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Fevereiro 2016 / EDIÇÃO Nº 52 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros
Calcitrin: A verdade sobre o campeão dos suplementos CUIDE DO SEU ANIMAL
Emanuel Freitas
“O futuro prepara-se hoje. Na OZ Energia, temos uma estrutura bem dimensionada para a nossa realidade com as aptidões indicadas para abraçar estes desafios” LIDERANÇA NO FEMININO
ESPECIAL ENVELHECIMENTO ativo
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
créditos: © diana quintela
Presidente do Conselho de Administração da OZ Energia
PART N FINA ERS N CE CONS OLID S DE CR AÇÃO ÉDIT OS
FERNANDO MAGRO
PRESIDENTE DO GRUPO DE ESTUDO DA DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL, AFIRMA:
“O GEDII tem pautado por apresentar aos atuais e futuros médicos especialistas novas realidades, novos métodos de abordagem, novas perspetivas”
créditos: © diana quintela
CINCO ESTRELAS 2016 | LABORATÓRIOS EDOL
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PEDRO BApTISTA | GRANDE ENTREVISTA
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ECONOMIA | PARTNERS FINANCES
Índice DE TEMAS Em destaque EVENTO GEDII
Fernando Magro, Presidente do GEDII e a Reunião Anual do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal (GEDII). Os avanços protagonizados pela comunidade científica.
PORTO VIVO | REABILITAÇÃO URBANA
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FICHA TÉCNICA Propriedade, Edição, Administração e Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Administração – Redação – Depº Gráfico Rua Rei Ramiro 870, 5º A 4400 – 281 Vila Nova de Gaia Telefone +351 220 926 879 Outros contactos +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.horizonte-de-palavras.pt www.facebook.com/pontosdevista
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PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial
O CÓDIGO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL DE 1940 – ( 2 ) 1 = Como foi já referido, no artigo anterior, havia essencialmente três problemas a decidir, para o Código de 1940, relativamente às marcas: a) Registo por classes ou por produtos; b) Duração do registo; e c) Conceito de imitação da marca registada. 2 = O primeiro foi bem decidido, tendo sido aprovada, pela Assembleia Nacional, a proposta da Câmara Corporativa para o registo ser efetuado por produtos e não por classes. 3 = A duração do registo foi igualmente assunto difícil de resolver : a Proposta de Lei apresentava um registo com 15 anos de validade, com possibilidade de ser indefinidamente renovável, enquanto que na vigência da Carta de Lei de 21 de maio de 1896 eram apenas 10 anos, também renováveis sem limite. A Câmara Corporativa fez um profundo exame do problema, concluindo que a tendência mais moderna era a validade por 10 anos, que se praticava na Alemanha, Itália, Perú, Sérvia, Argentina, Portugal, Áustria, Hungria, Uruguai, Bulgária, Panamá, Chile, Dinamarca, Ilhas Ferbe, Nicarágua, Grécia, Guatemala, Irlanda e Noruega. Assim, sugeriu que se mantivessem os 10 anos que já se vinham praticando desde 1896, propondo o seguinte artigo 40.º e § único: Artigo 40.º
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O registo da marca produz todos os seus efeitos durante o período de dez anos, a contar da data do respetivo pedido; mas pode renovar-se indefinidamente este período, se a renovação for pedida nos últimos seis meses da sua duração, ou, com o pagamento do triplo da taxa, até dois meses depois de ele haver terminado. § único Pode ser requerida a revalidação do registo da marca dentro do prazo de um ano, a contar do termo da sua duração, com o pagamento do triplo da taxa, e será concedida, sem prejuízo de direitos de terceiros, provando-se que justa causa impediu o requerente de apresentar o pedido de renovação dentro do prazo legal.”
as duas depois de exame atento ou confronto.” § único Constitui imitação ou usurpação parcial de marca o uso de certa denominação de fantasia que faça parte de marca alheia anteriormente registada, ou somente o aspeto exterior do pacote ou involucro com as respetivas cor e disposição de dizeres, medalhas e recompensas, de sorte que pessoas analfabetas não os possam distinguir de outros adotados por possuidor de marcas legitimamente usadas, mormente quando sejam de reputação internacional.” Era, portanto, pior do que o artigo 91.º da Carta de Lei de 21 de maio de 1896, embora sem o “tão pouco diferente”, mas exigindo que a semelhança entre as marcas devia induzir facilmente em erro o consumidor, que só as poderia distinguir depois de exame atento ou confronto. Por outras palavras: para haver imitação era necessário, praticamente, reproduzir a marca registada. Este artigo mereceu longos comentários à Câmara Corporativa, que o examinou muito bem, propondo que o artigo 39º e § único da Proposta fossem eliminados. 5 = Este problema deve ser apreciado conjuntamente com o nº 12 do artigo 38.º da Proposta de Lei, que proibia o registo de marcas que fossem
Esta sugestão acabou por ser aceite e, com alteração redaccional, foi incluída no Código como artigos 125.º e 126.º.
“Reprodução ou imitação, total ou parcial, de marca já anteriormente registada por outrem para produtos da mesma classe”.
4 = Na Proposta de Lei, o artigo 39.º definia o conceito de imitação da seguinte forma :
Assim, o nº 12 do artigo 38.º da Proposta de Lei também era incorreto, uma vez que além de se referir a “produtos da mesma classe”, não dava qualquer indicação sobre a confusão que a imitação podia ocasionar.
Considera-se imitada e usurpada no todo ou em parte a marca que, sendo destinada a objetos ou produtos da mesma classe, tem tal semelhança gráfica, figurativa ou fonética com outra já registada que induz facilmente em erro ou confusão o consumidor, só podendo este distinguir
Mas a Câmara Corporativa corrigiu este nº 12 – e de tal forma que podia substituir, com vantagem, o artigo 39.º e § único:
“Em qualquer circunstância, não terem sido corrigidos, pelo menos, os dois erros apontados – relativos à marca registada ser considerada a imitadora e à proteção do pacote ou invólucro sem requerer o respetivo registo – parece não ter qualquer desculpa”
Portanto, o risco de confusão no mercado – e, por consequência, do consumidor – estava claramente expresso na redação da Câmara Corporativa, pelo que a eliminação do artigo 39.º e § único na Proposta de Lei só traria benefícios. 6 = A Câmara Corporativa limitava-se a dar “Parecer”, uma vez que a decisão final cabia à Assembleia Nacional, que, numa apreciação sumária do Prof. Cunha Gonçalves, apoiada pelo Prof. Mário de Figueiredo, propôs que não fosse aprovada a orientação sugerida pela Camara Corporativa, mantendo-se o artigo 39.º da Proposta de Lei e respetivo § único: Sr. Presidente e Srs. Deputados: chamo a atenção de V. Exas. para o n.º 12.º do artigo 38.º e para o artigo 39.º e seu § único, matéria que considero de especial importância nesta questão das marcas e acerca da qual eu acuso a maior discordância com o parecer da Câmara Corporativa. A proteção das marcas tem o tríplice fim de defender o industrial ou o comerciante que consegue acreditar determinado produto, de defender o consumidor que não deseja ser enganado em relação aos produtos que pretende consumir e de reprimir a tendência daqueles que fraudulentamente desejam prejudicar tanto o produtor como o consumidor.
Como é possível que, sem qualquer registo, possa fazer-se a proteção do pacote ou invólucro por tempo indeterminado? Então é o registo que garante o exclusivo da marca ou apenas o uso? E como pode entender-se que para a proteção das marcas notórias se exija o pedido de registo da marca para intervir no processo (artigo 95.º e § único) e para o pacote ou invólucro não seja necessário? A primeira parte do § único do artigo 94.º nunca devia estar ligada a esta estranha proteção do pacote ou invólucro, mas diretamente ao artigo, uma vez que o complementa, sendo imprescindível para impedir a imitação fácil de marcas registadas. 8 = As soluções da Proposta de lei para os três problemas que estamos a tratar - Registo por classes ou por produtos; - Duração do registo; e - O conceito de imitação de marca registada, eram manifestamente incorretas e a Câmara Corporativa fez uma boa análise de todas elas.
7 = Se a Câmara Corporativa, em vez de propor a eliminação do artigo 39.º da Proposta e respetivo § único tivesse sugerido uma redação semelhante à do nº 12 do artigo 38.º – mais completa – é muito possível que a Assembleia Nacional tivesse tomado outra decisão.
No entanto, se as soluções sugeridas pela Câmara Corporativa para as duas primeiras, davam a correta resposta, para a mais importante – o conceito de imitação da marca registada – limitou-se a propor a eliminação do artigo, sem apresentar uma solução concreta que pudesse constituir uma melhoria da disposição, o que foi pena.
Em qualquer circunstância, não terem sido corrigidos, pelo menos, os dois erros apontados – relativos à marca registada ser considerada a imitadora e à proteção do pacote ou invólucro sem requerer o respetivo registo – parece não ter qualquer desculpa.
Na verdade – além de errada – era uma solução que não servia : no entanto e por incrível que possa parecer, ainda se mantém, em parte, no atual Código da Propriedade Industrial.
Na verdade, o artigo 39.º da Proposta de Lei tem um § único que, a par de uma primeira parte extremamente boa,
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“Reprodução ou imitação de marca anteriormente registada por outrem, para o mesmo produto ou produto semelhante, que possa induzir em erro ou confusão no mercado”.
“Constitue imitação ou usurpação parcial de marca o uso de certa denominação de fantasia que faça parte de marca alheia anteriormente registada…” prevê ainda a proteção do aspeto exterior do pacote ou invólucro – usado, mas não registado – em termos verdadeiramente inaceitáveis: 9 FEVEREIRO 2016
“ou sómente o aspeto exterior do pacote ou invólucro com as respetivas côr e disposição de dizeres, medalhas e recompensas, de modo que pessoas analfabetas não os possam distinguir de outros adotados por possuidor de marcas legitimamente usadas, mormente quando sejam de reputação internacional.”
economia
» CRÉDITO CONSOLIDADO
Soluções personalizadas com o Melhor Parceiro Num período bastante recente, Portugal viveu a crise económica mais grave depois do 25 de Abril, cenário que colocou sérios problemas a empresas e famílias portugueses, principalmente pelo «disparar» dos níveis de desemprego no país, o que obrigou a uma reformulação de estilos de vida, principalmente no domínio da poupança.
EQUIPA DA PARTNERS FINANCES
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á todos conhecemos as consequências desta famigerada crise e os efeitos que a mesma produziu nos mais diversos quadrantes do país. Esta reformulação foi praticamente obrigatória, principalmente no quotidiano das famílias portuguesas, que assim se viram «a braços» com a necessidade célere de encontrar soluções de poupança e de formas para conseguir cumprir com as suas obrigações. Poderá a consolidação de créditos funcionar como uma mais-valia neste sentido? Que vantagens promove a mesma? Como se articula? A que níveis de poupança nos estamos a referir? Não somos especialistas nesta matéria e por isso mesmo conversamos com quem o é e com quem tem provado, ano após ano, que o sucesso nesta área é possível. Virginia Contente, Gestora financeira da Partners Finances e Lurdes Ferreira, Sales Manager, em entrevista à Revista Pontos de Vista, deram-nos a conhecer o atual panorama do universo dos créditos consolidados, relembrando que este é de facto uma forma muito vantajosa de conseguir níveis de poupança elevados “para os clientes que nos procuram, porque estamos de facto
Temos sido capazes de satisfazer os nossos clientes com as nossas soluções LURDES FERREIRA Sales Manager
completamente disponíveis para os auxiliar, apoiar, aconselhar e acompanhar em tudo o que for necessário”, revelam as nossas entrevistadas. Mas vamos por partes. Quem é a Partners Finances – Soluções Financeiras? Há 12 anos presente no mercado gaulês, foi edificada há duas décadas, 1996, sendo uma filial do Grupo Mentor, detentor de 28 sucursais nas áreas do imobiliário, finanças e seguros, que promove diversas soluções financeiras direcionadas para particulares e empresas. A expansão para Portugal surgiu naturalmente e tornou-se uma realidade em 2007, tendo rapidamente chegado ao topo pela qualidade dos serviços prestados e comprovados, ou não fosse
a marca que funciona como um intermediário de operações de crédito o reflexo da transparência, do rigor e da credibilidade aos «olhos» de clientes e parceiros. “Temos sido capazes de satisfazer os nossos clientes com as nossas soluções e, acima de tudo, pela forma como são tratados e acompanhados pela marca. Além disso, conseguimos reunir um grande cartel ao nível de credibilidade, até porque somos mandatados por numerosas sociedades financeiras no âmbito de agrupamento de crédito e isso, naturalmente, é uma mais-valia na busca das melhores e mais adequadas soluções dos nossos clientes”, afirma Lurdes Ferreira.
Onde cada caso é um caso
“Somos 100% focados nas melhores soluções para cada cliente”. Quem o afirma é Virginia Contente, que lembra que a orgânica da marca é pautada por um tratamento personalizado e confidencial dos clientes e dos respetivos dados. “Cada cliente é um cliente e procuramos sempre a solução que se ajuste melhor às necessidades e aos desideratos dos nossos clientes”, revela, lembrando que, além da transparência com que a marca
“As pessoas pretendem poupar”
É comum que as famílias apenas procurem ajuda quando já estão num total estado de «estrangulamento» ao nível das suas contas, aumentando, naturalmente, as dificuldades de resolução desses problemas. No entanto, o paradigma tem vindo a mudar e hoje já não são apenas essas pessoas/ famílias que procuram o apoio de marcas como a Partners Finances, tal como explica, Lurdes Ferreira. “Em 2007 era muito assim, mas hoje é o contrário. Atualmente assistimos a uma mudança, em que temos vários perfis de clientes que nos procuram com rendimentos mensais e anuais bastante elevados e acima da média do mercado. A razão de nos pedirem ajuda? Pretendem encontrar soluções para poupar, ou seja, conseguem pagar as suas mensalidades, mas pretendem poupar e isso é um sinal positivo e que encorajamos sempre”, revela. Como é que tudo funciona? O papel da Partners Finances assenta, acima de tudo, no apoio ao cliente e para que isso funcione plenamente é fundamental que haja uma relação de transparência e sinceridade máxima. “O cliente não tem de ter receio. Estamos aqui para o ajudar e só conhecendo a fundo os seus problemas o podemos ajudar da forma mais conveniente”, referem as nossas entrevistadas, assegurando que, felizmente, a grande maioria dos processos que chegam à Partners Finances são de clientes que possuem uma atitude pro ativa e que anteveem as dificuldades em pagar as suas responsabilidades e procuram ajuda profissional antes de entrarem em fase de incumprimento. “Esta é realmente o melhor período para nos procurarem, pois quando já existem incumprimentos e registos negativos no Banco de Portugal, já não conseguimos ajudar esses mesmos clientes”. Desta forma, é vital perceber o momento e procurar imediatamente ajuda. Neste rumo, na Partners Finances a primeira etapa passa por um contato com o cliente para perceber as suas necessidades e objetivos, da qual se segue o envio de simulações e a estruturação de um plano de financiamento personalizado. “Após esta fase é importante reunir e
Há, na vossa opinião, muita desinformação financeira? A facilidade com que se acedem a créditos é também um problema? Sim, um pouco, já foi mais assim, mas ainda acontece com bastante frequência. A nossa ajuda também é nesse sentido, explicar e ajudar o cliente a conhecer melhor o sistema financeiro e se o pudermos ajudar a organizar-se no futuro, melhor. Esse é realmente o nosso principal objetivo – ajudar os clientes. Associado ao crédito consolidado há uma reeducação financeira.
analisar os documentos que o cliente nos envia para podermos fazer uma análise detalhada, da qual os processos são enviados para os vários parceiros, onde é dada uma resposta final acerca da provação ou recusa do processo”, afirma Lurdes Ferreira, assegurando que a marca consegue, num prazo de 48 horas, informar o cliente da viabilidade da proposta, sendo que todo este processo de análise é completamente gratuito e sem qualquer compromisso. “Já tivemos casos em que a proposta de financiamento para o cliente foi negada e este não teve de pagar nada, assumimos os custos todos”, asseguram´, esclarecendo que, se tudo correr dentro do previsto, “o processo é aprovado e em dias todos os créditos do cliente são pagos e o cliente começa a poupar”.
“Tentamos ser os melhores no que fazemos”
Será legítimo afirmar que são crises financeiras como aquela que o nosso país viveu e ainda vive que promovem o negócio de marcas como a Partners Finances? “Nada mais errado”, advoga Virginia Contente, “pois as crises afetam também a banca e a concessão do crédito. Conseguimos
ultrapassar esses obstáculos porque somos uma empresa bem estruturada e com parcerias firmes. O nosso grande fito passa pelo apoio e satisfação do nosso cliente e dos nossos parceiros. O ADN da equipa da Partners Finances é esse mesmo e lutamos arduamente e afincadamente pelo sucesso e pela viabilidade dos financiamentos e créditos consolidados”, esclarecem, assegurando que o nível de sucesso da empresa passa pelos clientes e parceiros. “Já são inúmeras as famílias que vivem atualmente melhor e com uma situação financeira mais desafogada devido à nossa ajuda”. Mas ainda haverá pudor por parte do cidadão em procurar este género de ajuda? “Sim, alguma, mas começa a ser cada vez menor, até porque não estamos aqui para julgar ninguém. Não sabemos o dia de amanhã e tratamos os nossos clientes como gostaríamos de ser tratados. Somos todos seres humanos e todos temos dificuldades em algum ponto da nossa vida. É dessa forma que procuramos que os nossos clientes nos vejam e assim o têm feito”, afirma Lurdes Ferreira, dando a conhecer que a marca opera com todo o tipo de créditos e com diversas soluções e, apesar de também possuírem soluções para clientes empresariais, “a maioria dos nossos clientes procuram-nos a título particular”. A pergunta complicada. Será a Partners Finances a atual líder de mercado em Portugal no seu setor de atuação? “É uma questão complicada, mas tentamos ser os melhores no que fazemos e isso demonstra-se no êxito que alcançamos em muitos processos e que muito nos satisfazem. Estamos aqui para continuar a melhorar e com o nosso apoio existe quase sempre uma solução viável, até porque temos parcerias com entidades de renome”. O mundo não para e as prioridades são sempre mais do que muitas. A Partners Finances pretende continuar na senda do sucesso e por isso, adivinha-se um 2016 bastante agitado, tal como explicam as nossas entrevistadas. “A marca pretende sempre melhorar e fazer mais. Vamos promover a abertura de concessão de crédito por parte dos parceiros, pretendemos consolidar as atuais parcerias e estabelecer novas, sendo que o principal foco é o que vem desde a génese da empresa, melhorar os níveis de serviço com os nossos clientes”, concluem as nossas interlocutoras. ▪
- A Partners Finances é um especialista em reestruturar as situações de crédito e adapta este produto em função das necessidades dos seus clientes. - Consolidação de crédito aquando das situações de forte endividamento; - Consolidação total e/ou parcial com ou sem o crédito habitação - Novo crédito para dar um novo quadro às finanças do cliente; - Financiamento de projeto pessoal; - Empréstimos pessoais com objetivo principal de liquidez; - C rédito para o financiamento de um projeto integrado numa mensalidade global diminuída; - Transferência do crédito habitação com reforço de liquidez;
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atua, tem sido fundamental o suporte qualificado e capaz dos recursos humanos da Partners Finances, que são analistas de crédito devidamente formados para a prestação dos melhores serviços e aconselhamentos. A Partners Finances assume-se como um intermediário em operações bancárias, ou seja, não empresta dinheiro diretamente aos clientes, mas procura uma solução de financiamento junto das entidades bancárias e financeiras, daí a relevância das inúmeras parcerias que a marca possui. “ Fazemos todo o tipo de créditos, contudo somos especialistas no crédito consolidado, o que significa agrupar vários créditos num só, beneficiando do conforto de ter apenas um crédito, com uma única mensalidade, associada a uma poupança mensal que em muitos casos pode ir até 60% daquilo que o cliente paga atualmente. Um dos grandes benefícios do crédito consolidado é efetivamente a obtenção de uma poupança mensal, significativa, gerada com esta solução, que vai permitir uma melhor qualidade de vida a muitas famílias.
TECNOLOGIA
» sistema eas
Contrafurto Verdadeiro valor acrescido “A inovação contida nos sistemas e nas soluções que apresentamos traduz-se num potencial aumento dos lucros e redução dos riscos, para os nossos clientes/parceiros”, revela David Jorge Bombaça, Gestor Comercial da Contrafurto, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Saiba mais.
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uando é que foi edificada a Contrafurto e de que forma é que tem vindo a posicionar-se no seu mercado de atuação como um dos principais players deste setor? A Contrafurto foi criada em 2012, tendo por base as experiências empresariais anteriores dos seus promotores. Recentemente, a Contrafurto foi integrada na Sensorequipe, com quem têm vindo a trabalhar numa parceria conjunta nos últimos anos. A estratégia passou por unir as operações de ambas sob uma única marca, que ofereça uma solução global e integrada na proteção contra o furto no retalho. Esta união permitiu-nos responder mais rapidamente às mudanças do mercado e a desenvolver uma oferta diferenciada para o mercado. Quais são as principais características da marca e que mais valias conseguem apresentar ao vosso cliente/parceiro? A Contrafurto é o distribuidor exclusivo em Portugal da Prosistel, empresa fabricante de sistemas Anti Furto, com produção na Europa. Os equipamentos da Prosistel são testados de acordo com elevados padrões de qualidade e respeitam as normas definidas nas diretivas da União Europeia. Contamos com uma equipa técnica bastante experiente, que trabalha diariamente em estreita colaboração com a fábrica para que os nossos clientes possam ter confiança absoluta nos nossos sistemas e possam usufruir de soluções verdadeiramente eficazes na resolução dos seus problemas com o menor investimento possível.
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Quais são as principais vantagens nas soluções e tecnologias EAS “made in” Contrafurto? Os mais recentes lançamentos tecnológicos Prosistel, utilizam software que permite “remover” as interferências de outros equipamentos eletrónicos e desse modo fornecer uma alta taxa de deteção aos equipamentos. Desta forma melhora-se a performance e ao mesmo reduz-se nos custos, uma vez que bastam duas antenas para proteger saídas de lojas até 2,60. A configuração dos nossos sistemas têm outros recursos muito importantes para
David Jorge Bombaça
ajudar funcionários das lojas a gerir o merchandising de produtos protegidos junto às antenas, ao reduzir a deteção próximo aos lineares, reduz igualmente a existência de falsos alarmes para melhorar a experiência de compra dos clientes. Para que setores de mercado estão preparados para responder no domínio das soluções e tecnologias EAS? Uma das vossas grandes vantagens passa pela capacidade de personalização das vossas soluções para cada cliente? O nosso portfólio de equipamentos e soluções permite-nos responder às necessidades de todos os segmentos de mercado. A médio prazo tencionamos estar presentes nas grandes insígnias da distribuição. Entretanto, estamos a desenvolver projetos muito interessantes na área do retalho têxtil, com soluções desenvolvidas especificamente para este segmento de mercado. As perfumarias e farmácias são outro segmento onde já temos uma considerável quota de mercado, bem como no comércio tradicional onde temos notado uma interessante procura pelas nossas soluções. Além das soluções Anti-Furto (EAS), que outras soluções apresentam ao vosso cliente? A Contrafurto oferece uma solução global e integrada aos clientes que nos procuram. Nesse sentido, a utilização dos sistemas de videovigilância, têm revolucionado a forma como as empresas lidam com a prevenção contra perdas, a deteção de fraudes, a segurança e o atendimento ao cliente. A implementação deste tipo de solução, contribui
para o aumento das receitas e com retorno sobre o investimento a curto prazo. As nossas soluções para pequenas e médias instalações são compostas por câmaras de resolução HD ou Full HD e aplicativos para visualização em rede, tablet ou smartphone. Oferecem tudo o que é preciso para manter um negócio protegido com uma solução de vigilância completa, económica e fácil de usar. De que forma tem a tecnologia EAS vindo a crescer em Portugal e sendo este um mercado em constante mutação, como procuram mais inovação e tecnologia em prol da satisfação dos vossos clientes? Embora a tecnologia utilizada pela generalidade dos fabricantes de sistemas Anti Furto tenha evoluído gradualmente, a imaginação e capacidade de inovação para enganar os sistemas, também evoluiu (…). A nossa gama de equipamentos com deteção de metal integrada nas antenas antecipou a tendência que agora se verifica. Sendo economicamente acessível é muito útil na identificação de profissionais do furto assim que estes entrem na loja. A proteção na origem é já uma realidade bastante frequente. Consiste na integração de etiquetas anti furto, rígidas ou adesivas, aplicadas durante o processo de fabrico, permitindo que cheguem aos pontos de venda devidamente protegidos contra os furtos e prontos a serem expostos. O que podem ganhar os clientes/parceiros que escolhem a inovação da Contrafurto? A inovação contida nos sistemas e nas soluções que apresentamos traduz-se num potencial aumento dos lucros e redução dos riscos, para os nossos clientes/parceiros. Não vendemos “know how” nem inovação tecnológica, utilizamo-la para minimizar o risco de furto dos artigos expostos em livre serviço e ao mesmo tempo potenciar a compra por impulso. Contribuímos para facilitar a compra e aumentar a capacidade de atendimento ao libertar os colaboradores de tarefas de vigilância do espaço. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
tecnologia
» COMÉRCIO ELETRÓNICO
Um site em .pt gera confiança nos negócios online Durante algum tempo o comércio eletrónico causou desconfiança a todos aqueles que ainda estavam menos abertos às potencialidades do mesmo. Mas a verdade é que, acompanhando a evolução que se fez sentir por todo o mundo, o e-commerce entrou em força nos hábitos dos portugueses e numa das linhas da frente está o domínio .PT, uma prova da força e confiança das empresas portuguesas que entram no negócio online.
A
LUÍSA GUEIFÃO
e-commerce ainda é encarado com desconfiança por alguns consumidores e empresas. Mas, a par da legislação que tem procurado proteger o consumidor, há muitas entidades que têm trabalhado para reforçar a confiança neste segmento. Por exemplo, ao contrário de um domínio genérico, o .pt, considerado a bandeira de Portugal na Internet, cria logo uma relação de proximidade, segurança e confiança no momento de compra. “O utilizador da Internet é hoje mais conhecedor e é mais educado nesta matéria e, por isso, sabe distinguir e, obviamente, prefere e elege um site que lhe gere confiança. O domínio .pt constitui e assume-se como uma ferramenta geradora dessa mesma confiança. Quem adere ao e-commerce irá comprar mais facilmente num site .pt cuja origem conhece, do que numa plataforma ou site que nem sabe onde está alojado e por quem é gerido”, explicou Luísa Gueifão. A verdade é que Portugal está entre os 50 países do mundo melhor posicionados nesta matéria e, apesar de ter conhecido um desenvolvimento mais tardio, para a responsável da Associação DNS.PT, esse facto não é negativo uma vez que permite que não se cometam, ou pelo menos se repliquem menos, os erros do passado. No que respeita aos registos de nomes de domínio em .pt, as expectativas não poderiam ser mais animadoras. “No que se refere ao crescimento nos últimos três anos, fazemos parte do top 5 dos países europeus e, inclusivamente, estamos a crescer muito mais do que os nossos congéneres europeus. É verdade que eles começaram a cres-
cer antes de nós mas, enquanto, do nosso lado, a curva contínua em linha ascendente, em muitos países da União Europeia existe já uma tendência de crescimento negativo”, referiu Luisa Gueifão, acreditando ainda que no futuro o e-commerce passará, por exemplo, pelo aperfeiçoamento da assistência no pós-venda. “O desafio passará por termos acesso a sites que gerem confiança a todos os níveis, não só na escolha do produto mas em todas as fases do ciclo de venda”. Para continuar na linha da frente, a Associação DNS.PT continuará a assumir o posicionamento que a tem caracterizado, apoiando as empresas portuguesas nos seus processos de internacionalização e ajudando-as a ter uma presença sustentada, segura e confiante na Internet. “Mostrar às empresas nacionais que o domínio .pt é uma vantagem para o seu negócio será sempre a nossa estratégia”, concluiu Luisa Gueifão. ▪
Novidades para breve Nos primeiros meses deste ano será apresentada uma nova iniciativa, em que a Associação DNS.PT se constituirá como parceira, que passará pelo reforço da confiança do consumidor online e que fará com que seja atribuído a muitos dos sites sob .pt um selo de confiança, segurança e qualidade. Novidades para breve.
13 FEVEREIRO 2016
o contrário do que aconteceu em alguns países europeus e nos Estados Unidos, o comércio eletrónico em Portugal teve uma expressão e um desenvolvimento diferente, sendo que só muito recentemente é que o país começou a ter uma quota de online significativa. Mas, apesar de alguma resistência inicial, o e-commerce “apoderou-se” dos hábitos dos portugueses, conquistando e fidelizando o consumidor que olha para este segmento com muita expectativa. As vantagens saltam desde logo à vista. Um comércio global, sem horários de funcionamento, com custos mais reduzidos e que permite, com um simples acesso à Internet, comparar produtos, serviços e preços. Com entregas mais céleres, o comércio eletrónico é ainda um aliado da privacidade uma vez que permite efetuar uma compra sem que outra pessoa tenha conhecimento disso. Para Luisa Gueifão, Presidente do Conselho Diretivo da Associação DNS.PT, entidade que gere o domínio de topo português, .pt, apesar das inúmeras vantagens serem as principais potenciadoras do e-commerce, há um constrangimento que pode ter um peso significativo. “A relação de proximidade entre quem vende e quem compra deixa de existir. As gerações menos jovens podem ainda sentir a necessidade de ter do outro lado alguém que os aconselhe mas penso que os mais novos, que serão certamente as gerações do futuro, já cresceram neste mundo e não vão sentir essa necessidade”, defendeu. Dentro deste cenário, as imensas oportunidades de negócio associadas ao crescimento do comércio eletrónico vão ter também impacto no domínio de topo nacional. Defendendo sempre um registo no domínio .pt, a Associação DNS.PT tem procurado criar condições para que as empresas portuguesas se possam afirmar na Internet, possam ter uma presença online e, caso queiram, possam enveredar pela venda online. Como? “Temos várias iniciativas e temos trabalhado com os nossos registrars nesse sentido. Temos, por exemplo, uma iniciativa emblemática, conhecida por 3 em 1, veja-se em www.3em1.pt. Todas as empresas que são criadas no âmbito da iniciativa ‘Empresa na Hora’ têm gratuitamente ao longo de um ano um domínio registado sob .pt, uma ferramenta para a construção de um site e o respetivo alojamento e caixas de correio eletrónico. Assim, a empresa em causa fica de imediato online, isto ainda que não tenha qualquer interesse em direcionar a sua atividade para o comércio eletrónico”, referiu a responsável. Se invariavelmente falamos nas imensas vantagens associadas ao e-commerce, por outro lado, existem ainda questões que inevitavelmente são levantadas. Será que irei receber aquilo que comprei? Não há problema em inserir os meus dados pessoais? Apesar de ter conquistado terreno, o
tecnologia
» COMÉRCIO ELETRÓNICO
No online com Rosto Que não subsistam dúvidas, o comércio eletrónico tem registado em Portugal uma grande evolução, sendo atualmente um meio que um vasto número de portugueses opta para fazer as suas compras. Qual o futuro?
PAULO GONÇALVES
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pesar de ainda existir um caminho a percorrer para nos aproximarmos de outros congéneres europeus ou de outros países de leste, como o caso do atual líder em vendas online, como a República Checa, é visível que Portugal tem conseguido, paulatinamente, subir degraus importantes neste segmento do comércio eletrónico e para isso muito têm contribuído algumas marcas que pautam a sua atividade por padrões/pilares como a transparência, o rigor e a credibilidade perante o mercado e o consumidor. A Revista Pontos de Vista foi conhecer uma dessas marcas, um dos nomes que pode colocar o nome nos principais players do se-
tor do comércio eletrónico, a Prinfor - Informática - Eletrodomésticos - Som e Imagem e conversou com Paulo Gonçalves, CEO da marca e conhecedor nato de todos os quadrantes deste segmento de mercado que, segundo revela, ainda tem que evoluir bastante para conseguir chegar aos mais cepticistas. No mercado há cerca de 11 anos, mais concretamente desde 2005, a Prinfor tem vindo a crescer anualmente e tem sido um exemplo de atuação perante o consumidor/cliente. Mas o que ainda falta para que este setor de mercado possa ombrear com outros mercados? Paulo Gonçalves não tem dúvidas. “Passa tudo pela confiança que o consumidor tem ou não no mercado eletrónico”, salienta, assegurando que na última década têm surgido espaços que como tão depressa nascem, também desaparecem, deixando um rasto de situações desagradáveis que acabam, inevitavelmente, por afetar aqueles que fazem da credibilidade a sua forma de estar nos negócios e no contacto com o cliente. Um dos grandes óbices neste setor, passa, portanto, pela livre concorrência ao nível das lojas online, que têm praticado margens “absurdas e curtas e isso reflete-se no parco serviço e produto, por vezes nenhum, prestado em prol do cliente. Não se dando serviço de qualidade, o foco passa a estar no preço e neste setor é obrigatória que exista mais confiança para que o consumidor possa ter segurança no âmbito das suas compras ao nível do comércio eletrónico”, salienta, lembrando que esta é a grande barreira ainda existente em Portugal. Mas poderá este cenário ser alterado? Para o CEO da Prinfor, marca que tem vindo a crescer na ordem de faturação dos dois dígitos anualmente, é possível que o panorama seja modificado, até pela
No leque das entidades credíveis
Com um espaço físico e com uma página online, a Prinfor está no rol das entidades credíveis e “temos feito um enorme sacrifício para nos mantermos no mercado com a mesma postura, porque queremos continuar a aproximarmo-nos das grandes marcas como a FNAC, NOS, Worten, entre outras. Naturalmente que não é pelo preço que o conseguimos, mas por aquilo que somos capazes de oferecer ao cliente, este acompanhamento e esta personalização são essenciais e o cliente, hoje em dia, começa a saber que é seguro comprar em Portugal com confiança e discernimento, isto desde que escolha marcas parceiras como a nossa que têm um rosto, “assume, esclarecendo que é possível continuar a crescer nesta área. “Quem tem um espaço físico como o nosso, uma estrutura transparente, um site credível, que aposta na segurança dos consumidores, oferece serviços e pensa no futuro, tem uma margem de crescimento elevada em Portugal. Ainda estamos longe da média europeia, mas vamos caminhando aos poucos e será sério afirmar que existem em Portugal dez a 12 players que abarca-
Uma Marca diferente Multifacetada, a Prinfor - Informática - Eletrodomésticos - Som e Imagem apoia o maior clube de desportos eletrónicos em Portugal - a For The Win eSports Club, conhecida nacional e internacionalmente, a qual aposta numa efectiva formação dos jogadores, dispondo de um sistema de academias complexo, que também tem vindo a crescer nos jogos online como League Of Legends, CS:GO, HearthStone, FIFA, PES, SMITE, entre outros. A For The Win eSports no ano de 2015 ultrapassou os impressionantes 4 milhões de visitantes únicos às suas plataformas, contando com mais de 1200 membros com idades entre os 14 anos e os 50 anos de idade e que tem sido ao longo dos últimos anos muito esquecida pelas empresas em Portugal, a profissionalização destas equipas e que levam o nome de Portugal lá fora. “Apoiamos a maior estrutura e equipa nacional num esforço financeiro tremendo, que tem um retorno em termos de visibilidade da marca Prinfor. É essencial para a Prinfor ajudar a nossa juventude, pelo menos a usufruírem de atividades extra benéficas na sociedade”.
rão centenas de milhões de euros e tudo o resto são aqueles que apenas pretendem passar ilusões para o consumidor e com os quais é necessário ter cuidado”:
A marcar a diferença
A Prinfor não pretende ficar por aqui e hoje já pertence ao painel GFK, o que significa que a mesma já é olhada por parte dos responsáveis das marcas como uma empresa credível no mercado “ e isso dá-nos perspetivas positivas de futuro”, salienta o CEO da marca, que parece não querer parar. “Temos um projeto para a edificação de um novo espaço físico em Lisboa e que será concretizado ainda este ano, porque acreditamos que o comércio de proximidade assente numa página web credível aporta mais-valias”, revela entusiasmado o nosso entrevistado, que acima de tudo tem o consumidor/cliente como principal foco. Basta saber que a Prinfor é a única loja online que dispõe de um serviço operacional até 40 quilómetros à volta do espaço comercial de carro próprio para entregas, instalações, acompanhamentos, entre outros. “Tudo isso cria empatia e confiança com o cliente”.
Na vanguarda tecnológica
É por isso que escolher Prinfor é escolher seriedade e confiança. “Tudo fazemos para apresentar soluções aos nossos clientes/consumidores com preços competitivos, onde podem estar seguros de que irão receber o produto, podem conhecer o trajeto da encomenda e quanto à garantia, estamos cá de portas abertas para apoiar e fornecer um serviço de excelência”, salienta o nosso entrevistado, assegurando que a Prinfor está completamente preparada para responder e corresponder a todas as mutações tecnológicas do mercado. “Estamos sempre na vanguarda das novas tecnologias ao nível do comércio eletrónico. A nossa plataforma foi lançada em junho passado e dá-nos espaço de crescimento para os próximos anos. Foi um investimento elevado, mas que nos dá outra capacidade para chegar a novos públicos. Por exemplo, há dois anos ninguém navegava na internet via mobile e hoje 40% das nossas visitas diárias são por essa via. Portanto é mais uma área em que continuamos a apostar forte em termos de acesso web por parte dos consumidores e iremos, provavelmente até ao final de 2016, lançar uma aplicação para melhorar ainda mais o acesso de navegação dos nossos consumidores. Nunca paramos. Connosco podem ter a certeza que procuramos sempre as melhores soluções para satisfazer todos aqueles que confiam em nós”, conclui Paulo Gonçalves, CEO da Prinfor. ▪
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entrada de players que, tal como a Prinfor, perpetuam níveis de segurança, transparência e credibilidade elevados. “É fundamental que nomes como a Worten, a FNAC e outros estejam no universo do mercado eletrónico, porque isso só ajuda a credibilizar o setor”, advoga Paulo Gonçalves. Desta forma, é vital que se promova a vertente da fiscalização, “não só pela capacidade de inspeção e vigilância que terá, mas também para controlar o denominado dumping que existe diariamente no comércio eletrónico, pois hoje em dia qualquer pessoa abre um website e lança-se no mercado com preços impossíveis de combater e que estão nitidamente abaixo do nosso preço de compra. Estas «brincadeiras» apenas são possíveis pela escassez de fiscalização”, salienta o nosso interlocutor. E o consumidor/cliente? Consegue percecionar este lado? “O consumidor procura, naturalmente, a questão do preço e esquece outras vantagens às quais não tem direito por parte dessas marcas e que são fundamentais e que nós providenciamos como o apoio na compra do produto, o aconselhamento, a personalização do serviço, além de que está a depositar o seu dinheiro numa marca com rosto, com espaço físico e na qual se pode apoiar se existir algum problema. As pessoas têm de perceber que a segurança e a confiança a quem estão adquirir um produto é fundamental. Que interesse tem comprar com valores ultra baixos, se depois não tem qualquer tipo de apoio? Se depois não consegue usar a garantia por uma qualquer anomalia do produto? Por vezes o barato acaba por sair caro. Além disso, se o consumidor/cliente tiver uma experiencia desagradável, ficará, naturalmente, mais cético em relação ao mercado e isso acaba por afetar todos os players do setor, mesmo aqueles, como nós, que pautam a sua atividade com transparência, rigor e confiança”. Assegurando que atualmente as autoridades já começam a olhar o comércio eletrónico com outra atenção, Paulo Gonçalves acredita que o caminho ainda é longo. “É preciso fazer mais. Deve existir uma cultura de exigência perante aqueles que fornecem serviços eletrónicos ao público. Não podemos brincar com a confiança dos consumidores e com aqueles que atuam de uma forma transparente. Temos de saber separar o trigo do joio. São situações que devem ser retificadas pelas autoridades, e esperamos que as pessoas possam deitar «mãos» para tentar colocar o mercado de certa forma regulado para podermos cada vez mais dar um serviço de excelência ao consumidor”.
AMBIENTE
» Reciclagem e Gestão de Resíduos
Eu Reduzo, Tu Reciclas, Ele Reutiliza No mundo de hoje a importância da reciclagem é cada vez maior, e mais que uma necessidade, é hoje uma inevitabilidade em prol do nosso planeta e consequentemente das gerações vindouras.
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esta forma, hoje a Reciclagem é um processo incontornável para um bom equilíbrio ambiental, dado que o número de equipamentos nos vários setores económicos rapidamente ficam obsoletos tornando-se excedentários e, por sua vez, um resíduo que carece de tratamento adequado. Sobre estas e outras matérias, a Revista Pontos de Vista falou com Jorge Coelho e Ana Coelho, respetivamente CEO e Diretora de Comunicação da Reciclinfor - Reciclagem Informática, numa conversa onde ficamos a conhecer o trajeto de uma marca que tem crescido paulatinamente e, acima de tudo, tem tido a capacidade de se adaptar às mutações e exigências do próprio mercado da reciclagem e não só. Tudo passa por ciclos, e foi desta forma que se começou também a desenhar a dinâmica da Reciclinfor, que deu início à sua atividade em 1998 no domínio do setor dos resíduos metálicos e não eletrónicos. Porquê esta mudança de «agulhas»? O CEO da marca explica, “o convite surgiu através dos próprios colaboradores da empresa que lançaram a possibilidade de ficar com alguns dos equipamentos informáticos funcionais”, visto que nesse tempo os equipamentos eram bastante dispendiosos, “conseguíamos realizar valores mais baixos, despoletando assim a procura. Entretanto com a evolução do negócio optamos por criar uma empresa apenas focada na comercialização deste tipo de equipamentos e assistências técnicas, denominada por Servitek”, esclarece.
“Reciclinfor e Servitek são independentes”
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Será legítimo afirmar que a Reciclinfor «alimenta» a Servitek? Para Ana Coelho a resposta é muito clara, atualmente a Reciclinfor não alimenta a Servitek. A maior parte dos equipamentos é adquirida a grandes grupos empresariais e uma grande parcela resulta da importação. A Reciclinfor esta focada na área da reciclagem de todo o tipo de resíduos elétricos e eletronicos, maioritariamente no âmbito do universo empresarial, continuando assim a alargar o leque de clientes que contam com este tipo de serviço. “Qualquer empresa que se queira desfazer do seu parque informático e que este esteja minimamente atual, nós valorizamos e até, em determinados casos e se existir uma grande quantidade de equipamentos obsoletos, podemos atribuir valor”, revela Jorge Coelho. Recolher, triar e encaminhar para reciclagem são três das etapas do processo da Reciclinfor. Questionamos os nossos interlocutores se, de entre os produtos recolhidos qual a percentagem dos que são eliminados e dos que regressam ao mercado por intermédio da Servitek? “No início da nossa atividade, há 18 anos atrás, cerca de 80 a 90% dos equipamentos eram comercializáveis, sendo o
JORGE COELHO
restante direcionado para a reciclagem. Entretanto os valores inverteram-se e agora assistimos ao oposto, ou seja, apenas 10 a 15 % dos equipamentos recolhidos são comercializáveis e os restantes reciclados”, salientam, justificando esta mudança com a constante exigência do utilizador limitando o tempo de vida útil dos equipamentos.
Sensibilizar para reciclar
O grande objetivo da Reciclinfor passa, inevitavelmente, por aumentar a Reutilização e Reciclagem de componentes Informáticos contribuindo assim para um planeta mais verde. As ações de sensibilização assim o dizem e a sociedade começa a ter outra consciência para estas realidades de proteção do meio ambiente e do futuro das gerações vindouras, mas ainda falta muito caminho. “As pessoas estão mais sensibilizadas, mas por outro lado existe outra dificuldade, ou seja, essa responsabilidade ambiental perde-se quando chega «à algibeira» do comum dos cidadãos e isso acaba por inibir as pessoas de o fazer com maior frequência. Seria interessante que se criassem iniciativas com locais fixos para se depositar e recolher esses equipa-
mentos. Poderia ser uma boa solução”, afirma Jorge Coelho, lembrando que ainda estamos bastante atrasados relativamente ao que se pratica nesta área ao nível de outros congéneres europeus.
“Trabalhar nesta área dá-nos um prazer imenso”
Os desafios na Reciclinfor nunca cessam, sendo que o último passou pela mudança de instalações, dos anteriores 400 para os atuais 800 metros quadrados, aportando um peso superior à marca, que pretende continuar a recolher equipamentos gratuitamente na zona da grande Lisboa, embora também o faça em outras áreas do país, mediante uma avaliação prévia. Pretendemos continuar a prestar um serviço de qualidade e transparente junto de cada cliente, seja na Reciclinfor ou na Servitek, esse é o nosso foco. Trabalhar nesta área dá-nos um prazer imenso, até porque sentimos que, com o nosso contributo, andamos a «arrumar a casa e o próprio país» e estamos a colaborar com o meio ambiente que é essencial para a vida humana”, concluem Jorge e Ana Coelho. ▪
TECHNOLOGY FAST 500 EMEA
Numa indústria competitiva, a CMAS destaca-se Anualmente a Deloitte divulga um ranking que distingue um vasto leque de 500 organizações que apresentam as maiores taxas de crescimento do volume de negócios na EMEA (Europa, Médio Oriente e África). Há três anos consecutivos que a CMAS – Systems Consultants faz parte dessa lista, com “muito orgulho”. Com Carlos Santana, Manager da empresa, a Revista Pontos de Vista procurou conhecer o impacto deste reconhecimento.
Entre as soluções que disponibilizam, de que forma se concretiza o vosso ciclo de atuação: análise, implementação e suporte? Tentamos cobrir sempre todo o ciclo de vida, desde o acompanhamento do cliente no levantamento de requisitos até ao suporte dos seus sistemas, quer sejam desenvolvidos e implementados pela CMAS, quer sejam sistemas que o cliente já disponha. A CMAS está em quinto lugar no ranking nacional do Relatório 2015 EMEA 500 Technology Fast Track da Deloitte. Num mercado tão competitivo e volátil, o que significa estar entre as melhores empresas de tecnologia desta região? É sempre uma grande honra. É o terceiro ano consecutivo que temos esta distinção e conseguirmos estar entre empresas dinamizadoras e que são reconhecidas por criarem valor numa área que traduz inovação e de elevada competição, só nos enche de grande orgulho e premeia a excelente equipa de profissionais que fazem parte da empresa. Acredita que este reconhecimento tem sido também encarado por outras empresas como uma inspiração para que também elas apostem sistematicamente na inovação e no seu crescimento sustentado? Acreditamos que sim. Num mundo global, existir uma distinção por parte de uma entidade globalmente reconhecida, só pode servir de inspiração para que outros possam atingir esses níveis.
Com empresas e empresários que têm conseguido competir com os melhores do Mundo, Portugal tem demonstrado que é um país inovador. No entanto, o que é preciso fazer para que mais do que cinco organizações portuguesas integrem este top 500 da Deloitte? Portugal é um país com excelentes condições para a criação de nichos e de clusters. É um excelente país para que as start-ups possam iniciar e desenvolver o seu processo de crescimento. Acredito, no entanto, que falta dinamização para que, internacionalmente, o trabalho efetuado por estas equipas/empresas seja reconhecido e potencie o desenvolvimento de negócios internacionais pois só assim é possível ter um crescimento efetivo.
O nosso foco é fortalecer a relação dos nossos clientes com os seus clientes e procurar traduzir isso em experiências inovadoras Carlos Santana
Manager da empresa,
O top 5 dos países mais representados é muito idêntico ao de 2014, incluindo a França, o Reino Unido, a Noruega, a Holanda e a Suécia. O que é que Portugal tem a aprender com estes mercados? São mercados globais ou então que têm uma dinamização interna bastante grande. São mercados que dão grande foco ao que é feito internamente e focados na expansão internacional desses agentes. Portugal é um mercado interno bastante mais pequeno e que ainda não tem implementada a cultura (salvo raras exceções) de criar dinamismo internacional. Competir através da inovação num mercado tão competitivo e dinâmico não é fácil. Para o futuro da CMAS, que desafios acredita que terão de enfrentar para que continuem a fazer parte deste ranking e, mais do que isso, para que continuem a responder às necessidades dos seus parceiros? Dinamizar e inovar para que os nossos parceiros atuais ou futuros (que mais do que clientes, consideramos parceiros) possam continuar a acreditar em nós e na nossa qualidade. Acreditar que podemos desta forma continuar a aumentar o nosso volume de negócios, continuar a potenciar crescimento e procurar aumentar o nosso leque de competências. ▪
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om soluções orientadas para a inovação, a CMAS é composta por equipas dedicadas, focadas no negócio das telecomunicações e que acompanham o cliente em todas as necessidades. Que características fazem parte da vossa identidade e que têm permitido que a CMAS esteja entre as melhores na sua atividade? A identidade da CMAS tem sido sempre caracterizada pelo empenho em criar competências e pela disponibilidade de partilhar a nossa visão de gerar valor em todas as soluções que produzimos com os nossos clientes. O forte conhecimento em todas as áreas em que nos integramos, onde temos profissionais a colaborar com os nossos clientes, e a vontade de ultrapassar constantemente os desafios a que nos propomos e que nos são feitos fazem-nos acreditar que o expertise adquirido na área das telecomunicações pode ser transportado para outras áreas e indústrias. Diria que o nosso foco é fortalecer a relação dos nossos clientes com os seus clientes e procurar traduzir isso em experiências inovadoras. É com esta vontade que trabalhamos todos os dias com os nossos parceiros.
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
opinião de João Guedes de Oliveira, CEO da i-medical
i-medical um novo conceito de integração de informação na saúde A i-medical desenvolveu uma solução única que permite controlar em tempo real o fluxo clínico e administrativo associado a exames imagiológicos, possibilitando aos seus clientes a gestão e otimização dos seus recursos, prestando cuidados superiores de saúde
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i-medical foi criada em 2011 por três promotores e duas capitais de risco, uma portuguesa e outra de origem inglesa, que foram fundamentais não só no capital como na experiência que trouxeram, tendo efetuado um aumento significativo de capital com a Capital de Risco Portugal Ventures na busca de crescimento e internacionalização. O percurso dos promotores na área de Imaging Healthcare IT (IH-IT) foi todo feito na Siemens, sendo que as suas competências eram complementares e fundamentais para a criação estruturada de um novo projeto. Eu, enquanto CEO da i-medical, fui responsável pelas Departmental Solutions, nas quais estavam incluídas as Imaging Management Solutions, tendo vasta experiência em implementação de soluções em ambiente hospitalar, na qual a Siemens era líder de mercado em Portugal. João Paula, COO, foi o primeiro especialista de aplicação em Portugal, tendo um profundo conhecimento de produto, mercado e das necessidades clínicas na utilização deste tipo de plataformas. Cristiano Machado, CTO, vem dos Professional Services, sendo responsável pela interoperabilidade de sistemas e tendo estado em inúmeras implementações. O início da empresa foi também o começo da aprendizagem do que é criar, manter e fazer crescer uma start-up no contexto empresarial e económico português e da visão externa que existe desse contexto. Foi necessário criar de raiz um produto tecnológico complexo para um mercado muito pouco tolerante a falhas e mudanças, assegurando desde o primeiro dia que havia músculo financeiro para suportar essa criação. Sabíamos que tínhamos que efetuar a validação de mercado e produto, tendo sido para isso fundamentais os nossos clientes beta (que ainda hoje se mantêm como clientes i-medical). Portugal sempre esteve na linha da frente relativamente a IH-IT, sendo apenas ultrapassado por alguns países da Europa do Norte (o primeiro sistema de Telerradiologia sobre exames de TAC foi feito em Portugal). Esta maturidade dava-nos garantias
JOÃO PAULA, JOÃO GUEDES de OLIVEIRA E CRISTIANO MACHADO
quanto à capacidade do mercado e dos nossos clientes de validar a nossa solução e modelo de negócio, o primeiro dos muitos passos do processo para crescimento e exportação. Como tal, desenvolvemos uma plataforma que gere todos os processos associados ao diagnóstico clínico baseado em imagens médicas, explorando o melhor do mundo do PACS (Picture Archiving and Communication Systems) e do RIS (Radiology Information System). Somos a única empresa que endereça na mesma plataforma os fluxos desde a prescrição de exames imagiológicos, passando pela realização e o diagnóstico sobre os mesmos até à disponibilização de resultados para os pacientes e médicos ou entidades prescritoras. E fazemo-lo “portalizando” a plataforma por perfil de utilizador, em ambiente web puro, cloud-based com ferramentas de gestão e monitorização transversais e ainda com “social connectivity” que permite a interação em tempo real entre utilizadores. Na i-medical acreditamos profundamente na desmaterialização de estrutura, investindo em comunicações para suportar soluções cloud ou host-based. Acreditamos que, para vender valor acrescentado, temos que vender “inteligência”, plataformas que “compreendam” os fluxos, as necessidades, que espelhem em tempo-real o negócio e a performance do mesmo, bem como a dos seus participantes. Acreditamos também em comercializar esta plataforma como um serviço,
potencialmente num modelo de Software as a Service (SaaS), mais do que vender produto, licenças, hardware e contratos de manutenção. Acreditamos ainda que as soluções têm cada vez mais que ser agnósticas ao hardware e Sistemas Operativos, têm que estar preparadas para trabalhar em dispositivos móveis (smatphones ou tablets), pelo que temos apostado em desenvolvimento assente em HTML5, a primeira linguagem verdadeiramente transversal a todos os Browser. A nossa plataforma e modelo de negócio apresentam-se como particularmente interessantes para as clínicas privadas que prestam serviços para múltiplas entidades, públicas e privadas, que utilizam recursos bastante móveis e flutuantes e que têm a necessidade de disponibilizar resultados clínicos para diversos atores desde os médicos até aos pacientes. Esta tem sido a nossa aposta para o mercado português, onde já temos uma amostra expressiva de clientes. Estamos também preparados para crescer para projetos mais ambiciosos, nomeadamente com as Administrações Regionais de Saúde, Sociedade Portuguesa de Radiologia e com Hospitais, sendo este o nosso desafio Nacional para 2016. A saúde em Portugal tem uma qualidade extraordinária quer do ponto de vista clínico, quer do ponto de vista de serviço. Sabemos que há ainda muito a fazer em termos de eficiência. Temos também clientes fora de Portugal, nomeadamente em Espanha, onde já trabalhamos com Serviço Andaluz de Sanidad. Suportado nesta experiência, este é um mercado onde queremos crescer. Mas a nossa ambição para 2016 não fica por Espanha. Estamos a preparar a expansão para o Sudoeste Asiático, para o qual temos uma parceria em vias de fechar, que pensamos ser um mercado de oportunidade para nós. Os principais objetivos da i-medical são apostar permanentemente no desenvolvimento de novas soluções e continuar a procurar formas sustentadas de crescer e expandir para novos mercados apoiados em produtos e serviços diferenciados. ▪
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» Entrevista a Rita Ferraz da Costa, Diretora-Geral do Ferraz, Lynce e Administradora do Grupo
Excelência e rigor
na indústria farmacêutica O Grupo, constituído por Ferraz, Lynce (1924), Iberfar (1951) e Logifarma (1997), empresas reconhecidas como PME Líder [estatuto conferido às empresas que se distinguem pela sua solidez financeira, qualidade e liderança da gestão], distingue-se pela longevidade, confiança, reconhecimento dos clientes e também pela sua abrangência na cadeia de valor do setor farmacêutico. Representam, desenvolvem, fabricam e distribuem medicamentos. As três empresas fazem já parte da história da indústria farmacêutica com um percurso marcado pela excelência, determinação e rigor. Conheça os motivos que as levam a ser um caso de sucesso num setor em constante dificuldade.
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indústria farmacêutica é um mercado de máxima relevância para a saúde, contudo sujeita a desafios e constrangimentos que por vezes testam a “persistência” das empresas presentes neste setor. As margens comerciais cada vez mais reduzidas, a presença dos genéricos e a crescente exigência da regulação criam um caminho difícil à sustentabilidade e crescimento deste mercado. Há que ter vontade de vencer os desafios, de forma hábil para que as empresas se mantenham de forma bem-sucedida no mercado. O grupo de empresas Ferraz, Lynce, Iberfar e Logifarma, embora tenha tido um percurso que lhe permitiu algumas vantagens nos momentos da crise económica, assume que foram necessárias três reestruturações na empresa Ferraz, Lynce. Rita Ferraz da Costa afirma que o pior pertence ao passado e que estão agora numa fase de crescimento quer do número de colaboradores, quer do valor das vendas. “A nossa forma de estar no mercado assentou sempre num trabalho diferenciador ao nível da preparação cuidada dos delegados de informação médica que sempre transmitiram aos médicos, com segurança e confiança, as vantagens dos nossos produtos face aos da concorrência. A classe médica confia no Ferraz, Lynce e isso para nós é um selo de excelência. Como diz o slogan, «Ferraz, Lynce, a promover saúde desde 1924»”.
Uma relação de confiança
Uma marca em expansão
Ferraz, Lynce, PME Líder desde 2009, surgiu como uma empresa cuja área de atuação se baseava na representação de terceiros. A sua qualidade rapidamente se revelou, conduzindo à produção de medicamentos para essas empresas em Portugal. Daí ao desenvolvimento de produtos próprios foi um pequeno passo. O desenvolvimento de medicação não sujeita a prescrição médica com a marca Ferraz, Lynce é a prioridade. A diretora-geral da empresa explica qie “estamos a desenvolver e a introduzir no mer-
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As diferentes marcas internacionais continuam a depositar nesta equipa toda a confiança para
representar em território português os seus medicamentos. “As empresas que representamos em Portugal sempre estiveram, e estão, satisfeitas com o nosso desempenho, rigor e cumprimento de toda e qualquer cláusula contratual”, garante a administradora do Grupo. O Iberfar, para além de ter o Ferraz, Lynce como cliente, fabrica para mais 11 clientes. O cumprimento do prazo de entrega do produto acabado, em conformidade com todas as exigências das Boas Práticas de Fabrico (GMPs) é o foco e um fator diferenciador que tem permitido alargar o número de clientes e também o número de mercados para os quais os atuais clientes exportam. “Para além disso somos flexíveis. Caso surja alguma necessidade inesperada por parte de um cliente, sabemos, porque o testámos, que temos capacidade para trabalhar a três turnos, o que garantirá a entrega atempadamente”, garante Rita Ferraz da Costa.
Rita Ferraz da Costa
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» Entrevista a Rita Ferraz da Costa, Diretora-Geral do Ferraz, Lynce e Administradora do Grupo
Áreas de intervenção O Ferraz, Lynce representa e promove medicamentos sujeitos a receita médica de terceiros em Portugal, promove medicamentos sujeitos a receita médica próprios, medicamentos não sujeitos a receita médica de terceiros e próprios, suplementos alimentares e dispositivos médicos que lhe asseguram “a promoção da saúde” e a satisfação da classe médica por verem controladas as patologias dos seus doentes. “A título de curiosidade, a marca Laevolac, trabalhada por nós há 46 anos, pela sua enorme eficácia e pela enorme confiança que a classe médica lhe reconhece é a 17ª marca mais conhecida no top 100 da indústria farmacêutica” (fonte: hmR), afirma Rita Ferraz da Costa.
O futuro de um grupo em constante desenvolvimento
O Laboratório Iberfar, igualmente PME Líder desde 2009 - o que “tem ajudado na negociação dos financiamentos necessários junto à Banca” - e contemplado, em 2014, com um prémio de Excelência atribuído pelo IAPMEI, tem feito nestes últimos anos enormes investimentos para que os seus equipamentos e infraestruturas sejam de excelência e ao nível do “estado da arte” da indústria farmacêutica, cumprindo as exigências dos reguladores, dos clientes, do mercado nacional e também dos mercados internacionais. Desde 2009 até hoje, o peso relativo das exportações quadruplicou. Atualmente, 40% da fabricação da empresa é destinada ao mercado externo. Num setor onde a concorrência é cada vez mais dura há que apostar, obrigatoriamente, na diferenciação e na exportação. Em 2014, o Laboratório Iberfar conseguiu um financiamento atribuído pelo antigo QREN pelo investimento feito numa funcionalidade inovadora e exclusiva à data em Portugal na linha de embalagem, algo que Rita Ferraz da Costa considera uma “lança em África”, devido à pouca atenção dada pelos Governos às empresas do setor privado. “E estamos neste momento com uma candidatura ao programa Portugal 2020”, assume. O aumento das exigências dos reguladores, dos clientes e dos novos mercados obrigam a que esta indústria seja cada vez mais inovadora, o que exige investimentos elevadíssimos. Na área dos aprovisionamentos e FSE’s, foi conseguida uma enorme redução de custos resultante de um trabalho per-
sistente e rigoroso assente, sempre, na garantia de manter a qualidade dos mesmos. Por outro lado, o Iberfar acabou de lançar um novo canal de comunicação a nível internacional, a Pharmaceutical Technology, uma plataforma tecnológica com divulgação mundial, que visa informar quem é quem e o que faz no campo do fabrico e tecnologia farmacêutica. Esta plataforma gera proximidade entre fabricante, decisores de outras empresas, potenciais clientes, assim como dá visibilidade e credibilidade junto dos profissionais do setor e do público em geral. A Logifarma, empresa de distribuição, é um caso de sucesso. “É o maior operador logístico em Portugal e tem atualmente, como fator exclusivo e diferenciador, uma frota própria, respeitando todas as exigências necessárias ao transporte de medicamentos”, conta a administradora do grupo. Em 2015, ano em que comemorou 10 anos, a Logifarma tornou-se o único operador logístico que assegura aos seus clientes a distribuição nacional de produtos farmacêuticos em bi-temperatura, num investimento que ascendeu a 1,5 M€. A operação ficou assim controlada na totalidade. “Logifarma Total, distribuição em conformidade com a necessidade”. O Lean 6Sigma tem sido utlizado desde 2007 por todas as empresas do Grupo com o propósito da constante melhoria dos processos operacionais e de eliminar todo e qualquer desperdício, o que tem contribuído para um trabalho e desempenho cada vez mais adequados ao bom funcionamento das empresas. ▪
Rita Ferraz da Costa A administradora do grupo afirma ainda que gosta do que faz, o que sustenta no respeito que tem pelo trabalho feito pelas gerações anteriores (estão na quarta geração) e por ter como missão fazer crescer os negócios, criar postos de trabalho e acrescentar valor à economia portuguesa. Para além de acumular as funções de Administradora Delegada e ser responsável pelo departamento de Recursos Humanos, é também Diretora-Geral do Ferraz, Lynce, o que lhe permite estar mais próxima da equipa e participar mais ativamente nas campanhas de marketing e na criação dos slogans, maioritariamente da sua autoria, o que lhe agrada imenso.
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cado, um por ciclo quadrimestral, medicamentos tradicionais à base de plantas e suplementos alimentares, adequados às necessidades de mercado assim como à nossa dimensão. As vantagens em desenvolver e promover produtos próprios são enormes”. Estes produtos poderão ser, assim que tenham escala, fabricados pelo Laboratório Iberfar, o que será também uma enorme mais-valia para o grupo de empresas. Por outro lado, a proximidade, o conhecimento do funcionamento de todo o processo de fabrico por parte dos responsáveis pelas várias áreas que fazem parte do fluxo e ainda a celeridade com que podem ser tomadas decisões (Administração comum) é, como se sabe, um valor incontestável. “Há que fazer um trabalho de excelência no lançamento dos novos produtos no mercado nacional para que venhamos a ter algo de bom para aliciar distribuidores estrangeiros a promovê-los no seu país”, refere Rita Ferraz da Costa. E assume que, “dadas as dificuldades a que fomos sujeitos, tivemos, sob pena de termos de fechar a empresa, de tomar decisões duras e atempadas que [como referido anteriormente] passaram por três reestruturações nos anos de 2011, 2013 e 2014 com o propósito de adequar os custos com as equipas de Marketing e Vendas à realidade. Estamos certos de que não teriam sido evitáveis e é com satisfação que nos encontramos de novo a aumentar as nossas equipas, com critérios de seleção rigorosos, para que consigamos fazer crescer a empresa, com base na estratégia em curso”. A Ferraz, Lynce e a Iberfar têm recorrido, desde 2009 até à data, à contratação de estagiários ao abrigo dos programas de estágios do IEFP. O grau de empregabilidade destes estagiários é de 65% (o que corresponde a um aumento de 24 colaboradores). O Ferraz, Lynce, dada a sua longevidade e a contratação de tantos estagiários, ficou com uma equipa de vendas com uma enorme discrepância de idades. “É muito enriquecedor para qualquer das faixas etárias e também um ponto forte para o lançamento dos novos produtos próprios”, acredita a diretora-geral.
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» INVESTIGAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO OPINIÃO DE Sérgio Sampaio
Varizes dos membros inferiores Uma solução técnica nova Encerramento adesivo endovenoso - mais um passo no sentido da menor invasividade
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SÉRGIO SAMPAIO Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Fellow do European Board of Vascular Surgery Coordenador da Unidade de Cirurgia Vascular do Hospital Privado de Gaia
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s varizes dos membros inferiores são consensualmente reconhecidas como podendo ter consequências em vários planos. Os problemas de saúde a elas associados podem manifestar-se como complicações agudas, mas também sob a forma de um agravamento progressivo e insidioso. Sintomas como cansaço e sensação de peso e sinais como edema, de predomínio vespertino e estival, podem ir-se instalando e aumentando de intensidade, acabando por comprometer consideravelmente a qualidade de vida. Este situação associa-se também a preocupações de imagem, sobretudo no sexo feminino. A simples presença de varizes torna-se facilmente algo de muito inestético, pelo volume e/ou pela cor dos trajetos venosos anómalos. Mas mais do isso, a evolução da doença acaba por provocar alterações estruturais da pele de determinadas zonas das pernas. Essas áreas podem tornar-se pigmentadas, atróficas e fragilizadas, chegando mesmo a ulcerar em situações mais graves. Ao longo dos tempos, muito tem mudado no modo como se trata a doença venosa. Durante décadas, a cirurgia de “stripping” (dita aberta ou clássica) constituiu o principal modo de tratamento da insuficiência troncular das Veias Safenas. Surgiram entretanto métodos que apresentam eficácia pelo menos igual, com um grau de invasividade inferior. Tais alternativas consistem na ablação endovenosa térmica (por LASER ou radiofrequência) destas veias. Embora possam evitar a anestesia geral, obrigam sempre à utilização de anestesia local de tumescência – no fundo ao envolvimento de todo o vaso a tratar por um soluto anestésico. Este passo visa evitar dor durante a intervenção, mas também prevenir a transmissão de calor a estruturas vizinhas (pele, nervos, entre outros).
recentemente surgiu um novo método: o encerramento adesivo endovenoso.
Em que consiste? De um modo muito simplificado, pode ser descrito como o encerramento da veia que desejamos eliminar, injetando uma determinada substância adesiva (um cianoacrilato) através de um cateter. A quantidade de adesivo injetada é diminuta – na verdade uma fina lâmina entre as duas paredes da veia colapsada (graças à compressão externa entretanto exercida de modo coordenado). A veia assim eliminada acaba por se transformar numa estrutura cicatricial residual, virtualmente indetetável. Todo o procedimento é efetuado sob controlo
ecográfico intraoperatório: a punção, o cateterismo, a injeção e a compressão da veia a tratar. Este é um dos aspetos essenciais (como em todas as técnicas endovenosas, aliás) para garantir precisão e segurança durante a intervenção. Por cada veia safena a tratar, a pele é assim perfurada apenas uma vez. Os cianoacrilatos são vastamente usados como adesivos tecidulares ou agentes de oclusão vascular noutras aplicações clínicas desde há cerca de 30 anos. Durante este período, foi possível confirmá-los como substâncias desprovidas de efeito mutagénico, pirogénico, hemolítico, sensibilizante, irritante ou citotóxico. Por outras palavras: são inócuos. Embora se trate de uma técnica recente, foi já objeto de várias publicações, incluindo um ensaio clínico aleatorizado e controlado (em que se comparou o encerramento da Veia Safena Grande por este método e por efeito térmico da radiofrequência). O encerramento adesivo endovenoso apresenta algumas vantagens potenciais: a anestesia de tumescência, mandatória nos métodos que recorrem ao calor, é aqui desnecessária – não há queimaduras a prevenir e a injeção do adesivo é indolor. Este facto representa maior conforto durante a intervenção (não se procedem às várias punções com vista à injeção do soluto tumescente) e maior rapidez. Também o uso de meias de compressão elástica, sempre obrigatório durante algum tempo em todas as outras técnicas, pode aqui ser dispensado. Este método foi desenvolvido com vista ao tratamento da insuficiência troncular da(s) veia(s) safena(s), mas a sua utilização já foi descrita também no encerramento de veias perfurantes, em localizações anatómicas variadas. Importa, no entanto, realçar que não se deve falar de “um método” de tratamento das varizes como clara e genericamente superior, quando comparado com os outros. A escolha de uma opção terapêutica tem que considerar muitas variáveis. Alguns exemplos: a anatomopatofisiologia subjacente às varizes que pretendemos tratar; o facto de estarmos perante varizes nunca antes operadas, ou pelo contrário recidivadas; a idade, o sexo e o hábito corporal do doente; as expectativas estéticas; as patologias coexistentes; a premência do retorno à atividade habitual. Determinadas situações clínicas podem inclusive justificar a combinação de várias técnicas num único procedimento. As várias dimensões que importam avaliar e as diversas soluções que podem ter que ser discutidas fazem desta patologia um desafio a encarar por uma estrutura que incorpore toda a tecnologia e know-how implicados nas fases de diagnóstico e terapêutica. ▪
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» ENFERMEIROS EM DESTAQUE
Enfermeiros –
Por uma classe vital para o País Luís Furtado, recém eleito Presidente da Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, abordou a atualidade do universo da enfermagem e os desafios existentes, sem esquecer que é necessário continuar a lutar por uma classe, a dos Enfermeiros, de enorme importância para o país e para a melhoria da qualidade da saúde.
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o passado dia 25 de janeiro, os Órgãos Eleitos da Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros tomaram posse para o mandato 2016-2019. Quais são as prioridades para os próximos anos? Para os próximos quatro anos assumimos como prioridade a defesa da qualidade e da segurança dos cuidados de Enfermagem, de resto missão primeira da Ordem dos Enfermeiros, dando continuidade a uma série de iniciativas iniciadas no mandato anterior, e que pretendemos, para além da continuidade, em alguns casos até aprofundar. Refiro-me especificamente ao acordo de cooperação com a Secretaria Regional da Saúde, no âmbito das dotações seguras dos cuidados de Enfermagem, ao protoloco celebrado com a Direção Regional da Saúde no âmbito do Programa Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem, mas também aquele que foi celebrado com a Inspeção Regional de Saúde, alargando a base de intervenção da Secção em matéria de regulação, na medida das suas atribuições estatutárias e no contexto geopolítico em que se insere.
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Recentemente também Ana Rita Cavaco tomou posse como a nova Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, iniciando-se assim o quinto mandato da instituição. Quais são as suas expectativas para esta nova liderança? As expectativas são elevadas, da minha parte, mas também de todos os colegas que depositam na recém-empossada Bastonária as suas esperanças para conduzir os destinos da Ordem dos Enfermeiros ao longo dos próximos quatro anos. Enquanto Presidente da Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, naquilo que estiver ao meu alcance e da Secção que presido, é minha vontade contribuir para que o caminho trilhado pela Ordem dos Enfermeiros vá ao encontro das vontades e aspirações dos enfermeiros. Os enfermeiros precisam de encontrar sentido na sua Ordem. Para a nova bastonária, “se o país virou a página da austeridade e saiu do estado de emergência, então, está na hora de dar condições aos enfermeiros para que seja possível cuidar das pessoas como elas merecem”. Concorda com esta posição? Acredita que com o novo ciclo político que agora se inicia, os enfermeiros estarão mais próximos desses objetivos? Tenho algum receio que a página da austeridade ainda não se tenha voltado plenamente, ainda paira muita incerteza, existem sinais que ainda me preocupam. Em todo o caso, com austeridade ou sem austeridade, é um imperativo reconhecer e diligenciar para que os enfermeiros cuidem daqueles que são a razão para a sua existência
LUÍS FURTADO
Portugal tem excelentes médicos, enfermeiros e pessoal hospitalar, extraordinárias universidades, hospitais, empresas de tecnologia e medicamentos de ponta. Na sua opinião, o que falta para que o país seja efetivamente competitivo na área da saúde? O setor da saúde em Portugal, precisa – urgentemente – de se libertar do paradigma medicocêntrico. Esta visão redutora da saúde funciona como um autêntico espartilho, causando deformidades estruturais graves que demorarão décadas a serem mitigadas se nada for feito a este nível. Num momento em que a austeridade levou à emigração de milhares de enfermeiros, quais são as oportunidades de emprego para os enfermeiros nos Açores? As condições de empregabilidade têm-se deteriorado na Região Autónoma dos Açores. Num estudo realizado por mim recentemente, o desemprego absoluto entre os jovens enfermeiros cifrou-se em 14%. Se o Governo Regional dos Açores proceder como esta Secção espera que proceda, contratando mais enfermeiros para que os serviços públicos atinjam os mínimos necessários em termos de dotações seguras, então muitas oportunidades de emprego poderão surgir. Também o setor social funciona nos mínimos na Região, pelo que aqui, e se a segurança for posta em primeiro lugar, também muitas oportunidades de emprego poderão surgir. Vamos lutar para que os acordos firmados com o Governo dos Açores se concretizem. De acordo com um estudo feito no âmbito do projeto “Saúde em conta” da Escola Nacional de Saúde Pública e que avaliou o nível de conhecimento em saúde no país, entre nove países inquiridos, só a Bulgária está pior do que Portugal. Na sua opinião, o que é que está a falhar? Apesar de universal, o Serviço Nacional de Saúde é um constructo recente, e Portugal emergiu de uma ditadura há pouco mais de 40 anos. Te-
A Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros deixou, desde sempre, clara, a sua vontade em ser um parceiro estratégico do Governo dos Açores
mos uma população que foi instruída a preocupar-se pouco com a sua saúde (inexistência de uma estratégia capaz ao nível da prevenção primária – centrada no profissional (médico) e não no utente), apesar de aos poucos este paradigma dar sinais de se estar a modificar. Neste sentido, que estratégias e intervenções na área da literacia em saúde devem ser desenvolvidas e por quem? Que papel a Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros tem procurado assumir? Referindo-me à Região Autónoma dos Açores, creio que é a Secretaria Regional da Saúde que deve promover este tipo de intervenção, muito por meio do Plano Regional de Saúde dos Açores – instrumento basilar para o Serviço Regional de Saúde – onde os enfermeiros deverão ser chamados a participar de forma ativa. É necessário recentrar o Serviço na prevenção primária, chamar os enfermeiros para a linha da frente – e reconhecer o seu contributo – mas, também dar-lhes condições para que possam (re)educar as populações. As pessoas precisam ser críticas em relação à sua saúde e em relação à saúde que o Estado lhes fornece. A Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros deixou, desde sempre, clara, a sua vontade em ser um parceiro estratégico do Governo dos Açores.
Num período de crise melhorar estes níveis é, de igual modo, uma forma de otimizar os gastos em saúde. Nas políticas e nas medidas implementadas, tem havido essa consciência? Não consigo recordar um único programa de Governo, a nível nacional ou regional, que não tenha apregoado a sua vontade em otimizar os gastos na saúde e trazer a eficiência para o sistema, contudo, poucas vezes representou mais do que um bom exercício de intenções. O sentimento que me invade quando se fala em otimizar gastos é sempre o de um Estado fraco, que facilmente verga aos interesses instalados e à pressão de um grupo profissional que se assumo, desde há muito, como o umbigo do Sistema de Saúde, incapaz de ver o que o rodeia. Em prol do desenvolvimento da profissão, qual continuará a ser a linha de atuação da SRRAA da Ordem dos Enfermeiros? Para este ano, que objetivos pretendem concretizar? A atuação da Secção manter-se-á fiel os princípios que defendeu e que a regeram durante os últimos quatro anos, fomos eleitos, entre outras coisas, também, com este compromisso. Pretendemos iniciar o processo de reestruturação do Programa Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem na Região Autónoma dos Açores, materializando desta forma o acordo celebrado com a Direção Regional da Saúde e que reconhece a relevância desta iniciativa para o Serviço Regional de Saúde, intervir ao nível dos Núcleos de Saúde Familiar na Região, Rede Regional de Cuidados Continuados e Integrados e também ao nível do programa Estagiar L para enfermeiros. ▪
Com o início de um novo mandato, que mensagem importa ser deixada aos vossos membros? Os enfermeiros açorianos precisam de saber que a Secção estará ao seu lado na defesa dos seus interesses, mas também de um Serviço Regional de Saúde que os assuma, cada vez mais, como centrais no seu funcionamento.
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É necessário inovar para um futuro com mais saúde. Na área da enfermagem, o que tem sido feito em Portugal tem sido suficiente? Com o aparecimento de novas doenças, a complexidade das tecnologias ou o aumento da esperança de vida, importa estar sistematicamente na linha da frente da inovação? O conhecimento produzido pela academia tem tardado em chegar aos contextos de prática clínica, e quando chega, tem dificuldade em adequar-se a estes é produzido muito em Portugal pelos enfermeiros, mas muito pouco de toda esta produção encontra reflexo na prática. Podemos discutir as culpas, as razões e as soluções, mas a verdade é que entre a conceção e a produção do conhecimento – e potencial de inovação – e a sua efetiva aplicação no terreno, vai uma grande distância, razão pela qual considero que deve haver uma maior entrosamento, partilha e trabalho conjunto entre os investigadores e aqueles que exercem nos contextos de prática clínica e que, no fundo, irão, dia após dia, implementar os fatores de mudança.
DIREITOS RESERVADOS
com as condições que merecem. Aqui a Ordem dos Enfermeiros tem um papel preponderante, é Ela que tem de zelar pela defesa da qualidade e da segurança dos cuidados de Enfermagem, mas também pela dignidade do exercício da profissão e das condições para este exercício.
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» INVESTIGAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO
Aposta no aumento da Literacia em Saúde A Associação Nacional pelo Direito à Saúde assume-se como uma entidade que pretende figurar como um player de destaque no mercado, contribuindo para a promoção da saúde. Sílvia Venâncio, Presidente da ANDSaúde e Rita Ponce, do Departamento de Marketing e Comunicação, revelam mais.
Como o vosso próprio nome indica, de que forma orientam a vossa orgânica na defesa do direito à saúde dos portugueses? SV - Apostamos num excelente binómio preço/ qualidade, preocupando-nos com a excelência da nossa oferta e da Rede Protocolar, criando sinergias com os melhores profissionais. Disponibilizamos gratuitamente aos sócios, em horários específicos, Médico ao Domicílio. Contribuímos para diversas ações sociais preventivas na área da saúde. Acreditamos, assim, responder às necessidades dos nossos associados e da população.
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Ainda existem muitos portugueses sem o devido apoio e direito a tratamentos de saúde dignos? Como se explica este infortúnio? Rita Ponce (RP) - Uma deficiente alocação de recursos justificada pela crise financeira, bem como uma ineficiente gestão organizacional, estão a provocar uma degradação do Serviço Nacional de Saúde. Grande parte da população não tem acesso a cuidados de saúde e mais de um milhão de pessoas está sem médico de família. A aposta na prevenção e promoção da saúde é também francamente reduzida, pelo que urge uma mudança de comportamentos e a melhoria dos cuidados de proximidade. Na vossa orgânica, perpetuam ligações com diversas entidades públicas, privadas e humani-
CRÉDITOS: RICARDO LOURENÇO
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dificada em 2011, a Associação Nacional pelo Direito à Saúde tem como desiderato a promoção da defesa do direito à saúde dos portugueses. Que balanço é possível perpetuar destes quase cinco anos de atividade e quais as maiores dificuldades? Sílvia Venâncio (SV) - O balanço é francamente positivo. Temos cumprido a nossa missão, oferecendo a quem nos procura a possibilidade de acesso a cuidados de saúde de excelência. O nosso maior desafio foi ultrapassar a desconfiança em relação à qualidade da oferta face aos preços reduzidos.
RITA PONCE E SÍLVIA VENÂNCIO
tárias. Existe da parte destes organismos recetividade às vossas solicitações? RP - O grande desafio do Departamento Protocolar é o de dar uma resposta global e eficaz às necessidades dos sócios. Embora a política interna de alguns grupos de saúde face aos Planos de Saúde venha dificultando a criação das necessárias parcerias, acreditamos que num futuro próximo a tendência seja para uma maior abertura. Contudo, de forma geral, a aceitação por parte de potenciais parceiros é excelente. Na vossa atividade de que forma são fundamentais segmentos como a Inovação, o Desenvolvimento e a Investigação? RP - Um dos nossos desafios passa pela oferta de uma Rede Protocolar inovadora e vanguardista. Apostamos em parceiros de excelência, com elevado know-how e que ofereçam soluções que melhorem significativamente a saúde pública e, consequentemente, contribuam para o desenvolvimento social e económico. Explique-me o que são os denominados Planos ANDSaúde. A quem se destinam? Quais as mais-valias dos mesmos? SV - Os Planos ANDSaúde permitem aos sócios o acesso a cuidados de saúde e bem-estar de excelência a preços muito vantajosos. Apostamos numa Rede Protocolar abrangente e em serviços
de Médico ao Domicílio e Medicina Dentária de qualidade. Temos uma oferta ampla, sem plafonds nem carências, para todos os que se preocupam com a saúde, independentemente da idade ou de doenças pré-existentes. São planos que nos protegem quando mais precisamos sem a necessidade de uma elevada taxa de esforço. Disponibilizam aos vossos sócios todo o tipo de serviços de Saúde e Bem-Estar a preços reduzidos. O facto de serem valores mais acessíveis podem de alguma forma fazer perigar os cuidados de saúde prestados ou esse é um cenário que nem se coloca? RP - A qualidade dos serviços prestados pelos nossos parceiros não é, de todo, afetada pelos preços mais acessíveis. A nossa vantagem competitiva é conseguida pelo facto de não termos o lucro por finalidade e por uma forte posição no mercado, o que nos concede poder de negociação com os diversos stakeholders. Quais são os principais desafios da Associação Nacional pelo Direito à Saúde de futuro? É possível uma saúde qualitativa e de credibilidade para todos os portugueses? SV - O nosso principal desafio para o futuro é assumirmo-nos como um player de destaque no mercado, contribuindo de forma decisiva para a promoção da saúde. Acreditamos que é possível equidade e qualidade nos cuidados de saúde. No entanto, é necessária uma mudança de comportamentos da sociedade pela adoção de estilos de vida saudáveis com os ganhos em saúde e bem-estar inerentes. Defendemos que a prevenção e a aposta no aumento da Literacia em Saúde são essenciais, de modo a que a população assuma uma maior responsabilidade sobre a sua saúde. ▪
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» Entrevista a Sílvia Costa Lopes
Mais informação em saúde “É preciso chegar ao cidadão”. Para Sílvia Costa Lopes, Presidente da Associação Portuguesa de Documentação e Informação de Saúde, é premente promover uma política nacional que integre projetos existentes na perspetiva de produção, partilha e utilização de informação para o cidadão. Esta tem sido uma das principais missões da APDIS.
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De acordo com um estudo feito no âmbito do projeto “Saúde em conta” da Escola Nacional de Saúde Pública e que avaliou o nível de literacia em saúde no país, entre nove países inquiridos, só a Bulgária está pior do que Portugal. Na sua opinião, o que é que está a falhar? Existe trabalho desenvolvido neste âmbito mas a informação está dispersa, pouco direcionada e divulgada. É preciso chegar ao cidadão. O sistema está mais focado nos profissionais. Temos jovens com literacia tecnológica elevada e literacia de informação deficiente. Por outro lado, a população envelhecida carece de intervenção diferenciada. Atualmente procura-se o empowerment do cidadão no acesso à informação em saúde e à sua informação clínica. Destaca-se o projeto “INFORMAÇÃO DE SAÚDE: Mais Transparência, Melhor Decisão”, do qual a APDIS é parceira. A APDIS integra também o Grupo de Trabalho dos Utentes da CAIC/SPMS que visa dar resposta aos desafios que colocam ao cidadão no centro do SNS, no que concerne à informação de saúde e ao seu acesso. Pretende-se capacitar o cidadão para exercer, de modo informado e responsável, o direito à informação sobre o seu estado de saúde e sobre o desenvolvimento
a sua saúde e maior capacidade para procurar informação e assumir decisões e responsabilidades.
SÍLVIA COSTA LOPES
“Das atividades previstas, destacam-se o Prémio Lucília Paiva e as XII Jornadas APDIS, oportunidade privilegiada para a reflexão e partilha de boas práticas entre profissionais de informação de saúde”
do sistema e dos serviços de saúde. Falta promover uma política nacional que integre projetos existentes na perspetiva de produção, partilha e utilização de informação para o cidadão. Aqui, as bibliotecas e os seus profissionais são uma mais-valia. De um modo geral, quais são as principais implicações que um nível inadequado ou baixo de literacia em saúde pode ter nos resultados nesta área, nomeadamente ao nível do recurso aos serviços de saúde? Um maior conhecimento poderá traduzir-se inevitavelmente numa menor taxa de morbilidade em patologias como obesidade, diabetes ou hipertensão? Estudos demonstram que cidadãos bem informados apresentam redução dos fatores de risco, melhor adesão terapêutica e consequente redução da mortalidade e morbilidade. Assim teremos maior nível de literacia, maior controlo das pessoas sobre
É sabido que à medida que a idade aumenta, o nível de literacia diminui. Importa promover um maior conhecimento nesta área junto de públicos mais específicos, nomeadamente as populações mais idosas e mais carenciadas de cuidados de saúde básicos? Qual tem sido a atuação da APDIS? Baixa taxa de natalidade, avanços da medicina, aumento da esperança média de vida e da emigração potenciam o envelhecimento da população e originam desequilíbrios. Exigem-se novas formas de atuação e acompanhamento da população mais desprotegida e menos informada. O envolvimento da APDIS nas questões do acesso à informação de saúde prevê a intervenção junto dos idosos, sabendo que estes têm maiores limitações. Importa criar mecanismos facilitadores do acesso a informação útil, compreensiva, fidedigna e segura. Num período de crise melhorar estes níveis é, de igual modo, uma forma de otimizar os gastos em saúde. Nas políticas e nas medidas implementadas, tem havido essa consciência? Sim, mas importa investir em programas de prevenção e de informação de saúde para o cidadão. Estudos comprovam que o aumento dos níveis de literacia da saúde dos cidadãos está relacionado com uma melhor utilização dos recursos do SNS e uma poupança significativa nos gastos em saúde. Promover a literacia da saúde é apostar na mudança de comportamentos. O modo como se lida com estas questões é decisivo para a utilização sustentável do SNS. Tendo em conta os dados atuais e os desafios futuros, qual continuará a ser a linha orientadora da APDIS? Em 2016 comemoram-se os 25 anos da APDIS. É nosso compromisso continuar a contribuir para a melhoria do desempenho profissional e qualidade da informação de saúde em Portugal. Das atividades previstas, destacam-se o Prémio Lucília Paiva e as XII Jornadas APDIS, oportunidade privilegiada para a reflexão e partilha de boas práticas entre profissionais de informação de saúde. ▪
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nquanto entidade especializada na recuperação, gestão e difusão da informação em saúde, a APDIS tem promovido e representado os melhores interesses dos seus associados. Qual tem sido o vosso papel? A APDIS, associação sem fins lucrativos, fundada em 1991, agrega bibliotecários de saúde portugueses. Tem por fim a organização e difusão da informação de saúde e a sua articulação com sistemas ou redes nacionais e internacionais. Organizada com objetivos científicos e educacionais, apoia os bibliotecários e profissionais da informação envolvidos na investigação, educação e cuidados de saúde. Coopera com instituições da saúde, intervindo em três eixos estratégicos: social, profissional e associativo. Contribui para a sensibilização dos cidadãos sobre a importância da utilização de informação qualificada. Procura sensibilizar para a qualidade do desempenho profissional face aos desafios e exigências da sociedade. Promove a cooperação com associações congéneres e dinamiza canais e redes de comunicação.
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» INVESTIGAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO
“Da investigação à Intervenção” Fundada em 2001, a Associação Portuguesa de Psicomotricidade - app - representa os Psicomotricistas em Portugal e, este ano, realiza o II Congresso Nacional de Psicomotricidade, nos dias 4, 5 e 6 de março, em Vila Real, sob o tema “Desafios da Psicomotricidade numa sociedade em mudança. Da Investigação à Intervenção”. Cristina Vieira, Presidente da instituiçao, em entrevista à Revista Pontos de Vista, relata o percurso trilhado há quase 15 anos pela APP.
O
que é? A Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o ser humano através do seu corpo em movimento na sua relação com o espaço, com o outro e consigo próprio, tanto na dimensão motora, como cognitiva e emocional. Nos últimos anos tem vindo a ser motor de um significativo desenvolvimento científico-profissional, o que promoveu a sua compreensão e aceitabilidade na comunidade científica a nível nacional e internacional. “O desenvolvimento emergente da Psicomotricidade tem vindo a colocar novos desafios, relacionados com o desenvolvimento de modelos de formação, linhas de pesquisa e formas de enquadramento profissional, aptos a responder às novas necessidades sociais”, revela a nossa entrevistada. A APP surgiu neste contexto de desenvolvimento em 2001 como uma associação profissional, sem fins lucrativos, é um dos membros do Fórum
Europeu de Psicomotricidade (FEP) e está representada na Organização Internacional de Psicomotricidade e Relaxação (OIPR).
APP - Qual o desiderato?
A sua missão passa pela promoção das práticas formativas e profissionais da área da psicomotricidade, a nível nacional, tendo em conta as especificidades das regiões Norte, Centro, Sul, Madeira e Açores. A entidade, além de ser dinâmica na divulgação e representação da Psicomotricidade como domínio científico, realiza também várias formações complementares com condições especiais para os seus associados, tais como a Psicomotricidade no Meio Aquático, a Psicomotricidade em Idade pré-escolar, a Psicomotricidade na Saúde Mental ou na Gerontomotricidade, estando em preparação uma formação na área da terapia assistida por animais. Têm ainda a revista “A Psicomotricidade” de caráter anual, em versão online, com o principal objetivo de
CRISTINA VIEIRA
promover um distinto nível de padrões no âmbito da investigação científica e académica. “Na revista temos artigos inovadores de caráter conceptual, investigação qualitativa e quantitativa, revisões extensivas e compreensivas de investigações, análise política, estudos de caso, bem como pesquisas sobre criação ou validação de instrumentos de avaliação psicomotora ao contexto nacional e artigos descritivos de boas práticas de intervenção psicomotora”. “Neste momento, estamos a trabalhar para que esta seja indexada e bilingue (inglês - português) para potenciar a divulgação do nosso conhecimento também a nivel internacional”, conta Cristina Vieira, presidente da associação.
Pela constituição de uma Ordem de Psicomotricistas
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De acordo, com o Regulamento atualmente em vigor, em Portugal, o Psicomotricista é o profissional com uma formação mínima de 1º ciclo (licenciatura), em Psicomotricidade. Sendo que a profissão de psicomotricista está regulamentada nas instituições particulares de solidariedade social, mas ainda não está regulamentada pelo ministério da educação e pelo ministério da saúde, a APP continua a desenvolver várias iniciativas com a finalidade de promover a regulamentação da profissão pelas entidades competentes do Estado Português. Dessa forma, Cristina Vieira, revela que o caminho passa pela constituição de uma Ordem “já temos um código deontológico em vigor, temos um regulamento profissional em vigor, ou seja as principais estruturas que uma Ordem deve ter, iremos por isso avançar com a proposta na Assembleia da República de constituição de uma Ordem de Psicomotricistas, pois acreditamos que esse passo facilita e pode agilizar os processos da regulamentação da profissão”. ▪
II Congresso Nacional Nos dias 4, 5 e 6 de março realiza-se, em Vila Real, o II Congresso Nacional de Psicomotricidade, sob o tema “Desafios da Psicomotricidade numa sociedade em mudança. Da Investigação à Intervenção” O congresso propõe-se ser um espaço de reunião e de partilha de conhecimentos entre a comunidade dos psicomotricistas, mas também para os profissionais, académicos e investigadores interessados nas questões relativas à Psicomotricidade “possibilitando o debate sobre o estado atual do conhecimento nesta área científica e profissional”. No evento estarão presentes pessoas relevantes para a área científica, não só em Portugal, como no estrangeiro, tal como o professor Jean Michel Albaret da Universidade de Toulouse e o professor Franco Boscaini da Universidade de Verona – ambos colaboram cientificamente e regularmente com Portugal. Este congresso promovido pela Associação Portuguesa de Psicomotricidade, conta com a parceria da Universidade de Trás – os – Montes e Alto Douro, a Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa e a Universidade de Évora.
Associação Portuguesa de Psicomotricidade Av. Miguel Bombarda, 70, 1º andar, Lisboa e-mail: geral@appsicomotricidade.pt
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» INVESTIGAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO
Células estaminais curam já mais de 80 doenças A conservação de células estaminais do sangue e tecido do cordão umbilical tem, cada vez mais, um importante papel na cura de diferentes patologias. Por outro lado, constitui uma área em expansão no âmbito da investigação. A Crioestaminal, líder e pioneira neste setor, apresenta as soluções mais pertinentes e os estudos mais reflexivos. Conheça esta entidade pelas mãos do seu Fundador e CEO, André Gomes.
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Neste âmbito, têm já duas patentes registadas com células estaminais. Este é aspeto de grande importância não apenas para a marca, mas também para o desenvolvimento do setor? Ao longo de quase 13 anos, a Crioestaminal muito tem contribuído para a investigação na área das células estaminais, que resultou em duas patentes, na área da cicatrização de feridas crónicas em diabéticos e na regeneração de tecido cardíaco. Atualmente, é a empresa que mais investe na área das células estaminais em Portugal, anunciando um investimento de 2 milhões de euros de 2014 a 2016. O ano de 2015 foi marcado pela conclusão de dois projetos na área do cancro e tratamento de feridas crónicas. A aposta vai continuar com projetos para dar início a dois ensaios clínicos com células estaminais no tratamento de doentes com feridas crónicas e AVC. A Crioestaminal foi o primeiro banco de células estaminais a ser autorizado pelo Ministério da Saúde e é o único acreditado pela AABB – American Association of Blood Banks. É membro fun-
e investigação. Fomos o primeiro banco de criopreservação na Península Ibérica com quase 13 anos de experiência e com mais de 70.000 amostras armazenadas. Em Portugal, fomos os primeiros autorizados pela Direção Geral de Saúde e somos os únicos acreditados pela AABB. Somos, também, o banco com mais amostras resgatadas para uso terapêutico: 13 transplantes em oito crianças. De salientar ainda que a Crioestaminal dispõe da tecnologia mais avançada atualmente conhecida, somos o segundo maior laboratório da Europa e temos apostado na investigação nesta área de forma contínua e ao longo de já mais de uma década. André gomes
dador da Cord Blood Europe e pelo terceiro ano consecutivo, marca eleita Escolha do Consumidor. Estes marcos são importantes na transmissão de confiança a quem vos procura? A Crioestaminal é pioneira e líder na área da criopreservação. Estas distinções orgulham-nos e, na verdade, fazem de nós uma referência não só nacional, mas também internacional. Na área das células estaminais a acreditação pela AABB é uma distinção de uma entidade americana com rigorosos critérios de avaliação e que se traduz num reconhecimento das competências e standards de qualidade e excelência que adotamos. Por outro, no campo do consumidor final, é muito importante sermos reconhecidos pelas famílias portuguesas e poder garantir junto das mesmas os níveis de qualidade e satisfação mais elevados do setor. Apesar das suas mais-valias, estes processos estão acompanhados de dúvidas por parte de futuros pais. Que comentário importa concretizar no sentido de informar aqueles que pretendam, no futuro, preservar células estaminais? Porquê escolher a Crioestaminal? As células estaminais do sangue do cordão umbilical são utilizadas desde 1988, altura em que foi realizado o primeiro transplante, em França, tratando com sucesso uma criança de seis anos com anemia de Fanconi. Neste transplante, foi usado o sangue do cordão da irmã desta criança. Desde então, já se realizaram em todo o mundo mais de 40.000 transplantes, em 80 doenças. Os resultados destes transplantes são semelhantes aos obtidos com transplantes de medula óssea. Desta forma são utilizadas em segurança há décadas e o seu potencial está comprovado. Além destas aplicações, estão a decorrer centenas de ensaios clínicos com células estaminais do sangue e do tecido do cordão umbilical para o tratamento de muitas outras doenças. Porquê escolher a Crioestaminal? A Crioestaminal destaca-se pela experiência, rigor
A doação de células estaminais tem uma importância acrescida no sentido de promover a investigação e desenvolvimento? Qual tem sido a relevância desta questão na Crioestaminal enquanto banco que promove os próprios projetos de investigação? A investigação com sangue e tecido do cordão umbilical permite aumentar o conhecimento sobre as células estaminais. De salientar ainda que as células estaminais obtidas a partir destas fontes têm mostrado poder ser úteis para o desenvolvimento de novos produtos de terapia celular, podendo proporcionar novos tratamentos para diversas doenças atualmente sem cura.Hoje, perto de 1 em 10 pais optam por guardar as células estaminais hematopoiéticas e mesenquimais do cordão umbilical em bancos de criopreservação. Assim, os 9 em 10 casais que não guardam o cordão constituem um enorme potencial para impulsionar a investigação. Estas amostras que, em circunstâncias normais seriam destruídas, podem ser usadas em projetos de investigação nacionais e internacionais, contribuindo assim para o desenvolvimento de novas terapias celulares. A pensar nesta questão, a Crioestaminal lançou o primeiro Banco de Doação para investigação de células estaminais a nível global, a funcionar no nosso laboratório. O projeto que arrancou em 2015 baseia-se na doação das células estaminais do cordão umbilical, apoiando investigação própria da Crioestaminal, mas também a de qualquer cientista com projetos relacionados com terapias celulares. ▪
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s células estaminais assumem um importante papel na cura de inúmeras doenças, portanto torna-se tão pertinente a sua conservação. De que patologias estamos a falar? As células estaminais constituem um recurso terapêutico inestimável que atualmente pode ser usado no tratamento de mais de 80 doenças muito graves, estimando-se que no futuro este número venha a aumentar. As células estaminais do cordão umbilical não servem apenas para potencial tratamento do bebé do qual foram colhidas. São também um investimento para toda a família. Estudos científicos demonstram que os transplantes entre pessoas da mesma família têm mais sucesso do que entre pessoas não relacionadas, sendo a probabilidade de compatibilidade total entre irmãos de 25%. No que diz respeito ao uso de células estaminais do sangue do cordão umbilical, nos últimos anos, além das doenças hematológicas, temse assistido à sua utilização noutras doenças. A Diabetes tipo 1 e a Paralisia Cerebral foram das primeiras áreas de interesse neste contexto, mas, atualmente, para além destas, estão ainda em curso ensaios clínicos que visam testar o potencial do sangue do cordão umbilical em lesões da espinal medula, perda da função auditiva, doença cardíaca congénita, acidente vascular cerebral (AVC) e autismo, entre outras. O potencial clínico das células do tecido do cordão umbilical também se encontra em estudo, em ensaios clínicos aprovados pela FDA, em doenças como autismo, colite ulcerosa, cirrose hepática, ataxia hereditária, esclerose múltipla, displasia broncopulmonar, artrite reumatóide, lúpus, lesões da espinal medula, entre outras.
Mais Saúde, Mais Futuro
» Entrevista a Jorge Humberto Martins
Pela saúde dos nossos ouvidos “A APtA (Associação Portuguesa de Audiologistas) tem um grande objetivo que é o de garantir a qualidade dos cuidados de saúde audiológica”. Para tal, nesta missão de honrar a audiologia portuguesa, a associação tem desenvolvido todos os esforços ao seu alcance para uma maior divulgação e esclarecimento junto dos cidadãos, “promovendo formação, ciência e luta contra o trabalho inqualificado”. Quem o garante é Jorge Humberto Martins, Presidente da Direção da APtA.
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Qual tem sido o impacto da atual conjuntura económica no quotidiano da população no que respeita à prevenção de doenças auditivas? Neste campo, que papel a APtA tem procurado desempenhar? A atual conjuntura impede a implementação de serviços de cuidado audiológico designadamente na saúde preventiva bem como a aquisição por parte dos hospitais dos novos desenvolvimentos tecnológicos e técnicas. Por outro lado, a prevenção do impacto da privação auditiva é menor pois os indivíduos adiam cada vez mais a procura de ajuda de reabilitação auditiva ou optam pela aquisição de aparelhos auditivos a menor preço e muitas vezes com menor potencialidade de ajuda. Apesar de ser um problema que surge com o avançar da idade, em Portugal temos assistido a um crescimento do número de crianças com perda auditiva, sendo que três em cada mil crianças já nascem com esse problema. Apostar no rastreio geral à nascença seria suficiente? Como é que devemos agir?
É necessário inovar para um futuro com mais saúde. Na área da audiologia, o que tem sido feito em Portugal tem sido suficiente? Com o aparecimento de novas doenças, a complexidade das tecnologias ou o aumento da esperança de vida, importa estar sistematicamente na linha da frente da inovação? Em audiologia os maiores avanços têm sido ao nível da reabilitação auditiva em particular em tecnologias como aparelhos auditivos e implan-
Direitos reservados
Q
uando em 2014 assumiu estas funções, identificou como prioridade para os três anos seguintes promover a expansão profissional e científica da profissão em Portugal. O que tem sido feito neste sentido? Profissionalmente continuamos a desenvolver esforços para um maior acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde auditiva com qualidade. No âmbito mais científico, realizámos o I Congresso Internacional de Audiologia em outubro e que contou com palestrantes nacionais e internacionais. Conseguimos ainda garantir a realização do 14º Congresso da European Federation of Audiology Societies a decorrer em 2019.
Sempre existiram crianças que nascem com perda auditiva porém, atualmente é um tema debatido mais abertamente e, claro, o impacto do Rastreio Auditivo Neonatal tem sido enorme para o diagnóstico e re(h)abilitação precoce. Um programa de rastreio bem organizado para todos os bebés e com atenção diferenciada para bebés de alto risco seria suficiente mas é necessária a criação de serviços de referenciação com audiologia pediátrica para que todos os bebés referenciados no rastreio possam ser corretamente avaliados, diagnosticados e re(h)abilitados. Não obstante, o rastreio à nascença não deve ser único e a implementação do rastreio audiológico nos programas de saúde infanto-juvenil acompanhado de ações para promover a literacia em relação aos cuidados audiológicos em toda a população escolar é uma necessidade premente. Hoje vemos um número crescente de jovens com perda de audição por exposição a ruído que terá grave impacto na sua qualidade de vida.
tes cocleares. Esta tecnologia está disponível em Portugal e há já uma vasta experiência nesta área com produção científica. Poderemos dizer que em Portugal falta haver um maior e mais rápido acesso a esta tecnologia em qualquer idade. Na sociedade atual, apesar do rápido desenvolvimento dos instrumentos utilizados pelos especialistas, ainda existe medo de ir ao audiologista? Quais são os principais receios? Está presente a ideia de que um problema auditivo é de imediato um sintoma de surdez? Infelizmente, a perda de audição é ainda um assunto tabu, é algo que não se vê e numa sociedade que se crê visual, os assuntos da audição são negados. A aceitação do uso de aparelhos auditivos ainda é diminuta no nosso país. Todos aceitamos usar a ajuda dos óculos mas muitos negam a ajuda de um aparelho auditivo e daí que possa existir algum receio em ir ao audiologista e que ele recomende a sua utilização. Na realidade deve ser encarada de forma natural pois têm como objetivo melhorar a qualidade de vida da pessoa e permitir que participe em reuniões de família, no trabalho, no seu dia-a-dia. Até 2017 o que podemos esperar da APtA e da sua atuação? Qual será a estratégia da associação para construir um futuro com mais saúde? A APtA tem um grande objetivo que é o de garantir a qualidade dos cuidados de saúde audiológica. A divulgação e esclarecimento junto dos cidadãos, promovendo formação, ciência e luta contra o trabalho inqualificado será o modo de atingir esse objetivo. Dentro do segmento da saúde dos nossos ouvidos quais serão os grandes desafios para o futuro? A APtA está claramente apta para os enfrentar? O principal desafio é a luta contra o trabalho inqualificado que continua a ser elevado nesta área da saúde. A APtA está perfeitamente preparada para enfrentar este problema pois conhece-o e os seus órgãos sociais são compostos por audiologistas que intervêm em todas as valências da audiologia enquanto profissão e ciência, desde o cidadão até à formação de novos audiologistas. ▪
Mais Saúde, Mais Futuro
» instituto de medicina integrativa em destaque
o foco é o doente Com consultas altamente especializadas com recurso a métodos próprios, a equipa liderada por Diogo Amorim respeita a individualidade do Ser Humano, não fosse esta a pedra basilar da Medicina Integrativa: “o foco principal é o paciente na sua totalidade, e não a doença”.
Importa, por isso, estabelecer uma diferença entre a medicina integrativa e as terapias complementares. A medicina integrativa não deve ser confundida com as terapias não convencionais, complementares ou «alternativas» uma vez que esta prática ou é efetuada por um médico licenciado em medicina convencional com uma ou mais especializações em terapêuticas não convencionais, ou por uma equipa multidisciplinar constituída por um médico coordenador e por profissionais especializados nas diferentes terapêuticas não convencionais. Gostaria de salientar que os profissionais de medicina integrativa têm uma abordagem direcionada ao ótimo estado de saúde de cada paciente e não à doença. Como o Instituto veio depositar uma maior confiança nestas terapias? O Instituto de Medicina Integrativa oferece um acompanhamento personalizado de acordo com as neces-
sidades específicas de cada pessoa. Através de uma equipa multidisciplinar de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais especializados nas diferentes terapêuticas não convencionais. O excelente trabalho que temos realizado vem contribuir para a crescente procura e confiança depositada em nós. Na minha opinião, existe uma só medicina e não duas, como proclamam. Assim sendo, e tendo em vista a qualidade, a eficácia e a segurança dos serviços prestados aos pacientes, o caminho mais coerente passará pela integração das terapêuticas não convencionais com a medicina convencional numa só “medicina integrativa”. Em vários casos clínicos, só aliando o melhor de ambas nos foi possível obter um maior êxito. Desta forma acredito que o nosso Instituto tem contribuído para o desenvolvimento desta abordagem integrativa da medicina. Medicina integrativa é ainda falar em mitos? Cerca de 90% dos nossos pacientes são direcionados por outros que já conhecem o nosso trabalho, o que facilita. De qualquer modo, existem sempre dúvidas até porque muita gente não sabe o que é a medicina integrativa e até a confundem com terapêuticas não convencionais. A partir do momento em que a pessoa entende que existe deste lado uma equipa médica que a avalia e a acompanha sente-se naturalmente mais segura. Gera-se assim uma relação de confiança e compromisso extremamente benéfica em todo o processo de cura. Esses tabus tendem a ser gradualmente desvalorizados através da constatação dos excelentes resultados da medicina integrativa, testemunhados pelos próprios pacientes. Fale-me da vertente formativa que o Instituto apresenta. Enquanto entidade formadora certificada pela DGERT, oferecemos formação em diversas áreas que consideramos úteis e importantes para o bem-estar. Temos, portanto, cursos certificados, ministrados por equipas de profissionais competentes e especializados, nomeadamente o curso de Massagem Terapêutica e Reflexologia do pé e Reiki Maha®. Organizamos cursos de Qigong terapêutico (“Wellness Medical Qigong”) com o mestre fundador Tan Soo
Kong que vem da Malásia. A 12 e 13 março haverá um curso de iniciação (Qigong Essential) e, posteriormente, em junho, continuaremos a formação com técnicas mais avançadas. Contamos ainda com workshops de aromaterapia e alimentação saudável. Estas formações estão ao dispor de um público geral e vasto, no entanto, temos uma crescente procura por profissionais da saúde que pretendem aliar terapêuticas inovadoras aos tratamentos convencionais. Que planos têm para o futuro? O Instituto tem programas de emagrecimento e anti-envelhecimento que iniciam com uma avaliação médica. É feito um programa personalizado que engloba aconselhamento dietético, plano de exercício físico adaptado e sessões de acupuntura estética ou outras técnicas terapêuticas que sejam necessárias. Este programa simplifica o processo de emagrecimento sendo realizado com segurança e acompanhamento médico. Usamos ainda a acupuntura em tratamentos de estética facial
DIOGO AMORIM
e corporal como rugas e liftings, estrias e hiper pigmentação cutânea, olheiras, gordura localizada e celulite. Futuramente teremos uma formação de Medicina Integrativa para que o público em geral conheça a importância de um estilo de vida saudável. Esta incluirá módulos de alimentação saudável, exercício físico e movimento, conexão mente-corpo com técnicas de meditação e mindfullness. Brevemente, teremos novas informações que poderão consultar no nosso site www.medicina integrativa.pt ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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m que consiste a Medicina Integrativa? Combina os avanços científicos da medicina convencional com as técnicas terapêuticas complementares ou não convencionais que demonstram evidência científica. No entanto, a medicina integrativa não é somente a soma destas “diferentes abordagens”. É mais do que isso, é uma nova perspetiva em que o foco principal é o paciente na sua totalidade, e não a doença. Por outro lado na medicina integrativa é essencial ter em conta a individualidade de cada ser humano. O paciente é visto como um todo, corpo, mente e espírito, estando no centro do processo terapêutico. Para cada paciente é necessário ter em conta diversos fatores, tais como: o seu estilo de vida, hábitos de exercício físico, nutrição, qualidade de relacionamentos, desenvolvimento pessoal e profissional, tipo de ambiente em que vive e trabalha, consciência de si próprio e a sua espiritualidade. Os benefícios são claros, os nossos pacientes são observados por um médico que integra os conhecimentos de ambas as partes e, desta forma, vai propor o melhor tratamento de medicina convencional acompanhado com terapêuticas não convencionais que para o caso demonstrem eficácia, levando assim a uma sinergia terapêutica.
Mais Saúde, Mais Futuro
» PRÉMIO CINCO ESTRELAS 2016
Laboratório Edol – Cinco Estrelas Mais uma distinção para o Laboratório Edol que foi distinguido com o Prémio Cinco Estrelas 2016, “o prémio dos consumidores”. A Revista Pontos de Vista quis saber o que tem motivado esta marca de prestígio e credibilidade a buscar sempre mais e conversou com Carlos Setra, Presidente do Conselho de Administração do Laboratório Edol.
A
postando na inovação, investigação e desenvolvimento e tendo a preocupação de assumir parcerias com várias entidades, o Laboratório Edol assume-se como uma referência na indústria farmacêutica. Mesmo perante a ameaça de saturação do mercado interno, a Edol tem sabido superar-se. Como? Como empresa 100% portuguesa, a superação é a nossa palavra de honra desde que demos os primeiros passos. Estamos inseridos num mercado extremamente competitivo com uma forte presença de empresas multinacionais, onde apenas com muita dedicação, empenho e paixão pelo que fazemos, nos conseguimos superar e diferenciar. O segredo do sucesso está nas pessoas e nós temos uma equipa que está pronta para percorrer desafios e superar as adversidades. Outro motivo que nos ajuda a combater as ameaças do mercado é o facto de sermos uma empresa com uma estrutura hierárquica muito horizontal, onde estamos todos muito próximos das tomadas de decisão. Isto permite-nos responder mais rapidamente às oscilações e exigências do mercado. Ao longo do tempo a empresa passou por profundas transformações, nunca perdendo o foco nos seus objetivos e acumulando um vasto leque de produtos ao seu atual portefólio. Dentro desta gama quais são, para si, os que merecem ser destacados? Todos merecem ser destacados. No entanto, temos produtos nas diversas áreas que pela sua antiguidade, qualidade e performance merecem algum destaque. De entre os mesmos, podemos destacar o Clorocil, o Pandermil, a Gama ATL. Os primeiros dois remontam à géne-
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Este prémio veio dar um grande impulso no reconhecimento por parte dos consumidores e dar ainda mais força para continuar a fazer o nosso trabalho Carlos Setra
Presidente do Conselho de Administração do Laboratório Edol.
no sentido de melhorarmos regularmente a qualidade dos nossos produtos e darmo-nos a conhecer a mais pessoas. Este prémio veio dar um grande impulso no reconhecimento por parte dos consumidores e dar ainda mais força para continuar a fazer o nosso trabalho, até porque haviam marcas muito fortes a concorrer nas nossas categorias que acabaram por não conseguir ganhar.
se da empresa e têm cerca de 60 anos de mercado. Continuam a ser preferência da maioria dos nosso médicos pela elevada qualidade e eficácia. A Gama ATL tem cerca de 15 anos e tem sido um desafio muito interessante. Tratam-se de produtos dermocosméticos e têm sido a preferência de muitos dos nossos médicos, enfermeiros e farmacêuticos. Aquela que começou numa farmácia em Alcântara está atualmente presente em quantos países? Este é um número que está em permanente diversificação? Que outros mercados estão no vosso horizonte? Temos feito um esforço muito grande para internacionalizar os nossos produtos nos últimos anos e, atualmente, estamos presentes em mais de dez países. Contudo, é nosso apanágio continuar a trabalhar diariamente para, por um lado aumentar o número de países, e por outro fortificar a posição nos atuais mercados. Os horizontes são enormes e adoraríamos conquistar mercados como a América Latina, Rússia e Europa. Espanha e Itália, pela proximidade e potencialidade, estão entre os prioritários a nível europeu.
Temos produtos nas diversas áreas que pela sua antiguidade, qualidade e performance merecem algum destaque
ticipámos em Corridas de Luta contra o Cancro da Mama onde demos a conhecer o nosso produto aos consumidores e criámos a experimentação com o mesmo. O facto de estarmos há 15 anos a dar a conhecer estes produtos junto dos mais diversos profissionais de saúde fez com que o produto ganhasse a credibilidade e aceitação que era pretendida. Os primeiros feedbacks vieram exatamente da classe médica e farmacêuticos, ganhando posteriormente a confiança dos consumidores. Esse trabalho continua a ser feito diariamente por toda a equipa Edol,
Para o futuro e para continuar a merecer o voto de confiança do consumidor, qual continuará a ser a estratégia do Edol? A estratégia do Edol é muito simples. Produzir produtos em Portugal, por portugueses, levar esses mesmos produtos às casas dos portugueses e ainda crescer na exportação, levando o que de melhor se faz em Portugal ao resto do mundo. Vamos continuar a estar muito próximos dos nossos clientes, a estabelecer parcerias estratégicas, a estar atentos às exigências do mercado e dos consumidores, tentando melhorar dia após dia.
O Laboratório Edol foi distinguido com o Prémio Cinco Estrelas 2016, “o prémio dos consumidores”. Qual é o significado desta certificação? O significado desta certificação representa, em primeiro lugar, um orgulho enorme para todos os colaboradores e significa que o trabalho que temos desenvolvido em torno da qualidade é, efetivamente, comprovado pelos consumidores. Por outro lado, comprova que a mentalidade dos portugueses está diferente e que aquilo que é produzido em Portugal, por portugueses, como é caso da nossa Gama ATL, começa a ser valorizado e preferido pelos consumidores. Este é um reconhecimento feito pelos consumidores portugueses face à qualidade global dos produtos e serviços da empresa, sendo que a avaliação é feita segundo a metodologia SPICI que avalia a satisfação pela experimentação, a relação preço/qualidade, a intenção de compra ou recomendação, a confiança na marca e a inovação. Em todos estes parâmetros, o que é que a Edol tem feito para merecer o reconhecimento por parte do seu consumidor? Esta foi a primeira vez que concorremos a um Prémio deste género. Contudo, nos anos transatos par-
Olhando para 2015, qual o balanço que é possível fazer da atividade do laboratório? As metas lançadas no início do ano foram atingidas? Foi um ano muito exigente para todos e para o Edol não foi exceção. Podemos concluir que foi um ano de grandes mudanças na nossa atividade e de grande aprendizagem. Fruto do trabalho dos nossos colaboradores em todas as áreas, não só conseguimos atingir as metas que tinham sido desenhadas, como supera-las. Foi um ano desafiante e julgamos que 2016 ainda vai ser mais.
Às diferentes gerações que circulam nos corredores da Edol, que mensagem importa deixar? Confiança no Futuro!
Que objetivos pretendem desenvolver ao longo de 2016 para que o Laboratório Edol continue a ser um paradigma da “saúde que se vê”? Para corresponder a um paradigma de “saúde que se vê” é necessário continuar a trabalhar com base nos valores que nos representam: Promover com rigor a saúde e bem-estar, melhorando a qualidade de vida. Competir pela qualidade e inovação. Preservar o ambiente. Apostar na transparência e no diálogo tanto com o cliente interno como com o cliente externo garantir segurança, higiene e saúde no trabalho. Investir na formação e desenvolvimento da nossa equipa. Promover a união, a força, a motivação e o respeito entre todos, como motor de crescimento individual e coletivo. ▪
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Alguns produtos da gama ATL
Estas certificações assumem uma crucial importância uma vez que diferenciam e credibilizam os produtos, pela voz e pela perceção do consumidor. Acredita que as empresas, de um modo geral, têm olhado para estas avaliações como estratégicas ou, pelo contrário, há algum receio deste escrutínio dos consumidores? Estas certificações são importantes para todas as empresas, mesmo que não se ganhe. O melhor que uma empresa pode ter é o feedback dos seus consumidores, mesmo que seja negativo. Uma empresa estagna quando não há possibilidade de melhoria. Havendo essa possibilidade, significa que há também a oportunidade de crescer. O posicionamento do Edol é exatamente esse. Mesmo que o escrutínio seja negativo, agarramos nele e melhoramos o que temos a melhorar. O facto de termos produção própria e investigação & desenvolvimento na nossa empresa faz de nós um player muito competitivo porque respondemos mais facilmente às exigências dos nossos consumidores.
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» Entrevista a Fernando Magro, Presidente do GEDII
Diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais nos doentes com DII No âmbito da Reunião Anual do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal (GEDII), a Revista Pontos de Vista fez questão de compreender qual o panorama atual desta área médica e que avanços têm sido protagonizados pela comunidade científica. O papel do GEDII, reconhecido como Instituição de Utilidade Pública pela Secretaria Geral do Conselho de Ministros, em 2013, tem sido fundamental na formação médica e no campo da investigação.
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Doença Inflamatória Intestinal, de causa ainda desconhecida, afeta cerca de 16000 portugueses, sendo conhecidos cerca de 100 novos casos anualmente. Com um grande impacto na qualidade de vida dos doentes, esta patologia crónica subdivide-se essencialmente entre a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa. Esta última apenas “atinge o intestino grosso, nomeadamente o epitélio e a lâmina própria”, explica Fernando Magro. A Doença de Crohn “pode afetar todo o tubo digestivo” e “tem um atingimento transmural, ou seja, poderá lesar todas as camadas do intestino. E, portanto, acompanha-se dos riscos da inflamação transmural, como a formação de fístulas, de abcessos ou, eventualmente, de uma perfuração”, continua. Esta doença assume um componente mais sistémico, comparativamente com a colite ulcerosa, contudo, ambas podem acompanhar-se de manifestações extraintestinais, nomeadamente “oculares, hepáticas e dermatológicas”. A DII aumenta ainda o risco de osteoporose, pela má absorção do cálcio ou como resultado do uso de corticoides, e de cancro do cólon. Apesar de os investigadores acreditarem que esta doença está associada a questões genéticas, a ausência de informações sobre a sua causa concreta não permite o rastreio e prevenção. Após diagnóstico, o tratamento pode ser baseado em fármacos ou, em situações em que a doença seja mais invasiva, através de cirurgia. Ambos os métodos terapêuticos têm como objetivo ajudar a aliviar os sintomas e estimular a cicatrização das lesões intestinais.
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para a pesquisa de novos biomarcadores que promovam o reconhecimento da inflamação antes mesmo de serem despoletados os sintomas. Em desenvolvimento encontram-se igualmente novas técnicas de imagem, que impulsionarão uma melhor deteção dos órgãos afetados pela DII. Em suma, Fernando Magro assume que a comunidade médica se encontra a caminhar para resultados “preditivos de prognóstico e do tratamento da DII”.
Papel do GEDII
O Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal existe há uma década e é já “pioneiro” na investigação e formação de gastrenterologistas, garante o presidente da entidade. No contexto formativo, “o GEDII tem pautado por apresentar aos atuais e futuros médicos especialistas novas realidades, novos métodos de abordagem, novas perspetivas”, que contemplem um conhecimento mais profundo sobre a DII. No seu histórico de eventos, o GEDII tem já mais de 30 reuniões nacionais e organiza anualmente eventos mais intimistas, de modo a partilhar experiência com colegas mais jovens, que ainda se encontram em formação. Esta situação propicia a uma maior qualidade profissional. No contexto da investigação, têm vindo a desenvolver “projetos inovadores, que envolvem os doentes, a sua perspetiva e avaliação, a relação entre o que o doente sente
Investigação é fundamental
O presidente do GEDII explica que é do conhecimento médico atual que “o sistema imunológico reage contra determinados antigenes e provoca a ulceração da mucosa”. Num indivíduo sem DII, o intestino, após um estímulo nóxico, reage com mediadores inflamatórios e depois há cicatrização da mucosa. Contudo, o que acontece na Doença Inflamatória Intestinal é que, perante uma agressão externa inicial, há uma inflamação perpetuada no modo e no tempo com excesso de mediadores inflamatórios. Neste sentido, como em qualquer área médica, é premente o desenvolvimento de projetos de investigação, no sentido de promover um melhor e mais adequado diagnóstico e consequente tratamento da DII. Fernando Magro refere que atualmente nos encontramos num “ponto viragem farmacológico”, que permitirá conhecer novos fármacos que combatam esta doença e, nomeadamente, assegurar o tratamento dos doentes refratários à medicação já existente. A investigação científica encontra-se direcionada
o GEDII tem pautado por apresentar aos atuais e futuros médicos especialistas novas realidades, novos métodos de abordagem, novas perspetivas Fernando Magro
Presidente do GEDII
e o que o médico perceciona, a utilização de biomarcadores e de doseamento de fármacos”, explica também o gastrenterologista. A investigação tem sido direcionada para as áreas de farmacoepidemiologia e biomarcadores. No contexto da monitorização terapêutica de fármacos, o GEDII tem desenvolvido o seu trabalho no sentido de tornar os tratamentos mais assertivos e adequados, através do seu doseamento. Atualmente, o GEDII aposta em projetos que envolvam uma maior dinâmica entre o médico e o paciente, nomeadamente os “patient-reported outcomes”, isto é, o desenvolvimento de mecanismos que permitem aos doentes autoavaliarem-se. O GEDII distribuiu mais de 20 bolsas de investigação, num total monetário de meio milhão de euros. O objetivo é promover o conhecimento sobre a DII e divulgar o papel de Portugal neste campo da ciência. O gastrenterologista afirma ainda que, ao longo destes dez anos de existência, o GEDII criou e reuniu “ferramentas epidemiológicas, laboratoriais e clínicas que permitirão que qualquer colega mais novo” possa integrar-se e desenvolver esta área médica. Por este motivo, e com base no percurso do Grupo, é possível concluir que o futuro da instituição e da própria evolução do conhecimento sobre a DII será “promissor”, declara Fernando Magro. ▪
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» REUNIÃO ANUAL DO GEDII
OPINIÃO, Vítor Virgínia – Diretor-Geral da MSD Portugal
GEDII e MSD de mãos dadas O Grupo de Estudo da Doença Inflamatória Intestinal (GEDII), criado há dez anos, tem tido um papel crucial no avanço do conhecimento desta doença crónica altamente debilitante e impactante na qualidade de vida dos doentes.
A Vítor Virgínia Diretor-Geral da MSD Portugal
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PERFIL
vante na inovação e na melhoria da qualidade de vida no após ano, o GEDII foi assumindo um papel de das pessoas. Ao longo destes anos, a MSD e o GEDII fomotor na educação médica nesta área terapêuram parceiros em diversas atividades e projetos ligados à tica, quer através das suas reuniões anuais, onde educação e à investigação clínica, dos quais destaco, por promove a partilha do conhecimento científico exemplo, o Projeto Educacional Step-Up DC, o estudo mais atual entre especialistas, quer pelos cursos dedicados HERICA ou o ensaio clínico EVOLUTION. E o futuro conaos internos. A sua aposta no desenvolvimento de estudos tinua a apresentar muitos clínicos nacionais e na colabodesafios e oportunidades, ração com grupos internaciocomo acontece com a cresnais tem colocado os médicos “A M S D teve oportunidade de ir cente possibilidade de utiliportugueses ao nível do que zar ferramentas tecnológicas mais inovador se faz hoje. acompanhando, desde o início, este informáticas que facilitam Também a base de dados criaGrupo de Estudos e foi reconhecendo a comunicação médicoda pelo GEDII, e instrumento -doente. de inestimável importância nesta sociedade científica valor e Um futuro a que a MSD para um melhor conhecinão quer ser alheia, por isso mento sobre os doentes com interesse público” mesmo e pela nossa parDoença Inflamatória Intestinal te, gostaria de reiterar que em Portugal, tem vindo a cresacreditamos na capacidade cer e a modernizar-se. do GEDII para continuar a liderar os avanços científicos A MSD teve oportunidade de ir acompanhando, desde o e o conhecimento nesta importante área terapêutica em início, este Grupo de Estudos e foi reconhecendo nesta Portugal. O GEDII pode continuar a contar com a MSD sociedade científica valor e interesse público. neste objetivo comum de contribuir para a melhoria dos Acredito que estamos de mãos dadas quanto aos objecuidados de saúde dos doentes com Doença Inflamatótivos, já que a ambição da MSD é contribuir para mais ria Intestinal em Portugal. ▪ e melhor saúde em todo o mundo, com um papel rele-
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» Reunião Anual do GEDII
De 2005 ao presente:
GEDII deu meio milhão de euros de apoio à Investigação Nos dias 22 e 23 de janeiro, a Sala Tejo do MEO Arena foi pequena para a quantidade de ideias que ali se partilhou. Este foi o espaço escolhido pelo Grupo de Estudo da Doença Inflamatória Intestinal (GEDII) para a sua reunião anual que, pelo seu caráter científico, é especialmente direcionada a especialistas e investigadores dedicados a uma patologia crónica, que inclui a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa, com sérias repercussões na qualidade de vida do doente. Novas metodologias no diagnóstico e tratamento da DII foram os principais temas em destaque, com intervenções de especialistas nacionais e estrangeiros, num evento que de igual modo não foi parco nos casos clínicos apresentados. A Revista Pontos de Vista esteve presente e conta-lhe o que aconteceu.
Melhor Comunicação em Poster a Ana Rita Alves
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pesar de crónica, a Doença Inflamatória Intestinal não tem de ser encarada com pessimismo e como uma fatalidade. Com a informação adequada, é possível enfrentar uma doença cujos sintomas variam bastante. Se, por um lado, alguns doentes entram em remissão e mantêm-se assintomáticos durante um período de tempo, por outro lado, existem pacientes em que os períodos de agudização da doença são mais frequentes. Para muitos deles existem respostas e, perante as incertezas, há a garantia de que existem especialistas determinados a trabalhar por eles. Esta é uma das principais conclusões que se pode retirar da reunião anual do Grupo de Estudo da Doença Inflamatória Intestinal (GEDII). Como tem sido recorrente em todos os seus encontros anuais, o GEDII tem primado por conseguir despoletar acesos debates em torno da DII, com a partilha de experiências científicas, enriquecidas com o conhecimento de casos clínicos que marcaram a diferença no quotidiano destes especialistas. Como é habitual, estas reuniões sempre pautaram pela presença de oradores estrangeiros com um vasto conhecimento na área e que fazem da investigação prática diária. Sete profissionais chegaram assim da Europa para, dentro da área do diagnóstico e da terapêutica, fazerem as suas palestras e ao mesmo tempo comentarem a forma como os
Melhor Comunicação em Poster a Marco Silva
especialistas portugueses tratam os seus pacientes. Foram colocados temas à discussão para que, de uma forma multidisciplinar e abrangente, todos pudessem adquirir e transmitir conhecimento, não fosse a reunião anual do GEDII nada mais do que um evento que tem possibilitado a criação de uma “rede de contactos entre especialistas e investigadores que se dedicam à DII”. Ao longo dos dois de dias de trabalhos e de discussão estiveram em destaque as novas abordagens no diagnóstico e no tratamento da DII, sendo que o primeiro dia foi inteiramente dedicado aos meios de diagnóstico. Por possibilitarem uma visualização em detalhe do tubo digestivo, entre os especialistas presentes é cada vez mais perentória a imprescindibilidade dos métodos de imagem, com especial destaque para a Enterografia por TAC e a enteroressonância, duas metodologias que têm contribuído para uma melhor elucidação diagnóstica e avaliação clínica dos doentes. Não foi, no entanto, esquecida a permanente importância da ecografia que, sendo mais acessível em termos de custos para as unidades hospitalares, tem possibilitado uma avaliação da extensão da doença. Para um conhecimento do que melhor se faz noutros países, foi imprescindível a presença e o testemunho de quatro especialistas europeus: Stephan Vavricka (do Triemli Hospital em Zurique, Suíça), Giovanni Maconi (Professor Associado de Gastrenterologia no Departamento de Ciências Biomédicas e Clínicas da Universidade Hospital Luigi Sacco, da Universidade de Milão, em Itália), Jordi Rimola (do Departamento de Radiologia do Hospital Clínico de Barcelona) e James East (Consultor Gastroenterologista do Reino Unido). Numa primeira parte, Vavricka abordou a importância da ultrassonografia num diagnóstico
Apresentação de comunicação em poster
sequencial. Por ser “não invasiva, barata e bem tolerada e aceite pelos doentes, esta modalidade de diagnóstico tem permitido que o especialista tome as decisões de tratamento sem ser necessário pedir apoio a outras especialidades”, afirmou. Giovanni Maconi abordou a relevância do ultrassom com contraste na Doença de Crohn. Para o especialista, este meio de diagnóstico, a par da ultrassonagrafia Doppler, “tem sido usada para caracterizar o espessamento da parede, para avaliar a atividade da doença e as suas complicações e para disponibilizar um índice de prognóstico, bem como a atividade da doença”.
o que eles dizem
Segundo Jordi Rimola, considerado um dos principais especialistas em scores de imagem na Doença de Crohn, o “cross-sectional imaging” está a assumir uma importância crescente no diagnóstico da Doença de Crohn uma vez que “são técnicas com a capacidade de detetar lesões inflamatórias no intestino com uma precisão muito idêntica à endoscopia”. Por fim, James East dividiu a sua apresentação em três pontos fulcrais, nomeadamente: discussão dos métodos disponíveis para uma melhor identificação e caracterização das lesões da DII, revisão do processo endoscópico da displasia em DII, lançando, por fim, as linhas orientadoras para uma discussão que consistiu em perceber como é que a vigilância endoscópica e terapêutica se encaixam no tempo de vida do doente. Por outro lado, para o especialista, a cromoendoscopia tem a capacidade de poder “aumentar para o dobro a taxa de deteção de displasia por paciente”, alertando ainda para o facto de a cromoendoscopia virtual, como o Narrow Band Imaging System – NBI, não poder substituir com segurança a cromoendoscopia convencional. Com um modelo mais interativo e participativo, a reunião anual privilegiou mais uma vez a apresentação de posters, tendo sido selecionados quatro para cada um dos dias. Os trabalhos foram apresentados, discutidos e congratulados, com a atribuição de um ingresso para o Congresso Europeu de Crohn e de Colite Ulcerosa (ECCO 2016), com viagem, inscrição e estadia incluídos, às duas melhores apresentações (Marco Silva – “Segurança da exposição intra uterina no tratamento da DII: a experiência de um centro terciário” e Ana Rita Alves – “Impacto da ecografia abdominal na avaliação da doença de Crohn: experiência de um centro”). Além dos simpósios orientados por duas empresas parceiras do GEDII, a MSD e a AbbVie, estes foram os principais momentos do primeiro dia de trabalhos, sendo que no dia seguinte foi a vez da OM Pharma fazer o seu simpósio satélite.
“Uma adequada medição da fibrose na Doença de Crohn é a chave para uma gestão apropriada do doente” Jordi Rimola
Segundo dia: tratamento da Doença Inflamatória do Intestino
A reta final do evento foi dedicada às terapêuticas, com especial enfoque na relação existente entre o doseamento de medicamentos e a resposta terapêutica ou remissão endoscópica, depois do tratamento, não esquecendo ainda os doentes refratários à terapêutica clássica da DII, os anti-TNF. Sendo uma preocupação crescente para os especialistas, ficou evidente a necessidade e, sobretudo, a urgência de desenvolver novos fármacos para responder a este tipo de doentes. A manhã começou com a apresentação de seis casos clínicos e foi concluída com a intervenção de Filip Baert, Chefe do Departamento de Gastrenterologia da AZ Delta, que deixou algumas recomendações para o exercício da prática clínica. “Antes de se iniciar uma terapêutica com anti-TNF, é importante ter em consideração fatores farmacocinéticos e imunogénicos”, defendeu, acrescentando que assim se resolveriam problemas como a perda de resposta, ou a falta de opções às terapêuticas. Antes da entrada na fase final da reunião, foram apresentadas seis comunicações orais resultantes de estudos de investigação de iniciativa do investigador, promovidos pelo GEDII. Porque a investigação é uma vertente importantíssima da medicina, estes estudos nacionais são o reflexo da qualidade dos profissionais portugueses e da dedicação que cada um deles tem imprimido no seu trabalho. Num momento dedicado à área pediátrica, no início do qual Jorge Amil, gastrenterologista pediátrico, aproveitou para congratular a organização, a última parte do evento abordou um dos grandes temas de debate da atualidade, a colite monogénica, com o enriquecimento do testemunho de Bénédicte Pigneur, gastroenterologista pediátrica no Hôpital Necker-Enfants Malades, em Paris. Para a especialista, entre as pessoas diagnosticadas com DII está um raro e severo grupo de doentes, as crianças muito jovens, sendo que nestas situações e para este tipo particular de paciente “a definição antecipada do tratamento mais adequado é fun-
Algumas das atividades do GEDII em 2015 apresentadas em Assembleia Geral - Incentivos à introdução de dados de novos doentes na Base de Dados do GEDII que conta atualmente com 4999 pacientes; - Realizado o Workshop “Bench to Bedside” em junho de 2015, onde se debateu a importância do doseamento de fármacos na DII; - Curso de Formação em DII; - Atribuição de quatro bolsas de investigação, cujo valor é de 15 mil euros cada; - Atribuição desde 2005 de 500000 euros para apoio à investigação através de bolsas e pré-
mios, tornando-o ímpar entre sociedades médicas; - Criou estrutura de investigação científica com plataforma eletrónica, monitorização clínica (Sandra Dias), apoio estatístico e análise metodológica de estudos observacionais; - Apoio à Indústria Farmacêutica manteve-se nos mesmos moldes do ano anterior mas, tendo em conta que nos próximos cinco anos a farmacologia em DII vai acentuar-se, o GEDII está a estabelecer novos contactos.
“A cromoendoscopia pode aumentar para o dobro a taxa de deteção de displasia por paciente” James East
Presidente do GEDII FERNANDO MAGRO “Do ponto de vista do diagnóstico, um dos grandes temas de debate é a colite monogénica. Neste momento, dentro da DII, particularmente na Doença de Crohn, foram identificados diferentes aspetos inflamatórios, como por exemplo, alterações genéticas que conduzem à deficiência de produção de interleucinas 10 (IL10) e alterações associadas ao cromossoma X, que conduzem à deficiente produção da IL8. Nestes casos, há um comportamento semelhante à Doença de Crohn mas o caráter da patologia é mais precoce e traduz-se numa maior agressividade da doença anal (…) Por outro lado, devemos estar atentos à displasia já que se sabe que a incidência de carcinoma está aumentada na DII devido à carga inflamatória”.
damental para a redução da morbidade e para o aumento da esperança de vida”. Como tratar doentes refratários? Esta foi a questão deixada por Laurent Beaugerie, do Departamento de Gastrenterologia do Hospital Saint-Antoine, em França, para quem, além do tratamento médico e cirúrgico, “os doentes refratários mais graves devem ter um suporte psicológico e uma equipa multidisciplinar na abordagem”. Ao mesmo tempo que promove a investigação nacional, o GEDII lança a discussão e possibilita a partilha de experiências e o conhecimento de realidades que podem estar mesmo ao nosso lado. Em mais uma reunião anual, este grupo de estudo procurou, mais uma vez, desmistificar a Doença Inflamatória Intestinal e promover a investigação e uma colaboração profícua entre médicos e investigadores de múltiplas dimensões e em várias dimensões. ▪
37 FEVEREIRO 2016
Stephan Vavricka
“Comunicando aos doentes de uma forma muito aberta os riscos e os benefícios, teremos com certeza a sua atenção, apoio e motivação ”
Quem é o GEDII?
Constituído por um grupo de profissionais de saúde ligados ao estudo e tratamento da DII, o GEDII propõe-se a promover o conhecimento científico da patologia, nomeadamente através de estudos e do desenvolvimento de protocolos que sejam um espelho da realidade nacional. Além disso, o grupo participa regularmente em reuniões ou grupos de trabalho nacionais ou mundiais sobre a DII, apoiando ainda ações de formação que se desenvolvam no âmbito da mesma. Estabelecendo canais de diálogo entre todos os interessados, o GEDII proporciona ainda uma rede de contactos que tem permitido uma rápida disseminação da informação sobre a doença.
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» Maria do Céu Costa, Perita da Agência Europeia de Segurança Alimentar, em entrevista
“Suplementos como o Calcitrin cumprem os regulamentos de segurança alimentar e de garantia da qualidade porque são produzidos em ambiente certificado” O suplemento alimentar CalcitrinR MD Rapid é um dos suplementos alimentares mais vendidos em Portugal e tem sido alvo de alguma polémica. Questões como a qualidade, a eficácia e a segurança dos suplementos alimentares estão em cima da mesa. Conheça a opinião da especialista Maria do Céu Costa, Professora de Bromatologia em Ciências Farmacêuticas e Ciências da Nutrição (2000-2016) e Perita da Agência Europeia de Segurança Alimentar.
P
odemos livremente escolher qualquer suplemento alimentar sem efeitos prejudiciais para a saúde? Sim, por definição do que é um género alimentício. É um facto cientificamente comprovado que as nossas escolhas alimentares afetam a nossa saúde. O velho ditado, nós somos o que comemos, é verdade. Cada célula do nosso corpo foi criada a partir dos alimentos que ingerimos, da água que bebemos e do ar que respiramos. Além de nutrir o nosso corpo, um suplemento, que é um alimento como qualquer comida, também afeta a qualidade das nossas vidas, a nossa aparência, humores, peso, energia, o processo de envelhecimento e a nossa saúde geral e bem-estar. Por isso existe uma roda dos alimentos com um prato padrão e proporções aconselhadas, em função da idade. Para ter um corpo saudável é necessário ingerir diariamente nutrientes de todo o tipo de alimentos da roda alimentar. O suplemento surge como complemento de falhas nessa ingestão, portanto com o objetivo de suplementar uma dieta que não cumpre com as recomendações para um regime alimentar saudável.
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Então por que é que em dezembro passado a Ordem dos Farmacêuticos instaurou uma providência cautelar para travar os anúncios publicitários ao suplemento alimentar Calcitrin MD Rapid? Não sei!... não falei com a OF e penso que ainda hoje está por esclarecer. Foram escritas muitas coisas que não fazem sentido. Desde o primeiro momento dessa notícia - que ocorreu com um Comunicado da Ordem dos Farmacêuticos - é afirmado que o Infarmed veio desaconselhar o consumo de produtos contendo cálcio para a prevenção ou tratamento de doenças. Ora o Calcitrin MD Rapid, sendo um suplemento alimentar que contem cálcio, não tem a finalidade de prevenir ou tratar alguma doença.
MARIA DO CÉU COSTA
Mas o Bastonário insinuou que estava a ser promovido como medicamento... Tanto quanto li, vi e ouvi não é verdade nem poderia legalmente sê-lo. Nesse aspeto estamos de acordo com o que o Infarmed informou e que é verdadeiro e sabido por todo o setor alimentar: estes produtos “não são medicamentos” e não “previ-
E por que é que tem cálcio? Tem cálcio para suprir as falhas de alimentos do grupo 1 da roda dos alimentos - o grupo dos produtos lácteos e derivados. Quem não consome leite ou iogurtes, por exemplo, porque não gosta, ou evita manteiga e queijo pela gordura saturada. Como o cálcio é imprescindível, deve ser ingerido diariamente “para a manutenção de ossos normais” como está escrito na embalagem do Calcitrin. Mas isso não está em contradição com as acusações de que esse cálcio pode, como foi afirmado pelo Bastonário da OF, constituir uma ameaça à saúde e bem-estar dos cidadãos pois pode levar a lesões graves e de difícil reparação? Está, no sentido em que parece não ter sido percebido o tipo de produto em causa e como é ingerido - neste caso um suplemento alimentar - bem como a quantidade de cálcio de que estamos a falar. A dose diária recomendada na embalagem é de 372,8 mg de cálcio, ou seja, o correspondente a duas fatias de queijo light! Para quem come queijo, duas fatias pode ser o consumo do pequeno almoço ou de um lanche. O que se pretende é que esse consumo de cálcio se proporcione, de forma suplementada, a fim de contribuir para suprir essa falha nas refeições diárias e assim contribuir para a manutenção dos ossos normais! Significa, afinal, que o Calcitrin é só para quem não come leite e derivados? Não, de maneira alguma! Aliás, essas recomendações não são decididas pelos operadores económicos! Os especialistas da alimentação saudável é que estudam estas matérias e têm emitido orientações para toda a Europa a pedido da Comissão Europeia, desde que foi criada a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA- European Food Safety Authority). No caso do cálcio, há vários estudos, todos públicos e disponíveis no site da EFSA sob a forma de opiniões, que acabam por ter as conclusões – que nós seguimos rigorosamente - publicadas em regulamentos no Jornal Oficial da União Europeia. Estes são assuntos muito importantes, pois os operadores não colocam no mercado os seus produtos de forma leviana, levam muito a sério a saúde dos consumidores europeus, até porque as questões de responsabilidade são centrais no nosso sistema de regulação! Mas voltando a quem precisa de cálcio, em boa verdade é toda a população, porque o cálcio e o fósforo são necessários para a deposição mineral e manutenção da saúde óssea durante toda a vida! E o Calcitrin não tem só cálcio, também tem fósforo, 220,8 mg na dose diária, ou seja o que existe em uma posta de 89 g de salmão cozido! Nesse caso, porque é que a OF instaurou uma providência cautelar para travar os anúncios publicitários e considerou até que o consumo destes produtos constitui uma ameaça à saúde e bem-estar dos cidadãos pois pode levar a lesões
É um facto cientificamente comprovado que as nossas escolhas aliment ares afetam a nossa saúde. O velho ditado, nós somos o que comemos, é verdade
graves e de difícil reparação? Bom, eu sou farmacêutica e inscrita na OF, mas ainda não tive oportunidade de falar com os meus colegas para esclarecer essa questão, muito importante pelo impacto causado, tanto mais que é conhecido que a Ordem dos Farmacêuticos apresentou, no final de 2011, uma edição das Normas de Orientação Terapêutica onde recomenda Suplementos de Cálcio e Vitamina D como forma de prevenção da osteoporose e em complemento terapêutico do tratamento de fraturas provocadas por esta doença. Cabe aqui dizer que existem vários medicamentos aprovados contendo cálcio, esses sim, na sua maioria com doses diárias recomendadas de 900 a 1200 mg de cálcio na posologia, realmente elevadas, e que, em linha com o que muito bem afirmaram o Infarmed e a OF, se compreende que os mesmos “não são isentos de riscos para a saúde, quando utilizados em quantidades excessivas, ou, por exemplo, em indivíduos com doenças renais ou a tomar outros medicamentos”. Aliás, o folheto informativo desses medicamentos alerta nesse sentido. Não deveria o Suplemento Alimentar ter também um Folheto para informar o consumidor sobre alguns perigos? Não tem porque a Autoridade de segurança alimentar não considera que deva ter. Mas informa logo na rotulagem! Ao nível exigido…. para o equivalente a duas fatias de queijo light! A legislação em vigor em Portugal é muito exigente nessa matéria. Se reparar, a embalagem de Calcitrin está cheia de informação, desde “Os suplementos alimentares não devem ser utilizados como substitutos de um regime alimentar variado”, “Não exceder as dosagens recomendadas” até “O produto não deve ser utilizado …quando estejam descritas interações de outros produtos com qualquer um dos constituintes da formulação”. Parece então que houve alguma confusão sobre o que é um medicamento e o que é um suplemento alimentar… não existem suplementos em farmácias? Claro que existem, há farmácias cujos outdoors estão cobertos de publicidade a suplementos alimentares! Em concreto, qual é a base científica consistente que argumenta as vantagens dos suplementos de cálcio? Vários estudos científicos analisados pela EFSA permitiram concluir que se o fornecimento de cálcio através da ingestão alimentar diária for insuficiente
para satisfazer as exigências fisiológicas observa-se uma redução na massa óssea, o que conduz a osteopenia e osteoporose, e um aumento do risco de fratura associada. Na sua qualidade de Autoridade de Segurança Alimentar a EFSA recomenda uma ingestão de 950 mg / dia para adultos de ≥ 25 anos e publicou um regulamento europeu com as recomendações, a que se chama em Portugal alegações, que os suplementos alimentares de cálcio devem fazer à população alvo quando destinados a suprir carências. O Calcitrin garante 1/3 das necessidades de ingestão diária de cálcio, pressupondo que o restante é ingerido nos alimentos comuns ao longo do dia. E numa relação benefício/ riscos, como é que o suplemento de cálcio atua no organismo? Substitui uma refeição como fonte de cálcio….garante a satisfação das necessidades de cálcio para manutenção dos ossos normais com risco nulo avaliado pela Autoridade (EFSA) que definiu um Nível máximo de ingestão tolerável (UL-Upper Level) de 2 500 mg que foi tolerado sem efeitos adversos considerando todos os ingredientes na dieta e suplementos com cálcio, com base em diferentes estudos de intervenção de longa duração. Há outros ingredientes da alimentação que ajudam em todo este equilíbrio: a vitamina D, o fósforo e outras como a K em quantidades dentro dos valores diários recomendados e a vitamina C, que contribui para o funcionamento normal do colagénio para o normal funcionamento das cartilagens. Qual é o enquadramento desse regulamento europeu que referiu na legislação nacional, para esta categoria de produtos? Esse regulamento europeu bem como muitos outros são diretamente aplicáveis em todos os Estados-Membros para assegurar livre circulação de géneros alimentícios seguros e sãos, e regras idênticas da União Europeia em matéria de rotulagem alimentar, informação correta e proteção do consumidor. Em Portugal a qualidade destes produtos tem verificação regular e confiável? Em Portugal não há uma avaliação dos pedidos de notificação dos suplementos alimentares como existe em outros países, por exemplo a Bélgica. Ou seja, os operadores informam toda a composição dos suplementos e as alegações de saúde que consideram fundamentadas, e o processo de notificação não prevê obrigatoriedade de uma opinião da Autoridade sobre o produto. Daí que a qualidade deva ser demonstrada aos consumidores por cada operador, como fator de diferenciação e livre escolha. O Calcitrin pode afirmar a sua qualidade superior porque é produzido em ambiente certificado, com as mais elevadas exigências de controlo de qualidade, em instalações fabris modernas, tecnologicamente bem equipadas e com certificação GMP (Boas Práticas de Fabrico), que também estão aptas ao fabrico de medicamentos Afinal pode então haver riscos para a saúde derivados do consumo habitual destes suplementos? Apesar de seguros, por definição, os alimentos podem interferir com um medicamento que se esteja a tomar. O alho interfere com o efeito dos anticoagulantes, e até um simples sumo pode interferir com medicamentos na terapia oncológica. As pessoas polimedicadas têm maior potencial para as chamadas interações alimento-medicamento e devem estar atentas a sintomas invulgares e falar com o seu médico. ▪
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nem, tratam ou diagnosticam doenças ou os seus sintomas”. Não é esse o propósito de um suplemento alimentar e, por isso, não é o Infarmed, como Autoridade de Saúde, quem autoriza e fiscaliza estes produtos. A autoridade competente é a Direção-Geral de Agricultura e Veterinária, a quem os suplementos alimentares são notificados, e cumpre à ASAE a sua fiscalização, visto que são classificados como géneros alimentícios.
CALCITRIN
» O CAMPEÃO DOS SUPLEMENTOS EM PORTUGAL
“PREZAMOS A INOVAÇÃO E A SEGURANÇA - O CALCITRIN FAZ PROVA disso HÁ SEIS ANOS” “Temos orgulho de poder afirmar que os nossos produtos são produzidos em ambiente certificado com as mais elevadas exigências de controlo de qualidade”, afirma Pedro Baptista, CEO da empresa VIVA MELHOR, onde é esclarecida a recente polémica sobre o Calcitrin.
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ual é visão e a estratégia da empresa Viva Melhor, que comercializa o Calcitrin? A empresa Viva Melhor desenvolve há 10 anos, em Portugal, soluções educativas e suplementos alimentares . Com as publicações que editamos visamos especialmente a reeducação alimentar e a adoção de estilos de vida saudáveis que, na sua essência, significam a definição de Saúde da OMS como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afeções e enfermidades”. Na sociedade atual é de grande relevância uma alimentação saudável e equilibrada, dado que a principal fonte de doença no ser humano é mesmo a alimentação e o estilo de vida. A saúde compra-se principalmente no supermercado e nos restaurantes com os ingredientes que escolhemos para a nossa alimentação. Os suplementos alimentares têm também um papel importante, pois muitas vezes as escolhas nutricionais deficientes criam a necessidade de complementos de reequilíbrio e foi nesta perspetiva que a Viva Melhor se posicionou neste setor. Com o desenvolvimento tecnológico e científico aplicados à nutrição, os suplementos alimentares são uma realidade incontornável da atualidade.
pontos de vista
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A vossa empresa cresceu discretamente mas hoje tem uma posição forte no mercado dos suplementos alimentares. Como desenvolveram este percurso? Ao longo de uma década sempre padronizámos a nossa atuação por valores de inovação e segurança no que fazemos, por isso temos procurado estar na linha da frente em todas as áreas: investigação e desenvolvimento, transparência publicitária, produtos credíveis e de alta qualidade, que têm sido uma referencia no mercado. Consequentemente a notoriedade da nossa marca tem vindo a crescer, afirmando o seu valor e criando um elevado capital de confiança junto do público. Recentemente foram objeto de um ataque violento do Bastonário dos Farmacêuticos. Maurício Barbosa diz que o Calcitrin faz publicidade enganosa. Como interpretam esta ação? Como reagem? Foi com muita surpresa que no passado mês de dezembro assistimos a essa intervenção do principal responsável de um organismo que deveria ser um exemplo das boas práticas de informação em saúde e que deu voz a uma sequência de intervenções muito agressivas e sem fundamento, que objectivamente denegriram o nosso produto. As declarações proferidas foram, na substância e no
Pedro Baptista
Um dos vetores do discurso do Bastonário era o dos riscos do produto para a saúde e o bem-estar das pessoas. Que comentário vos merece? Essa é a parte mais surpreendente das declarações do Bastonário Maurício Barbosa. Há muito que é reconhecido que o cálcio é necessário à manutenção de ossos normais. Não entendemos de todo qual é o objectivo visado pelo Bastonário: lançar a desconfiança sobre uma coisa que faz falta às pessoas, ou atacar a marca líder de mercado? Esse discurso não faz nenhum sentido e a prova disso é que, na sequência das declarações polémicas do Bastonário, emitiu a DGAV um comunicado em 22-12-2015 onde clarifica de forma ampla o enquadramento legal do suplemento alimentar Calcitrin há seis anos no mercado e dos benefícios que o seu consumo alega “para a manutenção dos ossos normais”. Os suplementos alimentares são géneros alimentícios e, como tal, o seu consumo nas dosagens recomendadas não pode ter risco para a saúde nem atentar de alguma forma contra o bem-estar dos consumidores, senão o seu enquadramento legal não poderia ser o de um suplemento alimentar. Quero realçar que o Calcitrin é um suplemento alimentar licenciado junto da Autoridade Nacional com competência para esse efeito e validado pela AESA - Autoridade Europeia de Segurança Alimentar e que temos centenas de milhares de consumidores satisfeitos e sem qualquer risco de saúde, bem pelo contrário. Segundo a vossa comunicação, os produtos Viva Melhor são fabricados em Portugal, segundo padrões de qualidade certificada. Temos orgulho de poder afirmar que os nossos produtos são produzidos em ambiente certificado com as mais elevadas exigências de controlo de qualidade, em instalações fabris modernas, tecnologicamente bem equipadas e com certificação GMP (Boas Práticas de Fabrico).
Absolutamente zero reclamações. Até hoje só temos relatos positivos. A comprovação dos benefícios vem da utilização e num produto como o Calcitrin, com as características de qualidade que tem, é normal a satisfação dos clientes
Ao longo destes seis anos de comercialização do Calcitrin já tiveram alguma queixa/reclamação? Não. Absolutamente zero reclamações. Até hoje só temos relatos positivos. A comprovação dos benefícios vem da utilização e num produto como o Calcitrin, com as características de qualidade que tem, é normal a satisfação dos clientes. O nosso produto só pode ser adquirido diretamente à Viva Melhor, através do telefone, com entrega rápida e cómoda em casa do cliente e essa relação de proximidade com o consumidor também nos ajuda a perceber claramente as expectativas e satisfação dos utilizadores do suplemento. Aliás, associado ao produto existe um serviço de apoio permanente ao cliente que se chama VIGIA, e que em caso de alguma questão ou dúvida o consumidor pode através de um simples telefonema ser atendido por uma equipa de farmacêuticos e outros profissionais qualificados, e esclarecer as suas questões. É por tudo isto que temos um alto índice de satisfação. Há quem defenda que há um problema de regulação dos suplementos e que seria mais eficaz concentrar a tutela na mesma instância que regula os medicamentos. Que comentário vos merece esta ideia? Somos um operador totalmente comprometido com o respeito pelas normas em vigor, sejam elas nacionais ou europeias. Por isso, o que nos importa não é quem regula, mas que a regulação cumpra os requisitos de profissionalismo e isenção que se esperam de quem exerce a autoridade pública. Entendemos muito simplesmente que é justo todos termos a expetativa de que as autoridades devam agir de acordo com as Leis e que estas de-
vem respeitar os princípios básicos do Estado de Direito. Por isso, é importante que os reguladores demonstrem disponibilidade para compreender as atividades sem se deixarem condicionar por poderes menos transparentes ou por interesses setoriais. Temos confiança plena em que assim aconteça. Enquanto operador no setor dos suplementos temos um dever de cidadania empresarial que cumprimos escrupulosamente e fazemos tudo o que está ao nosso alcance para superar as exigências legais, mantendo um padrão elevado de resposta técnica aos normativos. É também esta a nossa forma de nos diferenciarmos e capitalizarmos a confiança dos consumidores. Os portugueses podem estar descansados e tranquilos relativamente ao Calcitrin? Existem testes comprovados da sua qualidade e segurança? O nosso produto é fabricado em Portugal num laboratório farmacêutico credenciado e como tal sujeito às mais rígidas normas de qualidade. Para além de todos os lotes deste produto serem controlados em processo de fabrico, regularmente as autoridades competentes analisam a conformidade dos mesmos, sendo que a última análise efetuada pela DGAV ao Calcitrin foi em novembro de 2015 e os resultados confirmam a conformidade do produto. A ASAE e o Infarmed, também já analisaram o Calcitrin. Prezamos a inovação e a segurança - o calcitrin faz prova disso há seis anos. ▪
O Calcitrin foi distinguido como um produto Cinco Estrelas 2016 na categoria «Suplementos Alimentares para a Densidade Óssea». Esta é a prova da aceitação do produto pelos portugueses? A distinção obtida pelo Calcitrin denominado “produto Cinco Estrelas”, vem reforçar o facto de o Calcitrin ser um produto de referência e merecedor da confiança do consumidor. A prova mais consistente é a que o mercado dá, com os milhares de consumidores que utilizaram este suplemento alimentar ao longo dos últimos seis anos e que confirmam e testemunham os benefícios do produto.
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estilo, verdadeiramente ofensivas para a nossa Marca e a alegação de supostas questões publicitárias foi por nós entendida como mero pretexto para a mediatização, inclusive porque partia de uma argumentação legalmente errada. Todas as práticas publicitárias da nossa empresa cumprem os normativos legais, e com referência ao Calcitrin em particular, as chamadas “alegações de saúde” veiculadas na publicidade estão conformes ao estipulado pela AESA - Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, em Portugal representada pela Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
TEMA DE CAPA
» Entrevista A Emanuel Freitas, Presidente do Conselho de Administração da OZ Energia
pontos de vista
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“A Energia que aproxima Portugal” De génese lusa, a OZ Energia assume-se como a «energia que aproxima Portugal» e muito mais. Uma marca única e que faz da credibilidade e transparência a sua forma de estar. Emanuel Freitas, Presidente do Conselho de Administração da OZ Energia, em entrevista à Revista Pontos de Vista, deu a conhecer a mesma.
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e desenvolvidas desde que, internamente, estejamos preparados para as incorporar. A noção de custo de oportunidade esteve muito presente quando tomámos a decisão. A aposta na biomassa, concretamente na distribuição e comercialização de pellets certificados, com diferenciação através do serviço, é um fator de conveniência e comodidade reconhecido pelos clientes. É uma fonte de energia limpa, sem pegada ecológica e estamos a contribuir positivamente para a eficiente exploração da fileira nacional. Mais uma vez reforço que estamos também a proporcionar aos nossos clientes uma vantagem económica.
Na OZ Energia a coesão da equipa é o resultado de um trabalho sistemático de motivação e de adequação das competências
Constituída em 2009, a OZ Energia posiciona-se entre os quatro maiores operadores de gás em garrafa, sendo que o seu posicionamento está focado em diferentes áreas de negócio, nomeadamente o gás canalizado, combustíveis para aviação, postos de abastecimento, pellets, equipamentos e angariação de consumos de gás natural e eletricidade. É esta oferta tão diversificada que vos diferencia da concorrência? Não, embora seja de facto importante a diversificação de produtos. É essencial, para a nossa sustentabilidade, a garantia de uma diversificação do nosso portefólio de serviços e produtos. Aliás, a OZ Energia surge da compra de uma pequena parte dos ativos da antiga ESSO Portugal, designadamente da compra do negócio de gás em garrafa e da aviação. Tem sido feito um esforço titânico para implementar de raiz outras áreas de negócio que permitam o equilíbrio e a diversidade da companhia num mercado tão maduro como o da energia. A diversificação de produtos e serviços complementares promove e reforça as possibilidades de sinergia e cross selling aumentando o nível de serviço ao cliente. Mas, de facto, aquilo que efetivamente nos distingue por excelência e nos torna verdadeiramente únicos no mercado são as pessoas, os nossos parceiros, a nossa equipa e, acima de tudo, os nossos clientes. Temos ambição e capacidade de concretização.
os efeitos decorrentes da nossa atividade, sentimos uma obrigação acrescida de impulsionar e de fazer incorporar avanços tecnológicos que promovam a utilização progressiva de produtos ambientalmente sustentáveis, quer em contextos domésticos, quer industriais, a preços competitivos. As energias limpas incorporam atualmente o nosso portefólio e pretendemos que tenham um lugar de destaque. Como exemplo, podemos referir dois dos produtos que lançámos em 2015, destinados à produção de calor no segmento doméstico – pellets e estufas Nature. Este equipamento utiliza uma fonte de energia ambientalmente sustentável (pellets) e, através da incorporação tecnológica, proporciona maiores comodidades, comparativamente a outro tipo de equipamentos que recorrem a fontes de energia poluentes e, não menos importante, a preços mais competitivos.
De forma a responder às crescentes preocupações de sustentabilidade ambiental, estão atentos a novas áreas de negócio. De que segmentos estamos a falar? Temos a consciência de que atuamos no setor dos combustíveis fósseis sendo que alguns dos produtos que comercializamos são poluentes. Mas também sabemos que, apesar do impacto ambiental, são essenciais à economia e à realidade da vida atual. Percebemos que a propensão para o aumento da utilização de energias que promovam a sustentabilidade ambiental está diretamente relacionado com o preço e com o conforto de utilização que conseguimos incorporar nos equipamentos que lhe estão associados. Por isso, para atenuar
Ainda neste sentido, como surgiu a aposta na biomassa? A aposta na biomassa é um caminho que queremos percorrer e estamos fortemente empenhados no seu sucesso. Pretendemos, tal como decorre da nossa missão, atuar de forma socialmente responsável, com ambição e inovação, trazendo os benefícios da nossa atuação à comunidade em geral e a um crescente número de stakeholders. Neste sentido, pretendemos implementar projetos com uma forte componente de inovação. A gama pellets representa o início de um trabalho que se quer cada vez mais relevante. Não optámos pelo caminho fácil, mas entendemos que a incerteza deste mercado aporta diversidade e incógnitas, que podem ser potenciadas
Acreditam que o facto de terem uma estrutura mais pequena do que outras marcas concorrentes é uma característica a vossa favor. Porquê? Mais importante do que o tamanho é a flexibilidade, a capacidade de inovação e antecipação ao mercado. Temos que ter um papel ativo no processo de criação de soluções futuras, seja no modelo de distribuição, seja nas fontes, seja no serviço prestado, em suma, (re)inventar o modelo de oferta da energia. Não se trata de uma luta David contra Golias, mas sim sermos parte influenciadora do processo evolutivo. Da cimeira de Paris saíram orientações claras para a necessidade do abandono do consumo de combustíveis fósseis até ao final do século. À luz das bases da economia atual ainda não sabemos como o iremos fazer. Mas há uma certeza, temos que caminhar neste sentido. O futuro prepara-se hoje. Na OZ Energia, temos uma estrutura bem dimensionada para a nossa realidade com as aptidões indicadas para abraçar estes desafios. A nossa dimensão tem a vantagem adicional de proporcionar análises e decisões rápidas. Olhamos para a frente, para mais e diferentes mercados. Sabemos o que queremos, o que nos une e lutamos por isso. Com a portugalidade no sangue, criaram uma linguagem iconográfica que vos distinguiu da concorrência. Por parte do consumidor final, qual tem sido o feedback em relação a esta forte aposta de imprimir nas garrafas o orgulho de serem portugueses? No início foi uma surpresa. Nenhum operador usava as garrafas para comunicar com o cliente. Os símbolos nacionais são um património de Portugal e dos portugueses. Na OZ Energia optámos, e bem, por evidenciá-los. Temos clientes que pedem especificamente as garrafas dos galos, dos corações de Viana, dos bacalhaus e dos manjericos. Tendo em conta os momentos do ano já conseguimos antecipar as suas preferências. Quer na criação como na manutenção de novas infraestruturas, estamos num negócio que obriga a elevadíssimos investimentos. Com que dificuldades diárias têm de lidar? Estando no negócio da energia, sabemos que qualquer tipo de investimentos em infraestruturas tem, por norma, até pela circunstância das instalações necessitarem de ser de alta segurança, investimentos muito elevados. Temos um plano
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om ADN 100% nacional, a OZ Energia tem conseguido implementar-se nos lares portugueses muito graças à sua total dedicação e a uma estratégica implementação regional. O que tem permitido que esta entidade se assuma cada vez mais como “a energia que aproxima Portugal”? “A Energia que Aproxima Portugal” foi a assinatura escolhida pela marca enquanto desejo aspiracional que configura duas valências: por um lado a vontade de levarmos a nossa energia a todos os portugueses, aproximando-os; por outro, marcar a nossa portugalidade enquanto operador na área da energia com capitais 100% portugueses. Temos uma rede de parceiros nacional, com forte implantação regional e queremos crescer com uma oferta diversificada de energia, queremos chegar e aproximar literalmente todos os portugueses.
TEMA DE CAPA
» Entrevista A Emanuel Freitas, Presidente do Conselho de Administração da OZ Energia de desenvolvimento e todas as condições para o cumprir, designadamente financeiras, humanas e legais. Nestes processos, por vezes, o que se torna mais difícil e limitador é a carga burocrática e a morosidade dos processos de licenciamento a que somos sujeitos pelas entidades que os apreciam e licenciam. Este é, de facto, o grande constrangimento e entrave ao crescimento, lamentavelmente transversal a vários setores da economia. Idealmente deveríamos ter menos Estado no nosso setor. A OZ Energia é percecionada como uma marca de referência junto do público-alvo, consumidor de gás em garrafa. Com este reconhecimento em carteira, pretendem avançar para mercados externos? Quais? Os investimentos em novas geografias implicam grande precaução. Para além do potencial de mercado, temos de nos certificar de eventuais constrangimentos legais e diferenças culturais. Riscos como alterações políticas, interesses instalados, evolução cambial, risco fiscal, atuação de outros players locais com redes de influência muito oleadas, tudo são fatores que devem ser objeto de estudo muito aprofundado previamente a qualquer decisão de internacionalização. Veja-se o caso do Brasil, um país aparentemente muito atrativo para os investidores até há uns anos atrás e que se depara hoje com uma crise profunda que faz perigar os investimentos efetuados. Podemos referir igualmente Angola, onde atualmente o principal constrangimento é a impossibilidade de repatriação de capitais. Aos constrangimentos legais soma-se o facto de não existirem divisas no país. A visão de curto prazo e a pressa em realizar alguns investimentos pode ser perigosa. Os investimentos no setor da energia são avultados e necessariamente de longo prazo. Não nos podemos mover por modas, emoções ou a expectativa do lucro rápido. A economia real não tem ganhos e perdas repentinas; o crescimento sustentado das empresas é habitualmente gradual e provém da sua capacidade em responder efetivamente ao mercado em que opera.
pontos de vista
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Em qualquer organização, os recursos humanos desempenham um papel fulcral. Na sua opinião, as empresas portuguesas têm adotado uma política séria de desenvolvimento do seu capital humano? Qual tem sido o papel da OZ Energia? Não me compete falar em nome de outras organizações ou de distintas políticas de recursos humanos. Na OZ Energia a coesão da equipa é o resultado de um trabalho sistemático de motivação e de adequação das competências. Comportamento gera comportamento e a constância deste trabalho tem sido gratificante. Não se conquistam metas nem se atingem resultados sem as pessoas, sem uma equipa forte, motivada, competente, empenhada, que partilha os mesmos valores e objetivos. Podemos ter a acústica, os instrumentos, a sala e a audiência, mas se não temos os músicos coordenados e afinados nunca será uma grande orquestra. Enquanto líder, cabe-me assegurar que a organização proporciona as
condições e os meios para o desenvolvimento de diferentes competências que possam motivar e ajudar ao bom desempenho. Acredito que o trabalho é um garante de felicidade e tento promovê-la no ambiente laboral. Pessoas felizes e realizadas são mais produtivas. Mais do que um chavão, a inovação deve fazer parte da estratégia das marcas. Na prática, na criação de soluções de negócio mais eficazes e personalizadas, de que modo o desenvolvimento tecnológico tem sido imprescindível? Ser uma marca inovadora gera mais confiança no cliente? A inovação, quer em produto quer em serviço, deve ter como objeto a satisfação do cliente. Quando a obtemos estamos a diferenciar-nos. A componente tecnológica permite de forma sistemática analisar as preferências dos nossos clientes e antecipar as tendências de consumo. Paralelamente, escolhemos muito bem os nossos fornecedores e os parceiros de negócio, como gostamos de lhes chamar. Se nos rodearmos dos melhores, incorporamos mais conhecimento e ficamos mais fortes. A confiança será uma consequência de todo o rigor do processo que obrigatoriamente resultará em relações duradouras, quer com os clientes, quer com os parceiros.
A inovação quer em produto quer em serviço deve ter como objeto a satisfação do cliente. Quando a obtemos estamos a diferenciar-nos
Recentemente a OZ Energia foi obrigada a abandonar o objetivo de comercializar gás natural, como consequência de uma medida imposta pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos. Foi uma decisão justa? Não se trata de uma questão de justiça. É uma impossibilidade legal e estamos a cumprir com os desígnios da entidade reguladora. Gostaríamos de ter a possibilidade de comercializar diretamente gás natural, mas acatámos a decisão e procurámos formas alternativas dos nossos clientes terem acesso a este produto. Mesmo sendo um bem de primeira necessidade e utilizado de forma crescente pelas sociedades modernas, a energia tem sofrido alguns constrangimentos, nomeadamente no que se refere aos sucessivos aumentos dos impostos no setor. Pelo incentivo às boas práticas ambientais e pela diminuição da poluição, tem valido tudo? Parece que sim. É necessário arrecadar impostos e o Estado tem sempre uma boa fonte de financiamento nos produtos derivados do petróleo. A carga fiscal em Portugal é tão pesada que, na sua generalidade, nem as famílias nem as empresas conseguiriam suportar mais aumentos de impostos nos seus rendimentos. Mas o Estado continua deficitário e a única maneira que tem de se financiar é por via de impostos sobre determinados produtos e, por sinal, os combustíveis são sempre afetados. A competitividade proporcionada pela diminuição do preço do petróleo é transferida diretamente para os cofres do Estado e o consumidor pouco beneficia e, quando acontece, é, por norma, durante um curto espaço de tempo, no máximo num intervalo entre Orçamentos de Estado. Sobre os combustíveis temos IVA, imposto sob produtos petrolíferos (ISP), que engloba a contribuição da segurança rodoviária e a taxa de carbono. Sobre o setor petrolífero ainda recaiu há um par de anos uma contribuição extraordinária sobre o setor energético (CESE), que se previa temporária mas parece que está para ficar. Trata-se de um setor completamente asfixiado por impostos e o único onde se penaliza fiscalmente investimentos em ativos, contrariamente a outros setores em que estes são alvo de fomento ao investimento. Acredita que as sucessivas medidas impostas ao setor do gás em garrafa retiram competitividade ao setor? Os consumidores são muitas vezes impactados por medidas populistas por parte dos governos que, em nome da defesa dos supremos interesses dos mesmos consumidores, criam entropia e entraves aos processos, de tal maneira que, na prática, produzem um efeito contrário. É o caso da nova lei 15/2015, que obriga à introdução de medidas que interferem verticalmente em toda a linha de distribuição de gás em garrafa, desde os operadores, passando pelos revendedores de primeira e segundas linhas, até ao cliente final. Estas medidas vão introduzir estrangulamentos operacionais e denotam um afastamento da realidade de quem as produz. Naturalmente a
Qual a real dimensão e impacto das medidas em causa? Esse é um número que duvido que alguém conheça! Nem o próprio Estado se deve ter apercebido das implicações da sua implementação. Um dos eventuais processos previstos poderá implicar alterações de natureza metrológica (instalação de balanças aferidas regularmente, em todos os pontos de venda, incluindo entregas ao domicílio); cadastral (identificação de todas as garrafas para aferição de pesos e consequentes créditos); fiscal (o crédito sobre o produto remanescente nas garrafas inclui IVA e ISP, que terão que ser reembolsados aos operadores); informática (necessidade de um sistema robusto que permita cadastrar e consultar os dados referentes a um parque estimado de 10 milhões de garrafas); comunicacional (transmissão de dados fiscais e cadastrais); bancária (fluxos financeiros entre operadores, pontos de venda e Estado); e administrativa (cada uma das partes tem que controlar e responsabilizar-se pela sua quota parte no processo). Acresce que todo o sistema teria de gerir dados referentes a um parque de garrafas superior a 10 milhões de unidades, com vendas e retornos de mais de 200 mil garrafas por dia. Posto isto, é fácil concluir que os custos com a implementação destas medidas serão de tal ordem que não podem ser suportados pela cadeia de distribuição. Em última análise, o consumidor é sempre o mais prejudicado porque este aumento de custos na distribuição conduz
fatalmente a um aumento do preço do produto. Para além disto, historicamente, os consumidores de gás em garrafa têm sido claramente penalizados e preteridos quando comparados com os utilizadores de gás natural. Tratando-se em ambos os casos de bens de primeira necessidade com a mesma finalidade, não se compreende por que razão o gás natural era taxado com o IVA a 6%, enquanto o gás em garrafa permanecia nos 23%. Logo aqui assistíamos a uma enorme discriminação tributária sobre um segmento da população portuguesa; agora deparamo-nos com um aumento de custos de que não sabemos sequer a sua escala e que vai impactar exatamente a mesma população. Gostava de obter uma explicação ou perceber se há portugueses de primeira e de segunda! Quer seja no desporto, na responsabilidade social ou em temas ambientais, a OZ Energia não diz “não” a uma boa causa. Enquanto marca, é importante marcar presença e apoiar eventos desta natureza? As empresas têm responsabilidades e obrigações perante a sociedade civil e, na OZ Energia, levamos esta responsabilidade de uma forma muito séria não dizendo não ao apoio de uma boa causa. Apoiamos desde as comunidades que nos estão mais próximas, como bombeiros, juntas de freguesia, festas locais ou instituições de solidariedade social, até eventos desportivos, designadamente modalidades adaptadas que permitem a prática desportiva a crianças, jovens, ou mesmo atletas de alta competição portadores de deficiência. Este apoio é muitíssimo importante para centenas de pessoas. Desde há mais de um ano que apoiamos a vela adaptada no Clube Naval de Cascais, o que permite que dezenas de crianças e adultos possam beneficiar dos resultados terapêuticos resultantes da prática desportiva, para além da própria experiência de mar.
Tornámos também pública a iniciativa Adaptar para Integrar, que se traduz num apoio financeiro e em combustível ao Sporting Clube de Portugal, com o objetivo de proporcionar a alguns jovens atletas portadores de deficiência a concretização do seu sonho: marcar presença e competir (alguns estão já qualificados) nos Paralímpicos do Rio de Janeiro. A iniciativa impacta cerca de 180 pessoas entre staff e atletas e esperamos que, para além deste contributo, possamos estar a inspirar outras entidades e a sociedade civil sobre a importância de uma cultura baseada na solidariedade, tolerância, fraternidade e integração. ▪
A todos aqueles que ainda não escolheram a OZ Energia, que mensagem importa deixar? Acreditar é o primeiro passo para fazer acontecer, e acreditamos que a EQUIPA que queremos construir só estará completa quando integrado o fator Cliente. É pelos Clientes que arriscamos e nos desafiamos diariamente, que nos superamos, é a eles que dedicamos todo o nosso trabalho, o nosso carinho, temperado com a nossa própria Alma. As propostas que oferecemos têm sempre como subjacente o contínuo acompanhamento do cliente e das suas necessidades, que são evolutivas no tempo. Por vezes, podemos não apresentar de forma isolada a melhor proposta económica, mas damos a nossa garantia que diariamente dedicamos toda a energia para aportar as melhores soluções que resultem em diferenciação económica e que dessa forma o valor percebido do portefólio da oferta seja vantajoso para todos. A contínua conquista de novos clientes é a maior homenagem àqueles que já fazem parte da EQUIPA OZ Energia! A todos quantos ainda não optaram pela marca OZ Energia deixo um conselho: testem-nos e ponham-nos à prova.
oz energia em movimento Continuando a proporcionar momentos de união e conforto aos portugueses que vos escolhem, quer seja em casa como ao ar livre, qual continuará a ser a vossa linha de atuação para continuarem a merecer a confiança dos vossos clientes? Que objetivos pretendem concretizar a médio e longo prazo? Estamos perante um mundo cheio de oportunidades e queremos continuar a ir ao encontro da satisfação das expectativas dos nossos clientes e a fazer aquilo que esperam de nós. Temos uma visão globalizante que, apesar de fortemente focada nos processos de inovação, nos permite e nos obriga a estarmos presentes em várias frentes, com a abertura necessária para aceitarmos como válidos projetos periféricos ou a entrar em mercados que ainda não existem. Acreditamos que aposta na diferenciação, por vezes em direções não convencionais, nos trará o reconhecimento futuro do mercado. Estamos em contínuo desenvolvimento de novas gamas de produtos e novas formas de comercialização associadas a uma oferta integrada de
energia. Atualmente representamos o portefólio de produtos num círculo que se alargará com o decorrer do tempo. Enquanto marca sempre atenta às tendências, que desafios acredita que o setor terá de enfrentar ao longo de 2016? Estamos perante um mundo em constante estado de mudança, sendo que o fator diferenciador é a rapidez da circulação de informação. Se não formos rápidos e atentos, os projetos de hoje estarão desatualizados antes de serem implementados. É como nadar contra a maré – se não formos mais rápidos, corremos o risco de ficar para trás. A flexibilidade da equipa é o fator diferenciador. No momento presente, o maior constrangimento identificado que afetará a nossa principal área de negócio será a evolução legislativa do setor. Estamos sempre disponíveis para apoiar e ajudar a construir modelos diferentes dos atuais. Se aliarmos a experiência acumulada ao longo de décadas pelos players do mercado às necessidades identificadas pelo regulador certamente que construiremos algo consensual.
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qualidade do serviço será afetada, sobretudo na distribuição domiciliária. Antecipa-se a perda de pequenos pontos de distribuição de gás. A dificuldade de implementação dos procedimentos e falta de recursos desmotivará muitos pequenos agentes e o acesso fácil a este bem essencial para milhares de famílias.
Saúde Animal
» NUTRIÇÃO E BEM-ESTAR OPINIÃO DE Rita Silva, Médica Veterinária, formadora do Departamento de Formação e Comunicação Científica da Royal Canin Portugal
Nutrição Animal e Qualidade de Vida Em Portugal, os animais de estimação são cada vez mais verdadeiros membros da família e os seus donos, felizmente, estão mais informados e mais exigentes.
S pontos de vista
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e quisermos ser abrangentes podemos falar de cinco dimensões de responsabilidade por parte do dono do animal: garantir o acesso a cuidados de saúde adequados; escolher um alimento que possa, para além da satisfação da fome, ter um impacto positivo na saúde do animal e na sua longevidade; garantir ao animal um espaço digno, abrigado e confortável para viver; respeitar o comportamento natural do animal e dar-lhe a oportunidade para o viver em pleno (na ROYAL CANIN® falamos em respeitar a “animalidade” dos gatos e dos cães) e, por fim, é fundamental proporcionar ao animal oportunidades para exercício físico e atividades com a sua família que o estimulem e lhe proporcionem bem-estar. Todos estes aspetos influenciam bastante a qualidade de vida dos gatos e dos cães. A ROYAL CANIN®, através dos seus alimentos de elevada qualidade, pretende ser um suporte na escolha do melhor alimento pelos donos, já que esta decisão é mais complexa do que aparenta ser. Sobre a alimentação de gatos e cães existem muitas ideias preconcebidas, erradas ou demasiado influenciadas pela emoção. Por exemplo, há donos que preparam as refeições dos seus animais em casa como um ato de carinho e que também acreditam ser esta a melhor opção do ponto
de vista nutricional. A base científica da ROYAL CANIN® recusa qualquer espécie de antropomorfismo (forma de pensamento que atribui características ou aspetos humanos aos animais) e não nos permite concordar com tal argumentação. Assim, também vemos como uma missão importante desbravar este caminho sinuoso de desinformação, estando próximos dos donos, quer diretamente quer por via dos nossos parceiros, de forma a partilharmos a ciência que hoje os nossos produtos representam e de forma a suportá-los na escolha do alimento para o seu animal. A ROYAL CANIN® é mundialmente reconhecida como uma marca pioneira na inovação científica e que molda a sua história e o seu crescimento na procura constante pela precisão nutricional. Desde a fundação da marca em 1967 por Jean Cathary, um médico veterinário, que todos os produtos nascem de uma necessidade identificada em primeiro lugar no gato e no cão. Esta abordagem é o fio condutor e diferenciador de tudo o que fazemos e também aporta à empresa uma grande responsabilidade: a de não parar nunca esta procura de precisão. Às vezes dizemos que somos “teimosamente científicos” porque há mais de 46 anos que produzimos alimentos segundo fórmulas muito precisas e equilibradas que satisfazem as verdadeiras necessidades dos gatos e dos cães. E fazemos tudo isto, confiando na ciência, nos factos e no conhecimento sobre gatos e cães para o qual a marca também contribui. Somos teimosamente científicos e vamos continuar a ser: não é o caminho mais fácil, mas é aquele que nos tem permitido cumprir juntos dos gatos e cães com as promessas que os nossos alimentos fazem, porque os resultados são visíveis para os seus donos. A ROYAL CANIN® tem uma gama completa de dietas terapêuticas (secas e húmidas) de suporte ao tratamento de algumas doenças dos gatos e dos cães e que deve ser prescrita pelas equipas médico-veterinárias, dado tratarem-se de dietas formuladas recorrendo a nutrientes específicos em doses suplementares, que têm efeitos sobre diferentes órgãos e diferentes funções do organismo. Na grande maioria das doenças dos gatos e dos cães é possível intervir com dietas especialmente formuladas para atenuar ou mesmo controlar alguns sintomas. A ROYAL CANIN® tem o pioneirismo inscrito no seu ADN, o que tem permitido à empresa desenvolver soluções nutricionais para gatos e cães, considerando a sua idade, o seu nível de atividade e estilo de vida, o seu estado fisiológico, a raça e as suas sensibilidades. A missão da marca é ambiciosa mas é muito clara: desenvolver alimentos cada vez mais precisos e adaptados às verdadeiras necessidades nutricionais dos gatos e dos cães. Todos os alimentos formulados pela ROYAL CANIN® representam marcos históricos para a empresa, pelo seu cariz inovador, pelo que acrescentaram à ciência da nutrição animal, e pelo impacto que têm na saúde, bem-estar e longevidade dos gatos e dos cães de todo o mundo. O nosso principal desafio é a expansão contínua do território da nutrição-saúde para gatos e cães e a continuação do caminho da individualização nutricional. Por outro lado, queremos chegar a cada vez mais gatos e cães em todo o mundo. Uma das nossas estratégias para continuar esta expansão é a partilha de conhecimento com todos os donos e a experimentação dos nossos produtos. Acreditamos que a compreensão dos benefícios dos nossos produtos pelos donos e a verificação dos mesmos, comprovando o seu efeito na saúde dos seus animais, são a melhor forma dos donos perceberem esta empresa e esta marca. O futuro da ROYAL CANIN® vai continuar a ser construído através da antecipação de necessidades, tendências e modos de vida que possam influenciar a saúde e bem-estar dos gatos e dos cães. Vamos continuar a descobrir novos caminhos, mesmo percebendo que nessa descoberta reside sempre alguma resistência, porque o nosso compromisso é sempre com os gatos e os cães em primeiro lugar. ▪
ENVELHECIMENTO ATIVO
» Entrevista a João Malva, Coordenador do Ageing@Coimbra
Coimbra comunidade do conhecimento e inovação Num momento em que a investigação tem centrado atenções no desenvolvimento de ações no âmbito do envelhecimento, é obrigatório falar sobre o Ageing@Coimbra, um consórcio multidisciplinar que visa perceber os desafios desta faixa etária e antecipar as respostas do futuro.
JOÃO MALVA
P
ortugal irá enfrentar o grande desafio do envelhecimento. Em 2060 seremos um dos países mais envelhecidos do mundo e, em contrapartida, atingiremos uma das mais baixas taxas de natalidade. A emigração apenas refor-
pontos de vista
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çará este cenário negativo. O número de pessoas com mais de 85 anos irá crescer rapidamente e teremos uma sociedade onde idosos cuidam de idosos. Neste contexto, é premente contornar este perfil demográfico e criar soluções que possam dar resposta ao nível “da magnitude deste desafio”, explica João Malva. Esta capacidade de reversão será concretizada com “uma articulação entre políticas de natalidade, de apoio à família e ao emprego”, de modo a reter jovens talentos e impulsionar o crescimento da população ativa. Para isso, é importante uma articulação entre os serviços públicos e privados, questão na qual o Estado português terá um papel determinante: “as políticas de saúde e de educação são fundamentais”, “o nosso país tem dois ministérios muito distantes, que só se tocam muito pontualmente - a Saúde e a Solidariedade Social - e é
preciso que as respostas sejam integradas, porque um idoso frágil fisicamente ou doente é precisamente alguém que precisa de ajuda social”, defende o coordenador. Por outro lado, é igualmente indispensável “a resposta civil, ou seja, o modo como os cidadãos, as empresas e as estruturas de um modo geral se associam”. De facto, a resposta encontra-se na dinâmica social entre os diferentes atores e numa simbiose intergeracional, na qual jovens e idosos cooperam no sentido de encontrar soluções capazes de dar resposta aos desafios futuros.
Ageing@Coimbra
Este consórcio foi criado através de uma parceria entre a Universidade de Coimbra, a Câmara Municipal de Coimbra, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o Instituto Pedro Nunes e a Administração Regional de Saúde do Centro, com o crucial apoio da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro. Surge no âmbito desta premência de compreender os desafios trazidos pelo envelhecimento; de criar boas práticas que se que se repliquem para outras regiões da Europa, através da Parceria Europeia de Inovação para o Envelhecimento Ativo e Saudável; e de abrir horizontes a outras entidades, cujo foco seja a investigação e desenvolvimento de soluções que promovam o envelhecimento ativo e saudável; e vejam na tecnologia um veículo para a criação de novas oportunidades – porque os recursos tecnológicos são parte fundamental do desenvolvimento de meios de apoio ao envelhecimento. Deste modo, é possível criar sinergias entre o empreendedorismo, o acesso ao emprego e o desenvolvimento económico e a procura de novos serviços e produtos a pensar no cidadão sénior. Assim, os projetos, multidisciplinares, procuram dar resposta a um conjunto de grupos de ação, resultantes de um desafio lançado pela Europa, com o objetivo de “encontrar parceiros comprometidos em desenvolver boas práticas e, neste processo promover Regiões Europeias de Referência. Adesão à terapêutica; prevenção de quedas; prevenção da fragilidade; cuidados integrados e monitorização remota de saúde; e serviços amigos do idoso são, então, os cinco grandes grupos
do Ageing@Coimbra. Atualmente, a vasta equipa, especializada em distintas áreas do saber, integra diferentes projetos no âmbito da “polimedicação, prevenção da fragilidade e das quedas e cuidados integrados”. João Malva refere, no contexto da polimedicação, a importância de uma maior atenção a idosos isolados ou com problemas de memória, que perdem o controlo sobre a sua medicação. Deve promover-se uma interação mais ativa entre especialidades, de modo a que os pacientes não acumulem quantidades desnecessárias e prejudiciais de medicamentos. Por outro lado é fundamental promover a adesão à terapêutica, assegurando o respeito pelas indicações dos profissionais de saúde. Importa ainda salientar os dois projetos bandeira em desenvolvimento no Ageing@Coimbra e que se complementam entre si: “a criação de um Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento, que valoriza o conhecimento sobre o envelhecimento”. Porque o acesso a um saber aprofundado relativo a esta temática permite uma maior qualidade e adequação das soluções a desenvolver. Perspetivando ainda este espaço como parte integrante numa cidade amiga do idoso, o consórcio pretende ainda transformar parte das cidades em campo da vida, onde os “cidadãos mais idosos se sentem plenamente integrados, com aprendizagem ao longo da vida, participação na criação e desenvolvimento de produtos juntamente com jovens empreendedores, cuidados médicos personalizados e apoio social integrado com a saúde”. Deste modo, o Ageing@Coimbra pretende continuar a crescer e a fomentar novas parcerias que promovam o progresso nesta área. O futuro continuará a passar por “replicar as boas práticas que se geram, para que mais cidadãos pela Europa possam usufruir destas, com os objetivos de viver melhor, de forma independente e ativa durante mais tempo”. E, como consequência deste aspeto, “elevar o potencial económico dos produtos e serviços baseados em conhecimento avançado, criando uma nova geração de empreededores”. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
ENVELHECIMENTO ATIVO
» investigação e conhecimento
COMPREENDER O ENVELHECIMENTO A Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (FCS-UBI) tem tido um papel de excelência na investigação do envelhecimento. Maria Vaz Patto, Coordenadora das Ações Estratégicas para o Envelhecimento da, e Marcia Kirtzner, Professora Auxiliar de Geriatria e Responsável pela Implementação do Ensino da Geriatria, ambas da FCS, falam-nos sobre o que tem sido a missão desta instituição.
Que projetos têm atualmente em prática no sentido de promover um envelhecimento ativo e saudável? Para que haja envelhecimento ativo e saudável, é necessário aumentar o conhecimento sobre o mesmo.
O Laboratório de Neurofisiologia Clínica da FCS tem sido determinante no campo da investigação, nomeadamente no contexto de patologias neurológicas, como a Demência, a Doença de Parkinson ou o Acidente Vascular Cerebral. De que forma podemos associar estas doenças ao envelhecimento e, assim, preveni-las junto dos idosos? A senescência e as suas alterações fisiológicas e fisiopatológicas aumentam a predisposição para este tipo de patologias. O Laboratório de Neurofisiologia Clínica da FCS tem-se dedicado ao estudo destas alterações e à influência de medidas de prevenção, mas também tem tido a preocupação de inserir os resultados obtidos nas reuniões que temos com idosos, o que lhes permite ter uma ideia acerca da sua saúde e discutir medidas de prevenção. Os vossos projetos têm mostrado resultados que podem ter aplica-
MARIA VAZ PATTO NUMA DAS VÁRIAS INTERAÇÕES COM A TERCEIRA IDADE
ções diretas no âmbito clínico. De que benefícios concretos estamos a falar para os doentes inseridos nesta faixa etária? A melhoria na qualidade de cuidados de saúde geriátricos, na aplicação da terapêutica, nomeadamente novas abordagens, e no acesso a cuidados preventivos. Também o acesso a diagnósticos e tratamentos mais diferenciados e que, pela presença da FCS, se tornaram muito mais acessíveis. Por exemplo, no próprio Laboratório de Neurofisiologia Clínica ou no recentemente inaugurado Centro Clínico e Experimental em Ciências da Visão, da FCS, ou mesmo através da UBIMedical. O envelhecimento continuará a ser parte dos desafios sociais do futuro? Qual será o papel da FCS-UBI neste âmbito?
A seguir as linhas demográficas recentes, vai chegar uma altura em que vamos estudar o “caso raro do adulto jovem”, já que a maioria de nós será idoso! As mudanças sociais e políticas que este envelhecimento gradual da população vai trazer são enormes. Assim, o papel das instituições de ensino superior como a FCS, interessadas em estudar e avaliar os vários aspetos ligados ao envelhecimento, é muito importante. A FCS quer continuar a aprofundar a sua intervenção e inovação na investigação, formação, monitorização, prevenção e outros aspetos do envelhecimento, nomeadamente através do aumento das suas colaborações nacionais e internacionais. Em termos de envelhecimento, o futuro vai ser seguramente interessante. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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Luis Taborda Barata, Presidente desta faculdade, afirmou em 2014: “a nossa visão é: que não seja a faculdade, que não seja o hospital, que não seja a câmara, que não seja o lar a fazer ou a tomar medidas isoladas, mas todo o tecido social”. De que modo a faculdade tem contribuído para este envolvimento entre os diferentes atores? A FCS tem contribuído para esse envolvimento através de projetos com parceiros variados. Inserida numa região demograficamente muito envelhecida, teve, em termos de ensino, a preocupação de fornecer aos seus alunos conhecimentos na área da Geriatria, tendo sido, em 2001, o primeiro curso de Medicina em Portugal a inserir o Módulo de Geriatria obrigatório no seu currículo. Posteriormente, através do mestrado em Gerontologia, forneceu formação pós-graduada a médicos e a outros profissionais de saúde e de outras áreas de conhecimento. Finalmente, alguns cursos de formação curta, em aspetos distintos de cuidados ligados ao envelhecimento, irão ter início em breve. Em termos de investigação e de intervenção na comunidade, foram já iniciados ou estão em fase de pré-implementação vários projetos integrados, focando aspetos de envelhecimento ativo e patológico, envolvendo outros parceiros, nomeadamente outras faculdades da UBI, autarquias, residências sénior, farmácias, Institutos Politécnicos e unidades de saúde.
Assim, na FCS, a formação tem estado a estender-se a várias classes profissionais, bem como ao próprio idoso e seus cuidadores. Temos um projeto de “Educação para a saúde”, dirigido a idosos, em parceria com residências sénior, com grande sucesso. Também temos projetos com coortes de idosos, para telemonitorização e farmacovigilância. Um outro projeto envolve alunos de Medicina a acompanhar regularmente idosos durante cerca de 2 anos.
créditos: © PEDRO LOPES
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envelhecimento é uma preocupação crescente da nossa sociedade e torna-se premente promover a investigação. Como define a postura da instituição neste contexto? A FCS-UBI tem um interesse profundo na investigação e no acompanhamento do envelhecimento, quer pelo seu papel na educação dos futuros médicos, quer pela sua consciencialização da necessidade de promover um envelhecimento ativo e saudável.
ENVELHECIMENTO ATIVO
» entrevista a alexandre castro caldas
uma resposta Global e Integrada O envelhecimento é algo forçoso ao ser humano e com ele surge a fragilidade e, por consequência, o aumento de possíveis patologias, muitas delas de foro cerebral, como por exemplo o Alzheimer. Alexandre Castro Caldas, Diretor Clínico do NeuroSer - Centro de Diagnóstico e Terapias para pessoas com Alzheimer e outras Patologias Neurológicas, conversou com a Revista Pontos de Vista sobre as respostas que estão a ser dadas a estas matérias.
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om o aumento da esperança média de vida, existe uma preocupação crescente com o envelhecimento da população e com uma futura “epidemia mundial de demências”. Existem, de facto, razões para tal? Realmente, fala-se muito na preocupação com o envelhecimento da população, ainda que esta preocupação se esfume muitas vezes nas palavras e raramente se consolide em atos de verdadeiro interesse social. A idade avançada é um período frágil da vida que carece de quase tanta atenção como aquela que é dada no início da vida, pois o envelhecimento do corpo torna-o mais vulnerável do ponto de vista biológico. Criam-se assim oportunidades para o desenvolvimento de diversas formas de patologia, nomeadamente aquela que se relaciona com a função cerebral, em que se incluem as demências. A este propósito, é necessário que cada um de nós se consciencialize de que, num futuro, mais ou menos próximo, todos temos grandes possibilidades de vir a cuidar de alguém que nos é querido e que venha a sofrer de demência, ou que alguém venha a cuidar de nós. Parece existir elevado “pudor” em falar de doença de Alzheimer ou de outras demências em Portugal, existindo até algum estigma associado. Tal não levará a que se perca tempo precioso, nomeadamente para um diagnóstico precoce? Segundo os resultados de um inquérito recente, apoiado pela Direção Geral de Saúde e pela Asso-
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ciação Alzheimer Portugal, a demência constitui uma das doenças mais temidas pelos portugueses, logo atrás do Cancro e do AVC. Os inquiridos referiram também que a sua perceção é de que a maioria das pessoas na comunidade considera que estas pessoas deixam de poder participar em atividades de caráter social, o que reflete que existe, efetivamente, ainda um estigma associado a esta patologia. Ainda assim, têm sido dados passos importantes no sentido de tentar divulgar e de melhor informar as pessoas sobre a patologia. Um diagnóstico precoce pode revelar-se de grande utilidade para se tentar prolongar o mais possível a independência e autonomia da pessoa e também para ajudar a família a lidar com a evolução da doença.
Alexandre Castro Caldas
Perante um diagnóstico de doença de Alzheimer ou de outra demência, sabendo que à data não é possível parar a sua evolução, que soluções existem? De um ponto de vista farmacológico, existem medicamentos que permitem ajudar a controlar alguns dos sintomas, ainda que não exista qualquer fármaco que permita reabilitar ou parar a evolução da patologia. Com efeito, os livros de textos médicos relatam com minúcia os mais ínfimos detalhes moleculares que justificam o que é observável e propõem soluções parciais, claramente insuficientes face às expectativas dos que acompanham os que sofrem de demência. De um ponto de vista não farmacológico, é importante que a pessoa se mantenha o mais possível ativa, que se evite o isolamento social, assim como que se evite uma “institucionalização precoce”. Sempre que possível, a permanência da pessoa no seu ambiente familiar é de grande relevância, não só para a própria pessoa, mas também para a família, que, com a institucionalização precoce, vê muitas vezes a sobrecarga física ser ultrapassada pela sobrecarga emocional. Neste âmbito, as soluções integradas de proximidade assumem importância cada vez maior. Que tipo de soluções integradas de proximidade? Importa relembrar que a demência não afeta de igual forma todas as pessoas e que, mesmo para uma única pessoa, os impactos na funcionalidade vão variando ao longo do tempo. Neste sentido, uma abordagem integrada que agregue várias valências, permitindo uma intervenção de um ponto de vista cognitivo, físico, emocional e social é útil e necessária. Já começam, a surgir entidades em Portugal, como é o
Estamos a falar de que recursos humanos e de que tipo de intervenções? Para que exista verdadeiramente uma abordagem integrada, estamos a falar do envolvimento de médicos, neuropsicólogos, fisioterapeutas, terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, auxiliares, entre outros, que devem trabalhar em conjunto e partilhar os diversos pontos de vista no estabelecimento e avaliação contínua do plano de intervenção. É necessário compreender que a abordagem clássica falha por vezes nestes casos. A título de exemplo, de que serve pedir a uma pessoa numa fase mais avançada da demência para levantar o braço dez vezes, se nisso ela não vê utilidade e interesse? A resposta esperada nestes casos pode ser de recusa e, se acompanhada por insistência, uma recusa com agressividade. Tal não
A idade avançada é um período frágil da vida que carece de quase tanta atenção como aquela que é dada no início da vida, pois o envelhecimento do corpo torna-o mais vulnerável do ponto de vista biológico
implica, no entanto, desconsiderar o importante papel que as intervenções podem ter, havendo que delinear uma intervenção que, ainda que com objetivos muito concretos, se adapte à situação, aos interesses e à história de vida da pessoa.
Mais concretamente…
Mais concretamente, em função da pessoa e da fase da demência, tal poderá passar por uma intervenção mais tradicional, através da realização de sessões mais estruturadas de estimulação cognitiva, fisioterapia, terapia da fala, consoante as funcionalidades afetadas ou em risco, ou por uma intervenção mais flexível, ecológica e global que inclua a realização de atividades ocupacionais, do interesse da pessoa, planeadas e orientadas por
um ou mais dos especialistas antes referidos, como uma deslocação à mercearia do bairro, a um jardim ou mesmo a um museu, a realização de uma atividade de culinária, de jardinagem, de bricolagem, uma sessão de leitura conjunta, atividades com música, como a dança, o canto ou apenas escutar. Se bem planeadas e acompanhadas, através destas atividades podem ser alcançados importantes objetivos, como promover a participação e estimular novas ideias e associações; intervir ao nível a orientação, pessoal, temporal e espacial; melhorar as funções motoras, entre as quais a força e o equilíbrio; estimular a comunicação, facilitando a interação social e familiar; e contribuir para a autonomia e o bem-estar da pessoa e da família. Por várias vezes aqui foi referida a família. Qual o seu papel? A sociedade gerou novos conceitos, modelos e designações, das quais se destaca a designação de cuidador, considerado nuns casos formal, noutros informal, sendo que o informal é o familiar que ao mudar de nome muitas vezes se despe dos afetos e da dificuldade dos lutos. Se não forem devidamente acompanhados e apoiados os familiares, sobretudo os que assumem o papel de cuidador informal, entram em sobrecarga física e emocional, acabando também eles por adoecer. Para além de um acompanhamento emocional, assume relevância a partilha de conhecimento e de formas de atuação. O reforço das capacidades e competências contribuirá para as famílias poderem melhor adaptar a sua forma de atuar a cada circunstância e para manter a qualidade das relações familiares. ▪
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caso do NeuroSer, que procuram dar uma resposta especializada e integrada orientada para pessoas com demência e as suas famílias, nomeadamente em regime de ambulatório, compreendendo as limitações, mas, sobretudo, explorando as potencialidades e promovendo o mais possível a autonomia, a autoestima e a qualidade de vida da pessoa. Nestes casos, a flexibilidade e o conhecimento da patologia são importantes para se conseguir lidar com situações naturais de recusa, assim como alterações de humor e comportamentais, sem comprometer os objetivos da intervenção, que deve ser percebida numa lógica de continuidade e não pontual ou de reabilitação clássica. Tal implica, naturalmente, recursos humanos em quantidade e com formação especializada.
ENVELHECIMENTO ATIVO
» Entrevista a Ana João Sepulveda, Managing Partner da 40+Lab
Envelhecimento ativo, uma missão empresarial Demografia disruptiva é a demografia atual porque pela primeira vez na história da humanidade a proporção de pessoas seniores tende a ser maior que a de pessoas jovens.
ANA JOÃO SEPULVEDA
pontos de vista
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créditos: © RICARDO OLIVEIRA
FUTURO DA 40+LAB 2016 será um ano de grande prosperidade para a 40+Lab. Ana Sepulveda refere que a empresa apostará de forma clara na “formação e, nomeadamente, no projeto INNOVageing”. A internacionalização será, igualmente, um aspeto de máxima importância para a marca, com a entrada no mercado brasileiro. Atualmente, encontram-se já a trabalhar em parceria com uma empresa norte-americana num projeto que será lançado em Portugal e na Europa em maio. A par disto, a 40+Lab apoia os Palhaços D’Opital, um projeto que “promove a alegria, o humor e os afetos no ambiente hospitalar e com foco nos doentes seniores”.
N
este sentido, o conceito de envelhecimento ativo surge como forma de promover o envelhecimento positivo e integrador. Uma sociedade “Age Friendly” é uma sociedade onde estão criadas as condições para que este processo seja otimizado com claras implicações para a economia, porque, entre outros aspetos, abrem-se novas oportunidades de negócio. Para que isto seja possível é necessário que as organizações estejam efetivamente adaptadas a esta realidade e vejam de que forma este fenómeno demográfico afeta o seu negócio. É neste contexto que em 2013 surge em Portugal a 40+Lab, uma empresa de consultoria estratégica de negócio especializada no consumidor sénior, no processo de envelhecimento e na forma como ele impacta o negócio das marcas. Ana João Sepulveda afirma que “a nossa missão é trabalhar com as organizações e em conjunto coloca-las na linha da frente da economia do século XXI, onde o envelhecimento e a longevidade marcam grande parte do crescimento das sociedades. É para isso que existimos.” O envelhecimento é um fenómeno demográfico e sociológico que toca a sociedade de forma transversal e que, no mundo dos negócios, representa uma oportunidade de crescimento e diversificação tanto para as organizações cuja oferta se destina efetiva e exclusivamente aos seniores (ex. produtos funcionais ligados ao processo de envelhecimento), como para aquelas cuja oferta é mais generalista (ex. bens de grande consumo). Mas para que isso seja possível é preciso que se olhe para os seniores como consumidores normais com necessidades e motivações. A par da indústria alimentar, outras existem que beneficiam em muito do fenómeno do envelhecimento, que impulsionam a economia e, em simultâneo, contribuem para a promoção do envelhecimento ativo. Ana Sepulveda menciona, nomeadamente, o turismo, a saúde e a área tecnológica. No âmbito do turismo, cresce o número de estrangeiros que olha para Portugal como “a Flórida da Europa”. Um país com um excelente clima (em comparação com o do país de origem do turista), com boas
acessibilidades, seguro, com uma boa oferta gastronómica e cultural. São turistas seniores que em alguns casos acabam por escolher Portugal para residir. O investimento no turismo sénior beneficia tanto o turista que vem de fora como os seniores portugueses, por provocar um aumento da oferta e uma adequação da mesma aos desejos e vontades destas pessoas. Aqui, este mercado cruza-se com a saúde e potencia o desenvolvimento do designado turismo de saúde, através da criação de espaços que permitam revigorar o corpo e a mente. O bem-estar torna-se o objetivo crucial, numa fusão entre ócio, terapia e investimento na longevidade. Ana Sepulveda assume que estes mercados estão especialmente direcionados a seniores ativos ou com fraca dependência, termo utilizado pela Comunidade Europeia. Contudo, não esquece a população mais dependente, com uma saúde mais débil e/ou com maiores restrições financeiras. Neste ponto, reitera a importância da responsabilidade social e de uma economia direcionada para comunidades mais desprotegidas. É aqui que se insere o INNOVageing, um projeto da 40+Lab e desenvolvido em parceria com o Instituto de Negociações e Vendas (INV), que promove a formação dos recursos humanos para um correto relacionamento com seniores e especialmente voltado para o retalho. No contexto comercial, o atendimento deve ser adaptado e não podem existir sinais de impaciência ou paternalismo para com os clientes idosos e com maiores dificuldades de compreensão face a produtos e serviços recentes ou, por exemplo, ligados às novas tecnologias. Os próprios espaços comerciais devem igualmente criar condições de conforto. No seio interno das empresas, os responsáveis pelos Recursos Humanos devem ter presente a real constatação de que a idade não influencia a produtividade. Num momento em que o envelhecimento é um mercado em expansão, esta empresa de consultoria apoia, igualmente e por diversas vezes, marcas já existentes a “redefinir o seu negócio”, de modo a adaptá-lo a estas classes etárias. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
ENVELHECIMENTO ATIVO
» IncreaseTime impulsiona a investigação e o desenvolvimento de soluções inovadoras para o idoso
Inovação como resposta ao isolamento do idoso Tecnologia e inovação são hoje conceitos cada vez mais associados ao envelhecimento ativo. A IncreaseTime surge neste contexto e promove a criação e implementação de soluções diferenciadas que possibilitem um acompanhamento mais intenso ao idoso, mesmo em situações de isolamento. Raquel Sousa, Development and Support Manager da empresa, fala-nos sobre o trabalho que têm vindo a desenvolver e a sua importância para esta classe etária em Portugal.
A vossa empresa apresenta soluções diferenciadas, de acordo com o estado de saúde e o nível de acompanhamento de que os idosos usufruem. O que diferencia as diferentes soluções? O ecossistema KeepCare® inclui soluções distintas e complementares, englobando a rede de serviços que envolve o cuidado dos idosos e que cobre os diferentes perfis de risco idosos isolados, com duplo diagnóstico ou integrados na rede formal. O KeepCare®Mob, por exemplo, é um produto que permite acompanhar, em contínuo e à distância, o idoso, alertando de forma automática em caso de emergência. Contornar os desafios da solidão e promover um estilo de vida ativo têm sido as maiores preocupações associadas ao envelhecimento. De que modo as vossas soluções se enquadram neste contexto? Para além das soluções que visam capacitar os cuidadores, o ecossistema KeepCare® inclui uma solução – Kee-
pInTouch® – que tem como objetivo combater o isolamento social do idoso e promover um estilo de vida ativo, através da inclusão digital. A solução fornece uma experiência de comunicação enriquecida e acessível, através de qualquer dispositivo móvel, com uma interface intuitiva, contemplando serviços como vídeo chamada, chat, correio eletrónico, jogos para estimulação cognitiva, além da possibilidade de partilha de informação com familiares, amigos e vizinhos. Disponibilizarão brevemente uma nova solução, a KeepUp®, que se destina a pessoas afetadas pela Diabetes Mellitus. Quando será possível ter acesso a este produto? De que modo os idosos serão também beneficiados com este novo produto? O KeepUp® é uma aplicação que ajuda no controlo da diabetes com uma componente de aconselhamento dinâmico que fomenta a adoção de hábitos de vida saudáveis. Esta solução estará disponível no segundo semestre de 2016, não é apenas focada nos idosos, mas sim em toda a população diagnosticada com essa patologia. A tecnologia é um forte aliado da IncreaseTime, sendo indispensável na inovação que caracteriza as vossas soluções. Neste contexto, qual é a importância da investigação e desenvolvimento na vossa estratégia? A IncreaseTime é um spin-off que resulta de vários projetos de ID e mantém nos seus genes a paixão pela investigação e inovação. Para além dos produtos comerciais, temos apostado de forma contínua na investigação e desenvolvimento de novas soluções inovadoras focadas na temática do envelhecimento ativo. Para além dos projetos em curso, por exemplo a K-shirt® (bio-sensor baseada em têxteis inteligentes), a IncreaseTime teve recentemente aprovado um projeto europeu no âmbito do programa AAL (Ambient Assited Living). De que modo, no futuro, continuarão a desenvolver soluções que permitam aos idosos manter um estilo de vida sem dependência ou sofrimento? O que podemos esperar da
IncreaseTime A IncreaseTime é um dos Parceiros Plano Nacional de Saúde. De que modo têm sido uma mais-valia para o desenvolvimento da saúde em Portugal, nomeadamente no âmbito do envelhecimento? A vossa presença em eventos internacionais tem permitido olhar para Portugal de um modo mais solucionador e inovador? Temos vindo a colaborar com várias entidades do SNS, contribuindo para novas soluções que, por serem centradas no idoso, promovem o envelhecimento ativo e, por envolverem os cuidadores formais, impulsionam a mudança do paradigma dominante de recurso ao tratamento para uma aposta na prevenção. As nossas soluções têm sido muito bem recebidas nos eventos em que temos participado, como foi o caso da CEBIT e HOSPITALAR em 2015. À nossa escala, estamos a contribuir para criar uma nova imagem de Portugal.
IncreaseTime em 2016? Continuaremos a apostar no desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras para apoiar a prestação de cuidados de saúde no contexto doméstico ou de residências assistidas e que promovam um envelhecimento
independente, ativo e com qualidade. Em 2016, pretendemos continuar a afirmar a nossa presença no mercado nacional e operacionalizar a internacionalização da empresa para os mercados da Escandinávia, Alemanha, Itália e Brasil. ▪
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O
envelhecimento da população é um dos grandes desafios do século XXI. É urgente a existência de empresas que assumam como missão disponibilizar soluções que promovam um envelhecimento ativo e independente. Tem sido este o papel da IncreaseTime. De que modo têm contribuído para esta problemática? A IncreaseTime tem como missão desenvolver soluções tecnológicas focadas na qualidade de vida e bem-estar. Tem apostado no desenvolvimento de soluções centradas no idoso e envolvendo os prestadores de cuidados. As nossas soluções capacitam essas entidades com ferramentas inovadoras que permitem efetuar um acompanhamento remoto dos idosos, aumentando, desta forma, a qualidade do serviço prestado e contribuindo para que estes envelheçam de forma independente e ativa, mas também seguros de que estão a ser acompanhados à distância de um clique por uma equipa de cuidadores que está pronta a intervir.
ENVELHECIMENTO ATIVO
» culsen em destaque
Em prol do bem-estar do idoso ou dependente Atualmente e face às exigências impostas pela sociedade, as famílias são confrontadas com situações às quais, por motivos de ordem pessoal ou profissional não conseguem dar resposta. Nesse sentido, surge a Culsen® uma empresa familiar que se dedica à prestação de cuidados ao domicílio a idosos ou dependentes, desde 2007.
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Pedro Leite Antunes e Adelaide antunes
pontos de vista
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á cerca de oito anos e já com algum know-how na área, Pedro Leite Antunes decidiu associar-se à mãe, Adelaide Antunes, e lançar no mercado uma empresa dedicada aos cuidados domiciliários. “Inicialmente, fizemo-lo com recurso a uma marca de raiz norte americana que na altura estava representada em Portugal, o que nos proporcionou um nível de organização mais capaz”, explica Pedro Leite Antunes, CEO da empresa. A dada altura a insígnia saiu do país e, nesse momento, decidiram lançar a própria marca – Culsen® - associada a uma área de negócio que a família já possuía relativa à venda de tecnologias de apoio, ou seja, os vários materiais que auxiliam o tipo de serviço que prestam. A empresa tem como missão influenciar positiva e significativamente o bem-estar dos idosos, adultos dependentes e as suas famílias, através da prestação de todo o apoio necessário para que estes possam permanecer nas próprias casas com o máximo de segurança e conforto. A Culsen® especializou-se na prestação de cuidados essencialmente não-clínicos abrangentes e de confiança, que englobam o apoio nas atividades da vida diária e nas tarefas quotidianas mais comuns, tais como companhia, cuidados básicos e de higiene pessoal, preparação das refeições, gestão da medicação, apoio noturno, compras, recados e assistência em saídas, cuidados domésticos, entre outros serviços especializados. Com uma equipa de cuidadores com cerca de 30 profissionais, composta essencialmente por agentes de geriatria e auxiliares de ação médica, a empresa presta apoio a mais de 25 famílias, tendo já apoiado centenas de clientes. A desenvolver a sua atividade em todo o Grande Porto, os serviços de cuidados domiciliários da Culsen® podem ser continuados ou temporários. “O nosso espectro de serviços é bastante alargado, podendo ir de uma simples visita de poucas horas, quando se trata apenas de cuidados básicos e de higiene pessoal, até às
Projetos No que se refere a 2016 pretendem aumentar a equipa interna (serviços de apoio técnico e administrativos) em dois elementos e a equipa externa em cerca de 60%, o que permitirá consolidar a marca, dar continuidade à melhoria de processos internos e reforço do posicionamento da empresa na sociedade. Num futuro próximo crescer no que respeita à presença física, alargando o âmbito de atuação para outros territórios além do Grande Porto.
24 horas, nos sete dias da semana”. Além dos cuidados básicos, “é preocupação da Culsen® combater a solidão e promover a estimulação global dos nossos clientes idosos ou dependentes”, afirma Pedro Leite Antunes.
Papel que a Culsen® assume na sociedade
“Procuramos ter uma abordagem por duas vias. Por um lado, no que respeita à prestação de cuidados enquanto atividade económica, profissionalizar o mais possível a atividade. Para isso responsabilizamos muito os nossos cuidadores, pois também nós assumimos uma enorme responsabilidade junto dos nossos clientes, e focamo-nos em gerir os cuidados com o maior profissionalismo, com uma supervisão atenta e um acompanhamento próximo. Deste modo, a nossa comunidade estará mais consciente e confiante de que estes cuidados podem e devem ser prestados por entidades organizadas. Uma outra perspetiva é a de conseguirmos influenciar significativamente o bem-estar dos seniores, permitindo-lhes que permaneçam em casa no espaço que lhes é familiar e mostrar à sociedade que muitas vezes não é necessário recorrer a instituições com internamento para que o idoso esteja bem, acompanhado e em segurança. ▪
ENVELHECIMENTO ATIVO
» margarida faria e as potencialidades da casa dos pais
Um espaço pensado para as carências dos mais idosos A Casa dos Pais é uma residência geriátrica preparada para acolher com todo o profissionalismo e dedicação indispensáveis os mais idosos. Assumindo-se assim, como solução de referência associada ao bem estar e à prestação de cuidados de saúde.
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m entrevista à Revista Pontos de Vista, Margarida Faria, diretora da instituição, revela as potencialidades da residência que elevam a Casa dos Pais ao patamar de excelência. Localizada numa zona privilegiada da cidade do Porto, na Avenida da Boavista, a Casa dos Pais traduz-se num projeto de saúde assente na sublimidade de serviço, na promoção do bem estar e no conforto, tendo como missão responder com adequação e humanidade às atuais necessidades da população sénior. Há cerca de oito anos no mercado e com um excelente ambiente a residência apresenta-se como mais um elemento da família, atuando com elevados padrões de exigência, rigor e profissionalismo e respeitando sempre cada utente como um ser único e especial. De maneira a contribuir para a comodidade dos utentes a Casa dos Pais tem um vasto número de serviços que englobam o apoio nas atividades da vida diária e nas tarefas quotidianas mais comuns, tais como alojamento; refeições; companhia; cuidados básicos e de higiene pessoal; gestão de medicação; serviço de apoio domiciliário com o qual asseguram os cuidados básicos e higiene pessoal, a manutenção dos espaços, bem como os serviços de enfermagem e as consultas médicas; centro de dia; ginástica e manutenção; acompanhamento a compromissos; serviço religioso; biblioteca; cine-
Com a ajuda da nossa fisioterapeuta e animadora sociocultural incentivamos os nossos seniores para a prática de trabalho físico, e também estimulamos a parte cognitiva através de jogos, trabalhos manuais como os enfeites das festividades que marcam o calendário, realizamos atividades de interesse cultural e lúdica, como pinturas, recitação de prosa e poesia, música, entre outros Margarida faria Diretora da casa dos pais
cidade do porto
Projetos e futuro da instituição Atualmente a Casa dos Pais tem um projeto para construção de uma nova unidade, na mesma área de residência, com uma capacidade bastante maior do número de camas, ficando com capacidade para acolher cerca de 80 a 100 utentes. A inauguração está prevista para 2017/2018. ma; espetáculos e eventos e acompanhamento em hospitalizações, internamentos e consultas “este último serviço diferencia-nos das outras unidades deste género, pois fazemos um acompanhamento integral desde os acompanhamentos hospitalares diários aos de emergência e se houver um internamento estamos presentes todos os dias para acompanhar, articular os serviços, ver o desenvolvimento da situação clínica do utente e prestar todo o apoio necessário, sem que exista um valor extra do tabelado”, explica Margarida Faria. No que concerne ao serviço de alojamento têm capacidade para acolher 25 utentes, procurando proporcionar-lhes um ambiente saudável, de convívio e de participação, gerador de bem estar pessoal e social. Dotada de uma equipa profundamente qualificada, multidisciplinar, jovem e dinâmica com cuidados médicos e de enfermagem contínuos, para reabilitação e recuperação, a Casa dos Pais garante uma relação de confiança com os seus utentes e coloca como prioridade a disponibilização dos cuidados adequados. Assim sendo, e a pensar no conforto dos seus utentes a residência disponibiliza ainda, fisioterapeutas, auxiliares de geriatria, terapeutas ocupacionais, psicomotricistas, animador sociocultural, cabeleireiro e podologista. 57 FEVEREIRO 2016
Envelhecimento ativo
No sentido de proporcionar uma melhor qualidade de vida aos seus utentes a Casa dos Pais, diariamente, realiza as mais diversas atividades na promoção de um envelhecimento ativo, sejam estas intelectuais como físicas “com a ajuda da nossa fisioterapeuta e animadora sociocultural incentivamos os nossos seniores para a prática de trabalho físico, e também estimulamos a parte cognitiva através de jogos, trabalhos manuais como os enfeites das festividades que marcam o calendário, realizamos atividades de interesse cultural e lúdica, como pinturas, recitação de prosa e poesia, música, entre outros”. “No que diz respeito à autonomia apoiamos que os utentes continuem, dentro do possível, a fazer as mesmas atividades que faziam antes de virem para a residência. Até mesmo no que toca a irem ao médico de família de toda a vida e ao cabeleireiro, evidente que envolve um maior esforço, mas de facto achamos, até ao momento, que o devemos continuar a fazer, até porque é uma forma de os nossos seniores manterem os laços de toda a vida passada em todas as vertentes”, esclarece a diretora. ▪
ENVELHECIMENTO ATIVO
» entrevista a arlindo maia
Como prolongar a vida ativa? Falar em envelhecimento ativo, para Arlindo Maia, Provedor da Misericórdia de Vila do Conde, não faz sentido. Pelo contrário, prolongar a vida ativa deveria ser o cerne da questão. É verdade que o Ser Humano envelhece desde o seu nascimento. Mas como é que se pode prolongar a vida ativa e lidar com o envelhecimento de uma forma natural e saudável? Este é o grande desafio dos tempos atuais.
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pontos de vista
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ila do Conde tem procurado dar o exemplo. Numa casa com mais de 500 anos de história, Arlindo Maia, atual Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde, sempre assumiu uma posição proactiva e dinâmica no seio de uma instituição que conta consigo há sensivelmente três décadas. Hoje, com 85 anos de idade, não se imagina a parar. E é esse o espírito que deve ser preponderante na população hoje em dia. “O Ser Humano nasce, tem a sua infância e juventude e começa a envelhecer. A partir dos 30 anos começam a surgir os primeiros sinais de envelhecimento. Se a pessoa se curva a esta situação natural vai envelhecer mais cedo. Se a pessoa lutar contra o envelhecimento, acabará por fazer uma vida mais natural”, defendeu. É preciso decidir desde muito cedo qual é a posição que se quer assumir na vida. E como é que isso é possível? Os tradicionais clichês relacionados com a alimentação saudável e com a prática regular de exercício físico podem parecer repetitivos mas são mensagens que devem ser, constantemente, transmitidas e seguidas. O envelhecimento é uma realidade e, como tal, para Arlindo Maia, importa “treinar” o organismo e o cérebro para que não fiquem inertes. “Mexer é a palavra. Precisamos de nos agarrar a algo que nos faça mexer, nomeadamente a um trabalho produtivo que tanto nos beneficie a nós como à sociedade”, aconselhou. Foi isso que Arlindo Maia fez e continua a fazer. “Aos meus 40 anos comecei a assumir a posição de trabalhar também para a minha comunidade, com benefícios não só para mim, mas também para as pessoas que me rodeavam. Vivo os meus dias divertindo-me e comovendo-me, ajudando e colaborando com as pessoas e esta é uma preparação que começa a ser feita a meio da nossa vida. Posso não me movimentar com a mesma força mas continuo a ter os meus sonhos e a procurar realizá-los. Quando algo do meu organismo começa a falhar, procuro saber a razão. É um desgaste natural da idade ou eu não tenho tido o devido cuidado?”, questionou. É a estes sinais de alerta que todos devemos prestar atenção, preparando o corpo e a mente para um processo de envelhecimento que é natural. Se para muitos a isto se chama “envelhecimento ativo”. Para Arlindo Maia
Desde 1510 ao serviço da comunidade
ARLINDO MAIA
não é mais do que encontrar um caminho para prolongar a vida ativa. “Hoje a esperança média de vida é mais avançada. Chegamos lá? Não sabemos. Mas temos a obrigação de nos prepararmos para isso, tomando todos os cuidados para prolongar a vida ativa o melhor possível, vivendo e não vegetando”, concluiu o provedor. Daí que ouvir alguém com cerca de 50 anos de idade a sonhar com a sua idade da reforma para de seguida nada fazer, parece-me algo confuso. “Este é um pensamento que não deve existir, a não ser que estejamos a falar de pessoas sem outra capacidade de sobrevivência”, partilhou o responsável que nunca deixaria que aos 67 anos de idade lhe dissessem que tinha de deixar de trabalhar. “Quero continuar a sonhar, quero continuar a realizar. A minha mente não foi preparada para envelhecer por ter parado. Não posso, de modo algum, ficar parado no tempo a olhar para o passado”, disse Arlindo Maia numa conversa ao longo da qual reavivou alguns episódios guardados no seu baú de recordações. Com 85 anos são incontáveis as histórias de uma pessoa que nunca procurou passar o seu tempo de qualquer forma. A sua vida sempre teve um propósito: lidar com pessoas, sonhar e produzir para si, para os seus e para a sua comunidade.
Apesar do grande aumento de Instituições Particulares de Solidariedade Social que acolhem idosos, de acordo com os últimos censos, em Portugal cerca de 400 mil idosos vivem sozinhos. Este é um número que nos deve preocupar a todos, enquanto cidadãos. Viver sozinho é um drama. “O Homem nasceu para viver em sociedade, para conviver e falar. É fundamental que assim seja. O Homem não pode viver como um pássaro dentro de uma gaiola por mais confortável que ela seja. Tem de ter as suas relações e o seu cérebro tem de continuar a sonhar e a realizar. Quando deixar de ser assim, deixa de existir”, defendeu Arlindo Maia. Neste trabalho, o papel dos Governos é essencial. É o poder central que deve lançar as diretrizes de atuação e, localmente, as organizações inseridas nas comunidades devem agir. Para o provedor, a Misericórdia de Vila do Conde tem desenvolvido um trabalho importante nesse sentido. “Não esperamos que as pessoas venham ter connosco. Nós é que as procuramos. Por exemplo, em 1994 verificámos que existiam pessoas em Vila do Conde a passar fome, por motivos vários. Tomamos então uma decisão: “em Vila do Conde ninguém há-de passar fome” e começámos a fornecer refeições. Hoje já damos mais de 300 por dia”, contou o responsável satisfeito com as suas equipas que todos os dias dão a cara por esta Instituição. No virar do milénio, Arlindo Maia sonhou que muitas crianças vivem sem uma família ou, se a têm, nada fazem para o seu futuro. Logo se construiu um equipamento, a “Casa da Criança”, com o objetivo de proporcionar a estas crianças uma vida humanizada onde são inseridas e orientadas na sociedade. “Os funcionários recebem os clientes, estão com os utentes todos os dias, falam com os pais das crianças, a todos sorriem e a todos transmitem esperança, são pessoas humanas e com competências para desempenhar o seu serviço. Eles são o cérebro vivo da Misericórdia de Vila do Conde”, colmatou Arlindo Maia, acrescentando: “gostaríamos que todos prolonguem a sua vida com saúde e um dia quando morrerem, morram de pé”. ▪
CPLP
» ESTRATÉGIAS DE EXPANSÃO – MOÇAMBIQUE
“Satisfação do cliente é a nossa satisfação” A Cotur é um dos principais players no domínio das agências de viagens de Moçambique, sendo hoje um exemplo do que melhor se faz neste setor de mercado. Noor Momade, Administrador da Cotur, Lda, deu a conhecer um pouco mais de uma marca que tem sabido evoluir.
Em termos de carteira de clientes e volume de negócios, que balanço é possível fazer deste ano que agora termina? O que foi possível concretizar? O balanco é positivo. O mercado manteve-se estável e a COTUR continua a manter a sua cota do mercado. Acredita que uma agência de viagem deve ser capaz de, perante a opção do cliente, dar-lhe assistência de modo a fazer melhores opções do que aquelas que sejam do conhecimento do cliente. De que modo a Cotur tem feito este apoio? Inspirados pelo slogan “a satisfação do cliente é a nossa satisfação”, temos procurado agir de forma proativa na nossa relação com o cliente, munindo-o
NOOR MOMADE
país. Neste sentido, tenho dificuldade para encontrar o que afasta os dois países, senão a distância física que os separa. O que é que faz de Moçambique um destino turístico de excelência? Quais são as principais potencialidades do país nesta área? Condições naturais de que o país dispõe, concretamente belas praias, uma baía de referência internacional, ilhas, fauna e flora existente em Parques e Reservas Nacionais e, acima de tudo, um povo excecionalmente hospitaleiro e uma gastronomia invejável.
de informação que lhe permita decidir por uma outra opção de entre diversas ofertas, incluindo aquelas que de princípio não eram do conhecimento do cliente. É que, se conhecemos o setor, temos que prestar uma espécie de assessoria ao cliente no momento de decidir sobre algo importante para sua vida social, o fazer turismo. Portanto, fundamentalmente prestamos apoio ao cliente, dando-lhe bastante informação sobre as opções turísticas, incluindo rotas de viagens mais cómodas e sustentáveis. Portugal e Moçambique são países que procuram captar investimento estrangeiro, tendo, por outro lado, empresas que ambicionam a internacionalização. Na sua opinião, o que aproxima e o que afasta estas duas nações? Portugal e Moçambique inquestionavelmente têm em comum a partilha da língua portuguesa e da gastronomia, não obstante a existência de certos pratos tipicamente africanos e que, inclusivamente, são apreciados por outros povos, incluindo o português. Além disso, o passado histórico que liga os dois países fez com que ao nível dos governos e, acima de tudo, dos povos dos dois países existisse uma relação de irmandade, havendo diversas famílias de moçambicanos e de portugueses e num e noutro
O turismo tem, inegavelmente, um enorme potencial em Moçambique, mas tal tem que se traduzir igualmente na oferta de produtos e serviços turísticos. Qual é o ponto de situação do país relativamente a esta oferta? O que deveria ser feito para desenvolver uma área com tanto potencial? A esse respeito, há duas situações que são de domínio público: a necessidade de tornar o custo de passagens aéreas viagens domésticas sustentável face aos atuais custos, e o contínuo trabalho de investimento e melhoria de vias de transporte terreste. Considera que cada ano é um desafio para a sua empresa. Tendo como base o fortalecimento das relações no mundo da lusofonia, o que podemos esperar da Cotur em 2016? Cada ano é efetivamente um desafio para a Cotur, pois após o balanço do término de um ano económico, o desafio que sempre se coloca é elevar a fasquia de desempenho no exercício económico seguinte. A nível da lusofonia, o que se pode esperar da Cotur é que, enquanto agente económico do setor do turismo, contribua cada vez mais para o aprofundamento das relações de amizade entre os povos dos dois países, concorrendo desta forma para a materialização de um dos objetivos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) previsto na alínea b) do artigo 3º dos Estatutos da CPLP, a cooperação no domínio da cultura. ▪
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A
operar em Moçambique desde 1994, a Cotur já foi, por diversas ocasiões, galardoada com a distinção de melhor agência de viagens a operar neste mercado. Enquanto Presidente desta entidade, que desafios daqui advêm? O que se pode esperar de uma instituição que trabalha para ser sempre a melhor do seu segmento? Estando a Cotur, Lda. a operar em Moçambique desde 1994, e tendo sido, por diversas ocasiões, galardoada com a distinção de melhor agência de viagens a operar neste mercado, a principal mensagem que como empresa retemos das distinções que já nos foram feitas é a de que pessoas e instituições com legitimidade reconhecem e valorizam o nosso trabalho e esperam mais e melhor de nós. De facto, se a distinção da Cotur pode ser motivo de notícia, igualmente seria notícia o registo de baixa do seu desempenho, pelo que, como instituição, o mínimo que esperamos de nós próprios é a procura por manter o atual nível de qualidade dos nossos serviços, sem abdicar da ambição de procurar atingir recordes, contribuindo para que viajem cada vez mais turistas em Moçambique em particular. Dessa forma ajudamos o país a crescer economicamente, pois quanto maior o volume de negócios no setor do turismo, maior também a sua contribuição para o PIB.
LIDERANÇA NO FEMININO
» primeira agência de marketing promocional no país
O pioneirismo está-lhes no sangue São poucas as empresas que se podem orgulhar de estar há 26 anos no mercado, mantendo uma carteira fixa de clientes desde então. O número é ainda mais reduzido quando falamos de entidades que foram vanguardistas e fizeram algo pela primeira vez. A Brandkey é uma delas, uma empresa que pensa, desenha, concretiza e assume a linha da frente da história do marketing promocional em Portugal.
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Com 23 anos, Mónica Chaves não imaginaria o que viria a construir. “Longe disso” acrescenta. Mas a verdade é só uma. A mulher que é hoje CEO da Brandkey ajudou a escrever as primeiras linhas da história do marketing promocional no nosso país, com a criação da Nomimarketing. No livro de Marketing “Mercator” de 1989, que fazia alusão ao nascimento da primeira agência de marketing promocional em Portugal, a Nomimarketing começou logo a dar que falar e numa das frentes deste barco estava Mónica Chaves, convidada por dois marketeers para integrar este projeto. O marketing promocional passou a marketing below-the-line, com especializações nas áreas de trade marketing, design e eventos e, num mercado em constante transformação, outras mudanças foram surgindo. Em 2006, a Nomimarketing deixa de existir, dando lugar à Brandkey, uma agência “guiada” por Mónica Chaves, que manteve as suas equipas de trabalho, desenvolvendo ainda mais a atividade e a sua carteira de clientes, um fator que “nos diferencia da concorrência e que é o nosso sinal de confiança, credibilidade no mercado e know-how acumulado”, garantiu a responsável. Desde logo, inovar, renovar e inventar tornaram-se características intrínsecas ao ADN desta equipa que procurou surpreender e adaptar-se às novas e crescentes exigências de clientes que se mantiveram fiéis a uma empresa que não é de todo igual a tantas outras. Aliás, de acordo com dados da APAP (Associação Portuguesa das Empresas de Publicidade e Comunicação), a relação entre um cliente e uma agência tem uma duração média de quatro anos. A Brandkey ultrapassa qualquer média estipulada, trabalhando há 26 anos com empresas que se fidelizaram e nela depositam total confiança, criando-se assim uma relação de verdadeira parceria, tais como a Unilever, SumolCompal, PT, entre muitas outras!
A solução passa por sermos criativos e termos conhecimento suficiente que nos permita, por um lado, sermos consultores mas, principalmente, desenvolvermos campanhas eficientes. Não podemos ter uma ideia ‘out of the box’ mas que, no terreno, não é implementável e/ou não produz resultados eficazes
Desenvolvendo campanhas e estratégias criativas e eficazes, a Brandkey consegue “de A a Z implementar dentro de casa um serviço integrado que vai desde o desenvolvimento da ideia criativa à execução das campanhas, como assegura a sua implementação em várias vertentes (como a adaptação do conceito às redes sociais, novas plataformas comunicacionais estratégicas)”, explicou. E, para que o sucesso seja garantido, criatividade não basta. “A solução passa por sermos criativos e
Mónica chaves
termos conhecimento suficiente que nos permita, por um lado, sermos consultores mas, principalmente, desenvolvermos campanhas eficientes. Não podemos ter uma ideia ‘out of the box’ mas que, no terreno, não é implementável e/ou não produz resultados eficazes”, exemplificou Mónica Chaves. Assim, mais do que criativa, a Brandkey acumula o conhecimento necessário para saber se uma solução é funcional ou não.
BIOGRAFIA
MÓNICA CHAVES CEO DA BRANDKEY
Troféus dos prémios popai
Holding Brandkey é composta por:
Diretoras da Agência na comemoração dos 20 anos
Recuar no tempo
Falar dos momentos mais importantes que dão cor à história de uma empresa que sempre se habituou a dar asas ao seu espírito pioneiro é já por si uma tarefa difícil. De qualquer modo, mesmo defendendo que todos os dias são importantes desde que se tenha o reconhecimento dos clientes e o sucesso das suas marcas, Mónica Chaves recordou algumas passagens que tornaram esta equipa a melhor dentro das suas áreas de especialização. A cisão da Nomimarketing foi, inquestionavelmente, uma delas. “Fiquei sozinha. Eu e o meu ex-sócio tínhamos criado duas empresas dentro do mesmo ‘umbrella name’ (a Nomimarketing) e, com a cisão, continuei com a minha equipa e com a minha carteira de clientes”, relembrou. Com a criação de um departamento especializado em Marketing Infantil em 2005, a Brandkey encabeçou outros três momentos pioneiros em Portugal, tal como explicou a empresária. “Fui coautora do primeiro livro de Marketing Infantil (Kids Power – A geração net em Portugal), lançámos os primeiros seminários de Marketing Kids & Teens que perduram até hoje e realizámos o maior estudo de mercado feito no país de forma contínua sobre comportamentos e atitudes das crianças portuguesas, o Fórum Criança, em colaboração com a Apeme”, contou Mónica Chaves, uma profissional referenciada no setor. Se, por um lado, a sua maior obra-prima são os seus quatro filhos, a nível profissional, Mónica
- Brandkey; - Brandkey Digital (trabalha as marcas na construção de canais de comunicação e marketing digital); - Intess (agência de promotoras, hospedeiras e tradutores profissionais); - Call to Action (empresa consultora em Fundraising e Marketing Social para o terceiro setor).
orgulha-se daquilo que construiu. “Considero uma grande conquista ter dado um emprego feliz a centenas de pessoas até hoje. E fico feliz por realizar que formei tantos ótimos profissionais”, defendeu. Quanto ao sucesso, em primeira instância importa relativizar este conceito. “Há dias com sucesso, outros não”, brincou. Mas a verdade é que Mónica Chaves é constantemente requisitada como oradora ou júri de vários eventos da área, o que, por si só, reflete o “peso” do seu nome neste mercado. Por isso, falar em sucesso não é, de todo, algo desapropriado e, para Mónica Chaves, este reflete-se no reconhecimento do mercado. “São 26 anos de experiência a trabalhar numa área com muita paixão. São 26 anos a trabalhar muitas marcas de setores completamente distintos e esta abrangência deu-me um conhecimento muito transversal do marketing e da comunicação”, afirmou. Para os próximos 26 anos quem sabe, Mónica Chaves tem um grande objetivo: “quero fazer com que a Brandkey perdure no tempo e não esteja dependente de um nome”. Para esta passagem de testemunho, a CEO da Brandkey deposita nas suas pessoas total confiança para que continuem à frente deste barco com os mesmos valores e princípios que têm feito com que esta empresa todos os dias chegue a bom porto. E, confidencia-nos: “a qualidade do trabalho da equipa é, por si só, o segredo da fiabilidade da marca Brandkey”. ▪
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- Licenciou-se em Relações Públicas e Publicidade pelo Instituto de Novas Profissões. - Foi sócia-fundadora de uma das primeiras agências de Marketing promocional em Portugal, a Nomimarketing, em 1989. - Após a cisão desta empresa, em 2005, fundou a Brandkey – agência de ativação de marca. - Trabalha há mais de 25 anos com empresas como o grupo Unilever, Sumol-Compal, Nestlé, Nespresso, Colgate, Unicer, PT, Pepsi Internacional, Matutano, entre outras, participando ativamente nas estratégias e campanhas de marketing e comunicação das suas marcas (Marketing Promocional, Trade Marketing, Eventos - BtoB and BtoC – e Marketing Infantil). - Em 2003 abriu o Departamento de Marketing Infantil, especializado em comunicação para este target específico, reconhecendo o seu elevado potencial. - No mesmo ano, realizou o Primeiro Seminário de Marketing Infantil em Portugal, o qual conta já com a organização da sétima edição. - Lançou, com dois parceiros, projetos inovadores como o Fórum Criança e o All About Teens, que visam promover o conhecimento e incrementar a comunicação com os segmentos infantil e adolescente. - É coautora do primeiro livro de Marketing Infantil em Portugal – “Kids Power – a geração net em Portugal”. - Em 2007 foi uma das sócias-fundadoras da Call to Action, uma empresa de consultoria em Fundraising e Marketing Social para o terceiro setor. - No mesmo ano fundou a Brandkey Digital, uma agência especializada em comunicação web, verificando que a comunicação on-line e o off-line estão interligadas. - Em 2008, aproveitando o know-how acumulado de duas décadas, a Brandkey entrou em Espanha. - Em 2009, Mónica tornou-se membro da Direção da APAP (Associação Portuguesa de Agências de Publicidade), assumindo a direção da área de ativação. - Foi em 2010 que adquiriu a Intess, uma agência com 30 anos no mercado, de hospedeiras, promotores e tradutores, integrando-a no departamento de eventos. - Faz parte do grupo de peritos do projeto Media Smart, da APAN (Associação Portuguesa de Anunciantes), bem como do painel ThinkTank, uma iniciativa da revista Briefing. - Foi júri no Festival Eurobest, na categoria de Direct, Promo&Activation, bem como júri nos Young Lions pela terceira vez consecutiva. - Como especialista em comunicação, tem sido requisitada como oradora para Seminários da especialidade, bem como alvo de entrevistas diversas nos meios de comunicação social.
LIDERANÇA NO FEMININO
» entrevista a paula pires
“Gosto de desafios
com riscos ponderados” Desde o primeiro momento Paula Pires contagia pela sua imensa vontade de “fazer acontecer”. Não consegue estar parada, chegando a brincar com o facto de gostar de ter “mais do que uma profissão”. Formada em engenharia do vestuário, já trabalhou nesta área, esteve na liderança de uma empresa de decoração e mobiliário e desde 2013 é Diretora Geral da PROCESS ADVICE.
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futuro tem muitos nomes. Para os fracos, o inatingível. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes, é a oportunidade”. A frase de Vítor Hugo poderia ser o espelho do percurso de Paula Pires. Depois da sua formação em engenharia do vestuário, esteve cinco anos a trabalhar na área, onde já nessa altura estava muito direcionada para os mercados externos. “Foi uma aprendizagem muito rica, não só por trabalhar com outros países mas sobretudo pelo relacionamento interpessoal e pela exigência imposta, que na área da consultoria é fator basilar”, defendeu. Depois de ter agarrado outras oportunidades profissionais, Paula Pires “entregou-se” à consultoria, estando hoje na liderança da empresa que a ajudou a crescer como profissional e pessoa. Nesse momento, quando ainda estavam a ser lançadas as primeiras pedras da PROCESS ADVICE, imaginar-se-ia a liderar os destinos desta empresa de consultoria, auditoria e formação? “Apesar de não ser uma ambição, uma vez que nunca gostei de grande destaque, com o evoluir da maturidade profissional e o nível de exigência imposto, acabamos por reunir condições para determinados cargos e desafios. Gosto de desafios com riscos ponderados”, confessou. E é esse nível de rigor que procura transportar para aquela que é a sua liderança. Mas mais do que uma liderança encabeçada por Paula Pires, a PROCESS ADVICE é o paradigma de uma liderança partilhada com as suas oito colaboradoras. A Diretora Geral não hesita: “mais do que líder, quero ser a amiga. Em qualquer cargo de gestão, tem de existir sempre a vertente humana. Naturalmente que os números são importantes, mas eles constroem-se com humanização. De mim, podem esperar uma ouvinte, alguém que acredita e confia na sua equipa e que investe no seu capital humano. Da equipa, espero lealdade, confiança e que acreditem no projeto PROCESS ADVICE. Se estes valores estiverem reunidos, acredito que conseguiremos elevar os níveis de confiança e de satisfação dos nossos clientes assumindo um posicionamento de excelência no mercado”, partilhou. Ser uma empresa composta por oito mulheres poderia ser fruto do acaso mas não. Apesar de subcontratarem e recorrerem a serviços de consultores externos, já na anterior gestão, liderada por homens, existia esta apetência para que o trabalho fosse desenvolvido por mulheres. Porquê? Para Paula Pires tudo passa pelo sentido de organização e método. “Na consultoria, penso que as mulheres têm outra predisposição e sensibilidade para gerir a heterogeneidade de pessoas com as quais nos relacionamos e têm outra destreza organizacional necessária à prestação destes serviços. Penso que esta característica nos é conferida pelo facto de, no dia-a-dia, termos a cargo a gestão de diversos “papéis”, defendeu, acreditando que essa distinção também se verifica
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nas diferentes gestões e lideranças que estiveram na retaguarda da PROCESS ADVICE desde o seu início. Embora sempre se tenha caracterizado por ser uma liderança partilhada onde todos têm opinião, Paula Pires admite que as principais diferenças se prendem com as questões motivacionais e que, inevitavelmente, cada pessoa, cada líder e cada gestor têm a sua própria individualidade. No desempenho das suas funções, Paula Pires é apologista da transparência. “O rumo e posicionamento que pretendo conferir à empresa é partilhado com a equipa através da auscultação, do lançamento de ideias, permitindo também o seu envolvimento, o incremento motivacional e a partilha de projetos que considero de valor acrescentado aos clientes e de garantia da sustentabilidade da empresa”, asseverou. Isto só acontece porque Paula Pires tem bem clara uma perceção: “o capital humano é fun-
Necessidades formativas direcionadas para o Terceiro Setor: - Gestão de conflitos nas equipas; - Coaching nas equipas; - Coaching para a terceira idade; - Demências: Estratégias para a intervenção; - Alimentação criativa na terceira idade; - Cuidados de saúde diários na área das demências; - O marketing como ferramenta para a sustentabilidade da IPSS; - Institucionalização dos idosos: o papel da família; - Entre outras.
Como tudo começou?
A PROCESS ADVICE está no mercado há 16 anos, tendo como mentores Leonardo Silva e Cândido Pires. Criada para a prestação de serviços de consultoria, auditoria e formação especializada em intervenções orientadas para a obtenção de ganhos de eficiência e inovação organizacional. Desde cedo, Paula Pires envolveu-se no projeto, como consultora, auditora e formadora. O projeto foi direcionado para a implementação, manutenção e melhoria de sistemas de gestão ao abrigo de referenciais nacionais e internacionais, entre outras ferramentas de apoio à gestão das organizações. Também a vertente formativa começou a ocupar o seu espaço sendo um complemento à atividade principal. Os serviços de realização de auditorias, tal como explicou Paula Pires, são implícitos à implementação e manutenção dos sistemas de gestão das organizações. A empresa tem vindo ao longo dos anos a destacar-se em diversas áreas de atuação. De salientar que, na área da Responsabilidade Social, se destacou pelo posicionamento assumido como uma das empresas Fundadoras da Rede RSO PT e pela integração de comissões técnicas para o desenvolvimento de referenciais e guias para a implementação de boas práticas da responsabilidade social e da igualdade de géneros. A partir de 2006, a empresa passou a ser detentora e representante nacional de um software de apoio à gestão das organizações, conferindo aos seus clientes um incremento na eficácia e eficiência organizacional. De outras empresas de consultoria, a PROCESS ADVICE distingue-se pela sua “versatilidade”. “Desde cedo, existiu uma clara orientação para a constituição de uma equipa multidisciplinar detentora de um nível de competências que nos conferisse a transversalidade e adequação a diversas áreas de negócio, desde o setor público (Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, Hospitais, Instituições de Ensino) ao privado (comércio, industria e serviços) e do terceiro setor (Santas Casas, Instituições Particulares de Solidariedade Social, Mutualidades e Cooperativas).”, explicou a empresária. A PROCESS ADVICE integra um grupo de empresas conferindo-lhe outras valências e o incremento de sinergias win-to-win. Do território nacional (inclusive Açores) ao mercado externo, está centrada no robustecimento da capacidade competitiva dos clientes, respondendo a níveis de exigência distintos. “Ao longo dos anos, a empresa tem apresentado resultados positivos e demonstrativos de crescimento. No entanto, a instabilidade política e económica que se tem
Abertura de novos projetos no âmbito do Portugal 2020 - SI Inovação (Sistema de Incentivos à Inovação Produtiva): tem como objetivo apoiar projetos de inovação empresarial promovidos por empresas, reforçando a inovação, a competitividade, a sustentabilidade e a qualidade do emprego. - SI Qualificação (Sistema de Incentivos ao Empreendedorismo Qualificado e Criativo): o objetivo é criar ou dinamizar empresas dotadas de recursos humanos qualificados e que desenvolvam atividades em setores com forte crescimento, em setores com maior intensidade de tecnologia e conhecimento ou que apliquem resultados de I&D na produção de novos bens e serviços. - SI Qualificação (Sistema de Incentivos à Qualificação de PME): pretende reforçar a competitividade das PME e promover a sus-
sentido, de forma global, tem vindo a condicionar a concretização de projetos, que permitiriam alavancar ou sustentar os negócios das PME através do desenvolvimento de novos produtos e/ou da sua internacionalização. Este cenário contribui para que o setor privado se torne mais exigente, pois o esforço impresso na garantia da sustentabilidade das organizações é superior requerendo elevada capacidade na gestão de risco do negócio ou das suas atividades. Ainda que, com recurso a sistemas de incentivos e de apoio ao investimento, constatamos que as PME ponderam com maior severidade os riscos associados a investimentos de capacitação do negócio, por forma a garantirem o respetivo retorno. Estes sinais têm conduzido a PROCESS ADVICE a focar-se, incisivamente, nas necessidades dos clientes e do mercado, ajustando os serviços ao cliente”, colmatou.
Um Olhar para o Mundo
Se a PROCESS ADVICE gosta de desafios, o mercado externo é um palco predileto de atuação. Com os pés assentes na terra e pesando bem os riscos, a empresa tem trabalhado com outros mercados, com especial incidência em Angola, Moçambique e, no momento, a avaliar a viabilidade de negócios em Cabo Verde. Fazendo parte de um grupo de empresas onde se verifica a partilha de sinergias, a empresa marca presença um pouco por todo o mundo: “no mercado externo, o princípio passa por considerar que o posicionamento de uma empresa do grupo permitirá o posicionamento das restantes”, salientou. Vivendo as dificuldades dos seus parceiros, a empresa sentiu, ao longo do último ano, as contingências vividas no mercado angolano, onde se encontra a implementar o Sistema de Gestão da Qualidade, segundo o referencial ISO 9001, na área hospitalar (em serviços clínicos e não clínicos), em conjunto com um parceiro. O know how comprovado na área hospitalar com a implementação de referenciais, especificamente em serviços de esterilização, permitiu que a PROCESS ADVICE integrasse este projeto. Apesar do impacto das dificuldades vividas no ano transato, Paula Pires acredita que o projeto será para continuar e, passo a passo, as condições certamente serão melhores. Em Moçambique, a empresa desenvolveu um projeto pro-
tentabilidade e a qualidade do emprego, apoiando a capacitação empresarial das PME através da inovação organizacional, aplicando novos métodos e processos organizacionais e incrementando a flexibilidade e a capacidade de resposta no mercado global, com recurso a investimentos imateriais na área da competitividade. - SI Internacionalização (Sistema de Incentivos à Internacionalização de PME): pretende reforçar a competitividade das PME e promover a sustentabilidade e a qualidade do emprego, apoiando a capacitação empresarial das PME através do desenvolvimento dos seus processos de qualificação para a internacionalização, valorizando os fatores imateriais da competitividade, permitindo potenciar o aumento da sua capacidade exportadora.
movido pelas Nações Unidas e que contou com o apoio do Banco Mundial. Quanto a Cabo Verde, a empresa traçou algumas medidas estratégicas e está a incitar os primeiros passos na negociação de projetos de valor acrescentado para determinados nichos de atividade económica. Apesar do balanço positivo da presença da PROCESS ADVICE no mercado externo, a empresa centra os seus serviços no mercado nacional, com a abertura, recente, de um escritório no Porto.
Relações assentes na Confiança
A confiança é o cerne de qualquer relação, seja pessoal ou profissional e, pelo testemunho dos seus clientes, esta é a uma característica intrínseca à identidade da PROCESS ADVICE. Tudo graças a um fator, aparentemente, simples, mas que para esta equipa é uma mais-valia e um fator de diferenciação. “A PROCESS ADVICE valoriza a presença no cliente e isso transmite-lhe confiança. Assumimo-nos como parte integrante da equipa do cliente, vestimos a sua pele e encaramos o seu sucesso como o nosso sucesso”, explicou. E, efetivamente, à data, o percurso da empresa tem estado pautado pelo sucesso. “Com mais de mil intervenções, nunca tivemos um desaire e é de realçar o facto de, tratando-se da implementação de sistemas de gestão, o trabalho desenvolvido nos clientes é validado por entidades independentes, sempre que os clientes recorrem à respetiva certificação”, explicou Paula Pires, atribuindo o mérito aos seus clientes e, mais uma vez, à sua equipa. E é com esta equipa que quer crescer, em volume de clientes e de negócio e na diversidade de serviços prestados que irão surgindo em função das necessidades. Daí que no futuro a PROCESS ADVICE apostará com outro vigor nas formações à medida. “Estando a PROCESS ADVICE tão imbuída da realidade dos seus clientes, e estando as organizações dependentes do conhecimento e competências das pessoas, iremos transportar para a formação as suas reais necessidades”, concluiu Paula Pires. Longe estão os tempos em que um aperto de mão era o suficiente para selar um negócio. Hoje as exigências são outras e, da estratégica cidade de Braga para qualquer outro local, a PROCESS ADVICE está apta para responder à altura. ▪
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damental para o sucesso das organizações. Uma equipa coesa, focada nos objetivos estratégicos da empresa e que a entenda como um projeto de vida são fatores relevantes da boa liderança. As pessoas que constituem esta equipa são o rosto da PROCESS ADVICE”, afirmou. Paula Pires não consegue gerir a organização em moldes diferentes. Daí que solicite constantemente opiniões, delegue responsabilidades e confira níveis de autonomia à equipa, mais do que uma atitude ativa, requer uma postura proativa. “O core business da empresa não inclui atividades do design ou da arquitetura. No entanto, no ADN da empresa têm de estar presentes e interiorizados os conceitos de inovação, criatividade e assertividade nos serviços que oferecemos ao mercado e aos clientes. Estamos no mercado para robustecer a competitividade das organizações, sendo fundamental assegurar um portfólio de serviços diversificado e de valor acrescentado”, colmatou.
LIDERANÇA NO FEMININO
» Uma indústria em expansão
UPBEAT: qual é o ritmo do sucesso? Quer seja para amadores, principiantes ou profissionais, UPBEAT é um espaço de requinte e qualidade que responde às exigências de todo o tipo de músicos e artistas. Surgiu em 2011 no coração do Bairro de Campo de Ourique, em Lisboa, e foi desde logo um desafio criar estúdios de ensaio e gravação em plena zona habitacional sem interferir com o normal quotidiano envolvente. Carla Rocha, Fundadora e Manager, deu asas ao seu desejo de criar um negócio próprio e cumpriu os requisitos, nomeadamente em termos de sonorização. “Não se ouve nada” é, aliás, a frase mais ouvida quando os vizinhos veem músicos famosos a entrar nos estúdios da UPBEAT.
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arla Rocha sempre esteve profissionalmente ligada à área das telecomunicações mas o “bichinho” da música nunca a largou. Não se considerando uma artista, em conversa com familiares e amigos, foi-se apercebendo da existência de uma lacuna no mercado da música pela inexistência de um espaço com “qualidade e requinte” para que as bandas pudessem produzir as suas músicas. “Criar música é um momento de criatividade muito próprio e o ambiente é importante. Quis, por isso, criar um espaço com qualidade, com um elevado nível acústico, uma boa sonorização, com excelentes equipamentos e com um sistema de renovação de ar e climatização”, explicou. Estes eram os primeiros parâmetros que começaram a dar forma ao seu projeto. Assim, tratados com a melhor sonoridade possível, surgiram os primeiros quatro estúdios de ensaios, que no ano seguinte foram alargados para cinco, com um conceito totalmente inovador. Do jazz, ao rock, pop, funk e metal, a UPBEAT proporciona cinco espaços para todos os gostos musicais. Além de toda a qualidade assegurada, o número de salas é também um elemento diferenciador uma vez que os cinco estúdios permitiram apostar nos detalhes e o pormenor passa por colocar naquele estúdio aquele determinado instrumento que faz toda a diferença. A missão da empresa era apenas uma: “dar aos artistas todos os serviços que permitam que eles cresçam”, referenciou Carla Rocha. Mas esta era, desde logo, uma missão muito abrangente. O que inicialmente consistia em proporcionar um espaço para que as bandas pudessem ensaiar, hoje é muito mais do que isso. Na UPBEAT, as bandas encontram “todo o apoio de que precisam para se lançarem”, desde sessões fotográficas, produções em vídeo e multimédia, design de capas de CD, entre outros. “Não queremos que eles desistam e, para isso, damos as ferramentas necessárias para que consigam ultrapassar os obstáculos, desde a qualidade para criar à formação necessária para terem essa mesma qualidade e para se manterem coesos e direcionados para o objetivo que querem atingir”, acrescentou Carla Rocha. Os Estúdios UPBEAT são também o palco predileto dos eternos amantes da música. No final de um extenuante dia de trabalho, profissionais bem conceituados, que Carla Rocha apelidou de “engenheiros e doutores”, transformam-se e deixam a música entrar. Localizada bem no centro de Lisboa, a UPBEAT conseguiu assim entrar noutro nicho de mercado, captando a atenção de pessoas que seguiram as suas carreiras mas que continuam a ver a música como um hobby. Por outro lado, Carla Rocha não escondeu a surpresa quando se deparou com o momento em que os Estúdios UPBEAT começaram também a
A minha forma de liderança é muito inclusiva e assenta, essencialmente, na relação com as pessoas. Para mim, é muito importante envolver a equipa nos projetos da empresa, ouvir opiniões e propostas CARLA ROCHA
Fundadora e Manager da upbeat
Uma mulher no mundo da música
estúdio master
despertar a atenção de músicos profissionais nacionais e internacionais, perfeitamente reconhecidos no mercado. Falamos de um Rui Veloso ou de uma Mariza que, mesmo tendo os seus próprios estúdios, recorrem à UPBEAT. Porquê? Carla Rocha acredita, acima de tudo, que o seu espaço permite-lhes ter mais disciplina. “Não acredito que os músicos profissionais recorram aos Estúdios UPBEAT por terem mais qualidade do que os estúdios deles. Mas nós acabamos por oferecer a qualidade a que eles estão habituados e alguma disciplina que muitas vezes é difícil ter quando se tem um estúdio por sua conta. Eles gostam dos espaços e sentem-se em casa”, referiu. Aqui, além da tal disciplina e da qualidade garantida, os artistas trocam impressões e o número 26 B da Travessa de Cima dos Quartéis, no Bairro de Campo de Ourique, acaba por ser também um outro palco onde convivem, falam dos concertos e partilham conhecimento musical. Além disso, a localização é outro fator determinante na escolha deste espaço. Carla Rocha acredita que, mesmo não tendo um jardim onde eles possam ter os seus momentos de pausa, “tem todo um bairro” por sua conta. “Com esplanadas, cafés no jardim e toda a envolvência, Campo de Ourique é uma zona inspiradora” e, para qualquer trabalho, sobretudo no mundo das artes, a inspiração é vital. Portanto, pela sua centralidade e pela ótima relação entre a qualidade e o preço, os estúdios UPBEAT têm sido a primeira escolha de agentes e promotores.
UPBEAT Academia e o papel da música no desenvolvimento cognitivo
Está cientificamente provado que a música contribui para o desenvolvimento integral de uma criança nas suas dimensões afetiva, motora, social e cognitiva. Sabendo isso, surgiu a ideia de criar a UPBEAT Academia, promotora de um método de ensino certificado pelo centro de examinação de música rock, a Rock School. No final do percurso, os alunos são submetidos a exames por júris internacionais, com diplomas reconhecidos a nível mundial e que possibilitam a continuidade no ensino superior internacional. A academia disponibiliza ainda uma formação di-
recionada para a primeira infância e para o público sénior. Por um lado, mesmo que a criança não siga a carreira musical no futuro, a música é uma arte e tem uma linguagem muito particular. Carla Rocha não esconde a surpresa sempre que vê uma criança a ler uma partitura como se estivesse a ler um livro. A naturalidade é tão surpreendente que é difícil não perceber que há pessoas que nasceram realmente para a música. Por outro lado, quando falamos de um público mais velho, a música surge quase como uma brincadeira. Com o grupo de serões e serenatas, há apenas uma regra que deve ser cumprida: divertir-se. Nunca é tarde para aprender a tocar um instrumento musical. O objetivo deste grupo é apenas um, tal como explicou Carla Rocha: “tragam um instrumento que tenham em casa e caso não tenham nenhum, não há problema. Juntem-se a este convívio e aprendam a tocar”. É por estes motivos que a UPBEAT tem caminhado ao ritmo do sucesso. Tem sido um ritmo muito próprio, acautelado e ponderado mas a verdade é que com poucos anos de existência as conquistas têm sido muitas. Para o futuro fica a vontade de ser uma entidade formadora acredita pela DGERT, algo que poderá estar para breve. “Aos músicos faltam competências muito técnicas que são necessárias numa banda tal como são em qualquer outra profissão. Relacionamento entre a equipa, comunicação da marca, criação de um site, planeamento de concertos ou a componente comercial são questões que devem ser mais desenvolvidas. Quero, por isso, criar uma entidade formadora dentro destas áreas para lhes dar as ferramentas para trabalharem melhor”, explicou Carla Rocha. Embora fuja ao core business da empresa, este objetivo acaba por estar intimamente associado à missão da UPBEAT: “ajudar o artista a crescer”, não permitindo que músicos com qualidade fiquem pelo caminho. Não sendo uma agência de bandas nem uma promotora de eventos, a UPBEAT assenta o seu trabalho na criação da arte, assumindo-se cada vez mais como um espaço de referência “no apoio ao desenvolvimento dos músicos e da arte musical nacional”. ▪
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“A minha forma de liderança é muito inclusiva e assenta, essencialmente, na relação com as pessoas. Para mim, é muito importante envolver a equipa nos projetos da empresa, ouvir opiniões e propostas. Quero que voluntariamente vistam a camisola e façam acontecer. É importante que todos se envolvam no desenvolvimento da empresa e que reconheçam como o seu trabalho está na base do crescimento do negócio. Adoro uma equipa com proatividade. Sou bastante flexível no que respeita à revisão de procedimentos, assim como à apresentação de propostas inovadoras de prestação de serviços. Todos são ouvidos e dedico especial atenção à análise destas propostas junto dos colaboradores para em conjunto percebamos por que é que uma proposta é boa, má ou terá que ser adaptada. No entanto, sou também bastante rigorosa no controlo da atividade diária, não só para acompanhar de perto toda a atividade dos colaboradores e detetar a possível carência de formação ou procedimentos em determinadas áreas, mas porque é essencialmente no “terreno” e junto do público que surgem necessidades de mercado a serem satisfeitas e se detetam melhorias a introduzir nos serviços prestados. Um dos meus maiores desafios enquanto empresária foi encontrar uma equipa “à altura”, não só em termos técnicos como de valores profissionais que acredito serem imprescindíveis. Considero importante manter a equipa em formação constante nos mais diversificados temas, dando os recursos necessários ao seu melhor desempenho, e fico contente por ter uma equipa sedenta de formação, que procura melhorar a sua performance todos os dias. Hoje sei que tenho “a equipa maravilha” c apaz de levar a UPBEAT ainda mais longe”.
LIDERANÇA NO FEMININO
» entrevista a ana beirão
One to One
a criar relações de cumplicidade “Se houve setor de atividade que abanou completamente durante estes 18 anos foi o da comunicação. Tudo se alterou; tudo se transformou; tudo evoluiu”. A One to One, especialista em Marketing de Clientes, acompanhou essas flutuações no mercado, sabendo inovar na construção de relações de confiança entre as marcas e os seus clientes. A One to One transformou-se e Ana Beirão, Fundadora e CEO, explica como.
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One to One assume-se como “o seu parceiro de marketing de clientes”. Criada em 1998, e tendo em conta as transformações que este mercado tem sofrido ao longo dos anos, de que forma têm conseguido inovar na construção de relações sólidas entre as marcas e os seus públicos? Quando dizemos que somos o parceiro de marketing de clientes é porque realmente as nossas soluções são desenvolvidas para que as marcas reforcem a relação que têm com os seus clientes, através de processos de marketing simples e eficazes. A One to One nasceu num mundo radicalmente diferente ao de hoje e se houve setor de atividade que abanou completamente durante estes 18 anos foi o da comunicação. Tudo se alterou; tudo se transformou; tudo evoluiu. O que fizemos foi mudar a forma como as marcas se podem relacionar com os seus clientes, tendo em conta que hoje, dada a falta de recursos, o tempo é o fator que mais conta nos processos de marketing.
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Tendo como base a inovação, a empresa implementou um processo de mudança interna, que acabou por transformar por completo o vosso modelo de negócio. O que importa saber sobre a “pirâmide de atividades” da One to One? A nossa pirâmide tem na base a nossa solução tecnológica – o GET – e é sobre ela que tudo o resto se desenrola, numa perfeita sintonia entre nós e o cliente. São definidos os âmbitos de atuação do cliente e da One to One na conciliação da autonomia que é dada ao cliente com o apoio técnico à implementação do modelo de cumplicidade único que criamos para a marca: comunicações automáticas, semiautomáticas ou manuais. Em períodos de retração económica, em que a comunicação e o marketing podem ser vistos como um custo e não como um benefício para muitas empresas, sentiram algum impacto negativo na vossa atividade? Claro que sim. Mas foi o impacto destas sucessivas crises que temos vivido enquanto país, aliadas à evolução tecnológica, que nos motivaram a mudar o nosso modelo de negócio. E hoje estamos totalmente preparados para um mercado exigente, com muita sofisticação e poucos recursos. O marketing agressivo e exclusivamente centrado nas vendas passou à história, tendo hoje até um efeito contrário àquele que pretende. Os consumidores são mais informados e criaram, de
ANA BEIRÃO
certo modo, alguns anticorpos a estas estratégias. Por que é que o marketing relacional deve ser a aposta das marcas? Neste campo, qual tem sido a importância assumida pelas redes sociais como suporte às operações de marketing relacional? Hoje, o nível de informação e de formação é muito grande, pelo que as técnicas clássicas do marketing estão gastas e desadequadas. O poder das marcas inverteu-se e hoje o consumidor só investe o seu tempo e dinheiro em marcas e produtos que lhe merecem simpatia. As redes sociais são inevitáveis, porque os consumidores estão lá. Mas é na relação one-to-one que se criam cumplicidades e que se abrem caminhos para novos patamares de relação, de confiança e de partilha. A personalização e a segmentação da comunicação permitem tratar os clientes como únicos e a tecnologia veio resolver vários dilemas antigos: 1º - Como falar com muitos clientes em simultâneo, mas em particular com cada um? 2º - Como permitir que os clientes falem às marcas com transparência, sem medos e sem ter de montar estruturas pesadas e caras? As marcas que sabem ouvir são as que mais se distinguem na cabeça dos seus clientes. E é isto que faz a diferença. Ao longo da sua história, de que forma a One to One se tem assumido como um paradigma desta área do marketing, ajudan-
do a criar relações que perduram no tempo? No design, deparamo-nos por vezes com peças que parecem não sair de moda. Comparando com a nossa atividade, a melhor prova de que ajudamos a criar relações de forma quase intemporal, é que estratégias que lançámos há anos ainda hoje se mantêm vivas nos seus alicerces principais. E isto é muito gratificante. Não só trabalhamos clientes durante muito tempo, como depois as nossas estratégias permanecem vivas por muito mais tempo. Que valores estão intrínsecamente ligados à One to One? O que permitiu este sucesso? A One to One tem a imagem que tem pelas pessoas e pelos trabalhos que fomos fazendo. Identificamos o nosso caminho que foi sendo ajustado e nem sempre fizemos tudo o que queríamos, mas sempre fizemos o que podíamos com profissionalismo, ética, seriedade e compromisso. E estes são valores que perduram. Continuando a contribuir para a evolução do marketing relacional, qual será o posicionamento e a estratégia da One to One? Que objetivos estão em cima da mesa? Continuar a reforçar os laços com os nossos clientes e alargar a nossa atividade a todas as empresas que queiram fidelizar e automatizar os seus processos de marketing para, assim de forma sustentável, gerarem mais negócio. ▪
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Heimtextil – Sucesso Vimaranense Mais uma vez Guimarães e as suas empresas deram um sinal da sua vitalidade a nível internacional, na Heimtextil, a mais importante feira internacional de têxteis-lar para hotelaria, que decorrei em Frankfurt, Alemanha, de 12 a 15 de janeiro.
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PAULO COELHO LIMA, COMENDADOR COELHO ALBANO LIMA, CRISPIM RICARDO COSTA E FILIPE VILAS BOAS
Foi um evento de enorme relevância para Guimarães, mas também para Portugal. Que este seja um exemplo do que podemos continuar a fazer no futuro em prol das empresas lusas e de Portugal
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orquê este sinal positivo das empresas de Guimarães? Das 76 empresas nacionais presentes no evento, 40 eram da cidade, o que reflete a vocação industrial concelhia no setor e demonstra que a cidade está na vanguarda da recuperação económica do setor têxtil. A Heimtextil reuniu um total de 2700 expositores internacionais, sendo a comitiva portuguesa uma das mais importantes e prestigiante da feira. Ricardo Costa, vereador do Desenvolvimento Económico do Município de Guimarães, esteve presente nesta feira, onde partilhou ainda algumas opiniões com o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral. De visita em visita, Ricardo Costa deu uma palavra a todas as empresas do concelho vimaranense, assegurando que, no plano internacional, Guimarães mantém a sua afirmação e tradição industrial, “com elevada presença num dos certames de maior dimensão e prestígio do setor”, revelou. Além da presença e apresentação da matéria produzida no concelho, o autarca vincou igualmente “o interesse que despertou” nos próprios visitantes, oriundos de várias nacionalidades. Portugal é o 5º maior exportador de têxteis-lar a nível mundial, com vendas estimadas de 700 milhões de euros em 2015 (mais 7% do que em 2014) e uma quota no total das exportações da indústria têxtil e de vestuário de 15%, facto que se refletiu na participação em Frankfurt. 85% das empresas apresentaram roupa de cama e banho e artigos têxteis para mesa e cozinha. Portugal foi mesmo o país com a maior representação no Hall 11, dedicado a artigos Premium. Estima-se que o investimento feito pelas empresas portuguesas nesta Feira tenha sido superior a 2.5 milhões de euros. Segundo o Vereador da autarquia, este investimento demonstra que os “empresários investiram para mostrarem os seus produtos, numa feira onde a visibilidade internacional tem uma dimensão superior”, afirmou, lembrando que esta foi também uma grande oportunidade dos empresários realizarem contactos ao mais alto nível em todo o mundo. Para Ricardo Costa, o setor têxtil demonstrou a sua força e a sua qualidade, destacando os dados da Associação Têxtil de Portugal na perspetiva do setor atingir a meta dos cinco milhões de euros do volume de exportações que tinha sido traçado para 2020. Segundo os últimos dados, as exportações da indústria têxtil e vestuário nacional acumulam um crescimento homólogo de 4,6% até novembro de 2015, para 4467 mil milhões de euros, estimando a ATP que o ano passado tenha encerrado com um crescimento próximo de 4,5 %, para mais de 4,8 mil milhões de euros. “Foi um evento de enorme relevância para Guimarães, mas também para Portugal. Que este seja um exemplo do que podemos continuar a fazer no futuro em prol das empresas lusas e de Portugal”. ▪
RICARDO COSTA, VEREADOR DA CM GUIMARÃES
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como força da diferenciação A aposta na qualidade é o primeiro passo para o sucesso de uma marca. Quem o diz é Carlos Carvalho, Fundador e CEO da Coton Couleur, uma empresa vimaranense especializada em têxtil-lar, cujo objetivo passa por manter uma postura de diferenciação.
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Coton Couleur é a prova de que a antiguidade não é um posto. Com um percurso ainda curto no mercado têxtil, tornou-se numa marca diferenciadora e cujos lucros demonstram a sua inegável qualidade. Em 2015, atingiu um volume de negócio notável, representando um crescimento de 60% face ao ano anterior. Mas o que permite, afinal, este desenvolvimento? Carlos Carvalho não tem dúvidas de que a diferenciação está “na aposta da equipa no design e na qualidade”. “Cada vez mais, a qualidade está acima de qualquer outro fator. Apenas conseguimos construir o nosso futuro se tivermos em consideração o aumento da qualidade dos nossos parceiros e a presença de uma equipa altamente especializada”. Numa empresa cujo core business é a criação de produtos para uma classe média alta, esta conjugação de fatores é crucial para atingir o sucesso e a estabilidade expectáveis. Neste contexto, o CEO da marca ressalva a importância de utilizarem apenas matérias-primas naturais, simples ou combinadas. “A base é fundamental para a qualidade do produto final. Por isso, temos apostado em tecidos nobres e numa produção exigente, nomeadamente “fios penteados e tecidos 100% algodão, com uma base mínima de 200 fios”. O design é uma outra grande aposta no âmbito da diferenciação. O objetivo da empresa sempre passou por conceber produtos têxteis baseados em padrões e modelos diferentes, perspetivando uma ‘fuga’ à produção convencional. A tecnologia e o desenvolvimento investigativo têm aqui um importante papel no sentido de promover o progresso da área e, nomeadamente, das empresas. A Coton Couleur tem investido nesta vertente, de modo a antecipar a evolução de outras marcas e introduzir novos métodos que elevem a qualidade dos produtos. Assim, têm já uma parceria com a TecMinho, um consórcio que tem como promotores a Universidade do Minho e a Associação dos Municípios do Vale do Ave. Esta parceria permite à marca fundada por Carlos Car-
CARLOS CARVALHO
valho aceder a uma investigação aprofundada no âmbito tecnológico. Na vertente de tecelagem, a Coton Couleur tem ainda promovido a sua evolução, tendo, em 2015, apresentado “um artigo diferenciado, produzido com fios estampados”. O CEO da marca ressalva a relevância da evolução tecnológica na indústria têxtil, acreditando ser não apenas uma mais-valia, mas uma “obrigação” das empresas. No início do milénio, Portugal acreditou ser o fim desta indústria, por ter de competir com países emergentes, com um avançado progresso da tecnologia, apoios governamentais avultados e uma mão-de-obra com custos mais baixos. As empresas de têxtil-lar que procuravam o mercado português fidelizaram-se em países da Ásia e do Médio-Oriente. Contudo, o know-how, a confeção especializada, a atenção ao detalhe e a sua presença na Europa permitiram a Portugal uma nova curva de crescimento. Agora, é premente voltar a investir no progresso, especialmente tecnológico,
e numa cooperação forte entre empresários e centros de investigação. Porque, acredita Carlos Carvalho, “Portugal poderá ser um país de vanguarda no âmbito de têxtil-lar”. E prova disso é a marca “made in Portugal”, que tem cada vez mais força a nível internacional. “Tenho clientes ingleses que pedem para colocarmos esta informação de forma mais visível, porque é um fator de venda”, assume. No entanto, assevera a importância de apoios do Estado para promover o crescimento das empresas, uma vez que esta evolução tecnológica obriga a investimentos elevados, cujo retorno não é imediato.
Guimarães, terra de indústria têxtil por excelência
Guimarães é, por excelência, um centro de indústria, nomeadamente têxtil, e uma cidade cada vez mais respeitada a nível internacional. Neste sentido, a presença do tecido empresarial nesta região torna-se um aspeto de grande relevo. O fundador da Coton Couleur refere a importância da proximi-
dade dos diferentes parceiros, possibilitando uma maior agilidade logística e uma celeridade em todo o processo. Num momento em que Portugal tem promovido uma mutação no contexto da flexibilização de encomendas, com quantidades mínimas mais baixas, é importante que todo o ciclo produtivo seja concretizado de forma eficaz. Por outro lado, Carlos Carvalho não pode deixar de mencionar o know-how que esta cidade adquiriu ao longo da história no âmbito da indústria têxtil. Empresas e equipas são altamente especializadas numa zona onde este mercado sempre foi uma presença assídua.
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Um futuro promissor
A excelência da marca, associada ao empenho da equipa e à qualidade dos seus produtos, permite ambicionar um “futuro otimista”. Deste modo, Carlos Carvalho pretende continuar a apostar no design aprimorado e tem como ambição “flexibilizar ainda mais a produção”, uma vez que a procura de produtos Coton Couleur por parte de lojas com menor dimensão impulsionará uma conceção de peças em quantidades mais reduzidas. A expansão será igualmente uma área de máxima importância. Presente em países como Espanha, Reino Unido, França, Holanda, Áustria, Países Escandinavos e Índia, a marca irá continuar a investir na internacionalização. O CEO promete ainda continuar a desenvolver a área de puericultura, um setor que, pelas normas exigidas, obriga a uma maior especialização, característica que a Coton Couleur apresenta desde a sua entrada no mercado. Esta vertente possibilitará uma maior distinção face a outras empresas, que atualmente ainda não têm o know-how esperado. ▪
Presença da marca na Heimtextil
Feira Heimtextil, FranKfurt, Alemanha O balanço não podia ser mais positivo. A Coton Couleur esteve, mais uma vez, presente nesta que é a maior feira internacional de têxtil-lar e assume que as expectativas foram superadas. A visita de clientes de países como América do Norte, Canadá, Índia, China e Coreia do Sul ao stand desta marca foi extremamente elevada. Mas Carlos Carvalho não deixa de admitir que este sucesso se deve ao empenho da equipa, que procurou participar com uma coleção com um design apelativo e qualidade máxima. Por outro lado, o espaço da empresa nesta feira foi melhorado, face a anos anteriores, de modo a refletir a evolução que os próprios produtos também sentiram. Assim, e como resultado desta presença, a Coton Couleur espera ter uma maior angariação de clientes e descentralizar a força dos mercados onde já atuam.
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“Mais do que uma marca, uma forma de viver” Assim é a Bovi. Com matérias-primas de qualidade, bordados ricos, acessórios especiais, formas elegantes e intemporais e acabamentos perfeitos, esta empresa de têxteis-lar está no mercado há mais de 50 anos e tem sido através de uma consolidada aposta na inovação e na versatilidade que se tem afirmado nos mais variados e distintos mercados.
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sabido que a indústria portuguesa de têxteis-lar é reconhecida mundialmente pela qualidade. Ao longo dos anos, e por mérito próprio, as empresas deste setor conquistaram uma imagem de excelência no que se refere à conceção, produção, inovação e comercialização dos seus produtos, fidelizando clientes e conquistando outros tantos. A Bovi, no setor de têxteis-lar desde 1960, conheceu esse percurso, soube acompanhar tendências e firmou a sua posição de referência no mercado. Aqui, é de uma atenção extraordinária aos detalhes que nascem produtos de uma qualidade reconhecida e foi com Amélia Marques que recuámos no tempo, ao momento em que a atual administradora da empresa chegou à empresa constituída pelo pai, “um inovador e um empreendedor”, descreveu. Foi em 1977. Amélia Marques tinha terminado a sua licenciatura e abraçou uma realidade completamente distinta da que esperava. “Nessa altura as condições eram muito difíceis. Saí da faculdade com muitos conhecimentos teóricos e sonhos e deparei-me com uma realidade complicada, com problemas de trabalho, reivindicações de sindicatos, inexistência de um sistema administrativo devidamente organizado e, além disso, problemas de ordem comercial e financeira. Foi uma luta e um desafio conseguir ultrapassar tudo isso”, recordou a administradora. Depois de solucionados alguns dos problemas de base, levantavam-se duas questões cruciais: “continuamos sempre a fazer os mesmos produtos e temos os resultados que se veem ou procuramos novos produtos e arriscamos em novos mercados?” A resposta pareceu evidente para Amélia Marques. A Bovi precisava de inovar e desligar-se de velhos hábitos, como por exemplo a relação que mantinha com armazenistas. “Não era com o mercado interno e com o tipo de interlocutores que tínhamos no momento que conseguiríamos solucionar os problemas da empresa. Importava entrar em novos mercados e apostar em produtos diferentes”, assegurou. Foi assim que a Bovi começou a desbravar caminhos fora de Portugal, nunca descurando o mercado interno, apesar das quebras que iam sentindo. Apesar de hoje exportar para mercados como Espanha, Inglaterra, EUA, México, Coreia, Costa do Marfim ou Camarões, entre outros, a Bovi não desviou a sua atenção de Portugal. “Num primeiro momento não digo que não tenha sido colocado em segundo plano. Mas desde há muitos anos que o mercado interno é muito importante para nós, só que passamos a atuar de um modo diferente. Assim, se antes trabalhávamos com armazenistas, hoje trabalhamos com mais de 60 lojistas. Visitamos as lojas duas vezes por ano, temos uma coleção e um catálogo a partir do qual podem encomendar
Heimtextil: Frankfurt é paragem obrigatória
todos os meses e garantimos entregas num prazo de seis semanas”, explicou Amélia Marques, que se orgulha de estar à frente de uma das poucas empresas portuguesas que de forma persistente e insistente não desistiram do mercado nacional. Mesmo sentindo as oscilações do mercado, a Bovi não deixou de trabalhar com o mesmo afinco. Visitou lojas, tentou aumentar a rede de lojistas e diversificou os seus produtos. Assim, além de artigos para a cama, banho e mesa, a empresa incluiu ainda uma linha exclusiva de roupa de dormir feminina, onde, mais uma vez, a atenção é centrada nos detalhes. “Nas nossas coleções há um ponto forte que é o bordado que já denota uma preocupação com o pormenor. E porquê os bordados? Numa primeira fase existiam máquinas de bordar que foram trazidas para Portugal pelo meu pai. Comprou-as na Suíça e pediu a um austríaco para fazer a montagem. Desde então que a Bovi começou a ficar conhecida por fazer lençóis de bordados e hoje continuamos essa tendência”, recordou. E para que nada falhe a chave está numa boa organização interna. Além de uma maquinaria eficaz, de um acompanhamento rigoroso de todas as etapas produtivas e de um apertado controlo de qualidade, Amélia Marques é perentória: “para garantir que a nossa marca esteja sempre dentro das expectativas que criamos aos clientes, é preciso organização”.
Para os agentes que atuam no setor de têxteis-lar, Frankfurt é o palco principal onde todos querem estar. A Heimtextil é já considerada a maior feira internacional do setor e Portugal continua a ser um dos países com o maior número de presenças, sendo este certame uma autêntica montra do que de melhor se faz cá. Pesando todos os elevados investimentos que são necessários fazer para marcar presença, a Bovi considera este certame inevitável. “Temos uma rede de clientes que espera a nossa presença e, se não estivermos lá, há uma grande desilusão. A Heimtextil é como uma meta que mobiliza pessoas e nos permite mostrar as nossas coleções. No fim, se os imensos contactos que lá fazemos se irão traduzir em clientes fiéis, só o tempo o dirá”, defendeu Amélia Marques que, pela sua experiência internacional, acredita que a imagem dos têxteis-lar portugueses está cada vez melhor mas, “se muitas vezes ainda nos comparam com os italianos, é sinal de que ainda temos muito trabalho a fazer para sermos vistos como os portugueses e termos uma identidade própria”, assegurou. Num momento em que ainda se está a fazer o balanço de mais uma Heimtextil, Amélia Marques falou nos seus projetos para uma empresa à qual dedica grande parte de si há cerca de 40 anos. Além da construção de um pavilhão novo para alargar o setor dos acabamentos e de uma forte aposta na melhoria do layout da empresa, o objetivo passará ainda pela criação de uma loja online para que, conjugados todos estes investimentos, a marca Bovi seja ainda mais conhecida nacional e internacionalmente. ▪
Contactos: Rua do Pombal, 194, 4800-023 Guimarães Telefone: 253 420 050 e-mail: mail@bovi.pt
PODER LOCAL
» 40 ANOS DE DEMOCRACIA
40 anos e o Poder Local Quatro décadas de Poder Local Eleito. Democracia como um valor do presente e do futuro. Conversámos com Lucília Ferra, Diretora-Geral das Autarquias Locais, onde ficou a saber, entre outros assuntos, a importância de um percurso democrático ao longo de 40 anos.
Portugal parece estar agora numa fase de recuperação económica, algo que se manifesta no crescimento dos índices de confiança dos portugueses. As autarquias foram um dos pilares mais afetados no domínio dos cortes impostos pelo Estado aquando da crise económica que assolou o país. Como conseguiram as autarquias contornar esses obstáculos e quais foram as linhas de orientação e apoio prestados pela DGAL? As autarquias locais demonstraram uma vez mais elevado sentido de responsabilidade, e contribuíram ativamente, fazendo a sua parte, para que as políticas de reequilíbrio financeiro tenham obtivessem resultados. O facto de a generalidade das au-
tarquias locais terem conseguido, a um mesmo tempo, reduzir o seu endividamento, manter a generalidade das suas políticas e reforçado a sua intervenção social, diz muito das capacitações do Poder Local. Neste contexto, a DGAL procurou ser um interface operacional que, através do acompanhamento estreito do cumprimento da legislação e de abertura ao diálogo, viabilizou sem conflitualidade a evolução positiva do setor. As autarquias são vistas como o poder político mais próximo das famílias. São elas que se apercebem mais facilmente das fragilidades e necessidades locais, dando respostas prementes ou fazendo chegar essas questões ao poder central. Esse diálogo tem sido fácil? O que deveria mudar para que esta relação fosse mais célere e próxima? Com a DGAL, há muitos anos que existe um modus faciendi, uma natural relação de proximidade e de trabalho diário com as autarquias locais, longe dos holofotes mediáticos. Essa relação, mais do que facilitar o diálogo, é condição da sua existência. À medida que a organização da sociedade evolui e que é preciso encontrar soluções para problemas novos, a Administração Pública em geral e a DGAL em particular adaptam-se para responder aos novos desafios. Serve isto para dizer que a proximidade não é um problema em si (se bem que tenhamos presente que representantes de territórios locais mais afastados da capital gostariam de interagir mais connosco), mas temos de assegurar a eficácia na permanente circulação (gigantesca) de informação entre as partes – por isso nos candidatámos recentemente e acabámos de ver aprovada a nossa candidatura a fundos comunitários para o desenvolvimento de um novo SIIAL – Sistema Integrado de Informação das Autarquias Locais, justamente com essa finalidade. Assinalam-se este ano os 40 anos das primeiras eleições autárquicas em Portugal. Por que é que hoje, mais do que nunca, se deve assinalar esta efeméride? Que reflexões devem ser feitas não só pelo poder local democrático mas por toda a sociedade? O simbolismo das efemérides assenta precisamente na possibilidade e adequação em se assinalarem
essas datas (ou períodos temporais). 40 anos não são 40 dias – este é um tempo de maturidade que permite olhar para o presente sem baias de qualquer espécie, simultaneamente a partir de trás, do que foi este longo percurso, e também olhando bem para a frente, para as tendências de futuro que se projetam, e para um futuro imaginado de sucesso e bem-estar. Assinalar os 40 anos do poder local democrático é também uma forma de relembrar os feitos do passado e lançar as primeiras pedras para o futuro. Da parte da DGAL, o que se pode esperar? Que objetivos pretendem concretizar num futuro próximo? No passado dia 4 de janeiro, a DGAL teve ocasião de fazer publicar em Destaque no Portal Autárquico uma notícia de relevo à efeméride. Quer isto dizer que a DGAL “está em cima do acontecimento” e pode dar um contributo inestimável, duradouro no tempo e nos efeitos a produzir, à valo-
LUCÍLIA FERRA
rização do Poder Local. Acontece que a razão de ser da DGAL é a própria existência de Poder Local, logo, da nossa parte, sublinho à priori a vontade, empenho e dedicação para que tal venha a ser uma realidade. 40 Anos de Poder Local Eleito, significa…? Que a democracia funciona, estimulando um longo percurso de interação social e de muito trabalho conjunto, para fazer de Portugal um país melhor. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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Direção-Geral das Autarquias Locais (DGAL) é um serviço central da administração direta do Estado integrado na Presidência do Conselho de Ministros, que tem vindo a promover um trabalho/serviço em prol das autarquias, um dos pilares da nossa sociedade. Que análise é possível perpetuar da ação da DGAL e quais as principais prioridades para 2016? A DGAL tem por missão a conceção, estudo, coordenação e execução de medidas de apoio à administração local e ao reforço da cooperação entre esta e a administração central. Trata-se de um organismo da administração direta do Estado com um raio de ação muito vasto e diversificado, desde aspetos cruciais das Finanças Locais, como sejam as transferências orçamentais, o endividamento e a recuperação financeira, o Setor Empresarial Local, bem como o estabelecimento de parcerias, Programas e Investimentos designadamente no âmbito da Cooperação Técnico e Financeira. Somos igualmente a entidade competente para a instrução de processos de expropriações e servidões administrativas, entre outros domínios de intervenção. Este trabalho desenvolve-se em estreita articulação e cooperação com as entidades autárquicas dando cumprimento e eficácia às políticas públicas e à legislação em vigor. Estas linhas de orientação mantêm-se inalteráveis, justamente num momento em que a DGAL tem visto aumentar as suas atribuições e num ano de particular simbolismo para o Poder Local.
PODER LOCAL
» Entrevista com Nuno Canta, Presidente da Câmara Municipal do Montijo
Qualidade da governação depende de toda a Comunidade Transitou para 2016 sem pagamentos em atraso, nem atrasos nos pagamentos. Mas tal não interferiu na capacidade de resposta que o Montijo tem face aos desafios colocados pelas populações. O segredo do sucesso baseia-se numa relação de proximidade entre a autarquia e os seus munícipes, que permite compreender exatamente que projetos devem ser realizados, sem custos orçamentais desnecessários.
O
poder local é um elemento fundamental para o progresso do país”. É deste modo que Nuno Canta define o papel das autarquias, que, em 40 anos de democracia, têm assumido um papel de grande relevo num Portugal em desenvolvimento. Um desenvolvimento que, em determinados momentos, foi possível por uma ligação forte e determinante entre o poder autárquico e as populações. Mas, afinal, o que permite que a governação local seja uma peça essencial num puzzle chamado nação? O presidente da Câmara de Montijo não hesita na resposta: “a proximidade”. Este que tem sido o grande enfoque do mandato de Nuno Canta é, na sua opinião, “a característica essencial do poder autárquico”. Uma proximidade com a população que não pode ser medida apenas “em palavras”, mas em atos. Como? Ouvindo as populações, “os seus desafios, as suas ambições, as suas preocupações e necessidades”. Porque, acredita o edil de Montijo, esta relação direta permite uma capacidade de resposta mais adequada às necessidades dos munícipes. “Devemos permanentemente adaptar os nossos serviços municipais às necessidades das pessoas, que com o tempo se alteram”, defende. E esta questão, tão importante para o desenvolvimento social, apenas é possível através de uma sã interação entre o poder local democrático e as populações.
Papel da autarquia no desenvolvimento de Montijo
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Baseada nesta relação de proximidade com os munícipes, a autarquia tem vido a responder firmemente aos desafios colocados pela evolução dos tempos. Deste modo, a estratégia é pensada com o único objetivo de proporcionar à população qualidade de vida, riqueza social e apoio nas diversas áreas fundamentais para a coesão. Na educação, a principal prioridade do município, têm garantido o acesso generalizado à escola independentemente da sua classe social de origem. A todas as crianças afastadas dos centros escolares é-lhes assegurado o transporte. O almoço tem um custo adequado às condições socioeconómicas das famílias. Aos alunos com maiores dificuldades financeiras, é-lhes oferecido “pequeno-almoço e lanche”, garante o autarca. No âmbito educativo, os estudantes têm acesso a atividades de enriquecimento curricular e a programas de apoio ao estudo. Apesar de os municípios suportarem custos cada vez mais acrescidos na educação, Nuno Canta garante que não veem esta situação como uma responsabilidade negativa. “Eu tenho a convicção profunda de que a escola pública é fundamental para a sociedade e isso vê-se pela evolução que o mundo sentiu desde o século passado, período em que passámos a ter um maior acesso ao ensino público”, acredita. Deste modo, continuará a trabalhar no sentido de alargar as oportunidades edu-
cativas para todos os montijenses de menor idade. O acesso aos serviços de saúde é uma outra questão de máxima importância para a Câmara Municipal do Montijo, principalmente quando falamos de uma cidade que se subdivide em dois territórios diferentes, urbano e rural. Porque se há algo que não pode regredir, após 40 anos de democracia local, é o acesso à saúde, garante o edil de Montijo. E, mais uma vez, Nuno Canta deu provas de ser um presidente em proximidade. De modo a promover a saúde no concelho, o presidente dirigiu-se, em dezembro de 2015, ao Ministério da Saúde para, em conjunto com Adalberto Campos Fernandes, atual responsável pela pasta, encontrar soluções viáveis e adequadas às necessidades dos montijenses. Em particular, focou como fundamental a manutenção do Serviço de Urgência Básica da Unidade Hospitalar do Montijo e o não encerramento da extensão do Centro de Saúde em Santo Isidro de Pegões. Nesta reunião, e de acordo com Nuno Canta, ficou o compromisso de manter este espaço em funcionamento. Neste sentido, continuará a lutar com serenidade pelo acesso das populações à saúde, mesmo para as populações mais afastadas do centro de Montijo. Sendo a ação social um marco importante do mandato do atual autarca, a população conta ainda com apoios e serviços que promovem uma maior qualidade de vida entre as famílias mais carenciadas, nomeadamente através de uma rede social que envolve todas as Instituições Particulares de Solidariedade Social e a própria Igreja Católica. De modo a impulsionar o envelhecimento ativo, a Câmara do Montijo oferece à população idosa uma rede de ateliers e academias seniores e um conjunto de atividades na Universidade Sénior para combater o isolamento desta população. O edil gostaria ainda de ver concretizado o seu desejo de tornar o Montijo num “centro de geriatria da região de Lisboa”, no qual existiriam as respostas necessárias à população sénior de toda a área metropolitana. Para já, e não existindo ainda uma opinião favorável por parte da oposição, esta é ainda uma ideia a concretizar no futuro.
A identidade de um povo
O Montijo sempre foi um lugar de partidas e chegadas. Com acessos fáceis ao centro de Lisboa, foi desde sempre um lugar de passagem e, por isso, cedo se habituou a conviver com a diversidade. Por outro lado, nos últimos anos, a chegada de novos habitantes ao concelho criou a necessidade de integração dos recém-montijenses. Para Nuno Canta, esta circunstância traz aspetos po-
sitivos, sociais e económicos, mas conduz a um grande desafio: a identidade cultural. Com cerca de 50% da população vinda de outras cidades e montijenses habituados a criar laços com pessoas e culturas diferentes, o ‘bairrismo’ diluiu-se com o tempo. O edil montijense decidiu transformar este panorama e, em dois anos de mandato, já vê frutos do seu trabalho. “Uma das minhas ambições como presidente tem sido voltar a criar um elo de ligação entre as pessoas – conterrâneas ou provenientes de outras localidades - e a sua terra”, assume, acreditando que este é um aspeto “crucial para o futuro de Montijo”. Mais do que promover a organização de festas, deve ser fomentado o sentimento pelo qual essas mesmas festividades são comemoradas, a cultura que provém da terra, as suas tradições e costumes, dar espaço “a manifestações artísticas e ao próprio associativismo”. E, mais importante ainda, as populações devem sentir-se parte destas tradições e manifestações culturais. Por isso, no Montijo, a sociedade civil participa ativamente na organização e concretização de todos os eventos do concelho. “Não pergunte o que a cidade pode
NUNO CANTA
fazer por si, pergunte o que pode fazer pela cidade”, diz Nuno Canta, relembrando e adaptando uma célebre frase de John F. Kennedy. Atualmente, o Montijo conta com diversos manifestações de ênfase regional, como o Anim’Art Montijo, a Feira Quinhentista, as tradicionais touradas e as festas populares dedicadas a S. Pedro. Nuno Canta acredita que o poder autárquico é um elemento fundamental na diversidade da democracia portuguesa e reitera a importância desta experiência para políticos que pretendam abraçar projetos mais ambiciosos. Neste contexto, refere Jorge Sampaio, que, na sua opinião, foi o Presidente da República “que melhor
grande procura por parte de empresas de logística, nomeadamente logística alimentar e farmacêutica. Atualmente, a possibilidade de ser criado um aeroporto civil na Base Aérea nº 6, no Montijo, tem criado expectativas acrescidas relativas ao inevitável crescimento económico que esta infraestrutura trará. Nuno Canta acredita que este projeto será um motor de desenvolvimento empresarial e criará novas oportunidades de investimento e de emprego. Seja através deste ou de outros impulsos, o presidente trabalha para o crescimento sustentável do número de empresas na localidade e, consequentemente, o aumento do emprego entre a população montijense. Por isso, esta que é uma cidade conhecida como ótima via de comunicação entre os vários pontos do país e Espanha tem vindo a apostar de forma clara no empreendedorismo, inovação e dinamismo empresarial. Recentemente, foi criado o Conselho Estratégico de Desenvolvimento Económico Local, que reúne atuais e
compreendeu a população portuguesa e que mais desenvolveu uma relação de proximidade com a sociedade” por ter, anteriormente, exercido funções como presidente da Câmara Municipal de Lisboa. “Seremos sempre melhores governantes se tivermos uma experiência autárquica”, acredita.
antigos empresários do município, que, pelas suas experiências, dão um valioso contributo na definição da estratégia de desenvolvimento da cidade. De modo a estimular o setor da reabilitação urbana, a Câmara Municipal tem ainda criado incentivos e benefícios fiscais para investidores que apostem na reabilitação urbana no Montijo. Porque, apesar de o atual quadro comunitário Portugal 2020 contemplar escassos recursos para esta área, Nuno Canta refere que é essencial desenvolver uma cultura de reabilitação urbana nas cidades e estimular, por essa via, o setor da construção civil que foi muito afetado pelo período de ajustamento imposto pela troika. Perante esta realidade, o edil não duvida de que o futuro do Montijo será “mais próspero e com maior qualidade de vida” e um “espaço de oportunidades” para todos. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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Investir no Montijo Sabia que as hortências vendidas em países como Holanda, Alemanha, Dinamarca ou Suécia são provenientes do Montijo? E que este concelho é o maior produtor da Península Ibérica no que diz respeito a gerberas? E que é aqui que se encontra o maior viveiro de eucaliptos da Europa? Pois bem, a realidade é que o Montijo é uma cidade privilegiada e altamente qualificada no contexto do setor primário, nomeadamente na produção hortícola, pecuária e florestal. A “capital do porco” é, desde o século XVII, o principal concelho de abate e transformação de carne de suíno. As vacas de leite são um foco de atenção por parte dos produtores e os legumes provenientes do município têm sabor e qualidade. Nuno Canta garante que estes são aspetos de “grande prestígio e de afirmação diferenciada no contexto metropolitano”. A pesca é uma área que tem estado adormecida, mas que, pela sua importância no passado, fará obviamente parte do futuro do Montijo. Prova desse esforço por parte da autarquia é a construção do novo Cais dos Pescadores, que impulsionará o regresso desta atividade ao estuário do Tejo. Por estes motivos, e porque a Ponte Vasco da Gama veio dotar o Montijo de mais e melhores acessos, o concelho é cada vez mais um centro empresarial e, nos últimos anos, a migração de entidades com fins lucrativos tem sido elevada. As zonas empresariais montijenses têm sentido uma
REABILITAÇÃO DA ZONA RIBEIRINHA
PODER LOCAL
» 40 ANOS DE DEMOCRACIA
“As pessoas são a nossa grande missão”
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Ribeira Brava! Já conhece? Terra de encantos, local de desejos que vai querer colocar no roteiro dos seus destinos preferidos. Quem vem, quer regressar. Venha desvendar um pouco mais de um concelho inesquecível.
quem melhor para nos dar a conhecer o concelho de Ribeira Brava do que o atual Edil da autarquia, Ricardo António Nascimento, que, em entrevista à Revista Pontos de Vista, nos deu a conhecer um pouco mais sobre estes dois anos e três meses de mandato, asseverando que o futuro da Ribeira Brava está assegurado e lembrando que a grande missão da autarquia que lidera passa por continuar a trabalhar para a melhoria das condições de vida dos ribeira bravenses. Atualmente, a organização democrática do poder local assume uma importância crescente numa agenda que contemple a necessária articulação não só entre políticas, mas também entre atores e uma interação cívica e justa entre o dever autárquico e o direito social, sendo que “as pessoas” são a grande missão da autarquia, afirma o nosso entrevistado.
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Mas como é a «vida» daquele que é o mais novo concelho da Madeira? Será que é um desafio acrescido ao seu desenvolvimento? Segundo o edil da autarquia, o facto de ser tão jovem provoca algumas vicissitudes, mas nada que não possa ser ultrapassado. “Acabamos sempre por ter algumas carências que outros concelhos mais antigos não têm, principalmente no âmbito do poder autonómico, mas com o tempo estamos confiantes que será ultrapassável. Para isso contamos com todos, pessoas e instituições locais, para conseguir criar essa antiguidade e história, pois só juntos conseguimos superar melhor as dificuldades e alicerçar a nossa terra como um concelho”, assegura Ricardo António Nascimento. O desemprego tem sido, nos últimos anos, um dos principais flagelos a nível nacional, sendo que o concelho de Ribeira Brava não «escapa» a
este infortúnio e, portanto, tem sido bastante afetado com o mesmo, levando a que este seja um tema sobre o qual o nosso entrevistado e respetivo Executivo têm estado muito atentos. Naturalmente que o desemprego provoca constrangimentos graves nos agregados familiares e assim a autarquia de Ribeira Brava tem cooperado com as diversas instituições do concelho, principalmente para tentar diminuir os impactos nefastos do desemprego. Além disso, a câmara tem abraçado programas ocupacionais de desempregados e hoje “temos cerca de 20 pessoas a trabalhar aqui no domínio deste programa, que é proporcionado pelo Instituto de Emprego e que representa, sem dúvida, uma maisvalia”, salienta o nosso interlocutor, para quem a educação tem sido outra das «bandeiras» deste mandato.
Por um concelho apto e cobiçado
Muito se tem falado no âmbito do investimento estrangeiro e de facto este é um instrumento essencial para qualquer região. O nosso entrevistado e seus pares, naturalmente, que conhecem esta importância e daí ser este o incentivo ao investimento em Ribeira Brava, um dos principais projetos dos mesmos. Para que este cenário seja cada vez mais uma realidade, a autarquia aprovou, em 2015, a revisão do Plano Diretor Municipal – PDM, o último tinha sido aprovado em meados de 2002, sendo que o do ano passado foi revisto de acordo com o quotidiano e as características do concelho. “Temos um enorme potencial turístico e permitimos no nosso PDM que em qualquer zona urbana e rural o investimento na área de turismo fosse sempre numa zona compatível em qualquer zoneamento do PDM. Além disso, criámos a figura, no PDM, do investimento de relevante interesse municipal, que, como o próprio nome indica, é fundamental para nós”, esclarece o presidente, para quem, mais do que a arquitetura destes projetos, o essencial passa mesmo pela questão da criação RICARDO ANTÓNIO NASCIMENTO
dos postos de trabalho. Outra das introduções passa pelo regulamento de taxas, ou seja, quando surge um pedido ou investimento que seja válido para o concelho no domínio de postos de trabalho, “temos reduzido as taxas inerentes ao urbanismo da construção da obra e não aplicamos a derrama a quem está sedeado no concelho”, salienta, assegurando que atualmente a autarquia tem dado maior celeridade aos processos de investimento que chegam “para que este seja um concelho mais apto e «cobiçado» para o investimento”.
“De consciência tranquila”
A terminar, Ricardo António Nascimento assegura que não é um homem satisfeito com o que foi conquistado, “porque quero sempre mais, mas estou de consciência tranquila, até porque temos a noção de que tivemos muitas limitações, principalmente no domínio financeiro. Felizmente temos vindo a fazer um enorme trabalho em diversos campos, porque temos uma linha que queremos seguir, ou seja, existem vários pontos em que nos temos focado, o apoio social, a criação de emprego, a educação, entre outros. Mas queremos também aproveitar o nosso potencial turístico”, conclui o presidente da Câmara Municipal de Ribeira Brava. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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Ourém, uma janela para o mundo Na comemoração dos 40 anos do poder local, a Revista Pontos de Vista foi conhecer uma autarquia que vê na internacionalização e no turismo oportunidades máximas de desenvolver a economia regional e nacional. Paulo Fonseca é o Presidente da Câmara Municipal de Ourém e tem feito um trabalho de excelência na promoção de todas as valências do concelho.
A
forma abrangente. Isto é, “cada vez mais, o turismo é uma disciplina transversal”, portanto, não devemos cingir-nos a uma ínfima parte do que é o território lusitano, mas a todo o seu potencial
E porquê esta vontade tão objetiva em criar investimento nesta região?
PAULO FONSECA
senta “um centro de negócios onde as empresas podem instalar a sua sede de forma gratuita”. Por todos estes fatores, a Câmara tem já marcado para abril um encontro com investidores de Minas Gerais, a quem mostrará as diferentes valências deste concelho. Porque, como afirma o próprio responsável máximo da autarquia, “temos feito um esforço imenso no sentido de abrir portas por todo o mundo”. E as parcerias e protocolos com todos os países da Europa, mas também com diversas nações dos restantes Continentes são a prova máxima desta missão competentemente cumprida. Anualmente a Câmara Municipal organiza ainda o Workshop Internacional de Turismo Religioso, destinado a operadores turísticos internacionais, permitindo-lhes compreender todo o envolvente que Portugal e nomeadamente Ourém têm para oferecer e, assim, impulsionar a visita de mais turistas ao nosso país.
Uma marca chamada Fátima
Portugal vê ainda com alguma relutância a ideia de criar toda uma marca em volta de um importante marco na história religiosa nacional: o aparecimento de Nossa Senhora de Fátima em Ourém, há quase um século. Contudo, Paulo Fonseca acredita que, não retirando a importância da devoção e religiosidade envolvidas, esta situação poderá ter uma igual relevância na economia portuguesa. Valorizar o país no seu todo, “dar-lhe prestígio” nas suas diferentes valências possibilitará “gerar riqueza, emprego e desenvolvimento”. Contudo, Paulo Fonseca acredita que devemos incentivar o turismo baseado na religião, mas de uma
Além de ser um aspeto inevitável do progresso global, a captação de investidores e turistas tem sido um importante foco da autarquia. Em primeiro lugar, esta questão é premente pela necessidade de se colmatar encargos substanciais que o anterior executivo deixou nas mãos de Paulo Fonseca. Com uma dívida de 61 milhões de euros no início do seu mandato, o autarca conseguiu, de forma prestigiosa, reduzir este valor para menos de 16 milhões de euros até ao final de 2015. Por outro lado, esta captação de empresas para o concelho permitirá um acesso a melhores condições socioeconómicas. Paulo Fonseca admite que, num país em crise económica, Ourém não é exceção e tem merecido toda a sua atenção no sentido de desenvolver ações em proveito de crianças e idosos, de diminuir as taxas de desemprego e de melhorar as condições de saúde. Neste contexto, é importante ressalvar a manifestação que recentemente a Câmara Municipal organizou - sem ignorar o “respeito” e “educação” que devem manter pelo Governo - no sentido de combater uma problemática que se tem feito sentir junto de toda a população: a obrigatoriedade de a população ouriense ter de se deslocar ao Centro Hospitalar do Médio Tejo sempre que necessita de cuidados de saúde urgentes. Ora, este hospital encontra-se a 75 quilómetros de Ourém, o que obriga a uma deslocação por vezes diária de doentes e familiares e a um esforço financeiro por parte da população. Neste sentido, o município e toda a sua população estão empenhados em contornar a situação e conhecer uma decisão mais favorável por parte do Ministério da Saúde, nomeadamente dando permissão a que estes doentes possam ser acompanhados no Centro Hospitalar de Leiria, a 20 quilómetros do concelho. De futuro, Ourém continuará a desenvolver o seu trabalho no sentido de promover o progresso e oportunidades justas e merecidas para a população. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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Igreja vê-o como local de fé, zona nobre de devoção, onde Nossa Senhora de Fátima surgiu aos três pastorinhos. A economia aplaude a sua posição geográfica, perto de Lisboa, no centro do distrito de Santarém. Paulo Fonseca ressalva todas estas características identitárias, mas define o concelho de Ourém numa só palavra: coragem. Coragem de partir para melhores destinos socioeconómicos na segunda metade do século XX, de, por necessidade, mas também engenho, ser uma população empreendedora e futurista, de continuar a lutar por mais do que aquilo que um país em crise tem oferecido. “A dificuldade que os ourienses sempre sentiram permitiu-lhes uma outra coragem […]. Há um ADN de empreendedorismo que está associado a quase todos os cidadãos do concelho”, afirma o edil. E é este aspeto identitário que ainda permanece nos Paços do Concelho, em pleno espaço autárquico. A visão de Paulo Fonseca encontra-se além do esperado e do comum, mas muito próximo do que é o saber ser e saber estar desta população. Apresenta-se como um presidente com objetivos claros e definidos para o desenvolvimento imediato do concelho que representa. Por este motivo, o seu programa eleitoral de 2009, na primeira campanha à presidência da autarquia, teve como quatro pontos principais “a qualidade de vida, a pujança empresarial, a internacionalização e a excelência social”. Neste sentido, além da importante missão que protagoniza no fomento de um maior bem-estar social, Paulo Fonseca tem dado uma especial atenção à captação de investimento. Inclusive tem vindo a criar parcerias com diferentes países no sentido de promover Ourém como ponto turístico, mas também como zona de investimento. O presidente da autarquia refere, por exemplo, o Brasil como uma oportunidade para a captação de empresas. Além da relação afetiva que os dois países têm, “Portugal integra a União Europeia”, sendo um veículo acessível para a entrada dos investidores brasileiros noutros países do Continente e apresenta regalias financeiras aos empresários internacionais, nomeadamente na escolha do país onde pagará impostos. Além destes fatores, o atual programa comunitário Portugal 2020 será uma mais-valia para apoiar a entrada e o desenvolvimento de novas atividades em território luso. Ourém, especificamente, apre-
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“Tentamos desmistificar os órgãos do poder” Na comemoração das quatro décadas de poder local, a Revista Pontos de Vista foi ao encontro de uma autarquia que se demarca pela proximidade e interação com a população. Alexandre Gaudêncio, Presidente da Câmara de Ribeira Grande, assume, assim, esta missão de conhecer de perto os cidadãos que representa.
ALEXANDRE GAUDÊNCIO PREZA O CONTACTO COM TODA A SOCIEDADE
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016 é o ano em que se comemoram os 40 anos de poder local. Foi precisamente em 12 de dezembro de 1976 que os portugueses puderam votar pela primeira vez naquela que é a entidade de poder político mais próxima dos cidadãos. Alexandre Gaudêncio afirma que “o poder local é aquele com
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o qual as pessoas mais se identificam. É às freguesias e autarquias a que o munícipe se dirige numa primeira instância”. E, neste sentido, Ribeira Grande é um exemplo de interação entre autarquia e sociedade. O presidente da Câmara Municipal do concelho garante que este tem sido um importante foco de atenção por parte de todo o executivo que representa e que se encontra em funções desde 2013. Quer através da Câmara Municipal, quer através dos representantes das 14 freguesias do concelho, a política tem sido sempre de “proximidade com a população”. Porque, garante Alexandre Gaudêncio, “tentamos desmistificar os órgãos de poder”, de modo a que os cidadãos possam ver nos órgãos políticos um instrumento de apoio e segurança. A ação social é um dos exemplos que marca o percurso da autarquia de Ribeira Grande e do seu atual edil. Através desta interação direta
com a sociedade, a autarquia tem conseguido compreender quais os maiores desafios que enfrentam os ribeiragrandenses e criar mecanismos de apoio adequados. Atualmente, a elevada taxa de desemprego, nomeadamente entre os mais jovens, tem sido a maior preocupação da autarquia e, neste contexto, tem promovido a criação e implementação de projetos que beneficiem os cidadãos sem rendimento. “Temos desenvolvido alguns programas de apoio”. “A primeira medida que tomámos foi a criação de um fundo de emergência social”, exemplifica o presidente. Por outro lado, o presidente tem reforçado pontes entre a autarquia e as diferentes Instituições Particulares de Solidariedade Social, para que à população sejam apresentadas mais ferramentas de apoio social. Contudo, a ação social não se resume aos importantes apoios aos cidadãos em situação de desemprego. Também a saúde é um elemento presente no plano estratégico da Câmara Municipal. Apesar de as autarquias não terem autonomia no contexto do Serviço Regional de Saúde, que é alicerçado às competências do Governo Regional dos Açores, Ribeira Grande esforça-se no sentido de conseguir dar o seu contributo. Assim, através da criação de diversos protocolos, a Câmara encontra-se a planear a implementação de apoios de saúde, nomeadamente um serviço de teleassistência, que pretende apoiar os idosos que se encontrem afastados do centro urbano. Numa outra perspetiva, a interação com parceiros económicos tem sido também uma importante aposta para Ribeira Grande. Neste sentido, foi criado até um Conselho Municipal de Economia Social que permite à autarquia reunir os diferentes players da economia local e criar um plano estratégico conjunto. Por outro lado, a autarquia tem procurado incentivar e captar o investimento na Ribeira Grande, criando obrigações fiscais vantajosas a nível empresarial. O turismo é, aqui, um setor de relevo e que tem merecido uma forte atenção por parte do executivo de Alexandre Gaudêncio, uma vez que “desde a liberalização do espaço aéreo, temos
visto muito mais pessoas a visitar a nossa ilha. É deveras importante para a nossa economia e a nossa autarquia está atenta a esse fenómeno, de modo a captar o máximo possível de turistas para o concelho”, explica. O atual quadro comunitário europeu, Portugal 2020 – ou no âmbito regional, o Programa Operacional Açores 2020 -, tem sido, neste contexto, um importante apoio de modo a criar incentivos ao investimento na ilha.
Formar e educar em Ribeira Grande
Todo o arquipélago dos Açores apresenta níveis preocupantes de analfabetização e abandono escolar precoce. Ribeira Grande não é exceção e, neste sentido, tem procurado criar métodos que incentivem a continuidade dos alunos nos estabelecimentos de ensino. Assim, Alexandre Gaudêncio explica que “em 2015, implementámos uma rede de ATL’s para as crianças do primeiro ciclo” e aos estudantes do terceiro e quarto anos que apresentam maiores dificuldades de aprendizagem é-lhes garantido um acompanhamento extracurricular com professores contratados especificamente para esta função. Por outro lado, “temos um protocolo com instituições do concelho para que os alunos possam fazer visitas de estudo” com maior regularidade. Este último projeto é importante para o presidente de Ribeira Grande, uma vez que promove um maior interesse pela escola. Para incentivar os alunos a ingressar no ensino universitário, e nomeadamente para aqueles que pretendem estudar em universidades em Portugal Continental, Ribeira Grande criou o Tutor do Estudante, que permite um maior apoio aos alunos na sua fase de integração. No sentido de fomentar o regresso ao ensino, existe ainda a Universidade Aberta, uma instituição que apresenta formações universitárias e cursos de Aprendizagem ao Longo da Vida. Assim, Alexandre Gaudêncio acredita que se cumprirá o objetivo da autarquia de ter alunos com “percursos brilhantes” e “menos abandono escolar”. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
AGRICULTURA
» PRODUTOS BIOLÓGICOS OPINIÃO DE DAVID BARBAS, ADMINISTRADOR DA JOMAVIL – PRODUTOS BIOLÓGICOS
Trás-os-Montes Biológico Quem já não ouviu dos seus pais ou avós que os alimentos já não têm o sabor de antigamente? Quem já não ouviu falar que pela boca morre o peixe?
DESTAQUE
david barbas ADMINISTRADOR
No futuro, a JOMAVIL espera poder chegar a mais pessoas, em P ortugal e al é m fronteiras , e c om mais produtos, apostando sempre nos produtos biológicos, na sua qualidade
Logo nos primeiros contactos com o mercado consumidor fomos desafiados a transformar mais produtos, produtos esses da nossa tão rica região transmontana. Por esse motivo, logo no ano seguinte introduzimos novos produtos, nomeadamente mel (urze, rosmaninho e castanheiro) e azeite. Já no final do ano de 2015, introduzimos nozes e cera de abelha. Fomos também inovando a nível de embalagem e ao nível da transformação dos produtos, nomeadamente na amêndoa, que comercializamos, crua com pele, crua sem pele, torrada, torrada salgada e ralada. Neste momento, os nossos produtos estão colocados em muitas lojas de produtos biológicos em todo o país, incluindo Açores e Madeira, e temos uma página na internet com uma loja online, em www.jomavil.com, permitindo desta forma que qualquer pessoa possa comprar diretamente os nossos produtos. No futuro, a JOMAVIL espera poder chegar a mais pessoas, em Portugal e além-fronteiras, e com mais produtos, apostando sempre nos produtos biológicos, na sua qualidade, no sabor, na ausência de substâncias prejudiciais à saúde e garantindo uma sustentabilidade ambiental dos pontos de produção dos seus produtos.
Alimentos biológicos vs. Alimentos Convencionais
A verdade é que a maioria das pessoas pensa que os produtos biológicos são muito mais caros que os convencionais, o que nem sempre é verdade. Do ponto de vista da produção, é mais caro produzir em modo biológico, porque os fertilizantes e métodos utilizados são mais dispendiosos e a produtividade é inferior, por causa dos insetos, infestantes, etc., ou seja, o risco é maior. No entanto, os preços tendem a descer com cada vez mais produtores a apostar neste tipo de agricultura. Se em vez de perguntarmos o porquê dos alimentos biológicos serem tão caros, perguntemos o porquê de os alimentos convencionais serem tão baratos. Os alimentos biológicos em termos nutricionais são mais ricos, têm mais vitaminas, minerais, enzimas e micronutrientes do que os alimentos cultivados de forma convencional. Se a saúde é a nossa maior riqueza, então todos deveríamos consumir apenas produtos biológicos. A JOMAVIL espera que no futuro a grande maioria dos consumidores opte pelos produtos biológicos e é nesse sentido que estamos a inovar todos os dias, com produtos novos e novas formas de os apresentar, estando permanentemente em contacto com os nossos clientes, ouvindo as suas críticas e necessidades, para que não falte opções a quem quer mudar para um estilo de vida mais saudável. ▪
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ois a verdade é que os alimentos consumidos atualmente são diferentes dos alimentos consumidos no passado. Os modos intensivos de produção agrícola e pecuária levaram os produtores a adotarem métodos ambientalmente insustentáveis e colocando a saúde dos consumidores em risco. A utilização intensiva de herbicidas, inseticidas e fungicidas, tal como adubos para crescimento rápido, etc., põem seriamente em causa a qualidade dos alimentos, nomeadamente quanto à presença de resíduos de substâncias nocivas para a saúde humana. Além disso, a velocidade de crescimento e a forma da adubação retiram sabor e genuinidade aos alimentos. Em termos ambientais, estes processos de produção são negativos, porque existe a contaminação dos solos, das águas e o choque com o ecossistema envolvente, tanto na flora como na fauna. Por estes motivos, a agricultura e pecuária intensivas põem em causa a sustentabilidade ambiental para as gerações vindouras. Assim sendo, e por estarmos situados num local privilegiado do nosso país, nasceu em julho de 2014 a JOMAVIL – Produtos Biológicos, uma empresa certificada para produzir e transformar produtos biológicos. A certificação exige um conjunto de regras e medidas que os operadores terão de cumprir. A empresa nasceu inicialmente com a perspetiva de transformar essencialmente frutos secos, nomeadamente amêndoa, alguma de produção própria e outra comprada a agricultores locais devidamente certificados como biológicos pelos organismos competentes, estimulando desta forma a economia local baseada na agricultura biológica e a exploração dos recursos endógenos da região, que por ter um clima singular origina produtos de extrema qualidade.
REABILITAÇÃO URBANA
» A cidade do Porto é, desde 1996, Património Mundial da Unesco
O renascer de um património O Centro Histórico do Porto é beleza, história e cultura, é uma zona nobre que deve manter-se viva e preservada. E é por este motivo que existe a Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), cuja missão é promover a reabilitação urbana da cidade. Álvaro Santos, Presidente do Conselho de Administração da Porto Vivo, fala sobre o percurso desta entidade e dos objetivos que ainda pretendem ver cumpridos.
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e que modo a Porto Vivo tem tornado a cidade invicta numa zona de viabilidade habitacional e comercial e um aliciante ponto turístico? A criação da Porto Vivo, SRU, em 2004, sustenta-se numa clara opção de política municipal de fazer a cidade voltar ao seu centro – não só Centro Histórico, mas também à sua envolvente tradicional, a Baixa – e decorre também de um alerta realizado junto do Estado Central, da necessidade imperiosa e urgente de intervenção e de reutilização de um património existente, devoluto e muito degradado fruto de um crescimento urbano desmedido. No processo de reabilitação em curso, tem sido muito importante a capacidade que a Porto Vivo, SRU tem tido de fazer concertar os interesses públicos e privados, motivando o município a atuar previamente num dado território e, assim, dando sinais aos privados para nele atuarem também. Tal está a ser realizado no âmbito do Centro Histórico e Baixa do Porto, revertendo-se a espiral de declínio e abandono, correspondendo ao resultado de uma ação continuada, consistente, coerente e perfeitamente articulada.
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Ao longo dos 11 anos de existência, apoiaram e acompanharam projetos distintos de reabilitação urbana. Como veem o Porto após toda esta época de requalificação? O que mudou? Passada mais de uma década de atividade, consideramos que estão acionados todos os vetores de desenvolvimento do nosso masterplan, nomeadamente: – REABITAÇÃO, através de uma nova política de habitação destinada à venda e ao arrendamento de mercado ou social, promovendo-se projetos próprios e criando-se condições de apoio aos proprietários e aos moradores, visando a instalação de mais famílias e evitando a saída de outras; – DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO NEGÓCIO NA BAIXA DO PORTO, apostando-se no empreendedorismo e criação de novas empresas, na promoção da criatividade, do conhecimento e da inovação; – REVITALIZAÇÃO DO COMÉRCIO, criando uma estratégia que se apoie na sua identidade e na modernização dos espaços de acolhimento; – DINAMIZAÇÃO DO TURISMO, CULTURA E LA-
ÁLVARO SANTOS
ZER, com base nas características ambientais e da qualidade do edificado, complementadas com a rede de equipamentos culturais e de lazer; – QUALIFICAÇÃO DO DOMINIO PÚBLICO, atuando na qualificação das infraestruturas, na reabilitação dos espaços públicos existentes e na reorganização da mobilidade, privilegiando o peão e o transporte coletivo relativamente ao privado. Foram vários os projetos que contribuíram para acionar estes vetores, nomeadamente, no âmbito das Parcerias para a Regeneração Urbana, o Programa de Acção do Morro da Sé, com a sua vertente Programa de Realojamento, e o Programa de Acção do Eixo Mouzinho/Flores, ou ainda o projeto “1.ª Avenida Dinamização Económica e Social da Baixa do Porto”. Projetos nos quais foram envolvidos vários parceiros públicos (desde logo, a Câmara Municipal do Porto) e privados, incluindo-se ainda organizações sociais. Enquanto mediadora entre proprietários e investidores ou arrendatários, a Porto Vivo – SRU, por meio de incentivos, promove a reabilitação dos edifícios de um modo mais célere. De que incentivos falamos concretamente? Num primeiro nível, existem incentivos fiscais, que compreendem a isenção ou redução de vários impostos. Em sede de IVA, às empreitadas de reabilitação urbana aplica-se a taxa reduzida de 6%. No IMI, estão isentos os prédios objeto de reabilitação
urbana, pelo período de cinco anos, renováveis por igual período, se respeitarem critérios de eficiência energética e diz a lei que estão também isentos os prédios com classificação como Monumento Nacional, o que, sendo o que acontece no CH do Porto, não está a ser aplicado, apesar do veemente protesto do município. Em sede de IMT, estão isentos os prédios destinados a reabilitação urbana e a primeira transmissão de prédios ou frações reabilitadas destinadas a habitação. No IRS, há deduções à coleta dos encargos suportados com a reabilitação e tributação a taxa reduzida dos rendimentos. Há ainda redução das taxas e licenças municipais, como a taxa de ocupação da via pública, do licenciamento de operações urbanísticas e da publicidade. Especial referência para o SIM-Porto, que confere créditos de construção em função da reabilitação de prédios na nossa área de atuação e que introduzam medidas de eficiência energética, créditos esses que podem ser utilizados em construção nova noutras áreas da cidade. É um modelo pioneiro e tem vindo a ser adotado por outros municípios. Existe ainda o Programa VIV’a BAIXA, que permite a aquisição, a custos reduzidos, de serviços, equipamentos, componentes e materiais de construção civil a utilizar na reabilitação de edifícios. A Porto Vivo, SRU estabeleceu também um protocolo de cooperação com uma entidade bancária, a Caixa Geral de Depósitos, que tem em vista melhorar as condições de financiamento. De referir também que, no âmbito da iniciativa JESSICA, é disponibilizado o acesso a financiamento em condições muito atrativas para projetos de reabilitação enquadrados em planos integrados de desenvolvimento urbano sustentável. O recente lançamento do programa Reabilitar para Arrendar também permite o acesso de particulares a financiamento de operações de reabilitação de edifícios com idade igual ou superior a 30 anos, que após reabilitação deverão destinar-se predominantemente a fins habitacionais. Em suma, a Porto Vivo, SRU está muito empenhada e ativa no papel de orientar os investimentos do setor público e do setor privado, tirando partido ainda dos apoios do novo Portugal 2020, no que se refere à intervenção em espaço público e edificado, incentivando inclusive a aposta na eficiência energética. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
MAIS PORTO
» REABILITAÇÃO URBANA OPINIÃO DE ANA COELHO DA ANA COELHO, ARQ., LDA.
Reabilitação:
o impacto na cidade e no estilo de vida Acreditamos que a reabilitação urbana é o caminho a percorrer para um estilo de vida mais sustentável das populações que, voltando a viver nos centros urbanos, poderão diminuir a sua dependência do automóvel e dos transportes públicos, o que contribui decisivamente para a melhor gestão do tempo e do dinheiro das famílias.
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om a melhoria do ambiente construído e a dinamização das cidades, naturalmente o turismo responde de forma positiva, o que pode representar uma importante atividade económica em certas zonas do país.
arquiteta
é arquiteta pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (2008), Mestre em Construção e Reabilitação Sustentáveis, opção “Conservação e Reabilitação de Edifícios”, pela Escola de Engenharia da Universidade do Minho (2012). Entre 2012 e 2014, frequentou o Programa Doutoral em Engenharia Civil, na Universidade do Minho/ISISE (Institute for Sustainability and Innovation in Structural Engineering), com trabalho de investigação sobre a Sustentabilidade da Reabilitação de Edifícios Antigos. Publicou diversos artigos e comunicações no âmbito desta investigação, em Conferências Nacionais e Internacionais. A equipa dedica-se ao desenvolvimento de projetos transversais, desde a seleção de imóveis,licenciamento, projeto de execução, interiores, acompanhamento e fiscalização de obras, assim como ao fornecimento de serviços “chave na mão”, em todas as áreas e escalas de intervenção.
A qualidade do projeto: impacto no sucesso do investimento
A qualidade do projeto é decisiva para o sucesso de qualquer investimento imobiliário. Só através de um cuidado projeto se consegue planear a correta gestão dos recursos económicos, com a máxima ANTES
créditos: © João Morgado
somos apaixonados pelo design e encaramos a estética como uma função real que deve ser equacionada e trabalhada desde o primeiro momento valorização de cada elemento isolado e de cada detalhe, para obtenção de um resultado final coerente. O investimento na fase de projeto tem retorno garantido no resultado final. No nosso trabalho diário, procuramos enriquecer o projeto, seja de reabilitação ou de construção nova, com todos os ensinamentos sobre solidez, durabilidade e intemporalidade, que retiramos do profundo estudo e admiração pelos edifícios antigos. Ao mesmo tempo, somos apaixonados pelo design e encaramos a estética como uma função real que deve ser equacionada e trabalhada desde o primeiro momento, na medida em que contribui irrefutavelmente para a valorização do imóvel. ▪
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Ana Coelho
DEPOIS
créditos: João Morgado
PERFIL
O processo de reabilitação, por si próprio, assenta num princípio de sustentabilidade: reutiliza uma estrutura existente. A recuperação do edifício significa, na prática, que estes materiais não serão descartados como resíduos, continuando em uso por uma alargada vida útil. Ao mesmo tempo, a reutilização de materiais antigos evita o consumo de novos materiais que, como sabemos, são menos duráveis do que os tradicionalmente utilizados na construção dos séculos passados. Além da sustentabilidade ambiental obtida através da reutilização de materiais existentes e do prolongamento do seu período de vida útil, podemos ainda destacar aspetos de sustentabilidade económica e social. Do ponto de vista económico, a reabilitação de edifícios afigura-se como um processo frequentemente mais acessível do que a construção de edifícios novos, ao mesmo tempo que se valoriza o ambiente urbano e cultural, potenciando o turismo e valorizando o património de todos e de cada um. Numa perspetiva social, a reabilitação de edifícios antigos contribui para a preservação e valorização dos conhecimentos ancestrais sobre a arte de construir, que foram menosprezados nas décadas de 80 e 90, conduzindo à construção de edifícios de muito baixa qualidade e conforto, característicos destas décadas.
créditos: ana coelho
créditos: © Diana Silva
A Sustentabilidade na Reabilitação
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
» FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR em destaque OPINIÃO DE Luis Taborda Barata, Presidente da Faculdade de Ciências da Saúde da ubi
Na vanguarda do ensino e da investigação A Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) da Universidade da Beira Interior (UBI), criada em 2000, tem como missão “aprofundar e incentivar o culto pela excelência do saber, bem como gerar este através da investigação e interagir e colaborar com a comunidade em geral, num sentido de responsabilidade social”.
PERFIL
Luis Taborda Barata Presidente da Faculdade de Ciências da Saúde da ubi
faculdade de Ciências da Saúde (FCS) da Universidade da Beira Interior (UBI)
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stá oficialmente articulada com várias unidades de saúde – hospitais e centros de saúde (Castelo Branco, Fundão, Covilhã, Belmonte, Guarda e Viseu), numa cooperação que, ao longo do tempo, tem sido fundamental para o papel da faculdade no ensino, investigação e interação com a comunidade. Em termos de ensino, a FCS dispõe de uma oferta de formação variada na área da saúde, que inclui, para além de mestrados integrados, cursos de 1º (Licenciatura), 2º (Mestrado) e 3º (Doutoramento) Ciclos, bem como um variado programa de cursos não conducentes a grau. Alguns dos cursos de pós-graduação funcionam no contexto de programas internacionais. Tomando o Mestrado Integrado em Medicina como exemplo, a FCS privilegia um ensino centrado no aluno, em pequenos grupos – tutoriais e seminários interativos, apoiado em tecnologias de informação e comunicação, aliando exigência em termos de conhecimentos teóricos a uma sólida formação prática. Esta inclui uma forte componente de ensino nas unidades de saúde, bem como programas de habilidades e competências em ambiente de simulação básica e avançada, sob coordenação do Laboratório de Aptidões e Competências (LaC), que já constitui uma referência nacional e internacional. Ainda em Medicina, o Laboratório de Gestos Cirúrgicos, que inclui um bloco operatório e salas com equipamento avançado de simulação cirúrgica, irá iniciar as suas atividades no ensino pós-graduado no corrente ano. Também nos outros cursos – Ciências
Farmacêuticas, Ciências Biomédicas, Optometria/ Ciências da Visão - a exposição prática e/ou em simulação é implementada, nomeadamente através da Farmácia-Piloto ou do Centro Clínico e Experimental em Ciências da Visão (CCECV). Para o ensino de qualidade, a FCS conta também com estruturas modernas e equipamentos que, em variados casos, são únicos em termos de ensino universitário nacional, ibérico ou europeu e está envolvida em parcerias e redes de colaboração nacionais e internacionais de ensino. Essa internacionalização também se reflete num número crescente de intercâmbio de alunos e docentes em programas de mobilidade bem como em protocolos assinados com várias instituições de ensino europeias, americanas e africanas. Em termos de investigação, a FCS está envolvida em vários eixos estratégicos, com forte ligação não só aos seus mestrados e doutoramentos, mas também à formação pré-graduada. Em primeiro lugar, o Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS-UBI), localizado na faculdade, constitui uma unidade de qualidade reconhecida no sistema nacional de referenciação científica, bem como em termos internacionais. Dispõe de instalações com equipamento sofisticado e moderno (de biologia molecular à ressonância magnética), que tem permitido implementar projetos de investigação de excelência. Tem parcerias com centros, empresas e unidades de saúde nacionais e internacionais, e tem tido, ao longo dos anos, um forte crescimento na sua produção científica. A investigação no
Unidade de Simulação Avançada do Laboratório de Aptidões e Competências (LaC)
É de realçar que a FCS também inclui alguns núcleos de investigação clínica em áreas variadas, que incluem o envelhecimento, o ambiente e saúde, ou a telemedicina, algumas das quais partilham fortes pontos de contacto e de integração com a investigação do CICS-UBI
tem desenvolvido múltiplas ações em áreas diversas como algumas doenças crónicas – diabetes, asma, AVC, HTA e doenças cardiovasculares entre outras – o envelhecimento saudável e patológico, o tabagismo, a telemedicina e o ambiente e saúde. Uma vez que a faculdade procura agir de acordo com eixos estratégicos e de forma integrada e complementar com a investigação e o ensino, a intervenção na comunidade tem implicado colaborações com entidades variadas – outras faculdades da UBI, autarquias, empresas, escolas, Residências Sénior, Institutos Politécnicos e outras instituições da região. A identificação e monitorização de parâmetros de saúde e doença, rastreios, palestras e outras iniciativas de “Educação para a Saúde” bem como cursos de formação específica, são algumas das atividades desenvolvidas, e que envolvem, a nível da faculdade, docentes, investigadores e associações de alunos. A FCS/UBI está altamente empenhada em procurar a excelência no ensino e na investigação e em ser um interveniente imprescindível no conhecimento e na melhoria de problemas de saúde em termos regionais, nacionais e internacionais. ▪
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Laboratório do Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS-UBI)
CICS-UBI está baseada numa perspetiva de investigação de translação, “da comunidade à molécula”, em áreas como doenças endócrinas e do aparelho reprodutor, oncológicas, cardiovasculares, nervosas/cerebrovasculares e respiratórias crónicas, integrando áreas moleculares, celulares e de biotecnologia, nomeadamente de biomateriais e de desenvolvimento e biodisponibilização de fármacos e biofármacos. É de realçar que a FCS também inclui alguns núcleos de investigação clínica em áreas variadas, que incluem o envelhecimento, o ambiente e saúde, ou a telemedicina, algumas das quais partilham fortes pontos de contacto e de integração com a investigação do CICS-UBI. Um Biobanco em fase de pré-certificação e que será integrado numa Rede Europeia permite que a FCS se coloque na vanguarda da preservação rigorosa de material biológico para investigação. Tal como em relação ao ensino, a FCS e o CICS-UBI têm protocolos e parcerias com diversas instituições, incluindo outros centros de investigação, universidades, unidades de saúde e empresas nacionais e internacionais. Em relação à interação com a comunidade, a FCS
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
» entrevista a francisco vitorino
Uma escola orientada para
a educação para a vida Sabendo que os jovens de hoje devem estar aptos para responder a desafios que irão testar as suas capacidades de resolverem problemas, de se adaptarem a realidades em mudança, tendo, simultaneamente, uma forte veia empreendedora, o Agrupamento de Escolas de Águeda Sul adota uma política educativa direcionada para esses princípios. Quem o garante é Francisco Vitorino, Diretor do Agrupamento.
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roporcionando aos vossos jovens a melhor qualidade na sua formação, lecionada em infraestruturas renovadas que proporcionam um cómodo ambiente de estudos, no final dos seus percursos, que alunos esperam ter preparado? A ES Marques de Castilho, sede do Agrupamento de Escolas de Águeda Sul, é uma antiga Escola Industrial e Comercial que comemorou no dia 29 de janeiro 89 anos de existência e que se orgulha de manter na sua matriz histórica fundamental uma profunda ligação ao meio em que está inserida. Tendo desempenhado um papel importantíssimo na educação e formação de várias gerações de aguedenses que viriam a estar na base do dinamismo empresarial do concelho de Águeda e da região envolvente, a ESMC, bem como o Agrupamento, procuram prestar, do ponto de vista dos princípios orientadores do serviço educativo, uma particular atenção à educação para a vida. Sabemos hoje que um dos principais desafios com que os nossos jovens se irão defrontar ao longo do seu percurso prende-se precisamente com a sua capacidade de resolver problemas, de se adaptar a uma realidade que estará em constante mudança e que muito exigirá da sua capacidade empreendedora.
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Com base nos dados do Ministério da Educação e Ciência, todos os anos é publicado um ranking das escolas do ensino básico e secundário de acordo com as notas dos exames nacionais. Como tem sido a evolução do Agrupamento ao longo dos últimos anos? Que principais pontos, a seu ver, devem ser mantidos e, por outro lado, melhorados? Muito se tem escrito e dito sobre a oportunidade, natureza e relevância da publicitação de dados pelo MEC que depois são tratados pelos órgãos de comunicação social e publicados sob a forma de rankings. Sabemos que apesar do esforço desenvolvido nos últimos anos de modo a fornecer alguns dados de contexto, a qualidade de uma
escola está longe de se traduzir por resultados obtidos nos exames nacionais. Muito embora eles possam traduzir, em parte, a qualidade e a eficácia das aprendizagens, o que é facto é que pouco nos dizem sobre a “qualidade” dos alunos e do seu contexto familiar. É por isso injusto e até talvez despropositado qualificar de boa ou má uma escola pela sua posição num ranking. Desde logo porque ele nada nos diz sobre o esforço desenvolvido pelos professores no combate ao abandono escolar por parte de alunos que, claramente, não querem estar na escola; nada nos diz sobre a qualidade da formação para a vida, para o empreendedorismo e para a capacidade de singrar no mundo do trabalho; nada nos diz sobre a qualidade da formação profissional ministrada e sobre as taxas de empregabilidade dos cursos ministrados. Enfim, o ranking nada nos diz sobre o que é essencial para o futuro dos alunos que, sabemos, está longe de se reduzir a uma média de entrada no ensino superior. Sobre a evolução do agrupamento, devo referir que, de acordo com os dados disponibilizados, a sua posição relativa tem vindo a melhorar de forma sustentada. No ano letivo de 2014/2015, as escolas do Agrupamento subiram consideravelmente no dito ranking, sendo de destacar a ESMC que, no ensino secundário, subiu cerca de 80 lugares, tendo a média de diversas disciplinas se situado acima da média nacional.
O ranking nada nos diz sobre o que é essencial para o futuro dos alunos que, sabemos, está longe de se reduzir a uma média de entrada no ensino superior FRANCISCO VITORINO
Diretor do Agrupamento
Há oito anos que não há escolas públicas nos primeiros dez lugares, sendo que a última foi a Infanta D. Maria, de Coimbra, que, em 2007, ocupou o oitavo lugar. Na sua opinião, o que explica este “domínio” das entidades de foro privado? Sem querer proferir juízos de valor sobre o ensino privado, relativamente ao qual nada me move, penso que não é possível, sendo até perverso, colocar a questão nesses termos. Desde logo porque a escola pública, e ainda bem que assim é, recebe todos os alunos e responde a todas as solicitações, coisa que, eventualmente, não acontecerá
De acordo com o estudo “Ranking das escolas: impacto nas escolas públicas e privadas”, publicado este ano pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, o fosso entre as secundárias e públicas e privadas agravou-se e a explicação não passa pela falta de qualidade mas sim pela disparidade nos recursos disponíveis. Concorda com esta visão? Concordo. Quando falamos de recursos disponíveis deveremos considerar também os recursos das próprias famílias que maioritariamente frequentam umas e outras. E quando falamos de recursos das famílias não nos referimos apenas aos recursos materiais, mas também às referências culturais e ao acesso à cultura e à informação nas suas diversas expressões, os/as quais não são de todo despiciendos quando está em causa a (des)valorização da escola enquanto projeto de vida. Por outro lado, quando falamos de recursos das próprias escolas (humanos e materiais), sabemos bem o quanto se tem vindo a desinvestir na escola pública, facto que em nada tem contribuído para a promoção da Escola e de tudo o que ela representa em termos civilizacionais. De resto, alimentar esta dicotomia entre público e privado através da extração de conclusões (fáceis) a partir de rankings nacionais serve claramente os interesses de determinados setores da sociedade que, numa perspetiva claramente ideológica, procuram desvalorizar e diminuir a função do Estado de proporcionar a todos os cidadãos uma educação e formação de qualidade. Escolas e empresas devem estar ligadas, criando sinergias em prol do emprego. Como é que o Agrupamento tem promovido esta sinergia? O AEAS tem definido a sua oferta educativa em diálogo com o tecido empresarial, procurando aliar os interesses e os anseios da comunidade que serve àquelas que são as necessidades das empresas e do mercado de trabalho. Temos protocolos com mais de 150 empresas e instituições, colocando anualmente mais de 250 alunos em Formação em Contexto de Trabalho. O Agrupamento foi um dos sete a nível nacional a ver selecionada uma candidatura ao projeto EMA – Estímulo à Melhoria das Aprendizagens, da Fundação Gulbenkian. O que importa saber acerca destes “cursos de ciências experimentais para alunos do 4º e 9º ano e do ensino secundário”? Desde há três anos a esta parte, o Agrupamento mantém uma parceria com o Instituto de Educação e Cidadania (IEC) – Mamarrosa - Oliveira do Bairro – que muito tem contribuído para a criação e dinamização de Cursos Avançados de Ciência que procuram levar mais longe os alunos que revelam interesse e vontade de aprofundar os conhecimen-
tos adquiridos nas aulas curriculares. Trata-se de cursos avançados, de aprofundamento, com uma duração trimestral, que proporcionam a grupos de 10/12 alunos, voluntários, o contacto com as mais modernas técnicas de investigação científica. São cursos lecionados por docentes doutorados ou mestrados que têm contribuído para desenvolver nos alunos do 9º ano, do ensino secundário, e agora também do 4º ano, o gosto pela ciência e pela investigação, fazendo-o em laboratórios devidamente equipados, quer na ESMC, quer no IEC. De resto, este conceito tem vindo a criar uma
Que desafios se colocam para o Agrupamento de Escolas de Águeda Sul? O Projeto Educativo em vigor vai até 2017, pelo que o pensamento estratégico que norteia o Agrupamento deverá manter-se: melhoria sustentada dos resultados escolares; combate ao abandono e insucesso escolares, consolidação de uma cultura de avaliação e de melhoria contínua; aprofundamento das relações com o tecido empresarial e com o meio envolvente. ▪
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em todo o ensino privado, com tudo o que daí se possa advir. De todo o modo, não partilho desta dicotomia “público/privado”, pois assim como haverá com certeza excelentes escolas públicas, também haverá más escolas privadas.
interessante dinâmica interna que tem levado professores do Agrupamento a dinamizarem eles próprios, por sua iniciativa, fora do seu horário, cursos noutras áreas do saber. Estão a decorrer neste momento cursos avançados em “Arduíno”, em Línguas e Culturas Clássicas e em Inglês. A candidatura ao Projeto EMA da Fundação Gulbenkian deu um importante impulso a esta linha de atuação, pois permitiu-nos equipar melhor os nossos laboratórios e viabilizar os recursos necessários a um trabalho de qualidade.
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
» entrevista a paulino macedo
“Consideramo-nos uma escola alinhada” Atento às necessidades dos seus alunos e à realidade onde está inserido, o Agrupamento de Escolas da Trofa propõe-se a assegurar uma educação de qualidade para todos. Assim, se importa manter o bom trabalho já feito, por outro lado, Paulino Macedo, Diretor do Agrupamento, está atento aos elementos que devem ser melhorados. Neste sentido, combater o insucesso escolar e reforçar a participação e reflexão cívicas são as prioridades de um agrupamento “aberto à comunidade”.
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ualidade de ensino, estabilidade do corpo docente e acompanhamento do aluno em todas as fases são algumas das características das linhas educativas seguidas por qualquer uma das escolas que integram o Agrupamento de Escolas da Trofa. No final dos seus percursos, que alunos esperam ter preparado? O Agrupamento de Escolas, com a configuração atual, foi constituído com a agregação da Escola Secundária da Trofa ao Agrupamento Vertical de Escolas da Trofa em julho de 2012. O corpo docente é bastante estável, com exceção do 1.º ciclo que em ano de concursos é permeável a situações de mobilidade. As escolas têm um clima muito calmo, uma vez que não temos casos de indisciplina muito graves. Constatamos, como eventualmente acontecerá em muitas escolas do nosso país, que a indisciplina se desloca dos recreios para o interior da sala de aula. É o “está quieto”, “está atento”, “trabalha”, “tira o material da mochila” que provoca casos de rejeição da autoridade do professor e potencia situações de indisciplina. Sendo uma instituição de interesse público, o Agrupamento de Escolas da Trofa propõe-se a garantir uma educação de qualidade para todos. Para atingir esta finalidade, o nosso Projeto Educativo apresenta algumas políticas educativas que são o nosso ideário: a) Promover a aquisição de competências socicognitivas que habilitem para escolhas ético-sociais e cívicas adequadas – educação para valores; b) Estimular uma cultura organizacional cooperante, participativa, tendente ao fomento de uma liderança dinâmica e participada, promotora de um bom clima organizacional; c) Promover a igualdade de oportunidades; d) Criar uma interface entre a escola e a vida ativa, potenciando um espaço de diálogo entre a escola e as atividades económicas da região, através dos estágios profissionalizantes; e) Fomentar a participação da comunidade educativa nas dinâmicas da escola. Com base nos dados do Ministério da Educação e Ciência, todos os anos é publicado um ranking das escolas do ensino básico e secundário de acordo com as notas dos exames nacionais. Como tem sido a evolução do Agrupamento ao longo dos últimos anos? Que principais pontos, a seu ver, devem ser mantidos e, por outro lado, melhorados? O histórico comparativo é reduzido. O Agrupamento foi constituído em julho de 2012. Os resultados escolares obtidos em 2015, com algumas exceções pontuais que estamos a analisar, são muito semelhantes aos de anos anteriores com ligeiras melhorias em algumas disciplinas. Consideramo-nos uma escola alinhada. Os desvios entre
PAULINO MACEDO
os resultados internos e externos situam-se, em média, em três pontos de diferença. Os pontos considerados fortes e que devem ser objeto de acompanhamento e de reflexão que a nosso ver têm potenciado os resultados escolares obtidos são: a) A participação ativa da comunidade educativa, designadamente, das associações de pais e encarregados de educação, em todas as dimensões da vida escolar, contribuindo para a melhoria do serviço educativo prestado; b) A diversidade das atividades dinamizadas no âmbito do plano anual enquanto estímulo à melhoria das aprendizagens; c) O trabalho desenvolvido de forma articulada entre estruturas internas e externas do Agrupamento com impacto na prevenção da desistência e do abandono escolar; d) O empenho da direção na mobilização de recursos e no estabelecimento de parcerias com instituições da comunidade com impacto positivo na gestão dos materiais pedagógicos, na requalificação dos espaços e nas aprendizagens e vivências das crianças e dos alunos; e) A existência de circuitos e mecanismos de comunicação, especialmente a utilização de uma plataforma digital, com reflexos na qualidade da partilha de documentos e de informações. Entendemos que as áreas onde o Agrupamento deve incidir prioritariamente os seus esforços para a melhoria são: a) A identificação de fatores explicativos do insucesso, designadamente ao nível das práticas de ensino, que possibilite a definição e implementação de estratégias pedagógicas, visando a promo-
ção do sucesso educativo; b) O reforço da participação e reflexão cívicas, contribuindo para a corresponsabilização dos alunos nos seus desempenhos e para a melhoria dos comportamentos em sala de aula. Há oito anos que não há escolas públicas nos primeiros dez lugares, sendo que a última foi a Infanta D. Maria, de Coimbra, que, em 2007, ocupou o oitavo lugar. Na sua opinião, o que explica este “domínio” das entidades de foro privado? Alunos de contextos socioeconómicos não muito favorecidos e com expectativas muito baixas em relação à escola e consequentemente beneficiários em percentagens muito elevadas dos apoios do ASE. O contexto socioeconómico tem influência nos resultados escolares das nossas escolas. Temos a consciência, por conhecimento empírico, porque temos a noção da nossa realidade (contexto não muito favorecido), do esforço que desenvolvemos para que os nossos alunos alcancem estes resultados. De acordo com o estudo “Ranking das escolas: impacto nas escolas públicas e privadas”, publicado este ano pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, o fosso entre as secundárias e públicas e privadas agravou-se e a explicação não passa pela falta de qualidade mas sim pela disparidade nos recursos disponíveis. Concorda com esta visão? Temos que saber interpretá-lo e dar-lhe o valor que tem para nós, escola (Comunidade Educativa) e para os media. Enquanto ordenação (ranking) das escolas boas e más tem pouco valor.
A prioridade da ação educativa nos sistemas de ensino deve estar direcionada para o bem-estar
e para a formação pessoal e social do aluno”. Na realidade nacional, acredita que esta tem sido a linha de atuação dos agentes deste setor? Qual tem sido o papel do Agrupamento? Desenvolvemos um programa de apoios e tutoriais aos alunos identificados com dificuldades de aprendizagem. Criámos um gabinete do aluno (GA) que acolhe, com uma tarefa de natureza pedagógica prescrita, os alunos que são colocados fora da sala de aula; um gabinete de informação ao aluno (GIA) com o objetivo de os informar e acompanhar; e um gabinete de acompanhamento de situações de carência económica. O nosso Plano Anual de Atividades é rico e nele integramos as atividades das várias associações de pais, da associação de estudantes e, com maior predominância, todas as atividades propostas pelos Departamentos Curriculares. Para coordenar estas valências utilizamos uma plataforma (sharepoint) onde criamos várias aplicações informáticas. Faz parte da nossa ação o desenvolvimento da cultura de mérito e o aprofundamento do reconhecimento daqueles que pelo seu esforço e competência se destacam para tornar concretizável um maior envolvimento de interação entre alunos e permitir o aprofundamento de práticas de solidariedade e de ajuda entre si. Criámos os quadros de mérito escolar e os melhores são distinguidos com o “Prémio Eurico Ferreira” (empresa de renome internacional sediada na Trofa e que protocolou com a escola esta distinção). Em todas as escolas do Agrupamento está formalmente constituída uma Associação de Pais e Encarregados de Educação. Os presidentes destas
constituem uma comissão de presidentes (CAPEAT) com o objetivo de reunir com o Diretor e outros Órgãos. Além desta comissão, cada turma elege dois encarregados de educação que os representa em assembleia de representantes para tratar de assuntos de interesse do Agrupamento em geral ou de cada turma em particular. Digamos que é uma escola aberta à comunidade cuja intervenção/participação dos pais é sempre bem-vinda. Que desafios se colocam para o Agrupamento de Escolas da Trofa? A vossa posição estratégica será a mesma ao longo de 2016? O nosso Projeto Educativo orienta o nosso trabalho no sentido da construção de uma escola aberta à comunidade e a uma crescente colaboração com os pais e encarregados de educação, criando oportunidades para uma maior participação na vida da escola. Pretendemos ir ao encontro dos problemas detetados que dizem respeito às competências sociais e escolares dos alunos (o respeito por todos, a tolerância, o desenvolvimento do espírito de igualdade, a aquisição de saberes) e à participação da família na vida escolar dos seus educandos. Procuramos estabelecer novas parcerias e reforçar as já existentes, nomeadamente com o ME, com a Câmara Municipal, com a AEBA, com o Instituto de Emprego e Formação Profissional, com o Centro de Saúde, Centro de Formação maiatrofa, Eurico Ferreira, instituições/entidades reconhecidas legalmente e cuja participação beneficiará a nível pedagógico e científico a população escolar. ▪
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Escolas e empresas devem estar ligadas, criando sinergias em prol do emprego. Desta forma, como é que o agrupamento tem promovido ofertas formativas organizadas e diversificadas de forma a responder à procura, sem descurar as necessidades do mercado de trabalho? A definição de uma adequada qualificação profissional é importante para inserir jovens e adultos no mercado de trabalho. Não podemos esquecer que ela é imprescindível no crescimento das pessoas, na formação de cidadãos e na elevação da autoestima. A qualificação profissional de facto muda as pessoas, as suas famílias e a comunidade onde elas vivem. Para que essa mudança ocorra é necessário que a formação profissional seja feita corretamente, isto é, de maneira consciente e de acordo com a demanda do mercado de trabalho em termos latos, por um lado, e da região onde vive o aluno/adulto por outro. A escolha de um curso ou o encaminhamento para uma formação profissional não pode estar desvinculada da realidade que circunda o formando, sob pena de não o levar à tão sonhada realização profissional. Nesta encruzilhada somos entidade promotora do CQEP da Trofa. Destaque ainda para a candidatura de um projeto conjunto de instituições de educação e formação, das instituições empresariais aglutinadas na AEBA e Câmara Municipal, para permitir a articulação das diferentes ofertas formativas, contribuindo para o aumento dos níveis de qualificação da população da região.
DESTINOS DE SONHO
» ESCAPADINHAS
O seu refúgio rural Para quem vai embora é sempre um “até breve”. Porquê? Porque basta conhecer uma vez a Casa Valxisto – Country House para querer regressar. Venha conhecer a simplicidade do meio rural em sintonia com a tranquilidade e o conforto de uma estadia de sonho. Ana Oliveira, anfitriã da Casa Valxisto – Country House, deu-nos a conhecer este espaço ilustre.
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om quartos com nomes de flores e frutas, a Casa Valxisto – Country House assume-se como um “refúgio que lhe oferece os tons, os aromas e toda a riqueza campestre”. A partir do momento em que se pisa este espaço, o que é que se pode esperar? A Casa Valxisto – Country House é uma casa de campo, inserida na aldeia rural preservada de Quintandona, classificada como Aldeia de Portugal, localizada em Lagares, Penafiel. É um projeto criado com amor e dedicação para oferecer aos seus hóspedes momentos únicos de lazer, quer através dos espaços como dos serviços, primando pela simpatia e qualidade. Queremos que o lema “My Country House” seja verdadeiro e que cada hóspede se sinta em casa e envolvido com o ambiente campestre. Criamos espaços com a simplicidade do meio rural e em sintonia com os tons das flores e frutas que escolhemos para a decoração dos quartos, mas com o conforto dos dias de hoje. Na Casa valorizamos os produtos da Quinta, dando ênfase à prática “da Quinta para a mesa”, pelo que servimos aos nossos hóspedes refeições em que utilizamos vários produtos de produção própria, privilegiando assim os aromas e sabores locais. Os nossos hóspedes encontram um local para descanso em contacto com a riqueza campestre.
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Na quinta cultivam produtos hortícolas e frutícolas, respeitando as regras de uma agricultura biológica. Ao longo deste processo produtivo, que cuidados são adotados para que daqui nasçam produtos únicos e diferenciadores? A agricultura biológica surge como um princípio de valorização dos produtos produzidos na Quinta, procurando-se obter hortícolas e frutas com as suas propriedades naturais, para que façam parte da nossa alimentação e da experiência única que oferecemos aos nossos hóspedes. Todos sabemos os benefícios associados aos produtos biológicos, os quais aliados à crescente preocupação com a sustentabilidade, dão mais sentido ao projeto da Casa Valxisto – Country House. A produção em agricultura biológica assume-
-se de forma crescente como uma oportunidade para a agricultura portuguesa. Por que é que decidiram apostar neste método produtivo? A aposta na agricultura biológica surge como um complemento valorizador do turismo em espaço rural, bem como resposta à nossa preocupação com a preservação do meio ambiente e pelo consumo de produtos na sua essência naturais. Não é um método produtivo fácil, mas quando a quantidade ou a dimensão não são os fatores mais valorizados, mas sim as suas qualidades, como o sabor, compensa. Verifica-se lentamente a mudança dos hábitos de consumo da sociedade, como uma maior valorização da sustentabilidade, baseada em métodos produtivos amigos do ambiente. A Casa Valxisto – Country House tem a particularidade de permitir a participação dos hóspedes nas tarefas agrícolas e na alimentação dos animais da quinta. Este turismo participativo tem permitido fidelizar e cativar novos visitantes? Que feedback vão recebendo? Como queremos que os nossos hóspedes se sintam literalmente em casa, não há qualquer restrição em percorrer os campos da Quinta e as plantações, podendo colher e saborear nas épocas as frutas, desde os pequenos frutos vermelhos, framboesas, mirtilos, amoras, como maçãs, peras ou uvas. Também é possível alimentar os tradicionais
animais de Quinta, como galinhas, patos, perus, ovelhas, cabras, entre outros. Esta é uma área que pretendemos desenvolver ainda mais com o intuito de criarmos momentos também únicos para os nossos hóspedes mais pequenos. O retorno é positivo pelo impacto que o ambiente de Quinta tem no espírito das pessoas e no seu momento de lazer, sendo muitas vezes um regressar às origens ou mesmo o primeiro contacto com a terra e com os animais domésticos. Apostar na agricultura biológica e no turismo participativo faz parte dos planos da Casa Valxisto. Para o futuro, que projetos pretendem concretizar? A nossa constante preocupação é garantir a satisfação das pessoas que nos visitam, pelo que vamos complementando e melhorando as comodidades da Casa e os serviços disponibilizados, sendo no futuro nossa intenção criar uma maior simbiose entre a Casa, a Quinta e os seus produtos. Existe também a pretensão de valorizar o património existente, em particular o “canastro”, infraestrutura onde era guardado e seco o milho produzido na Quinta. Este projeto ainda está na fase de idealização. Será uma surpresa! Se procura um lugar para fugir da azáfama diária e descansar em contacto com a natureza, não deixe de nos visitar. Até Breve. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT