Pontos de Vista Nº 111 | ABRIL 2022 (MENSAL) | 4 Euros (CONT.)
qubIT + FenixEdu,
Inovação e Tecnologia
ABMG
Uma Marca promotora de um Serviço de Excelência
myPOS
Uma Marca em constante Evolução e Crescimento
CRUZ VILAÇA ADVOGADOS
Ana Paula Teixeira CEO E FUNDADORA DHC
DHC Food Experience: 25 Anos de História
FOTO: DIANA QUINTELA
Experiência Internacional e Especialização Ímpar
PONTOS DE VISTA SUMÁRIO
FICHA TÉCNICA Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Administração | Redação Departamento Gráfico Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660, 4455-518 Perafita Matosinhos Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.facebook.com/pontosdevista Impressão LiderGraf - Sustainable Printing Distribuição Nacional | Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 | NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 | Dep. Legal: 374222/14 Distribuição Vasp - Distribuidora de Publicações, SA DIRETOR: Jorge Antunes EDITOR: Ricardo Andrade Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ricardo Andrade Beatriz Quintal Ana Rita Paiva PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares FOTOGRAFIA: Diana Quintela www.dianaquintela.com
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SOFTFINANÇA - UMA MARCA INOVADORA E PROMOTORA DE VALOR. LUÍS TEODORO, ADMINISTRADOR DA EMPRESA, ABORDA E REVELA COMO A MESMA SE DESTACA POR DESENVOLVER UMA MENTALIDADE INOVADORA.
TEMA DE CAPA
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PERSONALIDADE DE CAPA, ANA PAULA TEIXEIRA, CEO E FUNDADORA DA DHC FOOD EXPERIENCE, ABORDA O UNIVERSO DA MARCA, MARCADA POR 25 ANOS A ABRAÇAR O MÁXIMO POTENCIAL DE TODOS OS QUE NELA SE CRUZAM, ONDE CADA CONQUISTA FOI CONSEGUIDA PASSO A PASSO.
Rui Bandeira www.ruibandeirafotografia.com Tiragem: 10.000 exemplares Detentores do Capital Social: Jorge Fernando de Oliveira Antunes: 100% Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para: Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt Preço de capa: 4,00 euros (Cont.)
Assinatura anual (11 edições): Portugal Continental: 44 euros Editorial A Revista Pontos de Vista apresenta-se como uma publicação editada pela empresa de comunicação empresarial Horizonte de Palavras, sendo de frequência mensal, assume-se como um meio de comunicação que pretende elevar as potencialidades do tecido empresarial em Portugal. Assumimos o compromisso de promover paradigmas práticos e autênticos do que de melhor existe em Portugal, contribuindo decisivamente para a sua vasta difusão. Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, exceto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.
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RITA DÓRIA, DIRETORA VALUE CHAIN AFTER SALES DIVISION DA TOYOTA CAETANO PORTUGAL, S.A., REVELA DE QUE FORMA SE CARACTERIZA EM TODAS AS VERTENTES DA VIDA: ENQUANTO PESSOA, MULHER E PROFISSIONAL.
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A IMPORTÂNCIA DO SONO PARA A SAÚDE. DIVERSOS ESPECIALISTAS REVELAM COMO O SONO É ESSENCIAL PARA A SAÚDE HUMANA. TERESA REBELO PINTO, PSICÓLOGA, SOMNOLOGISTA E FUNDADORA DA CLÍNICA TERESA REBELO PINTO, EM DESTAQUE.
PONTOS DE VISTA SUMÁRIO
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NO PASSADO DIA 18 DE MARÇO REALIZOU-SE, DIRIGIDO PELA ASSIMAGRA, O I ENCONTRO NACIONAL DO SETOR DA PEDRA NATURAL – StonebyPORTUGAL SUMMIT, NO EMBLEMÁTICO WORLD OF WINE. UM EVENTO QUE CONTOU COM A PRESENÇA DE DIVERSOS PLAYERS. CONHEÇA OS GRANDES DESAFIOS DO SETOR.
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DIREITO EM PORTUGAL CONHEÇA «PONTOS DE VISTA» SOBRE DIVERSOS PONTOS REFERENTES À DINÂMICA DA JUSTIÇA E DO DIREITO EM PORTUGAL. IMIGRAÇÃO E INVESTIMENTO, INSOLVÊNCIAS E PER - PROCESSO ESPECIAL DE REVITALIZAÇÃO, DIREITOS HUMANOS.
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CONHEÇA O APOIO QUE A APOTEC - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS TÉCNICOS DE CONTABILIDADE PROMOVE JUNTO DOS SEUS ASSOCIADOS. ISABEL CIPRIANO, PRESIDENTE DA ORGANIZAÇÃO DESDE JANEIRO DESTE ANO, REVELA AINDA O PANORAMA DA ECONOMIA PARA ESTE ANO.
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A QUIRÓNPREVENCIÓN É UMA EMPRESA DE PREVENÇÃO DE RISCOS PROFISSIONAIS NA QUAL AS EMPRESAS MAIS CONFIAM A NÍVEL INTERNACIONAL. JOANA NOBRE E LUÍS FERREIRA, REVELARAM A IMPORTÂNCIA DESTE SETOR NO SEIO EMPRESARIAL E AINDA DE QUE FORMA A QUIRÓNPREVENCÍON, MARCA ONDE TRABALHAM, TEM VINDO A IMPLEMENTAR CADA VEZ MAIS O CONCEITO NA SOCIEDADE.
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CONHEÇA O HIGH-PERFORMANCE TEAMING CHALLENGE PARA ENSINAR QUE VERDADEIRAS EQUIPAS SÃO A DERRADEIRA VANTAGEM PARA O SUCESSO.
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ABMG – ÁGUAS DO BAIXO MONDEGO E GÂNDARA. FOMOS CONHECER ESTA MARCA, QUE SENDO AINDA RECENTE, TEM VINDO A DAR PASSOS SEGUROS E CONSOLIDADOS PARA SE CONTINUAR A AFIRMAR COMO UM PLAYER DE RELEVO NO UNIVERSO DA ÁGUA. DEMOS «VOZ» A DIVERSAS PERSONALIDADES DA MARCA E QUE MUITO CONTRIBUEM PARA O SEU SUCESSO. ABRIL 2022 | 5
FOTO: DIANA QUINTELA
PONTOS DE VISTA MARCAS COM ADN EM INOVAÇÃO
LUÍS TEODORO
“Procuramos sempre inspirar-nos em Saberes Vanguardistas” Os tempos modernos têm colocado desafios diversos às empresas, levando-as a alterar a forma como se posicionam e se relacionam com os clientes. Neste processo, a reinvenção e, sobretudo, a inovação, têm sido os pilares basilares para o seu contínuo sucesso. A complementar esta transformação, encontra-se a SoftFinança – uma marca que se diferencia na estratégia, por se fazer acompanhar de um profundo conhecimento de negócio. Luís Teodoro, Administrador da mesma, revela de que forma tem colocado este know-how ao dispor do mercado nacional e internacional.
É
do conhecimento geral que a SoftFinança é considerada e reconhecida no mercado como uma empresa estratega, capaz de aplicar com eficácia determinados meios ou recursos a fim de alcançar os seus – e os demais – objetivos. Domina, por isso, a tecnologia e adapta-a às áreas de produtos que atualmente dispõe, como Digital Solu-
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tions, Mobile Solutions, Self Service, Switching, Monitorização e Controlo, entre outras. Fruto da sua inquietação e research interno, resulta uma metodologia que caracteriza a marca desde o seu início e que consiste “em fazer uma imersão profunda daquilo que são os negócios que gostaríamos de alcançar e aprofundar esses conhecimentos através de parcerias com
os nossos clientes”, introduz Luís Teodoro. Certo é, todos os domínios em que a SoftFinança está presente têm um denominador comum: a inovação. Apesar de não ser, por definição, uma empresa que invista em inovação apenas para se posicionar, utiliza a inovação de forma a encontrar valor acrescentado para o negócio dos seus clientes, para que eles sim, se posicio-
PONTOS DE VISTA MARCAS COM ADN EM INOVAÇÃO
nem vantajosamente face à sua concorrência. É precisamente por este motivo que, também a própria marca, tem conseguido, ao longo de 31 anos de atividade, justificar a diferença face à generalidade da oferta que existe no mercado. UMA MARCA QUE SE DESTACA POR DESENVOLVER UMA MENTALIDADE INOVADORA Não nos podemos esquecer que este caminho próspero apenas é possível porque, internamente, a SoftFinança desenvolve uma mentalidade inovadora e aposta na sua evolução, ainda muito antes de investir, externamente, em alguma solução revolucionária. Quer isto dizer que “grande parte da nossa estratégia de inovação ou de assimilação de novos conceitos ou de tecnologias, advém de três pontos essenciais: em primeiro lugar a cultura da empresa, que é absolutamente virada para o futuro, é transmitida de forma transversal a todos os colaboradores – procuramos sempre inspirar-nos em saberes vanguardistas. Em segundo lugar, o facto de impulsionarmos o crescimento e fomentarmos o conhecimento das equipas internas, também nos ajuda a construir esta visão moderna, e exemplo disso mesmo é o mais recente patrocínio com uma Pós-Graduação, que nos permite obter um conjunto de feedbacks no mercado, que em conjunto com a “visão clínica” dos nossos colaboradores, nos ajudará a reajustar as nossas soluções. Por último, há um processo constante de rejuvenescimento dos quadros da empresa em simultâneo com uma constante aposta na sua progressão de carreira: privilegiamos muito o crescimento dos nossos Recursos Humanos”, esclarece o nosso entrevistado. Esta envolvência gera, claro está, uma dedicação e união acima da média que resulta na qualidade das soluções que a SoftFinança apresenta. A harmonia entre os Recursos Humanos qualificados e capacitados a promover os melhores serviços e produtos nos mais diversos setores de atuação, através do seu research interno, e a inovação, tem sido a «chave mestra» preparada para abrir todo e qualquer horizonte.
“AS SOLUÇÕES QUE APORTAMOS SÃO SEMPRE VISTAS COMO UMA EVOLUÇÃO CLARA, NOMEADAMENTE QUANDO NOS POSICIONAMOS FORA DE PORTUGAL”
FOTO: DIANA QUINTELA
SERÁ SIMPLES, ATUALMENTE, INCENTIVAR PESSOAS E EMPRESAS A «ATRELAREM» O CONCEITO DE INOVAÇÃO E QUALIDADE? Que vivemos num mundo inerentemente agitado e em constante mudança, não é novidade. Assim, e após inúmeros desafios quase diários incentivados pela atual conjuntura social, é natural pensarmos que a população, na sua forma generalizada, re-
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PONTOS DE VISTA MARCAS COM ADN EM INOVAÇÃO
conhece a importância que a inovação representa para o tecido empresarial. Luís Teodoro, enquanto Administrador da SoftFinança – uma marca, como já mencionámos, orientada para acrescentar valor no mercado -, tem uma perspetiva mais clarividente sobre esta questão. “Por estar na ordem do dia, falar sobre inovação é simples. O que pode ser mais complexo é justificar e demonstrar o seu valor. Inovação por si só, pode não gerar valor. Temos de ter a capacidade de olhar para o conceito e perceber, nas mais diversas áreas, as vantagens que confere”, reconhece, acrescentando ainda que “as empresas hoje percebem que a inovação é a única forma de terem uma dinâmica que lhes permita continuar a posicionarem-se no mercado. Contudo, acho que há mais dificuldade em perceber como é que é possível tornar esta inovação útil para cada negócio. Isso é um desafio”. Consciente destas adversidades, a SoftFinança está mais do que preparada para, não só colocar a modernidade em prática, como colaborar com os seus clientes para que, também eles, o estejam. Prova disso mesmo é o reconhecimento que a mesma tem, a este nível, no mercado nacional e internacional. O nosso entrevistado assume que “as soluções que aportamos são sempre vistas como uma evolução clara, nomeadamente quando nos posicionamos fora de Portugal. É muito importante, quando entramos em mercados que têm patamares de evolução diferentes dos nossos, ajudá-los a fazer a ponte entre o momento em que estão e o objetivo que pretendem alcançar. Uma das características dos nossos Recursos Humanos e das nossas soluções é, precisamente, apoiar neste processo”. O PAPEL DA SOFTFINANÇA NO UNIVERSO DIGITAL Sabemos que o digital está em voga e, as empresas já admitem que podem transformar o seu contacto com os clientes e colaboradores, numa verdadeira experiência tecnológica. Não ficando atrás nesta tendência, a SoftFinança teve ao longo dos anos a perceção de que necessitava de introduzir no seu portefólio, soluções que pudessem dar resposta a estes novos meios de contactos. Assim, atualmente, as suas soluções digitais agregam os produtos para a comunicação interativa e transacional de uma empresa, junto dos seus clientes e colaboradores, bem como dos seus espaços de atendimento. Encontra, neste seio, produtos como E-Commerce, Digital Signage, Gestão de Atendimento, Quiosques Interativos e Transacionais e Análise de Tráfego. “Estas soluções que apresentamos de gestão da relação do cliente com a organização nunca estão acabadas. Permitem saber, por exemplo, quantas pessoas entram em determinada loja física, onde é que retêm o seu tempo, o que é que compram, entre outros. Posteriormente, é possível cruzar essa informação com o negócio no meio digital, com os sites, com a movimen-
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“ESTAMOS A TRABALHAR TAMBÉM COM OS NOSSOS PARCEIROS PARA QUE TENHAMOS SOLUÇÕES QUE MARQUEM A DIFERENÇA NO ÂMBITO DA CIBERSEGURANÇA” tação junto de outdoors digitais ou de quiosques. Tudo isto dá-nos a possibilidade de reunir um conjunto de indicadores da real visão do cliente face à organização”, explica Luís Teodoro. Hoje, a SoftFinança tem a capacidade de dar resposta a inúmeras questões integradas numa solução única, permitindo ao cliente utilizá-la em todo o seu negócio ou em algum segmento específico à sua escolha. Além disso, face ao know-how acentuado que persiste no seio da empresa, a mesma foca-se em conhecer o negócio dos seus clientes, de forma a melhor acompanhar e aconselhar aquelas que são – ou não - as soluções indicadas para cada objetivo. O Administrador da SoftFinança explica que “já nos aconteceu dizermos que, os produtos que nós temos, não são aquilo que o cliente procura. Temos, por exemplo, em mãos o projeto emblemático de dinamização das lojas da Baixa Chiado, e que é puramente de consultoria, onde não há a utilização de qualquer tecnologia nossa. Os requisitos do cliente e a sua dinâmica, não coadunavam com a dimensão das nossas soluções, mas o conhecimento que, o mesmo, necessitava para desenvolver a iniciativa, era aquele que nós disponhamos”. Este é, efetivamente, um exemplo em que, mais importante do que que oferecer produtos tecnológicos e evoluídos, é presentear também o mercado com uma capacidade de pensamento ousada e transformadora que gere a solução. OS SETORES QUE MELHOR TÊM APROVEITADO ESTE PROCESSO EVOLUTIVO Por inúmeros motivos, os setores têm de reajustar frequentemente as suas práticas, de forma a acompanhar a evolução das necessidades dos tempos modernos – algo transversal a todas as áreas de atividade. Mas há, certamente, empresas que têm maior facilidade de adotar a tão aclamada transição digital. Para o nosso interlocutor, “a grande maioria do tecido empresarial já percebeu a vantagem da transformação digital e está, atualmente, em processo de adoção com muitos passos dados e comprovados. Contudo, para que isto seja realizado de forma conveniente, é preciso os dois lados da moeda: que os clientes mudem os seus comportamentos e que as empresas ofereçam soluções que os satisfaçam”. Em seguida é necessário, e mais uma vez, saber tirar proveito da riqueza de toda a informação que diaria-
mente nos chega, e de que forma nos é possível explorá-la em prol dos nossos benefícios. Olhamos, por isso, de outra forma para os setores e para os modelos de negócio. “Até os mais conservadores estão a mudar. Repare, por exemplo, que o setor dos bens de luxo – um dos que mais tardiamente entrou na dinâmica digital -, acaba por ter, hoje, uma presença muito forte nesse sentido. Com ritmos diferentes, a generalidade dos negócios, está a adotar novos formatos e, consequentemente, a utilizar ferramentas mais inovadoras”, esclarece Luís Teodoro. Já no que diz respeito à SoftFinança, a marca compromete-se, como sempre, a acompanhar a evolução destes setores, com a promessa de que novos campos poderão, brevemente, usufruir da sua cultura. ▪
FOTO: DIANA QUINTELA
PONTOS DE VISTA MARCAS COM ADN EM INOVAÇÃO
OS PASSOS VINDOUROS Sabemos que a SoftFinança tem, na sua essência, uma dinâmica de inovação constante dos produtos que dispõe, procurando, assim, potenciá-los cada vez mais através de correções e melhorias. Neste sentido, Luís Teodoro garante que, apesar de ambicionar desenvolver novos projetos, quer ter em primeiro lugar a total convicção de que acrescentarão verdadeiro valor no mercado. Ainda assim, para o futuro, o objetivo passa por aprofundar a área da saúde, uma vez que “é de incontornável necessidade, de bem-estar e deve padecer, cada vez mais, de uma mudança de paradigma: deverá tornar-se mais proativa e não reativa. Ou
seja, tem de ter uma capacidade preventiva e nós temos estado a desenvolver, nesse sentido, skills internas para oferecer soluções adequadas e pertinentes ao mercado”, confidencia o nosso entrevistado, afirmando ainda, por fim, que “estamos a trabalhar também com os nossos parceiros para que tenhamos soluções que marquem a diferença no âmbito da cibersegurança”. Nesta perspetiva a SoftFinança tem vindo a desenvolver contactos e a aprofundar conhecimentos, no sentido de perceber de que forma poderá posicionar as suas ofertas futuras, para que venham, posteriormente, a aumentar a noção de confiança que os seus clientes necessitam.
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PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO E TECNOLOGIA - ENSINO
“Queremos gerar Valor para Todos, não apenas para nós” Qual a importância da Inovação e da Tecnologia no universo da Educação, do Conhecimento e do Desenvolvimento? Para nos falar sobre estas matérias, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Hugo Querido, Managing Partner da qubIT . Quorum Born IT, que «abriu o livro» sobre como pretendem continuar a crescer e a marcar a diferença, apostando sempre nas suas próprias soluções e plataformas.
HUGO QUERIDO
A
qubIT . Quorum Born IT é uma empresa de Engenharia de Software, focada no Ensino Superior. Sendo de base tecnológica mas com imenso conhecimento funcional e de consultoria, iniciaram-se no mercado no final de 2009. Como têm perpetuado este caminho de sucesso já com mais de 12 anos? A qubIT incubou-se em pós-laboral a partir do IST, onde fomos alunos e éramos funcionários (na versão FenixEdu originalmente criada no instituto). Versando a solução sobre a Gestão Académica e tendo nós conhecimento desse negócio, bem como ideias concretas de como a evoluir, foi-nos lógico apostar em montar a empresa à sua volta. O objetivo era, e continua
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a ser, sermos os melhores na nossa área de atuação e com a solução tecnológica e operacionalmente mais avançada do mercado. Mas tanto ou mais importante que a tecnologia, a chave para o sucesso, é a soma dessa excelência que procuramos ao modo como trabalhamos: fomentamos sempre relações de longo prazo e parcerias, focadas em gerar autonomia aos nossos clientes, sendo que os primeiros ainda hoje estão connosco. É contraintuitivo, mas ao produzirmos soluções melhores, o cliente suporta negócio mais complexo, o que nos impele a reevoluir a tecnologia, novamente suportando mais complexidade. E fazemo-lo sem cedências na integridade, mesmo quando tal nos faz dizer algo que os outros não gostam
de ouvir. Quem trabalha connosco, seja dentro ou fora da empresa, sabe sempre com o que pode contar e o valor da nossa palavra. A qubIT disponibiliza soluções baseadas na plataforma FenixEdu e vislumbra redes interconectadas de instituições de Ensino Superior. Como funcionam estas soluções e quais as lacunas que vêm colmatar? A principal lacuna a que queremos sempre dar resposta ao longo dos anos deriva do modelo tradicional de produzir software, em que as empresas deixam as empresas excessivamente dependentes de serviços adicionais; mas nós vemos o software como algo que deve fornecer autonomia e empoderamento.
PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO E TECNOLOGIA - ENSINO
Na qubIT, apostámos sempre em ter a solução o mais abrangente possível, tanto nas vertentes académicas como financeiras, e incluindo também mecanismos de E-Learning; dar tudo numa única plataforma, para reduzir as ilhas de informação que existem espalhadas em diversos sistemas. Mas tão ou mais importante que essa abrangência, é a filosofia de autonomia que visa transformar as funcionalidades da solução, em ferramentas para o cliente utilizar. E vem daqui a diferença no modelo, tanto operacional para o cliente, como de negócio para a qubIT: quaisquer mudanças no negócio podem ser de imediato refletidas na solução pelas próprias instituições, sendo nós maioritariamente um fornecedor de tecnologias, progressivamente melhores e mais avançadas. As instituições ganham a capacidade de alterar o seu negócio de imediato; e nós apenas lhes realizamos serviços se elas o quiserem, não porque não têm alternativa. Queremos gerar valor para todos, não apenas para nós. E o trabalho em rede que queremos potenciar é uma iteração nesta filosofia; com as soluções a poder comunicar e interagir, as instituições podem fomentar colaborações entre si, sabendo que terão um sistema de informação que dá suporte a esses processos de negócio conjuntos, como por exemplo, a disponibilização de cursos geridos em conjunto. Afirmam que o vosso ecossistema Fenix está em constante evolução, para apoiar os processos académicos e a comunidade de utilizadores. Podemos assim afirmar que esta é uma solução que responde às necessidades, sempre em constante mudança, da sociedade? Como conseguem estar sempre um passo à frente das novidades? Olhamos para a tecnologia como um meio para atingir um fim, o negócio a suportar é o mais importante. E quando nos apercebemos de necessidades ou imaginamos ideias para implementar, tentamos sempre construir ferramentas; e se necessário, fazemo-las do zero para depois concretizar novos modos de utilização da solução. Os nossos clientes já são parceiros de muitos anos e sabem que quando fazemos algo novo, é de certeza algo que irá ser útil no dia a dia (mesmo que disruptivo inicialmente). E assim que lhes colocamos essas funcionalidades nas mãos, entramos em ciclos de melhoria contínua, tendo por base o feedback que deles
“QUANTO À INOVAÇÃO, ESTÁ SEMPRE PRESENTE, POIS ALÉM DE IMAGINARMOS CONTINUAMENTE COMO MELHORAR A SOLUÇÃO FENIX, DESENVOLVEMO-LA COM RECURSO À NOSSA PRÓPRIA PLATAFORMA DE DESENVOLVIMENTO, ONDE TAMBÉM ESTAMOS SEMPRE A PRODUZIR NOVAS ABSTRAÇÕES PARA SE SER MAIS EFICIENTE. E FAZEMOLO TANTO, QUE OUTROS PROCURARAM-NOS PARA TAMBÉM PODER USAR ESSAS TECNOLOGIAS PARA DESENVOLVER" obtemos. No fundo, além de estarmos atentos aos que os clientes dizem, também somos inatamente curiosos e gostamos de produzir tecnologia; acreditamos profundamente que esta pode resolver os problemas se não pararmos de a melhorar e inovar, nem que tenhamos de inventar coisas que não existiam antes.
Essa inovação e tecnologia são, então, valores presentes na qualidade dos vossos serviços. Será isso, aliado às competências e talento da vossa equipa, o fator determinante do sucesso da qubIT e da solução Fenix? É a soma de tudo. Temos de facto muito talento na equipa, mas também muita experiência (os mais seniores têm mais de 15 anos de experiência, tanto a pensar negócio como a desenvolver tecnologia). E como defendemos que todos os engenheiros e programadores têm de ser fluentes no negócio e estar capacitados a discutir requisitos ou interagir com clientes, atingimos uma profundidade de conhecimento superior ao modelo de ter equipas funcionais distintas das equipas de desenvolvimento. Quanto à inovação, está sempre presente, pois além de imaginarmos continuamente como melhorar a solução Fenix, desenvolvemo-la com recurso à nossa própria plataforma de desenvolvimento, onde também estamos sempre a produzir novas abstrações para se ser mais eficiente. E fazemo-lo tanto, que outros procuraram-nos para também poder usar essas tecnologias para desenvolver. O Ensino Superior é, desde sempre, um importante motor de conhecimento e inovação. Contudo, face às cada vez mais exigentes necessidades da sociedade, quão importante é essa área para assegurar melhores soluções tecnológicas? E temos feito caminho no que respeita à sua capacidade de inovação e de criação de valor, tendo hoje Universidades e Politécnicos mais tecnológicos? Tudo está mais tecnológico porque a sociedade também o está, pelo que é normal ao Ensino Superior acompanhar essa evolução. Mas o que interessa realmente é capacitar as pessoas, sejam alunos, funcionários, docentes ou investigadores. Há que estar consciente que a geração de valor acrescentado é o único caminho possível para evoluir, pelo que temos todos de fazer mais e melhor, seja qual for o nosso papel e trabalho no dia-a-dia. E a tecnologia é uma ferramenta para isso, pelo que temos de a colocar ao nosso serviço, pensar como fazer diferente, interrogar, colaborar, melhorar. E o Ensino Superior deve ser um espaço de inovação e experimentação, pois o erro e o falhanço podem ser mais fáceis de acomodar do que, por exemplo, numa empresa (que tem sempre como objetivos o crescimento e a prossecução do lucro).
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PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO E TECNOLOGIA - ENSINO
De uma forma geral, que novidades vossas podemos esperar nos próximos meses? No Fenix continuaremos a acompanhar várias iniciativas europeias focadas no Ensino Superior, para um eventual suporte aplicacional no futuro: desde o intercâmbio global de informação académica, ao suporte de processos e atividades letivas entre instituições, com as instâncias Fenix a funcionarem em rede trocando informação entre si. Do lado OMNIS, face ao constante crescimento de utilização, estamos a estruturarmo-nos de modo para aumentar a equipa dedicada ao seu desenvolvimento. Mas o grande objetivo existe na empresa em si, como um todo, na continuação do que sempre quisemos: sem ceder em quaisquer valores fundamentais, não parar de crescer e evoluir. Queremos preparar a futura procura de novos parceiros e expansão a outros mercados, nomeadamente internacionais. Sempre foi pretendido dar o salto além-fronteiras pois, especialmente no software, não há razão para nos limitarmos e pensarmos apenas localmente; desde início devemos ambicionar um posicionamento global. Temos muito para fazer e conquistar; e se tivermos de o fazer em conjunto de modo a aumentar o nível de alcance e de ambição, então é esse o caminho a seguir.
“APESAR DE TERMOS CONSCIÊNCIA QUE SOMOS UMA EMPRESA DE NICHO, E NUM SETOR DE MERCADO LONGE DA DIMENSÃO DE OUTROS, TENTÁMOS NUNCA TER UM CAMINHO LIMITADO PELA TECNOLOGIA QUE FAZEMOS. PARA TAL, AINDA DESDE O PRÉ-QUBIT, VIMOS DESENVOLVENDO EM PERMANÊNCIA A NOSSA PRÓPRIA PLATAFORMA DE DESENVOLVIMENTO: UM CONJUNTO DE FERRAMENTAS DE MODELAÇÃO, GERAÇÃO DE CÓDIGO, E SERVIÇOS CLOUD-BASED, A QUE DAMOS O NOME DE OMNIS.CLOUD” Hoje o país acompanha as melhores práticas de várias áreas tecnológicas, muito devido à articulação de esforços por diferentes atores. A qubIT tem sido assim um player indispensável e necessário à melhoria do Ensino Superior e, consequentemente do país. Assim, o que falta ainda desenvolver para que tenhamos um Ensino cada vez mais competitivo e produtivo, que puxe pela sociedade? Retomo a resposta anterior, aumentar a capacidade e a oportunidade de criar e inovar, experimentar, iterar. Portugal não tem falta de talento, tem é falta de oportunidades que
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permitam reter esse talento produzido; temos de conseguir melhorar as condições, tanto no Ensino Superior como no país em geral, para que emigrar não seja visto como uma necessidade. Ver mundo e ganhar escala e experiência é fundamental, mas temos de o fazer através de entidades portuguesas que cresçam e deem o salto para o estrangeiro. E se nos falta escala para isso, então que colaboremos; façamos parcerias entre nós, sejamos instituições ou empresas, juntemos esforços aos nossos competidores locais se necessário. A real competição não é apenas no “nosso retângulo”, interessa pouco
ser o campeão do nosso bairro... temos é de trabalhar para ganhar no mercado global, ser os melhores tanto aqui como lá fora. Apesar de serem especializados no Ensino Superior, empenham-se então fortemente a não se limitar a esse caminho? Apesar de termos consciência que somos uma empresa de nicho, e num setor de mercado longe da dimensão de outros, tentámos nunca ter um caminho limitado pela tecnologia que fazemos. Para tal, ainda desde o pré-qubIT, vimos desenvolvendo em permanência a nossa própria plataforma de desenvolvimento: um conjunto de ferramentas de modelação, geração de código, e serviços cloud-based, a que damos o nome de OMNIS.cloud. É algo que está tanto na base do Fenix, bem como de quaisquer das outras soluções que a qubIT desenvolve. E pelo facto de não criarmos dependências tecnológicas a qualquer área de negócio, sempre pudemos trabalhar noutros segmentos de mercado, como por exemplo no grupo Jerónimo Martins, com aplicações móveis em utilização desde 2011 no Recheio Cash & Carry para suporte a equipas de vendas no terreno. ▪
PONTOS DE VISTA BREVES
Novos artistas no cartaz do EDP Cool Jazz 2022 A 17ª edição do EDP Cool Jazz esteve inicialmente agendada para julho de 2020, mas foi adiada devido aos desafios provocados pela pandemia. Dois anos depois, Cascais recebe, finalmente, esta edição. Anote na sua agenda: julho é o mês. Já estão confirmados nomes como John Legend, Yann Tiersen, Diana Krall, Miguel Araújo, Tiago Nacarato, Murta e Jorge Bem Jor. Em março dois nomes foram desvendados: Jordan Rakei e Moses Boyd. Ambos irão atuar a 28 de julho no Hipódromo Manuel Passolo.
Rock in Rio 2022: conheça os artistas que vão atuar
Já estavam confirmados no cartaz do Palco Mundo os The National, Liam Gallagher, The Black Eyed Peas, Ellie Goulding, Ivete Sangalo, David Carreira, Duran Duran, Xutos & Pontapés, Post Malone, Anitta ou Jason Derulo. Recentemente, o Rock in Rio Lisboa anunciou ainda mais artistas. São eles UB40 com Ali Campbell, António Zambujo, Piruka com Jimmy P & Gama, Diego Miranda, Deejay Kamala, Blueyes e José Cid, que terá um concerto especial a fim de celebrar os seus 80 anos. Espaços como o Palco Yorn, a Game Square, o Super Bock Digital e a nova Roda Gigante Pisca Pisca do festival serão renovados para a edição de 2022. Marque na sua agenda os fins de semana de 18 e 19 de junho, e de 25 e 26 de junho – são as datas que não irá querer perder. Saiba todas as informações no site da organização.
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“INTERNAMENTE ESTIMULAMOS AS PESSOAS A PARTICIPAREM E A SUGERIREM NOVAS IDEIAS, E PROCURAMOS SEMPRE ESTAR ATENTOS AO MERCADO PARA PERCEBERMOS AS TENDÊNCIAS E, ASSIM, O PRÓXIMO CAMINHO A SEGUIR”
FOTO: DIANA QUINTELA
PEDRO OSÓRIO DE CASTRO
PONTOS DE VISTA A IMPORTÂNCIA DOS MEIOS DE PAGAMENTO ELETRÓNICOS NA ECONOMIA ATUAL
myPOS Na vanguarda dos Meios de Pagamento Eletrónicos Os meios de pagamento eletrónicos têm assumido cada vez maior relevância no mercado e, a verdade é que Portugal já detém alguns dos melhores e mais eficazes sistemas de pagamentos – e a myPOS é a prova clara deste facto. A missão da marca é proporcionar a cada empresa a oportunidade de colher os benefícios da inovação e das tecnologias modernas, de solucionar os desafios de pagamentos e de crescer em novas e robustas formas. Pedro Osório de Castro, Country Manager da empresa no país, contou à Revista Pontos de Vista de que forma, a mesma, tem – cada vez mais – realizado e determinando o seu compromisso com os comerciantes.
FOTO: DIANA QUINTELA
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uma altura em que se falava menos de pagamentos eletrónicos, a myPOS chegou a Portugal, em 2015, para revolucionar a forma como os mesmos eram notados e colocados em prática. Seis anos depois, Pedro Osório de Castro, fica responsável pela marca no país e ainda com a sua reestruturação e relançamento no mercado. O mundo mudou, e a myPOS, embora pioneira nas suas soluções, mudou com ele. Hoje, a myPOS fornece soluções de pagamento integradas e acessíveis, mudando a maneira como as empresas aceitam pagamentos em cartão por todos os canais – no balcão (TPA), online ou por dispositivos móveis. Assim, ao combinar as últimas tecnologias de pagamento com imaginação e reconhecimento, a marca cria, na sociedade, uma nova visão de pagamentos, que tem por base a inovação, liberdade, flexibilidade e oportunidades de crescimento – desde a empresa de grande expansão, até à mais pequena. Tudo isto funciona de forma determinada, porque existe uma equipa por detrás a desenvolver uma mentalidade inovadora capaz de solucionar qualquer desafio que se imponha. Pedro Osório de Castro, Country Manager Portugal da myPOS, afirma que “internamente estimulamos as pessoas a participarem e a sugerirem novas ideias, e procuramos sempre estar atentos ao mercado para percebermos as tendências e, assim, o próximo caminho a seguir. Ouvimos muito os nossos clientes, através de inquéritos, para percebermos não só o que eles pensam, mas, principalmente o que é que para eles faz sentido incluir no serviço”. Neste sentido, a marca vai adaptando a sua realidade à que dita e está em voga no mercado.
“SOMOS A ÚNICA EMPRESA NA EUROPA QUE DISPONIBILIZA A CHAMADA LIQUIDAÇÃO INSTANTÂNEA DE FUNDOS: QUANDO UMA TRANSAÇÃO É FEITA, ESSE VALOR É INSTANTANEAMENTE CREDITADO NA CONTA QUE O CLIENTE TEM CONNOSCO” ABRIL 2022 | 15
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PONTOS DE VISTA A IMPORTÂNCIA DOS MEIOS DE PAGAMENTO ELETRÓNICOS NA ECONOMIA ATUAL
“ESTOU TOTALMENTE CONVENCIDO QUE, DAQUI A UNS ANOS, SERÃO POUCOS OU NENHUNS OS ESTABELECIMENTOS QUE NÃO ACEITEM PAGAMENTOS ELETRÓNICOS” 16 | PONTOS DE VISTA |
AS VANTAGENS DAS SOLUÇÕES MYPOS Longe vão os dias de só podermos pagar em dinheiro. O mercado está a mudar rapidamente e com todos os avanços tecnológicos a acontecer, são inúmeras as soluções de pagamentos que temos para priorizar – os métodos que estão ao dispor atualmente são superiores em quantidade e conveniência. No que concerne às soluções que a myPOS dispõe, além dos pormenores anteriormente mencionados, os benefícios inerentes às mesmas são diversos. O foco é facilitar a vida dos comerciantes, mas de que forma? A myPOS apresenta no mercado soluções de terminais de pagamento (TPA) que servem os clientes nos vários canais de negócio, ou seja, presencial, online e dispositivos móveis. Tudo isto, tendo em aceitação as principais marcas internacionais, como a Visa, Mastercard, American Express, entre outros, não sendo necessário fazer contratos adicionais. Mas não ficamos por aqui: a myPOS não tem custos fixos (mensalidades) e, oferece a possibilidade de integrar o site de cada negócio. Mais recentemente, foi introduzida, para quem ainda não tenha website, a opção de criar com a myPOS, uma loja online e, assim, manter competitividade também por via do e-commerce. “Também disponibilizamos uma ferramenta de gestão, onde os nossos clientes podem, autonomamente, ativar os seus terminais, fazer as suas transferências e usar todas as funcionalidades de forma conveniente”, esclarece o responsável da marca em Portugal, acrescentando ainda que “somos a única empresa na Europa que disponibiliza a chamada liquidação instantânea de fundos: quando uma transação é feita, esse valor é instantaneamente creditado na conta que o cliente tem connosco. Isto é muito vantajoso porque se o comerciante precisar de, naquele momento, pagar a um fornecedor, por exemplo, pode fazê-lo”. Simplificadamente, o cliente abre uma conta gratuita com a myPOS, compra os seus terminais, usufrui da otimização do site e/ou loja com ativação sem custo extra, pagando apenas as comissões e os custos das transferências que realiza.
PONTOS DE VISTA A IMPORTÂNCIA DOS MEIOS DE PAGAMENTO ELETRÓNICOS NA ECONOMIA ATUAL
PROJETOS myPOS OS DESAFIOS QUE A MARCA PRETENDE COLMATAR Como em qualquer mudança, há desafios que é necessário ultrapassar. Neste caso, embora a aceitação por parte dos comerciantes e consumidores estar a dar largos passos em direção aos meios de pagamento eletrónicos, ainda há fatores a melhorar. Segundo Pedro Osório de Castro, “um dos desafios e que é, inclusivamente, uma das nossas prioridades, é o facto de ainda haver comerciantes que não aceitam pagamentos eletrónicos. Temos estado a tentar trazer os negócios para esta «bolha» tecnológica, de forma a ajudá-los a desenvolverem o seu negócio. Isto porque, quer queiramos quer não, atualmente, são poucas as pessoas que andam com dinheiro na carteira. Se formos a um estabelecimento que não aceite pagamentos eletrónicos, ou vamos gastar apenas o dinheiro que temos levantado, ou vamos embora”. Outro fator que poderá, para o nosso entrevistado, condicionar o avanço da tecnologia é a mentalidade ou a falta de literacia. Embora a população, de uma forma geral, já considere essencial «atrelar» o conceito de inovação e qualidade, há negócios difíceis de converter, por serem mais conservadores ou, por uma questão de idade, não ser simples manusear as ferramentas digitais. “Nós costumamos ajudar esses clientes, em todos os processos. Nos últimos anos, em Portugal, foram desenvolvidas várias iniciativas relativamente ao comércio para os ajudar a ser mais digitais e, apesar de não estarmos no patamar pretendido, temos progredido imenso”, esclarece o nosso entrevistado.
A IMPORTÂNCIA DOS MEIOS DE PAGAMENTO ELETRÓNICOS NA ECONOMIA ATUAL É facto que, com a pandemia, percebemos, enquanto sociedade, a importância que o digital tem – assistimos a determinadas evoluções em poucos meses que, em tempos, levaram décadas a acontecer. Isto tem exigido um olhar ainda mais estratégico das organizações, no sentido de acompanhar o que o consumidor espera como experiência de pagamento. “Note-se a questão do contactless, por exemplo. Por questões sanitárias, a sua utilização teve um crescimento impressionante que, na minha opinião, não terá retorno. Agora que estamos num momento em que a economia está a retomar, importa não darmos um passo atrás naquilo que já se conseguiu e, sobretudo, que já se garantiu como fundamental nas nossas vidas. Do ponto de vista dos comerciantes, vão querer, obviamente, maximizar a sua atividade pelos prejuízos que foram tendo nos últimos tempos, e faz todo o sentido que o façam através do que se tornou habitual: pela aceitação de pagamentos eletrónicos”, assegura Pedro Osório de Castro. No futuro e do ponto de vista do consumidor, “estou totalmente convencido que, daqui a uns anos, serão poucos ou nenhuns os estabelecimentos que não aceitem pagamentos eletrónicos e não me espantaria se fosse, inclusive, criada uma lei que os obrigasse a aceitarem. Eu defendo isso e acredito que mais tarde ou mais cedo surgirá uma Diretiva nesse sentido”, perspetiva o nosso entrevistado. Assim, para a recuperação económica e da atividade comercial, a intenção das empresas se munirem de soluções de pagamentos eletrónicos é válida e cada vez mais indispensável. ▪
Fortemente empenhada em desenvolver com frequência parcerias que melhorem a qualidade das suas soluções, e que podem ir desde parcerias de software, para adicionar valor à oferta, com instituições de pagamentos, no sentido de dinamizar a atividade, e até ao nível da própria comercialização das soluções, a myPOS irá continuar a dar passos firmes e resolutos neste sentido, em prol, claro está, das necessidades do mercado. Em breve serão lançadas novidades que, para já, se mantêm confidenciais. O que é certo é que ajudarão, com toda a certeza, os comerciantes a crescerem e a serem elementares no mercado. Quando se fala em inovação o tempo urge – o que hoje é dinamizador e necessário, amanhã poderá deixar de o ser. Contudo, no que diz respeito ao setor onde a myPOS, a perspetiva é que evolua precisamente no sentido de ser cada vez mais unilateral.
Agradecimento especial
Para proposta personalizada: comercial.pt@mypos.com | Telf.: 211 582 235
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PONTOS DE VISTA BREVES
Saiba como lidar com os sintomas das alergias
Frutorra junta-se à Too Good contra o desperdício alimentar Mais de um terço da comida produzida anualmente a nível mundial para consumo humano é desperdiçada, são aproximadamente 2.5 mil milhões de toneladas (segundo dados WWF, 2021). Quando por todo o mundo milhões de pessoas necessitam de assistência alimentar, é possível, através de pequenas mudanças que todos podemos fazer, alterar comportamento e hábitos de consumo, de forma a reduzir este desperdício. A Frutorra, marca portuguesa líder de mercado em frutos secos, partilha desta consciência e quer fazer parte deste movimento de mudança, por essa razão, junta-se à Too Good To Go., pretendendo fomentar uma consciência generalizada, para a importância deste problema com consequências sociais, económicas, mas também ambientais, promovendo a pre-
To Go
venção do desperdício nos diversos momentos da cadeia alimentar, desde a produção ao consumo final. Com esta parceria, a Frutorra dá também a possibilidade aos consumidores de ter os produtos Frutorra, mas também da marca Snatt’s – exclusivamente distribuída pela Frutorra em Portugal - a um preço mais reduzido. As boxes são constituídas por diferentes produtos das marcas Frutorra e Snatt’s, e podem ser encontradas ao preço de 3.99€. As primeiras Magic Box entraram em dois pontos de recolha no início de março e esgotaram em poucos dias. Neste momento já estão disponíveis em 4 pontos de recolha nas cidades de Algés, Alvalade, Aveiro e Porto. É expectável que, muito em breve, seja possível salvar mais produtos Frutorra e Snatt’s, em outras cidades do país.
Leilão de Arte com objetivo solidário reuniu obras de mais de 100 artistas Entre mais de uma centena de trabalhos doados por artistas de Norte a Sul do País, foram adquiridas mais de 70 obras, partindo de uma base de licitação de 80 euros que chegou a atingir os 450 euros de licitação, numa noite que juntou mais de 100 visitantes no Espaço da Paz, em Vila Nova de Gaia. Organizado pelos Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural, com o apoio do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e da Câmara Municipal de Gaia, o leilão terá uma segunda edição em abril, com o objetivo de reforçar o apoio à causa defendida pelos artistas. “Estamos muito satisfeitos com o resultado deste leilão, pois tivemos uma grande afluência de visitantes que se traduziu numa
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angariação relevante para a causa que defendemos. Os artistas aderiram em força, doando obras para ajudar o povo ucraniano e o público respondeu com interesse e ação num leilão em que algumas obras foram muito disputadas. Agora, os mais de 8 mil euros angariados serão utilizados na sua totalidade para comprar bens alimentares e de primeira necessidade, que a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia fará chegar ao destino. Em abril, retomaremos este formato, para dar oportunidade às obras que não foram vendidas e, acima de tudo, para reforçar este apoio que assumimos como prioritário”, defende Agostinho Santos, Presidente dos Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural.
Sol, flores e alergias. É este o verdadeiro significado da primavera para quem sofre de rinite alérgica. A parte positiva é que existem algumas dicas e alimentos que podem ajudar a minimizar os sintomas das crises alérgicas. Quem tem este problema já está habituado aos espirros, tosse, prurido, irritações cutâneas, fadiga, apatia e insónias que provoca. AFINAL, O QUE SÃO, EM CONCRETO, AS ALERGIAS? “São consideradas uma resposta de defesa inadequada por parte do sistema imunitário, uma vez exposto aos agentes alergénicos”. A prevenção, é por isso, a palavra de ordem. Os dois princípios fundamentais que deve cumprir, são comuns à prevenção de todas as outras patologias — optar por uma alimentação saudável, com um especial reforço no consumo de vitaminas, e praticar exercício físico regularmente — fundamentais para reforçar o sistema imunitário. Segundo os especialistas da Rede Portuguesa de Aerobiologia (RPA) quem sofre de alergias deve evitar “realizar atividades ao ar livre quando as concentrações polínicas são elevadas. Passeios no jardim, cortar a relva, campismo ou a prática de desporto na rua, irão aumentar a exposição aos pólenes”. Estas pessoas também devem usar óculos de sol e um chapéu para manter o pólen afastado dos olhos e seu cabelo quando está ao ar livre. Em casa, os conselhos são para que mantenham as janelas fechadas o máximo de tempo possível durante a estação do pólen.
“ESTES PRÉMIOS SÃO FUNDAMENTAIS PORQUE É O RECONHECIMENTO POR PARTE DOS CONSUMIDORES DA QUALIDADE DOS NOSSOS PRODUTOS, NO FUNDO SÃO TAMBÉM UM BARÓMETRO DE QUE ESTAMOS NO CAMINHO CERTO” ANA PAULA TEIXEIRA E CARLA TEIXEIRA
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“Celebrar 25 anos é um grande reconhecimento para continuarmos no Mercado e sermos um Parceiro de Referência” Fruto de um espírito empreendedor e de uma oportunidade que diz ter-lhe sido enviada, foi em 1997 que Ana Paula Teixeira decidiu inaugurar um projeto seu: a DHC Food Experience. Logo após três anos a desbravar este caminho, a irmã, Carla Teixeira Martins, juntou-se à equipa e hoje orgulham-se da história que juntas têm escrito. Depois de 25 anos a abraçar a liderança desta marca e a abraçar o máximo potencial de todos os que nela se cruzam, garantem que “cada conquista foi conseguida passo a passo”. Conheça o quão gratificante é celebrar estas “bodas de prata”.
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DHC Food Experience celebra em maio deste ano um quarto de século. Inaugurou-se pelas mãos de Ana Paula Teixeira, a CEO e Fundadora, que grata garante, “há 25 anos, o que me motivou a fundar a DHC foi o meu espírito empreendedor, oportunidades que surgiram, desafios, muita vontade e resiliência”. Carla Teixeira Martins, integrou a equipa em 2000, logo após terminar a faculdade. Atualmente é Diretora de Vendas da mesma. “Fazer parte deste projeto tem sido uma gratificante experiência de constante aprendizagem e simultaneamente um sentimento de gratidão pela oportunidade de trabalhar com uma equipe e parceiros extremamente profissionais que nos permitem crescer enquanto pessoas também”. 25 ANOS DE HISTÓRIA Esta é a marca das nossas entrevistadas, que representa a paixão por produtos alimentares inovadores, deliciosos, saudáveis e convenientes que visam proporcionar momentos de puro prazer aos consumidores. Todo este entusiasmo para com o caminho que Ana Paula Teixeira se comprometeu a realizar, confere hoje, à DHC um posicionamento no mercado reconhecido com inúmeros prémios, tornando-a num player de referência e excelência na sua área de atuação. Para a fundadora, “cele-
brar 25 anos com a satisfação dos nossos colaboradores e parceiros é um grande reconhecimento e uma grande motivação para continuarmos no mercado e sermos um parceiro de referência”. Certo é que o compromisso da organização passa pela seleção dos melhores produtos nas respetivas categorias em que se posicionam e pela sua colocação no mercado de forma competitiva e à altura dos consumidores mais exigentes, o que só é possível estabelecendo relações com parceiros prestigia-
dos tanto a nível nacional, como internacional. No entanto, esse é um posicionamento possível, se guiado por valores tão fundamentais como a confiança e a capacidade de adaptação. Quem o garante é Ana Paula Teixeira, “tenho a certeza que a transparência e a confiança sempre foram os valores base que nos guiaram na ligação com todos os nossos parceiros e colaboradores. É extremamente gratificante. Todos estes anos, são também um período de aprendizagem, o que significa muito, porque
está intrínseco um desafio e evolução constantes. Cada conquista foi conseguida passo a passo. Não damos nada por garantido e o sentido de proatividade está sempre presente”. E se muitas foram as conquistas, mais ainda foram os desafios que ao longo deste quarto de século as irmãs e colegas de trabalho viram-se obrigadas a superar. O que para elas não é um problema, porque garantem que “a capacidade de adaptação é o essencial, perante todas as constantes mudanças. Nos períodos de crise, antecipar e agir proativamente ou o mais cedo possível, foi o que nos permitiu superar os obstáculos que se cruzaram no nosso caminho”. A verdade é que a missão da DHC é precisamente antecipar e acompanhar as tendências de consumo, o que exige que haja por parte da empresa muita atenção, focus e dedicação. Isto porque, sabem que nenhum caminho se desbrava sem esforço e sem confiança. Precisamente por esse motivo, a consolidação da empresa neste que é um mercado cada vez mais competitivo, é hoje motivo de realização de Ana Paula Teixeira e Carla Teixeira Martins. “As principais conquistas são a satisfação dos nossos clientes e dos nossos consumidores, com os quais aprendemos todos os dias”, sustentam. Obviamente, que todo este percurso, em muito também se deve ao apoio da estrutura – que tanto es-
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timam -, à otimização de custos e à tecnologia. Por se tratarem de produtos de elevado nível de qualidade, esta é uma marca que todos os dias se empenha em “estar o mais à frente possível na implementação dos meios tecnológicos que nos possam contribuir para otimizar e reduzir custos, aumentando assim os nossos níveis de serviço. Antecipar as tendências, é fundamental”, garante a CEO. A realidade é que o mundo mudou e aquilo que era lógico e comum em 1997, data da edificação da DHC, hoje é um paradigma totalmente distinto. Estar atenta às tendências, ditou, portanto, o sucesso da marca. Carla Teixeira Martins e Ana Paula Teixeira confessam que “ao longo dos 25 anos, a velocidade com que a mudança acontece é cada vez maior. Hoje já não se fazem planos a médio prazo, temos que estar sempre a ajustar e a reagir, todos os dias. A mudança é também a mudança do consumidor. Alteração nos comportamentos, que é constante e é difícil de avaliar por muitos estudos de mercado que existam. O estar presente nos mercados, não só nacionais como internacionais e perceber os movimentos e passos que podemos realizar. E também pela experimentação”.
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“SEM OS NOSSOS PARCEIROS NÃO SOMOS NADA. E É MUITO GRATIFICANTE A FORMA COMO NOS SENTIMOS APOIADAS QUANDO SURGEM DESAFIOS, DÁ-NOS UMA GRANDE MOTIVAÇÃO. TRABALHAMOS COM PARCEIROS QUE ESTÃO MUITO BEM PREPARADOS E É UMA SATISFAÇÃO ENORME, A CONFIANÇA QUE DEPOSITAM EM NÓS. TODOS GANHAMOS COM A TRANSPARÊNCIA E COOPERAÇÃO” Num momento em que se vive uma instabilidade de preços global e transversal a todas as categorias de produtos, sem paralelo nas últimas décadas, as interlocutoras admitem que é fundamental estarem preparadas, de forma a minimizar os impactos. PRIMAZIA PELA EXCELÊNCIA Algo da qual a DHC não descura é a qualidade. Precisamente por esse motivo, os produtos da marca têm em comum o facto de o frio positivo ser o seu principal meio de conservação. Mas de que forma é que selecionam e colocam no mercado aqueles que consideram ser os melhores produtos refrigerados nas respetivas categorias em que se encontram? Questionámo-las. “Enquanto marca, a qualidade faz parte do nosso ADN, desde sempre. Esta responsabilidade de colocar no mercado produtos de qualidade, significa que procuramos os melhores produtores que nos podem oferecer esses mesmos produtos nas respetivas categorias. A conservação no frio positivo permite a conservação dos mesmos com o menor número de conservantes artificiais. Sempre fomos muito focadas e disciplinadas em nos mantermos deste posicionamento”.
Para além disso, um dos critérios de seleção dos parceiros da marca, é também os certificados de qualidade e sustentabilidade dos mesmos. “É mesmo muito importante, são requisitos das quais não prescindimos”, garante Carla Teixeira Martins. Outro fator que para a DHC faz toda a diferença é a visita regular às diversas fábricas que solidifica e fortalece as parcerias e a confiança”. Obviamente que todo este mérito, em muito se deve à estrutura, as interlocutoras são as primeiras a admiti-lo. Nos dias que correm, muito se aborda a vertente dos recursos humanos e a importância de colaboradores felizes no seio das organizações, e a verdade é que, o papel da equipa tem contribuído – e muito – no sucesso alcançado pela marca. Atualmente a DHC conta já com 14 colaboradores, e se há algo pela qual a fundadora tem apreço é pelos mesmos. A própria garante que “não podemos querer ter um nível de excelência se as pessoas não estiverem felizes. Temos pessoas que acabaram de entrar, porque felizmente, estamos a crescer e precisamos de pessoas novas, e temos outras que estão connosco desde sempre. Portanto este equilíbrio entre a experiência e a juventude que traz novos conhecimentos, é fundamental e saudável para a empresa”.
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A inovação tecnológica tem também sido um pilar essencial no desempenho e na competitividade da empresa, “procuramos sempre ser pioneiros na implementação de novas tecnologias que nos permitem melhorar e otimizar a estrutura", garante Ana Paula Teixeira. PASTA DO DIA: A DEDICAÇÃO RECONHECIDA EM PRÉMIOS Em 2013, foi altura de dar o passo seguinte. Nasceu a marca própria e nacional: Pasta do Dia. Não há dúvidas de que este foi um salto importante na afirmação da marca no mercado, até porque, nove anos depois, já ganhou três vezes consecutivas o prémio “Sabor do Ano”. As entrevistadas afirmam que “a Pasta do Dia era algo que já estava nos nossos objetivos, na altura surgiu a oportunidade, e como as massas foram dos primeiros produtos a trabalharmos em Portugal, decidimos agarrar essa oportunidade. Sem descurar as restantes marcas, ter uma marca nossa e Portuguesa era um dos nossos grandes objetivos e somos muito gratas pelo reconhecimento que a marca tem recebido no mercado”. Naturalmente que por detrás de todos os prémios para as quais a marca tem sido votada, existe uma rede de colaboradores e parceiros que em muito contribuem para este reconhecimento. Confiança e transparência, são valores fundamentais para criar esta dinâmica. As entrevistadas reconhecem mesmo que “sem os nossos parceiros não somos
nada. E é muito gratificante a forma como nos sentimos apoiadas quando surgem desafios, dá-nos uma grande motivação. Trabalhamos com parceiros que estão muito bem preparados e é uma satisfação enorme, a confiança que depositam em nós. Todos ganhamos com a transparência e cooperação”, afirma com um sorriso Ana Paula Teixeira. A capacidade de retirar aspetos positivos em momentos mais desafiantes é fundamental, e sendo inevitável falar da questão da pandemia, sabemos que este período de imprevisibilidade acrescentou desafios à DHC. “Foi sempre um desafio e ainda é. Tivemos que mais uma vez, ter uma enorme capacidade de adaptação. Inicialmente precisámos de prever qual seria o impacto uma vez que poderia existir uma transferência de consumo da restauração e da hotelaria para o consumo doméstico. Mas mais uma vez, o espírito de parceria e confiança dos nossos parceiros fizeram com que o impacto fosse suavizado e ultrapassado positivamente”. Em 2022, a marca PASTA DO DIA ganhou pela terceira vez consecutiva o prémio “Sabor do Ano” com a receita de Massa Folhada nos diversos formatos disponíveis no mercado, o que é sempre um motivo de grande satisfação para Ana Paula Teixeira e Carla Teixeira Martins. “Estes prémios são fundamentais porque é o reconhecimento por parte dos consumidores da qualidade dos nossos produtos, no fundo são também um barómetro de que estamos no caminho certo”.▪
O Futuro e a Qualidade Alimentar A celebrar 25 anos de história, excelência e confiança, as entrevistadas confidenciaram à Revista Pontos de Vista que o ano de 2022 irá trazer inúmeras novidades. Isto porque “estes 25 anos dão-nos muita força, ter noção desta oportunidade que nos é dada e que foi conquistada, é essencial”. Adiantaram ainda, aos leitores e a quem as procura, que a Pasta do Dia terá uma nova imagem e sete novas referências ainda em 2022. Para além disso, e de forma a marcar a carreira de 25 anos, irão lançar no mercado um total de 25 novos produtos, confidenciam. E para que não restem dúvidas, se a DHC pudesse ser descrita em poucas palavras, pelas entrevistadas, pelos clientes, pelos parceiros e pela estrutura, seria “satisfação dos consumidores”. Esta é a imagem que pretendem manter no mercado onde atuam, levando a satisfação alimentar à mesa de todos. “Obrigada a todos os nossos parceiros e consumidores por toda a confiança. Partilhem connosco as vossas sugestões e experiências com os nossos produtos para que possamos contribuir cada vez mais para a nossa Missão! Muito Obrigada".
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PONTOS DE VISTA
"SOU UMAXXXXX PESSOA QUE ADORA PESSOAS. MUITO VISUAL, NÃO GOSTO DE ROTINAS, ADORO COMUNICAR, E TENTO SER OUVINTE ATENTA A TUDO O QUE ME RODEIA. GOSTO MUITO DE AMBIENTES MULTICULTURAIS E DIVERSIFICADOS. CONSIDERO-ME UMA APRENDIZA AO LONGO DA VIDA. ADORO ESTAR RODEADA DE AMIGOS, GOSTO DE TRABALHO EM EQUIPA, E DE CONSTRUIR. SOU “HÍPER” ORGANIZADA"
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RITA DÓRIA, DIRETORA VALUE CHAIN AFTER SALES DIVISION DA TOYOTA CAETANO PORTUGAL, S.A
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PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“É crucial reconhecer a Diversidade como fator distintivo das Organizações” Rita Dória, Diretora Value Chain After Sales Division da Toyota Caetano Portugal, S.A., revela em entrevista à Revista Pontos de Vista de que forma se caracteriza em todas as vertentes da vida: enquanto pessoa, mulher e profissional. Paixão, determinação e procura de conhecimento contínuo são algumas das «ferramentas» inatas que leva consigo, dia após dia. Conheça ainda de que forma tudo isto se traduz na liderança que desenvolve há 11 anos na Toyota Caetano Portugal.
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Há quase 28 anos na Toyota Caetano Portugal, passou por diversos departamentos, tais como Marketing ou Vendas. Como é, para si, pertencer a uma empresa que desenvolve atividade há mais de 70 anos? São anos de Paixão, de Relações, de Kaizen (melhoria contínua), de batalhas, de dedicação, de retorno e satisfação. A Toyota e o Grupo Salvador Caetano são um exemplo de persistência, de nunca desistir e de muito trabalho. Atualmente (e há 11 anos) assegura a função de Diretora Value Chain da Toyota Caetano Portugal. Que mais-valias este cargo de responsabilidade trouxe à sua carreira profissional? Imensas mais-valias, e que devido à complexidade que o negócio após-venda acarreta, obriga a uma multiplicidade de conhecimento, e de redobrada atenção.
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Rita Dória conta com uma história vasta de experiência profissional até então. Queremos conhecê-la melhor. Quem é enquanto pessoa, mulher e profissional? Sou uma pessoa que adora pessoas. Muito visual, não gosto de rotinas, adoro comunicar, e tento ser ouvinte atenta a tudo o que me rodeia. Gosto muito de ambientes multiculturais e diversificados. Considero-me uma aprendiza ao longo da vida. Adoro estar rodeada de amigos, gosto de trabalho em equipa, e de construir. Sou “híper” organizada.
“A TOYOTA E O GRUPO SALVADOR CAETANO SÃO UM EXEMPLO DE PERSISTÊNCIA, DE NUNCA DESISTIR E DE MUITO TRABALHO”
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PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“NA FILOSOFIA KAIZEN, SEGUIDA NESTA EMPRESA E PELA MARCA, AS DIFICULDADES TRANSFORMAM-SE EM OPORTUNIDADES. É ASSIM QUE QUERO SEMPRE PENSAR E AGIR” Mas se tentar resumir em duas frases, seriam: “never give up”, e “we never have the second chance to make a first good impression”. Os valores que são assumidos, enquanto elementos definidores da marca Toyota Caetano Portugal, são transversais a todos os profissionais e às várias áreas da empresa, mostrando-se decisivos para a sua evolução e contínuo sucesso. Tendo uma voz ativa e preponderante neste processo, de que forma tem assegurado a qualidade reconhecida em todas as áreas que a marca opera? A qualidade é um dos pilares da Toyota e do GSC, está sempre presente em tudo o que fazemos, desde a qualidade de produto, à qualidade do projeto, à qualidade na relação com os(as) Clientes (internos e externos), entre outros. E a filosofia e o modo de estar e pensar, o KAIZEN - melhoria contínua, fazem com que a sustentabilidade e o foco na solução e não no problema, sejam sempre constantes e presentes.
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Face aos inúmeros desafios dos últimos dois anos, muitas empresas viram-se obrigadas a restabelecer prioridades e objetivos. Fazendo uma análise da atividade após-venda da Toyota Caetano Portugal, que impacto a pandemia causou no negócio da empresa ao longo destes tempos complexos? Trouxe-nos mais certezas da importância dos planos bem traçados, com objetivos bem delineados. Os parceiros e equipas certas também fazem a diferença e não nos deixam sair da “rota”.
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Certo é, a Toyota Caetano Portugal é uma referência em todas as áreas em que atua, pela sua capacidade de inovar e de responder a todos os desafios. Acredita que, por estas razões, é uma marca que, além da sua distinção no mercado, é «vencedora» da crise pandémica? Não sei se a palavra certa é vencedora, mas senti que eventualmente custou menos, e que a estrutura (pessoas, ferramentas, processos, entre outros) instalada teve a capacidade de ir vencendo os obstáculos, e vendo as oportunidades, disto não tenho dúvidas.
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Falando um pouco mais sobre a Rita Dória, sabemos que é uma mulher determinada e, consequentemente, uma profissional de sucesso virada para o futuro. Tendo a ocupação anteriormente mencionada na Toyota Caetano Portugal, que características pessoais diria serem fulcrais para se singrar no mundo dos negócios? Paixão, Determinação, “Never Look Back”, procura contínua de conhecimento, networking, mentoria.
"É CRUCIAL RECONHECER A DIVERSIDADE COMO FATOR DISTINTIVO DAS ORGANIZAÇÕES, EM QUE A QUALIDADE E A EXCELÊNCIA DAS PESSOAS DEPENDEM DE UMA CULTURA INCLUSIVA, ONDE A SELEÇÃO É INDEPENDENTE DO GÉNERO, ETNIA, RELIGIÃO OU IDADE"
Muitos afirmam que o setor onde a Toyota Caetano Portugal se insere é marcado por alguma resistência à mudança que este mercado acarreta. Sente que no seio desta empresa, todas as oportunidades que advieram das adversidades, foram bem recebidas no mercado? Em que medida? A melhoria contínua, Kaizen, “nasce” com a Toyota, e é esse o nosso lema e forma de trabalhar, logo mesmo que existam resistências como diz, são para ser ultrapassadas.
É crucial reconhecer a diversidade como fator distintivo das organizações, em que a qualidade e a excelência das pessoas dependem de uma cultura inclusiva, onde a seleção é independente do género, etnia, religião ou idade. Verdade que já muito se fez em Portugal nos últimos anos, sobretudo com a introdução da Lei da Representação Equilibrada, mas ainda há um longo caminho a percorrer. O que se deve lutar, é para que estas questões, nem sejam tema.
Consciente de que o mundo ainda exige mais à mulher do que ao homem, acredita que, atualmente, os desafios continuam a ser maiores quando é uma mulher a enveredar pelo mundo dos negócios, bem como em cargos de liderança, como no caso da Rita Dória? Tive de vencer certos desafios, marcados principalmente por alguma resistência à mudança que este setor acarreta, assim como a desconfiança, relativamente a determinadas decisões ou opiniões. Na filosofia Kaizen, seguida nesta empresa e pela marca, as dificuldades transformam-se em oportunidades. É assim que quero sempre pensar e agir. E sim, desafios por ser mulher em alguns momentos, mas pelo lado da assertividade, autenticidade e capacidade de observação de tudo o que nos rodeia. Neste setor, e porque por vezes sou a única, ou das poucas mulheres em lugares de liderança, a presença com opiniões diferentes, ou com visões distintas, pode, e deve ser encarada, como diferenciadora.
A verdade é que, muito do sucesso pessoal e profissional, deve-se à motivação que as pessoas no geral requerem – uma pessoa motivada chega mais facilmente às metas a que se propõe. Assim, qual tem vindo a ser o seu estímulo diário ao longo dos anos? O estímulo penso que tem sido, o de ter paixão pelo que faço, e pelas pessoas que me rodeiam. Seguir um padrão pelas emoções positivas.
A título pessoal, considera que as mulheres podem, nos tempos modernos, ter o seu espaço e usufruir na plenitude do seu potencial e capacidades? Neste sentido, há algo que, na sua perspetiva, seja urgente mudar ou transformar?
Olhando para trás daqui a uns anos, seja a nível pessoal ou profissional, qual é a marca/ mudança que gostaria de deixar no mundo e, em particular, na empresa que integra e onde é líder? Que “a alma é o segredo do negócio”, penso que se conseguisse deixar essa marca, me sentia muito mais feliz. Já a curto prazo, que novidades e projetos podemos esperar da Toyota Caetano Portugal, de forma a fazer jus ao que a define: uma empresa estratega que, assentando na preocupação com colaboradores e clientes, é reconhecida como uma entidade íntegra na relação com o ambiente e comunidade, empenhada na melhoria constante e na permanente satisfação dos clientes? Sem dúvida que uma delas, é o hidrogénio como fonte energética para a mobilidade. ▪
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FOTO: SARA MATOS
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DIANA QUINTELA
“Procuro acima de tudo que o meu trabalho tenha um Propósito, que conte uma História e que fale a Verdade” A arte da fotografia faz parte da sua vida e procura sempre que o seu trabalho tenha um propósito, que conte uma história e que fale a verdade. Falamos de Diana Quintela, uma profissional de excelência no universo da fotografia e que honrou a Revista Pontos de Vista com a sua presença. Saiba mais.
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nteressou-se desde cedo pela fotografia, uma área à qual tem dedicado toda a sua vida profissional. Em que momento tomou consciência desta decisão? Não consigo recordar-me ao certo em que momento se deu essa tomada de consciência, no entanto lembro-me precisamente da primeira fotografia que fiz, ainda muito nova, deveria ter uns três anos. A fotografia sempre esteve presente ao longo da minha vida enquanto memória e objeto documental dos momentos de família. Havia sempre muitos álbuns de fotografia em casa dos meus pais e recordo-me de todo o ritual desde o ato de fotografar, até ao tempo de espera para revelar os rolos e ver a impressão final das imagens. O momento em que finalmente as recebíamos era importante, era um momento de entusiasmo.
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Penso que esse processo a que assisti muitas vezes acabou por reforçar e influenciar a minha decisão de estudar fotografia, uns anos mais tarde, por volta dos meus quinze anos. Em 2004, após concluir o curso profissional de fotografia, recebeu uma bolsa para a realização de um estágio profissional na Finlândia, na área do Fotojornalismo. Tendo em conta que foi um dos primeiros desafios profissionais, pode descrever como correu esta experiência? Na verdade, quando aconteceu este estágio profissional na Finlândia, mais concretamente em Kokkola, eu já tinha estagiado na redação do jornal Diário de Notícias. Estas experiências foram bastante diferentes entre si, não só pela questão cultural, mas também pela forma de encarar o trabalho, que é muito diferente daquilo que estamos
habituados em Portugal. Kokkola é uma pequena cidade costeira, absolutamente tranquila e com um estilo de vida muito calmo e diferente daquele que conhecemos nas nossas maiores cidades, seja em Lisboa ou no Porto. As pessoas, o clima, a luz, a cultura de trabalho e até a passagem do tempo. Tudo isso fez com que esta fosse uma experiência muito enriquecedora a vários níveis. Guardo muito boas memórias, bons amigos e é um país onde gosto sempre de voltar. Posteriormente regressou a Lisboa e integrou inúmeros projetos profissionais. Podemos ver no seu portefólio um vasto número de trabalhos dentro da área da fotografia. Enquanto profissional quais os principais desafios que encontra diariamente e o que é que define o seu trabalho? Procuro acima de tudo que o meu trabalho tenha
um propósito, que conte uma história e que fale a verdade. Na maioria das situações o fotógrafo tem muito pouco tempo para conseguir criar uma ligação com o objeto ou a pessoa fotografada e esse é muitas vezes o grande desafio. É importante fazer uma leitura correta de todas as variáveis no pouco tempo que dispomos. É fundamental ler o espaço, a luz, e criar empatia com as pessoas de modo a deixa-las confortáveis na nossa presença pois isso acaba por se refletir no resultado do trabalho. Sinto que esta postura acaba por ser transversal nas várias vertentes do meu trabalho, seja em reportagem, retrato, fotografia de arquitetura ou de viagem. A fotografia é uma área de ampla difusão que faz relatos de momentos e histórias através de imagens. Considera que esta área é suficientemente reconhecida na sociedade? Na sua perspetiva quais os aspetos principais para garantir um trabalho de qualidade? Desde o início da existência da fotografia que, a meu ver, o seu grande propósito e contributo para a sociedade é o seu papel documental que contribui para a preservação da memória. As imagens contam histórias, dão-nos a conhecer os nossos antepassados, a nossa própria história individual ou memória coletiva. Remetem-nos para sensações e têm o poder de alterar o nosso estado de espírito. Mas talvez o mais relevante seja o momento em que uma imagem tem a capacidade de alterar o rumo de uma história ou da vida de alguém. E isso é algo que continuo a acreditar que acontece com frequência no fotojornalismo e que, a meu ver, a par do lado documental, é um dos grandes propósitos do trabalho do Fotojornalista. Penso que a fotografia profissional (nas suas mais variadas vertentes) continua a não ser uma área devidamente reconhecida. Há ainda um longo caminho a percorrer no que toca ao verdadeiro papel do fotógrafo profissional nomeadamente o seu papel na sociedade, a questão do respeito pelos direitos de autor, ou até a consciência da necessidade do trabalho de um profissional. Isto acaba por ser um pouco irónico atendendo ao momento que vivemos em que a imagem mais do que nunca está presente, informa, conta histórias, vende e acaba por ser utilizada nas mais diversas áreas, e com os mais variados propósitos. As pessoas de uma forma geral preocupam-se com a sua imagem, com a imagem dos seus negócios ou daquilo que pretendem comunicar, contudo nem sempre percebem que isso passa também necessariamente por uma tomada de consciência da importância de encontrar um fotógrafo com o qual se identifiquem, que lhes transmita confiança e cujo trabalho e linguagem vá ao encontro daquilo que pretendem. Muitos fotógrafos (e artistas) defendem que a inspiração surge do trabalho. Por outro lado, um processo criativo parece depender das influências do seu autor. Quais as suas
referências e onde vai buscar inspiração para os seus trabalhos? Penso que para se ser um bom fotógrafo é essencial ter uma cultura visual e alimentar esse lado quase diariamente seja através de outros autores ou das situações com as quais nos confrontamos no dia a dia. Penso que a formação é importante porque nos permite aprender aspetos técnicos, mas também aprofundar os aspetos artísticos e históricos. Nesse sentido, conhecer a história da fotografia, estar atento à história da arte e arte contemporânea bem como ao cinema, é aquilo que nos permite estar em constante observação e questionar o mundo que nos rodeia. É importante percebermos aquilo com que nos identificamos. Desde cedo fui admirando alguns fotógrafos no mundo do fotojornalismo e da fotografia artística. Habituei-me a acompanhar o seu trabalho e isso torna-se, sem dúvida, de uma forma mais ou menos consciente, uma fonte de inspiração. Muitas vezes olhamos para o nosso trabalho e verificamos que a composição, a luz ou o enquadramento nos remetem para o trabalho de um fotógrafo que admiramos, e isso geralmente acontece sem nos apercebermos porque nasce da cultura visual que fomos acumulando e consolidando ao longo dos anos. É importante continuar a fotografar constantemente, de forma diária, e acima de tudo ver muita fotografia com um olhar atento e não apenas como espectador passivo. Muitas mulheres, ao longo da história, pela sua criatividade e tenacidade, contribuíram para a evolução da Fotografia. Acredita que é essencial dar visibilidade a estas personalidades e debater a força e a perspetiva feminina que está por detrás de uma lente? De que forma? Acredito essencialmente que a visão de cada um está condicionada por toda a bagagem que nos acompanha e nos define enquanto pessoas e profissionais. Nesse sentido acredito também que o olhar e o trabalho fotográfico de uma mulher pode trazer uma mais-valia para um mundo que há uns anos era maioritariamente masculino, mas que hoje em dia já vai tendo muitas mulheres, e excelentes referências não só em Portugal como lá fora. Não há dúvida que esses nomes vieram enriquecer o mundo da fotografia e do fotojornalismo e abrir novas oportunidades que antes não existiam. Na minha opinião é importante dar oportunidade às mulheres para mostrarem o seu trabalho, não apenas pelo facto de serem mulheres, mas acima de tudo pelo facto de o seu trabalho ser tão ou mais válido do que outros. Acredito que o grande passo a dar é precisamente esse, olhar para um fotógrafo e uma fotógrafa em absoluto pé de igualdade porque nesse momento estaremos em condições de olhar para a fotografia por si só, sem preconceitos ou julgamentos antecipados. ▪
FOTO: SARA MATOS
PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO
Para terminar, que conselhos daria a alguém que se está a iniciar na profissão de fotógrafo? O maior conselho, não só na fotografia, mas em todas as áreas, é a persistência e nunca desistir daquilo que se gosta. Todas as áreas apresentam dificuldades e só conseguiremos correr se for por gosto, para não nos cansarmos ao fim da primeira corrida. Penso que é fundamental perceber se é a fotografia que nos move e se a resposta for positiva, abraçar o desafio com todo o querer. Ao trabalharmos sobre esse pressuposto, estou convencida que tudo se torna mais fácil e entusiasmante. A partir daí acredito que há aspetos muito importantes como a humildade ou a vontade de querer ouvir as críticas que serão essenciais para consolidar um percurso e poder melhorar todos os dias. É importante perceber que o trabalho de um fotógrafo nunca está terminado, é uma aprendizagem constante, até porque os desafios mudam consoante o trabalho. Também acredito que fotografar, ver fotografia e conversar sobre fotografia são pontos muito importantes para qualquer fotógrafo porque se deixa de encarar o trabalho como algo separado da vida. É inevitável que a fotografia faça parte da vida e do dia a dia de qualquer fotógrafo.
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PONTOS DE VISTA DIA INTERNACIONAL DA SAÚDE FEMININA
“O NOSSO COMPROMISSO COM A MULHER DE HOJE É MAIS DO QUE UM SIMPLES JARGÃO, UTILIZADO NA DINÂMICA DE COMUNICAÇÃO DE UMA EMPRESA FARMACÊUTICA QUE SE ESPECIALIZOU NA SAÚDE DA MULHER. A NOSSA MENSAGEM SOCIAL JUNTO DAS MULHERES, EM TODAS AS OCASIÕES, É A DE CONTRIBUIR PARA QUE A MULHER NÃO SE SINTA LIMITADA PELAS ESPECIFICIDADES DA SUA CONDIÇÃO DE MULHER, MUITO PELO CONTRÁRIO”
FOTO: DIANA QUINTELA
MIGUEL COELHO, GM DA PROCARE HEALTH PORTUGAL,
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PONTOS DE VISTA DIA INTERNACIONAL DA SAÚDE FEMININA
“Queremos contribuir para que a Mulher não se sinta limitada pelas especificidades da sua condição de Mulher, muito pelo contrário” A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Miguel Coelho, GM da Procare Health Portugal, que nos deu a conhecer um pouco mais da marca e do importante compromisso que a mesma tem na vertente da Saúde da Mulher.
FOTO: DIANA QUINTELA
A
Procare Health é um laboratório farmacêutico focado na saúde e bem-estar do género feminino, tendo, portanto, um “compromisso com a mulher de hoje”. Neste sentido, de que forma a marca implementa na sociedade – principalmente junto das mulheres – esta missão? O nosso compromisso com a mulher de hoje é mais do que um simples jargão, utilizado na dinâmica de comunicação de uma empresa farmacêutica que se especializou na Saúde da Mulher. Dissecando esta expressão, começo por falar no nosso compromisso, que foi a razão por que iniciámos este projecto, a de criar uma empresa dedicada à investigação e comercialização de soluções terapêuticas, de base natural ou síntese não química, numa lógica de Natural Evidence Based Medicine. A segunda parte do nosso claim refere-se à mulher de hoje. Não sendo a igualdade de género o tema desta questão, importa referir que, não obstante haver ainda muito por fazer, a mulher de hoje distingue-se da mulher do tempo das nossas avós, naquilo que é o seu papel social, profissional, relacional, ma também na forma como assume a sua condição feminina. A mulher de hoje assume-se como mulher, ponto final. Não tem que fazer uma colagem ao
género homem para se demarcar em lugares de destaque, liderança, mas também não deixa de assumir plenamente o seu papel de mulher enquanto mãe ou cônjuge. A nossa mensagem social junto das mulheres, em todas as ocasiões, é a de contribuir para que a mulher não se sinta limitada pelas especificidades da sua condição de mulher, muito pelo contrário.
"EXISTEM DIVERSOS SINAIS QUE DEVEREMOS CONSIDERAR NO SENTIDO DE MELHORAR A SAÚDE DA MULHER. EU DIRIA QUE UM DOS ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA OBTER MELHORES RESULTADOS EM SAÚDE E, CONSEQUENTEMENTE, UMA MELHOR QUALIDADE DE VIDA PASSA PELA PREVENÇÃO"
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FOTO: DIANA QUINTELA
PONTOS DE VISTA DIA INTERNACIONAL DA SAÚDE FEMININA
A Organização Mundial de Saúde afirma que a saúde é o bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. Na perspetiva da Procare Health, e enquanto especialistas nesta área, em que medida esta afirmação se relaciona com a mulher dos dias de hoje? Essa definição de saúde remonta aos anos 40 do século passado. Naturalmente que continua actual, mas não define a nossa forma de estar na saúde da mulher. Para além da doença, existem situações que fazem parte do percurso por que o corpo da mulher vai passando ao longo dos anos. O que antigamente era considerado uma doença, uma limitação, uma perda de função, é hoje entendido como uma condição própria da fisiologia da mulher. Nós estudamos formas de tratar a doença e de melhorar a condição de saúde da mulher. Procuramos cobrir lacunas terapêuticas, mas também desenvolver ferramentas para melhor lidar com situações que fazem parte do percurso de vida de uma mulher. Melhorar a sua capacidade reprodutiva ou reduzir a sintomatologia associada à aproximação da menopausa não tem que ser uma estratégia terapêutica, mas é indiscutivelmente uma forma de melhorar o bem-estar da mulher. Sabemos que apesar de toda a informação e conhecimento, atualmente existe um alerta sobre a saúde da mulher. Porquê? Existem diversos sinais que deveremos considerar no sentido de melhorar a saúde da mulher. Eu diria que um dos aspectos fundamentais para obter melhores resultados em saúde e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida passa pela prevenção.
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Existem um sem número de medidas que devem ser tomadas, em diversas idades e fases da vida da mulher, para garantir que não surgirão novas doenças. Desde o despiste de determinados tipos de cancro, passando pela avaliação regular da saúde vaginal, pela avaliação da melhor condição para engravidar, até ao controle de doenças sexualmente transmissíveis, as medidas preventivas são fundamentais para assegurar uma vida saudável. Sabemos que a pandemia nos trouxe enormes desafios no acesso à saúde, dada a evidente prioridade de resposta aos doentes com Covid-19 e um desses problemas surge justamente no menor rigor dos planos de rastreio de doença. Considero absolutamente fundamental retomar todo esse trabalho e recuperar as doentes cujo acompanhamento se deteriorou ou perdeu. Esta é uma marca que procura disponibilizar soluções terapêuticas inovadoras com o objetivo de melhorar a oferta dos melhores tratamentos para a saúde da mulher. Assim, quais considera que são as maiores necessidades deste público? A resposta a essa questão pode ser encontrada no plano estratégico que desenvolvemos e que é ciclicamente medido na sua eficácia. Existem, na saúde da mulher, algumas áreas que se tornaram desafios para nós: as afecções do tracto genito-urinário, incluindo a prevenção de lesões causadas pelo papiloma vírus humano, a menopausa e a fertilidade são algumas áreas em que estamos a investir fortemente na evidência clínica das soluções terapêuticas de que dispomos. É com orgulho que vemos publicados os resultados desta investigação nas prin-
“NÓS ESTUDAMOS FORMAS DE TRATAR A DOENÇA E DE MELHORAR A CONDIÇÃO DE SAÚDE DA MULHER. PROCURAMOS COBRIR LACUNAS TERAPÊUTICAS, MAS TAMBÉM DESENVOLVER FERRAMENTAS PARA MELHOR LIDAR COM SITUAÇÕES QUE FAZEM PARTE DO PERCURSO DE VIDA DE UMA MULHER”
cipais publicações e eventos internacionais da especialidade e dos milhares de mulheres tratadas nos 66 países onde operamos actualmente. A 28 de maio celebra-se o Dia Internacional da Saúde Feminina. Uma efeméride que acima de tudo, visa alertar a sociedade para as desigualdades entre mulheres e homens no acesso aos cuidados de saúde. Na opinião do Miguel Coelho, que caminho tem vindo a ser traçado no que diz respeito a esta disparidade? Esta data é importante porque permite abrir diversos canais de informação e prioriza um assunto que é para nós um tema que norteia
todos os dias do ano. Quem me conhece sabe que eu gosto muito de celebrar, mas sou pouco adepto de efemérides com data marcada. Contudo, não posso, enquanto responsável pela Procare Health Portugal, deixar de juntar a nossa voz à de todas as mulheres, homens, entidades, que lutam pela equidade de oportunidades. Este é um ano particularmente distinto, porque estamos a viver uma guerra em frente à porta das nossas casas, que tem vindo a mostrar a força das mulheres que pegam nos seus filhos ao colo e os levam para lugares seguros, separando-se dos seus companheiros que ficam a fazer a guerra. Quando profiro estas palavras quase sinto que estou a ler um livro de História, relatando algo que aconteceu no passado. Este dia será dedicado a todas as mulheres, mas em particular às mulheres que tomaram as rédeas da incerteza e que mostraram a força do seu género para preservar a sua família. Em resposta à sua questão, apenas direi que, enquanto agentes de saúde e membros socialmente activos da sociedade estaremos sempre disponíveis para participar em todas as causas em que impera a justiça. O acesso à saúde é e deverá sempre ser universal e sem restrições.
A terminar, que alertas e orientações lhe apraz deixar a todas as mulheres para que, cada vez mais, cuidem da sua saúde e bem-estar? O meu papel enquanto director de uma empresa focada na saúde da mulher, mas também como homem, pai, filho, marido, já me ensinou que a mulher de hoje cada vez menos necessita de alertas e orientações. Basta ser assumidamente Mulher.
FOTO: DIANA QUINTELA
PONTOS DE VISTA DIA INTERNACIONAL DA SAÚDE FEMININA
Certo é que as lesões do colo do útero causadas pelo vírus papiloma humano (HPV) têm vindo cada vez mais a ser merecedoras de atenção, por se tratar de um problema grave. De que forma a Procare Health procura oferecer as melhores soluções para prevenir e tratar esta “doença”? O objectivo dos agentes de saúde que intervêm no desenvolvimento de doença causada pelo HPV é conseguir erradicar este vírus nos próximos anos. Para tal, as doentes dispõem de uma vacina preventiva, que faz parte do plano de vacinação e que tem um papel fundamental na redução da sua incidência. No entanto, os números mostram de forma cruel que milhares de mulheres contraem este vírus todos os anos. Destas, infelizmente temos que contabilizar mortes por cancro do colo do útero que poderiam ser evitadas. Na Procare Health, estudámos intensamente este vírus e desenvolvemos uma solução terapêutica para tratar essas lesões. Desenvolvemos um programa de investigação clínica muito robusto, contando para tal com a participação de muitas unidades hospitalares que acompanham a evolução do tratamento em mulheres com HPV positivo. Não posso deixar de referir que este tratamento, tal como outros do nosso portfólio, é composto por diversos ingredientes da base natural e que os estudos feitos demonstram o efeito sinérgico que todos estes ingredientes têm no combate da doença. São muitas horas de experimentação, mas que são compensadas pela experiência relatada de sucessos terapêuticos. ▪ Nota: O autor não usa o novo acordo ortográfico.
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PONTOS DE VISTA BREVES
Burlas Online:
reclamações contra lojas no facebook e instagram disparam 325% As reclamações recebidas na maior rede social de consumidores de Portugal não deixam dúvidas: há um problema com as lojas online do Facebook e do Instagram, que está a levar centenas de consumidores ao engano. Quem compra só percebe depois, quando o produto não chega e a loja deixa de estar visível, porque foi apagada ou porque o perfil do comprador foi bloqueado. No primeiro trimestre deste ano, o Portal da Queixa identificou um aumento de 325% do número de reclamações relacionadas com compras online em lojas existentes no Facebook e no Instagram, em comparação com o período homólogo (01 de janeiro e 30 de março de 2021). Segundo alerta o Portal da Queixa, esta é uma forma fácil e rápida de burlar os consumidores: “A facilidade com que se cria uma loja online, nestas plataformas, leva a que pessoas mal-intencionadas encontrem aqui uma forma fácil e rápida de enganar os consumidores, sobretudo os menos informados, que são um alvo mais fácil de cair neste esquema”. Comprar no Facebook e no Instagram é seguro? Com o boom do e-commerce, as lojas online associadas ao Facebook e ao Instagram ganharam especial relevância. Para a maior rede social de consumidores de Portugal, comprar online sim, mas é importante ter atenção ao que se compra nestas plataformas e é preciso antecipar situações e prever riscos. Em caso de dúvida ou de burla, é igualmente importante denunciar sempre em plataformas como o Portal da Queixa. 4 CUIDADOS ANTES DE COMPRAR NAS REDES SOCIAIS FACEBOOK E INSTAGRAM: 1. Pesquisar antes de comprar. Pesquisar o mais possível sobre a marca, sobre experiências de outros consumidores e qual é a performance da marca segundo os mesmos. O Portal da Queixa disponibiliza esta informação útil e atualizada na sua plataforma. 2. Dar preferência ao Instagram Shop. O Instagram Shop é direcionado a contas comerciais e permite colocar o preço e link direto à loja na própria publicação. O processo de validação do Instagram Shop de uma marca está sujeito a vários critérios rigorosos, entre eles a vinculação a um site credível e seguro, algo que traz alguma segurança ao consumidor. 3. Desconfiar de produtos baratos. Podem nunca chegar, podem não corresponder à realidade, podem ser falsos ou contrafação. 4. Muita pressão por parte do vendedor? Não comprar! Se existir pressão por parte do vendedor em realizares a compra pode significar burla. Nenhuma loja online credível e segura pressiona os seus clientes a comprar algo. Como nas lojas físicas, o consumidor só compra se assim o entender.
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Médico português lança aplicação gratuita que ajuda a lidar com a ansiedade e a depressão O Centro de Medicina Digital P5 da Universidade do Minho, lançou uma aplicação para telemóvel focada na saúde mental. O objetivo é promover a auto-monitorização dos sintomas de ansiedade e depressão por parte dos utilizadores. A aplicação P5 Saúde Mental permite a autoavaliação de manifestações ansiosas e depressivas e ainda o acesso a ferramentas de gestão emocional, melhoria do sono e adoção de um estilo de vida saudável. Este processo é feito através da resposta a dois ques-
tionários frequentemente utilizados na prática clínica para identificar estes sintomas. A app pode ser utilizada por todos e inclui também uma série de outras funcionalidades que incluem técnicas de relaxamento e de melhoria do sono, que ajudam a prevenir outras doenças. Portugal tem um longo caminho a percorrer no que diz respeito à promoção da saúde mental, à prevenção da doença psiquiátrica e ao diagnóstico precoce, o que torna iniciativas como estas fundamentais na vida das pessoas.
Sofre de prisão de ventre? Este é o alimento de que precisa na sua vida Tal como acontece com os brócolos — os irmãos mais velhos deste legume — os bimis não são propriamente apetecíveis para a maioria das pessoas. Porém, são dos que mais interferem, pela positiva, na nossa saúde. A sua influência é tal no nosso organismo que podemos mesmo dizer que funcionam como uma espécie de sustento. Também conhecidos por brocolini ou brócolos bebés, estes legumes são originários do Japão. Resultam do cruzamento entre o brócolo e a couve-chinesa, kailan. Apesar de ter nascido em terras orientais, vários produtores nacionais estão a apostar neste hortícola, motivados pela grande procura. Tal como outras verduras, as suas propriedades nutricionais estão associadas à proteção contra algumas patologias, nomeadamente as
cardiovasculares. Os bimis são ricos em minerais como o magnésio e o cálcio e vitaminas A, C e complexo B. Consumi-los de forma regular reduz o risco de doenças crónicas, ajuda a retardar o envelhecimento, protege contra alguns tipos de cancro e ainda combate estados inflamatórios e a prisão de ventre. É também muito interessante para quem está em processo de perda ou manutenção do peso. Podem ser incluídos numa salada, por exemplo, com tomate, rúcula, alface e queijo mozzarela. Se preferir cozinhá-los faça-o a baixa temperatura e, no máximo, por três minutos. São suficientes para os cozer conservando as suas propriedades nutricionais. Outra alternativa é juntá-los aos últimos 20 minutos da preparação dos assados de carne ou peixe.
PONTOS DE VISTA OFTALMOLOGIA – SÍNDROME DO OLHO SECO
OPINIÃO DE J. SALGADO-BORGES. MD, PHD, FEBO, DIRETOR CLÍNICO DA CLINSBORGES E EMBAIXADOR EM PORTUGAL DO TFOS (TEAR FILM & OCULAR SURFACE SOCIETY) WWW.CLINSBORGES.PT / WWW.SALGADOBORGES.COM
SÍNDROME DO OLHO SECO Uma verdadeira ameaça à Saúde Ocular dos Portugueses
Neste contexto, devo salientar que a Síndrome do Olho Seco afeta não apenas a quantidade, mas também a própria qualidade do filme lacrimal. Portanto, é extremamente importante ficar atento aos sintomas, e procurar obter quanto antes um tratamento adequado junto de um médico oftalmologista. Felizmente, a Síndrome do Olho Seco, ao contrário de outras doenças oculares, como o glaucoma, não é silenciosa. Assim, conta com sinais e sintomas bastante percetíveis, dado que o distúrbio ocular gera um desconforto enorme nos olhos do indivíduo. Porém, o único problema, é que pode suscitar confusão com outras doenças, como alergias. Por isso, partilho abaixo
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FOTO: ESFERA DAS IDEIAS ©
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e uma forma simples, a Síndrome do Olho Seco pode ser entendida como uma anomalia que afeta o processo de produção das lágrimas. Deste modo, o olho não recebe a lubrificação ideal para o pleno desenvolvimento das suas funções. Com isso, os problemas gerados por essa condição vão desde um distúrbio ocular que causa desconforto, até situações graves que podem danificar a superfície ocular. Afinal, a lágrima atua como um agente protetor do olho, formando uma película que recobre o globo ocular, fornecendo humidade e lubrificação constante para preservar a acuidade visual e conforto ocular através da sua composição e combinação de: ● Água, para manter a humidade; ● Gordura, para lubrificação e evitar a evaporação; ● Muco, para espalhar as lágrimas pela superfície do olho; ● Anticorpos e determinadas proteínas que promovem a resistência à infeção;
os principais sinais de alerta a que deve estar atento: ● Ardência; ● Muco viscoso no interior ou ao redor dos olhos; ● Sensação de areia; ● Sensação de corpo estranho; ● Comichão; ● Vermelhidão; ● Visão turva ou fadiga ocular; ● Hipersensibilidade à luz (fotofobia); ● Dificuldade em usar lentes de contacto; ● Dificuldade para conduzir à noite; Por vezes, o olho seco pode também desenvolver lágrimas em demasia. A esta condição confusa chama-se secreção de lágrima reflexa.
Acontece porque a falta de humidade irrita o olho. O sistema nervoso envia um sinal de “angústia” ou reflexo para obter maior lubrificação, e assim, ocorre uma “inundação” de lágrimas para compensar a secura. O sintoma é idêntico ao que acontece quando se recebe poeira no olho. Mas estas lágrimas são sobretudo água, por isso não agem como lágrimas normais, servem somente para lavar e eliminar os detritos. Portanto, como é possível observar, são sintomas claros, causados pela má lubrificação dos olhos. De todo modo, é importante estar em alerta, e ficar atento aos sinais, procurando sempre que possível obter um diagnóstico e tratamento rápido evitando um agravamento da doença. Afinal, outras doenças também possuem sintomas semelhantes, como é o caso da conjuntivite. É ainda inegável que a idade é um dos fatores principais para o surgimento desta síndrome. Assim, pessoas que têm mais de 50 anos devem realmente estar em alerta, já que possuem maior prevalência para serem afetadas, principalmente as mulheres. No entanto, há muitos outros fatores de risco que levam ao aparecimento e manifestação da doença: ● Fatores ambientais, tais como: o vento, baixa humidade, ar condicionado, exposição solar, fumo, químicos ou calor; ● Exposição prolongada aos ecrãs; ● Alterações hormonais na mulher, como por exemplo na gravidez e menopausa, terapia de reposição hormonal (TSH) ou pílulas anticoncecionais; ● Doenças de pele das pálpebras ou áreas peri-oculares; ● Alergias; ● Perturbações auto-imunes, tais como
PONTOS DE VISTA OFTALMOLOGIA – SÍNDROME DO OLHO SECO
Síndrome de Sjögren, o Lúpus ou a Artrite Reumatoide; ● Inflamação crónica do olho; ● Pestanejar pouco ou uma condição chamada ceratite de exposição, em que as pálpebras não se fecham completamente durante o sono; ● Vários medicamentos, tais como anti-histamínicos, descongestionantes nasais, tranquilizantes, medicamentos para a tensão arterial, medicamentos para a doença de Parkinson, e antidepressivos; ● Ingestão insuficiente de vitaminas; ● Uso prolongado e/ou inadequado das lentes de contacto; Importante também referir que vários estudos relacionam o uso dos aparelhos digitais com sintomas da Síndrome do Olho Seco. Já que um dos grandes malefícios que os ecrãs oferecem é justamente a atenção direta que depositamos neles que dão origem a uma redução da taxa de pestanejo em quase 66%. Dessa forma, enquanto se observa os ecrãs, os olhos não só diminuem a lubrificação, como trabalham apenas a visão curta, em detrimento da visão de médio e longo alcance. Isto, por si só é extremamente prejudicial para o olho. Durante estes últimos dois anos de confinamento devido à pandemia da Covid-19, o uso excessivo dos ecrãs foi um dos fatores de risco que agravou exponencialmente a Síndrome de Olho Seco, não só em Portugal como em outras regiões no mundo. Além disso, as máscaras de proteção faciais apesar de benéficas na proteção contra o vírus, também tiveram um impacto negativo sobre as irritações oculares, uma vez que com a sua utilização o aumento de fluxo de ar em direção aos olhos durante a respiração revelou-se um fator etiológico complementar. Isto porque, esse aumento de fluxo de ar acelera a evaporação contínua do filme lacrimal, traduzindo-se, inevitavelmente, num aumento excessivo da irritação e inflamação da superfície ocular. Quanto aos tratamentos, em quase todas as situações de olho seco é recomendado a utilização de colírios (lágrimas artificiais). Em especial, há que ter cuidado com o uso de lágrimas artificiais com conservantes. Quando os colírios não são suficientes pode ser necessário recorrer a anti-inflamatórios para conseguir um maior conforto na evolução do olho seco. Além disso,
“DURANTE ESTES ÚLTIMOS DOIS ANOS DE CONFINAMENTO DEVIDO À PANDEMIA DA COVID-19, O USO EXCESSIVO DOS ECRÃS FOI UM DOS FATORES DE RISCO QUE AGRAVOU EXPONENCIALMENTE A SÍNDROME DE OLHO SECO, NÃO SÓ EM PORTUGAL COMO EM OUTRAS REGIÕES NO MUNDO”
há outros tratamentos como a Luz Pulsada (IPL) e o Plasma Rico em Plaquetas (Endoret), tratamentos que temos disponível no nosso Centro Integrado de Olho Seco (CIOS) no Porto. Apesar dos avanços tecnológicos e de investigação ao longo do tempo, é necessário aprimorar cada vez mais as opções. Assim, será possível obter alternativas que cheguem à raiz do problema de forma eficiente proporcionando resultados permanentes para os pacientes. É inegável os avanços relacionados à consciencialização da população portuguesa em relação
a várias doenças. No entanto, há ainda imenso trabalho a fazer, principalmente quando se trata da importância das consultas de oftalmologia regulares, bem como da Síndrome do Olho Seco. Afinal, outras doenças oftalmológicas, como o glaucoma e a catarata, que são os maiores agentes causadores de perda de visão no mundo, acabam por diminuir a atenção para doenças “menos severas”. Por isso, é necessário ampliar o trabalho de divulgação relacionado à prevenção desta Síndrome. As dicas de prevenção para a Síndrome do Olho Seco são muito simples, mas ajudam a manter os olhos lubrificados. Desta forma, alguns dos conselhos fundamentais são: ▶D escansar os olhos - é indispensável dar descanso para os olhos durante as atividades que exigem um olhar fixo, como ler ou escrever no computador. Assim, a cada 20 minutos, é importante olhar para o infinito, e relaxar os olhos. ▶P iscar com frequência - o ato de piscar é fundamental para lubrificar toda superfície ocular. ▶M anter o corpo hidratado - a hidratação, através do consumo de água e de outros líquidos, também é bastante importante. Afinal, quando o corpo está desidratado, áreas como os lábios, olhos, mucosas ficam mais secas. ▶ E vitar ambientes secos - o uso prolongado do ar condicionado, ventos fortes, fumaça, entre outros, são grandes causadores da Síndrome do Olho Seco. ▶ T er uma alimentação cuidada - o consumo de alimentos ricos em Vitamina A (cenoura, ovos, fígado) e em ômega 3 (alguns peixes, linhaça) contribui diretamente para uma boa lubrificação ocular. ▶H igienizar corretamente a área dos olhos - o acúmulo de sujidade na região ocular, como nos cílios e pálpebras também é uma agravante a considerar. Em conclusão, a causa do olho seco é um fator determinante para o diagnóstico e tratamento adequado do paciente. No entanto, é também crucial alertar os grupos de risco para este problema, nomeadamente os idosos, evitar o uso prolongado dos aparelhos digitais e a permanência em ambientes adversos. ▪
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PONTOS DE VISTA QUALIDADE DO SONO
OPINIÃO DE JOAQUIM MOITA, PNEUMOLOGISTA, COORDENADOR DO CENTRO DE MEDICINA DO SONO DO CENTRO HOSPITALAR E UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA E PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DO SONO
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Sono de Qualidade, Mente Sã, Mundo Feliz
sono é o terceiro pilar da vida saudável. É a base na qual assentam os outros dois: alimentação e exercício. É facilmente percetível que uma ou mais noites de privação completa de sono tem efeitos mais devastadores de que o de comida ou de exercício. O sono é fundamental na regulação das hormonas que controlam o apetite (grelina) e a saciedade (leptina) Indivíduos, mesmo jovens, privados cronicamente de sono (duração de sono inferior a sete horas) têm alto risco de desenvolver obesidade e diabetes mellitus tipo2. No desporto de alta competição é bem conhecida a importância do sono (antes e depois dos treinos e das provas) na memorização de rotinas e no restauro de lesões musculares. É durante o sono que são produzidas duas hormonas importantes (hormona do crescimento e testosterona) para o desenvolvimento corporal, vigor e desempenho físico. A FUNÇÃO DO SONO O sono afeta todo o nosso organismo e muito do que conhecemos da sua função resulta das implicações que a falta dele nos faz. Dormir sete ou menos horas por noite durante uma semana tem o mesmo impacto que uma noite inteira sem dormir. Hoje sabe-se, cada vez com mais rigor, e graças ao desenvolvimento da neuroimagem e da neurofisiologia como a informação é processado durante o sono. Para o cérebro o sono é decisivo na seleção e preservação das memórias, na criatividade e na estabilidade emocional A pessoa privada de sono tem, no dia seguinte, menor atenção, lentificação do raciocínio, menor racionalidade na tomada de de-
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uma diminuição das defesas imunitárias contra agentes infeciosos. A vacinação antigripal é muito menos eficaz. A privação de sono cria um status favorável à Covid-19. Determinados cancros como o da próstata e da mama são mais frequentes nas pessoas privadas de sono.
“HOJE SABE-SE, CADA VEZ COM MAIS RIGOR, E GRAÇAS AO DESENVOLVIMENTO DA NEUROIMAGEM E DA NEUROFISIOLOGIA COMO A INFORMAÇÃO É PROCESSADO DURANTE O SONO. PARA O CÉREBRO O SONO É DECISIVO NA SELEÇÃO E PRESERVAÇÃO DAS MEMÓRIAS, NA CRIATIVIDADE E NA ESTABILIDADE EMOCIONAL” cisões. Torna-se mais irritável, fica sonolenta, adormece ou tem episódios incontroláveis de microsono o que pode ter efeitos calamitosos no trabalho ou na condução. A privação de sono é a primeira causa de acidentes rodoviários nos Estados Unidos. Em Portugal não sabemos. A prevenção rodoviária portuguesa não toca nesta questão. Deveria ser dito “Com falta de sono, não conduza”. Ainda nos EUA, sabe-se que o principal custo das doenças do sono resulta da baixa produtividade laboral. No idoso, a privação está associada a diferentes quadros de demência. Aliás, os sintomas das duas entidades são muito parecidos. Os estudos são claríssimos: dor-
mir pouco, seja por opção, obrigação ou doença, favorece o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, arritmias, enfarte), de diabetes mellitus e alterações hormonais. Nos homens ocorrem deformação dos espermatozoides e uma diminuição significativa dos níveis de testosterona. Também nas mulheres se verifica diminuição da produção hormonal. Um importante estudo americano mostra que uma em cada três enfermeiras que trabalham por turnos com períodos noturnos têm alterações menstruais. Os turnos estão ligados ao cancro Finalmente está bem estabelecido que o sono insuficiente leva a
SETE REGRAS DE HIGIENE DO SONO 1 - Ter um horário regular de deitar e acordar. 2-A atividade física regular ao início da manhã ou ao final da tarde é recomendada. 3 - Se tem por hábito dormir a sesta após o almoço não ultrapasse os 20 minutos. Sestas no sofá depois do jantar são proibidas. 4 - T enha uma dieta saudável; a mediterrânica seguramente. Não fume, não beba álcool exageradamente. Em particular, não ingira álcool ou cafeína nas quatro horas (há pessoas mais suscetíveis que outras) anteriores ao início do sono. 5 - Não leve problemas para a cama. Registe (em papel por exemplo) o que não fez hoje; resolve amanhã. 6 - O anoitecer induz a produção de melatonina que promove o sono. Esta hormona é inibida pela luz dos “LED”, presentes nas lâmpadas modernas, nos televisores, nos telemóveis e “tablets”. 7 - A temperatura no quarto deve situar-se, idealmente, entre os 18 e 20º C. O ambiente deve ser silencioso e escuro. ▪
PONTOS DE VISTA QUALIDADE DO SONO
OPINIÃO DE HELENA REBELO PINTO, UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
O Sono marca o dia? O dia marca o Sono?
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uas perguntas sobre realidades diferentes? Duas perguntas sobre a mesma realidade? Duas perguntas sobre duas faces da mesma realidade? O sono marca o dia? A qualidade do sono tem impacto na forma como nos sentimos, como trabalhamos, como nos relacionamos com os outros durante o dia? Estas são as perguntas mais comuns respondidas positivamente por quem acha que dorme bem e se sente preparado para enfrentar as tarefas e os desafios da vida quotidiana. Mas são também, e sobretudo, perguntas feitas por aqueles que se lamentam da má qualidade do seu sono e de como isso afeta o seu desempenho e o seu humor no dia seguinte. A relação simplista de causa e efeito que se estabelece entre mau sono e dia mau pode tornar-se numa preocupação dominante que tende a culpabilizar apressadamente o sono de dificuldades e desaires do quotidiano. Não raro o sono funciona como uma espécie de bode expiatório de fragilidades e incapacidades difíceis de ultrapassar, nos mais variados domínios da nossa existência. O dia marca o sono? O que se passa durante o dia também afeta o sono durante a noite? Será que a forma como organizamos a nossa vida diária – no trabalho, em casa, no desporto, nos tempos livres, no relacionamento com os outros – terão algum impacto na qualidade do sono? São perguntas bem menos frequentes, muitas vezes até ausentes das interrogações que nos colocamos acerca do nosso sono. Na rotina do dia a dia, no ritmo mais ou menos frenético da nossa atividade e na dispersão por múltiplas solicitações, preocupa-nos, sobretudo, mobilizar a energia e o engenho que elegemos como chaves do sucesso, sem cuidar de uma das suas fontes mais importantes que é o sono. Nestes casos, o sono é frequentemente desvalorizado ou negligenciado, se não ignorado, perante a premência de urgências sentidas como estimulantes – urgências de tempo, de poder ou de prazer. Conhecimento sobre o sono. Estudos recentes sobre o sono, também em Portugal, têm trazido importantes
contributos para conhecer melhor os mecanismos que regulam o sono e para compreender as suas diferentes funções que asseguram a nossa sobrevivência. Ajudam a compreender os seus benefícios para a qualidade de vida e para o desenvolvimento saudável em todas as idades. E identificam claramente os riscos do seu mau funcionamento. Os conhecimentos que daí advêm são importantes para ultrapassar mitos e preconceitos que muito prejudicam o nosso entendimento do sono e dos problemas a ele associados e dificultam o processo que conduz à melhoria da sua qualidade. No caso da insónia, por exemplo um dos mais frequentes distúrbios do sono - é conhecido o desânimo de quem a experimenta, muitas vezes desde longa data, na sequência de inúmeras tentativas falhadas de resolver o problema. Reforça-se a tendência para recorrer a soluções rápidas e que se acredita serem eficazes, predominantemente de natureza medicamentosa ou equivalente, sem cuidar de refletir sobre os fatores que a desencadeiam, perpetuam ou agravam. Desenvolve-se uma espécie de crença numa certa mágica exterior a nós na expectativa de que irá resolver o nosso problema sem a nossa participação ativa e sem o nosso esforço para mudar hábitos, atitudes e emoções determinantes para a qualidade do sono. E negligenciam-se ou ignoram-se os fatores protetores, preventivos e promotores dessa mesma qualidade. Problemas de sono. O sono é mais frequentemente abordado na ótica dos distúrbios e problemas a ele associados. Distúrbios e problemas que requerem abordagens terapêuticas diferenciadas no âmbito da intervenção médica e psicológica. São, aliás, de assinalar os avanços científicos nestes domínios. Avanços que não têm, todavia, expressão equivalente na acessibilidade e preparação aos respetivos serviços e para os quais se torna urgente reforçar o acesso e as competências específicas dos profissionais. Na vertente da prevenção e da promoção da qualidade do sono acima referida, há ainda um longo caminho
a percorrer. Não se contempla o tema nos planos escolares, de onde resulta que crianças e jovens nada ou pouco aprendem em meio escolar acerca do sono, tema omisso mesmo na área de educação para a saúde. As iniciativas de algumas (ainda poucas) escolas no domínio sensibilização dos estudantes para a importância do sono e da educação do sono procuram colmatar esta lacuna. No ensino superior, designadamente de profissionais de saúde ou de educação, a formação reduz-se a iniciativas isoladas de especialização ou sensibilização que os mais interessados procuram por interesse pessoal ou necessidade de alargar os seus conhecimentos. Na prática de Medicina Geral e Familiar, tem-se assistido a um interesse crescente pelo tema por parte de médicos e enfermeiros, todavia pouco reforçado pela escassez de tempo para uma abordagem adequada do tema em consulta e por lacunas de formação especializada. Justiça seja feita aos meios de comunicação social que, cada vez com mais frequência e rigor, procuram transmitir informação sobre o tema, recorrendo à participação de especialistas em programas de grande audiência. Informar não é formar, mas é o início de um caminho que urge percorrer no nosso país no sentido . Caminhos para a melhoria da qualidade do sono. Que itinerários se podem desenhar para percorrer esse caminho no sentido de promover desde cedo um sono de melhor qualidade? Em primeiro lugar, importa incrementar o conhecimento acerca do sono. Ao nível da sensibilização com objetivo de reduzir mitos e esteriótipos e tornar acessível o saber científico sobre o tema que e os seus progressos. Perceber o ciclo sono-vigília como um ritmo vital de sobrevivência, conhecer os seus mecanismo e características e a sua interação com a vida quotidiana; identificar as suas particularidade em função do cronotipo, mais vespertino ou mais matutino; definir a duração do tempo de sono e a sua regularidade, são apenas alguns exemplos do muito que há a saber sobre o tema – em termos gerais, sobre o sono enquan-
to elemento de sobrevivência e, em termos específicos sobre o sono de cada um com a suas particularidades. O sono é diferente de pessoa para pessoa, é diferente para cada pessoa ao longo da vida, e é diferente ao longo de cada noite. Tal como acontece com os tempos de vigília. O segundo itinerário deve centrar-se, a meu ver, na valorização do sono. O conhecimento das funções do sono e da forma como contribuem para a saúde física e mental, para a aprendizagem e para o desenvolvimento, para o desempenho profissional, como para a inserção e o relacionamento social, não pode deixar de influenciar a nossa atitude face à importância do sono. Considerar que dormir é uma perda de tempo, como por vezes se ouve de adolescentes e jovens adultos ávidos de ação, não se compadece com a visão realista e cientificamente fundamentada das consequências graves que advêm de um sono de má qualidade por distúrbios não reconhecidos, negligenciados ou mal tratados. O terceiro itinerário conduz aos processos de mudança no sentido da melhoria da qualidade do sono. Conhecer e valorizar são muitas vezes insuficientes para deixar cair velhos hábitos que se perpetuam e condenam ao fracasso boas intenções de fazer diferente. É assim também no que ao sono diz respeito. Os processos de mudança são lentos e por vezes difíceis, exigem novas aprendizagens, implicam envolvimento, persistência e resiliência. Daí necessidade de apoio especializado. Daí a necessidade de preparar profissionais – médicos, psicólogos, professores – para proporcionar esse apoio. Daí a necessidade de preparar e implementar programas de intervenção clínica e educativa para potenciar a prevenção e promover a cultura de uma verdadeira qualidade do sono como um elemento fundamental da qualidade de vida. Enfim, para a dupla pergunta do título desta reflexão a resposta é um SIM convicto. Com efeito, se é importante dormir bem para viver bem, é igualmente importante viver bem para dormir melhor. E isso aprende-se. ▪
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PONTOS DE VISTA SAÚDE MENTAL E QUALIDADE DO SONO
“Quando privilegiamos o Sono estamos a contribuir para o nosso bem-estar Psicológico” A saúde é essencial para o bem-estar da sociedade, devendo a mesma ser universalmente encarada sob uma perspetiva mais abrangente: a saúde mental e a qualidade do sono. Foi precisamente sobre este tema que se desdobrou a entrevista de Teresa Rebelo Pinto, Psicóloga, Somnologista e Fundadora da Clínica Teresa Rebelo Pinto. Para além de dar a conhecer as mais diversas áreas na qual a marca investe, evidenciou de que forma o tema tem vindo a ser desestigmatizado. Conheça tudo acerca de uma problemática que é tão necessária a todos.
A
Clínica Teresa Rebelo Pinto – Psicologia & Sono, fundada em maio de 2021, - e sendo, portanto, uma pioneira na área da psicologia do sono – dispõe de uma equipa multidisciplinar de psicólogos, médicos e outros profissionais que atuam na área do sono e do bem-estar psicológico. É uma marca que investe na promoção da Saúde Mental e da qualidade do Sono, com uma abordagem holística que integra valências de natureza clínica, formativa, educativa e comunitária. Isto porque, “a psicologia está ligada à Medicina do Sono há muito tempo, mas enquanto área de especialidade autónoma está ainda a crescer. A criação deste projeto parte da necessidade de criarmos um núcleo com uma equipa especializada, que ajude a tornar a psicologia do sono uma área central no apoio às pessoas que têm problemas de sono e que não seja vista apenas como um ramo dentro da medicina do sono. Ambas as áreas são absolutamente complementares, não há eficácia no tratamento dos problemas do sono com uma abordagem exclusivamente psicológica, nem com uma abordagem exclusivamente médica, portanto temos este objetivo enquanto clínica: ajudar a fazer crescer a psicologia do sono enquanto área de intervenção especializada, sempre em articulação com outras áreas”, inicia a fundadora Teresa Rebelo Pinto. A pandemia que a sociedade atravessa há dois anos, trouxe o dever, a cada pessoa, de se olhar como um todo, e muito tem vindo a mudar o paradigma da Saúde Mental e a preocupação com a mesma. A sensibilização e o trabalho preventivo nesta área são alguns dos focos da Clínica, cujo trabalho se desenvolve
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contribuir para o nosso bem-estar psicológico”. A boa notícia é que, por serem uma equipa pioneira nesta temática, os resultados de todo o trabalho que tem vindo a ser realizado são em tudo positivos – o que enche de orgulho Teresa Rebelo Pinto. “Hoje ouço relatos que há dez anos não ouvia. Neste último ano, o balanco que faço é que hoje em dia recebo pessoas que já me dizem que os seus médicos as recomendam a ir a uma consulta de psicologia do sono, que é algo que não acontecia antes. Nós trabalhamos com todas as perturbações de sono, desde o bruxismo, à apneia, às insónias, entre outros. É importante saber que existem aspetos psicológicos essenciais em cada uma das doenças do sono”, confidencia.
TERESA REBELO PINTO
em diversos contextos. A abordagem destes profissionais é realizada em diferentes atividades, mantendo uma atitude personalizada. Isto é, cada caso é um caso. Segundo a interlocutora, as ações da sua equipa podem incluir “a componente clínica, projetos na comunidade, projetos educativos ou atividades formativas, tanto para profissionais como para empresas que queiram melhorar as condições ligadas a estas áreas”. Neste sentido, “este ano fizemos uma campanha de sensibilização de rua, - com vários anúncios e mensagens - com o in-
tuito de chamar a atenção para os riscos que a sociedade corre quando não valoriza o sono, nomeadamente o risco de acidentes. A nossa campanha alertava precisamente para a necessidade que existe em fazer rastreios do sono que são muito importantes, mesmo sem uma queixa muito grave. Há vários problemas do sono, cujos sintomas não são facilmente detetados pela própria pessoa, mas sim por quem a rodeia”, sustenta, acrescentando que “dormir, não é de todo uma perda de tempo porque quando privilegiamos o sono estamos a
A ARTE DE SABER DESLIGAR Os efeitos negativos da privação de sono estão bem documentados, incluindo o profundo impacto na saúde mental e no bem-estar psicológico, e é, portanto, fundamental saber quando é a hora de “desligar”. Certo é que inevitavelmente perpetua-se uma ligação entre estes três fatores, que se complementam entre si. Segundo Teresa Rebelo Pinto, “estão perfeitamente interligados, de tal forma que uma das coisas que os liga é por vezes a desvalorização que as pessoas fazem dessas áreas. Há uma tendência para deixar para o fim das prioridades as questões ligadas ao sono e à saúde mental. Muitas vezes há um estigma, a ideia de que os problemas de sono e de saúde mental com o tempo acabam por passar, ou que é normal dormir mal ou ter ansiedade, e de facto, o que procuramos transmitir é exatamente o inverso. Porque um problema de sono ou
PONTOS DE VISTA SAÚDE MENTAL E QUALIDADE DO SONO
saúde mental, quando não é identificado e tratado precocemente tem tendência para agravar com consequências bastante sérias na vida das pessoas”. Sendo cada vez mais evidente que a falta da qualidade do sono influencia a saúde mental da sociedade, é importante deixar a ressalva de que quando não se dorme e descansa em condições, existe um risco acrescido de desenvolver problemas de psicopatologia, nomeadamente a tendência para problemas de ansiedade, depressão e instabilidade emocional. “As pessoas ficam mais reativas, impulsivas e menos empáticas, o que representa consequências bastante graves do ponto de vista do relacionamento interpessoal, do ambiente nas famílias e nos próprios locais de trabalho. Portanto, tem muito impacto na saúde mental e nas relações com os outros, porque as pessoas quando dormem bem vivem e relacionam-se melhor”, sustenta a entrevistada. A verdade é que, apesar deste ser um tema cada vez mais debatido, ainda não se presta a devida atenção às questões da Saúde Mental, e é, portanto, urgente alterar esta visão, uma vez que “temos que ter consciência de que o sono é um pilar da saúde mental a par da nutrição e do exercício físico, não se pode pensar em investir nessas áreas sem investir no sono e na saúde mental. Tenho sentido que as pessoas falam cada vez mais sobre o assunto, mas nem sempre têm uma consciência real do que significa a pessoa fazer um investimento na sua saúde mental, portanto ainda estamos numa fase muito inicial. É muito relevante começarmos a dar espaço aos aspetos que sabemos que são importantes para mantermos a saúde mental nos nossos trabalhos, nas nossas famílias e perder o estigma de assumir quando precisamos de tempo para nós, de ajustar os nossos horários ou o ritmo de trabalho, quando desligamos os telefones à noite e não termos vergonha de assumir”, argumenta a Psicóloga e Somnologista. MUDANÇA DE PARADIGMA É perfeitamente legítimo afirmar-se que para uma melhoria significativa na qualidade do sono, é essencial que algumas lacunas ainda presentes na sociedade sejam colmatadas. Mas de que forma se pode alterar esta realidade? Teresa Rebelo Pinto acredita que deve fazer-se, essencialmente,
“É MUITO RELEVANTE COMEÇARMOS A DAR ESPAÇO AOS ASPETOS QUE SABEMOS QUE SÃO IMPORTANTES PARA MANTERMOS A SAÚDE MENTAL NOS NOSSOS TRABALHOS, NAS NOSSAS FAMÍLIAS E PERDER O ESTIGMA DE ASSUMIR QUANDO PRECISAMOS DE TEMPO PARA NÓS” uma intervenção precoce, porque “em Portugal as pessoas esperam pelo desespero para pedir ajuda”. “Há outro aspeto que está relacionado com os horários. O horário nobre na televisão portuguesa é tardíssimo. Os adolescentes entram na escola muito cedo. Portanto há aqui algumas alterações que poderíamos fazer, como também é o caso da rotação adequada de horários nos trabalhos por turnos. Outra alteração necessária passa por introduzir o sono nos currículos escolares. Precisamente para que desde cedo as crianças percebam que dormir é um tempo em que tudo acontece dentro do nosso corpo e em particular, dentro do nosso cérebro”, garante. E porque ter saúde é muito mais do que não ter doenças, é fundamental identificar precocemente sinais de alerta nas diferentes vertentes. Para isso, a equipa da Clínica especializada em sono e saúde mental, oferece dois tipos de check-up que permitem avaliar e fazer recomendações especí-
ficas nestas áreas às quais nem sempre se presta a devida atenção. “Esta nossa metodologia inovadora consiste numa avaliação clínica aprofundada sobre todos os aspetos que podem estar a interferir na qualidade do sono. Através dessa avaliação que inclui também escalas de avaliação específicas, um especialista em sono elabora um relatório estruturado em diferentes áreas e focado nos fatores protetores e fatores de risco para o sono. Assim, no final podemos mostrar às pessoas quais são os aspetos que estão bem e quais os que precisam de intervenção e que tipo de intervenção é mais adequada para o seu caso. No Check-up bem-estar psicológico, o objetivo é avaliar tudo o que pode estar a comprometer a qualidade de vida, a realização profissional ou projeto de vida, ou seja, todas as áreas que podem ajudar a pessoa a sentir-se com maior bem-estar psicológico. Esta é uma forma muito interessante de introduzir a intervenção precoce e de diminuir o estigma, ou seja, não é necessário existir uma queixa especial para realizar um check-up sono ou um check-up bem-estar psicológico”, assegura a fundadora. SAÚDE MENTAL E QUALIDADE DO SONO COMO PRIORIDADE EM PORTUGAL Apesar de este ser ainda um caminho longo a percorrer no nosso país, esta é a Clínica que mostra oportunidades únicas de acelerar este processo. Se para Teresa Rebelo Pinto a velha máxima de que “o barato sai caro” faz todo o sentido, significa que as pessoas têm, ainda, alguma relutância em fazer um investimento na sua Saúde Mental e na Qualidade do Sono. A mesma afirma que “se alguém com queixas de sono não sabe quem deve consultar, a psicologia do sono ocupa-se disso, ajuda a identificar o percurso terapêutico mais indicado para cada pessoa e a fazer a ligação entre as diferentes especialidades envolvidas, se houver necessidade de recorrer a mais do que uma”. Em tom de alerta à sociedade e para que este seja um tema com um futuro muito mais debatido, a Psicóloga e Somnologista finaliza acrescentando que “as pessoas não devem ignorar os sinais. O que eu desejo é poder contribuir para que as pessoas daqui a uns anos não tenham dúvidas sobre o que é ter um problema ligado ao sono e à saúde mental. Se as pessoas ignorarem os sinais, o que vai acontecer é que vão precisar de um sinal mais grave para poder olhar para estas questões”. ▪
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PONTOS DE VISTA “ANÓNIMOS” E O MUNDO
“Para toda a Guernica existe uma La Dance”
“A invasão à Ucrânia vem agravar um problema que serve como um combustível que alimenta outros fenómenos” MIGUEL RIBEIRO, 24 ANOS, AUDITOR FINANCEIRO
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amos falar sobre um assunto que atualmente tanto nos diz respeito a todos... A Guerra da Rússia para com a Ucrânia. De que forma considera que este acontecimento impactará o nosso país? O conflito impactará, inevitavelmente, não só o outro extremo da europa, como a “ordem mundial” propriamente dita. Começando pelo conflito militar, é evidente começar por mencionar a quantidade de, não só tratados, como princípios como o da autodeterminação dos povos, que esta invasão viola. Assim, aberto este precedente, pode estar dado o mote para que a Rússia, confirmando o sucesso das suas intenções em território ucraniano, decida replicar o plano de ação noutros países vizinhos que façam, também, fronteira com a NATO, como os bálticos e, ainda que improvável, na Polónia. Isto para introduzir que, ainda que não diretamente, pode impactar o nosso país no sentido de enfraquecer a NATO e a UE, de que Portugal, para além de fazer parte, confia e depende. Outro ponto que importa referir é a crise de refugiados inerente à invasão. Conflitos e guerras fora do continente europeu, por si só, já eram tema e polémica na gestão que se fazia de pessoas que, em desespero, entravam na europa (muitas ilegalmente) para que pudessem ter uma vida melhor. A invasão à Ucrânia serve apenas para agravar um problema que, para além de não ter solução à vista, serve como um “combustível” que alimenta ainda outros fenómenos como a ascensão da extrema direita europeia. Numa altura em que seria importante a integração de pessoas que fugiram de casa para sobreviver, os movimentos de extrema direita aproveitar-se-ão do sucedido para por em causa as qualificações,
direitos e méritos destas pessoas, como o fazem com tantos outros grupos étnicos e/ou raciais. Por fim, o impacto mais direto e mais sentido pela generalidade dos portugueses, será o aumento do custo de matérias primas e produtos. A dependência europeia do gás russo fará aumentar o preço do gás consumido em casa (ainda que Portugal receba a maior percentagem do continente africano) e, consequentemente, de todo o tipo de produtos. Com o aumento do custo de matérias primas oriundas do leste da europa, o transporte de qualquer tipo de produto e matéria prima aumentará, bem como a sua produção e, posteriormente, preço final, que se irá refletir no poder de compra de todos os portugueses. Assim, qual a sua visão sobre o mesmo? Visões geopolíticas especialistas à parte, é importante perceber que o tenso clima que pode ter precipitado este conflito, não é recente. A localização geográfica da Ucrânia, fazendo fronteira entre o território da NATO e a Rússia, sempre foi motivo de preocupação para ambas as partes. Intenções, cada vez mais explícitas, de a Ucrânia se juntar tanto a esta organização como a UE, mesmo depois de logo após a queda do Muro de Berlim, a NATO se ter comprometido a não alargar as suas fronteiras a leste, pode claramente ter precipitado o conflito. Ainda assim, a operação militar que testemunhamos em nada disto encontra justificação ou desculpa. Putin, não só na revelação do seu autoritarismo, mas, também, da sua visão megalómana, procura reinstalar o poderio soviético de outrora a leste, querendo-se reafirmar, não só ao Ocidente, mas ao Mundo, como umas das principais potências mundiais.
FRANCISCA SOUSA FERNANDES, 24 ANOS, ADVOGADA
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amos falar sobre um assunto que atualmente tanto nos diz respeito a todos... A Guerra da Rússia para com a Ucrânia. De que forma considera que este acontecimento impactará o nosso país? Penso que é ponto assente nos dias que correm, que uma guerra, qualquer que seja a sua motivação (histórica, religiosa, política, económica...) e qualquer que seja a sua localização, afetará a configuração do nosso planeta, a uma escala global. Esta é uma das consequências do processo de globalização. Acho que a resposta instintiva a esta questão será a de que, de uma perspetiva económica, o nosso país, assim como os restantes países da Europa serão extremamente prejudicados. Quer devido à redução da produção de bens de primeira necessidade, como ao consequente aumento do preço desses mesmos bens. Também não podemos esquecer que este conflito originou o maior fluxo de migração na Europa, após a segunda guerra mundial (considerando aqui não só a emigração, mas também a deslocação dentro do próprio país), o qual culminará numa alteração geopolítica do nosso Continente. A curto prazo todos os países serão afetados de forma negativa. Quer a nível dos mercados, quer de uma perspetiva social. Estas alterações económicas e demográficas exigem uma resposta e um esforço por parte de todos nós, enquanto seres individuais e enquanto país. E penso que essa mesma resposta tem sido dada de forma eficiente. Aliás, se compararmos a resposta que demos a este conflito com a resposta que demos a outros conflitos como a guerra da Síria ou no Myanmar, observamos uma enorme discrepância. Assim, qual a sua visão sobre o mesmo? Atentemos que esta é uma guerra pela Liberdade e pela Democracia e é isto que é importante relembrar diariamente. Ainda que com ela venham inúmeras atrocidades, não podemos deixar de louvar a união e a coragem de um povo que, ainda que se encontre em desvantagem militar (e não só), se insurge contra o opressor/invasor. E com este exemplo de coragem ganhamos todos. Lembremo-nos de que a Democracia e a Liberdade não são dados garantidos e de que as devemos cultivar e preservar. O que está a acontecer na Ucrânia é uma violação cabal dos Direitos Humanos. É patente o desrespeito pela vida humana e o desrespeito da soberania de um povo que tem uma identidade própria e que quer manter essa mesma identidade. Mais, que pretende preservá-la a muito custo. Nenhuma guerra é bonita. Morrem crianças, morrem velhos, morrem animais. Os mais vulneráveis tornam-se mais vulneráveis ainda. Morrem aqueles que se predispõem a ficar para combater e aqueles que não se predispondo, ficam na mesma. O medo e o sofrimento a que está exposto o povo ucraniano é uma tremenda injustiça. Mas para toda a Guernica existe uma La Dance. Que esta luta sirva de exemplo, para que nunca mais deixemos vingar os opressores, como deixámos em 2014 aquando da anexação da Crimeia. Que esta luta sirva para libertar da obsessão de um homem, não só o povo ucraniano, mas também o povo russo.
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PONTOS DE VISTA “ANÓNIMOS” E O MUNDO
"O futuro tem hoje demasiados pontos de interrogação" LAURA SALGUEIRO, 39 ANOS, ADMINISTRATIVA
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amos falar sobre um assunto que tanto nos diz a todos, neste momento… A Guerra da Rússia para com a Ucrânia. De que forma acha que este acontecimento impactará o nosso país? Independentemente da distância, que não é assim tanta, naturalmente que um conflito armado causa sempre apreensão e receio. Obviamente que isso tem impacto no mundo e, por conseguinte, no nosso país. Por isso, tenho muito receio do impacto que a guerra nos pode trazer. Receio por nós e, acima de tudo, pelos ucranianos, claro. Mas no meu caso concreto e como portuguesas, tenho receio que esta guerra possa de alguma forma chegar ao nosso território. Não consigo sequer imaginar o medo, o pânico e receio que os ucranianos estão a viver neste momento tão difícil das suas vidas. Não consigo sequer imaginar ter de abandonar a minha casa, o meu país, a minha família e deixar tudo para trás. É um momento demasiado triste e assustador aquele em que vivemos neste momento e temo que ainda estejamos somente no início deste cenário bélico e que tenhamos que continuar a sofrer com as agruras que conflitos armados provocam, principalmente em inocentes, mais concretamente nas crianças, que são aquelas que mais
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sofrem. Desejo que tudo isto acabe rapidamente e que o mundo possa viver em paz. Assim, qual a sua visão sobre o mesmo? Obviamente que não compreendo que alguém, por egos e um narcisismo puro, acredite que matar inocentes é a solução para encontrar a paz. Nada justifica uma guerra. Nada justifica a matança de inocentes. Nada justifica que um país seja invadido pela insanidade de um homem. Falando de um ponto de vista puramente económico, naturalmente que me assusta a escalada de preços que temos tido desde o início da guerra. Leva-nos a fazer várias questões. Chegará a fase em que não vamos ter produtos nas prateleiras dos supermercados? Podemos chegar ao ponto em que o valor dos produtos esteja tão elevado que não sejamos capazes de os comprar? São preocupações que andam connosco, naturalmente, e que nos assustam. Nunca pensei que passaria por uma pandemia e foi algo complicado e difícil por tudo o que perdemos e continuaremos a perder e quando pensava que após dois anos a vida retomaria ao “normal”, surge esta guerra sem sentido e desoladora, ao ponto de deixar tudo e todos num estado de apreensão e medo. O futuro tem hoje demasiados pontos de interrogação.
PONTOS DE VISTA “ANÓNIMOS” E O MUNDO
“Esta guerra é a pior faceta da humanidade” INÊS RIBEIRO, 27 ANOS, DESIGNER
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amos falar sobre um assunto que tanto nos diz a todos neste momento… A Guerra da Rússia para com a Ucrânia. De que forma acha que este acontecimento impactará o nosso país? O aumento dos preços dos combustíveis, a crise migratória e o medo que a guerra escale a um nível irremediável são algumas das consequências mais evidentes que já nos afetam diariamente. Depois de dois anos de pandemia mundial ninguém estava preparado para assistir a uma guerra, que mais parece ser do século passado, acontecer em pleno século XXI. A população europeia deixou de achar que a guerra só acontece aos outros e isso traz uma ansiedade social que acabamos por vivenciar individualmente. Se antes era o vírus que nos limitava de viver, agora é a guerra que nos traz a insegurança de ficar muito longe de casa porque “nunca se sabe o que pode acontecer de hoje para amanhã”.
“A História não se recupera” ANÍBAL SOUSA, 66 ANOS, PROFESSOR DE HISTÓRIA
Assim, qual a sua visão sobre o mesmo? A invasão de Putin na Ucrânia foi o desastre de 2022 que ninguém quis acreditar que ia acontecer, apesar dos sinais que foram aparecendo. Esta guerra é a pior faceta da humanidade. De um lado está um homem doentio que todos os dias está a matar inocentes para alimentar a ilusão que vive na sua cabeça. Do outro lado está o mundo ocidental que assiste de longe e ajuda à distância porque as consequências de chegar perto são para lá de terríveis. No meio temos o povo Ucraniano, que faz história pela sua coragem e perseverança na luta pelo país. A força e a união ucraniana vão ser a derrota definitiva de Putin e o mundo vai ser-lhes eternamente grato por isso.
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"Espero que possamos voltar a viver em paz o mais rapidamente possível"
Assim, qual a sua visão sobre o mesmo? A invasão militar da Ucrânia pela Rússia é uma agressão a um estado soberano, uma violação, portanto, do direito internacional e da Carta das Nações Unidas. Por isto, merece a condenação. Independentemente do contexto histórico que pode explicar o comportamento da Rússia, este não pode ser apresentado como justificação para esta invasão. A História não se recupera; a História é dinâmica e, portanto, impossível de se “voltar trás”. Se a “justificação histórica” dada pela Rússia fosse aceite como razoável, o mundo transformar-se-ia num enorme campo de batalha. As divergências, a existirem, devem ter como solução a diplomacia e nunca a força militar. Do ponto de vista estratégico, esta guerra vem repor a “velha inimizade” entre o ocidente (Europa e EUA) e a Rússia, que julgava ultrapassada depois do fim da União Soviética. Vai demorar muito tempo para se ultrapassar esta desconfiança. E o mundo vai tornar-se ainda mais imprevisível.
CAROLINA MACHADO, 15 ANOS, ESTUDANTE DO 10º ANO
amos falar sobre um assunto que tanto nos diz a todos neste momento… A Guerra da Rússia para com a Ucrânia. De que forma acha que este acontecimento impactará o nosso país? A guerra vai ter um impacto visível no quotidiano das nossas vidas: subida do preço da energia, com o efeito multiplicador em toda a cadeia de produção, aumento dos preços e a quebra do poder de compra. Inevitavelmente, a recuperação económica da situação pandémica vai ser mais lenta ou mesmo inexistente dependendo da duração da guerra. Também não é de excluir uma recessão económica. Tempos difíceis, pois, se avizinham.
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amos falar sobre um assunto que tanto nos diz a todos, neste momento… A Guerra da Rússia para com a Ucrânia. De que forma acha que este acontecimento impactará o nosso país? Naturalmente que é assustador e acho que vai afetar muito toda a Europa e Mundo. Mas falando do meu país, Portugal, acho que vai aumentar a crise económica em que vivemos atualmente pois está os preços estão a aumentar muito. O valor dos combustíveis, da alimentação e de outros bens estão a subir bastante e isso provoca dificuldades às pessoas que não têm salários que não acompanham essas subidas e isso criará maiores dificuldades económicas. Claro que percebo que se ajudem os refugiados ucranianos, mas ao virem para Portugal, e ao ocuparem determinadas profissões, isso irá
retirar o lugar a muitos portugueses, pois serão ocupados pelos ucranianos e isso também me assusta um pouco. Além disso, não concordo rigorosamente nada que esta guerra tenha trazido um clima de discriminação perante o povo russo que, para mim, não faz qualquer sentido, pois não foram eles a começar a guerra. Não são culpados e não devem de ser responsabilizados pelas ações do Putin. Assim, qual a sua visão sobre o mesmo? A verdade é que o líder russo, Vladimir Putin, num passado recente, tinha vindo a deixar alguns avisos sobre potenciais ataques e que isso traria consequências. Infelizmente estamos a ver o que está a acontecer e que tem afetado o mundo. Espero que possamos voltar a viver em paz o mais rapidamente possível.
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FOTO: PAULO CUNHA SLIDESHOW ©
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StonebyPORTUGAL SUMMIT Foi no passado dia 18 de março que, dirigido pela ASSIMAGRA, se realizou o I Encontro Nacional do Setor da Pedra Natural – StonebyPORTUGAL SUMMIT, no emblemático World Of Wine. Um evento que contou com a presença de diferentes participações: desde entidades, associações e empresas, muitos foram os oradores que no decorrer de várias palestras alertaram para os grandes desafios que o setor atravessa, bem como enalteceram a importância do mesmo. Saiba tudo.
O
setor da Pedra Natural, tem vindo ao longos dos anos, a presenciar uma forte transformação, mantendo um crescimento contínuo e assinalável à escala internacional. No entanto, mantem-se ainda hoje, uma carência de que esta fileira evolua de forma sustentada em alguns aspetos da sua cadeia de valor: a capacidade de inovação, a transformação digital, a promoção da marca e a capacidade de cooperação. Por estes motivos – e tantos outros – a ASSIMAGRA dedicou-se à realização de um evento totalmente concedido para elevar este brilhante mundo que é o da Pedra Natural. No seu discurso de apresentação, Célia Marques, Vice-Presidente Executiva da marca, revelou que os maiores problemas deste setor se prendem com “os custos de contexto atuais com que as empresas se deparam, e a falta de mão de obra. Sabemos que é um problema transversal à indústria portuguesa, mas no nosso caso, agravada pela fraca atratividade, fraca aceitação social, e adicionando também a dificuldade de retenção de competências e de qualificação dos ativos das empresas”. Na realidade, e em pleno século XXI, a nenhuma empresa passa despercebida a revolução tecnológica, e a necessidade da mesma no sucesso de cada marca. Cada vez mais as tecnologias digitais são utilizadas para solucionar problemas tradicionais, como as quedas no desempenho, produtividade, agilidade e eficácia. Na área da Pedra Natural, não é diferente. “É muito importante falar acerca das transformações tecnológicas, de forma a realçar neste setor uma nova geração de conhecimento, inovação, novas oportunidades para a Pedra Natural como material de excelência e de valorização. É tempo de olhar para os desafios da sustentabilidade e contrariar
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que a economia e o ambiente são faces opostas da mesma moeda. É importante realçar que nos novos desafios do futuro, este é um setor que tem feito um percurso extraordinário do ponto de vista da inovação das suas aplicações. Superámos 2019, que tinha sido o nosso melhor ano e depois de um período de pandemia, é sempre de valorizar o enorme esforço feito pelos nossos empresários e por todos os trabalhadores desta fileira”, sublinha Célia Marques. Quem também não prescindiu de marcar presença no evento foi João Neves, Secretário de Estado Adjunto e da Economia. Ao ser questionado acerca da importância do setor, não hesitou, “este é um dos setores mais competitivos à escala europeia e mundial, temos empresas, profissionais, técnicos e conhecimento que é reconhecido à escala global, e é nesse sentido que quero precisamente dar uma palavra de reconhecimento daquele que é o trabalho feito e da evolução que é feita com esforço e com a colaboração de todos”. Certo é que a área da Pedra Natural e tudo o que este trabalho engloba, muito tem evoluído com o passar das décadas, quer em termos de inovação, quer em valorização e posicionamento no mercado. “É muito bom ter neste setor, a evolução vista nesta última dezena de anos que permitiu construir soluções quer no ponto de vista empresarial quer na presença nos mercados mais competitivos. O excelente resultado no ano de 2021 foi possível. Apesar de ter sido realizado num ambiente muito complexo, anima a continuar este caminho para que o futuro ainda possa ser mais interessante e mais capaz de fortalecer a nossa capacidade empresarial e a base da construção de soluções que acrescentem cada vez mais valor aos produtos e aos serviços que são colocados em disposição no mercado”, finaliza João Neves. ▪
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O QUE DIZEM OS ORADORES...
JOÃO DIAS
Board Member AICEP “Este é o sétimo setor exportador a nível mundial, e o terceiro europeu, com uma evolução positiva das exportações, a tendência é claramente de crescimento contínuo. A inovação tem sido um movimento muito inteligente deste setor. Associar-se ao design, a grandes arquitetos e artistas, para criar obras de referência.”
GUTA MOURA GUEDES
Chairwoman ExperimentaDesign “Para mim, a matéria-prima prioritária é a criatividade e a cultura em constante transformação. É encantador promover esta cultura magnífica da Pedra em Portugal e no estrangeiro, que se reflete positiva no panorama transnacional e presente nos mais variados eventos em qualquer parte do mundo.”
CARLOS CARDOSO
Vice-Presidente CIP “A crise energética é uma crise que estava anunciada, e além disso, é uma crise em que cada um per si não tem capacidade de interferir na mesma crise. Portanto, tem que ser algo feito em conjunto, e é para isso que a CIP tem desenvolvido várias medidas e tem lutado para sensibilizar o governo no papel do ministro do ambiente e transição energética, de que isto é um problema transversal e afeta todos os setores.”
problemas que está a originar estas divergências é a dependência que Portugal ainda tem (bem como o resto da europa), mas por outro lado, o planeamento que é necessário fazer.”
NUNO SANTOS
General Manager Ibero Logística e Trânsitos “Tem sido notória a evolução formidável quer a nível da industrialização quer a nível da parte tecnológica, da exposição e valorização das marcas de todos estes arquitetos que criam valorização da Pedra em Portugal. Temos que ter presente que cada vez mais, ter uma palavra de decisão no transporte é fundamental.”
MANUEL ROCHA
Vogal Assimagra “O dia a dia deste setor é feito de coisas menos belas, que não se veem, e que faz com que as empresas tenham que lutar muito para combater as adversidades que se lhe vão colocando. O aumento dos preços da energia é um problema que se coloca hoje com um peso enorme, mas já havia antes alguma discriminação negativa quando comparado com outros setores em outros países. Apesar de todas as adversidades este setor tem crescido e tem sido capaz de ultrapassar e mitigar muitos dos problemas que se colocam no caminho.”
NUNO MOREIRA
JOÃO PEREIRA
CEO Master Vantagem “Além de toda a crise, há um fator que é tremendamente determinante, que é o facto de que o mercado e a forma como ele está estruturado veio agora mostrar que tem uma fraqueza. Não faz sentido que uma tecnologia não renovável esteja a ditar o preço das outras todas. Um dos
Diretor Stanton Chase “Existem dentro deste setor duas grandes dimensões: aquilo que podemos fazer e aquilo que não conseguimos fazer por circunstâncias exteriores. Estas circunstâncias exteriores são graves, porque nós somos o 4º país com a população mais envelhecida, mas por outro lado, cada vez mais a população ativa diminui e é difícil contrariar isto. No entanto, há algo que efetivamente conseguimos fazer que é valorizarmos e formarmos as nossas pessoas.”
DIOGO BHOVAN
CEO CRON “Muito se tem falado acerca de inovação, é-nos apresentada como a solução milagrosa e associado a ela estão conceitos como indústria 4.0”, “transformação digital”, mas é importante perceber qual a diferença entre estes termos. Inovação, tipicamente é caracterizada como uma novidade ou uma melhoria que vai gerar valor para as pessoas ou organizações. Mas as pessoas pensam que inovação é tecnologia... Não é, nem precisa de ser. A inovação é apenas resolver um problema antigo com uma solução nova. Atualmente em Portugal, a maturidade das empresas ao nível da indústria 4.0, é muito baixa. O que está a falhar? Numa abordagem com algumas empresas da indústria da Pedra, tentei perceber quais as dificuldades para a transformação digital e elas são: não ter uma estratégia definida para a indústria 4.0; necessidade de consolidar a 3ª revolução industrial antes de se pensar na 4ª; desconhecimento de como captar novos recursos humanos ou capacitar os existentes para as novas tecnologias; falta de recursos financeiros para investimento em iniciativas de longo prazo; e uma grande dificuldade em perceber quais os benefícios e os impactos que a inovação e transformação digital podem trazer.”
MARTA PERES
Executive Manager Cluster Mineral Resources “Uma empresa que já trabalhe com indústria 4.0 e acompanhe a transformação digital, já tem mais receitas e já tem mais redução de custos. Para uma empresa, o que mais importa, em primeiro são as pessoas, mas para poder dar atenção as pessoas e aos mercados é preciso ter receitas e reduzir custos. Se reduzirmos custos e aumentarmos receitas e ainda oferecer ao mercado um produto melhor, estamos a ser mais competitivos. Este setor desde 2004 está a fazer o caminho da automação, as pessoas não estão habituadas a que este seja um setor moderno e sexy, mas a verdade é que somos, e esse movimento está a acontecer desde 2004. O nosso setor já está ao nível da indústria 4.0 e da digitalização.”
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PEDRO AMARAL
Vice-Presidente IST/StoneCiti “Numa escala relativa, a diferença entre uma empresa automatizada depende de onde estamos na fileira. Hoje o setor da Pedra Natural, tem vários exemplos de empresas e fábricas, a caminharem com um roadmap muito estruturado, e isto significa que as que se atrasaram mais está afastada do caminho desta revolução? Não. Pelo contrário, estas empresas mais afastadas, até podem dispor neste momento da experiência das outras. Todos os erros e os investimentos falhados, resultam em tecnologias e soluções muito mais otimizadas. É evidente que na última década, deram-se passos evolutivos muito grandes, portanto diria que para que todas as empresas se tornam automatizadas, é preciso definir uma estratégia, e também investimento, que é fundamental.”
VICTOR FRANCISCO
Project Manager CTCV “Conseguimos nos dois últimos anos funcionar em teletrabalho porque as redes funcionaram bem. Nenhum de nós pode falar sobre transformação digital, se não existir conetividade. A questão da conetividade é um problema. O nosso território, continua a ter muitas zonas onde não existe cobertura de internet e essas empresas irão diretamente do 3G para o 5G. A disponibilização de bibliotecas digitais antecipa também aquilo que será no futuro a obrigatoriedade do mercado. Existem ferramentas muito boas de avaliação da maturidade digital. Tudo começa pela definição de uma estratégia, que pode ser de longo prazo. Sabemos que estão para chegar apoios substanciais para esta área da digitalização, mas tem que se ter uma estratégia definida.”
LUÍS MARTINS
Presidente Cluster Mineral Resources “As atividades que permitem aproveitar e abastecer a sociedade como é o caso das pedreiras e minas, não podem ser deslocalizadas, portanto isto é uma questão muito importante no que diz respeito ao acesso ao território. O setor da Pedra Natural é o setor que em Portugal melhor retrata o que é a evolução de uma cadeia de valor mineral, numa altura em que infelizmente a guerra nos mostrou o quão importante é termos na Europa cadeias de valor minerais e de recursos que nos permitem um abastecimento estratégico e autónomo à mesma. A Pedra Natural é o melhor exemplo que temos disso, em termos de recursos naturais no nosso país. Há 25 anos limitávamos-nos a exportar blocos e chapas, mas neste momento, produzimos produtos finais dos melhores do mundo. Este setor permitiu a Portugal aproximar-se de um valor de exportação perto dos 500 milhões de euros. Tudo isto não seria possível se a indústria não tivesse acesso ao território e este acesso ao território é fundamental na nossa qualidade de vida.”
PEDRO CILÍNIO
Diretor IAPMEI “O desenvolvimento de novas tecnologias tem sido muito importante para o setor. Não creio que faça sentido uma empresa procurar ter todas as competências da indústria 4.0 porque é impossível.”
MARISA ALMEIDA
Responsável da Unidade Ambiental CTCV “A população efetivamente tem aumentado e quando comparamos o crescimento da população com o crescimento da economia verificamos que a economia cresceu cerca de quarenta vezes mais.”
ANTÓNIO HENRIQUE ALMEIDA
Business Developer INESCTEC “A transformação digital nas organizações tem de se focar em perceber como é que uma organização vai acrescentar valor. Quando olhamos para o leque de tecnologias da indústria 4.0 nenhuma foca em pessoas, o que é um erro. Porque as pessoas são os agentes mais ágeis do sistema de produção. Há uma falha no nosso sistema que podemos corrigir que tem que ver com o processo de treino avançado das pessoas. Falta formação avançada em indústria 4.0, as pessoas não têm que ser expert em inteligência artificial, mas precisam de saber as bases e perceber que problemas podem resolver com ela.”
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NELSON CRISTO
irector, International Affairs D & Project Manager ASSIMAGRA “Os principais constrangimentos no acesso ao recurso são a grande procura da indústria extrativa, chega-se a um esgotamento muito rápido das áreas licenciadas, constrangimento também ao nível da capacidade investimento das empresas, elevados impactos ambientais, falta de articulação entre exploradores e as entidades gestoras do território e falta de colaboração interempresarial.”
MÁRIO MACHADO LEITE
Vogal LNEG “O LNEG como principal entidade nacional produtora de conhecimento geológico tem um papel fundamental nas políticas e planos de licenciamento e tudo o que respeita aos recursos geológicos, e neste caso aos recursos minerais. De facto, o setor da Rocha Natural tem uma grande proximidade ao LNEG e o LNEG tem uma grande proximidade a este setor, desde as instituições passadas da qual hoje o LNEG é o atual “herdeiro” de toda essa cooperação institucional que tem ajudado a constituir este cenário que todos vivemos. Foi feita no ano passado uma revisão geral de toda a cartografia geológica dos recursos corporizada em oito mapas que cobrem o país inteiro e também foram revisitadas todas as áreas que estavam consignadas em potencialidades de recursos não metálicos. Hoje, qualquer pessoa pode através do telemóvel entrar em LNEG Geoportal e nesse site, existem dois pontos importantes: o visualizador de mapas, onde se tem acesso a toda a cartografia do LNEG; e ainda tem uma aplicação que pode ser descarregada com a vantagem de que a partir dela os mapas do LNEG ficam todos acessíveis ao GPS dos telemóveis.”
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PAULA DINIS
FILIPE SOBRAL
MIGUEL GOULÃO
FILIPE MIGUEL
Engenheira de Minas DGEG “Deve-se planear e gerir de forma integrada os recursos geológicos, é importante ter medidas concretas inseridas nos eixos do sistema natural e sistema económico. Os Planos Diretores Municipais são o nível em que a DGEG mais participa e vê resultados ou não relativamente à questão da ocupação do território e à compatibilização da atividade do setor dos recursos geológicos. Devemos salvaguardar áreas onde sabemos que existe potencial para a ocorrência de recursos minerais mesmo que naquele momento não estejam a ser aproveitados e explorados.”
Presidente ASSIMAGRA “Sendo este o primeiro encontro da Pedra Natural não posso deixar de fazer uma referência àqueles que no passado contribuíram para aquilo que hoje é o setor. Hoje este setor é grande porque muitas mulheres e homens fizeram muitos sacrifícios ao longo da sua vida, para nos ajudarem a estar aqui hoje.”
Administrador Polimagra “Há boas perspetivas no que diz respeito ao granito. Os mercados estão cada vez mais a procurar granitos, e temos sentido isso. Temos vários problemas, nomeadamente a falta de matérias primas, que tem vindo a aumentar cada vez mais. Há muitas empresas que se têm preocupado muito na transformação e têm-se esquecido das matérias primas. Em relação ao futuro, sou otimista. A estabilidade para as empresas e indústrias é o mais importante, tanto a nível de estabilidade política, governamental e fiscal. Porque as empresas sem estabilidade não conseguem fazer projeções.”
RICARDO FILIPE
CEO Filstone “A Filstone tem vindo a desenvolver um conjunto de esforços para dar um futuro ao setor em Portugal, e efetivamente temos que deixar os tabus para trás. Não nos podemos esquecer nunca de que o setor extrativo há 30 anos era um setor escravo, com muito trabalho braçal. Sei que temos um futuro brilhante se soubermos aproveitar aquilo que aqui estamos a fazer. Espero que este seja o primeiro de muitos eventos pra que o Governo possa entender a nossa importância, e para que possamos efetivamente ter futuro e ultrapassar esta questão no acesso ao território.”
CEO Marfilpe “A pedra é muito importante e esta aposta na tecnologia ajuda a não estagnar. Quem tiver acesso aos recursos num futuro próximo tem sempre uma possibilidade diferente de concorrer a nível mundial. Acredito que num futuro próximo, se tivermos uma indústria limpa, mais facilmente captamos pessoas para trabalhar, porque se as pessoas tiverem a ideia de que a indústria da pedra é aquela indústria que tem lama e que se faz muita força, não será possível. Hoje as pedreiras estão cada vez mais bem organizadas e têm tecnologia.”
PAULO DINIZ
LUCIANO SANTOS
MAURO GONÇALVES
Administrador Mármores Galrão “Hoje em dia, o mundo muda a um ritmo alucinante, mas eu imagino que se continue a utilizar Pedra Natural, portanto além dos projetos, imagino que passe a haver uma componente de venda online que vai ser importante. As novas gerações não consomem do mesmo modo que os mais velhos. Vamos ter que continuar a investir em tecnologia e em formação porque vamos precisar de pessoal especializado para saber operar essa tecnologia.”
MARGARIDA SOUSA
Managing Partner Dimpomar “O nosso setor, da Pedra Natural, tem um fascínio muito próprio e tem um potencial como produto, gigante. Ideias não faltam, nem nunca vão faltar, seja por via de produtos que trazem uma construção mais sustentável, seja pela lógica da beleza e do design, seja pelas novas geometrias e habilidades tecnológicas associadas à transformação da pedra, seja por produtos focados nesta lógica da economia circular, seja porque nós somos humanos e se já fizemos tudo isto, de certeza que ideias não vão faltar. Há três problemas que gostava de ver ultrapassados: o primeiro a nível da formação, o das análises laboratoriais, e também a unificação ou distribuição mais clara da função e papel de cada entidade no setor, seja a nível de empresas, seja a nível das associações e das entidades.”
CEO Pedra de Toque “O futuro passará muito pelo desenvolvimento do digital em todos os processos. Há outro processo muito importante também que é a comercialização. A parte do marketing digital merece também um trabalho exaustivo. O nosso setor deve cada vez mais investir nesta área, é por aí que vamos mostrar ao mundo o que é a Pedra Portuguesa, uma das melhores reservas a nível mundial. O nosso setor tem uma imagem muito complicada, temos sido sempre associados à poluição, e é muito importante que se saiba que há muitos materiais de construção que toda a gente conhece, que são muito mais poluentes do que a própria Pedra Natural.”
CEO ASG “Acho que o futuro passa pelos jovens, e como jovem tenho que defender a minha geração. Infelizmente estamos a criar indivíduos que são academicamente muito bons, mas não conseguimos criar futuros empresários. Quem são os futuros empresários da Pedra? São os herdeiros e descendentes. Acho que o futuro tem que passar por essa educação e qualificação. Por outro lado, tem que se desmitificar a atratividade do setor. Isto é, o setor da Pedra ainda hoje é olhado de forma pouco bonita, mas todos juntos vamos criar uma marca à volta do nosso setor e torná-lo mais forte.”
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Pedra Natural
Setor Ambicioso e Competitivo Realizou-se o I Encontro Nacional do Setor da Pedra Natural – StonebyPORTUGAL SUMMIT, onde o mote foram os desafios que o setor da Pedra Natural atravessa, as mudanças necessárias e ainda o futuro otimista com que os empresários da área olham para o mesmo. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, Célia Marques, Vice-Presidente Executiva da Assimagra – entidade que organizou o evento – fez um balanço deste encontro.
CÉLIA MARQUES
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Assimagra foi a entidade que recentemente organizou o I Encontro Nacional do Setor da Pedra Natural – StonebyPORTUGAL SUMMIT. Num período em que se prevê uma recuperação da economia, qual o balanço que faz das diferentes participações no mesmo? Que perspetivas a marcaram para, daqui em diante, alavancar ainda mais o setor, bem como a Assimagra junto dos associados? Faço um balanço muito positivo, com momentos de reflexão e partilha de importantes temas da ordem do dia que afetam a nossa indústria e, acima de tudo, possibilitou olharmos para o futuro com a ambição numa economia a crescer, com mais produtividade, mais valor e mais competitividade internacional, mas também saber crescer não nos dissociando de um setor mais sustentável e eficiente na gestão dos recursos minerais e do território. Creio que foi lançada a fundação para o desenvolvimento de
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uma união que o nosso setor definitivamente precisa, união que será alavancada na marca setorial lançada, que também deu o nome ao SUMMIT – a StonebyPORTUGAL. Sabemos que o setor da Pedra Natural tem vindo a presenciar uma forte transformação, pautada por um crescimento assinalável à escala internacional. Neste sentido, mantendo uma necessidade de que esta fileira evolua de forma sustentada a sua cadeia de valor, quais os maiores desafios? O setor tem tido um percurso extraordinário nos últimos anos, principalmente na última década, desde o ponto de vista da inovação nas suas aplicações quer no posicionamento internacional em projetos de alto valor acrescentado. A diversidade de materiais, o saber-fazer português, associados a uma tecnologia altamente avançada e uma forte cultura relacional e comercial dos seus empresários, são parte substancial dos fatores que colocam Por-
tugal no TOP 7 Mundial. Em 2021, tivemos um desempenho record nas exportações com 435 milhões de euros, com uma relevância acrescida no Produto Interno pela baixa incorporação de matéria-prima importada. Contudo, existem muitos desafios a ultrapassar que passam acima de tudo por um trabalho colaborativo em diferentes áreas, envolvendo associações, entidades de ID, empresas, gabinetes de arquitetura e design, entre outros intervenientes no setor, transferindo-se conhecimento e sinergias entre todos, e em diversas áreas, para efetivamente se contribuir para a valorização e posicionamento internacional da pedra natural e da indústria que representamos. Contudo, os desafios atuais são ainda mais exigentes. Os altíssimos custos de contexto descorrentes das crises energética, logística e de mão de obra são efetivamente os maiores fatores de bloqueio ao desenvolvimento e à competitividade das empresas deste setor. Como tal, da parte da indústria temos o desafio de melhorar a nossa eficiência energé-
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tica e caminharmos para modelos de negócio inovadores para minimizar os custos de contexto, mas, da parte do Governo, é urgente a adoção de medidas de apoio à indústria, designadamente dar a possibilidade à indústria extrativa de utilizar gasóleo colorido, à semelhança dos nossos principais concorrentes como a Itália e a Espanha. Esta é uma das reivindicações de há vários anos da Assimagra, que agora, mais do que nunca, permitirá ajudar a enfrentar novas dinâmicas de posicionamento de produtos e a responder a mercados cada vez mais exigentes em termos de qualidade e inovação. Por outro lado, sendo este um setor que depende do território no acesso às suas matérias-primas, temos o desafio de continuar a evoluir para uma gestão mais eficiente dos recursos e do território, capaz de fazer face aos desafios da sustentabilidade e da coesão territorial. Certo é que a inovação e transformação digital muito têm feito parte do percurso desta área. Para melhor compreendermos, que novas metas estão a ser traçadas no que diz respeito a esta revolução tecnológica? De que forma estes fatores contribuem para a evolução do setor? A Pedra Natural para fins ornamentais tem prosseguido uma estratégia de valorização e certificação de produtos, de presença global nos Mercados externos, de trabalho junto de prescritores com abordagens inovadoras na apresentação dos produtos e funcionalidades da pedra e de inovação tecnológica. Atualmente as exportações portuguesas, em volume de negócio, contam com 70% de produtos de pedra natural processados e altamente processados, para 30% em bloco ou pouco processados. A tendência de futuro do setor será de continuidade na especialização em obras por medida, totalmente personalizadas e para produtos e projetos altamente complexos, e que valorizem cada vez mais a Pedra Natural Portuguesa. Passámos de uma fase onde se trabalhava a pedra na perspetiva pura e dura da dimensão, ou seja, cortar muito, rápido, igual e em cadências muito
Após presenciar a participação de oradores das mais variadas entidades e empresas no StonebyPORTUGAL SUMMIT, qual considera que será o futuro da Pedra Natural em Portugal? A médio e longo prazo, de que forma este setor impactará economicamente o nosso país? O futuro é precisamente a continuidade deste desígnio. Já não basta olhar para a pedra numa perspetiva meramente ornamental, mas sim trabalhar outras dimensões e isso trouxe-nos tantas alterações do ponto de vista do rumo a seguir que também aqui houve uma mobilização do setor no sentido de atacar de frente os novos paradigmas da indústria 4.0 e de toda a lógica da cadeia de valor e da integrabilidade dessa cadeia de valor.
“O TRABALHO DA PEDRA FOCA-SE NA PERSPETIVA ORNAMENTAL OU DIMENSIONAL, NA PERSPETIVA DA SELEÇÃO OU DA SUA CONJUGAÇÃO COM OUTROS ELEMENTOS E OUTROS MATERIAIS, MUITAS VEZES DANDO-LHE UMA ALTERAÇÃO OU UMA UTILIZAÇÃO TÉCNICA DIFERENTE DO QUE ERA USO” elevadas, para uma situação em que tudo passa pela customização e personalização. Esta modernização da indústria ocorre por ter existido um investimento e uma investigação muito profunda na lógica daquilo que são as capacidades tecnológicas de trabalhar a pedra. Passou a haver capacidade de fazer coisas que antes não eram possíveis. No entanto, essa primeira fase de investigação trouxe principalmente a tecnologia já existente em outros setores para adequá-la à indústria da pedra.
Atualmente, vivemos uma nova mudança de paradigma relativamente à utilização da pedra, pois já não basta o uso direto de outra tecnologia. O trabalho da pedra foca-se na perspetiva ornamental ou dimensional, na perspetiva da seleção ou da sua conjugação com outros elementos e outros materiais, muitas vezes dando-lhe uma alteração ou uma utilização técnica diferente do que era uso. Contribuir para o desenvolvimento tecnológico e económico
do setor é a missão da Assimagra. Assim, que projetos estão a ser delineados para reforçar o posicionamento neste âmbito tão essencial a todos? A par de grandes projetos nestas áreas liderados por empresas e pelas associações como a ASSIMAGRA, a Associação Cluster ou o StoneCITI, está em desenvolvimento uma Agenda Mobilizadora ao PRR do setor intitulada SUSTAINABLE STONE BY PORTUGAL, que pretende trazer novas oportunidades para a pedra como material de valorização de projetos, englobando parceiros estratégicos, desde empresas, entidades de ID e Universidades que irão contribuir para uma nova geração de conhecimento e de inovação na indústria. Estamos também a construir um roteiro à descarbonização e à circularidade de produtos para fazer face aos desafios da sustentabilidade atuais. ▪
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“Vejo Futuro na Pedra Natural em Portugal” No decorrer desta entrevista, a Revista Pontos de Vista dá a conhecer a personalidade resiliente de António Galego, fundador e CEO da António Galego & Filhos – Mármores, S.A. Num período que se mostra instável para o setor da Pedra Natural, decidimos, junto do profissional da área, perceber o que o inquieta e as mudanças que gostaria de presenciar. Conheça tudo.
A
ANTÓNIO GALEGO
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António Galego & Filhos – Mármores, S.A. foi fundada no início dos anos 80 pelo atual administrador, que iniciou a sua atividade na transformação de Rochas Ornamentais Portuguesas, dedicando-se nessa altura apenas à serragem e comercialização de Pedras Naturais oriundas do anticlinal de Borba, Vila Viçosa e Estremoz, destinando a sua produção apenas ao mercado Português. Caracterizada por uma forte estratégia e aposta de investimento e crescimento sustentável, a empresa, com as suas instalações fabris e pedreiras situadas em Bencatel (Vila Viçosa), acompanhou sempre as exigências evolutivas dos mercados que integrava, permitindo-lhe o alargamento e a conquista de importantes quotas de mercados a nível mundial, conseguindo dar resposta em tempo real às di-
versas especificidades e exigências colocadas pelos seus clientes e colaboradores. Segundo o fundador, “em 1995, quando o meu filho se juntou à empresa – sabendo que poderia ter comigo o pilar e futuro da empresa - decidi inovar. Optámos por criar investimento com tecnologia e acompanhar aquilo que é hoje o desenvolvimento, a nível mundial, deste setor. Porque as empresas que não investirem e não acompanharem o mercado tecnologicamente, vão ficar para trás”. Certo é que, aos dias de hoje, adotar estratégias de inovação, é um fator crítico no seio de qualquer entidade. Isto é, resolver problemas de formas diferentes, procurar acrescentar valor aos mercados onde a empresa se insere. “O último investimento que fizemos é mesmo inovador. Adotámos uma nova tecnologia em termos de
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aproveitamento e transformação de Pedras Naturais, e daí estarmos hoje no mercado, e podermos ter alguma competitividade com os parceiros mundiais, porque a concorrência hoje é a nível global. Sei que aquilo que nos acrescenta valor é fortalecer os laços com os parceiros europeus. Criar mão de obra especializada, tecnologia de ponta na exploração e transformação. E o futuro o dirá porque hoje o mundo tem convulsões que não conseguimos prever nem antecipar. Antigamente era possível fazer uma previsão a longo prazo, isto é, de uns anos para os outros. Hoje sei que não é possível fazer essas previsões”, sustenta António Galego. INOVAÇÃO COMO FOCO PRINCIPAL As Pedreiras da empresa estão localizadas na zona da Lagoa, em Vila Viçosa, e constituem uma importante fonte de matéria-prima devido à conjugação de meios humanos especializados e de maquinaria pesada tecnologicamente avançada. Esta adaptação às constantes mudanças no mercado e primazia pela inovação, levou a que a marca conseguisse dar resposta em tempo real às diversas exigências impostas pelos mercados do setor da pedra natural. Quem o garante é António Galego, “o investimento na inovação veio ajudar-nos no sentido de aproveitarmos muita matéria-prima que antes não conseguíamos aproveitar. Temos novos equipamentos e de facto, havia muita matéria-prima que ficava nas pedreiras porque tinham defeitos que não lhes conseguíamos tirar e os equipamentos que tínhamos antigamente não eram próprios. Atualmente aproveitamos tudo. Podemos considerar que esta foi uma das grandes mais-valias que conquistámos”. Por outro lado, se a tecnologia é importante, mais importante ainda são as pessoas, para que trabalhem com ela. E este é um dos fatores que a AGF Mármores nunca descurou. Para a marca, a aposta nos recursos humanos e
formação está no topo das prioridades, isto porque, sem pessoas, não se produz. “Em relação à formação dos operários, devem ser as próprias empresas a oferecer aos operários. Até porque este setor está a ficar desprovido de pessoas que tinham muita prática a trabalhar no mesmo, e as camadas mais jovens são pouco vocacionadas a entrar dentro destes setores. Nós, como empresa, não nos podemos queixar nessa vertente operária. Temos conseguido captar jovens e a nossa massa operária ronda os 40 anos. E todos são formados por nós. Na pedreira é mais difícil, porque com chuva e com sol, embora o operário já não tenha muito trabalho físico, tem que lá estar. Há pouca vontade nos jovens na adesão às pedreiras, mas nós temos conseguido, porque criámos condições para tal, daí a importância deste lado dos recursos humanos”, afirma o interlocutor. Para além da estrutura em Bencatel, a marca conta já com duas filiais: em Braga e no Algarve. Localizadas em zonas de fácil acesso e onde os clientes têm à disposição
um vasto stock de Mármores, Calcários, Compactos e Granitos. Estas unidades possuem uma escolha adequada e conveniente a todos os tipos e vertentes da arquitetura, o que por si só, é uma mais-valia. CRISE ENERGÉTICA: OS PROBLEMAS E AS SOLUÇÕES Com o mundo ainda em recuperação da pandemia que assolou todos os setores durante dois anos, vê-se agora confrontado com uma crise energética. Quem não fica indiferente é o setor da Pedra Natural, que em muito se mostra afetado com o aumento dos preços da energia, eletricidade e combustíveis. António Galego
“A INDÚSTRIA DA PEDRA NATURAL DEVIA SER OLHADA COM MAIS ATENÇÃO, TER MAIS APOIOS, TER MAIS FISCALIZAÇÃO NO SETOR PARA ACONSELHAMENTO”
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não falta, “mas este fator energético e dos combustíveis, têm também feito com que algumas explorações encerrem”. Neste momento a esperança está nas mãos do governo. O setor aguarda um olhar mais atento, e que, finalmente, se perceba o quão impactante é esta fileira na indústria e na economia portuguesa. “A Indústria da Pedra Natural devia ser olhada com mais atenção, ter mais apoios e mais fiscalização no setor para aconselhamento, isto é, a fiscalização devia ajudar os empresários”, sustenta o fundador. “O nosso setor merecia ter um combustível como têm os nossos parceiros europeus, isto é, apenas para as máquinas industriais que estão na exploração das pedreiras, porque essas é que gastam cerca de 20/30 litros de gasóleo por hora. No que diz respeito à eletricidade, chamava a atenção à nossa Associação para que negociasse um pacote a nível nacional para todas as empresas usufruírem de um preço mais económico. Ao negociarmos a eletricidade isoladamente não temos peso nenhum e acaba por ser muito dispendioso. Quero acreditar que esta mudança vai acontecer, penso que as autoridades competentes irão ouvir-nos e perceber que realmente precisamos de um apoio. Não é fácil para nenhuma empresa adaptar-se a esta inflação”, quem o garante é António Galego que, apesar da instabilidade que o setor vive, acredita na mudança.
confessa, “este ano começou muito bem, tínhamos previsões de que o ano de 2022 iria ser melhor do que o ano pré-pandemia, só que neste momento, já não tenho assim tanta certeza”, acrescentando ainda que “estamos a ser muito sobrecarregados com custos inesperados: os custos da energia e
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dos combustíveis. E este setor não é um daqueles em que podemos aumentar os preços do dia para a noite”. Num setor em que a energia representa quase metade dos custos diretos de produção, baixar os braços não é opção. Isto porque, o interlocutor garante que procura
O FUTURO DA PEDRA NATURAL EM PORTUGAL Ainda que muitas sejam as adversidades, o setor da Pedra Natural tem-se caracterizado ao longo dos anos, pela aposta no conhecimento, na tecnologia e na internacionalização, numa maior preocupação com a sustentabilidade ambiental e coesão territorial. A Pedra Natural, representa atualmente uma das melhores matérias primas do mundo, o que é um grande trunfo que acaba por ga-
rantir um futuro coeso. “Eu vejo futuro na Pedra Natural em Portugal. Dentro do nosso país temos tido cada vez mais procura. O mercado do Norte tem muito marmorista, apresenta mais oportunidades. Na filial que temos em Braga só vendemos o nosso próprio produto e as vendas estão praticamente equiparadas. Portanto, tenho boas expectativas no mercado nacional das Pedras, porque estão agregadas à construção civil, ou seja, se a construção civil continuar a bom ritmo, existirá também um aumento da procura da rocha ornamental”, garante António Galego. E por falar em futuro, quem não prescinde de investir a médio e longo prazo é mesmo a AGF Mármores que acabou de colocar uma nova pedreira a trabalhar, dois anos após a tentativa de aquisição de licença. O fundador salienta, “esta é uma mais-valia e uma conquista para a empresa, porque daqui a dois meses, será uma grande ajuda em matéria-prima”. Para além disso, “temos também uma qualidade e cor de pedra nova, que é muito procurada e desejada. Conseguimos introduzi-la, portanto está tudo alinhado”. Para o nosso entrevistado, “o ano de 2022 espera-se ótimo, porque temos todas as condições reunidas. Em termos de investimento em equipamentos de transformação, estamos com tudo o que precisamos. Havendo investimento e saúde, tudo flui”. Para rematar, e porque se trata de um momento de reflexão para o setor, António Galego deixou a todos uma mensagem de alento para os momentos que se aproximam, “quero dizer a todos os empresários deste país, de todas as áreas, que tenham força e coragem e que não desistam. Em particular, aos empresários do setor das rochas ornamentais quero dizer-lhes para nos unirmos, fazermos força, sermos coesos com a nossa Associação, para conseguirmos alavancar o setor e tirar benefícios e apoios disso”. ▪
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“DE FORMA A COLMATAR ALGUMAS LACUNAS, NA ASCENDUM ASSUMIMOS AINDA A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS COMO UMA MISSÃO PRIORITÁRIA PARA ASSEGURAR O PROFISSIONALISMO, ESPECIALIZAÇÃO E ATENÇÃO AO CLIENTE” PEDRO GASPAR, DIRETOR COMERCIAL DA ASCENDUM
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“Temos como Prioridade analisar o Setor, as Empresas e a Atividade de cada um dos Nossos Clientes” A ASCENDUM Máquinas assume um forte compromisso em ser protagonista na liderança dos negócios onde opera, acrescentando o mais elevado grau de riqueza e qualidade, de acordo com o ADN que a define. É sobre esta e outras matérias que Pedro Gaspar, Diretor Comercial da empresa, revela os passos que serão dados no futuro, de forma a potenciar, cada vez mais, o seu valor no mercado.
FOTO: DIANA QUINTELA
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a perspetiva de Pedro Gaspar, Diretor Comercial da ASCENDUM Máquinas, «ambição» é a palavra que melhor descreve a empresa que integra. Existe, neste seio corporativo, uma vontade incansável em ser líder e vincar a sua posição determinada no mercado onde se insere. “Esta ambição materializa-se com uma forte presença no setor, conhecendo todos os clientes, quer sejam fornecedores, quer sejam parceiros, ao compreender a sua atividade, e acompanhando as associações que o regulam, no caso da rocha ornamental ou da indústria florestal”, inicia o nosso entrevistado. Certo é, a ASCENDUM Máquinas distribui, comercializa e aluga máquinas e equipamentos industriais para construção e obras públicas, indústria transformadora e extrativa, florestas, reciclagem, entre outros, disponibilizando soluções integradas e serviços pós-venda que apoiam a atividade de todos estes setores. Através da qualidade da sua atuação e da proximidade que cumpre prontamente, a empresa vê hoje o seu estatuto ser reconhecido e dignificado perante o mercado e associações dinamizadoras, como universidades, onde diligencia ter a máxima contiguidade na colaboração de projetos diversos. Além disso, o que acrescenta valor à empresa é o facto de ter parceiros de referência, como é o caso da Volvo Construction Equipment, uma subsidiária do Grupo Volvo, especialista com mais de 45 anos
de experiência na comercialização desta que é uma das marcas líderes de equipamentos para construção e indústria, e onde integram produtos como dumpers articulados, pás carregadoras, escavadoras, equipamentos de demolição, entre outros, ou da marca Metso Outotec, pioneira em tecnologias sustentáveis, com soluções completas e serviços para as indústrias de agregados, processamento de minerais, refinamento de metais e reciclagem, através de grupos móveis ou semi-móveis, ou mesmo instalações fixas de britagem e crivagem.
“ATUALMENTE TEMOS UM UPTIME CENTER QUE TEM VÁRIAS FUNCIONALIDADES E CUJO OBJETIVO É TRANSVERSAL, QUER NUMA ÓTICA DE MINIMIZAR TANTO QUANTO POSSÍVEL AS PARAGENS DOS EQUIPAMENTOS, MAS TAMBÉM DE MONITORIZAR OS MESMOS” ABRIL 2022 | 59
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Posto isto, tendo uma base forte de conhecimento, “temos como prioridade analisar o setor, as empresas e a atividade de cada um dos nossos clientes, para que possamos prestar as soluções que os nossos fabricantes desenvolvem. De forma a colmatar algumas lacunas, na ASCENDUM assumimos ainda a formação dos profissionais como uma missão prioritária para assegurar o profissionalismo, especialização e atenção ao cliente”, garante o Diretor Comercial. Assim, a formação técnica dos colaboradores da empresa é vista como um investimento e um dos pilares fundamentais para a construção das competências do «saber-fazer», associadas à capacidade de resolução rápida e eficaz dos mais diversos desafios. O CONTRIBUTO DA ASCENDUM PARA A SUSTENTABILIDADE Sendo uma empresa parceira de diversas marcas europeias, a ASCENDUM assume, ainda, um forte compromisso ambiental, o que faz com que tenha adotado diversas medidas a esse respeito, através do controlo dos aspetos ambientais com impactos ambientais mais significativos, nomeadamente a produção de resíduos perigosos e o consumo de recursos naturais e energéticos. A missão é melhorar continua-
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“A PEDRA NATURAL, NO SETOR DAS MÁQUINAS, TEM VINDO A PAUTAR NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS UM CRESCIMENTO CONSTANTE, O QUE É NOTÁVEL UMA VEZ QUE SE TRATA DE UMA ATIVIDADE MAIORITARIAMENTE DE EXPORTAÇÃO”
mente a performance ambiental dos serviços prestados. “No que diz respeito a esta matéria, atualmente temos um Uptime Center que tem várias funcionalidades e cujo objetivo é transversal, quer numa ótica de minimizar tanto quanto possível as paragens dos equipamentos, mas também de monitorizar os mesmos. Esta monitorização permite-nos proativamente atuar a nível da operação, aumentando a produtividade e reduzindo os respetivos custos”, destaca Pedro Gaspar. I ENCONTRO NACIONAL DO SETOR DA PEDRA NATURAL A Assimagra – Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais, organizou o I Encontro Nacional do Setor da Pedra Natural – Stone by Portugal Summit, no passado dia 18 de março, no World of Wine e a ASCENDUM Máquinas foi patrocinadora deste evento. Sobre o mesmo, o nosso entrevistado refere que é “um orgulho sermos convidados a participar em eventos desta natureza, porque faz parte do nosso ADN estarmos presentes e associarmo-nos, neste caso à Assimagra, que é a associação de maior relevo da indústria extrativa em Portugal”.
O cluster da indústria extrativa em Portugal, nomeadamente da pedra natural, tem tido ao longo dos tempos uma importância extremamente relevante. Segundo Pedro Gaspar “a pedra natural, no setor das máquinas, tem vindo a pautar nos últimos dez anos um crescimento constante, o que é notável uma vez que se trata de uma atividade maioritariamente de exportação”, acrescentando ainda que “este facto é algo que nos confere muita confiança no futuro, uma vez que a ASCENDUM está associada a uma indústria que tem tido uma atuação positiva”. Neste sentido, são inúmeras as mais-valias que a pedra natural acarreta, nomeadamente a de elevar a competitividade do mercado português além-fronteiras, apesar de se tratar de um recurso finito que merece ser respeitado e, sobretudo, preservado. UM FUTURO ALINHADO COM A TECNOLOGIA A tecnologia é uma realidade cada vez mais assente em todos os setores de atividade e para a ASCENDUM este caminho já está a ser traçado há algum tempo, sendo que, o passo a seguir é a implementação da automatização das máquinas no nosso mercado. “Posso dizer que temos em Portugal, desde já,
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“POSSO DIZER QUE TEMOS EM PORTUGAL, DESDE JÁ, ALGUNS PROCESSOS EM CURSO, NOMEADAMENTE NO QUE CONCERNE À IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMAS AUTÓNOMOS, OU SEJA, SEM A NECESSIDADE DE OPERADORES" alguns processos em curso, nomeadamente no que concerne à implementação de sistemas autónomos, ou seja, sem a necessidade de operadores, o que vem colmatar a dificuldade que hoje existe em contratar neste campo. Além disso, são soluções totalmente focadas na sustentabilidade, uma vez que se tratam de máquinas elétricas. Estamos, atualmente, a desenvolver uma solução cuja origem, por exemplo do aço, é 100% isento de energias fósseis e com requisitos muito apertados neste sentido. Outra mais-valia é que estas máquinas poderão trabalhar ininterruptamente, o que irá aumentar, e muito, a produtividade. É uma realidade que estamos a estudar e acreditamos que dentro de dois anos já temos estas soluções em Portugal”, confidencia o nosso interlocutor.
Para que tal seja aplicado, há barreiras que terão de ser ultrapassadas, contudo, para Pedro Gaspar, não são desafios transcendentes nem inquietantes. “Há questões legais que precisam de ser analisadas, mas não só. Temos também de verificar detalhadamente, junto dos nossos clientes e das suas instalações, a questão do layout e de que forma o podemos adaptar para receber este tipo de projeto. Há regras que precisam de ser estabelecidas para que não existam colisões entre as nossas máquinas e obstáculos externos”, termina o Diretor Comercial da empresa. Segue-se, assim, um período crucial na implementação das soluções sustentáveis e de vanguarda que estão, atualmente, a ser desenvolvidas pela ASCENDUM Máquinas. ▪
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POR SANDRA CARVALHO, RESPONSÁVEL DE COMUNICAÇÃO & ACADEMIA CTCV
“O CTCV tem vindo a intensificar a sua colaboração com o Setor dos Recursos Minerais e da Pedra Natural” O CTCV é uma entidade do Sistema Científico e Tecnológico (SCT), com 35 anos de existência, reconhecida como Centro de Interface Tecnológico (CIT), no âmbito do Programa Interface. Certificado pela CERTIF segundo a NP EN ISO 9001, os seus laboratórios são acreditados pelo IPAC, de acordo com a norma NP EN ISO/IEC 17025, para a realização de análises e ensaios técnicos, orientados em particular para análise das características dos materiais, demonstração da qualidade dos produtos industriais, investigação, intercomparação, garantindo os requisitos de conformidade e critérios de desempenho e qualidade dos produtos de construção, cerâmicos, vidros, cimentos, argamassas, colas, betões, entre outros e em particular da Pedra Natural e Pedra Reconstruída, antes da sua colocação no mercado.
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otado de equipamento de ponta e com uma equipa de especialistas em várias áreas do conhecimento, o CTCV tem uma participação ativa em várias comissões técnicas de normalização nacionais, europeias (CEN) e internacionais (ISO), em particular na CEN/TC 246 – Natural Stones e como coordenador na CT 118 – Rochas Ornamentais. Com uma cultura orientada para a produção de resultados e valorização de conteúdos de utilidade industrial, o CTCV oferece um conjunto de soluções integradas que passam, em complemento com a área de
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Medição e Ensaio, pela Consultoria Especializada, Auditoria, Formação Profissional e Projetos de Inovação e Investigação, para os setores do Cluster da esfera do Habitat, em particular para o setor da Pedra Natural. Com os desafios que se colocam atualmente às empresas, impulsionados pelo aumento dos custos de energia, compromissos ambientais, escassez de matérias-primas e de recursos humanos, o desenvolvimento tecnológico e a inovação deve ser um motor de crescimento e um desígnio das empresas, que devem ter a capacidade de impri-
mir valor nos produtos, para reforçar a sua capacidade competitiva. Para apoiar as empresas nesse caminho, o CTCV foi uma das 37 entidades que submeteu uma candidatura naquela que é a 1ª fase de reconhecimento dos Centros de Tecnologia e Inovação (CTI), que são entidades de interface entre o sistema académico, científico e tecnológico e o tecido empresarial e que se dedicam à produção de conhecimento e da sua transferência para as empresas e para a criação de valor económico. Com uma capacidade instalada de sete laboratórios (materiais, produtos, segu-
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“COM OS DESAFIOS QUE SE COLOCAM ATUALMENTE ÀS EMPRESAS, IMPULSIONADOS PELO AUMENTO DOS CUSTOS DE ENERGIA, COMPROMISSOS AMBIENTAIS, ESCASSEZ DE MATÉRIAS-PRIMAS E DE RECURSOS HUMANOS, O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E A INOVAÇÃO DEVE SER UM MOTOR DE CRESCIMENTO E UM DESÍGNIO DAS EMPRESAS” rança, ambiente, robótica industrial e tecnologias de fabrico aditivo), serviços de assistência técnica, de investigação e desenvolvimento na área dos materiais, da energia ou dos processos industriais, esta candidatura visa reforçar o posicionamento do CTCV junto das empresas e parceiros tecnológicos. De referir ainda o reconhecimento como um dos Centros de Tecnologia ATI a nível europeu que desenvolvem I&D aplicada em tecnologias para a indústria. A atividade de inovação e I&DT do CTCV tem vindo a desenvolver-se com base numa participação ativa em projetos de desenvolvimento tecnológico aplicado, enquadrados em diversos programas nacionais e europeus de apoio à investigação e desenvolvimento, que resultam muitas vezes em pedidos de patentes. Esse posicionamento e proximidade aos setores industriais, implica um investimento significativo em tecnologia e recursos humanos
altamente qualificados e num trabalho de maior proximidade com estes setores industriais da fileira do Habitat, incluindo nomeadamente o Setor dos Recursos Minerais e da Pedra Natural. Sendo a Transição Digital também um dos motores de crescimento dos setores industriais, o CTCV integra o consórcio do Polo de Inovação Digital do Centro - “PTCentroDiH”, integrado na Rede nacional e candidato também ao acesso à rede europeia de Digital Innovation Hubs, o qual permite reforçar o posicionamento do CTCV no desenvolvimento de projetos que promovam a cultura digital, bem como de ferramentas e novas tecnologias que reorientem os modelos de operações industriais tradicionais para modelos digitais. Este polo de inovação digital contribuirá para a transformação digital e para a modernização do tecido empresarial da Região Centro, em particular da indústria, de modo a garantir que esta é capaz de responder aos desafios
cada vez mais exigentes da economia digital, desafios esses que visam acelerar a adoção das tecnologias da indústria 4.0, sendo a participação do CTCV mais relevante nos temas da Fabricação Aditiva e da Robótica Industrial. Também nesta lógica o CTCV tem vindo ainda a participar em diversos projetos, nacionais e europeus. No panorama nacional e financiado pelo Portugal 2020, destaque para o projeto AM4CER para desenvolvimento de tecnologia de fabricação aditiva (robocasting) com características adaptadas ao processo, e também para a participação no projeto SIGIP para desenvolvimento de um sistema integrado de gestão inteligente de produção recorrendo a algoritmos de inteligência artificial para a criação de um sistema de manufatura preditiva. A nível europeu, é exemplo o Projeto CircularBIM, co-financiado pelo programa Erasmus+ e que agrega os objetivos da transição digital com a transição verde. Através
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de uma plataforma educacional, focada em estratégias avançadas de reinstalação de materiais de construção na cadeia de valor industrial com base em tecnologias de aprendizagem BIM, visa promover novos modelos de produção na construção, com base na reavaliação e reutilização de resíduos, incentivando o estudo e a pesquisa de novos mercados para esses recursos recuperados. Também o reconhecimento do CTCV pela Agência Nacional de Inovação como Centro Empresarial de Inovação Tecnológica, irá permitir que aposte ainda na criação de um projeto inovador que visa a criação de um complexo criativo e de empreendedorismo tecnológico, aproveitando o conhecimento existente e criando sinergias entre as indústrias criativas, as indústrias tradicionais e as indústrias 4.0. Num paradigma de transição verde, é premente desenvolver modelos orientados para a modelos económicos e de consumo circulares, que passam pela otimização de recursos e valorização de “subprodutos e resíduos” e transformando-os em matérias-primas e produtos de valor acrescentado. Caberá à indústria, em parceria com as entidades do Sistema de Inovação, encontrar soluções criativas de valorização, no que são os processos de transformação, mas também de extração, usando tecnologias que reduzam a produção de “desperdícios” e da mesma forma valorizar esses desperdícios, transformando-os num produto comercializável como matéria-prima de outros segmentos ou nichos de mercado. No contexto da temática da valorização de resíduos, o CTCV apoiou o desenvolvimento de uma metodologia de valorização de resíduos, contribuindo para a redução de impactes ambientais associados à armazenagem e eliminação destes materiais, bem como para um uso mais eficiente e racional dos recursos naturais. Ao abrigo do projeto, foram realizados ensaios de incorporação de lamas do processamento da pedra em composições cerâmicas, na perspetiva de solucionar os problemas relacionados com este tipo de resíduos, proporcionando assim as simbioses industriais e a valorização de recursos, promovendo-se estratégias de eco inovação e de economia circular. Ainda neste âmbito, o CTCV é também parceiro no projeto LIFE4STONE, cujo objetivo é desenvolver soluções para o reaproveitamento dos resíduos gerados na extração e no corte das rochas ornamentais, através da sua incorporação em materiais de maior valor acrescentado, e contribuindo para a resolução de um dos principais constrangimentos da indústria das rochas ornamentais, em ambas as suas componentes (extrativa e transformadora). Uma parte significativa dos resíduos produzidos assume o formato de lamas, constituídas por pós de muito pequena dimensão, provenientes do corte e serragem da pedra, e de peças granulares de maiores dimensões. Com este projeto, pretende-se estudar e caraterizar soluções em duas vertentes a desenvolver em paralelo: a incorporação de lamas nas pastas utilizadas como matéria-prima em indústria cerâmica e o desenvolvimento de compósitos que integrem os resíduos e que permitam produzir peças de mobiliário urbano. O projeto
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criará assim simbioses industriais entre estes dois setores – pedra e cerâmica. Outra das preocupações dos setores industriais é sem dúvida a Descarbonização, e o CTCV está empenhado em desenvolver esforços conjuntos com as empresas dos setores industriais da fileira do Habitat, em particular Cerâmica, Vidro e Recursos Minerais, no sentido do desenvolvimento de soluções que permitam cumprir com o objetivo de descarbonizar a indústria, seja por via da promoção de uma maior eficiência energética dos processos, de uma maior utilização de energia proveniente de fontes renováveis, da utilização de novas fontes de energia como é o caso do Hidrogénio Verde, da eletrificação, de novas tecnologias de produção, apoiadas por processos digitais, ou mesmo de captura de CO2, tendo atualmente em fase de preparação um conjunto de projetos no âmbito do PRR, nos avisos para a criação de Roteiros para a descarbonização
“NO CONTEXTO DA TEMÁTICA DA VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS, O CTCV APOIOU O DESENVOLVIMENTO DE UMA METODOLOGIA DE VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS, CONTRIBUINDO PARA A REDUÇÃO DE IMPACTES AMBIENTAIS ASSOCIADOS À ARMAZENAGEM E ELIMINAÇÃO DESTES MATERIAIS, BEM COMO PARA UM USO MAIS EFICIENTE E RACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS” e das Agendas mobilizadoras verdes. Decorrente das metas definidas pela EU, é urgente desenvolver e procurar novas tecnologias disruptivas, novos equipamentos que cumpram as mesmas funções com menor consumo energético, reduzindo significativamente as emissões de CO2 e originando um maior aproveitamento da matéria-prima. O desenvolvimento passará pela utilização de novas formas de energia, suportadas na digitalização de processos, promovendo o desenvolvimento de tecnologias mais eficientes nos processos. Mas a indústria não é só tecnologia e nos próximos anos, a escassez de recursos humanos já há muito existente, em particular na indústria, tenderá a aumentar e urge encontrar-se uma solução sustentável de atratividade de pessoas e requalificação de ativos, valorizando os setores industriais, tornando-os mais apelativos para as novas gerações. A transformação digital e a automatização da indústria são uma realidade e uma parte da solução para este problema, já que grande parte das tarefas industriais apresentam um grande potencial de automatização com recurso a tecnologias já
existentes, sendo suscetíveis de automatização outras tarefas mais complexas, mediante o desenvolvimento de novas tecnologias. No entanto e até muito recentemente, considerando a existência de mão de obra disponível, a adoção da tecnologia por parte das empresas não era globalmente entendida como um bom investimento, dado o elevado custo de implementação de processos de automação, ou do retrofitting de equipamentos, que dava primazia à contratação de mão de obra não qualificada e menos dispendiosa. Mas a exigência dos mercados, que procura produtos distintos e ambientalmente sustentáveis, uma entrega rápida e eficaz, que obriga à eficiência dos processos industriais e de entrega de produtos, tudo isto aliado à escassez de mão de obra que tende a aumentar, impele os empresários a repensar os seus processos de fabrico e o investimento em novas tecnologias e automatização de processos, para processos mais eficientes, mais limpos, com uma menor produção de desperdícios e consumos. Este novo paradigma, onde teremos uma forte componente de robótica avançada, de sistemas de movimentação autónomos, de impressão 3D, de inteligência artificial e de materiais avançados, obrigam as empresas a repensar o futuro do trabalho e a criação de novas competências. Os modelos atuais podem considerar-se obsoletos quando se pensa no futuro da mão de obra alinhado com a valorização do setor. É premente repensar e reformar os modelos de formação, bem como a oferta formativa existente, desenvolvendo não só percursos mais alinhados com as futuras necessidades, como na criação de novos formatos de formação, assentes em modelos imersivos de treino, baseados em competências e experiências-piloto de aprendizagem, orientadas para a transferência de conhecimento, com novas tecnologias e formatos mais modernos de ensino e que integrem experiências imersivas, podendo ser uma peça-chave no processo de transição para o novo paradigma da Indústria 4.0. O CTCV tem vindo a intensificar a sua colaboração com o Setor dos Recursos Minerais e da Pedra Natural, em particular nos últimos quatro anos, através não só da realização de ensaios aos produtos, mas em consultoria especializada e em projetos desenvolvidos pelas associações do setor, cujos beneficiários são, direta e indiretamente, as empresas do setor. É o caso do projeto de formação-ação, que visa capacitar os trabalhadores de 20 PMEs do setor dos Recursos Minerais ou da Pedra Natural na temática da Inovação, ou do projeto “The Stone 4.0 Age”, um projeto de transformação digital do Setor da Pedra Natural, apoiado pelo COMPETE2020 e que tem uma intervenção significativa do CTCV na execução das suas atividades. Visa desde logo perceber os principais obstáculos que impedem as empresas de alcançar a i4.0, apoiando-as na incorporação destes conceitos e práticas através de diversas ferramentas i4.0 para digitalização da gestão da produção, promoção de novas aplicações multifuncionais para produtos de valor acrescentado ou de uma metodologia de georreferenciação dos produtos de Pedra Natural Portuguesa com recurso a um Sistema de Informação Geográfica com bases de dados geo-espaciais integradas. ▪
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Rocha Verde
A aposta na Comercialização A Revista Pontos de Vista entrevistou Joana Ilharco Gonçalves, Presidente do Conselho de Administração da Rocha Verde – Sociedade Transformadora de Mármores S.A., de forma a elucidar os leitores do estado atual em que se encontra este setor, que mudanças o mesmo necessita, e ainda a estratégia da marca no reforço do seu posicionamento do mercado. Fique a par.
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om mais de 30 anos de história, a atividade principal da Rocha Verde S.A, consiste hoje na extração, transformação e comercialização de pedras, fundamentalmente de rochas ornamentais. Para melhor compreendermos, qual tem vindo a ser a estratégia da marca para uma evolução contínua e acompanhamento das tendências num mercado que se mostra tão competitivo? Como descreve a evolução da mesma? A aposta tem sido maior no setor da comercialização em virtude de termos de estar muito atentos às tendências dos vários mercados, quer em termos de cores, de preços, de características dos
materiais, entre outros. Temos acompanhado essas tendências procurando diferenciarmo-nos da concorrência em vários produtos sobretudo dos materiais estrangeiros. Certo é que esta é uma empresa adepta da inovação, e por isso mesmo, vários investimentos no âmbito da sua atividade, - como o aumento da área das instalações fabris e a aquisição de equipamentos industriais modernos – têm vindo a ser realizados. De que forma? Qual a importância desta aposta constante na inovação numa fileira como a da Pedra? Os investimentos têm sido paulatinos do modo a manter atualizada
“OS INVESTIMENTOS TÊM SIDO PAULATINOS DO MODO A MANTER ATUALIZADA A PRODUÇÃO NO SENTIDO DE SATISFAZER OS CLIENTES QUE TEMOS FIDELIZADOS” JOANA ILHARCO GONÇALVES
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a produção no sentido de satisfazer os clientes que temos fidelizados. Debatemo-nos com a dificuldade de recrutamento de pessoal especializado para este tipo de transformação. Daí a nossa opção no setor da comercialização. No passado dia 19 de março aconteceu o I Encontro Nacional do Setor da Pedra Natural, o qual vos diz muito. Num período em que se prevê uma recuperação da economia, qual a importância de conceber um acontecimento como este para o setor? Que perspetivas vos marcam para que daqui em diante, se eleve ainda mais esta fileira? Tem sempre interesse, mas mediante a estratégia que a nossa empresa adotou, sabemos bem quais as perspetivas para manter a senda de negócio a que nos propusemos. Tendo em conta a grande procura de rochas ornamentais a nível mundial, que medidas e apoios governamentais considera que seriam pertinentes no que diz respeito, por exemplo, aos combustíveis, lubrificantes e energias? Tendo em consideração o agravamento dos preços de todos estes consumíveis, achamos que nesta fase, esses produtos deveriam ser taxados em Iva, apenas à taxa intermédia e ter maiores incentivos fiscais às exportações, ou deixaremos de ser concorrenciais a nível internacional.
“AO LONGO DOS ANOS TEMOS TENTADO INCREMENTAR A DIVERSIFICAÇÃO DE PRODUTOS DE RECONHECIDA QUALIDADE E ESPECIALIZAMOS NUMA DÚZIA DE MATERIAIS ESTRANGEIROS E COM MUITA PROCURA NO NOSSO PAÍS” Para concluir, qual o planeamento da Rocha Verde S.A para reforçar o seu posicionamento num setor tão essencial a todos? Ao longo dos anos temos tentado incrementar a diversificação de produtos de reconhecida qualidade e especializamos numa dúzia de materiais estrangeiros e com muita procura no nosso país. Visitamos feiras internacionais do setor das rochas ornamentais, estudamos as origens dos materiais que nos interessavam e estabelecemos acordos de fornecimento com os credores que mais garantias nos davam em termos de qualidade, quantidade, continuidade e confiança. As incertezas atuais a nível
económico e comercial a nível mundial, deixam-nos por vezes um pouco incrédulos e somos obrigados a pensar e a redefinir frequentemente a estratégia e orientação negocial. ▪
Num setor onde a energia representa quase metade dos custos diretos de produção e estando este setor a passar uma fase sensível a esse respeito, qual considera que será o futuro da Pedra em Portugal? A médio e longo prazo, quais serão os maiores impactos económicos? Pensamos que já deveriam ter sido tomadas medidas a nível governamental, com vista a um aumento significativo da produção com base nas eólicas, painéis solares e aproveitamento da ondulação na costa marítima.
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“FOCAMOS A NOSSA ACTIVIDADE PARA UMA RESPOSTA DIFERENCIADA E ÚTIL À SOCIEDADE ASSEGURANDO AINDA UM ESTADO DE PRONTIDÃO PARA UMA RESPOSTA EFICIENTE AO NÍVEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS” TERESA PONCE DE LEÃO
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“O Desenvolvimento Sustentável não é um obstáculo, mas antes uma Oportunidade para o Futuro” “Construir um futuro mais limpo e melhor”, é a chave-mestra que guia o trabalho do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG). Tendo em conta o actual estado do sector, a Revista Pontos de Vista, conversou com Teresa Ponce de Leão, Presidente do Conselho Directivo da entidade, para que melhor se compreenda quais os maiores desafios, bem como os projectos que se encontram a decorrer. Saiba tudo.
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Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) tem como missão contribuir de forma independente para o desenvolvimento económico e melhoria da qualidade de vida, colocando o conhecimento ao serviço da sociedade. Neste sentido, quão desafiante tem sido, nos últimos anos, “construir um futuro mais limpo e melhor”? “Construir um futuro mais limpo e melhor” é a nossa forma de transmitir à sociedade que a investigação que fazemos se destina à contribuição para o desenvolvimento sustentável aplicando com esse objectivo o conhecimento gerado nas nossas áreas chave. Procuramos parcerias e o trabalho em rede e focamos a nossa actividade para uma resposta diferenciada e útil à sociedade assegurando ainda um estado de prontidão para uma resposta eficiente ao nível das políticas públicas. De referir que no LNEG estamos a estudar como introduzir a metodologia da “United Nations Resource Management Systems” (UNRMS), que se baseia nos seguintes princípios: ● Garantir os direitos e as responsabilidades no uso dos recursos; ● Responsabilidade para com o Planeta; ● Gestão integrada e indivisível dos recursos; ● Contrato social com os Recursos naturais; ● Orientação para o serviço; ● Recuperação compreensiva dos recursos;
● Circularidade; ● Saúde e segurança; ● Inovação; ● Transparência; ● Contínuo fortalecimento de competências e conhecimento. Contamos, que através do desenvolvimento de uma ferramenta ou ferramentas para a aplicação da metodologia, possamos contribuir de forma objectiva para melhores decisões de política, na indústria ou mesmo na banca contribuindo como guia para investimentos mais Verdes. Ser uma instituição de referência capaz de colaborar com soluções de excelência para uma economia descarbonizada é a convicção da marca. Podemos afirmar que este objectivo tem sido cumprido? Em que medida? O objectivo de contribuir com conhecimento para uma economia descarbonizada é um processo em curso completamente em linha com o nosso lema que repito, visa desenvolver conhecimento para a construção de soluções para uma sociedade descarbonizada, justa e inclusiva. Destaco o trabalho nas áreas das energias renováveis e avaliação económica de recursos, através do apoio à indústria na área do Hidrogénio, como vector renovável desde que produzido a partir de fontes renováveis, a participação no laboratório colaborativo HyLab, a participa-
ção na Estratégia Nacional para o Hidrogénio, o trabalho na área dos biogases e sua introdução no sistema como mais um vector energético renovável e as competências na área da Economia Circular com forte intervenção no apoio ao sector industrial. Internamente, temos conseguido ligar diversas valências o que nos permitiu ser capazes de responder de forma holística a desafios, nomeadamente na área do hidrogénio. À medida que acrescentamos ao nosso conhecimento temos tido a prática de o publicar através de “policy briefs” acessíveis no nosso Portal. O LNEG, como principal entidade nacional produtora de conhecimento geológico, tem um papel fundamental nas políticas e planos de licenciamento e tudo o que respeita aos recursos geológicos. O que tem sido realizado neste âmbito? O LNEG é o Serviço Geológico Português, repositório e produtor do conhecimento geológico nacional, mas sem intervenção ao nível dos processos de licenciamento. Temos em permanente actualização informação que disponibilizamos no geoPortal, infraestrutura de serviços integrados de suporte à gestão e visualização de dados espaciais, a qual tem como objectivo disponibilizar, em ambiente web, a informação georreferenciada relacionada com as diferentes actividades institucionais. O geoPortal do LNEG pode ser acedido em https://geoportal.lneg.pt a
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partir de qualquer local inclusive através de uma aplicação para telemóvel. Esta aplicação constitui o ponto de acesso único à informação georreferenciada, possibilitando a pesquisa, consulta, análise e eventual download da informação científica e técnica, nas áreas da Geologia e Energia. No plano internacional, integramos os “EuroGeoSurveys” (EGS) com responsabilidades a vários níveis. Trabalhamos de forma ativa na ASGMI, Associação dos Serviços Geológicos dos Países Ibero-americanos e somos parte do
“Expert Group on Resource Management” das Nações Unidas. Tendo em conta todo o trabalho que tem vindo a ser feito até à data a nível nacional, o que considera que torna esta fileira das rochas ornamentais imprescindível na promoção da economia nacional? Portugal é desde há décadas um dos principais produtores de rochas ornamentais a nível mundial. Na última década, a sua posição no
“A CRISE PANDÉMICA E A ACTUAL CRISE ENERGÉTICA ALTERARAM A SITUAÇÃO E OBRIGAM A UMA ADAPTAÇÃO DO SECTOR”
"ranking" mundial tem estado entre a 6ª e 8ª posição, com uma produção em 2020 a rondar os 3,8 milhões de toneladas. Por si só, este facto mostra a importância deste sector em Portugal a que acresce que a maioria da produção nacional (80 – 90 %) se destina à exportação, contribuindo para o equilibrar da balança de pagamentos (1,8 milhões de toneladas exportados em 2019). Acresce que a fileira das rochas ornamentais tem vindo consistentemente a crescer, ainda a nível mundial, cerca de 5% ao ano. O sector nacional continua a crescer e, consequentemente, o seu contributo para a economia nacional. Saliento ainda que a fileira incorpora não só a parte correspondente à extracção, mas também a correspondente à transformação, a qual tem vindo a evoluir em Portugal, o que se traduz num forte e sustentado aumento de produção e exportação de produtos acabados e consequentes mais-valias económicas e que tem associada mão de obra altamente qualificada. No passado dia 18 de março realizou-se o I Encontro Nacional do Setor da Pedra Natural, onde esteve presente o vogal do LNEG, Mário Machado Leite. No decorrer do seu discurso, confidenciou pormenores acerca da acessibilidade no geoPortal da LNEG. Para melhor compreendermos, qual o principal objectivo e foco do Portal de Rochas Ornamentais Portuguesas? Já fiz referência ao geoPortal do LNEG que foi lançado em 2020. A respeito da Plataforma ROP - Rochas Ornamentais Portuguesas, foi tornada pública em novembro de 2021, é dinâmica, o que significa estar em permanente actualização, é composta por uma extensa Base de Dados de Pedras Ornamentais Portuguesas referidas pelos seus nomes comerciais, georreferenciação (locais de extracção e empresas comerciais), especializada através do tratamento das características petrográficas (cor, textura, composição mineralógica), dos padrões de textura e propriedades tecnológicas, químicas e mecânicas, e visa facilitar o uso mais adequado das pedras portuguesas. Os destinatários são arquitectos, constructores e particulares. Está acessível no geoPortal do LNEG em:
https://geoportal.lneg.pt/bds/rop e https://geoportal.lneg.pt/mapa?mapa=rop.
Certo é, que a temática da sustentabilidade muitos obstáculos coloca ao desenvolvimento dos trabalhos da organização. Neste sentido, o que se pode esperar no ano de 2022? O Desenvolvimento Sustentável (DS) visa dar resposta à agenda 2030 e contribuir para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. Trata-se de um novo modelo de desenvolvimento para uma sociedade mais limpa e mais justa. Através deste novo modelo surgem novas oportunidades de melhoria nas empresas e permite responder a desafios como o da independência energética, resolver os problemas da escassez das matérias-primas e dos impactos das alterações climáticas. O Desenvolvimento Sustentável não é um obstáculo, mas antes uma oportunidade para o futuro.
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Muito se tem falado acerca dos constrangimentos no acesso ao território. Neste momento, qual o ponto de vista do LNEG? A questão da acessibilidade ao território aplica-se às rochas ornamentais e aos restantes recursos minerais e renováveis. No caso dos recursos minerais trata-se de um problema comum à Europa, com uma expressão que em Portugal, talvez devida à pequena dimensão, ao regime fundiário caracterizado por pequenas propriedades, e a povoamentos dispersos um pouco por todo o território com alguma visibilidade nos media. A acessibilidade aos recursos minerais é um problema de ordenamento do terri-
PONTOS DE VISTA StonebyPORTUGAL SUMMIT
tório. O LNEG contribui para a acessibilidade, ou seja, identifica recursos e a sua eventual extracção/exploração só pode ser feita onde existam recursos. De notar que estes recursos são uma mais-valia dos territórios onde ocorrem. No contexto do atual quadro legislativo de ordenamento do território, o LNEG tem vindo a contribuir para os diversos instrumentos de gestão territorial. É ao nível dos processos de revisão dos Planos Directores Municipais que o LNEG dá o seu contributo mais efectivo. Devo ainda referir que somos chamados a pronunciarmo-nos em todos os processos de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), integrando Comissões de Avaliação de Impacto Ambiental, intervindo no sentido de precaver que os projectos sujeitos a AIA não inviabilizem a exploração dos recursos minerais ou que os eventuais impactos que possam existir sejam minimizados e evitando a esterilização dos recursos minerais. Como pode descrever o estado actual do sector? Pelo já referido trata-se de um sector em desenvolvimento, tanto ao nível da extracção, como da transformação. O principal obstáculo que enfrenta é o acesso ao território para a exploração dos recursos em rochas ornamentais, bem como a necessidade de encontrar novas áreas com recursos. A crise pandémica
e a actual crise energética alteraram a situação e obrigam a uma adaptação do sector. Note-se que toda a fileira está fortemente dependente dos custos energéticos e que por exemplo os fretes marítimos (exportação) quintuplicaram. Tal tem tradução numa diminuição da exportação em 2020 na ordem dos 19% relativamente aos valores de 2019. Outro factor que está a afectar o sector é a falta de mão de obra, qualificada ou não. Mas nem tudo são barreiras, há também oportunidades e já há empresas transformadoras do sector que se estão a adaptar para diversificar a fonte de energia, por exemplo utilizando biogás. Sabemos que foi realizada uma revisão geral de toda a cartografia geológica dos recursos corporizada em oito mapas que cobrem o país, bem como revisitadas todas as áreas que estavam consignadas em potencialidades de recursos não metálicos. Quais as principais conclusões que a LNEG retirou deste estudo? O que o LNEG recentemente apresentou foi uma revisão da classificação da sua base de dados de ocorrências minerais do domínio público, transpondo-as em mapa, ou seja, assinalando as localizações dessas ocorrências através de simbologia apropriada. Trata-se de uma importante ferramenta para potenciais investidores em prospecção e pesquisa que assim
tomam conhecimento dessas ocorrências e que sobre elas poderão obter mais informação consultando o LNEG directamente ou através das nossas bases de dados "online". Simultaneamente, desperta esses potenciais investidores para todo o acervo de informação técnica histórica sobre antigas minas (muitas delas ainda com recursos "in situ") que está em posse do LNEG e para a qual se estão a desenvolver esforços para a sua disponibilização também no geoPortal. Tendo em conta o actual estado do sector, qual consideram que será o futuro da Pedra Natural em Portugal? A médio e longo prazo, de que forma esta área impactará economicamente o nosso país? Conforme referido antes, o sector está numa fase de adaptação às mudanças imprimidas pelas recentes crises. Há necessidade de diversificar fontes de energia e de criar mais competência através da capacitação de recursos humanos. O LNEG está a apetrechar-se com tecnologias de vanguarda que esperamos ser disruptivas na cartografia de recursos, também em rochas ornamentais e que servirão de apoio à decisão do sector privado. ▪
Nota: A autora não usa o novo acordo ortográfico.
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PONTOS DE VISTA DIA NACIONAL DE PREVENÇÃO E SEGURANÇA DO TRABALHO
Compromisso e Qualidade: o sustento da Quirónprevención
LUÍS FERREIRA E JOANA NOBRE
A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Joana Nobre, Engenheira do Ambiente e Técnica Superior Segurança do Trabalho, e com Luís Ferreira, licenciado em Saúde Ambiental e em Segurança do Trabalho. Com uma vista deslumbrante sobre o rio Guadiana, foi na Barragem do Alqueva, local onde está a ser construída a maior estação de painéis fotovoltaicos flutuantes da Europa, que os dois revelaram a importância deste setor no seio empresarial e ainda de que forma a Quirónprevención, marca onde trabalham, tem vindo a implementar cada vez mais o conceito na sociedade.
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Quirónprevención é uma empresa de prevenção de riscos profissionais na qual as empresas mais confiam a nível internacional. Um caminho que só tem vindo a ser traçado porque a mesma se pauta por valores que sustentam a sua forma de agir, trabalhar e realizar. Paixão pelo trabalho, entreajuda, proximidade, inovação e compromisso, são fatores cruciais no seio da Quirónprevención, o que resulta num produto final caracterizado por uma qualidade sem igual. “A Quirónprevención em Portugal foi adquirida pela mesma marca em Espanha. O fator-chave para nos destacarmos é mesmo a qualidade do serviço que prestamos ao nosso cliente e esse tem vindo a ser sempre o ponto fulcral para despoletar o sucesso”, inicia Joana Nobre. “Atualmente temos um conjunto de serviços a oferecer ao cliente bastante distintos daquilo que já tínhamos anteriormente. Trata-se de ino-
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var e ir ao encontro das necessidades do mesmo, isto é, de acordo com o tipo de atividade de cada cliente. A inovação é sem dúvida a palavra de ordem na Quirónprevención Portugal. Outro valor que insistentemente tentamos passar ao cliente é o compromisso. Se nos comprometemos com eles, eles também devem assumir esse compromisso para connosco. E quando se desviam daquele que é o nosso propósito e aquilo que lhes tentamos incutir, o que fazemos é dar mais formação e mais acompanhamento”, afirmam os Técnicos Superiores de Segurança do Trabalho. São cinco os serviços oferecidos pela marca. Em primeiro lugar, a saúde ocupacional, algo tão necessário não apenas no seio empresarial, como na sociedade em geral. Neste segmento a marca defende que a existência de locais de trabalho seguros e saudáveis possibilita uma boa organização, motivada, produtiva, aberta à ino-
vação e ao empreendedorismo e impulsionadora da sustentabilidade do trabalho. Por esse motivo, contam com uma rede de clínicas com cobertura em todo o território nacional e 14 unidades móveis, para que dessa forma esteja garantida a proteção e promoção da saúde de todos os trabalhadores através de equipas especializadas nesta área. Ainda dentro da mesma linha, o segmento da segurança no trabalho, igualmente importante. A Quirónprevención cumpre rigorosamente a legislação em vigor. De que forma? Ora, avaliam e propõem melhorias para as condições de segurança do trabalho focadas nos trabalhadores, infraestruturas, equipamentos e procedimentos. Segundo Joana Nobre, “o nosso core business é mesmo a segurança e saúde no trabalho, mas também temos serviços na área da segurança alimentar. Dentro da segurança do trabalho temos vários setores: o setor do comércio, da indústria e a construção
PONTOS DE VISTA DIA NACIONAL DE PREVENÇÃO E SEGURANÇA DO TRABALHO
civil, e também todo um conjunto de produtos que oferecemos ao cliente direcionados para o serviço em si. Como os equipamentos de extinção, sinalética e tudo o que é relacionado com este tipo de segurança”. Desengane-se quem pensa que a segurança do trabalho não se relaciona com a segurança alimentar. Isto porque, a gestão da segurança alimentar é fundamental para a promoção da saúde pública e visa o consumo de alimentos seguros que inclui o controlo de perigos e riscos microbiológicos ao longo da cadeia alimentar. “Estão relacionadas e há situações em que se tocam. No entanto, a segurança alimentar tem regras muito diferentes da segurança do trabalho. Ou seja, são dois tipos de trabalhos diferentes embora existam situações em que se relacionam. Como é o exemplo da higiene”, sustenta Joana Nobre. Para além disso, a educação e a formação são os pilares na manutenção da empregabilidade, redução do desemprego,
combate à exclusão social e promoção da igualdade de oportunidades. Quer no seio empresarial, quer em termos individuais. Contudo, não é tarefa fácil incutir esta mentalidade em todas as pessoas, que muitas vezes oferecem resistência. “Junto dos nossos clientes e dos potenciais clientes tentamos explicar por meios de informação e formações, as obrigatoriedades legais, e para além disso, aquilo que é mais importante é o bem-estar dos trabalhadores. Então fazemos todo um conjunto de “explicação” a esse respeito com palestras, workshops, webinars, entre outros”, afirma Joana Nobre. DIA MUNDIAL PARA A SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO A 28 de abril celebra-se o Dia Mundial para a Segurança e Saúde no Trabalho, uma comemoração que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças profissionais a nível mundial. Isto porque, todos sabemos que uma
“OS PRÓXIMOS PASSOS SERÃO SEM DÚVIDA A SOCIEDADE ACREDITAR NA SEGURANÇA. E ACREDITAREM QUE DE FACTO ISTO NÃO É APENAS UMA OBRIGAÇÃO LEGAL, MAS SIM UMA MELHORIA CONSIDERÁVEL NO BEM-ESTAR DOS TRABALHADORES E DE NÓS ENQUANTO PESSOAS”
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PONTOS DE VISTA DIA NACIONAL DE PREVENÇÃO E SEGURANÇA DO TRABALHO
“A INOVAÇÃO É SEM DÚVIDA A PALAVRA DE ORDEM NA QUIRÓNPREVENCIÓN PORTUGAL. OUTRO VALOR QUE INSISTENTEMENTE TENTAMOS PASSAR AO CLIENTE É O COMPROMISSO” cultura forte é aquela em que o direito a um ambiente de trabalho seguro e saudável é valorizado e promovido pela gestão de topo e trabalhadores. Quer pelo envolvimento de todas as partes na melhoria contínua das condições, quer através de uma comunicação aberta e um diálogo assente na confiança e no respeito mútuo, a realidade é que este é um conceito que cada vez mais tem vindo a ganhar relevância. Para a nossa interlocutora, “o mês de abril é sem dúvida um mês importante. Nesse dia temos sempre comemorações, todos os anos. Este ano, para mim, é bastante desafiador porque o mote será preparar os trabalhadores de amanhã. E neste sentido, iremos às escolas e junto do 1º, 2º e 3º ciclos vamos fazer ações de sensibilização. Cultivar a segurança e apresentar aos mais pequenos a cultura de segurança. Isto porque nas atividades letivas curriculares não está incluída esta “formação”. Este é um cami-
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nho que queremos muito traçar, para fomentar cada vez mais aspetos tão importantes como estes no seio dos locais de ensino”. Por não ser uma unidade curricular nas escolas, é que surge a vontade de realizar uma ação de sensibilização junto das crianças e adolescentes, “para que, desde cedo, consigam perceber quando mesmo em casa lhes dizem que o pai ou a mãe têm um trabalho de risco, eles consigam ter a perceção de que tipo de trabalho estamos a falar. O objetivo é fomentar uma cultura de segurança a nível da sociedade também”, conclui. Neste sentido, os temas centrais desta ação terão como base os riscos e perigos para os mais novos, e os adolescentes, algo mais prático e que desperte a curiosidade dos mesmos. Sem nunca esquecer que “tudo isto é com base na prevenção. Nós, neste setor costumamos dizer que é a chamada prevenção primária, e é isso que vamos fazer nas escolas”. O DIA A DIA E O FUTURO DA MARCA Certo é que os valores defendidos pela Quirónprevención são o sustento na forma de agir e trabalhar. Afirmam mesmo que esta é a forma como querem ser hoje e futuramente. Assim, é importante traçar metas e objetivos futuros para que cada vez mais, se eleve a segurança e saúde no trabalho a outro paradigma. Segundo Joana Nobre, “os próximos passos serão sem dúvida a sociedade acreditar na segurança. E acreditarem que de facto isto não é apenas uma obrigação legal, mas sim uma melhoria considerável no bem-estar dos trabalhadores e de nós enquanto pessoas. Portanto, o próximo passo - e tenho esperança – é esse”. Luís Ferreira explica que no dia a dia, “fazemos um acompanhamento do cliente, propomos todas as alterações necessárias ou ajudamos a cumprir tudo o que é legal numa primeira fase. Numa segunda fase que é já uma luta diferente, tentamos que o cliente vá para além daquilo que a legislação nos pede. E é aqui que entramos na fase da prevenção e na melhoria das condições mínimas. Ao mesmo tempo, este é
um trabalho com uma condicionante muito transversal que é o facto de termos de conhecer um pouco de todos os setores de atividade, porque trabalhamos com todos. Isto é, numa manhã podemos começar num café e à tarde estarmos numa serralharia. Vamos tendo sempre uma grande rotatividade, porque todos os setores de atividade são muito distintos uns dos outros. Independentemente de num setor existirem mais riscos do que noutros, é imprescindível que todos tenham claro de que a segurança é fundamental”. No reverso da moeda, existem os desafios e obstáculos, tal como em todas as atividades. Neste caso, o principal é a constante adaptação que é exigida pelo trabalho. Isto porque, os profissionais desta área acabam por “ter que estudar e aprender sobre cada setor e cada projeto. Os clientes cada vez mais têm certificações diferentes a nível da Comunidade Europeia e tudo isso exige de nós, enquanto técnicos, outro tipo de responsabilidade e outro tipo de documentação, o que torna o trabalho muito desafiante”, sustentam os Técnicos Superiores de Segurança do Trabalho. PROJETO BARRAGEM DO ALQUEVA O projeto para um parque com cerca de 12 mil painéis fotovoltaicos na albufeira do Alqueva, no qual a Quirónprevención presta serviços de Segurança do Trabalho, tem como objetivo produzir energia e abastecer muitas famílias desta região. O parque solar está integrado com a central hídrica do Alqueva e é um dos maiores sistemas de armazenamento de energia do país. Esta Barragem está, portanto, a tornar-se numa espécie de laboratório vivo, ao permitir que se teste a complementaridade entre tecnologias de produção de energia hidroelétrica e fotovoltaica. Por ser um dos projetos com maior escala na qual a marca já participou, “estamos presentes o dia todo, fazemos um acompanhamento contínuo, passamos por todos os contratempos e ultrapassamos de imediato, precisamente por estar presentes, em tempo real. Portanto estamos a crescer de uma maneira diferente”, afirma Joana Nobre. Aqui a grande mais-valia é o facto de esta ser uma novidade no nosso país, o que acresce valor aos técnicos. “Construir documentação para dar apoio a este projeto e aos trabalhadores que aqui passam todos os dias foi desafiante. Partimos do ponto zero, no ponto de vista da componente água. Em termos de projetos nacionais, este foi o que se iniciou como sendo o de maior escala. Mas ultimamente, temos sentido que, por termos ficado aqui a acompanhar o projeto, as empresas que estão cá a trabalhar também nos indicam e nos procuram, o que é ótimo em termos de crescimento dentro da atividade” terminam os Técnicos Superiores de Segurança do Trabalho. ▪
PONTOS DE VISTA BREVES
Domingo de ronha? Dez filmes para relaxar o seu dia Se subscrever a Disney+, a Netflix, a AppleTV+ ou a Amazon Prime Video terá acesso a estas películas. São algumas boas opções que têm feito furor, conquistando lugares nos tops de visualização. Quanto a géneros, há de tudo: drama, comédia, terror, ficção científica, fantasia ou até animação. Confira na lista que preparámos para si: “Não olhem para Cima”; “Encanto”; “Indesculpável”; “Being the Ricardos”; “O canto do Cisne”; “Aviso vermelho”; “Encounter”; “MA”; “Finch”; “O poder cão”.
O que fazer para praticar mais exercício físico Devemos começar por definir objetivos específicos, mensuráveis, atingíveis, realistas e com um prazo definido. A pressa de querer ver resultados e o facto de a motivação não ser a mesma todos os dias faz com que, muitas vezes, as pessoas se percam pelo caminho e passado uns meses já não lutem por este objetivo. Para isso é preciso fazer um planeamento consciente, definir horários e dias de treino tendo em conta a vida pessoal e profissional — e arranjar logo um plano B para, caso não consiga treinar no dia e hora que era
suposto, treinar noutra altura. Seja acompanhado por um profissional do exercício físico ou sozinho, o importante é também que, antes de começar a prática, cada pessoa esteja consciente das suas limitações e saiba até onde pode ir. Se preferir iniciar esta etapa sozinho, o ideal é começar por atividades onde o risco é baixo (principalmente o risco de lesão), como, por exemplo, caminhar ou optar por aulas de grupo onde o investimento é um pouco menor, mas há alguém a guiar o processo.
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"ENQUANTO DIRETOR-GERAL DA ABMG, SINTO-ME UM PRIVILEGIADO POR LIDERAR UMA EQUIPA QUE, PARA ALÉM DO EMPENHO, REVELA UMA MATURIDADE E UM SENTIDO DE RESPONSABILIDADE NOTÁVEIS, EXPRESSO NO FOCO A QUE ESTÃO DEDICADOS E DE OLHOS FITOS NUM CAMINHO QUE EU APENAS AJUDO A PERCORRER, NA SUA QUALIDADE DE VERDADEIROS PROTAGONISTAS DE UMA BONITA HISTÓRIA QUE AINDA SÓ ESTÁ NO SEU PREÂMBULO" NUNO CAMPILHO, DIRETOR-GERAL DA ABMG
EQUIPA DA ABMG
FOTO: DIANA QUINTELA
PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO
“Temos as nossas Prioridades bem Definidas e uma Equipa Determinada em fazê-las Cumprir” Bianca Simões, responsável pelo Departamento Comercial da ABMG, faz um balanço dos passos dados até aos dias de hoje, por parte da entidade que integra.
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o pertencer à ABMG, a Bianca Simões contribui – e muito – para o crescimento da empresa. Quais têm vindo a ser as grandes oportunidades que esta atividade lhe tem trazido? Tem sido, desde o início, um grande desafio para mim. Quando chegámos aqui, não existia nada, herdámos apenas as infraestruturas. Não tínhamos fornecedores nem equipamentos para trabalhar e éramos cerca de sete ou oito pessoas sentados em apenas duas secretárias. Por estes motivos tem sido extremamente desafiante e, na minha perspetiva, apesar de ainda existir um longo caminho a percorrer, já andámos bastante nesta que é a nossa caminhada. A equipa tem sido fantástica desde o princípio e a nossa união foi crucial para concluirmos a primeira e a mais difícil fase – se não tivéssemos uma equipa tão empenhada não teria sido possível fazê-lo. No que diz respeito ao Departamento Comercial, tivemos de reunir a equipa desde o dia número um e, podendo analisar o tempo que já passou, creio que fizemos um bom trabalho. É uma equipa maravilhosa que me apoia em toda e qualquer situação, o que torna toda a atividade recompensadora e gratificante. Que melhorias estratégicas a ABMG se tem empenhado em desenvolver, de forma a acompanhar a evolução e o reconhecimento do setor? A primeira e mais importante é
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FOTO: DIANA QUINTELA
Contudo, nessa altura, migrámos as bases de dados referentes aos três concelhos para uma só, pertencente à ABMG, o que foi uma parametrização complexa, porque tinham métodos de trabalho distintos. Ainda assim, com a nossa resiliência, fomos adaptando todas as informações, de forma a, aos poucos, irmos traçando os nossos objetivos. Após atrasos e vicissitudes inerentes às nossas circunstâncias, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para restruturar e reajustar os serviços que nos estavam destinados, isto, mais uma vez, porque a equipa nunca deixou de acreditar e trabalhar para esse fim. Temos, assim, ao longo destes dois anos, melhorado o serviço ao nível da faturação. Anteriormente existiam concelhos que não tinham muitas opções de pagamento. Nós introduzimos algumas soluções e creio que foi uma mudança agradável para todos.
BIANCA SIMÕES
a constante adaptação. Não nos podemos esquecer que iniciámos a faturação a meio de uma pandemia que impactou o mundo inteiro e que nos obrigou a permanecer
em casa. Em consequência, a faturação inicial atrasou porque não estávamos a trabalhar a 100% ou como deveríamos uma vez que se tratava de um projeto embrionário.
Que passos serão dados no futuro? Quando ingressámos neste projeto contávamos que, no segundo ano, tudo estaria mais calmo e consolidado. Temos tido desafios diários que têm atrasado este processo, contudo posso garantir que são dores de crescimento elementares na nossa jornada. Sabemos o que queremos para o futuro da ABMG e temos consciência de que iremos passar por adversidades até lá chegarmos, mas o mais importante é que temos as nossas prioridades bem definidas e uma equipa determinada em fazê-las cumprir. ▪
PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO
“Um dos Desígnios da ABMG passa, de facto, pela Redução das Perdas de Água” A dinâmica da equipa da ABMG faz nascer uma nova forma de potenciar os seus planos estratégicos para o futuro. Neste sentido, Alexandra Ferreira, responsável pelo Departamento de Projetos, indica-nos o caminho que a mesma tem traçado e as grandes prioridades vindouras.
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É do conhecimento geral que a água é um recurso cada vez mais escasso. Assim, qual tem vindo a ser o papel da empresa na consciencialização deste facto junto da comunidade? Efetivamente a água é um recurso limitado, que todos devemos proteger e valorizar, não só para preservação dos ecossistemas, mas também por uma questão de respeito para com as gerações futuras. Estes fenómenos de escassez podem impactar até mesmo ao
e que sai em cada zona. Por outro lado, está a ser implementado um sistema de telemetria que vai permitir uma monitorização em contínuo da rede. Este conjunto de medidas será determinante para que possamos iniciar este processo, que é longo, na redução das perdas reais de água. Neste momento as perdas reais de água rondam os 58%, e com a implementação deste projeto e de outras medidas, o objetivo é que, em 2023, seja possível atingir as metas definidas, reduzindo esse valor cerca de 13%.
FOTO: DIANA QUINTELA
nalisando o setor onde a ABMG se insere e, sendo esta uma incentivadora de mudanças, criações ou serviços em prol dos habitantes, quais é que têm sido as prioridades? A ABMG encontra-se ainda numa fase muito embrionária e, nesse sentido, os desafios diários são de facto uma constante. Existe ainda um longo caminho que temos de percorrer para que possamos atingir os objetivos para o qual a empresa foi criada e atingirmos o patamar desejável, que é o da excelência. Neste momento ao nível de grandes investimentos, a ABMG tem em execução oito empreitadas, no âmbito de sete operações aprovadas pelo PO SEUR. Este conjunto de operações representa um investimento global de 9 milhões de euros, com uma comparticipação do Fundo de Coesão de 3,9 milhões de euros. O montante global de investimento terá ainda tendência a aumentar, tendo em conta o contexto atual de subida de preços, que terá impacto nos índices das revisões legais de preços. É, de facto, um investimento e um esforço muito grande para a empresa.
ALEXANDRA FERREIRA
nível da disponibilidade de água para consumo humano. Nesse sentido, entendemos que a nossa entidade, enquanto responsável pelo abastecimento e saneamento das águas residuais, assume um papel imperativo na consciencialização da população, começando pelas camadas mais jovens. Por outro lado, temos ainda um dever acrescido, que é o de promover medidas que possam combater esta realidade. Um dos desígnios da ABMG passa, de facto, pela redução das perdas de água nos sistemas de abastecimento, aumentando assim, também, os níveis de sustentabilidade
deste recurso que é essencial. Uma das operações que temos neste momento em curso tem precisamente como foco a redução das perdas de água. É nossa intenção implementar um plano estratégico de controlo e redução de perdas de água. Há, assim, duas empreitadas em fase de execução, nesta matéria: a primeira resume-se à substituição de condutas com perdas de água muito elevadas e a segunda passa pela criação de zonas de medição e controlo, com a colocação de caudalímetros, que nos vai permitir ter a noção exata da água que entra
Como perspetiva o futuro da ABMG? Na minha ótica, vivemos agora um momento muito desafiante e crucial, não só para o país e para o setor, mas para a ABMG em específico. No entanto, quero referir que apesar de todas as adversidades – uma vez que somos uma entidade recente - estamos perante uma equipa que está empenhada e motivada e, assim, é meio caminho andado para que consigamos atingir os nossos objetivos. É uma prioridade investir no reforço dos sistemas de abastecimento de água e saneamento de águas residuais no futuro, de forma a garantirmos o aumento da adesão ao serviço e, ao mesmo tempo, aumentarmos a taxa de cobertura e melhorarmos a qualidade do serviço prestado. Ao nível do abastecimento de água, estamos praticamente com 98% de taxa de cobertura, no entanto, na área do saneamento ainda estamos aquém daquilo que é o desejável. E nessa matéria há um conjunto de investimentos previstos, que serão necessários realizar a curto prazo. ▪
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“O nosso maior Objetivo é garantir a Entrega de uma Água Controlada e de Boa Qualidade aos Nossos Consumidores” Contar com um profissional de qualidade significa garantir que todo o processo de controlo de produtos está de acordo com o que a empresa e, neste caso, a comunidade pretende. É precisamente sobre esta matéria que Daniela Lourenço, responsável de Departamento pelo Qualidade e Ambiente da ABMG, desconstrói algumas questões.
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da torneira é própria para consumo humano, pelas suas caracteristicas organoléticas após o tratamento, e ainda são utilizadas fontes, poços ou furos particulares, onde a água, de facto, não é tratada, podendo ser um risco para a saúde pública. A nossa água é captada, tratada e distribuída, tendo mantido nestes dois últimos anos um nível de água segura de acordo com o Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais para este indicador. Todos os meses é controlada em vários pontos e é uma água segura. Aliás, a legislação aplicável obriga a que, a água distribuída pelas Entidades Gestoras seja sujeita a um maior controlo analítico do que a água engarrafada e os consumidores não fazem ideia disso. Se hoje falamos tanto em sustentabilidade e proteção do meio ambiente, porque havemos de comprar água engarrafada e gerar resíduos, quando a da torneira tem tanta qualidade?
FOTO: DIANA QUINTELA
uando falamos do setor da água, sabemos que existem aqui determinados padrões que são precisos respeitar. Quais são os mesmos e que a ABMG apresenta? Enquanto gestores deste serviço o nosso maior objetivo é garantir a entrega de uma água controlada e de boa qualidade aos nossos consumidores. Este acaba por ser o nosso principal papel: garantir a qualidade e a quantidade adequadas. É nossa intenção, que, o serviço a que nos propomos é executado com qualidade e, para tal, desenvolvemos, ao longo do ano, planos estratégicos que ajudam a cumprir esses parâmetros de qualidade. No Departamento desenvolvemos trabalho no âmbito dos controlos da qualidade da água de consumo humano e do efluente rejeitado para o meio hídrico. Desenvolvemos o Programa de Controlo da Qualidade da Água (PCQA) que é previamente à implementação, aprovado pela ERSAR Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, sendo esse controlo feito na torneira do cliente. Desenvolvemos ainda o Programa de Monitorização Operacional (PMO) que conta com duas vertentes, a analítica, em que realizamos o controlo analítico das nossas captações, por forma a monitorizar ao longo do ano a qualidade da água na origem, a outra vertente é a operacional, em que controlamos o tratamento da água. Diariamente a nossa água é vigiada em diversos parâmetros. Além de realizarmos outras atividades que ajudam a manter a qualidade que nos é reconhecida. Como somos uma entidade ges-
DANIELA LOURENÇO
tora tão recente, o maior desafio encontrado foi a receção de realidades tão distintas, uma vez que temos à nossa responsabilidade três municípios com gestão e necessidades diferentes, contudo tentamos implementar de forma equitativa as mesmas orgânicas, procedimentos e dinâmicas. Muitas entidades têm, cada vez mais, fomentado a ideia de con-
sumir água da torneira em substituição da água engarrafada. Considera que existe ainda receio por parte da população para esta prática? Penso que depende das zonas habitacionais. Numa zona urbana a ideia de que a água da torneira não tem qualidade já é quase um mito que está a ficar desconstruído. Já no meio rural existe mais dificuldade em aceitar que a água
Quão gratificante é integrar uma entidade que promove um serviço de qualidade junto da população? A nível pessoal, aceitar este desafio foi, por si só, um grande desafio, uma vez que tivemos de construir tudo do zero. O que sinto é que, devido às adversidades ultrapassadas, criámos uma equipa muito coesa. No que diz respeito ao desafio profissional, assegurar um serviço de qualidade é de uma enorme responsabilidade, por ser um bem essencial à vida e à salvaguarda da saúde pública, sendo muitas vezes, desvalorizado o trabalho desenvolvido para a sua garantia. E a transmissão desta mensagem é a forma de mostrar tudo o que fazemos, e que fazemos bem! ▪
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“É muito Gratificante percebermos que a nossa Qualidade e Esforço já são Reconhecidos” Na vanguarda do desenvolvimento interno e externo, Rafael Tralhão Gomes, responsável pelo Departamento Administrativo e Financeiro; Sérgio Monteiro, da Divisão de Contratação Pública e Jéssica Jorge, do setor de Recursos Humanos, têm proporcionado o crescimento sustentado da ABMG.
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SÉRGIO MONTEIRO
RAFAEL TRALHÃO GOMES
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credita que a inovação é fundamental no setor da água? De que forma a ABMG tem inovado os seus processos operacionais ao longo dos tempos? Temos necessariamente de inovar face ao que é a realidade ex ante para a ABMG. Sendo uma entidade que agregou três serviços de água de três municípios, naturalmente que temos de trazer uma boa dose de inovação de forma a otimizar os nossos processos. Essa inovação é muito importante e tem de ser constante para a eficiência dos nossos serviços, o que deverá ser encarado como uma forma de honrar o legado dos serviços municipais que nos antecederam. Em termos Administrativos, enquanto Departamento que mais tem de dar suporte a toda a estrutura da empresa, temos de nos reinventar dia após dia, adaptando-nos ao que são as necessidades dos colegas, da própria empresa e dos acionistas que são os Municípios. É muito gratificante percebermos que a nossa qualidade e esforço já são reconhecidos. Queremos chegar ao dia em que somos vistos como um parceiro forte para a comunidade, como um parceiro de responsabilidade social e ambiental, aos olhos dos nossos utilizadores e stakeholders. ▪
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ue estratégias têm predominado, a fim de contribuir para a evolução da ABMG nos Municípios onde se insere? Desde logo, no segmento da Contratação Pública, sendo a área responsável pela aquisição de todos os bens e serviços necessários, procuramos, através dos diversos procedimentos, escolher os melhores operadores de mercado, os players que tenham os métodos de trabalho mais eficazes, as tecnologias mais eficientes, ao preço mais competitivo, para que o crescimento da ABMG seja sustentado e dentro dos parâmetros que lhe é possível. A nossa preocupação, enquanto prestadores de serviço público essencial, é de facto a qualidade dos processos. Por vezes, as questões legais são um entrave para que possamos dar uma resposta célere, mas, ao mesmo tempo, faz parte da nossa construção, afirmação e posicionamento, que será cada vez melhor. ▪
JÉSSICA JORGE
C
omo define a ABMG e a importância que a mesma tem, não só para a equipa, como para a comunidade? A ABMG surgiu com um grupo muito limitado de pessoas que abraçaram o projeto e se comprometeram a impulsionar a empresa e transformá-la numa entidade de referência. Passaram-se momentos conturbados, mas a resiliência de todos tem permitido à equipa fomentar os seus laços e desenvolver trabalho de excelência. No que respeita a comunidade, a ABMG é uma entidade presente e atenta, que acompanha as necessidades das populações e que se dedica às suas preocupações. Em vista disso, a ABMG está presente fisicamente nos três municípios através dos Frontoffice Comerciais e Unidades Logísticas e, sempre que possível, tem-se feito representar em atividades concelhias permitindo uma ligação muito estreita com todas as entidades e utilizadores. Um excelente indicador do reconhecimento da ABMG pela comunidade é o crescimento do número de pessoas que querem trabalhar connosco. Atualmente, os nossos procedimentos de RH têm recebido muitas candidaturas e uma grande mais-valia é, de facto, podermos dizer que somos uma entidade criadora de emprego e que traz bem-estar para as nossas comunidades. Desde as pessoas que trabalham connosco desde o primeiro dia, aos que se juntaram mais tarde à equipa, o foco é o mesmo e sustenta-se pela união de todos. ▪
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PONTOS DE VISTA CAPITAL HUMANO
“Queremos munir a ABMG de Equipamentos que possam Potenciar o nosso Core Business” Rui Pedro Simões, responsável pelo Departamento Operacional e pelo Departamento de Gestão de Infraestruturas; Solange Nogueira, da Divisão de Operação de Mira; Margarida Carvalho, da Divisão de Operação de Montemor-o-Velho; Rita Costa, da Divisão de Operação de Soure; e José Martins, da Divisão de Gestão de Infraestruturas e Equipamentos, contaram-nos as perspetivas para o futuro da ABMG.
C
omo começou, de forma geral, a Gestão de Infraestruturas na ABMG? Deparamo-nos com infraestruturas de certa forma envelhecidas e com falta de manutenção pontual. Atualmente a capacidade técnica é outra e estamos a evoluir para melhor, com a ajuda das equipas que, também elas, foram construídos do zero. Apesar de a ABMG ainda não ter todos os recursos necessários, está a construí-los aos poucos sendo que é nossa preocupação trabalhar bastante nos recursos hídricos e no impacto ambiental. Estamos a trabalhar fortemente nestas questões com todas as entidades envolvidas. Além disso, queremos aumentar as infraestruturas que contribuem diretamente para a continuidade do abastecimento, qualidade de serviço, a um preço adequado. Ambicionamos arranjar soluções eficazes e mantê-las, tanto a nível de valorização corporativa como das instalações e equipamentos. Para que isso seja possível, investimos em tecnologia em diversas áreas técnicas, privilegiando a formação interna dos Recursos Humanos. Queremos munir a ABMG de tecnologia de ponta que possam potenciar o nosso «core business» e, assim, garantir uma qualidade de serviço de excelência. ▪
RUI PEDRO SIMÕES
O
que se está a fazer para melhorar e reorganizar o abastecimento de água? A ABMG abrange neste momento quase a totaliMARGARIDA CARVALHO dade do seu território em termos de abastecimento de água. Na totalidade temos cerca de 1050 quilómetros de rede de abastecimento de água, sendo que, quando a mesma nos chegou às mãos era uma rede algo envelhecida. Este facto faz com
O
que se tem desenvolvido no que diz respeito ao Controlo de Perdas e Energia?
Numa empresa tão recente como a ABMG, na minha perspetiva, não faz SOLANGE NOGUEIRA sentido falar das definições técnicas de perdas, mas sim dividi-las em três grupos: perdas macro, que são as perdas reais e de maior volume a nível do abastecimento em alta e em baixa e as mais relevantes para o balanço hídrico, cujas iniciativas passam pela implementação de sistemas de tele-
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que existam algumas ruturas. O nosso objetivo é diminui-las, em número e em gravidade, uma vez que qualquer rutura tem um impacto significativo nos nossos consumidores. Temos tido ainda atenção às elevadas pressões que existem em alguns pontos da rede. A ABMG tem investido em reorganizá-la e fazer, assim, um controlo de pressões através da instalação de variadores de velocidade para diminuir os choques hidráulicos nas condutas, reduzindo as fugas e o consumo energético. Em consequência, aumentamos o tempo de vida útil das condutas que estão neste momento instaladas. ▪ gestão, através da comunicação entre a captação, reserva, adução e distribuição, sendo este ciclo comandado pelo consumo; as perdas médias, que estão relacionadas com os volumes não contabilizados e não faturados a nível do cliente, onde temos substituído contadores avariados, instalado contadores em locais onde não havia mediação, entre outros; e por fim as perdas micro, que são as mais refinadas e que têm a ver com erros de medição/contagem e consumo não autorizado. Neste último ponto, estamos a instalar contadores ultrassónicos nos nossos 100 maiores consumidores, o que vai fazer com que o rigor da leitura seja muito superior. ▪
Q
ue análise faz do s a n e a mento global da ABMG? Temos cerca de 1050 quilómetros de rede de água e 375 quiRITA COSTA lómetros de rede de saneamento. Efetivamente, a ABMG tem como preocupação investir nas redes de saneamento para aumentar o número de população servida. Atualmente temos cerca de 30000 clientes totais, em que só cerca de 20000 é que são abastecidos por saneamento. Existem duas realidades em relação à rede dos coletores, em que uma é muito antiga e outra mais recente, sendo que a preocupação está em acompanhar os comportamentos das instalações envelhecidas através de inspeções dos coletores para podermos planear a curto prazo a substituição dos mais antigos. Preocupamo-nos ainda na reorganização de todo o sistema, de forma a otimizar as questões de energia e melhoria na capacidade de tratamento, assim como a entrada indevida de pluviais. No dia a dia temos efetuado campanhas e ações no sentido de melhoria destas condições, bem como de consciencialização junto da população para comportamentos mais adequados no uso do saneamento. ▪
Q
ue medidas existem para repor as condições de todas as instalações, baixar a manutenção curativa e aumentar JOSÉ MARTINS a manutenção preventiva? Inicialmente encontrámos equipamentos inadaptados para garantir um adequado funcionamento dos sistemas e a necessitarem de manutenção, de uma forma generalizada, em mais de 70% das instalações, tanto em saneamento como em abastecimento, nos três municípios. Estamos neste momento a fazer uma recuperação ativa das mesmas, com novos equipamentos e infraestruturas auxiliares, nomeadamente através da intervenção em quadros elétricos e respetivos acessórios, correspondendo, aliás, a uma das principais razões para a constituição desta empresa intermunicipal. Ao mesmo tempo temos também vindo a instalar, quando possível, equipamentos mais eficientes de forma a reduzir a pegada ecológica e a reduzir os custos energéticos. De futuro pretendemos diminuir a manutenção curativa e construir um plano anual de manutenção preventiva de forma a garantir que os equipamentos sejam 100% operacionais. ▪
PONTOS DE VISTA DIREITO – INSOLVÊNCIAS E PER
"É COM ATENÇÃO A TODOS ESTES PONTOS QUE OS CIDADÃOS E AS EMPRESAS DEVEM PROCURAR ANTECIPAR EVENTUAIS SITUAÇÕES DE SOBREENDIVIDAMENTO, E AGIR ATEMPADAMENTE, POIS VIVEMOS MOMENTOS DE INCERTEZA E QUE GERAM SITUAÇÕES ECONÓMICAS DIFÍCEIS E QUE PODERÃO SER ATENDIDAS DE FORMA A PERMITIR UMA ESTABILIDADE FINANCEIRA TANTO NO SEIO FAMILIAR, COMO NA VIDA EMPRESARIAL"
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LOPES DA SILVA
Novas Regras A «Voz» de um Especialista
A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Lopes da Silva, Advogado especialista no domínio da Insolvência e Revitalização, que nos deu a conhecer e explicou as principais mudanças que ocorreram no âmbito das novas regras de insolvência e reestruturação de empresas. Que impacto terão as mesmas? Que lacunas ainda existem? Leia e conheça a nova realidade em Portugal sobre estas alterações.
A
promoção de uma advocacia preventiva, familiar ou empresarial, marca a vossa atuação no mercado, sempre assente numa dinâmica de profissionalismo, excelência e, acima de tudo, de defesa dos interesses dos vossos clientes. Desta forma, e tendo em conta este género de
atuação, de que forma têm vindo a privilegiar o tratamento personalizado de quem vos procura e a promoção da dignificação da Advocacia e do Direito em Portugal? Frequentemente se ouve dizer que “nunca me vi numa situação destas”, “nunca precisei de um advogado” … E o mais certo é já terem preci-
sado e muito de um advogado/a, mas como consideraram não ser relevante, não beneficiaram da Advocacia preventiva, que os impediria de estarem na tal situação de dificuldade. Isto é uma realidade, tanto para pessoas singulares como para empresas. E esta é uma mentalidade a alterar, não se recorre a um advogado/a só
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PONTOS DE VISTA DIREITO – INSOLVÊNCIAS E PER
quando há problemas, recorre-se também para tentar que não haja problemas e/ou para que evitar que se tornem grandes problemas. Ora, a advocacia preventiva é isso mesmo, é antecipar para não ter de remediar. É necessário ver o Advogado, como consultor jurídico, que orienta nos direitos e deveres, que conduz a situação no melhor interesse dos seus constituintes, que gere expectativas de resolução e sendo necessário, litiga! Para isso, é necessário escutar os nossos clientes, afinal defendemos clientes e não processos. E é essencial que os clientes escutem os seus advogados e que em tempo útil se aproximem destes profissionais, afastando-se do barulho de fundo criado por vozes não habilitadas. Desta forma dignifica-se a Advocacia e o Direito em Portugal. A pandemia provocou – além da aceleração dos meios digitais em todos os setores – uma situação económica em Portugal e no mundo
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agravada, causando problemas nas contas bancárias dos cidadãos e das empresas e, consequentemente, inúmeros pedidos de insolvência. No que diz respeito a este tema, como se encontra o atual panorama nacional? A pandemia teve um impacto inquestionável e atingiu de forma transversal a vida de todos nós. Atravessámos um período inimaginável que fez soar as campainhas de emergência de cada um. As famílias adaptaram-se, as empresas reinventaram-se, e claro, do ponto de vista económico, forçou uma consciencialização financeira, imposta por aquela. A importância de um fundo de emergência, a necessidade de orçamentos familiares ou empresariais, foram evidenciadas nesse período. A mão do Estado, foi de extrema importância, as medidas acolchoaram a queda financeira, mas a realidade é que tanto as famílias, como as empresas, já estavam financeiramente vulneráveis antes da pandemia.
O inevitável está por vir, e as previsões estatísticas alertam para um aumento dos pedidos de insolvência. E a instabilidade acrescida gerada pelo cenário de guerra na Europa, seguramente contribuirá para acelerar estas situações de insolvência. É com atenção a todos estes pontos que os cidadãos e as empresas devem procurar antecipar eventuais situações de sobre-endividamento, e agir atempadamente, pois vivemos momentos de incerteza e que geram situações económicas difíceis e que poderão ser atendidas de forma a permitir uma estabilidade financeira tanto no seio familiar, como na vida empresarial. Deixo a sugestão para acompanharem o nosso blog jurídico sobre estas matérias: www.insolvenciarevitalizacao.pt, uma iniciativa de Lopes da Silva Advogados. As novas regras de insolvência e reestruturação de empresas entram em vigor em meados de abril, segundo lei publicada a 11 de janeiro de 2022, que reduz de cinco para três anos o período de insolvência pessoal. Que opinião perpetua destas mudanças e que lacunas ainda identifica nas novas regras? Com a insolvência pessoal pode ser apresentado um pedido de perdão de dívidas que permitirá à pessoa singular uma segunda oportunidade financeira, um renascer das dívidas – é o que a lei chama de exoneração do passivo restante. Para alcançar esse perdão, o insolvente passará por um período de cessão de rendimentos disponíveis, no qual - de acordo com o estipulado pelo tribunal - pagará aos seus credores, na medida do possível. No final desse período, poderá ser-lhe concedido o perdão da dívida remanescente. Com as alterações trazidas pela lei 9/2022 de 11.01, que entrará em vigor em meados de abril de 2022, o período de cessão passará para três anos. A redução do período de cessão, era uma medida necessária para agilizar o processo de insolvência pessoal. A agilidade na recuperação é benéfica para o desenvolvimento da economia, os exonerados integrar-se-ão mais rapidamente na vida financeira e com uma lição aprendida, assim se crê. Pessoalmente, tenho algumas reservas quan-
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to à agilidade prática destas novas regras, pois esta alteração não se limita a reduzir o período de cessão, como tão anunciado. Acrescenta uma novidade silenciosa à lei das insolvências, a possibilidade (não existente no texto anterior) de prorrogação do período de cessão até um máximo de três anos. Significa isto que, em alguns casos, em última instância, em vez de um período de cessão de cinco anos, teremos um período de cessão de três anos, mais três anos.... Vamos ver como resulta! Acredita que estas alterações foram, efetivamente, uma grande oportunidade de fazer uma verdadeira revisão ao código da insolvência, dando-lhe maior coerência, sentido e clareza? Foi conseguido? Concorda com tudo o que irá mudar? Não! A oportunidade para introduzir as alterações e o momento histórico que atravessamos impunha uma alteração mais profunda e urgente para o que se espera dos próximos tempos. Esta alteração legislativa desenvolveu-se de forma muito precipitada e desordenada e ficou aquém do que podia ter sido… Era, por exemplo, necessária uma flexibilização de requisitos dos mecanismos alternativos de recuperação, como o PER – Processo Especial de Revitalização, aplicável às empresas, e o PEAP – Processo Especial para Acordo de Pagamento, com vista a tornar verdadeiramente exequível a recuperação dos devedores, pessoas singulares ou empresas. E esta flexibilização deveria ocorrer tanto nos requisitos de acesso a estes mecanismos de recuperação, como nos quóruns de decisão em sede de votação destes planos. Além do mais, seria ainda necessária uma melhor agilização com o credor Estado – Autoridade Tributária e Aduaneira e Segurança Social, situação que dificulta muito a recuperação do devedor atualmente. Não podendo ser feridos por perdão de dívida ao devedor, é necessário que seja possível ao devedor ultrapassar uma situação incumprimento tributário, seja com eventuais perdões de dívida seja por via de uma regularização a situação que seja exequível. Ou pelo menos que existissem mecanismos de segurança quanto a estas dívidas para que não cheguem a um ponto sem retorno.
“PESSOALMENTE, TENHO ALGUMAS RESERVAS QUANTO À AGILIDADE PRÁTICA DESTAS NOVAS REGRAS, POIS ESTA ALTERAÇÃO NÃO SE LIMITA A REDUZIR O PERÍODO DE CESSÃO, COMO TÃO ANUNCIADO"
No que diz respeito ao Processo Especial de Revitalização (PER) – que tem como finalidade permitir a uma empresa que esteja numa situação economicamente difícil ou em situação de insolvência iminente, mas que ainda seja passível de ser recuperada, negociar com os credores com vista a um acordo que leve à sua revitalização – também foram modificados em alguns aspetos. Que novidades podemos esperar? Tradicionalmente, as empresas recorrem tarde ao Processo Especial de Revitalização. E os requisitos mais apertados que tem na lei ainda em vigor, dificultam o acesso a algumas empresas. Estas novas alterações, não fazem regressar alguma flexibilidade que existiu noutras versões da lei, ainda que o tempo e as dificuldades que o tecido empresarial português atravessa a isso exigisse. Quanto às novidades respeitantes ao Processo Especial de Revitalização, ainda que as negociações mantenham o mesmo prazo, dois meses prorrogáveis por mais um mês, os efeitos do stand-still, ou seja, a proteção contra a instauração de quaisquer ações executivas contra a empresa, ou a suspensão de ações pendentes com idêntica finalidade, passou a estar balizada num período de quatro meses o período de negociações, sendo prorrogável para mais um mês, caso tenham ocorrido progressos significativos nas negociações, seja imprescindível a recuperação da atividade da empresa, ou não prejudique injustamente os direitos ou interesses das partes afetadas. A nova lei também regula que durante esse período, os contratos de execução continuada necessários à continuação do exercício corrente da atividade da empresa (contratos de fornecimento de bens ou serviços essenciais à atividade da empresa), não podem resolvidos nem o cumprimento recusado pelo credor. Previu a possibilidade de classificação dos credores afetados pelo plano de recuperação em categorias distintas, de acordo com a natureza dos respetivos créditos. ▪
WWW.INSOLVENCIAREVITALIZACAO.PT WWW.LOPESDASILVA.PT
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PONTOS DE VISTA DIREITO À IMIGRAÇÃO EM DESTAQUE
VRL Legal
Um pilar nos processos de Imigração e Investimento Com rigor, confiança e proximidade, o objetivo da VRL Legal é prestar assistência jurídica altamente personalizada, apresentando soluções inovadoras e à medida do cliente. Tendo a Imigração e o Investimento como principais áreas de prática, e face à atual conjuntura de conflito que se vive na Ucrânia, Vanessa Rodrigues Lima, Advogada e Fundadora VRL Legal, contou em entrevista qual tem sido a força e o papel de Portugal no apoio a esta comunidade e não só.
S
abemos que, atualmente, a sociedade vive à velocidade da luz acabando por exigir respostas céleres e eficazes, com profissionalismo e rigor, sem perder a qualidade, aquando da contratação de um serviço – e é precisamente neste campo que se destaca a VRL Legal, uma vez que apesar de o mundo e, consequentemente as necessidades do mercado, estarem em constante evolução, o foco no que respeita à proximidade e ao contacto constante com o cliente nunca se perde, ainda que na correria do dia a dia. Embora a VRL Legal esteja agora a dar os primeiros passos de afirmação e consolidação, esta é, para Vanessa Rodrigues Lima, a particularidade absoluta que faz a diferença na caminhada que, apesar de hoje ser curta, se espera longa e determinada.
VANESSA RODRIGUES LIMA
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IMIGRAÇÃO E INVESTIMENTO Vanessa Rodrigues Lima traz consigo anos de experiência e know-how acumulados, particularmente nas áreas de Imigração e Investimento: através da VRL Legal, apoia clientes privados na transferência de residência e no processo de investimento em Portugal, e ainda assessora empresas nacionais e internacionais, em processos de Imigração, como realocação de trabalhadores e questões relacionadas. Para a própria, estas são as vertentes do Direito que melhor a definem e que permitem com se sinta profissionalmente realizada. “Trabalho com a Imigração e o Investimento há cerca de dez anos e sinto que, quando iniciei a minha carreira profissional, a Imigração particularmente, não era vista como uma área de atuação no mundo jurídico, e isso mudou drasticamente”, afirma a nossa entrevistada. Certo é, nos últimos anos, a Imigração tem aumentado ao ser potencializada pelo Golden Visa, um programa criado em 2012, com o objetivo de atrair investimento internacional para Portugal, e também pelos nómadas digitais que, com a chegada da pandemia, expandiram-se pelo mundo fora. Hoje, e segundo a Fundadora da VRL Legal, “as maiores Sociedades de Advogados no país têm departamentos de Imigração e têm Advogados focados nessa área”. Por se tratar de uma vertente que, no fundo, reorganiza muitas vezes a vida pessoal dos clientes, a VRL
PONTOS DE VISTA DIREITO À IMIGRAÇÃO EM DESTAQUE
Legal considera que merece ser tratada com cautela e foco. “O contacto com o cliente é muito importante. Obviamente que tem uma perspetiva de negócio devido ao investimento que o processo acarreta, mas, além disso, diz respeito à sua vida pessoal, porque estamos a falar da sua vontade de ter uma ligação e uma residência em Portugal, neste caso. De se acomodar no país e de o ver como a sua primeira ou segunda casa”, sustenta Vanessa Rodrigues Lima. Assim, se a Imigração mudou, a atração de Investimento estrangeiro mudou com ela. Atualmente é considerado um dos principais pilares da economia portuguesa, ainda que com as alterações que o programa Golden Visa enfrentou a janeiro de 2022 – este regime foi alterado, de forma a impulsionar o investimento nas áreas de baixa densidade populacional do país. “Eu acho que não devemos olhar para a Imigração apenas estimulada pelo Golden Visa, é muito mais do que isso. Neste momento temos profissionais altamente qualificados a vir para Portugal, temos investidores que são abrangidos por outro tipo de programa, como o Startup Visa, o Tech Visa, entre outros. É certo que o Golden Visa é um programa de sucesso, imensamente atrativo, mas não nos podemos esquecer que não é o único”, esclarece Vanessa Rodrigues Lima. Nos últimos anos Portugal tem tido uma captação profunda de investimento estrangeiro e a perspetiva é, para a nossa entrevistada, “que continue, daqui para a frente, a ser um dos principais destinos de imigração”. O PAPEL DE PORTUGAL NO APOIO À POPULAÇÃO UCRANIANA A nível mundial vivemos direta ou indiretamente um momento de tensão, face aos conflitos que decorrem na Ucrânia. É do conhecimento geral que, esta população tem, nas últimas semanas, procurado resguardar-se em prol das suas vidas. Dada esta situação, o Estado Português disponibilizou vários serviços e meios de apoio para cidadãos portugueses e cidadãos ucranianos que já se encontram em Portugal ou que se estejam a deslocar para o país: foi criado um programa especial de acolhimento para cidadãos ucranianos que venham para Portugal, que inclui várias medidas no âmbito do regime de proteção temporária. Este regime permite a atribuição automática de autorização de residência temporária e um título de proteção também temporária, entre outros benefícios. “O papel de Portugal tem sido muito positivo. Acho que temos correspondido à procura, não estamos passivos e afirmamos, claramente, que estamos abertos para receber e apoiar a comunidade ucraniana”, reconhece Vanessa Rodrigues Lima, acrescentando ainda que “a resposta ao nível do sistema jurídico tem sido incansável. A Ordem dos Advogados organizou-se de forma a prestar um serviço Pro Bono, onde existe uma lista de Advogados disponíveis para ajudar. A VRL Legal tem recebido imensos pedidos”.
No seio da VRL Legal foi criado, aquando da sua constituição, a vertente Pro Bono – em parceria com reconhecidos intervenientes da área jurídica e empresarial, a entidade presta aconselhamento jurídico Pro Bono a pessoas cuja situação pessoal não lhes permita usufruir de aconselhamento jurídico especializado em Portugal. Assim, se antes este domínio já era praticado e reconhecido como essencial, hoje, esta marca, foca-se em «abraçar» aqueles que, neste momento, mais precisam. EM QUE MATÉRIAS PORTUGAL PODERIA MELHORAR? Se por um lado o país tem sabido responder a inúmeras adversidades provenientes de determinadas questões, por outro lado, ainda há espaço para melhorar outras. Neste sentido, para Vanessa Rodrigues Lima, o que urge aprimorar é “sem dúvida o serviço de atendimento. Continua a ser, a nível procedimental, difícil atrair novos investidores porque o atraso nas respostas é notório, o tempo de análise é longo e, atualmente, não existem agendamentos para a submissão de processos. Estamos, por isso, a enfrentar sérios e graves problemas e, infelizmente, o contexto de guerra só irá piorar esta situação, uma vez que os recursos humans são os mesmos para tantas solicitações. Acredito que estes serviços se irão reorganizar, mas ainda é difícil de prever quando acontecerá”, garante a nossa interlocutora. ▪
Um ano de VRL Legal A verdade é que, apesar de a VRL Legal ainda só ter um ano de atividade, usufruiu de mais de uma década de experiência e conhecimento por parte da sua Fundadora. “Tem sido muito positivo e gratificante. Este projeto tem uma perspetiva de crescimento forte, 2021 (o ano de lançamento) foi maravilhoso, até porque coincidentemente deparámo-nos com a fase de todas as alterações às regras de investimento estrangeiro, o que proporcionou trabalho intenso”, assegura, orgulhosamente, a Advogada e Fundadora da VRL Legal. No momento atual, a empresa encontra-se em fase de consolidação e de definição de estratégias a curto e a médio prazo, mas a realidade é só uma: o seu serviço jurídico é inteiramente personalizado e, mais importante do que isso, «vive» de proximidade. É o que faz a diferença, passem os anos que passarem.
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PONTOS DE VISTA DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA
"A União Europeia é fonte de Direito Nacional e assenta nos Valores da Democracia e do Primado da Lei" Na atual conjuntura de guerra na Ucrânia, vemos colocados em causa os Direitos Fundamentais do Homem, a Liberdade, a Segurança e a Justiça. Importa, por isso, compreender aprofundadamente a complexidade da questão, bem como reconhecer a solidariedade que, felizmente, se faz sentir em Portugal no que à mesma diz respeito. Neste sentido, José Luís da Cruz Vilaça, atual Presidente da Associação Portuguesa do Direito da Energia (APDEN) e antigo Juiz do Tribunal de Justiça da União Europeia, e Paulo Sande, Advogado e antigo Diretor do Gabinete em Portugal do Parlamento Europeu, dão voz à matéria e expressam, em entrevista, a sua perspetiva e conhecimento.
JOSÉ LUÍS DA CRUZ VILAÇA, MARIA JOSÉ SALGUEIRO E PAULO SANDE
A
Cruz Vilaça Advogados é uma marca de renome na área do Direito que visa responder eficazmente aos desafios transnacionais inerentes a este setor e à sua especialização. Tendo em conta a atual situação em que o mundo se encontra, de que forma pensam participar nesta dinâmica de apoio? Somos, quase por definição, uma sociedade
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vocacionada para agir nesse mundo global, em permanente transformação. Contemplamos, na nossa intervenção, todas as jurisdições relevantes, a começar naturalmente pelo direito português, mas em permanente interação com o direito europeu, nosso principal fator diferenciador. E em razão da matéria, tratamos de assuntos, também por natureza de vocação global, como a concorrência, a energia, os direitos humanos, o
digital, entre muitos outros. Tudo isto, finalmente, em estreita colaboração com escritórios e advogados amigos e parceiros, seja em Portugal seja em vários países, nomeadamente europeus. A onda de solidariedade para com a Ucrânia estendeu-se a vários setores e também na advocacia os profissionais disponibilizaram-se para prestar assistência jurídica gratuita aos
PONTOS DE VISTA DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA
“A VIDA, QUASE DESDE O PRINCÍPIO DA ORGANIZAÇÃO SOCIAL DOS SERES HUMANOS, ASSENTA EM REGRAS, PRIMEIRO COMPORTAMENTAIS E SOCIAIS, DEPOIS NORMATIVAS; OS ADVOGADOS SÃO, E SERÃO SEMPRE, PELA SUA PROFISSÃO E A RESPONSABILIDADE QUE LHE É INERENTE, SEUS PRINCIPAIS INTÉRPRETES”
cidadãos ucranianos que se encontram em Portugal. De que forma é que este comportamento/atitude revela e bem, como o setor da Advocacia está comprometido em apoiar estas pessoas e a fazer parte da solução? Discretamente, demos já um apoio concreto à justa causa ucraniana, através de uma contribuição financeira para uma organização idónea de apoio aos refugiados ucranianos. Além disso, colocámo-nos à disposição das autoridades daquele país para outro tipo de colaboração, que não cabe aqui revelar. Por essa razão também vimos com grande entusiasmo e esperança a reação de tantos dos nossos colegas, cujo âmbito de atuação é relevante para o apoio direito aos cidadãos ucranianos com necessidades em Portugal, reação essa bem reveladora da forma como a advocacia é – e deve sempre ser – um setor, e uma profissão, para quem as pessoas estão em primeiro lugar e são a prioridade, sempre e em qualquer circunstância. A vida, quase desde o princípio da organização social dos seres humanos, assenta em regras, primeiro comportamentais e sociais, depois normativas; os advogados são, e serão sempre, pela sua profissão e a responsabilidade que lhe é inerente, seus principais intérpretes, responsáveis primeiros por apoiar quem, no fundo, como eles também, são o cadinho essencial das nossas sociedades: as pessoas. Direitos Fundamentais do Homem, Liberdade, Segurança e Justiça, algo que mais do que nunca, a todos diz respeito. De que forma a Cruz Vilaça Advogados está a encarar esta violação maciça dos direitos humanos de um
povo Europeu que almeja viver livre e independente? Trata-se indiscutivelmente de uma situação inaceitável sob praticamente todos os pontos de vista, para glosar o nome da vossa revista. E, na perspetiva da nossa sociedade, se de um lado está um país democrático, livre, não sem defeitos, mas a prosseguir no caminho da construção de uma sociedade baseada no primado do direito e da defesa dos direitos fundamentais, do outro emerge uma manifestação da mais antiga tradição autocrática da velha Europa, claramente não democrática, desrespeitadora da liberdade e dos direitos dos cidadãos, iliberal, que faz jus ao velho conceito do poder como afirmação de força e de supremacia: “might makes right”. Isso não é, ou pelo menos não devia ser aceitável em pleno século XXI, e ainda bem que o Ocidente reagiu da forma enérgica, rápida e solidária como o fez, sem deixar de agir com precaução para evitar uma escalada que levasse a uma guerra generalizada, quiçá com a utilização de armas nucleares. O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução a favor da criação de uma comissão internacional de inquérito sobre as possíveis violações dos direitos humanos na Ucrânia na sequência da invasão russa. Em que medida esta resolução impactará a curto prazo – tendo em conta a urgência – a atuação da Rússia? Dificilmente. O tempo da sua instalação, do lançamento e instrução do inquérito, ainda por cima num período de tanta instabilidade e desinformação, será, espera-se, suficiente para
que a guerra termine ou, pelo menos, as hostilidades cessem. E se assim não for, qualquer conclusão que considere provadas as violações dificilmente será aceite pelas partes, e certamente será rejeitada pelo Presidente russo, tornando impossível qualquer tipo de resultado prático. Em todo o caso, é importante para o futuro, num tempo – ainda por descortinar – em que responsabilidades serão atribuídas e consequências retiradas por uma das maiores tragédias em solo europeu depois da 2ª guerra mundial. Esta é uma marca que centra a sua prática nas áreas do Direito da União Europeia, da Concorrência e da Proteção dos Direitos Fundamentais. Em que medida o foco nestes setores constitui valor acrescentado a quem vos procura – agora mais do que nunca? A União Europeia é fonte de direito nacional e assenta nos valores da democracia e do primado da lei – de que decorre aliás o princípio da condicionalidade aplicável à utilização dos fundos europeus – por valores tão decisivos como a democracia, o primado da lei, o respeito pelos direitos fundamentais e da independência da magistratura, a livre concorrência, a proteção de direitos básicos dos cidadãos. Codificadas na Carta Europeia dos Direitos Fundamentais estão normas essenciais de proteção dos direitos dos cidadãos, inclusive relativas a áreas novas, como os dados, o sigilo, o direito ao esquecimento, o ambiente e muitas outras. Os nossos clientes reconhecem a especificidade das nossas competências nessas matérias e temos o maior gosto em ajudá-los a
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PONTOS DE VISTA DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA
UM HÁBITO: FORMAL OU INFORMALMENTE, A TRABALHAR EM EQUIPA
encontrar as soluções mais eficazes e eficientes para dar resposta a problemas reais ou até para antecipar prejuízos e evitar consequências relacionadas com esse tipo de matérias. Qual a importância para este escritório, de trabalhar uma área do Direito tão fundamental como o Direito da União Europeia? Temos consciência de ser dos poucos, senão o único, escritório português que tem como matriz essencial a consideração de todo o acervo de legislação, jurisprudência e princípios europeus, para defesa dos nossos clientes, nacionais, europeus ou estrangeiros. Naturalmente, atuamos também, em muitos processos, exclusivamente na jurisdição nacional, mas a nossa mais-valia consiste justamente em enquadrar sempre as análises que fazemos das situações e problemas que nos são colocados – e as ilações delas decorrentes – num contexto alargado, em que o direito europeu, como responsável por mais de 85% da legislação nacional, está presente e é relevante. As matérias em que a nossa experimentadíssima equipa de profissionais atua em defesa dos nossos clientes podem ir de um problema individual de um cliente que reclama o ressarcimento de um prejuízo por responsabilidade de uma instituição ou de um Estado até a processos complexos do mundo do direito da concorrência – em todos os casos, consideramos devidamente a já referida interação entre os dispositivos legislativos e jurisprudenciais aplicáveis e pertinentes. É uma realidade fascinante, que só nesse cotejo e nessa relação permitem determinar com a maior precisão aquilo que deve ser prosseguido para defesa dos interesses dos nossos clientes.
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Que marca pretendem perpetuar junto de quem vos procura, no mundo, e principalmente, num âmbito tão importante como o Direito? Quais os valores fundamentais que defendem? Num primeiro plano, Qualidade, Coesão, Ambição. A Qualidade da nossa equipa de advogados, consultores e colaboradores, com muitas dezenas de anos de experiência nas áreas da nossa competência. A Coesão de uma equipa que trabalha em sintonia, partilha por natureza e vocação opiniões e análises, age solidariamente no estudo e desenvolvimento dos processos que lhe são confiados. Uma equipa que mistura jovens e
“A ESSA EVOLUÇÃO DO DIREITO EUROPEU, QUE DEPRESSA SE TORNARÁ DIREITO NACIONAL, A CRUZ VILAÇA ADVOGADOS ESTARÁ ATENTA, AVALIANDO, ESTUDANDO, ANALISANDO E APLICANDO. TUDO, SEMPRE, PARA DEFESA DOS INTERESSES SUPERIORES DOS NOSSOS CLIENTES”
PONTOS DE VISTA DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA
menos jovens, mulheres e homens (bastante mais mulheres que homens), experiência e entusiasmo. A Ambição de estar sempre à frente no conhecimento de todas as matérias, competências e saberes relevantes para o desempenho dos objetivos prosseguidos. De se atualizar em permanência, também na utilização das novas tecnologias, para agilizar e facilitar as tarefas prosseguidas com as mais recentes técnicas digitais e outras aplicadas ao exercício da advocacia. Num plano mais prático e técnico somos acessíveis – sempre disponíveis para os nossos clientes -, somos móveis – deslocando-nos onde precisam de nós, em Portugal de norte a sul e ilhas, na Europa, algures -, somos conectivos, sempre ligados e em permanente diálogo com quem connosco precisa e quer dialogar. A terminar, com que olhar perspetivam o domínio da advocacia nos âmbitos dos Direitos Humanos e Direito da União Europeia, nos tempos que se avizinham? A História recente da União Europeia, e, portanto, dos países que a constituem, é uma his-
tória de crises. Foi sempre assim ao longo do processo de integração europeia desde os idos de 50 do século passado. Mas os últimos anos têm sido férteis em situações difíceis, que interpelam (e ameaçam) a solidariedade e a coesão europeias e requerem respostas enérgicas e eficazes. Não raras vezes, essas crises constituíram mesmo um desafio existencial à própria continuidade do processo europeu. Apenas para dar alguns exemplos, recordamos a crise do subprime de 2008 e as suas repercussões na Europa. A crise da Ucrânia – Donbass e Crimeia – no rescaldo da tentativa de conclusão de um acordo de comércio livre aprofundado entre aquele país e a União Europeia. A crise dos refugiados, que em 2015 fez chegar à Europa mais de 1 milhão e 200 mil demandantes de asilo provenientes sobretudo da Síria e que tantos problemas de coesão provocaram (só a título de comparação, a guerra atual já provocou, em pouco mais de um mês, o êxodo de mais de 4 milhões! e a esta incomparavelmente superior crise a Europa respondeu com brio). A crise do Brexit, para muitos a anunciar a fragmentação da União. A Covid-19, a cuja ameaça essa mesma União respondeu com celeridade
e em uníssono (relativo), uníssono esse muito mais claro na resposta agora dada ao ataque russo à Ucrânia. Em cada caso, o direito europeu – e, quase sempre, as questões relacionadas com os direitos humanos – estiveram na primeira linha das análises, das considerações e processos desencadeados a seu respeito ou para acudir à defesa dos interesses mais variados. Continuará a ser assim. Este é também um tempo em que a União Europeia pode, e na nossa opinião deve, responder de forma solidária e coesa à crise em curso, provavelmente a maior de todas elas pela sua natureza e dimensão. Novo direito será criado para reforçar a integração onde ela deve ser reforçada: em matéria de defesa, de recursos energéticos e do seu aproveitamento, de transição digital, de defesa dos direitos humanos, de reconfiguração do direito da concorrência, da política industrial e de saúde pública. A essa evolução do direito europeu, que depressa se tornará direito nacional, a Cruz Vilaça Advogados estará atenta, avaliando, estudando, analisando e aplicando. Tudo, sempre, para defesa dos interesses superiores dos nossos clientes.▪
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PONTOS DE VISTA GUERRA NA UCRÂNIA
Ucrânia:
a Importância da Assistência Humanitária e da Proteção dos Direitos Humanos A escalada do conflito na Ucrânia continua a causar vítimas civis e a destruição de infraestruturas civis, forçando milhões de pessoas a fugir de suas casas em busca de segurança, de proteção e de assistência.
ANTÓNIO FERRARI
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S
egundo as estimativas mais recentes das Nações Unidas, nas primeiras cinco semanas do conflito, mais de quatro milhões de refugiados cruzaram as fronteiras para os países vizinhos, dois milhões dos quais para entrar na Polónia. Para além disso, mais 10 milhões de pessoas estão deslocadas internamente na Ucrânia e 12 milhões estão agora nas áreas mais atingidas pela guerra. Neste contexto, as necessidades humanitárias estão a aumentar ao minuto, numa altura em que muitas pessoas permanecem retidas em áreas de conflito crescente, sem capacidade de satisfazer as suas necessidades básicas, ou seja, sem acesso a alimentos, a água e a medicamentos. À luz desta emergência e da escala das necessidades humanitárias dos refugiados da Ucrânia, as Nações Unidas em parceria com várias Organizações Não-Governamentais e outros parceiros, participam no Plano Regional de Resposta a Refugiados para apoiar os governos dos países anfitriões a garantir o acesso seguro dos refugiados aos países vizinhos, de acordo com os padrões internacionais. Graças à generosidade de governos, da sociedade civil e do setor privado, a ONU já arrecadou perto de metade dos 1.5 mil milhões de dólares necessários para financiar esta colossal operação humanitária. A UNICEF, a Organização Internacional para as Migrações, a Agência da ONU para os Refugiados, o Fundo das Nações Unidas para a População e o Programa Alimentar Mundial estão no terreno, havendo já mais de mil funcionários e voluntários da ONU envolvidos nesta operação, a trabalhar em oito centros humanitários localizados em Dnipro, Vinnytsia, Lviv, Uzhorod, Chernivitzi, Mukachevo, Luhansk e Donetsk. Só no último mês, além do apoio dado aos países de acolhimento de refugiados, as agências humanitárias da ONU e os seus parceiros ajudaram cerca de 900 mil pes-
PONTOS DE VISTA GUERRA NA UCRÂNIA
soas, principalmente no leste da Ucrânia, com alimentos, cobertores, medicamentos, água engarrafada e produtos de higiene. Perante o agravamento do conflito e as dificuldades sentidas no terreno pelos trabalhadores humanitários em chegar aos que mais precisam, o secretário-geral da ONU, António Guterres, tem vindo a apelar constantemente a um cessar-fogo humanitário imediato, para permitir o progresso das negociações políticas que permitam alcançar um acordo de paz baseado nos princípios da Carta das Nações Unidas, mas também para que seja possível fazer chegar ajuda humanitária essencial e garantir a circulação de civis em segurança. O líder da ONU tem ainda enfatizado a ideia de que um cessar-fogo também ajudará a lidar com as consequências mundiais desta guerra, que correm o risco de agravar a grave profunda crise da fome em muitos países em desenvolvimento, que já não tendo recursos para investir na sua recuperação da pandemia, enfrentam agora custos crescentes com alimentos e energia. Por estas razões, o secretário-geral da ONU anunciou recentemente que o coordenador Humanitário da ONU, Martin Griffiths, irá trabalhar com as partes envolvidas para chegar a um acordo que possibilite um cessar-fogo humanitário na Ucrânia. Os ataques diretos a civis são proibidos pelo Direito Internacional Humanitário, por isso, as Nações Unidas têm frisado que, dada a magnitude das baixas civis e a destruição de infraestruturas civis, é fundamental que haja uma investigação completa e um apuramento de responsabilidades. A ONU continua a acompanhar de perto a situação dos direitos humanos na Ucrânia através de uma Missão criada para esse efeito, que conta com funcionários em sete escritórios, em
“OS ATAQUES DIRETOS A CIVIS SÃO PROIBIDOS PELO DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO, POR ISSO, AS NAÇÕES UNIDAS TÊM FRISADO QUE, DADA A MAGNITUDE DAS BAIXAS CIVIS E A DESTRUIÇÃO DE INFRAESTRUTURAS CIVIS, É FUNDAMENTAL QUE HAJA UMA INVESTIGAÇÃO COMPLETA E UM APURAMENTO DE RESPONSABILIDADES”
ambos os lados da linha de contacto, inclusive em Donetsk e Luhansk, e que estão a documentar vítimas civis e o impacto das hostilidades, vigiando ainda a liberdade de movimentos e reportando alegadas de violações. Por outro lado, o número de baixas civis até agora registado, bem como a destruição de bens civis, sugere fortemente que os princípios de distinção, de proporcionalidade, a regra sobre precauções viáveis e a proibição de ataques indiscriminados foram violados. Com efeito, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, foram registadas mais de 2.900 vítimas civis, incluindo mais de 1.100 mortes, sendo que o número real pode ser consideravelmente mais elevado. O Alto Comissariado também já mostrou a sua preocupação com vídeos que mostram prisioneiros de guerra a serem interrogados depois de terem sido capturados pelas forças ucranianas e russas. Para apurar responsabilidades, o Conselho de Direitos Humanos adotou uma resolução para estabelecer uma comissão internacional independente de inquérito para investigar todas as supostas violações dos direitos humanos “no contexto da agressão da Federação Russa contra a Ucrânia”. Também o Tribunal Internacional de Justiça emitiu uma decisão, a 16 de março último, exigindo que a Federação Russa “suspenda imediatamente as operações militares” na Ucrânia. E como se uma guerra não bastasse ainda vivemos um período de pandemia mundial. A situação atual representa um fardo suplementar para o sistema de saúde ucraniano, já sobrecarregado antes da guerra, podendo resultar num aumento de casos de Covid-19 e contribuir para surtos de outras doenças. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os hospitais ucranianos estão a ficar sem oxigénio, pondo milhares de vidas em risco. A OMS está já a trabalhar com os seus parceiros para assegurar a entrega não só de oxigénio, mas também de medicamentos e de equipamento médico. É preciso ter presente que ·movimentos populacionais em massa poderão contribuir para o aumento da transmissão da Covid-19, aumentando a pressão sobre os sistemas de saúde nos países vizinhos. Para mitigar este impacto, a OMS irá garantir a vacinação aos refugiados que chegam não só contra a Covid-19 mas também contra a poliomielite, o sarampo e a rubéola para crianças refugiadas menores de seis anos. Esta guerra deve ser encarada como um problema de todos, cuja escalada poderá levar a um conflito regional de grandes dimensões, com impactos muito significativos na vida dos europeus. A dimensão humanitária e a solidariedade, que exigirá uma mobilização em massa de todos os agentes da sociedade, será fundamental para mitigar um sofrimento que as palavras não conseguem descrever e que só uma guerra sabe causar. ▪
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PONTOS DE VISTA CONTABILIDADE, FORMAÇÃO, LIDERANÇA E ASSOCIATIVISMO
ISABEL CIPRIANO
“Acredito que em termos de Expertise, a APOTEC funciona como uma Marca Prestigiante” Isabel Cipriano pertence à Associação Portuguesa dos Técnicos de Contabilidade (APOTEC) há 22 anos, mas foi no passado mês de janeiro que abraçou a Presidência da organização. Através das suas palavras, fique a conhecer de que forma esta Associação tem apoiado os associados e profissionais da contabilidade ao longo dos tempos e, sobretudo, em que medida o fará daqui para a frente.
A
Associação Portuguesa dos Técnicos de Contabilidade (APOTEC) é um organismo profissional de classe, autónomo e independente. Tendo em conta as progressivas mudanças no setor, de que forma tem sido viável defender os seus interesses técnicos, profissionais, deontológicos e culturais? A APOTEC foi fundada no dia 16 de março de 1977, ou seja, há 45 anos, numa época em que pouco ou nada se falava de contabilidade. É um marco histórico, conseguimos ao longo dos tempos conquistar notoriedade para os profissionais e credibilizar a nobre profissão, não só dos técnicos de contabilidade e da fiscalidade, como a de contabilista certificado, e mais ainda na atualidade, procurando recentrar as atividades do contabilista, enquanto parceiros estratégicos das empresas. Conta cerca de quatro mil associados espalhados pelo País, pelas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, e também em Macau. A APOTEC lutou fortemente pela regulamentação dos então designados técnicos de contas (que apenas em 1995 alcançaram o estatuto ou a designação de contabilistas certificados) e ainda a liberdade de
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escolha destes profissionais. Foram várias as batalhas que travamos, entre elas a de permitir que os contabilistas certificados escolham a(s) formação(s) que quiserem, independentemente da entidade formadora. A APOTEC tem lutado sempre em situações de desigualdade, e sem a força e os meios que outras instituições dispõem, por isso as nossas lutas e conquistas têm ainda mais valor. Uma das muitas vantagens dos associados da APOTEC são as formações diversas que este organismo desenvolve. Quão importante é, para um contabilista, frequentar estas formações? Considera que o conhecimento é sinónimo de impacto positivo na vida das empresas? A formação é fundamental para o desenvolvimento tanto do profissional como da sua atividade. A legislação é vasta e muito suscetível a alterações anuais, fazendo com que a formação seja essencial ao longo da vida. É o refresh de qualquer profissão, aliás, de qualquer pessoa. Valorizar o profissional através da formação é dotar as organizações de capacidade de criação de valor,
PONTOS DE VISTA CONTABILIDADE, FORMAÇÃO, LIDERANÇA E ASSOCIATIVISMO
“A ESSÊNCIA DA APOTEC SÃO OS SEUS ASSOCIADOS, QUE PODEM SER CONTABILISTAS, TÉCNICOS DE CONTABILIDADE, CONSULTORES, DOCENTES, EMPRESAS, TODOS OS QUE SE ENQUADREM NOS TERMOS DO ESTATUTO” e atualmente, na maior parte dos casos, basta ter acesso a meios digitais. Melhorando competências, potencia-se uma maior produtividade e, por conseguinte, uma melhoria da competitividade das empresas. E não só das empresas. Dou-lhe outro exemplo: recentemente criou-se um apoio específico aos Associados na área da Justiça Tributária e Contencioso. Por via de protocolos com algumas entidades do setor público, é frequente haver funcionários da Autoridade Tributária e Aduaneira entre os participantes. Também estes têm dúvidas, porque a legislação muda e porque não é fácil dominar todo este sistema tributário. Ao contribuirmos para um melhor conhecimento das entidades públicas, estamos também a contribuir para uma melhor relação com os contribuintes, e para uma melhor cidadania. Certo é, este conhecimento leva, com toda a certeza, a uma liderança mais vincada no mercado. Sendo Presidente da APOTEC, de que tipo de liderança o setor da contabilidade necessita atualmente e que incentivos o organismo oferece aos seus associados? Sou Presidente da APOTEC desde o início deste ano, mas integro a APOTEC desde o final do ano 2000 (ver caixa). A Contabilidade precisa de uma liderança que apoie e dignifique os seus intervenientes, e que atraia mais profissionais. Quantos jovens dizem atualmente que querem ser contabilistas (certificados)? Paradoxalmente a maior parte dos portugueses, singulares ou coletivos, recorrem a contabilistas. Através da APOTEC Academia desenvolvemos cursos de preparação para o exame de contabilista certificado, não só no apoio aos temas dos exa-
mes como também construção e defesa da ética profissional. A verdade é que a APOTEC salienta diversas vezes que a razão da existência da Associação é precisamente os seus associados. Em que medida esta liberdade associativa se traduz no espaço plural, de ensino e partilha de conhecimento, de apoio e ajuda especializada, que é a APOTEC? A essência da APOTEC são os seus associados, que podem ser contabilistas, técnicos de contabilidade, consultores, docentes, empresas, todos os que se enquadrem nos termos do estatuto. É essa uma das muitas caraterísticas diferenciadoras da liberdade de associação que o 25 de Abril nos trouxe, mas acrescida de responsabilidade. Ser associado da APOTEC é muito mais do que a formação, é ter apoio contínuo e estamos a falar de uma quota de €4 por mês (para singulares) e de €19 (por mês) para empresas. Além das formações – sendo uma delas gratuita, oferta aos novos associados – oferecemos apoio técnico gratuito que responde a todas as dúvidas contabilísticas, fiscais, jurídicas e laborais; desenvolvemos parcerias em áreas de impacto na atividade dos profissionais como por exemplo na área dos seguros, tecnologia, educação, saúde; uma revista digital técnica gratuita, entre muitos mais benefícios e uma disponibilidade permanente para ouvir e apoiar os Associados. Muitas são, de facto, as iniciativas desenvolvidas pela Associação, no sentido de unir os profissionais e associados em prol de projetos que visam soluções que possam, de forma continuada, contribuir para o engrandecimento profissional, científico e cultural. Que programas e assuntos a debater estão planeados para os próximos meses? Estão algumas iniciativas agendadas e espalhadas pelo País no âmbito dos 45 anos da APOTEC, nomeadamente um ciclo especial de conferências, formações em áreas preponderantes da economia digital, encontros associativos e novas parcerias. Haverá a distinção dos associados fundadores bem como a entrega dos prémios anuais para trabalhos sobre contabilidade. Acredito que em termos de expertise, a APOTEC funciona como uma marca prestigiante. Entre as várias matérias relevantes na atualidade e no seio contabilístico está o Orçamento do Estado para 2022. Em várias áreas, o mesmo, propunha para o país uma linha de continuida-
PERFIL
Isabel Maria Cipriano, 48 anos, assume a liderança da APOTEC desde janeiro de 2022 e é a primeira mulher a ser eleita Presidente desde o 25 de Abril. Licenciada em Contabilidade e Administração pelo ISCAL, passou pela indústria têxtil até ser convidada para coordenar o Jornal de Contabilidade da APOTEC no final do ano 2000. Em 2007 assumiu a direção executiva e em 2016 foi eleita vice-presidente. O passo seguinte era previsível, ou seja, dentro da área não foi surpresa esta liderança.
de, trazendo, ainda novidades. Como analisa esta proposta? Na sua perspetiva, que economia teremos em 2022? Com uma pandemia, numa economia que já estava comprometida, só se ter seis meses de OE não abona. Fala-se de “retoma progressiva” e esquecendo que não produzimos para comer. A nossa economia precisa de se recentrar nas necessidades do país, apoiando as empresas e o seu desenvolvimento produtivo. Precisamos de inverter a tendência de receita fiscal e controlar a despesa pública. Por outro lado, esta pandemia trouxe uma novidade nos centros de emprego, que são pessoas altamente qualificadas sem qualquer resposta por parte do IEFP. Pessoas que pelas suas habilitações não são candidatas a programas como o “Ativar”. Também aqui se desperdiça recursos. Para quando um assumir de responsabilidades no quadro da governação? ▪
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PONTOS DE VISTA PLANO DE RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA – IMPACTO DA TRANSPOSIÇÃO DA DIRETIVA Nº 2019/1023
“Portugal e os Portugueses podem fazer Melhor e esta é altura de o Provarmos” Rui Leão Martinho, Ex-Bastonário da Ordem dos Economistas e atual economista e gestor esteve à conversa com a Revista Pontos de Vista acerca das medidas propostas pelo Plano de Recuperação e Resiliência e o impacto do mesmo. Fique a par.
O
RUI LEÃO MARTINHO
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Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) inscreveu-se na iniciativa política promovida pelo Conselho Europeu, mais concretamente no campo das diligências associadas à Justiça Económica, com o objetivo da redução dos adversos efeitos económicos e sociais que a sociedade enfrenta. Para elucidarmos os nossos leitores, que medidas constam nesta participação? Quais as principais melhorias necessárias? O PRR surgiu para ser o motor da necessária retoma e recuperação da atividade económica, a qual foi grandemente afetada pelo surto pandémico deflagrado há dois anos atrás. Na verdade, o aparecimento e a rápida difusão a nível global do covid19 no início de 2020 veio alterar significativamente a atividade económica, com as consequências sociais conhecidas (aumento da pobreza, maior desigualdade socializais desemprego, menor inclusão social) e justificar, a nível europeu, a aprovação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Este tem um período de execução até 2026 e pretende implementar um conjunto de reformas e investimentos que reponham o crescimento económico sustentado e façam a nossa economia convergir com a Europa.
Tem três capítulos que respondem aos desafios que hoje se põem: resiliência, transição climática e transição digital. Para si, enquanto Ex-Bastonário da Ordem dos Economistas, e atual economista e gestor, qual a forma mais viável de colocar todos os objetivos em prática? Como economista e dirigente empresarial desde 1973, vivendo em Portugal e conhecendo bem a realidade política, económica e social em que vivo, direi que os objetivos constantes do PRR devem agora ser aplicados com rigor e transparência, respeitando o calendário aprovado e criando as necessárias condições para a retoma e a recuperação da atividade económica. Muitos dos objetivos têm a ver com o Estado e pretendem realizar investimentos que, nos últimos anos, não foram realizados e hoje são urgentes. Outros, em menor escala e de montantes mais reduzidos, respeitam ao setor privado e às empresas. Todos são importantes e todos deverão ser realizados, pois decerto o País e os portugueses melhorarão com a sua efetivação.
PONTOS DE VISTA PLANO DE RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA – IMPACTO DA TRANSPOSIÇÃO DA DIRETIVA Nº 2019/1023
Esta é uma Diretiva onde consta também um conjunto de alterações ao Código da Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE). De que forma estas mudanças irão evitar o arrastamento injustificado da litigância e consequente elevação da tutela dos credores e devedores? As mudanças ocorridas no que respeita ao Código da Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE) têm o objetivo de evitar o arrastamento de litigância que tantas vezes carece de justificação e de redefinir vários aspetos com o intuito de acelerar a resolução dos casos, de recuperar um maior número de empresas e de criar uma imagem mais favorável desta área.
elevados padrões de bem-estar social e assim cumprindo os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas.
“OS OBJETIVOS CONSTANTES DO PRR DEVEM AGORA SER APLICADOS COM RIGOR E TRANSPARÊNCIA, RESPEITANDO O CALENDÁRIO APROVADO E CRIANDO AS NECESSÁRIAS CONDIÇÕES PARA A RETOMA E A RECUPERAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÓMICA” O foco principal, sabemos que passa por tornar o sistema de justiça económica mais eficaz e resiliente, acrescentando valor às empresas, trabalhadores e credores. Assim, quais são os maiores desafios impostos a esta “missão”? O setor da justiça é um dos pontos fracos da nossa atividade económica geral. Qualquer inquérito aos empresários ou aos trabalhadores revela amiúde a insatisfação com a justiça, nomeadamente com a justiça económica. Devem, pois, ser introduzidos nesta área todos os desenvolvimentos que permitam acabar com a morosidade, a lentidão e a perda de oportunidades que caracterizam este setor. Certo é, que a pandemia provocada pelo
Covid-19, fez com esta Diretiva ganhasse redobrada relevância, com maior expressão no campo da justiça económica. Porquê? O que alterou na prática? A pandemia, como referi atrás, veio trazer mais pobreza, mais desigualdade social, menos oportunidades de inclusão social daqueles que mais proteção devem receber, assim como fez crescer o número de empresas insolventes e o desemprego. Como consequência, torna-se vital ajudar as empresas em dificuldades, nomeadamente a necessidade de liquidez que experimentam, incentivando a manutenção dos postos de trabalho e até a sua ampliação com novos recrutamentos. Só com justiça social e prosperidade será possível ter uma sociedade resiliente, com
Sabemos que um dos pilares da proposta é a reestruturação preventiva e o perdão de dívidas. Qual a opinião do Rui Leão Martinho acerca desta medida? De que forma a mesma poderá alavancar a economia? A reestruturação de dívidas é um procedimento habitual quando se vive um prolongado período de crise como aquele que temos vivido. Depois da bancarrota em 2011, o surto epidémico dos últimos dois anos e a recente invasão da Ucrânia pela Rússia vieram aprofundar e plenamente justificar que, nalguns casos, nalgumas empresas e setores se estude e aplique uma reestruturação de dívidas. A médio e longo prazo, quais os maiores impactos e benefícios adjacentes deste Plano de Recuperação e Resiliência para a Justiça Económica com a Transposição Diretiva? A grande esperança acerca do PRR, bem como dos vários programas europeus em vigor (Portugal 2020, Portugal 2030, linhas especiais do BEI) é que ao representarem um aumento de 70% de verbas exclusivamente destinadas ao apoio das empresas, bem como um conjunto de políticas públicas que visam potenciar o investimento produtivo (nomeadamente por via de incentivos fiscais e financeiros) ou ainda das apelidadas agendas mobilizadoras para a inovação empresarial é que Portugal dê o necessário salto de desenvolvimento, de aumento de competitividade e de melhoria da produtividade laboral que, de forma sustentada, nos impeça de cair numa situação de estagnação como a que temos vivido desde o início deste século e de voltarmos a ser ultrapassados por mais países integrantes da UE como está a acontecer nos últimos anos. Portugal e os portugueses podem fazer melhor e esta é altura de o provarmos. ▪
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PONTOS DE VISTA NOVAS DIRETIVAS 2019/771 E 2019/770
“É fundamental continuar a promover a Política de Defesa do Consumidor” Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Ana Catarina Fonseca, Diretora-Geral da Direção-Geral do Consumidor, esclareceu-nos sobre as medidas e, consequentemente, sobre os benefícios que advêm das novas Diretivas 2019/771 e 2019/770 (Venda de Bens de Consumo e Fornecimento de Conteúdos e Serviços Digitais). Saiba tudo.
A
ANA CATARINA FONSECA
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Direção-Geral do Consumidor tem por missão contribuir para a elaboração, definição e execução da política de defesa do consumidor, com o objetivo de assegurar um elevado nível de proteção. Assim, e entre várias iniciativas, de que forma dinamiza o Sistema de Defesa do Consumidor e a coordenação das atividades desenvolvidas pelas entidades públicas e privadas integradas neste Sistema? A Direção-Geral do Consumidor, enquanto entidade “Policy maker” assume sensivelmente 20 atribuições para cumprir a sua missão. Entre as suas atribuições encontra-se, desde logo, o poder de propor a regulamentação necessária para proteger os consumidores, a representação de Portugal nas instâncias europeias na discussão de dossiers e na negociação das propostas de Diretivas e de Regulamentos de defesa dos consumidores, a adotação dos procedimentos visando a transposição dos instrumentos europeus e a formação e informação destinada aos consumidores sobre os direitos e deveres que lhes assistem. Também na esfera das suas atribuições, a Direção-Geral do Consumidor está encarregue de coordenar e dinamizar o chamado “Sistema de Defesa do Consumidor” que se traduz no conjunto das entidades
públicas (da Administração Central e Local) e organizações privadas (ex. as associações de consumidores e os centros de arbitragem) que direta ou indiretamente assumem, na sua esfera de atuação, também a proteção dos consumidores (utilizadores, clientes finais). Esta dinamização tem como objetivo promover a realização conjunta e articulada das iniciativas que contribuam para proteger, capacitar e informar os consumidores e/ou acompanhar as práticas comerciais visando prevenir ofensas aos direitos fundamentais dos consumidores. Ora, tendo em conta a consagração deste Sistema, este só faz sentido quando assente numa verdadeira cooperação sendo o papel da Direção-Geral do Consumidor muito importante para estreitar, promover e facilitar o desenvolvimento de ações procurando estimular sinergias e assegurar que essas iniciativas possam ter um efeito multiplicador para alcançarmos os consumidores e as empresas salvaguardando os direitos e protegendo os mais vulneráveis. A dinamização e coordenação do Sistema visa o aprofundamento da partilha/ troca de informação, entendimentos e boas práticas que ajudem no tratamento das situações e possam contribuir para a harmonização e coerência do sistema. São muitas as ações e iniciativas que a Direção-Geral do Consu-
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midor desenvolve para dinamizar o Sistema de Defesa do Consumidor ao serviço dos consumidores. Destacam-se neste contexto as ações destinadas a chamar a atenção para a relevância da celebração do Dia Mundial dos Direitos do Consumidor (15 de março), convidando-se os parceiros para esta celebração - não esquecendo a Escola e a Academia - através da realização de ações direcionadas para os diferentes grupos de consumidores (desde os mais jovens até aos idosos). Destaca-se, também, a promoção por parte da Direção-Geral do Consumidor nas áreas/temas mais complexos e que impõem maior atenção do ponto de vista da informação sobre a legislação, iniciativas de informação conjuntas, através da realização de campanhas de informação direcionadas e de sessões dinâmicas de formação por todo o país dirigidas aos consumidores e às empresas – não basta capacitar os consumidores, sendo pois verdadeiramente importante chamar e sensibilizar as empresas para o cumprimento das obrigações que lhes são fixadas por lei. Assume particular relevância no trabalho de coordenação do Sistema, a dinamização da rede de Centros de Informação Autárquicos ao Consumidor - serviços de proximidade dos munícipes - visando o apoio e a informação aos consumidores e nesta esfera a Direção-Geral tem um papel muito importante na formação dos técnicos das autarquias para que estes possam estar habilitados a prestar essa assistência. Como acima referi, esta dinamização está intimamente ligada com a cooperação institucional que é fundamental para a execução da política pública de defesa do consumidor e realização do serviço público, sendo o exemplo da dinamização do Sistema a criação e disponibilização aos consumidores e utentes do Livro de Reclamações (nos formatos físico e eletrónico), instrumento de cidadania e ferramenta de trabalho das entidades públicas fiscalizadoras e também das empresas. Este instrumento, sob a coordenação da Direção-Geral do Consumidor, congrega mais de 35 entidades reguladoras e fiscalizadoras que dia-a-dia trabalham e cooperam entre si nas mais variadas áreas incluindo a defesa do consumidor. São também exemplos da dinamização e coordenação do Sistema, o desenvolvimento, com parceiros públicos e privados, de guias e de manuais de boas práticas, nomeadamente, na comunicação comercial uma vez que a Direção-Geral do Consumidor é a entidade fiscalizadora do Código da Publicidade. Vivemos numa sociedade que está, cada vez mais, em movimento. Enquanto organismo público do Ministério da Economia, quão importante é promover a política de salvaguarda de
“AS NOVAS DIRETIVAS REPRESENTAM EFETIVAMENTE UM IMPORTANTE REFORÇO DOS DIREITOS DOS CONSUMIDORES, INTRODUZINDO ALTERAÇÕES SIGNIFICATIVAS RELATIVAMENTE AO REGIME DA GARANTIA DOS BENS”
direitos dos consumidores, bem como desenvolver várias iniciativas de informação e sensibilização sobre os mesmos? A política de Defesa do Consumidor visa, em primeira linha, a promoção e a proteção de oito direitos consagrados na Lei de Defesa do Consumidor, a saber: a) direito à qualidade dos bens e serviços; b) direito à proteção da saúde e da segurança física; c) direito à formação e à educação para o consumo; d) direito à informação para o consumo; e) direito à proteção dos interesses económicos; f ) direito à prevenção e à reparação dos danos patrimoniais ou não patrimoniais que resultem da ofensa de interesses ou direitos individuais homogéneos, coletivos ou difusos; g) direito à proteção jurídica e a uma justiça acessível e pronta; h) direito à participação, por via representativa, na definição legal ou administrativa dos seus direitos e interesses. Estes direitos, convém sublinhar, são direitos fundamentais porque se encontram inscritos na Constituição da República Portuguesa. Este enquadramento não acontece em muitos países! É fundamental continuar a promover a política de defesa do consumidor de molde a contribuirmos para uma verdadeira cidadania participativa dos portugueses e para o desenvolvimento de um mercado competitivo e cada vez mais inovador sem colocar em causa a sustentabilidade e o princípio da sã e leal concorrência. A política de defesa do consumidor influencia o modelo de crescimento económico sendo por isso muito importante implementar medidas que contribuam, designadamente, para o empoderamento dos consumidores, não só através da implementação de legislação, mas também da realização de ações de capacitação que potenciem o exercício dos direitos, de escolhas informadas e livres e cumprimento dos seus deveres. Não basta termos legislação muito bem redigida se os consumidores não tiverem conhecimento dela, não souberem exercer os seus direitos e utilizarem instrumen-
tos que lhes são disponibilizados (por exemplo, o Livro de Reclamações ou os comparadores de preços), sendo, pois, fundamental desenvolver todas as iniciativas que se revelem necessárias para os capacitar e os sensibilizar sobre direitos e deveres. Por outro lado, é fundamental sensibilizar e fortalecer o tecido empresarial português em termos de conhecimento e know-how onde se inclui naturalmente a legislação de defesa do consumidor. Abordando as novas Diretivas 2019/771 e 2019/770 (Venda de Bens de Consumo e Fornecimento de Conteúdos e Serviços Digitais), sabemos que foram transpostas para o Direito português em janeiro deste ano. Para melhor entender, o que mudou? As novas Diretivas representam efetivamente um importante reforço dos direitos dos consumidores, introduzindo alterações significativas relativamente ao regime da garantia dos bens, onde passam a estar expressamente incluídos os bens com elementos digitais incorporados, bem como, estabelecendo novas regras relativamente ao fornecimento de conteúdos e serviços digitais, atá agora inexistentes em Portugal e na maioria dos Estados-Membros da União Europeia. Cabe destacar que, no âmbito do fornecimento de conteúdos e serviços digitais, os consumidores passam agora a beneficiar de um conjunto de direitos específicos em caso de não fornecimento ou falta de conformidade dos conteúdos e serviços digitais. Por exemplo, se um consumidor subscrever um serviço de streaming, ou de cloud e detetar uma falta de conformidade durante o período de garantia poderá, junto do profissional, exercer o direito à reposição da conformidade, à redução do preço ou à rescisão do contrato, de acordo com as condições legais aplicáveis. Outro aspeto que merece destaque, prende-se com a contraprestação prevista para o fornecimento de conteúdos e serviços digitais. Quer isto dizer, que
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no que respeita aos contratos de fornecimento de conteúdos ou serviços digitais para além da possibilidade de pagamento de um preço, o consumidor que entregar dados pessoais também estará abrangido pelo regime legal beneficiando de direitos em caso de falta de conformidade.
Para terminar, enquanto Diretora-Geral da Direção-Geral do Consumidor, e face às constantes mudanças que ocorrem diariamente, de que forma este organismo continuará a estar a lado a lado com os consumidores? Que novidades podemos esperar? A Direção-Geral do Consumidor continuará, como até aqui, a cumprir a sua missão visando modelar e executar a Política de Defesa dos Consumidores com o objetivo de alcançar o mais elevado nível de proteção – de notar que Portugal pertence ao grupo de Estados-Membros da União Europeia que assegura um nível de proteção mais elevado, posição que não pode ser desvalorizada e de alguma forma alterada. Trata-se de um trabalho contínuo e muito exigente em termos de rigor, conhecimento, sensibilidade, visão, perseverança, cooperação institucional cada vez mais estreita – porque a política não se traduz numa agenda particular - para melhor servir os cidadãos, não esquecendo os mais vulneráveis, mesmo perante adversidades e dificuldades decorrentes, designadamente, de constrangimentos orçamentais e humanos. No ano de 2022, a par das alterações legislativas recentes que irão reforçar os poderes da Direção-Geral do Consumidor em matéria de fiscalização, nomeadamente, na área das cláusulas contratuais gerais, a Direção-Geral do Consumidor está já a trabalhar na transposição de
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uma Diretiva muito importante em matéria de ações representativas dos direitos dos consumidores e continuará a trabalhar com a Direção-Geral da Educação, contando com a colaboração da DECO, na implementação do Referencial da Educação do Consumidor através da formação de professores. Por outro lado, continuará a dinamizar, com o apoio do Banco de Portugal, a Rede Extrajudicial de Apoio a Clientes Bancários (RACE) que inclui cerca de 20 entidades localizadas em vários pontos do país para apoiar e acompanhar, de forma gratuita, os consumidores que se encontrem em situação de dificuldade (de endividamento excessivo) ou risco de incumprimento nos contratos de crédito. No plano europeu, a Direção-Geral do Consumidor irá negociar um importante instrumento que visa capacitar os consumidores para a transição ecológica e que vai ao encontro dos objetivos estabelecidos na Nova Agenda do Consumidor e no Pacto Ecológico Europeu. Esta nova proposta irá alterar duas importantes Diretivas, a Diretiva dos Direitos dos Consumidores e a Diretiva das Práticas Comerciais Desleais, reforçando os direitos dos consumidores à informação, em particular quanto à informação sobre a durabilidade e reparabilidade dos produtos. A Direção-Geral do Consumidor prosseguirá no aprofundamento da cooperação chamando novos parceiros ao Sistema de molde a alcançar e a proteger os consumidores.
Certo é, a nova legislação apresenta um importante reforço dos direitos dos consumidores, introduzindo alterações às regras relativas às garantias dos bens, prevendo direitos para os consumidores relativamente ao fornecimento de conteúdos e serviços digitais, até agora inexistentes. Quais as principais medidas aplicáveis ao fornecimento de conteúdos e serviços digitais? Desde logo, cabe notar que estamos inseridos no mercado único e que as Diretivas em questão foram apresentadas pela Comissão Europeia no âmbito da Estratégia para o Mercado Único Digital visando contribuir para uma maior harmonização das regras a nível europeu e fortalecimento do mercado interno quer na perspetiva dos consumidores, quer das empresas que operam neste mercado. Nesse sentido, a aplicabilidade harmonizada das regras constantes das Diretivas será um dos benefícios a destacar, tendo em conta que os consumidores europeus beneficiarão de um nível elevado de proteção em todo o espaço europeu. Por outro lado, as novas regras relativas ao fornecimento de conteúdos e serviços digitais vêm colmatar um vazio legal existente na medida em que não existiam regras especificas aplicáveis a situações de falta de conformidade de conteúdos ou serviços digitais, representando um evidente benefício para os consumidores. Já quanto aos bens com elementos digitais, beneficiam agora de um tratamento diferenciado e adaptado à realidade destes bens, passando-se a prever, por exemplo, a obrigação de fornecimento de atualizações, nomeadamente, de segurança dando assim resposta a um conjunto de questões e dificuldades específicas desta categoria de bens. Finalmente, espera-se que o impacto desta nova legislação seja positivo, reconhecendo, contudo,
que se afigura necessário um esforço adicional no sentido de capacitar os consumidores acerca dos seus novos direitos, como também informar as empresas destas alterações legislativas que implicarão necessariamente ajustes na sua atuação no mercado. Tendo em conta estas alterações, qual o impacto e os benefícios aqui esperados para os consumidores? A transição digital é uma inevitabilidade, estando inscrita nas prioridades europeias e nacionais. Nesse sentido, muitos têm sido os sinais dados no sentido da criação e adaptação de instrumentos legislativos que visam precisamente contribuir para a transição digital nas suas várias vertentes. É o caso das Diretivas relativas à venda bens e ao fornecimento de conteúdos e serviços digitais que se inserem num dos pilares subjacentes à Estratégia para o Mercado Único Digital, a saber: o melhor acesso dos consumidores aos bens online. A Direção-Geral do Consumidor considera assim que esta nova legislação reforça a confiança dos consumidores no mercado único digital, permitindo-lhes beneficiar de um conjunto de bens e serviços digitais com a garantia de um elevado nível de proteção que, naturalmente, contribuirá para um maior crescimento do mercado único. Na dimensão da Transição Digital, estão previstas reformas e investimentos significativos nas áreas da digitalização de empresas, do estado e no fornecimento de competências digitais em diversos domínios. Considera que estas novas Diretivas poderão assegurar que Portugal acelere a transição para uma sociedade mais digitalizada? Sem dúvida. Agora, importa não esquecer que a população portuguesa está cada vez mais envelhecida existindo uma franja da nossa sociedade muito pouco ou não digitalizada. Por outras palavras, não podemos esquecer e deixar para trás os grupos mais vulneráveis devendo apostar-se num acompanhamento muito próximo destes grupos capacitando-os e assegurando sempre os instrumentos que permitam o exercício dos direitos. Portanto devemos apostar
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numa “digitalização humanizada” de molde a não aprofundarmos assimetrias e vulnerabilidades. Relativamente às novas regras, direitos e obrigações, de que forma a Direção-Geral do Consumidor tem vindo a contribuir para a capacitação dos consumidores e dos operadores económicos? Nos termos do Decreto-Lei n.º 84/2021, de 18 de outubro, a Direção-Geral do Consumidor deverá promover ações destinadas a informar os consumidores sobre os direitos decorrentes do novo regime. De igual modo, constitui uma das atribuições da Direção-Geral promover a realização de ações de informação, de educação e de formação dos consumidores, sensibilizando-os para o exercício dos seus direitos e deveres. Neste enquadramento, e perante a grande relevância e complexidade dos temas, a Direção-Geral do Consumidor, muito cedo começou a preparar uma campanha de informação denominada “Bens, Conteúdos e Serviços Digitais” visando capacitar os consumidores sobre os novos direitos e sensibilizar os operadores económicos e associações empresarias para as novas obrigações decorrentes do novo regime legal. A par dos materiais e conteúdos (mensagens, post, teasers, cartazes) compilados e divulgados no seu sítio da internet em www. consumidor.gov.pt a Direção-Geral do Consumidor disseminou esses mesmos conteúdos nas suas redes sociais do facebook e instagram e iniciou um programa de sessões de informação em finais de novembro, algumas organizadas com associações empresariais, que se prolongarão ao longo deste ano por sua iniciativa/em colaboração ou a pedido de diversas entidades do Sistema. Neste contexto, importa notar que as primeiras sessões foram dirigidas à Rede de Centros de Informação Autárquicos ao Consumidor e à Rede de Arbitragem de Consumo (rede que integra os centros de arbitragem de conflitos de consumo que é também coordenada e fiscalizada pela Direção-Geral do Consumidor). De referir também os documentos de FAQ (Frequently Asked Questions) preparados sobre os vários temas e os cartazes MUPI com mensagens especificas que foram distribuí-
dos junto das autarquias protocoladas com a Direção-Geral do Consumidor. Importa igualmente salientar que a Direção-Geral do Consumidor, através da sua linha de atendimento ao consumidor vem também prestando informação e esclarecendo as dúvidas que lhe são colocadas. Finalmente, a Direção-Geral do Consumidor participou, a convite da ANACOM, na realização de um podcast cujo tema se centrou no novo regime legal, bem como noutras iniciativas dedicadas ao tema.
Sabemos que a Direção-Geral do Consumidor irá desenvolver, ao longo deste ano, várias sessões de informação, maioritariamente no formato digital. O que devemos saber sobre estas sessões? Quando será realizada a próxima e de que forma os consumidores poderão aceder? A Direção-Geral do Consumidor desenvolveu já diversas iniciativas durante o primeiro trimestre deste ano, prevendo-se, em abril, a realização de mais ações dirigidas aos consumidores e aos operadores
económicos que serão devidamente publicitadas nos nossos canais de comunicação e que poderão ser realizadas em formato presencial ou digital. Na organização e dinamização das sessões, a Direção-Geral do Consumidor procura, a par da explicação das regras, discutir casos práticos convidando todos os interessados e participantes a partilhar dúvidas e situações concretas. Para acompanhar a atividade da Direção-Geral do Consumidor, poderá visitar o seu sítio da internet ou seguir as publicações nas redes sociais. ▪
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PONTOS DE VISTA PARQUES EMPRESARIAIS – INOVAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO
ISABEL CALDEIRA CARDOSO, PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA APPE
APPE
Associação Portuguesa de Parques Empresariais “Qualificar e promover a instalação de empresas nas áreas capacitadas para o efeito, impulsionando o eficiente investimento público e privado”.
A
jovem associação, que reúne gestores de áreas de localização empresarial, pretende atuar com o foco de tornar o território nacional mais atrativo e competitivo para acolher mais atividade empresarial. A APPE - Associação Portuguesa de Parques Empresariais dedica-se à reflexão de temas estruturantes na gestão de áreas de localização empresarial e à promoção de boas práticas nesta atividade. Constituem, igualmente, objetivos da APPE a implementação de medidas que garantam a capacitação do território para a atração de mais empresas e a captação e fixação de mais investimento para o desenvolvimento económico do nosso país - Habilitar as regiões das melhores vantagens competitivas promovendo mais atividade empresarial, em áreas devidamente qualificadas, é a grande missão da APPE. A criação de uma Associação dos Parques Empresariais de Portugal, sem fins lucrativos e envolvendo de uma forma participativa todos os stakeholders irá, certamente, ter um papel preponderante na estratégia nacional de recuperação e de resiliência, alinhando-se com os objetivos do Programa Internacionalizar 2030, promovido pela Secretaria de Estado da Internacionalização do Ministério dos Negócios Estrangeiros na vertente da promoção e qualificação da oferta de áreas de localização em Portugal. A Associação, lançada no final de 2021, inicia a sua atividade contando desde o início com seis importantes entidades: a aicep Global Parques
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- Gestão de Áreas Empresariais e Serviços, S.A., a Baía do Tejo, S.A., a Madeira Parques Empresariais, S.A., a SAPECbay, a TecParques - Associação Portuguesa de Parques de Ciência e Tecnologias e o TERinov - Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira. Em 2022, a APPE quer alargar o número de associados e contar com a adesão dos Municípios que têm uma larga atuação na gestão de áreas para acolhimento empresarial. Através da reflexão sobre temas primordiais do setor - a gestão eficiente e sustentável de parques empresariais, a qualificação das áreas de acolhimento empresarial, a sua adequada infraestruturação, a articulação eficaz das diversas entidades licenciadoras e a promoção de políticas de desenvolvimento – a APPE quer contribuir para um ambiente competitivo na atração de investimento sustentável em todas as regiões nacionais. Um dos temas, atualmente muito relevante, é o da sustentabilidade e da descarbonização da economia. Por sua vez, o PRR - Plano de Recuperação e Resiliência traz oportunidades nestes processos. Assim, e durante o ano de 2022, a APPE tem na sua agenda identificar as oportunidades para a qualificação dos parques empresariais nesta área, planeando a organização do seu primeiro Webinar sobre esta matéria. No que diz respeito às matérias do eficiente licenciamento industrial, a APPE conta estabelecer parcerias com as entidades relevantes nestas matérias, promovendo a competitividade nacional. Outro dos parceiros de elevada importância é a ANMP –
PONTOS DE VISTA PARQUES EMPRESARIAIS – INOVAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO
LANÇAMENTO DA APPE - TODOS OS STAKEHOLDERS DA APPE NO DIA DO LANÇAMENTO DA ASSOCIAÇÃO EM DEZEMBRO DE 2021 QUE CONTOU COM A PRESENÇA DO SECRETÁRIO DE ESTADO DA INTERNACIONALIZAÇÃO, EURICO BRILHANTE DIAS
Associação Nacional de Municípios Portugueses que tem sido fundamental na recolha de informação de qualidade para a plataforma Portugal Site Selection, a plataforma de referência da APPE para a promoção igualitária de todas as áreas de localização empresarial nacionais. É fundamental que a Associação cresça em número de associados, conseguindo uma justa representação nacional de parceiros públicos e privados. Conforme o Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Gonçalo Pimenta, referiu no seu discurso de lançamento da Associação “Tornando atual o velho lema da gestão empresarial “juntos somos mais fortes”, com o surgimento da Associação Portuguesa de Parques Empresariais (APPE), apostaremos no trabalho em rede ao nível da informação sobre novas abordagens e estratégias comerciais, através da plataforma Portugal Site Selection, gerida pela aicep Global Parques, no sentido de servir a estratégia de promoção de Portugal, como destino de investimento direto nacional e estrangeiro, através da oferta de espaços e serviços de qualidade, que respondam às necessidades dos nossos investidores.” Neste sentido e para uma ampla divulgação da APPE encontra-se online o site oficial www.appeportugal.pt que disponibiliza toda a informação sobre a Associação e
que permite o preenchimento da respetiva ficha de adesão. Podem ser associados, todas as pessoas singulares ou coletivas, privadas ou públicas, com intervenção ou interesse em Áreas de Localização Empresarial e Parques Empresariais. Convidamos todos os municípios e entidades gestoras de áreas de localização a juntarem-se à APPE que pretende criar um grupo coeso e dinamizador para um país mais competitivo! ▪
GONÇALO PIMENTA
“NESTE SENTIDO E PARA UMA AMPLA DIVULGAÇÃO DA APPE ENCONTRA-SE ONLINE O SITE OFICIAL WWW.APPEPORTUGAL.PT QUE DISPONIBILIZA TODA A INFORMAÇÃO SOBRE A ASSOCIAÇÃO E QUE PERMITE O PREENCHIMENTO DA RESPETIVA FICHA DE ADESÃO"
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PONTOS DE VISTA REVERSÃO DAS FREGUESIAS AGREGADAS
“A atual Lei é um retrocesso na Organização do Território e na Organização Política” Miguel Relvas, Ex-Ministro Adjunto do Primeiro Ministro e dos Assuntos Parlamentares e Ex-Secretário de Estado da Administração Local, esteve à conversa com a Revista Pontos de Vista onde deixou clara a sua posição acerca da reversão da lei que agregou várias freguesias do nosso país, em 2012. Entre outros detalhes, garantiu que este é “um retrocesso na organização do território e na organização política”. Saiba tudo.
MIGUEL RELVAS
A
reversão das freguesias agregadas em 2012 foi um dos temas em destaque no congresso que a Associação Nacional de Freguesias (Anafre) realizou em Braga. Há dez anos, a reforma administrativa foi aprovada, depois de um processo de quase dois anos de desenvolvimento e discussão política onde todos os intervenientes de então participaram. Miguel Relvas, considerara que Portugal e os cidadãos iriam beneficiar, garantindo que esta seria “uma reforma para pessoas e não para políticos”. No entanto, o novo regime aprovado estabelece uma desagregação que terá de ocorrer nas mesmas condições em que foram agrupadas, não podendo
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dar origem a novas ou diferentes uniões de freguesias. Segundo o Ex-Ministro, “a atual lei é um retrocesso na organização do território e na organização política. Em 2012, a reforma surgiu na sequência do acordo assinado com a Troika, mas a verdade é que nos últimos dez anos o modelo encontrado foi um modelo que funcionou bem. Na altura, deixámos de ter cerca de 20 mil cargos políticos, demos dimensão às juntas de freguesia que passaram a ter mais massa crítica para que pudessem absorver das Câmaras Municipais, meios e competências”, isto porque deixaram de existir cerca de 1200 freguesias, “mas o que acontece é que as câmaras querem descentralização do estado central e não que-
rem descentralizar para as juntas de freguesia. As juntas de freguesia existem para servir as populações e não para servir os seus autarcas. Os últimos dez anos, apesar de ser um período muito curto na história de um país, mostraram que a reorganização administrativa de 2012, apesar dos profetas da desgraça, foi um sucesso. Portanto, eu considero isto um erro”, acrescenta. Na realidade, o que sabemos é que após a profunda reforma de 2012, Miguel Relvas garantiu que a mesma levou o país a “poupar milhões de euros”, por esse motivo, o Ex-Ministro considera que o que levou à reversão da lei tenha sido “uma cedência do governo socialista. Eles – os políticos - estão convencidos que a próxi-
PONTOS DE VISTA REVERSÃO DAS FREGUESIAS AGREGADAS
ma batalha que vamos ter, vai ser a batalha da regionalização. Portugal não precisa de mais regiões, precisa sim de descentralizar competências para as áreas metropolitanas e Comunidades Intermunicipais/Municípios”. Para Miguel Relvas, o agrupamento de freguesias, em muito beneficiava os cidadãos e as freguesias: dava-lhes dimensão, população e massa crítica, para resolver os problemas do seu território. O que permitia que as câmaras pudessem transferir competências e não apenas licenciamentos para as mesmas. “Mas não o fizeram. Em Portugal, a descentralização não vai resultar enquanto a questão que estiver em cima da mesa por parte das câmaras seja a questão de transferir dinheiro apenas”, sustenta. Foram dez anos, dois mandatos autárquicos, e “esta não foi uma questão central nas eleições”. Durante uma década, Portugal viveu com menos 1200 freguesias e com menos 20 mil cargos políticos e “vivemos bem”, garante Miguel Relvas. Apesar de tudo, para o Ex-Secretário de Estado da Administração Local, prevalece a esperança no bom senso político. Certo é que a Associação Nacional de Freguesias (Anafre) esperava a permissão para a desagregação das freguesias já no ano de 2021, o que não aconteceu porque “havia eleições autárquicas”, e apesar de algumas autarquias já terem iniciado os procedimentos para reverter a agregação de freguesias, Miguel Relvas sublinha que “estamos claramente a dar um passo atrás, quando deveríamos neste momento estar a pensar em agrupar municípios e transferir competências da administração central para as câmaras e das câmaras para as freguesias”. No reverso da moeda, este é um processo que embora considerado simples, precisa de cumprir diversos critérios, isto porque, tudo depende da dimensão e dos resultados das juntas. Contudo, na perspetiva do mesmo, “este é um processo que não tem racionalidade de gestão, nem de eficácia. Não apresenta um verdadeiro propósito nem objetivo, é política pura, má política”. No que diz respeito a futuros desenvolvimentos
“ESTAMOS CLARAMENTE A DAR UM PASSO ATRÁS, QUANDO DEVERÍAMOS NESTE MOMENTO ESTAR A PENSAR EM AGRUPAR MUNICÍPIOS E TRANSFERIR COMPETÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL PARA AS CÂMARAS E DAS CÂMARAS PARA AS FREGUESIAS” desta atuação, Miguel Relvas não hesita, “vamos dar um passo atrás e um passo que no final do dia é apenas enveredar por uma atitude mais populista”. Acrescentando que “tudo isto é uma ilusão para os cidadãos, ao dizer que vão passar a ter a sua própria freguesia. Mas o que as pessoas querem saber é se o Estado, seja ele qual for, se traduz na melhoria da qualidade de vida delas. Vão existir mais políticas de segurança social? Não. Vão existir mais políticas de educação? Não. Vão existir mais políticas de mobilidade? Não. E essa é a questão central, a mobilidade dentro dos próprios concelhos, transportes que possam levar apoio às crianças mais carenciadas no ensino… Estamos a desvirtuar aquilo que importa”. E embora já não esteja na política ativa, o Ex-Ministro e Ex-Secretário de Estado da Administração Local, garante que permanece de consciência tranquila. “Tenho a minha opinião e as minhas convicções, espero que ainda prevaleça algum bom senso”, termina. ▪
Miguel Relvas Biografia
Miguel Fernando Cassola de Miranda Relvas, nasceu em Lisboa a 5 de setembro de 1961. Viveu em Angola até 1974, tendo regressado a Portugal nesse mesmo ano. Foi Secretário Geral da Juventude Social Democrata entre os anos de 1987 a 1989, já de 1985 a 2009 foi deputado à Assembleia da República. Mais tarde, entre 2002 e 2004 tornou-se Secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso. Ocupou ainda o cargo de Ministro Adjunto do Primeiro Ministro e dos Assuntos Parlamentares no governo de coligação PDS-CDS liderado por Pedro Passos Coelho, até abril de 2013, altura em que pediu a demissão. “O outro lado da Governação”, é um livro de Miguel Relvas em co-autoria com Paulo Júlio, que retrata as dificuldades e as virtudes da governação em Portugal. Revela episódios políticos desconhecidos, destacando as resistências que tentaram travar a primeira reforma estratégica e consistente da administração local executada em Portugal desde o século XIX. Partindo da sua experiência, Miguel Relvas fala das complexas negociações com a troika e das relações politicamente exigentes com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses e com a Associação Nacional de Freguesias (Anafre), além de outros temas controversos e pouco conhecidos da opinião pública.
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PONTOS DE VISTA HIGH PERFORMANCE TEAMING CHALLENGE
High-Performance Teaming: Um Unicórnio em Contexto Organizacional? Os desafios atuais que as empresas enfrentam exigem cada vez mais um trabalho de cooperação entre os seus colaboradores, no sentido de se dar resposta a problemas cada vez mais desafiantes. Assim, a formação de grupos de pessoas com competências diversas tem sido uma prática comum, implicando uma alteração da gestão dos recursos humanos e dos seus processos inerentes. Não obstante, um grupo é diferente do conceito de equipa. As organizações podem necessitar de grupos de advisory sobre um tema específico, grupos responsáveis pela tomada de decisão num contexto específico, sendo que o trabalho é desenvolvido por outros, ou até grupos que se juntam para se focarem numa tarefa específica, como alguns working-groups/Task-Forces.
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ace à crescente complexidade e mutabilidade dos mais variados contextos, são as estruturas baseadas em equipas que conseguem dar resposta a este cenário, através de soluções ágeis e criativas. Ao contrário dos grupos, as equipas têm um elevado potencial ao nível da adaptabilidade, produtividade e criatividade, através de abordagens compreensivas que possam trazer soluções nunca antes testadas para os problemas organizacionais. No entanto, o trabalho em equipa não acontece de um modo espontâneo e processos como o planeamento e a comunicação têm de ser trabalhados. Assim, podemos considerar a definição de equipa dos autores Katzenbach and Smith (1993), que consideram que equipa é um grupo relativamente reduzido de pessoas, que apresentam competências complementares entre si e estão comprometidas a um propósito comum, a um conjunto de objetivos de desempenho e a uma abordagem partilhada pela qual se consideram mutuamente accountable pela decisão e responsáveis pela execução. Esta abordagem comum inclui formas de comuni-
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car que aumentam a aprendizagem, moral e alinhamento da equipa, com um envolvimento eficaz de todos os interlocutores da equipa. Sabemos que as empresas atuais se deparam continuamente com um ambiente instável e turbulento, em que a mudança parece ser a única constante. Perante este desafio procuram-se novas formas de alavancar o sucesso da organização, as equipas devem ser capazes não só de mostrar e manter um elevado desempenho, mas precisam também de se ir ajustando e adaptando à mudança numa aprendizagem contínua de novas, e mais eficazes formas de desenvolverem o seu trabalho no sentido de procurar negócio acima das expectativas que os clientes das empresas valorizam em cada momento. Este contexto exige equipas de elevado desempenho, as chamadas High-Performance Teams (HPT). As HPT e as suas características têm vindo a ser estudadas em variados contextos, desde o mundo desportivo, artístico e empresarial, apresentando fatores em comum, independentemente do contexto empresarial. Uma equipa de elevado desempenho, ou High-Performance Team (HPT) é uma equipa que entrega consistentemente resultados. É
uma equipa que se sente confortável quando a tarefa é complexa, multifuncional e exige compromisso, qualidade, descoberta e criatividade. Quando o trabalho a implementar requer colaboração de outros e não sendo claro o processo de a realizar, exigindo uma permanente e rápida aprendizagem de modo a ter o uso mais eficaz dos seus conhecimentos. Vista de fora, uma HPT é uma equipa em que cada elemento faz a sua parte e estas encaixam perfeitamente umas nas outras como num puzzle. As pessoas estão comprometidas e motivadas, partilham o mesmo propósito, olham uns pelos outros e adquirem conhecimentos de forma evolutiva. Quando há uma crise ou um problema, discutem mas não se culpabilizam, humilham ou envergonham outros, e conseguem sempre entreajudar-se e procurar de forma incansável o seu sucesso. São equipas com agilidade mental que se adaptam à mudança e estão sempre a evoluir entregando frequentemente o que procuram. Então, qual é o segredo destas equipas? Por que razão cinco pessoas numa sala podem não ser uma equipa? Há vários estudos que descrevem desde cinco a 15 atributos das HPT. Vamos focar-nos nas sete características fundamentais destas equipas: Propósito: Toda a equipa sabe para que existe, o seu ponto de partida e tem um propósito claro, partilhado por todos. Valores e Princípios: Os valores que regulam o modo como os membros da equipa se relacionam e operam são acordados entre todos e evoluem. A partir destes são criados princípios a respeitar e a coragem para cumpri-los. Cultura de compromisso: A equipa compromete-se e responde como um todo perante uma missão.
PONTOS DE VISTA HIGH PERFORMANCE TEAMING CHALLENGE
"É COM VISTA À IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DESTAS EQUIPAS QUE A AGILE THINKERS, CONSULTORA PORTUGUESA ESPECIALIZADA EM NOVAS FORMAS DE TRABALHAR, COM SERVIÇOS DE CONSULTORIA, FORMAÇÃO E EVENTOS, TRAZ A LISBOA NO PRÓXIMO DIA 17 DE MAIO UM EVENTO ÚNICO E QUE VISA PROMOVER O CRESCIMENTO DE 12 GRUPOS EM EQUIPAS DE ALTA PERFORMANCE" Papéis e responsabilidades: Cada elemento da equipa sabe o seu papel, o que fazer e quando fazer na sequência do trabalho a ser feito e o que esperar dos outros a cada momento. Cada elemento tem a sua especialidade, mas ensina os outros para eliminar dependências. Comunicação eficaz: A informação circula dentro da equipa de forma a garantir que todos sabem o mesmo e partem dos mesmos dados para cada tarefa. Respeito e confiança são dois valores pilares da equipa. Existe segurança psicológica na equipa. Todos os elementos da equipa estão confortáveis em partilhar as suas
ideias e sentem-se ouvidos. Os erros/falhas são discutidos abertamente sem culpabilização, mas no sentido da sua resolução e não repetição. Aqui falamos do erro inteligente! Decisões partilhadas: As decisões dentro da equipa são feitas tendo em conta a posição de todos e focadas no objetivo final da missão ou propósito, respeitando os valores e princípios acordados. A liderança é partilhada e toma uma postura de servidor procurando que sejam unidos pela conquista do propósito que lhes deu origem. Cultura de desafio e aprendizagem: A equi-
pa pratica e revê regularmente a sua forma de trabalhar, procurando e dando feedback entre si no sentido de serem sempre melhores no trabalho conjunto e de cada um dos seus elementos. Reconhecem as suas falhas e procuram adquirir competências para colocar a fasquia a um nível nunca antes alcançado. Ser bom já não chega! Conseguimos visualizar assim, o percurso possível desde um indivíduo ou grupo de indivíduos, uma equipa e uma HPT. Tomando como exemplo o que apresentámos como definição de equipa, poderíamos considerar que uma HPT consiste num grupo de pessoas que reúne todas as condições de uma equipa, e que estão também profundamente comprometidos com a aprendizagem, o sucesso e o desenvolvimento pessoal uns dos outros. Perante a conjugação destes “ingredientes”, uma HPT revela um desempenho excecional, que ultrapassa as expectativas dos próprios membros da equipa, elevados níveis de entusiasmo, diversão e energia, um compromisso pessoal que disponibiliza a vontade de ir para além do esperado (“extra mile”), resultando em narrativas e histórias galvanizantes que permanecem na memória coletiva como momentos de viragem em que se superaram. É certo que o mundo precisa cada vez mais de HPTs, no entanto, elas não são a panaceia para todos os males e exigem, sem sombra de dúvidas, um investimento emocional e temporal significativo por parte dos seus elementos. Assim, alcançar uma HPT implica uma jornada de evolução e manutenção que obriga à estabilidade da composição da equipa e ao empenho da gestão na criação das condições para que esta se forme. As HPT são ainda raras, mas não são um “unicórnio” inatingível para empresas e
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equipas que pretendem investir a sua energia e mindset em cultivar ambientes e promover competências para que elas floresçam em contexto organizacional. Como saber o que não sabes, antes da tua concorrência, dos teus clientes, das possíveis ameaças do mundo digital? É certo que o mundo precisa cada vez mais de HPTs, no entanto, elas não são a panaceia para todos os males e exigem, sem sombra de dúvidas, um investimento emocional e temporal significativo por parte dos seus elementos. Assim, alcançar uma HPT implica uma jornada de evolução e manutenção que obriga à estabilidade da composição da equipa e ao empenho da gestão na criação das condições para que esta se forme. As HPT são ainda raras, mas não são um “unicórnio” inatingível para empresas e equipas que pretendem investir a sua energia e mindset em cultivar ambientes e promover competências para que elas floresçam em contexto organizacional. Como saber o que não sabes, antes da tua concorrência, dos teus clientes, das possíveis ameaças do mundo digital? É com vista à importância do desenvolvimento destas equipas que a Agile Thinkers, consultora portuguesa especializada em novas formas de trabalhar, com serviços de consultoria, formação e eventos, traz a Lisboa no próximo dia 17 de maio um evento único e que visa promover o crescimento de 12 grupos em equipas de alta performance. O evento começa com 12 equipas e 12 facilitadores profissionais. Cada equipa com a orientação do seu respetivo facilitador, irá resolver ao longo do dia diversos desafios. Estes desafios foram especialmente desenvolvidos para testar as capacidades de cada grupo e que no final nos dirão a equipa vencedora. O evento é gratuito e aceita inscrições até dia 13 de abril. Exige apenas seis a dez elementos inscritos no link do site. Não esquecer que a escolha das equipas será mediante a sua motivação descrita quando o registo. O vencedor terá acesso a prémios como entradas para a conferência eXperience Agile e formação gratuita dada pelos formadores da Agile Thinkers Academy. ▪
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AUTORAS: “Soraia Jamal - Consultora e Psicóloga Organizacional com 20 anos de experiência, especializada em Comportamento Organizacional e Fatores Humanos. A sua vasta experiência no setor militar e aeronáutico, em particular com tripulações de alto desempenho, permite-lhe avaliar equipas e treinar competências psicológicas ao nível individual e coletivo, no sentido da otimização do desempenho e bem-estar.” Mónica Lopes da Silva - Após 20 anos a trabalhar como Engenheira de projetos de Telecomunicações, enveredou pela área da qualidade e desenvolvimento de pessoas no âmbito mais alargado das tecnologias da informação. Voltou à universidade especializando-se em psicologia e certificando-se em coaching. Nos últimos 14 anos tem exercido as funções de Coach Lean e Agile. Desde do início do ano realiza consultoria nestas áreas em paralelo à sua prática clínica.
THE AGILE THINKERS A Agile Thinkers tem como missão apoiar as empresas em melhorar o seu negócio, ensinamos negócio e ambicionamos que todas as pessoas numa empresa possam gerar valor. Através das práticas ágeis das quais temos mais de 15 anos a realizar, criamos academias e eventos para ser simples conhecer comportamentos, atitudes, valores e princípios desta mentalidade e ferramentas, para fazer um negócio prosperar para os seus co-
laboradores e clientes. Médicos, psicólogos, engenheiros, gestores, marketeers, fotógrafos, designers, entre outras funções, temos uma diversidade que permite o know-how testado em garantir o seu negócio crescer 40% e uma melhoria do compromisso dos seus colaboradores em 30%. Criamos o World Agility Forum, O Agile Human Factors, o Experience Agile, e agora o High-Performance Teaming Challenge.
PONTOS DE VISTA LEITURA E ESCRITA
“O ENCONTRO LITERÁRIO PARA DISCUSSÃO DO LIVRO SELECIONADO ACONTECE NO ÚLTIMO SÁBADO DE CADA MÊS (OU NO PRIMEIRO SÁBADO, EM FUNÇÃO DE EVENTUAIS FESTIVIDADES OU DISPONIBILIDADE DOS ESCRITORES CONVIDADOS), DAS 21H30 ÀS 22H30 (HORÁRIO DE PORTUGAL CONTINENTAL)” ANALITA ALVES DOS SANTOS
PONTOS DE VISTA LEITURA E ESCRITA
A magia de um clube de leitura: um livro por mês, doze livros por ano «A Leitura engrandece a Alma.»
Voltaire
O inquérito conduzido pela Fundação Gulbenkian e pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, que revelou a triste estatística — 61% dos portugueses não leram um só livro em 2021 — despertou consciências, mas acima de tudo é importante que faça agir.
E
nquanto autora e ativista literária, papel que assumo nas ações de formação que ministro, nos eventos que organizo e na minha presença online, coloco os livros e o incentivo à leitura como uma prioridade. Um país que não lê é um país pobre, com menor capacidade crítica e empática. Em agosto de 2020, como resposta aos condicionalismos da pandemia criei o clube de leitura «Encontros Literários O Prazer da Escrita». Deixou de ser possível participar presencialmente nos clubes de leitura que frequentava e vi neste conceito online, a forma de manter o contacto com outras pessoas que também apreciam ler a mesma obra em simultâneo para depois discuti-la em grupo. Passados dois anos, o clube de leitura «Encontros Literários O Prazer da Escrita», que tem como ponto de encontro diário um grupo privado de Facebook, conta já com mais de 3.500 membros e uma comunidade assídua proveniente de várias lusofonias (Brasil, Angola, sem contar com os portugueses espalhados um pouco por todo o mundo), participantes ativos e entusiastas dos encontros mensais via ZOOM. O clube de leitura «Encontros Literários O Prazer da Escrita» é, presentemente, um dos clubes de leitura mais dinâmicos em Portugal. Principais objetivos? Fomentar o convívio entre os amantes de livros, a democratização da cultura e incentivar a criação de novos leitores. Todos os dias surgem pessoas curiosas com a ideia de participar num clube de leitura, muitas, que não têm o hábito de ler, outras, que devido a uma ou outra situação, acabaram por se afastar dos livros. Também temos
os grandes leitores (para quem a meta da leitura de doze livros por ano é facilmente alcançável), e cada vez mais autores. Porque são os clubes de leitura tão importantes? O incentivo à leitura é reforçado com compromisso e as interpretações dos outros leitores ajudam a enriquecer ainda mais a experiência de leitura. Outra grande magia dos clubes de leitura é apontarem caminhos literários (autores, temáticas, géneros), que à partida, poderíamos não equacionar. Recentemente, o clube de leitura «Encontros Literários O Prazer da Escrita», do qual tenho a curadoria conjuntamente com o David Roque, (professor de História e responsável há vários anos pelo Clube de Escrita Criativa da Biblioteca Municipal de Lagoa), recebeu o apoio institucional do Plano Nacional de Leitura, o que nos incentivou ainda mais. Agora, além do livro do mês, temos a recomendação mensal de um livro infantil por parte do PNL2027 e um livro de contos. A partir de dezembro de 2020 iniciámos um ciclo de leitura dedicado a autores de língua portuguesa. Tivemos o privilégio de contar com a presença de Lídia Jorge e Luís Cardoso. Continuámos em 2021 com a literatura de viagens; recebemos Raquel Ochoa e Gonçalo Cadilhe, em dois encontros literários inesquecíveis que encheram um pequeno auditório virtual. Em 2022, a aposta nos autores portugueses continua com a presença nos encontros mensais de muitos dos escritores das obras propostas: Nuno Nepomuceno, Lénia Rufino, M.G. Ferry, Afonso Cruz, João de Melo e Luís Corredoura, são nomes já confirmados.
COMO PARTICIPAR O encontro literário para discussão do livro selecionado acontece no último sábado de cada mês (ou no primeiro sábado, em função de eventuais festividades ou disponibilidade dos escritores convidados), das 21h30 às 22h30 (horário de Portugal Continental). Ao longo do mês são partilhadas curiosidades sobre o livro e o seu autor, uma dinâmica de escrita criativa, sempre com um forte incentivo à leitura e ao espírito de comunidade entre todos participantes. Seguindo a dinâmica dos clubes de leitura das bibliotecas municipais, o acesso a este clube e a participação nos encontros ao vivo através da plataforma ZOOM é gratuita. Todas as informações e inscrições aqui: www.oprazerdaescrita.com/clube-de-leitura-online
Já sabe: ao participar neste clube terá garantida a leitura de pelo menos, doze livros por ano, um forte incentivo para que possamos mudar as estatísticas de leitura em Portugal. Vamos a isto? Porque ler e escrever é essencial. ▪
EIS A LISTA COMPLETA DAS PROPOSTAS DE LEITURA PARA 2022 Janeiro – « O Professor do Desejo», Philip Roth Fevereiro – «Os cadernos de Dom Rigoberto», Mario Vargas Llosa Março – «O Cardeal», Nuno Nepomuceno Abril – «O lugar das árvores tristes», Lénia Rufino Maio – «Aquorea», M. G. Ferry Junho – «Ensaio sobre a Lucidez», José Saramago Julho – «O Som e a Fúria», William Faulkner Agosto – «Moby-Dick», Herman Melville Setembro – « Para onde vão os guarda-chuvas», Afonso Cruz Outubro – «Galveias», José Luís Peixoto Novembro – «Livro de vozes e sombras», João de Melo Dezembro – «O segredo de Wuhan», Luís Corredoura
ABRIL 2022 | 113
PONTOS DE VISTA BREVES
O World
of Wine
vai ser anfitrião da Festa
Novo estudo sugere que pessoas otimistas vivem mais Todos sabemos que menos stress equivale a níveis de bem-estar mais elevados – ou pelo menos assim sugerem os autores do novo estudo, publicado no The Journals of Gerontology. Este estudo reuniu 233 homens, com uma idade média de 77 anos. Para esta investigação, entre vários segmentos estudados, os resultados mostram que os participantes mais otimistas vivenciam menos stress no dia a dia, comparativamente aos pessimistas. Lewinda Lee, uma das autoras do estudo e professora assistente de psiquiatria da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, afirma que, talvez, “as pessoas otimistas limitem a sua exposição a situações que levem a stress, ou então têm menos tendência para classificar situações como stressantes”. A autora acrescenta ainda que “muitas vezes, a nossa primeira reação envolve uma avaliação negativa. É útil apercebermo-nos disso e tentarmos arranjar maneiras diferentes de abordar a situação”.
Revenge of the 90s está de volta
A Revenge of the 90s acaba de anunciar mais nomes para a tour nacional de 2022. Corona, Vengaboys, D’Arrasar e Olavo Bilac são as novas confirmações para a digressão de festas deste ano. Onda Choc, NonStop, Batatinha & Companhia, Melão, Iran Costa e King África são alguns dos músicos que já estavam confirmados. A digressão vai passar por Guimarães (23 de abril), Lisboa (30 de abril), Braga (21 de maio), Covilhã (4 de junho), Aveiro (9 de junho), Leiria (18 de junho), Faro (8 de julho) e Viseu (16 de julho). Depois, serão anunciadas mais datas — a partir de maio até dezembro. Os bilhetes para todas as festas já se encontram à venda entre os 20€ e os 30€.
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do Chocolate
De 9 a 17 de abril, todos os detalhes vão ser dedicados ao chocolate, desde a programação à decoração do espaço. Um dos principais pontos do evento será o Museu do Chocolate, onde será possível realizar uma visita guiada com direito a momentos de prova. A Chocolate Grand Tour dará a conhecer uma bebida azteca feita de cacau, o Xocolatl. Levando-o numa verdadeira viagem no tempo, vai poder provar a receita da primeira tablete de chocolate alguma vez vista, garante a organização. A visita termina com os chocolates da casa, da marca Vinte Vinte. Nos Chocolatinhos da Páscoa, os miúdos vão ter a possibilidade de criar o seu próprio chocolate. A oferta também abrange os adultos, que poderão participar numa Degustação de Chocolate, num Workshop de Harmonização de Chocolate com Vinho do Porto e num de Harmonização de Vinhos com Chocolate, entre muitas outras atividades. Os bilhetes para as diferentes atividades podem ser adquiridos no site o WOW.
Está sem ideias sobre o que cozinhar? Saiba como fazer wraps de camarão Ideais para um snack ou para uma refeição mais ligeira. Se não lhe apetece perder muito tempo na cozinha, aproveite para experimentar estes wraps de camarão. Levam miolo de camarão, abacate, tomate, e outros ingredientes que lhes conferem a frescura certa para um snack de final de tarde ou para uma refeição mais ligeira. Ora veja. Ingredientes: 1 embalagem de wraps 250g de miolo de camarão 1 abacate 6 tomates cereja 4 folhas de alface 2 colheres de iogurte natural sal pimenta azeite limão
Modo de preparação: Comece por saltear o miolo de camarão com um fio azeite e temperos a gosto. Enquanto isso, corte o abacate e os tomates em cubos. Corte as folhas de alface em tiras. Num recipiente, junte todos os ingredientes e tempere com o iogurte natural, azeite, sal, pimenta e umas gotinhas de limão e reserve. De seguida, corte os wraps a meio e una as pontas. Coloque um palito no fundo do crepe para fechar e leve ao forno cerca de cinco minutos. Por fim, encha os wraps com o preparado, polvilhe com salsa e desfrute.