PME EXCELÊNCIA – AS MELHORES EM DESTAQUE
Pontos Vista Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacional e não pode ser vendido separadamente
FEVEREIRO 2015 / EDIÇÃO Nº 42 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros
Liberty
Seguro em Todos os Sentidos pág. 72
Taper
Portugal 2020
Uma referência em Oftalmologia
pág. 40
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LIDERANÇA NO FEMININO – O TEMPO DAS MULHERES
Um Dig ação m or f Trans
Antonio Raab
Diretor Geral da Hilti, em grande entrevista, afirma:
Fotografia: Rui Bandeira / Imagem e Marca
Sociedade Ponto Verde – 18 anos de Sucesso
de
“Preferir Hilti é escolher um excelente parceiro, é optar por uma empresa que cumpre os seus objetivos, QUE segue uma linha estratégica e que coloca as pessoas pág. 30 em primeiro lugar”
Em destaque
Índice DE TEMAS
10 GAMEIRO e associados Catarina Gomes, Advogada na Sociedade “Gameiro e Associados” esclarece algumas dúvidas acerca do Programa de Financiamento às Exportações (PROEX) que consiste numa iniciativa do Governo Federal do Brasil de apoio às exportações brasileiras de bens e serviços.
14 CVRA Criada em 1989, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana promove os Vinhos do Alentejo no mercado nacional e em determinados mercados internacionais estratégicos. Conheça esta conversa com Dora Simões, Presidente da Direção da CVRA.
44 colégio D. Duarte Ana Veiga e João Paulo Frada dois elementos da Direção Pedagógica do Colégio D. Duarte, abordam a última problemática sobre a Educação. Rankings e sucesso escolar: uma questão complexa. Saiba mais.
50 DENISE LESTER
58 AIGLE AZUIR
Numa conversa com Ana Maria Nunes, Membro da Direção Pedagógica Colegial do Q.E.S., é percetível que a aliança duradoura entre dois países de “navegadores, de descobridores” (Portugal e Reino Unido) continua a orientar os destinos desta instituição.
A Aigle Azur é uma companhia aérea francesa que voa há quase 70 anos e cuja maior prioridade é o cliente para a qual Portugal continua a ser um destino de eleição. Saiba mais nesta entrevista com Tiago Martins, Diretor Comercial Adjunto da empresa.
FICHA TÉCNICA Propriedade, Edição, Administração e Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Administração – Redação – Depº Gráfico Rua Rei Ramiro 870, 5º A 4400 – 281 Vila Nova de Gaia Telefone/Fax +351 220 926 879 Outros contactos +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.horizonte-de-palavras.pt www.facebook.com/pontosdevista
6 – Propriedade Industrial 8 – Direito Laboral 10 – Direito – Internacionalização 12 – Liderança no Feminino 30 – Tema de Capa 34 – Saúde Oral 36 – Acidente Vascular Cerebral 38 – Urgências Hospitalares 40 – Oftalmologia – Área da Retina 44 – Educação Desvirtuada? 46 – Educação de Valor 48 – Relações Bilaterais Portugal – Reino Unido 54 – Economia Verde 55 – Relações Bilaterais Portugal – França 60 – Marcas de Valor 62 – Relações Bilaterais Portugal – Brasil 65 – Outsourcing – Desafios 2015 68 – SPVerde – 18 anos de sucesso 70 – Consultoria e Segurança Informática 72 – Seguros – Acidentes de Trabalho 74 – Construção Metálica/Construção Modular 77 – Portugal 2020 87 – PME Excelência 94 – Desenvolvimento Regional 96 – Marcas que Contam 97 – Laticínios de Qualidade
Impressão Lidergraf - Sustainable Printing Distribuição Nacional / Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 NIF: 509236448 ISSN: 2182-3197 Dep. Legal: 374222/14 Distribuição Nacional gratuita com o Jornal Público DIRETOR: Jorge Antunes DIR. INFORMAÇÃO: Ricardo Andrade PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Andreia Azevedo | Sara Soares | Rita Duarte Colaboração especial: Sandra Arouca
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PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial
DIREITOS DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL O Restabelecimento e a Revalidação
1 • O “Parecer” da Câmara Corporativa sobre a proposta de lei relativa à Propriedade Industrial tocou pontos com o maior interesse, entre os quais o delicado problema do pagamento das taxas dos vários direitos privativos que não tinha sido efetuado dentro dos prazos estabelecidos, provocando a sua caducidade. O “Parecer”, como já foi dito em anteriores artigos, é de 1937 e o novo Código foi publicado em 1940 – decreto nº 30.679, de 24 de agosto – nos termos da lei nº 1972, de 21 de junho de 1938, conhecida por Lei da Propriedade Industrial. 2 • No Código de 1940 foram incluídas as sugestões da Câmara Corporativa relativamente às taxas – com redação ligeiramente diferente, depois da discussão na Assembleia Nacional, que lhes introduziu algumas alterações – mas, como também já foi referido, privilegiando as patentes relativamente aos restantes direitos. 3 • Em todo o caso, foi concedida a renovação de todos os direitos cuja taxa não foi paga dentro do prazo, durante o período de 6 meses, acrescido do adicional de 50%, sob pena de caducidade. É curioso notar que a redação das disposições que permitem essa renovação com sobretaxa não é idêntica para todos os direitos, embora, naturalmente, o objetivo seja o mesmo, que é evitar a respetiva caducidade. Mas não há qualquer outra exigência, além do período máximo de 6 meses para efetuar a renovação e o adicional de 50% da taxa. Para as patentes, a disposição era a seguinte: “O proprietário de patente de invenção que não tenha pago a taxa devida no prazo legal tem o direito de renovar a patente durante o período de 6 meses, com o pagamento da taxa em divida, acrescido do adicional de 50%, sob pena de caducidade.”
5 • A organização do Código de 1940 previa um último capítulo, para cada direito privativo que pagasse taxas de manutenção, relativo à “nulidade e caducidade”, em que os dois últimos artigos estabeleciam os princípios da “renovação e revalidação”. Os direitos que pagavam taxas de renovação eram as patentes, os depósitos dos modelos de utilidade e dos modelos e desenhos industriais, os registos das marcas e dos nomes e insígnias de estabelecimento, pois, como é sabido, as “recompensas” e as “denominações de origem” tinham duração ilimitada, não havendo lugar, portanto, a qualquer renovação. 6 • É importante referir que, no Código de 1940, os “modelos de utilidade” foram incluídos no mesmo capítulo dos “modelos e desenhos industriais”, quando são direitos sem qualquer afinidade – além de serem designados “modelos”. As consequências mais graves deste erro diziam respeito á duração do depósito, que não tinha limite enquanto fossem pagas as taxas de renovação, o que não fazia nenhum sentido, especialmente para os modelos de utilidade.
4 • No entanto, para a revalidação – igualmente concedida para todos os direitos – havia uma diferença fundamental relativamente às patentes, para as quais não era exigida prova de que justa causa impediu a apresentação do pedido de renovação dentro do prazo legal, prova que, na prática, é quasi impossível de fazer, uma vez que o atraso da renovação resulta, em regra, de um descuido ou esquecimento de a realizar em devido tempo. Essa exigência era feita para os modelos de utilidade e modelos e desenhos industriais, para as marcas e para os nomes e insígnias de estabelecimento. Com esta exigência, a revalidação de todos estes direitos só com muita boa vontade poderia ser concedida.
7 • Mas, deve salientar-se que a lei portuguesa passou a permitir a “revalidação” de todos os direitos durante o considerável prazo de 1 ano, a contar da data da declaração de caducidade, o que é extremamente positivo. 8 • A revalidação de direitos, especialmente em relação ao registo das marcas, tem levantado um delicado problema, que ainda não teve solução – apesar das repetidas chamadas de atenção que tenho feito nesse sentido: trata-se do entendimento dos “prejuízos de terceiros”. Na verdade, não havia nenhuma indicação, no Código da Propriedade Industrial, do que devia entender-se por “prejuízos de direitos de terceiros”, que tem sido – e continua a ser, incompreensivelmente – um problema sem solução razoável. No entanto, pelo menos desde a publicação do Código de 2003, não há justificação para o INPI continuar a aplicar um critério que não faz qualquer sentido. Mais tarde voltaremos a examinar este problema que, para o restabelecimento de direitos, foi resolvido satisfatoriamente, seguindo a orientação da Convenção da Patente Europeia e do Regulamento sobre a Marca Comunitária.
Para as patentes, a disposição era a seguinte (artigo 36º): “O proprietário da patente caducada por falta de pagamento da taxa tem o direito de revalidar o respetivo título, se o requerer durante o período de um ano, a contar da data em que devia ter efetuado o pagamento, desde que não ofenda direitos de terceiros e satisfaça o triplo da taxa.” Mas para os restantes direitos – como as marcas, por exemplo (artigo 126º) – era indispensável provar impedimento por justa causa: “Pode ainda ser requerida a revalidação do registo da marca dentro do prazo de um ano, a contar do termo da sua duração, com o pagamento de sobretaxa, e será concedida, sem prejuízo de direitos de terceiros, provando o requerente que justa causa o impediu de apresentar o pedido de renovação dentro do prazo legal.” 6
“A revalidação de direitos, especialmente em relação ao registo das marcas, tem levantado um delicado problema, que ainda não teve solução – apesar das repetidas chamadas de atenção que tenho feito nesse sentido: trata-se do entendimento dos “prejuízos de terceiros” 9 • O Código de 1940 teve alterações consideráveis entre 1980 e 1987 – os Decretos-Lei nºs 176/80, de 30 de maio, 27/84, de 18 de janeiro e 40/87, de 27 de janeiro – que o atualizaram e fizeram durar mais alguns anos – até que em 1995 foi substituído por um novo Código, aparecido sem aceitável discussão das alterações introduzidas, algumas das quais eram um completo desastre. Mas, em relação ao problema do pagamento das taxas, houve nítido progresso.
naturalmente, com referência à data da concessão. Com a adesão à Convenção da Patente Europeia, a duração das patentes passou a ser de 20 anos a contar do pedido e as taxas deveriam ser pagas, como parece evidente, a contar dessa data. Mas no Código de 1995, que incluía na taxa do pedido as duas primeiras anuidades, “imaginou-se”, para as seguintes, (artigo 280º, nº 1, alíneas b) e c), um complicado critério, que dificultava, sem qualquer necessidade, esse pagamento:
10 • Na verdade, criou-se, nesse Código, o Titulo IV, relativo às TAXAS, onde se concentrou tudo que lhes diz respeito, incluindo a “Fixação das Taxas”, “Formas de Pagamento”, “Prazo de pagamento”, “Sobretaxas e Revalidação”, “Redução de Taxas”, “Restituição de Taxas”, “Suspensão do pagamento das taxas” e “Direitos pertencentes ao Estado” (artigos 278º a 285º). Interessa-nos, em especial, o artigo 281º, relativo a “Sobretaxas e Revalidação”, onde se estabeleciam os seguintes princípios básicos, iguais para todos os direitos: a) As taxas relativas à renovação dos direitos poderiam ser pagas com sobretaxa, durante o prazo máximo de seis meses a contar do termo da sua validade; b) Não sendo efetuado esse pagamento, podia ainda ser requerida a revalidação durante o prazo de um ano a contar da data de publicação do respetivo aviso de caducidade; e c) Que a revalidação apenas seria autorizada com o pagamento do triplo das taxas em divida e sem prejuízo de direitos de terceiros.
“b) Após a data do despacho de concessão e até ao aniversário do pedido que se seguir à data da publicação desse despacho, acrescido de três meses, no que respeita às taxas relativas à terceira anuidade e titulo, bem como das anuidades eventualmente já devidas. c) Anualmente, durante os seis últimos meses de validade do direito, no que diz respeito às taxas das anuidades subsequentes.” Era, efetivamente, uma autêntica charada … 15 • No Código de 2003 conservou-se a estrutura do Titulo IV, relativo às taxas e, para as patentes, manteve-se a inclusão das duas primeiras anuidades na taxa do pedido e, de harmonia com o disposto no artigo 349º, nº 2, “As anuidades e os quinquénios subsequentes são pagos nos seis meses que antecipam os respetivos vencimentos, mesmo que os direitos ainda não tenham sido concedidos,”
11 • Portanto, acabou-se, finalmente, com a obrigação de provar que justa causa tinha impedido o pagamento das taxas dentro dos prazos estabelecidos e com a diferença de critérios aplicáveis às patentes e aos restantes direitos.
o que, sem qualquer duvida, é muito mais fácil e claro. 16 • Mas o Código de 2003 adotou o “Restabelecimento de Direitos” (artigo 8º), conforme foi já referido, seguindo o que estabelece o artigo 122º da Convenção da Patente Europeia e o artigo 78º do Regulamento sobre a Marca Comunitária. E tanto um, como outro, indicam como devem ser protegidos os direitos de terceiros.
12 • Em todo o caso, continuava a não haver um entendimento legal de prejuízos de direitos de terceiros. 13 • Não pode deixar de referir-se a redação das disposições do Código de 1995 que regulavam os pagamentos das taxas das patentes, que é realmente curiosa.
17 • Parece óbvio que sendo obrigatório acautelar os direitos de terceiros quando se concede a revalidação e não havendo, no Código, qualquer indicação da forma de o fazer, o INPI deveria aplicar à revalidação (artigo 350º) o que se estabelece para o restabelecimento (artigo 8º), uma vez que a situação é rigorosamente a mesma.
14 • A validade das patentes, em Portugal, foi, sempre, de 15 anos a contar da data da respetiva concessão, findos os quais caíam, obrigatoriamente, no domínio público. E as anuidades pagavam-se,
Puro engano : o INPI continua a aplicar uma prática administrativa concebida não se sabe por quem, mas que, na verdade, é um desastre completo – que pode causar aos terceiros pretensamente prejudicados prejuízos muito maiores do que sucederia se a revalidação do direito fosse concedida. Na verdade, ainda não foi entendido, ao que parece, que as declarações de consentimento transferiram para as partes a decisão de recusa de registos de marcas por motivos relativos – pelo que a recusa da revalidação, quando o INPI encontra outro registo ou pedido de registo que considera confundível, só devia ser possível depois do interessado ser notificado para vir ao processo, opor-se a essa revalidação, com uma reclamação com prazo estabelecido. Desta absurda orientação saem todos prejudicados : quem pretende obter a revalidação, o terceiro, já identificado no processo, que pode perder um proveitoso acordo e o próprio INPI, que perde uma receita que normalmente devia receber, prejudicando, assim, o País. 7
DIREITO LABORAL
A OPINIÃO DE Manuel Ramirez Fernandes, Advogado Especialista em Direito do Trabalho
LABORALIZAÇÃO DO PROCESSO CIVIL da Subsidariedade para a “Subordinação”? Quando eclode um litígio ou conflito de interesses entre dois sujeitos, a lei substantiva não está desenhada para regular a forma como se vai compor esse litígio, como se vai aplicar a lei. Essa tarefa está cometida ao direito processual (lei adjetiva).
D
e entre os “direitos processuais” que, instrumentalmente, regulam o modo de compor ou evitar litígios, ressalta o processo civil, tradicionalmente o mais completo e evoluído. Assim, o direito processual civil, seguindo a evolução histórica do direito civil, foi pioneiro na criação de normas processuais para compor os litígios. Outros direitos processuais surgiram (penal, administrativo, tributário, laboral), instrumentais ao direito material aplicável a esse litígio. O processo do trabalho sempre apresentou algumas dificuldades de harmonização com o processo civil, nem sempre sendo fácil estabelecer a distinção entre a subsidiariedade da aplicação deste último ou a especialidade do direito processual do trabalho. O modelo processual civil em vigor desde 1 de setembro de 2014 “importou” diversas fórmulas de tramitação processual e de atuação dos agentes judiciários até aí características da jurisdição laboral. Não deixa de ser paradoxal que o direito processual subsidiário evolua no sentido do direito processual subsidiado. O paradigma processual civil e laboral ficou mais próximo, as diferenças processuais esbateram-se e já existe quem questione a necessidade de uma codificação autónoma do processo laboral. Quanto a nós, nada de mais enganoso. Desde logo porque os processos especiais laborais, só por si, justificam essa codificação autónoma. Mas mesmo ao nível do processo comum, ainda que o processo do trabalho comungue dos princípios da celeridade e imediação do processo civil, destaca-se deste ao procurar corrigir a tradicional desigualdade económica e social dos litigantes, onde o trabalhador assume a posição de “parte fraca” da respetiva relação jurídica. A natureza tendencialmente imperativa, indisponível, social ou de interesse e ordem públicos associada à maioria das normas substantivas do direito do trabalho carece de um direito processual específico. Se assim não for, em tribunal pode não ser possível encontrar soluções céleres, completas e pacificadoras dos litígios laborais, desiderato que não está no paradigma do processo civil, assente, por regra, na igualdade das partes. Esta “laboralização” do processo civil pode ser boa para a resolução dos litígios civis, mas corre o risco de ser negativa para os litígios laborais. Desde logo porque, desde 1 de setembro de 2014, juízes e advogados têm sido obrigados a um esforço inglório para encontrar a legalidade numa tramitação processual desarmonizada e prensada entre a torrente civilista subsidiária e a especialidade laboral de composição de litígios. Por outro lado, temo que a harmonização que se avizinha tenha meras preocupações de natureza técnico-processual, e se esqueça que a “alma” do direito processual laboral continua a radicar no direito do trabalho, de que é veículo e meio de realização. Por exemplo, a eliminação da possibilidade de reclamar da resposta à matéria de facto vai originar, seguramente, um sistema monista de decisão judicial, suprimindo do processo do trabalho aquele que era um momento de franca cooperação entre advogados e juízes laborais, que prevenia muitas “decisões-surpresa” e evitava a continuação de muitas lides por via de recurso, pelo menos quanto à matéria de facto. O processo civil “usou” o processo laboral no seu próprio e exclusivo interesse. Resta saber se a atrasada harmonização processual que se seguirá não transformará a subsidiariedade entre estas leis numa relação de “subordina-
ção jurídico-processual”, em que o processo civil impõe a sua lógica com a mesma autoridade de um empregador insensível. Era altura do direito processual do trabalho encontrar formas de “emancipação” do direito processual civil, para que não volte a ser usado como ”laboratório experimental” do processo civil, gerando reformas que promovem aspetos negativos na relação de subsidiariedade. Aguardamos, com expectativa, a reforma do processo do trabalho.
RAMIREZ & ASSOCIADOS - Sociedade de Advogados, RL Registo na O.A. n.º: 70/03 – NIPC 506112292 Av. 5 de Outubro, n.º 12, 3º Dtº - 1050-056 LISBOA Telefone: 213542275 / Telefax: 213145084 geral@mmmadvogados.pt geral@ramirezadvogados.pt 8
DIREITO - INTERNACIONALIZAÇÃO
A OPINIÃO DE Catarina Gomes, Advogada na Sociedade “Gameiro e Associados”
PROTOCOLO BRASIL-ANGOLA Sobre financiamento a mpmes pelo proex
O Programa de Financiamento às Exportações – doravante PROEX - consiste num programa do Governo Federal do Brasil, de apoio às exportações brasileiras de bens e serviços, destinado fundamentalmente ao apoio das exportações de micro e pequenas empresas, viabilizando o financiamento em condições equivalentes às praticadas no mercado internacional e cuja gestão está a cargo do Banco do Brasil.
O PROEX oferece duas modalidades de apoio à exportação O PROEX Financiamento permite o financiamento direto ao exportador brasileiro (supplier’s crédit) ou ao importador (buyer’s crédit) com recursos do Tesouro Nacional. Esta modalidade apoia exportações brasileiras de empresas com faturação bruta anual até R$600 milhões e os prazos de financiamento variam de 60 dias a 10 anos de pagamento. Já o PROEX Equalização diz respeito à exportação financiada pelas instituições financeiras no país e no exterior, na qual o PROEX assume parte dos encargos financeiros, tornando-os equivalentes àqueles praticados no mercado internacional. Esta modalidade pode ser contratada por empresas brasileiras de qualquer classificação. A equalização pode ser concedida nos financiamentos ao importador, para pagamento à vista ao exportador brasileiro, e nos refinanciamentos concedidos ao exportador. Os prazos de equalização variam de 60 dias a 15 anos. 10
“Nos últimos anos, sendo o Brasil um dos maiores produtores e exportadores de carne do Mundo, dispondo igualmente de grandes grupos empresariais de construção civil e tendo ainda em conta o seu franco crescimento de Angola, verificou-se junto do PROEX a manifestação por parte de muitos dos seus empresários no interesse em operar no mercado Angolano”
prazos inferiores a dois anos e de 85% nas operações com prazos superiores a dois anos, sendo que este programa terá início com uma dotação inicial de 71 milhões de dólares. Não há um valor limite predefinido de financiamentos a serem realizados mas sim um valor limite de exposição do PROEX aos bancos oficiais angolanos, inicialmente fixado em 71 milhões de dólares. Como as operações terão prazo médio curto, estima-se que o PROEX apoie cerca de US$ 300 milhões/ano em exportações de MPMEs para Angola. Tudo o que o exportador terá de fazer será solicitar ao seu cliente angolano a emissão de uma carta de crédito por um banco oficial de seu país, amparada por esse Protocolo. Os demais trâmites são os mesmos de qualquer outra operação financiada pelo PROEX. Para a realização efetiva deste projeto, existe, ainda, a necessidade de se ampliar para dois anos o visto de negócios entre os dois Estados. O Protocolo prevê, então, que os empresários brasileiros que visitem Angola, assim como empresários angolanos que visitem o Brasil, não necessitam de renovar os vistos quando viagem ao país parceiro. O acordo prevê, inclusivamente, que os vistos sejam de múltiplas entradas, ou seja, que os empresários dos dois países não tenham limites no número de viagens que poderão fazer durante os dois anos, desde que não fiquem três meses ininterruptos no território de destino. Em julho de 2015 deverá ter lugar em Luanda o próximo encontro entre empresários dos dois países, com o objetivo de analisar as novas possibilidades de negócio e constituir parcerias estratégicas entre os interessados dos dois lados do Atlântico.
Nos últimos anos, sendo o Brasil um dos maiores produtores e exportadores de carne do Mundo, dispondo igualmente de grandes grupos empresariais de construção civil e tendo ainda em conta o seu franco crescimento de Angola, verificou-se junto do PROEX a manifestação por parte de muitos dos seus empresários no interesse em operar no mercado Angolano. Em resposta, Brasil e Angola assinaram, em outubro de 2014, o Protocolo de Entendimento sobre financiamento à exportação de Micro, Pequenas e Médias Empresas. Este Protoloco, além de viabilizar um aumento substancial do financiamento às exportações de Micro, Pequenas e Médias Empresas brasileiras para importadores privados angolanos pelo PROEX, trata de garantias e contragarantias. Com base neste Protocolo, o PROEX terá a sua dotação financeira aumentada no ano de 2015, passando estes empresários brasileiros a beneficiar de apoios e incentivos reforçados no âmbito do Programa de Financiamento às Exportações do Governo do Brasil. Com esta iniciativa, verificar-se-á uma expansão das áreas de investimentos em Angola, e um alargamento dos negócios neste país, sendo que, em particular, agricultura, pecuária e construção civil são os setores com maior interesse para o investimento brasileiro. O protocolo exclui, no entanto, infraestruturas, extração de petróleo e de diamantes e determina que os bens e serviços terão de ser adquiridos a exportadores brasileiros com faturação anual bruta até 600 milhões de reais (250 milhões de dólares), o equivalente a 25 mil milhões de kwanzas. O financiamento é de 100% do valor da exportação nas operações com
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LIDERANÇA NO FEMININO
A OPINIÃO DE Ricardo Andrade
Abram alas!
As Mulheres chegaram! O mundo muda. Constantemente e diariamente e em todos os aspetos. Umas vezes para melhor, outras para pior. Se num momento estamos «aqui», no seguinte podemos estar «ali», que é como quem diz, no outro lado do mundo. Apenas um exemplo de como o mundo é hoje o veículo da mutabilidade e da denominada «aldeia global». Tudo mudou? Quase tudo. Algumas coisas ainda não fizeram o seu rumo até à mudança necessária. Em que aspeto? Diversos e vários. Vamos abordar o papel das Mulheres no mundo.
A
ascensão feminina no universo de trabalho começou no século XIX, período em que se começou a notar alterações e mudanças ao nível dos ambientes organizacionais, empresas e entidades. Neste novo contexto, começou a surgir um novo modelo de gestão feminina, mas mais do que isso, um novo modelo de conceito do que é ser Mulher, na verdadeira aceção da palavra. A Mulher de carreira, a profissional, a de competências vastas e relevantes… e que é hoje um exemplo a seguir. Inúmeras são as organizações, empresas e entidades que disso já se deram conta. As Mulheres podem e fazem um trabalho tão bom ou melhor como qualquer Homem. Nesse aspeto, não existe nenhuma dúvida. Então qual o problema? Mentalidades. Intelectualidades que ainda não conseguiram dar aquele «click». Que por esta ou aquela razão ainda acham que as Mulheres não merecem o mesmo número de oportunidades. A mudar? Obviamente. Para quando? Não se sabe. Mas está o panorama de hoje mais otimista? Sem dúvida. Exemplos disso não faltam na praça pública portuguesa e na senda internacional. Assunção Esteves, Maria Luís Albuquerque, Maria Amélia Ferreira, Angela Merkel, Michelle Obama, entre muitas outras, são apenas alguns exemplos de Mulheres líderes em Portugal e além fronteiras.
No passado as mulheres exerciam apenas o papel de esposas, mães e donas de casa, enquanto o trabalho era função extremamente masculina. Porém, houve a necessidade de as mulheres passarem a trabalhar para ajudarem os seus parceiros, mas também por uma questão de emancipação e de contribuição da Mulher com a própria sociedade. A partir de então, começou uma luta contra preconceitos e discriminações que, com muito sacrifício e força de vontade se transformaram, aos poucos, em conquistas femininas. Devido a isso, muitas batalhas foram traçadas e as mulheres lutam até hoje por direitos iguais, sendo grande parte delas tratadas com igualdade, embora ainda existam preconceitos e estigmas a ultrapassar. Mulheres que se «transformaram» em Homens para singrar? É verdade. Algumas mulheres chegaram a adotar uma estratégia de transformação, para assim adotarem características maioritariamente masculinas e conseguirem enfrentar o desafio de permanecerem no mercado de trabalho e em posições de liderança… mas será este o caminho? Não! De todo! A Mulher, felizmente, também compreendeu que não é necessário deixar de ser Mulher para ser respeitada e reverenciada para um qualquer projeto. Basta que tenha competência e isso é comum a qualquer sexo. É da pessoa, do indivíduo, do caráter de cada um. Interessa apenas compreender a definição de Liderança. São diversos os significados, mas é, acima de tudo, a capacidade de motivar pessoas e de as conseguir influenciar a dar e a fazer o seu melhor. Por outras palavras, o líder tem a obrigação e terá de ter a capacidade, pois só assim será um bom líder, para levar o grupo a alcançar determinados desideratos, metas, objetivos… enfim… rumo ao sucesso. Quem pode dizer que os Homens conseguem fazer mais vezes isso do que as Mulheres? Ninguém! Numa era contemporânea, as Mulheres são hoje «mais um» de nós no mundo do trabalho. Nem mais, nem menos. Se ainda existe quem pretenda anular o papel da Mulher? Sem dúvida. Mas relembro que comecei este texto a falar da mudança. A mutação e renovação que quotidianamente o mundo vai sofrendo. Por isso, basta aguardar. Tudo a seu tempo e as Mulheres muito têm feito para que essa transformação seja célere. Assim, também o perpetuem os restantes. Porque este não é um Mundo de Homens. Ou de Mulheres. É de todos e todos merecem a sua oportunidade!
A visão da CIG A igualdade entre mulheres e homens é um princípio fundamental da Constituição da República Portuguesa, sendo tarefa fundamental do Estado a sua promoção. A Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) é o organismo nacional responsável pela promoção e defesa desse princípio. Assim, o desiderato primordial passar por garantir a execução das políticas públicas no domínio da cidadania, da promoção e defesa da igualdade de género e do combate à violência doméstica e de género e ao tráfico de seres humanos, cabendo-lhe a coordenação dos respectivos instrumentos – os Planos Nacionais e que tão fundamentais são no domínio da protecção das Mulheres. A igualdade de oportunidades entre homens e mulheres tem sido uma das áreas de intervenção do Fundo Social Europeu na União Europeia. Em Portugal, como já foi referido, a comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), presidida por Fátima Duarte, é o organismo intermédio que gere medidas de apoio à igualdade de género e de combate à discriminação, enquadradas no programa Operacional potencial Humano. Para a líder da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), é importante, lembrando que o próprio Tratado da União “determina que uma das missões da União Europeia é promover a igualdade entre homens e mulheres. É uma questão transversal”, assume, lembrando que quando se fala em desenvolvimento sustentável “é efetivamente a igualdade que tem de estar na base. Terá de se continuar a promover a igualdade de género. O contrário seria impensável neste momento de construção comunitária, independentemente da situação económica concreta em que se vive. Há todo um percurso em termos de pensamento comunitário no que respeita à igualdade entre homens e mulheres, que é hoje central na própria construção europeia”, assegura.
“A mudar? Obviamente. Para quando? Não se sabe. Mas está o panorama de hoje mais otimista? Sem dúvida. Exemplos disso não faltam na praça pública portuguesa e na senda internacional. Assunção Esteves, Maria Luís Albuquerque, Maria Amélia Ferreira, Angela Merkel, Michelle Obama, entre muitas outras, são apenas alguns exemplos de Mulheres líderes em Portugal e além fronteiras”
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LIDERANÇA NO FEMININO
“Quem não mede, não gere!” Em 2009 nascia um projeto fruto do espírito empreendedor de Graça Gomes. Quando terminou o curso na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, em 1998, Graça Gomes sabia que tinha que colocar no terreno todo o conhecimento adquirido, criando a Lowjoule, uma empresa especializada na otimização dos recursos energéticos no setor industrial. Atualmente Diretora Técnica da Lowjoule, Graça Gomes tem “voos altos” para o futuro, pretendo atingir as suas conquistas com a mesma “garra, determinação e otimismo” de sempre. Com especial enfoque no setor industrial, a Lowjoule especializou-se na otimização dos recursos energéticos e, através de auditorias específicas a processos, equipamentos ou setores, faz uma avaliação dos potenciais energéticos, propondo medidas que têm em vista a conservação de energia. De que forma é que o vosso trabalho tem permitido aumentar a eficiência e a economia de custos ligados à energia?
Efetivamente o nosso campo de atuação é a otimização dos recursos energéticos no setor industrial. Apostamos fortemente no desenvolvimento de competências e incentivamos o mercado industrial a adquirir a nossa velha máxima “Quem não mede, não gere!”. O processo que conduzirá a uma maior eficiência energética está iniciado, a procura pela melhoria e desenvolvimento através da medição dos parâmetros energéticos levará a melhores resultados operacionais e a partir daí, na maioria dos casos, nunca mais abandonam a prática. No trabalho que têm procurado desenvolver em parceria com o setor industrial fundamentalmente, que lacunas continuam a persistir?
Neste momento, a gestão de tempo e de recursos, a escassa comunicação dos resultados operacionais passada aos vários níveis da organização são os principais fatores. Se por um lado se valoriza a elevada flexibilidade dos gestores operacionais nas organizações e contribui de certa forma para a redução de custos com recursos humanos, por outro lado as questões energéticas vão ficando para um plano secundário. Ainda que a fração energética represente uma manifesta parte dos custos totais da instalação, continua-se a receber e tratar as faturas energéticas unicamente como um documento contabilístico, sem análise crítica ao consumo, logo ao seu custo. Ainda há um longo caminho a percorrer. Antigamente dizia-se “atrás de um grande homem existe uma grande mulher”. Hoje, quase que podemos dizer que os sujeitos trocaram de posição. O que existe por trás de Graça Gomes? Quais os alicerces de uma profissional tão bem sucedida?
Antigamente esse era o ditado, sem dúvida! Hoje não. Hoje existem sonhos, vontades e o grande driving force da minha vida, tanto pessoal como
Graça Gomes
profissional, é o desejo de fazer tudo o que gosto, quando gosto com quem gosto. Nasceu a Lowjoule em 2009, um projeto advindo dessa vontade enraizada desde que terminei o curso na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra em 1998. O tempo é um bom aliado e precisamos ter consciência disso para fazer bom uso dele. Alio também duas caraterísticas que me são absolutamente intrínsecas e que são a exigência e a disciplina que aplico ao nível de gestão e que me permitem executar um conjunto de tarefas conducentes ao objetivo traçado a cada três anos. Também o faço a nível pessoal de forma a rentabilizar o tempo que é o bem mais precioso que temos. Criei uma régua virtual, que não é mais que a linha do tempo com o planeamento a longo prazo, onde defino onde quero estar no final do período e incluo as metas que vão sendo para alcançar. Tudo isto só o consigo com uma forte dedicação, vontade de lutar e de ser feliz. Hoje, o papel social, dito tradicional, da mulher, como mãe, esposa e dona de casa, ainda está presente nas classes mais conservadoras. Mas começou a surgir uma nova geração, que tem derrubado de vez esse estereótipo. Ainda falta ultrapassar algumas barreiras?
Claro que sim e na minha família não foi diferente, mesmo tendo saído de casa aos 18 anos para estudar em Coimbra e mais tarde em Itália. Ainda hoje, continuo a ouvir a minha Avó Rosa que completa 93 anos em abril próximo, que as mulheres não deveriam viajar pois só se deviam preocupar em cuidar dos filhos. A minha mãe que
já não se encontra presente fisicamente entre nós, apoiava-me em todas as decisões profissionais, em todos os projetos sem nunca ter feito distinção entre o que era socialmente habitual e o que não era. Sempre soube que nutria um orgulho extraordinário em tudo o que eu fazia e conseguia. Estando divorciada, a visão dos meus filhos de 11 e 9 anos, o João Pedro e o Tomás Miguel é bastante atual, fruto também das circunstâncias, e sabem que a mãe além de cuidar da casa, das suas rotinas escolares e extracurriculares, o hóquei em patins, também exerce uma profissão, gere uma empresa e por vezes tem de se ausentar. Reconhecem que a mãe precisa trabalhar para estar feliz e para poder oferecer-lhes uma melhor formação e é nessas alturas que a ajuda dos familiares nomeadamente do pai e do avô é crucial, proporcionando-lhes o suporte e a atenção necessárias ao seu desenvolvimento enquanto seres humanos felizes! O que é que podemos esperar de si nos próximos tempos enquanto Administradora da Lowjoule?
Continuarei a mesma lutadora, com a garra, determinação e otimismo que sempre pautaram a minha vida desde que me conheço! Na Lowjoule e em tudo.
Com 2015 a começar, que projetos estão a ser desenvolvidos para breve? O que podemos esperar da atuação da Lowjoule em termos de estratégia de crescimento da empresa?
2015 começou com mais uma Lowjouliana, um novo elemento com formação em Engenharia Química e que veio reforçar a atual equipa para fazer face ao crescente número de estudos e projetos de eficiência energética que temos em carteira em Portugal continental. Para 2015-2016, um dos objetivos é internacionalizar a LJ, sendo que é um nível mais exigente na medida em que exige muito mais de cada elemento a nível pessoal. Obviamente que é um objetivo que decorre de um desenvolvimento de uma parceria que conta já com quatro anos com uma empresa estrangeira e que permitiu concluir um primeiro ciclo de serviços em Portugal. Agora promissoriamente o foco está também noutros mercados. É tempo de voar também por outras paragens. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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“Alentejo vive um momento de estado de graça e temos de continuar a aproveitar” O Alentejo, essa região ímpar de Portugal e que tem sido motivo de enorme orgulho para todos. Prémio atrás de prémio, tem sido algo recorrente para esta região. Não tenhamos dúvidas, nos dias que correm, o Alentejo é uma região de oportunidades e com um enorme potencial, basta saber aproveitar as oportunidades que vão surgindo.
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elizmente que o conjunto de decisores existentes na região tem tido a perspicácia e a astúcia para aproveitar esse conjunto de oportunidades nos mais diversos segmentos. Vinhos, Enoturismo, Cultura, entre outros, têm sido vetores que têm conhecido um enorme crescimento e desenvolvimento, com todo o impacto positivo que esse cenário advoga para a região e para a economia local. Senão vejamos e apenas para contextualizar. O Alentejo foi eleito a melhor região vinícola do mundo para visitar, numa votação promovida pelo USA TODAY, um dos jornais americanos com maior circulação, quer no seu site 10Best. com, quer na sua secção de viagens. Entre os 20 candidatos pré-selecionados, escolhidos por Kerry Woorlard e Frank Pulice, dois peritos do setor dos vinhos, o Alentejo era o único representante de Portugal. A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura declarou, em finais de 2014 o cante alentejano como Património Imaterial da Humanidade. Exatamente três anos depois do fado. E muito mais. Estes são apenas alguns exemplos de como tem crescido o Alentejo e do verdadeiro potencial que possui o mesmo. Quisemos saber mais e por isso conversamos com quem conhece mais, com quem tem feito mais e com quem continua a fazer mais. A Revista Pontos de Vista falou com Dora Simões, há seis anos Presidente da CVRA – Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, entidade que para além da certificação e controlo dos vinhos Regional Alentejano e DOC Alentejo, tem nas suas funções a promoção genérica dos vinhos da região, sendo que uma parte das receitas da CVRA são efetivamente aplicadas na promoção dos vinhos em mercados externos e uma menor parte no mercado interno. A nossa interlocutora passou em revista alguns dos projetos da instituição e a forma como a mesma tem trabalhado em prol da região, dando ainda a conhecer um pouco mais do que representa ser Mulher e liderar uma entidade tão importante como a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana. “Não estou sozinha!” Reconhecida e conhecida pela «alavanca» que tem sido na promoção dos vinhos alentejanos, a CVRA tem desenvolvido um trabalho ímpar, embora algo oculto, ou seja, sem aquela vertente pública e mediática, a não ser na promoção que efetua dos vinhos do Alentejo, que passa pelo seu principal core business, “de certificação do vinho do Alentejo, DOC Alentejo e o regional alentejano, indo também ao encontro da fiscalização e controlo na região, ou seja, num trabalho de de-
Dora Simões
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fesa da própria denominação de origem”, afirma a nossa entrevistada. “Não estou sozinha!”. É assim que Dora Simões reage quando é questionada sobre o sucesso que a CVRA tem tido. “Tenho uma direção, que é composta por três membros, embora eu seja o elemento executivo. Toda a equipa que trabalha na CVRA tem sido fundamental e temos colocado um grande foco no que é a simplificação de todo o trabalho administrativo necessário aos produtores, facilitando toda a vertente burocrática no sentido de agilizar as diferentes e diversas etapas necessárias para a certificação do vinho, mantendo sempre um rigor evidente. Há uma otimização dos serviços da comissão e um grande investimento humano no tempo despendido na promoção dos vinhos do Alentejo em mercados internacionais, que são fundamentais para o aumento da exportação dos vinhos”, salienta Dora Simões. Mercados que “querem” o Vinho Alentejano Com cerca de 45% de quota de mercado em valor e 43% de quota em volume, o vinho do Alentejo encontra-se muito bem posicionado no mercado interno, ou seja, em Portugal, onde uma grande Liderança no Feminino? “Ainda falta, mas estamos no bom caminho” É evidente e diante das mudanças que estão a ocorrer, felizmente, no ambiente organizacional, as mulheres vêm conquistando no mercado de trabalho um papel de relevo, embora ainda existam alguns entraves a esta mudança, que vão sendo derrubados. Nos últimos anos, as organizações têm revisto a sua postura quanto à sua visão e ação estratégica, e como resultado as «portas» têm-se aberto para a presença feminina em postos de liderança. Dora Simões é um exemplo claro disso mesmo, sendo de realçar ainda mais, pois o mundo vitivinícola é, ainda hoje, um universo maioritariamente composto por homens. A nossa entrevistada não vê nenhuma diferença entre uma liderança feminina ou masculina na Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, até porque “cresci a conviver bem com esse cenário e nunca me deparei com problemas pelo facto de ser mulher”, assegura, embora reconheça que esse estigma ou preconceito ainda existam na sociedade portuguesa. “Infelizmente as oportunidades dadas a mulheres e homens ainda não são as mesmas e, apesar de não ter enfrentado esse obstáculo, acredito que esse cenário vai sendo mudado, lentamente mas vai…as mulheres estão a ganhar «terreno», no sentido de estarem mais disponíveis para cargos de mais responsabilidade e isso permitirá uma maior facilidade em afirmarem-se”, afirma Dora Simões, Presidente da CVRA e mãe de dois filhos. “Naturalmente que é complicado conciliar essa «obrigação» da vida familiar com uma carreira profissional, mas mesmo assim, as mulheres têm conseguido conciliar essas duas dinâmicas, e estão hoje num patamar de maior equilíbrio. Ainda falta percorrer um longo caminho, mas creio que o rumo que estamos a seguir dará resultados positivos no futuro e permitirá uma maior afirmação das mulheres no universo do trabalho e dará espaço a mais e melhor liderança no feminino”.
parte dos portugueses prefere vinhos de qualidade certificados do Alentejo. Então qual a estratégia para o território luso? “Manutenção destas quotas de mercado e aumento do valor da garrafa vendida, apostando na diferenciação. Queremos chegar a outros públicos, à geração millennial, para que consuma o nosso vinho. Pretende-se que os nossos consumidores se tornem cada vez mais exigentes e aumentem gradualmente a exigência na qualidade do vinho e estejam dispostos a investir em categorias superiores. É importante continuar a consolidar a notoriedade da região e os valores positivos agregados à categoria”. Já para o mercado internacional, a forma de atuação tem de ser necessariamente diferente, embora a CVRA já tenha essa experiência, até porque já perpetua essa promoção externa há cerca de 20 anos. “Temos que conhecer os mercados e compreender que alguns não têm tradição no consumo de vinhos. Brasil, EUA, Países Nórdicos, Angola, entre outros, são países “nos quais estamos focados e a trabalhar no aumento da base de consumidores dos vinhos do Alentejo. Queremos incrementar o número de primeira ocasião de prova de vinho do Alentejo, porque temos uma certeza, depois de provarem os vinhos alentejanos, vão querer repetir, dada a qualidade dos vinhos da região”. Este é um trabalho a longo prazo. Os resultados não são imediatos. Dora Simões tem a perfeita noção desse cenário e relembra, por exemplo, a aposta no mercado brasileiro, “no qual já estamos há duas décadas e estamos nos últimos anos a ter resultados mais palpáveis e frutíferos. Hoje, o Alentejo, é uma região cada vez mais conhecida no Brasil, até porque este mercado está cada vez mais sofisticado no que concerne ao consumo de vinhos. Hoje temos alguns pólos no consumo de vinhos e gastronomia no Brasil com uma grande quantidade de conhecedores, como é o caso de S. Paulo, do Rio de Janeiro, entre outros. É um país interessante no qual queremos continuar a investir na promoção. Continuaremos também a investir nos EUA, no qual existem barreiras diferentes, começando pela dimensão do mercado, mas onde continuamos a trabalhar fortemente uma vez que as exportações têm tido um aumento significativo ao longo dos anos”, lembra a nossa entrevistada, assegurando que a CVRA irá continuar a trabalhar no aumento da notoriedade da região de modo a contribuir para o aumento das exportações e distribuição dos vinhos. «1/3» de Portugal em destaque No início deste artigo, foram salientados alguns dos prémios e reconhecimentos que o Alentejo tem tido nos últimos tempos que apoiados pela valorização feita pela imprensa internacional, muito em particular os media dos EUA, aportam um impacto mais relevante a nível global. A pergunta impõe-se! Estará o Alentejo na moda? Segundo Dora Simões essa valorização é importante, não apenas para os vinhos, mas também para a região do Alentejo e para Portugal, assumindo que, atualmente, o “Alentejo vive um momento de estado de graça e temos de continuar a aproveitar esse panorama”. A verdade é que hoje as pessoas olham para o Alentejo de outra forma. É que para além da qualidade reconhecida dos produtos gastronomia e vinhos, um fator de grande sucesso da região alentejana, passa pela cultura local associada à arte de saber viver a um ritmo próprio, pela paisagem natural preservada 15
e biodiversa, a vastidão e amplitude do seu espaço rural, com pequenas povoações muito cuidadas. No fundo, vive-se um ambiente tranquilo, que é aquilo que o turista de origem urbana aspira, quando faz uma opção de turismo rural. “Provoca alguma curiosidade, que este 1/3 de Portugal, que é o Alentejo, onde vive bastante menos de 1 milhão de habitantes, consiga ter tantas valias e aspetos únicos. Isso é interessante em termos de mensagem para os visitantes mundiais. Também o vinho está associado a todos os aspetos turísticos, porque não há ninguém que visite o Alentejo e não coma ou beba. Assim, é legítimo afirmar que o vinho tem sido uma bandeira importante na promoção da região alentejana e de Portugal além-fronteiras”. O que falta? “Aumentar o tempo de permanência do visitante na região”, salienta a presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana. Como? “Melhorando os nossos produtos e serviços, promovendo os aspetos diferenciadores e despertar a curiosidade em futuros visitantes. O Alentejo deve estar no top of mind dos destinos mundiais a visitar. Para que isso seja uma realidade temos de continuar com o trabalho que tem vindo a ser realizado, até porque temos de continuar a aproveitar esta onda positiva que a região alentejana está a viver, para assim incrementarmos o turismo na região”. CVRA – Desafios que nunca cessam O trabalho da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana nunca cessa. Por isso, a instituição, liderada pela nossa entrevistada, não pretende ficar por aqui, nem adormecer à sombra do que foi conquistado, principalmente nos últimos tempos. Assim, o desiderato passar por aumentar as exportações dos Vinhos do Alentejo e o seu valor nos mercados internacionais, trabalhando em colaboração com os produtores na implementação de um programa de sustentabilidade dos vinhos na região e, melhorar os serviços de certificação para os produtores da região do Alentejo. Dora Simões não tem dúvidas. É necessário “continuar com este trabalho, em prol da qualidade na prestação de serviços aos agentes económicos da região, tendo sempre um fito, que é a eficiência. Isso é ponto crucial, pois é uma vertente que não acaba, ou seja, é sempre possível melhorar. Pretendemos ainda apostar na promoção mais eficaz, chegando a grupos de consumidores mais específicos e segmentados e daí obter uma melhor e frutífera eficácia da nossa comunicação. Dada a distância a que estamos dos nossos mercados alvo internacionais, necessitamos de apostar mais fortemente em modelos de comunicação mais elaborados e sofisticados”, assevera a nossa entrevistada. No que diz respeito ao futuro da região, refere a aposta na proteção do capital natural da região através de práticas sustentáveis na vinha e produção de vinho. Um plano que foi lançado em 2014, mas que irá agora ter um curso mais impactante. “É o denominado Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo que é uma iniciativa de adesão voluntária, destinado aos agentes económicos do Alentejo, que passa, essencialmente, por todas as áreas relacionadas com a vinha, a adega, embalagem e aspetos sociais. Os benefícios económicos são evidentes para os agentes económicos e serão um auxiliar para continuar a posicionar os vinhos do Alentejo na liderança do setor em Portugal e a criar vantagens comerciais a nível internacional”, conclui Dora Simões.
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CARMIM Um Conceito, Uma Marca CARMIM é e será sempre sinónimo de qualidade, credibilidade e valor acrescentado. É uma marca que perpetua confiança nos consumidores e que tem a total preferência dos mesmos, até porque tudo o que é realizado na CARMIM assenta nos mesmos, ou seja, na satisfação dos clientes. Maria do Amparo Godinho, Membro da Direção da CARMIM, Engenheira Agrónoma e Consultora Técnica na área da viticultura e provadora de vinhos, em entrevista à Revista Pontos de Vista, deu a conhecer um pouco mais de uma marca que tem feito sucesso e é hoje, cada vez mais, uma referência. Volvidos mais de 40 anos, a Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz, ou simplesmente CARMIM, conquistou um lugar no pódio dos vinhos de qualidade. O reconhecimento surgiu, não só entre os Vinhos do Alentejo, mas também a nível nacional e internacional. Quem é hoje esta marca? Ao longo de mais de quatro décadas, o que foi mudando na imagem que a CARMIM procurou passar ao seu consumidor?
A CARMIM é a maior empresa no concelho de Reguengos de Monsaraz, é o coração desta região, mais do que uma simples marca associada a vinhos, representa o trabalho e a vida dos “homens e mulheres” desta terra. A CARMIM, foi criada em 1971, por um grupo pioneiro de viticultores e, ao longo dos últimos 40 anos, o trabalho e empenho dos seus associados, dos seus profissionais e das várias direções que por ela passaram, transformaram a CARMIM na referência que é hoje no mundo dos vinhos. Hoje é com muito orgulho que vemos a CARMIM como uma referência ao nível da tecnologia de produção e qualidade dos seus vinhos. O consumidor reconhece que temos no nosso país, estruturas cooperativas altamente modernizadas com condições para produzir vinhos de excecional qualidade. No setor vinícola, como é que se atingem os tão esperados bons resultados? A Direção da CARMIM é recente, qual o papel desta nova Direção. Pela primeira vez, uma mulher, na sua constituição.
Os bons resultados só se conseguem quando toda a equipa acredita e está empenhada num mesmo projeto. Com uma equipa tão alargada, que conta com o viticultor associado, que produz a matéria-prima, bem como com todos os seus profissionais, nas mais diversas áreas, cabe à direção, como gestão de topo, definir a estratégia global e dar as melhores condições, para que toda a equipa funcione bem. A CARMIM tem uma direção muito recente, uma equipa jovem, com competências diversificadas e responsabilidades partilhadas. Todos os elementos da desta equipa têm formação e experiência em áreas de interesse, pelo que é uma mais-valia muito grande, na definição e comunicação das estratégias, pois esta atenta as tendências de mercado. E pela primeira vez na sua história, um elemento feminino na sua direção, pois é apenas o efeito novidade, pois o que interessa realmente é a formação, competência e profissionalismo dos seus elementos. Se, no passado, o vinho era visto como um acompanhamento nas refeições, hoje, as exigências são outras. O vinho está associado a uma cultura, uma região e, invariavelmente, a um enólogo.
Maria do Amparo Godinho
Como é que se produz um vinho de referência? Neste sentido, quais são os vossos produtos de referência?
O consumidor de vinhos hoje está mais atento e gosta de provar e experimentar novos perfis de vinhos. Todas as empresas têm que ter a capacidade de inovar e têm que criar vinhos para diferentes perfis de consumidor. A CARMIM tem uma equipa de enologia de excelência, liderada pelo enólogo Rui Veladas, que procura sempre fazer o melhor produto que satisfaça e surpreenda o nosso consumidor. Temos vários vinhos de referência para vários perfis de consumidores, como exemplo a nossa referencia “Garrafeira de Sócios”, desenhado para um perfil de consumidor mais conservador, exigente e que aprecia vinhos complexos, temos por outro lado a gama 16
“Monsaraz – monocastas”, pensado num perfil mais jovem e irreverente, que apela ao despertar dos sentidos. Apesar da concorrência de outras regiões, motivada, em grande parte, pela enorme evolução registada nos últimos anos no setor em Portugal, os vinhos do Alentejo continuam a gozar de enorme prestigio e da preferência generalizada dos consumidores. O que tornam estes vinhos tão especiais?
Atualmente, quem está habituado a provar vinhos de várias regiões sabe que, temos vinhos extraordinários em todas as regiões do nosso país. Temos o grande privilégio de estar num país com condições para produzir vinhos fabulosos, cada região com as suas particularidades, de clima,
solo e castas. O que e uma mais valia comparativamente a outros países, que não têm esta diversidade. Somos o país com o maior portfólio de castas autóctones do mundo, com um trabalho nacional extraordinário na preservação e estudo destas mesmas castas. Felizmente, nas novas plantações estamos a voltar plantar castas portuguesas, o que associada às nossas competências técnicas, só pode resultar num trabalho de excelência. O Alentejo tem condições de clima, solo e adaptação de algumas castas, que lhe permite a obtenção de vinhos muito equilibrados, complexos e estruturados, que funcionam para o consumidor como uma descoberta aos sentidos. Nos últimos anos um em cada dez vinhos pedidos em restaurantes nacionais tem sido da CARMIM. Como é que se conquista esta posição de líder no mercado dos vinhos de qualidade?
Um vinho para ser considerado uma referência, tem que transmitir ao consumidor uma consistência na qualidade, é um vinho que o consumidor prova, aprecia e recomenda. Para se manter a liderança de mercado, o rigor no controlo de qualidade dos nossos produtos é fundamental e este é um dos nossos pontos de honra, num trabalho desenvolvido pela nossa técnica Dália Santos. Quais áreas prioritárias para o futuro, O que é que têm feito para alcançarem os desígnios lançados? Que projetos estão a ser delineados? A CARMIM tem uma produção de azeites de excelente qualidade, baseada na variedade tradicional “galega”. Contudo tem-se verificado uma aposta em novos olivais aplicando novas técnicas agrícolas e alteração de sequeiro em regadio, mas sempre baseados em variedades de azeitonas tradicionais. Esta aposta tem permitido otimizar as produções mantendo a qualidade e as características organoléticas que caracterizam os azeites da Carmim. São azeites com aroma suave e fresco a amêndoa. As novidades no setor dos azeites estão previstas para o final de 2015. Reguengos de Monsaraz foi leita “Cidade Europeia do Vinho 2015”, este será um ano para a CARMIM de aposta nas atividades de Enoturismo, uma vez que, temos o maior prazer em receber os nossos apreciadores e proporcionar-lhes uma experiência única. A CARMIM, consciente do impacto que a sua atividade e dos seus associados tem sobre os recursos naturais da região, associada ao plano de sustentabilidade delineado pela CVR Alentejo, irá motivar e estimular a uma mudança consciente no seu modo de produção, com vista a um maior respeito pelos recursos e minimizar assim o seu impacto ambiental. Mais novidades quanto aos nossos vinhos, haverá seguramente ao logo deste ano!
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LIDERANÇA NO FEMININO
“Determinação e audácia deverão estar sempre presentes nas nossas decisões” Maria Manuela Maia é Doutorada em Direito, Master em Medicina Natural pela Faculdade de Medicina da USC. Com uma Pós Graduação em Acupuntura e Moxibustão pela Universidade de Pequim e Associação Médica Chinesa é também Membro de Conselho Científico de várias revistas científicas, Diretora da Revista Scientific Journal of Natural Medicine e Membro fundador do Centro de Investigação em Medicina Natural e de outros centros de investigação. Para além disso, já assumiu cargos de Pró Reitoria e de Direção em instituições de ensino superior, é Presidente da APSANA – Associação Europeia de Profissionais de Saúde Natural e Diretora Geral do Instituto Português de Naturologia. De referir ainda a sua participação e acompanhamento nos trabalhos preparatórios de alguns diplomas legislativos e o facto de ser membro convidado do Comité para a constituição da World Naturopathic Federation, em Paris. Foi membro indigitado, pela ACSS, para a regulamentação das Terapêuticas Não Convencionais. Atualmente, é membro do Conselho Consultivo para as Terapêuticas não Convencionais. Com um currículo irrepreensível, uma personalidade distinta e uma dedicação extrema a todos os projetos em que se envolve, Maria Manuela Maia fala-nos sobre liderança no feminino.
Maria Manuela Maia
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om um Doutoramento Europeu em Direito, difícil seria, na década de 90, imaginar Maria Manuela Maia a interessar-se pela área das terapias não convencionais. No entanto, quando falamos de alguém que jamais tem medo de arriscar e com convicções fortes, o inimaginável não existe. “O meu percurso nas terapias não convencionais tem a ver com desafio, coragem e muita determinação. Com formação académica em área totalmente distinta e após ter concluido o doutoramento, decidi estudar e trabalhar outras áreas,
nomeadamente a Medicina Chinesa. Lançado este desafio, outros surgiram e tudo começou a fazer sentido. Tive a possibilidade de ir formando uma equipa de pessoas de elevada qualidade humana e profissional que não me permitiram, jamais, abandonar este projeto. Tem sido em nome delas e por todas aquelas que fui conhecendo, associada à grande convicção na qualidade do trabalho que se tem vindo a fazer, que tenho dinamizado e defendido a Medicina Natural em geral e as terapias não convencionais em concreto. Sempre me seduziram os desafios. Talvez por 18
isso, no meu percurso profissional se encontrem projetos tão díspares. Determinação e audácia deverão estar sempre presentes nas nossas decisões”, afirma. “O IPN nasceu como um desafio, numa sociedade ainda pouco recetiva a estas matérias e até, de certo modo hostil” Apesar de sempre se ter interessado pela medicina natural, foi numa viagem à China que Maria Manuela Maia despertou, de uma forma mais
atenta, para esta área. “Nessa viagem tivemos contacto com a Associação Médica Chinesa que nos desafiou a trabalhar a Medicina Chinesa em Portugal. O projeto cresceu, o envolvimento foi sendo cada vez maior e, neste momento faz parte da nossa vida. Em 1999, há mais de 15 anos, a sociedade não estava preparada para ouvir novas formas de abordagem da saúde. Confundia-se medicina natural com medicina popular. Havia algum preconceito e total desconhecimento nesta matérias e, naturalmente, alguma rejeição. O IPN- Instituto Português de Naturologia nasceu como um desafio, num contexto nada recetivo a estas matérias e até, de certo modo hostil, contra o instituído!” “Contamos já com uma grande equipa de investigadores em medicina natural” O Instituto Português de Naturologia nasce em 1999, como entidade formadora na área da Medicina Natural, com os seus cursos com planos curriculares estruturados e duração de 4 anos, clínica integrada e corpo docente qualificado. “O projeto IPN desenvolveu-se numa estratégia de promoção integral da saúde vocacionada quer para a educação da pessoa, quer para a formação do futuro profissional, apostando numa outra abordagem da saúde. Toda a estrutura do Instituto Português de Naturologia está dotada de tudo o que se possa necessitar para o exercício profissional na área natural: formação em todas as áreas da medicina natural, prestação de serviços Revista Pontos de Vista: Apesar de nos encontrarmos num período de mudança e consciencialização, a sociedade portuguesa continua a ter os seus preconceitos. Medicinas não convencionais e mulheres em posições de sucesso ainda não têm o impacto e a visibilidade que merecem. Crê que este cenário ainda é atual? Maria Manuela Maia: Os últimos 30 anos registaram-se fortes mudanças nas atitudes das pessoas, nas suas preferências e, mesmo, nas suas prioridades. A sociedade, no seu todo, está mais exigente, mais informada e questiona-se sobre algumas referências. A muitos de nós já se colocou a pergunta: e porque não? O estar mais recetivo à mudança construtiva permite-nos, neste momento, falar de uma abordagem diferente da medicina e assistir a uma sociedade com mais participação feminina. Já se aceita que medicina natural não é o mesmo que medicina popular e isso leva a uma maior recetividade e vontade de experimentar. Uma vez quebrada esta barreira, a adesão é incondicional. O papel da mulher, na sociedade, também tem estado em alteração. Maior participação, maior visibilidade, levam, naturalmente, a maiores situações de sucesso. Tenho como certo que o projeto IPN faz parte da história da mudança da abordagem da saúde/doença, em Portugal.
à sociedade, através das suas clínicas e, por fim, uma logística de apoio ao trabalho em medicina natural. E porque a formação em medicina natural não basta para a qualidade se afirmar, é necessário investigação. Contamos já com uma grande equipa de investigadores em medicina natural, proveniente dos nossos melhores alunos e apoiada pelos nossos professores. Criou-se o Centro de Investigação em Medicina Natural, que publica Revista Científica de Medicina Natural (Scientific Journal of Natural Medicine), aberta a todos os investigadores nacionais e estrangeiros. A estratégia de investimento na formação e investigação, com a prestação de serviços à sociedade aliada à educação da população para a medicina natural, leva-nos a uma forte intervenção de preparação da sociedade para as terapias não convencionais. Ao longo destes anos, todo este trabalho de intervenção e responsabilidade social, desenvolvido pelo IPN, vieram permitir que a regulamentação se justificasse, como resposta a uma sociedade cada vez mais esclarecida”, refere. “O maior desafio será sempre o de superar as nossas próprias limitações” Enquanto Diretora do IPN, Maria Manuela Maia garante ter uma atitude extremamente tranquila na sua liderança: “ privilegiamos o trabalho em equipa, em que cada um tem um papel decisivo e de responsabilidade na sua área de atuação. Entendo a liderança, também, como a capacidade de potenciar o que de melhor cada um pode contribuir para a equipa. Por isso e desta forma, não faz sentido falar de trabalho masculi19
Revista Pontos de Vista: O seu êxito e a integração em vários projetos com posições de destaque são a prova de que a sociedade está a mudar e a permitir, cada vez mais, o acesso da mulher ao mundo profissional? Maria Manuela Maia: Creio que quem está a mudar é a mulher e não tanto a sociedade. Quando a mulher muda a sua postura, a sociedade também muda. A intervenção da mulher em aspetos decisivos da sociedade está a ganhar, gradualmente, maior dimensão. Torna-se, todavia, necessário que a mulher se prepare, esteja disponível para agarrar desafios de maior envergadura, que ponham à prova as suas capacidades. Uma vez que se consiga, por parte da mulher, atitude mais confiante e mais recetiva a desafios mais arrojados, todo o resto surge, naturalmente. A sociedade adaptar-se-á.
no ou feminino. Ambos são necessários e indispensáveis para o resultado final”. Para Maria Manuela Maia, quando se trabalha em equipa não há lugar a protagonismos individuais: “o sucesso de um é a vitória de todos. Quando algo corre mal, é na equipa que se encontra a solução. Apesar de a pessoa ser o centro de qualquer estrutura, o resultado final vai mais além. Será no projeto e no seu grau de acolhimento pela sociedade que deverá estar revelado o sucesso”. Quanto aos desafios, “poderão ser vários, na certeza porém que o maior será sempre o de superar as nossas próprias limitações. Ao longo do nosso percurso somos chamados a fazer opções e tomar decisões. E somos testados por isso. Serão as nossas melhores ou piores decisões que vão determinar o resultado. No nosso dia a dia há que estar preparado para uma persistência esclarecida. Este é, sem dúvida, o maior desafio.
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“Quero afirmar a Universidade na região, no país e no estrangeiro” Ana Costa Freitas foi eleita reitora da Universidade de Évora. É a primeira Reitora desta instituição e a terceira mulher eleita reitora numa Universidade Portuguesa. Saiba quais são as suas prioridades para os próximos anos. Foi eleita, no ano passado, Reitora da Academia Alentejana. Quais as principais metas que quer ver atingidas neste quadriénio 2014-2018?
Ana Costa Freitas
Quero afirmar a Universidade na região, no país e no estrangeiro. Quero que a Universidade se torne uma referência para o país e consequentemente para a região, algo que só se consegue com excelência no Ensino, na Investigação e na transferência do Conhecimento para a sociedade. Tem como objectivo afirmar a Universidade de Évora como um dos principais motores de desenvolvimento regional e, para isso, defende que é necessário redireccionar a investigação e o ensino para as áreas de maior interesse à região onde se insere. Quais são essas áreas necessárias ao desenvolvimento do Alentejo que estão no foco da UE?
Como nós sabemos, para o próximo quadro comunitário, até 2020, foi necessário definir estratégias de especialização inteligente para a Europa no seu conjunto, para cada país, e em Portugal, para o país e para as regiões. E há uma estratégia de especialização inteligente para o Alentejo. É evidente que a Universidade tem aqui responsabilidade, porque estamos nesta região, somos um dos principais produtores de conhecimento, capazes de o transferir e portanto promover a inovação. Desta forma, as áreas que nós consideramos prioritárias e que deverão ser transversais a toda a Universidade são as Ciências Agroalimentares e Ambiente, incluindo recursos naturais, Energias e Ordenamento do Território; o Património (material, imaterial e humano) e as Artes, as Tecnologias de Informação e Comunicação e a Eletrónica. Para além disso, numa região de baixa densidade populacional e com uma população envelhecida, temos que nos preocupar em formar quadros de excelência, mas também em fixá-los na região. E isso nós estamos a tentar fazer ativamente com, por exemplo, a nossa grande ligação ao Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo (PCTA), do qual a UE detém a posição maioritária, e a ligação às grandes empresas que estão na região. Porque a região Alentejo tem principalmente pequenas e médias empresas, mas o que fará dar o salto maior, que temos que dar até 2020, é não perder o foco nas pequenas e médias empresas, ao mesmo tempo que garantimos que formamos quadros para as grandes empresas que aqui estão localizadas e para aquelas que aqui se podem vir a estabelecer. E a Universidade tem que estar consciente desta responsabilidade, em estreita ligação com o Poder Local, com a CCDRA e com as outras Instituições de Ensino Superior da região. Defende a criação de parcerias nacionais e internacionais que coloquem a Universidade de Évora nos rankings e que sejam relevantes na captação de mais fundos europeus. Que parcerias tem vindo a estabelecer e quais aquelas quem tem em vista para os próximos tempos?
Há muito tempo que se diz que a Rede de Ensino Superior Pública em Portugal se encontra mal
os IP’s, e temos mantido conversações no sentido de estabelecer um modelo que facilite a partilha de recursos, humanos e materiais, que nos interligue mais e que nos permita que sejamos todos parceiros nos concursos aos fundos que estão disponíveis e que podem permitir alavancar a região. Por outro lado, nós somos líderes no PCTA, onde detemos a posição maioritária e somos os líderes da Rede Regional de Transferência de Tecnologia, que ao tornar-se efetiva, será útil para potenciar a região e ao mesmo tempo estabelecer pontes entre os vários atores, englobando IP’s, e Centros de Investigação da região. Temos fomentado ainda a ligação à Universidade da Extremadura, tendo já diversos protocolos assinados relativos a vários cursos, em termos de intercâmbio de docentes, de cursos em associação, com dupla titulação para os alunos das duas instituições. Que medidas são importantes implementar como forma de atrair mais estudantes internacionais à Universidade de Évora e desta forma aumentar as receitas da instituição?
dimensionada. Eu não diria isso, visto que tempos ainda uma baixa percentagem de licenciados, em comparação com a média europeia. Eu diria que eventualmente está mal interligada. As instituições estão a trabalhar muitas vezes isoladamente e isto leva a que, sendo Portugal um país pequeno em relação a outros países da Europa, e sendo a Universidade de Évora pequena em relação ao país, isto obriga-nos a desenvolver outras estratégias. E é evidente que a estratégia que passa pela criação de consórcios, fusões ou seja qual for o modelo de associação, deve ser considerada. Em Portugal, nós começámos com a fusão da Universidade Técnica de Lisboa com a Universidade de Lisboa, agora temos o consórcio das Universidades do Norte e as Universidades do Centro também estão em conversações. Obviamente que a UE não pode ficar isolada. No Alentejo (na região NUT II em que estamos inseridos) nós somos a única universidade, a nossa realidade é diferente dos casos que relatámos, mas isso não nos fará ficar isolados, não podemos e não devemos. Temos contactos estabelecidos com a Universidade Nova de Lisboa e com a Universidade do Algarve, com as quais temos pontos de proximidade bastante grandes e julgo que nos podemos complementar mutuamente. Temos vindo a trabalhar com estas instituições no estabelecimento de consórcios específicos, para acções muito concretas que deverão incidir não só na investigação como também nos ensinos, principalmente de 2º e 3º ciclo. Por outro lado, temos que potenciar os nossos recursos, fazendo protocolos com os Institutos Politécnicos da região onde estamos inseridos. Estabelecemos já um protocolo ao nível do Ensino da Enfermagem com os IP’s da região. Assinámos agora um protocolo para a prestação de serviços na área da Enfermagem para Angola, em conjunto com 20
Quanto a medidas para recrutar estudantes fora do espaço europeu, creio que existem países que se nos apresentam como preferenciais. São os países da Lusofonia e nós gostaríamos também de estender aos países da América Latina, para o qual contribui esta nossa ligação à Universidade da Extremadura. Tal como é nosso objectivo focarmo-nos na Investigação que é prioritária para a Universidade, eu também acho que temos que ser objectivos nos cursos que nós queremos divulgar lá fora. Por isso nós estamos a trabalhar na identificação dos países prioritários, bem como dos cursos que podem ter mais interesse. Aliás, o governo emitiu um relatório sobre a internacionalização do Ensino Superior, o CRUP foi chamado a apresentar um projecto para a internacionalização das IES no seu conjunto. Creio que tal tem que passar por termos um modelo próprio e sabermos exatamente para onde queremos ir, a que países e com que cursos. Isso está neste momento a ser identificado para podermos ter uma atuação mais estratégica e que dê resultados visíveis. Defende também que as Universidades deveriam ter um financiamento plurianual. Que impacto isso teria, por exemplo, ao nível da investigação?
Ao nível da investigação, é preciso que se diga que o Orçamento de Estado para as IES não financia a Investigação. A investigação é financiada pelos projetos apresentados pelos investigadores aos programas europeus, à FCT ou mesmo aos fundos regionais. No entanto os salários dos investigadores, esses sim, são pagos pelas Universidades. Portanto, o financiamento plurianual não financiaria a investigação, mas teria vantagens em termos de visão a longo prazo. Funcionando a Universidade por ano letivo, sendo o orçamento definido para um ano civil, quando começa o ano académico, não sabemos o orçamento para o ano seguinte. Se o financiamento for plurianual, permite-nos ter essa visão a longo prazo, que é sempre mais
benéfica que a visão do imediato. Nós temos como missão produzir licenciados, mestres e doutores e o Estado paga também em função do número de alunos. Contudo, quando há uma redução do número de alunos, isso afeta o financiamento, mas as estruturas administrativa e docente mantêm-se. E por isso, tudo isto é muito mais difícil de ir equacionando ano a ano do que se fosse com financiamento plurianual. Tomou posse em Maio do ano passado. É possível fazer já um pequeno balanço?
No primeiro ano nós temos por obrigação implementar algumas alterações que achamos serem fundamentais para a instituição. Eu acho que um dos grandes pontos será o estabelecimento de áreas-âncora, portanto áreas onde a Universidade deverá ser excelente, definidas no Plano de Desenvolvimento Estratégico, que esteve em audição pública até final do mês passado e que irá agora a apreciação ao Conselho Geral. A principal estratégia é focar a universidade. Em termos de balanço, eu sinto uma grande ligação da Universidade com a região. Falei já com quase todos os presidentes das autarquias da região, as relações com a Câmara Municipal de Évora e com a CCDRA são muito boas; o PCTA está a afirmar-se bastante, tendo duplicado desde Julho passado o número de empresas aí estabelecidas, temos mantido e aprofundámos a ligação às grandes empresas da região, como a EMBRAER e a TYCO Electronics, para referir apenas algumas. Esta ligação com a região é hoje uma realidade. Por outro lado, tenho feito um esforço, e está a dar resultados, para garantir que todo o processo de decisão na Universidade é da Reitoria em conjunto com as Unidades Orgânicas (Escola de Artes, Escola de Ciências e Tecnologia, Escola de Ciências Sociais, Escola de Enfermagem S. João de Deus e Instituto de Investigação e Formação Avançada). Este trabalho com as Direções das Escolas permite uma visão de conjunto que é fundamental para interligar a Universidade, mantendo ao mesmo tempo a independência das Unidades. É um balanço que considero positivo.
Licenciada em Agronomia pelo Instituto Superior de Agronomia (Lisboa), é doutorada em Biotecnologia Alimentar pela Universidade de Évora e docente do departamento de Fitotecnia, desde 2002. Entre 2006 e 2010, foi vice-reitora da academia alentejana, com o pelouro Académico, tendo também sido membro do Conselho Geral da instituição de dezembro de 2012 a outubro de 2013. Para além disso, ocupou o cargo de Conselheira no Gabinete de Conselheiros Políticos do Presidente da Comissão Europeia, em Bruxelas, entre 2011 e 2013. No início da sua vida profissional esperava chegar tão longe?
Nunca coloquei a questão desse modo. Tirei um curso de que gostei, fiz uma carreira de que gostei. Aquilo de que mais gosto na minha carreira é a docência e a investigação, eu gosto muito de estudar, de investigar. Claro que tenho aspirações, toda a gente as tem, mas não avanço para nada que não me diga algo e para o qual eu não sinta que posso contribuir. Mas a vida é feita de escolhas, e quando escolhemos algo, é sempre em detrimento de outra coisa qualquer. Eu escolhi isto em detrimento de outras, mas é uma decisão que me orgulho de ter tomado. Referiu anteriormente que para chegar a catedrática, sendo mulher, é preciso trabalhar dez vezes mais. Em que situações do seu percurso profissional sentiu que ser mulher a limitou?
Creio que para uma mulher chegar a cargos de topo é mais difícil do que para um homem. Tal tem que ver com a sociedade de um modo geral, mas há culpas parte a parte. Porque nós próprias fomos educadas para a gestão familiar, para a educação dos filhos, e portanto aí temos sempre que trabalhar mais. Não acho que tenhamos que trabalhar mais para dar mais provas, temos que trabalhar mais porque assumimos responsabilidades exclusivas na vida familiar. Quanto ao facto de ser mulher me ter limitado, não tenho a certeza, mas creio que há evidências científicas de que a mulher tem tido, de alguma forma, limitada a ascensão ao poder. Basta dizer que quando me candidatei, muita gente me perguntou se ser mulher faria diferença, muita gente me pergunta como é ser mulher e ser reitora; estas não são perguntas usuais de se fazer a um homem, mas não sinto qualquer diferença de atitude em relação aos meus colegas. É a primeira Reitora da Universidade de Évora e a terceira mulher eleita reitora numa Universidade Portuguesa. Sente-se orgulhosa do caminho que tem vindo a percorrer?
Sim, sinto-me orgulhosa. Creio que ninguém gosta de ter um objectivo e não o atingir. No meu caso, propus-me e aconteceu.
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LIDERANÇA NO FEMININO
A segunda mulher na chefia de uma Câmara de Comércio e Indústria Árabe Europeia Pelo facto do empresário árabe desconhecer as reais capacidades de Portugal que, por sua vez, também não tem um profundo conhecimento das potencialidades dos mercados árabes, as relações económicas entre estes dois países poderiam ser mais intensas. Quem o diz é Aida Bouabdellah, Secretária Geral & CEO da CCIAP (Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa), eleita no início de 2014 pela Liga dos Estados Árabes e por decisão da União Geral das Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura dos Países Árabes. Ser uma mulher na CCIAP, uma casa fundada pelo seu pai, é um desafio e, simultaneamente, um privilégio que assume com a garra que sempre a caracterizou. Edificada em 1977, a CCIAP - Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa, assume-se como uma entidade que tem como principal desiderato o desenvolvimento e fortalecimento das relações de natureza comercial e industrial entre Portugal e os Países Árabes. Com quase quatro décadas de existência, que balanço é possível fazer?
A CCIAP é reconhecida oficialmente por organismos altamente responsáveis do Mundo Árabe, pela Liga dos Estados Árabes e pela União Geral das Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura dos Países Árabes, representa em Portugal o Setor Empresarial Privado Árabe. Desde já cumpre referir que, a CCIAP é a instituição pioneira das relações comercias, industriais mas igualmente económicas e culturais entre Portugal e os 22 Países da Liga dos Estados Árabes. O balanço é bastante positivo. Nos anos 70, aquando da fundação da instituição, Portugal era desconhecedor da realidade dos 22 Países da Liga dos Estados Árabes, assim como estes países desconheciam, na altura, o tecido empresarial português. Desde então, muito mudou. As primeiras delegações a irem para os Países Árabes foram com a CCIAP. Isso é motivo de orgulho, quando recuamos e constatamos que Portugal está na Rota dos Países Árabes em termos de Comércio Internacional. Não posso deixar de referir que ao longo destes quase 40 anos, a Câmara constituiu-se como plataforma imprescindível para o desenvolvimento destas relações. Da sua experiência e conhecimento, de que forma é que esta relação entre Portugal e os Países Árabes tem sido fomentadora e promotora de mais valias para ambos? Em que vetores e segmentos é que podemos identificar esse valor acrescentado numa base de mútuo interesse?
Em primeiro lugar tenho de mencionar a relação sólida entre Portugal e os Países Árabes. Os árabes permaneceram aqui durante cinco séculos e deixaram uma herança sem precedentes, que é desconhecida pela grande maioria da população. Estamos a falar na língua (cerca de 4.000 palavras do dicionário português são de origem árabe), filosofia, medicina, agricultura, na arquitetura, culinária. Existem mais parecenças do que diferenças entre os dois povos. Pela minha experiência, e quando a CCIAP recebe delegações árabes em Portugal, estes sentem-se em casa. Portugal tem muito a ganhar com os povos árabes, e estes com Portugal.
Aida Bouabdellah
No que respeita às mais valias retiradas destas relações, tenho de referir que estão muito aquém do desejado. Apesar de nos últimos dez anos estas terem vindo a registar um incremento bastante positivo, existe ainda muito onde trabalhar. Julgo que as empresas portuguesas, numa altura em que os principais parceiros estão a ultrapassar momentos económicos delicados, terão de olhar para novos mercados de uma forma mais séria. Posso dizer, que já são muitas as empresas portuguesas, de vários setores da atividade económica que estão a laborar nos países árabes de diversas formas. Existe sim um ponto que deve ser sempre considerado para que possamos falar de win-win: as parcerias a médio e longo prazo, as relações duradouras. Estas são as que defendemos. Como analisa as relações económicas e comerciais entre Portugal e os Países Árabes?
Portugal comporta-se como cliente e fornecedor dos Países Árabes em vários setores da atividade económica. As exportações portuguesas para os Países Árabes têm vindo a aumentar, cifrando-se 22
em cerca de dois mil milhões de euros de visíveis. Apesar deste acréscimo poderiam ter valores mais elevados e isto provém de uma circunstância apenas: o desconhecimento das reais capacidades de Portugal por parte do empresário árabe, e por outro, o desconhecimento de Portugal das reais oportunidades que os Mercados Árabes oferecem. Portugal terá, a meu ver, de mudar de estratégia internacional para estes países: temos de ser mais eficazes e manter as relações. Manter relações, não deixando que assuntos de cariz urgente sejam transferidos para outros países. Na Câmara defendemos os interesses das empresas portuguesas e auxiliamos na sua internacionalização para os Países Árabes. Detemos relações privilegiadas com entidades decisoras árabes e estamos aptos para auxiliar todos aqueles que a nós recorrem. Julgo que o Estado Português tem criado as condições essências e necessárias (desde assinatura de protocolos, acordos que evitam a dupla tributação económica, etc.) para uma maior aproximação. O ambiente favorável criado pelo Estado Português, com as várias deslocações feitas aos mercados árabes, são o suporte para a penetração das empresas árabes em Portugal, e em especial das empresas portuguesas nos Países Árabes, e isto é bastante favorável. Cumpre ao Estado criar as condições, desbravar caminho, para que depois possa haver um diálogo mais aberto entre os dois lados. A meu ver é um apoio sem ímpar para o incremento das relações bilaterais. Os números comprovam que o volume de trocas entre os dois povos mais que duplicou na última década. Existe algum segmento comercial em que esse crescimento tenha sido superior ou este volume de trocas assenta na globalidade das relações económicas e comerciais?
Na verdade, e com os dados da CCIAP, o volume de negócio na última década quadruplicou, passando de 500 milhões para dois mil milhões de euros. Assenta maioritariamente na globalidade das relações económicas e comercias. É claro que existem setores com mais capacidade de internacionalização que outros, não querendo de todo dizer, que não seja possível ou talvez difícil a expansão dos demais. Podem sim haver setores com mais abertura para o mercado internacional, onde as oportunidades são mais aparentes. Na CCIAP temos conhecimentos que são várias as empresas de diversos setores da atividade econó-
mica que mantêm relações com os Países Árabes, como por exemplo nos segmentos: das energias, infraestruturas (ferrovias, construção, recursos hídricos, telecomunicações, novas tecnologias), têxteis, saúde, agroalimentar, arquitetura-design, entre outros, e não só produtos mas também serviços. Os Planos de Desenvolvimento Económicos dos Países Árabes, atribuídos a todos os setores de atividade, demonstram o crescimento rápido deste grupo de países, e assim as oportunidades para os vários segmentos de mercado. O que pode esperar da CCIAP um empresário português que pretenda investir e internacionalizar-se num território árabe e o contrário, ou seja, um empresário árabe que pretenda apostar em Portugal?
Todo a colaboração necessária. A CCIAP é uma instituição sem fins lucrativos, uma entidade de utilidade pública. Somos uma Câmara de Comércio Árabe Mista. Quer isto dizer que, se por um lado defendemos os interesses árabes em Portugal, por outro representamos os interesses das nossas empresas nos Países Árabes. Quando visitamos um destes países, os nossos empresários são muito bem recebidos, o mesmo se passa quando estes visitam Portugal. Ao empresário português abrir-lhe caminho, facilitar a sua entrada no mercado, introduzi-lo nos meios económicos credíveis e sérios, tendo por indicador principal as Câmaras de Comércio locais, que aglutinam toda a atividade económica do país. Ao empresário árabe levar ao seu conhecimento a realidade económica portuguesa, guiando os seus investimento para setores em que as empresas portuguesas tenham capacidade de resposta para as suas solicitações. São redes de contactos criadas durante quase 40 anos. Detemos conhecimento dos grandes e pequenos projetos. Damos a conhecer estas realidades e as oportunidades de investimento nestes países, através dos nossos informes. Além das nossas publicações, como a Revista Al-Tijariyah, utilizamos os nossos boletins informativos (que contêm as últimas oportunidades de negócio como as importações, exportações, concursos públicos internacionais, partenariados, entre outras) e o nosso website. Em 2014 foi realizado o II Fórum Económico Portugal-Países Árabes. Este ano vamos ter um novo evento? Qual a relevância que o mesmo tem vindo a aportar e de que forma tem sido o mesmo vital para as empresas de ambos os mercados?
Ao longo da história da Câmara os Fóruns Económico sempre estiveram no plano das atividades. Começámos de forma mais ativa em 2012, O facto de ter sido o seu pai, Allaoua Karim Bouabdellah em 1977, há 38 anos, a fundar esta “casa”, acarreta, para si, responsabilidades acrescidas? Com certeza que sim. Constantemente somos postos à prova e temos de demonstrar ainda mais do que é normal, para fazer valer a nossa capacidade. Temos de fazer ver que não é de onde vimos, mas sim o trabalho que prestamos que nos faz merecedores da oportunidade e do privilégio de estar nesta posição. Só assim, com dedicação e trabalho, é que seremos merecedores do respeito e da confiança.
com o I Fórum Portugal-Iraque, a pedido das entidades iraquianas. No entanto, fez-nos sentido alargar o leque de países, e assim surgiu o Fórum Económico Portugal-Países Árabes. Mostrou-se ser a plataforma que estava em falta para o incremento das relações bilaterais entre os dois lados. Aliás, posicionou Portugal na rota económica destes países. Os benefícios são vários. Talvez o principal, passa pela oportunidade dos empresários portugueses realizarem reuniões com os seus congéneres árabes, e mais uma vez divulgar as reais capacidades de resposta que Portugal tem em vários setores da atividade económica. O Fórum é uma montra para as empresas portuguesas e para Portugal. Recebemos várias instituições árabes do mais alto nível e empresas que dão a conhecer o que se passa de mais relevante nos seus países. É um momento de aproximação e os resultados têm sido bastante positivos. Temos de ser contínuos, constantes, insistentes. Temos agora uma responsabilidade acrescida com este fórum. As expetativas acrescem de ano para ano. A 1 de janeiro de 2014, foi eleita Secretária Geral & CEO da CCIAP, pela Liga dos Estados Árabes e por decisão da União Geral das Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura dos Países Árabes. Mais de um ano depois, que balanço faz da sua “liderança” e gestão?
Estou na Câmara já há algum tempo, de maneira que nada foi muito repentino, houve uma passagem de conhecimento e não se quebrou a continuidade do trabalho. Ao longo deste tempo tive a oportunidade de contacto com os vários departamentos. Havia que modernizar alguns procedimentos, mantendo a essência da Câmara que é a ajuda efetiva ao empresário, trabalhando como ponte de ligação entre dois mundos, bem como a confiança que tem primado a instituição. Posso dizer que o balanço é positivo. Devo-o a todos que acreditaram em mim. Esta casa foi fundada pelo meu pai. Foi uma entrega, um projeto de vida que eu acompanhava todos os dias. Apreendi muito ao observar a dinâmica da equipa da Câmara aquando da sua liderança. Julgo que esta dedicação fez de alguma forma nascer em mim esta vontade de dar seguimento a uma causa que sempre esteve bastante presente, deu-me força para continuar o mesmo caminho, o mesmo projeto de vida e assumir a liderança desta instituição. Como é ser mulher e liderar uma instituição com este prestígio e dimensão? Sente que a sociedade atualmente mudou o paradigma relativamente a uma função de liderança ser preconizada por uma mulher? Tem ou já sentiu esse preconceito? Se sim, como lida com ele?
Ao longo da história houve uma evolução bastante positiva do papel da mulher nas sociedades, e em especial no mundo empresarial. Julgo que todos teremos uma gratidão por todas as mulheres que lutaram para que chegássemos a esta situação. A meu ver o género pouco interessa. O que releva é a determinação, autoconfiança e pragmatismo, defendendo os princípios e valores onde estamos inseridas. Liderar uma instituição como esta, seja homem ou mulher, é uma tarefa que acarreta em si dificuldades. No entanto, a capacidade de ultrapassar os desafios faz com que sejamos capazes de vingar e marcar a nossa posição. Julgo que a minha geração é privilegiada no 23
que respeita ao preconceito da mulher em funções de chefia. Temos vários exemplos na nossa sociedade. Como já foi referido, fui nomeada pela parte Árabe da Câmara, para ser Secretária Geral & CEO. Não senti qualquer preconceito, nem de género nem de idade. Foi depositada uma responsabilidade e confiança na pessoa que sou, e espero exceder as espetativas. Sente que a sociedade mudou e começa a ver o papel das mulheres, a nível profissional, de outra forma, ou seja, de uma forma mais positiva e construtiva?
Claro que sim. A sociedade mudou em muito. Há alguns anos atrás o papel da mulher na sociedade era quase nulo. Houve uma mudança bastante positiva e eu diria até saudável. O estigma não está totalmente ultrapassado. Homens e mulheres têm formas de encarar paradigmas de forma diferente. Diria que se complementam. Não são mais ou menos capazes. Estão em patamar de igualdade quando falamos de capacidade de execução. Hoje, o papel social, dito tradicional, da mulher, como mãe, esposa e dona de casa, ainda está presente nas classes mais conservadoras. Mas começou a surgir uma nova geração, que tem derrubado de vez esse estereótipo. Ainda falta ultrapassar algumas barreiras?
A mulher tem um papel na sociedade diferente do homem. Nunca será igual. Nas classes ditas mais conservadoras ainda existe. No entanto a minha geração, se assim posso dizer, olha para o papel da mulher de forma distinta. No entanto, continuamos a ser mães, esposas e donas de casa, temos é uma forma de partilha familiar diferente. Poderemos ter derrubado algumas barreiras, mas ainda existe algo a ser feito. Como é ser mulher num projeto como o da CCIAP?
Sou a segunda mulher na chefia de uma Câmara de Comércio e Indústria Árabe Europeia. Estou em ambientes maioritariamente masculinos, mas olho para este facto como uma mais valia. Sinto-me privilegiada de estar num projeto como o nosso. Temos uma equipa que olha para o desafio da mesma forma que nós, o que aumenta a nossa taxa de sucesso. O que é que podemos esperar de si nos próximos tempos enquanto Secretária Geral & CEO da CCIAP? Quais os objetivos delineados em termos de estratégia de crescimento da instituição?
Cumprimento do que assumi, aquando da minha eleição: empenhamento, seriedade, dedicação à causa, prestando serviços em benefício dos empresários. Elevar a posição de Portugal nos Países Árabes, incrementar as exportações portuguesas e o investimento árabe em Portugal. Se falarmos de objetivos esses são muitos. A Câmara já se estabeleceu como parceiro de eleição para muitas empresas quando pensam em se internacionalizarem para um dos nossos países. É reconhecida ao mais alto nível, nas instâncias árabes. O trabalho desempenhado no passado ajuda-nos, em muito, a determinar o nosso ramo de ação. Irei continuar a percorrer o mesmo caminho, fazer sempre mais e melhor em prol das relações Luso-Árabes. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
LIDERANÇA NO FEMININO
A OPINIÃO DE CONCEIÇÃO CALDEIRA, Administradora e Diretora Executiva da EPAD - Escola Profissional de Artes, Tecnologias e Desporto
“O que espero do Futuro...? Esse EQUILÍBRIO”
Temos protocolos com cinco países europeus o que permite aos nossos alunos estagiarem nesses países. São inúmeros os prémios ganhos pela Escola e pelos nossos alunos. São eles que fazem da Escola uma escola de excelência. No nosso horizonte está o alargar da EPAD a outras zonas do país. Agora centrando-me na minha vida profissional: o que me permitiu alicerçar a minha vida profissional? Foram diversos os fatores que contribuíram para que me considere uma mulher feliz e realizada tanto na vida pessoal como profissional. Sem os querer priorizar refiro a vontade férrea de fazer sempre mais e melhor, não virar as costas a um bom desafio, não ter medo de correr riscos, correr atrás dos sonhos e torná-los realidade é uma sólida estrutura familiar que sempre me apoiou, incentivou e deu liberdade para que pudesses fazer, sem constrangimentos, as minhas escolhas profissionais. Posso assim considerar-me uma privilegiada por nunca me ter sentido descriminada por ser mulher mas, infelizmente, essa não é a realidade de muitas mulheres neste país. A perceção de que a mulher não possui capacidades pessoais/ empreendedoras ainda subsiste e vai levar tempo a desaparecer a discriminação ao acesso das mulheres aos lugares de topo das empresas e da administração pública. Acredito que a situação se vai reverter brevemente basta ver o número de mulheres envolvidas nos campos da inovação e investigação onde a sua participação aumentou consideravelmente nos últimos anos. As medidas tomadas pelos estados membros irá igualmente contribuir para o reverter dessa situação. E para reflexão refiro as conclusões de um estudo realizado pelos consultores McKinsey& Ernest e Young “O aumento do número de mulheres em posições de chefia reforçaria a competitividade...as empresas onde há um maior equilíbrio entre homens e mulheres têm lucros mais elevados...” O que espero do futuro...? Esse EQUILÍBRIO.
A EPAD tem por lema " Construir Futuro" e tem por missão "... qualificação de jovens e adultos..." e por isso organizamos ofertas flexíveis e diversificadas de formação que reforcem a aquisição de competências, centrando as formações nas necessidades, expectativas e projetos de vida pessoais e profissionais num " continuum" de aprendizagem.
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EPAD é contexto de inovação e por isso contribui para mudanças significativas no meio social e empresarial que a rodeia estabelecendo interfaces cada vez mais fortes com esse meio. Acreditando que o capital humano é uma mais valia para o desenvolvimento sustentado de qualquer país e sendo o défice de qualificação da população portuguesa uma das suas maiores debilidades pretendemos com o nosso Projeto Educativo, contribuir para uma sólida formação geral, científica e tecnológica capaz de preparar os jovens e adultos para uma entrada com sucesso na vida ativa e/ou prosseguimento de estudos se for essa a sua vontade. A pertinência da nossa oferta formativa leva a que cada vez mais jovens procurem a EPAD. Com a nossa oferta formativa pretendemos dar resposta à apetência dos alunos e ao mesmo tempo corresponder à necessidade do mercado que procura profissionais devidamente qualificados. Há oito anos que sou Administradora e Diretora Executiva da EPAD e face aos resultados obtidos não posso deixar de fazer um balanço altamente positivo desse tempo passado à frente dos destinos da EPAD. Orgulho- me dos bons profissionais que comigo trabalham e que levaram o nome da EPAD além fronteiras pela excelência do trabalho desenvolvido. 24
LIDERANÇA NO FEMININO
“As mulheres têm mais visão de grupo e são menos individualistas” “O conceito de gestão está a mudar e outras perspetivas de liderança estão a ser equacionadas, não é mais fácil hoje, é diferente e é mais feminino. Penso que é uma mudança que já se encontra em movimento e que progressivamente será muito bem sucedida”, salienta Delfina Lisboa Cunha, Vice-Presidente da AIDA – Associação Industrial do Distrito de Aveiro e Diretora Geral da Futurvida, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Liderança no feminino foi o tema principal, mas outros assuntos foram abordados pela nossa interlocutora.
Delfina Lisboa Cunha
A AIDA – Associação Industrial do Distrito de Aveiro assume-se atualmente como um importante «veículo» no domínio do reforço da competitividade, tendo inclusive uma forte ligação com outras congéneres de âmbito internacional, em prol do apoio às empresas da região de Aveiro. Desta forma, que análise pode ser realizada ao nível do trabalho que tem sido realizado pela associação?
O trabalho de uma associação assenta, por natureza, no estabelecimento de relações institucionais. A AIDA privilegia muito o relacionamento de proximidade com todos os agentes económicos, nacionais e internacionais, como forma de promoção das empresas da Região de Aveiro. A aposta no reforço da representatividade da associação tem sido uma linha condutora da atuação da AIDA, ao longo destes 29 anos, já que dela depende a capacidade negocial das nossas empresas, perante clientes e fornecedores. Sem capacidade negocial não existe competitividade, como é óbvio. A proatividade da AIDA e o reconhecimento, por parte das entidades com as quais se relaciona e da qualidade do trabalho efetuado, permite-nos
acreditar que a associação é um parceiro importante das empresas da região. Ainda que muito haja ainda a fazer. De que forma é que a vossa forma de atuação, tem tido resultados positivos e frutíferos para as empresas da região de Aveiro ao nível da promoção da internacionalização e da competitividade?
A internacionalização está na ordem do dia, mas o trabalho da AIDA a esse nível começou há muito tempo quando, em 1991, realizou a primeira missão empresarial que teve Angola como destino. Desde aí, a AIDA tem intensificado a sua ação, tendo em vista facilitar a entrada das empresas da região nos mercados externos. Como se sabe, o processo de internacionalização é moroso e dispendioso, exigindo um bom conhecimento do mercado alvo. O que a AIDA faz é preparar o caminho das empresas, colocando o know how de que dispõe ao seu serviço, acompanhando-as ao longo do processo e analisando os seus resultados. Nesse âmbito realiza, nomeadamente, estudos sobre os mercados, seminários de apresentação dos mes26
mos, missões empresariais (uma média de dez por ano), missões de importadores. Os resultados são muito satisfatórios e evidenciados pelo facto de as exportações do distrito de Aveiro representarem 12,6% do todo nacional, excedendo as importações 1,7 vezes, facto para o qual a AIDA se orgulha de contribuir. Acredita que escasseiam apoios de entidades estatais para que este desiderato seja ainda mais regular e contínuo?
Escasseiam, essencialmente, um conjunto de medidas que tornem Portugal um país mais atrativo ao investimento, nacional e estrangeiro. Os investidores necessitam de sentir confiança para implementar os seus projetos, o que passa pela estabilidade legislativa, eliminação de burocracias, pela eficácia da diplomacia económica entre outros fatores nos quais estamos muito aquém do desejável. Sem um contexto favorável à atividade empresarial, todos os apoios estatais que possam existir serão poucos. É também no sentido de alterar esta realidade que a AIDA trabalha, daí a realização de inicia-
“A internacionalização está na ordem do dia, mas o trabalho da AIDA a esse nível começou há muito tempo quando, em 1991, realizou a primeira missão empresarial que teve Angola como destino. Desde aí, a AIDA tem intensificado a sua ação, tendo em vista facilitar a entrada das empresas da região nos mercados externos. Como se sabe, o processo de internacionalização é moroso e dispendioso, exigindo um bom conhecimento do mercado alvo”
tivas como o Fórum Empresarial da Região de Aveiro, já na quarta edição, no qual se tem procurado dar visibilidade a estas preocupação alertando o poder político para as mesmas, ao mesmo tempo que se dá realce àquilo que se faz de melhor na região e que tanto tem contribuído para o revitalizar da nossa economia. No sentido de esclarecer os nossos leitores, como é liderar uma entidade como a AIDA? Sente que o facto de ser Mulher torna essa tarefa mais difícil?
Pessoalmente não tenho sentido que o facto de ser mulher dificulte o trabalho enquanto dirigente associativa antes pelo contrário. Contudo, tenho de reconhecer que ainda existe alguma desconfiança relativamente ao mérito de mulheres em cargos de chefia. A AIDA é uma organização sui generis em Portugal já que só tem um homem nos seus quadros, entre mais de 20 mulheres. Refiro isto a título de mera curiosidade já que se deve tão só ao acaso. Em todo o caso, mesmo nos projetos desenvolvidos pela associação, a igualdade de género é uma preocupação presente.
Infelizmente ainda vivemos um certo estigma relativamente à liderança feminina e à posição das mesmas em cargos de chefia. Sente que hoje é mais «fácil» para uma Mulher liderar um qualquer projeto? A sociedade já está preparada para isso?
Hoje, as mulheres adotaram um estilo de liderança e gestão marcadamente feminino, como a delegação de responsabilidades, a partilha de informação e de recursos, e a definição coletiva de objetivos, entre outros. O conceito de gestão está a mudar e outras perspetivas de liderança estão a ser equacionadas, não é mais fácil hoje, é diferen-
te e é mais feminino. Penso que é uma mudança que já se encontra em movimento e que progressivamente será muito bem sucedida. Qual é o balanço que faz de uma vida profissional tão vasta e bem sucedida? No início da sua vida profissional esperava alcançar o que tem hoje?
Sou otimista por natureza e gosto muito do que faço, pelo que o balanço é naturalmente positivo. O início da minha vida profissional, diria que foi um salto para o abismo. Felizmente o paraQuais os desafios que se colocam ao nível da AIDA para 2015? Apesar de já se verificar uma ligeira retoma, a crise económico-financeira está longe de ser ultrapassada. Por outro lado, assistimos a alterações nos mercados externos que têm implicações diretas nas empresas portuguesas (veja-se o caso da descida do preço do petróleo em Angola). A estas circunstâncias acresce o facto de estarmos no início da implementação de um novo Quadro Comunitário de Apoio, com regras que ainda não são conhecidas. O desafio que se coloca à AIDA, em 2015 como de resto ao longo de toda a sua atividade, é evoluir no sentido de se adaptar às constantes mutações do contexto empresarial mantendo a capacidade de resposta às necessidades das empresas que representa.
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-quedas abriu e permitiu-me ter visão sobre o caminho a construir. Ser mulher, em algum momento da sua carreira, foi um impeditivo ou colocou algum tipo de entrave à realização de um objetivo?
A capacidade de adaptação que as mulheres possuem, permite que exista sempre uma perspetiva em que o objetivo é alcançado e a persistência é um excelente auxílio. O que é uma «Liderança no Feminino»?
Normalmente, as mulheres revelam capacidade para organizar o trabalho em equipa de forma mais democrática, participativa e cooperativa. Têm maior tendência para a partilha de responsabilidades, assim como maior capacidade de comunicação e consenso. As mulheres orientam a sua liderança na negociação, na gestão de conflitos e na resolução de problemas baseadas na empatia e na racionalidade. São mais comuns nas mulheres atributos tais como a generosidade, a harmonia, a capacidade de comunicação e a capacidade de liderar de forma mais inclusiva e menos centrada na figura do líder, são as chamadas (por alguns) “competências moles”. Um outro traço de liderança que é reconhecido nas mulheres é a capacidade de gerar confiança e estimular a equipa de trabalho, gerindo as expectativas e necessidades da equipa. Na minha modesta opinião, as mulheres têm mais visão de grupo e são menos individualistas do que os homens.
LIDERANÇA NO FEMININO
Os vinhos já não são só de homens
E
Contra preconceitos e estereótipos, Susana Esteban dedicou-se desde cedo à vinicultura, uma paixão maioritariamente de homens.
spanhola de nascença, lá concluiu os seus estudos, vindo para Portugal iniciar um percurso profissional que mais tarde se mostrou bastante promissor e bem-sucedido. Começou a trabalhar como enóloga em 1999 na Quinta do Côtto, no Douro, e desde então tem deixado a sua marca em várias produtoras de vinhos. Acabou por estabelecer a sua vida profissional na região do Alentejo e atualmente trabalha com a Tiago Cabaço Wines, a Herdade do Barrocal, Monte dos Cabaços e Monte da Raposinha. “Para mim é muito motivador poder trabalhar com diferentes produtores”, explica Susana Esteban em entrevista à Revista Pontos de Vista. Assume que cada produtor é diferente, assim como os seus produtos, e é um “constante desafio trabalhar para cada um deles”. Em resultado deste trabalho, em 2012, conquistou a distinção de “Enólogo do Ano”, o galardão mais prestigiante do setor em Portugal e atribuído pela Revista de Vinhos. Foi a primeira mulher a obter este prémio e, até à data, a única. Susana Esteban caracteriza este prémio como uma “grande honra”. “A nível pessoal foi muito gratificante saber que todo o esforço do meu trabalho foi reconhecido”, conta. Contudo, o trabalho mais desafiante e pessoal foi talvez a criação de vinhos da sua autoria. Entre 2009 e 2011, Susana decidiu ir à “procura da vinha ideal” para o seu produto. O objetivo era criar uma gama de vinhos diferente do que até então se via no Alentejo. Encontrou finalmente duas parcelas, uma em Évora, outra em Portalegre, e da sua junção nasceu, em 2011, o vinho “Procura”, um sonho concretizado pela enóloga. Um ano mais tarde, em 2012 nasce o “Aventura”, um vinho que resulta da união de três castas diferentes, sem madeira e com uma frescura acentuada. Também em 2013, avançou com a criação dos vinhos “Procura branco”, proveniente de uma vinha velha com 80 anos, e “Aventura branco”, resultado de uma mistura de castas, loteadas com uma vinha de Estremoz cuja variedade principal é a casta Arinto. O “Procura” teve desde o seu surgimento um grande impacto entre os mais entendidos, tendo sido considerado várias vezes como um dos melhores vinhos por revistas e personalidades especialistas no setor. Em paralelo com este sucesso pessoal, Susana juntou-se à também enóloga Sandra Tavares e elaboraram outros dois vinhos de destaque. Em 2011 e vindo do Douro, nasceu o “Crochet”. Na colheita de 2014, este vinho ganha um irmão, de origem alentejana, o “Tricot”, produzido em Mora. Todo o percurso de Susana Esteban tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e prova que a sociedade está, de facto, a mudar. Numa sociedade ainda conservadora e principalmente num mercado de homens, a enóloga tem conseguido construir um caminho de grande sucesso e longe de preconceitos. Admite que há cerca de 15 anos, no início da sua carreira, “era muito es-
Susana Esteban
tranho verem uma mulher a trabalhar no setor do vinho” por ser um trabalho onde ainda hoje existem “poucas mulheres”. Contudo, “para mim era uma coisa natural”, afirma, mostrando que nunca teve problemas com o facto de estar a ingressar numa área fortemente masculina. No futuro próximo, Susana Esteban pretende continuar a trabalhar com as produtoras com quem tem vindo a desenvolver o seu trabalho, um “desafio constante”, onde “não há rotinas” por ser uma área onde todos os anos são diferentes e todas as vindimas são distintas. “Cada ano é um grande desafio”, relata. Ao mesmo tempo pretende “consolidar” os seus projetos pessoais, o “Procura” e o “Aventura”, que segundo a enóloga, se encontram “muito bem encaminhados”. 28
O que não sabe sobre Susana Esteban • É licenciada em Ciências Químicas pela Universidade de Santiago de Compostela • Tirou mestrado em Viticultura e Enologia na Universidade de La Rioja • Na sua passagem pelo Douro, trabalhou como enóloga não só na Quinta do Côtto, mas também na Quinta do Castro • Tem a sua própria adega, a Quinta Seca da Boavista, em Mora • Os seus vinhos são distribuídos em vários países, como Alemanha, Reino Unido, Bélgica, USA, Espanha, Macau ou Brasil
LIDERANÇA NO FEMININO
“A liderança no feminino é o futuro” “O conceito Pack of Management Solutions, visa permitir aos nossos clientes escolher o seu pacote de soluções de gestão, através da combinação dos vários serviços disponibilizados. Sabemos que não têm tempo a perder nos seus negócios, e identificar e responder em tempo real às suas necessidades é a nossa maior preocupação”, explica a Diretora da Empresa. Eunice Barrigó é uma gestora de sucesso e a prova daquilo que a própria afirma: “a sociedade mudou, o papel da mulher mudou, a própria mulher mudou. As mulheres hoje em dia são tão ou mais capazes de liderar e com tanto ou mais sucesso que os homens”.
A Packman Solutions assume-se como uma entidade orientada para o apoio ao desenvolvimento das pessoas, empresas e instituições. De que forma é que a marca tem sido desenvolvida e qual o balanço que é possível realizar da vossa atuação?
O desenvolvimento da marca deve-se em grande medida ao facto de inicialmente prestar um serviço quase exclusivo de contabilidade e de se verificar ao longo do tempo, necessidades várias noutras áreas de gestão. Através da identificação destas necessidades o nosso principal objetivo passou pela necessidade de colocar à disposição, dos nossos atuais e futuros clientes, um serviço transversal e completo de suporte à sua atividade, permitindo que se foquem nos seus produtos e serviços core, de forma a maximizarem a sua capacidade empresarial e alavancarem o seu desenvolvimento e expansão. O balanço tem sido extremamente positivo pela mais valia proporcionada aos nossos clientes. Que soluções é que são desenvolvidas pela Packman Solutions? Estas são elaboradas e traçadas à medida de cada cliente, essa personalização é vital e imprescindível para o vosso sucesso?
Todas as soluçãos que apresentamos são desenhadas e desenvolvidas à medida dos nossos clientes/parceiros. É com base nessa personalização que privilegiamos as relações de confiança, apostamos na qualidade dos nossos serviços e o nosso sucesso é o sucesso de quem aposta em nós. O que permite o conceito Pack of Management Solutions e de que forma é o mesmo um pilar ao nível de valor acrescentado?
O conceito Pack of Management Solutions, visa permitir aos nossos clientes escolher o seu pacote de soluções de gestão, através da combinação dos vários serviços disponibilizados. Sabemos que não têm tempo a perder nos seus negócios, e identificar e responder em tempo real às suas necessidades é a nossa maior preocupação. Para que o nosso leitor tenha a perfeita noção e conhecimento das soluções «made in» Packman Solutions, peço que me fale das mesmas, abordando as suas mais valias.
As nossas soluções dividem-se principalmente em 5 àreas. Apoio à Gestão, Consultoria, Contabilidade, Gestão de Seguros e Recursos Humanos. Todas estas áreas são complementares entre si. As suas mais valias são sobretudo pelo facto de as concentrarmos num serviço personalizado e elaborado por uma equipa com vários anos de experiência profissional nas suas áreas de atuação,
Eunice Barrigó
mulheres são tão ou mais capazes de liderar com sucesso uma qualquer organização ou projeto, tal como os homens?
Eu acho que hoje há uma abertura muito maior e as mulheres estão a ocupar cargos por competência. As mulheres em Portugal já têm conquistado altos cargos, temos como exemplo a nossa Ministra da Agricultura, a das Finanças, a da Justiça e a Presidente da Assembleia da República. Só nos falta uma Primeira Ministra ou Presidente da República. Isto prova que a sociedade mudou, o papel da mulher mudou, a própria mulher mudou. As mulheres hoje em dia são tão ou mais capazes de liderar e com tanto ou mais sucesso que os homens.
que desta forma consegue providenciar aos seus clientes uma solução integrada de serviços, com um tempo de resposta optimizado pela experiência dos seus profissionais, e de know-how técnico elevado. Estão mais direcionados para o mercado empresarial português, maioritariamente representado por PME’s, superior a 90%. Qual a recetividade do mercado empresarial possui às vossas soluções?
Pela sua dimensão e recursos disponíveis, as PME’s necessitam de se focar nos seus produtos e serviços core, para, desta forma, maximizarem a sua capacidade empresarial e alavancarem o seu desenvolvimento, crescimento, e expansão. Para o fazerem, estas empresas precisam de delegar as suas tarefas de Back Office em consultoras especializadas que assim possibilitam um foco total da empresa nas suas áreas específicas de atuação. Possuem diversas soluções e serviços. Na panóplia dos mesmos, existe algum que tenha maior enfoque ou preponderância na vossa orgânica e estratégia enquanto empresa? Podemos esperar, de futuro, outros serviços/soluções da marca?
O serviço que tem maior preponderância é a contabilidade. Num futuro próximo pretendemos consolidar a nossa marca nos serviços prestados actualmente. Sente que a sociedade mudou e começa a ver o papel das mulheres, a nível profissional, de outra forma, ou seja, de uma forma mais positiva e construtiva? Sente que esse estigma foi completamente ultrapassado e que está provado que as 29
Hoje, o papel social, dito tradicional, da mulher, como mãe, esposa e dona de casa, ainda está presente nas classes mais conservadoras. Mas começou a surgir uma nova geração, que tem derrubado de vez esse estereótipo. Ainda falta ultrapassar algumas barreiras?
Há pouco tempo li uma citação que expressa também a minha opinião e que é parecida com a seguinte: “Há a barreira do machismo - resistência de diretores que não querem dividir ou ceder o poder para mulheres e maridos que reclamam que as mulheres não estão em casa e não querem assumir mais tarefas em casa - e da falta de auto estima e confiança, além do medo de arriscar. Só a ‘educação’ pode melhorar a autoestima das mulheres porque tem um poder transformador. Tem-se pânico às mulheres inteligentes e bem educadas”. Na minha oponião são essas mulheres que fazem a diferença. Quais os objetivos delineados em termos de estratégia de crescimento da empresa?
O nosso principal objetivo em termos de crescimento passa por diversificar ao máximo os setores de actividades dos nossos clientes, por forma a estarmos constantemente em diferentes processos de gestão, bem como em expandir a nossa marca para outros mercados de língua oficial Portuguesa. O que é, para si, uma Liderança no Feminino?
A liderança no feminino é o futuro... As organizações procuram cada vez, mais mulheres para ocupar posições de gestão, em virtude do seu potencial de liderança: foco nas relações humanas e de cooperação, processamento de múltiplas tarefas em simultâneo, negociação e persuasão, tomada de decisão, resolução de conflitos e determinação.
TEMA DE CAPA
Hilti: uma empresa que cuida e gosta das suas pessoas Este é um exemplo claro de que através de uma forte aposta no capital humano as empresas vêem mais facilitado o caminho para o sucesso. A Revista Pontos de Vista foi conhecer aquela que é hoje líder mundial no desenvolvimento, fabrico e comercialização de produtos de alta qualidade direcionados aos profissionais da construção e indústria. Localizada no Centro Empresarial Lionesa, em Leça do Balio, a Hilti é feita por pessoas dedicadas, motivadas e comprometidas com o projeto. Como um comandante à frente de um navio, também na Hilti existem pessoas com capacidade e visão para liderarem equipas, uma tarefa que se torna mais fácil quando todos vestem a camisola e rumam no mesmo sentido. Para Abraham Lincoln, “a maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns”. Antonio Raab, Diretor Geral da Hilti, tem essa visão e essa característica é reconhecida, ano após ano, pelas suas pessoas. “Gosto de conversar, gosto das pessoas e gosto de saber se estamos a fazer bem ou mal”, afirmou. É este compromisso que faz com que Antonio Raab seja reconhecido como um bom gestor de pessoas naquela que é já considerada uma das melhores empresas para trabalhar em Portugal.
“H
ilti, o seu parceiro de inovação” é uma expressão habitualmente associada ao cartão de visita de uma empresa que se assume como líder no desenvolvimento, fabrico e comercialização de produtos de topo para o cliente profissional da construção. Tudo começou em 1941 quando Martin Hilti criou uma empresa com apenas cinco funcionários, numa garagem no Principado do Liechtenstein. O sonho transformou-se em algo grandioso. Hoje, a multinacional emprega mais de 20 mil pessoas, dispersas por 120 países e assume a posição de líder mundial na indústria da construção. Mais do que um parceiro de inovação, a Hilti “supera expectativas”. Ultrapassar expectativas é dar ao cliente, que é visto como um parceiro de negócio, mais do que aquilo que ele solicita. É antever necessidades e colocar no mercado os produtos e os serviços mais prementes, de forma a dar uma resposta imediata às solicitações de clientes que se fazem ouvir, por exemplo, durante um torneio de golfe. Para Antonio Raab, Diretor Geral da Hilti, a personalização no tratamento de cada cliente é, inquestionavelmente, uma mais valia para qualquer marca e a isso esta empresa, não é, de modo algum, indiferente. “Não queremos ser somente uma empresa que está à frente do nosso cliente. Pretendemos ser um parceiro que se encontra ao lado dele, desenvolvendo com eles novos produtos e uma grande parte provem dos nossos clientes”, explicou. Em termos práticos, este relacionamento funciona numa espécie de “bola de neve” encadeada. O cliente avisa o vendedor de uma necessidade que tem. Por sua vez, o vendedor faz chegar essa solicitação ao gestor de produto que irá enviar o mesmo para central em Liechtenstein. Por fim, em cerca de três ou quatro anos, muitas dessas ideias que surgiram em conversas informais são transformadas em produtos que ficarão disponíveis no mercado. “A Hilti não é só uma empresa que vende produtos. Vende serviços e é parceira dos seus clientes. Os problemas deles são, para nós, grandes oportunidades”, ressalvou o responsável. Com pessoas inteiramente identificadas com a filosofia da empresa, torna-se muito mais fácil obter uma percentagem maior de clientes satisfeitos. Por isso, “preferir Hilti é escolher um excelente parceiro, é optar por uma empresa que cumpre os seus objetivos, que segue uma linha estratégica e
Antonio Raab
que coloca as pessoas em primeiro lugar. Nenhuma empresa consegue ter sucesso sem pessoas capacitadas e que estão preparadas para grandes desafios”, defendeu Antonio Raab. Qualidade, credibilidade e compromisso são os vetores que guiam a atuação do Grupo Hilti. Para continuar a merecer a confiança do seu cliente, a organização tem uma estratégia muito clara que consiste na criação de valores sustentáveis através de liderança e diferenciação. “A nossa estratégia 2020 é direcionada nesse sentido. A diferenciação, muitas das vezes por via da inovação, traz produtos e serviços novos, suportando desta forma a posição de liderança no mercado, o que nos confere uma quota maior deste mesmo mercado. Deste modo podemos apostar mais na investigação e no desenvolvimento de novos produtos”, explicou. Em suma, o caráter inovador, muito evidente nos produtos com assinatura Hilti, está presente em aspetos fundamentais no seio desta empresa como a inovação em produto, a diferenciação no tratamento ou as estratégias de marketing, onde são feitas ações muito direcionadas aos clientes, o chamado marketing one to one, que se trata de uma forma de comunicação individualizada e personalizada. Exemplo disso é a organização de diferentes eventos onde a Hilti estabelece uma relação de proximidade ainda maior com o cliente, ouvindo as suas solicitações e necessidades num ambiente perfeitamente informal. “Nem sempre o que se paga menos é o mais barato” Com a disponibilização de uma parceria completa na resolução dos múltiplos desafios com que os profissionais da construção se deparam no dia a dia, a Hilti tem apostado nesta postura para enfrentar a mutação do mercado da construção nos últimos anos. Tal como o setor, também as exigências dos clientes foram sofrendo mudanças, em virtude das próprias alterações que o mercado foi vivenciando. Quando chegou a Portugal em 2002, Antonio Raab deparou-se com alguma falta de preocupação relativamente à qualidade da construção. “Nem sempre o que se paga menos é o mais barato. Entre 1992 e 2002 viveu-se o boom da construção, com a Expo98 e o Euro2004. A partir de 2008 o setor entrou num momento negativo e a construção foi mudando nos últimos anos. Os nossos clientes começaram a exigir mais segurança e qualidade dentro das obras e era necessário disponibilizar produtos de alta qualidade que dessem resposta a essas solicitações”, relembrou o Diretor Geral. Perante este cenário, a Hilti, mais uma vez, procurou lançar diversos produtos inovadores, vendidos em países como Alemanha, Áustria ou Suíça, e que foram muito bem recebidos em Portugal. Para Antonio Raab, a par desta crescente preocupação com a qualidade máxima, houve ainda uma maior consciencialização relativamente ao conceito de higiene e segurança no trabalho e, mais uma vez, a Hilti soube acompanhar estes novos desígnios. “Construímos máquinas muito seguras para evitar acidentes. Temos máquinas que retiram o pó na perfuração para eliminar a poluição do ambiente e dos pulmões do trabalhador. Lançamos outras em que a vibração é 50% menor do que as máquinas da concorrência. Com a existência de imensos casos de portugueses que têm hoje problemas nos braços e pernas devido ao uso intensivo destas máquinas, a Hilti retira essa vibra-
ção, olhando pela segurança e pelo conforto da pessoa”, garantiu. A par dos produtos colocados no mercado, a Hilti não descura o desenvolvimento de serviços inovadores e que procurem acompanhar as necessidades e as tendências do mercado. Para Antonio Raab, “a Hilti vende produtos e oferece aos seus clientes serviços extremamente especiais”. O departamento de engenharia está 100% disponível para auxiliar diariamente os parceiros Hilti, respondendo, em média, a cerca de 20 questões por dia. No serviço de reparação, a marca estabelece um prazo máximo de três dias para resolver eventuais problemas. Do departamento de logística é deixada a garantia de que, se um pedido chegar até às 16 horas, até ao meio dia do dia seguinte o produto, proveniente de Madrid, é entregue. Além disso, a qualquer momento, bastando aceder ao site da Hilti, as pessoas têm ao seu dispor um conjunto de informações sobre software, certificados, recursos humanos, entre muitas outras opções. Atualmente, cerca de 30% das vendas nascem do canal online, o que, para Antonio Raab, é surpreendente num setor ainda visto como algo conservador. A verdade é que, atualmente estão registados no Hilti Online mais de 3000 clientes que estão a recorrer de uma forma crescente aos pedidos pela internet. A era da globalização chegou a todos os setores e o da construção civil não é exceção. Crise no setor da construção “A crise foi uma oportunidade”. Esta foi, desde logo, a resposta proferida por Antonio Raab a partir do momento em que lhe falámos da conjuntura negativa que se abateu em Portugal e à qual o setor da construção foi tudo menos indiferente. Os empresários que enfrentam as dificuldades tentam descobrir oportunidades onde a maioria apenas vê problemas. Esta tem sido a visão da Hilti. A crise não foi encarada como uma grande ameaça, pelo contrário. Foi um momento de adaptação e de descoberta de alternativas. Assim, “em vez de despedirmos pessoas, recolocamo-las internacionalmente. Pelo facto de a empresa ser uma multinacional, percebemos que tínhamos muitos jovens, excelentes profissionais, com formações interessantes, que dominavam a língua inglesa e francesa e que estavam abertos a experiências internacionais. Nesses anos de crise, transferimos mais de 30 pessoas para o estrangeiro”, explicou Antonio Raab. Para a maioria foi um processo fácil uma vez que esta experiência criou a oportunidade para aprenderem uma nova língua e conhecerem uma cultura diferente. Todavia, para aqueles cuja adaptação não foi tão fácil, a Hilti Portugal, saída ainda mais forte da crise, começou a disponibilizar novos postos de trabalho e recebeu de braços abertos aqueles que manifestaram vontade de regressar. A Hilti Portugal optou ainda por retirar o departamento de logística e reparação do país, que passaram para a vizinha Espanha, sendo que alguns desses funcionários foram recolocados noutras funções dentro da empresa. Em 2014 já se começou a respirar um novo ar. A empresa contratou novas pessoas, dando primazia a jovens vindos diretamente das universidades. “Na Hilti estamos a fazer muitas coisas. Em primeiro lugar, queremos dar a oportunidade a uma pessoa que sai da universidade para começar a sua vida profissional numa multinacional. Por outro lado, essa pessoa chega com a cabeça limpa 31
e absorve mais rapidamente a estratégia da empresa”, explicou Antonio Raab. Além disso, num momento em que outras empresas optam por fechar lojas, a Hilti está em contraciclo, abrindo novos espaços. No início deste ano foi aberta uma nova loja em Alfragide, uma opção que vem no seguimento da estratégia da empresa de deslocar alguns espaços de locais com menor visibilidade para outras regiões com maior procura. Em suma, adaptando-se aos novos tempos, a Hilti nunca perdeu a sua identidade: as pessoas estarão sempre em primeiro plano. Aposta na inovação tecnológica Como marca muito direcionada para a inovação tecnológica, esta preocupação está constantemente presente no lançamento de novos produtos. Ao conquistar mais quota de mercado, a Hilti conseguirá investir com mais veemência na investigação e no desenvolvimento de novos produtos, topo de linha, destinados ao mercado nacional e mundial. “A inovação dentro da Hilti é, por isso, uma direção e uma premissa constante em prol da satisfação dos nossos parceiros”, assegurou Antonio Raab. Esta aposta em produtos e serviços inovadores é feita, não apenas no seio da Hilti, mas em todas A história da Hilti ao longo dos anos 1940 a 1945 - Fabrico para a indústria têxtil suíça e indústria automóvel alemã: criação da própria linha de produtos Hilti: aumento do pessoal efetivo para mais de cem funcionários; 1948 – Início do desenvolvimento de um sistema de fixação acionado a pólvora; 1958 – Introdução da tecnologia de aparafusamento; 1960 – Conversão da empresa em sociedade por quotas; 1967 – Lançamento do sistema de ancoragem; 1980 – Criação de um fundo familiar para salvaguardar o Grupo a longo prazo. Vendas consolidadas que ultrapassaram a marca dos 1.000 milhões de francos suíços; 1983 – Lançamento do químico injetável Hilti HIT; 1986 – Apresentação dos sistemas antifogo e de espumas; 1990 – Michael Hilti torna-se Presidente da Comissão Executiva; 1997 – Implementação por fases da estratégia “Champion 3C”. Morte do fundador do Grupo e Presidente Honorário do Conselho de Administração, Martin Hilti; 1998 – Lançamento dos sistemas de medição a laser e sistemas de corte e acabamento; 1999 – Novas abordagens para expandir serviços: modelos e-business e shop-in-shop; 2001 – Introdução da Gestão de Frota; 2006 – Assinatura da iniciativa Global Compact das Nações Unidas, que estabelece dez princípios nas áreas dos direitos humanos, trabalho, ambiente e combate à corrupção. É lançado mundialmente o pacote de serviços ideal para o setor da construção – “Serviços Hilti para toda a vida”; 2007 – Pius Baschera sucede a Michael Hilti como Presidente do Conselho de Administração. Bo Risberg é nomeado para o cargo de CEO; 2008 – Introdução da área de negócios solar; 2011 – Alargamento da Comissão Executiva de quatro para seis membros. FONTE: Informação retirada do site oficial da Hilti Portugal
TEMA DE CAPA
Cristina Valente, Antonio Raab e Ricardo Santos
as parcerias que a multinacional tem procurado estabelecer. Na Alemanha, o grupo tem um acordo de cooperação com cinco universidades, possuindo ainda um centro de desenvolvimento que, além de garantir que a inovação está presente nos produtos, trata ainda da certificação dos mesmos. “É muito importante ter produtos inovadores mas essa inovação tem de dar a garantia ao cliente de que, no momento em que ele precisar de uma certificação, terá o que precisa junto dessas universidades ou dos centros de pesquisa e desenvolvimento que a Hilti tem por todo o Mundo”, defendeu o responsável. A par disso, a multinacional firmou ainda acordos na Índia, com uma empresa de brocas diamantadas ou nos EUA com uma entidade especializada em painéis solares. Em Portugal, Antonio Raab ressalvou a saudável relação que a Hilti tem procurado estabelecer com a concorrência. “Uma vez por ano reúno com os diretores das quatro maiores empresas concorrentes, conversamos sobre novos produtos, acerca das tendências do mercado e trocamos informações”, partilhou. Melhor empresa para trabalhar Martin Hilti, fundador da empresa, afirmou há mais de 30 anos: “considero que o meu primeiro e principal trabalho é o de criar um clima empresarial no qual cada indivíduo possa desenvolver o desejo de ter sucesso, assim como um sentido de compromisso, ao mesmo tempo que se sente bem e com alegria no trabalho. Essa é a minha opinião e a mais importante tarefa da gestão e responsabilidade ética de um empreendedor”. Decorridas três décadas, continua a estar presente a mesma visão, a mesma estratégia, o mesmo compromisso com o capital humano da empresa. “Ele queria que as pessoas fossem estrategas e empreendedoras, que se sentassem no lugar dele e vissem a empresa como uma parte delas próprias”, re-
Antonio Raab: na Hilti há quase 33 anos “No dia 3 de agosto de 2015 faço 33 anos de vida na Hilti, espero ficar cá por mais anos, sempre com a ideia de que faria exatamente tudo o que fiz. Formei-me em Economia no Brasil, fiz um doutoramento na Suíça e foi lá que entrei na Hilti, mais concretamente no departamento financeiro. Em 1996 assumi a minha primeira função como Diretor Geral da Hilti no Brasil e foi um trabalho muito interessante. Começámos com 16 pessoas e quando saí, em 2002, para vir para Portugal, a empresa já tinha 236 funcionários. Desde a logística, marketing, finanças ou cobranças, criámos diversos departamentos de raiz. Ao longo deste tempo, passei por sete países e é certo que me identifico muito com a filosofia e com a cultura da empresa.” – Antonio Raab
desenvolvido pela Tema Central e pela Qmetrics, Antonio Raab foi ainda considerado um dos melhores gestores de pessoas, o que, para o responsável, é espelho da sua forma de ser e de trabalhar. “Esta distinção encaixa a 100% com a filosofia da empresa e com a minha. Sou uma pessoa de mente aberta, gosto de conversar, gosto das pessoas e de saber se estamos a fazer bem ou mal”, partilhou. Estas devem ser, aliás, de acordo com o seu ponto de vista, características inerentes a um bom líder. “Um líder que não esteja perto e que não goste das pessoas não pode ser líder. Liderança define-se em pessoas. Liderar é implementar a estratégia da empresa e cuidar das pessoas”, complementou Antonio Raab. A partir do momento em que existam pessoas motivadas, é muito mais fácil atingir os objetivos propostos.
forçou Antonio Raab, para quem Martin Hilti será sempre um exemplo para todo o grupo. Com uma cultura direcionada para a performance e para cuidar das pessoas, a Hilti sabe que é apostando nelas, apoiando-as e desenvolvendo-as que conseguirá ser uma organização de sucesso. Por conseguinte, a Hilti tem vindo a marcar presença no ranking das melhores empresas para trabalhar em Portugal, num estudo anual desenvolvido pela Revista Exame em parceria com a consultora Accenture. Depois de ocupar, nos últimos anos, um lugar entre as cinco primeiras posições, a Hilti Portugal foi surpreendida com os mais recentes resultados, trazendo para casa a distinção de segunda melhor empresa para trabalhar em Portugal. De acordo com um inquérito interno anónimo que avalia o grau de satisfação dos funcionários, segundo a publicação, numa escala de -50 a +50, a empresa obteve uma cotação de +38. No estudo “Melhores Gestores de Pessoas 2012”,
“Nunca paramos de trabalhar” Se o crescimento da Hilti Portugal for idêntico ao que foi atingido em 2014 já será motivo para festejar. Mas, para 2015 os voos são ainda mais altos. “Queremos desenvolver mais pessoas, contratar mais estudantes, estar novamente no top das melhores empresas para trabalhar em Portugal, queremos começar a implementar a estratégia 2020 dentro da Hilti Portugal e reforçar ainda mais o compromisso dos clientes com a empresa”. Com mais de três décadas de currículo na Hilti, Antonio Raab sente que o caminho continua. “A única constante dentro da empresa são as mudanças e são elas que nos dão prazer de trabalhar. Ainda me falta fazer muita coisa nesta casa. No fundo, nunca paramos de trabalhar e eu continuarei na Hilti enquanto quiserem a minha colaboração”, concluiu. Quando terminar o seu percurso na empresa, Antonio Raab sabe que o seu caminho continuará a ser feito em Portugal, um país apaixonante e que tem um lugar especial no seu coração.
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SAÚDE ORAL
“Este programa é excecional PARA quem percebe alguma coisa de saúde pública” O Programa Cheque Dentista atingiu este ano uma fase de “planalto”, quem o diz é Rui Calado, Coordenador Nacional do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral e Margarida Jordão, Técnica Superior da DGS que está responsável pelo Programa, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Este ano foi introduzida uma variante com o cheque para intervenção precoce no cancro oral. Desde 1 de Março até final de Outubro foram emitidos quase 2 mil cheques diagnósticos e 251 cheques para biópsia.
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os exames já efetuados, os dados provisórios apontam para 6% de casos de cancro oral positivos e o tempo de utilização do primeiro cheque diagnóstico, a realização da biópsia e a consulta de oncologia não ultrapassa os dez dias. “Ganhamos tempo e somos muito rápido na intervenção. Era desta rapidez que precisávamos na questão do cancro oral, cujos valores não eram lisonjeiros para o país”, afirma Rui Calado. O projeto direciona-se a um grupo de risco constituído por homens com mais de 40 anos, fumadores e com hábitos alcoólicos. Para o sucesso do mesmo, é de extrema importância o papel do médico de família, a quem cabe fazer um rastreio oportunista aos doentes que encaixem neste perfil, fazendo o diagnóstico clínico de lesões malignas ou potencialmente malignas. “2/3 dos casos de cancro oral estão associados a este grupo de risco por isso pedimos aos clínicos gerais que, quando têm um paciente com esse perfil que os procura por outro motivo, aproveite para ver a boca dessas pessoas, identificando lesões pré-cancerosas caso as haja”, refere. Rui Calado explica ainda que o objetivo é aumentar a sobrevivência por cancro oral após o diagnóstico e utilizar de forma eficiente toda a capacidade instalada nos serviços públicos e privados. Para isso, conta com 240 médicos dentistas, em todo o país, para os quais os doentes podem ser encaminhados. “Sendo um projeto de intervenção precoce pretende apenas, e este apenas é muito importante na vida das pessoas, ganhar tempo entre a suspeita de diagnóstico e, caso este se confirme, a intervenção, que é na maior parte das vezes cirúrgica. Quanto mais precoces, maiores são as probabilidades de cura clínica ou, na impossibilidade de cura, seremos mais eficazes no tratamento e conseguiremos trazer melhor qualidade de vida ao doente”. Assim como no cheque para intervenção precoce no cancro oral, o balanço da versão do cheque dentista para crianças, grávidas e pessoas infectadas com HIV é também positivo. Dentro do primeiro grupo, já foram realizados 7 milhões de tratamentos dos quais 5 milhões prendem-se com a colocação de selantes de fissuras em dentes sãos para que os mesmos não venham a adoecer, numa perspetiva preventiva da doença. Em termos de cáries ativas, com o programa conseguiu-se diminuir em 90% o número de cáries aos 12 anos. “O nosso número de cáries ativas está reduzido a 0,23 por criança ou que significa em cada 100 crianças de 12 anos temos apenas 23 cáries ativas. Em 2000, altura em que se começou a trabalhar mais regularmente com selantes de fissuras eram 230 cáries em cada grupo de 100”, afirma Rui Calado. Importa explicar que os selantes de fissuras são uma medida preventiva, cuja utilização poderá reduzir bastante o número de cáries na medida
Rui Calado e Margarida Jordâo
em que agem como se de uma película protetora se tratasse. Isto é particularmente importante entre os mais jovens porque “a cárie é também uma doença comportamental, inerente aos hábitos de consumo desregrados, com muitos doces, muito açucares, que não são compensados com uma boa higiene oral”, afirma. Por essa razão, é muito importante também a sensibilização e intervenção a nível comportamental feita através de projetos de âmbito escolar, como o Projeto SOBE – Saúde Oral na Biblioteca das Escolas, que está a ter bastante sucesso e que pretende levar as escolas a colaborar na mudança de hábitos. O próprio cheque-dentista para grávidas tem simultaneamente à vertente interventiva esse lado lúdico. “O programa está pensado numa perspetiva de médio prazo. Fazer com que estas gerações tenham muito mais qualidade de vida e saúde oral do que as gerações anteriores. Para isso, é necessário aumentar a literacia nesta matéria e o programa para as grávidas, ainda que se justifique pelo aumento de cáries dentárias durante a gravidez, por questões hormonais, tem também por objetivo sensibilizar as mães para a importância da saúde oral. Se vivemos numa casa com hábitos de higiene oral, provavelmente vamos adquirir esses comportamentos fundamentais ao longo da vida”. A taxa de utilização neste segmento é superior a 80%, o que corresponde a 40 mil grávidas por ano, ou seja, 50% das grávidas a nível nacional. No caso dos doentes com sida, a taxa de utilização é de 87% e, portanto, está de acordo com as expectativas iniciais. O mesmo não se pode dizer dos idosos com complemento solidário, não por falha do programa, mas pela dificuldade de acesso aos mesmos. Margarida Jordão explica, “aqueles a que conseguimos chegar utilizam, com uma taxa de utilização de 80%, mas não conseguimos chegar há maior parte dos idosos que têm complemento 34
solidário. Primeiro porque eles não têm conhecimento e segundo porque não sabemos quem eles são. O que sabemos é que são pessoas muito carenciadas, à volta de 110 mil e que, com estes cheques, poderiam preparar a boca para uma prótese que tem também comparticipação pública através de outro programa”. Para ser mais fácil chegar a eles, a DGS tem vindo a tentar negociar com a Segurança Social a possibilidade de ligar as bases de dados mas não obteve até agora uma resposta positiva. A principal lacuna do Programa Nacional de Saúde Oral tem sido exatamente a questão informática, pelo que um dos grandes objetivos de Rui Calado para os próximos tempos é a otimização dos sistemas de informação. “Na nossa perspetiva, não está devidamente afinado e não podemos pensar em ter um programa de excelência sem um bom sistema de informação da saúde oral. O sistema foi bem construído e a determinada altura, sem que saibamos a génese do problema, deteriorou-se”. Ainda assim, Rui Calado afirma: “este programa é excecional para quem percebe alguma coisa de saúde pública e nós vamos prová-lo com indicadores. Não há país nenhum a fazer investimento público para além daquele que estamos a fazer. Acredito que em alguns possa haver comparticipação a certos tratamentos em adultos, no entanto é uma pequena ajuda, em lado algum comparticipam todos os tratamentos. Até porque falamos em problemas que vêm de trás, em cáries muitas vezes com mais de 40 anos. No entanto, temos vindo a pensar em algumas estratégias, nomeadamente do ponto de vista da medicina do trabalho, e sem dúvida que queremos ir alargando a estas pessoas como fazemos com os idosos no complemento solidário. Não podemos é entrar por loucuras que não são eficientes do ponto de vista de uma intervenção pública”.
SAÚDE ORAL
Sinusmax – Em constante evolução Marca onde a Inovação é pilar essencial, a Sinusmax, Lda, tem vindo a calcorrear trilhos onde a qualidade, credibilidade e valor acrescentado, são, de facto, valias a ter em conta. Maria José Pires, Sócia Gerente da marca, abordou, em entrevista à Revista Pontos de Vista, algumas das áreas onde a Sinusmax se assume como principal referência. Conheça mais de uma marca de valor. flamações gengivais e dos tecidos de sustentação dos dentes); na cirurgia oral, onde deixa de haver sangramento, há menos edema pós cirurgia e um pós operatório menos doloroso ou até no campo da analgesia, dado que auxilia na diminuição de desconforto do paciente no momento da aplicação da anestesia, podendo até ser usado como pré anestésico. A utilização de laser tem igualmente vantagens em outras indicações na medicina dentária, como é o caso da síndrome de dor e disfunção da A.T.M., paralisia facial, aftas, cáries, alveolites, herpes simples e herpes zoster, tratamento da nevralgia do trigémeo, entre outros.
De que forma a Sinusmax consegue ser referência e protagonista da mudança em implantologia em Portugal?
Apresentando inovações tecnológicas e produtos de garantida qualidade. Apostando no serviço e apoio aos nossos clientes, do qual não é alheia a proximidade que advém do facto de trabalharmos com produtos europeus, nomeadamente nacionais, pois temos em Portugal indústrias da maior credibilidade e reconhecimento internacional. Refiro-me a substitutos ósseos da fábrica portuguesa Medbone. A Sinusmax atua de forma ativa em várias vertentes. Quer explicá-las?
A Sinusmax iniciou a sua atividade em 2006 como representante da marca francesa de implantes dentários IDI. Muito rapidamente fomos alargando o leque de produtos. Mantendo o foco na implantologia dentária, temos vindo a acrescentar outras vertentes, nomeadamente substitutos ósseos, materiais para impressão dentária e equipamentos. Os equipamentos laser de incontestável utilidade em vários tratamentos dentários, nomeadamente em implantologia, e os equipamentos de anestesia controlada eletronicamente. A Sinusmax foi distinguida pelo Dental Hi Tec – QuickSleepers S4/ SleeperOne S4 nos prémios Saúde Oral 2014 com o Prémio de Melhor Produto Anestésico. Em que se distingue este produto dos demais no mercado?
Quando se fala em anestesia dentária, é inevitável a ligação à “velha carpule” que é um instrumento que permite que o médico dentista injete manualmente o líquido anestésico na área a tratar. Há algumas décadas que as empresas desta área têm vindo a desenvolver equipamentos que permitem que a injeção passe a ser controlada de forma mais rigorosa e sem o esforço humano requerido pela carpule. Assim, existem alguns equipamentos que atuam na área da anestesia dentária, embora com grandes diferenças entre si, permitindo técnicas de anestesia totalmente diferenciadas. O equipamento mais revolucionário desta área, a QuickSleeper permite ao médico dentista administrar aos seus pacientes anestesias totalmente eficazes, independentemente da patologia, imediatas, sem dor e sem dormência, o que constitui uma enorme vantagem para todos: para o medico dentista, para a clínica dentária e também para o paciente.
De que forma tem vindo a evoluir a área da implantologia no nosso país nos últimos anos?
A Sinusmax tem vindo a promover também alguns cursos de formação em Implantologia. Irão decorrer novas formações nos próximos tempos? Quem é que se pode inscrever? A Sinusmax, em parceria com instituições de ensino da implantologia, tem vindo a oferecer aos médicos dentistas formações muito credíveis com o objetivo de dotar o médico dentista de capacidades e conhecimentos para o correto diagnóstico, planeamento e execução da reabilitação sobre implantes. Promovemos um curso intensivo em Paris, com a próxima formação agendada para março. No Porto decorre bimestralmente o “Curso de Excelência em Implantologia” que está completo, sendo que arrancará uma nova edição em outubro deste ano.
Que outros produtos e equipamentos inovadores a Sinusmax tem no seu portfólio?
Atualmente, o equipamento de laser de diodo, é efetivamente o expoente máximo em termos de tecnologia a aplicar na dentária, pois tem validade reconhecida em diversos tratamentos. Com ação anti inflamatória, analgésica e bio estimulante o laser pode ser utilizado com grandes benefícios. No alívio da dor, promovendo o alívio de dores de diversas etiologias; na reparação dos tecidos, após tratamento ou lesões traumáticas; na redução de edema, sendo indicado na aplicação do pós operatório; no campo da periodontia (in-
Como em qualquer outro tipo de tratamento médico inovador, assistimos a uma crescente divulgação e interesse por parte de toda a comunidade. Todos os meios de comunicação social divulgam e promovem a implantologia como uma solução e consequentemente a tendência é a da democratização deste tipo de tratamento, tornando-o acessível a cada vez maior número de pessoas. Quais as grandes inovações que têm ocorrido nesta área?
Temos assistido a bastantes inovações na área da implantologia. Desde os implantes, com novas superfícies e novos desenhos que levam a uma mais rápida osteointegração, e a uma maior eficácia em todo o processo. Grandes inovações também a nível dos biomateriais, substitutos sintéticos de osso, que contribuem para um maior sucesso e para o alargamento dos casos de implantologia. Também a nível de novos equipamentos que vêm facilitar imenso as cirurgias de colocação de implantes. De que forma a crise se fez sentir na procura deste tipo de tratamentos? Como perspetiva os próximos anos para a área da implantologia?
Naturalmente que existe alguma retração na procura de tratamentos mais dispendiosos como a implantologia, mas o lado positivo é que esta crise criou no setor a necessidade de encontrar alternativas, de inovar, de criar parcerias. Todo o setor tem que se reinventar. A Sinusmax, possui diferentes soluções e oportunidades para o médico dentista poder continuar a dar os melhores tratamentos aos seus pacientes.
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
“O AVC é um problema global, mas em Portugal assume dimensões especiais” Vítor Tedim Cruz, Neurologista, Investigador e Secretário da Direção da Sociedade Portuguesa do AVC, fala-nos sobre esta associação cujo papel tem sido determinante na formação dos profissionais da área, na criação das melhores condições para o tratamento daquela que é a primeira causa de morte em Portugal e na sensibilização da própria população para este flagelo. “Como investigador e empreendedor gostava de ver este problema abordado nos programas operacionais do Portugal 2020 e em financiamentos para a investigação em doenças vasculares cerebrais por parte da FCT”, afirma nesta entrevista. O Acidente Vascular Cerebral é a primeira causa de morte em Portugal. Qual tem sido o papel da SPAVC na prevenção e redução da mortalidade e incapacidade causada pelo AVC nestes dez anos de existência?
Vítor Tedim Cruz
A SPAVC como sociedade científica tem por missão reduzir a incidência do AVC e melhorar o tratamento agudo e reabilitação dos doentes. Nestes dez anos, o seu papel foi determinante para a formação científica dos profissionais nesta área, a criação de unidades de AVC e vias verdes pré hospitalar e intrahospitalar à escala nacional, a difusão dos sinais de alerta para o AVC, e para a consciencialização da população e profissionais para os factores de risco vasculares e toda a cadeia de cuidados de fase aguda e reabilitação. Este ano, para reforçar o seu papel na ligação entre ciência/ profissão, inovação aplicada e sociedade, a SPAVC será a primeira sociedade científica a iniciar o processo de adesão ao Health Cluster Portugal. No que concerne à investigação e inovação, de que forma é que a Associação tem estado envolvida?
A preocupação fundamental da SPAVC é garantir que a inovação científica relevante seja aplicada no terreno rapidamente e se traduza em benefício efectivo para a população. Nesta missão têm sido instrumentos fundamentais os congressos, as reuniões de unidades de AVC, o apoio a projetos de investigação multicêntricos, os prémios e bolsas de investigação em doenças vasculares cerebrais.
Família, Fisiatras, enfermeiros, terapeutas, entre outros profissionais. Este ano salientaria: investigação etiológica do AVC; intervenções na fase aguda; prevenção da recorrência do AVC; o AVC na mulher; reabilitação; e a sessão de informação à população que decorreu na tarde de sábado.
aumentar a sua capacidade de trabalho, permitindo que mais doentes possam receber determinado tipo de tratamentos numa dada instituição, e que num futuro próximo os possam complementar com actividades de treino realizadas no seu domicílio.
Tendo em conta a dimensão do flagelo do AVC em Portugal, acha que os apoios para a investigação nesta área são adequados à realidade do país? Por outro lado, parece-lhe que as unidades de reabilitação são suficientes para oferecerem um tratamento adequado e de longo prazo a tantos doentes?
Anualmente têm sido atribuídas distinções aos melhores trabalhos apresentados nos congressos. No último ano a equipa por si coordenada venceu o primeiro prémio. Como caracteriza este projeto de relevante importância para a reabilitação motora de doentes com lesão cerebral que apresentou no ano passado?
Como é que funciona a plataforma COGWEB, um projeto da sua autoria e que venceu o Prémio Hospital do Futuro 2011/2012? Qual o balanço que pode ser feito da atuação desta plataforma?
Como membro da direção da SPAVC, mas também como investigador e empreendedor gostava de ver este problema abordado nos programas operacionais do Portugal 2020 e em financiamentos para a investigação em doenças vasculares cerebrais por parte da FCT. O AVC é um problema global, mas em Portugal assume dimensões especiais, que exigem conhecimento e soluções específicas.
Nos dias 5, 6 e 7 de Fevereiro realizou-se, uma vez mais, o Congresso Português do AVC. Quais os temas debatidos nesta edição?
Os temas do congresso são tratados ao mais alto nível científico, por convidados internacionais e nacionais. Dão resposta a necessidades de atualização de Neurologistas, Internistas, Médicos de
O trabalho premiado avaliava uma tecnologia patenteada, desenvolvida em Portugal com o objetivo de melhorar a qualidade e intensidade das tarefas de treino motor após AVC. O sistema SWORD permite a prescrição de tarefas motoras específicas e o seu controlo remoto por um profissional especializado. Os resultados do primeiro ensaio clínico em doentes com AVC revelaram que o uso permitiu aumentar em três vezes o número de movimentos corretamente executados em cada minuto de treino. Qual a importância da incorporação de novas tecnologias na reabilitação destes doentes?
Este tipo de tecnologia é sobretudo uma ferramenta de trabalho altamente especializada. Nas mãos de uma boa equipa de profissionais pode 36
O COGWEB é um sistema de treino cognitivo online, implementado em mais de 50 instituições em Portugal e Brasil. Nesta rede, todos os dias, cinco novos doentes passam a aceder ao seu plano de treino cognitivo específico. É dedicado, não só a doentes com AVC mas a qualquer doente com alterações cognitivas secundárias a lesões neurológicas. Funciona sempre através de um profissional especializado, que realiza uma avaliação cognitiva e depois prescreve programas de treino cognitivo individuais ou em grupo. Toda a atividade e resultados são monitorizados e supervisionados continuamente. A SPAVC comemora em Março um década de existência. Que mensagem gostaria de deixar para assinalar esta data?
Todos os profissionais de saúde, doentes e familiares, têm uma palavra a dizer, mas sobretudo, um papel a desempenhar no combate ao AVC.
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
A OPINIÃO DE Alexandrina Martins – Membro da direcção do ILCN - Instituto Luso-Cubano de Neurologia
NOVO ENFOQUE
na reabilitação de sequelas de AVC O Instituto Luso-Cubano de Neurologia, nascido em outubro de 2013, é uma Instituição dedicada à reabilitação de pessoas portadoras de patologias do foro neurológico, que se distingue pelo trabalho em conjunto de uma equipa, que privilegia o regime intensivo de tratamentos, contemplando cerca de 35 horas de reabilitação por semana, integradas num plano de intervenção personalizado, concebido para cada utente.
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ste projeto surgiu pela mão de um grupo de profissionais, ligados à área da saúde e do ensino, tentando responder à crescente procura por cuidados de saúde diferenciados na área da reabilitação neurológica, através da implementação de terapêuticas inovadoras na área, deixando de se justificar, na maior parte dos casos, a ida ao estrangeiro em busca de soluções inovadoras. O método implementado baseia-se em estimular a plasticidade cerebral com tecnologias derivadas dos mais recentes avanços no campo do neurociências, que se fundamentam no princípio de que é possível recuperar as funções afetadas por uma lesão no sistema nervoso explorando a sua capacidade de reorganização e reconexão. A equipa do ILCN baseia a sua intervenção na reabilitação pós-AVC nas novas orientações que indicam que a estimulação deverá assentar na combinação de métodos e técnicas implementados de forma individual e intensiva, o que oferece taxas mais altas de recuperação a curto prazo. Por este motivo, são implementadas tarefas de treino, dirigidas a uma finalidade específica, desenhadas de forma personalizada, combinadas com métodos comprovados, como sendo a Terapia de Constrição, Técnicas de Terapia em Espelho, técnicas de dessensibilização, Estimulação Transcutânea Nervosa, Estimulação Elétrica Neuromuscular e Funcional, bem como a Estimulação Transcraneana Não-Invasiva. Como demonstrado em vários estudos, este tipo de intervenção multimodal produz mudanças na organização do cérebro em pacientes com AVC, que se traduzem numa melhoria significativa ao nível da participação nas atividades de vida diária, como sendo vestir, comer, agarrar objetos, escrever, bem como ao nível das funções superiores como sendo linguagem e cognição, passando também por uma melhoria das funções motoras. As técnicas de estimulação cerebral não-invasiva, como sendo a Estimulação Magnética Transcraniana ou a Estimulação Transcraniana com corrente contínua, são a mais recente contribuição para a reabilitação do utente que sofreu um AVC. Após mais de 10 anos de utilização destas tecnologias, capazes de promover a inibição ou facilitação de áreas cerebrais de forma direta e segura, a sua aplicação é alargada à recuperação de défices motores, de linguagem, visuais e cognitivos, bem como no tratamento da depressão e da dor pós-AVC. A sua capacidade de acelerar a recuperação quando associadas a programas de reabilitação neurológica está já comprovada, motivo pelo qual no ILCN se recorre a um programa eclético reunindo vários métodos, por forma a potenciar ao máximo a possibilidade de reabilitação do utente.
O ILCN dispõe de uma equipa pluridisciplinar dedicada às áreas da neurologia, fisiatria, pneumologia, neuropsicologia, enfermagem, nutrição, terapias da fala e ocupacional, fisioterapia, psicomotricidade, preparação física e outras especialidades terapêuticas recomendadas na reabilitação neurológica. Os métodos e técnicas a aplicar em cada caso são cuidadosamente selecionados, após detalhada avaliação, durante a qual são privilegiadas as atividades de diagnóstico, conducentes à definição das diferentes consequências da patologia, com vista à definição do prognóstico de reabilitação, sendo assim avaliado o potencial de cada utente, para que seja concebido o tratamento a implementar. Após a avaliação, é implementado o Programa de Reabilitação Neurológica, que corresponde à fase do tratamento propriamente dito. A aplicação das terapias prescritas é realizada em coordenação, contando com o apoio de ações de prevenção médica e nutricional adequadas à patologia e ao utente, recorrendo ao uso de agentes físicos, como ozonoterapia, para facilitar o contexto biológico adequado às técnicas de estimulação e treino neurológico. Em suma, tenta-se diminuir as consequências resultantes da patologia neurológica. Em todo este processo, também os cuidadores e familiares são considerados como parte integrante do mesmo, sendo promovidas ações com vista a garantir a continuidade do tratamento do paciente no seu ambiente habitual. Enquanto se continuam a acumular provas de que a utilização combinada de tecnologias de estimulação cerebral não invasivas, com técnicas terapêuticas que visam a modulação dos mecanismos de neuroplasticidade, fomenta o grau de recuperação e encurta o tempo de recuperação, o ILCN, através de programas personalizados implementados de forma intensiva, avança rapidamente na reabilitação neurológica de doentes com AVC, por forma a aumentar a autonomia e qualidade de vida dos mesmos; objetivo inquestionável da reabilitação neurológica em AVC no ILCN.
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URGÊNCIAS HOSPITALARES
“A medida mais eficaz “é dar alternativas de atendimento urgente” Desde o início do Inverno não pára de aumentar o número de pessoas a morrer nas urgências hospitalares. São já oito os casos de óbito. Neste contexto, e após vários artigos de opinião apontarem como solução para este problema a criação de equipas médicas exclusivas de urgências, a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) enviou um comunicado de imprensa a alertar para o erro que seria adoptar tal solução. “A profissionalização das Equipas de Urgência não é a solução para o serviço de urgência sobrelotado”, pode ler-se claramente. Numa entrevista à Revista Pontos de Vista, João Araújo Correia, Vice-Presidente da SPMI e Diretor do Serviço de Medicina Interna do Hospital Stº António-Centro Hospitalar do Porto explica porquê.
A
situação nas urgências não é nova! Todos os anos se fala no caos em que o serviço de urgência se transforma nos meses mais frios, uma situação que se instala sempre que os doentes chegam às centenas, uma vez que, como explica João Araújo Correia, “não têm alternativas credíveis de qualidade onde possam recorrer. A situação torna-se ingovernável quando se esgota a capacidade de internamento e os doentes são tratados nos corredores do serviço de urgência, como se estivessem nas enfermarias. Este ano a situação foi mais evidente porque se verificou um ligeiro aumento na quantidade de gripes - a vacina da gripe não era tão eficaz - e vieram mais doentes a precisar de ser internados. Em regra, internamos cerca de 10% das pessoas que entram nas urgências. No entanto, nas primeiras semanas de janeiro, foram cerca de 14%. O que é mau todos os anos, ficou péssimo! Porém, não sei quem ficou surpreendido. Os internistas não ficaram”. Sendo este caos um problema crónico com várias nuances, a criação de um modelo de urgências dedicadas não é, no entender da SPMI, a solução para um serviço de urgência sobrelotado. “É uma completa mistificação e um aproveitamento da situação atual, para arranjar argumentos junto do poder político para a implementação cega das equipas médicas exclusivas da urgência e para a criação de uma Especialidade de Urgência quando o caos verificado em nada tem a ver com a necessidade de criação de equipas médicas dedicadas. A rotura do SU resulta do aumento desmesurado da procura, da exaustão do sistema e da incapacidade de resposta do mesmo. Perante tal cenário, não há modelo que resista” alerta João Araújo Correia. “Em Portugal, não se olha para a urgência como sendo emergência” Para o vice-presidente da SPMI, a criação de uma especialidade de urgencista não se adequa à realidade portuguesa por várias razões: “os países em que está instituído este modelo têm, em primeiro lugar, cuidados primários de saúde muito fortes e por isso, à partida, a urgência é, de certa forma, emergência. Em Portugal, não se olha para a urgência como sendo emergência, o número de doentes que recorre ao serviço de urgência é muito elevado e, para além de termos muitos doentes, estes não passam por qualquer triagem. As urgências ultrapassam o limite da sua capacidade quando há uma grande pressão de fora para dentro e, portanto, onde a situação foi mais grave foi nas áreas em que continua a
João Araújo Correia
haver pessoas sem médico de família, como é o caso do Hospital de Almada. Para além disso, a doença aguda deveria estar centrada nos cuidados primários mas isso não acontece! Há um posicionamento dos cuidados primários para a doença crónica mas se o utente tiver uma doença aguda, como dor de garganta, febre ou tosse, tem muita dificuldade em estar com o seu médico de família, algo que não acontece na maior parte dos países. Como tal, a única porta aberta que encontram é nos serviços de urgência”. João Araújo Correia lamenta mesmo o facto de vivermos uma situação social grave e da mesma se espelhar diariamente nas urgências, o que contribui também para esta sobrelotação do serviço. “Eu, enquanto Chefe de Equipa, sempre que estou de urgência desdobro-me para resolver muitos problemas que não são de cariz médico. Casos de pessoas sozinhas que são lá despejadas 38
por vizinhos que não sabem o que fazer com elas ou de pessoas que lhes choveu dentro de casa e os bombeiros levam-nos para o Serviço de Urgência. O hospital acaba por se substituir muitas vezes à Assistência Social, suprindo verdadeiros dramas de muitos carenciados e funcionando como um escape social e das próprias famílias”. “Os Internistas continuarão a ser o garante do funcionamento dos Serviços de Urgência” Ao contrário de outros países em que a maior parte dos internamentos são feitos a partir dos médicos assistentes diretamente para o hospital, em Portugal, cerca de 95% dos internamentos nos Serviços de Medicina são feitos a partir do Serviço de Urgência. Neste contexto, a única garantia da qualidade do internamento e também de que não são dadas altas indevidas é ter o internista a
assegurar o Serviço de Urgência, mantendo a unidade funcional entre a urgência e o internamento. “Temos em Portugal uma Medicina Interna muito forte e a prová-lo temos os hospitais privados, cuja base de funcionamento de todos, incluindo nas áreas cirúrgicas, é feita por Internistas. Estes, para além de terem a competência, são baratos porque conseguem tratar o doente como um todo, precisando de recorrer ás subespecialidades apenas em situações particulares. Isto aos olhos de um gestor é de grande valor. Também por essa razão, a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna espera que o senso impere para que as causas reais da sobrelotação das urgências possam ser identificadas e minimizadas. Os Internistas continuarão a ser o garante do funcionamento dos serviços de urgência e fazem-no com grande dedicação e competência”, afirma. Se o número de camas livres para internamento nos Serviços de Medicina fosse superior, a situação não seria tão problemática, no entanto, em todos os hospitais do país, a taxa de ocupação está, geralmente, muito próxima dos 100%. “Sempre que se aumenta em mais de 90% de taxa de ocupação, sabemos que temos falta de camas e com isso há pacientes que ficam na urgência, quando deveriam subir para os internamentos. No nosso país, existe cronicamente esta falha porque estamos sempre numa situação de 98/99% de taxa de ocupação. Assim, basta haver um pequeno aumento do fluxo para que nos deparemos com um problema dramático de falta de capacidade”, explica o vice-presidente da SMPI. João Araújo Correia fez referência ainda aos
constrangimentos orçamentais, que impedem a contratação de médicos, enfermeiros e auxiliares competentes e dá um exemplo: “as horas extraordinárias no hospital público continuam a ter um corte de 50% (ao contrário do privado) e os médicos não podem fazer trabalho extraordinário no seu hospital pagos como é oferecido a tarefeiros de empresas de prestação de serviços. Ora é muito mais eficaz ter na tarefa um médico competente do próprio hospital, do que alguém de fora, que nada conhece. Os Internistas, neste momento, da maneira que está montado o sistema, são a base de todas as urgências hospitalares do país e o sistema só ainda não ruiu porque os internistas estão lá. Prova disso, é que as urgências em que as coisas se complicaram mais foram aquelas em que muitos internistas saíram ou porque foram contratados por entidades privadas ou porque atingiram o limite de idade e os hospitais, com estas grandes dificuldades de contratação, tiveram que recorrer a empresas de prestação de serviços”. “Os doentes não são “culpados” por vir à urgências” Por fim, acrescem mais dois motivos para que a criação uma especialidade de urgência não seja, na ótica da SPMI, o caminho a seguir. Se, por um lado, o médico urgencista entra em exaustão em poucos anos, não sendo, portanto, um modelo que perdure no tempo, por outro, ganha também o hábito de tratar o doente agudo por algoritmos, o que é bom na emergência, mas perde alguma capacidade de raciocínio clínico.
Como já foi referido, em Portugal, urgência não é sinónimo de emergência e tal característica do país limita o sucesso da profissionalização das equipas de urgência. Quais são então as medidas que deveriam ser de facto implementadas? João Araújo Correia afirma que estão são há muito conhecidas de todos os que trabalham no serviço de urgência. “É penoso dizer todos anos que a solução principal está na redução da procura e ver que pouco se tem feito para a reduzir. Os doentes não são “culpados” por vir às urgências porque não sabem se o sintoma que os aflige é banal ou grave! Vêm ao serviço de urgência porque muitas vezes é a única porta aberta confiável que encontram! Portanto, a medida mais eficaz é dar alternativas de atendimento urgente, quer antes do hospital, quer após uma Triagem de Manchester Verde ou Azul. O outro aspeto relevante é a adaptação da capacidade de internamento dos serviços às necessidades impostas pelo serviço de urgência, com “picos” sazonais previsíveis. É preciso notar que as necessidades de internamento do serviço de urgência não dependem apenas do número de admissões, mas também da percentagem de doentes observados com essa indicação. Habitualmente internamos cerca de 10% dos doentes observados e no mês de Janeiro atingimos os 14%. Assim, é necessário aumentar a lotação de camas dos serviços, por exemplo com abertura de uma unidade adicional, e aumentar as altas, agilizando a saída de doentes para a Rede de Cuidados Continuados e a resolução dos inúmeros casos sociais que assolam os Serviços de Medicina Interna”.
OFTALMOLOGIA - ÁREA DA RETINA
TAPER - UMA REFERÊNCIA na oftalmologia em Portugal “O objetivo da Taper para os próximos anos, é o de possuir um reconhecimento crescente por parte dos seus clientes, no que respeita à qualidade e custo-benefício das soluções oferecidas”, revela José Carlos Cunha, Mestre em Gestão de Empresas e Diretor Geral da TAPER, marca de renome e que tem vindo a promover um serviço de enorme credibilidade no domínio da Oftalmologia em Portugal e não só. Conheça mais desta marca de referência. A Taper é uma das empresas de referência na Oftalmologia em Portugal. Como surgiu a Taper?
A Taper nasce em Portugal em 2004, através da compra de ativos de várias empresas, entre elas a empresa que representava a Zeiss em Portugal desde 1989 e que, desde então, se dedicava à importação, formação e assistência técnica de equipamentos para o diagnóstico e tratamento de doenças oftalmológicas. Nasce assim, com uma forte experiência e com uma componente de procura das soluções mais inovadoras de equipamentos para o diagnóstico e tratamento, procurando os melhores equipamentos que ajudem o médico a um diagnóstico mais preciso e a um tratamento mais eficaz. O aprofundar do relacionamento entre a empresa e os oftalmologistas Portugueses, tem sido desenvolvido numa parceria de forma duradoura, procurando a empresa explorar todas as potencialidades dos equipamentos comercializados, por forma a permitir um diagnóstico mais diferenciado. As competências exigidas para as funções que os nossos colaboradores desempenham, e que se pretendem excecionais, são atingidas através de planos de formação abrangentes, que aliam a anatomia, a tecnologia, a utilização rápida e o sistema de relatórios possíveis, bem como a sua integração nos sistemas informáticos existentes. Quais as estratégias que têm sido delineadas pela empresa para o sucesso da Taper?
A estratégia da empresa passa sempre pela demonstração efetiva dos benefícios e características das soluções que propõe. Antes do lançamento de um novo equipamento ou serviço, existem estudos clínicos que nos permitem assegurar que o valor acrescentado anunciado corresponde de facto àquilo que os profissionais de saúde, as instituições e os doentes vão poder obter. Para além deste fator que nos diferencia e que nos permite oferecer as soluções mais avançadas que o estado da arte permite, é também de importância fundamental assegurar uma resposta técnica pós-venda que garanta a efetiva operacionalidade dos sistemas instalados, e onde a formação e a assistência técnica sejam de nível excelente e realizadas em tempo útil, por forma a não interromper a marcação de exames ou tratamentos. Para tal, possuímos um corpo técnico de manutenção de seis elementos que cobrem todo o território nacional, com resposta rápida e com certificação internacional. Como avalia a prevenção da saúde ocular que se realiza em Portugal?
Direi que toda a prevenção que se possa realizar nunca será demais. Para isso, é fundamental a realização de rastreios visuais e de doenças sistémicas associadas, nomeadamente a diabetes e a hiperten-
José Carlos Cunha
são. A nossa empresa tem colaborado em diversos rastreios organizados com organizações locais e nacionais, sendo de louvar todas as ações realizadas por Unidades Locais de Saúde e Hospitais, e
os acordos realizados pela Sociedade Portuguesa de Oftalmologia com outras entidades com vista a aumentar os rastreios realizados especialmente, dirigidos à população com maior risco.
Como prevê o futuro? Quais os objetivos para o ano de 2015? O objetivo da Taper para os próximos anos, é o de possuir um reconhecimento crescente por parte dos seus clientes, no que respeita à qualidade e custo-benefício das soluções oferecidas. Para tal, está previsto uma diversificação de portfolio, que nos permitirá assumir uma diferenciação e, simultaneamente, acrescentar valor que já começou em 2014, com a oferta de retinógrafos de campo extra-largo que permitem realizar o diagnóstico de doenças da retina de forma precoce. Estamos empenhados na criação de parcerias com instituições de referência, com vista ao desenvolvimento de trabalhos científicos e à realização de rastreios. Temos também um papel importante na formação complementar dos profissionais desta área, através da realização de ações de formação, que contribuam para encontrar as melhores soluções para o diagnóstico e o tratamento. A nossa principal missão, e grande motor da nossa motivação, é a possibilidade de, através das soluções que comercializamos, incluindo equipamentos, software, configuração de exploração, reporting e integração informática, poder contribuir de forma significativa para o diagnóstico precoce e/ou o tratamento mais eficaz, que resultem na melhoria da qualidade de vida de muitas pessoas.
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OFTALMOLOGIA - ÁREA DA RETINA
A OPINIÃO DE José Henriques – Médico Oftalmologista,IRL – instituto de Retina de Lisboa, IOGP – Instituto de Oftalmologia Gama Pinto, GER – Grupo de Estudos de Retina
Rastreio da diabetes e a sua importância
para a prevenção de doenças da retina Atualmente o melhor indicador para a realização de rastreios da diabetes é a hemoglobina glicosada, que se analisa com uma gota de sangue em quatro minutos. O rastreio da Diabetes permite realizar precocemente o controlo da glicemia (açúcar no sangue) e com isso atrasar as complicações da Diabetes nos vários órgãos e sistemas do organismo. O olho é um desses órgãos e a complicação na retina é chamada Retinopatia Diabética. Também aqui o rastreio é de primordial importância. A razão principal é que a Retinopatia Diabética, nas fases iniciais, não dá sintomas, o doente não sabe que já tem doença nos seus olhos e, por vezes, doença avançada sem qualquer queixa.
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maginemos o caso da doente Beatriz (nome fictício) de 68 anos, diabética há oito anos, obesa, e que não costumava ir ao médico família. Há cerca de um ano tinha notado alguma turvação na visão, sobretudo ao acordar, melhorando ao longo do dia. Essa diminuição da visão foi-se acentuando. Recorreu então ao médico de família que, de imediato, enviou um pedido de consulta de oftalmologia para um centro hospitalar. Como tardou a consulta (passaram seis meses desde a ida ao médico de família), a visão continuou a piorar. Entretanto, apresentava dificuldade em ver os ponteiros do relógio, sobretudo com o seu olho direito, decidiu recorrer a outra instituição que avaliou o quadro clinico, fez exames necessários ao caso e iniciou, de imediato, a terapêutica adequada. O quadro clinico era, desde o início, grave e o prognóstico da visão era, na altura do diagnóstico, muito preocupante, em função do quadro clínico evoluído. Mas a sua Retinopatia Diabética tinha começado há mais de dois anos, estava presente, detetável clinicamente através de uma observação do fundo do olho por um oftalmologista ou por uma simples fotografia do fundo do olho. Quer dizer que durante cerca de um ano manteve-se assintomática, e que depois, o caso poderia ter sido detetado e tratado numa fase precoce da doença. Acrescente-se que, após iniciar queixas progressivas de pertur-
bações de visão, ainda esteve à espera de avaliação de oftalmologia por mais seis meses! Esta é uma história típica, felizmente cada vez menos frequente, mas que ilustra bem a importância do rastreio e do tratamento precoces. Esta doente necessitou de múltiplos tratamentos com anti-VEGF, laser fototérmico e corticoides de ação prolongada. Felizmente, fruto de uma atitude perseverante da doente e do médico oftalmologista, obteve um resultado muito bom, mas muito oneroso em recursos. Contudo, é habitual que nas fases avançadas da doença, os resultados sejam maus. Apesar da terapêutica intensiva e onerosa para o doente, para o SNS e para a sociedade em geral, os resultados relativos à visão, são pobres quando se inicia o tratamento tardiamente! Como conclusão, ressaltaram três notas essenciais: 1. A retina é sensível ao tempo de espera. Quanto mais tempo passa mais se degrada. A retina não se compadece com as listas de espera – é uma urgência. Rastreio e Diagnóstico precoce são palavra de ordem. 2. Quanto maior é o tempo de espera, mais complexos são os procedimentos, maiores os consumíveis, e maior o custo e com menor resultado. 3. Diagnosticar e tratar precocemente, corresponde a 10% dos custos das situações complicadas e com manutenção da função visual que o tratamento tardio não permite. 41
OFTALMOLOGIA - ÁREA DA RETINA
A OPINIÃO DE João Nascimento, Médico Oftalmologista no IRL – Instituto de Retina de Lisboa (joao.nascimento@irl.pt)
OPTOMAP
- Inovação de vanguarda “Optomap” novo método de aquisição de imagem panorâmica da retina (UWFR 200º), rápido e sem incomodo para o doente, permite despistar patologias que potencialmente levam à cegueira. Como qualquer exame complementar, apesar da sua grande utilidade, não substitui a avaliação do fundo do olho pelo seu médico Oftalmologista. O Optomap permite ainda, mediante injeção de contraste, a realização de Angiografias de Campo Amplo (“Ultra Wide Field Angiography”UWFA), uteis na otimização diagnóstica e orientação terapêutica de um vasto leque de patologias retinianas centrais e periféricas: degenerativa, vascular, inflamatória e tumoral.
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O que é um Optomap?
Optomap permite captar imagens da retina em campo amplo (“ultra- widefield” 200º), que correspondem a mais de 80% da superfície da retina em uma única imagem panorâmica, ao contrário dos métodos de imagem tradicionais que com apenas 30º a 50º, correspondendo a uma capacidade de avaliação de apenas15 % a 25% da superfície da retina.
Figura 2: Comparação entre a dimensão da imagem adquirida com a Angiografia fluoresceínica tradicional 30º e a imagem de 200º correspondendo à UWFA pelo Optomap
O que é a retina? A retina é uma fina “membrana” sensível à luz, composta por células nervosas, que reveste o interior do olho e é responsável pela perceção da luz e da imagem. O sistema ótico do olho foca a luz e a imagem na retina. A retina transforma essa luz e imagem em “impulsos nervosos” transmitindo essa informação através do nervo ótico ao cérebro.
Figura 1: Comparação entre UWFR e montagem com retinografias tradicionais
A identificação de alterações periféricas associadas a patologias de origem inflamatória, tracional vítreo-retiniana, e maculares tem sido objeto de múltiplos estudos e publicações científicas. A UWFA representa a oportunidade fantástica de associar novas técnicas diagnósticas atualmente ao dispor dos Oftalmologistas (Tomografia de coerência ótica e a UWFA) na classificação do edema macular diabético e da patologia vascular retiniana.
Qual a importância da avaliação da retina? É na retina que se manifestam as duas principais causas de cegueira: A Retinopatia Diabética e a Degenerescência macular relacionada com a idade (DMI). A Retinopatia Diabética ocorre quando alterações micro42
No descolamento da retina, o exame da retina periférica permite identificar e tratar lesões predisponentes. O Optomap pode ainda ajudar a documentar o grau de gravidade das alterações fundoscópicas facilitando o planeamento cirúrgico.
circulatórias retinianas provocam edema macular ou desenvolvimento de retinopatia diabética proliferativa; se essas alterações microvasculares não forem diagnosticadas e tratadas atempadamente resultam numa grave perda da função visual. A DMI (principal causa de cegueira acima dos 50 anos de idade) afeta a mácula provocando alterações na visão central, fina e do pormenor dificultando ou mesmo impossibilitando atividades diárias, como a condução e a leitura.
Figura 5: Descolamento da retina total com múltiplas rasgaduras periféricas
O Optomap não substitui um exame da retina recorrendo á dilatação realizado pelo seu oftalmologista, mas tem grande utilidade na triagem de patologia retiniana e na sua documentação, permitindo de uma forma rápida, indolor, confortável, segura e sem dilatação observar e documentar grande parte da retina central e periférica (80%).
Figura 3: DMI em UWFA
O doente pode ver a sua própria retina e o médico poderá usar essas imagens de forma a melhor esclarecer o paciente sobre a sua condição clínica, assim como sobre o seu plano de tratamento e evolução clínica.
A UWFA permite avaliar o componente periférico das Oclusões vasculares venosas retinianas (segunda causa mais frequente de patologia vascular retiniana).
“A retina é uma fina “membrana” sensível à luz, composta por células nervosas, que reveste o interior do olho e é responsável pela perceção da luz e da imagem. O sistema ótico do olho foca a luz e a imagem na retina. A retina transforma essa luz e imagem em “impulsos nervosos” transmitindo essa informação através do nervo ótico ao cérebro” Figura 4: UWFA - Oclusão venosa da retina
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EDUCAÇÃO DESVIRTUADA?
Rankings e sucesso escolar: uma questão complexa Os mais atentos às notícias nacionais viram com toda a certeza os rankings com as escolas que apresentam maior diferencial entre as classificações internas finais e as notas externas dos seus alunos. O Colégio D. Duarte, no Porto, e outras prestigiadas instituições de ensino encontram-se em lugares cimeiros da tabela.
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Revista Pontos de Vista quis saber mais acerca desta problemática e, neste sentido, conversou com o Presidente da Associação de Pais do Colégio, com a Presidente da Associação de Estudantes e também com os dois elementos da Direção Pedagógica, Ana Veiga e João Paulo Frada. Para melhor conhecimento da instituição em causa, deve referir-se que o Colégio D. Duarte completa este ano 47 anos de existência e que apresenta os princípios do Personalismo e do Humanismo como ideias basilares do seu Projeto Educativo. Assim, e nas palavras dos seus representantes, pauta-se pelo rigor e pela exigência ao nível da transmissão de conhecimentos e da formação pessoal dos seus discentes, centrando também a sua ação no entendimento da especificidade de cada aluno, ajudando-o assim a construir o seu melhor percurso. A Diretora Pedagógica começou por reconhecer a necessidade de existir uma avaliação externa dos conhecimentos dos alunos. No entanto, alerta para o facto de que, em educação, nenhuma análise pode ser meramente técnica e redutora de todos os fatores sócio-económico-culturais, bem como pessoais, que se conjugam numa só pessoa, o discente. João Paulo Frada, também Diretor Pedagógico do Colégio D. Duarte, mostra-se “tranquilo em relação à missão e sucesso do colégio.“ Manuel Frias, representante dos pais e encarregados de educação do D. Duarte, reforça a ideia e garante que “a escola tem muita preocupação com a educação escolar e pessoal” e acredita que este “é um projeto educativo bom, de sucesso, correto e adequado”. A posição do conselho pedagógico, pais e alunos é unânime. Assumem que as notas resultantes de avaliação contínua são mais elevadas do que as dos exames. Mas referem que essa diferença provém de fatores como a preocupação constante dos professores, a avaliação do aluno baseada no seu desempenho anual e os resultados internos, que são uma consequência de um conjunto de instrumentos de avaliação, aliados a instrumentos de apoio, tais como aulas extraordinárias, momentos de preparação para exames, reforço da carga horária, entre outros. Cláudia Teixeira, representante dos alunos, assume o nervosismo como a causa de notas mais baixas em exame. Garante que muitos são os estudantes que, apesar da sua boa preparação, não conseguem ter uma boa prestação em situações de avaliação externa. Reconhece, por isso, a importância de todos os alunos frequentarem assiduamente os cursos de preparação para exame, que são oferecidos pelo Colégio, inclusivamente na primeira semana de férias da Páscoa. Verifica também que, ao longo do presente ano letivo, fo-
Ana Veiga e João Paulo Frada
ram introduzidas novas modalidades de trabalho que visam colocar o aluno perante situações semelhantes às do exame. Isto, claro, com o devido cuidado para evitar situações de excessiva angústia e de bloqueio nos alunos. Cláudia Teixeira considera ainda que existe alguma rivalidade entre ensino privado e ensino público, realçando, no entanto, que é no ensino privado que os alunos encontram todo o apoio e todo o reforço positivo, bem como uma preparação completa em termos de educação, conhecimento e formação. Refere, acima de tudo, que é injusta a ideia de que nas escolas privadas o aluno trabalha menos: pelo contrário, o que verifica é que no Colégio todos os alunos são levados a aprender a organizar e a gerir o seu tempo de estudo para corresponderem positivamente aos desafios lançados pelos professores, especialmente os que lecionam disciplina sujeitas a exame nacional. 44
Porém, a escola tem como objetivo para o final deste ano letivo e para os que advêm equilibrar as classificações contínuas e de exame. “Seleccionámos como meta a atingir a redução da diferença entre avaliação interna e avaliação externa, mas sem desvirtuarmos o nosso projeto”, conta Ana Veiga. A diretora pedagógica assume que “por um lado, conseguir bons resultados a nível externo e por outro conseguir combater a exclusão escolar e motivar os alunos para a aprendizagem exige muito esforço da parte dos docentes”. Os diretores do Colégio, também professores de Línguas e de Informática, mostram-se preocupados com “um país onde o grande enfoque está nos rankings.”, preocupando-os, como cidadãos, que o debate acerca da educação se tenha reduzido, nos últimos anos, a uma análise de rankings.
EDUCAÇÃO DESVIRTUADA?
A divergência de notas em algumas escolas públicas e privadas Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), existem 24 escolas em Portugal, 14 privadas, onde, ano após ano, os professores atribuem, por sistema, notas significativamente mais altas aos seus alunos do que seria esperado. Estes são dados que estão disponíveis no portal InfoEscolas lançado no passado mês de janeiro pelo MEC e que apresenta as estatísticas relativas ao período 2009-2013 para cada uma das 570 escolas. De um modo geral, estes dados possibilitam a análise, escola a escola, da existência de desfasamentos significativos entre as notas internas e de exames, bem como outras informações sobre o desempenho escolar.
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egundo Nuno Crato, Ministro da Educação e da Ciência, este portal deverá ser uma linha orientadora para que os diretores das escolas e docentes possam acompanhar melhor os seus alunos, sendo ainda uma ferramenta para que os encarregados de educação possam “intervir mais na escola”, comparando resultados com outros estabelecimentos e conhecendo as razões de possíveis desfasamentos. De forma repetida, existem escolas que apresentam diferenças mais elevadas do que a média do país entre as notas atribuídas aos alunos e as que eles recebem nos exames nacionais. Conjugados com a avaliação feita nas escolas ao longo do ano, os exames nacionais avaliam e certificam o traba-
lho escolar desenvolvido pelos alunos do ensino secundário, testando o seu conhecimento num par de horas e com uma componente de nervosismo à mistura. Por sua vez, as notas internas avaliam o que os alunos aprenderam ao longo de todo o ano letivo, não só no que diz respeito às notas das avaliações como aos comportamentos e atitudes. “Desalinhamentos para cima e para baixo” Todavia, o oposto também acontece. Segundo os dados do MEC, enquanto existem 24 escolas que dão de forma sistemática notas acima do expectável, uma tendência que se verifica mais no
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Norte do país, existem 29 estabelecimentos que foram mais exigentes do que a média, essencialmente na região da Grande Lisboa. Estes dados provocaram já algumas reações no setor. Por um lado, muitos diretores mostraram-se indignados, discordando do indicador lançado pela tutela de escolas “desalinhadas para cima ou para baixo”. Por outro lado, outros responsáveis consideram que este portal é útil para promover reflexões internas. Uma opinião partilhada pelo MEC que, numa resposta ao Jornal Público, considera “importante prestar atenção a todos os casos extremos”, acrescentando que, com estas informações as escolas devem “refletir e eventualmente ajustar as suas práticas”.
EDUCAÇÃO DE VALOR
St. Peter’s School: uma Escola Internacional “Sonhar mais, Aprender mais, Fazer mais… Tornar-se mais” constitui o lema de um colégio que nada tem a ver com o sistema de ensino tradicional. A cultura humanista adotada pelo St. Peter’s School e o forte compromisso social permitem que os alunos desenvolvam um profundo sentido de solidariedade e dever cívico, tornando-se, deste modo, conscientes da importância da sua contribuição na comunidade e no seu próprio futuro. Isabel Simão
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ão vários os fatores diferenciadores que fazem parte do ADN do colégio St. Peter’s School. Desde logo, configura as especificidades de uma educação bilingue a partir dos três anos de idade, ocupando a língua inglesa um papel de destaque que permite à criança um melhor desenvolvimento das capacidades essenciais de partilha, aceitação e sociabilidade com o mundo circundante em Língua Portuguesa e em Língua Inglesa, ao mesmo tempo que adquire deste cedo competências de comunicação à escala universal.
Uma escola IB No ano passado, o St. Peter’s School juntou-se ao limitado leque de escolas internacionais em Portugal. Apesar de haver mais colégios a seguir um currículo bilingue no território nacional, a maior parte não são certificados enquanto escolas internacionais. Estes colégios IB são mais frequentados pelos alunos cujos pais, ou um deles, é estrangeiro uma vez que permite manter viva a cultura desse país nas crianças. Não se trata apenas de aprender a língua, mas também adquirir os costumes, e conhecer a os hábitos. Como tal, para os pais que pretendam que o seu filho siga um currículo internacional e IB o St. Peter’s School é uma referência a ter em consideração! O International Baccauleareate é uma organização sem fins lucrativos, guiada pela missão de formar cidadãos do mundo, que trabalha em conjunto com mais de 3500 escolas de todos os continentes. Este oferece quatro certificações: para Ensino Fundamental (Primary Years Programme – PYP e Middle Years Programme – MYP); Ensino Médio (Diploma Programme – DP) e Ensino
Técnico (IB Career – related certificate – IBCC). O aluno que estuda numa escola IB é constantemente incentivado para se tornar uma pessoa melhor, um cidadão consciente, íntegro e responsável. Uma pessoa aberta a novas ideias e oportunidades, com coragem e determinação para enfrentar o desconhecido, fazendo-se valer da sua extensa bagagem de conhecimentos. Todas essas qualidades são descritas nos dez atributos do perfil do aluno IB: inquiridor, conhecedor, pensador, comunicativo, com princípios, mente aberta, solidário, corajoso, equilibrado e ponderado. Todas estas qualidades são fundamentais para ser um estudante dinâmico, pró-ativo e bem sucedido. Com estes dez atributos, são formados membros responsáveis da comunidade local, nacional e global, partindo-se do princípio de que todos temos o potencial de contribuir para um mundo melhor.
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Um projeto escolar diferente desde o Jardim de Infância Ao longo do período em que as crianças frequentam o Jardim de Infância ocorrem mudanças importantes do ponto de vista cognitivo, uma vez que o pensamento simbólico e a linguagem evoluem, aumentando em número e em complexidade as formas de expressão e comunicação. Estas mudanças são bem aproveitadas e estimuladas no St. Peter’s School através de jogos e atividades individuais e coletivas que permitam desenvolver a capacidade de observação, treino da memória, exercitação da inteligência e da lógica e desenvolvimento da imaginação e expressão de emoções. É nesta altura que se inicia a aprendizagem das línguas portuguesa e inglesa com atividades que permitem a aquisição de novo vocabulário em ambos os idiomas, bem como o enriquecimento da expressão oral da criança. Neste âmbito, também o ensino da filosofia, por exemplo, se inicia no jardim de infância. “O objetivo é estimular a capacidade de raciocínio e abstração deles, colocar muitos pontos de interrogação à frente de tudo para que deixem de considerar as coisas dados adquiridos e pensem. Naturalmente não há respostas certas nem erradas porque o que interessa é que comecem a olhar para as coisas e façam o exercício de encontrar um argumento para elas. Uma criança que comece a pensar bem desde cedo vai pensar bem durante toda a vida. Infelizmente a maior parte das crianças estão pouco habituadas a pensar, a própria matemática dá-lhes as fórmulas e os computadores, os ipads e os gadgets empurram-nas para um ato isolado em que tudo é muito intuitivo. Neste cenário, pensar chega a ser um ato doloroso”, lamenta Isabel Simão, Directora Pedagógica da escola, que garante também, sem a menor hesitação, “o nosso projeto jardim de infância diferencia-se em larga escala do tradicional”.
Uma transição harmoniosa do jardim de infância para o primeiro ciclo E não é só no jardim de infância que o colégio St. Peter’s School diverge do convencional. A própria passagem para o primeiro ciclo obedece a uma articulação cuidada e a uma sequencialidade progressiva, conferindo a este a função de completar, aprofundar e alargar o ciclo anterior, numa perspetiva de unidade global do ensino básico. Trata-se de um projeto desenvolvido pelo próprio colégio e ao qual foi atribuído o nome Grafomotricidade. Um projeto que visa, em primeiro lugar, uma transição harmoniosa do jardim de infância para o primeiro ciclo. Outra particularidade do ensino no St. Peter’s School é a opcional de mandarim logo a partir do segundo ciclo. Se o inglês é o idioma estrangeiro mais comum nas escolas, ainda que seja incontestável a importância do seu domínio, também é verdade que a generalização do seu ensino fez com que seja um fator cada vez menos diferenciador. Bem menos comuns são as aulas de mandarim para crianças, que começam a captar o interesse de vários pais. De facto, não são necessárias grandes previsões para constatar que a língua falada numa potência como a China, que é também um dos maiores e mais populosos países do mundo, terá uma grande utilidade no futuro destas crianças. O inovador projeto educativo do colégio St. Peter’s School é marcado também por um acompanhamento muito próximo de todos os alunos e um ensino adaptado às necessidades de cada um. Nesta instituição de ensino parte-se do princípio que é possível concorrer para o sucesso de todos os alunos se forem respeitadas as diferenças e os comprometimentos individuais de cada um, delineadas estratégias de ensino adequadas para alunos com percursos atípicos e identificadas as necessidades específicas de cada discente para, consequentemente, serem concebidas e aplicadas estratégias oportunas de recuperação, reforço e reeducação. Desta forma, ainda que as turmas não sejam grandes, coexiste sempre a vertente do ensino personalizado. Isabel Simão explica, “Se um aluno não estiver bem em determinada matéria parte logo para aulas individuais ou de pequeno grupo. Desta forma, a nível de resultados, temos sempre notas muito positivas porque, quando um aluno fraqueja, nós não permitimos que ele continue fraco. Pode obviamente fraquejar e ter uma negativa mas é imediatamente agarrado e não é largado enquanto não melhorar”.
o Prémio Infante D. Henrique ou a fundação Grace, das quais o colégio é associado. “Envolvemos todos os alunos em ações de carácter social, seja em lares de terceira idade ou com crianças desprotegidas. Temos também um acordo com os Vicentinos, uma obra aqui da paróquia de Palmela que ajuda famílias carenciadas e, desta forma, através das festas que organizamos, conseguimos sempre angariar dinheiro. No Natal, por sua vez, enchemos carrinhas várias de alimentos para serem distribuídos. Para além disso, alguns projetos de diretores de turma com os alunos vão-se perpetuando ao longo do tempo, como é o caso dos afilhados de S. Tomé e Príncipe, Angola ou Moçambique”, afirma a diretora pedagógica. Através de uma parceria com a Escola Internacional de Roma, o colégio St. Peter’s School esteve envolvido ainda na construção de um orfanato na Zâmbia. Ainda no ano passado, alguns alunos envolveram-se também numa outra iniciativa de apoio a centenas de órfãos em Moçambique.
Um colégio solidário Não é apenas ao currículo e sucesso académico que o St. Peter’s School reduz o leque de atuação. Neste colégio, uma das principais missões é criar um ambiente de aprendizagem desafiador, num contexto seguro, marcado pelo carinho e compreensão. A autoestima dos alunos é alimentada por relações positivas entre todos os membros da comunidade. Mais do que isso, todos são motivados a desenvolver qualidades pessoais e sociais, nas quais se incluem a tolerância, a solidariedade e a compaixão. O fim último é, naturalmente, que os mesmos se tornem cidadãos moralmente íntegros e ativos num mundo multicultural. Assim sendo, no St. Peter’s School há um desafio sempre premente: colocar os alunos a trabalhar ao nível da comunidade vizinha. O projeto “Community Service” é desenvolvido juntamente com instituições de solidariedade tais como 47
Quatro alunas, acompanhadas pelos pais, passaram as férias da Páscoa a ajudar as crianças de dois orfanatos em Mocodoene e Maputo. Foram mais de 200kg em doações, desde roupas, toalhas, lençóis, talheres, ferramentas, sementes, panelas e materiais de escrita. Também o colégio doou vários livros que certamente farão a diferença na vida dessas crianças. Nelson Mandela disse em tempos que “a educação é a arma mais poderosa que podemos usar para mudar o mundo”. É essa a convicção de Isabel e Armando Simão, Proprietários do St. Peter’s School. O trabalho filantropo por parte dos alunos pode ainda ser feito dentro do próprio colégio, por exemplo, com os alunos mais velhos a ajudarem os mais novos nas suas dificuldades escolares. No fundo, o importante é fazer com que os alunos “não olhem apenas para a frente mas também para os outros alunos, para a comunidade em redor e para todos aqueles que possam precisar da nossa ajuda”, conclui Isabel Simão.
RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL – REINO UNIDO
Portugal e Reino Unido Parceiros de Valor Portugal e o Reino Unido assumem-se como verdadeiros parceiros em diferentes segmentos, sendo que estas relações têm uma longevidade evidente e têm somado valias para ambos os países.
Kirsty Hayes
A
histórica relação entre Portugal e Reino Unido, bem como a presença conjunta na NATO, na ONU e na UE, contribuem para ajudar a cumprir os objetivos do Governo Britânico. Portugal e o Reino Unido têm a mais antiga aliança bilateral do mundo, que remonta ao século XIV; e o fluxo constante de pessoas, comércio e investimento, mantém-se até aos dias de hoje. Portugal e o Reino Unido partilham o mesmo objetivo sobre a reforma económica da União Europeia para que a Europa possa enfrentar o enorme desafio de alcançar um crescimento sustentável, melhor competitividade e consequentemente desemprego reduzido. Isto pode ser comprovado no fluxo constante de visitas ministeriais em ambas as direções, o que ajuda sempre a promover uma maior sinergia entre ambos os Governos. A histórica relação entre Portugal e Inglaterra reflete-se nas relações de hoje. Esta centenária aliança cultural e comercial trouxe bases e experiências acumuladas ao longo dos séculos e que fortificam a amizade e intercâmbio entre os dois países, como parceiros privilegiados. Olhando para o panorama global. É fundamental que se torne a UE mais competitiva no plano universal. O mercado único é um dos grandes êxitos da União Europeia, mas é necessário que se promovam exercícios de reflexão ao nível da economia do século XXI, com uma superior integração nos serviços, energia e economia digital, sendo que aqui é de louvar a posição e crescimento de Portugal, através de infraestruturas de TI de elevada qualidade. O universo empresarial, extremamente importante, são também essenciais, e deve-se criar condições para que as empresas consigam gerar crescimento, riqueza e empresa. Apenas desta forma, a UE pode continuar a evoluir, cenário que se reflete nas relações bilaterais Portugal / Reino Unido. Não se podem criar medidas apenas por criar. É necessário que as mesmas estejam estruturadas e tenham a potencialidade de promover valor. “Compreendo o
nível de interesse em Portugal pela nossa posição acerca da livre circulação. Este é um princípio importante para a UE, mas que nunca foi totalmente incondicional. Ao abrigo dos Tratados, os cidadãos da UE têm o direito de vir para o Reino Unido para procurar trabalho ou para estudar como acontece com tantos cidadãos portugueses que dão um enorme contributo para a nossa sociedade. Mas os Tratados não conferem o direito de vir para o Reino Unido com o único objetivo de obter subsídios”, refere Kirsty Hayes, a Embaixadora Britânica em Lisboa. Ainda de acordo com a Embaixada de Portugal no Reino Unido, em 2009 este país era o quarto maior cliente de Portugal e o sexto fornecedor. As exportações portuguesas assentam em produtos como veículos e outros equipamentos de transporte, vestuário e máquinas. Por outro lado, as importações são constituídas essencialmente por combustíveis, produtos químicos e maquina-
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ria. A Embaixada destaca também a importância do investimento britânico em Portugal, que, em 2009, foi o segundo mais importante no nosso país e incide, essencialmente, na área dos serviços financeiros e do turismo. No que respeita a este último setor, os britânicos estão em segundo lugar no número de pessoas que visitam Portugal, com cerca de dois milhões por ano, e em primeiro lugar nas dormidas. Pode parecer algo simplista abordar esta matéria, mas nas relações seculares entre ambos, todo e qualquer ponto de interesse, aporta uma atenção superior. Veja-se por exemplo que Portugal costuma ser o destino preferido de férias do Primeiro Ministro inglês, David Cameron. Interessa compreender que há muitos aspetos no debate sobre o futuro da Europa que são partilhados por Portugal e pelo Reino Unido e é preciso continuar a revigorar a velha aliança e utilizá-la para o benefício de todos os cidadãos da UE.
Relações Bilaterais Portugal – Reino Unido
“Temos advogados qualificados em Portugal e no Reino Unido, o que facilita o nosso interface” “A questão cultural de um cliente é muito séria e usamos a nosso favor o facto de termos diversas jurisdições atuando no mesmo escritório e fazendo com que clientes sejam atendidos por seus co-nacionais. Isto traz confiança e liberdade de expressão ao cliente que estará a tratar do assunto na sua própria língua”, explica a Sócia Fundadora da Nabas Legal International Lawyers. Vitória Nabas é uma advogada brasileira que se mudou para Londres depois de ter batido de frente com o 11 de setembro, nos Estados Unidos, onde estava a trabalhar. O escritório, que entretanto se tornou numa sociedade de advogados, tem ramificações dispersas pela generalidade dos países da imigração latina, onde mantém protocolos, e tem sido notícia frequente nos meios de Língua Portuguesa no Reino Unido. A Nabas Legal trabalha com advogados duplamente qualificados em mercados como o Reino Unido, o Brasil, a Colômbia, Portugal e Espanha. Em que medida, desta forma, o escritório potencia as relações empresariais e económicas entre Portugal e o Reino Unido?
Trabalhamos com diversos países do mundo e principalmente onde temos advogados nativos no escritório. A questão cultural de um cliente é muito séria e usamos a nosso favor o facto de termos diversas jurisdições atuando no mesmo escritório e fazendo com que clientes sejam atendidos por seus co-nacionais. Isto traz confianca e liberdade de expressão ao cliente que estará a tratar do assunto na sua própria língua. Como avalia as relações bilaterais entre Portugal e o Reino Unido?
São muito boas há muitos séculos, não? Portugal e Reino Unido têm relações comerciais excelentes e os produtos portugueses, principalmente comestíveis, são muito bem aceites e vendidos no Reino Unido. Acredito que há muito mais a ser explorado nesta relação comercial e por isto aconselhamos as empresas a procurar sempre mercados novos. Quais as principais diferenças de âmbito jurídico entre Portugal e o Reino Unido que importa aos empresários com negócios firmados em ambos os países terem presente?
Os sistemas jurídicos são bem distintos pois um está dentro da Common Law e o outro dentro do sistema romano. São paralelos que não se cruzam mas os princípios de comércio internacional
são sempre similares e não impedem que façam negócios.
Vitória Nabas
Qual destes mercados tem uma estrutura burocrática mais pesada?
São sistemas diferentes e cabe dizer somente isto. Não acredito que podemos dizer que um é melhor que o outro e sim distintos. A Nabas Legal é mais procurada por empresas portuguesas que querem internacionalizar-se para o Reino Unido ou o contrário?
Por ambas, sendo que devido à crise mundial houve uma diminuição do volume de trabalho nestes mercados. Porém, não na qualidade dos mesmos. De que forma a Nabas Legal, através da sua especialização, funciona como o braço direito dos vossos clientes nestes processos?
Sim, temos advogados qualificados em Portugal e no Reino Unido, o que facilita o nosso interface aos dois países e clientes de ambos. Quais são as principais áreas de atuação da Nabas Legal?
Trabalhamos em todos os ramos de Direito, desde criminal a direito corporativo. Somos muitos advogados e estamos em Londres e Lisboa.
Como caracteriza o percurso que a Nabas Legal tem vindo a percorrer desde que surgiu? É um balanço positivo?
Começámos há somente um pouco mais de dez anos e já somos mais de vinte pessoas totalmente
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dedicadas ao direito internacional e de comércio exterior. Trabalhamos muito próximos dos nossos clientes e temos uma postura de atendimento personalizado, não tratando os clientes nunca como somente um número e sim uma pessoa com problemas a serem solucionados da melhor maneira possível e para isto trabalhamos de uma forma incansável e sem desistir nunca do que se deseja ser almejado.
Relações Bilaterais Portugal – Reino Unido
Um amor inabalável por Portugal e pelo Reino Unido Criar um colégio inglês para crianças portuguesas sempre foi o sonho que norteou a vida de Denise Lester, um nome que estará sempre associado à existência desta instituição de ensino, denominada Queen Elizabeth’s School (Q.E.S.). Vir para Portugal era um desejo que a acompanhava desde criança e que se traduziu nas seguintes palavras: “um dia eu vou para aquele país porque tem de haver um grande estreitamento de amizade entre os dois países de navegadores, de descobridores. Um dia eu vou descobrir aquela terra”. Decorridas oito décadas, Denise Lester já não se encontra entre nós mas os ideais que preconizou para esta escola continuam bem vivos através de todos os que continuam a dar corpo a este projeto inovador. Numa conversa com Ana Maria Nunes, Membro da Direção Pedagógica Colegial do Q.E.S., percebemos que esta aliança duradoura entre estes dois países de “navegadores, de descobridores” continua a orientar os destinos desta instituição.
Direção Colegial do Queen Elizabeth’s School: Ana Maria Nunes, Maria da Conceição de Oliveira Martins e Maria de Lourdes Cabral
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Queen Elizabeth’s School é, no fundo, um sonho tornado realidade. Um sonho da sua fundadora, Denise Lester, e de todos aqueles que durante 80 anos tornaram possível dar continuidade ao seu trabalho. Denise Lester, como fundadora desta instituição, é “uma referência pela visão, capacidade de liderança e pela missão como pedagoga a que dedicou toda a sua vida”. O amor por Portugal esteve sempre presente, a par de um orgulho imenso pelo Reino Unido, o seu país de origem. Soube unir estes dois mundos, criando, em 1935, um projeto educativo bilingue inovador em que procurou incutir nas crianças portuguesas o gosto e o interesse pela aprendizagem da língua inglesa e cultura anglo-saxónica, nunca preterindo a herança cultural e linguística portuguesa e respeitando a identidade nacional dos seus alunos, alguns deles falantes nativos de inglês mas com residência permanente em Portugal. É certo que os alunos do Q.E.S. dão sentido, alma e corpo a esta escola cujo percurso se tem centrado numa busca incessante pela excelência do serviço educativo que presta. Mas, as crianças ou “os meninos”, como carinhosamente se pode ouvir pelos corredores da escola, estão sempre sob o olhar atento dos mais velhos, do corpo docen-
te e não docente, que fazem com que todos se sintam em casa. Foi com um dos membros da Direção Pedagógica Colegial do Q.E.S. que a Revista Pontos de Vista esteve à conversa, num momento informal, em que teve oportunidade de conhecer com algum detalhe a história desta instituição e o seu crescimento ao longo do tempo, o qual teve sempre como primordial propósito o estreitamento dos laços entre Portugal e o Reino Unido, dois países que têm relações de amizade e cooperação muito arreigadas e são protagonistas da aliança mais antiga do Mundo, com mais de 600 anos de existência, apesar das relações entre os dois países terem sofrido também períodos de desentendimento, os quais foram sempre sendo ultrapassados. Ana Maria Nunes, responsável pela componente cultural e pelas atividades circum-escolares, faz já parte da identidade da escola, tendo tido a “felicidade” de ter trabalhado ao lado de Denise Lester durante cerca de dez anos. Recorda esses tempos com um brilho especial no olhar. “Sempre senti na sua personalidade que não havia, mesmo que leve, qualquer atitude de supremacia. Tinha uma postura de grande abertura e interesse pelo conhecimento da História de Portugal e realidade sócio-educacional portuguesa, quis criar uma 50
escola inglesa para crianças portuguesas cujos encarregados de educação pretendessem uma educação inglesa co-extensiva com o currículo nacional português primário, atual 1º ciclo do ensino básico. Pretendia perceber todo o sistePor que é que o Q.E.S. deve ser a escola do seu filho? É uma escola que tem 79 anos de história, com um passado que atesta a qualidade do seu projeto educativo. É um estabelecimento de ensino com valência de Berçário, Creche, Educação Pré-Escolar e 1º ciclo do Ensino Básico português, onde o inglês é introduzido precocemente em contexto bilingue, desde os 12 meses de idade. Os alunos do Queen Elizabeth’s School quando completam o seu ciclo de estudos nesta instituição saem com um nível de inglês difícil de igualar neste grupo etário, o nível A2 do Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas, certificado pelos Young Learners English Tests da Universidade de Cambridge - FLYERS - e pelo Integrated Skills in English do Trinity College London - ISE 0.
ma educacional português e estabelecer um intercâmbio cultural e de experiências educativas entre estes dois países”, explicou. Denise Lester sempre fez questão que os professores de inglês fossem falantes nativos, o que, para Ana Maria Nunes, era mais uma prova do seu espírito inovador e empreendedor. Esta é igualmente uma forma de manter viva a chama das tradições e da cultura britânica que esta escola sempre quis preservar, em paralelo com a identidade cultural portuguesa. E é precisamente nos pequenos gestos do dia a dia, em que se encontra presente esta constante preocupação em reforçar os laços de amizade entre estes dois países. Há assim uma
série de tradições britânicas que são incutidas às crianças para lhes dar a conhecer melhor o Reino Unido, como a celebração do “Guy Fawkes”, o “Poppy Appeal”, o Dia do Desporto ou o Dia de São Jorge, o santo patrono do Reino Unido. Com um domínio fluente da língua inglesa, uma língua franca das mais faladas no mundo, viver, estudar ou trabalhar noutro país, torna-se bem mais fácil. Perante esta nova vaga de emigração de portugueses que apostam em carreiras internacionais, o Q.E.S. afigura-se, mais uma vez, como uma escolha educativa apropriada. “Esta escola também é procurada por estrangeiros que pretendam fixar a sua residência em Portugal e por portugueses que trabalharam noutros países e que pretendam regressar a Portugal, cujos filhos tenham frequentado escolas internacionais em que o inglês era a língua falada”, ressalvou Ana Maria Nunes. O Projeto Educativo do Queen Elizabeth’s School assenta no culto da Aliança Luso-Britânica e no ensino bilingue português-inglês, nas valências de Berçário, Creche, Educação Pré-Escolar e num modelo integrado do ensino do inglês no currículo do 1º Ciclo do Ensino Básico Português, tendo sido implementado no corrente ano letivo em complementaridade com o currículo oficial nacional neste nível de ensino o Programa Primário Internacional de Educação da Universidade de Cambridge, considerado de excelência a nível internacional que é uma mais valia e um fator de diferenciação para os alunos desta escola.
O logótipo e o nome da escola “O logótipo da escola é uma rosa vermelha que a fundadora desta escola Miss Denise Lester associou à rosa heráldica que representa a Casa de Lencastre, de cuja família era descendente D. Filipa de Lencastre, casada com D. João I, matrimónio este que deu origem à Dinastia de Avis e que veio consolidar a Aliança Luso-Britânica, firmada formalmente a 9 de maio de 1386, no Tratado de Windsor. A ligação dos Lencastre com Portugal floresceu principalmente na pessoa do Infante D. Henrique, pioneiro da expansão marítima de Portugal no mundo. Os filhos de D. João I e D. Filipa de Lencastre sobressaíram-se pelo seu elevado grau de educação, sendo os Infantes seus descendentes designados por Ínclita geração”. “Admito que fui bastante obstinada acerca do nome e da rosa. Escolhi o nome Queen Elizabeth (Tudor – Rainha Isabel I) porque ela foi uma das maiores Rainhas que a Inglaterra alguma vez teve: no seu reinado deu-se a grande expansão do Império Britânico…também houve uma famosa Rainha da Áustria que foi Santa e que fez o Milagre das Rosas. A mesma lenda conta-se acerca da sua bisneta, St.ª Isabel de Portugal (a Rainha Santa, Isabel de Aragão, casada com D. Dinis I), e pela mesma razão; tinha o costume de dar pão aos pobres, o que irritava os maridos de ambas, que fizeram questão em ver o que levavam nos seus cestos. Ao abri-los, encontraram-nos cheios de rosas. A Rosa Vermelha está associada tanto à história de Inglaterra como de Portugal”. Denise Lester
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Reino Unido e Portugal: o que aproxima? O que afasta? Denise Lester construiu aquele que era o seu sonho de criança. Com o Reino Unido e Portugal no coração, a pedagoga de vocação sabia que o seu caminho deveria ser norteado pela missão de formar crianças que tivessem a oportunidade de conhecer a realidade de dois sistemas educativos diferentes - o português e o inglês que coexistiam nesta instituição de ensino nos primeiros anos de vida desta escola - tendo em vista incutir nos seus alunos o reforço dos laços históricos, culturais e atlânticos entre estes dois países com uma relação bilateral com séculos de história. Quanto ao futuro, torna-se complicado prevê-lo, bem como falar dos desafios que o Q.E.S. terá pela frente numa sociedade com uma economia globalizada em constante mutação e desenvolvimento tecnológico. Mas a garantia é deixada: “esta é uma escola com um pulsar muito intenso e dinâmica. Apostamos fortemente na formação contínua do nosso corpo docente e não docente, numa cultura de escola que se caracteriza por apostar na valorização dos seus recursos humanos e na aprendizagem ao longo da vida. Ensinar é uma missão, tem que se gostar e sentir vocação”, concluiu Ana Nunes.
Relações Bilaterais Portugal – Reino Unido
“A cultura de qualidade de zero falhas está na nossa génese” O S24 Group encontra os profissionais certos para os locais onde são necessários. Esta é a garantia deixada por uma entidade que tem calcorreado uma posição de destaque e reconhecimento no contexto de saúde, assumindo-se como líder no mercado em que atua. Pela voz do seu Presidente, António Fernandes, a Revista Pontos de Vista conheceu de perto o trabalho de um grupo que, através de um extensa parceria com hospitais, centros de saúde e clínicas, procura dar uma resposta imediata às necessidades de clientes e profissionais. “As pessoas, no vosso enfoque, 24 horas”. Abraçando este lema, o S24 Group tem conquistado uma posição de referência no contexto de Saúde, sendo líder em Portugal no mercado de outsourcing de serviços médicos e na gestão global de unidades de saúde. O que vos tem diferenciado de outras empresas com a mesma génese?
Tudo o que fazemos é ao serviço do paciente. A nossa visão é não deixar ninguém sem acesso a cuidados por falta de profissionais de saúde, e por isso trabalhamos constantemente para obter os melhores profissionais o mais rapidamente possível em qualquer parte de Portugal e do Reino Unido. A missão do grupo passa por responder às necessidades de clientes e profissionais, desenvolvendo soluções rápidas para cada situação específica. Com os desafios atuais, de que necessidades estamos a falar?
O S24 Group estabelece parcerias com hospitais, centros de saúde e clínicas para encontrar a melhor solução para pacientes a custos acessíveis e justos. Estamos a criar uma rede de centros de diagnóstico e tratamento com zero tempo de espera, desenvolvemos soluções de avaliação de desempenho e opinião médica inovadora em Portugal, bem como aceitamos propostas de projetos diferenciadores na área do empreendedorismo em saúde e investigação em diversas áreas da medicina. Os projetos mais estimulantes estão hoje no Reino Unido, comparando com o que se pratica em Portugal, onde muitos concursos públicos obrigam a ter profissionais abaixo do salário mínimo, o que se torna inaceitável para a reconhecida qualidade dos nossos profissionais. O S24 Group tem trabalhado para melhorar a acessibilidade dos utentes aos serviços de saúde de forma a reduzir as longas listas de espera existentes em Portugal. Qual tem sido o vosso contributo nesse sentido? Ao longo dos anos, as longas listas de espera tornaram-se um dos problemas clássicos do SNS?
A nossa rede tem 12 mil médicos registados que estão disponíveis para a qualquer momento reduzir as listas de espera em qualquer ponto do país. Constantemente trabalhamos para dar oportunidade a
profissionais de saúde, gerindo serviços ou desenvolvendo hospitais. Temos sempre oportunidades de trabalho para qualquer profissional de saúde. A crise vivida nos últimos anos obrigou as empresas portuguesas a renovarem estratégias e a repensarem os seus modelos de negócio, focando-se mais naquilo que realmente sabem fazer. Esta conjuntura catapultou o mercado de outsourcing de serviços médicos?
O mercado de outsourcing de serviços médicos ainda é pouco desenvolvido em Portugal comparativamente ao Reino Unido. Estamos constantemente a desenvolver nos locais onde operamos formas de avaliar a maneira como melhoramos a qualidade de serviço ao paciente. A cultura de qualidade de zero falhas está na nossa génese. Muitos milhares de portugueses têm, ao longo dos últimos anos, partido para o Reino Unido em busca de trabalho e de melhores condições de vida. Muitos deles são jovens profissionais de saúde, essencialmente enfermeiros. Como é que Portugal fica sem estes talentos? Qual tem sido o papel do S24 Group?
O S24 Group trabalha para que profissionais de saúde e pacientes tenham os melhores serviços, quer em Portugal, quer no Reino Unido. Encontramos os profissionais certos para onde são necessários. Neste momento procuramos 2000 enfermeiros, 290 médicos e 1500 outros profissionais para o Reino Unido. Tratamos de toda a documentação e adaptação à vida do Reino Unido. A grande atratividade é a possibilidade de carreira e formação e a remuneração cerca de quatro a seis vezes superior à que podemos oferecer em Portugal. Depois de recuperada da crise de há sete anos, a economia britânica é hoje uma das mais dinâmicas do espaço europeu. De que forma o S24 Group pode ser um parceiro de empresas de variados setores nesta entrada no mercado britânico?
Neste momento criamos mesmo uma divisão para apoio a empresas portuguesas que se queiram estabelecer no vibrante mercado britânico. Queremos par-
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António Fernandes
tilhar a nossa experiência e ajudar Portugal. Os elevados custos de entrada podem ser reduzidos em mais de 50% com a nossa experiência, acelerando vendas e adquirindo a posição reputacional de estar no mercado britânico que é um excelente selo de qualidade. Com o início de 2015, e sob a esfera das relações entre estes dois países, que projetos e objetivos querem ver brevemente concretizados?
O ano de 2015 revela-se bastante vibrante no mercado britânico. Queremos trazer mais de dois mil profissionais para esse mercado, desenvolver clínicas de diagnóstico de fácil acesso e com zero tempo de espera, bem como ajudar pelo menos cem empresas portuguesas a vir para o ambiente empreendedor do Reino Unido. As empresas e os profissionais não devem estar limitados ao mercado português. Ao vir para este ambiente estimulante melhorarão com certeza e trarão futuramente novas ideias para Portugal.
Relações Bilaterais Portugal – Reino Unido
“Com o mesmo budget, em Portugal, conseguimos fazer muito mais do que no Reino Unido” Em Portugal há 17 anos, a AIM Portugal é um dos doze escritórios da AIM Group International na Europa e trata-se de uma das DMC’s (Destination Management Company) líderes no país. A empresa conta com uma equipa de colaboradores multilingues que, para além de um know how em destination management, são especializados em organização de congressos e eventos corporativos. É nesta área corporativa que a AIM tem desenvolvido a sua atividade, realizando eventos em Portugal para clientes de todo o Mundo. As empresas do Reino Unido estão no top daquelas que mais procuram o mercado nacional para este fim. As razões são evidentes: “com o mesmo budget, em Portugal, conseguimos fazer muito mais do que no Reino Unido”, explica Angelica Heldt, Diretora Internacional de Vendas da AIM Portugal.
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ntenda-se por DMC uma agência que centraliza serviços e conhecimentos sobre um determinado local, região ou país, com o objetivo de promovê-lo internacionalmente enquanto destino atrativo. Desta forma, desenha e implementa produtos especializados na área das viagens, eventos, atividades e itinerários, transporte dedicado e logística de grupos, individuais e serviços, negociando com uma extensa gama de fornecedores, sejam estes grupos hoteleiros ou centros de congressos. É, de facto, na organização de eventos, congressos e reuniões que a AIM se destaca como uma das principais empresas da área em Portugal. “A relação qualidade/preço é conhecida por todos” Este é um setor que tem vindo a crescer no nosso país. Por essa razão, Lisboa é hoje um importante destino de congressos e grandes eventos internacionais. Como Angelica Heldt refere, “estamos em ótima posição, por um lado, pela importância que tem Lisboa estar no top 25 dos destinos do mundo para viajar, para além disso, temos imensos voos e conexões com as outras cidades portuguesas pelo que não precisamos de nos limitar a Lisboa, mas podemos abrir o leque para Porto ou Faro; a relação qualidade/ preço é também conhecida AIM GROUP INTERNATIONAL Empresa com mais de 50 anos de experiência na organização de congressos e eventos. Todos os anos organiza mais de 3000 eventos e reuniões e conta com uma equipa de 400 pessoas, em 14 escritórios internacionais, que representam mais de 28 culturas distintas e falam mais de 18 idiomas diferentes. No nosso país, são realizados mais de 200 eventos por ano pela AIM Portugal, que conta com uma equipa de 20 profissionais multilingue e pró ativos, de modo a oferecer soluções à medida, tendo sempre em consideração as especificidades de cada setor. Entre os inúmeros clientes, contam-se grandes nomes como Bayer, Pfizer, La Roche-Posay, Allianz, Audi, Siemens, McDonald’s, Ernst & Young, Generali, BNP Paribas Group, Canon, Barclays, Axa, KIA, Lexus, Nestlé, Michelin, Microsoft, Schwarzkopf, Siemens, BBVA, Seat, Ericsson ou Santander.
por todos, temos boa comida, bons vinhos e cada vez mais hotéis a abrir. No caso concreto do Reino Unido, acrescem 17 voos diários por parte das diferentes companhias aéreas”. O mercado britânico, para além de ser um dos mais relevantes para a AIM Portugal, é também um dos mais exigentes. “O Reino Unido é um dos principais mercados nesta indústria e, por isso, é também um dos mercados em que temos apostado mais e com o qual trabalhamos há mais tempo. No entanto, o facto de ser um mercado com tanta experiência na área e tão diferente do resto da Europa exige muito mais de nós, temos que inovar constantemente e que fazer o impossível. São clientes que já viram e fizeram de tudo, uma vez que já estiveram presentes em imensos congressos internacionais e eventos patrocinados pelo que é um desafio, temos que apostar na diferenciação e temos que ser mais criativos, procurar novas ideias, novas formas de trabalhar e fazer o máximo de perguntas possíveis para compreender o outro lado se queremos satisfazer a demanda dos clientes britânicos”, afirma. Sem dúvida que, com esta forma de pensar e atuar, a AIM Portugal tem conseguido ir ao encontro das necessidades e pedidos dos clientes, por essa razão mantém uma carteira sólida de clientes ao longo de quase duas décadas e tem sido distinguida com vários prémios nos últimos anos. Em 2011 foi considerada a Melhor PCO (Organizadora de Eventos) de 2011 pelos Prémios Publituris Portugal Comércio. 53
Angelica Heldt
COMPROMISSO PARA O CRESCIMENTO VERDE
LNEG, o assumir de um compromisso com o Planeta Desenvolvimento sustentável e responsabilidade ecológica são dois conceitos de que se fala cada vez mais e é premente atuar no sentido de os fazer valer. O Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) é o exemplo de que as entidades já trabalham no sentido de ajudar a criar um planeta mais ‘saudável’. Neste sentido, a Revista Pontos de Vista foi falar com a Prof.ª Teresa Ponce de Leão, presidente do LNEG.
Teresa Ponce de Leão
O Laboratório Nacional de Energia e Geologia é um organismo que responde às necessidades não só da sociedade mas também das empresas no que diz respeito à inovação tecnológica. Que tipo de serviços e produtos tem o LNEG para oferecer quando é procurado?
Tem uma vasta oferta para a sociedade. Os laboratórios acreditados oferecem serviços para apoiar o setor industrial na mitigação dos riscos dos projetos e na avaliação técnico económica dos recursos. Profundo conhecedor das estratégias para os recursos renováveis e geológicos, tem apoiado o investimento nestas áreas e tem ajudado a exportar conhecimento para projetos nos vários continentes. O LNEG tenta criar uma ponte entre a inovação tecnológica e a responsabilidade ecológica. É uma tarefa fácil numa sociedade cada vez tecnológica?
É uma oportunidade e fazemo-lo com muito empenho. A responsabilidade ecológica é uma postura que caracteriza o universo LNEG, que olha para a tecnologia de forma inovadora aplicando-a ao serviço das melhores práticas. O LNEG estrategicamente orienta a sua atividade para o desenvolvimento sustentável assente no menor consumo de recursos naturais e energéticos. Sendo uma instituição do Ministério do Ambiente, o LNEG também trabalha com projetos governamentais. Podemos dizer que o Estado mostra a preocupação necessária por usar métodos de
trabalho mais ecológicos? E no que concerne ao setor empresarial?
O LNEG é um instituto de investigação aplicada que orienta a sua estratégia alinhando-a com os programas europeus e da OCDE. É neste pressuposto que criamos conhecimento para apoiar o governo a transferir diretivas para o direito nacional e ajudamos o setor empresarial a criar mais valia com projetos ajustados aos novos enquadramento legais. O Compromisso para o Crescimento Verde é uma importante iniciativa do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, em colaboração com a Parceria Portuguesa da Água (PPA) e o IST-CEHIDRO. Que comentário merece este género de iniciativas e qual a importância que o mesmo aporta para Portugal?
A aposta de colaboração em rede é a forma de aproveitar sinergias entre os diferentes parceiros e fazer mais do que poderia ser feito individualmente.
Esteve também presente na Sessão Pública de apresentação da Proposta de Compromisso para o Crescimento Verde. De quer forma pode o LNEG intervir no domínio do desiderato do Compromisso para o Crescimento Verde? Em que moldes e através de que iniciativas?
O Compromisso assenta em dez pilares, sete dos quais - água, resíduos, energia, indústria extrativa, cidades e território, mar e turismo - o LNEG investiga, desenvolvendo novos produtos. De54
pende ainda de catalisadores como a promoção da internacionalização, informação e inovação, setores onde o LNEG aposta. Sente que nos últimos anos se tem assistido a uma crescente consciencialização, por parte dos agentes económicos e dos políticos, relativamente ao potencial das relações de sinergia entre crescimento económico e sustentabilidade e à afirmação de opções estratégicas onde a componente verde é uma realidade material das prioridades de crescimento económico?
Na Cimeira para o Clima de Lima, Portugal foi considerado, pela ONU, CE, Banco Mundial e Instituto Global para o Crescimento Verde, um país modelo. Isto foi o resultado das políticas com vista ao compromisso para o crescimento verde. Portugal atingiu 62% de utilização de fontes energéticas renováveis na eletricidade e o nível mais baixo de dependência energética do exterior dos últimos 20 anos. Tudo isto são condições criadas pelo governo para que se possa, com segurança, investir na economia verde. Acredita que este Compromisso para o Crescimento Verde pode posicionar Portugal como uma das principais referências mundiais do crescimento verde?
Não só acredito como acho que já é um facto. Portugal ocupa, entre 125 países, o 10.º lugar, no Índice para o Desempenho Global na Área da Energia 2015, do Fórum Económico Mundial.
RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL – FRANÇA
A OPINIÃO DE Jean-François Blarel, Embaixador de França em Portugal
França – Portugal A emoção sentida em Portugal depois dos atentados terroristas que enlutaram recentemente a França demonstra, mais uma vez, a extrema proximidade entre os nossos dois povos. Portugal e França estão efetivamente unidos por relações históricas milenares, pela convivência das suas populações, pelos seus intercâmbios económicos e culturais muito densos.
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França acolheu muitos portugueses depois da primeira guerra mundial e, mais tarde, durante as décadas de 1960 e 1970. Atualmente, o número de franceses de origem portuguesa eleva-se seguramente a mais de um milhão de pessoas. Esta proximidade no plano humano reforça os laços já muito fortes existentes entre os nossos dois países nos domínios político, cultural e económico. A profundidade desta relação é comprovada pela frequência dos encontros políticos, de alto nível, ministeriais ou parlamentares, em todos os domínios. A presença económica francesa em Portugal é forte, antiga e muito diversificada. Com mais de 400 empresas, a França é um dos primeiros investidores em Portugal. O tecido económico francês renovou-se durante a crise que Portugal atravessou a partir de 2011: muito poucas empresas francesas saíram de Portugal; em contrapartida, o investimento francês reforçou-se (a compra pelo grupo Vinci dos aeroportos de Portugal em 2013 é uma clara prova disso). As empresas francesas são o segundo empregador estrangeiro, depois dos seus homólogos espanhóis. A França é também o terceiro parceiro comercial de Portugal, mas ainda pode fazer melhor – e sempre em prol dos nossos dois países: as empresas francesas devem ter consciência de que Portugal, sobretudo depois das reformas efetuadas e da retoma da sua economia, continua a ser uma terra de oportunidades e de mercados, com a condição de se saber identificar os nichos de oportunidades (entre os quais, o acesso aos mercados lusófonos dinâmicos). As empresas francesas em Portugal estão particularmente presentes na grande distribuição e na agroalimentar, sem esquecer a sua forte implan-
tação nos serviços, nomeadamente prestados às empresas (centro de competências em engenharia, por exemplo, que beneficiam da colaboração de jovens portugueses muito qualificados). Na indústria, o investimento francês incide sobre o ramo automóvel e as tecnologias de ponta, como por exemplo, na área dos moldes ou, mais recentemente, da aeronáutica. Esta presença económica da França proporciona aos jovens portugueses perspetivas profissionais associadas à aprendizagem da língua francesa, a qual constitui um meio de acesso aos empregos criados em Portugal (incluindo no setor turístico) mas, também, ao conjunto do mundo económico da francofonia, que apresenta, ele próprio, sinergias com o da lusofonia. Depois do inglês, integrado de maneira obrigatória nas escolas entre o 5° e o 9° ano de escolaridade, o francês é a língua viva mais ensinada em Portugal, com cerca de 300 000 alunos. Para este ano de 2014-2015, existem nomeadamente 34 secções europeias de língua francesa repartidas pelo ensino público, em todo o território português: este programa, que prevê um ensino reforçado da língua francesa, inclui também o ensino de uma outra disciplina (não linguística) parcialmente em língua francesa. A França continua a ser para os portugueses uma referência no plano cultural. A “Festa do Cinema Francês” tem todos os anos um grande sucesso. O Institut Français du Portugal (IFP) está precisamente a renovar-se para acentuar o seu esforço de mobilização orientado para os jovens com o objetivo de consolidar a imagem de uma França contemporânea, diversa, dinâmica e atrativa para os portugueses.
“A presença económica francesa em Portugal é forte, antiga e muito diversificada. Com mais de 400 empresas, a França é um dos primeiros investidores em Portugal. O tecido económico francês renovou-se durante a crise que Portugal atravessou a partir de 2011: muito poucas empresas francesas saíram de Portugal; em contrapartida, o investimento francês reforçouse (a compra pelo grupo Vinci dos aeroportos de Portugal em 2013 é uma clara prova disso)”
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RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL-FRANÇA
“75% dos alunos escolarizados são portugueses” “Entre as 500 maiores empresas que existem em Portugal, 31 são francesas. No LFIP, temos assistido a um aumento significativo de inscrições por parte de investidores e empresários franceses e estrangeiros em Portugal. Estamos otimistas”, afirma Gilles Lasserrade, Diretor do Lycée Français International do Porto, uma instituição que faz parte da rede AEFE – Agence pour l’einseignement français à l’étranger – que está em plena expansão e acolhe mais de 330 000 alunos, em mais de 494 estabelecimentos de ensino. Só no Lycée Français International do Porto são mais de 900 alunos.
Gilles Lasserrade
Qual o balanço que faz do caminho que tem vindo a ser percorrido pelo Lycée Français International do Porto ( L.F.I.P) desde a sua criação até então?
Em 50 anos, o LFIP passou de um pequeno jardim de infância a um liceu internacional, sem perder, todavia, a sua essência. Ao longo dos anos, soubemos conservar o ambiente familiar e o espírito de equipa que tão bem nos caracterizam. Para além da reconhecida competência, o LFIP apresenta uma imagem acolhedora e moderna. Como caracteriza o ensino francês ? Quais as grandes mais valias do mesmo que importa realçar?
O ensino francês pode ser resumido em três palavras : SABER, SABER-FAZER, SABER-SER. Valoriza, entre outros aspetos, o percurso personalizado do aluno, a abordagem científica em pequenos grupos, o percurso cultural do aluno e a abertura internacional. Também estimula o espírito crítico e os valores humanistas que preparam cidadãos abertos à mobilidade, algo fundamental atualmente. Que comparação faz entre o ensino português e o ensino francês?
Para mim, tudo se resume numa palavra: GENERALISTA. No sistema francês, o aluno não
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é forçado a tomar decisões precipitadas, pois o ensino é abrangente até ao fim do ensino secundário, o que lhe permite ter uma visão global quando tiver que fazer escolhas para aceder ao ensino superior. Quais são as diferenças que existem entre o LFIP e as outras escolas internacionais do Porto?
O LFIP faz parte dos 494 estabelecimentos da AEFE – Agência do ensino francês no estrangeiro – que escolariza mais de 330 000 alunos em 135 países do mundo. O ensino ministrado é igual em todos os países, embora tenha em conta
as especificidades locais. É uma rede única, reconhecida mundialmente. No LFIP, as propinas de escolaridade são acessíveis?
O LFIP é uma associação sem fins lucrativos. Tem vindo a crescer e a desenvolver-se graças ao apoio do estado francês e às propinas pagas pelos pais. Este dinheiro é sistematicamente reinvestido ao serviço da pedagogia. Dos vários estabelecimentos internacionais privados, o LFIP é o menos dispendioso. Escolarizam alunos que não falam francês?
75% dos alunos escolarizados são portugueses. Para todas as crianças que não sejam francófonas, pusemos em prática um dispositivo que lhes permita uma rápida integração. Assim, o aluno poderá entrar em qualquer momento da sua escolaridade. É um orgulho para o aluno, para a família e alargam as suas espetativas quanto ao futuro. O ensino em língua francesa, em Portugal, tem vindo a perder terreno para os colégios que lecionam em língua inglesa?
Atualmente, o francês é a segunda língua ensinada em Portugal, logo a seguir ao inglês. É necessário ter em conta que um projeto educativo não se constrói unicamente a partir da aprendizagem de uma língua. Os nossos alunos usufruem de duas culturas e praticam quatro línguas vivas, entre as quais o inglês, que ocupa um lugar importante, a partir dos seis anos. Os alunos aprendem português?
O português ocupa um lugar privilegiado no nosso ensino a partir dos três anos e até aos 18 anos. Em função dos níveis, consagramos ao ensino do português quatro a seis horas de aulas por semana. Prevemos a abertura de um “baccalauréat” internacional de português brevemente. Como é que os pais gerem o facto de os filhos fazerem a escolaridade numa língua que nem sempre é falada por todos os membros da família?
A barreira da língua nunca foi um problema, pois a maioria dos funcionários do liceu são bilingues. O LFIP propõe atividades de apoio para todos os alunos voluntários, fora do horário escolar. Os pais apoiam-nos, incentivam-nos, mas não pretendem substituir os filhos, que aprendem a sua “profissão de aluno” com total confiança. Qual é o perfil dos vossos alunos?
A par dos métodos de aprendizagem baseados na aquisição progressiva dos conhecimentos, das competências e da cultura, o LFIP propõe um percurso individualizado que permite a cada aluno atingir a sua excelência. Assim sendo, o LFIP está aberto a todos os alunos, sem qualquer distinção.
Os acordos de cooperação académica entre os dois países são, no seu entender, suficientes?
É sempre possível melhorar, mas globalmente os acordos vigentes são muito satisfatórios para os nossos alunos. O acesso à universidade portuguesa, em algumas áreas, ainda é muito seletivo, no entanto também o é para os alunos oriundos do ensino português. O «baccalauréat» é um diploma francês. É uma vantagem para entrar na universidade portuguesa?
O « baccalauréat » é o primeiro diploma de acesso à universidade em França, em Portugal e na maioria dos restantes países. É reconhecido pelas autoridades portuguesas e dispensa os alunos da realização dos exames portugueses de acesso à universidade. Têm muitos alunos que saem de cá para ingressar no ensino universitário em França?
Desde que os nossos alunos começaram a realizar o « baccalauréat », há três anos, as estatísticas mostram que 35% dos estudantes vão estudar para França. Alguns, se tiverem nacionalidade portuguesa, beneficiam de uma bolsa de estudos da AEFE durante cinco anos. Recentemente, ouvimos falar de problemas no ensino francês – sobrecarga e desmotivação dos professores. Estes problemas afetam o LFIP?
A reputação de excelência do LFIP não existiria sem o envolvimento e a dedicação dos professores que dão provas de um grande profissionalismo. Levamos a educação a sério.
Como perspetiva a evolução das relações Portugal/França nos próximos anos?
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Entre as 500 maiores empresas que existem em Portugal, 31 são francesas. No LFIP, temos assistido a um aumento significativo de inscrições por parte de investidores e empresários franceses e estrangeiros em Portugal. Estamos otimistas. Quais as metas e objetivos que o Lycée Français International de Porto quer atingir nos próximos anos?
Uma palavra de ordem: abertura. O LFIP pretende reforçar as parcerias que mantém com as grandes instituições culturais do Porto - a Câmara Municipal, a Universidade – e continuar a colaboração com as escolas portuguesas. A abertura internacional será também um compromisso maior, através da criação das secções europeias e internacionais no LFIP. A França esteve, recentemente, no centro da atualidade. Como é que vocês reagiram? Que papel pode desempenhar o LFIP?
Refere-se aos atentados da redação do jornal satírico Charlie Hebdo? Depois do tempo de recolhimento, veio o da determinação. Com a morte dos artistas, jornalistas e caricaturistas quiseram reduzir a liberdade de expressão ao silêncio. Ao assassinar jornalistas, porque eles criticam religiões, os religiosos fanáticos tentaram destruir os fundamentos da nossa sociedade laica. O LFIP é um exemplo de sucesso no que respeita à convivência com o outro e à partilha de culturas. Nos mais variados níveis de ensino, os nossos alunos realizaram debates acerca dos valores fundamentais de liberdade, de igualdade e de fraternidade. Lugar de expressão, de construção do saber e do saber-ser, o LFIP reivindica, agora mais do que nunca, a sua competência para formar os cidadãos livres de amanhã.
RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL-FRANÇA
Portugal, um destino de eleição da Aigle Azur A Aigle Azur é uma companhia aérea francesa que voa há quase 70 anos e cuja maior prioridade é o cliente.
Tiago Martins
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iago Martins, Diretor Comercial Adjunto da Aigle Azur, falou com a Revista Pontos de Vista e garante que, num setor onde existe um grande aumento de concorrência e a preços cada vez mais apetecíveis, a companhia distingue-se pelo serviço prestado aos clientes e pela estrutura empresarial. “A diferença é o acompanhamento do cliente”, acredita. E esta questão é perfeitamente visível para quem viaja pela Aigle Azur. Com rotas para vários pontos do mundo, preocupam-se em criar regularmente novas formas de inovar e melhorar o funcionamento da companhia, nomeadamente com a criação de pacotes especiais de viagem, existência de call centers e balcões da empresa nos aeroportos, modernização da frota, aumento do número de destinos e atualização dos preços de forma a torná-los cada vez mais competitivos. “Os nossos objetivos passam por apostar na estratégia de diversificação do nosso produto e continuar com o trabalho de aproximação ao nosso cliente”, explica o diretor. Em Portugal, viajam entre Paris e Lisboa, Porto, Faro ou Funchal e estão já a delinear uma nova
rota com destino ao arquipélago dos Açores. E o nosso país é, segundo Tiago Martins, uma aposta “interessante” e na qual pretendem continuar a investir. Com staff da própria Aigle Azur presente em território português, Tiago Martins vê o nosso país como uma região de “oportunidades”, devido à sua proximidade geográfica com França e ao perfil dos portugueses, fundamental nas relações tanto pessoais como laborais. “A mentalidade é a diferença”, ressalva. E garante que a equipa não pretende baixar os braços, apesar de Portugal ainda ser um mercado com baixo nível de lucro, relativamente a outros países para onde a Aigle Azur voa. Até porque “a taxa de ocupação média anual de aviões portugueses” da companhia de aviação é bastante positiva e “Portugal é um destino interessante”. O diretor comercial adjunto da companhia aérea justifica estes valores com o facto de este setor ter uma concorrência cada vez mais desmedida, nomeadamente com o surgimento de companhias low cost. Desde essa altura, há “uma guerra de preços autêntica”. Assume que foi necessário “ajustar a estrutura da empresa”, principalmente 58
Aigle Azur reforça segurança depois de atentado em Paris Tiago Martins garante que os sistemas de segurança da Aigle Azur são e sempre foram uma prioridade, como é de esperar em “todas as empresas” do setor de aviação. Assegura que, sendo uma preocupação diária, a companhia está “a par de todas as informações sejam técnicas ou políticas”. Ainda mais quando se trata de uma empresa que voa para “países críticos como a Argélia e o Mali”, como é o caso da própria Aigle Azur. Com os ataques terroristas cada vez mais frequentes e com o recente atentado à redação do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, a segurança foi obviamente reforçada. O nosso interlocutor explica que sentiram a necessidade de aumentar o número de formações para “o nosso staff” no sentido de o preparar melhor para estas situações. Também nas zonas de passageiros, houve um maior cuidado em perceber se existiriam situações de perigo. O diretor comercial conclui que “não houve grandes mudanças, houve sim um reforço de tudo o que já fazíamos até à data”.
em Portugal, e “cortar” no número de funcionários presentes no país, contrariando a “nossa estratégia” inicial. Tiago Martins explica que em Portugal as companhias aéreas low cost ainda se encontram em fase de crescimento, ao contrário de França, por exemplo. Nesse país “muitas low cost já não têm crescimento. Aliás, muitas dessas empresas estão a recuar em volume de negócio e em número de voos”. E adianta que a estratégia deste género de companhias consiste em criar novas rotas constantemente e de forma pouco moderada, o que
a longo prazo torna-se prejudicial. No entanto, o nosso entrevistado não se mostra alarmado com a situação, porque acredita ser possível contrariar este cenário e fazer prevalecer a qualidade dos serviços Aigle Azur. Assume que “as rotas portuguesas são importantes” e não será o aparecimento das companhias aéreas de baixo custo que provocará um recuo no investimento em Portugal. Pelo contrário, Tiago Martins adianta que o objetivo para 2015 é aumentar o volume de negócios em Portugal em cerca de 5%.
Frota Aigle Azur
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Aigle Azur, pioneira na aviação francesa Criada em 1946 por Sylvain Floirat, a Aigle Azur é a companhia aérea privada mais antiga de França. Surgiu depois da Segunda Guerra Mundial, momento em que o espaço aéreo se estendeu às empresas privadas. Apesar de, nesse momento, e nomeadamente em França muitas companhias aéreas terem tentado a sua sorte, poucas resistiram. Teve uma posição de destaque na Tunísia, antiga colónia francesa, por garantir que os professores franceses a trabalhar no país pudessem regressar a casa nas férias escolares. Em 2001 foi adquirida pelo grupo GoFast, do qual fazem parte empresas ligadas aos transportes aéreos e marítimos, a projetos industriais, à logística, à manutenção aeronáutica, entre outros.
MARCAS DE VALOR
Rexel, uma marca francesa que se tornou cosmopolita Com quase 50 anos de história e presente em Portugal desde 1985, a Rexel é hoje líder de mercado no setor de distribuição de material elétrico. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Carlos Teles, Diretor Geral da empresa em Portugal, explica que o crescimento da antiga CDME – Compagnie de Distribution de Matériel Electrique - advém em grande parte das aquisições mundiais conseguidas ao longo dos tempos.
C
uriosamente, a primeira internacionalização da empresa inicialmente francesa foi em Portugal, com a aquisição de uma pequena empresa da área. A partir daí, a expansão seguiu o seu rumo e em 2001 eliminou todas as insígnias agregadas ao grupo, passando todas as empresas a ter a mesma denominação – Rexel. Mais uma vez Portugal teve lugar de destaque, sendo o primeiro país a dar a conhecer a Rexel como um todo e não como um conjunto de empresas, com diferentes denominações. “Nós fomos o primeiro país a utilizar o nome do grupo como marca comercial. Fizemo-lo inclusive antes de França. Foi um passo arriscado, mas foi também o primeiro passo para que nós conseguíssemos criar um nome forte dentro do nosso mercado”, conta Carlos Teles. Questionado sobre o porquê de a empresa ter visto o nosso país como um bom ponto de partida quer para o desenvolvimento da mesma quer para ser a ‘cara’ de novos projetos, o diretor geral da Rexel não mostra dúvidas. Garante que a “capacidade de inovação que o povo português tem” é fundamental nestes casos. Portugal é um país pequeno, onde as pessoas têm normalmente muita vontade e capacidade de se adaptar a contextos diferentes”, explica. E justifica a decisão de a Rexel iniciar a sua expansão em território português, um mercado pequeno, com o facto de “a nossa cultura ser acolhedora para quem trabalha
“Nós fomos aprendendo um pouco com o que cada empresa tinha para nos dizer e para nos dar. Tinham características próprias especiais pelo tipo de mercado em que trabalhavam, pelo tipo de cliente que tinham que servir. E cabia-nos a nós aproveitar o melhor de cada uma para fazer uma Rexel forte”
Carlos Teles
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“A construção de edifícios e toda a parte de instalação foi o grande impulsionador do nosso negócio em Portugal”
connosco, aliada a um natural empreendedorismo e profissionalismo do povo português”. Além deste fator, Carlos Teles refere ainda os “laços fortes” entre Portugal e França, que permitem também este reconhecimento do mercado e dos profissionais. E explica que existem muitas semelhanças entre as duas culturas, “quer do ponto de vista da educação quer no que diz respeito à nossa própria legislação em termos técnicos”. Contudo, o diretor geral reforça a ideia de que a Rexel é muito mais do que Portugal e França, é um grupo mundial, que aprendeu muito com a sua internacionalização global. As aquisições permitiram à empresa crescer não só a nível económico, mas também empresarial. Isto é, foram buscar o melhor de cada país e de cada empresa adquirida, de forma a formar um grupo forte e coeso. “Nós fomos aprendendo um pouco com o que cada empresa tinha para nos dizer e para nos dar. Tinham características próprias especiais pelo tipo de mercado em que trabalhavam, pelo tipo de cliente que tinham que servir. E cabia-nos a nós aproveitar o melhor de cada uma para fazer uma Rexel forte”, justifica. Os muitos países onde a Rexel se fixou contribuíram em grande escala para o seu desenvolvimento. Com culturas, formas de estar e de trabalhar distintas, forneceram à empresa as ferramentas necessárias para funcionar de modo cooperativo, mas sem esquecer as suas especificidades. Assim, pretendem criar “valor acrescentado quer para o cliente quer para o fabricante”. E a coesão que procuram obter enquanto grupo não descarta, no entanto, o trabalho que é feito país a país, onde há um método de funcionamento muito pessoal e exclusivo. “Por exemplo, no caso do Chile, somos muito fortes na indústria mineira, no Brasil criámos uma abordagem específica em relação a tudo o que é indústria, cadeias logísticas e pontos de operação no próprio cliente”, conta Carlos Teles à Revista Pontos de Vista. Rexel, um sucesso step-by-step As aquisições da empresa e toda a sua expansão a nível internacional transformaram totalmente o conceito do grupo. No início, “o negócio era um armazém. Os fornecedores punham lá o material e ficava lá à espera de ser comercializado […]. Depois passámos para um conceito de distribuição, que já acrescentava a este modelo de negócio toda aquela cadeia de abastecimento. O material já não ficava apenas no armazém” e havia um grande trabalho de logística na retaguarda, nomeadamente o contacto “com os clientes, a questão das entregas, a questão da própria mecânica de todo o fluxo logístico dentro do armazém”. Ou seja, “passámos de armazéns para centros de
distribuição”, esclarece Carlos Teles. Atualmente trabalham em três mercados distintos – residencial, industrial e comercial. O diretor explica que o negócio da construção foi um pilar na Rexel em Portugal devido às características económicas do país. “A construção de edifícios e toda a parte de instalação foi o grande impulsionador do nosso negócio em Portugal”. Contudo, desde 2010 e com a atual crise financeira, este mercado sofreu uma queda e foi necessário “começar a trabalhar outros mercados e alterar o nosso mix de clientes”, conta. Deste modo, conseguiram compensar a descida de vendas com a entrada noutros setores, nomeadamente a indústria. No terciário, houve também um enfoque e uma busca por inovar o setor. “Fala-se em eficiência energética, em gestão de edifícios, em tudo aquilo que pode de alguma forma reduzir a fatura elétrica das empresas” e das habitações. Contudo, a área da eficiência energética, apesar de se mostrar uma mais valia para a economia individual e empresarial, ainda está a dar os primeiros passos. O diretor da Rexel explica-nos porquê: “a eficiência energética é um chavão, é algo que toda as pessoas querem fazer, mas gostavam de fazê-lo sem gastar dinheiro, o que é completamente impossível”. É um mercado onde “é preciso investir equipamentos que reduzam o consumo de energia e permitam a produção de energia com fontes alternativas” e cujos custos são reembolsados anos depois. No entanto, a Rexel mantém a sua posição e continua a batalhar pelo sucesso deste projeto não só pelos benefícios económicos mas também em sequência da Carta Aberta da empresa, que visa criar regras internas para uma melhor “sustentabilidade do planeta e responsabilidade social”. Assim sendo, assumem que continuarão a missão de mostrar os benefícios da eficiência energética a todos os clientes, nomeadamente no caso da
indústria, que continua a utilizar energia reativa para os centros técnicos. O diretor da Rexel em Portugal explica que este mercado baseia-se em relações entre clientes a longo prazo havendo necessidade de uma interação pessoal que deve ser sustentada. “Os nossos clientes são a nossa vida e nós queremos ser a vida deles. Há uma relação que tem que ser mantida”. Neste sentido a Rexel irá organizar, de 20 a 22 de maio, na Batalha, a primeira edição da ExpoRexel, a primeira exposição em Portugal, organizada exclusivamente por um distribuidor de material elétrico. Este evento, com entrada gratuita, é dedicada a todos os profissionais e empresas do setor elétrico e visa reforçar sinergias entre todos os agentes do mercado com o intuito de originar bons negócios. Num setor em que o próprio mercado tem vindo a criar um real ajuste entre a procura e a oferta, só as empresas mais dinâmicas e competitivas podem manter uma atividade sólida e de futuro no mercado da construção, reabilitação e gestão de edifícios. Estarão expostas, pelos maiores fabricantes mundiais, soluções inovadoras em áreas tão importantes como produção, gestão e monitorização de energia, automação industrial, gestão de edifícios, data centers e redes de dados, segurança de pessoas e bens, entre outros. Para além da exposição de toda a gama de produtos da Rexel, a ExpoRexel oferece a todos os seus visitantes um ponto de encontro de interesses do setor elétrico, com palestras, concursos universitários, apresentações de novidades, partilha de informação e Know how. Mais do que um evento, a ExpoRexel é um fórum de conhecimento e partilha para os instaladores, integradores, engenheiros, arquitetos, projetistas, responsáveis de manutenção industrial e outros profissionais do setor do material elétrico.
“Nós fomos o primeiro país a utilizar o nome do grupo como marca comercial. Fizemo-lo inclusive antes de França. Foi um passo arriscado, mas foi também o primeiro passo para que nós conseguíssemos criar um nome forte dentro do nosso mercado”
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RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL – BRASIL
Um escritório que contribui para a aproximação entre Portugal e Brasil Foi em 2007 que dois estudantes de nacionalidade brasileira se encontraram na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa no momento em que frequentavam um Mestrado em Direito Internacional. Depois da excelência desta formação e tendo contacto com algumas lacunas existentes no país em algumas áreas jurídicas, nomeadamente no atendimento a cidadãos brasileiros que chegavam a Portugal, surgiu a ideia de constituir uma sociedade de advogados que fosse uma parceira dos seus clientes nestes momentos burocráticos. Era assim que nascia uma entidade que hoje é conhecida como Hofstaetter Tramujas & Castelo Branco Advogados Associados e que hoje tem escritórios divididos entre os dois países. Com profissionais inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil e na Ordem dos Advogados de Portugal, a Revista Pontos de Vista quis conhecer o trabalho desenvolvido por uma ampla equipa de jovens dinâmicos empenhados em aproximar ainda mais dois países unidos por séculos de história e separados apenas por um oceano.
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ssumindo-se como uma sociedade de advogados preparada para responder com rigor e eficácia aos desafios impostos nas mais variadas áreas jurídicas, a sociedade brasileira de advogados Hofstaetter Tramujas & Castelo Branco Advogados Associados tem sido fiel aos seus princípios, apoiando, desde 2007, os seus clientes de uma forma interdisciplinar, personalizada e profissional. Esta é a convicção de um dos sócios, Felipe Osório, que, em conversa com a Revista Pontos de Vista, recuou no tempo e contou-nos como tudo começou. “Conheci o meu sócio em 2007 quando vim para Portugal tirar um mestrado em Lisboa. Ele vislumbrou uma carência em determinadas áreas jurídicas, especialmente no que diz respeito ao atendimento a cidadãos brasileiros, e foi com essa perspetiva que iniciámos este trabalho”, explicou. Sempre com a humildade necessária e com vontade de aprender, o crescimento desta empresa deveu-se à forma como a equipa encarou e tratou o seu cliente, de forma bastante personalizada. “O cliente quer ser reconhecido, não quer ser mais um e penso que a nossa sociedade desempenha essa função. Procuramos sempre a proximidade, a transparência, que deve ser inerente à profissão de advogado, e um contacto muito pessoal. Muitos clientes tornam-se amigos”, descreveu Felipe Osório, o advogado que se rendeu a Portugal mas que sempre manteve a ligação com o Brasil através, por exemplo, da figura do seu sócio e fundador do escritório, Gustavo Hofstaetter Tramujas. Para esses clientes, esta equipa, que desenvolve as suas atividades em Portugal e no Brasil, garante sempre uma resposta imediata aos desafios inerentes a variadas áreas jurídicas, com especial enfoque nas vertentes de imigração, nacionalidade portuguesa, comércio internacional, contratos internacionais, investimentos estrangeiros e propriedade intelectual. Voltando ao grande impulsionador do projeto, o serviço de nacionalidade portuguesa, para Felipe Osório não há nada mais importante que um Estado poder conceder a um indivíduo do que a sua nacionalidade, o que, por si só, demonstra a relevância, importância e sensibilidade da área. Já no que respeita à área de imigração, a burocracia ainda é bastante pesada, sendo que as dificuldades para um estrangeiro conseguir um visto de trabalho estão entre as principais reclamações. “Há uma enorme burocracia, tanto cá como no Brasil e Portugal, estando na União Europeia,
Gustavo Tramujas
Felipe Osório
Revista Pontos de Vista – Alguns estudos apontam que a economia brasileira seja até 2023 a quinta a nível mundial. Apesar do abrandamento dos últimos anos, está confiante que assim seja? Gustavo Tramujas – Se até 2023 o Brasil conseguir resolver alguns dos seus principais problemas, como por exemplo os gargalos de infraestrutura, o rombo das contas públicas, a política fiscal excessiva, a corrupção em todos os setores e as questões sociais envolvendo educação, segurança e saúde, conta com grandes hipóteses de subir nesse ranking.
Revista Pontos de Vista – Quais são as principais exigências dos tempos atuais, no âmbito das principais áreas de atuação da sociedade? Felipe Osório – A área do Direito Internacional está sempre em mutação e exige uma permanente atualização. Hoje em dia, a função de um advogado mudou muito e temos de conhecer amplamente a realidade jurídica, económica e social para que possa orientar o cliente no caminho da execução de bons negócios.
tem outras questões relevantes que o obrigam a restringir ainda mais. Mas, nesta área dos vistos, se uma pessoa conseguir entrar legalmente no país, para posteriormente ficar, o processo é mais fácil. Aliás, muitos até optam por entrar para estudar e, posteriormente, a mudança de visto é mais simples”, explicou Felipe Osório. Durante este burocrático processo, há desânimo e vontade de regressar ao país de origem? A resposta do advogado é peremtória: “se tiver muita vontade de cá ficar, consegue ultrapassar todas as barreiras. Para tal, basta cumprir as regras”. A comunidade brasileira em Portugal continua a ser uma
das mais representativas a viver no nosso país, o que para Felipe Osório tem uma explicação clara. “No passado, Portugal descobriu o Mundo mas penso que agora o Mundo está a descobrir Portugal, sendo que o turismo é uma das principais áreas a crescer exponencialmente. Aliás, anualmente Portugal recebe um número maior de turistas do que o Brasil.
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Relacionamento entre Portugal e o Brasil Com escritórios em Portugal e no Brasil, a sociedade tem contribuído, com o apoio prestado, para
a aproximação entre estes dois países. A Revista Pontos de Vista esteve também à conversa com Gustavo Tramujas, a viver do outro lado do Oceano. Para o advogado, num momento em que os mercados tradicionais da Europa e dos Estados Unidos enfrentam algumas dificuldades, o Brasil tem sido um dos parceiros estratégicos dos portugueses. “A relação entre Brasil e Portugal tem-se estreitado nos últimos anos em consequência, principalmente, dos vários acordos celebrados entre os dois países em áreas consideradas estratégicas, como educação, ciência e tecnologia”, salientou. A par disso, o responsável ressalvou ainda o crescimento dos investimentos brasileiros em Portugal, o que se justifica pela “posição de destaque que o Brasil ocupa no ranking de concessão de autorizações de residência para investimento – ARI, ficando atrás apenas da China e praticamente empatado com a Rússia”, acrescentou. Nesta aproximação entre dois países unidos por uma história ímpar, a sociedade de advogados desenvolve um trabalho diário de acompanhamento, respondendo às exigências do momento. Seguindo esses parâmetros e depois de terem “abraçado” a área dos investimentos estrangeiros, esta entidade iniciou em Cascais, no final de 2014, as atividades do segundo escritório em Portugal. O objetivo continua a ser atender à procura, “seja de brasileiros que necessitem de assessoria jurídica para investir em Portugal, seja de portugueses que necessitem de ajuda para investir no Brasil”. Todavia, para o responsável, muito mais pode ser feito no reforço das relações entre estes mercados e é precisamente o contacto diário e permanente com brasileiros e portugueses que leva Gustavo Tramujas a ter esta conclusão. “Portugal é hoje um país de oportunidades e quem conseguir ter essa visão colherá muitos frutos no futuro”, sa-
lientou. Gustavo Tramujas teve essa visão e, em 2007, arriscou. Apesar de ter chegado a Portugal apenas para realizar um Mestrado e, posteriormente regressar ao Brasil, o seu percurso seguiu outro trilho. “Na época não havia muitos escritórios com serviços voltados a brasileiros e resolvi apostar em dois serviços jurídicos, imigração e nacionalidade portuguesa”, explicou. Hoje com dois escritórios em Portugal, onde atuam de forma independente, e sete no Brasil, a equipa orgulha-se de ter contribuído para ajudar um incalculável número de brasileiros a tornarem-se portugueses, bem como a legalizarem-se em Portugal. “Muitos desses clientes brasileiros nem pensavam que um dia se tornariam portugueses. Hoje, para além de portugueses, muitos deles vivem com suas famílias em Portugal e investem no país”, concluiu Gustavo Tramujas. Investir no Brasil Tal como Portugal vive, atualmente, uma crise económica profunda, também o Brasil passou por dificuldades, conseguindo ultrapassa-las com reformas estruturais intensas que ainda perduram. Apesar de serem realidades bastantes distintas e de serem países com características únicas, Felipe Osório acredita ainda existem fortes lacunas no Brasil, que têm dificultado uma maior abertura ao investimento externo. Fala-se em particular da excessiva carga tributária que é a mais pesada entre os países emergentes, estando à frente de países como o Japão ou os Estados Unidos. “Qualquer empresário estrangeiro que queira investir no mercado brasileiro fica assustado. Tem de fazer um planeamento prévio e fazer-se acompanhar de uma assessoria jurídica muito especializada que o auxilie na viabilização do negócio e que o ajude a entender um conjunto enorme de regras, leis e impostos”, aconselhou Felipe Osório. Para o responsável, as autoridades
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governamentais de ambos os países têm estado “afinadas”, têm procurado intensificar o comércio e facilitado o investimento mas o caminho ainda é longo. “Não é uma questão de falta de vontade política. Apenas não adianta reunir se as medidas depois não saírem do papel”, acrescentou. Com esta demanda de uma atividade multidisciplinar, o advogado deve estar preparado para “apagar qualquer fogo”. A Hofstaetter Tramujas & Castelo Branco tem essa consciência mas sabe que, mais do que dominar todas as áreas jurídicas, uma sociedade tem de se especializar. Destes escritórios em particular, o cliente pode esperar sempre uma assessoria completa e uma componente surpresa que consiste em disponibilizar mais do que aquilo que o cliente solicita. Com a certeza de que nos próximos anos haverá um aumento do investimento brasileiro em Portugal, Felipe Osório acredita que a afinidade entre estes dois países deve começar também nas universidades, os grandes centros onde surgem jovens empreendedores com uma vontade insaciável de vencer no mundo dos negócios em Portugal, no Brasil ou noutro ponto do Globo. Também eles podem contar com esta sociedade de advogados que acredita que a proximidade com o cliente é a sua grande característica diferenciadora, “mesmo que os serviços sejam realizados no outro lado do oceano”, concluiu Gustavo Tramujas. Principais áreas de atuação: - Imigração; - Nacionalidade Portuguesa; - Comércio Internacional; - Investimentos Estrangeiros; - Direito de Família e Sucessões; - Marcas, Patentes, Franquias.
RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL – BRASIL
“Fazer alta tecnologia em português é também valorizar a nossa língua” As relações entre Portugal e o Brasil vivem um momento próspero. Depois do sucesso nas relações comerciais e de investimento entre os dois países, o Embaixador do Brasil em Portugal, Mário Vilalva, afirma que entramos numa terceira fase de cooperação, graças à grande parceria no setor da alta tecnologia e da ciência. “Nunca imaginamos que, um dia, Brasil e Portugal iriam cooperar em alta tecnologia, nanociência ou biotecnologia, que é o que acontece neste momento. O melhor exemplo da cooperação a este nível é a construção de um avião, o KC390, com utilização básica na área militar, que tem participação forte da engenharia portuguesa e da produção de materiais que estão a ser exportados para o Brasil, onde é feita a montagem do avião”, afirma.
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avião militar de carga do gigante aeronáutico brasileiro Embraer tem três módulos com a assinatura da engenharia de uma empresa portuguesa, o CEIIA e, por isso, é também, em parte, uma criação da engenharia nacional. Para Mário Vilalva, “fazer alta tecnologia em português é também valorizar a nossa língua e dar-lhe conteúdo económico. Estamos muito entusiasmados com essa cooperação específica na área aeronáutica e, por isso, o Brasil aguarda com ansiedade um anúncio por parte do governo português de que comprará aviões KC390 pra substituir os antigos hércules, que estão em fase final de vida útil”. Para o Embaixador do Brasil, é muito importante que isso aconteça na medida em que cerca de 12 empresas portuguesas estão a beneficiar-se ao trabalhar diretamente na construção do avião. O governo brasileiro já anunciou que vai comprar 28 unidades e espera que Portugal compre entre cinco a seis aviões. Também o turismo entre os dois países vive um momento único na história, tendo a TAP um papel de destaque no aumento do intercâmbio entre os dois países irmãos através das 12 rotas que colocou ao dispor do Brasil. “A TAP já transportou mais de um milhão e meio de passageiros só nessa rota Lisboa – Brasil. São 12 as cidades que estão a ser alvo de voos da TAP e com isso houve uma redescoberta de Portugal por parte dos brasileiros. Ao diversificar os voos para o Brasil, a TAP colocou à disposição um instrumento para que voltássemos a visitar o território português. Para além disso, houve também outros instrumentos que estimularam o intercâmbio, tal como a comemoração no Brasil, em 2008, do bicentenário da chegada da família real, altura em que se escreveu mais do que nunca sobre a história comum e de uma forma mais acessível, nomeadamente para os jovens. Um outro fator foi a comemoração do ano do Brasil em Portugal e do ano de Portugal no Brasil em 2013 e 2014, altura em que realizamos mais de 300 eventos que vieram, também eles, relembrar os laços entre os dois países. Como isto, hoje vemos aqui um turismo brasileiro como nunca vimos no passado”, realça Mário Vilalva. No que concerne à cooperação académica, o Embaixador garante que teremos novidades num futuro próximo, uma vez que serão lançados novos programas de cooperação. Nesta entrevista à Revista Pontos de Vista, Mário Vilalva mostra-se “muito otimista quanto à evolução da relação entre os dois países nos próximos anos”, mas não deixa de referir alguns desafios que terão de ser ultrapassados, nomea-
Mário Vilalva
damente na área comercial, uma vez que, por um lado, aquilo que Portugal tem para oferecer é de certa forma restrito e aquilo que pode absorver do Brasil também. Por outro lado, Portugal pertence à UE e o Brasil ao Mercosul, ambos blocos económicos com sistema tarifário próprio, e para Mário Vilalva apenas através de um acordo de cooperação se poderá dar um salto qualitativo no comércio bilateral. O Embaixador refere dois exemplos das vantagens para Portugal deste acordo que já vem sendo negociado há mais de uma década: “Embora Portugal represente menos de 2% do PIB Europeu, seria muito beneficiado com um acordo deste tipo dado que as empresas do Mercosul tenderiam a instalar-se no país em virtude da facilidade da língua, das boas estruturas, do clima que é de longe o melhor europeu, dos portos de água profunda, de uma ferrovia que está a ser totalmente modernizada entre Sines e Madrid, do custo de vida e da relação fácil dos portugueses com os estrangeiros. Por outro lado, iria ser benéfico para setores como o dos vinhos. O vinho português é já o terceiro mais consumido no Brasil, a seguir ao argentino e ao chileno, que, ao contrário do português, não sofrem tarifas por pertencerem ao Mercosul. Se o acordo avançar, Portugal também passará a ter taxas zero e poderá competir em iguais condições”. Para terminar, Mário Vilalva realça o seu otimismo quanto ao futuro do Brasil. “As expetativas 64
são muito boas. Ainda que estejamos a passar por uma crise conjuntural no momento, a Presidente Dilma já deu a entender claramente que irá fazer um novo ajuste fiscal para colocar as contas nos trilho e é, de facto, só isso que falta à economia brasileira porque os outros fundamentos macroeconómicos do país continuam saudáveis: o investimento estrangeiro, a relação entre o PIB e a dívida pública, o desemprego e a inflação que está dentro da meta. Também a entrada em operação total do Pré-sal, com o Brasil a se tornar exportador líquido de petróleo a partir de 2017, terá um impacto imenso na economia brasileira”. Quanto a Portugal, o Embaixador refere “será um ano de transição na medida em que todos os anos em que há eleições são anos de transição. No entanto, penso que vai passar esse ano de transição com uma economia muito mais sólida do que em 2010 e isso faz com que as escolhas sejam mais conscientes e equilibradas. Uma economia estabilizada oferece aos eleitores escolhas mais ponderadas! Já em 2016, acredito que vamos assistir efetivamente a um período de bonança e reviravolta. Claro que isso vai depender sempre do resto da Europa porque a economia portuguesa está ligada à economia europeia para o bem e para o mal. No entanto, sou da opinião de que Portugal fez tudo o que podia fazer - com alguma dor, mas eu também nunca vi um país fazer um ajuste fiscal sem alguma dor - e os resultados já estão a ser visíveis”.
OUTSOURCING – DESAFIOS 2015
Divulgar o modelo de negócio do Outsourcing em Portugal Agregando algumas das maiores empresas portuguesas em Outsourcing de TI e de Processos, a Associação Portugal Outsourcing tem procurado potenciar o setor e torna-lo num dos principais motores da economia do país. Conheça a missão e o trabalho desenvolvido pela Associação Portugal Outsourcing, pela voz do Presidente da Direção, José Carlos Gonçalves. Que trabalho a Associação Portugal Outsourcing tem procurado desenvolver no sentido de dinamizar o setor que representa?
A Portugal Outsourcing tem uma agenda de trabalho que aponta claramente à divulgação do modelo de negócio do Outsourcing junto do mercado e dos principais agentes económicos públicos e privados. A demonstração da proposta de valor do Outsourcing tem sido uma preocupação permanente através da promoção do debate sobre áreas e temas do maior interesse para o setor e, em paralelo, temos mantido uma aposta continuada na promoção do Outsourcing junto dos principais agentes públicos com vista ao potenciar da sua adoção pela Administração Pública, considerando-se o enorme ‘espaço’ ainda existente para a racionalização de custos e de outros recursos, para o aumento da eficácia e eficiência dos processos, para a melhoria dos índices de satisfação do cidadão e, sobretudo, para o potencial do impulso do emprego, tema chave no nosso país face à ainda muito elevada taxa de desemprego com destaque para o que a mesma afeta as faixas etárias mais jovens. Apesar do potencial do Outsourcing, o desempenho nem sempre responde às expetativas levantadas. Porquê?
Há, antes de mais, que esclarecer que qualquer desempenho positivo de um contrato de Outsourcing tem necessariamente que decorrer do estabelecimento das bases sólidas para uma parceria entre o cliente e o prestador com vista à criação de valor e ao crescimento do negócio. Neste sentido, as matérias mais importantes para o sucesso do Outsourcing deverão ser claramente plasmadas nos contratos, com foco principal no conteúdo e na forma da prestação do serviço, a par do preço a pagar e do prazo do contrato. A cuidada identificação prévia dos serviços a prestar, assim como futuros serviços a serem considerados, em função da evolução do próprio serviço prestado são outros dos fatores críticos para o sucesso da parceria, a par de outros não menos relevantes como o processo de transferência dos serviços da empresa para o prestador, a transmissão de ativos entre ambos, a definição dos níveis de serviço pretendidos, as penalidades e bónus, as responsabilidades específicas de cada parte, a segurança e confidencialidade da informação, a gestão, acompanhamento e eventual denúncia antecipada do contrato por conveniência, e a resolução de litígios e reversão dos serviços no final do contrato. Assegurados todos estes ‘detalhes’, dificilmente o Outsourcing não demonstrará um bom desempenho. Que barreiras existem em Portugal que continuam a impossibilitar o desenvolvimento do setor? Falo em concreto de aspetos laborais, culturais e fiscais.
As barreiras ainda existentes são, de facto, várias. No domínio laboral permanece a dificuldade em
José Carlos Gonçalves
contratar trabalhadores a termo, o que inevitavelmente dificulta os modelos de reforço provisional das equipas, a rigidez dos horários de trabalho, em especial no trabalho extraordinário, e a dificuldade em rescindir contratos, com indemnizações por despedimento, que são das mais altas da Europa. Além desta questão, a que se prende com o facto do regime laboral público ser consideravelmente mais limitativo do que o regime laboral privado traz dificuldades suplementares à afirmação do potencial do Outsourcing por via da sua adoção pela Administração Pública. No domínio fiscal, destaca-se a questão das elevadas taxas de IVA e de IRC, das mais elevadas dos países europeus, e, ainda quanto a matéria legal, o Código da Contratação Pública dificulta em algumas situações a flexibilidade inerente à contratação de Outsourcing e limita também a possibilidade de renegociação dos contratos. Por fim, e quanto à perceção cultural do Outsourcing, deparamo-nos ainda com uma opinião pública negativa sobre o Outsourcing sobretudo a nível da proteção do emprego e dos direitos laborais. No início de 2013, Portugal voltou a estar na lista do ranking dos países com melhores condições para a prestação de serviços de Outsourcing a nível mundial. Mão-de-obra qualificada, infra-estruturas de qualidade ou as garantias legislativas dadas, nomeadamente ao nível da proteção da propriedade intelectual, são fatores que ditam este “favoritismo”?
Na verdade Portugal repetiu a distinção de 2013 em 2014, ano no qual chegámos mesmo a ver o nosso país na short-list dos melhores destinos mundiais para prestação de serviços de base tecnológica da European Outsourcing Association. Os fatores que ditam este reconhecimento assentam num conjunto de indicadores objetivos de análise que identificam o nosso país como um destino no qual é fácil instalar e realizar atividade comercial, tanto por via da contratação de serviços transnacionais como do investimento estrangeiro direto em Portugal, no qual se encontra uma comunidade de profissionais altamente qualificados e reconhecidamente inovadores, a par objetivamente de um conjunto de infraestruturas de comunicação e 65
estruturais ao nível das dos países mais desenvolvidos do mundo. Para lá destes, Portugal destaca-se ainda em indicadores globais de custos de operação e contexto e o nosso país dispõe de um quadro regulatório no âmbito da privacidade e proteção de dados que compara muito positivamente com a nossa concorrência. Ao nível do Outsourcing em mercados de proximidade, o conhecido nearshoring, no âmbito europeu, o nosso país concorre com países como Escócia, Irlanda, Espanha, Gales, entre outros. O que é premente fazer para que Portugal se afirme mais em todas as linhas de serviços nearshore?
É mais no leste da Europa que encontramos os principais concorrentes de Portugal. Neste momento, e considerando diversos potenciais projetos de que temos conhecimento, a Portugal bastaria que se desenvolvessem ações objetivas no âmbito da formação, da qualificação e requalificação de recursos humanos para que o nosso país se afirmasse ainda mais no nearshore. Conscientes, naturalmente, de que uma questão desta natureza não se resolve no imediato, por via de qualquer medida legislativa, a verdade é que há um trabalho urgente a fazer-se em torno da formação, dimensão sem a qual Portugal não poderá escalar a atividade dos serviços de base tecnológica. Importa, pois, acelerar a aproximação do mundo científico e académico ao mercado, às empresas, sensibilizar os agentes públicos e privados quanto a esta ‘urgência’ e ter a capacidade de falar com a sociedade para demonstrar a evidência de que o nosso setor é um dos muito poucos que garante a empregabilidade. Com 2015 a iniciar, qual continuará a ser o posicionamento da Associação Portugal Outsourcing? Que desafios acredita que o setor terá de enfrentar?
O tema da formação e do emprego, por tudo o que foi dito acima, é, claramente, o desafio ou área de atuação que temos no topo da lista. A Portugal Outsourcing tem mantido uma intervenção muito dinâmica neste domínio através do seu envolvimento direto em projetos que visam a aproximação do mundo empresarial ao científico e académico, participando, como exemplo, de forma ativa no projeto da ‘Coligação Nacional para os Digital Jobs’ que está a ser desenvolvido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian. Temos trabalhado em particular nos grupos de trabalho que endereçam o tema da oferta formativa e da requalificação de desempregados com vários graus de ensino e da qualificação de jovens pelas vias do ensino superior e não superior, e na área da sensibilização da sociedade para o digital com vista à promoção da empregabilidade em tecnologias de informação e comunicação. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
OUTSOURCING – DESAFIOS 2015
“A nossa missão é estar no centro das organizações” A comemorar cinco décadas de atividade em Portugal, a equipa Xerox está, desde a sua génese, determinada a atingir bons resultados e a desempenhar um papel fulcral no mercado, abraçando, por isso, a missão de desenvolver tecnologia e serviços que contribuam de uma forma positiva para o Mundo, para as pessoas e empresas. Perante a tomada de consciência por parte das organizações da importância de apostar na redução de custos e otimizar o parque de impressão, a Xerox conseguiu prever essas necessidades, disponibilizando um conjunto de ferramentas e soluções inovadoras que ajudam os empresários a reinventarem os seus negócios. Saiba mais nesta conversa com Paulo Gomes, Large Accounts & Document Outsourcing Director da Xerox Portugal.
Paulo Gomes
Há mais de meio século que a Xerox ocupa a posição de liderança em serviços e tecnologias de documentos. Alicerçada no fator inovação, de que forma, ao longo dos anos, a empresa tem permitido que os seus clientes se concentrem naquilo que realmente importa, o seu negócio? Quais foram as principais dificuldades na implementação deste conceito?
Este é sem dúvida um ano marcante para a Xerox com a celebração do 50.º aniversário de atividade em Portugal. Desde os nossos primeiros dias que estamos motivados a assumir um papel importante no mercado, reconhecendo a enorme oportunidade e responsabilidade de desenvolver tecnologia e serviços com impacto positivo sobre o mundo, as pessoas e as empresas. Acreditamos que a nossa missão é estar no centro das organizações independentemente da sua dimensão ou setor de atividade, com soluções
inovadoras e dando a liberdade aos nossos clientes de se centrarem no que mais interessa: o seu negócio. Mas esta missão encerra em si própria um conjunto de desafios. Logo à partida o facto de só muito lentamente as empresas estarem a mudar de paradigma em relação à forma como encaram a gestão das suas infraestruturas de TI. Na verdade, as empresas não têm que ser especialistas em todas as áreas e os seus recursos não são ilimitados. É por isso que a realidade atual se enquadra numa necessidade de trabalhar em rede e com os melhores especialistas nas respetivas áreas de forma a melhorar a produtividade, eficiência e poderem libertar recursos para atividades que fomentem o crescimento dos seus resultados. Acredita que com a estratégia da Xerox de três fases, nomeadamente avaliar e otimizar, prote66
ger e integrar e automatizar e simplificar, ajudam empresas a encontrar as melhores formas de trabalhar. É assim que a Xerox tem conquistado a confiança dos seus parceiros, ajudando-os a concentrarem-se nos seus core business?
É verdade. A nossa proposta valor para a área da Gestão de Impressão (MPS - Managed Print Services) é reconhecida por todos os analistas como única no mercado. E a nossa oferta a que designámos de MPS – Next Generation, assenta em três fases de execução e foi reconhecida pelos analistas como sendo a estratégia mais inovadora. Atualmente as empresas começam a perceber a importância de ir mais além da redução de custos e otimização do parque de impressão e a Xerox antecipando essas expetativas, dotou a sua oferta de ferramentas inovadoras que ajudam os clientes a transformar os seus processos relacionados com documentos.
Outro aspeto em que as soluções e serviços Xerox são diferenciadores, tem a ver com a nossa visão sobre os serviços de TI. Hoje os locais de trabalho não são um lugar fixo, pelo que um fornecedor tem que ter a capacidade de garantir acesso aos dados a todos os colaboradores, incluindo os que estão em mobilidade, com 100% de segurança na gestão da informação e na integração com os fluxos documentais digitais. A crise vivida nos últimos anos obrigou as empresas portuguesas a renovarem estratégias e a repensarem os seus modelos de negócio, focando-se mais naquilo que realmente sabem fazer. Esta conjuntura catapultou a descentralização de serviços e a alocação dos mesmos a organizações externas?
O ambiente económico obrigou a maior parte das empresas portuguesas a reinventar o seu negócio em termos de estrutura de custos. Nos últimos anos, só o mercado de outsourcing de impressão cresceu cerca de 10%, porque muitas perceberam que podiam ser mais competitivas se entregassem a empresas externas o que não é estratégico para a atividade.
conseguido ser uma parceira nesta gestão bem-sucedida dos dados das empresas?
De facto, todas as áreas do mercado de document outsourcing têm ganho cada vez mais terreno nas organizações e é por isso que a Xerox tem investido tanto, ao longo dos últimos anos, nomeadamente com a instalação em Lisboa de um centro de processamento de documentos que trabalha para mais de 160 clientes e processa mais de 110 mil documentos/dia. O ambiente económico tem levado as empresas a adotar cada vez mais soluções que lhes permitam melhorar a forma como gerem os seus processos relacionados com documentos. As empresas começam claramente a perceber que também nesta área não é viável a realização de investimentos em HW e SW e/ou plataformas altamente customizadas. Com o “boom” da cloud e dos designados SaaS, as empresas têm agora uma oportunidade de ter sob um contrato de serviços todos
situados em vários locais do mundo. Este centro de excelência instalado no nosso edifício em Lisboa, conta já com mais de 230 colaboradores, que suportam atividades de gestão de contratos de MPS para toda a Europa, representando um benefício económico para o país, quer ao nível da empregabilidade quer ao nível dos rácios de exportação de serviços. Com base na sua experiência, de que forma é que o Outsourcing se tem afirmado como um dos poucos setores que contribui para a dinâmica económica do país e das organizações?
A nossa experiência mostra-nos que a motivação principal para o recurso ao outsourcing é, quase sempre, a redução e otimização de custos. Em momentos de crise, é sempre preferível reduzir custos com infraestruturas do que com pessoal. O outsourcing permite isto: reduzir custos em termos de infraestruturas e otimizar os recursos
De acordo com estudos recentes, o Outsourcing leva a uma poupança de 9% e ao aumento da produtividade na ordem dos 15%. As empresas portuguesas estão familiarizadas com este conceito? Qual tem sido o vosso papel neste sentido?
A maioria das empresas não sabe exatamente qual a sua estrutura de custos ou onde estão as oportunidades para melhorar os seus processos. A Xerox tem aqui um papel muito importante porque sabe como medir e quantificar, revelando mesmo os custos que estão normalmente ocultos. Deste modo, a experiência com os nossos clientes mostra-nos que conseguimos garantir contratualmente economias reais e sustentáveis do ponto de vista financeiro em média de 15% a 20% dos custos atuais. Ao nível da produtividade, posso dar-lhe um exemplo que demonstra bem o nível de eficiência que a nossa oferta possibilita aos clientes. Com a integração de fluxos documentais digitais, um documento que demorava em média três dias para ser processado e integrado nos diversos sistemas, está agora indexado, processado e integrado em 12 horas/máximo. O potencial de Portugal foi reconhecido pela Gartner que colocou o país, o ano passado, e pelo quarto ano consecutivo no grupo dos 14 países desenvolvidos líderes na prestação de serviços offshore das TI e Business Process Outsourcing. Todavia, na sua opinião, que obstáculos continuam a impedir uma maior adoção desta solução no mercado nacional?
Os processos de transformação são sempre lentos. No caso da área de impressão, por exemplo, os clientes não decidem de um dia para o outro que precisam de uma solução de gestão de impressão em outsourcing. Apesar de todos terem impressoras, multifunções, faxes, scanners, etc., e até em muitos casos, deterem centros de produção de documentos internos, o desafio aqui reside em alterar a perceção que algumas empresas ainda têm em relação ao recurso ao outsourcing, nomeadamente no receio da perda de controlo dos processos ou falhas na segurança da informação. Nunca como agora foi tão importante apostar na gestão de informação e de documentos. De que forma e com que principais serviços a Xerox tem
os ganhos de produtividade de uma solução de document outsourcing, mas sem nunca perder flexibilidade e potencial de escabilidade. Ao nível do Outsourcing em mercados de proximidade, o conhecido nearshoring, no âmbito europeu, o nosso país concorre essencialmente com países do Leste Europeu. O que é premente fazer para que Portugal se afirme mais em todas as linhas de serviços nearshore?
Portugal reúne um conjunto de condições ímpares que potenciam as oportunidades de crescimento de negócio em diversas áreas. Entre os principais fatores, destacaria os níveis salariais competitivos e a disponibilidade de recursos humanos qualificados na área das tecnologias de informação e com excelentes capacidades linguísticas nos diversos idiomas mundiais. Nos últimos anos Portugal tem tido uma capacidade exemplar de atrair centros de serviços internacionais. Acredita que no futuro o mercado internacional terá um peso ainda maior no desenvolvimento do negócio do Outsourcing em Portugal?
A aposta da Xerox em Portugal é um exemplo claro das potencialidades do nosso país. Em 2011 inaugurámos em Lisboa um dos Global Delivery Center (GDC) da Corporação e que está integrado numa rede de mais de 90 Centros da Xerox 67
humanos existentes visando a melhoria da produtividade das empresas e isso acaba por se refletir naturalmente na sua competitividade. As soluções de Outsourcing da Xerox passam exatamente pela incorporação de valores adicionais para o cliente, que complementam estes objetivos básicos acima referidos e essa é uma diferenciação que nos distingue como líderes de mercado na oferta MPS. Com 2015 a começar, o que podemos continuar a esperar da atuação da Xerox em Portugal no sentido de manter a posição de liderança no mercado? Que objetivos querem ver concretizados ao longo deste ano?
Em Portugal, como em todo o mundo, cada vez mais a mobilidade dos utilizadores é total e as empresas procuram soluções que vão ao encontro dessa nova realidade. A Xerox conhece bem esta exigência e é nesse sentido que a nossa estratégia está alinhada: integrar em pleno o conceito BYOD e tirar o máximo partido da cloud e das tecnologias móveis. Sabemos que esta vai ser, seguramente, a tendência no setor em 2015. E, como sempre, a Xerox vai estar na linha da frente no desenvolvimento e implementação de novas políticas de impressão, que eliminem o desperdício e permitam o acesso a digitalização para os mais diversos ambientes, de forma simples e acessível a qualquer utilizador.
SPV – 18 ANOS DE sucesso
Sociedade Ponto Verde preparada para a concorrência Em entrevista à Pontos de Vista, o Diretor Geral da Sociedade Ponto Verde (SPV) deixa claro que não existe da parte da entidade gestora de resíduos de embalagens «qualquer resistência à introdução de concorrência, apesar de esta ser desfavorável para o SIGRE, nomeadamente por ser geradora de mais custos, o que se está a demonstrar pelos projetos de Licença recebidos». Saiba mais de uma entidade de reconhecido mérito e prestígio e que está a comemorar 18 anos de existência, um marco na vida da SPV e da sociedade portuguesa.
É Diretor Geral da Sociedade Ponto Verde (SPV) desde novembro de 2005. O que significa, para si, estar à frente de uma entidade que tem contribuído, desde 1996, para o aumento da vida útil dos materiais e para a proteção do ambiente?
Luís Veiga Martins
É uma responsabilidade muito grande e um desafio muito exigente, mas também muito motivador. Ao longo de todos estes anos, tem sido muito gratificante sentir que o trabalho desenvolvido por toda a equipa da Sociedade Ponto Verde, com a ajuda naturalmente de todos os parceiros do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE), foi decisiva para que Portugal honrasse os seus compromissos europeus em matéria de reciclagem de embalagens. É nos jovens que a SPV tem depositado esperanças. Sente que este público está cada vez mais desperto para as questões ambientais?
Sem dúvida! Ano após ano constatamos que os jovens têm sido um dos principais impulsionadores desta causa. Os diversos estudos levados a cabo regularmente pela SPV vêm confirmar uma participação crescente dos jovens neste processo. Por esta razão, temos vindo a apoiar projetos específicos que possam ir ao encontro dos interesses desta faixa etária, como o Projeto 80 (um roadshow por escolas secundárias em todo o país), sensibilização nos principais festivais de verão (Rock in Rio, MEO Sudoeste, Super Bock Super Rock) ou a reabilitação, com materiais reciclados, de uma área do Zoo de Lisboa. Acreditamos que é nos jovens que está a chave do sucesso futuro da área do ambiente. A Missão Reciclar é outra das iniciativas que têm em curso para incentivar a reciclagem. Quais os resultados?
A equipa da Missão Reciclar já esteve, desde o arranque da ação em dezembro de 2013, em mais de 140 localidades de 15 distritos de Portugal continental, onde já entregou mais de 204 mil ecobags. No final da iniciativa, em meados de 2015, terá contactado com dois milhões de lares e equipado mais de 340 mil habitações com ecopontos domésticos, incentivando a separação de resíduos. Sentem que está cada vez mais enraizada a ideia de que as embalagens usadas em nossa casa não são lixo?
Sim, sem dúvida! As pessoas têm, cada vez mais, a noção de que a reciclagem de embalagens usadas tem inúmeras vantagens ambientais e económicas. Os estudos sobre o contributo do SIGRE e da gestão de resíduos para o Desenvolvimento Socioeconómico e Ambiental de Portugal, 68
promovidos pela SPV nos últimos anos, vieram ajudar a comprovar a importância do setor. Por outro lado, as campanhas desenvolvidas ao longo dos últimos 20 anos foram determinantes para o aumento da consciência ambiental da população portuguesa e tornaram a reciclagem num hábito diário para a grande maioria dos portugueses.
A SPV está a comemorar 18 anos de existência. Que balanço faz e o que podemos esperar dos próximos? Este é um marco na vida da SPV. Durante este período, as empresas suas aderentes financiaram em cerca de 650 milhões de euros a recolha seletiva e investiram perto de 50 milhões de euros na comunicação e sensibilização do consumidor. Esta “idade adulta” e a maturidade alcançadas, bem como as novas metas do Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos para 2020 (PERSU 2020), impõe-nos também maior responsabilidade. A gestão de resíduos é uma tarefa em permanente desenvolvimento, onde todos são chamados a dar o seu melhor. Para 2015 desejamos a continuação da história de sucesso da gestão de resíduos em Portugal e é também nosso objetivo garantir que o processo de licenciamento para a gestão de resíduos de embalagens não seja desajustado da realidade e do caminho percorrido ao longo das últimas duas décadas, assegurando a sua eficiência ambiental e sustentabilidade económica. Esse é o maior desafio nos próximos anos!
Com a mudança de mentalidades e de comportamentos dos consumidores, foi igualmente necessário adaptar as mensagens às diferentes necessidades. Que mensagem importa hoje, em 2015, transmitir?
Hoje em dia é importante estarmos atentos ao consumo fora de casa e aos resíduos por eles gerados: feiras e mercados, maratonas, festas, parques públicos, são cada vez mais comuns no nosso país tirando partido das magníficas condições climatéricas que tem. Contudo são geradores de resíduos muitas vezes não encaminhados para reciclagem. Temem que a taxa sobre os sacos de plástico desmotive as pessoas em relação ao processo de separação?.
A implementação futura desta taxa suscita a preocupação da SPV no sentido de, e antecipando que pode haver consequências ao nível do consumo de sacos de plástico, garantir que a população não deixe de separar os seus resíduos de embalagem. Muitas vezes os consumidores usam este tipo de sacos para fazer a sua separação doméstica e não podemos, de forma alguma, pôr em causa tudo o que foi alcançado em termos de taxa de reciclagem nos últimos anos. Não podemos admitir que esta seja mais uma desculpa para não se separar visto que há diversas outras formas de separar e encaminhar os resíduos para o ecoponto. Ao mesmo tempo que foram cumpridos os objetivos de reciclagem, foram sendo acumulados excedentes, que têm saído dos bolsos dos portugueses?
Esta é uma questão que tem vindo a ser usada de uma forma totalmente deturpada. Em primeiro lugar, de acordo com a lei, todos os excedentes acumulados decorrentes da atividade da SPV não podem de forma alguma ser distribuídos pelos seus acionistas, tendo de ser reinvestidos na sua atividade. Assim, os excedentes financeiros obtidos pela SPV decorrentes da sua atividade permitiram, nos últimos anos, garantir a sustentabilidade do SIGRE sem necessidade de penalizar o tecido empresarial português através do aumento dos ecovalores e, consequentemente, não penalizando os consumidores. Este ecovalor sofreu mesmo uma redução em cerca de 15% desde 2011, pelo que não é de forma alguma verdadeira a ideia que se pretende transmitir de se estar a penalizar o bolso dos portugueses. Felizmente uma gestão eficiente e rigorosa por parte da SPV permitiu que nos últimos quatro anos, com uma conjuntura muito desfavorável para as empresas que financiam a recolha e triagem de resíduos de embalagem, conseguíssemos esta redução. Esta é uma das funções das entidades gestoras de qualquer fluxo de resíduos. Por isso não vamos utilizar esta questão de uma forma totalmente demagógica com o objetivo de denegrir a imagem de uma empresa que é uma referência e que, em conjunto com os Sistemas Municipais, Recicladores, setor HORECA e os diversos stakeholders, permitiu que Portugal cumprisse com os seus compromissos europeus.
Há 18 anos que a SPV tem o “monopólio” da gestão dos resíduos de embalagens. Há, no entanto, quem defenda que “a experiência dos diversos países da UE pôs em crise o modelo monopolista da SPV existente em Portugal, criticado por violar as regras do direito da concorrência e por originar custos excessivos”. Que comentários lhe merecem estas afirmações?
Esta afirmação carece de total fundamento. Na União Europeia existem diferentes modelos de gestão dos sistemas integrados de resíduos de embalagem, tendo em conta o enquadramento legal e operacional e as estratégias nacionais. O modelo português teve por base o francês, uma vez que também a nossa legislação assenta muito na deste país. Ou seja, desde 1997 que a lei portuguesa permite a existência de mais do que uma entidade gestora, devendo os seus acionistas demonstrar a sua capacidade técnica e financeira e idoneidade para obterem uma licença do Estado Português. Por outro lado, nunca ao longo destes anos existiu qualquer violação de regras de direito da concorrência. Caso assim fosse, como é que o Estado teria concedido duas licenças, em 1998 e 2004, à SPV? Relativamente aos custos, há que esclarecer que 85% a 90% dos custos são para financiar a recolha seletiva e triagem de resíduos de embalagem, com a agravante de serem fixados administrativamente. Será que a concorrência vai permitir alterar este paradigma? Creio que há determinadas afirmações que são feitas para justificar e defender outras opções mas que, na realidade, deturpam totalmente a verdade. Há diversos países europeus que têm um enquadramento legal e operacional igual ao português, isto é, em que a recolha dos resíduos urbanos onde se incluem os resíduos de embalagens - é da exclusiva competência dos Municípios, existindo apenas uma entidade gestora. Estamos a falar, entre outros, de países como Espanha, França, Bélgica, Irlanda, Luxemburgo. Na Irlanda, aliás, o governo realizou um estudo que concluiu que, dada a dimensão da economia irlandesa e as suas caraterísticas, não fazia sentido a existência de mais do que uma entidade 69
gestora. Estas decisões políticas foram precedidas de análises cuidadas e sérias. Nos países em que existe mais do que uma entidade gestora, as responsabilidades dos municípios são distintas, como no caso da Alemanha. Neste país, os Municípios apenas detêm o monopólio legal da recolha dos resíduos indiferenciados e, no caso dos resíduos de embalagem, os Municípios concorrem em igualdade com os operadores privados. Numa auditoria realizada em 2009 pelas autoridades francesas ao sistema existente para a gestão dos resíduos de embalagem, - constituído por mais do que uma entidade gestora, e onde a recolha dos resíduos urbanos é, como em Portugal, da responsabilidade dos municípios - concluiu que a existência de uma pluralidade de entidades gestoras em concorrência não conduziu ao equilíbrio do sistema. O resultado foi que a concorrência entre aquelas duas entidades gestoras provocou acentuados desequilíbrios financeiros que levaram a que uma delas tivesse de adquirir a outra. Ou seja, não são contra a concorrência?
Quero deixar perfeitamente claro que não existe da parte da Sociedade Ponto Verde qualquer resistência à introdução de concorrência, apesar de esta ser desfavorável para o SIGRE, nomeadamente por ser geradora de mais custos, o que se está a demonstrar pelos projetos de Licença recebidos O que queremos garantir, mas acima de tudo deverá ser garantido por quem licencia, é que o sistema não entra em rutura pelo facto de não se terem acautelado questões tão básicas como uma câmara de compensação ou um mecanismo que permita a minimização da possibilidade da existência de empresas incumpridoras no que diz respeito à lei de embalagens, pois, como está provado em vários países europeus, a introdução da concorrência levou a que o número elevado de empresas deixasse de cumprir com as suas obrigações legais. Um exemplo disso é a Alemanha, onde 45% das embalagens colocadas no mercado não estão a financiar o sistema. Ou seja, as empresas que as colocam estão numa situação de ilegalidade e paga o justo pelo pecador.
CONSULTORIA E SEGURANÇA INFORMÁTICA
“Pensamos no cliente como se nós fossemos o cliente” A Jorix é uma empresa de informática sedeada em Portimão que rapidamente atingiu um bom posicionamento no mercado e a simpatia dos clientes em virtude do bom serviço prestado e dos excelentes preços praticados. “Temos preços competitivos e abaixo da média em todos os nossos serviços” afirma Susana Prudêncio, Gerente da Jorix, em entrevista à Revista Pontos de Vista. A Jorix iniciou a sua atividade em maio de 2003. Qual o balanço que faz destes 12 anos?
Nestes 12 anos de atividade o balanço, apesar da crise que se instalou nos últimos tempos, é bastante positivo. Temos conseguido, ano após ano, com muito trabalho e dedicação, criar novas oportunidades de negócio. Quais os principais serviços prestados pela Jorix?
Os principais serviços prestados são a assistência técnica, reparação interna de portáteis, montagem e manutenção de redes, consultadoria informática, venda de equipamentos informáticos desde soluções empresariais, até soluções domésticas. Desde que a AT decidiu certificar todo o software informático utilizado na gestão das empresas, temos investido nas formações técnicas de software necessárias para que possamos auxiliar os nossos clientes, no cumprimento de prazos e requisitos legais impostos a cada empresa. Assim, acompanhando as necessidades de mercado, temos também a venda de equipamentos POS juntamente com o software certificado para todo o tipo de negócio. Para alargar o leque de serviços prestados mantemos ainda parcerias de longa data com empresas de confiança de webdesign e reparação de equipamentos de impressão e cópia. Somos também subcontratados por outras empresas do mesmo ramo a nível nacional para prestar assistência aos seus clientes na nossa zona comercial. De ano para ano, a empresa tem sentido um elevado acréscimo no volume de vendas. Quais as razões do sucesso?
A principal razão deve-se fundamentalmente à relação empática que criamos com o cliente. Pensamos no cliente como se nós fossemos o cliente, e isso faz com que sejamos aconselhados a terceiros e daí geramos mais negócio. A razão seguinte são os preços por nós praticados. Temos preços competitivos e abaixo da média em todos os nossos serviços. E, por fim, de salientar a disponibilidade e rapidez de atendimento para todos os nossos clientes. De que forma conseguem na Jorix praticar uma política de preços justos para os vossos clientes?
Resume-se a dois fatores. Margens mais baixas e qualidade do serviço que prestamos. Neste ramo as margens de venda de equipamentos são muito baixas. Então, tentamos que sejam ainda mais baixas, nunca descuidando a qualidade do produto que para nós é um fator muito importante, assegurando assim a satisfação do nosso cliente. A nível de assistência técnica praticamos preços bastante acessíveis quando comparados com outras empresas do ramo. A Jorix tem apostado também na formação. Como tem corrido essa aposta?
Para além dos serviços já referidos, desde 2011
Susana Prudêncio
decidimos enveredar pela formação. Isto porquê? Tínhamos inúmeros clientes que nos pediam aulas de informática. Então, decidimos apostar neste nicho de mercado e através de um formador devidamente certificado, e em parceria com instituições locais que nos cedem os espaços, iniciar cursos de informática nível 1 para quem necessita de formação nesta área. O público alvo destas formações são pessoas normalmente acima dos 50 anos que sentem a necessidade de aprender a lidar com o computador. O resultado foi muito positivo e as pessoas aderiram muito bem. Os cursos são dados ao longo do ano, em horário laboral e pós laboral. O aluno mais “experiente” que tivemos tinha 81 anos, acaba por ser também muito gratificante formar pessoas que se sentem excluídas da sociedade, porque, vendo bem, hoje em dia, a informática está presente em tudo o que fazemos. Como se pode caracterizar o tipo de clientes que a Jorix tem? Qual o seu público alvo?
A Jorix trabalha com todo o tipo de clientes. Desde o senhor que utiliza o computador apenas para enviar emails ou ir às redes sociais, até ao cliente estatal, passando por micro e médias empresas. Temos serviços para responder a qualquer tipo de necessidade e qualquer tipo de problema. A nossa forma de responder é a mesma seja em que situação for, sempre com prontidão, profissionalismo e simpatia. 70
Quais os grandes desafios que a Jorix tem vindo a enfrentar?
Um dos grandes desafios que os profissionais desta área enfrentam é sem dúvida a evolução de hardware/software, e a Jorix tem vindo a acompanhar de perto essa evolução diariamente. São 12 anos de constante atualização de conhecimentos. Trabalhar este tempo todo com um estabelecimento aberto é outro. Neste ramo, devido às margens baixas e ao facto de haver muita concorrência, especialmente os grandes espaços comerciais, manter uma loja aberta em comércio tradicional é um desafio diário. Consideramos que temos uma proximidade com o cliente diferente e um atendimento personalizado o que faz com que as pessoas ainda prefiram procurar-nos, do que ir aos centros comerciais. Outro desafio foi superar esta recessão que se instalou nos últimos tempos, e o que iremos ainda enfrentar não sabemos mas iremos continuar a trabalhar todos os dias para que daqui a 12 anos estejamos cá para fazer novo balanço. Que metas quer ver atingidas nos próximos anos?
Expansão de quota de mercado nacional através da abertura de um novo espaço comercial. Criação de uma loja online, facilitando assim a exportação de produtos. Alargar a nossa área geográfica de formação.
CONSULTORIA E SEGURANÇA INFORMÁTICA
Hardsecure, a solução para um cibercrime cada vez mais inteligente A violação de sistemas informáticos está a transformar-se num dos maiores problemas a nível global, principalmente em empresas e entidades governamentais. É, assim, fundamental a criação de mecanismos que contrariem esta crescente onda de cibercrime. A Hardsecure procura, diariamente, novas formas de controlar a questão e manter os seus clientes livres de qualquer ataque informático. Diariamente os sistemas informáticos de todo o mundo, sejam de entidades governamentais, empresas ou até de redes sociais, são violados por hackers e crackers. Perante esta situação, e numa sociedade cada vez mais tecnológica, qual é o futuro da população global?
A sociedade da informação constitui um dos vetores fundamentais no desenvolvimento e evolução de novos conceitos. Com o aumento massivo da utilização da Internet, assistimos a uma alteração significativa da natureza das ameaças e da sofisticação dos ataques maliciosos dirigidos contra os sistemas integrados em redes de informação. Estes sistemas e as suas infraestruturas críticas constituem elementos tangíveis que designamos por ciberespaço, no qual atuam diversos atores com intuitos legítimos ou maliciosos. O futuro depende da criação de sinergias e da atuação proativa na redução de atividades hostis à livre utilização destas infraestruturas. Enquanto empresa de segurança em redes e sistemas de informação, o que é que a Hardsecure pode fazer para contornar o cibercrime e descansar as empresas e pessoas individuais neste sentido?
A Hardsecure, vocacionada para a Segurança Informática, apresenta aos seus clientes soluções nas áreas de segurança defensiva, com diversas soluções dos principais fabricantes mundiais, segurança ofensiva, com capacidade de realizar testes de penetração, deteção de vulnerabilidades e resposta a incidentes, realização de auditorias de segurança informática, tendo por base as principais normais internacionais como por exemplo a ISO 27001:2013, PCI-DSS, e consultoria nas melhores práticas na área de segurança a redes e sistemas. Aqueles que se dedicam a este tipo de vandalismo informático procuram constantemente novas formas e técnicas de atacar os sistemas de informação. Como é que a Hardsecure pode controlar
we MAKE SECURITY este aspeto e manter-se atualizada e capaz de enfrentar novos problemas todos os dias?
Para se manter atualizada, a Hardsecure possui parcerias com entidades nacionais e internacionais, através das quais obtém e partilha informação, como a Team Cymru, a FIRST (Forum of Incident Response and Security Teams) ou o GNS (Gabinete Nacional de Segurança), com quem estamos a colaborar na elaboração de um protocolo de cooperação. As nossas equipas de resposta a incidentes e de pentesting procuram manter-se atualizadas, acompanhando as novas tendências de ataques, identificando e resolvendo os problemas dos nossos clientes de forma proativa. A Europa já possui leis bem definidas numa tentativa de controlar este tipo de ataques informáticos. Como é que a lei portuguesa reage a estes ataques? Há uma boa legislação a nível nacional?
Neste campo, para além da legislação, é crucial a existência de recursos humanos e materiais suficientes para suster um ataque e apurar o seu autor. A nossa lei do Cibercrime já prevê, por exemplo, ações encobertas informáticas, assim como todos os mecanismos legais para apurar o autor do crime como buscas e apreensões informáticas. Na legis-
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lação deveria estar prevista a possibilidade de as autoridades policiais poderem, por exemplo, logo que detetado um ataque ou pouco tempo depois dele, desencadear medidas cautelares, ainda que intrusivas de outro sistema informático, de forma a de imediato terminar o ataque e identificar o autor. Tal medida cautelar seria posteriormente validada pela autoridade judiciária competente, mas esta reação rápida é essencial numa criminalidade escondida atrás de um computador e muitas vezes com IP’s mascarados. A Hardsecure tem sede em Portugal, Angola e Cabo Verde. Porquê estes países? Há intenção da vossa parte de alargar a empresa a outros países?
A Hardsecure tem sede em Portugal devido à sua excelente geolocalização, conhecimento e operação. Possui filiais em Cabo Verde e Angola, dois países africanos que têm apostado significativamente nas áreas de segurança em sistemas de informação e cibersegurança. Um dos objetivos estratégicos é operar na Europa (será criada em breve a Hardsecure Europa, com sede em Espanha) e no Dubai. É uma aposta que estamos a tentar construir com grande esforço e dedicação dos nossos colaboradores.
SEGUROS DE ACIDENTES DE TRABALHO
Liberty – Seguro em todos os sentidos Estamos todos sujeitos a acidentes enquanto estamos a trabalhar. Isso é uma realidade imutável e portanto é fundamental que exista um qualquer meio de proteção. Ninguém está imune a um qualquer acidente e daí essa necessidade. Escolher um parceiro de confiança, é, portanto, fundamental. A Liberty Seguros é hoje, cada vez mais, esse parceiro. A Revista Pontos de Vista conversou com António Alvaleide, Advogado e Diretor da Liberty Seguros, responsável pela gestão de sinistros dos Ramos Acidentes de Trabalho, Acidentes Pessoais, Vida e Saúde, que em entrevista revelou um pouco mais deste segmento, dando ainda a conhecer as garantias que um contrato de seguro de acidentes de trabalho assegura. Saiba mais.
António Alvaleide
Na sua opinião a evolução da legislação de acidentes de trabalho em Portugal tem sido positiva?
Olhando para o início desta legislação, a expetativa seria bem melhor do que o que veio a ser a realidade atual. Em 1913 instituiu-se em Portugal a responsabilidade dos empregadores pela reparação por acidente de trabalho. Consagrou-se um conceito de acidente de trabalho bem evoluído para a época e em que se considerava como acidente de trabalho aquilo que realmente tinha a ver com o exercício da atividade profissional. Atualmente o conceito de acidente de trabalho permite interpretações demasiado abrangentes,
possibilitando indevidamente o enquadramento de circunstâncias que não deveriam poder ser consideradas como atividade laboral. O legislador e quem julga - este, regra geral, por sujeição àquele - consideram como acidente de trabalho situações que extravasam a atividade laboral. Em virtude desta responsabilidade ser de transferência obrigatória para uma seguradora, não olham para os acidentes de trabalho como uma responsabilidade do empregador, mas como um seguro, tornando excessiva a sua abrangência. Em 1919 consagrou-se a obrigatoriedade do seguro de acidentes de trabalho para trabalhadores 72
por conta de outrem. Apenas em 2000 veio estender-se esta obrigatoriedade aos trabalhadores independentes. A atual Lei, em vigor desde 1 de janeiro de 2010, veio prever a reabilitação e reintegração profissional, sem dúvida uma grande inovação na legislação portuguesa. Contempla, como prestação em espécie, os serviços de reabilitação e reintegração profissional e social, incluindo a adaptação do posto de trabalho. Consagra, como prestação pecuniária, o subsídio para a frequência de ações no âmbito da reabilitação profissional necessárias e adequadas à reintegração do sinistrado no mercado do trabalho.
“Se não for celebrado contrato de seguro de acidentes de trabalho para trabalhadores por conta de outrem, o empregador será responsável pelas indemnizações salariais enquanto a sinistrada estiver de baixa a receber tratamento, pela totalidade das despesas de tratamento e pelas pensões por incapacidade permanente ou por morte, mencionando apenas as prestações mais importantes”
Veio extinguir o prazo para se requerer exames de revisão por eventual agravamento da lesão, ou seja, contrariamente aos países europeus mais desenvolvidos, veio permitir que a possibilidade de se solicitar exames de revisão seja vitalícia, confundindo-se muitas vezes o natural envelhecimento com o agravamento da lesão. Ao eliminar-se um prazo de caducidade, mais não se faz do que se afastar um princípio de segurança jurídica. Mantém fórmulas de cálculo de que resultam valores de indemnizações por incapacidades temporárias de curta duração superiores às retribuições que os sinistrados aufeririam se estivessem a trabalhar. A legislação portuguesa persiste na obrigatoriedade da intervenção do tribunal em todos os casos em que os sinistrados fiquem afetados com incapacidade permanente, agravando custos e provocando atrasos. Por força de acidentes de trabalho, os sinistrados têm acesso gratuito aos Tribunais do Trabalho, a que poderão recorrer sempre que assim o entenderem. Poderão fazê-lo por tudo o que tenha a ver com o acidente de trabalho de que foram vítimas, pelo que não se justifica a obrigatoriedade da intervenção do tribunal em todas as situações de incapacidade permanente, mesmo nos casos em que não existe qualquer desacordo ou litígio.
consagrando de forma bem abrangente situações em que, embora havendo incumprimento, o mesmo será desculpável. Se todas estas situações não fossem indemnizadas, os sinistrados e as suas famílias ver-se-iam completamente desprotegidos, sendo certo que muitas vezes esse incumprimento resulta de se facilitar e de se acreditar que nada acontecerá. Reconheço que não é fácil encontrar o ponto de equilíbrio. Há que progressivamente avançar-se no sentido de uma maior exigência no cumprimento das condições de segurança no trabalho. Afastar definitivamente o raciocínio de que a seguradora indemniza e trata. É verdade que sim. Mas, não há valor que pague uma morte. Não há valor que pague uma grave incapacidade permanente. Há que cumprir as mais elementares condições de segurança no trabalho. Há que criar em Portugal uma cultura de promoção e preven-
Na sua opinião o que é preciso fazer para se reduzir a sinistralidade laboral?
Como não me canso de repetir, há que criar em Portugal uma cultura de promoção e prevenção da segurança e saúde no trabalho. Continuo cada vez mais convicto de que a maior parte dos acidentes de trabalho, sobretudo os mais graves, resultam de incumprimento de condições de segurança. Distingue-se o incumprimento da responsabilidade do empregador do incumprimento imputável ao próprio sinistrado. Quanto àquele consagra-se, para defesa das vítimas, a regularização total do sinistro por parte da seguradora, tendo esta direito a recobrar do tomador do seguro as despesas que tiver suportado e que vier a suportar, evidentemente se este tiver meios para responder. Quanto ao incumprimento imputável ao sinistrado, a Lei de Acidentes de Trabalho prevê a descaraterização do acidente, ou seja, considera que houve acidente, mas como o mesmo ocorreu por comportamento indevido da própria vítima, determina que nem o empregador nem a seguradora deverão responder pelo mesmo. No entanto, existe, e bem, uma relevante preocupação social que a legislação não pode esquecer,
ção da segurança e saúde no trabalho. Há que generalizar o exercício da atividade profissional em conformidade com as respetivas condições de segurança. As seguradoras, aproveitando a sua experiência na gestão dos sinistros, colaboram através de ações de formação e de sensibilização. No entanto, nesta área é preponderante a atitude dos empregadores. O que se garante através de um contrato de seguro de acidentes de trabalho para trabalhadores por conta de outrem? Difere do que se garante para os trabalhadores independentes?
Cada um tem as suas especificidades, mas garantem praticamente o mesmo. No primeiro caso, estamos perante uma transferência obrigatória de responsabilidade. Convém previamente salientar que se esta transferência não for efetuada o empregador terá de responder pelo sinistro que eventualmente ocorra, nos precisos termos que responderia a seguradora. 73
Apercebo-me com frequência que esta situação não é do conhecimento de uma boa parte dos empregadores. Exemplo flagrante respeita às empregadas do serviço doméstico. Estamos perante trabalhadoras por conta de outrem que prestam o seu trabalho para uma pessoa singular ou para um agregado familiar. Se não for celebrado contrato de seguro de acidentes de trabalho para trabalhadores por conta de outrem, o empregador será responsável pelas indemnizações salariais enquanto a sinistrada estiver de baixa a receber tratamento, pela totalidade das despesas de tratamento e pelas pensões por incapacidade permanente ou por morte, mencionando apenas as prestações mais importantes. O empregador ao celebrar o seguro deverá comunicar a totalidade da retribuição. Em caso contrário será responsável de acordo com a parcela não transferida na respetiva proporção. Quanto ao trabalhador independente, a legislação permite que o mesmo escolha o rendimento que pretende garantir. Compete à seguradora perante cada caso aceitar ou não. Se aceitar, indemnizará, no que concerne às prestações pecuniárias, de acordo com o rendimento constante no contrato de seguro, ou seja, o cálculo das indemnizações e das pensões incidirá sobre o valor garantido. Os contratos de seguro de acidentes de trabalho, quer para trabalhadores por conta de outrem, quer para trabalhadores independentes garantem o tratamento até à cura clínica. A cura clínica corresponde à situação em que as lesões 1. desapareceram totalmente ou 2. se apresentam como insuscetíveis de modificação com terapêutica adequada No primeiro caso, estamos perante uma situação em que a vítima ficou completamente recuperada. No segundo caso, estamos perante uma situação em que o sinistrado ficou afetado de uma incapacidade permanente. Os contratos de seguro garantem também a indemnização salarial por incapacidade temporária durante o período do tratamento, as pensões por incapacidade permanente ou por morte, o subsídio por elevada incapacidade permanente, o subsídio para readaptação da habitação, a prestação para assistência de terceira pessoa, o subsídio por morte, as despesas de funeral e ainda a reabilitação e reintegração profissionais, conforme referi no pequeno resumo histórico da legislação portuguesa.
CONSTRUÇÃO METÁLICA/ CONSTRUÇÃO MODULAR
ClickHouse: o direito à habitação em primeiro lugar Procura uma casa fácil de construir, sendo que a qualquer momento pode instalar ou retirar módulos de construção, ampliando ou reduzindo o seu lar? Quer uma casa de sonho a um preço que nunca julgou ser possível pagar por uma habitação? E, ainda assim, pretende que esse espaço cumpra todos os regulamentos e disposições legais aplicáveis? A ClickHouse tem exatamente aquilo que procura! Apresentando um novo conceito de construção, esta empresa de Fonte de Angeão, em Vagos, possui várias gamas de construção modular, satisfazendo as mais variadas necessidades e aliando conforto a preços altamente competitivos. Surpreenda-se nesta viagem à casa modelo guiada por José Lista, CEO da ClickHouse.
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hegando à Rua do Norte em Fonte de Angeão, concelho de Vagos, não há muito que enganar. É no número 27 que está instalada a ClickHouse, numa casa modelo que em todos os aspetos nos remetem para o sistema construtivo modular. Trata-se de um novo conceito de construção, inovador, intuitivo, fácil, rápido, seguro e sustentável a nível económico, social e ambiental. Com uma arquitetura estandardizada, o objetivo da ClickHouse será sempre responder às necessidades de cada cliente, não só no momento da construção da casa mas ao longo da sua vida uma vez que a qualquer momento, quer seja por melhores condições financeiras ou pelo alargamento da família, pode juntar mais módulos, aumentando assim o espaço da habitação. A empresa surgiu com o intuito de introduzir no mercado da construção, dentro e fora de fronteiras, uma abordagem diferenciadora, dedicando-se à investigação e desenvolvimento de várias áreas e formas em engenharia e arquitetura. Mas, a verdade é que as casas modulares são uma opção cada vez mais tida em consideração no momento da aquisição de um espaço para viver ou para transformar em escritório, daí que em Portugal se multipliquem as empresas que se dispõem à construção e manutenção deste tipo de habitação. Neste sentido, de que forma a ClickHouse tem procurado marcar a diferença e estar no caminho de potenciais interessados? Através de uma harmoniosa relação entre preço e qualidade que, para José Lista, CEO da ClickHouse, é a mais bem conseguida do mercado. “O projeto monta-se de uma forma tão rápida e fácil que não são necessárias ferramentas pesadas, o que faz com que esta empresa consiga oferecer um preço bastante baixo. Em relação a outros projetos do género, a mão de obra continua a ser muito pesada no valor total da casa”, explicou o responsável. É esta relação sem segredos entre preço e qualidade o principal fator que equilibra a balança e é precisamente isto que os clientes procuram e precisam. Este projecto vai, aliás, segundo Alberto da Fonte, Diretor Técnico da ClickHouse, exactamente ao encontro das necessidades das pessoas que “praticamente de um momento para o outro viram-se com falta de poder de compra e de financiamento para a aquisição de uma habitação própria permanente”, afiançou. A ClickHouse nasceu há sensivelmente cinco anos e, em pleno pico da crise na construção em Portugal, tem procurado enfrentar as dificuldades descobrindo oportunidades onde a maioria apenas vê problemas. Para José Lista foi precisamente a crise económica que catapultou este género de projetos. “O facto de não haver acesso fácil ao crédito foi
José Lista
uma das razões e, para mim, a mudança de mentalidades foi outra. As pessoas não querem estar agarradas a uma casa para toda a vida e estarem dependentes de pagar a casa quando já não conseguem tirar um fim de semana ou passar férias devido a essa imposição. Quanto maior for o valor da casa mais difícil tudo isto se torna”, defendeu. Assim, com a facilidade de aumentar a casa quando é necessário, não é importante começar uma vida com uma habitação ampla uma vez que, a partir do momento em que algo muda, basta um telefonema e, num prazo de 15 dias aproximadamente, já terá um quarto para o filho que está quase a nascer. As casas modulares são, no seguimento de todos estes fatores, um nicho de mercado na construção cujo crescimento tem sido bastante notório ao longo dos últimos anos. Segundo José Lista, tem sido a insistência das pessoas em procurarem sistemas inovadores e outros materiais que sentem como fiáveis, seguros, baratos e de qualidade, que tem ditado este cenário. “Além disso a própria banca tem dado uma maior abertura a projetos de casas modulares e já olham para este segmento como uma área de negócio”, acrescentou. As vantagens, essas, são inúmeras. Além da facilidade de montagem e pelo facto de as casas modulares respeitarem as exigências do mercado nacional 74
que, do ponto de vista de José Lista, é dos mercados mais exigentes que conhece, trata-se de um processo económico. Em primeiro lugar, o responsável deixa a garantia de que nunca entraria num projeto desta natureza se não considerasse, em primeiro lugar, que viveria numa casa similar e, em segundo lugar, se o preço fosse muito equiparado a outro projeto de construção tradicional. “Não valeria a pena porque eu, enquanto cliente, não trocaria algo que conheço toda a vida por uma coisa que desconheço, se não houvesse uma razão muito forte. E essa razão é, sem dúvida, o preço”, defendeu. Por outro lado, para exportação, a facilidade de montagem possibilita que tudo fique pronto de uma forma bastante simples, bastando, por vezes, disponibilizar algumas explicações por telefone. Por fim, rapidez é, efetivamente, outra das grandes mais valias. “Quando dizemos que em três dias montamos a casa, montamos com paredes, cobertura, infraestruturas de águas, esgotos, eletricidade e telecomunicações, com janelas e portas. Depois, dependendo do nível de acabamentos que o cliente exige, o processo poderá demorar mais alguns dias. Mas a estrutura fica montada em três dias. Isso é garantido”, disse José Lista. Por ser um sistema mais barato do que o sistema construtivo tradicional, é normal que, no momento em que
Alguns exemplos da redução de custos inerente à construção modular (Por Alberto da Fonte): - Inexistência de encargos com aluguer, manutenção e transporte de equipamentos e maquinaria pesada, sendo usadas apenas ferramentas leves; - Sendo os painéis fabricados à medida, os desperdícios e resíduos de construção são praticamente inexistentes; - O reduzido tempo de montagem, que normalmente não ultrapassa uma semana, permite reduzir custos imputáveis à obra, nomeadamente custos diretos (deslocações, estadia no local da obra, mão de obra, taxas camarárias, etc); - Como temos diversos modelos e tipologias de moradias estudados para comercialização, o licenciamento feito pela nossa equipa é muito mais rápido e económico do que o processo normal de licenciamento.
lhes é dito o preço da habitação, exista alguma reticência e dúvida quanto à qualidade dos materiais utilizados. Mas José Lista assegura: “os materiais são extremamente bons. Apenas não recorremos a mão de obra e, num processo tradicional, esse é o elemento mais pesado. Por exemplo, numa casa tradicional, 60% do valor é para mão de obra, aqui são apenas 5%, o restante é usado em material”, explicou o responsável que olha para a construção modular como o futuro do setor. Sabendo que haverá sempre mercado para todas as soluções, José Lista acredita que este segmento será de massas, tanto pelo preço como pela rapidez. Mesmo a nível de investimento, é um processo inteiramente rentável. “Se uma pessoa quiser investir para alugar, a rentabilidade é muito superior porque os valores do aluguer serão similares aos que são cobrados numa casa tradicional”, explicou. Em suma, sem nunca passar ao lado do cumprimento dos regulamentos exigidos para o licenciamento de obras particulares, o método construtivo da ClickHouse consegue, segundo Alberto da Fonte, “grandes vantagens que se traduzem num
menor custo e maior segurança para os nossos clientes”. Assim, quer seja para habitação própria, para estabelecer um escritório ou para um investimento, a construção modular afigura-se cada vez mais como uma solução inteligente. Novos mercados A ClickHouse sabe que o seu produto é ajustável a outros mercados e, tendo consciência que o direito à habitação deve estar sempre em primeiro lugar, José Lista aventurou-se, desde a génese da empresa, por mercados externos. Antes de ser criada há cinco anos, a ideia para avançar com esta empresa já estava a dar os seus primeiros passos e, a partir do momento em que José Lista encontrou um parceiro para exportação, a ClickHouse estava pronta para avançar. Foi feito o primeiro showroom, as primeiras casas foram todas para exportação e, sendo que o design da casa está muito direcionado para países com uma atmosfera quente, as primeiras unidades viajaram para o continente africano. Mas, entretanto, houve uma reviravolta. “O mercado nacional ‘chamou-nos’ para cá. Na altura não trabalhávamos
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o mercado português e, hoje, é este que absorve grande parte do negócio”, explicou. Na vertente da internacionalização, a ClickHouse tem uma filial em Moçambique e brevemente vai montar as primeiras unidades na zona do Kwanza Sul, uma província de Angola. Fora de África, México, Espanha, Panamá, Suíça ou França são outras das regiões onde estão negócios a decorrer e que provam que a ClickHouse é capaz de adaptar o seu produto às especificidades de qualquer mercado. Internamente, as expetativas de crescimento no mercado nacional não poderiam ser melhores. Só pelo início de 2015 já se avizinham bons resultados. Tanto dentro como fora de fronteiras, a ClickHouse aposta sempre na montagem de uma unidade, o denominado showroom, uma vez que mais do que explicar o conceito, o melhor é mostrar. Ninguém quer comprar sem ver e, por isso, a ClickHouse tem as suas portas abertas para quem quiser conhecer a sua casa modelo em Fonte de Angeão, numa área com 90 m², dois quartos, uma sala, cozinha e uma casa de banho. Veja se não poderá ser esta a casa dos seus sonhos.
CONSTRUÇÃO METÁLICA/ CONSTRUÇÃO MODULAR
“uma alternativa à construção tradicional” Chama-se Build Down & Build Up (BDBU) e surgiu no mercado da construção há oito anos com o objetivo claro de desenvolver uma atividade diferenciadora do que se fazia até então. Especializada na construção em aço leve, também conhecida por Light Steel Framing (LSF), esta empresa sabe que foi difícil implementar este sistema em Portugal. Mas foi persistente e conseguiu mudar mentalidades.
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om uma equipa de técnicos altamente qualificados, a Build Down & Build Up dá a quem a visita a possibilidade de ter ao seu alcance uma habitação digna, de qualidade, durabilidade, conforto e com recurso à mais alta tecnologia. Surgindo em pleno pico da crise no setor da construção civil em Portugal, há sensivelmente oito anos, a BDBU foi moldada para exercer uma atividade distinta e, no fundo, para abalar mentalidades mais conservadoras e agarradas à construção mais tradicional. Foi esta característica do mercado, aliás, o grande entrave à implementação do sistema de aço leve, mais conhecido por Light Steel Framing (LSF), um sistema construtivo que tem como principal vantagem a harmoniosa relação entre peso e resistência. Com esta resistência encontrada, a BDBU, que exerce atualmente a sua ação sobretudo para o mercado da reabilitação em Portugal, foi desenvolvendo a sua atividade em obras de moradias e de reabilitação, fazendo, posteriormente, “uma abordagem ao uso da tecnologia do aço leve”, tal como explicou António Pedrinho, Diretor Geral da empresa. “Começámos assim por usá-lo na reabilitação de coberturas e pisos de edifícios antigos, conseguindo, mais tarde, entrar na construção de raiz e integral em LSF”, completou o responsável. Deste
modo, e aceitando o desafio de contribuir para uma maior abertura de mentalidades ainda muito agarradas à construção tradicional, a BDBU conseguiu implementar um sistema estrutural que António Pedrinho descreveu como sendo “rápido, prefabricável e muito sustentável”. Em oito anos de existência a empresa conseguiu afirmar-se num mercado em dificuldades como sendo uma estrutura especializada na construção em aço leve, sempre com o recurso a uma equipa bastante jovem e dinâmica, o que, para o Diretor Geral, é prova da “grande aposta na formação e na inovação da Engenharia Civil em Portugal, designadamente no mercado da habitação”, afirmou. Por oferecer internamente “uma solução integral e abrangente, conceção e construção chave na mão”, no momento atual, a empresa está a desenvolver alguns projetos de construção de moradias unifamiliares em LSF, um sistema que António Pedrinho prevê que continue a crescer nos próximos anos, por ser mais leve, rápido, sustentável, racional e “clean” e com inúmeras vantagens tanto para o mercado da reabilitação como para a construção de raiz. Todavia, quando se fala em limitações, António Pedrinho remete-se para a construção em altura, nomeadamente acima dos cinco ou seis pisos. A estratégia para contornar esta dificuldade passará, no seu entender, por “incorporar na solução um núcleo de escadas e elevadores em betão armado, podendo-se assim aumentar o número de pisos sem problemas de resistência estrutural”, defendeu o responsável em conversa com a Revista Pontos de Vista. Sendo um sistema “green” uma vez que todos os materiais utilizados são recicláveis, António Pedrinho acredita que o interesse dos portugueses por questões relacionadas com sustentabilidade tende a crescer e, por conseguinte, o sistema LSF vai ganhando terreno. “Hoje não faz qualquer sentido continuar-se a construir no sistema tradicional pois para ele atingir performances idênticas às do LSF ter-se-á que gastar muito mais dinheiro, tanto na fase de construção como na fase de utilização (consumos, manutenção, danos/defeitos)”, colmatou. 76
António Pedrinho
Ainda como prova da constante aposta na inovação desta equipa, e como resposta às exigências de internacionalização da empresa, a BDBU apercebeu-se que o preço do LSF nos países africanos fazia com que este sistema fosse pouco competitivo quando comparado com a construção tradicional local. Era premente encontrar um sistema que, mesmo exigindo a importação de alguns dos seus constituintes, conseguisse uma construção com qualidade, rápida e mais económica. Em contacto com um profissional ligado à construção de barcos, António Pedrinho encontrou a sua resposta. Assim, para além do LSF, foi criado o THS (Thermal Houses System). Trata-se de “um sistema baseado na construção de barcos, à base de painéis compósitos autoportantes, dando assim uma resposta de qualidade para casas térreas, amovíveis e de muito baixo custo”, explicou. Disponibilizando um tipo de construção de caráter económico e com extrema rapidez de montagem, o THS tem sido a solução ideal para os novos mercados africanos e da América Latina, incluindo o Brasil. Em Maputo, a empresa tem atualmente uma fábrica de painéis THS, tendo igualmente em carteira alguns projetos ligados à construção modular. Com a consciência de que nada se vende com panfletos ou apresentações orais, a BDBU sabe onde investir e, como tal, estão a ser dados os últimos retoques de uma casa modelo no Abrunheira Business Center, em Sintra, para que, depois de finalizada, possa ser visitada por promotores e eventuais interessados. “Queremos que as pessoas vejam o que é possível fazer com este sistema e depois ficarão certamente surpreendidas com o preço”, afiançou. Com presença também em São Tomé e Príncipe, a empresa prevê participar na construção de dois resorts de luxo com recurso à tecnologia do LSF. Continuar a ser uma empresa de referência, especializada em dois sistemas construtivos alternativos (LSF e THS) passa pelos objetivos a longo prazo da BDBU. Mas esta empresa vai bastante mais longe. De forma a combater algumas limitações, permitindo por exemplo o uso do THS em altura, está a ser pensada uma solução “híbrida”, ou seja, um sistema novo que unirá a composição do LSF com o THS. São metas que se pretendem atingir mas, para já, a visão passa por consolidar a presença e o negócio da empresa nos mercados onde estão presentes.
Portugal 2020
A OPINIÃO DE Nuno Carvalhinha, Presidente da ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS PME
Como pôr as PME a dar o salto tecnológico?
A questão com que inicio este artigo de opinião é crucial. É, aliás, algo que pode significar vida ou morte no contexto de uma economia aberta, num mundo globalizado e crescentemente concorrencial. Onde falham as nossas empresas na adoção das novas práticas de mercado? Onde devem investir? Que rumo devem seguir?
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o contexto do Horizonte 2020 e, mais especificamente, no Portugal 2020, surge a oportunidade das PME serem apoiadas no seu esforço de inovação tecnológica. Há quatro pilares deste programa em que as PME podem dar cartas e que devem ser aproveitados. São eles: competitividade e internacionalização, inclusão social e emprego, sustentabilidade e eficiência no uso dos recursos e capital humano. No total, contam-se cerca de 12 mil milhões de euros a fluírem para Portugal até 2020. É uma oportunidade única. Contudo, como sabemos, há constantes queixas de mau aproveitamento destes fundos. Que vão para empresas que não precisam ou que alimentam projetos que não trazem benefícios à economia do país. Resta-nos perguntar: como podem as associações empresariais ajudar? Aproveitando a experiência que tem com as PME, conhecendo os seus problemas e sabendo as dificuldades que enfrentam no dia a dia, a ANPME quer direcionar estes fundos para resolver as verdadeiras deficiências das pequenas e médias empresas portuguesas. Que problemas identificamos? São quatro os campos de ação que precisam de ser melhorados: a inserção das PME na Economia Digital, o planeamento de Marketing, a eficiência energética e a implementação de sistemas de qualidade. Porquê estes setores? Porque compreendemos, na nossa interação diária com as micro e pequenas empresas, que há muitas que não conhecem ou não ligam a estes processos. E é de lamentar. Há um imenso potencial nas nossas PME. Há um poço de talento enorme nos nossos empresários que, se adaptado às exigências da economia globalizada, poderia revolucionar o tecido empresarial português. Infelizmente, hoje em dia, ainda vemos empresas que não se conseguem posicionar em termos de marketing, ainda há empresas que não possuem presença online através do website ou redes sociais, não têm qualquer plano de eficiência energética e não possuem sistemas de gestão de qualidade adaptados às suas necessidades. É com isso em mente que a Associação Nacional das PME procurará direcionar estes fundos na melhoria destes aspetos nas empresas. E, recorrendo ao conhecimento que tem no “terreno”, procurará apostar numa seleção de setores empresariais: comércio e serviços, indústria e restauração e bebidas.
Contudo, também sabemos que, de forma a implementar projetos de excelência, temos que trabalhar com parceiros de excelência. E os parceiros que escolhemos têm, no seu respetivo setor, currículos que falam por si. São eles a PT Empresas, a QSP, o ISQ e a FoodInTech. A PT Empresas trabalhará com a ANPME na inserção das micro e pequenas empresas na economia digital. É uma área com enorme interesse para quem se associar ao projeto. Além da criação de um site e redes sociais (assim como consultoria do mesmo), ativar-se-á para a empresa uma loja virtual. É uma inovação que, parecendo pequena, é de extrema importância. Permite à empresa aumentar exponencialmente o número de potenciais consumidores. E não só. Tendo uma forte presença online, a empresa pode encontrar parceiros de negócio. E, claro, não só em Portugal, mas também lá fora. No que à QSP diz respeito, sendo um dos melhores players no mercado no que toca a consultoria de marketing, iremos proceder à aplicação de um plano de Marketing adaptado a cada empresa. Notamos que uma das grandes falhas nas PME é não saberem que posicionamento assumir no mercado. Nesse sentido, julgamos ser necessário ser trabalhado o posicionamento da marca para a tornar mais apelativa às necessidades dos consumidores. Outro ponto importantíssimo é relativo à eficiência energética. Todos sabemos que um dos mais pesados custos de contexto é o da conta da eletricidade. Contudo, o que muitos empresários não sabem é que há forma, através da incrementação de boas práticas, de minorar esses custos. E aí entra a eficiência energética e um dos nossos parceiros, a ISQ, uma das líderes em auditoria neste campo. Finalmente, no campo de implementação de gestão de qualidade, celebramos uma parceria com a FoodInTech. Aqui, o intuito é implementar um sistema que auxilie a empresa com uma série de ferramentas: desde gestão de incidentes (reclamações, avarias, etc..) até gestão de registos (temperaturas, manutenção e higienização), passando pela gestão de auditorias. Em suma, é importante que as microempresas que almejam investir na melhoria dos seus procedimentos e práticas tecnológicas aproveitem o Horizonte 2020. O salto tecnológico é importantíssimo para as PME. E a oportunidade para o fazerem está aí. Importa que o agarrem. 77
Portugal 2020
A OPINIÃO DE Davide Cerqueira, Partner/ROC da Carmo & Cerqueira - SROC
PORTUGAL 2020: mais valias deste programa e as linhas de apoio disponíveis às PME’s
O anúncio da abertura das candidaturas ao Portugal 2020, efetuado no passado dia 30 de dezembro, marca definitivamente o início de um novo ciclo de financiamento europeu ao investimento em Portugal.
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á muito aguardado pelo setor empresarial, e com quase um ano de atraso, o novo Acordo de Parceria será executado através de quatro programas operacionais temáticos (a competitividade e internacionalização, a inclusão social e emprego, o capital humano e a sustentabilidade e eficiência no uso dos recursos), e por cinco programas regionais no continente, um na Madeira e outro nos Açores. Um envelope financeiro de cerca de 25,8 mil milhões de euros, praticamente um terço do nosso programa de assistência financeira, dos quais cerca de 40% se destinam à promoção das nossas empresas. Portugal é hoje, necessariamente, um país diferente daquele que existia em 2007, altura em que se deu início ao Quadro de Referência Estratégico Nacional, vulgo QREN. Consequentemente regista-se no Portugal 2020 uma evolução dos termos em que são concedidos os novos incentivos e também um aumento das exigências, nomeadamente ao nível dos objetivos a alcançar pelo promotor no período pós-projeto. Era inevitável que assim fosse, pois apenas assim se consegue garantir que os fundos aplicados ajudam ao desenvolvimento do país e à sua convergência, diminuindo o gap de desenvolvimento que ainda nos separa dos países mais evoluídos. Para o conseguir, elegem-se três objetivos fundamentais: o crescimento in78
teligente, promovendo-se o conhecimento e a inovação reforçando as interações entre os atores de I&D&I (Investigação, Desenvolvimento e Inovação); o crescimento inclusivo, que assegure a coesão social e territorial; e um crescimento sustentável, que promova a utilização eficiente dos recursos enquanto fator de competitividade e sustentabilidade. Resumidamente, e numa frase: “mais miolo, menos tijolo”! Do que se conhece dos novos regulamentos, dado que são ainda muito poucas as linhas já abertas, mantêm-se, sensivelmente idênticas, as tipologias de incentivos ao investimento a apoiar: i. incentivo ao investimento empresarial inovador e qualificado (que corresponde, grosso modo ao antigo SI Inovação); ii. incentivo ao investimento na qualificação e internacionalização das PME (SI Qualificação/Internacionalização PME) e iii. incentivo ao investimento na investigação e desenvolvimento tecnológico (SIDT). Naturalmente, e dependendo da categoria em que se insere o investimento, variam os limites, a forma e os montantes de incentivo a conceder. Não obstante a taxa base de financiamento oscila entre os 25% e os 45%, podendo esta ser posteriormente majorada em função da dimensão da empresa, da dimensão do projeto, do impacto da sua disseminação em termos de inovação e do grau de empreendedorismo envolvido, até um máximo de financiamento que se situará entre os 75% e os 85% do valor do projeto. Também em função da categoria em que se insere o investimento varia a natureza do incentivo não reembolsável a atribuir, privilegiando-se os investimentos mais inovadores e aqueles que promovam mais conhecimento. Neste sentido, compreensivelmente, é maior a componente não reembolsável a atribuir aos projetos para a investigação e desenvolvimento tecnológico. Dum ponto de vista mais regional, é relevante mencionar que o novo quadro beneficiou a generalidade das regiões do continente e praticamente manteve a dotação para a Madeira e Açores, transferindo, face ao anterior quadro de apoio, para as regiões uma parte significativa da componente operacional temática, de âmbito nacional. Deste modo, as regiões do Norte, Centro e Alentejo, viram reforçadas as suas dotações em quase 27%, enquanto a região de Lisboa, apesar do reforço de mais de 170% do seu programa operacional regional, vê limitado o âmbito dos incentivos a que se pode candidatar, fruto da sua condição de região não convergente e da redução das verbas disponíveis para os programas operacionais temáticos.
Concluindo, pode dizer-se que o Portugal 2020 abre uma nova janela de oportunidade para o país e que não deveremos desperdiçar. Para as empresas o incentivo continua a ser muito aliciante apesar de os critérios serem hoje mais exigentes. A verdade é que, conjugando o Portugal 2020 com o pacote de benefícios fiscais (proporcionados pela revisão do código do IRC e do Código Fiscal ao Investimento) e com o Horizonte 2020 (o programa europeu de apoio à ciência, no valor de 79 mil milhões de euros e que constitui o maior programa de apoio mundial à ciência), estamos atualmente perante o maior pacote de incentivos financeiros e fiscais até hoje disponibilizado às empresas e empresários portugueses.
“Deste modo, as regiões do Norte, Centro e Alentejo, viram reforçadas as suas dotações em quase 27%, enquanto a região de Lisboa, apesar do reforço de mais de 170% do seu programa operacional regional, vê limitado o âmbito dos incentivos a que se pode candidatar, fruto da sua condição de região não convergente e da redução das verbas disponíveis para os programas operacionais temáticos”
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PORTUGAL 2020
Audite – O melhor parceiro para o sucesso das PME Com as candidaturas para os concursos do Portugal 2020 à porta, é fundamental que as pequenas e médias empresas (PME) façam uma reflexão sobre os seus objetivos e qual o plano de ações que permita atingir esses objetivos. É aqui que iniciam os trabalhos da Audite, uma empresa de gestão financeira com mais de 40 anos de experiência, cuja maior e melhor característica é a capacidade de acompanhamento empresarial nas várias etapas do Portugal 2020.
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processo começa muito antes da submissão de uma candidatura. Irina Machado, responsável pelo departamento de Financiamento de Projetos&Empresas da Audite, refere que, quando uma empresa pede apoio para aceder aos programas de incentivo, o primeiro passo é de diagnóstico e planeamento do investimento futuro. “Nós começamos com a empresa na reflexão estratégica que permite perceber o ponto de situação, qual o plano de negócios mais ajustável e se o projeto tem enquadramento nos sistemas de incentivos do Portugal 2020”, explica. Numa primeira fase, preparam o “plano de negócio e o estudo de viabilidade”. Irina Machado acredita que é essencial que a empresa possua logo de início “previsões assertivas baseadas em critérios reais e pressupostos válidos”. Mais do que estar certa de que a candidatura ao sistema de incentivos será aprovada, a empresa precisa de saber se tem condições técnicas e financeiras para executar o investimento e que permitam obter os resultados colocados na candidatura. Após esta etapa, e perante uma resposta positiva por parte do programa de incentivos, a Audite orgulha-se em afirmar que não abandona a empresa. Existe um acompanhamento “durante todo o tempo em que a empresa faz pedidos de pagamento e recebe incentivos até ao encerramento do contrato que ela estabelece, das obrigações todas, do cumprimento total do contrato”, afirma a consultora financeira. “Uma das vantagens do nosso modelo está no acompanhamento, não nos propomos só a submeter pedidos de pagamento, estamos também a alertar o cliente para o cumprimento e a avaliar os resultados do projeto de forma proativa”. A Audite posiciona-se como uma parceira das PME e tem como missão a maximização do incentivo e impacto do Portugal 2020, sendo este um aspeto importante não só a nível estratégico mas também financeiro, porque a partir do momento em que a PME obtém o lucro a que se propõe na candidatura – ou até ultrapassa os objetivos – é bonificada pelo próprio programa de incentivos. Da mesma forma que se não cumprir com as expetativas é sancionada. Irina Machado não quer, no entanto, falar sobre penalizações. O seu objetivo, enquanto gestora de um projeto, é “pensar como as evitar”. E neste sentido é essencial que as empresas procurem o aconselhamento certo e a empresa adequada, que consiga criar o plano apropriado e com uma previsão de “vários cenários”, de modo a conseguir prever eventuais dificuldades e que, de forma proativa, consiga apresentar uma candidatura que por um lado “satisfaça as condições de elegibilidade e mérito dos sistemas de incentivos” e por outro “que os objetivos prometidos sejam alcançáveis para a empresa”. É este o papel da
Irina Machado
Audite, que, enquanto entidade consultora destas empresas, pretende, desde o início, trabalhar para a maximização do efeito do incentivo. Irina Machado acredita que o Portugal 2020 irá trazer uma maior dinâmica à economia portuguesa se trouxer benefícios para as próprias empresas individualmente. “Através da injeção de incentivos, o Portugal 2020 pretende apoiar projetos de investimento competitivos, inovado80
res e exequíveis. E isto só acontece se as empresas apresentarem projetos viáveis que consigam gerar os resultados positivos para a própria empresa que por sua vez contribui para a economia. Claro que estamos a falar em resultados a longo prazo. Não espero que seja no ano de 2015 que vamos sentir o impacto dos incentivos na economia, mas sim o impulso na economia para investir”, admite, apesar de se mostrar confiante nos resul-
tados e no desempenho das empresas. “Eu estou positiva em relação ao programa, temos muitos projetos em cima da mesa, são iniciativas com visão de longo prazo e isso agrada-me”. Quanto ao papel das consultoras, Irina Machado frisa que estas “têm a responsabilidade de apoiar as empresas na maximização dos resultados destes processos através de um planeamento exigente na pré-candidatura e um acompanhamento rigoroso na execução do projeto”. Muitos projetos, vários desafios E são, de facto, muitos os projetos que a Audite já se encontra a analisar e a planificar. “Já temos uma carteira de projetos e tenho a expectativa de que mais empresas iniciem a construção do plano de negócio no curto prazo, principalmente aquelas que têm uma visão muito concreta daquilo que querem fazer”, garante. E apesar de ainda não estarem publicados todos os regulamentos e a informação sobre cada um dos vários programas operacionais do Portugal 2020, a Audite já se mostra capaz de construir projetos de sucesso e sabe bem quais os vetores de sucesso de uma candidatura. “As PME que mostrem capacidade de inovação e com capacidade de competir no mercado internacional têm uma maior probabilidade de usufruir do Portugal 2020”. A responsável de departamento da Audite refere a indústria transformadora e o turismo como grandes potenciais de novos investimentos. Existem também “muitos empreendedores que querem lançar-se, temos bastantes projetos de novas iniciativas empresariais e o setor do turismo tem sido uma surpresa, existem muitos jovens empreendedores na área”.
PME - a prioridade do Portugal 2020 Já no antigo QREN -Quadro de Referência Estratégica Nacional era assim e o Portugal 2020 veio reforçar a ideia. As PME são de facto a prioridade para os apoios ao investimento, inovação e internacionalização. Irina Machado assegura que “a dotação orçamental que está destinada às PME é bastante superior àquilo que as grandes empresas podem esperar”. Aliás, os projetos promovidos por grandes empresas para serem apoiados pelo Portugal 2020 têm de gerar um efeito de “arrastamento das PME”. De uma forma mais concreta, a gestora financeira da Audite assume que “o programa Portugal 2020 está construído para aquilo que é a maior parte do nosso tecido empresarial”, as PME. Crise, um impulso para novos investimentos Irina Machado está convicta de que é o momento de ignorar a palavra crise. Apesar desta se ter refletido negativamente no investimento e na geração de novos projetos por parte das empresas, umas por receio, outras por falta de financiamento, é necessário um ciclo de viragem, uma necessidade de inverter a situação e deixar para trás a palavra crise. É a própria gestora financeira que o diz e adianta que o Portugal 2020 tem não só um efeito económico, mas também psicológico. Em todo o lado, seja na imprensa nacional, nas redes sociais, “fala-se em investimento” e isso cria um efeito nos nossos empresários e empreendedores: “só o facto de se pensar em investir já provoca uma mudança no modo de estar das pessoas”, ex-
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Porquê escolher a Audite? A Audite tem uma metodologia de serviço que se adequa à realidade de cada uma das empresas e mercados onde atuam. Procura, acima de tudo, criar estratégias para o sucesso da empresa e do seu investimento. Irina Machado reforça a ideia de que é importante inicialmente levar a cabo “uma reflexão estratégica para identificar quais os objetivos e necessidades de investimento”. Pretende, assim, entender de que tipo de intervenção a empresa carece: equipamento, recursos humanos, marketing, economia digital, entre outras áreas. Depois dessa análise, a Audite debruça-se “sobre as possíveis fontes de financiamento com especial atenção ao Portugal 2020 e determina qual é o mix de financiamento que o projeto necessita”, esclarece Irina, que refere, no entanto: ”o Portugal 2020 é a fonte de financiamento mais competitiva”. Após todo este processo, e mediante a aprovação dos incentivos, a Audite mantém-se lado a lado com a empresa, no sentido de a apoiar durante o prazo em que decorrer o investimento e a avaliação por parte das entidades avaliadoras que pode decorrer entre três a sete anos.
plica. Com a sua vasta experiência na área, Irina acredita que há uma nova visão no que diz respeito a investimento, inovação e competitividade. “Vivemos um tempo de metamorfose do nosso tecido empresarial”.
PORTUGAL 2020
A OPINIÃO DE Nuno Cunha, CEO da Aavanz
Oito Fatores de sucesso no financiamento de projetos de IDI
Este artigo aborda os fatores essenciais de sucesso para financiar um projeto de IDI (Investigação, Desenvolvimento e Inovação) de uma empresa. Para obter o financiamento necessário, quer seja via fundos de IDI (p.ex. Horizon 2020 ou Portugal 2020) banca ou capital de risco early stage é essencial preparar um projeto de IDI bem estruturado e devidamente fundamentado.
É
fundamental focar numa boa oportunidade de negócio, ter uma excelente abordagem de IDI no plano de projeto, e reunir uma equipa de excelência. Naturalmente são pontos comuns à boa gestão de projetos, uma vez que boas competências de gestão aumentam as possibilidades de financiamento – de um projeto ou de uma empresa. No entanto o foco deste artigo é nos fatores essenciais do ponto de vista da fundamentação e preparação de um dossier de financiamento em candidaturas IDI onde os seguintes aspetos devem ser tidos em conta.
ou no final do projeto de IDI. Ou seja, durante o projeto o foco é na gestão de IDI mas depois a gestão de produto torna-se prioritária. 3. Equipa experiente Que já tenha participado em projetos de IDI, bem como na implementação de resultados de IDI no mercado. Não se devem descurar as competências-base: um bom produto precisa de ser promovido e vendido (marketing e vendas), de ter um valor claro para o cliente (benefício económico ou outro) de ser entregue devidamente e funcionar bem (eficiência e eficácia). As competências da equipa nuclear de IDI devem ser adequadas a estas necessidades: comunicação da mensagem subjacente ao produto/projeto, elaboração da oferta de valor e execução (gestores de projeto, designers, engenheiros, investigadores, etc.). É ainda vital distinguir o núcleo essencial de IDI (equipa nuclear interna) das competências acessórias ou complementares (que devem ser subcontratadas ou incluídas via parceiros de IDI). É importante incluir pessoas que tenham participado em projetos de IDI falhados, uma vez que tal é relevante para aumentar a objetividade da equipa, e para ter melhor consciência coletiva dos fatores que podem levar ao insucesso. Isto para além de reforçar as competências na gestão de riscos. Finalmente, o líder do projeto deve ser identificado, sendo importante, em projetos de grande dimensão, ter este papel diferenciado do gestor de projeto, bem como ter gestores técnicos, científicos, operacionais e de qualidade com funções essenciais e diferenciadas na equipa.
1. Estratégia bem definida A estratégia do projeto deve ser muito clara, e ser conhecida por toda a equipa de preparação da candidatura (e posteriormente pela equipa de projeto). A estratégia deve ser focada nas vantagens competitivas pretendidas no final do projeto p.ex. características inovadoras e qualidade do produto final, posicionamento no mercado e na cadeia de valor. Os pressupostos estratégicos devem estar bem documentados, uma vez que qualquer mudança nos mesmos deve despoletar uma revisão da estratégia. O projeto deve ainda estar focado na área de negócio nuclear da empresa. 2. Objetivos claros Os resultados finais do projeto devem ser estabelecidos a priori e documentados de forma objetiva e mensurável (p.ex. objetivos SMART). Devem estar ligados à estratégia mas também à forma como cada um vai ser explorado comercialmente (ou vai despoletar outro tipo de impacto futuro). É ainda importante não confundir um projeto de IDI ou protótipo inicial com o produto final. Um projeto de IDI é uma primeira tentativa (que pode falhar) enquanto um produto final deve ser adaptado ao mercado alvo e evoluir de acordo com o mesmo, através de um roadmap definido durante
4. Bom conhecimento do estado da arte Estudar profundamente os assuntos científicos e tecnológicos relevantes e analisar produtos similares ou competidores no mercado, bem como patentes ou outra propriedade intelectual de relevo. Devem ainda ser analisados estudos se-
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“Uma boa oportunidade de negócio – ou de exploração dos resultados de IDI, esperarando um elevado impacto na sociedade dos mesmos. O que justifica o financiamento de um projeto desta natureza é o seu impacto futuro e tal depende dos resultados: devem proporcionar benefícios económicos, sociais, tecnológicos, ambientais ou outros. A identificação destes impactos, sejam diretos ou indiretos, é extremamente importante.”
ter uma boa margem de manobra para imprevistos, desde que tal não seja ineficiente. A dimensão relativa do projeto face à empresa é importante: just right, ou seja, o projeto deve ser dimensionado face à dimensão da empresa.
toriais ou geográficos de relevo, bem como projetos de IDI relacionados. Mais uma vez é importante identificar fatores de falha em produtos ou serviços que tenham tentado atingir resultados similares e não o tenham conseguido. É importante ter a consciência de que o principal resultado em projetos de IDI é conhecimento. Novo ou melhorado conhecimento, realizado e identificado pela equipa de projeto. Este conhecimento deve ser considerado relativamente ao estado da arte e previsto na fase de candidatura junto com os meios para a sua proteção, uma vez que consistirá em propriedade intelectual da empresa.
7. Riscos identificados Quer sejam de natureza técnica, científica, operacional, financeira, legal ou até de conflito com parceiros, todos os riscos relevantes devem ser identificados antecipadamente. A identificação deve ser acompanhada da avaliação de probabilidade e do impacto potencial para o projeto bem como as medidas de contenção possíveis. Esta identificação e análise deve ser revista frequentemente.
5. Uma boa oportunidade de negócio Ou de exploração dos resultados de IDI, esperarando um elevado impacto na sociedade dos mesmos. O que justifica o financiamento de um projeto desta natureza é o seu impacto futuro e tal depende dos resultados: devem proporcionar benefícios económicos, sociais, tecnológicos, ambientais ou outros. A identificação destes impactos, sejam diretos ou indiretos, é extremamente importante.”
8. Reunir a rede de IDI e a aliança industrial certa É frequente que os projetos de IDI sejam em consórcio, internacionais no caso do Horizon 2020. Tais parceiros devem ser escolhidos de modo a complementar as competências da empresa, por exemplo dando capacidades de investigação, ou de validação laboratorial, de expansão internacional, de fabrico em larga escala, etc. É ainda importante que a rede de parceiros sirva para o networking, para angariar parceiros comerciais e para divulgar o projeto e os seus resultados. Em termos gerais a aliança industrial deve cobrir a cadeia de valor do mercado-alvo e as competências de IDI necessárias para execução: a empresa deve tirar partido do ambiente académico que lhe seja próximo: universidades, institutos de interface, spin-offs ou grupos organizados de IDI nas áreas relevantes.
6. Um plano realista e focado, com os recursos necessários bem identificados De modo a que toda a equipa tenha sempre consciência do ponto de situação atual e dos próximos passos. Um bom plano é feito com base nos objetivos e resultados finais, discriminado as componentes necessárias para atingir cada um. Discrimina os passos intermédios para atingir resultados e as pessoas responsáveis por cada um. Um bom plano documenta os passos que o projeto deve dar para atingir resultados, em que escala o tempo, e detalha as tarefas e responsabilidades, permitindo estimativas de custos precisas. Deve ser usado como um sistema de alerta precoce dando visibilidade ao progresso e eventuais atrasos, mantendo a equipa focada nos resultados pretendidos. Deve
Naturalmente é possível obter financiamento com apenas um subconjunto dos fatores acima mencionados, mas para obter um projeto bem sucedido e com resultados sustentáveis no longo prazo é importante considerar e reunir todos os fatores de sucesso.
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PORTUGAL 2020
“Portugal 2020 trará uma maior dinâmica à economia em Portugal” Com uma experiência inata, a Baker Tilly destaca-se pela forma de informar e pelo método quase familiar como interage entre equipa e com os clientes. Ou melhor dizendo, com os parceiros, um nome mais adequado para João Aranha, gestor e sócio da empresa de consultoria. “Verdade seja dita que se as empresas não desenvolvessem projetos de investimento não haveria área de incentivos na Baker Tilly. Logo, um projeto destes tem que ser feito na ótica de parceiros”, defende o nosso interlocutor, em entrevista à Revista Pontos de Vista, lembrando que, neste sentido, “as empresas têm total liberdade para intervir e opinar sobre o desempenho da entidade”.
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oão Aranha salienta ainda a experiência e, consequentemente, o bom acompanhamento dos projetos como um aspeto essencial na vitalidade da Baker Tilly e dos seus parceiros. Apesar de ser uma empresa com ‘apenas’ cinco anos, os colaboradores têm muito mais do que isso em conhecimentos e experiência de mercado, investimento e gestão de incentivos. E isso aporta confiança a todos os clientes, sejam recentes ou mais antigos. Falando particularmente sobre o Portugal 2020, a Baker Tilly acompanha e aconselha tanto pequenas e médias empresas (PME) como grandes empresas desde a fase de planeamento de candidatura até ao fim do projeto, passando pelas fases de prestação de esclarecimentos, reembolsos, cumprimento de prazos e análise de resultados. Resultados esses que são consequência de uma parceria entre a Baker Tilly e as entidades com que trabalham. “Ser parceiro em qualquer negócio significa parBaker Tilly, uma empresa conhecida e reconhecida Em 2014, e pelo quinto ano consecutivo, a Baker Tilly foi reconhecida pela consultoria fiscal International Tax Review como Leading Tax Firm em Portugal. No mesmo ano recebeu a menção de Transfer Pricing Firm of the Year. “Foi a primeira vez que este prémio foi atribuído a uma auditora-consultora fora das denominadas big four em Portugal”, conta João Aranha. Orgulhoso do desempenho da empresa, o sócio garante que os “prémios refletem o trabalho que temos vindo a desenvolver nestes cinco anos”. Os prémios da International Tax Review baseiam-se em questionários feitos a empresas que já tenham trabalhado com a entidade nomeada. Como tal, a sua obtenção mostra que “o mercado reconheceu tudo o que temos feito”.
João Aranha
tilhar risco e resultados”. E por acreditar de facto nesse método é que a Baker Tilly trabalha maioritariamente em success fee, ou seja, só recebem os honorários “se o projeto for aceite [no Portugal 2020] e se houver verbas para o nosso parceiro”, ressalva João Aranha. Estamos, deste modo, a falar de uma competitividade de salientar no que concerne aos honorários. “Acredito que somos bastante competitivos, conheço o mercado e posso afirmá-lo com toda a convicção”, garante. Todos estes fatores contribuem para um bom planeamento dos projetos que se enquadram no Portugal 2020 e são o resultado de uma empresa que, mais do que a prática, tem gosto pelo que faz. “Sinto-me parte, o tal parceiro das entidades que apoiamos. É ver um projeto nascer, sentir a garra, a ambição do promotor a desenvolvê-lo e nós sermos exactamente parte disso. É motivador”, conta João Aranha. Portugal 2020 – uma janela aberta para as PME e para a economia O Portugal 2020 é um programa de incentivos que vai ter um papel impulsionador na I&D,
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inovação, internacionalização e exportação das PME, bem como das grandes empresas. E desta forma, há uma dinâmica visível na economia portuguesa. “É normal que muitas empresas tenham projetos na ‘gaveta’ à espera deste tal incentivo. Portanto, há uma grande expectativa para que abram todos os concursos para as empresas promoverem os seus investimentos”, referencia João Aranha. Depois de um período de crise financeira, as empresas “tornaram-se mais fortes a nível organizacional e estratégico” e mostram-se agora capazes de voltar ao mercado, investir e crescer. O sócio da Baker Tilly acredita que o Portugal 2020 é “um mecanismo poderoso para alavancar esses investimentos” e trará uma “maior dinâmica à economia” em Portugal. Sobre 2015, João Aranha prefere ser cauteloso, uma vez que será o início de um novo ciclo económico. No entanto, garante que “os frutos do crescimento serão mais mensuráveis em 2016. Temos expectativas elevadas para esta alavancagem que as empresas podem ter nos seus investimentos com a ajuda do Portugal 2020”, salienta o nosso entrevistado.
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Financertus – 25 anos de Experiência Ao longo de 25 anos de atividade, a Financertus tem vindo a conquistar admiração e prestígio através do seu desempenho global, ou específico num dos diversos domínios da sua intervenção, onde cada processo é encarado como um desafio e como sendo único, pois cada cliente/parceiro é tratado como um só, ou seja, o tratamento é sempre personalizado, pois só assim é possível criar uma relação de confiança sustentada. A Revista Pontos de Vista conversou com José Manuel Inácio, Diretor Geral da Financertus, que nos deu a conhecer um pouco mais da marca e da iniciativa Portugal 2020. A Financertus assume-se como uma empresa de consultoria especializada nas áreas do turismo e de hotelaria, que tem vindo a conquistar o seu espaço no mercado em que atua. Que balanço é possível perpetuar de 25 anos de atividade?
Comemoramos este ano o nosso 25º aniversário, fazendo-o com o orgulho de quem olha para trás e vê um percurso bem traçado e repleto de projetos gratificantes. Contribuímos com o nosso trabalho para a realização de muitos empreendimentos turísticos, ajudando a desenvolver a economia e potenciar uma atividade estruturante para o país. Da sua experiência, que análise perpetua do programa Portugal 2020? Que mais valias aporta e quais as principais lacunas que ainda identifica?
O Portugal 2020 está estruturado para a contratualização de resultados, disciplinando as empresas na montagem dos projetos. Contudo, entendemos que a legislação de base continua a evidenciar alguma subjetividade na sua interpretação. O atual Quadro está formatado para apoio à atividade empresarial determinada em realizar bons projetos, não devendo haver lugar a iniciativas que não sejam devidamente estruturadas. Em que ponto se encontra a Financertus no domínio da iniciativa Portugal 2020?
A Financertus tem em carteira diversos projetos de análise/montagem dos respetivos planos de negócios e aferição da sua viabilidade económica e financeira. Prestamos apoio técnico a diversas instituições de relevo que pretendem assegurar tarefas especializadas no desenvolvimento das suas iniciativas. O Portugal 2020 agrega uma dotação de 21,46 mil milhões de euros para os próximos 7 anos e vai cativar uma verba de 6200 milhões para financiar as PME´s. Tendo de base estes valores, quais são as suas expetativas para o novo ciclo de apoio europeu?
Para o novo ciclo de apoio europeu perspetiva-se uma forte adesão das PME, até pelo facto de presumivelmente ser o último grande pacote de fundos para Portugal.
42% dos fundos do Portugal 2020 estão destinados à competitividade e internacionalização. Com as empresas em primeiro plano, o Portugal 2020 irá trazer uma maior dinâmica à economia portuguesa? Que reflexos terá, por exemplo, ao nível do emprego?
O Turismo terá um forte enfoque na requalificação da oferta existente e na reabilitação urbana, traduzindo-se numa superior capacidade para captar/consolidar mercados internacionais, na melhoria da imagem e qualidade de vida das cidades. A criação/qualificação do emprego está intimamente associada à qualidade dos serviços prestados no setor, sendo um dos critérios de base na avaliação do mérito dos projetos. Em que medida o Portugal 2020 veio reforçar uma lógica que já estava subjacente ao QREN que é a prioridade no apoio ao investimento nas PME’s?
Veio reforçar o papel das empresas na criação de riqueza para a economia portuguesa, atendendo a que cerca 99% do tecido empresarial português é composto por PME. Do ponto de vista do setor do turismo é positivo, pois é uma atividade em constante revitalização, onde as necessidades de investimento são permanentes. Um dos problemas que sempre surge associado aos programas comunitários é a burocracia e a complexidade dos regulamentos. De que forma a Financertus pode facilitar estes processos?
Na adequação das soluções escolhidas à legislação aplicável, nas várias vertentes abrangidas na implementação e funcionamento do empreendimento turístico, com articulação e apoio técnico e funcional aos vários intervenientes. De que forma a Financertus pode apoiar as empresas portuguesas interessadas em candidatar-se aos programas no âmbito do Portugal 2020? Quais os serviços que a empresa tem capacidade de prestar neste âmbito?
Com a elaboração de estudos de mercado e uma cuidada Análise Económica e Financeira; na elaboração de pré-análises de enquadramento às linhas de financiamento disponíveis, bem
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José Manuel Inácio
como na realização de candidaturas a incentivos comunitários e outros recursos alternativos; no acompanhamento junto das entidades oficiais e banca durante a sua fase de análise; no estudo e desenvolvimento da imagem corporativa dos estabelecimentos. 2015 vai ser o ano de maior execução de fundos europeus desde a integração de Portugal na UE. Serão cerca de quatro mil milhões de euros: do final do QREN e já do Portugal 2020. Este será um ano decisivo para a economia nacional e o seu tecido empresarial? Quais as suas expetativas para 2015?
2015 será o início de um ciclo favorável ao país no âmbito deste Quadro Comunitário, até porque os últimos anos do QREN foram influenciados negativamente pela conjuntura económica e financeira adversa, e desde setembro de 2013 que as candidaturas estão encerradas. Assim, o tecido empresarial não só está expectante quanto aos apoios que se poderão vir a verificar, como necessitado de redinamizar as suas áreas de negócio no sentido da criação de fatores de competitividade que lhes permita projetar um futuro melhor.
PORTUGAL 2020
A OPINIÃO DE Miguel Taborda (migueltaborda@spi.pt), Consultor da Sociedade Portuguesa de Inovação
As novas oportunidades
de financiamento para as empresas no período 2014-2020 A Estratégia Europa 2020, lançada em 2010 para os dez anos seguintes, é a estratégia da União Europeia para o crescimento e o emprego. Esta estratégia visa não só a saída da crise, da qual as economias estão, gradualmente, a recuperar, mas também colmatar as deficiências associadas ao modelo de desenvolvimento europeu, criando condições para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.
A
este propósito é importante sublinhar que, para apoiar a consecução dos objetivos definidos na Estratégia Europa 2020, a Comissão Europeia propõe-se investir, no período 2014-2020, mais de um bilião de euros, dos quais cerca de 32,5% nos instrumentos da política de coesão (redução das disparidades entre os níveis de desenvolvimento, seja na coesão social, seja na criação de oportunidades em todo o território da União).
“Para além das prioridades definidas no COMPETE 2020 e dos concursos que deverão estar disponíveis muito brevemente para as empresas, foram publicados no final de 2014, os primeiros avisos para apresentação de candidaturas aos Incentivos à Qualificação e Internacionalização das PME - Tipologia Projetos Conjuntos”
Uma nota digna de destaque é também o facto de o Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) dispor de 4,4 mil milhões de euros, concentrando perto de 40% dos fundos dos Programas Operacionais Temáticos, com vista ao reforço da aposta na investigação, no desenvolvimento tecnológico e na inovação; ao estímulo da competitividade das PME; à promoção dos transportes sustentáveis; e à garantia da sustentabilidade e da qualidade do emprego. Sendo o COMPETE 2020, a par dos Programas Operacionais do Norte e Centro, um dos principais programas de apoio às empresas, importa salientar, após uma análise das suas principais prioridades, um conjunto de iniciativas relevantes que as empresas devem poder desenvolver e ver financiadas, nomeadamente a consolidação de estratégias de investigação, desenvolvimento e inovação (IDI), a otimização das relações de cooperação entre empresas e entre estas e entidades de ciência e tecnologia (C&T), a concretização de estratégias de cooperação no âmbito de atividades de investigação e desenvolvimento (I&D), e as abordagens integradas à IDI e internacionalização. Para além das prioridades definidas no COMPETE 2020 e dos concursos que deverão estar disponíveis muito brevemente para as empresas, foram publicados no final de 2014, os primeiros avisos para apresentação de candidaturas aos Incentivos à Qualificação e Internacionalização das PME - Tipologia Projetos Conjuntos. Estes concursos, que se encontram abertos até ao dia 13 de fevereiro, prevêem o apoio a projetos que visem ações de promoção e marketing internacional, e de conhecimento e acesso a novos mercados (na tipologia internacionalização), bem como ações conjuntas que visem a qualificação das PME em domínios imateriais, direcionadas para o aumento da competitividade, da flexibilidade e da capacidade de resposta no mercado global. Os beneficiários são empresas PME de qualquer natureza e sob qualquer forma jurídica, integrados em projetos conjuntos promovidos por entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos, de natureza associativa e com competências específicas dirigidas às PME, nomeadamente associações empresariais, câmaras de comércio e indústria, agências regionais de promoção turística, assim como outras entidades não empresariais do Sistema Nacional de Investigação & Inovação. Os projetos a concurso devem apresentar um programa estruturado de intervenção num conjunto composto por PME (plano de ação conjunto).
Fonte: SPI
A nível nacional, foi desenvolvido o Acordo de Parceria, denominado Portugal 2020, que corresponde à aplicação do novo quadro comunitário para o período 2014-2020 e que surge, por um lado, da leitura do contexto nacional e, por outro lado, do alinhamento com as grandes prioridades europeias. O Acordo de Parceria, que Portugal submeteu à Comissão Europeia e viu aprovado em julho de 2014, estrutura as intervenções, os investimentos e as prioridades de financiamento fundamentais para promover, no nosso País, o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo no período 2014-2020. Segundo o Acordo de Parceria: “Os fundos estruturais serão, entre 2014 e 2020, o instrumento essencial de apoio ao desenvolvimento do País e à correção das assimetrias regionais que ainda persistem. Hoje o principal défice do país não é um défice de infraestruturas, mas sim de competitividade. Por isso, o primeiro objetivo para os fundos é a dinamização de uma economia aberta ao exterior, capaz de gerar riqueza de maneira sustentada”. Uma análise mais fina à arquitetura dos fundos da política de coesão no âmbito do Portugal 2020, permite concluir que as regiões Norte e Centro receberão mais cerca de 25% do que no anterior quadro comunitário (2007-2013) e que as às PME caberá a maior fatia orçamental (mais de 6 mil milhões de euros).
Fonte: SPI
Sobre a Sociedade Portuguesa de Inovação – SPI (www.spi.pt) 86
PME EXCELÊNCIA
Por céu, terra ou mar, conheça a “best in class” “Quando há uma vontade, há um caminho”. Em 2011, reunindo o conhecimento adquirido ao longo de vários anos de experiência, nasceu a Join The Moment Transitários (JTM), uma empresa portuguesa que, desde a sua génese, tem demonstrado uma capacidade única nos transportes de carga, por via terrestre, marítima e aérea. Fruto da determinação dos seus fundadores, a JTM tem percorrido um percurso ímpar, sendo hoje líder ibérico de transporte aéreo, o grande know how da empresa. Com dedicação, energia e empenho, a família JTM tem crescido ano após ano, o que muito orgulha o presidente da empresa, Carlos Magalhães.
João Val
C
arlos Magalhães, presidente da Join The Moment Transitários, formou-se em Engenharia Aeronáutica, o que lhe deu uma singular “bagagem” no desenvolvimento desta área. Ao longo da sua carreira trabalhou em algumas empresas de transitários e de agenciamento de companhias de aviação mas, em determinado momento, foi necessário arriscar em voos mais altos. A JTM, apesar de ter sido criada em agosto de 2011, reúne o conhecimento adquirido ao longo de muitos anos de experiência, sobretudo no transporte aéreo, uma vertente que concentra o grande know how da empresa. Conta atualmente com escritórios no Porto, Lisboa e Espanha, num total de cerca de 55 funcionários que, para Carlos Magalhães, são a pedra basilar do sucesso desta empresa. “Nesta área de atividade a liderança e a estratégia de uma empresa são muito importantes mas, para nós, o capital humano é, sem dúvida, o ponto fulcral. Somos uma equipa jovem, dinâmica, extrovertida, criativa e é essa dinâmica que queremos projetar todos os dias para o exterior”, assegurou o responsável. Nesta empresa que, mais do que um local onde todos se encontram para trabalhar, é uma família, o sucesso passa pela comunicação entre todos os membros da equipa. A vontade de querer mais e fazer sempre o melhor tem norteado a atuação de uma organização que tem crescido todos os anos, tanto na componente económica como na vertente humana. “Temos vindo a incorporar na equipa novos colaboradores, pessoas com vontade de trabalhar e que entendem muito bem a ideologia da empresa e a nossa forma de operar”, reforçou Carlos Magalhães. Hoje, no que se refere à atividade em Portugal, os números associados à JTM dão vigor à sua credibilidade e eficiência. Assim, falar de JTM em Portugal é salientar uma faturação acima dos cinco milhões de euros e um transporte anual, em média, de mais de 120 mil toneladas. São valores bastante animadores mas os objetivos continuam altos. Apostando fortemente no crescimento do volume de negócios em Portugal e Espanha, a empresa quer manter estes rácios de crescimento no nosso país e estimular o mesmo em território vizinho. As características inerentes à organização e os resultados até hoje obtidos são prova de que tudo isto e muito mais é possível. “O know how que transmitimos,
Carlos Magalhães
o nosso poder de resposta no imediato a todas as solicitações e problemas e a qualidade dos nossos vendedores que estão no terreno e que conhecem a orgânica da empresa como ninguém são as nossas principais mais valias”, exemplificou. Não é por acaso que a JTM instituiu o lema “best in class” para se apresentar no mercado. No fundo, mais do que uma mensagem que querem passar para o exterior, esta expressão reflete o espírito e o desempenho de uma equipa que procura sempre a excelência e que quer “fazer mais e melhor que os outros”, o que num setor muito conduzido pelos preços nem sempre é fácil. “A JTM procura sempre ser transparente com os seus clientes e fornecedores, explicando-lhes todas as movimentações de um mercado que tem muitas influências, particularmente no que se refere às taxas de combustível que variam muito e que felizmente têm vindo a baixar. Os clientes todos os dias têm de procurar preços porque estas condições do mercado variam muito. Por isso, a JTM tem procurado estar sempre na linha da frente e ser competitiva”, asseverou Carlos Magalhães. Esta determinação em fazer sempre mais e melhor trouxe, no ano passado, o reconhecimento de PME Excelência, um estatuto de qualificação empresarial criado pelo IAPMEI. Admitindo que, 87
apesar de não fazer parte do foco desta equipa, Carlos Magalhães sabia que, pela disciplina, orgânica e forma de trabalhar, a qualquer momento a JTM poderia receber este estatuto. O título de PME Excelência, que o responsável espera que seja um reconhecimento contínuo, reforçou a credibilidade para o mercado exterior e, com isso, a empresa espera obter mais e melhores negócios. Tendo em conta as exigências tecnológicas e a importância desta atividade para o progresso de uma economia, a JTM quer continuar a desenvolver serviços “excecionais”. Além de a construção de novas instalações próprias em Matosinhos estar em fase de licenciamento, a empresa quer continuar a reforçar o departamento de informática que tem sido uma mais valia e um fator diferenciador em relação à concorrência. Em suma, colocando os padrões de exigência ao mais alto nível e como resumiu Carlos Magalhães, o futuro da JTM traduzir-se-á na filosofia dos três b’s: “bom, bonito e barato”.
PME EXCELÊNCIA
Americana Papelaria O Grande distribuidor de papelaria em Portugal
A Americana Papelaria, S.A, é hoje uma marca que tem como principal desiderato, ser o melhor parceiro, apostando em pilares como qualidade, confiança e credibilidade, facto que lhe tem conferido um sem número de reconhecimentos e valias, acima de tudo, pelo valor acrescentado que esta marca aporta a todos aqueles que a procuram. Com mais de meio século de atividade, a Americana Papelaria, S.A. foi premiada com o galardão PME Excelência, marca registada do IAPMEI, cenário demonstrativo de que a marca é hoje um dos principais players de mercado no seu setor de atuação. Sobre isto, a Revista Pontos de Vista conversou com António Sousa, Presidente da Administração, onde ficamos a conhecer um pouco mais de uma marca que tem evoluído ano após ano… e já são 58 anos… Quais as principais características da marca e de que forma tem sido a mesma um apoio importante para os vossos parceiros/clientes/consumidores?
Os nossos principais pilares são a qualidade, rigor, inovação e competência. É deste modo que gostamos de estar presentes no mercado e na sociedade.
De que forma é que o contínuo desenvolvimento do negócio da Americana Papelaria, S.A tem vindo a promover constantemente valor acrescentado?
Tentamos acompanhar sempre as tendências de mercado e facilmente nos adaptamos a novas formas de vender e a contactar com os clientes e novos públicos. A nossa equipa é bastante poli-
valente, o que se torna uma mais valia na resposta a novos desafios. A vossa estratégia de negócio está direcionada para dois públicos distintos: empresas e particulares. Isto “obriga” a marca a ter uma forma de atuação diferente perante dois públicos diferenciados?
Sim. É necessário algum “jogo de cintura” para responder às necessidades dos dois públicos pois ambos têm necessidades e interesses bastantes distintos. Felizmente, até à data, temos conseguido responder de forma eficaz aos dois públicos pois adequamos as nossas campanhas, ofertas e promoções de acordo com as necessidades de cada um. 88
Americana Online, Americana Connect e Americana Auto Serviço são três segmentos de serviços colocados à disposição pela marca aos seus clientes. Qual a importância de cada na vossa orgânica e porquê a aposta em modelos de atuação tão distintos? A personalização de cada cliente é um fator fundamental para o vosso sucesso?
Sem dúvida, aliás esses três segmentos foram criados mesmo a pensar na personalização de cada cliente. Cada vertente trabalha os seus clientes de forma única e direcionada. A Americana Connect e Americana Online, cujo slogan é “Vamos até Si”, destina-se a clientes empresariais e de revenda, que têm pouco tempo para deslocações, e por isso precisam de respostas e entregas
Na sua opinião, quais as razões para que a marca tenha alcançado esta distinção? Acaba por ser o resultado de vários fatores: o trabalho constante da nossa equipa; as boas relações com clientes e fornecedores; as boas relações com a banca; o crescimento constante ao longo dos anos; e o facto de termos o know-how de mais de cinquenta anos no mercado da papelaria.
rápidas. A primeira é acompanhada pela nossa equipa comercial, com os nossos Gestores de Clientes; já a segunda é destinada a clientes mais independentes que sabem o que querem comprar e precisam de pouco apoio comercial. Grande parte destes clientes encontram-se espalhados por todo o país. Na vertente Americana Auto Serviço, com o slogan “Venha até Nós”, privilegiamos o contacto direto com os clientes. São clientes que gostam de estar a par das novidades e preferem um atendimento personalizado.
O nosso modo de atuação acaba por manter-se fiel ao habitual, esta distinção apenas nos traz reconhecimento pelo nosso trabalho.
A PME Excelência é uma marca registada do IAPMEI e trata-se de um estatuto de qualificação empresarial criado pelo IAPMEI, numa parceria com o Turismo de Portugal e um conjunto de 9 Bancos Parceiros. A Americana Papelaria, S.A. foi uma das premiadas com este galardão no ano passado. Qual a importância deste galardão?
Que desafios se colocam à marca para 2015? O que espera deste ano e o que podemos esperar da Americana Papelaria, S.A.? Para 2015, esperamos um ano semelhante a 2014, com um crescimento moderado. Vamos manter as nossas ações de 2014, como o Pátio das Artes, que é um grande evento dedicado às manualidades e artes, que costuma decorrer no início de junho no nosso Auto Serviço e que costuma juntar mais de 1000 pessoas em dois dias de workshops e atividades relacionadas com os trabalhos manuais. Além disso, vamos continuar a apostar no mercado africano e tentar reforçar a nossa presença além-fronteiras.
Esta distinção vem ajudar a solidificar o nosso estatuto de grande distribuidor de papelaria em Portugal, de empresa credível e consistente ao longo destes 58 anos. O que muda na dinâmica da marca com o título de PME Excelência tanto a nível da orgânica da marca, ou seja, a nível interno, como na relação com mercados e parceiros externos?
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O que muda na relação com o mercado nacional e também ao nível internacional? Este é um excelente cartão de visita da marca?
Sim, é um bom cartão de visita, mas o segredo para o sucesso é o trabalho constante e saber apostar no momento certo.
PME EXCELÊNCIA
“Estamos preparados em termos de organização para apoiar os nossos clientes para onde eles forem” Contando mais de 25 anos de experiência nas diversas áreas de assessoria fiscal a nível nacional e internacional, Joaquim Luís Mendes fundou a Grant Thornton Consultores em 1998. Com um grande background em operações internacionais, envolvendo aconselhamento fiscal na constituição de empresas, operações de fusão e aquisição e no arranque de negócios em Portugal, tem igualmente uma larga experiência na área dos preços de transferência e no aconselhamento fiscal em sede dos diversos impostos do panorama fiscal português. Por outro lado, a encabeçar a área de Advisory, liderando os serviços de business consulting com especial relevância na assessoria em avaliações de empresas, fusões e aquisições e project finance, temos Maria José Mendes, profissional com mais de 20 anos de experiência em serviços de Corporate Finance e de Recuperação e Reorganização de empresas. O seu portfólio de clientes cobre os setores de Produção, Serviços, Distribuição, Hotelaria e Atividades Turísticas. São estes os dois Partners da Grant Thornton Consultores com quem a Revista Pontos de Vista esteve à conversa.
Joaquim Luís Mendes, Maria José Mendes e a Equipa da Grant Thornton Consultores
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onstituindo-se como um parceiro válido na realização ou expansão de negócios em Portugal ou qualquer outro país, independentemente da dimensão dos projetos, a Grant Thornton em Portugal opera através de duas sociedades independentes: a Grant Thornton & Associados, SROC, Lda., responsável pela área de Auditoria e Revisão Legal de Contas; e a Grant Thornton Consultores, encabeçada por Joaquim Luís Mendes e Maria José Mendes, encarregue de todos os outros serviços como tax, advisory e outsourcing services. A Grant Thornton Consultores apresenta aos seus clientes soluções integradas, adequadas às suas necessidades, que visam a melhoria da qualidade da informação e concretização dos objetivos e planos futuros dos seus negócios.
A Grant Thornton no mundo Pelo facto de ser uma firma membro da Organização Grant Thornton International que é uma das líderes mundiais na prestação de serviços nas áreas de Auditoria, Fiscalidade e Assessoria, garante elevados padrões de qualidade em mais de 100 países, contando com uma equipa de mais de 40 mil colaboradores que tratam os seus clientes de forma distinta e personalizada. Por essa razão, a empresa afirma-se como um importante parceiro para os clientes que queiram internacionalizar os seus negócios ou partir para novos mercados. “Estamos preparados em termos de organização para apoiar os nossos clientes para onde eles forem. Apenas em algumas zonas de África a organização não está presente”, afirma Joaquim Luís Mendes. 90
Também Gonçalo Guerra, Manager da área de Advisory afirma: “temos que ajudar as nossas PMEs a irem comprar lá fora ou a estabelecerem-se lá fora aproveitando a nossa rede internacional. A Grant Thornton está nesses países pronta a ajudá-los. É esse o espírito do grupo, estar com as empresas que têm dinâmica de crescimento e crescer com eles, aproveitando o facto de que temos uma rede que está em praticamente todo o globo”. As PME Para além de uma grande base de clientes internacional, as PMEs constituem grande parte da carteira de clientes desta consultora que pretende apostar ainda mais nas pequenas e médias empresas nos próximos anos. Até porque, como
“Temos que ajudar as nossas PME a irem comprar lá fora ou a estabelecerem-se lá fora aproveitando a nossa rede internacional. A Grant Thornton está nesses países pronta a ajudá-los. É esse o espírito do grupo, estar com as empresas que têm dinâmica de crescimento e crescer com eles, aproveitando o facto de que temos uma rede que está em praticamente todo o globo”
afirma Joaquim Luís Mendes, “nunca se ligou ao mercado das PME porque olhou-se, durante muitos anos, demasiado para as PSI20, mas as PME sempre funcionaram. Finalmente começa-se a olhar e a perceber os bons exemplos, as boas PME. As pequenas e médias empresas constituem mais de 90% do tecido empresarial, por isso, são muito importantes para a Grant Thornton e é para nós animador que o país comece a perceber que vivemos das PME”. Também a Grant Thornton é uma PME de sucesso e, por isso, este ano, integrou a lista das PME Excelência, algo que, naturalmente, é motivo de orgulho para a empresa. “Fiquei muito satisfeito com a lista das PME excelência, que assenta numa grande diversidade de atividades e escolhidas com base na performance financeira e também no aumento de vendas, o que quer dizer que aumentámos a atividade”, refere Joaquim Luís Mendes. Consultora escolhida pela Comissão Europeia para desenvolver trabalhos de monitoring trustee Outro motivo de orgulho para a Grant Thornton Consultores foi ter sido uma das consultoras escolhidas pela Comissão Europeia para desenvolver trabalhos de monitoring trustee para um dos bancos em Portugal. O que é que significa ser monitoring trustee?
Joaquim Luís Mendes esclarece: “pode dizer-se que somos quase como polícias da Comissão Europeia para aquilo que os bancos se comprometeram a fazer. Em termos de experiência é importante termos alcançado este papel”. “Nós temos desenvolvido, desde há muito tempo, trabalhos de avaliação de empresas, projetos de investimento e ultimamente também trabalhamos muito na área das due diligence e da restruturação e reorganização de empresas, bem como ao nível do outsourcing. Desenvolvemos nos últimos anos alguns trabalhos prolongados com empresas de grande dimensão mas, ultimamente, devido à situação económica e financeira do país, houve uma situação de défice e de condições económicas desfavoráveis em quase todos os países, manifestando-se uma redução dos níveis de actividade em Portugal que foi para nós compensada com trabalhos noutras áreas tal como o referido trabalho de monitoring trustee e de due diligence para suporte de aquisição de negócios, em especial por investidores estrangeiros”, explica Maria José Mendes. No que concerne ao aumento da atividade na área de outsourcing, Joaquim Luís Mendes afirma: “subiu muito porque a própria organização nos incentiva e emotiva com razão. Trata-se de um setor em desenvolvimento porque tudo está a mudar no mundo e hoje uma multinacional tem os seus serviços centralizados pelo que precisa de recorrer localmente a serviços de outsourcing”.
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Os próximos anos “Nos primeiros anos tivemos muitos projetos de investimento no âmbito do QREN que entretanto devido à crise diminuíram um pouco e, por isso, tivemos que direcionar a nossa atuação para outras áreas”, afirma Gonçalo Guerra. Nos anos que se seguem a situação será semelhante, uma vez que, como refere Maria José Mendes, “o novo quadro de apoio é muito virado para a educação e para os projetos na área das ciências e entendemos que também para o setor produtivo, com ênfase nas exportações, enquanto no passado estava muito ligado à criação de infraestruturas e equipamentos produtivos e apoio a determinados setores, como por exemplo o do turismo. Esperamos continuar a assessorar as PME portuguesas no recurso aos apoios disponíveis com vista ao seu crescimento e desenvolvimento”. Para Maria José Mendes “é difícil dizer quais as metas concretas para o futuro mas, obviamente, em termos gerais ambicionamos o crescimento e aumentar a especialização em determinadas áreas de serviço”. Estes objetivos são partilhados por Joaquim Luís Mendes que afirma: “queremos continuar o crescimento que temos estado a desenvolver nos últimos anos, preferencialmente entre os 15/ 20%, e entrar em especialidades para penetração do mercado. Por outro lado, apostar também, cada vez mais, na pequena e média empresa”.
PME EXCELÊNCIA
Impactzero, a excelência de uma PME Apesar de não ser o seu objetivo primordial, a Impactzero obteve a distinção de PME Excelência 2014. Acreditam que este prémio provém de um grande espírito de equipa e do gosto pela excelência.
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omo empresa dedicada à consultoria e desenvolvimento de software, a Impactzero trabalha essencialmente para a banca. Bernardo Machado, fundador e CEO da empresa, explica que executam todo o trabalho inerente a este tipo de serviços, nas suas diversas fases, nomeadamente “análise, desenvolvimento, implementação, testes e manutenção”. Todo este processo, baseado na qualidade e na vasta experiência de todos os colaboradores, permitiu que a empresa atingisse a competência necessária para ser galardoada com o título de PME Excelência. Contudo, Bernardo Machado assume que não estava de todo nos planos. Tinha como principal prioridade obter o lucro necessário para fazer crescer a empresa e manter o desenvolvimento positivo que sempre tiveram. “Ser uma PME Excelência acabou por ser por inerência” de todo o trabalho concretizado e dos resultados obtidos em 2013. Por outro lado, Filipe Pina, Solutions Architect da marca, fala na exclusividade que têm num setor onde não há PME a trabalhar, e acima de tudo, no “companheirismo que existe dentro da empresa e na partilha de conhecimentos”. Jaime Martinho, Development Manager, refere a “responsabilidade e liberdade” que Bernardo Machado sempre lhes permitiu, o que proporcionou uma maior “dinâmica de equipa”. Dinâmica essa que permite que os colaboradores não entrem “em competições internas. Competimos sim com o desafio que é o nosso trabalho, e entreajudamo-nos. Partilhar conhecimento é fundamental para crescermos enquanto equipa e empresa”, assume. Deste modo, e apesar de a distinção ter sido uma surpresa, Bernardo Machado admite que nos próximos anos terá essa ambição de concorrer a PME Excelência e manter a posição a nível nacional. Uma missão pouco difícil, uma vez que a Impactzero pretende continuar a trabalhar para obter um “crescimento sustentável”, através da integração em novos mercados e da obtenção de novos partners. “Estamos maioritariamente direccionados para a banca. Mas estamos sempre à procura e dispostos a investigar outros setores”, garante Filipe Pina. O CEO da empresa partilha da mesma opinião e assume que “podíamos desenvolver software para seguros - e temos alguns prospetos para isso - ou até desenvolver software adaptado para grandes empresas”. Neste sentido não descartam a criação de parcerias, com empresas que “tenham poder para nos «levar» a outros mercados e a conseguir colocar lá os nossos produtos”. “Se surgir algum partner, nomeadamente ligado à banca, que nos queira apoiar, estaríamos disponíveis para estudar e avaliar essa possibilidade, de modo a transformar esta empresa numa entidade que em vez de 60 colaboradores, teria 600”. No entanto, admite que não será qualquer entidade a ter esse privilégio.
Filipe Pina, Bernardo Machado, Jaime Martinho
Bernardo Machado fala ainda em inovação e criação de produtos próprios direcionados para a banca de retalho. Apesar de preferir não divulgar, para já, o que têm planeado neste sentido, adianta que “estamos numa fase da nossa vida empresarial em que podemos dar o grande salto, estão finalmente criadas algumas condições para desenvolvermos alguns produtos nossos”. Por outro lado, pretendem inserir-se no mercado português, uma vez que atualmente exportam 100% dos seus serviços para mercados externos, como França, Reino Unido, Polónia, Holanda, Itália ou Roménia. Apesar de assumir que a empresa tem de trabalhar no sentido de “publicitar aquilo que fazemos”, Bernardo Machado defende que o Governo devia apostar mais nas PME e refere a penosidade da “carga fiscal” como um obstáculo ao desenvolvimento das mesmas, ainda que refira uma maior preocupação e um esforço governamental evidente para contornar esta questão. Critica a burocracia ainda muito presente em Portugal e assume que deveriam ser criados me92
“As PME são aquelas que acabam por criar emprego, por resolver muitas situações e problemas de interioridade. E acredito que muitas dessas empresas, se tiverem um apoio coordenado, possam chegar a outra dimensão” canismos que permitissem às PME uma maior capacidade de contactar possíveis clientes não só a nível nacional, mas também internacional. “Precisamos de contactos de alto nível, a quem possamos mostrar o nosso trabalho e as nossas equipas de excelência”, assume o administrador da empresa de programação e consultoria. Defende que Portugal ainda “olha muito para as
grandes empresas” e não acredita nas capacidades das PME. Ainda que as empresas de maior dimensão sejam responsáveis por uma maior movimentação económica, Bernardo Machado refere a importância que as PME exercem sobre o nosso país. “As PME são aquelas que acabam por criar emprego, por resolver muitas situações e problemas de interioridade. E acredito que muitas dessas empresas, se tiverem um apoio coordenado, possam chegar a outra dimensão”, avança. Na sua opinião, em Portugal, existe a ideia de que basta criar parques empresariais ou “incubadoras” para que haja empresas quando a realidade
é completamente diferente. “Criar possibilidades de negócio” às PME deveria ser o maior desígnio de qualquer entidade de apoio empresarial. Bernardo Machado projeta ainda criar um cluster de testing em território português, uma vez que acredita que é o país ideal para o projeto e que a sua equipa está totalmente preparada para gerir um desafio como esse. Todos os colaboradores falam 2 línguas ou mais (inglês sempre presente) e são profissionais com “grandes talentos”. A longo prazo, o grande objetivo da Impactzero é “tornarmo-nos numa empresa de referência a nível global.”
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“Competimos sim com o desafio que é o nosso trabalho, e entreajudamo-nos. Partilhar conhecimento é fundamental para crescermos enquanto equipa e empresa”
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
“Valorizar território e fixar jovens” A BLC3 nasceu em 2010 em Oliveira do Hospital e trata-se de uma Plataforma cujo objetivo consiste em mudar o interior do país e reverter a flagrante desertificação rural através de tecnologia, inovação, investigação aplicada e desenvolvimento sustentável do território. Simultaneamente é a primeira entidade em Portugal criada para o desenvolvimento das Biorefinarias e da Bioeconomia e “Smart Regions”. O projeto foi pensado e desenvolvido pelo engenheiro João Nunes, e teve um forte apoio da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital que desde logo percebeu que este seria interessante para o desenvolvimento do município e da região envolvente.
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nquanto Plataforma para o Desenvolvimento da Região Interior Centro, a BLC3 assenta no princípio da criação, desenvolvimento e implementação de um projeto de BioEconomia e Smart Regions que permita o desenvolvimento sustentável de territórios, neste caso, da região de Arganil, Góis, Oliveira do Hospital e Tábua, assim como a respetiva replicação para outras regiões de Portugal ou do resto do Mundo, com características, problemas e oportunidades idênticas. Apesar dessas semelhanças, cada região é única e, por essa razão, João Nunes afirma: “eu costumo dizer que nós só trabalhamos com uma empresa, que é a Natureza, e é também esse facto que faz com que sejamos diferenciadores, porque também a Natureza é diferente nas várias partes do Mundo”. Incubadora: “é o resultado do trabalho e não o foco de atividade” Apesar de parecida, em vários aspetos, com uma incubadora de empresas, a BLC3 vai um pouco além de uma simples incubadora na sua missão. “Esse é o resultado do trabalho e não o foco de atividade. Nós na BLC3 temos que construir ideias e projetos relacionadas com o território, sinalizar equipas de investigação constituídas por jovens, captar investimento, ajudar a desenvolver as provas de conceito dos modelos de negócio e, posteriormente, orientar na colocação de mercado, o que resulta naturalmente em projetos que têm que ser incubados. Para além disso, aproveitamos o facto de termos todo este processo e estrutura para receber outras iniciativas, de outros promotores. Alguns deles trabalham de forma muito isolada e têm um modelo próprio, outros precisam mais da nossa orientação. Enquanto as incubadoras, de um modo geral, têm como missão fixar projetos e orientá-los, a nossa é valorizar território e fixar jovens.”, explica. Neste momento, dois dos projetos estão já no terreno (ver caixas de texto), no entanto, são 20 os projetos incubados, os quais contabilizam 28 recursos humanos, entre eles, 17 investigadores na BLC3 e mais quatro em universidades para racionalização de recursos financeiros e equipamentos, e mais três pessoas no apoio de gabinete técnico multidisciplinar para dar suporte à investigação, por exemplo ao nível do desenvolvimento de peças, componentes e montagem, e ainda uma equipa de apoio à gestão das iniciativas e captação de investimento e outros quatro no suporte à gestão e ligação ao mercado. Destes, apenas quatro não estão no terreno o que permite ter uma ideia da taxa de sucesso da associação no que concerne à fixação de jovens. O centro tecnológico e de inovação da BLC3 está dividido em quatro pilares: Cidadania, através de um projeto de inovação educacional que pretende promover a tecnologia e inovação nas escolas;
João Nunes
Energia e Território com o projeto âncora da bio refinaria e um projeto de mobilidade eléctrica de baixo custo para regiões rurais, que não pretende acrescentar muito em termos de inovação tecnológica mas sim no que concerne à funcionalidade; Ambiente e Qualidade de Vida, com uma iniciativa de tratamento de efluentes das indústrias de queijaria que pretende tratar e valorizar os contaminantes e um sistema de isolamento à radioatividade natural dos edifícios, problema que afeta a região centro e norte de Portugal, mas também Espanha, o Reino Unido, a Finlândia, a Suíça, os Estados Unidos e o Canadá, sendo portanto um modelo exportável e cuja taxa de sucesso em laboratório é de 99,9% e superior a 95% em escala real; por fim, um departamento de Agricultura e Tecnologias Alimentares, onde se destaca um projeto de desidratação de fruta inovador face àqueles que podemos encontrar atualmente no mercado. Nestes quatro departamentos estão a ser desenvolvidos dez iniciativas, havendo ainda mais dez projetos complementares, alguns dos quais resultantes de outputs da bio refinaria. “Temos uma rede de cerca de 115 pessoas a cooperar connosco em várias partes do mundo” É este projeto âncora que dá o nome à BLC3, uma vez que a sigla significa Biomassa Lenho-Celulósica e 3 de 3G – Microalgas. Mais do que uma Plataforma para o Desenvolvimento da Região Interior Centro, a BLC3 está assim a desenvolver uma bio refinaria de 2ª e 3ª geração que criará combustível substituto do petróleo a partir das giestas e matos, valorizando os recursos naturais da região. De que forma tem sido possível? 94
João Nunes explica: “eu já trabalhava há muitos anos na área das bio refinarias e tinha contactos em universidades estrangeiras, por isso, comecei a montar uma rede de conhecimento internacional que nos desse credibilidade e massa crítica. Desta forma, na BLC3 temos uma rede de cerca de 115 pessoas a cooperar connosco em várias partes do mundo o que permite também que não tenhamos custos fixos muito elevados. Estes ganham de acordo com o resultado dos projetos e dos objetivos”, explica João Nunes. A BLC3 contou com o apoio do Eng. António Campos e da Prof.ª Helena Freitas. No curto prazo, isto é, dentro de um ano, o Diretor da BLC3 espera que três dos produtos desenvolvidos na associação estejam já nas prateleiras de consumo. No médio prazo, ou seja, em dois/ três anos, espera ter o piloto da bio refinaria completo e a funcionar, trazendo desta forma a realidade de uma grande indústria para o interior – neste momento está em construção a primeira fase da prova de conceito. Por fim, no longo prazo, a meta será fazer da BLC3 um exemplo de replicação a nível nacional, não de forma massiva, nem demasiado idêntica porque cada território tem as suas potencialidades e os seus próprios projetos, mas de forma que o interior do país possa ser ajudado por esta nova visão. Recentemente a BLC3 foi premiada com o segundo lugar nacional nos Prémios Europeus de Promoção Empresarial (European Enterprise Promotion Awards – EEPA), uma iniciativa da Direção-Geral da Empresa e Indústria em colaboração com o IAPMEI, que visa distinguir as melhores práticas de promoção do empreendedorismo na Europa.
valorizado pela presença destas propriedades, se existir um sistema de qualidade seguro que permita garantir a ausência de compostos tóxicos no mesmo. A iFungHealth aponta assim para ambas as vertentes essenciais para a valorização e promoção deste alimento. De que forma a IFungHealth, através da investigação que desenvolve, tem vindo a dar uma resposta ao problema da toxicidade? Como funciona o sistema que desenvolveram para diminuir os problemas associados a intoxicação por consumo de cogumelos silvestres? A investigação em tecnologias avançadas de sistemas biotecnológicos para a deteção de toxinas em cogumelos tem sido uma das principais contribuições da empresa iFungHealth, visando desta forma obter um impacto direto na saúde pública e segurança alimentar. A empresa pretende assim criar um sistema rápido, seguro e de fácil manipulação e interpretação, que visa uma aplicação in situ quer a nível hospitalar, quer a nível da indústria alimentar. Breve entrevista a Marta Leite, Manager da IFungHealth Em que medida a IFungHealth pretende responder às necessidades acrescidas de valorização e promoção de um coproduto florestal – os fungos? A empresa iFungHealth tem como objetivo primordial a investigação e desenvolvimento de produtos e prestação de serviços na área da toxicologia analítica e clínica associada a fungos. Este conceito surgiu pela necessidade de valorizar os cogumelos enquanto alimento nutricional e nutracêutico e, por outro lado, pela problemática acrescida das intoxicações por cogumelos silvestres a nível mundial. Os fungos apresentam-se como excelentes fontes de biomoléculas e com atividades biológicas que poderão ir desde atividades antioxidantes a anticancerígenas. Na ótica do consumidor, tal alimento poderá ser mais
Em que ponto de situação se encontra atualmente o projecto? O projeto em vigor encontra-se numa fase preliminar de prova conceito, que engloba testes de eficiência e especificidade de forma a garantir que o protótipo final apresente as características necessárias para uma deteção eficaz. Por outro lado, a iFungHealth está a realizar trabalhos de caraterização e investigação de biomoléculas de cogumelos silvestres e de produção.
de biomoléculas em cogumelos nativos e trufas, reforçando dinâmicas de investimento principalmente nas indústrias agroflorestal e alimentar. O que é que a Voz da Natureza traz de inovador à área da micologia? A empresa empenha-se em inovar e implementar novas soluções para o mercado atual, apostando numa visão sustentável e apresentando assim produtos e serviços diferenciadores. Produtos mais sustentáveis como: substratos a partir de matéria prima proveniente das florestas da região; inóculos e plantas micorrizadas que têm por base a utilização de espécies fúngicas nativas das florestas da região e adaptadas ao clima e distintas das comercializadas atualmente no mercado. A Voz da Natureza tem como objetivo último a produção e desenvolvimento de procedimentos biotecnológicos, comercialização cogumelos e inóculo de fungos silvestres nativos, técnicas de micorrização e truficultura.
Breve entrevista a Inês Ferreira, Manager da Voz da Natureza Como é que surgiu este projeto? O projeto Voz da Natureza surgiu da necessidade de valorização dos coprodutos florestais, em particular os fungos, na Região Interior Centro, resultante de atividades de investigação. A falta de conhecimento por parte da população local tem levado a um diminuto aproveitamento deste recurso tão abundante na região, por isso a empresa tem como principal intuito formar e informar a população local. A empresa tem como atividade principal a investigação científica e biotecnológica associada ao desenvolvimento de produtos inovadores e diferenciadores em micologia. A empresa surgiu também no âmbito do desenvolvimento de atividades de investigação científica
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Os produtos desenvolvidos pela Voz da Natureza estão já a ser comercializados? Como perspetiva os próximos tempos? Os produtos da Voz da Natureza serão comercializados muito em breve, neste momento a empresa encontra-se na fase final de delineamento da sua marca e imagem, a MicNatur. Teremos à disposição do consumidor três novas variedades de cogumelos comestíveis, assim como inóculos de fungos silvestres nativos da região e kits para produção caseira. Futuramente a empresa terá também ao dispor dos seus clientes plantas micorrizadas com diferentes espécies fúngicas nativas da região.
Marcas QUE Contam
D’Ornellas Boots: conforto, singularidade e elegância A D’Ornellas Boots é a nova coqueluche do calçado nacional. Os métodos de produção manuais e os materiais de topo utilizados garantem padrões elevados de qualidade, bem como a singularidade de cada peça. Aliar o conforto ao design único é aquilo que o criador, Gonçalo D’Ornellas e Vasconcellos, garante com esta bota que pode ser usada quer no escritório, de fato e gravata, quer em ambientes mais descontraídos, uma vez que conjuga na perfeição o clássico ao desportivo. Pela sua versatilidade e qualidade, a marca, apesar de jovem, já conquistou clientes em todo o mundo, nomeadamente algumas figuras públicas de destaque.
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uem conhece Gonçalo D’Ornellas e Vasconcellos associa de imediato qualidade ao nome. O conceituado criador de cavalos atualmente dedica-se à criação de Lusitanos vocacionados para o toureio, muitos dos quais campeões nos mais diversos certames. Aventureiro e empreendedor, Gonçalo D’Ornellas lançou-se num novo desafio: a conceção de uma gama de botas para homens e mulheres, feitas à mão por artesões altamente especializados e 100% em pele. “Eu sempre defendi a qualidade e acho que aquilo que tem qualidade se torna mais barato do que os produtos que não têm. Começámos com as botas de homem e agora já temos modelos também para mulher, as quais têm feito bastante sucesso. Usamos as melhores peles adquiridas nos mesmos forncededores de grandes marcas mundias- Burberrys e Crockett & Jones - evoluímos também em termos da densidade da borracha e qualidade das peles, entre outras coisas”, garante. As primeiras pessoas a usar esta bota, que está a fazer sucesso entre aqueles que estão mais atentos à
Gonçalo D’Ornellas e Vasconcellos
moda, foram algumas figuras de destaque quer no panorama nacional, quer em Espanha. João Gil, José Carlos Pereira, os Anjos, a decoradora Maria Barros ou os toureiros Diego Ventura, El Juli e Miguel Angel Perera são alguns exemplos. D’ornellas Boots na Moda Lisboa O marco mais importante do ainda breve percurso da D’Ornellas Boots foi “o convite para participar na Moda Lisboa no ano passado. Depois disso, criámos este showroom, sendo que o próximo passo será abrir a nossa própria loja, um espaço onde as pessoas possam beber um café e tomar conhecimento do método de fabrico da D’Ornellas Boots, uma vez que todas as botas são feitas em pele e são fabricadas com métodos antigos de elevada qualidade. Queremos vender em loja própria e não em lojas multimarcas para que as pessoas saibam o que estão a comprar, percebam o conceito da bota, toquem na pele e sintam a valorização do feito à mão e dos materiais. Enfim, queremos apostar na qualidade 96
e também no atendimento aos clientes”, explica Gonçalo D’Ornellas. Para o criador, a diferença faz-se em pormenores e, por isso, a marca está também a apostar em novos sacos e caixas para as botas, assim como em novas estratégias de marketing. 2015 deverá ficar marcado pela abertura da loja, na zona da Avenida da Liberdade, e que funcionará quase como uma concept store. Num prazo mais alargado o objetivo será criar também uma linha de malas de viagem e carteiras de senhora. No entanto, Gonçalo D’Ornellas está ciente de que o crescimento deverá ser sempre controlado, sem passos maiores do que as próprias pernas, até porque “sendo uma bota fabricada à mão, não conseguimos explodir, de repente, em quantidades imensas”. Ainda assim, a D’Ornellas Boots já anda por todo o mundo, com vendas para Israel, Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha ou Bélgica, através da internet. Depois da abertura de portas em Portugal, a ambição é seguir o exemplo noutras capitais a nível mundial. “Os projetos não se fazem de um dia para o outro. Estamos numa fase embrionária mas se aguentarmos três ou quatro anos depois tudo será mais fácil. Daqui a dez anos gostava muito de já estar em algumas capitais, quem sabe com loja própria. Na minha ótica, os projetos têm que ser desenvolvidos com paixão para vingarem, é essa paixão que tento pôr em tudo em que me envolvo e, por essa razão, posso-me orgulhar em dizer que a marca tem crescido muito por teimosia minha!”, afirma Gonçalo D’Ornellas. A D’Ornellas Boots tem atualmente três modelos disponíveis: o modelo clássico de atacadores as “D’Ornellas” e, mais recentemente concebidos, uma bota com elásticos laterais, as “Chelsea D’Ornellas Boots” e uns sapatos (ainda sem nome), que podem ser comprados em diferentes cores através da página http://www.dornellas.pt, do facebook ou do showroom da marca, no número 62 da Rua de Santa Marta, em Lisboa.
OS MELHORES LACTÍCINIOS
LactAçores – Uma Marca de Sucesso A LactAçores é uma União de Cooperativas de Lacticínios dos Açores que comercializa, em exclusivo, produtos originários das ilhas do arquipélago, nomeadamente leite, queijo, manteiga e nata. Esta união de cooperativas nasceu há pouco mais de 10 anos com o objetivo de promover comercialmente os produtos produzidos por cada uma das suas associadas, nomeadamente a Unileite em São Miguel, a Uniqueijo em São Jorge e a Calf no Faial.
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lgumas das marcas comercializadas pela LactAçores: Nova Açores, São Jorge DOP, Ilha Azul, São Miguel, Famoso, Topo, Beira, Lourais, Capelinhos e Moledo. A LactAçores assume assim a distribuição, armazenagem e apoio logístico, sustentando-se em elevados níveis de solidariedade para explorar as economias de escala que desta união advêm. As vendas de 2014 representaram um volume acima de 60 milhões de litros de leite e cerca de 10 milhões de quilos de queijo e manteiga transacionados e uma faturação a rondar os €75 milhões de euros. Números, para os quais, os mercados externos representaram cerca de 10%. A LactAçores exporta atualmente para 17 países em quatro continentes: Espanha, França, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Polónia, Reino Unido, Brasil, Timor, Holanda, Angola, Cabo Verde, Itália, Guiné, Moçambique, Luxemburgo, tendo recentemente iniciado as suas exportações para a China.
No ano de 2014, a LactAçores e as suas associadas viram reconhecidos os seus produtos, quer a nível nacional, quer a nível internacional, através de diversos concursos, nomeadamente: Sabor do Ano 2014, Concurso International Cheese Awards Nantwich 2014, Concurso Nacional de Queijos tradicionais portugueses com nomes Qualificados e Concurso Queijos de Portugal. Estes prémios são um excelente cartão de visita de uma marca de sucesso conhecido e reconhecido por todos e que continua a marcar a diferença e a promover valor acrescentado aos seus produtos. Interessa ainda referir que, na categoria Novos Sabores, o queijo Nova Açores Alho e Salsa foi distinguido como o “Melhor queijo 2014” e, na categoria de queijo de vaca cura normal, o queijo Ilha Azul prato foi distinguido com uma Menção Honrosa. Porque a qualidade é essencial, as Certificações de acordo com as normas ISO 9001:2008, ISO
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22000:2005 e BRC reconhecem o esforço da organização em assegurar a conformidade dos seus produtos e serviços, a satisfação dos seus clientes e a melhoria contínua. A estrutura operacional da LactAçores assenta em quatro plataformas logísticas instaladas nas ilhas de São Miguel, São Jorge, Faial e em Vila Franca de Xira. Estes pontos estão equipados com unidades de armazenamento de última geração, bem como de frotas devidamente preparadas para o transporte dos produtos. Tudo para garantir as melhores condições de conservação dentro dos exigentes parâmetros de segurança alimentar. No ano anterior, a LactAçores investiu cerca de 1.000.000 euros na ampliação da sua plataforma logística em Vila Franca de Xira, duplicando assim a sua capacidade de armazenagem de temperatura ambiente. Este investimento permitiu a criação de novos postos de trabalho diretos e indiretos.
OS MELHORES LACTÍCINIOS
“Queremos ser cada vez mais líderes” “A LACTOVIL tenta acompanhar o mercado e tendências mundiais do setor, assim com o decorrer dos anos a empresa foi investindo em tecnologia e desenvolvendo boas práticas sem prejuízo da tradição que foi gerando e aperfeiçoando ao longo dos seus mais de 40 anos de existência”, revela, em entrevista à Revista Pontos de Vista, Pedro Pinto CEO da Lactovil. Conheça mais desta marca que tem na qualidade a sua forma de estar. De que forma a Lactovil se está a preparar para o fim das quotas leiteiras?
A LACTOVIL está na expetativa de entender o que o fim das quotas trará de bom para o setor, no entanto estamos convictos que para a produção leiteira será prejudicial o fim das mesmas. Acreditamos que para todos os produtores que se foram modernizando e adaptando às novas exigências será mais fácil a adaptação à nova realidade. O futuro do setor é cada vez mais incerto? Como é que o perspetiva?
No que respeita à abolição das quotas leiteiras é nossa convicção que o futuro poderá ser uma incerteza difícil de controlar, no entanto e no que diz respeito às vendas, somos de opinião que o setor tem muito para crescer nomeadamente nas exportações. A abertura de novos mercados pode também contribuir para uma procura mais intensiva dos nossos produtos. Considera que o queijo Tipo Serra da Estrela ajudará no crescimento do mercado dos lacticínios, nomeadamente dos queijos gourmet?
Efetivamente que os queijos de Ovelha,se enquadram no mercado Gourmet, pois são queijos com características muito particulares que o fazem sem dúvida um dos melhores queijos do mundo, é um verdadeiro símbolo nacional, capaz de “espalhar” por todo o mundo a genuína arte de bem fazer dos Portugueses, é um pouco como o vinho do Porto, pois está sempre associado a Portugal. Nos últimos anos a LACTOVIL tem apostado nesta verdadeira maravilha gastronómica portuguesa e verificámos que com o nosso Queijo de Ovelha PASTOR DA BEIRA ALTA, se abriram portas em diversos mercados estrangeiros. Como foi sentido o embargo da Rússia a produtos portugueses no ano passado? Receia que situações como esta se voltem a repetir?
Lamento que decisões políticas limitem tanto o crescimento das empresas, pois na realidade a LACTOVIL foi, salvo erro, uma das duas empresas nacionais que foi bastante prejudicada com o embargo Russo. Na verdade, como se sabe a Lactovil
era, até há cerca de um ano, uma das duas empresas que estariam habilitadas a exportar para a Federação Russa. Apostámos muito neste mercado, e infelizmente como se sabe e por razões que nos são completamente alheias, estes esforços foram todos em vão, pois mesmo que seja levantado o embargo não será fácil aproveitar as sinergias até então “congeladas”. O embargo Russo não afetou só as empresas que forneciam diretamente a Federação Russa, já que com o início do embargo verificou-se um natural aumento de stock`s, sendo que com os excedentes, aumentou também a oferta de produtos na União Europeia, e por consequente uma ligeira queda dos preços. Acredito que tal embargo não venha a repetir-se noutros mercados, pelo menos com o mesmo fundamento e causa, pois a diplomacia com certeza que estará mais atenta! Para que países a Lactovil está a exportar os seus queijos? Qual o peso das exportações na faturação da empresa e quais os mercados mais relevantes?
A LACTOVIL faz chegar os seus queijos aos cinco continentes, estando presente em mais de 30 países, desde o Brasil, EUA, Canadá, Timor, África do Sul, Macau. No entanto, o nosso principal mercado é, na realidade, na Europa, mais precisamente França e Luxemburgo. É com imenso orgulho que fazemos chegar os nossos produtos a toda a população de emigrantes portugueses espalhados pelo Mundo. As Exportações representam a grosso modo cerca de 25% das nossas vendas, têm sido muito importantes no desenvolvimento da nossa atividade, não só pela solidez que nos trazem, mas essencialmente porque são o reconhecimento do trabalho, esforço e dedicação que toda a equipa da LACTOVIL faz ao longo do ano. De que forma na Lactovil conseguem aliar a tradição inerente a uma empresa com mais de 40 anos, à evolução patente no uso das mais modernas tecnologias de fabrico?
A LACTOVIL tenta acompanhar o mercado e tendências mundiais do setor, assim com o decorrer dos anos a empresa foi investindo em tecnologia e desenvolvendo boas práticas sem prejuízo da tradição que foi gerando e aperfeiçoando
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ao longo dos seus mais de 40 anos de existência. São estes valores de tradição e excelência adquiridos com a experiência de décadas que conferem a qualidade inerente aos produtos LACTOVIL, fazendo deles produtos cada vez mais reconhecidos pelos seus consumidores como queijos de inegável qualidade e reconhecido valor. Como carateriza estes mais de 40 anos de Lactovil? Quais as metas que ainda faltam atingir e que quer ver alcançadas nos próximos anos?
A LACTOVIL tem desde a sua existência passado por altos e baixos. Foi criada no ano de 1974 e passou por um longo período de prosperidade, até que no início da década de 90 começou a sentir imensas dificuldades económicas e financeiras, chegando mesmo a cair na insolvência. Foi elaborado para a empresa um plano de recuperação, plano esse que, no fundo, consistiu na entrada de capital através de novos sócios. Assim, no ano de 1994 a LACTOVIL com a entrada dos novos investidores, mais propriamente a família do seu atual Presidente do Conselho de Administração, José Pedro Pinto, tenta dar a volta a esta situação. Com uma reestruturação profunda, José Pedro Pinto consegue, cerca de cinco anos mais tarde, devolver a credibilidade e confiança à LACTOVIL. No início do novo século a LACTOVIL, vira mais uma página na sua já longa existência e entra num processo de fusão com outra empresa do mesmo grupo de investidores. Com a concretização deste processo, nasce uma das mais modernas unidades fabris do setor de queijos no país e com reconhecido nível internacional. Com o aumento da notoriedade dos seus produtos dia após dia, mês após mês, tem conseguido, assim, um aumento de vendas superiores a 2 dígitos nos últimos anos. As marcas com a qualidade da Lactovil como “Queijaria das Pousadas”, “Montanha”, “Lavrador” e “Flor da Estrela”, têm conquistando e fidelizado cada vez mais consumidores, não só no país como no estrangeiro. Queremos ser cada vez mais líderes e aumentar o nosso espaço de vendas para países do Magrebe e Ásia, pois são mercados com forte crescimento e aumento da procura de produtos lácteos.