ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL PÚBLICO
“A Água da torneira é absolutamente segura ”, garante NUNO CAMPILHO, ADMINISTRADOR DOS SMAS DE OEIRAS E AMADORA APEGAC EM DESTAQUE
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Índice
INTERNACIONALIZAÇÃO Pág.- 10
Pág.- 4
O FUTURO DO UNIVERSO EMPRESARIAL – COMPETITIVIDADE E INOVAÇÃO ASSUMEM-SE COMO OS PILARES DA INTERNACIONALIZAÇÃO. LUÍS GAMEIRO, Sócio da Gameiro & Associados, Sociedade de Advogados, R.L, EM DESTAQUE
Paulo Nunes de Almeida, Vice-Presidente da AEP aborda assinatura integrada da iniciativa “COMPRO o que é nosso”, designada “Portugal, a minha primeira escolha”
Pág.-30
Pedro Monteiro Fernandes, Coordenador Executivo para a Responsabilidade Social e Sustentabilidade da ANA, Aeroportos de Portugal, em discurso directo
Pág.- 36
Ricardo Ferro, Director do Grupo Bureau Veritas, em entrevista, assegura que a ISO 26000 é um factor de competitividade e distinção
Pág.- 40
Pág.- 16
EFACEC – Uma Posição de destaque no Mundo. Luís Filipe Pereira, CEO da EFACEC em GRANDE ENTREVISTA
“O trabalho temporário é uma oportunidade para quem não tem emprego”. Quem o afirma é José Leal, Director da AutoVision Portugal. Em tempos de desemprego acentuado. Novas soluções e possibilidades de futuro
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Encontro Nacional sobre a Acessibilidade e Condição Humana | 30 de Novembro | 14h30 - Margarida Fragoso, Membro da Administração da Fundação LIGA, revela a importância deste «ENCONTRO»
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PORTUGAL A MINHA PRIMEIRA ESCOLHA
PONTOS DE VISTA
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PAULO NUNES DE ALMEIDA, VICE-PRESIDENTE DA AEP AFIRMA
“A marca Portugal tem valor”
O Vice-Presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Paulo Nunes de Almeida em conversa com a Revista Pontos de Vista afirmou: «os portugueses hoje valorizam mais o que é nacional e essa é sem dúvida, a grande conquista da campanha “COMPRO o que é nosso».
C
riada pela AEP, em 2006, a campanha “COMPRO o que é nosso” surge como resposta a uma necessidade de reconhecimento do tecido empresarial nacional. Numa altura em que o mundo estava alerta para todas as questões relacionadas com o fenómeno da globalização, abertura de mercados e crescimento das economias - e, apesar de os produtos importados terem um valor superior aos nacionais -, era claramente perceptível que os portugueses não nutriam qualquer afecto nem reconheciam valor ao que era produzido em Portugal. Ciente deste cenário, altamente nefasto para o nosso país, a AEP decidiu apostar num projecto altamente ambicioso, dependendo o seu sucesso de uma alteração profunda de valores e estrutura cultural da opinião pública nacional. Este projecto teria que ser activo e integrado perante o quadro global da Oferta, ou seja, junto dos empresários e dos consumidores. “Este ponto de encontro - entre consumidores e empresários -, acreditávamos ser
o que nos traria sucesso à iniciativa”, refere o vice-presidente da AEP. Assim a construção do programa “COMPRO o que é nosso” baseou-se em três pilares, a designar: projecto integrado, ausência de dinâmica proteccionista e inexistência de apoio público. Paulo Nunes de Almeida refere: «a AEP, como instituição com cerca de 160 anos de história sempre defendeu o livre comércio e a concorrência leal. Tencionávamos valorizar o que é nosso mas não pretendíamos fazê-lo contra ninguém. Não podíamos era aceitar que existisse um estigma relativamente aos produtos portugueses, o que levou à criação de uma campanha de sensibilização, que fizemos na vertente da oferta aos empresários nacionais, com o objectivo de colocar produtos no mercado de origem nacional com qualidade superior, melhor imagem e mais apelativos à compra, para que o consumidor se sentisse, em igualdade de circunstâncias, estimulado a adquirir produtos portugueses». Em relação ao facto do projecto “Compro o que é nosso” ter sido
iniciado sem qualquer comparticipação pública, o vice-presidente da AEP esclareceu: “em 2006 existia a ideia de que um projecto só poderia “arrancar” com apoios do Estado, o que não aconteceu numa fase inicial do projecto “COMPRO o que é nosso” que contou apenas com financiamento privado, o que revelou claramente o elevado interesse dos empresários nacionais neste projecto”. “COMPRO O QUE É NOSSO” – DIREITOS E DEVERES
O projecto “COMPRO o que é nosso” foi financiado pela AEP, pelas empresas aderentes e pelos patrocinadores. Paulo Nunes de Almeida explica: «Qualquer organização ou empresa para aderir a este projecto deve reunir uma série de requisitos que são previamente analisados por uma equipa independente e confirmam que a adesão da dita empresa representa uma mais-valia para o Projecto, após esta etapa, é formalizado um contrato onde se estipula um conjunto de direitos e de obrigações».
Os direitos facultados às empresas aderentes: Usar o logótipo do “COMPRO o que é nosso” em todas as suas formas de comunicação: sitio de internet, papel de carta, embalagens, viaturas, fardamento de pessoal, outdoors, entre outros. Como contrapartida pelo usufruto desses direitos: Pagamento de uma quota anual que varia de acordo com o seu volume de facturação. O vice-presidente da AEP esclareceu «pela primeira vez, Portugal tem uma iniciativa promotora de marketing colectivo. Através da adesão a este projecto, as empresas aderentes beneficiam de uma campanha comum, que globalmente mediatiza os seus produtos e marcas». O EFEITO «GOTA A GOTA»
A iniciativa começou com cerca de 10 empresas aderentes, neste momento, são já 500 e representam mais de mil marcas nacionais. Paulo Nunes de Almeida não tem dúvidas em afirmar que «o principal resultado desta iniciativa é o reconhecimento nacional aos produtos
portugueses. A marca “Portugal” é actualmente mensurável e hoje, possuímos em todos os sectores de actividade, produtos de elevada qualidade reconhecidos em todo o mundo, pelo que, porque não sermos nós, Portugueses, os primeiros a reconhecer o nosso valor?” questiona o nosso entrevistado. A marca “ COMPRO o que é nosso” é um testemunho de convicção, dado na primeira pessoa, inspirado num logótipo que reflecte cinco mensagens: • valores patrióticos identificados pelas cores da bandeira nacional; • letra P, normalmente presente em todas as aplicações em que é necessário abreviar o nome Portugal; • forma de gota como símbolo de unidade que representa o pequeno esforço “ gota a gota” necessário à recuperação plena da economia; • testemunho, na primeira pessoa, que evidencia a confiança de cada um de nós na compra de produtos produzidos em Portugal; • “Made in Portugal” reconhecido internacionalmente como marca de prestígio.
portugueses reconhece facilmente o logótipo da campanha “COMPRO o que é nosso”». “No decorrer do mês de Novembro, a AEP irá lançar uma nova campanha de promoção dirigida a cerca de três mil escolas do ensino básico, para alunos com idades compreendidas entre os oito e os 12 anos. As escolas são desafiadas a realizar diversos trabalhos sobre o tema,
forma de comunicar a iniciativa às futuras gerações”. Ainda durante o ano de 2010, a AEP irá lançar um cartão de fidelização, que não será apenas para os associados da AEP mas alargado às empresas aderentes da iniciativa “COMPRO o que é nosso”. Este cartão, designado por options tem associado um programa de linha de crédito e é lançado em parceria com a Caixa de Crédi-
“PORTUGAL, A MINHA PRIMEIRA ESCOLHA”
A 28 de Julho do ano de 2010, a AEP lançou a assinatura integrada da iniciativa “COMPRO o que é nosso”, designada “Portugal, a minha primeira escolha”, com o objectivo de reforçar a campanha inicial. Esta acção conta com investimento repartido - cerca de 40 por cento proveniente da AEP e 60 por cento de fundos comunitários do QREN. Para uma empresa se associar ao projecto e usar o selo “Portugal, a minha primeira escolha” é necessário que a sua sede e marca esteja registada em Portugal, a situação fiscal e contributiva regularizada, e agregar, em pelo menos 50 por cento, consumos intermédios nacionais. De acordo com o entrevistado «Esta nova assinatura, a qual alavanca a segunda fase do projecto, a decorrer entre Julho de 2010 e Abril de 2011, permitiu, a realização de várias actividades distintas entre elas, a campanha das praias que foi um enorme êxito. Esta iniciativa teve lugar em cerca de 30 praias. Para auscultarmos a opinião pública e perceber o impacto desta acção realizamos inquéritos, que nos permitiram compreender qual a importância dada pelo cidadão a esta campanha e aos produtos portugueses. O resultado foi positivo e surpreendente, pois a maioria dos
PAULO NUNES DE ALMEIDA, VICE-PRESIDENTE DA AEP utilizando várias formas de expressão. Estes trabalhos serão objecto de análise por parte de um júri e os prémios atribuídos serão produtos portugueses”, esclarece Paulo Nunes de Almeida. O público juvenil é fundamental quando se pretende a mudança de mentalidades na sociedade. “É uma
to Agrícola Mútua, proporciona um conjunto de vantagens, além de vários descontos em feiras, seguros de saúde, combustíveis e transportes. O QUE É NACIONAL É BOM!
A AEP celebrou um protocolo com o Ministério da Agricultura, Desen-
volvimento Rural e das Pescas (MADRP), com o objectivo de angariar mais aderentes ao projecto “COMPRO o que é nosso” que estejam no sector tutelado pelo MADRP”. Seguindo esta dinâmica, a AEP irá criar em todas as feiras da Exponor, uma zona que funcionará como um lounge “Portugal, a minha primeira escolha”. Segundo, Paulo Nunes de Almeida «pretendemos com este espaço mostrar, independentemente de serem produtos relacionados com a feira em actividade, os diversos produtos nacionais”, o vice-presidente da AEP, revelou ainda, que o “COMPRO o que é nosso já chegou ao desporto rei, o futebol. “Através da parceria recentemente estabelecida com o Clube Sport Lisboa e Benfica que decidiu aderir a esta iniciativa e pretende usar o logo do “COMPRO o que é nosso” nos seus produtos de merchandising produzidos em Portugal”, afirmando ainda, que esta proposta também foi direccionada para os outros clubes, estando as mesmas em processo de avaliação. O vice- presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida terminou esta entrevista assegurando que este projecto tem colhido inúmeros sucessos, e fazendo uma analogia ao desporto, referiu “a nossa selecção nacional são os produtos que os empresários colocam no mercado e se a nossa selecção jogar bem, ou seja, se os produtos forem de qualidade e apelativos, então teremos muito sucesso no futuro”.
PORTUGAL A MINHA PRIMEIRA ESCOLHA
PONTOS DE VISTA
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BAMER – PARCEIRO EM EQUIPAMENTOS PARA ESCRITÓRIOS
“COMPROMETEMO-NOS A SIMPLIFICAR OS PROBLEMAS MAIS COMPLEXOS”
RUI VIEGAS
“Neste momento a BAMER começa a ser reconhecida como uma marca a ser tida em conta no mercado dos equipamentos para escritórios”, revela Rui Viegas, Director Geral da BAMER em entrevista à Revista Pontos de Vista, lembrando ainda que uma das principais mais-valias da BAMER passa pela sua capacidade em personalizar cada projecto ao gosto do cliente.
A
BAMER surge em 2006, sendo um dos principais players do mercado em que actua em Portugal. Quais os principais pilares da empresa que permitiram alcançar esta posição? A capacidade industrial num mercado com uma exigência de personalização específica a cada projecto é seguramente o principal ponto forte da BAMER. Para isto ser possível apostamos no recurso que melhor nos assegura esta vantagem e que são as pessoas que integram a organização.
A BAMER dedica-se à concepção, fabrico e instalação de sistemas integrados divisórias para escritórios. Que características é que incutem nos vossos produtos no sentido de os tornar apelativos ao mercado? Os nossos sistemas de compartimentação são criados a pensar nos princípios da simplicidade de funcionamento e adaptabilidade a cada projecto. Pela nossa capacidade de desenvolver e fabricar com meios próprios comprometemo-nos a simplificar os problemas mais complexos. De que forma avalia actualmente a posição da BAMER no mercado nacional? Quais as principais contrariedades e lacunas detectadas no mesmo? Neste momento a BAMER começa a ser reconhecida como uma marca a ser tida em conta no mercado dos equipamentos para escritórios. Procuramos ser competitivos optimizando custos, oferecemos qualidade apostando em pessoas capazes e equipamentos tecnologicamente modernos, inovamos constantemente de forma a mantermo-nos esteticamente actuais e tentamos actuar com todos os nossos interlocutores com honestidade e honra. Será esta a posição que queremos ter no mercado nacional.
Quais são os vossos principais produtos e serviços que disponibilizam aos clientes que buscam a marca BAMER? A BAMER tem, neste momento, três sistemas de compartimentação para escritórios complementados pelo sistema de armários integrados. Colocamos à disposição dos nossos clientes e projectistas todas as soluções aí desenvolvidas e toda a capacidade que temos de criar e personalizar estes sistemas ao projecto.
Em 2009 «alcançaram» o Certificado de Qualidade, ISO 9001:2008, tornando a BAMER numa empresa de referência no seu sector. Qual a importância, na orgânica da empresa, desta «conquista»? Desde sempre que os métodos e procedimentos da empresa se fundamentaram nos princípios da norma de referência. O processo de certificação foi orientado para criar vantagens competitivas reais, fazendo com que toda a organização actue de forma natural para estar em conformidade com o sistema implementado. Este compromisso garante que procurando a satisfação do cliente, asseguramos o nosso sucesso.
Quais foram as principais motivações que levaram a BAMER a apostar neste certificado de qualidade? Sentiram que esta era uma exigência do próprio mercado? A Norma ISO 9001:2008 é uma excelente ferramenta de trabalho. Da forma como a utilizamos é muitas vezes onde procuramos directrizes para seguir na procura de soluções simples para os problemas mais complexos. Devia ser por si a forma de avaliar pelo cliente, se a empresa tem mecanismos que garantam o cumprimento dos requisitos por si impostos. Lamentamos que nem sempre assim seja visto pelo mercado. A nossa actuação continuará apoiada nesta importante ferra-
menta.
O processo de internacionalização de cada empresa assume-se, inúmeras vezes como um factor primordial das organizações empresariais. A BAMER tem esse desiderato? Se sim, quando foi iniciado e para que mercados externos? Desde 2007 que vamos fazendo algumas instalações fora de Portugal. Têm sido operações muito pontuais e não podemos considerar isto um processo de internacionalização. Neste momento não é ainda uma opção para um curto prazo. É uma prioridade a médio prazo e estamos a estudar como o iremos fazer.
A famigerada crise económica em que os diversos mercados económicos vivem tem provocado efeitos nefastos, principalmente no universo empresarial. De que forma é que estes efeitos se fizeram sentir na dinâmica da BAMER? De que forma os podem contrariar? Temos conseguido ultrapassar estes momentos menos bons com algum empenho de toda a equipa e neste momento estamos a crescer e a aprender. Procuramos desde cedo criar uma estrutura austera sem grandes desperdícios. A forma encontrada para contrariar estes efeitos foi mais uma vez devida às pessoas que temos a trabalhar connosco que têm a capacidade de atingir os grandes objectivos sem deixar de ser sustentável nos momentos difíceis. Que análise perpetua da concorrência existente em Portugal? De que forma marcam a diferença em relação aos vossos congéneres? Cada uma das empresas que conseguimos considerar nossas concorrentes têm o seu valor e debatem-se com as mesmas dificuldades que nós. Procuramos diferenciar-nos dos demais, oferecendo todo o nosso conhecimento industrial e de
obra à disposição dos projectistas. Simplificamos este processo colocando sempre os compromissos assumidos acima de tudo. Fazemos disto um ponto de honra. Além de ser actualmente uma marca de renome, a BAMER distingue-se também pela capacidade, juventude e qualificação da sua equipa. Qual a importância dos recursos humanos da BAMER no sentido de continuar a elevar o desígnio da marca? Todo o projecto BAMER está assente neste recurso. Desde o nascimento da empresa aos sucessos e insucessos resultantes dos desafios mais difíceis se devem à qualidade e capacidade das pessoas envolvidas. Penso ser este o recurso mais importante que temos. Mas não o é para todas as empresas? A BAMER assume-se como uma das entidades integradas na iniciativa da AEP - Associação Empresarial de Portugal. Qual a importância desta iniciativa e de que forma é que têm sentido resultados positivos através deste projecto? De que forma analisam o mercado nacional relativamente à escolha pelos produtos nacionais? Os fabricantes com que mais nos confrontamos são estrangeiros e de certa forma, no nosso mercado a imagem do que é nacional nem sempre é boa. Esta iniciativa da AEP iniciou uma mudança de atitude neste comportamento. Acho que o restante cabe às empresas nacionais fazer, quando estão frente a um cliente como a um fornecedor.
Quais são as principais prioridades de futuro da BAMER? Com a actual volatilidade e velocidade dos negócios, e mantendo os princípios que nos têm orientado, a prioridade é o próprio futuro. Simplesmente estar lá!
CABENA EM DESTAQUE
“DAMOS VIDA AO SEU PROJECTO!”
Fundada em 1980 para exercer a actividade na área da metalomecânica ligeira, a Cabena iniciou em 1998 o seu processo de especialização em Mobiliário Urbano. Esta empresa, com sede em Benavente, opera numa zona de grande atractividade geográfica pois situa-se na exacta convergência de todas as grandes rodovias nacionais e as suas instalações ocupam um espaço que tem presentemente a área global de 20.000 metros quadrados.
A
ctuando com grande rigor e sentido de inovação, a Cabena procura criar e desenvolver elementos urbanos com qualidade, design contemporâneo, funcionalidade e integração no espaço público. Oferece uma gama diversificada de mobiliário urbano, nomeadamente, abrigos para utentes de transportes públicos, mupies, quiosques, bancos, papeleiras e floreiras, palcos e bancadas e parques infantis. O Know-How conquistado ao longo destes anos gerou capacidade e meios que possibilitam apresentar projectos à medida das exigências dos clientes nacionais e em ambientes internacionais. Neste sentido, além da gama standard, de sua própria concepção, esta empresa aposta na colaboração com arquitectos e designers no sentido de criar e executar os seus projectos específicos.
Daí o lema adoptado “DAMOS VIDA AO SEU PROJECTO!” A Cabena, distinguida como Empresa PME LÍDER, é no presente um importante fornecedor das Autarquias Locais, das grandes companhias de transportes públicos e dos empreiteiros da construção civil de referência. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, António José Coimeiro, Director Geral da CABENA, revelou de que forma tem sido edificado o crescimento desta marca, bem como os principais desafios que se colocam de futuro. Consciente que a qualidade é o melhor meio para atingir os seus objectivos, a CABENA assume-se como sendo um dos principais players do mercado em que actua em Portugal. Quais são os principais pilares da empresa que permitiram alcançar esta posição? A avaliação correcta das caracterís-
ticas do mercado nacional; a convicção de que vale a pena fazer bem; o investimento em ferramentas e recursos humanos indispensáveis; a aposta em design próprio e a intervenção do Marketing em consonância com o sentir do mercado. Conceber, fabricar e comercializar equipamento urbano é o vosso fito. Que características é que incutem nos vossos produtos no sentido de os tornar apelativos ao mercado? A adequação às necessidades e sensibilidades dos compradores nacionais; o bom gosto e cuidado no acabamento dos produtos fabricados; o rigor no cumprimento dos prazos de entrega acordados; a prestação de um bom serviço no transporte, montagem e assistência pós-venda. De que forma avalia actualmente a posição da CABENA no mercado
nacional? Quais as principais contrariedades e lacunas detectadas no mesmo? Consideramos que apesar da empresa ter apenas uma presença de doze anos neste nicho de mercado ainda assim conseguiu criar uma imagem e um nome já conhecidos, que lhe permitem competir com sucesso. Contudo, o mercado é escasso e o recurso a mercados externos é indispensável. Quais são os vossos principais produtos e serviços que disponibilizam aos clientes que buscam a marca CABENA? Todos os que constam no texto que introduz a entrevista. Quero, no entanto, salientar que no domínio dos Parques Infantis estamos empenhados em lançar, a curto prazo, uma nova gama, cuja o design e a qualidade podem ombrear com o que de melhor se faz lá fora e que ainda se
“FIZEMOS UMA PRIMEIRA TENTATIVA EM ESPANHA, QUE NÃO TEM RESULTADO FACE À DEFESA INTRANSIGENTE QUE OS ESPANHÓIS ASSUMEM NA DEFESA DO PRODUTO NACIONAL. MANTEMOS COMO OBJECTIVO PRINCIPAL O MERCADO FRANCÊS, SEM DESCURAR AS OPORTUNIDADES QUE POSSAM SURGIR DOS PALOP E DO MAGREBE”
importa. Apraz-me também referir que fizemos o trabalho de reconstituição do projecto, fabricámos e instalámos o Coreto que está implantado numa das principais praças da cidade de Portimão. É, sem dúvida, um trabalho emblemático.
A CABENA PROCURA CRIAR E DESENVOLVER ELEMENTOS URBANOS COM QUALIDADE, DESIGN CONTEMPORÂNEO, FUNCIONALIDADE E INTEGRAÇÃO NO ESPAÇO PÚBLICO
O processo de internacionalização de cada empresa assume-se, inúmeras vezes como um factor primordial das organizações empresariais. A CABENA tem esse desiderato? Se sim, quando foi iniciado e para que mercados externos? Necessitamos, sem dúvida, de aceder a mercados externos. Fizemos uma primeira tentativa em Espanha, que não tem resultado face à defesa intransigente que os espanhóis assumem na defesa do produto nacional. Mantemos como objectivo principal o mercado francês, sem descurar as oportunidades que possam surgir dos PALOP e do MAGREBE.
A CABENA assume-se como uma das entidades integradas na iniciativa da AEP. Qual a importância desta iniciativa e de que forma é que têm sentido resultados positivos através deste projecto? De que forma analisam o mercado nacional relativamente à escolha pelos produtos nacionais? Consideramos que os actores que mais nos interessam – as Autarquias Locais – não interiorizam totalmente o sentimento do “Compro o que é Nosso”. Por vezes, até por um certo novo-riquismo, compram-se no exterior, o que podia ser facilmente produzido em Portugal. Quais são os principais desafios de futuro da CABENA? Continuar a desenvolver e a inovar equipamentos que satisfaçam plenamente os mercados-alvo. Alcançar mercado externo, que ajude a absorver o nosso crescendo em produtividade e produção.
OPINIÃO: POR LUÍS GAMEIRO, SÓCIO DA GAMEIRO & ASSOCIADOS, SOCIEDADE DE ADVOGADOS, R.L.
GAMEIRO & ASSOCIADOS, SOCIEDADE DE ADVOGADOS, R.L.
INTERNACIONALIZAR – A PRESSÃO POSITIVA DOS MERCADOS Garantir o crescimento dos sectores industriais e dos serviços depende, fundamentalmente, da capacidade de cada empresa se internacionalizar. Se as grandes empresas já garantiram o seu crescimento através da internacionalização, de que caso paradigmático o sector bancário, é o momento das pequenas e médias empresas fazerem o mesmo caminho, pois só assim poderão ter um desenvolvimento sustentável.
P
ara as empresas portuguesas é primordial conquistar, além do mercado europeu, os mercados lusófonos, focando especialmente os seus esforços em mercados que lhes seja garantida uma participação activa no desenvolvimento do tecido empresarial desses mercados. Em face das actuais condições de investimento proporcionadas pelas autoridades e das condições favoráveis do próprio mercado, escolher como focos de internacionalização Angola e o Brasil é optar, indubitavelmente, pelo crescimento, ou melhor, pelo crescimento a longo prazo. A implementação de uma actividade empresarial em Angola e no Brasil, por iniciativa de empresas que se decidam internacionalização, carece, além conhecimento das especificidades de cada um destes mercados, do conhecimento sobre as condições e as obrigações legais que tal decisão implica, a fim de evitar as contrariedades e adversidades, que, repetidamente, se têm verificado em tentativas de estabelecer actividades em Angola e no
Brasil, as quais não foram devida e legalmente preparadas. As especificidades dos mercados, os requisitos a preencher, os procedimentos a percorrer, as obrigações a cumprir, os direitos a exercer e os benefícios a usufruir são os elementos-chave de que as empresas devem estar dotadas para que o processo decisório de internacionalização venha a representar crescimento e sucesso. O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS PARA O MERCADO ANGOLANO
O quadro legislativo angolano é de relevante interesse para os investidores portugueses, mais precisamente o direito empresarial, o qual abrange um conjunto de diplomas legais, bem como a respectiva regulamentação, que devem estar presentes em todos os processos decisórios das empresas que pretendem desenvolver a sua actividade em Angola, quer através de novas unidades de negócio, quer através da deslocalização das suas unidades produtivas para este
País. Neste âmbito, é de relevante interesse, os investidores estarem devidamente inteirados sobre a legislação a que ficarão submetidos seus investimentos. Por um lado, a legislação de carácter geral, na qual se enquadra a legislação societária, comercial, fiscal, laboral, segurança social, financeira e cambial, e por outro lado, a legislação de carácter especial, respeitante ao sector de actividade em que estão integrados os investimentos, designadamente a especificidade da regulamentação que lhes é aplicável, o processo de licenciamento das suas actividades e dos seus estabelecimentos nos sectores primário, secundário ou terciário. Na esteira deste entendimento, importa ter presente, independentemente dos apoios eventualmente obtidos junto das instituições portuguesas vocacionadas para a internacionalização das empresas, os apoios atribuídos pelo Estado Angolano aos investimentos privados, como sejam, a atribuição de incentivos e benefícios aduaneiros e fiscais, os quais variam conforme o sector de actividade e a zona de desenvolvimento.
Tais incentivos poderão ser concedidos em função de um conjunto de factores, dos quais se destacam os seguintes: a inserção do investimento em sectores de actividade classificados como prioritários pelo Estado Angolano; a contribuição do investimento para a zona territorial de desenvolvimento em que é concretizado; a criação de postos de trabalho para trabalhadores de nacionalidade angolana; e a formação de quadros e técnicos especializados de nacionalidade angolana. Além destes aspectos, e como pressuposto da implementação do investimento externo em Angola, é relevante ter presente, a necessidade de estar garantida uma adequada elaboração do respectivo projecto de investimento que é submetido à aprovação das entidades competentes, bem como o acompanhamento do seu percurso, o qual deverá ter uma assistência local e permanente, proporcionando a prestação de esclarecimentos aos técnicos dessas entidades, o que permitirá uma célere aprovação e implementação do respectivo projecto de investimento.
A implementação do projecto de investimento e o desenvolvimento da respectiva actividade implica um conjunto de medidas de natureza jurídico-empresarial, que proporcionarão conforto aos investidores estrangeiros, pelo que, para tanto, deverão dar cumprimento a um conjunto de especificidades próprias da lei angolana, como sejam, as respeitantes: ao exercício da actividade dotado dos legais alvarás e licenciamentos, com especial incidência nos sectores industrial, construção civil e obras públicas,
bem como dos serviços financeiros; ao cumprimento da lei geral do trabalho, designadamente no respeitante à contratação de trabalhadores estrangeiros e ao cumprimento das obrigações para com os trabalhadores angolanos; ao cumprimento das obrigações fiscais, com especial ênfase no imposto industrial e na retenção de impostos devidos por terceiros; o preenchimento dos requisitos para realizar importações; e, o respeito pelas condições atribuídas pelas instituições que aprovaram os investimen-
tos, designadamente no que concerne à concretização dos mesmos em importação de capitais e de bens de equipamento, ao exercício da actividade declarado e autorizado, à contratação de pessoal dentro das quotas definidas para trabalhadores estrangeiros e angolanos. Em suma, o sucesso do investidor estrangeiro em Angola está unicamente dependente de três factores: em primeiro lugar, da elaboração da proposta de investimento às entidades oficiais, respeitando o disposto na lei e regulamentos do
investimento privado; em segundo lugar, da implementação do projecto de investimento aprovado com o cumprimento de todos os requisitos legais; e, em terceiro lugar, do exercício da respectiva actividade, com respeito pela normas do direito empresarial angolano. Tanto assim é que o mercado angolano faz o restante pelo investidor, pois, a procura é substancialmente superior à oferta.
MULTISECTOR INNOVATION CONSULTING
O CAMINHO MAIS SÓLIDO PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO Em entrevista à Revista Pontos de Vista, João Lacão, dá-nos a conhecer a MultiSector, empresa que desenvolve a sua actividade junto das Pequenas e Médias Empresas (PMEs), especializando-se nos serviços de apoio à gestão para os mercados das Tecnologias da Informação e Electrónica e das Indústrias de Bens de Equipamento assumindo-se como um parceiro imprescindível quando o objectivo é internacionalizar.
A
JOÃO LACÃO, DIRECTOR GERAL DA MULTISECTOR
MultiSector é uma empresa independente de capitais nacionais e que tem como principal objectivo o apoio às empresas nos processos da inovação, prestando serviços de consultoria em três áreas principais: Apoio à Gestão – na qual se insere a reflexão estratégica da empresa, organização interna, controlo de gestão, internacionalização e dos instrumentos de financiamento, nomeadamente ao nível de verbas do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN); Investigação e Desenvolvimento – área através da qual é efectuada a montagem de projectos relevantes (desenvolvimento de produtos e/ou processos) fazendo uso das novas tecnologias, transferência de tecnologia - contribuindo para a aproximação entre Universidades e Empresas, efectuando a gestão dos produtos resultantes destas parcerias e auxiliando no seu financiamento; Implementação de Sistemas de Gestão da Qualidade – nomeadamente, na certificação ISO 9001 e da certificação da inovação (NP 4457 e NP 4458). A Multisector tem-se assumido como um parceiro importante das PMEs, sobretudo distinguindo-se pelo seu trabalho de apoio à internacionalização desenvolvido ao longo da última década, destacando-se no auxílio às PMEs em termos consultivos, no sentido de recomendar (e/ou seleccionar) mercados) e o estabelecimento de uma parceria, uma vez que esta é para João Lacão “a forma mais rápida de conseguir um retorno do investimento da internacionalização”. Para o administrador da Multisector este objectivo “só pode ser cumprido se as PME’s portuguesas trabalharem numa lógica «win-win» que reparta o lucro por todos os parceiros intervenientes no pro-
cesso. Os empresários portugueses devem deixar de lado a ideia de que conseguimos chegar ao mercado externo e enganar tudo e todos. Esta lógica deve estar patente em qualquer área de negócio, no sector das Tecnologias da Informação ela é um princípio inabalável, porque Portugal é excelente para a realização do desenvolvimento, consolidação do produto e obtenção de referências. Mas, devido à dimensão do mercado português, a internacionalização é o caminho para o crescimento, porque o custo de produção desta tecnologia (e sua manutenção tecnológica e de inovação) é de tal ordem que não pode ser rentabilizado num mercado tão diminuto”. Ao longo deste trabalho de aproximação e identificação de empresas, que é contínuo e nunca está concluído, a Multisector tem experiência comprovada em vários mercados, nomeadamente Espanha, França, Alemanha, Angola, Moçambique e Brasil. Porém, João Lacão afasta a ideia de que há um mercado em que uma empresa deve procurar marcar presença: “Tudo depende da tecnologia que o nosso parceiro possui, do seu estado de desenvolvimento e se é mais, ou menos, competitivo. O importante é que do outro lado se possa encontrar um parceiro com quem estabelecer negócio e não o mercado em si”. Numa altura em que internacionalizar é a palavra de ordem, João Lacão coloca algum travão na euforia, defendendo que este passo deve ser dado com cautela: “Em primeiro lugar é necessário que as empresas estejam preparadas para dar este passo, isto é, predispostas à mudança, sendo imprescindível analisar lacunas e identificar necessidades antes de entrarem num mercado, por isso, reflectir e obter vários pontos de vista é de extrema importância. Por outro lado,
“TUDO DEPENDE DA TECNOLOGIA QUE O NOSSO PARCEIRO POSSUI, DO SEU ESTADO DE DESENVOLVIMENTO E SE É MAIS, OU MENOS, COMPETITIVO. O IMPORTANTE É QUE DO OUTRO LADO SE POSSA ENCONTRAR UM PARCEIRO COM QUEM ESTABELECER NEGÓCIO E NÃO O MERCADO EM SI”
se quero seguir o caminho da internacionalização, tenho que ter produto(s) próprio(s) e que criem valor e dirigir a internacionalização para mercado(s) onde possa(m) ser aplicado(s) sendo essencial a análise às condições da empresa e do mercado alvo. Em terceiro lugar, deve ser implementada uma estratégia de internacionalização que não descure a questão do financiamento, nem da determinação de formas de abordagem adequadas. E, exemplifica, não posso ter a expectativa de colocar um vendedor em Vigo, ou Sevilha a vender o produto, e ao fim de alguns meses ter retorno do investimento. Isto não acontece e a experiência demonstra que é necessário um período de pelo menos 12 a 18 meses, para conseguir a penetração e/ou aceitação de um produto num mercado estrangeiro”. Actuando em parceria, a MultiSector Norte tem conseguido a fidelização das PME’s, desenvolvendo elos de ligação e confiança mútua, que possibilitam a reflexão estratégica conjunta. Neste sentido, João Lacão vê-se muitas vezes obrigado a colocar um travão na euforia, quando percebe que determinado produto não tem a maturação suficiente para vingar nos mercados externos pretendidos: “Esta é no fundo a função de um verdadeiro consultor nas empresas. Por um lado, alimentar os sonhos da direcção, mas também refrear estes mesmos sonhos quando as circunstâncias não são suficientes para garantir o sucesso de uma aproximação ao mercado externo”. “EMPRESÁRIOS NÃO DEVEM TER RECEIO … DEVEM, FOCAR-SE NA SATISFAÇÃO DO CLIENTE”
Numa altura de conturbada crise económica e em que o debate em
torno do próximo Orçamento de Estado está ao rubro, João Lacão apresenta uma visão optimista e que deve ser partilha por todos os empresários: “Não devemos estar muito preocupados com o Orçamento porque este vai penalizar fundamentalmente as empresas que trabalham directamente para o Estado, mas existe o universo das empresas privadas - com as quais a MultiSector coopera. Obviamente que, tendo o Estado um peso de 45 por cento na economia, indirectamente todos ficamos afectados e claramente que o aumento do IVA e da carga fiscal vão penalizar. Contudo, entendo que não devemos ter medo do futuro, até porque já ultrapassamos outras crises, temos provavelmente que reestruturar alguns serviços e repensar outros, mas de uma forma geral os empresários não devem ter receio, devem sim orientar-se para o mercado e focalizar-se na satisfação dos seus clientes, porque depois dos colaboradores, este é o melhor activo de qualquer empresa”. É com esta linha de pensamento que o administrador da MultiSector pretende continuar a aumentar a sua carteira de clientes que é já ampla e diversificada, contando com empresas industriais de diversos sectores de actividade; bem como, entidades governamentais, associações, universidades/institutos e centros tecnológicos. Espelho deste optimismo são as expectativas criadas para este ano, no qual a Multisector espera atingir um volume de facturação a rondar os 1,2 milhões de euros, superando a fasquia atingida em 2009, quando atingiu o milhão de euros de facturação. Na hora de partilhar o sucesso João Lacão não esquece os cerca de 31 colaboradores que, como já foi referido considera serem os melhores activos da empresa.
INARBEL – INDÚSTRIA DE MALHAS E CONFECÇÕES
MARCA DE SUCESSO NACIONAL E ALÉM-FRONTEIRAS
JOSÉ ARMINDO, ADMINISTRADOR DA INARBEL
De empresa meramente familiar à internacionalização! É este o percurso da Inarbel, firma têxtil especializada em malhas, sedeada no Marco de Canaveses. Inovação e visão empresarial são duas palavras que fazem parte do léxico de José Armindo, Administrador Executivo e principal impulsionador da internacionalização do negócio.
D
esde tenra idade que José Armindo tinha o chamado “jeito para o negócio”. Este jovem empresário e ex-profissional de futebol conta que já aos quatro anos vendia, à beira da estrada, as maçãs, laranjas e pêras que apanhava no chão do pomar do avô. O leitor leu e muito bem: profissional de futebol! Quem anda mais atento às lides do pontapé na bola deve, certamente, recordar-se de José Armindo que, entre outros clubes, jogou no Boavista dos anos
90, tendo depois emigrado para o campeonato de Inglaterra para representar o Bolton Wanderers. Todavia, aos 27 anos finda a sua carreira como futebolista e decide abraçar o projecto familiar iniciado pelos seus pais em 1984. Mais de uma década depois de assumir os destinos da Inarbel, as mudanças são mais que muitas, como nos conta: “Já na altura dos meus pais, esta firma primava pela diferença, com trabalhos com valor acrescentado para clientes muito válidos. Porém e apesar de se laborar para poucos
clientes, o mercado internacional já tinha a sua quota parte na facturação. O negócio e o comércio sempre fizeram parte da minha vida e abracei esta nova aventura, em finais dos anos 90, com todo o empenho; a minha primeira inciciativa passou por uma auditoria interna para aquilatar quais os pontos fortes e fracos do funcionamento da Inarbel, a partir desses resultados expus o meu projecto para a firma – o qual foi aceite – e, acrescento, obtive excelentes dividendos logo após a restruturação estratégica imple-
mentada. Hoje a Inarbel emprega cerca de 170 pessoas, três vezes mais do que empregava há 12 anos, triplicou, também, a sua área de trabalho, modernizou-se e aumentou exponencialmente o número de clientes. Apostei, vincadamente, no design, na moda, na internacionalização e, felizmente, tudo deu certo”. ADAPTAÇÃO AO “MERCADO GLOBAL”
Hoje as fronteiras dos mercados estão perfeitamente esbatidas e o
de roupa para bebé criança e adolescente. “Ao apostar na internacionalização, considerei que tinha que lançar um trunfo: a criação de uma marca, que primasse pela diferença, que fosse competitiva, que tivesse “look” e acabei por encontrar nichos de mercado para a mesma; A Dr. Kid – que também é nosso cliente – cumpre agora 9 anos, já está presente em mais de duas dezenas de países, e é uma etiqueta made em Portugal, reconhecida mundialmente como marca de qualidade. Muitos consideraram este projecto demasiado ambicioso, mas eu sou um homem de desafios e sem virar a cara à luta apostei forte na Dr. Kid, que hoje representa 35% da facturação da Inarbel e é um caso de sucesso de uma marca nacional”, refere José Armindo. E não restam dúvidas que o caminho da indústria têxtil nacional é o da internacionalização: “é obrigatório exportar, seja com ou sem marca própria; atendendo à situação económica vivida no País, temos que
têxtil nacional teve de se adaptar à Aldeia Global. Enquanto outras empresas definhavam, a Inarbel, fiel à estratégia implantada pela direcção, solidificava-se cada vez mais no seu ramo de actuação e crescia em termos internacionais. De Vila Boa de Quides, concelho do Marco de Canaveses, para o mundo! É este o percurso da Inarbel! E o nosso entrevistado não tem pejo em assumir os louros, mas tem a devida humildade para os dividir com os seus colaboradores. E, tal como no futebol, só um conjunto forte pode fa-
zer face aos rivais; assim, com uma equipa unida, a Inarbel conjugou esforços e delineou uma estratégia para combater a proliferação dos mercados de Leste e asiático, apostando na diferenciação, no design, na qualidade, na modernização e na inovação tecnológica. Esta adaptação ao “mercado global” fez com que se encarasse a concorrência dos mercados com custos de produção mais baixos de forma positiva, um desafio vencido pela Inarbel. 2003 é o ano do lançamento do ex-libris da empresa, a Dr. Kid, marca
exportar, caso contrário as empresas téxteis não sobrevivem apenas com o mercado nacional. Têm que apostar na internacionalização, na exposição em eventos e feiras internacionais e procurar os clientes apropriados. Hoje em dia, a moda anda a uma velocidade alucinante e temos que acompanhar as tendências e modernizar-nos. A Inarbel tem um parque de máquinas ultra-moderno e para comprovar o excelente funcionamento da empresa, estamos dotados da Certificação no âmbito da Qualidade pela SGS”, sublinha o administrador executivo. Em suma, são mais-valias que permitem trabalhos de qualidade superior, bem como competência, capacidade e flexibilidade junto dos clientes. José Armindo não pára de delinear novas estratégias e oportunidades de negócio para a Inarbel e, muito embora preferisse não desvendar os principais rumos futuros, uma coisa adiantou: haverão boas surpresas.
LUÍS FILIPE PEREIRA, CEO DA EFACEC, ABORDA A INTERNACIONALIZAÇÃO
LUÍS FILIPE PEREIRA, CEO DA EFACEC
A EFACEC assume actualmente uma posição de destaque no mercado nacional e especialmente no mercado internacional, apresentando-se como uma entidade distintiva, reconhecida e de acrescida competitividade nos países onde se encontra presente, sendo hoje uma referência quanto ao seu modelo de desenvolvimento e crescimento.
N
uma era contemporânea e global, ainda podemos considerar a «aventura» da internacionalização como um facto relativamente recente em Portugal, embora seja visível uma alteração profunda nesse sentido. Assim, a disseminação e a propagação das empresas nacionais nos mercados externos abarca um vasto conjunto de sectores, não se limitando apenas aos maiores grupos económicos. Como foi referido, pelo aumento de competitividade dos mercados e também pela actual conjuntura económica nacional e mundial, começamos a assistir a um fenómeno que está a alterar por completo
a economia portuguesa, pois é de conhecimento público que a nossa integração económica com o resto do mundo, embora tenha conhecido um período crescente depois de 1974, restringia-se ao comércio externo, sendo que o nível de abertura era bastante mais exíguo comparativamente a outras economias. Felizmente temos conhecido uma alteração neste quadro e, apesar de Portugal deter poucas empresas universalmente conhecidas, como a LEGO dinamarquesa, a NOKIA finlandesa ou a NESTLÉ suíça, só para citar marcas/empresas oriundas de pequenos países, começa hoje a deter players de renome e referência nos mercados internacionais, sendo amplamente respeitadas, mes-
mo ao nível do consumidor final. A EFACEC é uma delas. Assim, num mercado global, em que todos competem sem fronteiras, não é possível às empresas, seja qual for a sua dimensão, cingirem-se ao mercado nacional. Cada vez mais é fundamental alargar a base de clientes, que não se pode remeter a uma fronteira física, tendo como finalidade um só desiderato: incremento da sua competitividade. De que forma se pode dar esse passo? Ao longo desta entrevista vai ficar a conhecer aquela que pode inclusive ser considerada um case study no sucesso alcançado no seu processo de internacionalização, a EFACEC. A Revista Pontos de Vista conver-
sou com Luís Filipe Pereira, CEO da EFACEC, ele que tem sido o principal rosto da evolução da marca, coadjuvado por muitos mais, e que revelou de que forma foi iniciado e concretizado o projecto de internacionalização do grupo electromecânico que triplicou a sua actividade internacional, ultrapassando os mil milhões de euros de volume de negócios em 2010, sendo portanto um caso de puro sucesso e sem paralelo em Portugal. “A ESTRATÉGIA TAMBÉM É DIZER NÃO. É SABER ONDE QUEREMOS OU NÃO ESTAR” A EFACEC tem tido um papel interventivo em mercados internacionais há alguns anos, mais concreta-
UMA POSIÇÃO DE DESTAQUE NO MUNDO
ro de 2007, o nosso volume de negócios situava-se nos 370 milhões de euros, tendo no corrente ano, 2010, atingido os mil milhões de euros, a uma taxa média de crescimento anual de mais de 30 por cento, ou seja, quase que triplicamos o nosso volume de vendas. Isto é ainda mais significativo porque vivemos actualmente num momento de crise”, afirma o nosso entrevistado. Ainda neste âmbito, outras das mudanças identificadas na orgânica da EFACEC passou pelo crescimento ao nível externo. Se em 2007, o volume de negócios da EFACEC era de 65 por cento no mercado interno e 35 por cento no mercado externo, hoje o cenário encontra-se completamente invertido, estando perspectivado, para 2011, um incremento significativo do peso do mercado internacional. “Estamos a prever situarmo-nos, a nível do mercado externo, nos 75 por cento e o restante em Portugal. Prevemos ainda que nos próximos dois ou três anos iremos aumentar a nosso volume de negócios além-fronteiras para 80 por cento”, assume Luís Filipe Pereira. Este projecto de internacionalização e o êxito alcançado são ainda mais meritórios pela forma como a EFACEC o tem protagonizado, mas também pelo nível de competitividade que tem enfrentado, pois tem competido com multinacionais de enorme prestígio e dimensão como a ABB, a Schneider e a Siemens, entre outras, o que realça ainda mais a dinâmica imposta pela EFACEC e os resultados alcançados. CHAVE DO SUCESSO – OBJECTIVOS QUANTIFICADOS
mente desde 1987, tendo contudo, em 2007, iniciado um novo paradigma no modelo e na estratégia a adoptar ao nível da internacionalização, facto que coincidiu com a entrada do nosso entrevistado para a liderança da marca. Assim, em 2007, foi definida uma nova estratégia que assentava em dois grandes pilares: definição das áreas onde a EFACEC pretendia intervir: Energia, Engenharia e Ambiente e Transportes e Logística; e áreas geográficas que iriam ser abrangidas pela actividade da marca. Assim, foram constituídas sete regiões consideradas mercados prioritários, Estados Unidos da América; América Latina; Europa Central; Magrebe; África Austral; Espanha; e Índia, com o desiderato de nelas replicar a actividade desenvolvida pelas suas Unidades de Negócio. “Temos três áreas de negócios, subdivididas em dez negócios diferentes e o pro-
cesso de internacionalização passa por tentar que cada um seja replicado nas sete regiões que definimos como prioritárias”, afirma o nosso interlocutor, lembrando que inúmeras vezes, “a estratégia também é dizer não. É saber onde queremos ou não estar”, assevera convicto. Neste sentido, a EFACEC apresenta uma organização matricial, ou seja, dez negócios em sete regiões estratégicas à escala mundial, permitindo assim à EFACEC «falar» hoje diversas línguas. Entre os países que constituem os seus mercados e entre muitos outros, a empresa está presente em mais de 65 países a nível mundial, como no Brasil, Argentina, Roménia, República Checa, Marrocos, Moçambique, Angola, Zimbabwe, Grécia, Chile, Singapura, Índia, África do Sul, China, cenário que permitiu a evolução da marca, bem como uma alteração do panorama no seio da EFACEC. “Em Janei-
Motivado por uma liderança firme, mas desprovida de autoritarismo, o nosso entrevistado procura envolver, responsabilizar e motivar as equipas a atingir os fitos. “Proponho e adopto objectivos ambiciosos, para que os colaboradores os sintam como seus e não como algo imposto. É importante controlar e ter feedback do desempenho para poder melhorar a performance. É isso que temos realizado”. É esta a chave do sucesso da EFACEC? Tendo inovado em duas grandes áreas: no modelo de gestão e na vertente da gestão dos recursos humanos, o nosso entrevistado sabe que as mais-valias das pessoas de uma organização fazem a diferença no momento de enfrentar as dificuldades e vicissitudes dos mercados. Assim, foi introduzido um novo modelo de gestão, em 2007/2008, em que todos os anos, em Janeiro de cada ano, a Comissão Executiva da
EFACEC define objectivos escritos e quantificados para as dez unidades de negócio e para as sete regiões geográficas definidas inicialmente pela EFACEC na sua estratégia de internacionalização. “Conferimos objectivos, o mais possível quantificados, para os cinco anos seguintes. Uns meses depois, as várias equipas discutem e dois ou três meses depois propõem formas de os atingir na sua plenitude. Cessada esta fase, conseguimos aportar desideratos e estratégias para todas as dez áreas de negócio e as sete áreas geográficas. Este modelo de gestão permitiu uma grande autonomia por parte dos responsáveis das unidades de negócio e de mercado e respectivas equipas, que olham para o negócio como se fosse o seu, embora, como é natural, aportasse também um nível elevado de responsabilidade para atingir os objectivos a que se propuseram”. No sentido de continuar a fortalecer a marca fora de portas, foram também direccionadas atenções para a vertente da gestão dos recursos humanos. Na EFACEC a diferenciação positiva também passa por aqui, pois na marca do grupo electromecânico existem duas direcções de recursos humanos, uma mais direccionada para a gestão estratégica de recursos humanos, dirigida fundamental aos Quadros da empresa e aos recursos humanos em contexto internacional e outra para os restantes colaboradores, onde todos, incluindo o nosso entrevistado, possuem objectivos individuais quantificados, através de um sistema denominado GDD – Gestão do desempenho e Desenvolvimento, do qual consta um «Cartão de Objectivos». Assim, além de ser um dos maiores empregadores de jovens quadros, em engenharia sobretudo, “no universo da EFACEC todos os colaboradores são avaliados e remunerados mediante a concretização desses objectivos. É uma forma de responsabilizar as pessoas, que, felizmente, vêm esta forma de estar com um grande sentimento de responsabilidade e satisfação, proporcionando uma motivação fortíssima, e consequentemente uma maior competitividade da marca a nível internacional”, explica o nosso entrevistado, dando um exemplo concreto da forma como se actua na EFACEC. “Realizamos reuniões frequentes com os responsáveis de cada unidade de negócio, «apenas» para falarmos sobre as evoluções e os projectos de cada colaborador. Isso é fundamental e bastante importante”, assevera convicto o CEO da EFACEC. A desinformação e o desconheci
mento manietam inúmeras vezes os desideratos das organizações, principalmente quando são atribuídas responsabilidades e exigências a um conjunto de recursos humanos vasto. Assim, na EFACEC a promoção da motivação é fundamental, porque o projecto pode ser aliciante e de referência, “mas não pode ser única e exclusivamente um projecto meu ou da Comissão Executiva. Tem de ser de todos”, explica, deixando uma questão. “Como podem as pessoas aderir a algo tão ambicioso se não o conhecem?”. A comunicação interna realizada no seio da EFACEC revela-se um veículo fundamental. “Apostamos em algo diferente e inovador. Quisemos envolver as pessoas e depois de, em 2007, termos reunido todo o universo da EFACEC no Centro de Congressos de Santa Maria da Feira e na FIL (Lisboa), onde comunicámos a todos os colaboradores a visão estratégica para o futuro da Efacec, os nosso objectivos de crescimento, o caminho a percorrer e o papel de cada um no sucesso da marca. E de 2007 para cá temos vindo a promover inúmeras outras acções de grande reforço da comunicação interna que se revelaram essenciais nesta dinâmica. O nosso objectivo passou por incrementar a informação, com vista a uma maior coesão e competitividade. E é extremamente importante que os dados e os objectivos traçados não sejam etéreos mas sim quantificados e quantificáveis. Tudo isto contribuiu fortemente para podermos triplicar a nossa actividade e o nosso volume de facturação. Além disso, acredito que a nossa estratégia tenha sido correcta. Como exemplo e, curiosamente, na Europa não apostámos em países que conheceram crescimentos negativos e que actualmente vivem em dificuldades face às agruras da crise económica global”.
ração do nosso país. “O Metro do Mondego foi anunciado e a EFACEC estava bem colocada para garantir o concurso quando o mesmo foi anulado. A expansão do Metro do Porto deixou de existir. A EFACEC não pretende deixar o mercado interno, até porque pretendemos continuar a servir os nossos clientes como por exemplo a REN, a EDP, a REFER, a Metro do Porto, entre outros, mas se não existem oportunidades de negócio, temos de encontrar alternativas”, revela o nosso entrevistado. Além disso, para Luís Filipe Pereira a exiguidade do mercado em Portugal começa a revelar-se um entrave aos objectivos da EFACEC, “pois já não possui dimensão para suportar a ambição que temos”, revela o CEO da EFACEC, marca que se encontra actualmente presente em cerca de quatro mil concursos para novos projectos.
“PS E PSD DEVEM ENCONTRAR UMA BASE DE ENTENDIMENTO”
“NÃO PRETENDEMOS ABANDONAR O MERCADO PORTUGUÊS” Actuando em 65 países e com uma percentagem de volume de negócios no mercado externo a rondar os 75 por cento e ainda a crescer, existe a ideia de que a EFACEC poderá estar a ponderar «abandonar» ou a descurar o mercado nacional. Segundo Luís Filipe Pereira esse cenário nem se coloca. “Não pretendemos abandonar o mercado português, este é que nos está a abandonar a nós. O crescimento e as oportunidades de negócio encontram-se hoje a nível internacional. Se em Portugal o desenvolvimento estava parado, agora está em retrocesso”, afirma, dando dois exemplos claros da desacele-
constantes «missões» encabeçadas pelo actual Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva e pelo actual Primeiro-ministro, José Sócrates, que juntos têm promovido o contacto de empresários portugueses com o mundo externo. Mas será este o único caminho? Presença constante nas diversas missões dos dois maiores representantes do Estado português, para Luís Filipe Pereira estas «viagens» são importantes, pois permitem a abertura de novas perspectivas e contactos, embora isso ainda não seja suficiente. Fazendo uma analogia ao universo da representação, para o nosso entrevistado, as empresas portuguesas encontram-se actualmente no palco e são elas as que têm de dar o primeiro passo. “Obviamente que neste processo, os bastidores são fundamentais, sendo aqui que entram os apoios estatais aos mais diversos níveis”, reitera o nosso interlocutor, salientando que a internacionalização e as exportações são a única variável que Portugal dispõe para aumentar o seu crescimento económico. “Neste momento não existe crescimento nem consumo público pelo nível de endividamento que o país atingiu. O consumo privado era fomentado pelas famílias que, infelizmente, hoje também se encontram demasiado endividadas. Com este panorama o que nos resta? A nossa capacidade de competição nos mercados externos”, responde o nosso interlocutor, que salienta ser fundamental que Portugal inverta a filosofia seguida nos últimos 15 anos, em que o foco passou, em termos de políticas económicas, pelo sector dos bens não transaccionáveis, com todas as repercussões que daí advieram. “Temos de alterar o paradigma e apoiar os sectores de bens transaccionáveis”.
“TEMOS DE ALTERAR O PARADIGMA E APOIAR OS SECTORES DE BENS TRANSACCIONÁVEIS” Portugal vive hoje um clima económico bastante difícil e complicado, sendo vital que se encontrem alternativas e novas vias para que as empresas portuguesas possam estar presentes nos diversos mercados. O aumento do nível de exportações tem sido um tema bastante mediatizado, augurando-se uma necessidade voraz em promover novas medidas e iniciativas que auxiliem as empresas nesse sentido. Este cenário, tem sido aprofundado pelas
As PME’s assumem-se como a grande «malha» do universo empresarial português, cerca de 98 por cento, sendo os restantes preenchidos por grandes grupos empresariais. Assim, sabendo das dificuldades das empresas nacionais, como podem as mesmas apostar num processo de internacionalização e fazer face aos investimentos inerentes a este projecto, desprovidos de qualquer apoio? De que forma podem competir com os mercados externos? Para Luís Filipe Pereira as marcas portuguesas reúnem condições necessárias para competir além-fronteiras, “mesmo nos sectores tradicionais”, afirma, deixando contudo um alerta.
“Não o podem fazer pelo preço. Tem de ser pela diferenciação e pela qualidade da marca, dos produtos e do serviço. Ao contrário da Alemanha ou do Reino Unido que apresentam um perfil de especialização diferente do nosso pois está mais apoiado em bens tecnológicos, o nosso perfil de especialização, ou seja, o tipo de bens e serviços que Portugal oferece são demasiado análogos aos dos países emergentes, como por exemplo a China e a Índia, com quem não conseguimos competir por preço”. Apesar de concordar que as políticas dos últimos Governos têm demonstrado uma vontade de mudar este estado de coisas, segundo Luís Filipe Pereira o problema é sistemático e sintomático, não se resolvendo única e exclusivamente através de vontades ou manifestações de alteração de comportamentos. “As empresas portuguesas têm um papel importante neste inverter de cenário, contudo deve-se proporcionar-lhes um enquadramento que lhes permita competir a nível externo. Há reformas que devem ser feitas rapidamente, sendo absolutamente vital que os dois maiores partidos políticos, PS e PSD, encontrem uma base de entendimento” PARCEIRO DE REFERÊNCIA
Se em 2006 a EFACEC alcançava vendas de 370 milhões de euros, em 2007, 440 milhões de euros, em 2009 bateu nos 800 milhões, mais 35 por cento que em 2008, em 2010 foi atingida a admirável «barreira» dos mil milhões de volume de negócios. O que falta agora? Qual o caminho a seguir de futuro? Consciente das dificuldades que se avizinham, até porque o nível de ambição encontra-se num patamar ainda mais elevado, para Luís Filipe Pereira, o grande desafio da EFACEC passa por continuar a dotar a organização de instrumentos que lhe permitam ser ainda mais competitiva, no sentido de permanecer como uma empresa tecnologicamente evoluída. Convém realçar que um dos factores diferenciadores do seu estilo de liderança, passa por um forte investimento em investigação, desenvolvimento e inovação. “Temos permanentemente 150 a 200 pessoas «apenas» na vertente da Investigação & Desenvolvimento. Esta aposta procura sobretudo oferecer aos clientes da empresa um serviço de excelência e garantir a máxima segurança e eficiência dos serviços oferecidos. São estes factores que lhe conferem o título de parceiro de referência na sua área de actuação”, termina o nosso interlocutor.
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TIM VIEIRA, CEO DA SPECIAL EDITION, AFIRMA
“ANGOLA É UM MERCADO VALIOSO PARA PORTUGAL” TIM VIEIRA, CEO DA SPECIAL EDITION
Angola assume-se actualmente como a terceira maior economia da África subsaariana, sendo ainda o segundo maior produtor de petróleo daquela região e o quarto maior produtor mundial de diamantes. Naturalmente que estes dados demonstram cabalmente a vitalidade e a importância que o mercado angolano alcançou nos últimos anos, sendo um país que aporta um papel central para um conjunto elevado de empresas portuguesas.
O
nível de exigência do povo angolano começa a ser cada vez mais superior, facto que perpetua às empresas nacionais e internacionais a necessidade em criar uma «ponte» directa de ligação ao nível do contacto com o seu público-alvo, ou seja, aqueles que irão usufruir dos seus produtos e serviços. Uma das principais vertentes da política económica de Angola passa pela aposta concreta no investimento directo estrangeiro, IDE, que tem assumido um papel determinante e fundamental no desenvolvimento deste país. O IDE tem permitido oferecer um contributo ao nível da modernização dos sistema produtivo, através de novas práticas de gestão modernas a introduzir nas empresas, levando assim a uma maior eficiência empresarial bem como a uma melhoria do sistema burocrático e legal. Para que este anterior cenário seja exequível, é vital que surjam parceiros credíveis e eficazes que proporcionem um clima de confiança a quem busca novos negócios num novo país. A Special Edition é um dos maiores grupos de media do país e tem investido fortemente nos melhores recursos técnicos e tecnológicos disponíveis no mercado, acompanhando a evolução do sector de publicidade mundial, sendo
hoje um players de reconhecidos créditos no mercado global. Nascido na África do Sul, estudou Gestão de Empresas e Economia, tendo um vasto background no sector financeiro em Portugal, tendo a sua chegada a Angola justificada por uma recolocação profissional através de uma multinacional. Falamos de Tim Vieira, CEO da Special Edition, que se assume como um players de renome na vertente da media e comunicação, delineando-se assim como um parceiro de excelência na entrada e no sucesso de uma determinada marca internacional em território angolano. “O mercado de Angola patenteia actualmente um nível de potencial muito elevado, embora tenha que ser visto como um mercado em crescendo e mais profissional, devendo estar centralizado numa estratégia das empresas portuguesas que pretendem apostar em Angola de uma forma categórica e forte, desprovida de qualquer receio ou medo. O tempo de apostar em Angola a curto prazo já cessou. Hoje, os players que pretendem enveredar por terras angolanas, têm de o fazer conscientes que este é um mercado competitivo, profissional e que aposta, cada vez mais, na qualidade dos produtos e serviços. Esta é a única forma de singrar em Angola”, afirma à Revista Pontos de
Vista o nosso entrevistado, que tem em Nuno Traguedo, PCA da Special Edition, o sócio ideal para fazer singrar esta marca. EXPERIÊNCIA ADAPTADA ÀS NECESSIDADES ANGOLANAS
De referir que a Special Edition surge apenas recentemente, como «casa mãe» de um grupo de nove empresas/marcas na vertente da media e comunicação que já existem à mais de 7 anos e que tem demonstrado a sua utilidade e qualidade ao longo deste período. Além de ser composto por essas empresas, dentro do grupo encontram-se também o Grupo Fipa - Fundo de Investimento Privado de Angola, bem como os próprios funcionários da empresa. Confusos? É normal. Segundo Tim Vieira esta estratégia assenta numa forma de motivação e responsabilização por parte dos funcionários da Special Edition. “É uma forma de criação de valor, pois se tivermos um corpo de recursos humanos motivado e empenhado, teremos de certeza resultados mais positivos e benéficos para a marca”, explica o nosso interlocutor. Esta foi uma forma de possuir diversos serviços: pesquisa, impressão, produção, relações públicas, entre outros, inseridos no mesmo grupo, com marcas distintas. Assim,
o volume de negócios reporta a cerca de 10 por cento a nível interno, “para as outras marcas do grupo” e cerca de 90 por cento direccionado para agências de comunicação e para clientes directos que necessitam de um apoio local em Angola. De acordo com as necessidades, é possível ter o apoio necessário para que, sejam o cliente final ou agencias de comunicação a encontrar a melhor fórmula para que se obtenha sucesso. “Se no passado tínhamos empresas internacionais a apostar em Angola de uma forma individual, ou seja, sem qualquer apoio de determinada entidade, hoje esse critério foi abandonado pois as parcerias locais são fundamentais para o sucesso de qualquer negócio, principalmente num mercado como Angola. É nesta fase que entra a Special Edition, pois funcionamos como um parceiro local, conhecedor do mercado angolano e que funciona como um importante suporte no «abrir de portas» e na criação de novas sinergias”, assume o CEO da Special Edition, Tim Vieira, que revela ainda que, actualmente, o grupo possui cerca de três centenas de funcionários, cenário demonstrativo do crescimento e desenvolvimento das marcas. Com sede em Angola, a Special Edition encontra-se presente em todo o mundo, embora seja com outras
marcas pertencentes ao grupo, pois a Special Edition direcciona esforços e meios, principalmente, para Moçambique, África do Sul e Portugal. “Trabalhamos com esses países, pois sabemos das dificuldades, por exemplo, do universo empresarial promover a ligação entre a África do Sul e Angola. Assim, assumimo-nos como uma excelente plataforma de suporte nessa ligação, pois fazemo-lo com máximo rigor e qualidade, promovendo tudo o que os nossos clientes pretendam. É de extrema importância a nossa capacidade de utilizar a nossa experiência internacional, porém adaptada às características do mercado angolano”, assegura convicto, lembrando que actualmente a Special Edition possui parcerias com marcas mundialmente reconhecidas. POTENCIALIDADES DO MERCADO ANGOLANO
Como já foi referido, anteriormente as empresas portuguesas viam Angola como um país atractivo do ponto de vista comercial e empresarial, embora a forma como o iniciavam essas relações não fossem, na opinião do nosso entrevistado, a mais correcta. “Felizmente temos muitos clientes de origem portuguesa e se antigamente as empresas lusas preferiam «aventurar-se» completamente sozinhas em solo angolano ou através de uma agência de comunicação sedeada em Portugal, ou seja, desprovidas do conhecimento
local exigido, hoje compreenderam que essa forma de actuação não é a mais correcta nem aporta benefícios em fazê-lo. Por isso, temos crescido através dessa estratégia de comunicação, pois connosco existe um nível de segurança e confiança superior, devido, acima de tudo, ao nosso conhecimento local”. E quais as mais-valias do mercado da publicidade angolano? Para Tim Vieira o mercado angolano de publicidade encontra-se numa fase de adaptação à realidade internacional. Assim, o foco deverá passar pela capacitação dos recursos humanos, especialmente dos angolanos. “Acredito que veremos novas empresas no mercado, inclusive empresas especializadas em determinados nichos de mercado. Ainda não encontramos informações teóricas sobre o mercado de publicidade angolano, desta forma somos pioneiros nesta actividade e devemos continuar adaptando-nos ao mercado e entendendo cada vez mais as características inerentes ao País”. Se outrora Angola se assumia como um mercado incipiente e pouco profissional, hoje o panorama é exactamente invertido, pois o nível de profissionalismo aumentou e a exigência também, exigindo assim um maior esforço na capacitação de pessoal e profissionalismo. Mas não é um risco apostar em Angola? Tim Vieira não tem dúvidas em afirmar que um passo errado “é não apostar em Angola. Portugal e Angola esta-
rão sempre próximos. Além da proximidade cultural e linguística, Angola é um mercado extremamente valioso para Portugal, devendo ser analisado como um passo fundamental para as empresas portuguesas. O país mudou e abriu as portas para investimentos estrangeiros, assim como para novas ideias e empresas. O petróleo e os diamantes não são as únicas oportunidades, pois existem diversos sectores de enorme importância”, assegura o nosso entrevistado, explicando que este passo deve ser acertado e para que isso seja uma realidade “têm de ter o parceiro certo, que promova uma visão conjunta com o cliente e as suas necessidades. Hoje percebemos que as empresas angolanas têm futuro e são vistas como parceiros de excelência”, afirma. “MARCAMOS A DIFERENÇA PELO DESDOBRAMENTO DAS NOSSAS CAPACIDADES”
Operando com cerca de 21 agências de comunicação nas mais diversas vertentes da comunicação e imagem, a Special Edition, na voz do seu CEO, Tim Vieira, revela que todos os negócios são passiveis de alcançar o sucesso, independentemente da sua envergadura e do seu investimento. “Não podemos acreditar que somente os grandes negócios terão sucesso em Angola. Existe espaço para todos”, assume convicto. Para quando o inverso? Ou seja,
quando veremos empresas de génese angolana a apostar em Portugal? Segundo Tim Vieira esse panorama já se começa a efectivar, embora de uma forma mais lenta. “Já começamos a assistir a esse fenómeno, bastante interessante, uma vez mais, para ambos os países. Naturalmente que a Special Edition estará ao lado dos seus clientes/parceiros nesta dinâmica, embora nesta fase o envolvimento da empresa seja perpetuado num nível de low profile”. A terminar, Tim Viera assegurou que para 2011 os desafios passam por continuar a apoiar os clientes do grupo, nas suas mais diversas vertentes e valências, sendo importante continuar a assegurar os principais recursos tecnológicos e técnicos, pois a Special Edition e as outras marcas do grupo marcam a diferença na forma de lidar com o cliente. “Quando iniciamos o atendimento do cliente, apostamos num serviço completo, ou seja, campanhas completas e customizadas, de acordo com o público-alvo, orçamento e produto/serviço que nos são apresentados. Marcamos a diferença pelo desdobramento das nossas capacidades, inclusive criativas, tendo como desiderato principal concretizar uma necessidade de publicidade do nosso cliente”, conclui Tim Vieira, CEO da Special Edition.
APEGAC - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO DE CONDOMÍNIOS
ANTÓNIO SOUTO PEREIRA, PRESIDENTE DA APEGAC
“É IMPERATIVO REGULAMENTAR O SECTOR!” A urgência na legislação que regule o sector da administração de condomínios é o mote para a entrevista com António Souto Pereira, Presidente da APEGAC - Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Administração de Condomínios. O entrevistado aborda ainda o trabalho que tem sido desempenhado por esta entidade, que conta com cerca de 150 empresas associadas, no sentido de promover e valorizar a actividade junto das instâncias e opinião públicas.
Quando é que surgiu a APEGAC e de que forma é que associação se tem vindo a afirmar no actual panorama nacional, conjugando, naturalmente, a sua missão perante os associados? A APEGAC começou a laborar em 2003, como consequência da necessidade de se regulamentar o sector e de demonstrar à opinião pública que a administração e gestão de condomínios é uma actividade séria, organizada e com um contributo relevante para o País. Era necessário que, a nível governamental, fosse criada regulamentação própria que, de alguma forma separasse e valorizasse aquelas empresas que trabalham bem, com ética, das demais. Todavia, ainda falta a tal regula-
mentação para o sector... Enquanto não houver legislação há sempre uma parte da valorização social, que é o valor institucional, que fica por cumprir. O Governo terá que olhar para a administração e gestão profissional de condomínios com mais atenção e vontade. Ou seja, regulamentar será a prova de que esta actividade é reconhecida pública e institucionalmente; para além da sua importância económica, esta actividade tem uma forte relevância social e técnica porquanto garante a organização e funcionamento dos edifícios. Que análise faz do mercado de gestão e administração de condomínios? Quais as principais lacunas detectadas?
A necessidade de formação contínua dos activos das empresas e o reconhecimento institucional do sector são, na nossa óptica, essenciais; A formação está directamente ligada à qualidade nos serviços prestados; mas será igualmente determinante que se obrigue a uma certa independência da actividade face a outros negócios; é determinante garantir a transparência do sector perante as instituições e perante os condóminos. Trata-se de uma função de representação, exercida em permanência, e que deve ser independente de outros interesses em jogo nos edifícios. Neste momento existe uma auto-regulação por parte das empresas associadas da APEGAC, no
sentido de transparecer, perante o condómino, a vertente ética e deontológica de quem opera de forma positiva no mercado? Efectivamente existe já uma auto-regulação, em curso. A criação da APEGAC é por si só uma prova da maturidade e desenvolvimento do sector. Os seus estatutos e o código deontológico são a primeira forma de regulação da actividade; pena é que muitas empresas ainda se mantenham afastadas deste movimento não percebendo que todos os sectores económicos fortes têm associações fortes e representativas. Bastará olhar para outros exemplos... Mas convirá não esquecer que faltando o reconhecimento institucional, plasmado num processo legislativo, faltará sempre uma parte funda-
mente do reconhecimento público. A APEGAC tem vindo a alertar o Instituto Nacional da Construção e Imobiliário, o Ministério das Obras Públicas, entre outros, no sentido da importância que referida legislação terá para o sector e para a vida dos condomínios.
De que forma podem as empresas ser reconhecidas enquanto associadas da APEGAC? Todas as empresas com as quotas em dia recebem anualmente um certificado de sócio que poderão afixar nos seus escritórios. O site da APEGAC, que está a ser renovado para se transformar num verdadeiro portal da actividade, tem disponível uma base de dados que pode ser consultada por qualquer condómino. Os sócios terão terão ainda um cartão que poderão apresentar sempre que necessário. Fala-se do crédito mal parado e de dívidas à banca. Porém, as empresas de gestão de condomínios também sofrem do mesmo mal, com muitos milhões de euros em dívida por parte dos condóminos. Ao contrário do que se poderá pensar, este é um sector que movimenta muito dinheiro e é gerador de riqueza para o País... Sempre vivemos com débitos de condóminos... Esta situação agravou-se nos últimos tempos, o que é prejudicial, em termos de manutenção e obras, para os próprios condomínios. É mau para o parque habitacional, é mau para os moradores e é negativo para economia do País. Há vários milhões de euros mal parados... se houvesse uma pressão
por via da legislação muitas quotas não ficariam por receber.
Pode explicar melhor esse ponto? Se, como temos vindo a propor, fosse obrigatória a “declaração de não dívida” no acto da escritura, os débitos de muitas fracções ficariam aí resolvidos. Esta proposta é recorrente mas, apesar de bem recebida em teoria, não foi ainda levada à prática. Na realidade, o administrador do condomínio, que todos os dias é responsabilizado pela cobrança das quotas e pelo pagamento a fornecedores, não tem qualquer controlo no processo de transferência de propriedade. Seja qual for o montante da sua dívida qualquer condómino pode pura e simplesmente desaparecer do prédio deixando um buraco que os que ficam terão de cobrir. Qual seria o efeito prático dessas medidas? Muitos edifícios necessitam de obras de reabilitação que só não são feitas porque não há dinheiro; se tal não acontecesse, muitas mais obras estariam em curso e mais postos de trabalho na construção civil poderiam ser criados, por exemplo. As dívidas, e a impossibilidade de as cobrar, geram sempre uma avalanche de constrangimentos para a economia. O Estado tem o dever de criar condições para resolver este tipo de problemas. O Senhor Secretário de Estado da Justiça e Modernização Judiciária tem já conhecimento desta proposta. Qual a importância das empresas de administração de condomínios
para a economia do País? As empresas de condomínios asseguram dezenas de milhar de postos de trabalho, são um garante de legalidade fiscal no que concerne aos serviços prestados por elas próprias e por terceiros – gerando IVA, IRC e mais recursos para o País –contribuem para coesão social ao
criarem empregos estáveis e fomentam o aparecimento de outras micro e pequenas empresas que gravitam à volta do sector.
CASTELOGEST – 14 ANOS DE SUCESSO
O melhor Parceiro MANUEL GONÇALVES
Tendo como principais pilares a excelência, transparência e qualidade dos serviços prestados a CASTELOGEST - Assessoria Fiscal e Administrativa, Lda. comemora este ano 14 anos de actividade, sendo importante realçar que ao longo deste período a evolução sentida é bastante positiva, tendo na fidelidade dos seus clientes a principal «chave» do seu sucesso.
T
endo como desiderato supremo a defesa dos interesses dos seus clientes, os condóminos, a CASTELOGEST - Assessoria Fiscal e Administrativa, Lda, membro da direcção nacional da APEGAC – Associação Portuguesa de Empresas e Administração de Condomínios, procura transmitir valores assentes em pilares de estabilidade, credibilidade e prestígio junto dos fornecedores dos seus condomínios e seus prestadores de serviços. A gestão de um condomínio assume-se como algo que à primeira vista pode parecer simples, mas ao analisarmos todas as dinâmicas e vertentes existentes compreendemos que as dificuldades são bastantes, sendo portanto mais razoável e racional entregar a quem sabe e a quem faz da gestão de condomínios o seu dia-a-dia. A CASTELOGEST Assessoria Fiscal e Administrativa, Lda. assume-se como essa solução, pois é uma empresa com know how adquirido e reconhecido, coadju-
vando a isso uma enorme capacidade de liderança, transmitindo esses valores a cada cliente. A CASTELOGEST tem quadros altamente qualificados, na área de gestão e jurídica. Possui uma equipa de manutenção competente e disponível. Como quase tudo, a CASTELOGEST - Assessoria Fiscal e Administrativa, Lda. nasce com uma modesta carteira de clientes, facto entretanto alterado, tendo hoje um vasto e relevante leque de clientes, mais de meia centena de condomínios, que têm na sua satisfação o elo que permite com que a equipa de profissionais da CASTELOGEST - Assessoria Fiscal e Administrativa, Lda. caminhe todos os dias em prol do sucesso e da satisfação dos seus clientes. A Revista Pontos de Vista conversou com Manuel Gonçalves, Administrador da CASTELOGEST - Assessoria Fiscal e Administrativa, Lda. que nos deu a conhecer um pouco mais deste mercado, as principais lacunas e mais-valias do mesmo, sem esquecer o orgulho enorme que “fazer parte de uma equipa de
enormes recursos e de uma marca que ao fim de 14 anos se assume como uma verdadeira alternativa de qualidade na vertente da gestão de condomínios”. Mas qual o segredo para que estes 14 anos tenham sido repletos de sucessos? “Apesar das dificuldades normais e comuns, a CASTELOGEST tem crescido de uma forma sustentada e consolidada, tendo convicções e uma política de gestão bem definidas, ou seja, o cliente assume-se como o centro das nossas preocupações, porque a qualidade de um condomínio também depende da excelência da administração. Além disso, a CASTELOGEST aposta nos seus diversos serviços dinamismo, seriedade e segurança, tendo sempre em linha de conta, principalmente numa fase de alguma recessão económica, o rigor orçamental”, explica o nosso interlocutor. SEGURANÇA , CONFIANÇA E CONGRUÊNCIA
Localizada no Funchal, a CASTELO-
GEST, desde a sua génese, sempre tentou incutir à sua orgânica e dinâmica características distintivas e inovadoras. “De facto, a base do nosso êxito passa pela fidelização do cliente e pela relação de confiança que, no nosso caso, é mútua. Por isso mesmo é que o balanço que preconizo destes 14 anos são bastante positivos e satisfatórios”, assegura Manuel Gonçalves. Neste sector, os clientes de cada empresa podem ser divididos em três categorias, ou seja, os promotores, os neutros e os detractores. Naturalmente que os primeiros, os promotores, assumem-se como os clientes mais entusiasmados e entusiastas. “Estes são clientes que se sentem plenamente satisfeitos com os serviços prestados, sendo eles o mais importante veículo de mediatização da empresa, fazendo uma promoção «boca a boca». São fundamentais e revelam bem a forma de estar da marca no mercado”, afirma o nosso interlocutor, lembrando ainda que os próprios fornecedores da CASTELOGEST também são fun-
“A CASTELOGEST ESTARÁ PRESENTE NO SENTIDO DE PROTEGER E DEFENDER OS INTERESSES DO CONDOMÍNIO, O QUE POR VEZES SIGNIFICARÁ UMA OPOSIÇÃO AO CONDÓMINO INDIVIDUAL. MAS ESTA É A NOSSA POSTURA E DO NOSSO PONTO DE VISTA, A MAIS CORRECTA E COERENTE”
damentais. “Sabemos que recomendam a CASTELOGEST. Esse facto é replicado pelo facto de serem bem protegidos e bem tratados. Além disso, confiam que, nos condomínios administrados pela CASTELOGEST, não existirão problemas de cobrança, pois esta será pontual e segura”. O TODO EM PROL DO INDIVIDUAL
Mas tendo a CASTELOGEST bases sustentadas, reconhecimento público e qualidade conhecida, quais são os grandes desafios neste âmbito? Segundo Manuel Gonçalves a perspectiva estratégica passa por transformar a “globalidade dos clientes em promotores, missão que obviamente se assume difícil e ambiciosa, mas que acredito que será alcançada pois na CASTELOGEST «remamos» todos no mesmo sentido”, assume. Com cerca de dois mil clientes/condóminos, na CASTELOGEST os promotores pre-
enchem cerca de 80 por cento dos clientes da marca madeirense. Mas quais são as principais complexidades do sector? Que lacunas ainda são evidentes no mesmo? Como em qualquer outro sector de mercado, as dificuldades são acrescidas pelos efeitos da denominada crise económica, que um pouco por todo lado, aporta sérios obstáculos. No entanto, para Manuel Gonçalves o principal desiderato é a satisfação de todos aqueles que preferem os serviços «made in» CASTELOGEST. “Naturalmente que não é fácil, principalmente no sector de administração de condomínios, satisfazer todos os clientes, até porque para uma grande parte dos mesmos, a principal preocupação passa pelos seus interesses, ou seja, resolver os seus problemas individuais. Compreendemos essas inquietações e tentamos criar condições para que esses receios sejam dissipados. Além disso, o crédito mal parado assume-se como algo difícil de con-
trariar. Os maus pagadores, quando pressionados, no sentido de justificarem o seu incumprimento perante os outros condóminos alegam diversas situações e cenários, defendendo inclusive a substituição do administrador”, esclarece. A terminar, segundo Manuel Gonçalves, a longevidade da administração de um determinado condomínio possui um valor adicional importante. “A constância de premissas implica economias nos custos, além de uma superior capacidade de negociação com fornecedores, no fundo um melhor conhecimento dos reais problemas. A CASTELOGEST estará presente no sentido de proteger e defender os interesses do condomínio, o que por vezes significará uma oposição ao condómino individual. Mas esta é a nossa postura e do nosso ponto de vista, a mais correcta e coerente”, conclui o nosso entrevistado.
“DE FACTO, A BASE DO NOSSO ÊXITO PASSA PELA FIDELIZAÇÃO DO CLIENTE E PELA RELAÇÃO DE CONFIANÇA QUE, NO NOSSO CASO, É MÚTUA. POR ISSO MESMO É QUE O BALANÇO QUE PRECONIZO DESTES 14 ANOS SÃO BASTANTE POSITIVOS E SATISFATÓRIOS”
NUNO CAMPILHO, ADMINISTRADOR DOS SMAS DE OEIRAS E AMADORA, EM ENTREVISTA
“ÁGUA? É TÃO SIMPLES, PARA NÃO FALTAR, BASTA NÃO DESPERDIÇAR” Reconhecido como uma entidade de excelência no domínio da qualidade dos serviços prestados, os SMAS de Oeiras e Amadora desenvolvem a sua actividade seguindo uma lógica assente em pilares bem definidos e identificados, ou seja, elevados padrões de qualidade, responsabilidade ambiental, financeira e social, facto que lhe confere uma relevância fundamental em ambos os concelhos e além-fronteiras. NUNO CAMPILHO
T
endo como principal missão garantir o abastecimento de água e a prestação de serviços de saneamento básico às populações residentes nos concelhos de Oeiras e Amadora, os SMAS apostam no cumprimento de qualidade nos serviços prestados e acima de tudo na relação com a comunidade. A vertente da responsabilidade social tem sido um alvo constante de análises no universo corporativo e empresarial, e para além da expressão de compromisso inserido nas denominadas causas sociais, começa actualmente a incorporar-se como uma opção válida dos diversos modelos de gestão corporativos. Neste sentido, este paradigma foi adoptado, principalmente, pelas grandes organizações e empresas, que compreenderam a importância em estar sintonizadas com o designado universo globalizado, que se assume cada vez mais exigente em relação à dinâmica dos seus negócios e à sustentabilidade empresarial. Mas antes de irmos a esta vertente, responsabilidade social, tão importante para os SMAS de Oeiras e Amadora, interessa conhecer como foi edificado este projecto de tão enorme interesse para os concelhos
de Oeiras e Amadora. Assim, no longínquo ano de 1927 foi criado o Serviço de Saneamento em Oeiras, tendo como principal desiderato oferecer uma resposta aos problemas de poluição gerados pelo incremento da população e pelo crescimento das actividades industriais do concelho. Neste sentido, a criação e a manutenção dos SMAS teve a sua origem na necessidade de autonomizar os serviços de água e saneamento, dotando-os de uma gestão empresarial, sem perder, a sua natureza de serviço público e as suas características sociais. Assim, os SMAS de Oeiras e Amadora orgulham-se de ter sido o primeiro serviço municipalizado da EPAL - Empresa Portuguesa das Águas Livres, SA, instituição criada ainda antes da implantação da República, tendo sido o município de Oeiras o primeiro a ser servido em alta. “Desde esse momento que todo o trabalho desenvolvido tem sido em crescendo, facto verificado, principalmente nas últimas duas décadas de actividade dos SMAS de Oeiras e Amadora”, afirma Nuno Campilho, Administrador desta entidade, que revelou, em entrevista à Revista Pontos de Vista, quais as principais prioridades dos SMAS de Oeiras e Amadora para o futuro, lembrando ainda a impor-
tância que os serviços desta entidade aportam em prol da qualidade de vida dos cidadãos de ambos os municípios: Oeiras e Amadora. A POUPANÇA DE ÁGUA PASSA POR GESTOS SIMPLES
Esta foi uma entrevista materializada aquando da 5ª Expo Conferência da Água, datada entre os dias 19 e 21 de Outubro, tendo sido realizada no Centro Cultural de Belém. Mas sobre este evento de enorme relevância falaremos mais no final desta entrevista. Existe ainda, infelizmente, uma falsa ideia de que os recursos hídricos são infinitos. De facto, ainda existe muita água no nosso planeta, embora apenas três por cento da água no mundo seja doce, em que cerca de 20 por cento se encontra em águas subterrâneas e 79 por cento encontra-se congelada nas regiões polares. Como é natural, a evolução dos seres vivos sempre foi dependente da água, pois sem ela seria impossível conhecermos vida tal e qual como ela existe. A população humana tem vindo aumentar, motivando com isso, uma maior procura, contribuindo para a perda e privação do bem fundamental à vida humana. A necessidade da água é cada vez
mais crescente, mas aquela que ainda existe é poluída, o que faz com que um recurso, à partida renovável, deixe de o ser. A poupança de água passa por gestos simples no nosso quotidiano. Neste sentido, os SMAS de Oeiras e Amadora tem sido um dos principais impulsionadores e fomentadores da boa e racional utilização deste recurso, cada vez mais escasso, sendo importante que tenhamos em atenção que, se não cuidarmos hoje, as gerações vindouras podem sofrer detrimentos e danos nefastos para a condição humana. Segundo o nosso entrevistado, do ponto de vista do abastecimento e do saneamento em ambos os concelhos, aquilo que representam os investimentos na rede e a gestão do quotidiano “não nos deparamos com muitos problemas. As únicas contrariedades visíveis são pontuais e estão directamente relacionadas com dificuldades de facturação”, revela Nuno Campilho, que prevendo o futuro, teme que estas dificuldades sejam incrementadas pela actual situação económica do país e de algumas famílias portuguesas, que lutam para sobreviver diariamente. Qual a solução? Que acções devem ser colocadas em prática para contornar este nefasto cenário? Assim,
o actual panorama não se vislumbra fácil ou agradável, tendo os SMAS criado uma série de acções através de um plano de prestações de pagamento das facturas da água, tendo sempre como linha de crescimento “evitar que a água seja interrompida nas habitações da nossa população”, assegura o nosso interlocutor. É aqui que se edifica o papel social dos SMAS de Oeiras e Amadora, pois esta instituição, através dos seus profissionais e serviços de excelência, procura actuar junto das famílias, “tomando a iniciativa nesse sentido. Temos a sensibilidade de avisar com frequência e atempadamente a possibilidade de cortes de abastecimento de água e do incumprimento que está ser realizado. Solicitamos diversas visitas aos nossos serviços, proporcionando o contacto dessas famílias em dificuldades com profissionais especializados, que perpetuam o
acompanhamento dessas famílias através de duas vertentes: avaliar os registos de consumo e aconselhar sobre a melhor forma de uma determinada factura ser saldada”, assegura o nosso entrevistado. Mas os SMAS de Oeiras e Amadora, no que concerne à prática da responsabilidade social não se ficam por aqui. Neste sentido, são os idosos e as pessoas portadoras de deficiência os principais públicos-alvo dos SMAS. “Apostamos em tarifas sociais para ambos os públicos, bem como tarifas especiais e vantajosas para as denominadas famílias numerosas, ou seja, que no seu agregado familiar comportam pelo menos cinco elementos”. Mas qual a necessidade dos SMAS em criar iniciativas que protegessem estes públicos e assim assegurar que o abastecimento de água nas habitações destas famílias não fosse cessado? “Temos a obrigação moral
de proteger essas famílias e essas pessoas mais carenciadas”, assevera Nuno Campilho, lembrando que inúmeras vezes estamos a falar de pessoas isoladas “com reformas baixas e que apresentam dificuldades no cumprimento do pagamento das respectivas tarifas fixas de água. Isentamos esses «públicos» dessa obrigatoriedade e apenas cobramos os custos variáveis à factura dessas pessoas. É a forma que os SMAS encontraram de promover a denominada responsabilidade social e sentimos, felizmente, que estas são acções que são extremamente bem recebidas por parte das pessoas com carências, bem como pela restante sociedade local”. “CONTINUAR A APOSTAR NA QUALIDADE DE SERVIÇO PRESTADO”
Pelo reconhecimento alcançado, os SMAS edificam actualmente um
“TEMOS A OBRIGAÇÃO MORAL DE PROTEGER ESSAS FAMÍLIAS E ESSAS PESSOAS MAIS CARENCIADAS”, ASSEVERA NUNO CAMPILHO, LEMBRANDO QUE INÚMERAS VEZES ESTAMOS A FALAR DE PESSOAS ISOLADAS “COM REFORMAS BAIXAS E QUE APRESENTAM DIFICULDADES NO CUMPRIMENTO DO PAGAMENTO DAS RESPECTIVAS TARIFAS FIXAS DE ÁGUA. ISENTAMOS ESSES «PÚBLICOS» DESSA OBRIGATORIEDADE E APENAS COBRAMOS OS CUSTOS VARIÁVEIS À FACTURA DESSAS PESSOAS. É A FORMA QUE OS SMAS ENCONTRARAM DE PROMOVER A DENOMINADA RESPONSABILIDADE SOCIAL E SENTIMOS, FELIZMENTE, QUE ESTAS SÃO ACÇÕES QUE SÃO EXTREMAMENTE BEM RECEBIDAS POR PARTE DAS PESSOAS COM CARÊNCIAS, BEM COMO PELA RESTANTE SOCIEDADE LOCAL”
serviço de excelência, embora não possamos esquecer as dificuldades sentidas em anos anteriores, principalmente quando ainda não existiam sistemas de saneamento básico integral e de abastecimento nos concelhos de Oeiras e Amadora. “Foram situações complicadas e adversas”, revela o nosso interlocutor, lembrando que ambos os concelhos são bastante urbanos e assim as dificuldades serem maiores. Felizmente que actualmente Oeiras e Amadora vivem num cenário completamente distinto, facto que permite ao nosso entrevistado a liberdade de afirmar que a evolução positiva “existente no que concerne à comunidade urbana de ambos os municípios, tem vindo a ser paralela ao que tem sido a evolução no abastecimento de água e na recolha de águas residuais em Oeiras e Amadora. Estão directamente relacionadas”. Assim, actualmente, é possível afirmar que a qualidade existente ao nível do abastecimento e de saneamento em ambos os municípios é “inquestionável. Os grandes desafios passam agora por consolidar o projecto que foi anteriormente realizado, tendo sempre em linha de conta que não podemos regredir, pois é fundamental para a promoção da qualidade de vida das populações continuar a apostar na qualidade de serviço prestado”. Naturalmente que a evolução e a concretização dos objectivos dos SMAS de Oeiras e Amadora foram alcançados fruto da perseverança de diversas equipas que aqui demonstraram a sua capacidade e qualidade, mas também pelas evoluções tecnológicas sentidas e verificadas no sector de abastecimento de água e recolha de águas residuais e não só. “Não podemos esquecer que as novas práticas de gestão estão também intimamente relacionadas com os excelentes resultados alcançados, onde não podemos também esquecer a importância do suporte político oferecido a esta instituição, que tem sido absolutamente fundamental para o nosso êxito”, salienta Nuno Campilho, Administrador dos SMAS de Oeiras e Amadora que foi considerado o melhor serviço municipalizado do país, galardão alcançado pelos resultados verificados, ou seja, menor percentagem de perdas de água, resultados económicos bastante positivos e eficientes, ou ainda, melhor qualidade de serviço, tendo sido este último uma atribuição «oferecida» pela DECO PROTESTE, “facto que demonstra a relevância destes prémios e o orgulho de quem trabalha connosco em prol das populações”.
“APOSTAMOS EM TARIFAS SOCIAIS PARA AMBOS OS PÚBLICOS, BEM COMO TARIFAS ESPECIAIS E VANTAJOSAS PARA AS DENOMINADAS FAMÍLIAS NUMEROSAS, OU SEJA, QUE NO SEU AGREGADO FAMILIAR COMPORTAM PELO MENOS CINCO ELEMENTOS”
GUI GOTAS E GOTAS MARIA – MASCOTES INDISPENSÁVEIS A água e os denominados públicos juvenis são dois factores indissociáveis da temática da responsabilidade ambiental, que nutrem nos SMAS de Oeiras e Amadora de uma atenção vasta e ímpar, pois são as crianças as grandes promotoras das principais políticas de sensibilização dos SMAS de Oeiras e Amadora. “Não tenho dúvidas desse facto”, assegura o nosso entrevistado, lembrando que os SMAS têm apostado em diversas iniciativas de sensibilização, sendo o ex libris dessa política a criação do Clube da Água, que tem nas mascotes Gui Gotas e Gotas Maria os principais responsáveis pela adesão em massa das crianças. De lembrar que o Clube da Água «acolhe» jovens entre os 4 e os 16 anos de idade, tendo neste momento cerca de cinco mil sócios. Mas não se pense que os SMAS de Oeiras e Amadora «apenas» ficaram por aqui, pois sendo as crianças um «veículo» fundamental na prossecução de mudanças que se pretendem céleres, o nosso entrevistado e a sua equipa têm vindo a criar diversas iniciativas promotoras desse tão importante público-alvo, as crianças, tendo sempre como ponto de partida o Clube da Água. “O facto de estarem ligadas ao Clube da Água proporciona a estas crianças uma série de benefícios importantes e interessantes ligados à juventude, bibliotecas, aquários, equipamentos lúdicos diversificados, entre outros. Acima de tudo, pretendemos que estas crianças estejam associadas ao Clube da Água para passarem a mensagem de utilização da água com parcimónia e das melhores práticas no uso da mesma. Esta mensagem é fundamental e quem melhor que as crianças para o fazer?”, questiona o nosso entrevistado, não sem antes lembrar que a este «movimento» pela água e pelas boas práticas, os SMAS de Oeiras e Amadora têm vindo a associar algumas figuras públicas, tal como por exemplo Carolina Patrocínio, Frederico Gil, Rui Porto Nunes ou ainda Ana Free, entre outros, que assumiram o papel de embaixadores do Clube da Água e que são fundamentais no sentido de motivar e atrair um maior número de crianças. “Não é nenhuma arrogância intelectual da nossa parte apostar na presença destas personalidades públicas, porque pretendemos apenas transmitir uma mensagem, por sinal bastante importante para o futuro dessas mesmas gerações e estou extremamente satisfeito pelos resultados até aqui alcançados
pelo Clube da Água”, assegura Nuno Campilho. “TEMOS DE USAR A ÁGUA COM RESPONSABILIDADE”
A água e o valor por ela pedido tem sido um dos temas mais mediatizados ao longo dos tempos. Acessível? Dispendiosa? Questões que ficam e que merecem sem dúvida respostas, ficando as mesmas, inúmeras vezes, «camufladas» sob pena de serem consideradas expressões impopulares. No caso dos SMAS de Oeiras e Amadora, existe sempre um intermediário que «responde» perante a qualidade e o valor da água, a EPAL. Segundo o nosso entrevistado, o valor da água nos concelhos de Oeiras e Amadora assume-se como um valor histórico, pelo facto de se manter no mesmo nível há alguns anos. Mas pagamos pouco por este recurso fundamental à vida? “Sem dúvida. Acredito que as pessoas assumiram a ideia de que a água nunca acabará e isso não corresponde à verdade. Temos de usar a água com responsabilidade e compreender que estamos a usufruir de um bem escasso e que é fundamental para a humanidade. É tão simples, para não faltar, basta não desperdiçar”, salienta Nuno Campilho, que assevera que o valor praticado pela EPAL é na, sua opinião, um “valor bastante aceitável, conhecendo apenas uma subida em função da inflação. Em 2009, a subida foi reduzida e os SMAS nem sequer aumentaram o valor da água devido aos efeitos da crise económica sentida. Assim, tivemos que «suportar» as oito décimas que a EPAL aumentou ao valor da água através do nosso orçamento. Desconheço o futuro próximo, mas posso garantir que apenas aumentaremos o valor da água se a EPAL aumentar a mesma aos nossos serviços”.
“ÁGUA DA TORNEIRA? ABSOLUTAMENTE SEGURA” No que concerne à qualidade da água, Nuno Campilho não tem dúvidas em afirmar o atributo inquestionável da mesma. “Que é de origem. A EPAL assume uma importância vital nesta vertente, e estamos completamente satisfeitos com a qualidade da água distribuída nos concelhos de Oeiras e Amadora. Fazendo jus a esse facto, os SMAS de Oeiras e Amadora possuem um laboratório acreditado pelo IPAC – Instituto Português de Acreditação, que é um dos poucos acreditados em Portugal e que nos permite possuir níveis de segurança extremos no que concerne à qualidade e se-
EXPO ÁGUA COMO REFERIMOS ESTA ENTREVISTA FOI EFECTUADA AQUANDO DA REALIZAÇÃO DA 5ª EXPO CONFERÊNCIA DA ÁGUA, NO CENTRO CULTURAL DE BELÉM SOB A ÉGIDE DO TEMA: POTENCIAR A CADEIA DE VALOR DA ÁGUA, ASSEGURAR O FUTURO DO SECTOR EM PORTUGAL”, QUE PROMOVEU ESTE ANO A REFLEXÃO, ENTRE TODOS OS AGENTES DO MERCADO DA ÁGUA, SOBRE AS MELHORES OPÇÕES PARA MAXIMIZAR OS RESULTADOS EM CADA ELO DESTA CADEIA DE VALOR. UMA DAS DIFERENÇAS DESTA QUINTA EDIÇÃO, RELATIVAMENTE ÀS QUATRO EDIÇÕES ANTERIORES, RESIDIU NO FACTO DE, PELA PRIMEIRA VEZ, SE TER REALIZADO NO CCB, AO CONTRÁRIO DAS EDIÇÕES QUE TINHAM SIDO EFECTIVADAS EM OEIRAS, MAIS CONCRETAMENTE NO TAGUS PARK. OS SMAS DE OEIRAS E AMADORA SÃO PRATICAMENTE OS FUNDADORES DESTA IMPORTANTE INICIATIVA, INICIADA EM 2005, MANIFESTANDO, ANO APÓS ANO, “A SUA COMPLETA DISPONIBILIDADE NO APOIO A INICIATIVAS SIMILARES”, EXPLICA. SATISFEITO COM O SUCESSO ALCANÇADO, PARA NUNO CAMPILHO É IMPORTANTE CONTINUAR A PROMOVER ESTE EVENTO, SENDO QUE O PRÓXIMO PASSO PASSA POR VOLTAR A «LEVAR» A EXPO CONFERÊNCIA DA ÁGUA PARA OEIRAS. “GOSTARÍAMOS QUE ESTE FOSSE UM EVENTO «RESIDENTE» NO FUTURO CENTRO DE CONGRESSOS QUE ESTÁ A SER EDIFICADO EM PAÇO DE ARCOS”.
gurança da nossa água”, garante o nosso interlocutor, lembrando que os SMAS realizam cerca de oito mil recolhas de água por ano, seguindo a rigor as premissas de dois documentos pelos quais os SMAS regem a sua actividade, ou seja, o Decreto-Lei Nacional e o Plano de Controlo e de Qualidade da Água da ERSAR - Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos. Água da torneira. Sim ou não? É aqui que surge o busílis da questão. Segura? De qualidade? Para Nuno Campilho a segurança da água que «vem da torneira» é “absolutamente segura e de enorme qualidade”. O nosso entrevistado reconhece que não «anda em nenhuma cruzada» em prol do consumo de água da torneira, embora reconheça que é
fundamental alterar essa mentalidade e atitude. “As pessoas não devem recear a água da torneira. Existem inclusive médicos pediatras que aconselham as crianças a beber água da torneira, porque esta possui propriedades que a água mineral não tem. O grande desafio da qualidade da água é conseguir passar essa mensagem. Bebam água da torneira. Temos de mudar essa cultura que, infelizmente, ainda está pouco enraizada na sociedade portuguesa, pois além das mais-valias que aporta à nossa saúde, apresenta enormes vantagens económicas e ambientais que a água mineral não possui”, conclui Nuno Campilho, Administrador dos SMAS de Oeiras e Amadora.
ANA – AEROPORTOS DE PORTUGAL, SA
“A SUSTENTABILIDADE FAZ PARTE DO DNA DA ANA” Num mundo global e susceptível às constantes mutações criadas por diversas realidades e cenários, os aeroportos tornaram-se, cada vez mais, em pequenas cidades imbuídas de uma atmosfera única, onde, mais do que «simples» pontos de chegada e partida, são espaços de intensos encontros.
P
ara que este cenário de essências cosmopolitas e multiculturalista subsista, é necessário que existam agentes dispostos a reflectir sobre as necessidades de gentes e culturas que afluem diariamente a um aeroporto. Uma pequena metrópole. Portugal assume-se hoje, no capítulo da gestão aeroportuária, como o paradigma positivo do que de melhor se faz e edifica a nível mundial, tendo na ANA – Aeroportos de Portugal, SA a entidade certa para promover a ligação de Portugal ao mundo, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento económico, social e cultural das regiões em que se insere. A transparência e o rigor na forma de trabalhar são características intrínsecas ao DNA da ANA – Aeroportos de Portugal, assumindo-se como valores corporativos e princípios que orientam e norteiam a conduta da organização e dos recursos humanos que nela estão integradas, indo ao encontro de uma premissa e de um desiderato primordial: a Criação de Valor. Esta realidade está directamente ligada ao desempenho económico do país e região onde a sua actividade é desenvolvida, pelo que os aeroportos se assumem, sem qualquer dúvida, como um dos grandes «motores» da globalização a nível económico e social. A ANA – Aeroportos de Portugal, SA é a principal responsável pela gestão de um determinado conjunto de infraestruturas aeroportuárias de fundamental relevância para a economia nacional. A sua gestão abrange os aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, João Paulo II (Ponta Delgada), Horta, Santa Maria e Flores. Participa ainda na gestão dos aeroportos
da Madeira e Porto Santo. Esta realidade encontra-se repleta de obstáculos e contrariedades quotidianas que somente uma empresa de enorme prestígio e rigor conseguiria ultrapassar. Para que este panorama seja diariamente sustentado, nas mais diversas vertentes, a ANA – Aeroportos de Portugal tornou-se na primeira empresa aeroportuária do mundo e a primeira empresa em Portugal a obter, simultaneamente, a certificação nos vectores da Qualidade, Ambiente, Saúde e Segurança no Trabalho e Responsabilidade Social. Esta «conquista» reflecte o empenho e a dedicação da gestão diária da ANA, assumindo um compromisso na prevenção e minimização do impacte resultante do natural crescimento da sua actividade, no ambiente e nas comunidades onde os seus aeroportos se inserem. Conversamos com Pedro Monteiro Fernandes, actual Coordenador Executivo para a Responsabilidade Social e Sustentabilidade da ANA, Aeroportos de Portugal, que nos deu a conhecer aquilo que tem vindo a ser realizado pela empresa no domínio da Responsabilidade Social «lato sensu» que, ao contrário do que é inúmeras vezes vincado, em seu entender, deve ser vista como um meio de criação de valor e uma vantagem competitiva para as Empresas. Desde a sua criação, a ANA – Aeroportos de Portugal tem vindo a protagonizar um importante trajecto na vertente da responsabilidade social. Tal caminho veio a assumir paulatinamente foros de maior relevo. Como confessa o nosso interlocutor «a dispersão geográfica, o elevado número de colaboradores e de unidades orgânicas constituem
PEDRO MONTEIRO FERNANDES
naturais obstáculos para a sistematização e integração das políticas de RS». A aposta na Responsabilidade Social e Sustentabilidade corporizou-se há cerca de um ano e 8 meses com a criação de um Conselho de Responsabilidade Social e Sustentabilidade, directamente dependentes do Conselho de Administração. De facto, “O Conselho de Administração da ANA decidiu criar um órgão próprio, no domínio da responsabilidade social, no qual se encontram representadas as Direcções que de alguma forma operacionalizam o designado Triple Bottom Line, isto é, o pilar social, económico e ambiental”, explica Pedro Monteiro Fernandes. O conceito da responsabilidade social na Europa tem vindo a ser objecto de uma dialéctica constante, baseada na dicotomia Sustentabilidade e Responsabilidade Social corporativa. Sem embargo, é cada
vez mais consensual que a responsabilidade social corporativa/ empresarial faz parte integrante de algo mais amplo – a Sustentabilidade, “onde se integram outros pilares como a vertente económica e ambiental. Na ANA, como se pode entender da própria constituição do CRSS, procuramos não nos ater apenas à responsabilidade social corporativa onde se integram as questões mais direccionadas à comunidade, a mecenatos, a donativos, patrocínios, entre outros. Pretendemos ir mais além, criando uma cultura de sustentabilidade ao nível de toda a empresa”. PROMOVER SINERGIAS INTERNAS
Profissional esclarecido sobre todas as temáticas que englobam as questões da responsabilidade social, sendo um espectador atento de alguns fóruns europeus sobre a temática, afirma que, de facto,
em Portugal as empresas “estão a apostar claramente na área da sustentabilidade e na responsabilidade social, numa perspectiva de criação de valor”. A ANA – Aeroportos de Portugal, como empresa do sector empresarial do Estado, tem obtido, consecutivamente, resultados líquidos extremamente positivos, principalmente atendendo à actual conjuntura económica mundial, com resultados, no ano transacto, de cerca de 54 milhões de euros. È neste cenário que a criação do Conselho de RS e Sustentabilidade pretende contribuir, no seio da empresa, a dinamização das suas actividades nos três pilares: social, económico e ambiental. “Ainda existe alguma dispersão natural na consecução das políticas sectoriais,
mas as melhorias já se fazem sentir. O trajecto é longo, mas certamente conseguiremos conciliar e reunir estas três directrizes. De facto, em Empresas de grande dimensão como a ANA e com ampla dispersão geográfica o caminho é feito com mais dificuldade”. Esse percurso deverá basear-se no incentivo de sinergias internas, indo ao encontro dos pergaminhos da ANA ao nível da responsabilidade social ao nível dos seus colaboradores e dos seus stakeholders. Segundo Pedro Monteiro Fernandes é necessário fomentar este cenário, lembrando que em Portugal “a responsabilidade social só terá êxito quando existir uma consciência no universo empresarial de que a aposta em políticas sustentáveis, nos mais diversos âmbitos, poderá,
a curto médio prazo, criar valor e isso é fundamental”, assume o nosso entrevistado, lembrando que empresas da envergadura da ANA não podem ficar para trás no «comboio» da sustentabilidade. “Quem o fizer terá custos penosos no futuro. A sustentabilidade das empresas será, sem dúvida, um factor concorrencial essencial. Este cenário é evidente e existente em algumas culturas e países da europa e do mundo”. “A SUSTENTABILIDADE NÃO DEVE SER VISTA COMO UM GASTO”
O Universo empresarial começa hoje a ter essa consciência, mas e os consumidores? O cidadão comum? A sociedade? Segundo o nosso interlocutor, os próprios consumidores começam a compreender a
relevância desta vertente, embora de forma embrionária. “Falta apenas incrementar um nível superior de informação e de sensibilização. Portugal pode aproveitar as oportunidades que surgem neste âmbito, principalmente num clima de crise, para se assumir como um país desenvolvido nesta área, porque temos de repetir esta mensagem: a área da sustentabilidade pode aportar valor para as organizações. Não deve ser vista apenas como um gasto desnecessário. É vital e será factor de diferenciação e de concorrência para o tecido empresarial vindouro. A Sustentabilidade é encarada como um dos pilares da ANA”. Mas sendo o parque empresarial nacional composto, na sua maioria, por PME’s, de que forma é que as
mesmas poderão «olhar» para estas valências como factores de distinção e competitividade? Haverá espaço para as mesmas realizarem esta aposta? Os lucros serão superiores aos custos? Na opinião do nosso entrevistado as PME’s poderão ter ganhos assinaláveis ao nível da redução de custos, “faltando apenas que exista consciência para tal. Se as empresas começarem a apostar nos chamados produtos verdes e no respeito pelos mais elementares direitos humanos e laborais,
certamente que virão a ser reconhecidas em detrimento daquelas que nada façam» PENALIZAÇÕES PARA OS INCUMPRIDORES
A ANA – Aeroportos de Portugal, SA encontra-se certificada na Norma SA 8000, norma internacional de avaliação da responsabilidade social, cujo conteúdo se baseia em convenções da Organização Internacional do Trabalho – OIT e
das Nações Unidas. Assim, a ANA, como já foi referido, foi o primeiro aeroporto do mundo a conseguir o denominado Sistema de Gestão Integrado, tendo sido também certificada no domínio da inovação e da excelência. A exigência e o rigor marcam a actividade diária da ANA. Se é certo que os prémios e distinções são positivos e necessários, aportam consigo um incremento das exigências e de imposições em qualquer organização. O cumprimento dos requisitos da Norma SA 8000 exige um esforço de melhoria contínua e de exigência diária. Desses requisitos aquele que se apresenta de mais difícil aplicação prende-se com a obrigação que impende sobre a ANA de fazer com que os seus fornecedores, prestadores de serviços e empreiteiros também cumpram com os referidos requisitos. “Toda a cadeia de valor, a ANA, fornecedores, prestadores de serviços, entre outros, encontram-se obrigados a respeitar a norma. O chamado «efeito cascata», quiçá o mais importante fito da norma é difícil de alcançar. Se à partida a ANA cumpre com os nove requisitos inerentes à SA 8000, o ponto é que temos de garantir que esses critérios são integralmente cumpridos pelos nossos fornecedores e prestadores de serviços”, assevera Pedro Monteiro Fernandes, lembrando que para que esse cenário seja cumprido é fundamental o trabalho de auditoria levado a cabo de forma sistemática pela Empresa “quase um papel de fiscalização, em que realizamos diversas auditorias aos nossos fornecedores. Isto aporta custos avultados, mas é fundamental para alcançarmos os nossos desideratos”, afirma convicto, dando ainda a conhecer que esta norma, a SA 8000, apresenta uma característica distinta de todas as outras – a de ser externamente auditada de seis em seis meses, o que demonstra o rigor e a exigência da mesma e da organização que a certifica – a APCER. Naturalmente que a certificação e a sua constante aplicação podem aumentar a confiança dos stakeholders da ANA, e a médio prazo ser um factor diferenciador no mercado. Além disso, permite consciencializar os fornecedores e prestadores de serviços para a obrigatoriedade do cumprimento de regras básicas de respeito pela «dignidade humana» e condições de trabalho, condicionados pela aplicação de penalizações em caso de incumprimento do estabelecido. “Os compromissos contratuais que assumimos prevêem esse cenário, através da assinatura de uma carta de compromisso”,
afirma o nosso entrevistado, revelando que estão neste momento a ser estudadas formas de penalização para os fornecedores que não a cumprem. APOSTA CONCRETA NA VERTENTE HUMANA
Os recursos humanos são de facto um «instrumento» fundamental no sucesso das empresas e organizações, facto ao qual a ANA não é alheia. Esta aposta na ANA na responsabilidade social e diversas directrizes tem tido o seu impacto nos 1200 trabalhadores, embora de uma forma lenta. “Há um problema claro em termos de comunicação interna, facto que conseguimos ultrapassar a nível externo. É necessário mudar mentalidades e culturas instaladas, pois pretendemos chegar a um nível mais amplo que representa a sustentabilidade e a criação de valor”, revela o nosso entrevistado, optimista com o futuro. “Acredito sinceramente que essa cultura será interiorizada”, assegura convicto. A finalizar, Pedro Monteiro Fernandes revelou que os próximos tempos serão complicados, existindo dois «públicos» importantes para a ANA, ou seja, a comunidade e os colaboradores, facto que obrigará a Direcção de Recursos Humanos a usar da imaginação, pois com todas as restrições previstas para 2011 não se avizinham aumentos da massa salarial. “Os gestores e directores de recursos humanos têm um papel fundamental para que a motivação e a produtividade dos trabalhadores não diminua. Assim, a ANA, através da sua Direcção de Recursos Humanos já criou uma série de instrumentos de compensação à parentalidade, bolsas de estudo para os filhos dos trabalhadores, a que se juntam inúmeros benefícios de natureza social, fundos de pensões, seguros de saúde, vantagens ao nível de estacionamento, entre outros, que foram, ao longo da história da Empresa, atribuídos aos trabalhadores, seja através de actos de gestão, seja através da negociação colectiva. São acções fundamentais e que perpetuam o bem-estar que pretendemos oferecer aos nossos trabalhadores. Temos portanto de focalizar a nossa acção futura nas áreas humanas”, conclui Pedro Monteiro Fernandes, Coordenador Executivo para a Responsabilidade Social e Sustentabilidade da ANA, Aeroportos de Portugal.
OPINIÃO
POR GONÇALVES PEREIRA, SÓCIO FUNDADOR DA SINASE EM 1968
RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS ORGANIZAÇÕES A Responsabilidade Social certificada pelo Normativo Internacional SA 8000 é um conjunto de iniciativas e práticas que têm como objectivo a criação e a maximização de impactes positivos e a redução ou eliminação destes, para além do cumprimento do quadro legal aplicável em cada país.
O
Normativo SA 8000 baseia-se num conjunto de convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e das Nações Unidas, sendo a certificação de uma Organização com base neste referencial suportada no cumprimento de oito requisitos centrados na Responsabilidade Social, nomeadamente: Trabalho Infantil; Trabalho Forçado; Saúde e Segurança; Liberdade de Associação e Direito à Negociação Colectiva; Discriminação; Práticas Disciplinares; Horário de Trabalho; Remuneração; Requisitos de Sistemas de Gestão, em consonância com os requisitos base das normas ISO e com o ciclo PDCA: – Planear, Executar, Verificar e Actuar. Um Sistema de Gestão da Responsabilidade Social é aplicável a Organizações de todos os tipos e dimensões e permite a criação e manutenção de políticas e práticas de Responsabilidade Social, através da aplicação de procedimentos de gestão. A empresas devem decidir e contribuir, de forma voluntária, para uma
sociedade mais justa e responsável não se restringindo ao cumprimento de obrigações legais, mas sim, integrando as suas acções na comunidade, com forte investimento no capital humano, orientado para finalidades comuns e estruturado segundo o princípio de cooperação e não de conflito. Nos últimos anos, a expressão ética e Responsabilidade Social tornou-se frequente em discursos, artigos e livros. Numa óptica da gestão das organizações vivemos num contexto de eficiência dinâmica em que a base da economia é alicerçada pela criação de valor e inovação contínuas. Os resultados da Responsabilidade Social atingidos pelas empresas devem ser coerentes entre o discurso e as práticas de gestão. Os pilares de uma gestão ética são a prudência, o respeito e a coerência em todas as áreas do negócio. Todos devemos ter consciência que estamos perante um desafio que perspectiva novas metodologias de acção que poderão vir a marcar a cultura das Organizações. Todas as Organizações que incor-
porarem o conceito de Responsabilidade Social nas suas politicas e práticas de gestão atingirão performances sustentáveis no mercado. Nas Organizações em que o conceito já está incorporado na cultura organizacional a sua aplicabilidade é encarada como um processo de melhoria contínua e de aprendizagem organizacional. O perfil dos dirigentes é determinante para a mudança, embora se reconheça que desde sempre existiram alguns com um verdadeiro espírito de Responsabilidade Social, apesar de ainda se estar longe do perfil ideal na generalidade dos casos. Actualmente, o papel dos professores de gestão terá, certamente, um impacto na formação de novos perfis de lideres empresariais. A aposta na formação e na cidadania desde o ensino básico também poderão fazer a diferença. A família, as instituições e as empresas podem modelar o modelo de crescimento económico, suportado por bons níveis de produtividade, competitividade e concorrência, suportados em diálogo social, respeito e coesão. Tal como
os referenciais Normativos da Qualidade a implementação desta Norma integra boas práticas, minimiza riscos e melhora a relação entre as partes envolvidas (colaboradores, clientes, fornecedores, parceiros e outros), reduz custos relativos a conflitos laborais, níveis de absentismo, melhora as condições de trabalho, dá cumprimento legal e evidencia sustentabilidade. A SInASE com mais de 40 anos de actividade, tem vindo nos últimos dez anos, em parceria com a BUROTEC, multinacional espanhola, a colaborar com diversas Organizações do sector público e privado na implementação nos Normativos Internacionais ISO 9001, 14001 e OHSAS 18001 e SA 8000, em Portugal, Espanha e Angola.
COMPANHIA DE SEGUROS AÇOREANA EM DESTAQUE
“A COMPANHIA DE SEGUROS AÇOREANA VIVE DE E PARA AS PESSOAS”
“Na Açoreana, bem como em todo o Banif – Grupo Financeiro, acreditamos que o sucesso empresarial é indissociável da responsabilidade social”, afirma Joana Seixas – Directora de Comunicação da Companhia de Seguros Açoreana, que, em entrevista à Revista Pontos de Vista, revelou as iniciativas promovidas pela organização, dando a conhecer as principais mais-valias do projecto Une – Unidos na Escola. Conheça ao longo desta entrevista a essência e relevância desta campanha. Como entende a Açoreana a Responsabilidade Social e que importância aporta esta na sua orgânica? Como todos sabemos, atravessamos uma conjuntura difícil, que envolve directamente o sector em que actuamos e cuja solução passa pelo objecto dos nossos negócios: investir, valorizar, assegurar e garantir. Nestes momentos, como o que agora vivemos, existe um interesse crescente pelos temas essenciais da sociedade – a educação, a saúde e as condições de vida. As pessoas e a sociedade assumem um peso determinante enquanto stakeholders e as empresas têm de desenvolver projectos que lhes sejam dirigidos, que lhes acrescente valor e que as envolva directamente. Neste contexto, a política de Responsabilidade Social nas empresas tem vindo a evoluir com a tendência global de entreajuda e os projectos
neste âmbito aproximam as empresas da sociedade. Podemos encarar estas iniciativas como uma forma de empreendedorismo social, na medida em que fomentam uma atitude cada vez mais positiva e geradora de relações mais próximas e duradouras. A responsabilidade social não pode ser vista como «mais um custo». Como o próprio nome indica, deve ser encarada como uma responsabilidade, não individual mas de todos. Julgo que as empresas já reconhecem as mais-valias destas iniciativas que reflectem os compromissos assumidos, directa ou indirectamente, com as pessoas, as famílias e as comunidades. Esta é uma forma de reforçarem a sua ligação de longo prazo com a comunidade. Na Açoreana, bem como em todo o Banif – Grupo Financeiro, acreditamos que o sucesso empresarial é in-
dissociável da responsabilidade social. Este é, e será sempre, um tema de primordial atenção para nós. Através da Responsabilidade Social pretendemos não só dar resposta às necessidades das comunidades em que nos inserimos, mas também motivar as equipas internas, motivando-as e envolvendo-as em causas superiores, gerando, assim, uma consciência social colectiva enquanto empresa e enquanto Seguradora. Esta dinâmica da Responsabilidade Social é uma realidade na Açoreana. Em 2009 levaram a cabo a iniciativa denominada por UNE – Unidos na Escola, em parceria com o Governo Regional dos Açores. Em que consiste esta iniciativa? O projecto Une – Unidos na Escola foi uma iniciativa lançada em 2009 pela Companhia de Seguros Aço-
reana em parceria com o Governo Regional dos Açores que teve como objectivo primordial fazer frente a um problema real com que Portugal se depara – a elevada taxa de abandono escolar. Foi esta realidade, associada à nossa estreita ligação com os Açores, terra onde nascemos e que dá nome à nossa companhia, que deu vida ao UNE. Fundamental é referir que o grande objectivo que tivemos desde o primeiro momento foi criar uma causa e uma acção da Açoreana que fosse também uma causa e um projecto dos e para os açorianos. Era essencial que, além de um contributo directo da companhia, se criasse uma lógica multiplicadora, em que o envolvimento de cada pessoa fosse relevante para o sucesso do projecto. A grande mais-valia para a Açoreana é, sem dúvida, contribuir para uma causa que diz respeito a todos
“A grande mais-valia para a Açoreana é, sem dúvida, contribuir para uma causa que diz respeito a todos – a Educação. Prova disso foi a primeira edição do UNE – Unidos na Escola que angariou 50 mil euros que foram distribuídos por cinco escolas da região, abrangendo 705 crianças”
– a Educação. Prova disso foi a primeira edição do UNE – Unidos na Escola que angariou 50 mil euros que foram distribuídos por cinco escolas da região, abrangendo 705 crianças. Este apoio permitiu às escolas aumentar os seus recursos e, em consequência, os estímulos das crianças, melhorando as suas condições de aprendizagem.
Porquê a educação como território de investimento? Como já tive oportunidade de referir, a promoção do sucesso escolar como meio de inclusão social, de diminuição da pobreza e de desenvolvimento é uma causa que diz respeito a todos. Em Portugal, a taxa de abandono escolar foi, em 2009, de 31,2 por cento. Este número continua a ser o dobro da média europeia, ainda que com uma redução face a 2008. Os estudos mais recentes indicam que 9,7 por cento dos alunos portugueses abando-
nam a escola antes dos 15 anos. Por estes motivos, a educação foi definida como um dos principais eixos da política de responsabilidade social da Açoreana pois acreditamos que investir na educação é investir no futuro, ajudando a construir a base do desenvolvimento de sociedades mais fortes e preparadas. O grande objectivo desta iniciativa é convergir esforços na promoção da igualdade de oportunidades no acesso à educação e minimizar o abandono escolar precoce. E porquê na Região Autónoma dos Açores? Acima de tudo a Companhia de Seguros Açoreana vive de e para as pessoas. A actual conjuntura económica coloca cada vez mais famílias, e também muitas empresas, perante inesperados obstáculos e situações difíceis de gerir. Desta forma, é indispensável esta ligação, e uma preocupação contínua com a comu-
nidade e com as suas necessidades que demonstre que esta é uma empresa que acredita nas pessoas e na qual essas pessoas podem confiar. Enquanto líderes de mercado nos Açores assumimos uma responsabilidade acrescida para com a comunidade açoriana. Foi com os açorianos que nascemos e foi com eles que crescemos. Cabe-nos, de alguma forma, devolver à sociedade o que através dela conseguimos conquistar. Como é que a Açoreana garante então o envolvimento da Companhia e das pessoas nesta causa? A Açoreana compromete-se, através do UNE – Unidos Na Escola, de forma directa com a comunidade. E coloca o seu negócio ao serviço desta causa e a maior prova do impacto desta iniciativa é estarmos, neste momento, a lançar a segunda edição deste programa com o objectivo de abranger mais escolas e mais
crianças. O projecto UNE – Unidos na Escolas apoiou cinco escolas na sua passada edição e tem este ano por objectivo o apoio a três escolas da Região Autónoma dos Açores: a EBS Povoação, Escola da Ribeira Quente (S. Miguel), a EBI Horta, Escolas Ribeirinha e Salão (no Faial) e a EBI Angra, Escola de S. João de Deus (Ilha Terceira). No âmbito desta iniciativa, a Companhia de Seguros Açoreana oferece 5€ por cada seguro subscrito com um custo mínimo de 100€. O montante angariado durante esta campanha é, na fase final do projecto, duplicado pela seguradora. Esta é, sem dúvida, uma forma de promover a inclusão social, através do investimento na educação, qualificando pessoas para melhores oportunidades de emprego fomentando assim o sucesso económico do País.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
GRUPO BUREAU VERITAS
“ISO 26000 É UM FACTOR DE COMPETITIVIDADE E DISTINÇÃO”
Desde a sua criação em 1828, o Grupo Bureau Veritas construiu consistentemente uma experiência reconhecida, apoiando os clientes a operar em conformidade segundo referenciais e regulamentos relacionados com as áreas da qualidade, saúde e segurança, ambiente e responsabilidade social. Neste sentido, e numa altura em que está prestes a ser lançada a ISO 26000, a Revista Pontos de Vistas foi ouvir as considerações de Ricardo Ferro sobre o mais recente normativo da International Organization for Standardization.
A
ISO 26000 representa o culminar de um esforço integrado a nível internacional, assente num processo multistakeholder, para o desenvolvimento de um referencial internacional no domínio da responsabilidade social. Esta norma guia apresenta o consenso internacional relativamente aos conceitos, princípios e aspectos chave associados à responsabilidade social e à sua operacionalização nas organizações – independentemente do tipo de organizações e dos países onde se inserem - constituindo-se desta forma como um marco no quadro das iniciativas de responsabilidade social. Trata-se de um processo totalmente voluntário, na medida em que a norma não é destinada a fazer parte de contratos nem é certificável por terceira parte. Sem dúvida que haverá organizações que desejarão ver reconhecido pelo mercado o seu esforço de implementação da ISO 26000, mas isso terá de ser confirmado pelas suas partes interessadas. Brasil, Austrália, França, Alemanha, Japão, Reino Unido, Países Escandinavos, Canadá, EUA, for-
neceram as delegações com maior contributo técnico. Portugal também contribuiu e foi um dos oito países que recebeu uma reunião plenária do grupo. Para Ricardo Ferro este normativo “surge como plataforma multistakeholder, em que as várias partes interessadas numa organização forneçam o seu contributo, sejam identificados e auscultadas relativamente às suas expectativas. Num segundo plano a gestão de topo da organização tem como missão, de acordo com a sua política, definir os objectivos que pretende atingir. Como as expectativas das várias partes interessadas são distintas, ou seja: os colaboradores pretendem estabilidade no emprego, progressão na carreira e remunerações mais atractivas; os accionistas querem maior rentabilidade relativamente aos seus investimentos; a gestão de topo quererá a rentabilidade dos activos e o cumprimento dos objectivos assumidos; o Estado pretende que a mesma seja uma boa cidadã empresarial, que cumpra as suas obrigações fiscais, que tenha uma forte componente de investigação e desenvolvimento e que
RICARDO FERRO, DIRECTOR DO GRUPO BUREAU VERITAS
seja uma organização exportadora. Tendo em conta todas estas expectativas a organização deve encontrar uma equação de máximo divisor comum, tendo em conta o que é a sua política”. “A EUROPA TEM DE CRIAR MECANISMOS PARA EQUILIBRAR AS REGRAS DO JOGO” O processo de desenvolvimento da ISO 26000 começou em 2002 e desde então um Grupo de Trabalho – o maior formado na ISO até então –, constituído por 91 países e 42 organizações que representam
mais de um país, vêm tentando vencer as diferenças sociais, culturais, ambientais, legais e económicas de cada nação para tornar a norma adaptável à realidade de qualquer organização. O Director do Grupo Bureau Veritas vê este normativo como ferramenta importante do ponto de vista ambiental, mas também económico sublinhando que “a construção da ISO 26000, apesar de não ser certificável, é um factor de competitividade e distinção, que coloca as organizações de fabrico ou prestação de serviços num sector premium de
“A CONSTRUÇÃO DA ISO 26000, APESAR DE NÃO SER CERTIFICÁVEL, É UM FACTOR DE COMPETITIVIDADE E DISTINÇÃO, QUE COLOCA AS ORGANIZAÇÕES DE FABRICO OU PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NUM SECTOR PREMIUM DE DESTAQUE, PORQUE HOJE FALAR ORGANIZAÇÕES AMBIENTALMENTE EFICIENTES É FALAR DE ORGANIZAÇÕES MAIS EFICAZES EM TERMOS ECONÓMICOS”
destaque, porque hoje falar organizações ambientalmente eficientes é falar de organizações mais eficazes em termos económicos”. Porém, o ponto para o qual Ricardo Ferro chama toda a atenção com o seu discurso, é para a igualdade que a ISO 26000 pode trazer entre os mercados europeus, mais cumpridores de princípios ambientais e sociais que tornam os produtos mais caros, e os mercados asiáticos, que atropelam estes pressupostos para obter um menor custo de produção. Assim, segundo Ricardo Ferro “a Europa vai ter que criar mecanismos para tentar equilibrar as regras do jogo, e para que os factores de competitividade sejam aqueles que cada país subscreve. Se a China, Índia, Vietname, Taiwan, entre outros, querem continuar a apostar nos baixos salários e Portugal opta pela qualificação, ambas as ideias são legítimas, mas as regras básicas ao nível da segurança e higiene no trabalho e as boas práticas ambientais todos têm que cumprir. Se um país opta por ignorar estes princípios, embaratecendo o produto em 15 por cento, então, para entrar na União Europeia esse mesmo produto deverá pagar os mesmos 15 por cento em imposto”. “ESTE NORMATIVO NÃO É UM BILHETE DE SUCESSO GARANTIDO”
Focando a sua análise no tecido em-
presarial português, Ricardo Ferro defende que a ISO 26000 “é um mecanismo que pode ser aproveitado pelas Pequenas e Médias Empresas para abraçarem a internacionalização, mas pela via da diferenciação no que à responsabilidade social concerne”, destacando ainda que “este normativo não é um bilhete de sucesso garantido, mas permite às nossas empresas estar na linha da frente com aqueles que vão ser os melhores”. É fácil constatar que este novo referencial pode trazer uma nova evolução nas economias mundiais, mais difícil é quantificar o impacto no comum dos cidadãos, conforme sublinhou Ricardo Ferro: “O cidadão poderá ter um maior acesso à informação da organização relativamente ao que são os seus principais indicadores e desempenhos no âmbito da responsabilidade social. Para o cliente final, a ISO 26000 pode não trazer um grande impacto nem representar um aumento de quota de mercado, mas o fundamental é a proliferação de instrumentos que são críticos para a cadeia de valor da organização”. A terminar Ricardo Ferro revelou acreditar que a ISO 26000 “tenha um elevado nível de aceitação e que haja um crescimento significativo por parte das organizações a adoptarem estes referenciais, até porque, a base actual é claramente baixa”.
CLUBE XEROX – XEROX PORTUGAL
“COLABORADORES SAUDÁVEIS, NEGÓCIO SAUDÁVEL” “A filosofia de Responsabilidade Social para a Xerox Portugal assume-se como um pilar central na nossa política de recursos humanos”, afirma Maria Alexandra Pires, Directora de Recursos Humanos da Xerox Portugal em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer que apostar em dinâmicas sociais aportam um impacto extremamente relevante no quotidiano dos colaboradores e por conseguinte na competitividade da marca.
Assim, os colaboradores e associados da Xerox e do Clube Xerox usufruem de um conjunto de acções e de equipamentos fundamentais para o seu bem-estar. “Podem utilizar as nossas instalações como a piscina, campo de futebol e de ténis, ginásio, entre outros, onde desfrutam de diversas iniciativas como pilates, aulas de natação, ginástica, defesa pessoa, torneios de futebol, entre outras acções, indo ao encontro da velha máxima, «Mente sã em Corpo são»”, revela a nossa entrevistada.
P
MARIA ALEXANDRA PIRES
resente em Portugal há cerca de 45 anos, a Xerox Portugal sempre pautou a sua orgânica por uma filosofia assente em estratégias bem delineadas ao nível dos recursos humanos, onde a Responsabilidade Social é analisada como um factor preponderante no sucesso da marca e no bem-estar do «Universo Xerox». No sentido de consolidar esta filosofia, foi edificado o Clube Xerox, há cerca de 25 anos, que se assume como uma associação que tem como principal desiderato a gestão dos interesses dos colaboradores versus Xerox Portugal, sendo uma entidade com uma Administração própria, e uma gestão autónoma. Mas quais as principais mais-valias deste «organismo»? Segundo a nossa entrevistada, os colaboradores da Xerox Portugal devem associar-se ao Clube Xerox para assim usufruir das vantagens do mesmo. “Todos os colaboradores são sócios, pagando uma quota e com esse valor o Clube Xerox organiza diversas sessões e programas de responsabilidade social perante os seus colaboradores e a sociedade em que estamos inseridos”, afirma Maria Alexandra Pires, que este ano, além de Directora dos Recursos Humanos da Xerox Portugal, é também Presidente do Clube Xerox.
EQUILÍBRIO «TRABALHO/VIDA»
De que forma é que esta política tem impacto ao nível da produtividade dos 170 colaboradores da Xerox, distribuídos entre Lisboa e Porto, e competitividade da marca? Para Maria Alexandra Pires, esta aposta é fundamental e tem tido um impacto directo “na felicidade e na produtividade dos nossos colaboradores, pois assenta na nossa filosofia de equilíbrio «Trabalho/ Vida», onde as acções do Clube Xerox fundem-se com os interesses dos recursos humanos”. De salientar ainda que o Programa de Responsabilidade Social da Xerox é orientado segundo dois pilares centrais: direccionado para o seio interno da empresa e para a comunidade/sociedade. Assim, rastreios ao nível da saúde são prática corrente na orgânica quotidiana da Xerox Portugal. “Oferecemos três vezes por mês consultas de medicina curativa aos nossos colaboradores, que acaba por funcionar como um médico de família. Promovemos campanhas contra a gripe, antitabágicas, entre outros. Estas campanhas são realizadas internamente anualmente, pois pretendemos que os nossos colaboradores se sintam bem, dentro do denominado «stress positivo», indo ao encontro do lema «Colaboradores saudáveis, negócios saudáveis» ”. Além disso, a Xerox fomenta benefícios ao nível de empréstimos muni-
dos de politicas de adiantamentos, pagamento de subsídios de estudos para colaboradores e respectivos filhos, apoio à parentabilidade por cada criança que nasça no ambiente Xerox, sendo a marca um exemplo bastante positivo neste domínio, pois além do «welcome» ao bebé, através da oferta de uma cesta de produtos para bebé, “oferecemos mais um bónus por cada criança que nasça e assim fomentamos um grande incentivo à natalidade que, como sabemos, vive dias complicados em Portugal”, esclarece a nossa interlocutora, revelando ainda que a Xerox Portugal apresenta um índice de 2,1 crianças por colaborador. POSTURA DE LOW PROFILE
Assegurando que na política de responsabilidade social da empresa, “são os colaboradores da Xerox Portugal os principais intervenientes”, segundo Maria Alexandra Pires é importante realçar que nesta filosofia social para com a sociedade “a nossa principal preocupação não passa por donativos em dinheiro, mas por oferecer meios”, assegura, revelando que a política social da Xerox, apesar de bem direccionada e relacionada, assume-se a um nível de low profile, não sendo muito mediatizada, única e exclusivamente “porque para nós a responsabilidade social encontra-se directamente ligada com o bem-estar dos nossos colaboradores. Estes podem usufruir do tempo que necessitarem para serem uma pessoa activa em termos de voluntariado e de responsabilidade social, sem que isso o prejudique ao nível de vencimento ou de evolução na carreira nem mesmo do seu tempo pessoal pois estas iniciativas decorrem em horário laboral”. Desta forma, são diversas as iniciativas protagonizadas pelos colaboradores da Xerox Portugal, mantendo parcerias com diversas entidades como o Grace, a Liga Nacional Contra a Fome, AMI - Assistência Médica Internacional,
Associações, Mão-na-Mão, ANEFA - Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente, Lar de Idosos, entre outros. NOVO ANO, NOVAS CAMPANHAS
Para 2011, são inúmeros os projectos delineados pelo Clube Xerox no domínio da Responsabilidade Social bem como da Sustentabilidade, sendo que um dos principais passa pela parceria estabelecida com a ANEFA - Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente. “Pretendemos aprofundar estes laços com a ANEFA na vertente da Sustentabilidade, sendo que, à medida que vão surgindo novos clientes, pretendemos juntar os mesmos a esta parceria, para assim aumentarmos o número de «braços» para plantar árvores. Na vertente dos rastreios pretendemos realizar algo com maior incidência, pois o «Mês do Bem-estar» ocorreu este ano e se, em anos anteriores, também o fazíamos, embora de uma forma pontual, este ano apostamos em algo diferente e realizamos uma série de rastreios ao nível do sangue, colesterol, visão, nutrição, entre outros. Assim, para 2011, vamos replicar esta campanha, embora com algumas novidades”, explica a nossa entrevistada. A finalizar, Maria Alexandra Pires deixou uma mensagem extremamente relevante, seguindo a máxima interiorizada na orgânica da Xerox Portugal. “Quando temos colaboradores motivados e felizes pelo que fazem pela sua família, empresa e principalmente pela sociedade temos níveis de produtividade superiores e isso reflecte-se no volume de negócios da empresa. A Xerox Portugal soube «aproveitar» essa dinâmica, pois para nós a Responsabilidade Social não é vista como um custo, mas como um investimento com retorno, quanto mais não seja pela qualidade de vida que proporcionamos aos nossos colaboradores”, termina a nossa LER NA ÍNTEGRA EM interlocutora. WWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT
APESPE - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DAS EMPRESAS DO SECTOR PRIVADO DE EMPREGO
“O «EMPREGO SEGURO» DOS TRABALHADORES SÃO AS SUAS COMPETÊNCIAS” MARCELINO PENA COSTA
Marcelino Pena Costa, Presidente da APESPE - Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego revela qual tem sido a intervenção da APESPE no «mundo do trabalho» e de que forma pode o trabalho temporário funcionar como uma boa oportunidade, na resposta ao aumento do desemprego em Portugal. Como analisa hoje o mercado de trabalho temporário? Encontra-se em crescimento? Existe alguma estatística da população activa portuguesa que trabalhe neste «regime»? O mercado de trabalho temporário tem tido neste ano um crescimento progressivo e moderado (2,8 por cento por trimestre) que se justifica pelo facto de as empresas utilizadoras, nesta conjuntura, utilizarem mais trabalho temporário, para responderem aos acréscimos de actividade, que podem ser só pontuais. Há um número crescente de trabalhadores que escolhem o trabalho temporário como forma de vida activa. O trabalho temporário represente 1,5 por cento da mão-de-obra activa e é maioritariamente constituído por mulheres. Este crescimento também se deve ao novo paradigma do emprego que, como sabemos, está a mudar e aquilo que actualmente representa a segurança no emprego dos trabalhadores são as suas competências profissionais e pessoais bem como a sua actualização permanente? A APESPE não está indiferente ao crescimento do desemprego. As ETTs filiadas são uma, se não a, oportunidade de emprego para os desempregados e os jovens à pro-
cura de primeiro emprego. Para nós a oportunidade de trabalho é para todos, seja qual for a sua raça, sexo ou crença religiosa. Sabemos que o trabalho dá um contributo fundamental para o desenvolvimento pessoal, para a auto-estima, companheirismo e bem-estar das pessoas e, para isso trabalhamos todos arduamente, na criação de emprego. O “ emprego seguro” dos trabalhadores são as suas competências e não esta ou aquela forma de contrato de trabalho. Sente que o crescimento da temporalidade do emprego resulta da legislação excessivamente proteccionista que regula as relações laborais em Portugal? A reacção defensiva das empresas constitui o reflexo de uma legislação que, pretendendo defender o emprego, contribui sobretudo para o destruir? A legislação laboral portuguesa é rígida. Mas essa rigidez não está na consequência directa do crescimento ou não da nossa actividade. Há razões objectivas para que uma empresa recorra ao Trabalho Temporário que tem a ver com a gestão da flexibilidade e com a resposta às solicitações dos mercados além das substituições por doença, maternidade e paternidade, etc. Não é por causa da rigidez, ou não, da legis-
lação que se cria ou não emprego. São os factores económicos que tal determinam.
Os trabalhadores temporários ainda são tratados como trabalhadores de «segunda classe» para o legislador? Que medidas deveriam ser colocadas em prática para evitar este cenário? Qual tem sido o papel da APESPE neste sentido? O legislador “não vê o trabalhador temporário como um trabalhador de 2ª classe”, se assim fosse não lhe dava as garantias e regalias que a lei do TT lhes dá. A discriminação existe sim para com a actividade em geral. Este sector não é menos incumpridor que qualquer outro, diria mesmo, que com as acções que a APESPE tem levado a cabo nos últimos anos (responsabilidade social das ETTs, auto regulação campanhas de sensibilização para matérias de prevenção de acidentes de trabalho e da campanha gizada para 2011: ZERO ACIDENTES), achamos que estamos no bom caminho para nos apresentarmos publicamente como uma associação de empresas estruturadas e socialmente responsáveis Por outro lado, é legítimo afirmar que o trabalho temporário deve ser visto como um excelente ins-
trumento e oportunidade para os jovens, em busca do primeiro emprego, de adquirir experiencia profissional e realizar uma inserção célere no mercado de trabalho? O trabalho temporário Organizado é uma boa oportunidade para os jovens que com esta ferramenta podem aperceber-se de facto qual é a área de trabalho que melhor se adapta à sua personalidade e saberes. Já são um número significativo os que usam o TT como meio de gerirem a sua carreira profissional até encontrarem a situação profissional que lhes convém
Quais serão os principais desafios de futuro para a APESPE? A APESPE, as empresas que representamos têm um enorme desafio pela frente: Como será o trabalho temporário daqui a cinco anos? Vai deixar de existir e as ETTs reconvertem-se empresas de outsourcing? Ou pelo contrário vão sofisticando a sua intervenção nos mercados de trabalho com mais ofertas de serviços complementares? Estamos atentos e a debater internamente todas estas questões. LER NA ÍNTEGRA EM
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AUTOVISION PORTUGAL EM DESTAQUE
“O TRABALHO TEMPORÁRIO É UMA OPORTUNIDADE PARA QUEM NÃO TEM EMPREGO”
JOSÉ LEAL
“O trabalho temporário pode ser uma oportunidade para quem não tem emprego encontrar uma colocação e manter o contacto com o mercado”, afirma José Leal, Director da AutoVision Portugal, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer de uma forma mais aprofundada a dinâmica da AutoVision Portugal, bem como a importância que a sua orgânica aporta num período onde o desemprego cresce diariamente. Quando é que surgiu a AutoVision e de que forma é que se tem vindo a assumir como um player de referência neste sector de mercado, em prol da união das pessoas e do trabalho? A AutoVision Portugal iniciou a sua actividade em 2005 nos sectores de prestação de serviços à indústria e gestão de recursos humanos na área automóvel, fruto da necessidade da criação de ferramentas que permitissem à Volkswagen ter uma maior flexibilidade na sua gestão. Cedo nos tornámos uma referência e desenvolvemos boas relações, quer com os parceiros AutoVision, quer com os nossos colaboradores, agilizando processos entre ambos e tendo em conta os interesses de cada um, o que nos deu solidez, nos forneceu experiência e nos permitiu alargar, três anos mais tarde, a nossa oferta para o sector do trabalho temporário. O facto da AutoVision pertencer ao Grupo Volkswagen aumenta as
responsabilidades e exigências? A AutoVision assume o seu carácter de propiciar ofertas de emprego adequadas somente para o sector automóvel? Fazer parte de um Grupo como a Volkswagen traz, à partida responsabilidades acrescidas. Pelo seu percurso, o Grupo é uma referência e por isso, desde a nossa fundação que procuramos, mais do que corresponder às suas expectativas, superá-las. Começámos, naturalmente, no sector automóvel mas actualmente, e cada vez mais, estamos a alargar o nosso know-how a outras áreas de actividade. Desde o nosso início de actividade que temos procurado ter um crescimento sustentado, só desta forma conseguiremos alcançar e superar os objectivos, melhorando a cada dia a qualidade a que nos propomos.
Para quem pretende alterar a sua vida profissional e assim buscar novos desafios, quais as vantagens em recorrer aos serviços da
AutoVision? São várias as vantagens que o candidato encontra ao recorrer aos nossos serviços. O facto de sermos contacto privilegiado sempre que parceiros e clientes abrem vagas ou sectores de actividade nos seus grupos é uma delas. Outra das nossas mais-valias é que o nosso desafio é, precisamente, colocar a pessoa certa no tempo certo, na posição que a ela melhor se adeqúe. Temos uma equipa altamente qualificada na área de Recrutamento e Selecção, que acompanha o candidato desde o primeiro momento. Depois de inserido na nossa base de dados, o seu perfil é analisado sempre que há a necessidade de uma nova colocação. Orgulhamo-nos de ter uma taxa de sucesso elevadíssima e os números são a confirmação disso: em apenas um ano, vimos o nosso número total de colaboradores colocados crescer de 300 para mais de 1000. Que género de serviços, na área
dos recursos humanos, oferece ao AutoVision ao universo empresarial? De que forma é que os mesmos proporcionam um incremento da competitividade das empresas que vos procuram? Elaboramos todo o processo de recrutamento, desde o início do pedido até à apresentação da pessoa certa, passando por passos como a descrição da função e a elaboração do perfil, a pesquisa de candidatos, a realização da pré-entrevista aos mais adequados e a apresentação da selecção final ao cliente. Cabe-nos também fazer o acolhimento ao colaborador escolhido e fazer o respectivo acompanhamento, junto do cliente. Ao encarregarmo-nos de todo este processo, permitimos que o nosso parceiro usufrua de uma maior flexibilidade na gestão das suas necessidades, ao mesmo tempo que há uma redução de custos. Com a AutoVision a acompanhar o processo, o cliente fica livre para se concentrar apenas naquilo em que é na sua
actividade principal.
O facto da AutoVision proporcionar aos seus clientes processos de recrutamento à medida das suas necessidades representa uma mais-valia? Em que aspecto? A AutoVision é uma empresa de Recursos Humanos e de Outsourcing. Trabalhamos no sector do Trabalho Temporário e também em Outsourcing. Cada recrutamento que efectuamos é único. Apesar de termos normas e procedimentos internos sob os quais actuamos, trabalhamos de acordo com as necessidades dos nossos clientes, o que significa que podemos adaptar o processo de recrutamento de acordo com os seus requisitos. Quando recebermos o briefing por parte do cliente, sabemos com precisão o perfil de candidatos que devemos procurar. Fazemo-lo com rapidez e eficiência e escolhemos entre os melhores. Mais célere, mais eficiente e menos dispendioso do que o processo desenvolvido pela via tradicional. Como analisa hoje o mercado de trabalho temporário? Encontra-se em crescimento? De que forma procura a AutoVision distinguir-se neste sector de mercado relativamente à concorrência?
À semelhança do que acontece na maioria dos países da Europa, o trabalho temporário é hoje uma realidade. Muitas vezes, acaba mesmo por ser a única oportunidade para os desempregados encontrarem uma colocação e manterem o contacto com o mercado. Uma das nossas mais-valias é o acompanhamento que fazemos, a cliente e a colaborador, mesmo que não estejam colocados. Fazemos tudo o que está ao nosso alcance para que os nossos colaboradores mantenham os seus postos de trabalho. Temos tido situações de finais de projectos em que os colaboradores são, sempre que possível, alocados a novos projectos. Desta forma continuamos a garantir a sua continuidade junto da AutoVision. Quando tal não é possível no imediato, voltamos a contratá-los assim que exista nova necessidade, se assim for também a sua vontade.
Quais são as mais-valias que o regime temporário «oferece» aos trabalhadores? A ideia de que trabalho temporário é similar a trabalho precário é verdadeira? Que diferenças podemos distinguir entre ambos? O trabalho temporário pode ser uma oportunidade para quem não
tem emprego encontrar uma colocação e manter o contacto com o mercado. A pró-actividade é um dos requisitos procurados por quem emprega e é sempre mais vantajoso para o candidato apresentar um currículo que contempla diferentes experiências. Para além disso, são várias as empresas que utilizam o trabalho temporário como um instrumento de recrutamento – abre portas aos colaboradores e dá-lhes a oportunidade de se apresentarem como potenciais trabalhadores. As diferenças para o trabalho precário são abismais – o trabalho temporário é uma missão, que se pode, ou não, prolongar, conforme as circunstâncias e os objectivos definidos pela empresa empregadora. O ser “temporário” não significa, que não seja qualificado, ou que seja pouco qualificado. Os trabalhadores temporários ainda são tratados como trabalhadores de «segunda classe» para o legislador? Que medidas deveriam ser colocadas em prática para evitar este cenário? De que forma tem tentado combater a AutoVision este cenário? O nosso Código do Trabalho coloca os Trabalhadores Temporários no mesmo patamar que os trabalhado-
res que têm outro tipo de contratação. Têm exactamente os mesmos direitos. Atenção, que não podemos confundir “Trabalhador Temporário” com “Trabalhador “Independente”, falamos de situações completamente distintas uma da outra. Na Autovision, um trabalhador é um trabalhador, independentemente do tipo de vínculo que tem e, tem sido desde sempre essa a nossa forma de estar e de actuar no mercado. Os direitos e os deveres de parte a parte têm de ser cumpridos e respeitados. Quais são as principais linhas de acção da AutoVision de futuro? A Autovision pretende continuar a reforçar a sua posição no mercado nacional, apostando sempre na qualidade do serviço prestado e na competência nas pessoas. Na área do Outsourcing continuamos a diversificar as nossas áreas de actuação tentando acompanhar as tendências do mercado no que respeita a inovação. Pretendemos trabalhar áreas como Energias Renováveis, entre outras áreas que consideramos como de futuro. A expansão física a nível nacional também faz parte dos nossos planos a curto prazo.
MÁRIO MOREIRA, ADMINISTRADOR DA TERRASSENA, EM DISCURSO DIRECTO
A ARTE DA PEDRA NATURAL Pedra antiga, acabamentos pormenorizados, matéria-prima de qualidade, entre outras mais-valias fazem da Terrasena, Lda. uma das mais prestigiadas e qualificadas marcas nesta vertente, que infelizmente tem sido algo esquecida. Felizmente que ainda existem exemplos como a Terrasena, que fruto da sua qualidade e excelência tem perpetuado um trabalho ímpar nesta vertente.
F
oi há cerca de 12 anos, mais concretamente em 1998, que a Terrassena, Lda. começou a dar os primeiros passos, numa fase inicial apenas direccionada para a vertente da área do restauro de casas. Mais tarde, a empresa apercebeu-se das potencialidades deste mercado, bem como da excelente oportunidade de negócio aqui existente, ou seja, o tratamento e envelhecimento de pedra para fabrico de laje, cantarias, arcos, mobiliário de jardim (fontes, Mesas, bancos) entre outros. Neste sentido, a evolução da Terrassena tem sido de uma forma ascendente e crescente, sendo hoje um importante player neste domínio, usando da sua capacidade de transformar o recente em antigo, o actual em transacto, o presente em passado, embora o moderno jamais seja esquecido na Terrassena, onde cerca de 80 por cento das obras apresentam-se em projectos de raiz.
A Revista Pontos de Vista quis conhecer mais desta verdadeira arte e conversou com Mário Moreira, Sócio-Gerente da Terrassena, Lda. que revelou as verdadeiras potencialidades deste mercado, a forma como, infelizmente, tem sido votada a um certo esquecimento, lembrando ainda as principais mais-valias na utilização de produtos «made in» Terrassena. Como já foi referido, inicialmente a Terrassena encontrava-se direccionada para a recuperação e restauro de edificado antigo, tendo numa fase seguinte apostado na comercialização e na produção de reproduções de trabalhos antigos em pedra, tendo elegido o Lioz como a sua matéria-prima principal. “Inicialmente a ideia passava por recuperar casas antigas/degradas, algo que fizemos diversas vezes, onde perpetuamos acabamentos e princípios o mais autênticos possível do antigo”, refere o nosso entrevistado. Se de início, a Terras-
sena via-se «obrigada» a comprar pedras antigas para realizar o trabalho anteriormente referido, foi em 1998 que se deu uma mudança na orgânica da empresa. “Não era vantajoso adquirir pedras antigas e assim decidimos criar uma oficina com pedras naturais, onde as pudéssemos trabalhar mediante os pedidos e exigências dos nossos clientes. Além disso, conseguimos minimizar uma lacuna existente neste mercado, pois o seu preceito e uso tinha sido praticamente abandonado, correndo-se assim o risco de perdermos as potencialidades e a riqueza do trabalho realizado na pedra há 100 ou 200 anos”, assegura Mário Moreira. LAJE DE LIOZ, A MATÉRIA-PRIMA PRIMORDIAL
Apetrechada com todos os equipamentos necessários para realizar um trabalho de excelência, a Terrassena consegue actualmente pro-
duzir o material necessário que se assemelha em tudo ao original, tendo ainda a vantagem de poder produzir a quantidade desejada para o efeito. “Quando usávamos as pedras de demolições, tínhamos que nos sujeitar ao que ia aparecendo, facto que tornava difícil a nossa actividade, pois nem sempre tínhamos o material em quantidade suficiente para realizar a obra ao nível da cor e do tom da pedra que pode ser diferente do original. Uma casa recuperada com pedras de tons e cores diferentes nunca terá um resultado de boa qualidade, podendo parecer inclusive uma espécie de manta de retalhos, porque as pedras não são originais, sendo provenientes de locais distintos, o que no final do trabalho realizado pode parecer um trabalho sem qualidade. Desta forma, apostamos na produção própria e conseguimos possuir pedras em quantidades suficientes e da cor que pretendemos, dando sempre um acabamento semelhante ao que
era efectuado há 200 anos”. O produto primordial da Terrassena é, como já foi salientado, a Laje em Lioz, que executa com recurso a um processo semi-artesanal de envelhecimento, e que fornece em diferentes dimensões e tonalidades. Mas para além da Laje a Terrassena produz e comercializa muitos outros produtos como degraus, cantarias, colunas, arcos, tampos para cozinha, cubas e lava-loiças, bases para duche, chaminés de cozinha, lareiras, pórticos, entre outros em diversos tipos de acabamento, que vão do antigo ao contemporâneo, do rústico ao mais elaborado. Por ser este um trabalho especializado e mais pormenorizado poderá tornar-se mais dispendioso para o cliente? Segundo o nosso interlocutor o facto da Terrassena trabalhar “principalmente”, com a
Laje em Lioz “torna o produto mais dispendioso, embora tenhamos pedras mais acessíveis”, revela Mário Moreira, assegurando que a qualidade das peças criadas, bem como a longevidade das mesmas, torna o investimento bastante acessível. SHOWROOM – “APRECIAR O QUE FAZEMOS”
Segundo Mário Moreira esta é uma área que, infelizmente, se encontra pouco divulgada em Portugal, sendo algo que devemos lamentar até pelos edifícios que possuímos no nosso país, que, do ponto de vista estrutural, “apresentam condições fantásticas, pois estão bastante bem construídos. Ao optarmos por realizar o seu restauro através de um serviço especializado além de mantermos esses edifícios em con-
“É UMA FORMA DE DAR A CONHECER AOS NOSSOS CLIENTES AQUILO QUE FAZEMOS IN LOCO. AS PESSOAS PODEM VER OS DIFERENTES MATERIAIS QUE TRABALHAMOS E A FORMA COMO O FAZEMOS. POSSO DIZER QUE NA MAIOR PARTE DOS CASOS OS CLIENTES FICAM CONVENCIDOS DEPOIS DE VEREM O NOSSO SHOWROOM PORQUE OBSERVAM DA NOSSA FORMA DE TRABALHAR E OS MATERIAIS DE QUALIDADE QUE UTILIZAMOS. AQUI É POSSÍVEL APRECIAR ALGUNS DOS TRABALHOS E PRODUTOS QUE EXECUTAMOS”
dições dignas, estamos a preservar a nossa história e o nosso passado”, assume convicto o nosso entrevistado. Neste sentido, a Terrassena tem comercializado para obras em todo o país, bem como para diversos pontos do globo, como EUA, Holanda, Bélgica, França, entre outros, sendo que aquelas que podem ser consideradas mais emblemáticas, apenas para citar algumas, são a Igreja de São Pedro de Sintra, a Basílica da Estrela, a Torre do Esporão, “que figura no logótipo das garrafas do vinho do Esporão, ou ainda o Palácio de Belém. Realizamos uma busca para imitarmos o real, apostando em materiais bastante fidedignos que mantenham a traça original”. Uma das mais-valias da Terrassena passa pelo seu showroom, que sendo um espaço bastante amplo, mais
de 160 metros quadrados, revela-se fundamental ao nível do volume de negócios da marca. “É uma forma de dar a conhecer aos nossos clientes aquilo que fazemos in loco. As pessoas podem ver os diferentes materiais que trabalhamos e a forma como o fazemos. Posso dizer que na maior parte dos casos os clientes ficam convencidos depois de verem o nosso showroom porque observam da nossa forma de trabalhar e os materiais de qualidade que utilizamos. Aqui é possível apreciar alguns dos trabalhos e produtos que executamos.”. A finalizar, Mário Moreira assegurou que o futuro passa por continuar a crescer, embora de “uma forma sustentada, apostando em mais produtos de qualidade e na promoção de maior visibilidade da marca”, conclui o nosso entrevistado.
FUNDAÇÃO LIGA - ENCONTRO NACIONAL SOBRE A ACESSIBILIDADE E CONDIÇÃO HUMANA
30 DE NOVEMBRO | 14H30
A «FRENTE» DE UMA CULTURA DA DIVERSIDADE A Fundação LIGA assume-se como uma entidade edificada sob pilares de valores morais e éticos de uma cultura fundacional de cinco décadas, reconhecendo na singularidade e particularidade da Pessoa o seu valor único e irrepetível, promovendo oportunidade de valorização e de optimização das potencialidades de cada pessoa, para que esta viva com plena dignidade e venerabilidade.
A
Dignidade da Pessoa Humana assume-se como o primeiro valor da democracia, qualquer democracia, sendo importante compreender quais os pilares dessa dignidade. O que é, então, a dignidade? Podemos conhecer o significado deste vocábulo em inúmeros dicionários, todos eles com uma justificação explicativa do que representa esta palavra. Naturalmente que a mais verosímil assume que a dignidade da pessoa humana encontra-se sempre indissociável do respeito pela vida humana. Não tenhamos dúvidas. O único problema que se apresenta é, será que esta filosofia é colocada em prática no nosso quotidiano? Inúmeras dúvidas subsistem e continuam a proliferar na nossa sociedade. Felizmente que existem pessoas e instituições que promovem este valor diariamente e continuam a fomentá-lo, independentemente dos obstáculos e contrariedades que enfrentam quotidianamente. A Fundação LIGA assume-se como esse paradigma positivo, tendo, desde a sua génese, uma essência regida por valores e princípios bem definidos e identificados: Respeito, Competência, Inovação e Responsabilidade. Assim, dinamizar recursos especializados para promover o apoio de pessoas e contribuir para o reconhecimento da diversidade humana é um dos principais desideratos da Fundação LIGA, que tem, como já foi salientado, o enorme desafio,
até aqui bem-sucedido, de criar competências de excelência para o suporte às necessidades específicas de cada Pessoa, essenciais para o pleno equitativo exercício dos seus direitos fundamentais. A Revista Pontos de Vista conversou com Margarida Fragoso, Membro da Administração da Fundação LIGA e Responsável pelo Programa Design e Sociedade, que revelou um pouco mais do quotidiano desta instituição, lembrando ainda a importância do Encontro Nacional sobre a Acessibilidade e Condição Humana, a realizar a 30 de Novembro nas instalações da Fundação LIGA, a propósito do primeiro ano da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência. Mais uma vez, a Fundação LIGA assume um protagonismo positivo através de uma intenção pedagógica, sendo um ponto fulcral, tantas vezes esquecido por nós. UM POUCO DE HISTÓRIA…
Desde sempre, a Fundação LIGA tem pautado o seu caminho, de mais de meio século de vida, assente em valores e princípios que viriam a ser consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, concentrando-se posteriormente no reconhecimento das pessoas com deficiência e dos seus direitos que se pretendem inquestionáveis, através de dois pilares: das denominadas práticas inovadoras, que foi desenvolvendo, e do envolvimento, fundamental, de grupos interna-
cionais que se foram constituindo em prol da defesa desses mesmos direitos. Naturalmente que mais iniciativas foram surgindo ao longo dos tempos, tal como, infelizmente, outras formas de exclusão, tendo sempre na Fundação LIGA um opositor à altura, que foi respondendo de uma forma categórica, explanando a sua acção a esses públicos, igualmente desfavorecidos. Há cerca de seis anos, mais concretamente em 2004, a Fundação LIGA iniciou um novo périplo de inovação conceptual no seu percurso, apoiada nas Ciências da Funcionalidade Humana, tendo desenvolvido “o conceito das Acessibilidades que se projecta muito para além do acesso físico e comunicacional, à aprendizagem social do viver e conviver junto, na descoberta do que no outro nos completa, e assume o compromisso da tutoria dos descendentes em situação de dependência funcional, para salvaguardar a sua dignidade e a sua protecção, para além do tempo de vida dos pais”, revela a nossa entrevistada. Este objectivo tem vindo a ser recorrente na instituição, tendo, em 2007, assumido a sua postura solidária com a proclamação da Convenção, associando-se ao acontecimento, através da realização de uma conferência de imprensa, no mesmo momento em que decorria a cerimónia na ONU. Em 2008, a Fundação LIGA proclama a realização do I Congresso Internacional sobre a Funcionalidade Humana, sob a égide do tema «Traçar Cami-
nhos, Rasgar Horizontes», tendo, em 2009, em parceria com o INR – Instituto Nacional para a Reabilitação, desenvolvido, numa acção que durou cerca de um ano, a iniciativa «Jornadas de Estudo e Divulgação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência», “no âmbito da qual se iniciou o despiste de áreas prioritárias de intervenção”, assevera a nossa entrevistada, lembrando que as conclusões desta iniciativa foram apresentadas publicamente. Portugal alterou formas de estar e actuar em 2009, período em que foi ratificada no nosso país a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Este facto, «obrigou» a um conjunto de medidas políticas e iniciativas transversais aos diversos sectores da sociedade, que constituíram um enorme desafio, quer pela mudança cultural quer pelas dificuldades económicas com que o mundo e o país se confrontam actualmente. O QUE TEM SIDO FEITO?
A questão é pertinente. Apesar da existência da Convenção, o que tem sido feito para mudar as práticas vigentes? A existência da Convenção é, portanto, uma realidade incontornável – mas, o que tem sido feito para mudar as práticas vigentes? Muito? Pouco? A resposta poderá ser dada no próximo dia 30 de Novembro de 2010, no encontro nacional, realizado pela Fundação LIGA, em parceria com o INR, cujo
título será «Acessibilidade e Condição Humana». Mais uma vez a «LIGA» revela a sua atenção e preponderância para este tema tão sensível. Seria positivo que todos tivéssemos um pouco desta preocupação também. O mundo seria bastante melhor. Dividido em dois momentos, ao qual já iremos, é importante revelar que a acessibilidade na Fundação LIGA encontra-se integrada no Programa Design e Sociedade, “que tem estruturado o seu programa de acção e formação sobre os fundamentos éticos e críticos desta actividade não perdendo de vista que cada vez mais o que está em causa no Design é o desenvolvimento humano, e que este está na base de qualquer projecto de civilização assente na assunção da diversidade. A promoção do desenvolvimento humano, através do aperfeiçoamento dos meios de automatização e dos suportes específicos às funcionalidades humanas; o suporte à circulação, à comunicação, à criação, ao relacionamento, entre outras valências”, assegura Margarida Fragoso, assumindo que estes são pilares prioritários deste programa, que é compreendido na Fundação LIGA como a «frente» de uma cultura da diversidade. “Uma das preocupações gerais do programa é a de assegurar um ensino dirigido à integração de saberes e experiências, desenvolvendo a capacidade de entender o enquadramento da sociedade na sua totalidade a partir do enquadramento concreto em que a nossa vida se desenvolve, estimulando a atitude de interrogar, de ligar o saber à dúvida, à incerteza e ao carácter aleatório dos problemas naturais e humanos sem perder de vista os valores fundamentais”. Neste sentido, a LIGA “tem vindo a providenciar cursos de pós graduação em diferentes e diversas universidades”, afirma a nossa interlocutora. Qual o propósito de semelhante iniciativa? “Pretendemos formar profissionais capazes de conceber e projectar produtos, edifícios, espaços públicos e serviços que atendam às necessidades básicas de todos os utilizadores”, revela a responsável pelo Programa Design e Sociedade que não se fica por aqui e revela que está também a ser lançada uma pós graduação em funcionalidade humana direccionada às necessidades mais actuais, tal como é paradigma
disso mesmo o suporte às necessidades de uma população em célere envelhecimento. ACESSIBILIDADE? NA LIGA É DIFERENTE…
É comum associar o conceito da acessibilidade à mobilidade, a medidas exteriores ao indivíduo que vão no sentido de fora para dentro. Felizmente que na LIGA a acessibilidade é compreendida numa perspectiva mais abrangente e vasta, «fugindo» assim a significados e compreensões mais comuns e vulgares, que neste caso se revelam bastante mais importantes se tivermos uma percepção e uma assimilação mais ampla, tal como explica Margarida Fragoso. “Na LIGA, consideramos que todas as valências que promovam a ausência de barreiras físicas, informacionais, comunicacionais e sociais devem estar garantidas, existindo ainda um factor que não pode nem deve ser negligenciado ou esquecido, ou seja, a plena realização humana só será alcançada pela acessibilidade aos campos do Sentir e do Saber, sendo esta uma condição válida para todos os indivíduos, porque a verdadeira realização humana apenas se obtém no sentido de dentro para fora”, assegura a nossa entrevistada. A Fundação LIGA, em parceria com o INR, vai realizar no dia 30 de Novembro de 2010 um Encontro Nacional com o título “Acessibilidades e Condição Humana” cujo programa se concretiza em dois momentos e terá na sua orgânica a «palavra» de personalidades reconhecidas pela sua experiência neste tema e perseverança no mesmo, onde serão ainda revelados alguns exemplos de verdadeiras lições de vida que embora condicionadas fisicamente, não impediram que as mesmas fossem repletas de sucesso e reconhecimento, como os casos do físico teórico e cosmólogo inglês e um dos mais consagrados cientistas da actualidade Stephen Hanking; Joaquín Rodrigo Vidre um compositor e um pianista virtuoso espanhol ou ainda do compositor alemão Beethoven. Assim, a primeira parte do Encontro Nacional sobre a Acessibilidade e Condição Humana, a realizar a 30 de Novembro, será dedicada à apresentação de diversas iniciativas e práticas de relevo que ocorreram a
nível nacional decorrentes da aplicação da Convenção, tendo sido avaliadas pelo impacto que tiveram sobre as pessoas com deficiência, as comunidades envolvidas e a sociedade no seu geral. A segunda parte do Encontro terá início com a exibição de um vídeo de testemunhos de vida que se afirmam pelo exemplo de capacitação e da valorização de Pessoa com deficiência, enquanto cidadãos de pleno direito. A finalizar este «evento», serão apresentadas diversas comunicações na perspectiva da reflexão de formas futuras de acessibilidade conducentes à plena realização humana: Acessibilidade e Sociedade; Direitos Humanos; Os Direitos Humanos e sua aplicação nas Pessoas com Deficiência; Acessibilidade, Comunicação e Informação, na Sociedade do Conhecimento; Acessibilidade e Espaço de Conhecimento e Inteligência; Acessibilidade e Investigação. Ainda no dia 30 de Novembro, na Fundação LIGA, será o lançamento do Selo ACESSO, em
parceria com o Centro Português de Design, com o objectivo de identificar as condições das diferentes formas de acesso e propor melhorias conducentes à excelência de acessibilidade ao ambiente físico e do conhecimento. È por estes factos que todos nós, sem excepção, devemos estar a atentos a iniciativas similares, porque são estes que nos permitem aportar uma visão diferente, uma nova visão se assim preferirem. Porque são estes que nos permitem, através de pequenos gestos fazer a diferença. Porque a importância da imagem que temos sobre os outros reflecte a maturidade humana e cultural de uma comunidade e chegou a hora de Portugal «sair» da idade das trevas e olhar para os melhores exemplos. A Fundação LIGA representa essa diferença. A Diferença que nos torna todos iguais, porque um ambiente acessível oferece uma melhor qualidade de vida a cada membro da sociedade, e não apenas aos portadores de uma deficiência.
JOÃO COTTIM OLIVEIRA, PROVEDOR DOS CIDADÃOS COM DEFICIÊNCIA, EM DISCURSO DIRECTO
“PELOS DIREITOS DAS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA” Não será impossível, nem sequer é complexo derrubar os obstáculos que se interpõem entre as pessoas com deficiências e o gozo da sua cidadania plena e completa. Passa tudo por uma questão de alteração de mentalidades, da visão do futuro e de vontade política. Assim, a deficiência é uma questão de direitos humanos. E cabe ao Estado garantir que não haja cidadãos excluídos. Garantir a igualdade de oportunidades para que se cumpra a igualdade de direitos.
N
em se trata aqui de questões de custos ou valores, até porque estamos a lidar com pessoas, sendo mais oneroso para a sociedade, do ponto de vista moral e económico manter milhares de cidadãos em situação de dependência e isolamento, do que torná-los uma força produtiva e participativa. Em Portugal existem cerca de um milhão de pessoas com deficiência. Assim, é nossa obrigação, enquanto país desenvolvido e sociedade inquietada com todas as questões morais envoltas, em promover condições para que estas pessoas possam ser iguais a qualquer um de nós, a ter as mesmas oportunidades e ensejos, porque chegou o momento, já vem tarde, de alterar mentalidades e promover a inclusão social e a justiça para com todos aqueles que são cidadãos «normais» como qualquer um de nós. Felizmente que vão sendo criados alguns mecanismos e iniciativas em prol desta mudança de comportamentos e mentalidades. Assim, apesar do reduzido número ainda existente, Portugal aporta actualmente seis Provedorias dos Cidadãos com Deficiência, mais concretamente na cidade do Porto, Lousã, Marco de Canaveses, Santa Maria da Feira, Viseu e Santarém, que desde a sua génese, em fases diferentes, têm vindo a perpetuar um trabalho e uma obra quase hercúleas em prol daqueles que inúmeras vezes são esquecidos, única e exclusivamente porque são considerados diferentes. Não são. Somos exactamente iguais, pois qualquer um de nós
assume-se como um potencial deficiente. Ninguém está livre de ter um qualquer acidente e um dia ter de viver e de sobreviver com semelhantes dificuldades e agruras com que vivem os cerca de um milhão de pessoas portadores de deficiência em Portugal.
MESMO DIFERENTES, SOMOS TODOS IGUAIS Segundo Oscar Arias, Prémio Nobel da Paz, “A expressão mais bela e enriquecedora da vida humana é a sua diversidade. Uma diversidade que nunca pode servir para justificar
JOÃO COTTIM OLIVEIRA, PROVEDOR DOS CIDADÃOS COM DEFICIÊNCIA
a desigualdade. Façamos portanto destas palavras prática comum e tenhamos no nosso próximo a nossa própria pessoa. Porque mesmo diferentes, somos todos iguais. Sobre esta vertente a Revista Pontos de Vista conversou com João Cottim Oliveira, Provedor Metropolitano dos Cidadãos com Deficiência, que fruto da sua acção directa junto dos municípios que integram a Área Metropolitana do Porto (AMP) foi possível resolver importantes questões em áreas como as das acessibilidades, educação, emprego e formação profissional. Além disso, a criação da Provedoria Metropolitana dos Cidadãos com Deficiência permitiu que queixas relacionadas com todas estas questões fossem directamente dirigidas ao seu provedor ou aos representantes daquele órgão nos 16 municípios que integram a AMP. Este facto, por si só, permitiu que muitos problemas fossem resolvidos sem recorrer às vias judiciais. Esta foi uma entrevista com um Homem que toda a sua vida tem lutado contra injustiças e desigualdades sociais, até porque ele próprio compreende, mais do que ninguém, as dificuldades quotidianas, pois o próprio provedor sobre de paralisia cerebral. Edificada há cerca de oito anos, mais concretamente em 2002, a Provedoria dos Cidadãos com Deficiência tem realizado um trabalho ímpar e de enorme importância na área metropolitana do Porto. Mas já está tudo realizado? Os resultados alcançados ao longo destes oito anos são suficientes e satisfatórios? “O balanço que faço é extremamente positivo, mas engane-se quem
pensa que está tudo feito. Temos um longo e moroso caminho pela frente, sendo preciso que todos os agentes da sociedade estejam completamente disponíveis para encetar esta mudança connosco”, refere o nosso entrevistado. Mas qual é o papel do provedor João Cottim Oliveira? Acima de tudo compreendemos que esta função assume uma importância vital na sociedade do Porto, pois a grande luta passa por dar a compreender que este não é «apenas» um problema de um grupo de pessoas, mas sobretudo “uma questão de qualidade de vida da pessoa com deficiência, das crianças, dos idosos, dos acidentados temporários e, assim, concerne a toda a esfera da sociedade e não apenas a uma «franja» da mesma”, explica o nosso interlocutor, lembrando que é necessário continuar a concertar estratégias e a delinear iniciativas que promovem a igualdade, pois como já foi referido nada está ainda feito e muto falta fazer. Frontal e directo, João Cottim Oliveira não gosta de «politiquices», mas sim de política, e reconhece que na cidade do Porto ainda existem algumas barreiras que impedem a acessibilidade “aqueles que por esta ou aquela razão não a têm”. Felizmente que há cerca de seis anos, em 2004, dois anos depois da criação da Provedoria dos Cidadãos com Deficiência, que na cidade do Porto começou a “ganhar-se uma nova consciência para todas «estas coisas», embora ainda subsistam problemas “complicados. Ainda temos exemplos gritantes e graves de edifícios públicos edificados com barreiras arquitectónicas. Este facto representa um total e descabido desrespeito pela lei. Temos de punir severamente aqueles que incumprem com as regras nacionais. Mas desde 2004, que os diversos «actores» da cidade se uniram e temos feito um trabalho positivo neste
sentido ao nível de intervenção da via pública, semáforos preparados a nível sonoro e visual, habitação social, entre outros projectos de enorme nomeada”, assegura o nosso entrevistado. «A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR »
Segundo João Cottim Oliveira, é necessário distinguir entre aqueles “que realmente pretendem alterar o actual estado de coisas e os que usam da demagogia discursiva apenas para conquistar «pontos» a nível político. Temos de saber distinguir os dois”, assume o provedor. Mas qual tem sido o papel do actual Governo neste sentido? Segundo o nosso entrevistado é importante realçar o trabalho exemplar do Estado português neste sentido. “Podemos criticar o Governo nacional em muitos aspectos, mas na vertente da inclusão e da responsabilidade social para com as pessoas portadoras de deficiência muito foi feito. Portugal assinou a Convenção sobre os Direitos Humanos de Pessoas com Deficiência e um também um protocolo adicional, em que qualquer cidadão tem legitimidade para reclamar perante a ONU. O problema é que não estamos a cumprir escrupulosamente o previsto na convenção e daí ser necessário alterar mentalidades”, explica convicto João Cottim Oliveira. O edil da autarquia da cidade do Porto, Rui Rio, é inúmeras vezes acusado de ser um homem distante e um político frio. Esta é portanto uma oportunidade de conhecer o presidente da autarquia portuense, pois ninguém mais do que João Cottim Oliveira tem privado com Rui Rio nos últimos anos. Qual tem sido o papel de Rui Rio nesta dinâmica da cidade? “Tem sido, desde o início, um grande apoiante e amigo destas causas. É uma pessoa com um enorme coração e sensibilidade que aposta muito nesta área. Quan-
do o presidente da Câmara Municipal do Porto fala em inclusão social e igualdade de direitos não o faz de ânimo leve. Di-lo com sinceridade e vontade de alterar comportamentos e mentalidades. Tem sido o melhor e maior parceiro da nossa causa”, revela o nosso entrevistado, deixando um dado curioso, pois por vezes é o próprio edil da autarquia a chamar «à atenção» do nosso entrevistado para situações que não estão em conformidade. “Isto demonstra a sua vontade em mudar o actual cenário”, complementa.
A finalizar, João Cottim Oliveira lembra que o futuro não se afigura fácil, mas o grande desafio é e continuará a ser a luta “pelos direitos das pessoas portadoras de deficiência. É um trabalho longo e árduo, mas todos juntos podemos tornar o nosso mundo e o nosso espaço mais agradável. É essa a nossa luta. Dignificar a vida de todos os seres humanos. E todos somos seres humanos. Todos merecemos as mesmas oportunidades”, conclui o Provedor Metropolitano dos Cidadãos com Deficiência, João Cottim Oliveira.
MUNICÍPIO DO MARCO DE CANAVESES TRAÇA O CAMINHO PARA A INCLUSÃO
TODOS SOMOS POTENCIAIS CIDADÃOS COM DEFICIÊNCIA Manuel Moreira é assumidamente um homem de causas humanas e tem, ao longo do seu percurso político, quer enquanto Deputado à Assembleia da República e Governador Civil, quer enquanto Vereador da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e, sobretudo, enquanto Presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses lutado pelos direitos dos cidadãos com deficiência. Em entrevista à Revista Pontos de Vista e acompanhado por Luís de Magalhães, Promotor do Cidadão com Deficiência daquele Município, traça o caminho a seguir para a inclusão.
D
eficiência e Multidiscriminação, Justiça e Exercício de Direitos, Autonomia e Qualidade de Vida, Acessibilidades e Design para todos, Modernização Administrativa e Sistemas de Informação definem os Cinco Eixos para a nova Estratégia Nacional para a Deficiência. Convencido de que os Provedores do Cidadão com Deficiência constituem um instrumento eficaz e que deve ser aproveitado para melhorar esta Estratégia Nacional, Manuel Moreira, Presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses criou há cinco anos esta figura que, na pessoa de Luís de Magalhães, muito tem contribuído para a diminuição dos estigmas, estereótipos e exclusão que a deficiência gera naqueles que a possuem. Quando Manuel Moreira era Governador Civil do Distrito do Porto, em 2003, realizou-se o Ano Europeu da Pessoa com Deficiência, onde, em colaboração com várias instituições ligadas à área da deficiência ajudou a promover um conjunto de mais de 200 iniciativas. Durante este período Manuel Moreira procurou difundir a figura do Provedor do Cidadão com Deficiência, numa altura em que em todo o país existiam apenas dois: Porto e Lousã. “Na altura esta ideia foi bem acolhida pelos vários Presidentes de Câmara do Distrito do Porto, mas não a concretizaram. Deste modo, quan-
MANUEL MOREIRA E LUÍS DE MAGALHÃES
do fui eleito Presidente da Câmara do Marco de Canaveses entendi que deveria ser eu a responder ao meu próprio repto e apresentei a proposta de criação da figura do Provedor do Cidadão com Deficiência”. Assim, as principais funções de Luís de Magalhães, pessoa que encarna perfeitamente toda esta realidade, consistem em elaborar recomendações aos órgãos e serviços competentes com vista a corrigir aspectos que dificultem a mobilidade e acessibilidade; assinalar o incumprimento da legislação no âmbito da sua esfera da acção e promover acções de formação, sensibilização e esclarecimento em matérias relacionadas com a mobilidade e acessibilidade dos Cidadãos com Deficiência; efectuar visitas a instituições e a associações de, e para, pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida e a equipamentos e edifícios públicos ou privados com acesso de público e fazer o acompanhamento das políticas sociais de integração. Porém, mais difícil que derrubar as barreiras físicas e arquitectónicas é mesmo derrubar as barreiras culturais e sociais e, consequentemente, os preconceitos: “O que é afinal ser deficiente?” A pergunta é de Luís de Magalhães que lhe dá também a resposta: “Não existe ninguém perfeito, a condição humana é isso mesmo, somos imperfeitos. Como diz Descartes, no seu célebre «Dis-
curso do Método»: O acto do pensamento no qual apreendo a minha existência é a dúvida; ora, a dúvida é uma imperfeição; então, conheço-me como imperfeito. Possuímos a ideia de ‘perfeito’, mas realmente somos todos imperfeitos. O importante, a meu ver, é procurarmos a melhor forma para encarar o problema de frente e procurar obter as respostas e as soluções mais adequadas para viver condignamente, tendo em conta os desejos, sonhos, formação, emprego, habitação própria, ambições, bem-estar e a felicidade. Porque todos, sem excepção, antes de tudo, somos pessoas! E todos de primeira água”. Passados cinco anos desde a implementação da figura do Promotor do Cidadão com Deficiência, Luís de Magalhães mostra-se satisfeito com as oportunidades que surgiram para elevar uma das suas grandes bandeiras, “que passa pela divulgação de uma nova pedagogia cívica e social, para que os cidadãos marcoenses olhem estas pessoas como seres humanos e ajudem a criar uma sociedade mais inclusa, integrando-os nas várias actividades da sociedade, no mercado de trabalho e procurando auxiliar na formação académica daqueles que de algum modo padecem de necessidades especiais”. Para que esta campanha seja feita não só de palavras, a Câmara Municipal do Marco de Canaveses tem
implementado várias políticas de apoio a estes cidadãos, procurando colocá-los no mercado de trabalho; garantindo o transporte de crianças e jovens com necessidade de recorrer a aulas de ensino especial, dentro e fora dos limites geográficos do Concelho e prestando apoio à família da pessoa com deficiência, através do Gabinete do Promotor e solicitando a todos os serviços camarários para que dêem prioridade a este sector social, dando-lhe especial enfoque, tendo conseguido resultados que muito o satisfazem: inúmeras campanhas de sensibilização em escolas e para a comunidade em geral, entrega de equipamentos tecnológicos acessíveis, implementação do concurso “Escola Alerta!” a nível municipal para que se coloque os jovens numa posição privilegiada para que entenda e aceite esta problemática como sendo de todos, implementação de uma sala de Snoezelen (estimulação sensorial) para alunos com multideficiência – equipamento pioneiro em Portugal –, assim como a construção de raiz de uma casa totalmente adaptada para um Munícipe paraplégico, aposta-se ainda na melhoria das condições de acessibilidade em algumas habitações e zonas circundantes, criação de passeios com rampas e adaptações em escolas e outros espaços, criação de lugares de estacionamento, entre LER NA ÍNTEGRA EM outros. WWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT
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EDITORIAL
VALERÁ A PENA TER UMA LICENCIATURA? POR JORGE ANTUNES, DIRECTOR A Internacionalização das empresas de génese nacional pode funcionar como uma excelente fonte de saída deste obscuro quadro. Não restam dúvidas que a estrutura económica, o tecido empresarial, a localização periférica e a qualidade dos recursos humanos conferem à economia portuguesa uma situação de fragilidade que limitam a competitividade e a inserção internacional comparativamente ao padrão europeu e ao resto do mundo.
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as antes disso, vamos abordar outra vertente importante. A Formação. O que vale hoje em dia? Muito sinteticamente, o investimento em formação permite uma melhor inserção profissional. Isto porque o conceito de empregabilidade está associado à oportunidade e à capacidade dos indivíduos em adquirirem competências, conhecimentos e habilitações. Da mesma maneira, as disparidades no grau de formação da população geram assimetrias nas oportunidades profissionais. As pessoas com habilitações literárias mais baixas estão mais susceptíveis a fragilidades no mercado laboral e condições de trabalho precárias. Os trabalhadores com mais formação conseguem melhores condições de trabalho a três níveis: salarial, promocional e também em questões de contratação. Se fosse assim, estava tudo bem. Uma leitura mais abrangente do desemprego, conclui as pessoas que, por qualquer razão, não procuram emprego (por exemplo, por acharem que já não vale a pena, “prefiro um croissant e um galão”) e as que trabalham só algumas horas por dia, por não conseguirem encontrar trabalho a tempo inteiro. São casos de sub-emprego, ou de desemprego por desistência, que têm vindo a ganhar peso. Mas o problema é mais vasto. Para quem investiu longos anos numa formação superior, não ter um re-
torno imediato desse investimento é, naturalmente, vivido com dificuldades. Que panorama? Acredito que nem imediato nem longínquo. Cumprem-se três anos sobre o plano tecnológico e os dados do INE sobre o desemprego dos licenciados foram recebidos com perplexidade. Afinal, seria expectável que a aposta na transformação do padrão de especialização da economia portuguesa, assente no potencial das novas tecnologias e na nova economia, gerasse maior procura de emprego entre os mais qualificados. Tal não está a acontecer, na medida em que o desemprego dos licenciados se mantém elevado, atingindo 65 mil portugueses, na sua maioria jovens. Ora, com isto vamos «encarreirar» a outro problema. Reparem nesta imagem. Empresários que preferem não contratar novos talentos, que os há, apenas por isso mesmo. São talentosos, competentes e qualificados. Mas existe alguma legitimidade em não reunir os melhores «craques», de um qualquer sector, apenas pelo receio de perder protagonismo etéreo e inócuo? Existirá maleita maior do que preferir perder os «ases» da praça pública, quiçá para a concorrência, apenas pelo pudor em admitir “ele tem mais competências do que eu”. O problema é que hoje em dia é acessível, diria até demasiado fácil, ser-se empresário em Portugal. Qualquer um pode fazê-lo e sê-lo, com todas as consequências que daí poderão advir, pelo facto de faci-
litarmos sobremaneira o caminho a pessoas que não reúnem condições para tal posto de tamanha responsabilidade. Assim, o insucesso deverá ser legitimado, pois estamos a promover actualmente um fenómeno no mínimo estranho, ou seja, mão-de-obra qualificada no desemprego que é vítima de empresários desqualificados. Assim, a cada ano, a cada mês, a cada dia vemos avolumar-se o descalabro económico nacional, originando angústia, desesperança e… insegurança. O pedestal do ídolo dinheiro, tão bem edificado nos mais poderosos e erguido por tantas mãos prestimosas até uma altura que obscurece totalmente qualquer vislumbre de vida espiritual, está a desfazer-se aos pedaços sobre uma humanidade amedrontada e estarrecida. Ora, perante isto, as empresas portuguesas e os seus líderes devem encontrar uma forma de posicionamento estratégico mais adequado face à natureza das suas vantagens competitivas, à sua dimensão e à sua cultura organizacional no sentido de inverter estes resultados. A situação em que o país se encontra, exige um crescimento económico mais acelerado e o mais qualificado possível, o que significa investimento, inovação e internacionalização. Aos empresários exige-se profissionalismo, formação, capacidade em lidar com os problemas e ambição em sair deles.
Toda essa confusão poderia ser evitada se, desde a base, fosse observado simplesmente o necessário equilíbrio entre o dar e o receber. Ninguém pode saber de tudo. Na verdade, as pessoas já vivem numa permuta contínua de valores, sem contudo dar a devida importância a isso. O seu maior erro aí - imperdoável - foi justamente negligenciar o indispensável equilíbrio neste processo natural de troca. As pessoas são a «face» mais visível e indispensável das organizações, e, sem elas, nem internacionalização, nem inovação, nem reconhecimento, nem evolução nenhuma. Acreditem, já assistimos a esta «peça de teatro» mal argumentada, Portugal tem de dar um novo rumo ao seu presente em prol do futuro, as empresas assumem-se como «cabeças de cartaz» e os empresários como actores principais para que esse trilho seja realizado e alcançado, mas antes disso, novas mentalidades têm de surgir, novas atitudes devem ser tomadas e receios patéticos de perder o chamado protagonismo barato devem ser abandonados. Se assim continuar, os custos para a organização e para o próprio colaborador são incalculáveis, porque as histórias de sucesso não acontecem por acaso. São construídas.