ESCAPADINHAS: Conheça os diversos destinos de sonho que temos para Si
PRODUTIV Cloud Computing em destaque ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS FARMÁCIAS O actual estado das Farmácias em Portugal CARLUCCI AMERICAN INTERNATIONAL SCHOOL OF LISBON A Educação Americana e Portugal
FOTOGRAFIA: DIANA QUINTELA
ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL - JULHO 2011 / EDIÇÃO Nº 9
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Helder Ferreira, Rita Ferreira e Marta Ferreira
Três gerações de advogados na Helder Ferreira & Associados em prol da Justiça Nacional
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Patrícia Calado, Drug Discovery & Development Director da BIOALVO. Biotecnologia em destaque
Vinho português de qualidade – Players revelam as mais-valias desta área
– Competitividade e Inovação assumem-se como os pilares da INTERNACIONALIZAÇÃO
Três gerações de advogados na Helder Ferreira & Associados – Grande entrevista sobre o estado da JUSTIÇA em Portugal
António Guerreiro de Brito, Presidente da Administração da Região Hidrográfica do Norte, I.P., e os Novos Desafios da Água em Portugal
Carlucci American International School of Lisbon – A Educação Americana em Portugal. Saiba o que aconteceu no dia 8 de Junho
Escapadinhas e Destinos de Sonho para as suas férias. As Melhores escolhas estão Aqui
12 O futuro do Universo Empresarial 16
Associação Nacional de Farmácias. Situação económico-financeira no circuito do Medicamento em Portugal
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FICHA TÉCNICA Propriedade, Edição, Administração e Autor Horizonte de Palavras - Edições Unipessoal, Lda
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Conheça o conceito Cloud Computing - Uuma das mais importantes tendências tecnológicas dos próximos tempos
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E JORGE ANTUNES
jorge.antunes@pontosdevista.com.pt
Capital Humano – Fonte de Competitividade Ao longo dos tempos o processo de contratação e demissão de pessoas sofreu relevantes mudanças desde a sua génese, pois numa era contemporânea abandonamos uma visão paternalista e individualista, tendo adoptado uma visão sistémica e humanista, tendo deixando de lado o termo funcionário e passado a adoptar o termo colaborador, saindo de um regime de portas fechadas e passando a optar por um regime de portas abertas.
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ão existem dúvidas que a capacidade de inovação por parte do universo empresarial é um requisito fundamental de avaliação, organização e destaque no mercado. Assim, para a competitividade existe um factor que é essencial, a Inovação, que deve resultar de uma abordagem corajosa, empreendedora e desprovida de preconceitos face ao conhecimento. Novos produtos, serviços, processos, metodologias de marketing ou organizacionais, internacionalização, entre outros, são potenciais conceitos subjacentes e inerentes às empresas que apostam neste domínio. A Inovação. Se a isso conjugarmos uma atracção, formação e desenvolvimento pelas pessoas sob a égide de parâmetros como a excelência e a qualidade, então alcançaremos o «El Dorado» numa orgânica empresarial, pois estaremos a promover a qualidade do empenho e o envolvimento da equipa na «causa» da empresa. Assim, não restam dúvidas que o êxito das organizações consideradas moder-
nas, dinâmicas e competitivas no mundo dos negócios empresariais decorre em grande parte de dois parâmetros: Inovação e Recursos Humanos de excelência. Naturalmente que a aposta no capital humano revela-se ainda mais preponderante, pois numa estrutura organizacional se propiciarmos meios tecnológicos, recursos financeiros e materiais a probabilidade de alcançar o sucesso é substancialmente superior, principalmente no domínio do lucro e da sustentabilidade. Mas estes «são apenas» valências físicas e inertes que necessitam de ser geridos de uma forma inteligente e racional para serem considerados mais-valias no seio de uma organização. Desta forma, o factor primordial e que se constitui como o elemento dinâmico e empreendedor das empresas, independentemente do sector de actuação, são as pessoas. A qualidade dos colaboradores, os seus conhecimentos, habilidades, competências e grau de satisfação aportam um forte impacto na produtividade e competitividade da organização. É que
as pessoas fazem realmente a diferença num ambiente competitivo. Como os recursos humanos constituem o elemento crítico em cada componente da empresa, uma eficiente gestão de recursos humanos é baseada na responsabilidade de cada líder de determinada área, algo que não se afigura como uma tarefa simples. Assim, o gestor necessita de adquirir uma visão sobre como lidar com temas relacionados com pessoas, tendo como desiderato principal alinhar fitos pessoais com os objectivos organizacionais, obtendo assim uma ampla perspectiva dos recursos humanos para alcançar o sucesso profissional e assim promover a organização/empresa rumo à excelência, competitividade e sustentabilidade. Numa altura em que tanto se fala de crise, dá que pensar. Darão os empresários nacionais o devido valor ao seu capital humano? A Inovação é importante e muitos postos de trabalho foram extintos com o advento da tecnologia, mas, ainda assim, as pessoas são o diferencial.
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Cost and Profitability
Promoção da competitividade “A Cost and Profitability tem tido o papel de evangelização em Portugal para esta nova metodologia e temos sentido uma enorme receptividade não só porque o TDABC é algo inovador mas tambem porque existe uma necessidade cada vez maior por parte das organizações de ter este tipo de informação para poder decidir” revela Miguel Guimarães, Partner | Cost and Profitability Consulting Lda, em entrevista à Pontos de Vista. Leia mais e conheça as mais-valias da Cost and Profitability
Miguel Guimarães
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uma época de constrangimentos económicos todas as ferramentas que promovem a rentabilidade e a competitividade das empresas são importantes. Neste âmbito, qual as bases em que se forma a metodologia TDABC? O TDABC tem as suas origens no Activity-Based Costing (ABC). O ABC é uma metodologia de custeio que identifica as actividades de uma organização e distribui os custos dos recursos de cada actividade a todos os seus produtos e serviços, considerando o seu consumo real. Durante os últimos anos foram identificadas alguns desafios na implementação do ABC nomeadamente na sua complexidade de construção e manutenção do modelo. O TDABC resolve estes problemas através da introdução do conceito da Time-Equation que basicamente traduz as actividades de um departamento numa equação que nos dá o custo e tempo utilizado para cada transacção. O TDABC constrói-se a partir do mapeamento das actividades onde se capta tanto quanto possível as diferentes opções da transacção. Por exemplo quando se recebe uma encomenda esta pode ser recebida por email, fax ou telefone e cada uma vai ter um tratamento especifico que ira demorar mais ou menos tempo. Onde dantes o ABC alocava de uma forma simplificada o custo pelo número total de encomendas de cada cliente hoje o TDABC permite identificar e quantificar a complexidade inerente a cada encomenda por cliente e através da sua equação facilmente conseguimos ter a visibilidade e transparência no verdadeiro custo e rentabilidade de cada produto, serviço e cliente. De que forma pode a mesma contribuir para uma optimização dos processos, redução de custos e maximização dos lucros? O TDABC tem sido revolucionário pela forma como apresenta á gestão de topo dados e informação de apoio á decisão e pela facilidade com que se consegue simular e quantificar o impacto destas decisões no futuro. Temos visto a sua aplicação nas mais diversas iniciativas estratégicas: no cálculo do custo e rentabilidade em diferentes dimensões, na gestão e optimização de referências de produto, na redefinição da estratégia de
pricing, na análise de capacidade utilizada, na criação e utilização de benchmarks, na optimização de processos e complementaridade com o Lean, no controlo de custos de serviços partilhados, etc. Dou-vos um exemplo muito prático da nossa experiência em projectos. Numa empresa um dos problemas que sentiam era o facto de os preços dos seus serviços serem constantemente esmagados por um dos seus clientes. Na falta de dados foram-se acrescentando serviços e produtos mantendo o preço inicial de contracto. Chegou-se a um ponto onde todos tinham a sensação que aquela conta não era rentável mas não se conseguia demonstrar. Iniciou-se um projecto de TDABC para perceber de que forma se poderia quantificar todos os custos dos serviços do cliente para se poder apresentar e discutir soluções. Verificou-se que este cliente raramente enviava encomendas por uma plataforma electrónica disponível. Convocou-se uma reunião com o cliente onde se mostrou a complexidade da operação de todos os serviços e os seus custos associados. Conseguiu-se não só evitar reduzir o preço do serviço mas tambem implementar um indicador de performance com o objectivo de aumentar a utilização da plataforma electrónica para 90 por cento com um impacto estimado de redução de custos de 15 por cento. Qual tem sido a receptividade por parte dos empresários portugueses a estas novas ferramentas e metodologias inovadoras? De que forma ainda estão cépticos relativamente às mesmas? A Cost and Profitability tem tido o papel de evangelização em Portugal para esta nova metodologia e temos sentido uma enorme receptividade não só porque o TDABC é algo inovador mas tambem porque existe uma necessidade cada vez maior por parte das organizações de ter este tipo de informação para poder decidir. E este interesse é sentido em todas os sectores desde organizações na área da Saúde, passando pela Banca e Seguros até á Logística e Industria. Quais são os principais serviços disponibilizados pela Cost and Profitability e de que forma é que acrescentam valor aos vossos clientes? Para ajudar as empresas a Cost and Profitability disponibiliza cinco serviços: - O Diagnóstico que tem o objectivo de avaliar o estado actual da empresa em termos de sistemas de custeio e análise de rentabilidade e quantificar o potencial ganho com a imple-
mentação de metodologias mais avançadas. - A Implementação onde para cada empresa, tendo em conta a sua complexidade, será definido um plano de projecto sendo as principais fases a definição de objectivos, o mapeamento de processos, a recolha de dados, a criação do modelo de custeio mais adequado, a análise e simulação de cenários e por fim a identificação e implementação das acções de melhoria. - A Selecção de Software onde em conjunto com o nosso cliente definimos os requisitos e funcionalidades necessárias para a aquisição e implementação de uma ferramenta de software para análise de custos e rentabilidade, avaliamos a melhor solução e efectuamos uma recomendação. - A Formação onde através de workshops ou eventos transferimos o nosso conhecimento e criamos competências nas equipas dos nossos clientes para poderem desenvolver e implementar estas novas metodologias. - O Coaching onde damos o acompanhamento personalizado á pessoa ou equipa de projecto responsável pela analise de custos e rentabilidade na organização. Quais são as principais prioridades da Cost and Profitability para o futuro? Vamos continuar a divulgar e a promover o TDABC e a ajudar as organizações nesta missão de perceber o verdadeiro custo e rentabilidade dos seus negócios. Aguardamos a decisão de algumas propostas de projecto uma delas numa das maiores empresas nacionais. Temos uma série de eventos e workshops planeados para Setembro e Outubro e estamos tambem em constante contacto com as Universidades onde vemos já muitas teses de doutoramento e mestrado nesta área e sempre que possível iremos dar o apoio com o nosso conhecimento. Eu diria que o objectivo a médio-longo prazo é que a Cost and Profitability seja uma referência internacional na área de Performance Management. De que forma é que tem vindo a posicionar-se no mundo do Business Analytics? Existe uma frase de um CFO que gosto de utilizar para posicionar o que fazemos: “Without the proper understanding of client profitability, all of these other analytics are out of context. (…) You should never execute strategy without first understanding where, who and what is making and losing the business money.” LER NA ÍNTEGRA www.pontosdevista.com.pt
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PRODUTIV Software de Negócios
Solução de Decisão Global Desenvolveu uma plataforma integrada de gestão que permite a criação de uma organização onde não existem papéis a circular, emprega trinta pessoas e já pensa na internacionalização. Esta é a PRODUTIV Software de Negócios, apresentada à Pontos de Vista pelo seu Director Geral, Alexandre Campos.
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Alexandre Campos
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riada por um grupo de investidores e investigadores oriundos de diversos sectores de actividade, a PRODUTIV Software de Negócios, que chegou ao mercado no final de 2010, desenvolve e comercializa a solução Produtiv - Plataforma Integrada de Gestão, que permite a criação de uma organização onde não existem documentos a circular. Logo na recepção, os documentos são registados, digitalizados e arquivados. Nesse mesmo momento são, de imediato, actualizadas contas correntes, despesas e proveitos, e toda a informação de gestão da empresa, devido à parametrização contabilística subjacente a todos os documentos recebidos. A Solução PRODUTIV antecipa a próxima geração de software orientado para os serviços, com níveis de execução e colaboração que combinam várias actividades e processos de negócios sofisticados, proporcionando a evolução das organizações para os universos do “cloud computing” e do e-Business. “O conceito cloud computing permite aceder a informação de qualquer tipo, estando esta alojada em Datacenters. É possível a partir de qualquer lugar e a qualquer momento aceder a informação sem ter nada instalado localmente, eliminando assim os custos internos com servidores, antivírus e assistência técnica, aumentando desta modo a eficácia e produtividade dos nossos parceiros”, afirmou Alexandre Campos. Quando há seis anos iniciou este projecto, Alexandre Campos conhecia bem o mercado de software e as suas tendências e sabia que todas as organizações tinham já software de gestão. “Deste modo, nenhuma compraria tecnologia pela tecnologia em si, mas apenas se esta se mostrasse indispensável e acres-
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Os empresários estão efectivamente a acolher bem a ideia Produtiv e entendem que, de facto, é algo que traz mais-valias. Porém, mudar, é um tópico que nas organizações que é sempre mais difícil de concretizar, sobretudo porque há esta ideia de simplicidade que a Produtiv transporta e que causa espanto nos que ainda não conhecem o cloud computing. Aceder à informação através de um simples acesso à Internet assusta as pessoas que pensam: como é que até aqui tinha tantos custos com software e hardware e agora, com base num aluguer mensal, consigo uma melhor resposta?
centasse efectivamente valor à organização, através de um conceito diferenciador como é a Plataforma Produtiv”. Neste sentido, a receptividade dos empresários portugueses ao conceito de gestão da informação implementado pela PRODUTIV Software de Negócios tem sido elevada. Contudo, conforme referiu Alexandre Campos, existe sempre alguma resistência quando chega o momento de mudar processos e formas de trabalhar a informação: “Os empresários estão efectivamente a acolher bem a ideia Produtiv e entendem que, de facto, é algo que traz mais-valias. Porém, mudar, é um tópico que nas organizações que é sempre mais difícil de concretizar, sobretudo porque há esta ideia de simplicidade que a Produtiv transporta e que causa espanto nos que ainda não conhecem o cloud computing. Aceder à informação através de um simples acesso à Internet assusta as pessoas que pensam: como é que até aqui tinha tantos custos com software e hardware e agora, com base num aluguer mensal, consigo uma melhor resposta?” Para combater esta resistência, a equipa liderada por Alexandre Campos aposta na formação que dá a eventuais parceiros, bem como em acções de esclarecimento, fazendo ainda valer o reduzido tempo de implementação de que a plataforma necessita até estar em pleno funcionamento dentro de uma empresa: “Quando estabelecemos uma parceria com uma empresa que está a dar os primeiros passos, tudo é mais fácil, porque nunca tiveram outra experiência e reconhecem a mais-valia da Produtiv, mas o facto de a nossa implementação durar apenas cinco dias no máximo e não ter qualquer impacto na vida da organização, porque esta apenas dá formação,
sendo que tudo o resto é efectuado internamente pela Produtiv”. A Plataforma Produtiv não foi desenvolvida com base em módulos, eliminando por isso os habituais constrangimentos de integração e configuração. Para além de um workflow organizacional, com ferramentas de produtividade e comunicações, a Plataforma Produtiv disponibiliza um verdadeiro E.R.P. (Enterprise Resource Planing), onde não é possível fazer qualquer registo, sem que o mesmo tenha expressão contabilística. “Estes conceitos são inovadores, nomeadamente o registo único, que é uma novidade a nível mundial. Assim, nunca fazemos mais do que um registo para o mesmo documento. Quando um cheque
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Estes conceitos são inovadores, nomeadamente o registo único, que é uma novidade a nível mundial. Assim, nunca fazemos mais do que um registo para o mesmo documento. Quando um cheque dá entrada e é registado, mesmo que seja devolvido pelo banco cinquenta vezes, não volta a ser registado. Isto é válido para todos os registos que se façam, e estamos assim a eliminar um conjunto de trabalho braçal que era feito até aqui e que desaparece com a nossa plataforma
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dá entrada e é registado, mesmo que seja devolvido pelo banco cinquenta vezes, não volta a ser registado. Isto é válido para todos os registos que se façam, e estamos assim a eliminar um conjunto de trabalho braçal que era feito até aqui e que desaparece com a nossa plataforma”. A simplicidade e fiabilidade apresentadas pela Produtiv abrem ainda as portas de uma nova era de gestão: “A facilidade, fiabilidade e disponibilidade com que os dados ficam acessíveis aos gestores através da Plataforma Produtiv, transporta-nos para uma nova era de gestão. Conseguimos isto através do princípio da responsabilidade, da coordenação e da autoridade, dado que tudo o que é importante para a organização tem que ser autorizado. Isto acontece porque detectamos que nos sistemas existentes as falhas dos utilizadores se relacionavam com a ausência desses conceitos. Garantimos assim ao gestor que sempre que quer aceder a uma determinada informação ela está efectivamente disponível. Posso então aceder-lhe em qualquer altura, sem percorrer uma montanha de papéis ou extensivos mapas de gestão”. A PRODUTIV Software de Negócios apresenta-se no mercado com uma postura inteiramente inovadora, abrangendo não só o tipo de Solução que propõe, como toda a envolvente estratégica, tecnológica e de negócio, pois só assim pode assumir a sua vocação para induzir a criação de valor para as organizações, independentemente da sua dimensão, sector de actividade e personalidade.
Internacionalização é aposta de futuro
A PRODUTIV Software de Negócios está neste momento a consolidar a sua
posição no mercado nacional, mas tem já em vista boas perspectivas de internacionalização. Este objectivo está há muito definido, estando a sua plataforma preparada em diferentes idiomas, o que facilita a entrada em novos mercados. A Produtiv está atenta aos mercados emergentes, como os Países de Língua Oficial Portuguesa, sobretudo Angola, país que a breve prazo deverá receber a plataforma, conforme afirmou Alexandre Campos: “Temos uma plataforma adaptada aos sistemas de fiscalidade ocidentais e neste sentido a internacionalização é um objectivo e, por isso, temos neste momento pessoas a trabalhar no Produtiv em diferentes idiomas, nomeadamente inglês e espanhol, além do português e francês. Neste momento temos uma perspectiva de internacionalização para Angola, através de uma empresa que já é nossa parceira em Portugal e que detém organizações nos PALOP, mas temos ainda contactos com o Reino Unido e África do Sul”. Numa altura em que a economia portuguesa tanto necessita do sentido empreendedor e criativo dos empresários para ultrapassar os actuais constrangimentos, a PRODUTIV Software de Negócios apresenta-se como exemplo a seguir, porque acredita na emergência de uma Solução de Decisão Global, desenvolvida com recursos e know-how Portugueses, capaz de antecipar a resolução das variáveis inerentes ao controlo dos negócios. A Produtiv é assim uma plataforma de know-how e inovação nacionais, abrangente e que cobre todas as necessidades das organizações, permitindo aos utilizadores fazer tudo, mas absolutamente tudo, sem sair do Produtiv. Julho 2011 Pontos de Vista
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Sem qualquer ajuda do Estado
OVH investe 10 milhões de euros no Cloud Computing
No âmbito de propor às empresas serviços inovadores na área do Cloud Computing, a OVH realiza grandes investimentos. Em Roubaix (França), a empresa finalizou a construção de novas salas de alojamento, todas elas projectadas tendo em conta o respeito pelo meio ambiente. Um desafio tecnológico No espaço de seis meses, a OVH gastou mais de 10 milhões de euros no Cloud Computing, sem beneficiar de nenhuma ajuda governamental. A empresa enfrentou o desafio tecnológico, levando a cabo a construção de novas salas de alojamento ecológicas em Roubaix (França). Graças a isso, a OVH coloca actualmente à disposição, soluções adaptadas às necessidades dos seus clientes. Para muitas das suas ofertas, tais como o Private Cloud, o alojador OVH garante já uma disponibilidade quase total dos seus equipamentos (99,99999 por cento).
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Graças a isso, a OVH coloca actualmente à disposição, soluções adaptadas às necessidades dos seus clientes. Para muitas das suas ofertas, tais como o Private Cloud, o alojador OVH garante já uma disponibilidade quase total dos seus equipamentos (99,99999 por cento)
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Para obter um tal resultado, a OVH escolheu investir numa infraestrutura perfeitamente redundada: cada servidor, espaço de armazenamento ou caminho na rede está duplicado. A empresa teve então de investir na aquisição de 3500 servidores, bem como 220 conjuntos de armazenamento de alta disponibilidade para os seus serviços Cloud.
Baixo impacto ecológico
Na larga maioria das salas de alojamento recorre-se a ventiladores para arrefecer
o interior dos servidores informáticos, assim como a equipamentos de ar-condicionado para arrefecer o ar envolvente. Estes sistemas consomem quantidades consideráveis de electricidade, por vezes tanto quanto os servidores que devem arrefecer. A OVH decidiu então implementar um método inédito para manter os seus equipamentos a uma boa temperatura. Cada sala utiliza um sistema de water-cooling, sem climatização. As performances são óptimas e o impacto ecológico limitado. E esta redução de consumo de energia eléctrica tem re-
percussões favoráveis sobre os preços. Sendo o custo energético dos nossos servidores menor, os nossos clientes beneficiam sempre dos preços mais baixos. Saber mais: http://www.ovh.pt/
Conheça a OVH Fundada em 1999 por Octave Klaba, a OVH é uma sociedade independente baseada em Roubaix. Número 1 do ramo do Web-hosting em França e posiciona-se no sexto lugar mundial no registo de nomes de domínio (fonte Netcraft Abril 2011).O seu maior trunfo? Uma relação qualidade / preço inigualável no mercado que faz dela a verdadeira referência dos actores da Internet. Com bastantes vantagens tecnológicas, tais como um sistema exclusivo de arrefecimento dos servidores, a OVH sempre preconizou a inovação e a performance tendo sempre a preocupação de respeitar na sua actividade implementação de métodos ecológicos, com vista a proteger o ambiente. Alojando numerosas web-rádios e as maiores redes de servidores de jogos, a OVH lançou a si própria um desafio tornando-se também Fornecedor de Acesso à Internet. Bem inserida no mercado mundial, a OVH estende o seu know-how pela Europa e muito mais além, através das suas 15 filiais existentes, com outras em perspectiva.
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Luís Inverno, Director da PTisp, em discurso directo
Ptisp - Uma Marca de confiança no negócio “Apresentamos soluções adaptadas a todo o tipo de negócios e investimentos, adequadas ao que o cliente procura e ao que o seu negócio precisa, mas onde as nossas soluções se destacam das concorrentes é porque nos preocupamos em torná-las altamente escaláveis e adaptáveis para que assim possam crescer com o negócio do cliente e suportar a volatilidade do mercado”, esclarece Luís Inverno, Director da PTisp, que em entrevista à Revista Pontos de Vista nos revelou as potencialidades de novos conceitos que vão surgindo neste mercado em prol da competitividade. A não perder.
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uando é que surge a PTISP e de que forma tem vindo a crescer no mercado, tornando-se assim uma referência no sector neste domínio? A PTisp faz este ano exactamente dez anos, o seu crescimento tem sido bastante proporcional ao da internet. À medida que a internet se foi tornando não só usual e indispensável para o dia-a-dia das pessoas, assim também a PTisp se foi afirmando como parceiro de confiança para os serviços online dos Portugueses.
Quais são os principais produtos e serviços «made in» PTISP e qual o nível de implantação em território luso actualmente? Quais as principais dificuldades sentidas? Agora, podemos dizer que o produto chave da Ptisp é o Cloud Hosting ou Alojamento em Nuvem. Este é um novo conceito tecnológico que consiste numa arquitectura de interligação de equipamentos totalmente redundante capaz de oferece uma interdependência tão consistente que é como que se fundisse as partes num todo, bem à semelhança daquilo que é uma nuvem. É esta arquitectura que permite, ao cliente, beneficiar dos recursos de vários servidores ao mesmo tempo, de forma quase ilimitada contando com a mais elevada performance e disponibilidade. Somos pioneiros em Portugal com um projecto 100 por cento nacional e foi lançado há muito pouco tempo, mas regra geral, podemos dizer que as novidades tecnológicas costumam ser muito bem acolhidas em Portugal. Vivemos actualmente uma crise económica/ financeira que poderá manietar investimentos em determinados serviços e produtos. Assim, de que forma é que as metodologias e ferramentas da PTISP promovem a competitividade e a optimização de recursos de quem vos procura?
A presença online é, por si só, um investimento reduzido que pode levar o nome de uma empresa bem mais além da sua
zona de influência, aumentando o seu número de clientes target à escala mundial. Pensando exactamente nisso, a Ptisp tem planos de alojamento+domínio+vale de publicidade num dos motores de busca mais usados, o Google, ou seja uma solução chave na mão, a preços tão baixos quanto 51 euros por ano! E pensando nos muitos que não são assim tão hábeis com computadores, incluímos no preço, um painel de control intuitivo, que entre muitas funcionalidades e aplicações pré-instaladas traz um site-builder, isto é uma ferramenta que lhe permite ter um site pronto em minutos. De que forma é que as vossas soluções e metodologias podem ser adaptadas ao core business de cada empresa? Existe a solução feita à medida? Apresentamos soluções adaptadas a todo o tipo de negócios e investimentos, adequadas ao que o cliente procura e ao que o seu negócio precisa, mas onde as nossas soluções se destacam das concorrentes é porque nos preocupamos em torná-las altamente escaláveis e adaptáveis para que assim possam crescer com o negócio do cliente e suportar a volatilidade do mercado. Para além dos planos pré-definidos que, como os números de sapatos, calçam a maioria dos pés, construímos soluções totalmente customizadas, comprometidas num Suporte ao Cliente 24/7 e capazes de responder a qualquer necessidade. Os empresários portugueses têm vindo a apostar forte na inovação e modernização das suas organizações, contudo, este cenário nem sempre foi assim, existindo ainda alguns empresários que apostam pouco neste âmbito. Qual a receptividade aos vossos produtos e soluções e de que forma são as mesmas uma mais-valia? Como disse, a aderência aos nossos produtos é muito pautada pela preponderância que a internet tem assumido nos últimos tempos. Felizmente durante este boom de crescimento da internet, soubemos estar á
altura, muitas vezes arriscando com novas tecnologias e soluções, sempre tentando andar a par e passo com a evolução, isto, conjugado com uma presença, honesta e perseverante no mercado, fez da Ptisp uma marca de confiança no negócio. De que forma é que a utilização de tecnologias como as vossas podem representar um impacto positivo na economia do país? Muito embora, em Portugal, ainda não tenha sido bem avaliada a potencialidade de crescimento económico que a internet, por si só produz, nem a sua eficácia na dinâmica de oferta/procura e até geradora de postos de trabalho, hoje em dia ela já desempenha essa função. No que nos diz respeito, contribuímos para fortalecer essa dinâmica oferecendo, tráfego 100 por cento nacional em ligações mais rápidas e seguras, promovendo a manipulação da rede enquanto instrumento de trabalho e fonte de rendimento seja em lojas online, sites empresariais, prestação de serviços à distância, pontos de troca de informações etc.
O serviço pós venda é fundamental. Assim, de que forma é que acompanham o vosso cliente neste domínio? Esta é, se quiser, a chave do sucesso da PTisp. Nós estamos lá para o cliente, nós atendemos o telefone, respondemos aos e-mails e falamos com o cliente! Independentemente do dia ou da hora, o cliente PTisp sabe que pode contar connosco se tiver um problema ou se precisar de uma ajuda ou conselho. Isto distingue-nos pela positiva, não só porque é garantia de segurança, mas também porque, assim, ajudamos o cliente a tirar o máximo partido do serviço que tem. Podemos dizer que apesar de ser uma prestação de serviço à distância e de, felizmente termos grande número de clientes, temos uma relação próxima com todos eles. O nosso helpdesk é constituído por profissionais que asseguraram, 24/7/365 o acompanhamento dos clientes
Luís Inverno em todos os processos, e que tentam, acima de tudo, humanizar essa relação e não transformar-se em atendedores automáticos de chamadas.
A internacionalização faz parte dos vossos desideratos? Se sim, quais os mercados predilectos? De que forma actuam nos mesmos? Sim, claro. Não vivemos avidamente a pensar em abarcar outros mercados, até porque paulatinamente isso tem acontecido sem que tenhamos sequer pensado muito nisso, mas é uma das apostas futuras da Ptisp. Aliás, mais que uma aposta é o passo lógico a dar, à medida que se cresce numa indústria globalizada como a internet, vai-se também ganhando visibilidade a nível mundial e isso impulsiona-nos, naturalmente, nesse sentido. Julgando pela procura que até agora temos tido, Espanha e Brasil seriam apostas ganhas, mas também existem países Africanos que mostram um desenvolvimento notável na área e que, como tal, também tem merecido a nossa atenção. Quais são as principais prioridades da PTISP de futuro? A internacionalização é uma delas, mas acima de tudo é continuar a honrar o compromisso que todos os dias assumimos com os nossos clientes de fazer cada vez mais e melhor.
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Microsoft – Parceiro de excelência
“Quem não inova irá desaparecer de forma prematura”
Sérgio Martinho
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Microsoft é hoje sobejamente conhecida e reconhecida pela sua capacidade inovadora e tecnológica. Neste âmbito, como tem actuado a Microsoft face aos seus concorrentes em Portugal, tendo sempre como desiderato principal o apoio aos seus clientes? Porque nenhuma empresa pode per si responder a todas as solicitações de todos os clientes, a Microsoft trabalha em conjunto com parceiros, clientes e concorrentes para produzir os níveis de inovação e interoperabilidade que é por todos desejados. Quais são os principais serviços e produtos disponibilizados pela Microsoft no âmbito do open source e de que forma é que os mesmos são importantes na orgânica das organizações dos vossos clientes? Que mais-valias é que lhes aporta? Prestamos o nosso contributo e estabelecemos parcerias com as comunidades de Open Source, além de promovermos a interoperabilidade, para que o desenvolvimento e a gestão de ambientes de TI mistos se transformem num processo mais simples e económico para os clientes. Participamos activamente no processo de definição de normas e suportamos normas estabelecidas e emergentes nos nossos produtos.
As soluções open source assumem-se hoje como fundamentais no mercado actual. com a introdução das mesmas acredita que estamos a entrar numa nova era de gestão? O Cloud Computing assenta as suas linhas mestras nesta nova era de gestão? Estamos abertos na cloud. À medida que a Microsoft faz esta enorme transição para a computação baseada na cloud, estamos a faze-lo de uma forma aberta. Os programadores podem desenvolver em Java, PHP, Ruby ou outra ferramenta de desenvolvimento Open Source para que possam tirar o máximo partido do seu conhecimento em Open Source na plataforma de cloud da Microsoft. De que forma é que as vossas soluções e me10
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Os desafios são vastos para a Microsoft, que no domínio das tecnologias é actualmente um dos principais, se não o líder, protagonistas a nível mundial, sendo fundamental na orgânica quotidiana das empresas nacionais, promovendo, através de soluções de topo, a competitividade e a qualidade dessas mesmas empresas, respondendo afirmativamente a todas as solicitações dos seus clientes. Além disso, “espera-se que a indústria das tecnologias da informação venha a desempenhar um importante papel na recuperação económica nos próximos anos, onde a Microsoft estará numa posição de destaque”, revela Sérgio Martinho, Director da Microsoft.
todologias podem ser adaptadas ao core business de cada empresa? Existe a solução feita à medida? O portfólio de soluções da Microsoft é extraordinariamente abrangente pois estamos desde os sistemas operativos às soluções de produtividade, passado pelas ofertas de segurança, base de dados, de gestão, CRM, ERP, entre outras, sempre pensadas para aportar o máximo de valor aos nossos clientes bem como servir de base aos nossos parceiros que adicionam valor na forma de soluções e/ou serviços. De que forma pode a mesma contribuir para uma optimização dos processos, redução de custos, incremento de receitas e maximização dos lucros? O IT numa organização terá de ser cada vez mais encarado como uma ferramenta estratégica que visa ajudar a optimizar e a inovar. Se assim não for então o potencial do IT não está a ser devidamente explorado. Veja-se o caso da enorme transição que a Microsoft está a fazer para a computação baseada na cloud. As nossas ofertas baseadas na Cloud permitem agilizar processos, uma rápida adaptação às condições de mercado, através da passagem do CAPEX para o OPEX, não mais é necessário ter grandes capacidades financeiras para investir na infra-estrutura.
Uma solução open source é uma aplicação cujo código está “aberto”, ou seja, o utilizador pode contribuir para a própria evolução da ferramenta “mexendo” no próprio código. Quais as vantagens desta metodologia? É uma questão de escolha; este modelo possibilita inclusivamente diferentes modelos de distribuição como complemento ao software comercial. O Open Source oferece oportunidades e desafios para a Microsoft. Do lado das oportunidades, a força da Microsoft está directamente relacionada com a quantidade de software que corre na plataforma Windows. Existem cerca de 50.000 parceiros que desenvolvem software comercial na nossa plataforma. E se juntarmos os milhares
de projectos Open Source que também correm na plataforma Windows, é sem qualquer dúvida uma grande oportunidade para a Microsoft. Do lado dos desafios encontramo-los por exemplo, ao mesmo nível do software comercial, ou seja na gestão da relação com parceiros que também são concorrentes. Nestes cenários, em coexistência com a parceria, temos de competir com estas mesmas entidades no mérito dos nossos produtos e na qualidade dos nossos serviços. E a gestão das expectativas neste tipo de relacionamento é sem qualquer dúvida um grande desafio. Os empresários portugueses têm vindo a apostar forte na inovação e modernização das suas organizações, contudo, este cenário nem sempre foi assim, existindo ainda alguns empresários que apostam pouco neste âmbito. Qual a receptividade aos vossos produtos e soluções e de que forma são as mesmas uma mais-valia?
Cada vez mais há o consolidar da opinião que é fundamental inovar para competir no mercado actual. Cada vez mais há a necessidade de olhar para além de Portugal como o mercado preferencial. Quem não inova irá provavelmente desaparecer de forma prematura. As nossas soluções são a base crítica para esta tão necessária inovação e modernização. O Windows Azure e o Office 365, são apenas 2 áreas de exemplo de soluções na cloud da Microsoft que são claramente percepcionadas como mais-valia. Que impacto é que a utilização de tecnologias como as vossas podem representar um impacto positivo na economia do país? Espera-se que a indústria das tecnologias da informação venha a desempenhar um importante papel na recuperação económica, criando novos postos de trabalho e novas empresas nos próximos anos. A IDC estimou num estudo (Outubro de 2009) que o crescimento desta indústria será o triplo da taxa de crescimento global do PIB nos 52 países-alvo (Portugal incluído). Em Portugal, o ecossistema Microsoft
emprega cerca de 9.000 pessoas a somar cerca de 35.000 profissionais que trabalham com o nosso software, produtos ou serviços que tem como base as nossas tecnologias. Juntos, estes profissionais representaram em 2009, 45% do emprego de IT no nosso país, responsáveis por 49% dos impostos pagos relacionados com a área. Por último, gostaria apenas de referir que por cada euro que a Microsoft fez em Portugal, as companhias pertencentes ao nosso ecossistema local fizeram 10,53€. Por isso, julgo que não há absolutamente nenhuma dúvida do impacto positivo que temos na economia do nosso país. Mas, não ficamos por aqui, pois a Microsoft na sua intervenção cívica, tem apostado na inclusão digital pois pretendemos que ninguém seja excluído. Criámos uma rede em conjunto com outras organizações públicas e privadas, que permite alargar a qualificação dos portugueses, visando a melhoria do potencial de empregabilidade e de novas oportunidades para as empresas e contribuindo, deste modo para o crescimento económico. Ajudar as pessoas a melhorar as suas qualificações torna-as mais produtivas e isso ajuda o país a ser mais competitivo.
O serviço pós venda é fundamental. Assim, de que forma é que acompanham o vosso cliente neste domínio? Existem acções de formação para que os mesmos possam retirar todas as potencialidades dos produtos adquiridos? É o nosso objectivo que os nossos clientes tirem o máximo potencial do que fazemos, é por isso que investimos bastante em múltiplos níveis de forma a garantir que quando necessário haja o suporte devido, directamente por nós ou pelos nossos parceiros. Quais os principais desafios que se colocam à Microsoft para o futuro? Continuar a ter a capacidade de proporcionar uma experiência enriquecedora que combine a magia do software com o potencial da Internet através de múltiplos dispositivos. Fazer parte do futuro e ajudar outros a trilhar esse mesmo caminho.
PV9 // INOVAÇÃO E TECNOLOGIA
ζ Opinião Tânia Oliveira CEO Creative Thinkers
Gestão de reputação da empresa – estratégia para o sucesso Uma empresa conquista a sua reputação honrando as expectativas dos seus stakeholders, desde os colaboradores ao cliente final, passando pelos fornecedores e parceiros, enfim, de todas as pessoas de interesse.
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nvestiria, gostaria de trabalhar, respeita, compra os produtos/serviços da empresa? Respostas positivas a estas simples questões comprovam a reputação da empresa. A gestão dessa reputação é fundamental para todas as empresas, não importa o tamanho ou core business, pois todas são avaliadas pela qualidade do relacionamento com os stakeholders, pelo nível de respeito e confiança nesse relacionamento. Com a internet, a interacção entre a empresa e stakeholders deixou o plano unilateral, “eu digo - tu ouves”, passando a um plano interactivo, em que o utilizador pode descobrir, partilhar opiniões com outros utilizadores, determinar a sua opinião e escolha com base numa experiência colectiva. Hoje, a reputação da empresa passa obrigatoriamente pela presença online e a sua gestão pelas diversas plataformas do social media marketing, pelo que é imperativo definir uma estratégia de ataque e avançar, agora. A estratégia baseia-se em acompanhar, influenciar e dirigir a conversação online sobre a sua empresa. Para isso, alguns passos são necessários, tanto no mundo real como no virtual: 1) Faça com que a sua empresa mereça a boa reputação que procura, passo crucial para o sucesso de qualquer projecto empresarial; 2) Estabeleça uma relação verdadeira com os seus stakeholders, só assim terá feedbacks válidos e, mais importante, eles serão seus embaixadores. Recentemente, em conversa com um colaborador de uma empresa para quem estamos a implementar a presença nas redes sociais, soube que ele tem um blog pessoal, no qual escreve artigos de opinião técnica sobre os produtos da
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Hoje, a reputação da empresa passa obrigatoriamente pela presença online e a sua gestão pelas diversas plataformas do social media marketing, pelo que é imperativo definir uma estratégia de ataque e avançar, agora
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empresa, e é como ele diz: “afinal, eles são muito bons e eu quero que todos o saibam”; 3) Escolha a imagem e linguagem da sua empresa, transversal a todos os departamentos. O logótipo deve ser forte e representar o projecto; todos os suportes de marketing devem ter a mesma imagem e linguagem, tanto em suporte papel como digital, não esquecendo o email dos colaboradores – todos devem ter a sua assinatura e contacto; 4) Um bom website é a porta virtual da sua empresa. Ele deve ser profissional, com design atractivo e estrutura intuitiva. Esqueça o conceito de depender de terceiros para actualizar o site da empresa, ele deve ter um gestor de conteúdos, que vai permitir acompanhar e antecipar o mercado, com conteúdos significativos; 5) Social Media Marketing, cujas ferramentas vão trazer uma maior exposição à empresa, aumentar o tráfego do site, melhorar os rankings nos motores de busca, potenciar novas parcerias e aumentar vendas. As quatro maiores ferramentas actuais nesta área são o Facebook, o Twitter, o Linked In e os blogues. A maior atracção das redes sociais é a facilidade de utilização. Mas uma empresa deve encarar a sua presença nas redes sociais com o mesmo profissionalismo e dedicação que qualquer outra área de marketing. A opção certa terá de respeitar a estratégia da empresa e os seus stakeholders – a linguagem e rede utilizadas variam consoante estamos a falar de uma ligação ao consumidor final ou a um parceiro de negócio. Esta é uma área em que a inovação é grandemente premiada; 6) Publicar conteúdos actualizados, significativos e de autoria própria em todos os canais já mencionados vai potenciar o interesse dos utilizadores e o ranking nos motores de busca; 7) Escolher o parceiro estratégico vai potenciar a sua estratégia. Para garantir o sucesso da estratégia, deve orçamentar e alocar recursos humanos a todos os passos, implementar estratégias de avaliação em todos os processos e avaliar o retorno do seu investimento.
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Para garantir o sucesso da estratégia, deve orçamentar e alocar recursos humanos a todos os passos, implementar estratégias de avaliação em todos os processos e avaliar o retorno do seu investimento
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O desenvolvimento desta estratégia passa por vários elementos, mas o cunho pessoal do director da empresa deve estar presente, porque a empresa é desenvolvida à sua imagem e muitas vezes a ele se deve a sua reputação. A implementação dos vários passos é transversal à empresa e todos são responsáveis pelo seu sucesso. E o sucesso do seu projecto é muito importante, porque a ele se associam outros sucessos e juntos dão os passos que ajudarão a relançar a economia portuguesa. Para saber mais sobre este tema, visite o nosso site em www.creativethinkers.eu e dê-nos o seu feedback, ele é importante para o nosso sucesso. E este é o meu ponto de vista.
PV9 // INTERNACIONALIZAÇÃO
Tenco Cafés
O verdadeiro sabor do Café Marca conceituada, a Tenco Cafés tem vindo a demarcar a sua qualidade ao longo dos tempos, sendo actualmente uma das marcas de café preferidas dos portugueses, apostando na qualidade e na excelência dos seus produtos. Porque você merece. Hélder Araújo, CEO da Tenco Cafés, revela em entrevista à Revista Pontos de Vista as razões que fazem da marca nacional uma referência neste sector.
Hélder Araújo
A
TENCO CAFÉS é hoje uma marca que, acima de tudo, representa estabilidade, a qualidade e o bom gosto. De que forma é que efectuado o crescimento da marca e dos seus produtos no sentido de responder à exigência dos vossos clientes? Desde o cultivo, à selecção do melhor fruto do café até à torrefacção do mesmo, a Tenco é uma marca de cafés portuguesa, que privilegia a qualidade e foca-se na eficiência de todos os serviços prestados aos seus clientes. O crescimento da marca face ao mercado global e ao sector competitivo em que nos inserimos, tem sido alicerçado na implementação de um conjunto de sistemas de gestão de qualidade. Em Maio de 2007, a Tenco obteve a certificação NP EN ISO 22000:2005 atribuída pela SGS ICS. A Tenco é assim uma das primeiras empresas portuguesas de torrefacção de café a alcançar esta importante certificação na área da segurança alimentar. Desde a fase de importação do café, passando pela sua torrefacção, embalamento e distribuição, assim como pelo embalamento de açúcar e pela prestação de serviços de assistência técnica, a Tenco impõe sempre qualidade e profissionalismo em todas as actividades realizadas. Desta forma, a organização agrega esforços, apostando na melhoria dos serviços prestados e dos produtos desenvolvidos. Dando continuidade à estratégia de produção assente numa melhoria contínua, a Tenco encontra-se, neste momento, a desenvolver mais duas normas internacionais: - Sistema de Gestão da Qualidade de acordo com a Norma NP EN ISO 9001:2008; - Sistema de Gestão Ambiental de acordo com a Norma NP EN ISO 14001:2004. A implementação de um sistema de gestão da qualidade (NP EN ISO 9001:2008) vem dotar a Tenco com ferramentas que lhe permitem gerir eficazmente os factores críticos de sucesso. Através de uma abordagem sistemática da organização, com uma identificação clara dos processos e da sua importância relativa, da utilização adequada dos recursos disponíveis e da definição de objectivos garante-se uma melhoria contínua e a obtenção de produtos e/ou serviços diferenciados. Os requisitos definidos na norma NP EN ISO 14001:2004 possibilitam 12
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a implementação do sistema de gestão ambiental, considerando, para além das exigências legais, outras neste âmbito que sejam subscritas pela organização. Este sistema visa promover a um acréscimo importante ao nível do desempenho ambiental da Tenco. Para atingir este objectivo, definem-se orientações fundamentais para a criação e implementação de ferramentas de gestão. Estas guide-lines têm como intuito a identificação das condições ambientais e o controlo dos respectivos impactos, através de estratégias de prevenção da poluição ambiental, promovendo o crescimento sustentado de toda a organização.
Quais são as principais características da marca que perpetuam o reconhecimento pelo sector em que se inserem, bem como a preferência por parte dos vossos clientes? A Tenco possui os mais avançados meios de produção, de acordo com as actuais normas e leis de segurança alimentar e mantém uma política activa de responsabilidade social. Criada em 1983, em Santo Tirso, a empresa fez do tempo o seu maior aliado e evidencia hoje uma maturidade indiscutível. O recurso às modernas tecnologias, aos avançados meios de produção e às rigorosas normas de segurança alimentar, são os ingredientes principais para a história de sucesso da Tenco. Ao longo destes 28 anos de actividade, audácia, transparência, empreendedorismo e inovação, a Tenco tem-se mantido o foco sempre nas necessidades dos clientes e consumidores. O investimento no sucesso dos seus parceiros de negócio, a oferta, a promoção e o apoio de produtos e serviços que complementam a sua actividade são pontos-chave para desafiar um mercado mais competitivo e, acima de tudo, estabelecer relações fortes, duradouras e seguras. A aposta constante em formação tem permitido à empresa evoluir positivamente no mercado, satisfazendo as expectativas dos n/ clientes em relação à marca Tenco e recolher a preferência dos mesmos. Nos últimos anos, a Tenco criou uma linha exclusiva de apoio ao cliente, a permanente introdução de novas tecnologias na nossa actividade, a renovação de toda a sua imagem corporativa e a utilização de agências de comunicação vanguardistas que permitam reforçar a parceria comercial com os clientes tem permitido reforçar a notoriedade de uma insígnia cada vez mais forte.
As diversas economias mundiais sofreram, ainda sofrem, o desgaste provocado por uma crise financeira complexa e delicada. A empresa viu reflectida no seu volume de negócios as consequências desta crise? De que forma contornaram esse cenário? A crise financeira existe e é inegável, dificultando o acesso ao crédito mas através de estratégias adequadas, medidas pró-activas de antecipação das tendências de mercado, de um correcto diagnóstico às necessidades do mercado e expectativas dos clientes. Esta estratégia de captação de novos recursos tem permitido alicerçar novas oportunidades de negócio e apesar da redução de consumo generalizada nos pontos de venda existentes, a angariação de novos pontos de venda no canal horeca tem permitido contornar a actual conjuntura, tendo como resultado final um crescimentos das vendas e maior reconhecimento da Tenco no mercado, por parte dos consumidores.
Num mercado em que a crise singra, é legítimo afirmar que só quem apresenta novos produtos consegue afirmar-se? Os consumidores encontram-se saturados das opções existentes. A diferenciação e inovação têm assumido um papel fundamental no plano estratégico da Tenco nos últimos anos, pelo que temos apostado em apresentar ao mercado produtos diferenciadores e inovadores, como a chávena comestível, coffee & ginseng, chás exóticos, chocolate quente com sabores, chávenas e colheres de design arrojado, nova gama de pastilhas destinada ao canal take-home, entre muitos outros produtos comercializados pela Tenco. Um dos vectores principais que a Tenco tem avaliado consiste no estabelecimento de protocolos de consórcio com instituições de ensino superior ou centros de investigação, os quais serão implementados a breve trecho. A ligação e transferência de conhecimento entre o mundo empresarial é uma prioridade na actividade da empresa.
Qual será a(o) próxima(o) evento em que a empresa irá participar? O lançamento de novos produtos Tenco está agendado para breve, ao longo do ano de 2011. Temos também presença confirmada em vários eventos que decorrerão em todo o país, onde os nossos quiosques móveis e fixos proporcionarão saborosas experiências a todos os amantes do café Tenco. Estivemos sempre ac-
tivamente envolvidos no desporto para criar um laço mais estreito com a comunidade em geral. Neste momento, a Tenco é patrocinadora oficial do Sporting Clube de Braga e no automobilismo, apoia o Campeonato Regional de Rallies. A Tenco apoia a tradição cultural porque a memória é inerente ao futuro, como acontece com o café. A Tenco auxilia assim diversos grupos etnográficos e associações recreativas, a par do patrocínio a clubes desportivos, com especial destaque para as camadas mais jovens. A empresa foca-se igualmente na responsabilidade que tem a nível social, programando acções de mecenato e sustentabilidade ambiental. A abertura de novos espaços Tenco impõe-se como uma das estratégias para aumentar a notoriedade da marca junto do público. Do interior ao litoral, do norte ao sul, investe no aumento do número de espaços comerciais, apostando na decoração, nos equipamentos e na gama de produtos que disponibiliza ao cliente. Sabemos hoje que a internacionalização de uma marca representa um factor preponderante no sucesso de uma organização/ empresa. Qual a importância do mercado internacional para a empresa? Em que países estão presentes? A Tenco encontra-se representada em todo o território nacional, sendo uma assumida referência na indústria da torrefacção de café, e nos últimos três anos seguimos rumo a importantes mercados externos, representando o crescimento do volume de negócios no mercado internacional um dos objectivos principais. Actualmente, com o aumento do volume de negócios e a especialização de recursos humanos, a Tenco abrange outros horizontes e expande-se pelo país, ilha da Madeira e países como Espanha, França, Suíça, Alemanha ou Canadá. Temos ainda em fase final de desenvolvimento a criação de um conceito de franchisng, Tenco Coffee-Shop, que pretendemos franchisar a curto-prazo em diferentes áreas.
Que mensagem gostaria de deixar a todos os leitores da Revista Pontos de Vista? Agir mais rápido e melhor de modo a sermos mais eficientes e conseguirmos antecipar e definir as novas tendências de mercado assume um carácter cada vez mais importante nos dias de hoje. LER NA ÍNTEGRA www.pontosdevista.com.pt
PV9 // INTERNACIONALIZAÇÃO
MARMOD – O melhor parceiro
Pelo Mar, Terra e Ar Edificada há cerca de 18 anos, mais concretamente em 1993, a Marmod Transportes Marítimos Intermodais, Lda tem vindo a calcorrear um périplo assente em características como eficácia, excelência e qualidade no sector em que actua, sendo actualmente um dos principais players no domínio deste mercado. “A mediatização dos mesmos é que era diferente”, refere convicto, lembrando que esta aposta não passou por nenhuma visão especial. “Apenas possuímos apetência em trabalhar com países onde existe um vínculo social, pessoal, cultural e profissional forte com a actividade de exportação. Mantendo a Marmod na senda da internacionalização, António Dias e a sua equipa apostaram também no mercado asiático e do Médio Oriente, bem como nos EUA, embora o volume para terras do «Tio Sam» tenha decrescido bastante, fruto da crise económica que assolou as diversas economias mundiais em 2008.
António Dias
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avegando por mares inúmeras vezes austeros e agitados, o «splash» da ondulação forte e agressiva não têm impedido a Marmod Transportes Marítimos Intermodais, Lda de ser hoje um dos principais players no domínio de transporte marítimo, estando a ser criados os pilares que levarão esta marca de prestígio a um patamar cimeiro também no âmbito do transporte aéreo e rodoviário. Tendo iniciado o seu rumo em terras angolanas, a Marmod desde cedo viu as suas pretensões «chocarem» com o clima instável que se vivia em Angola, fruto do conflito civil sentido neste local nessa altura, mesmo com o acordo de paz assinado em 1992. Assim, de um país com potencialidades e perspectivas de crescimento positivas, Angola deixou de ser, nesse momento, um mercado apelativo para a Marmod. “Com a instalação da empresa e com o agenciamento perpetuado por nós, ainda permanecemos em Angola entre 1993 e 1994, mas fruto desse clima tivemos de cancelar esse projecto”, revela António Dias, General Manager da Marmod Transportes Marítimos Intermodais, Lda, que em entrevista à Revista Pontos de Vista revelou as principais potencialidades da marca, bem como a necessidade em continuar a apostar no mar. Assim, até 1996, a actividade da Marmod passou pelo fretamento de navios, conceito que para a altura era inovador mas que hoje possui diversos players no mesmo. Desprovida de navios próprios, 13
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Crescer de uma forma sustentada
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Não tem sido fácil. Abrimos um escritório na Polónia neste segmento, sendo que o mesmo tem sido sustentado pelos clientes que possuímos nesta área e direccionado para os países de Leste. Não é fácil desenvolver esta vertente e assim apostaremos mais na área marítima e aérea
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foi no decorrer desse ano, 1996, que a Marmod criou dois departamentos: sector de trânsitos e agência de navegação, sendo este o «pontapé de partida» para no ano seguinte, 1997, “termos entrado fortemente no mercado”, revela o nosso entrevistado.
Internacionalização – Aposta concreta
Os PALOPS, mais concretamente Angola, são actualmente mercados apelativos e nos quais inúmeras empresas de génese nacional têm apostado. António Dias não se considera um visionário neste domínio, pois se hoje o nível de negócios entre Portugal e Angola é volumoso, na década de 90 também eram realizados vastos negócios entre ambos os países.
Não estando no leque das entidades consideradas multinacionais, a Marmod desde cedo que aderiu aos denominados networks, estando actualmente ligada directamente com dois: World Cargo Alliance, maior network a nível mundial, com mais de 1600 membros, e a Atlas Cargo Alliance, dos quais é sócia, sendo que a primeira funciona como uma bolsa de contactos e a segunda num regime mais exclusivo e estando presente em mais de duas centenas de países no mundo. Escusando-se a dar o «passo maior que a perna», para o nosso entrevistado nunca foi o seu desiderato crescer em demasia, instando a sua atenção para os nichos de mercado existentes neste sector. “O nosso serviço é especializado e acima de tudo pretendemos satisfazer o nosso cliente e por isso é que ainda hoje temos clientes que estão connosco há mais de uma década. Pretendemos apostar na proximidade com os clientes, apostando na qualidade e na especialização dos nossos serviços. Afastamo-nos um pouco da orgânica das multinacionais, que apresentam formas de actuação e serviços distintos e a quem recorremos quando necessitamos de entrar em mercados que não conhecemos”, assegura António Dias. As parcerias são elos fundamentais que se foram criando ao longo dos tempos, sendo que os agentes «made in» Marmod foram seleccionados criteriosamente, promovendo assim a existência de escritórios e sedes próprias da Mar-
mod em países como Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola e Polónia, entre outros.
Aposta no segmento marítimo, aéreo, e na consolidação e logística
A aposta da Marmod na qualidade é evidente e clara, sendo que além da segmento marítimo, apostou ainda no domínio aéreo e TIR(camião), fruto do crescimento concreto e sustentado da marca. No domínio do camião TIR a aposta deveu-se pela adesão à União Europeia dos países de Leste, bem como pela eliminação das fronteiras. “Este panorama é positivo para o negócio, pois aporta uma vantagem real aos operadores deste segmento”, assume convicto, dando contudo a conhecer as dificuldades deste sector e que poderão inviabilizar a aposta no mesmo. “Não tem sido fácil. Abrimos um escritório na Polónia neste segmento, sendo que o mesmo tem sido sustentado pelos clientes que possuímos nesta área e direccionado para os países de Leste. Não é fácil desenvolver esta vertente e assim apostaremos mais na área marítima e aérea” onde investimos fortemente na área da consolidação e logística através de uma empresa nossa participada, salienta António Dias, revelando que desde 2008 a Marmod alcançou o estatuto de PME Líder, facto que lhe propicia vantagens e mais-valias ao nível da banca e no âmbito do QREN. A terminar António Dias encontra-se algo céptico relativamente ao futuro das empresas nacionais, principalmente aquelas que actuam a nível interno, pois se os anos transactos não foram fáceis, 2009 e 2010, o corrente ano não será melhor devido à situação financeira de muitas empresas e aos cortes de crédito efectuado pelo Bancos. “Em 2008 tivemos resultados extremamente positivos, logo seguidos de um ano dificílimo, ou seja, quando «rebentou» a crise económica”, revela António Dias, ele que acumula o cargo na Marmod com o de Presidente da APAT - Associação dos Transitários de Portugal e que conhece a fundo o sector no entanto deixa uma palavra de esperança no futuro e aproveitou também para agradecer aos seus clientes e fornecedores a sua contribuição para o êxito da empresa pois o “SUCESSO” não se constrói isoladamente.
PV9 // INTERNACIONALIZAÇÃO
ζ Opinião Janahim Dias Figueira da GAMEIRO & ASSOCIADOS, Sociedade de Advogados, R.L.
BRASIL - Investimentos em Infra – Estruturas
Uma das condições necessárias para o crescimento económico bem como para ganhos sustentados de competitividade para um país, passa necessariamente por um investimento maciço em infra – estruturas, por um período relativamente longo.
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oje, uma das maiores economias do mundo, com expectativas de se tornar uma das cinco maiores até o final desta década, o Brasil se destaca em vários segmentos: é o segundo maior exportador de produtos alimentícios, um dos maiores produtores de petróleo e minerais e o quinto maior mercado automobilístico. Dispõe de estabilidade política e institucional e sua economia é a mais forte da América Latina. No entanto, a exemplo do que ocorre com outras economias emergentes, o Brasil enfrenta grandes desafios de natureza estrutural. Estes estão diretamente relacionados à evolução histórica do país, à sua inserção no sistema mundial de governança e aos gargalos e disparidades econômicas, sociais e regionais que, há séculos, definem a nossa sociedade. No Brasil, a taxa de investimento, tanto a nível público bem como privado em infra – estruturas, tem estado ao nível de dois por cento do PIB (produto interno bruto) nos últimos 20 anos, tendo um aumento muito substancial desde o início do Governo do Presidente Lula. Hoje, o aumento da taxa de investimento em infra – estruturas está se aproximan14
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No Brasil, a taxa de investimento, tanto a nível público bem como privado em infra – estruturas, tem estado ao nível de dois por cento do PIB (produto interno bruto) nos últimos 20 anos, tendo um aumento muito substancial desde o início do Governo do Presidente Lula
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do do patamar de três por cento do PIB. Um aumento bem considerável em relação aos anos anteriores. Com o grande desenvolvimento econômico que o Brasil vem experimentando, nomeadamente nos últimos cinco anos, o sector de infra – estruturas, está em franco crescimento, uma das situações que tem dado um novo “fôlego” é sem dúvida o PAC (plano de aceleração e crescimento), criado no governo Lula e que agora no governo da Presidente Dilma está na sua versão II. Os grandes projetos para a infra – estrutura para os próximos 8 anos estão, por exemplo, ligados às áreas de energia elétrica e de telecomunicações, essas continuarão a liderar a expansão da infra – estrutura brasileira, que deve receber R$ 274 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos. A maioria desses recursos será aplicada durante a administração do governo Dilma. A projeção é de um novo estudo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que prevê aumento de 37,3 por cento nos investimentos do setor entre 2010 e 2013 comparado com os R$ 199 bilhões entre 2005 e 2008. Do total de investimentos para o atual quadriênio, 33,6 por cento virão de
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projetos de geração, transmissão e distribuição de energia. Os R$ 92 bilhões previstos até 2013 com grandes obras, como as hidrelétricas na região Norte e a terceira usina nuclear de Angra dos Reis, vão significar aumento de 35,7 por cento no sector em relação ao período entre 2005 e 2008. Para os técnicos do BNDES, o volume pode ser ainda maior, já que novos projetos poderão surgir nos próximos anos, consolidando a liderança da energia elétrica na expansão da infra – estrutura. O BNDES considerou que as duas usinas em construção no Rio Madeira (Jirau e Santo Antônio) devem receber R$ 20 bilhões nos próximos quatro anos. A usina de Belo Monte, cujo leilão está previsto para abril, deve ter nesse período R$ 8 bilhões consumidos do seu orçamento. Eles também consideraram R$ 8 bilhões previstos em 70 projetos de energia eólica. Óbvio se põe também que, deverá haver por parte do governo federal, muito por virtude dos grandes eventos desportivos que o Brasil será a sede nos próximos 6 anos, pesados investimentos na parte de aeroportos, estradas principais
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Óbvio se põe também que, deverá haver por parte do governo federal, muito por virtude dos grandes eventos desportivos que o Brasil será a sede nos próximos 6 anos, pesados investimentos na parte de aeroportos, estradas principais e secundárias, portos, tendo aqui especial atenção ao projeto do TGV, ligando a cidade do Rio de Janeiro à cidade de São Paulo
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e secundárias, portos, tendo aqui especial atenção ao projeto do TGV, ligando a cidade do Rio de Janeiro à cidade de São Paulo. Em conclusão, importa referir que os próximos 6 anos serão cruciais para um crescimento exponencial do investimento em infra – estruturas no Brasil, em primeiro lugar, devido à Copa do Mundo de 2014 e depois pelas Olimpíadas de 2016 na Cidade do Rio de Janeiro, e em segundo lugar porque o Brasil de hoje necessita mais do que nunca de novas infra – estruturas para satisfazer as necessidades mais prementes de uma população que ronda o numero de 200 milhões de habitantes, com cidades cada vez maiores. São necessidades que devem ser tidas em consideração no mais breve período de tempo. O momento atual é de uma grande expansão a todos os níveis das infra – estruturas, havendo assim, tanto por parte do governo federal, bem como por parte do interesse privado, avultados investimentos, tendo claro, por contra – partida, participação direta do retorno do investimento.
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PV9 // ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS FARMÁCIAS
Situação económico-financeira no circuito do medicamento em Portugal
O panorama no sector das Farmácias Em Portugal, à imagem de outros congéneres europeus, a actividade das farmácias é alvo de regulamentação mais ou menos apertada, com os desideratos declarados de garantir a segurança e o acesso, promover a qualidade do serviço, limitar o gasto com medicamentos e aumentar a escolha do doente. As soluções encontradas para promover estes objectivos apresentam, no entanto, considerável diversidade, não existindo um modelo único a nível europeu.
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m Portugal, a actividade das farmácias é objecto de uma exaustiva regulamentação que, em grande medida, determina a estrutura do sector e condiciona a actuação competitiva das empresas que o compõem, reflectindo-se consequentemente na respectiva performance. Numa época de crise, o sector farmacêutico tem sentido as agruras naturais de um período conturbado a nível económico e financeiro, sendo necessário compreender as formas e os rumos a seguir para ultrapassar estas vicissitudes, num sector que é fundamental para o país e que tem sabido contornar os momentos de menor fulgor económico com a qualidade e a excelência que são reconhecidas. Interessa referir que este artigo segue uma linha orientadora sobre o 16
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que representa actualmente o mercado das farmácias em Portugal, segundo um estudo realizado pela Universidade de Aveiro, pela Ernst & Young e pela Oliveira, Reis & Associados, SROC, Lda., a pedido da Associação Nacional das Farmácias (ANF), e procede a uma revisão sistemática dos principais indicadores económicos e financeiros dos principais intervenientes no circuito do medicamento – Indústria Farmacêutica, Grossistas e Farmácias, tendo sido suportado por uma profunda e vasta revisão bibliográfica, em que as conclusões protagonizadas pelos autores deste estudo: Avelino Azevedo Antão, Carlos Grenha, Domingos José da Silva Cravo, José Gonzaga Rosa, revelam dados interessantes do sector do Medicamento, que em Portugal é considerado como um sector que
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Esta análise sistemática dos principais indicadores económicos e financeiros da Indústria, dos Grossitas e das Farmácias, revela, numa primeira linha, que as farmácias portuguesas apresentam das menores margens sobre o preço do medicamento, quando comparadas com o panorama das congéneres europeias
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movimenta e distribui milhões de euros por todos os seus intervenientes. É importante salientar que este artigo, decorrente do referido estudo, tem como principal desiderato caracterizar a recente evolução da situação económica e financeira dos principais intervenientes do circuito do medicamento em Portugal, com um enfoque primordial no sector das farmácias. Contudo, a análise realizada apresenta limitações de diversa índole, pois não foram realizadas estimativas na variação da procura dirigida às farmácias, decorrentes das alterações legislativas introduzidas em Outubro de 2010, do comportamento do mercado em 2011, do envelhecimento da população e dos impactos decorrentes do Programa de Ajuda Externa formalizado entre Portugal, a Troika ou
PV9 // ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS FARMÁCIAS
FMI – Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu. Apesar das limitações desta análise, a situação já é preocupante e não tende a melhorar. Esta análise sistemática dos principais indicadores económicos e financeiros da Indústria, dos Grossitas e das Farmácias, revela, numa primeira linha, que as farmácias portuguesas apresentam das menores margens sobre o preço do medicamento, quando comparadas com o panorama das congéneres europeias. Este facto é comprovado e relatado pela OCDE, pela Federação Europeia da Indústria Farmacêutica e pelo próprio Parlamento Europeu. Ainda neste domínio, de acordo com os dados do Banco de Portugal, num período de três anos, entre 2006 a 2009, comparativamente com outras áreas de actividade, apenas a Indústria Farmacêutica apresenta dados de rendibilidade operacional e de rendibilidade líquida em linha ou superiores às demais áreas de actividade. Os Grossistas e as Farmácias, onde se concentram a maioria das empresas e dos recursos humanos empregues na área do medicamento, apresentam índices de rendibilidade inferiores à generalidade das actividades comparadas. Mas o que tem reflectido estes dados? A crescente pressão regulamentar e legislativa sobre toda a área do medicamento, nomeadamente as consecutivas baixas administrativas no preço dos medicamentos, têm tido sérias repercussões na actividade económica de todos os agentes do sector que, no entanto, devido às dimensões distintas e estruturas financeiras têm capacidades muito distintas de suportar constantes alterações às regras do mercado.
Sector no «espaço» externo
Mas qual o actual estado da situação financeira das farmácias portuguesas e de um sector tradicional e cultural em Portugal e que vulgarmente movimenta milhões de euros? Vamos por partes. As farmácias devem ser colocadas numa vertente de microempresas, diversas vezes de cariz familiar, e inúmeras vezes não aportam uma estrutura capaz de suportar os impactos das sucessivas medidas de redução de custos na área
do medicamento e têm visto, sistematicamente, a sua situação económica e financeira degradar-se rápida e drasticamente nos últimos anos. Basta analisar a queda de rendibilidade das farmácias, apresentada nos dados do Banco de Portugal e pela degradação da relação económica e financeira com os seus principais fornecedores. Façamos um paralelismo com alguns congéneres europeus num enquadramento regulamentar no contexto europeu. O regime do valor dos medicamentos comparticipados no nosso país é determinado seguindo uma lógica comparativa dos preços em vigor em quatro países de referência como Espanha, França, Itália e Grécia, sendo que o termo de comparação com estas nações passa pela média do preço industrial – PVA – onde são aplicadas as margens máximas da Distribuição Grossita e das Farmácias, actualmente de 8 por cento e 20 por cento. A intervenção dos Estados na fixação dos preços dos medicamentos, incluindo a determinação da remuneração da Distribuição Grossista e das Farmácias, ocorre na generalidade dos países Europeus e da OCDE, sendo que o regime de preços aprovado é um segmento de preços máximos, sendo permitidos descontos ao longo de toda a cadeia de valor e ao consumidor final. Na vertente dos preços dos medicamentos não sujeitos a receita médica – MNSRM, não comparticipados e de outros produtos de saúde cuja venda é autorizada em farmácias é livre. Assim, não estando estes medicamentos sujeitos a margens pré estabelecidas, os preços dos mesmos são definidos pelo próprio mercado. Interessa compreender que, e de acordo
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A crescente pressão regulamentar e legislativa sobre toda a área do medicamento, nomeadamente as consecutivas baixas administrativas no preço dos medicamentos, têm tido sérias repercussões na actividade económica de todos os agentes do sector que, no entanto, devido às dimensões distintas e estruturas financeiras têm capacidades muito distintas de suportar constantes alterações às regras do mercado
com os dados de mercado, as vendas de medicamentos representam, em média, 86,9 por cento das vendas realizadas pelas farmácias portuguesas. Nestes, 80,6 por cento referem-se a medicamentos comparticipados. Assim, a margem máxima das farmácias no segmento dos medicamentos comparticipados é de 20 por cento e a margem máxima agregada da distribuição farmacêutica, onde se inclui grossistas e farmácias, é de 28 por cento. Desta forma percebemos que a margem que vigora em Portugal é das mais baixas praticadas nos países da União Europeia, isto de acordo com fontes de referência internacionais. Mas somos o país da União Europeia que apresenta margens mais baixas? Não. Mas quase. Segundo o relatório da OCDE de 2008, denominado por 2008 «Pharmaceutical Pricing Policies in a Global Market», apenas em dois países se verificam margens inferiores, Suécia e Noruega. Contudo, se limitarmos a comparação aos países que servem de referência, referidos anteriormente, Espanha, Itália, França e Grécia, verificamos que a margem existente em Portugal é a mais baixa de todas. Ainda no âmbito da OCDE e efectuando uma comparação da margem agregada da distribuição, ou seja grossistas e farmácias, as margens em Portugal figuram também nas mais baixas da Europa. Na vertente do regime de preços e na vertente comparativa com os países de referência a Portugal, identifica-se que os valores da margem das farmácias nesses países de referência, quer individualmente quer agregada à dos grossistas, são superiores aos de Portugal. Numa
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lógica distinta, em Portugal, a envergadura da indústria farmacêutica no preço dos medicamentos, cerca de 72 por cento, é superior ao que vigora na generalidade dos países europeus. No relatório anual de 2010 da Federação Europeia da Indústria Farmacêutica, este refere que a margem média da farmácia na Europa é de 21,6 por cento, o que corresponde a 23,6 por cento após correcção do efeito do IVA. Estes valores são superiores quando comparados com os 20 por cento de margem que vigora em Portugal. Em conclusão, as fontes internacionais oficiais disponíveis confirmam que as farmácias em Portugal, quer isoladamente quer em conjunto com os grossistas, apresentam algumas das margens mais baixas da Europa.
Visão do mercado interno
Em jeito de conclusão relativamente à posição deste sector relativamente aos restantes países europeus, interessa referir que actualmente em Portugal, no sector do medicamento, actuam cerca de 3361 agentes, dispersos entre indústria, grossitas e farmácias, sendo que ao nível da indústria, o número de players a actuar em território luso tem-se mantido estável. Na distribuição grossista, no ano transacto, 2010, sete empresas representavam mais de 90 por cento do total do mercado. Segundo os dados do Banco de Portugal, existem cerca de 683 empresas nesta área, grossista, sendo que a generalidade das empresas da indústria estão classificadas no CAE da distribuição por grosso, de acordo com a Apifarma, uma vez que aportam o alvará de Julho 2011 Pontos de Vista
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Situação económico-financeira no circuito do medicamento em Portugal
distribuição. A que se deve esta alteração? Pelo crescimento verificado entre 2003 e 2006, dado o entendimento que o Infarmed tinha deste cenário. Assim, assume-se, perante estes dados, que o número de farmácias a actuar em Portugal aumentou significativamente nos últimos dois anos, acima de tudo pelo resultado dos concursos de instalação de novas farmácias e da possibilidade de transformação de postos farmacêuticos em farmácias. Para uma melhor compreensão, interessa separar estes três sectores: Indústria Farmacêutica, Grossistas e Farmácias. Assim, a indústria farmacêutica assume-se como o sector que regista um maior crescimento ao nível das vendas no período entre 2006 e 2009. De entre os vários segmentos da cadeia de valor, este sector, apresenta ainda a rendibilidade mais elevada no que concerne ao desempenho operacional, cerca de 12,19 por cento, mais do dobro dos restantes segmentos. Neste sentido, a tendência é de crescimento, ao contrário dos sectores da indústria, que registam uma deterioração das suas rendibilidades face a 2006. Confirma-se portanto que este, indústria farmacêutica, é o sector que apresenta o melhor desempenho financeiro. O sector grossista é o que apresentou, em 2009 as rendibilidades, operacional, 1,50 por cento e liquida, 0,87 por cento, mais baixas da cadeia aqui descrita. Apesar do aumento do volume de vendas no mesmo período, ambos os indicadores aqui salientados apresentam variações face a 2006. No segmento das farmácias, estas apresentam as quebras mais significativas nos seus indicadores de performance financeira, indo ao encontro do óbice referido continuamente neste artigo. As-
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No segmento das farmácias, estas apresentam as quebras mais significativas nos seus indicadores de performance financeira, indo ao encontro do óbice referido continuamente neste artigo. Assim, devemos destacar, neste período de 2006 a 2009, quedas de 16,05 por cento na rendibilidade operacional e de 13,49 na rendibilidade líquida
sim, devemos destacar, neste período de 2006 a 2009, quedas de 16,05 por cento na rendibilidade operacional e de 13,49 na rendibilidade líquida.
As conclusões…
Este estudo incidiu a sua base na lógica comparativa entre Farmácias, Indústria Farmacêutica e Grossitas. Vamos agora compreender melhor a dinâmica imposta actualmente nas farmácias nacionais. O número de farmácias em Portugal cresceu substancialmente entre 2003 e 2009, para 2877, sendo que este incremento deveu-se pelo facto da maioria das instalações de novas farmácias, nos últimos dois anos, em face da publicação do novo regime jurídico das farmácias. O número de postos de trabalho também conheceu um aumento concreto de
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cerca de 30,70 por cento, tendo passado de 13631 para 17816. Como já se disse, o volume médio de vendas encontra-se relativamente estabilizado desde 2003, sendo que nos últimos três anos analisados, o valor de vendas foi reduzido em 0,63 por cento, ou seja, com uma deterioração significativa em todos os indicadores referenciais, mais concretamente de 16,55 no domínio dos resultados operacionais. Assim, tendo em conta a variação em relação a 2003, verifica-se portanto uma quebra muito acentuada dos principais indicadores financeiros neste segmento, sendo que até Maio do corrente ano, 2011, o mercado está a quebrar em cerca de dez por cento. O cenário não se afigura positivo para o sector das farmácias, até porque os dados aqui mencionados não auguram um
futuro próspero, embora este sector tenha demonstrado, em períodos anteriores que sabe ultrapassar as dificuldades e firmar-se como uma área de enorme valia para Portugal. Assim, do referido estudo sobre a situação económica e financeira - Sector de Farmácias 2009, retiraram-se as seguintes conclusões: A margem das farmácias portuguesas no preço dos medicamentos é das mais baixas da Europa, conforme afirmado nos diversos documentos oficiais citados. Dos intervenientes na cadeia do medicamento, entre 2006 e 2009, retrata-se que a Indústria registou o maior crescimento nas vendas, 10,98 por cento, e no resultado operacional, 30,27 por cento, sendo ainda ao players com mais elevada rendibilidade líquida das vendas, cerca de 5,62 por cento. A área Grossista apresenta o mais elevado valor médio de vendas e o mais baixo valor de rendibilidade líquida, 0,87 por cento. Na rendibilidade líquida das vendas, a Farmácia apresenta a evolução mais negativa dos três intervenientes, -13,49 por cento. Neste sentido, a Farmácia apresenta uma tendência de degradação das rendibilidades, em contra ciclo com a generalidade das actividades em análise, Indústria Farmacêutica e distribuição grossista. O retalho em Portugal apresenta valores de rendibilidade operacional e dos capitais próprios sempre inferiores quando comparado com os cinco países disponibilizados pelo Banco de Portugal. A relação económica e financeira entre os Grossistas e as Farmácias encontra-se fortemente degradada, poise existiam, em Dezembro de 2010, 450 farmácias com fornecimentos suspensos em pelo menos um fornecedor e 46 milhões de euros em processos judiciais para regularização de dívidas entre os referidos intervenientes. Com base na evolução da venda de medicamentos em 2010 e na sua diminuição, estima-se que as rendibilidades das farmácias sofram novo agravamento. 1850 Farmácias, 67 por cento, apresentam um volume de vendas inferior à média nacional. 1056 Farmácias 38 por cento, essencialmente as implementadas em zonas rurais, não são sustentáveis com o actual cenário económico-financeiro.
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Avelino Antão Avelino Azevedo Antão é Técnico e Revisor Oficial de Contas, membro do Conselho Superior da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, membro da Comissão de Revisão da Tradução das Normas Internacionais de Relato Financeiro, membro efectivo da Comissão de Normalização Contabilística e membro do Gabinete de Estudos da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas. É também Professor Adjunto do quadro do Instituto Superior de Contabilidade e Administração e do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro da disciplina de Fiscalidade e Director Adjunto da Revista Cien-
tífica de Contabilidade e Gestão. É Mestrado em Contabilidade e Finanças Empresariais pela Universidade Aberta e possui pós-graduações avançadas em Direito Fiscal: Estratégias de Planeamento Fiscal e em Direito Fiscal: Tributação dos Instrumentos Financeiros e das Operações de Financiamento Empresarial, ambas pelo Instituto de Direito Económico, Financeiro e Fiscal da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Possui ainda a pós-graduação em Contabilidade e Finanças Empresariais pela Universidade Aberta. Avelino Antão tem também publicados vários artigos ligados às áreas contabilística e da fiscalidade.
Carlos Grenha Carlos Manuel Charneca Moleirinho Grenha é licenciado em Auditoria pelo ISCAL, Revisor Oficial de Contas n.º 1.266 e o Técnico Oficial de Contas n.º 16.845. Foi Presidente da Comissão de Acreditação de Cursos e membro da Comissão de preparação de Regulamento de Estágio e Exame da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas até 2005, membro da Comissão de Controlo de Qualidade da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas e da Comissão Executiva da Comissão de Normalização Contabilística. Foi, igualmente, membro da Comissão de acompanhamento no âmbito da
Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, para a discussão pública do novo sistema de normalização contabilística e Membro da Direcção da “Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas”, de 1999 a 2005. É colaborador da Oliveira, Reis & Associados, SROC, Lda., desde 1996 e sócio gerente desde 2007 e docente do ensino superior e Membro do Conselho Consultivo de diversas instituições de ensino superior. É, ainda, co-autor de livros relativos ao novo Sistema de Normalização Contabilística e autor de artigos em publicações especializadas na área financeira
Domingos José da Silva Cravo O Dr. Domingos Cravo pertence actualmente ao quadro do Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro, exercendo o cargo de Professor Coordenador de Contabilidade. Foi Presidente do Conselho Pedagógico, do Conselho Científico e da Mesa da Assembleia de Representantes, leccionou e regeu várias disciplinas da área de Contabilidade, Auditoria e Fiscalidade e foi docente convidado em cursos de licenciatura e pós-graduação na Universidade de Aveiro. Foi também o coordenador da pós-graduação em Contabilidade e Auditoria, organizada pelo DEGEI, da Universidade de Aveiro. É o Presidente da Comissão de Normalização Contabilística. Foi presidente do Grupo de Trabalho da União Europeia que discutiu, no âmbito da Presidência Portuguesa, a primeira reformulação das IV e VII Directivas de direito das sociedades e, posteriormente, foi um dos representantes nacionais nos Grupos de Trabalho do Conselho Europeu que desenvolveram os estudos visando o estabelecimento do Regulamento para
a adopção das Normas Internacionais de Contabilidade na União Europeia bem como da segunda reformulação das IV e VII. Actualmente, é o representante nacional no Comité de Regulamentação Contabilística da União Europeia. Foi presidente da comissão de acompanhamento do processo de audição pública do novo Sistema de Normalização Contabilística e integrou o Grupo de Trabalho que desenvolveu a proposta do Plano Oficial de Contabilidade para o sector da Educação. É Revisor Oficial de Contas desde 1989, exercendo a sua actividade nos sectores público, privado e corporativo. Elabora, complementarmente, estudos económico-financeiros para a criação, reestruturação e fusão de entidades, auditoria (contabilística, financeira, fiscal e de gestão) e acompanha e valida candidaturas a fundos comunitários. Integrou a Comissão de Estágio da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas e, actualmente, é membro do Conselho Superior da OROC e a Comissão e Redacção da Revista Revisores e Empresas.
José Gonzaga Rosa José Gonzaga Rosa é o Partner responsável pelo departamento de Transaction Advisory Services da Ernst & Young em Portugal. Colabora com a Ernst & Young há 14 anos tendo desempenhado anteriormente funções no Barclays Bank (Londres) – divisão de títulos e concessão de crédito e no Banco de Fomento Nacional (Lisboa) – em mercados de capitais. As áreas de especialização são as de avaliação financeira e assessoria na montagem e execução de operações de aquisições e fusões e reestruturações financeiras. Alguns dos projectos recentes incluem fusões e reestruturações financeiras no sector industrial, avaliações no contexto de concentrações bancárias, análises sectoriais de suporte a acções judiciais. Na Ernst & Young é responsável pela elaboração e apresentação de vários estudos, dos quais se destacam:
• Attractiveness Portuguese Survey que visa aferir a atractividade da economia portuguesa na captação de investimento directo estrangeiro • Eurozone Forecast, previsões macro-económicas para Portugal no contexto da zona euro. José Gonzaga Rosa tem as seguintes qualificações académicas: • Licenciatura em Economia pela Universidade Nova de Lisboa • Licenciatura em Direito, na vertente económica e fiscal, pela Universidade Autónoma de Lisboa • Pós-graduação em Gestão de Instituições e Operações Financeiras pelo Instituto Superior de Gestão • Pós-graduação em Fiscalidade pelo Instituto Superior de Gestão • Formação em “Valuation and M&A” pelo Gardner Group Julho 2011 Pontos de Vista
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ζ Opinião F. Xavier Malcata, Professor Catedrático do Instituto Superior da Maia
Biotecnologia marinha: o desafio do século XXI A biotecnologia tem sido definida como a aplicação de organismos vivos, ou porções deles, na obtenção de produtos e processos úteis ou convenientes para a humanidade. Trata-se, em suma, da utilização de tecidos ou células viáveis – ou apenas componentes activos destas, como sejam os enzimas, para a realização de reacções químicas (isoladas ou em cadeia) conducentes a metabolitos ou produtos com valor de mercado – numa ampla gama que cobre desde os biocombustíveis até aos fármacos.
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A
s ferramentas da biotecnologia têm vindo a ser amplamente aplicadas ao longo de toda a cadeia de valor e nos mais diversos sectores de actividade – desde a produção agropecuária (biotecnologia verde), passando pela transformação industrial (biotecnologia branca), até aos produtos para consumo e tratamento humano (biotecnologia vermelha), e, mais recentemente, englobando também os recursos dos habitats aquáticos (biotecnologia azul). Nos últimos anos, com a exaustão dos recursos disponíveis em terra e a sua sobreocupação por uma população crescente, tem-se assistido ao redireccionar das atenções para os oceanos – que, no seu conjunto, ocupam ca. 4/5 da superfície do nosso planeta, e encerram a maior parte da biodiversidade existente. Um dos maiores grupos alvo de atenção inclui as cianobactérias e as microalgas – as quais englobam uma enorme variedade taxonómica, compartilhando todas a capacidade única de utilizar energia radiante para produzir compostos orgânicos. Embora as primeiras sejam procariotas – algumas dos quais terão sido ao longo da evolução incorporadas em células maiores onde passaram a funcionar como cloroplastos, e por isso bastante diferentes em termos de complexidade das segundas que são eucariotas, a versatilidade e plasticidade metabólicas de ambas são notáveis. Com efeito, a partir de matérias-primas disponíveis a custo essencialmente nulo – como são a água dos mares, o dióxido de carbono da atmosfera, e a luz do sol, cianobactérias e microalgas conseguem sintetizar compostos de natureza química diversa, muitos dos quais bastante diferentes dos compostos conhecidos e obtidos a partir de fontes mais convencionais, reflectindo assim a unicidade dos habitats aquáticos e as relações neles prevalentes de predador/presa. Em termos ilustrativos, estamos a falar da capacidade de certas cianobactérias (p.ex. Botryococcus) produzirem hidrocarbonetos análogos aos alcanos principais da gasolina e gasóleo; ou de certas microalgas (p.ex. Haematococcus, Dunaliella e Chlorella) produzirem antioxidantes e corantes naturais, 20
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Portugal tem no mar uma das suas maiores vantagens competitivas, e por isso um sem número de oportunidades para a criação de valor – sendo necessário, desde logo, contar com os contributos do conhecimento existente
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como é o caso de luteina, beta-caroteno e astaxantina, para incorporação como nutracêuticos em alimentos funcionais ou produtos de cosmética. Infelizmente, o conhecimento das vias metabólicas deste promissores microorganismos aquáticos é ainda limitado – e bem assim as ferramentas de biologia molecular que lhes são especificamente aplicáveis; urge, por isso, efectuar fortes investimentos em investigação fundamental na área de genómica e proteómica, de molde a optimizar de forma racional os processos de síntese. Por outro lado, as configurações dos fermentadores clássicos são pouco adequadas ao cultivo de biomassa em quantidades industriais – havendo necessidade de avanços significativos ao nível da transferência gasosa de CO2 (um nutriente pouco solúvel em meios de cultura aquosos), mas sobretudo da condução de luz ao interior do reactor (por forma
a ultrapassar o problema de transparência em meios caracterizados por elevada densidade celular). Finalmente, o processamento a jusante contribui ainda de forma excessiva para o custo do produto final, dado que a recuperação de biomassa microbiana é pouco eficiente, e o rebentamento celular é difícil devido à existência e natureza da parede celular – a que acresce a necessidade de separar e purificar apenas compostos específicos de entre a miríade de moléculas existentes; torna-se, por isso, necessário continuar a investir em esforços conjugados de investigação aplicada e desenvolvimento por parte de engenheiros de processo, de molde a ultrapassar os passos limitantes post-produção. Entre os enormes desafios que se colocam hoje aos cientistas e técnicos envolvidos na biotecnologia azul, contam-se a integração da separação com a própria produção – aumentan-
do, ao seu limite máximo, a eficiência de extracção e de síntese; a utilização de meios de cultivo alternativos – incluindo o próprio solvente, de modo a reduzir as limitações de solubilidade dos nutrientes gasosos; a condução de CO2 e de luz ao interior dos reactores de forma eficaz, de modo a reduzir dramaticamente a resistência à transferência de massa e à ocorrência do processo reactivo básico (fotossíntese); e a excreção de produtos com interesse em vez da sua acumulação intracelular, por forma a evitar a necesidade de rompimento celular – para além da identificaçaão e teste de usos alternativos para a biomassa após extracção, de modo a evitar a sua incineração e assim maximizar capacidade de sequestrar CO2 enquanto gás com efeito de estufa. Com o valor mais elevado na Europa para o rácio de área marítima exclusiva para a área terreste (devido sobretudo ao contributo dos Açores), e à riqueza dos habitats marinhos que vão deste as plataformas costeiras arenosas até aos fundos abissais vulcânicos, Portugal tem no mar uma das suas maiores vantagens competitivas, e por isso um sem número de oportunidades para a criação de valor – sendo necessário, desde logo, contar com os contributos do conhecimento existente e a desenvolver nas áreas da biotecnologia azul, e sobretudo tomando partido do riquíssimo capital humano já disponível possuindo formação avançada nestas áreas e afins, a par de um mercado global crescente para produtos obtidos por recurso a cianobactérias e microalgas.
PV9 // BIOTECNOLOGIA
BIOALVO
Maior biblioteca de bactérias marinhas será portuguesa Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Patrícia Calado, Drug Discovery & Development Director da BIOALVO, conta-nos tudo sobre a primeira empresa nacional a actuar nas fases mais iniciais da descoberta de novos compostos bioactivos com aplicações em diversos sectores da biotecnologia.
Patrícia Calado
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undada em Dezembro de 2005, a BIOALVO procura, através do seu trabalho desenvolvido na área da biotecnologia marinha, tirar partido de um recurso que Portugal tem em abundância, que é o mar, e de um mercado que se estima poder atingir um valor de 4.1 mil milhões de dólares em 2015, suportado pela recente criação de grandes centros científicos e empresarias europeus, que visam promover o desenvolvimento do sector da biotecnologia marinha. A BIOALVO concorreu e venceu o Prémio BES Biodiversidade 2011, com um projecto que faz parte de uma estratégia de empresa, que é a exploração de bibliotecas de extratos naturais oriundos da biodiversidade portuguesa, como explicou Patrícia Calado: “Desde 2008 que a BIOALVO começou a trabalhar com extratos naturais, sobretudo de bactérias, que podem depois ter aplicações em diversos sectores, desde o farmacêutico ao cosmético, passando pelo agro-alimentar, químico, entre outros. Desde
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Que havia uma grande procura por parte de outros parceiros por este tipo de produtos e passou a investir mais neste conceito, criando o projecto LUSOEXTRACT em 2010, que veio aumentar a colecção de extractos naturais da BIOALVO em cerca de 40 mil
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então, toda esta vertente de trabalho da BIOALVO teve um grande crescimento e já em 2009, o projecto PharmaBUG foi alvo de uma Menção Honrosa por parte do júri do Prémio BES Biodiversidade, como reconhecimento do potencial desta linha de investimento da BIOALVO”. Com este reconhecimento, a BIOALVO percebeu “que havia uma grande procura por parte de outros parceiros por este tipo de produtos e passou a investir mais neste conceito, criando o projecto LUSOEXTRACT em 2010, que veio aumentar a colecção de extractos naturais da BIOALVO em cerca de 40 mil”. Após a implementação do projecto LUSOEXTRACT, a BIOALVO percebeu que poderia retirar ainda mais vantagens da exploração do mar português e desenvolveu então o LUSOMAREXTRACT,
com o objectivo ambicioso de criar uma colecção de 50 mil bactérias marinhas e respectivos extractos naturais, representativo da biodiversidade do mar português. Os microrganismos marinhos oferecem a oportunidade única de produzir ingredientes activos, naturais e inovadores, com a grande vantagem de permitirem uma utilização sustentável e adaptável à escala industrial. As bactérias marinhas portuguesas representam um manancial biológico por explorar e o projecto LUSOMAREXTRACT tira partido da diversidade natural dos ecossistemas marinhos Portugueses.
“A biotecnologia tem crescido em Portugal”
Patrícia Calado sublinhou ainda que “o sucesso deste projecto vai permitir à BIOALVO ter no final de 2012 um biblioteca composta por 100 mil amostras, o que significa ter uma das maiores bibliotecas mundiais em termos de extratos de bactérias marinhas”. O crescimento dos projectos por si desenvolvidos fizeram com que a BIOALVO crescesse, obrigando a empresa a um reposicionamento no mercado, “deixando de ser uma entidade preferencialmente ligada ao desenvolvimento farmacêutico, caracterizando-se actualmente pela oferta de produtos naturais inovadores para aplicações biotecnológicas, aliada
a uma expertise em ensaios celulares e tecnologia robótica, para screening de compostos bioactivos. Através do seu trabalho, a BIOALVO tem ainda contribuído para a mudança de mentalidades relativamente à biotecnologia nacional. “A biotecnologia tem crescido imenso nos últimos anos em Portugal. Em 2000 existiam oito empresas a trabalhar nesta área e hoje são mais de 70. Isto aconteceu porque houve investimento do Estado, o problema veio depois porque é difícil estas empresas crescerem. A biotecnologia marinha tem potencial para crescer em toda a Europa, que está agora a investir, ao contrário do que se passa nos Estados Unidos, que há muito lidera o mercado, contudo é uma área cara o que é um desafio num país como Portugal”. A BIOALVO apresenta-se assim como um exemplo de sucesso a seguir por todos os que pretendem explorar o mercado da biodiversidade marinha, apostando na valorização da biodiversidade nacional. No futuro, Patrícia Calado espera que “com o aumento das bibliotecas, a BIOALVO seja capaz de realizar cada vez mais parcerias, que permitam colocar no mercado produtos oriundos da biodiversidade portuguesa, como vai acontecer já no primeiro semestre de 2012, com o lançamento de um produto cosmético que tem como princípio activo um extracto natural fornecido pela BIOALVO”.
PV9 // ESTÁGIOS PROFISSIONAIS
Fim dos estágios profissionais?
“Não está nas mãos do patrono pôr fim ao estágio” Estaremos a assistir ao fim dos estágios profissionais? Eis a questão que se coloca actualmente. A Revista Pontos de Vista conversou com Nuno Ferreira Leite Rua, advogado e sócio Administrador da Ferreira Leite, Rua, Pontes & Associados, Sociedade de Advogados, R. L., que revelou o impacto que esta nova medida terá no sector da advocacia, pois segundo o Decreto-lei66/2011, contratar um estagiário vai passar a exigir obrigatoriamente um contrato por escrito e o pagamento de uma remuneração mensal maior ou igual ao Indexante dos Apoios Sociais (IAS) – o que, neste ano, significa, um mínimo de 419,22 euros.
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Decreto visa uniformizar o enquadramento legal dos estágios e combater o trabalho não remunerado. Mas continuam a estar previstas diversas excepções. Os estágios de duração igual ou inferior a três meses podem não ser pagos, mas também não podem ser renovados. Acredita que este facto pode ser motivo para que os escritórios de advogados possam renovar de três em três meses os seus estagiários? O objectivo de combate ao trabalho não remunerado é um bom princípio. No entanto, tendo em conta as especificidades de várias actividades – entre as quais as previstas como excepções a este Decreto-Lei, nas quais interpreto como cabendo a própria actividade da advocacia – concordo que não se caia na tentação de “meter a farinha toda no mesmo saco”. No que em especial toca à duração dos estágios e ao aproveitamento indevido da impossibilidade de fazer estágios inferiores a 3 meses, eis mais um aspecto do presente normativo que não tem em conta as especificidades do estágio de advocacia. Não creio que tal subterfúgio (da renovação de 3 em 3 meses) viesse a ser utilizado com esse fim. Isto porque a duração do estágio de advocacia não é determinado pelo patrono, e antes pela entidade responsável pela orientação do estágio: a Ordem dos Advogados. E esta entidade determinou, até ver, que o período de estágio de advocacia dura 2 anos, pelo que não se permitirá ao patrono que venha assumir a direcção de um estágio pelo período de 3 meses, e depois se demita das várias obrigações de acompanhamento e formação assumidas. Que lacunas ainda detecta no Decreto-lei nº 66/2011? Se queriam efectivamente aplicar este Decreto-Lei a uma actividade tão específica quanto a do exercício da advocacia, deviam ter ouvido primeiro a Ordem dos Advogados, enquanto representante de todos os profissionais da advocacia. Há inúmeras especificidades que não vêm previstas neste Decreto-Lei, e outras que poderão eventualmente entrar em conflito com o normativo já existente no sistema jurídico no que toca ao exercício desta profissão. Além das lacunas que resultam identificadas na resposta à primeira questão (nomeadamente a questão da duração máxima do estágio (incompatível com os 22
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rá ter outrossim em conta o balanço entre as vantagens que dele advirão, e as implacáveis desvantagens traduzidas numa redução drástica do número de licenciados que vai ter sucesso na reunião dos requisitos para efectiva inscrição como advogado estagiário (entre eles, caso este Decreto-Lei fosse aplicável à actividade da advocacia, passaria a estar a existência de um contrato de estágio remunerado com um patrono disposto a pagar tal remuneração, o que convenhamos não vai ser tarefa fácil).
Nuno Ferreira Leite Rua
2 anos que vem estabelecidos no EOA), da previsão de uma remuneração fixa, (sem sequer prever a sua variação em função dos vários aspectos supra mencionados a este propósito), da rígida previsão de uma duração diária / semanal das horas em que a actividade deve ser exercida (incompatível com a regulamentação que decorre da EOA, que prevê períodos de formação ministrada pela própria OA no que toca nomeadamente “conhecimentos técnico-profissionais e deontológicos fundamentais”, e ainda períodos de avaliação por exame, nos quais o estagiário não prestará qualquer actividade), são ainda de considerar, pelo menos, dois aspectos. De um lado, prevê-se a aplicação das disposições relativas às contribuições para a segurança social em vigor. Ora os advogados estagiários continuam, ou não, a ser livres de ao invés se sujeitarem a um regime próprio – a Caixa de Providência de Advogados e Solicitadores (CPAS), antes fazendo contribuições para esta entidade? Caso efectivamente tenham obrigatoriamente que contribuir para a Segurança Social, levantam-se questões importantes, a título de exemplo, a eventual atribuição de subsídio de desemprego no final do contrato de estágio, caso o estagiário não continue a prestar a sua actividade junto do mesmo escritório de advogados. Por outro lado, ignora-se que ainda que o estágio, na sua duração máxima prevista no Decreto-Lei (18 meses) seja já de si menor que a prevista no EOA (24 meses), há ainda a submissão a avaliação final, sob orientação da Ordem dos Advogados, que há-de determinar se o período de estágio
se encontra terminado (por obtenção de aproveitamento nas provas a que será submetido), ou se não termina, por falta de obtenção do título de advogado, mantendo-se pois como advogado estagiário, em novo período de estágio. Não está nas mãos do patrono pôr fim ao estágio. Como tal, fica por saber como regular o contrato de estágio que ao fim de 18 meses, e mesmo findos os 24 meses previsto no EOA, não se encontrar findo, por o estagiário continuar a manter essa mesma qualidade.
Acredita que o combate aos estágios não remunerados é o caminho certo? Servirá para combater o encapotar do chamado trabalho efectivo em proveito dos escritórios? Tal como já supra referido, sou um firme convicto de que toda a actividade profissional traduzida num resultado deve ser devidamente remunerada, incluindo aquela que é levada a cabo por um advogado estagiário. Como tal, o combate aos estágios não remunerados é de facto uma batalha a travar, mas com especificidades que não se encontram vertidas neste Decreto-Lei. Uma lei nesse sentido tem de ter em conta o disposto no EOA, seus princípios, e nomeadamente no Regulamento de Estágio que dele emana. Deverá, nomeadamente, dar liberdade onde se mostra demasiado rígido neste Decreto-Lei, e ter em conta factores específicos que não são tidos em conta (nomeadamente os já referidos supra). É ademais uma batalha a travar que deve-
Será o fim dos estagiários nos escritórios de advogados? Não creio. Uma pequena nota para referir que em 2004*, num universo de cerca de 2.000 licenciados em direito por ano, apenas cerca de 1% dos mesmos que se inscrevia na Ordem dos Advogados, conseguia fazê-lo na condição de estagiário remunerado. E desses, mais de 90% em escritórios da zona de Lisboa. Hoje, a meados de 2011, sete anos depois, embora sem dados objectivos, não creio que a estatística tenha sofrido grandes alterações, estando no máximo no dobro. Ou seja, hoje, cerca de 98% dos licenciados em direito que conseguem um patrono e um estágio acompanhado junto de um advogado ou de um escritório de advogados não são remunerados. No entanto, estes 98% não remunerados têm pelo menos as portas abertas para efeitos de entrar no mundo da advocacia, onde pelo menos após o estágio, contam com a liberdade de exercício de profissão. Caso a eventual obrigatoriedade de remuneração tenha efectiva aplicação, embora o número de estágios remunerados venha, pois, a ser de 100%, esse facto vai reduzir o número de estagiários contratados anualmente pela grande maioria das Sociedades de Advogados, mas não implicará o fim – antes uma redução considerável. Redução essa que terá a natural consequência da redução do número de profissionais a entrar nesta área – parece-me provável que em termos de números, isso tenha uma implicação na redução de inscrições na Ordem dos Advogados na ordem dos 90%. * Dados que constam de uma edição do Jornal de Negócios de Setembro de 2004. LER NA ÍNTEGRA www.pontosdevista.com.pt
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Opinião Francisco da Costa Oliveira, da Pancada Fonseca, Costa Oliveira & Associados - Sociedade de Advogados RL
Estágio é Formação com Valores O acesso ao estágio profissional é direito. Como tal, deverá ser assegurado ao candidato que cumpra todas as exigências definidas para o acesso a determinada profissão. Do princípio constitucional da Igualdade entre os cidadãos derivam, aliás: (1) o direito de acesso ao ensino com garantia da igualdade de oportunidades; assim como (2) a incumbência do Estado quanto a proporcionar a igualdade de oportunidades na escolha da profissão e nas condições de acesso a quaisquer categorias profissionais.
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A realidade mais comum a nível nacional continua a ser a do pequeno escritório de advocacia – tal como aquela com que eu me deparei há 18 anos atrás, quando fui admitido a estágio (não remunerado), na sociedade de advogados onde me vim a tornar sócio depois do mesmo.
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onsequentemente, uma vez que o licenciado em Direito seja admitido à formação profissional na Ordem dos Advogados, em condições de igualdade deverá também ser-lhe garantido o necessário estágio profissional. Esta conclusão – inteiramente pacífica – constitui a premissa fundamental que deveria nortear o Estado, na definição de normas legislativas destinadas a regulamentar o estágio profissional da categoria profissional de advogado. Isto é, em primeiro lugar deve ser assegurado o direito a um estágio profissional. E, para que tal premissa não seja defraudada a jusante, deverão ser asseguradas condições para que tal estágio profissional venha a corresponder a uma formação com qualidade, reunindo a passagem de conhecimentos (quer científicos quer empíricos) assim como
a oportunidade de experimentar e de evoluir na aplicação do Direito – seja pela intervenção processual, seja pela consulta jurídica a clientes individuais ou empresariais, seja mesmo pela partilha da vida multifacetada no interior de um escritório de advogados. Resumindo em poucas palavras: estágio é formação. O direito ao estágio é o direito a uma formação integrada, e de qualidade. Neste enquadramento, a norma legal hoje criada pelo Estado, impondo uma remuneração obrigatória a conceder pelo patrono ao estagiário de advocacia, é perniciosa e contrária àquela premissa. Em primeiro lugar, traz consigo o efeito adverso de diminuir a disponibilidade dos profissionais de advocacia quanto a admitirem novos formandos. Assim ofendendo directamente o próprio direito ao estágio. Em segundo lugar, contraria o próprio significado
subjacente ao estágio profissional, que é o de o patrono fornecer formação – uma formação-com-valores – e não o de assegurar uma espécie de rendimento mínimo. Em terceiro lugar, assegura rendimento a quem deveria em primeiro lugar esforçar-se por vir a obtê-lo, destruindo – numa lógica de facilitismo – a capacidade que uma remuneração apenas eventual poderia ter como um estímulo para o formando. A realidade mais comum a nível nacional continua a ser a do pequeno escritório de advocacia – tal como aquela com que eu me deparei há 18 anos atrás, quando fui admitido a estágio (não remunerado), na sociedade de advogados onde me vim a tornar sócio depois do mesmo. Franqueadas as portas ao estagiário, terá de se estabelecer uma relação de confiança, para que o formando mereça o privilégio de contactar directamente
com os clientes, com os assuntos e com o Tribunal. Portanto, a meu ver, a norma equilibrada seria composta por uma regra geral de correspondência progressiva entre o trabalho desenvolvido pelo estagiário e a sua remuneração (ao estilo de: «o estágio profissional deverá ser tendencialmente remunerado, em função da qualidade do trabalho prestado pelo formando e do seu empenho»), e uma regra especial destinada a evitar o abuso que, várias vezes, se tem verificado no seio de grandes organizações que fazem assentar parte da sua capacidade produtiva na co-existência de vários advogados-estagiários sem remuneração (ao estilo de: «quando no mesmo escritório de advogados realizem estágio profissional mais do que X formandos, o estágio profissional será obrigatoriamente remunerado»). Julho 2011 Pontos de Vista
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Sociedade de Advogados Helder Ferreira & Associados
“A Justiça é fundamental para o Portugal evoluir” É indeclinável. Quando abordamos a temática do séquito do sector em que actuam os profissionais da advocacia temos infalivelmente que fazer um ligeiro périplo sobre o estado da justiça em Portugal, até porque esta deve ser não apenas uma reflexão política, mas também uma meditação de todos para todos, para que as actuais e as vindouras gerações possam usufruir de um sistema judicial mais eficaz, equitativo e indulgente, onde os advogados têm e terão um papel fundamental.
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importante referir que nos últimos tempos, o papel da Administração Central e mais concretamente da tutela vigente, o Ministério da Justiça tem sido algo paternalista, nem sempre promovendo o protagonismo de diversos agentes na área de justiça, sejam eles privados ou públicos, esquecendo por vezes que estes são parceiros fundamentais e essenciais na procura incessante de um serviço judicial em prol de uma melhoria da qualidade de vida dos portugueses. Desta forma, o Estado, em conjunto com os seus parceiros, como a Ordem dos Advogados, têm a responsabilidade conjunta e quase exclusiva na garantia e promoção da justiça como um direito a qualquer cidadão, precavendo ainda condições mais positivas para as empresas, principalmente as denominadas PME’s, que compõem uma parte maioritária no universo empresarial português. Analisando o cenário anterior, é factual e evidente que o Poder Central tenha dificuldades em fazer face à totalidade dos custos de todos os serviços envolvidos no sistema de justiça português, contrariedades aumentadas pelo ritmo exponencial dos encargos constantes e evolutivos, onde inúmeras vezes as necessidades excedem constantemente os recursos. Neste sentido, torna-se imperioso que se optimizem soluções e se promovam medidas eficazes, pois assistimos sob um manto de impavidez assustadora a constantes «lapsos»
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Aqueles que trabalham diariamente e directamente para a prossecução da Justiça em Portugal, advogados, magistrados, funcionários judiciais, entre outros, devem ser ouvidos de uma forma séria e sincera pela classe política para que estes reúnam condições e fiquem habilitados a promoverem uma reforma estrutural no processo civil, tal como em outras leis
legislativos em que tudo é passível de ser controvertido. Chegou o momento crucial, em que o sistema judicial é actualmente desafiado no sentido de preconizar refutações nas mais diversas vertentes. É imperioso que a justiça não seja analisada por si só, ou seja, desprovida de uma interligação com a forma como é deparada pelo Poder Central, bem como pelo próprio público em geral, abolindo dessa forma uma realidade que tem sido constatada e contestada por alguns agentes pertencentes ao meio judicial, em que despontam e irrompem medidas legislativas nem sempre dotadas e apetrechadas de uma prévia inquirição dos principais interessados, ou seja, aqueles que nutrem um papel de intervenção fundamental na verdadeira essência da justiça portuguesa, tal como os advogados. É importante assim salientar aquilo que tem alterado e concretizado, em prol de um país que apesar das dificuldades evidentes que passa, tem toda a capacidade e recursos humanos de valor para ultrapassar estes obstáculos. A Revista Pontos de Vista quis conhecer quem conhece o universo da Justiça «a fundo», tendo conversado com Helder Ferreira, advogado e fundador da Sociedade de Advogados Helder Ferreira & Associados, que numa agradável conversa nos deu a conhecer a visão de um profissional de advocacia que conhece este sector intimamente há mais de três décadas, tendo ainda abordado temas tão pertinentes como a necessária alteração de uma lei fundamental para o país, ou seja, a Constituição e ainda a dinâmica da cobrança de dividas e da recuperação de crédito, tema que, fruto das dificuldades económicas sentidas por todos, se encontra cada vez mais em voga. O futuro é construído pelas novas gerações, sendo importante continuar a preparar o mesmo com as gerações actuais em prol das gerações de futuro. Assim, neste entrevista estiveram também presentes mais duas gerações de advogados da família «Ferreira», ou seja, as descendentes de Helder Ferreira, Rita Ferreira, sócia da Sociedade de Advogados Helder Ferreira & Associados e Marta Ferreira, jovem estudante de direito, no terceiro
ano da faculdade, e que nos deu a visão de alguém que sempre conviveu, fruto da convivência familiar, com princípios tão dignos como a verdade, a justiça e a equidade.
“A lentidão da Justiça deve-se ao sistema existente”
Uma grande parte dos portugueses não estão satisfeitos com a democracia portuguesa e estão desconfiados do Sistema, descrentes na Justiça e convencidos de que os governos não são autónomos. O retrato da justiça em Portugal poderia portanto ser melhor, embora o sentimento geral dos cidadãos nacionais revele um desacreditar no sistema judicial em Portugal. Os que trabalham no sector, juízes, funcionários judiciais, advogados, entre outros queixam-se de escassez de meios, tendo razão na maioria das vezes, embora as coisas não sejam assim tão simples, sendo esta desorganização e falta de meios reflectidos na celeridade da Justiça, que actualmente não existe. “Temos de perceber isso porque a Justiça é fundamental para o nosso país crescer”, refere Helder Ferreira. Apesar de tudo deverá existir sempre o princípio do contraditório, que logicamente deve existir sempre, pois caso contrário não estaríamos num estado democrático e de direito. Mas estão erradas as bases do princípio do contraditório? Para Helder Ferreira “extrapolam tudo o que é o bom senso”. Porquê? “Porque as garantias dadas ao denominado réu nas acções cíveis, principalmente no caso concreto do devedor são garantias processuais tais que a celeridade da Justiça não pode pactuar com estas garantias, principalmente no estado moderno, actual e europeu como é Portugal”, afirma o nosso entrevistado, assegurando que o principal problema da Justiça portuguesa é a celeridade. Mas existem responsáveis desta lentidão e morosidade? Para o nosso interlocutor, os atrasos judiciais não podem ser imputados somente aos juízes e advogados, até porque quanto a estes últimos, advogados, “não podem ter atrasos. Se em algum momento um advogado se atrasar na entrega de uma contestação, e os prazos até são curtos, ou se conside-
ram provados os factos articulados pelo autor ou pura e simplesmente existirá o efeito condenatório pleno, isto é, a condenação de imediato”, refere convicto o nosso entrevistado. Helder Ferreira concorda com a existência de prazos no domínio dos advogados e embora não responsabilize os juízes em Portugal pela lentidão da Justiça portuguesa, a verdade é que os juízes portugueses não têm prazos a cumprir, realidade que permite que existam processos cuja resolução demore vários meses, anos até. “É evidente que tudo isto é da responsabilidade do sistema actualmente vigente, da orgânica dos tribunais e não da magistratura”, salienta, assegurando que os atrasos estão nesse pilar da sociedade nacional, os tribunais, e não nos escritórios de advogados.
“Fomos alertados diversas vezes”
Mas o que poderão fazer para mudar este estado de sitio da Justiça portuguesa? Faltará diálogo entre advogados e juízes para tornar a justiça mais célere ou tudo não passará por um problema global da justiça e dos principais intervenientes não serem devidamente escutados? Portugal vive sob o espectro de uma crise económica, social e política, embora seja ainda possível alterar este estado de coisas, sendo que a Justiça é e será sempre um pilar fundamental de um país que se diz desenvolvido. Assim, urge dar maior atenção a advogados e juízes, pois os mesmos deveriam ser os primeiros agentes a ser ouvidos em qualquer reforma do processo civil e não a classe política. “Aqueles que trabalham diariamente e directamente para a prossecução da Justiça em Portugal, advogados, magistrados, funcionários judiciais, entre outros, devem ser ouvidos de uma forma séria e sincera pela classe política para que estes reúnam condições e fiquem habilitados a promoverem uma reforma estrutural no processo civil, tal como em outras leis”, afirma Helder Ferreira. A crise financeira existente em Portugal e na Europa, bem como no mundo, é uma realidade, sendo que o caminho
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a seguir para ultrapassar estas vicissitudes passa pela união de todos em prol de um Portugal mais forte. Com mais de três décadas de experiência no universo da advocacia, Helder Ferreira conhece bem as dificuldades existentes na Justiça, embora seja importante referir outras questões que estiveram por detrás do actual panorama em que vive Portugal, ou seja, o aspecto político. “De facto terei de me afastar do meu contexto de trabalho para abordar a dinâmica da vertente política, porque há cerca de seis ou sete anos que assistimos a constantes alertas e avisos por parte de economistas reputados, políticos de oposição, entre outras entidades, avisando-nos para a eventualidade da crise económica já estar instalada em Portugal”, refere o nosso entrevistado, dando um exemplo, desprovido de qualquer ideologia política, da ex deputada e ex presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, “que de facto foi das vozes mais assertivas e constantes sobre os problemas existentes em Portugal”. Portanto, o caminho a seguir passaria pela diminuição da despesa do Estado, adiando obras públicas de envergadura, como por exemplo o TGV ou o aeroporto de Lisboa. “Nada disto se fez e os avisos e alertas por parte dessas pessoas foram tidas como manobras políticas e partidárias e formas de assustar os portugueses. Isto foi um erro crasso e que levou ao estado actual das finanças deste pais”, assegura. E qual o estado das finanças de Portugal? “Estamos à beira da bancarrota. Não tenho qualquer dúvida”. Apesar do espectro negro que vislumbra Portugal, o nosso entrevistado confia na capacidade de todos para ultrapassar este cenário, «basta» que todos os partidos políticos se unam, estejam no Governo ou na oposição, e sigam na lógica do acordo/programa assinado com a Troika, “porque tem de ser cumprido na íntegra”, refere.
Rever determinadas leis é essencial
Mas bastará seguir as linhas orientadoras desse acordo/programa assinado com o FMI – Fundo Monetário Internacional para cumprir o que foi acordado? Julho 2011 Pontos de Vista
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Segundo o nosso interlocutor é necessário que se promovam ainda novas reformas e que passam por aquela que é a lei fundamental da nação, a Constituição da República. No entanto este passo deve ser pensado e realizado de uma forma correcta. “Tem de ser revista de uma forma que defenda a democracia e que não possua factores ideológicos que desvirtuem aquela que é uma lei fundamental. Actualmente esta lei fundamental ainda refere que estamos a caminho do socialismo e não acredito que seja esse o rumo a seguir. Acredito que os portugueses têm consciência disso, até pela votação nas últimas eleições legislativas de 5 de Junho, onde mais de 80 por cento dos eleitores votaram no programa/ acordo do FMI, a denominada Troika. Portanto não comungo da ideia de que estamos a caminho do socialismo, sendo importante referir o princípio que é elementar a qualquer aluno que estude economia política, ou seja, o Estado é mau administrador, principalmente no apoio às PME’s, que são a maior base de emprego em Portugal”. Tem a lei do trabalho de ser revista também? Segundo Helder Ferreira é imperioso que se promovam alterações na lei do trabalho, fomentando assim a flexibilização, conceito que tem já alguns anos de discussão no nosso país, mas que nunca avançou, até porque os despedimentos são inevitáveis, “mude-se ou não a lei do trabalho”, explica o nosso interlocutor. Facilitar os despedimentos ou agilizar os mesmos sem colocar em causa os direitos dos trabalhadores? “Não podemos colocar a flexibilização nesses termos, ou seja, um quadro que promova a facilidade dos despedimentos. Temos é de agilizar os despedimentos, desde que estejam salvaguardados alguns princípios como a defesa dos direitos dos trabalhadores e uma menor penalização para as entidades empregadoras que promovam os despedimentos. Isso tem de ser uma realidade urgentemente”. Fazendo um paralelismo entre os trabalhadores portugueses e os europeus, os portugueses são aqueles que mais horas trabalham por dia em toda a Europa. Então porque razão somos menos produtivos e a nossa economia se encontra em 26
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Hoje, não obstante de todos os processos que chegam ao nosso escritório serem de imediato accionados, procedemos ao envio de uma carta ao devedor, possibilitando a resolução do problema mais facilmente. Posso afirmar que o número de respostas e os acordos que resolvemos seguindo essa metodologia diminuiu imenso comparativamente com o passado
recessão? “Não temos uma cultura de exigência eficaz. Escasseia motivação. Não pretendo culpabilizar os portugueses, mas acredito que um trabalhador deve motivar-se diariamente, porque para mim um trabalhador só «existe» de for produtivo e para que essa motivação exista o Estado deve oferecer condições melhores às entidades empregadoras que são absolutamente fundamentais para a alteração do cenário em que vivemos actualmente”. Basta isso? Bastará isso para mudarmos o nosso triste desígnio? Para o nosso interlocutor isso não chega. É necessário diminuir as assimetrias do nosso país, sempre com esperança num futuro melhor. “Para o bem de todos. Naturalmente que será um período difícil e esgotante, mas acredito no futuro. Temos de acabar com os erros passados e o novo Governo deve ser transparente na informação que passa aos portugueses porque apenas dessa forma podemos, todos unidos, ultrapassar a situação em que estamos hoje”, refere Helder Ferreira, invocando o sentimento de tristeza
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que sente hoje pelo facto de ter sido preciso uma instituição internacional, o FMI, «entrar» no nosso país para nos dizer como se deve governar em Portugal.
Dificuldades na vertente da cobrança de dívidas
Assim, a economia portuguesa atravessa um período de estagnação económica que se arrasta desde 2002, que constituirá o mais longo período de ausência de progresso económico na sua história desde há várias décadas. Para esta situação conjugam-se problemas estruturais por resolver, enquadramentos económicos externos penalizadores da especialização produtiva nacional e erros graves de estratégia e de gestão económica dos últimos governos. Depois de nos últimos três anos terem sido controlados desequilíbrios nalgumas variáveis económicas, nomeadamente nas contas públicas, o governo português tinha a expectativa que os anos de 2008 e 2009 fossem já de recuperação, o que esta crise veio pôr dramaticamente em causa.
A crise sentida nos mercados financeiros está a manifestar-se em Portugal de diferentes formas. A mais demolidora decorre do abrandamento dos principais mercados de destino das mercadorias e serviços vendidos pelo país, inviabilizando fazer das exportações o motor do crescimento do PIB, como vinha acontecendo. A crise vivida por alguns dos principais parceiros económicos de Portugal, particularmente a Espanha, vai também trazer fortes consequências em matéria de desemprego, já que se conhece o número importante de trabalhadores portugueses que aí trabalham, para empresas locais ou para empresas portuguesas a operar nesses destinos. Uma outra vertente desta crise ‘importada’ dos Estados Unidos da América, herdeira directa da governação Bush, vem-se exprimindo na instabilidade que tem atravessado os mercados financeiros, e que, nos momentos iniciais da sua repercussão na Europa, ditou a “bancarrota” de alguns bancos e a subida da Euribor, taxa de referência do custo do crédito às famílias e às empresas neste mercado. Sabido que em Portugal esta taxa é usada para “indexar” o custo do crédito à habitação, percebe-se o alarme que se gerou em muitas famílias, alarme proporcional ao número das que entretanto contraíram dívidas para pagar casa própria. Mesmo que entretanto essas taxas estejam a aliviar, isso vem-se reflectindo num número crescente de situações de insolvabilidade de famílias e na perda de capacidade aquisitiva por parte de outras, visível nas compras quotidianas no comércio a retalho. Para este efeito, é bom que se tenha presente a dificuldade porque passavam já os portugueses dos extractos sociais médio e baixo, em razão de políticas de rendimentos e fiscais que os penalizavam (e continuam a penalizar) fortemente. Conversamos com Rita Ferreira, advogada da Sociedade de Advogados Helder Ferreira & Associados, que nos deu a conhecer os principais entraves que se colocam actualmente no panorama da recuperação de crédito e da cobrança de dívidas. Começamos por questionar a nossa entrevistada sobre se existe actualmente
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falta de enquadramento legal ao nível da recuperação de crédito, cenário que, segundo Rita Ferreira, não se coloca. “O processo executivo funciona em termos legais muito bem. Tudo o que se encontra previsto para a cobrança funcionar existe”, refere a nossa entrevistada. Então o que falta? “Acima de tudo temos de atentar à situação económica do país, facto que nos leva a ter maiores dificuldades ao nível da cobrança, principalmente num período em que é imperativo cobrar as dívidas existentes”.
“A celeridade do processo executivo é essencial”
A Sociedade de Advogados Helder Ferreira & Associados opera com diversas instituições bancárias, tal como por exemplo, o maior Banco Privado Português facto que lhe granjeia um enorme prestígio neste domínio. Assim, os bancos procuram ter liquidez que actualmente não possuem. E como fazem? “O banco tem uma garantia real e dá alguma margem de manobra de que determinado crédito irá ser cobrado, embora não no espaço de tempo que seria necessário para obter essa liquidez. Se a dívida concedida não foi titulada por garantias o advogado terá maiores dificuldades de cobrar essa dívida”, refere, Rita Ferreira, assegurando que o óbice actualmente prende-se com a concessão dos financiamentos. “Hoje em dia, com Basileia II e com o Aviso nº5/2008 do Banco de Portugal, as entidades bancárias estão a restringir as medidas de controle e de análise da concessão do próprio crédito, tornando a obtenção de um crédito mais dificultada”. Assim, para os bancos é primordial proceder à recuperação das dívidas existentes num curto prazo, sendo os escritórios de advogados fundamentais para encontrar medidas que vão de encontro à forma mais célere de proceder à recuperação de crédito. E que medidas são essas? Para Rita Ferreira as injunções e as execuções em lote são exemplos claros de medidas mais céleres e eficazes e que no passado não se aplicavam. “Permitem reunir um lote de dívidas bastante abrangente, entre duas a três mil dívidas, e instaurar de imedia-
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Por mais difícil que seja este caminho, é sempre mais importante tentar fazer da justiça a verdade em acção do que seguir por um rumo mais simples e fácil, como por exemplo apostarmos em cursos para os quais não temos vocação e para o qual sabemos que não nos vamos dedicar de futuro com a mesma motivação e dedicação e que nos vai dar uma realização pessoal reduzida
to. Para esse processo contamos com a ajuda dos Agentes de Execução que automaticamente agrupam esse lote de dívidas e no próprio dia é enviado para o nosso escritório, onde podemos aceder rapidamente ao resultado de pesquisa dos bens do cliente em dívida e permitindo-nos avançar imediatamente com penhoras de vencimento ou de imóveis. Tudo o que for considerado irrecuperável é colocado de parte e considerado parte incobrável de dívida. Este processo é célere porque reúne em sintonia uma entidade bancária, um escritório de advogados e um Agente de Execução, todos com um único desiderato, ou
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seja, recuperação de dívidas no menor espaço de tempo”, salienta a nossa entrevistada.
Papel preventivo do advogado
Fundamental na sociedade, o advogado aporta um papel preventivo quando abordamos a temática da cobrança de dívidas ou recuperação de crédito, embora o incumprimento generalizado que se vislumbra actualmente torne essa tarefa difícil de concretizar. Numa fase anterior as pessoas recebiam uma carta de um advogado interpelando-as para as
dívidas existentes e em falta, facto que levava o devedor a entrar em contacto com o escritório de advogados. “Hoje, não obstante de todos os processos que chegam ao nosso escritório serem de imediato accionados, procedemos ao envio de uma carta ao devedor, possibilitando a resolução do problema mais facilmente. Posso afirmar que o número de respostas e os acordos que resolvemos seguindo essa metodologia diminuiu imenso comparativamente com o passado”. Apesar de todo o cidadão usufruir do direito de defesa, para Rita Ferreira existem actualmente demasiadas opo-
Pelos valores da Verdade e Justiça
O Estado da banca em Portugal Para Helder Ferreira a banca é fundamental para a saída deste cenário de crise. Mas qual o actual estado dos bancos portugueses? Num discurso concreto e eloquente Helder Ferreira deu-nos a conhecer o que se passa realmente neste sector vertical e fundamental para o país. “Até à entrada em vigor de Basileia II, só a partir da sexta prestação de incumprimento é que eram criadas provisões sobre qualquer financiamento que entrasse em default. Após Basileia II são geradas imparidades após um dia em incumprimento, deixando portanto de ser a sexta prestação, que podem variar de 1,22 por cento para incumprimento em crédito à habitação até 22,33 por cento no crédito ao consumo. Estas imparidades geram provisões elevadas pelos bancos, com paralisação de capitais que saem do circuito financeiro gerando assim uma crise de liquidez. Os bancos actualmente estão sem dinheiro para emprestar e esta criação de provisões leva a que os bancos tenham maior necessidade de se financiarem no exterior, fazendo-o com taxas elevadas, de modo a continuarem por sua vez a financiar a actividade económica no país. Posteriormente, aumentando as provisões por imparidade, a notação, que é o denominado rating das instituições fi28
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sições às execuções, muitas delas sem qualquer fundamento legal e moral que “são meramente dilatórias, provocando o atraso do processo”. Outra das medidas que as instituições bancárias têm impulsionado para que os processos sejam rapidamente concluídos passa pela adjudicação dos imóveis, isto é, todos aqueles créditos que são hipotecários estão garantidos por um imóvel que representa o prima bem a ser vendido no processo executivo, sendo que o papel, neste caso, do advogado e do agente executivo passa por tentar apressar e agilizar ao máximo a venda. “Nesta fase, se o cliente não paga e não existe um terceiro interessado em comprar o bem, os bancos estão a adoptar a política de ficar com os imóveis, embora as avaliações estejam neste momento em baixa. Assim, o banco fica com o valor que por vezes não cobre 60 a 70 por cento do valor que financiou. No entanto, embora o devedor permaneça com a dívida, permite ao banco recuperar as provisões e obter a liquidez que perdeu desde o incumprimento até hoje”.
nanceiras, desce, provocando uma subida dos juros pelos empréstimos concedidos a estas instituições. Esse cenário torna a existência de dinheiro mais escassa levando a que os bancos se previnam mais no cliente e nas garantias que o mesmo oferece. Esta situação é agravada pelo facto dos bancos terem que reservar fundos próprios, não só pelo empréstimo concedido, mas também pelo risco do mesmo”, afirma Helder Ferreira. Basileia II define ainda o risco de cada empresa para avaliar os seus rácios de solvabilidade e capitais, entre outros. Existe desta forma uma redução da massa monetária em circulação no país. “Em Portugal estamos ainda mais mitigados pelo facto de pertencermos à Zona Euro, o que torna o dinheiro mais caro e obriga os bancos com maiores necessidades de financiamento a recorrerem ao mercado internacional e a pagarem taxas elevadas pela obtenção desses empréstimos ou a oferecerem taxas de juro superiores aos cidadãos portugueses pelos seus depósitos. Desta forma, é mais importante, do ponto de vista dos bancos, recuperar um crédito que esteja com seis prestações vencidas do que atribuir novos financiamentos”, salienta Helder Ferreira.
Ao levantar a questão dos efeitos da globalização sobre a educação e a universidade, deve-se evitar a dupla armadilha do hino à Inovação e da denúncia da «diabólica» Globalização. É preciso não esquecer os países onde muitas crianças ainda não beneficiam da educação, sob qualquer forma que seja. Além disso, o objecto “universidade” é plural. Remete a um espaço pedagógico, a uma instituição social, a uma estrutura onde são reunidos os jovens de hoje que são o futuro de amanhã, a um lugar de trabalho e a universidade não muda no mesmo ritmo sob todos esses pontos de vista, sendo necessário continuar a fomentar as aspirações, ambições e motivações de quem decide enveredar pelo conhecimento e sabedoria. Ao longo desta entrevista falamos com duas gerações de advogados, Helder Ferreira e Rita Ferreira, onde conhecemos os seus pontos de vista de determinadas matérias, a visão sobre o actual estado de Portugal e dos problemas que
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Marta Ferreira
o rodeia, bem como as aspirações de futuro. Chegou o momento de falarmos com Marta Ferreira, terceira geração da família, e que se encontra neste momento no terceiro ano de Direito na Faculdade de Direito de Lisboa. Quais são as aspirações que movem esta promissora futura advogada? Como sabemos a família é, para qualquer um de nós, uma influência fulcral nas nossas escolhas e decisões, sendo um pilar importante no seguimento do rumo a seguir. Marta Ferreira não é excepção e embora a tendência inicial quando perguntam: «porque foste para este curso?», seja a de dizer «porque gosto», essas escolhas rodeiam muito mais do que um simples gosto. “Naturalmente que o que gostamos acaba por ser o reflexo dos valores com os quais vamos contactando ao longo da nossa vida e da nossa formação como pessoas”, refere a nossa entrevistada, assegurando que no seu caso a tendência familiar sempre enveredou por contactos sustentados em valores como a Verdade e a Justiça. “Por mais difícil que seja este caminho, é sempre mais importante tentar fazer da justiça a verdade em acção do que seguir por um rumo mais simples e fácil, como por exemplo apostarmos em cursos para os quais não temos vocação e para o qual sabemos que não nos vamos dedicar de futuro com a mesma motivação e dedicação e que nos vai dar uma realização pessoal reduzida”. Apesar de ainda não ter uma especialidade seleccionada, é na vertente do direito civil que Marta Ferreira pondera apostar. O curso de direito, à imagem de outros, reúne níveis de exigência ímpares e elevados, facto que é levado à prática, por exemplo, na Faculdade de Direito de Lisboa, instituição frequentada pela nossa entrevistada, onde a exigência é levada ao extremo, preparando da melhor forma os futuros profissionais de advocacia. Marta Ferreira não discorda da exigência imposta na orgânica do curso de direito, sendo, diz “o caminho a seguir. Se assistimos diariamente a inúmeras dificuldades no domínio da Justiça, temos de continuar a exigir competência a quem está a ser formado para esta área. Orgulho-me da universidade que frequento, porque por mais
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PV9 // TEMA DE CAPA
Sociedade de Advogados Helder Ferreira & Associados
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Hoje em dia, com Basileia II e com o Aviso nº5/2008 do Banco de Portugal, as entidades bancárias estão a restringir as medidas de controle e de análise da concessão do próprio crédito, tornando a obtenção de um crédito mais dificultada
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Mário Marques frustrante que possa ser, por exemplo, nas classificações atribuídas, acredito contudo que é essa exigência que nos permitirá ser melhores profissionais”. Naturalmente que é necessário continuar a apostar na excelência da educação neste âmbito, onde, independentemente das universidades, os professores são fundamentais. “Acredito que os docentes e assistentes da minha faculdade revelam um amor incondicional pelo Direito, sendo este sentimento e forma de estar, essenciais para incutir nos alunos o interesse pelas disciplinas, pelo direito e sobretudo pela Justiça”. O Bastonário da Ordem dos Advogados aprovou o exame de acesso ao estágio de advocacia, que passou a ser exigido a partir de 1 de Janeiro de 2011, aos licenciados em direito. Até então, os candidatos a advogados só prestavam provas no final da formação ministrada pela Ordem. Sendo esta uma medida polemica, foi rejeitada por anteriores bastonários, servirá este exame para verificar os conhecimentos considerados necessários para a efectiva prática da profissão e que poderá possibilitar uma redução da massificação da advocacia em Portugal. Marta Ferreira concorda com o «combate» a esta massificação, embora discorde da forma como tem sido feita, ou seja, esse exame não deveria ser realizado no final de quatro anos de estudo e de exigência máxima o que poderá frustrar as expectativas a quem tanto deu durante o curso. Alternativas? “Diminua-se o número de vagas por exemplo”, assevera, lembrando que o exame de acesso à Ordem dos Advogados surge via Bolonha, que alterou o período, entre outras, dos respectivos cursos de cinco para quatro anos. “Não obstante da redução de tempo, o conteúdo programático mantém-se, logo temos menos tempo para aprender, sendo bastante prejudicial para os alunos, como para os professores”, conclui Marta Ferreira. 30
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PV9 // DEPENDÊNCIAS
Caritas Diocesana de Évora
“Procura-se tratar a doença alcançando a pessoa” “A ajuda mútua é um dos pilares para este processo, pois, num conjunto de pessoas com o mesmo problema todas devem lutar para atingir o objectivo final, a recuperação”, afirma Mário Marques, Director da Caritas Diocesana de Évora, que em entrevista à Revista Pontos de Vista revelou as principais bases dos processos de tratamento impostos na instituição, sem esquecer que o reconhecimento da doença é o primeiro passo para ultrapassar a impotência das dependências.
Mário Marques
te uma base de trabalho no grupo mas a avaliação do progresso terapêutico é individual. Procura-se tratar a doença alcançando a pessoa.
Q
uando é que surge a Caritas Diocesana de Évora e de que forma é que tem vindo a evoluir no domínio de cuidados de saúde na área da toxicodependência? A Comunidade Terapêutica foi fundada em 1991 e em 2005 fizemos uma reestruturação do programa terapêutico. Passou, a ser mista, a receber pessoas a fazer programa de substituição opiácea, e introduziram-se características do modelo Minnesota.
Neste momento, quantos utentes possui a Caritas Diocesana de Évora e para quantos se encontra preparada para albergar? Esta é uma estrutura com capacidade para receber 26 utentes, 21 dos quais em camas protocoladas com o IDT. Neste momento tem 21em camas protocoladas.
O apoio de profissionais qualificados é vital neste domínio da recuperação de toxicodependentes. Como se encontra preparada a Caritas Diocesana de Évora neste âmbito? Que lacunas ainda existem neste domínio? Trabalham quatro psicólogos, um psiquiatra e dois assistentes sociais com larga experiência nesta área. Temos, ainda, o apoio de um médico de família do Centro de Saúde de Évora e de uma enfermeira.
Em que moldes é que se baseia o Programa Terapêutico da Caritas Diocesana de Évora e de que forma tem aportado uma taxa de sucesso e recuperação eficaz? Que géneros de instrumentos terapêuticos são utilizados no auxílio dos pacientes? O programa terapêutico engloba aspectos do modelo Minnesota como reuniões de Alcoólicos e Narcóticos Anónimos e Al-anom. São efectuadas terapias de expressão das emoções, seminários temáticos, espaço de artes plásticas, aulas de português e desporto. Na recente avaliação, completaram o programa 56 % dos admitidos e 76 % destes estavam abstinentes após um ano da alta.
Por quantas fases é constituído o mesmo e de que forma é realizado? Falamos de um trabalho terapêutico individualizado ou grupal? De que forma é que o mesmo se centra na exploração que o utente faz dos diferentes aspectos do seu problema? São trabalhados os três primeiros passos dos grupos de auto-ajuda, com leitura, fichas e seminários para cada um deles. Cada utente tem um psicólogo que o irá acompanhar até à sua saída, com o qual irá elaborar um plano individual de tratamento, com objectivos a alcançar e que é alvo de avaliações regulares. Exis-
Em que se baseiam as Comunidades Terapêuticas e qual o seu principal desiderato? De que forma é que este conceito se concentra na denominada ajuda-mútua como princípio básico? Criar um espaço e um tempo a quem precisa de parar e repensar a sua vida, conseguir uma transformação que sozinho não seria capaz, de modo a atingir um bem-estar físico, psíquico e emocional. A ajuda mútua é um dos pilares para este processo, pois, num conjunto de pessoas com o mesmo problema todas devem lutar para atingir o objectivo final, a recuperação.
Terminado o processo de tratamento e consequente recuperação do paciente, qual o acompanhamento que a Caritas Diocesana de Évora perpetua na vertente da integração do individuo na sociedade? A Caritas tem duas casas em Évora, uma para homens e outra para mulheres, para onde transitam as pessoas que terminam o projecto na Comunidade. Começa com um estágio de três meses que tem como objectivo a inserção no mercado de trabalho, sendo uma porta de entrada para um posterior vínculo laboral. Ao mesmo tempo há um projecto de formação de cinco módulos que pretende melhorar as competências pessoais e profissionais. A saída da casa dá-se quando atingir uma autonomia que lhe permita cuidar de si.
Qual a importância da família na recuperação do paciente? O reconhecimento do problema por parte do paciente é o primeiro passo para a recuperação total? Através de uma atitude de “Amor firme” a família pode ajudar o doente a consciencializar e a sentir a culpa pelo que fez sofrer e não, apenas, pelo que sofreu. O reconhecimento da doença para toda a vida, que não tem cura, é o primeiro passo e, fundamento, para ultrapassar a negação e enfrentar a sua impotência e a sua ingovernabilidade. Que análise perpetua em Portugal do número de pessoas que «caíram na malha» da toxicodependência? Acredita que este número tem aumentado? Crê que existe algum esquecimento político relativamente a este flagelo? Que medidas deviam ser colocadas em prática?
Na nossa prática clínica há uma procura crescente de jovens com menos de 30 anos em que a droga principal de consumo é a heroína, algo que há 3-4 anos não existia. Seria benéfico o aprofundamento das políticas de articulação entre os vários parceiros que intervêm nesta problemática, IDT, Comunidades Terapêuticas, Grupos de auto-ajuda, Equipas de rua etc., numa lógica de importância complementar. Quais as principais prioridades da Caritas Diocesana de Évora para o futuro? Continuar a melhorar a qualidade da intervenção, com respostas múltiplas, diferenciadas e adequadas às diferentes necessidades das pessoas em recuperação e actualização permanente face a novas realidades e padrões de consumo.
PV9 // CAISL EM DESTAQUE
Carlucci American International School of Lisbon em destaque
Educar os Líderes do Futuro
O dia seguia quente, numa manhã de Primavera perfeita, quando a equipa de reportagem da Revista Pontos de Vista chegou à Carlucci American International School of Lisbon – CAISL e onde a azáfama e a agitação se faziam sentir de uma forma harmoniosa, porque estava prestes a realizar-se uma cerimónia de enorme importância para o quotidiano da CAISL, especialmente para os seus alunos.
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Mas a figura do dia, além dos alunos da CAISL, foi o homem que deu nome à CAISL, Frank C. Carlucci, antigo embaixador norte-americano em Portugal no pós-25 de Abril e antigo diretor adjunto da CIA no final dos anos 70
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as já lá vamos às razões que nos levaram à Carlucci American International School of Lisbon no dia 8 de Junho para testemunhar esta cerimónia. Interessa primeiro compreender que a CAISL não é uma instituição qualquer pois, fruto da qualidade e da excelência renovada, tem perpetuado uma obra de enorme preponderância em prol das gerações de amanhã. Assim, numa altura 32
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em que se volta a debater qual o melhor sistema de ensino para vencer os desafios que Portugal tem pela frente, podemos, certamente, retirar algumas ideias de sucesso deste modelo e que tem merecido elogios por diversos quadrantes. Única escola em Portugal reconhecida pelo Departamento de Estado Norte Americano, a Carlucci American International School of Lisbon é ainda homologada pela New England Association of Schools and Colleges
(NEASC), pelo Council of International Schools (CIS) e pelo Ministério de Educação de Portugal. Além do Diploma Program, com o qual saem os alunos que fazem a sua graduação na CAISL, é ainda uma das poucas escolas em Portugal que oferece o International Baccalaureate (IB) nos últimos dois níveis de ensino (11º e 12º anos), possibilitando várias formas de ingresso a Universidades em todo o mundo. Tem atualmente cerca de meio milhar de alunos, de idades compre-
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endidas entre os três e os 18 anos, oriundos de cerca de 30 nacionalidades. Interessa salientar que o ensino é em inglês, mas inclui um extenso programa da língua portuguesa, não só para nativos mas também para todos os outros, que aprendem português como língua estrangeira. Como referimos, o rebuliço e a excitação eram sentimentos próprios para o que estava previsto no programa da CAISL no dia 8 de Junho. Assim, entre pais, alunos,
PV9 // CAISL EM DESTAQUE
professores e convidados de renome como Fernando Seara, edil da autarquia de Sintra, local onde fica a CAISL, Allan J. Katz, Embaixador dos Estados Unidos da América em Portugal ou Frank C. Carlucci, antigo embaixador norte-americano em Portugal no pós-25 de Abril e que deu nome à instituição, a ansiedade era evidente e a boa disposição reinava.
Instituição de futuro
Assim, o motivo desta cerimónia foi a inauguração de novos espaços no campus da CAISL, um projeto arrojado que inclui um ginásio coberto de 1,400 metros quadrados, mais de 10,000 metros quadrados de campos de desporto exteriores, um teatro com 450 lugares e salas específicas de música e arte com todas as comodidades que um aluno empenhado pode desejar. Durante o evento, foi possível vislumbrar um pouco da essência da educa-
ção ministrada na CAISL e do que pode fazer pelos mais jovens, pois tivemos vários momentos protagonizados pelos alunos da CAISL: cantaram e tocaram, apresentaram discursos escritos pelos próprios com uma atitude digna de um profissional e proporcionaram momentos de animação que fizeram as delícias da plateia. Blannie Curtis, Diretora da Carlucci American International School of Lisbon, não escondia orgulho pelo momento, até porque o caminho para conseguir concretizar estes desideratos, foi longo e difícil. “Tivémos um conjunto vasto de personalidades que nos deram um enorme apoio para que estas infraestruturas possam ser hoje uma realidade, mas uma grande parte do mérito deste sucesso vai para os pais e encarregados de educação que nos confiaram a educação dos seus filhos, valorizando o programa educativo, adotando a Missão da escola e sabendo que, assim que possível, iríamos equiparar as instalações à qualidade da educação.” Para Allan J. Katz, Embaixador dos EUA
em Portugal, este é um momento de enorme importância para a CAISL, mostrando-se extremamente satisfeito e lisonjeado com a presença de Frank C. Carlucci neste evento, que, nas suas palavras, “representa os valores americanos em Portugal”. O papel da escola para a Embaixada dos Estados Unidos da América em Portugal foi também salientado por Allan J. Katz, acima de tudo porque é “importante que os filhos dos trabalhadores americanos em solo luso, tenham uma educação de qualidade e excelência, semelhante à lecionada em solo norte-americano”, afirma, assegurando que a CAISL poderá continuar a contar com o apoio da Embaixada dos Estados Unidos da América em Portugal, lembrando ainda, que este apoio se deve ao facto de “estarmos a apoiar o futuro”.
Parabéns CAISL
Fernando Seara era um homem satisfeito e orgulhoso pelo crescimento de uma
escola de prestígio como a CAISL no concelho de Sintra e não só. É que além da parceria entre o município de Sintra e da CAISL, Fernando Seara aporta motivações pessoais no crescimento da Carlucci American International School of Lisbon, pois o seu filho foi, também, aluno da escola. “Permitam-me identificar três linhas estratégicas da Carlucci American International School of Lisbon: liberdade, conceito de globalização e excelência”, salienta, agradecendo a todos os presentes como cidadão, pai e português. O edil de Sintra não quis terminar sem antes lembrar a importância da obra realizada, a educação e a excelência da
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comunidade da CAISL, tendo viajado ao passado e trazendo neste dia 8 de Junho, a memória do Padre António Vieira, ele que, há 400 anos e à imagem do presente, viveu momentos tão difíceis como os atuais e que, como embaixador do reino, rumou a diversas capitais europeias para «pedir» ajuda para solucionar a crise financeira portuguesa de então. “Termino agradecendo a presença da CAISL em Sintra com duas pequenas frases do Padre António Vieira. «O Sol pode fazer dias longos, dias grandes só podem fazer as ações. No nascimento somos filhos dos nossos pais, na ressurreição filhos da nossa obra».
Para Allan J. Katz, Embaixador dos EUA em Portugal, este é um momento de enorme importância para a CAISL, mostrando-se extremamente satisfeito e lisonjeado com a presença de Frank C. Carlucci neste evento, que, nas suas palavras, “representa os valores americanos em Portugal”
Mas a figura do dia, além dos alunos da CAISL, foi o homem que deu nome à CAISL, Frank C. Carlucci, antigo embaixador norte-americano em Portugal no pós-25 de Abril e antigo diretor adjunto da CIA no final dos anos 70, foi homenageado pela sua dedicação a Portugal e pelo seu apoio à CAISL. “Estou extremamente satisfeito e orgulhoso pelo que alcançamos hoje em prol das gerações vindouras”, afirmou. A cerimónia não terminou sem se celebrar o primeiro cesto oficial no novo ginásio. Assim, os jogadores de serviço foram Fernando Seara, Allan J. Katz e Marcia Carlucci, esposa de Frank Carlucci, e dois membros do Conselho de administração da escola – Paula Sá (representante da Visteon Portuguesa) e Michael de Mello (representante do Grupo Espírito Santo. Curtos, longos, ao lado, no aro, deu para tudo neste momento de boa disposição. Quem ganhou? Todos, mas acima de tudo a Carlucci American International School of Lisbon e os seus alunos. Parabéns CAISL. Julho 2011 Pontos de Vista
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PV9 // CAISL EM DESTAQUE
Carlucci American International School of Lisbon
A Educação Americana e Portugal Algumas das universidades mais conceituadas do mundo, como o MIT, Harvard e Yale são americanas. Será, então, que existem lições que podemos tirar do ensino americano?
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Enquanto um certo nível de conhecimento pode ser adquirido através do estudo por livros e exames, uma boa educação faz com que o aluno saiba aplicar o que aprende, aos problemas da vida diária e saiba trabalhar com terceiros para encontrar soluções
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ara analisar esta questão, vale a pena conhecer a Carlucci American International School of Lisbon (CAISL), a única escola americana em Portugal que é apoiada pelo State Department, orgão que regula e aprova o ensino americano fora do país. Nesta escola, os alunos não escolhem obrigatoriamente uma área específica de estudos no 9º ano, têm serviço comunitário integrado nas suas actividades e o desporto e a arte são tão incentivados como a parte académica. Mas porquê e qual o resultado? Uma das características da educação americana é a amplitude do conhecimento. Ao contrário da educação portuguesa em que os alunos escolhem a sua área de estudo quando deixam o 9º ano, o sistema americano acredita que a educação de um jovem deve incluir tanto Matemática, Literatura, Línguas Estrangeiras, Música, Arte e Desporto. Por outras palavras, deve ser tão completa e geral quanto possível para poder alargar horizontes e incutir o apreço e respeito pelas diversas áreas do conhecimento. Mas este apreço e respeito também é trabalhado de outras formas: “A educação americana acredita que um aluno não pode aprender a não ser que ele próprio tome parte activa na sua própria educação. Participar na aula, fazer perguntas, pensar de forma crítica, trabalhar em grupo, são também formas de aprendizagem que incutimos desde cedo nos nossos alunos” – refere a directora da escola, Blannie Curtis. “Enquanto um certo nível de conhecimento pode ser adquirido através do estudo por livros e exames, uma boa educação faz com que o aluno saiba aplicar o que aprende, aos problemas da vida diária e saiba trabalhar com terceiros para encontrar soluções”. Este aspecto é muito visível em algumas das actividades que a escola dinamiza como por exemplo o “Iberian Model United Nations”, que é organizado anualmente pela CAISL e que atrai escolas de vários países. Nesta actividade, que dura três dias e é inteiramente organizada por alunos, cada participante estuda e tenta entender as políticas do país que vai representar e debate de forma parlamentar os temas 34
Julho 2011 Pontos de Vista
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Blannie Curtis que são propostos pelos próprios alunos até chegarem a propostas de resolução. Outro exemplo é a “Middle School Cross-Curricular Unit” em que alunos do 6º, 7º e 8º anos se juntam durante uma semana, e se organizam em equipas para resolverem um problema – o desafio deste ano foi criar de raiz um musical e cada uma das seis equipa escreveu o argumento, desenhou e pintou cenários, representou os papéis, fez os adereços, um trailer e a publicidade para o mesmo, e no fim, analisaram o impacto que a publicidade teve para o sucesso do seu musical. Desta forma desenvolve-se a criatividade, o espírito de equipa e a liderança, ao mesmo tempo que os alunos recorrem a diferentes disciplinas para conseguirem superar os desafios. Os americanos também acreditam que muita da aprendizagem é feita fora da sala de aula, nas actividades extra cur-
riculares. Alunos que vão às aulas, mas não participam em actividades extra-curriculares estão a perder muito do que a educação americana tem para oferecer: o desporto, por exemplo, além das capacidades e habilidades físicas, também ensina compromisso e cooperação; o programa de serviço comunitário ensina altruísmo e participação social; as aulas de teatro despertam a criatividade e estimulam a expressão; o Student Council ensina a trabalhar democraticamente dentro de uma estrutura através da análise de problemas e do acordo de soluções.
Mas porquê tudo isto? O que é que a educação americana procura?
“A História tem mostrado que não é o aluno que tem melhores notas e que
apenas se concentra no estudo que é mais bem-sucedido e que faz a diferença. Os verdadeiros líderes são aqueles que são entusiastas pela vida e pela aprendizagem e que procuram constantemente superar-se em tudo o que fazem. É esta chama de entusiasmo que a educação americana procura acalentar e que nós adoptámos.” – explica a directora. “O mundo está a evoluir tão depressa, que temos nas nossas mãos a difícil tarefa de preparar as crianças para profissões que, porventura, ainda não existem hoje. Torna-se, por isso, mais importante ensinar os jovens a aprender, a descobrir, a procurar e a pensar por si próprios.” No passado dia 8 de Junho, a CAISL inaugurou novos espaços no seu campus, um projeto arrojado que inclui um ginásio coberto de 1,400 m2, mais de 10,000 m2 de campos de desporto exteriores, um teatro com 450 lugares e salas específicas de música e arte com todas as comodidades que um aluno empenhado pode desejar. Durante este evento, os alunos mostraram o que este tipo de educação pode fazer por eles: apresentaram discursos escritos pelos próprios com a atitude destemida de um profissional, receberam e acompanharam as personalidades que a escola convidou com serenidade e confiança, lideraram estudantes mais novos nos papéis de jornalistas e de anfitriões. Numa altura em que se volta a debater qual o melhor sistema de ensino para vencer os desafios que Portugal tem pela frente, podemos, certamente, retirar algumas ideias de sucesso deste modelo.
PV9 // Dia da Independência dos Estados Unidos da América
Câmara do Comércio Luso-Americana
This is America! Em entrevista à Revista Pontos de Vista José Joaquim Oliveira, Presidente da Câmara do Comércio Luso-Americana, revela a importância que a data 4 de Julho aporta para os Estados Unidos da América, lembrando quais os projectos a delinear pela entidade, bem como a importância das relações bilaterais entre Portugal e os EUA. Quais são os principais serviços prestados pela Câmara do Comércio Luso-Americana? De que forma é que fazem a ligação entre ambos os países, Portugal e EUA, no sentido de revitalizar e dinamizar uma parceria entre ambos? Como é que analisa a ligação e a troca de conhecimentos e investimentos entre Portugal e os EUA?
José Joaquim Oliveira
N
o próximo dia 4 de Julho celebra-se o Dia da Independência dos Estados Unidos da América. Está a ser preparada alguma iniciativa pela Câmara do Comércio Luso-Americana? Que significado tem esta data? No dia 4 de Julho os Estados Unidos da América comemoram a assinatura da declaração da independência realizada em 1776. È uma das principais datas no calendário americano, pois efectivamente comemora-se o nascimento da nação. È um dia de celebração com várias actividades, como picnics e paradas nas ruas das cidades e a bandeira é hasteada nas casas americanas. Este ano a Câmara vai organizar um grande evento: This is America! que terá lugar nos dias 5/6 e 7 de Julho no Cinema São Jorge e conta com o Alto Patrocínio da Embaixada dos E.U.A. e o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, cujo objectivo é promover os EUA, a cultura americana e a relação entre os dois países. Vão ser três dias recheados de iniciativas várias, dirigidas a públicos distintos e que contará com uma ampla divulgação. Vamos ter todas as noites concertos que são tributos à música americana (Um dia Rock&Roll, outro dia Jazz e no outro musica genérica), cinema, colóquio sobre literatura americana, uma manha Disney, Harley Davidson Parade; conferências profissionais sobre Inovação, Tecnologia e Empreendedorismo, passatempos com sorteio de viagens aos EUA, entre outras.
Qual a missão e política levada a cabo pela Câmara do Comércio Luso-Americana? A Câmara tem como missão principal desenvolver e facilitar as relações eco-
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Relativamente à troca de conhecimentos e investimentos entre os dois países, embora muito se possa ainda fazer, gostaria de relembrar que as grandes empresas americanas estão praticamente todas representadas em Portugal e em sentido inverso estamos a viver momentos de alguma intensidade, bastando lembrar o que se passou recentemente com a EDP, Brisa, Efaccec entre outras
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nómicas e comerciais entre Portugal e os EUA numa base de mútuo interesse, exercendo um papel activo na diplomacia económica. A experiência adquirida ao longo destes anos, bem como o capital de conhecimentos, contactos e capacidade de angariação e transmissão de informação qualitativa são postas ao serviço dos nossos associados criando oportunidades de desenvolvimento de negócios nos diversos sectores. Contribuímos activamente para uma aproximação entre os dois países, sublinhamos as oportunidades, apoiamos e ajudamos as empresas que queiram estabelecer esta ponte e colaboramos com entidades portuguesas e americanas que tenham também esta missão.
Com cerca de 400 sócios, a Câmara constitui uma plataforma susceptível de viabilizar a criação de eixos dinamizadores e multiplicadores da política de promoção das empresas suas associadas e dos seus produtos e serviços em Portugal e nos EUA. A Câmara disponibiliza aos seus sócios um serviço de informação, nomeadamente sobre oportunidades de negócios, contactos de potenciais clientes e/ou parceiros, informação económica, financeira e fiscal, feiras e congressos, entre outra. Somos um agente defensor dos interesses dos sócios junto das duas administrações exercendo um papel de lobby sempre que necessário. Organizamos uma série de seminários, workshops e outras iniciativas sobre assuntos que sejam do interesse dos nossos associados e muito em particular assuntos que dêem a conhecer mutuamente os dois países, seus mercados e oportunidades que se abrem nos dois lados do Atlântico. Relativamente à troca de conhecimentos e investimentos entre os dois países, embora muito se possa ainda fazer, gostaria de relembrar que as grandes empresas americanas estão praticamente todas representadas em Portugal e em sentido inverso estamos a viver momentos de alguma intensidade, bastando lembrar o que se passou recentemente com a EDP, Brisa, Efaccec entre outras.
De que forma tem a Câmara do Comércio Luso-Americana promovido os EUA em Portugal? Quais são os maiores obstáculos que encontram? Já tendo respondido de alguma maneira a esta questão, preocupamo-nos muito particularmente em prestar informação sobre os EUA em geral e sobre oportunidades de negócio em particular, organizando nomeadamente seminários, publicando artigos na nossa Revista – Meeting Point, utilizando o nosso portal, sensibilizando os nossos empresários para a importância do mercado americano.
Devo sublinhar a organização de Missões comerciais as EUA muito focadas em contactos business to business, pois são estas que resultam de uma forma geral na concretização de negócios bilaterais. Como já referi, o This is America! Vai ser uma excelente oportunidade para promover a América, criando também apetência para saber mais sobre o país na área dos negócios. Os obstáculos devem ser sempre vistos como oportunidades e essa é a nossa filosofia. Neste momento todos sabemos que o desequilíbrio dólar/euro coloca algumas dificuldades relativamente às trocas comerciais mas traz, em contrapartida, novas oportunidades na área do investimento e no estabelecimento de parcerias, cabendo aos empresários portugueses saber aproveitá-las e a nós, enquanto Câmara, saber alertá-los e dar-lhes a conhecer estas oportunidades. Uma coisa é certa, as relações transatlânticas continuam indubitavelmente a ser o grande suporte da economia nos dois lados do atlântico. Quais as principais linhas de futuro da Câmara do Comércio Luso-Americana? Prosseguir com os objectivos traçados, desempenhando um papel cada vez mais activo e útil para as empresas de modo a que elas possam obter sucesso nesta relação bilateral. Num momento de celebração, que mensagem lhe aprazaria deixar? Os EUA oferecem um mundo de oportunidades, são a maior economia do mundo (o PIB é 31 por cento do PIB mundial), são um mercado de 300 milhões de consumidores com um nível de vida 43 por cento superior ao nível de vida europeu e é ainda o primeiro país importador a nível mundial. È ainda um mercado pouco explorado pelas empresas portuguesas (representa apenas 5% das nossas exportações). Não sendo um mercado fácil, é um mercado exigente e altamente concorrencial, apresenta enormes potencialidades, podendo ser visto como um destino promissor para a internacionalização das empresas portuguesas. A Câmara quer apoiar as empresas que pretendam explorar este potencial. E por fim “I WANT YOU FOR THIS IS AMERICA!” Julho 2011 Pontos de Vista
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PV9 // INTERNACIONALIZAÇAO DOS VINHOS
Vinhos Norte em destaque
“O sucesso da Vinhos Norte passa pela produção própria” embora tenhamos apostado na internacionalização. Para que isso fosse uma realidade e marcássemos a diferença, tivemos de apostar fortemente na qualidade e na produção própria das uvas e fazer a vinificação para podermos apresentar produtos de excelência no mercado externo, pois só dessa forma, face ao nível da concorrência, poderemos singrar a nível internacional”, afirma Joaquim Lima, lembrando que os vinhos verdes da Vinhos Norte provêm de castas nobres da região dos Vinhos Verdes, logo bastante frutados, aromáticos e leves, que são ideais para qualquer ementa gastronómica, seja de carne ou peixe. “É um vinho que acompanha qualquer refeição”, assegura o nosso entrevistado. De referir ainda que a mais-valia da Vinhos Norte passa pela produção própria, onde o fluxo da cadeia é completamente controlado, tendo para isso um enólogo residente que permite controlar a vinificação, o loteamento, o estágio, o enchimento, entre outras premissas para que os vinhos da Vinhos Norte façam realmente a diferença.
Aposta forte além-fronteiras
Graciete Lima e Vera Lima (à frente) e Joaquim Lima e Guilherme Pereira (atrás)
Qualidade, prestígio e reconhecimento, estas são apenas algumas das características que preenchem a forma de estar e actuar da Vinhos Norte, marca representativa do bom gosto e do saber beber, impulsionada por um fabrico tradicional e próprio, que lhe aportam uma inquestionável qualidade, bem como a melhor selecção das massas vínicas disponíveis.
A
ctualmente com uma forte dimensão nacional e internacional, a Vinhos Norte tem no na região dos Vinhos Verdes o pilar da sua estratégia assente na produção própria e numa cultura distinta. Assim, munida de quintas com características fundamentais e especiais, a Vinhos Norte tem vindo a calcorrear um périplo longo e moroso, mas absolutamente vital, sendo hoje uma marca reconhecida pela qualidade aprimorada dos seus vinhos, verdadeiros néctares únicos, com assinatura própria. Já provou? Num ano de aniversário, a Vinhos Norte comemora em 2011 quatro décadas de existência, a marca tem vindo a aprimorar o seu estatuto, apostando fortemente a nível interno, facto que tem marcado a diferença ao nível da sua postura no mercado internacional, a qual tem tido resultados extremamente positivos e que são para manter de futuro, se possível com maior envergadura e dimensão. 36
Julho 2011 Pontos de Vista
A Revista Pontos de Vista visitou a Vinhos Norte, marca «instalada» num resplandecente local, onde se produzem dos melhores vinhos verdes de Portugal, onde as principais «estrelas» são, entre outros, o Vinho Verde Cruzeiro, o Tapada dos Monges, o Espumante de Vinho Verde Miogo, entre outros e que perfazem as vasta panóplia de néctares aqui produzidos e seleccionados um pouco por todo o mundo. Joaquim Lima, Vera Lima e Graciete Lima foram os nossos anfitriões e numa conversa animada ficamos a conhecer a fundo as mais-valias da marca Vinhos Norte, as razões que têm levado o néctar aqui produzido a diversos cantos do mundo, sem esquecer que o lema da marca, ou seja, «Descubra a cor, o aroma e o sabor para partilhar e celebrar a vida …o Vinho é mesmo isso». Empresa de cariz familiar, a Vinhos Norte conta com a terceira geração à frente dos destinos da marca, tendo como
principal desiderato continuar a consolidar as suas marcas no mercado nacional e internacional, inovando, gerindo sinergias e apostando sempre na qualidade e excelência dos seus produtos, dando a conhecer, além da qualidade dos produtos aqui «criados», a história por detrás dos mesmos e acima de tudo a história de uma região, porque beber vinho é também conhecer as raízes do mesmo, é sentir as emoções de um povo, é compreender a essência de um país. Se a empresa Vinhos Norte outrora marcava a diferença no ramo da distribuição, onde comercializava vinhos e bebidas, soube adaptar-se e acompanhar a evolução do mercado, tendo apostado fortemente na produção própria, pois a exigência do mercado era notória e impunha produtos de qualidade superior, facto que leva a Vinhos Norte a estar no sector do vinho em duas vertentes: comercialização e produção. “Este projecto foi iniciado no mercado nacional
Onde nenhum pormenor é esquecido e nenhum detalhe é descurado. É esta a forma de estar da Vinhos Norte, que no sentido de acompanhar o desenvolvimento do mercado a todos os níveis, apostou forte em diversos projectos e processos da empresa. Assim, começando pela plantação de novas vinhas, à alteração da maquinaria de enchimentos, de novas linhas de enchimento e uma nova central de vinificação percebe-se o nível dos investimentos que têm sido realizados. “Tudo para fazer a diferença no mercado” revela Vera Lima. A Vinhos Norte não se apresenta ao mercado externo como um player novato. Bem pelo contrário. Embora a metodologia tenha sido alterada, ou seja, se no passado a Vinhos Norte exportava os seus produtos por uma força directa da pessoa que procurava a marca, principalmente no mercado da «saudade», foi em 2007 que se deu uma alteração na forma de actuação da Vinhos Norte. Como? Através do desenvolvimento e aperfeiçoamento de um plano de internacionalização estratégica focado em mercados alvo. “Com o apoio do QREN estamos a seleccionar os mercado alvo e a fomentar estratégias nos mercados em que pretendemos apostar” revela Vera Lima, assegurando que este processo é realizado através de, por exemplo, a participação
PV9 // INTERNACIONALIZAÇAO DOS VINHOS
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Iniciamos contactos com países como o Japão e a China e este ano alcançamos o mercado do Canadá, que é onde pretendemos centralizar as nossas exportações, principalmente para o mercado dos EUA da marca em feiras e certames do sector”. França, Reino Unido, Suíça, Alemanha, entre outros, são alguns dos mercados europeus onde podemos encontrar vinhos com o rótulo da Vinhos Norte. No entanto, a expansão da marca não se fica por aqui, pois mercados emergentes como o Brasil fazem também parte das perspectivas dos nossos entrevistados. “Iniciamos contactos com países como o Japão e a China e este ano alcançamos o mercado do Canada, que é onde pretendemos centralizar as nossas exportações, principalmente para o mercado dos EUA”, explica Vera Lima. Mas porque os EUA? Segundo a nossa entrevistada, o consumo de vinho verde em terras do «Tio Sam», é hoje uma «moda» “e temos de aproveitar essas sinergias e vontades para conquistar esse mercado”, revela convicta a nossa interlocutora. Assim, depois de «conquistar» o mercado europeu, é no mercado americano que a Vinhos Norte pretende implantar com força, sendo esta uma aposta com motivos mais do que suficientes para singrar. “Queremos continuar a participar em mais feiras, eventos e provas nos EUA e promover visitas às nossas instalações, transmitindo a região e o vinho em si. O que temos aprendido neste mercado é que para singrar não conta apenas o produto. Este é escasso para termos sucesso além-fronteiras. Temos de apostar na história do produto e nas mais-valias da região de onde provém. Se tivermos essas dois vectores como principal preocupação então poderemos conquistar esses mercados e novos consumidores”, assegura a nossa entrevistada.
A qualidade marca a distinção
Os denominados países do Novo Mundo assumem-se como os grandes concorrentes do vinho luso, até porque esses países apresentam algo que Portugal não pode ostentar, ou seja, hectares ao nível de vinhas, algo que é contraposto
pela diversidade nacional. Este facto provoca dificuldades quando os vinhos portugueses pretendem figurar na «mesma prateleira» ao nível do preço. Como contornar essa vicissitude? Apostando na autenticidade e na bandeira que é o produto único. Na região dos vinhos verdes Portugal apresenta castas autóctones que não são produzidas em mais nenhum ponto do planeta. “É por este vector que temos de marcar a diferença. Esta «bandeira» é fundamental para que as pessoas compreendam que estão a comprar um vinho com características únicas e que não encontram em nenhum outro país”, esclarece Graciete Lima, sem no entanto deixar de referir que o preço é uma questão difícil de contornar para a Vinhos Norte. Para encontrar soluções para combater este panorama, a Vinhos Norte tem vindo, paulatinamente, a estruturar-se, realidade iniciada em 2005, com a edificação de um centro de vinificação e em 2008 com a aposta em novas linhas de enchimento. “Desta forma fazemos todo o processo interno da produção do vinho, permitindo-nos apresentar no mercado produtos mais competitivos com a qualidade desejada”, salienta. Apesar de tudo, existem ainda momentos em que a barreira do preço é um entrave significativo. Desta forma, a solução passa por enaltecer a originalidade do produto, as suas características ímpares, bem como a qualidade do mesmo. “Esse trabalho de promoção é realizado directamente nos países onde pretendemos conquistar quota de mercado, porque além do vinho, estamos também a promover a marca Portugal”, explica a nossa entrevistada.
Beber «qualidade», mas com moderação
Embora reconhecendo que o mercado nacional aporta actualmente, fruto da crise económica sentida em todos os sectores, algumas dificuldades, para
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Joaquim Lima o segredo para que a Vinhos Norte tenha vindo a ultrapassar esses obstáculos passa pela estratégia montada desde 2005 e que tem conhecido resultados positivos actualmente. “As crises servem para isso mesmo, ou seja, estamos perante um cenário actual de selecção onde são resistirão aqueles que souberam apetrechar-se convenientemente”, assevera. Sabendo que o futuro passa por manter a posição no mercado nacional, segundo os nossos entrevistados o grande projecto da Vinhos Norte é sem dúvida a contínua aposta no mercado internacional. No entanto, esse desiderato não significa que o mercado nacional seja esquecido. De forma alguma. Assim, numa tentativa de promover algo fundamental para o país e que inúmeras vezes não tem sido uma aposta concreta, a Vinhos Norte tem vindo a consolidar um projecto através do canal HORECA. “No mercado nacional pretendemos colocar os nossos produtos nos melhores hotéis e restaurantes do país. Felizmente esta-
mos presentes em alguns e com bons resultados. Além disso, pretendemos conquistar o Algarve já este ano, sendo um projecto que foi iniciado recentemente e que pretendemos ver resultados proximamente”, refere Vera Lima, assegurando que a Vinhos Norte pretende ainda apostar ao nível de vinhas, mais concretamente na criação de novas plantações e na recuperação de outras que estavam em mau estado. A terminar, desafiamos Joaquim Lima a explicar porque devemos provar os vinhos verdes da Vinhos Norte e principalmente os vinhos de génese portuguesa. A resposta fez-se rápida e num «trago» o nosso entrevistado deu a conhecer porque não podemos perder esta oportunidade. “O vinho é fruta, é um produto natural e faz parte da nossa história e cultura. Não devemos relegar o nosso passado. Temos vinhos absolutamente fantásticos e por isso devíamos beber com moderação os vinhos nacionais porque são realmente de qualidade”, conclui Joaquim Lima.
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Adega Cooperativa de Favaios em destaque
O genuíno sabor de Favaios A equipa da Pontos de Vista viajou até Favaios, antiga Flávius, povoação romana que pertencia à terra de Panoías e cujo desenvolvimento acompanhou as Dinastias. É nesta Vila que, desde 1952, na Região Demarcada do Douro, a Adega Cooperativa de Favaios se tornou uma das maiores e mais reconhecidas do país, em particular pela qualidade inconfundível do seu Aperitivo e Moscatel de Favaios.
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dificada em 1952, a Adega Cooperativa de Favaios surge, aquando da sua génese, com pouco mais de cem sócios, realidade completamente alterada meio século depois, para cerca de meio milhar de associados. Na década de 30, a Casa do Douro, com o novo método de pontuação, alterou a realidade do Moscatel de Favaios. A adição de aguardente vínica utilizada na produção de Vinho do Porto e Moscatel passou a só ser possível para vinhas localizadas a altitudes inferiores a 500 metros. Como a região de Favaios se situa num planalto a 630 metros de altitude, os seu agricultores viram deste modo ser-lhes negada a possibilidade de produzirem o, já na altura famoso, Moscatel de Favaios de tradições seculares, entrando a região numa grave crise económica e social. Na década de 50 com o surgimento do movimento cooperativo no país os lavradores de Favaios viram aí uma oportunidade de se organizarem na luta pelos seus interesses: a produção do Moscatel de Favaios. Assim nasceu Adega Cooperativa de Favaios. Esta instituição assume deste modo um papel fulcral para a economia desta freguesia do Concelho de Alijó, congregando todos os produtores de vinho, num esforço que visa consolidar e aproveitar as condições naturais da região para a 38
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produção de Moscatel, conforme afirmou à nossa revista o presidente, Mário Monteiro: “A Adega tem um grande impacto na economia local, pois praticamente toda a freguesia depende da agricultura e consequentemente da Adega Cooperativa de Favaios. Conseguimos ser uma instituição atractiva para os produtores, uma vez que nos especializamos na produção e venda de Moscatel, que é o que a região produz de melhor”. Atentos ao incrementar de exigências do mercado e às carências internas existentes, normais em estruturas que datam
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Para compensar a retracção do consumo nacional procuramos todos os anos in vestir cada vez mais na exportação. Hoje a Adega Cooperativa marca presença em 22 países espalhados pela Europa, América, Ásia e África
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de 1952, a Adega Cooperativa de Favaios, decidiu apostar na modernização e revitalização das suas infraestruturas através de um investimento de enorme envergadura: “Em 2004 foi efectuado um investimento de sete milhões e meio de euros, cujo objectivo foi a modernização da Adega, que datava de 1952. Assim, foi construído um novo edifício destinado à vinificação, melhorámos as linhas de engarrafamento, bem como o armazém onde ficam os produtos até serem absorvidos pelo mercado. Levámos também a cabo um projecto de modernização do armazém onde repousam os vinhos mais novos”. Com a aposta na modernização das linhas de engarrafamento e do centro de vinificação, onde hoje possuí o que de mais moderno existe em todo o país, o que aliado a tradições seculares faz toda a diferença na qualidade do vinho, a Adega Cooperativa de Favaios investiu ainda em enologia, possuindo nos seus quadros três enólogos e um engenheiro agrícola, que orienta os produtores no sentido de adoptarem boas práticas agrícolas, para que o resultado final seja da maior qualidade. Reconhecida sobretudo pela inegável qualidade do moscatel que produz, cuja quota de mercado ronda os 70 por cento, a Adega de Favaios está apostada em con-
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bidos. O plágio é um fenómeno que se coloca cada vez com mais força, pois quanto mais notoriedade tem o nosso Moscatel, mais tende a ser plagiado. Neste momento existem várias formas de plágio, umas são legais, e quanto a estas nada podemos fazer, pois tentam imitar as nossa garrafas e rótulos, para assim enganarem o consumidor, outras há que são ilegais, mas também pouco podemos fazer por estar fora do nosso âmbito e quem deve agir são as autoridades”. Deste modo, Mário Monteiro alerta os consumidores “para estarem atentos a este tipo de estratégias e para não se deixarem enganar, pois o Moscatel de Favaios distingue-se pela sua qualidade”.
Em 2004 foi efectua do um investimento de sete milhões e meio de euros, cujo objectivo foi a modernização da Adega, que datava de 1952. Assim, foi construído um novo edifício destinado à vinificação, melhorámos as linhas de engarrafamento, bem como o armazém onde ficam os produtos até serem absorvidos pelo mercado. Levámos também a cabo um projecto de modernização do armazém onde repousam os vinhos mais novos
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tinuar a aumentar estes números, bem como em solidificar a posição que os seus restantes vinhos têm no mercado: “Lutamos todos os dias para aumentar a quota de mercado dos vinhos aqui produzidos, contudo temos sempre que contar com a concorrência e, mais difícil ainda, com as actuais condições ecnómicas que levam a que o consumidor se retraia”.
Favaios no Mundo
As actuais condições económicas levaram a que esta instituição colocasse em prática um plano de internacionalização, que visa prosseguir o desenvolvimento do consumo e a imagem do Moscatel de Favaios, como uma das mais importantes categorias de vinhos a nível nacional e expandir internacionalmente os seus mercados à semelhança, do Vi-
A melhor Cooperativa do Douro
nho do Porto: “Para compensar a retracção do consumo nacional procuramos todos os anos investir cada vez mais na exportação. Hoje a Adega Cooperativa marca presença em 22 países espalhados pela Europa, América, Ásia e África. Este trabalho tem sido desenvolvido com a constante presença nos grandes eventos do vinho a nível internacional, através dos quais estabelecemos parcerias com distribuidores locais, que colocam os produtos no mercado, ou mesmo através de parcerias com empresas portuguesas que já estão nesses mesmos mercados, porque nós procuramos estar em todo o lado”, afirmou Mário Monteiro
que destacou ainda que a breve prazo, “os vinhos da Adega de Favaios vão estar em Angola e no Brasil”.
Combater o plágio pela qualidade
Devido à sua renomada qualidade, os Moscateis de Favaios são dos produtos nacionais mais plagiados, por quem, embora não obtendo o mesmo resultado de excelência, procura, através de artimanhas comerciais, desviar o consumidor do genuíno sabor de Favaios: “Procuramos que os nossos vinhos sejam de qualidade ou de excepcional qualidade, como atestam os vários prémios já rece-
Neste momento, a Adega Cooperativa de Favaios conta no seu portefólio, para além dos vinhos Moscatel reserva e os datados de 89, 80 e 75, com o Favaíto, que é o produto estrela desta instituição, o Espumante Robal, à base de Moscatel, os vinhos brancos e ainda o tinto Floral da Vila. É ainda aqui produzido o Porto Monge 10 anos. Com toda esta estratégia, a visão da equipa de Mário Monteiro é que a Adega continue a ser a melhor Cooperativa do Douro, liderando a inovação ao nível do Moscatel de Favaios de forma a proporcionar experiências únicas ao consumidor, assim como, desenvolver um portfólio diversificado e complementar de Vinhos para além do Moscatel. Os investimentos efectuados, nos últimos anos, nas instalações, a par das grandes opções estratégicas e visão arrojada, são os grandes impulsionadores de uma dinâmica de sucesso que, no futuro continuarão a assinalar e garantir a qualidade dos vinhos da Adega Cooperativa de Favaios.
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Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa
Consolidar o nome Região de Lisboa A Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVRL) é uma associação regional interprofissional, à qual compete controlar a origem, garantir a genuinidade e promover os produtos vitivinícolas com direito a Denominação de Origem e a Indicação Geográfica (Vinho Regional Lisboa). Em entrevista à Pontos de Vista, o Presidente da direcção, Vasco d’Avillez, fala sobre os desafios de uma região de grande tradição na produção de vinhos de qualidade.
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ortugal passou, em 2009, por uma reformulação nas denominações produtoras de vinho. Dentro desse contexto nasceu a Região Vitivinícola de Lisboa, nova no nome, porém de grande tradição histórica na produção de vinhos finos, agrega nesta denominação todos os vinhos produzidos e certificados na região, substituindo desta forma a designação Vinho Regional Estremadura. Trata-se de uma região com uma forte tradição vinícola e que agrega alguns dos DOCs mais reconhecidos nacional e internacionalmente, entre os quais «Colares», «Bucelas», «Carcavelos», «Óbidos», «Alenquer», «Arruda dos Vinhos», «Encostas D’Aire» e «Torres Vedras», para além do vinho regional Lisboa. A nova Região de Vinhos de Lisboa abrange uma área de vinha de 30 mil hectares, produzindo cerca de 20 milhões de garrafas de vinho certificadas, além de Aguardente, Espumante de Qualidade e Vinhos Generosos. Vasco d’Avillez assumiu a liderança dos destinos desta instituição no passado mês de Janeiro e ocupará o cargo durante o próximo triénio. Para o responsável, o principal desafio que vai enfrentar passa pela “estabilização do nome Região de Lisboa, junto do público nacio40
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nal e internacional”. Neste domínio, Vasco d’Avillez, entende que há muito mais a fazer dentro das nossas fronteiras na consolidação do nome Região de Lisboa do que propriamente no estrangeiro, onde a marca já é bastante conhecida e procurada: “Curiosamente temos que trabalhar este aspecto muito mais em Portugal do que no exterior. O nosso nome, Lisboa, fora de Portugal, é mais conhecido, mas em termos nacionais a maioria dos agentes económicos continua a chamar-nos Estremadura, muito porque esse trabalho não foi ainda efectuado devido a outras prioridades”.
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Em termos de exportação temos conseguido crescer de ano para ano, mas com calma. Queremos continuar neste caminho, mas sabemos que na maioria dos países europeus e nos Estados Unidos, temos também que vender um pouco a imagem de Portugal e não só os vinhos de Lisboa
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Assim, a Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa vai talvez fazer uma tourada à portuguesa, associada à qual estará uma prova de vinhos, com vista à promoção da marca Vinhos de Lisboa: “Este tipo de acções de promoção já foram efectuadas em vários países, mas temos que as fazer também junto do público nacional” referiu o presidente da direcção da CVRL.
Exportação representa 50 por cento
O Vinho da Região de Lisboa tem vindo a registar um sucessivo incremento no volume comercializado, nomeadamente para os mercados externos, com uma quota superior a 45% do total certificado e tendo como principais destinos Angola, Bélgica, Reino Unido, Escandinávia, Canadá, Estados Unidos da América, Austrália, Noruega, Alemanha e Brasil. Aquela que era a mais premiada região de vinhos nacional, tem agora uma denominação: Lisboa, que permitirá uma promoção interna e externa mais consistente, ao mesmo tempo que dará o devido relevo a esta região de excelência. Este sucesso deve-se ao esforço dos produtores da região, às suas extraordiná-
rias condições naturais para a produção de vinhos, e reflecte-se nos resultados obtidos nos principais concursos nacionais e internacionais, que no ano de 2010 somaram: 51 medalhas de ouro, 106 de prata e 36 de bronze. Há ainda a acrescentar 23 “recomendações” três “troféus”, bem como outras distinções. Além da certificação de vinhos, a nova direcção vai apostar na promoção externa dos vinhos, no sentido de aumentar as exportações. Vasco d’Avillez adianta que a Polónia tem sido um dos mercados para onde os vinhos de Lisboa têm sido exportados, após a adesão do país à União Europeia. No plano das exportações, Angola é o principal mercado, absorvendo cerca de 40 por cento do volume das exportações, com 2,5 milhões de garrafas vendidas e sete milhões de euros facturados, seguindo-se Escandinávia, Alemanha, EUA, Canadá, Inglaterra e Brasil. “Angola é um mercado extremamente importante para esta região que produz um quinto do total nacional, logo a venda dos Vinhos, tem que ser feita para mercados com grande capacidade para os absorver, como é o caso de Angola”, afirmou Vasco d’Avillez. A Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa pretende continuar a expandir
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No ano passado, apesar da crise económica, os vinhos de Portugal subiram, no seu conjunto, as suas vendas em 18 por cento. Isto aconteceu sem baixar os preços, pois em média este aumentou sete por cento. Conseguimos isto aumentando a qualidade e oferecendo diversidade, pois em Portugal temos 350 castas diferentes, onde outros só têm seis ou sete. Temos vinhos diferentes e com uma qualidade única
o volume de vendas para este mercado, sem definir contudo um número a atingir, devido às especificidades económicas que se encontram hoje a nível global: “Em termos de exportação temos conseguido crescer de ano para ano, mas com calma. Queremos continuar neste caminho, mas sabemos que na maioria dos países europeus e nos Estados Unidos, temos também que vender um pouco a imagem de Portugal e não só os vinhos de Lisboa”. Para esta promoção em muito pode contribuir a ViniPortugal. Criada em 1997, é uma associação interprofissional que tem como objectivo a promoção dos vinhos, aguardentes e vinagres portugueses no mercado interno e em mercados internacionais definidos como alvo, agrupando estruturas associativas e organizações de profissionais ligadas ao comércio (ANCEVE e ACIBEV), à produção (FENAVI e FEVIPOR), às cooperativas (FENADEGAS), aos destiladores (AND), aos agricultores (CAP),e às regiões demarcadas (ANDOVI).
Aposta no Enoturismo
Porém, para Vasco d’Avillez, “não basta só criar as estruturas, é necessário investir nas mesmas para que estas possam atingir os seus objectivos. Neste sentido a CVRL tem actuado fora de
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Portugal com o apoio do programa OCM – Organização Comum de Mercado, que é pago pelo Instituto Financeiro da Agricultura, e governado pelo Instituo da Vinha e do Vinho, que aprova planos. Contudo, com os responsáveis pelo turismo, o trabalho ainda está muito aquém do que se pode fazer”. É também no domínio do enoturismo que a equipa de Vasco d’Avillez vai centrar atenções nos próximos anos, pois como o próprio reconhece, “se um turista se deslocar a uma agência para tentar saber que adegas ou produtores de vinho pode visitar, estes não são capazes de responder. Neste sentido está a ser criado um guia técnico que vai conter esta informação por região”. Esta é a prova da vitalidade e dinamismo de um sector que, apesar das dificuldades, tem sabido sempre reestruturar-se de modo a alcançar os objectivos, mesmo em clima de crise económica: “No ano passado, apesar da crise económica, os vinhos de Portugal subiram, no seu conjunto, as suas vendas em 18 por cento. Isto aconteceu sem baixar os preços, pois em média este aumentou sete por cento. Conseguimos isto aumentando a qualidade e oferecendo diversidade, pois em Portugal temos 350 castas diferentes, onde outros só têm seis ou sete. Temos vinhos diferentes e com uma qualidade única”.
Vasco d’Avillez
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Administração da Região Hidrográfica do Norte, I.P em destaque
Consagrar a Água como um activo para o desenvolvimento regional A Administração da Região Hidrográfica do Norte, I.P. (ARH do Norte I.P.) é uma entidade sectorial desconcentrada especializada na protecção e valorização das componentes ambientais das águas e que tem como missão a gestão sustentável dos recursos hídricos da Região Norte. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, António Guerreiro de Brito, Presidente da ARH do Norte, fala sobre os planos de gestão de bacias hidrográficas e os desafios da gestão da água enfrentados por este organismo.
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riada a 1 de Outubro de 2008, a ARH do Norte focaliza a sua intervenção em três regiões hidrográficas: Minho e Lima; Cávado, Ave e Leça e Douro, tendo em mãos o desafio de elaborar e executar os planos de gestão das bacias hidrográficas e outros planos de recursos hídricos, definir e aplicar programas de medidas de protecção e valorização da água, decidir e emitir títulos de utilização de recursos hídricos e monitorizar e fiscalizar a sua aplicação em todo o território sob sua jurisdição. António Guerreiro de Brito lidera esta instituição desde a sua fundação e não tem dúvidas em afirmar que o primeiro desafio que enfrentou “foi assegurar a capacitação interna da ARH do Norte, ou seja, formar e desenvolver os recursos humanos e técnicos para responder, com eficiência, às necessidades da comunidade. Esta capacitação interna teve, entre outros resultados, o desenvolvimento de um sistema de informação e apoio à decisão, ainda em construção mas que, devo reafirmar, foi o recente vencedor de um prémio de boas práticas atribuído pelo Ministério do Ambiente. Trata-se de um sistema tecnologicamente avançado que permitirá desmaterializar todo o processo inerente à gestão de recursos hídricos e que contribuirá para uma decisão mais fundamentada e mais célere”.
Financiar a protecção dos recursos hídricos
Para o presidente da ARH do Norte, outro aspecto que contribuiu para a afirmação da entidade que lidera foi “a implementação do regime económico e financeiro dos recursos hídricos que veio consagrar a aplicação do princípio ambiental do utilizador-pagador. Este modelo assume particular relevo porque parte significativa da Taxa de Recursos Hídricos é direccionada para o Fundo de Protecção de Recursos Hídricos, o qual promove a sua imediata devolução aos contribuintes por via de intervenções de reabilitação dos recursos hídricos, frequentemente em acções em parceria com outras entidades, em especial com os municípios”. Este instrumento financeiro tem assegurado iniciativas de recuperação do estado da qualidade da água dos rios e de protecção do litoral, 42
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acções que, segundo António Guerreiro de Brito “visam melhorar a vivência de espaços fluviais e a protecção da orla costeira, assim como a encorajar os cidadãos e as empresas a poupar recursos a não contaminar a água, numa perspectiva também educacional”. A criação da ARH do Norte permitiu começar a promover a água como agente catalisador de sustentabilidade. Conforme salientou António Guerreiro de Brito: “A ARH do Norte trouxe uma nova perspectiva, a visão da água como um elemento estratégico para o desenvolvimento regional. A verdade é que o nosso senso comum apenas concebe a importância da água quando ela é escassa ou quando a sua qualidade é deficiente. Contudo, é bem mais, é um elemento essencial para a produção de bens e, também, de valoração da paisagem e de manutenção da vida. Em contrapartida, a preocupação operacional é, num certo sentido, que ela continue a passar despercebida, ou seja, conseguir mitigar fenómenos extremos, cheias ou secas, bem como continuar a eliminar ou controlar episódios de deficiente qualidade da água. Por outro lado, também temos a percepção que, quer nos rios, quer no litoral, a água constitui uma valiosa singularidade: se Paris seria pouco sem o Sena e Londres seria outra sem o Tamisa, a cidade do Porto não teria o mesmo imaginário sem o estuário do Douro.
Muita da riqueza e da diferenciação competitiva das cidades advêm, precisamente, da existência de rios ou, melhor, de territórios fluviais qualificados”.
Planos de Gestão de Região Hidrográfica
Portugal, assim como toda a União Europeia, está obrigado a assegurar a elaboração dos Planos de Gestão de Região Hidrográfica por via da Directiva Quadro de Água, promulgada em 2000. Em rigor, conforme afirmou o presidente da ARH do Norte, “estes planos já deveriam estar concluídos em 2009 perante os prazos definidos na DQA. Contudo, Portugal teve, e muito bem, uma perspectiva estratégica ao considerar que seria estruturante serem conduzidos pelas Administrações de Região Hidrográfica, na medida em que a elaboração destes instrumentos para a gestão integrada dos recursos hídricos constituem uma oportunidade única de capacitação e de envolvimento das instituições locais e regionais, dos cidadãos e das empresas”. A ARH do Norte iniciou este exercício de planeamento com um financiamento do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e um projecto apoiado pelo Programa Operacional Regional Norte e, neste momento, está prestes a terminar a sua elaboração, sendo que “a partir de
António Guerreiro de Brito
final de Setembro e ao longo de seis meses irá decorrer a fase de discussão pública”, anunciou António Guerreiro de Brito que explicou, ainda, que “estes planos definem objectivos ambientais concretos que terão que ser atingidos dentro dos prazos neles previstos. Por outro lado, apenas devem ser consideradas medidas que tenham assegurado o respectivo financiamento, sendo que 2015 é a primeira meta para que se atinja o bom estado de qualidade das massas de água”. António Guerreiro de Brito ressalva, contudo, que passar da teoria à prática é um desafio enorme, “sabemos já que nem todas as 544 massas de água que foram inventariadas na área da ARH do Norte irão atingir o bom estado em 2015, uma vez que, em diversos casos, os ecossistemas não respondem rapidamente às medidas de recuperação e, por outro lado, terão que ser encontrados os recursos financeiros necessários para eliminar as pressões que condicionam a obtenção desses objectivos. Assim, além da compreensível ambição, este trabalho tem que ser efectuado sob a égide do pragmatismo: é preciso traçar objectivos com prazos certos e soluções concretas”.
PV9 // ÁGUA – RECURSO DE EXCELÊNCIA
A cooperação ibérica para a gestão dos rios internacionais é fundamental A criação da ARH do Norte e o desenvolvimento dos Planos de Gestão de Região Hidrográfica vieram abrir um novo espaço de discussão e cooperação com a vizinha Espanha, constituindo mais um importante desafio para este organismo. A ARH do Norte assumiu o papel de dialogar directamente com os responsáveis da parte espanhola da bacia hidrográfica do Minho e do Douro, de onde provém a maior parte dos recursos hídricos superficiais do Norte de Portugal: “É uma aposta estratégica iniciar uma parceria entre a ARH do Norte e as suas duas congéneres espanholas, as Confederações Hidráulicas do Minho-Sil e do Douro, promovendo a permuta de informação e a mobilidade de técnicos. Acredito que podemos construir projectos de interesse mútuo. A gestão de uma bacia hidrográfica internacional é o território certo para um entendimento de partilha, no qual a água deve constituir um património ambiental comum e um agente para o desenvolvimento económico e social dos dois países”.
PV9 // DESTINOS DE SONHO
Monte da Quinta Resort
Um segredo no coração do Algarve
Com características únicas, o Monte da Quinta Resort representa a excelência, a elegância e o bem-estar em pleno, estando localizado num espaço amplo e verdejante, proporcionando privacidade e tranquilidade com os serviços exclusivos de um hotel de elevada qualidade.
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rivilegiadas pelas suas áreas e por uma excelente luz natural, as Suites e Moradias do Monte da Quinta Resort estão mobiladas com estilo, uma decoração sóbria e de tons claros que apaziguam o olhar e os sentidos. O segredo existente no coração da Quinta do Lago, no Algarve, só pode ser descoberto por quem por aqui passa, sendo um segredo partilhado por poucos, pois reúne o que de melhor o Algarve tem para oferecer.
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Românticos, luxuosos ou exóticos, as oportunidades de se instalar num espaço absolutamente portentoso e admirável são extraordinários quando a sua escolha recair sobre o Monte da Quinta Resort. A elegância, beleza e distinção apresentam-se como o principal cartão-de-visita do Suite Hotel e do Monte da Quinta Club, um aldeamento turístico de luxo, com villas e moradias geminadas de grande qualidade, onde a decoração perpetua as delícias do mais exigente visitante, proporcionando uma férias
de sonho, onde podemos alcançar a quimera interiorizada por cada um de nós. Um espaço a não perder, uma visita para recordar. Segurança, exclusividade e conforto são três das principais características que aqui vivemos, onde, a cada instante e cada detalhe foi tido em conta, criando uma atmosfera única e mágica para a sua estada e que se enche de brilho com os elevados padrões de decoração. Idealizado para se evidenciar entres os demais, retratando a harmonia e a elegân-
cia que farão as delícias de qualquer um. Com 132 suites de um, dois e de três quartos, o Monte da Quinta Suites foi edificado numa envolvente de tranquilidade e bem-estar, onde poderá usufruir da familiaridade e conforto do seu lar, tendo como complemento os serviços de renome e prestígio qualitativo, reconhecidos por todos, do Monte da Quinta. Mas as escolhas não se ficam por aqui. Se prefere mais espaço, pode ainda optar pelas luxuosas moradias de traça tradicional do Monte da Quinta Club,
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saborear, em que o seu corpo com certeza irá agradecer. Congregando conhecimentos e terapêuticas milenares, com técnicas e terapias actuais, o spa representa de uma forma profunda a harmonia do ambiente aqui sentido, que através da delicadeza e amabilidade dos colaboradores deste espaço, retrata a energia positiva e equilibrada que lhe permitirá a busca e o encontro com o el dorado do ser humano, estabelecendo um equilíbrio do seu corpo, mente e espírito.
Momentos que perdurarão na memória
onde cada casa foi decorada ao pormenor, garantido exclusividade e conforto para as suas férias de sonho. O Monte da Quinta Club providencia moradias geminadas de dois ou de três quartos e villas de três a cinco quartos, todas elas climatizadas e com piscina e jardins privados. Abrangendo diversos e distintos conceitos, o Monte da Quinta Resort oferece-lhe ainda um luxuoso spa e um health club, sendo outra das magnificências e sumptuosidades que podem experimentar e
Aqui pode ainda encontrar um espaço para os petizes, denominado por Kids Club, O Mundo da Criança, a poucos metros da piscina, onde envolvidos num ambiente paradisíaco e convidativo, os mais novos podem entrar no mundo da diversão e entretenimento, alimentando a sua imaginação, correrias e tropelias características dos mais novos. Quando falamos de crianças, as diabruras e traquinices emergem imediatamente como o sol resplandecente surge no maravilhoso Algarve, e por isso a segurança no Kids Club não é descurada, existindo a
garantia que os seus filhos ficarão bem entregues, pois todos os monitores do espaço fazem do profissionalismo e qualificação a sua forma de estar. As actividades são inúmeras, para crianças dos seis meses aos 12 anos, onde pode deixar as crianças e aproveitar as regalias colocadas à sua disposição, usufruindo dos programas que o Monte da Quinta Resort lhe proporciona. Sim. Aqui há um vasto leque de actividades para desfrutar no seio da atmosfera familiar do Resort. Passeios de bicicleta, jogging, ténis, desportos aquáticos, passeios a cavalo, entre outros são apenas algumas das actividades que poderá fazer, tudo com segurança, tudo ao seu ritmo. Se preferir olhe à sua volta e verá que está rodeado dos melhores campos de golfe da Europa onde poderá jogar e praticar o seu swing. A escolha é diversa, Quinta do Lago Norte, Sul e novo Laranjal e, ainda Pinheiros Altos e Vale do Lobo Royal e Ocean com tarifas preferenciais. Assim terminamos esta «viagem» pelo Monte da Quinta, que só será realmente finalizada quando vier conhecer in loco este espaço maravilhoso e que lhe proporcionará momentos inesquecíveis.
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Dona Filipa & San Lorenzo Golf Resort
Onde os sonhos se concretizam Para quem não conhece vale a pena conhecer. Quem conhece quer sempre voltar. O Dona Filipa & San Lorenzo Golf Resort representa tudo aquilo que sonhamos, sendo um espaço onde o requinte e a elegância fazem parte do seu cartão-de-visita, tudo para que as suas férias sejam de facto inesquecíveis.
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ocalizado no Vale do Lobo, este é um local que representa bem-estar, tranquilidade e prazer, sendo o «parceiro» ideal do Dona Filipa & San Lorenzo Golf Resort, não fosse Vale do Lobo um dos mais importantes empreendimentos de luxo da Europa, sendo actualmente o maior do género em Portugal. O requinte e a elegância no Dona Filipa & San Lorenzo Golf Resort fazem parte do ADN deste hotel de cinco estrelas, que situado a apenas 15 minutos do Aeroporto Internacional de Faro, assume-se hoje como uma escolha absolutamente divinal e que não pode perder, pois aqui, as férias de sonho que sempre idealizou são realizadas. A cerca de 200 metros, pode encontrar uma das praias mais bonitas de Portugal, a praia do Vale do Lobo, que, com inesquecíveis falésias é um regalo para todos aqueles que pretendem gozar 46
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umas férias de sonho. Com 154 quartos e suites, o Dona Filipa & San Lorenzo Golf Resort demonstra também nos seus quartos e suites a excelência e o luxo de quem espera por si. A escolha aqui é vasta e diversificada, sendo que a qualidade é característica comum em todos os quartos do Dona Filipa & San Lorenzo Golf Resort, reunindo o conforto necessário para uns dias de descanso e prazer. O staff do Dona Filipa & San Lorenzo Golf Resort é também uma das suas mais-valias evidentes, pois o tratamento personalizado que recebe diariamente é fundamental para que se sinta bem e não tenha que se preocupar com rigorosamente nada. De entre as diversas potencialidades que o Algarve tem para lhe oferecer, a gastronomia é daquelas que assumem um carácter fundamental. Degustar refeições deliciosas tendo como pano de
fundo o Dona Filipa & San Lorenzo Golf Resort é sem dúvida uma maravilha da qual pode desfrutar. Aqui conjuga-se a cozinha internacional de grande qualidade e que provém da expansão turística com a cozinha tradicional algarvia que tem muitos e deliciosos pratos regionais para oferecer. Não deixe de provar.
Kangaroo Club e os «petizes» Os petizes não foram esquecidos no Dona Filipa & San Lorenzo Golf Resort, onde o Kangaroo Club faz as delicias dos mais pequenos e assim poderá aproveitar ainda mais as delicias deste espaço, «deixando» os mais pequenos na mão de profis-
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Uma óptima oportunidade para uma noite diferente para quem estiver a passar férias no Algarve:
sionais exemplares que têm apenas dois desideratos: a segurança dos mais jovens e a animação dos mesmos. Preparado para receber crianças dos seis meses aos 12 anos, o Kangaroo Club é um «mundo» de diversão, onde são ainda preparadas refeições especialmente confeccionadas para estas idades.
Pratique o seu swing
O Algarve é um paraíso para golfistas. Aqui encontrará campos de golfe de alta qualidade em paisagens naturais lindíssimas emolduradas pelo majestoso Oceano Atlântico. Este cenário único, a brisa do mar e o ar dos pinheiros tornam uma experiência inesquecível. A magia da natureza em volta, a qualidade e variedade dos campos, um clima fantástico e uma recepção calorosa fazem do Algarve a melhor região de golfe da Europa. Tal é reconhecido por diferentes entidades importantes internacionais no mundo do golfe. O Dona
Filipa & San Lorenzo Golf Resort não se esqueceu dos aficionados do golfe e tem à sua disposição um dos melhores campos de golfe do mundo, San Lorenzo Golf, onde, «buraco a buraco» pode realizar uma «partidinha», usufruindo de um retrato idílico, onde a natureza resplandecente é sua melhor companhia. Nada falta no Dona Filipa & San Lorenzo Golf Resort para que as suas férias sejam inesquecíveis, porque este espaço de requinte faz jus a uma das frases mais célebres de Fernando Pessoa, «Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce». Aqui o paraíso existe apenas para aqueles que buscam incessantemente qualidade, placidez e tranquilidade, numa integração perfeita com a mãe natureza, numa assimilação de conceitos tão distintos como necessários, como a beleza e a harmonia, cuja única e verdadeira vocação passa por proporcionar aos seus visitantes uma experiência inolvidável e singular num ambiente sereno, personalizado e confortável.
Quarta-feira – 13 de Julho de 2011 Local: Restaurante Primavera do Dona Filipa Hotel Evento será na área da piscina do Hotel (ao ar livre) com vista para o Oceano. Inicia-se pelas 19:30 horas Espectáculos a decorrer durante a noite: passagem de modelos, espectáculo de dança contemporânea e espectáculo de fecho: malabarismo de fogo. Tudo ao som dos “DJ’s Decadance” Jantar buffet: 53 € por pessoa – um buffet já reconhecido pelos seus 35 pratos gourmet, apresenta uma enorme variedade de admiráveis entradas, pratos principais, sobremesas e muitas outras delícias que ultrapassam as mais elevadas expectativas. (incluí champanhe Piper-Heidsieck à discrição durante o jantar) Para quem quiser juntar-se ao evento depois do jantar… está convidado!
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Suite Resort Monte Santo
Férias no Algarve no resort líder de popularidade
De acordo com o TripAdvisor, website de viagens de referência mundial onde é possível encontrar comentários imparciais, fotografias e recomendações de viagens sobre hotéis e destinos de férias a nível internacional, o Suite Resort Monte Santo no Carvoeiro - unidade de cinco estrelas da IMOCOM Hotels and Resorts no Algarve - ocupa presentemente, e desde Dezembro de 2010, o primeiro lugar nas preferências de alojamento cinco estrelas no Carvoeiro.
M
onte Santo fica situado junto à pitoresca vila do Carvoeiro e dispõe de 133 unidades de alojamento - de Studio Suites a Moradias de 3 quartos - equipadas com todas as comodidades e pequenos luxos, como casa de banho privada com banheira de hidromassagem, salas de jantar e estar equipadas com LCD, DVD, sistema HI-FI, ar condicionado, sistema de som entre outros detalhes. Há ainda diversas facilidades e serviços ao dispor dos hóspedes como o restaurante Club House e as suas tentadoras sugestões gastronómicas, o Lounge Bar onde não pode deixar de provar um dos 30 originais cocktails, área polidesportiva, circuito fitness, sala de jogos, Well48
Julho 2011 Pontos de Vista
ness Centre incorporando ginásio, piscina interior aquecida, solário natural, sauna, jacuzzis, banho Turco e um “Spa Express”, com a assinatura 7Seven Spa. No exterior, destaca-se o lago com circuitos de água, a piscina principal e a das crianças junto ao Club House, bem como as quatro piscinas junto às moradias. O ambiente no resort é calmo e relaxante, ideal para casais ou famílias que procuram um local para descansar com todas as comodidades, mas ao mesmo tempo, próximo da animação que caracteriza o Algarve nesta época do ano. Se ainda está indeciso em relação ao destino das suas férias de Verão no Algarve este ano, aqui fica uma óptima sugestão, com o “selo de garantia” TripAdvisor.
PV9 // DESTINOS DE SONHO
Contactos para reservas e informações adicionais: Tel. 282 321 000 info.montesanto@imocom-grupo.com www.montesantoalgarve.com Mencione “Pontos de Vista” no acto da reserva e receba um Mimo especial. Seja Fã no Facebook www.facebook.com/monte.santo.resort.algarve ou siga no Twitter http://twitter.com/Monte_Santo e aproveite vantagens exclusivas.
Ao dispor dos Hóspedes
» Bebida de boas-vindas » Pequeno-almoço bufete no restaurante Club House » Wellness Centre com ginásio, piscina interior aquecida, sauna, banho Turco e solário natural » Jacuzzis nas açoteias » Serviços de Spa mediante marcação » Área polidesportiva e circuito fitness » Sala de jogos » Parque infantil ao ar livre e actividades para as crianças no programa “Planet Junior” » Transporte gratuito para a praia, vila de Carvoeiro e campo de golfe local » Selecção de serviços “Baby Must Have” » Estacionamento gratuito » Proximidade de parques temáticos » Autódromo internacional nas imediações » Praias de características singulares para descobrir
Suite de um quarto em Julho desde €155 por noite (para estadas até 19 de Julho em regime de alojamento)
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