Pontos de Vista Nº 107 | DEZEMBRO 2021 (MENSAL) | 4 Euros (CONT.)
Letícia Soares “A nossa mais-valia é o know-how com quase 30 anos de existência”
FOTO: DIANA QUINTELA
COUNTRY MANAGER PORTUGAL DA WEALINS
EDITORIAL
Boas Festas Revista Pontos de Vista
E
JORGE ANTUNES
se 2020 foi complicado, 2021 não foi muito melhor! Ano difícil, “aprumado” pela continuação da pandemia da Covid-19, que trouxe consigo um novo normal, um panorama que nos levou, a todos, a procurar novos rumos, caminhos e buscas para continuar a fazer aquilo que melhor sabemos, seja na nossa vida pessoal, seja na profissional. No fundo, uma busca pelo El Dorado apregoado, do “Vai ficar tudo bem”. O isolamento social e o receio de contaminação trouxe consigo um conjunto vasto de incómodos, de visões diferentes do que éramos, somos e seremos, mas acima de tudo levou-nos a ver as coisas com outros olhos e hoje sabemos que é possível continuar, mesmo neste cenário de indefinição, de medo e receio, que tantas vezes nos prostra e nos limita no nosso crescimento, e foi precisamente isso que decidimos continuar a fazer. Assim, a Revista Pontos de Vista continuou e continua a ser um espaço onde demonstramos o que de melhor se faz em Portugal e além-fronteiras, e fomos, sem medos, e como sempre, na perseguição desses desideratos, tentando sempre manter o nosso papel como edição de referência ao nível da comunicação das empresas, revelando personalidades ímpares, projetos memoráveis e iniciativas que revelam o poder empreendedor das «gentes» de Portugal. Também nós fomos afetados pelas vicissitudes pandémicas, mas não baixámos os braços, tal como milhares de empresas em Portugal e continuámos no caminho da resiliência, da perseverança e da coragem, até porque dos fracos não reza a história, realidade que nos levou a outro patamar. 2021 ficou também marcado pela «emancipação» da Revista Pontos de Vista, que é como quem diz, passamos a estar presentes a nível nacional a solo e sabendo nós das complexidades desse passo arrojado e ousado pela «independência», não deixamos de o fazer e hoje somos uma publicação que demonstra que mesmo nas agruras, é possível sonhar e chegar mais longe. Tem sido um longo caminho, 11 anos, num passo que se pode dizer moroso, mas assertivo, é verdade, mas ao mesmo tempo sustentado e solidificado, tendo sempre as Pessoas como pilar primordial para a conjugação de diversos fatores, como a excelência, o sucesso, a exigência em fazer mais e melhor e que tem permitido o reconhecimento por parte dos nossos pares, dos nossos parceiros e de todos aqueles que decidiram arriscar as suas palavras e «voz» nas páginas da Revista Pontos de Vista. Assim, que venha 2022, e que o mesmo seja repleto de sucessos e que as nossas páginas continuem a ser preenchidas com mensagens de valor e com aquilo que de melhor se faz em Portugal e a nível internacional. Continuaremos aqui, preparados para dar resposta a todos aqueles que pretendem dar a conhecer a excelência do universo empresarial. Por isto e muito mais, a Equipa da Revista Pontos de Vista deseja a Todos umas Boas Festas!
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PONTOS DE VISTA SUMÁRIO Pontos de Vista
Pontos de Vista
o feminin no
FICHA TÉCNICA Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Administração | Redação Departamento Gráfico Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660, 4455-518 Perafita Matosinhos Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.facebook.com/pontosdevista Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas Distribuição Nacional | Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 | NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 | Dep. Legal: 374222/14 Distribuição Vasp - Distribuidora de Publicações, SA DIRETOR: Jorge Antunes EDITOR: Ricardo Andrade Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ricardo Andrade Beatriz Quintal Ana Rita Paiva PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
2010|2020
10º ANIVERSÁRIO
9 A 22 CONHEÇA HISTÓRIAS INSPIRADORAS DE MULHERES LÍDERES QUE MARCAM A DIFERENÇA DIARIAMENTE, EM DIFERENTES SETORES DE ATIVIDADE, EM TERRITÓRIO NACIONAL E INTERNACIONAL.
O SETOR DA CONTABILIDADE E A TRANSIÇÃO DIGITAL
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O CEO E FUNDADOR DO BIZDOCS, CARLOS LATOURRETTE, ABORDA AS MAIS-VALIAS QUE ESTA SOLUÇÃO APORTA AO SETOR DA CONTABILIDADE QUE SE ENCONTRA ATUALMENTE EM TRANSIÇÃO DIGITAL.
GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares FOTOGRAFIA: Diana Quintela www.dianaquintela.com Rui Bandeira www.ruibandeirafotografia.com Tiragem: 10.000 exemplares Detentores do Capital Social: Jorge Fernando de Oliveira Antunes: 100% Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para: Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt Preço de capa: 4,00 euros (Cont.)
Assinatura anual (11 edições): Portugal Continental: 44 euros Editorial A Revista Pontos de Vista apresenta-se como uma publicação editada pela empresa de comunicação empresarial Horizonte de Palavras, sendo de frequência mensal, assume-se como um meio de comunicação que pretende elevar as potencialidades do tecido empresarial em Portugal. Assumimos o compromisso de promover paradigmas práticos e autênticos do que de melhor existe em Portugal, contribuindo decisivamente para a sua vasta difusão. Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, exceto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.
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TEMA DE CAPA
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A WEALINS É, NA VISÃO DA COUNTRY MANAGER DA MARCA EM PORTUGAL, LETÍCIA SOARES, UM PLAYER PURO LUXEMBURGUÊS, UMA VEZ QUE PERTENCE AO GRUPO FOYER – O PRIMEIRO GRUPO PRIVADO NO LUXEMBURGO, LÍDER HISTÓRICO DO MERCADO DE SEGUROS, A OPERAR DESDE 1922.
PONTOS DE VISTA SUMÁRIO
PORTUGAL – LUXEMBURO
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SAIBA DE QUE FORMA A LIGAÇÃO ENTRE PORTUGAL E LUXEMBURGO SE REFLETE NUMA RELAÇÃO BILATERAL DE COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÓMICO. DIA NACIONAL DA PESSOA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA
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A 4 DE DEZEMBRO CELEBRA-SE ANUALMENTE O DIA NACIONAL DA PESSOA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA. NESTE SENTIDO, DAMOS A CONHECER TESTEMUNHOS IMPORTANTES PARA PROMOVER E DIGNIFICAR A VOZ DESTES DOENTES.
A SUSTENTABILIDADE NO SETOR SEGURADOR
64 A 67 A MAPFRE É UMA SEGURADORA GLOBAL ONDE O MODELO DE NEGÓCIO SE PRENDE EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO FORTES, SEM NUNCA DESCURAR UM CONCEITO QUE HOJE, MAIS DO QUE NUNCA, DIZ RESPEITO À SOCIEDADE: A SUSTENTABILIDADE.
ENSINO SUPERIOR EM PORTUGAL
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JORGE CONDE, PRESIDENTE DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA, REVELOUNOS TODOS OS PONTOS FULCRAIS QUE ELEVAM O ENSINO SUPERIOR E O DESTACA EM PORTUGAL E NO MUNDO.
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LIDERANÇA E COMUNICAÇÃO POLÍTICA
“A nossa grande Missão é rasgar Horizontes” A perceção da importância da Comunicação tem vindo a ganhar destaque devido à crise pandémica, bem como (mais recentemente) à crise política com que o país se depara. Dentro desta problemática que domina toda a vida social da população, Rita Serrabulho, CEO da AMP Associates, revelou de que forma os líderes devem passar a sua mensagem marcando a diferença não só em Portugal, mas no mundo.
C
om um percurso profissional desde sempre ligado à comunicação governamental e empresarial, a AMP Associates nasceu há precisamente sete anos pelas mãos de Rita Serrabulho, com um propósito muito simples: ampliar. Ampliar uma comunicação com valores dando voz às empresas e aos líderes portugueses no mundo. Esta foi uma criação fruto de todo o know-how da nossa entrevistada que, desde cedo, viu a comunicação como um fator crucial de sucesso para o desenvolvimento das empresas tendo desta forma vindo a trilhar um caminho de êxito. Segundo a própria “temos dado uma boa resposta àquilo que têm sido as mudanças do mercado”.
RITA SERRABULHO
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ESTAMOS EM CRISE E AGORA? A IMPORTÂNCIA DE COMUNICAR GLOBALMENTE O atual cenário corporativo desenhado não só pela crise pandémica, mas também pela mais recente crise política, despertou a atenção dos líderes para um elemento tão importante no planeamento estratégico: a comunicação. No entanto, este é desde sempre um fator-chave para a nossa entrevistada que fundou a AMP precisamente com esse propósito, “queria dar-lhes (aos líderes) a oportunidade de crescerem e de se desenvolverem, e ganharem o seu espaço no mundo”, confessou Rita Serrabulho. Certo é, apesar do poder que uma boa comunicação tem, exis-
tem ainda bastantes organizações, gestores, políticos e líderes que carecem desta capacidade, o que faz com que os mesmos percam eficácia. Neste sentido, a AMP tem vindo a criar uma estrutura que segundo a CEO, “ajuda os líderes a desenvolver competências para otimizar a sua comunicação e das organizações que lideram, para dentro das mesmas, mas também para fora”, reforçando ainda que o objetivo primordial sempre foi “preparar os líderes portugueses para comunicarem no mundo e não apenas em Portugal”. A pergunta que se coloca é: porque é que comunicar globalmente se tem vindo a tornar cada vez mais importante? A verdade é que esta questão de comunicar internacionalmente tem tanta relevância porque “já não vivemos apenas no mercado local, vivemos e competimos com tudo e com todos os que estão ativos internacionalmente”, garante a nossa entrevistada reforçando ainda que “há uns anos atrás, existiam apenas três canais de televisão que toda a gente assistia. Ou seja, um líder ou um político que quisesse passar uma mensagem relevante ocupava esse espaço. Agora temos de atuar em multichannel, com linguagens e mensagens distintas para grupo alvos distintos”. Além disso e fruto da transformação digital com que o mundo se depara, as pessoas encontram-se mais distantes, o que numa altura de crise torna ainda mais relevante o processo de comunicação, não apenas a nível
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profissional como também a nível pessoal. Quando se fala que nos encontramos perante um mundo superlativo, a missão de Rita Serrabulho é precisamente “rasgar horizontes”. “Queremos sensibilizar os líderes e as organizações de que vivemos num mundo global. Dominar as ferramentas de comunicação e escolher muito bem aquilo que se quer dizer e a quem se quer dizer”, sustenta. O PODER DE UMA COMUNICAÇÃO AUTÊNTICA Sabemos que uma liderança de excelência deve andar de mãos dadas com uma boa comunicação, tornando-se assim essencial para a AMP ter uma metodologia bastante própria. Sendo assim, para Rita Serrabulho, “a grande missão é rasgar horizontes e criar objetivos de comunicação ambiciosos que potenciem a mesma, bem como a sua exposição e as suas mensagens junto dos públicos alvo estratégicos”. Todo este trabalho exige foco por parte não só dos líderes, mas também dos colaboradores, dos investidores e, no fundo, de toda a equipa. “Na prática isto significa fazer um trabalho que vai desde o desenvolvimento de softskills de comunicação sempre muito fiéis à natureza do próprio líder, à gestão da sua imagem, à coordenação de uma estratégia de comunicação da empresa, ao mapeamento dos stakeholders e ao estabelecimento de alianças que potenciam a sua comunicação e todo um plano de ação que permite ao líder falar com quem precisa e de comunicar exatamente o que quer transmitir”, garante a CEO da AMP. Quando falamos do discurso de um líder sabemos que a coerência é um fator-chave, o que significa que cada um tem de agir de acordo com a sua natureza. Isto porque o registo de um processo de comunicação passa acima de tudo pela emoção. Neste sentido, o trabalho da AMP passa precisamente por desenvolver as competências próprias de cada líder e das organizações, de forma a poder aplicá-las eficazmente e com rigor estratégico nos seus objetivos. A verdade é que a comunicação é um fator determinante perante a crise política que o país atravessa. Segundo a nossa entrevistada, “os
“OS DEBATES E A VIOLÊNCIA QUE ESTAMOS A ASSISTIR NA COMUNICAÇÃO POLÍTICA NESTE MOMENTO SÃO A ANTÍTESE DA AFIRMAÇÃO DOS VALORES QUE AS PESSOAS NESTE MOMENTO PRECISAM” debates e a violência que estamos a assistir na comunicação política neste momento são a antítese da afirmação dos valores que as pessoas neste momento precisam”. Portanto, este é um momento crucial para se aplicar aqueles que são dois fatores incontornáveis para uma boa comunicação, segundo Rita Serrabulho: a autenticidade e a honestidade. “Não será muito inteligente subestimar quem está deste lado, porque as pessoas têm emoção e intuição, faz parte da natureza humana, e mesmo estando muitas vezes fora do contexto
político, as pessoas entenderão sempre se aquilo que lhes está a ser dito é verdade ou não. Se não for, quebram-se os valores vitais na vida de qualquer pessoa: a confiança e a segurança. É o que está a acontecer”, afirma. A NECESSIDADE DE INVESTIR EM FATORES CRÍTICOS NO SUCESSO DE UMA LIDERANÇA COMPETITIVA E EFICAZ Não é de ânimo leve que se deve olhar para a globalização com que o mundo se depara e é precisamente por isso que neste momento uma
boa comunicação carece de três fatores críticos. O primeiro passa por uma comunicação internacional. Segundo a nossa entrevistada, “os líderes portugueses precisam de entender que já não vivemos isolados, tudo o que fazemos hoje compete e comunica a nível global. E assim, a comunicação internacional é fulcral para o sucesso e sustentabilidade das empresas uma vez que os negócios já não estão a concorrer com a empresa do lado, mas sim com outro negócio igual que está ativo em qualquer parte do mundo. E se perdermos este mindset, vamos perder competitividade. Ou seja, temos mesmo que comunicar globalmente”. Certo é, da crise pandémica que o país atravessou, muitos foram os alertas de mudança que ficaram para as empresas. Um dos mais importantes foi a necessidade de uma instituição estar preparada para lidar com um momento menos bom. Assim sendo, “outro fator crítico é a necessidade de as empresas organizarem gabinetes e manuais de crise para fazer face aos imprevistos. E esta pandemia veio provar que quem estava organizado internamente para dar resposta a um evento extraordinário que pusesse em causa o funcionamento, a atividade e a credibilidade da empresa, conseguiu dar uma resposta muito mais eficaz e rápida à situação.”, garante Rita Serrabulho. Não menos importante a nível comunicacional, os líderes devem olhar para dentro da sua equipa. Ou seja, possuírem dentro das suas organizações uma comunicação interna bem vincada. Contudo, para a CEO da AMP, “esta era uma necessidade que já existia, porque muitas vezes os líderes estão tão preocupados em falar para fora que se esquecem que os seus maiores embaixadores estão dentro das próprias empresas”. E se as crises que Portugal enfrenta ensinaram algo, um dos ensinamentos mais importantes sabemos que foi o do poder da comunicação: verbal e não verbal. “Se nestas crises a comunicação fosse mais fluida, mais autêntica, e mais orientada para as necessidades dos cidadãos, provavelmente os danos teriam sido radicalmente diferentes e adesão das populações mais construtivas”, termina a nossa interlocutora. ▪
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Pontos de
Vista NO
Feminino A Liderança e a Gestão Feminina no universo empresarial têm vindo, felizmente, a crescer nos últimos anos e apesar de ainda não estarmos na posição ideal, a verdade é que se têm dados passos seguros, concretos e corretos, rumo a uma dinâmica mais equitativa neste sentido. Desta forma, é importante realçar o papel das Mulheres neste domínio, que, munidas de uma enorme coragem, perseverança e dedicação, têm conquistado o seu espaço e começam, cada vez mais, a demonstrar a sua capacidade e qualidade como Líderes de enorme talento. Temos vindo, edição após edição, a dar a conhecer verdadeiras Líderes e, nesta edição, apresentamos mais algumas gestoras que lutam diariamente para demonstrar que aquela posição é sua por direito próprio.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
No universo que Inspira e Motiva
Olga Insua, o fator-chave é só um: As Pessoas A Angelini Pharma é a divisão farmacêutica do Grupo Angelini, uma empresa que já marca a sua presença na área da saúde há quase 100 anos, tornando-se assim uma líder neste âmbito. Com 25 anos de experiência profissional, Olga Insua, Diretora Geral da marca em Espanha, assume-se como uma aventureira e inegavelmente adepta da transformação. Esteve em conversa com a Revista Pontos de Vista, onde revelou pormenores acerca do seu percurso enquanto líder e mulher.
O
caminho traçado por Olga Insua passou já por vários campos de ação, o que lhe confere, hoje em dia, um enorme poder de encaixe e liderança, tornando-a numa profissional e mulher com um valor inqualificável. Desta forma, importa perceber quais os fatores-chave durante todo este processo, quais as metas traçadas, bem como as razões que a motivaram a tomar certas decisões, e ainda a importância cada vez mais de se falar numa temática tão relevante como a liderança feminina. A IMPORTÂNCIA DE EXISTIR UMA MARCA COMO A ANGELINI PHARMA Já com 40 anos de existência em Espanha, a Angelini Pharma atua no campo das ciências sendo uma marca especializada nas áreas da esquizofrenia, depressão e brevemente, na epilepsia. Foi pelas palavras da Diretora Geral, Olga Insua, que conhecemos o foco principal: Brain Health. Assim, e primando acima de tudo pela saúde dos pacientes, a nossa entrevistada confere que “a Angelini Pharma irá doar 35 milhões de dólares americanos para a Fundação Angelini Lumira Biosciences e seremos o único investidor numa fundação que investe em companhias que tem investigação em fase inicial nas áreas de distúrbios de saúde como o sistema nervoso central e doenças raras”. Dentro de uma empresa desta dimensão, e para que a missão nunca deixe de ser a qualidade de vida dos doentes, as pessoas são um fator-chave. “Aqui presamos muito os nossos colaboradores, as pessoas que trabalham com dedicação e paixão para melhorar a saúde dos doentes que procuram uma melhor qualidade de vida para resolver as doenças que têm”, garante Olga Insua. Certo é, esta é uma farmacêutica que já abrange um mercado de grande escala, o que acresce uma maior responsabilidade a todos os que ali trabalham. Nesta que é uma área tão necessária a toda a sociedade, a interlocutora não hesitou quando questionada acerca do segredo para todo o
OLGA INSUA
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sucesso: a ciência e as pessoas. “A ciência é o que nos traz as soluções para milhões de pessoas que sofrem e dependem da inovação e do desenvolvimento da indústria farmacêutica. E as pessoas que trabalham aqui na Angelini são muito dedicadas de forma a conseguirem trazer alta qualidade com estas soluções, e fazê-las chegar às pessoas que precisam, e esse tem de ser o segredo do nosso êxito”, garante. Para além da Brain Health, a Angelini atua também na área do autocuidado de saúde, onde trabalha com os farmacêuticos, de forma a promover a saúde, a prevenção e a autorresponsabilidade. “Também temos investigação na área das doenças infeciosas e em termos de futuro estamos comprometidos com o nosso crescimento”, sustenta a interlocutora. Aqui é fundamental também falar sobre uma boa gestão e estratégia, e neste campo, a da Angelini Pharma passa por uma forte aposta na internacionalização em países com alto potencial de crescimento, o que acarreta um desafio acrescido. “No início de 2021 estávamos a marcar presença em 25 países, e com esta compra há muito desafio, e o maior está na integração das empresas, tanto a nível de cultura, de know-how e também dar a conhecer a Angelini nesses países”, conferiu a entrevistada. Sendo uma marca que em muito se diferencia das restantes, e com um mindset distinto dos demais, o foco da equipa centra-se, segundo Olga Insua, em dois pontos principais: “Primeiro o espírito de transformação que nós temos, trabalhamos como uma companhia moderna, inovadora, com a missão de trazer soluções a todas as pessoas que precisam dos nossos medicamentos, e em segundo ser um ótimo sítio para trabalhar”. Enquanto equipa de excelência, implementaram uma forma ágil de trabalhar à qual deram o nome de “PLAY”, que significa Priorizar, Liderar, Alinhar e You-Learn. Segundo a entrevistada, “com este sistema temos trabalhado a comunicação rápida, transparente, quebrámos a hierarquia, para resolvermos os problemas de maneira rápida e acelerar o nosso impacto no dia a dia”, sublinhando ainda que “trabalhar desta forma é muito apaixonante”. São vários os motivos que preenchem de orgulho a Diretora Geral desta marca, mas o maior deles é a diversidade de género pela qual primam, uma vez que “a equipa diretiva em Espanha tem 65% mulheres e 35% de homens, sendo que em Portugal a Angelini Pharma conta com 63% de mulheres na equipa”, assegura. SER UMA PROFISSIONAL E LÍDER DE EXCELÊNCIA: UMA LUTA QUE NUNCA TERMINA Sabemos que Olga Insua possui já uma vasta experiência profissional com objetivos inovadores e dinâmicos, e é precisamente com orgulho que descreve a sua trajetória, não sendo ela uma trajetória tradicional. Fruto do seu espírito aventureiro, a interlocutora nunca teve medo
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de correr riscos: pelo contrário, eram eles que lhe davam gozo. Assim, afirma que “esta forma de ser tem-me ajudado a ser flexível, identificar oportunidades e ter essa coragem de procurá-las, sabendo que vou entrar em áreas que não conheço”. A jornada profissional de Olga Insua começou em 1997, numa companhia Suíça (Novartis) onde permaneceu durante 12 anos. Este foi o local que garante ter sido onde aprendeu as bases daquilo que é trabalhar no mundo farmacêutico, isto porque “existe aqui uma grande importância de colocar o paciente como o foco de tudo o que fazemos. Se pusermos o doente no centro, tudo o resto se alinha”, sustenta. Passados estes 12 anos, e sendo a transformação o nome do meio da nossa entrevistada, surgiu a oportunidade de mudar de companhia, desta vez para uma Dinamarquesa (Novo Nordisk). “A razão da mudança prende-se com o facto de que para mim uma pessoa tem de estar a crescer, em constante evolução. E foi isso que me chamou à atenção nesta nova empresa. Era uma companhia que estava em transformação”, confessa Olga Insua. Quatro anos depois de laborar nesta companhia, foi convidada a trabalhar na sede global da mesma, onde garante ter sido a missão que mais lhe ensinou sobre liderança, porque segundo a mesma “foi preciso ter muita escuta ativa, entender os objetivos, a minha equipa era internacional, portanto culturalmente havia muita diversidade, e as motivações dessas pessoas não são as mesmas então as maiores lições que tiro daí são entender as motivações de cada um”. A verdade é que nada acontece por acaso, e muito do que aprendeu nessa fase, aporta valor na função que hoje desempenha. A nível da linguagem, sabemos que a mesma não é igual quando se fala com médicos, com doentes, com políticos, com as autoridades e até mesmo com a equipa que se tem em mãos, o que conferiu à nossa interlocutora uma flexibilidade que atualmente lhe é uma mais-valia. Com o grau de excelência e profissionalismo que todo o caminho trilhado até então lhe ofereceu, a companhia elegeu Olga Insua como Diretora Geral, e segundo a mesma, “foi aqui que pude aplicar a liderança, mas também uma transformação cultural da empresa”. Mais tarde e já a falarmos do presente, surgiu a oportunidade de integrar uma companhia em Espanha, a Angelini. Aquando da sua entrada nesta nova etapa, enquanto Diretora Geral da farmacêutica do grupo, a entrevistada assume que à data era uma empresa que “se seguia por padrões muito tradicionais, então sabia que precisava aqui de uma transformação. A empresa reconheceu que se queria ser líder em Brain Health e doenças raras, não era da forma mais tradicional que iria promover isso no futuro”. Engana-se quem diz que a experiência não é o melhor aliado dos bons líderes, porque foi
precisamente essa ferramenta que motivou Olga Insua a integrar a Angelini, no sentido de promover uma transformação cultural e empresarial. Após dois anos a assumir um papel fundamental naquela que é agora a sua segunda casa, a Diretora Geral confessa orgulhosamente que “hoje somos uma companhia muito versátil, estamos a trabalhar com muita energia, e a chegar aos resultados de uma maneira ágil e flexível.” Enquanto líder, guia-se por valores como o respeito, conexão, mente aberta e empatia, uma vez que para Olga Insua, o mais importante neste cargo, é ser também um exemplo. “Liderar como exemplo, permitir que me engane porque as coisas nem sempre vão funcionar bem e está tudo bem com isso, o importante é o que fazemos para retificar”. Neste sentido, a função da mesma assume três responsabilidades cruciais: apoiar, desafiar e eliminar barreiras. Segundo a líder, é importante ajudar as pessoas que com ela trabalham mantendo um elo de ligação sólido com as mesmas. EMPODERAMENTO FEMININO, QUAL É O CAMINHO? Acima de uma líder poderosa, está uma mulher corajosa e humana. Assim, para Olga Insua, quando se fala de liderança e empoderamento feminino, o foco passa por eliminar o modo
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tradicional onde “o líder manda e o colaborador faz, isto já não existe”, assegura. Para a nossa entrevistada, a auto-organização, a autorresponsabilidade e a confiança, permite que as pessoas sejam criativas, motivando claro, uma inovação dentro do círculo que lidera. “Enquanto líder, estamos todos no mesmo patamar, não existem hierarquias. A equipa trabalha toda para a mesma direção, todos temos o mesmo objetivo”, garante Olga Insua. Isto leva-nos a outro limiar que é a abertura de portas, a boa comunicação e a boa gestão de uma empresa. Na Angelini as pessoas sentem que não estão meramente a trabalhar, mas sim que acrescentam valor enquanto seres humanos, quem o sustenta é a Diretora Geral, que tem vindo a “identificar talento de pessoas e principalmente nas mulheres que com esta transparência, se sentem à vontade para dar o seu parecer”. Certo é que a problemática da igualdade de género é cada vez merecedora de atenção, e para Olga Insua, uma mulher que há muito ocupa cargos de liderança, o mais importante é ter consciência. “Tenho que ter consciência de como sou percebida, tanto como trabalhadora, mas também como mulher”. Assim, alguns dos obstáculos pela qual a interlocutora se tem visto obrigada a lidar durante a sua trajetória prende-se com uma maior exigência no que toca, por exemplo à criatividade. Garante que
empreendedoras, tendo estas muitas vezes que descurar da vida profissional em detrimento da pessoal, ou vice-versa, mas para a nossa interlocutora “este é um exercício contínuo e individual”. No caso da mesma, afirma ter “tomado decisões que atrasaram ou aceleraram a carreira. Quando os meus filhos eram pequenos, o meu foco profissional era fortalecer e desenvolver as minhas competências, porque queria estar mais presente como mãe. E mesmo assim, como trabalhava muito fui criticada. Porque não estava suficientemente presente no meu papel tradicional de mãe. Mas não deixei que essas críticas me influenciassem de maneira a limitarem-me enquanto profissional”. Sabemos que apesar de cada vez mais as mulheres se colocarem em primeiro lugar e guiando-se por uma mente mais aberta, a conciliação destes dois mundos passará sempre por um processo doloroso. Mas o que seria da vida sem estes percalços? É com eles que todos aprendemos. Atualmente, o problema prende-se com as mulheres que “ainda não se conseguem soltar das suas responsabilidades tradicionais”, garante Olga Insua. "Pensamos que temos que ter tudo: boa carreira, boa família, e uma casa limpa. Mas na realidade não. Podemos escolher o que é importante para nós, não “Liderar porque é o que a sociedacomo exemplo, de exige", afirma a líder. permitir que me engane O importante neste campo passa por o porque as coisas nem mundo feminino ser sempre vão funcionar as mulheres precicapaz de se soltar desbem e está tudo bem com sam de ser muito tas amarras, que invoisso, o importante é mais criativas para luntariamente, geram o que fazemos para alcançar os seus ansiedade. objetivos e trabalhar No universo que inspira e retificar” muito mais para mosmotiva Olga Insua, o fatortrar o valor que têm, ao -chave é só um: as pessoas. mesmo tempo que desenQuem o afirma é a própria, porvolvem técnicas para gerir os que “ver as pessoas a trabalhar com preconceitos que ainda assombram propósito e paixão inspira-me e motiva-me este género. muito apoiar as mulheres. Ser um exemplo, ao Olga Insua confessa que felizmente “houve mostrar que sim podemos chegar a posições muitas pessoas que me abriram portas, e estou de liderança, mas à nossa maneira”. muito agradecida por isso”. No entanto, “sinto Para todas as mulheres que, tal como a interque dentro de cada mulher, inconscientemente locutora, pretendem trilhar o seu caminho ainda é muito comum a sociedade passar menrumo aos seus desejos pessoais e profissionais, sagens erradas naquilo que é o nosso papel, e a mensagem da mesma prende-se com a conquais são as nossas responsabilidades. Muitas fiança. “Quero dizer a todas as mulheres que das vezes também nos limitamos, porque cusacreditem no valor delas e naquilo que podem ta-nos acreditar no poder que temos, e no valor conseguir. Essa é a base. Acho que devemos que podemos aportar”, assume a líder. marcar o nosso próprio caminho e pedir ajuda. A verdade é que este é um tema que precisa As mulheres precisam de aceitar os seus prócontinuar a ser debatido, uma vez que tal como prios medos e trabalhá-los, porque dessa forma muitos afirmam, ainda vivemos numa socieo medo não nos controla, nem limita”. E como dade paternalista e masculina. Por esse motitodos os caminhos de sucesso também passam vo, para Olga Insua, “ter esta consciência, falar por momentos de dor, é importante e libertasobre isto e apoiar as mulheres é fundamental”. dor saber dizer adeus. “Às vezes é preciso fechar uma porta para abrir outra, e saber que temos No reverso da moeda ainda há quem afirme essa liberdade é muito importante”, termina que a sociedade impõe alguns limites no que Olga Insua. ▪ toca à carreira das mulheres enquanto líderes e
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PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“Somos um Projeto Educativo diferente e gostamos de ser diferentes” A ambição do numera.education é “desmistificar a suposta dificuldade que tem estado associada às disciplinas da área das ciências desde sempre”. Quem o afirma é Sara Figueiredo, CEO e Fundadora deste Projeto Educativo que tem por base uma metodologia de ensino online – impulsionada pela pandemia que (ainda) atravessamos. O próximo passo será a expansão digital. Conheça mais.
O
numera.education é assumidamente apaixonado pela Ciência. O que significa para a Sara Figueiredo ser CEO e Fundadora desta entidade? Quando e onde surgiu esta paixão? Verdade, há aqui uma paixão muito assumida, quer por parte do projeto quer por mim. Para mim ser fundadora e CEO deste projeto tem um sabor muito especial, eu tive um percurso escolar pautado por algumas dificuldades a matemática e na altura deparei-me com o estigma de: “na família ninguém tem muito jeito para a matemática...” e acabei por dar início à minha carreira profissional sem passar primeiro pela faculdade. Felizmente a minha carreira profissional teve início na Indústria Farmacêutica e a paixão pela ciência que estava latente em mim surgiu em força a ponto de decidir investir na minha formação académica já na fase adulta e escolher as Ciências Farmacêuticas com área de formação. Após dez anos de Indústria, surgiu a paixão pelo ensino, a união destas duas paixões deu origem ao numera.education. Desde que abracei este projeto deparei-me com imensos alunos que se debatiam com as mesmas dificuldades e o mesmo estigma que eu enfrentei, foi então que percebi o quanto era importante desmontar este estigma e limpar a reputação das disciplinas da área de Ciências as quais são associadas sempre a um grau de dificuldade alto. SARA FIGUEIREDO
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Sabemos que possuem uma equipa de professores que lecionam apenas em explicações online. Tendo em conta a pandemia da Co-
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vid-19 que veio mesmo obrigar a que todos tivessem aulas por meios digitais, que aspetos positivos isto acarretou para o numera.education? Quando a pandemia se instalou e sofremos o primeiro confinamento, o numera.education não existia, a nossa equipa de professores era pequena e ensinávamos presencialmente. O confinamento veio acelerar algo que já estava idealizado, a urgência e a necessidade de nos adaptarmos à realidade fez o projeto ganhar forma mais cedo do que o previsto, de certa forma foi um momento chave para nós, sabíamos que ensinar online funcionava muito bem e que as rotinas familiares iriam beneficiar muito desta flexibilidade, o momento revelou-se propicio à aceitação das pessoas em experimentar. Rapidamente tratámos de adquirir ferramentas e investir em recursos que nos permitiram garantir a qualidade do nosso trabalho e do longe se fez perto graças à tecnologia e ao valor humano da nossa equipa que, entretanto, teve que crescer. Quais os maiores desafios/obstáculos que enfrenta diariamente enquanto CEO do numera.education? Um dos desafios que enfrento diariamente é o de explicar a quem nos aborda, o que é o numera.education. As pessoas em geral estão presas a conceitos, limitadas pelo que conhecem, e está tudo bem. Mas já tive algumas conversas interessantes quando me perguntam se somos um centro de estudos e eu respondo que não, e as pessoas insistem: “mas se dão explicações, são um centro de estudos…”. Há que explicar que sim, verdade, somos uma equipa de professores focada no sucesso dos nossos alunos, mas somos mais que isso. Assim sendo o que é o numera.education? Somos um Projeto Educativo diferente e gostamos de ser diferentes. O nosso principal objetivo é desmistificar a suposta dificuldade que tem estado associada às disciplinas da área das ciências desde sempre. Apostamos na simplificação de conceitos, na ilustração de ideias, até apostamos no recurso ao humor para ensinar. Queremos ser abrangentes ao ponto de através da comunicação nas redes sociais divulgarmos conteúdo para alunos e encarregados de educação, desde técnicas de concentração e de estudo a dicas de parentalidade consciente ou factos curiosos que mostram que a ciência a brincar, está em todos nós e é isso que somos: Um Projeto Educativo que funciona exclusivamente online e que converte todos os dias alunos desmotivados em alunos confiantes, interessados e cientes das suas capacidades. À motivação é só juntar trabalho bem direcionado e a magia acontece! Dentro da Ciência, dão formação em várias áreas: Matemática, MACS, Biologia e Geologia, Física Química, entre outras. Neste sentido, o
algumas empresas de relevo que acreditam no projeto, nomeadamente a Altice Portugal, a Fastfiber, a Intélcia, a Tecnovia entre outras.
“SOMOS UM PROJETO EDUCATIVO QUE FUNCIONA EXCLUSIVAMENTE ONLINE E QUE CONVERTE TODOS OS DIAS ALUNOS DESMOTIVADOS EM ALUNOS CONFIANTES, INTERESSADOS E CIENTES DAS SUAS CAPACIDADES. À MOTIVAÇÃO É SÓ JUNTAR TRABALHO BEM DIRECIONADO E A MAGIA ACONTECE!” que diferencia o numera.education das restantes? Que mais-valias têm? Estamos focados em fornecer um serviço de qualidade, além de apostarmos no relacionamento entre professor e aluno, porque sabemos que a empatia é essencial, uniformizámos as nossas ferramentas de trabalho quer para os professores quer para os alunos o que nos permite garantir e monitorizar a qualidade do nosso trabalho. Estabelecemos algumas parcerias, nomeadamente com a XP-PEN Corporation, sendo que todos os nossos professores e alunos utilizam mesa digital, além de que usamos exclusivamente software da Microsoft. Além disso estabelecemos protocolos de desconto para familiares de funcionários com
Enquanto Fundadora o que é para si mais interessante no meio onde trabalha? Porquê? Além da oportunidade de crescer e evoluir continuamente, porque este projeto exige aprendizagem constante, para mim o mais interessante são as relações humanas que se estabelecem, as partilhas dos alunos, a alegria das suas conquistas. Acompanhar um aluno durante anos até ao seu ingresso na faculdade e hoje tê-lo como professor no numera é algo que nos indica que este é o caminho. Indique três características indispensáveis a todos os professores que colaborem com o numera.education. Para nós é essencial que os nossos professores entendam o espírito do projeto, que usem empatia e assertividade em todas as aulas e que tenham sólida formação nas áreas que lecionam, e claro, que tenham paixão por ciência! O que é que se vislumbra no futuro do numera.education? O numera.education vai se expandir digitalmente, essa expansão já faz parte de um projeto de mestrado da Licenciatura de Design e Multimédia da Universidade de Coimbra. Vai ser possível chegar ainda a mais alunos, simplificando conceitos de forma apelativa e acessível. Por fim, quem é a Sara Figueiredo enquanto mulher e profissional? Que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres? Sou uma mulher vulgar, com sonhos e aspirações vulgares, dou sempre o meu melhor em qualquer situação, quer no campo pessoal quer no profissional e quando isso não chega vou aprender a fazer melhor. Não aprecio clichés e frases feitas, o que posso dizer a todas as mulheres também se aplica a homens, pensem à frente, pensem onde querem estar no futuro, como se querem sentir nesse futuro e em seguida munam-se de ferramentas e comecem a abrir o caminho! ▪
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A Importância de Acreditar:
“Acreditem que com determinação e responsabilidade conseguem Conquistar os vossos Sonhos e Objetivos” À conversa com a Revista Pontos de Vista esteve Rute Serra, Subinspetora-Geral das Atividades em Saúde que, entre os mais variados assuntos, nos explicou a importância da resiliência e da confiança para vingar na Liderança Feminina, numa altura em que a igualdade de género ainda é uma problemática debatida.
A
RUTE SERRA
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Rute Serra é Mestre em Direito, Pós-Graduada em Gestão Pública sendo que, atualmente, ocupa o cargo - tão importante – de Subinspetora-Geral das Atividades em Saúde. Como nos pode descrever o seu percurso profissional ao longo dos anos? Iniciei o meu percurso profissional na década de 90, na iniciativa privada, o que hoje considero ter sido uma experiência bastante importante e que moldou indelevelmente o meu estilo profissional. Quando, há quase 25 anos, ingressei na Administração Pública, ainda existiam resquícios de uma administração de cariz burocrático, que antecedia o processo de democratização que o país conheceu a partir do 25 de abril, desfasada, portanto, da realidade que as empresas já conheciam e à qual procuravam adaptar-se. Este embate impactou, naturalmente, uma jovem recém-licenciada, incensada por todos os sonhos possíveis e impossíveis. Convenci-me nessa altura, que podia e devia dar o meu contributo efetivo ao novo desafio que abraçava. Naquele tempo, a formação inicial de um novo quadro da Administração Pública focava de modo incisivo na importância e no relevo que assume na sociedade, o exercício de funções públicas. Ser funcionário público, apesar da conotação tantas vezes (injustamente) negativa, representa uma responsabilidade acrescida, para com todos os cidadãos contribuintes. Assisti, durante aqueles primeiros anos na Administração Pública, ao esforço que se fez para aproximar a ação pública da gestão privada, com base nas teorias da Nova Gestão Pública, que incorporou, talvez com excesso de rapidez e “As conquistas déficit de plapessoais são neamento, noções básimarcos importantes de cas da gesum percurso, que ainda tão, e, mais não chegou ao fim. São importante, momentos em que vemos procurou recompensado o esforço recentrar a ação pública e muitas vezes, a naquele que ousadia” deve ser o seu
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“O QUE IMPORTA É QUE AO DEPARAR-NOS COM ÓBICES, SEJAMOS CAPAZES DE NOS REINVENTAR, PORQUE O SER HUMANO POSSUI UMA QUASE INFINITA CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO QUE, NESSAS ALTURAS, TEM QUE SER ATIVADA” desígnio fundamental: a criação de valor, de modo a satisfazer eficazmente o interesse público e as necessidades coletivas dos cidadãos. Desempenhei funções em várias entidades, sempre com responsabilidades acrescidas, em especial quando, a partir dos 31 anos, fui pela primeira vez dirigente. Contudo, é importante dizer que como acontece com qualquer percurso profissional, público ou privado, existem momentos em que o esforço que imprimimos não é suficiente para evitar percalços. O que importa é que ao deparar-nos com óbices, sejamos capazes de nos reinventar, porque o ser humano possui uma quase infinita capacidade de adaptação que, nessas alturas, tem que ser ativada. Sabemos que já exerceu os mais variados cargos em inúmeras áreas. O que queremos saber é, qual é realmente o seu sonho? O que ainda está por realizar? Ao longo destes quase 25 anos de carreira na Administração Pública, apesar das várias organizações que integrei e das suas especificidades, em comum existe o facto de a área de atuação ser, com poucas variações, idêntica: a da inspeção, fiscalização e auditoria públicas. Neste momento, em face desta experiência acumulada, e por ter percebido existir uma lacuna editorial no que a esta área da Administração Pública diz respeito, decidi iniciar um projeto com vista à edição de uma obra que venha a ser um referencial sobre a atividade de controlo do Estado, útil para as novas gerações de trabalhadores das carreiras especiais. Quais são as características que considera fundamentais para se alcançar todo o sucesso que já atingiu até à data? Manter o foco nos resultados que se procuram atingir é essencial. Por outro lado, ter paciência e determinação, para lidar com os momentos em que parece que afinal não vale a pena o esforço. Ter coragem de assumir desafios, interiorizando o estímulo e percebendo que só por isso, se exige uma responsabilidade de comprometimento pessoal acrescida. Manter sempre a resiliência perante os escolhos e a convicção suficiente nas próprias capacidades e competências, com a humildade necessária. A igualdade de género continua a ser um tema bastante debatido e o qual merece a nossa devida atenção. Sendo uma profissional que há muito ocupa cargos de liderança,
enfrentou obstáculos acrescidos pelo facto de ser mulher? Tenho alguma dificuldade em aceitar que este tema da igualdade de género ainda seja, no século XXI e num país com uma democracia consolidada, uma questão. Mas o facto é que ainda existem disparidades inaceitáveis, e que devem ser, naturalmente, reprimidas. Porém, talvez por sorte no acaso, raramente senti que o facto de ser mulher fosse um obstáculo ao exercício de cargos de liderança. A conduta profissional (e pessoal) que adotamos é fundamental para a credibilidade que apresentamos e foi essa preocupação, que mantive sempre, que julgo ter sido conveniente, naqueles momentos em que pressenti que o meu género, podia potencialmente ser indevidamente utilizado, para inibir a minha competência. O que significa para a Rute Serra tudo o que já conquistou? Quão gratificante é olhar para trás e ver que está a deixar a sua marca especialmente no mundo feminino? As conquistas pessoais são marcos importantes de um percurso, que ainda não chegou ao fim. São momentos em que vemos recompensado o esforço e muitas vezes, a ousadia. Representam um certo alimento anímico para continuar, mas não devem ser sobrevalorizados, a ponto de nos tentarmos à acomodação. Essa sim, é perigosa. Desde logo porque nos incute uma falsa sensação de objetivo cumprido. O objetivo só está totalmente cumprido no dia em que decidimos que o que podíamos fazer, está feito.
Avaliando o seu percurso, foco e determinação são duas características que facilmente descrevem a Rute Serra. Assim, o que a motiva diariamente a cumprir com os objetivos a que se propõe? Como disse antes, a certeza de que o objetivo só está totalmente cumprido quando decidimos que o que podíamos e devíamos fazer, está feito. Dou um exemplo: sou uma leitora compulsiva e há muito que a ideia de escrever um livro de ficção me tinha surgido. Quando a história me apareceu, decidi que nada me impedia de tentar. Escrevi o livro: “A Assassina da Roda”, baseado na história da última mulher executada em Portugal, no século XVIII, que foi editado em fevereiro de 2020 e este ano, depois de ter sido por mim adaptado, estreou no Teatro da Trindade, em Lisboa. É este o impulso diário: decidir que vou fazer. A terminar, sendo um exemplo de liderança feminina, que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres que, como a Rute Serra, gostariam de trilhar o seu caminho rumo à conquista pessoal e profissional? A mensagem pode ser reduzida a uma palavra: acreditar. Acreditem sempre que conseguem, que podem, que merecem. Acreditem que com determinação e responsabilidade conseguem conquistar os vossos sonhos e objetivos. Acreditem que podem ser e fazer o que se propuserem, mesmo que o caminho não seja sempre a direito. Acreditem, assim, que merecem todo o sucesso que alcançarem. ▪
Devido aos limites que a sociedade ainda impõe, é fácil para uma mulher conciliar uma carreira profissional de sucesso com a vida pessoal? Ou é necessário abdicar ou descurar de uma em detrimento da outra? O mais saudável será sempre, a todo o tempo, perceber quais são as prioridades. De facto, a longa manus da sociedade neste aspeto é ainda muitas vezes um fator de pressão e de depressão para as mulheres. Compete-nos a nós equilibrar a ambição de corresponder sempre, porque a única consequência será esbarrar na realidade.
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"É com enorme Orgulho e Gratidão que partilho o meu percurso" Carla Monteiro, Sócia Fundadora e Administradora da CMA - Carla Monteiro & Associados, Sociedade de Advogados, RL., sonhou desde sempre ser Advogada. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, esclareceu como a força de vontade é um fator-chave para o sucesso, e ainda deu a conhecer a marca que orgulhosamente fundou.
H
á 13 anos fundou aquela que é hoje a sua “segunda casa”, um gabinete de advocacia que prima pela obtenção do reconhecimento por parte dos clientes com o elevado grau de profissionalismo expresso no trabalho que desenvolve. Em que altura da sua vida surge esta paixão pela advocacia aliada ao empreendedorismo? Quem é a Carla Monteiro como mulher e como profissional? Desde os dez anos já dizia que iria ser advogada. Aliciada a escolher outra profissão por um amigo da família porque, segundo ele, já haviam muitos advogados no mercado, aos 14 anos, eu disse-lhe que cada um conquista o seu espaço. A minha grande inspiração para o empreendedorismo é sem dúvida o meu pai, que é o meu maior exemplo de empreendedorismo e que sempre me incentivou a ter o meu negócio próprio e ser responsável pela minha vida. Considero-me uma mulher dedicada, amiga, leal, apaixonada pela minha família e muito feliz. Já como profissional sou exigente, atenta ao cumprimento das regras éticas, realizada e grata por fazer o que mais gosto: auxiliar os meus clientes a solucionar os seus problemas ou mesmo prevenir boa parte deles.
o seu império ainda muito jovem. A minha mãe é o pilar da nossa família, uma mulher de armas que nos transmitiu princípios sólidos e formou a minha personalidade com base em valores positivos. Para a área do direito tive uma forte influência do meu avô materno, que foi escrivão no tribunal de comarca e desempenhou as funções de defensor oficioso durante vários anos, quando não havia muitos advogados em exercício na sua comarca.
CARLA MONTEIRO
Com o passar dos anos, foi cimentando algumas parcerias com dimensão internacional, e o culminar de todo este sucesso resultou então na sociedade à qual hoje dá nome: CMA – Carla Monteiro & Associados, Sociedade de Advogados, RL. Quais são as características que considera fundamentais na obtenção de tamanha conquista no mundo da advocacia? Quais são as suas maiores inspirações?
Acredito que as minhas principais características, que potenciaram esta projeção, são a determinação, organização, espírito de sacrifício, honestidade, ter boa retórica e uma visão alargada do meu negócio. As minhas maiores inspirações são sem sombra de dúvidas os meus pais, a quem devo tudo o que sou como pessoa. O meu pai foi um grande empreendedor, trabalhando desde os 12 anos como mecânico e tendo construído
A igualdade de género e o empreendedorismo feminino é cada vez mais um tema merecedor de atenção. Durante todo o seu vasto percurso profissional quais foram os maiores obstáculos que se viu obrigada a enfrentar devido ao facto de ser mulher? Desde a faculdade senti esta tendência. Mas optei por lutar pelo meu espaço, ignorando este pré-julgamento em função do género e procurando sempre uma oportunidade para mostrar o meu trabalho. Sou muito prática, traço os meus objetivos e trabalho com o foco no sentido de os atingir sem equacionar a possibilidade de falhar pois esta é uma hipótese natural. O mais interessante é que, ao longo da minha trajetória, eu tenho a experiência oposta, pois alguns clientes
Entrada de Santa Maria, Prédio Garantia, 1º Esq., Cx. Postal n.º 107 - Cidade de Santa Maria, Ilha do Sal, Cabo Verde Largo Santa Isabel, Frente esplanada da Praça, 1º Frente, Cidade de Sal-Rei - Ilha da Boa Vista, Cabo Verde wwww.cmalex.net
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demonstraram uma preferência pelo meu trabalho exatamente por ser mulher e por isso ter um trato mais atencioso quando o assunto é mais delicado e/ou sensível, seja a nível emocional seja a nível económico para o cliente. Quais são os maiores desafios que encara ao ser líder de uma sociedade de advogados como a da Carla Monteiro? E qual é a parte mais gratificante do mesmo? Para mim os maiores desafios à frente da minha sociedade de advogados são a gestão do pessoal e a constante busca pelos meios que permitem a prestação de um serviço mais eficiente e célere. Efetivamente formar uma equipa competente e merecedora da confiança dos clientes é um processo complexo e longo. Mas, por outro, manter esta equipa motivada é outro desafio a considerar, pois uma das funções de um líder é empoderar a sua própria equipa para que haja um bom equilíbrio em prol do sucesso da empresa. Já a parte mais gratificante é a satisfação e o sucesso dos nossos clientes. Um simples “obrigado pelo vosso trabalho”, faz o dia da minha equipa. A nível pessoal, é coautora do guia do Direito Imobiliário. o que significa esta realização para a Carla Monteiro? Na altura, foi um grande desafio para mim integrar a equipa de preparação e elaboração do guia no escritório onde trabalhava. Eu estava no início da minha carreira e ser prestigiada com este convite, que para mim foi mais uma responsabilidade, motivou-me a dedicar e a dar o meu melhor. Sinto-me envaidecida com o trabalho que desenvolvemos. Esta realização permitiu-me ganhar experiência na área da escrita, que serviu de base à elaboração de outros artigos legais para revistas jurídicas durante estes anos, estando atualmente a elaborar um novo guia prático na área laboral.
“DEIXO UMA MENSAGEM DE MOTIVAÇÃO A TODAS AS MULHERES: SONHEM, ACREDITEM, LUTEM PELOS VOSSOS OBJETIVOS COM A CONVICÇÃO DE QUE A COMPETÊNCIA IRÁ SEMPRE VENCER”
Felizmente cada vez menos, mas ainda há quem afirme que a sociedade impõe limitações à mulher e ao seu papel no mundo do empreendedorismo. Para si, ter uma carreira profissional com todo o mérito que a Carla Monteiro tem significa descurar do sucesso na vida pessoal? Porquê? Quão difícil é conciliar os dois mundos? Nunca descurei da minha vida pessoal em prol da minha profissão. Consigo conjugar as duas vertentes, pois são elas que me completam como pessoa. Sou mãe de gémeas, trabalhei até a véspera do parto e amamentei as duas até os seus dois anos, continuando a trabalhar e a gerir um escritório com uma dezena de colaboradores e centenas de clientes e ainda, em paralelo, sou presidente da direção de um clube desportivo que compete na primeira divisão regional, com possível acesso ao campeonato nacional, tanto na modalidade de futebol como de andebol e ao nível do atletismo. Efetivamente não é fácil mas também não é impossível, desde que se estabeleçam bem as prioridades e, como é óbvio, impor-se a si mesmo algumas limitações. Temos (ainda) uma sociedade bastante machista, que naturalmente atribui algumas tarefas à mulher, devendo esta acumular o trabalho, a organização da casa e o cuidado e educação dos filhos. Contudo, cabe à mulher reverter esta tendência e obter ajuda do seu companheiro para que possa ter uma profissão e obtenha sucesso nas suas atividades. O segredo para mim é a organização e a força de vontade para superar o cansaço físico, e por vezes mental, para não negligenciar nenhum dos dois mundos. Qual o sentimento que prevalece ao ver que vingou na área que a apaixona? Que mensagem quer deixar a todas as mulheres? É com enorme orgulho e gratidão que partilho o meu percurso, que foi e está sendo trilhado com muito trabalho e dedicação. Deixo uma mensagem de motivação a todas as mulheres: sonhem, acreditem, lutem pelos vossos objetivos com a convicção de que a competência irá sempre vencer. Façam as coisas acontecer, procurem as oportunidades para demonstrar o vosso talento e trabalhem com brio, seja qual for a atividade que desenvolvam. O esforço valerá sempre a pena. ▪
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“Cada rosto representa uma Vida e é singular na sua História” Tendo como missão de vida contribuir para que todos possam viver uma vida em dignidade e autonomia de forma sustentável, Susana Garrett Pinto, Fundadora do Projeto TEACH How to Fish, pretende “criar oportunidades para que cada pessoa que vive em situação de vulnerabilidade possa desenvolver os seus talentos”. Para sustentar este desafio criou no início de 2021 a by THF – uma empresa social que prestará serviços na área da formação e team building. Conheça de que forma esta força conjunta resulta num modelo de inovação social.
L SUSANA GARRETT PINTO
igada desde sempre a várias questões sociais e ajuda humanitária, e paralelamente à sua atividade profissional como business developer numa fintech, a Susana Garrett Pinto fundou em 2015 o TEACH How to Fish (THF), um projeto social voluntário que tem como visão permitir dignidade em autonomia a cada pessoa que vive em situação de pobreza e vulnerabilidade. De que forma o projeto atua perante este desafio? Através do Projeto THF pretendo tornar as pessoas que vivem em situação de exclusão social autónomas dando a oportunidade de desenvolverem as suas capacidades e talentos, para que deixem de viver dependentes de assistencialismo. Acreditamos que cada um tem em si o potencial necessário para se reinventar, e que com suporte e acompanhamento, conseguiremos reverter a sua condição de pobreza e dependência de caridade. Trabalhamos em cinco áreas chave - Habitação, Alimentação, Saúde, Educação / Formação e Emprego – e definimos estratégias a curto, médio e longo prazo de duas formas: “dando o peixe” (assistencialismo) e “ensinando a pescar” (capacitação). Damos sempre que necessário primeiramente “o peixe", com caráter provisório, porque sabemos ser um fator que se torna essencial para fazer o restante caminho rumo ao principal objetivo com sucesso. A capacitação de todos e o acompanhamento são fundamentais, para isso deverá ser estabelecido um compromisso em conjunto onde fica claro o objetivo número um da nossa cooperação: a autonomia de cada pessoa de forma sustentável. No início de 2021, a Susana Garrett Pinto
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criou a by THF, a primeira empresa com um modelo social em Portugal, que sustenta o objetivo primário do Projeto THF. O que a levou a avançar e a dar este passo? Quais as etapas no processo e os primeiros desafios encontrados? Acredito no serviço pelo exemplo, na liderança pela coerência entre o que se diz, o que se pede aos demais e o que se faz. Nunca transformei o Projeto THF numa associação porque quis trabalhar numa solução que permitisse a sustentabilidade de todas as operações e também uma forma de recuperar a credibilidade do setor social que estimulasse a cooperação entre todos. Creio que a missão do Projeto THF de transformar a dependência de caridade em autossuficiência, exigiu arriscar novos conceitos rumo à sustentabilidade, assim como um modelo empresarial com potencial de crescimento e que alinhado aos critérios ESG (Environmental, Social e Governance) representa ainda uma elevada aliciante ao investimento. Pretendo ter em breve concluído o processo de validação do modelo de empresa social em Portugal, que acredito que surgirá de forma natural com este primeiro passo que demos na própria constituição da empresa e nos estatutos cuidadosamente definidos, e com isto criar o quarto setor no nosso país, que representará as empresas com fins lucrativos com um propósito social e/ou ambiental e um modelo de atuação sustentável. Qual o formato de empresa social escolhido? Que respostas e soluções pretende alcançar? A Vera Costa Pereira, CEO da Business Avenue, abraçou o desafio que lhe levei em 2020, e desenhou de forma inspiradora todo o modelo de negócios que abriu finalmente a oportunidade para o nascimento sustentado da by THF.
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“QUANTO MAIS ESCUTO PESSOAS QUE VIVERAM OU VIVEM NUMA CONDIÇÃO SOCIAL DE FRAGILIDADE, QUANTO MAIS APRENDO SOBRE O TEMA POBREZA, MAIS PERCEBO QUE TENHO DE CONTINUAR O CAMINHO COM PROFUNDA HUMILDADE, CAPACIDADE DE ESCUTA E DISPONIBILIDADE PARA A MUDANÇA” no objetivo primário partilhado permitirão o sucesso de um modelo de valor no trabalho de qualquer um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A by THF é uma empresa com fins lucrativos, que prestará serviços na área da formação e team building social, em modelos de B2S by THF (Business to Society), e todo o resultado líquido da mesma tem um propósito de investimento social e sempre que possível, através dos nossos parceiros, também ambiental. O desafio a que nos propusemos foi o de criar uma forma sustentável de resolver problemas sociais assinalados, como o desemprego ou a falta de formação, mas igualmente gerando valor social positivo através do core business do nosso negócio. Isto é, os nossos serviços contemplam também a valorização de cada pessoa como um precioso ativo, inclusivamente no seu trabalho e perante a comunidade. Muhammad Yunus disse uma vez que “um empreendedor social, ao invés de ter apenas uma fonte de motivação, como a maximização de lucro, tem duas: maximizar lucro e fazer o bem às pessoas e ao mundo”. De modo a atingir com sucesso os objetivos, a By THF privilegia parcerias com todos os setores sociais. De que forma os diferentes setores e a sociedade civil podem ter uma intervenção ativa na resolução sustentável de desafios sociais? Por sempre ter assumido o papel de construtora de pontes, e ligar todos os que podem e querem cooperar e todos aqueles vivem em vulnerabilidade, sei que temos de dar voz e um papel ativo aos grandes especialistas no tema pobreza: as pessoas que vivem em situação de pobreza. E quando digo “temos”, incluo toda a comunidade e todos os setores. A cooperação e as parcerias são o caminho fundamental para enfrentar os enormes desafios sociais do nosso país e do mundo, e o quarto setor é fruto da semente para que tal aconteça. Depois a medição de impacto, a transparência e o foco
Considera que existe hoje uma maior abertura por parte das diferentes entidades face às questões sociais? A by THF tem também como missão o despertar de empatia e da necessidade de trabalharmos em parceria para obtermos resultados sustentáveis na vida de cada pessoa. Por outro lado, a Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é pela primeira vez uma prioridade para as empresas que pretendem para além de resultados financeiros positivos ter impacto nas comunidades ou países onde estão presentes. Tendo como missão contribuir para um mundo mais justo e equitativo, e depois do que a Susana Garrett Pinto já criou, o que considera que falta ainda desenvolver? Quanto mais escuto pessoas que viveram ou vivem numa condição social de fragilidade, quanto mais aprendo sobre o tema pobreza, mais percebo que tenho de continuar o caminho com profunda humildade, capacidade de escuta e disponibilidade para a mudança. Falta desenvolver um modelo uniformizado para o trabalho na área social ou ambiental à escala mundial, mas que tenha a possibilidade de ser customizado a cada pessoa e a cada realidade, e de responder às necessidades específicas que forem levantadas. A pobreza em nenhuma das suas formas pode ser generalizada e talvez por isso todos os modelos que abordam este tema baseados em informação apenas quantitativa são muito frágeis e pouco eficazes. Estamos sempre a falar de pessoas como nós, de famílias reais, de vidas que mudam a cada momento e onde nada é estanque. De pessoas que perderam muitas vezes a sua casa, o seu trabalho, que não podem adquirir a sua alimentação em autonomia, mas também que perderam a sua dignidade e na grande maior parte dos casos o acesso os seus direitos como cidadãos. E cada rosto representa uma vida e é singular na sua história. ▪
Se pudesse avançar no tempo dez anos, onde gostaria de ver o Projeto TEACH How to Fish e a empresa social by THF? Indo ao encontro da visão e do cumprimento dos objetivos do Projeto THF, daqui a dez anos gostaria que a nossa presença fosse absolutamente desnecessária junto das pessoas ou comunidades com que trabalhámos durante este período, e que onde outrora assinalámos a existência de pobreza e dependência de caridade, todos possam viver uma vida plena em dignidade e em autonomia. No caso da empresa social by THF o conceito criado prevê o potencial de replicação e internacionalização, e tenho tido aliás várias reuniões com empreendedores sociais na Europa por exemplo, por forma a criarmos sinergias e partilharmos visão, metodologias e também resultados. Sei que com a validação jurídica do modelo e os resultados positivos na abertura do quarto setor em Portugal, rapidamente surgirão outras empresas com os mais diversos modelos de negócio e formas de atuação, e só desejo que sempre permaneça viva a visão de fraternidade e de cooperação para o bem comum e sucesso de todos.
www.teachhowtofish.org DEZEMBRO 2021 | 19
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“Olhando para o meu Percurso sempre vi uma vantagem em ser Mulher no Mundo dos Negócios” Nídia Costa, atualmente Diretora Executiva de Pessoas e Comunicação no Grupo Naval, deu a conhecer à Revista Pontos de Vista algumas características próprias de uma mulher que desde sempre sonhou vingar profissionalmente. Dentro de uma temática tão importante como a igualdade de género e o empreendedorismo feminino, a interlocutora detalhou o seu percurso até à data. Conheça-o.
NÍDIA COSTA
A
Nídia Costa abraçou recentemente o desafio de se tornar Diretora Executiva de Pessoas e Comunicação de um grupo empresarial com bastante peso na economia Angolana. Como nos descreve o seu percurso profissional? O meu percurso profissional começou bem cedo, aos 18 anos, e por um simples acaso, diretamente ligado à área de Recursos Humanos. Aos 18 anos terminei o 12º ano e não sabia bem o percurso académico que pretendia seguir, então decidi que queria trabalhar, queria compreender “o que se fazia nas empresas” e onde é que eu me encaixaria. O setor público não era uma opção para mim, porque não me revia no padrão, então decidi colocar um anúncio num
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jornal com o título “não tenho experiência, apenas muito empenho e procuro trabalho”, recebi centenas de telefonemas, incrivelmente, sem saber, fiz algo inédito para o ano de 1998. Tive oportunidade de escolher, entre várias opções, a empresa onde queria trabalhar, o que foi um privilégio para mim, esta empresa abriu-me as portas dos Recursos Humanos, desde as funções mais “chatas” e normais para uma trainee que nada sabe, até encontrar a paixão da minha vida o contacto com as pessoas. Desde então passei por empresas e funções diferentes, desde o IFGE na área da Consultoria, à Lactogal (a grande escola da minha vida), a Bi-Silque que me introduziu nos mercados internacionais e culturas multifacetadas. A estrada da minha
vida pessoal trouxe-me até Angola, diretamente para a Refriango, foi uma experiência inesquecível e emocionalmente forte, mesmo após a saída continuamos a ser a Família Refriango e vibramos com todas as conquistas da empresa. Recentemente, abracei o Grupo Naval com a função de Diretora Executiva de Pessoas e Comunicação, posso dizer conscientemente que apaixonei-me pela empresa e pelo desafio desde os primeiros contactos, devido à necessidade que tinham de criar toda a área de RH desde o zero e com uma autonomia e empowerment que qualquer um de nós sonha quando abraça um novo projeto. No meio de tudo isto, a aprendizagem, as licenciaturas, os mestrados, as pós-graduações, as formações
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ciais, o Grupo possui uma frota própria de 43 camiões, deixando claro a sua enorme capacidade logística. A nível industrial o grupo conta, à data, com quatro fábricas em funcionamento que empregam diretamente cerca de 500 trabalhadores e que são, de certa forma, líderes de mercado no seu segmento: produção de massa alimentar, de fraldas, pensos higiênicos, tubos de PVC, chapas metálicas… Na realidade o Grupo Naval está direcionado para diversos setores e esta é a grande diferenciação face a outros possíveis concorrentes. Contudo demarcaria como fatores diferenciadores a célere resposta às necessidades do mercado, adaptando constantemente a própria estratégia dos diversos negócios a essas necessidades. Também como uma vantagem a multiplicidade de culturas, a oportunidade de partilharmos ideias com visões completamente diferentes do padrão a que estamos habituados, permite-nos estamos um passo à frente em relação a possíveis concorrentes.
especializadas, foram e têm sido cruciais para desempenhar todas as minhas responsabilidades com o melhor profissionalismo possível. Sendo a empresa onde labora uma marca de sucesso, que fatores diferenciadores a mesma possui em relação às restantes no mesmo setor? O Grupo Naval é um conjunto de empresas de capitais estrangeiros, de cariz familiar, que apostou e vem desenvolvendo a sua atividade em Angola desde 2007, atuando nos setores do comércio a grosso (venda de produtos alimentares, materiais de construção, produtos para a indústria e agricultura) e da indústria transformadora, empregando atualmente mais de 1200 colaboradores. A gestão do grupo está sob a responsabilidade do seu principal acionista, o Dr. Simon Tecleab, de nacionalidade eritreia, filho do fundador do grupo. O Grupo Naval está atualmente posicionado na lista de maiores operadores económicos em Angola, tanto a nível comercial como a nível industrial, nos setores em que desenvolve atividade. No âmbito da atividade comercial, o Grupo possui 11 áreas comerciais com uma área de armazenamento com capacidade para armazenar mais de 100 mil toneladas de produtos. Além do seu forte posicionamento no mercado da capital de Angola, onde possui cinco espaços dedicados ao comércio a grosso, o Grupo possui ainda instalações comerciais próprias nas províncias de Benguela, Huambo, Huila e Malanje, bem como uma série de parcerias comerciais estabelecidas nas restantes Províncias. Para assegurar o abastecimento a todas estas áreas comer-
“ENQUANTO PROFISSIONAL, DIRIA QUE A PRIMEIRA PALAVRA QUE ME VEM À MENTE É EXIGENTE, SOU EXTREMAMENTE EXIGENTE COMIGO, MAS, TAMBÉM COM AS MINHAS EQUIPAS”
Dentro da área em que atua enquanto diretora, quais são os maiores desafios que diariamente enfrenta? Os desafios em Angola são, na sua maioria completamente diferentes dos que encontramos na Europa. Aqui debatemo-nos diariamente com condições básicas da vida dos nossos colaboradores, desde o local e as condições onde residem, se o bairro é seguro ou não, se têm táxi próximo de casa, quantos táxis são até ao local de trabalho. Continuamos a debater-nos com temas como absentismo elevado, baixas qualificações, níveis de qualidade de
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PONTOS DE VISTA NO FEMININO
"A grande frase da minha vida é “Sky is the Limit”"
lema. Admito que tive sorte nas empresas por onde passei, mas o segredo está também até onde queremos ir, o quanto queremos correr, quanto de nós queremos entregar?
“PESSOALMENTE, NUNCA SENTI QUE PERDI ALGUMA OPORTUNIDADE OU POSSIBILIDADE DE EVOLUÇÃO DE CARREIRA POR SER MULHER. A VERDADE É QUE AINDA EXISTE UM GAP FINANCEIRO QUE SE SENTE EM DETERMINADOS PAÍSES, NUNCA ME SENTI AFETADA PESSOALMENTE, MAS CONHEÇO DIVERSAS SITUAÇÕES EM QUE ACONTECEU” ensino muito abaixo da necessidade do país, falta de bons profissionais especializados em áreas como eletricidade e mecânica. O que significa para a Nídia Costa ser Diretora Executiva de Pessoas e Comunicação? Quais as características que considera fundamentais no cargo que ocupa? Um Diretor Executivo de Pessoas e Comunicação é alguém que primeiramente toma decisões com o Conselho de Administração da Organização, define as políticas, procedimentos e processos de todas as temáticas relacionadas com a área, mas acima de tudo, deve ser o Conselheiro e Parceiro de todas as Direções e Áreas nos temas concernentes às pessoas da Organização, guiar e orientar no caminho certo e tomar decisões em conjunto com todos. As características podem mudar de organização para organização, já que cada organização tem uma cultura, clima e “vida” própria, mas diria que de uma forma generalista, capacidade de Liderança acima da média, visão holística do negócio, gestão de conflitos e de stress, resiliência e hoje em dia, sem dúvida criatividade. O que a motiva e inspira diariamente? Em termos profissionais, uma das minhas grandes inspirações são as pessoas, os colaboradores das organizações e perceber que todas as decisões que tomamos têm impacto direto em cada um. Contudo, a minha maior inspiração diariamente é a minha equipa, a sede de aprender, a capacidade de absorção de novas formas de fazer, a simplicidade e humildade, a alegria que trazem diariamente para o nosso
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ambiente de trabalho, são únicos. No foro pessoal a minha família e amigos, são a minha inspiração e força para fazer melhor e ser um melhor ser humano amanhã do que fui hoje. Sabemos que a igualdade de género é cada vez mais uma problemática debatida. Durante o seu percurso profissional enfrentou obstáculos pelo facto de ser mulher? Quais? A igualdade de género tem sido debatida em diversos fóruns nos últimos anos. Considero que desde o meu início de carreira até aos tempos atuais muito mudou. Pessoalmente, nunca senti que perdi alguma oportunidade ou possibilidade de evolução de carreira por ser mulher. A verdade é que ainda existe um gap financeiro que se sente em determinados países, nunca me senti afetada pessoalmente, mas conheço diversas situações em que aconteceu. Olhando para o meu percurso sempre vi uma vantagem em ser mulher no mundo dos negócios, apurou os meus sentidos, a minha capacidade de ouvir e de me fazer ouvir, a minha força e capacidade de resiliência. Gosto sempre de dizer que cresci muito profissionalmente por correr o extra mile, por querer fazer mais e melhor. A grande mentora da minha vida é uma mulher, a Isabel Fonseca, do Grupo INFOS. Quando a conheci ela era Diretora Administrativa e Financeira do Grupo, mas tinha começado como rececionista, conquistou esta posição pelo seu empenho, capacidade intelectual e muito esforço, uma mulher numa posição de Liderança num setor liderado 95% por homens, a frase “quando crescer quero ser como ela” paira até hoje na minha cabeça e continua a ser o meu
Quem é a Nídia Costa enquanto profissional e enquanto mulher? De que forma concilia a vida profissional com a pessoal? É sempre difícil falamos de nós próprios, mas enquanto profissional, diria que a primeira palavra que me vem à mente é exigente, sou extremamente exigente comigo, mas, também com as minhas equipas. Diria que tenho um perfil de Liderança de Mentoring, gosto de ensinar, de dar as ferramentas para que a equipa possa desempenhar as suas funções da melhor forma, gosto de brainstormings entre a equipa e de comunicação aberta, que sintam que participam nas decisões, para que possam implementar os processos com maior eficácia. Dou privilégio um ambiente informal e não dispenso uma boa gargalhada com a minha equipa, gosto de conhecer as suas histórias, é a única forma de compreender tantas e tantas coisas que apenas com um diálogo aberto poderemos saber. Enquanto mulher, sou muito direta e transparente, gosto de falar, falar e falar, sou divertida, muito espontânea e também impulsiva, exigente com quem decide caminhar ao meu lado, exigente no sentido de que o dia de amanhã tem de superar o anterior, sou uma mãe liberal… até demais, a vida ensinou-me que os nossos filhos precisam de espaço para ser crianças por um tempo mais prolongado do que foi permitido à minha geração. Que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres que tal como a Nídia gostariam de abraçar novos projetos e trilhar um caminho de sucesso profissional? A grande frase da minha vida é “Sky is the Limit” por isso não se restrinjam a menos do que merecem, não permaneçam em empregos que não vos fazem felizes, ou onde vos tratam de uma forma menos correta apenas por causa de um salário. Apostem continuamente na vossa formação e aprendizagem, “o saber não ocupa espaço” e é tão útil no dia a dia como quando pretendemos abraçar novos desafios. Por vezes é necessário correr riscos e esquecer o conceito do emprego para a vida, a efetividade, os benefícios e as condições que atual empresa vos dá e arriscar em algo que parece menos estável, mas que vos desafia a mente e mexe com a nossa alma. ▪
Contabilidade e Transformação Digital O universo da Contabilidade tem sido um dos mais resilientes em Portugal, sendo um pilar da economia nacional. Contudo, é urgente que se promova uma mudança neste setor, e que se aposte mais sustentadamente na Transformação Digital do setor e na Digitalização de processos do mesmo, direcionando a indústria para o futuro. Assim, conheça alguns players que olham para a Tecnologia como um aliado para modificar e melhorar processos, pois são estes que apostam neste caminho que seguem rumo ao sucesso e à competitividade.
O SETOR DA CONTABILIDADE E A TRANSIÇÃO DIGITAL
A PALAVRA DE ISABEL CIPRIANO, VICE-PRESIDENTE DA APOTEC
Os desafios da Digitalização na Contabilidade e as prováveis alterações à lei base das Associações Profissionais públicas Por imposição de diretivas comunitárias, o memorando de entendimento sobre as condicionalidades de política económica de 2011 colocou na agenda nacional a aprovação da nova lei base das associações profissionais públicas, a Lei 2/2013 de 10 de Janeiro, respeitante às qualificações profissionais e às profissões regulamentadas.
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m 2008 tinha sido publicada a Lei 6/2008 de 13 de Fevereiro que estabelecia o regime jurídico de criação, organização e funcionamento de novas associações públicas profissionais. Esta lei aplicava-se às associações públicas profissionais que fossem criadas após a data da sua entrada em vigor. Esta condicionante fez com que os Estatuto do Técnico Oficial de Contas, tal como se encontrou consagrado no Decreto-Lei 310/2009 de 26 de Outubro que alterou o Decreto -Lei n.º 452/99, de 5 de Novembro, que aprovou o Estatuto da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, que passou a denominar-se Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas ficasse à margem da lei base das associações profissionais públicas. Mas cedo se percebeu que esta
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marginalidade teria os dias contados, sendo certo que os estados membros teriam de harmonizar as profissões regulamentadas, o que em Portugal se traduziu na criação da Lei 2/2013 de 10 de Janeiro, que veio a estabelecer o regime jurídico de criação, organização e funcionamento das associações públicas profissionais, quer às já existentes quer às que se viessem a constituir. Importa ter presente que este diploma considera como associações públicas profissionais as entidades públicas de estrutura associativa representativas de profissões que devam ser sujeitas, cumulativamente, ao controlo do respetivo acesso e exercício, à elaboração de normas técnicas e de princípios e regras deontológicos específicos e a um regime disci-
O SETOR DA CONTABILIDADE E A TRANSIÇÃO DIGITAL
plinar autónomo, por imperativo de tutela do interesse público prosseguido.1 Do referido memorando de entendimento, Portugal comprometeu-se no âmbito das profissões reguladas em: eliminar as restrições ao uso da publicidade; rever e reduzir o número de profissões reguladas, e em especial, eliminar as reservas de atividade; adotar medidas destinadas a liberalizar o acesso e o exercício de profissões reguladas desempenhadas por profissionais qualificados e estabelecidos na UE; melhorar o funcionamento do setor das profissões reguladas (tais como técnicos oficiais de contas, advogados e notários), levando a cabo uma análise aprofundada dos requisitos que afetam o exercício da atividade e eliminando os que não sejam justificados ou proporcionais. As restrições à publicidade foram de facto eliminadas, assim como as reservas limitativas da atividade, no que se refere à profissão de Contabilista Certificado. Procurou-se legislar no sentido de melhorar o funcionamento desta profissão assim como da própria entidade reguladora. Foi ainda tido em conta a necessidade de aproximar esta profissão às congéneres europeias. Poder-se-ia ter ido mais longe, ainda assim foi, com a publicação da Lei 139/20152, um passo de gigante face ao anterior estatuto. Contrariamente ao preconizado no memorando, não se reduziu o número de profissões reguladas nem se agruparam na mesma entidade reguladora as que dispõem de base comum. Importa fazer um parêntesis histórico. Em termos de legislação, a profissão de contabilista tem tido grandes atropelos. Sempre mais fiscalista do que contabilista, com períodos de ausência em termos de regulamentação, mas deveu-se aos códigos fiscais a sua existência, enquanto profissão semi-regulamentada. Não vamos ser ingénuos em pensar que esta profissão existe há vinte e cinco anos. É regulamentada sim, desde 1995 apesar da Comissão Instaladora e a Comissão de Inscrição só terem tomado posse em 1996, mas os profissionais existem desde sempre, ou pelo menos desde 1 Conforme artigo 2º da Lei 2/2013 de 10 de Janeiro 2 Transforma a Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas em Ordem dos Contabilistas Certificados, e altera o respetivo Estatuto, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 452/99, de 5 de novembro, em conformidade com a Lei n.º 2/2013, de 10 de janeiro.
“NÃO BASTA FALAR NO DIGITAL, É PRECISO TAMBÉM PENSAR DIGITAL. AS FUNÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE CONTABILIDADE ENVOLVEM UMA ABRANGÊNCIA ALARGADA, QUE VÃO DESDE O PROCESSO CONTABILÍSTICO E ELABORAÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS, A ANÁLISE INTERNA DO NEGÓCIO, “FINANCE”, “TAX” E “AUDIT”
que se sentiu a necessidade de se fazerem registos contabilísticos. Quis a mão imperiosa do fisco que com a reforma fiscal ocorrida entre os anos 1958-63 aparecesse consagrada a figura do técnico oficial de contas no Código da Contribuição Industrial3, como figura obrigatória nas declarações de rendimentos, e sem mais definição. “A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado”4. Um olhar de longo prazo possibilita aprendizagem, contribuindo para a melhoria das decisões políticas. O Plano de Recuperação e Resiliência prevê uma reforma de redução das restrições das profissões reguladas5, que visa adequar a atuação das associações públicas profissionais, eliminando restrições à liberdade de acesso e de exercício da profissão e prevenindo infrações às regras da concorrência na prestação de serviços profissionais, nos termos do direito nacional e nos termos do direito da União Europeia. Que mundo nos espera e que contributos podemos aportar pós-pandemia? A situação de grande incerteza e imprevisibilidade num quadro de alterações climáticas, de mudanças geopolíticas, as alterações nas organizações e nas mentalida3 Decreto-Lei nº 45 103 de 01-07-1963 4 Marc Bloch, Historiador 5 Plano de Recuperação e Resiliência https://www.portugal.gov.pt/pt/gc22/ comunicacao/documento?i=recuperar-portugal-construindo-o-futuro-plano-derecuperacao-e-resiliencia
des, nos hábitos de consumo, na forma como nos relacionamos em sociedade são respostas que têm de ter enquadramento na solução do PRR. E aqui, a autorregulação das profissões é uma questão estrutural das ordens profissionais. E no caso do exercício da profissão de contabilista certificado impõe-se uma regulação diária com orientações técnicas para um desempenho rigoroso, contribuindo desta forma para a defesa da exclusividade do título e exercício efetivo da autorregulação. Não basta falar no digital, é preciso também pensar digital. As funções dos profissionais de contabilidade envolvem uma abrangência alargada, que vão desde o processo contabilístico e elaboração de demonstrações financeiras, a análise interna do negócio, “finance”, “tax” e “audit”. As plataformas, os documentos digitais, o arquivo e a segurança digital ganham especial relevo. E isto implica também acautelar os riscos e o futuro da profissão. Nada se poderá mudar com sucesso apenas pela força legislativa. É necessário o envolvimento de todos os intervenientes, para que possa ser (re)construída uma identidade coletiva, que respeite a ética e a deontologia, contribuindo para um desenvolvimento plural, atraindo novos profissionais, não olvidando daquela que é a primeira atribuição de toda a APP, “a defesa dos interesses gerais dos destinatários dos serviços”. ▪
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O SETOR DA CONTABILIDADE E A TRANSIÇÃO DIGITAL
Missão Bizdocs
Converter os escritórios de Contabilidade em Agentes da Transformação Digital das PMEs A prestigiada Latourrette Consulting ajuda as organizações em todo o mundo a simplificarem a sua maneira de interagir com os seus documentos e processos de negócios. Para o efeito, a empresa sediada no Porto criou a solução Bizdocs – maioritariamente dirigida para digitalizar a relação entre os escritórios de Contabilidade e os seus clientes – traduz-se numa plataforma multicanal e dinâmica que gere, de forma inteligente e integrada, todos os documentos de negócio das PMEs. Carlos Latourrette, Fundador e CEO da Latourrette Consulting e da Statup Bizdocs, contou à Revista Pontos de Vista as mais-valias que o Bizdocs traz para um mercado que se encontra atualmente em transição digital.
CARLOS LATOURRETTE HTTPS://WWW.LINKEDIN.COM/IN/CARLOSLATOURRETTE/
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omo seria se as empresas tivessem toda a informação de forma digita e se a mesma se organizasse automaticamente? Esta é a pergunta que se impôs ao longo da entrevista e, no fundo, a base da criação do Bizdocs. Com um percurso fortemente preenchido de know-how e inovação – e muito antes de se falar em transição digital ou robotização de processos – Carlos Latourrette já desenvolvia o seu trabalho com base neste tema. Assim, desde sempre ligado às verdadeiras vantagens do mundo digital, soube implementar no mercado a solução que aumenta a eficiência dos Escritórios de Contabilidade, melhora a experiência com os seus clientes, partilha documentos em absoluta segurança, automatiza o processamento de informação de faturas e muito mais. “Sabe-se que em Portugal – com exceção das grandes empresas – quem trata da documentação de uma PME é um escritório de contabilidade. Um Contabilista cumpre, claro está, o
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calendário das obrigações fiscais e legais que, na sua maioria, são praticadas mensalmente ou de três em três meses”, inicia Carlos Latourrette. O Bizdocs surgiu, precisamente para colmatar esta lacuna que dificulta e muito a tomada de decisão destes negócios. COMO FUNCIONA O BIZDOCS? Todos já sentimos em algum momento a complexidade que é ter de gerir uma montanha de papel, desde faturas e talões de caixa, até contratos e declarações. Neste sentido, o Bizdocs veio simplificar este processo: com a missão de ajudar os Escritórios de Contabilidade e as PMEs - que poderiam ter, de alguma forma, mais dificuldade em chegar a estas tecnologias – esta solução aumenta a sua eficiência, seja de produtividade como também de gestão financeira, através de toda a informação que envolve o seu negócio e à distância de um clique. “O Bizdocs é uma solução que aumenta em dez vezes a produtividade do registo de do-
cumentos pelos contabilistas. Ao utilizar esta ferramenta, a PME não precisa de enviar fisicamente os papéis para a Contabilidade, o que levará a um otimizar do tempo. Qualquer que seja a forma que o nosso cliente queira enviar essas informações, o Contabilista vai recebê-la sempre de uma única maneira: através da nossa plataforma. Ou seja, se eu enviar um e-mail ou se simplesmente tirar uma fotografia ao documento que pretendo enviar, o Contabilista vai sempre recebê-lo no Bizdocs, e isso muda tudo – o Contabilista tem total controlo de toda a informação que recebe, em qualquer momento, e o cliente tem a liberdade de, assim que necessitar, aceder a essas mesmas informações”, sustenta o nosso entrevistado. Ainda que haja quem «resista» a esta verdadeira mudança de paradigma, quem pretender continuar a enviar os documentos de maneira tradicional, o Contabilista tem possibilidade, através desta solução, de os converter instantaneamente em formato PDF.
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Sendo, assim, um sistema que aceita qualquer formato de documento, do papel digitalizado à simples fotografia de telemóvel, reconhecendo o texto, classificando-o por tipo e arquivando-o automaticamente, é legítimo afirmar que «simplificar» é a palavra de ordem desta solução. Importa ainda referir que, entre os vários pacotes que disponibiliza, a mensalidade para a PMEs poderá ter um custo de apenas dez euros, tendo acesso a um Arquivo Digital de documentos contabilísticos ilimitado! AS VANTAGENS DESTA SOLUÇÃO PARA O SETOR DA CONTABILIDADE São inúmeras as mais-valias que o Arquivo Digital Bizdocs atinge neste mercado. Mais ain- da porque, a área da Contabilidade, ainda que pouco reconhecida, é fundamental para o de- senvolvimento económico das empresas, em qualquer localização geográfica. Para Carlos Latourrette, esta missão de (quase) serviço público poderá ter, se bem implemen- tada, um efeito «bola de neve». “Se ajudarmos a aumentar a velocidade e a qualidade dos serviços prestados pelos escritórios de Contabilidade, estamos a aumentar a qualidade das PMEs Portuguesas”. Se melhorarmos as condições dos
mesmos, para não gastarem tempo a registar os documentos e passarem a tê-lo, de forma extra, para ajudar na gestão das empresas, todos ficam a ganhar”. Contudo, e segundo o nosso entrevistado, “há muitos profissionais da área contabilística que ainda não sabem que é possível aplicar um Arquivo Digital legal e que se podem destruir os papéis. E nós temos tentado transmitir esta mensagem, através de Webinares, em como não só é possível e legal, como é extremamente funcional e vantajoso para todos”. Falta, por isso, um longo caminho a percorrer até que, de uma forma geral, haja uma consciencialização da mudança e do quão benéfica poderá ser. É precisamente através destes Webinares que o Bizdocs desmistifica informações e conceitos e leva a cabo a sua voz. “Estamos a criar um movimento, não tenho dúvidas nenhumas. Temos vindo a realizar muitas ações de consciencialização em relação ao tema do Arquivo Digital e estamos, neste momento, a apontar aos mil escritórios de Contabilidade que utilizam o Bizdocs. E mais, os que usam garantem que já não conseguiriam deixar de o fazer”, reconhece o nosso interlocutor. Além disso, se anteriormente o papel era o método tradicional e o único utilizado, atual-
“O BIZDOCS É UMA SOLUÇÃO QUE AUMENTA EM DEZ VEZES A PRODUTIVIDADE DO REGISTO DE DOCUMENTOS PELOS CONTABILISTAS. AO UTILIZAR ESTA FERRAMENTA, A PME NÃO PRECISA DE ENVIAR FISICAMENTE OS PAPÉIS PARA A CONTABILIDADE, O QUE LEVARÁ A UM OTIMIZAR DO TEMPO”
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O SETOR DA CONTABILIDADE E A TRANSIÇÃO DIGITAL
«PASSAR A MENSAGEM» É O CAMINHO
“SE AJUDARMOS A AUMENTAR A VELOCIDADE E A QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS PELOS ESCRITÓRIOS DE CONTABILIDADE, ESTAMOS A AUMENTAR A QUALIDADE DAS PMES PORTUGUESAS. SE MELHORARMOS AS CONDIÇÕES DOS MESMOS, PARA NÃO GASTAREM TEMPO A REGISTAR OS DOCUMENTOS E PASSAREM A TÊ-LO, DE FORMA EXTRA, PARA AJUDAR NA GESTÃO DAS EMPRESAS, TODOS FICAM A GANHAR” problema de adaptação. Mas temos de perceber também que este é um processo lento porque estamos a introduzir uma tecnologia nova e as pessoas não estão habituadas a tratar fluxos documentais digitais”. Exatamente por este motivo é que hoje, mais do que nunca, o Bizdocs pretende elevar o nível de conhecimento das pessoas que trabalham nas PMEs e impulsioná-las TRANSIÇÃO DIGITAL NO SETOR rumo ao novo mundo que é o DA CONTABILIDADE digital, produzindo o anteriorPor muitos visto como um "Os nossos mente mencionado efeito dos grandes impactos posiEscritórios «bola de neve». “A nossa sotivos - se assim o pudermos lução está pronta a utilizar a chamar face à problemáde Contabilidade partir do momento que o tica que é a pandemia da serão os verdadeiros utilizador entra. E isso pode COVID-19 – dos tempos Agentes da acelerar esta transição digiincertos que vivemos, o Bital. Se as PME começarem a Transformação Digital zdocs estava já, obviamenperceber que todos se rete, bem preparado para de Portugal" lacionam digitalmente com enfrentar as adversidades o resto do mundo (até com que se avizinhavam. Mas será o seu contabilista), vão querer que o setor em geral também acompanhar e expandir essa tenestaria? dência. É uma verdadeira mudança Ora, como em tudo, há sempre de paradigma”, admite o CEO da Startup quem demore mais a adaptar-se à mudanBizdocs. ça, contudo, e na opinião de Carlos Latourrette, Estrategicamente, o Plano de Recuperação e Reesta pandemia ajudou a população a consciencializarsiliência poderá ser ainda um motor de desenvolvi-se do tema da transição digital. “As pessoas tiveram de mento. Contudo, e segundo Carlos Latourrette, “para ir para casa e, muitas delas, tiveram de levar consigo as as empresas tirarem partido desta ajuda terão de se capas dos documentos que guardavam (e bem). Mas organizar, sabendo que, a maior parte terá a ver com aí, penso que perceberam que tinham de fazer algo tecnologia, seja para melhorar o clima, o turismo, a para mudar. Os nossos clientes, felizmente, obtiveram saúde, entre outros. Agora, como é que isto vai chemanifestações enriquecedoras no sentido da valorizagar aos negócios ainda é uma incógnita”. ▪ ção do Bizdocs: quem já o utilizava, não teve qualquer
mente, a pandemia que (ainda) atravessamos veio mudar o paradigma e «despertar» para a importância do digital. Hoje, mais do que nunca, os escritórios de Contabilidade têm de acompanhar as tendências do mercado e, consequentemente, dos novos métodos de trabalho.
SITE BIZDOCS HTTPS://WWW.BIZDOCS.MOBI
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Com uma funcionalidade que simplifica a vida de muitos, o Bizdocs pretende agora continuar a promover as sinergias para que, juntos, todos os profissionais de contabilidade possam evoluir. Com sinergias digam-se novos Webinares que terão como título “O Contabilista de Sucesso”: não falando apenas de tecnologia, o objetivo é trazer à fala pessoas que já atingiram o sucesso das suas carreiras de empreendedores no setor dos escritórios de contabilidade, para partilharem as suas histórias, de acordo com um tema que será diferente em cada uma das sessões. O próximo será lançado, à partida, já em dezembro. Apesar de ser com grande dedicação que Carlos Latourrette organiza e desenvolve estes espaços de discussão, que para si são de utilidade pública, ainda há muito que deveria ser feito em Portugal, nomeadamente a criação de eventos direcionados para a transferência de tecnologia para o setor da Contabilidade, para que estes profissionais pudessem trocar ideias e, mais importante, serem expostos às novidades que existem no mercado, tal como se faz a nível internacional e, em particular no Reino Unido. No fim não há dúvida: “quanto mais tecnológico for o setor da Contabilidade, melhor serão os serviços que prestam às empresas e, se assim for, maior será o PIB desse país”, termina o Fundador do Bizdocs que acredita que "os nossos Escritórios de Contabilidade serão os verdadeiros Agentes da Transformação Digital de Portugal".
O SETOR DA CONTABILIDADE E A TRANSIÇÃO DIGITAL
B.Time – Business Time Na vanguarda da Transição Digital
A B.Time – Business Time, marca de referência na prestação de serviços de outsourcing na área financeira, cresceu ao longo de quase três décadas de história com uma enorme vontade de responder às necessidades dos seus clientes, ouvindo-os atentamente e respeitando a voz da excelência dos empresários em Portugal. Foi desta forma que, aliada à sua «sede» de inovação, esta empresa familiar se tornou reconhecida e valorizada num meio que é (cada vez mais) competitivo.
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om um percurso recheado de vitórias duradouras e sustentáveis, a B.Time é uma empresa familiar que tem vindo a deixar a sua marca no mercado nacional com sucesso comprovado dos seus serviços e o vasto know-how que se reflete nas áreas de Contabilidade, Assessoria Fiscal, Recursos Humanos, Informação de Gestão, Tesouraria, Consultoria de Gestão, Apoios Comunitários e Criação de empresas. Há 12 anos na Direção da empresa, Pedro Flores admite que algo que orgulhosamente os eleva é precisamente o facto de serem uma marca familiar. “Considero que as empresas familiares são efetivamente uma grande parte do tecido empresarial em Portugal e, além disso, demonstraram, nesta altura de pandemia, uma força e uma resiliência inquestionáveis”. Estes laços foram, por isso, um forte impulsionador para que, o nosso entrevistado, erguesse a B.Time e a trouxesse até ao reconhecimento
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PEDRO FLORES
de hoje. “Quando peguei na empresa quis trazer um conjunto de melhores práticas de mercado e, sobretudo, uma visão profissional para aquilo que são as micros e as pequenas empresas em Portugal”, confirma o próprio, acrescentando ainda que “foi sempre através da relação de proximidade com os nossos clientes que fomos crescendo e evoluindo quer a nível de serviços e soluções, quer em número de clientes que, aquilo que mais precisam para as suas empresas é de uma boa gestão em tempo real, não só para perceberem o presente, mas também para delinearam o futuro com base nos dados que disponibilizamos”. Para Pedro Flores, a área da Contabilidade – atualmente muito mais valorizada – não é um fim, mas sim um meio para os empresários poderem ter uma melhor informação de gestão, para poderem tomar decisões mais acertadas e, consequentemente, para trilharem o seu caminho rumo ao sucesso.
O SETOR DA CONTABILIDADE E A TRANSIÇÃO DIGITAL
falar de pessoas que durante toda a sua vida proINOVAÇÃO: fissional trabalharam com papel. Temos de perceUM CAMINHO IMPRESCINDÍVEL ber que a inovação é uma gestão de mudança e É de conhecimento geral que o mundo está de mindset. Tudo o que será praticado dentro de em constante evolução. Assim, sabe-se também poucos meses é um trabalho que está há muito que as empresas – de qualquer setor de atividatempo a ser desenvolvido e aperfeiçoado”, sustende – têm de acompanhar as suas mudanças de ta o nosso entrevistado. modo a não ficarem para trás no mercado. Na B.Time a inovação é uma prática implícita O SETOR DA CONTABILIDADE desde o primeiro dia, onde se destaca a evolução E A TRANSIÇÃO DIGITAL tecnológica. “No que diz respeito à digitalização, Claramente bem adaptada às exigências da somos pioneiros na criação de diversas soluções. sociedade moderna, a B.Time encontrou o seu Há 15 anos que temos implementado um porponto de equilíbrio com o teletrabalho (ou retal do cliente para que, o mesmo, possa ter uma gime misto) – algo que se mantém nos dias de visão em tempo real dos dados da sua empresa. hoje. Mas será que a imagem deste setor O portal permite que tudo aquilo que no geral também saiu reforçada? nós produzimos – desde uma Pedro Flores admite que “o seCertidão de Não Dívida, a um tor da contabilidade é habiBalancete, aos Recibos de tualmente envelhecido. Salário – seja colocado “No que diz Tem estado a renovar-se nessa plataforma, senrespeito à digitalização, nos últimos anos, mas do que o cliente é ausomos pioneiros na criação se formos observar os tomaticamente notifide diversas soluções. Há 15 estudos mais recentes cado de que tem um percebemos que ainda novo documento no anos que temos implementado é. Obviamente que, por portal e que poderá um portal do cliente para que, o isso, poderá ser mais aceder a qualquer mesmo, possa ter uma visão complexo adaptar-se instante”, afirma Pedro em tempo real dos dados à transição digital e, em Flores. Este método da sua empresa” particular, ao arquivo digitraduz-se em transpatal, porque é uma mudança rência de serviço, eficácia, estrutural muito grande. Por flexibilidade e otimização de outro lado, esta área, conta com tempo: se antes eram necessáuma resiliência inigualável. Foi a conrias (no mínimo) 24 horas para ter tabilidade das várias empresas que proporacesso a qualquer documento, hoje tudo cionou aos empresários em Portugal obterem as se encontra à distância de um clique. ajudas que precisavam ao longo deste período de Em paralelo, a B.Time é ainda impulsionadora na pandemia”. Atualmente, o Plano de Recuperação vertente do arquivo digital. Em parceria com uma e Resiliência, ainda que seja um “grande ponto de empresa de software, está já em fase de «acabainterrogação”, tal como reconhece o nosso interlomento» a implementação do arquivo digital de cutor, poderá ser um bom incentivo para auxiliar acordo com o que a lei - claro está – permite, as empresas nesta transição digital. sendo que uma das máximas neste processo é Apesar de todos os desafios que a mudança, por a eliminação definitiva do papel. “Nós queremos norma, acarreta, o Diretor Geral da B.Time acredique as nossas secretárias deixem de ter papel e ta que a imagem dos Contabilistas em Portugal esse é, sem dúvida, um dos grandes objetivos saiu muito reforçada. “A nossa empresa tem um para 2022. Não obstante a parte processual e tecreconhecimento que é impagável por parte dos nológica que está praticamente preparada e esclientes. Muitas vezes, nos meses mais difíceis, tará pronta a utilizar no dia 1 de janeiro. Mas não dizia à equipa que nos movíamos em elogios e nos podemos esquecer também que, apesar de a valorização contra todas as adversidades”. ▪ nossa equipa ser relativamente jovem, estamos a
FUTURO B.TIME ALINHADO COM AS TENDÊNCIAS DO SETOR Sendo um dos setores de atividade com mais alterações nos últimos anos – facto assumido pelo nosso entrevistado – as «regras do jogo» estão em constante mudança. Ainda assim, e como Pedro Flores já referiu, sendo uma área firme e persistente, as suas tendências para o futuro passarão pela tecnologia e pela automatização das suas práticas. “Isto vai fazer com que sejamos cada vez mais analíticos e vamos, consequentemente, começar a ser consultores das empresas. Ou seja, vamos deixar de ser vistos como os profissionais que apenas registam a informação, para aqueles que analisam e aconselham os empresários na sua tomada de decisão. Entre cinco a dez anos a área vai pautar-se muito pela automatização de processos, pela transição digital, pelo arquivo digital e pela própria mudança processual do teletrabalho. Tudo vai passar a ser muito mais gerido a nível digital”, conclui Pedro Flores. Assim, lado a lado com estas tendências – e muitas vezes na linha da frente -, a B.Time terá inúmeros projetos ligados à componente da transição digital de forma a servir cada vez melhor todos os que nela confiam os seus negócios, sem nunca descurar da máxima, cada vez mais importante, que é a sustentabilidade.
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O SETOR DA CONTABILIDADE E A TRANSIÇÃO DIGITAL
A Digitalização e a Inovação em prol do Cliente “Decididamente que a digitalização e a tecnologia são fundamentais no presente e serão imprescindíveis no futuro de uma forma transversal a todas as áreas de negócio”, revela Daniela Esteves, Partner da Finpartner, uma marca que comemora este ano 15 anos de atividade e que se assume, cada vez mais, como um dos principais players no domínio da contabilidade em Portugal. Mas muito mais foi dito ao longo desta entrevista por parte da nossa interlocutora. Saiba mais sobre uma entidade que se distingue, entre outros fatores pela proximidade que promove junto do cliente.
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Finpartner é uma empresa de contabilidade que se dedica a prestar serviços personalizados a cada cliente nas mais diversas áreas onde atua: contabilidade, assessoria, consultoria, entre outros. A celebrar 15 anos de história, como nos descreve a evolução da marca em Portugal e além-fronteiras? A Finpartner evoluiu bastante em 15 anos de existência, e esse desenvolvimento fez-se notar em várias áreas. Nomeadamente, na consolidação e expansão da carteira de clientes das mais diversas nacionalidades. Na diversificação dos serviços que prestamos deixando de ser o típico gabinete de contabilidade, que faz registos contabilísticos e responde a obrigações fiscais, e passando a ser visto pelos nossos clientes como um parceiro de negócios. A própria equipa sofreu grandes evoluções desde a organização do trabalho ao reforço de profissionais que integram as nossas equipas com as mais diversas formações e com
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DANIELA ESTEVES
a capacidade de falar várias línguas. Sem dúvida que tem sido um percurso desafiante, mas muito recompensador porque com cada conquista que conseguimos alcançar abrimos portas para mais oportunidades a explorar, e é isso que tem acontecido nestes últimos anos, em que a nossa aposta na tecnologia foi reforçada e em
que obtivemos a certificação de qualidade ISO 9001 dos nossos serviços de contabilidade e processamento salarial. Todas estas conquistas alcançadas reforçaram a nossa imagem junto dos nossos clientes e parceiros e consequentemente projetaram a nossa marca a nível nacional e internacional.
Assumem-se como uma entidade que se “distingue das restantes pelo conceito diferenciado de proximidade ao cliente aliado à utilização de novas tecnologias e a uma equipa jovem e comprometida”. Para melhor compreender, que características diferenciam a Finpartner? Como nos pode aprofundar os serviços que empregam? A Finpartner distingue-se pelo conceito de proximidade com os clientes, é um dos valores que temos mais presente na nossa cultura organizacional. O serviço que prestamos não pode ser igual para todos e tem de ser adaptado à realidade e necessidades de cada um, e é por isso que trabalhamos todos os dias para fazer a diferença junto dos nossos clientes. Para isso, contamos com as nossas equipas de profissionais que tem um papel crucial em conseguir entender e responder às especificidades de cada cliente, a isso aliamos desenvolvimentos tecnológicos que tem como principal objetivo eliminar as tarefas
O SETOR DA CONTABILIDADE E A TRANSIÇÃO DIGITAL
“OS NOSSOS VALORES ASSENTAM NO TRABALHO DE EQUIPA, O QUE NOS PERMITE SEGURAMENTE SERMOS MAIS EFICIENTES E PRÓ-ATIVOS, BEM COMO NA QUALIDADE DO SERVIÇO QUE PRESTAMOS QUE É PAUTADO PELO RIGOR E QUALIDADE QUE EMPREGAMOS EM CADA TAREFA QUE DESEMPENHAMOS”
repetitivas e consumidoras de tempo para nos focarmos naquilo que realmente interessa que é apoiar os nossos clientes nos seus negócios e investimentos. Tiramos partido também das novas tecnologias para criar canais alternativos de comunicação com os nossos clientes de forma a estarmos mais próximos e acessíveis. Sabemos que ambicionam ser uma referência a nível nacional e internacional, atuando tanto para empresas como individuais. Podemos, assim, afirmar que estes 15 anos de experiência, combinados com esta diversidade de clientes e serviços, é o que permite à Finpartner conseguir responder dos mais simples aos mais complexos desafios? Efetivamente, o percurso que trilhámos até agora permitiu-nos ter contacto com as mais diversas realidades, não só em termos setoriais de áreas de negócio dos nossos clientes, mas também culturais no que toca à fiscalidade e contabilidade praticada em outros países, o que nos dá um know-how que nos permite agarrar novos desafios e superá-los. Não somos ingénuos ao ponto
de pensar que sabemos tudo, nem pouco mais ou menos, até porque na nossa área de atuação isso seria impossível pois existem alterações constantes que nos obrigam a estar em permanente aprendizagem para poder responder da melhor maneira aos novos desafios que vão aparecendo. Contudo, acreditamos que temos uma base sólida que nos permite avançar e explorar novas áreas e como consequência deparamo-nos com novas oportunidades de expansão dos nossos serviços. São uma marca cujos valores impulsionam um trabalho mais eficiente e pró-ativo. De que valores estamos a falar? De que forma estes contribuem para um bom posicionamento da marca no setor onde atua? Os nossos valores assentam no trabalho de equipa, o que nos permite seguramente sermos mais eficientes e pró-ativos, bem como na qualidade do serviço que prestamos que é pautado pelo rigor e qualidade que empregamos em cada tarefa que desempenhamos. O trabalho de equipa é essencial no nosso dia a dia, por termos profissionais com diversas áreas
INÊS MAURÍCIO, DANIELA ESTEVES E CARINA BATISTA
de formação e experiência, a troca de conhecimento enriquece o nosso trabalho, aliado ao facto da proatividade que demonstram, permite-nos estar em constante evolução e descoberta de novas formas de nos destacarmos como um elemento relevante na gestão dos negócios e investimentos dos nossos clientes. A qualidade do serviço que prestamos permite-nos fortalecer a nossa posição no mercado em que atuamos, o facto de termos obtido a certificação de qualidade ISO 9001 obriga-nos a promover e procurar uma melhoria continua. Sem dúvida que a certificação é importante para nós, mas mais do que o “carimbo” o que realmente nos interessa é todo o processo
que está por trás e que nos ajudou a atingir este objetivo. Pois são os processos internos criados e a organização e estruturação do trabalho que permite que o serviço que prestamos tenha uma qualidade, percecionada pelos nossos clientes, superior à que tínhamos no início deste percurso. Acreditamos, que estes dois fatores aliados, permitem-nos ser diferenciadores no mercado que atuamos. A transformação digital é hoje – e cada vez mais – um desígnio nacional que engloba todas as vertentes empresariais, estando por isso incluído o setor da contabilidade. Quão fundamental tem sido para a Finpartner assu-
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O SETOR DA CONTABILIDADE E A TRANSIÇÃO DIGITAL
“A VERDADE É QUE A PANDEMIA ACABOU POR NOS OFERECER DIFERENTES PERSPETIVAS DO NOSSO PAPEL E DO TRABALHO QUE DESEMPENHAMOS E COMO DESEMPENHAMOS"
mir e consolidar a sua posição no mercado no sentido da digitalização? O que mudou? Decididamente que a digitalização e a tecnologia são fundamentais no presente e serão imprescindíveis no futuro de uma forma transversal a todas as áreas de negócio. Na Finpartner, esse salto trouxe-nos um mar de oportunidades, tal como referi anteriormente, o nosso primeiro target foi substituir tarefas rotineiras e consumidoras de tempo que muitas vezes não tem qualquer valor percecionado pelos nossos clientes por robots, o que permitiu que os nossos profissionais tivessem mais tempo para se focar em temas que fazem a diferença na realidade dos clientes. O nosso segundo passo passou por reforçar a validação do nosso trabalho, realizado por cada um dos nossos profissionais, de forma a detetar erros atempadamente, também isto através de automatismos tecnológicos, o que aumentou sem dúvida o rigor do nosso serviço. E mais recentemente criamos ferramentas que nos permitissem estar mais acessíveis e próximos dos nossos clientes como é o exemplo da nossa APP. Seguramente que os desenvolvimentos que já criámos, permitiram-nos estar mais próximos do cliente, termos um papel mais relevante e analítico junto deles, através da apresentação de soluções e incentivos ou da deteção e prevenção de eventuais contingências nos seus negócios e investimentos. A pandemia da COVID-19, acabou por acelerar esta necessidade, pois o distanciamento físico obrigou-nos a procurar mecanismos alter-
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nativos de trabalho e comunicação. A verdade é que a pandemia acabou por nos oferecer diferentes perspetivas do nosso papel e do trabalho que desempenhamos e como desempenhamos. A digitalização documental foi fundamental, pois tipicamente a contabilidade é sinónimo de documentação física e termos sido capaz de ultrapassar esta limitação acabou por nos abrir portas a uma nova forma de trabalhar e de apresentar o nosso trabalho aos clientes. Sendo transversal a todas as áreas de atividade, a transformação digital trouxe consigo inúmeras vantagens. Na área da contabilidade, qual é a relação que existe entre um serviço bem-sucedido, eficiente e competitivo e a digitalização? A tecnologia, é imprescindível em todos os aspetos da nossa vida, e com ela vieram várias exigências que nós como consumidores damos como garantidos sempre que a utilizamos, nomeadamente no que toca à colocação da informação de uma forma tempestiva e acessível a qualquer altura de forma fácil e rápida. A digitalização e os desenvolvimentos tecnológicos de uma forma geral permitem-nos ser mais competitivos e eficientes e na área da contabilidade e da consultoria, acaba por ter um papel fundamental, pois os clientes ao terem informação das suas empresas e investimentos de uma forma rápida permite-lhes tomar decisões com base em informação atual e fiável. No meu ponto de vista o paradigma de o contabilista ser a pessoa que insere informação no sistema e responde a obriga-
ções fiscais tem de mudar, a tecnologia e a digitalização aplicada à nossa área de atuação é um dos passos importantes para que essa mudança tenha lugar. Na Finpartner é isso que procuramos, usar as ferramentas tecnológicas para nos tornarmos mais eficientes e competitivos de forma a que os nossos clientes beneficiem de um serviço diferenciador e de qualidade. No «reverso da moeda», considera que a contabilidade enfrenta efetivamente um grande desafio para se adaptar às novas necessidades tecnológicas das empresas? De que forma? Ainda assim, quão legítimo é afirmar que é uma oportunidade vantajosa para os profissionais da área se diferenciarem? Qualquer mudança, seja ela qual for, apresenta riscos e desafios acrescidos. A área da contabilidade, não é modernizada há muito tempo e ainda persiste a ideia do contabilista como uma personagem cinzenta muito sobrecarregada e que cujo trabalho se limita ao cumprimento de obrigações fiscais. Está na altura dessa imagem ser revertida e a tecnologia é sem dúvida uma forma de o fazer, modernizar e dar valor ao trabalho desempenhado pelos profissionais desta área e que é crucial para a manutenção do tecido empresarial de qualquer país. Sem dúvida que esta transição nos faz deparar com alguns entraves, nomeadamente no que toca à comunicação com diferentes entidades do estado, cujos sistemas informáticos estão em diferentes graus de desenvolvimento e nem
Por fim, observando tudo o que já foi alcançado até à data em todos os países onde a Finpartner atua, quais diria que são as próximas metas a cumprir e projetos a desenvolver? As próximas metas que temos passam por continuar a consolidação das nossas áreas chaves, continuando a certificação de qualidade das mesmas. Manter e reforçar o investimento e desenvolvimento na área tecnológica explorando e criando novos mecanismos que aportem valor aos nossos serviços. Queremos igualmente apostar na transição verde, melhorando o nosso arquivo digital e eliminar ao máximo o uso de papel. Para além de tudo isso a internacionalização da marca continua a ser um dos nossos maiores objetivos pelo que continuaremos a trabalhar nesse sentido.
sempre funcionam adequadamente. A digitalização também obriga a custos acrescidos no que toca à proteção da informação. No nosso setor trabalhamos com muita informação confidencial e o facto de aderirmos à digitalização da mesma, significa que temos de ter sistemas de segurança melhores e mais eficazes para salvaguardar o nosso trabalho e o dos nossos clientes. Apesar de tudo isso, a tecnologia é o futuro, as empresas que não se começarem a preparar para tal terão um grave problema que poderá colocar em causa a sua sobrevivência. ▪
PORTUGAL -
LUXEMBURGO
UMA RELAÇÃO BILATERAL DE COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÓMICO Sendo o Luxemburgo um país com uma das mais importantes comunidades portuguesas no exterior, celebram-se anos de história de uma relação bilateral unida por «laços de sangue» e por uma cooperação vantajosa para o desenvolvimento social e económico de cada um. Numa altura em que a pandemia da COVID-19 acentuou fragilidades e aprofundou desigualdades existentes em todo o mundo, interessa
compreender de que forma Portugal e Luxemburgo continuam a estabelecer parcerias em várias dimensões – política, social, educativa, cultural e empresarial – nas quais as Comunidades e as Marcas têm um peso importante na estreita cooperação e onde ambos os países têm pontos de vista convergentes. Saiba de que forma esta ligação reflete uma comunhão de valores existentes entre Portugal e Luxemburgo.
“A EVOLUÇÃO DA XXXXXXXX WEALINS NO SETOR DE SEGUROS TEM SIDO MUITO POSITIVA E PODEMOS DIZER UMA HISTÓRIA DE SUCESSO. NOS ÚLTIMOS ANOS A COMPANHIA TEM VINDO A AUMENTAR A SUA QUOTA NOS VÁRIOS MERCADOS ONDE ESTÁ PRESENTE, SENDO INCLUSIVE LÍDER DE MERCADO EM ALGUNS DELES” LETÍCIA SOARES, COUNTRY MANAGER PORTUGAL DA WEALINS
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TEMA CAPA
“A Inovação está no centro da nossa Estratégia de Desenvolvimento e faz parte do nosso ADN” A WEALINS, sendo uma companhia com experiência e know-how no desenvolvimento de soluções de seguros de vida e capitalização, encontra-se presente em nove mercados europeus. Assim, a Country Manager Portugal, Letícia Soares, garantiu-nos que a evolução da mesma no setor dos seguros “tem sido muito positiva”, assumindo-se em vários mercados como uma marca líder. Fique a par deste e de outros detalhes.
FOTO: DIANA QUINTELA
As soluções WEALINS são oferecidas a clientes com residência na Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Itália, Noruega, Portugal, Suécia, e claro, no Luxemburgo, - onde se situa a sede. Centrando-se no Luxemburgo, qual é a importância de, no que diz respeito à qualidade de vida dos residentes, usufruírem de estabilidade política, económica e social? Quais são as soluções e vantagens que a WEALINS é capaz de oferecer como um jogador puro luxemburguês? A WEALINS é uma empresa especializada no desenvolvimento de seguros de vida e soluções
FOTO: DIANA QUINTELA
A
WEALINS é uma companhia com experiência e know-how pan-europeu no desenvolvimento de soluções de seguros de vida e capitalização além-fronteiras, presente em nove mercados europeus. A celebrar quase 30 anos de história e sendo um dos principais atores no setor dos seguros de vida no Luxemburgo, como descreve a sua evolução no setor? Que características tem e que a diferenciam das restantes? A evolução da WEALINS no setor de seguros tem sido muito positiva e uma história de sucesso. Nos últimos anos a companhia tem vindo a aumentar a sua quota nos vários mercados onde está presente, sendo inclusive líder de mercado em alguns deles. Apesar de 2020 ter sido um ano atípico, marcado pela crise da COVID-19, a WEALINS registou um crescimento de quase 70% em relação a 2019, com uma produção de 1.7 mil milhões de euros. E posso adiantar que que 2021 está a ser um ano muito positivo. A WEALINS tem várias características que a diferencia das demais, mas considero que as mais importantes são o facto de pertencemos a um grupo sólido, um ADN único, que conta com quase 100 anos de existência e um rácio de solvência superior a 200% - o Grupo Foyer-, termos como um dos nossos pilares a manutenção de um serviço de excelência para nossos parceiros e clientes e flexibilidade e poder de adaptação às mudanças no setor.
de capitalização à medida. Somos um jogador puro luxemburguês principalmente porque pertencemos ao Grupo Foyer, o primeiro grupo privado no Luxemburgo, líder histórico do mercado de seguros local desde 1922, independente de qualquer instituição financeira internacional. Para a WEALINS, a vantagem é que temos um acionista familiar, estável e independente. De um modo geral, o Luxemburgo é reconhecido pela sua exemplar estabilidade política, económica e social (rating AAA, bem como crescimento constante acima da média europeia), uma cultura de estabilidade que tranquiliza os investidores. Além disso, o contrato de seguro de vida luxemburguês oferecido pela WEALINS oferece múltiplas vantagens, incluindo: o regime de proteção do tomador do seguro mais forte na Europa (com o triângulo de segurança), acesso a uma ampla gama de ativos subjacentes e neutralidade fiscal.
“AS EQUIPAS DA WEALINS ESTÃO A DESEMPENHAR UM PAPEL ATIVO NA NOSSA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E PARTICIPAM ATIVAMENTE NOS DIFERENTES PROJETOS DE DIGITALIZAÇÃO” DEZEMBRO 2021 | 37
TEMA CAPA
Sendo uma companhia que se concentra numa abordagem de parcerias exclusivas e que oferece soluções de seguros de vida, quais são os maiores desafios que enfrenta quando tem a sua sede num país como o Luxemburgo? Com o aumento da competitividade, que lacunas ainda têm de ser preenchidas para continuar no caminho traçado até agora? Na verdade, operamos a partir do Luxemburgo. As nossas equipas são multilíngues e multidisciplinares, o que nos permite capitalizar sinergias de competências e conhecimentos (financeiro, jurídico, planejamento patrimonial, comercial, suporte de vendas, back office) em todos os nossos mercados. O nosso entendi“O serviço mento das especificidades que oferecemos aos de cada mercado em que atuamos permite-nos nossos parceiros apoiar cada parceiro e os e clientes, inclui apoiar seus clientes da melhor um cliente que, por razões forma possível. Somos profissionais, pessoais ou reconhecidos pela nossa parceiros têm confamiliares, tenha que excelência operacional e seguido recorrer às os nossos parceiros recocompanhias em que alterar o seu país de mais confiam. Tivemos nhecem a agilidade e o residência” assim um ano recorde profissionalismo das nossas em 2020 em termos de equipas. É uma mais-valia real prémios cobrados, nomeaem relação aos nossos principais concorrentes. Desenvolvemos com damente pela fidelização dos os nossos parceiros uma relação de confiannossos parceiros, mas também pela flexibilidade e adaptabilidade que temos demonsça que nos permite compreender e responder perfeitamente às suas preocupações. O ano de trado. O desafio agora (que estamos a assumir) é 2020 poderia ter questionado essa abordagem manter esta qualidade de serviço no dia a dia. de parceria com a crise Covid-19. Na realidade, conseguimos adaptar-nos rapidamente, por O Luxemburgo é reconhecido como o priexemplo, implementando novos procedimentos meiro centro de distribuição transfronteiriço e adotando novas ferramentas digitais, para nos de seguros de vida na Europa. Graças à pormantermos próximos dos nossos parceiros. Em tabilidade dos contratos, a WEALINS apoia o tempos de incertezas como o de 2020, os nossos cliente de acordo com as mudanças no seu
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FOTO: DIANA QUINTELA
É uma companhia que procura inovar as suas soluções sem nunca descurar da sustentabilidade, aderindo assim à Estratégia de Responsabilidade Social e Corporativa (CSR). Sendo o Luxemburgo um país orientado para o futuro da inovação e finanças sustentáveis, considera que são precisamente estas questões da inovação e sustentabilidade que fazem da WEALINS uma empresa líder no seu setor? De que forma? Estamos atentos às tendências do mercado e às necessidades dos nossos parceiros e clientes. Inovação e finanças sustentáveis são, de facto, duas tendências que estão a atrair grande interesse. O Grupo Foyer e o WEALINS sempre adotaram uma abordagem de CSR e os funcionários são envolvidos por meio de grupos de trabalho dedicados. O Grupo Foyer obteve recentemente o selo ESR (Empresa Socialmente Responsável) emitido pelo INDR (Instituto Nacional de Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social Corporativa). O nosso próximo desafio nesta área será encontrar forma de combinar as preferências ESG (Ambiental, Social e de Governança) dos nossos clientes individuais com uma forte convicção corporativa, bem como o desenvolvimento de critérios ESG.
ambiente familiar e situação profissional em vários países. Como é que funciona na prática? Na realidade o serviço que oferecemos aos nossos parceiros e clientes, inclui apoiar um cliente que, por razões profissionais, pessoais ou familiares, tenha que alterar o seu país de residência. E para isso, a WEALINS trabalha com uma rede independente de especialistas por forma a que os nossos produtos estejam sempre em conformidade com a legislação do novo país de residência do cliente. A portabilidade do contrato de seguro de vida do Luxemburgo significa que o contrato pode acompanhar o tomador do seguro de cada vez que este se altere a sua residência. Na prática, sempre que um cliente já possua uma solução WEALINS contratada e decida mudar a sua residência fiscal, o nosso leque de serviços cobre exatamente a análi-
TEMA CAPA
Os contratos da companhia têm a particularidade de se adaptarem facilmente às restrições legais e fiscais aplicadas em cada país. É toda esta flexibilidade que a WEALINS oferece que dita a qualidade dos seus serviços, tornando-a, claro, num centro de excelência em seguros transfronteiriços? Correto. Para além das nossas equipas internas de desenvolvimento de produtos, que estão sempre atentas às alterações fiscais, legislativas ou outras existentes quer a nível local nos mercados onde disponibilizamos soluções, quer a nível europeu, trabalhamos ainda com especialistas legais e fiscais que validam que todos os nossos produtos estão sempre de acordo com a legislação aplicável ao setor em que atuamos. Afinal não nos podemos esquecer que um seguro de vida é um produto a longo prazo e sendo a WEALINS uma companhia internacional que exerce atividade na Europa através da livre prestação de serviços, a conformidade à lei de todas as soluções que disponibilizamos é essencial para os nossos parceiros e clientes. O Luxemburgo tem um mecanismo de “Triangulo de Segurança”, que oferece ao cliente um dos quadros de segurança mais sólidos da Europa. De que forma é que a companhia ajuda neste sentido? Quais os procedimentos? As regras prudenciais em matéria de seguros de vida no Luxemburgo constituem um modelo de referência de segurança único na Europa. A supervisão do setor dos seguros é realizada pelo Commissariat Aux Assurances (CAA), a autoridade reguladora das companhias de seguros do Luxemburgo. O titular de um contrato de seguro de vida no Luxemburgo beneficia, graças ao quadro regulamentar específico luxemburguês, de uma tripla proteção: segregação dos ativos subjacentes mobiliários dos restantes ativos da companhia; controlo trimestral pelo CAA do equilíbrio entre as provisões técnicas e os ativos subjacentes; o “Super-privilégio” em situação de incumprimento da companhia: o titular de uma apólice de seguro luxemburguesa é um credor privilegiado de primeiro grau destes ativos. O mecanismo de “Triângulo de Segurança” na realidade é uma convenção tripartida entre a companhia, o banco e o regulador (CAA). As companhias no Luxemburgo devem depositar os ativos subjacentes mobiliários numa instituição de crédito autorizada em conformidade com as condições estabelecidas pelo CAA. O depósito de títulos só pode ser efetuado após a assinatura e aprovação pelo CAA desta convenção tripartida. Esta convenção pretende atingir um triplo objetivo: em primeiro lugar, permite garantir que os depósitos de ativos subjacentes às provisões técnicas (Ativos Regulamentados) estão claramente segregados dos outros ativos da com-
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se das eventuais alterações necessárias face à nova jurisdição, para que o produto contratado mantenha a sua classificação enquanto “seguro de vida”, totalmente adaptado como tal à lei vigente desse país, ou seja, com a blindagem necessária para tal.
panhia de seguros (Ativos Livres). A convenção também permite assegurar que estes ativos não sejam onerados com quaisquer garantias, penhoras ou outros ónus que não as dos segurados. E por fim, em situação de incumprimento da Companhia, o CAA tem a possibilidade de proceder ao bloqueio das contas para proteger os direitos dos tomadores de apólices. Que vantagens fiscais poderá um seguro de vida da WEALINS oferecer? Exatamente as mesmas do que qualquer seguro de vida existente nos países onde disponibilizamos soluções. Embora os nossos seguros sejam seguros disponibilizados por uma companhia luxemburguesa, a WEALINS, respeita sempre a legislação tributária, bem como a lei aplicável ao setor dos seguros de vida do país onde o comercializamos. Por exemplo, um seguro de vida em Portugal pode beneficiar de tributação decrescente de acordo com a duração do contrato, previsto no Código do IRS (são excluídos da tributação um ou três quintos do rendimento, se o resgate, adiantamento, remição ou outra forma de antecipação de disponibilidade, bem como o vencimento, ocorrerem depois dos primeiros cinco ou oito anos de vigência do contrato). O nosso contrato de seguro dedicado ao mercado português (Wealins Life Portugal) beneficia exatamente do mesmo. Daí a importância de todos os nossos seguros estarem sempre em conformidade com a lei do país de residência do cliente. Por que motivo é importante subscrever um seguro patrimonial num país como o Luxemburgo? Qual o valor acrescentado oferece a WEALINS? São vários os motivos que levam um cliente a subscrever um contrato de seguro de vida no Luxemburgo. No entanto, considero que os principais são a segurança que o mecanismo do “triângulo de segurança” oferece aos investidores, o facto do Luxemburgo ser um dos poucos países de mundo que ainda mantém um rating AAA, a possibilidade de planear a sucessão através de um seguro de vida e claro as vantagens fiscais que este produto oferece. A apólice de seguro de vida é um instrumento perfeitamente adaptado
A terminar, que inovações e novos projetos estão a ser concebidos para o futuro de um setor cada vez mais inovador? Estará o Luxemburgo um passo à frente destas tendências? A digitalização continuará a desempenhar um papel importante nos próximos anos. Na WEALINS, estamos atualmente a trabalhar na digitalização (subscrição e todas as operações online) dos nossos contratos de seguro em todos os mercados em que atuamos.
às necessidades do planeamento do património e da sucessão. Para a WEALINS, é um instrumento que permite aos tomadores do seguro transmitir o seu património em segurança e de acordo com a sua vontade. A nossa mais-valia é o know-how com quase 30 anos de experiência a comercializar e desenvolver este tipo de solução, tal como a excelência do nosso serviço, reconhecida pelos nossos parceiros. A tecnologia está plenamente enraizada na vida das pessoas e das empresas. Até que ponto é relevante acompanhar a inovação e a transição digital na área dos seguros de vida? Quais são as maiores mudanças que a empresa tem visto a este respeito? A inovação está no centro da nossa estratégia de desenvolvimento e faz parte do nosso ADN. As equipas da WEALINS estão a desempenhar um papel ativo na nossa transformação digital e participam ativamente nos diferentes projetos de digitalização. A crise da Covid-19 em 2020 foi um verdadeiro facilitador da transformação digital no setor de seguros patrimoniais. No entanto, não esperámos pela crise para iniciar a nossa transformação digital, com o objetivo de atender às expectativas dos nossos parceiros e seus clientes que procuram uma oferta digital mais flexível. A nossa abordagem é simplificar o processo de assinatura, tendo sempre em consideração as necessidades específicas de cada cliente para o qual desenvolvemos soluções sob medida. ▪
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PORTUGAL - LUXEMBURGO
A Força de uma Relação Sólida entre Portugal e o Luxemburgo António Gamito, Embaixador de Portugal no Luxemburgo, entrou numa agradável conversa com a Revista Pontos de Vista, onde o debate se centrou na forte relação entre Portugal e Luxemburgo. Entre vários detalhes, revelou o otimismo com que olha para o futuro deste elo. Vamos contar-lhe tudo.
A
Embaixada de Portugal no Luxemburgo tem a missão de elevar a um patamar de excelência uma relação bilateral mais aprofundada e diversificada. Para melhor entender, como nos pode descrever o trabalho que é feito pela Embaixada com foco nesse objetivo? As exportações de Portugal para o Luxemburgo estão ainda muito concentradas em bens e serviços dirigidos sobretudo à Comunidade Portuguesa. No sentido inverso, dado que estão sedeados no Grão-Ducado muitos bancos e fundos de investimento estrangeiros, estes são muito importantes na promoção de Portugal como um dos seus destinos de negócios. Mas não chega. Importa atingir um outro patamar onde, a título de exemplo, o digital, as transições verde e energética, a inteligência artificial, o espaço, as TIC, os serviços financeiros, a saúde e o turismo possam ter uma maior relevância e peso nas balanças comercial, tecnológica e de investimento. Espera-se que uma próxima visita de Estado de S.A.R. os Grão-Duques a Portugal, na qual estamos a trabalhar, possa alavancar estes domínios, melhorando e qualificando a relação bilateral. Enquanto Embaixador afirma que “o desenvolvimento das relações económicas deverá ter dois sentidos e ser diversificado, enveredando por novos e modernos domínios de cooperação”. Neste sentido, qual é a importância dos negócios entre Portugal e o Luxemburgo? Desde que cheguei ao Luxemburgo sempre disse que o relacionamento bilateral teria que ter dois sentidos, ser diversificado e passar para um outro patamar de qualidade e qualificação. Neste contexto, a importância dos negócios entre os dois países pode vir a ser muito melhor e maior. Para isso é necessária mais vontade empresarial e política, assim como um melhor conhecimento das oportunidades que cada país oferece ao outro, o que na Embaixada não nos cansamos de defender e promover. Certo é que a praça financeira luxemburguesa se encontra em segundo lugar no ranking mundial dos fundos de investimento. De que forma a população portuguesa contribui para este feito? São as empresas, ainda em pouco número, alguns
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ANTÓNIO GAMITO
PORTUGAL - LUXEMBURGO
investidores particulares e o Estado que utilizam a praça financeira do Luxemburgo e não a população portuguesa. Apesar de todos os esforços da Embaixada, julgo que em Portugal ainda se olha o Grão-Ducado pela sua dimensão geográfica e não como o país moderno e rico que é, que acolhe cada vez mais quadros portugueses que podem e devem servir de ponte com as instituições públicas e privadas nacionais. Os portugueses são a maior comunidade imigrada no Luxemburgo, representando um quinto da população. Assim sendo, acredita que parte do desenvolvimento de um país como o Luxemburgo se deve aos portugueses? Porquê? Além de acreditar de que a Comunidade Portuguesa que aqui reside e trabalha contribui desde há muitos anos para o PIB do Grão-Ducado, devo acrescentar que são os próprios luxemburgueses, a começar por S.A.R., o Grão-Duque e pelo Governo, que o afirmam publicamente. Com efeito, quer nas áreas tradicionais, como a construção civil, as limpezas, a restauração e hotelaria, quer nos serviços financeiros, nas muitas multinacionais aqui sedeadas e na saúde o trabalho dos portugueses é reconhecido e desejado. Daí continuarem a procurar o país e a ser nele aceites. Tendo em conta a pandemia que ainda atravessamos, qual o impacto da mesma na economia global e em especial no Luxemburgo? Que objetivos para o reforço das relações comerciais entre os países tiveram que ser reformulados? O Luxemburgo não escapou naturalmente à pandemia, tendo geri-la de uma forma cuidadosa e equilibrada no plano interno em termos das medidas sanitárias tomadas, nomeadamente assumindo uma comunicação em língua portuguesa para a Comunidade, reconhecendo assim o seu número e importância estratégica para o país. O processo de vacinação não correu tão bem como em Portugal devido aos “negacionistas”, embora a situação esteja a ser acautelada. No plano da liberdade de circulação de pessoas, o Grão-Ducado sempre defendeu Schengen, nunca encerrando fronteiras, pois precisa dos trabalhadores transfronteiriços para assegurar uma diversidade de atividades. No plano económico e financeiro, o país tomou medidas de apoio às empresas e aos trabalhadores, tendo já recuperado a economia e as finanças para níveis pré pandemia, o que demonstrou a sua resiliência. Naturalmente que a relação comercial bilateral sofreu com o encerramento e a diminuição da produção das empresas, estando agora a ser retomada. A relação sólida entre Portugal e o Luxemburgo é inquestionável. No entanto, muitos são os desafios enfrentados para se chegar a
“A IMPORTÂNCIA DOS NEGÓCIOS ENTRE OS DOIS PAÍSES PODE VIR A SER MUITO MELHOR E MAIOR. PARA ISSO É NECESSÁRIA MAIS VONTADE EMPRESARIAL E POLÍTICA, ASSIM COMO UM MELHOR CONHECIMENTO DAS OPORTUNIDADES QUE CADA PAÍS OFERECE AO OUTRO, O QUE NA EMBAIXADA NÃO NOS CANSAMOS DE DEFENDER E PROMOVER”
uma relação forte como esta. Neste sentido, quais os maiores obstáculos que tiveram de ser encarados? E quais existem ainda por colmatar? Se a excelência da relação política é inquestionável, o mesmo não acontece com a económica, que importa mover para outro patamar, pois existem interesses e complementaridades que tornam esse processo exequível. Sob pena de me repetir, considero que Portugal não pode olhar para o Luxemburgo como um país de pequena dimensão, mas sim como um “hub” colocado no centro de uma Europa muito produtiva e consumidora. Por sua vez, o Luxemburgo deve considerar Portugal como um país moderno e desenvolvido e não através da memória da primeira onda de emigração que chegou ao país nos anos 60 do século passado. Estes dois obstáculos, que classificaria de geracionais, estão a ser todos os dias ultrapassados.
Sabemos que o Luxemburgo desempenha um papel fundamental como centro financeiro e de investimentos. Que mais-valias tem este país para os investidores portugueses? Sendo o Luxemburgo um centro financeiro e de investimento dos mais modernos do mundo, ele torna-se importante para o Estado na gestão da dívida soberana, para as empresas nacionais nos processos de capitalização e para os investimentos, designadamente verdes, em Portugal.
É de extrema relevância a presença do Luxemburgo em espaços de valores e interesses comuns, tal como o estatuto de observador da CPLP. Com que otimismo vê o futuro desta relação entre os dois países? A partilha dos mesmos valores entre os dois países - respeito pelo Estado de Direito, pelos Direitos Humanos, pela Democracia e pela Boa Governação – assim como de interesses comuns em várias regiões do globo, reforçam a aproximação das abordagens de Portugal e do Luxemburgo em espaços como a União Europeia, múltiplas organizações internacionais e outras regionais, como a CPLP, onde a assistência ao desenvolvimento por parte do Luxemburgo se faz sentir em particular em Cabo Verde. Singularizaria ainda o Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, onde a educação, o empoderamento das mulheres e a participação cívica de jovens assume especial relevância. Por outro lado, assiste-se a um quase total apoio mútuo de um país às candidaturas internacionais do outro e vice-versa. E perante os desafios que o século XXI nos coloca, acredito que Portugal e o Luxemburgo não deixarão de marcar presença para lhes fazer face e estar unidos nas soluções a encontrar com o objetivo de garantir um Mundo mais sustentável para os seus povos e os dos espaços a que pertencem. ▪
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PORTUGAL - LUXEMBURGO
Unir Portugal, Bélgica e Luxemburgo: um Propósito CCLBL A Câmara de Comércio Luso-Belga-Luxemburguesa (CCLBL) tem como missão apoiar os seus membros eficazmente. Dentro de uma temática tão atual como esta, foi em conversa com a Revista Pontos de Vista que Yvonne Bernardino, Vice-Presidente e Representante da CCLBL no Luxemburgo, explicou quais as vantagens em ser um membro da mesma, bem como irá ser promovida no futuro a sua modernização. Saiba tudo.
CHANTAL SOHIER E YVONNE BERNARDINO
A
Câmara de Comércio Luso-Belga-Luxemburguesa tem como missão promover as relações comerciais entre os mercados português, belga e luxemburguês, tal como o próprio nome indica. Tendo estes três países como foco, qual é o papel da CCLBL? Que tipo de trabalho é realizado? A CCLBL tem membros que estão maioritariamente localizados/operam nos três países, assim sendo é de primordial importância que a Câmara se mantenha informada da realidade económica, social e cultural em cada um deles. Para isso, a CCLBL conta com a colaboração dos seus parceiros locais em cada um desses países. Através de uma comunicação contínua com os seus membros, a Câmara tem a capacidade de identificar as necessidades de cada um nos diferentes mercados o que permite a criação de uma base de informação em termos de oportunidades e dificuldades em cada país. Desta maneira, a Câmara tem a possibilidade de apoiar os seus membros de uma forma mais relevante e eficaz bem como de responder a pedidos de esclarecimento e colaboração vindos de outras entidades. É ainda importante mencionar que a organização e participação em eventos permite uma interação e dinamização entre indivíduos e empresas dos diferentes países, o que consequentemente impulsiona as relações entre eles.
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“A CCLBL IMPLEMENTOU NO DECORRER DESTE ANO A REPRESENTAÇÃO DE DIFERENTES SETORES ECONÓMICOS A NÍVEL DA SUA ADMINISTRAÇÃO. COM ESTA ABORDAGEM, A CÂMARA PRETENDE QUE EXISTA UMA MAIOR PROXIMIDADE E ACESSIBILIDADE FACILITADA AO ‘KNOW HOW’ DESTES ‘EXPERTS’ NAS SUAS RESPETIVAS ÁREAS DE NEGÓCIO” Sabemos que o Luxemburgo, um dos países com a qual trabalham, é o maior centro financeiro europeu. Que mais-valias este atributo pode trazer à CCLBL tendo em conta as áreas onde atuam? A economia do Luxemburgo é estável, rating AAA, inovadora e vai muito além do seu centro financeiro. Para além da tradicional siderurgia, tem a indústria espacial, sector marítimo, automóvel e mobilidade inteligente (centros tecnológicos de investigação e desenvolvimento), Clean e Health Tech; Logistica e turismo de negócios e congressos. E ainda, ICT, comunicação, produção cinematográfica, de animação e áudio visual. Estes últimos, tão bem conhecidos da maior parte dos portugueses, mas muitas vezes não são associados com o Luxemburgo, um exemplo claro é o Grupo RTL. É exatamente por esta diversidade e estabilidade, pela sua relação histórica com Portugal, pela grande comunidade portuguesa residente no Luxem-
burgo e pelos setores económicos em que ambos os países têm apostado nos últimos anos, que se complementam bem. Existe um grande potencial económico e social a desenvolver entre eles. Por um lado, as atividades económicas, a crescente e incessante procura de mão de obra qualificada no Luxemburgo. E por outro, a realidade empresarial e económica portuguesa, mão de obra qualificada (quer pelo investimento na educação como pela aposta do governo português nos últimos anos para atrair talentos em novas tecnologias) e o merecido reconhecimento da qualidade dos produtos e know-how português pelo público em geral. Daí a CCLBL começar a desenvolver a sua atividade no Luxemburgo. Possuem várias especialidades, nomeadamente o Networking, Organização de Eventos, Ações Comerciais e de Informação, entre
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outras. Que objetivos estão alinhados em cada uma delas para que realizem o trabalho a que se comprometem com sucesso? A CCLBL implementou no decorrer deste ano a representação de diferentes setores económicos a nível da sua administração. Com esta abordagem, a Câmara pretende que exista uma maior proximidade e acessibilidade facilitada ao ‘know how’ destes ‘experts’ nas suas respetivas áreas de negócio. Os representantes de cada setor promovem também a organização de eventos de networking entre empreendedores e empresas relacionados ou com interesse na área. A Câmara apoia na promoção dos diferentes produtos e serviços oferecidos pelos seus membros através dos canais digitais da CCLBL. Finalmente, a CCLBL permite aos seus membros terem visibilidade e acesso a eventos relacionados com investimento e apoios públicos disponíveis. Para que a Câmara proporcione oportunidades de qualidade e relevantes às necessidades dos seus membros, é pontualmente organizado um questionário que procura precisamente identificar as propostas dos membros para que seja criada uma sinergia da qual ambas as partes podem beneficiar. Estabelecer relações comerciais entre Portugal, Bélgica e Luxemburgo, - não sendo já um propósito recente – o que significa nos dias de hoje? O que tem vindo a mudar nestas relações? É certo que o propósito da CCLBL sempre foi o de promover e reforçar as relações económicas, sociais e culturais entre os três países que esta representa. Contudo, à medida que o tempo passa este objetivo vai adquirindo novas dimensões e exigindo diferentes respostas. Neste momento, temos verificado um grande crescimento em termos de empreendedorismo quer derivado pela inovação ou pela necessidade de adaptação às exigências do mercado. Assim sendo, a Câmara tem focado na comunicação e promoção da atratividade e apoios a nível social e económico disponíveis nestes países. Para além disso, e tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais interligado, a Câmara tem investido na criação de contatos e reforçando as relações com diferentes instituições e organizações nos três países (e.g. instituições de Trade & Investment, Associações Empresariais, outras Câmaras de Comércio, entre outros). Quais são as maiores vantagens em ser um membro da CCLBL? De uma forma sucinta, os membros da CCLBL têm benefícios em seis áreas-chave. A primeira é ‘Networking’ quer através da sua rede de contatos ou dos representantes de setor. Ainda inserido neste tópico, a Câmara oferece acesso gratuito à plataforma online de ‘matchmaking’ para negócios CONNECTS. A segunda é a ‘Promoção’ quer seja de eventos, de produtos, ofertas de trabalho, e de qualquer outra informação que os nossos membros gostassem de ver partilhadas através dos canais digitais da Câmara e da sua Newsletter mensal. A terceira é na ‘Facilitação’ que consiste em criar uma ligação entre as empresas e instituições que possam auxiliar na resolução das suas questões como Aicep, FIT, AWEX, Hub Brussels, Lux Innovation,
“A CÂMARA TEM A POSSIBILIDADE DE APOIAR OS SEUS MEMBROS DE UMA FORMA MAIS RELEVANTE E EFICAZ BEM COMO DE RESPONDER A PEDIDOS DE ESCLARECIMENTO E COLABORAÇÃO VINDOS DE OUTRAS ENTIDADES” entre outros. Para além disso, a CCLBL introduziu recentemente o programa ‘Meet the Experts’, que visa a colocar empresas e indivíduos interessados em investir ou a se instalarem em Portugal, frente a frente com especialistas que poderão esclarecer as suas questões relativas a este processo. O programa ‘Meet the Experts foi desenvolvido para apoiar empreendedores e empresários. A quarta é ‘Pesquisa’ quer a nível de um determinado mercado ou de outro assunto, a Câmara reúne o máximo de informação possível para esclarecer as questões que são colocadas. A quinta são os ‘Eventos’ que a Câmara organiza e se disponibiliza a coorganizar a apoiar na sua promoção em parceria com os seus membros e dos quais estes beneficiarão ainda de um acesso privilegiado e antecipado. Finalmente, a sexta é nas ofertas exclusivas ‘Membro para membro’ que consiste em descontos, promoções ou prioridade em produtos ou serviços providenciados por e para os membros da CCLBL. Para saber mais sobre os benefícios que a Câmara oferece aos seus membros, podem consultar o nosso site. É de conhecimento geral que o número de portugueses a emigrar para o Luxemburgo todos os anos aumenta. De que forma é que este facto impulsiona as relações entre os países? Podemos afirmar que o crescimento do Luxemburgo muito se deve aos portugueses? A contribuição da comunidade portuguesa para o desenvolvimento do Luxemburgo é indiscutível. Pela sua “longevidade”, tamanho, integração e diversidade. Segundo dados recentes vivem atualmente no Luxemburgo 120.000 portugueses, este número estagnou a partir de 2017 e mais recentemente baixou ligeiramente. É uma comunidade bem integrada e muito diversa e isso reflete-se na variedade de atividades económicas existentes entre os dois países. Esta apresenta um grande dinamismo, trabalha e cria empresas que vão de setores tradicionalmente ligados ao início da imigração portuguesa no Luxemburgo, como a construção civil, limpezas, logística, mas também às finanças, média e educação, entre muitas outras. Atualmente grande parte da população do Luxemburgo tem alguma ligação com Portugal: as ditas segundas e terceiras gerações. Estas pessoas, muitas vezes altamente qualificadas, são reais “embaixadores” de ideias novas, porque tem uma ligação forte aos dois países, um bom conhecimento das línguas e das realidades sociais, políticas e económicas de ambos os países. Representam uma geração móbil e digital. A comunidade portuguesa, é certamente um impulso muito importante para a continuação de relações existentes, mas também para a emergência de novos projetos, produtos e
Certo é que a CCLBL tem vindo a reforçar a sua presença em Portugal contando atualmente com oficiais de ligação no Porto e em Braga, no sentido de aproximar as empresas no norte do país. Qual a importância desta expansão? Através dos Liaison Officers, a CCLBL consegue uma maior proximidade com os seus membros a nível regional permitindo assim um acesso facilitado aos seus serviços. Para além disso, existe a vantagem indiscutível de poder contar com um representante a nível local que poderá fornecer informação detalhada e atualizada das oportunidades quer a nível de networking, investimento e financiamento. na região. A Câmara espera no futuro poder aumentar a sua presença física no território nacional, nomeadamente no centro, sul e regiões autónomas do país. Para além da presença física em Portugal, a Câmara conta com representação no Luxemburgo através da Vice-Presidente Yvonne Bernardino.
oportunidades. Gostaria de salientar que a imigração é uma via de dois sentidos. De acordo com dados oficiais portugueses em 2019, cerca de 300 luxemburgueses residiam em Portugal. Já é habitual a realização de seminários, feiras, missões económicas, entre outros eventos, em vários setores como a energia, transportes, meio ambiente, saúde… O que podemos esperar da CCLBL daqui para a frente? Continuaremos com a modernização da CCLBL – governance, novos serviços, comunicação e imagem, alargar a nossa rede de liaison officers. Quanto a eventos, estamos a preparar alguns para o primeiro semestre de 2022, que dependendo das medidas sanitárias no momento, serão em modo presencial, digital ou híbrido. A título de exemplo, temos um evento que está a ser preparado conjuntamente com instituições luxemburguesas para empresas que queiram investir em Portugal. Para além deste, outros eventos estão a ser preparados com membros e empresas de renome e que envolvem por vezes os 3 países – Portugal, Luxemburgo e Bélgica. Durante estes eventos, planeamos utilizar produtos e tecnologia de alguns dos nossos membros luxemburgueses, tendo assim a oportunidade de inovar e mostrar interativamente o que os nossos membros fazem – win-win. ▪
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"Acredito que a receita do Sucesso está na nossa presença nos mercados Português e Luxemburguês" «Tendo em conta a nova realidade do negócio, procuro a inspiração e criatividade nas necessidades mais prementes que o mercado exige». É desta forma que desde 2008, Victor Cunha, Fundador e CEO da C PARTNERS GROUP, ajuda os empresários e as PME a tomar decisões importantes e a alcançar os seus objetivos através desta que é a sua marca. Saiba de que forma.
T
endo um percurso profissional diversificado e com inúmeros projetos no portefólio, como nos pode descrever o mesmo até ao momento? Cheguei ao Luxemburgo com três anos de idade oriundo de uma pequena aldeia perto de Penacova. Hoje com 43 anos e mais de 20 de experiência profissional, diversificada no Luxemburgo e em Portugal, os meus projetos continuam a desenvolver-se a 200% e não pretendo ficar por aqui! Aos 20 anos, comecei a minha carreira profissional na contabilidade. Volvidos cinco anos, juntei-me a uma equipa com serviços internacionais onde pude evoluir até ser Responsável Geral do departamento Contabilidade. Aos 30 tomei a decisão de criar a C PARTNERS GROUP. Foi uma atitude corajosa na conjetura atual mas revelou-se uma boa decisão. Dou valor ao trabalho de equipa mantendo uma relação vertical
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sidades das PME ? Que serviços podemos aqui encontrar ? Os serviços das nossas filiais são os seguintes: - Management advice, financial planning - Accounting, tax and HR - Incorporation of companies, domiciliation and other legal services - Business Management Platform - Consulting in IT infrastructures and solutions - Software development (web and mobile) - Marketing & Communication - Short-term real estate rental VICTOR CUNHA
transparente. Valorizo todos aqueles que se esforçam e mantenho uma abertura constante para os integrar nos capitais das empresas.
empresas sediadas no Luxemburgo e em Portugal, para apoiar os trabalhadores independentes e as PMEs em todos os seus projetos.
Para melhor entender, em que consiste esta marca? A C PARTNERS GROUP integra
De que forma as empresas integradas na C PARTNERS GROUP respondem aos pedidos e neces-
Sabemos que as PME e os trabalhadores independentes (o público-alvo da marca) têm de contar com um parceiro comprometido com as suas necessidades. Assim, de que forma a C PARTNERS GROUP se distingue no mercado dos seus concorrentes ? Acredito que a receita do sucesso está na nossa presença nos merca-
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C PARTNERS GROUP –
YOUR BUSINESS PROMOTER A jornada de sucesso começou quando, aos 20 anos, Victor Cunha ingressou pelo universo dos negócios. A iniciar a sua carreira profissional em Contabilidade, dez anos depois angariou a coragem necessária para liderar o projeto C PARTNERS GROUP e ter um admirável percurso como empresário no Luxemburgo e em Portugal. Até então, as conquistas da sua marca são inquestionáveis : com uma equipa dinâmica e em constante evolução, todos os ingredientes estão juntos para tornar a experiência do cliente a melhor possível. Com serviços desde Accounting, tax and HR, Business Management Platform, Software development (web and mobile), Marketing e Communication, entre outros, os projetos continuam a evoluir a 200% e a promessa é que não ficará por aqui. dos português e luxemburguês. A nossa grande atratividade e o que nos coloca numa posição muitíssimo favorável em relação aos nossos clientes lusófonos no Luxemburgo, passa pela facilidade de comunicação, pelos serviços adaptados aos dois mercados e a agilidade em termos legais, logísticos e temporais. Com a globalização, o conhecimento e presença no mercado português e luxemburguês é realmente crucial, sobretudo na nossa atividade. Também, em inúmeras situações, destacamo-nos pelas sólidas parcerias, locais e internacionais, nomeadamente com instituições bancárias, advogados e notários. Posto isto, tenho a enaltecer o notável trabalho e cooperação entre as empresas do grupo, no Luxemburgo e Portugal, que nos permite conceber conselhos, soluções lógicas, estruturadas e adaptadas aos projetos dos nossos clientes. Além disso, temos clientes de várias nacionalidades. A gestão, contabilidade e aconselhamento fiscal são muito requisitados, o que é normal pois, para o bom funcionamento de qualquer empresa, seja ela pequena ou de grande
dimensão, é necessário aconselhamento profissional. Com uma localização geográfica já bastante alargada, em que locais podemos atualmente encontrar os escritórios da C PARTNERS GROUP? Temos três escritórios. Um em Bertrange no Luxemburgo e dois em Portugal, em Lisboa e Coimbra. A equipa é o motor de sucesso de qualquer empresa e na C PARTNERS GROUP não é diferente. Assim, como caracteriza a sua equipa? Somos uma equipa dinâmica, em constante reflexão, questionando-se diariamente, de forma a evoluir e melhorar a cada dia. Temos orgulho em ter na nossa equipa pessoas que estão no Grupo desde o início. É um grupo diversificado, com soluções à medida dos clientes, presente em Portugal e no Luxemburgo. Temos também uma política interna de igualdade em termos de responsabilidades e salários entre homens e mulheres. Sendo o Victor Cunha o Fundador e CEO da C PARTNERS
"A NOSSA GRANDE ATRATIVIDADE E O QUE NOS COLOCA NUMA POSIÇÃO MUITÍSSIMO FAVORÁVEL EM RELAÇÃO AOS NOSSOS CLIENTES LUSÓFONOS NO LUXEMBURGO, PASSA PELA FACILIDADE DE COMUNICAÇÃO, PELOS SERVIÇOS ADAPTADOS AOS DOIS MERCADOS E A AGILIDADE EM TERMOS LEGAIS, LOGÍSTICOS E TEMPORAIS"
GROUP, o know-how que adquiriu ao longo dos tempos tem vindo a ser um elemento crucial para a empresa. Assim, e tendo em conta o conhecimento do mercado que possui, como perspetiva o futuro destes empresários? Tendo em conta a nova realidade do negócio, procuro a inspiração e criatividade nas necessidades mais
permentes que o mercado exige. Para isso a digitalização já não é o futuro, é presente. A plataforma FERA.LU, é um dos exemplos que tem sido desenvolvido. Acreditamos que irá ajudar os empresários a tomar decisões importantes, alcançar os seus objectivos e a transformar a experiência do cliente. ▪
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“O Luxemburgo tem grande Tradição de empresas como a TMF” Para a TMF Group, empresa especializada na prestação de serviços administrativos e de contabilidade, a missão é clara: ser parceira dos clientes, auxiliando cada um dos seus negócios. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, Mariana Veríssimo, Country Leader, falou-nos acerca da presença da marca num país como o Luxemburgo, bem como dos passos que estão a começar a dar em Portugal. Saiba tudo.
A
MARIANA VERÍSSIMO
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FOTO: DIANA QUINTELA
TMF Group trabalha lado a lado com consultores e advogados globais, apoiando os seus clientes com uma expertise local dedicada que cobre mais de 80 jurisdições a partir de 120 escritórios próprios. Sendo uma prestadora de serviços líder de compliance, payroll, contabilidade e serviços administrativos, como nos pode descrever a evolução desta empresa – e em particular no mercado português? A TMF Group surge na Holanda no fim dos anos 80 e foi fazendo o seu caminho e construindo a sua reputação ao longo destes 33 anos. Os escritórios mais emblemáticos na Europa, a par da Holanda, são, sem dúvida o do Luxemburgo e o de Espanha (cerca de 400 e 260 empregados, respetivamente). Em Portugal o trajeto é curto ainda, mas tem mostrado uma excelente evolução”. Isto para dar uma perspetiva positiva do escritório em Portugal apesar da sua curta longevidade. Em termos de empregados houve um crescimento de dez para 35 pessoas, aumentámos a nossa base de clientes em 87% e crescemos 172% em termos de vendas. Atendendo a que metade da nossa existência foi em pandemia, não nos podemos queixar. Esta evolução só foi possível devido à dedicação e esforço da equipa, de nos termos unido em prol de cuidarmos de nós próprios para podermos cuidar dos outros e dos clientes. Estou muito agradecida ao espírito de equipa que se criou. Dada a extensão do alcance da TMF Group e da sua rede totalmente própria, é a única organização de serviços profissionais no mundo a juntar os serviços corporativos essenciais para o sucesso de empresas investindo, operando e expandido em múltiplas jurisdições. Este modelo de negócio é o que marca a identidade da empresa? Porquê? Sim. A TMF presta toda a gama de serviços e não é vulgar encontrar um prestador de serviços com todas as linhas integradas: contabilidade, tax compliance, secretariado corporativo, processamento de salários, diretores, domiciliação. Isto distingue a TMF nas várias jurisdições. Quem nos procura já sabe que pode contar com soluções integradas num espírito de “one stop shop”. Os clientes, particularmente os que são globais, dão valor a falarem com um único interlocutor.
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No seio da atividade da TMF Group, quais as principais diferenças no modus operandi e da resposta do mercado entre Portugal e o Luxemburgo? O que destacaria ao realçar as vantagens competitivas de ambos os países? Portugal é um país mais operacional e o Luxemburgo é tipicamente uma jurisdição de “holding companies”. Há serviços que são prestados em Portugal e que têm grande relevo (para a TMF Portugal), que não são tão significativos no Luxemburgo, como por exemplo o de processamento de salários. Por outro lado, o mercado de capitais está mais desenvolvido na TMF Luxemburgo bem como o departamento regulatório (que abarca os serviços de MDR/ DAC6, FATCA, CRS). Portugal tem vantagem competitiva no que toca às empresas que cá se querem instalar para beneficiar de um melhor preço para a sua mão de obra. Por seu turno, a TMF Luxemburgo abarca mais serviços, por estar num mercado mais maduro e sofisticado, onde as próprias entidades reguladoras dão respostas a muitas questões, orientando as empresas no modo como devem prosseguir, sempre numa perspetiva de facilitar o negócio. Em Portugal, ainda não sinto essa abertura das nossas entidades reguladoras.
aumentou os níveis de procedimentos e burocracia, o que faz com que os clientes nos procurem, também, por causa disso. Não acho que seja mais fácil simplificar os processos administrativos, nem no Luxemburgo, nem em nenhuma jurisdição. Acho, simplesmente, que cada vez é mais premente dar esta ajuda ao cliente, antecipar pedidos e evitar bloqueios. É uma parte significativa do nosso trabalho e o cliente agradece não ter de tratar dela.
FOTO: DIANA QUINTELA
“Global Reach; Local Knowledge”, é um dos slogans que a TMF Group defende. Assim, e tendo em conta o know-how global que adquire de mais de 80 países, de que forma o (hoje conhecido) clássico e deslumbrante Luxemburgo se tem tornado num «grande» país da Europa da atualidade? Eu sou suspeita porque vivi no Luxemburgo 11 anos e tenho as melhores recordações desse “pequeno grande país”. O Luxemburgo tem grande tradição de empresas como a TMF. Sendo uma praça financeira de relevo na Europa (ainda mais, depois do Brexit) o Luxemburgo conjuga diversas nacionalidades e línguas num ambiente sofisticado, moderno e politicamente estável. Isso conjugado com a panóplia de tratados de dupla tributação assinados pelo Luxemburgo bem como a qualidade dos prestadores de serviços, torna-o um país muito competitivo. Apesar da sua dimensão, é sem dúvida um “grande país”. A interação da TMF Luxemburgo com a TMF Portugal é muito boa e partilhamos alguns clientes.
“QUEM NOS PROCURA JÁ SABE QUE PODE CONTAR COM SOLUÇÕES INTEGRADAS NUM ESPÍRITO DE “ONE STOP SHOP”. OS CLIENTES, PARTICULARMENTE OS QUE SÃO GLOBAIS, DÃO VALOR A FALAREM COM UM ÚNICO INTERLOCUTOR" Sendo o conceito da marca TMF Group “simplifying complexity”, quão legítimo é afirmar que hoje – cada vez mais – é “fácil” simplificar os processos administrativos mais complexos num país como o Luxemburgo? A missão da TMF Group, em todo o mundo, é deixar que o cliente se centre e se dedique àquilo que sabe fazer: o seu negócio. A TMF quer ser parceira do cliente e tornar-lhe a vida mais fácil, ocupando-se da parte burocrática que – cada vez mais - é exigida em cada jurisdição. O Luxemburgo não é exceção. Vivemos num mundo cada vez mais regulado, onde a transparência é cada vez mais importante. Isto
Sendo Country Leader da TMF Group em Portugal, que significado e importância as mudanças recentes de instalações trazem à marca e ao mercado português? O significado é o crescimento e a consolidação. A TMF Group é uma marca sobejamente conhecida no mundo e Portugal não deve ser exceção. Temos um caminho a percorrer no mercado Português e estamos a trilhar esse caminho. Novas instalações são um sinal positivo e dinâmico, para uma equipa também ela nova e dinâmica. Para o futuro a médio e longo prazo, como idealiza a atividade da TMF Group e o seu posicionamento no mercado – sendo desde já uma poderosa e consolidada empresa? Avizinha-se algum desafio/projeto? Em Portugal a TMF ainda não é o prestador de serviços de referência. E é aí que queremos chegar. É aí que nos queremos posicionar. Temos três anos de existência e, como disse, estamos a trilhar o nosso caminho. É preciso estarmos atentos à retoma do mercado, nunca abandonar as nossas pessoas, nem os nossos clientes, para consolidarmos o crescimento e o continuarmos de forma sustentada. Desafios há sempre. Para mim o maior é o da retenção de talento. Com a retoma do mercado e depois de tanto tempo em casa as pessoas começam inevitavelmente a “olhar para o lado”. Para sermos o prestador de serviços de referência teremos de ambicionar ser o empregador de referência também. Para isso fazemos constantes inquéritos de satisfação, delineamos planos de ação, apostamos na formação, no recrutamento sustentado, na flexibilidade. Equipa feliz leva a clientes felizes. Não tenho dúvidas que o maior desafio numa empresa são as pessoas. Sem elas, nada funciona. E há que semear para colher. ▪
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“Luxembourg has a great Tradition of companies like TMF” For TMF Group, a company specializing in the provision of administrative and accounting services, the mission is clear: to partner with clients, helping their businesses. In conversation with Ponto de Vista Magazine, Mariana Veríssimo, Country Leader, spoke to us about the brand’s presence in a country like Luxembourg, as well as the steps they are starting to take in Portugal. Know everything.
T
MF Group works closely with global consultants and lawyers, supporting its clients with dedicated local expertise that spans more than 80 jurisdictions from 120 owned offices. As a leading provider of compliance, payroll, accounting and administrative services, how can you describe the evolution of this company – and in particular in the Portuguese market? TMF Group started in the Netherlands at the end of the 80’s and has been making its way and building its reputation over these 33 years. The most emblematic offices in Europe, alongside the Netherlands, are undoubtedly those in Luxembourg and Spain (around 400 and 260 employees, respectively). In Portugal, the path is still short. It started in 2018 and has shown good progress. In terms of employees, there was a growth from 10 to 35 people, we increased our customer base by 87% and grew by 172% in terms of sales. Given that half of our existence has been during the pandemic scenario, we cannot complain. This evolution was only possible due to the dedication and effort of the team, who was dedicated to care of ourselves in order to be able to take care of others and customers. I am very grateful for the team spirit and resilience that was created.
MARIANA VERÍSSIMO
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Given the breadth of TMF Group’s reach and its wholly owned network, it is the only professional services organization in the world to bring together the business services essential to the success of companies investing, operating and expanding in multiple jurisdictions. Is this business model what marks the company’s identity? Why? Yes. TMF provides the full range of services and it is not common to find a service provider with all lines integrated: accounting, tax compliance, corporate secretariat, payroll, directors, domiciliation. This distinguishes TMF across jurisdictions. Those who come to us already know that they can count on integrated solutions in a “one stop shop” spirit. Customers, particularly those who are global, value talking to a single point of contact. “Global Reach; Local Knowledge”, is one of the slogans that TMF Group defends. So, and taking into account the global know-how that
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diction. Luxembourg is no exception. We live in an increasingly regulated world, where transparency is more and more important. This has raised the levels of procedures and bureaucracy, which causes customers to come to us, too, for that. I do not think it is any easier to simplify administrative processes, neither in Luxembourg nor in any other jurisdiction. I simply think that it is more and more urgent to give this help to the customer, anticipate orders and avoid blocking points. It’s a significant part of our work and the client appreciates not having to do it.
Within TMF Group’s activity, what are the main differences in the modus operandi and market response between Portugal and Luxembourg? What would you highlight when highlighting the competitive advantages of both countries? Portugal is a more operational country and Luxembourg is typically a “holding companies” jurisdiction. There are services provided in Portugal that are of great importance (for TMF Portugal), which are not as significant in Luxembourg, such as payroll services. On the other hand, the capital markets department is more developed at TMF Luxembourg as well as the regulatory department (which includes MDR/DAC6, FATCA, CRS services). Portugal has a competitive advantage when it comes to companies that want to settle here in order to benefit from a better price for their workforce. In turn, TMF Luxembourg encompasses more services, as it is in a more mature and sophisticated market, where the regulatory authorities themselves provide answers to many questions, guiding companies on how to proceed, always with a view to facilitating business. In Portugal, I still don’t feel this openness in the dialogue with our regulatory bodies. Since the TMF Group brand concept is “simplifying complexity”, how legitimate is it to say that today – increasingly – it is “easy” to simpli-
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it acquires from more than 80 countries, how has the (now known) classic and dazzling Luxembourg become a “great” country in Europe today? I’m suspicious because I’ve lived in Luxembourg for 11 years and I have the best memories of this “big little country”. Luxembourg has a long tradition of companies like TMF. As a prominent financial center in Europe (even more so after Brexit) Luxembourg combines different nationalities and languages in a sophisticated, modern and politically stable environment. This, combined with the diversity of double taxation treaties signed by Luxembourg as well as the quality of service providers, makes it a very competitive country. Despite its size, it is a “great country”. The interaction between TMF Luxembourg and TMF Portugal is very good and we share some clients.
“THOSE WHO COME TO US ALREADY KNOW THAT THEY CAN COUNT ON INTEGRATED SOLUTIONS IN A “ONE STOP SHOP” SPIRIT. CUSTOMERS, PARTICULARLY THOSE WHO ARE GLOBAL, VALUE TALKING TO A SINGLE POINT OF CONTACT” fy the most complex administrative processes in a country like Luxembourg? TMF Group’s mission, around the world, is to let the customer focus and dedicate himself to what he knows how to do: his business. TMF wants to partner with the client and make their life easier, taking care of the bureaucratic part that – increasingly – is required in each juris-
As Country Leader of TMF Group in Portugal, what significance and importance do recent changes in facilities bring to the Portuguese brand and market? The new office means growth and consolidation. TMF Group is a well-known brand in the world and Portugal should be no exception. We have a way to go in the Portuguese market and we are on that way. New premises are a positive and dynamic sign, for a team that is also new and dynamic to create and foster its identity. For the medium and long term future, how do you envision the activity of TMF Group and its position in the market – already being a powerful and consolidated company? Is there any challenge/project ahead? In Portugal, TMF is not yet the reference service provider. And that is where we want to get. That is where we want to position ourselves. We have three years of existence and, as I said, we are building our own way. We must be attentive to the market recovery, never abandoning our people or our customers, in order to consolidate growth and continue it in a sustained manner. Challenges are always there. For me the biggest is the retention of talent. With the recovery of the market and after such a long period at home, people inevitably start to “look on the side”. To be the reference service provider we will have to aspire to be the reference employer as well. For this we carry out constant satisfaction surveys, outline action plans, invest in training, IT, sustained recruitment and flexibility. Happy team leads to happy customers. I have no doubts that the biggest challenge in a company is people. Without them, nothing works. ▪
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A Missão: Erradicar o Tráfico Humano A problemática do tráfico humano tem vindo cada vez mais a ganhar importância, tanto no Luxemburgo, onde – infelizmente e a olhos vivos – ele acontece, como no mundo inteiro. Dentro deste tema tão necessário a todos, Marta Ventura Correia, Diretora Executiva do Insight Project, alertou para o perigo do assunto e deu a conhecer ainda de que forma todos podemos contribuir para erradicá-lo. Saiba tudo.
O
Projeto Insight tem como missão dar voz à comunidade Luxemburguesa, de maneira a conseguir vingar nos direitos dos mais desfavorecidos. Como e quando surgiu a vontade de realizar um projeto tão nobre como este? O tráfico de seres humanos é uma realidade com um impacto económico comparável ao do tráfico de armas e de droga. Estima-se que por ano sejam traficadas milhões de pessoas em todo o mundo. As últimas estatísticas da Organização Internacional do Trabalho estimam mais de 40 milhões de pessoas em situação de escravatura moderna. Como advogada de direitos humanos, estive a colaborar com diferentes ONGs na luta contra o tráfico humano na Índia, Uganda e Gana por mais de cinco anos. A minha experiência mostrou-me que do pobre ao rico, do analfabeto ao letrado, todos estão em risco de serem traficados (mesmo crianças e adolescentes através da exploração on-line) e necessitam de ser resgatados do cativeiro onde se encontram. O Luxemburgo não está imune a este fenómeno o que traz consequências problemáticas como: o crime organizado, a exploração sexual e laboral, violações de Direitos Humanos e quebra de suportes familiares e comunitários. Por isso em 2020 foi establecida no Luxemburgo a associação The Insight Project Asbl. É um projeto que intervém diretamente na comunidade das pessoas mais vulneráveis do Luxemburgo, com o propósito de prevenir situações de tráfico de pessoas. Que passos serão imprescindíveis neste caminho? Para além de ações de consciencialização em escolas, empresas, na comunidade local e divulgação nas redes sociais (através das quais já duas vitimas de tráfico humano nos contactaram), a nossa equipa de voluntários tem um contacto direto com profissionais da indústria do sexo, procurando dar-lhes oportunidades de saída, bem como, uma espaço de permanência semanal onde as nossas beneficiárias podem aprender francês, inglês, preparar o CV, obter aconselhamento jurídico e psicológico. Este espaço possibilita um aprofundamento de relacionamento com os mais vulneráveis e identificação de possíveis casos de tráfico humano ou em risco.
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MARTA VENTURA CORREIA
“A MINHA EXPERIÊNCIA MOSTROU-ME QUE DO POBRE AO RICO, DO ANALFABETO AO LETRADO, TODOS ESTÃO EM RISCO DE SEREM TRAFICADOS (MESMO CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATRAVÉS DA EXPLORAÇÃO ON-LINE) E NECESSITAM DE SER RESGATADOS DO CATIVEIRO ONDE SE ENCONTRAM”
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Afirmam acreditar que a comunidade do Luxemburgo unida e em ação pode fazer a diferença. De que forma sensibilizam os luxemburgueses a aderirem a esta atividade? Qual o processo desde o seu começo até à sua realização? Para se atuar e combater este fenómeno a nível nacional, é exigido o seu conhecimento. Mais conhecimento significa uma melhor e maior adequação e adaptação das políticas de intervenção. Consideramos de extrema importância falar sobre este tema, de forma que possa haver uma maior consciencialização do problema, entender que não acontece só em países longe do Luxemburgo, mas pode estar mesmo na porta ao lado, e como podemos agir de forma correta caso estejamos perante um caso destes. Temos diversas campanhas de prevenção para crianças, adolescentes e jovens apoiados pelo projecto In: Cubator (Service Nationale de la Jeunesse – Ministèrio da Educação). Para o público geral temos ainda diversas ações de divulgação e conscientização e organizamos no Luxemburgo a caminhada pela liberdade que é organizada mundialmente pela ONG A21. No ano de 2020, no âmbito do Global Freedom Summit, convidamos os nossos parceiros institucionais e não-governamentais para um colóquio sobre a situação do tráfico humano no Luxemburgo. No seguimento da dita conferência, foram enviadas diversas cartas à Ministra da Justiça do Luxemburgo, Mme. Sam Tanson. Estamos ainda a preparar uma questão parlamentar relativamente à inexistência de investigação contra a sociedade Luxemburguesa que detém a plataforma on-line “PornHub”, que tem sido alvo de investigação por parte de autoridades judiciais estrangeiras por facilitarem a divulgação de material de imagens pornográficas infantis; e uma outra relativa à aplicação de penas mais severas para os traficantes condenados. Quais os maiores desafios/obstáculos que encontram na hora de colocar o projeto em prática? Acreditamos que não existe um efetivo bloqueio ao tráfico humano no Luxemburgo, nomedamente, pelas sentenças a que os traficantes condenados estão sujeitos. No Luxemburgo em 2018, quatro traficantes receberam sentenças parcialmente suspensas e foram condenados com penas de prisão entre 12 e 18 meses. Em média, os traficantes foram condenados a 15 meses de prisão. Um decréscimo visto que em 2016 a média de condenações foi de 19,75 meses. É imprescindível o trabalho com os tribunais por forma a que estes comecem a proferir sentenças mais pesadas e mais próximas da pena máxima prevista no enquadramento jurídico-penal luxemburguês de dez anos por forma a podermos deter o crime de tráfico humano. O que, na opinião da Marta Ventura Correia, ainda falta para que no Luxemburgo se consiga efetivamente chegar a uma igualdade social e erradicar o tráfico humano? Apenas podemos combater um crime económico como o tráfico humano se aumentarmos o risco de prisão, de arresto de bens, de reputação e diminuirmos a procura desses mesmos produtos ou serviços através das nossas escolhas de consumo
pre dizer que, após a nossa assistência, ambas estão neste momento a trabalhar como empregadas de limpeza e fora da prostituição forçada a que a situação económica provocada pela pandemia as tinha levado.
consciente e responsável. A União Europeia está efetivamente a dar passos para que o setor empresarial a atuar no espaço europeu seja responsável por auditorias internas relativas ao cumprimento dos direitos humanos na empresa, bem como ao nível dos seus fornecedores e prestadores de serviços sub-contratados. A pressão pública e mediática, juntamente com este novo enquadramento legal a ser implementado pela União Europeia, e penas efetivas e severas para os traficantes condenados, pode levar à erradicação do tráfico humano no Luxemburgo. Quais as maiores diferenças que nota no país onde atuam desde o começo do projeto até à data de hoje? Hoje a realidade é diferente de quando começámos. Notamos que as vítimas conhecem melhor os seus direitos, a comunidade local está mais informada sobre a realidade escondida do país, dos riscos de abusos de crianças e adolescentes on-line, mas ainda há muitos que se encontram alheados desta realidade. Isto pode levar a que os casos de tráfico humano se multipliquem uma vez que há uma coisa importante a reter: o tráfico humano confunde-se com muitos outros crimes. Por vezes parece rapto, auxílio à imigração, prostituição, abuso infantil. Sendo difícil de provar é também difícil de incriminar. Necessitamos de uma comunidade local que denuncie, de autoridades judiciárias que investiguem, de serviços sociais que apoiem os sobreviventes e de juízes que apliquem penas severas que deverão ser divulgadas através da comunicação social. Sabemos que a pandemia da Covid-19 afetou um pouco o mundo inteiro. Acredita que este vírus veio reforçar ainda mais as desigualdades no Luxemburgo? Que mudanças tiveram que ser realizadas no Projeto Insight de maneira a ir ao encontro das “novas” necessidades? Ainda que não existam estatísticas disponíveis, acredito que a pandemia da Covid-19 aumentou os casos de pobreza escondida no Luxemburgo. Não obstante a tentativa do governo em auxiliar, muitos foram os pedidos que nos chegaram de pessoas vulneráveis e não documentadas no Luxemburgo que precisavam de pagar renda, pagar as contas e comprar comida. Auxiliámos como pudemos e distribuímos comida. Mas nem sempre a nossa intervenção de prevenção chegou a todos. Foram duas as mulheres que conhecemos nas ruas do Luxemburgo que se começaram a prostituir por forma a poderem comprar comida e pagar as contas. Cum-
Recentemente, nos dias 16 e 18 de outubro, realizaram duas manifestações no combate ao tráfico humano e de mão de obra. Qual a importância deste tipo de movimentos? Que projetos futuros podemos esperar nesta luta que ainda agora começou? No dia 16 de outubro foi realizada a campanha pública de sensibilização e prevenção do tráfico humano: Walk For Freedom, foi realizada no Luxemburgo e noutros 70 países por todo o mundo. Caminhámos de forma silenciosa no Luxemburgo por todas as vítimas de tráfico humano. Por mais de 40 milhões de pessoas que neste momento estão privadas de um dos direitos básicos de todos os seres humanos – a liberdade. No dia europeu contra o tráfico humano, 18 de outubro, juntámo-nos ao European Freedom Network, para a divulgação da campanha on-line de erradicação da exploração forçada de trabalho, um dos tipos de escravatura moderna, que existe no Luxemburgo. Vamos continuar a caminhar pela liberdade de todos aqueles que se encontram privados dos seus direitos, a erguer a nossa voz nas redes sociais, no parlamento e nos tribunais por quem não se pode defender. A escravatura não é algo apenas do passado. Infelizmente ainda é uma realidade mas juntos podemos colocar-lhe um fim. ▪
Por fim, e de forma a difundir cada vez mais o Projeto Insight, como é que o público pode contribuir e ajudar nesta batalha que deve ser travada por todos? Apoie iniciativas que já trabalham contra a escravidão, seja voluntário de uma das nossas atividades: ● Apoio e aconselhamento; ● Formações de reabilitação e reintegração na comunidade (aulas francês, inglês, informática, etc.); ● Campanhas de consciencialização; ● Eventos de angariação de fundos. Escolha apoiar financeiramente um dos nossos projetos. Opte por um consumo consciente e responsável. Escolha comprar produtos ‘comércio justo’, faça compras eticamente corretas. Pesquise sobre os produtos para garantir que são produzidos por um adulto que tenha salário e condições de trabalho dignas.
Denuncie atividades suspeitas –
podem sempre contactar-nos através do +352 621637637, através das nossas redes sociais @InsightLuxembourg ou email contact@theinsightproject.org.
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Educar as Crianças com a Serenidade que merecem, um objetivo Royal Kids A boa educação dos mais novos é cada vez mais um tema de destaque na vida de todos os pais, mas não só. Sendo o Luxemburgo um dos melhores países da Europa para criar filhos, Paula Castro, Diretora da Royal Kids garante que “a inclusão é um objetivo pessoal e profissional”. Contamos-lhe tudo.
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Royal Kids é uma creche sediada no Luxemburgo, onde a missão principal da mesma se prende pela inclusão e bem-estar de todas as crianças que por ali passam. Para a Paula Castro, enquanto Diretora desta entidade, este sempre foi um objetivo pessoal e profissional? Porquê? No planeamento da abertura de uma creche, é fundamental que o objetivo principal seja o bem-estar das crianças. A inclusão é um objetivo pessoal e profissional. O meu filho com autismo frequenta a Royal Kids. Crianças de diferentes nacionalidades frequentam o estabelecimento Royal Kids. Eles falam línguas diferentes, expressam-se de maneiras diferentes. A equipa implementou métodos de comunicação - pictogramas, gestos, fotografias - para facilitar a aprendizagem e compreensão da linguagem entre as crianças. Esses métodos também são usados em crianças especiais (autistas). As crianças aprendem a socializar a aproximarem-se umas das outras de várias maneiras. A equipa adapta-se e encontra soluções para que todas as crianças se desenvolvam da melhor maneira possível.
PAULA CASTRO
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Sabemos que recebem crianças desde os dois meses aos 12 anos. Como é feita esta gestão, tendo em conta a diferença de idades? Qual a importância de ter uma equipa competente e qualificada de forma a promover qualidade de aprendizagem a todas as faixas etárias? A estrutura está dividida em três gru-
pos. O primeiro é dos dois meses aos dois anos (Royal Babies), o segundo dos dois aos quatro anos (Royal Kids) e o terceiro dos quatro aos 12 anos (Kids Scolaires). É importante que a equipa seja qualificada porque acompanha as crianças não só por alguns dias, mas por meses, anos… A Equipa apoia a criança na aprendizagem, no seu desenvolvimento e participa ativamente no início da vida da criança. Permite dar, em paralelo com os pais, bases sólidas como a aprendizagem da língua, as habilidades motoras, a socialização, as regras de higiene, entre outros. O objetivo principal da equipa é ajudar e ver as crianças crescerem. A equipa é competente porque está a ser formada constantemente, também conhece a realidade do terreno, o que faz com que coloque em prática o que lhe parece mais adequado. Muitos afirmam que o Luxemburgo é o segundo melhor país da Europa para criar filhos. Qual o peso deste atributo ao país, tendo em conta a competitividade no setor onde a Royal Kids atua? Sente que tem aqui um desafio acrescido? A equipa é constantemente treinada no sentido de aprimorar as competências e aprender coisas novas. Tem alicerces ao nível dos estudos, experiências, vivências e o facto de partilhar e comunicar dentro do estabelecimento e também com pessoas externas (profissionais, pais, escolas) é a nossa força. Estou convicta de que uma equipa unida que pretende melhorar constantemente é muito mais benéfica do que uma estrutura sem paixão e sem
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entre todos. Conseguimos confiar uns nos outros, o que permite um trabalho de qualidade. O feedback positivo dos pais também nos motiva a continuar nessa direção. O discurso de pais felizes é muito satisfatório para a equipa.
“A EQUIPA É CONSTANTEMENTE TREINADA NO SENTIDO DE APRIMORAR AS COMPETÊNCIAS E APRENDER COISAS NOVAS. TEM ALICERCES AO NÍVEL DOS ESTUDOS, EXPERIÊNCIAS, VIVÊNCIAS" desejo. Comunicamos muito dentro da equipa e fazemos escolhas juntos. Cada um dos educadores conhece as crianças, sabe gerir cada um dos grupos, conhece esta ou aquela alergia ou patologia de cada criança… O verdadeiro desafio dentro de uma estrutura é estabelecer um clima de confiança
Certo é que a pandemia da Covid-19 acarretou algumas mudanças nas rotinas dos mais novos. Quais os maiores retrocessos na educação das crianças que sentiu no momento em que a Royal Kids reabriu? A estrutura não estava aberta há muito tempo quando a pandemia chegou. Aproveitámos para nos treinar mais, para organizar novos espaços, para retirar e mudar o que era solicitado para a reabertura da estrutura (utilização de máscaras por exemplo). As rotinas mudaram e melhoraram com base nas necessidades das crianças, mas o básico permanece o mesmo. Em relação aos bebés, a equipa adapta-se ao ritmo deles, portanto não houve muita mudança em relação aos mesmos. Para dar um exemplo, nos níveis mais elevados, surgiu a questão do trabalho das emoções durante a pandemia porque nos parecia complicado fazer esse trabalho com a máscara cirúrgica. Mas encontrámos uma solução após uma reunião de equipa, onde foi solicitado o uso de máscaras transparentes. A equipa soube recuperar deste imprevisto. Durante a sua experiência como Diretora da Royal Kids, quais as principais angústias com que se debate perante as famílias luxemburguesas? E de que forma lida com elas? No distrito onde está localizada a estrutura do Royal Kids, há muitas famílias estrangeiras, não podemos falar apenas das famílias luxemburguesas. Tratamos famílias diferentes da mesma forma.
Num país como o Luxemburgo, que ensinamentos são fundamentais de forma a prepará-los o melhor possível para o futuro? Temos como projeto educacional o “plurilinguismo”. No Luxemburgo, a aprendizagem de línguas é promovida. Ao mesmo tempo, como acontece com todas as crianças, é importante ajudá-las e ensiná-las a crescer com normas de respeito, higienização, socialização, entre outros.
Se precisarem de ajuda, se tiverem dúvidas, pedidos, fazemos o nosso melhor por eles. Cada família é diferente, cada família tem os seus problemas, cada família tem os seus medos e procuramos estar o mais presentes possível para eles e os seus filhos sem nos afastarmos da nossa postura profissional. Por fim, como vê o futuro da educação das crianças no Luxemburgo? Acredita que a tecnologia pode vir a prejudicar as vivências das mesmas? E a Royal Kids, trará novidades? Há tanto de positivo (criatividade) quanto negativo (isolamento) na tecnologia. Dentro da estrutura, trabalhamos o mínimo possível com ela. Após discussão com a equipa, pensamos que as crianças terão tecnologias suficientes na escola, em casa, no trabalho. Por isso, queremos preservá-los o máximo possível, usando muito raramente as tecnologias nos grupos Royal Babies e Royal Kids. Fazemos outro tipo de atividades como colher folhas na mata, ouvir o canto dos pássaros… coisas simples que infelizmente muita gente esquece. ▪
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Éduquer les Enfants avec la Sérénité qu’ils méritent, un objectif Royal Kids La bonne éducation des plus jeunes est de plus en plus un thème prépondérant dans la vie de tous les parents, mais pas seulement. Le Luxembourg étant l’un des meilleurs pays d’Europe pour élever des enfants, Paula Castro, Directrice de Royal Kids garantit que « l’inclusion est un objectif personnel et professionnel ». On vous dit tout.
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oyal Kids est une garderie basée au Luxembourg, où sa mission principale est liée à l’inclusion et au bien-être de tous les enfants qui y passent. Pour Paula Castro, en tant que directrice de cette entité, cela a-t-il toujours été un objectif personnel et professionnel? Pourquoi? Lorsqu’on a le projet d’ouvrir une garderie, il est primordial que l’objectif principal soit le bien être des enfants. L’inclusion est un objectif personnel et professionnel. Mon enfant, atteint d’autisme fréquente l’établissement Royal Kids. Des enfants de nationalités différentes fréquentes l’établissement Royal Kids. Ils parlent différentes langues, s’expriment de manières différentes. L’équipe a mis en place des méthodes de communication (pictogrammes, gestuelles, photographies etc) afin de faciliter l’apprentissage du langage et la compréhension entre les enfants. Ces méthodes sont également utilisées dans enfants spéciaux (autistes). Les enfants apprennent la socialisation et la sociabilisation, l’approche de l’autre, de multiples façons. L’équipe s’adapte et trouve des solutions afin que tous les enfants évoluent au mieux.
PAULA CASTRO
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On sait qu’ils reçoivent des enfants de deux mois à 12 ans. Comment se fait cette gestion compte tenu de la différence d’âge? Dans quelle mesure est-il important d’avoir une équipe compétente et qualifiée afin de promouvoir un apprentissage de qualité pour tous les groupes d’âge? La structure est divisée en 3 groupes. Le premier de 2 mois à 2 ans (Royal Babies), le deuxième de 2 ans à 4 ans (Royal Kids)
et le troisième de 4 ans à 12 ans (Kids Scolaires). Il est important que l’équipe soit qualifiée car elle accompagne les enfants pas seulement pendant quelques jours, mais pendant des mois, des années. L’Equipe accompagne les enfants dans leurs apprentissages, dans leurs évolutions, elle participe activement au début de la vie de l’enfant. Elle permet de donner, en parallèle avec les parents, des bases solides tel que l’apprentissage du langage, de la motricité, la socialisation, les règles d’hygiène etc. Le but premier de l’équipe est d’aider et de voir grandir les enfants. L’équipe est compétente car elle se forme constamment, elle connait également la réalité du terrain, elle met en pratique ce qu’elle apprend au quotidien et ce qui lui semble le plus adapté. Beaucoup prétendent que le Luxembourg est le deuxième meilleur pays d’Europe pour élever des enfants. Quel est le poids de cet attribut pour le pays, compte tenu de la compétitivité du secteur où opère Royal Kids? Avez-vous l’impression d’avoir un défi supplémentaire ici? L’équipe se forme constamment afin de s’améliorer, d’apprendre de nouvelles choses. L’équipe à des bases au niveau des études, des vécues, des expériences et le fait de partager et de communiquer au sein de l’établissement ainsi qu’avec les personnes extérieures (professionnels, parents, écoles etc) fait notre force. Je suis convaincu qu’une équipe soudée qui à envie de s’améliorer constamment est beaucoup plus bénéfique qu’une structure sans passion et sans envie. Nous communiquons beaucoup au sein de l’équipe et faisons les choix ensem-
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“L’ÉQUIPE SE FORME CONSTAMMENT AFIN DE S’AMÉLIORER, D’APPRENDRE DE NOUVELLES CHOSES. L’ÉQUIPE À DES BASES AU NIVEAU DES ÉTUDES, DES VÉCUES, DES EXPÉRIENCES" ble. Chacun des éducateurs connait les enfants, sait gérer chacun des groupes, connait tel ou tel allergies ou pathologies de chaque enfant etc. Le réel défi au sein d’une structure est d’installer un climat de confiance entre chacun. Nous avons réussi à avoir confiance les uns entre les autres ce qui permet un travail de qualité. Le retour positif des parents nous donnent également la motivation de continuer dans ce sens. Le bouche à oreille des parents contents est très satisfaisant pour l’équipe.
Il est certain que la pandémie de Covid-19 a entraîné quelques changements dans les routines des plus jeunes. Quels sont les plus gros revers dans l’éducation des enfants que vous avez ressentis lors de la réouverture de Royal Kids? La structure n’était pas ouverte depuis longtemps lorsque la pandémie est arrivée. Nous avons donc pris le temps de nous former davantage, d’aménager de nouveaux espaces, d’enlever et de changer ce qui à été demandé pour la réouverture de la structure (utilisation du masque par exemple). Les routines changent et s’améliore en fonction des besoins des enfants mais les bases restent les mêmes. Au niveau des bébés, l’équipe s’adapte à leur rythme donc il n’y a pas eu beaucoup de changement par rapport à eux. Pour vous donner un exemple, au niveaux des plus grands, un questionnement sur le travail des émotions est apparu lors de la pandémie car ils nous semblait compliqué de faire ce travail avec le masque chirurgical. Une solution à été trouvée après une réunion d’equipe en commandant des masque transparent. L’équipe sait rebondir face aux imprévus. Au cours de votre expérience en tant que Directrice de Royal Kids, quelles sont les principales angoisses avec lesquelles vous luttez dans les familles luxembourgeoises? Et comment les traitez-vous? Dans le quartier ou la structure Royal Kids se trouve, il y a beaucoup de familles étrangères, nous ne pouvons pas parler uniquement de famille luxembourgeoise. Nous traitons les différentes familles de la même façon. S’ils ont besoin d’aide, s’ils ont des questions, des demandes, nous faisons notre possible pour eux. Chaque famille est différentes, chaque famille à ses problèmes, chaque famille à ses peurs
Dans un pays comme le Luxembourg, quels enseignements sont fondamentaux pour les préparer au mieux pour l’avenir? Nous avons comme projet pédagogique : “le plurilinguisme “. Au Luxembourg, l’apprentissage des langues est mis en avant. En parallèle, comme avec tout enfants, il est important de l’aider et lui apprendre à grandir (le respect, l’hygiène, la socialisation).
et nous essayons d’être le plus présent possible pour eux et leur enfants sans pour autant sortir de notre posture professionnelle. Enfin, comment voyez-vous l’avenir de l’éducation des enfants au Luxembourg? Croyez-vous que la technologie peut nuire à leurs expériences? Et Royal Kids, cela apportera-t-il des nouvelles? Il y a du positif (créativité) comme du négatif (isolement) à la technologie. Au sein de la structure, nous travaillons le moins possible avec les écrans. Après discussion avec l’équipe, nous pensons que les enfants auront assez d’écrans, de matériels technologiques à l’école, à la maison, au travail. C’est même une évidence. Donc nous voulons les préserver le plus longtemps possible en utilisant que très rarement les écrans dans le groupe Royal Babies et Royal Kids. Nous faisons des activités avec de la récupération, nous allons ramasser les feuilles dans la forêt, nous écoutons le chant des oiseaux etc des choses simples que malheureusement beaucoup de personnes oublient. ▪
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“O nosso maior objetivo é Estimular os Alunos para processos Inovadores” A missão da Office House Capellen – uma organização de formação profissional situada no Luxemburgo – é fortalecer as bases pessoais e profissionais dos seus alunos. Inicialmente desenhada para os imigrantes, hoje já integra público de todas as nacionalidades. Ana Barreiro, Presidente da OHC e Fábio Biolcati, Parceiro EU24H, contaram à Revista Pontos de Vista de que forma a marca tem vindo a trilhar o seu caminho de braço dado com a inovação dos seus métodos de ensino.
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OHC é uma organização de formação profissional continuada cuja missão é o desenvolvimento pessoal e profissional, com troca de experiências, transmissão de conhecimento e promoção de valor na sociedade. Em que momento sentiu que, com esta criação, poderia fazer a diferença na sociedade Luxemburguesa? A partir de 2016, a OHC implantou uma visão de educar e possibilitar oportunidades de desenvolver as competências pessoais e profissionais, a principio, para os imigrantes que aqui residem. Hoje já atendemos públicos de todas as nacionalidades, incluindo luxemburgueses. A OHC aposta nas inovações e fomos o primeiro Centro de Formação a oferecer cursos e-learning e cursos em modelos híbridos: online mais professor. Certificada pelo Ministério da Educação, a OHC colabora com instituições nacionais e internacionais, com o objetivo de oferecer aos alunos uma educação inclusiva e de qualidade. Para o efeito, possui a plataforma de formação e-learning, disponível 24 horas por dia. O que podemos encontrar nesta mesma plataforma? Nas nossas plataformas e-learning é possível encontrar mais de 500 cursos de desenvolvimento profissional, pessoal e de idiomas. Estamos inscritos na Plataforma Nacional de Educação Lifelong-learning: https://www.lifelong-learning.lu/Recherche/ Tous/ohc/pt?keyword=ohc. Fazemos parte de Projetos Educacionais e transnacionais como a EPALE: http://www.mufocom.eu/.
FÁBIO BIOLCATI E ANA BARREIRO
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Em complemento, a maior inovação está no facto de a OHC oferecer cursos online de 140 idiomas e nove cursos de idiomas em total imersão com a tecnologia da realidade virtual. Que valor a mesma agrega aos alunos? As tecnologias de Realidade Virtual (VR ou RV) estão a tornar-se mais abertas às nossas necessidades diárias. No que diz respeito à RV, foi provado cientificamente que a memorização melhora significativamente, simulando a presença real e tornando-se cada vez mais disponível para uso em várias
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ção e treino da sua população e nós somos somente mais uma ferramenta deste processo. No nosso caso, trabalhamos em colaboração com os Ministérios da Educação e do Trabalho com o propósito de capacitarmos as pessoas e recolocarmos os profissionais no mercado.
500 “NAS NOSSAS PLATAFORMAS E-LEARNING É POSSÍVEL ENCONTRAR MAIS DE 500 CURSOS DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL, PESSOAL E DE IDIOMAS”
áreas de nossas vidas. Inclusive para ensino. São excelentes oportunidades para novos métodos de ensino de línguas estrangeiras e desenvolvimento pessoal. A RV está a tornar-se uma aliada ativa de profissionais de diversas áreas e, no nosso Centro, também é uma ferramenta para professores, alunos e escolares em quase todo o mundo. Os métodos de ensino atuais são caminhos abertos para métodos inovadores. A atualização é um processo natural e evolutivo de tudo e na educação não é exceção. A Realidade Virtual (RV) facilita a aprendizagem de línguas e melhora significativamente os resultados de aprendizagem dos alunos. Os alunos memorizam um vocabulário maior por meio da prática, concentração e envolvimento na aula, devido à tecnologia de imersão. Não é apenas aprender; é experimentar a linguagem.
A RV afeta a aprendizagem da linguagem devido à chamada memória espacial de uma pessoa. Só começa a funcionar ativamente devido à imersão na realidade virtual. Obtemos o efeito de absorção dinâmica de conteúdo, o que leva a um rápido aumento no vocabulário e na memorização das regras de pronúncia. A RV traz os seguintes benefícios para o processo de aprendizagem: - Autocentrado, permitindo aos alunos navegar livremente; - Auto-dirigido, permitindo aos alunos escolher o que querem aprender em cada nível, dentro do padrão CEFR europeu; - Multi-sensorial, aumentando o envolvimento do aluno. - Aumenta a retenção da aprendizagem e a motivação pessoal para o desenvolvimento do estudo.
Em constante evolução e reconhecido pela qualidade dos seus serviços, o Luxemburgo é hoje um país valorizado pela Europa. O mercado está a formar profissionais para responder às suas necessidades? O mercado de trabalho, está sempre em profunda transformação e evolução e a formação continuada de um profissional deve fazer parte do seu percurso. O Luxemburgo é um mercado que exige qualidade e vários idiomas dos profissionais.
O nosso maior objetivo é estimular os alunos para processos inovadores e apostar na qualidade nas atividades profissionais. Enquanto Presidente da OHC – qual o seu olhar para o futuro a curto e médio prazo? Na nossa missão o importante é fortalecermos as bases pessoais e profissionais dos nossos alunos. Isso exige a curto prazo um grande esforço para sairmos da zona de conforto e descobrirmos novas tecnologias e processos inovadores de educação. No médio prazo já podemos ver os frutos que estamos a plantar na nossa estrada da Educação desde 2016 e essa é nossa maior satisfação. ▪
www.officehousecapellen.com
Apesar dos tempos complexos que (ainda) atravessamos devido às consequências da Covid-19, podemos afirmar que, no caso, a OHC está muito bem preparada para responder às necessidades dos alunos, tendo em conta as soluções que oferece? Em que medida? Devido à pandemia, a OHC foi uma ferramenta importante para a saúde mental das pessoas, pois as mesmas conseguem ocupar-se e estudar a partir de casa e utilizar o tempo para aperfeiçoar as competências profissionais. Uma das principais visões desta organização é a promoção da integração dos alunos na sociedade. Qual tem vindo a ser a evolução neste sentido? Toda sociedade deveria preocupar-se com o processo de integra-
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Como o Luxemburgo apoia o Crescimento da Indústria de Fundos de Investimento: Fundsquare, uma História de sucesso Para Carlos Antunes Roberto, Gerente Sénior do Desenvolvimento de Negócios e Relacionamento da Fundsquare, o Luxemburgo é muito mais do que o país líder na área dos fundos de investimento. Foi precisamente sobre este e outros temas que se desenvolveu a conversa com a Revista Pontos de Vista. Saiba quais.
CARLOS ANTUNES ROBERTO
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onstituído em 2013 no Luxemburgo, a Fundsquare tem como objetivo tornar-se a infraestrutura única no mercado mundial, facilitando a distribuição de fundos entre as partes interessadas. Sendo responsável pelo mercado português, de que forma a marca tem consolidado a sua presença em Portugal, de modo a dar resposta às maiores preocupações dos atores da indústria? Desde a criação da empresa sob a CCLux em 1997 e a sua transição para a Fundsquare em 2013, a subsidiária integral da Bolsa de Valores de Luxemburgo manteve-se próxima das suas origens. A Fundsquare tem como objetivo expandir a nossa oferta de serviço internacional para cobrir todos os mercados de fundos europeus, mas também a América Latina e a Ásia. O mercado português adapta-se naturalmente quando falamos em distribuição de fundos para o Fundsquare, o que implica a sua abertura internacional. Portugal é um mercado importante para a distribuição de fundos domiciliados no Luxemburgo, considerando que os registos transfronteiriços em 2020 aumentaram 27% em comparação com os anos anteriores, atingindo 70% da distribuição dos principais grupos de gestão transfronteiras. Atual-
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mente, 50 grandes grupos de gestão transfronteiras distribuem os seus fundos em Portugal, sejam fundos domiciliados no Luxemburgo ou na Irlanda. A Fundsquare tem estado cada vez mais ativa em Portugal nos últimos quatro anos. Fazemos questão de nos conectarmos com atores locais e partes interessadas dentro do ecossistema do fundo. Adicionalmente, temos mantido discussões com os órgãos de fiscalização e associações: CMVM, ASF, bem como APB e APFIPP para conhecer as necessidades locais e para melhor determinar como a nossa oferta de serviços pode beneficiar o mercado. Em termos de gestores de ativos e fundos portugueses, a Fundsquare tem prestado serviços com uma presença estabelecida no Luxemburgo, ao mesmo tempo que os apoia no registo de fundos para processos de passaporte para outras jurisdições da UE, incluindo Portugal, é claro. A Fundsquare ajuda os profissionais a enfrentar os desafios atuais e futuros da distribuição de fundos internacionais. De que desafios estamos a falar? Na longa lista de desafios principais, o gerenciamento regulatório e de dados são os principais.
Com a chegada dos fatores ambientais, sociais e de governança (ESG), incorporados ao recentemente publicado Regulamento de Divulgação Financeira Sustentável da UE e ao Regulamento de Taxonomia da UE, juntamente com o GDPR, ativos alternativos e investimentos em criptomoedas, as Autoridades Nacionais de Supervisão Financeira parecem estar mais envolvidas no processo de desenvolvimento, implementação e aplicação de novos regulamentos e estruturas para abranger a necessidade de transparência total. O setor de gestão de ativos encontra-se uma posição em que não se pode ficar parado. Decisões e ações precisam de ser tomadas rapidamente - e, em alguns casos, antecipadas - pelos participantes da indústria para atender a esses novos requisitos em constante evolução e todas precisam de passar pelo gerenciamento e uso de dados eficientes. À medida que a indústria avança, os participantes com as melhores ferramentas e processos para gerar, gerenciar, distribuir, controlar e supervisionar os processos de gerenciamento de dados são os que ganham vantagem competitiva e mantêm o teste do tempo. A Fundsquare é um utilitário de mercado de fundos que oferece uma resposta flexível a toda a cadeia de distribuição. Os nossos
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serviços de valor agregado cobrem a conformidade regulatória e gerenciamento de informações para gestores de fundos, todas as entidades do ecossistema relacionadas, incluindo os seus provedores de serviços. A nível da Fundsquare, simplificamos a orquestração de todos os tipos de dados com soluções digitalizadas em tempo real em todo o ciclo de vida de um produto, desde o início até ao arquivamento, permitindo um produto para o mercado rápido, melhor mitigação de risco e supervisão aprimorada. Para nós, a melhor forma de atender os nossos clientes é permitir que eles mantenham o controlo sobre os seus processos ao longo do ciclo de vida dos fundos através de uma governação transparente e processos eficientes. Através da nossa ferramenta proprietária, FundLifeCycle, os clientes podem ter a certeza de que os seus dados e relatórios regulatórios estão em conformidade e são distribuídos às autoridades regulatórias nacionais e supranacionais, bem como a disseminação de dados e documentos que gerenciam ou terceirizam para prestadores de serviços terceirizados. Seguindo este caminho, além de tratarmos hoje da coleta e divulgação de dados e templates EPT / EMT, também estamos a preparar-nos para o novo template EEC (European ESG Template), tendo especialistas internos dentro do grupo de trabalho Findatex. A Fundsquare está realmente a estabelecer um centro de troca de dados para todas essas informações (EPT / EMT / EEC) para servir o mundo dos gestores de ativos para a disseminação de dados dos seus próprios fundos, mas também particularmente para as suas necessidades de coleta de terceiros, especialmente quando se trata do novo EET modelo, o desafio é duplo. Certo é, na origem da Fundsquare estão as crescentes pressões económicas e regulatórias, tendo incentivado a criação de um mecanismo unificado que diminuísse custos e riscos. É legítimo afirmar que estas lacunas estão atualmente colmatadas? De que forma? A Fundsquare mutualiza os custos de distribuição e supervisão dos gestores de ativos à medida que nos posicionamos no centro do ecossistema do fundo, permitindo a comunicação entre os promotores do fundo, todos os tipos de provedores de serviços, autoridades de supervisão financeira e investidores de maneira simplificada e económica. Saber e acompanhar
como e quando os dados dos gestores de ativos que são enviados para as autoridades nacionais competentes ou plataformas de distribuição é essencial em termos de governação geral. Fazer a ponte entre os relatórios regulatórios e os serviços de informações de fundos é o principal fator de sucesso para manter toda a cadeia de dados atualizados, precisos e em conformidade. Através da nossa ferramenta proprietária, FundLifeCycle, fornecemos aos nossos clientes a supervisão adequada sobre suas atividades e relatórios enquanto permanecem em controlo dos seus próprios dados, incluindo as verificações na integração e precisão dos dados na extremidade principal do DataVendors (serviços de loopback). Atendemos uma grande percentagem dos 100 melhores em serviços regulatórios e de informação. Temos orgulho da sua confiança e envolvimento connosco. Atualmente, 100% dos relatórios regulatórios para fundos domiciliados no Luxemburgo são administrados pela Fundsquare. Em que medida é possível comparar o mercado português com o do Luxemburgo? O que destacaria ao realçar as vantagens competitivas de ambos os países? O sucesso do setor financeiro luxemburguês não beneficiou apenas o Luxemburgo, mas também a Europa em geral. A posição de liderança do Luxemburgo na área de fundos de investimento é uma história de sucesso de um produto de investimento europeu, o OICVM. O principal fator de sucesso das capacidades de distribuição de fundos do Luxemburgo através do seu processo de passaporte para mais de 70 países, enquanto Portugal está a distribuir cerca de 12 vezes mais fundos estrangeiros do que locais. Portugal tem vindo a distribuir mais de 4.175 fundos estrangeiros, com um aumento anual superior a 10% ano após ano. Por outro lado, o número de fundos domiciliados em Portugal (tanto OICVM como AIF) foi recentemente reduzido devido a provedores locais que oferecem reorganizações, embora globalmente os investimentos estejam a crescer, especialmente nos setores de pensões e de unidades vinculadas. Em termos digitais, acredito que os dois países estão a fazer um grande esforço e a investir muito em inovação, fintechs e atração de talentos. Num contexto mais geral, podemos considerar
que o hoje o Luxemburgo é um pequeno «grande» país da Europa? Porquê? Beneficiando de um ambiente político e economicamente estável, o Luxemburgo também desfruta de uma força de trabalho extremamente qualificada e é historicamente reconhecida pelo seu papel proativo e eficiente na adoção ou implementação de regulamentos financeiros europeus. O Luxemburgo não é apenas um mercado financeiro ágil, mas também altamente orientado para os negócios. Tanto a governança luxemburguesa como as autoridades de supervisão financeira são reconhecidos como verdadeiros facilitadores para o desenvolvimento empresarial. O Luxemburgo continua a ser de longe o centro de fundos predominante na UE, apesar da forte concorrência de outras jurisdições. O Luxemburgo atrai continuamente novos promotores e instituições financeiras devido à sua excelente reputação no atendimento a produtos de fundos de investimento internacionais. A terminar, como perspetiva o futuro da Fundsquare, nomeadamente no mercado português? O datahub da Fundsquare Information Services cobre todos os requisitos dos clientes e está a ser expandido para incluir um banco de dados abrangente de todos os fundos europeus. Portugal, tal como outros mercados, partilha os principais desafios da indústria, como o cumprimento do cumprimento regulamentar, as pressões de custos, a concorrência, a visibilidade, a digitalização, a discussão ESG e, com certeza, a gestão de dados, bem como a supervisão da governança. A fonte de dados e a publicação são hoje os principais elementos que a Fundsquare traz para o mercado português, sendo uma distribuidora ativa de fundos domiciliados no Luxemburgo. A Fundsquare acompanhará os clientes nas suas necessidades globais, mas também específicas. Estamos a aumentar a nossa acessibilidade às Autoridades Competentes Nacionais Europeias para facilitar os relatórios e passaportes de AIF/M, reproduzindo assim este grande sucesso fora do Luxemburgo. Continuamos a mutualizar os custos de distribuição e supervisão do gestor de ativos para a coleta, gestão e disseminação de informações de fundos (documentos, dados estáticos e dinâmicos) através de ferramentas padronizadas e processos altamente automatizados. ▪
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PORTUGAL - LUXEMBOURG
How Luxembourg supports Growth of the Investment Fund Industry: Fundsquare, a success Story For Carlos Antunes Roberto, Senior Manager of Business Development and Relationship at Fundsquare, Luxembourg is much more than leading country in the industry of investment funds. It was precisely on this and other topics that a conversation was developed with Ponto de Vista Magazine. Find out which ones.
CARLOS ANTUNES ROBERTO
F
ounded in 2013 in Luxembourg, Fundsquare aims to become the unique infrastructure in the world market, facilitating the distribution of funds among interested parties. Carlos, as you are responsible for the Portuguese market, how has the company consolidated its presence in Portugal, in order to respond to the biggest concerns of industry players? Since the creation of the company under CCLux in 1997 and its transition into Fundsquare in 2013, the wholly owned subsidiary of the Luxembourg Stock Exchange has stayed close to its origins. Fundsquare has for objective to expand our international service offering to cover all European fund markets but also Latin America and Asia. The Portuguese market is a natural fit when we speak of fund distribution for Fundsquare, bearing in bind its international openness. Portugal is an important market for Luxembourg domiciled funds distribution, considering that
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cross border registrations in 2020 increased by 27% compared to previous years reaching 70% of top cross-border management groups distribution. Currently, 50 top cross-border management groups distribute their funds in Portugal, should it be their Luxemburgish or Irish domiciled funds. Fundsquare has been increasingly active in Portugal for the last four years. We make it a point to connect with local players and stakeholders within the fund ecosystem. Additionally, we have entered discussions with the supervisory bodies and associations: the CMVM, ASF, as well as APB and APFIPP to understand local needs and to better ascertain how our service offering could benefit the market. In terms of Portuguese asset managers and funds, Fundsquare has been providing services to those with an established presence in Luxembourg, while supporting them in their fund registration for passporting processes to other EU jurisdictions including Portugal, of course.
Fundsquare helps professionals address the current and future challenges of distributing international funds. What challenges are we talking about? In the long list of keys challenges, regulatory and data management are top-of-mind. With the arrival of environmental, social and governance (ESG) factors, embeded into the recently published EU Sustainable Finance Disclosure Regulation and the EU Taxonomy Regulation, together with GDPR, alternative assets and cryptocurrency investments, National Financial Supervisory Authorities are seen as becoming more involved and in the process of developing, implementing and enforcing new regulations and frameworks to encompass the need for full transparency. The asset management industry finds itself in a position where one cannot afford to stand still. Decisions and actions need to be swiftly taken – and, in some cases, anticipated – by industry players in order to satisfy these new ever-evol-
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ving requirements and all need to pass by efficient management and use of data. As the industry moves ahead, the players with the best tools and processes to generate, manage, distribute, control, and oversee processes around data management, will be those who gain in competitive advantage and maintain the test of time. Fundsquare is a fund market utility offering a flexible response to the entire distribution chain. Our added value services cover Regulatory Compliance and Information Management for fund managers, all related ecosystem entities, including their service providers. At Fundsquare level we streamline the orchestration of all types of data with real-time digitalized solutions across the product lifecycle, from inception to filing allowing for a quick product-to-market, better risk mitigation and enhanced oversight. Through our proprietary tool, FundLifeCycle, clients can make sure that their data and regulatory reporting are compliant with and distributed to financial National and Supranational Regulatory Authorities as well as their data and document dissemination that they manage or outsource to third-party service providers. Following this route, in addition to handling today the collection and dissemination of EPT/ EMT data and templates, we are also getting ready for the new EEC template (European ESG Template), having internal experts being part of the Findatex working group. Fundsquare is truly establishing a data exchange Hub for all such information(EPT/EMT/EEC) to serve the asset managers world for their own funds data dissemination but also particularyl for their underlying third party collection needs, especially when it comes to the new EET template, the challenge is a dual one. Clearly, at the origin of Fundsquare are the growing economic and regulatory pressures, having encouraged the creation of a unified mechanism that would reduce costs and risks. Is it legitimate to say that these gaps are currently being filled? In what way? Fundsquare does mutualize the asset managers distribution & oversight costs as we sit at the center of the fund ecosystem, enabling the
communication between fund promoters, all types of service providers, financial supervisory authorities and investors in a streamlined and cost-effective manner. Knowing and tracking how and when asset managers’ data is being sent to either the National Competent Authorities or distribution platforms is essential in terms of overall governance. Bridging the regulatory reporting and the fund information services is the key success factor to keep the whole chain of data updated, accurate and compliant. Through our proprietary tool, FundLifeCycle, we provide our clients with proper oversight on their activities and reportings as they remain in control of their own data including the checks on the data integration and accuracy at main DataVendors end (Loopback services). We do serve a high percentage of today’s top 100 AM at both regulatory and information services. We are proud of their trust and engagement with us. Currently 100% of regulatory reporting for Luxembourg domiciled funds is managed by Fundsquare. To what extent is it possible to compare the Portuguese market with that of Luxembourg? What would you consider when highlighting the competitive advantages of both countries? The success of the Luxembourg financial industry has not only benefited Luxembourg but Europe more generally. Luxembourg’s leading position in the investment fund area is a success story of a European investment product, the UCITS. The key sucess factor of Luxembourg fund distribution capabilities through its passporting process to over 70 countries while Portugal is distributing about 12 times more foreign funds than local ones. Portugal has been distributing over 4,175 foreign funds, with a yearly increase of over 10% year after year. On the other hand, the number of Portuguese domiciled funds (both UCITS and AIF) has recently slightly reduced due to local providers offering reorganisation although globally the investments are growing especially in the pension and unit linked sectors. In digital terms, I believe both countries are
making a huge effort and investing a lot in innovation, fintechs and talent attraction. In a more general context, can we consider that today Luxembourg is a small “large” country in Europe? Why? Benefitting from a politically and economically stable environment, Luxembourg also enjoys an extremely qualified workforce and is historically recognised in its proactive and effecient role adopting or implementing European financial regulations. Luxembourg is not only an agile financial marketplace, but also a highly business oriented one. Both Luxembourgish government and financial supervisory authorities are recognised to be real facilitators for business development. Luxembourg remains by far the pre-eminent fund centre in the EU despite strong competition from other jurisdictions. Luxembourg is continously attracting new promoters and financial institutions due to its excellent reputation in serving cross-border investment fund products. Finally, how do you see the future of Fundsquare, namely in the Portuguese market? Fundsquare Information Services datahub covers all the requirements of clients and is currently being expanded to include a comprehensive database of all European funds. Portugal like other markets does share the main industry challenges, as certainly the regulatory compliance achievement, the cost pressures, the competition, the visibility, the digitalisation, the ESG discussion and for sure, the data management as well as the governance oversight. Data sourcing and publication are today the key elements Fundsquare does bring to the Portuguese market being an active distributor of Luxembourg domiciled funds. Fundsquare will accompany the clients in its global but also specific needs. We are increasing our accessibility to European National Competent Authorities to facilitate AIF/M reporting and passporting thereby replicating this great success outside of Luxembourg. We continue to mutualize the asset manager distribution and oversight costs for collection, management and dissemination of fund information (documents, static and dynamic data) through standardized tools and highly automated processes. ▪
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BREVES
Sabia que... existem
ALIMENTOS FOTO: DIREITOS RESERVADOS
que podem perturbar uma boa noite de sono?
Conheça os melhores truques para as evitar CÓLICAS MENSTRUAIS E todos os meses a história se repete… e parece não ter fim. Mais ou menos intensas, mais ou menos prolongadas, mas quase sempre presentes. As cólicas menstruais são uma realidade para grande parte das mulheres e apesar de, por vezes, passarem completamente despercebidas, estas cólicas podem, na verdade, ser bastante desconfortáveis e incapacitantes. Para quem sabe que vai ser alvo desta dor miudinha e bem irritante todos os meses, nada como atuar na sua prevenção ou, pelo menos, de modo a que consiga abrandar a sua intensidade. E o chá de camomila é o primeiro passo. A camomila é capaz de reduzir os espasmos causados pelas cólicas. Duas chávenas deste chá por dia podem ajudar a relaxar os músculos uterinos. Reduzir o consumo de sal, gorduras saturadas, açúcar e laticínios é também importante, assim como reforçar o consumo de alimentos ricos em ómega-3 e oleaginosas. Para evitar não só as cólicas, como também a retenção de líquidos e o inchaço, nada como ter uma alimentação super colorida e protagonizada por vegetais de folha verde escura, beterraba, banana, tofu e aveia, também eles relaxantes naturais. E já agora, sabe porque é que fica mais pesada quando está menstruada? Apesar de muitas mulheres serem reticentes quanto à prática de sexo durante a menstruação, a verdade é que há mais do que penetração e o simples estímulo sexual, através dos mamilos, por exemplo, é suficiente para o corpo libertar ocitocina, hormona ligada ao prazer e, por consequência, ao relaxamento. Para se ver livre das cólicas ou, pelo menos, para evitar que sejam tão intensas como as últimas, aposte ainda na boa hidratação ao longo do dia e tente relaxar ao máximo, mantendo-se numa posição confortável.
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ALIMENTOS QUE TIRAM O SONO MOLHO DE TOMATE
O molho mais convencional para a massa tem dois aspetos negativos em relação ao sono. Primeiro, pode causar uma forte sensação de azia e de algo a queimar para quem sofre com refluxo noturno. Depois, também contém o aminoácido tiramina, que estimula a atividade cerebral, inibindo a sonolência. CHOCOLATE
A maioria dos chocolates naturalmente contém cafeína, o que pode ser problemático à noite para quem não está habituado. Além disso, possui um composto que estimula a atividade cardíaca, aumentando a frequência dos batimentos e, por consequência, dificulta a hora de dormir. O chocolate branco pode ser um substituto melhor para consumir antes de dormir.
Além disso, mesmo a mais leve ressaca é um incómodo matinal. CARNE VERMELHA
Algumas pesquisas indicam que alimentos ricos em gordura e de difícil digestão, como é o caso de um saboroso bife, atrapalham tanto quando quer adormecer como para entrar nas fases mais profundas e que correspondem ao maior descanso do corpo e do cérebro. TEMPEROS EM EXCESSO
O consumo excessivo de sal, pimenta e outros temperos fortes aumentam a chance do refluxo noturno. Além disso, pesquisas recentes demonstraram que o consumo de sal ao longo do dia faz com que você precise levantar mais vezes para ir ao banheiro durante a noite.
ÁLCOOL
Bebidas alcoólicas deixam-na naturalmente mais sonolenta e ajudam quando o problema é adormecer. Por outro lado, dificultam a entrada num ciclo de sono mais profundo, afetando severamente a qualidade do sono.
REFRIGERANTES
O consumo regular de refrigerante, que contém altos níveis de açúcar e cafeína, está ligado a uma duração mais curta do sono, mesmo quando o corpo ainda precise do descanso.
Sustentabilidade
no universo dos Seguros A Sustentabilidade assume-se hoje como um pilar das sociedades desenvolvidas, sendo um assunto cada vez mais recorrente da vida em sociedade e fundamental para a proteção da Humanidade e do Planeta. Assim, todos os setores aportam uma visão mais profunda e dinâmica relativamente à Sustentabilidade, e a indústria Seguradora é um dos principais «atores» neste domínio. Nesta perspetiva, o desenvolvimento sustentável tornou-se uma realidade no universo das empresas de seguros, até porque as mesmas estão diretamente envolvidas na promoção de princípios de desenvolvimento sustentável,
no que concerne, por exemplo à prevenção, sendo ainda players essenciais no incentivo que podem “oferecer” para que os seus clientes tenham comportamentos e atitudes responsáveis através de produtos e serviços em todos os ramos dos seguros. É importante não esquecer, as companhias de seguros enfrentam também mudanças e, se querem permanecer competitivas, devem superar os desafios do crescimento sustentável. Assim, o desenvolvimento sustentável permite que as empresas melhorem seu desempenho, conquistem novos clientes e mostrem melhores resultados tendo em conta regulamentos e prevenção.
SUSTENTABILIDADE NO SETOR SEGURADOR
“Ser a Seguradora Global de Confiança é a nossa Visão” A MAPFRE é uma seguradora global onde o modelo de negócio se prende em redes de distribuição fortes, sem nunca descurar de uma problemática que tanto diz à sociedade: a sustentabilidade. Assim, a estratégia da mesma passa por encontrar um equilíbrio entre três pilares essenciais, de forma a deixar uma pegada positiva no mundo onde vivemos. Foi em conversa com a Revista Pontos de Vista, que Luís Anula, CEO da marca em Portugal, debateu este e outros temas de extrema importância. Conheça-os.
A
MAPFRE é uma seguradora global com negócio em cinco continentes. De origem espanhola, desenvolve uma vasta atividade em todas as áreas do setor segurador há mais de 80 anos. Como nos descreve a evolução da empresa no mercado onde atua? Qual o segredo para quase um século de existência? O “segredo” – como lhe chama – tem sobretudo a ver com o nosso modelo de negócio, muito assente em redes de distribuição fortes, com muita proximidade com os nossos clientes, o que impulsionou o nosso processo de internacionalização. Agora estamos, em conjunto com a nossa rede, a dar passos importantes tendo em conta o novo paradigma do mundo digital. Outro dos segredos é o forte compromisso social que sempre norteou a nossa companhia. Tal compromisso está bem evidenciado em diversos indicadores, como o facto de atualmente cerca de 98% dos 33.730 funcionários da MAPFRE em todo o mundo terem contratos por tempo indeterminado. Não podemos esquecer o nosso compromisso com a diversidade - 46,3% das vagas em postos de responsabilidade são ocupados por mulheres - e inclusão – as pessoas com deficiência já representam 3,3% do quadro total de colaboradores, tendo ultra-
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passado em 2020 a meta de 3% que o Grupo tinha fixado para o final de 2021. Cerca de 200 mil pessoas beneficiaram das ações solidárias realizadas por mais de 4.750 funcionários e familiares em 28 países, graças ao nosso programa de voluntariado corporativo, mesmo tendo em conta a situação pandémica que vivemos nos últimos dois anos. Se a tudo isto juntarmos o facto de o Grupo ter contribuído com 298 milhões de euros em impostos só em Espanha – cerca de 26,6% dos lucros – ficamos com uma boa ideia da natureza e do papel que a MAPFRE desempenha nos países onde opera. Sabemos que apresenta vantagens aos clientes como saúde e bem-estar online, serviços de informação, proteção digital e assistência informática, entre outros. Para melhor compreender, de que soluções estamos a falar? Falamos de uma proposta de valor para os nossos clientes diferenciadora, baseada numa relação de confiança, transparência e na prestação de um serviço de excelência. Com o programa de fidelização “Cuidamos de Ti”, os nossos clientes conseguem poupar nos seus seguros e obter serviços para si e para as suas famílias. São vários os serviços que disponibilizamos aos nossos clientes, de forma totalmente gratuita,
LUÍS ANULA
e que são mais valias nos tempos que correm atualmente. Por exemplo, os nossos clientes podem usufruir do serviço de Proteção Digital e Assistência Informática (e que inclui a recuperação de dados, a localização de equipamentos, o anti cyberbullying), do serviço de Saúde e bem-estar online (consulta médica, segunda opinião, apoio psicológico ou orientação nutricional), de um atendimento a clientes premium, do serviço de aluguer de veículo com desconto e, ainda, a possibilidade de aderir ao cartão MAPFRE Bankinter Card (que dá direito a descontos em seguros). Fazemos um aconselhamento honesto, damos informação completa sobre as características e qualidade dos nossos serviços e produtos antes da contratação, cumprimos prazos e monitorizamos a nossa prestação de serviço através de inquéritos de satisfação aos clientes. Temos uma grande preocupação com a confidencialidade e a proteção dos dados dos nossos clientes. A rapidez na gestão e a resolução de reclamações através de canais de comunicação eficientes e adequados a cada situação, o respeito escrupuloso pelo código de conduta, a ética e a transparência, são outros elementos diferenciadores da nossa atuação. É uma empresa que marca a sua presença em
SUSTENTABILIDADE NO SETOR SEGURADOR
dial, também em Portugal foi ativado um plano com medidas especificamente orientadas para mitigar os efeitos da pandemia. A prevenção, a segurança e a responsabilidade social estão no nosso ADN, por isso colocámos até 90% dos colaboradores em regime de teletrabalho e fomos a primeira seguradora a obter, em Portugal, a certificação ISSO 22301 pela AENOR de “Gestão da Continuidade do Negócio”. Realizámos também doações diretas à sociedade, nomeadamente material e equipamento médico, oferecido aos hospitais de Santa Maria (Lisboa) e de S. João (Porto), e ações solidárias através do voluntariado corporativo MAPFRE, iniciativas que marcaram o exercício de 2020 em Portugal. A missão primordial passa por uma melhoria constante dos serviços que oferecem, desenvolvendo cada vez mais uma relação sólida com os clientes. Para isso possuem valores como a integridade, inovação, sustentabilidade, entre outros. De que forma a marca tem vindo a assumir compromissos internacionais de sustentabilidade ao longo dos anos? Construir um mundo melhor, mais justo, mais igualitário, mais próspero e mais seguro. É isto o que sig“O Grupo nifica a sustentabilidaMAPFRE está de e o que queremos comprometido em ajudar a atingir. Para reduzir a sua pegada isso temos que agir
Portugal há 30 anos, contando com mais de 100 lojas a nível nacional. O que diferencia a MAPFRE das restantes seguradoras no mercado português? Ser a seguradora global de confiança é a nossa Visão. E é com este objetivo que norteamos a nossa atuação ao longo das últimas décadas. Também em Portugal, a proximidade, integridade e compromisso são valores que nos levam a manter uma relação próxima com os nossos clientes, a um serviço de qualidade e a bons resultados, consistentes e com um caminho de crescimento contínuo. Os prémios da MAPFRE Seguros em Portugal atingiram os 138,8 milhões de euros, representando um crescimento de 1,7 por cento em relação ao ano anterior. Conseguimos superar o mercado no crescimento em prémios e a nossa operação foi capaz de responder aos desafios, de se adaptar e mesmo de melhorar alguns aspetos do seu desempenho. Considerando a totalidade das empresas do grupo MAPFRE Portugal, que incluem também a operação do Bankinter Vida Portugal e, mais recentemente, a nova joinventure com o banco Santander, os prémios ascenderam a 261,2 milhões de euros, com um resultado global de 15,8 milhões de euros. À semelhança do que foi adotado pelo grupo MAPFRE a nível mun-
de carbono até que a neutralidade nas emissões mundiais seja alcançada em 2030”
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SUSTENTABILIDADE NO SETOR SEGURADOR
“O SETOR DE SEGUROS TEM UMA ESSÊNCIA FORTEMENTE SOCIAL E CONTRIBUI DECISIVAMENTE PARA CONSTRUIR UM MUNDO MAIS SUSTENTÁVEL”
de forma equilibrada nos três pilares da sustentabilidade: ambiental, social e boa gestão. A nossa estratégia global de sustentabilidade passa por encontrar um equilíbrio a médio e longo prazo entre estes pilares, orientando o impacto da empresa na sociedade e identificando oportunidades de desenvolvimento sustentável para criar valor partilhado com os grupos de interesse e com a sociedade em geral. A nível internacional a MAPFRE aderiu ao Pacto Global da ONU, à Iniciativa Financeira do programa ambiental da ONU (UNEPFI), aos Princípios para a Sustentabilidade do Seguros (PSI), aos Princípios de Investimento Responsável das Nações Unidas (PRI) e aos Princípios da ONU Mulheres. Assumiu ainda o compromisso público de contribuir para a Agenda de Desenvolvimento 2030 da ONU.
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Assim sendo, qual a importância para uma empresa como a MAPFRE caminhar lado a lado com a sustentabilidade e a neutralidade carbónica? O Grupo MAPFRE está comprometido em reduzir a sua pegada de carbono até que a neutralidade nas emissões mundiais seja alcançada em 2030. Já no seu Plano de Sustentabilidade 20192021 estava definido o objetivo de se tornar uma empresa neutra em emissões de carbono em nível internacional até 2030. Em Espanha e Portugal, este objetivo será atingido este ano, o que tecnicamente se traduz num corte de 61% nas emissões de gases de efeito estufa. A MAPFRE figurou também no ranking mundial do Finantial Times, entre as 300 empresas que mais reduziram as emissões de gases com efeito de estufa entre 2014 e 2019. Além disso, destaco também o com-
promisso público de não investir em empresas em que 30% ou mais do seu volume de negócios seja proveniente de energia produzida a partir do carvão, e de não patrocinar a construção de novas infraestruturas relacionadas com minas de carvão ou centrais termoelétricas Certo é, o percurso para a sustentabilidade ainda é longo. No setor dos Seguros, onde o foco é gerir e assumir riscos, quais os maiores desafios que a MAPFRE encontra? E oportunidades? O setor de seguros tem uma essência fortemente social e contribui decisivamente para construir um mundo mais sustentável. Em primeiro lugar surge desde logo a proteção das pessoas. Esta premissa é ainda mais forte em contextos mais difíceis e complexos, como na crise social e
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fornecedores, clientes, governos, autoridades, organizações não governamentais, fundações e outras empresas no domínio da sustentabilidade. De que forma a MAPFRE combina todas as soluções que oferece com este caminho com a sustentabilidade? E como é que incentiva os seus associados a uma conduta mais consciente? Para as empresas comprometidas com a sociedade, como é o caso da MAPFRE, ter um plano de sustentabilidade é fundamental para impulsionar o desenvolvimento dos países onde estamos presentes. É, sem dúvida, um exercício exigente, que implica refletir sobre o que devemos melhorar nos próximos anos e que nos obriga a cumprir com uma série de obrigações em diferentes países, e a trabalhar lado a lado com todos nossos públicos de interesse. Em 2019, a MAPFRE aprovou o Plano de Sustentabilidade 2019-2021, um roteiro transversal aplicado em todo o Grupo, com mais de 30 objetivos e linhas de ação específicas para avançar nos compromissos em termos ambientais, sociais e gestão, ou seja, em questões tão importantes quanto a luta contra as mudanças climáticas, a economia circular, a inclusão, a transparência, a educação financeira, a economia do envelhecimento, a Agenda 2030, a ética, o emprego, o voluntariado corporativo e o investimento socialmente responsável, entre outros. Posicionar a empresa como referência em transparência, sustentabilidade e confiança, fazer com que os clientes, funcionários e a sociedade identifiquem a MAPFRE como uma empresa comprometida com o desenvolvimento sustentável e, ainda, conseguir que os acionistas e investidores partilhem a nossa visão de criação de valor a médio e longo prazo, são outras linhas mestras do nosso plano. Segundo os especialistas, as empresas que contam com uma estratégia em sustentabilidade são mais competitivas, geram mais oportunidades, enfrentam os novos desafios com mais garantias e contam com melhor reputação.
económica decorrente da pandemia, em que o seguro tem agido com responsabilidade e compromisso, sendo um aliado dos sistemas públicos de saúde e impulsionando programas solidários. Como especialistas em riscos, as seguradoras podem identificar riscos em questões ambientais, sociais e de gestão, contribuindo para evitá-los ou mitigá-los e ajudando o cliente a melhorar a própria gestão sustentável. O investimento socialmente responsável é outro ponto-chave da aposta dos seguros num mundo mais sustentável. Além da rentabilidade, há também preocupação com o impacto social e ambiental da nossa atividade empresarial. A colaboração com terceiros, para impulsionar ações sustentáveis é igualmente um dos aspetos em que o setor dos seguros tem um papel determinante, graças à sua relação estreita e capacidade para influenciar
Numa sociedade em constante mudança, que estratégia será adotada pela MAPFRE para o futuro a longo prazo no compromisso com a sustentabilidade que assume? Em 2012, as Nações Unidas elaboraram os Princípios de Sustentabilidade em Seguros (PSI, na sigla em inglês) durante a Conferência Rio+20 da ONU. Tratava-se de fornecer um plano de ação global para que as empresas de seguros pudessem desenvolver e expandir soluções inovadoras de seguros e gestão de riscos, fundamentais para promover cidades sustentáveis, energias renováveis, segurança alimentar e comunidades mais resilientes a catástrofes, entre outros aspetos. Fátima Lima, diretora de Sustentabilidade da MAPFRE no Brasil, é a representante da companhia nesse importante organismo internacional. Foi recentemente reeleita membro do conselho mundial do PSI, cargo que exerce desde 2015.
A integração das questões ambientais, sociais e de governança (ASG) no processo de tomada de decisão, a colaboração com nossos clientes, parceiros e demais stakeholders para aumentar a sua conscientização, administrar riscos e desenvolver soluções são os principais objetivos. Importa igualmente evidenciar a responsabilidade e a transparência, a divulgação pública e regular dos nossos progressos na implementação dos princípios. A MAPFRE participa regularmente na Assembleia Geral Anual, integrando um conselho formado por representantes de 140 países, que define e atualiza os princípios alinhados com a Agenda 2030 da ONU. Enquanto representante de uma organização com a dimensão da MAPFRE, que mensagem gostaria de deixar aos leitores para que possamos alcançar o mais rápido possível a neutralidade do carbono? Penso que a solução está, acima de tudo, naquilo que cada um de nós pode fazer para atingir esse objetivo. “A parte que nos toca” é o conceito assumido pela MAPFRE que se dirige a cada um de nós, às nossas ações, que representam a parte que nos toca entre os milhões de gestos e ações que se somam ao objetivo de proteger o nosso planeta, de garantir as necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras. Para construir um mundo mais sustentável, mais justo, mais próspero, mais ético, mais igual, mais diverso, mais colaborativo e mais ecológico! Neste sentido, não posso deixar de recordar a célebre frase do antigo presidente norte-americano John Kennedy, no seu discurso de posse, em janeiro de 1961: “Não pergunte o que os Estados (Unidos) podem fazer por você, mas o que você pode fazer pelos Estados (Unidos)”. ▪
A MAPFRE atua em praticamente todo o mundo. De que forma é que cada país está preparado ou não para dar resposta às questões ambientais? Considera que estão todos no mesmo patamar de resposta? De facto, nem todos os países onde a MAPFRE opera estão no mesmo patamar de resposta. As assimetrias são grandes e os interesses por vezes conflituantes, como ainda recentemente se constatou na reunião em Glasgow. Mas o importante é não desistir e continuar a lutar pelos objetivos definidos pela Organização das Nações Unidas. Os resultados da COP não foram os desejados, mas não houve retrocessos. Pela nossa parte, até pela importância que temos na sociedade, estaremos sempre na primeira linha de combate.
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SUSTENTABILIDADE NO SETOR SEGURADOR
“A Sustentabilidade está, e estará nos anos vindouros, no Centro do debate do setor Segurador” O empenho, a qualidade e o envolvimento, aliados à inovação, são fatores cruciais que têm marcado o percurso da CA Seguros desde 1994. Mas não só: o compromisso com a sustentabilidade é hoje, mais do que nunca, um foco imprescindível a atuar na sua atividade diária. Neste sentido, Teresa Barreira, Administradora da CA Seguros, aborda em entrevista, de que forma a atividade seguradora vai revelar a sua capacidade de adaptação, tendo um papel protagonista na mudança para um mercado, país e mundo mais sustentável.
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esde 1994, a CA Seguros é a Seguradora Não Vida do Grupo Crédito Agrícola, que garante a segurança e proteção aos seus Associados e Clientes. Como nos pode descrever a evolução da marca ao longo destes 27 anos de atividade? Ao longo destes 27 anos de atividade, a CA Seguros tem realizado um percurso de crescimento, de solidez, de qualidade e de afirmação no mercado. Tem sido uma evolução pautada por uma atenta e equilibrada gestão dos riscos que aceitamos e por uma grande proximidade às Caixas Agrícolas. Também privilegiamos muito o serviço que prestamos ao Cliente, quer no momento da contratação do seguro quer quando ocorre um sinistro, sendo este o momento em que é sentida e valorizada a qualidade da nossa prestação. Apresentando uma gama vasta e completa de produtos para proteção de particulares, empresários e empresas, a CA Seguros conta com mais de 400 mil Clientes, através de cerca de 750 mil apólices em vigor. Que soluções de seguros – adequadas às necessidades de cada um – são aqui disponibilizadas? O que as torna distintas no mercado? O portfólio de produtos da CA Seguros é muito completo e visa responder às mais diversas
necessidades dos nossos Clientes. Desde o seguro que visa proteger a saúde, a casa, ou o automóvel até aos seguros agrícolas ou acidentes temos, efetivamente, uma resposta para as diferentes fases da vida pessoal ou empresarial. Um fator distintivo é a relação de proximidade com os Associados e Clientes e com as Caixas Agrícolas que são a nossa rede de distribuição. O Crédito Agrícola valoriza as comunidades locais e tem uma rede de mais de 600 Agências em todo o país que opera com base no conhecimento pessoal e na confiança. Estamos também muito focados na qualidade do serviço e a certificação da norma ISO 9001 alavanca a orientação para a excelência. Também a nossa política de subscrição assenta numa gestão sã e prudente dos riscos visando garantir uma carteira equilibrada. Com os olhos postos nos desafios do futuro, a CA Seguros tem em curso inovações que permitirão tirar partido da tecnologia e das comunicações. De que forma esta aposta na inovação tem facilitado e organizado o trabalho, bem como melhorado a qualidade do serviço em prol dos seus Clientes? Na CA Seguros valorizamos e reconhecemos a inovação, perspetivando-a como um investimento. Além de todos os Colaboradores poderem contribuir com novas ideias, dispomos de
“O PORTFÓLIO DE PRODUTOS DA CA SEGUROS É MUITO COMPLETO E VISA RESPONDER ÀS MAIS DIVERSAS NECESSIDADES DOS NOSSOS CLIENTES. DESDE O SEGURO QUE VISA PROTEGER A SAÚDE, A CASA, OU O AUTOMÓVEL ATÉ AOS SEGUROS AGRÍCOLAS OU ACIDENTES TEMOS, EFETIVAMENTE, UMA RESPOSTA PARA AS DIFERENTES FASES DA VIDA PESSOAL OU EMPRESARIAL” TERESA BARREIRA
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SUSTENTABILIDADE NO SETOR SEGURADOR
“NA CA SEGUROS VALORIZAMOS E RECONHECEMOS A INOVAÇÃO, PERSPETIVANDO-A COMO UM INVESTIMENTO”
FOTO: RAMON DE MELO
um Gabinete específico – Gabinete de Resseguro e Inovação – que procura eventos indutores de inovação e incorpora-a, não só nos produtos e serviços que oferecemos, mas também nos processos e no modelo de negócio. Os nossos Clientes beneficiam de várias formas de integração da inovação. Por exemplo, através da funcionalidade eSign têm ao seu dispor uma forma simples, rápida, segura e sem papel, de contratar o seguro que precisam sem necessitarem de se deslocar presencialmente a uma Agência. Outro exemplo é a App CA Seguros com diversas funcionalidades, incluindo a possibilidade de subscrever seguros novos, consultar a carteira em vigor, participar sinistros e solicitar assistência. Não poderia deixar de referir a solução CA Best Driver, que lançámos em outubro, e que alia o seguro automóvel à prevenção rodoviária. Os segurados que apresentem um estilo de condução mais seguro e que adiram à solução CA Best Driver, poderão beneficiar da devolução parcial do prémio do seu seguro CA Automóvel, se atingirem pontuações elevadas e se não registarem sinistros durante esse período. Uma das missões da CA Seguros é ser a Seguradora (Não Vida) em que confiam todos os Associados e Clientes do Crédito Agrícola. Para isso conta com valores como a competência, cumprimento, responsabilidade, transparência e, por fim, sustentabilidade. No que diz respeito à sustentabilidade, em que medida, no presente, se harmonizam aspetos económicos, sociais e ambientais, para os manter no futuro? Temos como objetivo gerar valor sustentável a longo prazo para os nossos stakeholders: não somente acionistas e Clientes, mas também Colaboradores, reguladores, fornecedores, comunidades locais e a sociedade em geral. Esta criação de valor sustentável alicerça-se em várias dimensões e traduz-se, já há vários anos, em ações e decisões concretas e observáveis no dia a dia. Desde logo, na essência da nossa atividade que oferece proteção contra riscos diversos, de curto e longo prazo, aos quais os Clientes do Crédito Agrícola estão expostos no seu quotidiano, permitindo que vivam o seu dia a dia
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SUSTENTABILIDADE NO SETOR SEGURADOR
com mais segurança e que as empresas operem, inovem e se desenvolvam. Com os nossos Colaboradores, privilegiamos relações de trabalho estáveis e duradouras. Prova disso é o facto de, com todos eles, termos vínculo contratual efetivo a tempo incerto. Praticamos uma estratégia de Recursos Humanos de longo prazo, focada no envolvimento, no desenvolvimento das competências e na promoção da saúde e bem-estar. Sabemos que os recursos ambientais não são ilimitados e adotamos práticas que promovem a redução dos consumos e a eficiência energética. Eliminámos copos de plástico, aplicámos redutores de caudal nas torneiras, reciclámos resíduos e temos adotado veículos híbridos na frota da companhia. E continuamos a transformar os nossos processos, digitalizando-os e desmaterializando-os. Por exemplo, promovemos o envio de documentos contratuais de seguros para a morada electrónica dos segurados, o que contribui igualmente para um melhor ambiente através da redução de desperdício de papel e se traduz num serviço mais cómodo, rápido e seguro para o Cliente.
Sabe-se que o caminho para a sustentabilidade é de longo prazo. Para o mercado dos Seguros, que desafios e oportunidades ficam por ultrapassar e abraçar? Não restam dúvidas que a sustentabilidade está, e estará nos anos vindouros, no centro do debate do setor segurador. Entre os muitos riscos que se colocam, destaco os riscos relacionados com o clima, designadamente o aumento da severidade de eventos climáticos extremos, como ciclones, tempestades e inundações, a mudança nos padrões de precipitação e as temperaturas médias crescentes. Estes riscos poderão impactar o aumento dos prémios de seguros ou reduzir a disponibilidade de coberturas em locais de elevado risco. Mas o processo de adaptação às mudanças climáticas também traz oportunidades que devem de ser consideradas na construção de um novo paradigma económico. Por exemplo, oportunidades relacionadas com o desenvolvimento e expansão de bens e serviços novos com baixa intensidade em carbono poderão fazer surgir novas soluções de seguros, com mais procura e com ganhos reputacionais.
No setor dos Seguros, cujo negócio é gerir e assumir riscos, de que forma a sustentabilidade se destaca como um aspeto fundamental – e cada vez mais relevante – no cenário atual, onde as empresas são avaliadas pela sua capacidade de adaptação às mudanças? Acredito que a atividade seguradora vai revelar a sua capacidade de adaptação e que tem um papel protagonista nesta mudança para um desenvolvimento sustentável. Para as atuais e futuras gerações, vai estimular a consciência sobre a exposição aos riscos, vai assumir e gerir uma parcela considerável dos riscos aos quais estão expostos pessoas, empresas e governos e vai financiar a transição para uma economia de baixo impacto no clima.
Tendo um papel preponderante – contando com o seu posicionamento e reconhecimento no mercado –, de que forma a CA Seguros incentiva os seus Associados e Clientes a um comportamento sustentável e responsável através da aquisição de produtos e serviços? Ao adquirirem produtos e serviços de seguros, os nossos Associados e Clientes estão a adoptar um comportamento que visa a sustentabilidade: reduzem os riscos a que se encontram expostos e protegem-se pessoal e familiarmente, civil e empresarialmente, bem como protegem o seu património. Podemos assim referir que sempre que um Cliente adquirir qualquer dos nossos produtos, está a revelar
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“SEMPRE QUE UM CLIENTE ADQUIRIR QUALQUER DOS NOSSOS PRODUTOS, ESTÁ A REVELAR UM COMPORTAMENTO RESPONSÁVEL E SUSTENTÁVEL, SENDO PARTICULARMENTE NOTÓRIA ESTA DIMENSÃO NOS PRODUTOS DE RESPONSABILIDADE CIVIL (ÂMBITO POLUIÇÃO OU AMBIENTAL), NO SEGURO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS, NOS SEGUROS AGRÍCOLAS OU NOS SEGUROS VOCACIONADOS PARA CICLISTAS”
um comportamento responsável e sustentável, sendo particularmente notória esta dimensão nos produtos de responsabilidade civil (âmbito poluição ou ambiental), no seguro de energias renováveis, nos seguros agrícolas ou nos seguros vocacionados para ciclistas. Exemplo do quanto a CA Seguros se compromete, diariamente, para exceder as expetativas dos seus Clientes, são os inúmeros prémios consecutivos, nomeadamente o de “Melhor Seguradora Não Vida” ou pela sua distinção enquanto a Seguradora do Ramo Não Vida com o mais elevado nível de satisfação dos Clientes, entre outros. Que significado têm estas conquistas para a história e evolução da marca? Estes prémios são uma validação da qualidade dos nossos produtos, serviços e práticas de gestão e refletem o nosso compromisso com a qualidade e a melhoria contínua. Reforçam a imagem de solidez económica e
financeira e o prestígio da CA Seguros junto dos Associados e Clientes do Crédito Agrícola e do setor segurador. O reconhecimento que estas conquistas trazem tem potenciado uma maior procura das nossas soluções, o que explica o crescimento da carteira e do número de Clientes, e as reduzidas taxas de anulação das apólices. Neste contexto, é importante reconhecer o contributo decisivo das Caixas Agrícolas e dos seus Colaboradores, que intermedeiam a venda dos nossos seguros, aos Clientes do Crédito Agrícola, e lhes asseguram uma elevada qualidade nos serviços prestados, na venda e pós-venda. A quem dedicaria todos estes prémios, conquistas e marcos importantes da vida da CA Seguros? Aos nossos Colaboradores e aos Colaboradores da rede de Agências do Crédito Agrícola. Sem dúvida, estes prémios e conquistas são o reflexo de todo o seu empenho, qualidade e envolvimento. ▪
A terminar, enquanto Administradora da CA Seguros, como perspetiva o futuro da marca que lidera e ainda o setor onde se enquadra, tendo em conta as constantes mudanças da sociedade e do mundo? Perspetivo que a CA Seguros e o mercado segurador em geral, vão adaptar-se às novas tendências, aos novos consumidores, às fortes exigências regulatórias e às necessidades, novas ou já existentes, que os Clientes vão apresentar. Sem dúvida que se colocam muitos e exigentes desafios, mas a gestão da incerteza e do risco faz parte das nossas atividades e o setor tem provas dadas sobre a sua resiliência.
Pontos de Vista
DIA NACIONAL DA PESSOA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA Investigação, Desenvolvimento e Dignificação do Doente com EM É no dia 4 de dezembro que, anualmente, se assinala o Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla. Esta efeméride pretende, sobretudo, alertar a população para a doença, desde os seus sintomas, ao processo de tratamento. Não menos importante, a grande missão que também se impõe é consciencializar a população, através de informação rigorosa e pertinente, para as necessidades que as pessoas com EM têm - das mais simples às mais complexas. Conheça alguns testemunhos de pessoas que, diariamente, interagem com a doença e que lutam para que a voz destes doentes seja ouvida e dignificada.
4 DE DEZEMBRO - DIA NACIONAL DA PESSOA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA
“Temos de continuar a apostar na Consciencialização, especialmente das capacidades das Pessoas com EM” A propósito do Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla, que se comemora a 4 de dezembro, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Margarida Piçarra Navalhinhas, Diretora do Congresso Nacional da Esclerose Múltipla e Coordenadora da Delegação de Évora da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla – SPEM, que nos deu a conhecer como é importante continuar a chamar a atenção da população para a doença.
A
Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), criada em 1984, tem como missão contribuir para a melhoria das condições de vida dos portadores de Esclerose Múltipla (EM), familiares e cuidadores. Após 37 anos de iniciativas, como avalia o concretizar desta missão até aos dias de hoje? Ao longo de todos estes anos, além de se ir formando enquanto IPSS e Associação de Doentes, a SPEM, tendo o seu início em Lisboa, tem demonstrado, ao longo dos anos, que existe com pessoas com EM para pessoas com EM. Seja na prestação de serviços aos associados e comunidade envolvente, seja como Associação de Defesa dos Direitos da Pessoa com Esclerose Múltipla, da Pessoa doente crónica e da Pessoa com Deficiência (no nosso caso orgânica e invisível muitas vezes). Além de tudo isto, a SPEM também tem prestado à comunidade um serviço de consciencialização desta patologia crónica, incapacitante e que afeta cada vez pessoas mais jovens e em início de vida. A SPEM existe para estas pessoas com EM, para as suas famílias, para dar voz e servir de apoio a todos os que padecem desta patologia e a todos os que sentem esta causa como sua. Para comprovar o efetivo compromisso com a causa e as iniciativas desenvolvidas, a SPEM já recebeu vários prémios e condecorações que provam o seu serviço a esta comunidade de pessoas com EM e a esta centralidade que se pretende ter na SPEM de colocar o doente no centro. A SPEM intervém junto dos poderes públicos e organismos competentes, especialmente nas áreas da saúde e proteção social, para um eficiente suporte aos doentes e acesso às terapias. Como se encontra atualmente o panorama do dito suporte e acesso? Podemos afirmar que se tem promovido o suficiente a qualidade de vida das pessoas com esta condição? Atualmente, vivemos tempos conturbados a nível político, que naturalmente influenciam o social e a saúde. A necessária união destes dois “silos” é indiscutível enquanto suporte na melhoria da qualidade de vida de qualquer doente crónico, como as pessoas com EM. Hoje em dia, a luta pelo doente no centro torna-
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MARGARIDA PIÇARRA NAVALHINHAS
-se ainda mais gritante e é nisso que a SPEM se tem vindo a centrar ao longo dos últimos anos, apelando à consciência dos organismos competentes e poderes políticos para as necessidades destas pessoas. Seja no acesso aos cuidados de saúde ou terapêuticas mais eficazes e por isso mais caras, seja na qualidade desses serviços de saúde que carecem de melhorias estruturais para que o doente esteja no centro e para que o cuidado a esta patologia não se perca no oceano do SNS. A EM é uma doença crónica, inflamatória do Sistema Nervoso Central e que afeta inúmeras funções do nosso cérebro, por isso mesmo ela necessita de monitorização, de vigilância, de cuidados médicos personalizados e efetivos e que naturalmente dependem das eficácias dos meios complementares de diagnóstico (como ressonância magnética, entre outros) para que o quanto antes se intervenha nesta doença e para que ela não vá à nossa frente. Ainda existe um longo caminho a percorrer que implica talvez a reestruturação na área da saúde para que o doente fique no centro e para que as necessidades dos doentes crónicos e desta patologia sejam tidos em conta. Na área social, a conversa é a mesma, porque enquanto pessoa somos seres sociais em interação com o nosso meio, onde as relações e o entendimento importam para a nossa qualidade de vida. A
urgente necessidade de união entre as montanhas social e saúde são emergentes para toda e qualquer cidadão e ainda mais para o doente crónico que precisa de ver respeitados os seus direitos, quer sejam de saúde quer sejam sociais, laborais, entre outros. Todos temos direito a uma habitação segundo a Carta dos Direitos da ONU, mas também temos direito a um emprego, segundo a mesma carta. O Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla celebra-se todos os anos no dia 4 de dezembro. A data tenta chamar a atenção da população para a doença, desde os seus sintomas à sua gravidade e ao seu tratamento. Considera que hoje existe uma consciencialização maior sobre as necessidades das pessoas com esta condição e das suas vivências? Sim, considero que hoje em dia há uma maior consciência da patologia. Contudo, infelizmente, ainda existe uma grande incompreensão talvez associada, ainda, a um desconhecimento, por parte de entidades empregadoras essencialmente. Grande parte dos sintomas da EM são invisíveis, tais como: insuficiência urinaria, depressão, dificuldades na visão, dor, dormência, sensibilidade à temperatura, entre outros. Dada a sua invisibilidade esta leva à incompreensão e muitas vezes até a situações de incredulidade, o que não é nada favorável para o doente. É necessário apostar ainda na consciencialização, especialmente das capacidades das pessoas com EM, para com as entidades empregadoras e para com a sociedade em geral. Respeito e inclusão são os dois motes para este dia. Quão importante é celebrar esta efeméride e relembrar a sua origem? Essas duas palavras são essenciais porque suportam toda a ideia de melhoria da qualidade de vida destas pessoas com EM e até de qualquer cidadão. O respeito pela nossa patologia, pela dificuldade que enfrentamos diariamente com os sintomas invisíveis e com a compreensão dos mesmos parece-nos essencial que seja cada vez mais consciencializado pela sociedade. A inclusão, seja social seja laboral, é algo inato ao ser humano que só vive em sociedade, em relação e que só consegue ser cidadão efetivamente com plena participação em
4 DE DEZEMBRO - DIA NACIONAL DA PESSOA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA
“SÓ É POSSÍVEL QUEBRAR O ESTIGMA ASSOCIADO À DOENÇA COM UMA MAIOR CONSCIENCIALIZAÇÃO DA SOCIEDADE. E É ESTE SEMPRE O TRABALHO DA SPEM NESTA PROMOÇÃO DE CONHECIMENTO EM TORNO DA DOENÇA E DE TUDO O QUE ESTA ENVOLVE” sociedade quando incluído na mesma. Muitas vezes, infelizmente quem é diferente do padrão “normalizado” em sociedade acaba por ser excluído ou até por se autoexcluir o que só agrava o seu estado anímico e de saúde. Assim, estes dois conceitos estão sempre em cada iniciativa da SPEM, em cada projeto e até em exposições onde se pretende consciencializar a sociedade para a doença, para os doentes e principalmente para a pessoa por detrás da doença. Em que medida é imprescindível promover informação, consciencialização e capacitação dos doentes, familiares, cuidadores e sociedade civil em relação à doença e ao seu impacto? A consciencialização é um produto inacabado. Mas podemos dizer que o nosso esforço tem valido a pena porque cada ano chegamos a mais pessoas e ganhamos mais espaço na sociedade. Só é possível quebrar o estigma associado à doença com uma maior consciencialização da sociedade. E é este sempre o trabalho da SPEM nesta promoção de conhecimento em torno da doença e de tudo o que esta envolve. A capacitação é outro tema muito relevante para a SPEM, seja o patient advocacy seja mesmo uma capacitação dos cuidadores e familiares. Esta doença facilmente é incompreendida porque
muitas vezes não se vê. O trabalho de desenvolver ferramentas para lidar com a doença só é possível com um conhecimento desta e até de nós mesmos e dos nossos limites. A capacitação também só se efetiva com um conhecimento da doença e dos seus direitos enquanto doente de EM, doença crónica e deficiência orgânica. Estando presente de norte a sul de Portugal, conseguindo chegar a cada vez mais pessoas com Esclerose Múltipla, de que forma a SPEM irá – como todos anos a 4 de dezembro – dignificar e elevar a voz dos doentes? O Congresso deste ano tem como título SAÚDE + SOCIAL 4.0 e tem a ambição de contribuir para o quebrar “os silos” que contem e separam o SNS e a Segurança Social e colocar o foco destes na resolução da complexidade da condição da pessoa com doença crónica. O congresso será realizado a 3 e 4 de dezembro de 2021 em Lisboa na Associação Nacional de Farmácias (no seu formato presencial) e digitalmente para todo o País. Será um congresso na modalidade híbrida e é dirigido à comunidade que se encontra ligada à EM, sejam eles decisores, sejam técnicos, sejam cuidadores, sejam os próprios portadores de EM e os seus familiares e amigos. A questão de dar voz ao doente de EM tem sido uma preocupação para a SPEM. Além de todos os vídeos que temos no nosso canal do Youtube (SPEM TV) com testemunhos de e para pessoas com EM, todo o programa deste congresso foi desenhado desde o início com pessoas com EM, com pessoas que trabalham com pessoas com EM, com os nossos voluntários, técnicos, direção, e todo este envolvimento tornou o programa e toda a planificação do congresso rica, mas essencialmente parte integrante de cada um de nós que pertencemos à SPEM e que vamos tendo voz nela e na sociedade. Enquanto diretora de congresso e também pessoa com EM sinto-me honrada por fazer parte desta família que somos na SPEM e por todo o envolvimento que temos tido de toda a comunidade SPEM e não só, mas também comunidade médica, farmacêutica, social, etc. No congresso, em cada painel, temos tudo pensado de pessoas com EM para pessoas com EM. ▪
A terminar – e tendo em conta que a sociedade está em constante evolução – considera que a investigação e desenvolvimento têm sido (e serão) um alicerce promovido em Portugal no que diz respeito à Esclerose Múltipla? De que forma a SPEM irá articular a sua atividade com a peça essencial que é a investigação? Relativamente à investigação e ao desenvolvimento, a SPEM tem já uma longa tradição que vem desde a sua fundação quando, em Portugal, essas palavras ainda nem se quer se associavam à patologia da EM. Foi pela mão da SPEM e de alguns médicos e investigadores que a EM entrou no radar da nossa comunidade científica e se foi desenvolvendo. Hoje em dia o panorama é muito diferente, pois temos vários grupos de investigação nacionais a desenvolver investigação de base e a participar em projetos e consórcios internacionais de investigação e desenvolvimento de soluções terapêuticas, que ajudem a tratar mais eficazmente, a reabilitar melhor e a dar às PcEM uma melhor qualidade de vida. Neste esforço coletivo a SPEM enquadra-se como entidade de referência, tanto como parceiro como agente ativo do processo de ID. Neste momento, estamos e temos estado envolvidos em várias iniciativas com várias instituições académicas nacionais e internacionais que vão desde a Medicina, passando pela Saúde Pública, pela Motricidade Humana, pela Psicologia e pela Economia. Nesta sequência, a SPEM criou neste mandato o Pelouro da Ciência e Investigação que tem desenvolvido um trabalho notável de aproximação e articulação da SPEM com todas as partes interessadas (stakeholders) na área do ID, tanto em Portugal como Internacionalmente, através da Plataforma Europeia da EM e da Federação Internacional da EM e da Iniciativa Progressive Alliance.
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4 DE DEZEMBRO – DIA NACIONAL DA PESSOA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA
“Os Pacientes com
Esclerose Múltipla
devem fazer-se ouvir nestes dias dedicados a Eles” A 4 de dezembro celebra-se anualmente o Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla e é precisamente sobre este tema que Filipe Correia, Neurologista Assistente Hospitalar e responsável/coordenador da consulta de Esclerose Múltipla do Hospital Pedro Hispano, nos deu a conhecer alguns dos pontos fulcrais da doença, como os seus sintomas, o processo de diagnóstico e os tratamentos que existem para informar a população em geral.
A
FILIPE CORREIA
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Esclerose Múltipla é uma doença crónica, autoimune, inflamatória e degenerativa, que afeta o Sistema Nervoso Central. Enquanto Neurologista do Hospital de Matosinhos, como nos pode descrever a evolução desta doença e, consequentemente, da capacidade de respostas e acessos aos tratamentos? Em primeiro lugar, o meu nome é Filipe Correia, sou Neurologista Assistente Hospitalar e responsável/ coordenador da consulta de Esclerose Múltipla do Hospital Pedro Hispano desde 2013. Atualmente a consulta tem mais de 250 pacientes em consulta com quase 200 pacientes em tratamento medicamentoso. Tem uma equipa constituída por três médicos e uma enfermeira especializada. A esclerose múltipla tem sofrido uma evolução grande nos últimos anos em dois aspetos. O conhecimento mais aprofundado da fisiopatologia e imunologia que está subjacente à resposta exagerada e patológica do sistema imune contra o sistema nervoso central; e o desenvolvimento de novas armas
terapêuticas para atuar em várias fases da doença. O acesso mais facilitado a exames de imagem nomeadamente a ressonância magnética tem permitido realizar o diagnóstico precoce dos pacientes em alguns casos no primeiro surto e em outras até antes do aparecimento clínico da doença facilitando o acesso precoce a tratamento e consequentemente possibilidade de melhor prognóstico. Atualmente os médicos clínicos gerais estão mais alertados para a doença pelo que a referenciação para o hospital é também mais célere desempenhando também um papel importante no diagnóstico precoce. Os tratamentos apesar de representarem uma despesa enorme no sistema nacional de saúde, estão todos de uma forma geral disponíveis e de fácil acesso sendo certo que é preciso sempre justificar bem o seu uso junto às comissões de farmácia hospitalares. Considera que a diversidade de sintomas e a ausência de indicadores específicos dificultam o diagnóstico precoce? Para melhor entender, qual é a relação entre um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz? A esclerose múltipla tem vários sintomas e muitas vezes inicialmente são sensitivos e frustres pelo que poderá inicialmente ser mal interpretado e os pacientes não terem diagnóstico.
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assim como enaltecidas as lutas e conquistas que conseguem fazer apesar da enfermidade. Quão importante seria se todos os meios possíveis se juntassem em prol da disseminação da informação pertinente sobre a Esclerose Múltipla? Esta força conjunta traria uma melhor qualidade de vida a estas pessoas? Julgo que as associações deveriam organizar-se de forma mais unida para divulgar esta informação sobretudo nos meios de comunicação social. Melhor qualidade de vida não sei se mudava, mas pelo menos a sensibilização social e com isso a consciencialização de muitos empregadores poderia mudar. Os pacientes com esclerose múltipla são na sua generalidade pessoas que podem manter toda a sua função laboral intacta desde que se respeite as pausas que precisam. Não existe um marcador específico da doença, mas quando o paciente tem uma disfunção neurológica persistente deve realizar uma ressonância magnética que é atualmente o biomarcador mais eficaz para detetar precocemente a doença. Quanto mais cedo soubermos que a doença existe, conseguimos estratificar o doente quanto ao tipo de esclerose múltipla assim como quanto à potencial agressividade da sua expressão pelo que modulamos em função disso a escolha do medicamento. Quando mais eficaz e adequado ao caso, mais será o controlo da doença. A investigação, em diversas áreas, é uma poderosa ferramenta para encontrar respostas e soluções eficientes. Como se encontra atualmente o panorama da investigação da Esclerose Múltipla em Portugal? A investigação em Portugal existe em várias vertentes: Ao nível dos Hospitais associados a faculdades de medicina existe investigação molecular e básica com origem em autores próprios das instituições. Há investigação sobre dados de vida real dos pacientes com esclerose múltipla em variáveis como cognição, perda de volume cerebral e resposta à medicação. Nos hospitais não centrais realiza-se muita investigação promovida por indústria farmacêutica em que temos a possibilidade de introduzir novos fármacos (ainda não comercializados) eficazes aos nossos pacientes. No hospital de Matosinhos existem atualmente cinco ensaios clínicos de intervenção farmacológica de fase III, em que os doentes tomam uma nova medicação em estudo versus um medicamento já aprovado para a doença. Apesar de Portugal não ser um país com capacidade financeira para investigação em comparação com os Estados Unidos da América, os médicos portugueses estão atualizados e contactam com a investigação internacional sem dificuldade.
Aumentar a consciencialização para a Esclerose Múltipla e o acesso aos medicamentos inovadores capazes de travar a progressão da doença é o objetivo de todos os que, diariamente, acompanham e cuidam dos respetivos doentes. Na sua perspetiva, o que tem sido concretizado no que diz respeito ao tema da inovação? Será hoje uma realidade? Existe já há alguns anos as associações de doentes e sites respetivos que dão muita informação aos doentes. Na verdade, a indústria farmacêutica tem também contruído sites e aplicações de smartphones para auxiliar na divulgação do conhecimento entre os pacientes. Julgo que os doentes, fruto de serem novos na generalidade, estão mais capacitados sobre a doença e sobre os novos medicamentos que vão surgindo. Aliás a consulta de esclerose múltipla muitas vezes reserva espaço para tirar as dúvidas sobre algo que leram na internet ou revistas assim como o que ouviram na comunicação social. Anualmente, a 4 de dezembro, celebra-se o Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla sendo que, um dos objetivos desta efeméride é a consciencialização. Podemos afirmar que a doença é hoje suficientemente conhecida, falada e dignificada? É satisfatório o conhecimento geral sobre as necessidades que estes doentes possuem? A doença é muito mais conhecida do que era antigamente. A patologia não é rara uma vez que existem em Portugal cerca de 6000 pacientes com esclerose múltipla pelo que é de todo importante sinalizar o Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla. Nunca é demais falar sobre os sintomas, o processo de diagnóstico e os tratamentos que existem para informar as pessoas. E também julgo importante comunicar às pessoas saudáveis que os pacientes com esclerose múltipla têm necessidade especiais pelo que deve ser respeitado as suas fragilidades e dificuldades
No que diz respeito à pandemia da COVID-19, sabe-se que está agora em desenvolvimento a prática da vacinação relativa à terceira dose em pessoas mais vulneráveis. De que forma tem sido feita a gestão das vacinas de reforço para os doentes com Esclerose Múltipla? Os pacientes com esclerose múltipla que estão a realizar medicamentos que alteram de forma mais significativa o sistema imune são sinalizados pelos seus neurologistas através de uma plataforma informática que existe do sistema nacional de saúde, dando-lhes prioridade em relação a toma da terceira dose. Fará sentido que sejam chamados dentro daquilo que é o plano geral dos doentes imunocomprometidos. De uma forma geral o plano nacional de vacinação funcionou até ao momento adequadamente. Por fim, que mensagem acharia importante deixar aos órgãos decisores sobre todas as questões anteriormente abordadas? Que medidas poderiam ser implementadas de modo a elevar a voz das pessoas com Esclerose Múltipla e melhorar a sua qualidade de vida? Em primeiro lugar julgo que é fundamental existirem equipas multidisciplinares (neurologista, enfermeiro, psicólogo, psiquiatra, infeciologista, fisiatra, urologista, oftalmologista) dedicadas e com tempo específico para os pacientes. Em segundo lugar organizar a semana de trabalho de forma a permitir realizar com mais tempo as consultas, mas também tempo para informar melhor o doente e familiares assim como tempo dedicado à investigação. Em terceiro permitir acesso aos fármacos de forma célere para otimizar o controlo da doença. Os pacientes com esclerose múltipla devem fazer-se ouvir nestes dias dedicados a eles com mais presença nos meios de comunicação social audiovisual ou escrita. Seria importante em momentos televisivos estar presente um médico e um paciente com Esclerose de forma a que possa falar sobre os seus sintomas, medos e conquistas com a doença. ▪
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4 DE DEZEMBRO - DIA NACIONAL DA PESSOA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA
Vamos falar sobre a importância do Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla? É já no próximo dia 4 de dezembro que se assinala o Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla. Sabendo da relevância desta problemática, foi em conversa com a Revista Pontos de Vista que João Dias Ferreira, Neurologista no Hospital de Santa Maria, consciencializou para a empatia com que esta doença deve ser encarada, e ainda o otimismo com que se deve olhar para o futuro da mesma no que diz respeito a medicamentos modificadores.
É
no dia 4 de dezembro que se celebra o Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla: uma doença crónica, inflamatória e degenerativa que afeta o Sistema Nervoso Central. Qual a importância de assinalar uma data como esta? Acredito ser de extrema importância a existência de dias mundiais e/ou nacionais para determinadas doenças, sobretudo para aquelas que possa haver maior desconhecimento ou desinformação sobre as suas características e que estejam associadas a maior cronicidade, com consequentes prejuízos pessoais, sociais e laborais. A Esclerose Múltipla (EM) é um exemplo paradigmático do que acabei de referir.
JOÃO DIAS FERREIRA
“EU DIRIA QUE A MELHOR FORMA DE COOPERAÇÃO QUE A POPULAÇÃO GERAL PODERÁ TER PARA COM OS DOENTES COM EM É A DEMONSTRAÇÃO DE RESPEITO E COMPREENSÃO, FORTALECIDOS, UMA VEZ MAIS, COM ADEQUADO CONHECIMENTO SOBRE A DOENÇA E SUAS CARACTERÍSTICAS MUITO PARTICULARES” 78 | PONTOS DE VISTA |
Os dois motes para esta efeméride são o respeito e a inclusão das pessoas portadoras de Esclerose Múltipla. Com que metodologia se pretende alcançar esta missão? Acredita que ainda existem muitas lacunas por colmatar neste sentido? O respeito deveria ser algo inerente à sociedade em que vivemos, independentemente de ser portador de determinada doença ou característica pessoal, contudo sabemos que, infelizmente, isso ainda não acontece a uma escala global. Em particular, nos doentes com EM, ainda constatamos situações lamentáveis de exclusão laboral e social e outro tipo de faltas de respeito que são inaceitáveis. Conheço situações de despedimentos e rejeição em cargos laborais apenas pelo simples facto de ser portador desta doença, independentemente das capacidades físicas ou psicológicas das pessoas em questão. Creio que a melhor forma de colmatar estas falhas, é informar devidamente o público em geral sobre a doença e sobre os doentes, combater a desinformação e incentivar campanhas para eventos nos quais se possam abordar estas questões. A existência de um dia nacional para a
4 DE DEZEMBRO - DIA NACIONAL DA PESSOA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA
Esclerose Múltipla permite dar voz aos doentes, combater alguns mitos sobre a doença, esclarecer dúvidas e estimular o convívio e o respeito entre todos os envolvidos. Sabemos que cada vez mais é crucial alertar a população para este problema, desde os seus sintomas, à sua gravidade e ao seu tratamento. Na perspetiva do João Ferreira, como é que se está a acompanhar esta doença em Portugal? A minha perceção é que tem existido, nos últimos anos e gradualmente, um maior conhecimento sobre esta doença e suas características. Para isto, muito têm contribuído os médicos neurologistas, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais de saúde com quem os doentes interagem regularmente, tanto de modo presencial como digital. Também a indústria farmacêutica, com a criação de inúmeras ações de formação e cursos que visam a aprendizagem contínua sobre a doença para profissionais de saúde e para os próprios doentes e suas famílias e as sociedades nacionais de doentes com EM, através de campanhas de sensibilização para o público, para doentes e suas famílias, entre outras. Em suma, eu diria que estamos todos a aprender cada vez mais uns com os outros sobre a Esclerose Múltipla em Portugal. Tendo em conta que estamos a entrar numa terceira fase de vacinação da Covid-19, quão relevante é para os doentes de Esclerose Múltipla usufruir desta vacina? Porquê? Gostaria de realçar que, pelos dados que temos até à data, não parece existir um maior risco de contrair ou de ter doença mais grave por Covid19 sendo portador de EM. Nem existem dados que permitam afirmar que a resposta à vacinação é diferente em pessoas com Esclerose Múltipla comparativamente com a população geral. Relativamente às normas atuais da Direção-Geral da Saúde sobre a terceira fase de vacinação, a maioria das pessoas com esta doença não são consideradas prioritárias, tendo em conta o que referi anteriormente. Contudo, uma percentagem de doentes com EM, sobretudo aqueles com formas mais agressivas da doença, necessitam de efetuar tratamento com fármacos imunossupressores, como por exemplo ocrelizumab, fingolimod ou cladribina. Nestas situações, perante uma possível menor resposta imunitária à vacinação, está recomendado o reforço com a terceira dose da vacina. Os doentes devem esclarecer com o seu neurologista assistente se são elegíveis ou não para esta fase de vacinação. O tratamento da Esclerose Múltipla implica todo um procedimento médico onde o doente deve estar atento a todos os sintomas. Como é feito o auxílio de um paciente que suspeita ser portador da doença? Os sintomas referidos por uma pessoa com EM podem ser variados, no entanto muitos deles
“O RESPEITO DEVERIA SER ALGO INERENTE À SOCIEDADE EM QUE VIVEMOS, INDEPENDENTEMENTE DE SER PORTADOR DE DETERMINADA DOENÇA OU CARACTERÍSTICA PESSOAL, CONTUDO SABEMOS QUE, INFELIZMENTE, ISSO AINDA NÃO ACONTECE A UMA ESCALA GLOBAL” são inespecíficos, ou seja, podem estar presentes em pessoas sem qualquer doença ou com patologias distintas. Estes sintomas inespecíficos - como por exemplo a fadiga, a pouca tolerância a esforços, dor crónica ou recorrente, tonturas auxiliam no diagnóstico se estiverem presentes simultaneamente com sintomas específicos da Esclerose Múltipla. Estes últimos são variados e surgem gradualmente ao longo de horas ou dias, sendo os mais comuns a visão turva em um ou nos dois olhos, visão dupla, dormência, perda de força muscular ou coordenação motora num ou vários membros, desequilíbrio ou sensação de pernas “presas” a andar. Perante um ou vários destes sintomas, particularmente os sintomas específicos, a pessoa deve procurar um neurologista e depois desencadeia-se um processo para o diagnóstico no qual temos como pontos-chave: o cuidadoso exame neurológico ao doente, a realização de Ressonância Magnética cerebral ou medular e outros exames complementares caso sejam necessários, como por exemplo a punção lombar. Certo é, esta é uma doença que – infelizmente – ainda desperta algum preconceito por parte de quem não conhece as suas características. De que forma se pode erradicar esta intolerância? Concordo plenamente com essa afirmação e é algo que eu pessoalmente tento combater a cada consulta que faço, a cada doente recém-diagnosticado que sigo e suas respetivas famílias e a cada comunicação que faço sobre a doença, no contexto apropriado. Creio que a melhor forma de enfrentar o preconceito que
ainda abrange a EM é tentar perceber melhor a doença em si e os doentes que com ela vivem, incentivar a procura pela informação correta e apropriada sobre a mesma contrariando a muita desinformação que ainda circula, estimular a criação e participação ativa da população em eventos e formações no âmbito da EM. Assinalar o Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla é fundamental também para dignificar os doentes e promover a sua qualidade de vida com o respeito que merecem. Neste sentido, como é que a população pode cooperar com os doentes e as respetivas famílias? Eu diria que a melhor forma de cooperação que a população geral poderá ter para com os doentes com EM é a demonstração de respeito e compreensão, fortalecidos, uma vez mais, com adequado conhecimento sobre a doença e suas características muito particulares. É importante perceber que, muitas das pessoas portadoras desta doença, sofrem diariamente com sintomas disfuncionais e incapacitantes, que são invisíveis a terceiros e extremamente difíceis de explicar. Percebermos a doença e os doentes, só por si, ajuda a aumentar a qualidade de vida das pessoas com EM. Por fim, como é que o João Ferreira vê o futuro da inclusão desta doença, bem como a sua cura? O otimismo é um fator-chave? Como sublinhei anteriormente, na minha opinião o conhecimento da população geral sobre a doença tem aumentado e tenho a certeza que irá continuar no futuro. Os doentes são cada vez mais compreendidos e devem prosseguir na sua tarefa de se fazerem ouvir a si e à doença de que são portadores. Quanto à eventual cura da EM, devemos conter um pouco o entusiasmo, pelo menos para já. A Esclerose Múltipla foi descrita por Charcot há mais de 150 anos atrás. Os primeiros tratamentos que modificam o curso natural da doença surgiram apenas há 30 anos, contudo, só nos últimos dez anos, as opções terapêuticas nesta doença praticamente triplicaram. Portanto, na minha opinião, podemos estar otimistas sobre as próximas décadas no que diz respeito a tratamentos modificadores e, talvez, curativos para esta doença tão incapacitante. ▪
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BREVES
CONFINAMENTOS AJUDARAM FUMADORES (35%) A DEIXAR O VÍCIO
Os confinamentos foram uma oportunidade para os portugueses quebrarem rotinas, levando até a que muitos fumadores (34,9%) tenham deixado de fumar, revela um estudo da aplicação Fixando, que liga clientes a especialistas. Cada vez menos portugueses fumam: apenas 14,5% dos inquiridos revela fumar, com 20,9% a indicarem serem ex-fumadores. Estes números confirmam a tendência verificada pelo Instituto Nacional de Estatística, que em 2019 registava uma redução de 3 pontos percentuais da população fumadora, de 20% em 2014, para 17% em 2019. Apesar de muitos fumadores terem abandonado o vício durante os confinamentos, para 25,5% o aumento da ansiedade provocada pela pandemia e as
condições proporcionadas pelo home-office provocaram uma subida no consumo de tabaco. Apenas 7,5% indica ter passado a fumar com menor frequência. No entanto, as crescentes restrições ao consumo de tabaco em locais públicos revelam-se um obstáculo eficaz aos fumadores, já que 58,3% admite fumar menos devido à lei do tabaco. As iniciativas e campanhas de sensibilização para os malefícios do tabaco também dão frutos: 82,4% dos fumadores já tentou deixar de fumar e 50% admite querer abandonar o vício nos próximos meses, sendo a saúde o principal motivo (72%) apontado para esta tomada de decisão, com 17% a referir os custos monetários do tabaco.
Cuidadores Informais pedem que seja ouvida a sua voz, sempre que se discutirem os seus direitos
Queimamos mais calorias quando treinamos ao frio? Sim, o frio está de volta e com ele chega a velha dúvida dos atletas: afinal, queimamos mais calorias quando treinamos ao frio? Narizes vermelhos, mãos geladas, lágrimas nos olhos. Sim, o frio está de volta e com ele chega a velha dúvida dos atletas: afinal, queimamos mais calorias quando treinamos ao frio? A resposta é… sim (mas não se entusiasme muito). Segundo a personal trainer e fisiologista Gien Haney, queimamos, de facto, mais calorias quando está frio – embora o resultado final não seja tão significativo como o desejado. “Num contexto de exercício físico”, diz a especialista à Women’s Health, e tal como revelou um estudo publicado na revista Medicine & Science in Sports & Exercise, assim que a tem-
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peratura baixa e dá-mos mais movimento ao corpo, o rácio metabólico aumenta para aquecer o corpo e esse trabalho extra resulta num maior gasto de calorias, o que não se verifica, por exemplo, quando está em climas mais quentes. Apesar de o gasto calórico não ser significativo, o frio não tem, de todo, de ser um entrave à prática de exercício físico, porém, importa salientar que o risco de lesão é maior quando a temperatura está mais baixa. Equipe-se a rigor, hidrate-se e faça um aquecimento completo antes de começar a treinar na rua.
Foi em 2019 que o Estatuto do Cuidador Informal foi finalmente aprovado, depois de muitos debates e discussões. E apesar de reconhecer os direitos de quem cuida, conferindo, pelo menos em teoria, ajudas até aqui inexistentes, o facto é que continuam a ser muitos os cuidadores informais que desconhecem a sua existência e muitos também os que o consideram insuficiente nos apoios que consagra. Os números confirmam que há ainda muito a fazer. O mais recente inquérito aos cuidadores informais portugueses, feito pelo Movimento em março passado, revela que 59,1% dos inquiridos desconhece a existência do Estatuto, enquanto 77,2% o consideram incompleto. E isto por ser pouco abrangente (22,1%), por ser, em termos de acesso, muito burocrático e limitado (21,3%), por não proporcionar os apoios suficientes, capazes de suprir as necessidades existentes (20,1%), entre muitos outros motivos. Para o Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais, estes dados confirmam a necessidade de uma revisão do Estatuto, que deve começar por ouvir o que pensam os cuidadores informais, quais as suas necessidades, a melhor forma de os ajudar a ultrapassar os desafios inerentes à atividade que desempenham.
BREVES
alimentos aliados do sistema respiratório Fazer exercício físico, evitar o fumo e locais com muita poluição são outras maneiras de cuidar do pulmão.
chás caseiros para desinchar Barriga inchada? Estes chás podem ser a melhor solução.
Não é novidade que há alimentos que colaboram para o fortalecimento de órgãos específicos. No caso do pulmão, além da alimentação, deve ter em consideração a prática de exercício físico regular, não fumar e evitar locais com muita poluição. ALIMENTOS ALIADOS DO PULMÃO
O inchaço é uma das maiores preocupações das mulheres e dos fatores que, talvez, mais interfere com o humor e bem-estar.
GENGIBRE As suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes contribuem para a limpeza no pulmão e prevenir as doenças respiratórias. Além disso, ajuda a relaxar os músculos dos pulmões, facilitando a respiração.
são do líquido que fica retido nos tecidos corporais, que provoca o inchaço no corpo. Para fazer o chá, use 500 ml de água para cada duas colheres de sopa da erva.
ALHO À semelhança do gengibre, é anti-inflamatório natural. Além disso, o alho contém alicina, também útil no combate a infeções.
CHÁ DE DENTE DE LEÃO
LARANJA Toda a fruta rica em vitamina C, como as laranja, é imprescindível para o bom funcionamento do sistema respiratório.
São muitas as razões pela qual alguém pode ter um inchaço repentino e cada pessoa reage de forma diferente. Mas os motivos mais comuns podem estar associados diretamente ao que faz no seu dia-a-dia. Se por exemplo consome alimentos que causam retenção de líquidos ou anda a exercitar-se pouco, então preste atenção. CHÁ DE ABACAXI
Este chá ajuda o corpo a desinchar, diminuindo a retenção de líquidos do corpo. Além disso, o chá de abacaxi melhora o funcionamento do corpo, principalmente do trato digestivo. Basta ferver a casca em conjunto com um litro de água. CHÁ DE CAVALINHA
Promove uma limpeza natural do organismo. Além disso é também responsável pela expul-
Possui diversas propriedades diuréticas. Além disso também protege o fígado contra os efeitos da ingestão de bebidas alcoólicas. Faz-se utilizando a planta seca e deixando-a em infusão numa chávena de água quente por uns minutos antes de coar e beber. CHÁ VERDE
Este chá é conhecido por ter uma ação diurética e, através dela, há uma diminuição do acúmulo de líquido e substâncias nocivas à saúde. No entanto, este é um chá que deve ser evitado por quem tem sensibilidade à cafeína.
EUCALIPTO A ação expetorante favorece a desinflamação e descongestionamento das vias. É também um anti-inflamatório natural. Prepare uma infusão.
CHÁ DE HIBISCO
Possui ação diurética, digestiva, laxativa e termogénica. Basta ferver um litro de água e colocar duas colheres de sopa de hibisco. De seguida, deixe a mistura na infusão por aproximadamente 15 minutos.
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ANIVERSÁRIO SOFTFINANÇA
Anos de SoftFinança São já 31 anos que marcam a história da SoftFinança. De forma a celebrá-los, em conversa com a Revista Pontos de Vista, o CEO Luís Teodoro e o Fundador Jorge Carvalho, revelaram os aspetos que têm vindo a contribuir para que cada vez mais esta seja uma empresa sólida e com o rigor que desde sempre lhe é característico. Conheça-os.
JORGE CARVALHO
A
SoftFinança é uma marca que consolida parcerias com os clientes fundamentadas na experiência e know-how que foram ao longos dos anos sendo acumuladas em projetos e soluções de engenharia nos mais diversos setores. Para o CEO, Luís Teodoro, toda esta conquista deve-se fundamentalmente a duas características que acompanharam o mindset da equipa naquele que era o caminho para o sucesso. “Por um lado o profundo conhecimento dos setores de atividade onde operamos, que nos faz ser uns parceiros naturais por excelência para os nossos
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LUÍS TEODORO
clientes e, por outro lado, a qualidade e a inovação daquilo que entregamos”. Sabemos que foi uma marca que começou por trabalhar na área dos ATM em Portugal numa altura em que a Transformação Digital ainda se encontrava nos seus tempos primitivos. E por isso, a SoftFinança foi pioneira neste setor que hoje em dia tanto diz a toda a sociedade. “Temos vindo a acompanhar desde essa altura tudo o que tem a ver com alteração de processos que conduzem à inovação, ou seja, esta é uma mais-valia que nos acompanha desde o primeiro dia”, afirma Luís Teodoro.
Aliado a todo este espírito inovador, esta é uma empresa que sempre esteve orientada a realizar uma permanente pesquisa dos projetos que são feitos internacionalmente, bem como a realizar um acompanhamento das tendências, para que desse trabalho pudessem, naturalmente, sair frutos. “Retirar conclusões e colher aprendizagens para aportar na realidade de cada país, uma vez que operamos em áreas muito especificas, torna-nos também uns parceiros com grande valência para os nossos clientes”, sustenta o CEO.
ANIVERSÁRIO SOFTFINANÇA
numa área de continuidade em que as pessoas se INOVAÇÃO COMO FOCO PRIMORDIAL habituaram e vivem isso com naturalidade”. Se a inovação é nos dias de hoje uma prioridade No reverso da moeda estava a falta de socializano seio de todas as empresas, para a SoftFinança ção que, a dada altura, as pessoas começaram a foi desde 1990 este o foco. “A inovação para nós é sentir. Foi então que os nossos entrevistados, a a única forma que temos para continuar a trazer pensar no bem-estar de toda a sua equipa enconvalor acrescentado aos nossos parceiros, só aportraram “um mix, de forma a que as pessoas putamos valor se lhes proporcionarmos satisfação dessem equilibrar a sua função profissional com das suas necessidades, usamos, portanto, a inoas suas solicitações particulares, conjugando dias vação para encontrar melhores soluções. Para nós em teletrabalho com dias em presencial”, e é nesinovar é a única forma de sustentar uma relação se regime híbrido que se mantêm até hoje. de continuidade para os nossos clientes”, garantem os interlocutores. Esta é precisamente umas A INTERNACIONALIZAÇÃO COMO FUTURO das características que diferencia a marca das resEstes 31 anos de experiência, aliados a uma ditantes no mercado, porque, segundo Luís Teodoversidade de clientes e serviços, é o que permite à ro, “fomos sempre uma companhia especializada SoftFinança responder dos mais simples aos mais em alguns setores de atividade, o que tem feito complexos desafios exigidos no mercado onde com que sejamos reconhecidos como especialisatuam, quem o afirma é o CEO da marca, Luís Teotas nessas áreas”. doro. Isto porque “a acumulação da experiência Para os entrevistados, parar de inovar nunca será enriquecida por esta multiplicidade de realidades uma opção, uma vez que os mercados onde opeque cada cliente aporta acaba por nos dar uma ram são altamente dinâmicos, e “se deixarmos de perspetiva mais versátil que inovar deixamos de trazer nos permite ter o desemvalor acrescentado aos penho que temos”, assume. nossos clientes e, conse“CONTINUAR A CRESCER Trilhado um caminho de quentemente, deixamos NOS SETORES MAIS sucesso e com os olhos de ter alternativas para nos postos no futuro, a SoftFicomplementar”, por isso TRADICIONAIS E AO MESMO nança iniciou um processo sabem que para garantir TEMPO ENTRAR NAS ÁREAS de internacionalização com a solidez da operação da a abertura de um escritório SoftFinança, a inovação é MAIS INOVADORAS QUE no Senegal, tendo também um fator-chave. iniciado atividade na RepúFruto da inovação que SÃO A ÁREA DA SAÚDE E DO blica Dominicana. prestam, mas não só, a RETALHO, ONDE TEMOS UMA Luís Teodoro garante SoftFinança tem uma nomesmo que o foco neste toriedade acima da média. PRESENÇA MAIS RECENTE” momento é “crescer interIsto porque quando se fala nacionalmente, fundamendos mercados onde opetalmente no setor financeiro, nestas duas geograra – banca, retalho, saúde – é reconhecida com fias: países africanos de língua francesa, baseada excelência e numa posição muito privilegiada, o no nosso escritório de Dakar e na América Latina, que naturalmente estimula toda a equipa geranbaseada na nossa atuação na República Dominido vontade de fazer mais e melhor. cana”. A verdade é que – nada surpreendente – em qualquer uma das novas atividades, a SoftFiO IMPACTO DA PANDEMIA nança já conquistou novos clientes. Sabemos que a pandemia que ainda hoje viveA verdade é que é de extrema importância inmos impactou os mais variados setores de atividaternacionalizar uma empresa como a SoftFinança, de e a SoftFinança naturalmente não foi exceção. uma vez que o mercado português se esgota a Dentro de todos os aspetos negativos que a Couma certa altura. E é por isso que “o mais importanvid-19 trouxe, a verdade é que a resiliência e a boa te é abrir novas frentes para podermos continuar a comunicação interna, característica de uma emcrescer, porque o nosso objetivo é crescer numa alpresa como esta, tornou a adaptação a esta nova tura em que se vislumbra um mercado português realidade um processo muito menos doloroso. que começa a atingir uma maturidade em que a Assim, segundo o CEO, foram várias as medidas perspetiva de crescimento já não é muito alta, poradotadas de forma a minimizar o desconforto e intanto encontrar novas formas de desenvolvimento segurança de toda a equipa. “Todas as pessoas em é fundamental”, sustentam os entrevistados. que as funções o permitiam, passaram a estar em Ainda assim, não descurando o nosso país, denteletrabalho e isso levou-nos a rever fundamentro do mercado nacional, a estratégia passa por talmente os padrões de segurança, para poder continuar a reter os clientes de vários anos, “conter as pessoas a trabalhar em ambientes remotos, tinuar a crescer nos setores mais tradicionais e ao mas no nosso setor de atividade, as tecnologias mesmo tempo entrar nas áreas mais inovadoras de informação, já tinham mostrado há muito que que são a área da saúde e do retalho, onde temos o teletrabalho era uma realidade possível, embora uma presença mais recente”, confessa Luís Teodonão muito adotada”. E sendo o teletrabalho cada ro garantindo ainda que em Portugal o objetivo vez mais uma atração para a maioria dos trabaé precisamente aumentar o número de clientes lhadores, naturalmente que este veio trazer aos nestas mais recentes áreas onde atuam. ▪ da SoftFinança “uma maior satisfação e conforto,
A GRATIDÃO DE CELEBRAR O 31º ANIVERSÁRIO Jorge Carvalho, Fundador da empresa, foi quem a fez nascer e quem acompanha todos os passos desde o primeiro dia. Por outro lado, Luís Teodoro, enquanto CEO, caminha de mãos dadas com esta que é a sua segunda casa há oito anos, e orgulhosamente afirma que “ver crescer este sonho e fazer parte desta história de sucesso é uma honra muito grande”. Em tom de finalização, e de maneira a celebrar este 31º aniversario, os interlocutores garantiram um enorme orgulho em terem conseguido trazer a companhia até esta data com a estabilidade que possui. “Por outro lado, aquilo que nos permitiu chegar aqui foi um conjunto de recursos internos: os recursos humanos são uma pedra fundamental e muitos deles estão connosco desde o início, o que demonstra que esta equipa, estável e muito profissional, é um fator que nos permite olhar para os próximos anos com muita segurança”, asseguram. Além disso, e parte fundamental do sucesso de uma marca tão bem vincada no mercado: os clientes. “Temos a sorte de ter a merecida confiança dos nossos clientes que continuam a apostar em nós e que nos vai permitir, ano após ano, ir continuando a estar presente e aumentar a ligação aos mesmos”, garantem Luís Teodoro e Jorge Carvalho. A promessa da SoftFinança prende-se então em continuar com as particularidades que os identificam, bem como olhar para novas perspetivas: a evolução tecnológica e dos negócios. “Queremos continuar a manter a relação de parceria que construímos no caminho que fizemos para chegar ate aqui”, finalizam.
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ANIVERSÁRIO GARCIAS
GARCIAS
40 anos a Brilhar no Mercado Português A Garcias foi fundada em 1981 pelas mãos e mentes visionários de João e Arnaldo Garcia, pai e filho que, em força conjunta, tornaram esta marca numa das maiores empresas portuguesas no setor da distribuição de vinhos e bebidas espirituosas. Atualmente é Filipa Garcia que, juntamente com o seu marido, assume a liderança da companhia que este ano atingiu 40 anos de história. Conheça as conquistas e o verdadeiro «sabor» que as mesmas deixam ano após ano neste meio que, apesar da sua dimensão, é próximo e familiar.
C
om origem familiar na beira baixa de Portugal, a Garcias começou o seu percurso a comercializar produtos alimentares. Apesar do sucesso na palma das mãos, rapidamente os Fundadores perceberam que o caminho teria de ser mais competitivo e inovador: nos anos 90 a marca estava mais do que preparada para comercializar garrafas de vinho e de bebidas espirituosas em parceria com as principais empresas deste setor que, à época, estavam no auge do seu negócio. Em 2010, com sede em Alverca e com escritórios da área comercial espalhados pelo país, a Garcias muda-se para Alcochete – onde se encontra atualmente – para melhor responder às inúmeras solicitações diárias. Foi precisamente nesse ano que Filipa Garcia se junta ao negócio e tira partido da sua licenciatura em Gestão pela Universidade Católica Portuguesa e do seu mestrado em Estratégia e Empreendedorismo. Apesar da crise económica que se vivia neste período de tempo, Arnaldo e Filipa Garcia descobriram em si uma equipa de sucesso, com visão para o futuro. A expansão geográfica começou, assim, abrindo uma delegação na Madeira – sendo a mais antiga da marca. Atualmente, com sete lojas e seis bases logísticas, a Garcias é uma referência no seu setor, com um assinalável portefólio de produtos que faz chegar diariamente através da sua equipa de vendas e distribuição, a todo o território nacional.
FILIPA GARCIA
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UMA ESTRATÉGIA DIFERENCIADORA Ao longo de todos estes anos de história, os Fundadores e os atuais Acionistas souberam aproveitar cada oportunidade para posicionar a Garcias no mercado – mas não é sorte, é agilidade. Com uma capacidade extraordinária de olhar além dos horizontes, a marca destaca-se em várias frentes no mercado por inúmeros motivos, tal como Filipa Garcia assume: “Temos uma cultura enraizada muito própria, com valores absolutamente fundamentais, como a força de vontade, dedicação e espírito de sacrifício. Posso afirmar com todo o orgulho que temos uma equipa de 60 comerciais sendo que, a maior parte deles, está há mais de dez
ANIVERSÁRIO GARCIAS
gada”. Admite a nossa interlocutora. Numa ótica de coexistência, apesar das vendas online terem sido fortemente impulsionadas pela pandemia, a Garcias confessa que, na sua perspetiva, nada substitui o aconselhamento de ir a uma garrafeira comprar um produto específico. Assim, ambas as vertentes (o presencial e o online) continuarão ativos e reforçados.
anos connosco. É geral, todos olham para este projeto como uma família”. Além disso, a «lei» da proximidade é seriamente assegurada pela Garcias, não somente com os colaboradores, mas também com os clientes e o próprio terreno. Apesar da sua larga magnitude geográfica, a marca prima pela contiguidade de todos os que a rodeiam. Tendo 2019 como «o melhor ano de sempre» da faturação, apesar da pandemia que (ainda) atravessamos - entre os naturais dissabores desta problemática - a Garcias recuperou e está atualmente a ganhar novamente o seu espaço no mercado. “Nos últimos anos temos construído uma base financeira sustentável e conseguimos ultrapassar com resiliência a crise pandémica devido a esse facto. É, obviamente, uma alavanca muito positiva para o sucesso de todo o negócio”, afirma a nossa entrevistada. A IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO: A NOVA IMAGEM DA GARCIAS É de conhecimento geral que a inovação faz (e tem de fazer) parte da evolução de qualquer marca. Na Garcias, “temos inovação a nível do produto. Durante muitos anos cheguei a ir com o meu pai a feiras internacionais em que detetámos produtos que não existem cá, mas que achámos que faz sentido implementar no nosso mercado. Os nossos catálogos são sempre muito completos e mais, tanto vendemos a negócios pequenos, como a vários de grande dimensão. O nosso portefólio é alargado em todos os sentidos, a vários tipos de clientes”, sustenta Filipa Garcia, acrescentando ainda que “acabamos por conhecer muitos sítios diferentes o que é enriquecedor no sentido de podermos e conseguirmos dar continuidade a todos os projetos”. Foi precisamente através deste know-how - que a Administradora da Garcias considera impagável - que a marca tem vindo a trilhar um caminho repleto de vitórias sucessivas. Importa ainda referir que, para celebrar o 40º aniversário, foi desenvolvido um rebranding da marca de modo a impulsionar a cada vez mais importante imagem digital. “As vendas online foram reforçadas com a pandemia, por nisso teríamos claramente de reforçar a nossa imagem também. Logo em 2020, no primeiro confinamento, sentimos essa dinâmica muito mais alar-
“TEMOS UMA CULTURA ENRAIZADA MUITO PRÓPRIA, COM VALORES ABSOLUTAMENTE FUNDAMENTAIS, COMO A FORÇA DE VONTADE, DEDICAÇÃO E ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO. POSSO AFIRMAR COM TODO O ORGULHO QUE TEMOS UMA EQUIPA DE 60 COMERCIAIS SENDO QUE, A MAIOR PARTE DELES, ESTÁ HÁ MAIS DE DEZ ANOS CONNOSCO”
CELEBRAR 40 ANOS DE CONQUISTAS COM OS OLHOS POSTOS NO FUTURO A desenvolver-se constantemente há quatro décadas, a Garcias é um player que se destaca, não só pela sua capacidade de alargar horizontes, como de os «alargar» acompanhando as transformações da sociedade e do mercado. Assim, e olhando para o vindouro, “a nível de Portugal Continental temos a nossa sede e armazém em Alcochete, uma delegação a sul, no Algarve e, portanto, o passo seguinte será obviamente conquistar o norte”, confessa a nossa entrevistada. O objetivo mais próximo é, claro está, conquistar o país no seu todo, reforçando as suas sete lojas e aumentando, ainda sem data prevista, este número. Com o ano de 2022 à porta, “vamos analisar e compreender o mercado onde estamos inseridos, sendo cautelosos, para não darmos passos em falso e avançarmos com as certezas que precisamos. Temos muitos projetos em vista sendo que, abrir uma loja em Lisboa é algo que nos faz todo o sentido, apesar de ainda não ter surgido essa oportunidade”. Planos e projetos para o futuro a curto e médio e prazo não faltam, mas, para já, é tempo de celebrar os 40 admiráveis anos que compõem a história da empresa. “Temos uma base de mais de 15 mil clientes ativos e todos eles de setores diferenciados, como restaurantes, feiras, discotecas, supermercados, entre outros. Gostaria de dizer a todos eles que, daqui para a frente, vamos continuar a fazer o máximo para durar 40 ou mais anos, trazendo novidades para o mercado que façam sentido. Podem continuar a confiar em nós porque estamos em força e vamos seguir o nosso caminho com uma visão ainda mais redobrada. Muito obrigada a todos por juntos, construímos a Garcias de hoje”. Termina Filipa Garcia. ▪
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TECIDO EMPRESARIAL DO MINHO
AEMinho
Ação Local com Estratégia Global Situando-se a norte de Portugal, o Minho é dotado de património histórico, uma biodiversidade única e uma comunidade empresarial multissetorial defendida e impulsionada pela Associação Empresarial do Minho (AEMinho). O Presidente Ricardo Costa, garante que a mesma atua como agente do desenvolvimento regional, capaz de promover - de forma sustentada - um ambiente favorável à competitividade e à evolução económica, social e cultural da região. Saiba quais os passos seguintes a dar rumo à sua distinção no mapa mundial.
RICARDO COSTA
S
abe-se que o Minho tem um modo de estar próprio, com características que se manifestam nas mais variadas dimensões. Esta região prima pela sua forte consciência social, pelas tradições enraizadas, identidade cultural exclusiva e comunidade empresarial que contém uma riqueza única, resiliente e vincada. Foi precisamente para defender, promover e impulsionar a iniciativa empresarial e torná-la no vetor essencial do desenvolvimento económico, social e cultural da região e reforçar a sua competitividade e resiliência, que a Associação Empresarial do Minho nasceu em maio do presente ano. Tendo como valores principais a ética empresarial, o respeito pessoal e institucional, a solidariedade social e empresarial, a transparência económica, o respeito e defesa
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do meio ambiente e a diversidade como um elemento de inclusão e de desenvolvimento institucional, Ricardo Costa, Presidente da mesma, assume que o objetivo não seria criar mais uma Associação, mas sim aquela que fosse capaz de cumprir com estes objetivos. “O Minho tem uma especificidade e um tecido empresarial fortíssimo, tem know-how e centros de investigação em instituições de ensino superior que se destacam pelo mundo fora. Achámos que seria essencial criar uma Associação que juntasse os empresários, que promovesse a partilha de experiências, o networking, que disseminasse informação relevante e, principalmente, para que as empresas pudessem, em conjunto, chegar onde não chegariam sozinhas”, afirma o nosso entrevistado.
DESDE MAIO DE 2021… Certo é, com apenas cinco meses de atividade, a visão da AEMinho - Associação Empresarial do Minho já está a dar frutos rumo ao cumprimento daqueles que são os seus maiores objetivos. “Este é um momento muito importante para pedirmos responsabilidade aos nossos agentes políticos. Somos totalmente apartidários, só queremos que, seja quem for, se preocupe com o desenvolvimento económico, social, cultural e ambiental da nossa região, que entenda a sua verdadeira potencialidade”, destaca Ricardo Costa, reforçando ainda: “Não tenho dúvidas do mérito e reconhecimento do Minho. Nós temos cerca de 120 mil empresas, representamos 15% da balança comercial nacional no que diz respeito às exportações e é do conhecimento público a nossa forte componente industrial.
TECIDO EMPRESARIAL DO MINHO
ASSEMBLEIA GERAL CONSTITUINTE
COMISSÃO EXECUTIVA E DIRETORA GERAL
PRESIDENTES DOS ORGÃOS SOCIAIS
Contribuímos e muito para o desenvolvimento económico de Portugal”. Assim, e tendo em conta os objetivos estrategicamente bem definidos, a Associação Empresarial do Minho irá elevar o nome da região a nível nacional e internacional através da força conjunta das organizações que a compõem.
passos ainda precisam de ser dados pelas suas empresas para atingirem os objetivos a que todos devemos chegar”. É neste sentido que a Associação Empresarial do Minho terá um papel preponderante, não só em informar e apelar à importância e sensibilização do tema, como apresentar soluções que permitam que os empresários da região possam passar pela transição energética de forma mais eficaz, até porque, tal facto irá, consequentemente, promover a competitividade empresarial no futuro, que está próximo. Já no que diz respeito à transição digital, o objetivo é colocar o Minho na linha da frente no (natural) compromisso com a digitalização, tendo em conta as necessidades dos tempos modernos impulsionados pela COVID-19. Seja por «obrigação» ou não, o que é certo é que “a pandemia nos elucidou quanto à importância dos meios digitais e é essencial que estejamos a caminhar lado a lado com esta transformação. Isto implica que se desenvolva um conjunto de formações e especializações, promovendo a requalificação de pessoas, seja através de empresas, das instituições de ensino, das Câmaras Municipais, das Juntas de Freguesia, ou outros. Nós temos empresas que estão no topo da digitalização a nível mundial, por isso temos tudo o que é preciso, basta que rememos todos para o mesmo lado”. A AEMinho pretende ainda usar as vias diplomáticas para, articulando com o Governo, recrutar pessoas noutros territórios. Posteriormente, em conjunto com as instituições locais, promover a integração dessas pessoas no contexto socioeconómico do Minho. ▪
OS PILARES FUNDAMENTAIS DO DESENVOLVIMENTO DO MINHO Aquando da criação da Associação Empresarial do Minho, foram estabelecidos seis pilares estratégicos – e tão importantes, não apenas para a região como para o planeta: resiliência; transição energética, economia circular e sustentabilidade; transferência de conhecimento, ciência, inovação e centros de investigação; transição digital; atração, captação, retenção e requalificação de talento; e por fim, internacionalização e exportação. Abordando a questão da transição energética, Ricardo Costa sustenta: “Todos nós sabemos ou temos conhecimento das metas que nos foram impostas pelo Pacto Ecológico Europeu, mas eu acho que ainda há pessoas que pensam em 2030 como um ano longínquo – e não é. Na verdade, estamos quase lá. Pela urgência de todas estas questões, estamos a desenvolver várias atividades, nomeadamente a organização de uma conferência sobre a sustentabilidade no início de 2022, para sensibilizar os empresários sobre o tema, e onde vamos inclusivamente apresentar uma ferramenta certificada pela União Europeia, criada por nós AEMinho. Esta ferramenta vai permitir aos empresários, perceberem em que ponto estão, ou seja, que
“O MINHO TEM UMA ESPECIFICIDADE E UM TECIDO EMPRESARIAL FORTÍSSIMO, TEM KNOW-HOW E CENTROS DE INVESTIGAÇÃO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR QUE SE DESTACAM PELO MUNDO FORA"
UM FUTURO ALINHADO COM A VALORIZAÇÃO DA REGIÃO Apresentado o plano estratégico para o futuro, a base de atuação da Associação Empresarial do Minho passará sempre pelo cumprimento dos pilares mencionados. “O nosso caminho será traçado tendo em conta as seis linhas de ação, que tão importantes são para todos. Vamos continuar a juntar os empresários, promover o networking e fazer com que, em conjunto, se tornem mais fortes. Queremos ter um papel dinamizador da região, criando estas pontes entre os vários Municípios e instituições e promover – cada vez mais – o intercâmbio e a cooperação transfronteiriça da EuroRegião Galiza-Norte de Portugal”, termina Ricardo Costa.
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STARTUPS E INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS EM PORTUGAL
“O HQA é uma boa Notícia e uma Vitória para todos” O programa HQA (Highly Qualified Activity) representa uma parceria entre a Empowered Startups - empresa que incuba e acelera líderes empreendedores motivados e capazes de construir startups excecionais –, e as principais instalações de pesquisa em Portugal. Neste sentido, Laura Bock Blumes, Managing Director da marca em Portugal, abordou em entrevista quais os fatores que têm impulsionado o crescimento deste programa e que benefícios, o mesmo, traz para o território nacional.
A
Empowered Startups possui programas no Canadá, EUA, França, Portugal e Ásia sendo que o programa de incubação de empresas de visto de residência HQA é a chave principal da Empowered Startups Portugal. Quem participa neste programa específico? Executivos experientes e profissionais seniores escolhem o programa Portugal HQA. O programa é projetado para profissionais internacionais altamente qualificados que procuram estabelecer residência na UE. Através do programa HQA, encontraram o seu próprio empreendimento ligado à universidade em Portugal. Os fundadores da HQA são de uma variedade de disciplinas - executivos de alto escalão, médicos, advogados, profissionais de criptografia e fintech, bem como empresários com vários negócios. São pessoas ambiciosas e realizadas que desejam a segurança da residência em Portugal. A LA Magazine publicou recentemente que Portugal é o novo sonho da Califórnia. Um número crescente de pessoas de sucesso observa que estabelecer uma base em Portugal é uma jogada inteligente, tanto pessoal como profissionalmente. Esses são profissionais internacionais experientes, que ambicionam que o seu caminho para a residência crie oportunidades valiosas. Estão a conseguir o que desejam ao fundar um empreendimento no programa HQA. O que é que a Empowered Startups faz por estes profissionais altamente qualificados?
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EMPOWERED STARTUPS PORTUGAL, DIRETORA GERAL LAURA BOCK BLUMES E GERENTE - PARCERIAS E PROJETOS FRANCESCO BERRETTINI
O programa HQA apoia profissionais internacionais no lançamento de um empreendimento que alavanca sua experiência. Unimos participantes / fundadores a ecossistemas de startups virados para universidades, e construímos uma base de operações que se conec-
ta às suas atividades no exterior. É um conceito simples e o impacto é tremendo. Valorizamos profundamente as nossas relações com as reitorias e presidências de universidades e politécnicos em Portugal e com as entidades governamentais que
impulsionam o desenvolvimento económico do país. O trabalho que está a ser feito nos ecossistemas regionais de Portugal não é apenas de classe mundial, é inspirador - os ecossistemas em desenvolvimento são modelos de como o mundo poderia funcionar.
STARTUPS E INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS EM PORTUGAL
A EMPOWERED STARTUPS ASSINA PARCERIA FORMAL COM A UNIVERSIDADE DE AVEIRO
A EMPOWERED STARTUPS ASSINA PARCERIA FORMAL COM A UNIVERSIDADE DE ÉVORA
conforme relatado em publicações do setor, os processos através do HQA são priorizados, portanto, as pessoas podem esperar ser residentes legais em alguns meses. Todos os fundadores do HQA valorizam que o próprio programa agrega valor para todos Quais os motivos que levam as pessoas a os envolvidos - o fundador, os pesquisadores escolher o programa HQA? e estudantes universitários, as outras startups locais, os ecossistemas regionais não metroProfissionais talentosos escolhem o HQA porque é um caminho tranquilo para politanos onde esses empreendium futuro na UE. A Comissão da mentos são lançados e os porUE fez declarações veementugueses em grande escates especificamente contra la. O HQA é uma boa os chamados programas notícia e uma vitória A LA Magazine Golden Visa. Honestapara todos. publicou recentemente mente, cada um dos que Portugal é o novo sonho Como explica o fundadores do HQA da Califórnia. facto de o HQA considerou as oferUm número crescente de pessoas estar a crescer tas do Golden Visa de sucesso observa que estabelecer tão rápido? Foi como um caminho uma base em Portugal é relatado que as para a residência. taxas de aplicaCada um escolheu uma jogada inteligente, o HQA porque senção de HQA mais tanto pessoal como do que dobraram tiu que claramente, o profissionalmente em dois anos consemesmo, tem uma proposta de valor mais forte. cutivos, especialmente Eles são pessoas inteligenpor americanos. tes, por isso reconheceram que A resposta curta é o tempo. A este programa os beneficia e beneficia legislação HQA existe há anos. Agora, Portugal, o que significa que é uma escolha os organismos públicos portugueses estão a astuta. utilizar a legislação HQA para relembrar espeOs motivos pessoais para escolher o HQA cificamente as pessoas de que Portugal sabe o variam, é claro. Algumas pessoas valorizam o que eles necessitam - profissionais altamente facto de poderem facilmente expandir os seus qualificados com fortes ligações internacionais. negócios existentes para a UE através de PorOs experientes talentos de nível executivo do tugal. Alguns valorizam as ligações a pessoas mundo estão a ouvir a chamada. Percebem seniores com influência em Portugal. Outros que o programa HQA oferece um caminho valorizam a velocidade de processamento tranquilo e, por isso, eles estão a chegar. ▪ Lançar uma empresa em Portugal é o teste perfeito para depois escalar para a UE, para a América do Sul, para a África, para a Ásia, entre outros. Comece em Portugal e o mundo é a sua ostra.
EMPOWERED STARTUPS Através de parcerias em pessoas-chave e instalações de investigação de alto nível, a Empowered Startups acelera e incuba ideias inovadoras de negócios internacionais, ao trabalhar com profissionais e empreendedores empenhados em criar startups de destaque e com forte potencial de crescimento. Para a empresa, o ecossistema de startups em Portugal é um mercado com um extremo potencial – o clima é favorável aos negócios e os profissionais, detentores do conhecimento, garantem o seu compromisso com o sucesso. Como uma porta de entrada para a Europa continental, com fortes laços com a Ásia, África e América do Sul, Portugal assume-se como a plataforma de lançamento ideal e inteligente para empresas com potencial de expansão internacional.
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STARTUPS AND FOREIGN INVESTMENTS IN PORTUGAL
“The HQA is just such a good News story and it’s a Win for everyone” The HQA (Highly Qualified Activity) program represents a partnership between Empowered Startups - a company that incubates and accelerates motivated entrepreneurial leaders capable of building exceptional startups - and the main research facilities in Portugal. In this sense, Laura Bock Blumes, Managing Director of the company, discussed in an interview what factors have driven the growth of this program and what benefits it brings to the national territory.
E
mpowered Startups has programming in Canada, the USA, France, Portugal and in Asia. The HQA residency visa business incubation program is the flagship offering of Empowered Startups Portugal. Who participates in this particular program? Experienced executives and senior professionals choose the Portugal HQA program. The program is designed for highly qualified international professionals looking to establish residency in the EU. Through the HQA program, they found their own university-linked venture in Portugal. HQA founders are from a variety of disciplines — C-suite executives, doctors, lawyers, crypto and fintech professionals, as well as entrepreneurs with multiple businesses. These are ambitious and accomplished people who want the security of residency in Portugal. LA Magazine recently reported that Portugal is the new California dream. A rapidly growing number of successful people see that establishing a base in Portugal is a smart move, both personally and professionally. These are savvy international professionals, so they want their path to residency to create valuable opportunities. They’re getting what they want by founding a venture in the HQA program. What does Empowered Startups do for these highly qualified professionals? The HQA program supports international professionals in launching a venture that leverages their expertise. We pair participant/founders with university-driven startup ecosystems and build them a base
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EMPOWERED STARTUPS PORTUGAL, GENERAL DIRECTOR LAURA BOCK BLUMES AND MANAGER - PARTNERSHIPS AND PROJECTS FRANCESCO BERRETTINI
STARTUPS AND FOREIGN INVESTMENTS IN PORTUGAL
EMPOWERED STARTUPS SIGNS A FORMAL PARTNERSHIP WITH THE UNIVERSITY OF AVEIRO
EMPOWERED STARTUPS SIGNS A FORMAL PARTNERSHIP WITH THE UNIVERSITY OF ÉVORA
vary, of course. Some people value that they can of operations that connects to their activities easily expand their existing business into the EU abroad. It’s a simple concept, and the impact is through Portugal. Some value the connections tremendous. to senior people of influence in Portugal. Some We deeply value our relationships with the recvalue the speed of processing — as reported tories and presidencies of universities and poliin industry publications, HQA applications are technics in Portugal, and the government entiprioritized, so people can expect to be legal resities driving Portugal’s economic development. The work being done in Portugal’s dents in a few months. regional ecosystems is not only All of the HQA founders value world-class, it’s inspiring — that the program itself builds the ecosystems in devevalue for everyone invollopment are models for ved — the founder, the LA Magazine how the world could university researchers recently reported function. and students, the that Portugal is the new Launching a venother local startups, California dream. A rapidly the non-metropolitan ture in Portugal is growing number of successful regional ecosystems the perfect testbed people see that establishing where these ventufrom which to then a base in Portugal is a smart scale to the EU, to res are launched, and South America, to the people of Pormove, both personally Africa, to Asia... Start tugal writ large. The and professionally in Portugal and the HQA is just such a good world is your oyster. news story — it’s a win for everyone. Why are people choosing the HQA program? Why is the HQA growing so fast? Accomplished professionals choose It has been reported that HQA applicathe HQA because it’s a smooth path to a future tion rates have more than doubled for two in the EU. The EU Commission has made strong years’ running, especially from Americans. statements specifically against so-called GolThe short answer is timing. HQA legislation has been around for years. Now Portuguese public den Visa programs. Frankly, every one of our bodies are using HQA legislation to specifically HQA founders considered Golden Visa offerinattract the people that Portugal knows it needs gs as a path to residency. Each one chose the — highly qualified professionals with strong HQA because they felt it clearly has a stronger international connections. The world’s experienvalue proposition. They’re smart people, so they recognized how the HQA benefits them and ced executive-level talent are hearing the call, benefits Portugal, meaning it’s an astute choice. they see the HQA program provides a smooth The personal reasons for choosing the HQA path, and they’re coming. ▪
EMPOWERED STARTUPS Through partnerships with key people and world-class research facilities, Empowered Startups accelerates and incubates innovative international business ideas, working with professionals and entrepreneurs committed to creating outstanding startups with strong growth potential. For the company, the startup ecosystem in Portugal is a market with extreme potential – the climate is favorable for business and the professionals, holders of knowledge, guarantee their commitment to success. As a gateway to continental Europe, with strong ties to Asia, Africa and South America, Portugal assumes itself as the ideal and intelligent launching pad for companies with potential for international expansion.
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ENSINO SUPERIOR EM PORTUGAL
“A Cidadania, a Solidariedade e a Multiculturalidade são o universo que caracteriza o mundo do Ensino Superior” Uma estreita ligação às empresas, o incentivo ao empreendedorismo, a internacionalização e, mais importante, a qualidade do ensino, são os pilares centrais que melhor caracterizam e distinguem o tão prestigiado Instituto Politécnico de Coimbra. Jorge Conde, Presidente do mesmo, abordou em entrevista à Revista Pontos de Vista, de que forma este Ensino Superior se mantém firme e resiliente face às adversidades que se impõem e em prol daquilo que é mais importante: os alunos.
JORGE CONDE
S
endo uma instituição de ensino superior localizada na «cidade dos estudantes» o Politécnico de Coimbra (IPC) é uma das maiores instituições de ensino superior portuguesas. De que forma, ao longo de 42 anos de história, tem contribuído para o desenvolvimento dos estudantes e do país? O Politécnico de Coimbra, como uma das maiores instituições de ensino superior do País, forma anualmente cerca de 2000 pessoas. Daqui saem todos os anos profissionais das mais diversas áreas com forte capacitação nas suas áreas de formação. A nossa forte ligação ao território e às empresas garante que fazemos uma formação essencialmente centrada no saber fazer, aplicando o conhecimento na resolução de problemas que
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todos os dias se colocam às pessoas, empresas e instituições com quem os nossos estudantes ou ex-estudantes se cruzam. Com seis escolas e uma grande diversidade de áreas de formação, que vão desde a agricultura e ambiente, passando pela educação, comunicação, turismo, artes, gestão, contabilidade e marketing, até à saúde e engenharias, quais os fatores que elevam o IPC ao ensino de qualidade que hoje conhecemos? O Politécnico de Coimbra tem procurado estar na vanguarda das metodologias de ensino, da inovação pedagógica e da oferta formativa. Questionamo-nos em permanência se estamos a fazer os cursos certos, da forma correta. Sabemos
que alguns dos cursos estão em áreas que sofrerão alterações na próxima década e que terão de ser transformados, readaptados ou mesmo descontinuados. Da mesma forma, há áreas onde ainda não ensinamos e que terão forte potencial no futuro, face às transformações que ocorrerão no mundo, nomeadamente ao nível da transição climática, da digitalização e das consequências de tudo isso na vida das pessoas. Também nos questionamos sobre a forma como ensinamos e não temos dúvidas que o modo de ensinar e de aprender vai ser alvo de grandes transformações nos próximos anos, com os professores a terem de se adaptar rapidamente a esta nova geração de alunos, mais digitais, mais nómadas e com um percurso pré-universitário muito diferente
ENSINO SUPERIOR EM PORTUGAL
do que tinham há 20 anos. A manutenção da qualidade, ou melhor o seu permanente aumento, depende de sermos capazes de manter esta dinâmica. Estudar em Coimbra é tradição. É uma cidade universitária onde os jovens constroem o seu futuro profissional, sejam portugueses ou alunos internacionais. Em que medida o IPC dispõe de uma rede de Instituições parceiras no âmbito do Programa Erasmus e fomenta as sinergias entre a sua educação e as comunidades da Europa? O Politécnico de Coimbra é hoje uma das melhores e maiores portas para uma experiência de aprendizagem internacional. Integrado no Consórcio Erasmus Centro, que o IPC lidera atualmente, tem ao dispor dos alunos inúmeras parcerias por todo o mundo, com destaque para a Europa. Hoje mais de 35% dos nossos alunos têm uma experiência internacional, podendo escolher quase todos os países europeus, mas também, através do International Credit Mobility (ICM), muitos países fora da Europa com os quais dispomos de parcerias e de bolsas. Podem optar por qualquer dos continentes pois temos parceiros em todos eles. A grande importância desta experiência é dar
“AO ENSINO SUPERIOR, ENQUANTO PORTA DE ENTRADA NA IDADE ADULTA, CABE O PAPEL DE TORNAR A SOLIDARIEDADE REAL PARA COM TERCEIROS. IMPORTA FORMAR BONS PROFISSIONAIS, MAS QUE SEJAM, ACIMA DE TUDO, BOAS PESSOAS”
aos jovens “mundo”, ou seja, criar neles uma perspetiva diferente do ensino, mas também da sociedade. Os programas de mobilidade ajudam a encarar a aprendizagem de forma diferente, nomeadamente porque lhes mostra que somos melhores do que pensamos e porque, mesmo como sociedade, estamos também num patamar acima da média. Somos mais humanos e mais educados do que supomos, mesmo se por vezes duvidamos disso. É de conhecimento comum que a pandemia aportou um conjunto de alterações em todos os setores, sendo que ao nível do Ensino Superior, foi evidente. Como o IPC contornou as adversidades impostas pelas novas exigências da sociedade, sem descurar a qualidade do seu ensino? Os professores adaptaram rapidamente o que era possível para lecionarem em ensino digital remoto, os estudantes perceberam que ou se adaptavam e aceitavam as contingências do momento ou interrompiam os estudos, e os serviços, pela mão dos profissionais não docentes, criaram soluções, nomeadamente através dos sistemas de informação, para responder à situação.
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ENSINO SUPERIOR EM PORTUGAL
“O POLITÉCNICO DE COIMBRA CONSEGUE HOJE SER UM ECO-POLITÉCNICO COM TODAS AS SUAS ESCOLAS A IMPLEMENTAREM DIARIAMENTE PRÁTICAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL, MUITAS DELAS ASSOCIADAS À REDUÇÃO DE CONSUMOS E, LOGO, À SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA” Ultrapassadas as questões técnicas, houve que garantir a toda a comunidade meios para continuarmos a cumprir a nossa missão, com a qualidade que nos exigimos. Conseguimos manter padrões de qualidade que nos garantiam que, face às circunstâncias, não comprometiam o futuro dos nossos estudantes e, logo que foi possível, fomos retomando o ensino presencial. O tipo de ensino que fazemos, muito baseado no saber fazer, não se compadece na maioria dos casos com o ensino digital, por muito bom que seja. Claro que retiramos ensinamentos da situação e temos a convicção de estarmos preparados para fazer ensino digital nos graus e temas em que faz sentido. Mas para os jovens vindos do ensino secundário que ingressam nas nossas escolas, a presença no espaço físico da escola é determinante à sua formação profissional e à sua formação como pessoa. Apesar de ainda não ter terminado, atualmente tudo começa a regressar ao normal. As ferramentas que o IPC utilizou foram fundamentais para que hoje se possa considerar (ainda mais) um pilar da educação em Portugal e, consequentemente um alavancar de sucesso para os estudantes que se iniciam no universo do trabalho? De que forma? A geração que está agora em formação, a que acabou de chegar ao ensino superior e que sociologicamente conhecemos como geração z, é a geração da internet, onde tudo está à distância de um click. Pela forma como cresceram e como vivem o dia-a-dia, esta geração quer cada vez mais um ensino diferenciador, personalizado e próximo. Esta é a geração que quer ter tudo no
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smartphone, mas que também quer experienciar e perceber antes de escolher. É por esta forma de estar que temos de criar um ensino que responda a estas necessidades. Os cursos do futuro vão ser mais abertos, mais ligados a competências transversais, com informação mais próxima do interessado e com menos salas de aula. O ensino vai ter mais laboratórios, mais empresas, mais experiências reais e mais escolha. Cada vez mais temos de estar preparados para carreiras académicas feitas à medida, que garantem a melhor formação possível para “aquele trabalho” e cada vez mais temos de criar soluções para a mudança de trabalho, seja por gosto, por saturação ou por adaptação do mercado. A geração z vai ter vários empregos e, provavelmente, em áreas muito diferenciadas umas das outras. É a isso que as instituições vão ter de responder se quiserem sobreviver. Inovação, conhecimento, qualidade, empregabilidade, cidadania, solidariedade, sustentabilidade e multiculturalidade são as palavras que melhor definem o IPC. Assim, para o futuro – e tendo em conta os constantes desafios à educação –, de que forma o Instituto irá continuar a promovê-las e a fazer jus ao título de um dos melhores institutos de ensino superior para se estudar em Portugal? O futuro, que já começou, é tudo isso. A inovação, o conhecimento e a qualidade andam lado-a-lado. Não é possível ter qualidade sem inovar todos os dias e o conhecimento faz-se cada vez mais dessa inovação. Faz-se da ligação ao conhecimento prático (mundo do trabalho/ empresas), com quem cada vez mais criamos conhecimento. Hoje gosto de falar em cocriação de conhecimento com as
empresas e não em transferência de conhecimento. O que produzimos tem tanto mais valor quanto mais se fizer em parceria com os interessados. A cidadania, a solidariedade e a multiculturalidade são o universo que caracteriza o mundo do ensino superior. Somos cada vez mais um espaço de multiculturalidade, desde logo porque temos estudantes provenientes das mais diversas partes do mundo, que trazem com eles culturas e formas de estar diferentes, mas também porque levamos os nossos estudantes a procurarem por esse mundo fora experiências de ensino superior que lhes abram os horizontes. Num mundo em que as pessoas cada vez mais convivem por detrás de um ecrã é fundamental cultivar e incentivar a cidadania e a solidariedade. Os jovens de hoje estão pouco despertos para o voluntariado, para o associativismo, no fundo, para a cidadania. Temos de a colocar no centro da aprendizagem, para que continue a acontecer. Ao ensino superior, enquanto porta de entrada na idade adulta, cabe o papel de tornar a solidariedade real para com terceiros. Importa formar bons profissionais, mas que sejam, acima de tudo, boas pessoas. Por fim, a sustentabilidade é o nosso nome do meio. Todos os dias temos programas ativos de sustentabilidade, seja ela puramente ambiental ou tenha um objetivo económico subjacente. O Politécnico de Coimbra consegue hoje ser um eco-politécnico com todas as suas escolas a implementarem diariamente práticas de preservação ambiental, muitas delas associadas à redução de consumos e, logo, à sustentabilidade financeira. A nossa instituição é - e pretende continuar a ser - um centro de educação para a sustentabilidade, pelo exemplo e pela transmissão de saber. ▪
DIREITO
LUÍS GAMEIRO, MANAGING PARTNER NA GAMEIRO ASSOCIADOS
Investimento Estrangeiro em Angola (novas regras)
N
a sequência da aprovação, pela Assembleia Nacional de Angola, de alterações à Lei do Investimento Privado em Angola, foi publicada presentemente um Decreto Presidencial destinado a harmonizar o respectivo Regulamento àquelas alterações, resultando essa necessidade do facto de ter sido introduzido por aquela lei o Regime Contratual de Investimento Privado. Tendo presente este novo Decreto Presidencial, importa ter presente que a Lei do Investimento Privado estabelece os princípios e as bases gerais do Investimento Privado, quer nacional, quer estrangeiro, fixando os benefícios e as facilidades que Estado concede aos investidores privados e os critérios de acesso aos mesmos, bem como os direitos, os deveres e as garantias desses investidores. O novo diploma legal vem alterar o respectivo regime jurídico, estabelecendo a possibilidade de negociação de incentivos, facilidades e demais direitos aos investidores, com especial incidência para os projectos estruturantes, com impacto económico e social relevante. As alterações em causa respeitam às matérias seguintes: a) Formas de realização do investimento interno; b) Formas de realização do investimento externo; c) Transferências para o exterior; d) Recurso ao crédito; e) Factores incidência de benefícios e facilidades; f ) Extinção de benefícios; g) Enquadramento dos regimes de investimento; h) Estabelecimento de um novo regime contratual; i) Acréscimo de benefícios e facilidades; e, j) Operações cambiais. De tal conjunto de alterações têm, em nosso entender, relevância as seguintes: 1. FORMAS DE REALIZAÇÃO DO INVESTIMENTO INTERNO O investimento privado interno pode ser realizado através das formas seguintes: a) Alocação de capitais; b) Aplicação de recursos existentes em contas bancárias de residentes cambiais, incluindo os que advenham de financiamentos externos; c) Alocação de máquinas, equipamentos, acessórios e outros meios fixos corpóreos e matérias-primas; d) Incorporação de créditos e outras disponibilidades do investidor, susceptíveis de serem aplicados como investimentos; e, e) Aplicação de capitais no âmbito do reinvestimento. 2. FORMAS DE REALIZAÇÃO DO INVESTIMENTO EXTERNO O investimento estrangeiro pode ser realizado através das formas seguintes: a) Transferência de capitais do exterior; b) Aplicação de recursos, em moeda nacional e externa, existente em contas bancárias abertas em Angola por não residentes cambiais, susceptíveis de repatriamento; c) Aplicação de capitais no âmbito do reinvestimento; e, d) Transferência de
máquinas, equipamentos, acessórios e outros meios fixos e corpóreos , bem como matérias-primas. Esta forma de investimento deve ser sempre complementada com a transferência de capitais do exterior. 3. TRANSFERÊNCIAS PARA O EXTERIOR Mediante o cumprimento das obrigações tributárias e da constituição das reservas obrigatórias, os investidores estrangeiros têm direito a transferir para o exterior os valores referentes a: a) Dividendos; b) Produto da liquidação dos seus empreendimentos; c) Indemnizações que lhe sejam devidas; d) Royalties; e, e)Rendimentos de remuneração de investimentos indirectos, associados a cedência de tecnologia. 4. FACTORES INCIDÊNCIA DE BENEFÍCIOS E FACILIDADES Os benefícios e facilidades são atribuídos aos investimentos tendo em consideração os factores seguintes: a) Sectores de actividade prioritárias; b) Zonas de desenvolvimento; c) Valor do investimento; de, d) Postos de trabalho.
PERFIL
LUÍS GAMEIRO
MANAGING PARTNER NA GAMEIRO ASSOCIADOS
5. ENQUADRAMENTO DOS REGIMES DE INVESTIMENTOS Os regimes de investimento previstos na lei são os seguintes: a) O regime de declaração prévia, o qual se caracteriza pela apresentação da proposta de investimento junto da entidade oficial competente para o efeito, a fim de se proceder ao respectivo registo e atribuição dos correspondentes benefícios; b) O regime especial, o qual é aplicável aos investimentos privados realizados em sectores de actividade classificados como prioritárias e nas zonas de desenvolvimento definidas na lei; e, c) O regime contratual é aplicável a projectos de investimento que, independentemente do sector de actividade, implicam negociações entre o promotor do investimento e o Estado, relativas às condições para a sua implementação, aos incentivos e facilidades a conceder no âmbito o contrato investimento privado. 6. REGIME CONTRATUAL DE INVESTIMENTO PRIVADO No respeitante ao regime contratual as alterações ao Regulamento da LIP estabelece que se enquadram neste tipo de regime os projectos seguintes: a) Os investimentos privados realizados qualquer sector de actividade que representem, pelo menos, por um lado, um montante de USD 10.000.000,00, por outro lado, a criação de 50 postos de trabalho directos para angolanos; e, b) Os investimentos privados classificados com estruturantes, pelas entidades oficiais tutelares, e criem, no mínimo, 50 postos de trabalho directos.▪ O autor escreve segundo a antiga ortografia
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A ESSÊNCIA DA ESCRITA
ANALITA ALVES DOS SANTOS
Ler é crescer Feliz E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar. José Saramago
N
este meu cantinho dedicado à escrita e à leitura já abordei as diversas vantagens dos livros. Agora, aproximando-se o Natal, altura do ano especial em que procuramos estar presentes também de forma material, falo-lhe da melhor oferta natalícia que proporcionará a alguém, adulto ou criança. Consegue adivinhar? Claro está: um livro. Os livros são grandes companheiros, não tenha dúvida. Precisa de aguardar num consultório? Leia um livro. O autocarro atrasou? Folheie algumas páginas do seu livro do mês. Necessita de fazer pausa? Procure uma esplanada e relaxe entre linhas e parágrafos. De vez em quando, deixe o telemóvel de parte, entregue-se à oportunidade de viver outras vidas através do livro. Quando escutamos um adulto afirmar: «eu não gosto de ler», estamos provavelmente perante uma criança outrora não iniciada no gosto pela leitura. A leitura é algo que se aprende a gostar. Para crianças que têm a sorte de ter pais que vivem de livro em livro, o processo é bem mais fácil. Quando as obras escritas estão espalhadas pela casa, o ato de imitar os mais velhos sai de forma quase inata. E de página em página, obra em obra, cria-se um leitor. Está nas suas mãos colaborar para a formação de novos leitores, despertar-lhes o interesse, fazer da leitura um hábito para a vida, algo prazeroso e não uma obrigação. Mas, se não gosta (ainda) de ler, não deixe de proporcionar às crianças, que fazem parte do seu núcleo familiar ou de amizades, essa experiência. O futuro delas será decerto mais rico e está ainda a contribuir para a formação de adultos mais conscientes e críticos. Nunca se esqueça disso. Para o ajudar nesta (maior) tomada de consciência, partilho consigo cinco razões que demonstram a importância da leitura e dos livros para as crianças. 1. Ao ler para um bebé está a contribuir para que ele tenha acesso a novos sons, novo vocabulário e novas informações, estimulando
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4. As histórias (por exemplo, as fábulas) ajudam a ampliar a imaginação, o carácter, os saberes e as referências culturais das crianças, sem mencionar enriquecimento do vocabulário e compreensão textual. Recorde-se: até um exercício de matemática torna-se mais complicado de resolver se a criança não compreender o enunciado. Perceber português é essencial para o entendimento de todas as outras disciplinas. Os livros permitem essa vantagem às crianças, com o mínimo de esforço. Se quer que o seu filho seja bom aluno enriqueça o seu quarto com livros. Mais livros, menos ecrãs, igual a melhores resultados escolares.
a sua imaginação. O hábito da leitura de uma história à noite é também um momento de conexão emocional entre pais e filhos. Os livros aproximam-nos. 2. A leitura permite acesso à cultura e às primeiras reflexões. Mobiliza afetos, suscita emoções e sentimentos. Precisamos cada vez mais de seres humanos empáticos. 3. Os livros não necessitam de ser só didáticos. É importante propiciar às crianças momentos lúdicos. Até aos seis anos facilite leituras com poucas páginas, textos espaçados e ilustrações. Leia para incentivar a leitura. Ler será encarado como prazeroso, um alimento natural para despertar a curiosidade. Incentive a leitura autónoma. Quanto melhor a sua criança saber ler, mais vontade terá de o fazer sozinha. A curiosidade leva-nos mais longe, a empreender, a arriscar, a viver uma vida mais plena.
5. A pré-adolescência traz, por si própria, muitos desafios. As ilustrações e textos curtos dão lugar a textos mais complexos, que convidam à reflexão. Suspense, aventura, mistério e curiosidades são os assuntos mais apelativos entre as crianças nesta idade já em formação para a adolescência e posterior fase adulta. Os livros preparam as nossas crianças para a complexidade da existência humana. A vida nem sempre é cor-de-rosa ou com finais felizes. Os livros mostram a realidade ampliada pela nossa imaginação. Convencido? Acredito que sim. Aproveito para partilhar consigo que o meu novo livro infantil (que os crescidos também gostarão de ler), intitulado «Os novos ajudantes do Pai Natal» já está disponível nos locais habituais e emhttps://oprazerdaescrita.com/livros/, com uma dedicatória personalizada. Já sabe: um livro é sempre o melhor presente. Para terminar, lembre-se:
«Uma história infantil que só pode ser apreciada por crianças não é uma boa história infantil.» - C. S. Lewis
CANCRO PEDIÁTRICO EM PORTUGAL
A PALAVRA DE CRISTINA POTIER, DIRETORA GERAL DA FUNDAÇÃO RUI OSÓRIO DE CASTRO
Todos os anos, em Portugal, cerca de 400 crianças e jovens são diagnosticados com cancro É para estas eles, e para as suas famílias, que a Fundação Rui Osório de Castro trabalha diariamente há quase 13 anos. Apesar de se tratar de uma doença rara, o cancro ainda é a primeira causa de morte não acidental na população infanto-juvenil, após um ano.
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“A FUNDAÇÃO RUI OSÓRIO DE CASTRO CONCENTRA A SUA ATIVIDADE EM DUAS GRANDES ÁREAS: INFORMAR, ESCLARECENDO OS PAIS E AS CRIANÇAS SOBRE QUESTÕES RELACIONADAS COM O CANCRO INFANTIL E PROMOVER A INVESTIGAÇÃO CONTRIBUINDO ASSIM PARA O AVANÇO DA MEDICINA NESTA ÁREA”
ouco sabemos acerca das causas que levam ao aparecimento de cancro em crianças e adolescentes o que faz com que a prevenção seja praticamente inexistente. É importante um diagnóstico precoce sendo fundamental que os pediatras, médicos de família e as próprias famílias estejam familiarizadas com os principais sintomas. Difícil pois não se trata apenas de uma doença, mas várias, sendo os possíveis sintomas diversos e por vezes confundidos com os das doenças comuns das crianças. Quando o médico de família ou pediatra desconfia da existência de um caso de cancro, este é sinalizado e devidamente encaminhado para um dos centros de referência onde é feito o diagnóstico e consequente tratamento. Em Portugal existem três Centros de Referência na área de Oncologia Pediátrica: em Lisboa (Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil de Lisboa), em Coimbra (Hospital Pediátrico de Coimbra) e no Porto (Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil do Porto e Hospital de São João do Porto) sendo o tratamento por isso totalmente assegurado pelo Serviço Nacional de Saúde. Os tipos de cancro com maior incidência nas crianças são as Leucemias, os Linfomas e os Tumores do Sistema Nervoso Central mas existem muitos outros. Felizmente, e graças aos grandes progressos ao nível do diagnóstico e dos tratamentos, mais de 80% destas crianças e adolescentes sobrevivem. Os que sobrevivem, dois em cada três sofrem de sequelas dos tratamentos ao longo da sua vida. Sequelas essas que podem ser físicas ou psicológicas. Aqui a investigação tem também um papel fundamental. O objetivo não é apenas que as crianças e adolescentes sobrevivam, queremos garantir a sua qualidade de vida durante o tratamento e também ao longo de toda a sua vida pós tratamento. A Fundação Rui Osório de Castro concen-
tra a sua atividade em duas grandes áreas: INFORMAR, esclarecendo os pais e as crianças sobre questões relacionadas com o cancro infantil e PROMOVER a INVESTIGAÇÃO contribuindo assim para o avanço da medicina nesta área. Foi criada em Março de 2009 por Maria Karla Osório de Castro e seus filhos, Catarina e Filipe, em memória e homenagem a Rui Osório de Castro, Marido e Pai. Acreditamos que uma família informada é uma família mais tranquila e segura para acompanhar a criança ou adolescente durante este processo que nunca é fácil. Para isso, e tendo em conta a importância de terem informação séria e credível, esta é disponibilizada numa série de formatos: online, o PIPOP (www.pipop.info ), livros, guias, folhetos, vídeos, seminários e webinars. Portugal deve contribuir para a evolução do conhecimento da doença e da melhoria contínua nos cuidados prestados, com a vantagem de assim as nossas crianças terem mais cedo acesso a terapias inovadoras. E por isso na área da investigação apoiamos financeiramente a integração de crianças tratadas em Portugal nos estudos realizados pelos grupos de trabalho europeus. Também na área da investigação o Prémio Rui Osório de Castro / Millennium bcp. Tem como objetivo o desenvolvimento de projetos e iniciativas inovadoras na área da Oncologia Pediátrica, projetos que de alguma forma melhorem a qualidade de vida destas crianças e das suas famílias. É atribuído anualmente e com o período de candidaturas aberto, está já na sua 6ª edição. Apesar da investigação e a informação serem as áreas a que nos dedicamos, existem várias questões que são também importantes serem lembradas quando falamos de cancro pediátrico em Portugal, nomeadamente o apoio psicológico e o apoio social, muitas vezes insuficiente, e que fundamental para a reorganização destas famílias. ▪
DEZEMBRO 2021 | 97