JULHO DE 2021 // ANO 10 // NÚMERO 19 REVISTA-LABORATÓRIO DOS ALUNOS DO CURSO DE JORNALISMO DA ESPM
JORNALISMO EM CENÁRIO DE DESINFORMAÇÃO, IMPORTÂNCIA DA PROFISSÃO SEGUE EM ALTA ESPM CURSO FOI CRIADO POR UMA DAS INSTITUIÇÕES MAIS RECONHECIDAS DA AMÉRICA LATINA
Foto: Wilian Tadeu Ambrosio
ENTREVISTA MARIA ELISABETE ANTONIOLI CONTA SOBRE A TRAJETÓRIA DO CURSO DE JORNALISMO
Alunos da primeira turma de Jornalismo com a coordenadora do curso, Maria Elisabete Antonioli
10 ANOS DE INOVAÇÃO
Curso de Jornalismo da ESPM-SP completa uma década de olho no futuro
REVISTA-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA ESPM-SP Nº19 - 1º SEMESTRE DE 2021
Presidente Dalton Pastore Jr. Vice-presidente Acadêmico Alexandre Gracioso Vice-presidente Administrativo-Financeira Elisabeth Dau Corrêa Diretora Nacional de Operações Acadêmicas Flávia Flamínio Coordenadora do curso de Jornalismo-SP Maria Elisabete Antonioli Responsável pelo Centro Experimental de Jornalismo Antonio Rocha Filho
e
EDITORIAL
JORNALISMO E INOVAÇÃO O curso de Jornalismo da ESPM-SP completa dez anos com inovações constantes e comprometido com a formação de jovens que atuam no mercado fazendo jornalismo de
Revista Plural revistaplural-sp@espm.br Editora - Revista Plural Profa. Cláudia Bredarioli Editor - LabFor Prof. André Deak Editor - Fotojornalismo Prof. Erivam De Oliveira Revisão Prof. Antonio Rocha Filho Profa. Maria Elisabete Antonioli Alunos colaboradores Amanda Almeida, Ana Clara Rangel, Antônio Luiz Molina, Atsuhiko Moraes, Carolina Neves Ferraz, Clara Leandrini, Enrico Sordili Cosentino, Enzo Alexandre de Almeida, Gabriela Gaeta, Gabriela Schiavo, Gabriella Figueiredo, Ian Imoto, Isabella Galvão, Isabella Pascucci, Isabelle Bulla, João Pedro Negreiros, Leonardo Selvaggio, Lucas Massuela, Mayara Neves, Nathalia Rosa, Nicolas Bezerra, Pedro Cohem, Pedro Guarache, Pedro Trigo, Rodrigo Narciso, Sabryna Grechi, Thais Fullmann, Valentina Alayon, Vitor Alves Altino. CEJor, Centro Experimental de Jornalismo da ESPM-SP agenciadejornalismo-sp@espm.br Rua Dr. Álvaro Alvim, 123, Vila Mariana São Paulo, SP Tel. (11) 5085-6713
qualidade. Criado, em 2011, em uma das instituições de ensino mais reconhecidas na América Latina, o curso segue com os traços do DNA inovador, tecnológico e criativo da ESPM. Esta 19ª. edição da Plural é uma homenagem a esses dez anos. Traz em suas páginas reflexões sobre esse período e sobre o verdadeiro papel do jornalista que é, e sempre foi, fazer pensar. Na comunicação, especialmente no jornalismo, o profissional tem um papel formador e de conscientização da população. A responsabilidade do jornalismo frente à sociedade é muito ampla. Informação é um bem precioso que deve contribuir para que as pessoas sejam cada vez mais esclarecidas e motivadas a assumirem seus papéis enquanto cidadãos. E isso está em discussão, por exemplo, na matéria que começa na página 6. A história da criação do curso é contada na reportagem que começa na página 10. Ela remonta os bastidores e o cenário que permitiram que ele surgisse, mostrando também o papel que o jornalismo tem para fortalecer a democracia, veiculando notícias e mantendo a população capaz de analisar e formar suas próprias opiniões. Em meio à pandemia do novo coronavírus, muitas profissões precisaram se reinventar e procurar as melhores soluções para desempenhar suas atividades. Entre os serviços considerados como essenciais neste período, a imprensa tem garantido a difusão de informações à população. Pensar a atividade jornalística para além de suas formas tradicionais é uma prática já recorrente no jornalismo contemporâneo. O panorama atual do jornalismo experimenta modificações ainda mais rápidas, intensas e desafiadoras. A cultura convergente potencializada por novidades contínuas, sejam de ordem tecnológica, sejam de comportamento do público,
Projeto gráfico Marcio Freitas A fonte Arauto, utilizada nesta publicação, foi gentilmente cedida pelo tipógrafo Fernando Caro.
é catalisadora de inovações no campo. Ao perceber a própria essência em movimento do jornalismo, é possível constatar que, em algum sentido, inovar sempre fez parte da atividade. A pluralidade de públicos, comportamentos e tecnologias desafiam as formas tradicionais de fazer jornalismo em um movimento que incentiva a inovação em diferentes aspectos da atividade. E o curso de Jornalismo da ESPM-SP acompanha essa tendência. CLÁUDIA BREDARIOLI, EDITORA DA PLURAL
ÍNDICE
4/5
página 6
página 6
JORNALISMO E INOVAÇÃO Em 2021, diante de todas as dificuldades de uma pandemia, o curso de Jornalismo da ESPM-SP completa dez anos. Em cenário de desinformação e crise sanitária, a importância da profissão segue em alta no Brasil e no mundo. A instituição procura formar um novo tipo de profissional, que tenha capacidade de se reinventar diante dos desafios. O futuro se conecta diretamente com o jornalista inteligente, que exerce a profissão em múltiplas plataformas.
página 18 PIC O Programa de Inciciação Científica (PIC) vem dando provas de sua importância para o curso e para a formação geral dos alunos. Três alunas de Jornalismo já foram premiadas com suas pesquisas.
página 22 COLUMBIA Fruto de parceria com a Universidade de Columbia, a Revista de Jornalismo da ESPM é a edição brasileira da Columbia Journalism Review e consite em discutir de forma profunda o jornalismo no Brasil e no mundo.
página 24 EMPREENDER O empreendedorismo é um dos pilares e dos diferenciais do curso de Jornalismo da ESPM-SP, capacitando o aluno para ter seu próprio negócio desde a faculdade, com disciplinas e oficinas específicas.
Foto: Wilian Tadeu Ambrozio
Foto: Arquivo Pessoal
página 14
Foto: IStock
página 10
Foto: Wilian Tadeu Ambrozio
página 26
página 10
página 14
página 26
10 ANOS
ENTREVISTA
PERFIL
Criado em 2011, e desde então, seguindo com muitas inovações, o curso de Jornalismo surgiu carregando o nome de uma das mais conceituadas instituições de ensino da América Latina.
Maria Elisabete Antonioli, coordenadora do curso de Jornalismo da ESPM-SP desde sua criação, traça um panorama dos dez anos da graduação e das perspectivas para formação dos futuros jornalistas.
Paraninfo da primeira turma de Jornalismo, em 2014, Ricardo Boechat, jornalista, radialista, colunista e apresentador, foi um dos grandes nomes do jornalismo e da comunicação brasileiros.
página 32 EX-ALUNOS Os ex-alunos formados pela ESPM-SP trabalham nas áreas mais diversas, desde veículos tradicionais até digitais, passando por assessorias de comunicação ou empresas nas quais eles mesmos empreenderam.
página 34 PANDEMIA Tanto nos estudos quanto no mercado de trabalho opção é por atuar sem sair de casa em razão da pandemia de coronavírus. Por isso, o jornalismo passa por transformações na academia e nas redações.
página 38 ESPORTIVO Não basta o amor pelo esporte, na oficina de Jornalismo Esportivo os alunos aprendem técnicas de apuração, escrita, fala e domínio de novas mídias para trabalhar na área com sucesso.
página 42 RÁDIO No estúdio de rádio da ESPM alunos desenvolvem programas diversos como o Jogada da Semana, que comenta sobre futebol, sob a orientação de uma professora e com o apoio de técnicos especializados.
6/7
Foto: Reprodução
Captura de tela da entrevista com o professor da ESPM-SP Ricardo Gandour
O PAPEL DO JORNALISMO E SEU FUTURO PÓS-PANDÊMICO Mais do que nunca, profissão se faz necessária no Brasil e no mundo
Em um contexto de desinformação
Cristina Zahar, secretária-executi-
que há cerca de uma década vem cres-
va da Associação Brasileira de Jornalis-
cendo, principalmente nas redes sociais,
mo Investigativo (Abraji), diz: “A ques-
»»» Em 2021, diante de todas as difi-
é importante que o jornalismo se rein-
tão da mentira sempre existiu, só que
culdades de uma pandemia, o curso de
vente para cumprir seu papel social.
o alcance da internet hoje faz com que
Jornalismo da ESPM-SP completa dez
Segundo relatório Reuters Institute Digi-
essa mentira circule muito mais rápido.”
anos. Mais do que nunca, a importân-
tal News Report, de 2018, o Brasil, que
Uma pesquisa publicada em 2020, feita
cia da profissão está se fazendo presen-
na época vivia um período de eleições
pelo Decode Pulse, indica que apenas
te no Brasil e no mundo. A instituição
presidenciais, ficou em terceiro lugar no
em 2019, o Brasil teve cerca de 9 bilhões
procura formar um novo tipo de pro-
ranking de países que mais estão expos-
de cliques em notícias falsas. “Quando
fissional, que tenha capacidade de se
tos a notícias falsas, perdendo apenas
uma pessoa vê uma ‘notícia’ que confir-
reinventar diante dos desafios. Segun-
para a Turquia e para os Estados Unidos.
ma o viés dela, aquilo em que ela acre-
do o diretor de jornalismo da TV Cultu-
Trinta e cinco por cento dos entrevista-
dita, ela tende a espalhar, e a velocida-
ra e professor da ESPM-SP, Leão Serva,
dos confirmaram que consumiram ou
de que a pessoa espalha a mentira é seis
o futuro se conecta diretamente com o
consomem fake news. Ao mesmo tempo,
vezes maior do que espalha a verdade”,
jornalista inteligente, que exerce a pro-
no entanto, o relatório do ano seguinte
afirma Cristina.
fissão em múltiplas plataformas, espe-
mostrou que o país é o que mais teme e
A internet, especialmente as redes
cificamente as que forem necessárias
se preocupa com a disseminação desse
sociais, permitiram a universalização do
para o exercício da profissão.
tipo de informação.
acesso às informações. Minorias e seto-
ISABELLA PASCUCCI E VALENTINA ALAYON
HOUVE UM AUMENTO DA AUDIÊNCIA E DA ATENÇÃO DO PÚBLICO EM RELAÇÃO ÀS NOTÍCIAS DEVIDO À COVID-19 Foto: Reprodução
res que não possuíam canais de expres-
tão. Por isso, é de extrema importância
são nem força de representação apenas
que, na era digital, o jornalismo se utilize
com as mídias tradicionais, passaram a
de toda tecnologia e plataformas digitais
ter. As mídias alternativas de jornalismo
para uma melhor produção do conteúdo
surgiram como uma forma de contem-
que será noticiado, um maior alcance e
plar esses grupos e refletem a importân-
até mesmo engajamento de seu público.
cia social do jornalismo atualmente. Por
Ellen Nogueira, diretora de Jornalismo
outro lado, a barreira de entrada para o
da CNN Brasil, diz: “Hoje, não precisa-
mundo digital é única e exclusivamente
mos mais de caminhões para transmi-
o acesso à internet. A partir do momen-
tir sinal para uma entrada ao vivo na
to que as pessoas conseguem ingressar
TV. Podemos mandar fazer isso com um
no mundo digital, qualquer um consegue
sinal de celular ou transmitir via redes
disseminar a informação que quiser. É aí
sociais”.
que entra a importância de um jornalis-
Na pandemia, houve um aumento da
mo sério e, mais do que isso, de um curso
audiência e da atenção do público em
de Jornalismo que capacite os futuros
relação às notícias devido à Covid-19,
profissionais a se adaptarem às mudan-
chegando até a reatar o vínculo e o costu-
ças de mídias e formatos da era digital,
me que muitas pessoas haviam perdido
levando sempre em consideração os fun-
com o jornalismo. Muitas vezes esque-
damentos da profissão. Segundo Cristi-
cidos como trabalhadores essenciais
na, é diferente você ter um blog ou um
durante o período de pandemia, diver-
perfil em redes sociais, mesmo que você
sos jornalistas se encontram na linha de
seja ativo e poste todo dia, pois aquilo
frente do combate ao vírus, registrando
não é uma apuração profissional, tendo
a situação dos hospitais, dos cemitérios
em vista que a pessoa não ouviu mais de
e o luto de milhares de famílias, divul-
uma fonte, não cruzou informações, nem
gando ao público as evoluções da ciência
baixou base de dados. Para ela, o método
sobre a vacina e fiscalizando a gestão dos
jornalístico ainda é o mais importante.
governos estaduais e federal. Com isso,
Por outro lado, a tecnologia dentro do
esses profissionais colocam suas vidas
jornalismo também perpetua um papel
em risco diariamente para levar as infor-
importante na democratização da infor-
mações necessárias à população, além de
mação. Tendo em vista a desigualdade
mobilizar e incentivar as pessoas a ade-
social no Brasil, poucas pessoas des-
rir às medidas de proteção indicadas pela
frutam da disponibilidade de adquirir a
Organização Mundial da Saúde (OMS).
informação paga habitualmente, como
Foi também no período de quarente-
jornais, revistas e canais da televisão
na que o inédito consórcio de veículos de
fechada. Desse modo, os sites, os pod-
imprensa foi criado. Em junho de 2020,
casts e afins que passam a informação
quatro meses após o início do isolamen-
gratuitamente têm um papel imprescin-
to no país, TV Globo, G1, GloboNews, O
dível. Tudo isso só é possível por conta
Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha
da aliança entre tecnologia e jornalismo,
de S.Paulo e UOL uniram suas apurações
que se difundiram e buscam a cada dia
sobre os dados das Secretarias Estaduais
mais inovação.
de Saúde e também suas redações para
O jornalismo tem como uma de suas
divulgar dados fundamentais sobre a
principais características a atualidade.
evolução da pandemia no Brasil, uma vez
Notícias têm que ser atuais e ter relevân-
que o governo federal chegou a atrasar
cia no contexto da sociedade em ques-
boletins sobre o vírus, como o número de
Ellen Nogueira, diretora de jornalismo da CNN
Fazer jornalismo é mostrar os fatos. Nunca mudar essa missão, mesmo com ataques à imprensa Ellen Nogueira, diretora de jornalismo da CNN
QUANDO AS PESSOAS PRECISAM DE UMA INFORMAÇÃO SEGURA, ELAS PROCURAM MEIOS QUE SEMPRE GERAM CREDIBILIDADE
8/9
Foto: Reprodução
Captura de tela da entrevista com Cristina Zahar, responsável pela captação de recursos da Abraji
mortes diárias, e a tirar informações do
imprensa aumentaram consideravel-
(por mais que aleguem qualquer outra
ar, dificultando o trabalho de cientistas
mente no ano de 2020, chegando a ser
coisa) e como tal devem ser tratadas”, diz
e também a maneira como a população
o ano mais violento desde que a Fede-
Leão. Para Ellen, o jornalismo deve mos-
consegue entender o avanço da doen-
ração Nacional dos Jornalistas (Fenaj)
trar sempre a realidade. Fazer jornalis-
ça. Para Ellen, o bom jornalismo é o que
começou a fazer esse levantamento, há
mo é mostrar os fatos. Nunca mudar essa
gera credibilidade e ouve sempre todos
mais de 20 anos. Segundo o relatório
missão, mesmo com ataques à imprensa.
os lados, consegue espaço e cresce nessa
Violência Contra Jornalistas e Liberda-
Na última década, diversos episódios
época de fake news. Quando as pesso-
de de Imprensa no Brasil, ocorreram 428
ao redor do globo tomaram propor-
as precisam de uma informação segu-
casos de agressões à imprensa, mais do
ções mundiais. Terremoto do Haiti, pri-
ra, elas procuram os meios que sempre
que o dobro em comparação a 2019. Para
meira mulher presidente do Brasil, 7 a
geram credibilidade e com jornalismo
Leão Serva, o jornalismo deve agir com
1 na Copa do Mundo, impeachment de
profissional.
absoluta indignação diante de qualquer
Dilma Rousseff, guerra na Síria, casa-
Diante do turbilhão de notícias que
pequeno ataque à imprensa, deve cha-
mento real, catedral de Notre Dame em
foram lançadas nas mídias tradicio-
mar imediatamente os mais altos graus
chamas, entre outros marcos que entra-
nais e digitais, portas também se abri-
da defesa do Estado e da Constituição.
ram para a história, têm em comum as
ram para a disseminação de desinfor-
“Qualquer ataque à imprensa está sem-
mídias que noticiaram suas decorrên-
mação, as fake news. Diante disso, a
pre ligado a ataques ao aparato demo-
cias. Foram os jornalistas, em jornais,
opinião da população muitas vezes se
crático e constitucional, sem qualquer
sites, redes sociais, revistas, TVs e pod-
dividiu e, como consequência, o extre-
exceção. Um xingamento a um jornalis-
casts, que tornaram os eventos visíveis
mismo tomou conta de assuntos como
ta ou um ataque a um veículo ou agres-
e noticiados à população.
a saúde pública, por exemplo.
sões a conglomerados de mídia: todas
Para Ellen, a maior mudança no jor-
essas atitudes são ataques à democracia
nalismo nos últimos dez anos foi a pan-
Com isso, os ataques à liberdade de
PARA O FUTURO, O JORNALISTA PRECISA ENTENDER COMO CONTINUAR SENDO RELEVANTE PARA A AUDIÊNCIA QUE VAI SER ATINGIDA Foto: Arquivo Pessoal
cisa entender como ser e continuar sendo relevante para a audiência que está sendo atingida, seja no formato que divulga a informação, no linguajar ou verificando a melhor plataforma para se noticiar. Segundo o Instituto Verificador de Comunicação (IVC), dez dos grandes jornais brasileiros, incluindo Folha de S.Paulo, O Globo e Correio Braziliense, tiveram uma queda brusca de 33% dos assinantes de seus respectivos jornais impressos, caindo de 654.144 de tiragem média diária, em 2018, para 437.969, em 2020. Por outro lado, no mundo dos jornais digitais, o número de assinantes subiu de 789.960 para 990.104, totalizando uma alta de 25,3%. Ou seja, os jornais têm cada vez mais assinantes para suas versões digitais e menos exemplares impressos. O que se modifica são os meios, mas o jornalismo continua exis-
Leão serva, diretor de jornalismo da TV Cultura e professor da ESPM-SP
tindo com a mesma importância, senão mais. Em um mundo tão dinâmico e acelerado, o que é necessário em um jorna-
demia. “Mudou o mundo todo, a forma
lista do futuro é trazer à tona seu dife-
como encaramos a vida, o trabalho. E o
rencial, e, para isso, é importante que
jornalismo esteve muito mais presente
sua formação não seja feita apenas de
na vida das pessoas.” Não é novidade que
um currículo básico. Na ESPM, a ino-
a pandemia trouxe mudanças para diver-
vação começa com a matriz curricular,
sas áreas da sociedade, e com o jornalis-
que é atualizada constantemente, for-
mo não foi diferente. A expectativa é que os profissionais integrem muitas dessas mudanças no seu dia a dia mesmo depois da crise passar. Um exemplo claro disso são entrevistas que foram facilitadas pelos aplicativos digitais. Ellen Nogueira afirma: “Já se tornou mais normal para o público ver entrevistas na TV gravadas por Skype ou ver analistas ou âncoras entrando de casa. Tudo isso é inovação
Qualquer ataque à imprensa está sempre ligado a ataques ao aparato democrático e constitucional, sem qualquer exceção Leão Serva, diretor de jornalismo da TV Cultura e professor da ESPM-SP
mada por professores que são referência em sua área de atuação, caracterizam um profissional diferente de todos os outros que se formam na mesma época. Ricardo Gandour, professor de jornalismo da ESPM-SP, que já passou por grupos como O Estado de S. Paulo e CBN, declara: “A ESPM ter criado o curso de Jornalismo foi incrível porque cada vez mais o jornalista tem que entender
e faz com que o jornalismo siga forte e
como funciona o modelo de negócios,
útil durante a pandemia.”
empreendimento, a área de marketing,
A inovação e avanços constantes da
a ativação de comunicação, mas tam-
tecnologia fazem com que os canais e
bém o eixo jornalístico que tem que ser
interesses do público se modifiquem
independente, a ESPM tem no ambien-
rápido. Para o futuro, o jornalista pre-
te dela todas essas áreas.”
Foto: Arquivo Pessoal
10/11
“Tenho muito orgulho de nossos estudantes, professores e funcionários, que apesar de tudo que estamos passando na pandemia, conseguiram manter a ESPM funcionando.” Dalton Pastore, presidente da ESPM
Dalton Pastore, presidente da ESPM
JORNALISMO ESPM-SP: UMA HISTÓRIA DE 10 ANOS Curso completa uma década com inovação contínua ção. “A ESPM foi construída pelo mer-
cesso de transformação. O jornalismo,
cado com o propósito de criar no Brasil
entre elas e em particular, enfrenta um
centros de excelência em nossas áreas
desafio gigante e está se reinventando.
»»» É em meio à pandemia da Covid-
de atuação, que são as indústrias no uni-
O que se busca não é uma nova forma
19 que, neste ano de 2021, o curso de
verso do marketing, da criatividade, da
de jornalismo, mas um novo modelo de
graduação em Jornalismo da ESPM-SP
comunicação. Nosso primeiro curso de
negócios. É importante que os novos jor-
completa 10 anos. Foi criado em 2011 e,
Jornalismo foi criado em 2011, mas o
nalistas tenham também uma boa base
desde então, segue com muitas inova-
bom jornalismo sempre esteve ligado à
de negócios”, afirma Pastore. “Para os
ções e contribuindo na vida de vários
ESPM. Sempre tivemos em nosso con-
novos jornalistas, aqueles que se sen-
alunos e jornalistas. Ele surgiu carre-
selho e entre os amigos mais próximos
tem confortáveis também com negó-
gando o nome de uma das mais con-
da escola alguns dos maiores jornalis-
cios, serão tempos excitantes e plenos
ceituadas escolas de comunicação da
tas do Brasil.”
de oportunidades.”
CAROLINA FERRAZ ISABELLA GALVÃO
América Latina.
Ele prevê que a atuação em negócios,
O presidente ainda conta que o melhor
Dalton Pastore, presidente da ESPM,
que é um dos focos do curso da ESPM-
momento de sua carreira está sendo pre-
relata que, apesar de o curso ter sido
-SP, ganhe força dentro do jornalismo.
sidir a faculdade. “Tenho muito orgu-
implantado apenas em 2011, o jornalis-
“Como se sabe, diversas indústrias estão
lho de nossos estudantes, professores
mo sempre esteve presente na institui-
passando por um grande e profundo pro-
e funcionários, que apesar de tudo que
“Ao longo da última década, o curso de jornalismo da ESPM formou profissionais transformadores, que valorizam e apoiam as boas práticas do setor, contribuindo assim para a manutenção de uma economia baseada na livre iniciativa, capaz de gerar riquezas e garantir o exercício da democracia e da liberdade de expressão.”
José Roberto Whitaker Penteado, ex-presidente da ESPM
José Roberto Whitaker Penteado, ex-presidente da ESPM Foto: Arquivo Pessoal
estamos passando na pandemia, conse-
nalismo ESPM: ‘Imprensa livre. Demo-
proximidade com o mercado; infraestru-
guiram manter a ESPM funcionando.”
cracia forte’. Ao longo da última década,
tura em estado de arte; e gestão segura.
Pastore ainda diz que, em toda a sua
o curso de Jornalismo da ESPM formou
Isso porque é assim que garantiremos
trajetória profissional, o dia mais tris-
profissionais transformadores, que valo-
a perenidade da Escola, o que é funda-
te para ele foi o dia 13 de março de 2020,
rizam e apoiam as boas práticas do setor,
mental para avalizar a carreira dos estu-
quando precisou fechar os campi. “Não
contribuindo assim para a manutenção
dantes formados na ESPM. Esse posicio-
vejo a hora de podermos voltar todos aos
de uma economia baseada na livre ini-
namento tem assegurado a continuidade
nossos lindos campi, que, aliás, estarão
ciativa, capaz de gerar riquezas e garan-
e a confiança dos alunos no projeto, no
cheios de novidades.”
tir o exercício da democracia e da liber-
seu corpo docente e no seu conteúdo –
dade de expressão.”
que são sempre atualizados com as téc-
O início
Para ele, essa foi a receita do sucesso
nicas e teorias mais modernas do uni-
O professor José Roberto Whitaker Pen-
do curso, “uma pitada de business, mis-
teado, ex-presidente da ESPM, foi um
turada com muita prática da teoria feita
verso da comunicação”, afirma. O curso procura acompanhar o mer-
dos criadores do curso de Jornalismo
pelos alunos em nossos estúdios, labo-
cado, seja na infraestrutura, no currícu-
na faculdade. Ele conta que, na década
ratórios e instalações.”
lo, nos equipamentos mais modernos,
de 1970, o MEC tinha um curso de Comu-
O professor José Roberto acredi-
seja na atualização dos softwares uti-
nicação Social com habilitações, entre
ta que o curso de Jornalismo da ESPM
lizados em diferentes linguagens nar-
elas, Jornalismo e Publicidade. Como
evolui junto com a faculdade, seguindo
rativas. Ele oferece a formação essen-
a ESPM já era uma faculdade de Publi-
à risca a missão da instituição: formar
cial do jornalista, além de conteúdos nas
cidade, optou-se por ficar apenas com
líderes capazes de transformar negó-
áreas mercadológica, corporativa e de
este curso, mas sem perder a ideia de, no
cios e desenvolver o país. “Essa evolu-
educação empreendedora, por meio de
futuro, investir em um curso exclusivo de
ção está relacionada à visão da Escola,
trabalhos autorais e negócios em jorna-
Jornalismo. Ele relata que os diretores da
que busca oferecer aos nossos estudan-
lismo.
faculdade passaram anos refletindo se
tes uma formação com foco obsessivo
uma profissão excluiria a outra, mas, em
em excelência – que inclui qualidade
Inovação permanente
2009, o projeto começou a tomar forma.
acadêmica; inovação constante de pro-
Segundo Alexandre Gracioso, diretor
“É como diz o slogan da Revista de Jor-
gramas, metodologias e experiências;
nacional de Graduação na época do lan-
12/13
Foto: Arquivo Pessoal
Alexandre Gracioso, vice-presidente de Graduação
çamento do curso de Jornalismo e atual vice-presidente de Graduação, a proposta sempre foi formar um jornalista mais empreendedor, com um enfoque mais tecnológico, introduzindo o marketing na grade curricular, trazendo então uma
“Na graduação o objetivo sempre foi formar um jornalista mais empreendedor, com uma pegada bastante tecnológica. Então, desde o início o curso se notabilizou pelo uso do audiovisual, de multimeios, de uma forma muito intensa. E também por trazer para o estudante o contato com o consumo, com o marketing, com o mundo dos negócios.”
inovação e sendo o diferencial dos cur-
Alexandre Gracioso, vice-presidente de Graduação
sos de Jornalismo das outras universidades. Quando o programa ainda estava sendo pensado, houve diversas entrevistas com jornalistas para testarem o curso. “Na graduação o objetivo sempre
curso partiam então dessa equipe da
mudanças das demandas da profissão,
foi formar um jornalista mais empreen-
ESPM. “A minha contribuição foi muito
aulas mais atuais, como videojornalis-
dedor, com uma pegada bastante tecno-
mais debater com a equipe de desenvol-
mo”, relata. Outra proposta recente em
lógica. Então desde o início o curso se
vimento a proposta do curso e aonde
todos os cursos, foi a inserção do LifeLab,
notabilizou pelo uso do audiovisual, de
queríamos chegar”, diz.
que fez com que todos os currículos se tornassem mais flexíveis e ricos.
multimeios, de uma forma muito inten-
Nos últimos dez anos, em que a ESPM
sa. E também por trazer para o estu-
lançou vários cursos de graduação, a tec-
O LifeLab é uma nova aposta da ESPM
dante o contato com o consumo, com o
nologia fez parte de todas as carreiras.
que visa contribuir para o currículo e for-
marketing, com o mundo dos negócios.
Em relação às mudanças do curso de
mação profissional e humana dos estu-
Tanto multimeios como esse DNA ESPM
Jornalismo, segundo o vice-presidente,
dantes. Desde 2020, são disponibiliza-
são diferenciais. E esse DNA ESPM só a
é tradição da ESPM realizar remaneja-
dos cursos para serem feitos à tarde, uma
gente poderia oferecer.”
mentos nas grades horárias, para fazer
vez por semana. O estudante tem a liber-
Quem encomendou o desenvolvimen-
com que as aulas estejam acompanhan-
dade de escolher por qual se interessa
to do programa foi Alexandre Gracioso,
do o desenvolvimento das profissões no
mais. Dentre as opções, estão disponí-
porém ele teve ajuda de Luiz Fernando
mundo. “Depois que a matriz foi com-
veis cursos de lógica, carreira, criativida-
Garcia, que na época era coordenador
pletada, a coordenadora do curso de Jor-
de, entre outros. Assim, o aluno se forma
do curso de Publicidade e Propaganda.
nalismo, Bete (Maria Elisabete Antonio-
na faculdade com conhecimentos além
Todas as iniciativas para construir o novo
li), procurou introduzir por conta das
dos que adquiriu teórica e tecnicamente
Foto; Arquivo Pessoal
já sinalizavam impactos transformadores nos modelos de produção e disseminação de comunicação na sociedade”. Enio de Moraes Junior foi o primeiro professor e jornalista contratado para lecionar o curso de Jornalismo da ESPM-SP. Enio conta que aceitou participar desse projeto de início de curso em um momento muito adequado, já que estava desenvolvendo uma pesquisa sobre formação de jornalistas com foco em interesse público e cidadania. Ele diz que se
Luiz Garcia, ex-diretor acadêmico
sentiu muito sintonizado com esse novo desafio. “Percebi que eu podia ser muito útil”, relatou Enio. O professor ainda diz que, em sua visão, o trabalho cuidadoso que ele e os demais da equipe tiveram nesse come-
em cada curso específico, com uma for-
estavam ofertando em suas formações,
ço teve muita importância para as pri-
mação mais geral.
e quais competências precisavam ser
meiras turmas do curso. “É como entrar
“Neste momento em que completa
incluídas na proposta pedagógica, sem-
em uma casa nova, você tem que pla-
10 anos, o curso ganhou mais flexibili-
pre respeitando as premissas do MEC”,
nejar, calcular, testar. Ao mesmo tempo
dade. Com isso o estudante ganha mais
afirma Luiz Fernando Garcia, à época
que isso é muito trabalhoso, também é
autonomia, mas também ganha mais
diretor nacional do curso de Comunica-
muito prazeroso.” Além disso, acredita
responsabilidade por suas escolhas. O
ção Social, com habilitação em Publici-
que essa experiência engrandeceu muito
curso também ganhou competências. Eu
dade e Propaganda.
a sua trajetória profissional. “Eu apren-
acredito que o curso, além de ter acom-
“Foi um trabalho muito intenso e
di muito a ser um melhor professor de
panhado as mudanças na produção – e
muito democrático. A essência do pro-
aí realmente é mérito dos professores, do
jeto foi a de destacar a formação e os
Núcleo Docente Estruturante (NDE), da
valores essenciais do jornalismo”, conta
aconteceu o evento de lançamento do
coordenação, dos estudantes que trazem
Garcia. Ele complementa que o segundo
vídeo comemorativo em homenagem aos
demandas, das agências experimentais
nível do projeto foi compreender as for-
10 anos do curso de Jornalismo da ESPM-
que vieram se consolidando ao longo do
ças mercadológicas envolvidas no pro-
-SP. A comemoração fez uma retrospec-
tempo; essa comunidade do curso trou-
cesso, para que todo jornalista conheça
tiva e reuniu cerca de 200 participantes
xe muita novidade e atualização para o
as principais relações econômicas que
por meio da plataforma de videocon-
programa –, somando-se a isso a gente
movimentam a sociedade e tenha inclu-
ferência Zoom. Além do sentimento
tem a implantação de uma nova matriz
sive condição de ser um empreendedor
de nostalgia, alguns ex-alunos deram
desde o ano passado”, diz o vice-presi-
na área; o terceiro nível foi compreender
depoimentos de como a faculdade foi
dente.
os principais aspectos demandados pelas
importante para sua formação.
jornalismo.” No final do mês de abril deste ano,
empresas e agências de comunicação
Dez anos de curso de Jornalismo, mais
conexão com o mercado
corporativa, nas famosas assessorias de
de 350 alunos formados, 28 professores,
“A ESPM – com seu histórico tão ligado
imprensa (na época, as maiores empre-
11 diferentes oficinas no Centro Experi-
ao mercado – soube usar as ferramentas
gadoras dos grandes talentos recém-for-
mental de Jornalismo (CEJor), 28 prê-
para realmente compreender as deman-
mados nas faculdades de destaque). E,
mios e uma taxa de 88% de empregabi-
das dos diversos agentes contratantes
por fim, “a compreensão essencial das
lidade. Com o passar dos anos, o curso
dos serviços dos jornalistas, buscando
novas dinâmicas geradas pela tecnologia
fica cada vez mais completo e atualizado,
compreender o que as melhores escolas
digital, principalmente na internet, que
sempre apostando na inovação.
p&r
14/15
ENTREVISTA: MARIA ELISABETE ANTONIOLI PROFESSORA E COORDENADORA DE JORNALISMO NA ESPM-SP
A DEMOCRACIA PRECISA DO JORNALISMO, E O JORNALISMO PRECISA DE UM AMBIENTE DEMOCRÁTICO PARA MARIA ELISABETE, A SERIEDADE DO TRABALHO DO JORNALISTA TEM SIDO RECONHECIDA PELA POPULAÇÃO, ESPECIALMENTE COM A PANDEMIA
monstrado a cada dia sua importância e ENZO ALMEIDA
a sociedade tem reconhecido. Durante
»»» O jornalismo atravessa um tempo
a pandemia a força do jornalismo é tão
de transformações. Adquiriu maior
grande e a prestação de serviços se tor-
complexidade, principalmente em
nou tão necessária para a população que
função da convergência midiática e
resultou em um aumento de audiência
das transformações da sociedade. Na
dos jornais de uma forma geral. Isso de-
busca por alternativas que permitam
monstra que a sociedade vê a seriedade
acompanhar as mudanças que estão
do trabalho do jornalista.”
ocorrendo nos processos de produção
O curso de Jornalismo combina dis-
e distribuição da notícia, o curso de
ciplinas teóricas a matérias essen-
Jornalismo da ESPM-SP também vem
cialmente práticas. A teoria ajuda os
se transformando ao longo desses dez
estudantes a ampliarem a base de co-
anos de existência.
nhecimentos. “Esse diálogo com a teoria
Nesta entrevista à Plural, a profes-
e prática é fundamental para a forma-
sora Maria Elisabete Antonioli, coorde-
ção do aluno. São conteúdos das ciências
nadora do curso de Jornalismo da ES-
humanas, do fazer jornalístico, de ne-
PM-SP desde sua criação, fala sobre os
gócios, de tecnologia e de comunicação
desafios do ensino gerados pela pande-
e marketing”, afirma Maria Elisabete.
mia e as funções primárias do jornalis-
Quanto maior a bagagem cultural dos
mo na sociedade. “O jornalismo tem de-
alunos, melhor será o seu desempenho
Foto: Arquivo Pessoal
RAIO-X Maria Elisabete Antonioli Origem: São Paulo Formação: Graduada em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo, doutora em Cências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da USP-SP.
na profissão. A parte prática mostra a
portantíssimos na transmissão de notí-
rotina de trabalho de forma bastante
cias, visto que com eles é possível gra-
Como foi a preparação para a criação do curso?
concreta. Já nos primeiros semestres
var imagens e sons de forma muito mais
Eu coordeno o curso desde que ele
os alunos desenvolvem atividades nos
fácil, em comparação com 15 ou 20 anos
teve início em 2011. Entrei na ESPM em
diferentes laboratórios do curso: produ-
atrás. “Acredito que os valores do jor-
2010 para planejar a implementação do
ção de TV, radiojornalismo, redação, fo-
nalismo não mudaram, são perenes, e
curso, que ocorreu no ano seguinte.
tografia, entre outros. “Acredito que a
nosso norte é a sociedade. Mas as prá-
criação do Centro Experimental de Jor-
ticas mudaram muito.”
Qual o motivo para criar um curso de jornalismo em uma faculdade que tem como especialidade propaganda e marketing?
nalismo (CEJor) – que é único nesse mo-
A docente também comenta sobre os
delo nas escolas de Jornalismo –, onde
pontos altos do curso, ressaltando o pa-
são oferecidas diversas oficinas, agên-
pel positivo das oficinas na formação
cias e projetos, é uma excelente opor-
dos estudantes, e sobre os diferentes co-
A ESPM é uma faculdade de comu-
tunidade para os alunos, além das au-
nhecimentos que as disciplinas de jor-
nicação e negócios. Há diversos cursos
las, exercitarem jornalismo em diversas
nalismo buscam transmitir aos alunos.
oferecidos em diversas áreas, e Jorna-
áreas”, diz.
Ela ainda destaca que, embora os valo-
lismo faz parte desse grupo. O curso foi
O surgimento e aperfeiçoamento de
res fundamentais da profissão não te-
criado na gestão do professor José Ro-
novas tecnologias eletrônicas (vídeo, te-
nham se alterado com o passar dos anos,
berto Whitaker Penteado [ex-presidente
levisão por cabo, internet) está modifi-
as práticas jornalísticas sim, e é para is-
da ESPM], que também é jornalista. Ou-
cando profundamente os modos de pro-
so que a ESPM busca preparar todos os
tra curiosidade interessante é que a ES-
dução jornalísticos. Nos dias de hoje, os
seus estudantes desde a criação do cur-
PM foi fundada por Rodolfo Lima Mar-
próprios celulares são instrumentos im-
so em 2011.
tensen, com apoio de Pietro Maria Bardi
no exterior por Skype, do que fazer uma viagem só para isso. Então tecnologias que já existiam passaram a ser utilizadas com sucesso. Mas, claro, há muitos desafios nesses novos formatos que ainda são recentes.
e do grande jornalista Assis Chateaubriand. Então era mais que natural ofe-
16/17
recer um curso de Jornalismo.
Quais conteúdos o curso procura transmitir aos seus alunos?
Destas dimensões, emergem os cinco
O curso oferece conteúdos teóricos
eixos de conhecimento que fundamen-
e práticos simultaneamente a partir do
tam o curso: linguagens e tecnologia,
primeiro semestre. Esse diálogo com a
processos e procedimentos jornalísti-
Como ocorreu o processo de criação do curso de Jornalismo na ESPM, e de quem partiu essa iniciativa?
teoria e prática é fundamental para a
cos, fundamentação humanística, edu-
formação do aluno. São conteúdos das
cação empreendedora e gestão e comu-
ciências humanas, do fazer jornalísti-
nicação com o mercado.
A iniciativa do curso ocorreu, como
co, de negócios, de tecnologia e de co-
eu mencionei anteriormente, na gestão
municação e marketing. Para dar forma
José Roberto Whitaker, que decidiu que
ao desenho do curso, foram pensadas as
o curso de Jornalismo deveria ser ofe-
dimensões do egresso que seriam im-
recido nas três unidades da ESPM: São
portantes contemplar, a partir do per-
Acredito que a criação do Centro Ex-
Paulo, Rio e Porto Alegre. Assim ocor-
fil de profissional e cidadão almejado.
perimental de Jornalismo (CEJor), que
reu, e foi um sucesso nas três unidades.
São elas: questionamento crítico frente
é único nesse modelo nas escolas de Jor-
aos desafios locais, nacionais e globais;
nalismo, onde são oferecidas diversas
Quais as prioridades do ensino em Jornalismo na ESPM?
compreensão das dimensões criativas,
oficinas, agências e projetos. É uma ex-
projetuais, socioeconômicas e cultu-
celente oportunidade para os alunos,
Cite um ponto alto do curso durante o período em que você tem atuado como coordenadora.
Bem, além da formação essencial do
rais da profissão; integração às esfe-
além das aulas, exercitarem jornalis-
jornalista para trabalhar nas diversas
ras contemporâneas do conhecimento;
mo em diversas áreas. Acaba se tornan-
plataformas de mídia e, consequente-
perfil propositivo, consequente e ético
do um portfólio para o aluno, desde o
mente, com as diversas linguagens, o
em relação a seu meio e outras realida-
primeiro semestre do curso. Cerca de
curso oferece aos alunos conteúdos vol-
des; mobilização pelo empreender, ino-
cem alunos participam no CEJor a cada
tados aos negócios e marketing, conside-
var e a ser responsável socialmente e
semestre. O CEJor compreende: Agên-
rados de grande importância para o jor-
construtor de perspectivas e cenários.
cia de Jornalismo; oficina com progra-
nalista atualmente, pois ele pode criar seu próprio negócio e gerenciá-lo, pode trabalhar em empresas, na comunicação corporativa, em assessorias de imprensa, como também com trabalhos autorais independentes. Então no curso, o egresso tem uma formação que aumenta muito sua participação no mercado.
Quais são os desafios do ensino em jornalismo nos dias atuais? São muitos os desafios e, agora com a pandemia, os desafios aumentaram, pois professores e alunos e uma parcela de profissionais estão produzindo diretamente de suas casas. Então são novas formas de produzir jornalismo e acredito que muitas continuarão mes-
“ACHO QUE OS JORNALISTAS TÊM SE ADAPTADO BEM, COM NOVAS EXPERIÊNCIAS QUE FAVORECEM O DISTANCIAMENTO E NOVAS FORMAS DE FAZER JORNALISMO”
mo depois da pandemia, pois a tecnologia oferece grandes oportunidades para produzir um bom jornalismo mesmo à distância. É muito mais fácil, por exemplo, entrevistar alguém que mora
“É COM PESAR QUE SABEMOS SOBRE AS MORTES DE JORNALISTAS POR COVID-19 EM FUNÇÃO DO TRABALHO”
“PARA DAR FORMA AO DESENHO DO CURSO, FORAM PENSADAS AS DIMENSÕES DO EGRESSO QUE SERIAM IMPORTANTES DE CONTEMPLAR, A PARTIR DO PERFIL DE PROFISSIONAL E CIDADÃO ALMEJADO”
Hoje também precisamos pensar em
Acredito que muitas vezes sim, mas
na Área; oficina de Fotojornalismo; re-
novas competências do jornalista, mas
em contrapartida, o jornalismo tem de-
portagens de rádio e para a CBN; conte-
que estão presentes no curso desde sua
monstrado a cada dia sua importância,
údo sobre moda, no blog Pesponto em
criação, como a gestão de negócios e o
e a sociedade tem reconhecido. Durante
Pauta (pespontoempauta.com); notícias
trabalho com marketing.
a pandemia a força do jornalismo é tão
mas de entrevistas em vídeo Linkados
grande e a prestação de serviços se tor-
para o Portal de Jornalismo ESPM (jor-
nou tão necessária para a população, o
ra o blog De Olho na Carreira (deolho-
Sobre a pandemia, como os jornalistas têm se adaptado a esta nova realidade?
nacarreira.com); e reportagens para a
Acho que os jornalistas têm se adap-
cia dos jornais de uma forma geral. Isso
revista Plural. Há também, um Labo-
tado bem com novas experiências que
demonstra que a sociedade vê a serie-
ratório de Formatos Híbridos em Jor-
favorecem o distanciamento e novas
dade do trabalho do jornalista.
nalismo, uma Agência de Comunicação
formas de fazer jornalismo. Mas há tam-
Corporativa (ComCorp), e um espaço
bém momentos no trabalho jornalístico
para o Projeto de Jornalismo Empreen-
em que não é possível o distanciamento
dedor (EmpreendaJor) – os alunos rece-
social, como por exemplo, as entrevis-
bem orientações para criarem modelos
tas coletivas. É com pesar que sabemos
Acredito que papel do jornalista é
de negócio em jornalismo. Os trabalhos
sobre as mortes de jornalistas por Co-
muito importante para a democracia
podem entrar para a Incubadora de Ne-
vid-19 em função do trabalho.
e seu trabalho também. A democracia
nalismosp.espm.edu.br); matérias pa-
Desenvolvemos as competências previstas pela ESPM, que são: autonomia,
Para você, qual é o papel que o jornalista desempenha na luta contra o autoritarismo?
precisa do jornalismo e o jornalismo de-
gócios da ESPM.
Quais as competências desenvolvidas pelo curso?
que resultou em um aumento de audiên-
Em diversas ocasiões, membros do governo já desdenharam e usaram linguagem hostil contra jornalistas. Você acha que isso gera hostilidade contra a categoria por parte da população?
pende do ambiente democrático para seu exercício. Portanto, qualquer forma de autoritarismo vai contra os princípios do jornalismo. Defendemos a liberdade de ideias e de pensamento.
criatividade, fluência tecnológica e ética e responsabilidade.
Se você pudesse resumir a sua experiência como coordenadora de Jornalismo em algumas palavras, o que você diria?
Como o ensino de jornalismo no Brasil evoluiu nas últimas décadas e o que mudou no ensino de jornalismo desde a criação do curso na ESPM? Acredito que os valores do jornalismo não mudaram, são perenes, e nosso
Acho que é uma experiência enriquecedora e me traz muitas alegrias, prinFoto: Arquivo pessoal
cipalmente quando vejo os resultados do nosso curso, a formação de excelên-
norte é a sociedade. Mas as práticas mu-
cia que oferecemos, a participação dos
daram muito. O jornalismo na sua fase
nossos professores, que se dedicam com
inicial era voltado a produção de maté-
tanta atenção para oferecer um curso de
ria impressas, pois só tínhamos jornais.
alto nível, a equipe técnica que colabo-
Foi mudando quando foram chegando
ra de forma tão eficaz com a produção
as novas mídias, como rádio e televisão.
jornalística de nossos alunos, os pró-
Com o advento da internet, no final do
prios discentes de todas as séries que
século passado, mais uma forte trans-
têm desenvolvido produções de quali-
formação ocorreu e atualmente temos
dade e engrandecido o curso, e com os
um jornalismo produzido para diversas
nossos ex-alunos atuando com serieda-
plataformas e ainda há uma convergên-
de e propriedade nas diversas mídias,
cia entre elas. Toda evolução dos meios
em empresas, em trabalhos autônomos,
trouxe modificações no ensino do jornalismo no que tange à parte prática.
Maria Elisabete, conhecida pelos alunos como apenas Bete
enfim se destacando sempre no mercado de trabalho.
Foto: Arquivo Pessoal
ATSUHIKO MORAES UEHARA ENRICO SORDILI COSENTINO
»»» O Programa de Iniciação Científica (PIC) vem dando provas e mostrando sua importância, não só no curso,
46/47 18/19
mas na formação acadêmica do aluno. Com três prêmios conquistados pelo curso de Jornalismo, o PIC certifica e valoriza a consistência acadêmica e de pesquisa, refletindo também no âmbito profissional dos alunos. O estudo é desenvolvido e direcionado para estudantes dos cursos de graduação do ensino superior, por um período de 12 meses, e conta com um incentivo financeiro por parte da ESPM. O aluno e seu professor orientador desenvolvem
Vitória Sanches e Francine Altheman na premiação do Semic
um pré-projeto para ser enviado e analisado por uma banca de professores, que determinarão a aprovação ou não do projeto. O tema central da pesquisa parte e dialoga com o interesse do aluno por uma determinada área do conhecimento, nesse caso sobre o jornalismo. O PIC aprimora a capacidade de um pensamento orientado metodologicamente, aperfeiçoa a habilidade de desenvolver argumentos com bases sólidas, tanto conceituais, quanto de dados do real, e propicia um espaço de aprofundamento, de aprimoramento, de leitura, análise, discussão e reflexão. Ao final de um ano,
A IMPORTÂNCIA DO PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
é apresentado um artigo sobre o estudo e concorre a premiações. A professora Cicélia Pincer, orientadora, integrante do Comitê do PIC no
O PIC acompanha a evolução do curso e destaca a qualidade das pesquisas acadêmicas
curso de Jornalismo (ao lado da professora Maria Elisabete Antonioli), comenta sobre a importância da iniciação científica junto ao desenvolvimen-
com o crescimento de convênios, de ins-
na pesquisa. Ele desenvolve uma capa-
to do curso. “Nós temos por meio do PIC
tituições importantes, e vem dando pro-
cidade maior de leitura, compreensão, e
índices muito claros de reconhecimen-
vas muito significativas, muito seguras
escrita de textos, uma capacidade analí-
to da qualidade do curso, de aprimora-
da sua qualidade”. Ela complementa sua
tica da realidade do jornalismo e da rea-
mento do processo de formação que o
fala ressaltando as habilidades que os
lidade narrada pelo jornalismo também
corpo docente possibilita aos seus estu-
alunos desenvolvem durante o projeto:
bem maior”.
dantes. É um curso que vai além do PIC
“Autonomia, ética e responsabilidade
A coordenadora do PIC na ESPM,
“EU RECOMENDO E SOU SUPERFÃ DO PIC, ACHO QUE ESSE PROGRAMA É SUPERLEGAL” Vitória Sanches
Foto: Vitória Sanches
tas coisas. Agora, por exemplo, eu estou fazendo o TCC e todo o conhecimento que eu tive de ter feito uma pesquisa, de ter entendido como é que se aplica um conceito de metodologia, de entender como a gente tem que aplicar os estudos dos autores, dos teóricos, tudo isso tem me ajudado demais e me ajudou a crescer como estudante de comunicação e como profissional”. Outra aluna que realizou um trabalho de iniciação científica foi Catarina Bruggemman, do oitavo semestre. Ela ressalta que toda a experiência é benéfica e que a faculdade é um lugar de experimentação, mas que o PIC é trabalhoso e deve ser feito com atenção. “Acho que todas
Protestos pela a morte de Marielle Franco acompanhados por Vitória Sanches
as oportunidades possíveis são muito válidas, mas acho também que é necessário medir o quanto a iniciação cientí-
Manolita Correia Lima, ressalta a con-
tante orgulho e acho que é um avanço,
fica tem a ver com o perfil daquele estu-
tribuição do projeto científico para a
fora que as pesquisas realizadas também
dante, porque é um trabalho que precisa
consolidação de um curso. “Se levar-
ajudam a pensar melhor o curso, fazem
ser tratado muito a sério, é um trabalho
mos em conta a diversidade de perfis de
a gente observar alguns fenômenos que
que você recebe uma bolsa para fazer”.
estudantes, promover a formação cien-
vêm acontecendo e acabamos utilizando
Catarina conta que seu principal desafio
tífica desses estudantes interessados em
isso para pensar, para refletir.”
durante a iniciação científica foi a pande-
investir em pesquisa e publicação reve-
Francine orientou um dos projetos
mia da Covid-19. Ela teve seu pré-projeto
la uma instituição comprometida com a
premiados do PIC no curso, da aluna
aprovado em agosto de 2019, mas preci-
qualidade acadêmica. Dificilmente são
Vitoria Lima Sanches, atualmente no
sou reformular sua pesquisa de campo,
condições encontradas em instituições
sétimo semestre. O trabalho foi em torno
já que com a pandemia não foi possível
e cursos pouco consolidados”. Sobre a
da cobertura jornalística do assassina-
sair às ruas e realizá-la.
influência da Iniciação Científica no mer-
to da vereadora Marielle Franco, no Rio
Ao longo dos anos, três alunas foram
cado de trabalho, Manolita destaca que
de Janeiro, e das manifestações políticas
premiadas pela qualidade de seus tra-
as competências obtidas no processo,
que aconteceram depois do crime. Vito-
balhos no Semic, Priscilla Cukierkorn,
tais como problematizar, coletar dados,
ria ganhou o prêmio de melhor PIC de
Sofia Nunes Aureli, Vitória Sanches, res-
interpretar com fundamento e argumen-
2019, durante o Seminário de Iniciação
pectivamente com os projetos O enqua-
tar soluções faz com que o aluno tenda
Científica da ESPM (Semic). Esse even-
dramento do aborto na mídia brasilei-
a ser mais propositivo, criativo e inova-
to reúne todas as pesquisas finalizadas
ra: A construção jornalística do direito
dor e contribui com equipes de trabalho
do ano, com os alunos das três unida-
de autonomia reprodutiva da mulher,
instigadas pelos desafios da inovação.
des da ESPM (São Paulo, Rio de Janeiro e
Os ódios de Sara Winter: Uma análise de
Porto Alegre) e de todos os cursos. Vitó-
discurso de ódio no Facebook e Marielle
ria ganhou a melhor pesquisa.
presente: Processos comunicativos nas
Francine Altheman, professora orientadora, também atesta a importância do PIC no desenvolvimento do curso. “O PIC
A estudante enxerga hoje com muito
narrativas insurgentes e na cobertura
ajudou bastante na evolução do curso,
carinho essa fase da sua graduação e
jornalística do Mídia Ninja. Isso demons-
principalmente se a gente considerar
comenta que o projeto foi essencial e
tra a excelência dos projetos e atesta a
o curso de Jornalismo, que vem conse-
tem influência direta em sua carreira
qualidade científica do curso de Jorna-
guindo se destacar. Isso é motivo de bas-
e vida acadêmica. “Me ajudou em mui-
lismo da ESPM-SP.
Foto: arquivo pessoal
20/21
PARCERIAS COM O MERCADO E OS SEUS BENEFÍCIOS Centro Experimental de Jornalismo (CEJor) oferece aos alunos possibilidade de praticar jornalismo como no mercado
do na área de comunicação, começando
projeto acadêmico da faculdade, está a
com Pulicidade e Propaganda. No decor-
trazer os alunos cada vez mais perto para
rer dos anos foi crescendo, passando para
o que o mercado faz. Não adianta você ter
»»» O Centro Experimental de Jorna-
cursos de Administração, Relações Inter-
um ensino acadêmico que se volte para
lismo (CEJor) oferece aos alunos e alu-
nacionais, até chegar ao Jornalismo, em
práticas que não são de fato aceitas no
nas uma série de oficinas que abordam
2011. É do DNA da faculdade estar conec-
mercado. Isso é desde o comecinho do
diversos aspectos da produção de mí-
tada ao mercado”, comenta.
curso. Com o passar dos anos, com dez
ENZO ALMEIDA SABRYNA GRECHI
dia e conteúdo jornalístico. As oficinas
O docente afirma também que essa co-
anos agora, a cada momento foi tendo
também agregam a função secundária
nexão com o mercado se aplica a outros
uma aproximação com alguns meios,
de aproximar os alunos da ESPM do
professores, principalmente aqueles en-
sem contar que nas aulas, que sempre
mercado de trabalho por meio de par-
volvidos com as oficinas, caso dele pró-
têm convidados, sempre têm palestras,
cerias de produção de conteúdo com
prio, que ressalta a importância da ex-
a gente está sempre junto”, afirma.
empresas de mídia, o que proporciona
periência profissional no mercado de
“A proposta original do curso sempre
aos alunos participantes em primeira
trabalho. Para ele, as parcerias de pro-
foi a de propor somar fundamentação te-
mão experimentar como os profissio-
dução de conteúdo firmadas pela facul-
órica com muita prática, particularmente
nais do jornalismo atuam em suas res-
dade com empresas jornalísticas, princi-
em novas mídias,novas linguagens. Foi
pectivas áreas, além de possibilitar o
palmente as que estão presentes desde o
investido um grande volume de recursos
conhecimento sobre o funcionamento
início do curso, como a da rádio CBN, não
para gerar as áreas laboratoriais de prá-
interno do mercado de trabalho.
apenas promovem a criação de material
ticas, a partir da agência de jornalismo,
Antonio Rocha Filho, professor da gra-
de qualidade por parte dos estudantes,
e depois dos estúdios de Rádio, TV, Foto/
duação de Jornalismo e supervisor do
como também ensinam a eles o modo
Imagens e Internet. Mas isto não se re-
CEJor, diz que a conexão com o merca-
de atuação do mercado: “Como parte do
sumiu a equipamentos e infraestrutura
do por parte da ESPM vem desde a fundação da faculdade, nos anos 1950, e está no DNA da instituição. “A ESPM tem uma característica que é do DNA dela de já estar muito conectada ao mercado. Quando ela surgiu, foi por iniciativa de profissionais do mercado que identificavam que havia uma necessidade de uma escola que dialogasse mais com o merca-
“A proposta original do curso sempre foi a de somar fundamentação teórica com muita prática, principalmente em novas mídias, novas linguagens” Luiz Fernando Garcia, ex-diretor nacional do curso de Comunicação Social
Foto: arquivo pessoal
“É do DNA da faculdade estar conectada ao mercado.” Antonio Rocha, supervisor do CEJor
relatando que como resultado do engajamento dos estudantes com relação às suas produções, as empresas passam a encarar o aluno da ESPM como uma valiosa adição às suas equipes, devido a es-
Francine Altheman , à esquerda, e Antonio Rocha Filho, ao lado
ses diferenciais curriculares. Francine conclui afirmando que essa preparação é melhor observada nas áreas de comunicação organizacional, assessoria de imprensa e a área televisiva, sendo essas em que os alunos da ESPM estão mais bem colocados no mercado de trabalho.
de ponta, mas à contratação de profissio-
munerado. Em sua visão, a exploração
nais de destaque em suas áreas”, diz Luiz
de outras e mais novas vertentes de mí-
Patrícia Guimarães Gil, professora res-
Fernando Garcia, que à época da criação
dia por meio destas produções ajuda nes-
ponsável pela ComCorp, reforça o ponto
do curso de Jornalismo era diretor na-
se quesito e gera a possibilidade de um
de vista de Francine e ressalta o trabalho
cional do curso de Comunicação Social.
ambiente fértil para inovações que se-
de formação dos alunos realizado na ofi-
Além da Rádio CBN, a ESPM também
jam consideradas atraentes pelo merca-
cina: “Nós buscamos a possibilidade de
realizou parcerias com TV Futura, Corin-
do: “A gente pode testar uma narrativa,
o aluno inserir no currículo essa experi-
thians TV, Catraca Livre e BOL, braço do
ela pode dar certo, com base por exemplo
ência na ComCorp, porque muitas vezes
portal UOL, por meio do CEJor. Tais par-
na literatura que está sendo discutida, e
quando ele vai buscar o primeiro estágio,
cerias oferecem uma experiência de im-
o mercado nunca ter pensado nessa hi-
o primeiro emprego, os empregadores
pacto, proporcionando ao aluno o conta-
pótese. Cabe à universidade experimen-
pedem que o aluno demonstre alguma
to com o mercado de trabalho.
tar essa narrativa”, afirma.
experiência em atendimento a clientes
A professora de Telejornalismo Heidy
externos, alguma prática em assessoria
Vargas partilha da opinião de Rocha Filho
Oficinas e mercado
de comunicação, então essa possibilida-
sobre a importância das parcerias com
Francine Altheman, professora de Asses-
de de indicar que ele já fez isso por meio
empresas midiáticas, e ainda comenta
soria de Imprensa e responsável pela su-
da ComCorp ajuda a abrir portas para um
sobre a expectativa acerca de uma nova
pervisão dos estágios dos alunos, acres-
primeiro estágio ou emprego. E a ideia é
parceria com a Band News, que deve co-
centa um pouco sobre a importância das
que a gente posicione o aluno, que ajude
meçar a valer no segundo semestre de
atividades experimentais para os alunos,
o aluno a se posicionar depois de passar
2021, ponderando sobre a importância
principalmente a ComCorp, oficina de
por essa experiência, como alguém que
das oficinas na formação profissional dos
Comunicação Corporativa. “As empre-
conhece, que já sabe elaborar um plane-
alunos e a função destas em adequar o
sas querem um aluno que passou pela
jamento de comunicação, que sabe como
ensino ao que é feito normalmente no
ComCorp, pois elas já conhecem o tra-
funciona a interface com o cliente, que
mercado.
balho, já que atendem clientes reais, em-
sabe indicar propósitos reais, práticas de
Para a docente, as produções realiza-
presas e instituições de verdade, uma si-
comunicação corporativa”. Para ela, exis-
das nas oficinas em parceria com outras
tuação real. De modo geral, as empresas
te uma troca entre a oficina e empresas
empresas ajudam a mostrar para o mer-
que pedem currículo, abrem vagas e pro-
parceiras, na qual os alunos da Comcorp
cado não apenas a qualidade do ensino
cessos seletivos, olham para a ComCorp
prestam serviços voluntários para estas
da ESPM, mas também a capacidade dos
como um diferencial no currículo des-
empresas, e elas contribuem com o pro-
alunos, tornando-os mais atrativos para
ses alunos. ” A professora também refor-
cesso de aprendizagem dos alunos, en-
uma possível contratação ou estágio re-
ça as conclusões de Heidy e Rocha Filho,
riquecendo os seus currículos.
Iniciado em 2012, acordo propicia debates sobre grandes temas do jornalismo
LEONARDO SELVAGGIO PEDRO GUARACHE
Review como uma revista trimestral, mas
da Revista de Jornalismo da ESPM, que
em 2017 passou a ser semestral. “Em 2017,
passou a contar com uma participação
a Columbia Journalism Review passou
maior dos professores da ESPM na ela-
»»» A Revista de Jornalismo da ESPM é
por uma grande reformulação e adotou
boração de seu conteúdo. “Essa integra-
a edição brasileira da Columbia Journa-
uma periodicidade semestral. Por aqui,
ção entre a faculdade e a redação trouxe
lism Review e consiste em discutir de
a Revista de Jornalismo ESPM seguiu o
ainda mais pressão para a revista, que é
forma séria e profunda o jornalismo
mesmo caminho. Tempos depois, a edi-
referência para muitos veículos de comu-
no Brasil e no mundo, segundo a pró-
ção americana voltou a ter quatro edições
nicação, quando o assunto é jornalismo”,
pria seção da revista do site da ESPM. A
ao ano, enquanto a versão brasileira não
afirma o professor José Roberto.
primeira edição da revista saiu em 2012
sofreu alteração, o que nos permitiu ela-
e teve como temas centrais a inaces-
borar e tropicalizar melhor os temas pro-
pre costuma ter um tema dominante,
sibilidade do jornalismo econômico, a
postos pela Columbia Journalism Review”,
e a edição brasileira costuma usar esse
relação entre assessorias de impren-
conta o professor José Roberto.
tema com um “tempero verde-amare-
sa e mídia, a presença dos negros nas
A partir de 2020, ele assumiu a edição
A edição americana da revista sem-
lo”, como diz o professor José Roberto.
redações e o futuro do jornalismo a partir do olhar do então diretor-presidente da ESPM José Roberto WhiAFLIE8C@JD I<M@<N
taker Penteado.
REVIEW
Breathing Room
JOURNALISM’S
PAST, PRESENT & FUTURE
Strong Press, Strong Democracy
Jkife^ Gi\jj# Jkife^ ;\dfZiXZp
LAWRENCE PINTAK
PAMELA NEWKIRK
TARA McKELVEY
ANYBODY THERE? FLEET STREET’S PHONE SCANDAL
?fn \$i\X[\ij ZXe i\jZl\ fli [ifne`e^ Ylj`e\jj
ARCHIE BLAND
BROOKE GLADSTONE ILLUSTRATES THE MEDIA TED RALL
;FE K<IIP
Segundo o professor José Roberto, hoje
Toward a new Arab media
THE NOT-SO-GREAT MIGRATION OBAMA’S INVISIBLE WAR
8 J\Zfe[ :_XeZ\ AF?E :FEIFPËJ KFIKLI< JKFIP
E D I K?< I@J< F= GI@M8K< E<NJ ÇÃO BRASILEIRA DA COLUMBIA JOURNALISM REVIEW :?IPJK@8 =I<<C8E;
COLUMBIA
COLUMBIA
JOURNALISM REVIEW
JOURNALISM REVIEW
MAY / JUN 2011 • CJR.ORG
:?I@JKFG?<I ?@K:?<EJ GLE:?<J ?@DJ<C= FLK
ALCP & 8L> )'(' :AI%FI>
Andrea Bruce Stanley Nelson Ken Ward Jr. Anthony Shadid Dana Priest Isabel Wilkerson Ben Smith Alan Schwarz
REPORTERS & WARRIORS
Too Close in Afghanistan?
What happened to Al Jazeera’s Sami al-Haj RACHEL MORRIS
+%0,
Tom Ricks and the philosophical embeds
DAMAGE IN DALLAS
Most of the two hundred journalists who left the Morning News landed on their feet. Those who stayed aren’t so sure.
TARA McKELVEY
Too Far in Iraq?
CRAIG FLOURNOY AND TRACY EVERBACH
GRAND EXPERIMENT
JANE ARRAF
How journalism works in Second Life, and why it might even matter
BRENT CUNNINGHAM
STEPHEN TOTILO
FALL BOOKS: BIOGRAPHY AND AUTOBIOGRAPHY
com um conteúdo da Columbia Journa-
ERNIE PYLE BEFORE THE WAR KEVIN COYNE
EDIÇÃO BRASILEIRA DA
JAN / FEB 2012 • CJR.ORG
THE LIMITED VISION OF THE NEWS GURUS
THE NEWSPAPER THAT ALMOST SEIZED THE FUTURE
HOW JOURNALISM CAN REGAIN ITS RELEVANCE
VIRTUAL SHOE LEATHER
JORNALISMO ESPM COLUMBIA JOURNALISM
ERIC ALTERMAN
JAKE BATSELL
$ 4.95
The incredible shrinking war
The man who fits pigs for wings at The Philadelphia Inquirer JULIA M. KLEIN
REVISTA DE
NEIL LEWIS
FRIDAY NIGHT BYTES
THE ART OF GREAT REPORTING
Strong Press, Strong Democracy
editor da Revista de Jornalismo da ESPM
DEAN STARKMAN
THE GIRL WHO LOVED JOURNALISTS
TEXAS FOOTBALL IS THE KILLER APP
J<98JK@8E ALE><I J<<J N8I
Prisoner 345
Strong Press, Strong Democracy
How the Business Press Forgot the Rest of Us THE TIMES AND THE JEWS
$ 4.95
J:FKK J?<ID8E
KFD 9@JJ<CC
July / August 2007 • cjr.org
JOURNALISM REVIEW
DEAN STARKMAN
MICHAEL SHAPIRO
THE NEXT FIFTY YEARS:
MICHAEL SHAPIRO on Jim Brosnan RYAN GRIM on Neil Sheehan JEFF MADRICK on Peter Clarke EULA BISS on Chinua Achebe
REVIEW
The Future of Reading, Revenue, Reporting, and More . . . NOV / DEC 2011 • CJR.ORG $ 6.99
$ 4.95 • $ 5.95 CAN
COLUMBIA
lism Review, que na época estava com-JOURNALISM REVIEW Strong Press, Strong Democracy
pletando 50 anos, surgiu logo após a cria-
Can Public TV Stand Up?
WHY ITS NEWS GENE IS WEAK by Elizabeth Jensen WHAT THE U.S. IS MISSING by Emily Bell
TOWARD AN AMERICAN WORLD SERVICE by Lee C. Bollinger
November / December 2008 • cjr.org
$ 4.95
Por que a mais influente revista de jornalismo do JOURNALISM mundo escolheu o Brasil REVIEW Overload!
How journalism can save us all from too much information BREE NORDENSON
FALSE RELIGION
How the GDP distorts economic coverage JONATHAN ROWE
MURROW’S BOY JESSE SUNENBLICK
MUSIC LESSONS
What the press can learn from Kid Rock and Lil Wayne
JOEL MEARES
ção da Especialização de Jornalismo com
Strong Press, Strong Democracy
WILL ‘DIGITAL FIRST’ BRING PROFITS TO PAPERS? LAUREN KIRCHNER
The Scandal Beat
VICTOR NAVASKY (Pág. 12)
TRIBUNE’S DEAL FROM HELL
COLUMBIA
JOURNALISM REVIEW Strong Press, Strong Democracy
SEM TEMPO A PERDER!
Dan Rather in high definition
COLUMBIA ALISSA QUART
TUCKER CARLSON’S NOISY CALLER
Imprensa livre, Democracia forte
JOURNALISM REVIEW
SEP / OCT 2009 • CJR.ORG
COLUMBIA
$ 4.95 How college sports reporting helps block real reform
KEVIN RODERICK
DANIEL LIBIT
Look at Me!
A writer’s search for journalism in the age of branding MAUREEN TKACIK
INVESTIGATIONS: WILL THE NONPROFITS SURVIVE? JILL DREW
THE LONGEST DAY AND THE DAWN OF NARRATIVE MICHAEL SHAPIRO
THE LAST ROCK CRITIC STANDING JUSTIN PETERS
A BLACK EDITOR AT THE GRAY LADY HOWARD W. FRENCH
ALL THE PRESIDENT’S PUNDITS PAUL STAROBIN JUL / AUG 2011 • CJR.ORG
ênfase em Direção Editorial (2010) e do
HOW TV CLOSED ITS EYES AND OPENED ITS MOUTH
O IMEDIATISMO PREJUDICA AS MÍDIAS DIGITAIS COLUMBIA OBAMA FLUNKS SCIENCE
CURTIS BRAINARD
REVIEW
bacharelado em Jornalismo (2011). Che-
Strong Press, Strong Democracy
COLUMBIA
NEWS CORP. IS TOO DAMN BIG
JOURNALISM REVIEW
THE EDITORS
SEP / OCT 2011 • CJR.ORG
COLUMBIA
November / December 2007 • cjr.org
JOURNALISM A COBERTURA ECONÔMICA QUE NÃO FALA A NOSSA LÍNGUA REVIEW
JOURNALISM REVIEW
Orwell in ’08
$ 4.95
Strong Press, Strong Democracy
Reflections on language, propaganda, politics, and the press DAVID RIEFF, ARYEH NEIER, NICHOLAS LEMANN, GEOFFREY COWAN, AND BRENT CUNNINGHAM
DEAN STARKMAN (Pág. 24) — CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA (Pág. 33) Strong Press, Strong Democracy
Shadow & Light
gou a ser oferecida a franquia de publi-
PLUS: PEOPLE VS. POWER: CHINA’S ONLINE CHESS MATCH
The struggle to open up our government
CLINT HENDLER: Bush’s dark legacy LAURA ROZEN: draining the national-security swamp MARTHA M. HAMILTON: our invisible federal bailout RALPH FRAMMOLINO: sunlight in India MICAH L. SIFRY: toward a see-through society
HOWARD W. FRENCH
A media policy for the digital age
CAROL ROSENBERG OWNS THE GITMO BEAT
JOHN SULLIVAN (Pág. 34) — EUGÊNIO BUCCI (Pág. 41) STEVE COLL
DAVID NASAW
WHY YOU NEED MORE NEWS ABOUT FOOD
DAVID GLENN
MY WEEK IN DEMAND
cação da revista aqui no Brasil a RoberGEORGINA GUSTIN
IF YOU BUILD IT . . .
Tested
The Atlanta Journal-Constitution gambles on a digitally driven makeover JULIA M. KLEIN
Covering schools in the age of micro-measurement LYNNELL HANCOCK
TAHRIR SQUARE AND BEYOND
QUANDO AS ASSESSORIAS ENFRAQUECEM A IMPRENSA
THE UN-AMERICAN MEDIA MICHAEL MASSING
THE TOOTHLESS WOLFF AT MURDOCH’S DOOR
STEPHEN FRANKLIN
THE SECRET ABOUT GOVERNMENT SECRETS SANFORD J. UNGAR
SEO THIS! KAREN STABINER
BLOGGING THE BIG C JOEL MEARES
NICHOLAS SPANGLER
MUSHARRAF’S MONSTER :FCLD9@8
AFLIE8C@JD I<M@<N
Pakistan’s leader helped build independent TV news, and now it may take him down SHAHAN MUFTI
THE WAR EXPERT
He’s wrong, wrong, wrong again, but the press loves Kenneth Pollack MICHAEL MASSING
Jkife^ Gi\jj# Jkife^ ;\dfZiXZp
>f`e^ Efn_\i\ =Xjk $ 4.95 • $ 5.95 CAN
ENTREVISTA AILTON KRENAK, autor de A vida não é útil, fala sobre o papel do jornalismo na preservação da vida na Terra
AflieXc`jd jg`ej k_\ _Xdjk\i n_\\c
IAN FRAZIER’S SIBERIAN RHAPSODY
JAN / FEB 2009 • CJR.ORG
HÁ LUGAR PARA OS NEGROS NAS REDAÇÕES? TED CONOVER
$ 4.95
;<8E JK8IBD8E
MAR / APR 2011 • CJR.ORG
N?<I< N@CC D8I:LJ 9I8L:?C@ K8B< K?< N8J?@E>KFE GFJK 6 J:FKK J?<ID8E
PAMELA NEWKIRK (Pág. 44) — SONIA NASCIMENTO (Pág. 49) $ 4.95
COLUMBIA
to Civita, ex-presidente da editora Abril
JOURNALISM REVIEW JORNALISMO DO FUTURO: O NOVO DESAFIO DACOLUMBIA ESPM
e então conselheiro da ESPM, mas o pró-
Secrets of the City
NOV / DEC 2010 • CJR.ORG
$ 4.95
January / February 2008 • cjr.org
J.ROBERTO WHITAKER PENTEADO (Pág. 50)
:8E M@;<F AFLIE8C@JD >IFN LG6 A@CC ;I<N
8EEL8C 9FFBJ @JJL<1 NI@K@E> 89FLK N8I
:FEE@< J:?LCKQ fe D`Z_X\c ?\iiËj ;`jgXkZ_\j AL;@K? D8KCF== fe :% A% :_`m\ijËj K_\ >le G<K<I ;L==P fe D`Z_X\c Jn\\e\pËj J\Zi\kj f] M`Zkfip 98IIP JKI8LJJ fe Af_e N% ;fn\iËj :lckli\j f] NXi
JOURNALISM REVIEW Strong Press, Strong Democracy
What The Wire reveals about urban journalism LAWRENCE LANAHAN
Crossfire in Kandahar
BIG FISH AND SMALL FRY Just how dangerous is corporate ownership?
Afghanistan’s new journalists navigate an ambiguous war
CARLIN ROMANO
BARRY YEOMAN
THE OUTSIDER A hotshot editor fails to comprehend the soul of community journalism
MAR | ABR | MAI 2012
CHARLES M. MADIGAN
COLUMBIA
JOURNALISM REVIEW
HOW TO WORRY ABOUT THE COMCAST MERGER JOHN DUNBAR
PHILIP GOUREVITCH’S SOFT LIGHT ON RWANDA
September / October 2008 • cjr.org
TRISTAN McCONNELL
Rock ’n’ Roll Fantasy
CLAIRE DEDERER
BETTY MACDONALD’S CHEERFUL DEPRESSION
THE FALL — AND RISE — OF CONSUMER JOURNALISM
16,00
STEVE WASSERMAN on the case of the vanishing book review ELISABETH SIFTON on the triumph of the news book LINDA PERLSTEIN on why it took a book to cover her beat
ESPM JAN/JUN 2020
A call for a new economic model
THE (JOSH) MARSHALL PLAN Breaking news and connecting the dots with Talking Points Memo
DEAN STARKMAN
R$
IDEIAS MAIS CRÍTICAS MARCUS NAKAGAWA questiona:sustentabilidade e aquecimento global é um tema ecochato?
+%0,
September / October 2007 • cjr.org
The Books Issue CHARLES LEWIS
BOILER ROOM The business press is missing the crooked heart of the credit crisis
• $ 5.95 CAN
COLUMBIA
JOURNALISM REVIEW
ENQUANTO ISSO NO BRASIL... VERÓNICA GOYZUETA apresenta os projetos colaborativos e independentes de jornalistas para salvar a Amazônia
NONPROFIT NEWS
How to hear Lee Abrams, the rock radio guru who would transform Tribune ROBERT LOVE
$ 4.95
J<GK & F:K )'(' :AI%FI
VANESSA M. GEZARI
WELCOME TO TRIBUNE COMPANY. NOW WHAT?
THE REDEMPTION OF CHRIS ROSE After the flood, a New Orleans columnist hits bottom and climbs back
JONATHAN ROWE
uma atividade da faculdade.
KYLE POPE, EMILY ATKIN, MICHAEL SPECTER, JENNI MONET, BETSY HARTMANN E MARY CUDDEHE mostram como a cobertura climática vem ganhando espaço nos principais veículos de comunicação do mundo, por meio de iniciativas globais, como o movimento Covering Climate Now, promovido pela CJR
$ 4.95
TRANSPARENCY WATCH
ALBERTO DINES (Pág. 10) JOURNALISM
COLUMBIA
prio Civita achou que isso deveria ser
MAY / JUNE 2010 • CJR.ORG
DAVE MARASH
$ 4.95
ILUSTRAÇÃO: ANDRÉ BARROSO
22/23
REVISTA E SEMINÁRIOS: PARCERIA COM A UNIVERSIDADE DE COLUMBIA
JAN /FEB 2011 • CJR.ORG
DAVID GLENN
9 772238 230504
IDENTITY TRAP
TRUDY LIEBERMAN on lessons from the past EVAN CORNOG on the expert vs. the crowd
00025
PONTO DE INFLEXÃO JORGE TARQUINI relembra a trajetória da pauta do meio ambiente na imprensa tupiniquim
Nº 25 / ANO 9 / R$ 20,00
How who you are shapes what you write
DAVID CAY JOHNSTON on the need for a new attitude
EYAL PRESS $ 4.95
De início a revista brasileira seguia a CJR_ESPM_01.indb 1
periodicidade da Columbia Journalism
$ 4.95 • $ 5.95 CAN
$ 4.95
4/11/12 3:34 PM
Primeira e mais recente capas da Revista de Jornalismo ESPM
“A PARTIR DE 2020, ASSUMI A EDIÇÃO DA PUBLICAÇÃO, QUE PASSOU A CONTAR COM UMA PARTICIPAÇÃO MAIOR DOS PROFESSORES DA ESPM“ Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Assim, a cada edição, sempre são con-
como introdução para o debate, que
vidados grandes nomes do jornalismo e
depois seguiu com convidados como Kyle
professores da ESPM para seções como
Pope e Gilberto Dimenstein. Este último
a Enquanto isso no Brasil, entre outras,
foi um escritor e jornalista brasileiro,
com matérias que respeitam o tema prin-
criador do portal Catraca Livre, comen-
cipal da revista, mas trazendo para uma
tarista da Rádio CBN e colunista da Folha
realidade mais próxima do Brasil. “Um
de S.Paulo por 28 anos. Dimenstein mor-
bom exemplo disso é o conteúdo da Revis-
reu em 2019, aos 63 anos, em decorrên-
ta de Jornalismo ESPM número 8, publi-
cia de um câncer no pâncreas.
cada no início de 2014. Assim como a
Pope, além de editor da Columbia Jour-
Columbia Journalism Review de setem-
nalism Review, também trabalhou como
bro/outubro de 2013), nossa publicação
editor da New York Observer, do Wall
questiona: ‘Para que serve o jornalismo?’.
Street Journal e da Portfolio Magazine; e
A diferença é que, além dos textos ame-
foi editor-chefe da Straus News, além de
ricanos, a Revista de Jornalismo ESPM
ser um grande parceiro da ESPM. “Toda
apresenta também as reflexões de gran-
edição [da revista] publicamos os pensa-
des nomes da indústria da comunicação
mentos e ideias do editor-chefe da Colum-
no Brasil, como Ali Kamel, José Rober-
bia Journalism Review, além de contar
to Marinho, Mônica Waldvogel e Ota-
com sua participação em nossos even-
vio Frias Filho”, afirma o professor José
tos. E esse contato frequente com o corpo
Roberto.
docente e funcionários da Columbia já
Essa parceria possibilitou grandes
nos rendeu ótimos frutos, muito conhe-
ações em conjunto além da revista. Uma
cimento e diversos intercâmbios, con-
delas é expor a realidade americana e a
tribuindo para a formação de muitos de
brasileira sobre diversos temas, o que
nossos professores, agora mestres pela
levou à criação do Seminário Internacio-
universidade de Columbia.”
nal de Jornalismo, que acontece uma vez por ano e já teve quatro edições.
Professor José Roberto Whitaker Penteado, editor da Revista de Jornalismo da ESPM
Em 2019, na sua terceira edição, o tema central do seminário foi A interativida-
A primeira edição, que ocorreu em
de e o jornalismo de dados. Ernest Soto-
2017, teve como pauta O papel do jorna-
mayor voltou a participar do evento,
lismo na democracia. A abertura foi feita
desta vez, na abertura. Nos painéis da
pelo diretor-presidente da ESPM, Dalton
tarde, a discussão seguiu com a partici-
Pastore, e teve como principal convida-
pação de professores da ESPM e jornalis-
do Ernest Sotomayor. Graduado pela Uni-
tas renomados, como por exemplo Alana
versidade do Arizona, com bacharelado
Rizzo, Daniel Bramatti e Fabio Takahashi.
em Jornalismo, Sotomayor hoje está apo-
Em sua edição mais recente, em 2020,
sentado e já foi reitor de Assuntos Estu-
o tema foi Jornalismo pós-pandemia:
dantis, com supervisão de Serviços para
aprendizados, legado e perspectivas. Foi
Estudantes e Serviços de Carreira, e dire-
a primeira edição que ocorreu de forma
tor de Iniciativas Latino-Americanas.
online, devido à pandemia da Covid-19.
Começou sua carreira na Columbia como
O evento foi aberto pelo diretor-presi-
diretor de Serviços de Carreira em 2005.
dente da ESPM, Dalton Pastore, e contou
A segunda edição do seminário, no ano
com a participação de jornalistas como
seguinte, tratou de Democracia e desin-
o comentarista esportivo Paulo Vinícius
formação. Marcelo Rech, presidente da
Coelho (PVC); Ellen Nogueira, diretora de
Associação Nacional dos Jornais (ANJ),
jornalismo da CNN Brasil, e Kyle Pope,
A revista continua sendo a mais respeitada revista educacional sobre jornalismo, em todo o mundo.
discorreu sobre fake news no jornalismo
editor da Columbia Journalism Review.
José Roberto Whitaker
24/25
JORNALISMO EMPREENDEDOR Jornalistas se reinventam e encontram no empreendedorismo novos rumos para atuar no mercado
grandes veículos de comunicação e encarando o desafio de empreender, seja pela necessidade de dar novos rumos à carreira ou para driblar a crise econômica que atingiu o Brasil nos últimos anos. Relações precarizadas, demissões em massa, más condições de trabalho nas redações e salários reduzidos são apontados como os principais motivos para esses profissionais montarem seu próprio negócio. Para isso, no entanto,
Foto: Arquivo pessoal
é preciso buscar alternativas que diferenciem o projeto. Ter ousadia, gostar
CAROLINA FERRAZ ISABELLA GALVÃO SABRYNA GRECHI VALENTINA ALAYON
do que faz e conhecer o mercado. Esse
»»» O empreendedorismo está em alta
novas configurações do mercado pro-
nos tempos de hoje. Em busca de al-
fissional.
combo é a aposta dos jornalistas empreendedores com o objetivo de entender as
ternativas para superar os desafios e
Patrícia Guimarães Gil, professora
potencializar as oportunidades, jorna-
da ESPM-SP em disciplinas de Comu-
listas estão se reinventando e encon-
nicação Organizacional e Corporativa,
trando no empreendedorismo novos
acredita que o aprendizado de empre-
rumos para atuar no mercado. Mas,
endedorismo dentro da faculdade é de
para empreender, é preciso buscar
extrema importância, visto que, cada
meios que possam diferenciar seus
vez mais, iniciativas empreendedoras
projetos.
estão presentes dentro do jornalismo.
O jornalismo empreendedor aponta para a necessidade de os profissionais
“São elas que estão inovando o mercado
Cacá Junqueira, ex-aluna da ESPM-SP
jornalístico.” Além disso, Patrícia ainda
atuarem para redefinir sua atividade por
diz que esses negócios empreendedo-
meio da inovação e explorar novas opor-
res não sobrevivem sem uma comunica-
tunidades para ganhar a vida. É uma ma-
ção eficiente baseada em fatos, inovação
neira pela qual os jornalistas podem se
e boas relações com clientes. Portanto,
adaptar à era digital e lidar com a rea-
as pessoas construam negócios e pas-
eles dependem de um certo olhar jorna-
lidade econômica de sua profissão. Es-
sem a empreender. Tarquini destaca,
lístico para poder se posicionar no mer-
crever e criar conteúdo multimídia ain-
por exemplo, que os jornalistas estavam
cado e aprender a dialogar com o públi-
da será a base do trabalho, mas o sucesso
por fora da linguagem do YouTube e dos
co. “O jornalismo contribui muito para
dos projetos dependerá acima de tudo de
produtores de conteúdo. “O YouTube, na
essas estratégias de comunicação.”
habilidades empreendedoras.
verdade, é um campo para os jornalis-
A professora acredita que a comunica-
Jorge Tarquini, professor de Empre-
tas hoje em dia. Empreender nessa área
ção corporativa engrandece um profis-
endedorismo no curso de Jornalismo
é muito bacana e a linguagem que está
sional de jornalismo, pois permite que
da ESPM-SP, contou que a partir do sé-
sendo utilizada na produção desses ví-
ele transite por diversas áreas dentro
culo XX começou a existir um declínio
deos é mais uma ferramenta que pode
de uma organização. Patrícia coordena
na oferta de empregos formais. Segun-
ser explorada”. Um exemplo disso seria
a oficina EmpreendaJor, que faz parte do
do Tarquini, o jornalismo tem visto um
a jornalista Mari Palma, que trabalha na
Centro Experimental de Jornalismo da
mercado de trabalho mais difícil e com-
emissora CNN Brasil e nas horas vagas
ESPM-SP (CEJor) e tem como objetivo
petitivo. Ele cita que, a partir das ferra-
grava para seu canal no YouTube. Cada
proporcionar aos alunos oportunidades
mentas digitais, torna-se possível que
vez mais jornalistas estão migrando dos
de desenvolver princípios, estratégias de
SÃO AS INICIATIVAS EMPREENDEDORAS QUE ESTÃO INOVANDO O MERCADO JORNALÍSTICO
Foto: Arquivo pessoal
de comunicação corporativa, gerenciamento de crise e empreendedorismo. Hoje, muitas agências, muitas empresas, que estão trabalhando com comunicação corporativa, querem um profissional que entenda esse processo, que tenha criatividade e que também consiga se planejar, que tenha uma formação mais ampla”. Muitos alunos ingressam no curso de Jornalismo com uma ideia fixa sobre atuação em alguma área específica da profissão, como audiovisual, rádio ou redação. Entretanto, com a vasta gama de disciplinas e eletivas oferecidas pela instituição, incluindo matérias do DNA da ESPM como Fundamentos de Marketing, Análise de Dados e Empreendedorismo, muitos alunos se veem direcionados a outros rumos em suas carreiras. Cacá Junqueira, ex-aluna da ESPM-SP, é uma dessas alunas. Ela ingressou no curso em 2011 com o intuito de seguir carreira em televisão. Entretanto, no decorrer dos semestres, se apaixonou pelo jornalismo literário e pelas redações, e juntou isso ao fato do sonho de abrir seu
Patrícia Gil: comunicação eficiente é essencial para empreender
negócio próprio. “Eu queria muito que o jornalismo ainda estivesse presente na minha rotina quando eu saísse da faculdade, mas estava focada na monetização, e só consegui pensar nisso pela
marketing e planos de negócios para ini-
bilizações da lei trabalhista, que mui-
base que a ESPM forneceu sobre empre-
ciativas empreendedoras. Ela conta que
tas pessoas estão virando autônomas,
endedorismo.”
a oficina permite que esses jovens pen-
o que tem uma reflexão da precariza-
Com trabalhos como a cobertura do
sem em como desenvolver sua própria
ção do trabalho, mas também tem o ou-
casamento real para a revista Glamour,
empresa, canal ou mídia com um olhar
tro lado que é essa ideia de você ser um
Cacá atualmente possui duas marcas
mais focado em negócios. “Muitas vezes
empreendedor. As pessoas terão de en-
próprias que surgiram a partir dos seus
esse é o sonho de um jovem que está ain-
tender um pouco mais sobre empreen-
conhecimentos sobre empreendedoris-
da na universidade.”
dedorismo em todas as áreas.”
mo. A Contteur é uma empresa que con-
Francine Altheman, professora da
Francine também conta a respeito da
ta histórias de casamentos, e a Pappelit
ESPM-SP, fala sobre a importância de
matriz do curso de Jornalismo da ESPM
é uma loja de presentes criativos. “Eu
aprender sobre o empreendedorismo
e qual seu diferencial para colocar seus
acho que empreendedorismo é isso. É
nos dias de hoje para o mercado de tra-
alunos à frente. “Sobre os estágios, a ma-
conseguir trazer novos produtos, res-
balho. “Acho que atualmente a gente
triz curricular da ESPM para o curso de
significá-los, inovar aquilo que a gente
vem sofrendo uma mudança no merca-
Jornalismo vai além do jornalismo tra-
já tem conhecimento, baseando-se no
do de trabalho, até por conta das flexi-
dicional, de redação, e vai para um lado
que o mercado pede”, resume.
26/27
p
PERFIL: RICARDO BOECHAT
O MESTRE DOS MESTRES Conheça mais sobre Ricardo Boechat, jornalista, pai de família e um dos maiores comunicadores que o Brasil já teve
palavras do Boechat no dia de sua forma-
livros, até conseguir um emprego no Di-
ATSUHIKO MORAES
tura, para te incentivar, para te encorajar
ário de Notícias, por intermédio do pai
»»» O jornalista, radialista, colunis-
e direcionar, faz e fez total diferença. É
de uma amiga. “Eu não tinha determina-
ta e apresentador Ricardo Boechat foi
olhar para os quatro anos que se passa-
do, para mim mesmo, que iria entrar em
um dos grandes nomes do jornalismo
ram e ter a certeza de que aquilo valeu a
jornalismo nem nada disso. Eu até acha-
brasileiro. Ao longo de seus 49 anos de
pena. Olha quem está aqui, é o Boechat
va que a minha vocação natural era um
carreira, escreveu em jornais como Di-
sabe? Eu posso ficar meia hora falando
pouco para essa aérea humana, mas não
ário de Notícias, O Globo, Jornal do Bra-
dele e não vou conseguir traduzir o que
tinha certeza do que queria”, admitiu em
sil, O Estado de S.Paulo e O Dia. Após sua
foi ele, o que ele representou.”
entrevista ao Memória Globo.
morte, em 2019, foi homenageado por
Natural de Buenos Aires, Argentina, fi-
Um de seus primeiros textos foi uma
colegas da BandNews com o livro Eu
lho do diplomata e assessor da Petrobras
nota jornalística exclusiva sobre Pelé,
sou Ricardo Boechat. Vale ressaltar ain-
Dalton Boechat, Ricardo Eugenio Boe-
que acabara de ganhar, junto com a sele-
da que Boechat foi paraninfo da pri-
chat nasceu em 13 de julho de 1952. Co-
ção brasileira, a Copa do Mundo de 1970.
meira turma de Jornalismo da ESPM-
meçou a trabalhar logo depois que dei-
Sua nota foi muito bem avaliada, o que
-SP, em 2014.
xou a escola, em 1970, após um período
lhe garantiu mais espaço no jornal. De-
A respeito disso, o ex-aluno Bruno Gre-
de militância em que fez parte do qua-
pois começou a trabalhar como repórter
gório exalta a importância de Boechat no
dro de base do Partido Comunista em Ni-
para Ibrahim Sued, ícone do jornalismo
dia da sua formatura: “Você se formar,
terói (RJ). De início não pensava em ser
nacional e considerado inventor do co-
em uma carreira tão difícil, e você ter as
jornalista, trabalhava como vendedor de
lunismo social brasileiro. Cunhou bor-
BOECHAT CONTRIBUIU PARA O AVANÇO DO JORNALISMO E DA COMUNICAÇÃO
dões famosos, como “os cães ladram e
imprensa do hotel. De 1996 a 2001, fez
enorme popularidade e garantiu um pú-
a caravana passa”. Na mesma época, co-
parte da equipe do Bom Dia Brasil, na
blico fiel. Em 2006, tornou-se âncora do
meçou sua carreira como colunista, sen-
TV Globo, com uma coluna diária mar-
Jornal da Band. Em pouco tempo, tor-
do um colaborador na equipe de Sued.
cada pelo humor ácido e pela irreverên-
nou-se uma das figuras mais respeita-
Boechat e o famoso colunista acabaram
cia. Na emissora, esteve também no Jor-
das, valorizadas e admiradas do jornalis-
trabalhando juntos por 14 anos. Sobre a
nal da Globo. O ano de 2001 foi quando
mo brasileiro, principalmente por suas
relação e período trabalhando com ele,
ganhou seu terceiro Prêmio Esso, na ca-
opiniões fortes e com frases como “A po-
Boechat disse, na mesma entrevista ao
tegoria Econômica, novamente por sua
lítica tem que ser entendida, para me-
Memória Globo: “Foi uma coisa decisi-
coluna em O Globo, com Chico Otávio e
recer este nome, como uma ação cuja
va para a minha formação como repór-
Bernardo de La Peña.
abrangência alcance todos os cidadãos.”
ter. Não foi o Diário de Notícias, a mili-
Deixou o Grupo Globo na virada do
Foi também em 2006 que Boechat ga-
tância, os jornaizinhos mimeografados
milênio, após caso polêmico envolven-
nhou o primeiro de incríveis 18 Prêmios
para o Partidão ou para o MDB (Movi-
do uma apuração sobre a privatização
Comunique-se. Com repetidas vitórias,
mento Democrático Brasileiro) de Nite-
do setor de telefonia. Depois disso, ain-
entrou para a galeria de Mestres do Jor-
rói que me deram base como repórter; o
da em 2001, retornou ao Jornal do Brasil
nalismo em quatro categorias: Âncora de
Ibrahim é que fez”.
para tocar o colunismo político do diário,
TV, Âncora de Rádio, Colunista de Notícia
Boechat foi convidado para trabalhar
quando era comandado pelo empresá-
e Nacional. Tornou-se o maior ganhador
na tradicional Coluna do Swann, no jor-
rio Nelson Tanure, que o convidou pou-
da história do evento e recebeu, de modo
nal O Globo. Seu trabalho começou a cha-
co tempo depois para assumir a direção
póstumo, o título de Mestre do Mestres.
mar atenção, o que era de certa forma
de redação do jornal. Nessa época, tam-
raro para os repórteres de colunas so-
bém foi colunista do Jornal SBT.
ciais na época, e em 1985 passou a chefiar a coluna.
Em 2016, ganhou o Troféu Imprensa, na categoria Melhor Apresentador de Te-
Em 2004, estreou no Grupo Bandei-
lejornais. Foi escolhido também como
rantes de Comunicação, como comen-
jornalista mais admirado do país, ao lado
Entre 1986 e 1988 escreveu para O Es-
tarista do Jornal da Noite, já reconheci-
de Miriam Leitão, em 2015 e 2016. Ven-
tado de S.Paulo e, durante alguns me-
do por ser um comunicador altamente
ceu como melhor âncora de telejornal
ses, em 1987, trabalhou como secretário
adaptável. No ano seguinte, passou a co-
em 2018, em disputa pelo site Contigo.
extraordinário de Comunicação Social
mandar um programa de rádio na Band-
O fim dessa carreira veio em 11 de fe-
do Rio de Janeiro, a pedido do então go-
News FM, o que lhe proporcionou uma
vereiro de 2019. Como fazia todas as ma-
vernador, Moreira Franco, pois de 1976 a
nhãs, Boechat participou logo cedo do
1979, foi assessor de imprensa do mesmo
Jornal da Bandnews, na rádio Band-
político na Prefeitura de Niterói e coor-
news FM. Depois deu uma palestra a re-
denador de campanha dele para o gover-
presentantes da indústria farmacêutica
no do estado em 1982. Em 1989, ganhou
em Campinas.
seu primeiro de três Prêmios Esso, na ca-
Ao fim da palestra, Boechat embarcou
tegoria Reportagem, pela Agência Esta-
de novo no mesmo helicóptero que ti-
do, com Aluizio Maranhão, Suely Caldas
nha usado para ir. Saiu de um heliponto
e Luiz Guilhermino. Em 1992, ganhou o
por volta das 11h45. Às 12h05 o helicópte-
segundo, na categoria Informação Polí-
ro caiu na rodovia Anhanguera, em São
tica por sua coluna em O Globo, com Ro-
Paulo e colidiu com um caminhão que
drigo França.
transitava pela via. Um relatório da FAB
Depois, voltou para O Globo, na mesma Coluna do Swann, em que permaneceu até 1997, ano em que assumiu a coluna com seu próprio nome: a Coluna do Boechat. Em 1998, lançou o livro Copacabana Palace – Um hotel e sua história, pois havia sido aos 17 anos assessor de
divulgado em outubro de 2020 concluiu
RAIO-X Nome: Ricardo Boechat Nascimento: 13.jul.1952 na cidade de Buenos Aires, Argentina Formação: Jornalista, radialista, colunista e apresentador
que uma série de falhas de manutenção do helicóptero levou à queda e que as atitudes do piloto durante o voo também contribuíram para o acidente. Boechat tinha 66 anos, e deixou sua mulher, Veruska Saibel, e seis filhos.
28/29
JUNHO, 2012
JUNHO, 2017
MAIS DO QUE UM EXERCÍCIO DE FAZER REVISTA A Plural foi sempre pensada como um produto editorial de destaque entre as revistas feitas por alunos de jornalismo, uma experiência de trabalhar em uma redação profissional
NOVEMBRO, 2018
vesse à altura de produtos já consolida-
a edição que mais se destacou foi uma
ANA CLARA RANGEL CLARA LEANDRINI LABFOR
dos de mercado e não fosse confundida
sobre diversidade na arte”, conta a pro-
apenas como um exercício de alunos, ela
fessora Cláudia Bredarioli. “Mas a gen-
»»» “A decisão do nome levou em con-
tinha que ser mais do que isso”. De fato,
te também fez uma edição superbaca-
ta a diversidade de temas que pode-
estudantes que passam pela experiên-
na sobre a pandemia, que foi a primeira
riam ser tratados. Então surgiu a Plu-
cia contam que é um processo transfor-
edição feita à distância, completamen-
ral”, conta a coordenadora do curso de
mador. “Um dos pontos altos foi a entre-
te on-line”. O jornalismo na ESPM pre-
jornalismo, Maria Elisabete Antonio-
vista que fizemos com Elza Soares, que é
cisou se reinventar, assim como todas as
li. Em 2012 ainda não se imaginava que
uma entidade da música brasileira”, con-
outras redações do país. E assim as re-
seria o início de um dos produtos edi-
ta Catarina Bruggemann, aluna do curso
vistas continuaram sendo produzidas.
toriais mais impactantes do curso e tão
que propôs a pauta e fez a reportagem.
“Vamos para a terceira edição produzida
importante na formação dos alunos que passam por ali.
A importância da vivência de uma re-
na pandemia, feita totalmente on-line”.
dação mostra aos estudantes um pouco
São nove anos, 18 edições, 880 páginas,
O professor Renato Essenfelder, que
dos bastidores de um veículo real, com
mais de 700 entrevistas realizadas por
esteve à frente das primeiras 14 edições e
prazo para ir para a gráfica, com difi-
cerca de 300 estudante. O projeto grá-
ajudou a criar o projeto editorial, lembra
culdades de último minuto e conquis-
fico da revista é do diretor de arte Mar-
que “a ambição era de que a Plural esti-
tas. “Desde que estou à frente da Plural,
cio Freitas. Desde 2017 a revista começou
JUNHO, 2020
DEZEMBRO, 2020
Você pode apontar a câmera do celular para este símbolo QR Code e ver a linha do tempo interativa completa com todas as capas da plural nestes nove anos. DEZEMBRO, 2019
também uma parceria com o Laboratório de Formatos Híbridos (Labfor) e o Design Lab ESPM, em que as páginas e as capas começaram a trazer novidades como reportagens com realidade aumentada e realidade virtual, linhas do tempo, info-
“Nesses nove anos a Plural cresceu, foi ganhando espaços cada vez maiores e a cada edição tem trazido discussões importantes sobre o que está acontecendo no Brasil e no mundo.”
“A ideia era criar esse espaço inicial para a prática, que se afastasse da ideia de ‘jornalzinho’ do curso de jornalismo. Queríamos propor um produto consistente, sólido, aprofundado e elaborado.”
gráficos interativos e experimentações.
Cláudia Bredarioli, editora
Renato Essenfelder , editor das primeiras 14 edições da Plural
Acesse todas as edições em: https://issuu.com/revistaplural
A Plural ainda conta, desde o início, com a parceria do Hub Arenas, que produz os anúncios da página 2. “O Arenas participar de todas as edições da revista Plural reforça a proposta de integração presente em todas as iniciativas da ESPM”, diz Renata Alcalde, coordenadora do Hub Arenas.
“O jornalismo pode procurar inovação em muitos lugares, como no entretenimento, nas artes ou na publicidade. Não precisa ser chato para ser de interesse público.”
30/31
Andre Deak, coordenador do LabFor
ALÉM DAS FRONTEIRAS DO JORNALISMO O Laboratório de Formatos Híbridos explora linguagens da arte e formas diversas de comunicação, sejam elas digitais ou não
ANA CLARA RANGEL CLARA LEANDRINI LABFOR
»»» O Laboratório de Formatos Híbridos do curso de jornalismo da ESPM começou a funcionar em 2016, criado pela coordenadora do curso, Maria Elisabete Antonioli, e pelo professor Andre Deak, que supervisiona os alunos desde então. A ideia do LabFor é conhecer e produzir linguagens limítrofes entre o jornalismo e a arte, novas formas de comunicação, e ampliar as possibilidades da narrativa de não-ficção. “O jornalismo, mesmo em redações, normalmente não considera as inovações narrativas que outras áreas da comunicação experimentam. A arte e a publicidade, por exemplo, costumam ser mais abertas ao novo”, diz Andre Deak, que também realiza com os alunos uma pesquisa sobre novas linguagens no website labfor.espm.edu.br. Jogos, inteligência artificial, realidade aumentada e realidade virtual, intervenções urbanas, narrativas interativas, tudo isso é base para experimentações realizadas no laboratório que, ao mesmo tempo, busca conectar assuntos relevantes ao formato inovador. Em 2020, por exemplo, teve início um projeto de construção de uma enciclopédia de personalidades negras impor-
INFOGRAFITE JORNALISMO E INFORMAÇÃO NOS MUROS E se fizéssemos jornalismo nos muros? Produzimos oficinas de infográficos que se tornaram então grafite - tudo com autorização, é claro.
“Acreditamos que o design pode e deve ir além do projeto gráfico da estrutura de uma revista, dando forma visual difenrente a conteúdos que por vezes podem ser complexos. Ganha a revista, ganham os alunos com esta oportunidade única.” Luciano Cardinalli, coordenador do DesignLab ESPM
tantes para a história do Brasil, dentro de um contexto da educação antirracista. O projeto vem sendo desenvolvido em parceria com a UNEafro, Universidade Federal do Sul da Bahia e Wikipedia, entre outros. “O projeto que criamos dentro do LabFor é muito revolucionário e pioneiro para mim”, diz a aluna Isabelle Bulla. “Além de a oficina ser muito prazerosa, estamos reescrevendo uma história que por tanto tempo apagou essas pessoas só por serem negras. Isso tem uma relevância social gigantesca. Estou muito feliz por fazer parte desse trabalho.” Lucas Massuela também comenta: “Como estudante do curso de Cinema, achei muito interessante a oportunidade que tive de me aproximar dos textos jornalísticos, inclusive de outras linguagens com que não tinha familiaridade. Não só isso, mas o LabFor também me
NEWSGAMES: JORNALISMO E INFORMAÇÃO MISTURADOS COM GAMES Um jogo sobre a vida das mulheres, da edição de dezembro de 2018, com conteúdos verídicos, pesquisados pela equipe do LabFor e projeto gráfico do DesignLab.
permitiu entrar em contato com ferramentas que eu jamais teria conhecido no curso de Cinema”. O experimento chamado WikiAfro terá várias linguagens, como jogos, vídeos, um website interativo, além de outras formas ainda em discussão: quem sabe lambe-lambes pela cidade, ou projeções. O importante no laboratório é que os alunos estão sempre atentos e em contato com outras possibilidades. O jornalismo pode ser mais.
ALUNOS FORMADOS NA ESPM-SP TRABALHAM EM VÁRIOS TIPOS DE ATIVIDADE, DE MEIOS JORNALÍSTICOS TRADICIONAIS A ASSESSORIAS DE COMUNICAÇÃO Foto: Arquivo Pessoal
ISABELLA PASCUCCI VALENTINA ALAYON
»»» Cursar uma faculdade de Jornalismo garante formação humana, ética e técnica para atuar em diver-
32/33
sas áreas no mercado de trabalho. Na ESPM, cujo curso de graduação oferece disciplinas específicas em temas como empreendedorismo e marketing, as possibilidades de áreas de atuação se ampliam. Alunos formados em Jornalismo pela ESPM-SP trabalham atualmente em diferentes tipos de atividade, desde os meios jornalísticos mais tradicionais, até veículos digitais e redes sociais, passando por empresas de assessoria de comunicação. Muitos estudantes formados na ESPM decidem seguir seu próprio caminho e empreender. Esse é o caso do ex-aluno Rafael Costa, que ainda no segundo semestre da faculdade abriu sua própria empresa, a Good Game Comunicação.
Ex-aluno Rafael Costa, fundador da GG Comunicação
“Fundei a GG Comunicação, uma agência de publicidade, conteúdo e relações públicas especializada em atender clientes nas áreas de games, tecnologia e esportes eletrônicos. Sempre sonhei em trabalhar direta ou indiretamente com tecnologia e jogos eletrônicos. Acompanhando o mercado de perto, notei que com o crescimento do cenário, novos estúdios de desenvolvimento surgindo a cada dia, mais e mais competições profissionais sendo criadas e cada vez mais equipes de esportes eletrôni-
EX-ALUNOS EM DESTAQUE NO MERCADO Formados na ESPM -SP atuam em diferentes áreas
cos aparecendo, o trabalho de comunicação seria extremamente necessário, e fui pioneiro em começar a oferecer esse
atualmente trabalha na empresa de
contato próximo com o mercado de tra-
tipo de serviço. Sempre apliquei tudo o
energia Raízen, o jornalismo está pre-
balho. E quando eu digo próximo é tam-
que aprendi durante a graduação den-
sente na rotina de todos os brasileiros,
bém de infraestrutura que a gente tem
tro da agência.”
principalmente durante a pandemia.
lá, que traz uma seriedade com o patri-
Manter-se atualizado na profis-
“O maior diferencial da ESPM na minha
mônio da faculdade e que cria um senso
são é grande parte do ofício. Para Ga-
carreira, e talvez na dos meus colegas
maior de responsabilidade dos alunos. E
briela Akita, ex-aluna da ESPM e que
também, eu acredito que tenha sido o
isso leva também para as oportunidades
TANTO NAS AULAS DO CURSO QUANTO NO CEJOR É IMPORTANTE ESTAR ATENTO AO QUE O MERCADO PRODUZ E PROCURA. Foto: Arquivo Pessoal
jornalista do site Meu Timão, participou de várias oficinas no Centro Experimental. Ele conta: “As oficinas te preparam para o mundo profissional. Trabalhamos com prazos menores e matérias maiores e mais complexas do que nas próprias aulas, então as oficinas são de suma importância para quem quer trabalhar com jornalismo em si. A gente tem a prática, a gente tem o dia a dia, a gente aprende como é trabalhar numa redação, trabalhar numa rádio, tudo muito prático e com muita autonomia.” Ludmila Candall, ex-aluna que trabalhou nas rádios CBN e Globo devido à oficina de rádio e a parcerias formadas pelo CEJor, e que hoje atua como repórter na CNN Brasil, diz que as oportunidades de trabalho aparecem em razão do diferencial que a ESPM propõe. Os equipamentos e softwares utilizados pela faculdade são os mesmos que nas grandes emissoras e empresas jornalísticas, o que facilita todo o processo seletivo e o
Ex-aluno Raul Moura, entrevistando o ex jogador do Corinthians, Wladimir
processo de adaptação ao estagiar. Além disso, as atividades laboratoriais aproximam alunos e professores, aumentan-
que os professores colocam a gente em
o caso da experiência com a ComCorp”,
contato com o mercado de trabalho, seja
relata o ex-aluno Thomas Aoki, que já
O mercado de trabalho é bastante con-
com cases ou seja inclusive com traba-
atuou com redação escrevendo sobre
corrido, dinâmico e rotativo nos dias de
lhos que a própria Agência de Jornalis-
tecnologia e empreendedorismo.
hoje. “Então se há a oportunidade de ob-
mo realiza”, menciona Gabriela.
do assim a rede de contatos.
Segundo Antonio Rocha Filho, coor-
ter um primeiro contato com a prática
Um outro diferencial do curso são as
denador do CEJor, os professores estão
jornalística na própria universidade, ou
oficinas do Centro Experimental de Jor-
sempre atentos a eventos importantes
seja, trabalhar com deadline, hierarquia
nalismo (CEJor). “Participei da oficina
(em âmbitos nacional e mundial) para
nas redações, trabalho em grupo, divi-
de rádio, De Olho na Carreira (DONC),
que os alunos possam exercer cobertu-
são de tarefas, é muito importante que
Vila Mariana, ComCorp, Guia da Sema-
ras experimentais especiais, como foi o
você participe, e o CEJor proporciona
na, Mídias Digitais e de uma edição da
caso dos Jogos Olímpicos em 2016 e das
isso”, afirma Ludmila.
revista Plural. Todas elas foram muito
eleições presidenciais de 2018.
Beatriz Direito, ex-aluna que atual-
importantes para me agregar conheci-
Tanto nas aulas do curso quanto no
mente trabalha na Agência Turtle, de
mento sobre diferentes assuntos, ofe-
CEJor é importante estar atento ao que
marketing esportivo, pontua: “Apesar
recer uma experiência prática que se-
o mercado produz e procura, a novos
de não ter tido a oportunidade de tra-
ria posteriormente muito importante
formatos, à possibilidade de parcerias
balhar com o jornalismo propriamente
na busca por um estágio, e, no futuro,
com empresas jornalísticas e aos pró-
dito, tenho a certeza de que as oficinas
por um emprego efetivo. E também me
prios interesses dos alunos. Raul Moura,
me ajudaram a entender quais áreas da
apresentar áreas do jornalismo que eu
ex-aluno da ESPM, com passagens pelo
comunicação se encaixavam mais co-
ainda não conhecia tão a fundo, como foi
TNT Sports e Esporte Interativo e hoje
migo.”
Reprodução
ISABELLA GALVÃO
»»» A pandemia de Covid-19 atingiu diversos setores, inclusive o universitário. Por conta do fechamento do campus da ESPM, no dia 12 de março
34/35
de 2020, os alunos continuaram seus estudos de casa, no formato online, por meio da plataforma Zoom. Essa mudança foi brusca e inesperada. Os professores e os alunos precisaram se reinventar nesse novo cenário de ensino online e síncrono. Essa reinvenção foi fundamental para o andamento do curso de Jornalismo, já que diversas disciplinas e oficinas são práticas, que precisam, ou precisavam, do contato entre aluno
Chloé Marie Dubois, aluna do quinto semestre de Jornalismo da ESPM-SP
e professor, além da infraestrutura da faculdade. A professora de Telejornalismo e Documentário e da oficina de Audiovisual Heidy Vargas diz que o momento gerou extrema preocupação em todos os professores. “O audiovisual subentende a presença. A princípio não tinha como produzir imagens sem o cinegrafista, câmera, repórter.” Foi preciso reinventar a disciplina em um novo formato. “Quando você entra no terreno da montagem, você compreende melhor como contar uma história com imagem.” Heidy, além disso, relata que, ao pesquisar maneiras de se
A PANDEMIA E A REINVENÇÃO DO JORNALISMO Tanto nos estudos quanto no mercado de trabalho opção é por atuar sem sair de casa
adaptar nesse novo momento, se deparou com o mercado de trabalho optando pela mesma saída, fazer jornalismo
mo relatou que teve muita preocupação
gia. “Adaptar-se à tecnologia e não relu-
dentro de casa.
em um primeiro momento, no começo da
tar faz com que a gente se empolgue para descobrir novos caminhos.”
A professora acredita que é um
pandemia, já que sua área de atuação e
momento para aprender novas formas
ensino é muito prática. “Nossa rádio web
A aluna do quinto semestre de Jorna-
de se relacionar com os alunos e acionar
é linda, e os alunos adoram ter aula no
lismo da ESPM-SP Chloé Marie Dubois
novas sensibilidades. “Minha aula já não
estúdio. Confesso que fiquei alguns dias
começou a utilizar a plataforma de vídeo
é mais a mesma. Hoje eu mostro vídeos,
sem dormir pensando em como reelabo-
TikTok, a partir de um trabalho da facul-
poesias e músicas justamente para con-
rar as disciplinas de áudio.”
dade no início da pandemia, e não parou.
seguir acionar esse aluno. Patrícia Rangel, professora que minis-
A respeito dos estudantes, Patrícia acredita que eles se reinventaram no
Ela fez tanto sucesso que já atingiu mais de 900 mil seguidores.
tra as disciplinas de Produção e Edição
sentido de se adaptar a essa forma de
Chloé começou fazendo vídeos infor-
em Rádio I e II e oficina de Radiojornalis-
fazer jornalismo, por meio da tecnolo-
mativos e falando sobre fatos, mas atual-
OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO PASSARAM A CONTAR MAIS COM OS OLHOS DOS JORNALISTAS LOCAIS
Crédito da FotoXXXXXXXX
mente ela fala sobre questões psicológi-
dos. Ela conta que muito do que utiliza-
cas, como a ansiedade e depressão, o que
vam na redação os jornalistas do Estadão
se agravaram com a pandemia. “A gente
não conseguiram levar para casa duran-
precisa se sentir entendido.”
te o período de trabalho remoto, fazendo
A aluna diz que, apesar de sempre ter
com que tivessem que encontrar alterna-
gostado das plataformas de vídeo, como
tivas na própria tecnologia.
YouTube e Instagram, ela criou gosto pelo
Bia Reis acredita que esse formato onli-
TikTok pois acredita ser um ambiente em
ne funcionou para o jornalismo, mesmo
que as pessoas se sentem mais confortá-
achando que o presencial é essencial. Ela
veis em ser quem realmente são. “Você
conta que a redação começou a utilizar
não vê apenas gente bonita, maquiada
por um período mais longo uma ferra-
e usando roupas chiquérrimas, mas sim
menta chamada “ao vivo” por conta da
gente de pijama, fazendo coisas engra-
sua agilidade e pontualidade. Ela é uti-
çadas.”
lizada para informações que não preci-
Ela acredita que produzir esses vídeos a reinventou no âmbito do que ela pensava sobre o jornalismo em si. Chloé acredi-
sam necessariamente de uma matéria.
Arthur Miranda, aluno do sétimo semestre de Jornalismo da ESPM-SP
Além disso, passaram também a utilizar as lives, que permitiam que os jornalis-
tava que tinha apenas um formato espe-
tas fizessem entrevistas com pessoas dos
cífico de informar, mas descobriu que a
mais diferentes lugares.
comunicação e o jornalismo podem ser
Ela relata que aumentou muito a preo-
utilizados de formas diferentes. “O jor-
cupação com a segurança dos repórteres,
nalismo muda na forma de informar, e o
de forma que a chefia do jornal começou
importante é que as pessoas escutem. Eu
a pensar mais sobre a necessidade de ter
acho que a forma que eu usei ajudou as
um repórter no local do fato ocorrido. “A
pessoas a escutarem e se relacionarem.”
quis, dar minha opinião.” Artur enxer-
gente pensa muito mais na hora de man-
A aluna ainda relata que fazer esses
ga muita influência do curso de Jorna-
dar repórter para a rua. Essa mudança
vídeos para o TikTok a ajudou a falar
lismo nas etapas de apuração, roteiriza-
na forma de apurar foi um exercício diá-
sobre o que estava sentindo em meio à
ção e entrevistas para fazer seus vídeos.
rio para mim.”
pandemia e a se sentir menos entendida
Ele se baseia em notícias e dados para
A jornalista conta que os veículos de
também. “Falar e ouvir é uma forma de
elaborar um roteiro e acredita que seus
comunicação passaram a contar mais
comunicação diferente e mais interativa.”
vídeos são como uma coluna de opinião.
com os olhos dos jornalistas locais, já
Outro aluno do curso de Jornalismo
Com essa nova vivência, o aluno diz
que viagens até o local do fato não estão
que utilizou as redes sociais a seu favor
que aprendeu que o jornalismo preci-
sendo possíveis. Então, passaram a con-
durante a pandemia foi Artur Miranda,
sa ter uma linguagem mais próxima.
tar com uma rede maior de correspon-
mas neste caso o Instagram. O aluno, que
“Eu entendi que as pessoas aprendem e
dentes e freelancers.
está no sétimo semestre, já atingiu mais
entendem mais quando não está sendo
“As pessoas passaram a perceber que
de 8 mil seguidores na plataforma. Ele
imposto e nem tedioso. O IGTV mesmo
se você não tiver informação de qualida-
usa o formato IGTV para falar sobre ques-
é uma plataforma que eu acredito que
de você pode morrer nesse momento.”
tões atuais e expor suas opiniões.
poderia ser mais aproveitada pelo jorna-
Mas, por outro lado, diz que a apuração
A ideia de começar a fazer os vídeos
lismo pois passa informação com vídeos
foi dificultada, já que os jornalistas pre-
veio no período de quarentena, em que
rápidos em que as pessoas conseguem
cisam checar com mais fontes por conta
Artur estava se sentindo mais ocioso. Ele
se informar pelo celular e já propagar.”
da dificuldade de ir até o local. “A gente
começou em julho, com um vídeo teste,
Já em relação ao mercado de trabalho
precisa cruzar os relatos de muitas pesso-
mostrando como os aeroportos estavam
e à produção jornalística, Bia Reis, edito-
as para ter certeza do que estamos publi-
funcionando na pandemia, de forma des-
ra do caderno Metrópole e escritora do
cando. Nesse sentido a gente perde, pois
pretensiosa. “Foi aí que eu vi que podia
blog Estante de Letrinhas, do Estadão,
o jornalismo tem um lado de estar pre-
usar esse espaço para algo que sempre
acredita que os impactos foram profun-
sente no momento e local do ocorrido”.
36/37
MÍDIAS SOCIAIS EM ALTA Jornalismo em rede cresce e fortalece opções digitais de produção de conteúdo
plataformas digitais. Isso veio para revolucionar o mundo jornalístico. Jornais e revistas passaram a apostar nas redes sociais como divulgadoras de conteúdos e notícias. Sites de veículos começaram a ser cada vez mais utilizados pelos internautas, e o número de acessos a notícias pelas redes sociais aumentou em 72% desde 2016, segundo dados do Poder 360. A revista Glamour tem uma área específica para assinantes conseguirem acessar a edição digi-
mercado de trabalho, a ESPM investiu
tal do mês. Já o portal de notícias Esta-
CAROLINA FERRAZ
tanto na oficina de mídias quanto na dis-
dão posta suas matérias tanto no seu site
»»» Com a ascensão da tecnologia e
ciplina Produção e Distribuição Jorna-
quanto em seu Instagram, que contém
das redes sociais, muitas profissões
lística em Mídias Digitais, presente no
diversas novidades.
tiveram que se reinventar, entre elas
currículo do segundo semestre de Jor-
o jornalismo. As revistas passaram
nalismo.
a oferecer opções digitais aos leito-
Para acompanharem as mudanças tecnológicas, os portais tiveram que arriscar a sorte e criar contas nas redes sociais
res com assinatura, do mesmo jeito
Pandemia
mais utilizadas. Bárbara Pereira, repór-
que acontecia com as edições físicas.
Desde março de 2020, o mundo parou
ter de mídias sociais do Estadão, acredita
Portais de jornais criaram suas con-
com o surgimento do novo coronavírus,
que qualquer veículo de jornalismo hoje
tas nas redes sociais e começaram a
que se tornou uma pandemia. Não só
em dia deve caminhar junto das redes
produção de conteúdo no Instagram,
as oficinas do Centro Experimental de
sociais, podendo amplificar e alcançar
Twitter e no TikTok. Com esses avan-
Jornalismo (CEJor) tiveram que adap-
mais pessoas. Ela cita as diferenças que
ços, a ESPM não ficou para trás. São
tar suas classes para o ambiente digital,
existem na faixa etária do público que
oferecidas diversas disciplinas e ofi-
como também as aulas e os professores
mais consome os conteúdos postados
cinas extracurriculares que se adap-
do curso de Jornalismo. A aluna Maria
no Instagram. “Quem entra no site não
taram às inovações tecnológicas e até
Eduarda Cambraia, do quinto semestre,
tem o mesmo perfil de público que aces-
uma que trata especialmente sobre as
conta que em 2019 os professores exi-
sa as nossas redes sociais. Normalmen-
mídias sociais.
giam que as entrevistas para os trabalhos
te o maior acesso vem do público jovem, entre 20 e 30 anos”.
A professora da oficina Laboratório de
fossem feitas presencialmente, mas, com
Produção Multimídia, Cláudia Bredario-
o início do ensino online, as únicas for-
O processo de postagem funciona da
li, classificou como de extrema impor-
mas de realizar as conversas eram pelas
seguinte maneira: a equipe é forma-
tância um jornalista saber gerenciar uma
da por sete pessoas que recebem nos
rede social, já que hoje em dia todas as
e-mails todas as matérias que são publi-
informações estão nas redes. A propos-
cadas no site do Estadão, e a partir disso
ta para a criação da oficina de mídias
acontece a seleção do que será posta-
sociais é impulsionar os alunos para que
do. Bárbara ainda conta sobre a progra-
eles explorem cada vez mais esse terri-
mação das diferentes redes sociais. No
tório midiático.
Twitter, são postadas matérias de dez em
Já para o aluno Athos Sacilotto, do terceiro semestre de Jornalismo, participante da oficina, a importância surge a partir do momento em que nasce uma
72%
dez minutos, já no Instagram existe um intervalo de uma hora e meia entre os posts. Com isso, existe uma análise do que está fazendo sucesso no Facebook
necessidade de modernização da pro-
Foi o crescimento de acessos a notícias pelas redes sociais desde 2016
fissão. Para atender às exigências do
Fonte: Poder 360
planejados os posts para o Instagram.
e no Twitter e a partir desse estudo, são
Foto: IStotck
“O jornalismo não vai acabar” »»» Sobre inovações tecnológicas, o Estadão aderiu ao Drops em 2017. Nada
REDES SOCIAIS » Jornalismo e redes sociais estão conectados mais que nunca em 2021 » Twitter é a segunda fonte de informações que mais influencia no jornalismo Fonte: Tutano
mais é do que um noticiário interativo do jornal veiculado em 15 segundos, que é postado nos stories do Instagram. Isso faz com que o consumidor de informações fique interessado em ler e pesquisar mais sobre o assunto que está sendo abordado no vídeo. Por esse motivo, e para uma melhor interatividade, no canto do stories existe um “arraste para cima”. O telespectador consegue a partir dessa ferramenta em forma de link, cair diretamente na matéria completa. No auge da disseminação das chamadas fake news, o jornalismo também teve de se reinventar. Principalmente aprender a desmenti-las. A partir do momento que algo é postado na internet, instantaneamente já surgem compartilhamentos, curtidas e comentários e não é dife-
DROPS NO INSTAGRAM » Alguns destaques selecionados, publicados pelo Estadão » Programa de notícias vai ao ar de segunda a sexta-feiras nos stories do Instagram » Tem como apresentadores João Abel e a entrevistada Barbara Pereira
rente com a desinformação. Usando as redes sociais a seu favor, o Estadão possui uma ferramenta que se chama Verifica. A equipe de jornalistas responsável faz vários stories com diferentes manchetes de notícias e pergunta por meio de enquetes se são falsas ou verdadeiras. Os stories seguintes mostram qual a resposta certa. E, caso alguém tenha pensado que alguma fake news se tratava de algo verídico, jornalistas colocam o link da matéria completa para que todos possam se inteirar do que é real. Assim como para o jornalismo, as mídias sociais têm como características marcantes conectar o compartilhamento em massa de textos, vídeos, podcasts e links. Fica explícito que hoje em dia o jornalismo e as redes sociais trabalham
JORNALISMO PAGO » Área da revista Glamour, onde se vê o preço para acessar as edições digitais
em conjunto com a intenção de manter o público 24 horas por dia informado.
46/47 38/39
Foto Reprodução
Equipe responsável pela cobertura da Copa do Mundo de 2018
OFICINA DE JORNALISMO ESPORTIVO É DIFERENCIAL A redação, as coberturas e os momentos únicos vividos pelos alunos
cado da mídia esportiva. O CEJor (Cen-
terá sucesso no meio. Entender sobre os
ENRICO SORDILI LEONARDO SELVAGGIO
tro Experimental de Jornalismo) reúne
esportes faz diferença, mas saber aplicar
11 oficinas, entre elas a de Jornalismo
a linguagem adequada e controlar sen-
»»» No jornalismo esportivo não basta
Esportivo, em que os alunos produzem
timentos como clubismo, bairrismo e a
apenas o amor pelo esporte para tra-
conteúdo jornalístico, em formatos dis-
paixão do torcedor são habilidades que
balhar na área. É necessário dominar
tintos como texto e audiovisual, e viven-
se tornam dever do jornalista. Traba-
as técnicas jornalísticas, como apura-
ciam uma rotina próxima à de uma reda-
lhamos este conceito o tempo todo pois
ção, escrita, fala e as exigências das
ção esportiva, com programas ao vivo,
temos isso como filosofia da oficina de
novas mídias. Para isso, é crucial uma
coberturas de jogos, produção de pod-
Jornalismo Esportivo.”
formação acadêmica sólida e diversi-
casts e notícias dos principais eventos
ficada que possibilite o aluno a atuar
ao redor do mundo.
É importante ressaltar que a oficina serve como um ambiente para que os
nas mais diversas áreas do jornalis-
A professora Patrícia Rangel, que coor-
alunos tenham um espaço para prati-
mo esportivo, como produção, edi-
dena a oficina de Jornalismo Esportivo,
car, desta forma, podendo aprender com
ção, narração e coberturas de even-
fala da importância de dominar habilida-
os erros e evoluir. Matheus Macarroni,
tos esportivos.
des técnicas que serão um diferencial em
aluno do 7º semestre, vê sua experiência
A ESPM-SP comemora os dez anos
um mercado de trabalho tão concorrido.
na oficina como fator determinante para
do curso de Jornalismo e há uma pre-
“Ter domínio da linguagem jornalística
aprimorar suas habilidades e vivenciar
sença notável de seus alunos no mer-
esportiva é o que vai definir se o aluno
um ambiente de redação. “Nós, na reda-
A COBERTURA DE UM GRANDE EVENTO ESPORTIVO FUNCIONA O MAIS PRÓXIMO POSSÍVEL DO AMBIENTE PROFISSIONAL
ção da oficina, desenvolvemos um olhar
como a ESPM-SP e os professores apoia-
E o resultado foi positivo, fizemos nar-
mais crítico sobre os assuntos cotidianos.
ram a ideia da cobertura de um even-
ração e comentários de vários jogos, deu
Em um assunto que começava por acaso,
to tão importante. “Nós alunos já sabía-
para aprender muita coisa”.
nós começamos a entender a necessida-
mos que havia rolado uma cobertura da
A aluna do 7º semestre Marina Lahr,
de de escrever, produzir conteúdo sobre
Olimpíada, em 2016, então a gente fez
que também participou da cobertura e
aquilo. Essa experiência de trabalhar em
de tudo para que a ESPM-SP comprasse
tem uma relação muito próxima com o
uma redação foi muito importante, foi
nossa ideia de cobrir a Copa do Mundo
esporte, fala como essa experiência foi
uma das coisas mais legais e que mais
também. De início, ficou um namoro
importante para sua formação. “Estar
me ajudaram”, diz.
bem grande com a ideia, mas precisa-
ali aprendendo sobre outras culturas,
Outro aluno que também participou
va passar pela autorização dos superio-
apurando dados, coletando curiosida-
da oficina é João Pedro Cirilo, atualmen-
res da faculdade. O que me impressionou
des, formulando roteiros, entrando ao
te no 5° semestre. O estudante traz uma
bastante foi que de cara os responsáveis
vivo para narrar jogos e para apresentar
visão mais técnica da rotina de grava-
toparam e apoiaram o projeto ao máxi-
programas foi uma grande oportunida-
ções. “As habilidades que a gente desen-
mo. Isso deixou a gente bem empolgado.
de para mim, quase incomparável a qual-
volve com a mão na massa são muito
quer outra que tive na ESPM-SP. Só con-
específicas e o ambiente da oficina pos-
sigo pensar que nada descreve fielmente
sibilita isso. As questões como ilumina-
o que é essa experiência além do fato de
ção, posição de câmera, cenário, micro-
ter sido a primeira vez que me senti uma
fones e principalmente a desenvoltura
jornalista de verdade”.
em frente às câmeras foram um dife-
A pandemia da Covid-19 limitou as
rencial para mim.” Por ser um ambiente
aulas presenciais ao formato online,
experimental, Cirilo vê como principal
impedindo os alunos de viverem esses
aspecto o aluno conhecer e desenvolver
momentos no ambiente da faculdade.
as diversas funções dentro da oficina.
Então, os alunos e professores precisa-
“Passei por todas as áreas e isso me aju-
ram inovar para manter a qualidade das
dou demais. Fui desde redator e repórter
produções. A professora Patrícia Ran-
a apresentador e editor. Nós separáva-
gel vê essa experiência como positiva. “O ensino online ganha pelo improviso
de cobertura experimental da Copa do
A alegria, a responsabilidade e a real emoção de fazer parte de algo maior, acho que são os sentimentos que mais descrevem para mim essa experiência
Mundo, com narrações ao vivo e produ-
Marina Lahr, aluna de jornalismo
nal. Também destaco aqui que ficamos
mos as funções para as matérias e fazíamos um rodízio. Assim, de certa forma, ajuda quem está com dúvida da área que quer seguir”. Em 2018 os alunos e os professores do curso desenvolveram um projeto
que os alunos precisam ter para finalizar suas pautas, executar as tarefas e reportagens. Este improviso é importante para a lida diária do exercício da profissão, trazendo muito mais preparo para situações que irão passar na vida profissio-
zindo matérias conforme os jogos acon-
todos mais tecnológicos neste improvi-
teciam, vivendo a sensação de estar tão
so e descobrindo novos softwares de gra-
próximo de um evento que mobiliza o
vação, captação e transmissão”, afirma.
mundo todo. A cobertura de um grande evento esportivo funciona o mais próximo possível do ambiente profissional. Os alunos podem sugerir os temas e abordagens, sujeitos a análise da professora orientadora, que assume a posição de editora. Tiago Tiezzi, aluno que participou da cobertura da Copa de 2018, conta
Em 2018 os alunos e professores desenvolveram um projeto de cobertura experimental da Copa do Mundo, com narrações ao vivo e produzindo matérias dos jogos
Ao longo desses dez anos de curso, a ESPM-SP vem se esforçando para aperfeiçoar o ambiente de aulas e o ensino prático, criando experiências para que seus alunos estejam cada vez mais preparados. Isso se aplica também ao jornalismo esportivo, que exige competências e habilidades para lidar com as constantes inovações desse mercado.
40/41
PODCAST EM CRESCIMENTO NO MERCADO Produções ganham cada vez mais ouvintes no Brasil e no mundo, mas não substituem o rádio
produz. O podcast também estreitou a relação com os ouvintes”, afirma Patrícia. Com o avanço da tecnologia, a maneira de acessar os podcasts começou a ficar mais fácil. Antes era preciso, a cada episódio lançado, acessar o site em que estava o áudio e fazer o download para conseguir escutar. A maneira encontrada para facilitar foi a possibilidade de realizar o download automático, por meio de agregadores que usufruem de uma tecnologia empregada em blogs, a RSS (Really Simple Syndication). Uma das principais características do podcast é que o produtor não precisa, necessariamente, ter o conhecimento técnico avan-
SABRYNA GRECHI
cipal diferença entre eles está no mode-
çado. A pessoa que está produzindo pre-
lo de consumo e transmissão. Enquanto
cisa apenas de um computador equipado
»»» O podcast é algo recente que já
as rádios possuem uma grade bastante
com microfone, fones de ouvido e uma
vem tomando grandes proporções e
rígida em horário de transmissão e em
placa de áudio.
entrando na vida de muitos brasilei-
sua maioria é aplicada numa programa-
O podcast surgiu há pouco tempo e
ros. Sua origem, no Brasil, se deu em
ção ao vivo, o podcast é consumido sob
foi bem recebido desde então. Porém, o
2004 quando o programador Dani-
demanda. O ouvinte internauta conso-
olhar profissional é mais recente ainda.
lo Medeiros criou o primeiro podcast
me este áudio no momento mais adequa-
Mesmo com seu avanço no mercado,
com informações sobre tecnologia,
do de sua escolha pessoal. Gosto sem-
o podcast não deve substituir o rádio,
chamado Digital Minds, com o objetivo
pre de falar que o podcast é a Netflix do
como Patrícia afirma. “O consumo de
de diferenciar o seu blog dos demais.
rádio. A relação entre eles também passa
podcast já vinha numa crescente antes
O termo podcast teve origem a par-
pelas narrativas porque o podcast trouxe
da pandemia. Entre 2018 e 2019 este
tir da junção de iPod, uma espécie de
novas formas de narrativas que o rádio
crescimento foi de 67% aqui no Brasil.
tocador de MP3 produzido pela Apple,
por ter uma grade mais engessada não
Já na pandemia o consumo de podcasts
com broadcasting, palavra que vem do
dobrou no segundo trimestre de 2020.
inglês com a tradução de “transmissão”.
Mesmo com este crescimento a audi-
Dessa forma o podcast se tornou uma
ência do rádio não vai diminuir e muito
nova forma de comunicação, por meio
menos o rádio vai deixar de existir. O
de áudios que ficam disponíveis nas pla-
rádio já passou por várias situações em
taformas de streaming, como o Spotify e
que falaram que ele ia desaparecer. Foi
YouTube. Os arquivos podem ser ouvidos
assim com a chegada da televisão e agora
online ou quando baixados em algum
com o podcast. E o efeito foi ao contrário,
dispositivo.
o rádio se reinventou e evoluiu.”
Por se tratar de programas em forma
Conrado Corsalette, cofundador e
de áudio que trazem informações, são
editor-chefe do Nexo Jornal, também
facilmente confundidos com o rádio. Patrícia Rangel, professora de Produção e Edição de Mídia Sonora na ESPM, comenta um pouco sobre a diferença entre os dois. “Apesar de possuírem várias características em comum, a prin-
Gosto sempre de falar que o podcast é a Netflix do rádio Patrícia Rangel, professora da ESPM-SP
comenta um pouco sobre o fenômeno. “Tem quem goste e quem não goste. Acho que é uma questão de costume. O podcast é algo que é fácil de encaixar na vida, porque dá para ouvir fazendo outra coisa. E, quanto mais as pessoas
É UMA QUESTÃO DE COSTUME. O PODCAST É ALGO QUE É FÁCIL DE ENCAIXAR NA VIDA, PORQUE DÁ PARA OUVIR FAZENDO OUTRA COISA Foto Reprodução
de gravação que reproduzisse minimamente um estúdio. Os editores responsáveis hoje pelo Durma com essa (eu, Letícia Arcoverde, Antonio Mammi e Yasmin Santos) nos viramos para tentar gravar com um mínimo de qualidade, usando edredons para abafar o som, narrando dentro de armários.”. Com o crescimento do formato, muitos optam por entrar no ramo tentando transmitir determinadas informações, não sendo necessariamente um jornalista, mas felizmente isso não afeta nas produções de rádio, como Patrícia comenta. “Não entendo que esteja migrando, mas talvez alguns produtores estejam fazendo os dois. Primeiro que no ambiente da rádio também há espaço para a produção de podcasts da própria emissora. Outros estão abrindo suas próprias produtoras ou agências de podcasts e outros tocam pequenos projetos pessoais paralelos. Mas ainda não há uma mensuração deste
Conrado Corsalette, do Nexo: trabalho remoto para manter produção na pandemia
movimento no mercado.” O sucesso já vem tomando conta do Brasil, já que é algo que se pode escutar a qualquer momento e que é de fácil
percebem isso, mais recorrem ao forma-
no storytelling e na gama de narrativas
acesso. Porém esse sucesso não se deu
to. Acho que o aumento da diversidade
que o jornal oferecia.”
apenas no Brasil. “O primeiro podcast
das narrativas em áudio, para além da
Ainda com o surgimento da Covid-
surgiu e explodiu nos Estados Unidos e
tradicional mesa-redonda com os locu-
19, as produções dos podcast não fica-
um pouco menos na Europa antes de vir
tores dando opiniões, também contri-
ram abatidas. Quem está nas produções
para o Brasil. Por aqui evoluímos tanto
buiu para atrair mais pessoas.”
teve que achar meios para não prejudicar
com esta mídia, ou seja, o podcast caiu
O jornalista conta um pouco da histó-
o resultado final, como conta Corsalet-
nas graças do brasileiro e hoje já somos o
ria do podcast no Nexo. “O Nexo tem pod-
te. “O Nexo começou a adotar em março
segundo maior mercado de consumo de
casts desde sua fundação, em novembro
de 2020 o regime de trabalho remoto,
podcasts no mundo, segundo pesquisas
de 2015. A produção em áudio atendia ao
seguindo as recomendações da Organi-
realizadas por uma plataforma chama-
projeto editorial do jornal: contar as his-
zação Mundial da Saúde. E aí veio tam-
da Podcast Stats Soundbites. A expectati-
tórias de forma clara, levando em conta
bém a dúvida: daria para continuar man-
va é que este mercado cresça ainda mais
não apenas seu conteúdo, mas tam-
tendo um mínimo de qualidade fazendo
em países como Brasil e Índia”, afirma
bém a forma pela qual ela é contada.
tudo de forma remota, coordenando gra-
Patrícia. Conrado completa: “É algo glo-
Os podcasts iniciais do jornal seguiam
vação, edição e participações? Acha-
bal. Nos Estados Unidos e na Europa, por
essa lógica. Os primeiros programas,
mos que tinha que continuar, do jeito
exemplo, os podcasts se popularizaram
por exemplo, eram sobre o sotaque de
que fosse. Não com a mesma qualidade,
antes do que aqui no Brasil. Essa popu-
radialistas ao longo do tempo, sobre tri-
mas com a mesma disposição. Cada um
larização se deve a uma série de fatores,
lhas sonoras de filmes, assim por dian-
gravaria de casa, de forma remota. O pri-
da ascensão do streaming à populariza-
te. O áudio, nesse contexto, era essencial
meiro desafio era tentar ter um ambiente
ção dos smartphones”.
Foto: Patrícia Rangel
dio. O programa mais longevo e de maior sucesso da rádio, feito por alunos, é o Jogada da Semana, sobre futebol, mas que também aborda outros esportes. “Esses alunos gostavam muito de rádio e de esportes e eu era a professora envolvida nestas duas áreas. Eles propuseram fazer algo além da aula e das oficinas oferecidas. Queriam algo com a cara deles. Então pedi um projeto e alguns pilotos. Desta forma nasceu o programa que está no ar até hoje”, conta Patrícia. Outros programas foram feitos por alunos de Jornalismo, mas por conta da pandemia da Covid-19, alguns foram pa-
42
ralisados temporariamente. Alguns desses programas foram: ESPM Open, que era um resumo semanal do circuito mundial de tênis, trazia os últimos resultados, comentava os jogos; o Fora de Pau-
O estúdio de rádio, onde os programas e as aulas acontecem
ta eram três jovens empreendedores que se debatiam temas como empreen-
O ESTÚDIO DE RÁDIO NO CURSO DE JORNALISMO Criada em 2012, a webrádio ESPM segue conquistando alunos com novos programas
dedorismo, tudo de uma forma simples e sempre com um convidado especial; o e-Sports On era um programa sobre esportes eletrônicos que abordava as principais notícias nacionais e internacionais das competições, times, atletas; o Rocknologia era um programa jornalístico sobre o mundo do rock, com informação e entretenimento; o Lei de Murphy buscava misturar humor, entretenimento, cultura e jornalismo, falando sobre música, filmes, séries e eventos importantes do mundo pop; o Internews, que era um resumo semanal de notícias, muito mais parecido com um jornal tradi-
PEDRO GUARACHE
»»» A ideia da criação do curso de jor-
Luiz Fernando da Silva Júnior, ex-co-
cional, só que com uma linguagem mais
ordenador do NIS – Núcleo de Ima-
atual; e o Congresso Irracional, que tra-
gem e Som, professor da ESPM e um
tava sobre política.
dos criadores do estúdio.
O ex-aluno Diogo Miranda, um dos
nalismo na ESPM surgiu em meados
A professora Patrícia Rangel é quem
criadores d oJogada na Semana, con-
de 2010 e, com isso, surgiu também
coordena as disciplinas de rádio e as ofi-
tou como foi a experiência e como isso
a ideia da criação do estúdio de rá-
cinas de radiojornalismo desde o come-
o ajudou em sua vida profissional.“Foi
dio da faculdade. “A gente contratou
ço do curso de Jornalismo. Ela chegou à
um aprendizado muito grande na par-
uma empresa, que é uma das melho-
faculdade enquanto o estúdio de rádio
te da responsabilidade de manter o pro-
res do mercado que é a WSDG. É um
ainda estava sendo projetado e construí-
grama. Participar do Jogada da Semana
estúdio que, além de ele ser tecnica-
do e participou com sugestões e adequa-
fez com que eu tivesse a certeza de que
mente bem construído, que atende às
ções para a faculdade ter uma rádio no
eu queria trabalhar com jornalismo es-
necessidades da escola e do curso, ele
layout jornalístico e com o aparato tec-
portivo. Eu recomendo muito que os alu-
também tinha que ser visualmente
nológico voltado especificamente para
nos participem da rádio, que criem no-
impactante para agradar aos alunos,
o conteúdo.
vos projetos, que tenham novas ideias e
pais de alunos e convidados da facul-
Com isso, logo na primeira turma de
que aproveitem essa possibilidade de es-
dade. Então, ele é mais do que um es-
Jornalismo, surgiu a ideia de os alunos
tar na rádio para desenvolverem as su-
túdio, ele é uma sala de aula.”, conta
fazerem seus próprios programas na rá-
as habilidades”.
Isabelle Bulla
JULHO DE 2021 ANO 10 NÚMERO 19
COLABORADORES
DESTA EDIÇÃO
Amanda Almeida, Ana Clara Rangel, Antônio Luiz Molina, Atsuhiko Moraes, Carolina Neves Ferraz, Clara Leandrini, Enrico Sordili Cosentino, Enzo Alexandre de Almeida, Gabriela Gaeta, Gabriela Schiavo, Gabriella Figueiredo, Ian Imoto, Isabella Galvão, Isabella Pascucci, Isabelle Bulla, João Pedro Negreiros, Leonardo Selvaggio, Lucas Massuela, Mayara Neves, Nathalia Rosa, Nicolas Bezerra, Pedro Cohem, Pedro Guarache, Pedro Trigo, Rodrigo Narciso, Sabryna Grechi, Thais Fullmann, Valentina Alayon, Vitor Alves Altino.