mas também cria possibilidades de
educação integral, busca-se a integração
enriquecimento curricular, a partir da diversificação de tempos, modos e espaços
cais – o aluno leva para casa o que apren-
PRESSUPOSTOS DA EDUCAÇÃO INTEGRAL
de na escola, e vice-versa, articulando co-
Para haver uma educação integral, de-
mostramos as propostas das oficinas e
nhecimentos da família, da comunidade,
vemos reconhecer os educandos como
alguns exemplos do que já aconteceu. >>
dos saberes acadêmicos aos saberes lo-
de aprendizagem. Nas páginas a seguir,
REVISTA PILOTIS | 9
CSL COMPETENTE
APRENDENDO POR PROJETOS Conheça as oficinas e algumas atividades desenvolvidas pelos alunos no primeiro semestre no Integral
ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO
INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA
CULTURA DIGITAL
Atividades que trabalham diferentes es-
O princípio dessa oficina é o que chama-
nhecimento e as tecnologias, desafiando
tratégias de leitura e anotação de conte-
mos de "pergunta-ação". Uma questão
os alunos a experiências de aprendiza-
údo, visando ao estudo de qualidade nas
que orienta a busca pela resposta, mas
gem não lineares. As atividades são volta-
diversas disciplinas: Matemática; Língua
também admite a reinvenção da realida-
das ao uso digital, como inclusão tecno-
Portuguesa (inclui Alfabetização/Letra-
de, por meio das respostas encontradas,
lógica, alfabetização e letramento digital,
mento); Línguas Estrangeiras; Ciências;
que podem gerar novas perguntas, sem-
informática educativa, uso ético e seguro
História e Geografia, entre outras. O ho-
pre vinculadas à realidade. As atividades
da internet, utilização de softwares de
rário também é aproveitado pelo aluno
são planejadas para que os alunos pos-
pesquisa etc. Esse acesso aos meios de
para resolver exercícios e fazer a lição de
sam experimentar, interagir e enfrentar
conectividade nos permite ter um novo
casa, solicitando a ajuda dos colegas ou
os problemas da vida cotidiana. Exercem
olhar sobre as práticas colaborativas e de-
de um professor, sempre que necessário.
assim a curiosidade típica do cientista.
mocráticas no espaço escolar.
Alunos aprenderam a construir mapas conceituais para a fixação de novos conhecimentos.
10 | REVISTA PILOTIS
O estudo do tema “luz e sombra”, no Infantil e no 1.° ano, culminou com um teatro de sombras.
Articulação entre as diversas áreas do co-
Alunos do 4.º ao 9.º ano estão desenvolvendo games, vídeos, animações e livros digitais.
CSL COMPETENTE
ASSISTA NA TV SÃO LUÍS Preparamos um vídeo para apresentar a nova proposta do período Integral. Confira em www.youtube.com/tvsaoluis
Atividades lúdicas e mobiliário confortável tornam a rotina do Integral leve e prazerosa.
CULTURA E ARTE
ESPORTE E LAZER
Incentivo à produção artística e cultural,
Os jogos, as brincadeiras de rua e as ativi-
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
individual e coletiva, como possibilidade
dades esportivas (natação, dança, ginás-
Essa oficina se pauta na construção de va-
de reconhecimento e recriação estética de
tica, futsal, brincadeiras de rua etc.) tra-
lores sociais (formas sustentáveis de ser e
si e do mundo, bem como da valorização
balham tanto o repertório motor quanto
de estar no mundo), de conhecimentos,
do patrimônio material e imaterial produ-
a cultura que elas representam. A coo-
de habilidades, de competências e de ati-
zido historicamente pela humanidade. As
peração é o principal valor desenvolvido
tudes voltadas para a conquista da susten-
atividades envolvem as diferentes lingua-
nessa oficina, por meio de situações de
tabilidade socioambiental e econômica. As
gens (música, dança, teatro, artes etc.),
parceria e de trabalho coletivo, em que
atividades centram-se em debates sobre as
a fim de promover o contato, o respeito
é possível superar-se e cooperar para o
possibilidades de transformação da escola
e a valorização, por parte dos alunos, da
desenvolvimento dos outros, reforçando
em espaço sustentável e em experiências
diversidade de manifestações culturais no
sentimentos de confiança, união, parti-
criativas voltadas ao consumo consciente e
Brasil e nas diferentes regiões do mundo.
lha, ajuda e compreensão.
responsável no espaço escolar e fora dele.
Pesquisa da ascendência da turma do 2.º e 3.º anos se desdobrou em atividades como uma aula de culinária italiana.
Aulas de natação são comuns a todas as faixas etárias. Outros esportes e brincadeiras variam conforme o grupo.
No estudo do aquecimento global, alunos do 4.º e do 5.º anos pesquisaram conteúdos para criar campanhas ecológicas.
REVISTA PILOTIS | 11
CSL CONSCIENTE
Júlio Gartner responde a várias perguntas dos alunos.
ELES SOBREVIVERAM PARA
CONTAR A HISTÓRIA TESTEMUNHAS DO HOLOCAUSTO E DA BOMBA ATÔMICA VÊM AO COLÉGIO CONVERSAR COM ALUNOS DO 9º ANO
P
assaram-se mais de 70 anos. Tem-
rores: Júlio Gartner, cuja trajetória de
po muito curto para que as feridas
resistência ao nazismo foi contada no
provocadas pela Segunda Guerra
documentário Sobrevivi ao Holocausto
Mundial tenham cicatrizado na pele e na
(ele veio acompanhado de Márcio Pitliuk,
memória dos sobreviventes. Período lon-
diretor do filme) e Takashi Morita e Junko
go o suficiente para que a nova geração
Watanabe, que viviam no Japão quando
olhe para o ocorrido apenas como mais
os Estados Unidos jogaram as bombas de
um conteúdo do livro de História.
Hiroshima e Nagasaki.
Não para os estudantes do São Luís.
12 | REVISTA PILOTIS
Em complemento aos estudos da Segun-
RELATOS COMOVENTES
da Guerra Mundial, alunos do 9.º ano
Morita, que hoje tem 92 anos, lembrou
tiveram o privilégio de ter duas longas
do clarão e do barulho assustador que
sessões de perguntas e respostas com
presenciou numa manhã ensolarada
pessoas que foram testemunhas de hor-
em Hiroshima. Ele não sabia o que ha-
CSL CONSCIENTE
Morita e Junko, da Associação Hibakusha Brasil pela Paz.
“Hoje estou aqui para que nunca mais a história que vivi se repita” Júlio Gartner, sobrevivente do Holocausto.
via acontecido. Até que, de repente, um
grupo inicialmente batalhava para que o
“Participei do filme e estou hoje aqui
avião passou e ficou tudo escuro. "Co-
governo japonês custeasse os gastos mé-
para que nunca mais a história que vivi se
meçou a cair uma chuva preta. As pesso-
dicos dos sobreviventes à bomba e hoje
repita”, disse Gartner. No documentário,
as na rua ficaram com a cabeça queima-
tem uma atuação mais ampla de comba-
ele visita os locais onde passou desde que
da. De dentro de uma casa que desabou,
te ao uso de energia nuclear.
teve de deixar sua casa na Polônia para
uma criança gritava ‘mamãe, mamãe’.
se esconder em guetos até ser levado por nazistas. Trabalhando num túnel próximo
var uma vida me deixou contente. Olhei
DE VOLTA AO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO
para a cidade: tudo destruído”, contou.
Como os alunos haviam assistido ao relato
dia após o outro até a Guerra acabar. “Eu
Dos cerca de 350 mil habitantes de Hi-
de Júlio Gartner no documentário Sobre-
sabia que aquilo iria acabar algum dia.
roshima, estima-se que 80 mil morre-
vivi ao Holocausto, a conversa girou mais
Queria viver para ver o fim: felizmente o
ram após a queda da bomba atômica.
em torno de perguntas complementares.
fim deles veio antes, não o meu”.
Entre 90 mil e 140 mil pessoas ficaram
Os alunos tiveram curiosidade de saber se
Entre tantos bons filmes sobre o nazismo
feridas ou foram atingidas pela radia-
ele encontrou colegas de escola no cam-
que existem, Sobrevivi ao Holocausto é
ção. Morita passou um mês no hospital.
po de concentração (sim, encontrou), se a
adequado aos jovens porque conta a his-
“Sobrevivi pois não bebi ou comi nada
fé dele ficou abalada (“Às vezes pensava,
tória de uma pessoa que tinha 15 anos,
por dois dias”, explicou ele, que teve
Deus, como você pode permitir que isso
a idade dos alunos, quando a Guerra
medo da contaminação.
aconteça?”, respondeu), se ele ainda sen-
começou. Também porque ele “volta ao
Junko era um bebê no dia em que a bom-
tia raiva dos alemães (“Não, seria injusto.
inferno”, como diz, acompanhado de
ba caiu e seus pais só revelaram o fato
Há um provérbio na Polônia que diz que
Marina, uma adolescente que foi colega
quando ela já era adulta, casada e havia
o filho não pode pagar pelos pecados dos
de escola de sua neta. “Busquei fazer
imigrado para o Brasil. “Por sorte, fiquei
pais. Muito menos dos avós!”, disse), se
esse contraponto para aproximar as ge-
bem e meus filhos nasceram saudáveis”,
acreditava que um ditador como Hitler
rações”, explica o diretor Márcio Pitliuk.
contou. “Mas tive medo quando nasce-
poderia surgir nos dias de hoje (“Não,
“Normalmente ela reagia com raiva e in-
ram meus netos. Carregarei para sempre
mas para isso é preciso que as pessoas
dignação ao que via, enquanto ele mani-
este medo”. Junko e Morita atuam na
sejam educadas e não permitam que esse
festava sua dor, mas conseguia dominar
Associação Hibakusha Brasil pela Paz. O
tipo de gente chegue ao poder”).
o sentimento de ódio”.
Consegui entrar e tirar o bebê de lá. Sal-
a uma câmara de gás, ele sobreviveu um
Fotomontagem com Memorial da Paz em Hiroshima (à esq.) e entrada do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.
REVISTA PILOTIS | 13
CSL CONSCIENTE
1 2
4 3
SEJAMOS POLÍTICOS! EM RESPOSTA À POLARIZAÇÃO DE OPINIÕES QUE DIVIDIU O BRASIL, ATIVIDADES PEDAGÓGICAS EXERCITAM O DIÁLOGO E A TOLERÂNCIA
N
14 | REVISTA PILOTIS
o mês de abril, diante da crise
trar como a participação na vida política é
política, o Colégio São Luís viu
importante para o avanço da democracia
a necessidade de apoiar as con-
brasileira em geral – e de nossa comuni-
versas que estavam acontecendo entre
dade educativa em particular.
os diferentes segmentos da escola, com
De forma coerente, algumas atividades
alguns argumentos que permitissem um
educativas do semestre também refleti-
verdadeiro diálogo a partir de valores de
ram o momento político, exercitando a
respeito e convivência na diversidade de
reflexão e o diálogo, com respeito à diver-
ideias. Uma carta enviada aos pais e res-
gência de opiniões e de posicionamentos.
ponsáveis – que alcançou grande reper-
Nelas, a crise política não foi necessaria-
cussão na mídia e na internet – foi o meio
mente trabalhada como tópico, mas esta-
escolhido para esse posicionamento.
va lá, como pano de fundo, num momen-
Embora não pendesse nem a favor do im-
to em que ficou mais aguda a necessidade
peachment da presidente Dilma Rousseff
de se trabalharem questões de cidadania
nem contra ele, a carta encontrava na
e de tolerância. Relembramos algumas
polarização uma oportunidade para mos-
das propostas de aprendizagem a seguir.
CSL CONSCIENTE
A política como prática de cidadania: 1 - Posse dos representantes de sala. 2 - Votação em urna secreta. 3 - Trabalho de artes com tema da indignação. 4 - Debate sobre pena de morte. 5 - Formação de liderança na Vila Gonzaga.
5
FÓRUM DE POLÍTICA
DEBATES POLÍTICOS
Participantes: alunos de 1.ª e de 2.ª sé-
ELEIÇÃO PARA REPRESENTANTES DE SALA
ries do Ensino Médio diurno.
Participantes: Fundamental I e II.
Como foi: organizados por alunos da 2.ª
Como foi: nesse dia de aula especial, or-
Como foi: pela primeira vez, a eleição
série voluntários, os debates são abertos
ganizado pelos próprios alunos, os estu-
de representantes de sala estendeu-se ao
a interessados e acontecem mensalmen-
dantes participaram de quatro conversas:
Fundamental I, criando as bases para uma
te no período da tarde. Assuntos como
o professor de História Paulo Sutti falou
experiência de atuação política divertida e
pena de morte, impeachment, feminis-
sobre regimes políticos e a democracia no
séria ao mesmo tempo. As crianças refle-
mo e cotas raciais já foram discutidos,
Brasil; um dos coordenadores da Huma-
tiram sobre as características de um líder,
sempre seguindo a mesma dinâmica:
nística, Tuna Serzedello, contou sobre sua
os interessados postularam suas candida-
um grupo defende, outro critica e há
experiência atuando em campanhas de
turas e a votação secreta deu-se em urna
uma mesa mediadora para controlar os
marketing eleitoral; os professores João
eletrônica. Após cerimônia de posse, reu-
tempos de fala. Professores participam
Marcelo e Fábio Mesquita mediaram uma
niões foram marcadas com a direção-geral
apenas como convidados e ajudam a
conversa sobre posicionamentos políti-
e o trabalho desses representantes come-
contextualizar e a relativizar as opiniões
cos; por fim, economia foi assunto para
çou para valer, na escuta dos amigos e
no pronunciamento de abertura e de en-
o ex-aluno Diogo Bardi.
com a elaboração da pauta de sugestões.
cerramento do debate.
Participantes: alunos do Ensino Médio.
REVISTA PILOTIS | 15
CSL CONSCIENTE
SEMINÁRIO DE DIREITOS HUMANOS
de Política (atividades extracurriculares,
Participantes: alunos do EM Noturno.
estudantes). No grupo entraram ainda os
Como foi: após uma confraternização
dois embaixadores da campanha filan-
musical no ginásio, alunos assistiram
trópica Inacianos pelo Haiti e do recém-
a três palestras. No teatro, falou o ad-
-criado coletivo feminista Maria Quitéria.
de participação livre e gerenciadas pelos
vogado Fermino Fechio, integrante da prefeitura de São Paulo e com uma longa
GRUPO DE ESTUDO DE GÊNERO
trajetória de trabalho em defesa dos Di-
Participantes: aberto a alunos e funcio-
reitos Humanos. Na sala da Humanística,
nários interessados no assunto.
a pauta da diversidade foi trazida pelo
Como foi: com a formação do coletivo
ex-aluno João Marcon, que foi vítima de
feminista Maria Quitéria (leia mais so-
agressões homofóbicas na rua, e por uma
bre o assunto na página 34), notou-se
ativista transexual, Magô Tonhon. Na Sala
uma necessidade de conhecimento da
São Luís, Helio da Silva, conhecido como
história do movimento para trazer em-
“plantador de árvores”, deu seu depoi-
basamento teórico e mais respaldo às
mento na perspectiva do cuidado socio-
discussões. Já aconteceram dois encon-
ambiental, tema que está na Campanha
tros de estudo.
Comissão da Memória e da Verdade da
da Fraternidade de 2016.
FORMAÇÃO DE LÍDERES
INDIGNAÇÃO INSPIRADA EM GUERNICA
Participantes: 80 jovens do 9.º ano à 3.ª
Participantes: alunos do 9.º ano.
série do EM, cursos Regular e Noturno.
Como foi: nas aulas de artes, alunos es-
Como foi: num sábado, na Vila Gon-
tudaram a obra Guernica, de Picasso, que
zaga, a equipe de Humanística e alguns
retrata os horrores do bombardeio à cida-
educadores conduziram aulas conceitu-
de basca na Guerra Civil Espanhola. De-
ais de política, seguidas de reflexões e
pois, fizeram uma releitura da obra, se-
dinâmicas visando propiciar a integração
guindo o estilo do cubismo e os tons em
MAIS INFORMAÇÕES
e o desenvolvimento individual desses
preto e branco, para tratar de um tema
A íntegra da carta sobre a crise
alunos, que são representantes de sala
da atualidade que lhes provoca indigna-
política pode ser conferida na área
e do grêmio e organizadores dos deba-
ção. Corrupção, assédio e miséria foram
de notícias do site www.saoluis.org
tes diplomáticos da SINU ou do Comitê
os mais lembrados.
16 | REVISTA PILOTIS
CONCURSO DE REDAÇÃO E ARTE DA REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO De 01 a 31/08 – seleção interna
MOSTRA CULTURAL DO PROJETO CONEXÕES
De 05/09 a 31/10 – votação aberta no Moodle
De 19 a 30/10, no
7.º E 8.º ANOS EF II – PRÓXIMAS ETAPAS:
Até 07/11 – divulgação dos vencedores
teatro da Cultura Inglesa.
SEMANA DO CONHECIMENTO De 31/10 a 04/11 Mostra da produção dos alunos em 2016 com o tema “Diversidades e Identidades”.
OLIMPÍADA DE CIÊNCIA outubro 6.º ao 9.º ano EFII Inscrições de 12/09 a 16/09
X SINU De 09 a 11/09 Simulação Interna das Nações Unidas. Informações pelo site www.xsinu.com
Acompanhe o calendário mensal no boletim Pilotis Online, enviado pelo App e por e-mail, ou ainda no site www.saoluis.org
CSL CRIATIVO
18 | REVISTA PILOTIS
CSL CRIATIVO
COLÉGIO SÃO LUÍS É UM DOS ORGANIZADORES DO PROJETO INTERNACIONAL DE TEATRO QUE JÁ ENVOLVEU MAIS DE 2.500 JOVENS NA MONTAGEM DE 40 PEÇAS POR TUNA SERZEDELLO FOTOS MARIA TUCA FANCHIN E MARIA BONFIM
R
eunir mais de 2.500 alunos de
Superior de Artes Célia Helena e o Royal
pelo roteiro do filme Notas sobre um
escolas públicas, particulares e
National Theatre de Londres, é realizado
escândalo e ao Golden Globe pela adap-
grupos independentes. Convidar
de maneira colaborativa entre essas Insti-
tação da sua peça Closer para o cinema,
autores renomados, brasileiros e britâni-
tuições e hoje conta ainda com o apoio
e a autora Lucinda Coxon, responsável
cos, para escrever peças de teatro inéditas
de um Conselho Jovem formado por par-
pelo roteiro do filme indicado ao Oscar
especialmente para eles. Colocá-los juntos
ticipantes de diversas escolas.
Garota Dinamarquesa. Os dois escreve-
para conversar sobre dramaturgia, criação
Neste ano, além dos autores participan-
ram respectivamente os textos Os Músi-
artística e diferenças culturais. Organizar
tes, faremos uma visita especial ao legado
cos e Como Eles São? para esta edição
uma mostra, em um teatro profissional da
de William Shakespeare. Na celebração
do Conexões.
cidade, para que eles compartilhem suas
dos 400 anos de sua morte, por meio de
Os autores brasileiros também são mui-
criações com um público que já ultrapas-
uma parceria com o projeto Shakespeare
to reconhecidos dentro da cena teatral
sou a marca de 10 mil espectadores. Ao fi-
Lives, o Conexões propõe aos grupos a
brasileira: Alexandre Dal Farra, ganhador
nal de tudo, ainda publicar os textos (já so-
criação de uma ação performática espe-
do prêmio Shell, e Lucienne Guedes, dou-
mam 43) na web e em livros e distribuí-los
cial, a partir do texto 30 e 3 minutos para
tora em dramaturgia pela ECA-USP, são
gratuitamente para escolas e bibliotecas.
Hamlet, de Tom Sttopard. A performan-
os autores de Ele escreveu um texto para
Parece um sonho.
ce, de no máximo 15 minutos, antecede-
jovens e A Ponte.
Esse sonho se chama Projeto Conexões
rá as apresentações das peças na Mostra
O resultado desse processo poderá ser
de Teatro Jovem e neste ano comemora-
Conexões como uma “visita”.
visto no final do ano na Mostra Conexões
mos sua realidade de 10 anos. Sonhado
O portfólio das peças a serem interpreta-
de Teatro Jovem, que será sediada no
conjuntamente pelo Colégio São Luís, o
das em 2016 traz textos de dois supers-
Teatro Cultura Inglesa-Pinheiros entre os
British Council, a Cultura Inglesa, a Escola
tars. Patrick Marber, indicado ao Oscar
dias 19 e 30 de outubro. REVISTA PILOTIS | 19
CSL COMPROMETIDO
QUE ESCOLA É ESTA QUE
QUEREMOS? PROJETO EDUCATIVO COMUM, LANÇADO EM AGOSTO, ORIENTA COLÉGIOS DA REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO NA REVISÃO DE SEUS CURRÍCULOS
20 | REVISTA PILOTIS
CSL COMPROMETIDO
“Precisamos promover uma mudança de pensamento, com uma nova leitura da realidade” Padre Mário Sündermann, SJ
E
m agosto, acontece o lançamento
Comum, que ficou conhecido pela sigla
de elaboração do PEC e reforça a mensa-
oficial do Projeto Educativo Co-
PEC, traz a resposta, em 116 parágrafos.
gem: “Entendemos que a tradição pela
mum da Rede Jesuíta de Educação.
Apesar do que o nome pode sugerir, o
qual somos reconhecidos é uma tradição
Construído de forma coletiva pelas 17
texto não tem o objetivo de padronizar a
viva, que procura dar a melhor resposta
unidades de ensino no Brasil, que educam
educação na Rede Jesuíta. Ele versa sobre o
aos desafios de cada tempo”. Sônia enfa-
em torno de 30 mil alunos, o documento
entendimento dos colégios da rede em re-
tizou o fato de o documento ter nascido
nasceu de uma pergunta que Santo Iná-
lação à educação integral, à organização do
de um diálogo entre a espiritualidade e a
cio de Loyola fez a si mesmo quando es-
currículo, às formas de avaliação, à inclusão,
pedagogia, após conversas em reuniões
tava cansado e triste para seguir com sua
à participação da família etc. “Precisamos
internacionais que tiveram a presença de
peregrinação: “Que nova vida é esta que
promover uma mudança de pensamen-
jesuítas e de diretores de escolas de 52 paí-
agora começamos?”.
to, com uma nova leitura da realidade”,
ses, representando realidades tão distintas,
Numa busca de propósito semelhante à da
comenta Padre Mário Sündermann, SJ,
como uma escola high-tech de Barcelona
Companhia de Jesus, porém com ânimo,
Delegado para a Educação Básica da Com-
e uma de chão de terra batida do Nepal.
nossos educadores avaliaram o estágio
panhia de Jesus no Brasil. “Muitos querem
“Isso o torna fonte de inspiração para que
atual do ensino nas escolas jesuítas, ma-
continuar repetindo os processos porque é
haja uma forte intervenção das questões
peando as necessidades, os desafios e as
cômodo, mas isso gera estagnação em vez
humanísticas no currículo”, comentou.
oportunidades que havia. Em dois anos
de gerar vida, dinamicidade e mudança.
Para entender o PEC, assim como para
de discussões, voltaram muitas vezes à
Acredito que mudar é correr risco, mas não
acompanhar as mudanças que já estão
questão essencial. Adaptada à situação
mudar é correr risco ainda maior”.
em curso no Colégio São Luís, alguns
enfrentada, ela seria: Afinal, que escola é
A diretora-geral do Colégio São Luís, Sônia
pressupostos são necessários. Vamos fa-
esta que queremos? O Projeto Educativo
Magalhães, participou de todo o processo
lar sobre eles nas páginas seguintes. >> REVISTA PILOTIS | 21
CSL COMPROMETIDO
PONTOS DE ATENÇÃO DO PEC
22 | REVISTA PILOTIS
TRABALHO EM REDE
INCLUSÃO
Constituída há apenas dois anos, a Rede Jesuíta
A proposta de inclusão ancora-se na garantia de
de Educação do Brasil zela pela identidade e pela
direitos, visando atender às exigências de uma
missão inacianas, além de criar formas de fazer
sociedade que vem combatendo preconceitos,
circularem boas práticas, pessoas e recursos. Tra-
discriminações, barreiras entre indivíduos, povos
ta-se de um trabalho em andamento, que pode
e culturas. Uma escola inclusiva não só oferece re-
ser percebido em diversos níveis: desde o logo nos
cursos especializados mas também um espaço que
materiais de comunicação do Colégio São Luís até
valoriza a diversidade, no qual se experimentam as
as atividades pedagógicas que integram vários
vantagens de um ensino e de uma aprendizagem
colégios, como o concurso de redação, passando
cooperativos. Além disso, a inclusão social na rede
por campanhas humanitárias e reuniões de gesto-
é feita por meio de 5.000 bolsas, ou 17% do total.
res. (Parágrafos de 1 a 10)
(Parágrafos 23, 25, 48, 49, 50 e 51)
FORMAÇÃO INTEGRAL
RELIGIÃO
A proposta pedagógica das escolas jesuítas está
O colégio é sim um ambiente apostólico, cuja essên-
centrada na formação da pessoa para toda a vida
cia é a oferta de uma educação com base em valores
e por inteiro, nas dimensões cognitiva, afetiva, éti-
religiosos – mas não é uma paróquia. A tradição da
ca, espiritual, comunicativa, estética, corporal e
Compania de Jesus ensina que a função da escola é
sociopolítica. Proporcionar uma formação integral
a formação em valores, no caso, valores cristãos. "A
e integradora resume-se pela missão definida pelo
vivência religiosa na escola será sempre uma oferta,
CSL: excelência na educação de pessoas compe-
uma alternativa, mas seu lugar privilegiado é a fa-
tentes, conscientes, compassivas e comprometidas.
mília, a partir do exemplo", diz Sônia Magalhães.
(Parágrafos 13, 14, 25, 40, 42)
(Parágrafos 106, 107, 111, 112, 113, 114)
MEIO AMBIENTE
TECNOLOGIAS
A educação jesuítica considera mais as demandas
A meta é contemplar o uso de tecnologias para
por sustentabilidade ambiental do que as pressões
transpor limites físicos e temporais da sala de aula,
para o desenvolvimento econômico, viciadas na ex-
permitindo inovações nos métodos de ensino e
ploração dos recursos naturais. (Parágrafos 23 e 25)
aprendizagens significativas. (Parágrafos 26, 27 e 28)
CSL COMPROMETIDO
CURRÍCULO
DIVERSIDADE
Assim como já está acontecendo no Colégio São
O desafio de articular fé e justiça no currículo leva
Luís, haverá uma atualização para enriquecer a
os colégios da Rede Jesuíta a considerarem, no es-
matriz curricular obrigatória e incorporar propos-
paço escolar, os temas referentes a gênero, diversi-
tas interdisciplinares, utilizando melhor os espa-
dade sexual e religiosa, novos modelos de família,
ços, os tempos e os recursos disponíveis. A ava-
questões étnico-raciais, elementos referentes à
liação trimestral é uma das mudanças no sentido
cultura-africana no Brasil e todos os temas simi-
de permitir mais profundidade nas aprendizagens,
lares relacionados a categorias ou a grupos sociais
em contraste à profusão de conteúdos superficiais
que sofrem discriminação, violência e injustiça.
e desarticulados. (Parágrafos de 29 a 47)
(Parágrafos 29 e 49)
“Entendemos que a tradição pela qual somos reconhecidos é uma tradição viva, que procura dar a melhor resposta aos desafios de cada tempo”. Sônia Magalhães, Diretora-Geral do CSL.
RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO Dar autonomia aos alunos e colocar o foco da educação na aprendizagem – objetivos apontados pelo PEC – não significa deslocar a responsabilidade do processo educativo para o aluno. Ao contrário: o professor deve preparar suas aulas de modo a favorecer o contato ativo dos alunos, mediando a construção do saber e oportunizando vivências que acolham a diferentes tempos e formas de aprender. “Os estudantes geralmente amam o colégio, mas não gostam das aulas, por considerarem as mediações pouco dinâmicas e diversificadas, gerando cansaço em vez de encanto”, comenta Padre Sündermann. (Parágrafos 32, 40, 41 e 42)
REVISTA PILOTIS | 23
CSL CRIATIVO
24 | REVISTA PILOTIS
CSL CRIATIVO
TROCANDO
AS BOLAS A DIVERSIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA POR DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO COLÉGIO SÃO LUÍS
A
Educação Física do Colégio São Luís é
Recentemente, um novo capítulo de pioneirismo
marcada pela inovação. Desde a década
vem sendo escrito pelo departamento de Educa-
de 1880, portanto antes de Charles Miller
ção Física, com a introdução de atividades e jogos
realizar aquele que é considerado o primeiro jogo
como flag, parkour, badminton, floor hockey e
oficial de futebol de que se tem registro no Brasil,
tchoukball. “Essas atividades têm como objetivo
em 1895, a bola de capotão já rolava entre os pés
ampliar o repertório esportivo e motor e apre-
dos meninos que estudavam em Itu. O “bate-bo-
sentar elementos culturais que compõem essas
lão” começou nos recreios, com passes e chutes
modalidades populares em outros países”, diz Le-
contra a parede, e foi acolhido pelos jesuítas no
andro Sanches, coordenador de Educação Física.
âmbito pedagógico, passando a incorporar regras
“Servem também para incentivar a sociabilização e
do esporte que nascia na Europa e viria a se tornar
motivar os alunos para as aulas”, completa.
o mais querido do País. Essa história está docu-
Durante décadas, a Educação Física escolar se ba-
mentada no livro Pontapé inicial para o futebol no
seou nas quatro modalidades básicas de esporte –
Brasil, editado pelo CSL, com pesquisa e texto de
handebol, voleibol, futebol e basquete – nas quais
Paulo Cezar Alves Goulart.
a competição era estimulada buscando-se a exceREVISTA PILOTIS | 25
CSL CRIATIVO
Tchoukball, dança de rua e floor hockey: novas habilidades motoras, dinâmicas de grupo diferentes e mais diversão.
lência de movimentos e da ginástica para o con-
possibilidades de integração entre os alunos. Des-
dicionamento físico. Por isso, sem descaracterizar
tacam-se ainda as aulas na piscina – com atividades
as modalidades básicas, pois são de suma impor-
recreativas inspiradas no polo aquático, basquete
tância para o acervo motor dos alunos, o Colégio
e biribol – e as danças, que já faziam parte dos
São Luís aumentou as possibilidades de esporte,
cursos extras e do Período Integral, e foram inse-
objetivando sempre o bem-estar dos alunos e a
ridas em dois novos contextos: o recreio divertido
qualidade das aulas.
e o festival de danças do 8.º ano. No caso do recreio, as crianças do Fundamental I podiam sugerir
TACO E PETECA
brincadeiras de rua e outras atividades para curtir
Raquete e peteca são usados no badminton. Taco e
o intervalo. Pediram danças e a professora Carla
bola de tênis, no floor hockey. Um quadro substitui
Marcelle tem favorecido a diversão. No 8.º ano, os
o gol no tchoukball, que se assemelha ao hande-
adolescentes venceram a vergonha típica da idade,
bol. O futebol americano entra numa versão adap-
ensaiaram em grupos uma dança e subiram no pal-
tada, sem contato, em que o objetivo é puxar a
co para uma apresentação que foi pura diversão.
fita presa ao adversário – este é o flag. Há ainda
Resume o coordenador de educação física e espor-
LIVRO HISTÓRICO
os circuitos de parkour, em que os alunos têm de
tes, Leandro Sanches: “No São Luís, a Educação
Confira o livro Pontapé
mostrar força e resistência para vencer obstáculos,
Física definitivamente é levada muito a sério. Esta-
inicial para o futebol no
subir escadas e passar por um circuito de colchões.
mos sempre atentos a novas modalidades esporti-
Brasil na íntegra na área
A cada modalidade experimentada pelos alunos,
vas que, de forma motivadora e lúdica, desenvol-
de publicações do site
especialmente nas séries do Fundamental II, a Edu-
vam plenamente o ser humano, tornando-o mais
www.saoluis.org
cação Física adquire mais graça, novos desafios e
solidário, comprometido e compassivo.”
26 | REVISTA PILOTIS
CSL CRIATIVO
VEJA MAIS FOTOS! Na página do Colégio São Luís no Facebook, há uma galeria com mais de 100 fotos do Arraiá 2016.
VIVA A NOSSA
CULTURA JUNINA! N
este ano, o Arraiá do CSL retratou as cores, os sabores e os ritmos de cada região do Brasil. O resgate da essência da festa
junina, como importante manifestação da cultura popular, esteve presente no ambiente criado pelos alunos de Educação Infantil e Fundamental I, na entrada principal. A galeria deu lugar a uma exposição de trabalhos feitos a partir de estudos da Arte Naif e inspirados por artistas como Volpi e Portinari, que retrataram as festas juninas em suas obras. Para as danças, foram escolhidas músicas típicas de festas populares das diferentes regiões do Brasil. O sertão de Luiz Gonzaga (Infantil 4), a Catira e o Siriri do Mato Grosso (apresentados por 2.º ano e Infantil 5, respectivamente), o Boi-bumbá do Norte e do Nordeste brasileiros (1.º ano), a Balainha, com os arcos floridos, típicos da Região Sul (3.º ano), a dança do pau de fita, que aparece em várias regiões e festas cristãs (4.º ano), e, claro, a tradicional quadrilha de São João, apresentada pelo 5.º ano e pela 3.ª série do Ensino Médio. Foi lindo demais, sô! REVISTA PILOTIS | 27
CSL COMPROMETIDO
ESCOLA COMO LÓCUS DE
FORMAÇÃO DOCENTE POR SUELI MARCIALE, COORDENADORA PEDAGÓGICA DO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL I
A
28 | REVISTA PILOTIS
fluidez desses tempos moder-
garanta formação em valores). Porém,
nos, em que vivemos, tem tra-
apesar de tantos esforços por parte dos
zido novas exigências, novos
educadores, ainda não estamos conse-
modos de ser, novas demandas e outras
guindo resultados quantitativos e qualita-
perspectivas de acompanhamento do
tivos que alterem, para melhor, a realidade
trabalho pedagógico na escola. Essa,
da formação dos profissionais do ensino.
segundo dados da UNESCO, não tem
Iniciativas e estudos mais recentes apon-
dado conta de assegurar, como previsto
tam como fundamental um processo
em lei, um processo educacional que leve
contínuo, no qual o professor veja a sua
ao pleno desenvolvimento da pessoa, do
prática como objeto de sua investigação
exercício da cidadania e de sua qualifica-
e reflexão e no qual os aportes teóricos
ção para o trabalho.
não sejam oferecidos aos professores,
Nas três últimas décadas, a formação de
mas buscados à medida que forem ne-
professores tem sido intensificada e tem
cessários e possam contribuir para a
vivido inúmeras mudanças devido ao pla-
compreensão e a construção coletiva de
no de políticas educacionais que aponta
alternativas de solução dos problemas da
para a Qualidade na Educação (entendida
prática docente nas escolas. Essa é a cor-
não só como a que garanta os conheci-
rente que norteia o trabalho de formação
mentos de mundo mas também a que
docente no Colégio São Luís e tem no
CSL COMPROMETIDO
Educadores reunidos para estudar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
“A formação contínua deve contribuir para mudança educacional e para a redefinição da profissão docente. Neste sentido, o espaço pertinente da formação contínua já não é o professor isolado, mas sim o professor inserido num corpo profissional e numa organização escolar” (António Nóvoa, educador português, 2002.)
educador português António Nóvoa uma
com o objetivo de proporcionar a ele o
de suas principais referências.
máximo aproveitamento de sua capaci-
Todas as terças-feiras, em horário de tra-
dade produtiva. O programa contempla,
balho, acontecem as reuniões formativas,
ainda, intervenções em sala de aula, com
com a participação de diretores, coorde-
o acompanhamento de gestores, visando
nadores pedagógicos e orientadores edu-
ao ensino de qualidade, à equalização de
cacionais. A participação desses gestores
oportunidades educacionais e à vivência
é primordial para que se compreenda o
de uma transformação social.
processo de formação, para que se as-
Acreditamos que esse processo contínuo
segure o desenvolvimento de atividades
pode aprimorar a competência dos profes-
específicas no contexto da escola e para
sores e levá-los a incorporar recursos meto-
que se acompanhe o impacto do proces-
dológicos a uma “nova” prática docente,
so na aprendizagem dos alunos.
que propicie a construção do conhecimen-
Tal processo diferencia-se de uma recicla-
to através do “fazer” e de atividades que
gem na medida em que não tem caráter
permitam trabalhar as competências, quais
pontual e de atualização e tem como eixo
sejam, experimentar (pôr à prova), conjec-
a reflexão coletiva sobre a prática, sobre a
turar (suposição, hipótese), representar, es-
experiência de vida escolar do professor,
tabelecer relações, comunicar (descrever),
suas crenças, posições, valores e imagens,
argumentar (discutir, raciocinar) e validar.
A formação dos professores no Colégio São Luís tem a participação de diretores, coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais.
REVISTA PILOTIS | 29
CSL COMPROMETIDO
EM DEFESA DAS
MULHERES A PROMOTORA DE JUSTIÇA SILVIA CHAKIAN, FORMADA NO CSL EM 1992, CONTA COMO A BASE HUMANÍSTICA RECEBIDA ORIENTOU A SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
N
este ano, em que os crimes contra as mulheres tiveram forte repercussão, seja pela barbárie do estupro coletivo de uma menina de 16 anos, seja por envolverem gente famosa, como a modelo Luiza Brunet, o trabalho de uma
ex-aluna ganhou ainda mais destaque. Estamos falando da promotora de justiça Silvia Chakian de Toledo Santos. À frente do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (GEVID) do Ministério Público de São Paulo, que atua na defesa e na proteção dos direitos das mulheres, Silvia foi muito requisitada para dar entrevistas, escrever artigos e participar de atos de conscientização a respeito do tema. Foi ela uma das primeiras a denunciar a cultura do estupro, ao dizer que “Não há 30 monstros juntos, não tem
POR SILVIA CHAKIAN, ANTIGA ALUNA DO CSL FOTOS ARQUIVO PRÓPRIO
patologia nisso. É uma questão cultural”. A seguir, Silvia relembra seus tempos no Colégio São Luís e afirma que a formação humana que recebeu foi fundamental para que ela reconhecesse, desde cedo, a necessidade de buscar fazer a diferença numa sociedade permeada pela desigualdade.
30 | REVISTA PILOTIS
CSL COMPROMETIDO
“Graças ao ensino proporcionado pelo CSL, consegui ser aprovada no vestibular logo após o término do terceiro colegial.”
Ingressei no Colégio São Luís quan-
las de Português do Reinaldo, da Filome-
nheci meu marido no São Luís. E lá se vão
do eu tinha nove anos, para cursar o 4.º
na (Filó), do saudoso Martinho e as aulas
15 anos de casados, 20 anos de relacio-
ano do então primário, e permaneci até
de História da Mari. Costumava tirar boas
namento e dois filhos lindos!
o término do Ensino Médio, em 1992.
notas, mas tudo fruto de muito estudo e
Estudar no Colégio São Luís represen-
Tenho as melhores lembranças possíveis
dedicação também.
tou, para mim, ter acesso a um ensino
da época de CSL. São muitas e começam
Tenho boas lembranças também dos trei-
de ponta, determinante para que eu
na acolhida do 4.º ano, porque me lem-
nos de basquete com a professora Rita,
pudesse cursar uma excelente faculda-
bro de ter sido muito bem recebida por
passeios, viagens com a turma, festival
de e ter bagagem pedagógica suficien-
todos. Antes de começarem as aulas, as-
de poesia, festival de coreografia, feira
te para ir além na carreira. A formação
sustava-me o fato de o Colégio ser muito
de ciências, festa junina, mas, sem dúvi-
humana recebida foi fundamental para
maior que aquele onde eu até então es-
da, as melhores lembranças da época de
que eu reconhecesse, desde cedo, a ne-
tudava, com muitos alunos, professores
São Luís ficaram reservadas aos amigos.
cessidade de buscar fazer a diferença
e funcionários, mas, graças ao excelente
Amizades construídas nas salas de aula,
numa sociedade permeada pela desi-
trabalho de integração, logo nos primei-
nos corredores e nas quadras do Pilotis.
gualdade social.
ros dias já me sentia segura e confiante
Amizades que me acompanham até hoje.
no novo ambiente.
Dos tempos de Colégio vieram minhas
PERCURSO PROFISSIONAL
Passado um ano, vieram os novos ami-
melhores amigas e minhas madrinhas de
Graças ao ensino proporcionado pelo
gos, os professores de diferentes matérias
casamento, os meus melhores amigos e
CSL, consegui ser aprovada no vestibular
e a mudança de período. Adorava as au-
o meu primeiro namorado. Também co-
logo após o término do terceiro colegial, REVISTA PILOTIS | 31
CSL COMPROMETIDO
“Há necessidade de ajuda multidisciplinar para que as mulheres consigam romper o ciclo da violência.“
quando passei a cursar a Faculdade de
avaliados na ocasião dizia respeito à for-
de Atuação Especial de Enfrentamento à
Direito da Pontifícia Universidade Cató-
mação acadêmica. O bom nome do São
Violência de Gênero, Doméstica e Fami-
lica de São Paulo.
Luís contou a favor, entre outros fatores.
liar contra a Mulher do Ministério Público
Durante a faculdade, as aulas de Direito Pe-
Aprovada em 8.º lugar (primeira mulher),
de São Paulo (GEVID), situado no Fórum
nal e de Processo Penal me despertaram a
tomei posse como Promotora de Justiça
Criminal da Barra Funda.
vontade de ser promotora de justiça. Que-
do Ministério Público de São Paulo aos 16
Além do atendimento individual das mui-
ria trabalhar na defesa da sociedade e das
de junho de 1999, há 17 anos, portanto.
tas mulheres que procuram as Delegacias
causas sociais mais sensíveis e urgentes.
Certamente uma das maiores e mais im-
da Mulher e o Ministério Público para re-
Após ser aprovada no Exame da Ordem
portantes conquistas da minha vida.
latarem um episódio de violência domés-
dos Advogados do Brasil, passei a me
tica, desenvolvemos no grupo projetos de
dedicar aos estudos para o concurso do
DIREITOS DAS MULHERES
alcance coletivo e preventivo da violência
Ministério Público e fui aprovada na pri-
Ao longo desses anos, trabalhei na área
de gênero e doméstica, fenômeno infeliz-
meira fase. Nenhuma dúvida tenho de
da infância e juventude, criminal, prote-
mente tão arraigado na nossa sociedade
que as aulas de Português do Martinho
ção de idosos e júri (crimes dolosos con-
culturalmente marcada pelo patriarcado
fizeram a diferença.
tra a vida), mas foi na defesa dos direitos
e por relações assimétricas de poder.
Em março de 1999 lá estava eu, com 23
das mulheres, de todas as idades, raças,
anos, candidata das mais novas, encaran-
etnias, nacionalidades, crenças e de todo
CICLO DA VIOLÊNCIA
do a banca composta por cinco examina-
status social e econômico que encontrei
A violência de gênero constitui forma de
dores. Passada a sabatina, cheguei à úl-
minha verdadeira vocação.
violação aos direitos humanos das mulhe-
tima fase: a entrevista. Um dos aspectos
Atualmente sou coordenadora do Grupo
res e não é um fenômeno presente so-
32 | REVISTA PILOTIS
CSL COMPROMETIDO
mente na sociedade brasileira, o problema é mundial e tragicamente democrático: atinge todas as mulheres, de todas as raças, nacionalidades e classes sociais. A face mais visível da violência de gênero (aquela que atinge a mulher pelo fato de ela ser mulher) é a violência doméstica, que vitima milhares de brasileiras todos os anos e leva muitas delas à morte. Dentre as dificuldades encontradas no enfrentamento desse tipo de criminalidade pode-se destacar a subnotificação dos casos, uma vez que as mulheres demoram a pedir ajuda e chegam a sofrer muitos episódios de violência no relacionamento até conseguirem romper com o silêncio e denunciar. Os fatores são diversos, como o medo, a vergonha, a dependência emocional, financeira, a falta de compreensão de si própria como sujeito de direitos, entre outros. Ademais, essas mulheres muitas vezes acreditam que podem dar conta desse problema sozinhas, não procuram ajuda ou, quando o fazem, acabam desistindo e recuando. Há necessidade de ajuda multidisciplinar para que essas mulheres consigam romper o ciclo da violência.
“Vivemos numa sociedade ainda marcada pelo patriarcado, permeada por estereótipos de gênero.”
FIM DO MACHISMO Outra dificuldade diz respeito ao padrão de comportamento dos homens que praticam a violência. Há necessidade de um
Nesse aspecto, o principal avanço nes-
que dar um salto muito grande. É fato que
trabalho de desconstrução de conceitos
sa área veio com o advento da Lei Ma-
as mulheres estão, hoje, muito mais cons-
machistas e construção de novas pers-
ria da Penha, em agosto de 2006. Essa
cientes dos seus direitos e menos toleran-
pectivas dessa masculinidade.
legislação, além de ter dado visibilidade
tes à violência que até então sofriam, mas
Por fim, vivemos numa sociedade ainda
ao sofrimento de milhares de brasileiras –
os desafios ainda são enormes e as mu-
marcada pelo patriarcado, permeada por
problema que até então ficava restrito ao
danças significativas virão com as próximas
estereótipos de gênero. Essa sociedade
ambiente doméstico –, criou um verdadei-
gerações. As instituições de ensino têm
também marginaliza a mulher que apa-
ro sistema de proteção integral e preven-
um papel importantíssimo nessa área: per-
nha e que permanece no mesmo rela-
tivo para esses casos. Os avanços obtidos
mitir a discussão das relações de gênero
cionamento, reproduzindo mitos como
nesses últimos nove anos de Lei Maria da
nas escolas, a igualdade de direitos entre
o de que “ela apanha porque gosta”,
Penha conferem àqueles que trabalham
meninos e meninas e a cultura de paz na
sem compreensão da complexidade do
em prol dos direitos das mulheres a cer-
solução dos conflitos é imprescindível para
fenômeno. Trata-se de outro fator que
teza de que estamos no caminho certo.
que tenhamos uma sociedade mais justa e
contribui para o silêncio dessas vítimas.
Na busca pela equidade de gênero, temos
tolerante às diferenças no futuro. REVISTA PILOTIS | 33
CSL COMPASSIVO
Fotomontagem com grupo do Diurno na manifestação contra a cultura do estupro. No enfoque, a aluna Dora Fernandes. Na página à direita, grupo do Noturno.
MENINAS EMPODERADAS COLETIVO FEMINISTA É CONSTITUÍDO NO COLÉGIO SÃO LUÍS, UNINDO MENINAS (E ALGUNS MENINOS) EM TORNO DE TEMAS COMO CORPO, AUTOESTIMA E RESPEITO À DIVERSIDADE
34 | REVISTA PILOTIS
CSL COMPASSIVO
“Contamos muito de nossas vidas e encontramos forças umas nas outras” Dora Fernandes, idealizadora do Coletivo Feminista.
A
té o ano passado, a estudante da
ideia ao Padre Geraldo Lacerdine, dire-
noturno, temos algumas demandas es-
2.ª série do EM Dora Fernandes,
tor da Humanística. “Desde o começo,
pecíficas, até porque há mais meninas
de 15 anos, distinguia-se por ser
tivemos muito apoio e já participamos de
negras”, afirma Daisa Leite, de 17 anos.
torcedora fanática do Corinthians e muito
duas reuniões para aprender sobre o mo-
“Conversamos inclusive sobre isso: como
interessada em política, motivo pelo qual
vimento feminista”, afirma. O grupo de
o recorte social implica diferentes ques-
participava da organização de debates no
estudos de gênero, que corre em paralelo
tões do feminismo”. Apesar de mante-
contraturno das aulas. “À medida que co-
ao coletivo na Humanística, já leu textos
rem reuniões de partilha separadas, há
mecei a acompanhar o movimento femi-
de referências importantes, como Maria
uma articulação dos subgrupos do notur-
nista pelas redes sociais, passei a enxergar
Amélia Teles, e discutiu definições de gê-
no e do diurno no coletivo.
tudo como uma questão de gênero, até
nero e de orientação sexual.
AS PRIMEIRAS CONQUISTAS
mesmo as provocações dos meninos por eu gostar tanto de futebol”, diz Dora. Par-
TROCAS DE EXPERIÊNCIAS
Em pouco tempo, o Coletivo Feminista
tiu dela a iniciativa de formar o Coletivo
A inauguração do Maria Quitéria aconte-
Maria Quitéria já tem uma série de ações
Feminista Maria Quitéria, que em quatro
ceu em março, com uma troca de experi-
e histórias para contar. As meninas fo-
meses de existência alcançou a participa-
ências com estudantes de outros colégios
ram à manifestação na Avenida Paulista
ção de 60 alunos do Ensino Médio Diur-
que já mantêm um coletivo, tais como
protestar contra a cultura de estupro,
no e Noturno, dez dos quais são meninos
Gracinha, Equipe e Escola da Vila. Esse en-
criaram uma campanha de autoestima
(antes de prosseguir, vale um parêntese:
contro durou mais de três horas e lotou a
e gentileza no banheiro feminino e até
o nome do grupo rende homenagem à
sala da Humanística. Depois disso, o coleti-
deram uma aula para estudantes do 7.º
primeira militar brasileira, que lutou pela
vo passou a ter reuniões semanais, que se
ano, dentro de uma proposta de Língua
Independência do Brasil e foi adotado por
iniciam com uma partilha de situações vivi-
Portuguesa para provocar a reflexão so-
outros grupos femininos).
das pelos participantes. “Contamos muito
bre corpo, beleza e autoestima.
Os participantes do Maria Quitéria man-
de nossas vidas. Falamos de relacionamen-
Mas, quando se pergunta o que elas
têm uma página no Facebook e organi-
tos. Choramos. Encontramos forças umas
avaliam como mais significativo da expe-
zam reuniões de forma autônoma, po-
nas outras”, conta Dora.
riência até hoje, a resposta vem em um
rém recebem orientações dos educadores
Entre os temas que mais geram discus-
termo que elas aprenderam pelo feminis-
do Colégio São Luís. “Antes de montar
são, empatam em primeiro lugar as ques-
mo: sororidade. Trata-se da aliança entre
o grupo, procurei ajuda e aprovação da
tões relacionadas aos padrões de beleza
mulheres, baseada na empatia, em busca
Escola”, conta Dora, que apresentou a
e os conflitos em relacionamentos. “No
de objetivos em comum. REVISTA PILOTIS | 35
CSL COMPETENTE
TRABALHAR PARA
TRANSFORMAR COMO A SUA PROFISSÃO PODE MELHORAR A VIDA DAS PESSOAS? ESSA FOI A QUESTÃO MAIS DEBATIDA NO X FÓRUM DE PROFISSÕES
Silvana Quaglio, Ana Weiss, Eduardo Oinegue e Monalisa Perrone: perguntas sobre o espaço atual dos jornalistas
E
m algum momento entre os 13
Saúde”, conta o assistente de coordena-
e os 17 anos, a pergunta “O que
ção do Ensino Médio, Acidiniz Fonseca da
você vai ser quando crescer?” dei-
Silva. Para cada área, houve uma palestra
xa de ser retórica. A resposta que ela exi-
inaugural, seguida de conversas infor-
ge, contudo, não costuma vir facilmente
mais nas salas de aula.
– e nem sempre é definitiva. Para ajudar
O desembargador Antônio Carlos Ma-
os alunos a atravessarem essa fase da
lheiros, Coordenador da Infância e da
escolha da carreira, o Colégio São Luís
Juventude do Tribunal de Justiça do Es-
realizou, em parceria com o Colégio São
tado de São Paulo, comoveu os alunos
Francisco Xavier, o X Fórum de Profissões.
com suas histórias de trabalho nas ruas,
O evento aconteceu em três encontros,
favelas, prisões e hospitais. O vice-reitor
ocorridos nos meses de maio e junho, nos
de Ensino e Pesquisa da FEI, Marcelo Pa-
quais os alunos das duas escolas jesuítas
vanello, falou sobre empreendedorismo,
VEJA COMO FOI!
de São Paulo tiveram a oportunidade de
ensino e apresentou algumas tendências
Entrevistamos alunos e
conversar com cerca de 100 profissionais
da Engenharia como robótica, internet
palestrantes do Fórum de
ou professores universitários. “Dividimos
das coisas, impressão 3-D e exoesquele-
Profissões. Assista na TV São Luís:
o Fórum pelas áreas de Exatas e Tecno-
to. Por sua vez, o médico e pesquisador
www.youtube.com/tvsaoluis
lógicas, Humanas e Artes e Biológicas e
da USP Edécio Cunha Neto contou sobre
36 | REVISTA PILOTIS
CSL COMPETENTE
"Para ser um bom profissional de Direito, é preciso sentir o gosto da lágrima do outro." Antônio Carlos Malheiros, desembargador
seu trabalho em busca de uma vacina
perfis comportamentais que cada ofício
dades de atuação. “Conversei no Fórum
para prevenir a Aids. Disse ainda que o
exige. “Cientista recebe mais reconheci-
com uma enfermeira que trabalha com
Brasil precisa de mais cientistas na área da
mento que recompensa material”, disse
gestante e achei mágico. Eu não conhe-
saúde, embora as condições de trabalho
o médico Edécio Cunha Neto. “Jornalista
cia essa especialidade e fiquei pensando
ainda não sejam ideais. Em comum, o de-
trabalha até tarde e não sabe o que é ter
que preciso fazer isso!”, conta a aluna
poimento dos três palestrantes mostrou
Natal e réveillon”, contou Monalisa Per-
Pollyanna Oliveira, do Noturno.
como é possível colocar a sua vocação a
rone, âncora de telejornal da madrugada
Num cenário de tantas transformações
serviço de uma vida melhor para as outras
da Rede Globo. “Para ser um bom profis-
econômicas, políticas e sociais, o segredo
pessoas – e essa coerência de valores pes-
sional de direito não basta ser justo, tem
de uma decisão bem-tomada está no au-
soais e profissionais é o que os faz felizes.
de ser vivido e ter a capacidade de sentir
toconhecimento. Conhecer seus gostos,
o gosto da lágrima do outro”, falou o de-
aptidões e posicionamentos ajuda a resistir
EM BUSCA DE UMA PROFISSÃO PARA AMAR
sembargador Malheiros.
ao ímpeto de escolher uma profissão por
Pesa ainda o fato de que algumas das
dinheiro, status ou segurança, porque as
O processo de escolha profissional é mar-
carreiras mais almejadas hoje – como
recompensas dificilmente vêm para quem
cado por muitas dúvidas e inseguranças.
analista de marketing digital e youtuber
não gosta do que faz. E, definitivamente,
Mesmo quando a vocação aparece cedo,
– sequer existiam há cinco anos. E mes-
porque carreira ou empresa alguma conse-
há uma série de questões a serem consi-
mo entre as atividades menos cobiçadas
guem oferecer garantia de dinheiro, status
deradas, relativas ao estilo de vida e aos
há uma diversidade enorme de possibili-
ou segurança nos dias de hoje. REVISTA PILOTIS | 37
CSL CRIATIVO
O manuseio de ferramentas está entre as aprendizagens das aulas.
JOVEM CIENTISTA PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO COMEÇA COM MUITO ENTUSIASMO POR PROFESSOR ANTÔNIO DE PÁDUA, ORIENTADOR DO PROJETO JOVEM CIENTISTA
N
ão se assustem se encontrarem
O projeto visa estimular o lado criativo
andando pela escola alguns
e investigativo de nossos adolescentes
meninos e meninas de avental
que, independentemente da carreira que
azul, medindo, tirando fotos ou discutin-
pretendam cursar, são muito curiosos –
do com animação algum assunto difícil,
aliás, desde crianças todos nós já somos
como o buraco negro. Esses são nossos
cientistas em potencial!
cientistas malucos. Detalhe, maluco para
38 | REVISTA PILOTIS
a gente é elogio!
MÃOS À OBRA
Desde abril, eles participam das primeiras
Numa conversa introdutória, os nossos
turmas do projeto Jovem Cientista, ofe-
jovens cientistas mencionaram as carrei-
recido gratuitamente pelo Colégio a dois
ras que pretendiam seguir e a maioria
grupos de 25 alunos da 1.ª e da 2.ª séries
respondeu medicina, engenharia, física
do Ensino Médio diurno e noturno.
e química. Porém, alguns citaram facul-
CSL CRIATIVO
Turma do projeto visita o Hopi Hari, acompanhada de engenheiros do parque.
O projeto visa estimular o lado criativo e investigativo de nossos adolescentes que, independentemente da carreira que pretendam cursar, são muito curiosos. dades como direito e publicidade, o que
algumas ferramentas de trabalho que
relatório técnico com algumas sugestões
deixa o grupo bem diversificado e ressalta
passariam a usar, como alicate, chaves de
que melhorem essa condição. Vamos es-
que a curiosidade pelos fenômenos cien-
fenda, martelo, furadeira, arco de serra,
perar para ver.
tíficos rompe as barreiras das profissões e
serra tico-tico, esquadro, morsa etc.
encanta a todos nós.
Numa das aulas, por exemplo, discutimos
VISITAS EXPLORATÓRIAS
A ideia do projeto é fazer com que os
o naufrágio do Titanic, ocorrido em 1912,
Além das aulas, o grupo tem feito visi-
participantes questionem situações que
buscando entender os fatores agravantes
tas periódicas a um local de produção
envolvam a ciência, busquem novas es-
e as possíveis estratégias que, se utiliza-
de conhecimento. Já foram ao Espaço
tratégias para o desenvolvimento de pro-
das, teriam evitado o acidente e, poste-
Catavento, o museu de ciências que
jetos inovadores, aprendam a trabalhar
riormente, o naufrágio. Dados técnicos de
fica no Palácio das Indústrias, e ao Hopi
com ferramentas e máquinas operatrizes,
máquinas, turbinas, manobras, sistemas
Hari, onde conheceram os bastidores do
discutam projetos de pesquisa que já
de comunicação e resgate foram discuti-
parque de diversão e estudaram o fun-
existem e tentem elaborar soluções para
dos com o grupo, que também conheceu
cionamento das montanhas-russas e de
algumas situações-problema.
um aparelho de navegação chamado oc-
outras atrações, acompanhados de en-
A aula inicial do projeto mostrou as pos-
tante, pertencente ao Memorial do Colé-
genheiros do parque.
sibilidades que o trabalho pode alcançar
gio, idêntico ao que estava no Titanic.
Você está convidado a verificar o projeto
e abordou as normas de segurança que
Outra situação que nossos pesquisadores
que nossos jovens cientistas vão desen-
devem ser seguidas para um trabalho
analisaram foi a eficiência do sistema de
volver para a Feira do Conhecimento.
seguro nas oficinas e nos laboratórios.
ventilação das salas de aula do Colégio
Aguardem, muita coisa interessante pro-
Os alunos também tiveram contato com
e brevemente pretendem apresentar um
mete vir desse projeto. REVISTA PILOTIS | 39
CSL COMPETENTE
ANOTAÇÕES DE VIAGEM
N
a primeira semana de julho, cinco educadores do Colégio São Luís estiveram na Espanha para participar do I Simpósio Internacional Barcelona, Educação, Mudança. O programa contemplou palestras, oficinas e visitas a três escolas inovadoras,
duas das quais pertencem à Companhia de Jesus. A seguir, algumas anotações de viagem e de ideias registradas pelo orientador educacional do Ensino Médio, Laurindo Cisotto.
4 DE JULHO Na abertura do simpósio, o delegado dos Jesuítas na Catalunha, Llorenç Puig, explicitou o compartilhamento de experiências como dever para com a sociedade e desejo de animar os outros. “O importan-
3 DE JULHO
te é fecundar ideias”, ponderou.
Chegamos a Barcelona e fomos conhecer Manresa, cidade catalã onde se localiza a “casa de fundação” da Companhia de Jesus. Além de uma beleza ímpar, o lugar é muito inspirador. Foi neste povoado que Santo Inácio de Loyola se instalou, quando decidiu dedicar-se aos mais necessitados e passou a escrever os Exercícios Espirituais.
5 DE JULHO Conhecemos a Escola Sadako, uma instituição laica de 49 anos, que atribui o seu segredo de sucesso ao trabalho em equipe. Alunos assumem a responsabilidade das funções atribuídas no desenvolvimento dos projetos e são instigados a fazer muitas perguntas (uma placa dizia: “É melhor que haja perguntas sem respostas do que respostas sem perguntas”). Entende-se que todos os espaços são de aprendizagem, isso inclui o pátio, o entorno da escola e a comunidade da qual se faz parte. 40 | REVISTA PILOTIS
O grupo brasileiro: Fernando Guidini (Medianeira), Laurindo Cisotto, Suzana Braga (Medianeira), Sueli Marciale, Sônia Magalhães, Paulo Panzeri e Juliano Oliveira (Loyola).
CSL COMPETENTE
DE VOLTA AO CSL: DESAFIOS DA GESTÃO ESCOLAR POR PAULO PANZERI, COORDENADOR DIMENSÃO CULTURAL DA HUMANÍSTICA
Na imersão em Barcelona, apesar da imediata adesão às propostas, tornou-se evidente a necessidade de repensar sua aplicabilidade em função de cada contexto educativo. Tomada alguma distância do evento e olhando-se para o futuro, três aspectos principais podem ser ressaltados: a coletividade, a intencionalidade e a metacognição. A coletividade revela a falácia do heroís-
6 DE JULHO
mo pedagógico. Afinal, para acontecer
A escola jesuíta CASP – Sagrado Cora-
verdadeiramente, a mudança precisa ser
ção de Jesus foi fundada há 135 anos
construída na busca de acordos feitos
na área central de Barcelona e hoje edu-
pela comunidade educativa. Diretamente
ca 1800 alunos. Consolidou um modelo
relacionada à coletividade está a intencio-
pedagógico na Educação Infantil que
nalidade, pois somente mediante esco-
não separa os alunos por classe (essas fo-
lhas conscientes e comprometidas é que
ram reformadas e têm paredes de vidro),
se instaura uma cultura de avaliação e
nem tem horários predefinidos de aulas
inovação consistente. O terceiro aspecto
e de recreio. Esse tempo flexível atende
de relevância é a metacognição. A con-
ao ritmo das crianças. A aprendizagem
quista de um espaço de aprendizagem
decorre do trabalho por projetos, tendo
que nega o modelo industrial (das car-
com pressupostos para a construção da
teiras enfileiradas e aulas de 45 minutos)
proposta e da avaliação as perguntas: o
forma um aluno que reflete sobre suas
que sabemos, o que queremos aprender,
maneiras de produzir conhecimento e se
o que aprendemos, do que gostamos e o
torna autor de sua vida.
que podemos mudar. Entende-se, desse
Para além dos modelos pedagógicos
modo, que o currículo é construído.
bem-sucedidos, a programação do evento reconfigurou o papel da gestão escolar. Ao salvaguardar todas as etapas
7 DE JULHO
participativas do processo de mudança, a
Visitamos o colégio Sant Gervasi, recentemente adquirido pelos Jesuítas, que vem
gestão deve se diluir entre pares na busca
passando por um processo de mudança no processo de ensino. O foco do projeto
por uma integração mais horizontal. Cer-
é transdisciplinar, com aprendizagem centrada na resolução de problemas. Geral-
tamente, a maior contribuição do Simpó-
mente a temática é proposta pelo professor, podendo o projeto ter a duração de
sio foi ratificar a importância do fortale-
uma ou três semanas – embora ao final de cada dia e de cada semana haja uma
cimento de vínculos, reconhecendo-se a
avaliação do que foi desenvolvido para nenhum conteúdo ficar para trás.
complexidade da educação. REVISTA PILOTIS | 41
CSL COMPETENTE
YOUTUBE
/tvsaoluis
FICOU
SABENDO?
BATE-PAPO COM PE. JOSÉ ALBERTO MESA
LUCERNÁRIO DE PÁSCOA
MARÇO/2016
A Páscoa foi comemo-
Em visita ao Colégio
rada no Colégio São
São Luís, o Secretário
Luís com uma linda
Mundial da Compa-
celebração no ginásio,
MARÇO/2016
nhia de Jesus falou
em que todos os
Nos últimos meses, os meios de comunicação
que a formação inte-
participantes acende-
do Colégio São Luís foram aprimorados,
gral e humanística é a
ram uma vela e havia
com o lançamento do aplicativo, do canal
essência dos colégios
música ao vivo, com
de ouvidoria e do novo site institucional.
jesuítas. “Só podemos
a Orquestra Acadêmi-
Mantivemos ainda nossa página de vídeos no
educar se tocarmos o
ca de São Paulo e o
YouTube e o acompanhamento do dia a dia
coração dos alunos”,
Coral da Paróquia São
da escola com notas no Facebook e fotos no
disse o Padre Mesa,
Luís Gonzaga. Muitas
Instagram. Siga-nos!
que se reuniu com
famílias prestigiaram
alunos e educadores.
o evento.
COLÓQUIO JESUÍTA NOS EUA JULHO/2016
Sônia Magalhães, diretora-geral do Colégio São Luís, falou sobre a formação de cidadãos globais no Colóquio Internacional de Escolas da Rede Jesuíta de Educação, realizado em Cincinnati, Ohio. /colegiosaoluisjesuitas
ANIVERSÁRIO DO CSL
42 | REVISTA PILOTIS
CONVERSA SOBRE DROGAS
MAIO/2016
JUNHO/2016
Os 149 anos do Colégio
Alunos da 3.ª série EM conversaram com o
São Luís foram come-
jornalista Jorge Tarquini, autor do livro Vinte mil
morados com um ani-
pedras no caminho - A história de um piloto de
mado parabéns cantado
avião que se tornou morador da cracolândia.
pelas crianças do Infantil
Ele voltou ao Colégio depois para o Bate-papo
e do Fundamental I,
Humanístico com os pais.
reunidas no ginásio.
CSL COMPETENTE
/colegio_saoluis ABRIL/2016
JULHO/2016
Preparação das canções para a
Nas férias, jovens se dedicaram a
celebração da coroação de Maria.
trabalhos voluntários na Missão Urbana.
JUNHO/2016
ABRIL/2016
Campeonato de judô entre escolas e academias
Apresentação da 3.ª série EM, batizada
realizado no ginásio do Colégio São Luís.
de "O Legado", alegrou o intervalo.
SITE
www.saoluis.org
CANTOS E CONTOS QUE VIERAM DA ÁFRICA
NA PELE DOS CAPITÃES DE AREIA
VEREDAS DE GUIMARÃES ROSA
JUNHO/2016
VAMOS CONHECER A HISTÓRIA DOS LIVROS?
MARÇO/2016
Simulação de
MAIO/2016
Estudantes de 3.ª
Estudantes do 8.º ano
julgamento popular
Projeto desenvolvido
série EM viajaram a
conheceram o artista
foi a proposta para
na biblioteca
Cordisburgo, Minas
Toumani Kouyaté, de
trabalhar leitura
apresentou aos
Gerais, terra natal
Burkina Faso, que falou
obrigatória do
alunos do Infantil e
do escritor de
sobre a tradição de um
vestibular, escrita
do Fundamental I a
Sagarana, obra que
“Mestre da Palavra”.
por Jorge Amado.
origem do livro.
os alunos leram.
MAIO/2016
REVISTA PILOTIS | 43
CSL CONSCIENTE
O QUE CIRCULA PELO
WHATSAPP POR CARINA DINIZ, DA OUVIDORIA
A
tradicional conversa no portão
• Colocar-se no lugar do outro é o primei-
• Incentivar seu filho a assumir as respon-
da escola agora acontece a todo
ro passo para um bom relacionamento.
sabilidades dele faz parte da criação de
e qualquer momento, por meio
Além disso, respeitar a privacidade é algo
autonomia e comprometimento. Quando
de grupos de WhatsApp, que reúnem os
importante nas relações virtuais, pois o
ele perder algum conteúdo, não busque
pais de alunos. Na maioria dos casos, faci-
compartilhamento de assuntos particu-
no WhatsApp informações sobre provas
litam a organização da rotina das crianças
lares pode gerar sérias chateações, ainda
ou tarefas no lugar dele.
e promovem a amizade entre as famílias.
mais tratando-se de crianças. • Por fim, todos sabemos como é im-
A rede costuma ser utilizada para compartilhar fotos de eventos, enviar convi-
• Informar o Colégio o quanto antes so-
portante priorizar o diálogo. Assim,
tes, confirmar presença em festinhas e
bre ocorrências com o seu filho possibilita
quando tiver dúvidas ou reclamações
combinar passeios ou caronas. Algumas
que se tomem providências necessárias.
sobre o Colégio, venha buscar esclare-
vezes, porém, ela pode criar situações de
Quando ele adoece, por exemplo, é co-
cimento na escola. O Colégio São Luís
constrangimento, entendimentos equivo-
mum avisar as mães dos outros alunos da
criou a Ouvidoria, um canal específico
cados e até mesmo discussões.
sala pelo WhatsApp, mas lembre-se sem-
para garantir o atendimento das famí-
Nesse ambiente virtual de convivência,
pre de comunicar a escola.
lias e o apoio à diretoria na identificação de melhorias. Estamos aqui para escutar
assim como em qualquer outro em que nos relacionamos, os julgamentos, as
• Analisar as informações que recebe-
análises precipitadas e as opiniões pesso-
mos antes de comentar e checar antes
ais devem ceder lugar sempre ao diálogo,
de compartilhar são duas atitudes fun-
à tolerância e ao respeito. Por isso, reuni-
damentais para evitar confusões. Além
mos algumas recomendações para juntos
disso, piadas, correntes, política e futebol
CONTATOS DA OUVIDORIA
refletirmos sobre como ficar apenas com
não cabem em um grupo grande e com
De segunda a sexta, das 8h às 17h,
os benefícios dessa tecnologia.
pouca intimidade.
44 | REVISTA PILOTIS
o que você tem a dizer.
(11) 3138-9744 ou ouvidoria@saoluis.org
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