Revista Pontos de Vista 74

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. maio 2018 | EDIÇÃO Nº 74 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

MEU SUPER

FRANCHISING DIFERENCIADOR

PONTOS DE VISTA NO FEMININO CONTISYSTEMS

GESTÃO DE COMUNICAÇÃO DE CLIENTES

2ª EDIÇÃO DO PRÉMIO JANSSEN INOVAÇÃO

Ana Lopes “A equipa está motivada e empenhada neste processo. É importante que todas as pessoas incluídas neste projeto se sintam parte integrante dele”

FOTO: diana quintela

Head Of Business da Zentiva Portugal




»REFERÊNCIAS MULTIBANCO EM PORTUGAL

“Fazemos o que for necessário para ter um cliente feliz” "Neste momento, somos a única Instituição de Pagamento que permite aos seus comerciantes a aposta em meios de pagamento inovadores 100% nacional e que busca constantemente promover a diferenciação". Telmo Santos e José Veiga dão-lhe a conhecer mais sobre esta instituição de pagamento.

A

TELMO SANTOS E JOSÉ VEIGA

euPago é uma instituição de pagamento 100% nacional, acreditada e supervisionada pelo Banco de Portugal e com especialização no apoio a pagamentos realizados pela Internet. Que características diferenciam a euPago no mercado? A euPago é uma Instituição de Pagamento que nasce de uma empresa de comércio eletrónico, que tem na sua génese dois fundadores com paixão pela tecnologia e pelo desenvolvimento. Esses dois fatores fazem com que a euPago se posicione como uma verdadeira Fintech. Soluções inovadoras e disruptivas são o nosso grande fator diferenciador.

pontos de vista

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No mercado atual é fulcral criar e oferecer soluções flexíveis que correspondam às necessidades dos clientes. Que vantagens ou mais-valias oferece a vossa instituição de pagamento às empresas e particulares? Neste momento, somos a única Instituição de Pagamento que permite aos seus comerciantes a aposta em meios de pagamento inovadores. Um bom exemplo é o MBway: só agora é que os nossos concorrentes começaram a pensar em implementar uma solução que nós já implementámos há anos. Temos integração com SMS, módulos para dezenas de plataformas de e-commerce e softwares de faturação. Para além disso, emitimos referências Multibanco em todas as suas vertentes, com data limite, sem data limite, por tranches, check digit, com ou sem pagamentos duplicados, entre outros. Mais do que um serviço, oferecemos aos nossos clientes a nossa visão, trabalho e dedicação. Fazemos o que for necessário para ter um cliente feliz. As referências multibanco são um método muito popular para o pagamento de compras online em Portugal, existindo diversos sistemas

de referências multibanco. A quem se destina a euPago? A todos! A euPago é democrata. Não fazemos distinções entre clientes, desde que cumpram os requisitos impostos pelas autoridades competentes. Crescem as burlas com pagamentos por referência multibanco. De que forma a euPago certifica a segurança dos seus utilizadores? Tal como referido na pergunta anterior, a euPago cumpre e faz cumprir todas as normas impostas pelos reguladores. Todos os nossos comerciantes são alvo de um escrutínio rigoroso, mas o problema não são os comerciantes. Os nossos clientes são as vítimas e não os criminosos. No entanto, quando as pessoas são alvo de burlas e perdem dinheiro, é natural que fiquem zangadas. Nós compreendemos e tentamos mediar as partes, muitas vezes em nosso prejuízo. A questão da segurança é muito importante para a nossa empresa, ao ponto de termos criado um manual de boas práticas e de tentarmos ajudar a evitar as burlas. Estamos sempre disponíveis para, quando questionados, dar conselhos que possam ajudar os compradores a identificar uma burla. Mas é importante referir que os compradores têm, igualmente, de ter cuidado com as compras que fazem e suspeitar, por exemplo, quando artigos de 200€ estão a ser vendidos por 50€. Por outro lado, cabe também à SIBS a divulgação adequada sobre os ordenantes dos pagamentos. De facto, os portugueses estão muito familiarizados com este meio que utilizam diariamente para pagar todo o tipo de serviços e despesas. Mas estão suficientemente consciencializados para o seu devido uso? Infelizmente não. Mas é importante referenciar que não é o meio de pagamento em si o proble-

ma. O meio de pagamento não é inseguro. Devemos focar-nos na “educação” dos portugueses no que se refere a comprar online Que outros riscos estão associados aos pagamentos por referência multibanco? Os riscos são os mesmos que estão associados a outros meios de pagamento. Efetuar compras num site de classificados ou a uma pessoa através de uma rede social não é o mesmo que comprar num site de comércio eletrónico devidamente identificado. O consumidor deve encarar as compras online da mesma forma que aborda as outras aquisições que efetua. Compra com o mesmo grau de confiança numa loja num shopping e a um estranho que acabou de conhecer na rua? É preciso pensar antes de fazer compras e não comprar por impulso (a preço demasiado baixo). Este é o primeiro passo para evitar burlas. Como é que o utilizador se deve precaver, proteger os seus dados e certificar-se que está a lidar com um recetor legítimo e seguro? Antes de fazer uma compra na Internet, aconselhamos vivamente que tome as devidas precauções. Para fazer uma compra segura: ● Desconfie se o preço do artigo está claramente desvalorizado; ● Se comprar num portal de classificados ou em redes sociais, não pague adiantado. Se possível, faça o negócio presencialmente; ● Antes de pagar, certifique-se que os dados do vendedor são fidedignos; ● Se desconfiar do negócio, investigue antes de pagar; ● Procure referências do vendedor; Se a entidade a pagamento for uma entidade da euPago, e se estiver desconfiado do negócio, contacte-nos. Teremos todo o gosto em ajudar a clarificar a natureza da sua compra. ▪


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Contisystems Os desafios da Transformação Digital

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IFTHENPAY - Referências Multibanco em Portugal

Índice DE TEMAS

P 29

ANL - Opinião de Carlos Cardoso, Presidente do Conselho Científico da Associação Nacional de Laboratórios Clínicos

P 32 e 33

Rainbow As vantagens do Sistema de Limpeza Rainbow

P 40, 41 e 42

Gerber - Fornecedor de soluções de automação da K-Way - Cape Union Mart

FICHA TÉCNICA Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Administração | Redação| Departamento Gráfico Rua Rei Ramiro 870, 2º J 4400 - 281 Vila Nova de Gaia Telefone +351 220 926 879 Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660 4455-518 Perafita Matosinhos

Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.horizonte-de-palavras.pt www.facebook.com/pontosdevista Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas Distribuição Nacional / Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 Dep. Legal: 374222/14

DIRETOR: Jorge Antunes Editor: Ricardo Andrade Rua Rei Ramiro 870, 2º J 4400 – 281 Vila Nova de Gaia PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ana Rita Silva | Elisabete Teixeira GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares | Miguel Beirão | Vítor Santos Design E PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca | Vanessa Taxa

Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua Rei Ramiro 870, 2º J, 4400 - 281 Vila Nova de Gaia E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt Preço de capa:

4,00 euros (iva incluído a 6%) Assinatura anual (11 edições): Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%), Europa: 65 euros Resto do Mundo: 60 euros

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico. exceto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

5 Maio 2018

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista,


» REFERÊNCIAS MULTIBANCO EM PORTUGAL

“AS REFERÊNCIAS MULTIBANCO SÃO A MELHOR FORMA DE PAGAMENTO À DISTÂNCIA EM PORTUGAL” “A nossa estratégia é continuar a liderar este mercado das entidades Multibanco partilhadas, com a continuidade da entrada de mais empresas clientes”, afirmam Filipe Moura e Nuno Breda, ambos Co-Founder e Co-CEO da IFTHENPAY, uma marca que ao longo de 12 anos tem vindo a promover um serviço de excelência e que é hoje um player de enorme prestígio no mercado em que atua, com o desiderato primordial de continuar a crescer.

Filipe Moura E NUNO BREDA

pontos de vista

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IFTHENPAY atingiu no dia 5 de Abril de 2018, mil milhões de euros de volume de pagamentos acumulados. Que significa este número para a marca e de que forma é que a mesma tem vindo a promover um serviço de valia no mercado luso? Filipe Moura (FM) Representa o bom trabalho da nossa equipa, nestes mais 12 anos, e de mais de 11 mil empresas aderentes que confiam em nós, às quais nós agradecemos muito. As Referências Multibanco são de facto a melhor forma de pagamento à distância em Portugal. No conceito de entidades partilhadas, somos líderes de mercado destacados. Com isto tornamo-nos a primeira FINTECH em Portugal a atingir este valor. Temos de agradecer à SIBS a tecnologia que disponibiliza, pois tudo assenta na marca Multibanco que tem mais de 30 anos. Mas, esta foi só a etapa dos primeiros mil milhões… O que queremos é continuar a crescer e que, em breve, possamos multiplicar este valor! Que características diferenciam o IFTHENPAY no mercado? FM - A IFTHENPAY distingue-se por ser espe-

cializada em Soluções Multibanco, seja a Referência Multibanco, ou o MB WAY que iremos lançar brevemente. A nossa interação com a SIBS é muito elevada a todos os níveis. Por outro lado, sempre investimos nas integrações de software, seja os de faturação, seja as Lojas Online. Hoje, muitos destes softwares estão integrados com o nosso sistema, o que traz muitas vantagens para a empresa nossa cliente. Outro ponto que nos distingue é a simplicidade do preço. É só um e é baixo. Apenas 0,70€ + IVA por Referência paga. É simples. Sempre foi assim. Há clientes que até colocam o NIB e a Referência Multibanco na fatura. Só paga se for usada a Referência. E o nosso cliente fica sem qualquer compromisso, pois está sempre totalmente livre. Os nossos clientes gostam muito. Quais são as principais vantagens do serviço de pagamentos por referências multibanco da IFTHENPAY para o universo dos negócios? Nuno Breda (NB) Chamamos a isso o mercado B2B, ou seja, quando uma empresa está faturar a outra empresa. O benefício imediato é que a empresa cliente começa a receber as suas faturas mais cedo, com maior probabili-


dade de ser dentro do prazo de vencimento. A idoneidade da Referência Multibanco ajuda muito a isso, pois quem paga, sabe que aquele pagamento vai ser tratado de forma automática, e isso faz diminuir os atrasos. Quanto às vantagens do processo, o software de gestão importa um ficheiro simples com as referências pagas, emitindo os recibos. Desta forma, este trabalho administrativo de reconciliação de recebimentos, que por vezes demora várias horas por dia, passa a fazer o mesmo em menos de um minuto. E a empresa fica a receber mais cedo.

A IFTHENPAY permite que qualquer programa ou site facilmente possa gerar referências Multibanco. A segurança é um dos pontos chave para a marca? Como perpetuam esse nível de segurança em prol dos vossos clientes? FM Sim, o nosso sistema permite que qualquer software externo se integre. Muitos deles já estão integrados, mas aqueles que ainda não estiverem, podem vir a ficar sem qualquer custo. Está disponível no nosso website um manual técnico que permite a qualquer empresa informática fazer essa integração. A vantagem para essa empresa informática é que fica com um nível de fidelização dos seus clientes muito elevado, ou seja, a empresa cliente final vai querer ficar a usar por mais tempo esse software, pois está integrado com as Referências Multibanco, o que lhe aumenta a probabilidade do recebimento mais célere dos seus clientes. Quanto à segurança, ela é total, pois como costumamos dizer, a única

www.ifthenpay.com coisa que se pode fazer com uma Referência Multibanco, é pagá-la. E o nosso cliente empresarial é notificado de imediato, e tem a certeza que o dinheiro lhe chegará brevemente. Ainda neste tema, as burlas com pagamentos por referência multibanco têm vindo a aumentar. Este mercado ainda não é seguro? Que lacunas ainda faltam colmatar? NB Não são bem as burlas com as Referências Multibanco. São as eventuais inexistências de entrega de bem, seja ele mercadoria ou serviço. Ou seja, uma empresa está a vender um bem. O seu cliente faz um pagamento por Referência Multibanco. A empresa, por qualquer motivo, não entrega o bem no prazo estipulado, e não devolve o dinheiro, tornando-se um problema para o cliente. Mas isto acontece igualmente, se o cliente pagar por NIB para a conta bancária da empresa fornecedora. É igual. A Referência Multibanco é 100% segura. O que pode falhar são as empresas que têm de entregar o bem nos prazos estipulados. Talvez deva haver maior regulação, apesar de serem esporádicos os casos que acontecem. De facto, os portugueses estão muito familiarizados com este meio que utilizam diariamente para pagar todo o tipo de serviços e despesas. Mas estão suficientemente consciencializados para o seu devido uso? NB Sim, creio que sim. O Multibanco existe há mais de 30 anos, e é marca de grande idoneidade. As pessoas confiam muito no sistema Multibanco. Hoje, a grande maior parte das pessoas jovens ou adultas, utiliza o sistema Multibanco com toda a segurança. O mesmo se aplica independentemente do nível de literacia financeira, quase todas as pessoas usam facilmente o Multibanco. É um ótimo sistema, onde a SIBS fez um trabalho extraordinário. E nos últimos anos, tem-se vindo a verificar um aumento significativo do canal Homebanking, seja de particulares ou de empresas, e hoje já representa a maior fatia. ▪

O que podemos continuar a esperar da marca para 2018? Quais os principais desafios? FM A nossa estratégia é continuar a liderar este mercado das entidades Multibanco partilhadas, com a continuidade da entrada de mais empresas clientes. No fundo, é continuar, pois já entram muitas novas empresas clientes por dia, pois já conhecem a nossa marca IFTHENPAY. Em 2017, movimentamos mais de 300 milhões de euros, que representou um crescimento de 45% anual, como pode ver no nosso website www.ifthenpay.com , na secção Nossos Números, que são comprováveis no site do Banco de Portugal. Este primeiro trimestre de 2018 já vamos com um volume de pagamentos de mais de 95 milhões de euros. Acreditamos manter este ritmo até ao final do ano, ultrapassando este ano os 400 milhões de euros. E, como já dissemos, vamos lançar em breve outra solução Multibanco da SIBS, o MB WAY, que já está a ter grande adesão, especialmente para quem usa regularmente o smartphone no seu quotidiano. Igualmente, qualquer empresa pode aderir, sem qualquer custo inicial, onde pagará apenas por transação efetuada.

7 Maio 2018

No mercado de hoje, é fundamental promover, criar e oferecer soluções flexíveis que correspondam às necessidades e exigências dos clientes. Que vantagens oferece a vossa instituição de pagamento às empresas e particulares? NB A nossa Instituição de Pagamento é supervisionada pelo Banco de Portugal, onde, como todos os bancos, temos de prestar informação regularmente. Para o cliente, funciona de forma muito simples. A pessoa pagadora, seja indivíduo ou empresa, faz o pagamento no dia D, o dinheiro chega até nós em D+1, nós transferimos para os nossos clientes em D+2. Sempre da mesma forma, para todos os clientes. Normalmente, esta é uma exigência do cliente, que satisfazemos sempre em pleno. A solução tem ainda a flexibilidade de ser em Real-Time, ou seja, quando o pagamento é feito, a informação chega a todos os intervenientes em segundos. E o cliente pode ver isso na nossa APP gratuita, disponível para qualquer smartphone. Assim, por exemplo, no comércio eletrónico, a nossa empresa cliente pode de imediato enviar a mercadoria para o seu cliente final, com total segurança de recebimento.


» TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

CONTISYSTEMS O SEU GESTOR DE COMUNICAÇÃO com os Clientes Com mais de 50 anos de existência, a Contisystems é uma empresa portuguesa que disponibiliza soluções de Gestão de Comunicação de Clientes, de Impressão e de Pagamento. “Alcançar a excelência como gestor inovador da Comunicação de Clientes” é a missão da equipa de gestão de Duarte Conceição, CEO da Contisystems.

D pontos de vista

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uarte Conceição, CEO da Contisystems há cerca de três meses, já exerce funções na empresa há mais de uma década. Por isso mesmo, as mudanças introduzidas no rumo deste projeto empresarial passaram por reforçar a visão e a missão recentes da Contisystems. “Queremos alcançar a excelência, a qual se consegue continuando a inovar, enquanto gestores da comunicação dos nossos clientes, com a garantia de que cumprimos o que nos comprometemos a fazer”, começa por realçar o nosso entrevistado. Os desafios são constantes e acarretam a necessidade de inovar continuamente. A equipa sabe que cada cliente tem uma ecossistema próprio e que isso ajuda a crescer, aprender e inovar. “São cenários diferentes que nos fazem pensar diferente e fazer diferente. É com orgulho que partilhamos o sucesso das inovações com os nossos clientes”, refere. Foi a pensar nesta necessidade de constante inovação que foi criada uma equipa de gestão intermédia. Constituída por cerca de dez pessoas de diferentes áreas, esta equipa de gestão permite à Contisystems dar uma resposta eficiente nos diferentes domínios. “A par da criação de divisões especializadas para cada uma das áreas de negócio, a constituição desta equipa de gestão é a mudança mais significativa que implementámos. Os resultados têm sido animadores, quer do ponto de vista de garantia de

serviço aos nossos clientes, quer no domínio de processos internos e de criação de valor”, afirma Duarte Conceição.

DESAFIOS DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

DUARTE CONCEIÇÃO

Temos, por isso, a responsabilidade de comunicar com o consumidor final dos nossos clientes, atendendo aos seus canais preferenciais de comunicação

Os processos de transformação digital são transversais a todas as empresas dos diferentes setores. Na Contisystems as mudanças que estão a ser introduzidas procuram ir ao encontro dos desafios da transformação digital, mas não só. Estas mudanças visam essencialmente corresponder às necessidades dos clientes, à missão e visão da empresa, bem como às novas práticas de gestão. “A transformação digital é, de facto, um driver que nos obriga a inovar e a desenvolver novos produtos e a repensar os modelos de negócio”, refere Duarte Conceição. A Contisystems é mais do que uma empresa business-to-business, onde decorrem transações comerciais entre empresas. É, se assim se pode dizer, uma empresa “business-to-business-to-consumer” porque engloba as transações entre empresas e consumidor final. “Temos, por isso, a responsabilidade de comunicar com o consumidor final dos nossos clientes, atendendo aos seus canais preferenciais de comunicação”, acrescenta o nosso entrevistado. O crescimento da empresa assenta quer na exploração de novos mercados no negócio tra-


dicional, quer no desenvolvimento da área digital que já tem um contributo muito significativo no volume de negócios. A Contisystems já se reinventou na sua história em três momentos: quando evoluiu de impressão gráfica offset de grande volume para a impressão de dados variáveis; no momento em que começou a personalizar cartões bancários; e, por fim, em 2015, com o lançamento de uma plataforma multicanal de gestão de comunicação com Clientes, onde se incluem serviços de desmaterialização de documentação, arquivo digital, criação de documentos dinâmicos, etc. “A nossa equipa procura, agora, preparar uma empresa para os próximos 50 anos, deixando um conjunto de boas práticas de gestão e de inovação para continuar a crescer. Para isso, temos de nos transformar continuamente e adquirir a capacidade de nos adaptar às diferentes velocidades dos setores de negócio onde atuamos”, adianta Duarte Conceição.

LIDERANÇA E GESTÃO DE PESSOAS

CONNOSCO, A INFORMAÇÃO ESTÁ SEGURA

A proteção de dados, bem como o cumprimento das mais rigorosas práticas de segurança, é algo “natural” e que esteve sempre presente no percurso da Contisystems.

A Contisystems oferece flexibilidade e agilidade aos seus clientes na logística de entrega de comunicações com segurança ao consumidor final, através de canais físicos e digitais, e com a garantia de que o consumidor final encontrará sempre a mesma informação, apresentada de forma coerente e dirigida de forma personalizada. Isto porque a Contisystems sabe que cada mercado e cada empresa tem o seu cenário tecnológico e a sua estratégia de comunicação. “Temos soluções flexíveis que nos permitem ajustar a diferentes cenários tecnológi-

cos, mercados e estratégias de comunicação”. Para cumprir com as necessidades de suporte, bem como requisitos legais de armazenamento, os documentos gerados são guardados no data centre da Contisystems. Quando questionado sobre o impacto do RGPD na Contisystems, Duarte Conceição mostra-se tranquilo “Naturalmente que estamos a ajustar alguns processos, mas a proteção de dados sempre foi nossa preocupação, estamos preparados para suportar os nossos Clientes no cumprimento do regulamento”. ▪

9 Maio 2018

A valorização do capital humano é algo que já faz parte do ADN da Contisystems. Contudo, atualmente, existe “uma maneira diferente de olhar para as pessoas”. A empresa preocupa-se com cada um dos seus colaboradores pelo que o foco da Contisystems tem sido a aposta na sua formação e na gestão de talento. Quando questionado sobre as características fundamentais que um gestor de equipa deve ter, Duarte Conceição não hesita: “o mais difícil não é gerir um processo ou garantir a execução do mesmo, mas sim garantir que a equipa funciona em sintonia. Temos de olhar para a equipa como um todo e garantir que há capacidade e vontade para fazer acontecer de forma articulada”.


O que me move sĂŁo as pessoas e conseguir trazer ao de cima o melhor de cada um, o que, consequentemente, traz os resultados positivos que estamos a verificar Ana Lopes Head Of Business da Zentiva Portugal


TEMA DE CAPA

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ZENTIVA

GENÉRICOS SEGUROS E EFICAZES

FOTO: diana QUINTELA

A Zentiva, marca de genéricos da farmacêutica Sanofi, anuncia o processo de desintegração da multinacional. Passará a atuar no mercado individualmente, mas continuará a operar com os mesmos valores, de forma a preservar o compromisso de proporcionar medicamentos seguros e eficazes a preços acessíveis e de elevada qualidade aos doentes e clientes em Portugal. Ana Lopes, Head Of Business da Zentiva Portugal, explica-nos todo o processo. Venha connosco saber mais.

FOTO: diana QUINTELA

crescimento de 4,7% em valor no período de 2017-2022. No dia 17 de Abril deste ano foi comunicado que a Advent Internacional, uma das maiores e mais experientes gestoras de private equity em todo o mundo, entra em negociações exclusivas com a Sanofi para aquisição do negócio pelo valor de 1,9 mil milhões de euros. A continuidade do negócio e o seu sucesso são prioridades e, para isso, uma grande equipa trabalha na separação do negócio da Zentiva e da Sanofi. A Zentiva continuará a operar como habitualmente e irá integrar ao longo do processo alguns ajustamentos, de forma a preservar o compromisso de proporcionar medicamentos seguros e eficazes a preços acessíveis e de elevada qualidade aos doentes e clientes em Portugal. Este processo, que se espera estar finalizado até ao final de 2018, está a desenrolar-se de uma forma gradual e contínua. A Zentiva tem uma longa história de fabrico de produtos farmacêuticos de alta qualidade. A sua origem remonta ao século XV, na farmácia Águia Negra, uma das mais antigas farmácias da Boémia, situada na zona histórica de Praga.

Em 1857 esta farmácia é adquirida pela família Fragner, que constrói uma fábrica de produtos farmacêuticos onde atualmente se encontra a sede da Zentiva e as instalações de produção. Atualmente a Zentiva é a única plataforma pan-Europeia totalmente integrada ao longo da cadeia de valor. Tem uma rede industrial competitiva composta por um Centro de desenvolvimento na República Checa, duas fábricas altamente competitivas localizadas na República Checa e em Bucareste e uma plataforma de distribuição também localizado na República Checa. A Zentiva opera em 50 mercados servindo uma população de mais de mil milhões de pessoas. Em Portugal irá ter uma equipa constituída por 31 pessoas, entre a área comercial, de marketing e desenvolvimento de negócio, área financeira, regulamentar e de supply chain.

A MUDANÇA

A marca de genéricos Zentiva leva "Esperança" a todos aqueles que necessitam, respondendo a diferentes desafios na área da saúde. A marca pretende ser um dos principais promotores do uso de medicamentos genéricos

11 Maio 2018

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2 de julho, aquando da mudança da Zentiva para as novas instalações em Miraflores, a empresa começa a operar como Zentiva Portugal, uma empresa independente do grupo Sanofi. Com um passado em comum, as duas empresas passarão a atuar no mercado de forma distinta. Em novembro de 2016 a Sanofi anunciou o seu interesse em desinvestir no negócio de genéricos na Europa focalizando-se nas suas áreas core de atuação como companhia biofarmacêutica global especializada em saúde humana. Este processo surge com a forte ambição para o desenvolvimento do negócio dos genéricos na Europa. O aumento progressivo da autonomia, em resultado deste processo, irá permitir um maior enfoque no crescimento do negócio, com uma mentalidade empreendedora e uma estrutura exclusivamente dedicada à Zentiva, que permitirão criar as melhores condições para o desenvolvimento e sucesso sustentável deste negócio. A Europa é o maior mercado de genéricos em volume com uma faturação aproximada de 30 mil milhões de euros e no qual se espera um


» TEMA DE CAPA

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tendo em vista a satisfação das necessidades num número crescente de doentes. “Para isso faremos a nossa parte alargando o nosso portfólio e trabalhando lado a lado com os vários intervenientes na área da saúde, para que mais pessoas possam ter acesso a medicamentos seguros, eficazes e de elevada qualidade a preços acessíveis”, explica Ana Lopes. O facto de se tornar numa estrutura 100% dedicada a este negócio irá permitir uma maior focalização, o que originará maior agilidade e rapidez. “A equipa está motivada e empenhada neste processo de separação do grupo Sanofi. É importante que todas as pessoas incluídas neste projeto se sintam parte integrante dele. Por isso mesmo, todas as pequenas conquistas que vamos tendo são partilhadas com a equipa”, adianta a nossa entrevista. Para isso, semanalmente, são divulgadas newsletter onde se partilham as informações atualizadas com os colaboradores da Zentiva e da Sanofi. “Temos sentido uma grande recetividade por parte de todos os colaboradores”, afirma Ana Lopes. A Zentiva foi adquirida por um fundo de investimento americano, a Advent International. Com esta transação o fundo pretende investir na marca Zentiva e torná-la numa empresa independente e líder no mercado dos genéricos na Europa. “Isto deixa-nos, obviamente, bastante esperançados com o futuro da empresa. Imediatamente decidi partilhar com todos os nossos clientes esta decisão e foi muito bom sentir toda a recetividade que tivemos. Afirmam ser um excelente momento e querem fazer parte deste processo e do objetivo que é fazer a Zentiva crescer. Estamos a passar por uma fase muito positiva”, acrescenta a nossa interlocutora. O objetivo, esse, passará agora por iniciar uma campanha de divulgação para a marca. “Somos uma marca de genéricos, mas queremos diferenciar-nos no mercado. Para isso construímos uma campanha de comunicação que visa aproximarmo-nos, não só dos diferentes stakeholders, mas também do público em geral que consome os medicamentos Zentiva. É uma campanha naturalmente emocional que nos dá a conhecer como realmente somos e qual o papel ativo que queremos ter na sociedade. Com esta campanha queremos transmitir a forma como queremos estar no mercado, com proximidade, abertura, com um rosto e uma equipa por detrás desta organização para servir os nossos clientes”, adianta Ana Lopes.

GESTÃO DE PESSOAS

A Zentiva, na República Checa, foi eleita pelos mais jovens como a entidade empregadora mais prestigiada no setor da saúde e farmacêutico. Enquanto Head of Business da Zentiva, Ana Lopes afirma que as empresas têm de se adaptar à nova realidade. “Os colaboradores de hoje não são os de há 20 anos atrás. Durante todo este processo de construção de uma nova empresa, tenho verificado que cada vez mais os colaboradores privilegiam a flexibilidade e a capacidade de conciliar a vida profissional com a vida pessoal. Querem ser ouvidos, fazer parte integrante da companhia e consequentemente dos resultados, mostrando um comprometimento e dedicação muito elevados”, explica a nossa entrevistada.

Acrescenta, ainda, que tem a sorte de estar a construir uma equipa, no verdadeiro sentido da palavra, constituída por diferentes backgrounds com diferentes experiências e com uma faixa etária muito alargada, desde o recém-licenciado ao profissional com mais de 25 anos de empresa. “Toda esta diversidade é extremamente enriquecedora desde que se crie o ambiente propício para a partilha, o respeito pela opinião contrária de uma forma frontal e transparente, permitindo que cada

um na sua área específica dê o seu contributo e acima de tudo deixe a sua marca. Para isso é fundamental que cada um saiba qual o seu papel e de que forma pode contribuir para o resultado final”, diz-nos, ainda. Quando questionada sobre que principais características deve assumir um líder e gestor de pessoas, Ana Lopes explica que tudo isto é uma nova realidade para si e que tem usado e abusado do bom senso e da sua sensibilidade como pessoa e como profissional. “O meu papel


FOTO: diana QUINTELA

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é muitas das vezes ser facilitador e ajudar a criar as condições propícias para a abertura de novos caminhos levando a que os processos avancem. Na maior parte das vezes a solução já está identificada e a escuta e partilha são suficientes para que fique mais clara a via a seguir, nunca deixando de ter presente quais os objetivos a que nos estamos a propor”. Para Ana Lopes, o desafio constante e o estimular diário da equipa permite que se traga ao de cima o melhor de cada um levando muitas

vezes a que se superem, e isso é, sem dúvida, muito recompensador. Sabe que é importante reconhecer e celebrar tanto as grandes como as pequenas conquistas, porque todos os grandes sucessos têm pequenos inícios. "Tem sido um desafio exigente, mas ao mesmo tempo extremamente compensador e enriquecedor do ponto de vista profissional e pessoal. Não é só uma questão de levar um negócio em frente, mas sim assumir a responsabilidade

A Zentiva foi adquirida por um fundo de investimento americano, a Advent International. Com esta transação o fundo pretende investir na marca Zentiva e torná-la numa empresa independente e líder no mercado dos genéricos na Europa


» TEMA DE CAPA GENÉRICOS DE QUALIDADE DA ZENTIVA Atualmente, a atividade da Zentiva na Europa está consolidada e a empresa ocupa a terceira posição no setor. Sedeada no coração da Europa, a Zentiva atua em 50 mercados e serve uma população de mais de mil milhões de pessoas. A Zentiva ocupa a quarta posição na Europa de Leste, com uma posição forte na República Checa, Eslováquia e Roménia, e a sexta posição na Europa Ocidental. A missão da Zentiva é fornecer aos doentes um acesso fiável a medicamentos eficazes, seguros, de elevada qualidade e a preços acessíveis. Além da sua eficiente função terapêutica, os medicamentos genéricos também desempenham um papel importante ao permitir aos sistemas de saúde investir no desenvolvimento de futuros tratamentos inovadores.

A ADVENT INTERNATIONAL

FOTO: diana QUINTELA

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de levar uma equipa connosco", afirma a nossa entrevistada. Ana Lopes sente-se orgulhosa por ter ao seu lado pessoas que realmente acreditam neste projeto e o assumiram de forma corajosa. "O que me move são as pessoas e conseguir trazer ao de cima o melhor de cada um tem contribuído para os resultados positivos que estamos a alcançar". A equipa Zentiva Portugal está imbuída de um espírito empreendedor e vencedor. É uma mulher num cargo de topo. Hoje, infelizmente, é algo ainda difícil de alcançar em várias empresas de diferentes setores. No entanto, Ana Lopes não sentiu qualquer obstáculo na Sanofi pelo facto de ser mulher.

"Senti sempre que fazia parte integrante de uma organização onde as oportunidades surgem e se priveligia o mérito sem olhar ao género. O grande desafio para mim própria foi e continua a ser estabelecer o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Ser mãe de três filhos foi o sonho concretizado e são eles, juntamente com a minha família, a minha maior prioridade. É este pilar familiar que diariamente me inspira a ser melhor profissional e a acreditar que posso atingir novas etapas e desafios. Este equilíbrio é sem dúvida determinante para o sucesso de cada um, independentemente de sermos homens ou mulheres. O importante é acreditarmos em nós próprios, definirmos objetivos claros e nunca desistir". ▪

A Advent International entrou em negociações exclusivas para adquirir a Zentiva, empresa europeia de genéricos da Sanofi, e criar uma nova e independente líder Europeia de genéricos. A Advent é um investidor global, com mais de 25 anos de experiência em investimentos no setor de saúde. Tem uma vasta experiência na execução de trabalhos corporativos e trabalhará em colaboração com a Sanofi para formar uma nova operação independente. “A Zentiva é um negócio robusto com uma força de trabalho altamente talentosa e acreditamos que ela tem um forte potencial de crescimento. Após uma análise abrangente das opções estratégicas para a nossa unidade de genéricos na Europa, determinamos que transferir esse negócio para a Advent é a melhor opção para garantir o seu sucesso a longo prazo”, disse Olivier Brandicourt, diretor executivo da Sanofi. Por sua vez, Tom Allen, Diretor Administrativo e Co-Diretor da equipa de Assistência Médica da Advent International, e Cédric Chateau, Diretor Administrativo e Chefe da Advent International na França afirma que há muito tempo são atraídos pelo setor farmacêutico genérico, pois permite que mais pessoas tenham acesso a tratamentos de alta qualidade, diminuindo os custos associados. “Acreditamos que a Zentiva é uma grande plataforma, repleta de pessoas talentosas, onde podemos investir para construir uma nova líder europeia independente em genéricos”.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» Flôr Ferreira

“SÓ SOMOS VERDADEIRAMENTE FELIZES SE GOSTARMOS DO QUE FAZEMOS” Flôr Ferreira passou por grandes empresas como a Pfizer, Sanofi ou a Bial. após vários anos enquanto Gestora de marcas e Directora de Unidade, criou, com a sua sócia Ana Oliveira, uma empresa que combina a sua idealização e as necessidades atuais da indústria farmacêutica.

Flôr Ferreira

“A sorte é dos audazes”

Em 2016 decidiu aceitar o desafio de fundar a Cognipharma e, com a paixão e determinação que a caracterizam, abraçou este desafio com a missão de contribuir para o desenvolvimento e crescimento dos clientes da Cognipharma. “Quando conheci a Ana Oliveira, tivemos muitas conversas sobre lacunas que víamos no mercado, e decidimos fundar uma empresa para a corrigir essas mesmas lacunas”.

Cognipharma e o crescimento exponencial

De forma a trazerem uma proposta de valor arrebatadora para o mercado, a Cognipharma aliou-se a uma empresa de renome na área do digital e da tecnologia, a Performance Sales, que faz parte do Wygroup. “Foi o casamento perfeito entre empresas. temos uma enorme experiência na área farmacêutica e a Performance Sales na área digital. A primeira coisa que nos falaram quando nos reunimos pela primeira vez foi em resultados, e de imediato percebemos que também eram pessoas muito apaixonadas pelo que faziam. nesse momento descobrimos que tínhamos encontrado os parceiros certos para trazer esta mudança de paradigma para a Indústria Farmacêutica. A Cognipharma em conjunto com a Performance Sales trazem para o mercado um conjunto de

soluções no âmbito da consultadoria, digital e tecnologia, que são uma mais-valia para laboratórios, pacientes e profissionais de saúde, olhando para este setor como um todo. Por isso mesmo a empresa foi fundada por duas mulheres com uma enorme experiência no setor farmacêutico. “Trabalho há mais de quinze anos na indústria farmacêutica, como gestora de produto e de marketing. Tive a oportunidade de trabalhar em algumas das maiores empresas do setor, Pfizer, Sanofi e Bial. Tais experiências foram muito enriquecedoras, deram-me uma visão muito completa da Indústria Farmacêutica”. A empresa, apesar de recente, já provou merecer a atenção do mercado. Inclusivé tiveram no ano passado a 1ª edição de um evento Farma, em parceria com a Performance Sales, a convite da Google, de modo a promover a digitalização do setor farmacêutico. E o primeiro correu tão bem que estão previstos outros eventos com parceiros de renome. A indústria farmacêutica é encarada muitas vezes como um setor que apenas tem como objetivo vender medicamentos. “A minha experiência diz-me que não é bem assim. A indústria tem sim uma preocupação constante com a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Exemplo disso é um projeto sobre pessoas com uma determinada doença, em que o objetivo é sensibilizar para o facto de que quem tem esta condição tem grandes desafios no seu dia a dia e tem um ritmo diferente, que tem que ser respeitado. há aqui um grande sentimento de missão junto dos doentes, dos médicos e de todos os envolvidos”, explica a fundadora da Cognipharma. E destaca um outro projeto de que muito se orgulha e que passa pela integração de uma plataforma em hospitais que vai acelerar um processo de um diagnóstico. Entre muito outros projetos. Conta-nos que o segredo do sucesso é ser resiliente e que, de facto, a sorte dá muito trabalho. “É preciso acreditar muito no projeto, ter a capacidade de ultrapassar todas as dificuldades e ir sempre à luta com muita garra”, afirma com um sorriso constante, que a caracteriza. E a prova de que a “fórmula” é eficaz é que, atualmente, já trabalham com os maiores laboratórios a nível mundial, com vários projetos em Portugal e na Europa. ▪

15 Maio 2018

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Cognipharma surge no mercado com uma proposta de valor altamente competitiva, no sentido em que traz um conjunto de soluções no âmbito do digital e tecnologia, consultadoria e recolha de dados, que são uma mais-valia para laboratórios, pacientes e profissionais de saúde, olhando para este setor como um todo. Atualmente já trabalham com grande parte das maiores empresas da Indústria Farmacêutica, com soluções integradas do ponto de vista digital e com uma performance que se mede em resultados. A empresa, ainda recente, é o resultado daquilo que Flôr e Ana observam no setor e cuja missão também passa por tentar mudar a visão de como as coisas são encaradas no universo farmacêutico. Descreve-se como alguém que é apaixonada por tudo o que faz, “em todos os projetos por onde tive o prazer de passar, procurei sempre dar o meu melhor e tudo o que faço, faço-o com empenho, dedicação e prazer, porque só assim somos verdadeiramente felizes e conseguimos chegar aos resultados pretendidos”. Formada em marketing, com um curso em restauro e pintura, ingressou no setor farmacêutico com a Jaba Farmacêutica e foi aí que começou a perceber que esta era, de facto, uma área apaixonante. E nunca mais parou. Flôr sempre teve um bichinho de empreendedora e um desejo de mudar o mundo. Com uma carreia de sucesso e uma vida pessoal muito preenchida, com familia, amigos, marido e três filhos, começou a sentir que “gostava de fazer algo diferente, algo que fizesse a diferença”. Este era um sonho antigo. E quando decidiu sair da Bial foi trabalhar para uma empresa onde contactou com diversos laboratórios. começou a perceber que "quando estamos muito focados em resultados não temos muito tempo para refletir no que de facto tem impacto e no que traz valor acrescentado para os vários stakeholders”. Foi aqui que viu um potencial negócio: “procurar soluções diferenciadoras para os vários stakeholders que tragam resultados para os nossos clientes”.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» CÁTIA ALMEIDA

BEE INEDITUS

A COLMEIA ESTÁ A CRESCER A Bee Ineditus é uma empresa de comunicação integrada, especializada em marketing farmacêutico. No entanto, o mercado cada vez mais exigente e competitivo direcionou a atuação da Bee Ineditus para outros setores. Cátia Almeida, uma das fundadoras da Bee Ineditus, fala-nos mais sobre esta marca com um caráter social bastante vincado.

Temos um serviço chave na mão e uma equipa multidisciplinar. Prestamos um serviço personalizado e crescemos com os pedidos dos nossos clientes que nos desafiam a fazer mais e melhor CÁTIA ALMEIDA

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átia Almeida é um dos rostos da Bee Ineditus, uma empresa que oferece, atualmente, um serviço totalmente integrado e focado nas necessidades do cliente ao nível da criação, gestão e implementação de estratégias personalizadas. “Queremos diversificar as atividades de forma a responder as necessidades dos clientes”, começa por referir Cátia Almeida. E como é que surge a Bee Ineditus? Recém-licenciada, Cátia Almeida começa a trabalhar na área da publicidade na função de account. “É uma área tradicionalmente de mulheres pelo que não senti diferenças ou obstáculos durante o meu percurso. Era vista como a mais nova, mas trataram-me muito bem e ajudaram-me a crescer profissionalmente”, explica a nossa entrevistada. Porém, passados dois anos, decide criar a sua própria empresa, surgindo, assim, a Bee Ineditus. “Trata-se de um projeto descontraído e flexível, direcionado para organização de eventos que me permitia conciliar a minha carreira com o meu papel de mãe que ambicionava vir a ter. Sempre quis ter esse equilíbrio na vida”, adianta Cátia Almeida.


No entanto, de ano para ano, o projeto começou a ganhar dimensão e hoje, passados dez anos, a Bee Ineditus é uma empresa de comunicação integrada, constituída por 20 pessoas, que aposta na inovação para apresentar propostas originais e personalizadas aos seus clientes. “Foi algo que não foi pensado e que foi crescendo naturalmente”, reforça a nossa interlocutora. Hoje, a Bee Ineditus disponibiliza serviços de eventos, ativação de marca, design gráfico, web design, produção de vídeo, advocacy relations, public affairs, marketing digital e gestão de social media, criação e desenvolvimento de plataformas digitais, sendo esta última a que está com maior desenvolvimento dentro da estrutura. “Os pedidos de serviços foram crescendo e nós fomos crescendo com eles, começando a integrar na empresa departamentos para corresponder prontamente aos pedidos dos nossos clientes. Temos um serviço chave na mão e uma equipa multidisciplinar. Prestamos um serviço personalizado e crescemos com os pedidos dos nossos clientes que nos desafiam a fazer mais e melhor”, afirma Cátia Almeida.

“MOVEMO-NOS PELAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS”

Desde 2008 que a Bee Ineditus estabelece relações dedicadas e duradouras com os seus clientes. São já dez anos de um modo de estar no mercado que prima pela proximidade com o cliente. “Somos muito familiares no trato, o que nos aproxima e ajuda a criar empatia com os clientes. Não temos uma visão do negócio puramente comercial, movemo-nos pelas relações interpessoais”, diz-nos Cátia Almeida. A transformação digital tem sido o maior desa-

fio para a Bee Ineditus que tem acompanhado as exigências da inovação, da forma de pensar e da forma de estar das empresas no mercado. A transformação digital é hoje um tema incontornável em todas as organizações e que vai muito além da mera utilização das ferramentas tecnológicas, implicando uma verdadeira reinvenção, transformando mentalidades. Com a transformação digital a mudança vai permanecer como a única constante nas empresas. É necessário abraçar o digital nos modelos de negócio e, por isso mesmo, a Bee Ineditus está a apostar fortemente na área digital. “É o nosso foco, bem como a área da programação. Temos de estar em cima do acontecimento, saber o que está a acontecer no mercado e oferecer serviços cada vez mais inovadores. Para isso, a formação é algo que a empresa disponibiliza para investir nos seus colaboradores”, acrescenta a nossa entrevistada. Num mercado cada vez mais exigente, as organizações enfrentam desafios complexos que exigem uma liderança flexível e inovadora. Para Cátia Almeida, uma líder com uma grande orientação para o cliente e para a pessoas, o seu maior desafio é exatamente gerir pessoas. “É bastante complexo liderar uma equipa constituída por pessoas diferentes, com necessidades e ambições diferentes, ao mesmo tempo que procuramos proporcionar-lhes facilidades para conciliarem a vida profissional com a vida pessoal”, clarifica a nossa entrevistada. “Queremos que, na Bee Ineditus, as pessoas consigam ter um bom equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal. Sabemos que nem sempre é fácil, devido às exigências do mercado, mas tentamos ser flexíveis sobretudo para quem tem filhos.”

SALVEM AS ABELHAS, PLANTEM FLORES

E se todas as abelhas morressem? Sabe o que aconteceria? Qual é o papel da abelha na dinâmica dos ecossistemas? A verdade é que a maioria das pessoas desconhece que as abelhas cumprem um papel infinitamente mais relevante que apenas produzir mel. Elas são responsáveis pela polinização e contribuem diretamente para a agricultura e a produção de alimentos - cerca de 70% das plantas de importância para a alimentação humana dependem de polinização das abelhas. A Bee Ineditus pretende alertar e consciencializar a população para a importância que as abelhas assumem nos ecossistemas e, em parceria com a BeeRural, levará a cabo algumas iniciativas neste âmbito. Sabia que pode salvar abelhas plantando flores? A Bee Ineditus alerta que com a chegada da Primavera é importante destacar o trabalho que as abelhas fazem diariamente pelo ecossistema, mas infelizmente, o uso de adubos e químicos no cultivo de plantas e vegetais estão a fazer adoecer as abelhas. A gravidade da situação é muito maior do que pode parecer e a Bee Ineditus quer ajudar as abelhas a ficarem saudáveis. ▪


» Isabel Duarte, Head of Global Financial Services Lisbon da Grünenthal, em entrevista

A Liderança de uma Mulher numa das Melhores empresas em Portugal

ISABEL DUARTE

A Grünenthal, multinacional farmacêutica alemã especialista na área da dor, escolheu uma mulher para chefiar a mais recente empresa do grupo em Portugal. A Revista Pontos de Vista quis saber mais e conversou com Isabel Duarte, Head of Global Financial Services Lisbon da Grünenthal, que nos deu a conhecer os desafios que enfrenta nesta posição, a importância dos recursos humanos no sucesso de uma marca como a Grünenthal, que apesar de ter menos de dois anos de vida, foi recentemente distinguida, em conjunto com a sua empresa irmã, como uma das Best Workplaces 2018.

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Grünenthal já está presente em Portugal há inúmeros anos, no entanto, a Grünenthal Financial Services é uma empresa recente. Como é que teve inicio este projeto? O Grupo Grünenthal é uma empresa com espírito empreendedor, comprometida com a inovação, através de um investimento sustentado em R&D. A ambição do grupo é lançar 4 a 5 novos produtos para doentes com necessidades médicas não satisfeitas até 2022. Presente em 32 países, com filiais na Europa, América Latina e Estados Unidos da América, bem como presença comercial em mais de 155 países, o Grupo emprega neste momento aproximadamente 5.500 pessoas a nível global. Em 2016, o grupo Grünenthal decidiu centralizar as suas operações contabilísticas e financeiras. Tendo em conta o peso relativo do negócio do grupo tanto, na Europa como na América Latina, para além da Alemanha, Portugal foi o destino escolhido, visto que cumpria na perfeição o papel de ponte, ligando as operações na Europa ao outro lado do Atlântico, tanto em termos culturais como linguísticos – assim nasceu a Grünenthal Financial Services.

Eu juntei-me a este projeto no inicio. Neste momento tenho uma equipa de especialistas financeiros que trabalha e pensa diariamente de uma forma global. A grande maioria vem das áreas de economia, contabilidade, gestão, e fala pelos menos 3 línguas estrangeiras. Falemos da gestão de equipas. O que é que mais a inspira na gestão diária das suas equipas? A diversidade. Acredito no sucesso de equipas diversificadas, onde o conhecimento dos mais velhos e a energia dos mais novos se complementam. Onde as opiniões de homens e mulheres são ouvidas. E onde as minorias e as maiorias convivem em harmonia. Na Grünenthal Financial Services tenho uma equipa totalmente diversificada, não só na vertente operacional, como também na equipa de gestão. 50% da minha equipa de gestão é constituída por mulheres fortes, dinâmicas e com muita experiência acumulada. E isto não é exceção. A outra empresa do grupo presente em Portugal, responsável pela parte comercial, também é liderada por uma mulher.

Acredito no sucesso de equipas diversificadas, onde o conhecimento dos mais velhos e a energia dos mais novos se complementam. Onde as opiniões de homens e mulheres são ouvidas. E onde as minorias e as maiorias convivem em harmonia


A Grünenthal Financial Services tem menos de 2 anos, no entanto, foi recentemente distinguida, em conjunto com a sua empresa irmã, como uma das Best Workplaces 2018. Qual o impacto deste reconhecimento para si? Adoramos ver o nosso trabalho reconhecido. No entanto, tenho bem presente a responsabili-

dade acrescida que este reconhecimento significa. Por um lado, tenho uma responsabilidade para com a minha equipa, de garantir que este ambiente de trabalho se mantém num contexto em que a mudança é cada vez mais rápida. Por outro lado, sinto que tenho uma responsabilidade para com a sociedade. Como mulher à frente de uma empresa, que é reconhecida como uma das melhores empresas para trabalhar em Portugal, tenha a responsabilidade e a honra de servir de farol a outras mulheres que irão ver reconhecida a sua capacidade de liderança. ▪

19 maio 2018

A construção de equipas de trabalho tem que ter em conta inúmeros aspetos. Sem querer simplificar em demasia, qual é que considera o elemento fulcral na construção de uma equipa? Acho que a cultura da empresa tem um papel fundamental. A meu ver, a cultura da empresa tem um valor intangível semelhante ao de uma marca. E constitui uma espécie de “remuneração emotiva” que tem um peso cada vez maior na atração de talento. Culturas empresariais que promovem o reconhecimento, a aprendizagem constante, o sentido de pertença, o espírito de equipa e o sentimento de que está a contribuir para algo relevante, são mais procuradas pelo talento. Na Grünenthal acreditamos que esta cultura de empresa facilita o desenvolvimento do potencial de cada colaborador, e ao mesmo tempo permite-lhe sentir-se feliz no seu ambiente de trabalho, ou como nós gostamos de dizer conseguimos a “workiness”.


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» PAULA ROCHA

KEEP CORPORATE

ALCANCE OS SEUS OBJETIVOS DE FORMA CONSISTENTE E SUSTENTADA Paula Rocha é CEO da Keep Corporate, uma empresa de prestação de serviços na área da consultoria, formação, coaching e treino mental. Sempre com os olhos postos nas pessoas, a KEEP Corporate quer estabelecer relações duradouras com os seus clientes tornando-se um parceiro de confiança.

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PAULA ROCHA

atural de Coimbra e dona de uma energia contagiante, Paula Rocha fala, na primeira pessoa, sobre o impacto que a força do querer tem nas nossas vidas. É uma mulher de ação que gosta de fazer acontecer: confecionar doces, compor trechos musicais, desenvolver projetos e negócios, tudo acontece no seu dia a dia de forma natural. “Gosto de criar. Gosto de fazer muitas coisas e coisas diferentes e isso acaba por se refletir no meu percurso profissional e ser uma característica da minha personalidade”, começa por referir Paula Rocha Desde pequena que se lembra de gostar de fazer várias coisas e recorda a dificuldade em dedicar-se em exclusivo a algo em concreto. Contudo, confraternizar e comunicar com pessoas era algo que a apaixonava. Lembra-se, perfeitamente, a 25 de abril de 1974, quando regressava da escola, a mãe lhe ter dito que acontecera uma coisa que iria gostar muito. A sua resposta foi imediata: já posso falar à vontade? Com muitos interesses e sem uma paixão, acabou por seguir as pisadas do pai e formou-se em engenharia. Mas rapidamente percebeu que a área comportamental e a psicologia despertavam em si um fascínio. A curiosidade por estas matérias nasce no seio da engenharia. Lembra-se de ir a uma obra e de ficar atrapalhada com os comentários vindos dos profissionais da construção. Na altura pensou: Porque é que a forma de comunicar influencia o comportamento? Entretanto, é convidada para dar formações. Em sala tudo corre bem e as avaliações até foram boas, mas na prática, quando foi possivel observar os participantes no seu contexto de trabalho, estes não tinham alterado os seu comportamentos. Lembra-se da frustração que sentiu e, mais uma vez, questiona o comportamento humano e os mistérios dos agentes influenciadores. É nesse momento que vai à procura de respostas. Faz a licenciatura em Gestão de Recursos Humanos e Psicologia do Trabalho. Esta área era o que realmente a apaixonava. Gostava de perceber as pessoas no contexto de trabalho, o que influenciava o seu desempenho, que aspetos, psicológicos e sociológicos, interferiam no seu desempenho e que impacto exerciam nos seus resultados. Paula Rocha era casada desde os 18 anos, e nesta altura já tinha dois filhos, trabalhava e estudava. Ainda assim, foi a melhor aluna da licenciatura. “Isto leva-nos a pensar sobre o que somos ou não capazes de fazer. Sobre o quanto desconhecemos o potencial que temos. Somos forçados a equacionar a hipótese de que, se calhar, não conseguimos atingir os resultados que pretendemos porque não acreditamos em nós próprios”, afirma a nossa entrevistada. Mais tarde, passa pela consultoria e a formação em


Gostava de perceber as pessoas no contexto de trabalho, o que influenciava o seu desempenho, que aspetos, psicológicos e sociológicos, interferiam no seu desempenho e que impacto exerciam nos seus resultados" diversas empresas e é nessa altura que integra o doutoramento em Economia e Gestão de Empresas. “Num determinado momento desconfiei que, estando demasiado focada nas pessoas poderia não conseguir ter uma visão global da empresa”, explica Paula Rocha. Contudo, é importante para Paula Rocha realçar que tudo isto foi possível porque teve uma peça fundamental e um forte background durante todo este processo: o marido e a família. “Os melhores resultados conseguem-se em equipa, seja numa empresa ou na família. Cada um tem de perceber bem o seu papel e qual o seu contributo. É preciso construir laços fortes que suportem a coesão do grupo. Trabalhar para a equipa/familia sem perder a individualidade”, acrescenta a nossa entrevistada. Nesta fase, a sua vida dá uma reviravolta. É detetado um tumor cerebral no seu filho mais novo, de 13 anos, e é-lhe dado apenas 3% de hipótese de sobreviver. A partir daqui tudo se torna difícil e o seu único foco passa a ser o seu filho. Mas como o seu filho Bernardo dizia, 3% é melhor do que zero. Entre as idas ao IPO, a procura pelos melhores médicos e hospitais, as viagens, a crença nos 3% e a operação nos EUA para dar qualidade de vida ao seu filho, Paula Rocha atravessa um período de dois anos bastante atribulado. Quando regressa, precisa de acreditar no poder da força interior. Torna-se imprescindível aplicar uma máxima tantas vezes repetida: temos todos os recursos necessários para ser excelentes. Seguem-se anos de muito trabalho. Findo este período controverso e a um ano de completar 50 anos de vida, Paula Rocha sente que chegou a hora de fazer o que realmente gosta, à sua maneira e com as pessoas que gosta. E assim nasce a KEEP Corporate. Uma Paixão. Da engenharia à psicologia, passando pela economia, Paula Rocha é hoje CEO da KEEP Corporate.

SUPERE OS SEUS DESAFIOS E ATINJA OS SEUS OBJETIVOS

Paula Rocha explica que este projeto foi pensado numa lógica de ver o indivíduo como um todo. Corpo e mente fazem parte do mesmo sistema, por isso a questão que Paula Rocha colocou foi “como vou desenvolver um projeto que aborde as duas matérias?”. Para isso, a KEEP Corporate concentra na empresa consultoria, formação, coaching, consultas de nutricoaching e treino mental. Ao nível individual apoia as pessoas a atingirem os seus objetivos tendo em consideração todas as suas dimensões. A KEEP Corporate disponibiliza, ainda, ferramentas de assessement que permitem analisar o perfil comportamental do indivíduo, de forma a melhorar o seu autoconhecimento e traçar planos de ação mais adequados. O cliente tem ainda ao seu

dispor um serviço de avaliação física com profissionais do desporto e nutricionistas para que não seja a falta de capacidade física o motivo para o não atingimento dos objetivos. Para aqueles que procuram a alta performance, seja no desporto, no estudo, ou em qualquer outra área, a KEEP Corporate dispõe da mais avançada tecnologia da neurociência que permite a interface cerebro-computador. Esta técnica usa estratégias testadas em variados ambientes de alta performance para a autoregulação do sistema nervoso autónomo e central, munindo-o de competências criticas à execução de decisões em ambiente de stress para quem precisa de estar no seu melhor. Os cenários de treino são individualizados, após avaliação de acordo com os objetivos pessoais, e permitem que, progressivamente, o indivíduo consiga ter um domínio elevado de auto-regulação do corpo e mente que lhe permitirá transferir esta competência para o contexto de trabalho. Paula Rocha foi assessorando a sua equipa de especialistas com várias valências que acrescentam valor às soluções que a empresa oferece aos seus clientes. Na formação ministrada nas instalações da KEEP Corporate os participantes têm acesso a várias valências, como biblioteca e coffe-breaks saudáveis. Desenvolve soluções à medida para as empresas, tendo em consideração as suas necessidades. No que concerne às soluções empresariais a KEEP Corporate oferece soluções customizadas e diferenciadoras. “Não temos formação em catálogo. Todas as nossas propostas resultam de um diagnóstico realizado por nós ou do diagnóstico realizado pelo cliente. No decurso das ações alinhamos as estratégias de ensino por aquilo que as pessoas valorizam usando exemplos reais da própria empresa, na medida das necessidades e dos objetivos que a própria quer alcançar”, afirma a nossa entrevistada. São combinadas diferentes metodologias desenvolvidas pela KEEP Corporate e todos os formandos são constantemente desafiados. por exemplo, a KEEP dispõe de um sistema de gamification para utilizar no período a seguir ao término da formação de forma a garantir períodos de motivação mais extensos e aumentar o impacto da formação. O objetivo é garantir o alcance dos resultados pretendidos. “Não quero chegar a uma empresa e ser uma simples prestadora de serviços. Quero ser a parceira que está sempre por perto disposta a apoiar os projetos em curso, as mudanças e que ajuda a fazer acontecer” afirma. Paula Rocha é ainda voluntária em vários projetos e vive num processo de melhoria contínua acreditando que pessoas felizes atingem resultados de excelência. ▪


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“Desde que me conheço que quis ser advogada” “Desde que me conheço que quis ser advogada”, afirma Patrícia Pascoal, numa conversa com a Revista Pontos de Vista onde revelou um pouco do seu percurso no universo das leis, algumas das mudanças em Portugal, sem esquecer a visão de uma mulher num mundo - o do direito, que era, hoje nem tanto - tradicionalmente de homens.

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vida profissional da nossa entrevistada tem sido uma «roda viva», num percurso muito positivo e que muito tem dado do ponto de vista pessoal e profissional à nossa interlocutora. Licenciou-se em Direito na Universidade Nova de Lisboa em 2004, mas foi no ano de 2016 que decidiu estabelecer-se de forma independente e apostar num escritório em nome pessoal na cidade de Leiria. “Naturalmente que é um desafio enorme, mas decidi que esse era o momento e penso que até o poderia ter feito mais cedo”, refere Patrícia Pascoal, assegurando que o balanço deste ano e meio de atividade tem sido “muito positivo. Claro que o primeiro ano é sempre o mais complicado em qualquer projeto, mas com o tempo as dificuldades vão sendo ultrapassadas e hoje posso afirmar que estou muito satisfeita com o que tenho vindo a alcançar”, revela a nossa interlocutora. A este sentido positivo, não é alheio o facto de em Portugal, atualmente, se viver uma fase boa, ou seja, “há trabalho na área do direito para os advogados e isso também se tem refletido na orgânica do escritório”.

As mulheres na advocacia e na liderança

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Nas últimas décadas, uma significativa transformação das profissões jurídicas tem sido a sua crescente feminização, algo que não acontecia num passado não muito longínquo, em que a área da justiça era composta, maioritariamente, por homens. Hoje isso mudou? Paulatinamente, esse trilho vai sendo traçado e o cenário tem vindo a mudar. Basta ver em Leiria, em que atualmente existem 327 advogados, e as mulheres estão em maioria. “Neste momento existem 191 advogadas e 136 advogados e isso é um sinal de mudança, que me parece positivo”, salienta a nossa entrevistada. Apesar de nunca ter sentido qualquer entrave à evolução da sua carreira pelo facto de ser mulher, Patrícia Pascoal reconhece que, “principalmente em meios mais pequenos, existia menos recetividade por parte das pessoas relativamente a uma advogada. Mentalidades que vêm sendo mudadas, o que muito se deve, desde logo à democratização da educação, que nos chegou com a Constituição de 76.” Relativamente à ocupação dos lugares de liderança pelas mulheres, “e sem querer enveredar pelos lugares comuns habituais neste âmbito, penso que há características tidas como apanágio do género feminino – como a capacidade de comunicação e de gerar empatia – que fazem falta nas chefias. Por isso, parece-me

Patrícia Pascoal


O RERE, o PER e as mudanças positivas

RGPD «à boa maneira portuguesa»

A partir do dia 25 de Maio de 2018 todas as organizações têm de cumprir o Novo Regulamento Europeu sobre Proteção de Dados (RGPD). Esta é uma mudança significativa na regulação da privacidade dos dados nas últimas duas décadas, tendo como principal objetivo assegurar a privacidade e a integridade dos dados pessoais. Assumidamente, o RGPD aporta consigo uma maior proteção do indivíduo - “assegura-se o «direito a ser esquecido», podendo o particular dar e retirar o consentimento ao tratamento dos seus dados a todo o tempo; estabelece-se uma maior exigência em termos de formalismo a cumprir na angariação do consentimento da pessoa, o qual é obrigatório, e terá de ser manifestado de uma forma clara, livre, inequívoca e espontânea, não podendo, designadamente, existir pré-seleções em quadrículas, como assistíamos nos contratos de adesão, ou nas newsletters que recebíamos, em que esse consentimento já estava muitas vezes pré-selecionado. Isso acabou”, afirma categoricamente a nossa entrevistada, relembrando que a grande preocupação passa pelas coimas. “Toda a gente está muito preocupada porque as coimas são muito avultadas e infelizmente estamos a fazer jus ao velho ditado «à boa maneira portuguesa», porque tivemos dois anos para preparar a entrada em vigor do novo RGPD e só agora nos preocupam as soluções”.

Há trabalho na área do direito para os advogados e isso também se tem refletido na orgânica do escritório” Infelizmente estamos a fazer jus ao velho ditado «à boa maneira portuguesa», porque tivemos dois anos para preparar a entrada em vigor do novo RGPD e só agora nos preocupam as soluções

Nesta senda de mudanças, o novo Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas (RERE) entrou em vigor em Março passado e regula os termos e os efeitos das negociações e do acordo de reestruturação empresarial que seja alcançado entre um devedor e um ou mais dos seus credores fora dos tribunais. O RERE é uma das medidas integradas no programa Capitalizar, na área de Reestruturação Empresarial, sucedendo ao SIREVE - Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial – e surgindo como alternativa ao PER – Processo Especial de Revitalização. Mas existirão vantagens? “Sem dúvida. A empresa pode escolher determinados credores e o plano/acordo, que é confidencial, só vincula os intervenientes. O RERE é mais flexível, mais rápido e tendencialmente menos dispendioso, além de que, em termos fiscais o legislador o equiparou ao PER”. Sublinha ainda a importante alteração ao regime do PER, que entrou em vigor recentemente e que veio, por um lado, esclarecer que os particulares não podem recorrer ao PER, e por outro, credibilizá-lo, estabelecendo-se a possibilidade de recurso a novo PER, mas só em determinadas circunstâncias, nomeadamente se a empresa devedora demonstrar que cumpriu o plano homologado e que a alteração superveniente é alheia à própria empresa, impedindo-se a sucessão fraudulenta deste mecanismo em prejuízo dos credores. A terminar, a nossa entrevistada assegurou que o Direito faz parte da sua vida e que irá continuar a fazer, até porque “o direito e a justiça são valores que sempre me acompanharam e a advocacia é para mim, mais que uma profissão: é a minha missão de vida”, conclui Patrícia Pascoal. ▪

23 maio 2018

importante assegurar a existência de igualdade no acesso a esses cargos. No entanto, considero que, mais importante que o sexo de quem lidera, são as características do líder, no sentido de se criar na organização um ambiente sadio e motivador”, conclui.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» MARIA INÊS BARRA

DEDIQUE-SE AO SEU NEGÓCIO. O FARO AVENIDA BUSINESS CENTER OCUPA-SE DO RESTO

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Edificado em Setembro de 2014, o Faro Avenida Business Center tem vindo a expandir-se significativamente e a marcar a diferença no mercado. Maria Inês Barra, Fundadora do Faro Avenida Business Center, fala-nos sobre as mais-valias deste centro de negócios.

Faro Avenida Business Center é um projeto diferenciador que assenta num modelo híbrido, dispondo de escritórios físicos, coworking e escritórios virtuais, dispondo ainda de várias salas de reunião e formação. É um conceito que se destina a qualquer empresa de qualquer setor de atividade, independentemente do seu core business. Os espaços deste centro de negócios podem ser reservados, inclusive, por clientes sem vínculo ao Faro Avenida Business Center, para a realização de reuniões ou formações, por curtos períodos de tempo. A par da comodidade e redução de custos, este é um dos fatores diferenciadores do centro, a flexibilidade e a oferta de diferentes pacotes de serviços para que o cliente possa escolher o melhor serviço de acordo com as suas necessidades. Aqui o cliente só se preocupa com o seu negócio. É um serviço chave na mão. “Tratamos de todos os serviços inerentes à reserva do espaço. Quando o cliente nos contacta a solicitar um escritório físico, providenciamos todo o mobiliário necessário. Garantimos os encargos de receção, alarme, internet, limpeza diária, água e luz. Os serviços estão todos incluídos para que o cliente possa dedicar-se inteiramente ao seu negócio”, afirma Maria Inês Barra. Este conceito foi pensado em 2013 e nasceu da necessidade que Maria Inês Barra sentiu neste tipo de negócio, ou seja, a existência de um business center que reunisse várias valências como escritórios físicos, coworking e escritórios virtuais, salas de reunião, salas de formação e espaços para eventos. “Tentamos agregar o máximo de serviços possível para irem ao encontro das necessidades dos clientes, desde empresariais a freelancers. A recetividade, essa, tem vindo a ser bastante positiva. “Este projeto foi pensado e iniciado em plena crise, mas foi uma boa aposta. Felizmente, temos evoluído de ano para ano e tivemos de expandir rapidamente, procedendo a obras para aumentar o espaço para conseguirmos corresponder ao aumento da procura. Começamos no rés-do-chão e hoje ocupamos já o primeiro piso”, explica a nossa entrevistada. Agora o objetivo passa por consolidar, em termos de espaços físicos, o que já foi construído, bem como o investimento que já foi feito. A médio prazo, Maria Inês Barra idealiza expandir o espaço para outras zonas do Algarve ou até mesmo abrir uma sucursal. “Quero continuar a fazer mais e melhor e ajudar a região a afirmar-se”, acrescenta a nossa interlocutora. O Faro Avenida Business Center tem vindo a afirmar-se e é cada vez mais uma marca reconhecida.

QUEM É MARIA INÊS BARRA Maria Inês Barra vem de áreas distintas e ganhou experiência a fazer um pouco de tudo. O empreendedorismo já lhe está no sangue e o jeito para o negócio já vem de família. Numa determinada altura da sua vida decidiu que queria iniciar um projeto diferente e depois de fazer a sua pesquisa sabia exatamente o projeto que queria criar: o Faro Avenida Business Center. Começou com um espaço com 500 m2 e hoje este centro de negócios tem já um espaço constituído por cerca de 1000 m2. “Gosto de novos desafios e esta é a minha maneira de estar. Procuro criar projetos impac-

tantes, fazê-los crescer e dar-lhes rentabilidade”, afirma Maria Inês Barra. Proactiva, com atitude e garra, desde cedo que Maria Inês Barra revelou ser uma mulher empreendedora. “Com 22 anos criei a minha primeira empresa, uma perfumaria, tendo ao fim de três anos já cinco e um cabeleireiro. Era muito nova, o que me obrigou a esforçar mais para conseguir impor a minha opinião e fazer-me ouvir. Essa foi a minha maior dificuldade no meu percurso profissional”, relembra a nossa entrevistada. Já liderou diversas equipas e a gestão de pessoas é, para Maria Inês Barra, o maior desafio que se enfrenta. Por isso mesmo um bom líder tem de saber dar o exemplo. Sempre. “Devemos ter a noção e consciência do trabalho que é feito em cada departamento e fazer um pouco de tudo para dar o exemplo. Todos têm de vestir a camisola, incluindo os líderes”, conclui Maria Inês Barra. ▪


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

OPINIÃO DE PAULA MELO, COACH EMPRESARIAL

Coaching Organizacional Gosto genuinamente de pessoas e é este “Estar” que me permite ser uma Coach Empresarial.

s melhorias que tenho vindo a fazer acontecer nos colaboradores dentro do mundo empresarial, têm levado a estádios de desenvolvimento de competências com resultados mensuráveis. A paixão e a orientação para a excelência são reforçadas nas equipas das empresas, sempre alinhadas com as suas estratégias. A tomada de consciência conduz à auto motivação, à responsabilização e a resultados. Como Coach, identifico e facilito o crescimento dos colaboradores. O Coaching é a ferramenta que permite, com ética, superar resultados desenhados para um ano dentro da empresa. O alinhamento dos objetivos estratégicos com os objetivos departamentais e com os seus colaboradores, promove a negociação, a escuta ativa, a orientação e a Viagem para as Metas. “O que é que eu quero e posso fazer?”. Uma vez que consigas definir o “desafio“, o enfoque no objetivo permite supe-

rar a situação, possibilita encontrar a solução de forma estruturada. O Alinhamento dos objetivos e mensurabilidade da mesma leva a uma análise ROI (Return on Investment). Este método inclui um acompanhamento e feedback contínuos para alcançar objetivos. É definido o foco das metas a atingir e os colaboradores conseguem decidir rapidamente entre as tarefas que devem ser realizadas e aquelas que são apenas uma perda de tempo. As sinergias são potencializadas: a escuta ativa e o gerar empatia são competências que as organizações começam a inspirar e a expirar diariamente! Objetivos SMART permitem alinhamentos, compromissos e cooperação entre os colaboradores. No Coaching Empresarial /Organizacional, a congruência faz parte da vivência dos colaboradores e as perguntas diariamente surgem: Qual o meu objetivo para hoje? O que estou disponível para desenvolver? O que estou a...? ▪

25 Maio 2018

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PAULA MELO


» FACILITIES SERVICES - CRESCIMENTO EMPRESARIAL Opinião de Javier Urbiola, Presidente Executivo ISS Iberia

Serviços que contribuem para o crescimento empresarial O sentimento em relação à terceirização está em mudança. Enquanto na década de 2000 as empresas estavam concentradas na internalização e em conservar a maioria das tarefas através de pessoal interno, as alterações do modelo empresarial, a especialização e a situação de crise económica, resultaram num aumento da externalização, sobretudo em atividades não estratégicas.

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pontos de vista

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a verdade, a Deloittte, no seu último estudo sobre Global Outsourcing concluiu que as empresas estão a alargar a sua perceção de subcontratação à medida que começam a encará-la como mais do que uma simples mudança para reduzir custos. Atualmente, onde empresas de todos os setores procuram soluções para aumentar a rentabilidade, otimizar o uso de espaço e criar sinergias, por que não contar com fornecedores de serviços especializados com o conhecimento e a experiência adequados a cada caso? Tanto as empresas quanto as pessoas estão cientes do próprio talento, e temos tendência a focar-nos nos nossos pontos fortes e utilizar as competências e habilidades de outros para compensar as nossas fraquezas. Desta forma, garantimos a melhor utilização possível de recursos e concentramo-nos no que é prioritário para manter o negócio na direção certa e ser mais competitivo. A grande maioria das empresas conta com escritórios, sedes, fábricas, armazéns ou outros espaços que precisam de ser geridos, e deverão ser encarados mais do que apenas locais de trabalho. Por exemplo, para uma empresa especializada em análise financeira, atividades como limpeza ou serviços técnicos (manutenção e jardinagem) são secundárias, mas necessárias para que a empresa trabalhe e o cliente e os seus utilizadores fiquem satisfeitos. O futuro das empresas de facility services passa pela conversão em parceiros dos nossos clientes, oferecendo-lhes soluções adaptadas às suas necessidades, que lhes permitam ser mais eficientes no trabalho do dia a dia, onde os trabalhadores estejam mais confortáveis, num ambiente apropriado e concentrar-se nas suas vantagens competitivas. Existem diversas opiniões aquando da decisão do modelo que funciona melhor, seja a terceirização de um único serviço ou de todos os serviços integrados. É possível que as pequenas empresas apenas queiram externalizar um serviço secundário e com o menor custo possível, enquanto médias e grades empresas preferem a terceirização de uma solução integrada que cubra toda a gama de serviços (IFS, Integrated Facility Servicies). Trabalhar com vários fornecedores de serviços exclusivos para diferentes tipos de serviço acabará por ser ineficaz, na gestão e nos custos. Se antes se falava em alcançar a eficácia e tentar adaptar-nos às necessidades concretas de cada empresa, ter fornecedores independentes pode originar problemas de cooperação. É por isso que o setor de facility management está com-


ria apostamos em sistemas de limpeza que reduzam o consumo de água e nos permitam utilizar menos produtos químicos. Da mesma forma, o programa Cleaning Excellence aposta no uso de produtos ecológicos concentrados e ferramentas mais ergonômicas. Não é apenas uma maneira de minimizar o impacto ambiental, mas é também uma maneira de evitar possíveis reações alérgicas e ajudar a expandir os cuidados com o meio ambiente no local de trabalho. As novas tecnologias e a Internet das Coisas (IoT) que tornam os edifícios mais inteligentes e fáceis de habitar, também destacam a importância de trabalhar com modelos integrados. Neste campo, trabalhar pela eficiência deve ser o objetivo das empresas arrendatárias e também das empresas de serviços. As novas tecnologias podem ser integradas na gestão de serviços. Um bom exemplo são os sensores instalados em áreas comuns ou casas de banho, que detetam os momentos de maior utilização ou concentração de pessoas e enviam um aviso para que os funcionários responsáveis saibam quando é necessária a sua intervenção. Assim, através do conhecimento e gestão do ambiente uma empresa de serviços integrados pode converter-se no parceiro que qualquer empresa precisa. E o futuro do setor caminha nessa direção. Os facility managers encontram-se numa posição única para atuar como facilitadores da força de trabalho e obter ganhos marginais no desempenho de cada funcionário. Ao mesmo tempo, também está nas suas mãos, facilitar um ambiente de trabalho que possa reunir pessoas, localizar e processar para permitir melhores resultados de negócios e garantir uma forte competitividade. ▪

O futuro das empresas de facility services passa pela conversão em parceiros dos nossos clientes, oferecendolhes soluções adaptadas às suas necessidades, que lhes permitam ser mais eficientes no trabalho do dia a dia, onde os trabalhadores estejam mais confortáveis num ambiente apropriado e concentrar-se nas suas vantagens competitivas

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prometido com a integração, o que elimina as barreiras entre as funções dos serviços e permite alocar os recursos e pessoal necessários em cada caso, de acordo com as características dos serviços, sem perder a vantagem da especialização e expertise. Alguns dirão que ter uma ou outra empresa de catering na cantina dos clientes não fará diferença na obtenção de maiores benefícios no final de cada ano fiscal. E é aí que nós, as empresas que se dedicam aos serviços, devemos mostrar como podemos ajudar no crescimento dos negócios dos nossos clientes. Seguindo com o mesmo exemplo, uma boa empresa de restauração e serviços fará uma análise das necessidades e circunstâncias do seu cliente e oferecer-lhe-á o serviço mais adequado. Num mundo onde cada vez mais nos preocupamos com a alimentação, um colaborador que encontre variedade de pratos, produtos mais frescos ou alternativas saudáveis para alergias e problemas nutricionais será um colaborador que volta mais contente ao seu posto de trabalho, do que se fizesse uma digestão pesada ou mal comesse. Cada detalhe conta. O papel dos serviços no local de trabalho está a expandir-se cada vez mais. Prevê-se que o setor deixe de girar exclusivamente em torno da manutenção e tarefas do edifício e se concentre em melhorar o desempenho e bem-estar dos utilizadores e a sua experiência, ao mesmo tempo que ajuda as pessoas a atingir os seus objetivos. Os edifícios tornaram-se no veículo e ferramenta para que as pessoas consigam obter o melhor de si mesmas. A orientação às pessoas pode ser traduzida de várias maneiras e com o objetivo de melhorar a experiência do utilizador. Por exemplo, na ISS Ibe-


» PRÉMIO JANSSEN INOVAÇÃO

2ª edição do Prémio Janssen Inovação recebe mais de 90 candidaturas A Janssen Portugal, companhia farmacêutica do grupo Johnson & Johnson, em parceria com a Universidade Católica Portuguesa (UCP) criou o Prémio Janssen Inovação para incentivar a produção de conhecimento científico em Portugal. Com um valor total de 60 mil euros, este prémio visa distinguir e premiar a investigação científica de excelência desenvolvida por instituições nacionais nas áreas de Oncologia, Imunologia, Infecciologia, Neurociências e Hipertensão Pulmonar.

1ª edição do Prémio Janssen Inovação - cerimónia de entrega de prémios

O pontos de vista

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Prémio Janssen Inovação conta com o Dr. Jorge Sampaio como presidente da Comissão de Avaliação e é atribuído de dois em dois anos. A Comissão de Avaliação do Prémio Janssen Inovação é constituída por cinco individualidades com mérito reconhecido na investigação em saúde em Portugal e dois representantes das instituições promotoras desta iniciativa. O Prémio foi lançado em 2016 e este ano, na sua segunda edição, recebeu mais de 90 candidaturas de todo o País. “O Prémio Janssen Inovação é o resultado da vontade de incentivar e distinguir o que de melhor se faz em investigação no nosso país em diferentes áreas da saúde”, afirma Filipa Mota e Costa, Diretora Geral da Janssen Portugal. “A atribuição deste prémio, que se realiza de dois em dois anos, pretende distinguir investigação desenvolvida em áreas consideradas prioritárias pela Organização Mundial de Saúde”, acrescenta a responsável. “Com este Prémio estamos a dar visibilidade à investigação de ponta que se faz no país, atraindo jovens cientistas, dando-lhes condições para irem ainda mais além, prestigiando o nome de Portugal”, assegura Isabel Capeloa Gil, reitora da UCP. No dia 9 de maio, a cidade do Porto acolhe a cerimónia de

entrega dos prémios da 2ª edição do Prémio Janssen Inovação, sendo nesse dia revelados os vencedores dos prémios que totalizam 60 mil euros.

Comissão de Avaliação da 2.ª edição do Prémio Janssen Inovação

Prof. Doutor António Araújo, médico oncologista, diretor do Serviço de Oncologia Médica no Centro Hospitalar do Porto Prof. Doutora Catarina Resende de Oliveira, médica neurologista, coordenadora do Consórcio CNC.IBILI Prof. Doutor João Eurico da Fonseca, médico reumatologista, diretor da Unidade de Investigação em Reumatologia do IMM Prof. Doutor José Azevedo Pereira, professor auxiliar com agregação, FFUL, Departamento de Microbiologia e Imunologia Prof. Doutor Rui Baptista, Assistente Convidado de Patologia Torácica e Vascular da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Prof. Doutor Alexandre Castro Caldas, diretor do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa Dr. José Antunes, diretor médico da Janssen Portugal.


EVENTOS «

OPINIÃO DE CARLOS CARDOSO, Presidente do Conselho Científico da Associação Nacional de Laboratórios Clínicos

VII Congresso Científico ANL Bem-vindos ao Porto, onde a formação, a inovação e a reflexão vão acontecer!

CARLOS CARDOSO

Presidente do Conselho Científico da Associação Nacional de Laboratórios Clínicos

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stentando uma história de inovação científica, ensino médico, espírito de colaboração, abertura, liberdade e partilha de informação, o Porto é a opção adequada à realização do sétimo evento promovido pela Associação Nacional dos Laboratórios Clínicos (ANL). Cidade natal ou local de estudo de nomes como Ricardo Jorge, Júlio de Matos, Abel Salazar ou Óscar Moreno, figuras ímpares da medicina portuguesa, que são fonte permanente de inspiração e orgulho para todos os colegas que exercem a sua atividade profissional na área da saúde. Será neste ambiente de partilha do passado que iremos projetar o futuro na antiga, mui nobre, sempre leal e invicta cidade. O programa científico apresenta as melhores sessões educacionais e tem como oradores prestigiados profissionais e professores da área da medicina laboratorial. Serão abordados em sessões plenárias temas atuais e relevantes relacionados com diversas áreas laboratoriais, quer no plano analítico, como tecnológico, sem esquecer a validação de resultados, a sua interpretação semiológica, o controlo e avaliação da qualidade. A importância do complemento com a Clínica será uma preocupação constante; o foco no doente

VII Congresso da ANL orgulha-se em ter uma das maiores áreas de exposição da indústria do diagnóstico in vitro, reunida em eventos similares em Portugal, nesta sua sétima edição. A ANL está muito grata a todos. Estou muito ansioso por poder receber os colegas e amigos de todo o país na nossa reunião bienal. A ANL procede assim a um dos seus compromissos com os sócios e com a sociedade em geral, o de impulsionar os padrões de conhecimento e de intervenção responsável, na área das análises clínicas. Este tipo de congressos não são possíveis sem o esforço e o contributo de todos os colegas. Venham de laboratórios de patologia clínica ou de análises clínicas, de genética ou de anatomia patológica, públicos ou privados, de saúde

pública ou de investigação. A sua presença assegura oportunidades únicas de aprendizagem, de convívio, de interação científica e cultural, de celebração da inovação e de salutar discussão. Se também podermos em conjunto ultrapassar barreiras, propor ruturas, abordar reformas, numa abordagem revolucionária e livre aos desafios complexos da saúde no plano assistencial, social, económico, ambiental e tecnológico, então a missão da Comissão Científica do VII Congresso ANL fica cumprida, com sucesso. Desta forma é fundamental a presença de todos os que abraçam diariamente a medicina laboratorial e as análises clínicas com reforçado amor e dedicação. Conto com todos, motivados e inspirados, no Porto a 25 e 26 de maio. ▪

29 Maio 2018

PERFIL

uma presença inquestionável. Ocorrerão cursos práticos de áreas específicas que proporcionarão oportunidades únicas de partilha de conhecimento em áreas laboratoriais particulares e em permanente evolução. Como habitualmente a produção científica na área laboratorial efetuada ao nível dos laboratórios portugueses terá um destaque muito especial, com os prémios para as melhores apresentações em painel. Este ano pela primeira vez serão introduzidos no programa espaços dedicados a apresentações orais, possibilitando a divulgação de importantes trabalhos desenvolvidos por jovens profissionais e investigadores. Será também premiada a melhor e mais original. Como vem sendo habitual e a par das sessões científicas decorrerá um importante programa paralelo de reflexão sobre a importância, o papel do laboratório na sociedade, o seu contributo para a sustentabilidade do sistema da saúde e as melhores práticas a diversos níveis: gestão, informatização, legislação, publicidade, proteção de dados, proteção do ambiente. Serão nossos convidados decisores políticos, líderes de opinião, diretores de relevantes Instituições da área da saúde, professores universitários de diversas áreas, todas elas com influência direta ou indireta no laboratório de análises clínicas. Serão apresentados durante o Congresso os resultados preliminares dum inovador e inédito estudo sobre o custo das Análises Clínicas em diversos hospitais, centros hospitalares e unidades locais de saúde. Foi resultado dum esforço enorme e dum notável trabalho de equipa entre ACSS, ANL e a consultora Roland Berger. Como sempre a ANL conta com a presença e colaboração inestimável dos fornecedores da área laboratorial. Concretamente estes importantíssimos parceiros, são atualmente pilares da formação contínua para além de garantia de evolução, inovação e incremento permanente da qualidade nas análises clínicas. O


» Helena Varela, Managing Director dA Eurofins Lab Environment Testing Portugal, EM ENTREVISTA

“A Eurofins e a Inovação andam constantemente de mãos dadas” “A Eurofins e a inovação andam constantemente de mãos dadas”, afirma Helena Varela, Managing Director da Eurofins Lab Environment Testing Portugal, que em entrevista à Revista Pontos de Vista abordou a dinâmica da marca em Portugal, os desafios que se colocam ao universo dos laboratórios, sem esquecer que o desiderato da marca passa por continuar a potenciar o crescimento, sempre numa lógica de eficiência e excelência.

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pontos de vista

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e génese gaulesa, a Eurofins Scientific comemorou o ano passado três décadas de existência, assumindo-se como um grupo internacional líder na área de laboratórios, e que oferece um vasto portefólio ao nível de vertentes distintas, tais como alimentos, produtos farmacêuticos, testes ambientais, entre outros. Em Portugal a marca está presente desde 2005, ano em que se começaram a realizar os primeiros projetos de co-incineração no país. Se existe uma característica marcante da Eurofins, essa assenta na constante necessidade e vontade em promover e fomentar o crescimento. Esse mesmo plano de expansão da Eurofins em Portugal levou a marca a apostar em Paredes, em 2015, numa dinâmica que tem tido resultados bastante positivos. Mas qual é o foco da Eurofins Lab Environment Testing Portugal? Assumidamente o grande fito passa pela análise de fibras totais e de amianto em ar e materiais, “ou seja, procuramos analisar os materiais de construção para verificar se existe ou não amianto nos mesmos”, esclarece a nossa entrevistada. A busca pelo amianto é, portanto, o principal core da marca em Portugal, mas não só, pois existe também um departamento, uma business unit, que assume a responsabilidade das vendas de serviços analíticos na área de ambiente de outros laboratórios do grupo. “Procuramos fazer a ligação entre o mercado nacional e os laboratórios do grupo em amostras de solo, de água, entre outros e acabamos por usar a imensa oferta que temos no seio do grupo para dar uma resposta personalizada ao mercado nacional”, assume Helena Varela, revelando que esta área de negócio existe desde 2012, “ano em que desenvolvemos este departamento, que nutre de alguma autonomia”. Salienta ainda o facto de não haver legislação nacional relativa à prevenção da contaminação e remediação dos solos que faz com que sejam escassos os laboratórios em Portugal, com experiência na oferta deste tipo de análises e, portanto, a Eurofins posiciona-se como um interlocutor chave nessa área com ofertas analíticas exclusivas como o TerrAttesT® e apoio com o know-how existente dentro do grupo.

O Amianto e os perigos para a saúde pública

O amianto, devido às suas propriedades, como a elevada resistência a altas temperaturas, teve no passado numerosas aplicações, nomeadamente na indústria da construção, encontrando-se presente em diversos tipos de materiais como telhas de fibrocimento, gessos, tintas, vedantes, cabos elétricos, estuque e até nos próprios pavimentos. Assim, o amianto é uma realidade concreta em Portugal e vai continuar a ser, mesmo que o mesmo esteja proibido desde 2005. Uma das grandes questões, passa pela inexistência de legislação específica de controlo dos materiais de construção, ao contrário do que acontece

HELENA VARELA

noutros congéneres europeus, que assumem um controlo rigoroso ao nível da utilização dos materiais de construção, como por exemplo em França. “Em Portugal esse controlo não existe por escassez dessa legislação e assim o nosso laboratório não está dimensionado para dar resposta ao mercado nacional, mas sim ao europeu”, assevera a nossa entrevistada. Desta forma, é legítimo afirmar que o que se pretende do Eurofins Lab Environment Testing Portugal segue a estratégia do próprio grupo Eurofins, ou seja, assenta na vontade e necessidade em possuir centros de competências com capacidade para receber amostras com escala para dar essa tal resposta ao mercado internacional, europeu, e não ao local. “Se fosse para o mercado português não teríamos este laboratório porque a quantidade de análises de amianto aos materiais de construção é extremamente diminuta. Temos de compreender que em Portugal o modus operandi passa pela análise das fibras totais, em filtros de ar e não das fibras de amianto. Isso faz-se através de uma técnica mais acessível, ou seja, por microscopia ótica e não microscopia electrónica de transmissão”. Mas haverá atualmente perigo para a saúde pública? Recusando-se a confirmar tal afirmação, Helena Varela assume, contudo, que as fibras de amianto são de facto prejudiciais à saúde, existindo diversas patologias que podem advir da respiração das fibras de amianto. “Não sei qual o impacto no nosso país ao nível de doenças e mesmo de taxa de mortalidade, mas que existe risco, isso sim. Temos de apostar mais no controlo”.

Eurofins – Inovação no ADN

Que não subsistam dúvidas, o quotidiano da marca passa por testar vida. Assumidamente, a Eurofins é um líder mundial que tem a inovação

no seu ADN e que permite uma contínua e incessante vigilância, tendo criado, ao longo dos anos, um sentido de rigor e transparência tal que sabemos que podemos confiar nas diretrizes da marca de origem francesa. Basta perceber que a Eurofins partiu do desenvolvimento científico para estar na frente no âmbito do desenvolvimento de tecnologia que promova a segurança alimentar, sendo que a estratégia seguinte assenta no desenvolvimento e evolução. “O nosso grande foco passou sempre por juntar os melhores, não tanto em dimensão, mas ao nível do talento de técnicas de análise especializadas. Queremos sempre potenciar o desenvolvimento e a inovação, no sentido de aportarmos uma capacidade inequívoca de resposta aos grandes produtores e empresas, num curto espaço de tempo.

O universo dos laboratórios em Portugal

A aldeia global em que atualmente vivemos promove mudanças e mutações constantes, por vezes diárias, o que obriga a uma atenção diferente e a um foco sustentado em estratégias fortes. O universo dos laboratórios não escapou a essas alterações, sendo que é legítimo afirmar que houve uma mudança de paradigma nos laboratórios a nível mundial. “Hoje os laboratórios não são, ou não podem ser, aquele laboratório clássico em que o técnico recebe a amostra e emite também o relatório final. Este modelo desapareceu, até porque começou a ser dada uma maior relevância à organização dos laboratórios e à eficiência dos mesmos, que tem sido cada vez mais dimensionada”, revela a nossa interlocutora, assumindo que esta mudança também passa pelo consumidor que hoje é mais exigente e informado. “Hoje queremos respostas céleres e não queremos esperar


Portugal é talento e crescimento

“Claramente a ideia da Eurofins em Portugal é continuar nesta senda de crescimento”, afirma convicta Helena Varela, lembrando que Portugal não está apenas na moda na área do turismo. “Após a última crise económica que passámos, conseguimos ter a capacidade de mostrar e demonstrar que temos talento e que somos eficazes e altamente competitivos, e a própria Eurofins olha para nós de uma forma diferente, tendo a noção que somos pessoas competentes e capazes de crescer, tendo em Portugal um foco para continuar a promover o seu desenvolvimento e evolução”, conclui Helena Varela, managing director da Eurofins Lab Environment Testing Portugal. ▪

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por um resultado de uma análise. Isto só é possível se otimizarmos processos de forma completamente diferente em relação ao passado. E, portanto, esta é uma realidade que está a chegar a Portugal, embora atrasada, mas está a chegar e a provocar mudanças bastante acentuadas e visíveis. A automatização é uma realidade atual e assim estamos a industrializar o processo laboratorial, realidade que em Portugal só agora começa a dar os primeiros passos. Sendo um país exíguo, em Portugal existem imensos laboratórios, realidade que cria dificuldade de escala. Nesse contexto, para a nossa interlocutora, “muito vai mudar e acontecer ao universo dos laboratórios no nosso país. Temos necessariamente que aumentar a escala de atuação dos laboratórios, e acredito que a mudança nesta área começa a acontecer, o que pode provocar dissabores em alguns laboratórios em Portugal, principalmente os mais pequenos”, afirma, convicta. Mas pode a Eurofins ganhar algo com essa realidade? “Sem dúvida. Na Eurofins o desiderato passa sempre por querermos que os melhores façam parte desta estrutura e o nosso crescimento passa também pela aquisição ou fusão, pelo crescimento orgânico e mesmo pela criação de start ups e daí que em Portugal estejamos a aumentar a nossa presença em novas áreas, nomeadamente em serviços analíticos no setor agrícola (agro testing) e alimentar”, assevera Helena Varela que não tem dúvidas que esta mudança de paradigma vem promover a seleção e, eventualmente, o fim de alguns laboratórios, principalmente daqueles que não souberam acompanhar a inovação.


» DIA MUNDIAL DA ASMA

RAINBOW

A DIFERENÇA NA QUALIDADE DO AR A máquina Rainbow não é apenas um aspirador. Tem um sistema de limpeza que faz muito mais do que aspirar e que substitui vários utensílios de limpeza. Utilizando apenas água, a Rainbow elimina 99,9% das partículas do ar graças ao seu sistema de filtragem. Fernanda Alves e Matthias Schmelz, Presidentes da Rainbow Portugal, explicam as vantagens que a máquina Rainbow pode trazer à saúde dos seus utilizadores.

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om um produto de alta qualidade e que desempenha múltiplas funções, a máquina Rainbow precisa apenas de água para limpar a sua casa, quer seja alcatifas, azulejos, linóleo, assim como outras superfícies duras do piso, a sujidade ou pêlos dos animais de estimação. Através do filtro HEPA, a Rainbow usa o mais poderoso elemento da Mãe Natureza, a água, como primeira linha de filtragem, notando-se a diferença na qualidade do ar. O filtro HEPA é um filtro de longa duração, elevada eficácia, exaguável e reutilizável. Quase 100% dos materiais da Rainbow são recicláveis. A máquina Rainbow purifica o ar e também disponibiliza igualmente fragrâncias, óleos naturais e máquinas de aromaterapia para deixar uma fragrância agradável. A máquina permite retirar os odores da sua casa, mas, sobretudo, permite melhorar a qualidade de vida e de saúde em aspetos como alergias, asma ou constipações. Fénix Lusitana (Rainbow Portugal) é o importador exclusivo e representante da marca Rainbow em Portugal desde 1993 e líder do mundo entre 80 países. Sediada em Carnaxide, conta com 15 escritórios no Continente e nas Ilhas (Madeira, São Miguel, Terceira, Braga, Maia, Gaia, Coimbra, Leiria, Santarem, Odivelas, Carnaxide, Setúbal, Beja, Vilamoura e Portimão).

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A FORMA NATURAL DE LIMPAR

FERNANDA ALVES E Matthias SCHMELZ

Afinal de contas são já 300 mil os clientes da Rainbow e 25 anos a limpar as casas dos portugueses, contribuindo para prevenir problemas respiratórios e alergias.

A FORMA NATURAL DE LIMPAR

Cerca de metade dos portugueses que têm asma não tem a sua doença controlada, afetando a sua qualidade de vida, segundo dados da Sociedade de Alergologia. E a propósito do Dia Mundial da Asma, que se celebra anualmente na primeira terça-feira do mês de maio, a Rainbow destaca-se por utilizar o mesmo sistema de limpeza dentro de casa que a “mãe natureza utiliza lá fora”. Fernanda Alves é um exemplo dos benefícios que o sistema de limpeza Rainbow. No passado com alergias aos pólens e asma, Fernanda Alves viu a sua vida mudar quando conheceu e começou a utilizar a máquina Rainbow. A verdade é que a Rainbow é a única marca recomendada pela Fundação Portuguesa do Pulmão. Trata-se de um reconhecimento do mérito da marca, mas também de uma responsabilidade acrescida. “Sabemos que o sistema de limpeza Rainbow é realmente bom, mas é um orgulho e é importante termos um parceiro como a Fundação Portuguesa do Pulmão que vem


garantir qualidade de vida a mais pessoas”, diz-nos, ainda, a nossa entrevistada. Afinal de contas são já 300 mil os clientes da Rainbow e 25 anos a limpar as casas dos portugueses, contribuindo para prevenir problemas respiratórios e alergias.

UMA SEGUNDA CASA

Trabalhar na Rainbow é trabalhar numa empresa onde valores como família, proximidade, motivação e reconhecimento são a base do sucesso. A Rainbow Kids, a título de exemplo, é um espaço na empresa onde os colaboradores podem deixar os seus filhos ao cuidado de uma educadora qualificada quando precisam. “Esta é a nossa família profissional e para nós é extremamente importante conhecer os nossos colaboradores e manter uma proximidade e ligação com eles. Não são só mais um número para a empresa. Temos o melhor produto, não há dúvidas disso, mas esta é uma empresa constituída por pessoas e é delas que temos de cuidar. Todos ganhamos com isso”, elucida Fernanda Alves. Mais do que inovar nos produtos, a Rainbow procura inovar na equipa e na forma de trabalhar, apostando em colaboradores motivados por objetivos pessoais e profissionais. “Os nossos colaboradores têm formação contínua e, ainda, avaliamos o índice de felicidade que a nossa empresa seja um local feliz para se trabalhar”, afirma a nossa interlocutora. Assente numa comunicação transparente, quer com a equipa, quer com os clientes, a Rainbow tem um serviço de pós-venda forte que garante o acompanhamento dos clientes. É através

do feedback dos consumidores, que a Rainbow procura melhorar constantemente os seus produtos para ir verdadeiramente ao encontro das suas necessidades. “O contacto humano é muito importante. É a nossa essência e é o que marca a diferença”, conclui Fernanda Alves. ▪

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afirmar a qualidade e os benefícios do nosso produto”, afirma Fernanda Alves. Em parceria com a Fundação Portuguesa do Pulmão a Rainbow contribui, mensalmente, para a publicação de artigos com informações úteis para as pessoas e com demonstrações do que a máquina pode fazer pelos seus consumidores. “Queremos alertar as pessoas e acrescentar valor aos artigos, partilhando com elas informações sobre a máquina, os produtos Rainbow e conselhos de utilização ou dicas para beneficiar a sua saúde. Temos 300 mil clientes em Portugal e temos de cuidar deles. Queremos garantir que conseguem retirar o máximo do proveito da máquina Rainbow”, adianta a nossa entrevista. Existe, ainda, uma rede de médicos associada à Fundação Portuguesa do Pulmão que, inclusive, recomenda a Rainbow para solucionar diversas doenças dos seus pacientes. “Esta é a nossa forma de atuar no mercado, através da recomendação. Não fazemos chamadas a frio, nem "batemos" porta-a-porta. Todos os nossos clientes chegam até nós através da recomendação de clientes satisfeitos”, acrescenta Fernanda Alves. “Quando temos a certeza que estamos a trabalhar com produtos de qualidade, empresas ou pessoas profissionais, sabemos que estamos no bom caminho. Quando juntamos sinergias conseguimos chegar mais longe. E esse é o nosso objetivo, chegar mais longe e

Quando temos a certeza que estamos a trabalhar com produtos de qualidade, empresas ou pessoas profissionais, sabemos que estamos no bom caminho. Quando juntamos sinergias conseguimos chegar mais longe. E esse é o nosso objetivo, chegar mais longe e garantir qualidade de vida a mais pessoas


» TELESSAÚDE EM PORTUGAL OPINIÃO DE Micaela Seemann Monteiro, Diretora do Centro Nacional de TeleSaúde e Coordenadora do Centro de Contacto do SNS, SPMS

Como a telessaúde está a mudar a saúde em Portugal João, 69 anos, reformado, sofre de doença pulmonar crónica obstrutiva. Hoje acordou com mais falta de ar e mais expetoração. Como todos os dias de manhã, mede a sua temperatura e com um pequeno dispositivo também a oxigenação do seu sangue. Os valores são automaticamente enviados para o seu smartphone e depois transmitidos para a equipa de médicos e enfermeiros que o segue no seu hospital.

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o hospital a enfermeira Cláudia recebe um alerta na plataforma de telemonitorização: João está com febre e os valores de oxigenação estão no limite inferior do que é o seu normal. Uma videochamada coloca os dois em contacto e começa a teleconsulta. O João explica à equipa hospitalar as suas queixas e Cláudia aconselha as primeiras medidas a tomar. A Dra. Graça, pneumologista do João há muitos anos, está a par da situação e envia por SMS uma nova prescrição para reforçar a terapêutica e prevenir a descompensação. Antigamente, João esperava até não aguentar muito mais a falta de ar. Depois, ligava 112 e era transportado para o Serviço de Urgência. Passadas muitas horas no meio de outros doentes ficava frequentemente internado e longe da sua família. Este cenário não é futurologia – já acontece em Portugal. Este ano, oito hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) já estão a desenvolver projetos de telemonitorização, prevenindo desta forma episódios de urgência e internamentos hospitalares. As tecnologias de informação são cada vez mais ferramentas poderosas para criar novas formas de prestação de cuidados de saúde. A digitalização da saúde não é apetrechar os hospitais, centros de

Teleconsulta no Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro-Rovisco Pais

saúde e a casa do doente com gadgets ligados a internet. É mudar a forma como os profissionais se organizam em torno do doente e da sua família. É permitir ao doente e aos seus cuidadores um papel muito mais ativo na gestão da doença. É afastar a ideia de que consultas, diagnósticos, tratamentos e internamentos só podem acontecer nas instituições de saúde e no “horário de expediente”. A inversão da pirâmide etária é um problema já bem identificado nos países da OCDE. Em Portugal o número de idosos por cada 100 jovens era 101,6 em 2001. Em 2016 o valor cresceu de for-

ma vertiginosa para 148,71 e a tendência aponta para que esta relação se agrave cada vez mais no futuro. O envelhecimento traz, invariavelmente, o aparecimento de doenças crónicas e a perda progressiva de autonomia do indivíduo. Assim, a esperança média de vida2 em 2015 de uma portuguesa aos 65 anos era de mais cerca 19,31 anos, mas apenas de mais 5,43 anos de vida saudável. Quem cuidará desta população? A institucionalização em lares e cuidados continuados é viável e, sobretudo, desejável? Certamente que não! A solução deste enorme desafio para as nossas sociedades passará consequentemente pelo desenvolvimento e adoção de novos modelos, abandonando aqueles que estão esgotados. A telessaúde é uma poderosa ferramenta para precisamente alavancar estes novos modelos. Ajudará a prolongar a autonomia do doente no domicilio e a capacitá-lo na gestão conjunta da sua doença com os profissionais. Joana Rodrigues, 17 anos, estudante, vive numa pequena vila em Trás-os-Montes. Filipa, a mãe, está preocupada com um sinal na pele do ante1 www.pordata.pt/Portugal 2 DGS: A Saúde dos Portugueses 2016 3 www.pordata.pt/Portugal


Teleconsulta de Cardiologia Pediátrica nos HUC, Coimbra com Serviços de Pediatria da região

PC do doente, já é pratica em instituições de saúde no nosso país – e, esperemos, em breve também no SNS. Hoje em dia tratamos das nossas finanças a partir de casa, organizamos viagens completas na internet e até enchemos o nosso frigorífico recorrendo a compras online. Fazemo-lo porque as nossas vidas atarefadas muitas vezes o exigem. As necessidades da população hoje são diferentes das de há 20 anos atrás e o ritmo de vida acelerou de forma vertiginosa. Os cuidados de saúde não podem ficar presos no tempo. Têm de acompanhar a mudança e dar resposta às novas exigências - tirar partido das tecnologias de informação e criar modelos ágeis e resolutivos. No entanto, tratar da nossa saúde não é exatamente igual a fazer uma transferência bancária, entregar o IRS ou comprar um bilhete de avião e fazer o check-in eletrónico. A saúde requer segurança clínica. A Ordem do Médicos dedica o capítulo VII do seu Regulamento de Deontologia Médica à telemedicina. Estabelece regras e define responsabilidades para salvaguardar a relação médico-doente e garantir a qualidade e segurança do ato médico. A Direção Geral de Saúde tem vindo a emitir normas para o exercício da telemedicina nas instituições do SNS. Este trabalho de regulamentação clínica e técnica é importante para assegurar que estas novas formas de prestação de cuidados sejam seguras para o doente e acolham a confiança dos profissionais. É de salientar que, quer a Ordem do Médicos, quer a Direção Geral de Saúde, souberam regulamentar sem criar barreiras desnecessárias. Na verdade, criaram facilitadores da telessaúde, uma vez que abrem caminho para um desenvolvimento com regras claras para os diferentes intervenientes. Os sucessivos Governos de Portugal têm vindo a reconhecer a importância estratégica da transformação digital e das novas tecnologias para a resolução dos grandes desafios da sociedade con-

temporânea. A saúde não é exceção. Pelo contrário, é uma das áreas em que estas novas tecnologias, como a telessaude, a inteligência artificial ou a robótica podem trazer grandes ganhos em saúde e em eficiência. O Despacho n.º 3571/2013 do Ministério da Saúde, por exemplo, determina que os serviços e estabelecimentos do SNS devem intensificar a utilização das tecnologias de informação e comunicação de forma a promover e garantir o fornecimento de serviços de telemedicina aos utentes do SNS e define metas concretas. A Administração Central do Sistema de Saúde I.P. (ACSS) desenvolveu instrumentos financeiros para incentivar a prática da telemedicina. Assim, por exemplo, o pagamento aos hospitais da produção de teleconsultas é majorado em 10%. Em outubro de 2016 o Conselho de Ministros criou, através da sua Resolução 67/2016, o Centro Nacional de TeleSaúde (CNTS) no seio do Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), “através do qual pretende reforçar a estratégia nacional para a promoção da Telemedicina e promover a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação, como parte integrante de processos de reforma dos cuidados de saúde...”. O CNTS, que tenho o prazer de dirigir, promove diariamente junto dos profissionais e organizações a prática da telessaúde, identifica bons exemplos e incentiva a sua replicação. Acompanha as equipas que desenvolvem na SPMS os sistemas de informação para o SNS, por forma a suportarem cada vez melhor estes novos modelos de cuidados. Desde julho de 2016 o CNTS também coordena o Centro de Contacto do SNS (SNS24). Tornou-se assim, ele próprio, o maior prestador de serviços de telessaúde no país, com mais de 1 235 000 chamadas atendidas por enfermeiros desde então. Tudo para que em Portugal a telessaúde seja ainda mais do que a soma das iniciativas individuais e contribua para um SNS cada vez mais perto do cidadão. É assim que a telessaúde está a mudar a saúde dos portugueses! ▪

35 maio 2018

braço de Joana – especialmente porque a tia de Joana falecera por melanoma há 2 anos. O hospital com consulta de dermatologia está à distância de uma viagem de carro de três horas. Mas esta distância deixou de ser um problema. No Centro de Saúde o Dr. Henrique, desde sempre médico da família Rodrigues, tira uma fotografia digital e envia-a através dos sistemas de informação do SNS, acompanhada de informação clínica importante para o colega dermatologista. Este avalia e, pela mesma via, recomenda tirar o sinal através de uma pequena cirurgia que pode ser feita no hospital perto de casa. O resultado da análise do sinal descansa. É uma lesão benigna – não é cancro. As teleconsultas de dermatologia, como a da Joana, já são realidade no SNS em 14 Centros Hospitalares, três hospitais, cinco Unidades Locais de saúde e nos dois IPOs. É graças às teleconsultas que o local de residência deixa de ser uma barreira para o acesso a cuidados mais diferenciados – neste caso ao especialista. Na verdade, as tecnologias aproximam os doentes dos profissionais. Facilitam a comunicação e articulação entre profissionais e contribuem assim para uma melhor utilização dos recursos existentes. Evitam deslocações por vezes desconfortáveis, poupando desta forma tempo e dinheiro. Carlos, 48 anos, é gestor de empresa. A sua vida profissional desenrola-se num ritmo acelerado, exige-lhe viagens frequentes e reuniões de última hora. Deixa-lhe pouco tempo para cuidar da sua saúde, nomeadamente da sua tensão arterial elevada e da diabetes diagnosticada há 2 anos. Carlos é seguido pelo seu médico assistente em consultas periódicas mas, por vezes, tem de as desmarcar. Ainda bem que, há um ano para cá, as consultas presenciais são intercaladas com teleconsultas por videochamada. Ainda ontem, de Madrid, conseguiu discutir com o médico o resultado das análises e das suas medições da tensão. Foi necessário ajustar a terapêutica. Ainda bem que não teve de faltar à consulta. A teleconsulta com o médico assistente por videochamada, diretamente a partir do smartphone ou

Telepatologia (Hospital Pêro da Covilhã com IPATIMUP/ Porto)


» TELESSAÚDE EM PORTUGAL

É

médica, especialista em medicina interna com grau de consultora. Detém também a Competência em Emergência Médica conferida pela Ordem dos Médicos. Estudou Medicina na Heinrich-Heine-Universität de Düsseldorf, Alemanha. Trabalhou como médica na Alemanha, Reino Unido e Portugal. Dirigiu Serviços de Urgência durante 10 anos. Nesse âmbito ganhou com a sua equipa o Prémio da Qualidade, Fundação Maria Amélia de Mello. Foi vogal do Conselho Português de Ressuscitação. Investigou e publicou na área dos videojogos para a educação médica. Integra o Special Interest

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Group Technology and Process of Care da European Society of Emergency Medicine. Frequentou o Programa de Alta Direção de Instituições de Saúde na AESE e concluiu a pós-graduação em Gestão de Informação e Business Intelligence em Saúde na Nova Information Management School. Em Setembro de 2016 assume a Direção de Planeamento e Desenvolvimento Organizacional da SPMS, E.P.E. Nessas funções é responsável pela criação do Centro Nacional de TeleSaúde. Desde Agosto de 2017 é Diretora do Centro Nacional de TeleSaúde e coordena o Centro de Contacto do SNS. Mantém a sua atividade médica.


FRANCHISING - TENDÊNCIAS DE FUTURO E INOVAÇÃO

«

OPINIÃO DE Cristina Maria Matos, Secretária Geral da Associação Portuguesa de Franchising

A importância do setor do Franchising! O Franchising tem vindo a crescer no mundo inteiro e Portugal não tem ficado indiferente. Abrir um negócio em franchising pode ser uma opção para entrar no mundo de negócios com menor risco e margem de erro. O crescimento ocorre porque os mercados globais são recetivos a este modelo de negócio, que proporciona às pessoas com uma mentalidade empresarial, a oportunidade de dirigir o seu próprio negócio com menos risco.

área comercial e de se auto motivar, o empreendedor deve analisar alguns aspetos da vida pessoal antes de avançar para este projeto. É importante ter o apoio da família, a capacidade financeira e motivação suficiente para arriscar as economias que tem. Pode haver insucesso e perdas financeiras. Caso avance para um negócio em franchising, o empreendedor tem ainda de analisar o seu perfil para entender se tem a capacidade para fazer parte de uma rede e aceitar as regras e orientações do franchisador. Se decidir abrir um negócio em franchising informe-se, pesquise oportunidades, peça ajuda a um técnico para fazer o plano de negócio e não deixe de consultar um advogado na hora de assinar o contrato. O franchising é, sem dúvida, a melhor forma de empreender. ▪

O apoio começa com a seleção do local, negociação de espaço, desenvolvimento do projeto da unidade e formação inicial de toda a equipa que irá operar com o franchisado. Este apoio na área da formação mantém-se durante a vigência do contrato, recebendo o franchisado além da formação, suporte na gestão, campanhas de marketing e comunicação

37 Maio 2018

Ao aderir a uma marca de franchising, o empreendedor recebe um negócio testado com sucesso e beneficia das estratégias de gestão das grandes empresas sinónimo de ligação a uma marca e a possibilidade de gerir um negócio com ferramentas testadas lançando-se o empreendedor no mundo empresarial com um conceito que provou ser um caso de sucesso. Para além da vantagem do conceito ter sido testado com sucesso, o empresário recebe apoio no arranque do negócio e durante o período de vigência do contrato. O apoio começa com a seleção do local, negociação de espaço, desenvolvimento do projeto da unidade e formação inicial de toda a equipa que irá operar com o franchisado. Este apoio na área da formação mantém-se durante a vigência do contrato, recebendo o franchisado além da formação, suporte na gestão, campanhas de marketing e comunicação. No fundo, os números não enganam e o que faz o franchising apelativo, não só para empreendedores nacionais, mas também para países estrangeiros, é a sua contribuição para a produção económica. Segundo um estudo global, levado a cabo em 2017 pela IFA – International Franchise Association, juntamente com o World Franchise Council, existem aproximadamente 2 milhões de negócios franchisados que asseguram mais de 19 milhões de empregos no mundo. Em média, o franchising contribui para 2,7% do PIB de cada país. O primeiro passo a dar antes de se lançar no mundo do franchising é avaliar se tem perfil para ser empresário e está preparado para iniciar um negócio próprio. Para além do perfil de liderança e capacidade de gerir equipas, desenvolver a


» FRANCHISING - TENDÊNCIAS DE FUTURO E INOVAÇÃO

“A marca Meu Super incentiva o franquiado a ser o rosto da sua loja” “A marca Meu Super incentiva o franquiado a ser o rosto da sua loja, para uma experiência de compra personalizada”, afirma António Filipe, Diretor Geral do Meu Super. Conheça mais de um conceito inovador e diferenciador e que pode promover uma mudança positiva na vida de quem escolha a marca Meu Super e o seu conceito de franchising.

O

grande fator de sucesso da marca Meu Super passa pelo seu conceito de proximidade. Que outras valias apresenta a marca para consumidores e para empresários e empreendedores? As lojas Meu Super localizam-se predominantemente em zonas habitacionais ou de grande fluxo pedonal, apostando num comércio de proximidade dentro das localidades em que estão inseridas. Uma das maiores vantagens competitivas do Meu Super é a gama de produtos ajustada às necessidades da comunidade, onde cada supermercado está inserido, sendo esta uma das razões para cada loja ser única. Os clientes do Meu Super, além de encontrarem os produtos das suas marcas de eleição, têm ainda disponíveis os produtos da marca própria Continente, eleita Marca de Confiança dos portugueses desde 2003, sem ter que se deslocar a um hipermercado. Estes poderão também usufruir de todas as vantagens proporcionadas pelo Cartão Continente, através de descontos na loja e de benefícios numa rede alargada de parceiros, destacando a Galp e a Well’s. Foi eleita Escolha do Consumidor (pela terceira vez consecutiva), Escolha do Consumidor Excellentia e ainda Cinco Estrelas em 2018. Este negócio tem como principais mais valias ter sido desenvolvido especificamente para o formato de franquia, tanto para lojas de raiz como para lojas já existentes, sem fees, nem direito de entrada, Um dos principais fatores de sucesso é ter o apoio de uma equipa, que faz parte de um grupo com mais de 30 anos de experiência no retalho alimentar, exclusivamente dedicado ao negócio que ajuda em todas as fases do processo, tendo já uma rede mais de 300 lojas. Em 2018 ganhou ainda três prémios de franchising, pelo terceiro ano consecutivo (Expansão Nacional, Expansão Comercio, Expansão Geral).

pontos de vista

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ANTÓNIO FILIPE

Foram a marca que cresceu mais em franquia em 2015 e 2016. O que justifica este sucesso? Que balanço é possível fazer de 2017? O sucesso das lojas Meu Super deve-se, ao modelo de negócio especificamente desenvolvido para o formato de franquia, o que nos permite estarmos focados em apoiar os nossos parceiros, bem como, os seus clientes, que também são os nossos clientes. Oferecemos soluções vantajosas para ambas as partes: franquiados e consumidores. O nosso objetivo foi superado e terminámos o ano 2017 com 300


lojas. Pretendemos, em conjunto com os nossos parceiros, dar continuidade ao trabalho até agora conseguido. A tendência do consumo nos últimos anos tem vindo a alterar, principalmente no retalho alimentar de proximidade que tem ganho cada vez mais clientes. Além do fator diferenciado de uma experiência mais personalizada, os consumidores estão cada vez mais recetíveis a fazer compras perto de casa ou do trabalho, e não ter que se deslocar até grandes superfícies para efetuar as compras do mês, repartindo a lista de compra consoante as necessidades do dia a dia, ganhando mais tempo para fazer o que gostam. De que forma é que asseguram a viabilidade do investimento ao nível do franchising? O fato de terem a Sonae MC como «estandarte» deste processo é um fator positivo e, talvez, até decisivo? No sector do comércio a retalho há uma evidente evolução. O sucesso de um negócio pode resumir-se à capacidade que cada retalhista tem de se atualizar e de responder à exigência do consumidor atual. Pretendemos continuar a contribuir para a revitalização do comércio tradicional e para a criação de novos empregos. Acreditamos que o fato de fazermos parte do Grupo Sonae é um fator decisivo, pois é o maior e mais conceituado operador português de retalho alimentar, com décadas de experiência acumulada no desenvolvimento de novas lojas, novas insígnias e novas marcas, sempre com o objetivo de satisfazer as necessidades dos consumidores. Um dos pontos chave para o sucesso passa pela sintonia entre franqueador e franqueado. Como perpetuam essa dinâmica de acordo? Qual o vosso papel na promoção dessa solidez e consistência entre ambos? A marca Meu Super incentiva o franquiado a ser o rosto da sua loja, para uma experiência de compra personalizada. É este formato de proximidade, juntamente com um forte conhecimento dos seus clientes, que permite às lojas oferecer um serviço de qualidade e singular que cria um elo emocional com os seus clientes, algo que não é conseguido em lojas de grande dimensão. Existe uma equipa própria preparada para acompanhar as lojas, desde o momento de pré-abertura da loja e que acompanha a loja no seu dia a dia. O nosso modelo de negócio é um processo de parceria, feito lado a lado. Porque é que o Meu Super é um conceito de franchising inovador? A inovação é importante para o nosso mercado, nomeadamente ao nível de desenvolvimento de produto e em novos conceitos de desenvolvimento do negocio. A experiência do consumidor continuará a ser um dos eixos de atuação da marca. O risco é, naturalmente, uma vertente que está sempre associada a qualquer negócio. Desta forma, como procuram minimizar este risco para aqueles que vos procuram? Os parceiros beneficiam do “know-how” do maior retalhista e líder em Portugal, que lhes oferece todo o apoio no estudo de suporte à decisão na localização da sua loja, desde o

layout, definição da gama, montagem da loja, soluções de IT de suporte ao negócio e formação das equipas. Podem ainda contar com toda a estrutura logística da Sonae. Ao nível de espaços existentes em Portugal em que ponto estão neste momento? Qual o plano/desiderato para 2018? O grande desafio é alargar a rede de lojas da marca e chegar cada vez mais perto das famílias portuguesas. Estamos convencidos de que há ainda espaço para estes formatos de proximidade crescerem quer na criação de novas lojas quer na modernização de lojas já existentes, sobretudo, porque os portugueses fazem cada vez mais compras de pequena dimensão e de forma mais frequente, o que favorece bastante as nossas lojas. O franchising em Portugal tem crescido bastante. O que significa isto? De que forma é que este vetor de mercado é importante na redução, por exemplo, dos níveis de desemprego em Portugal? O franchising do Meu Super é um caminho para revitalização dos seus negócios ou desenvolvimento de novas atividades: beneficiam da garantia de preços competitivos, de uma gama ampla e profunda de produtos de marca própria e de fornecedor, adaptável, a realidades distintas, da disponibilização de folhetos promocionais quinzenais e da utilização de sistemas informáticos idênticos aos das restantes lojas da Sonae. Pretendemos continuar a contribuir para a revitalização do comércio tradicional e para a criação de novos empregos. Atualmente, o Meu Super totaliza mais de 300 lojas, o que representa mais de 1200 postos de trabalho e 50.000 m2 de superfície comercial. Inovação e Apoio da Casa Mãe são os dois pontos mais essenciais para alcançar o êxito com e no Meu Super? O Grupo Sonae é o maior e mais conceituado operador português de retalho alimentar, com décadas de experiência acumulada no desenvolvimento de novas lojas, novas insígnias e novas marcas, sempre com o objetivo de satisfazer as necessidades dos seus clientes. Os parceiros da Sonae MC na rede Meu Super beneficiam de um conjunto alargado de vantagens que lhes confere competitividade no mercado nacional. ▪

A terminar, porque é que apostar no modelo Meu Super é apostar numa orgânica vencedora e de sucesso? Significa escolher um formato ganhador, sólido, consistente e seguro, com vantagens claras para empresários, empreendedores e consumidores. Isto traduz-se em contactos permanentes e em decisões conjuntas.


» GERBER EM DESTAQUE

K-Way - Cape Union Mart Inteligente e Sustentável

A K-Way conta com 245 funcionários em produção, cerca de 150 pessoas adicionais estão empregadas no total de seis operações contratadas

A pontos de vista

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Não, esta não é a conversa da empresa baseada em Turim Basicnet que pertence ao rótulo K-Way com o ‘K’ estilo azul-vermelho, mas sim da que mostra a silhueta do Kilimanjaro - K-Way Africa. Assim como a marca italiana de roupas desportivas para ar livre, a empresa sul-africana, que faz parte do Cape Union Mart Group, está a tentar expandir para o mercado de retalho através da sua empresa-mãe. Mas já cá voltaremos... O uso dos direitos de marca segue um acordo territorial, explica Bobby Fairlamb, diretor-geral da K-Way Manufacturers, Cape Town.

lém de ser líder do mercado local de vestuário de desporto para o ar livre, a empresa possui um número impressionante de novos lançamentos e novidades, incluindo ser o primeiro fabricante certificado Gore-Tex com costuras seladas a quente e também para a tecnologia Sew Free®. A Confeção, o conhecimento dos processos técnicos para a roupa funcional, como o processo de costura impermeável até 10.000 mm de coluna de água, têm sido comparados com uma escritura à mão. Isto reflete-se numa silhueta bastante estreita, atualmente bastante simples, renunciando aos remendos da & Co. K-Way. Típicos são os intervalos de cores individuais com acentos inteligentes. Down ainda é importante no K-Way e, por isso as alternativas ao uso questionável da plumagem inferior de gansos e patos são avaliadas com rigor. São produzidas cerca de 500 mil peças de vestuário todos os anos. As gamas de preços de retalho variam entre os 300 ZAR (20 €) e os 5 000 ZAR (350 €), por exemplo, para produtos do Programa de Expedição Antártica K-Way.

As vendas são feitas exclusivamente através do canal comercial da empresa sob a alçada do Cape Union Mart Group. Estas incluem Old Khaki, Poetry, Tread + Miller, Keedo e as lojas emblemáticas projetadas especificamente para toda a área ao ar livre do Cape Union Mart, que também possui sucursais na Namíbia e no Botswana, com um total de cinco cadeias de retalho. O vestuário K-Way, também com equipamentos de marca, representa a marca de retalho mais vendida do grupo, com um total de 250 lojas.

Rumando a uma nova direção

O espírito de inovação é provavelmente a expressão mais poderosa para caracterizar o estado atual da empresa que foi fundada em 1981 por Philip Krawitz: na terceira geração da família, o fundador adaptou a mudança das raízes para roupas personalizadas, em seguida, a produção de uniformes e casacos para medidas individuais e especializadas em roupas impermeáveis para polícia e segurança.


Artesanato, conhecimento da confecção de vestuário funcional emparelhado com uma caligrafia de design limpa “O hardware e o software da Gerber permitem que a K-Way maximize a qualidade e a rentabilidade, assegure a consistência e obtenha nossos produtos no mercado de forma mais rápida e inteligente”.

-Maiores níveis de rotação de stock para outros stocks significativos em tecidos e guarnições de alto desempenho até dois meses e meio até o final de 2017. -Maior eficiência e maior rendimento com um prazo de quatro semanas a partir do pedido ao serviço de vendas, o que é relevante para 65% da produção total durante a nossa visita. -Melhor desempenho de prazos de entrega também, mas não apenas através do monitoramento regular do desempenho do fornecedor.

Uma nova era também foi inquestionavelmente iniciada em 2004, quando o empresário Philip Krawitz trouxe um espírito de administração livre a bordo: “O objetivo era aumentar a nossa produtividade mas também as vendas e a rentabilidade”, explica assim o diretor executivo a estratégia a seguir. Foi o nome Bobby Fairlamb que surgiu. “Tem cerca de três a quatro meses para nos acompanhar”, lembra. - Envolvimento no CCTC interativo e, acima de tudo, o Cape Clothing and Textile Cluster com cerca de 50 empresas membros e uma pesquisa na produção automotiva, para estudar estruturas alternativas de fabrico e organização de processos, o homem de ação inteligente conseguiu o objetivo logo nos primeiros dias. E atualmente? Ao seguir uma abordagem sistemática enxuta no “time-to-market” na K-Way Manufactures, obteve-se uma redução drástica do processo e tudo isto através de uma melhoria contínua. Tornando assim a operação muito eficiente, apenas com passos de valor acrescentado do início ao fim - Mesmo que o protagonista Fairlamb tenha prevenido ao começar a digressão pela fábrica («Vai ver tudo muito mal, mas asseguro-lhe que antes era bem pior.”), Foram alcançados resultados surpreendentes relacionados coma filosofia ‘Lean’: -Desenvolvimento de produto mais rápido através de reuniões de estilo de pré-produção onde todos os interessados se juntam para o início da produção.

Processo totalmente integrado com a Gerber

Para descrever a parceria de longa data com o seu fornecedor de soluções automáticas, Bobby Fairlamb, usa uma metáfora: “A Gerber Technology é grande parte do tecido do nosso negócio”. Isto relativamente ao corte de uma grande variedade de tecido de PTFE para materiais revestidos ou laminados nas duas máquinas de corte GTxL, ou no mais recente sistema de corte automático, Paragon® , a K-Way começou a usar o sistema de desenho de moldes, graduação e estudo de marcadas do líder de marketing com uma rede mundial

Implementou uma abordagem sistemática para a fabricação lean para vestuário na K-Way: Gerente Geral Bobby Fairlamb

41 Maio 2018

O armazenamento substancial de tecidos funcionais permite que a K-Way responda rapidamente às vendas reais na cadeia de varejo da empresa

Formação contínua de operadores - parte integrante da estratégia corporativa


» GERBER EM DESTAQUE

“A sustentabilidade compensa”

Em agosto de 2017 a empresa privada instalou uma fábrica de energia solar numa tentativa de reduzir a sua pegada ecológica. Tal investimento servia um propósito: converter a energia solar em eletricidade direta, com esta ajuda seriam economizadas cerca de 136 toneladas de emissões de carbono - algo equivalente a 35 toneladas de resíduos, a poluição de 23 carros num período de um ano ou o uso de 285 barris de petróleo anualmente. Atualmente, a K-Way embarcou num processo para alimentar o excesso de energia para a rede City of Cape Town da eletricidade gerada aos fins-de-semana. A K-Way instalou ainda uma iluminação de baixo consumo de energia em toda a fábrica e comprou máquinas com um consumo reduzido de energia. Um sistema de furos também foi instalado para alimentar as áreas de ablução de alta utilização da fábrica, o que economizará 1,5 milhão de litros de água municipal por ano. Estas iniciativas complementam o modelo de fabrico enxuta da K-Way, através do qual se esforçam continuamente para melhorar a organização como um todo. Pelos seus esforços a empresa recebeu recentemente outro reconhecimento - o Prémio de Melhoria de Desempenho LEAN do Departamento de Comércio e Indústria da África do Sul e o Cape Clothing and Textile Cluster.

As pessoas estão antes do lucro

A K-Way tem cerca de 245 funcionários na produção, cerca de 150 pessoas adicionais que estão empregadas num total de seis operações contratadas. A formação contínua de operadores em corte e costura, colegas de trabalho em todos os departamentos de produção, bem como em gestão, são parte integrante da estratégia corporativa. A coesão e a motivação dentro da força de trabalho também é promovida através de reuniões e eventos regulares da empresa. Philip Krawitz: “Se colocar as pessoas antes do lucro, as pessoas vão recompensá-lo.” ▪

Design de produto sempre pensativo

pontos de vista

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Aproveitando ao máximo os tecidos de alta taxa: funciona com o software AccuNest da Gerber

de vendas e serviços de assistência técnica em meados dos anos 90, apoiado localmente pelo parceiro de longo prazo da Gerber - a Intamarket. Hoje, o fabricante utiliza toda a gama de software integrado da Gerber também para classificação e encaixe automático de marcadas com o Software AccuNest, assim como soluções de hardware. “Estas tecnologias per-

mitem que a K-Way maximize a qualidade e a rentabilidade, garanta a consistência e obtenha os produtos no mercado da forma mais rápida e inteligente”, resume Bobby. Para além disso, existe uma permanente comunicação com os especialistas da Gerber para beneficiar das últimas tecnologias conforme as demandas das organizações.

Por enquanto, apenas um truque, amanhã talvez seja uma nova linha de roupas para animais de estimação ao ar livre: a mascote da empresa ‘J.J.’ nos acompanha no casaco de k-Way durante o passeio


BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO PROJETOS «

“O que faz a diferença em qualquer projeto são sempre as pessoas” “O Gestor do Projeto é a pessoa responsável por garantir que o projeto é levado a cabo de acordo com os requisitos, entregando valor e assegurando os benefícios esperados”. Quem o afirma é Miguel Carvalho e Melo, Presidente da Direção da APOGEP - Associação Portuguesa de Gestão de Projetos, que em entrevista à Revista Pontos de Vista abordou um pouco mais a importância da gestão do projeto em Portugal.

E

43 Maio 2018

De forma geral, quais são as maionquanto Associação Portuguesa de Gestão de Projetos, quais diria res necessidades que identifica nas que são os principais itens que empresas quando o tema é “projetos”? um projeto tem de ter para ser Ainda há muitas organizações onde bem-sucedido? subsiste uma enorme confusão sobre O que faz a diferença em qualquer o que é um projeto, em muito devido projeto são sempre as pessoas. A sua à vulgarização desta palavra. Para além motivação e envolvimento, bem como disso, muitas organizações que comeo modo como são lideradas são aspecçaram a perceber que toda a sua activitos essenciais, assim como a existência dade que não seja “operações” deve ser de uma verdadeira equipa e não apenas gerida por projetos, cometem o erro de um mero conjunto de pessoas. Mas, para pensar que basta adoptar uma qualquer além de Gestores de Projetos profissioferramenta informática para esse fim. Por fim, temos ainda a situação de organizanais e com competências certificadas, o modo como a Gestão de Projetos está ções que decidem adoptar ferramentas implementada nas organizações é seme metodologias de tal modo complexas que a Gestão de Projetos torna-se um pre um factor crítico. Podemos ter exce- MIGUEL CARVALHO E MELO problema e não uma solução. lentes Gestores de Projetos e excelentes equipas a utilizar uma metodologia bem estruturada e suportada Qual é o papel do gestor de projeto? nas melhores ferramentas, mas se a organização não estiver preO Gestor do Projeto é a pessoa responsável por garantir que o parada para suportar a Gestão de Projetos e os seus Gestores de projeto é levado a cabo de acordo com os requisitos, entreganProjetos, o sucesso estará inevitavelmente comprometido. do valor e assegurando os benefícios esperados. Em rigor, é o responsável último e máximo pelo projeto e pelo seu sucesso, Quais as áreas de actividade que a Associação abrange? sendo que para poder exercer essa responsabilidade deverá ter A APOGEP faz parte da IPMA – International Project Manageo poder e os meios para o fazer, o que nem sempre acontece. ment Association que é uma confederação de associações de 70 países. Por via desta afiliação, implementámos em Portugal o Numa lista de cinco práticas quais enumeraria como aquelas modelo 4-L-C de certificação profissional de Gestores de Projetos que são imprescindíveis? que é um modelo de certificação de competências em 4 níveis. As “práticas”, para serem postas em prática, implicam compeEm Portugal existem já mais de 2.000 profissionais certificados neste modelo. tências. As competências necessárias a um Gestor de Projetos, Desde 2008 que a APOGEP, por protocolo celebrado com o IPQ, de Programas ou de Portefólios encontram-se descritas no ICB é Organismo de Normalização Sectorial (ONS) para a Gestão de – Individual Competence Baseline da IPMA, documento sobre Projetos. Nesta qualidade, o ONS-APOGEP participa activamente o qual assenta o modelo de certificação de competências da com uma Delegação Nacional junto do ISO PC 236 que desenIPMA-APOGEP. São 29 elementos de competência distribuídos por 3 domínios – Perspectiva, Pessoas e Prática. Escolher 5 destes volveu a Norma ISO 21500 – “Project management - A guide for 29 elementos de competência não é fácil e diria que depende project management”, continuando permanente a acompanhar do contexto. No domínio das Pessoas escolheria a “Liderança” e a os trabalhos do ISO PC 236. “Comunicação” porque, de alguma forma, são imprescindíveis às A APOGEP integra uma estrutura autónoma, a Young Crew restantes. Do domínio da Prática destacaria o “Âmbito” e os “RisPortugal, destinada a jovens estudantes e profissionais até aos 35 anos, que desenvolve inúmeras actividades como tertúlias e cos e Oportunidades”. O Âmbito porque é crucial que um Gestor workshops e participa em projetos internacionais da Young Crew de Projetos seja capaz de definir e controlar o âmbito do seu procom as restantes Young Crews do mundo IPMA. jeto, sendo este a base de tudo o resto. Riscos e Oportunidades, No âmbito da sua missão de promover a profissão e as boas porque um projeto sem riscos é um projeto em risco. Por fim, práticas de Gestão de Projetos, a APOGEP organiza com regularino domínio da Perspectiva, “Cultura e Valores” é um elemento de competência cada vez mais determinante num mundo de projedade uma variedade de eventos, alguns dos quais têm trazido a Portugal oradores conceituados. tos cada vez mais diversificados e multiculturais. ▪


» BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO PROJETOS

“Valorizar A Gestão de Projeto A Revista Pontos de Vista conversou com Carlos Oliveira, Diretor Geral DDN - Eng, um player que oferece uma visão integrada de todo o processo de construção, onde ficamos a conhecer a importância do Gestor de Projeto nas organizações e de que forma é fundamental continuar a apostar neste conceito.

CARLOS OLIVEIRA

A

DDN – Eng apresenta-se no mercado com a garantia de oferecer os melhores produtos e as melhores práticas na área da Construção Civil. Quais os principais desafios que enfrenta atualmente este setor? O maior desafio que o setor tem atualmente prende-se com o facto

pontos de vista

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da indústria da construção ter reduzido drasticamente a sua capacidade de produção atendendo á brutal redução de atividade a que foi sujeita de 2008 a 2016 e apresentar atualmente graves dificuldades em responder á procura do mercado. Durante esse período assistimos à fuga de técnicos qualificados para mercados com grandes necessidades de Mão de Obra, capazes de pagar salários mais elevados e oferecendo boas condições para se manterem emigrados. A par disso deixaram de entrar na linha de produção da indústria da construção novos técnicos a que se somou a saída da atividade de outros com a reforma. Atendendo a tudo isso urge retomar o ensino profissional em todas as áreas de forma a corresponder ás necessidades em volume e qualidade. A DDN – Eng ajuda os clientes a tornar os seus projeto uma reali-

dade, através da gestão, execução e coordenação dos estudos necessários para valorizar o projeto. Sim, a DDN oferece uma visão integrada de todo o processo de construção, desde a conceção (projetos) passando pelos licenciamentos junto das entidades, até à construção. Os nossos clientes têm atividades que não a construção. Vendem bricolage, artigos de desporto, quartos de hotel, produzem/processam fruta, entre outras, e para assegurarem a expansão da sua atividade ou criam uma estrutura de engenharia interna para acompanhar esse desenvolvimento ou contratam esse serviço fora evitando aumento de custos fixos e sobretudo garantindo os melhores profissionais para a concretização de todo o processo. É a qualidade e o profissionalismo dos nossos gestores de projeto que assegura a preparação de um bom plano para cada projeto com um controlo de risco ao longo do seu desenvolvimento, em termos de custos, prazo e qualidade. Sabem que o sucesso de um projeto está dependente de várias condicionantes. Que condicionantes são essas? As principais condicionantes e mais comuns são o custo, o prazo, a qualidade e a relação entre todas as partes interessadas, particularmente as entidades públicas. Infelizmente estas continuam a ser o maior obstáculo ao investimento, interferindo diretamente com todo o processo de construção e sobretudo ao nível do licenciamento. Para mitigar os riscos associados a estas entidades devemos preparar e acompanhar os projetos de forma que os processos ao entrarem tenham previamente em conta as sensibilidades que vão enfrentar. E as empresas estão cientes destas condicionantes? Sim, infelizmente quer do lado dos nossos clientes investidores, quer do lado das empresas de projeto, construção e fiscalização este é o tema do dia. É como se assistíssemos a um Portugal a duas velocidades. O das entidades privadas a empurrar para o desenvolvimento e o das entidades públicas a travar esse desenvolvimento arrastando

os processos, demorando apreciações e adiando o investimento bem como a criação de riqueza. É necessário, nos dias que correm, perceber-se a importância do Gestor de Projeto nas organizações. Qual é, portanto, a importância da gestão de projetos? A Gestão de Projetos é a forma mais moderna de enfrentar a concretização de um Investimento, proporcionando um formato bem sistematizado e orientado de preparar e conduzir o mesmo até à sua conclusão com um controlo absoluto de todas as etapas, carecendo, contudo, que o modelo de negócio das organizações se adapte a esta realidade de forma a tirar o máximo de partido da mesma. Com um modelo negócio onde se pratica uma gestão por projeto é possível alinhar os objetivos e indicadores gerais da empresa com os de cada projeto assegurando uma monitorização das partes que depois vão assegurar o todo e com isso o domínio sobre a atividade. A gestão de projetos assume um papel determinante na melhoria da competitividade das empresas. O que torna, efetivamente, a gestão de projetos sustentável? A prática de Gestão por Projetos, com recurso a profissionais devidamente habilitados (com certificação IPMA, PMI ou outras) para o efeito é a via mais eficaz para o sucesso individual de cada projeto e das empresas que a praticam pelas razões que expliquei antes, permitindo uma condução cuidada em função de indicadores de projeto alinhados com os indicadores/objetivos gerais da organização. A sustentabilidade da Gestão de Projetos é assegurada recorrendo às práticas internacionalmente recomendadas, as quais garantem um sucesso final de cada projeto e com isso o da organização. Existem inúmeros aspetos que poderia destacar na concretização dessa sustentabilidade, mas falo apenas num, referente à recolha e disseminação das lições apreendidas em cada projeto. Com a concretização deste especto da Gestão de Projetos, as organizações criam dinâmicas de aprendizagem e melhoria contínua que proporciona a sua regeneração permanente e crescimento garantido. ▪


BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO PROJETOS «

“A Mudança exige uma gestão de projectos sustentável” Hoje, a Gestão de Projetos assume um papel determinante na melhoria da competitividade das empresas. Por sua vez, o sucesso da Gestão de Projetos é determinado por múltiplos fatores. Nuno Ponces de Carvalho, Sócio-Gerente da Ponces de Carvalho e Associados, fala-nos mais sobre esta matéria.

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NUNO PONCES DE CARVALHO

Ponces de Carvalho e Associados surge no mercado para responder às necessidades do mercado em gestão de projetos. Para contextualizar o nosso leitor, o que é a gestão de projetos e em que situações se aplica? A mudança é uma das poucas certezas que hoje podemos ter. Mudanças na sociedade, nas relações e na comunicação entre as pessoas, nas preferências dos consumidores, nas relações entre as empresas, nas regras que são impostas aos agentes económicos. Para uma organização, empresa ou instituição, seja ela pública ou privada, continuar a ser sustentável tem que inovar constantemente a sua oferta de produtos e serviços e para tal necessita de realizar projetos com sucesso, otimizando os recursos disponíveis e potenciando os benefícios esperados que justificam os investimentos. De que fatores depende o sucesso da gestão de projetos? Independentemente da dimensão de uma empresa, a aplicação da gestão de projetos é sempre eficaz? A gestão dos projetos é necessária sempre que temos que criar algo de novo ou modificar significativamente aquilo que já existe. É um erro comum pensar que só se aplica a grandes projetos ou a projetos em determinados setores. Muitas vezes, são os projetos considerados pequenos que, pela acumulação de erros de gestão, trazem grandes problemas para as organizações. Sem entrar em grandes detalhes técnicos, diria que o suporte da

Que principais vantagens acarreta a gestão de projetos para uma empresa? Gerir adequadamente a Mudança e assegurar a sustentabilidade do negócio. A gestão de projetos deve permitir às organizações fazer os projetos certos de forma consistentemente correta. Que fatores devem ser tidos em conta por parte da organização no âmbito da gestão de projeto? Claramente, o primeiro fator tem a ver com a cultura das organizações. Verifica-se ainda uma enorme dificuldade em sair dos paradigmas de gestão construídos na primeira metade do século passado. As organizações continuam a pensar funcionalmente, fechadas nas suas “capelinhas” e só com grande dificuldade se vão adaptando à natureza multifuncional dos projetos. O foco tem que ser na eficácia dos resultados, mais do que na eficiência dos procedimentos, embora exista entre estes uma necessária uma complementaridade. A Ponces de Carvalho e Associados tem vindo a prestar serviços de formação e consultoria de gestão de projetos para diversas empresas e instituições públicas e privadas. Que principais dificuldades são sentidas por parte do tecido empresarial português? As dificuldades decorrem essencialmente da inércia das organizações para alinharem os seus processos de trabalho com as boas práticas de gestão de projetos. A formação é muitas vezes dada por pessoas que apenas debitam conceitos, sem experiência vivida no terreno e sem terem a preocupação de adaptar o discurso às características de cada organização. Parta além disto, é muito mais

fácil nomear pessoas para acções de formação, muitas vezes sem obedecer a um plano consistente, do que a organização fazer o seu trabalho de casa, ou seja, criar as capacidades organizacionais necessárias para gerir projetos corretamente, de uma forma simples mas eficaz. As organizações devem perceber por que razões querem adquirir capacidades em gestão de projetos, recorrerem a profissionais competentes para desenvolver as competências internas, e, o mais importante de tudo, estarem dispostas a ajustar os seus métodos e processos de trabalho. Em suma, falta as organizações assumirem a necessidade de uma verdadeira governação da gestão dos projetos.

E para a própria Ponces de Carvalho e Associados que desafios lhe são colocados atualmente? Fazendo uma retrospetiva de mais de 25 anos a promover a gestão de projetos e a necessidade de apoiar o trabalho dos gestores de projeto, sentimos que temos sido uma espécie de “ONG da Gestão de Projetos”. O desafio continua a ser a mudança dos métodos de trabalho e, sobretudo, das mentalidades. É muito difícil que esta mudança se consiga só com formação, sendo a consultoria necessária para interiorizar os conceitos e para as organizações rentabilizarem o investimento na formação através duma adopção efetiva das boas práticas de gestão. ▪

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gestão de topo constitui o primeiro fator de sucesso dos projetos. Outro aspeto importante é assegurar o desenvolvimento das competências individuais e das capacidades organizacionais requeridas pela gestão de projetos, incluindo nestas as metodologias, sistemas e modelos organizacionais.


» NOVOS PARADIGMAS DA MOBILIDADE OPINIÃO DE PEDRO BARRADAS

Mobilidade reimaginada A orquestração dos novos sistemas e serviços de transporte Os sistemas de transporte inteligentes são um marco na evolução darwiniana da mobilidade tão importante como foi o surgimento do homo-sapiens para a humanidade. Esta alteração genética que reestrutura o ADN do transporte, confere-lhe inteligência. Já não se trata apenas de transportar pessoas e bens. Agora, transportam-se dados e informação. E ao fazê-lo, o setor do transporte está a sofrer transversalmente uma das suas mais profundas e promissoras transformações, que vão tornar a mobilidade mais segura, eficiente e integrada.

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PERFIL

Pedro Barradas

linkedin.com/in/pedro-barradas-82a03930

pontos de vista

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O Autor exerce funções de perito nacional destacado na Unidade B4 – Sustainable & Intelligent Transport da DG MOVE-Mobility and Transport da Comissão Europeia. Sem prejuízo do princípio da transparência e sublinhando, para os devidos efeitos, o disclaimer da Comissão Europeia, em nenhum caso o perito nacional destacado poderá representar a Comissão para assumir compromissos financeiros, ou de qualquer outra natureza, nem para negociar em nome da Comissão. O perito nacional destacado não pode representar nem comprometer a Comissão face ao mundo exterior.

promessa de digitalização faz-nos acreditar ser possível. Na interseção do big data com a inteligência artificial, com a estatística e o machine deep learning, podem aplicar-se diferentes métodos de análise de dados para definir algoritmos que recriam padrões comportamentais e preditivos. São ferramentas poderosas para melhorar o design e a modelação dos nossos sistemas de transporte, para otimizar a sua performance, para racionalizar recursos e gerir ativos. A conetividade, o business intelligence, o desenvolvimento de plataformas tecnológicas e aplicações móveis, trazem o serviço feito à medida, em tempo real e o dom da ubiquidade. Veículos autónomos, veículos conetados, Mobilidade as a service, sistemas cooperativos, multimodalidade, mobilidade partilhada e on demand, são apenas algumas das novas expressões do transporte. E tudo começa no Data que, tal como a mobilidade, não conhece fronteiras. Essa camada digital que se sobrepõe a tudo o que nos rodeia, como um véu invisível, interconecta todos os elementos e acrescenta novas dimensões à realidade do transporte. Mas a digitalização não deve ser um objetivo em si mesma se quisermos reimaginar a Mobilidade. Um sistema digital de transporte requer pensar de forma horizontal, em camadas que atravessem os diferentes modos de transporte e, também de forma integrada, tendo em conta os vetores da energia e das telecomunicações. Para além disso, requer parar de pensar de forma separada no veículo, no seu percurso e na infraestrutura que o suporta. Uma visão de transporte inteligente e sustentável deve conseguir integrar estes três componentes e permitir que estes sejam permeáveis aos fluxos de dados, considerados relevantes para uma politica de mobilidade mais limpa, segura e eficiente. Esta visão interconectada é frequentemente comparada a uma abordagem IoT (Internet of Things) aplicada aos sistemas de transporte. De uma forma muito simplificada pretende-se construir uma camada de informação suportada numa camada base de dados. A partir dessa informação pode produzir-se conhecimento. E o conhecimento apoia a decisão e permite estabelecer as ações necessárias para implementar

uma determinada visão. Mas para se poder passar dos dados à ação, é necessário criar primeiro uma visão clara do que se pretende implementar. Reimaginar a mobilidade passa por criar essa ‘visão’ e definir os passos para a alcançar. Se nos centrarmos no contexto rodoviário, em muitos aspetos, os veículos de hoje já são dispositivos conectados. Num futuro próximo, espera-se que possam interagir diretamente uns com os outros (vehichle to vehichle communications - V2V) e com a infraestrutura (Vehichle to Infrastructure communications – V2I). Essa interação é o domínio dos Sistemas Cooperativos de Transporte Inteligente (C-ITS). Este elemento cooperativo pode contribuir significativamente para a segurança rodoviária, para a eficiência do tráfego e para o conforto de condução, ao auxiliar o condutor a tomar melhores decisões e a adaptar-se a diferentes condições do tráfego de forma mais informada e dinâmica. Pode parecer-nos longínquo este futuro mas depois do anúncio da Volkswagen1, no verão do ano passado, é expectável que já a partir do próximo ano 2019, os veículos sejam produzidos com crescente graus de conetividade e automação e que estes estejam cada vez mais presentes no nosso dia a dia. Depois deste primeiro passo, outras grandes marcas farão o mesmo, tal como a Toyota2 o veio confirmar recentemente. Os sistemas C-ITS são hoje uma realidade. Mas, para que a mobilidade possa colher os benefícios da digitalização, é importante compreender que o período de coexistência, destes com outros tipos de veículos nas nossas estradas, será longo. É também importante compreender que estes veículos equipados com tecnologia C-ITS serão, em certa medida, ‘computadores conectados sobre rodas’. Enquanto tal, as regras de trânsito (sejam elas estáticas ou dinâmicas, obrigações ou recomendações), os esquemas de circulação e os sinais de trânsito, terão de ser digitalizadas e traduzidos em ‘linhas de código’ para poderem ser convenientemente interpretadas pelos veículos. Estas ‘regulamentações eletrónicas’, serão essenciais para o suporte e desenvolvimento de funções avançadas de condução autónoma. Mas não só. Serão tam1 https://www.volkswagenag.com/en/news/2017/06/pwlan.html 2http://pressroom.toyota.com/releases/toyota+and+lexus+to+launch+t echnology+connect+vehicles+infrastructure+in+u+s+2021.htm


3 https://ec.europa.eu/transport/themes/its/road/action_plan_en 4 https://ec.europa.eu/transport/themes/its/road/action_plan/nap_en

O setor público deve assumir a liderança na condução destes novos serviços digitais e abraçar os diferentes desafios. Ao envolver-se, irá adquirir competências e clarificar visões. Ao estabelecer um plano deve procurar desenvolver uma abordagem faseada. A implementação passará por desenvolver abordagens modulares, escaláveis, replicáveis para se assegurar a interoperabilidade. Desenvolver pilotos e provas de conceito, estabelecer parcerias com outras entidades publicas, nacionais ou europeias, é fundamental para obter apoio e orientação. E é importante compreender que os ciclos de vida e o ritmo da inovação tecnológica no setor das telecomunicações não se compadecem com os do setor da mobilidade e do transporte. As tecnologias de telecomunicações fazem-no em ciclos de dois a três anos, enquanto os sistemas de transporte tendem para um horizonte temporal que pode variar de cinco a 15 anos tendo em conta, por exemplo, a taxa de renovação de frotas, a vida útil dos pavimentos ou a dos dispositivos de segurança e equipamentos de sinalização. Em vez de soluções devem procurar-se caminhos. Dada prioridade à definição dos objetivos que se pretendem alcançar. É importante desmistificar a glorificação da tecnologia. Sem uma visão, estaremos perdidos na vastidão incomensurável do big data e sujeitos às soluções de outros. Devem equacionar-se novos modelos de governação e contratação, mais orientados à avaliação do desempenho dos serviços, numa lógica de performance contracts, smart contracts e definição de SLA’s (service level agreements). As métricas, as disponibilidades, capacidades e os KPI’s (key performance indicators) dos diversos sistemas, devem ser desenvolvidos em parceria com os respetivos providers, para se poder assegurar um adequado acompanhamento e monitorização. A tecnologia é apenas um meio para atingir um fim: para reimaginar a mobilidade. Numa cidade ‘inteligente’, os diversos sistemas de transporte estão interligados numa camada digital, e podem esperar-se maiores graus de interação entre os diversos tipos de veículo e os sistemas de gestão de tráfego. Os veículos estabelecem comunicação entre si e com a infraestrutura e desta forma pode dar-se prioridade a determinados tipos de transporte, em determinados períodos do dia e em determinados percursos, considerados prioritários; por exemplo a serviços de emergência, em rota para um hospital; ou a um veículo de combate de incêndios na resposta a um incidente. Salvam-se vidas. Numa cidade ‘inteligente’ pode-se repensar o conceito de transporte público. Tendo acesso à procura de transporte, em tempo real, podem definir-se rotas variáveis ao longo do dia e garantir melhores índices de ocupação e contribuir para uma gestão mais eficaz e diversificada das frotas. Pode dar-se prioridade ao transporte publico em hora de ponta e sugerir rotas alternativas aos restantes veículos na estrada. Pode ainda, segmentar-se a procura por destino e distribuí-la pelos diversos sistemas complementares (bus, metro, tram, shared, on demand, modos activos…), tendo em conta as capacidades disponíveis, naquele momento. A segmentação da procura pode ser espacial ou temporal.

A alocação de slots temporais conjugada com atribuição de determinados percursos, para os diversos tipos de veículos na estrada (públicos ou privados) pode contribuir para a modelação da procura de transporte e para a diminuição do congestionamento. A combinação de conceitos de transporte partilhado, on demand e com subscrição mensal pode constituir-se uma solução potencialmente interessante, não só nas cidades, como nos pequenos aglomerados urbanos e áreas rurais, porque torna a mobilidade mais acessível, personalizada e inclusiva. E é uma das mais promissoras áreas de aplicação para os sistemas conectados e autónomos. A mobilidade é acessível, inclusiva e sustentável. Nas cidades ‘inteligentes’, veículos pesados de mercadorias podem ser encorajados a seguir determinados percursos por via da atribuição de incentivos diretos que se fazem sentir na poupança de combustível ou do tempo de percurso. A implementação do Green light optimized speed advisory (GLOSA), permite-lhes percorrer a uma velocidade recomendada, um determinado percurso com diversas interseções semafóricas, cujo ciclo de verde vai abrindo à sua frente, de forma sequencial e coordenada. E ao reduzir o número de paragens, reduzem-se também de forma significativa, as emissões poluentes. Numa cidade ‘inteligente’ sabe-se, em tempo real, a disponibilidade do estacionamento e se a oferta for menor do que a procura, a cidade sabe direcionar-nos para os seus interfaces modais ou para estacionamentos periféricos. Poupa-se tempo, energia e ganha a qualidade do ar. A interligação dos diversos sistemas de transporte e a multimodalidade resolvem as questões do first e do last mile. Percursos (routing) as a service; Mobilidade as a service; Gestão de tráfego as a service; Infraestrutura as a service passam a ser a norma. A mobilidade é orientada ao serviço, é integrada, eficiente e limpa Obviamente que reimaginar a mobilidade pode muitas vezes levar-nos a falar do que não se sabe. Algum ceticismo, bom senso e um espírito crítico podem ser bons aliados para distinguir os visionários dos videntes. Uma certeza, porém, no centro de tudo isto deve estar o interesse do utilizador final do sistema: Nós.▪

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bém essenciais para assegurar que a política de mobilidade das cidades se possa traduzir numa gestão mais cooperativa e integrada dos diversos tráfegos provenientes de sistemas (eventualmente concorrentes) de transporte. A interação do domínio dos Sistemas Cooperativos de Transporte Inteligente não deve assim ficar circunscrita aos veículos e à infraestrutura. Deve refletir-se na orquestração dos diversos sistemas e serviços de mobilidade. Isto significa por em prática de forma colaborativa, quando necessário, as medidas adequadas de gestão de tráfego, procurando conciliar as necessidades de mobilidade individual com a salvaguarda do interesse coletivo. Se imaginarmos a mobilidade do futuro como uma ‘orquestra’ de diferentes sistemas de transporte, cada um capaz de tocar o seu próprio instrumento, será necessário seguir uma ‘pauta’ para se conseguir ouvir musica. De outra forma a mobilidade transformar-se-á num ruído ensurdecedor. A combinação dos diversos sistemas deve, quando necessário, poder contribuir de forma sincronizada, precisa e harmoniosa para reproduzir uma determinada melodia. A chamada ‘instrumentalização’ dos sistemas de mobilidade. Combinações de diferentes sistemas para diferentes situações. A musica é o resultado da coordenação e colaboração e a ‘pauta’, o elemento que interliga os diferentes sistemas: algoritmos de negociação, colaboração e integração que tornam possível passar dos dados à ação. A visão de um mundo onde tudo está conetado (everything, everyone, everywhere) não tem de ser incompatível com a diversidade de opções, a liberdade de escolha e a governação descentralizada dos sistemas, mas a ‘orquestração dos serviços de mobilidade’ vai exigir um ‘maestro’. O elemento neutro que não toca nenhum instrumento, mas é essencial à música. Um papel que indiscutivelmente ficará sob a alçada do setor público. Esta é uma oportunidade sem precedentes para as cidades se reinventarem. Torna-se assim evidente que na reinvenção das cidades, o foco do investimento deverá deixar de estar apenas concentrado na camada da infraestrutura física (na estrada ou o veículo) e ser orientado para a criação da infraestrutura digital que contém dados estáticos (e.g. mapas digitais ou regulamentos de tráfego) e dados dinâmicos (e.g. informações de tráfego em tempo real). Esses dados devem ser usados para desenvolver uma camada de serviços e aplicativos inovadores que são disponibilizados, através de tecnologias digitais, às diversas redes e sistemas de transporte. É por isso necessário acelerar a disponibilização e facilitar o acesso dos dados de transporte e garantir que a troca e reutilização de dados se faz a favor dos princípios de uma mobilidade mais segura, limpa e integrada. Ao estabelecer-se a arquitetura digital devem considerar-se os standards referenciados no enquadramento legal da Diretiva Europeia de ITS e subsequentes Atos Delegados3 (DATEX, SIRI, NeTEX, TAP-TSI, IATA, INSPIRE, TN-ITS), para se garantirem interfaces adequados, interoperabilidade e continuidade de serviços num ecossistema de dados, que se pretende eficiente e seguro. É esta a lógica subjacente à criação da rede Europeia dos Pontos de Acesso Nacionais4. A porta de entrada para digitalização do transporte.


» NOVOS PARADIGMAS DA MOBILIDADE

DESAFIOS DOS NOVOS PARADIGMAS DA MOBILIDADE NA INTEGRIDADE ESTRUTURAL DE PONTES E VIADUTOS Helder Sousa, Consultor independente na área Structural Health Monitoring aplicado a estruturas de Engenharia Civil, fala-nos, na primeira pessoa sobre a sua experiência, opinião e visão acerca da integridade estrutural de pontes e viadutos, num contexto internacional.

N pontos de vista

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o sentido de contextualizar o nosso leitor, qual é exatamente a sua função como Consultor em Structural Health Monitoring (SHM) aplicada a pontes e viadutos? Em primeiro lugar, grato pelo convite para partilhar a minha experiência, opinião e visão numa área – SHM – que é seguramente uma via de futuro para uma maior eficiência na garantia daos requisitos de integridade de uma infraestrutura tão crucial e vital para a mobilidade de todos – i.e. pontes e viadutos. Numa linguagem simples e acessível, de há 15 anos para cá tenho desenvolvido, e aprendido também, num contexto tanto nacional como internacional, como aplicar SHM como ferramenta de apoio à manutenção e gestão de pontes e viadutos, em tudo similar à área da saúde – i.e. desenvolvimento de técnicas de prevenção (i.e., abordagem pró-ativa) em detrimento do tratamento da doença (i.e., abordagem reativa), por exemplo. Segundo um estudo recente, 90 % das pontes em Portugal encontra-se num estado de conservação entre o razoável e o bom em 2017. Qual o estado atual de pontes e viadutos em Portugal? Não posso responder a essa pergunta diretamente, pois não estou envolvido como responsável pela gestão deste parque de infraestruturas. No entanto, a minha experiência diz-me que os principais decision-makers em Portugal estão bastante atentos e interessados numa contínua melhoria de processos, nomeadamente em termos de eficiência de recursos. Portugal é internacionalmente reconhecido pelo seus peers, nomeadamente por

gridade das mesmas. Um desafio à escala global, posso dizer.

As novas gerações de Engenheiros, nomeadamente aqueles com mais sentido de empreendedorismo e inovação, têm contribuído significativamente para que o futuro seja mais cooperativo e sensível às diferentes perspetivas de todos os agentes envolvidos, na problemática da garantia da integridade requerida das nossas pontes e viadutos, numa base custo-benefício para a sociedade em geral

liderar e/ou participar em projetos inovadores que lhes permita obter mais e melhor informação sobre o real estado da integridade deste importante parque de infraestruturas. É preciso ter consciência que estamos atualmente a viver uma mudança de ciclo e/ou paradigma. Ou seja, de um país que tem como prioridade a contrução de novas pontes e viadutos, para um país em que a principal prioridade é garantir a inte-

De que forma é que os novos paradigmas de mobilidade estão relacionados com a saúde estrutural de pontes e viadutos? De facto, esta pergunta toca num dos pilares fundamentais das técnicas SHM. Dito de outro modo, numa sociedade em que observamos uma dinâmica de mudança de paradigmas cada vez mais rápido e até por vezes imprevisível como podemos nós acompanhar essas mudanças e antecipar as implicações que isso tem na saúde das pessoas? As pontes e viadutos sofrem do mesmo efeito, ainda que numa escala temporal mais lenta, talvez. A mobilidade de hoje em dia não é a mesma de há 50 anos, e daqui a 50 anos não será a mesma de hoje, seguramente. Assim, como podemos nós prever como uma ponte construída há 50 anos (por exemplo) será capaz de dar resposta à mobilidade requerida ao longo dos seus cem anos de vida tendo em conta a evolução tecnológica dos veículos que circulam sobre estas estruturas, nomeadamente (i) cada vez mais inteligentes, (ii) capazes de transportar cargas cada vez mais elevadas e que por conseguinte (iii) afetam as frequências de circulação ao longo do tempo? Deixo a questão em aberto para discussão pública. No domínio da saúde estrutural de pontes e viadutos, qual a importância da Inovação e das Novas Tecnologias? As novas tecnologias afetam a sociedade de um modo transversal. É algo inevitável e consequên-


Não são raros os casos em que quando existe um problema numa infraestrutura em Portugal é quase sempre referido que este problema estava sinalizado e que existia uma conclusão que identifica o(s) problema(s). Acredita que ainda existe uma carência ao nível comunicacional entre quem decide e quem realizar estes estudos e conclusões? É uma lacuna que urge ultrapassar? É meu entender que esta questão não é exclusiva à problemática aqui em discussão. É transversal e cultural, do meu ponto de vista. Do que conheço noutros países e da experiência que tenho a nível profissional, e até pessoal, trata-se mais como a sociedade se organiza e prioriza o que é mais importante. Resumindo: melhor comunicação entre todos é algo que poderá melhorar, e em muito, a resolução de diversos problemas no nosso país. A Tragédia de Entre-os-Rios da Ponte Hintze Ribeiro aconteceu há cerca de 17 anos, mais concretamente em março de 2001. De lá para cá, acredita que o cenário melhorou? É possível que algo semelhante volte a acontecer? Tragédias como a que refere trazem como aspeto construtivo uma maior consciência dos problemas

alertou o Governo para a ponte em específico, no meu entender só evidencia que há sentido de responsabilidade e consciência.

PERFIL

Helder Sousa

Consultor independente na área Structural Health Monitoring aplicado a estruturas de Engenharia Civil

que a sociedade em geral enfrenta. E com isso, evolução nos procedimentos afetos. E como tenho vindo a partilhar ao longo desta entrevista, é minha opinião que há evidência na evolução dos procedimentos afetos à manutenção deste parque de infraestruturas. Quanto à possibilidade de acontecer novamente, é como se me estivesse a perguntar se alguém pode falecer devido a uma doença para a qual existe vacina, metaforicamente falando. Investigadores do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) alertaram há seis meses o Governo para a necessidade urgente de obras estruturais na Ponte 25 de Abril. Acha que existe um sentido de despreocupação perante as infraestruturas em Portugal como pontes e viadutos? Não se trata de uma questão de despreocupação, no meu entender, mas sim uma questão de priorização de recursos, pois estes não são infinitos, tendo em conta a gravidade e impacto dos problemas encontrados nestas infraestruturas num contexto socioeconómico. Se é um facto que o LNEC

Na sua opinião, e no âmbito da integridade destas infraestruturas, Portugal está muito atrasado relativamente a outros congéneres europeus? Ao longo dos meus 15 anos de carreira profissional, nomeadamente a nível internacional, é meu entender que estamos no grupo da frente na inovação no que diz respeito ao desenvolvimento de novas abordagens e paradigmas que permitam uma melhor e maior eficiência na gestão de infraestruturas de Engenharia Civil. Isso é facilmente demonstrado pelo envolvimento, tanto das universidades/instituições, como do setor industrial, na investigação e desenvolvimento de novas tecnologias. Basta pesquisar na internet para constatar o que é uma verdade. Para que exista um nível superior de segurança, é fundamental que haja um maior sentido de parceria entre Universidades e Empresas? Essa ligação é visível atualmente? A minha carreira profissional sempre assentou entre a academia e a indústria, procurando sempre aprender com as necessidades de mercado porque, no final de contas, quem suporta a minha atividade de investigação são os contribuintes em geral, convém nunca esquecer. É interessante observar que, apesar de em muitos aspetos todos quererem o mesmo, a utilização de vocabulários distintos (i.e., e de um modo simples, a academia com os seus integrais enquanto a indústria com os seus custos) é um entrave a uma comunicação mais efetiva e, por conseguinte, mais profícua. Ainda assim, assisto claramente a um esforço comum, contínuo e até crescente na aproximação e aprendizagem mútua. As novas gerações de Engenheiros, nomeadamente aqueles com mais sentido de empreendedorismo e inovação, têm contribuído significativamente para que o futuro seja mais cooperativo e sensível às diferentes perspetivas de todos os agentes envolvidos, na problemática da garantia da integridade requerida das nossas pontes e viadutos, numa base custo-benefício para a sociedade em geral. ▪

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cia de um mercado (i.e. as Novas Tecnologias) cada vez mais acessível do ponto de vista de custo. No que diz respeito ao parque de infraestruturas de Engenharia Civil, onde se incluem as pontes e viadutos, está-se atualmente a trabalhar no sentido de as dotar com tecnologias que as tornem mais inteligentes, digamos assim. Ou seja, através da instalação de sistemas sensoriais especificamente desenhados, e suportados em algoritmos dedicados para o processamento da informação recolhida, de modo a permitir obter um conhecimento contínuo, ou pelo menos mais frequente do que o atual, sobre a efetiva integridade estrutural. Ainda que estejamos ainda a trabalhar para atingir o nível de maturidade requerida pelo mercado, é minha convicção que o futuro passará pela implementação de uma nova infraestrutura – sensorial (seja ela de que tipo for) – a qual sustentará uma melhor e mais eficiente priorização das estruturas a intervir, e por consequência um melhor racionamento dos recursos disponíveis.


» INVESTIGAÇÃO EM PORTUGAL

INVESTIGAÇÃO COM ARTE Para responder a esta questão estivemos à conversa com Márcia Vilarigues, Diretora da Unidade de Investigação da VICARTE, uma unidade de investigação que tem como propósito mostrar o valor do vidro e da cerâmica, quer como materiais de expressão artística, quer em termos de património vítreo e cerâmico.

MÁRCIA VILARIGUES

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VICARTE é uma parceria da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Inclui ainda membros da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e da Escola Superior de Arte e Design do Instituto Politécnico de Leiria. Em 2009, quando surgiu o Mestrado em Arte e Ciência do Vidro em associação com a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, este, catapultou uma dinâmica maior em torno da comunidade e da própria investigação. Com este curso pretende-se introduzir o vidro como material de modo a explorar as suas potencialidades para utilização em arte. Em 2013, após um novo processo de avaliação das unidades de investigação científica, houve um período de reflexão interna sobre o caminho da VICARTE. “Foi um período de transição entre os projetos de investigação científica que já tínhamos e as novas colaborações e linhas de investigação, mas sem existir uma rutura naquilo que é a VICARTE”, começa por explicar Márcia Vilarigues.

pontos de vista

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UNIR O PRESENTE E O PASSADO

Com duas áreas delineadas, o estudo de vidros históricos respeitantes ao património cultural e o desenvolvimento de novos vidros direcionados para a arte, a VICARTE tem vindo a acolher novos membros direcionados para o estudo da cerâmica. “Ainda há pouco trabalho de cerâmica nesta unidade de investigação, mas temos diversos trabalhos que envolvem a comunidade e com os novos membros que integraram a unidade em 2013, demos início a novos projetos”, adianta Márcia Vilarigues, Diretora da Unidade de Investigação da VICARTE desde 2011, acrescentando que o vidro e a cerâmica ainda são áreas de estudo pouco valorizadas em Portugal. “Existe um grande desconhecimento dos objetos de vidro nas nossas instituições, sobre o ponto de vista histórico”, reforça, ainda, a nossa entrevistada. Este é, portanto, um dos maiores desafios para a VICARTE, a valorização e a educação social nestas áreas respeitantes ao conhecimento e tradição armazenados ao longe de séculos. É necessário manter a herança cultural das regiões.

CRIATIVIDADE E MATERIAIS CONTEMPORÂNEOS

Outros dos desafios passa pelas restrições da União Europeia no que diz respeito a químicos, considerados materiais tóxicos para a saúde dos vidreiros, como o arsénio ou o cádmio. Com diversas parcerias com artistas internacionais e, ainda, a receber alunos e investigadores estrangeiros, Márcia Vilarigues realça que é importante que equipa da VICARTE funcione como um todo, tendo em conta a sua multidisciplinaridade. “O verdadeiro desafio passa por conseguir corresponder à transversalidade das investigações nesta unidade e fazer com que a equipa funcione de forma unânime. Felizmente, temos sido bem-sucedidos nesta matéria”, explica a nossa entrevistada, acrescentando que “queremos fazer um trabalho com os artistas e não para os artistas”. A VICARTE é responsável pelo Mestrado em Arte e Ciência da Cerâmica e do Vidro (anterior mestrado em Arte e Ciência do Vidro) e pela supervisão de mestrados e doutoramentos em conservação e restauro de vidro e cerâmica na FCT-NOVA. É, ainda, membro do curso de Doutoramento em Conservação e Restauro do Património Cultural (CORES) financiado pela FCT/ MCTES e o curso de Doutoramento em Belas-Artes (FBA/UL) em diversas especialidades. Estimulando a partilha de conhecimento, experiências e metodologias, a VICARTE tem-se dedicado à promoção da transdisciplinaridade aplicada aos materiais vidro e cerâmica. De facto, atendendo à importância das sinergias entre as unidades de investigação e o universo empresarial/indústria para a aplicação do conhecimento científico, a verdade é que é necessária esta e mais ciência. ▪

Esta linha de investigação representa o aspeto mais transdisciplinar da VICARTE, unindo cientistas, artistas e designers. Foca-se na arte e design contemporâneos explorando o vidro e a cerâmica, no desenvolvimento de novos materiais que abrem novos caminhos para artistas e simultaneamente estudando as propriedades físico-químicas desses mesmos materiais. Finalmente, este grupo focaliza-se também em atividades que permitam o desenvolvimento de um produto de design e colaboração com a indústria.

PATRIMÓNIO CULTURAL

Atividade dedicada ao estudo e conservação do património vítreo e cerâmico, aplicando as ciências físico-químicas em conjugação com a arqueologia e a história de arte, com especial ênfase na arqueometria e história das técnicas de produção artística. A investigação desenvolvida por este grupo serve museus e agentes responsáveis pela herança cultural, bem como público em geral, ampliando o conhecimento da história da produção de vidro e da cerâmica e permitindo a implementação de medidas de conservação inovadoras.




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