Revista Pontos de Vista Edição 26

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FÓRUM DO MAR 2013

Paulo Fonseca Atual Presidente da Câmara Municipal de Ourém e recandidato a um segundo mandato

S SEGDUESTRAQOUE EM

Fotografia: Diana Quintela

Álvaro Ribeiro

Presidente do Conselho de Administração da RELACRE - Associação de Laboratórios Acreditados de Portugal, revela:

A Relacre pretende desenvolver a componente associativa, procurando apoiar os interesses dos laboratórios em todos os contextos em que isso seja necessário. É a nossa missão

INOVAÇÃO E empreendedorismo

A importância da Fundação Denise Lester

RELAÇÕES PORTUGAL/POLÓNIA

SUPLEMENTO distribuído em conjunto com o JORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL MAIO 2013 / EDIÇÃO Nº 26 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros




Em destaque 16

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Tem mais de 200 anos de existência e está presente em Portugal há sete décadas. Conheça a Generali, um dos maiores grupos seguradores

Nuno Moita, Candidato do PS à Câmara Municipal de Condeixa está confiante na vitória de um partido que já é líder na região há 35 anos

SEGUROS EM DESTAQUE

AUTÁRQUICAS 2013

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“Calls Entrepreneurs” é uma chamada ao empreendedorismo em Oeiras

LG

Conheça uma marca conhecida e reconhecida por todos a nível mundial, na ótica do Marketing Diretor da LGEPT – Marketing Team, Hugo Jorge

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PRODER E A PRODUÇÃO DE MIRTILO José Diogo Albuquerque, Secretário de Estado da Agricultura, em entrevista, e os principais investimentos no setor agrícola

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Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020, uma visão do Comandante João Fonseca Ribeiro, Diretor-Geral de Política do Mar

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EMBAIXADA DA POLÓNIA – “É o momento certo para apostar na Polónia”, Bogdan Zabrobelny

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A Linking Business tem sido uma ponte entre negócios que unem Portugal e a Polónia

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CANCRO DO OVÁRIO: Deolinda Pereira, Diretora do Hospital de Dia do IPO do Porto, em destaque

INFERTILIDADE Conheça esta realidade que assola o quotidiano de inúmeros casais e as principais alternativas existentes no mercado

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Os novos desafios da Procriação Medicamente Assistida, uma aliada dos casais inférteis FICHA TÉCNICA Propriedade, Edição, Administração e Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Administração – Redação – Depº Gráfico Rua Rei Ramiro 870, 5º A 4400 – 281 Vila Nova de Gaia Telefone/Fax +351 220 926 879 Outros contactos +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.horizonte-de-palavras.pt www.facebook.com/pontosdevista Impressão Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, S.A. Distribuição Nacional Periodicidade Mensal | Registo ERC nº 126093 NIF: 509236448

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A OPINIÃO DE...

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial

MARCAS: A REIVINDICAÇÃO DE CORES, SENDO LIMITAÇÃO DO REGISTO, DEVERÁ SER ACEITE MESMO DEPOIS DA CONCESSÃO

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1 • A primeira lei portuguesa para o registo de marcas, de 4 de junho de 1883, não faz referência à proteção das cores, o que é perfeitamente natural: não havia ainda qualquer experiencia nessa área e a própria Convenção da União de Paris, de 20 de março do mesmo ano, era quasi desconhecida. No entanto, na Carta de Lei de 21 de maio de 1896 – que pode considerar-se o primeiro Código Português da Propriedade Industrial – no capítulo relativo às marcas, mais desenvolvido, no artigo 69º, já existiam duas disposições com o maior interesse: §1º – Não são consideradas marcas diversas aquelas em que só as cores variam; e §3º – Consideram-se diversas as marcas iguais colocadas em produtos diversos. Não estando prevista a reivindicação de cores, verifica-se, no entanto, no § 1º, que a marca podia ser usada em quaisquer cores e a segunda disposição estabelece já o princípio da especialidade das marcas.

2 • O que se passa com o Código seguinte, de 24 de agosto de 1940, é muito curioso: admitindo a reivindicação de cores para as marcas, não refere que estas devem ser indicadas no pedido de registo. Interessa analisar as seguintes disposições: Artigo 79º, § 2º – “As cores, por si só, não podem constituir marca, salvo se forem unidas e combinadas entre si ou com gráficos, dizeres impressos e outros elementos, por forma peculiar e distintiva.” Artigo 83º, § único – “Do disposto neste artigo excetuam-se as simples modificações que não prejudiquem a identidade da marca e só afetem as suas proporções, o material em que tiver sido cunhada, gravada ou reproduzida e a tinta ou a cor, se esta não tiver sido expressamente reivindicada como uma das características da marca”. A primeira disposição estabelece o importante princípio de que uma só cor não pode constituir marca – e que se mantem no Código atual (artigo 223º, nº 1, alínea e) – e a segunda, a propósito da inalterabilidade das marcas, refe-

re-se, expressamente, à reivindicação de cores, sem dizer quando é que esta devia ser feita. O processo de registo vem indicado no Capitulo III, Secção II, dizendo respeito o artigo 86º ao “Pedido de registo” e o artigo 87º à “Instrução do pedido”. Em nenhum destes preceitos é feita qualquer referência às cores. No entanto, para o registo internacional, o artigo 104º, nº 3, obrigava a essa indicação: “No caso de reivindicação expressa como elemento distintivo da marca, reprodução a cores em quarenta exemplares de papel cujas dimensões não deverão exceder 20 centímetros de lado”. Em todo o caso, como é necessária correspondência entre o registo nacional e o internacional, esta reivindicação de cores só seria possível quando tivesse sido já feita no primeiro – mas não sendo obrigatória no ato do pedido, parece que poderia ser requerida em qualquer altura. 3 • No Código de 24 de janeiro de 1995, o artigo 181º, nº1, alínea f), em relação ao “processo


Pontos de Vista Maio 2013

A reivindicação de cores é uma autêntica renúncia parcial ou limitação do registo: quando não há reivindicação de cores, o uso da marca em qualquer cor justifica o registo, mas quando há cores reivindicadas só o uso nessas cores evita uma eventual caducidade

de registo”, determina que o pedido de registo deve ser feito em requerimento que contenha ou indique f ) “As cores em que a marca é usada, se estas forem reivindicadas como elemento distintivo;” Esta mesma disposição foi adotada pelos Códigos seguintes de 2003 e 2008 (artigo 233º, nº1, alínea f). 4 • Na Diretiva 2008/95/CE, de 25 de outubro de 2008, ou no Regulamento sobre a Marca Comunitária não encontramos nenhuma referência às cores. Mas, no Regulamento de execução deste último, as Regras 3 e 84 já referem que as cores, quando interessem, devem ser reivindicadas no pedido – aliás, tal como sucede com o Acordo de Madrid para o Registo Internacional – o que é uma exigência perfeitamente normal. Interessa especialmente a Regra nº 3, cujo nº 5 determina o que, de resto, parece óbvio: “no caso de ser requerido o registo a cores, o pedido deve incluir uma indicação nesse sentido…” Deve notar-se que já têm sido concedidos registos comunitários cujas marcas são constituídas por uma única cor – o que só deveria ser possível quando a cor tivesse adquirido a necessária característica. Finalmente o TRIPS – Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights, de 15 de abril de 1994, admite o registo de marcas constituídas por combinações de cores (artigo 15º): “Qualquer sinal ou qualquer combinação de sinais, susceptivel de distinguir os produtos ou serviços de uma empresa dos de outras empresas poderá constituir uma marca. Esses sinais, nomeadamente palavras, incluindo nomes de pessoas, letras, numerais, elementos figurativos e combinações de cores, bem como qualquer combinação desses sinais, serão elegíveis para registo enquanto marcas.” 5 • A reivindicação de cores é uma autêntica renúncia parcial ou limitação do registo: quando não há reivindicação de cores, o uso da marca em qualquer cor justifica o registo, mas quando há cores reivindicadas só o uso nessas cores evita uma eventual caducidade. Por outras palavras: a reivindicação de cores limita a validade do registo ao uso da marca nessas mesmas cores, pois o uso da marca em cores diferentes – embora naturalmente possível – nada tem a ver com o registo, uma vez que dele foram expressamente excluídas. Portanto, a reivindicação de cores é uma característica do registo e não da marca, que é

sempre a mesma, com ou sem reivindicação de cores, enquanto que a validade do registo é afetada, ficando limitada ao uso da marca nessas mesmas cores. 6 • O que coloca, sem dúvida, uma interessante questão: porque é que as cores devem ser obrigatoriamente indicadas no pedido de registo? Mas não será mais lógico que possam, também, ser reivindicadas mais tarde, quando as cores podem constituir já um complemento da característica da marca? De outro modo, a única solução é requerer novo registo da mesma marca, rigorosamente igual ao existente, e reivindicar então as cores – o que só tem inconvenientes para o titular do registo e não parece fazer qualquer sentido. É certo que, muitas vezes, as cores são parte importante da marca, escolhidas e planeadas por especialistas, com o objetivo de a tornar mais atrativa para o consumidor. Mas isso nem sempre acontece, pelo que parece muito mais correto que a reivindicação de cores possa ocorrer mais tarde, inclusivamente depois da concessão do registo. 7 • O registo da grande maioria das marcas é feito sem qualquer reivindicação de cores, embora sejam usadas, depois, integradas em rótulos que as tornem mais atrativas. Assim, parece que seria lógico que pudessem ser reivindicadas posteriormente, depois do produto estar no mercado, permitindo ver a aceitação dos consumidores que, muitas vezes, dão grande importância ao seu aspeto e apresentação. 8 • A indicação das cores quando é pedido o registo das marcas, referido no artigo 233º, nº1, alínea f) do Código, pode interpretar-se no sentido de que apenas interessa a quem pretende reivindicá-las logo de inicio e não como excluindo essa possibilidade mais tarde, mesmo depois da respetiva concessão. Mas nada impede que, para a mesma marca, possam ser feitos dois ou mais registos reivindicando cores diferentes. De qualquer forma, é sempre uma limitação do registo, que só é válido quando a marca é usada, também, nas cores reivindicadas. Por essa razão, é aconselhável, quando se faz o registo com reivindicação de cores, apresentar outro idêntico, sem essa reivindicação, que evita qualquer descuido na alteração futura das cores reivindicadas – solução que tem, como é evidente, o inconveniente de aumentar os custos. 9 • Resta acrescentar que a reivindicação de

cores, antes de concedido o registo, poderá ser requerida ao abrigo do disposto no artigo 11º, nº 7, do Código da Propriedade Industrial – implicando, naturalmente, nova publicação do pedido – e depois de concedido o registo pode perfeitamente ser feito ao abrigo do disposto no artigo 25º do mesmo Código, cujo nº1 determina que “Qualquer alteração ou correção que não afete os elementos essenciais e característicos da patente, do modelo de utilidade ou do registo pode ser autorizada no mesmo processo”.

Por outras palavras: a reivindicação de cores limita a validade do registo ao uso da marca nessas mesmas cores, pois o uso da marca em cores diferentes – embora naturalmente possível – nada tem a ver com o registo, uma vez que dele foram expressamente excluídas

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FUNDAÇÕES – PORQUE SÃO IMPORTANTES PARA A SOCIEDADE?

Maria da Conceição de Oliveira Martins, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Denise Lester, em entrevista

“As fundações devem estar conscientes da importância da transparência na sua atuação” “O principal contributo das fundações à sociedade consiste na afetação de um património à prossecução de um determinado fim de natureza social, bem como da existência de uma organização própria para administrar e gerir esse património, sendo de referir a importância crescente das fundações na satisfação das necessidades de uma sociedade global e em constante mutação”, afirma Maria da Conceição de Oliveira Martins, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Denise Lester, em entrevista à Revista Pontos de Vista, lembrando a relevância das Fundações na sociedade. Ficamos ainda a conhecer o impacto que os cortes do Estado terão em determinadas fundações, assegurando que a Fundação Denise Lester tem como principal desafio, entre outros, formar jovens cidadãos com um forte sentido de responsabilidade e solidariedade social. Saiba mais.

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Qual o principal contributo dado pelas fundações à Sociedade? De que forma estas se têm revelado essenciais ao desenvolvimento da mesma? O setor não lucrativo constitui uma poderosa força económica capaz de estimular o progresso e o desenvolvimento económico-social, dando expressão e tentando responder às necessidades da sociedade civil, cooperando com o Estado Social de Direito na resolução de necessidades sociais em áreas prioritárias, como sejam: a dos serviços de cuidados de saúde, assistenciais e humanitários (apoio à família, infância, juventude, às pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, à terceira idade, refugiados, emigrantes, vítimas de violência e catástrofes naturais), a da educação, da investigação científica, inovação tecnológica, emprego, formação profissional, desenvolvimento regional, proteção do ambiente, conservação do património natural, cultural e histórico, promoção das artes e do desporto, bem como da cooperação para o desenvolvimento, erradicação da pobreza, promoção da cidadania e dos direitos do homem, entre outras. O principal contributo das fundações à sociedade consiste na afetação de um património à prossecução de um determinado fim de natureza social, bem como da existência de uma organização própria para administrar e gerir esse património, sendo de referir a importância crescente das fundações na satisfação das necessidades de uma sociedade global e em constante mutação. As fundações portuguesas ao abrigo da nova Lei-Quadro podem ser constituídas tanto por sujeitos de direito privado como por sujeitos de direito público, ou por ambos, daí a existência de fundações privadas, criadas por uma ou mais pessoas de direito privado em conjunto, ou não, com uma ou mais pessoas de direito público, desde que estas, isolada ou conjuntamente não detenham uma influência dominante sobre a fundação; de fundações públicas de direito público, criadas exclusivamente por pessoas coletivas públicas, sujeitas ao regime de gestão económico-financeira e patrimonial da Lei-Quadro dos Institutos Públicos; e de fundações públicas de direito privado, fundações criadas por uma ou mais pessoas coletivas públicas em conjunto, ou não, com pessoas de direito

As fundações devem estar conscientes da importância da transparência na sua atuação, devendo dignificar o setor não lucrativo com uma adequada e eficiente gestão dos seus recursos humanos e materiais, fazendo por merecer e ganhar a confiança da opinião pública Maria da Conceição de Oliveira Martins

privado, desde que aquelas, isolada ou conjuntamente, detenham uma influência dominante sobre a fundação. As fundações privadas devem prosseguir fins altruistas que revistam utilidade social, sendo que aquelas que prossigam fins de interesse geral e cooperem com a Administração Central ou Local gozam do estatuto de utilidade pública, pela importância primordial dos fins que prosseguem. De qualquer modo é importante realçar que a força do setor fundacional advém da sua capacidade de criar e desenvolver meios próprios de financiamento, que lhe permitam autonomizar-se face a um Estado-Providência em profunda crise financeira, tendo-se assistido ultimamente a uma redução da atuação do estado em áreas onde a iniciativa privada se tem revelado de grande utilidade.

193 fundações vão deixar de receber apoios do Estado. De que forma as mesmas conseguirão sobreviver a este cenário? No Relatório final sobre a Avaliação das Fundações, elaborado pelo Secretário de Estado da Administração Pública em fevereiro de 2012, consta que 193 funda-

ções foram identificadas como não tendo respondido ao censo, pelo que não cumpriram com as obrigações a que estavam adstritas, previstas na Lei nº1/2012, de 3 de janeiro, o que impossibilitou a respetiva avaliação dessas fundações pelo grupo de trabalho constituído para avaliação das fundações (GTAF), coordenado pela Inspeção-Geral de Finanças. Por conseguinte, essas fundações incumpridoras ficaram sujeitas à proibição de transferências de quaisquer verbas de apoios financeiros por parte de entidades públicas, uma vez que tais transferências carecem do parecer prévio vinculativo do Ministro das Finanças, bem como ficaram sujeitas à não atribuição de número de registo para a obtenção desses mesmos apoios, tendo as fundações privadas que eram de utilidade pública visto o seu estatuto cancelado ou recomendado o seu cancelamento, de acordo com o disposto no Orçamento do Estado para 2013, aprovado pela Lei nº 66-B/2012, 31 de dezembro. Claro está que dificilmente estas 193 fundações conseguirão sobreviver a esta intenção inequívoca do Governo de restrição total deste tipo de apoios financeiros públicos, uma vez que com

a iniciativa do censos às fundações se visou reforçar o princípio da transparência e da cooperação no relacionamento entre o Estado e o setor fundacional, dando a conhecer o universo fundacional existente em Portugal, a relevância económica e social das atividades que as fundações prosseguem junto da sociedade portuguesa nas diversas áreas em que atuam, o impulso e a vitalidade que conferem altruisticamente a diferentes setores da economia portuguesa. As fundações devem estar conscientes da importância da transparência na sua atuação, devendo dignificar o setor não lucrativo com uma adequada e eficiente gestão dos seus recursos humanos e materiais, fazendo por merecer e ganhar a confiança da opinião pública.

Quais serão, no seu entender, os efeitos mais imediatos e mais significativos destes cortes nos apoios das fundações? Qual a sua opinião relativamente a esta situação? Do Relatório final sobre a avaliação das Fundações supramencionado há a referir que foram analisadas 423 fundações, correspondendo 193 a fundações incumpridoras da obrigação de resposta ao censos


Pontos de Vista Maio 2013

O Queen Elizabeth's School é um estabelecimento de ensino privado pertencente à Fundação Denise Lester

e as restantes 230 a fundações avaliadas existentes em Portugal, e para as quais foram formuladas propostas de decisão sobre os apoios financeiros a serem concedidos pelo Estado, tendo em conta as relações funcionais destas fundações com as estruturas do Estado e a ponderação de um conjunto de pressupostos, nomeadamente: políticas setoriais nacionais e respetivas prioridades; os fins prosseguidos e a natureza das atividades desenvolvidas; a existência de outras entidades públicas e/ou privadas que desenvolvam atividades semelhantes ou afins; o desenvolvimento de atividades de natureza comercial e/ou concorrencial; o grau de dependência de financiamento público e a existência de potencial para soluções de autofinanciamento. Relativamente a 92 fundações (na sua grande maioria privadas) foi decidido não proceder a qualquer alteração na sua relação com o Estado. Quanto a 138 fundações, foram decididas propostas de alteração envolvendo decisões de extinção, redução total ou parcial de apoios e ainda a cessação do estatuto de utilidade pública. Os efeitos mais significativos destes cortes fizeram sentir-se nas propostas de decisões de extinção de 40 fundações públicas de direito privado ou recomendação da sua extinção, bem como da manutenção de 14 fundações públicas de direito privado e 32 fundações privadas com redução de 30% dos apoios financeiros públicos ou recomendação de redução, bem como a manutenção de 3 fundações públicas de direito privado e 10 fundações privadas com cessação total dos apoios financeiros públicos. Esta situação vai afetar principalmente as fundações que viviam essencialmente de dotações estatais. Quanto às restantes fundações, estas terão de assegurar a sua sustentabilidade económica gerindo eficientemente o seu património, recursos humanos e programas de ação. O seu rendimento pode provir também de fundos de dotação de capitais, bens

Mais informações em:

www.qes.pt móveis e imóveis, doados ou legados por pessoas singulares ou coletivas privadas, bem como de campanhas de angariação de fundos dirigidos à generosidade dos cidadãos em geral, de receitas geradas pela própria fundação na prestação de serviços e venda de bens ao público, na celebração de contratos, protocolos, parcerias com a sociedade civil e fusões com outras fundações nacionais de vocação similar. Visa-se uma ação concertada a nível nacional, capaz de reconhecer à iniciativa privada uma primordial importância no combate à incapacidade do Estado Português na atual situação de emergência financeira em que o país se encontra, para suprir certo tipo de necessidades sociais para com os seus cidadãos e da sensibilização da opinião pública para a importância do voluntariado e da promoção de valores de solidariedade, em que o setor fundacional pode assumir um papel preponderante. É relevante referir que cada vez mais um maior número de fundações pretendem estender progressivamente as suas atividades além fronteiras a favor de causas humanitárias internacionais, aderir a redes europeias de fundações e doadores, assim como estabelecer parcerias com fundações sediadas noutros países da União Europeia. Acha que há, da parte do Estado, dIscriminação relativamente a algumas fundações e favorecimento de outras? Não penso que haja discriminação negativa de umas fundações em favorecimento de outras, mas considero que, quanto às decisões finais formuladas sobre a manutenção, extinção, redução total ou parcial de apoios públicos e da cessação do estatuto de utilidade pública, os critérios que estiveram na base de tais decisões não foram devidamente explicitados às fundações a que respeitaram, não tendo sido preponderante a pontuação obtida na fase de caracterização e análise das fundações, tendo-se optado por soluções individualizadas na procura de equidade

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FUNDAÇÕES – PORQUE SÃO IMPORTANTES PARA A SOCIEDADE?

10 na redução da despesa pública, que são pouco claras e caem no âmbito da discricionariedade administrativa.

Há falta de reconhecimento por parte do Estado do trabalho desenvolvido pelas Fundações nas últimas décadas a favor dos interesses dos portugueses, não só em Portugal, mas por todo o mundo? Não considero que haja falta de reconhecimento por parte do Estado Português e dos restantes Estados da União Europeia do trabalho desenvolvido pelo setor fundacional, tanto para mais que a Comissão Europeia apresentou em 8 de fevereiro de 2012 a proposta de criação de um Estatuto de Fundação Europeia, tendo por fim eliminar obstáculos que entravem a atividade transnacional das fundações, cada vez mais importante em áreas como a investigação, a saúde, a cultura e a educação, entre outras. Com esta proposta pretende-se criar uma forma jurídica única para as fundações de todos os Estados-Membros, coexistentes com as fundações nacionais, que prossigam objetivos de utilidade pública europeia, tenham uma dimensão transnacional e disponham de um capital inicial de montante igual ou superior a 25 000 euros. Este novo estatuto permitir-lhes-á desenvolver atividades e obter fundos dentro da União Europeia de uma forma mais acessível, simplificada e menos onerosa, pelo facto de as fundações europeias beneficiarem do mesmo regime jurídico e fiscal que é aplicável às fun-

dações nacionais de utilidade pública de cada Estado-Membro. O Estatuto de Fundação Europeia contribuirá de forma decisiva para o processo de integração económica e consolidação da sociedade civil europeia no atual contexto de globalização e dos desafios que acarreta. A Comissão Europeia está atualmente a tomar em consideração a situação particular do setor não lucrativo quanto à futura reforma do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), tendo vindo a consultar o Centro Europeu de Fundações quanto a este assunto de enorme relevância para o setor fundacional, uma vez que as fundações estão isentas de cobrar IVA a quem transmitem os seus bens ou prestam os seus serviços, não podendo por outro lado recuperar o IVA que têm de suportar nas suas despesas correntes e extraordinárias. Situação esta que tem vindo a ter repercussões negativas na redução do rendimento global das fundações em geral, atendendo a que as taxas do IVA têm vindo progressivamente a aumentar. Este problema tem vindo a repercutir-se numa menor disponibilidade financeira das fundações para aumentarem ou manterem as suas atividades de utilidade social e interesse público num período de recessão económica global, em que deveriam ter um papel mais ativo. Quanto ao Estado Português, há a dizer que, com a entrada em vigor da nova Lei-Quadro das Fundações, se pretendeu definir um enquadramento jurídico próprio para o setor fundacional, o qual

padecia de uma dispersão legislativa acentuada, que remonta ao Código Civil de 1966 e a outras leis especiais que entretanto foram aprovados, como o Decreto-Lei n.º 460/77, de 7 de novembro, que regulava o regime das pessoas coletivas de utilidade pública; e o Decreto-Lei n.º 119/83, de 25 de fevereiro, que regula o Estatuto as Instituições Públicas de Solidariedade Social. Na Lei-Quadro das Fundações foi de primordial importância a constituição de um Conselho Consultivo das Fundações, composto por cinco membros, sendo três desses membros designados pelo Primeiro-Ministro de entre personalidades de reconhecido mérito, propostas por associações representativas das fundações, nos termos do n.º 1, alínea a) do artigo 13.º da Lei-Quadro das Fundações, em concreto pelo Centro Português de Fundações, que tem vindo a prestar, desde a sua constituição em 1993, um trabalho de excelência na representação dos interesses do setor fundacional português. Quanto à suficiência patrimonial para o ato de reconhecimento das fundações em Portugal, cuja fixação foi remetida para uma portaria do Governo, neste caso a Portaria n.º 75/2013, de 18 de fevereiro, que fixou o valor da dotação patrimonial inicial das fundações depois de ouvido o Conselho Consultivo das Fundações, o qual sugeriu um alinhamento com os

montantes em discussão na União Europeia a propósito da proposta da Comissão para um Regulamento relativo ao Estatuto da Fundação Europeia. O Governo optou por um valor mais elevado, tendo em conta os compromissos assumidos no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal e a desejável sustentabilidade económica das fundações para a promoção dos respetivos fins de interesse social a que se propõem, tendo fixado em € 250 000 o valor para a constituição de fundações por tempo indeterminado. Esta medida pode levar a uma quebra do crescimento do setor fundacional em Portugal. A Fundação Denise Lester, em particular, o que é que irá fazer para ultrapassar este cenário e como é que espera que sejam os próximos anos? A Fundação Denise Lester, neste contexto de crise económica geral, tenciona investir cada vez mais na internacionalização, na inovação, em parcerias com a sociedade civil e instituições congéneres ligadas ao setor da educação e assistencial, numa política de contenção de custos, procurando otimizar os seus recursos humanos e materiais para a prestação de um serviço educativo de excelência, formando jovens cidadãos com um forte sentido de responsabilidade e solidariedade social.



SEGUROS EM DESTAQUE

Fernando Rego, Presidente da APROSE – Associação Portuguesa da Mediação Profissional de Seguros

“É nestes períodos mais conturbados que a nossa missão tem relevância acrescida” Fundada em 1976, a APROSE representa os mediadores de seguros, corretores e agentes, promovendo os seus interesses junto das entidades competentes. Com a sua tomada de posse, Fernando Rego, actual Presidente da Associação, lançou um desafio que pretendia unir a classe e terminar, finalmente, com a instabilidade que pairava no setor: “dar uma nova visibilidade à mediação profissional e independente de seguros”. Novos desafios vão surgindo. Enquanto entidade representativa do setor, a APROSE assiste “de forma responsável, mas com preocupação e apreensão, a algumas práticas comerciais demasiado agressivas”.

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Com a sua tomada de posse, lançou um novo desafio para a atuação da APROSE: “dar uma nova visibilidade à mediação profissional e independente de seguros, através de um programa que pretendemos recolha um consenso alargado da classe”. Como tem sido esta nova fase? As circunstâncias do mercado, nomeadamente a grave crise económica, não ajudaram, seguramente, a que os associados tivessem um maior envolvimento com a APROSE, como pretendíamos, dada a acrescida atenção exigida pelos seus assuntos diários. Porém, é também nestes períodos mais conturbados que a nossa missão tem relevância acrescida, na defesa vigorosa e clarividente dos interesses de toda a classe e na prestação de um apoio crescente. Nesta primeira fase também tivemos como preocupação o relacionamento institucional, com o regulador e com a Associação Portuguesa de Seguradores, com quem nos orgulhamos de ter estabelecido um novo patamar de colaboração. Como descreve a evolução da mediação em Portugal? Face às exigências do panorama atual, qual o papel que acredita que as novas gerações terão de desempenhar para reforçar o nome do sector? A mediação, enquanto distribuição, tem que evoluir através da profissionalização, como ocorreu noutros setores, diferenciando-se como sendo o canal que melhor apoio presta aos clientes em todas as fases de um contrato de seguro, nomeadamente no aconselhamento na sua contratação e no apoio na regularização dos sinistros. Acreditamos que haverá forçosamente uma concentração do mercado, com operadores de maior dimensão média estabelecendo parcerias nacionais e internacionais, e onde as novas gerações desempenharão um papel de extrema

mais significativa prende-se com o atendimento personalizado. Se, por um lado, as seguradoras telefónicas, contatam os clientes por email ou telefone, as ditas tradicionais encaminham um corretor ou mediador que o assistirá pessoalmente. Dada a conjuntura económica atual, o tipo de atendimento continua a ser uma peça chave no momento da decisão?

Fernando Rego

Acreditamos que haverá forçosamente uma concentração do mercado, com operadores de maior dimensão média estabelecendo parcerias nacionais e internacionais

relevância, pela maior formação e dinamismo que sempre introduzem em qualquer organização.

Quando as seguradoras telefónicas surgiram no mercado, houve uma alteração das estratégias de negócio, aumentando a concorrência e baixando os preços. Quem ficou a ganhar? Essas seguradoras ou o consumidor que acabou por ter ao seu dispor um conjunto de seguros mais baratos? Esta é uma matéria muito pouco consensual. Penso que a maior preocupação

deverá incidir sobre a “guerra de quota de mercado” e, consequentemente, de preços que este novo canal introduziu, que afeta globalmente o setor e coloca os níveis de rentabilidade das seguradoras em valores perigosamente baixos, havendo já vários operadores no “vermelho”. Neste contexto e enquanto entidade representativa da mediação, a APROSE assiste de forma responsável, mas com preocupação e apreensão, a algumas práticas comerciais demasiado agressivas. Embora consigam, aparentemente, beneficiar o consumidor no curto prazo, elas poderão trazer graves problemas a um setor relevante para o PIB nacional.

Nesta dualidade entre seguradoras tradicionais e as seguradoras telefónicas, quais são as principais mais valias de cada uma? Como compreenderá, cabe à APROSE realçar as virtudes e vantagens da contratação de uma apólice com o apoio de um mediador profissional independente, em que destacamos, tal como já frisámos, o aconselhamento independente na contratação da melhor solução para cada cliente e o apoio indispensável na correta regularização dos sinistros. Há quem defenda que a diferença

Sim, na medida em que esta é a única forma de responder às necessidades específicas de cada cliente e de o acompanhar na defesa dos seus interesses. No entanto, não descartamos as soluções de venda eletrónica que também hoje existem na mediação, concorrendo em pé de igualdade com as seguradoras ditas telefónicas, quando constatamos que essa é a melhor solução para o cliente.

Na sua opinião, que desafios o sector segurador terá de enfrentar no futuro? Qual a estratégia da APROSE para ajudar os associados a ultrapassar os constrangimentos emergentes da situação económica atual? Os desafios são múltiplos e passam, desde logo, pelo desafio da sobrevivência para muitos mediadores que tiveram maiores dificuldades em adaptar-se a novos modelos económicos e de grande competitividade. A APROSE, reconhecendo esses desafios, deu início ao processo de revisão de estatutos que visa instituir um novo modelo de governo e dotá-la de recursos acrescidos para reforçar a sua capacidade de intervenção no setor e, assim, melhor corresponder às necessidades dos associados. Para aqueles que estão, neste momento, a optar por um seguro e que se deparam com numerosas questões, que mensagem é importante ser deixada? Diria que através dos mediadores profissionais associados da APROSE encontrarão as respostas mais adequadas para essas questões, porque são focadas nas suas necessidades e independentes dos interesses das seguradoras.


SEGUROS EM DESTAQUE

Pontos de Vista Maio 2013

Seguradoras tradicionais Vs Seguradoras telefónicas

“As diferenças são evidentes” Quais as diferenças entre seguradoras tradicionais e seguradoras telefónicas? O que fica a ganhar o consumidor com a entrada das seguradoras telefónicas no mercado? Para conhecer a realidade deste mercado, a Revista Pontos de Vista conversou com Renato Azevedo, Diretor Comercial e Marketing da Diaza Consultores de Seguros, Lda, que conhecedor do quotidiano deste universo revelou a sua opinião relativamente a este novo player, as seguradoras telefónicas. A entrada das seguradoras telefónicas no mercado veio trazer maior concorrência ao setor segurador tradicional, mas até que ponto é que o consumidor ficou a ganhar? Numa ótica de senso comum sempre que entra um novo player num determinado mercado a concorrência fica ligeiramente mais apertada. O caso das seguradoras telefónicas não foge à regra, no entanto a forma como operam é de tal forma limitada que na minha opinião concorrem apenas entre si. Poderiam criar dezenas de companhias diretas que a sua quota de mercado permaneceria semelhante, porque efetivamente são companhias impessoais que não se distinguem umas das outras, aliás muitos dos seus clientes nem sabem se são clientes da “SegurosOkay” ou da “Xseguros”. Isso quer dizer muito da sua filosofia, da sua postura no mercado… ou falta dela.

Das diversas comparações realizadas por órgãos de comunicação social e associações de consumidores, a única evidência é o preço mais baixo das seguradoras telefónicas, mas será que o consumidor perceciona as restantes diferenças? Os consumidores têm clara perceção sobre as inúmeras diferenças entre um serviço prestado por ambas, prova disso é a baixa penetração das companhias diretas no panorama segurador português. Infelizmente devido à atual conjuntura económica o consumidor vê-se obrigado a elevar o fator preço em detrimento do fator segurança, assumindo assim o risco próprio. Não obstante, os consumidores perceberam também que os órgãos de comunicação social mas principalmente as “associações de consumidores” deixaram os códigos de ética de lado optando por parcerias rentáveis, não só a nível de notoriedade mas principalmente a nível financeiro. É na minha opinião lastimável que as associações de consumidores percam a isenção metendo em causa a sua própria razão de existir, deixando assim os interesses da sociedade para segundo plano. Que impacto é que esta entrada das seguradoras telefónicas no mercado aporta ao mesmo? Conforme defendi anteriormente a entrada das seguradoras telefónicas vieram disponibilizar um novo serviço no mercado. No meu ponto de vista vieram também aumentar os graus de insatisfação e na minha ótica denegrir ligeiramente a imagem do setor segurador, que lentamente tem vindo a melhorar os seus níveis de reputação com um trabalho sério e de conti-

nuidade elaborado pelos mediadores e corretores. Esta insatisfação acontece porque dos dois lados existem problemas e entraves a ser resolvidos seja nas companhias diretas como nas tradicionais, a grande diferença é que as tradicionais estão preparadas para escutar os clientes ou em último caso os mediadores enquanto as companhias diretas deixam por vezes pequenos atritos por resolver. Esses pequenos atritos quando não resolvidos criam bastante ruído.

Nesta dualidade entre seguradoras tradicionais e seguradoras telefónicas, existem evidências claras à primeira vista: as primeiras têm um leque alargado de coberturas e um atendimento personalizado e mais eficiente, e as últimas praticam preços mais baixos. Que comentário lhe merece esta realidade? Quais são realmente as principais mais-valias de cada uma? A questão responde a grande parte das diferenças gerais. São duas realidades completamente distintas, as primeiras têm em mente uma prestação de serviço de qualidade, e para tal investem em formação, desenvolvimento de produtos, inovação, produtos tailor made, atendimento pessoal com único intuito de servir (e bem) o seu cliente. As segundas apostam num conceito tipificado, impessoal com call center’s repletos de colaboradores que pouco ou nada percebem da atividade estando muitos deles lá para conseguir um part-time que lhes permita fazer face a despesas extra. Há quem defenda que a diferença mais significativa prende-se com o atendimento personalizado. Se, por um lado, as seguradoras telefónicas, contactam os clientes por email ou telefone, as ditas tradicionais encaminham um corretor ou mediador que o assistirá pessoalmente. Dada a conjuntura económica atual, o tipo de atendimento continua a ser uma peça chave no momento da decisão? Independentemente da conjuntura económica um atendimento pessoal e personalizado é sempre o que a generalidade os consumidores procuram. Não só porque um mediador poderá entender o problema e servir de elo de ligação com a companhia expondo-o de forma clara e, dessa forma, agilizar a resolução do mesmo, mas também por tornar algo intangível em algo tangível. Um serviço é um ato essencialmente intangível, existem sempre dois intervenientes e nunca será o mesmo mediante diferentes horas ou lo-

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cais. Por esse motivo a presença física de um mediador, assume uma importância fulcral para entender o problema, resolver e desta forma cuidar do cliente que está numa posição fragilizada. É certo que a diferença significativa entre os dois prestadores se serviço apenas se constata quando acontece o infortúnio, é nessa altura que tudo é colocado em questão desde a adequação da apólice ao risco, às espectativas do cliente e à obrigação legal. É nessa altura que dezenas de clientes entram nos escritórios da Diaza solicitando ajuda e pedindo que se resolva o sinistro a qualquer preço, no entanto nesse momento já nada há a fazer. Por isso entendo que a diferença significativa é o descanso.

Como descreve a evolução da mediação em Portugal? Face às exigências do panorama atual, qual o papel que acredita que as novas gerações terão de desempenhar para reforçar o nome do setor? Tem existido uma enorme evolução de todos os aspetos relacionados com o setor segurador em Portugal, desde mediadores, companhias, riscos e até os próprios clientes. No entanto e focando-me mais na mediação existe hoje uma maior preparação dos mediadores e pessoas diretamente envolvidas com a atividade de mediação. Numa primeira instância o aumento da

formação permitiu aos envolvidos uma constante evolução, paralelamente temos os sistemas de informação que permitiram à mediação uma maior autonomia, controlo, eficiência e eficácia na metodologia de trabalho. As novas gerações vieram refrescar a atividade, munidos de formação académica nas mais diferentes áreas implementaram novas formas de trabalho, novos ideais e transformaram cada pequeno mediador num prestador de serviço de qualidade com presença no mercado. Para aqueles que estão, neste momento, a optar por um seguro e que se deparam com numerosas questões, que mensagem é importante ser deixada? Quando se opta por efetuar um seguro temos em mente transferir um determinado risco para uma companhia, quando o fazemos é porque não o queremos assumir e desta forma pagamos para que o façam por nós. Um seguro não pode ser adquirido de forma leviana sem esclarecimento e adequação, efetivamente existem muitas variáveis a ter em consideração para permitir uma correta tarifação do risco. Por esse motivo é de estrema importância consultar um profissional da área que esclareça, questione e constate as suas reais necessidades de forma a poder oferecer um serviço que vá de encontro ao que é espectável.


SEGUROS EM DESTAQUE

Alexandre Nogueira, Mediador de Seguros, em entrevista

Seguradoras Diretas: a “Fast Food” dos seguros Para o Mediador de Seguros, Alexandre Nogueira, as seguradoras diretas são semelhantes às empresas de fast food, disponibilizam um produto para consumo prático e de baixo custo. É a guerra de preços que motiva a existência das mesmas e os consumidores não entendem que o prémio de seguro muitas vezes é insuficiente para a cobertura técnica. Neste paralelismo, Alexandre Nogueira afirma, “como consumidor aprecio os dois, o resultado para a saúde é que não será exatamente o mesmo. Por outro lado, mesmo um prato de fast-food, caso lhe adicionemos extras, nem sempre é tão barato quanto parece à partida”.

A entrada das seguradoras telefónicas no mercado veio trazer maior concorrência ao setor segurador tradicional, mas até que ponto é que o consumidor ficou a ganhar? Como consumidor, com acesso privilegiado aos meios de comunicação, encaro as seguradoras diretas da mesma forma que a fast-food… para consumir de forma prática e a baixo custo!

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Sendo profissional do ramo sei distinguir as diferenças entre os produtos disponibilizados pelos diversos operadores e assim notar a maior qualidade dos produtos das seguradoras tradicionais. Já a maioria do público em geral não tem essa perceção

Das diversas comparações realizadas por órgãos de comunicação social e associações de consumidores, a única evidência é o preço mais baixo das seguradoras telefónicas, mas será que o consumidor perceciona as restantes diferenças? Sendo profissional do ramo sei distinguir as diferenças entre os produtos disponibilizados pelos diversos operadores e assim notar a maior qualidade dos produtos das seguradoras tradicionais. Já a maioria do público em geral não tem essa perceção.

Que impacto é que esta entrada das seguradoras telefónicas no mercado aporta ao mesmo? Basicamente guerra de preços, sendo que – pela informação que nos chega – o preço (entenda-se prémio de seguro) não chega a ser suficiente para cobertura técnica do ramo com as consequências inerentes. Nesta dualidade entre seguradoras tradicionais e seguradoras telefónicas, existem evidências claras à primeira vista: as primeiras têm um leque alargado de coberturas e um atendimento personalizado e mais eficiente, e as últimas praticam preços mais baixos. Que comentário lhe merece esta realidade? Quais são realmente as principais mais-valias de cada uma? Como já referi será o mesmo que compararmos um prato da cozinha tradicional com um de fast-food. Como consumidor aprecio os dois, o resultado para a saúde é que não será exatamente o mesmo. Por outro lado, mesmo um prato de fast-food, caso lhe adicionemos extras, nem sempre é tão barato quanto parece à partida!

acredita que as novas gerações terão de desempenhar para reforçar o nome do setor? Alexandre Nogueira

Pela informação que nos chega – o preço (entenda-se prémio de seguro) não chega a ser suficiente para cobertura técnica do ramo com as consequências inerentes

Há quem defenda que a diferença mais significativa prende-se com o atendimento personalizado. Se, por um lado, as seguradoras telefónicas, contactam os clientes por email ou telefone, as ditas tradicionais encaminham um corretor ou mediador que o assistirá pessoalmente. Dada a conjuntura económica atual, o tipo de atendimento continua a ser uma peça chave no momento da decisão? Já foi levado mais em conta do que atualmente, principalmente pela população mais jovem e/ou com acesso fácil aos meios de comunicação, designadamente Internet que privilegia a facilidade de utilização destes meios para obter o mesmo resultado. Como descreve a evolução da mediação em Portugal? Face às exigências do panorama atual, qual o papel que

Acima de tudo compete às seguradoras optar por selecionar parceiros com elevado grau de profissionalização

Para aqueles que estão, neste momento, a optar por um seguro e que se deparam com numerosas questões, que mensagem é importante ser deixada? Caso não tenha conhecimento adequado dos produtos a consumir consulte alguém que, de forma isenta, o possa esclarecer devidamente: o mediador de seguros.

“Acima de tudo compete às seguradoras optar por selecionar parceiros com elevado grau de profissionalização”


SEGUROS EM DESTAQUE

O papel do mediador no setor dos Seguros

Pontos de Vista Maio 2013

“O mercado necessitará sempre de bons mediadores” “Pessoalmente e pela experiência de quase 30 anos na mediação de seguros, parece-me que o cliente continua a ter boas razões para preferir saber onde encontrar todos os dias a pessoa que o aconselhou a fazer determinado seguro, em determinada seguradora, com determinadas coberturas, para o poder procurar quando precisa de ajuda”, afirma Eduardo Almeida, Sócio gerente da OptiRate Mediação de Seguros, Lda Praia da Barra – Aveiro, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Saiba mais sobre o mercado segurador e as mutações que o mesmo vem sofrendo ao longo dos anos, onde o papel do mediador jamais pode ser colocar em causa. A entrada das seguradoras telefónicas no mercado veio trazer maior concorrência ao setor segurador tradicional, mas até que ponto é que o consumidor ficou a ganhar? Parece-me que o consumidor só ficou a ganhar com o facto de as seguradoras telefónicas ao vende-rem produtos “ lowcost” e portanto com preços mais baixos, pressionarem as Seguradoras ditas tradicionais a baixar os preços dentro do possível, mas com a mesma qualidade a nível de coberturas que já tinham e isto muito por obra dos mediadores profissionais, que não têm abdicado de propor aos seus clientes produtos de qualidade aos melhores preços.

Das diversas comparações realizadas por órgãos de comunicação social e associações de con-sumidores, a única evidência é o preço mais baixo das seguradoras telefónicas, mas será que o consumidor perceciona as restantes diferenças? Uma das “bandeiras” das seguradoras diretas é o facto de tentarem passar a mensagem de que o seguro telefónico é mais barato porque não pagam a comissão ao mediador. Ora é por todos sabido que se não pagam aos mediadores que no entanto são uma mais-valia pois prestam um serviço ao cliente, em contrapartida as seguradoras diretas gastam valores equivalentes em publicidade nos meios de comunicação social; resumindo: trocam o serviço profissional de um mediador que ajuda o cliente a escolher entre os melhores produtos que existem no mercado, por publicidade nas televi-sões em horário nobre! Será que o cliente fica a ganhar trocando a mediação de um profissional que lhe aconselha determi-nado produto que mais se adequa às suas necessidades específicas e que o ajuda na altura do sinistro que é quando o cliente mais precisa do seguro por publicidade nas televisões? Que impacto é que esta entrada das seguradoras telefónicas no mercado aporta ao mesmo? Penso que o efeito mais visível foi pôr as pessoas a falar mais de seguros e de preços e ter o efeito já referido de pressionar a descida de preços, ao ponto das seguradoras tradicionais já estarem também a propor produtos específicos “Low-Cost”, obviamente com mais fran-

“Parece-me que o consumidor só ficou a ganhar com o facto de as seguradoras telefónicas ao venderem produtos “ low- cost” e portanto com preços mais baixos, pressionarem as Seguradoras ditas tradicionais a baixar os preços dentro do possível, mas com a mesma qualidade a nível de coberturas que já tinham e isto muito por obra dos mediadores profissionais, que não têm abdicado de propor aos seus clientes produtos de qualidade aos melhores preços” quias e menos coberturas, para lutar com as mesmas armas das “telefónicas”.

Há quem defenda que a diferença mais significativa prende-se com o atendimento personali-zado. Se, por um lado, as seguradoras telefónicas, contactam os clientes por email ou telefone, as ditas tradicionais encaminham um corretor ou mediador que o assistirá pessoalmente. Dada a conjuntura económica atual, o tipo de atendimento continua a ser uma peça chave no momento da decisão? Pessoalmente e pela experiência de quase 30 anos na mediação de seguros,

parece-me que o cliente continua a ter boas razões para preferir saber onde encontrar todos os dias a pessoa que o aconselhou a fazer determinado seguro, em determinada seguradora, com determinadas coberturas, para o poder procurar quando precisa de ajuda, ou porque teve um sinistro e o outro interveniente não tinha seguro, ou ia alcoolizado, ou comprometeu-se a preencher a declaração amigável no dia seguinte e depois mudou de ideias, ou necessita de veículo enquanto o dele está a consertar, ou eventualmente uma assistência em viagem não correu bem, ou um mal-entendido com a própria seguradora, entre outros. Parece-me que o mercado das seguradoras diretas está mais centrado em Lisboa e Porto, porque as pessoas tem a perceção de que se algo correr mal, podem sempre dirigir-se à sede.

Como descreve a evolução da mediação em Portugal? Face às exigências do panorama atual, qual o papel que acredita que as novas gerações terão de desempenhar para reforçar o nome do setor? A diferença entre a atividade de mediação de há 30 anos com a de hoje é abismal. Hoje um media-dor tem que estar permanentemente em atualização, pois os produtos e as condições de venda dos mesmos variam constantemente, ao ponto das próprias propostas de seguro já não existirem em papel, mas terem que ser tiradas ou preenchidas diretamente no sistema informático das companhias pois os formulários e mesmo as coberturas estão em constante altera-

ção. Também as exigências em termos legais para o exercício da atividade são cada vez maiores e obrigam os mediadores a inves-timentos elevados que muitos já não conseguem suportar com os rendimentos que têm. No entanto, é uma atividade muito aliciante em termos de desafios e o mercado necessitará sempre de bons me-diadores, pois enquanto o cliente quando tem um acidente respirar de alívio, por o seu mediador o ter ajudado a resolver o assunto de forma rápida e justa, não faltarão clientes aos mediadores de seguros. No nosso caso, são os nossos clientes que nos fazem a melhor publicidade e que na visita seguinte nos trazem um familiar, ou vizinho ou colega de trabalho para que estudemos a sua carteira de seguros. Por isso e apesar da crise que assola a nossa economia e por conseguinte também o mercado de seguros, estou otimista quanto ao futuro da atividade.

Para aqueles que estão, neste momento, a optar por um seguro e que se deparam com nume-rosas questões, que mensagem é importante ser deixada? Para quem necessita de fazer um seguro neste momento, e na certeza de que ninguém tem tempo para ler todas as condições gerais das Apólices de diversas companhias a fim de avaliar quais são as que melhor servem em termos de relação preço/qualidade para as cobertura de riscos a que está mais exposto, (e devo lembrar que as seguradoras, mesmo dentro do mesmo ramo de seguro têm condições diferentes para cada caso específico, decorrente do histórico de sinistralidade que tiveram naquele tipo de cobertura: exemplo: se uma pessoa pretende fazer o seguro a um veículo com 1000cm3 as melhores condições podem ser na companhia “A”, mas se o veículo tiver 1500 cm3”, já as condições mais favoráveis podem ser na companhia “B”.). Assim, o meu conselho só pode ser a pessoa dirigir-se a um mediador profissional que trabalhe com diversas seguradoras, pois só ele pode aconselhar a seguradora que para o caso específico daquele cliente tem a melhor relação pre-ço/qualidade, e que em caso de posterior sinistro o pode ajudar a resolver o mais rápido quanto possível o problema.

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SEGUROS EM DESTAQUE

Santi Cianci, CEO do Grupo Generali em Portugal, em destaque

“Não é por acaso que estamos a crescer” Com quase dois séculos de existência, a Generali é um dos maiores grupos seguradores mundiais e está presente em Portugal há mais de 70 anos. A forte e contínua aposta na internacionalização permitiu ao grupo italiano crescer e manter a solidez ao longo dos anos e, em Portugal, onde opera nos ramos Vida e Não Vida, nem mesmo a entrada das seguradoras diretas, agressivas ao nível dos preços praticados, foi capaz de afetar a sua actuação. A Generali já enfrentou períodos de grave crise económica, as grandes guerras, a depressão de 1929 e, recentemente, a crise que teve início em 2008. As alternativas encontradas para ultrapassar esta última e um mercado segurador que em Portugal é conhecido pela concorrência feroz foram mote para uma conversa com o CEO do Grupo Generali no nosso país, Santi Cianci, que lhe damos agora a conhecer.

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os últimos anos, as companhias de seguros apelidadas de “diretas” tomaram de assalto o mercado segurador em Portugal e, para o perceber, basta ver as inúmeras publicidades com que nos deparamos diariamente desde que as mesmas entraram em força no nosso país. A massificação da Internet e das operadoras de telecomunicações são fundamentais para o crescimento que estas seguradoras têm conseguido alcançar. A utilização do termo “low cost” é, portanto, crescente. Mas em que é que estas se diferenciam das operadoras tradicionais? Pelo termo “low cost” aquilo em que imediatamente pensamos é no preço. De facto, as operadoras diretas conseguem propor preços mais baixos e competitivos, o que, para muitos, constituiu um dos principais fatores que levou à quebra de rentabilidade do setor nos últimos anos. Todavia, há outras diferenças que têm de ser levadas em consideração. O tipo de atendimento prestado é, inevitavelmente, uma delas. Enquanto as seguradoras tradicionais privilegiam a existência de agências e de mediadores, o que acarreta a vantagem de um tratamento personalizado, as seguradoras low cost dão preferência aos canais diretos, como a internet e o telefone.

Santi Cianci Para Santi Cianci, este tipo de seguradora, “é uma realidade do mercado internacional e, quando surgiu em Portugal, criou uma grande pressão. A primeira reação foi estranhar porque todas elas pertenciam a grupos tradicionais que entraram no mercado direto sem terem necessidade de o fazer, uma vez que não existiam concorrentes especializados só nessa área”. Quanto ao efeito, esse considera que foi “catastrófico porque as próprias seguradoras detentoras dessas companhias diretas tiveram, de seguida, de enfrentar a reação dos mediadores com os quais trabalham, descontentes com a oferta de preços muito inferiores aos praticados pela rede tradicional. Tudo isso fez com que a pressão em fun-

Eu diria que, nos próximos anos, as grandes oportunidades residem nos seguros de Saúde, em função das alterações no Serviço Nacional de Saúde e nos planos de Poupança e de Reforma, tendo em conta a grave crise que se abate sobre o sistema da Segurança Social

ção dessa diferença substancial levasse a uma redução gradual das tarifas em todo o mercado”, afirma. Na sua maioria as seguradoras diretas atuam no mercado automóvel, mas tem sido crescente a sua expansão também para outras áreas. Aquando da entrada das seguradoras diretas em Portugal, a Generali não acompanhou inicialmente, em 2008 e 2009, a descida abrupta de preços, por acreditar que isso iria provocar alguma insusten-

Cada um em sua casa, nesta altura, tem que tornar as estruturas mais ágeis e capazes de se adaptarem às mudanças. Na Generali temos feito isso e, como tal, não é por acaso que estamos a crescer em 2013, tal como crescemos no ano passado, essencialmente no ramo vida

Mediadores Generali - Agentes a Generali desenvolve a sua atividade de negócio em todo o território nacional com uma rede experiente e profissional de escritórios e Agentes Generali, através dos quais a companhia proporciona aos seus clientes uma ampla gama de produtos e serviços que lhes permite usufruir de uma vida segura, tranquila e protegida. - Corretores num mercado cada vez mais competitivo, com alternativas de produtos diferenciadoras, o corretor de seguros adquire uma importância enorme, não apenas como conselheiro do seu cliente mas, principalmente, como peça fundamental para a atividade Seguradora. A Generali desenvolve relações privilegiadas com as principais empresas de corretagem a operar em Portugal e no Mundo. Sempre com uma postura de imparcialidade, a Generali assume a defesa dos interesses dos seus clientes, oferecendo-lhes um serviço completo e global o que permite a construção e apresentação das melhores soluções, em qualquer parte do mundo.


Pontos de Vista Maio 2013

Não existe atualmente uma grande fidelização e é esse ponto que tentamos combater criando oportunidades para os clientes que procurem a renovação dos seus seguros. Optamos por diferenciar a oferta com coberturas mais amplas, com outros produtos que possam complementar o seu pacote, enfim, com várias soluções vantajosas

tabilidade aos resultados do Grupo. De facto, os resultados das várias companhias de seguros nesses anos foram desastrosos e, ao nível do ramo automóvel, apenas no último ano se verificou uma recuperação, como consequência da menor circulação de veículos e consequente menor incidência do número de sinistros. Caso contrário, Santi Cianci afirma, “ainda estaríamos numa situação deficitária nesse ramo”.

Crescimento no Ramo Vida

No entanto, não só de seguros automóveis vivem as seguradoras e, na Generali, enfrentar os anos difíceis tem passado, em boa parte, pela aposta noutras áreas, cujas potencialidades de crescimento são evidentes. Assim, quando a Generali Vida (fundada em 1990 sob a forma jurídica de Sociedade Anónima, com o objetivo de desenvolver autonomamente a atividade de seguros do Ramo Vida em Portugal, tratando-se portanto de uma companhia de direito local) foi estabelecida, a sua área de atuação resumiu-se praticamente aos seguros de risco. A partir de 2006 apostar noutras áreas do ramo vida foi um dos fatores de crescimento. “Entramos pesadamente na área de seguros de poupança e temos tido um enorme sucesso e crescimento a esse nível, resultado também de uma gestão financeira muito cuidadosa e prudente que nos tem permitido ficar sempre entre as companhias com maior rentabilidade”, afirma Santi Cianci.

Principais apostas nos próximos anos

O nosso entrevistado explica, “cada um em sua casa, nesta altura, tem que tornar as estruturas mais ágeis e capazes de se adaptarem às mudanças. Na Generali temos feito isso e, como tal, não é por acaso que estamos a crescer em 2013, tal como crescemos no ano passado, essencialmente no ramo vida. Uma especial ênfase foi dada à prestação de serviço pois sempre consideramos o cliente no centro do sistema. Fomos assim classificados pelo ECSI (European Customer Satisfaction Index) em cinco edições por bem três vezes a Companhia com o me-

lhor índice de satisfação do cliente e disso somos muito orgulhosos. Há também oportunidades, na medida em que os nossos concorrentes deixam espaços e as companhias têm que ter a capacidade de saber ocupar esses espaços. Evidentemente, todos estamos atentos ao mercado e eu diria que, nos próximos anos, as grandes oportunidades residem nos seguros de Saúde, em função das alterações no Serviço Nacional de Saúde e nos planos de Poupança e de Reforma, tendo em conta a grave crise que se abate sobre o sistema da Segurança Social. Se até há uns anos atrás, as pessoas puderam gozar de todos os benefícios previstos pela Segurança Social, hoje isso está em discussão. Não sabemos o que o futuro nos reserva e que surpresas teremos mas sabemos que temos alternativas e soluções para isso. Basta uma poupança razoável mês a mês ou anual para que criemos um capital que possa depois ser colocado a render ou resgatado no final para que possa ser aproveitado da melhor forma possível”.

Preço é o que mais importa ao consumidor

Quando questionado sobre àquilo para o qual o consumidor olha em primeira instância, o “preço” não poderia deixar de ser a resposta de Santi Cianci, que afirma mesmo, “não existe atualmente uma grande fidelização e é esse ponto que tentamos combater criando oportunidades para os clientes que procurem a renovação dos seus seguros. Optamos por diferenciar a oferta com coberturas mais amplas, com outros produtos que possam complementar o seu pacote, enfim, com várias soluções vantajosas”. Todas as companhias têm que se posicionar no mercado e não podem fugir aos preços médios praticados. Como tal, quando se fala em diferenças nos preços, se tivermos em conta os que são praticados nos dias que correm, 10 por cento, quando traduzido em euros, em certos casos é um valor absoluto sem muita relevância. Neste âmbito, a grande aposta da Generali tem-se prendido com as facilidades de pagamento, soluções inovadoras que vieram dar suporte a muitas famílias com dificuldades em honrar os seus

compromissos financeiros, nomeadamente, o pagamento dos seus prémios de seguros.

Facilidades De pagamento

A pensar nos consumidores, a Generali tem então em vigor dois tipos de soluções que estão a ganhar quota no mercado nacional. Uma delas, foi a criação de uma cartão de crédito que pode ser utilizado para pagar os seguros em prestações. Se o pagamento for fracionado em três vezes, o cliente não paga juros e ainda beneficia de um desconto, no entanto, poderá dividir a liquidação do prémio em seis ou dez prestações. A outra opção, que entrou em vigor no ano passado e que é aquela que mais tem crescido, diz respeito ao pagamento do seguro automóvel em até 12 prestações sem juros, através da modalidade de débito direto em conta corrente. A opção do cartão está em vigor desde 2009 e se, numa fase inicial, criou uma certa desconfiança na rede de distribuição, atualmente, são os próprios mediadores quem mais apreciam e sugerem este tipo de solução.

Não podendo deixar de ser a opinião dos mediadores de extrema importância para o Grupo, foi criado na Generali um Comité Consultivo de Agentes, que se reúne periodicamente para que não restem dúvidas sobre quais os melhores caminhos a seguir. Ao nível da Comissão Executiva da Companhia, são realizadas também semanalmente reuniões para que sejam ouvidas as diferentes vozes de todas as áreas. Todos estes fatores distintivos têm permitido à companhia crescer, de tal modo que, no primeiro trimestre de 2013, a Generali foi a segunda companhia com maior crescimento em Portugal, entre as 10 maiores nos ramos reais. Se em 2011, a atividade seguradora teve, em Portugal, um ano de contração sem paralelo, em 2012, o decréscimo do volume de negócios, ainda que real, foi muito inferior. 2013, por sua vez, está previsto como sendo o último ano de uma série negativa ou, para os mais otimistas, o primeiro de uma nova série positiva. Santi Cianci é um desses otimistas, pelo menos no que toca à performance da Generali.

Generali de A a Z: • Generali Acidentes Pessoais - Individual • Generali Acidentes Pessoas - Viagem • Generali Acidentes Pessoais - Valor Fixo • Generali Acidentes de Trabalho – Empregados Domésticos • Generali Acidentes de Trabalho – Trabalhadores Independentes • Generali Acidentes de Trabalho – Trabalhadores Conta de Outrem • Generali + Auto (automóvel) • Generali ITO (só para carros citadinos) • Generali + Casa • Generali Condomínio • Generali Comércio • Generali Complemento Reforma • Generali Vida Crédito Habitação • Generali GenMar (embarcações de recreio) • Generali PPR + Seguro • Generali + Poupança • Generali Responsabilidade Civil Familiar • Generali + Saúde • Generali + Saúde SimplifiCare • Generali Univida • Generali + Vida • Generali Vida Inteira

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ESPECIAL RELACRE

À conversa com Álvaro Ribeiro, Presidente do Conselho de Administração da RELACRE

Uma ponte entre os decisores e os laboratórios Consciente das necessidades prementes dos seus associados, a RELACRE tem ajustado a sua atuação à complexa situação económica atual. Desde a sua génese que a associação tem representado os interesses da sua comunidade de laboratórios, fazendo ouvir as suas demandas junto das entidades competentes.

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epois da criação da EUROLAB, em 1990, foi sentida a necessidade de constituir em Portugal uma entidade que levasse o nome dos laboratórios portugueses além fronteiras. Como tal, um conjunto de laboratórios públicos e privados, acreditados ou nesse caminho, juntaram-se num fórum desenvolvido pelo Instituto Português da Qualidade (IPQ). Estava assim dado o primeiro passo. A 9 de maio de 1991, com a adesão de 21 entidades com laboratórios acreditados, nasceu a Associação de Laboratórios Acreditados de Portugal, conhecida como RELACRE e foi com Álvaro Ribeiro, atual Presidente do Conselho de Administração da Associação que a Revista Pontos de Vista conheceu o trabalho desta entidade que, ao longo dos últimos 22 anos, tem vestido a camisola com garra e afinco pelos seus associados. Perfeitamente ciente das exigências do momento económico atual, a RELACRE tem ajustado a natureza dos seus serviços e a questão financeira a eles agregada às necessidades dos seus associados. Mas, a sua missão vai mais além. “É mais importante dar um apoio numa perspetiva associativa correspondendo às expetativas dos associados no que condiciona a sua competitividade. Nesse caminho, centramo-nos muito no processo de acreditação”, explicou Álvaro Ribeiro. Além disso, a associação disponibiliza à sua rede de laboratórios um conjunto de formações indispensáveis para aprimorar a competência técnica e a qualidade do trabalho dos intervenientes, a par de uma série de atividades de assessoria e auditoria e de um conjunto de serviços na área de Ensaios de Aptidão, que respeitam as regras estipuladas no seio da ISO e da ILAC. Sendo membro de várias organizações internacionais, a associação tem procurado fazer eco das preocupações dos laboratórios nacionais a nível mundial. “Esse papel tem sido reconhecido e tem estimulado as ligações dos nossos associados a entidades de outros países”, afirmou. Através da realização de eventos, a RELACRE tem procurado representar Portugal ao mais alto nível. Em 2012, foi desenvolvida uma conferência centrada no impacto da atividade dos laboratórios na economia

Álvaro Ribeiro

“É mais importante dar um apoio numa perspetiva associativa correspondendo às expetativas dos associados no que condiciona a sua competitividade. Nesse caminho, centramo-nos muito no processo de acreditação” portuguesa e contou com a presença de organismos estrangeiros de renome, como por exemplo o Vice-Presidente da EUROLAB, Jeff Llewellyn. “São formas de fazer chegar a informação aos laboratórios nacionais, tornando-os mais competitivos. Conhecendo as práticas e as políticas europeias, torna-se mais fácil promover a internacionalização”, esclareceu Álvaro Ribeiro.

Impacto na economia nacional

Mais indireta do que diretamente, a atividade dos laboratórios tem um impacto bastante positivo na economia portuguesa. A opinião é de Álvaro Ribeiro

que olha para a evolução do setor com “esperança no futuro”. Apesar da sua importância nem sempre ser devidamente valorizada, “muitos dos laboratórios são peças chave em organizações de elevada dimensão e são o suporte de atividades de grandes empresas”, explicou, avançando com o exemplo de entidades como a BUREAU VERITAS, o ISQ e a SGS entre muitas outras. Apesar desse peso significativo na esfera económica nacional, a verdade é que quando os laboratórios arriscam transpor fronteiras, são muitas as barreiras a ultrapassar. Para começar, existem problemas relacionados com a legislação do país em questão e com a forma como essa lei é interpretada. A par disso, Álvaro Ribeiro acredita que o caminho da acreditação ainda tem aspetos que

devem ser definidos. “Em Portugal, a acreditação é um fator de diferenciação. Mas, no contexto internacional, existem situações de falta de harmonização, ou seja, as práticas são diferentes e isso traz custos elevados para os laboratórios nacionais reduzindo a sua competitividade”, defendeu. A RELACRE tem procurado ser uma ponte entre estes interesses tão díspares, fazendo sempre questão de realçar a extrema qualidade destas entidades, em muitos casos, superior a outros congéneres europeus e mundiais. E é isso que se pode esperar da atuação futura da associação. “Pretendemos desenvolver a componente associativa, procurando apoiar os interesses dos laboratórios em todos os contextos em que isso seja necessário. É a nossa missão”, concluiu Álvaro Ribeiro.

A RELACRE é membro de vários organismos internacionais: • EFNDT – “European Federation for Non-Destructive Testing” • EURACHEM – “Focus for Analytical Chemistry in Europe” • EUROLAB – “European Federation of National Associations of Measurement Testing and Analytical Laboratories” • ICNDT – “international Committee for Non-Destructive Testing” • IMEKO – “International Measurement Confederation” • UILI – “Union Internationale des Laboratories Indépendants”


A OPINIÃO DE...

ESPECIAL RELACRE

Rui Gonçalves Henriques, Diretor da Qualidade do LNEC

Projeto de Desenvolvimento de um Sistema Integrado de Gestão aplicado aos Laboratórios de Ensaios e de Metrologia do LNEC O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) intervém num conjunto diversificado de áreas científicas, nomeadamente, Materiais, Hidráulica, Geotecnia, Edifícios, Estruturas, Ambiente, Barragens e Transportes, destacando-se, em particular, a atividade experimental que realiza, muitas vezes associada à construção, à reabilitação e à observação de grandes obras públicas.

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ara a realização de tal atividade experimental, desde os seus primórdios, o LNEC foi criando nos seus diversos departamentos (correspondentes às áreas científicas citadas) laboratórios de ensaio com o objetivo de realizar, essencialmente, ensaios de avaliação das características de desempenho de materiais e de componentes de construção, e de avaliação das características de identificação (propriedades mecânicas e físico-químicas) de produtos da construção tais como betões, cimentos e aços. A década de noventa foi marcada pela valorização da Qualidade como conceito fundamental para o desenvolvimento e a modernização das atividades económicas. No contexto dos laboratórios, o LNEC foi uma das entidades percursoras a adotar os Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ) com o objetivo de assegurar a coordenação, o enquadramento e a orientação indispensáveis de forma a conferir integridade às atividades do conjunto de cerca de duas dezenas de unidades laboratoriais, especialmente no que se refere à organização, ao modo de funcionamento, à formação de recursos humanos, à realização de auditorias internas e à uniformização dos procedimentos adotados O processo de acreditação de algumas das unidades laboratoriais do LNEC iniciou-se na década de 1990 do século XX, dispondo-se, hoje, mais de duas décadas volvidas, de um histórico apoiado no aperfeiçoamento contínuo da sua base documental que permite avaliar as vantagens do SGQ concebido e identificar as suas fragilidades ou limitações, o que se revelou particularmente importante na revisão que foi concretizada neste processo.

A evolução recente das capacidades tecnológicas, a crescente dinâmica das necessidades provenientes da indústria associadas aos materiais e aos ensaios e a permanente intenção de otimizar os recursos humanos e materiais criaram as condições para o desenvolvimento de um projeto inovador destinado a promover a unificação dos diversos laboratórios do LNEC, apoiados num Sistema Integrado de Gestão da Qualidade, que foi concluído em finais de 2012. A solução encontrada foi a criação do conceito de “um único laboratório acreditado no LNEC”, cujo âmbito fosse o de “Ensaios e Metrologia”, incorporando nele as várias unidades laboratoriais existentes, acreditadas ou em vias de acreditação. A

concretização desta solução requereu o desenvolvimento de um sistema documental “leve”, e uma harmonização da metodologia de suporte ao sistema relacionada com a acreditação dos laboratórios conforme aos requisitos expressos na norma de referência (NP EN ISO/IEC 17025). Este novo laboratório de ensaios e metrologia, LNEC-EM, criado em 2013, traduz a preocupação contínua em dar uma resposta adequada e eficaz no apoio à atividade da indústria em múltiplos domínios da engenharia civil e áreas afins, dispondo dos meios para a realização de cerca de 1500 ensaios diferentes, distribuídos pelas 24 unidades laboratoriais do LNEC, que a seguir se indicam:

Laboratórios acreditados pelo IPAC LABTEC - Laboratório de Ensaios de Betões e Cimentos LCAM - Laboratório Central de Apoio Metrológico LEMOC - Laboratório de Ensaios de Materiais Orgânicos para a Construção LEMRI - Laboratório de Ensaios de Materiais e Revestimentos Inorgânicos LMF - Laboratório de Metrologia de Forças LPM - Laboratório de Ensaios de Produtos Metálicos PAVMAT - Laboratório de Ensaios de Materiais para Pavimentação Laboratórios acreditados pelo IPAC e notificados pelo IPQ no âmbito da DPC LEC - Laboratório de Ensaio de Caixilharia LERF - Laboratório de Ensaios de Reação ao Fogo LEPC - Laboratório de Ensaios de Plásticos Celulares Laboratórios não acreditados LABES - Laboratório de Engenharia Sanitária LabImagem - Laboratório de Processamento Digital de Imagens LCE - Laboratório de Ensaios de Componentes de Estruturas LEA - Laboratório de Ensaios de Acústica LEHID - Laboratório de Ensaios Hidráulicos LERC - Laboratório de Ensaios de Revestimentos de Coberturas LERevPa - Laboratório de Ensaios de Revestimentos de Paredes LERO - Laboratório de Materiais Pétreos LERP - Laboratório de Ensaios de Revestimentos de Pisos LFC - Laboratório de Fotometria e Colorimetria LNEC/CER - Laboratório de Produtos Cerâmicos LCG - Laboratório de Caracterização de Geomateriais LEG - Laboratório de Ensaio de Geossintéticos LGAmb - Laboratório de Geotecnia Ambiental

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ESPECIAL RELACRE

Entrevista a José Medina, Diretor do ISQ - Instituto de soldadura e qualidade

“Se não temos criamos!” Fundado em 1965 e inicialmente vocacionado para o setor da construção soldada, a diversificação da atividade do ISQ iniciou-se nos anos 80, para áreas como o ambiente, a segurança, a metrologia, entre outras, tendo sempre como denominadores comuns a Inovação, a Qualidade e a Segurança. Atualmente, dispõe da maior rede de laboratórios acreditados no país, capaz de realizar ensaios e calibrações muitas vezes únicos em Portugal. Foi sobre esta área laboratorial que a Revista Pontos de Vista esteve a falar com José Medina, Diretor do ISQ. Para o nosso entrevistado, “sobreviverão os laboratórios que tenham a capacidade de investimento e que sejam impulsionados por equipas que partilhem uma “paixão” pela gestão e inovação, pessoas que façam acontecer”.

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Tratando-se o ISQ de uma instituição tecnológica privada com utilidade pública, qual tem sido a importância da atividade do mesmo para a economia nacional ao longo destes cerca de 50 anos e, particularmente, dos seus serviços laboratoriais? Ao oferecermos aos nossos clientes um conjunto de serviços integrados de Inspeções Técnicas, Consultoria, Ensaios e Análises, Formação, Obrigações Legais e ensaios Metrologicos, recorrendo a equipas com múltiplas competências, resultantes da experiência e conhecimentos técnicos acumulados ao longo destes anos de atividade, disponibilizamos soluções que contribuem para o sucesso dos nossos clientes e consequentemente do País. Estes serviços são dirigidos aos mercados da construção civil, petróleo e gás, aeronáutica, energia, indústrias de processo, indústria automóvel, transportes e infraestruturas, comércio e serviços, saúde, turismo e hotelaria, administração pública e a particulares. O ISQ dispõe da maior rede de laboratórios acreditados no País, os ensaios e calibrações que realizamos, muitas vezes únicos no País, garantem a conformidade com a legislação, normas, diretivas e requisitos aplicáveis. Podemos afirmar que a infraestrutura laboratorial do iSQ e todo o seu know-how é um ativo muito importante do País sendo mesmo um dos principais fatores de diferenciação da nossa instituição, exemplo disto são por exemplo o Labmetro, Labqui, Labiagro e o CNE. Qual a proposta de valor que os laboratórios do ISQ apresentam aos seus clientes? Quais as mais-valias e os pontos fortes dos vossos laboratórios? A nossa proposta de valores assenta no rigor, credibilidade e parceria com o cliente, dispomos da mais avançada tecnologia e de meios humanos com elevada motivação e experiência. Temos equipas experientes e sempre disponíveis, que reconhecem e respondem às necessidades específicas dos clientes, através de uma oferta completa, única e inovadora. A inovação aliada à preocupação de oferecer serviços de qualidade, têm sido um valor estratégico para o crescimento dos laboratórios do ISQ. A rede laboratorial do ISQ oferece uma abrangência de serviços ímpar a nível nacional, “se não temos criamos!”.

O ISQ dispõe de uma rede de laboratórios acreditados, que oferece um leque diversificado de serviços dirigidos à indústria, à área da saúde, ao comércio e serviços, entidades públicas e a particulares, que necessitem de assegurar que as suas instalações, equipamentos e produtos cumprem os requisitos de qualidade, ambiente e segurança.

José Medina Os nossos laboratórios apoiam empresas e organizações e primam por oferecer resultados altamente credíveis, com rápida resposta dando especial atenção ao atendimento e aconselhamento.

A Investigação & Desenvolvimento e Inovação é uma das chaves no percurso do ISQ. Quais os principais projetos de I&D que têm resultado desta constante investigação desenvolvida nos laboratórios do ISQ? Quais os projetos mais inovadores que estão a ser desenvolvidos? A Investigação, Desenvolvimento e Inovação (IDI) tem constituído, desde sempre, um dos principais pilares do sucesso do ISQ. O aumento de conhecimento e competências que resulta do envolvimento em atividades de IDI tem um importante impacto na qualidade dos serviços prestados pelo ISQ e no seu reconhecimento como maior entidade tecnológica nacional. Os domínios técnico/ científicos dos projetos onde o ISQ está envolvido são muito vastos, refletindo as múltiplas áreas de engenharia onde este atua. Os exemplos que podem ser apresentados inserem-se em áreas tão distintas como a aeronáutica, automóvel, energia, ambiente, mecânica, civil, saúde, etc.. Como exemplo de projetos que estão atualmente em desenvolvimento poderá referir-se os seguintes, que refletem a multidisciplinaridade do ISQ: (1) desenvolvimento de metodologias de atenuação das vibrações em linhas férreas junto a áreas residenciais, o qual já visa o previsível futuro aumento do transporte ferroviário de mercadorias; (2) desenvolvimento de calibração de sistemas de medição do alinhamento de rodas de automóvel, como resposta

a novos requisitos regulamentares; (3) desenvolvimento de um carro elétrico utilizando tecnologias que permitam aumento da autonomia; (4) manufatura inteligente: desenvolvimento de novas funcionalidades a integrar em sistemas de produção, utilizando novas abordagens (e.g., análise da condição através de monitorização) e tecnologias multimédia, realidade virtual e aumentada em ambiente industrial.

Como perspetiva a evolução da área laboratorial, nos próximos anos, em Portugal? Sobreviverão os laboratórios que tenham a capacidade de investimento e que sejam impulsionados por equipas que partilhem uma “paixão” pela gestão e inovação, pessoas que façam acontecer. Assim a flexibilidade e disponibilidade serão atributos fundamentais. Os laboratórios de sucesso terão continuadamente de oferecer uma extensa gama de soluções e responder às mais complexas exigências, conciliando a capacidade de produção com a garantia da qualidade dos resultados e uma gestão eficiente. Quais as áreas abrangidas pelos laboratórios do ISQ? Quais os serviços que têm capacidade para prestar nestes laboratórios? Nos nossos laboratórios realizam-se ensaios a materiais e a produtos, ensaios e análises para a construção civil e betão, ensaios em equipamentos e cabos elétricos, ensaios de compatibilidade eletromagnética, análises químicas, ambientais e microbiológicas, ensaios a embalagem , ensaios não destrutivos e ensaios metrológicos.

As equipas assumem um papel fundamental na área laboratorial, descreva as equipa dos laboratórios ISQ? As equipas são constituídas por colaboradores experientes, com formação especializada. Dispomos de equipas consciencializadas com valia técnica e humana que elevam os seus níveis de exigências todos os dias possibilitando o desenvolvimento e acompanhamento das atividades atuais e as que se perspetivam para o futuro, por forma a responder às necessidades do mercado em constante inovação. Desafios diários da equipas dos laboratórios ISQ: • Evidenciar a credibilidade do laboratório • Criar valor para o cliente • Reconhecimento na área de atividade • Manter a vitalidade dos laboratórios de modo a fazê-los crescer e fazer prosperar todos os que com ele se relacionam • Aperfeiçoar práticas e desenvolver as capacidades do laboratório de modo a obter um melhor desempenho O ISQ tem expandido a sua atividade para outros mercados. Na área laboratorial, quais os mercados em que está já estabelecido? Sim, o permanente desenvolvimento de novos métodos e processos, a experiência e o know-how de que dispomos, abriram uma nova área de negócio que nos tem permitido desenvolver projetos laboratoriais chave na mão, conceber e desenvolver projetos de laboratórios para outras organizações internacionais nomeadamente em Espanha, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Brasil, Argélia, Abu Dhabi entre outros. Têm novos mercados em vista? Quais? A nível nacional continuar a desenvolver a área farmacêutica, nano tecnologia e saúde; a nível Internacional continuar e desenvolver projetos laboratoriais chave na mão, conceção e desenvolvimento de projetos de laboratórios para outras organizações.


A OPINIÃO DE...

ESPECIAL RELACRE

José Carlos Roseiro, Administrador da RELACRE e Coordenador da Qualidade dos Laboratórios do LNEG

Qualidade e Investigação no Laboratório Nacional de Energia e Geologia Desde há muito que a indústria portuguesa conta com estruturas públicas que apoiam o seu desenvolvimento. O Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) é um Laboratório de Estado, no Ministério da Economia e do Emprego, que conta com uma longa tradição em investigação, demonstração e desenvolvimento tecnológico orientados para responder às necessidades da sociedade e das empresas.

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postando numa investigação sustentável, a par das melhores práticas internacionais, garante que as suas áreas de competência permitam uma resposta adequada às necessidades do setor empresarial. O LNEG tem consciência de que só o trabalho cooperativo e em rede poderá otimizar as competências de que é detentor, pelo que é parceiro ativo das principais redes e plataformas colaborativas em Energia e Geologia. O LNEG tem por missão promover a inovação tecnológica orientando a ciência e tecnologia para o desenvolvimento da economia, contribuindo para o aumento da competitividade dos agentes económicos no quadro de um progresso sustentável. Tal é conseguido, através de atividades de I&D nas seguintes áreas: Produção de energia a partir de fontes renováveis, Eficiência Energética, Análise Energética, Tecnologias Inovadoras Estratégicas, Recursos Endógenos, Riscos Geológicos e Geologia para a Valorização do Território. Neste enquadramento, o LNEG assume, como primeiro objetivo, fazer investigação para as necessidades da sociedade, para o apoio às políticas públicas e para o desenvolvimento económico, assim como o desenvolvimento de formação avançada no âmbito de Doutoramentos e Mestrados. As diversas parcerias internacionais posicionam o LNEG como parceiro dinamizador da internacionalização e fonte de informação privilegiada nas suas áreas de intervenção. A nível nacional, colabora como consultor para as políticas públicas nas áreas da Energia e Geologia, para as quais contribui com a idoneidade da sua vasta experiência científica. A natureza das atividades do LNEG materializa-se em três tipos: • Projetos de I&DT financiados, • Prestação de serviços e contratos com o tecido empresarial, • Apoio ao Estado nas vertentes de representação internacional, na prestação ao Governo de fundamentação de Ciência e Tecnologia adequada às políticas setoriais, proble-

máticas transversais e de interface em problemas societais emergentes. A estrutura do LNEG conta com diversas interfaces facilitadoras do contacto com o setor privado. Nomeadamente, no domínio da Qualidade, o LNEG abrange as capacidades técnicas e tecnológicas com atividades nas áreas da Metrologia, Normalização e Qualificação, não perdendo de vista o objetivo de promover a excelência da atividade económica e contribuir para o aumento da qualidade de vida do cidadão. Neste âmbito, destacam-se os laboratórios acreditados, os quais, possuindo um largo espectro de valências, têm por missão estabelecer um Serviço Público de Apoio Laboratorial e um Serviço de ensaios estratégico para a Instituição. A acreditação permite a possibilidade de os laboratórios demonstrarem eficientemente a qualidade da execução dos seus ensaios e, no geral, apresentarem a sua competência técnica. O LNEG possui um conjunto de Laboratórios acreditados pelo Instituto Português de Acreditação, os quais atuam em conformidade com a Norma NP EN ISO 17025: a Unidade de Ciência e Tecnologia Mineral, com atividade na mineralogia e caracterização química e tecnológica de materiais geológicos, microanálise e análise vestigiária de novos materiais assim como no processamento de minérios; o Laboratório de Biocombustíveis e Ambiente, que centra a sua atividade em metodologias de ensaios analíticos em biocombustíveis e combustíveis sólidos e líquidos, o Laboratório de Energia Solar, que se focaliza na realização de ensaios a Coletores e Sistemas Solares Térmicos; e o Laboratório de Materiais e Revestimentos (em fase de concessão da acreditação), o qual constitui um centro especializado nos domínios da caracterização, da corrosão/degradação e da proteção anticorrosiva de materiais. Estes Laboratórios atuam em grande proximidade com as áreas de investigação institucionais. Os laboratórios acreditados nos Laboratórios de Estado em geral, e especificamente no LNEG têm constituído uma enorme valência nacional devi-

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do à sua natureza proactiva, orientada para a sua intervenção na sociedade, assumindo um caráter de missão e um estado de prontidão que outras estruturas não conseguem apresentar. Em casos de necessidade de dados laboratoriais, nomeadamente em questões de segurança, problemas com equipamentos ou serviços, no desenvolvimento de um novo produto e apoio à exportação, no desempenho de um papel arbitral, os serviços do Estado têm resposta através destes laboratórios acreditados. O LNEG é sócio fundador da RELACRE, fazendo parte do seu Conselho de Administração. Pretende com esta atividade contribuir para o fortalecimento dos laboratórios acreditados em Portugal e do seu papel no desenvolvimento e internacionalização do tecido económico.


A OPINIÃO DE...

ESPECIAL RELACRE

CTCV – Centro Tecnológico da Cerâmica e Vidro

CTCV – uma referência Nacional de qualidade e inovação Fundado em 1987, o CTCV é uma entidade privada, sem fins lucrativos com a finalidade de apoiar tecnicamente a Indústria cerâmica e do vidro. Conta com 65 colaboradores, na sua maioria licenciados, mestres e doutorados, e alargou as suas áreas de atuação, prestando apoio técnico a empresas diversas, quer na esfera da indústria quer dos serviços.

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om dois locais de atividade em Coimbra (no Loreto e no iParque em Antanhol, onde tem um centro de competência em Materiais para a Construção Sustentável, com instalações modernas e mais adaptadas às necessidades atuais), os laboratórios do CTCV absorvem cerca de metade dos colaboradores e representam 50 por cento das receitas. São cinco os laboratórios do CTCV: Ensaio de Produtos, Análise de Materiais, Monitorização Ambiental, Higiene Industrial e Sistemas de Energia. Todos os laboratórios são acreditados, com exceção do último que está a ultimar esse processo.

LEP - Laboratório e Ensaio de Produtos

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O LEP dedica-se à realização de ensaios em produtos para autocontrolo ou para certificação de cerâmicos, vidro, pedra, betão, argamassas e colas (p.ex. telhas, tijolos, blocos, abobadilhas, ladrilhos e mosaicos para pavimento, azulejos e placas de revestimento, louça sanitária, louça utilitária e decorativa, vidro de janela, vidro automóvel, agregados, cubos de betão, lancis, pavés, canaletes, adesivos para colagem de cerâmica ou pedra). A maioria dos ensaios promovidos pelo LEP é realizada de acordo com normas europeias e internacionais e determinam as características dimensionais, físicas, mecânicas e de durabilidade dos materiais. Os equipamentos que possui são máquinas universais de ensaios mecânicos de compressão, tração e flexão, câmaras climáticas, de nevoeiro salino, de radiação ultravioleta, máquinas de degaste, equipamentos para avaliação do escorregamento, torres de queda de esfera, pêndulos de atrito, equipamentos para medição da condutividade térmica, entre outros. O LEP é reconhecido por vários organismos como por exemplo a CERTIF e SGS para a certificação e marcação CE de produtos, o CSTB para a marcação NF-UPEC de pavimentos cerâmicos, a AMECA para a marca DOT em vidro automóvel, bem como o IMTT para vidro automóvel, a INTERTEK para ensaios de produtos para exportação para determinados países.

LAM – Laboratório de Análise de Materiais

O LAM dedica-se à realização de análises químicas, mineralógicas e determinações físicas em matérias-primas, produtos cerâmicos, vidros e outros materiais industriais, em especial os de caráter inorgânico. A diversidade dos ensaios efetuados é um dos principais fatores diferenciadores do LAM, abrangendo um leque muito alargado que vai desde a Caracterização de materiais, aos Controlos Ambiental e de Higiene Industrial. Os trabalhos desenvolvidos regularmente são: Caracterização de matérias-primas para a indústria da

LHI – Laboratório de Higiene Industrial

cerâmica, vidro e cimento; Caracterização de resíduos para efeito de deposição em aterros, Análises de efluentes gasosos e efluentes líquidos, Avaliação de agentes contaminantes em suspensão no ar ambiente (poeiras, sílica cristalina, fibras de amianto). Possui equipamentos como Analisador automático de tamanho de partículas, Analisador térmico simultâneo, Dilatómetro, Difratómetro de Raios-X, Espectrómetro de fluorescência de Raios-X , espectrofotómetro de absorção atómica (chama e câmara de grafite), Gerador de Hidretos, Microscópio de aquecimento, Microscópio ótico com contraste de fase, entre outros.

O LHI surgiu devido à crescente necessidade de mercado e está vocacionado para a realização de ensaios que permitem monitorizar um conjunto alargado de parâmetros de risco e de contaminantes do ambiente de trabalho. Encontra-se acreditado pelo IPAC para os ensaios de avaliação do ruído, vibrações sistema mão-braço e corpo inteiro, iluminância, stress térmico e contaminantes químicos (poeiras totais, poeiras respiráveis entre as quais a sílica e fibras de amianto). Em 2012 alargou o seu leque de atuação para medição de radiações óticas e artificiais não coerentes, estando neste momento o ensaio de radiações óticas em processo de acreditação.

LSE – Laboratório de Sistemas de Energia

Instalado no parque tecnológico Coimbra iParque, o LSE é um laboratório preparado para realizar ensaios a coletores solares térmicos e módulos fotovoltaicos, para controlo de qualidade e certificação. Outras valências são ainda os ensaios de rendimento de caldeiras, recuperadores de calor, permutadores de calor, reservatórios de água e auditorias a instalações solares. Dispõe dos mais modernos equipamentos (segui-

LMA – Laboratório de Monitorização Ambiental

O LMA é um laboratório acreditado que se dedica à amostragem e caracterização de todos os parâmetros ambientais, desde efluentes gasosos e líquidos, ar exterior e interior, ruído e, mais recentemente, odores. Complementado pelo Laboratório de Análise de Materiais, é um dos poucos laboratórios nacionais que tem determinação analítica interna. Por outro lado, usa as sinergias de consultoria ambiental com a Unidade de Ambiente e Sustentabilidade do CTCV, podendo desta forma oferecer aos seus clientes um serviço completo, desde o planeamento, à monitorização e por fim à resolução de problemas. Com equipas especializadas e multidisciplinares nas diversas áreas técnicas, dispõe dos equipamentos de referência que cumprem com as normas europeias: sonómetros, analisadores automáticos, estações meteorológicas, estações móveis de análise e amostragem, permitindo total autonomia no desempenho do serviço. A incomodidade gerada pelos odores é uma temática cada vez mais relevante, pelo que o CTCV desenvolveu uma parceria com o líder Europeu na caracterização de odores em ar ambiente e gerado por produtos e materiais, a Odournet, de maneira a oferecer este novo serviço aos seus clientes, que poderão assim caracterizar o impacto dos seus novos produtos quer ao nível do consumidor, quer ao nível ambiental.

dor solar, simulador solar, câmara climática, equipamento de carga mecânica, equipamento de pressão interna, equipamento de penetração de chuva, equipamentos de medição elétrica, câmara de luminescência e diversos equipamentos de medição de condições climáticas). Para além das áreas laboratoriais, o CTCV possui também equipas de intervenção nas áreas da gestão da qualidade, ambiente e segurança, energia, formação, projetos de desenvolvimento e inovação, investigação aplicada e normalização. Com mais de 25 anos de existência, o CTCV é cada vez mais uma referência Nacional de qualidade e inovação, com um leque alargado de serviços e cujo mérito é reconhecido e valorizado pelo tecido empresarial.


ESPECIAL RELACRE

Pontos de Vista Maio 2013

João Cotta, CEO da ControlVet, afirma

“A ControlVet é uma escola de talentos” Atuando para ocupar uma posição de liderança no mercado em que opera, a ControlVet tem reforçado a sua atividade como uma marca de referência na prestação de serviços de Segurança Alimentar. “A ControlVet é uma organização ágil, rápida e com elevada autoestima. Somos uma equipa regida pelo mérito e orientada para resultados. As pessoas boas são o nosso segredo”, afiançou João Cotta, Administrador da organização.

“Nós cuidamos da sua segurança alimentar”. Tem sido com base neste lema que a ControlVet se tem solidificado como uma marca de referência no que respeita à prestação de serviços de Segurança Alimentar. De um modo geral, ao longo de mais de uma década de existência, que valores de trabalho têm sido o suporte deste crescimento? A ControlVet tem dois pilares fundamentais para o seu crescimento: a sua cultura corporativa e as pessoas que constituem a sua equipa. A cultura ControlVet é muito forte havendo sempre a perspetiva do longo prazo, para alcançar um bem maior. Baseia-se na relação com o cliente, no rigor e qualidade dos serviços, e na inovação de produtos e processos. A ControlVet tem uma dedicação total ao cliente, numa relação de humildade e de compromisso. A relação com o cliente é o grande valor marcante da cultura corporativa. A gestão e acompanhamento de todas as interações com o cliente é muito próxima, para se detetarem oportunidades de melhoria e aumentar a sua satisfação. A ControlVet preocupa-se quanto baste com a concorrência mas, pelo contrário, tem o foco intenso de melhoria dirigido para as necessidades dos clientes. A exigência dos clientes obriga a uma evolução permanente dos critérios de rigor e qualidade dos serviços. Os laboratórios da ControlVet em Portugal e em Espanha estão acreditados, de acordo com o referencial ISO 17025. O laboratório de Poznan está em processo de implementação deste referencial, estando prevista a auditoria de concessão para Setembro deste ano. O laboratório de Moçambique começará em breve este processo. A ControlVet Segurança Alimentar SA pertence è rede PME COTEC e foi a 26ª empresa em Portugal a certificar o seu sistema de gestão da inovação, implementado de acordo com a NP 4457. Por ano são geradas centenas de ideias que originam projetos ou são de aplicação imediata. As ideias surgem das necessidades dos clientes, das necessidades de melhoria da ControlVet e da capacidade de antecipar as necessidades do mercado. Esta capacidade de inovar permitiu à ControlVet otimizar fortemente todo o seu processo produtivo, reforçar a sua

Portugal tem um nível qualitativo muito elevado em termos de segurança alimentar. Estamos ao nível do que se faz de melhor no mundo João Cotta

competitividade e a satisfação do cliente. A ControlVet é uma organização ágil, rápida e com elevada autoestima. Somos uma equipa regida pelo mérito e orientada para resultados. As pessoas boas são o nosso segredo. Estamos sempre à procura de pessoas boas, com talento, determinação e vontade de vencer. A ControlVet é uma organização simples e composta de gente com preparação e autonomia. A nossa estrutura tem poucos níveis hierárquicos o que permite reações rápidas e maior facilidade de comunicação. A ControlVet é uma escola de talentos e o crescimento futuro irá depender totalmente de continuarmos a ser capazes de captar gente fantástica. Ao longo da sua história, que passos destaca como os mais marcantes nesta afirmação da ControlVet como uma das empresas de sucesso no ramo em que atua? Tivemos muitos momentos importantes. Cada progresso que fazemos é um momento importante. No entanto penso que o momento fundamental foi a assunção pelos acionistas fundadores da ControlVet de que este era o projeto das suas vidas e que todos os meios económicos libertos seriam reinvestidos para o crescimento da organização. Sendo um dos requisitos mais vitais para os consumidores, a segurança alimentar é, cada vez mais, uma prioridade para quem atua neste setor. Na sua opinião, que lacunas ainda existem e que devem ser colmatadas? Portugal tem um nível qualitativo muito elevado em termos de segurança alimentar. Estamos ao nível do que se faz de melhor no mundo. Pensamos, no entanto, que o grande desafio continuará a ser o da qualificação para que o nosso nível possa ser sustentável.

Promover uma maior parceria entre a empresa e diversas entidades de âmbito científico e tecnológico, como universidades, institutos e fundações, tem sido primordial ao vosso trabalho. No terreno, de que forma se têm conquistado resultados práticos desta estreita colaboração? A ControlVet é uma organização muito “porosa”, com abertura à envolvente. Os clientes, os fornecedores, o meio académico são as grandes fontes de melhoria e de inovação. A ligação às Universidades é imprescindível. Temos realizado diversos projetos com Universidades no nosso Sistema Científico e Tecnológico que nos permitiram gerar conhecimento e desenvolver novos produtos e serviços. Temos de reforçar esta ligação cada vez mais pois a Universidades são fontes de conhecimento fundamental e de inovação para a nossa prestação de serviços. Presente no mercado desde 1999, a ControlVet já testemunhou bons e maus momentos da economia portuguesa, tendo acompanhado, certamente, as próprias fragilidades dos vossos clientes. Atualmente, como encara a importância deste setor de atividade para o relançamento do país? Somos uma economia europeia e um país seguro. A segurança alimentar é um pressuposto inquestionável da nossa alimentação e do comércio alimentar internacional. Portugal tem de aumentar o seu PIB agroalimentar e tem de aumentar as suas exportações. Por outro lado um dos nossos principais exportadores é o turismo. Portanto para sermos um país atrativo, acolhedor e exportador a segurança alimentar é um pressuposto indispensável. Em junho do ano passado, deram mais um passo no caminho da inter-

nacionalização, com a abertura da ControlVet Polska. Qual é, atualmente, a vossa representatividade internacional? A ControlVet está hoje presente com investimento direto em Portugal, Espanha, Polónia e Moçambique. Somos líderes em Portugal em segurança alimentar e isso é o músculo económico que permitiu a expansão da nossa organização. O grupo possui cinco laboratórios Tondela, Madeira, Madrid, Poznan e Nampula. A internacionalização surgiu sempre do desafio que foi lançado por clientes, que querem manter a ControlVet como parceiro noutros mercados. Quando internacionalizamos temos concorrentes locais. Para termos êxito temos de fazer de forma diferente e melhor do que eles fazem pois, caso contrário, não nos implantamos.

Num futuro relativamente incerto, que desafios se colocam à ControlVet? Na ControlVet a palavra crise não é permitida pois o uso indevido da mesma conduz à desresponsabilização. Nós só podemos atuar naquilo que controlamos e é isso que temos de fazer. Os momentos difíceis são momentos de regeneração e de oportunidade. Temos de cada dia entender melhor as necessidades e perceber de que forma é possível criar mais valor para o cliente. Temos de ser cada dia mais competitivos, fazendo mais com menos recursos. Temos de inovar de acordo com as necessidades do mercado, expressas ou por expressar. Temos de continuar a criar relações de confiança com os clientes para que eles continuem a ser a alavanca da nossa internacionalização. Por últimos temos de continuar a atrair talentos que sejam o suporte do nosso crescimento.

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ESPECIAL RELACRE

SGS MULTILAB

25 anos do SGS MULTILAB assinalados com novo laboratório

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riginalmente os serviços à indústria petrolífera prestados pela SGS cingiam-se à supervisão de cargas e descargas a granel nos portos. Mas como em todos os setores, a companhia desenvolveu serviços mais abrangentes numa lógica de one stop shop. Hoje em dia, a inovação e a tecnologia de ponta fazem parte do dia a dia dos técnicos SGS, como suporte a um relacionamento cada vez mais próximo com os clientes. Assim é com o novo laboratório da SGS Portugal. O OGC Lab da SGS Portugal está estrategicamente localizado junto a Lisboa e vem apresentar uma solução local, mais eficiente, aos operadores em Portugal. Sílvia Domingues, diretora OGC da SGS Portugal, explica como agora “a SGS presta serviços ainda mais alargados ao setor OGC, dando resposta em produtos como fuel e gasóleos, para os quais não existiam respostas suficientes no mercado”. Qualquer um dos agentes económicos envolvidos no trading de combustíveis, seja ao nível da produção, do transporte, da compra e venda ou do próprio consumo, pode recorrer ao OGC Lab com confiança na equipa residente e nas suas competências, que assentam na prestação de serviços analíticos enquadrados, sobretudo, na ISO 8217, no Decreto-Lei n.º 142 de 2010, na NP EN 590, na EN 14214 e na IMO Resolution MEPC.96 (47), entre outros. O novo OGC Lab vem preencher uma lacuna no mercado português, que precisava de ser reforçado com mais uma opção de escolha, no mercado livre, deste tipo de competências laboratoriais. Ao mesmo tempo a SGS Portugal apresenta mais uma solução de eficiência e redução de custos aos seus clientes, visto que o OGC Lab da SGS Portugal recebe as amostras e realiza as análises sempre de forma a minimizar prazos e evitando os custos de transportes deste tipo de amostras que são, usualmente, muito elevados.

Mais sobre o SGS MULTILAB e a rede mundial de Laboratórios SGS

O Grupo SGS Portugal detém outras diversas competências laboratoriais além do recente OGC Lab que, por uma questão de maior eficiência na Gestão da Qualidade, foram agrupadas no SGS MULTILAB. O SGS MULTILAB é constituído por:

No ano em que a estrutura laboratorial da SGS Portugal celebra 25 anos, a área de Serviços a Produtos Petrolíferos e Químicos (OGC – Oil, Gas and Chemicals) é reforçada com um novo laboratório dedicado. permite prestar serviços de ensaios e análises que apoiam as organizações a cumprir as suas obrigações de monitorização ambiental, de segurança e saúde no trabalho e da segurança dos utilizadores de edifícios em geral. Análises e ensaios de Ambiente e Segurança: • Gases e vapores (COV’s detalhados, H2S, H2SO4, CO2, CO, etc…); • Agentes microbiológicos (fungos, bactérias e Legionella); • Agentes sólidos em suspensão (ex.: Partículas em suspensão totais, respiráveis, metais, amianto); • Agentes físicos (ex.: PPD/PMV, iluminância, radiações óticas artificiais); • Avaliação de Ruído* Ambiental e Ocupacional; • Análise de águas residuais.

Laboratório de Análises Físico-Químicas, Microbiológicas e Amostragem Este é é um dos mais modernos laboratórios do país, acreditado desde 1992 de acordo com a norma NP EN ISO/IEC 17025, tendo o mérito de ter sido um dos primeiros laboratórios privados em Portugal acreditado nesta área. Inclui área especializada em apreciação técnica de rotulagem e apoio no cumprimento da legislação. Âmbito: produtos alimentares, águas, ambiente, detergentes, produtos de higiene e cosméticos e dispositivos médicos.

Laboratório de Ensaios de Ambiente e Segurança Com competências importantíssimas para os setores ambiental, industrial e produtos de consumo (alimentares e não alimentares), representando uma importante valorização das infraestruturas tecnológicas nacionais e facilitando o desenvolvimento das atividades económicas com base em resultados fiáveis, o SGS MULTILAB apresenta relatórios que transmitem confiança e são reconhecidos em qualquer parte do mundo. O rigor assegurado pela acreditação

“O Grupo SGS Portugal detém outras diversas competências laboratoriais além do recente OGC Lab que, por uma questão de maior eficiência na Gestão da Qualidade, foram agrupadas no SGS MULTILAB”

Laboratório de Ensaios Não Destrutivos O nosso portefólio de ensaios possibilita uma verdadeira adaptação a nível técnico e financeiro, quer os requisitos exijam metodologias mais tradicionais ou mais sofisticadas. As técnicas aplicadas incluem: • Líquidos Penetrantes*; • Partículas Magnéticas*; • Radiografia Industrial por Raios X e Raios Y (gama)*; • Ultrassons*; • Endoscopia; • Correntes Induzidas; • ToFD - Time of Flight Diffraction; • Phased Array; • PMI - Positive Material Identification; • Medição de durezas. Em todo o mundo, a rede global de escritórios e laboratórios da SGS tem mais de 1.500 instalações. A colaboração entre afiliadas é um dos fatores decisivos para a qualidade do apoio prestado pela SGS aos seus clientes, analisando e testando as amostras de acordo com a legislação em vigor em cada país ou mediante os requisitos especificados pelo cliente. Ao organizar os laboratórios por centros de competência regionais, a SGS consegue uma cobertura multidisciplinar e mundial para qualquer tipo de produto: alimentares, cosméticos, químicos e petroquímicos, gases, materiais de construção, máquinas, vestuário e têxteis-lar, cerâmicas, brinquedos, eletrodomésticos e outros aparelhos eletrónicos. * “Ensaios acreditados pela NP EN/ISO IEC 17025”


A OPINIÃO DE...

ESPECIAL RELACRE

Francisco Alba, DIRETOR DO CATIM – CENTRO DE APOIO TECNOLÓGICO À INDÚSTRIA METALOMECÂNICA

Da indústria para a Indústria O CATIM é uma instituição privada de utilidade pública sem fins lucrativos, que tem como missão o contribuir para a inovação e a competitividade das indústrias nacionais da metalomecânica e setores afins ou complementares.

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CATIM é uma instituição privada de utilidade pública sem fins lucrativos, que tem como missão o contribuir para a inovação e a competitividade das indústrias nacionais da metalomecânica e setores afins ou complementares. Este centro tecnológico resultou da associação de interesses de empresas industriais e respetiva associação, assim como de organismos públicos, tendo sido fundado em 1986 pela Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), o Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (INETI) e o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI). Teve na sua génese a criação anterior de um laboratório de ensaios de aparelhos a gás, denominado Laboratório de Material de Queima, iniciativa de um conjunto de empresas fabricantes e a sua associação (AIMMAP), facto esse que reforça a matriz que caracteriza a identidade do centro “da indústria para a indústria”. Ao longo dos anos, o CATIM tem sido sempre um elemento incontornável na competitividade e sustentabilidade do tecido empresarial do setor metalúrgico e metalomecânico e áreas afins, prestando serviços e disponibilizando competências diretamente às empresas em diversos domínios (ensaios de produtos e de materiais, metrologia, qualidade, ambiente, segurança no trabalho, segurança de máquinas e equipamentos, gestão industrial, formação, etc) e também assumindo funções importantes nos sistemas nacionais e europeus da normalização, da qualificação, da metrologia e da Marcação CE (Organismo de Normalização sectorial, laboratórios acreditados pelo IPAC, Organismo Notificado nº 0464) O CATIM conta aproximadamente com cerca de 90 colaboradores, 650 associados, e por volta de 2700 clientes anuais ativos maioritariamente PME’s. Tem sede no Porto, uma delegação em Lisboa e um centro de medições por coordenadas em Braga, com diversos laboratórios de ensaio e de metrologia acreditados, dispondo estes das tecnologias mais avançadas. A atividade destes laboratórios tem tido um papel decisivo, através dos ensaios, calibrações e medições, na manutenção da garantia da qualidade dos processos e produtos, contribuindo para a competitividade destas empresas associadas e clientes do CATIM e consequentemente para a economia nacional. Na generalidade os clientes do CATIM são empresas que estão presentes nos mercados mais competitivos que exigem qualidade, inovação, elevada flexibilidade, rápida resposta, preço competitivo, e que têm que cumprir um vasto conjunto de requisitos aplicáveis aos produtos, processos, instalações e equipamentos. O CATIM colabora também com organismos certificadores e entidades públicas que solicitam ensaios e avaliações para verificação da conformidade de produtos com as normas e legislação aplicáveis.

A aposta na melhoria da qualificação dos técnicos das empresas e dos ativos em geral também sido uma preocupação do CATIM, disponibilizando uma oferta de formação diversificada inter e intraempresas, intimamente ligada às competências existentes, mas também participando em iniciativas industrialmente orientadas de formação-ação para as PME’s de caráter mais amplo, desde a estratégia/gestão até à tecnologia”

São muitos os produtos que o comum do cidadão utiliza, e que no seu todo ou na sua parte ao nível da sua conceção ou produção estiveram ou estão relacionados com a atividade do CATIM. Normas que respeitam, ensaios efetuados, equipamentos de medição utilizados, organização do processo produtivo, qualidade, segurança no trabalho, Marcação CE, etc. Caldeiras de aquecimento a gás, fogões, eletrodomésticos, louça metálica, cutelarias, panelas de pressão, tubos para água, torneiras, brinquedos, dobradiças, carrinhos de bébé… são exemplos de todos os dias, de equipamentos que equipam as nossas casas, mas também componentes para automóveis, máquinas, ou as próprias máquinas… E algo mais visível nas nossas paisagens, como estruturas metálicas de diversas infraestruturas cujo material pode ter sido analisado nos laboratórios do CATIM ou controladas com equipamentos também aí calibrados… O Funicular dos Guindais no Porto, o Teleférico de Gaia, o Ascensor da Nazaré, o Ascensor da Bica ou o Teleférico do Parque das Nações em Lisboa, a Telecadeira da Serra da Estrela são exemplos de instalações que foram sujeitos a uma avaliação de segurança por equipas do CATIM… De facto temos tido a honra de colaborar com centenas, milhares de empresas que laboriosamente transformaram a matéria prima, integraram as mais diversas tecnologias e disponibilizam aos seus clientes e à sociedade em geral os mais diversos equipamentos do nosso dia a dia. É a indústria… Sendo o CATIM um produto de cooperação empresa-

rial desde a sua fundação, mantém ao longo dos anos uma forte intervenção cooperativa, participando em diversos projetos com entidades nacionais e estrangeiras e contribuindo para a criação e funcionamento de diversas entidades, como é o exemplo da RELACRE – Associação dos Laboratórios Acreditados de Portugal, entidade criada para apoiar os laboratórios nas suas diferentes necessidades, como seja a promoção de ensaios de comparação interlaboratorial, normalização de procedimentos e métodos através das suas Comissões Técnicas e outros assuntos de interesse para os laboratórios acreditados. A aposta na melhoria da qualificação dos técnicos das empresas e dos ativos em geral também sido uma preocupação do CATIM, disponibilizando uma oferta de formação diversificada inter e intraempresas, intimamente ligada às competências existentes, mas também participando em iniciativas industrialmente orientadas de formação-ação para as PME’s de caráter mais amplo, desde a estratégia/gestão até à tecnologia. Produto da indústria, é a indústria que o CATIM continuamente procura acarinhar e promover, também através da iniciativa “Pense Indústria Inovação” que tenta mostrar aos jovens das escolas secundárias, o valor da indústria e do seu papel incontornável num país competitivo e sustentável. Um país com futuro é um país com indústria. www.catim.pt www.catim.pt/blog

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A OPINIÃO DE...

ESPECIAL RELACRE

Carlos Pedro Ferreira, CEO da Sondar,Lda.

Os Laboratórios e a Acreditação Breves palavras, curtas mas duras. A acreditação, antes voluntária e nalguns casos no final dos anos 90, coisa bizarra e hoje com a qualidade no topo das preocupações de todos os agentes do mercado, o cliente, porque quer garantias do “melhor”, o fornecedor que tem que garantir ao seu cliente o mesmo, e o Estado que é também comprador no fim de linha de grande parte destes serviços, que vão validar o cumprir ou não os valores limite de emissão!!

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acreditação por si só não é o garante de uma boa prestação, mas é uma das formas mais simples, barata, concisa da demonstração de competências, e formalmente validada. Haverá outras, mas todas elas extremamente caras, complexas do ponto de vista da demonstração da competência, não uniformes, e por isso dificilmente rasteáveis e difíceis de validar. A acreditação credibiliza e coloca todos na mesma esfera de comparação. No entanto a credibilização da acreditação tem que passar por 4 pontos fundamentais: 1-Que o IPAC trate todos os laboratórios de forma igual, e não exigir mais que a European Acreditation(EA) exige 2 – Que os laboratórios entre eles, os acreditados, façam o que objetivamente dizem que fazem, e as evidências demonstram. 3– Que as evidências do trabalho conforme passe da análise puramente documental, para análise factual com visitas e auditorias surpresa, análise a documentos contabilísticos e ainda de rácios comuns e conhecidos entre imobilização e faturação, faturação e número de empregados, faturação e volume de análises subcontratadas, entre outros… 4– Que o Estado credibilize e dê valor à acreditação, não aceitando obviamente os resultados de verificação do cumprimento dos valores limite, por laboratórios não acreditados. Este é o mínimo que se pode esperar de todos os intervenientes neste mercado onde os laboratórios, são uma peça fundamental, e não podem, a reboque de uma hipotética crise, eles próprios atraiçoarem o sistema que os credibiliza, fazendo alguns desvios criativos ao funcionamento do processo e muito menos o Estado, que hasteou a bandeira da qualidade, nos últimos anos, vir agora, ou mantendo ainda agora, um sistema imperfeito onde os laboratórios acreditados coabitam com os não acreditados, como se tal fosse possível, normal, aceitável e nenhum mal viesse ao mundo. Emerge agora o terceiro player do mercado, fortíssimo e perigosíssimo, que é o próprio cliente que se propõe ele próprio ditar, impondo os preços a que os laboratórios devem efetuar determinadas tarefas técnicas, não tendo a mínima ideia da sua complexidade técnica, do tempo necessário para as efetuar, dos custos envolvidos. Mas este comportamento do cliente, muito embora não seja ilegal, coisa irrelevante quanto se fala dos “princípios”, traz implícito a total falta de ética, o abuso da posição dominante, o aproveitamento da crise, para esmagar todos os laboratórios seus fornecedores, com maior incidência naqueles que estiverem em piores condições financeiras, e arrastando-os inevitavelmente, ou para a morte, ou para a marginalidade e conduta Fraudulenta. É que infelizmente não há milagres, e todos os ensaios nomeadamente os que estão de acordo com as Normas Europeias, têm definidos claramente

os tempos, os materiais, as qualificações dos técnicos, as condições de segurança, o numero de brancos etc.. O que traz implícito valores monetários mínimos, mesmo que, para não ganhar nada. Quando o cliente de forma não ingénua, porque mesmo não sabendo detalhes dos ensaios em causa, sabe com certeza quanto é que sempre pagou, e sabe que há coisas impossíveis, nomeadamente os preços baixarem consecutivamente ano após ano e dia após dia, nomeadamente quando ele consulta o mercado. Na consulta ele recebe propostas de todos, que têm uma determinada ordem de grandeza, que infelizmente, no limite oscilavam entre metade e o dobro umas das outras, e tínhamos dois campeonatos, onde havia clientes que compravam o de metade, outros que desconfiavam de tamanha bondade, outros que conhecem as tarefas e o fornecedor e disponham-se a pagar o dobro. Agora alguns clientes, normalmente grandes empresas e/ou grandes grupos, descobriram que mesmo bom, é pedir propostas a todos numa primeira volta, identificar o preço mais baixo, não comprar esse serviço porque esse preço com aquele laboratório não dá confiança, e atira para todos os laboratórios, o preço mais baixo da primeira volta diminuído de x, dizendo- “ Meus amigos o nosso objetivo comercial é este preço, quem vem a jogo?” E alguém vai. E estas empresas com grandes contributos para o PIB, mas principalmente para os

seus resultados financeiros, não percebem que os negócios só são bons se ambas as partes ficarem contentes, o que não é o caso, e que um fornecedor é um parceiro de negócios que se deve respeitar e perpetuar no tempo, não é algo que se descarte como algo sem valor, que se substitui sempre por algo mais barato. Estas empresas que agem desta forma, são uma ameaça á economia, porque ela é global, e para crescerem matam todos os fornecedores, que facilmente substituem por outros, contribuem de forma decisiva para o desemprego e precariedade no trabalho e incentivam o mau trabalho e por consequência induzem á corrupção. E é este tipo de comportamentos que têm que ser evitados, nomeadamente com a criação de grupos de trabalho com a temática das “boas praticas”, a “Ética”, e também numa segunda vertente o bom funcionamento da Autoridade da Concorrência (AC) que deverá vigiar comportamentos menos próprios dos laboratórios, mas também dos agentes provocadores, que são eles os principais responsáveis por isto, promovendo comportamentos menos próprios, aproveitando a fragilidade dos laboratórios e a conjuntura económica.


ESPECIAL RELACRE

IPQ – Instituto Português da Qualidade

Pontos de Vista Maio 2013

“A metrologia desempenha um papel fundamental nas relações comerciais” “Sou de opinião que a metrologia contribui ativamente para a competitividade. A metrologia é uma parte essencial da infraestrutura do mundo moderno e está presente em muitos aspetos do nosso quotidiano”, afirma Ricardo Fernandes, Vogal do Conselho Diretivo do IPQ – Instituto Português da Qualidade, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Saiba porque a Metrologia é fundamental ao nível da competitividade das empresas portuguesas. De que forma é que a Metrologia é fundamental ao nível da competitividade das empresas lusas, mais concretamente no âmbito dos laboratórios? No mundo globalizado em que vivemos e com o imperativo vital que é a exportação para as empresas lusas, a metrologia torna-se indispensável enquanto disciplina que garante o rigor e a rastreabilidade das medições e que contribui para assegurar aos consumidores nacionais ou estrangeiros, que os nossos produtos satisfazem os requisitos de qualidade dos bens e serviços com as especificações técnicas apropriadas. Os laboratórios de ensaios ou de calibração independes ou integrados em empresas, enquadram-se hoje numa lógica de mercado, mercado esse cada vez mais globalizado como referi, pelo que a sua gestão tem de se dirigir necessariamente à satisfação dos seus clientes, capacidade de competirem e serem concorrenciais. A procura das medições tem vindo a aumentar nos últimos anos, o que tem exigido aos laboratórios acreditados o seu desenvolvimento para áreas de atividade completamente novas, repercutindo-se positivamente na sua viabilidade financeira. É de realçar o papel da RELACRE, cujo trabalho tem sido relevante para este desenvolvimento. … e que relação existe entre competitividade e metrologia? Sou de opinião que a metrologia contribui ativamente para a competitividade. A metrologia é uma parte essencial da infraestrutura do mundo moderno e está presente em muitos aspetos do nosso quotidiano. É através da metrologia que são asseguradas a qualidade e a eficiência da produção industrial, a equidade nas transações comerciais, a proteção do consumidor, a segurança e a saúde e a preservação do meio ambiente. Em que medida a qualidade dos produtos, dos serviços e da gestão são incontornáveis num mundo globalizado? De que forma pode contribuir para essa qualidade a metrologia? É de alguma forma consensual que a diferenciação que existe entre as empresas, reside na qualidade e na inovação dos seus produtos ou serviços. Um dos efeitos da globalização do comércio é a obrigatoriedade de medições rastreáveis, comparáveis e mutuamente aceitáveis

A procura das medições tem vindo a aumentar nos últimos anos, o que tem exigido aos laboratórios acreditados o seu desenvolvimento para áreas de atividade completamente novas, repercutindo-se positivamente na sua viabilidade financeira

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Ricardo Fernandes em todo o mundo, não apenas no comércio de bens transacionáveis e matérias-primas, mas também em quase todos os aspetos do comércio internacional. Isto implica uma multiplicidade de medições. De que forma é que a Metrologia garante a qualidade do produto final favorecendo as negociações pela confiança do cliente, sendo um diferen-

ciador tecnológico e comercial para as empresas? A metrologia desempenha um papel fundamental nas relações comerciais. As condições de livre circulação de mercadorias, que têm vindo a ser criadas com a eliminação progressiva à escala mundial de barreiras técnicas, trouxeram como consequência um aumento significativo da necessidade de medições envolven-

do um grande número de grandezas, reforçando-se por esta via a importância da metrologia no desenvolvimento sócio económico das populações. Por outro lado, com o aumento da complexidade e sofisticação dos modernos processos industriais, surgiu a necessidade de medições com incertezas cada vez melhores, maior credibilidade e mais elevada exatidão.

A OPINIÃO de... Eduarda Filipe, Diretora do Departamento de Metrologia do IPQ O Laboratório Nacional de Metrologia do IPQ O IPQ, desde a sua criação em 1986, enquanto Instituição Nacional de Metrologia, vem desempenhando um importante papel para o desenvolvimento da Metrologia em Portugal, assegurando o rigor e a rastreabilidade das medições e o controlo metrológico dos instrumentos de medição no território nacional, participando, a nível internacional, na realização, manutenção e desenvolvimento dos padrões das unidades de medida e nos trabalhos das Organizações Internacionais de Metrologia Científica e Legal. O IPQ-LNM tem atribuições nas três vertentes principais da metrologia, a científica, a legal e a aplicada. Na primeira vertente, realiza os padrões nacionais das sete unidades de base do Sistema Internacional de Unidades - o metro, o quilograma, o segundo, o ampere, o kelvin, a candela e a mole - e de muitas unidades derivadas como o newton, o pascal, o litro, entre outras, num total de 56 domínios diferentes. Participa, ainda, em comparações internacionais de padrões e em projetos de investigação e desenvolvimento, cooperando com Universidades e organismos congéneres europeus e internacionais EMRP (Programa Europeu de Investigação Metrológica) da Associação Europeia dos LNM, a EURAMET. No âmbito legal, o IPQ elabora a legislação metrológica e promove a sua aplicação a nível nacional, através de uma rede descentralizada de 768 entidades, previamente qualificadas para a realização das operações de Controlo Metrológico obrigatório, atuando em 39 Regulamentos de diferentes instrumentos de medição. Na vertente da metrologia aplicada, o IPQ-LNM calibra os padrões de referência dos laboratórios acreditados e de outras entidades e, em parceria com a RELACRE, organiza comparações nacionais para laboratórios de calibração e ensaio acreditados, com o objetivo de demonstrar a sua aptidão técnica.


A OPINIÃO DE...

ESPECIAL RELACRE

Manuel Farias, LIQ – Laboratório Industrial da Qualidade

O VALOR DA ACREDITAÇÃO A acreditação é um instrumento que diferencia entidades, conferindo aos seus possuidores o valor da idoneidade e da confirmação independente da competência. Em competição concorrencial estes valores farão toda a diferença, ainda que a acreditação seja imposta pelo legislador para a prestação de um grande número de serviços. Como elemento diferenciador, parecerá que a acreditação é uma vantagem competitiva; como imperativo legal, a acreditação corre o risco de ser observado como um custo operacional que retira competitividade.

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ara muitas entidades acreditadas os encargos diretos e indiretos com a acreditação representam uma taxa de dois dígitos percentuais nos custos da operacionalidade, pelo que esta matéria é particularmente sensível e relevante quando se aborda o tema do valor e da competitividade, sendo o outro lado que pode dar solidez à acreditação. Nos últimos anos temos acompanhado inúmeros colóquios, encontros e congressos que incluem na sua agenda a problemática da acreditação no contexto da competitividade. As opiniões recolhidas e as conclusões produzidas são naturalmente diversas, mas são particularmente pertinentes e apelativas. Vamos recordar algumas delas.

A CONJUNTURA

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A conjuntura económica que envolveu o nosso país na última década tem vindo a dificultar a competitividade com que as entidades acreditadas intervêm, em particular através do excesso de oferta de prestação de serviços, face à procura que tem vindo a ser retraída, tanto no domínio da administração pública, como no setor privado. Em tempos de retração, as dificuldades competitivas revelam-se e a sua identificação torna-se óbvia, em particular quando a origem é estrutural. O desequilíbrio entre a oferta e a procura tem revelado o fenómeno crescente do dumping comercial praticado por muitas entidades acreditadas: para o mesmo serviço, os preços oferecidos possuem amplitude muito grande, sendo óbvia a existência de grandes diferenças de custos operacionais e a não satisfação de requisitos da acreditação subjacente à prestação de serviços acreditados. Sem a supervisão da entidade acreditadora que não criou qualquer instrumento alternativo às auditorias agendadas tendencialmente “papeleiras”, o dumping comercial é viabilizado por um dumping da qualidade. Nos casos em que a competição comercial é feita com a concorrência de entidades acreditadas em outros países europeus, o processo é algo diferente, embora os resultados finais sejam análogos, com vantagem competitiva para o lado do concorrente estrangeiro, que dispõe de custos reduzidos e de facilidades desburocratizadoras por parte da sua entidade acreditadora. O abaixamento da procura revela que inúmeros laboratórios e entidades inspetoras apenas conseguem angariar mercado através do não cumprimento dos requisitos da acreditação, embora seja possível conservar o estatuto de entidade acreditada, como condição legal para o exercício da sua atividade. Esta forma de competir gera padrões de preços exigidos pelo mercado, nivelados por baixo, que arrastam e comprometem a viabilidade de todas as demais entidades do sistema português cuja qualificação seja obtida por esta via.

OS CUSTOS INFLEXÍVEIS

Os custos relativamente elevados da acreditação, em Portugal, encontram-se claramente desfasados da dimensão económica do nosso país, sendo este desfasamento mais óbvio perante a contração do mercado. Embora a acreditação se apresente como um instrumento tecnicamente importante e valorizador, a sua sustentabilidade económica é particularmente difícil. A falta de flexibilidade no agendamento do intervalo entre auditorias, bem como a sua duração que não tem em conta o cadastro de credibilidade e a consistência organizacional de entidades que são acreditadas há mais de duas dezenas de anos, ou ainda em consequência do desempenho nos ECI’s, ou a inexistência de reclamações, ou a regularidade das atividades mantidas, constituem-se como peso económico que a conjuntura atual já não suporta. A manutenção de intervalos entre auditorias de modo rígido e universal para todas as entidades acreditadas, constitui um prémio para os novos agentes ou para as entidades com mais baixo desempenho a nível de competência, ao mesmo tempo que castigam os laboratórios mais experientes e com maior atividade, que deste modo acabam por serem submetidos a mais exigências e a amostragens mais densas proporcionadas pela grande disponibilidade de registos e de casos que satisfazem a voracidade papeleira das auditorias. De igual modo, o padrão rígido do agendamento e da duração das auditorias apresenta-se penalizador da competitividade de atividades pouco diversas ou de mono-tipo, levando as entidades acreditadas a artificilizar situações que possam justificar a presença e ocupar um ou dois auditores durante o tempo estabelecido pela acreditação.

A TUTELA

Crê-se que o governo de Portugal desconhece o papel e a função da acreditação. Seja como regulador e representante do estado-membro que assinou os regulamentos europeus, seja como grande consumidor, o maior consumidor do nosso país. Como regulador, não tem o cuidado de produzir regulamentos apropriados e consistentes com os compromissos que assina em Bruxelas, usando com frequência uma terminologia duvidosa e ambígua em vez de acreditação, tal como “ensaios reconhecidos” ou “entidades qualificadas”. Em alguns casos, a acreditação é substituída pela “inscrição na ordem”. A agenda da competitividade portuguesa não pode ignorar o papel da acreditação e a necessidade de atribuir recursos adequados, suportados não só pela própria atividade, mas também comparticipados pela estratégia nacional de incremento do sistema tecnológico e da performance competitiva mais global do nosso país, em confronto no mercado internacional. Há um imenso caminho a percorrer pela acreditação, enquanto fonte e fator da competitividade de todo o seu sistema. Sem sustentabilidade económica não há independência técnica e organizacional, tão cara aos processos de acreditação, levando a problemática da competividade desde as entidades acreditadas até ao próprio sistema acreditador. O nascimento e a criação da entidade acreditadora ocorreu de costas viradas para o cliente e para a defesa da competitividade dos laboratórios e dos inspetores portugueses, levando a que no domínio da acreditação o fornecedor tenha sempre razão… há um caminho a percorrer, um longo caminho.


A OPINIÃO DE...

ESPECIAL RELACRE

Ricardo Lopes Ferro, Diretor (Bureau Veritas)

Bureau Veritas e RELACRE 22 anos de parceria Como sócio fundador, e uma vez que fazia parte das 21 entidades com laboratórios acreditados, o Bureau Veritas Rinave acompanhou de perto o início da atividade da RELACRE no mercado português.

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endo como pano de fundo o trabalho desenvolvido pela European Federation of National Associations of Measurement, Testing and Analytical Laboratories (EUROLAB), homónima da RELACRE presente no mercado europeu, a RELACRE cedo se demarcou por saber quais os parâmetros pelos quais se devia reger: juntar os laboratórios numa rede, permitindo promover o diálogo para o fortalecimento ao nível técnico e económico, promover as suas capacidades e competências e estabelecer condições para a sua competitividade e dos seus associados neste exigente mercado. Atualmente, o Bureau Veritas Rinave conta com três laboratórios, dois deles acreditados pelo Instituto Português de Acreditação (IPAC). O Laboratório de Ensaios Não Destrutivos caracteriza-se pela realização de Ensaios de Radiografia; Líquidos Penetrantes; Magnetoscopia e Ultrasons. Neste Laboratório, para além das instalações onde se realizam os ensaios, conta ainda com uma Câmara de Radiação e área de Revelação e Interpretação Radiográfica. Relativamente ao Laboratório de Controlo Metrológico é essencialmente um laboratório de campo, permitindo uma perfeita e adequada ordenação de todo o material e equipamento necessário para a atividade realizada, nomeadamente: Controlo Metrológico de Cisternas, de Reservatórios e indicadores automáticos de nível. Não obstante aos dois laboratórios acreditados, existe ainda um laboratório de Metalografia, onde são realizados os Ensaios Destrutivos de apoio à área da Inspeção. Ao longo dos 22 anos de associado, o Bureau Veritas Rinave estabeleceu relações sólidas e de confiança com a RELACRE, de onde saiu reforçada uma relação de parceria. Foi-nos dada a oportunidade de usufruir e participar num conjunto de atividades, entre as quais: a Participação em Comissões Técnicas, usufruindo de formações, bem como o acesso a informação técnica relevante. Por outro lado, a RELACRE, estando sempre atenta às particularidades do mercado e das especificidades dos seus associados, sempre procurou representar os nossos interesses (enquanto associado) em questões que dizem respeito à acreditação e junto do IPAC. A sua mais recente aposta da renovação da imagem é prova de que apesar da sua sustentação no mercado, a RELACRE continua a demonstrar iniciativa e pró-atividade, numa fase em que os clientes estão cada vez mais exigentes e, que por esta mesma razão nos devemos preocupar com a satisfação dos mesmos. Desta forma, o refresh da imagem prima, não só pelo modernismo e preocupação em que todos os elementos funcionem como um elemento único, não pondo assim em causa o reconhecimento da RELACRE por parte dos clientes, como também reflete a renovação da organização, as transformações internas e a orientação para o mercado face às novas exigências.

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A sua mais recente aposta da renovação da imagem é prova de que apesar da sua sustentação no mercado, a RELACRE continua a demonstrar iniciativa e pró-atividade, numa fase em que os clientes estão cada vez mais exigentes e, que por esta mesma razão nos devemos preocupar com a satisfação dos mesmos


A OPINIÃO DE...

ESPECIAL RELACRE

Eduarda Filipe, Presidente da SPMet

10º Aniversário da Sociedade Portuguesa de Metrologia

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A Metrologia é um ramo da ciência dedicado à medição e às suas aplicações, o que lhe confere um caráter transversal relativamente às atividades de ciência e tecnologia na Sociedade.

sua crescente relevância deve-se à perceção do cidadão comum da importância que a medição tem para grande parte das ações diárias, desde as de natureza comercial (abastecimento de combustível, compra e conservação de alimentos) às atividades de rotina diária que envolvem a medição do tempo, a elaboração de uma refeição num micro-ondas ou a realização de análise clínicas, por exemplo. Este desenvolvimento da atividade particular no âmbito da Metrologia e o apoio do Instituto Português da Qualidade e da RELACRE entre outras entidades, criou as condições para que fosse concretizada, em 30 de maio de 2003, a fundação da Sociedade Portuguesa de Metrologia, tendo como objetivo promover o estudo, o desenvolvimento e a divulgação da Metrologia, competindo-lhe promover a expansão do ensino desta disciplina, estimular a investigação científica e a difusão de conhecimentos, estabelecer relações com outras sociedades científicas nacionais e internacionais, promover a realização de reuniões científicas em Portugal e editar publicações de interesse geral.

No contexto desta missão salientam-se: • as ações de divulgação da Metrologia em eventos em todo o País, destacando-se as comemorações do dia da Metrologia (20 de maio) e o apoio ao “Forum da Metrologia”; • as relações com outras sociedades nacionais e com entidades internacionais, com particular destaque para a IMEKO (International Measurement Confederation) onde, por delegação da RELACRE, tem a representação nacional no contexto científico; • a realização de reuniões científicas em Portugal, tendo realizado diversos eventos (Conferências e

“Da diversidade de eventos organizados pela Sociedade Portuguesa de Metrologia, em parceria com a RELACRE e com outras entidades patrocinadoras, tem particular importância o que se irá concretizar este ano no Funchal – o TEMPMEKO 2013 (Symposium on Temperature and Thermal Measurements in Industry and Science)”

Este Simpósio Internacional da IMEKO realiza-se em paises distintos desde 1981, sendo a 12ª Edição organizada por Portugal, a decorrer entre 14 e 18 de outubro de 2013. Este evento, que reunirá a comunidade científica desde o Canadá à Nova Zelândia, tem já mais de 400 contribuições de cerca de 50 paises, prevendo-se uma significativa adesão de metrologistas de todo o mundo que se irão encontrar na Madeira

Encontros) em diversas cidades de Portugal, incluindo nas regiões autónomas; • e a edição de publicações de interesse geral, destacando-se a sua revista “Medições e Ensaios” disponível gratuitamente no sitio www.spmet.pt.

Atualmente a Sociedade Portuguesa de Metrologia conta com cerca de cem Associados Individuais e diversos Associados Institucionais (LIQ – Laboratório Industrial da Qualidade, Dec Medida, MRA Instrumentação, Instituto Português da Qualidade, Vice-Presidência do Governo Regional da Madeira / Laboratório Regional de Engenharia Civil da R. A. Madeira, RELACRE, SRHE / Laboratório Regional de Engenharia Civil da R. A. dos Açores, Instituto Eletrotécnico Português, CATIM - Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica, LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil, IT – Instituto de Telecomunicações (IST), Cachapuz – Equipamentos para Pesagem, ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade).

Da diversidade de eventos organizados pela Sociedade Portuguesa de Metrologia, em parceria com a RELACRE e com outras entidades patrocinadoras, tem particular importância o que se irá concretizar este ano no Funchal – o TEMPMEKO 2013 (Symposium on Temperature and Thermal Measurements in Industry and Science).

Este Simpósio Internacional da IMEKO realiza-se em paises distintos desde 1981, sendo a 12ª Edição organizada por Portugal, a decorrer entre 14 e 18 de outubro de 2013. Este evento, que reunirá a comunidade científica desde o Canadá à Nova Zelândia, tem já mais de 400 contribuições de cerca de 50 paises, prevendo-se uma significativa adesão de metrologistas de todo o mundo que se irão encontrar na Madeira. Informações adicionais encontram-se disponíveis em www.tempmeko2013.pt


A OPINIÃO DE...

ESPECIAL RELACRE

Jiri Sobola, Presidente da EUROLAB

“Na defesa e consolidação do papel dos Laboratórios na Europa” A EUROLAB foi criada em Bruxelas, em 27 de abril de 1990, com base num memorando de entendimento assinado pelas delegações em representação de laboratórios públicos e privados de 17 dos 19 países da CEE e da EFTA.

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EUROLAB assumiu, desde outubro de 1998, a personalidade jurídica de uma associação internacional de direito belga (AISBL - Association Internationale Scientifique sans Mas Lucratif), definindo-a como a Federação Europeia das Associações Nacionais de medição, testes e laboratórios analíticos. Os objetivos delineados para a EUROLAB são os seguintes: • representação dos Laboratórios Europeus, pela expressão das suas opiniões, sobre questões políticas e técnicas que têm um impacto direto sobre a sua atividade, tanto no cenário Europeu como Mundial; • coordenação de ligações com todas as Organizações Europeias com atividades de interesse para a comunidade de Laboratórios, procurando evitar a duplicação de esforços e de atividades; • ação, pela disponibilização de meios adequados para a troca de informações e de experiências, incluindo a publicação de pareceres, relatórios técnicos, newsletter, seminários e grupos de trabalho; • promover o equilíbrio de custos associados aos serviços de ensaios, calibração e medição que permitam que a exatidão e os requisitos de garantia de Qualidade sejam ajustados às necessidades reais.

“Salienta-se o relevante papel que a RELACRE, enquanto membro nacional Português na EUROLAB, tem tido ao longo de duas décadas, participando ativamente e de forma empenhada nas ações desenvolvidas nos diferentes contextos de atuação da EUROLAB, bem como, na cooperação com entidades congéneres de outros países, dinamizando ações que têm contribuído para a consolidação e a compreensão da importância dos Laboratórios para a Economia Europeia”

Numa perspetiva mais alargada, a EUROLAB pretende promover o relacionamento com as entidades nacionais de Acreditação e o desenvolvimento de ações nos contextos da gestão, regulação e qualidade técnica, preocupando-se com a simplificação e harmonização internacional de regulamentos e normas relacionadas com a competência e o desempenho dos Laboratórios. Enquanto fórum multisetorial Europeu para Laboratórios e Entidades com serviços de avaliação de conformidade, pretende-se promover e dar visibilidade à certificação de produtos e a avaliação técnica, atuando como parceiro importante da União Europeia, da EFTA e dos Organismos de Normalização, promovendo a participação em Organizações internacionais, como a EA, a ILAC e estabelecendo protocolos de cooperação com outras comunidades relevantes em todo o mundo. Na sua existência, a EUROLAB tem procurado ter um papel ativo na defesa e consolidação do papel dos Laboratórios na Europa, criando um foco neste tipo de atividade económica e, simultaneamente, estabelecer e utilizar uma rede de relações públicas e de prestação de consultoria, apoiada no

Na sua existência, a EUROLAB tem procurado ter um papel ativo na defesa e consolidação do papel dos Laboratórios na Europa, criando um foco neste tipo de atividade económica e, simultaneamente, estabelecer e utilizar uma rede de relações públicas e de prestação de consultoria, apoiada no conhecimento dos seus membros, para o benefício da Economia e da Sociedade

conhecimento dos seus membros, para o benefício da Economia e da Sociedade. Salienta-se o relevante papel que a RELACRE, enquanto membro nacional Português na EUROLAB, tem tido ao longo de duas décadas, participando ativamente e de forma empenhada nas ações desenvolvidas nos diferentes contextos de atuação da EUROLAB, bem como, na cooperação com entidades congéneres de outros países, dinamizando ações que têm contribuído para a consolidação e a compreensão da importância dos Laboratórios para a Economia Europeia.

Numa perspetiva mais alargada, a EUROLAB pretende promover o relacionamento com as entidades nacionais de Acreditação e o desenvolvimento de ações nos contextos da gestão, regulação e qualidade técnica, preocupando-se com a simplificação e harmonização internacional de regulamentos e normas relacionadas com a competência e o desempenho dos Laboratórios

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ESPECIAL RELACRE

Alacústica – Ensaios e Projetos de Engenharia Acústica, Lda em destaque

A Importância da Acústica de Edifícios A crescente preocupação com a qualidade dos edifícios refletiu-se também nas exigências colocadas a nível acústico aos edifícios. Atenta a esta dinâmica, a Alacústica – Ensaios e Projetos de Engenharia Acústica, Lda. tem vindo a promover projetos fundamentais na área da acústica. Vítor Raminhos, Diretor Técnico do Laboratório da Alacústica – Ensaios e Projetos de Engenharia Acústica, Lda, deu a conhecer, em entrevista à Revista Pontos de Vista um pouco mais de uma marca que prima pela excelência e qualidade.

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Quais os ensaios, soluções e projetos que têm vindo a ser realizados na Alacústica? Quais os serviços disponibilizados pela empresa? A Alacústica – Ensaios e Projetos de Engenharia Acústica, Lda., é uma empresa que foi criada em 2004, tem a sua sede em Cuba, no Alentejo e desenvolve a sua atividade na área da acústica. A Alacústica em 21/10/2011, obteve a Acreditação IPAC (Instituto Português de Acreditação), sendo até esta altura o único Laboratório Acústico privado Acreditado na Região Alentejo. No setor privado a Alacústica presta serviços no âmbito da acústica de edifícios, verificando-se no entanto presentemente uma retração por força de uma diminuição de procura ao nível do setor da construção civil. Por força da referida retração a Alacústica tem centrado a sua atuação no setor público com particular destaque para as autarquias. Nesse âmbito os serviços prestados assentam essencialmente na elaboração de pareceres no âmbito de reclamações apresentadas pelos munícipes junto das autarquias, na elabo-

ração de mapas de ruído, na análise e emissão de pareceres sobre projetos, no apoio ao setor de fiscalização, designadamente na realização de medições de verificação de conformidade com o Regulamento Geral do Ruído (critério de incomodidade). Como é avaliada a exposição da população ao ruído ambiente? A legislação Portuguesa (DL 9/2007) define indicadores de ruído relacionados com a exposição ao ruído ambiente exterior, incluindo valores limite que não devem ser ultrapassados conforme a classificação das zonas sensíveis ou mistas. Os Mapas de Ruído são ferramentas estratégicas de análise e planeamento que permitem integrar a prevenção e controle de ruído em Ordenamento do Território, facilitando a divulgação e o acesso público à informação. De que forma os Mapas de Ruído são importantes para o desenvolvimento sustentável das cidades? A utilização da técnica dos mapas de ru-

Vítor Raminhos

ído como ferramentas essenciais de planeamento e de ordenamento do território municipal permite, entre outras coisas: - a quantificação do ruído na área em estudo e possibilidade de avaliar a exposição da população ao nível de toda uma região, concelho ou cidade; - a disponibilização de uma base de dados, para planeamento urbano: localização de atividades ruidosas e de zonas mistas e sensíveis, ao nível do PDM, ou de PU e PP; - a utilização não apenas para avaliar/ analisar mas também para influenciar e avaliar alternativas de desenvolvimento ao nível municipal ou intermunicipal; - modelar diferentes cenários de evolução futura e realizar a previsão do impacte sonoro de infraestruturas e atividades ruidosas ainda em projeto; - identificar zonas de conflito entre os níveis de ruído existentes e a classificação da zona, hierarquizar zonas por prioridade de intervenção e estabelecer um Plano de Redução de Ruído, podendo “testar-se” várias soluções a incluir nesse plano; - identificar quais as principais fontes de ruído para um dado recetor, ou conjunto de recetores, e especificar qual a redução de ruído necessária em cada fonte para atingir um dado nível de ruído total no recetor, na ótica do critério de exposição máxima, ou um dado diferencial entre ruído ambiente e ruído residual, na ótica do critério de incomodidade; - calcular níveis de ruído nas fachadas de edifícios já existentes ou a construir. Os ensaios acústicos permitem determinar as soluções construtivas aplicadas num edifício. Quais as diferentes conclusões a que conseguimos chegar através destes ensaios e quais as vantagens dos mesmos?

Os ensaios ao nível da acústica de edifícios permitem quantificar o índice de isolamento em função das diferentes soluções construtivas que foram adotadas na fase de projeto e posteriormente em obra. Desta forma com a realização destes ensaios, pode-se garantir a qualidade do conforto acústico regulamentar dos edifícios em função do uso dos espaços. De forma resumida, podemos dizer que um dos aspetos de maior relevância no conforto acústico dos edifícios prende-se com o isolamento a sons aéreos de fachada, a assegurar pelos materiais constituintes das mesmas. Assim, é facilmente percetível que os sons de proveniência exterior como por exemplo, o ruído ferroviário e/ou rodoviário, irão determinar o tipo de isolamento sonoro das fachadas. Como perspetiva a evolução da Engenharia Acústica? Ainda há muito para descobrir nesta área e iremos certamente assistir a uma grande evolução dos conhecimentos que somos capazes adquirir através do som? Este ramo da engenharia não está fechado em termos de aplicações, no entanto o desenvolvimento de modelos é do conhecimento dos engenheiros acústicos, sendo inclusive uma das áreas científicas com elevado nível de normalização internacional, quer no cálculo, quer nos ensaios. A evolução tecnológica e novas aplicações têm permitido uma adaptação dos modelos base a novas realidades, como é o caso da acústica subaquática que estuda, entre outras áreas, o impacto dos novos desenvolvimentos, na fauna e flora marinha, por exemplo os aerogeradores marítimos indutores de ruído de baixa frequência e sua influência no comportamento e desenvolvimento das espécies.


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ESPECIAL RELACRE

Dora Lopes, Responsável da Qualidade e Laboratório da ADP Fertilizantes

“Pretendemos criação de valor através de novas ideias” As atividades principais da ADP Fertilizantes, integrada no Grupo Fertiberia, são a produção e comercialização de fertilizantes para a agricultura. Os mercados alvo são maioritariamente Portugal e Espanha.

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m Portugal é Líder no Mercado de Fertilizantes, comercializando produtos de fabricação própria, nomeadamente Adubos Sólidos, Adubos Líquidos, Bioestimulantes e Corretivos Agrícolas. Em Espanha, através da associada Intergal, dedica-se à comercialização de todos os tipos de fertilizantes para a agricultura. Através da exportação, a ADP Fertilizantes comercializa adubos clássicos e especialidades para diversos países da Europa, África, Médio e Extremo Oriente e Austrália. Num mercado tão competitivo e de elevada especialização técnica, como aquele onde desenvolve a sua atividade, os objetivos da empresa só podem ser conseguidos através do profissionalismo, dedicação e empenho de todo o seu potencial humano. Na ADP Fertilizantes procuramos melhorar a nossa capacidade de Inovar, conscientes de que é essencial para o nosso crescimento e desenvolvimento. O que pretendemos é a criação de valor através de novas ideias, alargando esta responsabilidade a todos os stakeholders. Para nós, inovação resulta de um trabalho de equipa que ultrapassa as “fronteiras” da própria organização. A capacidade de Inovar, para a ADP Fertilizantes, só faz sentido se estiver completamente alinhada com as necessidades do mercado, alinhando sempre com os princípios da Atuação Responsável, que a ADP Fertilizantes subscreve, assumindo como um dos seus valores fundamentais a Responsabilidade Social e Ambiental e conduzindo as suas atividades de forma a contribuir para o Desenvolvimento Sustentável. Neste enquadramento, a ADP Fertilizantes tem o seu Sistema de Gestão da Qualidade certificado desde 2002 e o Laboratório da Unidade Fabril de Adubos de Alverca acreditado desde 1992. O trabalho do Laboratório e o seu reconhecimento pelo IPAC é fundamental para a ADP Fertilizantes assegurar aos seus clientes a entrega de produtos que, sendo adequados aos fins a que se destinam, correspondem plenamente às suas expectativas. Para tal, desenvolve programas de controlo analítico em todas as fases do processo, que comprovam a conformidade dos produtos produzidos com as respetivas especificações, em linha com os requisitos legais aplicáveis.

A capacidade de Inovar, para a ADP Fertilizantes, só faz sentido se estiver completamente alinhada com as necessidades do mercado, alinhando sempre com os princípios da Atuação Responsável, que a ADP Fertilizantes subscreve, assumindo como um dos seus valores fundamentais a Responsabilidade Social e Ambiental e conduzindo as suas atividades de forma a contribuir para o Desenvolvimento Sustentável

“Em Portugal é Líder no Mercado de Fertilizantes, comercializando produtos de fabricação própria, nomeadamente Adubos Sólidos, Adubos Líquidos, Bioestimulantes e Corretivos Agrícolas. Em Espanha, através da associada Intergal, dedica-se à comercialização de todos os tipos de fertilizantes para a agricultura”

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ESPECIAL RELACRE

PEDRO GALVÃO NOGUEIRA, Secretário-geral Associação para a Inovação Tecnológica e Qualidade - ÆMITEQ

Qualidade assegurada

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través do seu LABORATÓRIO DE CONTROLO QUÍMICO DA QUALIDADE dispõe de infraestruturas de análise química dotadas de pessoal técnico qualificado e equipamentos de análise química moderna, designadamente, espectrofotometria de absorção e emissão atómica, cromatografia (GC, GC-MS/MS, HPLC e de iões) e técnicas clássicas de análise química. A ÆMITEQ disponibiliza metodologias de análise para responder a cerca de 450 parâmetros físico-químicos, inorgânicos e orgânicos, destacando-se cerca de 300 compostos orgânicos. A ÆMITEQ desenvolve estudos e projetos no âmbito da execução de planos de monitorização da qualidade de águas, avaliação de impacto da descarga de efluentes, diagnósticos e estudos de impacto ambiental, definição e execução de programas de monitorização ambiental, desenvolvimento e validação de métodos analíticos. Outra área de competência da ÆMITEQ é a dos

A ÆMITEQ, fundada em 1991, é uma instituição privada de Utilidade Pública que integra o SCTN especializada em Controlo Químico da Qualidade. Nas suas instalações a ÆMITEQ desenvolve trabalhos fundamentados na química analítica envolvendo: controlo químico de matérias-primas e produtos; controlo da qualidade de águas, efluentes e resíduos; controlo de materiais biológicos; desenvolvimento de métodos analíticos. ensaios de verificação da compatibilidade de materiais usados no transporte e armazenamento de água para consumo humano (tubos e acessórios, revestimentos de fabrico industrial, geomembranas e outros produtos). As capacidades técnicas instaladas, aliadas ao elevado nível científico dos seus técnico,s e a sua proximidade a “Centros de Saber” permitem dispor de condições privilegiadas para estar na primeira linha de defesa dos interesses dos seus clientes. Está qualificada pelo COMPETE como competente para prestação de serviços de I&DT (Investigação e Desenvolvimento Tecnológico) e inovação a PME nas áreas do Ambiente e da Qualidade, no âmbito do Vales I&DT e Inovação. A calibração de instrumentação analítica, garante da operacionalidade dos seus equipamentos e fonte de informação para cálculo da incerteza associada aos ensaios, é também área de competência da ÆMITEQ que também coloca ao dispor dos seus clientes. A ÆMITEQ integra o SPQ desde 2001 como Laboratório de Ensaios com Acreditação IPAC nº L0271

e como Laboratório de Calibrações com Acreditação IPAC nº M0073 (verificar o âmbito da acreditação em www.ipac.pt). ÆMITEQ Rua Coronel Júlio Veiga Simão - Loreto 3020-053 COIMBRA (PORTUGAL) GPS Lat 40º13’45,69’’ N Long 8º26’25,77’’ Tel 351 239 494 745 / Fax 351 239 084 622 geral@aemiteq.pt / www.aemiteq.pt

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ESPECIAL RELACRE

Globalab – Ensaios Químicos e Microbiológicos, SA

Impacto da Atividade dos Laboratórios na Economia No Mundo global de hoje é inquestionável que o desenvolvimento da Economia passará, obrigatoriamente, pela capacidade de Inovação e de Diferenciação de qualquer negócio.

É

também consensual que, apesar de todas as contrariedades atuais, a Qualidade é cada vez mais um ponto determinante para o sucesso das empresas. Só com base em princípios de Qualidade, nas mais diversas áreas de atuação, podemos estar protegidos e salvaguardados relativamente ao que ingerimos e consumimos. Para os laboratórios de análises a qualidade passa pelo referencial ISO 17025 que rege a atividade laboratorial e define princípios de rigor, competência, precisão e isenção. A atividade do Globalab, SA, laboratório acreditado, assenta, obviamente, nestes pressupostos. Salvaguardar os consumidores e a imagem das indústrias suas clientes é a prioridade. Existem em Portugal, e entre os nossos clientes, empresas que todos os dias inovam, lançam novos

produtos, fazem experiências, tentando sempre marcar a diferença face à concorrência interna e externa. Todos os dias grandes ideias são colocadas em prática! Ideias que são testadas pelas metodologias implementadas em Laboratório, passando de experiências a produtos que todos podemos consumir. Neste contexto, o Globalab S.A procura estar sempre próximo dos seus clientes, utilizando a tecnologia para dar respostas rápidas, competitivas e seguras. Numa sociedade altamente mediática e cada vez mais atenta a estas questões, a certeza de um resultado analítico é imperativa para uma avaliação criteriosa dos riscos inerentes aos produtos. A atividade laboratorial torna possível a colocação de produtos inovadores no mercado devidamente

testados e aprovados dentro do contexto legal que os rege, permitindo à Economia um crescimento saudável e sustentável. No setor alimentar, uma das principais áreas da atuação do Globalab, torna-se imperativo que, para além do cumprimento dos planos de análises impostos legalmente, a indústria tenha planos que visem controlar os riscos e perigos dos seus produtos colocados diariamente no mercado. A atividade dos laboratórios é, acreditamos, relevante e preponderante na Economia atual. E, como tal, tem de ser considerada pelos operadores económicos como uma aposta na competitividade e inovação das suas indústrias. www.globalab.pt info@globalab.pt



ESPECIAL LABORATÓRIOS

Galp Energia

Eficiência e Criação de Valor Sendo a única empresa refinadora em Portugal, a Galp Energia encara o investimento em I&D como estratégico na criação de valor, diferenciação nos produtos e inovação nos processos, de forma a alcançar mais eficiência nas operações e mitigar os impactos ambientais.

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a sua forma original, o petróleo bruto possui pouca utilidade. O seu valor está nos produtos que se podem obter dele, como os combustíveis, naftas, solventes e gases associados ao petróleo (por exemplo, o GPL). A refinação é a atividade industrial que fraciona o petróleo bruto numa série de produtos muito valiosos para utilização quotidiana. De forma simples, uma refinaria é uma combinação organizada de instalações de processo físico-químico, linhas de transporte e tanques de armazenagem de petróleo bruto e produtos refinados.

Atividades no âmbito do programa EngIQ

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No âmbito do Programa de Doutoramento em meio empresarial EngIQ estão a ser desenvolvidos os seguintes projetos de I&D:

• Extração mercaptanos por líquidos iónicos Os elevados tempos de residência requeridos para converter os mercaptanos de alto peso molecular em dissulfuretos, através duma reação catalítica com ar, nas Unidades Merox de petróleo (jet) provocam estrangulamentos de capacidade na fileira de tratamento que inviabilizam o processamento de algumas ramas com uma boa relação custo/ qualidade (yields).

• Otimização da unidade Parex A Unidade Parex usada para separar o paraxileno contido na corrente de xilenos mistos, por adsorção seletiva em peneiro molecular, pode ser considerada como a aplicação industrial da técnica do SMB com mais impato na indústria de refinação. É importante referir que, dos hidrocarbonetos aromáticos usados em petroquímica, o paraxileno é o de maior valorização comercial. • Desenvolvimento catalisador de hidrodesmetalização A rendibilidade das refinarias está muito dependente da capacidade e natureza das unidades de conversão instaladas. Nos processos do tipo semirregenerativo, um dos fatores de performance, com impato na rendibilidade das instalações, é a duração do ciclo de funcionamento respetivo. Isto aplica-se precisamente à unidade Hydrocracker, cuja duração do ciclo de funcionamento está dependente do nível de contaminação do feedstock (gasóleo pesado de Vácuo-VGO) por compostos organo-metálicos e da

capacidade de retenção dos mesmos na seção de desmetalização da carga, constituída por vários leitos de catalisador específico para este tipo de serviço.

• Oligomerização de Olefinas C5 – C8 Um dos componentes das gasolinas comerciais com maior valor acrescentado na produção é a gasolina de cracking, cuja fração mais leve é rica em amilenos, os quais constituem um bom feedstock para processos de oligomerização de olefinas C5-C8. Este processo pode produzir destilados com um nº de carbonos correspondentes a petróleo e gasóleo, produtos com elevada procura no mercado. A confirmar-se o pressuposto, a produção de gasolina de cracking não seria afetada e a disponibilidade de gasóleo para o mercado seria reforçada, proporcionando uma maximização da margem bruta.

• Melhoria da Alquilação O processo de alquilação de butilenos com isobutano produz um componente de gasolinas, vulgarmente designado Alquilado, com excelentes caraterísticas de blending e, por isso, com significativo valor acrescentado. Todavia, o processo de alquilação utiliza ácidos (sulfúrico ou fluorídrico) como catalisadores da reação, os quais colocam delicados problemas ambientais e de segurança de pessoas e bens. O estudo a desenvolver vai permitir aprofundar os mecanismos das reações e ajudará a compreender alguns problemas operacionais que se têm verificado, alguns dos quais obrigaram a paragens imprevistas da instalação. É evidente que a quantificação de benefícios, neste caso, é prematura e carecendo de dados ainda não disponíveis. • Tecnologia NMR para caraterização de petróleos brutos e algumas correntes processuais Por condicionamentos no aprovisionamento dos crudes e por constrangimentos na gestão dos tanques de armazenagem respetivos, os períodos de processamento de cada “crude mix” não ultrapassam os cinco dias. É óbvio que, no período de mudança dum “run” para outro, ocorra uma certa instabilidade nas unidades, particularmente na destilação atmosférica, provocada por diferenças de composição, yields, API, etc. Este tipo de instabilidade, de duração variável, gera perdas de eficiência que afetam negativamente a margem gerada. Por outro lado, algumas das unidades principais beneficiam já de algumas aplicações de controlo avança-

do (AC), cuja eficácia depende muito da informação produzida por analisadores “in-line”. É neste contexto que surge o interesse em se desenvolver analisadores, baseados na técnica de NMR, capazes de fornecer em contínuo informação rele-

vante para uma rápida estabilização das unidades e para alimentar as aplicações de AC. A minimização dos períodos de instabilidade e o aumento da eficácia das aplicações de AC potencia ganhos de margem que poderão atingir vários milhões de dólares por ano.

A refinação é a atividade industrial que fraciona o petróleo bruto numa série de produtos muito valiosos para utilização quotidiana. De forma simples, uma refinaria é uma combinação organizada de instalações de processo físico-químico, linhas de transporte e tanques de armazenagem de petróleo bruto e produtos refinados

Projeto Ginseng O Projeto Ginseng visa o desenvolvimento de uma rede de sensores sem fios (WSN) para monitorização e controlo em meio industrial. O objetivo principal do projeto GINSENG é uma rede de sensores sem fios que alcance os objetivos específicos de performance, que serão integrados com os sistemas de gestão industrial, e que será comprovado através da implementação num ambiente industrial real (Refinaria de Sines) onde a performance é crítica. O primeiro protótipo será desenvolvido e testado durante o 1º semestre de 2011. O Projeto GINSENG planeia avanços significativos no desenvolvimento de tecnologia de ponta, desenvolvendo uma WSN fiável e com objetivo de trabalhar em ambientes industriais. Em tais ambientes, a tecnologia de WSN poderá resultar em poupanças significativas nos custos de implementação e manutenção, oferecendo um sistema com uma reconfiguração fácil e uma rápida implementação, adaptando-se às necessidades de mudança da empresa.


A OPINIÃO DE...

ESPECIAL laboratórios

António José de Jesus Arrais, Presidente da Direção da Associação Nacional de Técnicos de Metrologia

A importância dos laboratórios para a economia nacional No comércio de produtos, um dos parâmetros de comercialização é o resultado de medição. Com o processo de globalização cada vez maior, os grupos económicos devem exercer todos os esforços para a existência de um mútuo reconhecimento. Para que este objetivo seja alcançado é de importância vital a confiança e compatibilidade entre os resultados de medição.

P

aralelamente a isto, apesar da Qualidade atualmente ser um objetivo real para a sobrevivência das indústrias neste processo de globalização, pode-se ainda identificar três grupos de utilizadores de Metrologia: um grupo que entende perfeitamente a relação entre Metrologia, Normalização e Qualidade, outro que utiliza a Metrologia apenas para as situações de cumprimento legal e administrativas e um terceiro que ainda ignora a Metrologia como uma ferramenta importante para a Qualidade. Com o processo de globalização e a consequente abertura de Portugal ao mercado global, é de extrema importância que a indústria nacional urgentemente se capacite para evidenciar concretamente um determinado nível de qualidade dos seus produtos e serviços e caminhe realmente para estabelecer de forma segura uma competitividade internacional. No contexto da ISO 9000 pode-se citar três etapas importantes : a aquisição de matéria prima, o controle de processo e a qualidade final do produtos. Para que estas etapas sejam realmente bem estabelecidas a interdependência entre Metrologia, Normalização e Qualidade deve ser Respeitada. O maior triunfo da metrologia, consiste em ter estabelecido uma forma, organizada e sistemática, de garantir a estrita comparabilidade dos resultados de medição. Logrou instituir um nível de exigência que outros respeitáveis domínios do conhecimento, designadamente a ciência económica, não estão ainda em condições de perseguir. A finalidade da metrologia é dual: a par do referido estabelecimento da comparabilidade das medidas, compete à metrologia sustentar o esforço de medição em todos os setores de atividade humana. Para esse efeito, a metrologia ocupa-se dos métodos, procedimentos e instrumentação necessários à comparação, direta ou indireta, de uma grandeza à unidade correspondente.

“Com o processo de globalização e a consequente abertura de Portugal ao mercado global, é de extrema importância que a indústria nacional urgentemente se capacite para evidenciar concretamente um determinado nível de qualidade dos seus produtos e serviços e caminhe realmente para estabelecer de forma segura uma competitividade internacional” O êxito da metrologia deve-se, sobretudo, a três ordens de razão. Em primeiro lugar, ao facto de se basear em termos inequívocos de comparação, a partir de unidades representadas por padrões físicos. Em segundo lugar, por manter um permanente realinhamento dos métodos de medição com a evolução tecnológica. Em terceiro lugar, por envidar persistentes esforços, em regime cooperativo, na dilucidação das causas de divergência entre medidas, com a finalidade de manter níveis similares de perícia em diferentes sedes, por outra

A favor da crescente capacidade de resposta da medição, milita o lançamento no mercado, de meios informáticos de poder computacional em progresso constante, a preços unitários decrescentes. Em consequência a medição confronta-se com uma dupla exigência: a melhoria contínua da capacidade instrumental e as metodologias de tratamento de dados. A primeira destas vertentes é direta responsabilidade da metrologia (física), acerca da segunda, não parece excessivo afirmar que constitui a essência de toda a atividade cientifica moderna

palavras a metrologia, vê a concentração de competências como séria ameaça à consecução dos seus objetivos!

Síntese

A medição é hoje generalizadamente tida como vetor de progresso tecno-cientifico. Nessa qualidade, permanentemente se defronta com o duplo desafio de providenciar crescentes poder de discriminação e exatidão. Não são apenas as ciências exatas e de engenharia que exigem a persistente melhoria da capacidade de medição: as ciências sociais, também, inclusive quando os métodos aplicáveis não são de estrita base instrumental. A favor da crescente capacidade de resposta da medição, milita o lançamento no mercado, de meios informáticos de poder computacional em progresso constante, a preços unitários decrescentes. Em consequência a medição confronta-se com uma dupla exigência: a melhoria contínua da capacidade instrumental e as metodologias de tratamento de dados. A primeira destas vertentes é direta responsabilidade da metrologia (física), acerca da segunda, não parece excessivo afirmar que constitui a essência de toda a atividade cientifica moderna. Todavia os méritos e deméritos da medição são atualmente centrais às atividades dos foros social e económico. Nos primeiros quarteis do século passado, a medição era predominantemente vista como um auxiliar (especifico e especializado) da atividade científica Como tal aceitava-se generalizadamente, estar exclusivamente submetida aos ditames da prática científica. Hoje, a medição tem mais diretas, imediatas incidências, designadamente nas esferas económica e politica. Os erros de avaliação da taxa de inflação ou da de incremento do produto interno bruto, refletem-se na eficácia da governação. Neste quadro de evolução e crescente responsabilização, é ampla a quota parte que cabe aos poderes públicos. Operadores, públicos e privados, para eficaz inserção no sistema carecem da existência de um quadro conjuntural de regras transparentes. Às autoridades, compete estabelece-lo.

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A OPINIÃO DE...

ESPECIAL LABORATÓRIOS

Vasco Teixeira,Coordenador do Projeto Nanovalor e Pró-Reitor para a Investigação da Universidade do Minho

A Nanotecnologia e O impacto na euro-região norte de Portugal A região Norte de Portugal é identificada como uma área geográfica que apresenta um certo grau de suscetibilidade no que concerne aos desafios da globalização e descentralização dos mercados, o que se poderá traduzir em dificuldades relacionadas com a atração do investimento externo. A alteração de paradigmas vinculados à implementação de modelos de inovação é crucial para o posicionamento económico da região e fomento das capacidades industriais.

A nanotecnologia é uma área de investigação e desenvolvimento muito ampla e multidisciplinar que se baseia nos mais diversificados tipos de materiais (polímeros, cerâmicos, metais, semicondutores, compósitos e biomateriais) estruturados à escala nanométrica (nanoestruturados) de modo a formar blocos de construção como clusters, nanopartículas, nanotubos e nanofibras que, por sua vez, são formados a partir de átomos ou moléculas

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incerteza que marca o atual contexto económico, financeiro e os desafios que se enfrentam na Europa não só reforçam a pertinência da estratégia Norte 2020, recentemente enunciada para a Região Norte, como inclusivamente, a torna ainda mais exigente. As grandes prioridades para a intervenção dos fundos comunitários definidas pelo governo no âmbito QEC-Quadro Estratégico Comum 20142020 são: a competitividade da economia portuguesa e das regiões; a formação de capital humano; o desenvolvimento sustentável e a coesão social e territorial. As regiões, as suas cidades, as universidades, as suas instituições públicas e privadas e as empresas terão de ter uma responsabilidade acrescida, e cada vez mais, saber recorrer à utilização dos novos instrumentos europeus e regionais para financiamento resultantes da Estratégia Europa 2020 e Horizonte 2020. No âmbito do programa quadro Horizonte 2020 serão investidos cerca de 6 mil M€ para o desenvolvimento das capacidades industriais da UE em Tecnologias Facilitadoras Essenciais (TFE, KET - Key Enabling Technologies). As KET incluem a fotónica e a micro e nanoeletrónica; nanotecnologias; materiais avançados e tecnologias de processamento

emergentes; e a biotecnologia. Ligado ao tema da nanotecnologia, aumento da competitividade das empresas e a investigação e o desenvolvimento tecnológico, tenho vindo a coordenar, desde 2011, o projeto “NanoValor: Criação de um Polo de Competitividade em Nanotecnologia para capitalização do potencial de I&DT na Euroregião Galiza-Norte de Portugal”. O consórcio é constituído pela UMinho, TecMinho, Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), Fundación Empresa-Universidad Gallega (FEUGA), Universidades de Santiago de Compostela e do Porto, INESC Porto e Asociación de Investigación Metalúrgica del Noroeste (AIMEN). O projeto, cofinanciado pelo FEDER, representa um investimento de 1,4 M€ e tem vindo a ser desenvolvido no âmbito do Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal 2007/13. A principal “missão do projeto é reforçar os laços institucionais entre os atores-chave da nanotecnologia das regiões da Galiza e Norte de Portugal, através da criação e formalização de um Polo de competitividade”. Além disso, o “NanoValor” visa “aumentar a competitividade das empresas e potenciar a investigação e o desenvolvimento tecnológico (I&DT)”. A nanotecnologia é uma área de investigação e desenvolvimento muito ampla e multidisciplinar que se baseia nos mais diversificados tipos de materiais (polímeros,

cerâmicos, metais, semicondutores, compósitos e biomateriais) estruturados à escala nanométrica (nanoestruturados) de modo a formar blocos de construção como clusters, nanopartículas, nanotubos e nanofibras que, por sua vez, são formados a partir de átomos ou moléculas. Materiais nanoestruturados são aqueles que apresentam pelo menos uma dimensão menor que os 100 nanómetros (notar que o diâmetro médio de um cabelo tem a espessura de cerca de 60 mil nanómetros). A nanotecnologia tem assumido um papel determinante na alavancagem da investigação científica e desenvolvimento tecnológico. Enquanto tecnologia facilitadora em vez de uma indústria específica, espera-se que a implementação de processos de desenvolvimento nanotecnológicos impacte diferentes fases da cadeia de valor de um espectro alargado de produtos. As expectativas para que a nanotecnologia melhore a segurança e a qualidade de vida dos cidadãos são elevadas por se apresentar como uma aposta estratégica com um potencial enorme que se consubstancia na apresentação de novas soluções para problemas industriais através de técnicas de funcionalização e nanofabricação emergentes. A bionanotecnologia e nanomedicina contribuirão para a melhoria da saúde humana perspetivando-se desenvolvimentos de novos biomateriais, dispositivos e técnicas de deteção.


O projeto NanoValor vincula as suas ações na perspetiva de que o conhecimento em nanotecnologia gerado na Região Norte de Portugal terá de contribuir para além do fomento da competitividade das empresas e sua internacionalização, promover o emprego qualificado atraindo e fixando talento de jovens graduados e cientistas com reconhecimento internacional e incentivar ações de empreendedorismo que possam contribuir para a criação de novos postos de trabalho”

Questões relacionadas com a síntese, produção e caracterização de nanomateriais funcionais e nanoestruturas para aplicações biomédicas (nanotubos, nanopartículas, polímeros nanocompósitos, filmes finos nanoestruturados, superfícies inteligentes, nanodiagnóstico, etc.) assumem um papel preponderante. Destaco o papel determinante das Universidades e de alguns dos recentes investimentos avultados em infraestruturas de I&DI nos Eixos do Conhecimento e Inovação que têm a importante responsabilidade de contribuírem para o desenvolvimento económico, afirmação e reconhecimento internacional da excelência científica e tecnológica. O Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia (INL) é considerado o maior investimento estratégico e muito importante para o desenvolvimento da nanotecnologia no Norte de Portugal. As atividades I&DT são consideradas pilares fundamentais da estratégia da UE de forma a estabe-

lecer a prosperidade sustentável e crescimento inclusivo e enfrentar os desafios sociais. Atualmente decorrem, no domínio da nanotecnologia, várias dezenas de projetos de I&DT financiados envolvendo empresas. As PME defrontam-se muitas vezes com grandes dificuldades para obter o financiamento de que necessitam para crescerem e inovarem. É o caso de muitas PME da região Norte e há, assim, uma enorme responsabilidade dos atores-chave ligados às atividades industriais de I&D em contribuírem para as várias modalidades de financiamento. Em Portugal existe cerca de uma dezena de empresas dedicadas exclusivamente à nanotecnologia (a maioria spin offs e start-ups), sendo o maior investimento nacional a empresa Innovnano cuja atividade se insere na produção, à escala industrial, de nanopartículas. O projeto NanoValor vincula as suas ações na perspetiva de que o conhecimento em nanotecnologia

gerado na Região Norte de Portugal terá de contribuir para além do fomento da competitividade das empresas e sua internacionalização, promover o emprego qualificado atraindo e fixando talento de jovens graduados e cientistas com reconhecimento internacional e incentivar ações de empreendedorismo que possam contribuir para a criação de novos postos de trabalho.

“As atividades I&DT são consideradas pilares fundamentais da estratégia da UE de forma a estabelecer a prosperidade sustentável e crescimento inclusivo e enfrentar os desafios sociais. Atualmente decorrem, no domínio da nanotecnologia, várias dezenas de projetos de I&DT financiados envolvendo empresas”

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A OPINIÃO DE...

ESPECIAL LABORATÓRIOS

Maria Filomena Camões, Responsável pelo Grupo de Química Analítica e Ambiental do CCMM-FCUL

A relevância da Metrologia Química para a sociedade Em Química, o objetivo último de uma medição é conhecer a propriedade ou quantidade de uma ou mais espécies químicas presentes num sistema material. Grande número de decisões tomadas ao longo da vida e no dia a dia, em trocas comerciais, no desenvolvimento tecnológico, ou no controlo da saúde, seja ou não no contexto legal, assentam em resultados de boletins de análise química.

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m países industrializados, cerca de três por cento do produto interno bruto (PIB) são despendidos em análises químicas; dados nacionais de 2011 apontam para 524€ por habitante. Estudos do desempenho de laboratórios de diversos setores estimam que cerca de 5 a 30 por cento das medições não têm a qualidade desejada, com custos diretos e indiretos que facilmente podem atingir 10 por cento do volume do negócio (EC, 1999). Os Químicos Analistas têm a missão de assegurar a credibilidade das medições, indo ao encontro das necessidades da sociedade, adaptando-as a novos materiais e novas questões sobre a sua composição (ACS / Division of Analytical Chemistry). Há décadas atrás, o grande desenvolvimento de métodos instrumentais de análise, com desafiadoras possibilidades de medição, levou a que fornecedores e utilizadores de resultados analíticos se confrontassem com a necessidade de exprimir quantitativamente a qualidade dos seus resultados, sem para isso disporem de orientações. Neste contexto, a Química Analítica, disciplina científica que desenvolve e aplica métodos, instrumentos e estratégias para obter informação sobre a composição e natureza da matéria no tempo e no espaço, com a qualidade adequada ao fim em vista (IUPAC- International Union of Pure and Applied Chemistry), fez renascer os princípios da Metrologia, ou Ciência da Medição, para as medições químicas. Estas medições têm a particularidade de envolver procedimentos analíticos diferentes em função da espécie a determinar e da matriz onde está dispersa; ex: a medição do teor em chumbo numa amostra recorre a métodos de análise e padrões de medição diferentes consoante se trate de uma água de consumo

“A relevância da Metrologia Química para a sociedade é evidenciada pelo apoio da Comissão Europeia (EC), particularmente através do seu JRC-IRMM, à investigação e formação avançada nesta área, dirigida quer aos setores profissionais e académicos, quer ao público em geral, tanto fornecedores como utilizadores de dados de análise”

humano, de solos ou de um vidro, enquanto a medição física da massa destas amostras pode ser realizada na mesma balança e recorrendo aos mesmos padrões. Criado em 1875, o BIPM (Bureau International des Poids et des Mesures), hoje com 51 signatários entre os quais Portugal, tem a missão de garantir a rastreabilidade de medições ao Sistema Internacional de Unidades (SI). Este organismo, que funciona em Comissões Técnicas Consultivas, só em 1993 criou uma comissão de Química, a CCQM (Comissão Consultiva de Quantidade de Matéria). Mas já em 1989 tinha sido criada a EURACHEM, despoletada pela nova realidade da abertura dos mercados Europeus, visando promover a qualidade das medições em química de forma a garantir a comparabilidade de resultados. Um valor experimental tem sempre uma incerteza associada, que exprime a confiança intrínseca no resultado, devendo estimar o efeito combinado dos efeitos aleatórios e sistemáticos que afetam a qualidade das medições. A precisão, condordância de resultados de medições replicadas, reflete apenas parte dos efeitos. Em 1993, uma comissão conjunta, ISO, BIPM, IEC, IFCC, IUPAC, IUPAP e OIML, publicou o Guia para a Expressão de Resultados com Incerteza, GUM, alicerce conceptual da Metrologia Física, Química e Biológica. Em 1995 a EURACHEM produziu o Guia para a Quantificação da Incerteza nas Medições Analíticas, baseado no GUM, adequado a problemas específicos da Química. Revisto em 2000, quando ocupávamos a Presidência, viu aumentada a sua recetividade por parte da Comunidade Analítica, tendo sido alvo de recente reedição, 2012, e tradução em várias línguas, designadamente Português. A relevância da Metrologia Química para a sociedade é evidenciada pelo apoio da Comissão Europeia (EC), particularmente através do seu JRC-IRMM, à investigação e formação avançada nesta área, dirigida quer aos setores profissionais e académicos, quer ao público em geral, tanto fornecedores como utilizadores de dados de análise. O grupo de Química Analítica e Ambiental, do CCMM (Centro de Ciências Moleculares e Materiais), do DQB-FCUL, inclui nas suas linhas de Investigação a componente de Metrologia Química, com investigação fundamental e aplicada à resolução dos mais exigentes desafios societais nas áreas ambiental, alimentar e forense. Os seus membros são atores com desempenho notório nos cenários nacionais e internacionais descritos, com continuada ação ao mais alto nível, nos órgãos representativos. Salienta-se a participação em projetos europeus de investigação de excelência, o Programa TrainMiC® em que, integrados na estrutura europeia, coordenamos uma equipa nacional de formadores certificados e a edição multilingue de textos, bem como o ensino graduado e pós-graduado em Qualidade em Análise Química com elevado expoente no bem-sucedido Mestrado Europeu (EuroMaster®) em Ciência da Medição em Química, fruto de um consórcio de nove universidades europeias, que coordenamos.


ESPECIAL LABORATÓRIOS

Pontos de Vista Maio 2013

Associação Nacional de Bioquímicos - ANBIOQ

“Temos estabelecido importantes pontes de oportunidades” “A ANBIOQ procurará continuar a desenvolver sistemas de integração, creditação e certificação de profissionais, que permitam promover a PI, a I&D a nível nacional e internacional”. Quem o afirma é Daniela Barroso Vaz, Presidente da ANBIOQ – Associação Nacional de Bioquímicos, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Conheça mais de uma entidade que tem vindo a fazer um trabalho de enorme qualidade em prol do seu setor de atuação.

Para muitos, a crise poderá ser o foco de muitas oportunidades. De que forma a ANBIOQ tem auxiliado os vossos associados na descoberta dessas mesmas oportunidades? Temos estabelecido importantes pontes de oportunidades entre os associados e entidades públicas e privadas. Estas ações têm ocorrido no ramo dos serviços, da produção e da investigação, no sentido de aumentar a experiência dos jovens licenciados, mestres e doutores e de contribuir para potenciar e viabilizar algumas formulações empresariais mais diferenciadas e técnicas. De que forma a ANBIOQ tem ajustado o seu campo de atuação às crescentes necessidades apresentadas por estes profissionais? De que necessidades estamos a falar? A ANBIOQ, em colaboração com outras

como, de desenvolvimento de I&D, PI e de mais-valias científico-tecnológicas.

Fotografia: Marisa Coelho e André Cabral

A ideia da criação da Associação Nacional de Bioquímicos remonta a 1995. Decorridas quase duas décadas desde a sua génese, a área da bioquímica sofreu mutações extraordinárias. De que forma o desenvolvimento da associação tem acompanhado esta evolução? A ideia de criação da ANBIOQ surgiu em 1995, mas só em 2000 se constituiu a associação. Se nessa altura a grande maioria dos licenciados em bioquímica provinha das universidades de Coimbra, Lisboa e Porto, atualmente a licenciatura é lecionada em 12 instituições do ensino superior. Assim, durante os últimos anos, os bioquímicos não só aumentaram muito em número, como se distribuíram pelas mais variadas áreas de atividade. A ANBIOQ tem acompanhado esse crescimento via amplificação dos seus domínios de ação, criação de comissões especializadas (AN(E)BIOQ, LabGen e SciTech) e desenvolvimento de diferentes vertentes científicas de formação.

A formação é outro dos grandes baluartes da associação. Atualmente, qual é a vossa oferta formativa? A procura tem sido a expectável? A ANBIOQ tem desenvolvido ações de formação nas mais diversas áreas. Cada uma das comissões especializadas da ANBIOQ tem procurado desenvolver ações e cursos de formação, tanto online como de modo presencial.

Daniela Barroso Vaz entidades profissionais, tem estado a desenvolver sistemas de formação, creditação e certificação, que permitam o reconhecimento e mobilidade de investigadores e técnicos superiores especializados em todo o espaço europeu e extraeuropeu. Assim, temos tido como objetivos orientadores, por um lado o desenvolvimento de um sistema de creditação e certificação internacional de profissionais, e por outro, o fomento do empreendedorismo e investigação e desenvolvimento (I&D) de tecnologias aplicadas.

Num período económico conturbado, como encara a importância deste setor de atividade para o relançamento do país? Sempre acreditamos que a promoção e manutenção da boa saúde económica de um país devem implicar desenvolvimento da propriedade intelectual (PI) e I&D na formulação de aplicações credíveis e sustentáveis. Só assim será possível criar soluções competitivas e de qualidade, ao nível dos mercados internacionais, de forma a promover as

exportações e o consumo sustentado de produtos e serviços de origem portuguesa.

Mesmo sendo uma área apaixonante, há quem defenda que Portugal oferece um futuro pouco risonho aos bioquímicos. É verdade que hoje o desemprego afeta todas as áreas, sem exceção. Mas, na sua opinião, o país deveria fazer mais por estes profissionais? O contexto económico atual também tem estado a afetar as áreas em que os bioquímicos exercem atividade. Contudo, dado que a competitividade e o progresso estão necessariamente associados ao desenvolvimento científico-tecnológico de bens, produtos e serviços, os meios empresariais, têm também cada vez mais, vindo a absorver profissionais bioquímicos para os seus quadros. Os esforços desenvolvidos pela ANBIOQ, e pelos bioquímicos em geral, têm sido bem-sucedidos na demonstração das qualidades e capacidades empreendedoras, de gestão e de exercício de funções técnicas superiores, bem

Uma perfeita harmonia entre a indústria e as universidades é vista como fundamental para o desenvolvimento de um país. Nos EUA, por exemplo, este bom relacionamento produz inovações que chegam a todo o Mundo. Em Portugal, acredita que estes passos estão a ser dados? O que falta fazer? Temos desde a nossa génese mantido uma relação preferencial com as instituições de ensino superior e de formação avançada, com quem colaboramos nas mais diversas atividades e ações. No que diz respeito à formação em Bioquímica, as instituições têm seguido de perto as áreas profissionais em que os bioquímicos exercem a sua atividade, de forma a colmatar eventuais falhas de formação e a preparar profissionais que melhor se enquadrem nos mercados nacionais e internacionais. Que desafios se levantam a estes especialistas de saúde em Portugal? Os desafios são inúmeros e a vários níveis. A ANBIOQ procurará continuar a desenvolver sistemas de integração, creditação e certificação de profissionais, que permitam promover a PI, a I&D a nível nacional e internacional.

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ESPECIAL laboratórios

Labco, líder no diagnóstico laboratorial na Europa, em destaque

“Temos de pensar num conceito de medicina laboratorial global” Com soluções que vão muito além das análises clínicas, a Labco, em que está integrada desde 2007 a nacional General Lab, é o grupo de diagnóstico laboratorial líder na Europa. A rede Labco conta, atualmente, com presença em sete países europeus, mais de 300 laboratórios e cerca de 4 500 colaboradores. Só em Portugal, são mais de 30 laboratórios de ambulatório e hospitalares em Unidades de Saúde Privadas. A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Laura Brum, Diretora-Geral da General Lab, para a qual os bons resultados que o Grupo tem conseguido manter a nível nacional, em contraciclo com o setor, devem-se à diversificação da atividade e ao aproveitamento das potencialidades de recursos humanos que considera superiores à média europeia.

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ar resposta às crescentes pressões competitivas do mundo empresarial globalizado é uma realidade cada vez mais veemente para os Laboratórios Privados de Análises Clínicas, que vêm a necessidade de melhorar os seus serviços e reduzir os custos operacionais. Na General Lab, essa resposta tem sido dada essencialmente pela via da diversificação de serviços, quer através de análises especializadas, quer através da parceria com diferentes unidades hospitalares. “Após o período de arranque da General Lab, que se caracterizou a nível hospitalar pela criação de novos laboratórios, primeiro em hospitais privados, como o Grupo Espirito Santo e o grupo HPP e posteriormente nas Parcerias Público Privadas, nomeadamente Cascais e Loures, investimos em novas formas de diferenciação, através do investimento em novas áreas, tais como a genética, a biologia molecular ou a anatomia patológica”, explica Laura Brum. A este nível destacam-se alguns testes que o laboratório tem ao dispor de que são exemplo: o teste pré-natal Harmony, uma análise não invasiva que deteta as trissomias fetais mais comuns a partir das dez semanas de gravidez, através do ADN fetal presente no sangue materno; o teste Melisa, que, com uma simples recolha de sangue, dá a conhecer quais os metais que, em contato com os diferentes tecidos do organismo, podem desencadear processos de hipersensibilidade em indivíduos com predisposição genética ou o teste BrainScreen que a partir de simples amostras de sangue e urina permite identificar quais os fatores que intervém na perturbação do comportamento, do humor e da função cognitiva, facilitando ao Médico a prescrição do tratamento a realizar, a partir de recomendações nutricionais personalizadas para o bom funcionamento cerebral neuronal.

O setor dos laboratórios abriu para o Mundo. Temos que manter a nossa proximidade no conceito de laboratório à porta e utilização de bairro mas, ir mais além, e pensar no laboratório como empresa que tem capacidade, hoje em dia, de dar uma resposta mais global

sar apenas no laboratório clássico, que usamos quando temos que fazer análises de rotina, temos de pensar num conceito de medicina laboratorial global, como um serviços global e com diferentes áreas e nichos de mercado para explorar”.

“Em contra corrente com setor”

“Já não podemos pensar apenas no laboratório clássico” Estar integrada num Grupo que coloca a investigação na linha da frente permite à Labco, trazer inovação ao setor, quer ao nível dos próprios testes e procedimentos, quer através da instalação de tecnologia de ponta. A dimensão do Grupo permite, assim, continuar a investir em programas corporativos de qualidade a fim de atingir os standards nacionais e internacionais mais elevados de certificação. No entanto, desengane-se quem pensa que a inovação é apenas importada

para Portugal. “Muito erradamente, em Portugal, fala-se que nos grupos que não são nacionais, todo o desenvolvimento e investigação em áreas especializadas são realizados fora do país. Isso não é verdade. A nível nacional, na Labco, têm sido feitos avultados investimentos na instalação de novas tecnologias – que são postas ao serviço dos nossos clientes e rede Labco a nível europeu. Para isso, temos a vantagem de ter uma mão de obra especializada na área laboratorial que, em Portugal, não é comparável a outros países”, garante a nossa entrevistada. Para Laura Brum, “já não podemos pen-

É essa exploração de nichos que permite à Labco manter-se “em contra corrente com setor. Foi muito importante para nós ter apostado em diferentes áreas e ter entrado num setor que está em desenvolvimento, que são os novos hospitais privados. Nos últimos anos abriram bastantes e a grande maioria vive ainda um período de algum crescimento, o que faz com que nós estejamos também em crescendo e não tenhamos sentido esta contração do mercado”. Para os laboratórios mais pequenos, a realidade é outra. Com o objetivo de diminuir os valores que o Serviço Nacional de Saúde pagava aos laboratórios privados pelas análises clínicas aos seus utentes, o preço pago aos mesmos foi reduzido nos últimos anos e a próprio número das análises requisitadas tem vindo a sofrer uma acentuada quebra, o que torna o laboratório de análises clínicas, quando reduzido aos moldes tradicionais, cada vez mais insustentável.


Pontos de Vista Maio 2013

“Vivemos um período de contração, com restrições que levaram a uma quebra na procura, principalmente na área ambulatória, uma diminuição da utilização dos serviços porque os médicos fazem menos pedidos, com menos quantidades de análises. A par disso, a redução de tarifas tem tido efeitos devastadores nos laboratórios de pequena e média dimensão, que apresentam muita dificuldade em sobreviver”.

“O setor dos laboratórios abriu para o mundo”

Ainda assim, Laura Brum acredita que épocas de crise são também boas fases para se repensar os sistemas e redefinir estratégias e, apesar das dificuldades que se abatem sobre o setor, esta é a altura de procurar novos mercados e

investir em todas as potencialidades e capacidades que existem nesta área em Portugal. “O setor dos laboratórios abriu para o Mundo. Temos que manter a nossa proximidade no conceito de laboratório à porta e utilização de bairro mas, ir mais além, e pensar no laboratório como empresa que tem capacidade, hoje em dia, de dar uma resposta mais global. Temos uma boa rede de laboratórios, com excelentes profissionais e capacidade de produzir para outros locais”,

“Foi muito importante para nós ter apostado em diferentes áreas e ter entrado num setor que está em desenvolvimento, que são os novos hospitais privados”

afirma. Trata-se de sair de uma zona de conforto que faz com que o setor laboratorial esteja a evoluir a um ritmo acelerado, com que os profissionais adquiram mais e melhores competências e com que a atividade se torne menos estanque e passiva. Para Laura Brum, por necessidade, abriram-se mentalidades nas pessoas da área, que deixaram de ficar sentadas à espera, numa dinâmica rotineira. “Deste facto, só podem sair melhores laboratórios”, afirma. A nossa entrevistada conclui, no entanto, esta conversa com um alerta, “a racionalização dos serviços tem que ser feita a todos os níveis. O privado tem sido obrigado a fazer grandes contenções mas no setor público há ainda muito a fazer”.

A Labco em números • Presença em 7 Países Europeus • Mais de 300 laboratórios • Cerca 4.500 colaboradores • Mais de 350 especialistas em Patologia Clínica ou Análises Clínicas • Cerca de 10 milhões de utentes por ano • Um catálogo de mais de 3.500 análises • 250.000 Análises realizadas diariamente • 60% dessa atividade a nível ambulatório e 40% a nível hospitalar

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A OPINIÃO DE...

ESPECIAL LABORATÓRIOS

ADMINISTRAÇÃO CALLMARQUES

CallMarques - Laboratório de calibração da Balanças Marques Liderando o mercado português há mais de 40 anos no fabrico e comercialização de Equipamentos de Pesagem, a Balanças Marques destacou-se, mais uma vez, por ser o primeiro fabricante nacional na área da pesagem, com laboratório acreditado para a prestação do serviço de calibração de balanças.

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Balanças Marques destaca-se também na área da Metrologia Industrial por ter o primeiro laboratório em Portugal com a maior capacidade técnica para fazer calibrações de instrumentos de pesagem. Com a acreditação IPAC N.º M0095, o laboratório CALLMARQUES da Balanças Marques presta serviços na área técnica da Massa (M17) de calibração de instrumentos de pesagem de funcionamento não automático com capacidade desde 1 miligrama até às 60 toneladas, cobrindo assim toda a gama de balanças que se podem encontrar a operar nos mais variados tipos de indústria: farmacêutica, alimentar, vestuário/ tinturarias, peles, construção civil, petrolífera, etc. A acreditação por parte do Instituto Português da Acreditação, além do sinal inequívoco de reconhecimento técnico e de chancela de qualidade por parte do laboratório CALLMARQUES, é igualmente prova evidente da capacidade de isenção da Balan44

ças Marques para prestar serviços de calibração numa área em que também é fabricante. Esta acreditação revela a sua capacidade de independência, tanto de métodos como de meios, o seu rigor e transparência, e a competência técnica indispensáveis para a metrologia. De uma vasta gama de reconhecimentos pelo trabalho desenvolvido nos últimos anos, com esta acreditação pelo IPAC do laboratório CALLMARQUES, a Balanças Marques encerra todo um ciclo de certificações e reconhecimentos que permite oferecer aos clientes desde a compra do instrumento de pesagem, a sua Verificação CE, o serviço

de manutenção e, agora, também a sua Calibração. Ao recorrer aos serviços do laboratório CALLMARQUES, acreditado para trabalhar nas instalações dos clientes, estes têm a garantia acrescida de beneficiar das enormes vantagens decorrentes, por um lado, de se tratar de um laboratório já com larga experiência na área da metrologia legal e, por outro lado, de ser um laboratório que possui toda a capacidade e competência técnica, “know-how” e dimensão de uma empresa como a Balanças Marques, com mais de 40 anos de atividade na área da pesagem.

A OPINIÃO DE...

ESPECIAL LABORATÓRIOS

João Cabral, Diretor do Centro de Investigação e Tecnologias Agro-Ambientais e Biológicas

Conheça o Laboratório de Ecologia Aplicada Inserido no Centro de Investigação e de Tecnologias Agro-Ambientais e Biológicas (CITAB), sedeado na UTAD, nos últimos dez anos, o LEA tem desenvolvido trabalho no domínio dos Estudos de Inventariação e Monitorização Ecológica, Acompanhamento Ambiental e Conservação de Recursos Faunísticos.

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Laboratório de Ecologia Aplicada (LEA) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) é uma equipa de investigação e prestação de serviços vocacionada para o desenvolvimento de estudos e metodologias nos domínios da inventariação, monitorização e conservação da biodiversidade, integridade dos ecossistemas e modelação ecológica. Esta equipa encontra-se integrada no Centro de Investigação e de Tecnologias Agro-Ambientais e Biológicas (CITAB) com sede na UTAD. Na vertente investigação científica, os investigadores do LEA têm desenvolvido a sua atividade no âmbito da avaliação da integridade ecológica de ecossistemas naturais, semi-naturais e agroecossistemas, bem como na conceção inovadora de ferramentas informáticas de previsão (modelos ecológicos e metodologias estocástico-dinâmicas) com aplicação na gestão e conservação da biodiversidade em geral e de espécies ameaçadas em particular. Dado o enquadramento vigente de constrangimentos financeiros no apoio à investigação, a

João Cabral

equipa tem-se destacado pelo sucesso da estratégia complementar de auto-financiamento da investigação que produz, nomeadamente como unidade de prestação de serviços da UTAD. Nesta perspetiva, a vertente prestação de serviços no domínio da monitorização ecológica conta com a logística e os recursos humanos, técnicos e mate-

riais necessários para monitorizar os principais biótopos terrestres nacionais, com especial destaque para o estudo das componentes Fauna (mamíferos incluindo morcegos, aves, répteis, anfíbios e macroinvertebrados) e Habitats. Nos últimos 10 anos o LEA tem desenvolvido trabalho na área dos Estudos de Inventariação e Monitorização Ecológica, Acompanhamento Ambiental e Conservação de Recursos Faunísticos, com cerca de 50 projetos executados e em curso ao abrigo dos processos de instalação de infraestruturas de exploração de energias renováveis (ex.: parques eólicos e barragens), representando mais de 1 milhão de euros adjudicados nos últimos 5 anos e envolvendo mais de 20 entidades/ empresas diferentes. Esta sinergia entre a investigação e a prestação de serviços tem gerado, para além de receitas próprias para a UTAD, bases de dados sobre a biodiversidade nacional, suportando um número significativo de publicações científicas nacionais e internacionais, designadamente via aplicação inovadora de modelos de previsão aos estudos sobre biodiversidade e qualidade ambiental, alguns dos quais patenteados.



AUTÁRQUICAS 2013

NUNO MOTA

“Eu sinto os problemas da minha Terra” Elogiado pelo Secretário-Geral do Partido Socialista, António José Seguro, como “um dos melhores da sua geração”, Nuno Moita, Candidato do PS à Câmara de Condeixa, esteve à conversa com a Revista Pontos de Vista. Um encontro em que deu a conhecer de que forma pretende ser um aliado dos condeixenses, num período de dificuldades acrescidas, colocando o acento tónico no Turismo, no apoio social e no fomento do empreendedorismo e investimento no concelho. O candidato está confiante na vitória de um partido que já assume a presidência da Câmara de Condeixa há 35 anos e que conseguiu fazer do concelho “um modelo a seguir”. Até porque, na ótica de Nuno Moita, “as pessoas têm memória, não esquecem o fantástico trabalho que o Partido Socialista tem feito ao longo dos anos”.

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pesar da conjuntura económica do país, o Município de Condeixa está, fruto do trabalho desenvolvido pelo Partido Socialista, de “boa saúde” financeira e pode ser mesmo considerado um “concelho modelo”. A dívida à banca e a fornecedores do Município tem vindo continuamente a descer e no final do ano passado era uma das mais baixas da Região Centro e inferior a 2011 em 14 pontos percentuais. Sublinhe-se que o mesmo não recorreu ao programa PAEL, de ajuda aos municípios com pagamentos em atraso, nem a qualquer tipo de programa de saneamento financeiro, o que evidencia o bom desempenho ao nível das finanças da atuação do executivo. Mais do que não ter a Autarquia endividada para além do mínimo razoável, importa salientar que o mesmo já realizou as obras estruturantes e fundamentais para o desenvolvimento do Concelho, ao mesmo tempo que reforçou a qualidade dos serviços prestados aos munícipes em áreas como a Educação, o Desporto, a Cultura e as próprias políticas de solidariedade social e gestão das infraestruturas. Confiante na reeleição do PS, Nuno Moita defende que interessa agora continuar o bom trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo atual autarca, Jorge Bento mas, numa dinâmica diferente que explica da seguinte forma: “mais do que o paradigma do empreiteiro, do passado, agora muito do investimento feito deixa de ser em alcatrão, em estradas, por assim dizer, e infraestruturas, para passar ser feito no apoio social, manutenção da qualidade de vida, captação do investimento e promoção de Condeixa”.

Promoção do Turismo

Esta promoção passa por um conjunto de medidas que visam dinamizar o setor turístico do concelho, como alavanca para o desenvolvimento económico do mesmo. O objetivo é claro: colocar Condeixa no mapa turístico nacional. O grande alicerce para conseguir atingir este fim são as ruínas de Conímbriga, que atrai anualmente cerca de 100 mil visitantes. De que forma? Nuno Moita explica, “aquilo que pretendo é captar investimento para Condeixa, a partir de Conímbriga. A Câmara tem que conseguir trazer estes turistas para dentro de Condeixa, fomentando o desenvolvi-

“Mais do que o paradigma do empreiteiro, do passado, agora muito do investimento feito deixa de ser em alcatrão, em estradas, por assim dizer, e infraestruturas, para passar ser feito no apoio social, manutenção da qualidade de vida, captação do investimento e promoção de Condeixa”

Nuno Moita

Participação Social Uma das estratégias do Partido Socialista em Condeixa passa por escutar quais as necessidades reais e ideias que os munícipes possam ter. Nesse âmbito, Nuno Moita quer dar continuidade à iniciativa criada pela atual gestão socialista e que diz respeito ao Orçamento Participativo Jovem. Para além disso, promete reforçar o contacto através de debates com os comerciantes e empresários e em áreas como a reabilitação urbana e o turismo. “Ninguém sabe tudo, nem faz nada sem ideias e há sempre coisas que podem ser potenciadas e nas quais não pensei”, afirma. Outra possibilidade de participação ativa já está ao dispor dos condeixenses através da página de Facebook do candidato (www.facebook.com/nunomoita2013) e do Fórum no Portal da Internet de Nuno Moita (http://www.nunomoita2013.com/forum.php).

mento do turismo e da economia da vila. Para isso contamos com vários fatores, um dele é o novo Museu Multimédia criado no centro de Condeixa, o projeto Poros, que se encontra em fase final de construção e que vai permitir uma maior ligação entre Conimbriga e a vila. Os turistas que visitam Conimbriga ficarão, desta forma, menos isolados e desamparados, resumindo a sua visita ao Museu Monográfico. Pelo contrário, têm um novo ponto de atração turística que os captará para o centro da vila”. E não só a este Museu Poros se resumirá a atração exercida. As restantes valências turísticas do concelho e das Terras de Sicó, de que são exemplo os palácios e solares, através daquela que designa como a Rota dos Palácios (isto porque Condeixa tem palácios belíssimos, com jardins imponentes, que, através da negociação com os privados detentores dos mesmos poderá resultar num projeto turístico com vantagens para ambas as partes); a realização de eventos como as Noites de Conímbriga, que deixaram de se realizar mas constituem um excelente fator de atração pelas condições únicas de Conimbriga para o desenvolvimento deste tipo de iniciativas ou a realização de um evento cultural de grande alcance mediático e com projeção nacional e internacional, o “Condeixa Vila Romana”, reproduzindo o estilo de vida e costumes da época romana, bem como o turismo de natureza, com ligação ao Paul de Arzila. Para que tudo isto seja realizável, constam do programa eleitoral do Partido Socialista outras ações que pretendem melhorar as condições de alojamento local, através do firmamento de protocolos com as unidades hoteleiras já existentes ou da criação de condições ao aparecimento de novos investimentos nesta área.


Pontos de Vista Maio 2013

“Temos que ser criativos e ligar os diferentes agentes financeiros de Condeixa neste desígnio. Na Vila, temos uma Pousada de Portugal, que exerce alguma atração sobre o turismo individual e atrai essencialmente casais de classe média/ alta. No entanto, para aumentar efetivamente o turismo em Condeixa, precisamos ter onde receber os grupos e isto terá de ser feito através de um novo hotel - com característica adequadas - ou de parcerias a estabelecer com hotéis de Coimbra. Nesse sentido, a Câmara terá que ser um ator descomplexado e ir ao encontro das unidades hoteleiras, numa perspetiva proativa, de tentar estabelecer essas parcerias”, afirma Nuno Moita.

Empreendedorismo, Inovação e Emprego

No que diz respeito ao tecido empresarial de Condeixa, Nuno Moita defende que, na atual conjuntura económica, “a câmara tem que ser parceira e mais importante do que crescer é manter. Para isso, estou disposto a discriminar positivamente as empresas que aqui estão instaladas e aquelas que se queiram instalar”, referindo ainda as ótimas condições de localização de Condeixa para aquelas que possam ter interesse em fixar-se no concelho. Desta forma, dentro dos constrangimentos financeiros existentes, o objetivo do PS para Condeixa é, através da criação de um conjunto de medidas que procurem contrariar as políticas de empobrecimento acelerado a que o atual Governo tem votado o país, impulsionar a atividade empresarial de Condeixa, garantindo aos empresários condições favoráveis à sustentabilidade e crescimento das empresas locais e criando condições ao aparecimento de novos empreendedores, que dinamizem o tecido empresarial e gerem novos postos de emprego. Com este intuito, uma das medidas que Nuno Moita avança diz respeito à criação de um pelouro específico para o “Empreendedorismo, Inovação e Emprego” na Câmara de Condeixa.

Compromisso social

Decorre ainda o mês de maio e Nuno Moita já visitou todas as instituições do concelho. Numa altura em que o envelhecimento da população é uma realidade, bem como a degradação das condições de vida e o aumento do desemprego, uma das bases da candidatura socialista passa pelo reforço das parcerias entre a Câmara Municipal e as Instituições de solidariedade. Para Nuno Moita, “há coisas muito simples que não exigem grande dispêndio financeiro da Câmara e essas já estão prometidas, como é exemplo a criação de um gabinete específico de apoio logístico e administrativo às associações. Atualmente, nenhuma associação que se dirija à Câmara sai de lá sem uma resposta

mas, esta é dada por diferentes pessoas, não há nenhum departamento específico que complemente o apoio financeiro que já existe, e eu quero que passe a haver”. Nuno Moita compromete-se a ser um provedor daqueles que mais têm sido afetados pela austeridade e não poupa elogios aos dirigentes associativos de Condeixa, maioritariamente jovens e com uma força de vontade e um empenho nestas questões cívicas que merece ser recompensado e acarinhado pela Câmara Municipal.

Lado a lado com os conterrâneos

Confiante na vitória, Nuno Moita refere que a vontade de se candidatar já é antiga e que a razão que mais o fez ponderar foi o facto de ter a sua vida profissional e pessoal estabelecida em Lisboa. O candidato, com formação na área da economia, iniciou a sua vida profissional no Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) e é atualmente Auditor Interno nas Estradas de Portugal, S.A. Entre dezembro de 2009 e novembro de 2012, foi Administrador do Instituto de Gestão Financeira e Infraestruturas da Justiça, sendo também autor do livro “Gestão de Desempenho Organizacional”. No entanto, ainda que a viver em Lisboa, Nuno Moita nunca deixou a sua terra natal, mantendo sempre uma relação muito próxima com Condeixa. Essa é, para o candidato, uma das razões que mais o destaca face ao seu adversário. “Eu sinto os problemas da minha Terra. Estou em Lisboa há dez anos e nunca, em momento algum, esqueci Condeixa e os problemas dos meus conterrâneos. O meu adversário, não sendo condeixense, não os sente da mesma forma. Em todo o caso, respeito-o e sei que ele também reconhece que, graças ao trabalho do PS, Condeixa é um concelho modelo, que cresceu muitos nos últimos 15 anos em termos de qualidade de vida”, afirma. Nuno Moita conclui esta conversa com a promessa de que fará por Condeixa aquilo que estiver ao seu alcance e que não o ouvirão prometer o impossível. “Quero criar um programa que seja realista para Condeixa. Ninguém me ouve prometer coisas que tenho dúvidas que consiga fazer ou que não sejam viáveis do ponto de vista financeiro. Estou muito empenhado em manter aquilo que temos e muito ciente das dificuldades que as empresas, comerciantes e conterrâneos, em geral, estão a viver e isso deixa-me com alguma angústia. No entanto, sou uma pessoa muito persistente, ambiciosa e com vontade. “ Neste tempos de incerteza económica e social, uma coisa vos garanto nunca deixarei de lutar pela minha terra e pelos Condeixenses, podem contar comigo. Eu estarei próximo, diz.

Ideias chave

As páginas são de facto exíguas para que pudéssemos retratar em palavras todos os desideratos e desejos de Nuno Moita, Candidato do PS à Câmara de Condeixa, para o futuro do município. Desta forma, deixamos ao leitor cinco ideias chave do que pretende o candidato para o futuro de Condeixa.

“Reforçar a imagem de Conímbriga, e por consequência do Concelho e da Região, como polo Turístico-Cultural de excelência a nível nacional e internacional., sem esquecer a integração com as restantes valências turísticas do concelho e das Terras de Sicó de que são exemplo, os palácios e solares, o paul de arzila, as buracas do Casmilo, o roteiro dos caminhos de santiago-Zambujal”

“Enquanto Presidente de Câmara Municipal tudo farei para garantir a sustentabilidade e o reforço de atividade das Associações e de outras coletividades culturais e recreativas, bem como deixo firmemente expresso a garantia de um apoio dedicado e direcionada a estas Instituições através da criação de uma de estrutura de apoio administrativo e logístico, no seio da Câmara Municipal.

A captação de investimento para o Concelho como uma das chaves do desenvolvimento: manter, melhorar e reforçar as condições existentes no parque industrial de Condeixa e considerando que a Câmara deverá posicionar-se, como aliás o atual executivo municipal do Partido Socialista o têm feito, como Parceiro Estratégico das empresas instaladas no Concelho.

“Numa altura em que o governo tem vindo sucessivamente a cortar nas valências sociais, culturais e desportivas do Estado, é essencial continuar a apoiar estas instituições, quer ao nível de resposta cultural, desportiva e recreativa, quer ao nível de resposta social”. Neste tempos de incerteza económica e social, uma coisa vos garanto nunca deixarei de lutar pela minha terra e pelos Condeixenses, podem contar comigo. Eu estarei próximo.

“Enquanto Presidente de Câmara tudo farei, para reforçar a parceria estratégica com as empresas sediadas no Concelho, criando condições, dentro dos instrumentos legais e financeiros controlados pela Câmara Municipal, nomeadamente ao nível das taxas, para minorar os efeitos da crise Económico-Financeira agravada pelas políticas deste Governo PSD/ CDS, assente numa estratégia de empobrecimento acelerado do País e que tem como principal consequência, uma quebra acelerada do consumo (procura) e um aumento do desemprego, que já atingiu os 942.000 desempregados. Aliás o aumento do Desemprego é a verdadeira marca deste governo”

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AUTÁRQUICAS 2013

Paulo Fonseca, Presidente da Câmara Municipal de Ourém em grande plano

“Sou uma pessoa sensível que se emociona com o quotidiano de Ourém” “Ourém significa tudo”. Começamos pelo fim, pela frase que colmatou a conversa que a Revista Pontos de Vista teve com Paulo Fonseca, atual Presidente da Câmara Municipal de Ourém e recandidato a um segundo mandato. Nasceu, viveu e cresceu neste concelho e é, hoje, a voz das angústias diárias dos seus habitantes. O eco destas preocupações inquieta o responsável e são muitos os momentos em que, perante as medidas do executivo liderado por Pedro Passos Coelho, se sente “de mãos e pés atados”. Mas a luta nunca esmoreceu e, quer seja pelo encerramento de estações de correios ou por uma cobertura mais digna ao nível de saneamento básico, Paulo Fonseca nunca cruza os braços.

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Paulo Fonseca

consagração da equipa do Clube Atlético Ouriense como campeã nacional em futebol 11 acionou, mais uma vez, o botão das emoções. Paulo Fonseca, Presidente da Câmara Municipal de Ourém, assumiu, sem qualquer pudor: “sou uma pessoa sensível que se emociona com o quotidiano de Ourém”, a cidade que o viu nascer e que esteve ao seu lado enquanto desenvolvia a personalidade que o levou, mais tarde, a assumir os destinos deste concelho. Hoje, é Paulo Fonseca que está ao lado de Ourém, liderando os destinos da região, uma função que, para o autarca, “dava para escrever um livro”. São muitas as páginas, demasiados enredos e palavras que ainda gostaria de escrever. Mas, Paulo Fonseca abriu o seu livro, deixando antever algumas das prioridades para os próximos anos, caso continue a merecer a confiança dos oureenses. É com responsabilidade que Paulo Fonseca descreve o que é ser presidente de uma autarquia num período económico conturbado. “Essa responsabilidade aumenta no tempo difícil que vivemos. Não há dia em que não surja uma surpresa negativa”, atirou. Neste contexto, a ânsia dos cidadãos é entregue nos ombros de quem os está a representar. “O Presidente da Câmara é, por isso, o porta-voz das suas preocupações, a pessoa que protesta e tenta parar alguns dos ímpetos liberais que têm surgido na sociedade portuguesa”, descreveu Paulo Fonseca. No terreno, são muitas as questões que inquietam a população e, por seu turno, o seu representante. Aquando da chegada da Revista Pontos de Vista aos Paços do Concelho, Paulo Fonseca tomava conhecimento de mais um movimento do atual executivo que apelidou de “absurdo”. Para fazerem quaisquer tratamentos de fisioterapia, as pessoas têm, a partir de agora, de se deslocar a um centro hospitalar. Tudo certo, não fosse o hospital de residência da população de Ourém situar-se em Abrantes, a sensivelmente 70 quilómetros de distância. “Temos um hospital a 20 quilómetros em Leiria e tínhamos outros dois em Tomar e Torres Novas que, como resultado desta orientação cega de cortar


Pontos de Vista Maio 2013

a direito, hoje são pouco mais do que um edifício e, de facto, os serviços médicos existem em Abrantes”, explicou o responsável. Para muitas pessoas, com pensões de reforma, por vezes, verdadeiramente irrisórias, torna-se quase impossível suportar estas deslocações. Paulo Fonseca defende a condenação de casos de abuso e injustiça, tanto no setor médico como em tantos outros. Todavia, “não se pode proibir a circulação automóvel só porque alguém foi apanhado a conduzir sem carta”, exemplificou. É nestes momentos que o Presidente da Câmara é bem mais do que o que a legislação impõe. “É quase um psicólogo que dá o ombro e inventa soluções que vão muito além desta função”, rematou. Diariamente, importa ainda combater o sentimento de frustração que resulta de algum sentido de impotência. “Estamos dependentes de decisões absolutamente inopinadas que saem de Lisboa para ditar a vida dos cidadãos sem pensar nas consequências e gerar dificuldades acrescidas”, defendeu. No fundo, é uma permanente sensação de “pés e mãos atadas” que se tenta suavizar diariamente.

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Plano de Recuperação Financeira

Qualidade de vida, pujança empresarial, excelência social e internacionalização. Estes eram os quatro pontos primordiais do programa eleitoral de Paulo Fonseca. Mas, entrando no município o cenário encontrado exigiu outras respostas. Como tal, foi acrescentado um quinto tópico: recuperação financeira. “A situação era, e em certa medida ainda é, dramática. Era necessário corrigir essa orientação de forma a equilibrar as contas”, explicou. E os resultados saltam à vista. “Hoje, as faturas de janeiro de 2013 estão liquidadas. A Lei das Finanças Locais define um limite de Dados sobre Ourém Número de freguesias: 18 Fundação do Município (Foral): 1180 Feriado Municipal: 20 de junho Paços do Concelho: Inaugurado em junho de 2009

endividamento e nós temos uma folga superior a cinco milhões de euros desse limite”, disse o edil. Por outras palavras e no terreno, “se quiséssemos ir agora à banca fazer um empréstimo para um investimento, podíamos porque estamos no caminho da estabilidade financeira”, defendeu. Quando, no programa eleitoral, eram focadas energias para tornar a pujança empresarial uma realidade em Ourém, no fundo, pretendia-se criar condições para que as empresas cresçam, em aspetos que vão além da questão financeira, através, por exemplo, de uma remodelação do sistema de licenciamentos para que este funcione de forma mais célere. “Se criarmos mecanismos de simplificação e desburocratizarmos o máximo possível o sistema, naturalmente que os licenciamentos, sendo mais breves, são objetivamente concretizados e operam na sua função que é a de criar emprego e gerar riqueza”, afirmou Paulo Fonseca.

Temos que estimular um bom produto sol e mar mas com outros complementos interessantes, por exemplo, o surf que está a ser muito bem desenvolvido em Peniche”, defendeu. Portugal, enquanto país multifacetado com profundas raízes de natureza histórica, cultural e até religiosa, tem elementos que podem assumir-se como a alavanca necessária. “Portugal tem que se desenvolver enquanto local de paz, serenidade, tranquilidade, no fundo, um local de oferta multifacetada


AUTÁRQUICAS 2013

Se criarmos mecanismos de simplificação e desburocratizarmos o máximo possível o sistema, naturalmente que os licenciamentos, sendo mais breves, são objetivamente concretizados e operam na sua função que é a de criar emprego e gerar riqueza

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Por outro lado, para o autarca, era importante que os empresários se sentissem escudados no desempenho das suas atividades. Como tal, foi criado um ninho de empresas que, hoje, está lotado, com entidades em lista de espera. Em termos práticos, “um jovem tem uma ideia mas não tem dinheiro para desenvolvê-la. A autarquia coloca à sua disposição um espaço onde ele está, no primeiro ano, de forma gratuita; no segundo ano, paga as despesas do espaço e, no terceiro, paga uma renda, ainda que simbólica”, explicou. Terminado esse período, acontece um de dois cenários possíveis: ou a ideia vingou e o empresário tem condições autónomas para levar o seu negócio para outro espaço, ou a ideia não vingou e ele tem a obrigação de ceder o lugar a outro. Este ninho de empresas foi criado em parceria com a associação empresarial Ourém-Fátima, a ACISO, e com ele nasceu também um gabinete de apoio ao empresário, o GAPAE (Gabinete de Apoio e Promoção da Atividade Empresarial).

Sustentabilidade do Turismo Religioso em Portugal

Fátima sempre foi um destino de culto. Quer por curiosidade ou por fortes motivações religiosas, são muitas as pessoas que, vindas de todo o Mundo, rumam O concelho estabeleceu parcerias com as seguintes entidades: - Altötting (Alemanha), acordo assinado em 2009 em Fátima; - Czestochowa (Polónia), assinado em 1997 em Fátima; - Plessis-Trévise (França), assinado em 1992 em Ourém; - Monapo (Moçambique), este município é geminado com Ourém desde 2001; - São Filipe (Cabo Verde), este município é geminado com Ourém desde 1999; - Pitesti (Roménia), acordo assinado em 2011, em Ourém.

ao santuário, fazendo mexer a economia local e nacional. Hoje, segundo dados da Confederação do Turismo Português, o turismo religioso é responsável por cerca de 10 por cento da procura turística em Portugal e rende 700 milhões de euros anuais. Como prova da inequívoca importância desta vertente nas contas do país, foi recentemente aprovada a inclusão do turismo religioso no novo PENT – Plano Estratégico Nacional de Turismo, após vários anos de luta para que tal sucedesse. Grande parte das receitas são geradas em Fátima e, como tal, o novo PENT eleva a região ao estatuto de produto estratégico. Para Paulo Fonseca, “o país está, finalmente, a perceber que pode ganhar muito se der ênfase à promoção do turismo religioso”. Mas muito ainda há para fazer. Segundo o autarca, não se tem feito o suficiente para estimular esta vertente turística. “Nos países desenvolvidos, a descentralização é um facto, promovendo centralidades novas em cidades do interior que têm oportunidade de vingar e gerar evolução social, cultural e económica. O país tem caminhado no sentido inverso, centralizando, cada vez mais, em Lisboa”, explicou. Reavivando uma célebre citação popular, Paulo Fonseca acrescentou: “Portugal é Lisboa, o resto é paisagem”. Em matéria de turismo, o presidente acredita que devem ser criados outros focos de desenvolvimento que vão mais além do típico produto sol e mar. “Temos que estimular um bom produto sol e mar mas com outros complementos interessantes, por exemplo, o surf que está a ser muito bem desenvolvido em Peniche”, defendeu. Portugal, enquanto país multifacetado com profundas raízes de natureza histórica, cultural e até religiosa, tem elementos que podem assumir-se como a alavanca necessária. “Portugal tem que se desenvolver enquanto local de paz, serenidade, tranquilidade, no fundo, um local de oferta multifacetada”, resumiu.

“Chegou o tempo de perceber que não existem fronteiras”

O Município de Ourém tem a preocupação de manter ligações internacionais, através de acordos de cooperação com entidades externas. Esta internacionalização permite que Fátima chegue além fronteiras e capte a atenção de turistas estrangeiros. Beneficiando da ligação

que tem com Lourdes (cidade francesa onde se localiza um dos maiores centros de peregrinação do mundo católico), Paulo Fonseca está em conversações com o Presidente da Câmara Municipal de Lourdes, Jean-Pierre Artiganave. O objetivo é desenvolver um projeto de promoção nos EUA. “Queremos criar um roteiro de viagem. Ourém e Lourdes vão aos EUA fazer uma operação conjunta: venham visitar-nos! A ideia é visitar os dois locais que podem ser complementados com outros”, explicou. Esta é mais uma prova de que não existem fronteiras e que o cidadão está onde quiser estar, num curto espaço de tempo.

Eleições Autárquicas 2013

Foi no passado dia 24 de abril que Paulo Fonseca juntou cerca de 1200 pessoas num jantar onde apresentou a sua recandidatura à Câmara Municipal de Ourém. O atual presidente quer unir os oureenses em torno de uma convicção

que adotou como lema de campanha: confiança. “Vivemos tão desconfigurados da realidade que temos tendência a desistir. Este pessimismo que se instalou deve ser combatido numa dupla estratégia: de resistência ao tsunami que nos caiu em cima e, ao mesmo tempo, numa estratégia de consolidação daquilo que queremos ser depois de passar este tsunami”, explicou. Por um lado, é necessário criar condições para que os cidadãos possam sobreviver, dando sentido ao lema que hoje tanto se ouve: é nas dificuldades que surgem oportunidades. Para o edil, a crise atual resulta, entre muitos outros fatores, de um profundo problema estrutural, que também atinge Ourém. As grandes prioridades de um novo mandato passam por corrigir algumas dessas falhas. Por exemplo, ao nível do Plano Diretor Municipal que considera “o grande travão de desenvolvimento” e ao nível da cobertura de saneamento básico. “Apesar de a lei

Vivemos tão desconfigurados da realidade que temos tendência a desistir. Este pessimismo que se instalou deve ser combatido numa dupla estratégia: de resistência ao tsunami que nos caiu em cima e, ao mesmo tempo, numa estratégia de consolidação daquilo que queremos ser depois de passar este tsunami

Pura aritmética “A Polónia tem 42 milhões de habitantes e a esmagadora maioria é católica com uma profunda devoção. Com a entrada na União Europeia, a população passou a ter condições financeiras que lhe permite viajar. Vamos organizar um programa de promoção na Polónia e gastamos cerca de 500 mil euros. Supomos que, em 10 anos, conseguimos trazer cá dois por cento dos polacos, que são 840 mil pessoas. Podemos defender que elas gastariam, numa semana em Portugal, 100 euros, mas gastam sempre mais. Por isso, vamos supor que gastam 500 euros, com todas as despesas. Dá 420 milhões de euros. Isto é aritmética pura e dura” – Paulo Fonseca


Pontos de Vista Maio 2013

“Fátima sempre foi um destino de culto. Quer por curiosidade ou por fortes motivações religiosas, são muitas as pessoas que, vindas de todo o Mundo, rumam ao santuário, fazendo mexer a economia local e nacional. Hoje, segundo dados da Confederação do Turismo Português, o turismo religioso é responsável por cerca de 10 por cento da procura turística em Portugal e rende 700 milhões de euros anuais”

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impor 90 por cento de cobertura em todo o país, em Ourém, apenas está concluído 46 por cento, ou seja, menos de metade dos cidadãos tem saneamento básico”, explicou. Para tal, importa não baixar os braços e colmatar esta falha. Graças a um concurso internacional de 48 milhões de euros, este índice será melhorado gradualmente, dando prioridade, numa primeira fase, às sedes de freguesia e às localidades com mais de 200 habitantes. “Com esta operação, no próximo mandato, teremos o concelho completamente desventrado mas é fundamental para deixar o concelho no patamar de desenvolvimento minimamente aceitável a todos os níveis”, rematou o responsável. Prognósticos só no final do jogo. Paulo Fonseca, mantem a confiança que defende na sua campanha eleitoral, mas a escolha é de cada um: “deixo a decisão nas mãos dos cidadãos”, concluiu. Curiosidade… Até ao século XII, o nome original do concelho era Abdega. Mas, com a expulsão dos Mouros por Dom Afonso Henriques, em 1136, o nome foi alterado para Auren (designação do castelo) e só depois passou ao que conhecemos hoje: Ourém.


Educação e Formação

José Miguel Lello, Secretário-Geral Nacional da Juventude Popular, afirma

“A Juventude Popular esteve, está e estará a ‘Cumprir Portugal’” “As juventudes partidárias não são centros de carreirismos políticos, mas sim grandes polos de formação, diversidade, versatilidade, energia, dinamismo e irreverência”. A opinião é de José Miguel Lello, atual Secretário-Geral Nacional da Juventude Popular, uma juventude partidária que, ao longo dos tempos, tem adotado uma “conduta de combate ao poder instalado, à corrupção, ao enriquecimento ilícito e à inércia”. Desde que começou este mandato, a JP recebeu cerca de seis mil novos militantes, o que, para José Miguel Lello, é mais do que uma prova dada do esforço desta equipa.

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Como reage às correntes que fervorosamente incriminam as juventudes partidárias de serem lobbys de e ao poder? A Juventude Popular foi crescendo ao longo dos anos, seguindo o caminho que nos foi legado por Adelino Amaro da Costa. A sua maior herança consistiu na transmissão do maior sentimento patriótico à Juventude Centrista, hoje a JP eleva os seus valores, continuando com uma conduta de combate ao poder instalado, à corrupção, ao enriquecimento ilícito e à inércia. Assim a uma só voz, pelos de caminhos de Portugal, junto dos jovens portugueses gritamos a uma só voz “ A juventude não é instalada!”. Acredito que as juventudes partidárias não são centros de carreirismos políticos, mas sim grandes polos de formação, diversidade, versatilidade, energia, dinamismo e irreverência. A responsabilidade daquilo que acontece de positivo e negativo nas juventudes partidárias, não pode ser acusação e culpa unilateral. Os partidos-mãe têm obrigatoriamente que incitar e patrocinar a formação, a retidão, a equidade e o sentido de Estado, a todos os dirigentes e militantes das suas estruturas juvenis. Desta forma estar-se-á a promover da melhor forma os futuros decisores de Portugal e da Europa. Só assim, poderemos garantir um futuro sem facturas desmesuradas e sem hipotecas para com as gerações vindouras. Deixo um repto àqueles que criticam as juventudes partidárias… O que fizeram enquanto jovens? Qual o seu contributo para um país melhor? São defensores de que os jovens não devem ter formação cívica, política e social? Acreditam que estes devem ser alheios ao sentimento e ao esforço de um país melhor? A esses eu afirmo categoricamente que a Juventude Popular esteve, está e estará a ‘Cumprir Portugal’.

Existindo um grande descontentamento social face à política, enquanto Secretário-Geral Nacional, como é que os jovens populares irão reagir nas eleições autárquicas que se avizinham? Desde que iniciei o meu mandato, há menos de dois anos, a JP teve um crescimento de sensivelmente de seis mil militantes. Isto é um facto bastante representativo de como os jovens estão preocupados e prontos a assumir o seu papel, na vanguarda das decisões de cada concelho de Portugal. De norte a sul, assisto diariamente a

José Miguel Lello uma vontade juvenil de trabalhar, de implementar a mudança, norteando o rumo de cada freguesia e de cada Câmara sobre os pilares e ideais do CDS-PP. Defendemos e fomentamos estruturas de índole autárquica economicamente sustentáveis e que desenvolvam políticas que potenciem a utilização dos seus recursos endógenos. Mensalmente são empossados novos órgãos concelhios constituídos por jovens populares que acreditam que este é o momento para alterar a forma de estar na política em Portugal. Daí que tenha confiança, que apesar de todo o descontentamento instalado, a JP com todos os seus militantes encontra-se preparada para ser a grande aliada do CDS-PP nas eleições que se avizinham. Portugal e o CDS, hoje mais do que nunca, precisam de nós.

Segundo um estudo divulgado em Bruxelas, pela Comissão Europeia, Portugal está entre os países que mais cortam no orçamento da educação. Na sua opinião, quais as consequências que acarreta para o sistema educativo nacional? Julgo que ao abordarmos estudos divulgados pela Comissão Europeia, é fulcral ter em conta que estes acarretam consigo uma base comparativa bastante profícua, sendo assim de extrema importância realçarmos factos que tornem a questão menos leviana e, mais refletida. Ou seja, Portugal bem como, a Grécia, a Itália, a Hungria e a Lituânia efetuaram cortes de 5% no orçamento da educação. Enquanto por outro lado nesse estudo, também é referido que somente a Áustria,

a Dinamarca, o Luxemburgo, a Suécia, Malta e a Bélgica aumentaram em 1% o orçamento no sector da educação num âmbito de 25 países europeus estudados. Com estes dados empíricos explanados, é de fácil constatação que os países que aumentaram o orçamento possuem um PIB per capita três vezes superior, comparativamente aos países que diminuíram o capital disponível para a educação, onde se encontra Portugal. Não poderá cair nunca no esquecimento que estas Nações estão a passar um período conturbado a nível económico e social, dentro de uma conjuntura europeia que não favorece o incremento do investimento na educação, pois ‘outro valor mais alto se alevanta’, como o sector económico e financeiro. Por isso é essencial sermos prudentes e cautelosos, sem nunca descurarmos o olhar crítico construtivo que os jovens devem ter sobre questões que tanto influenciam o seu quotidiano. Assim é necessário aproveitar os tempos difíceis para se realizarem mudanças estruturais de otimização de recursos, ou seja, no meu entendimento estes cortes deviam ser acompanhados de uma nova forma de financiamento e gestão, como por exemplo o cheque de ensino que, já é utilizado em alguns países europeus, nos quais se tem verificado um grande êxito, não só a nível ministerial como também junto dos agregados familiares. Respondendo mais concretamente à sua pergunta, as consequências que diretamente afectam a comunidade escolar prendem-se essencialmente com quatro pontos estruturantes no dia a dia das escolas, isto é, a implementação da medida dos ‘mega-agrupamentos’, a diminuição do número de professores contratados, o aumento de número de alunos por turma e a redução do capital disponível para o apoio aos alunos. Em primeiro lugar, com a efetivação dos ‘mega-agrupamentos’ assistimos a fusões de onde surgem novas unidades orgânicas com uma dimensão desajustada e irrefletida, que se traduz num menor acompanhamento do projeto educativo de cada escola, bem como, uma maior morosidade no que respeita todo o processo burocrático excessivo que está por trás de cada sistema educativo. Por outro lado, de forma positiva assistimos a uma racionalização de recursos humanos que tornou possível realizar uma poupança evidente e necessária no sector, sendo contudo


Pontos de Vista Maio 2013

fundamental lançar o alerta no sentido de que o ensino e a qualidade pedagógica não pode diminuir nem ficar condicionado e, esta medida não pode atentar contra a liberdade de escolha dos encarregados de educação. A minha preocupação, quando abordo a diminuição do número de professores contratados, está claramente correlacionado com o aumento de alunos por turma, que tem que ver com o facto de poder resultar num menor aproveitamento por parte dos alunos, estando assim a ser inviabilizada a qualidade de ensino, o método de explanação e explicitação dos conteúdos curriculares, bem como o acompanhamento do professor face à aprendizagem do aluno. O capital disponível nas escolas para apoiar os alunos é cada vez mais limitado, devido aos cortes orçamentais que necessitam de ser implementados para que possa ser possível respeitar e atingir as metas de défice que nos são impostas pelos nossos credores, o que poderá ter como reflexo um menor auxílio na alimentação e no material pedagógico e educativo, especialmente para as crianças e jovens mais carenciados e, uma restrição no patrocínio de projetos e atividades extra-curriculares que são tão relevantes no plano educativo para que a competitividade, dinamismo, desenvolvimento individual e a versatilidade esteja a par do que atualmente se impõe na europa e no mundo. Aquilo que na minha opinião devia estar a ser analisado é a sustentabilidade financeira de manutenção de toda a obra concluída da Parque Escolar, tendo em conta os milhões de milhões que foram e continuam a ser gastos na requalificação de escolas e infraestruturas por todo o país, que num futuro próximo ocuparão grande parte do orçamento disponível. Posto isto, creio ser vital uma profunda consciencialização dos decisores políticos de que a formação das gerações vindouras, em todas as suas valências, é de extraordinária importância para o futuro de Portugal, em termos económicos e sociais. Assim, torna-se imperativo o desenvolvimento de um orçamento educacional com viabilidade futura como pedra basilar no apoio às gerações futuras na reafirmação de Portugal no Mundo. Enquanto dirigente de uma juventude partidária, como se revê nas últimas declarações de Nuno Crato à Rádio Renascença, a propósito da maior autonomia das escolas e da redução do peso centralizador do Ministério da Educação? Enquanto grande defensor do “cheque ensino”, fiquei bastante satisfeito quando tomei conhecimento das declarações do Ministro Nuno Crato, relativas à autonomia que pretende incutir de forma progressiva nas escolas, e da redução do peso centralizador do Ministério da Educação, facultando assim mais liberdade aos professores e aos diretores das escolas. Aquilo que ideologicamente a Juventude Popular perfilha no setor da

educação, divide-se em dois polos que coexistem num mesmo objetivo, ou seja, a liberdade de ensino e a meritocracia, que se unem para atingir uma educação mais rigorosa, mais consistente, mais qualificada, mais apta para os constantes desafios que hoje se embarrilam no futuro dos jovens portugueses. Na minha conceção, a implantação do “cheque ensino” traria consigo reais vantagens a nível orçamental, pois as escolas teriam uma verdadeira autonomia financeira, existindo uma adequação de custos às necessidades de cada âmbito escolar local, bem como a redução do peso centralizador da rede escolar, já que retiraria competências a instituições regionais hoje existentes. Por outro lado, quer os estudantes como os agregados familiares poderiam escolher de forma adequada quais os modelos de ensino e os planos curriculares que mais se ajustam ao percurso escolar dos educandos. Contudo, apesar de defender a diversidade de planos curriculares de escola para escola, acredito que em todos os cursos até ao término do ensino secundário, devam existir três disciplinas basilares e obrigatórias, permitindo obter um padrão nacional de conhecimento e formação, isto é, Português, Matemática e História, bem como uma aposta cada vez mais diversificada de línguas estrangeiras. Este plano deveria ser acompanhado de todo um processo de avaliação que premiaria sempre o mérito, o empenho, a dedicação e o conhecimento. A ação ministerial passaria por estabelecer diretrizes claras e objetivos fixos às escolas e aos alunos, passando o Ministério a atuar como fiscalizador e avaliador permanente e sem aviso prévio de toda a conduta da rede escolar. Acredito com a maior das minhas convicções que com a implementação deste rumo conseguiríamos estar na vanguarda do ensino europeu. Muitos defendem o ensino profissional como uma aposta de futuro. Concorda com uma maior credibilização no sistema educativo nacional? Concordo. Pessoalmente, vejo com muito bons olhos uma crescente aposta no ensino profissional. Mais, julgo que o período económico que estamos a atravessar é absolutamente propício a esta implementação. A maior das vantagens deste sistema educacional é a sua grande componente prática, que deve ser interligada com uma forte cooperação com as forças vivas da cidade nas quais se encontra instalado, permitindo desta forma direcionar o ensino para as reais necessidade do mercado de trabalho. Na minha opinião, dever-se-ia promover uma campanha nacional, que explanasse as vantagens de um curso profissional para o ingresso no ensino superior e no mercado de trabalho, para que desta forma houvesse uma credibilização deste modelo de ensino, que tanto êxito a nível económico e social tem nos países ocidentais. Assim averiguaríamos que o mercado de trabalho se tornaria mais equitativo,

mais competitivo, mais dinâmico e mais ajustado à procura existente, pois haveria uma oferta de mão de obra mais competente e mais qualificada para competir a nível europeu e global, de onde resultariam salários mais elevados. O ensino profissional devia ser dirigido para os sectores que mais predominam nos recursos naturais e endógenos de Portugal, ou seja, o turismo, a agricultura, o mar e pescas, as energias renováveis, o sector dos têxteis, móveis e calçado. Neste momento, possuímos um enorme défice de mão de obra qualificada em todo um conjunto de sectores desvalorizados e, muitas vezes, mal visto pela sociedade, mas essenciais e estruturantes no quotidiano. Desta forma, torna-se essencial a máxima captação dos fundos europeus disponibilizados para o inves-

irão nascer. Para tal, penso que este assunto deveria ser tratado de forma cirúrgica e definitiva. É inadiável um debate com todas as instituições com responsabilidades políticas, económicas e sociais, para se repensar o volume e as prioridades do Estado. A JP está pronta para participar nesta discussão, com o intuito de não permitir que se continue a aumentar a factura das gerações vindouras. Ao longo de 39 anos fomos bombardeados com promessas falaciosas, que ainda hoje estão à espera de serem cumpridas, esta é a hora de não vacilarmos e de colocarmos as nossas prioridades em prática. Termino pedindo-lhe uma mensagem dirigida aos jovens portugueses… Ressuscitando as intemporais palavras de Fernando Pessoa reafirmo, «(…) Quem

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“Devemos todos apostar na formação, no empreendedorismo, na criação do próprio emprego, na inovação, no brio profissional e na utilização daquilo que só Portugal tem, o Mar, a Terra, o Clima e sobretudo a vontade de ser Português” timento no ensino profissional, de modo a não corrermos o risco destes serem revertidos para os países resultantes do alargamento europeu ou, mal investidos pelos políticos portugueses. Estes recursos terão obrigatoriamente que ser aplicados de forma sustentada e com enorme sentido patriótico.

Num período em que o País atravessa uma profunda crise político-económica, estando a ser agravada por uma crise de valores, vê a reforma do Estado como uma solução prioritária? E quanto à sua viabilidade? A reforma do Estado é para mim uma área que necessita de uma intervenção urgente. Contudo só poderá ser analisada e ponderada, de forma séria e consciente, pois daí advirão consequências irreversíveis e, que para sempre mudarão a forma de atuação do Estado Português. Teremos de abandonar o Estado assistencialista e tentacular, para implementarmos um que seja sustentável, equilibrado e que corresponda às reais necessidades da sociedade hoje e no futuro. Não poderemos permitir que se continue a premiar políticas que hipotequem o futuro daqueles que ainda

é que ousou entrar / Nas minhas cavernas que não desvendo, / Meus tectos negros do fim do mundo? / E o homem do leme disse, tremendo, / El-Rei D. João Segundo! / (…) E disse no fim de tremer três vezes, / Aqui ao leme sou mais do que eu, / Sou um Povo que quer o mar que é teu; / E mais que o mostrengo, que me a alma teme / E roda nas trevas do fim do mundo, / Manda a vontade, que me ata ao leme, / De El-Rei D. João Segundo!». Pertencemos a um país, que durante nove séculos foi palco de uma das mais ricas histórias mundiais. Assim como os nossos antepassados lutaram sem nunca desistir, mesmo quando o perigo ultrapassava o limite humano, hoje urge ressuscitar Portugal nos mares por onde ficou esquecido, resgatando a alma lusitana que por lá naufragou. Cabe a nós jovens, apesar de todas as adversidades dar continuidade à glória e às virtudes do gene português. Desta forma, devemos todos apostar na formação, no empreendedorismo, na criação do próprio emprego, na inovação, no brio profissional e na utilização daquilo que só Portugal tem, o Mar, a Terra, o Clima e sobretudo a vontade de ser Português.


Educação e Formação

Alberto Teixeira, Diretor da Escola Artística de Soares dos Reis e o Futuro da Educação

“Ainda existe a ideia de que o ensino das artes é um desperdício” Com os sucessivos cortes no orçamento para a educação, o pior ainda está para vir? Alberto Teixeira, Diretor da Soares dos Reis, é peremtório na sua resposta, reavivando a recente polémica ligada a Cavaco Silva e às “inspirações de Fátima” na conclusão da sétima avaliação da Troika. “Rezo para que não”, afirmou. Qualquer medida que possa desestabilizar ainda mais o setor é, para o responsável, uma questão de sensatez. “Se as pessoas forem sensatas, param por aqui. Se não forem, só a imaginação poderá ser o limite da insensatez”.

de países onde a componente artística é muito forte. A entrada no Parlamento Liceal Europeu é mais uma prova deste caminho que a Escola Artística sedeada no Porto tem seguido nos últimos anos.

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á quem defenda que o ensino das artes ainda não é muito valorizado pela sociedade em geral que ainda não entendeu o papel da educação artística no crescimento dos jovens. Alberto Teixeira, Diretor da Escola Artística de Soares dos Reis, não poderia estar mais de acordo. “Quando se fala no ensino das artes, existe uma ideia errada, relacionada com a economia atual, de que é um desperdício e que acaba por ser supérfluo porque a sociedade vive da economia, da tecnologia, e nas artes, por vezes, existe a ideia que são uma espécie de entretenimento”, defendeu. Em tempos de crise, são estas áreas, consideradas menos importantes, as mais sacrificadas. Mas, esta não é mais do que uma “ideia primitiva”, como apelidou Alberto Teixeira. “É óbvio que tem uma componente lúdica mas, tanto na Soares dos Reis como na António Arroio, o ensino da arte não é um luxo. É uma arte aplicada à nossa vida e à sociedade”, defendeu. Ainda há um grande desconhecimento do que é o ensino artístico especializado em Portugal. Daí que Alberto Teixeira admita: “hoje em dia, tremo quando se fala em ensino artístico especializado mas tremo, sobretudo, quando não se fala”. A Escola Artística de Soares dos Reis tem trabalhado para alterar este cenário, abrindo-se, cada vez mais, ao exterior e chamando a comunidade a conhecer a instituição. São várias as modalidades, mas a mais institucional é a chamada Formação em Contexto de Trabalho, muito semelhante à formação profissional. É aqui que os alunos têm um primeiro contacto com a vida ativa e com o modo efetivo de produção. Neste sentido, a Soares dos Reis “tenta protocolar com entidades externas que, quando se deslocam à escola para assinar esses protocolos, conhecem-nos e apercebem-se de uma série de potencialidades”, descreveu Alberto Teixeira. Além disso, existe um conjunto de ativi-

“O que fazemos em Portugal não nos envergonha”

Em países como Áustria, França ou Noruega, com uma tradição muito enraizada no ensino artístico, existe uma estrutura muito bem organizada com programas bem sistematizados que acabam por ser universais. Concentrando-se na sua experiências nas artes visuais e audiovisuais, Alberto Teixeira não encontra muitos pontos divergentes. Cada país tem potencialidades próprias e pouco comparáveis. Mas, todas as escolas partilham um mesmo obstáculo: “a arte é colocada em segundo plano”, defendeu. Todavia, quando se fala nas potencialidades dos alunos portugueses, o cenário é bem diferente. “No ensino das artes visuais, o que fazemos em Portugal não nos envergonha. O que os nossos alunos aprendem e sabem fazer a nível artístico está perfeitamente a par, em muitos casos vai mais longe, do que o que se faz nas congéneres escolas europeias”, garantiu.

Afinal, o que é autonomia de uma escola?

Alberto Teixeira

dades culturais que levam a Soares dos Reis além da Rua Major David Magno, no Porto. Podemos falar em três principais momentos: “com a abertura do ano letivo temos o evento ‘Apresent’A Soares’; no início do ano, a propósito da comemoração do aniversário da escola, a 12 de janeiro, temos o evento ‘Somos Soares’; e, no final do ano letivo, o ‘Mostr’A Soares’. São três momentos diferenciados que dão a conhecer a escola ao exterior”, explicou Alberto Teixeira. Além desta abertura à comunidade local e nacional, a Soares dos Reis tem tido a preocupação de estabelecer uma rede de contactos com escolas estrangeiras

Hoje em dia, tremo quando se fala em ensino artístico especializado mas tremo, sobretudo, quando não se fala

Com os cortes sucessivos no setor, as dificuldades na implementação de alguns projetos educativos e os constantes desafios que as escolas enfrentam, para muitos, o princípio da liberdade

Parlamento Liceal Europeu (PLE) A Soares dos Reis, através do Curso de Ourivesaria, é membro do Parlamento Liceal Europeu desde 1997. Trata-se de uma rede internacional de escolas de joalharia e ofícios artísticos, composta por escolas europeias e não só. O objetivo é promover uma consciência de cidadania europeia inspirada no intercâmbio de ideias e culturas que se centrem no respeito pela diferença.


Pontos de Vista Maio 2013

”No ensino das artes visuais, o que fazemos em Portugal não nos envergonha. O que os nossos alunos aprendem e sabem fazer a nível artístico está perfeitamente a par, em muitos casos vai mais longe, do que o que se faz nas congéneres escolas europeias” de educação poderá estar em risco. A tão aclamada autonomia pedagógica e financeira. Antes de mais, e segundo Alberto Teixeira, “quando falamos em autonomia das escolas é preciso descer à terra e perceber que essa autonomia é uma farsa”, atirou. Autonomia financeira? “Claro que não temos”, respondeu. Já a autonomia pedagógica, vai existindo. Alberto Teixeira vai mais longe e pinta um quadro peculiar dessa “pseudo-autonomia”. “É o mesmo que pegar num pássaro, corta-se as asas e depois deixamo-lo voar. E ainda lhe dizemos: agora voa à tua vontade”, descreveu. Nunca se sabe muito bem a que se refere esse conceito mas, mesmo assim, “tentamos aproveitar tudo o que a autonomia nos possa dar”. Para Alberto Teixeira, há uma componente intrinsecamente associada ao ensino especializado artístico que não pode ser, de modo algum, descurado. Trata-se de uma área que deve acompanhar a constante evolução das novas tecnologias. O que ontem era atuali-

zadíssimo, hoje está fora de moda. As escolas com estas caraterísticas devem ter esta consciência. No fundo, “é necessário procurar os programas elaborados há 10 anos e lê-los à luz desta nova realidade”, afiançou o responsável.

Cenário pouco animador

Segundo um estudo divulgado em Bruxelas, pela Comissão Europeia, Portugal está entre os países que mais cortam no orçamento da educação. Diariamente, entram nas casas dos portugueses expetativas que não são, de todo, animadoras. De acordo com notícias recentes, a educação e a segurança social serão os setores que mais contribuirão para a poupança do Estado, com cortes que, para muitos, vão além do “absurdo”. Com o alargamento do horário semanal dos trabalhadores do Estado das 35 para as 40 horas semanais lança mais uma “acha para a fogueira”. Para Alberto Teixeira, importa ter consciência do “desgaste da profissão” e o diretor dei-

xa mesmo um desafio aos responsáveis por estas medidas: “gostava de vê-los a dar aulas a jovens do 2º e do 3º ciclo, em turmas CEF, com 28 alunos, que questionam com faltas de respeito os professores. Como é que uma pessoa aguenta mais de 22 horas letivas situações destas? Como é que se lida com o ritmo tecnológico atual, em que eles julgam saber mais do que os professores?”. São realidades que, para o responsável, foge

à visão da tutela e que deveria ser tida em consideração no momento de impor medidas que alteram por completo o quotidiano destes profissionais. Alberto Teixeira acredita que este é um caminho “perigoso” e as medidas que estão a ser tomadas procuram olhar apenas para os números e para o rendimento, perdendo-se, pelo caminho, o principal foco de trabalho de uma escola: “o ensino é educar uma geração”, concluiu.

21º Encontro PLE De 15 a 19 de maio, a Escola Artística António Arroio recebeu o 21º Encontro PLE e o Encontro Comenius – Projeto Ceci n’est pas un bijou. Trata-se de um evento de formação intercultural e de intercâmbio europeu que junta delegações de escolas parceiras do PLE e de escolas convidadas com o ensino de ourivesaria. Alberto Teixeira, representando a Soares dos Reis, marcou presença e partilhou com a Revista Pontos de Vista um dos momentos que mais o emocionou. “A representante de uma escola em Itália, que iria receber o evento no próximo ano, disse, num discurso comovente, que não teria condições financeiras para fazê-lo e partilhou connosco o seu medo de, dia após dia, estar a perder alunos. Infelizmente, é uma situação que vamos percebendo”, disse.

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INOVAÇÃO e empreendedorismo

Apresentação do projeto “Calls Entrepreneurs” decorreu no Centro de Arte Manuel de Brito, em Lisboa

Uma chamada ao empreendedorismo em Oeiras A AITECOEIRAS tem sido um player de relevo na promoção do desenvolvimento integrado do concelho de Oeiras, ajudando a criar emprego e aproximando atores públicos e privados rumo ao desenvolvimento da economia nacional. “Este é um caminho certo”

Representantes das entidades parceiras do projeto

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ITECOEIRAS (Agência de Desenvolvimento de Oeiras), TagusPark, Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), Fundação Marquês de Pombal, LEF (Laboratório de Estudos Farmacêuticos) e o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC). Estas instituições aliaram-se para dar mais um passo em direção ao empreendedorismo, unindo-se num projeto inovador que tem como grande meta estimular a esfera de negócios e internacionalizar ainda mais o concelho de Oeiras. “Calls Entrepreneurs”, ideia surgida numa reunião no passado dia 26 de dezembro, não é mais do que, tal Quem é a AITECOEIRAS? Conhecida como a Agência de Desenvolvimento de Oeiras, a AITECOEIRAS tem centrado a sua atuação na promoção do desenvolvimento sustentável do concelho de Oeiras. Como tal, dinamiza o empreendedorismo e o crescimento das empresas, atrai uma rede estratégica de empresas nacionais e internacionais para o concelho e estimula a internacionalização desses negócios. Atualmente, a AITECOEIRAS está a estudar mercados como Angola, Brasil, Cabo Verde, Gabão, Moçambique, São Tomé e Príncipe, África do Sul, Timor, Marrocos, Flórida, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Índia e China.

como a expressão indica, uma chamada ao empreendedorismo e uma alavanca para que surjam mais e melhores ideias de negócio inovadoras. No passado dia 6 de maio, o Centro de Arte Manuel de Brito, em Lisboa, foi palco da apresentação do referido projeto que contou com a presença de representantes das instituições nele envolvidas e com as intervenções de Eduardo Correia, Presidente da AITECOEIRAS, e de Paulo Vistas, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Oeiras. “Na AITECOEIRAS queremos contribuir para o desenvolvimento empresarial do concelho, garantindo que aqui se fazem mais e melhores negócios. Juntar estas instituições em torno de uma chamada ao empreendedorismo só pode ser vantajoso”, explicou Eduardo Correia. No fundo, pretende-se demonstrar que em Oeiras há capacidades acrescidas para “se desenvolverem projetos em conjunto”, sendo um concelho “preparado para olhar o futuro de forma positiva”. Enquanto professor académico, Eduardo Correia contata com estudantes estrangeiros que anseiam poder trabalhar em Portugal. “Temos condições atrativas para captar know how e absorver pessoas que queiram trabalhar num ambiente de qualidade. Oeiras tem capacidade para absorver projetos de ponta”, referiu o responsável. A divulgação do projeto será feita a nível nacional, através de “roadshows” por diferentes universidades portuguesas e centros de investigação. A nível internacional, este projeto também fará eco, “nomeadamente a partir da rede inter-

nacional do IGC, do Instituto Superior Técnico, do ISCTE e da AICEP, no sentido de garantir que esta chamada ao empreendedorismo chegue a todo o Mundo”, garantiu Eduardo Correia.

Oeiras recebeu de braços abertos um projeto que pretende contrariar a crise. Para o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Paulo Vistas, “este é um caminho certo que deve ser percorrido, em todas as áreas”. Rentabilizar os recursos disponíveis é mais do que uma opção. É a solução para o “desenvolvimento económico e para atrair o tecido empresarial com valor acrescentado”, referiu. É, por isso, fundamental que muitas empresas se interessem por ele e que mais ideias surjam e consigam vingar no mercado. “Num momento em que vivemos numa espiral de desespero, uma ideia destas é extremamente positiva e em Oeiras temos os ingredientes para que o projeto tenha sucesso”, defendeu Paulo Vistas. Contrariando a crise e ajudando Portugal a encontrar uma estratégia para “reativar a atividade económica”, o “Calls Entrepreneurs” está a dar o exemplo de que “estamos no caminho do empreendedorismo mas temos que ter os recursos para que esses empreendedores sintam que vale a pena correr riscos”, concluiu Paulo Vistas.



INOVAÇÃO e empreendedorismo

LG Electronics, Inc. (LG)… o mundo, o futuro, a juventude, a humanidade e a tecnologia

Liderança centrada nas Pessoas A LG Electronics, Inc. (LG) assume-se como um líder mundial e inovador tecnológico em eletrónica de consumo, comunicações móveis e eletrodomésticos, sendo uma marca conhecida e reconhecida por todos a nível planetário, principalmente pela qualidade, inovação e excelência que consegue implementar em todas as soluções «made in» LG. Perseguindo uma visão de líder digital global, a LG adotou uma filosofia que demonstra bem a capacidade que esta marca possui atualmente: «Grande Empresa, Grandes Pessoas», tendo sendo como lógica de desenvolvimento tornar os seus clientes felizes. A Revista Pontos de Vista conversou com Hugo Jorge, Marketing Diretor da LGEPT - Marketing Team, que nos deu a conhecer os principais desafios existentes na orgânica desta marca de relevo, sendo que o futuro passará sempre por três pilares essenciais: liderança de produto, liderança de mercado e liderança centrada nas pessoas

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“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Com as exigências atuais, há quem defenda que o perfil do consumidor português tem sofrido profundas transformações. Como é, hoje, o consumidor-tipo da LG Electronics? Relembrando a citação inicial, mudaram-se algumas vontades? Efetivamente a mudança é uma realidade com que é inevitável lidarmos e o perfil dos nossos consumidores não escapa a esta regra. O consumidor LG é hoje em dia mais exigente e identifica claramente os benefícios e expectativas que pretende ver respondidas por parte de cada produto antes da sua compra. Também fruto do contexto económico atual, os nossos produtos são particularmente apelativos para os consumidores que encaram o consumo de Tecnologia e Inovação como um Investimento, esperando um retorno que se traduza na melhoria da sua qualidade e estilo de vida ou na poupança de recursos, no caso dos produtos com forte componente de eficiência energética. Esse incremento de exigência terá necessariamente de obter uma resposta nos produtos procurados, e é nesse sentido que a LG tem vindo a desenvolver o seu portfolio de produtos.

Cada vez mais, e num mercado onde a concorrência é atroz, a aposta na comunicação e no marketing é fundamental para que uma empresa se afirme com solidez e faça chegar a sua mensagem. A LG Electronics tem assumido essa orientação? Em que sentido? Reconhecemos a importância de uma comunicação eficaz num mercado em que a relação entre as marcas e o consumidor é cada vez mais emocional, ao contrário do que acontecia no passado, em que as empresas de tecnologia possuíam posicionamentos mais racionais e direcionados para aspetos tangíveis. Em linha com a nossa assinatura (Life’s Good) temos vindo a adotar uma comunicação mais próxima do consumidor e procurado chegar a novos targets com que anteriormente não comunicávamos, através de um investimento ponderado em plataformas digitais como o nosso Blogue (http://www.lgportugal.com) e numa presença estruturada nas redes sociais. Em paralelo temos vindo a desenvolver

Hugo Jorge

um conjunto de parcerias estratégicas, procurando complementar a nossa oferta com outros bens, de marcas reconhecidas do mercado, chegando assim a um leque de consumidores mais vasto e permitindo direcionar os nossos diferentes tipos de oferta para os diferentes segmentos de mercado existentes. Alguns exemplos recentes, foram a associação com a Carlsberg para a linha de frigorificos Side by Side, com a Throtleman para máquinas de lavar ou com a Porsche para Tv’s e Mobile. Numa ótica mais corporativa, temos uma parceria com o Benfica que nos tem permitido lançar alguns projetos de comunicação e promocionais vantajosos para as duas entidades. Em resumo, encontramos nestas marcas atributos comuns de qualidade e reconhecimento pelo mercado, com as quais conseguimos construir bundles de ofertas com vantagens únicas para os consumidores. Além da evidente redução no consumo, que acaba por ser transversal a

“Era esperado que a retração no consumo, decorrente da crise económica, tivesse impacto nas vendas da LG Portugal e essa é de facto uma realidade que se tem verificado em algumas unidades de negócio. A LG soube reagir bem a esta nova realidade do mercado, tendo reestruturado alguns processos internos que visam a melhoria e eficiência das operações Também aqui a inovação é um fator importante, se bem que numa ótica de gestão. Por outro lado, procuramos trabalhar ainda mais perto dos nossos Clientes (Cadeias e Retalho) por forma a potenciar o negócio e as vendas”


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O facto de termos, no nosso portfólio de produtos, um conjunto de equipamentos líderes em eficiência energética nos seus segmentos, é muito favorável numa altura em que as famílias procuram reduzir os seus gastos energéticos, como forma de poupança no seu orçamento doméstico mensal, estando a LG a preparar algumas campanhas que visam realçar os benefícios únicos dos seus produtos

todas as áreas de atividade, que impacto a atual conjuntura económica tem tido no volume de negócios da LG Electronics? Era esperado que a retração no consumo, decorrente da crise económica, tivesse impacto nas vendas da LG Portugal e essa é de facto uma realidade que se tem verificado em algumas unidades de negócio. A LG soube reagir bem a esta nova realidade do mercado, tendo reestruturado alguns processos internos que visam a melhoria e eficiência das operações Também aqui a inovação é um fator importante, se bem que numa ótica de gestão. Por outro lado, procuramos trabalhar ainda mais perto dos nossos Clientes (Cadeias e Retalho) por forma a potenciar o negócio e as vendas. Nesta conjuntura de redução do volume total de mercado importa manter

ou crescer em quota de mercado, minimizando assim estes efeitos. Temo-lo conseguido em Unidades de negócio que são muito importantes no B2C. Por exemplo, na área de Eletrónica de Consumo (Tv e Media), o mercado caiu no Q1 2013 vs. Q1 2012 cerca de 23 por cento tendo a LG aumentado o seu M/S de 24 por cento para 29 por cento (5p.p). Na área de Telemóveis ainda se assiste a um crescimento no mercado de Smartphones, tendo este crescido no mesmo período indicado em cima cerca de 70% em Valor. No caso da LG, conseguimos obter números que nos deixam bastante confiantes para os objetivos deste e para o que pretendemos venha a ser a consolidação da nossa marca como uma referência também no mercado de

Smartphones. O nosso M/S alcançou agora a terceira posição de forma destacada, tendo obtido crescimentos em valor superiores a 100%. Mas outras oportunidades surgem neste período que atravessamos, sobretudo para as nossas unidades de negócio onde o fator eficiência energética é mais preponderante, nomeadamente Eletrodomésticos e Ar Condicionado e Soluções de Energia. O facto de termos, no nosso portfólio de produtos, um conjunto de equipamentos líderes em eficiência energética nos seus segmentos, é muito favorável numa altura em que as famílias procuram reduzir os seus gas-

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INOVAÇÃO e empreendedorismo

A nossa abordagem passa por identificar as expectativas do consumidor e procurar satisfazê-las, colocando a Inovação ao serviço do seu dia a dia. Estando esta visão já no nosso ADN será sempre mais simples adaptarmo-nos à Mudança. Importa perceber as diferentes necessidades que os vários segmentos de mercado têm e procurar alinhar as mesmas com as diferentes ofertas que a LG tem dentro de cada Unidade de negócio. Todas elas com o objetivo de levar valor percebido quer pela qualidade, design, funcionalidades unicas e diferencadoras, quer pela eficiência enérgética que incorporamos em várias linhas de produto”

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tos energéticos, como forma de poupança no seu orçamento doméstico mensal, estando a LG a preparar algumas campanhas que visam realçar os benefícios únicos dos seus produtos.

Um dos aspetos que tem permitido que a LG Electronics se diferencie de outras empresas prende-se com o facto de estarem constantemente a lançar novos produtos, inovadores e únicos. Que novos produtos poderão estar em cima da mesa? Lançamos recentemente várias inovações em produtos de diferentes Unidades de Negócio, de onde realçaria o 4K (4 x Full HD) no primeiro e maior televisor do mundo de Ultra Definição – 84” (84LM960V), o facto de termos o maior número de patentes do mundo para LTE (4G), o que indica a clara aposta da LG nesta área, o primeiro monitor écran Ultra Wide do Mundo, com um formato 21:9 e funcionalidade 4 screen split que permite visualizar 4 écrans em simultâneo, a primeira e única máquina de lavar roupa com coeficiente energético A+++ -40 por cento, o inovador sistema Door

in Door dos nossos Side by Side que além de bastante cómodo no acesso ao interior do frigorífico é um importante fator de poupança energética, o MultiV na área de Ar Condicionado direcionado para o mercado industrial, onde aumentos de eficiência energética e redução de espaço (+50 por cento) são fatores únicos neste tipo de produto e, por último também o LG Cloud que foi recentemente lançado e também em Portugal, oferecendo gratuitamente 5GB para o consumidor guardar as suas fotos, vídeos, músicas, sendo os mesmos acessíveis a partir de qualquer plataforma (LG Smart TV; Mobile; PC). Estarão ainda por chegar a Portugal produtos como o OLED e o Curved OLED, que representam uma nova geração de TV’s e foram recentemente apresentados mundialmente, sendo os primeiros do mundo nas suas categorias. Outras novidades serão apresentadas na próxima edição do IFA, que tenho a certeza irão mais uma vez consolidar a imagem da LG como pioneira no campo da inovação. Graças aos projetos que tem desenvolvido, a LG Electronics já foi considerada uma das empresas mais inovadoras do mundo, estando entre uma das marcas Top 100 Global Innovator. A aposta na inovação tem sido o foco do vosso trabalho? Sem dúvida. Mas uma Inovação direcionada para o consumidor baseada em insights dados por este. Grande parte das novas funcionalidades e tecnologias que introduzimos nos nossos produtos nascem das necessidades e problemas que afetam o consumidor no dia a dia e da e às quais a LG procura responder de forma simples e intuitiva. Não pretendemos que as nossas inovações surpreendam pela complexidade, mas sim pela forma inequívoca como se traduzem em benefícios para consumidor e para o seu bem-estar.

Que estratégia o consumidor pode esperar da LG Electronics num futuro que se afigura ainda mais exigente? Como referido atrás, a nossa abordagem passa por identificar as expectativas do consumidor e procurar satisfazê-las, colocando a Inovação ao serviço do seu dia a dia. Estando esta visão já no nosso ADN será sempre mais simples adaptarmo-nos à Mudança. Importa perceber as diferentes necessidades que os vários segmentos de mercado têm e procurar alinhar as mesmas com as diferentes ofertas que a LG tem dentro de cada Unidade de negócio. Todas elas com o objetivo de levar valor percebido quer pela qualidade, design, funcionalidades únicas e diferenciadoras, quer pela eficiência energética que incorporamos em várias linhas de produto.



INOVAÇÃO e empreendedorismo

Thales Portugal, S.A.

«Pensar grande» “A Thales demonstra, de forma única, pelo momento em que acontece, o seu forte compromisso com o desenvolvimento do País, que se junta ao permanente volume de negócio de exportação, com que contribui para a economia Nacional”, esclarece João Araújo, Presidente do Conselho de Administração da Thales Portugal, S.A., em entrevista à Revista Pontos de Vista. Nesta conversa, ficamos a conhecer as potencialidades de uma marca de enorme relevo, bem como alguns dos principais desafios da Thales Portugal, pertencente ao Grupo Thales, e que sendo um player de relevo no panorama nacional, consegue ainda «abraçar» um conceito de ser internacional, tudo assente no lema «Pensar grande».

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A Thales Portugal, pertencente ao Grupo Thales, “abraça o conceito de ser internacional e, ao mesmo tempo, verdadeiramente nacional”. No fundo, existe uma estreita cooperação entre todos os colaboradores dos quatro cantos do Mundo. Quando é que a Thales Portugal se começou a afirmar como líder nos projetos em que se envolve? Tem sido o lema “pensar grande” o grande motor deste crescimento? A atual equipa da Thales Portugal é hoje um Centro de Competências do grupo Thales para a conceção e implementação, a nível Mundial, de soluções integradas de Sinalização e Comunicações para o setor Metro/Ferroviário, com presença em cerca de 18 países. As soluções de Sinalização, asseguram o comando e a gestão da exploração metro/ferroviária de um modo automatizado e otimizado, assegurando o cumprimento dos horários e dos planos de exploração, ao mesmo tempo que garantem sobretudo e sempre, o cumprimento dos requisitos de segurança total, elemento essencial e crítico para o transporte público sobre carris, evitando os acidentes e os erros humanos que se possam traduzir em danos materiais sempre avultados e sobretudo, em perdas de vidas. Quanto aos Sistemas Integrados de Comunicações, estes tomam cada vez mais um papel relevante nos sistemas de transporte, não só pelo suporte que dão aos sistemas de Sinalização e seus requisitos operacionais, aumentado a sua eficiência, como também junto dos Passageiros. Para os Passageiros, a existência de informação atempada e rigorosa do estado da rede, seus atrasos ou perturbações, informações complementares sobre as zonas e locais de passagem, a interação entre os diferentes modos de transporte e cada vez mais, o entretenimento, bem como a existência de mecanismos de segurança e vigilância das pessoas na rede de transportes, são fatores determinantes para tornar o Transporte Público mais atrativo. Toda esta “aventura” iniciou-se nos fins dos anos 80, quando a entidade gestora de infraestrutura ferroviária, na altura a C.P., iniciou um plano de modernização

Desde o início que a ideia, mais do que “pensar grande” foi sobretudo “pensar bem e pensar em Português” e o principal motor foi o orgulho de afirmar as capacidades Portuguesas onde outros não o ousaram fazer

João Araújo

da Rede Ferroviária que incluía entre outros temas, a introdução de novas tecnologias de Sinalização Ferroviária e de Telecomunicações. Uma das escolhidas para implementação na rede ferroviária nacional foi a atualmente da Thales. Assim, desde o início dos anos 90, a atual equipa Portuguesa da Thales, ao longo da realização dos projetos em curso, empenhou-se em adquirir todos os conhecimentos sobre os equipamentos e sistemas de Sinalização do grupo, bem como adquirir conhecimentos e prática sobre os conceitos e métodos de Sinalização com o objetivo de aumentar a sua autonomia e o seu valor acrescentado local e logo, de servir o seu Cliente melhor e de mais perto. Quanto às Comunicações ferroviárias o

processo foi semelhante. Ao longo destes mais de 20 anos, a experiência da Thales Portugal foi crescendo e as suas realizações bem-sucedidas permitiram-lhe ser reconhecida, dentro do Grupo Thales, como uma equipa com competência para exportar, em nome do Grupo, esses conhecimentos e realizar projetos noutras partes do Mundo. Assim, desde 2000, a Thales Portugal tem vindo a desenvolver projetos fora de Portugal, estando hoje presente em cerca de 18 países. Desde o início que a ideia, mais do que “pensar grande” foi sobretudo “pensar bem e pensar em Português” e o principal motor foi o orgulho de afirmar as capacidades Portuguesas onde outros não o ousaram fazer.

A Thales Portugal é, hoje, considerada líder na integração de soluções para o segmento dos transportes, entrando em todas as fases de existência de um projeto. De que etapas estamos a falar? Quando se fala de Projetos Integrados de Sinalização e Comunicações, fala-se de projetos de grande dimensão, em volume de investimento, em duração temporal para a sua execução e em diversidade de sistemas e equipamentos que têm que operar em conjunto, integrados, exigindo por isso muita atividade de interface e coordenação multidisciplinar. É neste tipo de atividade técnica que a Thales Portugal se tem evidenciado, ao que se associa a sua, e dos Portugueses em geral, capacidade de interação com


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outras culturas e modos de pensar, que nos permitem da Índia, à Arábia Saudita, passando entre outros, pela África do Sul, Canadá, Turquia, Austrália, China, UK e Malásia, ser capaz de interagir com toda esta diversidade cultural, criar pontes e, com sucesso, terminar projetos no tempo e dentro dos budget. Projetos com a complexidade acabada de descrever têm atividades e tarefas fundamentais que marcam o Ciclo de Vida de um Projeto, das quais destacamos: - Interface único com o Cliente e único responsável pelo desempenho da solução integrada apresentada: Mesmo que composta por inúmeros sistemas diferentes e de vários fabricantes para além da Thales; - Análise de Requisitos e desenho/adaptação das soluções aos requisitos do Cliente: Análise e compreensão dos requisitos do Cliente, efetuar toda a Engenharia do projeto, identificando as soluções que melhor se adaptam e definir os desenvolvimentos e adaptações necessárias para uma aderência total aos requisitos; - Integração e interface entre sistemas e entre as diferentes entidades intervenientes no projeto: Assegurar que os sistemas, para além de individualmente cumprirem o que se pretende, interagem corretamente com os restantes sistemas. Do mesmo modo, além dos sistemas, um projeto é composto por outras entidades e pessoas, que interagem. Logo há que assegurar o interface com as restantes componentes do projeto, na medida em que essa interação afeta ou interfere com o desempenho da solução integrada, a fornecer; - Elaboração dos projetos de detalhe para as fases de instalação, testes e colocação em serviço: Com vista a orientar de forma inequívoca as equipas de terreno e possuir documentação de detalhe sobre o modo como os sistemas foram implementados; Efetuar os testes finais de aceitação, demonstrando ao Cliente que o sistema cumpre com o que foi solicitado e contratado; - Gestão global do projeto com vista ao cumprimento das obrigações contratuais, boa execução dos trabalhos, planeamento temporal, e orçamento; - Suporte à Operação e atividades de manutenção; Recentemente, a empresa assinou dois contratos para sistema de informação em metros da Índia. Este é um dos muitos exemplos da presença da Thales Portugal em mercados externos. É também um dos resultados de uma “história única de inovação, excelência, trabalho de equipa e compromisso com o cliente”? Tal como descrito, a Thales Portugal teve

desde sempre uma preocupação em adquirir novos conhecimentos de modo a aumentar o seu valor acrescentado. Esta estratégia acaba inevitavelmente por se refletir ao nível da Inovação - I&D. Deste modo, a Thales Portugal possui uma equipa com cerca de 12 engenheiros dedicados à investigação e desenvolvimento de novos produtos. Os Sistemas de Informação aos Passageiros recentemente contratados para o Metro de Jaipur e para o Metro de Hiderabad resultam da aposta da Thales Portugal em desenvolver as suas soluções próprias para estes sistemas, cujo impacto na atratividade das redes de transporte é comprovado. Inicialmente tratava-se de sistemas com a função exclusiva de informar os passageiros sobre os destinos e horários do próximo transporte. Hoje, o conceito evoluiu e lançou-se para outros e mais alargados tipos de serviço, que passam por, mas não limitados a, informações genéricas sobre os locais de passagem, informações de utilidade geral, informações sobre a restante rede

de transportes e a sua interação, intermodalidade, tarifas, melhores percursos, publicidade e entretenimento, tudo isto já não dependente de uma infraestrutura fixa mas usufruindo dos benefícios da mobilidade e da portabilidade pela interação com os smart-phones. A Thales é hoje uma das mais significativas empresas mundiais neste setor graças às soluções da Thales Portugal, que tem sabido dar asas aos “sonhos” dos seus engenheiros e aos desejos dos seus Clientes.

Durante o ano transato, o atual executivo reduziu, de uma forma bastante significativa, o número de investimentos em obras públicas. A atividade da Thales Portugal sofreu algum impacto negativo? De certa forma, os projetos, ao nível doméstico, compensaram essa quebra? Não só no ano transato. Desde há cerca de seis anos que os investimentos públicos no setor dos transportes e em par-

ticular no segmento metro/ferroviário têm vindo a sofrer cortes que estão a conduzir para o agravamento da estagnação do setor. Este facto tem influenciado as atividades da Thales Portugal que, em consequência, se têm orientado para o mercado de exportação. As crescentes atividades de exportação têm permitido à Thales Portugal assegurar a continuidade dos recursos, das competências e o know-how, adquirido em mais de 20 anos de realizações e que por falta de investimento Nacional, poderiam estar em risco de se perder, dispersando-se os seus recursos por outras atividades e mesmo saindo do País. Cada vez mais, e num mercado onde a concorrência é feroz, a aposta na comunicação e no marketing é fundamental para que uma empresa se afirme com solidez e faça chegar a sua mensagem. Em que sentido a Thales Portugal tem assumido essa orientação? Os destinatários das mensagens de comunicação da Thales não se encontram no grande público mas sim no grupo profissional relacionado com o setor. Assim, a Thales Portugal, em linha com a estratégia de comunicação do grupo, tem assegurado a presença nos principais eventos sectoriais seja através da presença em feiras como pela participação ativa em conferências e palestras promovendo as suas soluções suportado pela apresentação de casos de sucesso, em Portugal e nos países onde a sua presença se faz sentir. Com o mercado nacional saturado e a viver um período expectante, as empresas terão, obrigatoriamente, de se concentrarem em mercados externos ditos estratégicos para sobreviverem? Quais são os países mais aliciantes para a Thales Portugal? Os países onde a Thales Portugal já se encontra presente são os alvos da atenção e foco no sentido do crescimento. Destes destacaria a título de exemplo a Índia, a África do Sul e a Malásia.

A médio e longo prazo, quais são as expectativas e objetivos da Thales Portugal, quer para o mercado interno como externo? A Thales Portugal tem a fama, dentro do grupo, de ser a unidade a quem se pode lançar os desafios que, se não são impossíveis, são pelo menos difíceis. Até agora não temos falhado e assim queremos continuar a ser considerados. A Thales Portugal tem como principal objetivo, consolidar as atividades de exportação e ser reconhecida dentro do grupo pela concretização com sucesso dos desafios a que se propõe, de modo a alargar a sua base de países e a sua base de conhecimentos tecnológicos e logo, o seu volume de negócios no setor dos transportes. Quanto a Portugal, estamos expectantes quanto à evolução deste setor, particularmente quanto ao que se planeia como futuros investimentos e estratégia de modernização e crescimento para o setor Metro/Ferroviário desejando que se concretizem alguns projetos do passado próximo, já nessa altura com caráter de urgência, como também que a Rede evolua e se concretizem projetos de modernização interrompidos. Apesar da situação económica do País, a Thales acredita na sua unidade Portuguesa e no mercado Nacional e também no mercado internacional que pode endereçar a partir de Portugal. Assim, a Thales Portugal está a desenvolver novos investimentos no País, encontrando-se em fase de expansão da sua organização e atividades para outros setores tecnológicos, pela viabilização de estruturas, recursos e competências existentes em Portugal em setores da área de competência do grupo Thales e que se encontravam em risco de desagregação. Com este passo, a Thales demonstra, de forma única, pelo momento em que acontece, o seu forte compromisso com o desenvolvimento do País, que se junta ao permanente volume de negócio de exportação, com que contribui para a economia Nacional.

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A OPINIÃO DE...

INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO

João Martins, Gerente Da João Martins - Outsourcing em Vendas, Marketing e Eventos

O empenho é a palavra-chave do negócio Embora a economia esteja estagnada, a verdade é que existem setores em crescimento, é aí que entram os empreendedores, que, devido à sua criatividade, visão e dinamismo, conseguem detetar uma oportunidade de negócio, onde os outros não veem e transformam carências de mercado em ideias de negócio inovadoras.

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ão estes empreendedores que lutam contra o negativismo e têm a coragem de prosseguir, contornando todos os obstáculos existentes, e vão indo ao encontro dos seus objetivos. Em Portugal ainda existe o receio do insucesso, as pessoas têm medo de errar, de arriscar, mas o que têm de compreender é que o sucesso/insucesso só acontece a quem arrisca. Embora exija muito empenho e dedicação, o que leva as pessoas a serem empreendedoras, é o fato de se tornarem independentes vendo o empreendedorismo como a única forma de atingir a realização profissional, onde a gratificação económica é vista como uma recompensa pelo esforço realizado. O empreendedor deve ter muita ponderação na hora de investir no seu negócio, devendo para isso, realizar uma investigação e um planeamento. O empenho é a palavra-chave do negócio. O empreendedor deve gostar do negócio que está a criar, visto que quando se tem paixão pelo que se faz, tudo se torna mais fácil. Os principais obstáculos para os empreendedores são o financiamento e a burocracia. O crédito é restrito e a banca muito dificilmente autoriza um empréstimo a uma startup, o que leva muitas vezes a que os empreendedores desistam da ideia de negócio. É fundamental não desistirem nesta fase, visto que existem alternativas de crédito, como por ex., amigos, familiares, investidores individuais, investidores de capital de risco, assim como, o crowdfunding (financiamento coletivo), etc. A burocracia é uma realidade nacional, visto que um empreendedor tem de lidar com as licenças e impostos. Embora tenha existido um esforço do governo para reduzir o tempo de obtenção das licenças, este não foi suficiente, pois existem empresas que continuam à espera do licenciamento meses a fio.

Fases de desenvolvimento de uma startup

A primeira fase do desenvolvimento de uma startup é a realização de um estudo de mercado, o qual permite avaliar se a ideia de negócio é viável, podendo ser realizado pelo empreendedor ou por

uma empresa especializada, e este estudo de mercado visa fornecer informações para determinar a probabilidade de sucesso do negócio. Nesse estudo pode estar incluído, o ambiente de mercado, os consumidores, a distribuição, a comunicação, a publicidade ou a concorrência. É muito importante conhecer o mercado e identificar os clientes, ou seja, descobrir quais as necessidades, vontades e desejos dos mesmos. A segunda fase é o planeamento estratégico, onde devem ser definidos os objetivos e os planos de ação para os atingir. O planeamento estratégico começa com a definição da missão, que é a filosofia de atuação da empresa, a qual vai determinar os parâmetros de orientação dos esforços a despender para atingir os objetivos que se pretendem. A segunda etapa do planeamento estratégico consiste na análise do ambiente (análise externa) e na análise interna da própria empresa. Pretende-se assim, analisar quais são as oportunidades e as ameaças que as forças de ambiente (que englobam aspetos sociais, políticos, económicos, técnicos, legais, demográficos e ecológicos) representam para a empresa e como é que a empresa pode aprovei-

tar essas oportunidades para minimizar as ameaças. Por fim, na terceira etapa do planeamento estratégico, vai-se definir os objetivos específicos, comparando os pontos fortes e os fracos da nossa empresa com a concorrência. Segue-se como a terceira fase do desenvolvimento de uma startup, o financiamento. Nesta fase é muito importante existir algum capital próprio, porque os empréstimos bancários são muito difíceis de conseguir. Outras soluções passam pelos empréstimos estatais, o capital de risco e o financiamento coletivo. É fundamental existir uma noção dos custos, para assim ser elaborada uma análise de risco. O arranque do negócio é a quarta fase, onde o empenho do empreendedor é muito importante. Nesta fase todos os esforços têm de garantir o sucesso da empresa. As estratégias por vezes têm que ser realinhadas e reajustadas e a empresa tem que possuir uma flexibilidade que lhe permita realizar estes ajustamentos. Por último, está a fase da expansão. Se a empresa atingiu este patamar, significa que o planeamento foi bem concebido e o empreendedor pode apostar em novos projetos.


INOVAÇÃO e empreendedorismo

Pontos de Vista Maio 2013

Soluções Inovadoras

Traady = Digital inovação Nos últimos anos a inovação digital tem sido exponencial. A quantidade e qualidade de ferramentas apresentadas ao mercado, consumidor e empresarial, têm despertado o desenvolvimento de soluções cada vez mais especializadas e diferenciadoras nos mais variados setores de atividade. Foi nesta conjetura que nasceu a Traady.

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acompanhar esta evolução está o comportamento do consumidor. A compra deixou de ser sinónimo de entrar numa loja (física), escolher o produto e pagar. Atualmente, o processo é minucioso, mas incrivelmente rápido. As necessidades são diferentes, a escolha passa pela troca de experiências com amigos e familiares nas redes sociais, uma vista de olhos nos reports e comentários de blogues e sites especializados, sem esquecer os comparativos de produtos. Depois, a seleção da melhor loja, física ou online, depende das opiniões obtidas e dos melhores preços e serviços disponibilizados. Para terminar, o consumidor partilha com os seus contactos a experiência de compra nas redes sociais. Parte deste processo deixou de ser físico e passou a ser online, sem barreiras geográficas e temporais, sem

A Traady acompanha de perto a evolução do mercado e do consumidor com o intuito de apresentar soluções práticas e eficientes. Por exemplo, TraadyShop disponibiliza diversas soluções para as marcas otimizarem os seus recursos, como lojas online no Facebook

controlo pelas marcas. Segundo estudo realizado pela Socialbakers, em Portugal cerca de 4,7 milhões de portugueses estão no Facebook. O mundo digital deixou de ser apenas uma referência a pesquisas no Google para obter as características de um produto e obter a morada das lojas onde o produto pode ser adquirido. Passou a ser um mundo de contacto, partilha de gostos, experiências, influências e muito mais do que informação e vivências. Atualmente, as redes sociais são um ponto de influências para as compras, um passaporte para a loja online ou, em alguns casos, as próprias páginas de Facebook disponibilizam a loja online. A Traady acompanha de perto a evolução do mercado e do consumidor com o intuito de apresentar soluções práticas e eficientes. Por exemplo, TraadyShop disponibiliza diversas soluções para as marcas otimizarem os seus recursos, como lojas online no Facebook. A acompanhar todo este processo de novidades alia-se o mobile, proporcionando o acesso a um novo leque de oportunidades para as marcas e empreendedores. A Traady permite ao empresário português realizar este potencial de colocar na mão do cliente todas as vantagens da internet e, ainda, cria aplicações personalizadas às necessidades de cada cliente e às especificidades das marcas e produtos. De forma a agilizar o dia a dia do consumidor, transformando a marca num aliado, que o apoia sempre que necessita. As soluções desenvolvidas pela Traady permitem reforçar o relacionamento entre as marcas e o consumidor, criando um elo de proximidade e cumplicidade. A ligação de todos estes fatores revolucionou o comércio eletrónico, ao permitir que este esteja disponível em várias plataformas. Imaginemos um consumidor que vê um anúncio numa revista, tira uma foto com o seu smartphone e publica-a no mural de um amigo, porque é mesmo aquilo que este procura. O ami-

go está numa esplanada e acede ao Facebook pelo tablet, fica feliz porque encontrou a solução para o seu problema e procura a página de Facebook da marca. Ao fazer like na página apercebe-se que esta tem disponível uma loja online e efetua automaticamente a compra, finalmente partilha a compra no seu mural de Facebook e recomenda a página. A Traady é uma empresa que pretende revolucionar a presença de start-ups, investidores, empreendedores e empresas no mercado online. Desenvolvida com core business em ferramentas digitais, aposta numa estratégia que visa criar soluções práticas e eficazes para os profissionais que se querem concentrar no negócio e não na tecnologia. O projeto de

lançamento da Traady - A TraadyShop - é um serviço que permite a empresas de qualquer dimensão criar a sua loja online no Facebook, de forma rápida e prática, sem necessidade de reformular a sua presença online. Este serviço permite uma gestão completa, desde o grafismo à organização dos produtos, passando pela otimização de recursos através da gestão de encomendas, relatórios detalhados do negócio e do consumidor, ações e ferramentas de marketing e ainda sistema de contabilidade. Se é ou quer ser um empresário, esta é a solução para si, com o apoio de pessoas reais que conhecem as suas necessidades. Descubra-nos em www.traady.com!

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A diversidade de produtos adquirida através das lojas online é cada vez mais ampla. Atualmente, os livros e produtos de entretenimentos estão na liderança. Contudo, produtos habitualmente associados a lojas físicas são cada vez mais procurados online, pela variedade e preços competitivos. De acordo com o Estudo Mediascope ACEPI, os portugueses gastaram entre setembro de 2011 e fevereiro de 2012 cerca de 1.6 mil milhões de euros em compras online. Fonte do gráfico: “Summer 2012 Online Shopper Intelligence Survey” - Compete http://www.emarketer.com/Article/Retailer-Websites-Leading-Source-ofPurchase-Information/1009306


INOVAÇÃO e empreendedorismo

José Diogo Albuquerque, Secretário de Estado da Agricultura em grande destaque

“Estamos a assistir a um regresso à terra” Adaptando-se com facilidade a zonas de montanha e minifúndios, a cultura do mirtilo está a ganhar terreno em Portugal. Quando olhamos para o estrangeiro, sobretudo nos países nórdicos, o consumo deste pequeno fruto tem aumentado substancialmente. Aqui, são muitos os jovens licenciados que, perante as poucas expetativas profissionais, abraçam este desafio que traz consigo um futuro promissor. “São produtos com um enorme potencial para a transformação e com um elevado potencial de exportação, o que favorece a balança comercial portuguesa”, defendeu José Diogo Albuquerque, Secretário de Estado da Agricultura, em conversa com a Revista Pontos de Vista.

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A produção de pequenos frutos, entre os quais o mirtilo, é uma atividade em grande expansão, com destaque para a região do Minho. O futuro é de tal forma esperançoso que muitos jovens licenciados vêem aqui uma excelente saída profissional, devido, em parte, à crescente procura dos mercados internacionais. Esta poderá ser uma das possíveis saídas da crise? A agricultura é um setor que continua a crescer em contraciclo com a restante economia. No caso dos pequenos frutos, em particular dos mirtilos trata-se de um tipo de cultura que se adapta perfeitamente a zonas de montanha e de minifúndio, sendo uma oportunidade de fixar a população mais jovem contrariando a desertificação. Na produção de mirtilos, pequenos investimentos geram rentabilidade económica e financeira e é uma forma de dinamizar e atrair investimento para o interior do país. São produtos com um enorme potencial para a transformação e com um elevado potencial de exportação, o que favorece a balança comercial portuguesa. O consumo de mirtilo e de outros pequenos frutos aumentou substancialmente, sobretudo quando olhamos para países nórdicos. Portugal tem excelentes condições, desde o clima ao solo, podendo assumir uma posição bastante competitiva. Temos sabido aproveitar estas condições? Desde 2008 que assistimos a um crescimento exponencial de investimentos na área da produção de mirtilo, especialmente no que se refere à instalação de jovens agricultores. O interesse dos jovens por este tipo de produção demonstra a sua capacidade de inovação. Assim, o aumento da área de produção de mirtilos em Portugal é hoje uma realidade que está a gerar uma nova dinâmica e poderá ser uma verdadeira alavanca da economia regional e nacional, permitindo a revitalização do setor agrícola.

Acompanhando o aumento da produção do mirtilo, e igualmente de groselha e de outras plantas aromáticas, o que deve ser feito para dar continuidade ao incremento do número dos agricultores? Uma questão muito importante e que

José Diogo Albuquerque

pode fazer a diferença é a necessidade de melhorar o nível de organização deste setor, uma vez que a criação de Organizações de Produtores (OP) é fundamental para permitir uma estratégia de produção e de comercialização, o que é essencial quando se pretende sustentabilidade continuada da atividade. Trata-se de uma cultura com potencial, mas num mercado muito competitivo e exigente, pelo que a estratégia de mercado pode fazer a diferença entre o sucesso e o insucesso. No atual PRODER existem medidas de incentivo tanto à instalação como ao investimento que irão permanecer, mas as medidas que estão a ser estruturadas para apoio ao setor no próximo período de programação irão ter uma diferenciação positiva para aqueles que se encontrem organizados em OP. Existem, em Portugal, muitos terrenos abandonados e que poderiam ser muito bem aproveitados. Podem, por exemplo, ser entregues a pessoas interessadas em explorar a agricultura e torná-la num negócio bastante rentável. Este caminho está a ser tomado? Quais são, atualmente, as princi-

pais preocupações do Ministério da Agricultura a este nível? Um dos objetivos estratégicos deste Ministério é a disponibilização de terras que não estejam a ser utilizadas, para o desenvolvimento de projetos do setor agrícola. Foram já disponibilizadas terras pertencentes às Direções Regionais de Agricultura e Pescas que estavam nestas condições, integrando-se esta medida no projeto de âmbito mais vasto da criação da Bolsa Nacional de Terras que será lançada nas próximas semanas.

Tal como foi noticiado recentemente, o PRODER ultrapassou a média da taxa de execução dos programas de desenvolvimento rural dos países da União Europeia, recuperando o atraso inicial de quase três anos. O que significam estes valores? Os beneficiários do Programa têm conseguido contornar os efeitos negativos da crise? Estamos bastante satisfeitos com a performance do PRODER e sobretudo dos nossos agricultores. No último ano atingimos um ritmo de execução bastante superior à média da União Europeia. E

conseguimos ainda superar quatro dos países que se encontravam à nossa frente. Estes dados vêm confirmar a grande aposta deste Governo nos apoios agrícolas comunitários e comprovar como através destas ajudas é possível dinamizar a economia.

Num futuro marcado pelo “fantasma do desemprego”, que desafios o setor agrícola terá de enfrentar? Acredita que este será, novamente, um “passaporte” para baixar os níveis atuais de desemprego? Estamos a assistir a um regresso à terra e os investimentos no sector agrícola geram retorno, permitindo criar emprego. Também no âmbito do Plano Estratégico de Iniciativas à Empregabilidade Jovem e de Apoio às PME, que apresenta um conjunto alargado de medidas de combate desemprego jovem, foi criado o “Passaporte Emprego Agricultura”. São estágios profissionais com a duração de um ano, na área da agricultura, financiados através do Fundo Social Europeu, que atribuem uma bolsa de apoio ao estagiário, e que preveem um prémio de integração às empresas que decidam contratar os estagiários.



A OPINIÃO DE...

FÓRUM DO MAR 2013

Comandante João Fonseca Ribeiro, Diretor-Geral de Política do MaR

Direção-geral da Política do Mar A Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020 – que desafios? A ENM2013-2020 apresenta um novo modelo de desenvolvimento do oceano e das zonas costeiras que permitirá a Portugal responder aos desafios colocados para a promoção, crescimento e competitividade da economia do mar, nomeadamente, as importantes alterações verificadas no âmbito político e estratégico a nível europeu e mundial.

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regresso de Portugal ao mar depende da execução de uma estratégia assente no conhecimento e progresso tecnológico e na dimensão e geografia do território nacional, emerso e imerso, incluindo a nova dimensão alargada resultante da submissão apresentada para a extensão da plataforma continental além das 200 milhas marítimas. A ENM2013-2020 identifica os domínios de intervenção e apresenta o plano de ação que inclui os programas a executar e a desenvolver para a concretização de objetivos específicos e produção de efeitos concretos, estando sujeito a mecanismos próprios de monitorização, avaliação, revisão e atualização. O plano de ação, o Plano Mar-Portugal, visa, sobretudo, a valorização económica, social e ambiental do espaço marítimo nacional através da execução de projetos sectoriais e intersectoriais, assim como dos planos estratégicos de âmbito nacional já existentes ou em fase de preparação. O ordenamento do espaço marítimo nacional e a compatibilização das diferentes atividades existentes e potenciais que nele podem ter lugar, a par da simplificação dos respetivos procedimentos administrativos, constituem ações fundamentais para a execução da ENM2013-2020 e para a criação das condições necessárias para o crescimento da economia do mar e a melhoria ambiental e social. A ENM2013-2020 agora apresentada é submetida a discussão pública e convoca todos os portugueses e toda a sociedade civil e as demais entidades públicas e privadas a participarem ativamente na sua apreciação. Apenas com o empenho de todos será possível fazer do mar um desígnio nacional e renovar, assim, a identidade marítima de Portugal.

A identidade marítima

O Mar tem sido um elemento marcante na História de Portugal. A ligação de Portugal ao mar ganhou maior relevância durante a época dos Descobrimentos e marcou decisivamente o início do processo de globalização.

As trocas comerciais, culturais, científicas e tecnológicas daí resultantes promoveram o grande desenvolvimento do nosso país e marcaram definitivamente os processos de transmissão de conhecimento e de interação entre os povos. Foi no quadro desse contexto histórico que se desenvolveu um país com um caráter fortemente marítimo, expresso em valores históricos e culturais que, no seu todo, nos definem e que sublinham uma relação fortemente afetiva dos portugueses com o mar. Daí Portugal ser um dos Estados subscritores da Convenção sobre o Património Cultural Subaquático da UNESCO, de 2001, reconhecendo o seu papel de relevo na maritimidade mundial. A evolução política e social, especialmente durante o último quartel do século XX com a integração na UE, determinou uma orientação do país para o espaço Europeu e um afastamento gradual da sua vocação Atlântica. Com a execução da ENM2013-2020, Portugal quer voltar a assumir-se como um país marítimo por excelência, que vive com o mar, que traz o mar à Europa, e que volta a Europa para o mar. Portugal é a face atlântica da Europa e a ligação

europeia aos mares profundos. Deve, assim, assumir a iniciativa, liderando os processos europeus e internacionais relativos à governação marítima, visando fomentar a economia, e valorizar e preservar aquele que é o seu maior património natural. Nesse sentido, é necessário recriar uma identidade marítima, moderna, que não renegue os valores tradicionais, mas que esteja virada para o futuro e potencie um novo espírito das descobertas, orientado para a criatividade na conceção, empreendedorismo na preparação e proatividade na ação, concretizando as oportunidades que o Mar-Portugal oferece. Estas são as múltiplas dimensões do território de referência Mar-Portugal. No seu conjunto, definem o código genético do novo Portugal Marítimo: um país de natureza ultraprofunda, com vasto potencial em recursos naturais, um património natural ímpar, e uma enorme centralidade geoestratégica que é, afinal, um motor de afirmação internacional. Este código genético é o contexto e substrato da ENM2013-2020, e afirma o mar como desígnio nacional, favorecendo a implementação de um novo paradigma de desenvolvimento sustentável para o presente e para o futuro de Portugal.


A OPINIÃO DE...

FÓRUM DO MAR 2013

ADELINO CARDOSO, MÚTUA DOS PESCADORES

BIOGRAFIA DA MÚTUA DOS PESCADORES Aparentemente, a publicação num órgão de comunicação social mais generalista – apesar de se tratar de uma edição especial dedicada ao Fórum do Mar - de um artigo sobre a história e identidade da primeira e única cooperativa de utentes de seguros portuguesa, especializada no cluster do mar e na economia social, talvez pareça deslocado. Acontece que a obra contém vastos motivos de interesse, quer para especialistas, quer para o público em geral, interessado em conhecer também as raízes do mutualismo e as bases e evolução da atividade seguradora, nomeadamente na área da pesca, bem como o seu aproveitamento pelo Estado Novo, integrando-os na ordem corporativa, e ainda o desenvolvimento posterior após a “madrugada libertadora”.

“Contribuir para a consolidação da memória da Mútua dos Pescadores e transmiti-la aos seus colaboradores e associados, bem como ao público interessado, são as utopias construtivas deste escrito. Acrescente-se o propósito, não menos idealista, de fazer desta narrativa um instrumento de gestão da atual cooperativa de seguros.”

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ão estes os desejos que o autor manifesta na Introdução Geral da obra, que escreveu para assinalar o 70º. Aniversário da Mútua, celebrado no ano transato. Curiosamente, será a futura história da Mútua dos Pescadores a responder favoravelmente ou não aos ensejos do historiador. No entanto, acreditamos que o livro dispõe de todas as potencialidades para cumprir tais objetivos. Para fundamentar esta convicção, e de forma abreviada, façamos a análise da monografia. Em primeiro lugar, convém recordar que ainda na Introdução Geral, o professor de Economia da Faculdade de Coimbra, membro do CEIS20 e consultor do Museu Marítimo de Ílhavo esclarece que “Este livro é dedicado a todos os pescadores portugueses”, pelo que não estamos perante um tratado dirigido somente a especialistas, o que constitui selo de garantia para poder agradar igualmente ao grande público. Depois, é gratificante verificar que Álvaro Garrido, numa atitude reveladora de grande exigência intelectual, mas também de saudável modéstia, convoca para a obra: depoimentos orais; publicações periódicas e relatórios; e trabalhos anteriores direta ou indiretamente relacionados com o tema, efetuados por dirigentes e quadros da própria Mútua; para além de muitas outras fontes de investigação e publicações externas de reconhecida idoneidade. O livro, que se inicia com uma boa Apresentação, escrita pelo Diretor-geral da Mútua, Jerónimo Teixeira, seguido da citada Introdução Geral do autor, está substancialmente dividido em quatro partes, profusamente ilustradas e sustentadas em dados estatísticos: I - Seguros Marítimos e Mutualismo II - A Mútua dos Pescadores Sobre a Ordem Corporativa (1942-1974) III - A Era Democrática e a Reconstrução das Bases da Mútua (1974-1984)

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IV - Em Busca de Novos Rumos (1985-2012) Encerra com as Fontes e Bibliografia, Anexos e Índice. Estamos certos que pelo seu aspeto gráfico, estrutura, rigor, conteúdo e qualidade literária, este livro pode constituir um excelente auxiliar para todos os que pretendam conhecer aprofundadamen-

te os alicerces, o passado e o pulsar desta empresa singular; numa visão ajustadamente integrada no devir histórico da sociedade onde se tem inserido, facto que também foi condicionando o seu desenvolvimento e identidade. É um exercício de que, aliás, já beneficiámos na elaboração deste artigo.

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FÓRUM DO MAR 2013

«Desafios do Mar 2020»

“O Mar continua a ser grande fator de desenvolvimento de Portugal” O mar é cada vez mais um dos principais recursos de Portugal e que deve ser aproveitado em prol do desenvolvimento do nosso país com todas as mais-valias que este aporta à nossa sociedade. O Fórum do Mar, que se realiza de 29 a 31 de maio, com o tema «Desafios do Mar 2020» é sem dúvida um evento de enorme relevância para o país, assim se saiba aproveitar as oportunidades. A Revista Pontos de Vista conversou com o Comandante Rodrigues Pereira, docente do ISCIA em Conceitos básicos e breve História da Navegação e uma personalidade de enorme prestígio em todas as questões relacionadas com o mar, bem como autor de diversos livros sobre a história marítima, sendo o mais recente, “Grandes Naufrágios Portugueses – 1194 – 1991”, que nos deu a conhecer a importância deste certame, o Fórum do Mar, bem como os desafios existentes em Portugal quando abordamos a dinâmica relacionada com o Mar, porque este ainda continua a ser grande fator de desenvolvimento de Portugal.

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Este ano o tema escolhido para o Fórum é: “Os desafios do Mar 2020”, tendo em consideração o quadro comunitário de apoio 2014-2020. Quais são aqueles que classifica como os maiores desafios que se colocam ao Mar no momento atual e porquê? Comecemos por recordar que o mar português representa uma superfície equivalente a 55 por cento da Europa e 41,5 vezes o território emerso. A utilização e exploração desta vasta zona representa o nosso maior desafio. Para além das “utilizações tradicionais” – que urge recuperar – é necessário olharmos para outras atividades como o turismo, o lazer, a investigação científica, a produção de energia e o desporto internacional. Como avalia este quadro comunitário 2014-2020? O quadro comunitário 2014-2020 é fundamental para o relançamento da economia portuguesa no seu todo. A proposta de Estratégia Nacional para do Mar 2013-2020, que se encontra em discussão pública, preconiza que, os fundos nacionais, e europeus, sejam fundamentais para financiar as diversas ações e medidas propostas. Assim as entidades públicas e privadas, que desenvolvem as suas atividades ligadas direta ou indiretamente à economia do mar, têm que assumir a tarefa da descoberta do caminho que potencie ao máximo os fundos a serem disponibilizados pelo novo quadro comunitário. Qual a importância deste evento que se realiza anualmente? Quais as expectativas que tem relativamente a esta edição 2013? Este evento permite desenvolver a colaboração e cooperação entre os vários agentes ligados às atividades marítimas e ao mar permitindo o desenvolvimento de novos projetos e negócios e a conjugação de esforços na utilização deste larga parcela do nosso território. Os encontros de negócios resultantes do Fórum têm resultado em retorno efetivo e no firmamento de negócios e parcerias para novos projetos? Esta

é uma das vertentes mais importantes do certame? Sim, esse é um dos grandes objetivos deste encontro e que vem sendo conseguido; novos parceiros, novos projetos, novos negócios.... e mais valor acrescentado. A aposta do ISCIA, através do seu DETMAR e do seu OSM, é no reforço de um trabalho em rede na formação superior e profissional especializada destinada a atividades viradas ao mar. Com um plano estratégico claro e consistente. Em que parceiros, privados e estatais, se empenhem. A aposta nas potencialidades dos recursos marítimos nacionais através destes projetos poderá constituir umas das principais alavancas da economia nacional? Portugal desenvolveu-se através da uti-

Embora tenha havido sempre a preocupação de manter o máximo rigor histórico, que pudesse servir de orientação aos estudiosos, o livro foi escrito a pensar no grande público e isso influenciou muito a forma como foi escrito e organizado

Comandante Rodrigues Pereira

lização do mar e, especialmente pelo seu comércio marítimo. Foi sempre um Estado mais forte e desenvolvido quando aumentava a sua ligação ao mar. Sempre que esta ligação diminuía ou se perdia, o país empobrecia, não havia desenvolvimento e, algumas vezes, viu a sua independência ser ameaçada. O mar foi sempre, desde a sua origem, uma fonte de desenvolvimento para o país e continua a ser a nossa melhor alternativa de desenvolvimento. A área dos Cruzeiros Marítimo, por exemplo, em Portugal está a crescer em dois dígitos, em contraciclo com a economia. Portugal é mesmo o 12º país europeu com mais impacto direto da indústria dos cruzeiros. A par desta, quais são no seu entender as principais áreas relacionadas com o


Pontos de Vista Maio 2013

O mar esconde ainda hoje muitos segredos. Mais dos que já estão desvendados. Considero que atualmente conhecemos melhor a superfície da Lua do que o leito e o fundo dos oceanos

mar em que Portugal tem potencialidades por explorar? Quais as principais oportunidades existentes? Temos condições para o desenvolvimento das pequenas viagens costeiras, as atividades de mergulho amador e das competições náuticas internacionais.

Qual o contributo que o ISCIA pode dar neste sentido? Em Portugal, há muita formação em áreas cujas saídas académicas são escassas enquanto áreas relacionadas com uma das grandes mais-valias nacionais, que é sua costa marítima, nas suas inúmeras vertentes, são descuradas? O plano de formações graduadas e pós-graduadas do ISCIA é conhecido e está em desenvolvimento ainda que numa envolvente interna de depressão e com poucos fatores de motivação. Mas, paralelamente está a ser iniciado um conjunto de novos cursos especializados de curta duração, em português e inglês, destinados ao mercado internacional. A localização geoestratégica de Portugal, no cruzamento das rotas marítimas que ligam África, Europa e América é uma das vantagens nacionais enquanto recetor de investimento estratégico. O que é que é preciso fazer para que o país exerça uma efetiva atração para a captação de investimento externo tendo em conta este fator competitivo?

“Os portos são infraestruturas fundamentais para manter as nossas ligações com a Europa e o Mundo e para a colocação direta e competitiva das nossas exportações; a competitivade das nossas infraestruturas passa pela rápida circulação das mercadorias, seja pelo transbordo seja pelo seu envio para o interior da península ibérica. Portugal pode parecer periférico na Europa, mas está no centro das rotas das Américas, de África e do Mediterrâneo para a Europa do Norte, com acontece desde o Século XIII”

Os portos são infraestruturas fundamentais para manter as nossas ligações com a Europa e o Mundo e para a colocação direta e competitiva das nossas exportações; a competitivade das nossas infraestruturas passa pela rápida circulação das mercadorias, seja pelo transbordo seja pelo seu envio para o interior da península ibérica. Portugal pode parecer periférico na Europa, mas está no centro das rotas das Américas, de África e do Mediterrâneo para a Europa do Norte, com acontece desde o Século XIII. Portugal apostou muito no mar e deixou de o fazer, começando agora a voltar-se de novo. Esta foi uma das grandes falhas cometidas a nível nacional e que ajudou a levar Portugal para a conjuntura económico-financeira em que nos encontramos? Desde o seu início que o Reino de Portugal se lançou na atividade marítima, criando uma feitoria na Flandres. D. João II virou definitivamente a Nação para o Atlântico, utilizando-o para criar as ligações marítimas com a Índia, o Brasil e mais tarde com África. Com a integração europeia assiste-se ao desmantelamento das frotas de pesca e de comércio. A ideia que “os camiões TIR eram as caravelas do século XX” cedo se mostrou errada face aos frequentes bloqueios de estradas em França e em Espanha.

Que medidas acredita que devêm ser introduzidas no desiderato da sensibilização da sociedade para os benefícios que podem ser obtidos a partir da exploração sustentável do recurso Mar? Desenvolver, o conhecimento do nosso mar, saber das suas capacidades em termos económicos e de exploração dos seus recursos e, a partir dele, iniciar, de forma metódica e sustentável – como fizemos no século XV – a sua exploração e utilização.

Já escreveu vários livros sobre história marítima, sendo o mais recente, “Grandes Naufrágios Portugueses - 1194-1991”. O mar e os Descobrimentos sempre foram de indiscutível importância para Portugal mas, naturalmente, levaram também à perda de muitas vidas. Homenagear essas vidas perdidas em honra da nação foi um dos objetivos deste livro? O livro tenta mostrar o contraponto da expansão; o uso do mar implica sacrifícios e estes, quando levados ao limite, acabam por abalar a própria estrutura do Estado. Os problemas criados nos séculos XVI e XVII pelas inúmeras perdas humanas, iria originar a perda da nossa hegemonia e da nossa independência nacional. Elas foram uma espécie de Marinheiros Desconhecidos cujos sacrifícios e as causas que os originaram, não chegaram

ao conhecimento da generalidade dos portugueses. Esse foi um dos objetivos do livro.

Em poucas palavras como caracteriza este livro? Trata-se de um livro para estudiosos ou para o público em geral? Embora tenha havido sempre a preocupação de manter o máximo rigor histórico, que pudesse servir de orientação aos estudiosos, o livro foi escrito a pensar no grande público e isso influenciou muito a forma como foi escrito e organizado. O mar ainda esconde muitos segredos? O mar esconde ainda hoje muitos segredos. Mais dos que já estão desvendados. Considero que atualmente conhecemos melhor a superfície da Lua do que o leito e o fundo dos oceanos. Com uma vida ligada ao mar, este é para si, antes de mais, uma paixão? A minha atividade de mais de 44 anos como oficial de marinha, permitiu-me conhecer o mar por várias vertentes, devido à diversidade de funções que tive oportunidade de desempenhar. Continuo a ter por ele um misto de paixão e respeito – paixão pelo que ele tem de belo e respeito pelo que ainda representa de perigo – mas continuo a considerá-lo como o grande fator de desenvolvimento de Portugal.

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FÓRUM DO MAR 2013

Tiago Aires, Diretor da Unidade de Negócios da Aquasoja, em discurso direto

“Portugal tem competências únicas” A Sorgal, que faz parte do Grupo Soja de Portugal, vai estar presente no próximo Fórum do Mar. A Revista Pontos de Vista quis saber de que forma a empresa irá marcar a sua presença e quais as expectativas em relação ao certame. Para o efeito, esteve à conversa com Tiago Aires, Diretor da Unidade de Negócio da Aquasoja, que nos deu ainda a conhecer quais as estratégias de crescimento da empresa, assente essencialmente na internacionalização.

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Por que razão a Sorgal decidiu marcar presença no próximo Fórum do Mar? Acredita que do certame poderão resultar importantes negócios para a empresa? Quais as expectativas em relação ao mesmo? O Grupo Soja de Portugal tem uma participação ativa na chamada Economia do Mar, quer pela valorização de subprodutos oriundos da indústria transformadora de pescado, quer como produtor de alimentos completos para peixes. Ambas as Unidades de Negócio são exportadoras, sendo que a segunda exporta mais de 80% da sua produção. Desta forma, e como sócios ativos do Cluster do Mar Oceano XXI, não podíamos deixar de marcar presença neste evento. Iremos inclusivamente organizar um Workshop, para o qual convidámos não só clientes, como parceiros, tanto nacionais como estrangeiros, com o intuito de dar a conhecer a nossa visão do Negócio a médio e longo prazo, as ameaças mas também as oportunidades que certamente surgirão. A estratégia Europeia 2020, como foi recentemente demonstrado pela apresentação pública do Plano de Ação Europeu para este setor (no qual foi inclusivamente anunciado o objetivo de criar 7.000.000 de postos de trabalho nos países do Arco Atlântico), implica um melhor aproveitamento das oportunidades por explorar, e queremos estar na linha da frente, promovendo uma atividade económica sustentável económica e ambientalmente, inovadora e geradora de postos de trabalho. Neste Fórum do Mar vão aproveitar para promover algum produto em particular? Qual (ais)? Tal como referido, vamos tentar transmitir uma visão estratégica para o setor, que passa pelo desenvolvimento de uma atividade sustentável, com a máxima valorização dos recursos locais, criando valor para o nosso país. Portugal tem competências únicas, podendo mesmo ser afirmado que estamos na linha da frente do conhecimento científico e inovação nesta área em concreto.

Na opinião da Sorgal, a produção de peixes em países tropicais é a melhor forma de aumentar o consumo deste recurso a preços razoáveis nos países em vias de desenvolvimento? Que esforços têm dedicado a esta temática e de que forma têm vindo a potenciar a produção de peixes para este fim? A análise das capturas mundiais de pescado permite facilmente perceber que a pesca extrativa dificilmente aumentará

dos quais destacamos os custos logísticos elevados e por vezes inexistência de logística viável; a questão dos seguros de crédito; assim como o défice de imagem do país em área de ponta.

Tiago Aires

“A análise das capturas mundiais de pescado permite facilmente perceber que a pesca extrativa dificilmente aumentará num futuro próximo. Uma grande parte do stock disponível está ou já sobre-explorado ou muito próximo de o estar” num futuro próximo. Uma grande parte do stock disponível está ou já sobre-explorado ou muito próximo de o estar. Efetivamente, a maior disponibilização de peixe à população mundial tem sido devida ao aumento espetacular da produção aquícola (o único grupo de produção animal a crescer a dois dígitos). No entanto, quando falamos de produção aquícola, temos sempre que fazer sempre referência a duas realidades completamente distintas: produção de espécies de elevado valor em águas temperadas a frias e produção de espécies de baixo valor, mas elevada produtividade em águas quentes. Naturalmente em primeiro lugar está a produção de salmão ou espécies mediterrânicas com longos ciclos de produção e que têm como destino preferencial os países desenvolvidos da Europa, Américas ou Extremo Oriente. As espécies tropicais de elevada produtividade têm um potencial enorme (tilapia, peixe-gato riscado), pois constituirão uma forma efetiva de fazer chegar peixe barato aos países em vias de desenvolvimento, podendo ser produzidos localmente, com baixa tecnologia e alimentos contendo níveis proteicos mais reduzidos. Naturalmente estamos sempre à procura de novas oportunidades, mas penso que os países onde poderemos vender

alimentos de alta performance para espécies tropicais serão naturalmente países da África subsariana, entre os quais se encontram os PALOP (Cabo Verde, Angola, Moçambique), onde temos alguns negócios em preparação. Não descartamos também a América Central, pelo enorme potencial que demonstra.

Os países em que o consumo de peixes ainda é reduzido são aqueles que mais interessam neste momento à empresa por permitirem uma maior margem de crescimento? Não necessariamente. Está muito claro na Estratégia definida pelo Grupo Soja de Portugal que qualquer crescimento desta Unidade de Negócio passará sempre pela internacionalização. Assim, os mercados-alvo serão sempre mercados em que se verifiquem um conjunto de pressupostos, como por exemplo, a produção local atual ou potencial relevante, inexistência de barreiras regulamentares, facilidade logística, entre outros. O consumo local não é relevante, pois neste tipo de produtos o comércio global é um facto muito marcado. Por exemplo, o salmão produz-se essencialmente na Noruega, Chile, Canadá e Escócia, o robalo e a dourada na Turquia, Grécia ou Espanha, o camarão na América Central ou no Sudeste Asiático, mas estes produtos viajam por todo o mundo. Para o Grupo Soja é particularmente importante a diferenciação de produto a exportar face à concorrência local (quer de um ponto de vista tecnológico, quer de um ponto de vista nutricional) e a prestação de um bom serviço. Como já referi, temos em Portugal Competências na área da nutrição de peixes de excelência e esse tem sido felizmente um dos nossos principais trunfos. Existem, no entanto, alguns custos que se verificam como uma desvantagem competitiva para a produção nacional,

Portugal, pelo contrário, sempre teve tradição de produção e consumo de peixe. Ainda assim, na sua opinião, a aquacultura tem atualmente um peso importante na economia do país ou este é ainda reduzido face às potencialidades? O que é que deve ser feito para que se assista a um aumento do investimento nesta área? Infelizmente, o peso é muito reduzido. De um consumo aparente de pescado de 60 kg/per capita em Portugal, uma fração mínima é oriunda de produtos de aquicultura nacional (dados da FA0 de 2010 indicam uma produção total inferior a 3.200 ton., o que corresponde a 0,5% do consumo total). Portugal não possui condições ótimas para o desenvolvimento do cultivo de peixes (quer em Off-shore, quer em terra), o mesmo não se passando com os bivalves. Provavelmente, o crescimento nos próximos anos concentrar-se-á nestes últimos, em detrimento do cultivo de peixe. Outra possibilidade será a especialização em espécies de elevado valor, como por exemplo os peixes planos (linguado e pregado), mas estes serão sempre projetos de algum risco técnico. Não podemos também esquecer a produção semi-intensiva de robalo e dourada, mais tradicional, e que, apesar de pequena, é de excelente qualidade. O Grupo Soja Portugal participou no Bright Challenge 2013 e ganhou o prémio na categoria de “melhor gestão de motivação de equipa”. É a motivação e o esforço dos recursos humanos que fazem desta empresa um caso de sucesso? Sem dúvida que sim. O Grupo Soja de Portugal tem nos seus valores a cooperação, o que transparece no dia a dia de trabalho Assim, o saber trabalhar em equipa é objetivamente um dos pontos fortes do Grupo, revertendo, não apenas num bom ambiente de trabalho e numa forte motivação interna, mas também nos serviços prestados e nos resultados alcançados. Ressaltamos ainda que este trabalho em equipa se verifica não apenas com os colaboradores da empresa, mas também com todos os nossos parceiros científicos e tecnológicos, que cooperam connosco de forma muito estreita e nos permitem apresentar soluções de excelência.



FÓRUM DO MAR 2013

Comunidade Intermunicipal do Oeste

Um novo “mar de oportunidades” na economia portuguesa “Quase todos os portugueses consideram o “mar” a nossa marca de identidade como povo e Baudelaire escreveu “Homem Livre, tu sempre gostarás do Mar” pelo que a existência de um Fórum sobre estas temáticas só poderá contribuir para um novo “mar de oportunidades” na economia portuguesa”, afirma André Rocha Macedo, Secretário Executivo da Comunidade Intermunicipal do Oeste, que abordou, entre outras matérias, a relevância deste evento para o país, assegurando ainda que a participação da OesteCIM no fórum do Mar – 2013, está enquadrada no trabalho de elaboração da “Estratégia 2020 - Oeste Portugal”, com a participação de diversos parceiros públicos e privados da Região.

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A Comunidade Intermunicipal do Oeste deu já início ao processo de construção do quadro de referência regional para o período 2014-2020. Em linhas gerais, qual será a estratégia a assumir? A Comunidade Intermunicipal do Oeste - OesteCIM deu início ao processo de construção do seu quadro de referência sub-regional em janeiro deste ano e o mesmo decorrerá até setembro/outubro, esperando-se que no mês de julho possa haver já um draft para apresentação e discussão com os parceiros. Atualmente este processo encontra-se na fase de avaliação do potencial de desenvolvimento da região que permitirá sustentar as opções de desenvolvimento que venham a ser identificadas como prioritárias para a região “Oeste Portugal”. Em linhas gerais prevê-se uma estratégia de desenvolvimento construída em parceria com outros atores do desenvolvimento regional, do setor publico e privado no sentido de garantirmos o alinhamento e complementaridade das prioridades e opções. Pretende-se a construção de uma estratégia regional alinhada com as metas europeias, sustentada em objetivos exequíveis com o compromisso dos diferentes atores da região “Oeste Portugal”.

De 29 a 31 de maio, realiza-se na Exponor o 3º Fórum do Mar, com 2020 no horizonte. Qual é, para si, a importância deste evento que acaba por agregar toda a comunidade marítima nacional num mesmo espaço? O evento contribuirá para o desenvolvimento da economia do mar e para a sensibilização da comunidade marítima quanto aos benefícios que podem ser obtidos a partir da exploração sustentável do recurso “Mar”. É uma oportunidade para debater e afirmar o papel da região Oeste Portugal no âmbito da estratégia nacional para o mar, instrumento fundamental para operacionalizar o acesso aos recursos marinhos e estimular a economia do mar, enquanto desígnio estratégico para o país, com 2020 no horizonte. O objetivo é proporcionar o contacto entre os intervenientes de forma a favorecer o desenvolvimento de relações de cooperação, visando estabelecer uma estratégia comum (internacional, na-

André Rocha Macedo

cional e regional). A participação de experts nacionais e internacionais, permitirão debater temáticas relevantes para o período de programação dos fundos comunitários – EE 2020, encontrando soluções para o desenvolvimento económico dos setores em debate. Quase todos os portugueses consideram o “mar” a nossa marca de identidade como povo e Baudelaire escreveu “Homem Livre, tu sempre gostarás do Mar” pelo que a existência de um Fórum sobre estas temáticas só poderá contribuir para um novo “mar de oportunidades” na economia portuguesa.

Relativamente aos temas que serão debatidos neste 3º Fórum do Mar, que questões considera primordiais serem colocadas em cima da mesa? Porquê? Todos os temas a ser debatidos são de enorme relevância na atualidade conjuntural, considerando os desafios do “Mar” no período de Programação dos Fundos Comunitários 2014-2020, sendo que é essencial desenvolver condições de impulso da colaboração multidisciplinar para a criação de novas áreas de negócio, passando pela resolução de constrangimentos administrativos, jurídicos e fiscais, pelo incentivo à coope-

ração empresarial e à formação de parcerias e pela promoção comercial e da imagem institucional do tema no estrangeiro, através, entre outros, de uma presença mais dinâmica e ativa em eventos internacionais ligadas e em grandes certames mundiais da especialidade. Sendo o “mar”, uma marca essencial da identidade do povo português, podemos afirmar que Portugal teve o mérito de ser pioneiro da globalização. Na atualidade que vivemos, depois de muitas perturbações e de algum desinteresse em certos momentos da nossa história mais próxima, o “mar” volta a ser considerado como um desígnio prioritário capaz de desenvolver uma dinâmica empreendedora e de criar riqueza, muito à semelhança de outros países e que encontraram no “mar” um significativo contributo para o seu desenvolvimento económico e social. Tendo em consideração a avaliação do potencial de desenvolvimento nacional da economia do “Mar”, podemos encontrar vários constrangimentos, como a falta de articulação entre níveis de tutela, a escassez de intervenções concretas no setor e as políticas de ordenamento da orla costeira. Assim, questiono se sabemos capitalizar de forma sustentável o mar de mais-valias que o “mar” nos presenteia? Ou mais concretamente como podem as empresas explorar todas as oportunidades de negócio oriundas do “mar” e como o Estado pode criar as devidas condições para tal, através da adoção de políticas de incentivo ao investimento privado? Em matérias relacionadas com a vocação marítima de Portugal, que ações o Governo Português irá desenvolver no sentido de promover a internacionalização das empresas portuguesas? Qual o impacto do “Mar” no posicionamento e especialização das Sub-regiões? O que falta fazer pelo desenvolvimento da economia do Mar e para a sensibilização do público quanto aos benefícios que podem ser obtidos a partir da exploração sustentável do mar? O desígnio do “Mar” do nosso País deverá ser mais debatido e partilhado entre a população e como tudo na vida devemos sensibilizar os jovens quanto às origens que tiveram na base da construção desta Nação, e que o futuro está na exploração sustentável do mar, ou seja, a educação


Pontos de Vista Maio 2013

cívica, ambiental, desportiva e económica que deverá passar através de atividades relacionadas com “Mar”. Penso que as entidades públicas e privadas que investem no “Mar”, têm todo o interesse em dar a conhecer à população geral todos os benefícios que advêm da sua exploração, sendo os media um poderoso veiculo de promoção de todos os benefícios inerentes. Como exemplo prático para responder à vossa questão, tendo como pano de fundo o quadro de oportunidades de desenvolvimento associado ao próximo período de programação comunitária, a OesteCIM, enquanto entidade representativa dos 12 municípios da região e responsável pelo desenvolvimento da “Estratégia 2020 - Oeste Portugal” em colaboração com os parceiros regionais (privados e públicos), destacando alguns como o Instituto Politécnico de Leiria, através da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, importante ator regional no ensino e na investigação ligada ao mar e o Grupo de Ação Costeira do Oeste, entidade gestora do eixo IV do PROMAR a nível regional, que organizaram no passado mês de abril um debate publico com o tema “Mar Oeste Portugal - Contributo para a Estratégia Nacional para o Mar 2014-2020”, com a presença do secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu. O objetivo deste encontro foi apreciar e discutir ideias e contribuir para a nova proposta de Estratégia Nacional para o “Mar”, que estará em discussão pública até 31 de maio. A Estratégia Nacional para o Mar, agora em consulta pública, sendo um instrumento para as concretização das política publicas do “Mar”, de âmbito transversal e multi sectorial, dependem do envolvimento dos agentes públicos e privados, pelo que é determinante a participação de toda a população na formulação da Estratégia do Mar. Assim, também a 3ªedição do fórum do mar é uma oportunidade para a participação da sociedade portuguesa, sendo um passo fundamental para garantir o reconhecimento e a partilha da visão e dos objetivos a estabelecer. O que poderemos esperar do contributo da Comunidade Intermunicipal do Oeste neste encontro? Serão, novamente, promovidos os recursos marinhos da região, os desportos marítimos e a atividade turística associada ao mar? A participação da OesteCIM no fórum do Mar – 2013, está enquadrada no trabalho de elaboração da “Estratégia 2020 - Oeste Portugal”, com a participação de diversos parceiros públicos e privados da Região. A participação institucional do “Oeste Portugal” tem como objetivo dar a conhecer

os players regionais que desenvolvem com sucesso atividades ligadas à economia do Mar: atividades turísticas no mar (ex: The North Canyon Show by Garrett McNamara, Rip Curl Pro Portugal – Praia Super Tubos, Santa Cruz-Ocean Spirit - festival internacional de desportos de ondas), pesca (ex: A Lota de Peniche com o maior volume de negócio em Portugal), aquacultura (ex: lagoa de Óbidos), industria (ex: Industria de conservas em Peniche – ESIP, Ramirez), investigação (ex: Projeto CETEMARES – IPL/Escola Superior de Turismo e de Tecnologia do Mar), recursos subaquáticos (ex: Reserva Natural da Berlenga), energia das ondas (ex: O projeto do Waverolle – AW Energy&Estaleiros Navais de Peniche). Neste evento iremos sem dúvida continuar a promover os recursos marinhos da região, os desportos marítimos e a atividade turística, mas dando a conhecer todos os outros setores em grande crescimento. Para a OesteCIM o evento é uma oportunidade de dar a conhecer as potencialidades da Região Oeste Portugal a todos os que visitam o certame e mais do que isso será uma oportunidade de dar a conhecer o modelo de desenvolvimento dos 12 Municipios que integram a OesteCIM, que assenta na preservação e utilização sustentável dos recursos e serviços dos ecossistemas marinhos, tendo como meta a longo prazo, o crescimento económico, inteligente, sustentável e inclusivo, assente na componente marítima. Além do objetivo de promoção já evidenciado, é intensão da OesteCIM chamar à participação e envolver as entidades e cidadãos neste momento de reflexão aproveitando a participação de convidados com reconhecida experiência nas temáticas em debate, que apresentarão experiências e contributos para a Estratégia 2020 Oeste Portugal no âmbito do Crescimento Inteligente, com o intuito de enriquecer o potencial regional, com especial enfoque nos temas do cluster da economia do mar. Trata-se de um momento privilegiado para recolher contributos de todos, no sentido de se perspetivar o desenvolvimento e valorização do potencial da Região Oeste neste domínio estratégico. Portugal, enquanto um novo player central a nível mundial na área dos transportes e da logística e pelo desenvolvimento das grandes rotas marítimas do comércio internacional, será um dos pontos fortes dos debates. Na sua opinião, o mar poderá ajudar Portugal a sair mais rapidamente da crise? Sim sem dúvida. O “Mar” sempre teve muita importância na nossa autonomia politica, bem como na definição da nos-

A organização do evento está empenhada em colocar o mar no topo das prioridades nacionais e europeias de 2014 a 2020. Estamos no bom caminho? Sim claramente, a organização está a criar as condições de contexto favoráveis para que os atores públicos e privados possam desenvolver dinâmicas de cooperação geradoras de valor à economia do “Mar” a nível nacional e internacional. Tendo em atenção o timing e o contexto de preparação do próximo período de programação financeira da Política de Coesão da União Europeia para 20142020, a organização do evento tem como meta mobilizar os agentes internacionais e nacionais, no sentido de os envolver na discussão do futuro da Economia do “Mar”, fazendo uma reflexão estratégica sobre as politicas nacionais, debatendo um conjunto de temas prioritários que procurarão dar resposta aos problemas e desafios com que o País se confronta, por forma a gerar valor acrescentado e afirmar modelos de Competitividade Responsável e Estruturante. Assim e na minha opinião, no final do evento a AEP/Oceano XXI deverá desenvolver um documento estratégico que possa identificar pistas para financiamento pelos Fundos Comunitários 2014/2020, no domínio diferenciador “MAR”; bem como promover novas iniciativas neste âmbito, a realizar futuramente. sa índole coletiva enquanto povo. Neste sentido, o “Mar” deve ser um elemento central na economia portuguesa que devemos consolidar, assim como uma imagem que queremos projetar. A possibilidade de aproveitar o recurso em diversos setores da economia oferece múltiplos benefícios com vista a um novo reposicionamento, que seguramente irá trazer consequências positivas. O posicionamento geográfico de Portugal permite-nos ainda obter vantagens quer pelo facto de sermos o País da União Europeia à menor distância dos

continentes Africano e Americano, bem como na área dos transportes marítimos e portuários e no desenvolvimento de redes ferroviárias transeuropeias, capazes de fazer a ligação multimodal com o transporte marítimo. O valor económico das atividades ligadas ao mar na economia portuguesa é, atualmente, cerca de 2% do PIB nacional tendo grande potencialidade de vir a ser aumentado.

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RELAÇÕES PORTUGAL/ POLÓNIA

Bogdan Zagrobelny, Primeiro Conselheiro e Chefe de Departamento da Embaixada da Polónia, em entrevista

“É o momento certo para apostar na Polónia” A crescer ininterruptamente, em contraciclo com a economia europeia - tendo sido inclusivamente o único país da UE que não entrou em recessão no período de crise de 2009 - a Polónia é hoje um dos mercados que maior atração exerce ao investimento nacional. Para Bogdan Zagrobelny, “a área mais promissora da parceria estratégica entre os dois países é a possibilidade de cooperação nos mercados da CPLP, em que as empresas portuguesas possuem uma experiência única e uma posição forte”. O Primeiro Conselheiro da Embaixada da Polónia em Portugal deu o exemplo de alguns casos de sucesso de investimento português neste mercado estratégico, são eles a Jerónimo Martins, que já conta com 2200 lojas na sua rede Biedronka, Millennium BCP, Mota-Engil, Eurocash, Martifer, BA Vidro ou EDPR, entre tantos outros.

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A Polónia é o país que atualmente mais cresce na Europa. Quais os fatores que potenciam este crescimento acelerado? É sobretudo a fundação saudável da economia polaca, que o país conseguiu criar durante a transformação sistémica na década de noventa. Não há dúvida que a dimensão do mercado polaco de 40 milhões de consumidores é outro fator importante. Além disso, deve-se sublinhar o papel do investimento estrangeiro que permitiu criar uma base industrial moderna na Polónia. O mais importante fator constitui a adesão da Polónia à UE quase 10 anos atrás que gera crescimento económico, principalmente fluxos de comércio e investimento. A Polónia é e continuará a ser um dos maiores beneficiários dos fundos da UE, o que significa que terá recursos para financiar os investimentos em setores que têm o maior impacto na modernização da economia. De que forma a Polónia pode ser um aliado estratégico para Portugal? A área mais promissora da parceria estratégica entre os dois países é a possibilidade de cooperação nos mercados da CPLP, em que as empresas portuguesas possuem uma experiência única e uma posição forte. Na minha opinião, com base na experiência das empresas portuguesas nos mercados lusófonos, e de empresas polacas nos mercados da Europa Central e de Leste, poderíamos criar uma parceria estratégica nos mercados terceiros. Esta é a altura ideal para apostar na Polónia? Os empresários portugueses têm sabido aproveitar as potencialidades de um país em claro crescimento numa época de recessão para a Europa? Com certeza, este é o momento certo para apostar na Polónia. O nosso país regista, ininterruptamente há muitos anos, uma alta taxa de crescimento, e no período de crise em 2009 foi o único país da UE que nunca entrou em uma recessão.

para investimentos estrangeiros. O elemento principal do sistema polaco de incentivos é a possibilidade de obtenção de isenção de IRC em 14 zonas económicas especiais (ZEEs). A par disso, o governo polaco oferece subvenções para os investidores envolvidos em grandes projetos de investimento de especial importância para a economia nacional. Neste contexto, deve também notar-se que o IRC na Polónia é de apenas 19 por cento.

Bogdan Zabrobelny Empresas portuguesas, aproveitando esta boa situação económica na Polónia, podem desenvolver o seu potencial, tanto mais que as previsões da UE e da OCDE indicam a continuação do crescimento económico da Polónia no futuro. Para confirmar a Polónia como escolha certa, basta mencionar o sucesso de alguns investidores portugueses na Polónia, entre outros o mais espetacular do Grupo Jerónimo Martins, que já conta com 2200 lojas na sua rede Biedronka e continua o desenvolvimento de investimentos na Polónia. Mas não é apenas o caso da Jerónimo Martins, sucessos tiveram também tais empresas como: Millennium BCP, Mota-Engil, Eurocash, Martifer, BA Vidro ou EDPR, entre outros. Quais as áreas com maiores pontencialidades para o investimento português na Polónia? A energia é o setor por excelência para este investimento? Em que outros sectores há evidentes oportunidades de investimento e cooperação? Não só o setor de energia oferece oportunidades de investimento. Para garantir o desenvolvimento sustentável até ao ano 2020, a Polónia necessita o investi-

mento de cerca de 150 mil milhões de euros em uma série de setores, como infraestruturas rodoviária e de telecomunicações, indústria de defesa, I+D, construção residencial e industrial, bem como modernização das infraestruturas ferroviária e portuária. Estas são áreas em que as empresas portuguesas têm uma vasta experiência e sucesso. Para apoiar o investimento nestas áreas, o governo polaco lançou em 2012 um programa especial, designado por Investimentos Polacos, concebido a fim de proporcionar o financiamento a longo prazo. Através de uma empresa criada especialmente para este fim, tipo special investment vehicle, o governo vai participar como acionista em empresas que realizam grandes projetos de investimento em setores estratégicos. Este programa está também aberto aos investidores estrangeiros.

Que tipo de incentivos fiscais a Polónia oferece? A Polónia, sem dúvida, figura entre os países que oferecem os melhores incentivos para investidores estrangeiros, o que por sua vez reflete nos rankings que situam a Polónia entre os 10 países mais atrativos

Qual tem sido o papel do Departamento de Promoção do Comércio e do Investimento da Embaixada da Polónia na promoção de parcerias entre entidades lusas e polacas? De que forma agilizam esses procedimentos? Estamos empenhados para que o Departamento, que estou a gerir, foi o primeiro ponto de contato para as empresas portuguesas e polacos. Fornecemos informações sobre ambos os mercados, oportunidades de cooperação, contactos com potenciais parceiros. O Departamento participa também em feiras. Este ano participamos em 6 eventos em Portugal Continental e nas regiões autónomas. Editamos a própria publicação Destino Polónia, que é praticamente o único material sobre a Polónia e relações bilaterais entre os nossos países disponível em português. Juntamente com as organizações empresariais portuguesas realizamos seminários relativos a oportunidades de negócios na Polónia, um exemplo do que pode ser o Fórum Económico, organizado em 2012 em conjunto com a AIP, por ocasião da visita do Presidente da República da Polónia a Portugal. Temos uma cooperação muito boa com tais organizações empresariais portuguesas como: AICEP, IAPMEI, PPCC, AIP, AEP, AIMinho, NERLEI e outras. O meu departamento está interessado em novas iniciativas conjuntas para promover a cooperação entre nossos países. Convido a entrar em contato com o meu escritório em Lisboa e garanto que sempre encontrarei o tempo para falar com empresários portugueses que pretendam estabelecer a sua atividade na Polónia. Aproveito também esta oportunidade para convidar a visitar o nosso site www.lisbon.trade.gov.pl, onde poderão encontrar muitas informações sobre a Polónia e oportunidades no mercado polaco.


RELAÇÕES PORTUGAL/ POLÓNIA

Tiago Costa, Diretor Geral da Câmara de Comércio Polónia – Portugal, em entrevista

Pontos de Vista Maio 2013

“A Polónia vai ser o maior beneficiário de fundos comunitários” A Polónia é, atualmente, a oitava maior economia europeia e, no que concerne a investimento estrangeiro, é líder destacada na região do Centro e Leste da Europa. Portugal é um dos países que tem investido neste mercado em expansão. Para apoiar as empresas nessa missão a Câmara de Comércio Polónia – Portugal possui um vasto leque de serviços, que vão desde a elaboração de listagens de empresas, agendamento de reuniões, serviços de interpretação e tradução, organização de missões empresariais e aluguer de sala de reuniões. Saiba mais sobre o bom desempenho da economia polaca e o suporte que esta entidade lhe pode dar caso tenha interesse em investir neste mercado através da entrevista que se segue.

A Polónia conheceu grandes progressos económicos desde a queda do comunismo e, sobretudo, desde a adesão à UE em 2004. Quando todas as economias europeias sofriam do impacto da crise mundial, a Polónia foi o único país da Europa a gerar riqueza. Quais as razões que motivam este crescimento da economia polaca em contraciclo com a conjuntura europeia? A Polónia possui uma população de 38 milhões de habitantes, sendo neste momento a oitava maior economia na UE. No que diz respeito a investimento estrangeiro a Polónia é líder destacado na região do Centro e Leste da Europa, registando em 2011 - um investimento de 9 mil milhões de Euros. De acordo com o “Report European Attractiveness” elaborado pela Ernst & Young, nos próximos três anos, a Polónia será o segundo país mais atrativo para investimentos na Europa, a seguir à Alemanha. O avultado volume de investimento registado nos últimos anos por parte de multinacionais que operam no setor industrial, novas tecnologias e inovação, permitiu à Polónia criar novos postos de trabalho e aumentar as remunerações dos trabalhadores. O país passa igualmente por uma grande transformação no que diz respeito à modernização das suas infraestruturas. Fortemente apoiado em fundos comunitários, tem-se registado uma forte aposta do país na construção de novas autoestradas, modernização das vias férreas, redes de metro, aeroportos e hospitais. Recentemente foi confirmado que a Polónia vai ser o maior beneficiário de fundos comunitários, recebendo entre 2014 e 2020, cerca de 105 mil milhões de Euros. O agravamento da crise na zona europa poderá comprometer o desempenho da economia polaca, uma vez que a maioria das suas exportações é feita na zona euro? Como analisa as intenções de adesão à moeda única em 2015 por parte da Polónia? As exportações polacas têm tido um excelente desempenho nos últimos anos e

De acordo com o “Report European Attractiveness” elaborado pela Ernst & Young, nos próximos três anos, a Polónia será o segundo país mais atrativo para investimentos na Europa, a seguir à Alemanha

contribuíram para o crescimento económico do país. Devido à crise na zona euro, o país adiou a entrada na moeda única. Deste modo, o Banco Central da Polónia nos últimos quatro anos tem assumido um papel interventivo em matéria de política cambial. São mecanismos importantes nomeadamente para o setor das exportações, que é sem dúvida um dos grandes motores da economia do país. Um outro fator determinante para a Polónia resistir à crise na zona Euro deve-se à liquidez do seu setor bancário. Durante este período não foi registado nenhum resgate bancário e o nível de endividamento das empresas é baixo, tendo as empresas capitais próprios para investir. Em 2012 por ocasião de uma cimeira europeia o Primeiro Ministro polaco, Donald Tusk teve um comentário esclarecedor “A Polónia quer aderir ao Euro, mas não a este”. Penso que esta opinião transmite na perfeição o sentimento da população e dos agentes económicos no país. Quais são as grandes oportunidades que a Polónia tem para oferecer aos empresários portugueses? Quais os setores de atividade em que há mais e melhores oportunidades para as exportações nacionais? A Polónia continua a oferecer muitas oportunidades em vários setores da economia como por exemplo: indústria, construção, tecnologia da informação, energias renováveis, retalho e serviços.

Existe um grande potencial para as exportações portuguesas nomeadamente na área dos produtos alimentares que não são produzidos na Polónia como o azeite e vinho, maquinaria industrial, têxteis, sapatos e cortiça.

Quais os serviços disponibilizados pela Câmara de Comércio Polónia-Portugal aos empresários nacionais que tenham interesse em investir no mercado polaco? Que tipo de apoios são disponibilizados ao tecido empresarial nesse sentido? A Câmara de Comércio Polónia – Portugal possui um vasto leque de serviços com o objetivo de apoiar os empresários portugueses a investir na Polónia. A Câmara de Comércio elabora listagens de empresas, agendamento de reuniões, serviços de interpretação e tradução, organização de missões empresariais e aluguer de sala de reuniões. A funcionar desde 2010 a Câmara de Comércio, possui um serviço de escritório virtual e escritório partilhado com o objetivo de apoiar as start-ups portuguesas na Polónia. Que medidas devem ser introduzidas de forma a promover o incremento das relações comerciais entre Portugal e a Polónia? O que é que a Câmara de Comércio Polónia-Portugal tem feito nesse âmbito? As relações comerciais entre Portugal e Polónia têm tido um desenvolvimento muito significativo nos últimos 10 anos.

A Câmara de Comércio Polónia – Portugal foi constituída em 2008 na Polónia, tendo começado a sua atividade com apenas 22 Associados. Atualmente a Câmara de Comércio possui 215 Associados. A Câmara de Comércio tem desenvolvido um trabalho muito próximo com as empresas portuguesas e polacas, procurando apoiar as mesmas na identificação de novas oportunidades de negócio, aumentar a sua visibilidade, criação de uma rede contactos forte, representação institucional e promoção de investimentos na Polónia e em Portugal. Como vê a evolução das relações bilaterais entre Portugal e a Polónia? As relações bilaterais entre Portugal e a Polónia atravessam um grande momento, no entanto existe espaço para melhorar. A Polónia neste momento é um dos principais mercados para o investimento direto português no estrangeiro. Desde de 2005 a 2012 o valor acumulado do investimento direto português na Polónia foi de 2,5 mil milhões de Euros. Já o investimento direto polaco em Portugal não é significativo. Existe potencial para melhorar esta situação e atrair investidores da Polónia para Portugal. A balança comercial entre os dois países tem igualmente dado mostras de melhoria, atingido em 2012 os 812 milhões de Euros. No entanto ambos países têm potencial e capacidade para exportar melhorar o seu desempenho das suas exportações.

“A Câmara de Comércio tem desenvolvido um trabalho muito próximo com as empresas portuguesas e polacas, procurando apoiar as mesmas na identificação de novas oportunidades de negócio, aumentar a sua visibilidade, criação de uma rede contactos forte, representação institucional e promoção de investimentos na Polónia e em Portugal”

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RELAÇÕES PORTUGAL/POLÓNIA

Linking Business – Valor acrescentado entre Polónia e Portugal

«Ponte» de valor acrescentado A economia polaca apresenta um crescimento significativo com bases institucionais fortes, baseando-se em mecanismos democráticos, aos quais se deve o facto da Polónia ser considerada a melhor e mais transparente economia de todos os estados do antigo bloco Soviético. Entre os desafios mais importantes a serem enfrentados pelo país num futuro próximo, encontram-se as questões relacionadas com a adoção da moeda única e de todos os critérios que tem de cumprir afim de entrar na Zona Euro. As relações entre Portugal e a Polónia devem por isso continuar a ser fomentadas em prol do crescimento de ambos os países, que, neste período, vivem momentos distintos na sua alavanca evolutiva. A Revista Pontos de Vista conversou com José Moreno, Marco Campos de Almeida e Ricardo Silva, Administradores da Linking Business, que revelaram as potencialidades deste projeto inovador e dinâmico e que tem como grande desiderato servir de veículo para a internacionalização de organizações nas mais diversas áreas geográficas, de forma a explorar oportunidades comerciais para produtos e serviços de valor acrescentado, principalmente no domínio das relações entre Portugal e Polónia. José Moreno, Marco Campos de Almeida e Ricardo Silva

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A Linking Business tem sido uma ponte entre negócios que unem Portugal e a Polónia, criando sinergias e oportunidades únicas nos diversos setores de atividade dos dois países. Quais são, atualmente, as principais solicitações dos vossos clientes? O que é que eles procuram? Confrontadas com o atual cenário económico Português, as empresas Portuguesas deparam-se com uma necessidade premente de identificar novos canais que permitam aumentar o seu volume de negócios. Perante tal necessidade, as empresas redirecionaram as suas estratégias para a via da exportação.

Neste cenário, a Linking Business tem sido solicitada com vista a colmatar as mais variadíssimas necessidades empresariais, tanto ao nível operacional como estratégico. Contudo, podemos salientar que na sua maioria os nossos parceiros possuem como objetivo final a obtenção de novos clientes, com base num modelo comercial simplificado e de baixo custo. Em segundo lugar, é de realçar as várias solicitações de empresas Polacas que procuram novas oportunidade de negócio no mercado Ibérico, onde Portugal assume adicionalmente um papel estratégico para a entrada nos Países

de Língua Oficial Portuguesa.

“Juntos, marcamos a diferença” é o lema que a Linking Business faz chegar aos seus clientes. Destacando essa diferença, o que vos distingue de outras empresas concorrentes? Não obstante o vasto leque de serviços específicos oferecidos pela Linking Business, onde se podem destacar o apoio legal, financeiro e técnico, estamos vocacionados para a implementação de estratégias de negócio de elevado grau de complexidade, sustentados por uma vasta network de contactos em vários setores de atividade, que permitem po-

Os principais serviços prestados pela Linking Business são: • Promoção de produtos no mercado polaco; • Apoio à participação em feiras de negócios em território polaco; • Identificação de parceiros estratégicos locais com vista ao desenvolvimento de negócios na Polónia; • Apoio técnico-legal-financeiro a entidades que pretendam implementar-se no mercado polaco; • Procurement de bens e serviços; • Trading.


Pontos de Vista Maio 2013

Não obstante o vasto leque de serviços específicos oferecidos pela Linking Business, onde se podem destacar o apoio legal, financeiro e técnico, estamos vocacionados para a implementação de estratégias de negócio de elevado grau de complexidade, sustentados por uma vasta network de contactos em vários setores de atividade, que permitem potencializar a realização de negócios

tencializar a realização de negócios. Pensamos que o elevado grau de criatividade da nossa equipa aliada à partilha de risco assumida em conjunto com os nossos clientes, se assumem como dois aspetos fulcrais na obtenção de mais-valias para as empresas que decidem cooperar com a Linking Business.

A Polónia está a desenvolver-se a um ritmo duas vezes mais rápido que a Europa Ocidental, sendo, hoje, um dos maiores membros da União Europeia. A partir do momento em que entra em território polaco, o que é que um empresário português pode esperar? Quais são as principais barreiras? De um ponto de vista geral, um empresário português depara-se com um país de 38,5 milhões de habitantes com indicadores macroeconómicos de alta performance quando comparada com a maioria das economias Europeias. A Polónia tem apresentado um crescimento médio anual de 3,4 por cento nos últimos três anos, e uma taxa de inflação de 3,7 por cento onde a dívida pública representa apenas 55 por cento do PIB. A localização privilegiada da Polónia, coloca-a no coração da Europa, permitindo-lhe servir como base de lançamento para o desenvolvimento de negócios junto dos seus países vizinhos (Alemanha, República Checa, Eslováquia e Ucrânia), usufruindo das ótimas relações comerciais existentes entre estes mercados. No entanto, nem todo o processo é linear, dado que as empresas são confronta-

das com as mais variadíssimas adversidades típicas na abordagem a uma nova geografia. Desde a barreira linguística, cultural, passando por diferentes hábitos de consumo e reação específica do mercado a agentes externos.

As relações económicas entre Portugal e a Polónia são mais do que vantajosas para ambas as partes. De acordo com dados do Banco de Portugal, até ao final de 2010, as empresas portuguesas investiram na Polónia cerca de 1,6 milhões de euros. A par disso, no final de 2011, foram instaladas nesse país cerca de 110 empresas com capital português. Na sua opinião, este investimento poderá ser indispensável ao relançamento da economia portuguesa? Os dados referidos na questão comprovam uma busca lógica por parte dos empresários Portugueses na procura de novos mercados com perspetivas de crescimento sustentado e com uma enorme margem de progressão no futuro. Ao permitir o escoamento dos seus produtos e ao potenciar o aumento da competitividade das empresas, o investimento de empresas Portuguesas na Polónia estará com certeza a contribuir para o relançamento da economia Portuguesa. Casos de sucesso como os da Jerónimo Martins, Banco Millenium, Eurocash, entre outros, vêm provar o acerto desta estratégia quando as empresas têm capacidade de se adaptar às especificidades deste mercado Polaco.

A curto e médio prazo, as perspetivas são animadoras, tanto no que respeita à implementação de novas empresas Portuguesas na Polónia, quer em termos comerciais. No incremento deste percurso de parceria, qual o papel que a Linking Business pretende assumir? É parte integrante da nossa estratégia de crescimento o posicionamento da Linking Business junto dos principais players do mercado Polaco e Português, no intuito de criar uma dinâmica de va-

lor acrescentado nas duas direções. Em resumo, potencializar a exportação e fomentar a consolidação de parcerias sólidas entre as duas geografias, sem nunca descurar novas oportunidades que surjam noutras partes do globo. É nossa missão garantir que os nossos clientes se posicionam corretamente no mercado munidos da “excelência”, tanto ao nível estratégico como ao nível operacional. Este é o papel que a Linking Business pretende assumir junto dos seus parceiros.

“É parte integrante da nossa estratégia de crescimento o posicionamento da Linking Business junto dos principais players do mercado Polaco e Português, no intuito de criar uma dinâmica de valor acrescentado nas duas direções. Em resumo, potencializar a exportação e fomentar a consolidação de parcerias sólidas entre as duas geografias, sem nunca descurar novas oportunidades que surjam noutras partes do globo”

Informação básica acerca de Portugal: Área: 92 212 km2 População: 10,6 milhões Capital: Lisboa (pop. 2,1 milhões) Moeda: 1 Euro = 100 Cêntimos Esperança média de vida Mulheres: 82,3 Homens: 76,4 Fonte: AICEP

Informação básica acerca da Polónia: Área: 312 679 km2 População: 38,1 milhões Capital: Varsóvia (pop. 2,5 milhões) Moeda: 1 Zloty (PLN) = 100 Groszy Esperança média de vida Mulheres: 79,7 Homens: 71,0 Fonte: www.paiz.org.pl

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A SAÚDE EM PORTUGAL

SAÚDE OCULAR

Conheça os 10 Mandamentos da Saúde Ocular Para assinalar o Dia Mundial da Saúde, comemorado a 7 de abril, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia deixa 10 conselhos para uma visão mais saudável:

1 Alimentação equilibrada e exercício físico Uma alimentação equilibrada aliada à prática de exercício físico contribui para a saúde dos olhos. Isto porque doenças relacionadas com a alimentação e o estilo de vida, como a hipertensão e a diabetes tipo II, podem comprometer seriamente a saúde dos nossos olhos. A retinopatia diabética, por exemplo, continua a ser uma importante causa de cegueira em Portugal.

2 Repouso ocular

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Quando realizamos tarefas que exigem esforço visual ao perto, como a leitura ou a utilização de computadores e monitores, deveremos fazer intervalos regulares para que possa de novo haver um normal reflexo do pestanejo. Este está diminuído durante o estado de concentração aplicado à realização de tarefas de perto. A posição dos ecrãs do computador e da televisão deve ser corrigida de forma a evitar os reflexos. Os olhos devem estar num plano ligeiramente acima do centro do monitor do computador e a uma distância da televisão equivalente a cinco vezes a largura do ecrã.

3 Óculos de Sol

Os olhos devem ser protegidos com óculos de sol durante todo o ano. As lentes não precisam de ser escuras, mas devem conter filtros para os raios UV. Quem usa óculos escuros mas sem filtros para raios UV está tão exposto aos efeitos nocivos da luz solar como quem não os usa. É importante lembrar que a luz solar está na origem de patologias graves como sejam a catarata e degenerescência macular ligada à idade.

4 Cuidados na infância

Cerca de 20% das crianças em idade escolar têm algum défice da função visual capaz de interferir com o rendimento escolar. A deteção precoce dos problemas visuais das crianças através de rastreios deverá começar a partir dos 2/4 anos. Dores de cabeça, olhos vermelhos, inchados ou lacrimejantes, estrabismo e fotofobia (dificuldade em suportar a luz) são sintomas que não podem ser ignorados e devem levar os pais a procurar um oftalmologista.

5 Alergias

A conjuntivite alérgica, que atinge uma percentagem significativa da população portuguesa, em especial a camada mais jovem, é uma doença inflamatória da superfície ocular externa que se manifesta através de prurido, sensação de ardor nos olhos, lacrimejo, olhos vermelhos, fotofobia e edema (inchaço) da conjuntiva e das pálpebras. Para tratar a conjuntivite alérgica são utilizados anti-histamínicos e ou corticosteroides tópicos (sempre recomendados pelo oftalmologista). Mas, tal como acontece com outras manifestações alérgicas, deve prevenir-se o desencadear ou o agravamento evitando a exposição aos alergénios.

6 Hidratação ocular

A síndrome vulgarmente chamada de “olho seco” é uma patologia inflamatória que atinge 10-20% da população adulta. Desconforto ocular, ardor, sensação de corpo estranho e olho vermelho são alguns dos sintomas de alerta para esta e outras formas de inflamação ocular. O tratamento é sintomático, devendo ser utilizadas substâncias lubrificantes denominadas lágrimas artificiais.

7 Proteção ocular na prática desportiva

As lesões oculares que ocorrem durante alguns tipos de desporto podem ser graves e comprometer a qualidade da visão. Tem sido demonstrado que o uso de protetores oculares atualmente disponíveis reduz o risco de lesão ocular em, pelo menos, 90 por cento.

Os olhos devem ser protegidos com óculos de sol durante todo o ano. As lentes não precisam de ser escuras, mas devem conter filtros para os raios UV. Quem usa óculos escuros mas sem filtros para raios UV está tão exposto aos efeitos nocivos da luz solar como quem não os usa. É importante lembrar que a luz solar está na origem de patologias graves como sejam a catarata e degenerescência macular ligada à idade

As lesões oculares que ocorrem durante alguns tipos de desporto podem ser graves e comprometer a qualidade da visão. Tem sido demonstrado que o uso de protetores oculares atualmente disponíveis reduz o risco de lesão ocular em, pelo menos, 90 por cento

8 Cuidados depois dos 40

Depois dos 40 anos os cuidados com a visão devem redobrar-se e a visita ao oftalmologista deve ser feita pelo menos de dois em dois anos, numa consulta que deve incluir observação do cristalino e da retina, medição da tensão ocular (caso seja elevada podemos estar perante um caso de glaucoma), e verificar se há necessidade de correção de ametropias (uso de óculos com graduação).

9 Cuidados redobrados com as lentes de contacto

A SPO recomenda a quem usa lentes de contacto que cumpra de uma forma sistemática os cuidados de higiene aconselhados na manipulação e manutenção das mesmas. A SPO recomenda ainda evitar dormir com as lentes de contacto colocadas, evitar exposições ambientais agressivas e, caso surjam fenómenos de olho vermelho com desconforto associado, a sua imediata remoção.

10 Em caso de dúvida consulte o seu oftalmologista

Os oftalmologistas são os especialistas médicos mais habilitados para diagnosticar e tratar as doenças dos olhos. Se notar alguma alteração na sua visão, procure um oftalmologista.



DIA INTERNACIONAL DA SAÚDE FEMININA

Dia Internacional da Saúde Feminina - 28 de maio

Dia Internacional da Saúde Feminina Durante as várias fases da vida, uma mulher deve realizar vários exames e consultas médicas. Conheça quais deve fazer segundo a sua idade e aprenda a proteger-se. Entre os 18 e 29 anos Check-up médico Deve ser feito uma vez por ano, mediante o estado de saúde e a história familiar. Envolve observação clínica, medição da tensão arterial, análises da urina, colesterol, glicemia, ureia, entre outros. Para além destes exames clínicos, devem também ser feitos outros exames e consultas anualmente ao longo da vida, tais como: consulta dentária, exame oftalmológico, rastreio VIH, rastreio das Hepatites B e C, autoexame da pele (analise os seus sinais cutâneos e esteja atenta a eventuais modificações ao nível da cor e forma. Se verificar que existem alterações na simetria, rebordo, cor e diâmetro procure um dermatologista. Este é um passo essencial para defender a sua pele do cancro cutâneo. Especialmente se tiver a pele clara, recomenda-se ainda que marque uma consulta de dermatologia uma vez por ano). 84

Autoexame da mama Faça o autoexame da mama todos os meses, cinco a oito dias após a menstruação, de preferência no banho. Contacte o seu médico de imediato se notar alguma alteração nos seus seios.

Consulta de Ginecologia A partir dos 25 anos todas as mulheres devem, por rotina, fazer uma consulta anual de ginecologia, no qual se procede ao exame ginecológico, isto é, à observação genital e mamária que possa detetar tumores e lesões na vagina, colo do útero ou mama. Se a mulher iniciou a sua vida sexual mais cedo, deve ir ao ginecologista ao fim de três anos, sendo recomendável a realização periódica de uma citologia,

exame também conhecido como Papanicolau, que ajuda a prevenir e diagnosticar o cancro do colo do útero. A citologia deve ser repetida a cada três anos, salvo indicações especiais do médico. Se a mulher notar problemas sexuais, deve referi-los ao seu ginecologista. Os problemas sexuais mais frequentes nesta idade são as dores nas relações sexuais e as dificuldades orgásticas. Consulta pré-natal Se está a pensar engravidar, deve marcar esta consulta de modo a realizar um exame ginecológico, o teste de Papanicolau, análises de rotina, juntamente com pesquisa de VIH, Hepatite B, rubéola, toxoplasmose e citomegalovírus.

Entre os 30 e 39 anos

Mamografia Se não houver antecedentes familiares de cancro da mama (mãe, avó, tias), a mulher deve fazer a primeira mamografia (junta-

176ª Reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia: “A Mulher e o Ciclo da Vida” - Centro Cultural das Caldas da Rainha Nos dias 31 de maio e 1 de junho realiza-se, no Centro Cultural das Caldas da Rainha, a 176ª Reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG). Na sessão oficial de abertura terá lugar o lançamento do livro: “Consenso sobre miomas uterinos”. “A Mulher e o Ciclo da Vida” é o tema central da reunião. De acordo com Fernanda Águas, “Porque, cada sintoma e cada sinal podem ter um significado diferente consoante a fase da vida da mulher em que se manifestam, quisemos lançar um olhar pelas principais patologias ginecológicas ao longo da vida da Mulher”. Temas das mesas-redondas: • Hemorragias uterinas anormais • Tromboembolismo venoso • Tumores do ovário • Obesidade Além da apresentação de comunicações livres e discussão de posters, a 176ª reunião da SPG contempla ainda uma abordagem sobre o “Termalismo e Saúde da Mulher”, com uma visita ao Hospital Termal Rainha D. Leonor.

mente com ecografia mamária) entre os 35 e os 40 anos. É importante recorrer a serviços que tenham mamógrafos com tecnologia de aquisição digital, com muito melhor fiabilidade diagnostica. Se esses exames forem normais, só deverá realizar exames depois dos 40 anos, anualmente ou de dois em dois anos, até aos 50 anos. A partir daí a mamografia e ecografia deverão ser sempre feitas anualmente. Se existirem antecedentes familiares de cancro da mama, os primeiros exames devem ser feitos entre os 30 e os 35 anos, repetidos anualmente. Nesses casos é altamente recomendável a inscrição numa consulta de risco familiar, existente em vários hospitais, nomeadamente os oncológicos.

Entre os 40 e 49 anos

Colonoscopia A colonoscopia, um exame ao interior do intestino grosso é muito importante para o diagnóstico precoce do cancro do cólon. Habitualmente o exame só é realizado em pessoas com mais de 50 anos, mas a existência de antecedentes familiares (pais, avós ou tios) de pólipos ou tumores intestinais recomenda que este exame seja feito cerca de dez anos antes da idade em que a doença foi detetada nesse familiar. Também deve ser feito em casos de anemia crónica sem explicação aparente, perdas de sangue pelo ânus, diarreias persistentes ou alternância frequente de diarreia com prisão de ventre. Se o resultado do exame for normal, habitualmente só é repetido de cinco em cinco anos. O exame é também importante para o seguimento ou controlo de pólipos e de doenças inflamatórias crónicas, como a colite ulcerosa e a Doença de Cröhn. A pesquisa de sangue oculto nas fezes é obrigatória depois de 50 anos, devendo ser feita de três em três anos.

Mamografia A partir dos 40 anos todas as mulheres devem fazer uma mamografia e uma ecografia mamária, anual ou bienalmente até por volta dos 50 anos. É importante recorrer a serviços que tenham mamógrafos com tecnologia de aquisição digital, com muito melhor fiabilidade diagnóstica. Se existirem antecedentes familiares de cancro da mama (mãe, avó, tia) é altamente recomendável a inscrição numa consulta de risco familiar, existente em vários hospitais, nomeadamente os oncológicos.

Densitometria óssea Este exame, que permite determinar a densidade mineral óssea e confirmar se é vítima de osteoporose, está indicado caso lhe tenha sido diagnosticado uma menopausa precoce, isto é, antes dos 40 anos. Também a magreza excessiva, o tabagismo, a imobilização prolongada e o tratamento com corticites pode obrigar a ter de fazer a densitometria óssea mais prematuramente. Nesses casos, ele costuma ser repetido bienal ou trienalmente.

Entre os 50 e 64 anos

Exame auditivo Marque uma consulta de otorrinolaringologia de dois em dois anos para avaliação do estado do seu aparelho auditivo.

Mamografia Todas as mulheres com mais de 50 anos devem continuar a fazer anualmente uma mamografia e uma ecografia mamária.

Mais de 65 anos

Deve utilizar os mesmos procedimentos indicados para as mulheres que se encontram na faixa etária anterior, entre os 50 e os 64 anos.

No dia 28 de maio celebra-se o Dia Internacional da Saúde Feminina. Este dia comemora-se formalmente desde 1984 e teve como principal causa subjacente, a morte materna que transversalmente, em todo o mundo, se fazia sentir. As sociedades, a ciência e tecnologia evoluíram, mas ainda há muito para se fazer. Continuam a persistir situações de desigualdade, de discriminação, entre outras. Eis alguns dados sobre os quais vale a pena refletir... • As mulheres têm maior taxa de enfermidade do que os homens • As mulheres vivem mais do que os homens • As mulheres consultam mais o médico do que os homens • Os homens têm 4 vezes mais probabilidade de cometer suicídio do que as mulheres • As mulheres têm maior probabilidade de sofrer de depressão do que os homens • Existem mais mulheres incapacitadas do que homens



A SAÚDE EM PORTUGAL

Pontos de Vista Maio 2013

DIA INTERNACIONAL DA SAÚDE FEMININA

Dia Mundial do Cancro do Ovário Pensando em mudar o cenário do cancro do ovário no mundo, foi criada uma campanha global para consciencializar as mulheres sobre os sinais e sintomas da doença e para dar voz a essa doença tão silenciosa. Ao invés do que acontece com o cancro da mama, o do ovário é pouco discutido e as campanhas de sensibilização ainda são escassas e, por isso, ONGs de diversas partes do mundo uniram-se com o propósito de dar destaque ao tema.

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o Dia 8 de maio de 2013 comemorou-se o primeiro Dia Mundial do Cancro do Ovário. Nesse dia, organizações de pacientes de diversas partes do mundo uniram-se no sentido de sensibilizar a população feminina dos seus países a respeito dos sinais e sintomas da doença e garantir assim que essas pacientes possam diagnosticar mais precocemente o tumor, ter acesso a tratamentos de qualidade e verem os seus direitos garantidos.

7ª causa de morte mais frequente no sexo feminino IPO assinala o primeiro Dia Mundial do Cancro do Ovário

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A Clínica de Ginecologia do IPO do Porto assinalou no passado dia 8, o primeiro Dia Mundial do Cancro do Ovário, através do “Blue Day”, uma iniciativa que pretendeu sensibilizar a população para a 7ª causa de morte mais frequente no sexo feminino e cuja incidência está a aumentar nos países desenvolvidos. Neste “Blue Day” (azul foi a cor escolhida para simbolizar o cancro do ovário) a Clínica de Ginecologia recebeu a visita

de Carla Matadinho, Marisa Cruz, Cláudia Jacques, Carla Ascensão e Susana Camelo que distribuíram flores, sorrisos e uma palavra solidária às doentes seguidas pelo IPO. Laranja Pontes, Presidente do IPO do Porto, explica que “esta iniciativa teve como objetivo alertar as nossas utentes, especialmente as mais velhas, para a importância de visitarem o seu ginecologista com frequência, pois só os exames médicos regulares podem detetar o cancro do ovário precocemente. O diagnóstico atempado, é, por sua vez, determinante para o sucesso do tratamento, pois quando os sintomas aparecem a doença já é muito difícil de tratar”. Segundo um estudo realizado no ano passado em Portugal, junto de 1200 mulheres adultas, há ainda um grande desconhecimento sobre o cancro do ovário no nosso país: 63 por cento das inquiridas revela não saber se, após um primeiro tratamento, é habitual o cancro voltar a aparecer, 46 por cento não sabe se o Cancro do Ovário é fácil de diagnosticar e 48 por cento não sabe dar opinião relativamente à eficácia dos tratamentos disponíveis. Com esta ação, que contou com o apoio da Roche Farmacêutica, o IPO pretendeu motivar as mulheres com mais de 55 anos a visitar regularmente o gineco-

logista, mesmo após a menopausa, pois é a partir dessa altura que o cancro do ovário é mais frequente e fatal, por ser detetado muito tardiamente. Assim, a mensagem fundamental a passar será um apelo à deteção precoce do cancro do ovário, através da realização de exames ginecológicos periódicos. Mais informação sobre o Dia Mundial do Cancro do Ovário em http://ovariancancerday.org

“Esta iniciativa teve como objetivo alertar as nossas utentes, especialmente as mais velhas, para a importância de visitarem o seu ginecologista com frequência, pois só os exames médicos regulares podem detetar o cancro do ovário precocemente

No Dia 8 de maio de 2013 comemorou-se o primeiro Dia Mundial do Cancro do Ovário. Nesse dia, organizações de pacientes de diversas partes do mundo uniram-se no sentido de sensibilizar a população feminina dos seus países a respeito dos sinais e sintomas da doença e garantir assim que essas pacientes possam diagnosticar mais precocemente o tumor, ter acesso a tratamentos de qualidade e verem os seus direitos garantidos


DIA INTERNACIONAL DA SAÚDE FEMININA

Deolinda Pereira, Diretora do Hospital de Dia do IPO do Porto

“Os clínicos têm de lutar ao lado da paciente. Sempre” Cancro. O peso social e, sobretudo, psicológico, ainda é muito forte. Contudo, a doença tem sido desmistificada. O medo persiste mas a esperança é renovada a cada dia que passa, com os sucessivos avanços científicos e tecnológicos. Algumas estatísticas continuam a ser perturbadoras e algumas patologias, como o cancro do ovário por exemplo, ainda não são muito conhecidas. Os especialistas pretendem mudar este quadro e, como tal, a Revista Pontos de Vista conversou com Deolinda Pereira, Diretora do Hospital de Dia do Instituto Português de Oncologia do Porto. em conversa com a Revista Pontos de Vista. “Enquanto profissionais, transmitimos sempre uma grande abertura e, em conjunto, damos o nosso contributo para que a mulher tome a ‘melhor’ decisão possível”, afirmou.

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or ano, surgem cerca de 450 novos casos de cancro do ovário, um tumor que, apesar de pouco frequente, é extremamente letal uma vez que é diagnosticado em fases muito avançadas. Age silenciosamente, com sintomas que podem passar por banais: pressão ou dor no abdómen que pode ficar inchado, náuseas, obstipação e uma sensação permanente de fadiga são alguns dos sinais de alerta mas que, sem uma tomada de consciência relativamente ao cancro do ovário, pode passar ao lado de grande parte das mulheres. Segundo Deolinda Pereira, Diretora do Hospital de Dia do IPO do Porto, “no ovário, o tumor vai crescendo, expandindo-se por todo o abdómen e cerca de 75 por cento dos casos são diagnosticados em fases tardias”. O que falta fazer? Ao contrário do que acontece com o cancro da mama, o do ovário é pouco discutido e as campanhas de sensibilização ainda são escassas. A comemoração, pela primeira vez, no passado dia 8 de maio, do Dia Mundial do Cancro do Ovário, foi um primeiro passo. Mas, falta agir de forma mais eficaz e contínua para que se invertam os números lançados pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, como resultado de um estudo que envolveu 1200 mulheres. Chegou-se à conclusão que cerca de 70 por cento nunca tinha ouvido falar da patologia. Mas a verdade é que esta é a sétima causa de morte no sexo feminino e a incidência está a aumentar nos países desenvolvidos. Apesar dos constantes avanços científicos que renovam, diariamente, a esperança dos doentes, a palavra cancro tem um significado que ainda transmite grande sofrimento. Mas, mesmo assim, tem havido uma relativa desmistificação, não da doença, mas da palavra em si. Cancro. “Cada vez mais temos de considerá-la como uma doença crónica porque temos armas terapêuticas que permitem longas sobrevivências”, explicou Deolinda Pereira. Junto com as suas pacientes, a especialista tem como hábito aliviar a tensão, comparando um doente com cancro a um doente com uma patologia crónica.

A luta é permanente

Desde que é diagnosticada a doença, importa ir à luta e é ao lado dos seus pacientes que estão os especialistas que, para Deolinda Pereira, têm, impreterivelmente, de ser os melhores. “Se uma doente for operada por um ginecologista oncológico com experiência no tratamento desta patologia isso tem implicações na sua sobrevivência, sendo um fator de prognóstico de grande relevância”, relembrou a especialista, baseando-se em conclusões de estudos internacionais. Como tal, recomenda-se que as mulheres consultem regularmente o médico de família e ginecologista para, periodicamente, fazerem o seu exame ginecológico. “Assim, conseguiremos rastrear não só um possível tumor no colo do útero como outras alterações nos ovários”, explicou. E se o cenário não for o mais animador, lá estarão eles, os médicos, aqueles que são portadores de más notícias mas que nunca baixam os braços e estão ao lado delas. “Temos muito a fazer pelas nossas doentes. Os clínicos têm de lutar ao lado da paciente. Sempre”. Esta, mais não é do que a melhor mensagem de confiança que Deolinda Pereira poderia deixar.

Deolinda Pereira

O impacto da mensagem de Angelina Jolie

Recentemente, a conhecida actriz norte-americana, Angelina Jolie, surpreendeu o Mundo ao revelar que tinha feito uma dupla mastectomia preventiva de forma a prevenir o aparecimento de um cancro da mama. Em Portugal, é uma cirurgia que já se faz há uma década e de forma gratuita em hospitais públicos. Trata-se de um grupo muito restrito de mulheres a quem é referenciado este tipo de consulta (normalmente são mulheres com vários casos na família e são estudadas para verificar se têm alteração dos genes BRCA1 ou BRCA2), são ponderados os prós e contras de três opções que elas poderão tomar: mastectomia bilateral profiláctica, quimioprevenção (consiste

em dar hormonoterapia para retardar o aparecimento) ou fazer uma vigilância mais estreita para diagnosticar de forma mais precoce o aparecimento da doença. No final do processo, e depois de ter sido acompanhada por um grupo multidisciplinar de especialistas, cabe à mulher tomar a decisão, com o apoio familiar. Dentro da comunidade médica, não existe qualquer controvérsia relativamente a esta opção tomada pela conhecida actriz. “É uma situação que faz parte da nossa prática clínica. Nós, no IPO do Porto, e em outros centros do país, quando estamos perante uma mulher que tem uma mutação nestes genes, encaminhamos para uma consulta específica de risco familiar onde lhe são colocadas todas as opções terapêuticas”, explicou Deolinda Pereira

Cancro do Ovário – Fatores de Risco: - Antecedentes familiares de cancro (mulheres cuja mãe, filha ou irmã têm ou tiveram cancro do ovário apresentam um risco acrescido); - Antecedentes pessoais de cancro (mulheres que já tiveram cancro da mama tem um risco acrescido); - Idade superior a 55 anos; - Mulheres com idade avançada que nunca tenham engravidado; - Terapêutica hormonal na menopausa (mulheres que fizeram terapêutica hormonal só com estrogénio, sem progesterona, durante dez ou mais anos, podem ter um risco acrescido). FONTE: LPCC

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A SAÚDE EM PORTUGAL

João Luís Silva Carvalho, Diretor Clínico do CETI – Centro de Estudos e Tratamento de Infertilidade, em entrevista

“O principal modo de lidar com a infertilidade é evitá-la” A infertilidade assume-se atualmente como um problema cada vez mais recorrente entre casais portugueses. Em Portugal este problema atinge cerca de nove por cento dos casais lusos e está relacionado com um vasto número de fatores. Atenta a esta realidade, a Revista Pontos de Vista conversou com uma das mais prestigiadas personalidades do país neste domínio, João Luís Silva Carvalho, Diretor Clínico do CETI – Centro de Estudos e Tratamento de Infertilidade, que deu a conhecer um pouco desta realidade, bem como as principais alternativas existentes atualmente no mercado, lembrando que “manter hábitos de vida saudáveis é uma forma muito importante de evitar as situações de infertilidade”. Saiba mais sobre um problema que assola inúmeros casais em Portugal.

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A infertilidade é hoje um problema cada vez mais comum: na sua opinião, qual a explicação para o aumento da prevalência? De facto, a infertilidade é um problema cada vez mais comum. Em Portugal atingirá cerca de nove por cento dos casais, o que significa um total de 260.000 casais com 120.000 ainda em idade reprodutora. O aumento de prevalência relaciona-se com múltiplos fatores, de que salientaria o estilo de vida, um importantíssimo fator com influência na fertilidade feminina. Diversos fatores inerentes ao estilo de vida nas sociedades modernas, de que são exemplo o stress, o adiar da primeira conceção para idades tardias da vida da mulher, as alterações no peso /massa corporal, a que acrescentaria o exercício físico exagerado e o consumo de medicamentos, de tabaco, álcool e drogas, têm importante influência na fertilidade, sobretudo por interferência destes fatores no complexo eixo endócrino que regula a fertilidade da mulher e cujo objetivo último é o de uma ovulação adequada. Este eixo endócrino envolve o funcionamento síncrono e adequado do sistema nervoso central em conjunto com diversas glândulas endócrinas e o desafinamento em qualquer dos pontos do sistema leva a que o produto final, a ovulação, fique afetado. Por isso são tão frequentes as perturbações da ovulação como causa de infertilidade. Também fatores ligados ao ambiente e à alimentação atuam como “disruptores endócrinos” originando subtis desequilíbrios hormonais e prejudicando a fertilidade. Lembremo-nos da alimentação dos animais com produtos contendo hormonas e do mercúrio nos rios e facilmente perceberemos, que aquilo que consumimos como produtos alimentares, são dos principais fatores a afetar os delicados mecanismos que regulam a reprodução humana. Também no homem, fatores ligados à atividade profissional e “life style” têm muita importância, pela intervenção dos fatores nocivos já referidos para a mulher e que originam também perdas na quantidade e qualidade dos gâmetas masculinos. Aqui, fatores relacionados com a atividade profissional e que impliquem aumento da temperatura ao nível testicular ou a agres-

de antagónico, já que muitas pessoas pensam que o problema de infertilidade não tem solução e outras que qualquer que seja o problema a medicina dispõe de recursos que tudo permite resolver. Ambos os conceitos são falsos. Poderia ainda referir outros mitos como o de que a infertilidade poderá ser provocada pelo uso prolongado da pílula, que depende da sorte ou do destino, que só pode ser resolvida por procriação medicamente assistida, e vários outros que no fundo resultam de uma acentuada falta de conhecimentos.

João Luís Silva Carvalho

são por substâncias químicas e tóxicas assumem um papel de relevo.

Qual a relação entre idade e infertilidade? O avançar da idade diminui a fecundidade. Isto é verdade, sobretudo para a mulher em que o ultrapassar dos 35 anos acarreta um declínio muito acentuado na fertilidade. Este facto ocorre pela diminuição da quantidade e qualidade dos ovócitos disponíveis no reservatório ovárico, pois estes foram sendo “gastos”, “deitados fora”, ao longo da vida e o que resta no reservatório disponível para assegurar a reprodução é já pouco e de menor qualidade.

Qual a relação entre peso e infertilidade? A “produção” de um óvulo de qualidade, que assegure um embrião e gravidez saudáveis, é resultado de um complexo mecanismo em que podem interferir múltiplas glândulas endócrinas. A suprarenal, a tiroide, o hipotálamo, a hipófise e finalmente o ovário. É da conjugação das influências dos produtos elaborados por estas glândulas, como orquestra com dezenas de instrumentos que têm que tocar em conjunto e afinados, que resulta a produção de um óvulo de qualidade. As variações no peso quer por defeito são dos fatores mais importantes no de-

safinamento desta orquestra, isto é, na muito sensível relação de funcionamento destes órgãos endócrinos, desafinando o sistema o que resultará em anovulação ou ovulação de fraca qualidade. Quais são as causas mais comuns de infertilidade masculina e feminina? Em que consiste cada uma delas? São múltiplas. Na mulher, predominam os fatores tubo-peritoneais (alterações da permeabilidade e/ou da motilidade /função das trompas), as perturbações da ovulação e a endometriose, entre outros. No homem, os principais fatores relacionam-se com diminuições da quantidade e da motilidade dos espermatozoides, bem como com alterações da sua morfologia. Sendo muitas das causas desconhecidas, os fatores genéticos, os de natureza profissional e os relacionados com infeções e tóxicos assumem relevância. No seu contacto com pacientes, provavelmente depara-se, frequentemente, com desinformação em relação a muitos temas. Quais os mitos associados a esta realidade? Os principais mitos resultam da ausência de conhecimento sobre os mecanismos de reprodução, a fertilidade em geral, e o tipo de tratamentos que podem ser efetuados. Estes mitos têm o seu quê

Quais são os receios mais comuns nestes pacientes? Que conselhos dá a um casal quando este inicia o processo de procriação medicamente assistida? O principal receio é o de que o tratamento não tenha êxito. É preciso informar, que cada ciclo de um tratamento tem apenas uma determinada probabilidade de êxito, o que não quer dizer que a probabilidade de sucesso ao fim de um determinado período de tempo não seja muito elevado. É também necessário preparar os casais para o peso emocional muito elevado que os tratamentos acarretam.

Existe por parte dos casais alguma retração na procura de saber se algum dos elementos é infértil? À escala nacional, há estimativas, previsões sobre o número de casos ainda desconhecidos? Em 2010 realizei um estudo de levantamento da situação da infertilidade em Portugal, à escala nacional, que tanto quanto sei é o único existente no país. Nesse estudo, que se chamou “Afrodite”, estima-se uma prevalência de cerca de 9 por cento, o que significa um total de 260.000 casais inférteis com 120.000 ainda em idade reprodutora. Como se pode inverter essa tendência de ‘esconder’ ou assumir a infertilidade? Pela divulgação e transmissão de conhecimentos. No estudo que atrás referi, constata-se que os casais têm como principais fontes de informação os programas de televisão, os jornais e revistas, amigos, colegas e familiares. Mas a principal fonte de informação são


Pontos de Vista Maio 2013

“Penso que os preços que o CETI pratica se situam na média geral, embora tenhamos acordos com algumas entidades de que algumas doentes podem beneficiar”

os meios audiovisuais (66,5 por cento) e jornais/revistas (24,6 por cento). A aquisição de informação e de conhecimentos através de médicos ronda apenas os 20 por cento. No respeitante à qualidade/preço oferecem preços competitivos? Penso que os preços que o CETI pratica se situam na média geral, embora tenhamos acordos com algumas entidades de que algumas doentes podem beneficiar.

A concorrência faz-se sentir, principalmente ao nível da vizinha Espanha? Não. Quando os casais recorrem a Espanha é normalmente para realizarem tratamentos que do ponto de vista ético/legal são mais difíceis de executar no nosso país. Os prémios recebidos têm representado o reconhecimento expectável para o V/ Centro de Estudos? Qual o que destacaria? De facto temos recebido vários prémios, em particular atribuídos por trabalhos científicos apresentados em Reuniões ou Congressos da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução. Mas o que mais destacaria é o que em 2011 recebemos em Estocolmo, com um financiamento considerável para a nossa linha de investigação, de colaboração com o Departamento de Biologia Experimental da Faculdade de Medicina do Porto, e que foi o “Grant for Fertility Inovation”. Como disse, recebido em Estocolmo num concurso em que participaram dezenas de concorrentes de 14 países e em que tivemos a felicidade de ficar entre os melhores classificados. Isso para o CETI foi muito importante, porque foi não só o reconhecimento do mérito da nossa área de investigação, como foi obtido financiamento para continuar com esse trabalho que se dirige à identificação de marcadores de classificação da qualidade dos ovócitos. O objetivo é tornar possível a identificação dos melhores gâmetas femininos e os embriões que

deles resultem, aumentando as taxas de sucesso da fecundação in vitro.

Essa investigação – à qual foi atribuído o prestigiado prémio internacional Grant For Fertility Innovation - que tem como objetivo promover uma taxa de sucesso mais elevada nos tratamentos de procriação medicamente assistida. Pode falar-nos um pouco sobre a investigação? Pretende-se ter métodos não invasivos de seleção dos ovócitos que assegurem um desenvolvimento embrionário competente. Isso poderá aumentar as taxas de êxito das técnicas de procriação medicamente assistida. Até ao presente, a avaliação dos ovócitos capazes de assegurar competência de desenvolvimento é efetuada por critérios morfológicos de observação ao microscópio, pretendendo-se atribuir a esses critérios um valor predictivo do sucesso da fecundação in vitro. Só que não existe consenso na valorização desses aspetos morfológicos, que muitas vezes não correspondem à real qualidade e não têm um valor predictivo. Na FIV, a avaliação morfológica dos embriões pré-implantatórios e do seu estado de desenvolvimento é um elemento chave no trabalho de um laboratório de procriação medicamente assistida. Essa avaliação é efetuada em determinados momentos pré-determinados, “check points”, por critérios internacionais de caracterização, que são pouco rigorosos em termos de valor predictivo de sucesso. Na ICSI, a avaliação ovocitária é feita de forma muito rápida, depois da desnudação, pela avaliação do citoplasma, do espaço perivitelino e da zona pelúcida. A informação obtida é muito superficial e apenas aproximada do estádio de desenvolvimento (vesicula germinativa, metáfase 1 ou metáfase 2) e da qualidade (sinais degenerativos do citoplasma, globo polar ou zona pelúcida). Depois, os ovócitos em metáfase 2 são microinjectados. A partir desse momento, o po-

tencial de desenvolvimento é avaliado exclusivamente na base da morfologia do embrião, independentemente da qualidade do ovócito do qual derivou. É evidente, que a avaliação global ao microscópio da morfologia dos ovócitos é muito grosseira. Contudo, é a qualidade ovocitária que é o fator determinante da fertilidade da mulher, determinando o potencial de desenvolvimento intrínseco. A estimulação ovárica, na reprodução medicamente assistida, complica ainda mais esta situação. Em contraste com o processo in vivo, no qual a maturação ovocitária ocorre como resultado de um processo de seleção natural, longo e meticuloso, a estimulação ovárica elimina o processo de seleção e permite maturação idêntica de muitos ovócitos com qualidade intrinsecamente comprometida, com consequências para o desenvolvimento embrionário e até a longo termo. Assim, para que se possa vir a obter uma informação completa sobre a qualidade ovocitária, é necessária uma análise, preferencialmente não invasiva, de marcadores chave ainda não adquiridos. Como a seleção ovocitária, antes da inseminação in vitro, pode ter importância em muitas situações, é fundamental estabelecer novos parâmetros de avaliação que sejam verdadeiramente reveladores sobre a qualidade do ovócito. A investigação do CETI dirige-se a fatores intrínsecos,

quer existentes no ambiente que o rodeia, quer os que veiculam o diálogo e as influências trocadas entre esse ambiente e o próprio ovócito.

A equipa de profissionais do CETI representa o melhor cartão de visita desta clínica? A equipa de profissionais é, de facto, o nosso melhor cartão de visita e o meu principal motivo de orgulho. Temos uma vasta equipa, que cobre todas as áreas, constituída por pessoas que têm visto o seu trabalho reconhecido por eleições interpares para direções de diversas Sociedades Científicas, que têm sido premiadas por trabalhos apresentados em Reuniões e Congressos e que se encontram intensamente envolvidas não só na área profissional mas também na vertente académica. Para terminar, a inseminação artificial ainda é ‘entre nós’ um tema tabu, ou já está mais desmistificado? Penso que as técnicas de procriação medicamente assistida se encontram já muito desmitificadas. E, tal como ocorreu em outros tempos com a contraceção, começam a disseminar-se, a generalizar-se e a ser aceites entre a população como formas de tratamento muito importantes para resolver graves problemas de saúde dos casais.

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Que mensagem gostaria de deixar aos leitores? Gostaria de deixar a mensagem de que se os avanços técnicos e científicos nos têm proporcionado muitas alegrias também é preciso entender que não há milagres. E que o principal modo de lidar com a infertilidade é evitá-la. E evitá-la iniciando o projeto familiar cedo na vida da mulher, eliminando o fator da idade, que é para nós tão difícil de contornar. A adoção de hábitos de vida saudáveis, a manutenção de uma massa corporal normal, o evitar das agressões tóxicas do álcool e das drogas. Em suma, manter hábitos de vida saudáveis é uma forma muito importante de evitar as situações de infertilidade. Por outro lado, caso ela surja, deve ser cuidadosamente estudada e avaliada por um ginecologista credenciado para que possa ser escolhido e aplicado o método mais correto para resolução da situação, seja ele medicamentoso, cirúrgico ou de procriação medicamente assistida.

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A SAÚDE EM PORTUGAL

Carlos Calhaz Jorge, Diretor do Centro de Procriação Medicamente Assistida do CHLN/HSM

“Os resultados da atividade em PMA em Portugal estão ligeiramente acima da média europeia” Foi no Hospital de Santa Maria, sob a alçada de uma equipa liderada pelo especialista Pereira Coelho, que nasceu, em Portugal, a primeira criança com recurso a Fertilização In Vitro. Seria o início de uma longa jornada, onde surgiram questões de índole ética e cultural ligadas à Procriação Medicamente Assistida. A Revista Pontos de Vista conversou com Carlos Calhaz Jorge, Diretor do Centro de PMA do Centro Hospitalar Lisboa Norte/ Hospital de Santa Maria sobre estas metodologias que são verdadeiras aliadas de muitos casais inférteis.

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Foi em 1978, após profundas investigações, que nasceu a primeira criança resultante de uma Fertilização in Vitro (FIV). Com esta nova e complexa técnica terapêutica, surgiram questões de índole ética, cultural e religiosa que poderiam ser um entrave à evolução científica. Hoje, já são várias as técnicas de procriação medicamente assistida (PMA) permitidas pela legislação portuguesa. As discussões éticas deram lugar a uma maior abertura de espírito? De um modo geral, as discussões construtivas são um elemento sempre potenciador da aquisição de novas perspetivas sobre os problemas. Julgo que as trocas de ideias no âmbito dos aspetos positivos ou mais eticamente controversos na área da Procriação Medicamente Assistida também têm vindo a possibilitar uma progressiva reflexão sobre o lugar destas técnicas terapêuticas na nossa sociedade.

Estes métodos, usados clinicamente, passaram por profundas alterações ao longo dos tempos e em todo o mundo, tendo resultado, em estimativa, no nascimento de mais de três milhões de crianças. Como vê a evolução da PMA em Portugal, tendo em conta que foi no Hospital de Santa Maria que foi realizado o primeiro ciclo terapêutico de FIV? Foi de facto do trabalho de especialistas empenhados desta instituição (com destaque para o seu responsável e impulsionador, o Professor Doutor Pereira Coelho) que resultou o nascimento da primeira criança portuguesa após tratamento com o recurso a Fertilização in vitro. Desde então a PMA progrediu imenso no país quer em quantidade de tratamentos efetuados quer em qualidade dos resultados obtidos. No Centro Hospitalar Lisboa Norte/ Hospital de Santa Maria houve grande evolução nas técnicas efetuadas e os resultados são muito compensadores, já que se encontram muito acima da média nacional. Infelizmente, as limitações na capacidade de resposta às solicitações são importantes, resultando listas de espera longas.

Infelizmente, as limitações na capacidade de resposta às solicitações são importantes, resultando listas de espera longas

média europeia. Há, evidentemente, sempre a possibilidade/necessidade de melhorar. É isso que cada centro tem que procurar fazer continuamente, avaliando criticamente a sua atividade. O grande problema em Portugal é a reduzida acessibilidade dos casais que necessitam destas técnicas, já que a capacidade de resposta nomeadamente dos centros públicos é ainda muito inferior ao desejável.

Carlos Calhaz Jorge Segundo a legislação portuguesa, são várias as técnicas de PMA. Sabendo que cada caso tem as suas especificidades, hoje em dia, quais são as metodologias mais utilizadas? Hoje como sempre as técnicas mais utilizadas são a Fertilização in vitro (FIV) e a microinjecção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI), pois são as metodologias que se adequam às necessidades da esmagadora maioria dos casais. Além de ser indispensável na resolução de problemas entre casais, resultante de questões relacionadas com infertilidade, este conjunto de técnicas é encarado com uma importância acrescida do ponto de vista social. Concorda? A importância social destas técnicas re-

sulta, por um lado, da resolução do problema de cada casal com a sua correspondente disponibilidade para outras atividades na vivência de uma sociedade e, por outro, do contributo atual para a natalidade num país com uma taxa de natalidade extremamente preocupante quanto ao futuro. Relembro que cerca de 1,5 a 2 por cento das crianças nascidas em Portugal nos últimos anos resultou da aplicação destas técnicas. O empenho de todos os profissionais da PMA de áreas clínicas e não clínicas trouxe resultados muito positivos. Comparativamente com outros congéneres europeus, Portugal está ao mesmo nível? O que ainda falta fazer? Os resultados da atividade em PMA em Portugal estão ligeiramente acima da

Na sua opinião, a Legislação em vigor tem sido cumprida escrupulosamente? A criação do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, como resultado da Lei nº 32/2006, constituiu um passo importante na regulação desta prática? Considero que sim, mas como membro dessa entidade julgo que não faz sentido pronunciar-me.

Apesar do desenvolvimento substancial nesta área, há quem defenda que ainda há muito por fazer e ainda não tem havido uma total resposta aos problemas de infertilidade dos casais. No seu entender, que desafios terão de ser enfrentados num futuro próximo? O grande problema é a acessibilidade em tempo útil aos tratamentos por estas técnicas. Há evidentemente a possibilidade/necessidade de encarar aplicações adicionais e poderá haver, se essa for a decisão do legislador, beneficiários para lá dos atualmente aceites pela legislação vigente. Mas a grande dificuldade é o acesso no SNS.




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