Revista Pontos de Vista Edição 76

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. JULHO 2018 | EDIÇÃO Nº 76 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

BNU

O SEU BANCO EM MACAU

TOTALPLAN PORTO CERTIFICAÇÃO DE EXCELÊNCIA

PROSEGUR

TELEASSISTÊNCIA PARA IDOSOS

RTA

A IMPORTÂNCIA DO TURISMO ALGARVIO

CATÓLICA GLOBAL SCHOOL OF LAW MANTÉM O MELHOR MESTRADO EM PORTUGAL

DAVID MAGALHÃES CEO DA EARTH CONSULTERS

“A MINHA FAMÍLIA É O ABRIGO PERFEITO, TRANSFORMAM PEQUENOS INSTANTES EM GRANDES MOMENTOS”






» ENERGIAS RENOVÁVEIS OFFSHORE EM PORTUGAL

A IMPORTÂNCIA DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS OFFSHORE A Revista Pontos de Vista conversou com Ana Brito e Melo, Diretora Executiva do WavEC, que nos deu a conhecer um pouco mais sobre a relevância e a dinâmica das denominadas energias renováveis offshore. Quais são as vantagens? Saiba mais.

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e forma a elucidar os nossos leitores, o que se entende por energias renováveis offshore? Energias renováveis offshore inclui todas as energias geradas por fontes renováveis a partir de tecnologias que são instaladas no mar, sendo as mais comuns a energia das ondas, a energia das correntes marítimas e a energia das marés. A energia eólica offshore é também incluída nas renováveis offshore embora a força motriz não seja o oceano, mas sim o vento.

De que forma é que a WavEC, outrora Centro de Energia das Ondas, uma associação privada sem fins lucrativos, se posiciona hoje no mercado enquanto empresa especializada em energias renováveis offshore? Na sua trajetória de evolução o WavEC tem defendido como visão ser líder no desenvolvimento de soluções inovadoras em tecnologia marinha e tem assim hoje como missão desenvolver soluções sustentáveis para a Economia Azul através da inovação, transferência de conhecimento e disseminação. Esta missão é assegurada através do suporte tecnológico e científico às empresas e administração pública, fomentando uma maior participação em projetos de I&D e Inovação, realizando consultoria e interagindo com instituições internacionais.

PONTOS DE VISTA

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A nível europeu podemos considerar que Portugal, além de pioneiro no desenvolvimento desta tecnologia, é um dos países com os melhores recursos para apostar neste segmento? Portugal é um dos países com melhores recursos naturais para explorar as energias renováveis marinhas: tem uma vasta zona costeira, uma das maiores zonas económicas exclusivas da Europa e um contexto climático favorável ao desenvolvimento de fontes renováveis de energia associadas ao vento e ao mar. Além disso tem boas infraestruturas portuárias e uma rede elétrica junto à costa. Em termos de impactos económicos quais os aspetos mais positivos que se traduzem na aposta das energias renováveis offshore? Os aspetos mais positivos em termos de benefícios económicos traduzem-se no desenvolvimento em Portugal de uma cadeia de fornecimento baseada em conhecimento, know-how e mão-de-obra qualificada, potenciadora de exportação de bens e serviços gerando valor acrescentado bruto (VAB), além da criação de novos empregos. Recentemente alargaram a vossa atividade à aquacultura offshore e a projetos de engenharia nos oceanos. Pode falar-nos um pouco sobre os mesmos? A nossa aposta inicial começou por ser energias renováveis offshore, mais concretamente

ANA BRITO E MELO

"É preciso uma abordagem ativa e integrada para atrair para Portugal projetos e parceiros com capacidade tecnológica, comercial e financeira"

energia das ondas e energia eólica offshore flutuante, mas, entretanto, apercebemo-nos que as nossas competências e know-how poderiam ser facilmente aplicados a outras atividades no mar, igualmente interessantes, nomeadamente à aquicultura offshore. As soluções para alguns desafios que se colocam ao desenvolvimento da aquicultura em mar aberto estão muito relacionadas com o tipo de trabalho de inovação que realizamos nas renováveis offshore e que passam por ensaios experimentais, modelação numérica estrutural e hidrodinâmica, estudo das amarrações, ferramentas de planeamento de aquacultura, incluindo o controlo da produção, monitorização dos vários parâmetros e custos associados, elaboração de planos de negócio, entre outros. É um setor em crescimento que parece atrativo para Portugal e no qual já iniciámos atividade. A indústria da aquacultura de salmão no Atlântico enfrenta dois desafios de relevo: minimizar o impacto ambiental, e controlar epidemias associadas à alta densidade de peixes em volumes de água limitados. Uma possível solução tecnológica para estes problemas é a utilização de

jaulas flutuantes, rígidas e estanques. Realizámos recentemente estudos de modelação numérica do escoamento interno deste tipo de jaulas para uma empresa Norueguesa; refinámos também o desenho das jaulas para melhorar a qualidade do escoamento interno induzido. Também temos estado envolvidos em diversos projetos de engenharia de apoio ao aproveitamento das energias renováveis offshore. As tecnologias de energias renováveis offshore requerem serviços periódicos de inspeção, reparação e manutenção. Há uma necessidade de reduzir o custo destas operações e alguns dos projetos em que o WavEC está envolvido tem a ver com o desenvolvimento de soluções técnicas com um custo suficientemente baixo e a elevada precisão necessária para muitas destas operações. O projeto EraKRAKEN financiado pela FCT e liderado pelo WavEC é um destes exemplos: tem por objetivo reduzir os elevados custos das operações subaquáticas através do desenvolvimento de um sistema de manutenção com um braço robótico que possa ser instalado em qualquer ROV e realizar todos os serviços que usualmente são executados por mergulhadores ou ROVs de classe superior. Daqui resulta uma diminuição em 50% da logística e dos custos operacionais envolvidos nos serviços subaquáticos. O ARTIFEX com parceiros Noruegueses e financiado pelo Research Council of Norway é outro projeto muito semelhante, mas virado para operações de reparação e limpeza das redes de aquacultura. Atualmente estamos a preparar um plano de negócios para aplicação de energias renováveis em sistemas de aquacultura. O que precisa ainda de ser aperfeiçoado no setor para melhorar o potencial de Portugal? É preciso uma abordagem ativa e integrada para atrair para Portugal projetos e parceiros com capacidade tecnológica, comercial e financeira, desenvolver uma cadeia de fornecimento competitiva, promover e captar inovação, tendo em vista promover emprego qualificado, exportações e atividades de alto valor acrescentado. Nesta abordagem, o desenvolvimento de zonas de teste no mar, para vários níveis de TRL, deve ser uma aposta. Nestas zonas de teste, deve haver apoio integrado, disponibilizado por equipas qualificadas, e esquemas de financiamento a fundo perdido para as fases iniciais de testes no mar, uma vez que é esta a fase mais crítica para os dispositivos/protótipos conseguirem avançar e ganhar a confiança dos investidores. Estes testes no mar envolvem um elevado grau de risco técnico e custos significativos. Antes de concluir estes testes é muito difícil para as equipas atrair investimento e fazer previsões sólidas do seu plano de negócios. Em contrapartida pelo financiamento dos testes (tipicamente um ano), a entidade financiadora poderia ter acesso total aos dados de produção e desempenho. ▪


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ÁLVARO BARBOSA, CEO DA TOTALPLAN PORTO, ABORDA CERTIFICAÇÃO DE EXCELÊNCIA APAT

CGD E BNU - OS SEUS BANCOS EM PORTUGAL E EM MACAU, NO APOIO AO COMÉRCIO ENTRE A CHINA E OS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

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PROSEGUR PORTUGAL APRESENTOU O SERVIÇO DE TELEASSISTÊNCIA PERMANENTE (24 HORAS/365 DIAS): O SEMPRE CONSIGO

ÍNDICE DE TEMAS

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CRISTINA CAEIRO, CULTURE MANAGER NA MAKRO, E A CERTIFICAÇÃO TOP EMPLOYERS

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INFORMANTEM, INFORMÁTICA E MANUTENÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

QUAL O CONTRIBUTO DIRETO DA INVESTIGAÇÃO QUER PARA A CIÊNCIA QUER PARA A SOCIEDADE? PEDRO VAZ, DIRETOR DO C2TN - CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS NUCLEARES, REVELA

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MULHERES QUE MARCAM A DIFERENÇA

FICHA TÉCNICA Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Administração | Redação| Departamento Gráfico Rua Rei Ramiro 870, 2º J 4400 - 281 Vila Nova de Gaia Telefone +351 220 926 879 Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660 4455-518 Perafita Matosinhos

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DIRETOR: Jorge Antunes EDITOR: Ricardo Andrade Rua Rei Ramiro 870, 2º J 4400 – 281 Vila Nova de Gaia PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ana Rita Silva | Elisabete Teixeira GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares | Miguel Beirão | Vítor Santos DESIGN E PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca

Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua Rei Ramiro 870, 2º J, 4400 - 281 Vila Nova de Gaia E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt Preço de capa:

4,00 euros (iva incluído a 6%) Assinatura anual (11 edições): Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%), Europa: 65 euros Resto do Mundo: 60 euros

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico. exceto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

5 JULHO 2018

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista,


» SELO DE EXCELÊNCIA DA APAT

SELO DE EXCELÊNCIA APAT Joana Nunes, Presidente Executiva da APAT, em entrevista à Revista Pontos de Vista, explica a importância do Selo de Excelência atribuído todos os anos a algumas empresas da atividade transitária. Saiba mais.

JOANA NUNES

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que significa conquistar o Selo de Excelência da APAT? Conquistar o Selo de Excelência da APAT é o mesmo que obter um atestado de qualidade, credibilidade, fiabilidade e segurança dos serviços prestados, por ter conseguido preencher determinados requisitos estabelecidos pela APAT (previstos nos seus estatutos e regulamento interno). Que requisitos têm de cumprir as empresas para fazerem parte da associação? Uma empresa que exerça a atividade transitária, para se tornar nossa associada, terá, antes do mais, de submeter a sua candidatura junto dos serviços da APAT, através do preenchimento do boletim de inscrição disponível no nosso site, fazendo prova de que se encontra legalmente constituída e habilitada a exercer a atividade ou as atividades a que se pretende dedicar, sendo que as empresas que exerçam a atividade transitária têm de estar devidamente licenciadas pelo IMT. A estes requisitos, acresce a obrigação de subscrever e cumprir o código de conduta em vigor. Após a apresentação da documentação proba-

tória necessária do preenchimento dos requisitos supra enunciados, a candidata ficará ainda sujeita ao crivo da Direção que poderá exigir dos interessados e/ou solicitar a terceiros, elementos de informação havidos por necessários à comprovação dos requisitos invocados. A título excecional, admitimos pré-adesões a associados, de empresas ainda não licenciadas, desde que preencham o boletim de inscrição e nos requeiram auxílio nos processos junto do IMT com vista ao licenciamento. Os transitários começam a ganhar cada vez mais relevância no mercado global, tendo em conta fatores como a economia e o ambiente. Que papel assume a APAT NESTE paradigma cada vez mais evidente? A APAT, enquanto defensora legítima dos interesses das empresas suas associadas, tem procurado ser um marco na representação nacional sustentando e defendendo os seus associados e a atividade que prosseguem como elementos fundamentais da cadeia de abastecimento. Para tanto, tem procurado estreitar a cooperação com todos os associados de forma a ajudar e a promover serviços de Excelência que con-

duzam à permanente melhoria e inovação da Cadeia de Distribuição e Logística das mercadorias transacionadas, acrescentando-lhes as mais-valias daí decorrentes. Estamos, portanto, focados na divulgação e dignificação da atividade transitaria, da atividade de transportes rápidos ou de carga expresso, do transporte multimodal, da atividade operadores logísticos e/ou de armazenagem e distribuição e, bem assim, de outros operadores de transporte de algum modo relacionados com a organização do transporte de mercadorias, e na inerente defesa dos interesses dos associados junto da Tutela e demais Entidades Públicas e Privadas. Que importância considera que o Selo Excelência tem junto do consumidor? O perfil dos consumidores está em franca mudança, conforme tem sido profusamente debatido a par da Revolução 4.0, daí que para um consumidor cada vez mais exigente, seja relevante obter informação acrescida sobre quem possa prestar um serviço de valor acrescentado com Excelência. O Selo de Excelência é, precisamente, uma ferramenta/certificado que atesta uma maior aptidão para acompanhar as


exigências cada vez maiores de elevados parâmetros para o correto funcionamento da cadeia de abastecimento. Por este motivo, acreditamos que esta distinção representa um enorme contributo e um fator de grande utilidade para o consumidor (empresa exportadora/importadora), na escolha do seu parceiro Transitário.

como temos amplamente divulgado, a Comissão Europeia decretou o ano de 2018 como o “Ano da Multimodalidade”, que será o mesmo que dizer o “Ano do Transitário”, pois este é quem apresenta as soluções de transporte mais adequadas aos diferentes tipos de mercadoria, articulando todos os modos de transporte de modo a obter maior eficiência. Ora, o aumento de eficiência do transporte de mercadorias e das cadeias logísticas através da digitalização e simplificação administrativa é, e será, naturalmente, potenciado pela digitalização que, por sua vez, não se limita a novas tecnologias, mas também ao intercâmbio de dados e que, de “mãos dadas” com a automação e i.A, irá transformar não apenas este setor, mas o mundo em geral. Sem prejuízo, a digitalização dos documentos, a devida regulamentação, bem como os incentivos/apoios que vierem a ser concedidos, assumirão um papel preponderante no cumprimento das metas estabelecidas e na almejada mudança na cadeia logística e, bem assim, no assegurar do não comprometimento da (necessária) competitividade e sustentabilidade. O “cliente” será a maior força motriz das inovações que se farão sentir e o “Transitário” o seu parceiro ideal. Assim, será de esperar que a Tutela e demais Autoridades, no seu todo, não se alheiem desta realidade, se mostrem mais cooperantes e eficazes, acompanhando as tendências que, de uma forma ou de outra, mais tarde ou mais cedo, serão os ditames do futuro.

Quais são, neste momento, as prioridades da associação? Nos termos do programa de ação apresentado pelos renovados Corpos Sociais, eleitos no passado dia 21 de março, destacam-se como pontos essenciais da nossa ação futura, as seguintes: - Uma representatividade proativa junto da Tutela, das Autoridades, de outras Associações e Entidades de relevância para o setor. - A elevação dos serviços prestados pela Associação, apostando, nomeadamente, na implementação de um sistema de gestão de qualidade, na criação e dinamização de ações de formação e consultoria conjunta e de implementação de processos no âmbito do RGPD (proteção de dados) e, ainda, num programa de consultoria para certificação AEO. - A promoção da comunicação interna e externa, estendendo a distribuição física da Revista APAT ao plano digital procurando assim abranger os PALOP, e criando um blogue APAT. Posto isto, na prossecução dos seus desígnios estatutários e estratégias delineadas, perante as inúmeras mudanças com impacto na atividade logística que se antecipam, a APAT vai continuar a desenvolver esforços na ajuda e suporte a todos os associados para que encarem os constrangimentos que se sucedem, como desafios a vencer. O nosso objetivo é muito simplesmente ajudar ao sucesso dos nossos associados. Sem receio de termos de trabalhar para atingir esse objetivo maior. E sobretudo mantendo um elevado patamar de exigência sobre quem tem poder de decisão no panorama logístico nacional. ▪

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Atualmente quais são os maiores desafios do setor? Este setor enfrenta vários e diversos desafios. Na carga área, por exemplo, há já demasiado tempo que as infraestruturas aeroportuárias estão desadequadas, meios de rastreio desajustados e falta de estratégia de investimento no setor influenciam negativamente a competitividade das empresas portuguesas transitárias. De igual modo, no transporte marítimo, as greves constantes de estivadores nos portos têm ditado o desvio de carga para outros portos/países europeus em detrimento. Os novos desafios prendem-se agora também com a indústria 4.0, onde a digitalização é a palavra de ordem. Ano após ano, a APAT tem demonstrado o seu compromisso e disponibilidade para contribuir, com determinação e empenho, para a implementação de soluções eficazes, e manter uma voz ativa em prol das empresas transitárias, nossas associadas. No entanto, é com profunda desilusão que assistimos a uma certa relutância à implementação das mudanças necessárias no setor. Acreditamos que esse impasse não será, certamente, por falta de diagnóstico, mas por nítida falta de interesse e ação por parte das entidades competentes. O sistema de transporte de mercadorias, em geral, encontra-se em processo de adequação ao século XXI, enfrentando, por isso, inúmeros desafios, nomeadamente do foro ecológico, digital e de interoperabilidade. Estes desafios, se bem encaminhados, poderão resultar em oportunidades inovadoras, mais amigas do ambiente, eficientes e seguras. Na prossecução destas megatendências, tal


» A IMPORTÂNCIA DA CERTIFICAÇÃO DE EXCELÊNCIA

“A CERTIFICAÇÃO DE EXCELÊNCIA FOI UMA EXCELENTE MEDIDA” Perpetuar a diferença assume-se como um trilhar de rumo difícil e repleto de obstáculos e somente os melhores o conseguem fazer na respetiva área de atividade. O crescimento sustentado de uma marca não é realizado de um momento para o outro, sendo fundamental, para que isso seja uma realidade, assumir com o mercado um sentido de transparência, rigor e excelência.

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esta forma, fomos conhecer uma marca que faz desses três pilares: transparência, rigor e excelência a sua forma de estar e atuar no mercado, isto há mais de 22 anos, mais concretamente desde 1995. Falamos, portanto, da Totalplan Porto, um transitário independente que perpetua um legado vasto de experiência no universo da logística global, oferecendo uma gama ampla de serviços de importação, exportação e crosstrade, desalfandegamento aduaneiro em toda a Europa, armazenagem e distribuição, logística militar, time critical service, mercadorias perigosas, peças auto, project cargo e heavy plant logistic, entre outros. A Revista Pontos de Vista foi conversar com Álvaro Barbosa, CEO da Totalplan Porto, que nos deu a conhecer um pouco mais das vicissitudes deste mercado, das dificuldades e lacunas do mesmo, sendo que o ponto central assentou no denominado Certificado de Excelência, criado pela APAT – Associação dos Transitários de Portugal, em 2013, e que tem como principal desiderato reconhecer a qualidade, credibilidade, fiabilidade e segurança dos serviços prestados pelas empresas transitárias associadas que reúnam os requisitos estabelecidos pela Associação, caraterísticas reunidas pela Totalplan Porto que é uma das associadas da APAT que conseguiu este reconhecimento. Com uma vasta ligação a este setor, Álvaro Barbosa está no mesmo há cerca de 36 anos, reunindo, portanto, um vasto know-how sobre o mesmo e uma visão abrangente sobre aquilo que é hoje o mercado e o que era em 1995, “até porque nessa altura era mais simples realizar negócios”, algo que, com a globalização, “foi alterado e à qual nos tivemos que adaptar rapidamente sob pena de sermos ultrapassados”, esclarece o nosso entrevistado, lembrando que o terminar das fronteiras na Europa, anterior à formação da Totalplan Porto, veio balizar a operacionalidade dos operadores, “em que alguns continuaram a dedicar-se às três áreas que estavam estabelecidas: rodoviário, marítimo e aéreo, sendo que nós, Totalplan Porto, decidimos promover as áreas que eram a nossa especialidade, a vertente aérea e a marítima, em que tentamos desenvolver o melhor serviço em prol do cliente”, revela Álvaro Barbosa.

MARCA MULTIFACETADA E ESPECIALIZADA

Uma das áreas em que a Totalplan Porto tem apostado, passa pelo Transporte de Projeto, que atualmente tem uma influência no volume de negócios da empresa de cerca de 8 a 10%, sendo que este é um setor importante para a marca, embora o nosso entrevistado reconheça que esta é uma área que vai surgindo de vez em quando. “Os projetos e as cota-

ções para os mesmos vão sendo solicitadas, mas não em tao elevado número quando comparadas com serviços standard. Estas cotações obrigam a grande dedicação do Departamento de Projetos, pois as transformações entre o período inicial do projeto e o seu término, são muitas. Por isso, um projeto pode ter um custo no início (ainda em papel) e no final, aquando da conclusão das peças, o valor ser diferente do anteriormente apresentado, devido às alterações nas medidas e pesos. Naturalmente que podemos tentar controlar os mesmos, fruto da nossa experiência, e por isso fazemos sempre uma proposta ao cliente o mais próxima possível do que será o resultado final”, esclarece o nosso interlocutor. O primeiro projeto «made in» Totalplan Porto passou por um Junkers Ju 52, avião alemão da Segunda Guerra Mundial, que estava inicialmente no atoleiro em Alverca e que foi mudado

para o Brasil, mais concretamente para Santos, sendo que posteriormente foi transportado para São Paulo, onde foi reconstruído, estando colocado no antigo Museu da TAM, o Museu de S. Carlos, ou seja, o Museu da Aviação do Brasil. “Tive a oportunidade de seguir todo este processo e de assistir aos trabalhos de limpeza e desmontagem do avião e respetivo transporte e posso afirmar que foi das coisas mais incríveis que já vi pela capacidade que foi demonstrada ao longo deste processo e que, naturalmente, nos advoga um sentido de credibilidade nesta área perante o mercado”, assume satisfeito Álvaro Barbosa.

COMPLICAR O QUE É SIMPLES

A competitividade no setor é evidente e clara, sendo que alguma da mesma é bastante desleal e basicamente portuguesa. “Sim, este mercado ainda sofre um pouco com alguma complexi-


"A minha única preocupação é saber que a Totalplan Porto faz parte das empresas reconhecidas com a Certificação de Excelência. Isso é um motivo de enorme orgulho e fico extramente satisfeito por termos dado esse passo”

CERTIFICAÇÃO DE EXCELÊNCIA

ÁLVARO BARBOSA

dade que provoca dificuldades a quem, como nós, cumpre todos os requisitos para estar no mercado de uma forma transparente”, realça o nosso entrevistado, lembrando que essa concorrência assenta em empresas que estão no mercado e não cumprem as suas obrigações. “Não pagam segurança social, IRC e dão prejuízo todos os anos. Isso prejudica-nos e o Estado é que deve estar atento a essas situações para não causar transtornos a marcas, como a nossa, que são cumpridoras, mas que têm de viver neste cenário que não é positivo”, assume Álvaro Barbosa. Mas as dificuldades não cessam por aqui, até porque, segundo o nosso entrevistado, “a maior parte das dificuldades não surgem pela atuação da concorrência, mas com a falta de discernimento que existe a nível estrutural e que de alguma forma nos permite a saída e a entrada das mercadorias, que é a Autoridade Tributá-

A relevância do conhecimento do mercado por quem possa prestar um serviço de valor acrescentado com Excelência e as exigências cada vez maiores de elevados parâmetros para o correto funcionamento da cadeia de abastecimento, levaram a APAT à criação da Certificação de Excelência que tem dado um enorme contributo para a credibilização do setor e dos players que compõem o mesmo. Para Álvaro Barbosa esta foi “uma excelente medida por parte da APAT”, realça, assumindo, contudo, algum espanto quando soube que este reconhecimento, em 2018, apenas foi solicitado por 21 empresas do setor, num universo que conta com mais três centenas de Associados. “Fiquei naturalmente surpreendido, mas confesso que a minha única preocupação é saber que a Totalplan Porto faz parte das empresas reconhecidas com a Certificação de Excelência. Isso é um motivo de enorme orgulho e fico extramente satisfeito por termos dado esse passo”, assume. Mas será que possuir o certificado de Excelência tem impacto no mercado? O nosso interlocutor assume que deveria ter, “mas tem de ser mais divulgada”, afirma, lembrando que esse papel não é da responsabilidade da APAT, mas das empresas certificadas. “Quem tem essa certificação deve utilizar as ferramentas que tem ao seu dispor para divulgar este reconhecimento a nível nacional e internacional. Essa divulgação aliada a uma forma transparente de estar no mercado terá, sem dúvida, impacto no mesmo”, refere, salientando a diferença entre as empresas mais tradicionais e familiares como a Totalplan Porto e as grandes multinacionais, que, segundo o nosso interlocutor, lidam com números e resultados “e nós lidamos com

pessoas, promovendo a proximidade e a confiança com cliente nacionais e internacionais e isso, para nós, tem sido uma enorme vantagem. Nós não fazemos somente o transporte, nós cuidamos da carga e queremos que quem exportou ou importou receba aquilo que comprou. No fundo, vendemos soluções e não compramos problemas pois na nossa área de atividade os problemas, e as dificuldades nem precisam de ser comprados, eles surgem facilmente porque dependemos de inúmeros fatores. As pessoas ainda não entendem que o transitário é uma peça fundamental na cadeia da atividade importadora e exportadora e que se reflete na economia do país. Temos de dar mais relevância a este setor”. Sendo a Certificação de Excelência um excelente «cartão de visita» das entidades e players que operam neste setor, não deveria a mesma de ser obrigatória? Álvaro Barbosa assume que isso não faria sentido, colocando essa possibilidade como “uma prepotência, pois uma coisa é a certificação, outra é a legislação existente e se esta é permissiva então a certificação nunca pode ser um produto obrigatório. A legislação atual permite, infelizmente, que qualquer pessoa possa enviar um contentor para qualquer ponto do mundo e não fomos nós que liberalizamos o setor a esse ponto. Ninguém vai aferir se essa empresa pode atuar neste mercado tendo a capacidade e o know-how para o fazer, assegurando fiabilidade e credibilidade a todos os parceiros intervenientes neste processo?! Se calhar a legislação é que tem de mudar e de ser mais rigorosa, não tendo de estar a colocar a Certificação de Excelência como obrigatória, porque isso seria falsear a própria. Ao generalizarmos a mesma, estaríamos a banalizar a Certificação de Excelência”. Mas qual tem sido o papel da APAT na promoção, credibilização e defesa do setor? Segundo o nosso entrevistado o papel da associação tem sido “bastante positivo”, afirma, salientando que a APAT tem vindo a crescer e “não a engordar”, esclarece, lembrando que a APAT “sempre foi um grande apoio a todos os níveis, tanto com a atual direção como com as anteriores. Sempre fomos muito acarinhados, ajudados, sustentados e até amparados em vários pontos, mas principalmente no âmbito de aspetos legais porque não existem muitos advogados em Portugal com conhecimentos nesta área”, assegura Álvaro Barbosa, afirmando que as portas da associação estiveram sempre abertas, elogiando o trabalho feito pela mesma no âmbito da formação, que, segundo o nosso entrevistado, é essencial para se singrar neste mercado. “A formação sempre existiu, mas hoje tem melhor qualidade e acima de tudo é mais diversificada e tem sido muito bem acolhida pelos associados”. ▪

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ria e Aduaneira, que, infelizmente, ainda utiliza o velho ditado «cada cabeça, sua sentença» e isso não pode funcionar assim”, assegura o nosso entrevistado, explicando um pouco mais sobre a atual realidade. Pegando num exemplo prático, a mesma mercadoria da entrada pela Alfandega de Leixões, Lisboa ou Sines, e “as três alfândegas perante a mesma situação atuam de forma distinta. Provocando discrepâncias, num mercado que já tem tantas pedras no caminho. Nós só queremos que o mercado seja mais célere e pragmático porque esta é uma atividade muito exigente”, salienta, assegurando que este não é um mercado desregulado, “mas cansado, porque algumas pessoas não se adaptaram ou não estavam preparadas para as mudanças do mercado. Mudanças provocadas pela digitalização, pela introdução de novas tecnologias e assim tentam complicar aquilo que aparentemente é simples”.


» PROSEGUR APRESENTOU “SEMPRE CONSIGO”

DISPOSITIVO DA PROSEGUR PRESTA APOIO A IDOSOS 24 HORAS POR DIA, TODOS OS DIAS Num pequeno-almoço informal, no hotel Intercontinental em Lisboa, a Prosegur Portugal apresentou o serviço de teleassistência permanente (24 horas/365 dias): Sempre Consigo.

CHAMADAS PARA O CENTRO DE ATENDIMENTO MÉDICO

BOTÃO DE EMERGÊNCIA

QUEDA

CHAMADAS PARA A CENTRAL DE SEGURANÇA 24H PROSEGUR

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Sempre Consigo é o resultado de uma parceria entre a Prosegur e a Cruz Vermelha Portuguesa, num esforço de unir o melhor das duas componentes: vigilância e assistência a idosos ou a pessoas com necessidades especiais. O serviço promete proteção 24 horas por dia durante 365 dias por ano e tudo a partir de um pequeno dispositivo que deverá ser transportado ao pescoço. Distingue-se pelo rápido alerta de serviços médicos através da vigilância Prosegur e pelos registos frequentes da localização da pessoa. Entre algumas das várias funcionalidades do aparelho, pode ser destacado o botão azul central que, quando carregado por três segundos, realiza uma chamada para o contact center da Cruz Vermelha que entra em contacto direto com o utente. No caso de o aparelho estar 48 horas imóvel, a Prosegur entrará em contacto com o utente de forma a saber se está tudo bem, uma outra vantagem do dispositivo é também a geolocalização, o cuidador pode definir uma zona de segurança e sempre que o dispositivo ultrapassar a zona estabelecida recebe imediatamente um alerta. Esta funcio-

2 NÚMEROS FREQUENTES PROGRAMADOS CENTRO DE ATENDIMENTO MÉDICO

BOTÃO DE EMERGÊNCIA

nalidade é altamente relevante para utentes que perdem facilmente a noção espacial ou que tenham alguma doença como Alzheimer. A Prosegur tem mais de 90 vigilantes no terreno de forma a dar uma rápida resposta em caso de necessidade, além disso, são profissionais que estão legalmente habilitados a interagir e a cooperar com as autoridades competentes como a polícia, bombeiros e elementos médicos. Uma característica pioneira deste serviço é a apresentação do vigilante guarda chaves, que entrará em casa do utente em caso extremo de emergência. Na apresentação estiveram representantes de ambas as entidades como os presidentes, Carlos Vaqueirinho, Diretor Geral da Prosegur e Francisco George, Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, que num ambiente descontraído, foram respondendo às perguntas que iam surgindo. Cipriano Monteiro, Coordenador do Serviço da Prosegur, realizou várias demonstrações da utilização do dispositivo e explicou detalhadamente as suas funcionalidades, que apesar de serem poucas, uma vez que é mais fácil para o utente, são extremamente intuitivas e por isso de utilização básica. ▪

CHAMADAS GRATUITAS


O QUE ELES DIZEM... CARLOS VAQUEIRINHO DIRETOR GERAL DA PROSEGUR

“Lançámos este serviço com a cruz vermelha porque achamos que ambas as empresas são complementares naquilo que procuramos oferecer, ou seja, não pretendemos apenas a parte tecnológica e revolucionária mas também a componente humana. Só vender o aparelho por si só não fazia sentido e por isso há esta conjugação com a Cruz Vermelha Portuguesa, que dispõe das valências necessárias no apoio ao idoso e às pessoas com necessidades especiais”. FRANCISCO GEORGE PRESIDENTE DA CRUZ VERMELHA PORTUGUESA

Contacto com o familiar e com os serviços de emergência 112

NÃO HÁ EMERGÊNCIA

Avaliação da necessidade de acompanhamento psicológico ou médico.

FAMILIAR

Avisar um familiar, por SMS via plataforma, sempre que o dispositivo permanecer inativo mais de 48 horas.

CHAMADA DE RASTREIO

A cada 15 dias será feita uma chamada de rastreio através do Centro de Atendimento Médico. Também se informará o familiar indicado sobre o resultado da chamada, caso se registe alguma incidência.

FAMILIAR

Botões de marcação rápida para contactar facilmente a família.

O serviço promete proteção 24 horas por dia durante 365 dias por ano e tudo a partir de um pequeno dispositivo que deverá ser transportado ao pescoço

ANA MARGARIDA SOARES COORDENADORA DA CRUZ VERMELHA DE TELEASSISTÊNCIA E CONTACT CENTER

“Esta é uma solução muito boa tanto em termos de sistema de plataforma de localização como em sistema de alarme para a nossa central. São muito intuitivos para o utente e este serviço é pioneiro em Portugal em teleciência, por ter um vigilante com sistema de chaves ao domicílio”.

11 JULHO 2018

SIM, NÃO HÁ EMERGÊNCIA

“Esta parceria na atividade na Cruz Vermelha é habitual. Não temos limites quando o assunto é formar parcerias desde que os serviços venham ao encontro dos mais desfavorecidos. Este aparelho é inteligente e é complementar de outros serviços, o que é bom porque quanto maior for a cobertura de projetos desta natureza, melhor. Há espaço para todos, sobretudo se tivermos em conta a vontade de melhorar a qualidade de vida daqueles que mais precisam”.




» PORTUGAL E MACAU – UMA RELAÇÃO DE CRESCIMENTO OPINIÃO DE CARLOS CID ÁLVARES, PRESIDENTE DA COMISSÃO EXECUTIVA DO BANCO NACIONAL ULTRAMARINO - BNU

O BNU APOIA O ESTABELECIMENTO DE EMPRESAS EM MACAU Nenhum banco em Macau detém um conhecimento tão profundo da China e dos Países de Língua Portuguesa (PLP) como o Banco Nacional Ultramarino (BNU). Em Macau desde 1902, o BNU encontra-se extremamente bem posicionado, pelo conhecimento que tem de ambos os mercados, ao fazer a ponte e assumindo um papel facilitador de contactos, muito ativo nos negócios, quer em termos de fluxos de comércio como de investimento.

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PONTOS DE VISTA

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BNU é um dos dois Bancos emissores da Pataca e agente do Tesouro para o Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), sendo um dos principais Bancos comerciais do Território, com mais de 230 mil clientes, cerca de um terço da população de Macau. Presente também em Xangai desde 2006 e Zhuhai – Hengqin (província de Guangdong, adjacente a Macau e Hong Kong), esta última agência inaugurada no início de 2017, reforçando assim o seu posicionamento e adoptando uma postura ainda mais ativa na promoção dos negócios entre a China e os PLP. O BNU faz parte do Grupo CGD, presente em 23 países e em todos os Países de Língua Oficial Portuguesa, à excepção de um. O Grupo CGD, está diretamente presente em sete países de expressão portuguesa, detendo uma posição de liderança em cinco deles. Uma instituição como a CGD com a sua vasta presença em mercados tão dispersos e com diferentes níveis de estágio de desenvolvimento, é uma fonte de conhecimento e experiência que se pode partilhar com os nossos clientes. É conhecida a importância que o Governo Central da República Popular da China (RPC) e o Governo da RAEM atribuem ao papel de Macau na promoção da cooperação entre a RPC com os PLP. Esta missão tem de ser aproveitada por Macau, não só explorando as históricas relações de amizade com os Países Lusófonos e a língua em comum, mas igualmente utilizando a sua posição geográfica privilegiada no Delta do Rio das Pérolas e a sua proximidade com Guangdong, uma das Províncias com maior contributo para o PIB da China. Para o Governo Central Chinês e para o Governo de Macau está clara essa posição do Território, mas caberá aos agentes económicos de Macau, em especial aos seus empresários, e obviamente ao setor financeiro, ajudar a implementá-la. Esta ação exige a compreensão das especificidades socioeconómicas e culturais de cada um dos Países Lusófonos. A língua e o sistema jurídico são um ponto de partida, mas não são o suficiente para os compreender. Esta falta de compreensão, e até de certa forma de informação, é um verdadeiro obstáculo quando de trata da realização de negócios. Quem detiver este conhecimento e experiência está em posição de vantagem

PERFIL

CARLOS CID ÁLVARES PRESIDENTE DA COMISSÃO EXECUTIVA DO BANCO NACIONAL ULTRAMARINO - BNU

para o desenvolvimento da cooperação económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa e aqui o BNU poderá fazer toda a diferença. Macau tem sido utilizado por muitas empresas oriundas dos PLP como uma plataforma de preparação para a entrada no mercado chinês. Esta abordagem é frequentemente complementada através de parcerias, alianças estratégicas e contactos privilegiados com empresas locais. A banca tem um papel crucial no apoio à implementação de empresas dos Países de Expressão Portuguesa em Macau, quer facilitando os contactos, quer prestando serviços

financeiros, nomeadamente na área do trade finance e o BNU tem estado extremamente ativo e atento a este negócio. Para tal, conta com equipas dedicadas ao negócio Cross Border com os Países de Língua Portuguesa. O BNU apoia o estabelecimento de empresas em Macau, tendo nos últimos anos facultado informação referente às condições necessárias para a abertura e constituição de empresas no Território. Em particular e através da CGD em Portugal, procura estabelecer um contacto logo que haja intenção da empresa se estabelecer em Macau, facultando naturalmente a informação sobre as condições fiscais favoráveis ao investimento no território e facilitando a abertura de conta no Banco. O conhecimento que detém do mercado local é também utilizado para identificar potenciais parceiros, fornecedores e/ou potenciais clientes para estas empresas, ajudando, desta forma, no arranque/início dos negócios. A experiência e a capilaridade do Grupo CGD são um fator determinante para este estabelecimento, que tem levado a um aumento do número de aberturas de conta de empresas Portuguesas em Macau. O mesmo também tem acontecido com a abertura de contas em Portugal, por parte de empresas Chinesas de Macau. No entanto, neste sentido o negócio continua a ser dominado pelos clientes particulares, muito relacionados com o programa ARI – Autorização de Residência para Actividade de Investimento (vulgo vistos Gold). O elo de ligação destas plataformas é, certamente, o Renminbi (RMB), até porque com a sua inclusão no cesto de direitos especiais de saque do Fundo Monetário Internacional e sendo uma das moedas com maior crescimento nas transações comerciais mundiais, é expectável que esta moeda seja uma das principais divisas a ser utilizada nas trocas comerciais entre estes países e a China, sendo ainda esperado que o ritmo de liberalização nas transacções em RMB possa acelerar progressivamente. Contratando em RMB, uma empresa pode reduzir custos e obter maior controlo sobre os custos cambiais. Nos vários PLP onde está representado, o Grupo CGD já disponibiliza aos seus clientes, particularmente às empresas importadoras/exportadoras para a China, um pacote de serviços em RMB, tais como pagamentos a fornecedores na China para


CELEBRAÇÃO DO PROTOCOLO ENTRE A CGD E O BNU

ções entre ambas as instituições, criando mecanismos financeiros de apoio aos projetos de internacionalização das empresas Portuguesas para a China, assim como investimentos chineses no nosso país. Este protocolo foi assinado pelo Presidente da Comissão Executiva da CGD, Paulo Macedo, e pelos Presidente e Vice-Presidente do Conselho de Administração do BNU, José João Gui-

lherme e Carlos Cid Álvares, este último que passou a acumular funções de Presidente da Comissão Executiva do BNU a partir do dia 26 de Junho de 2018. Esta postura dinâmica, alicerçada à estreita ligação aos Países Lusófonos, através do Grupo CGD, a par de um balanço robusto e de uma ampla liquidez disponível, assegura a continuidade do apoio do BNU a esta plataforma. ▪

15 JULHO 2018

operações de importação pelos PLP, Depósitos, Financiamento, Faturação e Pagamentos a empresas estabelecidas simultaneamente nos PLP e em Macau/China. A CGD e o BNU têm, ainda, promovido diversas iniciativas, nomeadamente, recebendo os responsáveis do setor financeiro de Macau na Sede da CGD, organizando encontros entre responsáveis governamentais e empresários, match making de delegações de empresários dos PLP e empresários chineses e participando em colóquios na China. Por outro lado, procura-se enfatizar as excelentes condições de negócio que Macau aporta aos particulares e às empresas que estejam a operar nestes mercados, através de um regime fiscal simples e competitivo e ainda os acordos de dupla tributação com alguns dos PLP. O BNU tem, igualmente, participado ativamente nas iniciativas do IPIM – Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau e do AICEP de Portugal, tendo estado presente em muitos dos eventos promovidos por estas entidades em Macau e em outras cidades na China e nos Países de Expressão Portuguesa. A título de exemplo, em associação com ambas as entidades, a CGD e o BNU estiveram presentes no Encontro de Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, Lisboa 2018, realizado a 21 de Junho, onde assinaram um protocolo de cooperação, com o objetivo de estreitar e aprofundar ainda mais as rela-


» DESIDÉRIO SILVA, PRESIDENTE DA REGIÃO DE TURISMO DO ALGARVE EM ENTREVISTA

“O ALGARVE DEVE SER A PRIORIDADE NA GESTÃO DA RTA, COMO FIZ SEMPRE” O turismo do Algarve tem evoluído imenso nos últimos tempos, sendo cada vez mais uma referência mundial e um destino predileto de um vasto número de turistas, que olham para esta região do nosso país como um verdadeiro recanto precioso no momento de escolher um local para aproveitar o que de melhor a vida tem.

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ste crescimento e desenvolvimento foi sendo realizado de uma forma paulatina, mas também sustentada e alicerçada na qualidade, na excelência e na diferenciação, pois só desta forma é que o Algarve poderá continuar a representar aquilo que é hoje, ou seja, um local privilegiado e que recebe da melhor forma todos aqueles que o querem visitar. Uma das personalidades que mais tem contribuído para este reconhecimento e crescimento é Desidério Silva, atual Presidente da Região de Turismo do Algarve e que, quase seis anos depois, deixará, no final de julho, a posição de liderança da instituição ao seu sucessor, João Fernandes, até agora vice-presidente da RTA. Desta forma, a Revista Pontos de Vista conversou com Desidério Silva, que fez um balanço destes seis anos de liderança e que abordou algumas das necessidades do turismo algarvio, sem esquecer que a prioridade deve ser sempre o Algarve. “O Algarve deve ser sempre a base e a prioridade na gestão da RTA, como eu fiz sempre”, realça o nosso entrevistado, presidente da entidade algarvia desde 2 de novembro de 2012, que se congratulou com a contribuição do Algarve para o crescimento do turismo português, não tivesse a região, em 2017, contribuído para o PIB português com 4,6%, num ano em que as receitas turísticas globais atingiram os 7%.

“BALANÇO É EXTREMAMENTE POSITIVO”

PONTOS DE VISTA

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Mas qual o balanço que nosso entrevistado perpetua destes quase seis anos de gestão? Assegurando que tudo se deveu ao seu esforço e da equipa que com ele esteve, para Desidério Silva o balanço é “extremamente positivo” e se dúvidas houvessem, essas são ultrapassadas pelos números alcançados. “Em 2012 tivemos cerca de 14 milhões de dormidas registadas e em 2017 os números alcançaram os 19 milhões. Há seis anos o aeroporto de Faro teve pouco mais de 4 milhões de passageiros em trânsito e no final do ano passado quase 9 milhões de passageiros, e, portanto, isso são sinais do que foi realmente a evolução e o crescimento da região”, revela o nosso interlocutor, não se ficando por aqui. “Na altura da nossa entrada na RTA a taxa de ocupação da região na chamada época baixa (outubro a maio) andava próxima dos 50% e hoje situa-se entre os 67%”. Assim, para o nosso interlocutor, a grande novidade de todo o trabalho realizado assentou na capacidade de diversificação do produto e da oferta do turismo do Algarve, promovendo assim a valorização do território, sempre numa lógica de parceria com as forças locais como as universidades, a CCDR Algarve, a AMAL, entre outras entidades “e que permitiram que tivéssemos uma visão mais vasta e alargada do que eram as

DESIDÉRIO SILVA

necessidades e do que era o fito da sustentabilidade da região e, nesse contexto, é com muito orgulho que falo destes seis anos e do que se conseguiu. Estou de consciência perfeitamente tranquila do trabalho realizado, da evolução da região e do que é hoje a imagem de marca da região e da confiança na mesma, pois superámos grande parte dos indicadores e dos patamares que colocam o Algarve como um destino turístico de excelência”, afirma convicto o nosso entrevistado, assegurando que é suspeito para falar, “mas não posso deixar de o dizer. O balanço é muito positivo. O trabalho realizado, o esforço, a entrega e a alma com que me agarrei a este projeto deixa-me extremamente feliz e satisfeito porque o Algarve melhorou significativamente”.

“FICA SEMPRE ALGUMA COISA POR FAZER… MAS TUDO FIZEMOS PARA DIGNIFICAR O ALGARVE”

Mas será que ficou alguma coisa por fazer? Bem ao seu estilo pragmático, Desidério Silva não tem dúvidas em afirmar que “há sempre coisas que ficaram por fazer, até porque o turismo é uma atividade muito dinâmica e em constante mudança e, independentemente de os números serem fortes, isso não invalidou ou inibiu que todos os anos tentássemos fazer mais, produzir mais, qualificar mais, diversificar mais, no fundo dignificar o Algarve”, esclarece, assegurando que esse “tem de ser, como foi, um objetivo permanente de quem está nesta função, ou seja, procurar reforçar a imagem da região e da perceção que os mercados têm da mesma, contribuindo, naturalmente, em todas as frentes, porque o Algarve não pode ser com-


“O INVESTIMENTO É FUNDAMENTAL PARA O ALGARVE CONTINUAR A CRESCER”

Com todas as condições para continuar a crescer, o turismo do Algarve não pode ficar por aqui, até porque ainda existe muito mais para crescer e assim é necessário, segundo o presidente da RTA, continuar a promover uma oferta de qualidade, diversificada e competente, “até para podermos contrariar as tendências de deslocação de turistas para outros mercados”, assegura, lembrando que os países da bacia do Mediterrâneo “estão a criar condições para recuperar das crises que tiveram”. Mas qual o caminho para contrariar esse panorama? “O investimento é fundamental”, explica, salientando que “temos de continuar a lutar por um forte investimento na promoção e na valorização da região no exterior. Se não houver esse investimento não iremos conseguir ter êxito, porque quem não aparece, acaba por esquecer e as coisas acabarão por não correr tao bem como têm corrido até aqui”, salientando que essa responsabilidade não depende somente da RTA, mas também do Governo, do Turismo de Portugal, das companhias aéreas, entre outros.

“O ALGARVE TEM POUCA FORÇA POLÍTICA”

Não é segredo para ninguém que o Algarve é hoje um dos principais destinos turísticos a nível

“QUE A TAP DÊ OUTRO APOIO AO ALGARVE, QUE BEM MERECE”.

mundial. Um conjunto de valias perpetua este legado nesta região portuguesa. Mas será que esta importância é devidamente acompanhada pelo investimento e apoios na região? Desidério Silva não tem dúvidas em afirmar “que a região do Algarve carece de apoios”, responsabilizando a centralidade excessiva que se vive no nosso país “e que define as verbas para as regiões. Nesse contexto, o que sentimos é que, ao longo de todos estes anos e de todos os Governos, foram preterindo a nossa região em função de outros investimentos e de outras regiões. Infelizmente não temos a capacidade de outras regiões em alavancar fundos comunitários, pois enquanto a região Centro, o Porto e Norte e o Alentejo possuem bases acima dos dois mil milhões de euros, o Algarve chega somente aos 360 milhões e isso reflete-se na capacidade de desenvolvimento”, explica, lembrando que existe necessidade de investimento não só no litoral, mas particularmente no interior algarvio, dando alguns exemplos claros dessa realidade, ou seja, de que os investimentos chegam, quando chegam, sempre atrasados em relação a outras regiões. “Chegam atrasados na eletrificação da linha, na requalificação das vias, na necessidade de transportes consolidados, na saúde, entre muitos outros. Há aqui um foco que tem sido comum, ou seja, prometer e não se fazer e isso é um histórico que concerne não só a ao atual Governo, mas também aos anteriores. Sejamos claros, o Algarve tem pouca força política, com poucos deputados e poucos habitantes e isso reduz a capacidade de reivindicação do que são os direitos e assim nem sempre as verbas necessárias são encaminhadas para a região e vão para outros destinos, com muita pena minha, porque se temos tido bons resultados com estas dificuldades, imaginem onde estaríamos se o cenário fosse mais justo para o Algarve e as suas gentes”.

É de conhecimento público que a relação entre a RTA e TAP não é das melhores, até porque segundo Desidério Silva, “a TAP poderia ser um parceiro muito mais forte, porque achamos que a transportadora aérea podia ter em relação ao Algarve um olhar diferente e atenções diferentes e, obviamente, um reforço das frequências”, esclarece, assegurando que isso é importante. O Aeroporto de Faro, neste momento, está ligado a cerca de 80 cidades europeias e essas, obviamente, estão quase todas ligadas ao Algarve através de companhias aéreas low cost e algumas de bandeira como a British Airways, a Lufthansa e outras. “Isto significa que a TAP no Algarve representa pouco, cerca de 3%. O ano passado, dos 9 milhões de passageiros que circularam no Aeroporto de Faro só cerca de 280 mil passageiros são da TAP o que revela a pouca importância estratégica que a companhia oferece ao Algarve, o que para nós não faz qualquer sentido”, esclarece o nosso entrevistado, lembrando que esta é uma «guerra» antiga e que “estou cansado de falar, mas, como estou de saída, espero que quem fique continue a lutar e a fazer essas exigências para que a TAP dê outro apoio ao Algarve, que bem merece”.

“A PRIORIDADE DEVE SER SEMPRE O ALGARVE”

João Fernandes, até agora vice-presidente da RTA, será o novo presidente da RTA e Desidério Silva não quis deixar passar a oportunidade de deixar uma mensagem ao seu sucessor. “Esteve comigo na RTA durante cinco anos e, portanto, sabe perfeitamente quais são os principais problemas e as principais necessidades desta casa e da região. Espero que continue este processo de evolução que teve resultados e que continue a ser exigente e a ter uma forte intervenção na defesa da região. Não preciso de ensinar ou explicar nada porque ele sabe. A partir do momento em que foi eleito, saberá o que tem a fazer e a minha prioridade é e sempre foi o Algarve. Que defenda a região como eu sempre defendi em todos os momentos e que o Algarve esteja sempre em primeiro lugar nas decisões desta casa e naquilo que forem as abordagens, que seja bem feitas”, revela o nosso interlocutor, deixando ainda uma palavra para as gentes algarvias. “Que puxem e lutem por um Algarve turístico cada vez mais sustentável. Que lutem mais pelo todo da região, que vale muito, e não olhem somente para si e para os interesses pessoais, pois só dessa forma, em parceria, é possível continuar a levar e a elevar o desígnio Algarve mais alto e mais longe. Continuem como eu, a lutar por um Algarve Livre de Petróleo!”, conclui Desidério Silva ▪

17 JULHO 2018

petitivo somente pela questão do preço comparativamente a outros mercados/destinos, mas sim através da qualidade de excelência do produto que oferecemos”. Uma das principais particularidades da Região do Algarve passa pelas suas gentes e pela capacidade das mesmas em serem hospitaleiras, algo que funciona como um pilar do sucesso do turismo algarvio “e que tem sido essencial”, revela o nosso entrevistado que desde sempre teve como principal preocupação a criação de uma oferta diferenciadora que potenciasse o turismo algarvio na denominada época baixa, ou seja, entre os meses de outubro e maio, onde os números atuais confirmam uma subida radical e consolidada das taxas de ocupação nesse período. “Temos de compreender que as margens de crescimento só podem ser feitas nos meses em que não acontece, ou seja, na época baixa e foi aí que nos focámos mais, numa aposta clara de diversificação da oferta e de rede com outras forças da região que têm feito um trabalho muito positivo, nomeadamente o universo empresarial algarvio. Todos têm contribuído de uma forma decisiva e isso teve os seus frutos, pois os níveis de confiança no destino Algarve subiram exponencialmente”.


» IMOBILIÁRIA DE EXCELÊNCIA – SOLUÇÕES DIFERENCIADORAS

CENTRAL VILAMOURA

PONTOS DE VISTA

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QUALIDADE DE VIDA

oncebida como um local para viver, visitar e passar férias, Vilamoura tem uma localização privilegiada, disponibilizando a opção certa para cada pessoa. Tendo por cenário o espetacular litoral do Algarve, Vilamoura oferece múltiplas opções de estilo de vida e oportunidades de lazer - incluindo uma Marina premiada, praias de areia a perder de vista, campos de golfe de renome internacional, infraestruturas equestres de classe mundial e uma rede de equipamentos que inclui escolas e serviços de saúde de alta qualidade CENTRAL: SOFISTICAÇÃO E EXCLUSIVIDADE O Central Vilamoura foi o primeiro projeto de Vilamoura World a ser lançado em 2018 e consistirá em uma comunidade exclusiva de 80 residências no centro de Vilamoura. As casas, disponíveis com quatro, três e dois quartos, com estas a inluir mais um espaço extra, farão parte de dois condomínios fechados cujas unidades irão exalar sofisticação

e atingirão o equilíbrio perfeito entre espaços privados e comuns - tudo isso mantendo um carater de exclusividade, com valores a partir de 629.900€. Entre as suas inúmeras virtudes está, é claro, a sua localização, apenas cinco minutos a pé da praia e da marina e muito perto dos campos de golfe, de courts de ténis e de uma ampla gama de serviços. O Central foi projetado pelo atelier de arquitetura de renome internacional Petraccone & Vodar, que usou um conceito arquitetónico especial para este projeto exclusivo. Os materiais escolhidos e as espaçosas áreas de estar oferecem uma relação harmoniosa com a natureza através da sua relação com os jardins, sejam eles comuns ou privados, sejam eles exteriores ou interiores. As primeiras unidades do Central serão concluídas no início de 2020.


O Central Vilamoura foi o primeiro projeto de Vilamoura World a ser lançado em 2018 e consistirá em uma comunidade exclusiva de 80 residências no centro de Vilamoura.

Mais informações em: Tel.: +351 289 310 906 E-mail: sales@vilamouraworld.com www.vilamouraworld.com/central


» TEMA DE CAPA

A NOSSA MAIOR CONQUISTA É SERMOS EARTH CONSULTERS Num percurso marcado pelo rigor, qualidade e excelência, a Earth Consulters comemora este ano oito anos de existência, sendo um projeto que teve como principal fito a capacitação de pessoas, promovendo e realizando planos de formação e intervenção inovadores e que marcassem a diferença. A Revista Pontos de Vista conversou com o impulsionador deste projeto, David Magalhães, CEO da Earth Consulters, e que nos conta mais sobre estes oito de atividade e sobre as dinâmicas de uma marca que tem vindo a perpetuar uma forma de estar diferente no mercado e na sociedade.

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Earth Consulters foi fundada a 1 de julho de 2010, porém, há quanto tempo andava a ser projetada? A Earth Consulters começou a ser projetada no momento em que se verificou que existiam ainda bastantes lacunas no mercado para responder à legislação no âmbito da formação profissional, e a formação que existia era meramente teórica, sem qualquer componente prática que permitisse capacitar em contexto de trabalho. Começou assim a projetar-se a prestação de um serviço que aconselhasse as entidades da obrigatoriedade da formação profissional em várias vertentes, bem como da importância que esta tem para reforçar a produtividade e competitividade. Iniciamos em 2010, com o propósito de capacitar pessoas e atualmente continuamos com o mesmo objetivo, promovendo e realizando projetos de formação e intervenção inovadores.

PONTOS DE VISTA

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Enquanto CEO fale-nos do seu percurso até à constituição da empresa e dos motivos que o levaram a optar por criar uma empresa de consultoria e formação? O projeto Earth Consulters, iniciou com um «núcleo duro», já com experiência consolidada, de pelo menos 20 anos em formação profissional certificada. Como referi, o projeto Earth Consulters em muito resultou da necessidade de prestar um serviço rigoroso, que respondesse às necessidades que a legislação no âmbito da formação profissional impõe e que em 2010 ainda não era devidamente reconhecida. Acredito ainda que a “formação não transforma o mundo. A formação aperfeiçoa as pessoas e as pessoas mudam o mundo” e por isso a área da formação profissional e consultoria tem um papel relevante na sociedade. As pessoas têm de ter o desejo de sucesso. Esse desejo tem de ser maior que o medo do fracasso. Temos de nos aperfeiçoar, dessa forma tornamos o mundo melhor. Apesar de sediada em Viseu, a Earth Consulters atua por todo o país. Que contribuição considera que tiveram, ao longo destes oito anos, na transformação do tecido empresarial português e nos particulares que procuram os vossos serviços? Incrementamos a produtividade, a competitividade mas também a empregabilidade. As empresas têm cada vez mais conhecimento da legislação e das normas que regulamentam as atividades profissionais e já não facilitam. Também a Autoridade para as Condições do Trabalho tem feito variadas campanhas publicitárias sobre prevenção de riscos profissionais junto das entidades empregadoras, sensibilizando-

DAVID MAGALHÃES

-os para a importância do desenvolvimento de ações de formação nos mais variados âmbitos. Prestamos consultoria jurídica, auxiliando os nossos clientes no melhor caminho a trilhar, na resolução de problemas jurídicos que tenham inerentes à sua atividade profissional. Prestamos ainda consultoria na área do Marketing e do novo quadro comunitário, auxiliando os clientes a incrementar a sua área de negócio, tornando-os mais competitivos num mercado já saturado em muitos setores de atividade. Nestes oito anos quais foram os maiores desafios que tiveram de enfrentar? Crescemos muito. Somos bons. E quando as expectativas de quem nos procura são elevadas, também nós temos de nos superar e ultrapassar muitos obstáculos. O nosso maior desafio é esse, acompanhar os clientes, as transformações que ocorrem na sociedade e sobretudo no mercado de trabalho, integrando planos de formação inovadores e que superem todas e quaisquer expectativas. Outro dos nossos desafios é que as empresas e

as pessoas, não nos procurem para desenvolver formação apenas pelo caráter da obrigatoriedade que a legislação impõe. Procuramos também, diferenciarmo-nos do restante mercado, impondo metodologias ativas para capacitação em contexto de trabalho, que depois tenham repercussões nos resultados da atividade profissional. Por outro lado, quais foram as maiores conquistas? Todos os dias são uma conquista. Todos os dias vestimos a camisola. Todos os dias nos superamos. A nossa maior conquista é sermos Earth Consulters, é estarmos em todo o lado, e obter o reconhecimento do nosso trabalho. Quem desenvolve formação connosco, com o intuito de se capacitar e informar, volta a contactar-nos para o repetir em outras áreas do conhecimento. Somos PME Líder 2016, PME Líder 2017, Empresa Gazela 2016, Empresa Gazela 2017, Cliente Aplauso do Millennium BCP, e ainda reconhecidos pela DGERT, pelo IMT e pelo MAFDR para


tivo, incrementando a competitividade e qualificação dos recursos humanos.

Quando a empresa se apresentou ao mercado a formação nas empresas era algo pouco usual. Entretanto o paradigma mudou e a concorrência, naturalmente, aumentou. Essa foi uma fase complicada? Há muita concorrência mas isso não nos assusta, e em momento algum isso constituiu algum tipo de obstáculo para a nossa atividade. A Earth Consulters tem vindo a destacar-se no mercado por manter contacto regular com os formandos, apostando em práticas de excelência, desde o primeiro contacto. Queremos ser os melhores, renovando esse objetivo todos os dias. Além do rigor com que atuamos, temos uma equipa vocacionada para o atendimento personalizado ao cliente, prestando apoios necessários na resolução de problemas, fazendo com que os empresários se dediquem apenas ao negócio. Para além disso temos vários protocolos de cedência de salas, que permitem ministrar formação em locais apropriados, que cumpram para o bem-estar dos formandos e a qualidade pedagógica da ação. Por forma a responder a uma das maiores necessidades dos formandos, a proximidade do local de trabalho/residência ao local da formação, a nossa equipa encontra a solução que melhor se adequa às situações. Para a prática, contamos com uma bolsa de formadores, altamente qualificada e com uma experiência profissional enquadrada no setor de atividade a que a formação se adeque. As nossas práticas são de excelência e os nossos clientes reconhecem-no porque nos procuram não apenas uma vez, mas sim várias vezes, recomendando os nossos serviços a outros, o que nos enche de orgulho, percebendo que estamos no caminho certo. Na sua opinião, o que é que os portugueses ainda têm de aprender sobre formação profissional? Ainda há uma parte significativa que não vê a importância da formação complementar nos dias de hoje e que na maioria das vezes realiza a ação apenas para cumprir com a legislação ao invés da aprendizagem e know-how adquiridos. Existe muito ainda a ideia de que a formação profissional é uma medida política, o que não corresponde à realidade. A formação profissional contínua fomenta o espírito crítico e preven-

Do que é que se orgulha mais desde o dia 1 de julho de 2010 até agora? Da equipa e dos clientes, ambos na mesma medida. Tenho todos os dias, uma equipa fantástica, com um sem fim de competências, nas mais diversas áreas, que atuam para dar a resposta que os clientes solicitam e que preparam tudo ao pormenor para que o cliente fique satisfeito, com as Pessoas, com o serviço e consequentemente com a Earth Consulters. Orgulho-me das parcerias que a Earth Consulters tem criado por todo o país, incluindo as ilhas, onde temos uma presença bastante forte. As parcerias são sem dúvida uma das partes mais importantes do nosso trabalho. Não obstante filiais em vários pontos do País, e apesar de todo o nosso trabalho de divulgação, sabemos que existem entidades que estão próximas das populações, como são as juntas de freguesia e que acabam por ter um papel fulcral nas tomadas de decisão dos seus habitantes. E por fim, não menos importante, o Projeto Criar Bosques, sequência de um protocolo assinado pela Earth Consulters. O objetivo é contribuir para a reflorestação do país, depois dos acontecimentos mediáticos do último Verão. Desta forma, a Earth abraça esta causa e ao longo do ano de 2018, nos meses de Fevereiro, Julho e Dezembro, por cada aluno da ação de formação de Manobrador de Máquinas em Obra, compromete-se a doar o valor correspondente a uma árvore. Todos temos de assumir a nossa parte na responsabilidade social e pequenos gestos podem fazer toda a diferença. A Earth Consulters, apesar de focada no sucesso e no trabalho, não esquece que através da sua marca pode também dar visibilidade a projetos que permitem tornar a Terra, um sítio bem melhor. Para assinalar o dia de aniversário o que prepararam de especial? Felizmente estamos com imenso trabalho o que não nos tem proporcionado tempo livre. Será com toda a certeza um dia muito especial, iremos comemorar, mas essa não é nossa prioridade. A maior prioridade neste momento é proporcionar satisfação máxima aos nossos clientes, integrando as suas necessidades nos nossos objetivos. ▪

QUEM É DAVID MAGALHÃES? David Magalhães, sou a tradução de um longo percurso de trabalho e perseverança, aprendi ao longo da vida que as dificuldades não são de todo obstáculos mas sim o encontro de um novo desafio a superar. Por detrás de mim existe algo que fez a pessoa que sou hoje. A minha família. O meu pai não me educou para ser rico, educou-me para ser feliz e é graças a ele que eu sei o valor das coisas e não o seu preço e aproveito esta oportunidade para homenageá-lo pois se eu sou quem sou a ele o devo. O meu pai é para mim um exemplo, a minha raiz. Ninguém pode escapar à relação Pai/ Filho, ou seja todos somos filhos de alguém. Ainda que alguns se neguem a ser pais e outros a ser filhos. Qualquer um pode ser pai, mas apenas um grande homem pode ser um bom Pai e eu tive essa sorte. Sempre que me é possível desloco-me ao Porto, nem que seja para um breve almoço, para poder passar alguns momentos com a minha família, e são eles o abrigo perfeito, que sendo as pessoas incríveis que são conseguem transformar pequenos instantes em grandes momentos. Tudo isto para vos explicar que por detrás de mim existe um alicerce familiar muito importante, pois tal como em qualquer árvore de fruto é fundamental que a raiz seja bem nutrida. A minha família dá-me esses nutrientes, para que a árvore dê os melhores frutos. A Earth Consulters e o seu franco crescimento no mercado são também fruto dessa árvore. O sucesso da Earth Consulters é um reflexo da pessoa que o meu pai educou e do árduo trabalho de todo o meu percurso profissional. Na vida, não existem derrotas, existem aprendizagens e seguirmos em frente mais capazes de concretizar e realizar. Aprendi com o passado a planear o futuro, mas o que há para ser feito, tem de ser feito hoje.

21 JULHO 2018

um sem fim de ações de formação homologadas por estas entidades. São o reconhecimento do esforço e dedicação que há em tudo o que fazemos e naquilo que pretendemos ser.

Que análise faz acerca do crescimento e desenvolvimento que a Earth Consulters tem revelado ao longo do tempo apesar das oscilações do mercado? A estratégia sempre foi inovar, acompanhando todos os desafios que a globalização nos colocou. As realidades estão sempre a alterar-se e por isso fazemos questão de acompanhar os nossos clientes o mais possível, conhecendo os seus hábitos, necessidades e problemas para também nós nos sentirmos na vanguarda, para que também nós possamos chegar a todo o lado e dar resposta às lacunas das Pessoas e Empresas. Este conhecimento e acompanhamento permite ajustar a nossa missão, qualificando também nós, a nossa equipa para que sejam todos capacitados e por isso capazes de implementar a mudança. Os novos paradigmas da era da globalização levaram-nos a adotar novas estratégias, recorrendo ao processos de internacionalização para reforçar o nosso crescimento e expansão em novos mercados.


» IMPACTO DA CULTURA DA EMPRESA NO SUCESSO DO NEGÓCIO

QUAL É O ADN DA SUA EMPRESA?

CRISTINA CAEIRO

PONTOS DE VISTA

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Distinguida com a certificação “Top Employers” desde 2014, a Makro é uma das empresas que se diferencia pelos seus padrões de excelência aos mais variados níveis, no que se refere às boas práticas de recursos humanos. Cristina Caeiro, Culture Manager na Makro, fala-nos sobre a cultura da empresa e a importância da mesma para o sucesso do negócio.

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resente em Portugal desde 1990, a Makro tem hoje a funcionar dez unidades nas principais cidades e distritos do país. Fortemente especializada no canal HoReCa, oferecendo uma experiência de compra idealizada para profissionais, baseada em fatores chave como flexibilidade, qualidade, preço e rapidez, a Makro conseguiu construir um caminho de solidez ao longo destes 28 anos de história. A Makro Portugal faz parte da Metro que tem presença em 25 países. Como multinacional que é, existem algumas práticas que são transversais a todos os países e, naturalmente, sinergias fruto dessa mesma dimensão. “No entanto, em cada país, cada unidade de negócio é parte integrante da comunidade local, e dessa forma a riqueza cultural de cada país é potenciada, assim como as especificidades nacionais, que entendemos serem muito importantes para a gestão de um negócio, especialmente o nosso”, explica Cristina Caeiro.

Em Portugal, a Makro quer ser o parceiro de referência dos seus clientes, no sentido de lhes dar apoio e suporte diário necessário. “Como empresa pretendemos estar próximos e oferecer um serviço personalizado, entender e antecipar as suas expectativas, a fim de responder na íntegra às suas necessidades. Desta forma, apresentamos as soluções adequadas para tornar o seu negócio ainda mais bem-sucedido. Oferecendo-lhes soluções que promovam a sustentabilidade do seu negócio, estamos também a garantir a sustentabilidade do nosso”, adianta a nossa entrevistada. Por outro lado, a Makro sabe que o seu principal desafio, em Portugal, é comum e transversal a todos os países onde a METRO se encontra presente. “O mundo encontra-se em constante mudança e com isso o negócio dos nossos clientes. Para isso, torna-se fundamental termos a capacidade de desenvolver soluções inovadoras, bem como desafiarmo-nos constantemente, de forma a antecipar as melhores ofertas e oportunidades para o negócio dos nossos

clientes e, consequentemente, para o nosso negócio”, afirma Cristina Caeiro.

TOP EMPLOYER PORTUGAL

A Makro voltou a ser distinguida com a certificação Top Employer Portugal pelo 4º ano consecutivo, tanto em Portugal como a nível Europeu. Trata-se de uma certificação atribuída por uma entidade externa, o Instituto Top Employers e que avalia a empresa ao nível da gestão de topo, bem como das condições dadas aos colaboradores dentro da organização. Estratégia de talento, desenvolvimento de liderança, compensação e benefícios, planeamento da força de trabalho e gestão de carreira são alguns dos itens avaliados. “Este reconhecimento é o resultado de um percurso com foco no investimento no nosso maior recurso – os nossos colaboradores –, estando constantemente atentos e preocupados com as suas necessidades para que possam desempenhar cada vez melhor as suas funções,


crescerem com o negócio e, assim, aportar mais valor ao mesmo”, refere Cristina Caeiro para quem é importante que os colaboradores se sintam apaixonados pelo seu empregador. Cada vez mais a tendência das grandes companhias é, exatamente, trabalhar a employee experience, sendo esta a chave para a retenção de talento dentro da organização.

“O SEU SUCESSO É O NOSSO NEGÓCIO”

MUDANÇA CULTURAL

Tendo desempenhado outras funções na Direção de Recursos Humanos, para Cristina Caeiro o desafio é constante mas sempre com o foco nas pessoas. Enquanto Labour Relations Manager e HR Business Partner, Cristina Caeiro tinha de garantir que o negócio estava alinhado com as práticas laborais em vigor, assegurando assim a sustentabilidade do mesmo, em conformida-

de com os princípios do Grupo Metro, do qual a Makro faz parte. O desafio enquanto Culture Manager é um pouco diferente, consistindo em garantir o alinhamento de todos os colaboradores com a cultura da empresa. Assegurar que o ADN da Makro é vivenciado por todos e que todos têm um sentimento de pertença e de orgulho, o que implica uma forte comunicação interna e uma grande proximidade entre todos. “Algo que é desafiante, tendo em conta a dispersão das dez lojas a nível nacional. Por isso mesmo, criámos um grupo de colaboradores, com presença em todas as lojas, denominados de «A Gentes Makro», para dar suporte nesta missão de difundir a cultura e a comunicação em cada uma das nossas lojas, bem como outros projectos de RH, com impacto geral na mudança cultural”, refere Cristina Caeiro. A missão do Culture Manager, enquanto guardião da cultura da empresa, é a de garantir o alinhamento entre todos, proporcionando o desenvolvimento contínuo das pessoas, suportando os líderes na missão de manter os seus colaboradores comprometidos com o negócio, reconhecendo e aumentando a sua reputação interna e externa como colaboradores. “Tudo isto com o objetivo final de tornar a Makro mais competitiva, mais sustentável e, naturalmente, mais rentável”, elucida-nos a nossa entrevistada. Quando questionada sobre de que forma os RH transformam a cultura de uma empresa ou o que podem fazer para efetuar essa mudança cultural, Cristina Caeiro não tem dúvidas que os RH deverão ser os primeiros embaixadores da mudança cultural. “Recentemente lançámos um Programa de Reconhecimento aberto a todos os colaboradores que dá a oportunidade a cada colaborador de nomear outro(s) colega(s) que, nas áreas – Marca Própria, Clientes e Mentalidade –, tenha feito a diferença com uma atitude de excelência”, conta Cristina Caeiro. Com uma cultura de transparência, de feedback, de partilha, de entreajuda, reconhecimento e valorização das pessoas, os colaboradores da Makro estão altamente comprometidos com a empresa. “Vivem a Makro com paixão, têm a Makro no coração”, orgulha-se a Cristina Caeiro.

IMPACTO DA CULTURA DA EMPRESA NO SUCESSO DO NEGÓCIO

A cultura da empresa é o motor do alinhamento e compromisso dos colaboradores. “É através

O mundo encontra-se em constante mudança e com isso o negócio dos nossos clientes. Para isso, tornase fundamental termos a capacidade de desenvolver soluções inovadoras

da mesma que garantimos que os colaboradores vivenciam os nossos princípios do negócio, acrescentando valor ao mesmo, servindo bem os clientes, através de uma atitude proactiva na procura da satisfação das suas necessidades, proporcionando ao cliente a melhor experiência de compra de modo a que o cliente seja também ele um embaixador da Makro, recomendando-a, como sendo o seu melhor parceiro de negócio, aos seus amigos e familiares”, explica Cristina Caeiro, acrescentando que a cultura de uma empresa não é mais forte do que o conhecimento, mas sim mais impactante e diferenciadora. “Se a cultura, que é o ADN da empresa, não estiver bem difundida e não for plenamente vivenciada pelos colaboradores, estes nem sequer se sentirão bem a trabalhar na empresa, por isso jamais estarão comprometidos. Uma empresa sem colaboradores comprometidos, mesmo que tenha um índice de conhecimento de excelência, terá, com certeza, uma dura missão de criar valor para o negócio”, reforça Cristina Caeiro, afirmando que a cultura é um dos pilares centrais da equação do sucesso do negócio. “Nos negócios estamos sempre a falar de pessoas: os clientes, os fornecedores, os colaboradores e os acionistas são pessoas. Se o seu ADN não for Makro, o impacto no negócio será, com toda a certeza, menos diferenciador. Todos temos que ter paixão pelo que fazemos. A paixão é o que nos move. Um colaborador apaixonado envolve-se, influencia, motiva, faz a diferença e, naturalmente, acrescenta valor ao negócio”, conclui Cristina Caeiro. ▪

23 JULHO 2018

Em 2015 a Makro anuncia o desenvolvimento e a implementação de uma nova estratégia em Portugal no sentido de adequar o seu negócio à realidade do mercado. A estratégia passou por uma especialização no canal HoReCa e em particular nos segmentos de hotelaria e restauração. Este processo levou a uma revisão de todo o processo de experiência de compra nas lojas, adequando-se à real necessidade destes segmentos de clientes, no que se refere a fatores chave como flexibilidade, qualidade, preço e rapidez. Desta forma, a empresa oferece hoje em dia uma nova experiência de compra para todos os detentores de cartão Makro. Neste momento, a Makro comercializa produtos alimentares e não alimentares para profissionais do Canal HoReCa, retalho e profissionais liberais ou por conta própria. Oferece um serviço global a todos os seus clientes mas centra-se e direciona-se cada vez mais para as necessidades dos profissionais da hotelaria, restauração e similares, de uma forma direta e personalizada, sendo que, efetivamente, este setor tem um grande peso no seu negócio. “Desta forma, a nossa estratégia encontra-se muito alinhada com o nosso foco na hotelaria e restauração. É o posicionamento da Makro e é esse o caminho que efetivamente estamos a percorrer”, esclarece Cristina Caeiro. Exemplo disso mesmo é o Dia do Negócio Próprio que se assinala anualmente todas as segundas terças-feiras do mês de outubro, que tem como principal objetivo homenagear a dedicação diária e a paixão dos empreendedores e proprietários de negócios próprios, reconhecendo o seu talento, empenho, ousadia e espírito empreendedor. “Trata-se de uma das diversas iniciativas que, numa base regular, desenvolvemos para os nossos clientes, com especial foco na hotelaria e restauração. Esta é a nossa estratégia, ir ao encontro e antecipar as necessidades dos nossos clientes. Fazê-los sentir que podem contar connosco para muito mais do que ser apenas um fornecedor. Este propósito ganhou agora uma nova força com o lançamento recente da nova campanha de marca que materializa isso mesmo: «O seu sucesso é o nosso negócio»”, acrescenta Cristina Caeiro. Motivos suficientes para a Makro ter sido novamente reconhecida na 28ª edição dos Masters da Distribuição, com o prémio na categoria Grossista.


» ISABEL DUARTE, HEAD OF GLOBAL FINANCIAL SERVICES DA GRÜNENTHAL, EM ENTREVISTA

“NA GRÜNENTHAL ACREDITAMOS NO VALOR DAS NOSSAS PESSOAS” A Grünenthal recebeu recentemente o prémio de Best Workplaces Europe, atribuído pelo instituto Great Place to Work, tornando-se numa das sete empresas portuguesas a receber este prémio em 2018. Isabel Duarte, Head Of Global Financial Services da Grünenthal, fala-nos mais sobre a importância do mesmo e do impacto da cultura da empresa na criação de organizações de sucesso.

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omo é que interpreta este resultado? Acho que podemos concluir que sete é o número da sorte português! Segundo os números do instituto Great Place to Work, mais de 2.500 organizações participaram na competição para as Best Workplaces Europe, representando cerca de 20 países. De facto, fazer parte do grupo das 25 melhores empresas para trabalhar a nível europeu, enche-nos de um grande orgulho. Por outro lado, este reconhecimento é também uma grande responsabilidade. Estar na vanguarda das melhores práticas de trabalho europeias coloca-nos a responsabilidade de servir como guia e como exemplo no nosso mercado de trabalho. Para ser considerado uma Best Workplaces Europe, as organizações têm de obter este reconhecimento em pelo menos três países. Portugal foi um destes três países para a Grünenthal, correto? Sim. Para atingir este resultado a nível Europeu contribuiu a qualificação das nossas filiais em Espanha, em Itália e, claro, em Portugal. O Grupo Grünenthal está presente em mais de 30 países, com filiais na Europa e América Latina, bem como presença comercial em mais de 150 países. O Grupo emprega neste momento aproximadamente cinco mil pessoas a nível global. Somos uma empresa com espírito empreendedor, comprometida com a inovação, através de um investimento sustentado em Investigação e desenvolvimento e a nossa ambição é lançar quatro a cinco novos produtos para doentes com necessidades médicas não satisfeitas até 2022. Em Portugal somos duas empresas. A filial comercial que já está em Portugal há mais de 20 anos. E mais recentemente a filial financeira criada em 2016. Esta nova organização, em conjunto com a sede na Alemanha, é responsável pelos serviços contabilísticos de todo o grupo. É desde Portugal que procedemos às contabilidades de todas as empresas do grupo, quer estejam sediadas na Europa quer na América Latina, num regime que hoje em dia se designa por Shared Services. Isto significa que temos aqui uma equipa muito jovem e dinâmica, altamente qualificada e que fala as mais diversas línguas numa base diária.

PONTOS DE VISTA

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ISABEL DUARTE

No seu entendimento, o que acha que contribui para este resultado? O que acha que torna uma empresa um lugar de eleição para trabalhar? Acho que, antes de mais, precisamos compreender o contexto de trabalho atual e ter a coragem de adaptar as nossas práticas às novas tendências. O paradigma de trabalho mudou muito nos últimos anos, e as boas práticas em termos de recursos humanos têm de acompanhar essa mudança.


Para esta nova geração o sucesso mede-se cada vez menos em ter uma casa maior ou um carro maior. Para esta geração, o sucesso está ligado a experiências. Mais do que uma casa grande, ou um carro grande, o trabalhador atual procura experiências gastronómicas, eventos culturais variados ou viagens que possa partilhar com amigos e família, nomeadamente partilhando fotos no social media. E mais importante ainda, a nova geração, procura ambientes de trabalho flexíveis que lhe permitam ter tempo de qualidade para a família. No seu dia a dia profissional, exige experiências profissionais enriquecedoras e dinâmicas, onde sinta que está a contribuir e onde o seu contributo é reconhecido continuamente. Adicionalmente é fundamental para esta geração trabalhar em ambientes profissionais saudáveis e agradáveis. Mas as organizações de sucesso não têm as respostas todas. Acredito que ninguém consegue ter as respostas todas para perguntas que ainda estamos a formular. Na minha opinião, o que organizações atuais de sucesso têm em comum, é que estão atentas a esta mudança de paradigma e não têm medo de mudar e de se adaptar. Faz parte da sua cultura da empresa. Falou do tema da cultura da empresa. Como vê o papel da cultura da empresa na criação de organizações de sucesso? Pessoalmente acho que a cultura da empresa é a soma daquilo em que acreditamos enquanto organização. Por exemplo, na Grünenthal acreditamos no valor das nossas pessoas. Investimos imenso no desenvolvimento dos nossos colaboradores, disponibilizando formações e experiências profissionais numa base continua e pomos ao seu dispor todas as ferramentas possíveis para facilitar a coesão entre a sua vida familiar e profissional. Por exemplo, não forçamos os nossos colaboradores a trabalhar o máximo de horas possíveis. Pelo contrário, damos flexibilidade a cada colaborador para ajustar, as suas responsabilidades profissionais às suas necessidades pessoais e promovemos o trabalho com orgulho e com qualidade. Também acreditamos em correr riscos, e consequentemente cometer erros. O bom profissional

não tem que saber tudo, mas tem que ser capaz de aprender e de evoluir. Acho fundamental saber reagir corretamente em situações difíceis em que as coisas não correm como planeado. Uma vez definidos os princípios pelos quais se rege a cultura de uma organização, qual considera ser o papel de um líder na sua aplicação? Acho que a cultura da empresa é da responsabilidade de todos os colaboradores. E acredito que essa responsabilidade aumenta quanto maior for a visibilidade de cada colaborador. Na minha opinião, isto é verdade em todas as áreas da vida social. Quanto maior visibilidade tem a vida de uma pessoa, maior a sua responsabilidade em servir como exemplo, para os que observam. Os diferentes líderes dentro de uma organização têm, por defeito, uma grande visibilidade dentro das equipas que gerem, e mesmo dentro de outras equipas. Neste sentido, acredito que cada líder tem uma responsabilidade acrescida em tornar a cultura da empresa uma realidade. Cabe a cada líder, dentro de uma organização, interpretar estes princípios diariamente. Quase como um ator que dá vida a um guião. E essa responsabilidade não se esgota quando tudo corre bem. Muito pelo contrário, julgo que é nas situações de stress, onde há deadlines para cumprir, onde as situações que fogem ao que estava planeado e quando parece que nada corre bem, que cada um, mas principalmente um líder, deve atuar em conformidade com os valores da empresa e com a cultura que a organização define. E agora, o futuro? Como vê o futuro? Atingir este resultado não é como subir ao monte Evereste. Atingimos o objetivo e regressamos à base. Para nós o objetivo está em constante mudança. É como se o monte estivesse constantemente a mudar de sítio. Este resultado, não significa que o nosso trabalho está concluído. O mundo não pára. Vamos continuar a “ouvir” as pessoas, a estar atentos às novas tendências de mercado, e principalmente vamos continuar a adaptar-nos e a procurar as melhores soluções para que os nossos colaboradores continuem a sentir orgulho em fazer parte desta equipa! ▪


» TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

INFORMANTEM

APOSTA FORTE NA REESTRUTURAÇÃO EM ÁREAS TECNOLÓGICAS PARA CONTINUAR A CRESCER PONTOS DE VISTA

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Desde 1996 que a Informantem se assume como uma empresa focada no segmento de integração multimarca no mercado nacional. Na génese, muito orientada para o segmento de AS400, no “Coração da Informação”. Com apenas quatro colaboradores, assim nasceram as bases da relação de confiança entre os históricos clientes e a Marca Informantem (Informática e Manutenção) a quem, atualmente, a empresa fornece soluções integradas e especializadas em hardware, software e serviços.

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riada por António Trincheiras em 1996, o mercado era um universo muito diferente daquilo que é hoje, sendo que a informática era uma realidade muito distante do que conhecemos atualmente e sem metade das opções que hoje existem, nomeadamente a nível empresarial. “A informática ainda não fazia parte do quotidiano das pessoas e a empresa foi criada para gerir e manter o coração das organizações”, conta Pedro Gil, Presidente do Conselho de Administração, que está desde 2006 na empresa. “Em 20 anos tudo mudou e a Informantem adaptou-se de uma forma muito peculiar, mas sustentada, alinhando-se aos seus parceiros de forma a crescer para acompanhar o mercado e as suas tendências”.

este ano, a empresa tecnológica entrará em Cabo Verde e Abu Dhabi. “Vamos replicar o modelo com que abordámos em anos anteriores os projetos de Angola e Moçambique”, afirma o administrador. Apesar de uma forte aposta em contratar recursos locais e apoiar o desenvolvimento dos países onde opera, as equipas multidisciplinares contam com uma concentração de processos de monitorização e operação a partir de Portugal, operando esta base como uma espécie de centro de excelência. “Portugal funciona como um centro de concentração de competência, onde diariamente se idealizam, desenham, monitorizam e suportam todas as operações de todos os países em que estamos presentes”.

DE OLHOS POSTOS FORA DE PORTUGAL

A empresa tem tido uma evolução exponencial, criando competência com um portefólio muito abrangente, que abraça as mais importantes valên-

E cresceu. Tanto que, para além de Portugal, já está de forma sólida em Angola e Moçambique. Ainda

“FOI PRECISO MUDAR A ESTRATÉGIA PARA UM CRESCIMENTO SUSTENTADO”

cias das tecnologias. Pedro Gil explica que essa é a mais-valia e ao mesmo tempo o maior desafio da empresa uma vez que “o mercado está muito ativo e por isso torna-se difícil contratar, manter o talento e a maturidade a nível organizacional. Ao longo dos anos temos vindo a trabalhar numa contínua adaptação ao mercado e por isso mesmo temos vindo a reestruturar e a adaptar os nossos processos internos, bem como a nossa oferta”. Além da criação de novas áreas, a aposta em alguns segmentos passa por uma estratégia de incorporação. “A nossa estratégia passa por isso, neste momento, pela aquisição de empresas. Queremos agregar na nossa capacidade, áreas que consideramos estratégicas e que para a nossa base de clientes é essencial. Dessa forma sabemos ser possível continuar a corresponder às expectativas do mercado”. Forçosamente a reestruturação também acontece com os fabricantes em que a estratégia desenhada diminuiu a lista outrora mais


“A nossa estratégia passa por isso, neste momento, pela aquisição de empresas. Queremos agregar na nossa capacidade, áreas que consideramos estratégicas e que para a nossa base de clientes é essencial. Dessa forma sabemos ser possível continuar a corresponder às expectativas do mercado”

RECONHECIMENTO E PROJETOS QUE FALAM POR SI

Aos 20 anos de existência, decidiram mudar

a imagem corporativa. Uma imagem forte e simples como se pede à própria empresa. Essa imagem, associada a um período de uma maior exposição da marca Informantem permitiu à empresa ser, hoje, mais reconhecida pelos seus principais parceiros de negócio bem como pelos seus clientes. “Hoje, a Informantem é uma empresa reconhecida a nível nacional e internacional”, conclui o administrador. Mantendo o lema de sempre “perto de si”, Pedro Gil diz que cada cliente é único e que por isso cada projeto também o é. “Somos alfaiates de soluções”. A filosofia da empresa passa, essencialmente, por manter as coisas fáceis para todos, incluindo os fabricantes e distribuidores que atuam como parceiros, com uma postura de confiança e de olhos postos no futuro. “keep IT simple” é o mote que move a diferença e a dedicação dos colaboradores da Informantem. Há mais de 20 anos presentes no mercado continuam a mostrar uma competitividade e solidez que nem a crise conseguiu abalar. Assumidamente como integradores de soluções à medida de qualquer necessidade, a Informantem soma e segue num setor que, apesar de volátil, se tem mostrado aliciante e com desafios 100% ao alcance da empresa. ▪

27 JULHO 2018

PEDRO GIL

extensa. Atualmente os parceiros eleitos da Informantem são fabricantes como a HPE, Microsoft e Cisco nas áreas de Valor e HPi, Lexmark e Lenovo na área de Workplace. O pretendido é cada vez mais conquistarem o reconhecimento de todos pelo trabalho que atualmente, diariamente, mais de 200 colaboradores desenvolvem, trabalho esse que se estende pelas mais diversas áreas entre as quais se destacam a aposta na segurança de informação, os serviços geridos e o datacenter. “Ao longo dos 20 anos a evolução da nossa empresa foi centrada nos clientes, com quem temos relação diária num expectro de dispersão nacional e de quem cuidamos e mantemos mais de 120 mil equipamentos de forma permanente, a partir do nosso Centro de Atendimento que atua numa lógica de 24h por dia.” Os números, todos os anos, revelam o crescimento sustentado que têm alcançado uma vez que têm crescido a dois dígitos desde há anos. “O nosso crescimento é ponderado e como principal prioridade temos sempre os nossos clientes. Esperamos fechar este ano com uma faturação na casa dos 28 milhões de euros”.


» GONÇALO SARAIVA MATIAS, DIRETOR DA CATÓLICA GLOBAL SCHOOL OF LAW, EM ENTREVISTA

PONTOS DE VISTA

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“CONTINUAMOS A OCUPAR UM LUGAR DE DESTAQUE NA OFERTA DE PROGRAMAS DE LL.M” A Revista Pontos de Vista conversou com Gonçalo Saraiva Matias, Diretor da Católica Global School of Law, sobre o crescimento da marca, que voltou a ser distinguida pela qualidade dos seus programas LL.M. (Master of Laws. Saiba mais sobre mais um reconhecimento de uma instituição que tem como principais pilares a excelência, a inovação e a diferenciação.

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Católica Global School of Law, da Universidade Católica Portuguesa foi uma vez mais distinguida pela qualidade dos seus programas LL.M. (Master of Laws). Que fatores considera que estão na origem desta distinção? A Católica Global School of Law, unidade integrante da Escola de Lisboa da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, nasceu em 2009 criando condições inovadoras para o ensino do Direito Global.

Foi a primeira escola em Portugal a oferecer um LL.M, um programa pós-graduado, totalmente lecionado em inglês e através de um novo modelo de ensino que promove a interatividade, a interdisciplinaridade e a multiculturalidade na sala de aula. Oferece ainda um acesso exclusivo a um grupo de professores das mais reconhecidas universidades globais para além de colocar alunos de todo o mundo na mesma sala. Já recebemos estudantes de mais de 45 nacio-

nalidades, da Alemanha aos Estados Unidos, passando pela China, Índia e Brasil. Este inovador projeto tem vindo a ser cada vez mais reconhecido a nível nacional e internacional, colocando a CGSL na liderança da inovação e da internacionalização. O mestrado subiu da 14ª posição em 2017 para a 12ª posição no ranking este ano, e ficou à frente de outros programas de direito de outras escolas portuguesas e estrangeiras


“É prioritário manter a liderança na inovação e também na internacionalização. Queremos crescer em alguns mercados e aumentar as nossa presença e visibilidade assim como inovar em algumas áreas como por exemplo na ligação entre Direito e Tecnologia”

GONÇALO SARAIVA MATIAS

“A Católica Global School of Law está posicionada como escola internacional de referência no Direito transnacional em Portugal, contando com reconhecidos professores americanos e europeus assim como com parcerias internacionais com várias escolas de Direito de renome internacional”

Além do LL.M. “Law in a European and Global Context”, colocaram outro mestrado no ranking dos melhores da Europa Ocidental: o“Advanced LL.M. em “International Business Law”, destinado a juristas com experiência profissional, que ocupa o 29º lugar. Que especificidades tem este outro mestrado? O Advanced LL.M. in International Business Law é dirigido a advogados e outros juristas, já possuidores de experiência profissional. Este programa, com a 1ª edição em 2006-2007, proporciona a formação necessária a quem pretenda assessorar grandes empresas internacionais ou instituições financeiras multinacionais, quer como juristas de empresa, quer como advogados em grandes escritórios. Poderá ser, na área de Direito, comparável ao MBA, na área da Gestão. De que forma é possível descrever a forma de como a Católica Global School of Law proporciona o acesso à formação necessária a quem pretende assessorar empresas que operam no mercado internacional ou instituições financeiras multinacionais? A Católica Global School of Law está posicionada como escola internacional de referência no Direito transnacional em Portugal, contando com reconhecidos professores americanos e europeus assim como com parcerias internacionais com várias escolas de Direito de renome internacional. Para além deste grupo académico de renome, e devido a um corte inovador com o ensino tradicional, os alunos tem a oportunidade de aprender não apenas com os professores, mas

também entre si, devido a uma partilha enriquecedora dentro da sala de aula, por serem grupo de profissionais promissores e com origens e jurisdições distintas. Este inovador projeto tem vindo a ser cada vez mais reconhecido a nível nacional e internacional uma vez que reúne as condições necessárias para a preparação e formação do advogado do futuro, o advogado global. Inovação é hoje a palavra de ordem para as instituições. Essa tem sido a aposta constante para vocês? Sem dúvida. É prioritário manter a liderança na inovação e também na internacionalização. Queremos crescer em alguns mercados e aumentar as nossa presença e visibilidade assim como inovar em algumas áreas como por exemplo na ligação entre Direito e Tecnologia.▪

UNIVERSIDADE CATÓLICA A Universidade Católica foi uma das primeiras na Europa continental a oferecer programas de LL.M. Hoje que destaque assume a nível nacional e internacional? Continuamos a ocupar um lugar de destaque na oferta de programas de LL.M pela diversidade e complementaridade de abordagens, por professores americanos e europeus, que muito dificilmente os alunos conseguiriam ter numa outra universidade. Para além da extensa rede de parcerias internacionais que temos com universidades de topo a nível mundial que permite aos alunos aproveitar programas de mobilidade internacional em instituições como King’s College, ou Cornell University, entre outras.

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prestigiadas na Europa Ocidental. Que mais-valias ou fatores diferenciadores oferece aos estudantes e profissionais que o procuram? O LL.M. Law in a European and Global Context, coordenado pelos professores Joseph H.H. Weiler (NYU) e Miguel Poiares Maduro (Instituto Universitário Europeu, Florença) dirige-se a jovens juristas que pretendem alargar horizontes jurídicos, acedendo a perspetivas europeias e transnacionais sobre as diferentes áreas do direito. Este programa prepara estes profissionais para um mercado global onde serão capazes de se adaptarem a diferentes jurisdições.


» ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DA CRUZ VERMELHA

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DA CRUZ VERMELHA ABRE CURSO DE PODOLOGIA A propósito da celebração do Dia do Podologista, que se celebrou a 8 de julho, a Revista Pontos de Vista, foi à Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha que abre este ano o curso de Podologia conversar com dois dos responsáveis pelo curso, os professores: Joana Silva e João Martiniano.

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odologia é uma palavra não muito comum no léxico académico e até à data apenas uma faculdade, no norte do país, tem um curso dedicado a esta ciência responsável pelo estudo, diagnóstico e tratamento do pé. No entanto, a sua importância começou a ser notada pela Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha, que abre este ano letivo o curso de Podologia. Ao longo dos anos a Podologia tem vindo a evoluir, fruto da contínua aposta dos seus profissionais na formação, assim como, devido ao avanço das novas tecnologias, permitindo novos métodos de diagnóstico e de tratamentos, tornando assim a Podologia numa área da saúde altamente especializada e diferenciada em que os seus profissionais actuam nas mais diversas áreas. Assim quando falamos de Podologia, falamos de saúde, a dos seus pés. De forma genérica a Podologia pode ser definida como o ramo das ciências da saúde que tem por objectivo o estudo e a investigação, assim como a prevenção, diagnóstico e o tratamento das patologias do pé.

CUIDADOS, PATOLOGIAS E CAUSAS

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A saúde do pé começa a ganhar relevância em Portugal segundo os nossos entrevistados, que explicam que mesmo assim, ainda existem cuidados básicos que têm de ser relembrados como a questão da higiene e a escolha adequada do calçado. “Nesta época do ano, a ausência de protecção do pé é um factor a ter em consideração pois pode desencadear um conjunto de alterações prejudiciais ao pé. A hidratação adequada do pé deve ser um hábito diário pois a pele é a primeira barreira protectora do pé ”, completa João Martiniano. As micoses (dermatomicose referente à pele) são uma das patologias mais frequentes e no caso das unhas (Onicomicose) dependendo da afectação destas, o tratamento pode demorar de alguns meses a quase um ano. “Muitas vezes o problema prende-se com o facto de os pacientes apresentarem já uma grande destruição da unha”, alerta João Martiniano. “O Verão é mesmo a altura mais crítica pois os pacientes procuram tratamentos milagrosos e de resolução rápida mas isso não existe”, explica Joana Silva. Cuidados como secar muito bem o pé, em especial entre os dedos, evitar repetir o mesmo calçado todos os dias, mudar diariamente as meias, preferindo fibras naturais em vez das sintéticas são hábitos que devem ser incutidos. No verão, com o tempo mais quente, há uma

JOANA SILVA

tendência, em especial nas mulheres em utilizar calçado mais aberto, levando ao aparecimento de desidratação assim como de patologias inflamatórios do sistema músculo-esquelético. O calçado deve ser um aliado e nunca um inimigo! “De um modo geral as pessoas não sabem escolher o calçado. A componente estética é a que prevalece e isso é um grave erro”, refere o especialista. Existem diferentes patologias e por isso diferentes abordagens nos tratamentos a aplicar e estes devem ter em consideração algumas características individuais como a idade, o estilo de vida ou até mesmo a profissão. Um paciente geriátrico, em regra tem mais dificuldade, ou mesmo impossibilidade, em alcançar os pés, como tal os tratamentos efectuados e prescritos devem ter em conta essa particularidade. Nas crianças, o diagnóstico e o tratamento precoce do pé é fundamental para assegurar um crescimento correto e prevenir o aparecimento de alterações funcionais e estruturais, que muitas vezes são estas que estão na base das queixas não só do próprio pé como também ao nível do membro inferior e região lombar. O desporto também é um excelente exemplo da importância que o pé tem no rendimento e saúde do atleta. Nestes casos a preocupação do Podologista vai direccionada essencialmente para duas situações. Por um lado temos o estudo e avaliação do atleta sob ponto de vista do

JOÃO MARTINIANO

rendimento e performance desportiva e por outro lado a questão das lesões e a influência que o pé tem no aparecimento destas quando estas não são no próprio pé. Dai a importância da Podologia em equipas multidisciplinares. Quanto aos pacientes geriátricos os principais problemas que nos surgem nas consultas são as alterações estruturais como a sobreposição dos dedos, dedos em garra assim como diminuição da “almofada” adiposa na região plantar, em que nalguns destes casos o tratamento cirúrgicos não estão indicados, havendo a necessidade de se recorrer a calçado com modificações específicas, ortóteses digitais e suportes plantares personalizados ao pé de modo a reduzir a dor e a reverter alguma falta de mobilidade. O manter da mobilidade é importante não só neste tipo de paciente como é também em quadros de patologias sistémicas como é o exemplo da Diabetes. Nos diabéticos é fundamental o cuidado com os pés em especial nos diabéticos que já apresentam alterações da sensibilidade (neuropatia) e ou diminuição da circulação periférica (insuficiência vascular). Nestes casos consultas periódicas e regulares de Podologia são necessárias para que uma simples situação de calosidade ou unha encravada não se possa transformar num quadro infeccioso de difícil resolução e que entre outras coisas pode causar o aparecimento de úlceras e de amputações. O aconselhável, de acordo com os dois podo-


podologista poderá, trabalhar de forma autónoma nas suas próprias clinicas ou em clinicas/ hospitais privados, assim como no sistema de saúde públicos. No próximo ano letivo é esperada uma boa adesão ao curso de Podologia, uma vez que, além do renome da instituição, os professores são profissionais de saúde com uma vasta experiência e altamente formados a nível nacional e internacional. ▪

Nesta época do ano, a ausência de proteção do pé é um fator a ter em consideração pois pode desencadear um conjunto de alterações prejudiciais ao pé. A hidratação adequada do pé deve ser um hábito diário

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logistas, é que se visite pelo menos uma vez por ano um especialista, no caso de não sofrer de nenhuma patologia como o pé diabético. Actualmente existe uma maior concentração de Podologistas no Norte de Portugal pelo facto de até ao momento a Instituição formadora destes Profissionais estar sedeada precisamente nesta região do País. Neste sentido e pelo facto de existir uma enorme procura Podologistas não só em instituições privadas como também no Sistema Publico em especial para trabalharem em equipas multidisciplinares na área do Pé diabético, a Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa entendeu ser oportuno e uma mais valia ampliar a sua oferta formativa com a Licenciatura de Podologia. Assim, pela primeira vez abrirá um curso destes em Lisboa, algo que só foi possível actualmente devido ao aumento de doutorados e mestres no país, um dos requisitos necessários para se obter a autorização da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior. Esta será uma licenciatura, com unidades curriculares transversais às diferentes áreas da saúde, em que “À medida que vamos avançando nos anos diminuem a Unidades Curriculares Base e vão aumentando as que são mais específicas para a formação de um profissional em podologia”, elucida João Martiniano. “Este curso será cimentado e terá uma estreita colaboração com a Universidade de Sevilha, em que está preconizado o intercâmbio de professores e alunos”, avança o professor. Em termos de saídas profissionais, o futuro


» CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS NUCLEARES

AS RADIAÇÕES AO SERVIÇO DA CIÊNCIA E DA SOCIEDADE

Se considera que cientistas e investigadores são aquelas pessoas que ficam o tempo todo fechados em laboratórios, desengane-se. O trabalho que desenvolvem é naturalmente realizado em laboratórios, porém, esse é apenas um pormenor das suas actividades. O serviço prestado por estes especialistas está totalmente ao serviço da ciência e da sociedade nas suas mais variadas formas. Conheça, nesta reportagem, o maior centro em Portugal que reúne investigação, prestação de serviços e formação avançada em Ciências e Tecnologias Nucleares e aplicações das Radiações Ionizantes.

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Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares, C2TN, é uma unidade de investigação relativamente recente, criada em 2013 no Campus Tecnológico e Nuclear do Instituto Superior Técnico. O C2TN tem uma estratégia muito bem definida que incide em investigação fundamental e aplicada, formação avançada, atividades de divulgação de âmbito científico e tecnológico nas ciências e tecnologias nucleares, assim como na prestação de serviços especializados para a comunidade. É um Centro de referência ao nível nacional e internacional cujas atividades de forte impacto societal se concentram nas temáticas das Ciências da Vida e da Saúde, Proteção Radiológica, Ciências da Terra, Ambiente e Património Cultural e Materiais Avançados. A Revista Pontos de Vista visitou uma amostra dos laboratórios que fazem parte do C2TN. Através da voz de investigadores do Centro passemos, portanto, à apresentação de alguns dos laboratórios de cada área de intervenção. E deixamos uma questão: Qual o contributo

direto das atividades do C2TN quer para a ciência quer para a sociedade?

“O ALFABETO DAS RADIAÇÕES”

Pedro Vaz, Presidente da Comissão Executiva, fez uma visita guiada à equipa da Revista Pontos de Vista a alguns do vasto número de laboratórios deste Centro. No caminho passámos pelo edifício que alberga o único Reator Português de Investigação, construído exclusivamente para fins de investigação científica em 1961, na origem deste Campus. Pedro Vaz começa por explicar que, sendo este Centro pluridisciplinar, estão presentes biólogos, físicos, químicos, geólogos e engenheiros entre os 150 investigadores, técnicos e estudantes de Doutoramento e de Mestrado que aqui trabalham. De entre as unidades de investigação do Instituto Superior Técnico, o C2TN é a que dispõe de um conjunto único de competências, infraestruturas e equipamentos, para aplicação das radiações ionizantes e técnicas nucleares.


“De entre as unidades de investigação do Instituto Superior Técnico, o C2TN é a que dispõe de um conjunto único de competências, infraestruturas e equipamentos, para aplicação das radiações ionizantes e técnicas nucleares"

MATERIAIS AVANÇADOS

Manuel Almeida apresenta-nos os trabalhos realizados em materiais avançados, produzidos e caracterizados através de uma combinação rara

de diferentes técnicas nucleares e não-nucleares, quer de preparação, quer de caracterização. O centro tem a possibilidade de ter muito baixas temperaturas através do único liquefator de hélio do país. O hélio é a substância com o ponto de ebulição mais baixo sendo utilizado em estudos a baixa temperatura ou que envolvam a criação de campos magnéticos intensos. Capturado em jazidas de gás natural, o hélio é transportado, ainda em estado gasoso, até ao Campus, onde é liquefeito e guardado em recipientes, a –269 °C ou 4,2 K (grau kelvin), uma temperatura muito próxima do zero absoluto (–273,15 °C). O hélio líquido produzido é direccionado para os diversos laboratórios permitindo, localmente, a realização de experiências combinando condições extremas de baixas temperaturas com campos magnéticos intensos que podem atingir 18 T (tesla) (cerca de 400 mil vezes o valor do campo magnético terrestre). “Há toda uma série de técnicas de caracterização de materiais e de estudos que só podem ser feitos recorrendo a baixas temperaturas e campos magnéticos altos. Temos uma combinação de baixas temperaturas até 0,3 K, acrescenta o investigador para quem “os apoios para a investigação não são os desejáveis, temos sempre mais ambição, no entanto, temos conseguido manter os trabalhos de investigação com laboratórios únicos no país e equipados com tecnologia de ponta”. Manuel Almeida mostrou-nos, ainda, três laboratórios: um de propriedades de transporte elétrico; outro dedicado às propriedades magnéticas; e o de Espectroscopia Mössbauer. Nestes últimos são estudados diferentes materiais, desde sintéticos com propriedades magnéticas até amostras naturais. João Carlos Waerenbor-

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Existem interfaces impactantes com instituições de vários sectores económicos e sociais, incluindo hospitais, empresas dos sectores da saúde, agro-alimentar, arqueologia e património cultural, associações, câmaras municipais e museus. Assim sendo, para além de uma unidade de investigação, o C2TN é um prestador de serviços em vários sectores da sociedade, estando envolvido em ações de educação, treino e formação avançada. Da medicina à eletrónica, as aplicações das radiações e das técnicas nucleares são inúmeras… daí o lema “Radiações ao serviço da Sociedade e da Ciência”. Dulce Belo, Vogal da Comissão Executiva do C2TN, vai mais longe e afirma: “queremos dar a conhecer à sociedade em geral, a utilidade da investigação que desenvolvemos e desconstruir a imagem do Cientista excêntrico, mostrando que, os que aqui trabalham fazem-no, todos os dias, em prol de uma sociedade melhor”, começa por referir esta investigadora acrescentando que, a participação em Feiras de divulgação científicas, a criação do Blog “O Alfabeto das Radiações” e a presença assídua nas Redes Sociais têm sido uma das apostas fortes desta Comissão Executiva para atingir esse objectivo. Atenta ao que se passa em todo Sistema Científico e Tecnológico Nacional, lamenta a situação generalizada de vínculo laboral precário dos Investigadores mais jovens, acrescentando no entanto que, sensíveis a este problema social, os órgãos de gestão do C2TN têm apoiado os seus investigadores nestas circunstâncias”.


» CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS NUCLEARES gh, responsável deste laboratório, dá exemplos dos trabalhos realizados, desde o reaproveitamento das escombreiras das minas, até à deteção da concentração em solos de possíveis metais perigosos para a saúde humana. Explica ainda, que a técnica utilizada para a caracterização mineralógica e geológica dos materiais é a mesma utilizada nas sondas enviadas para Marte. A espectrometria Mössbauer é uma técnica nuclear que tem sido desenvolvida no C2TN no âmbito de aplicações nas áreas dos Materiais e nas Ciências da Terra. Passemos a um dos laboratórios de magnetómetro, utilizado para o estudo de materiais relevantes para áreas como a computação quântica, os computadores do futuro. Laura Pereira, responsável deste laboratório, fala da combinação rara das medidas a temperaturas ultra-baixas, 0,3 K e sob campo magnético até 7 T. Os materiais aqui caracterizados são relevantes para diferentes áreas, desde materiais avançados para a electrónica, saúde, ambiente e recursos minerais, com potenciais aplicações no quotidiano da sociedade. No laboratório de criostatos com magnetos, Elsa Lopes fala das medidas aqui feitas de propriedades de transporte eléctrico através da combinação de baixa temperatura até 0,3 K e de campos magnéticos elevados até 18 T permitindo estudar efeitos quânticos nas propriedades e caracterizar materiais com grande potencial de aplicação como os termoelétricos ou os supercondutores.

AMBIENTE E PATRIMÓNIO CULTURAL

PONTOS DE VISTA

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Paula Carreira falou-nos da utilização de isótopos ambientais, estáveis e radioativos (trítio e carbono 14 por exemplo), em estudos de hidrologia, bem como da relação com o património cultural e arqueológico. A aplicação de teores em trítio e de carbono-14 (método de datação de sistemas hídricos subterrâneos) permite não apenas conhecer a idade dos recursos, mas mais importante o tempo de renovação dessas reservas. Estas aplicações são extremamente úteis e podem ser utilizadas para o benefício da sociedade, dando uma resposta aplicada a problemas presentes no nosso dia a dia, como o simples facto de onde vem a água potável nas torneiras das nossas casas. “Aqui temos a capacidade e a tecnologia para estudar e dar respostas práticas a questões relacionadas com o nosso quotidiano e com a proteção dos recursos hídricos”, afirma Paula Carreira. O uso de isótopos ambientais juntamente com parâmetros geoquímicos permite a identificação da origem da mineralização das águas. Por exemplo, em zonas costeiras distingue-se os processos de intrusão marinha dos de dissolução de minerais evaporíticos, que em casos extremos pode originar a degradação dos recursos hídricos. Salientou ainda que através destas técnicas é possível identificar as fontes poluidoras e os processos responsáveis. Isabel Dias salientou, em relação à temática do Ambiente e do Património Cultural, que no Laboratório de Datação por Luminescência, de que é responsável, se desenvolvem atividades com grande impacto social. “Somos, inclusive, procurados por diversas entidades particulares e públicas, nacionais e internacionais. E é essa a mensagem que queremos transmitir, que o

nosso trabalho é útil para a sociedade”. O laboratório está disponível para as comunidades arqueológica, histórica, geomorfológica e geológica. Este método avalia o tempo que passou desde a última vez que os materiais cristalinos foram expostos à luz ou aquecidos, como por exemplo quando uma peça de cerâmica ou um artefacto arqueológico foi produzido/aquecido. A datação por luminescência combina dosimetria retrospetiva com dosimetria ambiental. Miguel Reis explica-nos que, nos aceleradores de partículas do Campus, se fazem estudos aplicados e investigação fundamental. Uma das técnicas disponíveis, o PIXE, Particle-induced X-ray Emission, sendo uma técnica de identificação dos elementos químicos presentes num material ou amostra, foi usada para caracterizar amostras de partículas filtradas do ar em estudos de controlo ambiental. Presentemente, no Laboratório de Caracterização e Especiação de Aerossóis, faz-se uso do sistema de PIXE de alta resolução com dispersão em energia (HRHE-PIXE) para desenvolver uma técnica capaz de determinar, de forma eficiente, a natureza dos compostos químicos em que os elementos em suspensão no ar se encontram, porque essa natureza tem uma grande influência na sua toxicidade. Desde 2008 que este sistema é capaz de separar as linhas normalmente sobrepostas e permitir a observação de transições com informação química. Sendo o primeiro sis-

tema de PIXE com estas capacidades a ser instalado a nível mundial, em paralelo com os desenvolvimentos fundamentais a decorrer, tem sido usado em aplicações geológicas e estudos de recursos minerais.

SAÚDE

As atividades nesta área incluem o desenvolvimento e avaliação pré-clínica de compostos radioactivos para aplicações de diagnóstico ou terapia em medicina nuclear. António Paulo explica, em termos práticos, esta atividade. O desenvolvimento destes compostos radioativos, os radiofármacos, tem por objetivo a sua administração a doentes para detetar ou tratar diversas patologias. Quando o radiofármaco se localiza num determinado órgão ou tumor, dependendo do tipo de radioisótopo, a radiação permite a sua visualização ou a sua eliminação (no caso dos tumores). Estamos a falar


de desenvolvimento e inovação científicas e tecnológicas com implicações em patologias diversas, nomeadamente, Parkinson, Alzheimer, cancros diversos e doenças cardiovasculares. O objetivo é desenvolver novos radiofármacos que tenham interesse para aplicações de diagnóstico e de terapia em medicina nuclear personalizada, que é a medicina do futuro. “Combinamos diagnóstico com terapia ajustados a cada paciente. A combinação de valências que temos é única no país”, adianta o investigador. Com diversos laboratórios dedicados ao estudo de compostos radioativos, no C2TN avaliam-se quais as novas moléculas com potencial para utilização clínica, quer seja para diagnóstico ou terapêutica em medicina nuclear. Pedro Vaz, fala-nos das actividades que visam assegurar a Qualidade e Segurança dos Cuidados de Saúde envolvendo a utilização das radiações ionizantes em procedimentos médicos, para efeitos de diagnóstico e terapêutica, nas valências Radiodiagnóstico, Procedimentos de Intervenção, em Medicina Nuclear e em Radioterapia. Uma equipa pluridisciplinar estuda os efeitos biológicos das radiações ionizantes (radiobiologia) e as doses em órgãos e tecidos nos procedimentos referidos, para avaliar o risco de cancro e outras doenças induzidas pela radiação ionizante. O objetivo é evitar que uten-

TECNOLOGIA DAS RADIAÇÕES IONIZANTES

Visitou-se também a Instalação de Radiações Ionizantes – IRIS e o Laboratório de Ensaios Tecnológicos em Áreas Limpas - LETAL, vocacionados para a investigação e desenvolvimento da aplicação de radiações ionizantes a produtos e materiais diversos. Na IRIS, o responsável António Falcão mostra o equipamento experimental de irradiação gama e o acelerador LINAC que produz feixes de electrões e raios X. Pedro Santos fala do trabalho em curso que inclui o tratamento e valorização de efluentes, descontaminação de alimentos, inativação de vírus humanos que persistem no ambiente e o processamento de materiais macromoleculares de base polimérica. Explica que o tratamento por irradiação tem vantagens para o ambiente e para a saúde humana face aos tratamentos convencionais, que requerem a adição de compostos químicos ou biológicos que, em regra, são tóxicos e deixam resíduos. No LETAL é realizada investigação e serviços relacionados com o processamento por radiação ionizante. Nomeadamente na avaliação da carga microbiana e/ou das propriedades físicas e químicas dos produtos, como explica Sandra Cabo Verde, Investigadora na área das Tecnologias de Radiação Ionizante. Realça que esta é uma das áreas em que o C2TN detém competência única no sistema científico nacional e que tem um enorme impacto societal, pois permite abordar questões de Saúde Pública, Segurança Alimentar e Sustentabilidade Ambiental, entre outras. ▪

C TN 2

EM NÚMEROS

86

INVESTIGADORES DOUTORADOS

30

ESTUDANTES DE DOUTORAMENTO

> 30

ESTUDANTES DE MESTRADO E LICENCIATURA

160

PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS (EM REVISTAS DA ESPECIALIDADE, MÉDIA ANUAL) COLABORAÇÃO E/OU PARCERIAS COM CENTENAS DE INSTITUIÇÕES NACIONAIS (SAÚDE, INDÚSTRIA, AMBIENTE, AGRO-ALIMENTAR, SERVIÇOS, ENERGIA, ASSOCIAÇÕES PROFISSIONAIS, MUNICÍPIOS, MUSEUS, ESCOLAS, ETC.) FORTE INTERNACIONALIZAÇÃO COM CENTENAS DE CENTROS DE INVESTIGAÇÃO E UNIVERSIDADES À ESCALA GLOBAL EM REDES E PROJECTOS CIENTÍFICOS PARTICIPAÇÃO FREQUENTE EM ACÇÕES DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E DISSEMINAÇÃO DE RESULTADOS CIENTÍFICOS

35 JULHO 2018

Além de uma unidade de investigação, o C2TN é um prestador de serviços para a indústria, bem como está envolvido em ações de educação, treino e formação

tes e doentes sejam indevidamente expostos a radiações ionizantes, com ênfase em crianças (exposições pediátricas) em exames de Tomografia Computorizada, exames de mamografia para a deteção do cancro da mama e exames de Medicina Nuclear para patologias diversas do foro oncológico, cardiológico e neurodegenerativo (Alzheimer, Parkinson) e doenças renais, entre outras. Aspetos tais como o cálculo de doses no volume dos tumores e em órgãos e tecidos sãos adjacentes, são também alvo de estudo.


» NOVOS PARADIGMAS DA MOBILIDADE OPINIÃO DE ANA AGUIAR, PROFESSORA AUXILIAR NA UNIVERSIDADE DO PORTO INSTITUTO DE TELECOMUNICAÇÕES

USAR AS TIC PARA MELHORAR A EXPERIÊNCIA DE MOBILIDADE URBANA A mobilidade nas grandes áreas urbanas consome uma parte considerável do dia a dia de milhões de pessoas, e ao mesmo tempo produz uma elevada quantidade de gases com efeitos nocivos para o ambiente e para a saúde. Nos últimos anos têm sido desenvolvidos esforços a vários níveis para alterar os hábitos de mobilidade. Por um lado, melhorando a oferta de modos de transporte com menor pegada ecológica, como os transportes públicos, a bicicleta ou o andar a pé, e a intermodalidade. Por outro, incentivando os cidadãos a escolher esses modos mais sustentáveis, quando se adequem ao fim da deslocação.

M PERFIL

ANA AGUIAR

PROFESSORA AUXILIAR NA UNIVERSIDADE DO PORTO INSTITUTO DE TELECOMUNICAÇÕES

PONTOS DE VISTA

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A AUTORA É PROFESSORA AUXILIAR NA FEUP E INVESTIGADORA NO INSTITUTO DE TELECOMUNICAÇÕES. ESTE TEXTO REPRESENTA A VISÃO PESSOAL DA AUTORA, E NÃO A DAS INSTITUIÇÕES MENCIONADAS OU ENVOLVIDAS NOS PROJETOS. PROJETOS MENCIONADOS EM QUE A AUTORA PARTICIPA FUTURE CITIES, IP: JOÃO BARROS, INSTITUIÇÃO LÍDER: FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO URBY.SENSE, IP: RUI GOMES, INSTITUIÇÃO LÍDER: UNIVERSIDADE DE COIMBRA GENERATION.MOBI, INSTITUIÇÃO LÍDER: IBÉRICA S2MOVINGCITY, IP: SUSANA SARGENTO, INSTITUIÇÃO LÍDER: INSTITUTO DE TELECOMUNICAÇÕES MOBI.WISE, IP: SUSANA SARGENTO, INSTITUIÇÃO LÍDER: INSTITUTO DE TELECOMUNICAÇÕES

elhorar a oferta de soluções de mobilidade sustentável é um esforço desenvolvido e coordenado sobretudo ao nível das áreas metropolitanas e administração pública local. Os avanços recentes das TIC têm aqui dois papéis fundamentais: ajudar a recolher informação mais detalhada para suportar o planeamento de soluções de mobilidade mais eficientes, com especial foco na intermodalidade; e permitir uma monitorização da operação de cada modo de transporte. No primeiro caso, a recolha de dados geo-referenciados dos veículos, desde táxis a autocarros e bicicletas partilhadas, com selos temporais precisos permite obter matrizes origem-destino, que expressam a procura de mobilidade. Fundindo esta informação com informação extraída de redes sociais sobre eventos e as funções dos locais, é possível ainda perceber algumas motivações das deslocações, como se tem feito no projeto URBY.Sense. Um exemplo são os estudos de mobilidade da comunidade da Faculdade de Engenharia de Universidade do Porto, realizados no âmbito do projeto Generation.Mobi em parceria com o CITTA através da recolha de trajetórias anonimizadas usando smartphones de participantes voluntários. Uma análise da utilização dos modos de transporte em 2016 e 2017 permitiu identificar que se todas as deslocações num raio de 3km fossem realizadas em modos suaves, a pegada ecológica da comunidade seria reduzida 14%. Também se observou um aumento da velocidade média das viagens de autocarro, e um aumento da duração das viagens de carro de um ano para o outro devido à colocação de parquímetros, o que provocou um maior tempo de procura de estacionamento não pago. Observou-se ainda

a baixa velocidade média das deslocações em metro devido à distância que tem de ser percorrida a pé entre a FEUP e a estação mais próxima. No seu conjunto, esta informação é preciosa para a organização da oferta, identificação de necessidades de melhorar acessibilidades, mas também para o planeamento de infraestruturas, como escolas ou supermercados, e para o planeamento das atividades logísticas (entregas de bens ao comércio ou particulares). A monitorização dos veículos permite identificar pontos críticos da cidade, onde a velocidade é mais variável, onde atrasos são mais frequentes, ou zonas que têm impacto elevado no congestionamento do tráfego em várias outras zonas da cidade. Esta identificação permite focar análises de caso e intervenções localizadas com impacto mensurável. Uma análise deste tipo foi realizada para a STCP em 2014 no âmbito do projeto Future Cities na área da Praça do Carregal no Porto, levando à alteração da localização de paragens de algumas linhas até aos dias de hoje. Um outro exemplo foi a identificação de zonas da cidade cujo tráfego é um indicador do tráfego em zonas distantes, como foi realizado no âmbito do projeto CMU|Portugal S2MovingCity. A monitorização contínua e detalhada permite ainda verificar quantitativamente o cumprimento de obrigações contratuais de operação de meios de transporte. Está ainda previsto que os dados de monitorização contínua de veículos sejam coligidos em plataformas de gestão inteligente de tráfego, que permitam soluções de mobilidade adaptativa mais eficientes. Um exemplo é o roteamento coordenado de veículos com objetivos simultâneos de minimizar o tempo de deslocação e as emissões de poluentes, como está a ser desenvolvida no pro-


Já para aumentar a atratividade da utilização de transporte públicos é imperativa a disponibilização de forma usável de informação fiável sobre tempos de partida, estimativas de tempo de viagem, e mesmo sobre a própria fiabilidade. Por exemplo, é importante o cidadão conhecer a confiança de uma dada hora prevista de chegada a uma paragem no momento de tomada de decisão, para que possa decidir se é aceitável para a sua agenda. Este tipo de soluções estão a ser exploradas através de pilotos e em conjunto com as cidades envolvidas nos projetos Mobi. Wise e Smart Pedestrian Net. Um exemplo de melhoria da experiência do uso de transportes públicos é a disponibilização de conectividade Internet gratuita, hoje comum em autocarros em várias cidades. Um serviço desta natureza é disponibilizado pela STCP no Porto em parceria com a Veniam, uma spin-off da Universidade do Porto. O projeto Generation. Mobi também proporcionou o desenvolvimento de duas aplicações de apoio ao uso de bicicleta. Uma delas é um sistema silencioso de detecção de bicicletas roubadas, em que uma bicicleta pode reconhecer outra até 100m de distância e identificar se pertence a uma lista, e lançando um alarme remoto, desenvolvida em parceria com o Ceiia. A outra, é um sistema de comunicação em grupo, tipo walkie-talkie, para grupos de bicicletas, facilitando as interações sociais durante a viagem. Esta última aplicação

pode ajudar a ultrapassar as barreiras iniciais de adopção deste modo de transporte, muito ligadas a desconhecimento de trajetos e receio de andar na rua. Todos os cenários tocados neste texto assumem novos paradigmas de conectividade, sobretudo passando os veículos e dispositivos móveis a fazer parte essencial da infraestrutura, tanto para entregar conteúdos, como para recolher dados. As redes de nova geração 5G têm já em conta estes cenários, e estão a ser desenvolvidos esforços em várias áreas para ultrapassar os desafios que surgem da integração de nós móveis nas redes. O meu grupo de investigação, além do trabalho na análise de dados e interoperabilidade de plataformas da Internet das Coisas, tem focado vários aspectos da comunicação com nós móveis. Estes vão desde a utilização de autocarros ou veículos municipais para recolher dados de sensores a custo inferior ao das comunicações celulares usando o paradigma de redes tolerantes ao atraso (delay-tolerant networking), desenho de soluções de utilização de redes WiFi em vez de celulares durante as deslocações, e desenho de mecanismos que permitam a veículos (carros, bicicletas, autocarros) uma utilização mais eficiente dos tempos de conexão com as várias redes WiFi disponíveis, reduzindo o custo das comunicações para o cidadão e libertando recursos na operadora celular. ▪

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jeto P2020 Mobi.Wise, liderado pelo Instituto de Telecomunicações, como caso de uso para as capacidades de comunicação e processamento de grandes volumes de tráfego em redes 5G. Todos os esforços do lado da melhoria da oferta só produzirão efeitos se os cidadãos efetivamente adotarem quando possíveis soluções de pegada ecológica reduzida. Esta mudança de mentalidade é o grande desafio da mobilidade sustentável. Não se trata de usar sempre um dado modo de transporte, mas de usar o modo mais adequado à finalidade da deslocação. Não é sensato esperar que os cidadãos optem por fazer compras volumosas a pé ou de bicicleta, ou escolher a bicicleta num dia de tempestade (o que pode até ser desaconselhável). Mas é possível em várias deslocações escolher modos suaves, bicicleta ou andar a pé, transporte público, ou uma combinação dos dois. Para isso, é necessário melhorar a informação disponibilizada ao cidadão, para que possa escolher com confiança, e melhorar a experiência de uso dos modos mais sustentáveis, para incentivar o seu uso. As TIC podem ter um papel determinante na melhoria da informação disponibilizada ao cidadão, aproveitando o interface privilegiado oferecido pelos smartphones, sob a forma de aplicações móveis. Ora estas aplicações têm por trás serviços de backoffice que aproveitam uma série de dados históricos, estáticos ou semi-estáticos (com variações escalas temporais de semanas ou meses), e de tempo real para dar ao cidadão informação útil para os seus propósitos. Para possibilitar estas soluções, são necessários avanços na disponibilização de dados com qualidade e granularidade elevada em modo aberto e através de interfaces conhecidos e interoperáveis, por exemplo sobre a qualidade do ar (e poluentes), como foi demonstrado num piloto do projeto Future Cities, ou sobre as condições de tráfego, e.g. o tempo para atravessar uma certa rua e o seu estado de congestionamento. Por exemplo, para que as deslocações em modos suaves, a pé ou de bicicleta, sejam mais agradáveis, o desenho de rotas deve ter em conta não só a inclinação da rua, mas também a quantidade de sombra no Verão, a qualidade do ar naquela área, ou a existência de funiculares ou elevadores para as zonas mais inclinadas.


» EVENTO

APCADEC ORGANIZA CONGRESSO NACIONAL DE PROCUREMENT COM GRANDE PARTICIPAÇÃO No passado dia 26 de junho, a APCADEC - Associação Portuguesa de Compras e Aprovisionamento - organizou o seu evento anual, desta vez com o tema “Desafios Procurement 2020”, em Lisboa. A Revista Pontos de Vista foi descobrir que novas tendências se tornaram relevantes numa área que em Portugal ganha cada vez mais importância, o Procurement.

QUE IMPORTÂNCIA ASSUME O PROCUREMENT NAS EMPRESAS?

PONTOS DE VISTA

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Os termos “Compras” e “Procurement” são amplamente utilizados, mas qual é a diferença entre Procurement e Compras? Por compras entende-se as atividades operacionais e de suporte à função de Procurement, a qual acrescenta, a estas, as atividades estratégicas de gestão que contribuem para a maximização de resultados financeiros das organizações. Pedro Galhardas, Managing Director responsável pela Accenture Strategy em Portugal, explica que o Procurement ganhou relevância através da crise e que, na perspetiva da APCADEC, as áreas do Procurement tiveram que se reinventar a partir daí. E de que forma o digital permite a mudança no Procurement? A APCADEC procurou, neste evento anual, dar resposta a esta e outras questões relacionadas com os desafios deste processo. Como potenciar a eficácia e a eficiência do Procurement com o digital; os desafios e oportunidades da atração e gestão de talento humano; novas fases do Procurement: digitalização e robotização; ou ainda o impacto das tecnologias e inovação nas necessidades e processos de Compras, foram alguns dos temas em debate no evento que teve como oradores CEO´s, diretores e representantes de empresas que, a par do debate destes temas, apresentaram alguns dos seus serviços e soluções inovadoras na área do Procurement. ▪


O QUE ELES DIZEM... CÉSAR PESTANA PRESIDENTE DA ESPAP

DIOGO SANTOS DELOITTE, RESPONSÁVEL PELA ÁREA DE SUPPLY CHAIN E SÓCIO DE PROCUREMENT

“Já acompanho estes eventos há cerca de seis anos e diria que têm vindo a evoluir naquilo que são as temáticas. Este evento em particular tem uma qualidade de oradores que ultrapassa as expectativas. São painéis diversificados, com pessoas de diferentes áreas e países. Neste evento pela primeira vez há um painel internacional, o que é algo inovador”.

LUÍS FERREIRA PROF. UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

“É muito importante que a APCADEC faça este tipo de iniciativas de uma forma tão sustentada, contribuindo para a evolução do Procurement enquanto carreira. A adesão ao evento foi incrível e relativamente ao painel que moderei, posso dizer que foi polémico, mas ainda bem que assim foi. As perguntas que fui fazendo foram exatamente nesse sentido. O painel foi bastante diversificado e passou ideias diferentes, apesar de, aparentemente, estarem em discordância. Porém, ainda há a necessidade de chamar a atenção para algumas coisas básicas como a questão do inglês. Ainda não se fala suficientemente inglês em Portugal de forma eficiente e como uma ferramenta de trabalho”.

SANDRA SILVA DIRETORA DO GRUPO 8

“O Grupo 8 é patrocinador da APCADEC há três anos e achamos que a visão de alguém ligado à área comercial iria trazer valor acrescentado ao evento, com a apresentação de soluções à medida. O Grupo 8 é uma empresa diferente no mercado que está a concorrer com multinacionais em determinados segmentos. Aliamos a inovação à tecnologia para apresentar ao mercado produtos diferentes que satisfaçam as necessidades dos clientes. A responsabilidade social é o pilar basilar do Grupo 8, onde os colaboradores têm de se sentir bem no desempenho das suas funções. Elas é que são a cara da empresa”.

MIGUEL SOBRAL ADMINISTRADOR DA VORTAL

Não há muitos eventos em Portugal em torno do setor das compras, nem há muitas ações de formação orientadas à função compras, pelo que as pessoas das pequenas e médias empresas têm poucas oportunidades para ouvir este tipo de reflexões. A APCADEC acaba por juntar aqui especialistas nacionais e internacionais com fortes responsabilidades na área de compras em grandes empresas com processos mais estruturados e uma maior maturidade em processos de compras, o que se traduz na discussão de temas que irão, certamente, inspirar os participantes para incorporar novas soluções nos seus negócios. A minha intervenção procurou focar-se sobretudo na questão das novas tecnologias ao serviço da sociedade, das empresas e dos negócios. Não considero que as tecnologias sejam uma ameaça para o setor das compras, há toda uma vastidão de tecnologias que lhes permite reduzir o tempo administrativo gasto com funções com pouco valor acrescentado para o negócio”.

ANDRÉ FREIRE DIRETOR COMERCIAL DO SEGMENTO CORPORATE NA LEASEPLAN

“Quisemos aqui fazer um enquadramento de como a tecnologia e a inovação estão a impactar o negócio da Leaseplan. Vemos o objeto do nosso negócio a mudar com as novas tendências como veículos autónomos, partilhados ou elétricos, pelo que temos a necessidade de adaptar o nosso negócio. Quanto à digitalização sabemos que as gerações mais novas e os clientes particulares se identificam cada vez mais com uma interação mais digital com a Leaseplan, pelo que a empresa se tem focado e está a caminhar para a digitalização das suas operações. Neste evento quisemos passar a imagem aos nossos clientes de que a venda/compra de um bem/serviço podem representar, no final, redução de custos”. CARLOS LOURENÇO PRESIDENTE DA APCADEC

“Tivemos uma participação plena no evento, o que significa que conseguimos encontrar um conjunto de temas e de participantes que atraíram as pessoas que, certamente, os consideraram pertinentes e úteis para os seus negócios. Naturalmente, a APCADEC congratula-se por pelo facto de estar a corresponder a essas expectativas. Nos painéis tivemos intervenções e um conjunto de opiniões desafiantes e até provocadoras no sentido de suscitar o debate, ideias e críticas construtivas entre os participantes. Quisemos colocar em cima da mesa questões relacionadas com a gestão de talento, com o Procurement e a forma como os profissionais deste setor são vistos no mercado, bem como a sua atratividade para o mesmo. Por sua vez, o painel internacional trouxe-nos uma visão bastante realista e concreta das grandes empresas multinacionais”.

39 JULHO 2018

“Hoje o Procurement deixou de ser uma função administrativa e faz parte integrante dos negócios, com uma grande envolvência de gestão de projetos. Deste modo, a ideia principal da minha intervenção procurou relacionar-se com a componente estratégica da função do comprador e a perspetiva estratégica da função de compras, bem como a importância da profissionalização do comprador. A função de compras tem de deixar de ser vista como uma função meramente operacional e transacional e focar-se numa visão de carácter estratégico para acrescentar valor, fazendo a análise de custos-benefícios para as organizações. Queremos deixar o desafio para se encontrar a forma de alcançar estes objetivos e contribuir para o desenvolvimento da carreira do comprador”.


» EVENTO

LECTRA APRESENTA A SOLUÇÃO CONNECTED DEVELOPMENT

O QUE ELES DIZEM... RODRIGO SIZA DIRETOR REGIONAL DA LECTRA EM PORTUGAL E ESPANHA

RODRIGO SIZA E ROBERTO DE ALMEIDA

“É uma ferramenta que pretende conectar as diferentes equipas e as diferentes etapas do processo de desenvolvimento de produto. Desde as ferramentas tradicionais da Lectra até estas novas soluções, tudo estará integrado na mesma plataforma, o que permitirá gerir uma única versão dos dados relativos a matérias-primas, acessórios ou tabelas de medidas. Pretendemos, por um lado, ter uma plataforma que conecta todas as equipas ligadas ao desenvolvimento de produto e, por outro lado, ter uma plataforma com informação disponível bastante estruturada e o mais atualizada possível”. ROBERTO DE ALMEIDA PROJECT DIRECTOR DA LECTRA

“Esta plataforma contribuirá para uma melhor colaboração entre a equipa de uma empresa. Quando falamos de colaboração falamos de eficiência, através da rapidez dos modelos produzidos em menos tempo e com mais qualidade, o que se traduz num maior conforto para o utilizador final”. DUARTE AZEVEDO DIRETOR FINANCEIRO E GERENTE DA PA&CO DESIGN TÊXTIL

“É uma ferramenta extremamente intuitiva e simples. A Lectra está, claramente, a continuar a dar cartas no que diz respeito à inovação, o que a torna num parceiro de excelência para as empresas da indústria têxtil”. JOSÉ MANUEL FERREIRA CEO DA VALÉRIUS

“É uma ferramenta útil e com a vantagem de ter uma funcionalidade específica, permitindo medir o trabalho da modelagem, bem como a rentabilidade e produtividade do desenvolvimento de produto da empresa”. PONTOS DE VISTA

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A Lectra apresentou uma solução direcionada para o desenvolvimento de produto: o Lectra Connected Development. Otimização do tempo, rapidez, rigor e acompanhamento real das tarefas, são algumas das mais-valias desta plataforma que vem reforçar a posição da Lectra no mercado com um know-how único.

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onectar pessoas, dados e processos, e trazer mais eficiência para o seio da equipa de desenvolvimento do produto das empresas é o que se pretende com o Lectra Connected Development. O Connected Development integra modelistas, graduadores, designers técnicos, gerentes, responsáveis pelo custo-margem, colocadores e equipas de prototipagem. Os membros dessa equipa podem conectar-se pelo software de modelagem Lectra Modaris 2D e 3D e o sistema de colocação Lectra Diamino Fashion para estabelecer especificações técnicas através de bibliotecas de padrões e aplicativos móveis integrados, evitando erros e garantindo a qualidade e o ajuste das peças. Durante a apresentação da solução, a Lectra simulou uma situação real na plataforma de

tarefas reais intrínsecas à equipa de desenvolvimento do produto das empresas Com este simulacro, a Lectra demonstrou que a plataforma é completamente segura e que permitirá rigor na transmissão de informação. “É um processo rígido e altamente controlado na passagem das funções para os responsáveis de diferentes áreas. Mas, sobretudo, a principal vantagem desta plataforma é a redução do tempo usado na gestão de diferentes tarefas e processos”. Para entrar na plataforma o utilizador terá que se autenticar para aceder à informação e tarefas direcionadas às suas funções ou posição no processo do desenvolvimento do produto. Seja o utilizador o modelista, designer ou comercial, a equipa poderá comunicar de uma forma rápida entre si. ▪


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

GATEWAY CITY COMICS

O SÍTIO ONDE TODOS OS SUPER HERÓIS SE ENCONTRAM omo surgiu a ideia de criar um espaço dedicado à BD, aos heróis e vilões? Desde que me lembro, que sou fã de BD, as minhas primeiras memórias são do tempo em que lia os Mickey que a minha mãe me comprava na papelaria da esquina. Nesse tempo lia tudo: Disney, a Mónica, Mafalda. Nos meus teens passei para o Asterix, Tintim, Lucky Luke e depois para a Marvel e a DC. Das minhas pesquisas em lojas de comics em Portugal nunca consegui encontrar nenhuma que me oferecesse tudo o que queria e foi dai que nasceu a ideia de ser eu a criá-la. Para além dos livros também têm outros produtos para os amantes de BD? A ideia quando formei a Gateway foi a de disponibilizar um espaço com todos os produtos relacionados com a BD. Neste momento temos as figuras, o merchandising ligado às histórias, filmes e livros, os colecionáveis que todos adoramos e que fingimos ser para os nossos filhos (mas na realidade são mesmo é para nós) e uma seleção de trabalhos realizados por autores portugueses no nosso portuguese corner. Estes produtos incluem os Universos Marvel e DC Comics bem como Anime, Mangá e temas alternativos como Adventure Time, Asterix ou Game of Thrones. Para construir o negócio quanto tempo levou e como foi? A ideia surgiu na minha cabeça há vários anos evoluindo com a maturidade e com o tempo. No início era apenas um sonho que se foi materializando com a experiência em gestão de negócios, os estudos de empreendedorismo realizados durante o MBA e com análises ao mercado. No início de 2017, decidi que era o momento de avançar, começando por formar a equipa da Gateway em conjunto com a minha irmã, Rute Serra, sócia no negócio e nessa altura desafiámos a Soraia Pinto que nos trouxe a sua larga experiência em marketing e produção Desde a escolha do local onde seria a loja, ao fornecedor do nosso website, passando pelo valor de investimento para o stock inicial, tudo fez parte de um grande desafio divertido de superar. Como em todos os inícios de negócio passámos muitas noites em frente a uma folha de excell

e muitos dias a bater “perna na rua” tudo regado, ocasionalmente, com umas boas risadas. No nosso curto tempo de vida, efetuámos, ainda, parcerias que consideramos terem sido vitais para o nosso crescimento tais como as que realizámos com a Feel, que nos dá apoio na gestão de redes sociais e marketing, com a Jumping Clay, que faz produtos exclusivos para nós e a Comic Hearts. De que forma trabalham a visibilidade da loja e da marca Gateway? A nossa marca é o nosso maior bem passando a estratégia para a sua visibilidade por várias ações que desenvolvemos no dia-a-dia. A principal prende-se com o espaço da loja que nunca quisemos que fosse apenas isso, mas sim um espaço agradável para os fãs, onde pudessem desfrutar de um ponto de encontro não só de conversas como de amigos com pontos de interesse comuns ou colocarem-se a par das últimas novidades. Este ponto de encontro materializou-se com o facto de sermos anfitriões de sessões de autógrafos de autores portugueses e estrangeiros, de termos realizado em Maio o evento do Free Comic Book Day associando um Artist Alley de quase 30 artistas e com a realização do Flea Market onde qualquer pessoa que tenha produtos relacionados com BD possa vir trocá-los ou vendê-los. Como complemento temos ainda a participação em eventos nacionais dos quais se destacam o IberAnime e a Comic Con onde levamos não só um espaço de venda, mas um espaço de demonstrações e atuações dos nossos parceiros num ambiente descontraído que é no fundo, aquilo que nos destaca. Qual é o público-alvo da Gateway? Somos um ponto de encontro para todos os fãs. Desde o pequenino que acabou de descobrir os filmes de super heróis até aos que ainda sentem saudades dos livros do Tintim ou do Mickey. Todos precisamos de heróis? Costumo dizer que há milhares de anos, as tribos rodeavam uma fogueira ao final do dia o que proporcionou a atividade de contar histórias. Gosto de pensar que estas primeiras histórias eram contos sobre heróis e sobre feitos inéditos que eram na altura um remédio para as feridas psicológicas das pessoas dessa época e promo-

SUSANA SERRA

viam, a força e resiliência dos membros da tribo. Não tenho dúvida de que os humanos de hoje têm muitas semelhanças com estas tribos. Numa altura em que a crise económica é um fator que pesa sobre os nossos ombros e em que a sociedade tem desafios que parecem impossíveis de superar como são exemplo as alterações climáticas, somos com certeza atraídos por histórias de heróis porque nos consolam e nos curam. ▪

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Desde pequena que Susana Serra é aficionada por banda desenhada. Do sonho à realidade, construiu uma loja que, no mínimo, é original. Venha agora conhecer a Gateway City Comics.


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“FAZEMOS O MELHOR QUE PODEMOS, MAS FALHAMOS SEMPRE EM ALGUM LADO” Sofia Campos, Diretora Geral da Live Wire, é formada em Economia e Gestão. Sente-se uma privilegiada por ter conseguido ingressar no mundo laboral logo após a conclusão do seu curso. Mãe de três filhos é hoje uma empreendedora de sucesso. Mas desengane-se quem pensa que é tudo perfeito quando se trata de fazer a gestão entre a carreira profissional e a família.

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ormada pela Universidade Católica Portuguesa, Sofia Campos começou o seu percurso profissional numa empresa pioneira no desenvolvimento de projetos de energias renováveis em Portugal, juntando-se à equipa como responsável pela estruturação do financiamento a parques eólicos. Pouco depois, Sofia Campos faz uma pausa na carreira. Atualmente mãe de três filhos, Sofia foi mãe muito cedo. “Parei dois anos para me dedicar aos meus filhos e estar mais disponível para ser mãe. Foi uma opção que tive de tomar”, começa por referir a nossa entrevistada. Durante esse período, Sofia frequentou dois cursos, a nível nacional e internacional, e, passados dois anos, depois de ter o terceiro filho, começa a trabalhar numa empresa developer de energias renováveis como gestora de projetos. É nesta altura que começa a viajar bastante, passando muito tempo fora de casa e de Portugal. Quando a organização sofre uma reestruturação sai da empresa e começa a trabalhar na Banca no departamento de análise de crédito e de financiamentos estruturados. Contudo, um ano depois, percebe que trabalhar na Banca não era o que a realizava. “Sentia que precisava de mais, de algo “palpável”. Por isso quis regressar para as empresas de engenharia, um mundo muito mais fascinante para mim”, afirma Sofia Campos. É nesta altura que integra a equipa do departamento de energias renováveis de uma empresa do setor da engenharia de forte componente tecnológica. Passados alguns anos é promovida para a área de desenvolvimento do negócio internacional do grupo e é quando se muda para a África do Sul para arrancar com a operação do grupo. “A minha vida sofre uma mudança radical. Numa fase inicial fui para a África do Sul sozinha e só mais tarde é que a minha família se junta a mim”, relembra Sofia Campos. Entretanto, o grupo faz a aquisição de uma empresa na África do Sul e Sofia assume a posição de CFO, ficando responsável por quase todos os departamentos administrativos. Quando essa organização começa a fechar as suas sucursais internacionais, Sofia tem de tomar uma decisão. É quando projeta, com o seu atual sócio, uma empresa direcionada para projetos na Etiópia: a Live Wire. No mercado há dois anos, a Live Wire é uma empresa que se dedica a projetos na área das linhas de transmissão, com o objetivo de trabalhar em países africanos. “Tem sido uma experiência rica, com momentos de muita alegria, mas também de dor. É aliciante a experiência de vida que se ganha, o contacto com culturas diferentes, mas também é desafiante

SOFIA CAMPOS

a tomada de decisões diárias, a qual é sempre um momento de dúvida e de incertezas por não sabermos o verdadeiro impacto das mesmas. No entanto, é bom poder implementar na empresa a forma como vejo o mundo, os meus valores e a forma como idealizo como uma empresa deve funcionar”, refere Sofia Campos para quem Portugal está agora incluído na estratégia da empresa, sendo o próximo passo encontrar parceiros portugueses para trabalhar o mercado da Etiópia.

“EM MUITOS MOMENTOS SENTI QUE NÃO TINHA VOZ”

“Definitivamente tenho um tratamento diferente pelo facto de ser mulher. Quer pela negativa, quer pela positiva. Não há meio-termo”, afirma Sofia Campos. Desde que ingressou no mercado de trabalho, Sofia esteve sempre ligada ao desenvolvimento de negócios em empresas de infraestruturas, uma área que ainda é vista como sendo uma área masculina, um mundo para homens. “São dois fatores muito fortes: ser mulher no mundo dos negócios e ser mulher num setor que ainda é vincadamente marcado pela presença masculina. Sou um peixe fora de água”, explica a nossa entrevistada. Acrescenta ainda que, neste “mundo de homens”, existem homens que consideram que Sofia não pertence ali, pelo facto de ser mulher, menosprezando as suas capacidades. Contudo, também existem homens que a vêm como uma mais-valia e uma “lufada de ar fresco” por ter uma visão diferente para a

solução de problemas. “Senti muitas vezes que não interessava o que se dizia, mas sim quem o dizia. Em muitos momentos senti que não tinha voz”, elucida-nos Sofia Campos. Sofia Campos explica ainda que África do Sul é um país bastante progressista no que diz respeito à igualdade de género, no entanto, na Etiópia, um país ainda bastante dominado pelos homens, sente que ainda existe uma falta de confiança nas capacidades das mulheres. “Preciso de algum tempo para ganhar a sua confiança e para ter credibilidade. Preciso de me esforçar mais do que um homem para conseguir “conquistar” este mercado. Mas é possível. É uma questão de resiliência, persistência e profissionalismo. Demora algum tempo, mas sinto que tenho conseguido ser bem-sucedida e conseguido ganhar o respeito por parte do homem durante o meu percurso profissional”, acrescenta a nossa interlocutora. Durante o seu percurso muitas pessoas perguntaram-lhe como é que conseguia conciliar a vida profissional com a família. A sua resposta era: não consigo. “Fazemos o melhor que podemos, mas falhamos sempre nalgum lado. Tentamos que seja o melhor possível, mas nunca é uma situação perfeita. Há sempre sacrificados numa altura ou noutra. E a razão pela qual quero realçar isto é porque há outras mulheres na mesma situação que eu e que vivem cheias de sentimento de culpa quando têm que fazer esta gestão entre a carreira e a família. Acho que acaba por ser uma utopia dizer-se que se consegue fazer perfeitamente a gestão entre a carreira e a família”, conclui Sofia Campos. ▪


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» HELENA AMARAL

“É O MEU TRABALHO QUE FALA POR MIM” “A pior coisa que pode acontecer numa sociedade é a homogeneidade, a diferença é algo magnífico”. Quem o diz é Helena Amaral, COO na Startover e uma mulher cheia de garra. Conheça-a agora.

“O mais difícil para o empresário português é a capacidade de delegar e de fazer parcerias. Os pequenos vingam quando se associam a parceiros que os complementem”

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ãe de uma rapariga e de um rapaz, gosta de relaxar ao som de musica e afirma-se como uma apaixonada por tudo o que faz. De forma a proteger-se, aprendeu a distinguir a vida pessoal da profissional mas diz que não existe nada que se faça de um lado que não se reflita no outro. Estudou Direito, no Porto, casada, esteve nos Açores a dar aulas e há mais de 20 anos que mora em Lisboa. “Fiz todo o meu percurso em empresas do ramo de software até entrar no mundo da consultoria. A Startover foi mais um desafio que abracei”. Enquanto consultora, Helena conhece inúmeras empresas e revela o que a maioria não gosta: reestruturação. Algo natural, segundo a consultora, uma vez que a humanidade repele a mudança e tudo o que é desconhecido. Além das mudanças sugeridas pelo serviço de consultoria um dos maiores desafios atuais é o RGPD - Novo Regulamento Geral de Proteção de Dados - que tem levantado muitas dúvidas por parte dos empresários e que, de acordo com a nossa entrevistada, num primeiro momento, não entendem a

importância da sua aplicabilidade, porém “depois de tudo explicado, concordam”. A par da mudança, “o mais difícil para o empresário português é a capacidade de delegar e de fazer parcerias. Os pequenos vingam quando se associam a parceiros que os complementem”. Outro problema apontado pela especialista é o “olharmos apenas para nós”, problema que com o turismo “talvez” possa ser atenuado se soubermos aproveitar bem a força com que estamos neste momento. “O empresário português tem de querer ir mais longe, tem de querer ir vender pela Europa”. Cada um de nós tem sempre algo a dar e foi com essa perspetiva que cresci na minha vida pessoal e profissional “Cada vez menos as empresas olham para as pessoas como sendo números. Sempre tive a sorte de estar em situações de trabalho com equipas, o que me fez estar rodeada de pessoas diferentes e me fez entender que o que é diferente é bom e é possível conjugar”. Considera-se muito curiosa e diz que isso foi extremamente importante para aprender muito daquilo que hoje sabe. “Ainda hoje con-

“ALÉM DE TUDO, OS PORTUGUESES SÃO POUCO ORGULHOSOS”

Para se ser bem-sucedido a receita é simples para Helena Amaral: “Não pode ser um desistente, tem de riscar do seu caderno de notas a frase «não consigo», conseguimos sempre! De forma direta ou indireta. Outra coisa importante é a importância da noção de partilha, de conhecimento e de sucesso. Se tivermos isto tornamo-nos empreendedores. A juntar ainda a tudo isto: a responsabilidade social. Qualquer empresário tem de entender que não tem apenas o colaborador como responsabilidade mas também a família daquela pessoa”. ▪

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HELENA AMARAL

tinuo a pedir que me ensinem, gosto de ensinar mas também gosto muito de aprender”. O ser mulher foi em tempos complicado, mas nunca deu importância a tal. Quando entrou no mundo da consultoria era das poucas mulheres em Lisboa que trabalhava na área, diz que combateu o preconceito ao ignorar juízos de valor errados. “Aos poucos as pessoas começavam a lidar comigo de forma profissional”. “Independentemente do género, todos são necessários nas empresas”, garante. “À minha filha ensinei-a a lutar pela competência e não a pensar na questão de género, ao meu filho ensinei-o a respeitar a diferença. Ambos percebem a importância da celebração do dia Internacional da Mulher”.


“A VIDA É UMA CONSTANTE APRENDIZAGEM E O IMPOSSÍVEL NÃO EXISTE” Ana Rocha Homem decidiu aos 50 anos arriscar mudar de vida e apostar tudo o que tinha aprendido num negócio à sua imagem. Assim nasceu a IHNCAM Advisory. Conheça esta história de coragem e irreverência.


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» ANA ROCHA HOMEM, EM ENTREVISTA tudo é acreditar em si mesmo, em Deus e nunca desistir”. Afirma que para si o impossível não existe, desde que “a pessoa sinta que tem o background e a força que se requer para o desafio que se pretende”.

IHNCAM ADVISORY

A génese do projeto passa por uma empresa de Assessoria Financeira que é um híbrido entre a banca de investimento e uma consultora. Oferecem serviços completos de A a Z e atuam em quatro grandes áreas de negócio: Angariação de funding; Compra e Venda de Empresas; Consultoria de Gestão; Apoio a investidores nacionais e internacionais.

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om um percurso profissional predominantemente na banca, no Grupo CGD (Caixa Geral de Depósitos), marcado previamente por duas empresas com funções em controlo de gestão e com o estatuto de trabalhador estudante, quando terminou o curso de gestão de empresas, ingressou na banca comercial e lá permaneceu durante quatro anos. Posteriormente mudou para a banca de investimento (aonde ficou 18 anos), apostando na diversificação de experiências institucionais e na acumulação de conhecimentos técnicos. No período inicial na banca, decidiu tirar duas pós-graduações, uma em gestão de instituições financeiras e outra em “corporate finance”, para mais uma vez sustentar a experiência que ia tendo com uma parte teórica. Conta que foi dessa forma que conseguia entender o porquê de fazer as coisas de determinado modo. “Estas várias passagens profissionais culminaram num ainda maior desafio quando decidi sair da banca de investimento aos 50 anos, para imple-

mentar um projeto que aí tinha iniciado, mas agora poderia lançá-lo com a dose de criatividade ajustada às necessidades de mercado e sem os constrangimentos próprios de uma grande instituição. Não podemos esquecer que o take-off é violento pois a exigência aumenta de um modo exponencial, na medida em que temos de ser estrategas, correr os nossos próprios riscos e ter a noção de que não podemos contar com ninguém além de quem está absolutamente envolvido no projeto. Diria que eu como várias pessoas que estão na sua zona de conforto, uma mudança destas é um “choque térmico “ repleto de emoções fortes. Aconselho-o a quem não tem problemas cardíacos, sobretudo aos 50 anos que já começa a ser uma idade crítica”, lembra a nossa interlocutora. Ana acredita que apenas deve fazer algo do género quem tiver “características de personalidade que revelem uma dose de irreverência QB, muita persistência, iniciativa, coragem, espirito flexível e revolucionário. Sendo que a chave de

A DIFERENÇA QUE É SER MULHER

“A sociedade quer muito que não haja nenhuma discriminação e tem havido grandes esforços para o efeito. Há que registar que o papel da Mulher na sociedade é tanto mais exigente quanto maior for a amplitude da sua responsabilidade. Há claramente um desajustamento entre a tolerância que se tem com os homens face ás mulheres em vários contextos e isso é um julgamento social que resulta de uma cultura enraizada ao longo de várias gerações. Não me querendo alargar em mais nenhuma consideração, apenas quero exprimir que adoro ser Mulher”, conclui a nossa entrevistada. ▪

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ANA ROCHA HOMEM

O nome “IHNCAM Advisory” resulta da conjugação das iniciais do nome da sua fundadora e dos dois sócios, professores no ISEG. De forma a implementar um projeto com a filosofia pretendida, Ana Rocha Homem certificou-se de “fazer a fusão entre pessoas com valências de banca de investimento e de uma instituição que tem como propósito ensinar a técnica que todos os que por lá passaram aprenderam. A promoção do ensino, (além do rigor técnico inquestionável) permite estarmos na crista da onda nas metodologias utilizadas que sustentam os Planos de Negócio e as Avaliações que elaboramos para os nossos clientes”.


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TEMOS AS FERRAMENTAS CERTAS PARA AJUDAR OS NOSSOS CLIENTES A ATINGIR OS SEUS OBJETIVOS Sílvia Palma é Diretora de Marketing da Streamroad Consulting e, em entrevista, conta que projeto é este e fala ainda sobre os desafios que as mulheres continuam a travar no mundo laboral e em sociedade.

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ual a parte mais aliciante do seu trabalho? A parte mais aliciante do meu trabalho é a necessidade constante de inovar e de nos adaptar a novos desafios. Sendo uma empresa que apresenta soluções a clientes com perfis distintos, temos, diariamente, de saber reagir a novas situações. A monotonia não existe no nosso vocabulário.

continua a ser uma responsabilidade da mulher. A minha geração acaba por viver no meio de dois padrões femininos quase antagónicos, as avós que não trabalhavam fora de casa e as mães que começaram a trabalhar fora de casa e educam-nos para o mundo do trabalho. Acabamos por receber esses dois modelos e começamos a fazer uma gestão difícil que, em muitos casos, resulta num acumular de tarefas e na falta de tempo. A família é, muitas vezes, o palco das maiores desigualdades de género. Uma pesquisa rápida na internet mostra-nos a disparidade que ainda existe, as mulheres despendem duas vezes mais tempo do que os homens a executar tarefas domésticas. E o incrível é que os padrões de educação não parecem estar a mudar.

A StreamRoad Consulting surge em 2009, com que propósitos e para responder a que necessidades do mercado? A empresa surgiu com uma motivação principal, aproximar os fabricantes do sector das TIC do seu próprio canal de distribuição, numa altura em que era necessário dotar estes parceiros de ferramentas de marketing que potenciassem o seu negócio. Com a entrada em cena da Streamroad, os fabricantes nossos clientes tiveram a oportunidade de estreitar os laços com o seu canal, beneficiando do crescimento do negócio que estas ferramentas permitiram obter.

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Enquanto diretora de marketing como define o perfil da empresa? Somos uma empresa que presta soluções de marketing e vendas em outsourcing, posicionando-se como uma agência especialista no setor das TIC. Neste setor, temos um vasto conhecimento do mercado com mais de 25 anos e as ferramentas certas para ajudar os nossos clientes a atingir os seus objetivos de negócio. A Streamroad distingue-se da sua concorrência pelo profundo conhecimento desta indústria, uma mais-valia na análise e diagnóstico das solicitações dos nossos clientes, permitindo-nos desenhar e desenvolver planos de ação e definir fatores críticos fundamentais para o seu sucesso, obtendo numa só agência, uma elevada satisfação num raio de serviços flexíveis e eficientes a 360°. Um estudo feito na Alemanha concluiu que os homens com flexibilidade de horário conseguem ser mais produtivos e aproveitam para trabalhar mais tendo em vista uma promoção, enquanto as mulheres tendem a usar esta flexibilidade para dar mais apoio à família. Qual é a sua opinião sobre isto? Acredito que o estudo esteja ajustado também à nossa realidade. Historicamente, a mulher sempre teve um papel mais ativo no apoio à família. O que acontece é que assumimos novos desafios e, em muitos casos, o apoio à família

SÍLVIA PALMA

“A família é, muitas vezes, o palco das maiores desigualdades de género. Uma pesquisa rápida na internet mostra-nos a disparidade que ainda existe, as mulheres despendem duas vezes mais tempo do que os homens a executar tarefas domésticas. E o incrível é que os padrões de educação não parecem estar a mudar”

Na sua opinião, o que têm as mulheres de fazer para que alcancem aquilo que a sociedade, ainda, não entende que lhes seja um direito (paridade)? O alcance dessa paridade passa pelo respeito por nós próprias e pela entreajuda feminina. Queremos a paridade, mas não estamos dispostas a provocar a mudança. Somos as primeiras a apontar o dedo aos casais onde o homem assume as tarefas domésticas ou onde a mulher tem um salário superior. Somos as maiores críticas do papel das mulheres, não aceitamos comportamentos fora da norma. Agimos como polícias de costumes que têm de ser perpetuados. Exigimos de nós o impossível e deixamos que a nossa individualidade desapareça, absorvida pela ânsia de provar que somos capazes de fazer igual. Entendemos, muitas vezes, paridade como uma padronização sem direito à diferença. E por fim, esperamos que a mudança venha de fora, que seja feita através de leis e quotas, passando o ónus para o campo das regras e não da mudança efetiva de comportamentos. Ao longo da carreira alguma vez sentiu que certas oportunidades lhe escapavam pelo facto de ser mulher? Na realidade não. Já fiz escolhas diferentes, já deixei de trabalhar para dar apoio à família. E não me senti diminuída por isso. Senti sim o preconceito vindo de outros. Entendo que a maior oportunidade da vida é poder fazer escolhas conscientes e que nos tragam bem-estar físico e emocional. Nesse período sem atividade profissional remunerada, aproveitei para estudar e para desenvolver outras competências. Foi uma época de oportunidades bem aproveitadas. ▪


BREVES BREVES

Próxima edição do NOS Alive já tem data

Está já confirmada a próxima edição do festival Alive, no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras: de 11 a 13 de julho de 2019. A 12.ª edição do festival, que esgotou rapidamente, começou na passada quinta-feira, sendo esperados cerca de 55 mil espectadores, dos quais 16 mil serão estrangeiros, em cada um dos três dias. Arctic Monkeys, Queens of the Stone Age e Pearl Jam são os cabeças de cartaz de um programa que conta com mais de uma centena de artistas e obriga, mais uma vez, os espectadores a fazerem um calendário do que querem e conseguem ver. Este ano, em termos logísticos, as principais novidades são o alargamento do relvado artificial a mais espaço do recinto e, no exterior, o aumento da oferta de opções de saída, com 30 autocarros da Carris, para facilitar o fluxo de movimento de espectadores entre Algés e três pontos na cidade: Marquês de Pombal, Cais do Sodré e Parque das Nações.

CULTURA

Inaugurada exposição de imagens de esculturas do Padrão Descobrimentos A caravela portuguesa nas mãos do Infante D. Henrique, o olhar de Camões e uma esfera armilar de Pedro Nunes são alguns dos pormenores captados em fotografias que serão expostas, a partir de hoje, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa. A exposição resulta de um levantamento fotográfico realizado por Luís Pavão às obras de restauro - realizadas em 2016 - das 33 esculturas que rodeiam o monumento. Margarida Kol de Carvalho, diretora do monumento, disse na sexta-feira à agência Lusa, numa visita à exposição, que a ideia inicial era fazer apenas o levantamento fotográfico do conjunto escultório emblemático dos Descobrimentos nesta “primeira grande intervenção de restauro nas esculturas”, num investimento de 264 mil euros.

PAÍS

Marcelo concorda com honras de Panteão para Mário Soares O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou-se hoje de totalmente de acordo em que sejam concedidas honras de Panteão Nacional ao antigo chefe de Estado e primeiro-ministro Mário Soares, falecido a 7 de janeiro de 2017. “Concordo plenamente e, isso, dá razão a uma observação que fiz há uns tempos de que se devia pensar a lei para não ter de ser mudada com esta periodicidade, devia ser repensada para ter a latitude suficiente para poder abarcar situações como esta justíssima do Presidente Mário Soares”, afirmou Marcelo à margem da inauguração da exposição “Boa Viagem, Senhor Presidente! 100 anos da Primeira Visita de Estado”, na Alfândega do Porto. Segundo o chefe de Estado, tem de se encontrar uma solução que não seja “tão rígida”que, depois, o parlamento tenha de “modificá-la, alterá-la e agitá-la caso a caso”. PS e PSD propuseram hoje uma alteração à lei para permitir que chefes de Estado atuais e anteriores possam receber honras de Panteão Nacional decorridos dois anos após a sua morte.

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MÚSICA


» PEDRO CASTANHEIRA, GERENTE DA CAYENNE INVESTIMENTOS, EM ENTREVISTA

CAYENNE INVESTIMENTOS – O MELHOR PARCEIRO

A Revista Pontos de Vista foi conversar com Pedro Castanheira, Gerente da Cayenne Investimentos, uma empresa com uma vasta história e que tem vindo a marcar a diferença pelo rigor, transparência e excelência que coloca na sua dinâmica.

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omo surgiu o conceito da Cayenne Investimentos? Em que ano se estabeleceu a empresa? A Cayenne Investimentos “nasce” da vontade de Dr. António Carlos, professor de história reformado, grande entusiasta pelo manutenção e preservação do património e pela experiência de mais de vinte anos de Pedro Castanheira na área de projeto, construção e reabilitação de imóveis. Estas origens profissionais tão diferentes fazem com que os projectos nasçam “fora da caixa”, isto é, são muito diferentes do que seria expetável de uma empresa deste ramo. A empresa nasce formalmente no ano de 2012. Fale-nos um pouco dos serviços que a Cayenne Investimentos dispõe atualmente. Qual é o vosso especial foco? A Cayenne Investimentos dedica-se à elaboração de projetos imobiliários em zonas Premium de Portugal e atualmente tem vários em fase de licenciamento nos concelhos do Porto e Caminha. Tem em fase adiantada de construção um emprendimento “Edifício Sobreiras 452”, sito na zona da Foz. O nosso foco é sempre a exclusividade dos projetos. Gostamos de preservar a identidade dos edifícios em que intervimos, modernizando-os, de modo a torná-los confortáveis para os futuros utilizadores.

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Como tudo se processa desde a angariação do imóvel até à venda do mesmo? Temos a vantagem de trabalhar com parceiros fantásticos que entendem muito bem o que fazemos e desde a compra inicial até à comercialização estão connosco. O nosso nome é uma referência neste mercado e há muitos clientes que nos contactam a pedir imóveis, pois sabem que a grande maioria dos projetos já nem são promovidos, pois

são vendidos muito antes de se iniciar a construção ou de serem apresentados ao mercado. No relacionamento que estabelece com o cliente, quais são os aspetos que a Cayenne mais tem especial atenção? Quais são os clientes que mais o procuram? Mostrar todos os pormenores da construção desde o plano, o tipo e marcas dos materiais utilizados bem como todas as licenças legais. O nosso principal objetivo é proporcionar a mais elevada qualidade. Explique-nos um pouco o vosso interesse em zonas Premium. Para podermos oferecer qualidade aos nossos clientes, não basta ter projetos, métodos construtivos e acabamentos de topo, precisamos de os complementar com as zonas Premium para ter um casamento perfeito. Qual é o vosso raio de atuação? Destaque algumas zonas/freguesias do Porto onde a sua intervenção é mais robusta. Como já referido o nosso raio de acção são as zonas PREMIUM, isto é, em termos Nacionais temos projectos na zona da Foz e baixa do Porto e em Caminha. Atualmente estamos a pesquisar oportunidades em Cascais / Estoril. Possuem parceiras estáveis com outras empresas que vos prestam serviços diretamente? Nós temos parceiros na área da construção com quem contamos sempre, pois são os melhores nas suas áreas, exemplo disso é o facto de serem sempre os mesmos em todos os projectos. Até ao momento, qual foi o projeto que mais o marcou?

Todos os projectos são especiais, mas talvez a construção de um Guest House na zona da Ribeira de Gaia foi a mais especial. Foi especial pelo facto de se recuperar a traça original do edifício, mantendo as raízes da zona onde estava inserido e o resultado final ficou fantástico! Qual – ou quais – os segredos do negócio da Cayennne? Bem, os segredos não se podem contar... mas a diferença da origem dos seus fundadores pode ser uma das razões para o sucesso. A máxima qualidade ao preço justo e a lisura de processos em todo o modus faciendi desde o projeto à comercialização. Quais os meios que usa para promover os seus imóveis? A promoção, numa fase inicial, foi a internet e os parceiros, hoje são os nossos clientes. Qual a mensagem que gostaria de passar aos seus clientes e potenciais clientes? Só construímos e comercializamos o melhor, quer na localização dos imóveis quer nos métodos de construção. Como qualifica o crescimento da empresa até ao momento? Tivemos um crescimento sustentado, sempre com um critério de avaliação cuidado de todos os investimentos que realizamos. Podemos dizer que o precurso tem sido bastante satisfatório. Quais são as suas perspetivas para o futuro? Encaramos o futuro de forma muito positiva e queremos continuar a crescer com base na sustentabilidade, confiança e colaboração de todos os nossos parceiros e clientes. ▪



»FACULDADE DE MEDICINA DE LISBOA E INSTITUTO DE MEDICINA MOLECULAR JOÃO LOBO ANTUNES

UMA UNIDADE DE INVESTIGAÇÃO, VÁRIAS RESPOSTAS Ana Maria Sebastião, neurocientista, lidera uma equipa de investigação na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, em Lisboa, comumente conhecido como IMM. À conversa com a Revista Pontos de Vista falou sobre os projetos que estão em curso neste momento no laboratório e que particularidades têm os mesmos.

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Unidade tem como principal objetivo genérico o estudo do controlo da comunicação entre neurónios, ou seja da atividade sináptica, e avaliar se este controlo está perturbado em certas patologias. O objectivo é saber se essas alterações em situação patológica podem ser revertidas com o uso de fármacos e assim abrir caminho para a descoberta de novas abordagens terapêuticas. Atualmente, a equipa é composta por seis sub-grupos de investigação encabeçados por seis doutorados e por estudantes de pós-doutoramento, de doutoramento e de mestrado. Avaliam em laboratório alterações do controlo da atividade sináptica em patologias como a doença de Alzheimer, síndrome de Rett, epilepsia, esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla ou ainda em situações de consumo prolongado de canabinoides. No caso da Doença de Alzheimer, o objetivo é estudar “disfunções muito precoces da actividade sináptica e identificar causas que levam a uma perca de eficácia de fatores de proteção. “Interssa-nos perceber como corrigir essas alterações iniciais de modo a travar a morte neuronal numa fase ainda muito inicial”, começa por explicar a professora. Este projecto é financiado pela Santa Casa da Misericórdia sob coordenação da professora Maria José Diógenes, pertencente à mesma unidade de investigação. Outro projeto, sobre o síndrome de Rett, acontece com financiamento da associação francesa de familiares e doentes com esta patologia, e em parceria com um grupo de investigação em Portland, Estados Unidos. O sindrome de Rett é uma doença rara, neuropediátrica, de perturbação da maturação do sistema nervoso e que leva a uma deteorização progressiva de autonomia e de capacidades cognitivas, onde a qualidade e a esperança média de vida são muito reduzidas. “Idealmente gostaríamos de compensar o que já está errado nos neurónios para permitir a recuperação ou pelo menos a não deteorização de algumas funções”, elucida Ana Maria Sebastião. Mas há ainda um longo caminho a percorrer. “Ambos os projetos (Alzheimer e Rett), andam muito em paralelo e são levados a cabo pelo mesmo sub-grupo de investigação. Têm muitas semelhanças, além da ironia de corresponderem a patologias nos extremos da vida: a infância e a 3ª idade”. A relação entre neuroinflamção e epilepsia é outro projeto a que a equipa se dedica. “As convulsões facilitam os processos inflamatórios e o processo inflamatório facilita a ocorrência de mais convulsões. É um ciclo vicioso. Se identificarmos pontos chave deste ciclo, ao reduzir a inflamação cremos que podemos reduzir a probabilidade de novas convulsões”. No âmbito da epilepsia a equipa está também a iniciar um projecto em colaboração com um investigador do National Institute of Health (NIH) dos Estados Unidos, que visa per-

PERFIL

ANA MARIA SEBASTIÃO

ANA MARIA SEBASTIÃO

ceber o mecanismo de acção de um novo fármaco com propriedades anti-epilépticas. Relativamente à esclerose múltipla, não são os neurónios que são afectados inicialmente mas as células que os suportam. “Queremos perceber se conseguimos aumentar a capacidade de regeneração destas células”. Para além dos neurónios, há diversas células no sistema nervoso muito importantes para o bom funcionamento dos neurónios. Estas células denominam-se globalmente como células de glia. Perceber em detalhe diversos mecanismos de comunicação entre células de glia e neurónios, para ampliar a capacidade protectora dos neurónios, é também matéria de investigação do grupo. No caso da esclerose lateral amiotrófica, onde é o neurónio motor que falha, Ana Maria Sebastião explica que o objetivo da investigação incide numa possibilidade de retardar o processo de redução de função e aumentar a capacidade sináptica a nível do circuito motor, amplificando o que ainda está a a funcionar”. No projecto de canabinoides investiga-se como estes afectam as sinapses, a memória ou a ansiedade, e como afectam a própria função dos canabinoides que existem endogenamente no cérebro. Ana Maria Sebastião está ainda envolvida em duas redes de investigadores, o Colégio “Mente Cérebro” e o Programa SynaNet O Colégio Mente-Cérebro promove a partilha de conhecimentos dentro da Universidade de Lisboa. Tem como objetivo incrementar uma atividade científica transdisciplinar, que tem em comum o conhecimento do cérebro e da mente, das relações entre cognição e funcionamento cerebral, bem como e as suas implicações sociais. Promove diversas actividades, frequentemente organizadas pelos próprios estudantes de Doutoramento de diversas Escolas e programas. Predende-se que ao ampliar a interacção entre as diversas Escolas da Universidade de Lisboa, se facilite a partilha de conhecimento e de tecnolo-

PROFESSORA CATEDRÁTICA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA INVESTIGADORA NO INSTITUTO GULBENKIAN DE CIÊNCIAS, OEIRAS (1987-1997) E DA FACULDADE DE MEDICINA (1997-PRESENTE). INTEGRA O IMM DESDE A SUA FORMAÇÃO EM 2003. DOUTORAMENTO (1987) EM FISIOLOGIA CELULAR, UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA; LICENCIATURA EM BIOLOGIA (1982), UNIVERSIDADE DE LISBOA. ÁREAS DE INVESTIGAÇÃO: NEUROMODULAÇÃO DA TRANSMISSÃO SINÁPTICA INIBITÓRIA E EXCITATÓRIA, E DA PLASTICIDADE SINÁPTICA, COM FOCO SOBRE A ACÇÃO DA ADENOSINA, CAFEÍNA, CANABINOIDES, NEUROTROFINAS; CONTROLE DA EXCITABILIDADE NEURONAL INIBITÓRIA E EXCITATÓRIA. NEUROPROTEÇÃO E REVERSÃO DE LESÕES NEURONAIS AGUDAS E CRÓNICAS. PAPEL DAS CÉLULAS DA GLIA NO CONTROLE DA ACTIVIDADE DOS NEURÓNIOS.

gias, enriquecedora da formação dos estudantes e dos trabalhos de investigação. Tem também o objectivo de facilitar a transferência de conhecimento para a sociedade fora da Universidade. Dentro dessa acção promovem-se debates e outras actividades abertos ao público em geral, a escolas do ensino básico e secundário, frequentemente em parceria com o programa ‘Ciência Viva’ e a Sociedade Portuguesa de Neurociências. A participação intensa do Colégio Mente-Cérebro na Semana Internacional do Cérebro e na Noite Europeia dos Investigadores, é disso exemplo. O programa SynaNet é financiado pelo programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia. Tem como objetivo a dinamização e partilha de conhecimento, de tecnologias, e intercâmbio de investigadores entre as quatro Universidades Europeias participantes. Permite igulamente a implementacao de atividas de treino avançancado ao nivel de estudantes de Doutoramento e troca de experiencias e conhecimento cientifico. Todos os parceiros do SynaNet estão ativamente envolvidos em projectos centrados no conhecimento do controlo da actividade sináptica e as implicações para o melhor perceber como combater doenças neurológicas ou psiquiátricas. Este programa europeu, coordenado pelo iMM e liderado por Ana Sebastião, está a dinamizar o desenvolvimento de novas valências a nivel regional e nacional na área das Neurociencias ▪




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