Pontos Vista Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacional e não pode ser vendido separadamente
PAMPILHOSA DA SERRA – BANDEIRA AZUL
JULHO 2014 / EDIÇÃO Nº 37 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros
de
MIGUEL FRASQUILHO PRESIDENTE DA AICEP
pág. 62
BANCO
INTERNACIONALIZAÇÃO – CRIAÇÃO DE VALOR
BIG
DESTINOS DE SONHO – AS MELHORES FÉRIAS
– O ME LHO PARCE R IRO
Desidério Silva
Fotografia: Hélio Ramos
Presidente da Região de Turismo do Algarve, relembra a importância que o Algarve tem para o país, assegurando que:
“há regiões da Europa em que a marca Algarve tem maior notoriedade do que a marca Portugal” pág. 20
Jorge Tadeu Fundador e Presidente do Grupo Maná, afirma:
“Inicialmente, a única coisa que planeava era fazer o meu melhor e sobreviver. Os portugueses estão dispersos por todo o Mundo e acabamos por ser conhecidos um pouco por toda esta grande comunidade, até porque desde muito cedo que começámos a gravar em cassetes, estivemos no satélite e as pessoas iam assistindo e gostavam do que viam” pág. 18
Em destaque
Índice DE TEMAS
8 CAMEIRA LEGAL A 20 e 21 de junho realizou-se um dos mais importantes certames no universo da advocacia: o 6º Business Law Forum. A Revista Pontos de Vista conversou com Maria Antónia Cameira, Partner da CL@ Cameira Legal e Presidente do Comité Nacional da UIA – Union Internationale des Avocats
6 Propriedade Industrial 8 6º Business Law Forum 11 Incidentes críticos e internacionalização 12 Relações bilaterais Portugal – EUA 15 The 2014 Wallpaper Architects Directory 16 HRV – Novas instalações e os 32 anos da empresa 18 Empreendedorismo religioso 20 Visit Portugal 44 PAM – Plantas Aromáticas e Medicinais 50 Internacionalização – Criação de Valor 66 Dia Internacional do Cooperativismo
11 OUTCOME
26 TURISMO DE PORTUGAL
Há 11 anos que a equipa liderada por Sandra Gonçalves Monteiro ajuda a reduzir os riscos psicossociais inerentes a uma organização, mas é na Gestão de Incidentes Críticos que a outCOme é pioneira em Portugal
Foi no final do ano passado que João Cotrim de Figueiredo se tornou Presidente do Turismo de Portugal. Em conversa, levantou um pouco do véu sobre aquelas que serão as estratégias delineadas “para que se inove e se invista no Turismo em Portugal”
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MMC world, S.A "Uma empresa do mundo e para o mundo " A MMC World é um dos maiores exportadores/importadores de carne bovina, porcina e frango, bem como outros produtos alimentares a nível mundial e tem verificado uma sólida trajetória de internacionalização. A marca produz carne bovina, carne porcina, frango e peixe na América do Sul e exporta para 35 países em todo o mundo. A primeira exportação concretizou-se em Angola há mais de 10 anos. Na próxima edição da Pontos de Vista, Sónia Marques Mendes, CEO da empresa, abre as portas à nossa revista desta empresa portuguesa com sede no Porto mas com dimensão mundial.
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial
PROPRIEDADE INDUSTRIAL Restitutio In Integrum (Restabelecimento de Direitos)
I - A origem da “restitutio in integrum” 1 - Por volta de 1964, os países da EFTA (Portugal, Reino Unido, Suíça, Áustria e os quatro nórdicos), resolveram fazer um projeto de patente que seria válida no conjunto deste território e o Ministro da Industria na altura, Prof. Luis Teixeira Pinto, convidou-me para representar Portugal no respetivo Grupo de Trabalho. E durante dois ou três anos, com o Dr. Ruy Serrão (então Chefe da Repartição da Propriedade Industrial), fomos regularmente a Geneve, onde as reuniões se realizavam. Este projeto foi concluído, mas nunca divulgado. Ao que parece, os seis países do Mercado Comum também fizeram um projeto de patente com idênticos objetivos. Mas a “restitutio in integrum”, tanto quanto me lembro – já passaram cerca de 50 anos – não foi incluída no Projeto de Patente EFTA. 2 - Em 1967 realizou-se em Estocolmo a Conferência Diplomática para a constituição da OMPI – Organização Mundial da Propriedade Intelectual – durante cerca de cinco semanas e a Propriedade Industrial foi novamente representada pelo Dr. Ruy Serrão e por mim – enquanto que pelos direitos de autor estava o Prof. Oliveira Ascensão e Mulher, sendo Chefe da Delegação o Embaixador Adriano de Carvalho – mas, apesar de também se ter alterado a Convenção de Paris (essencialmente em relação às clausulas administrativas), não se falou em restabelecimento de direitos.
decisiva para possibilitar a aplicação prática da “restitutio in integrum”, que é, justamente, o problema que estamos a examinar. 7 - O Prof. PAUL MATHÉLY e a AIPPI Conheci o Prof. Paul Mathély e a Mulher (Yveline), em Berlim, em 1963, no Congresso da AIPPI – Associação Internacional para a Proteção da Propriedade Intelectual, onde começamos uma amizade que muito se intensificou com o decorrer dos anos e de que muito beneficiei : era, na verdade, uma figura impar, de reconhecida categoria profissional em todo o Mundo. Paul Mathély era a personalidade dominante da AIPPI, durante muitos anos a mais prestigiada Associação Internacional dedicada à Propriedade Intelectual. Nessa altura – anos 60 a 90 – eu tinha bastantes reuniões em Paris, pois, além das necessárias para a minha atividade profissional, era consultor da AIP – Associação Industrial Portuguesa, que representava em reuniões do CIFE (Conseil des Federations Industrielles d’Europe) e da Union des Fabricants, e sendo, também, presidente da Secção de Propriedade Industrial da Delegação Portuguesa da CCI – Câmara de Comércio Internacional, encontrava, por vezes, Paul Mathély – além das reuniões da AIPPI, anuais, em que sempre participávamos. Na verdade, com a criação do Grupo Português da AIPPI – de que fui presidente durante muitos anos – surgiu mais um forte elo na minha relação com Paul Mathély, que era a figura máxima da Associação Internacional, como seu Relator Geral.
3 - Na Conferência Diplomática de Washington, para o PCT – Patent Cooperation Treaty, em 1970, Portugal foi representado pelo mesmo Grupo, mas o Chefe da Delegação passou a ser o nosso Embaixador nos Estados Unidos – e nada se falou a respeito da “restitutio in integrum”. 4 - Na Conferência Diplomática seguinte, em Viena, na primavera de 1973, para o TRT – Trademark Registration Treaty (já sem o Prof. Oliveira Ascensão, que nunca mais participou nestas reuniões), também não se falou do restabelecimento de direitos. 5 - E chegámos, assim, à Conferência Diplomática de Munich, que começou em setembro de 1973 e foi assinada no dia 5 de Outubro, onde apareceu esta interessante disposição no documento base de trabalho – já, então, também com o Eng. Mota Maia a integrar o Grupo, que representou Portugal ainda em mais uma dezena de Conferências Diplomáticas até 1994. Em todo o caso, não foi fácil localizar a origem da “restitutio in integrum”, porque não resultou de uma proposta apresentada na própria Conferência Diplomática – mas foi possível obter o texto original, ou seja com a redação com que foi apresentada na Conferência Diplomática, integrada no documento base de trabalho, o que permite verificar as alterações que sofreu para ser aprovada e que serão apreciadas oportunamente.
Aliás, os presidentes dos Grupos nacionais reuniam, pelo menos, uma vez por ano, além das conversas que cada um necessariamente tinha com o Relator Geral. Em 1978, Paul Mathély publicou um livro sobre “Le droit europeen des Brevets d’Invention”, que trata, naturalmente, da Convenção da Patente Europeia, onde se refere às propostas que apresentou na Conferência Diplomática de Munich de 1973, em nome da AIPPI, sobre o restabelecimento de direitos – uma das quais fundamental, pois no texto do documento de base exigia-se um “motivo de força maior” para aplicação da “restitutio in integrum”, o que praticamente a inutilizava. Recebi um exemplar desse livro, com a seguinte dedicatória:
6 - Nessa Conferência Diplomática participaram reputados especialistas em direito de Propriedade Industrial, como o Prof. Paul Mathély, Dr. Stephen Ladas, Prof. Bodenhausen, Dr. Arpad Bosch, Pfanner, Eduard Armitage (que tinha sido o “chairman” do Grupo de Trabalho da EFTA), entre outros. Estavam também presentes praticamente todos os membros do Grupo de Trabalho da Patente EFTA, o que, naturalmente, foi útil para o êxito da Conferência, que tratava do mesmo tema. Mas, de todos estes especialistas, destaca-se, sem dúvida, o Prof. Paul Mathély – não só pela sua reconhecida competência – mas também porque acompanhou com todo o interesse os trabalhos da Conferência Diplomática, intervindo com frequência e teve ação
“A Jorge Cruz délégué de son pays, Munich, en témoignage d’amitié pour vous et pour le Portugal Mathély » 8
Paul Mathély era mais velho do que eu – nasceu em 13 de julho de 1908 e morreu em 15 de outubro de 2001 – e foi, durante décadas, a referência máxima da AIPPI: Relator Geral 1952 – 1980; Membro de Honra 1969; Presidente da AIPPI 1980 – 1983; Presidente de Honra 1983
Convém recordar que em 1983 Paul Mathély já tinha sido eleito Presidente de Honra da própria AIPPI. Curiosamente, o Grupo Português da AIPPI, tem, até hoje, dois Presidentes de Honra – o primeiro foi Paul Mathély e eu fui o segundo, dez anos mais tarde, eleito na Assembleia Geral de 5 de novembro de 2003, ao anunciar que não iria recandidatar-me novamente a presidente do Grupo.
No Congresso de Bruxelas de 1954 (em que eu ainda não participei), estava em plena forma, com 46 anos, conforme pode verificar-se pela fotografia publicada pela AIPPI em 1997, no centenário desta Associação, com outros dois importantes membros (é o primeiro, a contar da esquerda, com Beverly Pattishall, dos Estados Unidos e o secretário geral Rudolf Blum, da Suiça):
Recebi, em 1995, outro livro de Paul Mathély (“Le nouveau droit français des marques”) com uma dedicatória muito especial: A Jorge Cruz En hommage au grand spécialiste et en témoignage de ma vive amitié Paul Mathély 31.3.95 Por volta de 1990 a Yveline morreu e a vida de Paul Mathély tornou-se mais difícil, pois era um casal verdadeiramente inseparável. Assim, quando possível, nas minhas deslocações a Paris ia visitar Paul Mathély, a quem telefonava de véspera a dizer apenas: “Paul, demain matin j’arrive à Paris” – e a resposta era imediata: “Mais, alors, tu viens déjeuner á la maison”. E um pouco antes da uma hora lá estava eu, encantado, no nº 10 da Square Henry-Paté, onde Paul Mathély residia e tinha escritório, pronto para discutir problemas de propriedade industrial – almoçávamos só os dois, servidos pela empregada espanhola – e aproveitando, por vezes, para ouvir opinião sobre qualquer assunto mais complicado que tivesse para resolver. Paul Mathély tinha dois temas favoritos: a AIPPI e a Convenção de Paris, que conhecia como ninguém.
Na Conferência Diplomática de Munich de 1973 – passados quasi vinte anos – em fotografia que eu próprio tirei, acompanhado de Karin Wachs, do Secretariado e durante uma excursão em fim de semana:
A AIPPI – Associação Internacional para a Proteção da Propriedade Intelectual, foi criada em 1897, portanto poucos anos depois da Convenção da União de Paris de 20 de março de 1883, podendo considerar-se, hoje, uma Associação de implantação mundial : com cerca de 9.000 membros, pode dizer-se que não há nenhum país que nela não esteja representado. Várias dezenas de países têm Grupos nacionais, cujos membros pertencem igualmente à Associação Internacional – e alguns desses Grupos, como os dos Estados Unidos, Japão ou Alemanha – contam, mesmo, centenas de membros. O Grupo Português foi criado em 12 de fevereiro de 1975 e tem mais de 100 membros. A AIPPI sempre atraiu os especialistas mais competentes da Propriedade Industrial, mesmo os que não trabalhavam na atividade privada – alguns dos quais foram Membros de Honra, como o Prof. Bodenhausen (Diretor Geral da OMPI), Dr. Arpad Bosch (que lhe sucedeu), Dr. Joseph Voyame (Vice Diretor Geral), Eduard Armitage (“General Controler” do British Patent Office), etc. – sendo, na verdade, uma Associação impar, em especial na Propriedade Industrial, embora se ocupe, também, dos Direitos de Autor. A AIPPI tem duas distinções que pode conferir, embora o faça poucas vezes: Membro de Honra (creio que desde a sua constituição, em 1897) e, mais recentemente, em 1997 – ou seja, ao comemorar o centenário – a Medalha de Mérito. Estas distinções são conferidas pelo Comité Executivo – que tem cerca de trezentos membros – e, depois, ratificadas pela Assembleia Geral. A AIPPI tem, neste momento, em todo o mundo, 50 membros de Honra e 69 com a Medalha de Mérito, dos quais apenas 15 receberam estas duas distinções. Quando foi criada a Medalha de Mérito tive a surpresa de me ser conferida (22 de abril de 1997, no Congresso realizado em Viena de Áustria) e, mais tarde, no Congresso realizado em Lucerne, em 25 de Abril de 2003, recebi a distinção mais importante, ou seja “Membro de Honra”. Infelizmente, sou o único português que, até hoje, recebeu qualquer uma destas duas distinções – da última das quais Paul Mathély já não teve conhecimento, pois tinha morrido dois anos antes. Paul Mathély: grande Amigo, que recordo com muita saudade.
Em 1993 realizou-se um Conselho de Presidentes da AIPPI em Lisboa e Paul Mathély tinha sido eleito Presidente de Honra do Grupo Português – e, na fotografia seguinte, está a receber o respetivo diploma, que eu lhe entreguei, na minha qualidade de Presidente do Grupo (conforme notícia publicada na Revista da Propriedade Industrial nº 16):
8 - No próximo artigo continuaremos a examinar a “restitutio in integrum” e as diferenças que existem entre a redação da disposição, tal como apresentada no documento de trabalho e a alteração aprovada na Conferência Diplomática, relativa à fundamentação do pedido em que se requer a sua aplicação. 9
6.º BUSINESS LAW FORUM
“O 6.º Business Law Forum em Lisboa foi um sucesso” Realizou-se em Lisboa, nos dias 20 e 21 de junho, o 6º Business Law Forum, um evento de enorme relevância no universo da advocacia. A Revista Pontos de Vista esteve presente e conversou com Maria Antónia Cameira, Partner da CL@ Cameira Legal, e Presidente do Comité Nacional da UIA -Union Internationale des Avocats, que nos deu a conhecer um pouco mais deste evento, bem como qual poderá ser o papel do Advogado português nas reestruturações que envolvem os mercados emergentes.
Maria Antónia Cameira
No início deste ano foi eleita Presidente do Comité Nacional da UIA (Union Internationale des Avocats). Esta é uma das maiores e das mais prestigiadas organizações de advogados do mundo. O que significa para si assumir a presidência da mesma em Portugal? O que podemos esperar de si enquanto Presidente do Comité Nacional?
Ser Presidente do Comité Nacional da UIA é, sem dúvida, uma oportunidade. Poder participar nos vários seminários, interagir com uma equipa
fantástica, enriquece, sem dúvida, qualquer carreira de advogado. Esta oportunidade imprime uma dinâmica diferente de se viver a advocacia, pois as experiências são partilhadas e vividas ao nível mundial. Enquanto representante nacional da UIA, as preocupações são, sem dúvida, primeiro que tudo divulgar a organização, as suas vantagens, mais-valias, o que elas podem fazer pela advocacia portuguesa e pelos colegas portugueses. Concomitantemente, o comité nacional 10
preocupa-se, na medida da sua influência possível no conselho executivo da UIA, em obter mais e melhores respostas às necessidades e expectativas dos profissionais que compõem a advocacia em geral e de forma especial a advocacia portuguesa. Enquanto Presidente da UIA em Portugal fez parte da organização do 6.º Business Law Forum que se realizou em Lisboa nos dias 20 e 21 de junho, também a sociedade de advogados a que dá
“Nos últimos anos, tem-se registado um acentuar da importância dos mercados emergentes. Com efeito, os países que formam o chamado BRIC reúnem condições que levam os economistas a afirmar que, mantidas as situações atuais, ou seja, economia estabilizada, situação política estável, mão de obra em grande quantidade e em processo de qualificação, níveis de produção e exportação em crescimento, levarão os BRIC à posição de super potências”
nome – CL@Cameira Legal – foi um dos partners. Como correu este seminário?
O 6.º Business Law Forum em Lisboa foi, sem dúvida um sucesso, tendo sido uma ótima oportunidade de projetar positivamente Portugal como centro dos mais actuais debates. Na verdade a UIA pretende o que qualquer organização de determinada classe profissional pretende: visibilidade, debate, confraternização e oportunidades de angariação de trabalho. A UIA em especial congrega todos eles. Com efeito a organização é, sem dúvida, o veículo por excelência capaz de dar aos advogados não só tudo isso, como ainda de lhes proporcionar debates e formação em temas científicos que muitas vezes, noutras circunstâncias, os advogados não teriam oportunidade de conhecer em profundidade. É um fórum de debates e publicidade das capacidades e especialização dos advogados, com um potencial que todos os advogados devem explorar.
Porque é que a UIA escolheu o tema das restruturações empresariais? É coincidência o facto do Fórum se realizar num momento em que as reestruturações ocorrem em Portugal?
Portugal é um país que sobreviveu e ultrapassou com sucesso o “credit crunch” e depois o “sovereign debt crisis”, o que se sujeitou à intervenção da Troika de forma heróica e estóica e de tal forma viveu esses tempos e os suportou que está, neste momento, novamente a financiar-se nos mercados. Portugal é, hoje em dia, em termos da pós crise financeira e económica, um exemplo de sucesso que merece todo o protagonismo que nós, os seus nacionais, lhe pudermos proporcionar. Que papel poderão assumir os advogados nacionais nas reestruturações que envolvem os mercados emergentes?
Nos últimos anos, tem-se registado um acen-
Durante dois dias estiveram presentes em Lisboa alguns dos maiores profissionais do mundo na área do direito, membros da banca e especialistas em fusões e aquisições. Qual a importância desta troca de experiências para o Direito e para o tecido empresarial em Portugal? A atual realidade económica impõe que nós, enquanto advogados, nos adaptemos a novas exigências. Portanto, a troca de experiências entre advogados e a partilha de conhecimentos no universo jurídico, deixou de ser um privilégio para alguns, passou, sim, a ser uma necessidade para todos nós, enquanto profissionais liberais. Até porque, estamos a lidar com clientes cada vez mais sofisticados e exigentes, que comparam o nosso desempenho não só com o colega da porta ao lado, mas também com o colega que se dedica à mesma temática em qualquer outra parte da Europa, América ou Ásia. Portanto, a globalização impõe que haja uma constante aquisição de informação do que acontece em outras realidades jurídicas e económicas. O que aconteceu à nossa banca demonstra que temos muito que aprender com os casos de sucesso que se verificam no estrangeiro e o mesmo se diz com as fusões e aquisições. Cada vez mais as várias empresas têm-se unido, pelo mundo inteiro, de forma a criar novas potências económicas e tornarem-se líderes no mercado. A troca de experiência nos vários ramos do direito e com diferentes especialistas das mais diversas áreas pode levar a que os investidores portugueses se sintam confiantes e possam querer repetir as mesmas experiências quer na realidade portuguesa quer em outras realidades.
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tuar da importância dos mercados emergentes. Com efeito, os países que formam os chamados BRIC’s reúnem condições que levam os economistas a afirmar que, mantidas as situações atuais, ou seja, economia estabilizada, situação política estável, mão de obra em grande quantidade e em processo de qualificação, níveis de produção e exportação em crescimento, levarão os BRIC à posição de super potências. Logo, prestar toda a atenção a estes mercados e mesmo envolver-se com eles é uma medida estratégica que os advogados já tomaram ou estão a tomar. Portanto é inquestionável que exista margem de manobra para os especialistas nesta matéria. Assim, os advogados da área societária, na área de “M&A” (mergers and acquisitions), com o “governance” a ela associada, o “compliance” ou cumprimento das disposições jurídicas que regulam o governo de sociedades nas diversas indústrias e o cumprimento das disposições jurídicas que regulamentam todas essas indústrias, os de direito bancário e mercado de capitais, os colegas que os assessoram na área fiscal, laboral e mesmo os que surgem quando tudo dá errado e não há acordo possível, ou seja, os colegas que lidam com os litígios emergentes dos “deals” que não deram certo, todos eles têm um mar de oportunidades em tais mercados. É tempo de repensar muitos projetos e empresas e de lhes dar novas oportunidades,“reestruturando-as”, fazendo-as maiores ou mais pequenas, ou dividindo-as e dispondo de partes delas e reestruturando as atividades que se mantêm como atividades principais. As implicações fiscais, de regulação, laborais e contenciosas são diversas e pluridimensionais, constituindo, todos eles oportunidades para os profissionais da advocacia nessas áreas.
Somos a JMA “João Marcelo & Associados - Sociedade de Advogados, RL”, com sede em Castelo Branco (Portugal), criada em Fevereiro de 1996 sob a denominação de “João C. Marcelo & Teresa M. Pereira – Sociedade de Advogados”, alicerçada num sólido quadro de valores, que orientam a sua forma de estar no Direito e na Vida: elevados padrões de profissionalismo, ética, confidencialidade, lealdade e de defesa dos interesses de cada cliente e apostando na contínua e crescente valorização académica e profissional dos nossos advogados. Temos como objectivo oferecer uma assistência global, com prontidão, competência e rigor, em todos os casos e circunstâncias em que os nossos clientes necessitem de apoio jurídico quer individual, quer a nível empresarial. A JMA tem desenvolvido a sua actividade nos vários ramos de direito, com especial incidência nas áreas do direito bancário, de seguros, energia, responsabilidade civil, administrativo, trabalho, fiscal e comercial. O espírito que presidiu à constituição da JMA foi o de juntar, no interior do País, um grupo de advogados de reconhecida competência, crescentemente vocacionados para áreas de especialização, nos vários ramos de direito, de modo a poder oferecer aos seus clientes um serviço global, de qualidade, eficiência e rigor. Estamos empenhados em prestar um serviço de qualidade, rigor e eficiência, e no estabelecimento de uma relação personalizada e de proximidade com os nossos clientes, procuramos, em cada momento, conhecer e compreender os seus problemas, encontrar as soluções que melhor asseguram os seus interesses e propor-lhe as opções mais adequadas, na estrita
medida das suas necessidades, com acompanhamento individualizado, desde a consultadoria até à defesa judicial, se necessária. A qualidade no trabalho profissional, a relação personalizada e de lealdade com o cliente, o respeito pelas normas éticas e deontológicas, levou-nos a optar pela excelência dos recursos humanos envolvidos, em detrimento de um crescimento que pudesse comprometer aqueles imperativos. É prática da JMA a interacção entre os clientes e os advogados com quem trabalham. O acompanhamento personalizado e individualizado de cada cliente é, para nós, prioritário. Fomentamos o espírito de equipa e a troca de conhecimentos, valores e experiências, num bom ambiente de trabalho, como aquele que nos orgulhamos de ter na JMA.
Av. 1.º de Maio, n.º 12 - 2º 6000-086 Castelo Branco - Portugal Telefone: 272 328566 / 272 329846 Fax: 272 329797 E-mail: geral@jma-advogados.com
www.jma-advogados.com
GESTÃO DE INCIDENTES CRÍTICOS
A recuperação psicológica passa por aqui Trabalhando no departamento de recursos humanos de uma empresa tem-se uma real noção dos problemas que mais afetam diariamente o desempenho dos seus profissionais. Mais do que processamento de salários ou processos de recrutamento e seleção, há características e dificuldades do colaborador que têm impacto na sua produtividade. Foi sabendo isso que, em 2003, Sandra Gonçalves Monteiro criou a outCOme.
Sandra Gonçalves Monteiro
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4 horas por dia, sete dias por semana, a outCOme está disponível para ajudar a recuperar de uma situação traumática. Hoje a empresa tem uma posição muito clara no mercado português, mas nem sempre foi assim. O processo de sensibilização do mercado foi longo e, se numa primeira fase era necessário explicar as mais valias deste apoio, depois começaram a surgir casos práticos que permitiram a esta equipa mostrar o seu valor. Mas voltemos a 2003. Enquanto responsável pelas principais valências de recursos humanos de uma organização, Sandra Gonçalves Monteiro, atual administradora da outCOme, percebia que chegavam àquele departamento problemas com os quais era preciso lidar com um tacto particular. Morte de familiares, dependências, stress ou depressão eram algumas das problemáticas que exigiam um acompanhamento personalizado. “Estas questões devem ser tratadas de forma externa à empresa por razões de confidencialidade e de salvaguarda da proteção da pessoa”, evidenciou. Em busca do que se fazia um pouco por todo o Mundo, houve uma paragem obrigatória: EUA. Aqui encontraram especialistas que lidaram de perto com catástrofes como o 11 de setembro ou o Furacão Katrina, e que desenvolveram aquilo a que chamaram de Programa de Apoio ao Colaborador. É, aliás, aos EUA que a equipa regressa regularmente, para o congresso mundial desta área. Na bagagem trazem sempre as melhores práticas para continuarem a desempenhar um papel crucial na resolução de crises no seio das empresas portuguesas. Daí até chegarem ao Taguspark, local estrategicamente escolhido pela sua base tecnológica, foi um passo. Apesar de ainda ser necessária uma maior sensibilização, Sandra Gonçalves Monteiro sente que o mercado português conhece a outCOme,
cujo trabalho desenvolvido varia de caso para caso. Cada vez mais, as empresas optam pela prevenção, através de uma avaliação cuidadosa dos riscos psicossociais e desenvolvendo de forma específica e dirigida ações corretivas que minimizam os seus efeitos a médio e longo prazo. Trabalhando com uma equipa, ou com um colaborador em particular, a outCOme orienta-se por um princípio básico e indispensável: a confidencialidade. Dentro do Programa de Apoio ao Colaborador, do inglês Employee Assistance Program (EAP), há uma área específica em que se gere um incidente crítico, ou seja, um acontecimento inesperado e traumático que ameaça de forma grave a vida e a segurança de colaboradores ou clientes. O objetivo é recuperar psicologicamente o trabalhador de modo a que ele regresse ao trabalho o mais brevemente possível. Como é que se aprende a lidar com este tipo de situações? Como é que se regressa ao trabalho sabendo que um colega morreu em circunstâncias difíceis de entender? Como é que se consegue fazer o mesmo trabalho que ele fazia? São questões que imediatamente são levantadas e às quais a outCOme procura responder, com a experiência de uma equipa composta por 12 técnicos, entre psicólogos, gestores ou assistentes sociais. Depois de um incidente, há dois momentos cruciais: “durante a ocorrência quem presta o apoio são as equipas de emergência. A outCOme é chamada no ‘após’ incidente, atuando 12 a 48 horas após o ocorrido, num trabalho feito com toda a equipa envolvida no evento. Nessa fase são discutidos os detalhes. As pessoas precisam de conhecê-los para poderem perceber o que aconteceu. Depois sugerimos estratégias para gerir os pensamentos, as memórias e os sentimentos de insegurança”, explicou Sandra Gonçalves Monteiro. É ainda durante esta fase que a outCOme identifica, individualmente, aqueles que necessitam de um acompanhamento personalizado, quer pela proximidade que tinham com a vítima, quer pela reação manifestada ou mesmo porque já vivenciaram uma experiência semelhante. Com uma taxa de reincidência a rondar os 3%, a equipa procura, em todos os casos, saber em que estado a pessoa se encontra depois do culminar do processo e do regresso pleno às suas funções. Este mercado existe desde sempre mas não está devidamente trabalhado e, apesar de haver uma maior predisposição das empresas para perceberem como reagir em situações de crise, Sandra Gonçalves Monteiro acredita que “quando ocorre uma grande catástrofe, as empresas têm uma forma de recuperar a organização a nível logístico”. Mas e as pessoas? É aí que a outCOme marca a diferença. Depois de Portugal, a empresa quer conquistar novos públicos, tendo, para isso, focado alguma atenção em Macau. “No Oriente, o aumento dos suicídios tem sido muito significativo e os níveis de stress também são preocupantes, uma vez que as 13
empresas estão muito pressionadas para a obtenção de objetivos. Os meios tradicionais não chegam e eles estão mais sensíveis a este tipo de apoio”, revelou Sandra Gonçalves Monteiro. Assim, através da organização de workshops para os mais variados segmentos de atividade, a responsável ficou impressionada com a recetividade demonstrada. São muitas as situações traumáticas que devem ser endereçadas e é para isso que a outCOme trabalha. “Queremos fazer com que a ponte que existe entre o trauma e a recuperação seja mais curta. Ela vai ter sempre de existir, é um processo. Mas nós ajudamos a pessoa a reinterpretar o acontecido e a reagir positivamente, de forma a reduzir os sintomas depressivos e pós-traumáticos”, concluiu.
RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL-EUA
“O setor bancário português não vai voltar nos próximos tempos ao business as usual ” Nicholas Leo Racich, Vice Presidente do Conselho de Administração e Acionista Fundador do Banco de Investimento Global (BiG) deu uma entrevista à Revista Pontos de Vista em que falou, entre outras coisas, sobre as mais valias do Banco BiG para os clientes que queiram investir nos principais mercados mundiais; os fatores que permitiram que este fosse um dos únicos bancos em Portugal a atravessar a crise com lucros; os inúmeros prémios que tem vindo a ganhar, entre eles, “Melhor Banco” e “Banco mais Sólido”; bem como o caminho que esta instituição bancária de referência tem seguido nos últimos tempos com o crescimento da sua rede física de balcões.
O Banco BiG é membro dos mercados Euronext e mantém parcerias com fornecedores globais de serviços financeiros. Desta forma, em que medida pode fomentar as relações económicas entre Portugal e os principais mercados mundiais de ações, particularmente os EUA, proporcionando aos seus clientes o acesso a este mercado?
O facto das palavras “Investimento” e “Global” constarem no nome do Banco não é por acaso. Desde o lançamento do Banco, há mais de 15 anos, que nos temos focado na construção de uma plataforma de serviços financeiros que disponibilize ferramentas de investimento, informação clara e completa sobre os produtos e serviços oferecidos e possibilite uma execução segura e de qualidade aos nossos clientes. Interagimos com os nossos clientes on-line (via www.big.pt), via telefone, e através da nossa rede de 15 agências em Portugal com equipas de vendas especializadas. Somos membros diretos de alguns mercados, designadamente nos mercados Euronext, e temos ligações diretas a brokers que asseguram a execução de operações em outros mercados relevantes, incluíndo os maiores mercados norte americanos. O BiG, que em Julho de 1999 abriu o primeiro serviço de corretagem online em Portugal (com a praça de Lisboa), foi o primeiro – em janeiro de 2000 - a disponibilizar acesso direto on-line aos EUA. O que é que faz do BiG a melhor corretora para quem queira investir nos EUA? De que forma conseguem manter um preçário vantajoso para negociar neste mercado?
Talvez pelo BiG ter sido o “first mover” em Portugal nesses mercados, e termos mantido, ao longo dos anos, relações de confiança com um conjunto de parceiros que nos têm prestado um serviço seguro, fiável e eficiente em termos de custo. Alguns de nós têm experiência direta nos mercados dos EUA, o que torna este negócio parte natural da nossa cultura e uma parte fundamental da nossa oferta. De que forma o BiG consegue competir com as corretoras americanas como a Interactive Brokers ou a Z Ecco no seio dos investidores que queiram especializar-se no mercado norte americano e investir ativamente no mesmo?
Somos um Banco com uma oferta completa de
Nicholas Leo Racich
serviços financeiros, e não apenas um corretor especializado, pelo que, importa salientar, não competimos diretamente com corretoras especializadas que atuam a um nível global. De facto, muitas destas entidades são nossos fornecedores ou parceiros em outras áreas. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, destacou nas comemorações do 10 de junho a relação especial entre os dois países e disse acreditar no aprofundamento das relações entre ambos. De que forma deve ser feito esse aprofundar das relações entre Portugal e os EUA?
Estamos focados na gestão do Banco e não em política ou diplomacia. Os comentários do Kerry são significativos e relevantes apenas se forem seguidos de ações e medidas que, no âmbito de atuação de ambos os governos, favoreçam e fo14
mentem, de forma facilmente percetível, o funcionamento de mercados livres e abertos. Estes, por sua vez, facilitam os investimentos. No BiG, sempre tivemos pessoas com experiência direta nos padrões de negócio dos mercados norte americanos e globais, motivo pelo qual esse DNA é parte integrante da nossa cultura híbrida. De facto, acredito que a cultura de uma instituição é construída em torno da qualidade e os valores das pessoas que tem, e não da sua nacionalidade. O BiG foi um dos poucos bancos em Portugal que atravessou a crise continuando a dar lucro e com as contas em dia. Quais os fatores que têm permitido o bom desempenho em contra ciclo com o setor?
Ouvimos essa pergunta muitas vezes e temo que a resposta não seja muito emocionante ou com-
“os modelos de negócio não tomam decisões ou gerem riscos: as pessoas sim. A experiência e integridade das pessoas, a atenção diária aos controlos e às oportunidades, são fundamentais num negócio onde a maioria dos ativos depositados no Banco pertencem aos nossos clientes e os restantes aos nossos acionistas. Estes são os princípios básicos que – na minha opinião - têm sido seguidos e colocados em prática pelos bancos, governos, empresas e famílias que enfrentaram a crise muito bem. Aqueles que não foram tão prudentes, que dependiam de uma maior alavancagem, de crédito fácil ou que tomaram maiores riscos do negócio, não tiveram certamente igual desempenho. Eu acredito que é tão simples como isto”
plexa. Vivemos dentro das nossas possibilidades e procuramos gerir o Banco de forma a ser sustentável e independente de qualquer ponto de referência. Apenas assumimos riscos que entendemos e que possamos gerir de forma ativa. Procuramos ser flexíveis, comunicando o que fazemos, e como fazemos, de forma clara aos nossos stakeholders. Dito isto, os modelos de negócio não tomam decisões ou gerem riscos: as pessoas sim. A experiência e integridade das pessoas, a atenção diária aos controlos e às oportunidades, são fundamentais num negócio onde a maioria dos ativos depositados no Banco pertencem aos nossos clientes e os restantes aos nossos acionistas. Estes são os princípios básicos que – na minha opinião - têm sido seguidos e colocados em prática pelos bancos, governos, empresas e famílias que enfrentaram a crise muito bem. Aqueles que não foram tão prudentes, que dependiam de uma maior alavancagem, de crédito fácil ou que tomaram maiores riscos do negócio, não tiveram certamente igual desempenho. Eu acredito que é tão simples como isto. O Banco BiG já foi diversas vezes vencedor das categorias do prémio Exame: o melhor pequeno e médio banco, o mais rentável e o mais sólido. Que comentários lhe merecem estas distinções?
Valorizamos muito os prémios e distinções obtidos nos últimos anos da revista EXAME – em particular o prémio de “Melhor Banco” e “Banco Mais Sólido” - porque, ao contrário de muitos prémios atribuídos com base em critérios que ninguém conhece, os prémios da Exame são baseados exclusivamente em critérios objetivos: indicadores de desempenho financeiro, evolução, tendências e fatos. Crescer devagar e continuar a ser positivo para os clientes e acionistas em vez de tentar ser grande e perder alguns dos critérios que vos acompanham desde o início tem sido a filosofia seguida pelo Banco BiG. Quais são as perspetivas de crescimento para os próximos anos?
Falando de prémios, muito provavelmente não iremos ganhar qualquer prémio do tipo “o Banco que mais cresceu”. O crescimento rápido é muito difícil de controlar e geralmente origina problemas futuros. Do ponto de vista de crédito, somos sempre muito cautelosos no relacionamento com bancos que têm um crescimento
rápido e significativo desta rúbrica. Prevemos que este crescimento seja por via orgânica, mas estamos sempre atentos e disponíveis para analisar eventuais oportunidades interessantes que possam surgir. A nossa estrutura de gestão de risco tem como pressupostos a gestão de um Balanço excecionalmente líquido e a manutenção de elevados níveis de solvabilidade. Não solicitamos aumentos de capital aos nossos acionistas desde 2001. De facto, temos “devolvido” capital aos accionistas via dividendos todos os anos desde 2004, apesar de retermos, em média, 65% dos resultados obtidos, aspeto este fundamental para a construção de uma base sólida de capital ao longo destes anos. Temos mantido um rácio Core Tier 1 acima de 30% nos últimos 15 anos, ou seja desde o lançamento do Banco, o que demonstra quais as nossas prioridades e a forma como lidamos com as pressões do mercado para crescer de forma mais rápida. Inicialmente o BiG especializou-se em serviços de investimento e poupança online. Atualmente está a apostar cada vez mais na rede de retalho. Porquê essa alteração ao modelo de negócio inicial? Como será o crescimento da rede de balcões nos próximos tempos?
Nunca alterámos o nosso modelo de negócio. Apenas decidimos seguir um caminho diferente. Enquanto a maioria dos bancos privilegiou o crescimento da sua rede física de balcões como objetivo primário, e o canal de internet banking como acessório, no BiG, há 15 anos, construímos como plataforma principal de comunicação com os clientes um sistema baseado na Internet, tendo de seguida iniciado a construção de uma rede de agências. Ao nível do negócio do retalho, procuramos garantir o mesmo nível de serviço e, essencialmente, o mesmo custo para os clientes, independentemente do canal utilizado: o cliente decide qual é o mais conveniente e apropriado às suas necessidades e expetativas. Tendo sempre como pressuposto o nosso modelo de negócio, baseado na prestação de serviços especializados de poupança e investimento, esperamos ter cerca de 20-25 agências abertas no espaço de três anos. A crise financeira mundial teve impatos significativos na atividade bancária em Portugal, ainda que alguns problemas da banca nacional já se verificassem antes. A Associação Portuguesa 15
de Bancos prevê que apenas em 2015 os bancos voltem aos lucros. Como perspetiva os próximos tempos para a Banca a nível nacional?
Assumindo que a frágil economia portuguesa não irá sofrer surpresas ou choques adicionais e que a regulamentação ou metodologia para medir a qualidade dos ativos não irá sofrer mais mudanças, creio que as perdas maciças associadas ao recente ciclo de crescimento do crédito e subsequente crise financeira, poderão abrandar. Se será 2015 ou não, vamos ver. Os principais desafios para os grandes bancos passam por reconstruir a sua base de capital - um processo que se encontra já em curso - e reestruturar os seus negócios, de forma a serem sustentáveis numa nova realidade com novas regras. Na minha opinião, o setor bancário português não vai voltar nos próximos tempos ao “business as usual”.
“Talvez pelo BiG ter sido o “first mover” em Portugal nesses mercados, e termos mantido, ao longo dos anos, relações de confiança com um conjunto de parceiros que nos têm prestado um serviço seguro, fiável e eficiente em termos de custo. Alguns de nós têm experiência direta nos mercados dos EUA, o que torna este negócio parte natural da nossa cultura e uma parte fundamental da nossa oferta”
RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL/EUA
A OPINIÃO DE Graça Didier, Secretária Geral da AmCham Portugal
Estados Unidos da América:
Um mundo de oportunidades ou um dos mercados mais difíceis? Copo meio cheio ou meio vazio? Os EUA são a maior economia do mundo. O PIB representa 31% do PIB mundial; são um mercado com 300 milhões de consumidores, com um nível de vida 43% superior ao nível de vida europeu; sociedade consumista por excelência; o primeiro país importador a nível mundial; com forte adesão à novidade e à inovação; com uma grande dinâmica por parte dos investidores privados e do capital de risco e com uma forte cultura empreendedora.
N
ão é um mercado fácil. É um mercado exigente e altamente competitivo. Não é um, mas 50 mercados, com diferenças históricas, religiosas, políticas e culturais; regras, regulamentos e taxas diferentes; formas de consumir dissemelhantes; várias etnias. Um elevado nível de autossuficiência. O retorno do investimento não é imediato, exigindo uma maior capacidade financeira e resiliência. Ao nível do comércio, a balança comercial é favorável a Portugal. Os EUA são o 7º país de destino das nossas exportações, e o 2º fora da Europa (sendo o 1º Angola). Mas somos só o 62º país de onde os EUA importam. Os EUA representam só 4% das nossas exportações. Estão a operar em Portugal perto de 130 empresas americanas, as grandes marcas têm praticamente todas presença em Portugal, representando perto de 3% do PIB nacional. Também conseguimos encontrar casos de sucesso de empresas portuguesas nos EUA, de grandes empresas portuguesas, mas muitas pequenas empresas que viram a oportunidade que os EUA podem representar para o crescimento do seu negócio, estando representados vários setores de atividade: desde a energia, tecnologias de informação, farmacêutico, vinhos, finanças, calçado, têxtil, mobiliário, cortiça, entre outros. Os EUA são o 6º destino do IDE português (cerca de 1,35% do nosso IDE total) e atraímos cerca de 0,5% do IDE americano, sendo o 13º destino do IDE americano.
Questões como: quotas; proibição de entrada de alguns produtos; licenças de importação; proteção intelectual; exigência de certificados e testes; diferenças de regulamentos técnicos, normas e procedimentos de aprovação e certificação de produtos e serviços. Sociedade muito litigante, com custos de tribunal muito elevados. Cultura “Buy America” com destaque para o “Buy American ACT”. Dificuldade na obtenção de vistos. As oportunidades O Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento entre a União Europeia e os Estados Unidos da América (TTIP), que está atualmente em negociação, e que se destina a eliminar as barreiras comerciais, aduaneiras e não aduaneiras, vai alargar as oportunidades para as empresas dos dois lados do Atlântico. Nalguns setores, os produtos portugueses começam a ter alguma visibilidade e boa imagem, como é o caso dos vinhos e dos azeites, onde temos ganho vários prémios, e que são setores em franco crescimento nos EUA. A nossa situação geográfica e cultural permite apresentarmo-nos como a porta de entrada na Europa e uma ponte para os países lusófonos. Os obstáculos devem ser sempre vistos como oportunidades. As potencialidades são elevadas, existe um mundo de oportunidades, os EUA devem ser vistos como um destino promissor para a internacionalização das empresas portuguesas. Cabe aos empresários portugueses saber aproveitar estas oportunidades e a nós, enquanto Câmara, saber alertá-los e dar-lhes a conhecer estas oportunidades.
As nossas Forças Não sendo as relações económicas entre os dois países muito significativas, quer dizer que existem grandes oportunidades para crescer. As boas relações diplomáticas, que são históricas e remontam há declaração de independência dos EUA em 1791, são um fator positivo, tendo aqui a diplomacia económica um papel fundamental a desempenhar. Existem um milhão e meio de portugueses e lusos descendentes nos EUA que podem ser pontes importantes e portas de entrada aos produtos e às empresas portuguesas. Existe um acordo de dupla tributação entre Portugal e os EUA. Foram assinados acordos entre o Governos Português e quatro das grandes Universidades americanas, que permite uma maior troca de conhecimento entre os dois países. Quer a nível federal quer estadual existe uma grande vontade de captar investimento estrangeiro, de onde existem atualmente muitos apoios e facilidades ao investidor estrangeiro que olhe para os EUA como destino do seu investimento. No ranking de 2013 do «Doing Business» os EUA estão na 5ª posição dos países onde é mais fácil fazer negócio, de 185 países analisados. Para a grande maioria de produtos, as taxas aduaneiras são baixas (cerca de 3%).
Câmara de Comércio Americana em Portugal A Câmara de Comércio Americana em Portugal é uma Associação empresarial sem fins lucrativos e independente, que tem como missão principal desenvolver e facilitar as relações económicas e comerciais entre Portugal e os EUA numa base de mútuo interesse, exercendo um papel ativo na diplomacia económica. A experiência adquirida ao longo destes anos, o capital de conhecimentos, a nossa rede de contactos e a nossa capacidade de angariação e transmissão de informação qualitativa são postas ao serviço dos nossos associados/empresas criando oportunidades de desenvolvimento de negócios nos diversos setores. Contribuímos ativamente para uma aproximação entre os dois países, sublinhamos as oportunidades, apoiamos e ajudamos as empresas que queiram estabelecer esta ponte.
As nossa fraquezas Grande desconhecimento sobre Portugal e não existir a “marca Portugal”. Euro muito forte em relação ao dólar o que dificulta as exportações. Uma enorme concorrência, acrescido de um mercado interno muito dinâmico. Barreiras tarifárias. Existem alguns produtos, com significado para Portugal, com taxas aduaneiras altas por um lado e por outro lado pouco claras. Barreiras não tarifárias que pretendem dificultar o comércio internacional. 16
The 2014 Wallpaper Architects Directory
Arquitectos Matos entre as 20 melhores práticas emergentes de Arquitetura O escritório Arquitectos Matos integrou a lista “The 2014 Wallpaper Architects Directory” da conceituada revista de artes Wallpaper* e que seleciona anualmente as 20 melhores práticas emergentes de arquitetura em todo o mundo. Foram os únicos portugueses a constar do diretório este ano! O escritório, que foi contactado pela revista para submeter a sua candidatura no início do ano, recebeu com alegria a notícia de que tinha sido selecionado após uma entrevista e apresentação do seu portfólio. Dos trabalhos apresentados foi destacado uma das últimas obras concluídas por este escritório – A Casa do Torrão do Lameiro em Ovar.
U
ma vez que durante o mês de junho decorreu em Londres o evento “London Festival of Architecture”, os trabalhos escolhidos pela revista Wallpaper* e reinterpretados pelo artista Richard Kolker estiveram em exposição na galeria Two Pancras Square, em King’s Cross, até ao passado dia 30 de junho. O festival pretende, durante um mês, pôr toda a cidade a celebrar a arquitetura através de debates, exposições, filmes e open studios. Como tal, traz até Londres inúmeras pessoas ligadas à área mas também meros apreciadores. A visibilidade é imensa e, por isso, estar presente num certame de tamanha dimensão é, sem dúvida, um importante marco no bem sucedido percurso destes dois irmãos. “É um incentivo para continuarmos a desenvolver o nosso trabalho com rigor e qualidade e sentimos também, de alguma forma, uma responsabilidade acrescida. O facto de termos sido selecionados faz com que sejamos mais exigentes não só connosco mas também com as equipas com quem trabalhamos”, afirma Ricardo Matos. Apesar do escritório ter sido fundado em 2010, esta é uma parceria duradoira. Ainda antes de Nuno Matos concluir em 2001 a faculdade já desenvolvia alguns projetos com o irmão Ricardo, licenciado desde 1995 Faculdade de Arquitetura e Artes da Universidade Lusíada do Porto, onde é também docente à disciplina de Projecto. Situada entre Ovar e a Torreira, a Casa do Torrão do Lameiro tem a particularidade de ter sido projetada de forma que os pinheiros existentes nesse terreno não tivessem que ser abatidos. Isso resultou numa geometria única, em formato de estrela, e numa relação muito bem conseguida entre o espaço interior e o exterior. “É visível uma relação muito diferenciada do espaço e ao mesmo tempo uma ligação natural entre o exterior, o espaço doméstico e a pessoa que o habita”, explica Nuno Matos. Questionados quanto ao estilo que seguem nos projetos que desenvolvem, afirmam que os seus projectos procuram através do seu método de trabalho, traduzir uma reflexão e uma interpretação das necessidades e anseios dos seus clientes, respeitam os valores intrínsecos do sítio e adequam sempre que possível as soluções técnicas construtivas aos tectos financeiros estabelecidos. Para além disso, procuram nas formas abstratas as proporções dos espaços, a integração das diferentes escalas, as relações humanas com a luz e a paisagem. “Conciliar todas estas questões e tornar aquilo que é complexo em simples nem sempre é fácil, mas acreditamos que é isso que faz a diferença e é por isso que, muitas vezes, somos
Nuno e Ricardo Matos
chamados para transformar os problemas em soluções”, afirmam. A maior recompensa é “sentir que as pessoas ficam satisfeitas e se apropriam do espaço de uma forma natural e descontraída. Quando a arquitetura é feita a pensar nas pessoas as coisas acabam por resultar e essa é a prova de que o nosso trabalho foi bem feito. O nosso objetivo é também contribuir para a felicidade das pessoas”, explica Ricardo Matos. Outra das provas são os inúmeros prémios e concursos que têm vindo a ganhar, tal como o prémio Municipal de Recuperação do Património de Montemor-o-Velho, com a recuperação e ampliação da “Quinta dos Floreados”, que foi publicada também em revistas internacionais; ou 1º Prémio do Plano de Reordenamento Urbano para a Praça do Município de Vila Verde, em co-autoria com o Arquitecto Luís Loureiro; assim como a menção honrosa no Concurso Público Desafios Urbanos 12 – Revitalização de Imóvel Industrial em Guimarães em co-autoria com o Arquitecto Nuno Silva. Com os olhos postos na internacionalização, desenvolveram recentemente aquilo que classificaram como um “projeto chave na mão” para Angola, país que constitui uma janela de oportunidades também na área da arquitetura. “Um cliente, para o qual já tínhamos trabalhado em Portugal, convidou-nos para desenvolver a remo17
delação de um espaço comercial, para uma garrafeira gourmet. Conhecíamos bem o cliente e ele depositou em nós toda a confiança para desenvolver o projeto e gerir a execução do mesmo em Portugal, desde o mobiliário, à iluminação aos equipamentos, passando pela própria decoração. Desta forma, conseguimos aproveitar a competência técnica nacional e a tradição de construir com qualidade a preços muito mais competitivos”, refere Ricardo Matos. A desenvolver, de momento, um estudo associado a um programa de residências para sem abrigos e estudantes em Londres, os Arquitetos Matos têm vindo a criar algumas parcerias com escritórios do Reino Unido. Nuno Matos conclui esta entrevista realçando a importância das mesmas na área da Arquitetura. “Numa fase em que vemos os nossos colegas mais qualificados a ir para fora, não me parece que faça sentido o país gastar na educação destes profissionais e depois deixá-los escapar em vez de os rentabilizar. Na nossa área, o serviço pode muito bem ser realizado de cá, para lá. A internacionalização da arquitetura pode facilmente desenvolver-se sem que os arquitetos tenham que sair do país e há claras vantagens nisso. Hoje em dia, há uma rede de contactos que permite trabalhar em rede, com o apoio de escritórios locais o que otimiza trabalho, custos e permite ainda a partilha de conhecimentos”. www.matos.pt
HRV novas instalações e os 32 anos da empresa
HRV: aos 32 anos de existência arranca uma nova etapa! Tudo começou em 1982, por iniciativa de três técnicos e com a designação de Heleno, Ribeiro & Veríssimo. Estabeleceu-se com passos lentos mas sustentados, conquistando, assim, notoriedade ao nível da instalação e da manutenção de linhas de produção de alimento composto. Ao longo de 32 anos, foram muitas as mudanças e, no passado dia 24 de maio, foi o momento de celebrá-las. Mas, mais do que comemorar tantos anos de vida, aquele foi o dia de reunir a família, funcionários, fornecedores e clientes e abrir as novas portas. A HRV – Equipamentos de Processo, S.A. tem uma nova, moderna e funcional casa na Zona Industrial Casal da Lebre, na Marinha Grande, e a Revista Pontos de Vista foi conhecê-la.
“H
oje é um dia muito importante na história dos 32 anos da HRV. A inauguração destas instalações confirma o crescimento sustentado da empresa, alicerçado no empenho dos seus responsáveis e no reconhecimento dos seus clientes, fornecedores e parceiros. A vossa presença no concelho da Marinha Grande sinaliza ainda a relevância do nosso território como uma referência de excelência que recebe de braços abertos novos investidores e está sempre disponível para apoia-los”. Foi desta forma que Álvaro Pereira, Presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, acarinhou uma empresa pelo seu sólido percurso e pelo início de um novo ciclo na Zona Industrial Casal da Lebre, na Marinha Grande. Eram 12 horas e os portões já estavam abertos.
Tudo estava preparado para receber funcionários, fornecedores, clientes e amigos da HRV – Equipamentos de Processo, S.A., que não quiseram deixar de marcar presença naquele que era um dos dias mais importantes da história deste grupo. Além de comemorar 32 anos de existência, a HRV deu a conhecer a sua nova casa, numa visita que começou com as intervenções de Álvaro Pereira e Manuel Veríssimo, Presidente do Conselho de Administração da HRV, no momento em que levantaram a bandeira portuguesa que cobria a placa de identificação da empresa. Começava, assim, a visita guiada pelas novas instalações, com todos os amigos e parceiros que têm dado sentido ao crescimento desta empresa. A visita terminou com um convívio, sem antes abençoar as novas instalações, pelas mãos de um pároco local.
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A partir deste momento, um novo ciclo se iniciava. Se, Manuel Veríssimo, o pai, agradeceu, emocionado, o esforço e dedicação de todos os trabalhadores, acrescentando que “sem eles, nada disto seria possível”, Pedro Veríssimo, Filho e Administrador, levantou um pouco do véu daquelas que serão as linhas de orientação deste grupo no futuro: “Podemos esperar solidez e expansão para o mercado internacional. A evolução foi, até ao momento, baseada no mercado doméstico, nomeadamente Portugal, Espanha e um pouco em Marrocos. Com este upgrade e com as novas condições, queremos, sobretudo, chegar aos PALOP, mais concretamente Angola e Moçambique. Já começamos a fazer este trabalho mas o potencial é tanto que nos obriga a ter outra capacidade de resposta”,
afirmou em conversa com a Revista Pontos de Vista. Flexibilização será também a palavra de ordem neste novo ciclo que agora se inicia. “Se estamos no mercado dos alimentos compostos e da biomassa, aí continuaremos, embora as exigências sejam diferentes. Ou seja, antes eram necessárias grandes produções, mas hoje o que importa é otimizar, poupar energia e garantir a segurança alimentar. Já na biomassa, é importante salvaguardar a questão do aproveitamento dos recursos sem destrui-los. De certo modo, temos de saber olhar para as matérias primas em termos de poupança no sentido de conseguirmos viabilizar os negócios dos nossos clientes que tanto respeitamos”, defendeu o responsável. Pedro Veríssimo deixou ainda uma mensagem a todos aqueles que têm acompanhado o percurso desta empresa: “confiem em nós!”. E é, inequivocamente, de confiança que Álvaro Pereira fala. Enquanto representante máximo da autarquia, o edil demonstrou a sua total admiração pelo percurso histórico desta empresa que escolheu a Marinha Grande para viver. “Num momento em que o nosso país atravessa uma conjuntura desfavorável, sendo necessários novos investimentos, sobretudo direcionados para atividades inovadoras e que sustentem o crescimento económico, a HRV prova que é possível continuar a afirmar-se em Portugal e além fronteiras”, elogiou o autarca. Estarem na Marinha Grande é, por isso, um motivo de orgulho e, essencialmente, uma prova de confiança. Parceiros sólidos de negócio 1984 foi também um ano memorável na história da HRV. As marcas agora denominadas ANDRITZ Feed & BioFuel e Geelen Tecniek passaram a ser representadas, em exclusivo, pela HRV, nomeadamente no que diz respeito à instalação e manutenção das suas máquinas em Portugal. Para Andreas Weigle, General Manager da ANDRITZ Feed Technologies, poderia dizer-se que esta relação tem bem mais do que 32 anos de existência uma vez que desde o início que a HRV é sua parceira no mercado português. Um mercado que, comparativamente com outros um pouco por toda a Europa, tem surpreendido pela sua estabilidade. “Comparativamente com outros locais onde já estivemos e que eram um pouco limitados nota-se uma grande diferença. Na Marinha Grande existem boas infraestruturas e para a HRV este é um espaço muito estratégico uma vez que 75% dos seus clientes estão a norte de Lisboa. Podem agora incrementar os seus negócios, estabelecer novas parcerias e têm tudo para crescer”, afirmou. Poderemos, então, esperar mais 32 anos de vida? “Sem dúvida!”, respondeu. “Uma empresa precisa sempre de crescer. Mesmo nos últimos anos, com Portugal a atravessar uma grande crise, a HRV conquistou uma posição no
mercado. Pela localização, pelas técnicas e pela gestão, estão reunidos todos os fatores para que a HRV continue a ter sucesso”, concluiu Andreas Weigle. Foi no momento em que começaram a sua própria produção de pellets que surgiu esta parceria com a HRV. Em aspetos como o layout industrial ou na escolha dos parceiros, esta relação começou, desde logo, por dar certo. Estamos a falar do Grupo Martos, hoje uma referência nacional no mercado de madeiras, paletes e subprodutos. “Pelo know how acumulado no processo de granulação, o Grupo Martos considerou que a HRV seria o parceiro certo para estar ao seu lado”, afirmou Leonel Marto, Diretor Executivo do Grupo. Em época de aniversário, o responsável deixou os seus votos: “desejo que a HRV continue por muitos anos a criar valor para o nosso distrito de Leiria e para Portugal!”. 32 anos repletos de mudanças Tal como começou pro salientar Álvaro Pereira, falar na HRV é realmente falar de um percurso histórico. Decorria o ano de 1982 e, com a denominação Heleno, Ribeiro & Veríssimo, Lda., foi erguido este projeto pelas mãos de três técnicos especializados no fabrico e manutenção de peças metálicas, na instalação e manutenção de equipamentos e instalações elétricas industriais e na instalação e manutenção de linhas de produção de alimento composto para animais. Foi rapidamente conquistando o seu lugar no mercado, tendo sido escolhida, dois anos depois, para representar as marcas ANDRITZ Feed & BioFuel e Geelen Tecniek. Com a expansão do negócio, era necessário encontrar espaços adequados ao mesmo, tendo, em 1987, rumado de “armas e bagagens” para o que era, na altura, o principal eixo de ligação para o resto do país, o atual Itinerário Complementar 2. Nesse período, a empresa já tinha alargado a sua área de atividade para o fornecimento e processo de equipamentos para a produção de alimentos compostos para animais de estimação.
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No início da década de 90 deu-se uma nova mudança com a HRV a alargar a sua atuação para as linhas de produção de granulados para alimentação animal com base em subprodutos alimentares, fornecendo, de forma pontual, soluções para a indústria química. A aposta no setor bioenergético surgiu em 2004, com o desenvolvimento de equipamentos e processo para a produção de pellets de biomassa com alto valor energético. Esta foi, sem dúvida, uma aposta ganha, estando, atualmente, neste segmento a maior fatia da faturação anual da empresa. Foi ainda neste ano que a totalidade da sociedade passou para as mãos da família Veríssimo. Em suma, estes 32 anos de existência edificaram uma empresa que se dedica, por ordem de importância, à instalação de linhas de produção de pellets, às linhas de produção de rações para animais de consumo e às linhas para produção de rações para animais de companhia. A par disto, no setor químico, a empresa tem soluções ao nível de argamassas, argila expandida, plástico granulado, sal, açúcar, café, cereais em geral e todos os produtos sólidos que podem ser armazenados, transportados, manuseados e ensacados. É por tudo isto que, dentro do segmento em que atua, a HRV tem sabido sobrepor-se às vicissitudes do mercado e conquistar a confiança de todos.
30 anos da igreja maná
“Sempre fui um revoltado, um revolucionário” Se, inicialmente, as pessoas chegavam para desabafar os seus problemas, em busca de conforto e de um ombro amigo, a amplitude destes encontros levou a que, mais tarde, houvesse a necessidade de realizar reuniões aos domingos. A partir daqui, tem sido um crescimento gradual que muito orgulha Jorge Tadeu, Fundador e Presidente do Grupo Maná. Tudo começou pelas suas mãos, em 1984, com um grupo familiar no seio de sua casa. Decorridas três décadas, Jorge Tadeu ainda se surpreende quando tem a consciência de que a Igreja Maná está, hoje, em mais de 80 países, dispersos pelos continentes europeu, americano e africano. “É uma comoção muito grande porque eu era uma pessoa muito envergonhada e nem sequer conseguia olhar olhos nos olhos”, partilhou. Mas hoje o cenário é bem diferente. A Revista Pontos de Vista foi conhecer os contornos de uma história que começou por um engenheiro civil que, apesar de ter abraçado com toda a garra a sua missão, não esconde uma eterna paixão pela engenharia. Jorge Tadeu
“S
empre fui um revoltado, um revolucionário”. Esta poderá ser a expressão que melhor define Jorge Tadeu, um eterno engenheiro civil, com especialização em pontes e estruturas especiais e com um especial orgulho em poder ter uma das suas pontes impressa na maior nota de África do Sul, de 200 Rands. Já no período universitário, em Moçambique, Jorge Tadeu revoltava-se com o que assistia. “As oportunidades eram só para alguns. Os portugueses podiam ter tido tanta coisa e nunca tiveram, não por culpa do povo mas sim do regime de então. No ano em que se deu o 25 de abril eu ia para a tropa mas, como costumo dizer, ‘quando lá cheguei a guerra estava fechada’. Fui, então, à procura de emprego”, começou
por contar Jorge Tadeu, num encontro realizado na sede internacional da Maná Igreja Cristã, na Quinta da Ribeirinha, em Santo Antão do Tojal. Trabalhou durante vários anos na África do Sul, onde um dia decidiu visitar um amigo que se tinha convertido. “Fui à igreja dele e fiquei encantado porque não existiam santos e toda a gente estava a cantar. Nesse momento algo passou por mim, algo que não consigo explicar. Senti um amor muito grande e um apelo para a Igreja”, explicou. Jorge Tadeu começou a frequentar mais a Igreja e leu a bíblia, aquela que hoje vê como “uma espécie de manual, um guia diário para as pessoas colocarem as regras em prática”. A partir daí, continuou a dar cartas na engenharia, conquistando sucessos, uns atrás dos outros. Mas não 20
Quem é Jorge Tadeu? Presidente e Fundador do Grupo Maná, Jorge Tadeu, nascido em Nampula, Moçambique, formou-se em Engenharia Civil, com especialização em pontes e estruturas especiais. Aliás, uma das pontes que teve o seu cunho está impressa na maior nota de África do Sul, de 200 Rands. Foi em Joanesburgo que se converteu a Jesus, na “Apostolic Faith Mission”. Veio, então, para Portugal, onde continuou a trabalhar no seu ramo de formação durante dois anos. Mas, a sua missão era outra e, em setembro de 1984, fundou a Igreja Maná, com um grupo familiar em sua casa. Gradualmente, as pessoas, de todo o Mundo, começaram a tratar o então Pastor Jorge Tadeu, por Apóstolo uma vez que reconheciam nele qualidades bíblicas. Autor de muitos livros, CD’s e DVD’s, Jorge Tadeu é frequentemente convidado por outros ministérios a participar em convenções, seminários e eventos especiais.
era aquele o seu caminho. Foi então que decidiu estudar no Centro de Treino Bíblico Rhema. Terminado esse percurso, quando chegou a Portugal e, apesar de ainda ter exercido durante algum tempo, abandonou a carreira de engenheiro, mas nunca o gosto, e abraçou um novo caminho. “Tinha tantas coisas para fazer com Deus que larguei a engenharia”, reforçou. Foi, deste modo, que começaram a ser escritas as primeiras linhas da Maná Igreja Cristã, pertencente ao ramo das Igrejas Evangélicas Neopentecostais, através de um pequeno grupo familiar em casa. Da parte de amigos, Jorge Tadeu ia tendo as mesmas reações: “uns riam-se, outros gozavam mas a verdade é que, em momentos de maior aflição, telefonavam-me”. Ao longo de 30 anos têm sido incontáveis as vitórias e os fracassos, existiram muitos momentos complicados mas somente assim tem sido possível aprender com os erros para fazer melhor no futuro. Com igrejas em Espanha, França, África do Sul, Cabo Verde, Estados Unidos da América, entre tantos outros países, a relação entre todos é “espetacular”. O mais interessante deste processo é que nada foi imposto, nada foi planeado. Jorge Tadeu estava nos locais onde iam pedindo a sua ajuda e, depois disso, mais uma igreja nascia. “Inicialmente, a única coisa que planeava era fazer o meu melhor e sobreviver. Os portugueses estão dispersos por todo o Mundo e acabamos por ser conhecidos um pouco por toda esta grande comunidade, até porque desde muito cedo que começámos a gravar em cassetes, estivemos no satélite e as pessoas iam assistindo e gostavam do que viam”, contou Jorge Tadeu à Revista Pontos de Vista. E é, de facto, de amigos que aqui se fala. Por toda a Quinta da Ribeirinha, todos se conhecem, todos falam abertamente e tratam-se como membros de uma grande família. A Jorge Tadeu, dirigem-se como Apóstolo, designação que surgiu como reconhecimento pelas suas qualidades bíblicas identificadas por esta incomensurável comunidade. Além de líder do Grupo Maná, Jorge Tadeu é autor de diversos livros publicados em várias línguas e editados em muitos países. Pela sua capacidade de agregar multidões, é frequentemente convidado para grandes convenções, seminários e eventos especiais a nível mundial. A par disso, fazendo convergir o lado espiritual com as regras de uma boa liderança, planeamento, gestão e recursos humanos, Jorge Tadeu ministra ainda convenções de Homens de Negócios. “O objetivo é a essência da vida” Desde a sua génese até ao momento atual, podemos afirmar que o objetivo da Igreja Maná resume-se a ensinar o Evangelho e levar a cultura portuguesa a todos os locais onde se fala português? É bem mais do que isso. “O objetivo é a essência da vida. Queremos levar Deus às pessoas mas não é um Deus religioso mas sim que nos ama, que nos salva e que nos ajuda. Assim, ensinamos as pessoas durante as reuniões de sextas e domingos e damos aconselhamento pastoral porque muitas vezes as pessoas estão em baixo e, aos domingos, entre tanta gente, nem nos apercebemos disso. No fundo, tudo na vida se resume à lei de semear e colher e as pessoas têm de aprender a viver com isso, com as consequências positivas e negativas dos seus atos”, defendeu. No seio da igreja, existem duas grandes bases. Por um lado, a base espiritual engloba todas as igrejas existentes por todo o Mundo. “A Igreja é sem-
Crescimento da Maná Igreja Cristã O desenvolvimento desta comunidade foi gradual. Se, no início, as pessoas chegavam para desabafar e falar dos seus problemas, mais tarde começou a fazer-se reuniões aos domingos, num anfiteatro de um centro empresarial. Seguiu-se um hotel e, dada a afluência de pessoas, chegaram mesmo a estar num anfiteatro na FIL (Feira Internacional de Lisboa). O primeiro edifício próprio localizava-se na Avenida Columbano Bordalo Pinheiro. Seguiu-se a abertura de mais uma igreja, em Alvalade. Hoje, está presente em mais de 80 países, distribuídos por três continentes (Europa, América e África).
pre o centro de tudo. É aqui que as pessoas vêm, onde ensinamos, damos aconselhamento. Dentro da base espiritual, temos a vertente nacional em que temos um bispo. Depois, consoante o trabalho, existem bispos regionais que cuidam das suas regiões”, explicou. Por outro lado, existem os departamentos que dão apoio às igrejas. “Temos o departamento internacional de missões, de música, aviação, obras, cinema, jurídico, webdesign. Este último construiu um programa que nos permite entrar num sistema e ver a informação que nos é permitida, conforme a hierarquia, em qualquer parte do Mundo, a partir do telemóvel. Fazemos ainda programas infantis, banda desenhada e livros. À medida que cada departamento foi crescendo, foi havendo a necessidade de instituir um diretor nacional e uma hierarquia. Tem sido um investimento constante, que nos exige tempo e dinheiro”, revelou Jorge Tadeu. Estas exigências transpõem ainda para outro campo. A Igreja Maná é detentora de vários canais de televisão e rádio em Portugal, Espanha, Brasil, Moçambique e São Tomé e Príncipe. O canal de televisão TV Maná 1, detido também pela Igreja Maná, é uma plataforma de TV digital que quer continuar a crescer em todo o Mundo e, para tal, tem sido feita uma aposta na diversificação de conteúdos. Nesse sentido, foi realizado um protocolo com a agência Reuters em que, através da divulgação de imagens e notícias, será possível criar um conjunto de programas específicos. “A Igreja tem um papel fundamental mas o canal é para ser diferente, mais generalista. Queremos chegar a toda a gente e não apenas a um público alvo”, afiançou Jorge Tadeu. O papel da música e dos jovens Ao longo do tempo, a música tem sido usada como um instrumento perfeito para transmitir mensagens à sociedade. Já dizia Ernst Hoffmann que “a música começa onde acaba a fala” e não poderia estar mais certo. “A música é como se fosse um camião. Pode ser enchido com uma letra que vai induzir a pessoa para a violência ou que a leva a fazer o bem e a amar. Nós temos jovens muito talentosos que fazem músicas bonitas e que, no fundo, aproveitam o que nós ensinamos e transformam numa canção”, afirmou Jorge Tadeu. Falar em jovens é também falar no futuro. Para o Presidente do Grupo Maná, não podemos esquecer que estamos perante “futuros pais e mães” e, para que eles sigam um bom rumo, a Igreja desempenha um papel fulcral. “Se a Igreja não criar um espaço para o jovem, ele vai acabar por seguir com más companhias e entrar 21
por caminhos que não são corretos e, para tal, não basta ir a reuniões. A Igreja tem de criar um espaço que proporcione ao jovem uma série de atividades sadias, onde está naturalmente a música e o desporto”, afirmou. A pensar nisso, a Igreja Maná criou o Departamento Internacional de Jovens (DIJ), a quem cabe a responsabilidade de organizar várias atividades que cheguem a jovens de várias faixas etárias. Assim, desde concertos, peças de teatro e de dança, grupos musicais, seminários de prevenção e aconselhamento sobre temáticas suscetíveis, como drogas ou Sida, este grupo de jovens reúne, geralmente, aos sábados para reuniões durante as quais Deus continua a ser a figura central. Uma vez por ano são ainda desenvolvidos dois eventos internacionais: o Acampamento e a Convenção de Jovens. Também para continuar a cativar a atenção dos públicos mais jovens, um dos objetivos para o futuro passa por retomar com toda a força o cinema, um segmento que inclui filmes e séries. “São formas muito interessantes de levar uma mensagem. Como tal, pretendemos fazer filmes onde descrevemos dois caminhos: o rumo de um jovem que decide andar com Deus e o de outro que opta pelo contrário. São filmes dinâmicos, modernos, com imagens de vários países e onde, mais uma vez, os jovens estão envolvidos”, explicou. Convenção de Fé 2014 De 12 a 16 de agosto será o momento de assinalar os 30 anos da Igreja Maná, através da realização da Convenção de Fé na Quinta da Ribeirinha, em Santo Antão do Tojal. “Prosseguimos para o Alvo” foi o tema escolhido para um evento que, em termos sociais e económicos, é de extrema importância. “Prosseguir para o alvo significa que já estou a andar mas não posso parar e continuo em frente para um alvo, para um objetivo”, explicou. Assim, além de outras atividades, Jorge Tadeu, enquanto líder, desempenhará um papel essencial. “Ao povo, irei dizer que o nosso alvo será continuar a falar de Deus mas queremos atingir mais povos porque hoje temos essa possibilidade. Hoje, conseguimos treinar um maior número de pessoas, não só presencialmente mas também através dos nossos cursos online. Iremos dar muito mais força à rádio, à televisão e à internet”, relatou o responsável. Mais do que olhar para o passado e celebrar o que se construiu, importa agora encarar o futuro com esperança. “Na essência, com este evento, pretendo dizer para onde vamos. É essa a minha função, como líder”, garantiu. E para onde é que a Igreja Maná quer ir? “Queremos treinar mais pessoas porque só assim é que conseguiremos abrir mais igrejas. Queremos chegar ainda mais longe”, concluiu Jorge Tadeu. Países onde a Maná Igreja Cristã está presente: A Igreja Maná está presente em mais de 80 países, nomeadamente: Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Eslováquia, Suíça, Luxemburgo, Holanda, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Namíbia, África do Sul, Moçambique, Senegal, São Tomé e Príncipe, Suazilândia, Tanzânia, Congo, Brasil, Canadá, Estados Unidos da América, Argentina, entre outros. A igreja quer ainda chegar à China, Índia e Países Muçulmanos.
TEMA DE CAPA
“2014 poderá ser o melhor ano de sempre do turismo do Algarve” O ano turístico 2013 encerrou da melhor forma no Algarve com a subida dos principais indicadores (hóspedes, dormidas, proveitos e taxas de ocupação). Com um cenário tão favorável no último verão, a fasquia está elevada e as expectativas para 2014 não podiam ser melhores. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Desidério Silva, Presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA) afirma estar confiante de que “2014 poderá ser um dos melhores anos de sempre do turismo do Algarve”. Ainda assim e apesar da importância que o turismo de sol e mar ocupa nesta região, marcada por alguma sazonalidade mas que nem assim deixa de ser a mais importante região turística do país, Desidério Silva mostra-se inabalável na missão de consolidar a oferta turística no Algarve durante os 12 meses do ano. “Este Algarve tem ainda muitos segredos por descobrir, potencialidades enormes, mas queremos descobri-los de forma que não seja um Algarve de três/quatro meses mas um Algarve todo o ano”, afirma.
O
turismo foi o setor que mais contribuiu para a balança comercial de Portugal em 2013 e foi responsável pela criação de 25,703 postos de trabalho. Por sua vez, o Algarve foi a região do país com mais proveitos, faturando 609 milhões de euros, o que representa mais 4% do que em 2012. O destino representou 31,1% dos proveitos totais da hotelaria nacional. Ora, sendo o turismo o setor que mais está a contribuir para o PIB nacional e o Algarve a região que mais impulsionou estes bons resultados, não existem dúvidas quanto à importância da marca Algarve para a economia portuguesa e para a imagem do país além-fronteiras. Como refere Desidério Silva “há regiões da Europa em que a marca Algarve tem maior notoriedade do que a marca Portugal”. Exemplo disso é o Reino Unido, que continua a ser o mercado que origina mais hóspedes ao setor hoteleiro no Algarve, com uma quota de 32,8% face ao total. Também o mercado alemão ocupa um lugar destacado no número de dormidas nesta região, tendo crescido 11,4% em 2013 face a 2012. Para Desidério Silva é importante tudo fazer para que as expetativas dos turistas não saiam defraudadas, fazendo corresponder tudo aquilo que esta fortíssima marca representa, ao que poderão encontrar na região.
“O golfe tem um potencial imenso na região” Da parte da Região de Turismo do Algarve têm sido lançados inúmeros projetos com esse propósito, a par da consolidação da oferta já existente. “É importante apostar em tudo aquilo que possa ser uma mais valia. Sabemos que o Sol e Mar é o nosso produto estrela e temos que o consolidar, mas temos também que investir em todos aqueles que possam ser potenciados. A diversidade da região é imensa e tudo isso são atrativos para que as pessoas venham para cá e não venham apenas para fazer praia mas também para desfrutar de outras atividades e experiências, sejam as caminhadas, a gastronomia ou a observação das aves. O ponto forte deste Algarve é esta diversidade de oferta, ainda que considerando que alguns destes produtos estão numa fase de estruturação, mas que são já muito importantes para a oferta global de uma região que não se espera que seja só três ou quatro meses, mas que seja consistente todo o ano. Os turistas também são cada vez mais exigentes e seletivos e isso faz com que tenha que haver esta variedade de escolha”, afirma Desidério Silva. O golfe é um dos produtos mais importantes a este nível e constitui o segundo produto turístico
Desidério Silva
mais importante da região. Em 2013, realizaram-se nos campos de golfe do Algarve mais de um milhão de voltas, o que representou um aumento de 1,1% relativamente ao ano anterior. Este resultado permitiu mesmo ultrapassar o record atingido em 2011. Em 2013 o Algarve foi também considerado o melhor destino europeu de praia e golfe. De referir ainda que, no que diz respeito à distribuição mensal, a época alta do Golfe são os meses de março, abril, maio, setembro, outubro e novembro. Esta quebra nos meses mais quentes é inversa à procura dos turistas que vêm em busca de sol e praia o que tem reflexos positivos na redução da sazonalidade da atividade turística no Algarve. “O golfe é muito relevante no conjunto da procura da região e constitui o nosso segundo produto mais importante. Depois temos também outros produtos que são complementares e que no fundo compõem um portefólio diversificado no todo da oferta”, afirma. Entre esses produtos destaque para o turismo de natureza e o desporto. As potencialidades a nível do surf são também evidentes e este é um tipo de turismo que tem vindo a 22
crescer. Simultaneamente inúmeras equipas dos mais variados desportos têm visto no Algarve uma boa opção para os seus estágios e a procura para este fim tende também a aumentar. “A rota dos vinhos é uma oferta que apenas agora podemos pôr no terreno” Ainda numa fase embrionária, o enoturismo começa agora a ganhar forma no Algarve com o lançamento da Rota dos Vinhos, em funcionamento há cerca de dois meses. Sete adegas visitáveis, um passaporte, quatro roteiros e muitos vinhos fazem parte desta rota lançada pela Região de Turismo do Algarve e pela Comissão Vitivinícola do Algarve. “A rota dos vinhos é uma oferta que apenas agora podemos pôr no terreno. É o culminar de um processo longo! Há cinco ou seis anos não era possível, neste momento, já temos mais de 30 produtores na região e sete ou oito adegas abertas e organizadas para receber as pessoas, para que estas possam apreciar os vinhos e, junto a estes, alguma
gastronomia local. A gastronomia assume-se de uma forma bem consistente naquilo que é a recuperação dos saberes e sabores do antigamente. Por sua vez, o vinho do Algarve tem já uma qualidade muito interessante para a região e, portanto, esta rota e estes vinhos serão importantes para a economia regional”, explica Desidério Silva. A Rota dos Vinhos do Algarve está divida em quatro roteiros. O Roteiro Gil Eanes inclui o Monte da Casteleja, em Lagos; o Arade é constituído pela Adega Quinta do Francês, em Odelouca (Silves) e a Quinta do Morgado da Torre, na Penina (Portimão); do Mourisco faz parte a Quinta dos Vales, em Lagoa/Silves, e a Quinta de Mata Mouros, também em Silves; por fim, o Roteiros das falésias conta com a Adega do Cantor, na Guia (Albufeira), e a Quinta da Vinha, na Vala (Silves). “Há atualmente mais adegas a criar condições para se juntar à rota”, explicou também o presidente da RTA. Para poder seguir a Rota sem se perderem, os visitantes têm ao seu dispor um passaporte, ou seja, um pequeno livro em português e inglês com toda a informação sobre as adegas mas também sobre monumentos ou museus das zonas abrangidas, restaurantes bem como hotéis aderentes e até sobre os restantes produtores de vinho, mesmo os que não integram a rota. Este passaporte está disponível no aeroporto de Faro, nos postos de turismo e na receção dos hotéis. Certificação ISO 9001:2008 para os 21 postos de turismo da RTA E falando em postos de turismo, os 21 postos de turismo da RTA receberam este ano a certificação internacional de qualidade ISO 9001:2008. O certificado, atestado pela empresa acreditada SGS, foi atribuído no âmbito da prestação de serviços de informação turística, da comercialização de produtos regionais e da promoção do destino Algarve na rede de postos de atendimento ao turista. O processo de implementação da norma europeia na Região de Turismo do Algarve começou em 2007, culminando agora na conquista do certificado que maior credibilidade dá ao turismo no Algarve. “É muito importante porque foi um trabalho que demorou muito a fazer e é sem dúvida uma mais valia para a região porque atesta a prestação de um serviço de qualidade associado à informação e ao esclarecimento nesses postos de turismo”, orgulha-se Desidério Silva. Num futuro próximo, o objetivo é distinguir, para além dos postos de turismo, também os serviços da sede da RTA com esta norma de referência, estando já em curso o alargamento do sistema da gestão da qualidade. “O turismo de proximidade deve ser agarrado” Em termos de promoção, a RTA tem vindo a potenciar muito o mercado interno alargado, noutras palavras, Portugal e a vizinha Espanha através de roadshows, meios de comunicação social e dos próprios operadores turísticos. Em Portugal, também será realizado no final do ano um roadshow
no norte e no centro do país de modo a reforçar a marca Algarve no contexto do turismo interno. “Acreditamos que Portugal e Espanha, numa situação em que as economias não estão tão fortes, são atrativas na mesma para nós porque muita gente não vai para o estrangeiro. O turismo de proximidade deve ser agarrado e motivado 23
através destas ações. No ano passado, o turismo interno já subiu um pouco e este ano os dados apontam para que a subida seja maior. Em relação a Espanha, em 2011/ 2012 perdemos cerca de 20% dos turistas mas estamos numa fase de recuperação desse mercado o que é positivo”, explica o presidente da RTA.
TEMA DE CAPA
No entanto, algumas das questões contra as quais a Região de Turismo do Algarve tem lutado não facilitam a recuperação. Uma delas é tão falada taxa de IVA aplicada à restauração e ao Golfe. “O IVA da restauração complica tudo. Temos o IVA do lado de lá a 10% e aqui a 23%, no golfe do lado de lá a 6% e aqui a 23%”, explica. A par disso, “complica também as portagens na via do infante em relação ao mercado espanhol e à Andaluzia, quer pelo preço das portagens quer também pela forma como é feito o pagamento”, lamenta Desidério Silva. “A diferenciação positiva deve ser feita nas regiões onde essa mais valia económica existe” A questão das portagens tem mesmo mais implicações uma vez que conduziu a um aumento do tráfego na nacional 125 e com isto à degradação da mesma em alguns troços. “Eu espero que o Governo assuma claramente aquilo que foi dito. A 125 é uma das intervenções mais urgentes a fazer na região porque é uma estrada muito usada e em alguns troços está já em fase de pré-degradação. Não podemos deixar que isso aconteça! O tráfego aumentou bastante e por uma questão de mobilidade, acessibilidade e segurança das viaturas e pessoas, obviamente que a requalificação é muito importante em toda a extensão e é neste momento um dos maiores problemas do Algarve. A este
junta-se a recuperação da linha férrea entre Tunes e Lagos, um troço quase centenário que precisa de intervenção urgente e também na frente do mar, através da melhoria das infraestruturas existentes nos portos e marinas. Por fim, era importante que a TAP voasse de Faro para qualquer destino europeu e que os Governos olhassem para o Algarve de uma forma diferente, não tendo em conta o facto desta região turística já ter melhores condições que outras, mas por aquilo que é capaz de criar para consolidar as contas do país. A diferenciação positiva deve ser feita nas regiões onde essa mais valia económica existe e o Algarve tem essas condições, por isso, não deve ser olhado como quem já tem, mas como quem precisa de mais para trazer também mais verbas para os cofres do Estado”, alerta Desidério Silva. No fundo, para o presidente da Região de Turismo do Algarve é essencial “que não se trate por igual, aquilo que é diferente. Normalmente não nos são atribuídas mais verbas porque o Governo considera que já temos o suficiente e portanto é altura de apostar noutras regiões. Ora, sem dúvida que é importante que se aposte noutras regiões, no entanto, o que me parece evidente também é que nas regiões com capacidade demonstrada para criar riqueza e contribuir para o tal valor global, deve haver também uma intervenção e um olhar diferente sobre aquilo que somos capazes de fazer. Para além disso, não se pode olhar apenas para as percenta24
gens mas também para o que elas representam. Um crescimento de 5% do turismo no Algarve é muito mais do que um crescimento de 30% noutras zonas, porque o ponto de partida é completamente diferente. O Algarve é uma máquina pronta a funcionar mas precisa de alguns ajustamentos de natureza estrutural … até porque a região tem uma imagem muito forte e não queremos que ela possa ser descurada e perca competitividade”. “Pretendemos que a marca Algarve possa ser apoiada neste novo quadro” Em relação ao novo quadro comunitário Horizonte 2014-2020, Desidério Silva lamenta que o Algarve esteja “muito limitado em termos das verbas atribuídas em relação ao resto do país. As verbas são mínimas num contexto global! De qualquer forma, há aqui algumas ações que estão previstas no âmbito da inovação, regeneração, qualificação e formação que são fatores diferenciadores. Como tal, obviamente que pretendemos que a marca Algarve possa ser apoiada neste novo quadro e por isso estamos a preparar as bases para futuras candidaturas”. Essas candidaturas serão apresentadas junto da CCDR no contexto dos desafios colocados pelas orientações estratégicas do Crescimento Inteligente. “Esperamos que o Algarve, dentro das poucas verbas que são atribuídas à região, possa potenciá-las e aproveitá-las”, conclui Desidério Silva.
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Algarve e Albufeira – duas marcas de referência O Algarve assume-se como um dos principais ex libris de Portugal. A sul plantado, é hoje um dos principais destinos turísticos a nível mundial. Para que esse panorama continue a ser uma realidade, é necessário que existam mais-valias que permitam que o Algarve continue a figurar na elite dos principais destinos turísticos. Albufeira representa isso mesmo e sendo hoje um dos principais espaços da região algarvia, é portanto um dos maiores aliados da promoção turística. Carlos Eduardo da Silva e Sousa, Presidente da autarquia de Albufeira, revelou, em entrevista à Revista Pontos de Vista, como tem sido a evolução do turismo no Algarve e em Albufeira nos últimos anos, dando ainda a conhecer outras valências que são essenciais nesta dinâmica. Quais são as expectativas para este verão? Quais as novidades que estão a ser preparadas?
As expetativas são positivas, dentro do atual quadro de dificuldade. Da nossa parte, estamos preparados para realizar o nosso trabalho de gestão do concelho, numa altura em que a sua população aumenta quase dez vezes. Os empresários têm vindo a adequar a sua oferta ao atual contexto e, nesse sentido, diria que as expectativas são positivas. Internamente há um crescimento evidente da procura por parte dos portugueses. Do ponto de vista externo, nota-se um aumento da procura de mercados importantes como são o inglês, irlandês, holandês e alemão emergentes como o caso do francês e dos países nórdicos. Neste contexto estou em crer que o ano 2014 vai superar o anterior.
Carlos Eduardo da Silva e Sousa Quais as grandes mais-valias do Algarve e, particularmente de Albufeira, face a outros destinos turísticos?
Os estudos de que dispomos distinguem vários aspetos que nos valorizam. Desde logo, as nossas praias e o nosso clima ameno. Albufeira é líder nacional na qualidade das suas praias. Ostentamos 24 bandeiras azuis que reconhecem 23 praias e a nossa Marina. Também a animação turística e noturna é reconhecida. Temos em Albufeira um dos 10 melhores Parques Temáticos da Europa e uma das grandes referências na área da proteção ambiental. Temos zonas comerciais consolidadas e dispomos de um reconhecido roteiro ao nível de animação noturna. A qualidade da hotelaria é também mencionada. É aqui que está situado aqueles que têm sido considerados respetivamente, o Melhor Resort do Mundo e o melhor Boutique Hotel do Mundo. Existe uma oferta ampla e de qualidade que tem vindo a ser reforçada com a construção e requalificação de uma grande parte das unidades hoteleiras aqui presentes. Também a gastronomia é referenciada. Penso que faz sentido porque temos aqui o melhor peixe do mundo, que se cruza com uma gastronomia universal e com grandes referências desde as mais tradicionais às mais cosmopolitas. Temos ainda a simpatia das pessoas, outro aspeto mencionado nos nossos estudos e que penso fazer todo o sentido, sobretudo na comparação direta com outros destinos. Colocaria aqui de forma referencial mais algumas questões como são a centralidade, as acessibilidades e a diversidade concentrada.
Qual a importância da Rota dos Vinhos do Algarve, recentemente lançada, na promoção da gastronomia e dinamização da oferta turística da região?
Ao contrário do que se pode pensar, a produção vitivinícola tem uma grande tradição no Algarve. Temos assistido nos últimos anos, ao surgimento de projetos de enorme qualidade que têm acrescentado valor à região. Por isso, faz todo o sentido apostar neste produto, relacionado com a gastronomia, que pretende diversificar sinergias e criar motivação de visita à região. Será bom para a promoção turística do Algarve e, consequentemente para Albufeira. Um dos objetivos para o turismo do Algarve é deixar de concentrar todo o investimento na operação turística generalista, baseada no produto Sol e Mar de verão. Que outros nichos de mercado podem ser aproveitados? É urgente esbater a sazonalidade da oferta turística? O que é que a autarquia tem delineado nesse âmbito?
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Sim. É necessário trabalhar para valorizar aquilo que temos para oferecer, além do produto “sol e mar”, ou seja, o nosso património histórico, religioso, arquitetónico, cultural, etnográfico e gastronómico. É isso que Albufeira tem vindo a fazer nos últimos anos. Este é o rumo certo. Sabemos que a nossa responsabilidade é explorar todas as potencialidades existentes para que possamos fazer face à denominada época baixa. Para isso, estamos a apostar num novo paradigma assente, por exemplo, na valorização das atividades marítimo turísticas e de vertentes como o Turismo Desportivo, aproveitando as valências oferecidas pelas infraestruturas desportivas que foram construídas nos últimos anos. No final, a nossa principal preocupação é o desenvolvimento da economia local aumentando os níveis de bem-estar da nossa população. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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A OPINIÃO DE Alexandra Rodrigues Gonçalves, Diretora Regional da Direção Regional de Cultura do Algarve
QUANTO VALE A CULTURA e o património para o Algarve?
Esta questão não tem uma resposta única. Conforme os interlocutores, esta questão pode ser respondida de diferentes maneiras. A resposta não tem todavia uma medida fácil, se nos referirmos a estatísticas e a números, conforme pode parecer nossa intenção. A perspetiva deste artigo é de tratar outra dimensão, mais qualitativa do valor da cultura e do património para o Algarve.
Q
ual o número do património classificado no Algarve? Qual o total de associações culturais no Algarve? Qual o número de equipamentos culturais? Quantos museus existem? Qual o orçamento de investimento? Qual o valor de apoios atribuídos anualmente? Qual o número de visitantes do património do Algarve? Estes seriam alguns dos números a integrar num potencial relatório que desejasse fazer um diagnóstico do impacte económico da cultura e do património no Algarve. Não são aquelas as perguntas que queremos responder neste espaço, não é esse o valor que se pretende avaliar. Os números dão-nos fotografias de momentos pouco alargados no tempo e não apresentam termos de comparação com outras regiões do país ou outras realidades internacionais. Numa visão cronológica dizem-nos se crescemos ou se retraímos, mas não explicam como, nem o porquê. São importantes no apoio à decisão e como elementos de apoio à comunicação, mas apresentar números que se consideram como baixos significa apoiar com menos? Ou tê-los baixos significa apoiar com mais, numa perspetiva de política de desenvolvimento? A posição geográfica do Algarve coloca-o na ponta sul do país e por isso longe dos principais aglomerados populacionais, pelo que as dinâmicas associadas a estes recursos têm que envolver os visitantes – turistas da região para que consiga a afirmação que se pretende. Começando pela perspetiva macro cultural da região podemos dizer que houve um grande investimento em equipamentos culturais desde o final da década de 90 do século XX até ao presente momento. Na base de dados da
Direção Regional estão registados 241 espaços culturais na região, desde arquivos, bibliotecas, galerias, museus e salas de espetáculos. Neste contexto, todos os municípios, mesmo os do interior tem um espaço cultural, ou uma galeria, ou um núcleo museológico. Com base na mesma fonte estão registadas mais de 304 instituições culturais com atividade na região. O Algarve possui dezoito monumentos nacionais num conjunto de cerca de 70 imóveis classificados na região (um número baixo no conjunto percentual do país). A maioria deste património pertence ao Estado e sobretudo a municípios. O Estado Português administra diretamente um conjunto destes «sítios», mediante a sua afetação à Direção Regional de Cultura do Algarve. São imóveis classificados como bens culturais de grau nacional, preservados e preparados de forma a possibilitar o acolhimento simultâneo de públicos diversificados, entre os quais, estudantes, visitantes e turistas. O Castelo de Aljezur, a Fortaleza de Sagres, a Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe, os Monumentos Megalíticos de Alcalar, a Villa Romana da Abicada, o Castelo de Paderne, o Castelo de Loulé e a Villa Romana de Milreu são esses 8 locais. Para esse conjunto de sítios desenvolveu-se a marca «Monumentos do Algarve, Bons Momentos», onde se insere o Programa DiVaM (Dinamização e Valorização dos Monumentos do Algarve). Este é o mote de toda uma agenda de atividades, que se configuram como projetos educativos e pedagógicos, compreendendo iniciativas com públicos escolares e juvenis, ações de difusão de conhecimentos e fruição dos sítios, privilegiando a boa articulação entre a Direção Regional de Cultura e outras entidades que 26
“A cultura, as artes e o património de um pseudo ‘outro Algarve’ têm de ser parte do pensamento e da prática das comunidades, dos locais, do turismo, dos empresários, das entidades do setor público, de todos os que são Algarve. O valor da cultura e do património do nosso Algarve será aquele que nós quisermos”
um programa de eventos catalisador de um turismo que tenha uma forte complementaridade cultural; a participação ativa da comunidade no reconhecimento e na valorização do território; a dificuldade de integrar o património contemporâneo, a criação artística regional e as indústrias criativas na promoção turística e nas dinâmicas de desenvolvimento territorial; a dificuldade de atrair e fixar talentos, de construir um ambiente cultural dinâmico potenciador de inovação; a capacidade para criar discursos e narrativas mais próximas e atrativas para diferentes grupos da comunidade por parte dos agentes do património e da cultura; a mobilização de vários níveis de administração no território para a concertação de esforços e definição de estratégia conjunta que reconheça a mais valia destes domínios e que se deverá iniciar com a identificação e valorização dos produtos com base territorial e pela promoção de uma visão territorial (capacitação de atores locais); o desenvolvimento de uma política de educação patrimonial regional que contribua para a compreensão e valorização do património pela comunidade. A cultura, as artes e o património de um pseudo ‘outro Algarve’ têm de ser parte do pensamento e da prática das comunidades, dos locais, do turismo, dos empresários, das entidades do setor público, de todos os que são Algarve. O valor da cultura e do património do nosso Algarve será aquele que nós quisermos.
prossigam políticas educativas e de inclusão social, maximizadas através de protocolos e de apoios pontuais ao associativismo regional e incentivando o voluntariado. Neste contexto, importa ainda referir que: a rede de bibliotecas públicas abrange todos os Municípios (com exceção de Monchique) e a Rede de Museus do Algarve tem a participação de todos os concelhos com museus (com exceção de Monchique e Vila do Bispo). Existindo na região quatro Museus que integram a Rede Nacional de Museus – Portimão, Faro, Albufeira e Tavira – todos em cidades do litoral. Na ação direta da Direção Regional e de acordo com as atribuições e o orçamento disponível anualmente, desenvolve-se um programa de apoio à ação cultural, que desde este ano promove um programa específico de apoio à edição. Também se constituiu um prémio regional “Maria Veleda”(com candidaturas em curso), bem como foi desenvolvido o Programa DIVAM, existindo ainda outras parcerias que se inserem no âmbito da ação cultural e que consagram outras atividades de extensão cultural. A concentração de atividades, de espaços e de agentes culturais na faixa litoral da região deve-se a uma maior concentração da população no Algarve nessa parte do território. Os regulamentos dos apoios deste ano introduziram por isso fatores de ponderação na matriz relacionados com a desertificação do interior e a democratização cultural, mas também com eixos estratégicos de desenvolvimento cultural que se consideram prioritários, de que é exemplo a educação para a cultura e as artes. Alguns dos pontos de referência positiva no panorama cultural e patrimonial do Algarve revelam: uma ocupação espacial com testemunhos físicos desde tempos imemoriais; comunidades estrangeiras residentes oriundas de um número relevante de países com incidência europeia; um Promontório Sagrado - Sagres (monumento mítico das Descobertas) com valor histórico e patrimonial imaterial inestimável; uma rede de bibliotecas equilibrada em toda a região; uma rede de auditórios e salas com uma cobertura quase total da região; uma rede de museus do Algarve que é referência nacional; uma rede de arquivos municipais e um arquivo distrital; um conjunto de escolas de música com uma forte dinâmica e número expressivo de alunos; uma oferta de ensino artístico (dança, artes visuais e plásticas) nas principais cidades; uma rede de galerias de exposição; um conjunto de recursos humanos qualificados nas distintas áreas culturais, bens de património cultural, móvel e imóvel; Património Cultural Imaterial reconhecido como património pela UNESCO (Dieta Mediterrânica), mas também outras manifestações com inventariação e salvaguarda em curso; vários sítios arqueológicos com relevância; e uma luz e uma paisagem únicas no país. Os «sítios patrimoniais» têm que ser espaços de aprendizagem mas também de fruição e de bem-estar. A invenção da modernidade, fixando vivências, narrativas e passados ao espaço abstrato, tornando-o um recurso cultural convertível num produto suscetível de ser experienciado e fruído por todos é uma das preocupações do presente. Retomando a questão inicial: O que vai para além dos números? A cultura é uma área de constante desafio e criatividade, é um espaço de questionamento e de conflitualidade, mas o que desejamos é que se pratique crescentemente uma estratégia regional de convergência para a cultura, as artes e o património na região, e este esforço não pode ser feito isoladamente por uma única entidade. Alguns dos maiores desafios que se apresentam, dizem respeito: à capacidade de mobilizar investimento para valorizar a visita ao património histórico, num momento em que os meios para a salvaguarda e preservação são muito reduzidos; a procura da convergência dos vários stakeholders para a resposta conjunta com uma visão estratégica partilhada para o património, as artes e a cultura; o envolvimento do tecido empresarial na promoção e desenvolvimento destes produtos na região, bem como, na organização de 27
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“PORTUGAL É UM DESTINO de exceção” Presidente do Turismo de Portugal desde finais do ano passado, João Cotrim de Figueiredo falou, em entrevista à Revista Pontos de Vista, sobre as estratégias que tem delineadas “para que se inove e se invista no Turismo em Portugal”. O turismo foi o setor que mais contribuiu para o PIB em 2013 e as previsões para 2014 são ainda melhores. O World Economic Forum elegeu Portugal como o sétimo melhor país do mundo na receção aos turistas. Para além disso, somos reconhecidos pela gastronomia, o golfe, a qualidade da rede hoteleira e das novas tendências na hotelaria, com o Home Lisbon Hostel a liderar como Melhor Hostel de Porte Médio do Mundo e com tantos outros nos rankings. Estamos a saber cada vez mais aproveitar as potencialidades turísticas do país?
Nos últimos dois anos, recebemos cerca de 100 prémios, atribuídos aos destinos portugueses, à oferta turística portuguesa e a empreendimentos privados em Portugal. Isto é fruto de um trabalho consistente nos últimos anos, para reforçar a imagem de Portugal como um Destino turístico de exceção. Este trabalho, juntamente com os esforços de milhares de empresários no setor turístico, está de facto a produzir um retorno considerável. Por outro lado, o Turismo de Portugal optou, especialmente no último ano e meio, por focar a sua atuação promocional no marketing digital. É uma atuação menos visível, mais subtil, mais discreta, mas creio, mais eficaz. Este é o setor que melhor tem resistido à crise. Qual é atualmente o peso do turismo para a economia nacional? A alavancagem económica do país passa necessariamente por aqui?
Os resultados do ano 2013 demonstram que no Turismo houve uma capacidade coletiva de dar a volta à crise. Em 2013, o Saldo da Balança Turística foi de 6,1 mil milhões de euros (+8,3% do que em 2012), o que reforça o contributo do Turismo para a economia portuguesa. E os dados dos primeiros meses de 2014 indicam que estamos a manter, ou mesmo a aumentar, os ritmos de crescimento do ano passado. Crescer a taxas de dois dígitos em relação ao ano de 2013, que foi um ano recorde para o turismo português, enche-nos de orgulho e esperança. Quais as áreas do turismo em que temos maiores oportunidades de crescimento e os nichos em que devemos apostar? É primordial apostar na diversificação e inovação na oferta turística?
A nossa estratégia passa por aproveitar as possibilidades de crescimento nos mercados que já nos conhecem (Europa, América do Norte e Brasil sobretudo) e, simultaneamente, desenvolver um conjunto de mercados ditos emergentes (por exemplo China, Rússia, Índia, Polónia) que se possam vir a tornar em mercados consolidados e geradores de crescimento a médio prazo. Em cada um destes mercados há procura por produtos de massa e produtos de nicho. O Turismo de Portugal e as Entidades Regionais de Turismo têm dado a maior importância à criação e estruturação de produtos turísticos bem adaptados aos diferentes tipos de procura em cada mercado. Este trabalho permite que assistamos hoje, por exemplo, a crescimentos sustentados nos segmentos do Turismo de Natureza ou nos Circuitos Culturais e Religiosos.
Com uma visão abrangente e inovadora, aproveitou o mediatismo da onda surfada por Garret McNamara e fez dele uma espécie de embaixador do turismo nacional enquanto pico de surf. Quais as suas expetativas em relação a esta parceria? Portugal tem muito por onde crescer enquanto destino de surf e essa terá que ser uma aposta para os próximos tempos?
Estamos muito contentes com os resultados dessa aposta. Hoje somos, e não éramos há cinco anos, a Meca do surf na Europa. Mas importa dizer que o motivo pelo qual escolhemos o surf como atividade a promover não foi só para atrair surfistas para Portugal. Os valores da liberdade, da natureza e da comunhão com os outros também estão fortemente associados ao surf e contribuem para o posicionamento que queremos de Portugal como destino turístico. Mas fez bem em sublinhar a importância de saber reconhecer o poder comunicacional da ideia e das imagens da “maior onda do Mundo”. É a essência do marketing: identificar a substância e a forma das mensagens que captem a atenção dos potenciais turistas. Para além do poder de atração da onda, também nos parece óbvio que usar um porta-voz estrangeiro com notoriedade é muitíssimo mais credível. Tendo Portugal potencialidade únicas a nível natural, não só pelo mar, mas também pelas suas zonas de natureza, com paisagens deslumbrantes, o turismo de deporto e radical deveriam ser mais aproveitados no nosso país? O que é que o Turismo de Portugal tem desenvolvido neste âmbito?
Portugal tem, de facto, características únicas e bastante diversificadas. O Turismo de Portugal desenvolveu, em parceria com a APECATE - Associação de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos, o primeiro curso de Especialização Tecnológica em Turismo de Ar Livre, pioneiro a nível europeu, que arrancou no final do ano passado nas Escolas de Hotelaria e Turismo geridas pelo Instituto. Este curso prepara os alunos para a organização de programas e atividades de animação turística, sempre cumprindo as regras de segurança e as melhores práticas da atividade. Esta é uma boa contribuição para o desenvolvimento do turismo ativo, categoria em que se inclui o turismo de desporto e radical que referiu. Referiu recentemente que, para a qualidade da oferta turística que temos, deveríamos praticar preços mais elevados. Que riscos corre o setor se não atingir um maior equilíbrio entre a qualidade dos serviços prestados e o preço cobrado pelos mesmos?
Sim, disse mais concretamente que praticamos preços baixos para a qualidade da experiência turística que oferecemos. Mas os preços resultam da relação entre a oferta e a procura. Só um crescimento sustentado da procura, como o que estamos a conseguir agora, permitirá um equilí28
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brio de preços a um nível superior ao atual. Mas atenção: o objetivo não é aumentar preços em si, mas sim criar as condições que permitam às empresas do setor voltar a investir, requalificar e modernizar as suas unidades. Ao mesmo tempo, é crucial que o Turismo de Portugal e outras instituições com responsabilidade na matéria contribuam para que a oferta não cresça antes de tempo e dê origem a novos desequilíbrios que venham a afetar os preços de novo. Assumiu o cargo há alguns meses. O que é que podemos esperar de si nos próximos tempos? Quais as metas que quer ver atingidas?
O grande objetivo do Turismo de Portugal, e também o meu enquanto presidente, é ter, cada vez mais, um papel orientador e facilitador da vida das empresas privadas que operam no setor. Queremos criar as melhores condições para que se inove e se invista no Turismo em Portugal. Para tal, iremos fazer um esforço grande para orientar a organização para o exterior, pensando nas necessidades de todos os agentes do setor. Em especial, queremos evoluir na disponibilização de informação que ajude à tomada de decisões estratégicas por parte dos agentes económicos e na adequação e reforço dos instrumentos financeiros, incluindo os do novo quadro comunitário, às necessidades das empresas turísticas. Também faremos um esforço mais sistemático de promover a inovação no setor através de estímulos dirigidos ao empreendedorismo no Turismo. É essencial para a competitividade futura da nossa oferta turística, bem como para a renovação do tecido empresarial do setor. Finalmente, gostaria muito que do nosso mandato resultasse uma consciencialização generalizada de que todos somos parte do Turismo que oferecemos. A nossa capacidade de receber como ninguém, talvez o nosso principal fator distintivo, implica termos a noção de que todos - políticos, empresários, profissionais do setor e cidadãos em geral - somos anfitriões e que, por isso, todos temos a responsabilidade de manter a atratividade deste extraordinário destino turístico que é Portugal. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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Descubram “cada recanto e cada passo que cada território oferece” Jorge Santos é, desde 2006, Presidente da Associação Portuguesa de Turismo em Espaços Rurais e Naturais (APTERN), tendo partido para esta função com uma ideia muito clara em mente: o ecoturismo em Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer. “É necessário proteger, dinamizar e promover o património rural e natural, desde a biodiversidade à cultura ou tradições populares, sendo que o ecoturismo pode ser visto como um meio de defender esse património”, assegurou o responsável que acredita ainda ser missão da APTERN contribuir para um desenvolvimento sustentável das regiões e do país. A Associação Portuguesa de Turismo em Espaços Rurais e Naturais (APTERN) foi fundada em 2004 por iniciativa de alunos e antigos alunos de ecoturismo/eco-agroturismo da Escola Superior Agrária de Coimbra. É, desde 2006, Presidente desta entidade. Para o novo mandato que se iniciou, que objetivos estão em cima da mesa?
É necessário trabalhar muito a vertente do ecoturismo em Portugal. Nos próximos dois anos, são de esperar a cimentação da associação como uma entidade forte que desenvolva a componente do ecoturismo, apostando fortemente em promover este tipo de turismo, complementando com aspetos relacionados com a conservação da natureza e da biodiversidade, que são elementos de elevado potencial e com cada vez mais procura em Portugal. Um dos vossos focos consiste em cimentar o Turismo de Natureza, complementando com aspetos relacionados com a conservação da natureza e biodiversidade e o ecoturismo. De que modo pretendem desenvolver este trabalho?
Há muito trabalho a desenvolver em Portugal neste sentido. É necessário proteger, dinamizar e promover o património rural e natural, desde a biodiversidade à cultura ou tradições populares, sendo que o ecoturismo pode ser visto como um meio de defender esse património e um importante contributo para combater a desertificação e ajudar a fixar pessoas, designadamente em regiões do país que sofrem de acentuado despovoamento. É nesse sentido que o nosso trabalho pode ser uma mais valia, pois acreditamos que possa contribuir para o desenvolvimento sustentável das regiões e do país em particular. Pelo seu poderoso património natural, Portugal é considerado um destino por excelência para a prática de Turismo de Natureza. Apesar dos avanços dos últimos anos, há quem defenda que este segmento está ainda em estado embrionário. Concorda?
Plenamente de acordo. É de louvar o trabalho que tem sido feito estes últimos anos na segmentação do turismo de natureza, onde gostaria de
À margem da sessão de tomada de posse dos dirigentes da APTERN para os próximos dois anos, defendeu que a burocracia é a maior dificuldade do turismo rural em Portugal. De que forma se pode contornar este obstáculo para que o setor continue a crescer?
Começaria por incluir o turismo rural no PENT (Plano Estratégico Nacional para o Turismo), algo que tem sido uma lacuna por quem planeia o turismo em Portugal. Tendo em conta que o turismo rural é, no nosso entender, potencializador de geração de riqueza, não se pode gerar conflitos em torno desta questão. Deve-se planear de forma sustentável e correta uma estratégia que vise uma valorização dos territórios, através do turismo rural. Jorge Santos
destacar projetos como o Geoparque Naturtejo, as Aldeias Históricas de Portugal, as Aldeias de Xisto e a Via Algarviana, que tem despertado as potencialidades que o país tem neste segmento. Contudo, muito mais pode ser feito e espero que dentro de pouco tempo Portugal seja considerado por todos um destino de excelência nesta modalidade. Portugal tem sabido atrair um número cada vez maior de turistas estrangeiros que têm procurado novas atividades e novos espaços. De um modo geral, o que é mais procurado no nosso país? Neste domínio, os espaços rurais e naturais têm assumido um protagonismo diferente?
O turista que visita o nosso país procura essencialmente o que é genuíno e a sua autenticidade. A natureza, a cultura, as tradições, os hábitos, o artesanato, a gastronomia, a biodiversidade são elementos de enorme riqueza, que são aqueles que têm tido muita procura nos últimos tempos. Neste domínio, os espaços rurais e naturais são fundamentais para este desenvolvimento pois possibilitam demonstrar as riquezas que o nosso país tem por descobrir.
Qual continuará a ser a linha de atuação da APTERN no sentido de promover as potencialidades de Portugal?
A nossa linha de atuação será sempre contribuir para um melhor desenvolvimento turístico de Portugal, dialogando com os demais agentes locais e nacionais, desmistificando através dos nossos projetos e iniciativas os recantos que Portugal tem à sua disposição. Não devemos esquecer a formação em turismo que é extremamente importante. Que mensagem deixaria aos nossos leitores como convite para conhecerem os espaços rurais e naturais existentes em Portugal?
Apesar de não estarmos numa época propícia ao efeito, desafio a todos os leitores a saírem de casa e descobrirem de norte a sul do país, cada recanto e cada passo que cada território oferece. Experiências únicas e genuínas encontram-se, desde as paisagens do Parque Natural de Montesinho e o do Parque Nacional da Peneda Gerês, passando pela gastronomia nortenha, os vinhos da região de Viseu, o leitão da Bairrada, o Maranho e o Bucho da Sertã, as praias fluviais da Zona Centro, a neve da Serra da Estrela, não esquecendo a Serra da Lousã e do Sicó, a cultura que alimenta o Alentejo, mas acima de tudo as pessoas, que são a alma deste país. Descubra Portugal!
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Venha viver momentos inesquecíveis Já escolheu as suas férias de sonho? Quer conhecer um dos espaços mais encantadores e sublimes do Algarve? Então venha ao Dunas Douradas Beach Club, luxuoso resort que tem tudo para que estas sejam umas férias inesquecíveis. De certeza que vai querer voltar. A Revista Pontos de Vista foi conhecer este espaço único e conversou com Sílvia Biscaia, CEO do Grupo Dunas Douradas. Aqui ficamos a conhecer um pouco mais... embora as palavras sejam parcas para descrever o Dunas Douradas Beach Club. Por isso, faça uma visita e tenha umas férias maravilhosas. Porque a vida é feita de momentos e recordações. O Dunas Douradas Beach Club apresenta-se atualmente entre os luxuosos resorts da Quinta do Lago e Vale do Lobo. Quais as principais características do Dunas Douradas e o que podem encontrar neste espaço os vossos visitantes?
Quais são os principais desafios que se colocam ao Dunas Douradas de futuro? Apostar na diferenciação dos serviços, na inovação e na qualidade da oferta, sempre. O maior desafio será sempre o de melhorar a qualidade de forma a proporcionar aos nossos clientes experiências memoráveis. Outro grande desafio será o de combater a sazonalidade do destino apostando em programas para a época baixa aliciantes para grupos e apostar em estágios de equipas de futebol e para isso contamos com a colaboração das autoridades locais. A organização de casamentos no resort é já uma aposta ganha que continuaremos a desenvolver já que a procura é cada vez maior. Os casamentos que organizamos têm lugar num relvado com vista para o mar ou na praia e a oferta gastronómica é de excelência. Proporcionamos, de facto, momentos inesquecíveis.
O Resort tem uma enorme vantagem competitiva em relação aos resorts na sua proximidade: a sua localização a menos de cem metros de uma praia de bandeira azul, que permite aos nossos hóspedes deslocarem-se à mesma em cinco minutos a pé. Este é um fator de distinção imbatível. Para além disso oferece piscina exterior e interior, vivendas equipadas com piscinas aquecidas, apartamentos com Jacuzzi, Restaurante, bares, ginásio, Kids Club e SPA. De qualquer local do resort as vistas para o mar são fascinantes. Temos ainda a considerar como elemento de destaque a beleza da decoração interior e a qualidade da acomodação, bem como a excelência dos serviços. Para quem pretende aproveitar as excelentes facilidades que possuem para relaxar, porque é que este é o sítio ideal? Para o verão de 2014 estão a ser preparadas algumas novidades? Se sim, quais?
No nosso resort os hóspedes poderão ter tudo aquilo com que sonham para umas férias inesquecíveis, um ambiente de uma beleza estonteante, todas as facilidades que imaginam e que já aqui foram referidas, o conforto das acomodações. Imagine como é relaxante assistir ao pôr do sol num jacuzzi com vista para o mar em total privacidade. Nós proporcionamos essa experiência. Por outro lado trata-se de um resort exclusivo em condomínio fechado, no qual os clientes se sentem em total segurança, num ambiente extraordinário, com entretenimento para as crianças permitindo a todos desfrutar de umas férias memoráveis. No verão de 2014 decorreram já vários eventos, de que destaco a festa Black & White, no dia 5 de julho, que foi um sucesso; bem como a Pool party, que teve lugar a 20 de julho e que é um evento já habitual e muito procurado. Para uma completa visão sobre os
eventos que temos previsto convido a uma visita ao nosso site www.ddbc.pt. Sabemos que o Algarve reúne alguns dos mais luxuosos e reconhecidos resorts a nível mundial. O que marca a diferença do Dunas Douradas Beach Club relativamente a outros congéneres?
Seguramente a localização, a qualidade da oferta no empreendimento bem como a excelência dos serviços, onde a arte de bem receber está sempre presente. Para além disso temos um resort exclusivo em condomínio fechado onde os clientes se sentem em total segurança podendo disfrutar de total privacidade. A aposta na gastronomia portuguesa e algarvia de qualidade é também uma mais-valia. A oferta de produtos locais e frescos no nosso restaurante com vista para o mar deslumbra os nossos visitantes. De que forma é que o Dunas Douradas tem sido um player importante e influente na promoção
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do Algarve como destino turístico de excelência?
Seguramente através dos prémios internacionais com que o empreendimento tem sido distinguido e que têm contribuído para que o Algarve seja reconhecido como um destino turístico de excelência. Em 2009 ganhámos dois prémios da European Residencial Property Awards em conjunto com a CNBC, que foram o de melhor Design de Arquitetura e o de melhor Resort na categoria de apartamentos. Em 2010 vencemos o prémio de melhor Empreendimento Europeu e Português, também da European Residencial Property Awards, em conjunto com a Bloomberg, conseguindo ainda uma distinção para o design de interiores. Na entrega dos World Travel Awards fomos distinguidos com o prémio Europe’s Leading Villa & Apartment Residences 2012, no mesmo ano em que o Algarve ganha a distinção de melhor destino de sol e praia e melhor destino de golf da europa. O resort está alinhado com a política do turismo do Algarve apostando na qualidade
da oferta e estes prémios provam-no. Os clientes confirmam esta excelência, já que com os seus reviews permitiram que em 2013 o empreendimento se posicionasse no Top 25 dos hotéis de luxo em Portugal no Trip Advisor Travellers`Choice. Além disso, o DDBC, está também a apostar nos estágios de equipas de futebol, durante a época baixa, em linha com as políticas do Turismo do Algarve de desenvolver produtos em contraciclo com a sazonalidade e dessa forma promover também um outro Algarve, que não é só sol e praia. Neste momento é legítimo afirmar que o Dunas Douradas apresenta um equilíbrio no âmbito de visitantes portugueses e do exterior?
É perfeitamente legítimo. Embora o nosso primeiro mercado seja o Britânico/Irlandês podemos dizer que no nosso empreendimento existe equilíbrio entre o turismo externo e interno já que os portugueses se encontram em segundo lugar em termos de nacionalidades destacando-se a ocupação por portugueses em agosto, o que muito nos satisfaz. O mercado português é assim responsável por uma ocupação superior à de outros mercados como o Norueguês, Alemão, Polaco, Suíco, Canadiano e Norte -Americano. Para quem não conhece o Dunas Douradas Beach Club, que convite gostaria de deixar aos nossos leitores?
Deixo o convite para visitar o resort, pois quem o conhece normalmente volta. A prova é que as nossas reservas em época alta são predominante efetuadas pelos próprios clientes, que voltam ao resort todos os anos e que reservam os seus apartamentos de um ano para o outro. A vida é feita de momentos e de memórias. Nós podemos ajudar nesse sentido de proporcionar aos leitores umas férias inesquecíveis. Já tivemos clientes que nos escreveram a dizer que foram as melhores férias da sua vida. Isso enche-nos de orgulho.
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“Visite. Permita-nos convencê-lo” “A partir do nosso Resort, venham descobrir o Sotavento Algarvio, uma área menos explorada do Algarve, com maravilhosas praias de areia branca, um enorme potencial natural e histórico e uma fantástica gastronomia baseada no peixe fresco, mariscos e muitos outros produtos locais”, salienta Ricardo Cipriano, Diretor-Geral do Castro Marim Golfe & Country Club, que, em entrevista à Revista Pontos de Vista, revelou o porquê deste espaço ser único no Algarve e porque vale a pena conhecer. O Castro Marim Golfe & Country Club apresenta-se atualmente entre um dos mais luxuosos espaços do Algarve. Quais as principais características do Castro Marim Golfe & Country Club e o que podem encontrar neste espaço os vossos visitantes?
Rodeado pela Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, junto à fronteira entre Portugal e Espanha, o Castro Marim Golfe & Country Club tem vistas deslumbrantes para as montanhas a norte, e vistas espetaculares para o Oceano Atlântico e Rio Guadiana a sul. O resort oferece moradias individuais de elevada qualidade, com piscina privada, e excelentes moradias T2 e T3 com uma área de piscinas comuns, snack-bar para bebidas e refeições ligeiras, parque infantil e clube para crianças. Todas as habitações possuem ar condicionado, televisão com canais por satélite, telefone, wi-fi gratuito, casas de banho ensuite e equipamentos de cozinha, entre muitas outras facilidades. Mas há mais do que alojamento de alta qualidade. O Castro Marim Golfe & Country Club é a rara conjugação, num único lugar, de fatores tão importantes como a história, a cultura, a natureza e o desporto. Tudo isto com um serviço de qualidade incomparável. Para os mais ativos, o resort tem o seu próprio campo de golfe com 27 buracos e campo de prática, um ginásio que poderá utilizar gratuitamente, ou a possibilidade de alugar bicicletas para explorar a zona envolvente da Reserva Natural.
Para os amantes da natureza, estão no local ideal pois há muitas espécies de aves para ver, como flamingos e alfaiates, nos meses de inverno, ou o colorido Abelharuco, no verão. Na proximidade existem várias praias maravilhosas que, para além de proporcionarem maravilhosos banhos de sol, são um ótimo local para a prática de windsurf e vela. Existe, também, a possibilidade de realizar passeios de barco ao longo da costa algarvia ou subir o rio Guadiana. Do outro lado da fronteira, a apenas dez minutos de carro, está a pequena cidade de Ayamonte com pitorescas ruas e bares de tapas, e a pouco mais de uma hora pode estar em Sevilha. O que está a ser preparado pelo vosso espaço para este verão? Quem não conhece o Castro Marim Golfe & Country Club o que pode esperar do mesmo?
Os veraneantes que nos derem a honra da sua visita poderão usufruir, para além de todas as facilidades e serviços já referidos, de um vasto conjunto de atividades de animação e oferta especiais, tais como: dias temáticos no Restaurante (segunda a quinta-feira); música ao vivo (sextas-feiras); Barbecues no Terraço (Sábados e Domingos); Clínicas de Golfe para jovens e adultos; Ofertas Especiais de Golfe; entre outras. Os eventos e serviços estão abertos a todos os clientes que queiram desfrutar de um momento diferente e relaxante, fora do bulício dos grandes destinos turísticos.
Sabemos que o Algarve reúne alguns dos mais luxuosos e reconhecidos resorts a nível mundial. O que marca a diferença do Castro Marim Golfe & Country Club relativamente a outros congéneres?
Um dos pontos fortes de Castro Marim Golfe & Country Club é a sua abordagem de baixa densidade e o enquadramento paisagístico. Distribuídas pelos 230 hectares de terreno, as propriedades são uma boa aplicação do dinheiro quer a intenção seja comprar um imóvel para fins de investimento, quer seja para férias ou residência permanente. Promovem também o denominado Turismo residencial, ou seja, gerem propriedades dos vossos clientes. Quais as mais-valias deste género de nicho? Que conceito é este?
Conceptualmente, o Turismo Residencial é um segmento em que o turista utiliza durante a estada a sua segunda residência, que pode estar inserida num edifício ou condomínio privados ou então num conjunto turístico (resort). É, também, comum os clientes adquirirem a sua propriedade e, posteriormente, alugá-la a terceiros, sobretudo na época alta. De uma forma geral as vantagens deste género de nicho são: a possibilidade de se efetuarem novos investimentos nos destinos; a fidelização ao destino e maior número de viagens ao longo do ano, esbatendo a sazonalidade; o pagamento de impostos localmente; a criação de um efeito positivo no desenvolvimento económi-
co e aumento do número de postos de trabalho; e, a promoção de um turismo complementar associado aos amigos e familiares dos proprietários. Para os clientes que pretendem efetuar um bom investimento, o Castro Marim Golfe & Country Club oferece um programa de “rendimento garantido”, permitindo aos clientes obterem o máximo de retorno dos seus investimentos. De que forma é o Golfe uma importante vertente de atração para o Castro Marim Golfe & Country Club?
Ao longo dos últimos anos, o Algarve tem sido reconhecido como um dos melhores destinos turísticos de golfe da Europa e do Mundo. Tal é um regozijo para todos os stakeholders da região e também para nós, enquanto resort integrado, onde o golfe é a “âncora” do projeto. Todos os players de qualidade existentes no mercado algarvio são essenciais na promoção do Algarve como região turística de excelência. Assim, qual tem sido o contributo do Castro Marim Golfe & Country Club?
A nossa visão sobre a promoção da região assenta numa lógica de parcerias conjuntas, quer seja entre os diversos players privados, quer seja entre as entidades públicas e privadas. O Castro Marim Golfe & Country Club tem feito parte integrante dos órgãos da Associação de Turismo do Algarve e da Região de Turismo do Algarve, dando assim o seu contributo para a definição de uma política regional de turismo capaz de atrair mais turistas e qualificar a marca Algarve. Complementarmente, o nosso Resort é membro da Associação Portuguesa de Resorts que bastante tem feito, ao longo dos últimos anos, em parceria com o Turismo de Portugal e outras instituições nacionais, no sentido de promover este segmento e os vários projetos existentes de Norte a Sul de Portugal. Para quem não conhece o Castro Marim Golfe & Country Club, que convite gostaria de deixar aos nossos leitores?
Deixamos um convite direto e sincero para que, a partir do nosso Resort, venham descobrir o
Sotavento Algarvio, uma área menos explorada do Algarve, com maravilhosas praias de areia branca, um enorme potencial natural e histórico e uma fantástica gastronomia baseada no peixe fresco, mariscos e muitos outros produtos locais. De acordo com os nossos clientes atuais, quem visita Castro Marim Golfe & Country Club a primeira vez fica apaixonado e regressa no ano seguinte. Permita-nos convencê-lo. Quais são os principais desafios que se colocam ao Castro Marim Golfe & Country Club de futuro?
Em termos gerais, destacamos quatro desafios: 1) Desenvolvimento do Plano de Pormenor do empreendimento, atualmente em discussão com a Câmara Municipal de Castro Marim, que pressupõe a ampliação de novas áreas habitacionais e de serviços; 2) Melhoria da qualidade dos serviços prestados, fator essencial para a qualificação do nosso Resort, valorizando e qualificando os colaboradores da empresa; 3) Afirmação do Resort a nível nacional e internacional, designadamente através da consolidação do nosso campo de golfe, enquanto atração principal, e promoção da nova componente de alojamento turístico – o Aldeamento Turístico**** The Village. 4) Aposta no segmento MICE e nos eventos especiais como casamentos no renovado Clubhouse. Castro Marim Golfe & Country Club 8950-190 Castro Marim • Algarve • Portugal Tel.: +351 281 510 340 • Fax: +351 281 510 359 Email: reservas@castromarimgolfe.com www.castromarimgolfe.com
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Todos os momentos são sublimes num resort épico Verão é sinónimo de animação no EPIC SANA Algarve Hotel. Situado sobre a Praia da Falésia, em Albufeira, este resort de cinco estrelas, promete juntar cultura, praia, gastronomia e música nos oito esplêndidos hectares em que está instalado.
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o EPIC SANA Algarve Hotel poderá encontrar a paz e o descanso que tanto procura, encostar o carro e não voltar a pegar nele durante as férias, fruto da fantástica localização e da recheada agenda cultural do hotel para o verão 2014. Desta feita, poderá encontrar também a conhecida animação do verão algarvio sem precisar de sair do resort.As quintas-feiras quentes de verão entre julho e agosto são marcadas por atuações à guitarra, iluminadas pelo céu estrelado da praia da Falésia e pela luz das tochas espalhadas pelos jardins do resort. Mas antes disso, porque não uma prova de vinhos ao final da tarde? Durante as quintas-feiras dos dois meses de verão, o Wine Manager do restaurante Al Quimia acompanhá-lo-á numa degustação única, onde irá dar a provar vinhos muito especiais. Para que se torne num verdadeiro “conneiseur”, o especialista explicará também as regras de harmonização entre o vinho e a comida. Uma garantia é dada, aqueles que participarem destas provas jamais voltarão a errar na escolha do vinho apropriado para cada refeição. Pedro Frias, Ricardo Sousa, Betty, Paulo Alves, Trio Cubano e Jazz Trio prometem também animar os jantares dos hóspedes do EPIC SANA Algarve Hotel, com atuações junto ao restaurante Abyad e Bluum Bar todas as noites. Também a música clássica não ficou esquecida no verão deste luxuoso resort. Nos dias 25 de julho e 17 de agosto a Orquestra Clássica do Sul levam ao EPIC SANA Algarve Hotel os grandes clássicos da música mundial. A orquestra é composta por 31 músicos internacionalmente selecionados. No dia 10 de agosto será a Orquestra Giovani Musicisti Ossolani (GMO) a fazer as honras da
casa e a estimular o gosto pela música clássica. A orquestra é composta por jovens músicos que combinam instrumentos de sopro, cordas, pianos digitais, baixo elétrico, bateria, percussão e voz solista em algumas faixas. Estão prometidas algumas das trilhas sonoras de filmes e musicais mais populares de todos os tempos. Diversão é de facto aquilo que não faltará no verão do EPIC SANA Algarve Hotel e, tratando-se de um resort Cool & Chic, não poderão faltar também os famosos desfiles de moda. O primeiro Fashion Show é já dia 19 de julho, e é realizado em parceria com a Loja António Manuel – Personal Concept Clothing e a Agência Boom Models. Fique a conhecer as últimas coleções e tendências das marcas Dolce Gabbana, Gucci, Boss, Emporium Armani, Etro e Polo Rauph Lauren, entre outras. Para aqueles que trocam as festas e a animação por momentos mais tranquilos e Zen, nas noites de lua cheia de 18 de julho e 16 de agosto, o SPA Sayanna Wellness proporcionará experiências únicas, tirando proveito de todos os benefícios da luz da lua cheia. É do conhecimento geral que a
lua influencia marés. Mas sabia que também influencia a sua disposição? A lua cheia é, de facto, uma fase bastante positiva para relacionamentos pessoais e eventos, ideal para que as atividades de grupo sejam ainda mais animadas. Por essa razão, nestas noites, o EPIC SANA Algarve Hotel promete transportá-lo para um universo de bem estar com uma aula de pilates ao ar livre e massagens no jardim do Sayanna Wellness à luz da lua cheia. Desta forma, os participantes podem usufruir, não só dos oito hectares de pinhal e jardim do resort, como do acompanhamento personalizado dos Personal Trainers do hotel. E porque um resort não vive só de estrelas do mar, nos dias 12 e 29 de julho e 4 e 20 de agosto, o EPIC SANA Algarve Hotel, com o apoio do Centro de Ciência Viva do Algarve, vai estimular o conhecimento do espaço através sessões de observação das estrelas. Com o auxílio de telescópios, um especialista promete ensinar tudo o que há para saber sobre os astros. Nestas sessões vai poder ver Marte e Saturno mas apenas os hóspedes do hotel poderão participar. Por isso, de que está à espera? Faça já a sua reserva neste hotel que dispõe de 162 quartos, 24 resort suites e 43 apartamentos amplos e com design moderno, Acomodações estas que são complementadas por tecnologias de última geração, um extenso SPA e Fitness Center, cinco piscinas exteriores e uma interior, Kid’s Club, Baby Center, campo polidesportivo, três restaurantes, três bares e snack-bares junto das piscinas e centro de congressos. www.algarve.epic.sanahotels.com +351 289 104 300
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Guia-Intérprete: “o elemento diferenciador de uma viagem ou visita” “Versatilidade, dedicação e profissionalismo”. Estas são, para Cristina Leal, Presidente da Associação Portuguesa dos Guias-Intérpretes e Correios de Turismo (AGIC), as principais características que devem fazer parte da índole daqueles que são por ela descritos como os “verdadeiros promotores de Portugal”. Conheça mais de uma entidade que tem norteado o seu trabalho em prol do reforço da imagem destes profissionais enquanto “trabalhadores culturais de interesse público”. Trata-se de uma conjugação muito feliz entre os três tipos de património existente: o edificado, o cultural e o natural, de grande qualidade e coexistente numa área geográfica relativamente pequena. A isto, juntam-se os elementos sobejamente conhecidos, mas verdadeiros, da segurança e afabilidade das pessoas. Alguns Guias-Intérpretes também desenvolvem a atividade de Correio de Turismo noutros destinos e sabem como é difícil encontrar um qualquer outro país com esta conjugação de elementos. O papel do Guia-Intérprete é, justamente, realçar estas características do nosso produto.
Criada em 2004, a AGIC representa os profissionais de informação turística nas categorias de Guia-Intérprete e Correio de Turismo. Qual tem sido o principal foco do vosso trabalho?
O principal foco da AGIC tem sido dar a conhecer e dignificar as profissões que representa junto das entidades e dos parceiros do setor. Neste sentido, a AGIC tornou-se membro da Associação de Turismo de Lisboa (ATL) e da World Federation of Tourist Guides Associations (WFTGA). Todos os anos, no Dia Internacional do Guia que se celebra a 21 de fevereiro, a AGIC tem vindo a promover passeios gratuitos na cidade de Lisboa a turistas e transeuntes nacionais ou estrangeiros com o propósito de suscitar no público em geral o interesse por esta atividade e sobre a importância de se ser guiado por um guia qualificado. Por outro lado, a AGIC tem apostado na formação e atualização contínuas dos Guias-Intérpretes pois a qualidade destes profissionais, verdadeiros promotores de Portugal, é imprescindível. Com a evolução da atividade turística, também o exercício desta profissão foi passando por profundas alterações nos últimos anos. De que forma este profissional deve e tem encarado as novas realidades?
Os Guia-Intérpretes estão atentos às mudanças que se fazem sentir no turismo, acompanhando as novas tendências e tecnologias, tirando proveito delas e pugnando pelos elementos diferenciadores de um profissional qualificado: versatilidade, dedicação e profissionalismo.
Acredita-se que estes profissionais funcionam como uma ponte segura entre os atores do turismo. De um modo geral, que competências devem desenvolver no sentido de melhor comunicarem com os seus clientes?
O estudo de técnicas de comunicação verbal e não verbal e o domínio quase absoluto das línguas nas quais se propõem trabalhar são competências essenciais. É de realçar a forma de estar em público, a dicção e a colocação de voz. A partir destes pressupostos, qualquer mensagem que se pretenda veicular torna-se mais fácil.
Para o futuro, que desafios acredita que estes profissionais que “primeiro dão a cara pelo nosso país” terão de enfrentar? Qual será o posicionamento da AGIC? Cristina Leal Este profissional tem um poder que nem sempre é devidamente valorizado. Se usar corretamente as suas competências, qual é a importância da sua função no retorno do turista? Neste trabalho, o chamado fenómeno de “passa a palavra” funciona muito melhor do que um currículo qualificado?
A qualificação académica é insubstituível, mas não se deve menosprezar o peso que o “passa palavra“ representa. Está provado que o retorno é considerável. Um turista satisfeito poderá exercer um efeito multiplicador. O papel de um Guia-Intérprete nesta matéria é assegurar que os visitantes regressem a casa com um sentimento de satisfação e, até, de felicidade. Na despedida, quando ouvimos que Portugal foi uma surpresa positiva, sabemos que este comentário representa todo o investimento de um profissional. Considerando que cada Guia-Intérprete poderá trabalhar em média com 1500 pessoas/ano, calcule-se o impacto que a sua atuação poderá ter. Há quem defenda que Portugal tem tudo o que é necessário para ser uma referência no campo do turismo cultural. O que é que nos torna únicos e diferentes de qualquer outro povo?
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Os desafios são os mesmos de sempre: o reconhecimento do impacto e da relevância do nosso trabalho por parte da tutela e das entidades oficiais. Dada a relevância que consideramos ter para o turismo, e pela nossa visão global do setor, pensamos que a nossa participação na tomada de decisões deverá ser tida em conta pela tutela. A AGIC não deixará de pressionar no sentido de ver reconhecidos os Guias-Intérpretes como trabalhadores culturais de interesse público. Que mensagem deixaria aos nossos leitores como convite para conhecerem Portugal de “lés a lés”, sempre com o apoio destes profissionais?
Gostaríamos que cada vez mais os visitantes nacionais recorressem aos Guias-Intérpretes qualificados para descobrirem o nosso património. A experiência de um Guia-Intérprete não vem em nenhum roteiro turístico e não se transmite através das novas tecnologias de informação. O fator humano e o empenho que o profissional dedica ao seu trabalho fazem do guia o elemento diferenciador de uma viagem ou visita. Deixamos o convite a todos para participarem nas visitas guiadas gratuitas organizadas no Dia Mundial do Guia que se realiza no dia 21 de fevereiro. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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Em pleno Algarve, conheça a empresa que “vende sonhos” “Na Golden Algarve o cliente é acompanhado desde o início até ao fim do processo de forma personalizada”. A garantia é deixada por Hugo Moreira, Sócio Gerente da Golden Algarve, uma empresa de mediação imobiliária cujos imóveis estão localizados um pouco por toda a região algarvia. Com características ímpares, este território tem atraído a atenção de investidores estrangeiros que apreciam a segurança e o anonimato proporcionados. “Acompanhado por um serviço personalizado e a dedicação necessária”, todos podem encontrar nesta empresa uma porta de entrada para esta aventura chamada Algarve. cultural e financeiro. Portugal também teve uma oferta, apesar de parecer grande, muito menor que por exemplo a nossa vizinha ibérica, e com isso começamos a estabilizar entre procura e oferta. Surpreendentemente, vendemos também bastante a clientes portugueses nestes últimos anos. A crise no sector imobiliário também possibilitou uma certa “limpeza” na mediação imobiliária.
Assumindo-se como uma empresa jovem e dinâmica, a Golden Algarve desenvolve a sua atividade na área da mediação imobiliária e lança uma garantia ao seu cliente: “só poderá sair a ganhar”. Para aqueles que pretendem vender um imóvel ou fazer um investimento, o que se pode esperar da Golden Algarve?
A Golden Algarve procura ter os melhores produtos, aos melhores preços, de forma que o nosso cliente possa fazer não só uma aquisição, mas também um bom investimento. Para isso começámos a representar várias entidades bancárias, fundos imobiliários, entre outros logo numa fase bastante inicial. Estamos atentos às necessidades do mercado, isto inclui não apenas quem procura comprar, mas também quem necessita de vender com alguma celeridade. Na Golden Algarve o cliente é acompanhado desde o início até ao fim do processo de forma personalizada. Estando localizados no Algarve, é comum que estejam mais direcionados para o mercado local. Contudo, tratando-se de um destino turístico por excelência, de que forma a empresa está preparada para responder às solicitações de turistas estrangeiros?
O Algarve é uma região com características únicas e por isso tem atraído tanto mercado estrangeiro. Trabalhamos tanto mercado nacional, como mercado internacional. Neste último, estamos presentes de diversas formas, em alguns países diretamente e noutros através de agentes. Inglês, francês, espanhol e alemão são as línguas dominadas pelo nosso staff. Russo e chinês através de alguns colaboradores externos. Para uma empresa que “respira” Algarve, no domínio do imobiliário, o que é que esta região tem para oferecer?
Para além de mediarmos negócios imobiliários, vendemos sonhos, um sol maravilhoso, praias de sonho, infraestruturas de excelência, como as nossas marinas, campos de golfe, enfim vendemos uma qualidade de vida só possível nesta região tão diversificada mesmo no sul de Portugal. Apenas lamento que não seja mais divulgada
O Algarve está fortemente orientado para o mercado de turismo residencial, com compradores internacionais. Estamos relativamente a meio da época alta (Primavera, Verão). Que balanço se pode fazer de 2014?
Sim, bastante positivo. Os três últimos anos também foram bastante fortes para a Golden Algarve. Hugo Moreira
pelos seus feitos e reconhecimento internacional: só no ano passado o Algarve foi nomeado o Melhor Destino de Praia da Europa e Portugal o Melhor Destino de Golfe da Europa. Vilamoura recebe o Masters de Golfe desde 2007, aparecemos na maioria dos canais televisivos internacionais e não aparecemos nos portugueses… A maioria da promoção do nosso país e da nossa região é feita pelas próprias empresas. A maior parte dos profissionais da área acredita que 2014 tem marcado a retoma do setor imobiliário. Uma retoma que resulta, em parte, de um aumento do investimento estrangeiro em Portugal, de 45 para 70%. Qual a sua perspetiva? Portugal tornou-se mais atrativo para o investimento estrangeiro? E a região do Algarve em particular?
O Algarve pelas suas características e diversidade de mercados conseguiu manter alguma atividade na venda de imobiliário. Surgiram novos mercados a adquirir casa no Algarve, não só pela questão da segunda habitação ou lifestyle, mas também por questões fiscais (NHR) e acesso e circulação em espaço europeu (GOLDEN VISA). A zona de Lisboa também tem sido bastante atrativa ao investimento estrangeiro, como capital e pólo
De um modo geral, os investidores apreciam a segurança e o anonimato proporcionados pela região algarvia. É isso que sentem junto de quem vos procura? De que forma a Golden Algarve tem dado uma resposta direta a essas aspirações?
Existem clientes com as mais diversas solicitações e procuramos corresponder ao máximo aos seus pedidos. Existem algumas localizações no Algarve que permitem a segurança e o anonimato que refere, acompanhado por um serviço personalizado e a dedicação necessária. Quais são os principais projetos de futuro da marca? Qual continuará a ser a vossa linha de atuação, tendo em conta um eventual alargamento da empresa a outras zonas do país?
Estamos neste momento a mudar o escritório da sede, a qual vamos manter em Vilamoura, mas noutro local. Vamos continuar a fazer o que fazemos bem, trabalhar com mercado nacional e internacional, oportunidades e investimento. Ainda em 2014 vamos lançar o novo Website da Golden Algarve e um Website para Golden Visa em mandarim, abrir um escritório de representação em Shenzhen, na China. Temos dois consultores, um em Hong Kong e outra em Shenzhen. Também começámos alguma atividade em Lisboa, Ribatejo e Alentejo, devido a alguns pedidos de clientes e aí com outra marca: Golden Properties.
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Um refúgio no coração da cidade de Braga Para aquele que procura o contacto com a Natureza, a Revista Pontos de Vista diz-lhe onde ir. Chama-se Quinta Cova da Raposa, localizada a cinco minutos do centro da cidade; espaço privilegiado de contemplação paisagística e diálogo constante com a natureza, defronte ao Promontório do Bom Jesus do Monte e Basílica do Sameiro. Vai encontrar cenários de desenvolvimento agrícola de inspiração biológica e biodinâmica, com práticas de fertilização de solos orgânicas, amiga do ambiente com total respeito pela biodiversidade, em sintonia com uma alimentação sadia. A qualidade, o aroma e a frescura dos produtos são fatores indispensáveis e que nos foram apresentados pelos anfitriões Elisabete Raposo e Manuel Taxa.
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e a Este temos a extensa mancha verde do Monte da Falperra com a Basílica do Sameiro e o Promontório do Bom Jesus, a Oeste é possível apreciar o Vale do Cávado que se alonga em direção ao mar. A paisagem não deixa ninguém alheio. Seria possível dizer que estamos no coração da cidade de Braga, com um heliporto e um hospital muito próximos? Não. Esta quinta urbana está estrategicamente localizada no centro da cidade para que todos aqueles que querem “fugir” da agitação e do stress do quotidiano, tenham ali, ao seu dispor, um autêntico refúgio, enquanto apreciam um vinho verde produzido de forma biológica, com uma seleção de castas Alvarinho, Avesso, Trajadura e Vinhão. A par disso, este espaço apresenta ainda um conjunto de produtos de elevada qualidade, desde frutas e legumes, plantas aromáticas e medicinais, compotas artesanais, mel, condimentos, tisanas e aloé. De acordo com uma agricultura de índole biológica e biodinâmica, um processo que exige atenção e paciência, durante o qual apenas são usadas técnicas que não prejudicam o ambiente. Os fertilizantes são 100% naturais, derivados da compostagem de resíduos orgânicos e com o auxílio de maceração de plantas e de seres vivos no combate a pragas e doenças. É um trabalho de aliança da tradição e da natureza em que foram necessários dez anos para que a terra proporcionasse as condições essenciais para estas práticas. “Só depois deste período é que conseguimos colher frutos com qualidade, aroma e sabores diferenciados. Só no fim destes anos é que o solo estava preparado para isso mas é uma trabalho que exige paixão no dia-a-dia e muita paciência. É um caminhar constante”, partilhou Manuel Taxa que, juntamente com a esposa, Elisabete Raposo, agarrou este projeto com afinco. Todavia, a Quinta Cova da Raposa demorou o seu tempo a erguer-se. Foi em 1997 que de um monte igual a tantos outros começou a nascer um espaço único. Elisabete era engenheira têxtil, Manuel era
engenheiro mecânico, duas áreas que nada faziam prever este futuro. O projeto cresceu seguindo a velha filosofia de “dar um passo de cada vez”. Mas, em virtude de um problema de saúde de Manuel Taxa, o rumo da Quinta da Cova da Raposa mudou. Obrigados a deixar os seus empregos, Elisabete Raposo e Manuel Taxa dedicaram-se por completo a este espaço, estando, desde o início deste ano, voltados para a vertente do enoturismo. Este é, por isso, um ano de transição, em que a grande aposta da quinta é dar-se a conhecer, abrir as suas portas e convida-lo a entrar. Investimento no espaço e na sensibilização das pessoas Todos querem ter saúde, qualidade de vida e respirar uma atmosfera livre de impurezas mas o que é que fazemos para que isso seja possível? A agricultura biológica tem dado algumas respostas mas continua a ser uma prática que não está muito familiarizada. No entanto as diferenças são arrebatadoras. Elisabete Raposo dá mesmo o exemplo de jovens que estiveram na Quinta Cova da Raposa que de olhos fechados, comparando os aromas de uma fruta ou legume produzido na quinta e outro de forma tradicional, não restaram dúvidas na diferenciação entre os mesmos produtos. O aroma, o paladar, a textura são diferentes. “A agricultura biológica é muito do que já se fazia antigamente embora no passado, fazia-se assim porque era o que se conhecia. Hoje escolhe-se a agricultura biológica porque temos provas de que é realmente melhor”, evidenciou Elisabete Raposo. Para Manuel Taxa, o conhecimento que se tem da realidade que nos rodeia conduziu a um sentimento de “frustração” que levou as pessoas a pararem para pensar. Deste modo, “por que não aproveitar a sabedoria dos nossos antepassados, acrescentar um cunho de modernidade e conseguir dar uma melhor resposta aos nossos problemas?” Esta foi a questão que Manuel Taxa colocou a si próprio no momento em que arriscou num novo segmento:
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as plantas aromáticas e medicinais. Um pouco por todo o espaço, existe uma panóplia de variedades de espécies com fim ornamental, aromático e medicinal. Recolhidas de forma muito selecionada, procede-se a uma secagem natural (ao ar livre) e só depois são acondicionadas. Neste vasto leque, Manuel Taxa ressalva a importância do Aloé, cultivado com certificação biológica, e que pelas suas características medicinais, desempenhou um papel fundamental na sua própria recuperação. “Dediquei-me a estudá-lo aprofundadamente. Esta é de todas as plantas a que possui uma maior concentração de nutrientes, 20 dos 23 aminoácidos essenciais ao organismo e à função celular”, explicou o responsável. Enquanto o medicamento convencional centra-se prioritariamente em anular a dor, a chamada medicina alternativa atua sobre a causa, por isso a recuperação é mais prolongada. Manuel Taxa deu mesmo um exemplo muito prático. “Imagine que tem uma panela a ferver, se colocar água fria ela deixa de ferver, mas se a chama que alimenta continuar acesa, ela voltará a ferver. A medicina alternativa não coloca água fria para anular a fervura mas retira a chama”, descreveu. Sob a bandeira de uma vida mais sadia, é por estas e por outras razões que a Quinta Cova da Raposa terá sempre as suas portas abertas. “Se são amantes da Natureza, se gostam de sentir o prazer de ser feliz, usufruindo do que há de mais natural, visitem-nos”, convidou Manuel Taxa. Conheça um espaço que se dá às pessoas e que sabe receber.
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Fuja à rotina. Venha à Quinta de São Vicente Quer ir de férias, passar um fim de semana diferente e relaxar sem perder a sensação de ter saído de sua casa? A Revista Pontos de Vista dá-lhe uma solução. No vale do Geraz do Minho, numa zona profundamente rural e com uma vista deslumbrante para a mancha verde das serras envolventes, pode encontrar um espaço que nos leva numa viagem ao século XVII. A Quinta de São Vicente optou por isso mesmo. É Alexandra Canavial que nos leva nesta viagem. A partir do momento em que escolho a Quinta de São Vicente para descansar, o que terei à minha espera? Por que é que esta deverá ser a minha escolha?
Terá à sua espera uma quinta do século XVII, com casas de arquitetura tipicamente minhota, com canastros e eiras de pedra e uma capela de 1623, com um curioso retábulo de sabor popular. Fazemos questão de conservar todo este património com a traça original, própria desta região. Dispõe de várias tipologias de alojamento, dando todos para o exterior, o que é o ideal para poder trazer o seu animal de companhia. A Quinta fica situada no vale de Geraz do Minho, numa zona profundamente rural, de onde pode desfrutar de uma ampla vista para as serras envolventes. A fauna e a flora podem ser apreciadas na tranquilidade do canto das aves. O nosso gosto e prazer em receber quem nos visita são a chave do nosso sucesso desde 1989. Pode desfrutar de umas boas caminhadas, pescar carpas na nossa charca, fazer birdwatching e usufruir da agradável piscina. Além das belezas do nosso concelho e da sua gastronomia, os turistas podem, a poucos quilómetros, visitar Amares (9 Km), Braga (15 Km), Guimarães (25 Km) e o Parque Nacional da Peneda Gerês (20 Km), sítio muito visitado pelos nossos hóspedes, para desfrutarem de toda a sua beleza, incluindo a albufeira, cascatas e lagoas naturais. Este é o local ideal para, por exemplo, desfrutar de um pequeno almoço no exterior? Sente que este contacto permanente com a Natureza, é um factor que pesa no momento de “fugir à rotina”?
A nossa sala dos pequenos almoços está localizada estrategicamente de forma a que os nossos hóspedes possam usufruir de um pequeno almoço em contacto com a natureza, com uma vista sobre a serra do Carvalho, tanto no interior da sala envidraçada, como no exterior da sala, numa eira ladeada por árvores de fruto, framboesas e ramadas de kiwis. As nossas compotas são exclusivamente feitas com fruta da quinta e sem dúvida que o contacto com a natureza pesa no momento de “fugir à rotina”. Cada vez mais as pessoas procuram estes locais para descansar e relaxar. Também, devido à proximidade com tantos outros pontos de interesse, os nossos hóspedes têm também uma oferta diversificada, caso a pretendam. Qual a relação que a Quinta de São Vicente procura manter com a comunidade da Póvoa de Lanhoso? E com o vosso hóspede, em particular, de que forma fazem com que ele se sinta em casa?
Gostamos e fazemos questão de manter o conceito de Turismo no Espaço Rural como sendo a nossa forma de receber, ou seja, recebemos os nossos hóspedes em nossa casa, fazendo-os sentir à vontade e desfrutar de todos os espaços como se em sua própria casa se tratasse. E é essa a razão que tem levado a que voltem e a que nos recomendem a familiares ou amigos. Já tivemos o prazer e a honra de entre os nossos hóspedes termos tido diversas figuras públicas, tais como um antigo primeiro ministro da Suécia e o Professor José Hermano Saraiva. Damos a conhecer o nosso concelho e as suas atividades para que possam desfrutar de uma estadia diversificada e ao encontro daquilo que procuram. Visitar Póvoa de Lanhoso é entrar numa viagem no tempo e partir à descoberta de Portugal. O que há para descobrir aqui?
Como “ex-líbris” do nosso concelho, temos o Castelo da Póvoa de Lanhoso, que se ergue no maior monólito da Península Ibérica, com 385 metros de altitude. Os vestígios arqueológicos comprovam a existência de povoações nesta região há pelo menos 3000 anos. Trata-se de um castelo de extrema importância na História de Portugal. Foi nele que em 1121, a já viúva D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, assinou o tratado de Lanhoso, após o fracasso do cerco a esta fortaleza por parte da sua meia irmã D. Urraca de Castela. Este tratado foi importantíssimo na fundação da nacionalidade. Em 1128, num conflito entre mãe e filho, D. Teresa sai derrotada, e é aqui que segundo a lenda, D. Afonso Henriques a aprisiona. No topo da torre de menagem, a vista alcança quilómetros de distância, rodeada por terrenos férteis tipicamente minhotos.É um local recheado de mistérios ainda por desvendar. Pode também vi-
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sitar o Castro de Lanhoso, a ponte Mem Gutierres e a ponte de Prozelo, o Mosteiro românico de Fonte Arcada, o Museu de Arte Sacra e o Santuário de Nossa Senhora de Porto d’Ave, com a maior coleção de ex-votos do país, a praia fluvial de Verim (a cerca de 6 Km da Quinta) e o Museu do Ouro, outro dos ex-líbris da região - objetos de filigrana, peças muito apreciadas pelos turistas, entre outros. Além de uvas, a quinta tem ainda uma produção de kiwis e porcos bísaros. Como os descreve?
Na quinta existe uma produção de cerca de 18 hectares de kiwis, um fruto originário da China, muito apreciado pelos nossos turistas, que ficam surpreendidos com o modo de condução da sua cultura, participando por vezes na sua colheita. O porco bísaro, também conhecido como céltico para exprimir a sua antiguidade uma vez que era o único que existia nos povos Célticos da antiga Gália, esteve quase em vias de extinção devido ao seu lento crescimento. É uma raça autóctone. Tem uma carne de excelência e é muito apreciado gastronomicamente como leitão assado. Na Quinta podem privar com estes porcos dóceis e afáveis. Como alguns foram criados a biberon, são extremamente mimados e quase familiares. O que diria ao nosso leitor para o convencer a vir conhecer a Quinta de São Vicente?
Caso esteja à procura de um local para passar férias ou mesmo só um fim de semana, a Quinta de São Vicente proporciona-lhe um local tranquilo, relaxante, inserido na natureza, com excelente acolhimento e qualidade. Com uma oferta diversificada a nível cultural, gastronómico e com diversas atividades. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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Em 18 praias fluviais com bandeira azul, três são da Pampilhosa da Serra As limpas águas da região fazem da Pampilhosa da Serra local privilegiado para ir a banhos em água natural, num enquadramento paisagístico de exceção. Algumas destas piscinas são povoadas por belíssimos peixes, havendo casos em que as trutas são frequentemente avistadas pelos banhistas. Este ano, três praias do concelho – Santa Luzia, Pessegueiro e Janeiro de Baixo - vão hastear bandeira azul pela primeira vez. O Presidente da Câmara, José Brito Dias, orgulha-se, “são três praias da Pampilhosa da Serra em apenas 18 praias do interior que têm bandeira azul”.
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oi o primeiro ano em que a Pampilhosa da Serra concorreu com três das suas praias para a obtenção de bandeira azul. Apenas a praia central da Pampilhosa da Serra não foi alvo de candidatura por ser mais recente e, como tal, não preencher ainda todos os requisitos. “Temos uma riqueza paisagística enorme com três rios, três barragens e inúmeras praias fluviais ao longo de 400 km2. No entanto, temos apostado apenas em quatro delas para que tenham condições adequadas à prática balnear. Algumas das quais já foram objeto de outros galardões, designadamente o de Praia de Ouro atribuído pela Quercus, relacionado apenas com a qualidade da água. Outras, por sua vez, tinham já a classificação de praia acessível. Este ano, resolvemos candidatar as praias de Janeiro de Baixo, Pessegueiro e Santa Luzia a bandeira azul, tendo sido aprovada a candidatura de todas. A da Pampilhosa da Serra, que também tem excelentes condições, não pôde ainda ser candidata porque para que possa concorrer a esta distinção tem que ter pelo menos cinco anos de análise da água e, como é mais recente, tem apenas quatro anos de análise. Para o ano já se poderá candidatar e penso que também não ficará de fora”. De facto, a abundância de recursos hídricos e a sua qualidade fazem da Pampilhosa da Serra um território privilegiado para a prática balnear. A pureza das suas águas corre nos ribeiros, riachos e fontes mas é nos três rios que atravessam o concelho – Zêzere, Unhais e Ceira – que podem ser passadas as tardes quentes de verão nas praias fluviais aqui formadas. Critérios A Bandeira Azul é um símbolo de qualidade ambiental atribuído anualmente apenas às praias e portos de recreio e marinas que cumpram um conjunto de critérios, divididos em quatro grupos. Para além da qualidade da água, a praia tem assim que estar dotada de informação sobre o programa bandeira azul, a qualidade da água balnear, a localização das áreas sensíveis e ecossistemas da praia, de uma mapa indicativo das diversas instalações e equipamentos existentes na mesma e de um código de conduta para os banhistas. Mais do que isso, têm que ser realizadas pelo menos seis atividades de educação ambiental, isto no âmbito do critério da Informação e Educação Ambiental. Outro dos critérios diz respeito à Gestão Ambiental e Equipamentos. A este nível, existem
José Brito Dias
inúmeras regras que se prendem com aspetos como a realização de auditorias à praia, a limpeza da mesma, a existência de um Plano de Ordenamento assim como de instalações sanitárias dentro de determinadas normas obrigatórias. Neste domínio ainda, têm que ser proibidas nas praias em questão a circulação de veículos não autorizados, as competições automóveis ou de outros veículos motorizados, a descarga de entulho e a prática de campismo. Um último mas não menos importante critério prende-se com a Segurança e Serviços, o qual obriga à existência de nadadores salvadores durante a época balnear, assim como de serviços de primeiros socorros, de planos de emergência para a possibilidade da ocorrência de acidentes que resultem na poluição da praia, de acessos seguros, de pelo menos uma fonte de água potável devidamente protegida e, no mínimo, uma das praias do Município, tem que estar equipada com rampas e instalações sanitárias para deficientes motores. “A atribuição da distinção bandeira azul tem a ver com a qualidade da água mas também com os equipamentos de apoio existentes, com as 42
iniciativas promovidas no que concerne à motivação das pessoas para a manutenção e limpeza das praias e, por outro lado, com a dinâmica que tem que haver em termos de animação da própria praia. Este papel cabe à autarquia”, explica. A programação para 2014 e o desporto Ao nível da animação, a Câmara da Pampilhosa da Serra está a apostar em força na programação para o verão 2014, de modo a que a oferta turística não se feche nas praias. “Teremos três ou quatro exposições temporárias; o novo museu recentemente inaugurado em funcionamento e, para além das festas do concelho, que atraem sempre muita gente, irá haver durante a semana para que não colida com as festas tradicionais que há aqui à volta - as chamadas “Noites de Verão”. Ou seja, é montado um palco no centro da vila e todos os dias artistas diferentes irão atuar, o que funciona também como uma forma de promover os nossos artistas aqui do concelho. Temos também programada animação diária na praia, não só através dos professores de ginástica do
concelho, mas também animação musical e outras iniciativas para que as pessoas se sintam bem neste espaço. Por exemplo, o campeão nacional de xadrez é aqui da Pampilhosa, vem sempre para cá nas férias e promove iniciativas na praia ligadas ao xadrez, o que tem sido muito agradável. Este ano certamente voltará a repetir-se! Portanto, temos uma série de iniciativas que estão a ser preparadas para que as pessoas se sintam bem e venham cada vez mais à Pampilhosa da Serra”, afirma José Brito Dias. Também para os amantes da natureza e dos desportos, a Pampilhosa da Serra propõe uma grande oferta de atividades para desfrutar das paisagens e sentir os aromas da natureza. Os visitantes podem assim subir à serra e aproveitar os fantásticos percursos pedestres nas aldeias do Xisto ou dar um passeio de bicicleta pelos mais de 120 km de circuitos e trilhos. Outras opções são a escalada na Barragem de Santa Luzia ou a canoagem no Zêzere. “Temos feito também uma ligação forte ao desporto, principalmente ao BTT. O nosso concelho tem estradas com pisos muito bons para o ciclismo, para além de que há pouco movimento de viaturas automóveis. Por essas razões, somos cada vez mais procurados para essa prática”, realça o autarca. O turismo tem de facto crescido a todos os níveis no município. A presença assídua nas mais importantes feiras de turismo a nível nacional, tais como a Bolsa de Turismo de Lisboa ou a Feira Nacional de Artesanato, nas quais a autarquia faz questão de marcar presença todos os anos, tem dado um importante contributo. “Um concelho como o da Pampilhosa tem duas grandes fontes de riqueza: a floresta e o turismo. Acresce agora também a questão das energias que temos sabido aproveitar, de forma que está cá instalado dos maiores parques de aproveitamento da energia eólica da Península Ibérica. No âmbito do turismo, em territórios como este, em que não há poluição, com águas limpas e ar puro, temos que potencializar o turismo de natureza. Quem vive no litoral, mesmo não dispensando alguns dias de praia, procura também este contato com a natureza, em terras onde as gentes são extremamente acolhedoras, a gastronomia muito boa e onde podem descansar e divertir-se ao mesmo tempo. Estou convencido que estas ofertas vão ser cada vez mais procuradas e a mostrá-lo está o facto de que, em agosto, a população da Pampilhosa da Serra quintuplica, o que, para além de ser muito agradável, é incentivador porque mexe com todo o tecido económico do território”, conclui José Brito Dias.
Santa Luzia
Janeiro de baixo
Pessegueiro
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VISIT PORTUGAL
A OPINIÃO DE Apolónia Rodrigues, Presidente da Genuineland – Turismo de Aldeia e Criadora e Coordenadora do Dark Sky® Alqueva
Dark Sky® Alqueva o primeiro destino
Starlight Tourism Destination do mundo Foto: Miguel Claro
O Dark Sky® Alqueva nasceu em 2009 como resposta à necessidade de diferenciação do território de Alqueva ao mesmo tempo que permitia a introdução de um modelo de gestão integrada do destino. Este modelo baseado na Agenda para a Sustentabilidade e Competitividade do Turismo Europeu, criado pelo Tourism Sustainability Group (TSG), permitiu implementar um Programa estruturante de desenvolvimento sustentável nos concelhos de Alandroal, Barrancos, Moura, Mourão, Portel e Reguengos de Monsaraz. E como tal, pretende dar resposta a desafios como a redução da sazonalidade da procura, o impacto do transporte turístico, a melhoria da qualidade do emprego no setor do turismo, a melhoria da qualidade das comunidades face à mudança, minimizar o impacto da utilização de recursos e da produção de resíduos, conservar e acrescentar valor ao património natural e cultural, possibilitar o gozo de férias a todos e utilizar o turismo como ferramenta no desenvolvimento sustentável global.
A
implementação deste Programa, que está a cargo da Genuineland – Turismo de Aldeia, tem sido apoiado por diversos parceiros públicos e privados. Entre os públicos encontram-se a Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz e a Junta de Freguesia de Monsaraz, a EDIA, S.A. e a CCDRA - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo. Entre os privados contamos com organismos tais como a Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores, a Associação Transfronteiriça Lago Alqueva, o NUCLIO, os membros da Rota Dark Sky® Alqueva. E no plano do desenvolvimento e investigação a Universidade Europeia, o Instituto Politécnico de Beja, o Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e a Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto/ Instituto Politécnico do Porto. Mas também com individuais que com o seu conhecimento científico e experiência têm contribuído para o sucesso deste Programa. É o caso de Áurea Rodrigues, do astrofotógrafo Miguel Claro, de Guilherme de Almeida, de Vítor Quinta, de José Nuno Sampaio, de Fábio Silva, de João Passos, de Custódio Oliveira, de Ana Mourão, de Eduardo Basso, de João Mar-
tins, de Dimas Ferro, de Rita Sá, de Jean-Paul Derveaux e de Raul Lima. E sem esquecer os membros da Rota, Francisco Godinho, Tiago Kalisvaart, Vitória Duarte, Vasco Ambrósio e Susana, Ana Bravo, Diogo Jordão, Francisco Guerreiro, Sofia Vieira, Marc Lammerink e Olga Miguel, que com o seu apoio, motivação e empenho têm sido pilares fundamentais na criação de uma oferta de qualidade. Pretende-se assim criar um destino onde o motivo de atratividade seja a fruição de um céu estrelado livre de poluição luminosa que permita oferecer ao turista atividades noturnas naturalmente complementadas por atividades diurnas. E neste ponto o trabalho desenvolvido pela Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz tem sido fundamental para o sucesso do Programa. Com a maior concentração de oferta turística da Rota em torno de Monsaraz a questão da poluição luminosa assumia-se como um grande desafio mas a perceção do Presidente do Município, José Calixto, dos benefícios do Programa ao nível da sustentabilidade, permitiu ultrapassar os níveis de qualidade do céu mínimos exigidos para a certificação. A certificação foi assumida como um objetivo chave para os três primeiros 44
“O Programa aposta também na realização de eventos tais como a Dark Sky® Party Alqueva que conta com a sua terceira edição e será realizada este ano nos dias 22 e 23 de agosto, em Monsaraz, junto ao Cromeleque do Xerez. Sob a temática da Arqueoastronomia quem nos visitar vai poder assistir a palestras, workshops, observação do sol, pinturas faciais Dark Sky®, astrofotografia, e observação astronómica. E à apresentação do Parque do Céu e dos Lugares Místicos que será desenvolvido durante este ano no território certificado”
ção do novo Sistema Europeu de Indicadores de Turismo para Destinos Sustentáveis (ETIS), da Comissão Europeia, com o seu envolvimento a remontar a 2010 enquanto destino piloto e posteriormente também no âmbito da Task Force Indicadores (NIT) da NECSTouR. O Programa aposta também na realização de eventos tais como a Dark Sky® Party Alqueva que conta com a sua terceira edição e será realizada este ano nos dias 22 e 23 de agosto, em Monsaraz, junto ao Cromeleque do Xerez. Sob a temática da Arqueoastronomia quem nos visitar vai poder assistir a palestras, workshops, observação do sol, pinturas faciais Dark Sky®, astrofotografia, e observação astronómica. E à apresentação do Parque do Céu e dos Lugares Místicos que será desenvolvido durante este ano no território certificado. Já em setembro, entre os dias 18 e 20, será a vez do XIV Simpósio Europeu para a Proteção do Céu Noturno que debaterá os problemas da poluição luminosa e os seus efeitos nefastos na astronomia e na vida humana, animal e vegetal.
anos de implementação do Programa onde foi dedicado bastante tempo à recolha e tratamento dos dados necessários que contou com o apoio de Guilherme de Almeida, Vítor Quinta e Raul Lima, à investigação realizada por Áurea Rodrigues e à preparação do Plano de Médio e Longo Prazo. Foi também necessário trabalhar a oferta, adaptá-la às necessidades do mercado potencial direto, seja o alojamento, a restauração ou as empresas de animação turística, e preparar Guias do Céu fundamentais para dar a conhecer a beleza do céu de Alqueva. Neste momento já existem quatro Guias do Céu certificados: Tiago Kalisvaart, Olga Miguel, Vasco Ambrósio e Vítor Quinta. O Dark Sky® Alqueva foi certificado no final de 2011 como Starlight Tourism Destination, tendo sido o primeiro destino no Mundo a obter este estatuto. Estas certificações, atribuídas pela Fundação Starlight, certificam a qualidade do céu noturno do Alqueva bem como as atividades turísticas relacionadas com o céu, sendo por isso reconhecida pela UNESCO e pela Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas (UNWTO). Associado ao Programa Dark Sky® Alqueva, está já criada a Rota Dark Sky® Alqueva, onde o turista poderá optar por realizar atividades noturnas tais como passeios pedestres, passeios a cavalo, observação de estrelas, birdwatching, wildlife watching, canoagem, provas de vinhos, yoga, entre outras atividades, mas também uma diversidade de atividades diurnas ligadas ao património, cultura, ao Lago e aos produtos regionais. A Rota Dark Sky® Alqueva inclui unidades de alojamento, de restauração, guias intérpretes, guias do céu e empresas de animação turística que já estão aptos a receber os chamados “astro-turistas”. Neste ponto destacamos o envolvimento e cooperação dos membros da Genuineland e membros da Rota certificados que têm contribuído para o crescimento, melhoria da oferta e criação da reputação do destino. Desde as unidades de alojamento que possuem observação astronómica com telescópio como a Casa Saramago/ Sem-fim, o Monte de Santa Catarina, o Monte Alerta localizados em Monsaraz e o Parque de Natureza de Noudar em Barrancos. Mas também as unidades de alojamento que estão preparadas para bem receber aqueles que optam por usufruir deste magnífico céu tais como o Monte Falperras e os V Sentidos em Mourão, o Hotel Rural Refúgio da Vila e as Casas do Montado em Portel, o Hotel Rural Nave Terra em Juromenha, e o Monte Saraz em Monsaraz. E as empresas de animação turística como o Sem-fim em Monsaraz e a Break Momentos Fantásticos sediada em Moura mas com possibilidade de desenvolver atividades em todo o território certificado. As imagens do Dark Sky® Alqueva captadas pelo astrofógrafo oficial, Miguel Claro, têm chegado aos quatro cantos do mundo, e sido publicadas e distinguidas nas mais prestigiadas revistas e entidades ligadas à astronomia, como a NASA, a revista americana Astronomy Magazine, o Lunar Photo of the Day, tendo já recebido em 2013 e 2014 menções honrosas no Internacional Earth and Sky Photo Contest do TWAN. Em Portugal, diversas imagens já foram publicadas como imagem do Dia no Portal do Sapo e na TVI24. O Programa foi também distinguido em 2013 pela Comissão Europeia como uma boa prática e obteve o segundo lugar do Prémio Ulysses 2013 da Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas, na categoria de Inovação em Organizações Não-governamentais. Foi também distinguido pela Departures.com como Top Stargazing Destination e um dos locais a visitar em 2014 pela National Geographic. E foi pioneiro na implementa45
Fileira das Plantas Aromáticas e Medicinais - PAM
Canteiro da Luz – Um projeto diferente “Na nossa ótica, o consumidor está cada vez mais exigente na procura de produtos de qualidade. Sabendo disto deve ser criada uma cultura de consumo, esclarecendo os consumidores sobre as vantagens dos produtos biológicos e dando a conhecer os benefícios que a sua utilização pode trazer”, esclarecem Filipe Lopes e José Rui Lopes, irmãos e sócios da Canteiro da Luz e produtores de PAM – Plantas Aromáticas e Medicinais, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Numa fileira que começa, cada vez mais, a ser conhecida em Portugal, interessa compreender de facto quais as mais-valias deste segmento. Saiba mais.
A Canteiro da Luz foi criada em 2012 no seguimento de um projeto de Jovem Agricultor com apoio do programa PRODER, somos dois irmãos alentejanos, que após visitas a várias explorações e diversas formações no âmbito da agricultura biológica e das plantas aromáticas e medicinais implementámos o projeto tendo por base padrões de inovação, tecnologia, rigor e qualidade. Que género de plantas aromáticas e medicinais são produzidas pela Canteiro da Luz?
No que diz respeito ao tipo de plantas produzidas apostámos na lúcia-lima, hortelã-pimenta, salva, segurelha e estragão francês, e em menor quantidade temos uma grande variedade de plantas aromáticas que vão desde o alecrim à erva príncipe, passando pela alfazema, cidreira entre outras. De que forma promovem as boas práticas ambientais na agricultura? Quais são os principais óbices a este objetivo?
O facto de a Canteiro da Luz ter apostado na
produção em modo Biológico revela a nossa preocupação com o meio ambiente, os solos, recursos hídricos a fauna e a flora, acreditando que este é o sentido correto no futuro da agricultura. Neste tipo de produção agrícola as pragas são o principal óbice, tentamos no entanto controlar estas situações através de estratégias adequadas na agricultura biológica.
Foto: Joaquim Alberto Lourinho Carrapato
Quando é que foi criada a marca Canteiro da Luz e de que forma é que a mesma tem vindo a implementar uma filosofia assente em padrões de excelência, rigor e qualidade?
Em Portugal acredita que começa a existir uma cultura de plantas aromáticas e medicinais? Quais são as mais-valias deste género de plantas?
Segundo informações de que dispomos, há vários projetos a serem implementados por todo o país o que revela que Portugal terá maior expressão no mundo das PAM. Este tipo de plantas tem inúmeras utilizações terapêuticas que ajudam a promover de forma natural o bem-estar físico e emocional através das suas propriedades medicinais para além disso é conhecida a sua utilização ao nível da gastronomia e da cosmética. O que deve ser feito para promover e fomentar ainda mais este género de produtos?
Na nossa ótica, o consumidor está cada vez mais exigente na procura de produtos de qualidade. Sabendo disto deve ser criada uma cultura de consumo, esclarecendo os consumidores sobre as vantagens dos produtos biológicos e dando a conhecer os benefícios que a sua utilização pode trazer. Sente que este setor pode ser importante, por exemplo, no domínio da promoção do desenvolvimento da economia local? Em que aspeto? De que forma é que a Canteiro da Luz tem sido uma promotora da economia mais próxima?
Sem dúvida que uma das nossas prioridades é a abertura á comunidade envolvente, numa tentativa de fomentar a economia local através de parcerias com o Agrupamento de Escolas de Mourão, e com outras entidades educativas que estejam interessadas, exemplo disso foi a primeira visita pedagógica do 46
José Rui Lopes e Filipe Lopes
jardim de infância da aldeia da Luz, e os estágios profissionais já realizados na nossa exploração. A aldeia da Luz precisa de mais dinamismo enquanto ponto turístico que é, e deste modo chamar mais turistas à nossa região. A agricultura tem vindo, infelizmente, a ser algo esquecida em Portugal. Sente que estas novas práticas ambientais na agricultura podem funcionar como uma nova forma de atuação no domínio da agricultura e assim de promoção da mesma?
Felizmente nos últimos anos tem-se verificado uma maior dinâmica no setor agrícola, registando-se uma maior preocupação com a qualidade dos produtos e com a gestão correta dos recursos naturais disponíveis. Uma vez que a nossa exploração se situa na nova aldeia da Luz e é a única deste género dentro do perímetro de rega da barragem de Alqueva, a Canteiro da Luz juntamente com a EDIA pretende dar a conhecer este tipo de cultura de regadio, mostrando que é possível diversificar a agricultura no Alentejo. Quais são principais desafios da Canteiro da Luz de futuro?
Antes de mais queremos apostar no desenvolvimento da nossa marca Canteiro da Luz, isto passa por promover os nossos produtos na loja on-line, em breve disponível, por enquanto promovemo-los em facebook.com/canteirodaluz. Para além disso, faz parte dos nossos planos organizar workshops, oficinas e várias atividades. Finalmente, queremos aproveitar a localização estratégica em que nos encontramos, pretendemos por isso dinamizar a aldeia da Luz colocando-a na rota das Plantas Aromáticas em Portugal. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
FILEIRA DAS PLANTAS AROMÁTICAS E MEDICINAIS - PAM
“Os nossos produtos têm o certificado de agricultura biológica” Engenheira Agrónoma de formação, Maria Bárbara Adrião criou, em 2008, a empresa Maria Bárbara Adrião, Unipessoal Lda. Mas, mais tarde, da necessidade de criar uma imagem e um nome associado às plantas produzidas, nasceu a Casa da Arada, um espaço que se dedica ao cultivo de plantas aromáticas, medicinais e condimentares no modo de produção biológico. Localizado em Celorico de Basto, conheça este espaço, pelas mãos de Maria Bárbara Adrião, Sócia Gerente. Criada em 2008, sob o nome de Maria Bárbara Adrião, Unipessoal Lda, a Casa da Arada foi registada três anos depois, em 2011, sob marca própria. Porquê esta alteração e quais as razões que levaram à criação deste projeto?
Em 2008 decidi investir num projeto agrícola para produção de plantas aromáticas e medicinais, constituindo a sociedade comercial Maria Bárbara Adrião, Unipessoal Lda. A marca Casa da Arada surgiu da necessidade de criar uma imagem e um nome associados às plantas produzidas, escolhendo o nome da quinta onde me instalei: Quinta da Casa da Arada. Quais são as principais espécies de plantas aromáticas, medicinais e condimentares produzidas pela Casa da Arada?
Das plantas cultivadas destacam-se as seguintes: tomilho-limão, lúcia-lima, hortelã-pimenta e cidreira. O vosso modo de produção assenta na vertente biológica. Pode explicar este conceito aos nossos leitores? Quais as mais valias do mesmo?
Os nossos produtos têm o certificado de agricultura biológica, cumprindo um regulamento específico que determina limitações na utilização de produtos químicos de síntese, proibição de uso de organismos geneticamente modificados entre outras condições. A mais valia de cumprir estas regras é a preservação do meio ambiente e do ecossistema onde estamos integrados, assegurando uma agricultura sustentável. De que forma promovem as boas práticas ambientais na agricultura? Quais são os principais óbices a este objetivo?
Maria Bárbara Adrião
na culinária ou com fins terapêuticos na medicina tradicional. Atualmente verifica-se o aumento da sua produção de forma profissional, o que permite obter mais quantidades e melhor qualidade. A pluralidade dos fins a que se destinam aliada à sua fácil utilização, preparação e conservação são as mais valias destas plantas.
Utilizando, por exemplo, materiais como cobertura de solo, que permite um controlo de infestantes e diminuição da evapotranspiração e o sistema de rega gota-a-gota que permite um uso eficiente da água. Os elevados custos económicos da sua implementação são a principal dificuldade na aplicação de tais práticas.
O que deve ser feito para promover e fomentar ainda mais este género de produtos?
Em Portugal acredita que começa a existir uma cultura de plantas aromáticas, medicinais e condimentares? Quais são as mais valias destas espécies?
Sente que este setor pode ser importante, por exemplo, no domínio da promoção do desenvolvimento da economia local? De que forma é que a Casa da Arada tem sido uma promotora da economia mais próxima?
O consumo deste tipo de plantas sempre existiu,
Mais iniciativas de promoção destes produtos através de workshops, feiras, debates públicos e divulgação nos meios de comunicação social dos benefícios da sua utilização em todas as suas vertentes: culinária, saúde, cosmética.
A nossa atividade agrícola permitiu a transformação de um espaço abandonado, num empreendimento agrícola em expansão económica e comercial, dinamizando, através da construção das infraestruturas de produção e da laboração da exploração agrícola, a comunidade local (Molares, Celorico de Basto) e através do apoio à formação pelos estágios a alunos da Escola Profissional de Fermil de Basto. 47
Sente que ainda existe alguma desinformação e desconhecimento sobre estes produtos? A comunidade médica poderia, por exemplo, ser um parceiro neste domínio?
Cada vez há mais informação, por exemplo, em Portugal a Direcção-Geral da Saúde elaborou um documento informativo, designado Utilização de Ervas Aromáticas & Similares na Alimentação, indicando o seu valor nutricional e funções que desempenham na saúde, contribuindo, assim, para a diminuição ou substituição do sal na alimentação dos portugueses. A exportação é também uma vertente significativa da Casa da Arada. Neste domínio, que análise perpetuam da vossa atuação a nível externo? Em que mercados conseguem estar presentes? Existe a perspetiva de apostar em outros? Se sim, quais?
A nossa empresa começou com a exportação a granel para o mercado francês o que ainda se mantém, contudo, os produtos embalados são mais procurados em Portugal, sendo a nossa intenção a internacionalização da sua venda. Que desafios e projetos estão previstos, de futuro, para a Casa da Arada?
O nosso maior desafio é, e sempre será, produzir os nossos produtos com qualidade e satisfazer os desejos dos nossos clientes, recentemente mais próximo destes através da nossa loja online.
Fileira das Plantas Aromáticas e Medicinais - PAM
“Aquilo que os outros não fazem, a MCL faz” Fundada em 1977, a Montagens Central-Leça assumiu-se como uma empresa de serralharia mecânica, especialmente vocacionada para a mecânica de precisão. Certamente que ao longo de mais de três décadas de existência, foram muitas as circunstâncias que foram “empurrando” a empresa para novas áreas de negócio mas, há sensivelmente um ano, a MCL foi onde mais nenhuma empresa arriscou entrar. Hoje, a fileira das plantas aromáticas e medicinais tem dado cartas e, através do fabrico de equipamentos, Armindo Barbosa e a sua equipa têm sabido aproveitar as potencialidades de uma área com tanto para dar.
C
omeçando por produzir e desenvolver abraçadeiras, cunhos e cortantes, a Montagens Central-Leça, pelas mãos do seu fundador, o pai de Armindo Barbosa, atual administrador da empresa, tem sabido agarrar as oportunidades. Na década de 80 surgiu a hipótese de entrar na indústria petroquímica e foi nessa altura que a MCL se especializou no fabrico de acessórios para a montagem de postos de abastecimento. Com uma larga experiência na área da maquinagem, de que forma a MCL se tem diferenciado de outras empresas que atuam no mesmo ramo? A resposta é simples. “Aquilo que os outros não fazem, a MCL faz”, retorquiu Armindo Barbosa. A entrada na fileira das plantas aromáticas e medicinais é exemplo disso mesmo. Contactado por Nuno Azeredo, Responsável da Casa de Penalva, e por Luís Alves do Cantinho das Aromáticas, foram expostas de uma forma bastante convincente as potencialidades de um setor que tem vindo a ga-
nhar um novo fulgor. Assim, no momento em que iniciou o seu percurso à frente da MCL, Armindo Barbosa tinha uma ideia em mente: fazer diferente e “dar uma nova roupagem à empresa”, como descreveu. Neste setor, grande parte dos equipamentos é importado do mercado asiático, da Sérvia, Nova Zelândia, por exemplo. Esta distância traz consigo algumas desvantagens que se prendem, sobretudo, com a assistência que é dada em caso de necessidade de manutenção ou reparação. A proximidade era, por isso, um fator valorizado pelos produtores uma vez que três semanas de atraso para reparação de equipamento poderiam inviabilizar a produção. “O desafio que me foi, então, lançado, foi o de, através de soluções low tech, tentar proporcionar soluções low cost”, afirmou o responsável. Assim, além de a produção ser feita em Portugal, o cliente tem ao seu lado uma assistência rápida e próxima. A recetividade e os resultados não poderiam ser mais positivos. “Tenho sentido nesta área de atividade uma enorme abertura. Sou engenheiro mecânico e sinto que nesta profissão o segredo é a alma do negócio. Mas neste segmento sinto que as pessoas querem partilhar tudo o que sabem e, deste modo, todos crescemos”, defendeu Armindo Barbosa. Mais do que clientes, são parceiros que se olham “olhos nos olhos”. O talento está aqui Descortinando todas as possibilidades de negócio, a MCL desenvolveu um equipamento que apenas era vendido no estrangeiro e que é, hoje, “a menina dos nossos olhos”, referiu Armindo Barbosa. Estamos a falar das peneiras vibratórias (equipamento que permite separar partículas de diferentes tamanhos) que, apesar de ainda não ter a saída que a equipa desejaria, tem dado uns passos importantes na conquista da confiança dos produtores. “É um tipo de equipamen48
Armindo Barbosa
to que é usado quando já se está numa fase mais avançada. Na fase inicial é feita sobretudo uma venda a granel e, apesar de ser muito usada na alimentação por exemplo, numa primeira fase onde se tenta ao máximo reduzir os custos, este equipamento não é utilizado, ao contrário da máquina de colheita ou do secador”, explicou. Embora o tempo de balanços ainda seja curto, a MCL quer explorar ao máximo este segmento e, para tal, tem de estar preparada para responder aos mais altos desafios. Fazer muito com pouco continua a ser a filosofia de uma equipa que está empenhada em conhecer todos os processos referentes à produção de ervas aromáticas. “Só conhecendo muito bem as plantas, as espécies e as diferenças entre elas é que consigo ter uma maior capacidade de resposta e estar muito mais próximo da solução. Queremos massificar as vendas para podermos reduzir os preços atuais e permitir que mesmo aquele produtor com mais dificuldades financeiras possa comprar os nossos produtos”, esclareceu Armindo Barbosa que recorreu ao exemplo de Henry Ford que fazia questão que todos os seus colaboradores pudessem comprar um dos seus carros. Para as imensas possibilidades da fileira das plantas aromáticas e medicinais, a MCL garante: “estamos mais do que preparados”. O know how está em Portugal. Os equipamentos também. Para Armindo Barbosa, neste momento é necessário que o Estado olhe para as micro empresas de outra forma. O valor está aqui. “Temos uma grande margem de crescimento e as provas estão a ser dadas com o lançamento do produto. Neste momento tenho projetos em agenda que quero desenvolver mas, para isso, preciso de criar um protótipo, uma vez que é muito complicado vender um produto que as pessoas não conseguem ver. Para isso é necessária disponibilidade financeira porque o talento está aqui”, concluiu Armindo Barbosa.
FILEIRA DAS PLANTAS AROMÁTICAS E MEDICINAIS - PAM
O potencial das PAM para o Homem Apesar de ainda haver muito para fazer no domínio das PAM - Plantas Aromáticas e Medicinais, a realidade é que as mesmas são extremamente importantes em diversas vertentes, basta que haja imaginação e criatividade dos players do setor. Sobre este tema, a Revista Pontos de Vista conversou com Sandra Cascalheira e Maria Bastidas, Técnicas de Desenvolvimento Local da ADPM – Associação de Defesa do Património de Mértola. Conheça as potencialidades das PAM. Maria Bastidas e Sandra Cascalheira
A ADPM possui uma cultura própria no domínio de plantas aromáticas e medicinais?
A ADPM possui um campo experimental e demonstrativo de produção de PAM (Plantas Aromáticas e Medicinais) certificadas em modo de produção biológico na sua propriedade o Monte do Vento. Algumas das espécies multiplicadas produzidas, colhidas, desidratadas e embaladas com marca própria são o alecrim, a erva-cidreira, o funcho, a lúcia lima, a macela, os orégãos, o rosmaninho, a salva etc. Em Portugal acredita que começa a existir uma cultura de plantas aromáticas e medicinais? Quais são as mais-valias deste género de plantas? Quando é que foi edificada a ADPM – Associação de Defesa do Património de Mértola e de que forma é que a mesma tem vindo a promover um trabalho em prol da região onde está inserida?
A ADPM - Associação de Defesa do Património de Mértola é uma associação de desenvolvimento local, criada em 1980, entidade privada sem fins lucrativos, reconhecida como instituição de utilidade pública e como ONGD. Está sediada em Mértola e atua em diversas áreas, desde a formação, à capacitação, desenvolvimento ambiental e social, desenvolvimento económico, educação e cooperação para o desenvolvimento. Diagnostica carências locais e regionais e redistribui recursos de forma a incentivar a criatividade com vista ao desenvolvimento autossustentado e duradouro dos territórios onde intervêm. Como é que procuram conciliar a conservação dos recursos naturais e o desenvolvimento sócio-económico?
As debilidades do território onde intervimos justificam e obrigam à necessidade de desenvolver uma estratégia integrada que combata e mitigue os fenómenos de desertificação e despovoamento, atuando em várias dimensões: melhorar a qualidade de vida das populações, promovendo espaços de oportunidade económica e criação de emprego, aumentando a atratividade das zonas rurais, atuando no restauro de paisagens degradadas, no disseminar de boas práticas agro florestais e na aposta na capacitação dos recursos humanos, sempre numa perspetiva de capacitação dos atores locais para a apropriação do seu próprio processo de desenvolvimento. De que forma promovem as boas práticas ambientais na agricultura? Quais são os principais óbices a este objetivo?
A incorporação de boas práticas ambientais na agricultura são o fator de sucesso da nossa agricultura a longo prazo, neste sentido promovemos a divulgação e demonstração de culturas adaptadas às condições ambientais existentes e boas práticas na gestão silvo-agro-pastoril, incentivando a agricultura biológica, promovendo a otimização de técnicas de produção com vista à redução do consumo hídrico, à proteção do solo, ao incremento da diversidade, entre outros.
É possível constatar que tem vindo a desenvolver-se uma cultura das PAM. Cada ano surgem disseminados pelo país novos agricultores que enveredam principalmente pela produção de ervas desidratadas para o mercado europeu biológico e novas entidades a dar apoio, mais empresas sobre máquinas, inputs, entre outros. Como todas as novas fileiras, o elemento chave é a organização da produção e o incremento da qualidade, fatores decisivos para um futuro bem-sucedido. É fundamental considerar que esta cultura tem forte impacto na fixação de população jovem nas zonas rurais, com o consequente incremento da atratividade das mesmas tanto ao nível social como económico. Neste ponto é que a capacidade dos territórios de abraçar esta como outras iniciativas inovadoras, é fundamental para assegurar a sua sustentabilidade. O que deve ser feito para promover e fomentar ainda mais este género de produtos? De que forma promovem os vossos produtos? Somente a nível do mercado local e interno?
A promoção desta fileira exige um trabalho a diferentes níveis. Com vista ao mercado europeu participamos em feiras da especialidade, desenvolvemos reuniões com compradores e consultorias para a procura de novos mercados. Ao nível nacional dinamizamos 49
eventos e campanhas que visam incrementar o interesse do consumidor nas PAM. A nível local procuramos incentivar o interesse ao nível da produção, do consumo, da sua valorização, da conservação e da apropriação deste e outros recursos por parte do território. Sente que este setor pode ser importante, por exemplo, no domínio da promoção do desenvolvimento da economia local? Em que aspeto?
O processo de valorização os recursos silvestres do Alentejo, neste caso das PAM, iniciou-se numa perspetiva de desenvolvimento sustentável. A região apresenta condições únicas ao nível europeu para a produção de algumas espécies de PAM, as condições climáticas de altas temperaturas e escassas chuvas imprimem nestas características destacáveis que temos que aproveitar em termos produtivos. Estes e outros recursos constituem estratégias para os territórios, considerando que contribuem para a afirmação do Alentejo em termos económicos e de inovação. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
Fileira das Plantas Aromáticas e Medicinais - PAM
“A NOSSA MISSÃO INCLUI O ENSINO e a produção de conhecimento” Foi em conversa com Lígia Salgueiro e Carlos Cavaleiro, Professores da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, que a Revista Pontos de Vista conheceu o trabalho que esta instituição tem desenvolvido no campo das plantas medicinais e aromáticas. Em parceria com outros profissionais, nacionais e estrangeiros, tem sido possível estudar várias espécies vegetais e descobrir as suas mais diversas aplicações, por exemplo no domínio da saúde. Não podíamos deixar ainda de falar da necessidade de existir um trabalho de colaboração entre todos os interessados. Prova disso é a organização de congressos internacionais, como o que se irá realizar em maio de 2016, em Coimbra - International Congress on Medicinal and Aromatic Plants. Além de professores da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), desenvolvem atividade científica nos domínios da química e biologia de produtos naturais em contexto de “Drug Discovery”. Na vertente das plantas aromáticas e medicinais, que trabalho têm procurado desenvolver?
Carlos Cavaleiro- A nossa missão, enquanto professores universitários, inclui o ensino e a produção de conhecimento através de investigação científica. De facto, parte da nossa atividade científica está inserida no contexto de Drug Discovery, ou seja, dirigida à descoberta de substâncias que possam vir a servir para desenvolver novos medicamentos. Ora, as plantas, enquanto seres que cumprem o seu ciclo de vida enraizadas no local onde nasceram, dispõem de uma notável capacidade para “fabricar” substâncias com as quais se defendem de predadores e de parasitas, resistem a infeções e a outras agressões, entre outros. A mão do Homem ainda não conseguiu imitar a capacidade das plantas para produzir tal diversidade de substâncias químicas. A nossa investigação, procura conhecer os compostos que as plantas biossintetizam e, simultaneamente, avaliá-los quanto à sua utilidade como ingredientes para novos medicamentos. A história do medicamento é pródiga em exemplos. No caso particular das plantas aromáticas e medicinais, o que tem sido feito, em Portugal, na vertente da investigação farmacêutica, com especial destaque para a atuação da FFUC?
Lígia Salgueiro- Na FFUC o primeiro trabalho sobre plantas aromáticas e medicinais data de 1928. Nos últimos 20 anos, com recurso às mais modernas tecnologias de laboratório, estudámos várias dezenas de espécies vegetais de quase todos os continentes, mas sobretudo da flora portuguesa. Em colaboração com investigadores nacionais e estrangeiros, temos procurado caracterizar e valorizar essas espécies, identificando os compostos que essas espécies produzem e descobrindo aplicações para eles, especialmente no domínio da saúde. Na última década publicámos cerca de uma centena de artigos em revistas científicas internacionais de referência.
Atualmente, a farmácia e a medicina modernas consomem somente uma pequena parcela da produção mundial de plantas aromáticas e óleos essenciais. Tendo em conta as potencialidades das plantas e dos seus óleos, por que é que os números não são outros?
CC- A amplitude das potencialidades das plantas aromáticas e de óleos essenciais permitem a sua exploração noutros domínios para além do da Farmácia e da indústria de medicamentos e suplementos alimentares. Os óleos essenciais são matérias primas na indústria de produtos de perfumaria, cosmética e higiene pessoal, na indústria alimentar e de rações, na indústria tabaqueira, na agricultura (como fitossanitários) e em muitas outras aplicações que exploram o seu potencial aromatizante. Os óleos essenciais são verdadeiras commodities, matérias primas produzidas e transacionadas em grande escala em mercados globais. A cooperação existente entre instituições científicas, associações não governamentais, agricultores e empresários, tendo em vista a promoção da fileira das plantas medicinais e aromáticas e de outros produtos naturais, tem sido suficiente? O que é premente fazer neste sentido?
LS- Nunca é suficiente o esforço de cooperação, nem o de regulação e de fiscalização. A nossa porta tem estado aberta para todos os que nos procuram e temos levado informação onde somos solicitados. Somos membros ativos de diversas associações setoriais (ex: Sociedade Portuguesa de Fitoquímica e Fitoterapia), integramos comissões de técnicas especializadas no seio de organizações reguladoras nacionais e internacionais, prestamos serviços laboratoriais, promovemos cursos de especialização, fomentamos encontros científicos, organizamos congressos internacionais, como o futuro International Congress on Medicinal and Aromatic Plants, em Coimbra em maio de 2016. Em Portugal acreditam que começa a existir uma cultura de plantas aromáticas, medicinais e condimentares? Quais são as oportunidades e as ameaças?
Carlos Cavaleiro e Lígia Salgueiro
CC- Por princípio, a aposta em culturas complementares às tradicionais constitui uma oportunidade, sobretudo se viabilizar a ocupação de solos incultos ou desfavorecidos. A geografia do território de Portugal beneficia a biodiversidade, em particular as espécies aromáticas e, entre elas, algumas que são exclusivas. Oferece também condições para o estabelecimento de culturas de elevada qualidade. Contudo, o cultivo de plantas aromáticas e medicinais tem as suas especificidades, não só de natureza técnica, mas também as inerentes ao mercado e à comercialização desses produtos. O mercado interno é limitado e a comercialização externa tem que enfrentar as dificuldades impostas, não só, pela concorrência de outros países onde os custos de produção são mais favoráveis, mas também, as resultantes da nossa produção em pequena escala. Sente que ainda existe alguma desinformação e desconhecimento sobre estes produtos? A comunidade médica poderia, por exemplo, ser um parceiro neste domínio?
LS- Qualquer produto (mesmo natural) com alegações terapêuticas deve ser entendido como medicamento, cujo registo e disponibilização no mercado cumpre um conjunto de requisitos que são a garantia de qualidade, de eficácia e de segurança. A prescrição de medicamentos à base de plantas é, naturalmente, uma opção à disposição dos médicos.
Fileira das Plantas Aromáticas e Medicinais - PAM
A OPINIÃO DE Carla Abreu, Geógrafa – Responsável Técnica do Jardim de Plantas Aromáticas da Câmara Municipal do Funchal
JARDIM DE PLANTAS AROMÁTICAS E MEDICINAIS: um pequeno tesouro no centro do Funchal
À descoberta pelo centro histórico
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eambulando calmamente pelas ruelas mais antigas do Funchal, a descoberta de recantos com história faz-se a cada esquina. Depois de uma visita à memorável Igreja S. João Evangelista, podemos seguir pela Rua das Pretas, em direção ao Convento de Santa Clara. Neste périplo, não precisamos de subir a íngreme Calçada de Santa Clara, a não ser que se imponha uma espreitadela ao Mosteiro ou uma visita mais demorada à Casa Museu Frederico de Freitas. Ainda na base da Calçada, vamos encontrar uma outra Igreja, a de S. Pedro, e, do outro lado da rua, uma das muitas casas solarengas que povoam o Funchal e que atestam a glória da aristocracia de outros tempos: o palácio de S. Pedro, edificação do séc. XVIII e outrora residência dos condes de Carvalhal. Hoje em dia é sede do Museu de História Natural, o qual, para além das habituais coleções de fauna e flora, alberga igualmente um pequeno mas muito interessante aquário de água salgada que faz as delícias dos mais pequenos. Mas deixemos o Museu para um outro dia. O que hoje nos traz aqui é mesmo o pátio interior do palácio. A entrada faz-se por um portão lateral em ferro, na Rua da Mouraria, que deixa antever um primeiro logradouro, com a típica calçada de basalto em calhau rolado e povoado por altas palmeiras e fetos arbóreos, novelos, corações e gerberas, bem ao gosto da tradição madeirense. Atravessando esse pátio inicial e passando por baixo do edifício, acedemos finalmente ao motivo da nossa visita: o Jardim de Plantas Aromáticas e Medicinais do Funchal. O encanto de um jardim de cheiros À entrada somos brindados com a presença de um secular Dragoeiro (Dracaena draco) de desenvolvimento escultural e, sobretudo se estivermos num daqueles dias quentes de verão, com uma profusão de aromas inebriante, a apelar à nossa memória olfativa e a remeter-nos para o universo dos chás e das ervas condimentares. O Jardim abriu ao público no ano de 2000, para assinalar o Dia 5 de junho (Dia Mundial do Ambiente) e, pese embora a sua reduzida área (890m2), dispõe de uma notável coleção de ervas aromáticas, que tem vindo a ser alargada fruto de trocas e doações com populares e produtores locais. Criado inicialmente com o intuito de promover a Educação Ambiental e de manter um mostruário de plantas usadas tradicionalmente na medicina popular madeirense, o seu papel vai muito além disso e tem acompanhado as mais recentes evoluções em matéria de hábitos alimentares. Por aqui já passaram alguns Chefs da hotelaria madeirense a partilhar com o público utilizações inovadoras nos menus contemporâneos e ainda recentemente teve lugar uma oficina, muito participada, sobre os usos terapêuticos, culinários e cosméticos das sementes, raízes e flores que aqui podem ser observadas. As variedades/cultivares ultrapassam atualmente a centena, com destaque para uma grande diversidade de mentas (Mentha spp.), malvas de cheiro (Pelargonium spp.) e o inevitável funcho (Foeniculum vulgare) que deu o nome à cidade do Funchal. Algumas raridades, como o basílico de cravinho
(Ocimum gratissimum), endemismos como a quebra-panela (Bystropogon maderensis) ou outras mais comuns como a segurelha (Thymus vulgaris), o bálsamo-de-canudo (Senecio serpens) e a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) tornam este jardim uma pequena joia muito apreciada por todos os visitantes. As plantas agrupam-se segundo critérios botânicos ou surgem livremente onde muito bem lhes apetece. Neste jardim entre muros, as árvores como o loureiro (Laurus nobilis), a caneleira (Cinnamomum zeylanicum) ou o ginkgo (Ginkgo biloba) conferem alguma sombra apaziguadora nos dias mais quentes, mas sem comprometer a entrada dos raios solares tão necessária às ervas aromáticas. O espaço é visitado por turistas e residentes, com interesse particular no tema ou apenas para uma pausa merecida no percurso pela cidade. A grande maioria das plantas encontra-se identificada, com algumas a merecer maior relevo, mas, para os mais curiosos, há sempre a possibilidade de obter informações adicionais junto dos Técnicos de Educação Ambiental que por aqui trabalham ou de obter uma visita guiada mediante marcação prévia. O Jardim funciona das 9H00 às 17H30 e encerra aos sábados, domingos e feriados. A entrada é livre.
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INTERNACIONALIZAÇÃO – CRIAÇÃO DE VALOR
“Queremos contribuir para a excelência dos têxteis lar portugueses” “Enquanto as empresas confiarem na Associação e sentirem que o seu trabalho é importante para a sua entrada/consolidação e expansão nos mercados internacionais, sobretudo naqueles em que individualmente têm maiores dificuldades em se movimentar, a Associação Home from Portugal estará presente”. É desta forma que Maria Alberta Canizes, responsável pelo Departamento de Internacionalização da Associação Home From Portugal, revela qual tem sido o papel da instituição na promoção dos seus associados no mercado internacional. Conheça mais de uma entidade de enorme importância no mercado do têxtil luso.
Formada efetivamente em 2011, a Associação Home From Portugal tem dado continuidade ao trabalho realizado, por mais de trinta anos, por um núcleo duro composto por 32 empresas de têxteis lar. Que trabalho esta entidade tem desenvolvido em prol dos seus membros?
A Associação Home From Portugal é uma associação de direito privado que tomou forma jurídica em 19 de julho de 2009. O seu objetivo primeiro foi o de dar continuidade promocional à marca própria de natureza coletiva “Textiles Selection home | from Portugal”, corporizada, até então, na edição anual do catálogo Textiles Selection, cuja primeira edição teve lugar no ano de 1987 e a qual, desde logo, mereceu o parecer favorável do FFE/ICEP. Foi desta forma que a imagem dos têxteis lar portugueses começou a ser levada aos quatro cantos do mundo, quer através da sua distribuição em todas as ações que o FFE/ICEP levava a cabo em Portugal e no exterior, quer do envio para as Delegações, para divulgação, quer ainda da oferta aos compradores estrangeiros, sempre que nos visitavam ou deles tínhamos conhecimento. A primeira edição incluiu um conjunto de 32 empresas localizadas no Vale do Ave e o êxito foi de tal modo significativo que o catálogo, feito por uma empresa privada, passou a ser considerado por todos como um instrumento “oficial” para a promoção de Portugal no exterior. Continua o TS, com edição anual, agora em papel e CD-ROM, a ser uma peça fundamental na apresentação das tendências do setor, cuja distribuição se inicia logo na primeira ação de cada ano, a Heimtextil. Iniciado que foi este trabalho de promoção, era, pois, necessário continuá-lo de uma forma mais consistente e proactiva. Daí ter-se proposto a Associação a, em consonância com as sugestões das empresas, apresentar ao QREN, ao longo da sua curta existência, três projetos conjuntos de apoio ao esforço coletivo de internacionalização das empresas do setor. Portugal é o líder mundial de têxteis para o lar. A associação tem ajudado a promover os produtos portugueses em mercados relevantes a nível global. De que países estamos a falar? Que características são mais elogiadas?
A Home from Portugal, quando apresentou o seu primeiro projeto ao QREN, teve como propósito preencher uma grande lacuna no que se refere à continuidade do apoio, a nível institucional, ao esforço das empresas na penetração, consolidação e diversificação de mercados, de acordo com o estádio de maturidade, em termos de internacionalização de cada uma. Todos sabemos
que a conjuntura mundial tem vindo, ao longo dos últimos anos, a sofrer grandes alterações, por motivos por demais conhecidos. Tendo, embora, o setor dos têxteis lar adquirido, ao longo dos anos, por mérito próprio, uma imagem de excelência no que se refere à conceção, inovação, produção e comercialização, há ainda muito trabalho a desenvolver, sobretudo no apoio às PME e às Micro empresas, respetivamente, no desbravar de novos mercados e na entrada nos mercados externos. É, pois, neste campo que a Associação vem tendo um papel muito importante. Definidos que são, pelas empresas, em conjunto com a Associação, os mercados estratégicos para as mesmas e que se pretende que visem, sobretudo, mercados fora da área tradicional (Europa Comunitária) a Associação procura, com o apoio da AICEP e das instituições locais, determinar qual a melhor forma de conhecer esses mercados e de ajudar as empresas a atuar nos mesmos. As participações em feiras e as missões inversas, têm constituído o núcleo forte de atuação, ao 52
longo destes três projetos apoiados pelo QREN. Os mercados alvo desta atuação foram, até ao momento, os EUA, Singapura, Hong Kong, Oman, Rússia, Canadá, todos eles com potencial económico elevado, servindo como plataforma de diversificação de mercados de proximidade e, sobretudo, em fase de grande abertura a novos fornecedores de produtos de qualidade. Portugal tem vantagens comparativas e competitivas que não podem ser ignoradas. A relação preço/qualidade dos produtos portugueses é notória. Não é por acaso que as grandes empresas mundiais que, neste momento e por questões de competitividade, abandonaram a produção, vêm a Portugal fazer as suas coleções, (trabalho conhecido como private label), garantindo, por isso, aos seus clientes, a qualidade de excelência a que estes estão habituados. Por outro lado, a versatilidade, a entrega rápida, e a característica portuguesa de mostrar sempre disponibilidade para satisfazer o cliente, são vantagens competitivas que os nossos mais diretos concorrentes não apresentam. Portugal, em têx-
til lar, é um país reconhecido pela sua forma de respeitar os compromissos que assume, o que, desde logo, lhe aporta uma grande mais valia. Nos certames em que participamos pela primeira vez (Singapura, Hong Kong e Oman), todos os agentes económicos que nos visitavam ficavam surpreendidos com a qualidade, o “toque”, o design português. A associação tem sido um suporte imprescindível para a presença de um grupo de empresas naquele que é considerado o maior certame, a nível mundial, para os têxteis lar: a Heimtextil. Ao longo dos anos, qual tem sido o impacto da presença nesta feira?
Como é do conhecimento geral a Heimtextil é, sem sombra de dúvidas, o maior e o mais importante certame a nível mundial, para os têxteis lar, quer para uso doméstico, quer para o contracting. Aí expõem as mais conceituadas marcas mundiais, o que leva a que seja a feira onde compradores de todo o mundo se deslocam. Além disso, esta feira continua também a ser o indicador, por excelência, de como irá decorrer o ano, em termos de negócio. Portugal foi, em tempos, o maior expositor, em número de empresas estrangeiras, neste certame, graças à ação levada a cabo pelo FFE/ICEP – cerca de 90 empresas. Hoje, continua a ser um dos países com o maior número de presenças. Na última edição participaram 74 empresas e dessas, 25 foram apoiadas pela Associação Home from Portugal. De salientar que a política da Associação, bem definida nas linhas de orientação apresentadas nos projetos conjuntos apresentados ao QREN tem, entre vários objetivos, dois que merecem ser referidos: aumentar as exportações portuguesas de produtos de média/alta e alta qualidade, e apoiar a entrada de PME e Micro empresas nos mercados internacionais. Deste modo, as empresas que se candidatam ao apoio da Associação têm que ser detentoras de produtos de qualidade e ter serviço que dignifique e consolide a imagem com que o país é percebido no exterior, neste segmento de produtos. Quais são as principais dificuldades que surgem neste de trabalho de mostrar ao Mundo que Portugal continua a ser uma referência muito importante na indústria de têxteis para o lar?
As maiores dificuldades transformam-se em desafios para a própria Associação. Temos que, em conjunto com as empresas, continuar a definir que mercados queremos conquistar e, consequentemente, ir conhece-los.Com a ajuda imprescindível da aicep, em Portugal e no exterior, recolhemos informação, não aquela que está disponível, agora, na internet, mas aquela informação qualificada, que ajuda as empresas a fazerem o trabalho de casa necessário a apresentar-se nos mercados. Depois, geralmente selecionamos um evento onde possamos testar a apetência dos produtos portugueses, mediante a exibição de amostras de várias empresas, sempre que possível, complementares, damos informação sobre o setor, em papel e via web (catálogo TS, Cdrom e página web do catálogo, com a possibilidade de link às empresas) e, a partir daí, decidimos que fazer no futuro. Até ao momento, as “dificuldades” têm-se convertido em oportunidades! É neste tipo de atuação que acreditamos e que estamos certos, contribuímos para que o Mundo conheça e continue a apreciar a excelência dos têxteis lar portugueses. Em Portugal, é necessário partir à descoberta de ideias criativas e de novas formas de abordagem do mundo dos têxteis-lar? Neste sentido, têm surgido jovens talentos e empresas emergentes capazes de levar a essa mudança de paradigma?
O setor industrial dos têxteis lar deve ser pensado como integrando um todo (fileira casa) e implementar estratégias de desenvolvimento em torno de um núcleo de atividades. Estamos a pensar em produtos, que se complementem e se coordenem, em termos de decoração, para que as ações conjuntas se valorizem nos aspetos de conceção e investigação, utilização de tecnologias de ponta, novas matérias primas para os mais diversos fins (doméstico, saúde, contracting) e se imponham na cadeia de valor, mas sempre sob o conceito de “luxo”. Uma estratégia de eficiência coletiva para sustentar economicamente todos os setores industriais envolventes e projetar/consolidar, a nível global, uma imagem/produto “ORIGINAL” Home | from Portugal. Esta marca registada - “ORIGINAL” Home | from Portugal - certificado de origem - (inovação/diferenciação) - de uma coleção ou um produto “original”-, é propriedade da Associação
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e destina-se a ser apresentada em espaços privilegiados de venda de produtos de elevado valor acrescentado, espalhados pelo mundo. Com uma aposta forte na inovação, o setor dos têxteis lar em Portugal tem investido no desenvolvimento de marcas próprias, novos produtos e novos conceitos de retalho. São estes fatores que nos diferenciam de outras práticas internacionais?
À semelhança do que aconteceu com outros setores importantes, também, no panorama da indústria portuguesa, o setor de têxteis lar tem evoluído no seu “modus operandi” nos mercados internacionais. Reconhecida a excelência dos produtos portugueses pelas empresas estrangeiras que, em Portugal, procuram os seus fornecedores em regime de “private label”, tem havido um enorme trabalho de um número significativo de produtores nacionais na apresentação, bem pensada/estruturada, das suas coleções próprias e das suas marcas próprias. E o facto é que, em numero significativo em países europeus e também nos EUA, Japão e, embora em número mais reduzido, noutros mercados mais longínquos, estão disponíveis marcas portuguesas de têxteis lar que ombreiam com as suas concorrentes diretas. Realçamos, de novo, que muitas marcas de renome internacional que aparecem nos grandes Department Stores e em lojas da especialidade são fabricadas em Portugal. Portugal é, efetivamente, um país reconhecido pela sua qualidade, quer fabrique para grandes marcas, quer apresente as suas marcas próprias. Para o futuro, o que podemos continuar a esperar da atuação da Associação Home From Portugal?
A Home From Portugal tem consciência do seu papel no apoio às empresas no seu esforço de internacionalização. A prová-lo, o facto da adesão das empresas aos projetos que têm sido apresentados e à colaboração estreita das mesmas na definição de estratégicas de atuação, a nível internacional. Enquanto as empresas confiarem na Associação e sentirem que o seu trabalho é importante para a sua entrada/consolidação e expansão nos mercados internacionais, sobretudo naqueles em que individualmente têm maiores dificuldades em se movimentar, a Associação Home from Portugal estará presente.
INTERNACIONALIZAÇÃO – CRIAÇÃO DE VALOR
Moçambique: “haverá sem dúvida a necessidade de mais arquitetos num futuro próximo” Foi para promover a Arquitetura em Moçambique, facilitar o acesso à classe profissional e melhorar a troca de informação entre profissionais da área que nasceu a ArchiMoz. Atualmente é uma referência no país. Numa altura em que o Governo Moçambicano aprovou a proposta de lei para a criação da Ordem dos Arquitectos, a Revista Pontos de Vista entrevistou o Arquiteto Henrique Castro Amaro que falou não só sobre esta entidade mas sobre a arquitetura em geral numa região em que, nas suas palavras, o futuro da área “é, sem dúvida promissor se atendermos ao potencial económico”.
ArchiMoz é uma iniciativa que nasceu em 2009 através do Facebook, com o objetivo de divulgar a Arquitetura feita em Moçambique. Desde então tem vindo a crescer. Qual é atualmente o papel que desempenha? O que significa hoje ArchiMoz no universo da arquitetura em Moçambique?
A ArchiMoz, em conformidade com o seu desempenho, vem promovendo a divulgação da Arquitetura em Moçambique e da passagem de informação a nível dos arquitetos no país e fora e facilitando o acesso à classe profissional. O Governo de Moçambique aprovou, em sessão do Conselho de Ministros de 15 de abril de 2014, entre vários dispositivos legais, a proposta de Lei que cria a Ordem dos Arquitetos e aprova respetivo estatuto. Que comentários lhe merece esta decisão? Que importância a constituição de uma ordem terá para a área?
Decisão a todos os níveis de saudar pois há muito que era esperada. A Ordem traz não só benefícios para a profissão, pois além de a consolidar e atuar em prol e defesa da mesma, irá ser um elo de divulgação da classe profissional e estabelecer regras e princípios a nível da estruturação e desempenho dos arquitetos e da profissão de um modo geral e do relacionamento com os clientes. Divulgação de um código ético profissional e do desempenho e obrigações do arquiteto vs cliente e vice versa, para além de poder ter um papel fiscalizador no processo dos concursos. “A qualidade das construções decaiu do ponto de vista estético e, principalmente, do ponto de vista técnico, comparando a República Popular de Moçambique com a República de Moçambique”, afirmou Pedrito Massarongo Jr. em 2011. Passados três anos, qual o ponto de situação do país do ponto de vista arquitetónico e de ordenamento das cidades?
A diferença do ponto de vista estético e técnico está no legado profissional da era colonial e da riqueza e qualidade arquitetónica da época deixada à República Popular de Moçambique em comparação com a arquitetura da República de Moçambique, onde na maioria dos casos a especulação imobiliária não tem muita qualidade arquitetónica e apenas tende a explorar a ala económica. O ordenadamente das cidades continua a carecer de planeamentos adequados e de planos diretores regidos por princípios internacionalmente
Henrique Castro Amaro
estabelecidos. O Artigo 91º da Constituição da República, estabelece que “todos os cidadãos têm direito à habitação condigna”, porém, de acordo com estimativas do Ministério das Obras Públicas e Habitação, 75% da população vive em condições precárias. Grande parte desta realidade deve-se a uma combinação de vários fatores, como a indisponibilidade de talhões infraestruturados ou demarcados, que leva a uma ocupação desordenada e sem segurança. São precisos mais arquitetos em Moçambique? Há espaço para os arquitetos portugueses que se queiram fixar neste país?
Com o desenvolver do país e a exploração efetiva das suas riquezas naturais haverá, sem dúvida, a necessidade de mais arquitetos num futuro próximo. Arquitetos portugueses ou outros desde que venham com experiencia já demonstrada e que se direcionem dentro das normas estabelecidas e em conformidade com os requisitos da ordem dos arquitetos finalmente criada. 54
No que concerne à formação, há boas faculdades de arquitetura em Moçambique? Qual o ponto de situação?
O problema das faculdades de arquitetura não é se são boas ou más no que respeita à formação mas sim ao facto de que na maioria dos casos não possuem os meios e capacidades económicas para a formação completa dos futuros arquitetos. Desenvolvimento e criatividade exige investimento pois a qualidade de arquitetura evolui à medida que se vai fazendo e desenvolvendo e depende das capacidades económicas do país e das suas Que papel a ArchiMoz quer ter no desenvolvimento desta área em Moçambique? Cabe à ArchiMoz continuar a desenvolver o seu papel ativo na promoção não só da qualidade da arquitetura mas também do potencial e oportunidades a serem desenvolvidas e necessárias ao crescimento do país.
“É necessário neste contexto que sejam feitas reformas ousadas, que incluam soluções que possam contribuir para reduzir as barreiras melhorando o ambiente de negócios através de políticas que facilitem o desenvolvimento do setor da construção civil. Existe um reconhecimento geral que, apesar dos investimentos no setor imobiliário, os preços praticados no mercado estão muito acima das possibilidades do moçambicano. O desenvolvimento não é apenas crescimento, mas é necessário que seja sustentável e inclusivo, procurando-se evitar estar vulnerável aos choques externos. O crescimento económico médio para os países africanos é de 5%”
instituições e faculdades. É necessário que exista um mercado em que haja desenvolvimento constante e que possa proporcionar aos futuros arquitetos a participação a nível de estagiários nas empresas e expô-los às realidades dos projetos e das suas exigências técnicas e constrangimentos económicos. Na maioria dos casos, os recém formados para além das suas licenciaturas (com conhecimentos teóricos), não possuem experiência a nível técnico ou construtivo nem os meios económicos para poderem exercer as suas atividades como arquitetos. De que forma tem crescido esta área nos últimos tempos? Qual a importância da arquitetura num país que não pára de crescer? A sustentabilidade do crescimento das cidades moçambicanas passa por aqui?
O número de projetos em desenvolvimento tem aumentado, contudo o que está a acontecer não representa, em muitos casos, um aumento na produtividade local e capacidade de participação dos arquitetos do país. Na maioria dos casos os investimentos são estrangeiros (neste caso falamos de investimentos portugueses) em que os arquitetos são escolhidos em Portugal (Origem do Capital) e em que o desenvolvimento dos projetos é feito fora de Moçambique. A importância da arquitetura é crucial ao desenvolvimento do país pois está nas mãos do arquiteto o planeamento e desenvolvimento urbanístico dos novos pólos de crescimento e das medidas corretas e necessárias a serem implantadas e implementadas para que exista crescimento. “O Arquiteto é o impulsionador e a Arquitetura é o grande livro da Humanidade” (cotando – Victor Hugo) A sustentabilidade do crescimento das cidades e do país no geral é pois dependente do arquiteto e da arquitetura que é projetada. No contexto – microeconómico – a cidade é não só uma utilidade física para uma vivência coletiva, mas também um símbolo do trabalho de arte feito pelo Homem e necessita de ser revigorada
e nutrida através do seu crescimento e desenvolvimento para que seja proativa e possa contribuir para uma vivência coletiva. Como perspetiva o futuro da arquitetura em Moçambique?
O futuro da arquitetura é, sem dúvida, promissor se atendermos ao potencial económico do país em questão. É necessário neste contexto que sejam feitas reformas ousadas, que incluam soluções que possam contribuir para reduzir as barreiras melhorando o ambiente de negócios através de políticas que facilitem o desenvolvimento do setor da construção civil. Existe um reconhecimento geral que, apesar dos investimentos no setor imobiliário, os preços praticados no mercado estão muito acima das possibilidades do moçambicano. O desenvolvimento não é apenas crescimento, mas é necessário que seja sustentável e inclusivo, procurando-se evitar estar vulnerável aos choques externos. O crescimento económico médio para os países africanos é de 5%. As perspetivas apontam para que em 2040, África tenha 1000 milhões de habitantes, em idade ativa para trabalhar, o que abre um 55
outro leque de desafios mas, acima de tudo, de oportunidades. O desafio passa por criar e ser-se criativo, criar infra estruturas e poder-se combater a pobreza, através da criação de emprego e incremento da capacidade inteletual. De um modo geral, a arquitetura tem, como tal, um papel crucial ao desenvolvimento do país e de Moçambique no sentido global.
INTERNACIONALIZAÇÃO – CRIAÇÃO DE VALOR
“O mercado nacional serve-nos como uma montra” Quem disse que as conservas de peixe não podem ser um produto Gourmet? Cada vez mais as conservas deixaram de ser um produto de sobrevivência para se transformarem em produtos de degustação. A marca de conservas Luças é um belo exemplo disso mesmo. Graças aos métodos de fabrico tradicionais e às embalagens vintage a que recorreram para promover esta marca de conservas, que é das mais antigas no nosso país mas que até bem pouco tempo se dedicava exclusivamente à exportação, a Luças tem vindo a crescer em Portugal. Os principais clientes continuam a ser, no entanto, os turistas estrangeiros. As conservas podem ser encontradas, entre outras loja do retalho tradicional, no Clube del Gourmet no El Corte Inglês, na Loja das Conservas ou na Vida Portuguesa. A Revista Pontos de Vista entrevistou Pedro Luças, Gerente da empresa e bisneto do fundador Joaquim Ferreira Pedro (Luças).
A
s conservas Luças estão presentes no mercado desde inícios do século XX. Surgiram pelas mãos de Joaquim Ferreira Pedro, natural de Espinho. Este empreendedor já havia fundado, no final do século XIX, a primeira fábrica de conservas de Matosinhos. Em 1918, surgem os contatos iniciais com um importador grego e, dois anos depois, a atividade de exportação de sardinha prensada para esse mercado começa a desenvolver-se! A Grécia continua, até hoje, a ser o principal mercado das conservas Luças, com mais de 80 por cento das vendas neste país. “A Luças tem uma notoriedade muito grande neste mercado e é muito fácil encontrar as conservas Luças na Grécia”, explica Pedro Luças. Mas se na Grécia pode encontrar as conservas Luças em qualquer superfície comercial e as mesmas são destinadas à grande distribuição, em Portugal a aposta é nas mercearias tradicionais. Este nicho de mercado, que está cada vez mais na moda, tem sido também a estratégia seguida nos restantes países para os quais tem vindo a exportar, tais como a Polónia, a Inglaterra, a Áustria, a Dinamarca, a Espanha e, pontualmente, a França. As razões são evidentes, a aposta da Luças não passa pela quantidade, mas sim pela qualidade e nem poderia ser de outra forma. “Em Portugal é muito difícil conseguir competir pelo preço porque há países em que os custos de produção e da mão de obra são muito mais baixos. Para além disso, somos um país periférico, estamos geograficamente isolados e, em comparação a uma Holanda ou uma Suíça, que têm vários parceiros à volta com quem desenvolver este tipo de trocas, Portugal fica, como é natural, em desvantagem. A aposta tem que ser pela qualidade e pela aposta nos nichos de mercado”, explica. Depois de várias décadas sem vender em Portugal, muitas eram as pessoas que questionavam Pedro Luças quanto ao porquê destas conservas não se
venderem no país onde eram produzidas. 2010 foi assim um ano de experiência no mercado luso. “A solução foi apostar no mercado tradicional. Inicialmente até colocamos o produto que vendemos na Grécia, com as mesmas embalagens, a ver qual seria a resposta mas a embalagem não funcionou, o que de certa forma já estávamos à espera. Fomos, por isso, buscar esta embalagem dos anos 50 e partimos para o mercado com a nazarena de cesta à cabeça. A partir daí a adesão foi muito maior, o turista apercebe-se que é um produto tradicional e, desta forma, o mercado nacional serve-nos como uma montra, uma vez que mais de 50% das vendas internas são exportações indiretas”, refere Pedro Luças. Se na Grécia as conservas Luças já atingiram uma posição de destaque e estabilidade há muitos anos, em Portugal o negócio não pára de crescer. De tal modo que só agora passamos a metade do ano e as expectativas para 2014 já foram ultrapassadas. “Aquilo que pretendíamos fazer já foi atingido”. Em Portugal, a Luças tem à venda três grupos de produtos: as sardinhas (em azeite, azeite e tomate, azeite e piri-piri, azeite e limão, azeite e pimento verde, sem pele e sem espinha), os patés (de sardinha, de atum, de ovas de pescada, de bacalhau) e as especialidades, com os filetes de chaputa em escabeche, a ventresca de atum, o peixe espada preto e os filetes de atum. “Aquilo que mais vendemos são os patés de sardinha, seguidos da sardinha em azeite e, em terceiro lugar, o paté de atum. Os três representam o grosso das vendas, as outras variedades funcionam como produto barreira. Quanto mais referências tivermos, maiores são as vendas nos produtos chave.”, refere. Enquanto num processo industrial algumas etapas acabam por ser eliminadas, num processo tradicional de fabrico, como o da Luças, existem mais etapas criteriosamente seguidas para que os produtos atinjam uma qualidade superior. “A sardinha é um peixe frágil, delicado, para se
Pedro Luças
conseguir uma boa conserva também se tem que fabricar com delicadeza”, explica. Apaixonado por conservas desde sempre, Pedro Luças, tal como os seus antecessores, tem sabido manter vivas as tradições e valores sempre seguidos nesta empresa familiar. “O meu sonho é conseguir com que mais gente goste de conservas, as quais não têm tradição no nosso país, exceto as conservas de atum. Obviamente não posso convencer toda a gente a apreciar este produto mas, tanto quanto puder, gostava que o meu legado fosse mostrar às pessoas que a conserva não é um produto de sobrevivência, mas de qualidade, degustação e com inúmeras mais valias para a saúde, feito com peixe português, matéria prima fresca e fabrico cuidado”, afirma Pedro Luças. E deixa uma dica: “para mim as conservas são como vinho e devem consumir-se da mesma forma. Ao contrário do peixe fresco, as conservas não são melhores quanto mais fresquinhas forem, pelo contrário, e ainda que haja uma validade na embalagem que tem que ser cumprida, uma conserva tem o seu momento ideal de consumo e não é propriamente o momento em que é lançada mas passados alguns anos”.
INTERNACIONALIZAÇÃO – CRIAÇÃO DE VALOR
NATA PURA com personalidade Ao pequeno-almoço, à sobremesa, como um snack a meio da manhã ou da tarde, uma Nata sabe sempre bem. Venha conhecer a NATA PURA na cidade do Porto e saboreie uma verdadeira delícia. Traga a família e os amigos e passe um bom momento na companhia de um dos produtos típico em Portugal. A Revista Pontos de Vista foi conhecer a NATA PURA e provou este regalo, tendo conversado com a Mabílio de Albuquerque, Administrador da NATA PURA, que nos deu a conhecer um pouco mais deste projeto de enorme valor, que brevemente também poderá ser visitado em Lisboa. sendo estes dois últimos altamente prejudiciais para a saúde e presentes numa grande maioria da pastelaria, oferecemos um produto idêntico ao pastel de nata conhecido na generalidade mas muito diferente do disponível nos mercados em geral, com um acréscimo claro de qualidade. Neste momento, em Portugal, o pastel de nata NATA PURA apenas se encontra disponível na Casa de Chá de Serralves, no Porto, sendo que em breve teremos o produto disponível num outro local em Lisboa devidamente anunciado no momento certo. Todas as ações delineadas para o mercado nacional, têm e terão uma forte componente de apoio ao desenvolvimento do projeto nos mercados externos, pelo que procuramos ter o produto disponível em locais que reconhecidamente ajudem a potenciar o seu conhecimento e disseminação em termos internacionais.
Quando é que foi criada a Nata Pura e como é que tem sido realizado o crescimento da marca em prol de um crescimento sustentado?
O projeto “NATA PURA” foi iniciado em maio de 2013. O objetivo primordial deste projeto, desde o seu início, foi a identificação de um produto tradicional português, que apresentasse um elevado grau de aceitação global e um potencial de exportação que permitisse posicionar de imediato o projeto como um projeto de exportação. Adicionalmente, não pretendíamos incutir uma moda, queríamos sim introduzir na oferta global um produto que tem tudo para se tornar um standard da indústria que possa ser encontrado em qualquer canal de distribuição do mercado global. Foi assim que selecionámos o famoso pastel de nata, face a muitos outros produtos tradicionais portugueses avaliados para o projeto. Pretendemos identificar um produto que oferecesse boas garantias da sua capacidade de penetração em mercados externos, do qual tivéssemos um elevado grau de know-how e de controlo da qualidade de produção. Era igualmente importante que tivesse uma história para contar, uma forte tradição no País de origem, e um elevado potencial de diferenciação, pois consideramos tais factos de relevante importância para a credibilização e sustentabilidade do produto e projeto nos mercados externos. Outro fator de elevada importância foi o branding e toda a comunicação que gira em volta da marca e do produto, fatores cada vez mais importantes para um correto posicionamento e uma elevada diferenciação. Não queríamos uma imagem demasiadamente colada a clichés do passado, mas sim uma marca atual e dinâmica, verdadeiramente global, pensada para ser adotada e reconhecida em qualquer zona do globo e para múltiplas utilizações em termos de marketing e de dinamização do próprio conceito. O passo seguinte foi de teste e verificação da aceitação em determinados mercados externos, pré-selecionados em função da sua importância no que toca á definição de tendências para o mercado global, o que ocorreu mediante a presença em certames internacionais de diverso tipo e mercados, desde ações no Hotel Waldorf Hilton em Londres, ao Consulado de Portugal em Sevillha ou aos mercados do Médio Oriente, especialmente Emirados Árabes Unidos. Em qualquer das ações em que a NATA PURA se apresentou, a resposta foi excelente, o que nos forneceu importantes dados para definirmos o ponto em que nos encontrávamos e para onde e como deveríamos continuar a direcionar o projeto. Foi num desses certames que tivemos o privilégio de iniciar contatos com a entidade que
Qual a importância do processo de produção, embalagem e transporte? De que forma são os mesmos concebidos com o objetivo da manutenção de todas as principais características do produto até á entrega final no cliente.
agora se afigura como um dos nossos parceiros fundamentais, a AICEP Portugal Global. Nesta agência, encontramos o passo que faltava para uma solidificação do projeto, um passo que nos permitiu lançar em definitivo a marca e produto NATA PURA, de forma sustentada. Na AICEP Portugal Global encontramos uma equipa de profissionais totalmente disponível, dedicada, bem conectada e que soube reconhecer de inicio o potencial de todo o projeto e sua importância quer para a economia nacional, quer para a imagem de Portugal. Para um projeto começado do zero há cerca de 1 ano, podemos afirmar a nossa satisfação com a forma como paulatinamente a sua sustentabilidade se tem afirmado. De que forma caracterizaria as Natas «made in» Nata Pura? O “segredo” esta na confeção? O que marca a diferença de uma Nata da Nata Pura?
Como referenciado anteriormente, trata-se de um produto diferente daquele que se encontra regulamente nos diversos pontos de venda no mercado nacional e alguns mercados externos. Diferente não na sua aparência, mas na sua qualidade, textura, cor e leveza, fatores claramente potenciados pelo simples facto de apenas utilizarmos ingredientes de primeira linha e frescos. Ao banirmos ingredientes como o leite em pó, ovos em pó, gorduras hidrogenadas, xarope de frutose, 57
Este foi um ponto fulcral de todo o processo, pois a utilização exclusiva de ingredientes frescos elevou a fasquia em termos de se encontrar a solução perfeita, por forma a garantirmos uma produção de elevado nível, consistente e equilibrada, que não fosse banalizada pelo processo de embalagem e transporte. Assim, não nos vamos alongar em demasia neste ponto. A conclusão a que chegamos, é que tendo-se a ideia e acreditando, tudo é possível. Nos dias que vivemos precisamos é de ideias, ousadia e vontade de fazer as coisas acontecerem. O resto é uma viagem para a qual temos de ser os timoneiros, e nisso, os portugueses são mestres. Para quem não conhece as Natas da Nata Pura que convite?
O melhor que podemos fazer é convidar a provarem o nosso produto, e oferecerem o devido feedback através da nossa página do facebook – www. facebook.com/natapura ou pelo email info@natapura.com. Pela experiencia que fomos adquirindo ao longo deste ano, não há melhor convite do que a prova dos pasteis de nata NATA PURA, um produto verdadeiramente diferenciado do existente pela elevada qualidade dos ingredientes utilizados. Conforme referido anteriormente, em Portugal, o nosso produto só se encontra disponível de momento na cidade do Porto, na Casa de Chá de Serralves, sendo que muito em breve estará também disponível num local na cidade de Lisboa. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
INTERNACIONALIZAÇÃO – CRIAÇÃO DE VALOR
“Queremos afirmar a Região Centro” “O CEC tem apoiado de forma persistente o processo de internacionalização e de exportação. A informação necessária para encontrar o “como fazer e como agir”, como diminuir o risco e como encontrar os parceiros corretos, tem estado no centro das nossas preocupações”, esclarece José Couto, Presidente do CEC/CCIC - Conselho Empresarial do Centro/ Câmara do Comércio e Indústria do Centro, que, em entrevista à Revista Pontos de Vista, revelou alguns dos projetos em que a instituição se encontra envolvida em prol da afirmação da Região Centro. A Câmara do Comércio e Indústria do Centro foi criada em 1993. Que balanço pode ser feito destes cerca de 20 anos?
O Conselho Empresarial do Centro/ Câmara do Comércio e Indústria do Centro foi constituído em 1993 para ser o parceiro regional, como plataforma aberta e eficaz, transparente e rigorosa, de transferência de conhecimento, contactos e experiências, interlocutor para o desenvolvimento empresarial do Centro. Foi com esse objetivo que em 1992, na Figueira da Foz, mil empresários aprovaram a constituição do Conselho Empresarial do Centro. Aí os empresários foram claros pedindo ao Governo que cumprisse o seu papel, que procurasse cumprir os seus deveres e não descriminasse negativamente a região Centro. Só em 1997, passou a ser Câmara de Comércio e Indústria. O CEC/CCIC tem procurado a afirmação de uma estratégia regional e a concertação de vontades. O CEC tem procurado ser a voz das Empresas, dos Empresários e das suas Associadas – as Associações Empresariais – e não deixará de pugnar por o que considera o melhor para a Região: um território inovador, competitivo e exportador, com uma indústria inserida em cadeias internacionais de valor, capaz de gerar e fixar riqueza a partir do conhecimento e reter os seus talentos numa rede de cidades, que pelos seus equipamentos, serviços e ordenamento se destacam pela qualidade de vida. O CEC/CCIC lidera a Rede de Empreendedorismo e Inovação da Região. Qual a importância que isto tem? Qual tem sido o reflexo deste papel do CEC/ CCIC?
O CEC/CCIC tem como objetivo estratégico desde o ano 2000 estimular o empreendedorismo na Região. Assumiu essa preocupação, procurando estabelecer as parcerias adequada, capazes de promover uma atividade de apoio ao empreendedorismo. Criou uma Secção de Empreendedorismo e Incubação e estabeleceu as bases de entendimento para a constituída da RIERC – Rede de Incubação e Empreendedorismo da Região Centro – acolheu a rede de Business Angels da Região que entretanto deu origem a seis “empresas veículo” que estão a investir em empresas de empreendedores, estabeleceu um protocolo com as Universidades do Centro para a realização de um curso de Empreendedorismo de Base Tecnológica, que já vai na sua 7.ª edição nacional e na segunda com as Universidades de Castilla e Leon. Mais recentemente, promoveu a Rede de Mentores CEC. Deixe-me realçar a rede de 12 Incubadoras de Empresas sedeadas nesta Região de Portugal. A RIERC é hoje um instrumento
José Couto
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consolidado de política de desenvolvimento sustentável e afirma-se como espaço privilegiado de promoção do empreendedorismo, da inovação e da ligação aos centros de saber. Em que consiste o Projeto Mentor, do qual o CEC/ CCIC é promotor?
O mentoring é um instrumento complexo. A Rede de Mentores funciona como uma rede de conhecimento a que cada empreendedor o programa poderá aceder, conforme as suas necessidades e afinidades. O objetivo foi colmatar uma falha que estava identificada e encontrar processos de aceleração de empresas, isto é, apoio ao empreendedorismo durante e após a criação da empresa. Responde a uma necessidade de aconselhamento e de melhoria de condições para realçar competências dos empreendedores, ajudar a encontrar o caminho certo e evitar erros evidentes. Os mentores aportam ao projeto, ao negócio, os seus conhecimentos, a sua experiência e a sua agenda de contactos. Este projeto foi lançado em parceria com a Associação Industrial do Minho e é, atualmente, composta por 60 individualidades, empresários, consultores, gestores, académicos e outros profissionais de reconhecido mérito. Lançado há dois anos mas no terreno apenas desde o início do ano, pode já ser feito um pequeno balanço do mesmo?
Após uma fase de construção e validação do projeto, foi necessário encontrar personalidades que estivessem disponível para aceitar dar do seu tempo de lazer a este processo de acompanhamento e aconselhamento. Foi um processo mais difícil do que era esperado e necessitou de mais tempo do que era suposto à partida. No final do ano passado, abrimos uma candidatura para que fossem apresentadas candidaturas de projetos liderados por jovens empreendedores (entre 18 e 35 anos). Num período de pouco mais de mês e meio, aceitaram-se 119 intenções, potenciais candidaturas, entre Norte (AIM) e Centro (CEC), destas apenas 70 foram formalizadas. Após seleção, segundo os critérios previamente definidos foram validados para mentoring 22 projetos, dez do parceiro AIM e 12 do CEC. Quais as expetativas em relação a este Projeto Mentor para os próximos anos? Quais as metas que se pretende atingir com este projeto?
O objetivo é manter uma rede de 50 mentores na Região e ter 25 empresas ou projetos novos por ano, em processo de acompanhamento pela rede de mentores no Centro. Tendo em conta que o período de apoio pode durar em média 18 meses, por empresa, considera-se este número de mentores um objetivo. Este projeto não se limita há facilitação de um mentor, ele tem que ter continuidade para lá disso, consubstanciando-se na ligação ao apoio financeiro, no encontrar de um parceiro adequado ao desenvolvimento do negócio, na internacionalização, isto é, o ideal é mantermos um relacionamento que ajude um processo de consolidação.
O CEC/CCIC é também entidade acolhedora da Enterprise Europe Network. O que é que isto significa?
Significa a nossa grande preocupação de ajudarmos as PME a encontrarem oportunidades de negócio e de estabelecerem contacto com potenciais fornecedores e clientes internacionais. É dar a conhecer regras e legislação. É ajudar o processo de evolução e internacionalização. É as empresas terem interlocutores com formação capaz para esclarecer e ajudar a encontra soluções. É ter uma rede ao nível da Região Centro Qual tem sido o papel do CEC/CCIC na promoção da internacionalização e apoio às empresas portuguesas do centro do país nos processos de exportação?
O CEC tem apoiado de forma persistente o processo de internacionalização e de exportação. A informação necessária para encontrar o “como fazer e como agir”, como diminuir o risco e como encontrar os parceiros corretos, tem estado no centro das nossas preocupações. Um exemplo é o processo de formação. Os quase mil empresários que passaram pela formação do CEC, estão hoje mais capazes e sensíveis para as necessidades de encontrar mercados alternativos para a colocação dos produtos. A nossa função é ajudar as associadas, é facilitar o caminho. Sempre houve uma tradição exportadora no Norte e no Centro do país. Ainda assim, no que concerne as PMEs, urge mobilizar uma faixa cada vez maior para a fileira exportadora? As políticas públicas têm estado à altura deste desafio?
É necessário ter um nível mínimo de competitividade para poder vender ao exterior de forma consistente e consolidada, pressupõe ter práticas de melhoria contínua, de ganhos de produtividade que confiram vantagens relativamente aos concorrentes. Muitas das empresas procuraram as exportações, nos últimos anos, como alternativa à situação da economia nacional e conseguiram adequar as estruturas de custo às exigências dos mercados. Estão agora numa fase em que aumentar as vendas para o exterior significa investir, significa encontrar financiamentos, encontrar parceiros. O que não é um processo simples. Mas há ainda muito a fazer no processo de substituição de importações, o que pode ter uma ajuda 59
determinante por parte das políticas públicas, porque se uma empresa está em condições de satisfazer as necessidades de uma empresa que exporta então está competitiva, na maior parte das vezes, e pronta a encetar um processo de exportação. Mas os obstáculos de contexto são também uma forma de carregar os custos das empresas e só serão derrubados com a intervenção dos Governos. Os empresários têm feito a sua parte. Quais os principais desafios de desenvolvimento que as empresas, associações e a região centro enfrentam, atualmente, e qual a resposta do CEC/ CCIC a esses mesmos desafios?
A Região Centro tem que ganhar o desafio da produtividade e da captação de investimentos para o interior para aí manter a atividade económica e suster o processo de erosão demográfica. Esta é uma região que está longe da convergência, onde os fundos de coesão têm que fazer a diferença, quer no processo do reforço da competitividade e da produtividade das empresas, quer através da criação das condições e infraestruturas capazes de captar e acolher novos investimentos. É em dar resposta a estes desafios que estamos focalizados. Quais os vetores estratégicos que irá seguir nos próximos tempos? O que é que as empresas do centro de Portugal podem esperar de si?
A afirmação da Região Centro pela competitividade, inovação e criatividade, garantindo coesão e solidariedade territorial, é um objetivo prioritário. As apostas na inovação, na competitividade, nas qualificações e na produtividade são um imperativo para a afirmação e desenvolvimento das empresas e da região Centro. O CEC irá continuar a estabelecer redes, canais de comunicação e programas integrados de colaboração entre o sistema científico e tecnológico e o tecido empresarial da Região porque considera vital para o contexto da modernização do tecido empresarial. Procuraremos fazê-lo a par do reforço das qualificações dos empresários, do fomento do empreendedorismo e da fixação de investimentos, do reforço do papel de articulação do território no plano logístico nacional e da interação entre a esfera empresarial e a esfera de governança do território.
INTERNACIONALIZAÇÃO – CRIAÇÃO DE VALOR
A OPINIÃO DE Joaquim Nogueira de Almeida, Consultor
Foto: Diana Almeida
ARGÉLIA E A ARTE de ter mais tempo
"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." Fernando Pessoa
F
az tempo que pisei o solo argelino pela primeira vez, foi em junho de 2004. Esperava encontrar um país destroçado pela guerra civil, com pessoas traumatizadas e a suficiente insegurança na rua. Percebi que essa ideia préconcebida estava errada. Percebi é que o tempo aqui era outro. Tive a sorte, de ter sido recebido no aeroporto por um argelino casado com uma portuguesa o que fez toda a diferença para que o primeiro contacto tivesse um sabor meio lusitano. A simpatia discreta deste primeiro acolhimento permanece ainda hoje na minha memória como a forma mais cautelosa da receção tipica de uma sociedade acolhedora mas prudente. Vim à procura das possíveis oportunidades de negocio e ao dar os primeiros passos, de imediato apercebi-me que a Argélia em termos temporais era parecido com Portugal há 30 anos atrás. Fascinou-me a hipotese de poder reviver um tempo conhecido, mas agora com a vantagem de experiencia adquirida sobre esse tempo. Uma espécie de regresso ao passado. Também veio-me à memória outro tempo, contado pelo meu irmão, em que nos anos oitenta andou pela Argélia de bicicleta. Antes da guerra civil, antes também de Portugal ter a maior densidade de autoestradas do mundo, antes mesmo de termos uma Expo, uma Ponte Vasco da Gama, comboio na Ponte 25 de Abril, estádios do Taveira, mais que uma linha de Metro em Lisboa, televisão por cabo, telefone movel pré pago e um numero de Centros Comerciais de fazer inveja qualquer país da Europa. Nesse tempo, recordo ainda a narrativa do meu irmão quande se referia ao povo argelino como sendo gente extremamente acolhedora e calorosa, foi sem duvida uma experiencia muito agradavel de recordar. Depois, a guerra civil fez a Argélia recuar no tempo o que contribuiu para que Portugal se distanciasse ainda mais deste país que serviu de exilio a Manuel Alegre e de onde partiram as emissões da “A Voz da Liberdade” em onda curta da Radio de Argel, na luta contra a ditadura instalada em Portugal. Acabei por ir ficando e reviver em muitos aspetos um tempo que já tinha vivido. Havia (e há) tanto para fazer neste país. Concluí que a minha vantagem competitiva era a experiencia de já ter vivido o tempo que a Argélia estava a começar a viver, mas agora com muita mais experiencia do que há trinta anos atrás. Certamente com a vantagem de não se cometer os erros outrora experenciados. Enganei-me pela primeira vez sobre este tempo. Calculei erradamente porque esse tempo de atraso na Argélia era devido à conotação de país terceiro mundista. De país africano com um passado de uma guerra civil ainda vivo na memória coletiva. Mas este tempo era também o tempo necessário para olhar as coisas de uma outra forma. 60
Foto: Diana Almeida
“Descobri que na Argélia ter o tempo em nosso favor é sempre a melhor forma de negociar. O tempo é a forma de otimizar técnicamente e financeiramente todas as propostas e negócios. O segredo é aprender como ter o tempo em nosso favor. Como conseguir o tal tempo. O tempo de decisão é grande, demasiado para os nossos hábitos “ocidentais”, mas é o tempo necessário para escolher bem o modelo de negócio, de parceiro e preço. “doucement mais surement” é a explicação corrente para este tempo”
Comecei por comprender que em Argel o tempo para me deslocar de um lado para o outro era muito maior do que estimava. Programar reuniões era na melhor das hipóteses conseguir ter uma reunião de manhã e outra reunião à tarde. Um dia, consegui ter quatro reuniões fora do meu escritório no mesmo dia, o meu assistente argelino, ficou incrédulo. Comecei a perceber que a tolerância para os atrasos aos compromissos era de várias horas e que o trânsito era a desculpa ideal para todo o incumprimento de horários, incrumprimento de compromissos e muitas vezes até dum incumprimento de memória. Adaptei-me de tal maneira que dei por mim em Portugal a chegar às reuniões com quinze minutos de atraso em vez chegar com cinco minutos de antecedência como gosto de fazer. Descobri mais tarde que esta tolerância é uma forma de vida que convida ao convivio e às ligações emocionais, de que tanto se fala agora no mundo ocidental nomeadamente sobre o novo índice de “inteligência emocional”. Um encontro entre desconhecidos é um ritual de procura. Procura-se no tempo passado as origens, os antepassados, a família, os amigos, o local de nascimento e as atividades de cada um, esse ritual é o inicio do encontro de aonde a nossa rede de contactos consegue tocar a rede de contactos do outro. Uma expécie de “linkedin” tradicional, consolidado em muitos séculos de contactos comerciais na zona do Mediterrâneo. Esse tempo dispendido na procura de pontos comuns parece-nos a nós um tempo desnecessariamente longo, uma perda de tempo a falar aparentemente de banalidades ou até de futilidades. Incorreto. Este é o tempo necessário para estabelecer ligações que permitam a troca vantajosa, ou não, de conhecimento ou factos que potenciem algum beneficio, seja ele financeiro, de favores ou mesmo de oportunidades. É tambem o tempo de encontrar un circuito de contactos que possa validar a credibilidade do interlocutor. Sabendo que com tempo será quase sempre possivel encontrar alguns pontos em comum, este ritual é usado com muita frequência. Falar (ou se preferirem comunicar) horas a fio não é só um passatempo, é uma necessidade cultural para o avanço social e profissional. Afinal este tempo é uma outra forma, talvez até mais sábia e pelos vistos avançada de fazer contactos sociais e profissionais sem a necessidade do Facebook ou do Linkedin. Descobri também que na Argélia é importante e necessário saber esperar. Que o tempo necessário para cumprir um plano quinquenal é um múltiplo de cinco anos necessário para o fazer, e que a melhor forma de negociar é ter tempo. A segunda vez que me enganei com o tempo foi o de pensar que na Argélia o tempo era dinheiro, calculado em taxas de juros bancários
como ensinado nos MBA de gestão. Também é, mas essencialmente por uma burocracia que tarda a sair, por se agarrar ainda a um tempo de uma burocracia pesada, uma burocracia dependente de “à consideração superior”. Mas aonde me enganei mesmo, é que o tempo na Argélia é dinheiro e poder, não pela rentabilidade do dinheiro mas sim porque decidir sem pressas diminui o risco de engano e da perda de dinheiro. Descobri que na Argélia ter o tempo em nosso favor é sempre a melhor forma de negociar. O tempo é a forma de otimizar técnicamente e financeiramente todas as propostas e negócios. O segredo é aprender como ter o tempo em nosso favor. Como conseguir o tal tempo. O tempo de decisão é grande, demasiado para os nossos hábitos “ocidentais”, mas é o tempo necessário para escolher bem o modelo de negócio, de parceiro e preço. “doucement mais surement” é a explicação corrente para este tempo. Por fim, não posso deixar de referenciar o tempo que faz falta na Argélia. O tempo de ensinar um país que cresceu de aproximadamente dez milhões de cidadãos em 1960, para quase 40 milhões passados ciquenta anos. Na minha opinião não houve tempo de formar corretamente os professores que ensinaram os professores de agora. Isso reflete-se no nível de formação existente que a Argélia tenta aumentar com a multiplicação de esforços numa rede de universidades gingatesca e até na criação de um novo ministério, o da “formação profissional”. Não há tempo a perder nesta área. Igualmente de salientar que o tempo na Argélia é o da juventude. Um país em que cinquenta por cento da população tem menos de vinte e cinco anos, é uma realidade importante na análise estratégica do futuro na Argélia. Temos de pensar o que isso representa no que respeita às ambições e desejos de uma população que tem tanto para construir e que deseja rapidamente ser uma referência não só por ser o maior país de África mas que ambiciona ser um grande ator ao nível do Mediterrâneo e de África. O tempo na Argélia é inexplicavelmente intenso porque há muito a fazer, apesar de nessa intensidade haver sem duvida um tempo de decisão muito diferente do que estamos habituados. Quem quiser ter sucesso na Argélia tem de aprender a viver com esse tempo. 61
INTERNACIONALIZAÇÃO – CRIAÇÃO DE VALOR
internacionalização - aposta estratégica Da transformação do anterior Grémio dos Industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos do Sul, nasceu, em 1975, a ANEME (Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Electromecânicas), hoje sedeada no Pólo Tecnológico de Lisboa. Com o objetivo de dar a conhecer uma entidade que tem promovido os interesses das empresas associadas, fomentando a formação profissional e prestando um apoio incansável na internacionalização dos seus negócios, a Revista Pontos de Vista conversou com João Reis, Vice Presidente Executivo da ANEME. Quando é que foi edificada a ANEME e que balanço é possível efetuar do trabalho realizado pela instituição na promoção do setor e na defesa dos associados?
A ANEME é a herdeira do Grémio dos industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos do Sul, criado em 1961. Ao longo dos anos da sua existência, tem procurado defender os interesses das empresas do setor através da promoção da sua imagem e dos interesses, quer no plano interno quer externo. Tendo em vista cumprir essa função, está filiada na ORGALIME - European Engineering Industries Association, na CEEMET – Council of European Employers of the Metal, Engineering and Technology-based Industries, na CE-CPLP – Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, no CEMA – European Agricultural Machinery e na FEM – European Federation os Materials Handling. No plano interno, a ANEME está filiada na CIP – Confederação Empresarial de Portugal. O balanço de toda a
atividade desenvolvida, ao longo de mais de 50 anos, é positivo. São diversos os setores que, em Portugal, atravessam momentos difíceis. Qual a análise que faz sobre os setores de atuação da instituição? Que contrariedades e dificuldades ainda identifica?
A indústria metalúrgica e eletromecânica é um setor estratégico enorme. O seu peso na indústria transformadora ultrapassa os 30%. As exportações correspondem a mais de 50% do seu volume de negócios e a mais de 30% das exportações do país. Não obstante todos estes elementos estatísticos, as empresas do setor deparam-se com dificuldades de acesso ao crédito com constrangimentos vários ao normal desenvolvimento da sua atividade como sejam a morosidade da justiça; a dificuldade de obtenção de seguros de crédito à exportação; os prazos dilatados de pagamento de administração direta e indireta do Estado; a forte retração de procura em alguns dos setores de destino da sua produção e outros custos de contexto que contribuem para, de certa forma, constranger a atividade das empresas. A promoção da deslocalização da produção e a internacionalização das empresas são dois passos essenciais na atual conjuntura. Qual tem sido o papel da ANEME nesse sentido?
A ANEME tem promovido a realização de missões empresariais e a presença em feiras quer na Europa, mercados do Magreb, África Austral e América do Sul. Há um mês, a ANEME realizou uma missão ao Chile onde abordou a indústria mineira chilena que representará, nos próximos seis anos, investimentos de mais de 60 mil milhões de dólares, e que tem uma carteira de milhares de empresas fornecedoras. A ANEME foi a primeira associação empresarial a abordar este setor, tendo para o efeito realizado uma 62
João Reis
missão empresarial – que integrou empresas de vários setores de atividade – que se deslocou ao Norte do Chile (Antofagasta e Calama). Ao longo dos últimos 20 anos, a ANEME tem procurado ajudar as empresas nos seus esforços de internacionalização quer promovendo encontros empresariais entre unidades produtivas dos diversos países, quer criando condições para a deslocalização da sua produção (criação de um Centro de Formação da Metalomecânica em Maputo-Moçambique) e, também, fornecendo informação sobre os mercados (estudos de Levantamento e Caracterização das Empresas Industriais, em Angola, Moçambique, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe). Quais são os principais mercados procurados pelos vossos associados e quais os riscos associados à internacionalização? A ANEME tem a preocupação de aconselhar a apoiar todos os associados?
As empresas do setor procuraram abordar numa primeira fase os mercados onde havia uma relação de proximidade – Europa – e numa segunda fase os mercados onde predomina a língua portuguesa – Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe. Hoje, a atividade de internacionalização das empresas espraia-se pelo Globo, abrangendo os cinco continentes. Nos mercados africanos, na América Latina e na Europa, a ANEME tem procurado dar um apoio efetivo às empresas do setor metalúrgico e eletromecânico. Quais são os principais desafios de futuro da ANEME e dos respetivos associados?
Os desafios para a ANEME, no futuro, são consubstanciados em servir mais e melhor as empresas do setor, criando condições para que elas possam desenvolver melhor a sua atividade, criando emprego e contribuindo para o desenvolvimento do país. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
INTERNACIONALIZAÇÃO – CRIAÇÃO DE VALOR
“A SOFID é um parceiro de excelência no financiamento de projetos para Moçambique” Nos dias que correm, as exigências e necessidades dos denominados mercados globais assumiram um perfil de rigor e dinamismo extremamente elevados, sendo evidente que as empresas necessitam, para promover o seu processo de internacionalização, de parceiros, mecanismos e iniciativas que sejam eficazes e, acima de tudo, credíveis perante o mercado internacional e os países de crescimento e desenvolvimento emergentes, como é, por exemplo, Moçambique.
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tenta às dinâmicas da internacionalização e dos apoios existentes atualmente, a Revista Pontos de Vista foi conhecer a SOFID, um player de relevo e enorme sucesso em Portugal e não só, e que se tem assumido como a «solução» para colmatar uma falha de mercado, sendo um parceiro estratégico no apoio ao tecido empresarial, mais concretamente junto das PME’s. Mas como se deu a edificação da SOFID? É legítimo assumir que a Sociedade surgiu no sentido de colmatar uma lacuna evidente e que levou a que o Estado português, em conjunto com os quatro principais bancos portugueses, criasse a mesma, tendo como desiderato primordial prestar o apoio legítimo e necessário às empresas lusas que tivessem como fito apostar na internacionalização em países considerados emergentes ou em mercados em vias de desenvolvimento. É importante salientar que estes mercados possuem, naturalmente, características distintas, pois além das particularidades comuns aos mercados com potencial de crescimento elevado, apresentam anda níveis de risco elevados, perpetuando na banca tradicional algum receio em apoiar as marcas portugueses que pretendam internacionalizar-se. É desta forma que surge o conceito da SOFID, Instituição Financeira de Desenvolvimento Portuguesa, em 2007, com o objetivo de contribuir para o crescimento económico de países emergentes e em vias de desenvolvimento, articulando com os desideratos e a estratégia do Estado português em matéria de economia, cooperação e ajuda pública ao desenvolvimento A Revista Pontos de Vista conversou com Francisco Almeida Leite, Administrador Executivo da SOFID e ex Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação do presente Governo , à frente dos destinos da instituição desde novembro do ano transato. Nesta conversa ficamos a conhecer como tem sido fomentado um maior desenvolvimento e agilização da orgânica da marca em prol de uma filosofia que tenha na SOFID a excelência de um parceiro. Escusando-se a abordar a atuação da anterior administração, Francisco Almeida Leite acredita que 2014 será um ano bastante positivo para a SOFID, bastando para isso olhar para os dados e números da marca desde a sua criação, ou seja, 2007. “Vamos aprovar seis novos projetos até ao final de julho. Considerando que a SOFID tem 11 projetos aprovados desde a sua criação, perce-
be-se que a nossa dinâmica tem sido muito forte e positiva”, revela o nosso interlocutor. Fundo InvestimoZ Mas está a SOFID somente direcionada para apoiar projetos para Moçambique? Existem outros destinos que façam parte do leque estratégico da marca? Naturalmente que a SOFID não aposta apenas no mercado moçambicano, embora, seja este o destino primordial, pois cerca de 60% dos projetos financiados pela SOFID têm como rumo Moçambique. “Mas temos outros focos, como Angola, Brasil, México, no Norte de África – Marrocos e Argélia e outros países da 63
CPLP. Podemos dizer que temos uma carteira vasta e sólida, sendo que a maioria dos projetos é destinado a Moçambique”, assegura o Administrador Executivo. Como? Através do Fundo InvestimoZ – Fundo Português de Investimento em Moçambique, que embora tenha sido lançado em 2010, apenas ficou operacional em 2011, e tenha estado estagnado durante três anos, algo que mudou com a entrada da nova administração da SOFID, em meados de novembro de 2013. O que mudou no domínio do InvestimoZ? “Acima de tudo conseguimos flexibilizar o fundo e realizamos a primeira operação e contratação de um projeto na vertente turística, mais concretamente um empreendimento hoteleiro localizado em Maputo, no valor de 13 milhões de euros, em que o financiamento da nossa parte cifra-se nos dois milhões de euros”, revela Francisco Almeida Leite. De salientar que a SOFID tem ainda mais cinco projetos em vias de ser contratados, panorama que demonstra a dinâmica imposta em relação ao InvestimoZ, que não é um fundo de financiamento direto, mas de investimento de participações de capital social. Este período de estagnação do fundo foi cessado fruto da relação entre a Administração da SOFID, do Governo português e moçambicano. “Este fundo é uma compensação por Cabora Bassa, em que os dois Governos decidiram encontrar uma forma de ter contrapartidas positivas e esta foi extremamente bem pensada, pois beneficia ambos os países, bem como os respetivos tecidos empresariais”, esclarece o nosso interlocutor, continuando, “através deste fundo, que está no tesouro português, com cerca de 94 milhões de euros, vamos financiar empresas portuguesas para Moçambique, não podemos financiar para outros países, bem como empresas moçambicanas ou parcerias luso-moçambicanas”. De referir que o InvestimoZ e a SOFID estão preparados para financiar todos os setores, à exceção da denominada área especulativa do imobiliário. Se numa fase inicial o investimento estava mais direcionado para a vertente das energias renováveis, este modelo foi alterado, passando a ser canalizado para todos os domínios do tecido produtivo, indo ao encontro da missão da SOFID, ou seja, apoiar projetos que promovam e criam emprego e que fomentam o desenvolvimento sustentável em países emergentes, neste caso Moçambique. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
INTERNACIONALIZAÇÃO – CRIAÇÃO DE VALOR
A OPINIÃO DE Miguel Frasquilho, Presidente da AICEP
Portugal Global: sustentar o crescimento
Portugal tem hoje uma economia mais aberta ao Mundo e com empresas de qualidade que procuram cada vez mais mercados. Com um único objetivo: vencer!
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emos um tecido empresarial cada vez mais dinâmico, com empresários muito determinados e confiantes, empresas muito qualificadas e com uma enorme vontade de mostrar ao Mundo do que são capazes. Cada vez mais os nossos empresários procuram Mercados com crescimentos económicos dinâmicos, onde possam colocar os seus produtos. É nesse sentido que a AICEP tem vindo a trabalhar, como é ilustrativo o crescimento das exportações portuguesas de Bens e Serviços que ascenderam a 16 137 milhões de euros no 1º trimestre de 2014, que representa um aumento de 3,1% face ao período homólogo de 2013. É preciso acreditarmos no nosso País e nas empresas e empresários portugueses. Hoje Portugal é um País com setores proeminentes com potencial de desenvolvimento (Automóvel; Aeronáutica; TIC; Saúde, Farmacêutica e Ciências da Vida; Agricultura, Pescas e Agroindústria; Petroquímica e Química; Exploração mineira; Têxteis, Vestuário, Calçado e Moda; Materiais de Construção; Floresta, pasta de papel e papel; Moldes; Fabricação de produtos metálicos; Energias renováveis; Turismo; Business Services). Este retrato é bem elucidativo das potencialidades que as empresas portuguesas têm para vencer em qualquer ponto do Mundo. E o Mundo olha para as nossas empresas como empresas credíveis, mais competitivas, e a economia portuguesa é já hoje reconhecida como uma economia mais sustentável e mais integrada na economia global. Sim, sabemos que muito está, ainda, por fazer – mas creio serem inegáveis os progressos que foram alcançados. Portugal é um país que oferece um sistema científico e universitário de qualidade, redes de infraestruturas de telecomunicações e logística de topo, e uma ampla gama de fornecedores e empresas de referência. Hoje estamos totalmente comprometidos em aumentar a competitividade e estimular o crescimento económico de forma sustentável para a promoção do emprego. Este desígnio nacional alcançará mais rapidamente o sucesso quanto maior for a capacidade das nossas empresas vencerem no Mundo Global. Num ambiente de crescente concorrência a nível internacional, as dificuldades para que as empresas iniciem e consolidem o seu processo de internacionalização continuam a existir. Daí que seja fundamental um esforço
concertado entre as empresas, as suas associações e a AICEP para que os negócios internacionais das nossas empresas continuem a ter um contributo positivo para uma recuperação sustentável da economia portuguesa. Numa pequena economia aberta como Portugal, as naturais limitações do mercado interno conferem à atividade exportadora das empresas um papel fundamental na criação anual de riqueza. A AICEP tem desenvolvido ao longo dos últimos anos um papel reconhecidamente muito importante na transformação económica de Portugal. A Agência, quer internamente, quer através da rede externa, tem um conhecimento da economia real nacional e mundial que constitui uma enorme mais-valia. E isso permite-nos ter uma visão global das oportunidades que existem para as empresas portuguesas no mercado mundial, bem como as oportunidades que a economia portuguesa oferece aos investidores estrangeiros. Numa pequena economia como a nossa, que se abre cada vez mais ao mundo, a AICEP é um parceiro indispensável na captação de investimento para o nosso país, seja ele estrageiro ou nacional, uma vez que pode acompanhar os investidores em todos os seus contatos com a Administração Pública e facilitar, assim, todo o processo de investimento. E tem, de forma integrada, um papel essencial no apoio à expansão internacional da atividade das empresas portuguesas, posicionando-nos nesta economia Global como um parceiro empresarial único, quer em Portugal, quer no Mundo. De facto, a AICEP, tanto a nível interno como externo (através da rede externa e em estreita cooperação com as missões diplomáticas), ajuda a identificar oportunidades e facilita o relacionamento com empresas e entidades públicas e privadas. Do lado da AICEP o compromisso é continuar a fazer tudo para potenciar novas oportunidades de exportação para as empresas nacionais. Estou certo que com o empenho, a vontade de vencer dos nossos empresários e o apoio da AICEP teremos uma evolução do investimento que permitirá sustentar o crescimento das nossas exportações e, dessa forma, potenciar valor acrescentado para Portugal. É fundamental continuar a confiar no nosso tecido empresarial, ao qual a AICEP se associa na identificação de oportunidades para fazer crescer as nossas empresas e tornar Portugal cada vez mais Global. 64
LOGÍSTICA E GLOBALIZAÇÃO
A OPINIÃO DE Fonte Autorizada da APAT – Associação dos Transitários de Portugal
As empresas Transitárias na Logística Global
A afirmação “não há comércio sem transportes” traduz uma profunda realidade e torna-se cada vez mais atual e mais evidente na era da globalização que vivemos. Na verdade, a globalização da economia só e possível desde que haja transportes eficientes que permitam aos produtores colocarem as suas mercadorias nos locais de consumo mantendo intacta a sua qualidade, aos melhores preços e dentro de prazos razoáveis. Ora, quanto mais o comércio foi crescendo e expandindo os seus mercados, mais o setor dos transportes precisou se adaptar às novas exigências de modo garantir uma distribuição eficiente e segura das mercadorias.
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por demais conhecido devido às suas condições naturais para ser um grande porto de transhipment e pela atratividade que a sua localização oferece como porta de entrada na Europa para navios pós-panamax que, rota leste – oeste passarão a circular pelo canal do Panamá após a conclusão das obras de alargamento no final de 2015, a sua ligação ferroviária às redes trans-europeias de transporte seria uma enorme alavanca de desenvolvimento do nosso país, podendo competir vantajosamente com os mais importantes portos europeus. Também seria importante, na nossa perspetiva, que o PET III elencasse investimentos nas infraestruturas aeroportuárias de carga, por forma a dotá-los de equipamentos de rastreio de última geração que permitissem a entrega mais célere das cargas destinadas ao transporte aéreo, por forma a ultrapassar os enormes constrangimentos resultantes da falta de meios adequados que se verificam em resultado do cumprimento das regras de segurança “ security” , situação que atualmente provoca enormes problemas aos exportadores nacionais que utilizam este meio para as suas exportações, com o frequente desvio destas cargas para outros aeroportos europeus melhor apetrechados, donde resultam graves prejuízos para a economia nacional. A concluir, espera-se que os nossos responsáveis políticos transponham para a realidade concreta uma visão clara daquilo que é mais importante para o país no domínio de uma politica integrada de transportes, que se traduza numa estratégia de longo prazo e que venha a permitir, aos diversos players da área dos transportes, estabelecerem ações adequadas para a execução das suas próprias politicas de desenvolvimento e investimento, para que o pais possa crescer e oferecer aos cidadão a qualidade de vida e as oportunidades de bem-estar a que todos aspiram.
s operadores que nos locais de produção e nos locais de consumo asseguram a logística de todas as operações da cadeia do transporte necessárias para que as mercadorias cheguem convenientemente aos seus destinos são, sem sombra de dúvida, os transitários, durante muitos anos conhecidos comos os “Arquitetos do Transporte” e modernamente como fornecedores de serviços logísticos. Em Portugal a eficiência da cadeia logística enquadrada pelas empresas transitárias, tem permitido ganhos de sustentabilidade acrescidos sem os quais o incremento das nossas exportações sobretudo nos recentes anos de crise económica em que o país tem estado mergulhado, não teria tido a expressão que foi conseguida. O nosso setor tem vindo a crescer em valor e em postos de trabalho, apresentando-se como parceiro dinâmico estratégico na internacionalização da nossa economia, estimando-se que empregue mais de 5.000 trabalhadores em postos de trabalho diretos e atinjam um volume de vendas anual superior a mil e seiscentos milhões de euros. Os transitários têm sido nos últimos anos, e em nosso entender, uma alavanca de progresso nas trocas comerciais do nosso país não só por conseguirem oferecer eficientes soluções de transporte aos exportadores, como inclusive por lhes apontarem novos mercados para as suas mercadorias, de que são exemplos o norte de África e o Médio e Extremo Oriente. Porém, para que haja um crescimento sustentado no futuro em toda a cadeia do transporte, torna-se necessário que as propostas do PET III concretizem os investimentos elencados, dando especial enfoque às ligações ferroviárias em bitola europeia, ás redes transeuropeias de transporte, em especial no que respeita á ligação dos portos de Aveiro e Sines. No que respeita a este último porto, cujo potencial de desenvolvimento é 65
LOGÍSTICA E GLOBALIZAÇÃO
“Em dois anos conseguimos quintuplicar os volumes” Com cerca de três décadas de existência e presença em mais de 190 países, a Olicargo é hoje uma das grandes referências no setor dos transitários. Através da network internacional, a empresa é representada por mais de 4000 escritórios em todo o mundo. Além disso, já abriu portas em Angola, Moçambique e África do Sul. 2014 ficará marcado pela abertura em França e, de acordo com as expetativas e previsões da empresa, também na China, assim como pela aposta e especialização na área da logística e pela inauguração das novas instalações na Trofa com mais de 70 mil metros quadrados. A expansão internacional surge como o reflexo da jovialidade e audácia da gestão de Miguel Gonçalo Silva e Paulo Salgado. Quando adquiriram a empresa, em 2011, a faturação era de três milhões e meio. No ano passado, só na Olicargo Portugal, ultrapassou os 15 milhões de euros. “Em dois anos conseguimos quintuplicar os volumes”, orgulha-se Miguel Gonçalo Silva, em entrevista à Revista Pontos de Vista.
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012 foi um ano decisivo na Olicargo e de profunda mudança, com alteração da estrutura da empresa. O anterior sócio encontrava-se numa situação em que não tinha sucessor para dar continuidade à empresa e é nesse contexto que Miguel Gonçalo Silva e Paulo Salgado decidem adquirir a Olicargo. Ainda que os resultados na altura já fossem interessantes, era uma empresa com menos de 20 colaboradores, que operava exclusivamente a nível nacional e “estava, de certa forma, desatualizada e desadequada à realidade dos dias de hoje. No entanto, tinha alicerces para poder crescer e assim foi. “Aventuramo-nos em janeiro de 2012 e os primeiros seis meses foram de conhecimento da própria organização para no segundo semestre começarmos a atuar efetivamente. Estes dois anos e meio foram bastante importantes porque, a nível nacional, acabámos por ir buscar pessoas de diversas áreas que foram muito importantes para o crescimento da empresa e nos ajudaram a promover e afirmar ainda mais a nossa marca. Pessoas jovens, com formação, vontade de crescer e agarrar novos projetos. Além disso reestruturámos totalmente a empresa e iniciámos o processo de internacionalização, com principal ênfase no mercado africano”, explica Miguel Gonçalo Silva. Novos mercados Angola foi o primeiro mercado em que entraram, estando hoje presentes em Luanda e no Lobito, com uma atuação que incide sobre as mais variadas indústrias, entre as quais se destaca o setor petrolífero. “Tivemos a felicidade de entrar neste setor, o que nos dá uma visibilidade muito grande”, afirma. Também os setores da construção, bens de consumo, automóvel, energia, bens perecíveis e matérias perigosas assumem um peso considerável. Seguiu-se a Olicargo Moçambique como mais um passo natural na estratégia de expansão e internacionalização do grupo. A presença neste mercado emergente e de grande relevância no panorama mundial faz-se atualmente através de três escritórios, em Maputo, na Beira e em Nacala. Por fim e porque o mercado africano é de facto uma aposta prioritária na Olicargo, foi altura de abrir portas em Cape Town, na África do Sul. Este mercado constitui-se como uma base para o fornecimento de projetos industriais da África Subsariana e, por isso, a opção de expansão para o mesmo foi estratégica. Geograficamente, por se encontrar no extremo sul do continente africano,
Miguel Gonçalo Silva
oferece fácil acesso tanto para leste como para o oeste de África, seja por mar, terrestre ou via aérea. Além disso, a exploração bem sucedida na África Subsariana tem resultado no aumento da atividade de petróleo e gás na região e a África do Sul está bem posicionada para servir como permanente hub na prestação de serviços e conhecimentos de petróleo e gás em África. “Uma vez que o mercado europeu está lotado de empresas concorrentes, procurámos investir em novos mercados que nos permitissem crescer, numa altura em que a Europa continua a atravessar uma longa crise. Por várias razões, nomeadamente o passado e a língua, acabámos por criar fortes ligações com Angola e Moçambique. Marcámos presença ainda em África do Sul, com sede em Cape Town. Este ano vamos inaugurar a nossa empresa em França, estando já em fase de recrutamento e, muito provavelmente, abrir tam66
bém na China, por forma a criar um triângulo entre Portugal-China-Angola”, afirma Miguel Gonçalo Silva. Novos serviços Sair da zona de conforto, explorar ao máximo e continuamente o potencial de crescimento e desenvolvimento, ir mais além, investir, inovar e arriscar é a postura que assume a nova gestão da empresa. Como tal, além da internacionalização, também a diversificação das áreas de atuação foi essencial ao crescimento em flecha que a Olicargo registou nos últimos dois anos. “A Olicargo sempre foi muito conhecida pelo transporte aéreo, mas quando entrámos para a empresa diversificámos para as outras áreas. Criámos um departamento de importação marítima, dentro do qual trabalhamos com clientes de grande referência no mercado. Além disso,
A opinião de Miguel Gonçalo Silva quanto ao Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas (PETI3+) para o Horizonte 2014-2020 De um modo geral, o “crescimento”, a “competitividade” e a “coesão” de que falam estarão à vista com este novo Plano Estratégico? Foi de facto muito importante esta iniciativa tomada pelo governo. Penso que conseguiram identificar as principais lacunas e elencar um conjunto de investimentos necessários para o desenvolvimento da atividade. Há uma intenção clara na multi-modalidade e inter modalidade na aproximação de todos os meios de transporte. De qualquer forma é fundamental que os projetos se concretizem e que não fiquem esquecidos numa gaveta até que possam vir a ser alterados com uma eventual mudança do governo! Através da criação do Grupo de Trabalho para as Infraestruturas Estratégicas de Valor Acrescentado (GTIEVAS), serão analisadas as reais necessidades do país no que diz respeito às infraestruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias e de logística. Que necessidades espera ver colmatadas? Atualmente, no plano rodoviário, a conclusão da obra do IP4 é uma prioridade, não só para o desenvolvimento de diversas regiões, mas também para a própria segurança rodoviária. A manutenção das infraestruturas não deverá ser igualmente descurada. A ferrovia precisa de facto de uma reestruturação completa das linhas. Penso que de todos os meios de transporte é aquele que se apresenta numa condição mais obsoleta. Tendo em conta as potencialidades da nossa costa, deveríamos ser o primeiro porto de entrada a nível europeu e o último na saída. Com uma ferrovia mais forte, potenciaremos a própria ferrovia e consequentemente o transporte marítimo. Ao nível portuário gosto sempre de realçar o Porto de Leixões que é, de facto, um exemplo a nível nacional. O investimento contínuo permitiu a sua modernização e crescimento, batendo recordes todos os anos no número de TEUS transportados. Está ainda em fase de conclusão o terminal de passageiros que irá permitir promover e desenvolver ainda mais o Grande Porto. Em contrapartida, temos o Porto de Lisboa que vive refém das constantes greves dos funcionários. O Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas engloba 59 projetos, a maioria ligada aos setores ferroviário e portuário. No seu entender, que lacunas persistem? São de facto dois setores importantes e que atualmente se apresentam bastante carenciados. Tão importante como promover estes projetos será criar apoios extraordinários e condições para que as empresas exportadoras se desenvolvam. Não basta termos excelentes infraestruturas se depois não as pudermos utilizar por fatores como o elevado valor das Scuts, portagens e outras taxas. Encaramos sempre de forma muito negativa o facto de estarmos na periferia da Europa. Vemos este fator como um aspeto terrível para as exportações do país, acabando por desaproveitar o potencial da nossa costa, assim como da criação de um hub para os voos intercontinentais, isto já sendo “sonhador”. Sublinho uma vez mais que a nossa localização permitiria que Portugal fosse o primeiro país na entrada das mercadorias e passageiros na Europa e o último na saída, nomeadamente para os Continentes Americano e Africano. O investimento público em infraestruturas e transportes tem sido crucial para potenciar o crescimento e o desenvolvimento económico das regiões. Neste domínio, Portugal conseguiu abandonar com mestria a imagem de um país atrasado para um país modernizado, esbatendo as assimetrias regionais? De facto, em termos de infraestruturas rodoviárias, devemos ser dos países mais evoluídos da Europa, se não mesmo do mundo. Com exceção da obra IP4 no túnel do Marão que, de facto, é uma obra de grande urgência na ligação do Porto a Bragança. Hoje chegamos com facilidade a Chaves em 1h30m, a Vilar Formoso em 2 horas. Em contrapartida, ao nível da ferrovia, as linhas estão completamente obsoletas e acabam por afastar o litoral do interior!
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adquirimos uma empresa bastante conceituada no transporte terrestre na Europa, fizemos a alteração da sua denominação social para Olicargo Europe e, desta forma, conseguimos oferecer ao cliente carga aérea, marítima e terrestre”, afirma. Mas porque existem cargas que devido à sua dimensão ou peso necessitam tratamento especial, a Olicargo desenvolveu um departamento exclusivamente dedicado a este tipo de necessidades, composto por uma equipa especializada nesta vertente de projetos. “Esta é uma área de grande importância dentro da empresa. Através do departamento de Project Cargo, onde nos especializámos nos últimos anos, proporcionamos aos clientes soluções à medida para a organização do transporte de peças que pelas suas características especiais parecem à partida impossíveis de ser exequíveis”, orgulha-se. Neste âmbito e a título de exemplos, foi a Olicargo que organizou o transporte de toda a estrutura metálica para o Estádio de Manaus e para o Estádio do Rei na Arábia Saudita. O primeiro ocupou quatro navios completos e o segundo cerca de 28.200 m3. Neste momento, está a ser desenvolvido o projeto de transporte da maior prensa fabricada a nível mundial, com mais de 700 toneladas em que toda a organização de transporte até à Noruega está a ser desenvolvida pela Olicargo. Novas instalações O grupo acaba de adquirir também uma nova plataforma na Póvoa de Santa Iria, com uma área global de mais de 45.000 m2 e infraestruturas de excelência para o desenvolvimento da área logística. Além disso, está a construir a futura sede da empresa na Trofa, um investimento igualmente pensado com especial enfoque nesta vertente. Reunindo infraestruturas inovadoras e adequadas, recursos humanos qualificados, processos certificados e know how, a Olicargo irá assim oferecer ao mercado as melhores soluções otimizadas de logística. Através do desenvolvimento interno de sistemas de informação à medida, a empresa conseguirá controlar com eficácia todas as etapas de uma mercadoria dentro do armazém, desde a receção à expedição e distribuição. Para tal, será utilizada tecnologia avançada por rádio frequência, permitindo uma correta identificação por código de barras. Estas operações podem ser realizadas nos armazéns da Olicargo, como no armazém dos clientes. Quanto às novas instalações, Miguel Gonçalo Silva afirma: “é uma grande aposta nossa! Iniciámos este projeto de construção em pleno período de crise e esperamos criar uma obra de referência. Trata-se de um edifício de beleza invulgar que privilegia os materiais made in Portugal, com principal destaque para a cortiça. Aproveitámos também o facto de estarmos localizados para a frente da A3, num troço que é o segundo com maior tráfego no Grande Porto. Esta aposta visa sobretudo a criação das melhores condições de trabalho para os nossos colaboradores, para o desenvolvimento da Logística e para divulgação e afirmação crescente da nossa marca”.
DIA INTERNACIONAL DO COOPERATIVISMO
A OPINIÃO DE Carla Espada, Assessora da Direção da Mútua dos Pescadores
Cooperativismo – Porque sim! “We workers can take our destiny in our hands” (Unión Solidaria de Trabajadores, Cooperativa de Trabalho, Argentina)
A “degradação ambiental e esgotamento de recursos, um setor financeiro instável, uma crescente desigualdade, crescentes disparidades na governança global, uma geração jovem privada dos seus direitos” e sonhos e a “falta de confiança nas organizações políticas”, são algumas das tendências globais detetadas atualmente pela ACI. Novos movimentos sociais, tais como o “Movimento 12 de março”, “Que se Lixe a Troika - Queremos as Nossas Vidas”, “Los Indignados” ou o movimento mundial “Occupy” são alguns exemplos da contestação e do desencanto, nomeadamente nos mais jovens e da necessidade de não deixar de lutar em conjunto. Neste contexto, a cooperação continua a ser a solução, a forma de enfrentar a acumulação de poder, a alienação individual e de lutar pela construção de uma sociedade justa e equitativa. As cooperativas unem as pessoas para, em conjunto, partilhando ideias, recursos, benefícios, custos, agirem por si próprias, satisfazerem necessidades comuns, darem respostas inovadoras a problemas sociais. São detidas e geridas democraticamente pelos seus membros, permitindo que sejam eles próprios, com autonomia e independência, a contribuir para o sucesso da sua atividade.
As Cooperativas nasceram em meados do Século XIX, em plena Revolução Industrial, nas zonas mais desenvolvidas da Europa, com destaque para a Inglaterra, como forma de reação da população contra a pobreza, más condições de vida e de trabalho que assolavam a classe operária de então.
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Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale, uma cooperativa de consumo fundada em 1844, em Inglaterra, está na base do atual movimento cooperativo, tendo afirmado pela primeira vez o conjunto de princípios de cooperação que são a base histórica dos atuais sete Princípios Cooperativos, acolhidos pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e por cooperativas em todo o Mundo. A cooperação, ou seja, a união de vários esforços individuais para, em conjunto (“um por todos e todos por um”), procurar satisfazer necessidades individuais comuns, tais como, o acesso a bens e serviços a preços justos, criar condições de trabalho condignas e uma sociedade mais justa, foi a solução encontrada pelos pioneiros cooperativos.
Alguns números… Em todo o mundo, em mais de 100 países, existem acima de 800 milhões de membros dos mais de 2 milhões de cooperativas, que dão trabalho a mais de 100 milhões de pessoas, de acordo com dados da ACI. Em Portugal, O Valor Acrescentado Bruto (VAB) - o resultado da atividade produtiva - gerado na Economia Social em 2010 representou 2,8 por cento do VAB nacional. As cooperativas deram origem a 17,5 por cento do VAB da economia social, segundo dados da Conta Satélite da Economia Social. A pesca, agricultura, seguros, crédito, comércio, solidariedade social, habitação, artesanato, produção industrial, atividades criativas, ensino ou cultura são apenas algumas das muitas atividades desenvolvidas pelas cooperativas, em Portugal e no mundo.
O Mundo atual… O mundo mudou e as necessidades das populações também se alteraram. Vivemos num mundo globalizado, consumista e controlado pelos sistemas financeiros. Através dos modernos meios de transporte, competição no mercado e Internet, a falta de acesso a bens e serviços foi substituída, em muitos casos, por uma ampla gama de escolhas, mas também pelo individualismo, desencorajando a participação cívica.
A Mútua dos Pescadores – Mútua de Seguros C.R.L É o único segurador português sob a forma de cooperativa de utentes de seguros, com mais de 70 anos de atividade e especialista em seguros para o setor do mar, nomeadamente para a pesca profissional, onde é líder de mercado, mas também para a marítimo-turística, onde é igualmente líder de mercado, náutica de recreio e outras atividades marítimas. Além disso, oferece uma plataforma de seguros para as entidades da economia social. Desenvolve a sua atividade económica, tendo subjacente uma visão social do seguro, disponibilizando seguros socialmente inovadores, capazes de responder aos riscos enfrentados pelos seus cooperadores e intervindo nas comunidades que serve, tendo em vista o seu desenvolvimento social, económico e cultural. Os sete princípios cooperativos: 1. Adesão voluntária e livre: são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas 2. Gestão democrática pelos membros: são geridas e controladas democraticamente pelos seus membros (“uma pessoa, um voto”) 3. Participação económica pelos membros: são estes que contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente 4. Autonomia e independência: são organizações autónomas de entreajuda, controladas pelos seus membros, sem interferências 5. Educação, formação e informação: promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos, dos dirigentes e dos trabalhadores 6. Intercooperação: dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais 7. Interesse pela comunidade: trabalham para o desenvolvimento sustentável das suas comunidades
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