Revista Pontos de Vista Edição 29

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O ENFERMEIRO NO SISTEMA DE SAÚDE

DIA MUNDIAL DO MAR PORTUGAL MARÍTIMO E OS DESAFIOS 2013/2020 FUNDOS REVITALIZAR EM DESTAQUE

PWC

DIA MUNDIAL DA VISÃO – Ophtec Portugal

em de

COOPERAÇÃO CPLP

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José Azevedo Rodrigues atual Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), revela:

Fotografia: Diana Quintela

Devemos ser portadores de uma inequívoca credibilidade, para que os múltiplos utilizadores da informação certificada acreditem na qualidade, na ética, na independência e na competência dos revisores oficiais de contas

INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Jorge Cruz Propriedade Industrial

SUPLEMENTO distribuído em conjunto com o JORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL OUTUBRO 2013 / EDIÇÃO Nº 29 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros



Em destaque 6

XI CONGRESSO DOS REVISORES OFICIAIS DE CONTAS

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INOVAÇÃO

José Azevedo Rodrigues, Bastonário da OROC, aborda este evento e a importância do mesmo para todos os profissionais do setor e sociedade

A Inovação assume-se, cada vez mais, como uma forma de criar valor no mercado em que se atua. Alguns do melhores intervenientes nesta área abordaram a relevância da Inovação no seu core business

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FUNDOS REVITALIZAR

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Os Fundos Revitalizar foram anunciados há dezoito meses, mas só no final de agosto é que foram oficialmente lançados pelo Ministro da Economia, António Pires de Lima. Conheça as entidades gestoras deste mecanismo

O projeto NanoValor como motor de alavancagem de uma Euroregião de Excelência em Nanotecnologia. Vasco Teixeira, Coordenador do Projeto Nanovalor, aborda este tema

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“A nossa missão é contribuir para a melhoria da qualidade de vida”. Sandra Bayan, General Manager da Ophtec Portugal, em entrevista

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O papel do Solicitador “Agente de Execução” na sociedade. Novo regime para a Ação Executiva

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Embaixador Murade Murargy, Secretário Executivo da CPLP, e as relações económicas e comerciais entre os Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

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EMIS e o objetivo da massificação do pagamento eletrónico em Angola. Edgar Bruno, Administrador da EMIS, aborda o crescimento

O ENFERMEIRO NO SISTEMA DE SAÚDE A Enfermagem é essencial para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde. Saiba a importância destes profissionais, inúmeras vezes «esquecidos»

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O Mar português e as suas mais-valias. De que forma temos aproveitado este recurso essencial? Diversos players abordam esta temática

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DIA MUNDIAL DO MAR – PORTUGAL MARÍTIMO E OS DESAFIOS 2020

A qualidade de uma das principais riquezas lusas. Vinho português em destaque

Dão Sul - Vindimas com cheiro a tradição

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A OPINIÃO DE...

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial

IMITAÇÃO DE MARCA

CONTRAFAÇÃO COM ADJUNÇÃO OU AGREGAÇÃO

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CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS 1 = No número anterior desta Revista, iniciámos o estudo da CONTRAFAÇÃO COM ADJUNÇÃO OU AGREGAÇÃO, em linhas gerais e com limitação de espaço que não permite analisar aspetos do problema que são importantes para o seu melhor entendimento.

2 = Essencialmente, a “adjunção” ou “agregação” pode dar-se por três formas distintas: a) A marca registada é incluída na marca que se pretende registar, constituindo, pode dizer-se, mais um elemento independente, que dela faz parte, como, PURE GLAMOUR MY GLAMOUR NAILS ANGEL – O NEXT – STEP TRADIÇÃO DE FAMILIA LISBOA GLAMOUR WEEK b) No segundo caso, a marca registada mantém a sua individualidade, mas agregam-se outros sinais para a tornar diferente, tais como TAG para MONTAG CLICK para COMPRACLICK GOYA para NAGOYA CLICK para MULTICLICK PORTUGAL c) No terceiro caso, a marca registada é incluída na marca que se pretende registar, mas perde, digamos, a sua individualidade fonética: TAG para MONTAGEL ou

MONTAGINO ou TAGILDA ou ATAGINA d) Pode admitir-se uma quarta hipótese que, no entanto, no entendimento português da contrafação, foge um pouco ao conceito, uma vez que não há reprodução integral da marca registada.

É o caso incluído nos exemplos dados no primeiro artigo sobre este tema e que adiante examinaremos: QUINTA DA CARTAXA com CARTUXA VELA com WELLA

Relativamente à marca CARTUXA há uma retificação a fazer quanto à grafia usada no primeiro artigo (CARTUCHA, com “CH” quando, na verdade, é CARTUXA, com X, o que a torna praticamente igual a CARTAXA). 3 = O caso mais grave – e mais frequente – é o da inclusão total da marca registada naquela que se pretende registar, apresentada no conjunto dos sinais que constituem a nova marca, mas como elemento independente. É o que se passa, por exemplo, com as marcas COMPRA CLICK PURE GLAMOUR MY GLAMOUR NAILS ANGEL – O NEXT – STEP TRADIÇÃO DE FAMILIA

em que as marcas registadas CLICK GLAMOUR ANGEL TRADIÇÃO são reproduzidas tal como se encontram registadas. A concessão de registos nessas condições parece um erro tremendo, pois infringe, sem qualquer dúvida, direitos já concedidos. Trata-se, aliás, de uma imitação grosseira, sem qualquer imaginação e cujo registo deveria ser recusado sem hesitação. 4 = A segunda hipótese, também frequente, é a inclusão da marca registada na marca que se pretende proteger. É o caso das marcas MONTAG NAGOYA MULTICLICK PORTUGAL que englobam as marcas TAG GOYA CLICK devidamente registadas.

A apreciação deste tipo de imitação é muito mais delicada e requer um exame cuidadoso da marca, para verificar se a marca imitada, nela incluída, pode ou não induzir em erro o consumidor. Em termos práticos, parece que o melhor sistema


Pontos de Vista Outubro 2013

O caso mais grave – e mais frequente – é o da inclusão total da marca registada naquela que se pretende registar, apresentada no conjunto dos sinais que constituem a nova marca, mas como elemento independente. A concessão de registos nessas condições parece um erro tremendo, pois infringe, sem qualquer dúvida, direitos já concedidos. Trata-se, aliás, de uma imitação grosseira, sem qualquer imaginação e cujo registo deveria ser recusado sem hesitação será verificar se a marca imitada perde a sua individualidade ou se, pelo contrário, aparece nitidamente na nova marca. Ora em MONTAG não há duvida de que TAG aparece totalmente separada de MON e que este pronome não dá qualquer característica à nova marca – bem pelo contrário, parece reforçar que se trata do “MEU” “TAG”. Será que o registo de “MONROLEX” para relógios teria sido concedido? E o registo de “MONFERRARI” para automóveis? E “MONDIOR” para vestuário ?

É que o problema é rigorosamente o mesmo, até porque a marca TAG é notoriamente conhecida.

A explicação dada para justificar a concessão do registo de MONTAG é quasi ridícula, considerando “TAG” como um “sufixo” ou “partícula” – e dizendo que as duas marcas “apenas” têm em comum esse “sufixo” ou “partícula”. Por outras palavras: as duas marcas “apenas” têm em comum a marca registada “TAG”!

A situação com as outras duas marcas NAGOYA e MULTICLICK PORTUGAL é inteiramente idêntica. Isto significa que, em meu entender, todos estes registos deveriam ter sido recusados. 5 = A terceira hipótese considerada, ou seja, se, por exemplo, MONTAGEL MONTAGINO TAGILDA ATAGINA imitam ou não a marca TAG nelas incluída, suscita dúvidas, uma vez que a marca TAG foi absorvida, digamos, pelos restantes elementos, deixando de aparecer como TAG mas como TAGEL TAGINO TAGILDA, etc . e, portanto, sem a individualidade que tinha isoladamente considerada. Na verdade, neste caso a marca TAG passa completamente despercebida no conjunto, tanto em relação à grafia como, principalmente, à fonética. As marcas referidas contendo “TAG” são de fantasia e não correspondem a pedidos de registo (pelo menos que seja do meu conhecimento).

Mas a concessão destes registos parece que seria correta.

6 = Resta analisar a ultima hipótese, em que se verifica mais imitação de marca registada, do que contrafação com agregação.

É o caso, por exemplo, da marca QUINTA DA CARTAXA que é uma descarada imitação de CARTUXA e cujo registo deveria ter sido recusado. Referir QUINTA DA CARTAXA ou, simplesmente CARTAXA é a mesma coisa, uma vez que “QUINTA”, “HERDADE”, “MONTE”, “CASAL”, “CASA”, etc, são usadas em larga quantidade de marcas destinadas a vinhos e não trazem, portanto, qualquer característica adicional à marca que as utiliza.

7 = Desde há alguns anos, um dos problemas mais preocupantes da Propriedade Industrial é a falta de coerência – ou de orientação – relativa à concessão e recusa de registos de marcas e logótipos, que, em condições idênticas, ocasiona, frequentemente, decisões opostas. Ainda há poucas semanas – no passado mês de agosto – para uma situação absolutamente idêntica, foi concedido um registo e recusado outro, o que causa natural preocupação. No fundo, é consequência da falta de transmissão de conhecimentos, dos mais antigos e sabedores para os mais novos e menos experientes, que propõem soluções diferentes para problemas iguais – por compreensível impreparação – e com as quais o Chefe do Departamento concorda, em vez de corrigir o que está errado. É que deixou de empregar-se o nº 3 do artigo 245º do Código da Propriedade Industrial, onde se dispõe que constitui imitação ou usurpação “o uso de certa denominação de fantasia que faça parte de marca alheia anteriormente registada”,

o que se aplica, por maioria de razão, ao uso da propria marca, tal como se encontra registada.

O caso que referi diz respeito à marca nº 512.707 – CLICK PME (mista) e ao logótipo nº 21.208 – OPORTO CITY FLATS (também misto), que contêm, respetivamente, as marcas nominativas “CLICK” e “CITY FLATS”. O registo da marca foi recusado – e muito bem – mas o registo do logótipo concedido – e muito mal. No próximo artigo examinaremos, com mais pormenor, estes casos – que se inserem na contrafação com agregação ou adjunção, assim como os que temos vindo a tratar, com relevo para a marca GLAMOUR.

Desde há alguns anos, um dos problemas mais preocupantes da Propriedade Industrial é a falta de coerência – ou de orientação – relativa à concessão e recusa de registos de marcas e logótipos, que, em condições idênticas, ocasiona, frequentemente, decisões opostas

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OROC – XI Congresso Nacional

José Azevedo Rodrigues, Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC) em grande plano

Qualidade, ética, independência e competência Foi à margem do XI Congresso dos Revisores Oficiais de Contas que a Revista Pontos de Vista conversou com José Azevedo Rodrigues, atual Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC). Tendo como tema de fundo os desafios que se colocam aos auditores e o caminho percorrido em prol da conquista da confiança, o responsável deixa uma mensagem a todos os profissionais: “devemos ser portadores de uma inequívoca credibilidade, para que os múltiplos utilizadores da informação certificada acreditem na qualidade, na ética, na independência e na competência dos revisores oficiais de contas”.

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ão muitos os desafios que irão determinar a atuação dos revisores oficiais de contas neste difícil contexto financeiro e económico. São ainda maiores as exigências que advêm desse trabalho, muitas vezes considerado “invisível”, mas de grande importância para a transparência de uma empresa, seja ela pública ou privada. O papel do ROC será de crescente vitalidade, assumindo-se como um pilar de confiança num ambiente económico dúbio e expectante. A Revista Pontos de Vista conversou com José Azevedo Rodrigues sobre os desafios da sua profissão, tendo como linha de orientação a responsabilidade de ser o atual bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC). “Trata-se de uma profissão invisível mas o facto de o ser é fundamental e, no mundo em que vivemos, muito importante para se criar alguma credibilidade e confiança junto das pessoas”, defendeu. Efetivamente, o desenvolvimento do sistema financeiro trouxe consigo novos paradigmas aos supervisores e auditores externos, com dimensões ainda mais escrupulosas. A agitação dos mercados financeiros, a desaceleração da atividade económica na Europa, a reforma das administrações públicas, a crise das

José Azevedo Rodrigues

dívidas soberanas ou a luta pela sustentabilidade das finanças públicas exigem uma especial atenção de todos, desde gestores aos responsáveis pelas atividades de auditoria e controlo. “Em vez de estarmos num BackOffice, importa que sejamos mais pressionantes. A ati-

Sobre José Azevedo Rodrigues Nasceu em 1952, no concelho de Chaves, distrito de Vila Real. Licenciou-se em Finanças, pelo Instituo Superior de Economia e tirou um mestrado em Organização e Gestão de Empresas pelo mesmo instituto. Enquanto docente, é professor associado convidado no ISCTE-IUL, diretor e docente do Mestrado Executivo de Controlo de Gestão e Performance do 2º ciclo de Ensino, promovido pelo INDEG/ISCTE-IUL. Foi ainda docente na EGP (Escola de Gestão do Porto), no ISLA, foi formador no Tribunal de Contas em matérias de Contabilidade, Controlo de Gestão e Consolidação de Contas, entre outras funções. A nível profissional, exerce a atividade de revisor oficial de contas como sócio efetivo da sociedade de profissionais “ABC – Azevedo Rodrigues, Batalha e Costas, SROC”. É bastonário da OROC desde janeiro de 2012. Tem ainda vários livros publicados.

tude mais tecnicista deve dar lugar a uma postura mais proativa”, aconselhou José Azevedo Rodrigues. Importa ainda cortar relações com hábitos do passado que ditaram o rumo que muitas empresas acabaram por tomar. “Num passado recente, as entidades públicas olhavam para as suas contas apenas porque era uma obrigação legal e, para cumprir a lei, socorriam-se do seu corpo técnico que não analisava com profundidade o conteúdo”, realçou. Todavia, mais importante do que ter as contas auditadas, para o bastonário, é vital assumir responsabilidades. “Esse foi o grande problema na nossa gestão pública do passado”, afirmou. O caminho, hoje, é outro, a linguagem utilizada tornou-se comum e as regras de comunicação bem mais transparentes. Mesmo assim, há sempre que fazer “em prol da transparência das contas nas entidades privadas e, sobretudo, nas empresas cotadas”, assegurou o responsável.

Em vez de estarmos num BackOffice, importa que sejamos mais pressionantes. A atitude mais tecnicista deve dar lugar a uma postura mais proativa Questão mediática

“Vivemos numa sociedade onde existem cem factos. 99 são perfeitos e ninguém fala deles. Mas há um imperfeito e todas as atenções voltam para esse. Em termos mediáticos, são sempre realçados


Pontos de Vista Outubro 2013

“ os aspetos negativos”, descreveu José Azevedo Rodrigues. A mediatização do trabalho acaba, em muitas situações, por colocar a posição de um revisor em causa. Em tom de brincadeira, José Azevedo Rodrigues comparou mesmo o trabalho deste profissional à função desempenhada por um “provador de sopas”. “Nós temos todos os cuidados para que a sopa não faça mal ao consumidor. Se a sopa tiver hortaliça fora do prazo de validade, comemos e depois temos uma grande dor de barriga. Essa é a nossa preocupação. Mas não somos o cozinheiro e, se a sopa estiver muito bem confecionada, é ele que leva todo o destaque. Contudo, também leva com a crítica, mas nessa altura chamam o provador, que somos nós”, relatou. Daí que a questão da confiança e da familiaridade seja de crucial importância no mercado atual caraterizado por uma crescente necessidade de “accountability”.

Cooperação com PALOP

Em auditoria, quando se fala em cooperação internacional, o trabalho ainda está dar os primeiros passos, sobretudo nas relações com os países de língua oficial portuguesa. Mais do que o benefício que a própria cooperação acarreta, o acesso a mais conhecimento, a novas oportunidades de mercado, a uma cultura distinta da nossa, apesar das muitas semelhanças, são ganhos intransponíveis. Em termos práticos, “Angola e Moçambique são os dois principais

Trata-se de uma profissão invisível mas o facto de o ser é fundamental e, no mundo em que vivemos, muito importante para se criar alguma credibilidade e confiança junto das pessoas

Vivemos numa sociedade onde existem cem factos. 99 são perfeitos e ninguém fala deles. Mas há um imperfeito e todas as atenções voltam para esse. Em termos mediáticos, são sempre realçados os aspetos negativos

países para onde nos estamos a internacionalizar e existem muitos auditores a fazer trabalhos para lá. Uma vez que não conhecemos ao pormenor a legislação local, eles podem sempre ser indutores de conhecimento e facilitarem este trabalho”, afirmou José Azevedo Rodrigues. Mas, ao longo deste processo, não podemos adotar uma postura de superioridade. “A cooperação é feita num sentido igual entre as partes. Complementamo-nos, estabelecendo uma relação win-win (ganhar-ganhar) ”, defendeu. Quem sabe, no futuro, não estará em cima da mesa a possível criação de uma entidade que represente os países de língua oficial portuguesa. São projetos a longo prazo que não fogem à visão de José Azevedo Rodrigues, um profissional que acredita que, num cenário de globalização, “não podemos, nunca, caminhar sozinhos”.

“Temos de salvaguardar o interesse público”

Quando, na praça pública, defendem que as ordens profissionais assumem uma posição meramente corporativa e defensora dos seus interesses, José Azevedo Rodrigues mostra-se, de certo

modo, incomodado. Admite que, no passado, essa poderá ter sido uma tendência. Mas, hoje, a função de uma ordem profissional é claramente outra: “temos de salvaguardar o interesse público e ser exigentes com os nossos membros nesta defesa do interesse público”, garantiu. Prova disso é a opção tomada pela OROC de não condicionar o acesso a revisor apenas a licenciados na área da gestão e economia. Hoje, nas regras de acesso à profissão de revisor oficial de contas, um dos requisitos é bastante claro: “possuir a licenciatura em auditoria, contabilidade, direito, economia, gestão de empresas ou cursos equiparados, ou quaisquer outras licenciaturas que para o efeito venham a ser reconhecidas por portaria do Ministro da Educação, com prévia audição da Ordem”. Para José Azevedo Rodrigues, não há, por isso, qualquer “espírito corporativista”. “Há excelentes revisores e auditores com formações noutras áreas e é nossa preocupação defender a qualificação das pessoas”, concluiu.

Dados dos ROC: - Existem cerca de 1200 ROC, quatro grandes sociedades de revisores, 20 sociedades de média dimensão e cerca de uma centena de sociedades com dimensão mais reduzida; - Aproximadamente 30 mil empresas precisam dos serviços de um revisor, ou seja, cerca de oito por cento da totalidade das empresas registadas.

economia, é isto que acionistas, reguladores e outros skateholders exigem aos revisores. A estes cabe a responsabilidade de assegurar que o trabalho que desenvolvem é feito com a máxima qualidade, independência, competência e profissionalismo. Este é o primeiro passo para garantir a fiabilidade e assegurar a clareza da informação certificada. Mas, mais do que isso, há outra caraterística, bem mais difícil de moldar. Ética. “Como é que entramos na cabeça das pessoas?” É a questão que José Azevedo Rodrigues deixa no ar. O código de ética determina um conjunto de princípios, não de regras. Já diz o ditado popular: “as regras foram feitas para serem torneadas”. “Os princípios estão relacionados com a cultura e com a educação das pessoas”, afirmou o responsável. A ética é, por isso, um fator de confiança e é esse o desafio que se coloca, hoje, aos revisores oficiais de contas, parceiros privilegiados das organizações na garantia de melhores práticas.

“Ética, fator de confiança”

Mais confiança, mais integridade, mais transparência. Com a globalização da

Principais mensagens deixadas pelo Bastonário no XI Congresso dos ROC: - “Mediante a nossa ação na auditoria e na fiscalização, temos de garantir uma maior transparência, zelar pelo rigor e pela legalidade, contribuir para uma sociedade mais justa e agentes mais responsáveis” - “Defenderemos o prestígio e respeitabilidade de todos os revisores oficiais de contas, que podem contar com a sua Ordem para os salvaguardar das situações que possam pôr em causa a sua honorabilidade e as suas boas práticas. Pedimos, no entanto, a todos os colegas que sejam sempre exigentes e rigorosos na emissão dos seus Relatórios de Auditoria e Pareceres, agindo com elevada postura ética e reconhecida qualidade técnica” - “Não basta granjear apenas a confiança dos investidores, mas sim alargá-la a múltiplos “stakeholders” que esperam dos revisores uma atuação credível e independente”.

“Num passado recente, as entidades públicas olhavam para as suas contas apenas porque era uma obrigação legal e, para cumprir a lei, socorriam-se do seu corpo técnico que não analisava com profundidade o conteúdo”

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OROC – XI Congresso Nacional

Evento realizou-se no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra

Desafio e Confiança no contexto atual Foi com a “bênção” da paisagem idílica de Sintra que se realizou mais um Congresso dos Revisores Oficiais de Contas. A 11ª edição do evento decorreu entre os dias 12 e 13 de setembro no Centro Cultural Olga Cadaval, sob o tema “Auditoria: Desafio e Confiança”. A iniciativa, a cargo da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), reuniu profissionais de todo o país, abrindo espaço à participação de intervenientes externos à profissão. Vários oradores de renome debateram, neste espaço, o papel do auditor enquanto garante da confiança e transparência num contexto económico deveras exigente.

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congresso que iniciámos sob o lema de “Auditoria: Desafio e Confiança”, lema que reconhecemos como o mais apropriado no contexto financeiro, económico e social por que esta-

mos a passar, leva-nos a acreditar que, inquestionavelmente, o serviço mais relevante transacionado pelos revisores oficiais de contas é mesmo a confiança”. Foi assim que José Azevedo Rodrigues, Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC) deu as boas vindas a uma plateia repleta de profissionais nacionais e internacionais que

têm respondido com seriedade aos problemas surgidos num período económico conturbado. Nesta discussão levantaram-se questões relacionadas com a evolução da atividade da auditoria, organização profissional, o papel das instituições internacionais, cooperação com os países de língua oficial portuguesa, a importância das tecnologias de apoio

à prática da profissão e, por último mas não menos relevante, a ética como um factor de confiança. Ao longo de todas as intervenções foi sempre realçado o papel do revisor como um elemento rigoroso e transparente, indispensável para a garantia de boas e melhores práticas no seio de uma organização. Confiança foi a palavra de ordem. “Sem

“Mais importante do que uma palestra é saber dar o exemplo. As corporações profissionais devem defender os interesses dos associados mas, sobretudo, os interesses de uma sociedade. Em Portugal, não há muito o hábito de prestação de contas mas devemos olhar para esta função como um dever ético”

“O desenvolvimento do sistema financeiro veio trazer novos desafios aos supervisores e auditores externos e em novas dimensões”

“Para uma Instituição como o Tribunal de Contas, considerando o papel fulcral que desempenha no controlo da gestão financeira pública, as preocupações relacionadas com a atividade de gestão pública prendem-se, acima de tudo, com a necessidade de rigor, transparência e responsabilidade das opções tomadas e da sua execução”

“A Cooperação no âmbito da CPLP pode e deve ser estimulada e intensificada. A língua comum e a relativamente grande proximidade dos sistemas jurídicos em vigor nesses países, bem como possíveis sinergias, são factores que favorecem essa cooperação, com inegáveis vantagens recíprocas”

Rui Nunes Professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Pedro Duarte Neves Vice-Governador do Banco de Portugal

Guilherme de Oliveira Martins Presidente do Tribunal de Contas

Júlio Sampaio Presidente da OCPCA (Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas em Angola)


Pontos de Vista Outubro 2013

esta confiança dificilmente se atingirão as mudanças e as reformas necessárias para o relançamento do mercado financeiro e, por conseguinte, da própria economia. Não basta granjear apenas a confiança dos investidores, mas sim alargá-la a múltiplos “stakeholders” que esperam dos revisores uma atuação credível e independente”, defendeu José Azevedo Rodrigues, durante a sessão de abertura que contou ainda com as intervenções de Fernando Seara, Presidente da Câmara Municipal de Sintra; Manuel Rodrigues, Secretário de Estado das Finanças, em substituição de Maria Luís Albuquerque, Ministra de Estado e das Finanças, que não conseguiu estar presente e Pedro Duarte Neves, Vice-Governador do Banco de Portugal, cujo discurso se centrou nas responsabilidades do auditor externo na promoção da estabilidade financeira.

Auditoria: Desafios Futuros

A cooperação assume-se como um dos grandes desafios, tanto a nível nacional como internacional. Este trabalho é conseguido através de uma participação ativa na IFAC (International Federation of Accountants) e na FEE (Fédération des Experts Comptables), dois organismos internacionais em que a OROC está filiada há alguns anos. Esta parceria foi realçada por Warren Allen e André Ki-

lesse, Presidentes da IFAC e da FEE, respetivamente. Por outro lado, estes profissionais não devem perder a consciência de que trabalham em prol do interesse público e a atuação dos mesmos deve ser pautada por esse princípio. Em representação do setor público, a OROC convidou António Gonçalves Monteiro, Presidente da Comissão de Normalização Contabilística; Miguel Soares de Oliveira, Presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e António Lobo Xavier, Sócio responsável pela

Enquanto dirigente de um serviço público, é preciso ter noção de que há limites à austeridade e que é importante garantir a sustentabilidade Miguel Soares de Oliveira

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“Estamos perante um trabalho desempenhado por profissionais habilitados, qualificados e de elevado valor acrescentado, o que é algo que, naturalmente, dignifica e tem enorme interesse para o país”

“O relacionamento com o exterior torna a profissão mais relevante uma vez que são mais instantes os pedidos de informações seguras, que permitam decisões adequadamente fundamentadas”

“O investimento no desenvolvimento científico e tecnológico é fundamental, qualquer que seja a situação económica do país. Mas é um investimento que não tem retorno imediato, exige humildade”

António Pires de Lima Ministro da Economia

José Rodrigues de Jesus Vice-Presidente do Conselho Diretivo da OROC e Presidente da Comissão Organizadora do XI Congresso

Maria de Lurdes Rodrigues ex-Ministra da Educação

“O papel do Revisor Oficial de Contas é crítico e importante porque comunicam os resultados das empresas. Felicito-os pela transparência e pelo rigor” Manuel Rodrigues Secretário de Estado das Finanças


OROC – XI Congresso Nacional

São parceiros sociais de excelência que, através das suas práticas, podem claramente contribuir para um clima de realismo económico e de confiança nos negócios António Pires de Lima

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área fiscal da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva. Para Miguel Soares de Oliveira, “enquanto dirigente de um serviço público, é preciso ter noção de que há limites à austeridade e que é importante garantir a sustentabilidade”. Assim, no INEM, esse trabalho foi feito através do encerramento de ambulâncias de nível básico em locais de baixa casuística e/ou duplicação de oferta, da extinção de uma delegação regional, da redução de remunerações e de rendas e da maximização das receitas próprias. A marca é hoje reconhecida pelo trabalho que desenvolve, assumindo os erros, comunicando as suas conquistas e seguindo sempre o lema: “cada dia é uma oportunidade única e irrepetível para melhorarmos. Não a desperdicemos!” Outra das preocupações manifestadas prende-se com uma contínua procura de mais conhecimento e competências. “São as nossas competências que nos permitirão assumir uma posição respeitada, em defesa da qualidade e da confiança”, realçou José Azevedo Rodrigues. Nuno Amado, CEO do Millennium BCP, António Simões, CEO da Sovena e Pedro Reis, Presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) deram as suas visões acerca dos desafios deste trabalho no contexto empresarial, fechando, assim, o primeiro dia do congresso. Na abertu-

Evento decorreu entre os dias 12 e 13 de setembro

ra do segundo dia, deu-se continuidade ao tema precedente, abordando uma outra perspetiva: o contexto científico e formativo, com os discursos de Maria de Lurdes Rodrigues, ex-Ministra da Educação e José Marques dos Santos, Reitor da Universidade do Porto.

Relações de parceria

Quando se fala em cooperação, a OROC privilegia as relações de parceria, estando, por isso, em curso a celebração de um protocolo com o Tribunal de Contas. “Estamos motivados a fazê-lo com todas as entidades públicas e privadas que acreditem que tal relacionamento contribua para a melhoria dos desempenhos individuais e coletivos e para a defesa do interesse público”, afirmou José Azevedo Rodrigues. Em representação do Tribunal de Contas esteve o seu Presidente, Guilherme de Oliveira Martins, para quem esta instituição, de acordo com a Constituição da República, “pauta a sua ação por um conjunto de princípios e procedimentos que procuram ir ao encontro dos grandes desafios que se colocam a uma instituição superior de controlo: incrementar a qualidade da auditoria e do controlo e, por esta via, a qualidade da gestão pública”. A parceria a nível internacional foi materializada com as intervenções de quatro principais figuras de destaque, nomeadamente: Martin Manuzi, Diretor para a Região da Europa do Institute of Chartered Accountants in England and Wales (ICAEW) que, “não querendo fazer marketing”, apresentou à audiência a instituição que representa; Júlio Sampaio (Presidente da Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola - OCPCA), uma entidade criada há três anos e que se encontra ainda em fase de instalação; João Mendes, Presidente da Ordem Profissional dos Auditores e Contabilistas Certificados de Cabo Verde - OPACC), que começou por fazer uma abordagem da história da auditoria

“A Cooperação Internacional traz como pré-requisitos a escolha estratégica dos parceiros; uma visão clara dos objetivos da parceria e do papel de cada uma das partes; uma clara definição das condições materiais e intangíveis de cada parceiro; relação de compromisso e de confiança; respeito dos prazos e dos compromissos financeiros; boa gestão das ações e consequentes bons resultados e, finalmente, avaliação dos impactos que devem ser francamente positivos” João Mendes Presidente da Ordem Profissional dos Auditores e Contabilistas Certificados de Cabo Verde – OPACC

em Cabo Verde e da relação desta atividade com a importância de uma maior cooperação; e, por fim, já num dos painéis da tarde, Mário Sitoe, Bastonário da Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique (OCAM).

Ética, um fator de confiança

Na procura de melhores práticas, a ética assume um papel crucial. Competência e profissionalismo são caraterísticas que se adquirem no meio académico e profissional. Mas, como popularmente se diz, a ética “aprende-se em casa”, é uma questão de valores e de educação. Esta deve ser, cada vez mais, uma particularidade intrínseca a qualquer revisor e, apesar do momento atual ser de uma

No mundo da “governance”, devemos assumir-nos como um parceiro ativo na renovação da gestão, da supervisão e, sobretudo, na ética e integridade profissionais José Azevedo Rodrigues

profunda “crise de valores”, José Azevedo Rodrigues acredita que os revisores têm conseguido manter elevados padrões deontológicos. “No mundo da “governance”, devemos assumir-nos como um parceiro ativo na renovação da gestão, da supervisão e, sobretudo, na ética e integridade profissionais”, ressalvou o responsável. Para falar desta temática, a OROC chamou ao “palanque” Rui Nunes (Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto), José Guilherme Xavier de Basto, (Membro da Comissão de Auditoria da Portugal Telecom) e António Magalhães, um já muito conhecido revisor oficial de contas. Em suma, a crescente importância do papel deste profissional foi resumida por António Pires de Lima, Ministro da Economia, no final deste XI Congresso. “Uma economia sustentável só será possível com um tecido empresarial onde impere a confiança em detrimento da desconfiança e o realismo em detrimento da ilusão, aspetos onde destaco o importante papel desempenhado pelo Revisor Oficial de Contas. São parceiros sociais de excelência que, através das suas práticas, podem claramente contribuir para um clima de realismo económico e de confiança nos negócios”, concluiu.


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Entrevista ao Presidente da APOTEC, Manuel Patuleia

Pontos de Vista Outubro 2013

“A contabilidade estaria ao serviço da gestão se não estivesse ao serviço do fisco” Fundada em 1977, a Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade (APOTEC) é um organismo profissional de classe, autónomo e independente que tem como objetivo representar, dentro dos quadros legais, os seus associados, defendendo os seus interesses técnicos, profissionais, deontológicos e culturais. A associação tem registado um crescimento sustentado, ao qual não têm sido alheios os esforços contínuos na defesa e valorização dos profissionais que representa. Foi no exercício dessa defesa da classe que Manuel Patuleia, Presidente da Direção, falou com a Revista Pontos de Vista. Para o mesmo, os problemas que a classe enfrenta são muito sérios, “as exigências sobem de tom e a legislação fiscal contínua imparável, com o argumento de que é para o bem da Nação”. especializada e os prémios anuais para trabalhos de contabilidade e história da contabilidade.

Manuel Patuleia No âmbito da atividade regular da APOTEC quais os serviços que a associação tem ao dispor dos seus associados? A APOTEC é uma instituição criada há 36 anos por profissionais para profissionais. É uma associação privada, de utilidade pública e de livre inscrição. Defensora da competência, é adepta do ser em detrimento do ter. Sempre mais preocupada com o saber demonstrado pelos associados do que com os títulos que possam exibir, a APOTEC constituiu desde muito cedo, a formação dos profissionais, uma das suas prioridades. Conta como iniciativas de referência: ações de formação, cursos, seminários, jornadas e congressos. Também o periódico “Jornal de Contabilidade” concorre para a formação e informação dos associados bem como o consultório técnico, a página na internet, os protocolos institucionais, a biblioteca

As dificuldades financeiras das empresas e o desemprego estão a fazer aumentar os casos de pessoas que fazem contabilidade em casa, submetendo pela internet às Finanças, sem estarem, no entanto, qualificadas para tal. Que comentários lhe merece esta situação? Qual é a “qualificação” em falta? Os profissionais que submetem pela internet os elementos às finanças têm que estar obrigatoriamente inscritos na entidade reguladora da profissão de TOC…

Que análise faz do mercado da contabilidade em Portugal no momento atual? De que forma esta área tem vindo a evoluir no nosso país? Temos uma cultura que valoriza muito pouco a contabilidade, ou sequer a compreende e aplica. Costumamos dizer que a contabilidade estaria ao serviço da gestão senão estivesse ao serviço do fisco. E num país onde mais de 80 por cento das empresas são micro-entidades, a prática da contabilidade, face aos atuais normativos contabilísticos é demasiado exigente e onerosa para os profissionais, sendo desejável uma simplificação e melhor adequação ao mercado. Em alinhamento com esta necessidade foi este ano publicada uma nova diretiva relativa às demonstrações financeiras anuais. Esperemos que os resultados correspondam aos objetivos. Na atual conjuntura económica, a responsabilização que recai sobre os

profissionais da contabilidade é crescente. Como é trabalhar nesta área no momento atual? Quais são as principais dificuldades que a classe tem vindo a enfrentar? Os problemas são muito sérios. As exigências sobem de tom e a legislação fiscal contínua imparável, com o argumento que é para bem da Nação. Dominar estas matérias representa um esforço relevante, pela multiplicidade de alterações e pela complexidade da fiscalidade. Por outro lado, os problemas de tesouraria das empresas não abonam a uma boa relação para quem lhes presta serviços, seja nesta ou outra área.

No passado a APOTEC contribuiu de forma relevante para a regulamentação da carreira de Técnicos de Contas. No futuro, quais as principais premissas de atuação da APOTEC? O que é que é ainda absolutamente necessário que a APOTEC faça pela classe? A defesa para todas as formas do exercício da profissão, a responsabilidade, a liberdade e a dignidade, no livre-arbítrio com que se autodetermina cada ser humano e porque se regem os cidadãos de uma sociedade responsável e livre. Somos contrários a monopólios, defendemos que os profissionais devem ser responsáveis e com liberdade de escolha. Para tal precisam de justiça, não podendo estar há 6 anos a aguardar o fim do monopólio da formação imposto pela entidade reguladora. Já a Autoridade da Concorrência, o Tribunal do Comércio e o Tribunal de Justiça da UE condenaram o abuso do poder corporativo, falta ago-

ra o veredito final do Tribunal da Relação para que o direito à livre escolha da formação seja uma realidade. É importante que se realizem eventos como este XI Congresso da OROC como forma de unir a classe e dar resposta aos anseios dos seus profissionais e aos desafios que os mesmos enfrentam atualmente? Os Congressos são o lugar ideal para debater as questões profissionais, não só os aspetos estatutários como os desafios face ao mercado e às suas envolventes.

Quais são esses grandes desafios e de que forma é que os mesmos devem ser enfrentados? À luz da ética e do zelo profissional, cumprir e contribuir para uma melhor adequação, compreensão e utilização da contabilidade como instrumento fundamental às boas práticas de gestão. O país bem que precisa. O tema do Congresso é “Auditoria: Desafio e Confiança”. Como é que se poderá recuperar a confiança na área da contabilidade? Qual o papel da APOTEC nesse caminho? As práticas contabilísticas neste mundo globalizado afastaram-se muito das opções prudentes que dantes se seguiam na informação sobre o que era o património e lucros ou prejuízos alcançados. A contabilidade deixou de ser patrimonial e passou a ser de expectativas. Há que repensar as normas contabilísticas. A APOTEC poderá ajudar na construção de opinião, a difundir e a formar os interessados.

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PwC, uma das melhores empresas para trabalhar em Portugal, em destaque

“Somos a empresa que audita mais empresas cotadas em Portugal” Quando Jorge Costa, Sócio da PwC, começou a trabalhar nesta que é hoje uma das grandes referências da auditoria em Portugal contavam-se apenas 25 pessoas entre os seus recursos humanos. Hoje são 950 os colaboradores permanentes que se distribuem pelos escritórios de Lisboa, Porto e Cabo Verde. Fique a conhecer melhor esta firma que marca presença em Portugal há mais de 50 anos e a forma como a auditoria pode ajudar as empresas a recuperar a confiança do mercado, numa altura em que a dúvida e a desconfiança são palavras de ordem como resultado da conjuntura económico-financeira.

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Jorge Costa

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situação de crise que o país atravessa abalou inevitavelmente a confiança na governação das empresas, sobretudo as de cariz financeiro, revestindo-se o papel do auditor como fundamental para que a confiança nas mesmas e no sistema financeiro, de um modo geral, possa ser restaurada. O trabalho de auditoria torna-se assim, cada vez mais, um tema de extrema importância para as empresas, quer por obrigação legal, quer porque se sente uma necessidade crescente de certificar que a informação financeira produzida é correta, apropriada e fiável. “Estas alturas, em que os mercados estão mais turbulentos e a economia em depressão, são também as alturas em que as empresas têm mais vantagens em ter as suas contas certificadas por entidades que sejam credíveis e passem

essa credibilidade para a informação que as empresas produzem porque, ao fim e ao cabo, o que os auditores fazem é trazer credibilidade àquilo que as empresas produzem. Em alturas em que o acesso ao crédito é mais difícil e os mercados estão em queda, ter a informação financeira certificada por alguém que seja visto no mercado como uma entidade respeitada só pode ser uma mais-valia”, afirma Jorge Costa. Se todas as empresas assim o entendem é uma questão diferente e, quanto isso, este sócio da PwC tem as suas dúvidas. “Sendo realista penso que não mas, de facto, as empresas só têm a ganhar em não ver a auditoria como uma obrigação mas como algo de realmente vantajoso. Acredito também que a ideia do auditor inimigo já não existe e a mentalidade dos empresários portugueses tem mudado bastante. A maioria já vê o auditor de uma empresa como alguém que é útil e que presta um serviço do qual a em-

Estas alturas, em que os mercados estão mais turbulentos e a economia em depressão, são também as alturas em que as empresas têm mais vantagens em ter as suas contas certificadas por entidades que sejam credíveis e passem essa credibilidade para a informação que as empresas produzem

presa pode tirar uma mais-valia, ao dar credibilidade à sua informação financeira e como tal reduzindo o risco que o mercado perceciona à empresa”.

“O mercado exige cada vez mais de nós”

Por sua vez, a sociedade em geral muitas vezes não entende o trabalho de um auditor e por isso atribui à auditoria responsabilidades que não lhe pertencem. Esse é, sem dúvida, um dos grandes desafios que os auditores enfrentam atualmente, tendo sido, por isso, um dos grandes temas em debate no XI Congresso dos Revisores Oficiais de Contas. “O mercado exige cada vez mais de nós e atribui-nos responsabilidades que não são dos auditores. A auditoria está no fim da cadeia de produção de contas e, como tal, antes das contas chegarem a nós já passaram pela administração e pelos órgãos de fiscalização, nomeadamente um conselho fiscal ou uma


Pontos de Vista Outubro 2013

“ comissão de auditoria. No entanto, o mercado tem sempre a ideia que quando as contas têm um erro, a culpa é dos auditores. Para além disso, a sociedade não entende que a auditoria faz um trabalho baseado em amostragem, não vê todos os documentos e, por isso, mesmo que o auditor faça o seu trabalho corretamente, cumprindo todas as normas, dá uma credibilidade a essa informação que analisou que não pode ser entendida como uma certeza absoluta de que as contas estão certas ao cêntimo. As contas estarão certas dentro de um critério de razoabilidade e materialidade o que faz com que muitas vezes haja um gap entre aquilo que o mercado está à espera e aquilo que de facto acontece”, explica Jorge Costa e aproveita para esclarecer ainda que “para as pessoas, as contas errarem em um milhão de euros é entendido como algo de muito grave mas, um milhão de euros pode ser um valor imaterial em contas cujo resultado sejam 500 milhões”.

“Temos que ir em busca de novos mercados e serviços”

Para além dos auditores estarem no foco das atenções dos mercados, outro dos grandes desafios que as empresas de auditoria enfrentam na atual conjuntura é, perante um mercado visivelmente estagnado, não surgirem novas empresas para auditar, reduzindo as possibilidades de crescimento das mesmas. A solução tem sido, pelo menos para as empresas de maior dimensão, a aposta noutros mercados, com destaque para Angola e Moçambique. Para além de apostar na internacionalização dos serviços, é necessário também diversificar a oferta, sendo esta uma das principais armas de combate à crise na PwC. “Temos que ir em busca de novos mercados e serviços, assim como apostar em alguma racionalização no serviço efetuado. Nós vemos a nossa atividade como uma atividade de assurance, não apenas de auditoria pura e simples, como tal, há outros tipos de assurance que podem ser feitos, ligados à área informática, de mercado de capitais e apoio em termos de matérias contabilísticas. Todos esses serviços estão-se a estruturar e começam a ser prestados a um nível bastante superior na PwC. No fundo, temos vindo a diversificar e a alargar os serviços que prestamos. A área da formação tem sido

outra das apostas”, afirma. A PwC desenvolve assim soluções através de um vasto conjunto de serviços orientados para cada indústria sempre com o objetivo de construir confiança e acrescentar valor ao cliente. Atentos à evolução dos mercados, os serviços prestados têm vindo a adaptar-se às necessidades das organizações e desenvolvem-se ao ritmo das mudanças no mundo dos negócios, atuando, neste momento, em cinco áreas diferentes: assurance, advisory, deals, tax, management services e formação.

“Temos focado a nossa atenção nas empresas portuguesas”

Esta capacidade de evolução e adaptação faz da PwC uma empresa que tem assistindo a um crescimento contínuo e na qual as perspetivas são de continuação desse crescimento. “Há mais de 50 anos em Portugal, a PwC agora nada tem a ver com aquilo que era quando comecei cá a trabalhar. Na altura eramos cerca de 25 pessoas, atualmente somos 950. Eramos basicamente uma empresa de auditoria, neste momento somos uma empresa em que a auditoria ainda representa à volta de 50 por cento do seu volume de negócios, mas em que as áreas de consultoria e apoio fiscal têm já um peso significativo, e que, espero, venha a aumentar no futuro”, orgulha-se. Dois dos vetores fundamentais a esse crescimento são a aposta em Angola e nas grandes contas nacionais. “Temos focado a nossa atenção nas empresas portuguesas e, por isso, atualmente, somos a empresa que audita mais empresas cotadas em Portugal. Não o eramos há dois ou três anos. Neste momento somos com alguma vantagem em relação ao nosso concorrente mais próximo em termos de número de empresas cotadas auditadas. Vamos continuar a crescer

e isso vai-se refletir em coisas simples como, por exemplo, a formação que vamos começar agora com os 140 recém-licenciados que admitimos este ano”, afirma Jorge Costa.

Uma das melhores empresas para trabalhar em Portugal

É já habitual todos os anos a PwC procurar nas universidades portuguesas os melhores alunos para integrar na empresa, assegurando um permanente canal de comunicação e envolvimento com os estudantes universitários. Só este ano foram admitidos cerca de 140 novos profissionais saídos agora das carteiras escolares para o universo profissional. “Todos os anos admitimos pessoas, formamo-las internamente e colocamo-las no mercado de trabalho. Este é um papel extremamente relevante que as empresas de auditoria têm. Anualmente, as quatro grandes empresas de auditoria a operar em Portugal vão buscar mais de 500 jovens às faculdades e é em parte por isso que os cursos de Economia e Gestão continuam a ter uma boa saída no mercado. Dentro da PwC temos inclusivamente pessoas que estão o ano todo ocupadas com o recrutamento”, afirma. A diferença relativamente às outras empresas que fazem parte destas quatro líderes de mercado é que a PwC é a única a integrar o ranking das melhores empresas para trabalhar em Portugal. Jorge Costa explica o porquê. “Tenho noção, ou quero ter, que temos um relacionamento com as pessoas diferente e, por isso, estes escolhem-nos para trabalhar. Está perfeitamente disseminado dentro da população estudantil que a PwC é um bom sítio para trabalhar, onde todos têm um bom ambiente de trabalho, são respeitados e valorizados. Olhamos

O mercado exige cada vez mais de nós e atribui-nos responsabilidades que não são dos auditores. A auditoria está no fim da cadeia de produção de contas e, como tal, antes das contas chegarem a nós já passaram pela administração e pelos órgãos de fiscalização, nomeadamente um conselho fiscal ou uma comissão de auditoria

para estes jovens como sendo o futuro da empresa e uma das coisas que eu costumo sempre dizer quando vou falar com eles no primeiro dia de formação é que tenho a certeza que, algures naqueles cento e tal, está ali alguém que vai ser sócio da empresa daqui a uns anos e irá garantir a continuidade da mesma. Além de sermos das melhores empresas para trabalhar e das quatro somos a referência em termos de capital humano, a única que está nos ranking´s, temos uma política de remuneração sempre. Não há estágios não remunerados, é essa a nossa postura”. No final desta conversa com a Revista Pontos de Vista, Jorge Costa referiu que “é seguramente um motivo de orgulho fazer parte da PwC, principalmente tendo em conta que comecei a trabalhar num universo de 25 pessoas e hoje somos 950. Sinto que aquilo que a empresa é neste momento surge como resultado daquilo que tem sido feito e para o qual tenho contribuído bastante. Conseguimos transformar uma micro empresa numa grande empresa”.

Além de sermos das melhores empresas para trabalhar e das quatro somos a referência em termos de capital humano, a única que está nos ranking´s, temos uma política de remuneração sempre. Não há estágios não remunerados, é essa a nossa postura

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Ricardo Pinheiro, Partner de Auditoria da Ernst & Young (EY) e o papel do ROC na sociedade

A Auditoria como garante da fiabilidade e credibilidade da informação Na prestação de serviços profissionais que incluem auditoria, assessoria fiscal, consultoria de gestão e apoio a transações, a Ernst & Young é um “peso pesado” do mercado internacional. Sendo uma das “Big Four” da atualidade, em 2007, a Revista Forbes colocou-a na sétima posição entre as maiores companhias privadas dos EUA. Num momento em que tem surgido a necessidade de reafirmar o papel do revisor oficial de contas na sociedade, a Revista Pontos de Vista conversou com Ricardo Pinheiro, Partner de Auditoria da EY Portugal para quem o trabalho será sempre sinónimo de “independência e objetividade”.

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os últimos anos, com as crises sucessivas que têm abalado o ambiente económico-financeiro em Portugal, o que significa ser revisor oficial de contas? Tal como ao longo de todo o discurso, a resposta foi dada de forma assertiva por Ricardo Pinheiro, Partner de Auditoria da Ernst & Young Portugal. “Significa colaborar com um conjunto de entidades, privadas, públicas ou de outra natureza, no sentido de dar credibilidade à informação financeira apresentada”. Apesar do trabalho de um ROC estar mais associado a informações de caráter contabilístico e financeiro, a verdade é que, com maior frequência, as empresas solicitam os pareceres de entidades externas, credíveis e com reputação, para validar ou suportar outro tipo de informações. Engane-se quem

Ricardo Pinheiro

considerar que o papel deste profissional se assemelha, em algumas situações, ao de um conselheiro que ajudará a traçar o rumo que uma empresa irá tomar. “Sendo um ROC, não sou um consultor ou assessor porque as normas e regras ligadas à nossa atividade profissional são claras e obrigam a que haja um conjunto de princípios que temos sempre de cumprir”, explicou. Independência e objetividade são, por isso, pedras de toque do exercício desta profissão. Sem a vivência permanente destes princípios e valores, toda a complexidade de um trabalho pode estar em jogo. “Independentemente de algum tipo de conselho que possa ser dado durante o trabalho de auditoria, esse conselho nunca pode ser encarado como uma forma de deixarmos de ser independentes e objetivos ou deixarmos de expressar a opinião que consideramos tecnicamente mais adequada”, garantiu Ricardo Pinheiro.

Tal como em algumas outras profissões, no exercício da sua atividade, um auditor é confrontado com uma série de exigências éticas pelas quais deve reger o seu trabalho. Além do cumprimento de normas e regras técnicas, o ROC deverá respeitar sempre um conjunto de normas de conduta. Se, por um lado, as competências profissionais de um ROC são moldadas em função da formação e experiência que vai adquirindo ao longo da carreira, a ética não se aprende

em qualquer licenciatura ou workshop. “Independentemente das melhores técnicas que aplicar no seu trabalho, se um auditor não cumprir regras éticas e de conduta, o seu trabalho não é considerado adequado. Associada à independência, a ética é um fator que gera confiança, uma palavra-chave no seio da atividade. Um parecer nosso só pode gerar confiança se quem for ler o conotar com objetividade e independência, nunca considerando que o nosso relató-

Recursos Humanos na Ernst & Young “A EY tem desempenhado um papel ativo na formação global que ministra aos seus quadros ao longo da carreira. Nos tempos atuais, é bastante significativo o facto de continuarmos a recrutar anualmente em Portugal um conjunto apreciável de quadros técnicos. Além de colaborarmos no desenvolvimento da economia e no combate ao desemprego, damos a oportunidade a mais de uma centena de técnicos, maioritariamente recém-licenciados, de desenvolverem aqui os seus skills profissionais e pessoais” – Ricardo Pinheiro


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“Independentemente das melhores técnicas que aplicar no seu trabalho, se um auditor não cumprir regras éticas e de conduta, o seu trabalho não é considerado adequado. Associada à independência, a ética é um fator que gera confiança, uma palavra-chave no seio da atividade. Um parecer nosso só pode gerar confiança se quem for ler o conotar com objetividade e independência, nunca considerando que o nosso relatório possa estar enviesado por qualquer motivo” rio possa estar enviesado por qualquer motivo”, defendeu o responsável.

Novos tempos, novas atuações

Revisores oficiais de contas credíveis e rigorosos contribuirão, certamente, para a existência de empresas mais sólidas e com contas mais transparentes. Os “tsunamis” que surgiram na economia de muitas empresas levaram a profundas alterações de paradigma. As novas exigências fizeram com que as entidades passassem a apresentar a sua informação financeira com base em princípios e critérios atualizados. O ROC foi, por isso, obrigado a acompanhar esta evolução, adequando a sua atuação a novos desafios. “Quer do ponto de vista quantitativo como qualitativo, foi exigida a apresentação de mais informação em tempo útil e de uma forma mais clara. Tivemos de evoluir no sentido de manter as exigências técnicas e éticas existentes e adaptá-las a normas de apresentação de informação financeira e de divulgação, de natureza quantitativa e qualitativa, que no passado já existiam mas que sofreram uma importante evolução”, explicou Ricardo Pinheiro. Daí a necessidade de haver uma discussão permanente acerca do papel do revisor oficial de contas enquanto garante da fiabilidade e credibilidade da informação apresentada, tal como aconteceu, recentemente, no XI Congresso dos ROC. “É importante que os auditores debatam sempre a forma como estão a aplicar as normas de auditoria, o modo como realizam o seu trabalho e as metodologias usadas para acompanhar a evolução das empresas, sobretudo nos dias de hoje em que nenhum setor de atividade é estático”, afirmou. No fundo, estes momentos de reflexão surgem como uma forma de demonstrar que, apesar de serem constantemente confrontados com novas informações e diferentes regras, as normas são aplicadas consistentemente e possibilitam ao auditor o exercício de um bom trabalho.

Maior mediatismo

Mesmo sendo um setor bastante profissionalizado e regulamentado, o trabalho de um ROC tende, em algumas ocasiões,

“Sendo um ROC, não sou um consultor ou assessor porque as normas e regras ligadas à nossa atividade profissional são claras e obrigam a que haja um conjunto de princípios que temos sempre de cumprir”

a ser desvalorizado. Há mesmo quem defenda que só é considerado quando surgem problemas ou incongruências nas contas das empresas. Para Ricardo Pinheiro, o papel deste profissional sempre foi valorizado pelas entidades que procedem à sua nomeação ou contratação. “O auditor aparece numa empresa por via de legislação específica ou de determinadas regras societárias, que determinam a existência de um profissional (auditor) que seja independente e externo à empresa e que esteja habilitado a emitir determinados pareceres. Normalmente são as assembleias gerais das empresas ou as suas tutelas que aprovam a nomeação do auditor”, esclareceu. Assim, tanto no passado como no presente, o papel do auditor e a sua convivência profissional com outras entidades não sofreram grandes alterações. No entanto, os relatórios das empresas são hoje mais escrutinados por diversos stakeholders, incluindo a comunicação social, aumentando assim as atenções para os relatórios emitidos por este profissional. “Hoje, quer a informação financeira, intercalar e anual, que a empresa presta quer os correspondentes relatórios dos auditores são mais divulgados e consequentemente analisados por diversas entidades. Desta forma a análise é cada vez mais aprofundada e abrangente”, defendeu Ricardo Pinheiro. Daí todo o mediatismo gerado em torno do papel que um auditor desempenha na validação da situação patrimonial e dos resultados das empresas.

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Capacidade de execução da EY

Sendo uma empresa de raiz internacional, a Ernst & Young possui uma pujança e uma capacidade de execução e implementação de metodologias técnicas, internacionalmente testadas, e de movimentação de recursos humanos que dificilmente teria se tivesse concentrada apenas no mercado nacional. Com a vasta carteira de clientes nacionais e internacionais e com escritórios localizados em praticamente todos os países do Mundo, a EY aproveita esta experiência internacional para transportar para Portugal todas as mais-valias que daí advêm. “Isso leva a que, para as entidades com quem trabalhamos, haja uma maior eficiência na forma como executamos o nosso trabalho e sejamos mais eficazes. Além da validação técnica que fazemos sobre a informação financeira apresentada, enquadrado em algum aconselhamento complementar, mas sem ferir qualquer objetividade e independência do nosso trabalho de auditoria, por vezes sugerimos a consulta de informação sectorial e geográfica internacional para que as empresas nacionais possam estar

informadas sobre o que de melhor se faz no Mundo”, esclareceu. De certo modo, a EY tem desempenhado um papel ativo e crucial no desenvolvimento do país, estando a par das melhores práticas e sabendo acompanhar a evolução das empresas e das informações que estas periodicamente têm de apresentar. O mesmo se passa com o revisor oficial de contas. Os grandes desafios do ROC serão sempre a constante atualização e o importante papel no sentido de “contribuir para que a informação prestada seja a mais adequada relativamente às necessidades dos vários stakeholders envolvidos em cada momento”, concluiu Ricardo Pinheiro. Por outras palavras, ao longo de cada projeto procura-se demonstrar a atualidade e utilidade da profissão.

Principais atividades da EY Auditoria; Consultoria de gestão e de sistemas de informação; Serviços de gestão de risco; Consultoria económica e financeira; Assessoria contabilística e fiscal; Consultoria em Recursos Humanos; Consultoria em Investimentos; Elaboração de Projetos de Investimento; Estudos económicos e de mercado; Avaliação de empresas, de ativos imobiliários e de ativos incorpóreos; Apoio a transações de empresas; Apoio na gestão da tesouraria; Gestão financeira de empresas; Organização e Processamento de contabilidade; entre outras.


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Baker Tilly - Transformar o conhecimento em valor

“no pelotão da frente da qualidade” Em Portugal há quatro anos, a Baker Tilly assegura um leque global de competências e capacidades financeiras, contabilísticas e fiscais, entre outras, de âmbito multidisciplinar e complementar. O objetivo é simples, transformar o conhecimento em valor, em prol do benefício dos clientes. Estes quatro anos têm sido de crescimento contínuo e incluem uma expansão para Angola e Moçambique. A Revista Pontos de Vista falou com dois dos Partners da empresa, Paulo Gil André e Rui Guedes Henriques, que se mostraram confiantes na continuidade desse crescimento. Mais do que isso, apesar de estarem ainda há pouco tempo em Portugal, por comparação com outras entidades que operam no mercado português há várias décadas, têm a convicção de que a Baker Tilly é já uma referência no que diz respeito à qualidade do trabalho desenvolvido. Mas não só da Baker Tilly se falou, a auditoria em geral e a sua importância nos dias de hoje foi o mote de uma conversa que lhe damos agora a conhecer.

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revisor oficial de contas é hoje em dia um parceiro de negócio. Muito mais do que alguém que se limita a fiscalizar as contas das empresas, é alguém que tem a capacidade de credibilizar a informação contabilística e financeira das mesmas e ao mesmo tempo aconselhar os seus clientes sobre diferentes problemas ou dúvidas que possam surgir. A auditoria está para a área financeira como o médico de clínica geral está para a medicina. Quem faz este paralelismo é Paulo Gil André e explica porquê. “Temos que perceber as práticas contabilísticas, perceber os sistemas de informação, como é que uma empresa do ponto de vista organizacional pode funcionar melhor e até mesmo do negócio puro e duro… nunca seremos especialistas nem perceberemos tanto quanto os nosso clientes sobre o negócio, nem é esse o nosso propósito, mas temos uma vantagem muito grande em relação a eles, que é passar por muitos setores de atividade, muitas empresas de áreas completamente diferentes, e portanto podemos aprender e partilhar o que adquirimos em cada uma delas, perceber o que são as boas práticas e mostrá-las aos nosso clientes, sempre dentro dos parâmetros de confidencialidade profissional. Como tal, há claramente inúmeras vantagens que a empresa pode tirar, rentabilizando os honorários que nos são pagos”.

De que forma pode ser rentabilizado o papel do auditor?

São várias as formas de o fazer. O primeiro passo nesse sentido é óbvio, percecionar que a auditoria não é “um caso de polícia” e tomar consciência de uma forma convicta da importância de ter informação correta e credível. Nenhum auditor desempenha o seu papel como um fiscalizador, como alguém que vai às empresas com o objetivo único de encontrar fraudes, se alguém roubou a empresa. É alguém que vai acrescentar valor à informação que audita. Como? Conferindo-lhe credibilidade.

Rui Guedes Henriques e Paulo Gil André

Qualquer empresa quer crescer e operar no mercado global o que a obriga a recorrer a financiamento – por exemplo, através de capitais de risco ou da banca, – entrada de novos sócios ou concretizando fusões com outras entidades. No entanto, se as suas contas não estiverem auditadas, dificilmente conseguirão dar qualquer um destes passos ou, caso consigam o financiamento necessário, provavelmente os juros serão superiores porque as entidades bancárias demonstram um manifesto desconforto quando a informação financeira não tem credibilidade. Hoje discute-se a possibilidade de empresas de menor dimensão que, até então, tinham de ser auditadas, deixarem de ter essa obrigatoriedade. Tendo em conta a conjuntura em que tal alteração é discutida, Rui Guedes Henriques não tem dúvidas em afirmar, “numa altura em que as empresas lidam com dificuldades de acesso ao financiamento e até mesmo de credibilidade no mercado, deixar de ter contas auditadas pode efetivamente ser mais um fator que introduz incertezas quanto à fiabilidade dos números que apresentam”, reduzindo, como tal, a sua capacidade de acesso ao financiamento e condicionando o seu crescimento. O dinheiro está hoje mais caro, de difícil acesso e as transações mais complexas. O normativo contabilístico que entrou em vigor em 2009, alinhado com as nor-

mas internacionais, veio reforçar essa complexidade ao introduzir o conceito de justo valor, que confere uma maior subjetividade às interpretações feitas. Como é natural, apenas alguém plenamente familiarizado com o conceito é capaz de dar uma recomendação e um conselho à altura das necessidades do tecido empresarial. O auditor tem hoje, como tal, que estar preparado numa perspetiva de parceiro da empresa e que ser capaz de validar as contas mas também de acrescentar valor, pela oferta de um conjunto de valências que são úteis às empresas. “É exatamente por isso que trabalhamos com equipas multidisciplinares. Os gestores estão preocupados com o seu negócio e precisam de alguém que lhes consiga dar resposta a outras questões de caráter fiscal, financeiro, estratégico e contabilístico, que não o negócio por si só. O papel do auditor tem, por isso, de ser visto de forma mais ampla e a mim parece-me que o mercado vem, cada vez mais, a caminhar no sentido de compreender esse valor acrescentado”, refere Rui Guedes Henriques.

Multidisciplinaridade

A multidisciplinaridade na Baker Tilly é evidente, uma vez que a empresa presta serviços profissionais nas áreas de “audit, tax, outsourcing, corporate finance, transactions, consulting, business advisory e information systems”.

“Numa altura em que as empresas lidam com dificuldades de acesso ao financiamento e até mesmo de credibilidade no mercado, deixar de ter contas auditadas pode efetivamente ser mais um fator que introduz incertezas quanto à fiabilidade dos números que apresentam” Há uma outra área que poderá, no futuro, fazer parte desta panóplia de serviços prestados pela empresa, Rui Guedes Henriques explica. “Está neste momento a ser discutida, pela Ordem dos Advogados, uma alteração aos respetivos estatutos, que, a verificar-se, vai permitir que os advogados possam trabalhar de forma mais próxima com economistas, revisores oficiais de contas, entre outras valências. Isto porquê? Porque se perceciona que as empresas, cada vez mais, querem contactar com uma única entidade, que lhes preste serviços diferenciados e abrangentes. A Baker Tilly a nível mundial está a discutir este cenário e pondera-se a criação da Baker Tilly Legal Network, nos países em que isso seja viável do ponto de vista regulatório. É um tema que está em cima da mesa e, ainda que não saibamos qual é a melhor solução, sabemos que noutros países desenvolvidos isto acontece e, por isso, creio que num futuro não muito longínquo será inevitável também em Portugal”.

Ética e independência

Falar num aumento da importância da auditoria no dia a dia das empresas, obriga também a que se faça uma certa contextualização. É certo que se hoje em dia já se começa a percecionar a importância desta área em questões como o financiamento da empresa, a credibilidade da mesma e a diminuição do risco de incumprimento, esta é uma atividade que tem passado por alguns altos e baixos e pode-se mesmo falar em crises de cariz ético. Foi na década de 70 que a auditoria co-


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meçou a ganhar importância generalizada em Portugal e, na década de 80, com o desenvolvimento da bolsa, cresceu significativamente, “não só por toda a envolvência fiscal, mas também numa ótica de defesa dos acionistas ou credores. Nos anos 90 essa expansão manteve-se mas, em 2001, o caso da Enron, no fundo o 11 de setembro da auditoria, veio abalar um pouco a forma como a atividade era desenvolvida e colocar em causa a qualidade do trabalho dos auditores”, explica Paulo Gil André. A Enron Corporation era uma companhia norte-americana a operar na área da energia que se tornou alvo de diversas denúncias de fraudes contabilísticas e fiscais. Um escândalo financeiro que arrastou consigo o seu auditor. Nessa altura, as investigações revelaram que a Enron havia manipulado a sua informação financeira e escondido dívidas no valor de biliões de dólares com a ajuda de empresas e bancos, sendo os seus lucros inflacionados artificialmente. Este caso e outros semelhantes, que foram denunciados na altura, vieram abalar a credibilidade do auditor e trazer para a ordem do dia questões como a ética, a independência e o conflito de interesses. Essas questões têm sido ultrapassadas e Paulo Gil André acredita que “embora tenhamos passado por uma situação de descrédito, os stakeholders começam a perceber outra vez que precisam de nós e a exigirem, cada vez mais, que as empresas tenham a sua informação financeira validada. Esses stakeholders têm vindo a exigir um papel mais ativo dos auditores e proporcionado um crescimento da nossa atividade e no meu ver há um potencial crescente no mercado para a auditoria”. Vivemos num mundo de grande incerteza. Para quê, aumentar essa incerteza, divulgando contas não auditadas ou informação incorreta, incompleta, confusa e que não respeita os normativos contabilísticos aplicáveis? Os auditores, podem diminuir essa incerteza, e os custos que esta acarreta (menor credibilidade da empresa, menos crédito bancário, custo do dinheiro mais alto, maior dificuldade em parcerias e abertura do capital).

Angola e Moçambique

Um mundo de oportunidades existe também em Angola e Moçambique onde a Baker Tilly marca presença há dois anos. Em estágios de desenvolvimento diferentes daquele que se vive em Portugal, nestes países só agora se começa a ver a contabilidade como algo de premente. Sendo a auditoria um dos passos que se seguirá neste processo, o facto da Baker Tilly estar presente nestes mercados será, certamente, uma porta que se abrirá para a empresa. “Começa-se agora a perceber a necessidade de ter a contabilidade bem organizada e os sistemas fiscais nestes países têm passado por reformas relevantes. As empresas portuguesas têm vindo a apostar nestes mercados e organizações

internacionais como a nossa, podem dar um apoio diferente e um contributo importante, quer para o desenvolvimento da área da contabilidade, quer da auditoria e profissionalização da gestão”, explica Rui Guedes Henriques. Em Portugal, a estratégia é simples. É bem conhecido o conceito big four como

referência às quatro maiores empresas que operam na área da auditoria. Passar do termo big four para best five é o que a Baker Tilly pretende, até porque, “big four é uma expressão que apenas significa dimensão, mas não significa exclusividade de qualidade. O que o cliente quer do seu auditor e consultor, não é

dimensão, mas sim qualidade. Quatro anos depois de iniciarmos a nossa operação em Portugal, o mercado perceciona-nos como uma empresa que entrega qualidade, sendo claramente nossa estratégia, manter e reforçar a nossa posição no pelotão da frente da qualidade”, afirma Paulo Gil André.

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OROC – XI Congresso Nacional

Banif Açor Pensões – A Melhor Solução

Propostas de valor de um parceiro de Confiança Apostando na diferença, essencialmente pela qualidade e integração do serviço de assessoria e soluções desenhadas para cada caso específico, a Banif Açor Pensões, é hoje, cada vez mais, um parceiro com soluções inovadoras destinadas a empresas e a particulares. A Revista Pontos de Vista conversou com Armando Bandeira, Administrador da Banif Açor Pensões, que nos deu a conhecer um pouco mais da dinâmica da marca e a relevância dos Fundos de Pensões que ainda não é significativa comparativamente a outros países, “que reconhecem os Fundos de Pensões (FP’s) como a solução que melhor responde às necessidades e proteção económica na reforma”. Além disso, quisemos saber as razões que levaram a entidade a apoiar o IX Congresso da OROC - Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, realizado entre os dias 12 e 13 de setembro no Centro Cultural Olga Cadaval, sob o tema “Auditoria: Desafio e Confiança”.

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Quais os produtos que a Banif Açor Pensões (BAP) disponibiliza para particulares e empresas? A Banif Açor Pensões desenvolve, gere e comercializa Fundos de Pensões para Particulares e Empresas, detendo já uma larga experiência, quer de gestão de todo o tipo de Fundos de Pensões Benefício Definido, Contribuição Definida e Mistos - quer na reconversão ou transformação de Planos de Pensões já existentes. Para particulares a Banif Açor Pensões disponibiliza a solução de comercialização conjunta Banif Reforma Jovem, Banif Reforma Ativa, Banif Reforma Sénior e Banif Reforma Garantida. Estes quatro fundos de pensões abertos constituem quatro carteiras de investimento com diferentes perfis de risco (i.e., agressivo, equilibrado, conservador e defensivo, respetivamente), como resposta à existência de diferentes características, motivações e perfis de investimento existentes na população de Participantes (idade vs prazo de investimento, perfil do investidor, interesse em participar mais ativamente, entre outros). Independentemente da adesão se efetuar conjuntamente, a utilização dos fundos/ perfis disponíveis pode ser di-

ferenciada pelo Participante, quer quanto ao número de fundos em que investe, quer quanto à respetiva percentagem que aloca a cada um (de 0 por cento a 100 por cento). Para empresas, a formalização do Plano de Pensões (‘Planos de Pensões Profissionais’) passa, habitualmente e sem prejuízo de qualquer outra solução específica, pela adesão coletiva àqueles mesmos fundos. É no plano de pensões que são estabelecidos o conjunto de benefícios concedidos e as respetivas condições de acesso.

É importante ter presente que o principal objetivo dos fundos de pensões é garantir aos Participantes um complemento de reforma em linha com os seus objetivos e expectativas, o que implica tentar obter um rendimento adequado face ao risco incorrido, gerido pela Sociedade Gestora e pelos participantes/aforradores/investidores de acordo com diferentes variáveis e utilizando as diferentes soluções disponibilizadas

Qual a estratégia que a Banif Açor Pensões tem vindo a seguir? De que forma se consegue posicionar de forma distinta e diferenciada no mercado? A Banif Açor Pensões diferencia-se, essencialmente, pela qualidade e integração do serviço de assessoria e soluções desenhadas para cada caso. Este serviço não se limita à gestão de fundos de pensões e à disponibilização de informação, antes consiste numa gama variada de produtos e serviços. Possui uma equipa de profissionais especializados, qualificados nas diferentes áreas de gestão dos Fundos de Pensões, capazes de proporcionar respostas rápidas e apresentar soluções específicas e adequadas a cada caso. O processo de gestão assenta nos princípios de (1) absoluta independência da gestão face ao negócio do grupo, (2) segregação operacional das restantes áreas do grupo, (3) equipa especializada e coesa e (4) processos de decisão transparentes e auditáveis. Integra ainda conceitos e ferramentas modernas de gestão como a análise e adequação da estrutura de ativos e de passivos (ALM) numa perspetiva liability driven investments (LDI). A estratégia e as grandes decisões de gestão são estabelecidas em Comité de Investimentos e posteriormente executadas pelos gestores dos fundos, que nele participam e estão especializados por classe de ativos, nomeadamente, ações, obrigações e imobiliário, entre

outras. Efetivamente, ‘fundos de terceiros’ e ‘hedge funds’ não são classes de ativos mas veículos e, para este efeito, também não faz sentido declinar obrigações. A análise de risco das carteiras é realizada de forma sistemática por um departamento autónomo de análise de risco, que calcula diversos indicadores de risco sobre as carteiras, permitindo destacar diferentes perfis de risco dos produtos, adequados a segmentos de clientes com horizontes temporais e objetivos diferenciados. A análise do cumprimento dos limites legais e específicos do investimento é realizada diariamente pelo departamento de compliance. A área de Operações assegura o tratamento e a contabilização, o fecho e as cotações diárias dos fundos de pensões geridos. Os Atuários Responsáveis pelos fundos geridos pela Banif Açor Pensões são independentes da organização e oferecem a qualidade e garantia de consultoras de renome nacional e internacional, sem prejuízo de poderem ser contempladas as escolhas dos Associados. Independentemente da subcontratação de serviços de actuariado (que a Banif Açor Pensões estrategicamente externaliza) e financeiros (gestão de ativos mobiliários, dentro do grupo), a Banif Açor Pen-

A Banif Açor Pensões apoiou o IX Congresso da OROC. Que balanço faz do mesmo? Qual a importância que atribui a este tipo de iniciativas? O balanço que a Banif Açor Pensões faz é claramente positivo. Este tipo de iniciativas é extremamente importante na medida em que se traduz na oportunidade de chegar mais próximo dos Participantes, conhece-los através da sua vida socioprofissional, divulgar informação, esclarecer questões e conhecer as suas preocupações, críticas e sugestões.


Pontos de Vista Outubro 2013

“O regime fiscal, embora privilegie os fundos de pensões, não constitui ainda um relevante fator de atratividade e incentivo, especialmente no contexto atual. A falta de estabilidade fiscal também não tem ajudado”

sões acompanha, confere e valida todas as operações, metodologias e resultados, os quais, obrigatoriamente, têm o seu acordo. Todos os aspetos administrativos, incluindo a elaboração de conteúdos e suportes informativos, informação a Associados, Participantes e Beneficiários, bem como todo o atendimento são da exclusiva responsabilidade da entidade gestora e do gestor do plano de pensões. Numa perspetiva de valor, a Banif Açor Pensões investe no desenvolvimento e especialização dos seus recursos humanos, por forma a possibilitar um serviço de excelência aos seus clientes e aposta, essencialmente, no elevado nível de serviço que oferece aos Associados, Participantes e Beneficiários dos fundos de pensões que gere. Compromisso, parceria e serviço são os princípios orientadores da atividade da Sociedade Gestora, pautando-se a sua atuação por elevados critérios de rigor, competitividade e personalização. Na Banif Açor Pensões orgulham-se de serem capazes de proporcionar respostas rápidas e adequadas às exigências atuais das empresas modernas e dinâmicas. Quais são as principais exigências tidas em consideração na estruturação dos planos de pensões para empresas? Atualmente os planos de pensões constituem, para as empresas, ferramentas de gestão de recursos humanos e de produtividade, naturalmente a par do seu papel com 2º pilar da Segurança Social, o qual vai assumindo cada vez maior importância. O Plano de Pensões é adequado a cada Empresa, integrando os fatores socioprofissionais que esta valoriza ou pretende ver valorizados, traduzidos, fundamentalmente, nos benefícios de reforma disponibilizados, no plano contributivo adotado e no esquema de direitos adquiridos concedidos. A Banif Açor Pensões assessora os Associados no desenho e na divulgação/promoção do Plano de Pensões na empresa, em parceria com o departamento de Recursos Humanos, fazendo o acompanhamento de todas as fases do processo, desde a conceção, constituição, comunicação e desenvolvimento do Plano de Pensões. A apropriação da solução por parte dos colaboradores/participantes é fundamental, de forma a assegurar a sua perceção e a valorização do esforço financeiro e das preocupações sociais da empresa.

São ainda poucas as empresas portuguesas a constituir fundos de pensões. Porquê? O que é necessário fazer para alterar esta realidade? A relevância dos Fundos de Pensões ainda não é significativa comparativamente com outros países, que reconhecem os Fundos de Pensões como a solução que melhor responde às necessidades e proteção económica na reforma. O sistema de Segurança Social português em vigor ainda não deixa grande espaço para outro tipo de soluções complementares de natureza privada, mais pelo esforço contributivo que exige do que, atualmente, pelos benefícios que concede, objeto de grande redução na última reforma efetuada. O regime fiscal, embora privilegie os fundos de pensões, não constitui ainda um relevante fator de atratividade e incentivo, especialmente no contexto atual. A falta de estabilidade fiscal também não tem ajudado. No entanto, apesar de estamos muito longe do que seria desejável, tem-se vindo assistir a um aumento de adesões coletivas a fundos de pensões abertos (‘planos de pensões profissionais’, promovidos por empresas). Em função do recente interesse pela poupança, em consequência do contexto de “crise” que temos vivido, e uma maior consciencialização da redução significativa do peso da reforma pública no conjunto dos rendimentos pós vida ativa, espera-se que desperte uma maior atenção para a preparação da reforma, o que deverá ter efeito ao nível dos fundos de pensões. Crê-se que é inevitável uma redução substancial do papel do 1º pilar (Estado) na reforma dos cidadãos e que este vai ser paulatinamente transferido para o 2º e 3º pilar (empresas e cidadãos). Atualmente as empresas ainda não são muito sensíveis a este tipo de responsa-

bilidade social eventualmente porque não se sentem pressionadas pelos seus colaboradores que continuam a privilegiar a liquidez.

As incertezas relativamente à Reforma da Segurança Social têm constituído uma oportunidade para os fundos de pensões ao nível dos particulares? Nota-se um investimento cada vez maior nestes fundos de modo a constituir-se um bom complemento de reforma que permita manter o nível de vida mais tarde? Independentemente da crescente preocupação com a reforma e com a ideia geral de que ela já não será uma realidade para os mais novos, os cidadãos ainda não têm a consciência exata e objetiva em que é que isso se traduz, quer em termos individuais, quer da real sustentabilidade do sistema público de pensões. Atualmente o mercado está alinhado, no que diz respeito ao cabaz de ofertas e soluções para particulares e empresas, com carteiras de investimento diferenciadas por perfis de risco. O escasso rendimento disponível das famílias condicionará, contudo, a fraca adesão a este tipo de produtos a que também não será alheia a falta de liquidez que os caracteriza. De que forma os fundos de pensões contribuem para o desenvolvimento da economia como um todo? Os fundos de pensões são captadores de aforro, estável e de longo prazo, por excelência, e são grandes investidores institucionais, contribuindo assim para dinamizar a economia ao intervir diretamente no mercado de capitais. Por outro lado, ao proporcionar um retorno pós vida ativa que eleva e sustenta o nível de vida da população reformada contribui para manter o seu poder de compra e consumo interno.

Os vários governos têm recorrido a estes fundos, olhando para os mesmos não tanto como um instrumento de poupança, mas antes como uma reserva de capital que está disponível quando são necessárias receitas adicionais para cumprir obrigações imediatas ou de curto prazo. Qual a sua opinião relativamente a este facto? Efetivamente, na última década em Portugal, vários Governos têm recorrido aos Fundos de Pensões, com integração na Segurança Social dos fundos de pensões da CGD, ANA (NAV), Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM), Portugal Telecom, Rádio Marconi, CTT e uma parte significativa dos FP’s da Banca (1º pilar). O mercado dos fundos de pensões perdeu cerca de 11,5 mil milhões de euros, que por sua vez foram retirados dos mercados financeiros e utilizados para pagar dívida, não tendo efetivamente contribuído para a sustentabilidade do sistema e aumentando a responsabilidade futura do estado e os encargos da Segurança Social.

De que forma a performance dos mercados se reflete nos fundos de pensões? Os FP’s investem nos diferentes mercados, naturalmente nos mercados de capitais. Os seus ativos são habitualmente e desejavelmente valorizados ao “fair value”, pelo que a performance dos mercados se reflete direta e imediatamente na valorização da carteira de ativos dos FP’s. Como avalia a evolução do mercado de fundos de pensões na última década? Em Portugal, na última década, embora se tenha verificado um aumento significativo do número de novos planos de pensões, tem-se assistido a uma redução significativa dos ativos sob gestão no mercado devido a desvalorizações

Os fundos de pensões são captadores de aforro, estável e de longo prazo, por excelência, e são grandes investidores institucionais, contribuindo assim para dinamizar a economia ao intervir diretamente no mercado de capitais. Por outro lado, ao proporcionar um retorno pós vida ativa que eleva e sustenta o nível de vida da população reformada contribui para manter o seu poder de compra e consumo interno

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OROC – XI Congresso Nacional

Banif Açor Pensões – A Melhor Solução

“ nos ativos a partir de 2007 e à transferência de FP’s privados para o domínio da Segurança Social (após a transferência da Banca, 1º pilar, em 2011, o mercado situou-se num valor anterior a 2000). Paralelamente tem-se assistido a uma transformação rápida da estrutura dos fundos com redução significativa dos planos de pensões de benefício definido (mesmo os existentes têm vindo a fechar o plano a novos participantes) e opção pelos planos de contribuição definida e pelos fundos de pensões abertos. 20

Os fundos de pensões começam a tomar o nível de risco pretendido? Como tem evoluído a rendibilidade dos mesmos? É importante ter presente que o principal objetivo dos fundos de pensões é garantir aos Participantes um complemento de reforma em linha com os seus objetivos e expectativas, o que implica tentar obter um rendimento adequado face ao risco incorrido, gerido pela Sociedade Gestora e pelos participantes/aforradores/investidores de acordo com diferentes variáveis e utilizando as diferentes soluções disponibilizadas. Atualmente, a gestão do risco das carteiras dos fundos de pensões é regulamentada por um conjunto de princípios, normas e funções que garantem a sua adequação aos objetivos e perfis pré-definidos e a sua monitorização e di-

A relevância dos Fundos de Pensões ainda não é significativa comparativamente com outros países, que reconhecem os Fundos de Pensões como a solução que melhor responde às necessidades e proteção económica na reforma. O sistema de Segurança Social português em vigor ainda não deixa grande espaço para outro tipo de soluções complementares de natureza privada, mais pelo esforço contributivo que exige do que, atualmente, pelos benefícios que concede, objeto de grande redução na última reforma efetuada

vulgação de forma explícita, acessível e regular. A rendibilidade dos fundos de pensões tem evoluído paralelamente com o mercado onde investem e de acordo com as respetivas políticas de investimento, as quais têm a sua tradução nas estratégias adotadas e no cabaz de ativos de cada uma das suas carteiras de investimento. Independentemente da maior ou menor ‘agressividade’ das políticas de investimento, convém notar que a gestão nunca deve esquecer o objetivo fundamental e último destes veículos de investimento. No que diz respeito à alocação de ativos nos fundos de pensões no primeiro semestre, como foi o desempenho da Banif Açor Pensões? Os Fundos de Pensões geridos pela BAP obtiveram no 1º semestre de 2013 um retorno mediano de 1,3% (não anualizado), em linha com o mercado, em que a mediana foi igualmente de 1,3%, segundo dados divulgados pela Mercer Portugal. O primeiro semestre ficou marcado por um maior equilíbrio do crescimento económico global. Nos EUA, a economia

“Para empresas, a formalização do Plano de Pensões (‘Planos de Pensões Profissionais’) passa, habitualmente e sem prejuízo de qualquer outra solução específica, pela adesão coletiva àqueles mesmos fundos. É no plano de pensões que são estabelecidos o conjunto de benefícios concedidos e as respetivas condições de acesso”

apresentou sinais de maior solidez, apesar da política fiscal mais contraccionista que resultou do acordo no congresso americano que evitou o fiscal cliff no início do ano. Os indicadores de atividade recuperaram, suportados pela recuperação dos mercados de construção e habitação, e a criação de emprego continuou a um ritmo moderado. Na Zona Euro, o primeiro trimestre foi bastante fraco e volátil devido a um conjunto de eventos (eleições em Itália, resgate no Chipre), mas, no final da primeira metade do ano verificou-se uma melhoria gradual das condições económicas. Finalmente, os países emergentes registaram dinâmicas económicas aquém das expectativas devido, em grande parte, à alteração de política económica na China, com impacto forte no preço das commodities. Em meados de maio, a Reserva Federal americana indicou que estaria mais perto de reduzir o seu programa de estímulos monetários. Esta situação penalizou os ativos de risco e levou à subida dos yields de dívida pública. Apesar disto, no primeiro semestre, registou-se uma valorização significativa dos índices de ações dos EUA (S&P +13.78 por

cento) e do Japão (Nikkei +31.57 por cento) e de menor magnitude na Europa (MSCI Europe +1.43 por cento) no 1º semestre. Os Emergentes constituíram a única exceção, com uma desvalorização de 10.89 por cento (MSCI Emerging Markets) devido ao abrandamento do crescimento deste bloco. Ao nível das obrigações governamentais (índices EFFAS), verificou-se uma desvalorização dos mercados core, com os EUA a corrigir - 2.46 por cento e a Alemanha a desvalorizar -1.42 por cento. Neste contexto, a alocação média da classe de ações do Fundos de Pensões geridos pela BAP aumentou de 13 por cento no início de 2013 para 17 por cento no final do semestre, registando-se em contrapartida uma redução da componente de liquidez. As restantes classes mantiveram uma alocação constante ao longo da primeira metade do ano, com as obrigações a representarem um peso de 62 por cento, o imobiliário 12 por cento e outros ativos cerca de 1 por cento. No segmento de obrigações, destaca-se um maior enviesamento para dívida pública espanhola e obrigações de empresas portuguesas.

O Congresso teve por base duas palavras-chave: desafio e confiança. Em que medida as mesmas se aplicam à área dos fundos de pensões? O crescimento e a dinamização do setor dos FP’s são grandes desafios, que passam por criar uma verdadeira consciencialização dos cidadãos, empresas e associações socioprofissionais à problemática da reforma e estabelecer, de facto e de uma vez por todas, um regime de transição do setor público para o setor privado. Para este fim, o Estado tem que assumir os incentivos a conceder às empresas e conceber a forma de financiar as responsabilidades em que já incorre. Socialmente temos que ser capazes de definir o que cada um de nós está disposto a perder para reformar um sistema que, no futuro, não servirá ninguém. Acreditamos que a atual regulamentação e supervisão do setor traz bastante segurança e credibilidade, o que, naturalmente terá de ser suficientemente percebido pelos cidadãos, de modo a que possa gerar a confiança efetiva de que já é credor.


OROC – XI Congresso Nacional

Vítor Pereira, Gerente da Giganomics

Pontos de Vista Outubro 2013

Há três anos à conquista do mercado Especializada em soluções Oracle, a Giganomics têm-se assumido no mercado nacional com uma estratégia de crescimento lenta mas consolidada. Num dos segmentos em que atuam, o Outsourcing, a Giganomics disponibiliza um elevado nível de especialização dos recursos envolvidos. “Só assim se consegue cumprir SLAs exigentes e fazer mais e melhor em menos tempo”, defendeu Vítor Pereira, Gerente da Giganomics.

Vítor Pereira Criada em 2010 na P&P (Pessoas & Processos), a Giganomics é, hoje, uma organização especializada em soluções Oracle. Que caraterísticas têm estruturado o desenvolvimento desta empresa? - Uma Visão para a Transformação Organizacional baseada em Tecnologias de Informação. As organizações têm que inovar e aprender a colocar a tecnologia ao serviço do negócio. Só assim poderão fazer mais com menos e ganhar vantagens competitivas; - Especialização elevada nas melhores soluções tecnológicas no mercado: Base de Dados Oracle, Servidores aplicacionais Oracle, Oracle SOA Suite, Oracle BPM, … ; - Um forte investimento na Formação de uma equipa tecnicamente sólida e motivada. Este objetivo tem sido facilitado pelo facto de que temos um Centro de Formação Certificado pela Oracle Corp. A Skillstep Lda é a entidade gestora do único Centro de Formação autorizado pela Oracle a divulgar um Calendário de Formação em Lisboa.

No segmento de outsourcing, de que forma os vossos recursos especializados em soluções Oracle têm ajudado a aumentar a produtividade de uma empresa? O Outsourcing por definição deve ter como objetivo o aumento da produtividade e nunca a redução do custo. Este é um equívoco que temos encontrado nalguns projetos de Outsourcing de Serviços. Com as dificuldades económicas, as organizações perderam alguma racionalidade e tentaram utilizar o Outsourcing como ferramenta para reduzir custos, o que é um erro que sai caro. O nosso sucesso no Outsourcing depende essencialmente do elevado nível de especialização dos recursos envolvidos. Só assim, se consegue cumprir SLAs exigentes e fazer mais e melhor em menos tempo. Há quem defenda que Portugal tem condições privilegiadas para o outsourcing. No seu entender, os empre-

sários têm sabido retirar os devidos proveitos desta atividade? O que tem determinado este sucesso? Esta pergunta exige várias respostas, em função do tipo de outsourcing de que estamos a falar. Vamos analisar caso a caso: - Outsourcing de Serviços (desenvolvimento de aplicações, manutenção de aplicações, administração de sistemas, …): neste caso Portugal tem boas condições para funcionar como nearshore para multinacionais. Temos técnicos com qualidade, proximidade geográfica e custo baixo. No mercado português, os empresários têm recorrido mais ao outsourcing de recursos do que ao outsourcing de serviços. Este facto não permite maximizar o retorno da opção pelo outsourcing. Eu creio que as organizações portuguesas não têm a maturidade organizacional exigida pela implementação do outsourcing de serviços, o qual, sem processos rigorosos e claros não poderá funcionar. Nos últimos dois anos e motivado pela crise económica, algumas organizações optaram pelo outsourcing numa tentativa de reduzir custos. Esta é uma opção claramente errada, pois as virtudes do outsourcing são o elevado nível de especialização e o aumento da produtividade das organizações. Este equívoco tem gerado alguns problemas, pois o esforço para reduzir o custo normalmente resulta numa solução de outsourcing com baixa qualidade, que não vai cumprir o SLA que foi contratado. - Outsourcing de Recursos tem sido um recurso para muitas organizações portuguesas, incluindo a administração pública. No entanto esta opção tem evidenciado algumas dificuldades: quando não há capacidade de gestão dos recursos, não será possível aproveitar a capacidade produtiva gerada pelo outsourcing; quando se colocam recursos em outsourcing com tarefas críticas para o negócio, está a correr-se um risco elevado com a perda destes recursos. Este é um exemplo onde faz sentido apostar no outsourcing de serviços; quando o critério de seleção dos recursos é apenas o preço, tem que se assumir baixos níveis de produtividade, que não correspondem a uma estratégia com futuro. Têm-se adjudicado contratos de outsourcing de recursos técnicos, na administração pública, com valores inaceitáveis para recursos com formação universitária e especializados. Tudo isto em nome da crise e da necessidade de reduzir custos, quando o objetivo deveria ser aumentar a produtividade e fazer mais e melhor. Todas estas dificuldades das organizações portuguesas, fazem com que os melhores recursos optem por saír de Portugal, com um enorme prejuízo para o país, que

se irá fazer sentir nos próximos anos. O Outsourcing de Recursos em Portugal não deve esquecer que o mercado não é apenas Portugal. A Giganomics tem fornecido recursos especializados para projetos nalguns países europeus, Angola e Moçambique. As limitações das organizações portuguesas a nível estratégico e de organização, assim como a procura cega de soluções baratas, não permitirá que o Outsourcing se afirme como uma opção séria no mercado português das TI.

Num momento em que o mercado nacional está a passar por momentos expectantes, que caminhos encontram no mercado externo? Cada vez mais, na sua opinião, uma empresa deve ter presente a importância da internacionalização do seu negócio? Sim, quando estamos num mercado que parou no tempo, onde os novos projetos são poucos e a disponibilidade financeira muito reduzida, só nos resta a internacionalização. A Giganomics está a aproveitar o facto de fazer parte do grupo P&P, para

dar os primeiros passos fora de Portugal. Já existe a P&P Angola e a P&P Moçambique e a Giganomics está nestes países em parceria com a P&P.

Para o futuro, qual será a estratégia da Giganomics para responder à altura aos desafios que irão surgir? A Giganomics irá no futuro desenvolver as linhas de orientação que já tem hoje: - Foco na Transformação das organizações através de Soluções IT para a implementação de Processos IT; - Foco nas melhores tecnologias do mercado: Oracle, …; - Fazer crescer a atividade de Formação da Skillstep através do crescimento da oferta de formação em áreas complementares à tecnologia: Metodologias de desenvolvimento, …; - Manter o foco no desenvolvimento e certificação das competências da nossa equipa. LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT

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Samsys – O Melhor Parceiro

“Ajudamos as empresas a gerar valor e a crescer” Empresa de enorme relevo e prestígio, a Samsys atua na vertente das TI’s há mais de 16 anos e integra a prestação de serviços de consultoria informática, tendo como principal desiderato o desenvolvimento de soluções que apoiem e auxiliem o universo empresarial a crescer, realidade que é cada vez mais necessária, principalmente se olharmos ao atual contexto económico existente em Portugal.

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Revista Pontos de Vista foi conhecer a Samsys, especialista em Softwares de Gestão há mais de 15 anos, e conversou com Ruben Soares e Samuel Soares, Sócios-Gerentes da empresa, que nos deram a saber os principais desafios da marca e as razões que levam a Samsys a ser de facto um parceiro de sucesso. Como parceiro em softwares de gestão há mais de 15 anos, a Samsys está acostumada a lidar com todas as alterações fiscais, sendo portanto o parceiro a escolher quando abordamos a temática das novas regras de emissão e comunicação de documentos de transporte, com a entrada em vigor da portaria 161/2013 de 23 de Abril, a forma como circulam as mercadorias em território nacional sofreu algumas alterações de fundo. Para Samuel Soares, o grande desafio “não será tanto a rapidez com que as novas obrigações surgem, mas sim a pouca antecedência com que por vezes são disponibilizadas as informações legislativas que condicionam os fabricantes no desenvolvimento das atualizações necessárias aos Softwares de Gestão, o que provoca uma sobrecarga de serviço difícil de gerir e prever”, afirma o nosso entrevistado. Assim, e sempre atenta a todas as condicionantes e mais-valias, a Samsys procurou melhorar a sua capacidade de resposta em 2012 e reforçou a equipa Interna de Suporte com consultores especialistas nesta área, assegurando assim uma maior e melhor capacidade de resposta. “Na Samsys estamos habituados a encarar os desafios como oportunidades, e estes não são diferentes. Vemos estas novas obrigações fiscais como oportunidades para em muitos dos casos otimizar, atualizar e melhorar os softwares de gestão dos nossos clientes e parceiros”, revela Ruben Soares. De salientar que o percurso da Samsys durante os seus primeiros 15 anos foi bastante orientado para a diversificação Serviços de Consultoria Samsys – quatro grandes áreas Sistemas e infraestruturas Software de Gestão Soluções de Comunicação Investigação e Desenvolvimento Saiba mais: www.samsys.pt

Samuel Soares e Ruben Soares da oferta de valor, tendo sempre como linha de orientação o apoio dos seus parceiros em todas as vertentes possíveis “que estivessem ligadas às tecnologias de informação, permitindo aos mesmos focarem a sua atenção no seu negócio. Trabalhamos desta forma porque queremos proporcionar um capital de valor aos nossos clientes e temos conseguido fazê-lo através de uma estrutura sólida constituída por diferentes departamentos especialistas nas diversas áreas de atuação respondendo às especificidades de cada uma com competitividade”. Na senda do desenvolvimento, a Samsys definiu como plano estratégico para 2013 e anos seguintes, a especialização e verticalização de cada uma das suas ofertas. “Temos feito grandes investimentos em capital humano, recrutando novos colaboradores e apostando forte na formação dos existentes, os resultados dos três primeiros trimestres deste ano dão-nos um excelente indicador que a estratégia está bem definida”, salientam os nossos entrevistados. Prova disso mesmo, é que a Samsys foi reconhecida pela quarta vez consecutiva como PME Líder e pela terceira vez PME Excelência, fazendo parte das 160 maiores empresas de TI a actuar em Portugal. “Estamos com um nível de crescimento acima dos 53 por cento, e já ultrapassamos o total de facturação de 2012”, revela Ruben Soares. Na Samsys o presente é importante, mas o futuro significa novos desafios. Desta forma foram recentemente adquiridas

novas instalações para o Porto com uma área de 1.040m2 e estando a ser ultimada a abertura de uma delegação da Samsys em Lisboa.

Parceiro de excelência

A Samsys sempre assumiu, desde a sua génese, um cariz inovador e direcionado para o futuro. Desta forma, a marca assume-se como um relevante parceiro de todos os seus clientes, onde toda as soluções desenhadas, desenvolvidas e implementadas nos seus clientes “visam o aumento de eficiência e produtividade dos mesmos, baixando quando possível os custos operacionais. Desta forma aju-

damos os nossos clientes a serem mais rentáveis e competitivos e como consequência ajudamos estas empresas a gerar mais valor e a crescer.” A terminar, os nossos entrevistados revelaram um pouco do futuro da marca, e assim, em 2014, “podem esperar a mesma C.O.R.A.G.E.M., ou seja, os mesmos valores, o mesmo empenho e dedicação aos parceiros, o mesmo desejo de os ajudar e claro muitas novidades que vamos divulgar na nossa Reunião Anual, sendo uma delas, que já está prevista no plano estratégico, o início do processo de internacionalização”, finalizam Ruben e Samuel Soares.

CORAGEM – Serviço mais inovador da Samsys O acrónimo CORAGEM, Significa: Competentes, Objetivos, Rigorosos, Ambiciosos, Geniais, Empenhados, Motivados. É com estes valores sempre em mente que a nossa equipa de 45 consultores atua. Também acreditamos que CORAGEM e Apoio é o que muitos empresários precisam para superar as adversidades que se sentem na economia e por esse motivo no início deste ano lançamos a iniciativa DAME+ que é o acrónimo de Dar, Ajudar, Motivar, Educar +. Esta iniciativa vem reforçar a nossa Missão de Ajudar os nossos Clientes, os objetivos mensuráveis que definimos para esta iniciativa foram: Dar apoio a três empresas, na recuperação do seu crescimento, através da utilização dos nossos serviços em pro bono; ajudar 50 empresários através de formações, tertúlias e workshops que acrescentem valor ao seu negócio ou à sua equipa; motivar 500 empresários através da realização de palestras e eventos de livre acesso com ideias que podem ajudar os seus negócios a crescerem; educar 10 formandos apoiando-os, na entrada do mercado de trabalho. “A taxa atual de concretização destes objetivos já é superior a 90%, o que é para nós um motivo de orgulho. Só num dos eventos que realizamos tivemos mais de 500 empresários presentes e o feedback foi excelente”, salientam os nossos interlocutores.



PROGRAMA REVITALIZAR

Trata-se de 220 milhões de euros comparticipados pelo QREN e por sete bancos

Um novo fôlego para o universo empresarial português Os Fundos Revitalizar foram anunciados há dezoito meses, mas só no final de agosto é que foram oficialmente lançados pelo Ministro da Economia, António Pires de Lima. São 220 milhões de euros disponibilizados a pequenas e médias empresas, que desenvolvam a sua atividade nos setores da indústria, energia, comércio, transportes e logística, turismo, serviços e construção civil.

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stão, finalmente, reunidas as condições do ponto de vista financeiro para apoiar as empresas que necessitem de ser capitalizadas”. Foi desta forma que, no passado dia 27 de agosto, o Ministro da Economia, António Pires de Lima, lançou oficialmente os Fundos Revitalizar, com uma dotação de 220 milhões de euros. Trata-se de um estímulo à revitalização e expansão de empresas viáveis, geradoras de emprego, exportações e crescimento económico. Disponibilizados a pequenas e médias empresas dos setores da indústria, energia, comércio, transportes e logística, turismo, serviços e construção civil, o principal objetivo passa por promover a capitalização de empresas com projetos de expansão e crescimento, quando a situação financeira se encontre equilibrada e sustentável. Para o governante, este programa coloca os bancos e as entidades gestoras dos fundos a atuar sobre a revitalização de empresas privadas, um trabalho para o qual, segundo o responsável, o Estado não tem vocação. A Explorer Investments (Norte), a Oxy Capital (Centro) e a Capital Criativo (Lisboa, Alentejo e Algarve) irão gerir os fundos de base regional que servirão de apoio aos programas de revitalização e Quem é que se pode candidatar aos Fundos Revitalizar? • Todas as PME que apresentem modelos de negócio sustentáveis e que pretendam desenvolver estratégias de crescimento e expansão, incluindo aquelas que tenham saído de uma situação de revitalização e que desenvolvam a sua atividade nos seguintes setores: indústria, energia, comércio, transportes e logística, turismo, serviços e construção civil. • As PME em situação de dificuldades financeiras só são elegíveis no contexto destes fundos após um processo de reestruturação no âmbito do Programa Especial de Revitalização (PER),do Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial (SIREVE) ou outro.

Informação útil A dotação financeira dos Fundos Revitalizar será garantida, em parcelas iguais, pelo QREN (COMPETE, POR Lisboa e PO Algarve 21) e pelo sistema financeiro, na base do acordo firmado entre o Ministério da Economia, as entidades gestoras do POFC/ Compete e dos Programas Operacionais Regionais de Lisboa e do Algarve e 7 instituições bancárias (Caixa Geral de Depósitos, BPI, BES, Millenium BCP, BANIF, Montepio Geral e a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo).

António Pires de Lima expansão das empresas. Estas entidades foram escolhidas por concurso público que teve por base, sobretudo, a experiência da equipa na gestão de fundos de capital de risco e na gestão de empresas. Deste processo, foram excluídos os concorrentes que tinham como acionistas, diretos ou indiretos, instituições de crédito que viessem a deter mais de dez por cento do capital dos Fundos Revitalizar. A decisão final foi comunicada aos concorrentes por parte das autoridades de gestão dos programas operacionais do QREN que financiam a componente pública dos fundos, tendo o lançamento efetivo dos Fundos sido efetuado pelo Ministro da Economia, em 27 de agosto. Os Fundos terão um período de investimento de seis anos, que começa a contar a partir do momento da realização da primeira tranche de capital. Segue-se um período de desinvestimento por

mais seis anos, que poderá ser acrescido de um período adicional de dois anos.

Demora no processo

A medida faz parte do Programa Revitalizar, um programa mais alargado que incluiu o Processo Especial de Revitalização (uma alternativa à insolvência na viabilização judicial de empresas) e o SIREVE - Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial. Os Fundos Revitalizar pretendem, assim, complementar do ponto de vista financeiro, as referidas medidas, fechando um ciclo, ou seja, estando as empresas economicamente viáveis recuperadas do ponto de vista financeiro, através do acordo de um business plan e perdão da dívida assumidos pelos respetivos credores, estão reunidas as condições para se apoiar a necessária capitalização dessas empresas, através dos Fundos Revitalizar.

Estão, finalmente, reunidas as condições do ponto de vista financeiro para apoiar as empresas que necessitem de ser capitalizada

A demora na operacionalização destes Fundos foi explicada pelo Secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade. “Estamos a falar de sete bancos, de um concurso público para escolha das entidades gestoras. Foi necessário cumprir todos os procedimentos de uma forma clara”, afirmou à margem da cerimónia. O Estado tem como função estimular a existência de um clima de negócios que abra as portas ao investimento e criar um ambiente favorável para revigorar as empresas portuguesas. “É importante dar um contributo no sentido de revitalizar o tecido económico”, defendeu António Pires de Lima. Nesse sentido, o Programa Revitalizar, que envolve o Ministério da Economia, o Ministério das Finanças, o Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social e o Ministério da Justiça, é um instrumento que visa dar às PME’s um novo fôlego neste momento crítico na economia portuguesa. Como ter acesso aos Fundos? Os interessados deverão apresentar o seu plano de negócios e dossier de investimento à sociedade de capital de risco que gere o Fundo Revitalizar da sua região. Poderá ainda recorrer ao acompanhamento do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI), podendo contactar esta entidade através dos centros de desenvolvimento empresarial presentes em várias zonas do país, da linha de informação 808 201 201 ou através do email: info@iapmei.pt.


PROGRAMA REVITALIZAR

Pontos de Vista Outubro 2013

Capital Criativo

Alavancar o investimento empresarial “Os Fundos Revitalizar, enquanto instrumentos de financiamento (capitalização) e de partilha de risco, são relevantes alavancas para estimular o investimento empresarial, o crescimento dos negócios, a geração de emprego e em geral a produção de riqueza pelas PME nacionais”, afirma Gonçalo Gil Mata, Administrador da Capital Criativo, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Conheça as razões que levam a que este mecanismo, os Fundos Revitalizar, seja fundamental para potenciar o investimento. Os Fundos Revitalizar foram anunciados há dezoito meses, mas só no final de agosto é que foram oficialmente lançados. São 220 milhões de euros disponibilizados a pequenas e médias empresas. Na prática, e tendo em conta os setores considerados prioritários, de que forma este mecanismo é fundamental para a economia portuguesa e para o tecido empresarial? O nosso tecido empresarial, nomeadamente ao nível das PME, seja nas fases mais iniciais de atividade, seja nas fases de expansão, em geral ainda se debate com problemas de capitalização, gestão e organização e acesso ao mercado. Instrumentos à semelhança do Fundo Revitalizar poderão ser fundamentais para suprir essas debilidades e potenciar o investimento, crescimento e o emprego, essenciais para superar a atual conjuntura económica. Quem se pode candidatar a este fundo sul cuja sociedade gestora é a Capital Criativo? Podem-se candidatar PME certificadas como tal pelo IAPMEI e que atuem, por exemplo, nos setores da indústria, energia, comércio, transportes e logística, turismo e serviços e que se encontrem sedeadas nas regiões de Lisboa, Alentejo e Algarve. O Fundo Revitalizar encontra-se dirigido para empresas que apresentem uma situação financeira sustentável mas necessitem de reforçar os seus capitais próprios para financiar investimentos que potenciem o seu crescimento e expansão.

A Capital Criativo investe em que tipo de empresas? A Capital Criativo investe, preferencialmente, em PME produtoras de bens e serviços transacionáveis com elevado potencial de crescimento. O modelo de negócio e a competência da equipa de gestão são igualmente determinantes para a concretização dos investimentos. O que é preciso para empresas/empresários poderem beneficiar da capitalização de uma sociedade deste género?

O Fundo Revitalizar encontra-se dirigido para empresas que apresentem uma situação financeira sustentável mas necessitem de reforçar os seus capitais próprios para financiar investimentos que potenciem o seu crescimento e expansão” 25

Como foi referido, a Capital Criativo investe em PME com projetos de expansão sustentáveis e com equipas de gestão competentes. Para que esse investimento se concretize, os empresários têm de estar disponíveis para ter parceiros de negócio, nomeadamente através da partilha de algumas decisões estratégicas, sabendo também que a participação de uma sociedade de capital de risco será sempre temporária (entre 3-8 anos), ficando desde logo definido o momento a partir do qual se inicia o ciclo de desinvestimento.

A Capital Criativo, juntamente com a Explorer Investments e a Oxy Capital – SCR, são as capitais de risco que irão gerir os fundos de base regional que servirão de apoio às PME. Como receberam esta decisão? Com satisfação, pelo reconhecimento de mercado implícito nessa decisão, tendo em conta os critérios principais que determinaram a escolha no âmbito do concurso: independência e isenção da sociedade gestora, track-record e competências da equipa de gestão, ca-

“As sociedades gestoras, enquanto entidades responsáveis pela gestão dos fundos, são determinantes, de um modo independente dos investidores, no processo de originação e seleção de oportunidades de investimento, avaliação e concretização dessas mesmas oportunidades, acompanhamento da carteira de participações e preparação e execução dos desinvestimentos”

Gonçalo Gil Mata

pacidade de alavancar investimentos e conhecimento e acesso ao mercado.

Qual é a importância das sociedades gestoras, em particular nos Fundos Revitalizar? As sociedades gestoras, enquanto entidades responsáveis pela gestão dos fundos, são determinantes, de um modo independente dos investidores, no processo de originação e seleção de oportunidades de investimento, avaliação e concretização dessas mesmas oportunidades, acompanhamento da carteira de participações e preparação e execução dos desinvestimentos.

O Estado tem como função estimular a existência de um clima de negócios que abra as portas ao investimento. Com os Fundos Revitalizar, este caminho está a ser tomado? Sem dúvida. Os Fundos Revitalizar, enquanto instrumentos de financiamento (capitalização) e de partilha de risco, são relevantes alavancas para estimular o investimento empresarial, o crescimento dos negócios, a geração de emprego e em geral a produção de riqueza pelas PME nacionais.

CAPITAL CRIATIVO - SCR, S.A. geral@capitalcriativo.com TEL. (+351) 21 356 98 00 - FAX. (+351) 21 356 98 09


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Explorer Investments

“Os fundos Revitalizar são importantes para as PME” No sentido de promover a revitalização do tecido empresarial luso, foram lançados os fundos Revitalizar. Trata-se de 220 milhões de euros que serão disponibilizados a pequenas e médias empresas no sentido de apoiar as empresas que necessitem de ser capitalizadas. Serão três as entidades gestoras que vão gerir os fundos Revitalizar, divididas por zonas geográficas do país. A Revista Pontos de Vista conversou com Ana Leite, Partner Special Funds da Explorer Investments, entidade que ficará com os fundos da região Norte, no valor de 80 milhões. Saiba mais de um mecanismo essencial para a promoção do universo empresarial português.

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No final de agosto foram desbloqueados os fundos do Programa Revitalizar, no valor de 220 milhões de euros. Qual a importância destes fundos para as Pequenas e Médias empresas? De que forma o programa é fundamental ao tecido empresarial e à economia nacional? Estes fundos são importantes para as PME porque fornecem uma alternativa às fontes de financiamento tradicionais. Um dos principais impactos da crise que vivemos foi uma alteração significativa do panorama de financiamento das Empresas Portuguesas. Se no passado o crédito bancário era a alternativa de eleição para as empresas prosseguirem os seus projetos de investimento hoje em dia não é tanto assim. Aquilo a que temos assistido, e que entendemos ser um retrato fiável da generalidade das PMEs, é que o crédito bancário diminuiu e o nível de remuneração e garantias exigido aumentou. É aqui que entram os Fundos Revitalizar, na medida em que fornecem uma alternativa de financiamento ajustada às necessidades das Empresas e dos projetos de investimento, investindo nas Empresas através de instrumentos de Capital Próprio ou semelhantes. Isto quer dizer que não existem garantias e a remuneração do investimento está totalmente alinhada com as características do projeto. Portanto, quando falamos de Fundos Revitalizar estamos também a falar na recapitalização do tecido Empresarial Português. Qual o papel da Pequenas e Média empresas no relançar da economia nacional? Estas poderão ser o motor de alavancagem da economia do país? As PME são fundamentais no relançamento da economia nacional. Apesar dos números do INE serem referentes a 2008 estamos convencidos que, no essencial, as PME permanecem responsáveis pela maior parte da produção e do emprego nacional. Portanto podemos afirmar, com algum grau de segurança, que a saúde das PME tem um impacto direto na situação económica do País. Aquilo a que temos assistido é de alguma forma encorajador na medida em que verificamos uma alteração do paradigma das Empresas Portuguesas. Se no passado existia uma dependência muito grande do mercado nacional, hoje

É importante que os empresários apresentem apropriadamente os projetos de investimento. Para isso é fundamental a existência de um plano de negócios bem estruturado e fundamentado que identifique as vantagens e riscos do negócio

Ana Leite

em dia as Empresas estão plenamente conscientes da importância dos mercados externos e da necessidade de serem competitivas na economia global.

Passados dois meses do Programa Revitalizar ter sido criado já mais de 60 PMES se tinham candidatado aos fundos. Passado mais de um ano, em quanto ascendeu esse valor? Como é que é feita a seleção das empresas a apoiar? Falando apenas do Fundo Revitalizar Norte, desde novembro do ano passado foram analisadas mais de 90 oportunidades de investimento. A seleção das empresas começa com a verificação das condições de elegibilidade. Se estas estiverem reunidas então iniciamos uma análise mais extensa que pode resultar na apresentação de uma proposta de investimento. De forma resumida o espirito da análise efetuada pretende identificar as barreiras à entrada, as vantagens competitivas e os riscos dos projetos e traduzi-los numa estimativa daquilo que será o seu potencial de libertação de fluxos de caixa. Quais são os setores prioritários para o Programa Revitalizar? Novamente, falando apenas do Fundo Revitalizar Norte, não existem setores prioritários. Porém, existe um regulamento de gestão que exclui do âmbito de atuação do Fundo alguns setores eco-

nómicos. Nomeadamente, as atividades relacionadas com a produção agrícola, produção animal, pesca, promoção imobiliária, entre outras.

Uma vez que será uma das sociedades gestoras dos fundos de base regional, o que é que podemos esperar da Explorer Investments a este nível? Que mensagem quer deixar as empresas que tenham interesse em candidatar-se a este Programa? Os empresários do Norte podem esperar da Explorer aquilo que nos tornou, ao longo de mais de 10 anos de atividade, numa das referências do setor do capital de risco nacional. Ou seja, um conjunto de profissionais com elevada competência técnica, vasta experiência acumulada nos mais diversos setores e conhecimento profundo daquilo que são as empresas e as necessidades dos empresários. É importante que os empresários apresentem apropriadamente os projetos de investimento. Para isso é fundamental a existência de um plano de negócios bem estruturado e fundamentado que identifique as vantagens e riscos do negócio. As decisões tomadas pelo governo têm ido no sentido de criar um clima de negócios que abra as portas ao investimento? Fundos como o Revitalizar estão em linha com essa estratégia? Claramente. Aliás, os fundos Revitali-

zar, financiados nomeadamente pelo FEDER, pelo QREN e pelo COMPETE, são, em si, são um mecanismo de inves¬timento uma vez que estão, inteiramente, direccionados para apoiar projetos de ex¬pansão e modernização Empresarial atra¬vés do reforço dos capitais próprios das PME nacionais. Adicionalmente, o carac¬ter regional dos fundos irá beneficiar não só os seus destinatários mas todas as en¬tidades relacionadas. Portanto, existe, no nosso entender, um efeito multiplicador desta política que não pode ser ignorado. De que forma a Explorer Investments é capaz de acrescentar valor às empresas em que participa? De que forma se processa este envolvimento? A Explorer acrescenta valor às empresas em que participa através do seu envolvimento e acompanhamento no dia-a-dia das empresas participadas, em particular, prestando apoio na definição da estratégia da empresa, promoção da expansão da atividade, sobretudo nos mercados internacionais, na seleção, análise, financiamento e concretização de aquisições/fusões de empresas (buy & build), reforçando a equipa de gestão intermédia e de topo, assessorando no desenvolvimento e implementação de um plano de negócios, otimização da estrutura financeira e consolidação das práticas de planeamento e de controlo de gestão.


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Pontos de Vista Outubro 2013

OxyCapitaL

Ponto de partida de capitalização das empresas O papel do Estado na Economia deve ser o de potenciar a existência de um clima de negócios favorável ao investimento, que seja gerador de riqueza, gerador de valor e de emprego. Foi neste panorama que foram lançados os Fundos Revitalizar, destinados à recapitalização de PME’s com planos de negócios viáveis. A Revista Pontos de Vista conversou com Luís Quaresma, Administrador da OxyCapital, sociedade que ficou responsável pelo Fundo Revitalizar da zona Centro, que nos deu a conhecer as expectativas existentes para este mecanismo, e que representará uma alavanca para a economia portuguesa. A OxyCapital ficou responsável pelo Fundo Revitalizar da zona Centro. Estes fundos foram agora disponibilizados. O que é que espera dos próximos tempos no âmbito da gestão deste instrumento destinado à capitalização das PME’s com planos de negócio viáveis? Qual vai ser no fundo o papel das entidades gestoras nesta matéria? A nossa expectativa é que os fundos canalizados para as PME beneficiárias, numa lógica de partilha de risco com os empresários, permitam às empresas alcançar os níveis de liquidez necessários para o apoio a projetos de expansão, inovação e modernização, que se encontram restringidos, nomeadamente, pelas dificuldades de acesso a financiamento, uma situação que afeta particularmente este segmento empresarial. As entidades gestoras assumirão um papel ativo na gestão destes instrumentos, no sentido de apoiar projetos que apresentem viabilidade e promover a profissionalização da gestão das empresas financiadas, de modo a potenciar a criação de emprego e a recuperação da economia. Na OxyCapital estão já a analisar planos de viabilização de empresas que se tenham candidatado a este fundo? Quando é que as primeiras empresas irão começar a beneficiar dos Fundos Revitalizar? Nesta fase a OxyCapital encontra-se muito ativa na identificação e análise de diversos projetos para o Fundo Revitalizar, esperando que se comecem a realizar os primeiros investimentos já nas próximas semanas.

As PME’s são as empresas mais afetadas pela redução do acesso ao crédito. Neste contexto, este fundo era essencial ao tecido empresarial português?

e apostar em mercados em crescimento e onde sejam competitivas. Um dos principais obstáculos, se não mesmo o principal, ao investimento das PME é de facto a dificuldade de acesso a fontes de financiamento em condições adequadas aos seus projetos.

Luís Quaresma

De que forma acredita que o mesmo se irá refletir na economia nacional? Num contexto de escassez de fontes de financiamento tradicionais, conjugada com o reduzido nível de capitalização habitualmente registado pelas PME’s, este tipo de instrumentos surge como uma alternativa sólida para estas empresas financiarem projetos de investimento fundamentais para o desenvolvimento da sua atividade. De referir que o capital investido tem um efeito multiplicativo, apoiando não só a empresa alvo do investimento mas também as suas fornecedoras diretas ou indiretas e

as próprias pequenas empresas da economia local, através do aumento do rendimento disponível dos trabalhadores. Assim, acreditamos que estes fundos poderão apoiar direta e indiretamente um alargado número de empresas de diversos setores e dimensões. Quais os maiores desafios que as PME’s têm que enfrentar na atual conjuntura e quais os principais obstáculos ao investimento por parte das mesmas? Um dos maiores desafios que as PME’s enfrentam atualmente é o de serem capazes de se reorientar estrategicamente

Qual o papel do capital de risco no âmbito dos processos de reestruturação e reorganização empresarial? O capital de risco poderá contribuir de várias formas para a recuperação do tecido económico. Por um lado, existem fundos de capital de risco essencialmente vocacionados para a reestruturação financeira de PME’s com modelos de negócio viáveis, mas que se encontram sobrealavancadas, que se tornam essenciais por possibilitarem um saneamento financeiro em conjunto com uma reestruturação operacional que permitam a sobrevivência daquelas empresas. Por outro lado, existem fundos de capital de risco, como o caso dos Fundos Revitalizar, que proporcionam liquidez a empresas com uma situação financeira equilibrada, nomeadamente após processos de saneamento financeiro, disponibilizando aos promotores a liberdade financeira para a prossecução de estratégias de criação de valor sustentáveis.

Como é ser uma sociedade de capital de risco na atual conjuntura? A atual conjuntura coloca desafios importantes para uma sociedade de capital de risco, cuja missão deve ser a de prestar um serviço de excelência na alocação de capital, não só através da identificação e seleção de projetos com potencial, como também na definição e implementação de soluções de financiamento que permitam ir ao encontro das necessidades do tecido empresarial.

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SOLICITADOR “AGENTE DE EXECUÇÃO” NA SOCIEDADE

APAF - Associação Portuguesa de Analistas Financeiros

A importância estratégica do mercado de capitais Gestores e Quadros técnicos superiores de bancos, Sociedades Corretoras e Financeiras de Corretagem, Fundos de Investimento, Sociedades Gestoras de Patrimónios, Companhias de Seguros, Membros da Direção Financeira ou Administradores de Empresas, Docentes Universitários, entre muitos outros profissionais. Desde 1984 que a APAF tem representado todos os que têm como atividade a realização de análises financeiras e estejam envolvidos no Sistema Financeiro Português.

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nquanto entidade representativa dos analistas financeiros portugueses, a APAF (Associação Portuguesa de Analistas Financeiros) congrega profissionais que desempenham atividades bastante distintas. Tanto podemos estar a falar de um analista financeiro dito clássico como do membro de uma direção financeira ou mesmo de um académico. Ao longo dos últimos trinta anos, a associação dá voz aos interesses deste setor, aumentando a visibilidade e a representatividade dos mais de 400 associados. Para Raul Marques, Presidente da APAF, o objetivo é simples: “ligar os analistas entre si o melhor possível, dar-lhes mais qualificações, através da realização de eventos a nível nacional e internacional e, so-

bretudo, criar uma espécie de via verde para que os profissionais portugueses possam desenvolver a sua profissão de uma forma mais fácil e imediata noutros mercados”. A nível europeu, a APAF encontra-se inserida na Federação Europeia das Associações de Analistas Financeiros (EFFAS), uma entidade onde estão representados profissionais de mais dezanove países e na qual desempenha um papel ativo através da participação em várias comissões especializadas. Mais recentemente, a Associação tornou-se membro de uma organização de amplitude mais internacional, a ACIIA. Em breve, esta presença proporcionará aos profissionais portugueses o acesso à certificação CIIA (Certified International Investment Analyst), atualmente detida por mais de 45 mil profissionais

em todo o Mundo. Com estas parcerias com entidades europeias e mundiais, a APAF tem procurado qualificar os seus membros com o melhor conhecimento possível, através de um contacto direto com profissionais do mesmo setor. Esta troca de experiências é crucial, sobretudo num momento em que o mundo tem sofrido mudanças avassaladoras que colocam em destaque a função e a importância da análise financeira e dos profissionais que lhe dão voz.

Aposta na formação

“Nada é mais importante do que melhorar os níveis de qualificação das pessoas, envolvê-las em eventos, dar-lhes a conhecer outros trabalhos, artigos, mestrados, dissertações. Tudo isto contribuirá para uma maior visibilidade e representatividade da profissão”, afirmou Raul Marques. Assim, destacam-se as pós-graduações em Análise Financeira, promovidas pela APAF, em parceria com a EGP – University of Porto Business School no Porto e o IDEFE (Instituto para o Desenvolvimento e Estudos Económicos, Financeiros e Empresariais), em Lisboa. Através da formação de cerca de 900 pós-graduados até à presente data, a APAF tem dado um forte contributo à melhoria e reforço das qualificações destes profissionais. Formação e qualificação são, por isso, as principais pedras de toque da atuação desta entidade, estando ainda em cima da mesa a possibilidade de alargarem estas formações aos países lusófonos.

Mercado de capitais: que desafios?

Com as crises sucessivas que foram surgindo, o sistema financeiro português, com especial ênfase para os bancos, enfrenta grandes desafios. Apesar de tudo, os mercados de capitais continuam a desempenhar um papel ativo e insubstituível no desenvolvimento económico e social. A APAF quer continuar a dar uma tónica especial à importância estratégica do mercado de capitais para Portugal, para o financiamento das empresas e do crescimento. “O financiamento bancário na Europa Continental tem um peso percentual muito superior ao que se verifica nos EUA”, explicou Raul Marques. De facto, enquanto os Bancos da Zona Euro contribuem para mais de 90 por cento do financiamento das empresas, nos EUA as instituições bancárias forne-

Raul Marques cem 25 a 30 por cento do financiamento empresarial. O restante valor chega dos mercados de capitais. É por isso crucial encontrar mecanismos complementares para financiar as economias. Aí importa ter uma visão direcionada para a “importância do mercado de capitais, das várias profissões que estão envolvidas, entre as quais estão, claro, os analistas financeiros”, concluiu Raul Marques. Comemorações de três décadas de existência “Em princípio, teremos um evento no primeiro trimestre que irá juntar várias atividades e profissões que estão ligadas ao mercado de capitais e à análise financeira. Queremos ainda dar um especial destaque às cerimónias de atribuição dos diplomas aos pós-graduados e, eventualmente, estudaremos algo que celebre os diplomados em anos anteriores”, explicou Raul Marques.


consultor - Arquitetura e engenharia

Em destaque o projecto “Hotel & Home Upgrade” da “Pedro de Almeida Carvalho, Arquitecto, LDA”

Pontos de Vista Outubro 2013

Hotelaria e Habitação: apostar na Reabilitação e Requalificação com a “Hotel & Home Upgrade” A “Pedro de Almeida Carvalho, Arquitecto, LDA” é uma empresa que atua na área da arquitetura, urbanismo e engenharia, através de uma equipa multidisciplinar, capaz de responder a todas as áreas de projeto, nas diversas fases e níveis de complexidade. Atualmente, a grande aposta da empresa tem sido o serviço de consultoria que presta, específicos para a hotelaria e para a habitação - “Hotel & Home Upgrade”. “No curto e médio prazo a aposta é na reabilitação e requalificação, principalmente na habitação mas também na hotelaria. Esta opção tem vindo a ser crescentemente valorizada pelos proprietários com resultados bastante positivos, especialmente quando potenciados com uma diversificação e inovação da oferta”, afirma Pedro de Almeida Carvalho. Saiba mais sobre o projeto, através desta entrevista ao Arquiteto e Sócio Gerente da firma. Com o início da atividade em 1987 e a criação da empresa em 1995, como avaliam a forma como exercem o vosso trabalho e o percurso da empresa? Sempre apostámos no trabalho em equipa multidisciplinar e na diversificação do tipo de projetos, o que nos permite “continuar em jogo” mas também nos exige maior versatilidade e amplitude de conhecimentos. Da participação em concursos, resultaram todos os nossos projetos para a administração central e regional: Planos de Pormenor, várias Escolas e diversos edifícios municipais. Com os privados, o mérito também se constrói com o testemunho dos projetos concretizados, embora de uma forma mais gradual. É indispensável uma boa relação com o cliente para compreendermos os seus objetivos, merecer a sua confiança e obter soluções consensuais. Aprendemos que os clientes não necessitam apenas dos projetos, mas também de quem os conduza e apoie nos meandros do processo de licenciamento. Enquanto não se verificar uma efetiva desburocratização do sistema, o apoio da equipa projetista nessa fase é fundamental para estabelecer consensos e resolver as dificuldades que possam surgir. O turismo e a habitação marcam presença constante no nosso trajeto, com projetos de Norte a Sul do País, em especial na reabilitação e requalificação, na adaptação de casas rurais para turismo ou habitação, e em processos de reclassificação de unidades hoteleiras. O urbanismo também ocupa um lugar importante, com numerosos Loteamentos e ainda reconversões de “Áreas Urbanas de Génese Ilegal”, processos em que possuímos vasta experiência. Realizámos ainda projetos de Estruturas Desportivas, Edifícios Industriais e, recentemente, vários trabalhos na área dos Equipamentos de Apoio Social (lares, ATL’s...) e Centros de Formação Profissional.

Pedro de Almeida Carvalho Em que consistem os serviços “HOTEL UPgrade” e “HOME UPgrade” e quais as principais diferenças entre eles? O “HOTEL & HOME Upgrade” consiste num conjunto de serviços de aconselhamento e apoio técnico, em que desenvolvemos serviços específicos para a hotelaria (HOTEL UPgrade) e para a habitação (HOME UPgrade). Pelos numerosos contactos já estabelecidos, podemos afirmar que este projeto excedeu as nossas melhores espectativas, confirmando que estamos no caminho certo! O “HOTEL UPGRADE” visa o apoio na requalificação, ampliação ou reformulação de unidades ou conjuntos turísticos,

de Hotéis a Turismo Rural, de Alojamento Local à restauração. As últimas alterações à legislação obrigam à atualização e adaptação dos estabelecimentos hoteleiros existentes. Nas pequenas e médias unidades esse processo tem sido mais lento, pelo que os nossos serviços são especialmente orientados para essas situações. O “HOME UPGRADE” visa intervenções simples em apartamentos, moradias e condomínios: alterações do interior, adaptações para pessoas com mobilidade condicionada, obtenção de licenças, conversão em propriedade horizontal, certificação energética... Em ambos os serviços, é realizada uma avaliação prévia no local, para dimensionar a nossa intervenção. No HOTEL UPGRADE, a avaliação prévia inclui a apresentação de um Relatório, indicando os procedimentos necessários à resolução das deficiências detetadas, medidas para melhorar a atividade e possibilidades de apoio financeiro. A avaliação prévia e Relatório não envolvem custos para o proprietário ou entidade gestora. Caso decidam concretizar as medidas propostas, podemos acompanhá-los nesse processo em condições a definir. Para informações pormenorizadas sobre os serviços, consultar o nosso website (www.pacarq.com).

Porque decidiram entrar na área da consultoria? Foi percecionada uma lacuna de mercado ou foi como alternativa, num mercado em que é principalmente ao nível da requalificação que continua a existir trabalho? É o resultado coerente de um percurso onde aplicávamos espontaneamente esses princípios: na coordenação da equipa e das especialidades, no acompanhamento e aconselhamento dos clientes junto das entidades, nas obras. Os projetos de reabilitação e requalificação - especialmente na área da hotelaria e da habitação – foram uma aposta constante na nossa atividade: tínhamos a experiência, o conhecimento, as pessoas certas e os meios para atingir os nossos objetivos. O que fizemos foi organizar esse conjunto de competências e serviços e apresentá-los de forma mais direta e vincada, para transmitir a nossa mensagem com mais eficácia. No curto e médio prazo a aposta é na reabilitação e requalificação, principalmente na habitação mas também na hotelaria. Esta opção tem vindo a ser valorizada pelos proprietários com resultados bastante positivos, especialmente quando potenciados com uma diversificação e inovação da oferta. No setor do turismo, prevê-se que seja um dos poucos vetores que poderá beneficiar de apoio financeiro nos próximos anos.

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SOLICITADOR “AGENTE DE EXECUÇÃO” NA SOCIEDADE

Entrevista ao Solicitador Luís Sequeira Fernandes no âmbito do novo regime para a ação executiva

“os agentes de execução deverão ter uma ordem própria” Luís Sequeira Fernandes, licenciado em Solicitadoria pela Câmara dos Solicitadores, e em Marketing pelo Instituto Superior INP, em conversa à Revista Pontos de Vista, explica as novas regras para a ação executiva e os principais desafios que se irão colocar com este novo regime. Uma entrevista elucidativa que tira margens para dúvidas relativamente a esta questão. Para o mesmo, “poderá, de facto, existir uma resposta mais célere aos processos pendentes, contudo tal não significa que se atinga o propósito inerente ao processo executivo”.

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Desde a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20/11, que procedeu a alterações no Estatuto da Câmara dos Solicitadores, que o denominado “solicitador de execução” passou a “agente de execução”, isto porque o exercício de tais funções deixou de ser um exclusivo dos solicitadores para abarcar igualmente os advogados e, como tal, preenchendo os requisitos de inscrição, estes dois profissionais poderão exercer a profissão que anteriormente era de exclusivo acesso aos solicitadores

De que forma as novas regras para a ação executiva se refletem no seu trabalho diário? Quais as principais alterações que serão introduzidas ao mesmo? Refletem-se de uma forma bastante acentuada, considerando o fato das alterações se aplicarem a todos os processos pendentes, tendo assim um efeito retroativo, e não somente aos processos intentados posteriormente à entrada em vigor da Lei 41/2013, de 26 de junho. Requerendo assim uma adaptabilidade extrema, num curto espaço de tempo, para que sejam modificados os procedimentos nos vários processos, sem que tal prejudique ou lese alguma das partes. Continuar a falar em “solicitadores” é um erro? A solicitadoria de execução deixa de existir para dar lugar apenas aos agentes de execução? Diria que é um erro grave. Desde a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20/11, que procedeu a alterações no Estatuto da Câmara dos Solicitadores, que o denominado “solicitador de execução” passou a “agente de execução”, isto porque o exercício de tais funções deixou de ser um exclusivo dos solicitadores para abarcar igualmente os advogados e, como tal, preenchendo os requisitos de inscrição, estes dois profissionais poderão exercer a profissão que anteriormente era de exclusivo acesso aos solicitadores.

Luís Sequeira Fernandes

A nova lei atribui mais poderes ao agente de execução? Define o artigo 719.º do Código de Processo Civil quais as competências que se encontram adstritas ao agente de execução. De uma análise geral, verifica-se que existe a perda de algumas competências, com este novo código, nomeadamente no que respeita à análise do requerimento executivo nos processos ordinários e o requerimento de redução da penhora, por parte do executado, são

“A falta de disponibilização eletrónica para a penhora dos saldos tem originado uma “paragem” de todos os processos, resultando numa possível dissipação de património dos executados e consequentemente prejudicando, em muito, aqueles que pretendem ver ressarcido o seu crédito”

alguns dos casos que deixam de constar das competências atribuídas ao agente de execução e passam para a esfera de atuação do Juiz.

Quais os principais desafios que vão, no seu entender, impor-se à ação executiva com o novo regime? É de realçar a matéria inerente às penhoras de vencimento, considerando que por força do disposto no artigo 779.º do Código de Processo Civil, existindo somente a penhora de vencimento, depois de cumpridos os formalismos legais, o agente de execução notifica a entidade patronal para a adjudicar as quantias à exequente, extinguindo-se a execução. Extinguindo-se a execução, a questão coloca-se no montante do cálculo dos juros que são devidos à exequente, considerando que, na grande parte dos casos, os executados não descontam mensalmente um valor fixo, mas sim variável, em função do vencimento disponível para ser penhorado, pelo que não é possí-

vel proceder a uma liquidação correta aquando da notificação à entidade patronal.

Qual a sua opinião relativamente a esta reforma da ação executiva? Com este novo código acredita que se conseguirá efetivamente uma resposta mais célere aos inúmeros processos executivos pendentes? Poderá, de facto, existir uma resposta mais célere aos processos pendentes, contudo tal não significa que se atinga o propósito inerente ao processo executivo. A dificuldade na cobrança de dívidas é uma das causas para a elevada percentagem de pendências nos tribunais. A agilização da penhora das contas bancárias nos processos de cobrança de dívidas parece-lhe, como tal, uma medida positiva? Sim, é uma medida positiva que poderá originar uma recuperação célere de um bem que facilmente pode ser dissipado.


Pontos de Vista Outubro 2013

“Define o artigo 719.º do Código de Processo Civil quais as competências que se encontram adstritas ao agente de execução. De uma análise geral, verifica-se que existe a perda de algumas competências, com este novo código, nomeadamente no que respeita à análise do requerimento executivo nos processos ordinários e o requerimento de redução da penhora, por parte do executado, são alguns dos casos que deixam de constar das competências atribuídas ao agente de execução e passam para a esfera de atuação do Juiz”

A comunicação entre os agentes de execução e as instituições financeiras vai passar a ser feita por via eletrónica. Na sua opinião, as instituições financeiras estão preparadas para isso? Terão que ser feitas adaptações aos sistemas informáticos dos bancos para permitir a concretização da medida? Importa referir que, na presente data, ainda não é possível efetuar qualquer tipo de penhora bancária, por o sistema de suporte à atividade dos agentes de execução (SISAAE) não permitir o pedido de informação eletrónico. Não existindo sequer perspetiva para a resolução do problema em questão. A falta de disponibilização eletrónica para a penhora dos saldos tem originado uma “paragem” de todos os processos, resultando numa possível dissipação de património dos executados e consequentemente prejudicando, em muito, aqueles que pretendem ver ressarcido o seu crédito. Sendo certo que eram necessárias alterações aos vários sistemas informáticos, as mesmas deveriam ter sido realizadas antes da entrada em vigor do novo código e não posteriormente, sob pena, como atualmente acontece, de não ser possível aplicar a lei, causando graves prejuízos às partes.

João Correia, coordenador do grupo de trabalho para a reforma deste Código, referiu numa entrevista que “o que se pretende é ver reconhecida na função de agente de execução uma atividade deontologicamente irrepreensível e não um modo de vida residual que a Câmara dos Solicitadores alcançou por via de negociações privilegiadas com o poder político”. Que comentários lhe merece esta acusação? Não entendo o alcance de tal afirmação, considerando que já anteriormente a atividade de um agente de execução deveria ser deontologicamente irrepreensível, sob pena de eventuais infrações disciplinares, originando as devidas sanções. No entanto os Agentes de Execução e penso que seja isso a que João Correia se refere, deverão ter uma ordem própria, estatutos próprios e não estar inseridos na Câmara dos Solicitadores como uma especialidade sem qualquer funcionalidade intrínseca à sua própria natureza profissional. Não nos esqueçamos que os agentes de execução são agora os solicitadores e os advogados que tiraram este curso específico, e como tal, deveriam integrar uma ordem própria.

Por força do disposto no artigo 779.º do Código de Processo Civil, existindo somente a penhora de vencimento, depois de cumpridos os formalismos legais, o agente de execução notifica a entidade patronal para a adjudicar as quantias à exequente, extinguindo-se a execução

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SOLICITADOR “AGENTE DE EXECUÇÃO” NA SOCIEDADE

Armando Marques, Solicitador, alerta

“Não é possível vivermos todos voltados de costas uns para os outros” Não restam dúvidas de que a cooperação entre empresas constitui uma forma de torná-las mais competitivas num mercado em que as guerras e disputas entre as mesmas predominam. Através das parcerias é possível fortalecer a capacidade de investimento, partilhar recursos, combinar competências, dividir os gastos associados à investigação, partilhar riscos e, naturalmente, oferecer produtos e serviços com qualidade superior e diversificada. Este facto não passou despercebido a Armando Marques, Solicitador com mais de 30 anos de experiência no apoio à gestão de empresas, nas áreas de fiscalidade e negociação internacional. Fique a conhecer o seu projeto mais recente, que promete unir as empresas num fim comum e irá mostrar ao tecido empresarial que mais importante do que competir é unir forças e cooperar.

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Armando Marques e Sérgio Martins

P

or associação entende-se toda e qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando superar dificuldades e gerar benefícios para os seus associados. No fundo, trata-se de uma forma jurídica de legalizar a união de pessoas em torno de interesses comuns. Com vários anos de experiência no meio empresarial, Armando Marques desde cedo constatou que um dos principais entraves ao desenvolvimento das em-

presas são as constantes disputas entre os diferentes players. Estas, como é de esperar, obrigam a reduções nos valores praticados que, muitas vezes, levam a que a rentabilidade das empresas se torne nula e isso resulte em processos de insolvência para as mesmas. Na perspetiva de Armando Marques, este final tão pouco feliz pode ser evitado através da união de forças. “O nosso objetivo é juntar os empresários sobre a mesma alçada, numa sociedade comum, e tirar-lhe o vício de julgarem que se o vizinho está a fabricar algo e isso lhe corre bem, então terá que fabricar também, o que leva a

que geralmente acabem os dois a guerrilhar, a baixar os preços e, por fim, em processos de insolvência. Em vez disso, têm de perceber que o melhor é fabricar alguma coisa que complemente aquilo que o vizinho fabrica para que os dois juntos consigam colocar os seus produtos nos mercado externos, aumentar as exportações e retirar vantagens mútuas”, afirma.

“Ajudamo-las a criar apoio financeiro”

Para o efeito, será criada e terá sede em Gondomar a Trusting Consultancy and Business, que Armando Marques

define como “uma cooperação de empresas de boa vontade”, a qual juntará um grupo de empresas de diferentes áreas (gestão, contabilidade, marketing, formação, internacionalização, preparação e gestão de projetos, entre outras), das quais possam advir complementaridade de atividades. Dentro desta cooperação, em tudo semelhante a uma joint venture, os empresários de áreas tão díspares como a metalurgia ou o calçado poderão trocar ideias, mas, mais do que isso, os trabalhos que surgirem para cada uma das áreas em questão será atribuída à empresa associada cuja atividade seja essa.


Pontos de Vista Outubro 2013

“Criamos parecerias, coordenamo-las enquadramo-las, e ajudamos os empresários no sentido de estes encontrarem mais e melhores oportunidades e de conseguirem impor-se com dimensão no mercado. Para além disso ajudamo-las a criar apoio financeiro”

Com uma equipa composta por profissionais de áreas distintas, com inúmeros contactos além-fronteiras e uma grande vontade de apoiar as empresas nacionais, o trabalho dos empresários fica, desta forma, facilitado. “Criamos parecerias, coordenamo-las enquadramo-las, e ajudamos os empresários no sentido de estes encontrarem mais e melhores oportunidades e de conseguirem impor-se com dimensão no mercado. Para além disso ajudamo-las a criar apoio financeiro”, explica Armando Marques. Numa altura em que a banca corta cada vez mais nos apoios dados às empresas e estas, por norma, não têm um fundo de maneio que lhes permita investir sem aquele apoio, as empresas nacionais não têm, na sua maioria, capacidade de competir na economia mundializada. Esse flagelo é umas principais problemáticas que se pretende contornar com esta associação. “De um momento para o outro, a banca cortou de forma infame com os apoios económicos. O que nós queremos é criar nos associados a ideia do mutualismo, através da criação de pequenas reservas

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SOLICITADOR “AGENTE DE EXECUÇÃO” NA SOCIEDADE

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Armando Marques, Solicitador, alerta

“De um momento para o outro, a banca cortou de forma infame com os apoios económicos. O que nós queremos é criar nos associados a ideia do mutualismo, através da criação de pequenas reservas no agrupamento. De que forma? Um pequeno valor da faturação das empresas, que à partida será dez por cento, será agregado ao fundo de garantia. Desses dez, um por cento constituirá a receita da sociedade que pertence em capital igual a todas as partes. Quando as empresas se dirigirem à banca para pedir um empréstimo, irão com o apoio de uma “organização chapéu”,

no agrupamento. De que forma? Um pequeno valor da faturação das empresas, que à partida poderá ser dez por cento, que lhe continua a pertencer em exclusivo e será agregado ao fundo de garantia. Desses dez por cento, apenas um por cento constituirá a receita da sociedade que pertence em capital igual a todas as partes. Quando as empresas se dirigirem à banca para pedir um empréstimo, irão com o apoio de integrarem uma “organização de cúpula”, com técnicos e gestores especializados. As empresas podem ter uma dimensão pequena, mas, pelo facto de estarem associadas a um tal agrupamento com uma dimensão completamente diferente, com uma carta de conforto da organização de garantia mútua que tem um escalão de garantia bastante superior, o acesso ao crédito torna-se então muito mais fácil. De outra forma, a banca atualmente não apoia e esse é o principal entrave ao desenvolvimento! Para além disso, têm ainda uma estrutura jurídica e técnica forte a apoiá-las, constituída por uma sociedade de juristas, entre todos os outros especialistas”, afirma.

«São as pequenas e médias empresas que estão a segurar o nosso país»

Nesta entrevista, Armando Marques aproveitou para elogiar os pequenos e médios empresários nacionais que, segundo o mesmo, são os únicos que fazem haver pequenos focos de crescimento, o país mexer e as exportações aumentarem. No entanto, apesar disso, continuam a ser também os mais atacados por uma banca que não empresta e uma fiscalidade cada vez mais dura. “São as pequenas e médias empresas que estão a segurar o nosso país nos últimos anos através das exportações. Se não fossem elas, já tínhamos chegado definitivamente a uma situação dramática como a Grécia ou pior. Todo o crescimento de exportações que o governo apregoa vêm destas empresas e esses vestígios de crescimento existem pelo esforço de centenas de pequenos e médios empresários que vão para casa desesperados a pensar se no final do mês irão pagar os ordenados, o IVA ou a ren-

da ao senhorio, optando geralmente por pagar os ordenados à custa de ficarem depois sem a sua própria casa”, afirma. Armando Marques vai mais longe e não poupa críticas ao sistema fiscal português. “Governo, banca e empresários estão, neste momento, cingidos a uma única entidade esforçada que é o empresário. Todos os outros não cumprem as regras e é impossível o nosso país aguentar-se assim. Vivemos uma guerra económica mundial e a prepotência fiscal, que é talvez a única área da Administração Pública em que o cidadão é

considerado culpado até prova em contrário, invertendo o principio do direito português de que todos são inocentes até que se prove o contrário”. Em breve, certamente, ouviremos falar mais desta associação de empresários que constitui um bom exemplo de como somos mais fortes unidos do que a competir e a lutar individualmente. As instalações foram inauguradas no passado dia 21 de setembro, em S. Cosme, Gondomar, e entre os parceiros já definidos encontram-se as empresárias Ana Pinto Silva (Ecovariante), Elisabete Melo Cou-

“São as pequenas e médias empresas que estão a segurar o nosso país nos últimos anos através das exportações. Se não fossem elas, já tínhamos chegado definitivamente a uma situação dramática como a Grécia ou pior. Todo o crescimento de exportações que o governo apregoa vêm destas empresas e esses vestígios de crescimento existem pelo esforço de centenas de pequenos e médios empresários que vão para casa desesperados a pensar se no final do mês irão pagar os ordenados, o IVA ou a renda ao senhorio, optando geralmente por pagar os ordenados à custa de ficarem depois sem a casa deles”

tinho (Koser International), bem como José Augusto Teixeira (JAT Consulting), entre outros. A localização não é também um mero acaso. “O norte do país sempre foi muito avesso a associações e esta mentalidade tem que mudar - para isso, precisamos saber fazê-la mudar e acabar com os medos dos nossos empresários. Nesta época, não é possível vivermos todos voltados de costas uns para os outros e a acusar os outros dos problemas, ao invés de nos juntarmos para os resolver. Muito menos num país em que, sempre que existe alguma iniciativa com pés para andar, a primeira coisa que surge é alguém ou alguma força para a destruir. O meu grande objetivo neste momento é, na medida do possível, ajudar os empresários nacionais”, conclui. Os solicitadores sempre foram pessoas práticas, trabalhadoras, organizadas e úteis no seu desempenho. As instalações inauguradas no passado dia 21 de setembro, em S. Cosme, Gondomar, além de todo o leque de serviços de solicitadoria e que oferecem uma garantia extra de seriedade e organizada, vão ser a sede desta ideia e assessorar todas as empresas associadas a esta iniciativa.


SOLICITADOR “AGENTE DE EXECUÇÃO” NA SOCIEDADE

Pontos de Vista Outubro 2013

Fernando cunha em entrevista

“O agente de execução é um auxiliar importante da justiça”

E

m 2003 entrou em vigor a chamada Reforma da Ação Executiva, cuja principal inovação foi a criação da figura do solicitador de execução, que passou a ser o dominus do processo executivo, tendo a responsabilidade de efetuar todos os atos do processo: citação, penhora, convocação de credores, venda, entre outros. Passados seis anos, em 2009, foi possível aperfeiçoar este modelo, o de 2003, aprofundando-o e criando condições para ser mais simples, eficaz e apto a evitar ações judiciais desnecessárias (Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de novembro). Chegados a 2013, eis que são promovidas novas regras para a ação executiva. A Revista Pontos de Vista quis saber mais sobre esta temática e conversou com Fernando Cunha, agente de execução, desde 2003, período de introdução da chamada Reforma da Ação Executiva, que deu a conhecer algumas das mais-valias destas novas alterações, lembrando que esta mudança é sempre “difícil, mas pode funcionar como uma oportunidade para melhorar a visão da sociedade e dos cidadãos perante o agente de execução”, afirma o nosso entrevistado. Questionámos o nosso interlocutor sobre quais as alterações que as novas regras para a ação executiva aportavam ao quotidiano de um agente de execução? “Acredito sinceramente que estas mudanças vêm acima de tudo clarificar determinados pontos que têm sido objeto de litígio ou controvérsia no processo executivo. Além disso, vem «chamar» à responsabilidade os principais intervenientes processuais como o exequente, o executado, o juiz do processo, o agente de execução, entre outros”, salienta Fernando Cunha, lembrando que estas alterações aplicam-se a todos os processos pendentes, tendo desta forma um efeito retroativo, e não somente aos processos intentados posteriormente à entrada em vigor da Lei 41/2013, de 26 de junho Assegurando que estas alterações não perpetuam a atribuição de mais poderes aos agentes de execução, “nalguns casos até retira determinadas responsabilidades ao agente de execução”, segundo o nosso interlocutor, uma das principais alterações passa pela responsabilidade do exequente no pagamento dos honorários dos agentes de execução. “Tivemos um elevado número de processos que ficaram estagnados por culpa imputável ao próprio exequente, que usou os serviços do tribunal e posteriormente não pagou aos agentes de execução, criando portanto um conflito complicado nos tribunais”, salienta.

Mudanças nunca são fáceis

João Correia, coordenador do grupo de trabalho para a reforma deste Código, referiu numa entrevista que «o que se pretende é ver reconhecida na função de agente de execução uma atividade deontologicamente irrepreensível e não um modo de vida residual que a Câmara dos Solicitadores alcançou por via de negociações privilegiadas com o poder político». Profundo conhecedor deste mercado, para Fernando Cunha esta afirmação pode ter diversas interpretações, assegurando que, acima de tudo, “temos de colocar a profissão de agente de execução como um auxiliar importante da justiça e não como um modo de vida. Deve ser uma função, a de agente de execução, que tem de estar bem definida, conduzida por regras deontológicas e de ética bem identificadas, onde devem estar acautelados os interesses e direitos do cidadão”, assegura o nosso entrevistado. As mudanças nunca são fáceis. Em todos os quadrantes assistimos a inúmeras dificuldades na aceitação das mudanças e na adaptação às mesmas. Neste caso, segundo Fernando Cunha, o «problema» será o mesmo. “Trouxe a clarificação de alguns pontos, mas obviamente que o primeiro ano de implementação será sempre complicado, mas muito importante, principalmente pelo processo de adaptação e alteração de todas as partes processuais. Mas creio que as dificuldades irão ser visíveis do primeiro ao segundo ano. Depois penso que irá estabilizar e normalizar”, salienta.

Processos mais céleres e diligentes

Mas será que a solicitadoria de execução deixa de existir para dar lugar apenas aos agentes de execução? Neste momento a profissão de agente de execução passou a ser uma profissão autónoma, definida nos termos da lei e o solicitador deve ser colocado numa carreira profissional distinta, ou seja, na área de direito. “Não se pode confundir solicitador com agente de execução. O solicitador de execução «morre» e surge uma nova figura que é o agente de execução. Mas não acredito que tenhamos que extinguir o que quer que seja. Devemos olhar para esta realidade como uma adaptação e uma evolução da atividade. O solicitador de execução iniciou-se com uma formação e requisitos formais que existiam para a sua profissão. Apenas foram readaptados pela lei através de uma formação mais rigorosa e isso deve ser encarado como uma evolução e não uma extinção”, assegura o nosso entrevistado, que será muito brevemente, o segundo Mestrado em Solicitadoria de

Execução, formado a nível nacional. Além de reconhecer que a partir de agora o agente de execução terá que atuar de uma forma ainda mais célere e diligente, “pelas regras apertadas que tem para cumprir”, para Fernando Cunha esta nova reforma permite duas alterações significativas, ou seja, definição dos processos que têm ou não recuperação. “Se não tiver possibilidade de recuperação o processo não pode ter viabilidade económica, logo não valerá a pena onerar o próprio credor exequente, o tribunal e o juiz de execução. Por aqui o processo será mais facilmente recuperado”. Além disso, a comunicação entre os agentes de execução e as instituições financeiras vai passar a ser feita por via eletrónica. Apesar de reconhecer que serão necessárias adaptações aos sistemas informáticos para que esta medida seja concretizada sem entraves, para Fernando Cunha é bastante positiva. “Obviamente que nem tudo está num estado perfeito. O Banco de Portugal, os tribunais, os grupos económicos e os cidadãos devem adaptar-se e as instituições bancárias têm que interligar os seus

Fernando Cunha sistemas com os dos agentes de execução para dar uma resposta real e correta sobre as penhoras de saldos bancários, que na minha opinião, pode ser uma grande vantagem para o sucesso da ação executiva”, finaliza Fernando Cunha. LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT

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SOLICITADOR “AGENTE DE EXECUÇÃO” NA SOCIEDADE

PTC – Paula Tomás Consultores

Ser Competitivo em tempo de turbulência Com atividade de relevo na consultoria e formação em Portugal e nos PALOP, a PTC – Paula Tomás Consultores aposta na qualidade dos produtos que desenvolve e no compromisso com os objetivos do cliente. A Revista Pontos de Vista conversou com Paula Tomás, que nos deu a conhecer as mais-valias da PTC.

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Os tempos que vivemos alteraram significativamente as necessidades dos clientes no âmbito da consultoria? Num mundo on-line o tempo e o espaço encurtam-se, o local e o global misturam-se, núcleo e periferia confundem-se. As necessidades dos clientes acompanham a mudança a que assistimos no mundo. A rapidez e a velocidade da mudança impacta as organizações de forma determinante. Estamos a percorrer com grande velocidade uma estrada que não conhecemos, desafiando a nossa capacidade de reação. A questão é: como continuar a conduzir nesta estrada e continuar competitivo? As empresas procuram encontrar o caminho de forma inovadora, através da implementação de projetos que ajudem a empresa a manter-se competitiva na adversidade e turbulência. Os clientes são impelidos a solicitar intervenções mais rápidas ou ao contrário, projetos que se vão perdendo no tempo pois a urgência sobrepõe-se à importância. As empresas estão instáveis, procuram outras formas de fazer, querem metodologias que respondam aos desafios de otimização de recursos e de um rápido retorno de investimento, minimizando por vezes a importância do impacto das mudanças nas pessoas. Face à dificuldade de compreender e dominar o complexo, a tendência é utilizar uma atitude reducionista e privilegiar as partes em detrimento do todo. Muitas vezes encontramos sofisticação tecnológica, marketing interno de elevada qualidade, mas pouco envolvimento dos gestores e das pessoas.

O que tem a PTC feito para responder a estas novas exigências? Sabemos que para uma maior probabilidade de sucesso na atividade de consultoria, torna-se urgente uma mudança da vertente técnica, para uma visão holística, que coloque o indivíduo no centro de um mundo de pessoas inteligentes. Também sabemos que os principais entraves, apontados aos projetos de mudança, são: a resistência dos níveis intermédios de gestão; o desconhecimento das metodologias de implementação; o clima organizacional desfavorável; a falta de formação técnica e comportamental que permita compreender a necessidade de mudança e aumentar a segurança do individuo num determinado saber-fazer; e a dificuldade do indivíduo se autorrestruturar cognitiva e emocionalmente. A atividade de consultoria tem que gerir pessoas capazes de influenciar os seus contextos. Na PTC temos vindo a inovar e a utilizar metodologias no nosso “competency center for change” que permitem lidar com o impacto da mudança nas pessoas, ajudam a organização a conseguir mais rapidamente ultrapassar as dificuldades e a obter resultados mais imediatos. A intervenção desenhada com o objetivo de otimizar as habilidades cerebrais melhorando as respostas comportamentais das pessoas e o valor acrescentado que estas podem aportar aos diversos projetos e ambientes em que atuam, surge como uma atividade imprescindível e integrada na consultoria. Para concluir, uma intervenção orientada para promover um maior envolvimento das pessoas nos projetos de

consultoria é um aspeto determinante para o seu sucesso. A parceria que temos com a Cézanne, atual Talentia é bem ilustrativa da necessidade deste envolvimento. De que forma a PTC aporta valor aos seus clientes? O nosso foco assenta num forte envolvimento com o cliente e o seu negócio: - Preparação e adaptação ao negócio e à realidade do cliente – Começamos a desenhar a intervenção, com o cliente. O consultor integra informação sobre negócio, produtos, cultura e objetivos operacionais a atingir, e depois constrói com o cliente ‘standards’ de atividade e comportamentos a desenvolver. - Metodologias ativas centradas no negócio do cliente – A vivência, a experiência e a participação são o ponto de partida para a concretização da mudança. - Atualização dos consultores – Temos paixão pelo conhecimento e pela pesquisa de teorias, constructos e modelos, pelo desenvolvimento das pessoas e das empresas. Os nossos consultores analisam o cliente, as dificuldades e os objetivos e propõem a solução de maior retorno para o cliente. - Inovação de produtos e metodologias – É nossa missão colocar ao serviço das pessoas e das empresas ferramentas que possibilitem a resolução de novos problemas em novos contextos. Criámos o «Modelo DATA», para situações de atendimento e venda, com acompanhamento que garanta os resultados. Desenvolvemos metodologias de in-

Paula Tomás

tervenção potenciadoras de comportamentos de cidadania organizacional e responsabilidade social. Edificamos sistemas de Gestão de Competências e Desempenho realistas e fáceis de utilizar, adaptados às características do negócio do cliente. Treinamos consultores internos, facilitando a experiencia que permite aos “futuros consultores” disseminar o conhecimento e alcançar os objetivos. Representamos em Portugal o modelo «As 5 práticas de liderança de excelência», com forte operacionalidade no treino de comportamentos para uma liderança integra e ética, baseado no feedback constante, no acompanhamento personalizado, na confiança e na partilha de resultados.

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A OPINIÃO DE...

COOPERAÇÃO CPLP

Embaixador Murade Murargy, Secretário Executivo da CPLP

“O REFORÇO DA COOPERAÇÃO ECONÓMICA E EMPRESARIAL NA CPLP” As relações económicas e comerciais entre os Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) são fundamentais para o crescimento sustentável das nossas sociedades.

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CPLP comemorou 17 anos de existência em julho passado. Ao longo destes anos, constatamos que a nossa organização afirmou-se nos campos da Concertação Político-diplomática, da Cooperação Técnica para o desenvolvimento e da promoção e defesa da Língua Portuguesa e da Cultura entre os seus Estados-membros. Quando assumi as atuais funções, há cerca de um ano, foi minha preocupação desenvolver o quarto pilar da nossa organização, o da Cooperação económica e Empresarial. Isto, em consonância com a Declaração Constitutiva da CPLP, de 17 de julho de 1996, na qual os Chefes de Estado da CPLP realçaram a necessidade de conjugar “iniciativas para a promoção do desenvolvimento económico dos seus Povos”. A CPLP tem, assim, vindo a debater o potencial económico dos nossos Estados-membros, dos seus espaços geográficos e culturais e, também, da diáspora. As dinâmicas de diversos setores entre os nossos países e no plano internacional permitiram à CPLP fixar a importância da cooperação económica e empresarial para o Desenvolvimento da nossa Comunidade, não esquecendo as parcerias público-privadas – um tema debatido num encontro realizado em julho passado pela Confederação Empresarial da CPLP. No Conselho de Ministros de julho de 2009, a cooperação económica e empresarial no Espaço CPLP foi assumida como uma ação preponderante. Nesta ocasião, foi recomendado o estudo de mecanismos para apoiar as entidades públicas a ampliar e facilitar a “cooperação económica e empresarial no espaço da CPLP, através do incremento do comércio, do investimento e de parcerias, assegurando uma maior inclusão e interação dos agentes económicos e das economias dos Estados membros”. Com estes objetivos, a CPLP realizou uma Reunião de Peritos, em fevereiro de 2012. Este grupo, que envolveu economistas, investigadores, gestores e académicos dos nossos países, reuniu para refletir sobre as estratégias e mecanismos de uma aliança para a Promoção do Comércio e Crescimento Económico dos Estados-membros. Foram abordadas questões importantes para o potencial aproveitamento de oportunidades e para suplantar barreiras, nacionais e dos blocos económicos regionais dos nossos países, alavancando a cooperação neste domínio deveras importante. Não esquecendo que o desenvolvimento do Capital Humano é a base para a Cooperação Económica e para a afirmação

37 da CPLP no quadro global, desta reunião de peritos resultaram recomendações e propostas de mecanismos a criar.

Sinergias entre Estados e Empresas

Para além do papel de harmonização e facilitação pelos Estados-membros, o caminho a seguir vai realçar o papel do setor empresarial na dinamização das iniciativas ligadas ao financiamento, propondo igualmente o envolvimento de bancos de desenvolvimento nacionais, regionais e multilaterais. Este esforço não se deve limitar ao setor financeiro, abrangendo todo o setor privado em toda a sua dimensão. Enfatiza-se, também, que os Governos dos Estados-membros poderiam adotar medidas concretas no seu ordenamento interno com vista a promover maior segurança jurídica, celeridade administrativa e condições de concorrência, compatíveis com os respetivos níveis de desenvolvimento. Vamos potenciar ainda mais as ações de cooperação entre os Estados-membros, não só nos domínios da cooperação económica empresarial, mas também em outros setores, como o da Cultura, das Comunicações, do Trabalho e Assuntos Sociais, entre outros de igual relevância. Realço que a Cimeira de Maputo elegeu como lema para a presidência moçambicana da CPLP a Segurança Alimentar e Nutricional, um tema deveras importante para os nossos povos. É através das várias experiências partilhadas que potenciamos a transformação dos setores, ganhando relevância para as populações e, correlacionadamente, para as respetivas economias, impulsionando os fluxos comerciais entre os nossos países. A Confederação Empresarial complementa a nossa organização, constituída por Estados e estrutu-

“Capital Humano é a base para a Cooperação Económica e para a afirmação da CPLP no quadro global”

rada em órgãos de evidente natureza politica, para criar um espaço comum, gerando facilidades para o empreendedorismo dos negócios. As potenciais relações com os blocos de integração económica em que os nossos Estados-membros estão inseridos e o Desenvolvimento dos nossos povos nos domínios já referidos, como também nos valores democráticos e de defesa do Estado de Direito, com Justiça, vão garantir a solidez das nossas Economias. É indubitável que a estabilidade favorável a um bom ambiente de negócios está, igualmente, associada às atribuições fundamentais de Defesa e Segurança. Neste campo, enaltecemos o nosso papel na cooperação desenvolvida com os Estados-membros no sentido de garantir o respeito pelas instituições, a independência nacional e a integridade do território, a liberdade e a segurança das populações. A partilha de conhecimentos, de estratégias nacionais e de experiências académicas, científicas e empresariais, tem vindo a permitir ajudar a esboçar a cooperação no domínio da estruturação global da Oferta, da Procura e das Boas Práticas. Do nosso lado, envidaremos todos os esforços para criar um ambiente propício para a fluidez do comércio e desenvolvimento do espaço comunitário. Juntos, com certeza, vamos todos alcançar maior desenvolvimento e prosperidade para os nossos países e para os nossos povos.


COOPERAÇÃO CPLP

Edgar Bruno, Administrador Executivo da EMIS, revela em entrevista

“O objetivo é a massificação do pagamento eletrónico em Angola” País em franco crescimento, Angola caminha também para se posicionar como um dos países mais avançados no que ao Sistema de Pagamentos concerne. Para isso, muito tem contribuído a EMIS, que além de ser a gestora da rede MULTICAIXA, é o operador da Câmara de Compensação Automatizada de Angola, CCAA. Edgar Bruno, Administrador Executivo da EMIS, analisou o crescimento de Angola neste segmento, lembrando que atualmente o país possui ferramentas que a colocam a par do desenvolvimento tecnológico e perfeitamente atualizado no panorama internacional.

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O fenómeno da globalização impõe aos países e às instituições desafios cada vez mais exigentes onde, os chamados países de mercados emergentes são convidados a empreender um esforço redobrado para não continuarem na periferia do desenvolvimento tecnológico e do progresso mundial. Neste sentido, de que forma tem vindo a EMIS a contribuir para o desenvolvimento e progresso do sistema de pagamentos angolano? A EMIS tem, ao longo dos seus 12 anos de existência, contribuído para que o Sistema de Pagamentos de Angola seja um dos mais avançados do continente africano. O sistema MULTICAIXA disponibiliza aos clientes bancários um conjunto de funcionalidades vastíssimo, incluindo operações normalmente só disponíveis nos mercados mais desenvolvidos. A EMIS além de ser a gestora da rede MULTICAIXA, é o operador da Câmara de Compensação Automatizada de Angola, CCAA. Neste contexto, a EMIS tem desenvolvido projetos para o desenvolvimento do sistema de pagamentos de Angola, nomeadamente o Subsistema de Transferências a Crédito (STC), a Compensação Eletrónica de Cheques e futuramente os Débitos Diretos, todos baseados no standards SEPA, ferramentas que colocam Angola a par do desenvolvimento tecnológico e perfeitamente atualizada no panorama internacional. É de relembrar que o objetivo central e estratégico da EMIS é a massificação do pagamento eletrónico em Angola. Nesse sentido um grande empenho tem sido colocado na massificação do pagamento automático (ou seja, o pagamento através de Terminal de Pagamento Automático, TPA ou POS). Neste aspeto a EMIS e os Bancos continuarão a fazer um esforço conjugado no sentido de alargar este serviço, com mais qualidade, mais disponibilidade e com maior divulgação. Claro que sem o apoio e as diretrizes que o Banco Nacional de Angola tem dado, a EMIS não teria alcançado o sucesso de que goza atualmente.

Edgar Bruno

De que forma veio a criação da EMIS – empresa Interbancária de Serviços, em 2001, alterar a face do sistema bancário em Angola? De que forma é que este passo, da edificação da EMIS, foi essencial neste âmbito? No momento de criação da EMIS, o sistema bancário estava a dar os primeiros passos na direção do seu desenvolvimento. Como sabe Angola conta hoje com cerca de 22 instituições financeiras bancárias a operarem ao mais alto nível. A criação da EMIS veio proporcionar a todos o acesso a um sistema de cartões de débito e uma

Quais são os principais desafios de futuro que se colocam à EMIS? R: Acabamos de implementar o Pagamento de Serviços em TPA, o que permitirá o pagamento e compra de recargas nos TPA’s. Estamos a finalizar o serviço host-to-host, que irá permitir aos bancos disponibilizar no seu Homebanking toda a gama de serviços de pagamento existente actualmente na Rede MULTICAIXA. Temos planeado para este ano finalizar uma Gateway de Pagamentos via Internet, na qual será possível o uso de cartões Multicaixa para pagamentos na Internet, desta forma, qualquer entidade ou empresa poderá vender os seus serviços e produtos online aceitando o cartão Multicaixa como meio de pagamento. Isto será possível através da nova Plataforma de Emissão e Gestão de Cartões, PEGC, que permite a emissão de cartões Multicaixa Pré-Pagos.


Pontos de Vista Outubro 2013

A EMIS atualmente já emite cartões de marca internacional, VISA, nomeadamente VISA Pré-pago, VISA particular e VISA Empresarial. Até ao final do ano de 2013 iremos aceitar cartões MasterCard e emitir cartões MasterCard se algum banco o pretender. Em 2014, iremos abrir projetos para cartões AMEX e cartões China UnionPay

rede de terminais ATM e POS com abrangência nacional cujo principal contributo foi permitir que os bancos se concentrassem em desenvolver as suas competência core podendo não despenderem esforços com a edificação desta ferramenta essencial a qualquer sistema de pagamentos. A EMIS coube a difícil tarefa de criar as condições técnicas e humanas para o lançamento e desenvolvimento de uma rede de serviços que, em nome dos Bancos e através destes, fosse capaz de disponibilizar os múltiplos serviços de pagamentos eletrónicos. De entre os serviços que compõem os chamados pagamentos de retalho, foi naturalmente dada a primazia ao desenvolvimento do pagamento por cartão bancário, nomeadamente o cartão MULTICAIXA.

De que forma é possível analisar atualmente a eficácia geral do sistema de pagamentos eletrónico angolano? Que lacunas ainda existem e quais as medidas que deveriam ser impostas para as eliminar? Um dos indicadores é a percentagem de transações em TPA face às transações em ATM, bem como o número de transferências efetuadas via STC. O número de transações em TPA já é superior a dez por cento das transações em ATM, esperaramos atingir 15 por cento dentro de dois anos. Na Europa a percentagem de transações em TPA é superior às transações em ATM. Este número é baixo devido a dois fatores, primeiro a baixa taxa de bancarização Angolana, e em segundo a qualidade ainda não desejável das comunicações. Quanto às comunicações, já temos um segundo operador para os TPAs, a Movicel, que servirá de alternativa à Unitel. Penso, e dadas as características de Angola, a bancarização da população não é fácil, o melhor caminho deve ser a inclusão financeira da população não bancarizada, através do serviço como os pagamentos móveis. Quanto ao sistema MULTICAIXA, podemos analisar um conjunto de indicadores como cartões percapita, terminais por 100 mil habitantes, e compará-los com os números internacionais, e neste domínio temos dos melhores resultados a nível de África

Na qualidade da processadora do Sistema de Pagamentos Angolano, a que emissores e adquirentes presta a EMIS os seus serviços? A EMIS presta serviços a todos bancos emissores e adquirentes do sistema financeiro angolano. De futuro será possível vermos a EMIS também a suportar a emissão de cartões de marca internacional? O que falta para que esse cenário seja de facto uma realidade? A EMIS atualmente já emite cartões de marca internacional, VISA, nomeadamente VISA Pré-pago, VISA particular e VISA Empresarial. Até ao final do ano de 2013 iremos aceitar cartões MasterCard e emitir cartões MasterCard se algum banco o pretender. Em 2014, iremos abrir projetos para cartões AMEX e cartões China UnionPay. Quais são as mais-valias do serviço de Data Center Hosting ou alojamento de centros de dados? A EMIS já presta este tipo de serviços ou ainda carece de um novo centro informático seguro? O custo de construção, pessoal e manutenção de um Data Center é elevado. A partilha deste custo é a maior vantagem. A EMIS já presta o serviço de alojamento de servidores a alguns bancos, infelizmente o espaço não é ilimitado logo não é possível responder positivamente a todas as solicitações para este serviço.

Quando abordamos temáticas relacionadas com pagamentos eletrónicos, sistemas bancários, entre outros, uma das questões que surge imediatamente passa pela segurança das operações realizadas. Neste sentido, de que forma consegue a EMIS garantir segurança, fiabilidade e modernidade? Toda a base de dados da EMIS é encriptada bem como a comunicação com o exterior é feita em canal privado e encriptado, SSL. A EMIS esta no processo de obter a certificação PCI-DSS, Payment Card Industry Data Security Standard, na qual esperamos obter antes do final do ano em curso.

“Toda a base de dados da EMIS é encriptada bem como a comunicação com o exterior é feita em canal privado e encriptado, SSL. A EMIS esta no processo de obter a certificação PCI-DSS, Payment Card Industry Data Security Standard, na qual esperamos obter antes do final do ano em curso”

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“A EMIS além de ser a gestora da rede MULTICAIXA, é o operador da Câmara de Compensação Automatizada de Angola, CCAA. Neste contexto, a EMIS tem desenvolvido projetos para o desenvolvimento do sistema de pagamentos de Angola, nomeadamente o Subsistema de Transferências a Crédito (STC), a Compensação Eletrónica de Cheques e futuramente os Débitos Diretos, todos baseados no standards SEPA, ferramentas que colocam Angola a par do desenvolvimento tecnológico e perfeitamente atualizada no panorama internacional”

A aposta na inovação no vosso core business é essencial. Como têm promovido e fomentado a aposta concreta na inovação e nas novas tecnologias em prol de produtos e serviços de maior valia? Na estrutura orgânica da EMIS, temos uma Área de Inovação e Desenvolvimento de Negócio afeto à Direção de Coordenação do Negócio. Esta área tem as seguintes responsabilidades: 1. Analisar a evolução estratégica dos mercados, oportunidades de negócio e outros assuntos de relevo para a estratégia da EMIS; 2. Assegurar a racionalidade económica dos negócios da EMIS, analisando as propostas de novos produtos ou serviços, ou a alteração dos existentes; 3. Acompanhar as inovações e outros desenvolvimentos que têm lugar nos sistemas de pagamento; 4. Garantir a constante atualização e desenvolvimento da rede MULTICAIXA e da EMIS em geral; 5. Estudar a procura atual e perspetivar o futuro;


DIA MUNDIAL DO MAR

Manuel Pinto de Abreu, Secretário de Estado do Mar, em destaque

“Quem tem toda esta extensão de mar precisa de internacionalizar o seu mar cá dentro” O Secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, foi figura de destaque na Conferência do Dia Mundial do Mar e abertura oficial do ano letivo da ENIDH. A Revista Pontos de Vista dá-lhe a conhecer alguns dos pontos chave do discurso que proferiu na sessão de encerramento.

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oje é um dia particularmente importante para a escola náutica e também por se comemorar o Dia Mundial do Mar. É um prazer estar aqui mais uma vez mas não é um prazer tão grande quanto gostaria de ter porque, às vezes, de facto, as nossas vontades de melhoramento e progresso não andam à velocidade que gostaríamos que andassem”, foi com estas palavras que Manuel Pinto de Abreu começou o seu discurso. Para o mesmo, a abertura de um novo ano letivo, com alunos que têm vontade de abraçar o mar e Portugal é algo que lhe dá um imenso orgulho, salientando também que é fundamental, cada vez

mais, discutir os temas falados neste evento. Segundo o mesmo, os temas apresentados apontavam fundamentalmente para três questões, sendo a primeira a dimensão imensa do território nacional, uma segunda aquilo que é a sua geografia e uma terceira apontava para a identidade marítima. Aquilo que, para o Secretário de Estado do Mar, é importante que os portugueses interiorizem é, de facto, que há um mar sem limites e que o mar sem fim é o mar português. “Há cerca de oito dias estive numa conferência internacional no Canadá, onde fui convidado a fazer uma intervenção de abertura na qual mencionei o que é o território nacional, a sua extensão, as suas oportunidades, características única e posicionamento. A reação que tive da audiência não foi nenhuma! Ninguém

Manuel Pinto de Abreu

ficou nada impressionado quanto àquilo que eu estava a dar relativamente à realidade portuguesa. No segundo dia, fui convidado a fazer o encerramento dos trabalhos e resolvi começar a sessão por apresentar o que é o mar para Portugal e depois apresentar um pouco do que é o ultramar e daquilo que Portugal tem estado a fazer e a tentar procurar conhecer do muito mar que existe no Mundo. Nessa altura sim, tive uma imensa reação, primeiro de surpresa e depois de saudação especial àquilo que Portugal está a fazer. Os portugueses têm o mar em boa conta, Portugal não é um país pequeno, não é hoje um país periférico também, de facto, o eixo da Europa passa hoje por Dublin e por Lisboa, porque Portugal tem um imenso território que é marítimo e é este território marítimo que interessa valorizar. Temos que o valorizar para benefício de todos os portugueses, utilizando instrumentos fundamentais, alguns dos quais aqui hoje debatidos”, afirmou. Um desses instrumentos são as parcerias, e, por isso, continuou o seu discurso referindo que “as parcerias, para mim, são algo de muito valioso porque pressupõem primeiro uma vontade de colaboração e em segundo uma determinação inabalável daqueles que se juntam para levar a cabo um projeto que tem que chegar a bom porto. Portugal tem que ter consciência que apesar do muito território que possui, aquilo que é o território terrestre continuará a ser pequeno”. Como tal, Manuel Pinto de Abreu afirma a importância de que “todos colaboremos e saibamos levar a cabo um aspeto fundamental, também hoje aqui falado,

“Dentro de algum tempo, com muito trabalho, teremos o mar como desígnio nacional” que é o aspeto da internacionalização. Mas a internacionalização de uma outra forma porque quem tem toda esta extensão de mar precisa de internacionalizar o seu mar cá dentro, precisa de atrair aqueles que querem ajudar-nos a valorizar este imenso mar para benefício de todos os portugueses. É isto que constitui o objetivo daquilo que é a Estratégia Nacional para o Mar, que teve em discussão pública e será oportunamente alvo de aprovação pelos órgãos competentes. Uma estratégia que ainda não é uma estratégia de longo prazo e também aqui foi mencionada a importância de uma estratégia a 30 anos. Nós, realmente, temos que construir uma estratégia de longo prazo olhando o percurso internacional que constitui a base de toda a nossa ação do mar”. Mas mais do que uma estratégia para a internacionalização, o Secretário de Estado reforça a importância de um percurso a nível interno que saiba aproveitar as oportunidades, algo que constitui parte da missão da ENIDH, uma escola que, para Manuel Pinto de Abreu, “só tem um caminho: ser uma escola de referência a nível mundial”. O Secretário de Estado do Mar conclui a sua intervenção com a convicção de que “dentro de algum tempo, com muito trabalho, teremos o mar como desígnio nacional”.


A OPINIÃO DE...

DIA MUNDIAL DO MAR

Fernando Ribeiro e Castro, Secretário-Geral do Fórum Empresarial da Economia do Mar

Portugal Marítimo – Estratégias e desafios Portugal tem uma localização geográfica privilegiada, no cruzamento das principais rotas marítimas E-W e N-S, com um clima ameno, e uma das maiores zonas económicas exclusivas da Europa. Estamos, ainda, no processo de alargamento da nossa plataforma continental, fazendo com que o nosso espaço marítimo venha a ser 40 vezes superior ao espaço terrestre!

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amentavelmente, Portugal virou as costas ao mar nas últimas décadas, razão pela qual caiu na situação difícil em que se encontra. Felizmente, nos últimos anos tem vindo a acordar, razão pela qual a “economia do mar” tem vindo a crescer, em contraciclo com a “economia de terra”, de que se destacam os seguintes setores: • Portos e transportes marítimos: graças a um trabalho extraordinário das administrações portuárias, de que se destaca a adoção da Janela Única Portuária com radical simplificação dos procedimentos de despacho da carga, todos os anos se têm batido sucessivos records de movimentação de cargas. Existe, neste domínio, ainda um enorme espaço para crescimento, manifestado no desenvolvimento do Terminal XXI, em Sines, no terminal de contentores da Trafaria, no terminal de contentores de Leixões e no terminal Vasco da Gama de Sines. Há, também, espaço para o crescimento da marinha mercante, eventualmente com o aparecimento de armadores nacionais e estrangeiros, a fim de tirarem partido do enorme potencial do transporte marítimo de curta e média distância. • Cruzeiros marítimos: trata-se de um setor a crescer a mais de dois dígitos em Portugal, graças ao extraordinário trabalho efetuado pelos principais portos de cruzeiros (Funchal, Lisboa, Leixões, Açores e Portimão) assim como dos agentes nacionais das principais empresas de cruzeiros. Há muito para crescer, potenciado pela construção dos terminais de passageiros de Leixões e Sta Apolónia. O grande interesse manifestado por importantes consórcios internacionais à construção e exploração do terminal de Sta Apolóna são um sinal de que o futuro apresenta-se risonho neste setor. Oxalá em breve seja anunciado o vencedor e se dê início à construção! • Pesca, aquicultura e industria de pescado: como é sabido, não podemos pescar mais nas nossas águas, por razões de sustentabilidade das espécies. No entanto, podemos continuar a valorizar as espécies de menor valor, aumentar bastante a incipiente produção aquícola e prosseguir o caminho de sucesso da indústria de pescado, designadamente de conservas, que tem vindo a crescer a dois dígitos, com a “descoberta” de novos mercados para exportação. • Energia: Portugal tem estado na linha da frente da investigação de energias renováveis offshore. Por outro lado, esperamos que, no próximo ano, se confirme a existência de gás natural e hidrocarbonetos ao largo da nossa costa, o que daria uma excelente ajuda à nossa depauperada economia… Infelizmente, apesar destes resultados, ainda é frequente ouvir-se que se fala muito e faz-se pouco e, também, uns a dizer que já estão fartos de estratégias, enquanto outros a reclamar que deve

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haver uma estratégia… Quanto a nós, tal apenas revela que há que apostar mais na comunicação, uma vez que o país, em geral, prefere entreter-se com outros temas. Por outro lado, no último ano, houve, de facto, uma grande discussão sobre estratégia para o mar, quer a nível nacional, quer a nível europeu. O cenário mudará no próximo ano, quando quer a Comissão Europeia, quer o Governo, estabelecerem as suas prioridades de desenvolvimento e atribuírem as correspondentes dotações orçamentais. Quanto a nós, continuaremos, serenamente, a tentar pôr em prática as linhas de ação apontadas no estudo do “Hypercluster da Economia do Mar”, que é o nosso documento estratégico. Não nos podemos esquecer da situação em que o país está, e fazer de conta que não estamos sob um rigoroso ajuste orçamental! Mas isso não nos impede, com determinação e algum engenho, a contribuir para que a economia do mar continue a ser um motor da economia nacional. E é, assim, que, como tem acontecido em anos anteriores, iremos, no próximo dia 14 de novembro, realizar o nosso Congresso, não de lamúrias, mas mostrando projetos concretos de sucesso, graças a empreendedores de diferentes idades, origens ou formações!


DIA MUNDIAL DO MAR

Ove Thorsheim, Embaixador da Noruega, em destaque

“As estratégias são decididas pelo governo mas têm que ser implementadas localmente” Numa visita à Embaixada da Noruega, a Revista Pontos de Vista entrevistou Ove Thorsheim. O Embaixador da Noruega em Portugal falou sobre as oportunidades de cooperação entre os dois países e deu ainda a sua opinião quanto à Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020. Saiba de que forma estes dois países costeiros podem tirar proveito da sabedoria e experiência de cada um deles!

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ão vários os âmbitos em que Portugal e a Noruega podem cooperar, advindo daí vantagens para os dois países. Ainda assim, o mar e tudo aquilo que economicamente se relaciona com este recurso surge, de forma natural, como o ponto mais fulcral desta cooperação. O facto de se tratar de dois países costeiros com recursos marítimos vastos é algo que aproxima Portugal da Noruega. Afasta-os, no entanto, um valor díspar na contribuição que o mar tem para o Produto Interno Bruto. Se na Noruega o contributo é de 30 por cento, em Portugal, a economia do mar representa apenas dois por cento do PIB. Para Ove Thorsheim não restam dúvidas de que a descoberta de gás e petróleo na Noruega contribui decisivamente para esta diferença acentuada na importância que o mar detém a nível económico. Mas esta não é a única explicação. Na Noruega houve sempre uma tradição marítima mais ativa do que em Portugal que, depois do 25 de abril, deixou o mar para trás durante vários anos e apenas agora se volta a virar para este recurso e a tentar revitalizar a relação com o mesmo.

“O sistema legal constitui um entrave”

Para o embaixador, a Noruega poderá ter um papel importante nesse processo. “Pode contribuir, por exemplo, na área da construção de barcos, através da cooperação entre as instituições de ensino e investigação de ambos os países e pelo investimento de empresas norueguesas em Portugal. Há várias empresas a mostrar interesse em estabelecerem-se cá, trazendo as competências que detêm e aproveitando também a experiência que existe em Portugal para desenvolver projetos cá”. No entanto, uma das principais queixas que Ove Thorsheim recebe recorrentemente dos investidores noruegueses diz respeito à clássica questão burocrática. “O sistema legal constitui um entrave porque têm leis muito específicas para tudo. Há atualmente mais empresários a olhar para o investimento em Portugal

Ove Thorsheim

do que havia há dez anos atrás mas, por vezes, as decisões tardam a chegar. No fundo, os noruegueses estão abertos a investir em Portugal mas têm dificuldade em penetrar no mercado português. Penso que esse será o maior desafio a ultrapassar”, afirma Ove Thorsheim.

Aquacultura com lei desajustada ao investimento

A exploração petrolífera faz da Noruega um dos países mais ricos do Mundo e alimenta o seu fundo de investimento internacional – gerido pelo Norges Bank. Ao nível da pesca, é o segundo maior exportador a nível mundial de peixe e marisco e tem a maior produção de aquacultura do mundo, tendo já levado esta experiência a países como a Escócia, a Irlanda e a Austrália. Um dos objetivos é trazê-la agora também para Portugal. Até porque Ove Thorsheim não entende

o porquê da prática de aquacultura ser tão escassa no nosso país. O facto de o Governo planear conceder mais licenças para esta prática irá constituir uma oportunidade assinalável. A aquacultura está ainda longe de atingir o potencial de produção mas, com esta concessão e o apoio que a Noruega está disposta a oferecer, dar-se-ão alguns passos nesse sentido. De referir que, no ano passado, foram produzidas apenas 12 mil toneladas de peixe e bivalve. Um número que tem potencialidade para crescer em dez vezes.

“Aquilo que se passa a nível europeu também nos afeta”

Uma importante forma de cooperação entre os dois países e que é muitas vezes a face menos conhecida diz respeito ao fundo “EEA Grants”. Trata-se de um fundo de 58 milhões de euros atribuído

O sistema legal constitui um entrave porque têm leis muito especificas para tudo. Há atualmente mais empresários a olhar para o investimento em Portugal do que havia há dez anos atrás mas, por vezes, as decisões tardam a chegar


Pontos de Vista Outubro 2013

a Portugal pela Noruega, em parceria com a Islândia e o Liechtenstein, que se destina prioritariamente aos setores do mar, saúde pública, organizações não governamentais, energias renováveis, alterações climáticas, cultura e arte. A contribuição conjunta dos três países representa um conjunto de programas que a Noruega tem com 15 países europeus, num valor total de 1,8 mil milhões de euros. A Noruega contribui com 97 por cento das verbas e o Liechtenstein e a Islândia com os restantes três por cento. Estes fundos representam uma importante contribuição para a cooperação entre os dois países nas áreas do mar, saúde e sociedade civil em Portugal. Ove Thorsheim afirma, “não fazemos parte da União Europeia, mas somos parte da economia da Europa e do mercado interno da UE, e por isso aquilo que se passa a nível europeu também nos afeta. Como tal, temos que contribuir para essa economia e, como tal, disponibilizar dinheiro para apoiar os países em crise”.

Emprego para portugueses na Noruega

Outra forma de apoiar a crise nacional, que se traduz num elevado número de desemprego, é, naturalmente, pelo recrutamento de recursos humanos. Desta forma, dá-se resposta ao problema do desemprego em Portugal, principal-

mente na área da engenharia, e colmata-se uma falha na Noruega que resulta de “um boom da indústria na Noruega. Devido à descoberta de gás e petróleo assiste-se a um elevado crescimento da indústria norueguesa e, como tal, precisamos de muitos engenheiros, assim como de estabelecer parcerias com empresas de engenharia em Portugal. Quando a economia em Portugal assistir a uma maior crescimento, muitos destes profissionais regressam a casa mas a cooperação nas áreas da engenharia mantém-se”, refere. De facto, os países nórdicos continuam na linha da frente para aqueles que pensam emigrar dentro da Europa, ou não oferecessem salários elevados, boa qualidade de vida e as taxas de desemprego

mais baixas do mundo. Entre estes, lidera a Noruega, a bater recordes na receção de mão de obra estrangeira. Entre os profissionais mais necessários ao país estão as áreas da engenharia, saúde e educação. Ao contrário daquilo que se poderá pensar, são as regiões da costa ocidental que lideram esta necessidade, enquanto a capital, Oslo, é a zona onde poderá ser mais difícil encontrar trabalho, uma vez que é também a zona do país em que a taxa de desemprego é mais elevada.

Estratégia Portuguesa para o Mar 2013-2020

Relativamente à Estratégia Portuguesa para o Mar 2013-2020, Ove Thorsheim considera o documento “um plano am-

Devido à descoberta de gás e petróleo assiste-se a um elevado crescimento da indústria norueguesa e, como tal, precisamos de muitos engenheiros, assim como de estabelecer parcerias com empresas de engenharia em Portugal

Como conseguir emprego na Noruega? Através da página na internet da Administração do Trabalho e Segurança Social Norueguesa (NAV) - https://www.nav.no/workinnorway/ - encontra um guia online para cidadãos europeus onde são descritos não só os passos necessários à mudança para este país, como são também dadas dicas sobre a adaptação do CV ao mercado em questão. Neste portal encontrará a maior base de anúncios de emprego oficiais. Mais de nove mil ofertas de emprego em todas as áreas profissionais. Para quem quiser encontrar trabalhos em que a língua inglesa seja suficiente deverá pesquisar diretamente através da palavra “english”, continuando a oferta a estar na ordem das centenas. Embora não faça parte da União Europeia, a Noruega integra também a rede EURES onde se encontra a maioria das ofertas de trabalho para residentes europeus. Apesar de Oslo ser uma das cidades mais caras do mundo, algo que deve ser tido em consideração antes de partir, os salários praticados acompanham esse custo de vida. A média de salários por trabalhador anual é de 60 mil euros brutos, o que corresponde a uma média de 5 mil euros brutos por mês. Para além disso, as condições de trabalho são invejáveis para a maioria dos europeus: 26 dias de férias por ano a que acresce uma semana depois dos 60 anos e uma carga horária semanal que não pode ultrapassar as 40 horas são alguns dos exemplos.

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bicioso e muito específico. É um trabalho impressionante, que contém muita informação e que não olha apenas para as possibilidades de desenvolvimento económico mas também assume responsabilidades pelos recursos e pela manutenção da qualidade dos mesmos”. O documento tem tudo para ser o pontapé de saída da implementação de uma estratégia que leve Portugal a voltar-se de novo para o mar e constitui uma peça fundamental para que saibamos o que fazer com um recurso de tamanha importância a nível nacional. Apesar disso, o embaixador da Noruega deixa uma ressalva, “o envolvimento das populações é muito importante. As estratégias são decididas pelo governo mas têm que ser implementadas localmente, as atividades têm que ser criadas ao longo da costa, pelas suas populações, que acreditam nas oportunidades 44

Ove Thorsheim, Embaixador da Noruega, em destaque

criadas pelo mar. Só desta forma se cria valor, empregos e empresas ligadas a este recurso. A iniciativa tem que surgir localmente, as pessoas têm que ver as oportunidades, usar a imaginação e tirar vantagem do mar”. A área da biotecnologia azul é uma dessas grandes oportunidades, e se, no que diz respeito à investigação, já vêm sido desenvolvidos projetos de elevado interesse, é necessário agora partir para uma segunda fase. “Há já várias universidades da Noruega a trabalhar em conjunto com universidades portuguesas nesta área mas é preciso passar também para um segundo nível, ou seja, transformar aquilo que se descobre em negócios. É a questão da comercialização da investigação. Temos vários projetos a correr e eu espero que, em pouco tempo, a biotecnologia azul possa ser comercializada de modo a criar emprego e valor acrescentado”, conclui.

O envolvimento das populações é muito importante. As estratégias são decididas pelo governo mas têm que ser implementadas localmente, as atividades têm que ser criadas ao longo da costa, pelas suas populações, que acreditam nas oportunidades criadas pelo mar



DIA MUNDIAL DO MAR

Conferência Dia Mundial do Mar e Abertura Oficial do Ano Letivo ENIDH

“O Mar sem fim é Português” A Escola Náutica Infante D. Henrique (ENIDH) voltou a realizar, no passado dia 26 de setembro, em parceria com a Projecto Detalhe, a Conferência do Dia Mundial do Mar, que coincidiu com a abertura oficial do ano letivo da escola. Subjugada ao tema “Mar a Bom Porto”, a conferência contou, entre outras entidades, com o Secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu. O evento foi composto por dois painéis, um primeiro sobre as Prioridade do Mar e um segundo sobre a Paixão pelo Mar. A Revista Pontos de Vista, mais uma vez, fez questão de estar presente no evento que todos os anos assinala a importância deste recurso tão relevante para o nosso país!

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oi com enorme prazer que a Revista Pontos de Vista recebeu este ano, mais uma vez, o convite para estar presente na Conferência do Dia Mundial do Mar. Este dia coincide sempre com o dia da ENIDH e assim se deu início a mais um ano letivo! A sala encheu-se não só de armadores, docentes e outras pessoas cuja atividade profissional está ligada ao mar, mas também de muitos alunos que não quiseram deixar de marcar presença. Não foram poucas as vezes que se ouviu no evento que é nestes que se deposita a esperança de levar o mar a bom porto. É neles que está o futuro desta nação costeira para quem o mar sempre foi tão importante, basta analisar a história do país ou simplesmente olhar para um mapa e ver a nossa posição geográfica para o perceber. Essa importância merece ser reforçada e esse facto serviu de mote a grande parte das apresentações desta conferência, onde estiverem presentes também Ove Thorsheim e Frederico Richa Humbert, Embaixadores da Noruega e do Panamá em Portugal.

“Prioridade no Mar”

Foi este o tema que assinalou o primeiro painel desta manhã subordinada ao mar e às suas potencialidades. Depois de Abel de Amorim, Presidente da ENIDH, ter dado as boas vindas aos presentes, passou a palavra a Fernando Cruz Gonçalves, Professor da escola. Este aproveitou o início do ano lectivo para mostrar a evolução que a mesma tem tido ao longo dos anos, não só pelo aumento da oferta formativa, mas também pelo aumento do número de inscrições, que não chegavam às 300 em 2004 e, este ano, ultrapassaram os 700 alunos. Um crescimento em contraciclo com a maior parte dos estabelecimentos de ensino superior nacionais. “Tentamos todos os dias fazer mais pelos alunos que são a nossa razão de existir”, afirmou. Fernando Cruz Gonçalves

salientou ainda a importância da ENIDH na aproximação de Portugal à CPLP, através da receção de vários alunos destas zonas do globo e das parcerias que têm vindo a estabelecer. Também a empregabilidade, superior a 90 por cento em todos os cursos da escola, foi tida em consideração nesta apresentação. De seguida, Carlos Vaz, Professor Universitário, fez aquilo que designou como “uma crónica de um país pequeno e periférico”. Ainda que, muitas vezes, estas duas palavras sejam utilizadas para caracterizar Portugal, esta apresentação mostrou que o nosso país não é tao pequeno quanto o fazem parecer, apoiado em vários dados que mostram como, em inúmeros aspetos, Portugal se encontra na linha da frente na União Europeia. Apenas um deixa a desejar. “O que é verdade? É que somos pobres”, afirma. Quanto à questão da periferia, mostrou que, com a nova realidade comercial, que une a UE e os EUA, Portugal fica exatamente no centro das transações daquele que constitui o maior mercado do Mundo. “Vale a pena aproveitar e potenciar isto. Vão surgir novas oportunidades na área da logística e do finishing, que é uma nova tendência mundial”, explica. O finishing diz respeito à alocação de fábricas para as linhas de montagem finais, porque vale mais uma etiqueta

que diga “Made in Portugal” do que, por exemplo, “Made in China” e isso é algo que os fabricantes com fábricas na Ásia começam a ter em conta. Carlos Vaz terminou com a seguinte frase “há pessoas que fazem as coisas acontecer, aqueles que veem acontecer e os que perguntam o que raio aconteceu”. Uma mensagem particularmente direcionada para os alunos presentes. Para Rui Moreira de Carvalho, Professor

do ISG, as parcerias têm uma importância extrema nos processos de internacionalização e foi esse o mote da sua apresentação. Falar em internacionalização, obriga necessariamente a que se fale também nos nossos portos marítimos, com uma importância inevitável neste processo. Como tal, seguiu-se a apresentação do Presidente da Administração do Porto de Sines, João Franco, que falou não só


Pontos de Vista Outubro 2013

Fernando Cruz Gonçalves Professor da ENIDH “O transporte marítimo é uma das áreas que tem registado maior desenvolvimento e tem que se assumir como um eixo fundamental do cluster do mar”

Carlos Paz Professor Universitário “É necessária gente com visão! Estou farto de decisores que não fazem a mínima ideia do impacto das decisões que tomam. Não podemos continuar assim!”

Rui Moreira de Carvalho Professor do ISG “As exportações têm assistido a uma evolução muito grande nos últimos anos mas para a Europa o potencial de crescimento é menor”

João Franco Presidente da Administração do Porto de Sines “Somos claramente o maior porto nacional em todos os segmentos. Não concorremos a nível nacional mas com os portos internacionais”

Jorge Antunes Professor Universitário em Newcastle-upon-Tyne UK “Não há nações amigas, quando chega a altura de se imporem, lutam por alimentos, por energia e, muito em breve, irão lutar também por água potável”

Ramon Laureano Parceiro de António Silva, Surfista candidato ao prémio Maior Onda do Ano “Teve que vir alguém de fora mostrar aquilo que já existe e que já é feito há algum tempo em Portugal”

Pedro Gomes Sócio Fundador do Velas a Bordo “Temos que amar o mar porque ele dá-nos muito em troca”

Rosália Neto Administradora da Projecto Detalhe “Este projeto pretende levar Portugal mais longe, aliado à nossa paixão pelo mar, para podermos continuar a afirmar – o mar sem fim é português” 47

sobre o momento atual do porto, mas também das perspetivas de crescimento, porque foi com os olhos postos no futuro que se debateu o mar neste dia. O Porto de Sines é o maior porto nacional mas, tendo em conta as suas potencialidades, tem ainda muito por onde crescer, principalmente quando comparamos a outros portos internacionais com os quais concorre. Aproveitando a presença do Embaixador do Panamá, que proferiu também algumas palavras a respeito desta apresentação, João Franco explicou, “o alargamento do canal do Panamá vai levar a que beneficiemos mas a médio prazo, não será no curto prazo, não será já amanhã. Ainda assim, é claramente uma oportunidade de crescimento para nós”. Isto porque o canal do Panamá escolheu Sines como porto europeu prioritário, um acordo de cooperação mútua que aproxima as duas nações e colocará Portugal numa posição estratégica ao nível do comércio mundial. De seguida, Jorge Antunes, Professor Universitário em Newcastle-upon-Tyne, falou da estratégia de longo prazo que Portugal deveria estabelecer para o mar. Uma estratégia a 30 anos porque, segundo o mesmo, “para nos afirmarmos como nação marítima temos que saber o que queremos ser daqui a 30 anos. Leva tempo a criar infraestruturas e competências”. Jorge Antunes afirmou ainda que “a posição geográfica de Portugal é uma

das melhores do Mundo, se não mesmo a melhor quanto a rotas comerciais”.

Paixão pelo Mar

Depois do Coffee Break, foi tempo de falar sobre Paixão pelo Mar e, como tal, iniciou-se a segunda parte com um vídeo de António Silva, Surfista candidato ao Prémio da Maior Onda do Ano. Em sua representação, Ramon Laureano lamentou que tivesse que vir alguém de fora para colocar Portugal nas bocas do mundo. Uma referência clara ao surfista Garret McNamara que se tornou mundialmente conhecido depois de publicada uma foto sua a surfar uma das enormes ondas da Praia do Norte, na Nazaré, algo que António Silva - assim como outros surfistas nacionais - já vem a fazer há vários anos, com a mesma qualidade e, por isso, está também ele nomeado para este prémio mundial. De seguida Pedro Gomes e Rosália Neto apresentaram os seus projetos, Velas a Bordo e Projecto Detalhe. Duas empresas ligadas ao mar, de enorme potencial e que estão a assistir a um elevado crescimento, não só pela sua qualidade, mas pela paixão com que têm vindo a ser administradas. “O mar sem fim é português”, afirmou Rosália Neto. Para terminar a manhã foram entregues os prémios poliempreende, aos quais se seguiu o discurso de encerramento do Secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu.


DIA MUNDIAL DO MAR

Joaquim Bensaude, Presidente do Conselho do Grupo Bensaude, em grande plano

“Temos de ter espírito empreendedor” “Pessoalmente, ainda gostaria de ver o Grupo, mais activo e desenvolvendo outras actividades na área da economia do mar, para além dos sectores onde tradicionalmente tem actuado”, afirma Joaquim Bensaude, Presidente do Conselho do Grupo Bensaude, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Fomos conhecer uma marca que é hoje um player de enorme relevo e que aposta fortemente na criação de valor e na inovação.

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A família Bensaude tem uma longa história de actividade comercial nos Açores e o grupo movimenta actualmente um volume de negócios global na ordem dos 415 milhões de euros por ano. Quais as razões que explicam este bom desempenho e o crescimento que foram alcançando ao longo dos anos? As principais razões pelo bom desempenho do Grupo, após as nacionalizações de 1975, têm a ver com vários factores, o primeiro dos quais foi a decisão então tomada de transferir a sede do Grupo, novamente para Ponta Delgada, de onde tinha saído por finais do século XIX. O então líder do Grupo, Filipe Bensaude, ter ele próprio mudado a sua residência para Ponta Delgada, acompanhado pela mulher e alguns filhos; a partir daqui, coadjuvado com uma nova equipa dedicada, já na altura, incluindo alguns dos seus descendentes, dando ele sempre um salutar exemplo, de muito trabalho e rigor, reinvestindo a quase totalidade dos lucros nas empresas, com o apoio dos restantes accionistas membros da família, durante muitos anos; tendo-se desta forma, com muita austeridade e espírito de sacrifício, conseguido gradualmente recuperar a solidez financeira do Grupo; a partir dessa fase fomos seleccionando, desenvolvendo e fazendo crescer os bons negócios, mas mantendo uma sã diversificação dos mesmos, nessa altura ainda sem objectivos de expansão. Isto acontece até perto dos finais do século XX, tendo Filipe Bensaude deixado a liderança

Em termos de facturação, a Bensaude Marítima representa cerca de 10 por cento, no universo do Grupo. Contudo em termos de tradição, cultura e conhecimento representa muito mais! Pessoalmente, ainda gostaria de ver o Grupo, mais activo e desenvolvendo outras actividades na área da economia do mar, para além dos sectores onde tradicionalmente tem actuado Joaquim Bensaude

do Grupo em óptima situação financeira. Ainda nesse final de século, já sob a liderança do Dr. Luís Bensaude, com uma equipa renovada, igualmente dedicada e mais profissional, deu-se então o grande crescimento - primeiro, com a aquisição de duas unidades hoteleiras e construção de mais seis, incluindo uma em Lisboa, primeiro investimento de vulto feito no Continente pós 25 de Abril; de seguida, em 2005/2006, a aquisição, por concurso público, em associação com outros empresários, de cerca de 40% da Empresa de Electricidade dos Açores (EDA), entrando no sector da produção de energia então em franca expansão e modernização, com um grande potencial na exploração da energia geotérmica, recurso natural endógeno e com custos competitivos. Em 2007 concluímos a aquisição do Grupo Nicolau Sousa Lima, altura que

Por hábito embandeiramos os navios, em porto; sempre que solicitados, dispensamos os Comandantes ou Oficiais Náuticos seniores, para irem dar o seu testemunho a escolas como o ciclo preparatório e o pré Universitário

o nosso Grupo entra noutra área muito interessante e que há anos perseguíamos: a da distribuição alimentar. Qual o peso da Holding Bensaude Marítima SGPS na facturação do grupo? O que é que o mar representa para o Grupo? Em termos de facturação, a Bensaude Marítima representa cerca de 10%, no universo do Grupo. Contudo em termos de tradição, cultura e conhecimento representa muito mais! Pessoalmente, ainda gostaria de ver o Grupo, mais activo e desenvolvendo outras actividades na área da economia do mar, para além dos sectores onde tradicionalmente tem actuado.

Estando o arquipélago dos Açores distribuído por 9 ilhas, o transporte marítimo é uma área absolutamente estratégica para o Grupo? O Grupo tem, nesta fase, a essência dos negócios na Região Autónoma dos Açores, com presença efectiva em todas as ilhas. Tem um conhecimento reconhecido de saber e saber-fazer neste sector, e sendo o grosso do transporte de mercadorias feito quase exclusivamente por via marítima, não fazia sentido não sermos um forte actor. Quais as áreas ligadas ao mar em que os Açores têm mais e maiores potencialidades? De que forma perspectiva a evolução da economia marítima no arquipélago?

Tenho esperança que a exploração de recursos minerais do fundo oceânico e das fontes hidrotermais submarinas em termos de recursos genéticos, no mar que circunda a Região, possam vir a ser uma realidade, dentro das próximas décadas; com estas futuras actividades, a região, os empresários, a universidade, a marinha, têm o dever de estar activamente envolvidos, para além da cobrança de direitos, mesmo que não sejam os principais protagonistas. No curto prazo, acredito que as actividades náutico-turísticas vão continuar a crescer, dar emprego e criar riqueza; contudo a delimitação e gestão criteriosa, sem fundamentalismos, de zonas costeiras com a criação de reservas naturais, umas exclusivamente para observação, outras para pesca desportiva, outras para pesca artesanal, outras eventualmente para aquacultura, etc…, com regulamentação adequada mas simples, e uma forte, mas sensata fiscalização, continuarão a ter um potencial de desenvolvimento. Qual a sua opinião relativamente à Estratégia Nacional para o Mar 20132020? Não li o documento de forma exaustiva; na parte que mais conheço ou me interessa, relativamente ao transporte marítimo, portos e serviços portuários, construção e reparação naval, na minha opinião o documento minimiza a importância destas actividades, que representam ainda uma parte importante da economia do mar real e onde há


Pontos de Vista Outubro 2013

“Portugal tem-se virado para o mar, quando necessita: vejamos a nossa história. Não podemos é ficar à espera que alguém o faça por nós. Temos de ter espírito empreendedor”

que apostar fortemente, até por razões estratégicas futuras. Eu sou um forte defensor da absoluta necessidade que o nosso País tem (mesmo que imaginemos, num futuro este espaço geográfico como uma Região Europeia, com habitantes convivendo numa sociedade organizada, motivada, culturalmente e se possível materialmente desenvolvida), de não interromper a transmissão, via geracional, de pai para filho, do conhecimento empírico e do gosto por estas “coisas do mar”, colocando as sementes do interesse nos jovens, quer pelas profissões especializadas, quer pelas artes e ofícios, tais como os de: pescadores, carpinteiros navais, soldadores, desenhadores navais, mecânicos marítimos, oficiais náuticos, mestrança e marinhagem, capitães comandantes, artistas marítimos, engenheiros, arquitectos, especialistas em Hidrografia, Oceanografia, Biologia, etc…; complementando esse gosto e interesse, com aquisição do conhecimento científico dado pelas nossas escolas especializadas e universidades, com as imprescindíveis cadeiras de inglês e informática, etc., que devem continuar a procurar estar na vanguarda da modernização de métodos de ensino e novas tecnologias e ao que de novo se irá fazer com o Mar e no Mar. Podemos não ter empresários, podemos não ter capital para investir, mas que tenhamos sempre massa cinzenta, com interesse e conhecimento empírico da realidade prática das actividades que a economia do mar pode proporcionar. Tanto aqui À beira-mar, dentro do nosso mar territorial ou plataforma continental… como em qualquer parte dos oceanos ou zonas costeiras do nosso planeta. A economia do mar portuguesa representa apenas dois por cento do PIB Nacional. Tratando-se de um país com uma localização geográfica que lhe permite tirar o máximo de vantagens deste recurso e com uma história que o confirma, este valor não será bastante reduzido? Portugal deveria voltar a virar-se para o Mar? Portugal tem-se virado para o mar, quando necessita: vejamos a nossa história. Não podemos é ficar à espera que alguém o faça por nós. Temos de ter espírito empreendedor. Olhemos para as oportunidades: - Na marinha de pesca: onde está a frota pesqueira? E toda a indústria a jusante

de apoio a esta actividade (conservas, frio, secagem, distribuição, etc.? - Na marinha de comércio: onde está a aplicação do nosso “saber-fazer”? A nossa frota tem vindo sempre a diminuir e a ficar reduzida ao serviço público para as Regiões Autónomas. E então os abastecimentos vitais ao país/região europeia? O petróleo bruto? Os cereais? O carvão? O Gás Natural? Se houver um conflito vamos ter que depender integralmente da solidariedade (disponibilidade e interesse) dos nossos parceiros da União Europeia? - A náutica de recreio: quantas oportunidades neste sector? A hibernação das embarcações dos nossos parceiros mais folgados, do Norte da Europa, a manutenção e guarda dessas embarcações, a formação nesta área, etc.! - A Armada e os serviços da Marinha: vamos ter de continuar a fiscalizar e prestar serviços de segurança, nas águas interiores, portos, reservas naturais, ZEE, etc… que representarão o nosso mar territorial. - As nossas tripulações: quando operam em navios de outras bandeiras são reconhecidas pela sua competência e disciplina. Se não houver continuidade, qual o destino do nosso ensino náutico? - Construção naval – o que poderíamos ganhar aqui! É um crime perder-se esta escola de construção e reparação naval. Olhemos para a ex-Lisnave de Lisboa e reparemos na nova Lisnave de Setúbal. Quanto não pouparia o País/Europa, quantos empregos não se poderiam criar, se, no mínimo, fizéssemos todos um grande esforço de cooperação,

O Grupo tem, nesta fase, a essência dos negócios na Região Autónoma dos Açores, com presença efectiva em todas as ilhas. Tem um conhecimento reconhecido de saber e saber-fazer neste sector, e sendo o grosso do transporte de mercadorias feito quase exclusivamente por via marítima, não fazia sentido não sermos um forte actor

para que uma grande percentagem do abastecimento ao país/Europa tivesse que ser feito em navios com Registos Convencionais Nacionais/Países membros, construídos em países membros da União Europeia incluindo Portugal, operados por europeus/incluindo portugueses, entre outros. Há muito a fazer, nomeadamente para nos mantermos competitivos. (o que fazem os Americanos? Russos? Chineses?) No Grupo Bensaude vão assinalar o Dia Mundial do Mar de alguma forma? É importante comemorar esta data de modo a relembrar a importância que o mar teve, tem e certamente terá para nós portugueses?

Por hábito embandeiramos os navios, em porto; sempre que solicitados, dispensamos os Comandantes ou Oficiais Náuticos seniores, para irem dar o seu testemunho a escolas como o ciclo preparatório e o pré Universitário. O que é que podemos esperar da Bensaude Marítima nos próximos tempos? Há perspectivas de apostar também noutras áreas relacionadas com este recurso? Pessoalmente, gostava muito. Vamos certamente estar atentos às oportunidades.

Por indicação do autor, o texto não foi escrito com o novo acordo ortográfico.

Na área do turismo, o Grupo Bensaude, em parceria com a Associação Anda&Fala e no âmbito da edição 2013 do Walk&Talk, promoveu recentemente um novo roteiro turístico nos Açores. Como foi a receptividade a este roteiro? De que forma o grupo consegue trazer inovação à área do turismo nos Açores e alinhar a oferta ao mercado turístico internacional? O Grupo Bensaude apoiou o Festival de arte pública, Walk&Talk desde a primeira edição, que aconteceu em 2011. No primeiro ano, o Festival estava a procurar o seu espaço no meio social e cultural urbano de Ponta Delgada. Sedimentou-se na 2ª edição e alargou o seu espectro nesta 3ª edição, avançando para outras ruas, praças e espaços, diversificando as acções e actividades culturais, que resultaram na criação de dezenas de obras inéditas. Este ano, surgiu a ideia de criarmos um Roteiro de Turismo Criativo, por forma a potenciarmos o apoio que temos vindo a prestar a esta organização. Este roteiro, que visitava as intervenções resultantes das três edições do festival, teve acompanhamento da equipa do W&T, com conteúdos em português e inglês. Esta iniciativa piloto foi um sucesso, e revelou o potencial turístico da colecção de obras resultantes das edições deste Festival. Os hóspedes dos hotéis Marina Atlântico, Açores Atlântico e S. Miguel Park Hotel, puderam contemplar este conjunto de obras, num roteiro de intervenções artísticas da cidade de Ponta Delgada. Trata-se de inovar, criando ofertas alternativas para um público cada vez mais exigente e activo, que deseja envolver-se com o que acontece nos locais que visita. Estarmos associados a este roteiro piloto foi muito gratificante porque permite valorizar a oferta aos nossos clientes, numa lógica de inovação contínua, alinhada com as novas tendências do mercado turístico internacional.

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DIA MUNDIAL DO MAR

BIOALVO, um dos maiores casos de sucesso em Portugal

“A BIOALVO é já um caso de estudo internacional em escolas dos USA ou da Europa” Atualmente a desenvolver a nova coleção de micro-organismos marinhos – LUSOMAREXTACT –, a BIOALVO é uma referência incontornável na área da biotecnologia em Portugal. A empresa tem dado cartas na criação de produtos inovadores a partir de recursos naturais vivos existentes no nosso país, que utiliza de forma sustentável e maximiza as suas aplicações numa vasta gama de indústrias, tais como a farmacêutica, cosmética, alimentar ou têxtil. Em entrevista, Helena Vieira, Fundadora e CEO da BIOALVO, deu a conhecer os projetos que estão atualmente a desenvolver, com destaque para dois grandes projetos europeus – BlueGenics e MaCuMBA. Como não podia deixar de ser, falou-nos também do produto que a empresa desenvolveu e que estará em breve nos mercado, o Botox Marinho que promete revolucionar a área da cosmética e que tão falado tem sido.

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Um dos caminhos de futuro que tem sido apontado para o desenvolvimento económico do país é a chamada biotecnologia azul, área na qual a Bioalvo vem apostando desde a sua criação. Quais as oportunidades que existem em Portugal nesta área? São ainda poucas as empresas que estão a apostar na biotecnologia azul? Portugal terá três por cento de território terrestre e 97 por cento de território marítimo com a aprovação da proposta do Governo à comunidade internacional para a Extensão da Plataforma Continental Portuguesa. Assim, será um gigante marítimo com a maior plataforma continental da Europa. Faz todo o sentido aproveitar ao máximo este privilégio, que em outros tempos tanto nos serviu! Neste mar profundo, Portugal tem recursos vivos que são exclusivos, devido às condições únicas, e por vezes extremas, dos nossos ecossistemas marinhos. Por outro lado, temos condições fantásticas para a aquacultura de bivalves ou algas que poderão ter aplicações biotecnológicas de elevado valor acrescentado. A biotecnologia é uma das melhores ferramentas para atingir esses objetivos. Começam agora a surgir algumas empresas nacionais com o potencial de explorar o crescimento da biotecnologia azul mundial. A indústria biotecnológica é, sem dúvida, um setor promissor mas também complexo e ainda emergente em Portugal. Quais os principais desafios que se colocam a esta área no nosso país? Os apoios existentes são suficientes? Um dos maiores desafios é a falta de massa crítica e experiente neste setor, mas acima de tudo, o financiamento ideal para este tipo de projetos: de alta envergadura e de longo termo. Há alguns apoios, mas a

res e melhores oportunidades? A empresa tem maior tradição nas áreas da farmacêutica e da cosmética, sendo que o primeiro produto no mercado é no setor da saúde e bem estar e julgamos haver aí muitas oportunidades a explorar. Gostaríamos em breve de entrar nas agrociências, têxteis e alimentar (nutracêutico).

maioria destes projetos são financiados a nível europeu e internacional.

Quais os principais projetos que a Bioalvo está neste momento a desenvolver? Têm novos projetos em vista? A BIOALVO está neste momento a desenvolver uma nova coleção de microrganismos marinhos – LUSOMAREXTRACT – a partir de bactérias e fungos que estão a ser isoladas de amostras do subsolo marinho da nossa plataforma. Para além disso, continuamos intensamente a desenvolver novos ingredientes a partir destas amostras para as mais variadas indústrias como a cosmética, alimentar ou farmacêutica. Temos ainda dois grandes projetos europeus – BlueGenics e o MaCuMBA – que permitirão fortalecer o nosso portefólio de produtos, coleções e serviços.

Entre os vários produtos que a Bioalvo tem vindo a desenvolver, aquele que maior projeção tem conhecido é, sem dúvida, o botox marinho que foi desenvolvido para a área da cosmética. O produto já esta a ser comercializado? Quais as principais características e mais-valias associadas ao mesmo? O nosso mais recente produto é o RefirMAR™ by BIOALVO, um potente neuromodelador que funciona de forma semelhante à botulina A (Botox™). Este produto é derivado de uma bactéria marinha isolada a mais de 2200 m de profundidade nas fontes hidrotermais dos Açores, pertencente a uma nova espécie, e que melhora o aspeto e suavidade da pele em geral, uma diminuição da profundidade das rugas até 23 por cento e uma aumento da hidratação da pele em mais de 64 por cento em apenas 28 dias. O produto já tem os direitos vendidos a uma empresa internacional e estará em breve no mercado.

O trabalhado desenvolvido pela Bioalvo tem tido uma grande projeção além-fronteiras, principalmente depois do desenvolvimento deste botox marinho que está, de facto, nas bocas do mundo. Quais os objetivos da Bioalvo em termos de internacionalização? Quais as estratégias de crescimento e metas que têm delineadas para os próximos anos? A BIOALVO é já um caso de estudo internacional em escolas dos USA ou da Europa e uma das empresas bandeira do setor da Biomarine internacional. Temos uma reputação fundada em qualidade e excelência científica, uma equipa com reconhecido mérito internacional, inovadora e dinâmica que nos fazem ser aceites pelo setor. Estamos presentes em mercados como os USA, UK, Alemanha, Espanha ou França entre outros. São várias as áreas em que a Bioalvo marca presença, desde a cosmética à têxtil. Quais aquelas em que a empresa tem apostado mais consistentemente e nas quais acredita que existem maio-

Apesar de ser uma start-up, a Bioalvo já foi premiada em inúmeros concursos e por diversas entidades. Quais as razões deste sucesso? Excelência e mérito do nosso trabalho e ciência, uma equipa fantástica, motivada, trabalhadora e empreendedora em todas as vertentes que estão implícitas no dia a dia de uma start-up.

Qual a sua opinião relativamente à Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020? É uma grande aposta deste governo a implementação definitiva do mar na vida dos Portugueses, trazendo para a ordem do dia as novas faces do mar e da exploração marítima, sem nunca esquecer a sustentabilidade e a ordenação e legislação dos usos do mar. Na minha opinião, gostaria de ver mais programas para os novos usos e recursos do mar, no setor da biotecnologia azul. De que modo a Bioalvo encara este Dia Mundial do Mar? Que comentário gostaria de fazer para assinalar esta data? A BIOALVO tem um papel educativo muito proativo e importante na sociedade. Assinalo a nossa presença na Noite dos Investigadores (dia 27 de setembro) com uma mostra no Pavilhão do conhecimento ou nos eventos VOXMAR (oceanário) no dia 8 de outubro como apenas dois exemplos da nossa programação cívica constante. LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT


A OPINIÃO DE...

DIA MUNDIAL DO MAR

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA DOCAPESCA

MELHORAR A INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR, COM MAIS EFICÁCIA E EFICIÊNCIA NO SERVIÇO PRESTADO AO SETOR DA PESCA A Docapesca é uma empresa de capitais públicos e uma importante empresa do setor da pesca em Portugal, devido à sua abrangência geográfica e variedade de serviços prestados. Conta também com uma experiência e conhecimento únicos no âmbito europeu.

Pelas lotas portuguesas são anualmente comercializados cerca de 200 milhões de euros e o volume de negócios da empresa ronda os 25 milhões de euros/ano. Com sede em Lisboa, responsável por 21 lotas e mais de 40 postos de venda de pescado, distribuídos ao longo de todo o território continental português. A Docapesca presta um variado leque de serviços de apoio à pesca, garantindo a segurança dos dados estatísticos e a eficácia de uma cadeia de valor que confere eficiência e rentabilidade tanto para a própria empresa como para os seus parceiros sociais. No contexto da sua missão de criar as condições adequadas e um serviço de qualidade para a produção e comercialização do pescado, na primeira venda de pescado, a Docapesca desenvolve desde 2010 uma marca para o pescado fresco das lotas portuguesas que é o CCL - Comprovativo de Compra em Lota, materializado numa etiqueta para colocar nos pontos de venda. O principal objetivo desta etiqueta é dar informação de valor acrescentado ao consumidor final, garantindo a rastreabilidade do pescado, bem como a sua valorização quantitativa e qualitativa, contribuindo assim para a sustentabilidade e rentabilidade do setor da pesca Português. A valorização do pescado dentro do projeto CCL recebeu um impulso a partir de 2012, com alguns objetivos concretos: • Contribuir para a divulgação do pescado fresco Português como um produto gourmet e fator de atração turística, reconhecido como “O melhor peixe do mundo”; • Promover o consumo de espécies de menor valor comercial, mas ricas em termos nutricionais. A cavala é um bom exemplo, pois é abundante na costa Portuguesa, sem restrições de quotas e cuja valorização poderia contribuir para o desenvolvimento das comunidades de pesca. No âmbito deste projeto, no verão de 2012, com o apoio de Chefs de referência, a Docapesca iniciou uma campanha de valorização da cavala, através de um conjunto de ações nos mercados municipais e grandes superfícies, ao longo de todo o país. Em 34 cidades portuguesas mais de 1.000 visitantes participaram em aulas de culinária e degustações gratuitas, onde se aprendia a fazer receitas

inovadoras com cavala fresca e em conserva. A campanha tem sido um sucesso, com centenas de referências nos media portugueses, e em poucos meses, a cavala tornou-se numa espécies reconhecida dos melhores Chefs nacionais, pelo seu valor nutricional e versatilmente gastronómico. Em resultado da campanha de valorização registou-se um aumento nas vendas em lota de cerca de dois milhões de euros. Em 2013, a Docapesca mantém seu foco na valorização do pescado, particularmente da cavala e alargado ao polvo, com vista à promoção do consumo responsável e sustentável de pescado. A etiqueta CCL teve a sua imagem renovada em 2013 desta vez incluindo o nome da lota de origem do pescado, uma informação que aproxima o produto ao consumidor, potenciando a decisão de compra. No plano estratégico para o triénio 2012-2014, a

Docapesca também inclui o investimento de mais de dez milhões de euros na requalificação da rede das lotas, com o objetivo de reforçar as condições e procedimentos de segurança alimentar e qualidade ambiental e energética, focando a gestão dos negócios, na obtenção de resultados operacionais positivos, sem recurso a indemnizações compensatórias, bem como a abertura ao Setor da pesca, colaborando em projetos de interesse comum com vista à obtenção de sinergia no setor da pesca e do Mar. Neste contexto de consolidação de relações de confiança com todos os intervenientes na fieira do pescado, a Docapesca está também presente em diversas feiras internacionais como a Seafood em Bruxelas, a Conxemar em Vigo, ou a Anuga em Colonia, bem como a SISAB em Lisboa, potenciando os negócios de toda a fileira através da valorização do pescado português. 51


DIA MUNDIAL DO MAR

ESRI PORTUGAL

“Uma Verdadeira Capacidade de Poder e Ação” Há mais de 25 anos que a Esri Portugal está ao lado de organizações na tomada de decisões. Esta empresa pioneira e líder de mercado na oferta em Portugal de tecnologia de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) tem sido a promotora de um maior conhecimento do mundo, transformando essa mesma informação numa “verdadeira capacidade de poder e ação”. Fomos conhecê-la junto de Vítor Lopes Dias e Gonçalo Magalhães Colaço, Presidente e Administrador da Esri Portugal, respetivamente.

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ão é possível agir no Mundo sem que se tenha um conhecimento desse mesmo Mundo, o que está intrinsecamente relacionado com a representação que fazemos dele. Os Sistemas de Informação Geográfica permitem-nos fazer essa representação da forma mais perfeita possível”. Só assim teremos uma maior capacidade de poder e ação. A ideia foi defendida por Gonçalo Magalhães Colaço, Administrador da Esri Portugal, uma empresa portuguesa presente no mercado desde 1987 e que, pela visão pioneira, se colocou na linha da frente na oferta de tecnologia de Sistemas de Informação Geográfica. Falar de SIG, apesar de sistemas já intrinsecamente ligados ao quotidiano é ainda para muitos um conceito desconhecido. Em termos latos, são sistemas integrados através dos quais é possível “ver, compreender, inquirir, interpretar e visualizar dados de muitas formas, revelando relações, padrões e tendências espaciais, consubstanciadas em mapas, globos, relatórios ou globos”. É inquestionável a importância que os SIG têm para o desenvolvimento de um país, não só em aspetos económicos. “Permitem um maior planeamento, a definição de estratégias, a organização de informação e têm um forte contributo para o bem-estar das pessoas e para a melhoria da qualidade de vida”, defendeu Vítor Lopes Dias, avançando com um exemplo: “se vou na rua e vejo um candeeiro fundido, basta usar uma aplicação no telemóvel e comunicar essa situaçã ao município. Estou de facto a contribuir para uma melhoria”. Na maior parte dos casos, apesar de serem sistemas já enraizados em práticas diárias, muitas pessoas não sabem que estão a utilizar um SIG e cada vez mais, estes sistemas são partes integrantes dos sistemas centrais, estando hoje presentes em autarquias, empresas de retalho, de gás, grandes instituições

bancárias, empresas de seguros, entre outros. São sistemas permanentemente conectados ao quotidiano, assumindo-se como um “dado adquirido”. , Racionalizam-se meios, o nível de operacionalização aumenta e todas as pessoas, mesmo não tendo consciência disso, têm ganhos significativos.

Conhecimento e gestão do património marítimo

Antes de se falar numa gestão do nos-

so património marítimo, importa, para Vítor Lopes Dias, ter um conhecimento profundo do assunto em questão. O património marítimo português está a ser redescoberto. Os portugueses voltaram a olhar para o mar como uma fonte inesgotável de recursos e a Esri Portugal tem, desde há muitos anos, vindo a desempenhar um papel fundamental na concretização desta visão. Este conhecimento do mundo, proposto pela utilização dos sistemas de informação

Mais do que fonte de negócio, o mar deve ser visto como estratégia “O mar é uma enorme fonte de negócio. No entanto a sua primeira importância é estratégica e é necessário ter esta ideia presente de um ponto de vista político. Economicamente, o mar é determinante para o futuro. (Gonçalo Colaço) “Existem variadíssimos recursos no mar e não estamos só a falar de peixe. É necessário mostrar aos portugueses a real importância do mar para Portugal e tudo o que isso significa. O mar não pode ser entendido por decreto, tem uma tradição e é preciso um longo percurso para o entender. Para além do imprescindível conhecimento dos recursos, exige sistemas que o operacionalizem e de uma mudança do paradigma global.” (Vítor Lopes Dias)

geográfico, também se aplica, invariavelmente, ao mar e a todos os “segredos” que este esconde. A incomparável capacidade de integração dos SIG permite análise, correlação e compreensão do mar. Entre muitas outras relações de cooperação, a Esri Portugal mantem uma ligação muito estreita com a Marinha Portuguesa. Através dos sistemas desenvolvidos, a Marinha tem ao seu dispor um conjunto de ferramentas que a

Ver, compreender, inquirir, interpretar e visualizar dados de muitas formas, revelando relações, padrões e tendências espaciais, consubstanciadas em mapas, globos, relatórios ou globos


Pontos de Vista Outubro 2013

auxiliam nesta utilização do mar como fonte de riqueza e segurança e como base de projeção estratégica da atuação de Portugal no Mundo. Estamos a falar de áreas como busca e salvamento, combate a diversos tipos de tráfico, ao terrorismo e à pirataria, geologia marinha, cartografia náutica, sustentabilidade dos recursos marinhos, entre outras. Assim sendo, como resumiu Gonçalo Magalhães Colaço, “para toda esta representação marítima, a utilização dos SIG é decisiva”. A administração do Porto de Sines implementou um SIG que tem tido excelentes resultados não só no aumento da eficácia e eficiência da gestão, mas também no planeamento das operações portuárias. Considerada a “Porta Atlântica da Europa”, o Porto de Sines foi dotado de um SIG que “visa a gestão e planeamento das operações, suportando a produção e gestão normalizada de informação portuária, bem como a integração das regras e processos de negócio de forma transversal”. Para Vítor Lopes Dias, o Porto de Sines “tem uma excelente estratégia de posiciona-

mento em todas as alterações profundas que se fazem sentir no comércio mundial devido ao alargamento do Canal do Panamá e das novas dimensões e categorias de navios”. A Esri Portugal continuará a afirmar-se na vanguarda do desenvolvimento de ferramentas que suportem a atuação de entidades como a Marinha Portuguesa ou o Porto de Sines.

Permitem um maior planeamento, a definição de estratégias, a organização de informação e têm um forte contributo para o bem-estar das pessoas e para a melhoria da qualidade de vida

Principais utilizadores dos SIG: - Administração Central - Administração Local - Defesa e Segurança - Ensino e Investigação - Telecomunicações - Transportes, Logística e Serviços - Utilities

“Os Sistemas de Informação Geográfica como Multiplicador de Poder na Defesa e Segurança” No próximo dia 10 de outubro, a Esri Portugal vai realizar no IDN (Instituto de Defesa Nacional), em Lisboa, um seminário subordinado ao tema “Os Sistemas de Informação Geográfica como Multiplicador de Poder na Defesa e Segurança” que irá decorrer entre as 9 e as 13 horas. Ao longo do evento serão apresentados exemplos e casos de sucesso da utilização dos SIG nos mais variados organismos de Defesa e Segurança em Portugal.

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DIA MUNDIAL DO MAR

Navaltik Portugal – Marine Surveyors & Consultants – em destaque

“Já fizemos peritagens a pranchas de windsurf e ao maior navio do mundo” A Navaltik Portugal é uma empresa nacional de consultores de engenharia fundada em 1981 e que se dedica às áreas naval e industrial. Numa altura em que poucos são os navios que vemos atracados nos portos nacionais e em que as trocas comerciais feitas por via marítima são reduzidas face às potencialidades do país, os pedidos de avaliações, peritagens, fiscalizações ou consultoria que chegam a esta empresa têm vindo a reduzir-se, a qualidade com que o trabalho é realizado, por sua vez, mantem-se elevada. A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com o Engenheiro de Máquinas Marítimas José Marreiros Gonçalves, que é também Diretor Geral da empresa, assim como com o Engenheiro Naval Fernando de Macedo Costa que nos deram a conhecer, entre outras coisas, o estado da peritagem naval em Portugal.

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oi para operar nas áreas de consultoria e peritagem naval que em 1981 foi criada a Navaltik, sendo hoje uma empresa bastante conhecida juntos dos diferentes players da área. Dentro do mercado segurador português, já desenvolveram trabalhos de peritagem e avaliação para a quase totalidade das seguradoras nacionais, tais como a Mútua dos Pescadores, Fidelidade, Lusitânia, Tranquilidade. Também no mercado segurador internacional, desenvolveram já inúmeros trabalhos de peritagem para os seguradores membros do CESAM, de que a Navaltik Portugal é colaboradora em Lisboa, bem como para outras entidades que chegam pelas vias de comunicação do “shipping” mundial. Mas não é só no mercado segurador que a Navaltik é uma referência, é-lo também para armadores, autoridades marítimas, portuárias e financiadores, graças aos frequentes trabalhos de avaliação de navios, estudos técnicos, preparação de cadernos de encargos e fiscalização para um elevado número de entidades, onde se incluem a FAO da União Europeia, Bad, KFAED, Porto de Aveiro, Enapor, governos de países africanos de língua oficial portuguesa, Transinsular, Galp (Sacor), Sonae, entre outros.

“A parte da consultoria quase que desapareceu”

Com uma vasta experiência, a Navaltik proporciona uma gama de serviços técnicos especializados no ramo naval, com interesse para os armadores das marinhas mercante e de pesca, assim como para os agentes económicos que com eles se relacionam. No entanto, a atual conjuntura económica tem levado a uma grande diminuição dos trabalhos a realizar nas áreas em que a Navaltik opera. “Em 1981, quando a empresa abriu, havia uma imensa movimentação portuária aqui no Tejo. Neste momento, há um navio a descarregar de vez em quando. Todo o processo de peritagem naval foi decrescendo progressivamente ao longo dos anos”, lamenta José Marreiros Gonçalves. Mas se ao nível da peritagem naval falamos numa redução, no que diz respeito

José Marreiros Gonçalves e Fernando de Macedo Costa

à consultoria naval podemos praticamente falar em extinção. “A parte da consultoria quase que desapareceu. Antes trabalhávamos muito para Angola, Cabo Verde, Moçambique… mas, atualmente, praticamente não há mercado para a consultoria naval, porque já está tudo feito. Dou-lhe um exemplo, somos nós que fazemos todas as peritagens para a Transtejo e a Soflusa, no entanto, quando essas empresas precisam comprar novos navios, há já projetos feitos e, como tal, deixa de ser necessário entrarmos como consultores. Para além disso, já fizemos muitos trabalhos para a banca. Quando os bancos financiavam novas construções ou aquisições de embarcações pediam a nossa opinião sobre o negócio mas de há uns tempos para cá deixaram de requisitar-nos”, afirma. Apesar disso recentemente a Navaltik colaborou no estudo de viabilidade para a recuperação do Navio Paquete Funchal.

O abate político da frota de pesca

A situação geográfica nacional deveria traduzir-se numa maior actividade costeira – Industria Pesqueira, mas Portugal

nos anos 90 virou as costas ao mar e a grande maioria da frota foi abatida. Actualmente volta a colocar a economia marítima como uma prioridade, tornando-se assunto que marca a agenda. José Marreiros Gonçalves afirma convictamente “os anos 90 foram efectivamente adversos à indústria pesqueira nacional”. Em consequência também a indústria naval que, depois das grandes expetativas

existentes no início da década de 70, entrou em declínio e nunca chegou a vencer os fatores adversos que foram emergindo. A retoma da indústria naval nacional foi tentada, mas nunca se realizou de forma convincente. Os estaleiros navais, de certa dimensão, que ainda existem, são os poucos que conseguiram resistir. A área naval encontra-se assim estagnada nas suas várias vertentes mas, os

A Peritagem A peritagem de avarias foi a atividade de arranque da empresa, em 1981 e, desde essa data, tem sedimentado uma posição destacada que faz da mesma, atualmente, a empresa portuguesa com mais experiência na peritagem de navios. Desde a sua fundação, até ao final de 2011, o número de intervenções ronda as 4500. No ano passado houve uma quebra mas até setembro deste ano já tinha sido realizado o mesmo número de peritagens que em todo o ano de 2012. A peritagem de uma avaria ou sinistro envolve, normalmente, a realização de uma ou mais vistorias, e o relatório contém, em regra, os seguintes elementos: - Constatação e averiguação das avarias e danos; - Análise das causas possíveis; - Descrição das reparações e estimativa de custos; - Acompanhamento e controlo das reparações; - Discussão final de faturas;


Pontos de Vista Outubro 2013

nossos entrevistados estão confiantes na retoma desta área, até porque, “a zona exclusiva marítima portuguesa vai ter um aumento substancial”, explica Fernando de Macedo Costa.

“As questões inerentes aos custos de imobilização dos navios são complicadas”

Ate lá, vão desenvolvendo todo o tipo de peritagens. “Já fizemos peritagens a pranchas de windsurf e ao maior navio do mundo, com 650 mil toneladas”, afirma o diretor da empresa. É no porto de Sines que podemos encontrar regularmente Fernando de Macedo Costa. “Devido ao fluxo de transporte de equipamentos das empresas portuguesas para os PALOP, com frequência dois armadores escalam neste porto para proceder aos carregamentos. É durante essas operações que muitas vezes acontecem danos e essa é uma das razões para termos de aparecer por lá. É importante perceber que as questões inerentes aos custos de imobilização dos navios são complicadas, porque são custos muito

Em 1981, quando a empresa abriu, havia uma imensa movimentação portuária aqui no Tejo. Neste momento, há um navio a descarregar de vez em quando. Todo o processo de peritagem naval foi decrescendo progressivamente ao longo dos anos

elevados e é uma guerra na tentativa de que as avarias resultantes das operações de carga rapidamente sejam reparadas. Como tal, nós estamos ali também a tentar equilibrar as coisas e minimizar ao máximo os custos”, refere.

Os outros serviços: • Avaliações - também nesta área a Navaltik é destacadamente a empresa portuguesa mais experiente e com maior número de avaliações de navios. A avaliação de navios apresenta-se relevante em três situações: para seguradores ou financiadores disporem de uma base valorativa para efeitos de garantia financeira; para um armador saber se o(s) navio(s) que lhe são propostos se enquadram nos seus requisitos técnicos e numa gama de preços justa e razoável, e, por fim, para um armador dispor de um documento idóneo e independente, descritivo e valorativo do seu navio. • Inspeções de segurança de reboques – a eficiência e segurança de um sistema de reboque dependem da correção do sistema utilizado e da condição técnica dos elementos neles envolvidos. A peritagem das condições de reboque fornece um parecer especializado, independente e atualizado sobre a operação que poderá salvaguardar os interesses, quer dos armadores, quer das seguradoras nela envolvidos. • Estudos e cálculos de engenharia naval – tais como provas de estabilidade, estudos técnicos económicos de exploração de navios, análise pericial a acidentes ou projetos de unidades flutuantes. • Especificações e cadernos de encargos – para que os armadores e/ou os seus financiadores tenham a garantia de que vão investir num navio com características técnicas apropriadas à exploração prevista. • Fiscalização – consiste no acompanhamento técnico da construção ou reparação do navio, centrado no controlo da qualidade e da conformidade dos trabalhos com as especificações. A Navaltik já fiscalizou cerca de 80 navios de diversos tipos em estaleiros portugueses, brasileiros, sul-africanos, polacos, noruegueses e holandeses.

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A OPINIÃO DE...

DIA MUNDIAL DO MAR

Adelino Cardoso – Mútua dos Pescadores

A GESTÃO DO RISCO MARÍTIMO Existe uma cronologia na gestão do risco, que se aplica também ao setor marítimo, que neste artigo nos propomos descrever, em traços muito gerais, como forma de contributo da Mútua dos Pescadores, enquanto cooperativa de utentes de seguros, a todos aqueles que do mar fazem a sua profissão ou fonte de prazer. 1º. Avaliação

Ilustração de Duarte Saraiva – Artista Plástico

Qualquer particular, família, empresa, associação ou entidade pública está sujeito a diversos riscos: uns que implicam responsabilidades perante terceiros; outros que podem atentar na integridade física dos seus colaboradores; outros ainda que ofendem o seu património e/ou rendimentos futuros. A primeira tarefa a atender consiste em identificar, qualificar e quantificar esses riscos, que podem variar bastante conforme a atividade. Por exemplo, uma família deve inventariar as responsabilidades decorrentes da posse e circulação automóvel, da propriedade de uma habitação e respetivo conteúdo, dos riscos de doença do casal e filhos, e da poupança para a reforma. E cada uma dessas preocupações pode ser quantificada. O mesmo acontece com os operadores marítimos, embora em maior variedade e escala.

2º. Prevenção

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Antes do mais é importante considerar as medidas de prevenção – algumas delas obrigatórias - que podem eliminar ou atenuar os riscos e, no mínimo, reduzir o preço dos seguros. Por exemplo, se uma embarcação dispuser de todos os recursos de segurança, nomeadamente coletes, balsas, equipamento de combate a incêndios e meios de comunicação adequados, certamente que reduz substancialmente os impactos humanos e materiais dos riscos de fortuna de mar e outros. E o segurador naturalmente que levará em linha de conta na tarifação tal facto.

3º. Retenção

Os riscos infortunísticos não possuem todos a mesma dimensão. E a capacidade financeira dos segurados também não é exatamente igual. Assim, um pequeno empresário, sobretudo no início da atividade, pode ter necessidade de transferir globalmente a totalidade das suas responsabilidades e os riscos que afetam pessoas e património, por não dispor das condições financeiras mínimas para a sua reposição em caso de sinistro, ficando sujeito à situação

de insolvência perante qualquer pequena adversidade. Mas uma grande empresa já poderá fazer um raciocínio diferente, pois a sua capacidade financeira permite-lhe repor algumas perdas de menor expressão.

4º. Transferência

Em primeiro lugar, ter em atenção que determinados seguros são obrigatórios. E para esses a solução é mesmo contactar um segurador. O nosso ordenamento jurídico impõe muitos seguros obrigatórios, sobretudo no domínio da responsabilidade civil, pelo que se sugere vivamente a qualquer particular ou empresa que os tenha presentes antes do início da atividade e durante a sua existência (porque, entretanto, vão havendo alterações legislativas). E nesse caso, não funciona o argumento de que existe capacidade económica para suportar os riscos em autosseguro, pois, no mínimo – para além de suportar todos os custos da reparação - o prevaricador terá de pagar as coimas que a lei prevê por ausência de seguro. Tendo o interessado identificado, qualificado e quantificado bem os riscos (eventualmente com a ajuda de peritos ou profissionais de seguros da sua confiança); garantido as medidas de prevenção obrigatórias e as facultativas que no seu entender possam evitar ou minorar os efeitos de acidentes mais drásticos (neste caso, o recurso à opinião avalizada dos técnicos de segurança pode ser fulcral); decidido, em função das disposições legais e do seu orçamento, qual a parcela de riscos que pretende reter (e esse exercício pode ser efetuado através do jogo de franquias); já pode, então, abordar com maior rigor a questão da transferência dos restantes riscos para um segurador. A escolha do segurador é obviamente da esfera de direito do segurado, mas a tentação de efetuar uma seleção e decidir unicamente em função do preço, é pouco avisada, porque nos seguros, como na generalidade dos produtos, o preço é apenas uma das suas componentes. A maneira como o cliente é informado, a relação com ele estabelecida, a transparência na comunicação, o seu poder de intervenção no negócio e na gestão do segurador, a clareza do clausulado das apólices, o conteúdo das garantias, as franquias, as exclusões, a forma como os sinistros são geridos, a rapidez no pagamento das indemnizações, o acesso aos gestores dos processos, o tratamento das reclamações, o direito ao contraditório, a possibilidade de contactar os dirigentes do segurador, bem como a própria solidez do segurador, são aspetos muito importantes a considerar, porque, no essencial, a qualidade de um seguro e de um segurador revela-se quando existe sinistro. E nos seguros existem poucos commodities, ou seja, produtos que apenas se diferenciam através do preço.

5º. Controlo

Os seguradores mudam, os segurados mudam, as leis mudam e os riscos também mudam, pelo que é importante ir acompanhando a situação e proceder às adaptações que as novas realidades impuserem.


DIA MUNDIAL DO MAR

Pontos de Vista Outubro 2013

Marmedsa NoAtum Maritime

O Mar E o desenvolvimento da economia portuguesa “O Mar deverá obrigatoriamente ter um papel relevante no desenvolvimento da economia portuguesa”, afirma Pedro Nunes, Diretor Geral Portugal da Marmedsa Noatum Maritime, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Saiba mais relativamente a uma marca com mais de 50 anos de atividade e que é líder em serviços marítimos e logísticos na Península Ibérica. A Marmedsa é a empresa líder em serviços marítimos e logísticos na Península Ibérica. Qual o balanço que faz da experiência adquirida em mais de 50 anos de atividade? É um balanço bastante positivo, pois nestes 50 anos de atividade do Grupo Marmedsa, conseguimos tornar a Marmedsa Noatum Maritime uma empresa líder no seu setor de atividade. Esta liderança é uma realidade, graças à excelência de um serviço proporcionado por uma Equipa de Recursos Humanos altamente especializada, coesa e imbuída de um objetivo de crescimento e criação de valor para a empresa. Podemos afirmar que os pilares que sustentam o nosso êxito estão assentes num extraordinário espírito comercial, bem como na existência de uma grande flexibilidade de adaptação à mudança. Quais os principais serviços disponibilizados pela Marmedsa e quais os fatores que fazem da empresa um player tão importante nesta área, a liderar o mercado da Península Ibérica? A Marmedsa Noatum Maritime oferece serviços a armadores e operadores de navios, bem como a exportadores e importadores, através de quatro grandes áreas de negócio: Agência Marítima, Logística, Terminais Portuários e Serviços Portuários. Quais as principais áreas de atividade com as quais a Marmedsa trabalha em Portugal? Há objetivos de expandir para outras áreas nos próximos tempos? Em Portugal temos a nossa atividade centrada nas áreas de Agência Marítima e Logística, prestando serviços a clientes nacionais e Internacionais nos portos de Leixões, Aveiro, Lisboa, Setúbal e Sines. Um dos fatores de sucesso do nosso grupo é estarmos sempre atentos às necessidades dos nossos clientes. Desta forma podemos oferecer-lhes serviços adicionais, o que nos permite reagir com rapidez a novas oportunidades de negócio que possam surgir, sempre e quando esteja relacionado com o âmbito do transporte internacional de mercadorias e logística. Qual a importância que o mar tem no crescimento das exportações na Península Ibérica, tendo em conta a localização geográfica estratégica da mesma?

possam ser exportados aos países de destino.

Pedro Nunes Desde o início da crise económica, que temos constatado uma diminuição na importação de mercadorias nos países do Sul da Europa originada pela contração do consumo interno, no entanto, na exportação a tendência é precisamente a contrária com um aumento significativo nos últimos anos. Este facto, demonstra sem qualquer dúvida uma visão empreendedora e exportadora das nossas empresas, que abriram fronteiras para compensar o decréscimo das suas vendas nos mercados tradicionais. O setor Marítimo é e será cada vez mais um “partner” essencial para as nossas empresas, para que os seus produtos

“O nosso grupo tem delineado um plano estratégico para o periodo 2011/2015, que assenta numa visão estratégica para o futuro e uma forte componente de projeção internacional. Obviamente que continuaremos a desenvolver os nossos mercados atuais no qual se enquadra Portugal”

A economia do mar representa apenas dois por cento do PIB português. Não será este um valor demasiado reduzido tendo em conta as potencialidades marítimas nacionais? É de facto um valor extremamente reduzido quando comparado por exemplo com outros países costeiros da comunidade europeia. Somos um país que conta já com importantes infraestruturas portuárias e com um importante número de conexões marítimas com os principais portos europeus e mundiais. O dinamismo deste setor conjugado com o aumento das exportações e do comércio Mundial, fará com que esta percentagem seja com toda a certeza maior nos próximos anos. O mar poderá ter um papel de relevo na alavancagem da economia portuguesa? Que medidas deveriam ser introduzidas nesse sentido? O Mar deverá obrigatoriamente ter um papel relevante no desenvolvimento da economia portuguesa. Para isso teremos que ser capazes de responder às novas exigências da globalização, tendo infraestruturas de qualidade, tornando os portos menos onerosos para os armadores, operadores logísticos devidamente formados e flexíveis para que possamos responder às novas necessidades, melhorando a eficiência dos serviços que oferecemos. Desta forma, cremos que nos conseguiremos tornar cada vez

mais competitivos relativamente a outros países/portos.

Qual o papel que a Marmedsa poderá ter a esse nível? O nosso grupo tem delineado um plano estratégico para o periodo 2011/2015, que assenta numa visão estratégica para o futuro e uma forte componente de projeção internacional. Obviamente que continuaremos a desenvolver os nossos mercados atuais no qual se enquadra Portugal. Portugal e Espanha deveriam criar mais parcerias forma a potenciar a economia do mar de ambos os países? A cooperação entre os dois países é crucial para o desenvolvimento dos mesmos? Os governos de Portugal e Espanha têm uma excelente relação bilateral, o que facilita a cooperação entre ambos os países e respetivas empresas. É essencial que Portugal e Espanha continuem a trabalhar conjuntamente, inseridos numa linha orientadora da Comunidade Europeia, para que possam ser criadas parcerias em todos os setores empresariais, incluindo obviamente o setor marítimo onde estamos inseridos. Se formos além das “fronteiras” políticas, a nivel logístico, a Península Ibérica pode ser vista como um mercado bastante aberto e com múltiplas interconexões e sinergias. www.marmedsa.com www.noatum.com

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INOVAÇÃO

David Baltazar, Administrador da ICG, e a inovação

“A inovação tem que ser permanente” Marca de enorme prestígio, A ICG foi a primeira empresa de desenvolvimento tecnológico do mundo a fabricar e a comercializar tecnologia visual e táctil para o setor da hotelaria, sendo um player de enorme referência no âmbito da inovação e tecnologia e da aplicação das mesmas em prol da satisfação dos seus clientes. David Baltazar, Administrador da ICG, falou, em entrevista à Revista Pontos de Vista, e deu-nos a conhecer os principais desafios da marca.

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Qual a principal dificuldade que a ICG sente no mercado Português atualmente? Há realmente neste momento dificuldades muito objetivas que se opõem a decisão de investimento em Portugal, efetuado no caso da ICG Software já há cerca de sete anos, onde o espaço para produtos nos segmentos de mercado onde a atuamos, já era e continua difícil. Eu resumiria a duas principais. Uma é o baixo investimento por parte das organizações que também se ressentem claramente do fraco consumo resultantes da crise Europeia que vivemos. E isso são causas que nos ultrapassam mas que nos afetam não só a nós, mas como a todos os nossos parceiros comercias, e inclusivamente a nossa concorrência. A segunda é bastante mais difícil de “digerir”, principalmente para uma software house de cariz internacional como a ICG que produz aplicações praticamente para todo o mundo. Esta prende-se com as obrigações impostas pela Autoridade Tributária (AT) ás plataformas deste género existentes no mercado, que não têm parado de “evoluir” tanto em detalhes como em complexidade nos últimos dois anos. A gestão da comunicação, calendários e contextualização é quanto a nós altamente criticável, dessincronizada do resto da Europa e do mundo. Na verdade acabamos por assistir a que o controlo fiscal passe na prática e unilateralmente para as nossas soluções, que se vêm agora (apenas) apetrechadas de mecanismos para evitar a fuga fiscal e aumento do controlo ao contribuinte. Se isto para as sofwares houses nacionais tem sido um balão de oxigénio, que envolve um misto de guerra comercial e performance para garantir o cumprimento das diretivas da AT da forma mais eficaz possível, e ao mesmo tempo empolando perante os utilizadores o seu alinhamento com as nossas finanças, onde as consequências de um eventual incumprimento é muitas vezes inexistente, como mecanismos de venda numa altura de recessão – que obriga setores como a restauração, já altamente penalizados pela quebra no consumo, acrescidos da carga fiscal conhecida a fazer investimentos forçados para se manterem legais – para a ICG tem representado um esforço titânico. Dado que este processo não está alinhado numa estratégia de desenvolvimento internacional, ou pela forma não Global como tem sido gerido pela nossa autoridade tributária,

A inovação tem que ser permanente não só em termos de tecnologia mas também, e com um peso muito grande, no acompanhamento das reais necessidades dos mercados onde a ICG atua e que têm uma dinâmica muitas vezes vertiginosa como é fácil de verificar no nosso país e nos PALOPS, emergentes também nestas áreas de retalho, restauração e hotelaria David Baltazar

acabamos por obrigar uma equipa de desenvolvimento internacional a fazer, muitas vezes em timings absurdos, um conjunto de adaptações que mais do que cumprir, não corrompam a amplitude operacional das nossas plataformas. E isto não é um problema só das sofware houses internacionais mas sim de todas aquelas que pela sua dimensão não conseguem em Portugal acompanhar por falta de recursos os seus pares e que acabam por ser literalmente varridas do mercado – o que levanta questões sobre a idoneidade concorrencial de todo este processo, existindo inclusivamente já fóruns de discussão sobre esta matéria caraterizados pela gravidade e evidência destas suspeitas. Assiste-se a uma disparidade de informação, muitas vezes com especificações incompletas, outras vezes com especificações que entram claramente em rota de colisão com capacidades operacionais. E quanto a mim, bastante mais grave do que tudo isso, são produtoras nacionais que anunciam o seu bom alinhamento com a AT e a sua rapidez no cumprimento de especificações que não existem na

sua totalidade, ou não estão disponíveis para todos, ou pelo menos o estão para todos da mesma forma. A confirmar-se que a evidência seja mais do que apenas falhas na gestão deste processo, seria gravíssimo e leva-nos para questões que remetem diretamente a temas que quanto a mim mereceriam imediatamente algum trabalho por parte da Autoridade Nacional da Concorrência. Felizmente tivemos e vamos continuar a ter capacidade de responder a estas exigências mas é obvio que a ICG Portugal foi francamente penalizada, bem como os nossos utilizadores e parceiros que teriam muito mais à sua disposição para gerir os seus negócios. Neste contexto estivemos todos a trabalhar para a AT em detrimento do avanço tecnológico e da eficácia operacional. Temo que ainda não estejamos numa fase completamente terminal deste processo e enquanto não acabar, será lógico que a criatividade e a evolução tecnológica vão ter que esperar em Portugal. Como software house internacional temos exigências de evolução de outros países, que não se compadecem deste

revés, e que mantém as nossas plataformas vivas e de valor acrescentado, contrariando claramente este período de mudança de focus que sem percebermos bem acabamos todos por fazer a nível nacional, mas vai haver quem não o consiga! . A ICG foi a primeira empresa de desenvolvimento tecnológico do mundo a fabricar e comercializar tecnologia visual e táctil para o setor da hotelaria. Com o surgimento de novas empresas a atuar nesta área o que é que a ICG tem feito para se manter no mercado como um player de referência? Com a experiência adquirida desde 1985 no desenvolvimento destas plataformas a ICG tem-se dedicado a especializar os seus produtos em verdadeiras ferramentas operacionais de negócio, apetrechando-os com as necessidades evolutivas destes mercados. Conceitos como fidelização, promoções cruzadas, “happy-hours”, estratégias comerciais diferenciadas e globais, comunicações internas e externas, são algumas das áreas que se tornaram


Pontos de Vista Outubro 2013

“No caso da ICG como temos tido sempre o cuidado de garantir e pretendemos manter, o nível de qualidade e de abrangência dos nossos produtos independentemente das evoluções tecnológicas, e será estratégico que o continuemos a fazer de uma forma completamente consistente com a realidade tecnológica, sabemos que em termos de imagem nos pode prejudicar”

essenciais em mercados cada vez mais agressivos e concorrenciais como o retalho, a restauração e a hotelaria.

Quais os produtos mais inovadores que a ICG tem no mercado atualmente? Todos os anos a ICG lança no mercado, em outubro, as principais novidades para o ano seguinte e nesta altura estamos a falar das versões 2014. Como grandes novidades o desenvolvimento das plataformas de retalho e restauração para Android, o Cash-Draw, que é um equipamento de pagamento automático para evitar quebras de caixa disponível para acoplar a qualquer plataforma ICG ou não, o ICGReports, uma ferramenta de aopoio à gestão para smartphones, o ICGDataExchange que facilita enormemente a comunicação entre as plataformas ICG e outras plataformas, e o ICGPlanner, para resolver problemas de gestão de equipas de trabalho de um ou vários locais, e o ICGCommerce, uma verdadeira solução integrada de comérico online, diria que são as mais significativas principalmente nos mercados de atuação da ICG Portugal que inclui os PALOPS.

Esta é uma área em que a inovação e o desenvolvimento têm que estar presentes diariamente para que se consigam manter na vanguarda de forma constante? As parcerias com universidades e centros de investigação são de extrema importância para que se consiga atingir este fim? Sim, a inovação tem que ser permanente não só em termos de tecnologia mas também, e com um peso muito grande, no acompanhamento das reais necessidades dos mercados onde a ICG atua e que têm uma dinâmica muitas vezes vertiginosa como é fácil de verificar no nosso país e nos PALOPS, emergentes também nestas áreas de retalho, restauração e hotelaria. E hoje a realidade do retalho, da restauração e da hotelaria está muito assente em cadeias nacionais e internacionais, ou em organizações que pela sua capacidade de oferta e diferenciação, conseguiram impor uma marca – isso é o que temos permanentemente de acompanhar. Quanto a parcerias com as universidades, elas são fundamentais e se internacionalmente é muitas vezes uma referencia na gestão de um mercado, em Portugal poder-se-ia fazer muito mais. O gap de contexto existente entre o mundo académico e o mundo empresarial faz

com que estes andem muitas vezes de costas voltadas. Principalmente no que toca a organizações mais pequenas, que não têm a mínima hipótese de construir estas pontes com meios próprio, e mesmo que o quisessem, seria um verdadeiro desperdício e desencontro entre empreendedorismo e a tão necessária investigação e criatividade para o desenvolvimento do mesmo. No que toca à ICG a ligação com a Universidade de Lérida, onde se situa a nossa fábrica, é fundamental e completamente estratégica. Quais os principais setores de atividade para os quais a ICG desenvolve as suas soluções atualmente? Têm novos setores em vista? Os setores de atuação, já fui falando neles nas questões anteriores, são o retalho, a restauração e a hotelaria. Estrategicamente a ICG aposta nestes setores aumentando a amplitude das suas plataformas e a orientação para as reais necessidades operacionais, criando produtos complementares como gestão de recursos, planeamento de atividades, controlo de assiduidade, comercio eletrónico e plataformas para SmartPhones de apoio à decisão, módulos especificamente desenvolvidos para as equipas de Marketing, com um grande aproveitamento de tecnologias já existentes na maioria das organizações e que nos possibilita ofertas muito atrativas para os nossos utilizadores. As soluções da ICG trabalham com um sistema ICG Remote. Quais as mais-valias associadas ao mesmo? É uma parte do que falei acima no aproveitamento de tecnologias já existentes com as quais a ICG construiu um produto próprio que aproveita os investimentos já existentes nas organizações no acesso à internet e integramos de uma forma interativa a informação entre as nossas plataformas independentemente da sua localização geográfica. Ou seja, como exemplo, temos cadeias de centenas de lojas espalhadas pelo mundo para as quais é indispensável a comunicação e o alinhamento com os centros logísticos, seja por questões de pricing, disponibilidades, campanhas, fidelização, entre outros. Seria impensável fazê-lo com o nível de investimento com que a ICG o possibilita se tivéssemos para garantir esta centralização, de apetrechar todos estes pontos com estruturas de comunicação proprietárias, ou pior até, depois faze-los depender da

estabilidade de um link. Inclusivamente em alguns pontos seria completamente impossível já que muitas vezes as expansões destes segmentos de mercado se fazem para países em que o crescimento de mercado está explosivo comparativamente ao nosso, e onde as infraestruturas de comunicações são ainda inexistentes ou parcas. Além destas, a grande vantagem desta plataforma ICG Remote é que havendo comunicação garante a integridade da informação em tempo real evitando assim o isolamento sem que em nada torne o ponto remoto dependente para a garantia das suas operações diárias – que na prática, na maioria das vezes, se concentra no atendimento ao cliente sendo de vital importância a disponibilidade da ferramenta de gestão. Inclusivamente é um produto reativo que detetando a possibilidade de comunicar trata de o fazer de uma forma totalmente autónoma, sem necessidade de qualquer interveção de utilizadores. A ICG, atualmente, distribui os seus produtos em mais de 60 países. Ainda assim, o mercado asiático é aquele em que têm uma posição menos proeminente. É muito difícil ser competitivo por exemplo ao nível dos preços nesta zona do globo? Provavelmente haveria outras pessoas dentro da ICG que poderiam ser mais específicos nesta questão, mas a dificuldade na minha opinião prende-se bastante mais com temas técnicos como por exemplo os idiomas. É completamente diferente desenvolver um produto que suporte mais do que um alfabeto do que desenvolver um produto que aceite exclusivamente o nosso. Outra questão importante que dá sempre bastante trabalho e obriga a um conhecimento profundo da realidade da região onde se pretende atuar, tem a ver com as obrigações fiscais – veja-se o caso de Portugal e o esforço, como já referi, quanto a mim incompreensível com que as produtoras de software nacionais e internacionais se confrontaram nos últimos dois, três anos; com as obrigatoriedades de controlo fiscal com que tiveram de apetrechar os seus produtos, onde muitas destas obrigações são extremamente complicadas de implementar e ao mesmo tempo manter as funcionalidades do produto com a mesma amplitude, simplicidade e agilidade. A ICG recebeu o prémio à melhor estratégia empresarial em inovação e

internacionalização. Quais as razões para terem recebido essa distinção? Como caracteriza essa mesma estratégia? A especialização nas áreas de atuação, a inovação tecnológica apontando para a eficácia e redução de investimento por parte das organizações com as sua plataformas de TI e a sua capacidade de internacionalização foram creio eu fatores decisivos nesta distinção, e claro que a ligação ás universidades é fundamental para tornar estes objetivos reais.

Quais os objetivos da ICG para os próximos anos? Há claramente dois objetivos inseridos naquilo que é a nossa missão empresarial que é de dotar os nossos utilizadores de plataformas cada vez mais eficazes e avançadas tecnologicamente. Um objetivo claro é o de alargar, desenvolver e manter a estratégia de internacionalização e o outro é o de acompanhar a evolução tecnológica a que se assiste neste momento. A multi plataforma, ou seja produtos que funcionem independentemente da plataforma é uma realidade, veja-se o exemplo do Android e as aplicações SaaS (Software as a Service), são uma realidade. No caso da ICG como temos tido sempre o cuidado de garantir e pretendemos manter, o nível de qualidade e de abrangência dos nossos produtos independentemente das evoluções tecnológicas, e será estratégico que o continuemos a fazer de uma forma completamente consistente com a realidade tecnológica, sabemos que em termos de imagem nos pode prejudicar. Temos visto produtoras de softtware colocarem uma bandeira pública no aproveitamento de alguma tecnologia mais recente com o objetivo claro de se destacarem apesar de que para nós é bastante óbvio que uma coisa é dizemos que já estamos a fazer investigação numa determinada filosofia de plataforma ou tecnologia e outra é dizer que a qualidade, as próprias plataformas, a capacidade de integração, e o nosso futuro, e aqui falo de nós e dos nossos utilizadores, está materializado com essas novas filosofias ou plataformas, é efetivo e sustentável – uma coisa é pôr um pé na lua, outra é ir para lá viver, e os nossos utilizadores usam as nossas plataformas em toda a sua abrangência e diariamente. Há uma responsabilidade presente e futura em manter e fazer crescer a nossa marca ao nível do que tem sido feito até a data.

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A OPINIÃO DE...

NANOTECNOLOGIA EM DESTAQUE

Vasco Teixeira, Coordenador do Projeto Nanovalor e Pró-Reitor para a Investigação da Universidade do Minho

Inovação e Desenvolvimento Tecnológico e o Cluster Euro-Regional de Nanotecnologia O projeto NanoValor pretende ser um motor de alavancagem de uma Euroregião de Excelência em Nanotecnologia pela dinamização de uma rede de cooperação efetiva entre os seus principais atores-chave.

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em-se observado nos últimos anos um importante desenvolvimento relativo à transferência de conhecimento de resultados procedentes da atividade de I&D em Nanotecnologia na Euroregião do Norte de Portugal Galiza. Parte do êxito encerra na sua base um esforço continuado por parte das instituições e grupos de investigação destas duas regiões, capazes de desenvolver investigação científica cada vez mais competitiva, eficiente e articulada. Muito embora o verdadeiro impacto da Nanotecnologia ainda não seja efetivamente mensurável, os produtos que a incorporam representam, atualmente, um mercado que não pode ser ignorado. Não obstante, existem ainda inúmeras barreiras na comercialização de produtos, processos e tecnologias que resultam de projetos de I&DT ao longo do ciclo de inovação. Salienta-se a ausência de práticas de gestão de I&D e inovação adequadas, a desarticulação entre estratégias públicas de I&D e necessidades das empresas, a ausência de avaliação da viabilidade económica de ideias e projetos, a dificuldade na gestão de tecnologias plataforma, a gestão ineficiente da propriedade industrial, o baixo investimento empresarial em investigação e o insuficiente financiamento específico para o desenvolvimento de protótipos e provas de conceito. Como principal conclusão destaca-se a necessidade em sensibilizar a comunidade empresarial, industrial e de investimento para a participação ativa em todo o ciclo de I&D e inovação. Existe a necessidade premente de apostar em políticas públicas assentes em estratégias de complementaridade e eficiência coletiva que deverão prevalecer sobre as ações isoladas de todos os agentes de apoio à inovação e transferência de conhecimento responsável pelos ativos existentes em Nanotecnologia na Euroregião. Destaca-se, assim, a importância das atividades, promoção de projetos e mapeamento de competências do Cluster Euro-Regional de Nanotecnologia (futuramente a ser constituído como Pólo de Competitividade em Nanotecnologia) e que, juntamente com o novo programa quadro Horizonte 2020 (H2020), representa uma oportunidade de crescimento, desenvolvimento, emprego e competitividade na Euroregião. O H2020, considerado como o maior programa de financiamento de ciência e inovação do mundo com uma dotação orçamental de 70.2 mil milhões de euros para o período 2014-2020, estabelece três prioridades: Excelência Científica, Liderança Industrial e Desafios Societais. O H2020 será crucial para a garantia de ecossistemas de inovação capazes de alavancar o crescimento das regiões europeias. O objetivo das indústrias competitivas visa tornar a Europa num local mais atrativo para investimento

em investigação & inovação e pela promoção de atividades onde o negócio é parte integrante da agenda. Este princípio estratégico irá aumentar o investimento em tecnologias industriais-chave, maximizando o potencial de crescimento das empresas da Europa, proporcionando-lhes níveis adequados de financiamento e apoiar as PME inovadoras na sua internacionalização e posicionamento mundial. Portugal também beneficiará do novo Quadro Financeiro Plurianual da UE para 20142020. O novo quadro comunitário que sucederá ao atual QREN designar-se-á Portugal 2020. Pretende-se que este novo ciclo de fundos contribua como o motor da inovação produtiva e tecnológica, na reindustrialização da base económica, da expansão e internacionalização das PME e de uma especialização inteligente de base regional. O mapeamento de competências tecnológicas é fundamental para se explorar todas as potencialidades oferecidas por estes novos fundos comunitários. Em resultado do estudo do mapeamento de competências em Nanotecnologia efetuado pelo consórcio (disponível em www.nanovalor.org) pode-se concluir que a realidade se encontra numa fase disruptiva na medida em que as empresas Euroregionais identificam a nanotecnologia como um veículo interessante para as suas áreas de ne-

gócio. A implementação de produtos nanotecnológicos na indústria automóvel e da construção civil ocupam o 1º lugar uma vez que quase 30% das empresas da amostra identificam-nas como uma oportunidade. Seguem-se a indústria têxtil, da energia, sanitária e de materiais assinaladas por um quinto das empresas. Com 20% encontram-se as aplicações para as indústrias eletrónica e do meio ambiental. A aplicação na indústria alimentar é a seguinte na lista com uma percentagem de 18% seguindo-se as aplicações dirigidas à indústria da biotecnologia, farmacêutica e militar, com percentagens em torno de 15%. Destaque-se também a importância do Observatório de Vigilância Tecnológica, NanotechRadar, implementado no âmbito do NanoValor e que permitirá oferecer à comunidade de inovação, composta já nesta fase por mais de 500 investigadores e cerca de 300 empresas, um serviço de inteligência competitiva. O NanotechRadar irá oferecer um conjunto de informação estratégica, roadmaps customizados, consultoria sobre propriedade intelectual, orientação sobre a nanotecnologia, serviços de vigilância competitiva para análise de novos produtos e tecnologias e potenciais oportunidades de projetos para os próximos programas Horizonte 2020 e Portugal 2020.


INOVAÇÃO

Aline Paschoal, CEO-Indoorvias, Lda, em entrevista

Pontos de Vista Outubro 2013

Inovar com valor A inovação é hoje uma premissa essencial e fundamental para a sociedade, onde o universo empresarial assume-se como um «produtor» sem fim de inovações que têm como principal desiderato facilitar o dia-a-dia do cidadão comum e de empresas. Aline Paschoal, CEO da Indoorvias, Lda, em entrevista à Revista Pontos de Vista, revelou algumas das potencialidades da Indoorvias, uma marca que assume um cariz multifacetado e de enorme valor. Quais os produtos e serviços mais inovadores que a Indoorvias disponibiliza? Somos uma empresa multifacetada. Devido à minha formação como Analista de Sistemas, começámos a atividade com a distribuição e comercialização de soluções e equipamentos informáticos. Somos revendedores das melhores marcas e distribuidores exclusivos de marcas como Raptor-Gaming, Iriver. Devido às tempestades que ocorreram há cerca de cinco anos e que afetaram profundamente a região Oeste, causando prejuízos avultados a empresários de diversos segmentos, incluindo a nós, e especialmente aos agricultores, vimos aí uma oportunidade de negócio e começamos a procurar uma solução que colmatasse o problema das variações de tensão que causam estragos em equipamentos electroeletrónicos (kavas e sobretensão da rede elétrica), pois as UPS’s, conseguem resolver localmente (equipamento a equipamento), mas torna-se dispendioso e inviável ter 1 ups para cada equipamento que possuímos. Encontramos os Power Saver, aos quais demos o nome de “Controladores”, que conseguem proteger a instalação e ainda evitam as perdas, estabilizando a rede com uma substancial redução de consumos de energia elétrica. Antes do lançamento no mercado estivemos durante quase um ano a testar o seu funcionamento e ainda hoje estamos a aprender. Como os nossos clientes ficavam satisfeitos, solicitaram-nos uma solução para os combustíveis, e também por isso, já estamos a trabalhar e em breve teremos a solução para a Água.

Quais as principais vantagens competitivas da Indoorvias? De que forma se posicionam e diferenciam dos concorrentes? Temos várias. Sendo a principal delas a qualidade dos nossos produtos e serviços. Além disso, conhecemos profundamente os mesmos, contamos com a responsabilização de todos os profissionais que trabalham connosco, somos líder de mercado. Todas as empresas da concorrência tentam copiar o que fazemos, porque todas as informações que estão disponíveis no mercado, foram de uma forma ou de outra, retiradas das nossas pesquisas e experiências. Nós sabemos o que são e como funcionam os controladores, e principalmente os nossos. Somos a única empresa que possui equipa técnica própria e treinada especificamente para os Controladores de Energia e que é composta por técnicos e engenheiros com larga experiência! Fazemos testes e se verificarmos que o cliente não será beneficiado, somos os primeiros a dizer-lhe que não compensa o investi-

sopa dos miúdos usando o passevite. Hoje preciso de usar a máquina de lavar, a picadora, o forno elétrico, enquanto cuido dos miúdos. As máquinas fazem o trabalho chato e necessário e assim tenho tempo para estar com meus filhos e marido, acompanhar os trabalhinhos da escola, cuidar de mim mesma. Portanto, ao facilitar o nosso dia-a-dia, temos mais tempo. O uso de eletrodomésticos cada vez mais sofisticados também implicam mais consumos. Os controladores podem dar uma ajuda preciosa. Na minha casa reduziram em mais de 15% os consumos mensais.

Aline Paschoal mento. Não vendemos a qualquer custo! Profissionalismo, honestidade e seriedade fazem parte da nossa casa. Fazemos um trabalho personalizado para cada cliente, e vemos caso a caso, detalhe a detalhe. Colocamo-nos no lugar dos nossos clientes a cada produto ou serviço novo que disponibilizamos. Somos os primeiros.

Como funcionam os controladores de energia e quais a mais-valias associadas aos mesmos? São equipamentos amigos do ambiente, filtram, controlam e estabilizam a energia da instalação elétrica em que são inseridos e conseguem reduzir de forma eficaz e sem ser necessário fazer-se grandes alterações/atualizações na instalação dos nossos clientes, tais como mudança de tipo de iluminação, modernização da maquinaria, obras, entre outros, que têm custos muito elevados. Os controladores reduzem os custos operacionais dos nossos clientes, aumentam a sua margem de lucro, a sua eficiência e tornam-nos mais competitivos frente à sua concorrência. Têm uma vida útil bastante alargada e um payback muito interessante. Numa altura em que as famílias têm que estar cada vez mais atentas aos seus gastos e precisam necessariamente de os reduzir, a Indoorvias posiciona-se estrategicamente no mercado, dando uma resposta a essa necessidade? Poderá estar na crise uma oportunidade para a empresa? O nosso público-alvo não é o consumidor doméstico, mas as PME’s. Queremos ajudar o tecido empresarial que está com muitas dificuldades. Neste momento, a maioria dos nossos clientes residenciais

são os empresários que adquiriram os nossos equipamentos para as suas empresas, comprovaram a eficácia e compram para as suas casas. Somos capazes de dar resposta em termos de soluções, digo que sim. Apesar de representar uma fasquia interessante de mercado, a nossa experiência diz que seria necessário ter uma equipa maior de Consultores para ser possível aconselhar caso a caso, sobre a melhor solução. Nós não descuramos as necessidades dos clientes domésticos e assim disponibilizamos no nosso site um Simulador que indica o quanto cada cliente pode poupar com as nossas soluções face ao seu consumo, ou então podem-nos facultar as faturas e fazemos esse trabalho gratuitamente.

Apesar desta necessidade que a maior parte das famílias têm de reduzir os seus consumos, em Portugal, é o setor residencial aquele que tem evidenciado um aumento maior dos consumos energéticos. Como é que isto se explica? Há algum desconhecimento em relação às soluções que existem para reduzir os consumos por parte dos mesmos? Este ponto tem diversas variáveis, vou tentar ser sucinta e focar-me nas principais. Se por um lado há algum desconhecimento de como evitar custos. Há a questão de que cada vez mais, precisamos de usar equipamentos que nos facilitem o dia-a-dia, que trabalhem quase sozinhos. Vejamos o meu exemplo, que expressa a realidade da maioria das mulheres portuguesas. Sou empresária, também dona de casa com filhos, trabalho a tempo inteiro, é impensável voltar ao tempo em que se lavava a louça e a roupa a mão, fazia a

O que é que, na sua opinião, é necessário fazer para que Portugal comece a apostar mais nas energias renováveis? Portugal tem vindo a investir bastante nesta área, mas temos margem para fazer mais e melhor. Temos de aprender com o que foi feito, porque não adianta só criticar, há que estudar e apresentar soluções que sejam exequíveis e economicamente viáveis e dá-las a conhecer ao público, aprimorar o positivo e não repetir o negativo, aproveitar mais e melhor os recursos que temos de forma gratuita.

Acredita que Portugal tem condições para se tornar autossuficiente a nível energético? É possível que se consiga ter mais autonomia, mas a auto-suficiência, que para qualquer país é a situação ideal. Infelizmente considero que seria utópico pensar-se que é para sempre, pois, precisamos de crescer e o crescimento necessita de mais fontes de energia, ou seja, mesmo que em determinado ponto tenhamos essa tão almejada auto-suficiência, não a poderemos manter se quisermos continuar a crescer de forma sustentável e com qualidade.

Que metas a Indoorvias tem estabelecidas para os próximos anos e quais as expectativas em relação aos tempos que se avizinham? A primeira meta, é aumentar a quota de mercado para a zona norte de Portugal. Neste momento, detemos cerca de 60 por cento da quota dos controladores. Queremos manter a liderança, concomitante com a confiança de nossos clientes, sem descurar a qualidade e a excelência dos nossos serviços. Para tal, estamos a reforçar a nossa equipa, através do recrutamento de 40 Consultores Comerciais e outras dez pessoas para diversos setores da empresa, entre cargos administrativos e técnicos. A segunda meta passa pela internacionalização. Fiz prospeção e temos estudos que apontam para a aceitação do nosso projeto em vários países europeus e não só.

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INOVAÇÃO

Carlos Setra, Presidente do Conselho de Administração do Laboratório Edol

Uma empresa com “uma saúde que se vê” Apostar em produtos diversificados, enquadráveis com os mais elevados padrões de qualidade tem sido o compromisso de honra do Laboratório Edol perante a sociedade, tendo conquistado um lugar de referência na indústria farmacêutica em Portugal. Num crescimento assente em bases sólidas e sustentáveis, ao longo de mais de seis décadas de existência, a empresa especializou-se em quatro principais áreas: oftalmologia, cosméticos e higiene corporal, dermatologia e otorrinolaringologia. Apesar da pequena dimensão, as ambições continuam em alta e os resultados estão à vista. A atual líder nacional de vendas na área de oftalmologia, abraçou agora um novo ramo de negócio: Ginecologia.

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ela sua saúde trabalhamos mais e melhor”. Desde 1952 que este tem sido o compromisso assumido pelo Laboratório Edol, uma empresa que começou numa farmácia em Lisboa e que conquistou o respeito de todos nesta vasta cadeia que carateriza a indústria farmacêutica em Portugal. Adotando um crescimento sustentado que não leva a cometer grandes loucuras, a empresa tem acompanhado os altos e baixos que a saúde enfrenta, assumindo um lugar de liderança no mercado de vendas no setor de oftalmologia e com uma sólida implementação em dermatologia. Definindo-se como uma empresa “humana e humanizante”, familiar, de pessoas para pessoas, o Edol orgulha-se de ter vindo a passar pela crise financeira e económica que nos envolve, sem ter dispensado qualquer colaborador embora atento a contenção de custos. É uma empresa virada para o mercado global, 100% portuguesa. Não querendo dar passos maiores do que as pernas, a empresa procurou conquistar nichos de mercado de uma forma lenta e consolidada, especializando-se em quatro principais segmentos: oftalmologia, dermatologia, dermocosmética e otorrinolaringologia. Com o objetivo de disponibilizar aos seus utentes as melhores soluções terapêuticas, a empresa agarrou um novo desafio e entrou no mercado da ginecologia. “Sentimos a necessidade de alargar a nossa atuação. Uma vez que somos uma empresa pequena, temos que nos aproximar de áreas de negócio que possamos dominar. Temos de pensar em projetos relativamente comedidos e desafios que não sejam de grande loucura”, salientou Carlos Setra, Presidente do Conselho de Administração do Laboratório Edol, em conversa com a Revista Pontos de Vista. Apesar da instabilidade que se faz sentir na indústria farmacêutica em Portugal,

Pela quinta vez consecutiva, o Laboratório Edol conquistou o estatuto de PME Líder, no âmbito do Programa FINCRESCE, do IAPMEI, cujo objetivo é distinguir as empresas nacionais com perfis de desempenho superiores.

Biomédica e Inovação em Luz e Imagem, da Agência de Inovação (ADI), do Health Cluster Portugal, entre outras sociedades médicas ou companhias internacionais com produtos inovadores. Estas relações de proximidade e de permanente atualização com os seus parceiros permitem que o Laboratório Edol consiga retirar as melhores experiências possíveis no desenvolvimento dos seus próprios produtos.

O papel da investigação nesta indústria

Carlos Setra o Laboratório Edol não perdeu terreno, sendo uma das empresas mais bem posicionadas no mercado.

O que significa inovação?

No seio desta empresa, inovação é “tudo o que tivermos possibilidade de fazer no sentido de melhorar os nossos produtos e criar situações novas. É apostar numa permanente atualização e aumentar a nossa competitividade”. A definição chegou por Carlos Setra. Aperfeiçoar o que se sabe fazer de melhor é o propósito do presente e do futuro. Inovar é contribuir para o desen-

volvimento da indústria farmacêutica e estar constantemente conectado a instituições de ensino ou outras entidades no desenvolvimento de novos produtos. Por conseguinte, foram estabelecidos protocolos e parcerias com instituições de renome no setor científico para que, deste modo, o Laboratório Edol possa, efetivamente, acompanhar a criação e o desenvolvimento de novos produtos. Falamos, por exemplo, da Faculdade de Farmácia de Lisboa, do Instituto Biomédico de Investigação da Luz e Imagem, do Laboratório de Ensaios Farmacêuticos, da Associação para a Investigação

Enquanto representante de uma companhia farmacêutica especializada no desenvolvimento, fabrico e comercialização de medicamentos, dispositivos médicos, dermocosméticos e suplementos alimentares, Carlos Setra lamenta que não se faça mais pela investigação em Portugal. Para que tal aconteça é necessário conjugar uma série de fatores cruciais para a “boa saúde” desta indústria. São necessários sistemas de saúde bem-sucedidos, mercados prósperos e um aproveitamento eficaz da propriedade inteletual. No fundo, e tal como Carlos Setra resumiu, apesar de existirem muitas mentes brilhantes em Portugal, tudo se centra num “problema económico”. “A investigação custa dinheiro e se continuarmos a assistir a esta política de baixar o preço dos medicamentos não conseguimos chegar lá”, garantiu o responsável. Para que se consiga encontrar um equilíbrio entre a capacidade financeira dos sistemas de saúde e a necessidade de inovação farmacêutica não basta ficar eternamente à espera da aprovação de fundos comunitários. “Temos de criar mecanismos próprios que nos permitam abrir os nossos projetos sem precisarmos desses subsídios. O país tem de conseguir resolver os seus problemas sem apoios que nos podem custar sempre muito dinheiro”, afirmou. Apesar deste “emagrecimento brutal no setor, sobretudo ao nível das empresas nacionais que têm vindo a ser progressivamente esmagadas pelas Investigação e Desenvolvimento - Principais áreas de atuação: - Fabrico à escala piloto; - Validação do processo de fabrico; - Desenvolvimento e validação analítica; - Dossiers técnicos de registo.


Pontos de Vista Outubro 2013

Temos de criar mecanismos próprios que nos permitam abrir os nossos projetos sem precisarmos desses subsídios. O país tem de conseguir resolver os seus problemas sem apoios que nos podem custar sempre muito dinheiro

internacionais”, a indústria farmacêutica ainda é um importante gerador de inovação, sendo uma alavanca para o desenvolvimento médico e científico. Mas, quando se fala em investigação e desenvolvimento, surge uma série de riscos associados que cada vez mais pesam na hora de avançar. Uma vez que as taxas de insucesso continuam a ser extremamente altas, importa saber se uma empresa tem sustentabilidade para suportar os investimentos associados aos longos períodos de tempo. Este ciclo dependerá, portanto, dos retornos financeiros resultantes dos medicamentos comercializados. A esperança, essa, não é animadora para grande parte destas empresas, sobretudo com a asfixia provocada pela indústria do medicamento genérico e com a contrafação de medicamentos que, segundo dados do centro norte-americano que acompanha o mercado paralelo, cresceu 90 por cento em todo o mundo, desde 2005. Os fármacos

falsificados representaram cerca de 55 mil milhões de euros em 2010.

Importância dos mercados externos

No Laboratório Edol, a aposta na internacionalização é feita através de parcerias com empresas locais. Com o tamanho reduzido e com a situação atual do mercado interno, a solução passa pelo reforço das exportações. Neste sentido, a Edol continua a trabalhar para atingir um dos grandes objetivos: as exportações representarem 50 por cento do total da sua faturação. Mas este é um trabalho lento e que exige determinação. Hoje, a empresa tem cerca de 180 produtos em fase de registo o que, apesar da lentidão caraterística deste processo de registo de medicamentos, é um sinal positivo para o futuro. O mercado nacional continua a ter uma importância chave e a empresa continuará a apostar na introdução de novos produtos. Contudo, o mercado externo está a crescer e, atualmente, a Edol já exporta produtos em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Marrocos, Líbia, Iraque, Líbano, Etiópia, África Francófona, entre outros. Nos planos de Carlos Setra, continua ainda e desde há algum tempo um espaço por preencher. “Há muitos anos que tento fazer alguma coisa no Brasil mas, objetivamente, não consigo. Falamos todos a mesma língua, temos os mesmos horizontes mas temos pensamentos completamente divergentes. É um país enorme que não tem necessidade de ter a presença de empresas estrangeiras”, concluiu Carlos Setra. Levar o nome da Edol ao mercado brasileiro continuará a fazer parte dos horizontes desta equipa que, “com perseverança”, continuará a ser a força motriz de uma empresa com “uma saúde que se vê”.

Laboratório Edol em dados cronológicos: 1952 – Início da atividade a partir de uma farmácia de Lisboa; 1962 – Foi construída a primeira unidade fabril; 2000 – Início de um período de reestruturação e modernização; 2005 – Processo de internacionalização; 2007 – Criação da nova imagem corporativa; 2008 – Mudança para novas instalações; Ainda em curso – Construção de uma nova unidade fabril.

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Produção para terceiros A flexibilidade de fabrico permite que o Laboratório Edol possa responder com prontidão às necessidades dos clientes. Com autorização de fabrico e certificado de conformidade com as GMP’s, emitidas pelo Infarmed, para produzir uma vasta gama de formas farmacêuticas líquidas e semissólidas, a empresa produz, atualmente, cerca de 3,5 milhões de unidades por ano com uma capacidade instalada de 7,2 milhões de unidades por turno, por ano.


INOVAÇÃO - UM-RENOVAR

Umbelino Monteiro, SA

UM–Renovar - chegar mais perto dos consumidores Adotando o slogan “Ganhe um telhado grátis e proteja a sua casa com o melhor escudo”, a Umbelino Monteiro está a sortear dois telhados. Sabendo que esta será sempre uma compra complexa, pouco frequente e consciente das dificuldades que isto representa para o consumidor, a Umbelino Monteiro criou a campanha UM – Renovar para chegar mais perto do consumidor. “A nossa ideia é colocar ao serviço do edifício comum a experiência que acumulámos na área da reabilitação”, revela Teresa Monteiro, Diretora Geral da Umbelino Monteiro, SA, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Saiba mais de um concurso que vai na segunda edição e que tem tido bastante sucesso.

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A Umbelino Monteiro considera o telhado um importante elemento arquitetónico e é essa a filosofia que tem procurado transmitir, desde a sua génese, ao cliente. Esse mesmo cliente tem partilhado da mesma preocupação? Eu diria que em muitos casos há sensibilidade para perceber o impacto do telhado no edifício, a localização do telhado e a exposição faz do telhado um elemento preponderante no edifício. A opção no que respeita ao modelo e à tonalidade das telhas deverá estar em harmonia com os materiais e tonalidades das fachadas, arquitetura do edifício, e do enquadramento do edifício com a envolvente. No que se refere ao telhado na paisagem, principalmente urbana, eu diria que essa preocupação está pouco presente ainda. A topografia acidentada da maioria do território faz com que o telhado assuma protagonismo nos edifícios, como se de uma quinta fachada se tratasse, impondo-se na paisagem. Quando admiramos a paisagem urbana de um qualquer miradouro numa qualquer cidade, vila ou aldeia, é o telhado, com as suas diferenças cromáticas e formas que se afirma na paisagem Portuguesa, o protagonismo dos telhados na paisagem faz deles um elemento da nossa cultura e identidade. A vista das nossas cidades e aldeias não seria a mesma sem o colorido dos telhados cerâmicos, na minha opinião um valor cultural que deveríamos preservar. Hoje em dia, a reabilitação dos telhados assume-se como um passo fundamental nos projetos de regeneração. Além de todas as vantagens económicas e energéticas, que mais-valias se destacam? Eu diria que a cobertura se reveste de importância em três dimensões fundamentais: a estética, de que já falei, a funcional e a económica. A cobertura tem que assegurar a sua função de proteção do edifício relativamente aos agentes da natureza, chuva, neve, vento, frio ou calor. Tem uma dimensão económica porque, às diferentes opções construtivas correspondem: investimentos diferentes, com vida útil diferente e que induzem consumos energéticos diferentes, para manter iguais condições térmicas no interior do edifício. No que respeita à vertente económica tende-se a privilegiar uma visão de curto prazo, limitada

Mosteiro de Alcobaça

Palácio da Junqueira à analise do custo da solução a adotar, em detrimento de uma perspetiva de longo prazo em que o custo da solução é avaliado tendo em consideração o seu ciclo de vida útil, ou seja a duração da solução e os consumos decorrentes da utilização, os custos de manutenção e os custos associados ao fim de vida dos materiais utilizados. Se seguirmos uma abordagem de ciclo de vida, a cobertura cerâmica apresenta os melhores resultados em termos de sustentabilidade, em larga medida resultado da longa duração, da reduzida manutenção. De um modo geral, as pessoas têm consciência de que um telhado pode

permitir poupar energia? De que forma se pode tornar um telhado eficiente? Que conselhos procuram transmitir? Cada vez há uma maior sensibilidade para as questões relacionadas com a redução dos consumos energéticos. Pergunta-me como é que um telhado se pode tornar eficiente, a resposta é minimizando as transferências de calor ou frio entre o edifício e o exterior e vice-versa. Ou seja, no verão em que as temperaturas no exterior são elevadas, pretende-se limitar os ganhos de calor, inversamente no inverno em que a temperatura exterior é mais baixa pretende-se evitar as perdas de calor por parte do edifício através da cobertura. Este príncipio não se aplica apenas à cobertura, mas, por causa da exposição, localização e dimensão da cobertura, sobretudo na habitação unifamiliar, um estudo realizado pela Energybuilding, estima que as perdas térmicas através da cobertura representam cerca de 30% do total das perdas de energia de uma residência unifamiliar, o que faz da cobertura uma área que deve ser objeto de especial atenção no que respeita ao conforto térmico do edifício quando se quer ter uma fatura energética baixa. Os cuidados que se devem ter para assegurar uma cobertura de elevada eficiência térmica começam logo no planeamento da cobertura, este planeamento deve ter em conta arquitetura do edifício e a localização, se possível, deverá ser escolhida a melhor geometria e orientação em função dos ganhos solares, a

escolha dos materiais adequados é fundamental para o bom funcionamento do telhado, e estes devem ser selecionados de acordo com as necessidades do edifício e das exigências da localização. A solução construtiva a adotar deve ser a mais adequada à telha escolhida; Para assegurar comportamento térmico eficiente tem que haver ventilação, ou seja, circulação de ar na face inferior da telha, deixando uma “caixa de ar” entre a telha e o suporte. De forma a garantir a efetiva circulação de ar é necessária a ventilação de todos os elementos da cobertura, recorrendo a acessórios de fixação mecânica na fixação dos elementos da cobertura para que não haja impedimentos à circulação do ar, juntando a utilizando telhas ventiladoras para aumentar o caudal de ar e promover a circulação do ar que se encontra entre a telha e o suporte, por último escolher o isolamento térmico e forma de aplicação adequada para a solução construtiva.

Deste trabalho em prol do telhado eficiente nasceu a solução UM-RENOVAR. Em linhas gerais, em que consiste este sistema? Quais são as principais vantagens? O sistema integrado “UM-Renovar” é o resultado da contínua investigação e desenvolvimento, da procura permanente de soluções técnicas para coberturas cerâmicas. Pretendemos com o sistema construtivo UM RENOVAR pôr ao serviço da reabilitação dos edifícios comuns a experiência e know-how obtido em mais de 30 anos de dedicação à renovação do património edificado, integrando preocupações de sustentabilidade. A solução UM-Renovar é uma solução fácil, completa e integrada para a renovação de telhados, resulta da combinação de três produtos com a assinatura Umbelino Monteiro: telhas cerâmicas e respetivos acessórios, placas de fibrocimento UM (sub-telha) e telhas solares fotovoltaicas Solesia.

Adotando o slogan “Ganhe um telhado grátis e proteja a sua casa com o melhor escudo”, a Umbelino Monteiro está a sortear dois telhados. Como nasceu esta ideia? Como é que uma pessoa se pode habilitar? Qual a data final do concurso? Estamos conscientes de que o telhado é uma compra complexa e pouco frequen-


Pontos de Vista Outubro 2013

te, conscientes das dificuldades que isso representa para o consumidor criámos a campanha UM – Renovar para chegarmos mais perto dos consumidores. A nossa ideia é colocar ao serviço do edifício comum a experiência que acumulámos na área da reabilitação, experiência adquirida ao longo de mais de 30 anos a trabalhar na reabilitação do património edificado. As pessoas que se inscrevem no concurso, em www.telhadogratis. pt beneficiam logo de aconselhamento técnico gratuito para a renovação da cobertura ou nova construção, se vierem a adquirir as nossas telhas habilitam-se a receber de volta o montante gasto até ao limite de 2.500 Euros. Este concurso tem dois sorteios, o primeiro já aconteceu em 4 setembro, mas ainda há oportunidade para ganhar, o próximo e último sorteio está marcado para 4 de dezembro. De que forma têm procurado divulgar este concurso que vai já na segunda edição? Qual é o feedback que tem tido? Em termos de divulgação, contamos com o apoio da rede de distribuidores dos nossos produtos, lojas de materiais de construção, espalhados por todo Portugal continental e Ilhas, complementado com publicidade na rádio, imprensa, televisão, internet e participação em feiras. Tem sido importante para nós aproximarmo-nos dos consumidores, e temos tido também da parte dos consumidores uma boa adesão a esta iniciativa, parece-me que todos, nós fabricantes, consumidores e distribuidores temos a ganhar com esta proximidade. Mais do que um mero “carimbo verde”, a Umbelino Monteiro tem uma preocupação constante no que respeita à adoção de uma “mentalidade ambientalmente amigável”. Na prática, em que é que esta filosofia se traduz? Na Umbelino Monteiro estamos seriamente comprometidos com a promoção de uma cultura com preocupação ambiental junto de todos os stakeholders. A preocupação com a defesa do ambiente faz parte da estratégia empresarial e está presente em todas as decisões da empresa. Na Umbelino Monteiro atua-

Palácio de Sintra

mos na redução do impacto ambiental da atividade industrial da empresa, o sistema de gestão ambiental está certificado de acordo com a NP EN ISO 14001; fazemos investigação e desenvolvimento ao nível dos produtos e sistemas construtivos que são capazes de elevar o conforto térmico, reduzindo o consumo de energia, aumentando a longevidade da cobertura e desta forma a sustentabilidade do edifício.

O Mosteiro dos Jerónimos, a Basílica da Estrela, a Casa de Serralves ou o Palácio de Monserrate são alguns dos projetos de referência ao nível da revitalização de edifícios com a assinatura da Umbelino Monteiro. Que outros projetos estão, atualmente, em cima da mesa? Que desafios terão de enfrentar no futuro? Destacaria o “Centro de Arte Contemporânea Graça Morais” em Bragança, um projeto do Arq. Souto Moura; A “Torre de Menagem de Barcelos” que integrou na cobertura um sistema Solesia, de produção de energia elétrica; A reabilitação do “Edifício Varela” em Pombal, um projeto do Arq. Korrodi, para o qual foram produzidas réplicas dos beirados originais; Estamos a fornecer mais uma fase da reabilitação da cobertura do “Mosteiro de Alcobaça” e da “Igreja de Santa Clara” em Santarém; e a Pousada da Serra da Estrela no antigo sanatório dos ferroviários da Covilhã, também um projeto do Arq. Souto Moura. Em termos de desafios, queremos continuar a crescer nos mercados externos, manter a liderança na renovação do património e na construção sustentável. Estamos confiantes face ao futuro porque os nossos produtos até quando colocados em condições estremas, como em zonas frias ou perto do mar, tem uma qualidade reconhecida; o nosso sistema construtivo acrescenta valor ao edifício, temos uma equipa disponível para dar o apoio técnico necessário para estudar casos concretos de renovação ou reabilitação, com o promotor, o projetista, ou quer com o construtor. Continuamos a preparar o futuro, envolvidos em projetos de investigação e desenvolvimento nas áreas de produtos e sistemas construtivos.

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BREVES

Festival ART&TUR traz cinema turístico a Portugal Pelo 6º ano consecutivo, entre os dias 21 de outubro a 2 de novembro, a cidade de Barcelos irá celebrar a excelência do cinema turístico. Durante cerca de duas semanas, o Festival ART&TUR oferece aos seus visitantes exposições culturais e fotográficas, animação noturna, sessões de filmes e uma Conferência Internacional. Este evento tem atraído anualmente entre 200 a 300 de filmes turísticos, provenientes de dezenas de países. Este ano, o Júri internacional inclui 15 nomes sonantes, entre os quais Mário Augusto, Júlio Magalhães e Luís Paixão Martins, sendo presidido por António Carneiro, ex-presidente do Turismo do Oeste. Durante o Festival, todos os filmes da 6ª edição premiados pelos membros do Júri serão exibidos de forma gratuita a todos os visitantes. A Gala de Prémios do Festival ART&TUR, conhecida pelos Óscares do Cinema Turístico, terá lugar no dia 2 de novembro. O galardão atribuído aos filmes vencedores será o GALO DE BARCELOS, diversos galos concebidos por diversos artesãos locais especificamente para este evento. Para mais info, visite: www.tourfilm-festival.com

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Decoração, mobiliário, indústria e design nacional na 37ª edição da INTERCASA

SIL 2013

ponto de encontro entre empresas e investidores da CPLP e do Oriente Assinalando a sua 16ª edição, o SIL – Salão Imobiliário de Portugal regressa à FIL, no Parque das Nações, em outubro, entre os dias 9 e 13, afirmando-se enquanto plataforma privilegiada no apoio à internacionalização das empresas do setor da construção e do imobiliário. Em colaboração com várias entidades ligadas ao setor, a organização do certame promoverá conferências focadas em mercados em crescimento ou com elevado potencial de investimento, visitas e encontros com investidores estrangeiros convidados a virem a Lisboa por ocasião do salão.

26.ª edição da CONCRETA

A INTERCASA – Feira Internacional de Decoração de Interiores e Exteriores, regressa à FIL, no Parque das Nações, a partir do dia 5 de outubro para a sua 37ª edição e por lá ficará durante nove dias apresentando a mais completa oferta de tendências e estilos para a casa dos portugueses. O evento constitui-se hoje como uma verdadeira montra de ideias, conceitos e tendências, com as melhores e mais inovadoras propostas para o interior e exterior, numa oferta completa apresentada por mais de cem empresas presentes nos certames.

Nova Sede da EDP

Está a chegar a 26ª edição da CONCRETA, a Feira Internacional da Construção para uma Regeneração Urbana Sustentável. A Exponor irá receber entre 23 e 26 de outubro um momento de debate, networking e internacionalização da fileira da construção nacional. Efetivamente, internacionalização, I&D e Inovação e Regeneração Urbana e Sustentabilidade são os principais focos deste evento que pretende reforçar a vertente da internacionalização através do convite feito a compradores de mercados considerados estratégicos. Paralelamente, a organização pretende destacar a construção sustentável, dando enfoque à regeneração urbana e gestão inteligente das cidades.

A Comissão Executiva da Especialização em Direção e Gestão da Construção promove, no próximo dia 16 de outubro, a partir das 10h00, uma visita técnica às obras de construção da nova sede da EDP - Energias de Portugal. O novo edifício, sede da EDP, terá oito pisos acima do solo e seis em cave, com uma área total de 46.258 m2, dos quais 13.967 m2 destinados a escritórios, onde se concentrarão cerca de 750 trabalhadores. Este espaço contará ainda com 481 lugares de estacionamento, sendo 172 lugares de utilização pública. O atelier Aires Mateus Associados é o responsável pela arquitetura e o gabinete AFAconsult tem a cargo a responsabilidade dos projetos das diversas especialidades. A construção foi adjudicada ao consórcio Mota-Engil/HCI sendo a Fiscalização da Pengest. A construção tem um custo previsto de 57 milhões de euros, prevendo-se a sua conclusão no 3.º trimestre de 2014.


A OPINIÃO DE...

DIA MUNDIAL DA VISÃO – 10 DE OUTUBRO

Paulo Torres, Presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia

“Dia Mundial da Visão”: a importância da prevenção O Dia Mundial da Visão foi criado pela Organização Mundial de Saúde com a finalidade de chamar a atenção para as principais causas de cegueira e baixa visão no mundo, como também com o objetivo de desenvolver condições para o rastreio, diagnóstico e tratamento de doenças de acordo com as diferentes populações. É muito importante a reabilitação de pessoas com deficiência visual pelo impacto que a mesma tem, quer a nível individual quer a nível coletivo, nomeadamente socioeconómico.

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cegueira acontece quando a visão é praticamente nula ou inexistente. Devemos distinguir a cegueira legal e a cegueira médica. A cegueira legal está presente quando a acuidade visual é menor que 1/10 com a melhor correção ótica possível e ou quando o campo visual é menor que 10 graus. A cegueira médica é a ausência de perceção luminosa e neste caso é uma situação irreversível. A baixa visão acontece quando, como o nome indica, a visão é baixa e ou de má qualidade ótica, mas ainda permite a realização de tarefas pessoais e profissionais sem muita dificuldade com ou sem ajudas técnicas. As principais causas dos 285 milhões de casos de baixa visão e cegueira no mundo são as cataratas, as doenças da córnea com opacificação da mesma, as infeções oculares e os erros refrativos não corrigidos. Todas elas poderiam ser prevenidas e ou tratadas se as populações tivessem acesso a cuidados de saúde adequados, o que não acontece na maioria dos países em vias de desenvolvimento. A catarata tem como principal causa de aparecimento o envelhecimento natural do cristalino, pelo que não é muito fácil preveni-la. No entanto, a exposição à radiação solar ultravioleta acelera o seu aparecimento e, por conseguinte, uma forma de tentar prevenir ou atrasar o seu aparecimento será através do uso de óculos com proteção anti-UV. A baixa visão por catarata pode ser resolvida através de cirurgia muito eficaz e gratificante, como acontece no nosso país. As opacidades da córnea, resultantes de infeções, poderiam ser prevenidas com o melhoramento das condições de higiene das populações, nomeadamente nos países em desenvolvimento. E os erros refrativos não corrigidos teriam o seu problema solucionado com o aumento das capacidades socioeconómicas das populações, de forma a facilitar um melhor acesso às várias modalidades de correção. A Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) está empenhada no combate ao flagelo das doenças oculares em países em vias de desenvolvimento, pelo que estabeleceu um protocolo com o

Já em Portugal, como nos outros países ocidentais, as principais causas de baixa visão e ou cegueira são a degenerescência macular ligada à idade (DMI), o glaucoma e a retinopatia diabética

Ministério da Saúde de Moçambique para iniciar um trabalho de diagnóstico e tratamento de várias patologias oculares no Hospital Central da cidade de Maputo. Com isto, a SPO pretende minorar os problemas oculares e ajudar a melhorar o bem-estar das populações mais carenciadas. Esta iniciativa só será possível com o enorme contributo de médicos oftalmologistas portugueses que, de uma forma voluntária e não remunerada, aceitaram abraçar este projeto. Já em Portugal, como nos outros países ocidentais, as principais causas de baixa visão e ou cegueira são a degenerescência macular ligada à idade (DMI), o glaucoma e a retinopatia diabética. A DMI é geneticamente determinada e relacionada com a idade. Contudo, é possível fazer uma prevenção, embora controversa. Há estudos que mostram que uma alimentação rica em ácidos gordos polinsaturados, a inibição tabágica, o controlo da

“As principais causas dos 285 milhões de casos de baixa visão e cegueira no mundo são as cataratas, as doenças da córnea com opacificação da mesma, as infeções oculares e os erros refrativos não corrigidos. Todas elas poderiam ser prevenidas e ou tratadas se as populações tivessem acesso a cuidados de saúde adequados, o que não acontece na maioria dos países em vias de desenvolvimento”

hipertensão e da obesidade e a proteção eficaz da radiação UV e da luz visível intensa poderiam ajudar a prevenir ou pelo menos a retardar os efeitos da evolução da doença. A prevalência da DMI está a crescer, acompanhando o aumento da esperança de vida. Estimam-se que cerca de 355 mil portugueses possam sofrer de DMI. A retinopatia diabética, um dos flagelos do estilo de vida moderno (sedentarismo e alimentação rica em hidratos de carbono e gordura), poderia ter a sua prevalência reduzida através de campanhas de prevenção e de sensibilização das populações. A baixa visão por glaucoma poderia ser evitada através da ida regular ao oftalmologista para ser efetuado o controlo da tensão intraocular e a monitorização do estado do nervo ótico. Há também um componente hereditário e, por conseguinte, todos aqueles que têm familiares diretos com glaucoma deveriam ter uma maior preocupação no despiste desta patologia. Em 2013, a mensagem internacional associada ao Dia Mundial da Visão é “Get your eyes tested” (avalie os seus olhos) e incentiva-nos a cuidar melhor dos nossos olhos e da nossa visão. Felizmente, em Portugal começa a haver um conhecimento generalizado por parte da população de que certas doenças oculares podem ser prevenidas, ou os seus efeitos prejudiciais retardados, através da realização de consultas oftalmológicas ou rastreios. A SPO alerta que só nas consultas especializadas de Oftalmologia é possível a deteção, o diagnóstico e o tratamento das doenças oculares.

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DIA MUNDIAL DA VISÃO – 10 DE OUTUBRO

Sandra Bayan, General Manager da Ophtec Portugal, em entrevista

“A nossa missão é contribuir para a melhoria da qualidade de vida” “Queremos ter um papel de liderança na área da cirurgia refrativa em Portugal, e ser uma referência a nível nacional no que respeita à qualidade e diversidade dos produtos oferecidos”, afirma Sandra Bayan, General Manager da Ophtec Portugal, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Nesta conversa percebemos como a marca tem crescido de uma forma sustentada em Portugal, onde foi ainda lembrado a importância da prevenção quando se fala de saúde, em concreto na visão, porque no dia 10 de outubro comemora-se o Dia Mundial da Visão.

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Com cerca de 30 anos de existência, a Ophtec BV International, sedeada na Holanda, produz e distribui dispositivos médicos para oftalmologia. Sendo o core business da empresa as lentes intraoculares premium para catarata, miopia e astigmatismo, a população portuguesa respondeu bem à vossa implementação no mercado nacional? Sim, a entrada da Ophtec em Portugal através da criação de uma subsidiária foi extremamente bem recebida pelos profissionais da área. Era um projeto que estava a ser analisado há algum tempo, na sequência da expansão internacional da Ophtec que se iniciou em 1996. Neste momento Estamos presentes diretamente em 7 países. A marca Ophtec já era conhecida por estes profissionais há anos, pois estava representada em Portugal, de forma indireta desde finais dos anos 90. No entanto, a vinda da empresa para Portugal, possibilita-nos um maior envolvimento com os oftalmologistas em geral e em particular com os KOL’s (Key opinion Leaders) através do no nosso Programa Cientifico que compreende a participação em estudos para o desenvolvimento de novos produtos, e através disso, intensificar o nosso relacionamento com o mundo da oftalmologia em Portugal. Temos agora a oportunidade de aprofundar o relacionamento entre a empresa e os cirurgiões criando relações duradoras de parceria, através de uma oferta mais rápida e melhor, prestada por profissionais altamente qualificados e especializados. Sendo especialista em dispositivos médicos para oftalmologia, a Ophtec aposta em produtos inovadores e de primeira linha. De que tipo de produtos estamos a falar? As soluções de que dispomos para as cirurgias de miopia, astigmatismo e hipermetropia (cirurgia refrativa) constituem a par das nossas soluções para cirurgia traumática (lentes para reconstrução de iris), dois dos segmentos de produtos mais inovadores da empresa. Por exemplo, ao nível da miopia, conseguimos contribuir de forma significativa para a melhoria da qualidade de vida de muitos milhares de pessoas, com as nossas lentes Artisan® e Artiflex®, com as quais conseguimos correções de até, pelo menos, 26 Dioptrias negativas.

Sandra Bayan Nenhum outro produto ou técnica cirúrgica per si permitem a correção de um erro refrativo tão elevado. Estas lentes, Artisan® e Artiflex®, possuem uma característica que as distingue das demais lentes intraoculares presentes no mercado e que consiste na forma como são implantadas no olho do paciente. Estas lentes são fixadas na iris através dos seus claws ou sistema ‘’pata de lagosta’’ como inicialmente foi designado pelo seu criador Prof. Jan Worst. No caso do segmento de trauma, oferecemos um conjunto de soluções que podem ser customizadas de acordo com a especificidade dos casos traumáticos, de acordo com as necessidades de cada paciente. Estas próteses, possibilitam ao cirurgião e ao paciente obter excelentes resultados quer a nível estético quer a nível funcional. Apesar de ter recursos intelectuais do mais alto nível, em Portugal poucos passos são dados em termos de investigação nesta área. Na sua opinião, o que poderia ser feito? A burocracia é, em muitas situações, bastante excessiva?

Como tenho referido diversas vezes, o nosso capital intelectual é fortíssimo em áreas muito diversas, e naturalmente também na área da oftalmologia existem profissionais que se destacam quer a nível nacional quer internacional. Dispomos no nosso país, das mesmas técnicas cirúrgicas, produtos e tecnologia que se encontram em qualquer parte do mundo. No entanto, ao nível da investigação infelizmente pouco se faz com o apoio e investimento de entidades públicas, remetendo-se estas iniciativas para o investimento privado. Temos bons exemplos a nível nacional, de iniciativas pioneiras na área da saúde, quer ao nível do desenvolvimento de novos produtos e técnicas cirúrgicas, quer ao nível da investigação científica. A Ophtec Portugal, está neste momento a desenvolver alguns trabalhos de investigação de novos produtos, juntamente com alguns cirurgiões nacionais. Naturalmente, a burocracia é sempre um fator a ter em conta pois sendo a área da saúde uma das mais legisladas, torna os processos de estudo e investigação muitas vezes demasiado morosos.

Recentemente, o coordenador do Grupo de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia alertou para o facto de cerca de 20 por cento das crianças em idade escolar terem algum défice da função visual, que poderá interferir com o rendimento escolar. Que conselhos devem ser deixados aos pais? Sim, entre 15 a 20% das crianças necessitam de algum tipo de correção visual. Em idade escolar, é fundamental que os pais estejam atentos a sintomas como dor de cabeça no regresso da Escola, olhos irritados ao realizar as tarefas escolares, ou franzir a testa quando estão a ler, pois estes podem ser prováveis sintomas de alguma dificuldade visual. As crianças também podem ter miopia, hipermetropia, astigmatismo e estrabismo (olhos desviados) entre outras dificuldades que podem interferir no seu bom desempenho escolar. É por isso muito importante fazer exames regulares de monitorização. Recomenda-se a realização de rastreios aos 5 e aos 10 anos de idade. No entanto, há sempre uma avaliação das funções visuais feita à nascença. Posteriormente é recomendável nova avaliação aos 2 e 6 meses e 2 anos de idade. Na deteção precoce dos problemas visuais das crianças, seria importante apostar na realização de mais rastreios? Qual é a idade ideal? Sim, como referi, todas as crianças são avaliadas à nascença no que respeita às suas funções visuais. Após esta primeira avaliação compete aos pediatras realizarem rastreios visuais para despistar eventuais problemas ou sensibilizarem os pais a procurar um oftalmologista que possa seguir e acompanhar a criança. Pontualmente existem ações de rastreio em escolas, que decorrem quer de indicações por iniciativa principalmente de privados (Óticas) mas estas devem ocorrer com mais frequência. Existe a ideia de que a utilização de computadores e outros dispositivos eletrónicos podem influenciar a função visual. Trata-se de uma falácia ou, de facto, estes hábitos provocam e/ou estimulam problemas como miopia? A utilização de computadores e outros dispositivos eletrónicos induz normalmente olho seco ou vista cansada. Estas


Pontos de Vista Outubro 2013

“Prevenção será a palavra de ordem quando se fala de saúde! No caso particular da visão, a prevenção primária é a medida mais eficaz na redução dos problemas oftalmológicos devendo basear-se na realização de rastreios visuais (infantis e para adultos). A população em geral deve estar sensibilizada para os potenciais riscos que podem por em causa a sua saúde e bem-estar” situações podem ocorrer por falta de lubrificação do olho, pois quando utilizamos estes dispositivos há a tendência para se focar prolongadamente os ecrãs, esquecendo-nos de piscar os olhos com alguma frequência. A miopia é normalmente hereditária e decorre de uma alteração na estrutura do olho. Olhos míopes são mais longos do que o normal, pelo que as imagens se focam à frente da retina, o que tem como consequência uma visão de longe desfocada.

Com a comemoração do Dia Mundial da Visão, a 10 de outubro, quais são as principais mensagens que devem ser transmitidas à população? Prevenção será a palavra de ordem quando se fala de saúde! No caso particular da visão, a prevenção primária é a medida mais eficaz na redução dos problemas oftalmológicos devendo basear-se na realização de rastreios visuais (infantis e para adultos). A população em geral deve estar sensibilizada para os potenciais riscos que podem por em causa a sua saúde e bem-estar. Existem uma série de doenças sistémicas como por exemplo a diabetes e hipertensão, que podem afetar e influenciar a qualidade da nossa visão. No entanto, existem muitas outras patologias que podem afetar os olhos, sendo também verdade que, por vezes, é através de alguma perturbação ocular que posteriormente se detetam algumas doenças. Assim, os rastreios visuais, são a única forma de se poder de forma atempada encaminhar a criança ou o adulto para a consulta da especialidade, no caso de deteção de qualquer anomalia. Para o adulto, a periodicidade dos rastreios é variável de acordo com a idade e também com a sua história clínica e familiar. Os considerados grupos de risco, por histórico familiar de doenças como a diabetes, hipertensão ou DMI (degenerescência macular relacionada com a idade) por exemplo, devem ser acompanhados com uma regularidade temporal menor (6 em 6 meses ou 1 ano) do que aqueles que não se enquadram nestes grupos. A partir dos 40 anos, deve-se visitar bianualmente o oftalmologista. Durante todo o ano mas com especial enfoque neste dia, importa concentrar a atenção para a erradicação da

cegueira evitável e para a melhoria da visão? Na prática, o que pode ser feito neste sentido? O Estado tem aqui um papel fundamental, pois é através dos seus programas nacionais de rastreios, que se pode chegar a toda a população, sensibilizando-a para a importância de deteção de eventuais anomalias no seu estado de saúde geral. A Ordem dos Médicos, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia e a Sociedade Portuguesa de Pediatria, têm desenvolvido iniciativas conjuntas, em parceria com os Governos, no sentido de serem definidas as orientações gerais dos planos nacionais de saúde da visão.

Tendo em conta a forte presença internacional da empresa, que objetivos estão a ser delineados? Qual será a estratégia para os próximos tempos? No que respeita à Ophtec Portugal, queremos ter um papel de liderança na área da cirurgia refrativa em Portugal, e ser uma referência a nível nacional no que respeita à qualidade e diversidade dos produtos oferecidos. A área de Trauma e cirurgia reconstrutiva é também para nós muito interessante. Pretendemos disponibilizar, no médio prazo, um vasto portfolio de produtos que permita cobrir as diversas áreas da oftalmologia. O desenvolvimento de parcerias com instituições de referência na área da oftalmologia, no que respeita ao desenvolvimento de trabalhos científicos e ações de formação que contribuam para o desenvolvimento de melhores soluções. O nosso Departamento de R&D (Investigação e Desenvolvimento) tem em curso o desenvolvimento de um vastíssimo leque de produtos cujo lançamento se prevê para breve. Existem ainda n projetos que nos permitirão apresentar mais novidades no decorrer dos próximos anos, sendo a nossa prioridade dada sempre às lentes intraoculares premium. A estratégia da Ophtec e o seu principal objetivo é tornar-se, até 2020, um fornecedor à escala global, de um vasto e completo portfolio de dispositivos médicos, que abarque as principais áreas da oftalmologia, Cornea, Glaucoma e Retina-Vitreo. A nossa principal missão, e que é para nós motivo de grande satisfação, é o facto de podermos contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população em geral.

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A OPINIÃO DE...

O ENFERMEIRO NO SISTEMA DE SAÚDE

Germano Couto, Bastonário da Ordem dos Enfermeiros

O papel do enfermeiro nos Cuidados de Saúde Primários A Enfermagem é essencial para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde. É necessário assegurar um papel mais relevante da Enfermagem no planeamento de cuidados e gestão da doença crónica na comunidade. Devemos continuar a melhorar a qualidade e o acesso efetivo dos cidadãos aos cuidados de saúde, quer ao nível da organização, quer ao nível da prestação, definindo, designadamente, como medida, a transferência, de forma gradual, de alguns cuidados atualmente prestados em meio hospitalar para estruturas de proximidade ao nível da rede de cuidados primários.

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s enfermeiros de família podem ajudar indivíduos e famílias a lidar com a doença e incapacidade crónica ou períodos de stress ou de maior vulnerabilidade, dedicando grande parte do seu tempo ao acompanhamento dos doentes e suas famílias nas suas habitações. Prestam aconselhamento em áreas tão diversas como estilos de vida e fatores de risco comportamentais, bem como assistem as famílias em questões relativas à sua saúde. Através da rápida deteção, podem assegurar que os problemas de saúde das famílias são tratados numa fase precoce. Podem, de facto, agir como o eixo entre a família e o médico de família. Há que destacar a atenção primordial à família, introduzindo respostas adequadas ao meio familiar, uma visão global e próxima do utente, através de novas formas de acesso aos serviços de saúde. A Organização Mundial de Saúde considera que os enfermeiros são aqueles que, pela formação específica que detêm, estão melhor posicionados para avaliar globalmente as necessidades em cuidados de saúde das pessoas e mobilizar os recursos (internos e externos), tendo em conta não só as expetativas dos utentes, mas também a adequação e a rentabilização dos meios. Os enfermeiros consideram que as respostas em cuidados de saúde serão mais adequadas se se tiver em conta a família como um todo, ou seja, se toda a unidade familiar for tida como alvo do processo de cuidados, qualquer que seja a intervenção em saúde. Especialmente na área de cuidados de saúde primários, o modelo de “Enfermeiro de Família” existe já em vários países. Temos de clarificar o âmbito de ação do Enfermeiro de Família, identificar as áreas de partilha de responsabilidade na prestação de cuidados de saúde primários com outros profissionais de saúde, com enfoque na gestão da doença crónica, com reforço do auto cuidado, e nos programas de saúde. A visita domiciliária poderá ser promovida como oportunidade de avaliar o contexto onde as pessoas vivem e interagem, de modo a detetar precocemente sinais de crise ou de maior vulnerabilidade. No final, o enfermeiro contribuirá para a “segurança”, para a “estabilidade” e para o “apoio” que as famílias carecem quando têm alguém doente. A Ordem dos Enfermeiros aprovou no início de 2011, o Regulamento das Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Familiar, que destaca, desde logo, o cuidar da família como uma unidade de cuidados e o prestar cuidados específicos nas diferentes fases do ciclo de vida da família ao nível da prevenção primária, secundária e terciária. Os enfermeiros

“Os enfermeiros de família podem ajudar indivíduos e famílias a lidar com a doença e incapacidade crónica ou períodos de stress ou de maior vulnerabilidade, dedicando grande parte do seu tempo ao acompanhamento dos doentes e suas famílias nas suas habitações. Prestam aconselhamento em áreas tão diversas como estilos de vida e fatores de risco comportamentais, bem como assistem as famílias em questões relativas à sua saúde” não podem deixar de ter um lugar adequado no sistema de saúde. Têm uma ação relevante que se encontra definida como cuidador da pessoa, ao longo do seu ciclo de vida, bem como dos grupos sociais em que o mesmo indivíduo se integra, acompanhando os saudáveis com a mesma atenção, profissionalismo e carinho com que o faz aos doentes. A manutenção, a melhoria ou a recuperação da

saúde de todos nós, constitui um aspeto fundamental da construção da própria identidade de uma sociedade, pelo que esta ação nobre, o exercício da Enfermagem, tem de ser reconhecida pelo Governo como um contributo para os seus projetos e programas de futuro. Não deixarei de acompanhar os enfermeiros, tal como queremos que eles continuem a acompanhar quem precisa. Sei que o farão, sempre…


A OPINIÃO DE...

O ENFERMEIRO NO SISTEMA DE SAÚDE

JORGE CADETE - PRESIDENTE DA SEÇÃO REGIONAL DO NORTE DA ORDEM DOS ENFERMEIROS

O “enfermeiro de família” cria proximidade nos Cuidados de Saúde O exercício profissional da enfermagem centra-se, fundamentalmente, no relacionamento interpessoal entre um enfermeiro e uma pessoa ou um grupo de pessoas (família ou comunidades) que se desenvolve através de atitudes humanizantes. Cuidar é comprometer-se a manter a dignidade e integridade da pessoa que é cuidada.

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ão obstante, vivemos hoje tempos tremendamente difíceis, não apenas como resultado dos constrangimentos económico-financeiros que o país e a Europa atravessam, mas também em consequência das alterações sociodemográficas e das exigências políticas em matéria de gestão dos serviços de saúde e da qualidade desses serviços. Nesta matéria, temos que ter bem presente que este setor de atividade apresenta características socioeconómicas muito particulares, em que o cliente/utente é, ainda, o contribuinte e o cidadão, cada vez mais consciente e exigente dos seus direitos. Para enfrentar este desafio, estamos convictos de que a alternativa é melhorar continuamente os serviços prestados e apostar em experiências inovadoras de prestação de cuidados de proximidade. O programa do XVII Governo Constitucional define como meta a “instauração de políticas de saúde, integradas no Plano Nacional de Saúde, e de políticas de segurança social que permitam: desenvolver e implementar ações próximas das pessoas em situação de dependência, investir no desenvolvimento de cuidados de longa duração (...)”. Assim, parece clara a importância da proximidade dos cuidados de saúde (através dos diversos intervenientes no processo), junto da população, numa lógica de cooperação e articulação que permita um melhor levantamento das necessidades, mais concretamente, daqueles que apresentam maior necessidade dos mesmos e que sejam abrangidos por estes, não apenas em termos geográficos, mas num sentido mais humanizador e global. Em consonância com este posicionamento, a Organização Mundial de Saúde (OMS) salienta a “importância das metodologias de trabalho direcionadas para a família e que assente na efetividade, integralidade e na proximidade”. Em função de toda esta realidade, e já que a governação política e gestionária não tem encontrado, ou não tem querido encontrar, as melhores soluções, cabe aos enfermeiros assumir um papel de liderança nesta problemática e, sobretudo, na

“A figura do enfermeiro de família tem vindo a ser criada nos sistemas de saúde de vários países da região europeia da OMS, reforçando a importância dos contributos da enfermagem para a promoção da saúde e prevenção da doença”

conjuntura atual. Os enfermeiros têm hoje a oportunidade de aprofundar uma metodologia de trabalho de proximidade – “enfermeiro de família”, inseridos em equipas de saúde junto dos cidadãos ou através do próprio exercício autónomo de enfermagem, o qual, traduzir-se-á em ganhos de saúde para as populações e, consequentemente, com redução dos custos associados. A figura do enfermeiro de família tem vindo a ser criada nos sistemas de saúde de vários países da região europeia da OMS, reforçando a importância dos contributos da enfermagem para a promoção da saúde e prevenção da doença. O “enfermeiro de família” é um profissional que, integrado na equipa multidisciplinar de saúde, assume a responsabilidade pela prestação de cuidados de enfermagem globais a um grupo de famílias, em todo o processo de vida, do nascimento à morte, incluindo a promoção e proteção da saúde, a prevenção da doença, a reabilitação e a prestação de cuidados; atua, também, como agente facilitador para que os indivíduos e famílias de-

senvolvam competências para um agir consciente, quer em situações de crise quer em questões de saúde. Por outro lado, é ainda o gestor e organizador de recursos, com vista ao máximo de autonomia daqueles a quem dirige a sua intervenção, sendo para cada família a referência e o suporte qualificado que, numa perspetiva de intervenção em rede e equipa multidisciplinar, responde às necessidades da família. A Ordem dos Enfermeiros considera ser aceitável que o modelo orgânico-funcional dos cuidados de proximidade garanta a potencialização dos recursos existentes, onde o foco de atenção são as famílias e onde o modelo de enfermeiro de família, como “modelo integrado” de cuidados de proximidade, tem um papel preponderante na resolução dos problemas dos utentes em diferentes contextos da prática. Estamos convictos de que é nas fases de maior dificuldade que devemos apelar à nossa criatividade, ao nosso valor intrínseco. Aos enfermeiros cabe, pois, a responsabilidade de reinventar novas formas do exercício profissional, de encontrar novos caminhos, novos métodos e novas estratégias. Face às condições adversas dos nossos dias, devem assumir essas adversidades como janelas de oportunidade para novas expressões (externas) do seu desempenho profissional; serem empreendedores em áreas do seu domínio, já que é apenas através da interioridade dos seus gestos e da expressão dos afetos que, verdadeiramente, acedem ao outro, concretizando o cuidado de enfermagem.

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A OPINIÃO DE...

O ENFERMEIRO NO SISTEMA DE SAÚDE

António Fernando S. Amaral, Professor Coordenador da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra/Investigador da Unidade de Investigação em Ciências da Saúde – Enfermagem (UICISA-E)

“Os Enfermeiros são essenciais” Apesar dos enfermeiros serem responsáveis por 90 por cento dos cuidados de saúde prestados no Mundo e ser a profissão que mais cuidados disponibiliza, o seu contributo tem permanecido invisível nas decisões políticas em saúde e nas descrições dos cuidados de saúde.

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uitos estudos têm revelado o impacto que os cuidados de enfermagem têm na melhoria dos resultados nos doentes, na qualidade e na redução de custos. Apesar disso o cuidado de enfermagem, enquanto produto, tende a ser muito simplificado ou pouco valorizado por aqueles que não são enfermeiros e que não têm uma ideia clara do que os enfermeiros podem e devem fazer e como o seu trabalho é diferente e tem resultados diferentes daquele que é levado a cabo por pessoas com menores competências e formação, porquanto quando um enfermeiro atua fá-lo de forma intencional para obter um resultado. Não é por acaso que os países mais desenvolvidos da Europa estão a recrutar enfermeiros estrangeiros, nomeadamente Portugueses, para fazerem face a uma escassez crónica destes profissionais, agudizada nos últimos anos pelo envelhecimento das populações com o aumento concomitante das doenças crónico-degenerativas e portanto com maiores necessidades de cuidados de enfermagem seja numa base comunitária seja numa base hospitalar. Esta aposta nos enfermeiros em dotações adequadas, vem do fato de já terem identificado que esse investimento é efetivo, reduz os acidentes, as quedas, as infeções, a mortalidade, os reinternamentos, diminui os tempos de internamento, aumenta a satisfação dos doentes e dos profissionais. Um estudo realizado no Reino Unido, publicado na revista Nursing Standard em janeiro de 2009, refere que o valor económico para a sociedade resultante da entrada de um enfermeiro no sistema é de 38 mil libras ano, o que significa que os enfermeiros e os cuidados de enfermagem possuem o potencial de poupar nos custos do sistema. O Enfermeiro é o profissional que está com a pessoa desde que ela nasce até que morre. Garante que ao longo da vida a vivência de todos os processos de transição que a pessoa sofre (nascimento, infância, adolescência, gravidez, saúde e doença, por exemplo) sejam ultrapassados de forma a garantir a manutenção do bem-estar. Para isso, ajuda a pessoa, entendida como parceira, a potenciar as suas capacidades para um desenvolvimento saudável, ajudando-o nas dependências que as respostas às situações de saúde e de doença impõem. Ajuda a promover um desenvolvimento harmonioso, promovendo hábitos de vida saudáveis, ajuda na prevenção da doença, e ajuda a pessoa, mesmo em situação de doença, a manter níveis aceitáveis de bem-estar mantendo sempre uma relação enfermeiro/pessoa que se pretende síncrona. Garante as condições para uma morte em dignidade sempre numa perspetiva profissional respeitando a individualidade de cada pessoa tendo em conta os valores desejos e preferências individuais da pessoa cuidada. Diria ainda que as pessoas são internadas nos

hospitais, mesmo em situação de doença grave, porque precisam de cuidados de enfermagem. Isto é, quando não são capazes de satisfazer, por eles próprios, as necessidades mais básicas, como a alimentação e a higiene, como as mais complexas que podem resultar da situação de doença e do tratamento, como a monitorização e vigilância dos mais variados parâmetros vitais, sinais e sintomas, a necessidade de administrar medicamentos (que implica não apenas o ato de fornecer, mas também a vigilância e controlo dos seus efeitos), seja a prevenção de complicações que podem advir do próprio tratamento e/ou internamento (como as infeções nosocomiais, as úlceras de pressão etc). Quando um doente é internado é porque a situação exige uma vigilância profissional sistemática ou, porque os tratamentos têm um processo de administração mais complexo ou exigem uma vigilância mais sistemática dos seus efeitos, isto é quando são necessários cuidados de enfermagem. Mesmo em cirurgia a decisão de a realizar em ambulatório ou de internar tem a ver com as necessidades em cuidados de enfermagem. Quando o doente regressa ao seu domicílio encontra as equipas de cuidados de enfermagem na comunidade que garantem a continuidade dos cuidados. Qualquer intervenção de um enfermeiro resulta sempre de uma decisão em função de um conjunto complexo de dados que é superior ao simples ato de fazer. Mesmo os atos que podem ser considerados simples mobilizam competências e conhecimentos que vão para além dos aspetos meramente técnicos. Quando o enfermeiro dá banho a um doente está a proporcionar conforto, mas, ao observar a pele, o comportamento do individuo, os fluidos etc. ele mobiliza conhecimentos que lhe permitem diagnosticar uma complicação, está a prevenir a maceração da pele, a prevenir as

úlceras de pressão e sobretudo a estabelecer com o doente uma relação terapêutica que ajuda a potenciar as capacidades que cada individuo tem de se autocuidar ajudando-o a recuperar mais rapidamente. A não existência de cuidados centrados na potenciação e no empowerment dos doentes faz com que muitos, quando têm alta, não estejam preparados para regressar a casa, porque não foram capacitados (os doentes ou os prestadores de cuidados familiares), para gerir a sua terapêutica, a saber identificar as mudanças no seu corpo que o seu estado e as suas necessidades vão implicar, a saber cuidar de si, a saber a quem se dirigir em caso de complicação. Estes são os doentes que regressam ao hospital várias vezes após um episódio de doença, muitas vezes com condições piores do que originalmente, e têm vários internamentos e naturalmente ficam mais caros. Os estudos mostram, nomeadamente um que está a ser realizado em 4 hospitais da zona Centro de Portugal, que em situação de falta de enfermeiros os doentes saem do hospital mais dependentes do que entraram (depois de eliminar o efeito que a doença e a idade pode ter sobre essa dependência) e ficam mais tempo no hospital. Estudos internacionais, levados a cabo por Linda Aiken e outros, mostram que os doentes que morrem em meio hospitalar, morrem em consequência de complicações da sua situação, das quais podiam ser recuperados se estas tivessem sido detetadas e tratadas a tempo. Sendo os enfermeiros os profissionais que estão em permanência nos serviços, um número insuficiente destes profissionais não permite o diagnóstico atempado de qualquer complicação o que pode levar à morte. Esses estudos mostram que um enfermeiro a mais por doente / dia evita a infeção em 7 casos de ferida e 4 casos de sepsis nosocomial por cada 1000 doentes cirúrgicos hospitalizados, para além da prevenção da mortalidade que lhes estaria associada. Em Cuidados intensivos um aumento de um enfermeiro a tempo inteiro por doente / dia evita 7 casos de pneumonia nosocomial, 7 casos de insuficiência respiratória, 6 casos de extubação acidental e 2 casos de paragem cardíaca por 1000 doentes (resultados de uma meta-análise elaborada por Kane em 2010). Também quando se aumenta a carga de trabalho dos enfermeiros, como se assiste agora em Portugal, os efeitos podem ser bastante nefastos. A cada doente acrescentado à carga de trabalho dos enfermeiros está associado um aumento de 7% na mortalidade e nas mortes evitáveis, quer em hospitais do Estados Unidos como em Hospitais Ingleses (Raffaty et al. 2007), no Canadá (Estabrooks et al. 2005) e na Nova Zelândia (McCloskey e Diers, 2005). Para além do número de enfermeiros, os estudos demonstraram que o nível de diferenciação dos enfermeiros está também associado a uma melhoria da qualidade dos cuidados e a menores


Pontos de Vista Outubro 2013

Qualquer intervenção de um enfermeiro resulta sempre de uma decisão em função de um conjunto complexo de dados que é superior ao simples ato de fazer. Mesmo os atos que podem ser considerados simples mobilizam competências e conhecimentos que vão para além dos aspetos meramente técnicos índices de mortalidade (Aiken, 2008). Se o aumento do número de enfermeiros está associada a melhores resultados alcançados pelos doentes, então pode afirmar-se que os cuidados de enfermagem se pagam a si próprios. Também ao nível da intervenção comunitária os enfermeiros são essenciais. Portugal tem o melhor índice de cobertura vacinal do mundo e sem dúvida que este fato se deve à intervenção que os enfermeiros dos Centros de Saúde e das USF têm desenvolvido ao longo dos tempos. O que tem acontecido nos últimos anos é que não têm sido colocados enfermeiros nos cuidados de saúde primários, existindo centros de saúde com mais médicos do que enfermeiros, o que é um paradoxo. Se existissem enfermeiros de família em número suficiente, a cada família o seu enfermeiro; se as Unidades de Cuidados na Comunidade para o acompanhamento das situações de doença crónica estivessem em funcionamento em número suficiente, muitas das ineficiências que se apontam ao

Serviço Nacional de Saúde estariam minimizadas. Neste ambiente complexo e de paradoxos tem-se verificado que o corte no número de enfermeiros tem sido a estratégia privilegiada de contenção económica, dado muitos decisores e administradores, não percebendo a forma como os enfermeiros produzem valor, ou não valorizando o valor produzido pelos enfermeiros, os colocam na primeira linha da contenção para obter uma diminuição imediata da despesa, ignorando as repercussões dessa medida no curto e médio prazos. Esta falta de informação dos gestores é, talvez a base para a substituição de enfermeiros por outros a mais baixo custo em situações de constrangimento financeiro. Por tudo o que ficou dito, fica claro que não existem em Portugal muitos enfermeiros, o que acontece é que eles não estão a ser utilizados de forma a conseguirem-se maiores ganhos em saúde, mais qualidade, maior satisfação e mais eficiência. A aposta na eficiência através da redução de custos

apenas e não no equilíbrio entre essa contenção e a maximização dos resultados, pode a prazo colocar em causa a sustentabilidade de todo o sistema. As pessoas não estão a ter acesso a cuidados de enfermagem como deveriam. Os enfermeiros que emigram começam a trazer-nos informações interessantes. Enquanto em Portugal chega a haver um ratio de 12 doentes por enfermeiro numa enfermaria hospitalar, o que reportam os enfermeiros emigrados é que “…num dia mau o máximo é 5 doentes por enfermeiro”. Assim pensamos que as lideranças de enfermagem devem tentar sistematicamente encontrar as formas para, junto dos atores envolvidos nas decisões de consumir ou recrutar cuidados de enfermagem: - pessoas individuais, instituições prestadoras, financiadores e políticas – dar visibilidade e aumentar o valor do seu produto. Necessitamos de documentar, e encontrar uma boa forma de divulgação do valor acrescentado que os cuidados de enfermagem trazem para os resultados que os doentes obtêm com os cuidados de saúde em contrapartida com os custos. Para isso é necessário que seja produzida, guardada e utilizada informação sobre os cuidados prestados e sobre os resultados que são obtidos pelos doentes tendo em conta esses cuidados. Desta forma as decisões de gestão serão mais informadas e responderão de forma mais sustentada às solicitações e necessidades dos doentes e utilizadores em geral.

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COLÉGIO MILITAR EM DESTAQUE

A Reforma do Colégio Militar na ótica do Presidente da Associação de Antigos Alunos

Colégio Militar: uma reforma abrupta Os antigos alunos do Colégio Militar estão “de luto” pela reforma desta instituição que conta já com mais de dois séculos de existência e que é também a instituição mais condecorada de Portugal. Para perceber esta situação, a Revista Pontos de Vista visitou o colégio e falou com o Presidente da Associação de Antigos Alunos. António Reffóios mostrou claramente que não é uma reforma que os preocupa mas esta reforma e o modo como a mesma está a ser conduzida, alterando de forma abrupta e não fundamentada caraterísticas diferenciadoras de um modelo em funcionamento há 210 anos. As alternativas existem, o diálogo é pretendido, mas nem a Associação de Antigos Alunos nem a Associação de Pais estão a ser ouvidas neste processo.

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pesar das acusações de conservadorismo e resistência à mudança, a Associação de Antigos Alunos do Colégio Militar já há mais de dez anos que vem reclamando junto da tutela militar e do Ministério da Defesa algumas reformas que entende como essenciais para torná-lo mais atrativo, economicamente sustentável e elevando ainda o grau de excelência do ponto de vista dos resultados académicos.

Há dois pontos que contribuirão para a destruição do Colégio Militar e por isso reclamam a sua imediata suspensão: são eles a entrada de alunas para o colégio já em 2013/14 sem a ponderação e preparação que seriam exigíveis e em anos posteriores ao sétimo ano de escolaridade

Estudo realizado em 2010

Como tal, em 2010, foi preparado e entregue ao Chefe de Estado Maior do Exército um documento que contemplava uma série de medidas entendidas como as adequadas para essa melhoria. Na base do mesmo estava, não só, o conhecimento das vivências e necessidades do colégio mas também um estudo feito na região de Lisboa, junto de um grupo alvo constituído por mais de 300 famílias com crianças entre os seis e os dez anos. As conclusões desse estudo evidenciaram um colégio com uma extraordinária notoriedade, surgindo como top of mind para 97 por cento dos inquiridos, e uma imagem globalmente muito positiva. No entanto, foram identificados também alguns aspetos que exigiam mudança para uma maior aproximação às preocupações atuais dos pais. Desta forma, concluiu-se que, principalmente as mães, têm uma certa resistência ao internato e que é dada preferência, pelos encarregados de educação, a colégios com ensino primário, que ofereçam continuidade dos alunos. Nessa altura, respeitando os valores identitários da matriz da formação militar, foi feita então uma proposta de modernização do colégio, que incluía o arranque da escola primária no mesmo. Então em 2011, eram já 144 as candidaturas para o primeiro ciclo mas no início de agosto, quando já estava tudo preparado para o arranque do ano letivo, a proposta foi chumbada, o que obrigou os encarregados de educação, grande parte dos quais em período de férias, a

regressar a Lisboa para tratar do colégio dos filhos. De referir que através do arranque do ensino primário no colégio iriam ser retiradas vantagens do ponto de vista económico, uma vez que, como refere António Reffóios, “para além de ser a fonte natural de recrutamento para as crianças que entram depois no segundo e terceiro ciclo, o ensino primário é também o mais rentável porque o rácio professor/ aluno é de um para 20 ou 25, enquanto, um professor de secundário tem um custo superior e um rácio que é, em média, de um para oito. Uma vez que temos no colégio um espaço que podia ser adaptado muito facilmente e com um custo bastante reduzido, o reembolso seria inferior a um ano”. A proposta foi chumbada em 2011,

quando contava já com 144 inscrições, para arrancar agora, passados dois anos, com apenas 37 alunos. “Em primeiro lugar, no final de maio, já a grande generalidade dos pais escolheu o colégio dos filhos e, para além disso, muitos pais estão lembrados daquilo que aconteceu há dois anos”, afirma o presidente da Associação de Antigos Alunos, claramente descontente com este número.

Os dois principais pontos de discórdia

Desta forma, uma das queixas tidas como principais nesta campanha dos Antigos Alunos do Colégio Militar é a forma abrupta e “irresponsável” como a reforma ao colégio está a ser realizada. Alargar a oferta educativa ao ensino primário é uma alteração estrutural que

estava já bem amadurecida e ponderada por todas as partes, no entanto, tomar uma decisão dessa ordem em maio traduz-se neste número reduzido de inscrições, ainda mais quando comparamos com as 144 inscrições de 2011. A Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar reforça assim a sua posição colaborativa nesta reforma e os próprios vêm mesmo a reclamá-la há mais de uma década, não só através da inclusão do primeiro ciclo, mas também pelo reforço da coordenação pedagógica do ensino, a continuação do aumento da eficácia da gestão e o reforço dos fatores diferenciadores que distinguem o colégio. No entanto, segundo os mesmos, há dois pontos que contribuirão para a destruição do Colégio Militar e por isso recla-


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O Ministério da Defesa alega o facto das Forças Armadas serem mistas como exemplo justificativo, mas não tem em conta as diferenças entre um aluno adolescente e um profissional adulto e maior de idade

mam a sua imediata suspensão: são eles a entrada de alunas para o colégio já em 2013/14 sem a ponderação e preparação que seriam exigíveis e em anos posteriores ao sétimo ano de escolaridade. Para os mesmos trata-se de um pedido simples, isento de custos para Portugal e que decorre de um conhecimento profundo do colégio. Os Antigos Alunos acusam mesmo o Ministro da Defesa Nacional de tratar da mesma forma alterações com implicações conceptuais profundas no projeto educativo do colégio, que exigem adequada reflexão e ponderação, e simples melhorias de eficácia operacional e coordenação com outros dois estabelecimentos militares de ensino que são de fácil e rápida concretização. Transformar em dois anos um projeto educativo com 210 baseado em internato masculino, num colégio com internato e externato, masculino e feminino, é uma decisão que, ainda segundo estes, está a ser tratada com enorme ligeireza, descaracterizando o conceito educativo do colégio, sem que tenha sido feita uma discussão profunda da sua justificação e das suas consequências.

Não há razões financeiras nem pedagógicas

Nesta entrevista, António Reffóios fez questão de demonstrar que não existem razões financeiras para a imposição de uma reforma tão abrupta, umas vez que os custos diminuíram cerca de 30 por

Uma das queixas tidas como principais nesta campanha dos Antigos Alunos do Colégio Militar é a forma abrupta e “irresponsável” como a reforma ao colégio está a ser realizada

cento nos últimos três anos para além de que poderão baixar ainda mais se forem implementadas as reformas curriculares recomendadas e um conjunto de serviços comuns aos estabelecimentos militares de ensino. No espaço de um ano, o custo por aluno do colégio poderá ser então semelhante ao custo de qualquer outro aluno do ensino público. Para além de financeiras, não existem também razões pedagógicas. Mudar abruptamente as características diferenciadoras do modelo educativo do Colégio Militar altera o equilíbrio da instituição e a atratividade da mesma, como demonstra o número reduzido de inscrições para o ensino primário neste primeiro ano letivo. Ainda mais quando essas alterações são feitas sem que seja tida em consideração a opinião dos encarregados de educação que não foram ouvidos em momento algum durante este processo mas que, de acordo com o que a Associação de Antigos Alunos apurou, jamais escolherão um modelo que mistura os dois sexos no mesmo internato. O Ministério da Defesa alega o facto das Forças Armadas serem mistas como exemplo justificativo, mas não tem em conta as diferenças entre um aluno adolescente e um profissional adulto e maior de idade. Como tal, pretende gastar quase três milhões de euros na construção de um internato feminino dentro das instalações do colégio sem averiguar o interesse dos pais em colocar as suas filhas no mesmo.

Modo de proceder contraria conclusões do Professor Marçal Grilo

Ainda que esta reforma, na altura em que foi anunciada, tenha sido chamada de Reforma Professor Marçal Grilo, António Reffóios lamenta que as recomendações do professor não estejam a ser, de facto, seguidas, uma vez que o mesmo recomendou que fossem mantidas as características diferenciadoras do Colégio Militar e que o tema do internato feminino fosse tratado com a maior ponderação. Para o nosso entrevistado, a forma como o processo está a ser conduzido contraria as conclusões do Professor Marçal Grilo, coordenador da Comissão para a Reestruturação dos EME. O próprio Professor Marçal Grilo partilha desta opinião, uma vez que foi a primeira personalidade a subscrever a carta enviada ao Presidente da República a apelar ao diálogo e a uma análise serena e profunda desta reforma, que envolva as Associações de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do Colégio Militar e dos Antigos Alunos. Importa referir por fim que as candidaturas para o ano letivo 2013/14 no conjunto Colégio Militar e Instituto de Odivelas, como previsto pela Associação de Antigos Alunos, evidenciam que a opção do internato continua a ser preferida e uma diminuição do número de alunos do sexo feminino em 11 por cento.

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VINHO DE QUALIDADE PORTUGUÊS

Humberto Jardim, Administrador Delegado da Henriques and Henriques, em entrevista

Saborear um Vinho de requinte A família Henriques estabeleceu-se na zona de Câmara de Lobos no século XV e esteve na origem das primeiras vinhas que foram cultivadas nesta zona, por volta de 1425. Inicialmente fizeram-se plantações nos socalcos do Pico da Torre, propriedade da família Henriques e nas encostas dos vales de Estreito da Câmara de Lobos e Quinta Grande, regiões tradicionalmente conhecidas por serem as melhores produtoras de vinho da Madeira. Em 1968, faleceu o último dos Henriques, João Joaquim Henriques e, não tendo herdeiros diretos, transmitiu a sua empresa a três colaboradores e amigos que entregaram por sua vez, aos seus descendentes. No início, a produção era essencialmente “artesanal”, respeitando as tradições transmitidas de geração em geração. Atualmente, a qualidade dos vinhos foi aprimorada pelos desenvolvimentos que se assistiram no setor. A Revista Pontos de Vista conversou com Humberto Jardim, Administrador Delegado da Henriques and Henriques, que nos deu a conhecer um pouco mais do potencial desta marca.

Humberto Jardim 78

De que forma na Henriques & Henriques se consegue adaptar os vinhos às crescentes exigências do mercado? De que modo é possível inovar numa área tão tradicional? A H&H foi sempre reconhecida como uma das melhores produtoras de vinho Madeira fundamentalmente devido ao facto de ter apostado nas mais recentes inovações tecnológicas mas mantendo contudo inalterável a tradição familiar que perdura há 200 anos na produção de excelentes vinhos Madeira. A detenção de stocks de vinhos antigos e o controlo total de todos os aspetos da produção e envelhecimento permite à Henriques & Henriques (H&H) produzir e comercializar vinhos de qualidade excecionais. Neste ano, no passado mês de julho recebeu o prémio mais prestigiante do mundo dos vinhos concedido pelo “International Wine Challenge” em Londres, o “Len Evans Award”, reconhecendo a consistência da qualidade dos seus vinhos entre os milhares provenientes de todo o mundo e submetidos ao concurso internacional nos últimos cinco anos, tendo obtido 94 por cento de sucesso no que toca a medalhas e troféus. Contudo na senda da inovação, hoje já não chega fazer um bom vinho, é fun-

damental estudar e perceber a verdade dos consumidores e não nos fixarmos naquilo que gostaríamos que fosse verdade. Essencialmente compreender porque é que se consome Madeira e em que ocasião é que isso é satisfação para o consumidor.

A produção de vinho da Madeira aumentou, no segundo trimestre deste ano, 20,3 por cento, gerando uma receita de oito milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 18,9 por cento. A que se deve este crescimento? O aumento das vendas nos mercados externos é a principal razão? O crescimento da comercialização do Madeira não pode ser avaliado em apenas dois trimestres, a reposição de stocks em determinados mercados é sazonal e varia de ano para ano revelando em determinadas alturas maior crescimento e noutras nem tanto. Há que sublinhar que se este crescimento que refere, se mantiver consistente até final do ano, isso dever-se-á em parte ao enorme trabalho feito na promoção e presença em feiras internacionais, quer por parte dos produtores, quer pelo Instituto do Vinho da Madeira, que têm em conjunto promovido diversas ações em

Na verdade esse é um dos muitos reconhecimentos internacionais que recebemos. Temos continuado a receber muitas medalhas de ouro e troféus em diversos concursos e sentimos que isso nos dá exposição junto dos consumidores mais informados

diferentes mercados dando muita relevância aos Estados Unidos, país que sugere ser um destino de grande potencial de crescimento para o Madeira até pela ligação ancestral de muita popularidade no passado, tanta, que levou a brindar com vinho Madeira a celebração independência dos Estados Unidos pelos “Founding Fathers”.

Particularmente na Henriques & Henriques, o aumento das vendas nos mercados internacionais tem sido sentido? Os vossos vinhos são cada vez mais reconhecidos lá fora? As nossas vendas estão num patamar estável. Perspetivamos atingir os níveis de vendas conseguidos no ano anterior mas a qualidade dos vinhos vendidos têm prevalecido as categorias mais antigas e portanto de maior valor acrescentado. O Madeira Verdelho Henriques & Henriques em 2011 foi considerado o melhor vinho licoroso a nível mundial a mais de dez libras, estando, por isso, entre os 25 melhores vinhos a nível mundial. Para além desta, já foram várias as distinções arrecadadas pelos vinhos da Henriques & Henriques. O que significam para si estas distinções? Ao nível das vendas, é notório um aumento sempre que são distinguidos lá fora? Na verdade esse é um dos muitos reconhecimentos internacionais que recebemos. Temos continuado a receber muitas medalhas de ouro e troféus em diversos concursos e sentimos que isso nos dá exposição junto dos consumidores mais informados. Não podemos


Pontos de Vista Outubro 2013

dizer que esses prémios levem a um imediato aumento de vendas, pelo menos é difícil de avaliar esse resultado, mas estou convencido que ajudam muito particularmente na seleção de vinhos por parte dos nossos importadores, pois estes prémios, constituem um referencial de qualidade.

Quais são as caraterísticas intrínsecas aos vinhos Henriques & Henriques, o ADN que faz com que os mesmos sejam tão apreciados? Julgo ser a grande consistência e o seu estilo mais poderoso e concentrado, no fundo o resultado de uma produção muito tradicional do vinho Madeira, que reflete uma transmissão homogénea da arte de bem-fazer ”blends” ao longo de gerações, lotes enriquecidos com vinhos antigos conservados cuidadosamente desde o longínquo passado da empresa. Digamos que cada winemaker que se tem sucedido ao longo dos anos na H&H, “assina” os seus vinhos com “tinta” do passado. Quais os mercados em que os vinhos Henriques & Henriques marcam presença atualmente? Qual o peso das exportações na faturação da empresa? Exportamos fundamentalmente para a Inglaterra, França, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Japão, Estados Unidos e Canadá. A exportação representa oitenta por cento das nossas vendas.

Aumentar a presença nos mercados externos passa pelos objetivos futuros? Quais os mercados em que querem apostar nos próximos anos e porquê? O nosso objetivo é crescer. Por um lado procuraremos com isso incentivar os viticultores sublinhando a justificação económica da sua produção através do escoamento das uvas e por outro, desejamos criar valor na nossa economia local. Estamos expandindo a nossa quota de mercado para Rússia e para a China, onde julgamos que com muita persistência e resiliência poderemos obter sucesso no futuro.

Na sua opinião, o vinho português é olhado no mundo como um vinho de qualidade? Acredita que este é um dos grandes cartões de visita do país, nomeadamente através do enoturismo, e que se trata de um setor com forte capacidade de ajudar a alavancar a economia nacional? O vinho português é cada vez mais e melhor reconhecido no mundo pela sua excelente qualidade. Ainda não conseguimos colocá-lo no mesmo patamar de preços de outros vinhos provenientes por exemplo de França ou de Espanha, mas estamos indubitavelmente entre as melhores regiões vitícolas do mundo. No meu ponto de vista cometemos alguns erros no passado e que passaram

por plantar castas que já existiam por todo o mundo em detrimento de darmos valor às castas tradicionais portuguesas e à sua genuinidade associada ao “terroir” português. Penso que a maior parte dos grandes produtores já percebeu que temos que “emendar a mão” e apostar na promoção do que é nosso e único de modo a podermos ser preferidos pela nossa diferença. Claro que o enoturismo pode desencadear mais uma alternativa para o turismo de “incoming” e ser um excelente veículo do “passa palavra” tão importante para levar a mensagem a outras pessoas que nos possam vir a visitar. A produção e comercialização de vinho é um importantíssimo contributo para a economia nacional. Basta ver o conjunto de famílias que dependem direta ou indiretamente deste setor económico, desde os viticultores, passando pelos transportadores e todas as equipas de trabalho das empresas, cooperativas e associações envolvidas na produção e comercialização de vinhos. A Henriques & Henriques é o maior produtor independente de Vinho da Madeira e também a única empresa a possuir as suas próprias vinhas. Porque é que não há uma aposta mais intensa no vinho da Madeira? Falta tradição vinícola na região? O facto de possuirmos vinhas não implica dizer que não haja por parte das outras empresas, ou mesmo por parte das entidades reguladoras, uma aposta forte no vinho da Madeira. Recentemente ou-

“O nosso objetivo é crescer, por um lado procuraremos com isso incentivar os viticultores sublinhando a justificação económica da sua produção através do escoamento das uvas e por outro, desejamos criar valor na nossa economia local. Estamos expandindo a nossa quota de mercado para Rússia e para a China, onde julgamos que com muita persistência e resiliência poderemos obter sucesso no futuro” tro produtor de vinho Madeira também investiu em vinhas. E mais, o que não nos falta é tradição vinícola. Falta-nos é dinheiro! O mercado do vinho é extremamente competitivo e o custo de promoção por litro comercializado de Madeira é imenso face à pequena dimensão da produção proveniente de uma área total de menos de 500 hectares e por estarmos numa ilha com apenas 780 Km2, isolada no oceano Atlântico, sofrendo custos de transporte elevadíssimos, quer na importação de todas as matérias secas que são necessárias para “vestir” o vinho e colocá-lo pronto para novamente suportar os custos de transporte com destino aos diferentes mercados. Como perspetiva a evolução do setor vinícola na Madeira? O setor vinícola terá que se adaptar a novos desafios que passam por uma adequação da produção à procura, através da substituição de parte da casta tinta negra que é neste momento excessiva em termos de oferta e plantio de mais castas brancas, Malvasia, Boal, Verdelho, Sercial e Terrantez. As podas terão que

ser mais curtas de modo a racionalizar a produtividade e permitir um maior equilíbrio sem que se perca o potencial vitícola da Madeira. Estou esperançado no resultado do imenso trabalho de promoção que tem sido feito por todos os envolvidos em que isso resulte num crescimento de vendas para um patamar consolidado mais acima.

O que é que podemos esperar da empresa nos próximos tempos? Quais as metas que têm estabelecidas para o curto prazo? A H&H vai continuar a investir no aumento de capacidade de stockagem e melhoria das suas condições ergonómicas e equipamentos técnicos. A utilização de diversos tipos de madeira de carvalho na acomodação dos seus vinhos que estão a envelhecer em canteiro, tem resultado num aumento considerável da concentração e complexidade de aromas e sabores que permitirão chegar ao mercado com colheitas e vintages ainda mais complexos e sofisticados de que certamente nos vamos orgulhar no futuro pelo reconhecimento que iremos obter.

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VINHO PORTUGUÊS - VINDIMAS 2013

Em época de vindimas, a Revista Pontos de Vista aliou-se à Dão Sul nesta aventura

Vindimas com tradição Quando o objetivo é “arregaçar as mangas”, pegar na tesoura e na caixa e cortar as uvas, a tradição ainda é o que era. A época das vindimas já começou. Se para muitos este é um momento de festa e de convívio, para outros é o culminar de um ano de intenso trabalho. A equipa da Dão Sul aceitou o desafio e levou-nos a um dia de vindima na Casa de Santar, em Santar -Nelas - Viseu. “No vinho português aprecio o sabor e os aromas. É um vinho muito bom, não há explicação. Esta experiência das vindimas é diferente do que temos no Brasil. É um passeio turístico mas é também uma tradição familiar e uma festa. Há muito tempo que queria vivenciar mais um item da cultura portuguesa que vai deixar uma boa lembrança que levarei para o Brasil”

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udam-se os tempos mas permanecem as vontades. Por mais que as mentalidades das novas gerações sejam diferentes, a curiosidade que se gera à volta da tradição das vindimas permanece, em alguns casos, inalterável. Acordar cedo, ir para a vinha munido da tesoura, cortar as uvas, alimentado por um cacho ou outro enquanto se descansa de uma tarefa que parece fácil mas exige experiência e força de vontade. A Revista Pontos de Vista deslocou-se a Santar com este desafio em mente, em colaboração com a equipa da Dão Sul que nos abriu as portas da Casa de Santar, uma das mais emblemáticas propriedades vinícolas do Dão. Pelo peso da sua história, pela dimensão e pela notoriedade dos seus vinhos, a Casa de Santar, com cerca de 103 hectares de vinha, é a representação das melhores castas do Dão. A Tinta Roriz, uma casta ibérica por excelência, foi a eleita para esta experiência partilhada com um grupo composto por portugueses, belgas e brasileiros. Contudo, este dia não se fez apenas da “apanha da uva”. Todos os pormenores foram pensados, desde o cardápio das refeições, não esquecendo a tradicional “bucha”, até ao tempo de descontração completado por um pequeno concurso de rótulos. Ao longo do dia, foram sempre dadas explicações sobre o circuito da adega, os vários processos de vinificação e, para os mais ousados, houve mesmo um momento dedicado à tradicional pisa. No final, foi tempo de fazer uma visita guiada pelos jardins e museu dos coches da Casa de Santar, concluída com a entrega do diploma de participação na Vindima Casa de Santar 2013. Para Luís Santos, Enólogo Assistente na Dão Sul, “este é um momento de alegria”.

“Aprecio este convívio porque o vinho é mesmo isso. Um bom vinho exige uma boa gastronomia e um momento de convívio com amigos e não sabe tão bem quando o bebemos noutra altura” Mónica Pinto (Portuguesa)

Marcelly Gullo (Brasileira)

“Não conhecia o vinho desta região mas estou a adorar esta experiência. É um dia diferente. É basicamente tudo aquilo que ouvia falar como tradição mas que nunca tinha vivido verdadeiramente”

Fotografia de grupo, à entrada do Paço das Cunhas de Santar

Maria João Silva (Portuguesa)

“É o culminar de um ano de trabalho. Depois de um ano na vinha, este é o momento em que pegamos nesse trabalho e damos corpo, personalidade e alma a uma garrafa de vinho”. Para qualquer enólogo, é um misto de trabalho, de recompensa e expetativa. Todo o potencial cria-se na vinha. “A partir do momento em que temos todos os cuidados, sabemos selecionar e colher, na adega só temos que tentar não estragar o potencial que vem da videira. A partir daí, com a tecnologia que temos ao nosso dispor, com o conhecimento e o estilo de cada um, só podemos fazer grandes vinhos”, afirmou. No que depender deste grupo de pessoas comuns que fizeram parte de uma tradição milenar e ainda muito vincada nos hábitos portugueses, esse trabalho está garantido. Podem não ser enólogos, mas sabem certamente apreciar a qualidade de um grande vinho.

“Os vinhos portugueses ainda não são muito conhecidos na Bélgica mas são extremamente bons e a relação entre qualidade e preço é importante. Os belgas começam a apreciar este vinho. Tenho hóspedes que levam garrafas para casa porque experimentam e ficam a gostar muito” Sabine Defever (Proprietária da Quinta do Pisão, Belga) Almoço


Pontos de Vista Outubro 2013 VINHO PORTUGUÊS - VINDIMAS 2013

Principais momentos do dia...

Passeio a té

Boas vindas no Paço dos Cunhas de Santar à vinha Ca

sa de San

tar

Pisa tradicional

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Tradicional “bucha”

Concurs

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Enólogo Assistente Luís Santos

los


BREVES

Primeiro medicamento com iodo em Portugal O Grupo BIAL lançou, recentemente, o primeiro medicamento com iodo no mercado nacional. Trata-se de um suplemento de iodeto de potássio indicado para corrigir deficiências nutritivas em adultos, grávidas e lactantes, corrigindo ainda a profilaxia de defeitos neurológicos no feto. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a carência de iodo é a principal causa mundial evitável de atraso mental. Em Portugal, e de acordo com conclusões retiradas de um trabalho realizado pelo Grupo de Estudos da Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, as grávidas têm um nível muito insuficiente de iodo, comparativamente com as recomendações da OMS.

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Ordem dos Enfermeiros colabora na organização do 3º Congresso da APEGEL Investigadora do IST recebeu Prémio Científico IBM 2012 pelas mãos de Nuno Crato Ministro da Educação e Ciência destacou iniciativa da IBM como um exemplo a seguir no que toca ao envolvimento das empresas no crescimento do país Decorreu no passado dia 24 de setembro, no Salão Nobre do Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, a cerimónia de entrega do Prémio Científico IBM, que distinguiu o melhor trabalho de investigação a concurso no ano de 2012 na área das Ciências da Computação e Tecnologias de Informação. O galardão, no valor de 15 mil euros, foi entregue pelas mãos do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, a Pinar Oguz Ekim, de 33 anos, uma jovem investigadora do IST a terminar o programa de Doutoramento em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, pela sua investigação na área da georreferenciação com o trabalho: “Algoritmos robustos de localização em redes de sensores com aplicações a seguimento de alvos”.

A Ordem dos Enfermeiros encontra-se a colaborar com a Associação Portuguesa dos Enfermeiros Gestores e Liderança (APEGEL) na organização do seu 3º Congresso, que se irá realizar no dia 25 de outubro de 2013, com o tema «Competências do Enfermeiro Gestor e Boas Práticas da Gestão em Enfermagem». O evento terá lugar no Auditório do Metropolitano da Estação Alto dos Moinhos de Lisboa.

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