Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Julho 2016 | EDIÇÃO Nº 57 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros
TOMI WORLD INOVAÇÃO E TECNOLOGIA BNU COOPERAÇÃO CPLP DISTANCE LEARNING CONSULTING DLC - UMA REFERÊNCIA
Murade murargy Secretário Executivo da CPLP
Créditos: Diana Quintela
“Vinte anos percorridos desde a fundação da CPLP, em 1996, a dinâmica é crescentemente visível e o Espaço da comunidade ganha cada vez mais militantes” CRIO E
CÉLU STAMIN LAS E AL S PRES TAMINAIS E E FUT NTE URO
J. Pereira da Cruz, S.A. – PROPRIEDADE INDUSTRIAL
CRIOESTAMINAL – CIÊNCIA PARA A VIDA
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TOMI WORLD – INOVAÇÃO E TECNOLOGIA
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Índice DE TEMAS
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COMUNIDADE CPLP
KAFFA – A CÁPSULA DE CAFÉ COMPATÍVEL
COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS
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jUlhO 2016
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EARTH CONSULTERS
CÂMARA AGRÍCOLA LUSÓFONA
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial
CONCEITO DE IMITAÇÃO DE MARCA REGISTADA números 3, 4, 5 e 6 trata de vários aspetos que interessam à recusa e anulação de registos. Por isso, a melhor solução para o nosso Código parece ser seguir a Diretiva, adaptando-a às nossas necessidades, para corrigir certas práticas que foram adotadas e que não são as melhores. Este ponto será desenvolvido mais tarde. 2 = DECISÕES DO INPI As alterações que o conceito de imitação foi sofrendo – designadamente a partir do Código de 1940 – não melhoraram a sua aplicação pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial : bem pelo contrário, em especial desde o início do século XXI. Na verdade, nota-se a dificuldade em manter, para problemas semelhantes, decisões que definam uma correta orientação.
1 = A DIRETIVA DE 2015 O objetivo das Diretivas que harmonizam – ou, pelo menos, aproximam – as legislações dos Estados Membros da Comunidade Europeia em matéria de marcas, é eliminar as grandes disparidades que pudessem ter : assim, parece fora de dúvida que qualquer alteração do nosso Código deve respeitar a Diretiva em vigor, ou seja a de 16 de dezembro de 2015, cujo artigo 5º, nº 1, é o seguinte:
pontos de vista
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1. É recusado o registo de uma marca ou, se efetuado, é passível de ser declarado nulo se: a) a marca for idêntica a uma marca anterior e se os produtos ou serviços para os quais a marca foi pedida ou registada forem idênticos aos produtos ou serviços para os quais a marca anterior estiver protegida; b) devido à sua identidade ou à sua semelhança com a marca anterior, e devido à identidade ou semelhança dos produtos ou serviços a que as duas marcas se referem, existir, no espírito do público, um risco de confusão; o risco de confusão compreende o risco de associação com a marca anterior. Manteve-se, portanto, a alteração introduzida na Diretiva de 2008, em relação à de 1988, na alínea b) do nº 1 do artigo 5º, que parece vincar melhor que só pode haver risco de associação se houver, também, risco de confusão – ponto que na lei portuguesa, a partir do Código de 1995, não está claro. Mas a Diretiva de 2015 introduziu profundas alterações no artigo 5º, que passou a ter 6 números e diferente epígrafe – substituindo “Direitos conferidos pela marca” por “Motivos relativos de recusa ou de nulidade” – regulando vários aspetos respeitantes à recusa ou anulação de registos de marcas confundíveis com as que se encontram registadas. As referências ao “sinal” e à “marca” da Diretiva de 2008 foram substituídas por “marca” e “marca anterior”, o que parece mais correto – e dá, no nº 2, a noção de “marca anterior” e nos restantes
Por outras palavras: tanto se concede um registo, como, a seguir, se recusa outro em idênticas condições – o que não deve suceder, uma vez que as decisões proferidas devem refletir a orientação definida pelo INPI e não a opinião dos vários Técnicos, que podem não ser no mesmo sentido. É o que vamos ver seguidamente, examinando alguns casos concretos, começando pela marca GLAMOUR, que tem sido vítima de numerosas tentativas de imitação, das quais se mencionam VINTE E OITO, nos últimos anos. Pois desses 28 pedidos de registo, 25 foram recusados com fundamento no registo da marca nominativa GLAMOUR mas os 3 últimos – relativos a marcas de composição semelhante às anteriores – foram concedidos. Dos pedidos de registo, RECUSADOS com fundamento na marca GLAMOUR, que se reproduz tal como está registada, ou seja, nominativa ou verbal, vejamos alguns exemplos. Dada a semelhança dos fundamentos de recusa, apenas se refere o primeiro, na parte mais relevante : - M. Nac. 372.704 - CLUBE GLAMOUR Recusa : 03.08.2006 Fundamento: Do confronto entre o sinal requerido e a marca prioritariamente registada ressalta, em nosso entender, uma forte semelhança gráfica e fonética, circunstancia que, a nosso ver, dificilmente permitirá a sua distrinça. Em face do exposto, reputando-se preenchido o conceito de imitação do direito pertencente à sociedade reclamante, propõe-se o indeferimento do presente pedido de registo, nos termos do nº4 do artigo 237º do CPI e com os fundamentos acima indicados. - M. Nac. 373.271 -
Recusa : 06.10.2006
PROPRIEDADE INDUSTRIAL acrescentou-se Recusa : 04.11.2010
- M. Nac. 480.814 –GLAMORY Recusa : 23.08.2011 - M. Nac. 487.278 Recusa : 25.01.2012 - M. Nac. 484.446 –GLAMOURDAYSPA Recusa : 26.01.2012 Como se referiu, todas estas decisões de recusa foram fundamentadas no registo da marca nominativa “GLAMOUR” e algumas merecem referência especial. Estes vinte e cinco pedidos de registo, representando marcas variadas, desde as simplesmente nominativas às mistas, com elementos peculiares, parece que definiam, claramente, a orientação do INPI sobre o problema.
“LISBOA” e “WEEK”
e pronto: já não há confusão entre as mesmas – embora seja um caso nitidamente abrangido pelo nº 3 do artigo 245º do Código da Propriedade Industrial. Então concede-se o registo de uma marca que CONTÉM integralmente uma marca que está registada? A orientação com as duas outras marcas foi idêntica, ou seja, depois de admitir a prioridade e a afinidade entre os serviços, afirma-se que “… não há qualquer risco de confusão entre o sinal “pure glamour”, que caracteriza a marca registanda e o sinal “GLAMOUR” que identifica a marca da reclamante…” Por outras palavras, entre GLAMOUR e PURE GLAMOUR
Mas não: em 2012 e 2013, para marcas de composição idêntica, já foi entendido que não havia razão para recusar os registos ! Trata-se das seguintes marcas nacionais, cujos registos foram requeridos por empresas também nacionais:
não ressaltam semelhanças gráficas, fonéticas, figurativas ou outras?
- Marca nº 495.560 –
3 = OUTRAS DECISÕES DO INPI
- Marca nº 497.563 –
No entanto, a confusão das decisões não se limitou à marca “GLAMOUR”: e parece importante citar mais alguns casos – não é possível referir todos – para que possa avaliar-se melhor a gravidade do problema.
- Marca nº 496.868 – Em todos estes casos foi considerada a prioridade do registo da marca “GLAMOUR” e que os serviços ou produtos assinalados por esta marca eram afins dos que se pretendiam individualizar com a marca a registar. Portanto, só restava analisar se o consumidor poderia ser induzido em erro ou confusão. Relativamente à marca nº 495.560 “LISBOA GLAMOUR WEEK”, o exame referiu: “Todavia, do confronto entre o sinal requerido e as marcas prioritariamente registadas, aferimos na situação em apreço que o vocábulo “GLAMOUR” é comum a ambos os sinais. Contudo, tratando-se o sinal requerido de um sinal misto constituído ainda pelos vocábulos “LISBOA” + “WEEK”, consideramos que apresenta no seu conjunto suficiente caracter distintivo em relação às marcas da reclamante porquanto da pronúncia da marca registanda, não resultam semelhanças fonéticas susceptiveis de gerar o risco de confusão ou de associação com as marcas registadas. Consideramos que é apenas sobre a totalidade do sinal – o elemento nominativo e o elemento figurativo no seu todo, que deve recair a nossa atenção e desta análise verificamos que as diferenças gráficas e fonéticas, entre os sinais, são a nosso ver suficientes para a plena individualização dos mesmos. Não nos parece evidente, atendendo a que a visão de conjunto dos sinais é distinta, que estas marcas em confronto provoquem confusão fácil no consumidor mais desatento.” Esta marca é um caso nítido de imitação ou reprodução – ou contrafação – com agregação: à marca registada “GLAMOUR”
REGISTOS CONCEDIDOS PELO INPI Registo concedido
LOG. 27744 – NAGOYA MN 496.621 – ANGEL-O MN 485.431 – MONTAG MN 508.061 – QUINTA DA CARTAXA MN 507.448 – LAB TAGZ MN 480.836 – VELA MN 504.719 – ZEVRO MN 544.614 – QUINTA DO MAGO MN 548.010 – MONTE DA VIGIA MN 549.533 – ARKITEK MN 547.774 – HERDADE DA VIGIA MN 544.463 – AMAVINHOS
Estando registado
MN 195.063 – GOYA MC 5.385.158 – ANGEL MN 428.517 – TAG
MN 312.206 – QUINTA DA CARTUXA
MN 482.517 – TAG MI 241.307 – WELLA MC 3.988.193 – WELLA MC 5.345.798 – ZERO MN 135.964 – MAGOS MN 351.058 – QUINTA DA VEGIA MN 362.628 – VEGIA MI 1.220.292 – ARKIT MN 351.058 – QUINTA DA VEGIA MN 362.628 – VEGIA MC 11.670.817 – AMA
As concessões indicadas parecem todas erradas, uma vez que a marca já registada ou é incluída na nova marca (como “NAGOYA”, “ANGEL-O”, “MONTAG”, “LABTAGZ”, “ZEVRO”, “QUINTA DO MAGO”, “ARKITEK” e “AMAVINHOS”) ou foi praticamente reproduzida (na “QUINTA DA CARTAXA”, “VELA”, “QUINTA DO MAGO”, “MONTE DA VEGIA” e “HERDADE DA VIGIA”). Não podemos esquecer que a imitação intencional incide, normalmente, sobre as marcas notórias ou de prestígio, o que agrava a situação. Todo o problema parece resultar da importância exagerada que se atribui ao aspeto de conjunto das marcas, que não é indispensável para recusar os registos e do nº 3 do artigo 245º do Código da Propriedade Industrial, que – tanto quanto me recordo – nunca vi aplicado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial, que só utiliza o nº 1 do mesmo artigo.
5 julho 2016
- M. Nac. 452.725 -
A ADVOCACIA E O DIREITO
OPINIÃO Lievem Cambonga, Advogado na Sociedade “Gameiro e Associados”
A Aquisição da Nacionalidade Angolana Com um conteúdo mais moderno, a nova lei da nacionalidade, a qual já foi aprovada pela Assembleia Nacional e que apenas aguarda promulgação, espelha modificações relevantes para o contexto actual da sociedade angolana.
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entre as várias situações que agora merecerão um tratamento diferente da antiga lei, surge o ditado, segundo o qual, “está cada vez mais fácil ser angolano”, uma novidade que poderá interessar aos empresários estrangeiros e demais pessoas. Este facto poderá interessar também aos cidadãos que nada têm a ver com a actividade empresarial, sobretudo àqueles que vivem em países menos desenvolvidos em relação a Angola, ou àqueles que vivem em países onde o custo de vida é mais elevado. Esta mudança sistemática poderá despertar variados interesses, às pessoas que observam o território angolano como uma oportunidade de fixar residência, propositando desenvolver algum negócio como meio de subsistência e crescer economicamente. A “abertura de portas” surge por causa das novas formas de aquisição da nacionalidade, que são menos rigorosas em relação ao pretérito diploma legal. Por isso, já neste âmbito, pode o Presidente da República apreciar e decidir os pedidos respeitantes à aquisição, reaquisição e perda da nacionalidade, e ainda conceder a nacionalidade, mediante autorização, salvo nos casos em que a competência seja da Assembleia Nacional, algo que anteriormente era da competência exclusiva desta ou do Governo mediante sua autorização. A nova lei estabelecerá também novas oportunidades de aquisição, quer por meio de casamento, quer por meio de naturalização, quer por meio de serviços prestados à pátria. Dentre essas oportunidades, consta a diminuição do tempo necessário para poder adquiri-la através do casamento, sendo necessário estar casado com cidadão angolano durante três anos, menos dois em relação ao pretérito diploma legal. O novo diploma, que ainda não está em vigor, visa também desburocratizar, cada vez mais, as formas de aquisição, facto que melhora consideravelmente o tratamento que se dava no período anterior. O cidadão estrangeiro também pode adquirir a nacionalidade por meio de naturalização, desde que esteja a
trabalhar de forma permanente no território angolano há mais de três anos, desde que tenha, durante esse tempo, rendimentos próprios e regulares para garantir a sua subsistência. Entre as formas de aquisição constata-se uma outra novidade, que é relativa aos filhos de angolanos nascidos noutro país, os quais podem adquirir automaticamente a nacionalidade, mesmo que seja apenas filho de pai ou de mãe angolana. Esta novidade será extensiva para os filhos de cidadãos estrangeiros nascidos no território angolano. No período anterior – e que ainda vigora – era imprescindível que se fizesse uma prévia solicitação, mas depois de ser concedida, podiam aqueles filhos optar por outra nacionalidade quando atingissem a maioridade. Outro facto merecedor de certa atenção, consiste na diminuição do tempo e valores monetários gastos no tratamento e regularização constante dos vistos. Ocorre que, os cidadãos estrangeiros que trabalham em Angola carecem de um visto ou autorização. Com o novo diploma, este, será um dos factos a ser acautelado, devido à diminuição do tempo necessário que se vê nas formas de aquisição.
É evidente que as novas leis podem apresentar vantagens, como também desvantagens. O facto de estar cada vez mais fácil adquirir a nacionalidade angolana, pode também ter conclusões negativas. Nesse ponto de vista, se por um lado torna-se menos burocrático adquirir a nacionalidade angolana, por outro, torna-se necessário falar a língua mais usada no território, que é a língua portuguesa, devendo este ser um requisito fundamental para a atribuição daquela. Outro detalhe é o facto de não se considerar angolano, o cidadão nascido no território angolano até ao dia 10 de Dezembro de 1975, assim como os seus filhos. Diferentemente da lei que ainda vigora, segundo a qual, consideram-se angolanos todos os cidadãos nascidos naquele território antes desse período, sem que prejudique a validade das relações jurídicas anteriormente estabelecidas com fundamento na existência de outra nacionalidade. Por outro lado, esses factos podem trazer problemas na sua aplicabilidade. A ideia de facilidade em adquirir a nacionalidade angolana é extensiva para as situações de perda da mesma, salvo se haver manifestação de interesse em não perdê-la, desde que cumpra os pressupostos legais explanados. Esta situação ocorre naqueles casos em que certa pessoa adquire a nacionalidade angolana e a perde, em virtude de declaração de vontade feita pelos progenitores ou seu representante legal durante a sua menoridade. Neste caso, os pressupostos para não perdê-la definitivamente consistem em requerer a atribuição da mesma no prazo de três anos após o termo daquela incapacidade, o que não ocorre na lei em vigor, porque não estipula prazo para poder readquirir a nacionalidade angolana nesses termos. Quanto à legitimidade para a sua aplicabilidade, é atribuida neste campo de acção, aos interessados e ao Ministério Público, o direito de interpor recurso de quaisquer actos relativos à atribuição, aquisição, perda e reaquisição de nacionalidade, no prazo de cinco anos, a contar da data do conhecimento do facto que fundamenta o recurso. Esta é uma prerrogativa que agora é atribuida, de modo a tornar cada vez mais fácil dirimir todo e qualquer litígio que venha a ocorrer na aplicação deste novo diploma. Sendo assim, o Presidente da República é competente para apreciar e decidir os pedidos respeitantes à aquisição, reaquisição e perda da nacionalidade, salvo nos casos em que a competência seja da Assembleia Nacional. A nova lei influenciará as novas realidades que se têm verificado nas sociedades modernas. As novas formas de aquisição poderão permitir um certo alargamento no investimento privado em angola, bem como a diminuição dos custos no processo, bem como uma maior rapidez na tramitação processual para a aquisição legal. ▪
O IMPACTO DO BREXIT
» André Silva Pereira, Advogado Cofundador da ASPA, em entrevista
BREXIT E O INVESTIMENTO ESTRANGEIRO Alves & Silva Pereira - Advogados (ASPA) apresenta-se no mercado como um player sólido na prestação de serviços no âmbito da imigração e direitos dos estrangeiros, acompanhamento jurídico personalizado e transversal nas diversas áreas do direito, bem como insolvência e recuperação de empresas. André Silva Pereira, Advogado Cofundador da ASPA fala-nos um pouco sobre estes ramos do Direito na perspetiva das consequências da saída do Reino Unido da União Europeia.
André Silva Pereira
cionalmente captavam este tipo de investimento”, avança André Silva Pereira. A maior parte do investimento é realizado em Lisboa, uma vez que a garantia de rentabilidade é maior, no entanto, alguns investidores começam a interessar-se por outras zonas do nosso país, nomeadamente o Algarve para um segundo investimento. “A cidade do Porto também começa a ser bastante procurada como uma oportunidade de realizar um segundo investimento. Devo ainda referir que uma grande parte dos investidores que nos visitam procuram aprofundar o seu conhecimento no que respeita a oportunidades de negócio, tais como a produção de vinho e de cortiça na perspetiva da exportação.”, relata o advogado. Saída do Reino Unido da Europa. Consequências para Portugal? Será que se pode falar de Oportunidades para Portugal? “Estamos otimistas, sendo certo que as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia, em termos efetivos, consolidar-se-ão apenas daqui a algum tempo, após a invocação do artigo 50.º do Tratado de Lisboa, o qual ainda prevê um período de dois anos para a negociação da saída”, observa André Silva Pereira. Para já verifica-se uma instabilidade dos mercados financeiros e, de facto, esta saída suscitou a necessidade de se fazer um ajustamento e de repensar-se os pressupostos em que assenta a União Europeia. “O Brexit foi um abanão para a Europa, um aviso, mas também uma oportunidade para as Instituições
da União Europeia apresentem uma nova dinâmica, menos burocrática e mais solidária”, refere André Silva Pereira. Mas não só. Para André Silva Pereira o Brexit revela-se como uma oportunidade para Portugal se afirmar de forma diferente no atual contexto europeu. Contrariamente ao esperado nos dias seguintes ao Brexit, o nosso escritório sentiu um impacto positivo, manifestado por alguns contactos realizados por investidores ingleses que têm revelado curiosidade em saber em que moldes funciona o programa de autorização de residência em Portugal para cidadãos nacionais de países fora na União Europeia. “Os ativos imobiliários no Reino Unido encontram-se em acentuada queda desde o Brexit, o que inculcou a ideia nos investidores daqueles países a necessidade de diversificarem os investimento para outros mercados e, nesse sentido, Portugal é bastante apelativo”, explica o advogado.
OS PORTUGUESES RESIDENTES NO REINO UNIDO
Na opinião de André Silva Pereira, as relações bilaterais entre Portugal e o Reino Unido sempre foram fortes e consistentes, pelo que nesta fase o processo de transição relativamente aos portugueses residentes será objeto de intensa negociação e de acordos bilaterais, não havendo razão para alarme. Segundo informações veiculadas pela comunicação social, os portugueses residentes no Reino Unido que preenchem os requisitos para requerer o visto de residência, estão a fazê-lo de forma tranquila e sem hostilidades. Mas também é verdade que a Aspa tem tido conhecimento de situações em que cidadão portugueses que ali se encontravam a trabalhar optaram por regressar a Portugal ou migrar para outros países. Com a certeza de que o caminho da Aspa continuará a ser a aposta nesta área do investimento estrangeiro, André Silva Pereira está otimista em relação ao futuro de Portugal no atual quadro da União Europeia. “O Brexit abriu-nos portas para aprofundar outras matérias, sentimos que Portugal tem agora uma oportunidade para mostrar que é um elemento importante para a Europa, capaz de captar investidores, atrair mercados e ser um veículo essencial para o investimento na Europa.▪
7 julho 2016
A
ASPA Advogados tem centrado a sua atuação em duas grandes áreas que lhe tem permitido ser reconhecida pelo seu foco e a sua especialização. Estamos a falar da prestação de serviços jurídicos no âmbito do apoio ao investimento estrangeiro e serviços no âmbito do Direito da Insolvência e Recuperação de Empresas, de pessoas singulares e coletivas, promovendo a respetiva reestruturação e/ou revitalização. “Somos reconhecidos pela nossa especialização nestas duas áreas de intervenção e queremos crescer nesse sentido e com essa diferenciação”, começa por nos dizer André Silva Pereira. Com uma forte aposta no apoio ao investimento estrangeiro, o advogado refere que a situação atual da Europa abriu portas para novas oportunidades de negócio e de investimento estrangeiro. A trabalhar com o sudeste Asiático com países que estão a emergir como o Vietname e o Myanmar, a ASPA começa a ter, também, clientes Brasileiros que procuraram cada vez mais Portugal para investir no âmbito dos programas de autorizações de residência para atividades de investimento (ARI). “Tem sido uma área de grande intervenção jurídica do escritório. Fazemos o acompanhamento todo desde a apresentação do pedido no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, passando pela elaboração de todo o tipo de contratos conducentes à prova do investimento, bem como assessoria jurídica no ramo do Direito Imobiliário. Damos o apoio total ao investidor durante o período de cinco anos legalmente exigido para a manutenção da autorização de residência. Após esse período, o investidor poderá requerer a autorização de residência permanente e depois a cidadania, sendo que muitos dos nossos clientes têm manifestado interesse em ambas as oportunidades, recorrendo, inclusivamente, a aulas de português nos seus países de origem”, refere o advogado. Tratam-se de investidores que pretendem diversificar o seu investimento em Portugal. “Estamos a conseguir captar investidores, quer pelas condições geográficas, climáticas e históricas favoráveis do nosso país, quer pelos requisitos da nossa lei que, desde 2012, tem sido menos exigente no que diz respeito ao periodo de permanência e montante de investimento, comparativamente com os países que tradi-
LIDERANÇA NO FEMININO
» CASTRO NETO ADVOGADOS EM DESTAQUE
“SOMOS TAMBÉM O RESULTADO DAS NOSSAS CIRCUNSTÂNCIAS” O Castro Neto Advogados tem como uma das suas principais áreas de prática o investimento, nacional e estrangeiro, essencialmente relacionado com o imobiliário. A Revista Pontos de Vista conversou com Rita de Castro Neto, advogada sócia-fundadora do Castro Neto Advogados.
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Castro Neto Advogados é, reconhecidamente, um parceiro especializado e de confiança na Área da Banca e do Investimento. O que deu origem e por que princípios se rege o escritório do qual é o rosto? Somos também o resultado das nossas circunstâncias. Há tradição familiar nessas áreas. O meu estágio incidiu, vincadamente, sobre a área do Urbanismo e do Investimento. Quando, já por conta própria, decidi quais as áreas que pretendia abraçar a banca era uma inevitabilidade que, aliás, complementa as anteriores. Os princípios assentam todos naquele que deve reger toda a nossa atuação: a integridade. É desta que decorrem todos os outros. A competência, que advém da qualificação e excelência profissional, a todos os níveis da prática desenvolvida e a confiança, decorrente da lealdade e respeito pelo cliente. O Castro Neto Advogados nasce da vontade de defender intransigentemente os interesses e os direitos dos seus clientes, de otimizar as suas áreas de negócio e de apoiar os seus projetos – sempre com rigor, honestidade e respeito pela legalidade.
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Penso que no mundo ocidental e nos dias de hoje, a mulher já conquistou o seu lugar na sociedade. Reconheço que as mulheres nesta profissão vivem uma certa angústia pela ausência à família. A advocacia, independentemente do género, é quase um sacerdócio. A dedicação é imensa e é constante RITA DE CASTRO NETO
A conjuntura atual é propícia à área do investimento Imobiliário? Sem dúvida e por diversos fatores. Por um lado, devido à crescente preocupação pela Reabilitação Urbana de Zonas Históricas e de Áreas Críticas de Recuperação e Reconversão Urbanística – área em que há muito para fazer e que, não só está hoje mais simplificada como goza de benefícios fiscais bastante atrativos. Por outro, devido à conhecida possibilidade de obtenção de autorização de residência com fundamento também no investimento imobiliário (o conhecido ARI/Golden Visa). Possibilidade essa que, recentemente, viu reduzido o montante do investimento em caso de aquisição e reabilitação de imóveis com maior antiguidade, em caso de imóveis inseridos em Áreas Críticas de Recuperação e Reabilitação Urbana e ainda de imóveis inseridos em territórios de baixa densidade. Também o Estatuto do Residente Não habitual, que permite aceder a
um regime fiscal privilegiado, direcionado, entre outros, a investidores que não tenham tido residência em Portugal nos últimos cinco anos, tem revitalizado todo um mercado que há bem poucos anos sofreu uma enorme hecatombe. Estes incentivos ao investimento, a vocação turística do nosso país e o mercado do arrendamento, hoje mais dinâmico e justo para ambos os intervenientes, têm permitido a reabilitação e a chamada de população para zonas que de outra forma permaneceriam em lamentável decadência. A par dos contratos, ao Castro Neto Advogados é-lhe reconhecida grande eficácia no Contencioso, nomeadamente na Recuperação de Crédito, nas Insolvências e na Reestruturação de empresas. Como explica essa dupla vertente tão acentuada? Por um lado, a forte Assessoria Jurídica a negócios jurídicos que, por natureza, reunem uma conciliação de vontades e por outro a forte presença na Área do Contencioso, do litígio? A explicação é simples, a elevada experiência em ambas as áreas é uma enorme mais-valia do escritório. Os contratos só são revisitados quando algo corre mal. Quando as relações jurídicas fluem, os contratos não saem da gaveta dos intervenientes. Em caso de litígio, o teor do contratado assume a sua maior importância. Será, em grande parte, no seu clausulado que os nossos Magistrados assentarão a sua decisão. A equipa, que tenho o privilégio de me acompanhar, é composta por colaboradores com prática acumulada em diversas áreas do Direito. Os mesmos têm vastíssima experiência em contencioso, gestão de projectos complexos e capacidade comprovada de concretizar soluções inovadoras para celebração de negócios jurídicos, tendo participado na sua assessoria e concretização em áreas transversais quer ao sector privado nacional quer ao sector público. Também assessoramos todo o quotidiano de vários Fundos de Investimento Imobiliário, com ativos de diversa natureza, bem como Sociedades, Investidores particulares e Instituições
Sendo Mulher, foi esse gosto por uma boa argumentação, que a fez decidir ser advogada? Também. Mas, confesso que hesitei. Também gostava de outros palcos. Pensei seguir teatro mas como acreditava que podia mudar o mundo, acabei por decidir seguir Direito. Já não tenho essa pretensão mas acredito que consigo fazer a diferença e mudar algumas pequenas (grandes) coisas à minha volta. Assim o procuro fazer todos os dias. O sentido de justiça é um sentimento muito arreigado quando somos jovens. Na minha juventude sempre tive convicções fortes. Continuo a não gostar de zonas cinzentas. Há situações em que só há preto e branco. Ser advogada é uma profissão que procura a justiça e a defesa da Liberdade. A este propósito vem-me à
memória uma frase da Margaret Thatcher que passava uma ideia próxima da seguinte: Acredito no direito do homem de trabalhar como quiser, de gastar o que ganha como entende, de ser dono das suas propriedades e de ter o Estado para o servir e não como seu dono pois essa é a essência de um país livre e dessas liberdades dependem todas as outras. O Castro Neto Advogados presta assessoria jurídica a Instituições de Crédito e a Sociedades Gestoras de Fundos de Investimento Imobiliário. Como vê a actual situação financeira do nosso país? Com optimismo mas com preocupação, principalmente pela forma como a mesma é apresentada à sociedade. É necessário que, alguma da nossa comunicação social e alguns dos nossos políticos parem para refletir sobre o impacto das palavras que, levianamente, por vezes são proferidas. Cresci a ouvir que os Bancos não são instituições de caridade. Não são de facto. Nem é esse o seu propósito, mas nem por isso deixam de ser o pulmão da economia. A ligeireza com que hoje se passam certas mensagens ou se tomam decisões é fraturante do sistema financeiro e da confiança dos cidadãos no mesmo e, consequentemente, nociva para a sociedade. Historicamente, a advocacia era uma profissão dominada por homens. Além dos obstáculos ine-
O Castro Neto Advogados nasce da vontade de defender intransigentemente os interesses e os direitos dos seus clientes, de otimizar as suas áreas de negócio e de apoiar os seus projetos – sempre com rigor, honestidade e respeito pela legalidade
rentes à construção de qualquer profissão, considera que ser mulher também o foi? Não vejo as coisas por essa perspetiva. Sempre vivi num ambiente maioritariamente masculino – cresci com três irmãos mais velhos e tenho hoje quatro filhos. Também quando iniciei o meu estágio era a única advogada mulher no escritório do meu Patrono. É evidente que houve momentos, no meu percurso profissional, em que talvez tivesse sido mais fácil se fosse homem mas há vários anos que não vivo qualquer momento de desconforto devido a essa circunstância. Penso que no mundo ocidental e nos dias de hoje, a mulher já conquistou o seu lugar na sociedade. Reconheço que as mulheres nesta profissão vivem uma certa angústia pela ausência à família. A advocacia, independentemente do género, é quase um sacerdócio. A dedicação é imensa e é constante. É mulher, advogada e está sozinha à frente de um escritório que conta
hoje com 16 colaboradores. Como vive essa liderança no feminino? Não estou sozinha. Estou com mais 15, cada um deles com um papel único e essencial para termos chegado até aqui. Ao meu lado tenho ainda dois responsáveis de áreas íntegros e que considero amigos. Ambos acreditam que na vida o que decide não são as circunstâncias, essas são apenas o dilema com que somos forçados a decidir. O que decide é sempre o caráter. O deles é irrepreensível! A par da excelente equipa que me acompanha, conto também com um apoio informático altamente especializado e com a experiência daqueles com quem tenho parcerias estabelecidas, que aportam conhecimentos técnicos e recursos nas áreas em que o escritório atua. Chefiar não é fácil, não apenas pelo facto de ser mulher mas porque é sempre um cargo solitário. Mas, como me disse em tempos o Presidente do Conselho de Administração de uma grande Multinacional, smile, it confuses people. ▪
9 julho 2016
Bancárias. Temos, assim, um forte conhecimento do mercado, o bom senso que os anos trazem e uma visão de conjunto essencial. Essa experiência acumulada bem como a prática judicial diária complementam-se e permitem um elevado grau de especialização orientado para a prevenção do litígio e para o sucesso, quando aquele é uma inevitabilidade. Particularmente, apesar de ser uma conciliadora por natureza, tenho de reconhecer que também gosto de esgrimir argumentos. A barra é um bom palco e há adversários brilhantes.
LIDERANÇA NO FEMININO
A DIFERENÇA QUE (NÃO) FAZ SER MULHER “Objetivos bem definidos, atitudes claras, argumentação, firmeza e socialização são «instrumentos» fundamentais para um cargo de liderança com sucesso”, afirma Rosarinho Noronha Castro, Manager da banda D’alma e um exemplo de liderança no feminino.
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osarinho Noronha Castro é licenciada em Educação básica pela Escola Superior de Educadores de Infância Maria Ulrich. No entanto, apresenta um vasto percurso na organização de eventos, sendo hoje Manager da banda D’ALMA. Como se deu este “desvio” da Educação para o mundo da música? A minha formação profissional integra-se na minha atividade atual. Muitos anos trabalhei na área do pré-escolar. Todos os sentidos são explorados para uma maior interação comunicativa. Existe uma aprendizagem progressiva de definição de conteúdos, de movimentos e de sons que se transformam em música. Existe desta forma uma evolução permanente na minha paixão pela sensibilidade da música. A música desenvolve muitas capacidades inerentes ao ser humano através das suas competências sensoriais. Sinto em mim uma continua aprendizagem musical como se encontrasse nesta expressão de arte um espaço de comunicação. Um movimento imparável que através dos seus sons se transforma em música.
pontos de vista
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Utilizando um registo diferente do habitual e melodias com uma sonoridade pop/rock, os D´Alma perpetuam os grandes poetas Portugueses (Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Sebastião da Gama e Mário de Sá Carneiro) através das suas canções. O que significa para si representar uma banda deste género musical com esta magnitude? O principal objetivo da banda D’ALMA (o meu atual projeto) é perpetuar os grandes poetas de expressão lusófona e novos valores poéticos. E não unicamente os portugueses. Existem portugueses, angolanos e brasileiros. Pensando no entanto em outros países de expressão lusófona para o novo trabalho. Citarei para além dos já referidos: José Saramago, Miguel Torga, António Aleixo, António Carlos Santos, Joaquim C. Silva, Rita Margaret, Ester Cid, Machado de Assis, Cristina Lebre, Isabel Ferreira e Etelvina Diogo. Sinto necessidade de citar todos estes poetas (lusófonos). A música é do vocalista Joaquim C. Silva. Eles unem povos de culturas diferentes, de língua portuguesa através da poesia em música. Para além da poesia também existe uma parceria musical, num tema, com o célebre compositor brasileiro Michael Sullivan. Proporcionando uma maior diversidade na qualidade musical. Representa, eu poder transmitir essa sensibilidade para todo o mundo. A língua portuguesa a sensibilizar várias formas de arte como centro de união entre civilizações, a poesia em música. Olhando para trás, para o seu percurso profissional, mudaria alguma coisa? Optaria por seguir a área na qual se formou ou o “bichinho” pelo mundo dos eventos é mais forte? O presente representa uma outra forma de matu-
ROSARINHO NORONHA CASTRO
D’ALMA Género: Pop/Rock São 5 os elementos da banda Joaquim C. Silva (Poeta, Compositor e Vocalista) Naturalidade: Porto COMPANHIAS DISCOGRÁFICAS: Farol Musica em formato digital Xiuu Records em formato físico Os D´ALMA perpetuam os grandes poetas lusofonos! D’Alma uma banda do Porto, com o 1º álbum editado pela Vidisco.
ridade construída ao longo dos anos. Uma atitude mais alargada de comunicação. Um prolongamento da minha existência. Uma vontade na continuidade do alargamento dos sentidos. Um caminhar sem parar. Um escutar que mergulha em todos os sentidos Ver uma mulher em cargos de liderança continua a não ser uma coisa trivial. Ainda é visto mais como uma exceção do que uma regra. Durante o seu percurso alguma vez sentiu dificuldades acrescidas pelo facto de ser mulher? Ao iniciar um projeto sempre o construi com bases
sólidas. Com conteúdos fundamentados. Numa ou outra circunstância aconteceu ter que saber defender o meu projeto. Por vezes duramente, mas nunca desisti. A persistência, a fundamentação e a firmeza têm ajudado muito Há mais liderança empresarial no feminino em Portugal. Embora esteja ainda longe da percentagem de homens à frente das empresas, um estudo da Informa D&B concluiu que as mulheres lideravam 28,5% das empresas em Portugal no final do ano de 2015. Como é ser representante artística de uma banda composta por homens? Tem sido uma experiência bastante gratificante e esclarecedora. Tenho os meus objetivos muito bem definidos. Colaboro nos pareceres de cada músico. Mas sou firme nas minhas decisões quando é necessário aplicá-las. Trabalhamos em grupo que tem regras definidas. E essas mesmas regras são aplicadas. A firmeza de atitude e de objetivos é fundamental. Facilitando a fluidez do trabalho. Sente que tem de fazer o dobro do esforço para ver reconhecido o seu trabalho por ser mulher num cargo de liderança? Sinto que nesta posição nos exigem maior eficácia. Existe um “olho” que sempre espreita à espera da imperfeição. Existe menos tolerância na eficácia de um projeto. Há um maior controle no desenrolar do meu trabalho. Tenho que estar atenta e procurar fazer e defender o meu melhor. Objetivos bem definidos, atitudes claras, argumentação, firmeza e socialização são “instrumentos” fundamentais para um cargo de liderança com sucesso.▪
INOVAR PARA COMUNICAR
PROVART – 5 A 7 DE AGOSTO
» COMUNICATORIUM EM DESTAQUE
“Vamos ganhar” e ganhámos! Profecia ou estratégia de comunicação? Quando em dezembro último Fernando Santos ousou dizer a todos nós, “Vamos ganhar”, e que só voltaria a Portugal no dia 11 de julho para ser recebido em festa, poucos acreditaram nas suas palavras.
P
o u c o s julgavam possível o apuramento, mas o selecionador, homem de fortes convições coloca como grande objetivo o primeiro lugar no Europeu de Futebol. “Queremos chegar à final e vencê-la”. Uma profecia, ou uma estratégia de comunicação, capaz de suportar os objetivos da seleção e moralizar os jogadores em torno do sucesso colectivo e individual? Fazer o diagnóstico da sua equipa, foi uma das tarefas cruciais que Fernando Santos iniciou há dois anos, após convite da Federação Portuguesa de Futebol para orientar o conjunto de 23 jogadores, de curriculum invejáveis, a futuro promissor. Conhecer as motivações e emoções, o comportamento e as atitudes de cada jogador, marcaram a cultura organizativa da seleção e tal como nas empresas, as pessoas são a chave na execução das estratégias e no cumprimento dos objectivos. Organizações capazes de envolver e motivar os seus colaboradores são as que apresentam melhores resultados. Saber envolvê-los e motivá-los, em torno do objetivo comum foi fundamental – Ganhar. “Criámos um grupo forte, unido”, referiu Fernando Santos em vários momentos do Campeonato Europeu de Futebol. Uma estratégia de comunicação eficaz, assente nos valores, na missão e na cultura organizativa, prossupõe um plano de comunicação integrado alinhado com os objetivos da organização, capaz de garantir as interações com os diferentes stakeholders internos e externos. Como transmitir a mensagem correta (conteúdo e estrutura) por forma a atingir os objetivos pretendidos? E definir o tempo certo para
o fazer? Quem, o quê, quando e como? As respostas foram dadas a cada momento pelo selecionador. Um selecionador empenhado no fazer acontecer dentro de campo e no querer acreditar fora dele. Chegada à meia final, Fernando Santos reforça a sua convição “... muito dificilmente alguém ganha a Portugal, não é fácil”. Durante os 32 dias da estadia em Marcoussis, Fernando Santos foi um estratega da comunicação, incisivo nas suas mensagens, antecipando as questões, desvalorizando o que não era importante e enaltecendo o trabalho do coletivo. “Não falo sobre jogadores em particular, só falo sobre o colectivo”. E mesmo quando os mais entendidos, se fundamentavam em dados do passado para opinar sobre o percurso e futuro da seleção, o selecionador respondia “O futebol, é como é, não há estatísticas que nos valham”. Após a merecida vitória da meia final com o País de Gales, selecionador e jogadores apresentaram-se na conferência de imprensa, claramente apostados na vitória com os gauleses, repetindo por diversas vezes, “Agora é para ganhar porque as finais não se jogam, ganham-se”, e ganhámos. Portugal conquista assim o primeiro título internacional, ao vencer a França no Stade de France, por 1-0, após prolongamento. O discurso da vitória que Fernando Santos havia escrito 4 semanas antes de Portugal se consagrar campeão europeu, é a prova de que nada foi feito ou proferido ao acaso. “É uma vitória de Portugal. Daqueles que nos acompanharam sempre. Mas é muito também uma vitória dos portugueses. ” Obrigado Seleção! ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
provart venha conhecer A vila da Sertã vai receber a terceira edição do “PROVART”, um festival dedicado à cerveja artesanal e à animação musical, que decorrerá de 5 a 7 de agosto, no jardim da Carvalha, na Sertã, distrito de Castelo Branco.
O
evento apresenta-se como uma iniciativa de mostra de cerveja artesanal e que visa o intercâmbio de experiências e sabores entre os vários produtores presentes e os visitantes. O festival pretende assim ser uma mostra do que de melhor se faz em Portugal na área da cerveja artesanal, onde estarão presentes cerca de 80 degustações cervejeiras nacionais e algumas internacionais, garantindo assim aos visitantes uma grande variedade de rótulos, cada um deles com o seu aroma, textura e sabor. No recinto do festival estarão ainda presentes alguns stands com artesanato, produtos regionais e as mais saborosas roloutes de street food, permitindo aos visitantes uma degustação completa dos sabores das cervejas com o que melhor temos na gastronomia nacional. À semelhança dos anos anteriores,
nesta edição, o festival irá contar com vários concertos, performances teatrais e dj›s que vão garantir, ritmos, som e alegria durante todas as horas do evento. Conta-se com ritmos de Funk, Pop-Rock, Rock n’ Roll, Reggae e Ska. Entre eles, os Kumpania Algazarra, que prometem animar o festival ao som de músicas do mundo que formam um rendilhado de culturas; os Chapa Dux , com o poder do Reggae e Ska; os Menos Óbvio, uma banda sem ponta de vergonha; os Lazy Funkers, com a pura agitação funkadélica; os Texabilly Rockets, com o Rock n’Roll ao estilo dos anos 50; e os The Nightmare and The Wolfman Trio, um projeto regional com sons distintos de Blues, Rock n’ Roll e Rockabilly. Este é um evento com entrada gratuita e aberto a todas a faixas etárias, onde apenas será cobrado os valores do copo oficial e dos produtos consumidos. ▪
11 julho 2016
Opinião Luis Roberto, Founder & Managing Partner Comunicatorium
» CERVEJA ARTESANAL NO SEU MELHOR
“Os mercados de Língua Portuguesa ganharam novo ímpeto e a CPLP está com crescente notoriedade” “Os dezoito anos da CPLP constituíram o ponto de partida para uma reflexão aprofundada sobre o futuro da nossa Comunidade. Face às exigências decorrentes da complexidade dos novos tempos, só com uma Nova Visão Estratégica vamos estar em condições de melhor compreender e enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades”, revela Murade Murargy, Secretário Executivo da CPLP, que em entrevista à Revista Pontos de Vista abordou estas quase duas décadas de existência de uma instituição em crescente notoriedade. Saiba mais.
Créditos: Diana Quintela
pontos de vista
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TEMA DE CAPA
» GRANDE ENTREVISTA A MURADE MURARGY, SECRETÁRIO EXECUTIVO DA CPLP
A evolução e o dinamismo nos cenários nacionais e internacional permitiram à CPLP um nível interessante de abertura ao exterior, tendo já abarcado nestes enquadramentos as Ilhas Maurícias, o Senegal, a Turquia, a Geórgia, a Namíbia e o Japão MURADE MURARGY
SECRETÁRIO EXECUTIVO DA CPLP
realçada – até foi concretizado o primeiro Fórum Económico Global da CPLP, em Timor-Leste, constatámos um imenso dinamismo da Confederação Empresarial e União e Exportadores e a fundação da União de Bancos, Seguradoras e Instituições Financeiras. Ainda permanece por concretizar, de maneira efetiva, a livre circulação de determinadas categorias profissionais dentro do espaço CPLP. Há consenso entre os Estados membros, restando aguardar não muito mais tempo. Brevemente, especialistas dos ministérios do interior e dos negócios estrangeiros vão reunir para traçar soluções aos obstáculos encontrados. Trata-se, essencialmente, de um problema de segurança, surgindo importantes questões como o passaporte eletrónico e a partilha de informação. Um dos desideratos primordiais da CPLP passava por reforçar a presença dos estados membros no cenário internacional. Sente que esse
fito foi alcançado? Como podemos vislumbrar esse reconhecimento? Sim. A CPLP, por vontade dos seus Estados membros, colocou altas personalidades dos seus países em elevados cargos de organizações internacionais (OI), como a OMC e a FAO. Vamos à Assembleia Geral da ONU e alinhamos posições em diversos domínios, como o Ambiente, a Saúde, o Trabalho, entre outras dimensões. As atribuições de cooperar nas dimensões da Defesa e Segurança constituem destaque, realçando-se o papel da CPLP na relação desenvolvida com os Estados membros para garantir o respeito pelas instituições, a independência nacional e a integridade do território, a liberdade e a segurança das populações. Dou exemplo da preocupação institucional da CPLP, dos seus Estados membros, com a situação na Guiné-Bissau, onde, atualmente, estamos em parceria com cinco OI. Realizamos missões de observação eleitoral às eleições presidenciais, legislativas e outras, há diversos anos. Permito-me, também, evidenciar o papel da CPLP enquanto ator de relevo na cena internacional, dado mais força à vontade consensualizada pelos nossos países, traduzida nos entendimentos com diversas organizações regionais e sub-regionais e no quadro do sistema das Nações Unidas, para além de outros sujeitos de direito internacional. O derradeiro reconhecimento vem pelo número de Estados estrangeiros e de instituições da sociedade civil a aproximarem-se da CPLP, naturalmente, interessados nos países e no conjunto multilateral, na sua força: na existente e na potencial. A evolução e o dinamismo nos cenários nacionais e internacional permitiram à CPLP um nível interessante de abertura ao exterior, tendo já abarcado nestes enquadramentos as Ilhas Maurícias, o Senegal, a Turquia, a Geórgia, a Namíbia e o Japão, enquanto observadores associados, para além de cerca de cinco dezenas de instituições enquanto observadores consultivos – cuja atividade conjunta já tem algum dinamismo. A CPLP comemora este ano duas décadas de existência. Como conseguiu a mesma a materialização de projetos de promoção e difusão da língua portuguesa ao longo destes vinte anos? Essa difusão foi fundamental para a afirmação da instituição e respetivos estados membros? A Língua Portuguesa tem uma importância determinante. Merece dedicação e promoção porque é nossa. Devemos divulgá-la cada vez mais como meio de comunicação, de transmissão de conhecimento e transformá-la, também, numa língua de negócios. A verdade é que já se fala português em muitos cantos do mundo, a Língua Portuguesa conquistou o seu espaço, com mais força, porque nós existimos e insistimos em comunidade. Já concretizámos três conferências internacionais, a última em junho passado, em Díli. O Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), organismo da CPLP, tem desenvolvido atividades em torno dos vocabulários nacionais e comuns e do Portal do Professor. Tem apoiado a Guiné Equatorial, onde já há falta de professores
13 julho 2016
De que forma é que a CPLP tem vindo a privilegiar o aprofundamento da cooperação e amizade entre os seus membros? Quais têm sido as mais-valias nestas relações e as lacunas que ainda identifica? Os países da CPLP têm vindo a estreitar o nível das suas relações bilaterais, quer seja entre governos ou ao nível de fluxos comerciais e, multilateralmente, a CPLP garante uma maior projeção na arena internacional, enquanto bloco – por sinal, sui generis. Quando sugeri, por diversas vezes durante o meu mandato, ser necessário ir além da língua que nos une, não pus em causa os valores fundamentais da organização: esses estão consolidados. Não por ser uma lacuna, mas por ainda estarmos numa fase em que temos de alavancar, considero que: se a área empresarial for mais forte, a CPLP também se fortalece. Essa visão é partilhada pelos nossos presidentes e, desde a cimeira de Díli, em 2014, a importância da cooperação económica e empresarial, no mundo globalizado, foi
Créditos: Diana Quintela
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epois de quatro anos há frente dos destinos da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a pergunta impõe-se, que balanço é possível perpetuar deste período e quais foram as principais conquistas que a instituição alcançou? Sendo Secretário Executivo da CPLP, estou balizado pelas deliberações dos órgãos estatutários superiores. Quem define o nosso caminho são os Chefes de Estado e de Governo. Naturalmente, pela natureza de ser uma organização internacional, estamos sempre dependentes da vontade política dos Estados membros. Têm-me dito para estar consciente que a CPLP avançou, nestes quatro anos. Mas, gostaria de ver alcançado muito mais. Não obstante, acredito que me entreguei de corpo e alma à Organização, à sua missão e objetivos. Verifico, também, que os Estados membros mantêm o interesse e estão para aprovar na próxima cimeira, prevista para novembro, no Brasil, uma Nova Visão Estratégica da CPLP – adaptando-a melhor às exigências do mundo globalizado e aos retratos socioeconómicos dos nossos países – uma realidade muito distinta da verificada em 1996, altura da fundação da Organização. Desde sempre, enquanto embaixador de Moçambique, sempre promovi a captação de investimento estrangeiro, ciente que o desenvolvimento social e económico, sustentável, está interdependente. O estado e as empresas são, essencialmente, parceiros no desenvolvimento económico e social e a CPLP pode e deve ambicionar harmonizar essas políticas públicas, facilitando o exercício da atividade empresarial. Na luta contra a pobreza, contra a fome e contra o desemprego, enfim, na busca do Desenvolvimento, sublinho, ainda, as atividades, orientadas por planos estratégicos comuns, nos domínios da Segurança Alimentar, Saúde, Igualdade de Género, Educação, Cultura, Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, entre outras de considerável importância.
TEMA DE CAPA
» GRANDE ENTREVISTA de português. Temos portal do Ensino Superior e um repositório científico comum a avançar. A produção e partilha de conhecimento em língua portuguesa vai juntar-se a outros fatores de interesse crescente no idioma partilhado. Disse que continua por cumprir o objetivo da sua internacionalização. O que falhou? Ainda falta a plena introdução da Língua Portuguesa em determinados contextos nacionais, secundarizando-se, evidentemente, maiores investimentos na presença fora do espaço da CPLP. O que é que falta para que a língua portuguesa seja uma língua do sistema das Nações Unidas? Para ser oficial, faltaria o pagamento dos custos consequentes da instalação da capacidade para tal. Porém, o português é língua de trabalho em algumas organizações da ONU, como a Unesco, e é oficial em outras OI, como a SADC, CEDEAO, União Africana, Mercosul e União Europeia. Temos de ver o lado positivo. O debate em torno do acordo ortográfico surgiu novamente depois de o Presidente da República de Portugal ter dito, durante a sua deslocação a Moçambique, que, se países como Moçambique e Angola decidissem não ratificar o acordo ortográfico isso Estamos a será uma oportunidade trabalhar para reforçar para repensar a matéria. os objetivos específicos e O acordo ortográfico é estratégicos consensualizados para cumprir ou pode desde a fundação da CPLP, como haver um retorno? a área político-diplomática, a Não há retorno, nenhum Estado o pretende. cooperação e a promoção
e defesa da Língua Portuguesa, o ensino e a educação
pontos de vista
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Ao longo destes quatro anos alguns dos países lusófonos tem passado por dificuldades económicas: Portugal, Angola, Brasil, apenas para citar alguns. Estes problemas enfraqueceram de alguma forma a ação da CPLP? Estados com conjunturas mais adversas têm maiores dificuldades orçamentais, refletindo-se em todos os contextos. Por outro lado, os mercados de Língua Portuguesa ganharam novo ímpeto e a CPLP está com crescente notoriedade.
Afinal, o direito à nomeação do próximo Secretário Executivo cabe a Portugal ou a São Tomé e Príncipe, que também já afirmou pretender avançar com o nome de um candidato? Foi decisão do Conselho de Ministros da CPLP, de março deste ano, ser São Tomé e Príncipe a propor - na próxima cimeira do Brasil - a eleição de um cidadão nacional, para um mandato. Portugal vai assumir o Secretariado Executivo, a seguir. É legítimo afirmar que o momento mais tenso da sua liderança passou pela oposição de Portugal à entrada da Guiné Equatorial para a CPLP? Não. Portugal e outros países tinham reservas quando a Guiné Equatorial demonstrou interesse, cerca de dez anos antes de ser admitida
como membro de pleno direito. Desde 2014, após um processo de adequação do país para a admissão, é membro consensual da CPLP.
Prevista inicialmente para julho, a Cimeira Lusófona, irá decorrer em novembro. Isto significa que terá de ficar no cargo até essa data, novembro. O que significa para si estes meses “extra” na liderança? Persisto empenhado na função para a qual fui indicado pelo meu país. Relativamente à Cimeira da CPLP, estão a preparar a mesma? O que podemos esperar desta cimeira? Está previsto que seja aprovada a Nova Visão Estratégica da CPLP. Que visão é esta? O que tem obrigatoriamente de mudar? Os dezoito anos da CPLP constituíram o ponto de partida para uma reflexão aprofundada sobre o futuro da nossa Comunidade. Face às exigências decorrentes da complexidade dos novos tempos, só com uma Nova Visão Estratégica vamos estar em condições de melhor compreender e enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades. Importa, sobretudo, observarmos as imperfeições e as situações críticas encontradas ao longo deste percurso. Devemos fortalecer as áreas de maior debilidade, consensualizar e recentrar as nossas atenções nos assuntos de maior relevância e con-
centrar esforços numa agenda valorizadora dos objetivos prioritários dos Estados membros. Estamos a trabalhar para reforçar os objetivos específicos e estratégicos consensualizados desde a fundação da CPLP, como a área político-diplomática, a cooperação e a promoção e defesa da Língua Portuguesa, o ensino e a educação. Com a experiência institucional adquirida nestes 20 anos, há a convicção de novos espaços de atuação, como a cooperação empresarial e económica, o reforço do potencial económico da Língua Portuguesa, a criação de redes de conhecimento, académicas, a formação de recursos humanos qualificados para serem atores no crescimento económico e no desenvolvimento social dos Estados membros. Que significado tem para si estes vinte anos da CPLP? Não obstante a necessária aposta no futuro reforço institucional da Organização, vinte anos percorridos desde a fundação da CPLP, em 1996, a dinâmica é crescentemente visível e o Espaço da comunidade ganha cada vez mais militantes. A comum aspiração ao bem-estar, ao progresso e o respeito pelos direitos humanos dos nossos países permitiu à CPLP ser um ator relevante entre as OI, com projetos concretizados. A CPLP é o espaço da Língua Portuguesa, com práticas e valores partilhados. É um espaço geográfico e cultural que permite, sem estranheza, aos interessados juntar mais tijolos nesta construção entre povos com afinidades seculares. ▪
TEMA DE CAPA
» GRANDE ENTREVISTA
“É um final de carreira extraordinário”
crescimento da CPLP Que mensagem lhe aprazaria deixar a todos aqueles que tanto têm feito para o crescimento da CPLP? Devemos, juntos, dizer: Parabéns CPLP. É um espaço de pertença, em que os cidadãos dos nove países membros devem ir crescentemente reforçando a descoberta mútua, edificando blocos de identidade, de cooperação, de negócios, de conhecimento científico, de segurança, de estabilidade, Paz e Desenvolvimento. Juntos: Viva a CPLP!
Com uma vida profissional preenchida entre distinções, condecorações e cargos de destaque na diplomacia, quem é Murade Isaac Miguigy Murargy? Sempre fui um servidor do meu país, Moçambique. Se mereci alguma distinção decorrente da avaliação positiva do meu desempenho, fico honrado. Naturalmente, fico satisfeito porque sempre tentei empenhar-me ao máximo com os compromissos que assumo e essas distinções acabam por ser um reconhecimento, motivador. Como foi possível conciliar grandes responsabilidades profissionais com a vida pessoal? Enfim, quando fui Embaixador de Moçambique em França, Alemanha, Suíça, Costa do Marfim, Senegal, Mali, Gabão, Tunísia, Irão, Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Venezuela sabia que, evidentemente, teria implicações na minha vida privada. Quando assumi o cargo de Chefe da Casa Civil da Presidência da República de Moçambique, a exigência do posto também teria consequências. Quando vim para Secretário Executivo da CPLP, também, já sabia que seria uma função exigente. Entre os necessários sacrifícios que temos todos de fazer devido a características das funções de maior responsabilidade, creio que, à laia de balanço, sempre consegui acomodar e adaptar a minha vida privada. Qual foi a decisão mais importante que teve de tomar na sua carreira e que influenciou a sua vida particular? É muito difícil escolher um momento. Porventura, quando fui chamado a ingressar no Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique. Foi essa chamada que me fez ter o percurso profissional que hoje cumpri. Como salientei, houve sacrifícios na vida privada, muitas vezes exponenciados pelas distancias geográficas, mas existiram, igualmente, compensações. Tenho uma família fenomenal e a sensação de dever cumprido para com o Estado moçambicano. É possível conciliar as exigentes vidas laboral e particular e, no final, sentirmo-nos realizados em pleno.
Depois da Cimeira dos 20 anos da CPLP, o que reserva o futuro? A nomeação para Secretário Executivo foi o último posto para o qual o meu governo me propôs: estou aposentado como embaixador de carreira diplomática de Moçambique, logo após sair da CPLP. Agradeço ao meu país e ao meu presidente por me ter proposto a este cargo. É um final de carreira extraordinário. Indubitavelmente, vou permanecer empenhado na construção da Comunidade, um esforço que deve ser de todos nós. Vou, também, tentar passar os meus conhecimentos a outras gerações e, igualmente, procurar algo que me complete o tempo…não ficarei, seguramente, parado. Sempre fui uma pessoa ocupada e, mesmo abrandando, ainda vou ter ocasião para abraçar alguns desafios. Há algum conselho que gostaria de deixar para quem vem a seguir? A CPLP é uma comunidade em construção. Tenho a certeza que, tal como eu, quem me suceder vai continuar o trabalho do antecessor, colocando mais um patamar de concretizações na Organização. O maior desafio encontrado por mim na liderança do Secretariado Executivo, um dos Órgãos da CPLP, é o de saber como representar e articular com os nove países, tentando conciliar as vontades de cada um. Na CPLP, as decisões são tomadas por consenso, ou seja, todos os Estados membros têm que estar de acordo com uma determinada posição. Só com a boa vontade, a amizade e a solidariedade que caracterizam a nossa organização desde sempre é possível consensualizar algumas questões fundamentais que se colocam ao crescimento e desenvolvimento da CPLP. Se o tempo voltasse atrás faria algo de modo diferente? Todos somos humanos e erramos algumas vezes… Que legado gostaria de deixar? Bem sei que nunca fazemos tudo aquilo que queremos, mas, entretanto, com perseverança e empenho, sempre conseguimos contribuir com algo. Cabe e caberá aos outros considerar o meu desempenho em algum momento marcante ou relevante. ▪
15 julho 2016
Créditos: Diana Quintela
Figura incontornável na dinâmica e desenvolvimento da CPLP, Murade Murargy é Homem que fala nos olhos, que diz o que tem a dizer e que assume os seus erros. Nesta «viagem», quisemos saber um pouco mais do trajeto do nosso interlocutor e como tem sido contribuir para o crescimento de uma organização de enorme importância a nível mundial.
COOPERAÇÃO COMO INSTRUMENTO FUNDAMENTAL DA CPLP
» Câmara Agrícola Lusófona | CAL
“JUNTOS VAMOS MAIS LONGE” Qual a importância de uma relação coesa entre a comunidade CPLP? Saiba a resposta na voz de Jorge Santos, P residente da Câmara Agrícola Lusófona, a maior plataforma dentro da CPLP do setor Agroalimentar.
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entrevistado defende que talvez não faça sentido. Por outro lado, um trabalho que envolva mais a chamada diplomacia económica e a cooperação seria eficaz. “O espaço da Lusofonia merece uma maior atenção uma vez que estamos a falar 280 milhões de habitantes e consumidores, 4% do PIB mundial e 50% das reservas mundiais de hidrocarbonetos, estão nesta comunidade. O trabalho da CPLP tem sido muito bem realizado, com a chamada diplomacia económica perpetuada pelo atual Secretário Executivo, Murade Murargy tem tido um papel muito relevante ao mostrar que as organizações ligadas ao tecido empresarial têm de ter uma maior dinâmica. Este caminho é muito importante. Além da história e da cultura, o que faz realmente estes países mexerem-se e desenvolverem, é a economia. Sem economia nada mais adianta”. Não há desenvolvimento social e inclusão
m finais de 1997/1998 começa a surgir a necessidade de uma associação com o objetivo de defender os interesses do setor agroalimentar dentro do espaço da Lusofonia. Com o alto patrocínio do Ministério da Agricultura, do Presidente da Assembleia da República de Portugal e da CPLP é criada a CAL. Constituída em 1999, a Câmara Agrícola Lusófona, é resultado de um conjunto de empresários e dirigentes associativos experientes no setor do agronegócio e que utilizaram a sua experiência na busca incessante de oportunidades de negócio em África.
A EVOLUÇÃO
“A CAL evoluiu ao nível daquilo que é o posicionamento do mercado português nos países CPLP mas também no que concerne à descoberta de oportunidades de negócio, acompanhando as tendências, formando e capacitando os empresários através da organização de seminários, colóquios ou missões empresariais. Conseguimos alargar o nosso leque de protocolos entre as mais diversas instituições, desde banca, multilaterais, seguradoras, logística e às universidades, também com os governos de países da CPLP, com os quais promovemos o desenvolvimento e cooperação nesses mesmos países, fundamentalmente fomos dando massa crítica a esta entidade por forma a ir de encontro à espectativa dos nossos associados ”. Em 2013, a CAL sofre uma revisão estatutária e alarga a sua área de atuação à indústria agroalimentar e à execução de projetos de investimento. Enquanto entidade acreditada no Portugal2020, realizam projetos de investimento, na área da internacionalização, tendo mesmo desenvolvido um programa específico para as empresas intitulado de Programa de Internacionalização Agronegócios CPLP, que visa acompanhar as empresas nos mercados lusófonos.
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PORTUGAL NA CPLP
Jorge Santos informa que dentro do espaço da CPLP “Portugal não tem um peso tão grande e influência quanto se pensa”, isto porque aconselha as empresas portuguesas a adotarem uma postura mais resiliente, empreendedora, agressiva e sem medos. “A questão da política nestes países não deve ser posta de lado. É fundamental ouvir o que têm para nos dizer. O trabalho realizado dentro da
A CAL PARA A LUSOFONIA
JORGE SANTOS
CPLP tem de ser um trabalho em rede e recíproco”, explica. É preciso informar as empresas sobre a realidade de cada país e trabalhar a inclusão de forma ponderada. Para isso mesmo, existem também as CALtalks, conferências sob o lema inspiração e inovação, apresentação de case studies, destinadas a empresários do sector agro que procuram a motivação e a inspiração para a realização do seu negócio. Questionado sobre a pertinência da criação de um Ministério para a Lusofonia, independente do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o nosso
“A CAL desenvolveu um projeto que ainda se está a desenvolver, intitulado Programa de Internacionalização Agronegócio CPLP”, uma iniciativa com o objetivo de despertar a potencialidade das empresas portuguesas para parcerias e presenças em feiras internacionais do setor agroalimentar. Por outro lado é fundamental a disponibilidade das PME portuguesas para a triangulação dos negócios, entre empresários dos países da CPLP. “Acreditamos e temos um conjunto de empresas que estão nestes mercados a produzir lá, localmente. Mas não é só a exportar, é preciso mais do que isso. As empresas portuguesas têm de lá estar, instaladas localmente, à distância as coisas não resultam. É fundamental criar um banco para o desenvolvimento dentro da CPLP, para que as PME da CPLP possam ter apoio e assim o desenvolvimento ser mais visível. Quanto a novas apostas, “a criação de um portal agro-lusófono que servirá fundamentalmente para divulgar oportunidades de negócio, concursos públicos na CPLP, e de colocar ao dispor uma bolsa de mercadorias para que se possa acompanhar de perto todas as oportunidades ”. Com cerca de 21 missões empresariais realizadas, a CAL compromete-se a continuar a trabalhar no sentido de estreitar as barreiras dentro da CPLP através da troca de experiências e de saberes, atuando localmente e cooperando em prol de uma união que ainda se mostra frágil na CPLP. ▪
COOPERAÇÃO COMO INSTRUMENTO FUNDAMENTAL DA CPLP
» José de Oliveira Guia, Presidente da Direção da ANEME, em entrevista
SETOR METALÚRGICO E ELETROMECÂNICO, UM SETOR SEM FRONTEIRAS undada em 1975, como se pode definir o papel/missão que a ANEME assume perante os seus associados? A ANEME é herdeira do Grémio dos Metalúrgicos e Metalomecânicos do Sul, criado em 1960. Tem duas vertentes essenciais na sua atuação: representação e serviço. Presta um serviço de apoio às atividades das empresas suas associadas em áreas como: jurídico-laboral; formação profissional; económico-fiscal; técnica e tecnológica; internacionalização, representação junto das entidades nacionais e internacionais. A nível internacional já assumiu a presidência de organizações internacionais (CEEMET – Council of European Employers of the Metal, Engineering and Technology-based Industries e CEMA – European Agricultural Machinery) e participa nos orgãos sociais da CE-CPLP (Confederação Empresarial da CPLP). Em que patamar se encontra o setor Metalúrgico e Eletromecânico a nível nacional? O setor representa em Portugal cerca de 21 mil empresas, 190 mil trabalhadores e 23 mil milhões de euros de volume de negócios. As empresas do setor criaram um VAB pm de 5 mil milhões de euros, e o nível médio de produtividade do setor (VAB/Trabalhador) atingiu o valor de 28 mil euros, situando-se acima do valor médio, quer nacional, quer da indústria transformadora. Em 2015, as exportações de produtos metalúrgicos e electromecânicos atingiram o valor mais elevado de sempre - 17 126 milhões de euros, correspondendo a cerca de 30% do total das exportações nacionais. A Associação tem vindo a promover uma internacionalização das empresas através de missões empresariais. Tais missões têm vindo a ser realizadas com apoios oriundos do Programa Portugal 2020. Na sua opinião, os valores são satisfatórios para que haja um alavanque do setor Metalúrgico e Eletromecânico? A ANEME tem vindo a desenvolver ações de internacionalização desde os anos 80. É, porventura, a Associação Setorial com maior persistência
nesta área específica de apoio às empresas do setor. Os Mercados Africanos e da América do Sul (Chile, Perú e Argentina), têm sido o foco principal dessa atividade. Quanto aos valores que são pagos às empresas, mais do que os valores monetários é o tempo que medeia entre a realização da ação e a atribuição do apoio que gera alguma insatisfação. Numa dinâmica de negócio entre Portugal e os restantes países pertencentes à CPLP, que vantagens podem, além da língua comum, ser apontadas como mais-valias? A dinâmica desse relacionamento tem vários elementos essenciais dos quais a língua comum é um dos elementos, sendo que o conhecimento da idiossincrasias dos diversos povos que compõem a CPLP, o respeito pela diversidade cultural e um bom relacionamento político entre os países da comunidade, são elementos que ajudam a fazer negócios em português. Obviamente que ainda há muito caminho a percorrer, particularmente em aspetos básicos como a livre circulação de pessoas. Em Moçambique, a ANEME faz parte de um projeto de formação através do Centro de Formação Profissional da Metalomecânica de Maputo. Que importância e a que necessidades veio responder esta colaboração? O projeto do Centro de Formação da Metalomecânica de Maputo foi um projeto idealizado e gizado pela ANEME e pela AIMO, a partir de 1995. Pretendia-se com este projeto suprir carências graves de mão-de-obra, para as empresas da indústria metalomecânica e no que concerne aos técnicos de manutenção industrial, para a indústria no seu todo. Quando a ANEME, em conjunto com a Mundiserviços, elaborou a estratégia do setor metalomecânico para Moçambique (Projeto do Banco Mundial), a questão da formação profissional foi amplamente realçada, nesse trabalho. De que forma é possível consciencializar as empresas portuguesas, perante a relevância, do ponto de vista do crescimento económico, da
aposta na internacionalização? Qual tem sido o papel da ANEME nesta tarefa? Os empresários estão cientes da diferença entre exportação e internacionalização? A aposta na internacionalização foi uma aposta natural das empresas portuguesas tendo em atenção a exiguidade do mercado nacional. A ANEME tem apoiado as empresas através da realização de missões empresariais, estudos de mercado, prestação de serviços de formação profissional, apoio local associativo através da celebração de protocolos com entidades estrangeiras congéneres e lobby associativo junto dos poderes públicos locais. Que novos projetos estão em curso promovidos pela ANEME? A ANEME está a desenvolver um conjunto de projetos que abarcam
José de Oliveira Guia
as áreas do ambiente, internacionalização, novos mercados, apoio à substituição de importações e ainda outros que visam potenciar nas nossas empresas a investigação e o desenvolvimento de tecnologias de processo. Só por esta via poderemos aumentar a incorporação das frações mais significativas da cadeia de valor dos nossos produtos e serviços. ▪
17 julho 2016
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Em Portugal o setor Metalúrgico e Eletromecânico representa mais de 20 mil empresas. Descubra o trabalho desenvolvido pela ANEME em nome de todas elas.
COOPERAÇÃO COMO INSTRUMENTO FUNDAMENTAL DA CPLP
» Pedro Cardoso, CEO Banco Nacional Ultramarino, em entrevista
BNU
Parceiro de Excelência PEDRO cardoso
Assumidamente um player de referência, o Banco Nacional Ultramarino tem contribuído para o desenvolvimento económico e o aumento da competitividade, tendo como linha orientadora o cliente e vasta gama de produtos diferenciadores. A Revista Pontos de Vista conversou com Pedro Cardoso, CEO do Banco Nacional Ultramarino – BNU, que nos deu a conhecer um pouco mais de uma marca modelo a nível global.
Criado em 1864 como Banco Emissor para as ex-colónias portuguesas, o BNU exerceu também funções de Banco de Fomento e Comercial no país e no estrangeiro. Que papel assume hoje em dia o BNU? Estabelecido em Macau, no início do Séc. XX, como sucursal do antigo BNU, foi transformado em 2001, em Banco de direito local. Focou-se, ao longo da sua presença no território, em diversas áreas de negócio por forma a sustentar o crescimento económico de Macau, tendo tido um papel pioneiro no apoio aos novos desenvolvimentos de turismo e lazer estabelecidos em Macau após a liberalização do setor do jogo em 2002. Nesse sentido, o BNU mantém o seu estatuto de Banco emissor e de Agente do Tesouro para o Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM). Sendo parte do Grupo CGD, o maior grupo financeiro de Portugal, o BNU tem tido um papel relevante na promoção das relações comerciais entre a China e os PLP, ao qual não é alheio o facto de Macau ter sido designado pelo Governo Chinês para operar como uma importante plataforma para esse efeito. Tem também participado e contribuído, através de uma política ativa de responsabilidade social, nomeadamente no apoio ao sistema educativo, na assistência a instituições de solidariedade social e no apoio às atividades culturais e desportivas. Foi no ano de 1901, aquando do contrato celebrado entre o Governo de Portugal e o BNU, para a emissão de notas e obrigações no Ultramar, que se abririam portas para a entrada do BNU em Macau. O BNU tem um peso inquestionável na importância dada à banca portuguesa no exterior. Quais as grandes funções atuais da instituição? O BNU tem duas funções principais: por um lado é um Banco emissor, como já referido, e por outro lado é um Banco comercial focado em cinco eixos de negócio: grandes empresas, PMEs, turismo, retalho e banca privada. Temos cerca de 220 mil clientes, correspondente a cerca de um terço da população de Macau. O BNU tem também um peso inquestionável na atividade internacional do Grupo CGD. No primeiro trimestre de 2016, representámos cerca de 7% do
ativo total da CGD e cerca de 47% dos resultados da atividade internacional do Grupo. Fruto do desenvolvimento sustentado do BNU ao longo dos últimos anos, somos atualmente uma das três principais presenças da banca Portuguesa no estrangeiro, tanto a nível de dimensão de ativos (cerca de 7,500 Milhões Eur), como de resultados líquidos (59 Milhões Eur). O BNU procura consolidar-se como um Banco estruturado no âmbito do sistema financeiro de Macau, distinto pela relevância e responsabilidade fortes na sua contribuição para o desenvolvimento económico, o reforço da competitividade, capacidade de inovação e internacionalização das empresas de Macau. Como instituição portuguesa na China como são vistas as novas exigências da regulamentação bancária? No caso da China e Macau, estamos sob o regime de Basileia II. Todos os Bancos, incluindo o BNU estão sujeitos aos mesmos requisitos de regulamentação bancária local definidos pela Autoridade Monetária de Macau, entidade reguladora e supervisora. Neste momento, está-se a preparar a migração para Basileia III. Por outro lado, como entidade do Grupo CGD, o BNU está sujeito a uma supervisão consolidada no âmbito do Banco de Portugal/BCE. De uma forma geral as novas exigências regulatórias contribuem para o reforço da solidez do sistema e para a melhoria da qualidade e da eficiência na prestação do serviço aos nossos clientes. Verifica-se uma redução do nível de crescimento da economia chinesa. Que impacto tem na instituição esta perda económica? O impacto direto não se observa de forma muito evidente e isso porque a nossa atividade na China Continental é bastante limitada. O negócio do BNU está na sua quase totalidade centrado em Macau e por isso o impacto que temos é indireto, pela via da redução da atividade do turismo e lazer no território, atividade que é naturalmente influenciada pelo crescimento económico da China. Não obstante este contexto, o volume de negócios do BNU tem vindo a crescer continuadamente nos últimos anos e acredito firmemente que o futuro de Macau e, consequentemente, do BNU será muito próspero. O poder central chinês quer mais investidores a apostarem no exterior, para descomprimir a procura interna. O BNU está a ajudar os investidores chineses na procura de operações em Portugal e nos PLP? É conhecida a importância que os Governos da China e de Macau atribuem ao território na promoção da cooperação entre a China e os PLP. Esta missão tem de ser aproveitada por Macau, não só explorando as históricas relações de amizade com os PLP e a língua em comum, mas igualmente utilizando a sua posição geográfica privilegiada no Delta do Rio das Pérolas e a sua proximidade com Guangdong. No BNU, estamos muito empenhados nesta missão. Temos uma equipa especializada na dinamização do negócio bilateral entre a China e os PLP. Trabalhamos em conjunto com o Grupo CGD nesses países, no sentido de apoiar investidores chineses mas também empresas que pretendam investir ou exportar para o mercado chinês. Enquanto importante elemento do mercado, o Banco deve procurar constantemente uma evolução equilibrada entre a rentabilidade, o crescimento e a solidez financeira, sempre no quadro de uma gestão prudente dos riscos. Como se tem processa-
OBJETIVOS
O banco tem trabalhado em contraciclo com a casa-mãe, contribuindo para a redução dos prejuízos do Grupo Caixa. Quais são os objetivos para 2016 em termos de resultados? Para 2016, face à conjuntura económica mais desafiante de Macau, o objetivo do BNU é de um crescimento mais moderado do volume de negócio e da rendibilidade, verificando-se que durante a primeira metade do ano estamos em linha com a evolução esperada. Em 2015 o BNU contribuiu com cerca de 59 milhões Eur para o resultado da CGD, um crescimento médio anual de 31%, face a 2012. Em relação à rendibilidade dos capitais próprios atingimos um nível superior a 8%, um rácio de solvabilidade de 14% e uma posição de liquidez muito confortável, assente num rácio de transformação (crédito sobre depósitos) de apenas 53%. É de salientar ainda outros dois indicadores: o “cost to income ratio” é pouco superior a 30%, o que significa que está alinhado com as melhores práticas internacionais, e o rácio de crédito vencido a mais de 90 dias era de apenas 0,17%.
do a relação entre os PALOP e o BNU? Todos sabemos das aspirações do Governo Chinês em tornar o Renminbi (RMB) como uma divisa internacional de referência. Com o objetivo de iniciar a disponibilização por parte do Grupo CGD aos seus clientes de produtos com base no RMB, foram concluídos os mecanismos internos que já permitem transações em RMB nos mercados Africanos e Português, tendo subjacente transações comerciais, através das unidades do Grupo nesses mercados. Destaco ainda, neste âmbito, o protocolo estabelecido entre o BNU e o Banco da China, com o objetivo de promover a cooperação entre a China e os PLP. Este acordo permite que se estenda a plataforma do Grupo CGD nos PLP, à do Banco da China, interligando as duas plataformas, tendo Macau como pivot. De forma a contribuir para o desenvolvimento económico e o aumento da competitividade, o BNU trabalha no sentido de oferecer uma vasta gama de produtos e serviços aos clientes individuais e empresariais. Qual a estratégia da instituição financeira em termos de expansão? A estratégia seguida sempre foi a de se estruturar para suportar o seu crescimento, enfrentar as exigências do mercado e antecipar as necessidades dos nossos clientes. O BNU ambiciona proporcionar o mais alto nível de satisfação e qualidade de serviço aos seus clientes, prestado num ambiente extremamente competitivo. Aumentámos significativamente o número médio de produtos por cliente. Por exemplo, no nosso serviço direcionado ao segmento Affluent (Advantage), já temos, em média, cerca de sete produtos por cliente. A nossa estratégia, mais do que angariar novos clientes, assenta no incremento da fidelização da nossa base de clientes existentes e em privilegiar a geração de valor para o acionista ao invés do aumento cego da dimensão. Para este efeito, apostamos em quatro pilares, segmentação de mercado e consequentemente da nossa proposta de valor, qualidade de serviço, inovação e gestão cuidadosa dos riscos e da estrutura de custos. Atualmente temos 19 agências na RAEM e incluindo a nova agência de Hengqin, terminaremos este ano com uma rede de 21 agências. ▪
19 julho 2016
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Banco Nacional Ultramarino – BNU, apresenta-se como um caso de grande sucesso. O Banco é hoje a grande plataforma de entrada no impressionante mercado da China para empresas de todos os países de expressão portuguesa. É também a autoestrada para o investimento chinês no mundo da língua portuguesa? Macau tem sido utilizado por muitas empresas oriundas dos Países de Língua Portuguesa (PLP), como uma plataforma de preparação para a entrada no mercado chinês. Esta abordagem é frequentemente complementada através de parcerias, alianças estratégicas e contactos privilegiados com empresas locais. Em meu entender, o maior desafio que enfrentam, são as diferenças culturais e linguísticas entre os mercados chinês e os lusófonos. O BNU, presente em Macau desde 1902, encontra-se bem posicionado, pelo conhecimento que tem de ambos os mercados, ao fazer a ponte e assumindo um papel facilitador desses contactos, estando assim ativo no apoio ao comércio entre a China e os PLP, quer em termos de fluxos de comércio como de investimento. Com a nossa presença em Xangai desde 2006 e com a abertura, prevista para este ano, de uma agência na China, mais especificamente em Hengqin, na província de Guangdong, adjacente a Macau e Hong Kong, o BNU reforça o seu posicionamento e adota uma postura ainda mais ativa na promoção dos negócios entre a China e os PLP.
ADVOCACIA NA LUSOFONIA
» GRUPO ALCEA
“CONSTRUIR O FUTURO EM CONJUNTO” “É essencial que haja comprometimento por parte dos países que integram a lusofonia, bem como a criação de políticas que facilitem a circulação de bens e serviços através da redução de encargos tributários e a simplificação na obtenção de vistos entre os países membros”, refere Beatriz Sebastião, Presidente Executiva do Grupo Alcea.
O Beatriz Sebastião
pontos de vista
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Grupo Alcea apresenta-se no mercado como uma empresa Angolana de referência na prestação de serviços com soluções especializadas em diversas áreas de negócios. Estamos a falar de uma empresa que tem apostado no setor petrolífero, recursos humanos e agência de viagens. Que balanço é possível fazer de uma empresa com esta complexidade e dimensão? O balanço que fazemos até ao momento não é positivo, visto que as condições não estão favoráveis para quem trabalha neste setor e só nestes últimos meses é que conseguimos equilibrar, mas devido aos outros segmentos do grupo. O Grupo destaca-se por ser o número um no apoio marítimo a plataformas petrolíferas em Angola. Com forte crescimento nos últimos anos, adquiriram experiência e competência que vos tem permitido contornar as dificuldades que o setor petrolífero tem apresentado. Qual tem sido a estratégia? O que representa este setor para a empresa? Ainda não somos o número um no apoio marítimo às plataformas petrolíferas em Angola. Mas, não descartamos a possibilidade de algum dia alcançar esta posição. O serviço que prestamos no apoio marítimo às plataformas petrolíferas em parceria com a Tandem International Network Limited resulta da estratégia pela aposta no capital humano através de inputs que permitem à nossa equipa adaptar-se facilmente às mudanças que o mercado, ultimamente, vem apresentando. A empresa encontra-se a reforçar a sua actuação no segmento turístico interno com enfoque para as descobertas das potencialidades nacionais. Segundo Beatriz Sebastião avançou, a aposta no turismo interno começou a ser projetada antes da crise que o setor petrolífero vive neste momento. Que mais-valias acarretam esta aposta para a empresa e para região? É verdade que continuamos a inves-
tir no turismo interno e desde o início sabíamos que o retorno do investimento neste setor não seria imediato, mas é promissor. Por exemplo, dos 100% do rendimento registado no primeiro semestre de 2016, a prestação de serviços nacionais contribuiu com 15%. A maior parte do rendimento é proveniente da prestação de serviço para o turismo externo. O Grupo Alcea venceu, em 2015, o Prémio Empreendedorismo na Expo Oil and Gas. O galardão outorgado pelo ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, deveu-se a capacidade de liderança, qualidade, empenho, criatividade e contributo à diversificação da economia. Qual é o caminho a seguir pela Alcea? Há algum plano de expansão? Por agora estamos a identificar as soluções para contornar os desafios que o atual momento económico nos apresenta, assim como elucidar os conceitos e funcionamento da cadeia de aprovisionamento do setor petrolífero. O conceito de “Lusofonia” pretende estabelecer uma lógica de intervenção para o desenvolvimento do espaço dos países de expressão portuguesa, com os próprios vetores de atuação da CPLP. O que é que nos liga para além da fala? Para além da fala estamos ligados pela história e pelo modus vivendi. Como diz Yves Leonard a respeito da lusofonia: “uma espécie de família espiritual repousando na recordação de um passado comum, sobre uma parte do esquecido e sobre uma vontade de construir o futuro em conjunto”. A Lusofonia na atualidade é um termo que obedece ao princípio da globalização e interdisciplinaridade onde se almeja afirmar uma identidade comunitária, para além da questão linguística. O que é essencial para os negócios entre Portugal e os países de língua portuguesa para intensificar e promover a lusofonia? É essencial que haja comprometimento por parte dos países que integram a lusofonia, bem como a criação de políticas que facilitem a circulação de bens e serviços através da redução de encargos tributários e a simplificação na obtenção de vistos entre os países membros.▪
ADVOCACIA NA LUSOFONIA
» RATO, LING, LEI & CORTÉS – ADVOGADOS
“Macau tem de se incluir no universo da Lusofonia” No domínio da advocacia na lusofonia e de negócios em português, a Revista Pontos de Vista conversou com Frederico Rato e Pedro Cortés, Sócios e Advogados da Rato, Ling, Lei & Cortés – Advogados, um escritório de renome e que assume, entre outros, um desiderato claro, ou seja, o de reunir o maior número de clientes internacionais, onde se incluem os dos países de Língua Portuguesa.
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Com mais de 25 anos de prática jurídica em Macau acompanharam a evolução do mercado chinês. Como uma das mais livres e dinâmicas economias do mundo, Macau tem despertado um crescente interesse para quem procura investir na internacionalização. Que mais-valias advêm das sinergias dos mercados português e chinês? Macau é ainda um segredo bem guardado que, felizmente, nos últimos anos, e por mor da visibilidade que o mercado de jogo lhe conferiu, começa a despertar cada vez mais interesse dos mercados lusófonos. A Região Administrativa Especial de Macau tem um ambiente de negócios livre e atrativo para quem aqui quiser estabelecer uma plataforma para os Países Lusófonos e para a República Popular da China. Impostos brandos, facilidade de contactos com os diversos empresários, devem também ser levados em conta pelos empresários da lusofonia. Por outro lado, tendo a República Popular da China designado Macau como o epicentro privilegiado para os negócios com os países de expressão portuguesa, parece-nos de todo vantajoso que quem queira fazer negócios com a
PERFIL
PERFIL
FREDERICO RATO
PEDRO CORTÉS
Sócio e fundador do escritório
República Popular da China, se estabeleça primeiramente em Macau, até porque os Acordos entre o Continente e as suas Regiões Administrativas quebram muitas das barreiras que as empresas têm de ultrapassar para negociar com a China. Defende-se a livre circulação de advogados entre os países onde se fala português. E a Lusofonia? Ganhava com circulação de advogados entre Estados? Somos dessa opinião e pensamos que todos beneficiariam com essa livre circulação. É claro que com regras e com alguns filtros de qualidade, consideramos que, só dessa forma, pode a nossa atividade crescer e ser competitiva no mercado global. A língua não tem barreiras. As fontes dos sistemas jurídicos são próximas ou similares. Nesse sentido, a Lusofonia ganharia com a circulação entre Estados. No espaço de expressão e língua portuguesa encontra-se um ambiente de negócios comum que, pese embora algumas diferenças, vive de uma natural abertura para o cidadão da lusofonia, através de relações de confiança recíprocas que se estabelecem com autenticidade. Sem dúvida que sim. Fernando Pessoa abriu o caminho com a célebre expressão “A minha pátria é a língua portuguesa”. Há diferenças, mas no fundo
sócio do escritório
a base cultural e linguística tem de ser cada vez mais um motor para o estreitamento das relações de confiança entre os empresários e todos os atores nas trocas comerciais entre os vários países da Lusofonia onde tem, forçosamente, de se incluir Macau. Fazendo um balanço da vossa atividade em Macau e, na sua opinião, verifica-se um sucesso da internacionalização da advocacia no universo da lusofonia? Temos dado passos nesse sentido. Recentemente, abrimos um escritório na Ilha da Montanha (jurisdição da República Popular da China), em parceria com um escritório da China e outro de Hong Kong. O nosso objetivo é claro: conseguir reunir o maior número de clientes internacionais, onde se incluem os dos países de Língua Portuguesa, e tornar o escritório também “uma plataforma” que possa receber mais clientes da China continental, permitindo esta nossa tríplice aliança atrair investidores de todo o espaço asiático e internacional, nomeadamente dos PLP, que passam a ser clientes quer pelo investimento que possam fazer na China ou na Zona Económica Especial da Ilha da Montanha, quer pelo investimento que os nossos clientes chineses possam fazer nesses outros países. ▪
21 julho 2016
ato, Ling, Lei & Cortés – Advogados é um escritório de Advogados estabelecido na Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China. Tendo iniciado atividade nos anos 80 que balanço é possível perpetuar da atividade e desta relação com Macau? Mais que um balanço, podemos falar numa integração plena do escritório em Macau antes da transição em 1999, sob administração Portuguesa, e depois dessa data, na Administração da República Popular da China. O mote dado pelos fundadores do escritório, Francisco Gonçalves Pereira e Frederico Rato foi no sentido de perpetuar a instituição em Macau. Na verdade, a visão antes de 1999 integrou sócios chineses e neste momento temos três sócios portugueses e três chineses, numa organização multicultural e multidisciplinar que tem como lema servir com qualidade os seus Clientes locais e internacionais nas mais variadas áreas de atuação.
COOPERAÇÃO COMO INSTRUMENTO FUNDAMENTAL DA CPLP
» Laboratório Nacional de Energia e Geologia - LNEG
“Sem partilha não há desenvolvimento sustentável” A Revista Pontos de Vista conversou com Teresa Ponce de Leão, Presidente do Laboratório Nacional de Energia e Geologia - LNEG, que revelou um pouco mais da evolução e dinâmica da instituição, aprofundando ainda a relevância do universo do LNEG no âmbito da orgânica da CPLP.
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Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) é uma instituição de I&D orientada para responder às necessidades da sociedade e das empresas. Apostando numa investigação sustentável como tem sido o percurso do LNEG no que diz respeito ao trabalho desenvolvido pelo Laboratório? O LNEG tem uma postura de permanente análise das necessidades da sociedade e das orientações de política. Fomenta a discussão interna e externa sempre com base nas orientações europeias e do governo de Portugal. Saliento ainda a nossa preocupação permanente num estado de prontidão que garanta respostas expeditas, enquanto especialista independente munido de elevado sentido de dever e interesse público. Para este desígnio muito contribui a nossa capacidade de trabalhar em rede bem como a orientação para objetivos através da monitorização da atividade de forma sistemática segundo as Normas ISO 9001:2008 e NP 4457:2007 e da acreditação do conjunto dos seus laboratórios no âmbito da Norma NP EN ISO 17025. De realçar que a certificação pela NP 4457, adquirida no final de 2014, permite estruturar o pensamento e sistematizar a nossa atividade principal, que é desenvolver conhecimento, desde a discussão de ideias até à capacidade de transferir conhecimento. O LNEG procura financiar a sua atividade através do recurso aos programas de financiamento nacionais e internacionais e ainda através de contratos de investigação com empresas.
pontos de vista
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A par do que melhor se faz internacionalmente, o LNEG garante ter nas suas áreas de competência uma resposta adequada às necessidades do setor empresarial. Qual é o foco do Laboratório neste momento? O foco é garantir que o investimento em conhecimento é aplicado de forma a permitir explorar de forma otimizada os recursos nacionais, isto é devolver ao país esse mesmo investimento. Uma grande preocupação tem sido garantir que os dados sobre os nossos recursos, sejam eles geológicos, hídricos ou energéticos são estudados e organizados de forma a transformá-los em informação útil e avançada.
Os países da CPLP estão ligados pela língua e pelos laços de amizade. A conferência de 2015 visou estreitar e reforçar o clima de compromisso entre parceiros naturais e ainda valorizar a capacidade residente na CPLP para se afirmar como ator global no mapa da energia mundial. A CPLP poder-se-á afirmar como plataforma intercontinental para a concertação política e diplomática; garantir uma parceria de cooperação técnica, económica e financeira; ser interlocutor para a criação de negócios e geração de riqueza; e agente na produção de investigação, ciência e tecnologia e dinamizador de um modelo global de soberania energética e desenvolvimento para o séc. XXI.
TERESA PONCE DE LEÃO
. garantia do referencial do conhecimento geológico-mineiro nacional e nas funções de Geological Survey, . referencial do conhecimento dos recursos energéticos renováveis (Solar, Eólico, Oceanos, Bioenergia - desenvolvimento dos respetivos Atlas), . manutenção da plataforma web para gestão, visualização e disponibilização de informação georreferenciada, nos domínios da Energia e Geologia (www.geoportal.lneg.pt), . garantia de presença ativa do Estado Português em diferentes Fora técnicos e científicos, . interação com o setor público e empresarial como Contract Research Organization. Enquanto Laboratório com intervenção nas áreas da Energia e da Geologia, assistindo o governo nas políticas públicas, realizaram a primeira Conferência Energia para o Desenvolvimento da CPLP que decorreu no Centro de Congressos do Estoril nos dias 24 e 25 de junho de 2015. Com que propósito se realizou este evento? Qual a importância da cooperação internacional neste setor?
Quais são as perspetivas de investimento energético nos países da CPLP? Petróleo, gás, renováveis, biocombustíveis são considerados investimentos complementares ou alternativos? O LNEG enquanto organismo de investigação deve remeter a sua pronúncia para aspetos de caráter eminentemente técnico. Não se pode nem deve pronunciar-se sobre as estratégias do governo. Apenas poderá apoiá-las na tomada de decisão e estar apto a apoiar fundamentalmente no desenvolvimento da bioenergia, onde se insere toda a cadeia energética desde a biomassa ao biogás e biocombustíveis até às energias renováveis. Na sua ótica, qual a importância de incrementar e melhorar as parcerias, o ambiente de negócios, o investimento e os modelos de cooperação? O que falta fazer entre Portugal e os países da CPLP para se caminhar no sentido de uma união energética? Desenvolver modelos de exportação de conhecimento que simultaneamente levem o nosso conhecimento internacional avançado e maduro e transfiram esse mesmo conhecimento, através da formação adequada, em grupos de trabalho mistos que permitam a autonomização dos projetos e o estabelecimento de parcerias duradouras e sustentáveis onde a capacitação seja uma componente fundamental. Sem partilha não há desenvolvimento sustentável. ▪
COOPERAÇÃO COMO INSTRUMENTO FUNDAMENTAL DA CPLP
OPINIÃO Gabinete de Comunicação da AULP Associação das Universidades de Língua Portuguesa
AULP COMEMORA 30 ANOS EM TIMOR-LESTE XXVI Encontro da AULP, Díli, Timor-Leste. Da esquerda para a direita: Professora Doutora Cristina Montalvão Sarmento, Secretária-Geral da AULP, Professor Doutor Rui Martins, Presidente da AULP em representação do reitor da Universidade de Macau, Professor Doutor Francisco Martins, reitor da Universidade Nacional Timor Lorosa’e.
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23 julho 2016
instituições de ensino superior, não ontando com o acolhimencontando com as instituições parceito da Universidade Nacioras ou os membros associados, dez nal Timor Lorosa’e (UNTL), atualmente, constituídos por Deparo XXVI Encontro da Assotamentos de Estudos Portugueses, ciação das Universidades de Língua Estudos Brasileiros, de Estudos AfriPortuguesa (AULP) decorreu no dia canos, de Estudos Latino - Ameri29, 30 junho e 1 de julho. canos e de Estudos Luso - Asiáticos Pela primeira vez, a AULP reuniu que, não sendo total ou parcialmenmais de 300 académicos em terte de língua portuguesa, se identifiras timorenses, revelando ser uma cam com os objetivos da associação oportunidade única para reafirmar a e, ainda, as associações, fundações língua portuguesa num país que se ou outras organizações que se decomprometeu a impulsionar a prodicam a atividades ligadas ao Ensino moção da língua portuguesa atraXXVI Encontro da AULP, Díli, Timor-Leste. Da esquerda para a direita: Professora Doutora Cristina Superior, Investigação e Cultura. A vés da formação inicial e contínua Montalvão Sarmento, Secretária-Geral da AULP, Professor Doutor Rui Martins, Presidente da AULP AULP desenvolve esforços no sende professores e ainda da expansão em representação do reitor da Universidade de Macau, Professor Doutor Francisco Martins, reitor tido de promover o ensino em líndo ensino da língua às escolas privada Universidade Nacional Timor Lorosa'e. gua portuguesa. Exemplo disso é a das. A agenda do encontro abordou publicação de obras comemorativas diversos aspetos em torno do tema nos encontros anuais da associação com o intuito de enriquecer a literatura cien“Rotas de signos: mobilidade académica e globalização no espaço da CPLP e tífica em língua portuguesa. Reedições fac-similadas de obras inacessíveis, livros Macau”, posteriormente distribuído por várias sessões que resultam em comunicientíficos de reconhecido valor já desaparecidos ou cuja oportunidade se faz cações com temas diversos. Em algumas comunicações esteve patente o estudo sentir são distribuídas gratuitamente por todos os membros. De Angola ao Brasil, de signos que contam a história de Timor-Leste; outras intervenções refletirão de Cabo Verde a Portugal e passando por Macau, estas edições de manifesta políticas e estratégias de viabilização da mobilidade académica nos países luriqueza cultural, contribuem para ampliar o panorama literário e científico nos sófonos. Por fim, alguns oradores viram neste encontro a ocasião para divulgar países onde se fala a língua portuguesa. Escolhidos pelos países de acolhimenatuais projetos que poderão servir de exemplo para futuras iniciativas ou incitar to dos sucessivos Encontros, a AULP serve, assim, os interesses da comunidade parcerias interuniversitárias. científica. Esses interesses são ainda representados na Revista Internacional em Língua Portuguesa (RILP), editada desde o ano de 1989 e já no nº 27. Uma publiMissão e percurso cação interdisciplinar da AULP que surge do desejo de interconhecimento e de A AULP é uma organização não governamental, líder na aproximação e relaciointercâmbio de todos os que, na América, na Europa e na África falam português namento dos países de língua portuguesa. Sendo uma plataforma de passagem no seu quotidiano, e se preocupam com a sua utilização e o seu ensino. de reconhecimento e entendimento dos diversos sistemas de ensino superior, e cumprindo quase três décadas da sua atividade, vê reconhecida a sua importância, a nível governamental, nos vários países envolvidos. Há quase 30 anos, a 26 Prémio Fernão Mendes Pinto - PFMP de novembro de 1986, o Professor Doutor António Simões Lopes, na altura MagEste é um prémio atribuído às melhores dissertações de mestrado e doutoranífico Reitor da Universidade Técnica de Lisboa, juntamente com um grupo de mento e resulta de uma parceria entre a AULP, a CPLP (Comunidade dos Paí15 dirigentes foram os fundadores responsáveis pela criação e institucionalizases de Língua Portuguesa) e o Instituto Camões. Esta distinção visa galardoar ção da AULP, representantes de 16 instituições de ensino e investigação de nível as dissertações que contribuam para a aproximação de dois ou mais países de superior, oriundos de cinco países de língua portuguesa, não poderiam prever língua portuguesa. O trabalho premiado recebe oito mil euros e a respetiva tese o impacto e a força da AULP, crescente ao longo destes anos. Associação que é é publicada com o apoio do Instituto Camões. As candidaturas ao PFMP (edição predecessora da futura CPLP criada dez anos mais tarde, em 1996. Hoje são 142 2016) estão abertas até ao dia 31 de julho.▪
ZONA FRANCA DA MADEIRA
» TPMC – INTERNATIONAL MANAGEMENT SOLUTIONS
MADEIRA,
UMA FORÇA PARA O INVESTIMENTO Tânia Castro, Diretora Geral da TPMc, revela a sua opinião acerca do panorama fiscal para o investimento estrangeiro e português.
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esde 1995 no mercado, a TPMc, surgiu da necessidade que as empresas da Zona Franca da Madeira mostravam sentir relativamente à gestão e orientação. “O regime evoluiu ao longo dos anos a par da economia e fiscalidade global e por isso já vamos no Regime IV. Desde o início houve necessidade dos investidores requererem os serviços de uma sociedade que coordenasse os diversos parâmetros do dia-a-dia. Assim sendo comprometemo-nos a suportar de forma eficiente e eficaz a gestão de compromissos comerciais, fiscais, administrativos e jurídicos”. A nossa entrevistada descreve o setor como tendo sido sempre “muito exigente” e neste momento é “híper exigente”. “Todos os dias temos de estudar, de estar sempre em cima do acontecimento. É difícil? Este tipo de atividade ou se adora ou se detesta. Se adoramos não custa”, conclui.
UMA EMPRESA 100% PORTUGUESA
O capital da TPMc é atualmente detida a 100% por madeirenses, o que para a diretora geral é uma mais-valia,
uma vez que, além de não ser habitual, esta característica acarreta consigo outras benesses como tranquilidade e a confiança de quem os procura.
O CINM CENTRO INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS DA MADEIRA
TÂNIA CASTRO
“O perfil dos clientes tem mudado imenso”, afirma a nossa interlocutora. Neste momento os investidores e empresários tanto estrangeiros como portugueses, beneficiários do Centro Internacional de Negócios, procuram uma jurisdição credível, transparente e aprovada pela Comunidade Europeia. Os regimes são aprovados e legislados para períodos de sete anos. É a segurança, a credibilidade e o facto de sermos um país que pertence à União Europeia que atrai principalmente os investidores”, explica Tânia Castro. “Não é a taxa mais baixa que é a mais atrativa para os investidores. Se houver uma jurisdição que detenha uma taxa menor mas que, por outro lado, não transmita a confiança e a credibilidade para a fomentação de negócios, o investidor não arrisca. Prefere pagar mais e ter a certeza de que o seu dinheiro está bem empregue”.
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AOS INVESTIDORES… PORQUÊ A MADEIRA?
Madeira é Portugal, logo pertencemos à Comunidade Europeia, e por isso temos acesso aos mais de 70 tratados. Ao olhar para os nossos tratados, verificamos que beneficiamos de muitos tratados dos quais muitos países não usufruem. A China, o Peru e a Colômbia por exemplo… onde existem muitos investidores interessados. O nosso estatuto de benefícios fiscais não é só aplicável a investidores estrangeiros que queiram utilizar a Madeira como plataforma para penetrar em mercados emergentes, é também para portugueses que queiram internacionalizar as suas em-
O conselho que sigo há anos e todos os dias: insistir, insistir e insistir. Só as empresas que são resilientes e que procuram acrescentar valor ao seu produto é que vingam
presas e isto tem sido parte fundamental daquilo que divulgamos. “O conselho que sigo há anos e todos os dias: insistir, insistir e insistir. Só as empresas que são resilientes e que procuram acrescentar valor ao seu produto é que vingam. Essas empresas, as persistentes, quando, economicamente, houver uma melhoria no mercado económico global, serão as que estarão em destaque. Temos de inovar e de ser criativos mesmo quando, financeiramente, for complicado. Somos um povo muito flexível e capaz, mas só utilizamos essa capacidade quando estamos no fundo do poço e somos forçados a agir. Mas confio plenamente no potencial do CINM e na visão do nosso País”, concluiu a nossa entrevistada. O Regime Fiscal dos Residentes Não Habituais e os Golden Visa fazem parte da panóplia que torna Portugal um país, que no mundo dos negócios, é especialmente apreciada: a flexibilidade e capacidade de complementaridade. “Temos trabalhado muito o mercado Europeu mas também o Internacional. Geograficamente o nosso país está entre dois continentes, o que o transforma numa porta entre dois continentes. Algo que não tem sido aproveitado por nós portugueses. Existe uma falta de fé nas nossas capacidades, esta é uma característica nossa, a de não acreditarmos no nosso potencial. Mas somos bons, realmente bons, e não estamos em nada atrás de outros países”. ▪ 25 julho 2016
DESAFIOS
Como primeiro desafio, Tânia Castro, aponta a questão fiscal. “Temos um regime pré-aprovado pela União Europeia e depois temos um regime interno que tendencialmente é alterado a cada ano, via orçamento de Estado Português”. O segundo desafio prende-se com o divulgar e promover dentro e fora do nosso país o estatuto de benefícios fiscais. Em terceiro, e por último, o desafio é coordenar o potencial do CINM com o potencial de outros países, um papel que passa por ajudar e orientar os empresários que querem saudar a internacionalização. Tudo isto sempre a trabalhar na Madeira para fora.
ZONA FRANCA DA MADEIRA
» MADEIRA MANAGEMENT EM DESTAQUE
INVESTIR NA MADEIRA A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Súzel Camacho e Elita Amaral, Diretoras e Consultoras Jurídicas da Madeira Management, uma das sociedades líderes na Madeira no que diz respeito à prestação de serviços fiscais e legais a empresas e instituições financeiras de forma a tornar o Centro Internacional de Negócios da Madeira acessível a todos os clientes.
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Madeira Management é uma das sociedades líderes no arquipélago na prestação de serviços fiscais e legais a empresas e instituições financeiras. Que trabalho tem sido desenvolvido pela sociedade de forma a identificar e proporcionar as soluções mais adequadas aos propósitos dos seus clientes? A MMCL tem o dever de prestar o melhor serviço aos clientes que nos procuram. Promove, com regularidade, a formação constante da sua equipa, em termos de legislação aplicável ao Centro. Os contactos estabelecidos ao longo de 25 anos com diversos escritórios internacionais faz com que a troca de informações e experiencias seja constante, o que constitui um veículo fundamental para apresentar as melhores soluções aos clientes. A parceria com os nossos contactos internacionais é uma fonte inesgotável de conhecimento e aprendizagem. A MMCL tem como lema a satisfação do seu cliente, estudando minuciosamente cada caso concreto, inclusive com recurso a fiscalistas especializados.
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A Madeira Management oferece aos profissionais da área fiscal o aconselhamento especializado e consequente implementação de estruturas internacionais na Madeira. É satisfatória a afluência que se tem verificado do investimento estrangeiro? Que medidas têm de ser promovidas para atrair mais investimento estrangeiro na Madeira? Não obstante ser satisfatória, esta afluência poderia ser maior e melhor. É facto que o CINM, um dos regimes mais atrativos da Europa, devia ser melhorado de forma a torná-lo mais competitivo em termos internacionais. Vejamos, por exemplo, a questão da exigência da criação de emprego; nas 60 praças europeias, apenas a Madeira e as Canárias têm esta imposição. São empresas como a MMCL, que criam emprego efectivo e qualificado; Retirar alguns países da chamada lista negra facilitaria o investimento estrangeiro, já que Portugal é dos países da EU onde a dita lista é mais extensa, facto que obsta à atracção de investimento e à fluência das relações comerciais com o exterior. Mais importante que tudo seria ter maior apoio de todos os portugueses, que não olham o CINM com a devida atenção e despidos de preconceito. O CINM é, de facto, uma via única e credível para
ELITA AMARAL
o aumento da competitividade. É o instrumento ideal para incrementar o crescimento económico e financeiro do País, através da captação de investimento estrangeiro e da receita fiscal que gera e que beneficia todos os portugueses. O Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM) foi criado e aprovado pela União Europeia para promover o desenvolvimento económico da Madeira, sendo considerado um instrumento válido na concessão de auxílios estatais com vista ao desenvolvimento regional. Que serviços a Sociedade disponibiliza no sentido de tornar o CINM acessível a todos os clientes? A MMCL, constituída por vinte profissionais da área jurídica e contabilística, é especialista em tornar o CINM acessível a todos os clientes e seus consultores profissionais. Temos experiência na constituição e administração de sociedades, providenciando serviços legais, de contabilidade, apoio nas operações bancárias e emissão de facturas em conformidade com a lei. A Madeira Management tem uma atividade fortemente desenvolvida na área dos serviços do CINM. Providenciam a consultadoria empresarial necessária bem como todos os serviços de apoio para a implementação de estruturas internacionais. Qual é a importância desta relação entre a Sociedade e o CINM? O trabalho desenvolvido pela MMCL beneficia
SÚZEL CAMACHO
o CINM pelo número de sociedades constituídas bem como pela divulgação e promoção feita junto dos seus clientes e parceiros. A MMCL opera dentro do CINM e tem como função principal constituir e administrar sociedades que aqui se queiram instalar. É simbiótica a relação profissional entre o CINM e a MMCL, fundada na colaboração estreita e comunhão de interesses - promover e divulgá-lo, captando clientes e dando-lhes a oportunidade de beneficiarem do regime fiscal em vigor. O CINM é o instrumento de trabalho da MMCL e esta constitui um dos veículos da sua promoção e crescimento. O CINM é constituído pela Zona Franca Industrial, o Centro Internacional de Serviços e o Registo Internacional de Navios. Qual é o papel da Madeira Management em cada um destes setores? A MMCL presta serviços em qualquer um dos três setores que integram o CINM. Qualquer um deles oferece vantagens únicas, sendo nossa função divulgá-las aos clientes e prestar todo o apoio que necessitem. Estando mais focada na área dos serviços e do registo de navios, presta também todo o apoio a quem se queira instalar na Zona Franca Industrial, criada para receber atividades que, pela sua natureza, envolvam o movimento físico de mercadorias. ▪ Por decisão do entrevistado, este texto não é redigido nos termos do acordo ortográfico. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
portugal 2020
OPINIÃO MIGUEL CRUZ, PRESIDENTE DO IAPMEI
Portugal 2020 e os Vales Os Sistemas de Incentivos às empresas devem estar ao serviço da estratégia definida por estas e devem ter um verdadeiro “efeito incentivo” na sua capacidade competitiva, isto é, na sua capacidade de concorrer.
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e concorrer em mercado global (internacionalização) e com investimento que alavanque a necessária diferenciação – de produto, de serviço, de processo, de abordagem comercial, entre outras. Não se trata pois de atribuição de subsídios, mas sim de estimular o investimento que pode ter impacto no crescimento económico do nosso país. E esse estímulo, esses incentivos, podem assumir diversas formas. Podem dirigir-se à realização de investimento que visa o desenvolvimento de novos produtos ou processos com base em Investigação e Desenvolvimento, à disponibilização de novos produtos ou serviços ou implementação de novos ou diferentes processos de produção, à procura de novos mercados ou reforço de competências estratégicas. Estes são apenas algumas das tipologias de sistemas de incentivo, a que me refiro, por estarem na base da atuação do IAPMEI no Portugal 2020. Entre estas diferentes formas encontra-se uma tipologia que se convencionou designar por Vales Simplificados. Nos vales são comparticipadas contratações de serviços especializados a prestar à empresa por uma entidade com competência para essa “assistência técnica”. O conceito destes Vales está associado ao estádio de desenvolvimento de competências da empresa, e pretende constituir-se como um estímulo à criação de capacidades internas inexistentes ou ao estabelecimento de relações duradouras com parceiros. A utilização da palavra “simplificados” resulta da necessidade de estes mecanismos serem simples em termos de fundamentação – apenas da efetiva necessidade na empresa – e sem complexidade de apresentação de rúbricas de despesa, bem como de terem prazos de execução mais curtos. Por outro lado, esta palavra resulta da indispensável simplicidade de análise e contratação, para que possa ser dada resposta a necessidades temporalmente dependentes e limitadas. Recordo que noutros países em que este mecanismo existe, chega a haver critérios de escolha baseados em sorteio. Estes instrumentos de incentivo são muito relevantes para o estímulo ao inves-
timento, tão necessário no nosso país, tal como para concorrer com outras empresas nacionais e internacionais, acompanhando as megatendências tecnológicas e de comportamento dos agentes e, em particular dos consumidores. Os Vales começaram por surgir em Portugal, no âmbito do QREN, associados ao I&DT, como forma de estimular uma primeira relação entre empresa e centros de saber. Depois este conceito foi alargado para a “Inovação”, para o “Empreendedorismo” e para a “Internacionalização”. As questões centrais na gestão deste tipo de instrumentos sãoa qualificação das entidades que poderão prestar os serviços às empresas no âmbito dos Vales e a necessidade efetiva da empresa em recorrer a este serviço externo, e maximização do seu impactointernoNo âmbito do Portugal 2020, foram apresentados cerca de 6700 candidaturas de vales, tendo sido aprovadas cerca de 2300, com um investimento de cerca de 42 milhões de euros. Importa recordar que os Vales “Inovação” e “Empreendedorismo” foram rapidamente suspensos, devido ao nível
de procura, e ao próprio sucesso do mecanismo na atração de candidaturas. Aliás, essa suspensão justifica em boa medida a sua taxa de seletividade. Os Vale “I&DT” e “Internacionalização” foram mantidos com a possibilidade de aceitação de candidaturas. Os vales são, na minha opinião, um instrumento com valor. Para um correto aproveitamento deste valor considero que importa assegurar uma adequada focalização em atuações prioritárias, ser seletivo na aplicação das verbas e equacionar com detalhe qual o valor do apoio por tipologia de atuação. Um exemplo da utilidade dos vales está, como o IAPMEI tem vindo desde há muito a referir, na possibilidade do seu alinhamento com a prioridade da digitalização da economia. Esta é uma tendência clara com que as empresas se têm de confrontar e, para aquelas que estejam ainda num estádio muito inicial, os vales podem ser uma forma de começar a dar resposta a algo que só por si não assegura condições de competitividade, mas que se estabelece como condição cada vez mais necessária para competir. Não deveremos, aliás, esquecer que, sendo as nossas empresas maioritariamente de micro e pequena dimensão, o funcionamento em rede e a atuação digital são elementos importantes para ancorar a sua atuação no mercado. Recentemente foi, ao abrigo da estratégia para o empreendedorismo do Governo e do Ministério da Economia, no âmbito do Programa Startup Portugal, já lançado o processo de qualificação de entidades prestadoras de serviço para os Vale “Incubação”, que visam a prestação de um pacote de serviços associados à incubação de empresas, numa ação de política pública que visa estimular, não apenas o funcionamento em rede, mas as condições de sucesso do cada vez maior número de empresas recém criadas em Portugal. Os Vales podem, assim, configurar um importante instrumento de política pública no estímulo do empreendedorismo, na promoção de modelos de negócio digitais, no impulso à internacionalização da economia e na dinamização de modelos de inovação aberta. ▪
consultores 2020
» MANUELA CARVALHO, ADMINISTRADORA DA EFACONT, EM ENTREVISTA
“ O CAPITAL NÃO É ESCASSO, A VISÃO É” om quase 30 anos de experiência, com que serviços se apresenta a EFACONT ao mercado? Constituída em 1985, a Efacont, tem como objetivo melhorar a capacidade de gestão de empresas com vários serviços de consultoria de empresas, incluindo obtenção de recursos financeiros. Destacamos assim, os nossos serviços em quatro áreas distintas, nomeadamente: Controlo de Gestão (Gestão Orçamental e Reporting); Corporate Finance (Business Plan, Avaliação de Negócio: determinar as necessidades de financiamento); Gestão Financeira (Gestão de Crédito/Tesouraria); Projetos, Internacionalização e Incentivos: apoiamos o investimento produtivo de inovação, o empreendedorismo e a utilização de fatores imateriais de competitividade. Trabalhamos com empresas multinacionais, tais como Ampco Metal, que iniciaram a sua atividade em Portugal recorrendo à nossa gestão estratégica, e desenvolvimento de um Plano de Negócios. O “Business Plan” é fundamental para o início de qualquer empresa. Está comprovado que cerca de 60% dos empresários com Plano de Negócios acabam por obter sucesso no desenvolvimento do seu negócio. Desenvolvemos a componente de Internacionalização, com maior enfâse nos últimos três anos. Neste momento temos várias parcerias a nível internacional, tais como, Namíbia, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Brasil, Rússia, entre outros, em várias áreas de negócio. Exportar, internacionalizar, crescer, vender no estrangeiro, investimento direto no estrangeiro, são as palavras-chave que caraterizam a Efacont como o parceiro ideal das PME’s! De que forma é feito o acompanhamento pela EFACONT, juntos dos seus clientes, no processo de candidatura aos Incentivos 2020?
nanceiras e informáticas, entre outras... O estudo das vertentes do negócio, desde o conhecimento do mercado global, público-alvo, características inovadoras e específicas do produto, melhor metodologia de trabalho, qualificação dos recursos, até ao plano de marketing adequado, justifica os valores envolvidos.
EQUIPA EFACONT
A primeira fase, chamada enquadramento, onde é realizado um diagnóstico com base nos objetivos estratégicos e operacionais e das necessidades de investimento. Posteriormente, um enquadramento do projeto na tipologia de investimento mais favorável, a calendarização e a análise das condições de financiamento, de rentabilidade e viabilidade. A segunda fase, diz respeito à candidatura e execução, onde se elabora uma estratégia e instrução do Dossier de Candidatura com o acompanhamento de todos os trâmites processuais e validação da documentação remetida e, por fim, a elaboração dos pedidos de pagamento. É, portanto, um acompanhamento até ao encerramento da candidatura. Quais são as principais diferenças entre os Vales e os restantes Incentivos 2020? Destacamos do programa, que este quadro de apoio tem em conta as empresas de menor dimensão e empreendedorismo. Tradicionalmente, não se candidatavam aos fundos europeus devido à complexidade dos progra-
mas. Felizmente, os processos foram alterados e estão agora mais ágeis e simples. Um bom exemplo disso são precisamente os Vales. Portugal reconhece a necessidade das ferramentas financeiras que ditam o sucesso das empresas de qualquer dimensão. Os Vales permitem aceder a serviços essenciais ao sucesso das PME’s. Através da elaboração de um Plano de Negócios e Consultoria Estratégica, a Efacont, desenha o modelo de desenvolvimento de qualquer empresa. A gestão profissional é essencial para o planeamento e controlo de qualquer negócio. Os valores que decorrem dos vales são valores satisfatórios? Os Vales permitem às empresas candidatarem-se e usufruírem de apoio financeiro de uma forma simplificada e adequada à fase de crescimento em que se encontram. Entendemos que esta tipologia de incentivo, 75% não reembolsável, é muito relevante para um grande universo de organizações do tecido empresarial português que possui necessidades concretas em termos de soluções fi-
Que perfil empresarial têm as empresas que se candidatam aos Vales Simplificados? As empresas que se candidatam aos Vales Simplificados são, na sua maioria, empreendedores jovens, recém-licenciados que procuram criar o seu próprio emprego. Aproveitando a simplicidade deste tipo de candidaturas, uma vez que, reconhecem a necessidade primordial da consultoria, que implica a diminuição do risco, prevenindo as respostas futuras dos paradigmas da economia. Que análise é possível fazer do cancelamento dos vales ‘Inovação’ e ‘Empreendedorismo’? Houve grande adesão a este tipo de projetos, e o anterior governo não estava preparado para abarcar tanta “procura”. Há que ter em conta que o tecido empresarial português é um grande número de empresas pequenas a necessitar deste tipo de apoios para, posteriormente, alavancar projetos futuros e impulsionar a economia nacional. Quais são os principais obstáculos durante um processo de candidatura e de que forma a EFACONT os contorna? A falta de oferta especializada e personalizada para fornecer consultadoria adequada ao apoio na tomada de decisão do empresário quanto à estratégia e visão inovadora no contexto do mercado global e atual. O enquadramento do projeto e da visão do cliente com os objetivos da estratégia delineada pelo Portugal2020. ▪
29 julho 2016
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30 Anos de experiência tornam a EFACONT uma referência no setor de consultoria. Conheça a empresa na voz de Manuela Carvalho, Administradora.
SISTEMAS DE INCENTIVOS – PORTUGAL 2020
BAKER TILLY
O Melhor Parceiro
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Abordando as dinâmicas das candidaturas aos sistemas de incentivos do programa Portugal 2020, a Revista Pontos de Vista conversou com João Aranha, Partner da Baker Tilly, uma marca de referência e o melhor parceiro no âmbito dos programas de fundos comunitários, onde pode esperar, além do apoio considerado convencional, por um vasto leque de serviços para que qualquer exigência ou necessidade seja colmatada.
Baker Tilly assegura um leque global de competências e capacidades financeiras, contabilísticas, fiscais, entre outras, de âmbito multidisciplinar e complementar. Apresenta um posicionamento de destaque pela forma como opera: com integridade e objetividade. Como analisa o percurso da Baker Tilly? Seria fácil responder a esta questão com um conjunto de três ou quatro indicadores e demonstrar o crescimento deles desde meados de 2009 (momento em que a Baker Tilly surge em Portugal) até hoje. No entanto, e embora esses indicadores nos deixem bastante orgulhosos, preferimos olhar para os todos os nossos parceiros e clientes e para o feedabck que nos têm vindo a dar ao longo destes sete anos. O feedback que temos obtido é claramente vanglorioso da nossa forma de estar no mercado e da qualidade do nosso trabalho, atuando como parceiros dos nossos clientes e relembrando a nós mesmos, todos os dias, que o sucesso dos nossos parceiros é o nosso sucesso, pelo que é nossa missão apoiá-los e suportá-los quer em operações do dia-a-dia, quer em investimentos e planeamento de longo prazo. De norte a sul do país, com escritórios em Lisboa, Porto e Leiria, olhamos para o nosso, ainda curto, percurso como de sucesso. Como qualquer outra entidade deparamo-nos, todos os dias, com dificuldades e barreiras, mas estamos conscientes que o caminho se faz caminhando e que devido ao trabalho e entrega de todos os nossos profissionais, em fazer mais e melhor a todos os momentos, atingimos patamares de qualidade, rigor e ética que além de terem caraterizado o nosso percurso até aqui são o pilar para um crescimento sólido e sustentável.
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Estamos a falar de uma empresa com uma liderança dinâmica que pretende ser The Brand of Choice. Que tipo
de apoios e soluções disponibilizam aos vossos clientes? Qual é o foco da Baker Tilly? O foco não pode deixar de ser outro, senão o sucesso dos nossos clientes e parceiros, afirmando-nos cada vez mais e, de forma mais robusta, como The Brand of Choice. A Baker Tilly é uma one stop shop contemplando serviços de auditoria, consultoria fiscal, financeira, estratégica, IT, incentivos e outsourcing financeiro. Queremos que qualquer entidade que recorra à Baker Tilly possa aqui encontrar a resposta a todas as suas necessidades e desafios. Nenhum tema pode e deve ser visto de forma isolada, pelo que entendemos que só com a complementaridade de serviços que apresentamos podemos servir o cliente com um elevado grau de confiança e rigor. Por exemplo, se uma determinada empresa é cliente de auditoria não quer dizer que todas as restantes áreas não apoiem a equipa de auditoria, por forma a encontrar soluções e oportunidades para esse cliente nas mais variadas temáticas. É esta capacidade de interligação entre as pessoas da Baker Tilly que proporciona a entrega de serviço de valor acrescentado ao cliente. Acreditamos na multidisciplinaridade e especialização de cada profissional, mas estamos conscientes que é a união do know-how de cada um que nos permite ser uma auditora/consultora à altura dos desafios dos nossos parceiros. Para a Baker Tilly é necessário acreditar no nosso tecido empresarial. O que é necessário, na sua opinião, para elevar as potencialidades do tecido empresarial em Portugal? O tecido empresarial português já tem todas as potencialidades: é empreendedor, é inovador, tem visão do mercado externo, tem formação e vontade de triunfar. O que pode alavancar estas potencialidades é um clima macroeconómico e fiscal estável que permita
A Baker Tilly procura informar os seus clientes, parceiros e clientes de forma rigorosa e com base na legislação disponível, não entrando no caminho do facilitismo ou de “vender” falsas esperanças JOÃO ARANHA
aos empresários um planeamento de atividades e investimentos com algumas certezas. Nas ações de planeamento e investimento deparamo-nos com um conjunto de variáveis bastante voláteis e de subjetiva mensuração (procura, flutuações de preço, concorrência, entre outros), pelo que é recomendável que pelo menos algumas delas (panorama fiscal) se mantenham relativamente estáveis, por forma a facultar o cálculo dos investimentos futuros. As perspetivas de crescimento económico mundial têm-se revelado cada vez mais preocupantes, especialmente na Zona Euro. A OCDE prevê um crescimento de 1,6% para 2016 e 1,7% em 2017. Portugal continua a constar da lista dos países com crescimento mais baixo. O investimento está a cair sendo crítico reencontrar o caminho para o crescimento. É expectável um bom ambiente de investimento? Efetivamente, a nível global assiste-se a um arrefecimento do crescimento económico, no entanto acredito que os projetos inovadores vingarão sempre no mercado. Qualquer segmento de mercado, desde a banca de investimento à venda de batatas, sofre mutações nos seus ciclos de vida, na forma de relacionamento com o cliente, e acima de tudo, o cliente altera os seus padrões de consumo de forma relativamente célere devido a um mundo cada vez mais globalizado e com acesso instantâneo a informação. Se tivermos em consideração que a economia almeja estudar o modo como recursos limitados são alocados a necessidades virtualmente ilimitadas, facilmente concluímos que existirá sempre procura, pelo que o investidor deve procurar novos nichos de mercado e soluções inovadoras. No caso específico de Portugal, e porque acredito na inovação em Portugal, e não no triste fado de nação esquecida na ponta da Europa, creio que o clima de investimento é desafiante. Desafiante do ponto de vista de existirem pessoas e empresas com grandes competências e capacidades e com vontade de explorar o mercado global. Desde o século XV que damos “novos mundos ao mundo” e até então não mais parámos, somos pioneiros em várias áreas da inovação e da I&D, o que nos permite estar na linha da frente em muitos segmentos. Prefiro não classificar o clima de investimento como bom ou mau, mas como desafiante, e não me canso de repetir que o tecido empresarial está à altura do mesmo. As candidaturas aos sistemas de incentivos do programa [de fundos comunitários] Portugal 2020 registam recordes históricos, já que nos
ria das vezes, a resposta ao pedido de esclarecimentos por parte dos organismos intermédios e, por fim teremos o termo de aceitação das condições para atribuição do incentivo. Mas o nosso apoio não acaba aqui… Temos pela frente a concretização, monitorização e acompanhamento do projeto e os pedidos de pagamento. O acompanhamento do projeto é, igualmente, uma fase de extrema relevância pois, é normal que com o evoluir da tecnologia e dos mercados, os investimentos sejam repensados e refinados, pelo que os pedidos de alteração aos investimentos devem ser realizados de forma concisa e robusta, por forma a não incorrermos em investimentos que se tornem não elegíveis. Desengane-se quem pensa que o nosso apoio termina com o término do projeto. Por fim, ainda teremos o acompanhamento da auditoria final por parte do organismo competente, onde atuamos por forma a garantir que é verificada a boa execução do projeto e, quando aplicável, a obtenção do prémio de realização. No âmbito destes programas sentem que a
própria desinformação por parte do universo empresarial relativamente às condições e mais-valias relacionadas com as candidaturas aos incentivos ainda é um cenário que persiste? Se sim, de que forma a Baker Tilly o tenta contornar? É, de facto, um sector onde existe ainda alguma contrainformação e receio da carga burocrática que um processo deste género envolve. A Baker Tilly procura informar os seus clientes, parceiros e clientes de forma rigorosa e com base na legislação disponível, não entrando no caminho do facilitismo ou de “vender” falsas esperanças. Uma vez que os nossos honorários assentam maioritariamente em success fee, a fiabilidade da informação que prestamos é o pilar para uma candidatura de sucesso, e acima de tudo para uma relação profissional duradoura e mutuamente vantajosa. A Baker Tilly, para quem os maiores e mais valiosos ativos são as pessoas, pretende diferenciar-se e destacar-se dos demais profissionais deste setor pela sua equipa. Qual é a essência da Baker Tilly? Em primeira instância gosto de me afastar do raciocínio que os nossos maiores ativos são as pessoas. Isto porque o termo ativo remete-nos para uma demonstração financeira e demonstrações financeiras são números. Pois bem, as pessoas da Baker Tilly são tudo menos números. Vejo-nos como uma equipa que diariamente enfrenta desafios, que juntos superamos os mesmos e assim conseguimos entregar maior valor aos nossos clientes. Cada dia que mais uma pessoa se junta à Baker Tilly, não é vista como mais um ativo, mas sim como mais um membro valioso que se junta à equipa para juntos atingirmos maiores e melhores resultados. É, talvez, esta perspetiva de olhar para mim e para os meus colegas como uma equipa unida e não como ativos, a essência da Baker Tilly.▪
31 julho 2016
concursos encerrados em abril e maio passados se verificaram mais de 3500 candidaturas. A Baker Tilly dispõe de uma equipa especializada nos diversos programas de incentivos, financeiros e fiscais, aos quais as empresas se podem candidatar. De que forma a Baker Tilly apoia e acompanha as empresas nas candidaturas? O apoio da Baker Tilly, no que concerne a fundos comunitários, não se limita apenas ao apoio na fase de candidatura, acreditamos que o nosso serviço pode passar pela identificação de necessidades, bem como de oportunidades ao nível da oferta de novos serviços/produtos, processos organizacionais, produtivos e até mesmo pela identificação da otimização da relação com os vários stakeholders. Após a identificação das necessidades e/ou oportunidades procedemos ao enquadramento do investimento necessário no programa ou programas de incentivos que melhor acomodem os investimentos previstos. Sendo que nesta fase não nos limitamos apenas à identificação de incentivos financeiros (Portugal 2020, Horizonte 2020, entre outros), mas também à sua conjugação com os incentivos fiscais (SIFIDE, RFAI, entre outros) disponíveis. Nesta fase e, com todos os cenários possíveis em “cima da mesa”, as empresas dispõem de toda a informação para tomarem uma decisão de avançar ou não com o ou os projetos. No caso de avançarmos com o projeto começa aqui a fase de preparação da candidatura, passando pela recolha de dados técnicos mais específicos e descrição em maior detalhe do projeto, bem como o enquadramento do mesmo em todos os requisitos e especificidades de cada concurso, por forma a garantirmos a potenciação da probabilidade de sucesso da candidatura. Após a candidatura submetida segue-se, na maio-
Programa de Incentivos ao Programa 2020
» Associação para o Desenvolvimento da Engenharia Civil EM DESTAQUE
PROMOVER O DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO NA ENGENHARIA CIVIL A Associação para o Desenvolvimento da Engenharia Civil (ACIV) apresenta-se como um instrumento de apoio ao Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra orientando-se para o desenvolvimento científico, tecnológico e económico. A Revista Pontos de Vista leva-o a conhecer o trabalho desenvolvido por esta Associação.
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m dos principais objetivos da ACIV é a transferência de conhecimento e tecnologia, bem como a consultoria técnica, visando as necessidades das empresas ligadas, sobretudo, aos setores da Indústria da Construção e do Ambiente. A par deste propósito, a associação visa a transferência de conhecimento por meio de ações de formação em meio empresarial. São várias as ações de formação que disponibilizam às empresas, sempre no âmbito de se destacar como um instrumento de apoio ao Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. E que grandes desafios se apresentam ao setor da Engenharia Civil? “Os desafios que tínhamos no passado mantêm-se, mas temos é de olhar para eles de outra forma, de forma integrada, numa economia circular, com um ciclo de ideias bem assentes no planeamento e correta gestão das infraestruturas, integrando novas valências para continuarmos a responder de forma eficaz às necessidades da sociedade. Hoje não precisamos de construir coisas novas, precisamos de reabilitar e requalificar”, começam por referir os membros da direção da Associação, António Alberto, Alfeu Sá Marques e Lopes da Almeida. Muito se tem falado na necessidade de apostar na construção, reabilitação e obras públicas. “Fala-se na reabilitação e, aqui, o papel atribuído ao en-
genheiro civil ainda é um pouco descurado. A atual engenharia civil é uma engenharia de uma cultura que não tínhamos: construção e manutenção. Não é só construir uma casa, temos de continuar a intervir para a manutenção e conservação, ter uma visão de ciclo de vida. As infraestruturas de saneamento básico ou de transporte, por exemplo, carecem de manutenção. Cada vez mais temos que nos vocacionar para a operação, gestão e conservação”, explicam, os membros da direção da Associação. A verdade é que em termos nacionais, o setor da engenharia civil está a atravessar uma crise, no entanto, “ há uma ideia errada de paralisia no setor”. Não tem havido um investimento na construção, mas o “papel de um engenheiro civil não é só o de construir”. “Temos de desmontar o paradigma que existe sobre a engenharia civil ser associada ao betão, à construção de casas. Os nossos docentes dos cursos de Engenharia Civil e Engenharia do Ambiente da Universidade de Coimbra têm tido a capacidade de mudar essa visão tentando responder aos desafios societais. Nós não intervimos apenas na construção, temos um papel preponderante na reabilitação e na gestão. Todas as infraestruturas de um país necessitam de uma gestão e manutenção e o engenheiro civil é o ideal para fazer isso”, fazem notar os membros da direção. Os representantes alertam para a ne-
Lopes de Almeida, Alfeu Sá Marques e António Alberto
Estamos num bom caminho na produção de energia elétrica com energias renováveis e no aproveitamento dos recursos naturais, mas ainda temos de apostar mais neste setor
cessidade, por exemplo, do aproveitamento dos recursos energéticos, um setor também ele um pouco descurado, mas que deve ser entendido como um potencial que deve ser desenvolvido com a cooperação da engenharia civil. Infraestruturas, reabilitação urbana ou sustentabilidade e as energias renováveis são cada vez mais áreas de negócio emergentes no setor. “Estamos num bom caminho na produção de energia elétrica com energias renováveis e no aproveitamento dos recursos naturais, mas ainda temos de apostar mais neste setor. A gestão é essencial e a presença de um engenheiro civil nos diversos setores é essencial, e também nesta área do aproveitamento das enegrias renováveis”, afirmam António Alberto, Alfeu Sá Marques e Lopes da Almeida.
Engenharia Civil e a Universidade de Coimbra
O curso de Engenharia Civil da uiversidade de Coimbra está entre os 150 melhores da respetiva área em todo o mundo, tendo sido elogiado sobretudo a capacidade de investigação das instituições nacionais. O curso de engenharia civil da Universidade de Coimbra é, inclusive, um dos cursos que mais atrai estudantes estrangeiros. “A universidade foi criando valências e um corpo docente que nos levou a um ponto estabilizado neste setor e, em termos de produção científica, levou-nos a estar entre as melhores do país”, avançam. A Associação propõe-se a apostar fortemente na investigação e na atração de projetos nacionais e europeus, respondendo aos desafios de forma articulada. É neste contexto que, em 2001, surge a Associação, fundada pela Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra juntamente com os docentes e investigadores do departamento da engenharia civil que abrange as áreas
de engenharia civil e engenharia do ambiente. “Esses investigadores e a Universidade sentiram a necessidade de estarmos mais próximos da sociedade para conseguirmos responder aos desafios de uma forma célere. A Associação surge como um veículo e um instrumento de apoio para potenciar a capacidade instalada neste departamento e transferir o conhecimento científico e tecnológico para a sociedade”, realçam.
Smart Cities
A Associação visa promover as entidades de investigação e desenvolvimento do departamento de engenharia civil nas áreas da engenharia civil e engenharia do ambiente; reforçar e intensificar a transferência do conhecimento científico e tecnológico, especialmente para o tecido empresarial e prestar serviços especializados, através de consultoria, peritagens, formação avançada e ensaios laboratoriais. Tudo isto numa ótica de “Smart Cities”, onde, os demais profissionais dos diversos setores trabalham em conjunto, fazendo a integração com as tecnologias de informação. A ACIV tem presença já em quatro continentes através de protocolos e parcerias com entidades que lhes proporcionam oportunidades inúmeras ao mesmo tempo que levam a engenharia portuguesa para o estrangeiro. Cá dentro, a Associação mantém uma ligação coesa com autarquias levando a cabo trabalhos para ajudar a desenvolver e promover melhorias e intervenções necessárias no município. A título de exemplo “Em protocolo com a Câmara de Coimbra desenvolvemos um plano de drenagem e de abastecimento de água no município. É necessária uma maior intervenção da engenharia na manutenção e planeamento das infraestruturas de um município”, concluem os membros da direção da Aciv. ▪
BREVES BREVES Siza vieira
CIÊNCIA
Gateway to the Alhambra”
Se existir, a água de Marte pode não ser potável
A exposição “Álvaro Siza: Gateway to the Alhambra” foi inaugurada no passado dia 23 no Museu Aga Khan, em Toronto, no Canadá, com uma apresentação do processo criativo de um dos projetos do arquiteto português, intitulado “Puerta Nueva”, em Espanha. A exposição, com curadoria de António Choupina, foi apresentada no início de julho, no Centro Ismaili, em Lisboa, no âmbito da quinta edição do roteiro Open House, que abriu ao público obras de referência da arquitetura, na capital portuguesa. De acordo com o sítio, na internet, do museu de Toronto, o projeto “Puerta Nueva”, em Alhambra, Granada, “é um convite a visitar a mente extraordinária” de “um dos maiores arquitetos da atualidade”, vencedor do Prémio Pritzker da Arquitetura em 1992.
As conclusões de um novo estudo proveniente da Universidade do Arizona baseia-se na observação das encostas marcianas. Uma das maiores esperanças para a colonização de Marte está na possibilidade deste ter água em estado líquido, algo que não parece animador tendo em conta um novo estudo elaborado pela Universidade do Arizona, que inviabiliza a possibilidade de ser potável. Isto se existir.
marvel Iron Woman? Adeus Tony Stark, olá Riri Williams Marvel revelou que a personagem de banda desenhada Iron Man vai deixar de ter como protagonista Tony Stark. Será assumida por Riri Williams, uma jovem negra de 15 anos. A polémica está instalada. Depois de Thor, agora também o Iron Man vai ser encarnado por uma mulher nas páginas dos livros de banda desenhada da Marvel. A personagem que vai substituir o excêntrico milionário Tony Stark é Riri Williams, uma jovem negra de 15 anos. Críticas emergiram nas redes sociais, não por haver diversificação nas personagens dos super-heróis, mas porque essa diversidade não se reflete na equipa de escritores do gigante da banda desenhada.
Mercedes
‘Autocarro do futuro’ passou primeiro grande teste Mercedes-Benz aposta num futuro em que os autocarros serão autónomos. Há quem acredite que o futuro da indústria automóvel passe por carros autónomos e por aplicações de transporte, como o Cabify e a Uber. Para a Mercedes, o futuro é um pouco diferente: será um autocarro autónomo a levar os passageiros para os seus locais.
Cristiano ronaldo
Aeroporto da Madeira vai chamar-se Cristiano Ronaldo Aeroporto da Madeira vai chamar-se Cristiano Ronaldo
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O Governo Regional da Madeira vai homenagear o internacional português e campeão europeu Cristiano Ronaldo dando o nome do jogador ao Aeroporto da Madeira. Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, anunciou esta sexta-feira, na inauguração do hotel Pestana CR7, que o Aeroporto do Funchal vai chamar-se Cristiano Ronaldo: “Os madeirenses não têm memória curta, por isso decidimos em conselho de Governo atribuir o nome do aeroporto a Cristiano Ronaldo. Vamos combinar a cerimónia para descerrar a placa do aeroporto”, afirmou.
Portugal 2020 e os Vales Simplificados
» Startup Business Consulting
Marcar a diferença no mercado global
“Somos o braço direito dos empreendedores na busca e negociação de investimento”, afirma Marisa Costa Mendonça, CEO e Responsável pela Área Financeira e de CRM da SBC - Startup Business Consulting. Conheça mais de uma marca que além de realizar bons negócios e maximizar o potencial do projeto, é um parceiro de excelência.
Têm como objetivo potenciar ideias incubadas, para as quais os promotores muitas vezes necessitam de algum tipo de apoio, estratégico ou financeiro. Que trabalho é desenvolvido pela Startup Business Consulting neste sentido? Que serviços disponibilizam? Gostamos de considerar o nosso trabalho como um serviço ao cliente a 360º. Apoiamos os nossos clientes desde a fase da conceptualização do negócio até à sua implementação. Realizamos todo o planeamento necessário, apoiamos os empreendedores nas suas decisões estratégicas, conectamos os nossos empreendedores a parceiros-chave, realizamos candidaturas a fundos comunitários enquadráveis com as necessidades específicas de cada projeto... Apoiamos os nossos projetos a dar os primeiros passos! Trabalhamos também com diversos investidores privados nacionais e internacionais, pelo que também faz parte do nosso trabalho a negociação de investimentos e a mediação dos mesmos entre os nossos empreendedores e os investidores interessados. Adicionalmente, iremos lançar em Setembro um periodíco mensal sobre o tema das Startups (chamado Startup!) que irá ajudar a guiar novos empreendedores e onde se poderá encontrar informação relevante para projetos, empreendedores e investidores.
A Startup Business Consulting possui uma bolsa activa de investidores, nacionais e internacionais, com quem trabalha de forma constante. Dependendo do tipo de negócio, do grau de risco envolvido e do montante a financiar, enviam os projetos para análise, com vista a obter as melhores condições para ambas as partes. Que mais-valias oferecem a quem procura este tipo de serviços? Somos o braço direito dos empreendedores na busca e negociação de investimento. A nossa experiência no mercado permite-nos obter bons negócios e maximizar o potencial do projeto perante os investidores. O nosso planeamento e análise de negócio completo e minucioso, para além de ser uma exigência do mercado, permite aos investidores com quem trabalhamos conhecer os projetos a fundo e facilmente aferir o seu potencial de mercado, agilizando todo o processo e garantindo uma taxa de sucesso muito elevada na negociação. Na negociação de projetos já existentes no mercado, nomeadamente empresas de renome e com percurso de mercado que pretendam ser investidas, realizamos previamente todo um trabalho de valorização de negócio, incrementando em média o seu valor de mercado entre 40% a 60%, com o intuito de serem investidas a curto prazo. Trabalham com linhas de apoio ao empreendedorismo e com fundos comunitários. No que concerne ao programa Portugal 2020 e aos vales simplificados que visam o apoio à aquisição de serviços de consultoria para projetos de iniciativas empresariais de PME’s, que apoio a Startup Business Consulting presta aos seus clientes? Os Vales são um excelente apoio para empresas em início de atividade! Trata-se de um apoio a fundo perdido de 15.000€ para apoiar o projeto desde a sua fase de implementação. Permitem ao promotor investir no seu projeto com capitais comunitários, podendo desta forma adquirir serviços de consultoria, marketing digital, deslocações e estadias internacionais, entre outras despesas elegíveis. A Startup Business Consulting é uma entidade credenciada na submissão de candidaturas aos Vales Simplifica-
dos, o que é sem dúvida uma mais-valia para os nossos empreendedores. Num Estudo Global de Empreendedorismo da Amway 2015 , só 16% dos portugueses inquiridos consideram a sociedade em que vivem favorável ao empreendedorismo. Esta foi uma das conclusões da sexta edição do estudo, feito pela Amway, recentemente publicado em Portugal. Um valor que colocou o país em penúltimo lugar (43º) neste aspeto. Quais consideram ser os principais entraves para o empreendedorismo em Portugal? Os principais entraves são sem dúvida a cultura mais conservadora do nosso país, uma baixa tolerância ao risco e também, em muitos casos, a falta de informação disponível. Existem diversos apoios aos empreendedores que os mesmos desconhecem pelo facto de não existir uma eficiênte
MARISA COSTA MENDONÇA
propagação da informação. No entanto, estes paradigmas estão a mudar rapidamente, especialmente entre a Geração Y, com um maior acesso à informação, maior formação académica, maior tolerância ao risco e maior valorização do ecossistema das startups, vendo o empreendedorismo como uma oportunidade de marcar a diferença no mercado global.▪
35 julho 2016
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Startup Business Consulting é uma empresa que atua na área da consultoria financeira, com foco no apoio à criação de startups e no desenvolvimento sustentável das mesmas. A criação de startups tem sofrido uma evolução positiva no nosso país? O empreendedorismo em Portugal está numa fase ascendente? Sim, bastante positiva! O ecossistema das startups tem vindo a sofrer um impacto muito positivo, com a criação de novos projetos diferenciadores, não só em termos nacionais, mas também internacionalmente. O mercado de criação de startups tem vindo a crescer tanto quantitivamente como qualitativamente, sendo atualmente responsável por uma importante fatia do desenvolvimento da nossa economia.
PORTUGAL 2020
» PK 2020
PK 2020
EM BUSCA DO CONHECIMENTO Foco. Experiência. Desafio. Estamos a falar da PK 2020 (Pursuit Knowledge). Uma equipa de três consultores, José Martins, Luís Maia e Pedro Riberinha que perceberam a sua complementaridade como vantagem de negócio. Hoje acompanham e aconselham as empresas perante os desafios que o Portugal 2020 estabelece.
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ortugal 2020 é um Acordo de Parceria entre Portugal e a Comissão Europeia. O mesmo reúne os cinco fundos europeus FEDER, Fundo de Coesão, FSE, FEADER e FEAMP, com vista a uma política de desenvolvimento económico, social e territorial para promover, em Portugal, até 2020. Sucede ao anterior QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional), que vigorou entre 2007 e 2013. Falamos de um montante acima dos 25 mil milhões de euros em fundos comunitários, os quais serão distribuídos pelos programas operacionais, temáticos e regionais, sendo que a maior fatia do bolo vai para o programa da Competitividade e Internacionalização. Até 2020 as empresas portuguesas têm a possibilidade de se candidatarem a um incentivo financeiro para que a sua empresa evolua e com ela a riqueza do país. Face à complexidade destes processos a empresas devem recorrer a apoio externo - os chamados consultores 2020. No caso da PK 202, fazem um acompanhamento e definem estratégias para que o resultado seja favorável, desde a submissão até à execução e encerramento, maximizando o incentivo real a obter pelas empresas. As empresas precisam de responder a alguns critérios que são utilizados como critérios de avaliação. Eles são definidos de acordo com a regulamentação específica que existe para cada concurso,mma, existem elementos comuns a todos: a criação de Riqueza, Emprego e Exportação. Quando um projeto é aprovado, a empresa sabe que resultados atingir. “Os setores prioritários são escolhidos pelo Estado. Ser o país a definir uma estratégia é correto, No entanto, a forma técnica de como os projetos são avaliados necessitam de uma redefinição, que não se guiem apenas pela CAE (Classificação da Atividade Económica). Há projetos com um enorme potencial mas que não são valorizados pelo setor em que se inserem e o contrário também acontece. Por vezes existem projetos brilhantes que são deixados de lado. Há muito a melhorar na aplicabilidade e de como isso é apresentado ao país”, garante Luís Maia. “Este Programa 2020, de forma geral e em termos estratégicos é adequado ao país e está muito orientado para a internacionalização, e para aspetos intangíveis, para a componente tecnológica e de inovação das empresas e isso faz muito sentido... O que está a falhar é a capacidade de resposta que o Estado não está a conseguir ter. Os atrasos podem, muitas vezes, ser fatais”, defende Luís Maia. As complicações são algumas, como a excessiva burocracia, os sucessivos atrasos e dificuldades in-
Pedro Riberinha, Luís Maia e José Martins
Este Programa 2020, de forma geral e em termos estratégicos é adequado ao país e está muito orientado para a internacionalização, e para aspetos intangíveis, para a componente tecnológica e de inovação das empresas e isso faz muito sentido... O que está a falhar é a capacidade de resposta que o Estado não está a conseguir ter. Os atrasos podem, muitas vezes, ser fatais
formáticas, a par da dificuldade das empresas em ter crédito e da falta de confiança para investir. No entanto, os prazos são um dos mais graves problemas apontados pelos consultores: “Numa economia global as mudanças económicas são muitas e qualquer projeto, qualquer que seja a sua dimensão, tem de ser executado o mais depressa possível ou perder o seu time-to-market. Entre o momento em que se faz a candidatura e o primeiro reembolso do dinheiro para o investimento às vezes passa mais de um ano, o que é mau.” “Neste momento, estamos a 5% de execução e já vamos em dois anos e meio do tempo que dura o programa. Não se tem sentido o dinheiro a entrar na economia. Há projetos que se podem perder se o tempo de espera for demasiado demorado. A consequência maior é para o país, a perda de projetos, a descredibilização do processo e a devolução do dinheiro a Bruxelas é péssimo”, realça José Martins. Resta às empresas serem resilientes até obterem os fundos.
O ESPELHO DAS EMPRESAS
“O Programa Portugal 2020 é ótimo nesse sentido porque as obriga a olhar para elas próprias e para a sua posição no mercado, e a pensar a sua estratégia de médio e longo prazo”, afirma Pedro Riberinha. “A nossa grande mais-valia tem que ver com o enquadramento. Muitas vezes as pessoas chegam até nós convencidas que sabem tudo o que há a
SOBRE PK 2020
A PK 2020 define-se como uma empresa que orienta e estuda todo o processo que uma candidatura requer, com um acompanhamento siste-
direitos reservados
saber sobre o Portugal 2020. Por isso, no início o que pedimos às pessoas é que façam um exercício: o que gostavam de fazer e realmente atingir se o financiamento não fosse uma limitação? A nossa mais-valia é compreender e fazer o melhor enquadramento, resultante da nossa experiência em vários setores”. A dimensão do mercado nacional é reduzida face a vários dos mercados para onde as empresas se dirigem. Para vencer a barreira da escala, estes consultores defendem uma política de cooperação e competição saudável, e uma evolução de mentalidades, que garantem ser a chave para o sucesso fora do país. “Para as empresas seria igualmente vantajoso pensar em candidaturas europeias (apresentadas diretamente em Bruxelas). E seria mais vantajoso porque logo à partida iriam ter parceiros europeus, obtendo assim uma escala europeia de negócios. O desafio de ter uma experiência internacional deveria ser obrigatório para as empresas. O Portugal 2020eestá a fraquejar neste sentido porque internacionalização não tem o mesmo significado que exportação e é apenas esta que ele apoia”, explica Luís Maia. Na opinião de Pedro Riberinha a distribuição da maior parte do dinheiro no setor privado faz sentido: “é do setor privado que surge riqueza para o país, uma vez que entrando no setor público, o dinheiro será aplicado em planos de ação social, que apesar de serem extremamente importantes, não concernem os grandes objetivos do Programa Portugal 2020: gerar riqueza e emprego. Mesmo que o estado crescesse, economicamente, não iria combater o desemprego pois não pode recrutar. Ora, empregabilidade, uma premissa do Portugal 2020.“ E há de facto empresas a desistir. “Há empresas que desistem do processo até porque muitas das promessas feitas sobre a desburocratização não foram cumpridas”, revela. Ao que tudo indica, muito dinheiro que Portugal tem ainda a receber está nos cofres de Bruxelas.
mático e metódico fundamentado com números reais e com ideias pragmáticas e, muito importante, concretizáveis. “A solução passa por perceber que temos de fazer projetos em conjunto. Foi nessa ótica que nos unimos e surgiu a PK 2020 (Pursuit Knowledge). Acreditamos que o conhecimento está na génese do sucesso das empresas”, defende José Martins. Vindos de áreas diferentes, dos fundos de investimento às tecnologias e ao marketing, aliam o apoio transversal às empresas a uma visão abrangente do apoio a projetos, “em muitos casos pode fazer sentido solicitar incentivos Portugal 2020, mas também apostar na procura de investidores e capitais de risco, ou noutras formas de alavancagem, como os fundos de investimento ou as joint-ventures. Trabalhamos com todos estes cenários”. Com experiência em diversos setores, José Martins, Luís Maia e Pedro Riberinha estão convictos que o que trazem ao mercado é uma mudança de mentalidades, necessária para que o tecido empresarial evolua. As empresas portuguesas que fazem parte da já muito concorrida carteira dos consultores pode esperar acima de tudo rigor, investigação e empreendedorismo. De realçar que, em atividade desde setembro de 2015, a PK 2020 já conquistou a confiança de mais de uma centena de clientes. ▪
Há empresas que desistem do processo até porque muitas das promessas feitas sobre a desburocratização não foram cumpridas
O segredo?
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A incessante busca pelo conhecimento.
CONTACTOS: info@pk2020.pt; Pedro Doutel pr@pk2020.pt ; José Martins jm@pk2020.pt Luís Maia lm@pk2020.pt
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
» EARTH CONSULTERS – FORMAÇÃO PROFISSIONAL | PROJETOS DE INVESTIGAÇÃO
AUMENTAMOS AS SUAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS “O nosso sucesso advém dos nossos clientes e, por isso, damos uma resposta adequada, de rigor e excelência a quem nos procura tantas e tantas vezes”, realça David Magalhães, CEO da Earth Consulters, uma empresa de Consultoria e Formação Profissional.
E
arth Consulters é uma empresa de Consultoria e Formação Profissional. Quando surgiu este projeto, que principais aspetos visava colmatar no país? A Gerência e a grande parte dos colaboradores que formam o «núcleo duro» do projeto Earth Consulters têm já uma vasta experiência, de pelo menos 20 anos na área da formação profissional certificada, pelo INOFOR, IQF e agora pela DGERT. Desta vasta experiência, em 2010 surge a Earth Consulters com o principal objetivo de qualificar as empresas, os particulares e/ ou outras entidades, desenvolvendo ações de formação profissional certificada e obrigatória, dando resposta às mais exigentes necessidades do Mercado, intervindo na sua capacitação. A Earth Consulters tem como visão a promoção e realização de projetos de formação e de intervenção inovadores, de qualidade e de valor sustentável, que contribuam para o desenvolvimento económico, social e humano.
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DAVID MAGALHÃES
A empresa iniciou atividade em 2010. Ao longo deste percurso que propósitos foram pretendendo alcançar? Que balanço é possível perpetuar até aos dias de hoje? O balanço que se faz é extremamente positivo e o feedback intensamente assertório, com um crescimento e evolução consolidados a todos os níveis. Este crescimento tem sido possível, porque a Earth Consulters conta com uma equipa que atua com altos padrões de qualidade, apostando em práticas de excelência, o que se traduz nas constantes e cada vez mais solicitações de grandes empresas, reforçando a nossa posição no setor da formação profissional. Sempre foi nosso objetivo chegar mais longe e a mais pessoas, e esse propósito tem vindo a ser alcançado com a nossa forte presença nas Ilhas da Madeira e dos Açores, alargando a
Encontra-se sediada na cidade de Viseu, no entanto dirigem a sua ação a instituições públicas, empresas privadas e a particulares, em qualquer região do país. Como é feito todo este processo para que qualquer pessoa ou instituição possa aceder aos cursos da Earth Consulters a partir de qualquer ponto do país? Viseu, sempre nos pareceu estrategicamente um bom ponto para chegar a bom porto. A proximidade às várias capitais de distrito, através de AE, temos Aveiro a 30 minutos de distância, Porto, Coimbra, Guarda, Vila Real e mesmo Espanha a cerca de uma hora de caminho e Lisboa a 2h30, e o forte crescimento económico que se fazia sentir na região, fizeram de Viseu um excelente ponto de partida para fazer cumprir os nossos objetivos. Não obstante Viseu possuir ótimas vias de comunicação que nos fizeram chegar sempre longe, a Earth Consulters, como já referido, sempre pretendeu estar perto das pessoas, para que estas se pudessem capacitar, sem terem de se deslocar para longe. Para alcançar essa proximidade com as pessoas e/ou entidades, a Earth alavancou o seu próprio crescimento, abrindo novos espaços em Braga, Porto, Castelo Branco, Lisboa e Faro, e mais recentemente a entrada no mercado da formação
profissional nas Ilhas da Madeira e dos Açores. A Earth Consulters dispõe assim de infraestruturas físicas, bem como de uma equipa pronta a responder de forma célere às tantas solicitações que todos os dias nos cheguem, quer via e-mail, telefone e todos os outros meios de comunicação de que dispomos, para chegarmos eficaz e eficientemente junto de todos. A Earth Consulters possui duas áreas de negócio distintas: a área da formação profissional e consultoria onde disponibilizam soluções à medida do cliente. Quais são as áreas de formação que podemos encontrar na empresa?
O reforço e consolidação no mercado tem permitido capacitar as empresas a serem mais competitivas e a darem respostas céleres às exigências laborais
41 julho 2016
nossa atuação para fora de Portugal Continental. Esta abertura de novos horizontes, já nos permitiu cumprir a entrada no mercado de trabalho de Moçambique, que há muito ansiávamos, por ser um país em crescimento em todos os setores da Economia. Angola e todos os outros PALOP são agora também um dos nossos principais focos de atuação. O reforço e consolidação no mercado têm permitido capacitar as empresas a serem mais competitivas e a darem respostas céleres às exigências laborais.
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
» EARTH CONSULTERS – FORMAÇÃO PROFISSIONAL | PROJETOS DE INVESTIGAÇÃO
O nosso sucesso advém dos nossos clientes e por isso, damos uma resposta adequada, de rigor e excelência a quem nos procura tantas e tantas vezes
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O core business da Earth Consulters é imensamente baseado na necessidade superlativa do cliente em obter formação obrigatória para o exercício de uma determinada profissão/ área de negócio. A Earth Consulters ministra formação profissional obrigatória e planos de formação elaborados à medida do cliente. As ações de formação profissional que dispomos são certificadas pela DGERT- Direção Geral do Emprego e das Relações do Trabalho, o que por si só, já é o reconhecimento global da nossa capacidade enquanto entidade formadora para executar formação através das melhores práticas. A Earth Consulters dispõe ainda do reconhecimento do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, através das DRAP – Direção Regional da Agricultura e das Pescas, para ministrar ações de formação na área da Agricultura, setor de forte crescimento económico em Portugal. Estamos ainda reconhecidos pelo IMT- Instituto da Mobilidade e dos Transportes, IP., para ações de formação na área dos Serviços de Transporte. A Agricultura, os Serviços de Transporte, a Segurança e Higiene no Trabalho, entre tantas outras, são áreas de extrema importância para a economia portuguesa e, por isso, apostamos na capacitação de quem exerce estas atividades, para gerar competitividade, crescimento e riqueza também na nossa economia. A Earth Consulters conta com diversas parcerias e tem já uma experiência consolidada na promoção de formação, sobretudo de caráter obrigatório, para o desempenho de uma determinada área de atividade. A população, em geral, mostra-se mais suscetível a procurar formações complementares?
Sim, de facto as parcerias são um meio privilegiado para chegarmos aos clientes e às suas necessidades. Conhecendo o cliente, a nossa equipa dá garantias de todos os serviços de formação e consultoria que lhes podemos prestar, fazendo um acompanhamento de qualidade aos clientes, permitindo que ele se dedique apenas ao seu negócio, enquanto a Earth Consulters, o informa e encaminha para as melhores soluções para dar resposta às obrigações e lacunas que nos apresentam. É neste acompanhamento, neste encontro de soluções que as parcerias resultam como um todo, que é sempre mais que a soma das partes, sendo que o reconhecimento do que é uma parceria, os vínculos que se criam e a fidelização a uma equipa que previne desconformidades e que acompanha a resolução de eventuais problemas, são fatores que contribuem para o sucesso das pessoas e das empresas, numa estratégia de reciprocidade. Qual a importância das parcerias e cooperação realizadas entre a Earth Consulters e as demais instituições? Como atrás referi, as parcerias são de vital importância para as partes envolvidas, sendo esta a ‘alma do negócio’. Cada um de nós, em cada atividade, tem o objetivo de ser e fazer mais e melhor e só com este pressuposto podemos almejar obter o sucesso. O nosso objetivo com as parcerias e cooperações, é o de conseguir ter uma relação de maior proximidade com os locais, as pessoas, os hábitos e as necessidades, por forma a garantir a resposta eficaz aos problemas, a sugerir soluções para futuras desconformidades, e a aconselhar serviços e métodos para a obtenção do sucesso. O público-alvo da Earth Consulters é o público em geral, a par dos colaboradores de diversas empresas, com as quais são contratualizados os serviços de formação. As formações podem ser ministradas nas instalações da Earth Consulters ou nas das empresas supracitadas. Como se desenvolve cada uma destas opções de formação? A formação profissional pode ser personalizada? Claro que sim. Os planos de formação elaborados pretendem ir de encontro às necessidades dos clientes, proporcionando planos feitos à medida para que o cumprimento das suas necessidades seja efetuado de forma confortável para os nos-
sos clientes. O nosso sucesso advém dos nossos clientes e por isso, damos uma resposta adequada, de rigor e excelência a quem nos procura tantas e tantas vezes. Muitas vezes as necessidades que nos chegam ou as soluções que encontramos para os nossos clientes, levam-nos às suas próprias instalações, que por excelência é o local onde vão aplicar as melhores práticas partilhadas nas nossas ações de formação. A proximidade ao local de trabalho, às pessoas que diariamente trabalham umas com as outras e que conhecem as dinâmicas das entidades, resultam na aquisição de um know-how mais eficaz e que pode trazer verdadeiros resultados de sucesso. Sendo a satisfação dos nossos clientes, uma das nossas prioridades, as ações de formação realizadas pela Earth Consulters são ajustadas de acordo com a disponibilidade dos clientes, quer em horários, locais e conteúdos programáticos abordados. Muitas vezes não é possível adequar a oferta formativa existente com as possibilidades de acesso dos clientes. A Earth Consulters disponibiliza cursos financiados? Neste momento não possuímos cursos financiados. O novo Quadro Comunitário, Portugal 2020, encontra-se ainda pouco desenvolvido na área da formação financiada, nomeadamente para os setores de mercado onde atuamos. Contudo, os valores por nós praticados na modalidade de formação privada, são acessíveis, sendo que compreendemos também as dificuldades que os nossos clientes possam ter, dando sempre a melhor resposta, elaborando também propostas de cotação que eventualmente podem sofrer ajustamentos de acordo com as necessidades, não descurando nunca a qualidade pedagógica exigida e com a qual fazemos questão de trabalhar todos os dias. Que importância assume, nos dias de hoje, uma formação certificada e complementar ao exercício de determinadas profissões? A formação profissional certificada e comple-
A Earth Consulters vai continuar a prestar serviços de qualidade a quem nos procura, trabalhando sempre para alcançar a confiança que os Clientes depositam em nós.
nosso crescimento e expansão em novos mercados. Sabíamos à priori que a entrada no mercado de Moçambique, ainda com muitas lacunas na área da formação profissional, permitiria a modernização das equipas que trabalham nas empresas, bem como a capacitação de outros que procuram trabalho, aumentando a capacidade de produção, fomentando o crescimento económico, social e humano daquele país. O objetivo é adotar novas estratégias de internacionalização que cheguem a outros países.
A modernização e inovação tecnológica acarretam desafios constantes. Que estratégia tem
adotado a Earth Consulters para acompanhar as exigências do mercado e ser a empresa sólida que é nos dias de hoje? A nossa estratégia sempre foi inovar, acompanhando também os desafios que o mercado e a globalização nos trouxeram. As realidades estão em constante mudança dia após dia e como já referi, fazemos questão de acompanhar os nossos clientes o mais possível conhecendo os hábitos e os seus problemas para também nós nos sentirmos na vanguarda, para que também nós estejamos em todo o lado, e nos possamos dar a conhecer a todos. Este conhecimento e acompanhamento permite ajustar também o nosso trabalho e ministrar formação aos nossos colaboradores para que possam colmatar as necessidades e acompanhar todas as mudanças. Os novos paradigmas da era da globalização levaram-nos a adotar novas estratégias, recorrendo ao processo de internacionalização para reforçar o
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mentar ao exercício de determinadas profissões assume-se cada vez mais como natural. A obrigatoriedade da formação para exercer uma determinada profissão está cada vez mais desmistificado e temos nas nossas formações, clientes que frequentam ações de formação não só pela obrigatoriedade mas pela competitividade que isso lhes pode trazer num mercado de trabalho cada vez mais ‘feroz’. As pessoas estão já sensibilizadas para o facto de, sendo a formação de caráter obrigatório, de certeza trará vantagens e quem não as frequentar fica irremediavelmente para trás. A questão da obrigatoriedade em muitos casos nem devia ser colocada, porque o sucesso também se obtém por querer saber mais e pela partilha com outros de práticas de excelência em diferentes setores de atividade.
Está prevista a abertura de mais algum curso na Earth Consulters? Por onde passa o futuro da empresa? A Earth Consulters está sempre a crescer e o futuro está já no próximo segundo. Enquanto CEO da Earth e mentor de uma equipa que está sempre disposta a dar tudo pelos clientes, preocupa-me que amanhã possa ser retrógado o que planifico hoje, que o futuro não corresponda ao plano que defini e que incentivo os meus colaboradores a ter, contudo trabalhamos a cada momento para mais e melhor, antecipando que o futuro também seja o que planeei. Contudo, veja o exemplo das condições meteorológicas, a presença de nuvens, vento e alguma humidade, fazem-nos prever que a qualquer momento poderá chover. Mas esta previsão não passa disso mesmo, uma previsão. O futuro nunca pode ser prognosticado com exatidão. Posso é garantir que a Earth Consulters vai continuar a prestar serviços de qualidade a quem nos procura, trabalhando sempre para alcançar a confiança que os clientes depositam em nós. ▪
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
» DISTANCE LEARNING CONSULTING – CONSULTORIA PEDAGÓGICA
APRENDIZAGEM NO SÉCULO XXI “A DLC não é só uma «fábrica» de cursos em eLearning, bLearning e mLearning, faz também a transferência do seu conhecimento através de meios e processos no âmbito da consultoria”, explicam António Augusto Fernandes e Ana Maria Fernandes, Sócios-Gerentes da DLC, em entrevista à Revista Pontos de Vista.
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empresa Distance Learning Consulting (DLC) vocacionada para a Formação em eLearning e em bLearning, pretende constituir-se como uma empresa de referência no fornecimento de serviços de eLearning e bLearning. De que modo funciona cada uma destas apostas da DLC? Somos mesmo uma empresa de referência a nível nacional, embora neste momento a estratégia definida pela DLC seja alargar a nossa qualidade, prestígio e eficácia ao espaço internacional; sempre com um grande enfoque nos países da CPLP, pelo facto de falarmos todos a mesma língua, todavia, sem esquecer o resto do mundo, uma vez que a nossa Plataforma de Formação/Educação está em Mandarim, Russo, Árabe, Inglês, Espanhol, Português, Francês e Romeno; além disso, em breve, irão ser acrescentados outros idiomas, sempre em função dos clientes de outras nacionalidades que solicitem a Plataforma NetForma. Os nossos cursos são também em mLearning, pois a Plataforma é responsive, ou seja, ela trabalha com igual qualidade com computadores, tablets ou mesmo smartphones. Queremos que os modernos “telemóveis” sejam dentro em breve o principal instrumento de aprendizagem, por essa razão, lançámos em 2015 o primeiro curso do mundo destinado a ensinar a Língua Portuguesa a estrangeiros, com base nas metodologias de eLearning e mLearning, onde cada pessoa se poderá inscrever, pagar o curso e usá-lo durante um ano, sem pagamentos extra. A DLC propõe que o smartphone seja utilizado no autocarro, comboio ou em qualquer local, mesmo de lazer, como a praia ou o campo, com o objetivo de aproveitar os tempos livres para estudar português. A DLC disponibiliza um serviço inovador ancorado num modelo pedagógico testado (SAFEM-D), uma Plataforma de eLearning, NetForma Da Vinci 2.0 - 3.0. De que se trata esta plataforma? Quais são as mais-valias da mesma? A DLC criou este modelo pedagógico em 1998, tendo estado na sua origem uma Tese de Doutoramento. Depois, a partir de 2000, em conjunto com a Plataforma NetForma,
ANTÓNIO AUGUSTO FERNANDES E ANA MARIA FERNANDES
já foi utilizado por mais de 300.000 profissionais. Paralelamente, este instrumento pedagógico duplo foi estudado nos últimos 16 anos em 53 Teses de Mestrado, dois Doutoramentos e um Pós-doutoramento. Dito de outro modo, além de receber a experiência de muitas empresas e de milhares de formandos, numa ótica técnica, científica e de resultados, tem vindo a ser continuamente avaliado por umas largas dezenas de investigadores. Embora o conjunto SAFEM-D e NetForma sejam um produto nacional, será com certeza à escala mundial o mais inovador Learning Management System, pois é o único que mede os Estilos de Aprendizagem e a Inteligência Emocional e que é capaz de incorporar os seus resultados no processo de ensino/aprendizagem. Oferece a possibilidade de medir as Inteligências Múltiplas e a Personalidade e, ainda, possui o mais criativo e eficaz Sistema de Avaliação que, entre um número vasto de soluções, categoriza as perguntas por famílias, bem como avalia e afere o Índice de Dificuldade das perguntas, para além de possuir um simulador que gera qualquer tipo de prova, com controlo estatístico e pedagógico. A DLC procura criar projetos de valor adequados às necessidades e mudanças do contexto socioeconómico. Que principais aspetos visam colmatar com os serviços que disponibilizam? O Ensino à Distância durante muitos anos, embora já tivesse atingido
enorme maturidade, de que são exemplos a Open University no Reino Unido, a UNED em Espanha e o IFB/ISGB em Portugal, foi sempre um “produto” de segunda escolha, pois quem tinha dinheiro, disponibilidade e proximidade preferia sempre o ensino presencial. Com o advento da internet, especialmente, da banda larga, o EAD, através do eLearning, passou a ser uma primeira escolha, com vantagens financeiras, pedagógicas, de comodidade, geográficas e, sobretudo, de eficácia e eficiência. A DLC, além de uma plataforma e de um modelo pedagógico-multimédia únicos, teve a ousadia de criar algo muito diferente daquilo que faz a concorrência nacional e internacional; que ora simula o Presencial Expositivo ou os Métodos Ativos, conseguindo oferecer ao mercado um produto de aprendizagem capaz de gerar enorme motivação para o formando/aluno, e que, concomitantemente, leva este a alcançar resultados superiores em 20% ao presencial, de modo que, quando se pergunta aos milhares de utilizadores deste processo se preferem a metodologia presencial ou o eLearning da DLC, em média, 86% escolhem o nosso modelo de Ensino a Distância. A empresa assume um posicionamento diferenciador pretendendo alcançar a liderança no setor e o reconhecimento junto do público-alvo, nos mercados nacional e internacional e ser uma empresa de referência para os profissionais do futuro. Qual é o peso do mercado internacional no acesso aos servi-
ços disponibilizados pela DLC? Em Portugal a DLC é a líder incontestada na saúde, nos seguros/banca, na distribuição, na tecnologia automóvel, nas ciências desportivas, no ensino do português e nas áreas comportamentais/comerciais, contudo, por razões nem sempre fáceis de explicar, mas que se podem prender com a língua portuguesa (embora a DLC trabalhe em qualquer idioma) ou do elevado protecionismo de alguns países, de que o Brasil é um exemplo claro, quiçá mesmo, por não possuir os meios financeiros que exigem uma internacionalização em regiões ou países como, por exemplo, a China, a Rússia, os USA e a América Latina, pois neste negócio, a penetração nos mercados daqueles que vêm de fora exige avultados investimentos e algum tempo para o seu retorno; mesmo assim, já ganhámos, em parceria com a Universidade de Sevilha um Concurso Internacional, lançado pela Assembleia da República do Peru. Possuímos uma plataforma e um modelo pedagógico e multimédia únicos no mundo, bem como 120 cursos em todas as áreas, os quais podem ser traduzidos para qualquer idioma. Possuímos ainda a tecnologia para trabalhar em qualquer língua produzindo cursos de eLearning e bLearning para qualquer organização ou país, daí procurarmos parceiros que queiram connosco arriscar na conquista de novos mercados. Procuram estabelecer parcerias e acordos estratégicos com organizações de referência em diferentes sectores do mercado, de modo a expandir e diversificar os serviços e projetos. Neste sentido, que importância assume as parcerias e cooperação realizadas no espaço lusófono? Que postura assume a DLC nesta questão? A DLC possui praticamente tudo o que é necessário para ser um sucesso além- fronteiras, exceto a logística necessária para, em cada um dos países onde quer implementar o seu negócio e a sua marca, podendo atuar a partir de Lisboa ou de qualquer outra cidade do mundo, bem como liderar e coordenar a partir daí todo o processo, pois os conteúdos dos cursos estão na “nuvem”, os países e as pessoas estão ligadas em rede, portanto, poder-se-á desenvolver
Desenvolvendo soluções de eLearning e de bLearning inovadoras e personalizadas que proporcionam uma vantagem competitiva às empresas clientes, a DLC também oferece serviços relacionados com a Consultoria e Gestão da Formação. O mercado português apresenta fragilidades nestes aspetos? Quem
recorre aos vossos serviços de consultoria que principais preocupações apresentam? A DLC é a empresa que em cada ano mais trabalhadores forma em Portugal, pois tem clientes que realizam cursos para mais de 12.000 colaboradores com ações de 35 horas por pessoa, ou seja, aproximadamente 420.000 horas em 12 meses. Quando utilizavam só a metodologia presencial, formavam menos de 5%, ou seja, não cumpriam a Lei da Formação Obrigatório, o que os obrigava a elaborar relatórios únicos com alguma criatividade. Hoje, fazem formação em todo o país, com vantagens extraordinárias para os resultados dessas empresas nossas clientes, as quais são medidos por clientes- mistério, cabaz de compras, da diminuição drástica das reclamações, aumento muito significativo do grau de satisfação dos clientes finais, das chefias e dos colaboradores; medido através de várias sondagens e questionários. Todo este processo formativo ocorre em entidades com profunda distribuição geográfica, o que se traduz, não só numa diminuição significativa dos gastos com deslocações e estadias, bem como, numa acentuada redução do custo/ hora/formação devido à economia de escala, com a enorme vantagem de tudo isto ocorrer sem que os colaboradores, em cada ano, tenham de sair da empresa durante uma semana para fazerem a formação obrigatória, dado que o eLearning da DLC permite, com melhores resultados que os alcançados no presencial, todos os colaboradores façam a formação nas horas de menor ocupação na empresa ou, mesmo, nos seus tempos livres, o que tudo somado gera ganhos exponenciais. A DLC não é só uma “fábrica” de cursos em eLearning, bLearning e mLearning, faz também a transferência do seu conhecimento através de meios e processos no âmbito da consultoria, isto é, por maior que a entidade seja, como ocorreu com um grupo empresarial que, no início de 2016 passou a ser nosso cliente, para o qual criámos uma Plataforma NetForma comum às metodologias de tipo presencial, eLearning e bLearning, ajudando os técnicos e a sua diretora, num conjunto de tarefas destinadas a criar uma Academia de Formação Profissional para mais de 25.000 colaboradores, na sua maioria distribuídos geograficamente por todo o país, os quais possuem um denominador comum que urge reverter: a baixa escolaridade. Possuindo a DLC uma experiência de 18 anos e tendo criado a sua própria Plataforma e Modelo Pedagógico e Multimédia, como vê o futuro da Formação Profissional,
quiçá, a Académica e que inovação propõe para estes âmbitos? Em junho de 2015 apresentámos num Seminário sobre Aprendizagem no ISCTE – IUL o Sistema Trial. Esta metodologia pedagógica e andragógica nasceu do Sistema Dual alemão, responsável pelo milagre económico da Alemanha do pós-guerra. O Sistema Dual é, pedagogicamente, um sistema perfeito, pois o formando/aluno aprende primeiro a parte teórico-prática da sala de formação e, produto a produto, tema a tema, vai passado em alternância para a formação de posto de trabalho ou em contexto de trabalho. Dito de outro modo, o aprendente adquire na sala os conhecimentos e alguma prática simulada e, em seguida, vai para o posto de trabalho treinar o que aprendeu até saber fazer. Este é um processo cíclico, que ocorre no espaço do 10º, 11º e 12º anos, onde a permanência na formação em sala vai diminuindo mês a mês e aumentado na mesma proporção o treino no posto de trabalho. Este sistema em alternância permite a passagem objetiva do conhecimento à competência, de onde se infere que, embora seja usado quase em exclusivo no Ensino Secundário, ele pode ser aplicado com êxito em muitas áreas do Ensino Superior.
O Sistema Trial nasceu para fazer evoluir o Sistema Dual e adaptá-lo ao século XXI, pois além da formação em sala e de contexto de trabalho, possui também a formação em eLearning. As suas vantagens são enormes, já testadas em muitas áreas profissionais e no ensino superior, podendo mesmo estender-se para o ensino básico e ainda para o dos cidadãos portadores de deficiência. Ao acrescentar o eLearning multimédia e interativo às outras duas componentes pedagógicas, podemos chegar aos locais mais recônditos de cada país, onde o desenvolvimento sempre tardou em chegar, alcançando deste modo um número significativo de pessoas que, dificilmente, prosseguiam os estudos e oferecendo-lhes a possibilidade de, nos três anos de curso, poderem fazer quase dois anos de formação a partir da sua residência, ou seja, a formação em sala fica reduzida a alguns meses, onde a metodologia presencial só pode usar os Métodos Ativos: Estudo de Casos, PBL – Problem Based Learning, Role-Playing, Dramatização, Jogos Pedagógicos, etc., gastando uma parte substancial do ano na ação prática e no treino continuado, de modo a adquirir as competências exigidas para aquele curso.▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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a formação profissional, o ensino médio e o superior em qualquer área do conhecimento, tanto de um modo assíncrono como síncrono, realizando as sessões teórico-práticas através do computador, que poderá simular uma intervenção cirúrgica, o tratamento crónico da diabetes, uma operação financeira ou ainda preparar um treinador de futebol, de ténis ou de golfe, que é o mesmo que dizer, elaborar toda a sua parte técnica e científica, deixando para cada federação o treino de campo, pois todos os aprendentes já tiveram a oportunidade de na plataforma e no curso realizarem prática simulada. Em suma, não existem limites para o Modelo Pedagógico e Multimédia da DLC, pois através do design web e da programação, aliados ao uso do 3D, do vídeo e da Plataforma NetForma, todos conseguem simular qualquer área científica ou técnica, com enormes vantagens sobre o presencial, pois aqui o aprendente, a partir de um computador, tablet ou smartphone, poderá deste modo vivenciar qualquer aprendizagem, por mais complexa que seja a matéria, integrando esta ação com sessões síncronas online, videoconferências ou webinar, bem como, utilizando a NetForma e os cursos, associados a pequenos módulos presenciais com base nos Métodos Ativos. O nosso modelo de negócio é totalmente replicável em qualquer país do mundo, pois a DLC pode funcionar como fábrica de conteúdos multimédia e interativos, distribuídos através da Plataforma NetForma a uma escala planetária a partir da Internet. Dito de outro modo, seja através do sistema de franchising ou criando fábricas em países onde o modelo SAFEM-D seja replicado e também criados colones da Plataforma NetForma, numa lógica semelhante às rede sociais ou à da Google. Obviamente, nos países da CPLP ou mesmo nos PALOP, o fator língua pode ser altamente facilitador, pois no mundo lusófono com 300 milhões de habitantes, a produção de um curso ou área temática para o Ensino Básico, Secundário ou Superior, tal como para a Formação Profissional, será escalável e haverá um único investimento, com a vantagem de unificar os diferentes modos da Língua Portuguesa; situação que nenhum Acordo Ortográfico foi capaz de alcáçar até hoje.
APCER - IFS FOOD STANDARD
» QUALIDADE E SEGURANÇA NO SETOR ALIMENTAR
Agrifood | “DO CAMPO À MESA” Conheça a Certificação em gestão da segurança alimentar de acordo com o referencial IFS Food Standard, através de Andreia Magalhães, Diretora da Agrifood da APCER.
Nos últimos anos começámos a especializar cada vez mais o serviço prestado a este setor. Como resultado dessa especialização, a APCER criou em 2012 a unidade de negócio AgriFood que hoje é também um centro de competências do Grupo APCER para este setor Andreia magalhães
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uando falamos de segurança alimentar, falamos, obrigatoriamente, de saúde pública. Esta é uma realidade cada vez mais premente, para a qual os consumidores se mostram cada vez mais atentos, interessados e preocupados. O setor agroalimentar é um dos setores mais importantes do tecido empresarial em todo o mundo. Com a atenção redobrada sobre o setor, este sofreu nas últimas décadas vários desenvolvimentos, tornando-se mais exigente e responsivo perante as necessidades dos seus clientes e consumidores. A certificação é percecionada, pelo setor, como uma ferramenta através da qual as organizações evidenciam o cumprimento de um conjunto de requisitos, definidos por normas mundialmente reconhecidas. “A APCER sempre realizou auditorias a organizações do setor alimentar, de acordo com normas internacionais, de âmbito mais generalista, e fomos percebendo ao longo do tempo que este setor necessitava de uma orientação específica, mais técnica. Nos últimos anos começámos a especializar cada vez mais o serviço prestado a este setor. “Como resultado dessa especialização, a APCER criou em 2012 a unidade de negócio AgriFood que hoje é também um centro
de competências do Grupo APCER para este setor”, explica Andreia Magalhães. Através de auditorias rigorosas, a APCER pretende promover a melhoria contínua dentro das organizações, para que as mesmas consigam alcançar níveis de excelência e de competitividade.
O SETOR NO PRESENTE
“A nível global o setor alimentar está em clara expansão, e especificamente em Portugal está a crescer e em produtos muito interessantes, em que somos muito bons: os vinhos, o azeite, as conservas, os pré-cozinhados… O consumidor, de uma forma geral, está muito mais consciencializado para comprar o que é nacional, e isso, associado ao aumento das exportações, ajuda”, declara Andreia Magalhães.
2001 1ª certificação alimentar [DS 3027]
NORMA IFS FOOD - O QUE É?
A certificação é um meio credível e imparcial, que permite às organizações evidenciarem o cumprimento de um conjunto de requisitos do referencial em causa. Durante um processo de auditoria esse cumprimento é avaliado. “Cada vez mais a certificação de sistemas de gestão da segurança alimentar é um requisito dos clientes, como forma de validar que as metodologias de realização de produtos seguros estão corretamente definidas e implementadas”, revela a Diretora. A norma IFS Food aplica-se a todas as organizações que processem alimentos. Define requisitos específicos para as organizações que pretendam diferenciar-se pela excelência na segurança alimentar, na qualidade, e na satisfação dos seus
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1ª certificação ISO 22000
agrifood
clientes. Este referencial está direcionado para a indústria agroalimentar, com especial relevância para os fornecedores de marcas próprias (marcas do cliente) uma vez que inclui vários requisitos sobre o cumprimento de especificações do cliente. A IFS Food assenta num sistema de pontuação com uma extensa lista de requisitos que são avaliados em auditoria. Para obter a certificação, a empresa tem de, pelo menos, atingir 75% da pontuação. Existem dois níveis de classificação das empresas face aos resultados: entre 75% até 95% é o chamado foundation level, a partir de 95% o higher level. De salientar que existem requisitos da norma nos quais as organizações não podem apresentar falhas relevantes (KO’s), nestes casos a auditoria fica comprometida. Estes requisitos estão bem identificados na norma. O auditor elabora um relatório identificando a conformidade, os desvios e/ou as não conformidades, caso existam, relatório esse ao qual a organização terá de responder explicando as medidas que irá tomar para corrigir os desvios e as não conformidades de forma a evitar a recorrência dos mesmos. Andreia Magalhães chama especial atenção para a procura da verdadeira causa da existência dos desvios e/ou não conformidades, de forma a ser assegurada a eficácia das medidas implementadas.
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“É imperativo que as empresas se questionem sobre o que correu mal, por que correu mal… no fundo, perguntar porquê? “Identificar causas e perguntar cinco vezes «porquê?»” é uma das formas que refere Andreia Magalhães. A resposta deve ser enviada dentro de um prazo estipulado (52 dias desde o momento em que começa a auditoria até à obtenção do certificado). Segundo Andreia Magalhães, a maioria das empresas falha em questões como o Food Defense e a eficácia dos métodos de avaliação dos fornecedores, assim como os requisitos associados à análise de risco. Os motivos apontados são questões culturais e de dimensão (capacidade de influenciar fornecedores).
NORMA IFS – A REVISÃO
Para a diretora “é expectável que a versão 7 da norma saia em janeiro de 2017. Em termos de conteúdo não se esperam muitas alterações à revisão da versão de abril de 2014, penso que a norma será apenas complementada com questões atuais. No entanto esperam-se alterações para os organismos de certificação”. Andreia Magalhães aconselha as empresas portuguesas a voltarem às origens e a estudar o básico, o HACCP - Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo desenvolvido nos anos 60
pela Pillsbury Company juntamente com os laboratórios do exército norte-americano e a NASA para a alimentação dos astronautas. “Voltem à base e estudem HACCP. Estudem análise de risco, estudem a técnica e não se limitem ao que está previsto pela norma. Apliquem o HACCP como técnica de análise de risco. Ganham muito mais com isso porque a gestão da segurança alimentar deve assentar na tomada de decisões baseadas em factos e é preciso conhecer e analisar os riscos para que não se esteja a fazer a mais ou a menos do que é necessário para garantir produtos seguros”. É o conselho deixado por Andreia Magalhães a todas as organizações.
SAVE THE DATE!
No dia 15 de setembro realiza-se a Conferência Anual da Agrifood, na Quinta das Lágrimas, em Coimbra, e promete ser um evento diferente do que é habitual. De que se trata? Sentir. Este é o objetivo da conferência. Sentir o quê? “A qualidade. Sentir o que é a segurança alimentar. Sentir a sustentabilidade. Sentir o que é o setor primário”. “Vamos fazer com que quem vá à nossa conferência vá para casa a pensar no que viveu”, começa por explicar Andreia Magalhães. “Não vai haver palestrantes, será tudo sobre sensações. Isto porque no que diz respeito aos alimentos devemos usar os cinco sentidos. Cada tema irá ter uma área dedicada com cenários de experimentação diferentes entre si. A conferência será durante a manhã e prolongar-se-á com um almoço”, desvenda a nossa entrevistada. O almoço será criação da Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, os ingredientes serão produtos produzidos pelos clientes da AgriFood. ▪
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CERTIFICAÇÃO IFS FOOD – SEGURANÇA E QUALIDADE NO SETOR ALIMENTAR
» KAFFA
CAFÉ? CAPPUCCINO OU CHOCOLATE? DESDE QUE SEJA KAFFA A Kaffa é hoje um dos mais importantes players em Portugal e na Europa no processo de fabrico de cápsulas de café. A fábrica, em Portugal, produz cápsulas para as mais importantes insígnias de distribuição incluindo a marca Kaffa. Estamos a falar de cápsulas compatíveis com a Dolce Gusto, Delta Q, Nespresso, compatíveis com máquinas Lavazza Point, Martello e Expresso CAP.
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um mercado exigente nacional e internacionalmente”, a Kaffa atua em duas vertentes: cápsulas compatíveis com diversos sistemas de máquinas de café e cápsulas da marca Kaffa para a sua própria máquina, num sistema fechado, com uma variedade de produtos. A verdade é que a marca está a implementar-se no mercado de forma sólida e “a um ritmo satisfatório e necessário para uma marca se consolidar num mercado onde a concorrência é feroz e de qualidade”. Estamos a conseguir ganhar terreno neste mercado”, começa por explicar Madalena Moniz Pereira, responsável comercial e de marketing da Kaffa. Considerando que o mercado tem muitos e bons players, a aposta da Kaffa tem sido no sentido da inovação e na atenção dada às tendências do mercado. “Temos de ver muito para além disso. Temos de tentar perceber como vai ser o consumo do café no futuro, como é que as pessoas irão ver e consumir o café. E, para além de saber inovar temos de saber implementar a inovação. É fundamental ter uma estrutura sólida e complexa que garanta a capacidade de implementação dos produtos que vão sendo criados pela Kaffa”, realça Madalena Moniz Pereira. Dedicando-se exclusivamente à produção de cápsulas de café, a Kaffa distingue-se dos demais concorrentes pelo seu foco estratégico neste segmento. “Portugal é um país de boas marcas de café, temos o café na nossa história e a nossa forma própria de beber café. Existe uma quantidade considerável de empresas que têm histórias intimamente ligadas ao café, mas de uma forma genérica. A Kaffa centra-se apenas numa área que exige de nós constante inovação, ciência, estudo qualitativo e tecnologia avançada. É uma questão estratégica que nos permite sermos muito bons neste produto”, prossegue a responsável comercial. A lógica evolutiva da empresa, alicerçada no rápido crescimento verificado, assenta em dois princípios fundamentais: diversificar clientes e diversificar mercados. É nesse sentido que a Kaffa em 2014 se expandiu para o Brasil, o país do café, com a abertura de uma nova fábrica que tem evoluído de forma satisfatória. Aqui, a marca Kaffa é explorada de maneira diferente. “Enquanto em Portugal o nosso core business é a cápsula com o nosso café ou com a nossa receita feita à medida do que o cliente pede, no Brasil fazemos exclusivamente o encapsulamento do café para os nossos clientes”, refere Madalena Moniz Pereira.
MADALENA MONIZ PEREIRA
Certificações IFS Food e BRC
A Kaffa obteve em 2014, as duas certificações a que se candidatou, pela Norma ISO 9001:2008 e pela IFS Food (International Food Standard), ambas concedidas pela entidade certificadora APCER. Em 2015, a Kaffa não só renovou estas duas certificações como obteve ainda a certificação BRC Food (British Retail Consortium), representando um reconhecimento do esforço de toda a equipa na preocupação com a Qualidade, Segurança Alimentar e Satisfação dos Clientes. Estas certificações acarretam mais responsabilidade, certamente, mas “a partir do momento em que começámos a ter as certificações do setor alimentar conseguimos abrir novas portas, nomeadamente para o mercado internacional”. Através da certificação as empresas conseguem obter reconhecimento internacional e a confiança dos consumidores, abrindo caminho para novas oportunidades de mercado. “A Kaffa é a única empresa portuguesa no mercado de café que tem estas duas certificações, IFS food e BRC. São duas certificações semelhantes mas que nos abrem portas para diferentes clientes internacionais que não nos receberiam se não tivéssemos estas certificações. De 2014 para cá temos tido portas abertas para fazer negócios e fechar propostas. Estamos a falar de clientes essencialmente europeus que já têm um peso de cerca de 15% no nosso negócio”, explica a responsável comercial. O caminho, agora, é manter o rigor que caracteriza a Kaffa e melhorar ano após ano, acompanhando as exigências do mercado. “O mercado exige e nós tentamos corresponder. Estamos atentos às exigências. Desde a nossa estrutura até às linhas de produção passando pelas matérias-primas que constituem as cápsulas temos de corresponder no que diz respeito à qualidade”, afirma Madalena Moniz Pereira. ▪
Da Brasileira à Kaffa A família Telles está no negócio do café desde 1900 e fundou a emblemática A Brasileira. Mas, desde então, a indústria mudou de forma radical e, neste momento, a Kaffa dedica-se, em exclusivo, à produção e venda de café em cápsulas. Entre 2013 e 2015 deu-se “o grande boom”. Hoje com oito linhas de produção na fábrica de Trajouce, a empresa produz cápsulas compatíveis com sete sistemas diferentes. No ano passado lançou as cápsulas compatíveis com máquinas Delta Q e, em Fevereiro deste ano, as cápsulas compatíveis com máquinas Dolce Gusto. “O lançamento das cápsulas compatíveis com o sistema Dolce Gusto é uma das grandes apostas de 2016. Neste momento, estamos a desenvolver receitas e a apresentar aos nossos clientes novos blends para as cápsulas compatíveis com o sistema Dolce Gusto… e, neste sistema em concreto, não estamos a trabalhar apenas café… estamos a apostar também nos solúveis, chocolate e cappuccino, que são produzidos de forma autónoma em duas linhas de produção distintas apenas para as cápsulas compatíveis com máquinas Dolce Gusto”, avança a responsável comercial. A Kaffa foi a primeira empresa, em Portugal, a apresentar uma cápsula hermética compatível com o sistema Dolce Gusto. Trata-se de uma cápsula em que o café não tem contacto com o oxigénio permitindo manter as propriedades do café e a sua qualidade. “É uma cápsula patenteada, exclusiva da Kaffa, em Portugal, que chega a todos os consumidores a um preço mais acessível. Até ao final deste ano a Kaffa irá apresentar novidades nesta gama”, conclui Madalena Moniz Pereira.
CERTIFICAÇÃO IFS FOOD
» qualidade e segurança no setor alimentar
INTERTEK
QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR om que premissas e serviços se apresenta a Intertek? Há mais de 130 anos que empresas em todo o mundo são apoiadas pela Intertek na garantia da qualidade e segurança dos seus produtos, processos e sistemas. Atualmente, somos mais de 40.000 colaboradores, distribuídos por 1.000 laboratórios e escritórios em mais de 100 países. Em Portugal desde 1995, a Intertek assume-se como um parceiro de negócios cuja missão consiste em oferecer soluções completas a todo o setor alimentar. Sendo o setor alimentar um setor sensível e muito exigente, neste momento como é possível caracterizar o mesmo, de forma global? Para termos noção da dimensão do setor, damos como exemplo que a indústria alimentar e de bebidas é um dos maiores empregadores na Europa! Este peso na economia traduz-se, naturalmente, numa forte competitividade entre os intervenientes no setor, desde o produtor primário, passando pela indústria de transformação, até à cadeia de distribuição. Ao mesmo tempo que a indústria alimentar procura implementar processos mais eficientes e sustentáveis, tem também presente a necessidade de adaptar os seus produtos às expectativas dos consumidores e de lançar produtos inovadores, de modo a assegurar a sua competitividade. Claramente, os consumidores estão cada vez mais informados e atentos, pelo que são mais exigentes quanto à qualidade, inovação, preço e segurança dos produtos que consomem. Em Portugal, quais são os maiores riscos que as empresas enfrentam e qual o papel que a Intertek assume perante os mesmos? Frequentemente identificámos dificuldades de comunicação e interação entre os vários intervenientes da indústria alimentar. Em resposta a estes desafios, a Intertek trabalha diariamente em conjunto com os seus clientes para facilitar a sua entrada em qualquer mercado, acompanhando-os desde a seleção das matérias-primas até à distribuição do produto final e garantindo que todas as etapas são controladas e monitorizadas.
De que forma é possível explicar a importância da existência de certificações no setor? O desenvolvimento de referenciais normativos permite definir requisitos e procedimentos comuns, recorrendo a um sistema de avaliação uniforme, assegurando transparência e imparcialidade de critérios e garantindo a rastreabilidade do produto em qualquer etapa. Neste contexto, a existência de certificações internacionalmente reconhecidas constitui uma ferramenta fulcral no destaque das empresas, evidenciando o seu compromisso com a qualidade e segurança. As empresas deverão considerar todas as opções de certificação, tais como British Retail Consortium (BRC), International Featured Standards (IFS) ou Food Safety System Certification (FSSC 22000), de forma a avaliar qual o referencial que melhor se adapta às suas necessidades e compromissos. Mais especificamente, a norma IFS Food, o que prevê? A IFS Food é uma norma reconhecida pela Global Food Safety Initiative (GFSI), aplicável a todos os produtores de alimentos, que apoia as equipas de produção e de marketing na garantia da segurança e qualidade inerentes à marca. Esta certificação envolve auditorias ao sistema de qualidade, bem como à segurança alimentar dos processos e produtos. De forma a garantir a comparabilidade e transparência, a norma IFS Food trabalha com organismos de certificação acreditados e auditores qualificados e aprovados para o efeito. Sendo a Intertek um organismo de certificação, reconhecido internacionalmente para programas de segurança alimentar, que acompanhamento garantem no processo de obtenção da certificação? A Intertek apresenta uma ampla gama de soluções que não se limitam à realização de auditorias de certificação. Apoiamos os nossos clientes ao longo de todo o processo de certificação, disponibilizando auditorias de diagnóstico, formação e renovação da certificação. Temos consciência do nosso papel crítico na maximização dos benefícios
da certificação, tendo como máxima a melhoria contínua. Em Portugal, o que tem de continuar a ser realizado e o que é urgente mudar? É com interesse que temos vindo a verificar uma crescente cooperação entre os diferentes intervenientes do setor alimentar, o que se reflete na própria estratégia de penetração nos mercados. Acreditamos que estas sinergias permitirão que empresas de menores dimensões evoluam de forma sólida nos seus processos e procedimentos, disponibilizando produtos igualmente seguros e de qualidade. Cientes dessa necessidade, a Intertek tem vindo a disponibilizar seminários gratuitos, entre outras ações, nos quais aborda os desafios inerentes à segurança alimentar, bem como os recursos disponíveis para os enfrentar. ▪
ALICE LIMA
49 julho 2016
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Alice Lima, General Manager da Intertek, em entrevista à Revista Pontos de Vista, explica a importância da certificação para o desenvolvimento do setor alimentar.
ciência e tecnologia
» CURSO DE GEOLOGIA NA UNIVERSIDADE DE AVEIRO
FORMAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA SOCIEDADE A partir de 2016/2017, a Universidade de Aveiro abrirá vagas para a nova licenciatura em Geologia. Este curso irá proporcionar uma formação numa área fundamental à economia, à proteção ambiental e à defesa do património natural. O professor José Francisco Santos, Diretor do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro (DGeo-UA), explica tudo o que precisa de saber sobre esta nova oferta formativa.
Q
uando se constituiu a Universidade de Aveiro (UA) em meados da década de 70, foram selecionadas áreas prioritárias a desenvolver, entre as quais se contavam as Ciências da Natureza e do Ambiente. O Grupo Interdisciplinar de Estudos de Ambiente (Física, Química, Biologia e Geologia) lançou o ensino nestas áreas e criou o núcleo de Economia Mineral e Recursos Minerais, tendo como objetivo prioritário, então, a investigação da Bacia do Vouga. Foram selecionados como domínios merecedores de particular atenção a Geoeconomia (que abarcaria Geoquímica, Geofísica e Recursos Minerais), a Geologia Marinha e a Sedimentologia de depósitos recentes. O desenvolvimento da área de Geologia (ensino e investigação) veio nos finais da década de 70 a traduzir-se, de acordo com o modelo organizativo da UA, na criação do Departamento de Geociências, o primeiro em Portugal com um contexto integrador das várias áreas ligadas às Ciências da Terra, incluindo as Ciências de Engenharia e as Ciências Geofísicas.
Universidade de Aveiro cria um novo curso: Licenciatura em Geologia
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“O país necessita de pessoas com formação geológica. A nova oferta formativa, em Geologia, não descura o que é fundamental na licenciatura que temos oferecido até agora, em Engenharia Geológica, e vem até criar um forte potencial para atrair mais A formação pessoas”, começa por nos explicar proporcionada José Francisco Santos que considera que há pouca informação tornará os nossos futuros sobre o que é realmente a Gelicenciados em Geologia ologia. aptos a trabalhar Para o diretor do DGeo-UA, a em qualquer parte este problema da falta de infordo mundo mação junta-se o facto de haver uma forte exigência na componente matemática no curso de Engenharia Geológica, o que constituía um óbice na atração de muitos alunos que até popelo trabalho de campo e deriam ter interesse significativo pelas ciências pelas condições laboratoriais da Terra, mas não numa perspetiva de engenharia. de que dispomos”, afirma o professor. Assim, surge a aposta no curso de Geologia, o qual Concretizando algumas áreas disciplinares com “vem permitir uma formação mais sólida na compoimportância económica, são de sublinhar as canente geológica, nas suas várias vertentes”, avança deiras que irão incidir nos recursos minerais, quer José Francisco Santos. metálicos quer não metálicos. “Aqui é de realçar que a Universidade de Aveiro tem um dos grupos Com uma formação básica em áreas fundamentais de pesquisa a nível nacional mais forte no campo para qualquer ciência, o curso de Geologia apresenta dos recursos minerais não metálicos, em que se disciplinas onde serão lecionadas matemática, física, incluem os chamados minerais industriais ou as roquímica e informática. No que se refere às disciplinas chas ornamentais. Isto é particularmente relevante de geologia, “oferecemos um leque diversificado de num país do mundo desenvolvido, onde, por um cadeiras, permitindo, ao nível da licenciatura, que lado, as reservas de metais já foram intensamente os alunos tenham formação essencial para as várias exploradas e, por outro lado, se desenvolvem nohipóteses de saídas como futuros profissionais na vas tecnologias que requerem o uso de minerais área. Será um curso em que ao rigor da introdução industriais, o que faz com que os materiais não das questões teóricas se adicionará sistematicamente metálicos sejam recursos merecedores da maior uma componente prática bastante forte, permitida
JOSÉ FRANCISCO SANTOS
atenção”, refere José Francisco Santos. Outra aposta do plano de estudos do curso de Geologia é feita nas matérias relacionadas com os recursos hídricos, uma área a propósito da qual o entrevistado afirma que “infelizmente, em termos do conhecimento público, não é reconhecida como relacionada com a Geologia”. Uma novidade será a introdução da geologia médica no plano de estudos do curso de Geologia da Universidade de Aveiro. “É uma área que não é habitual ser lecionada ao nível de licenciatura, mas que, no caso de um curso dirigido pelo Departamento de Geociências da UA, faz todo o sentido”. Com efeito, esta opção vem no seguimento da importância dada desde sempre por este departamento à abordagem de temas ambientais numa base geoquímica. “O grupo de investigação do nosso departamento que se dedica à geoquímica ambiental tem, nos últimos anos,
A importância da Geologia
A indústria extrativa de matérias-primas não metálicas, como a argila, é uma atividade tradicional
na região de Aveiro. Além disso, historicamente a indústria extrativa de recursos minerais desempenhou um papel significativo na região Centro do país e ainda recentemente se realizaram trabalhos com a perspetiva de lançamento de novas explorações mineiras, nomeadamente de tungsténio, no distrito de Viseu. Por outro lado, a intensa atividade mineira do passado, é motivo para a intervenção dos geólogos em trabalhos visando a remediação ambiental das áreas mais afetadas por essa atividade. Estes são só alguns exemplos da importância do papel dos geólogos no contexto da região Centro No entanto, o curso de Geologia não deve ser encarado como um curso vocacionado exclusivamente para a região. “A formação proporcionada tornará os nossos futuros licenciados em Geologia aptos a trabalhar em qualquer parte do mundo, como sempre terá de ser timbre de uma formação de qualidade em Geologia”. Aliás, reforça o diretor do DGeo-UA, “há profissionais que fizeram a licenciatura, o mestrado e/ou o doutoramento nos vários cursos da UA da área de geociências a trabalhar, por vezes em posições de destaque, em diferentes paí-
ses, pelo que o mesmo certamente acontecerá com a nova licenciatura”. José Francisco Santos alerta para a importância da Geologia como uma ciência cuja relevância não se deve reduzir ao seu papel na indústria extrativa. Para além das já referidas questões ambientais, há outros aspetos do dia-a-dia em que esta ciência tem um papel fundamental, como sucede nos projetos de engenharia civil, em que os estudos geológicos e geotécnicos são essenciais para se avaliar o comportamento mecânicos dos solos e das rochas. Uma área que tem recebido cada vez maior atenção é a da defesa do património natural e edificado. Também aqui, a geologia intervém fortemente. “A Geologia não é uma ciência da moda. É uma ciência que faz sempre falta e que está sempre presente. Há determinadas áreas que têm uma procura fugaz que pode ser significativa, mas que perdem relevância com o desenvolvimento tecnológico. Com a Geologia, tal como sucede com as outras ciências fundamentais, isso não pode ocorrer. Haverá sempre necessidade da Geologia, a menos que queiramos abdicar de compreender aquilo que nos rodeia”, afirma o nosso entrevistado. ▪
51 julho 2016
centrado grande parte da sua atividade na geologia médica, com uma qualidade reconhecida internacionalmente, como é testemunhado por termos a sede da Associação Internacional de Geologia Médica”. Ao abordar estas questões, o diretor do DGeo-UA não deixou de sublinhar mais uma faceta do desconhecimento público da importância das ciências da Terra, pois é habitual não se estabelecer ligação entre as questões ambientais e a geologia. “Por exemplo, um estudo do impacto ambiental implica sempre uma componente geológica. É uma questão básica que deveria ser do conhecimento comum”, realça o professor José Francisco Santos. Também merece referência a existência de uma disciplina de oceanografia geológica. Segundo refere o diretor do DGeo-UA, “o nosso departamento conta com um dos grupos portugueses mais reconhecidos no campo da geologia e da geofísica marinhas, o que é particularmente importante num contexto em que o Mar é considerado de interesse estratégico para o nosso país”. Acrescenta ainda que “as técnicas usadas pela geofísica marinha têm um papel fundamental na prospeção de eventuais reservas de hidrocarbonetos”. A Universidade de Aveiro, como instituição em que a investigação é uma componente fundamental, tem apostado na integração dos seus alunos em fase final de licenciatura em trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelas suas unidades de investigação. No que diz respeito ao DGeo-UA, isso já é praticado nas atuais licenciaturas em Biologia e Geologia e em Engenharia Geológica, pelo que o professor José Francisco Santos não duvida que essa integração será certamente prosseguida na licenciatura em Geologia.
CIÊNCIAS FORENSES
» DOCUMENTOSCOPIA
NCFORENSES,
A AUTENTICIDADE ESTÁ AQUI Carina Fernandes e Judite Nunes, ambas Sócias-Gerentes da NCForenses, peritas documentoscópicas, em entrevista à Revista Pontos de Vista, dão a conhecer aspetos pouco conhecidos sobre ciências forenses, nomeadamente, Documentoscopia.
C
onstituída em 2009, que propósitos deram origem à NCForenses? Desde logo a convicção de que poderíamos marcar a diferença no panorama das Ciências Forenses, face à importância da Documentoscopia a nível judicial e social. A escassez de peritos com experiência na análise de documentos e escrita manual em 2009, a consciência da excelência da formação nacional e internacional adquirida e a vontade de abraçar um novo desafio foram os principais impulsionadores deste projeto.
Para quem não está familiarizado com o conceito “Documentoscopia e Grafotecnia”, em que consiste e qual o seu papel no seio das ciências forenses? A Documentoscopia é a área científico-forense que analisa documentos para averiguar se são verdadeiros, falsos ou contrafeitos. A Grafotecnia é a subárea específica que analisa a escrita manual para determinar a sua veracidade ou falsidade. A Documentoscopia é um dos domínios mais antigos das Ciências Forenses, pois a análise de documentos desde logo se prendeu em esclarecer suspeitas de alterações ou falsificações, atuando assim no âmbito forense. Lembremo-nos, por exemplo, de reis egípcios que alteravam inscrições hieroglíficas para usurparem feitos de outros líderes. Ainda que atualmente não seja das áreas com
maior visibilidade, o seu impacto em questões de âmbito cível ou criminal é inegável. A falta de profissionais na área com experiência pode ser considerada como uma lacuna do setor? Que outras podem ser enumeradas? Na realidade consideramos que a maior lacuna desta área é a falta de regulamentação para o exercício da atividade. Na NCForenses, há uma grande preocupação com a qualidade do nosso trabalho. Orientamos o nosso dia-a-dia pelos manuais de boas práticas que refletem as recomendações europeias para esta atividade e somos um dos poucos laboratórios privados a integrar a rede europeia de peritos de análise de escrita manual (ENFHEX), uma rede quase exclusivamente constituída por entidades policiais e universidades. No entanto, a falta de regulamentação contribui para o aparecimento de práticas menos adequadas, o que dificulta a valorização da profissão.
Na NCForenses existe um departamento dedicado à formação, que necessidades veio o mesmo colmatar? Fundamentalmente esclarecer qual o tipo de questões que podem ser abordados, como requerer um exame, os documentos a imprescindíveis num exame pericial, e as limitações associadas a algumas perícias, como por exemplo a análise de fotocópias. Para tentar colmatar estas necessidades, a NCForenses organiza, em colaboração com entidades parceiras, sessões dirigidas a profissionais e estudantes da área jurídica e científico-forense, bem como ao público em geral. O futuro à ciência pertence… posto isto, que projetos estão no horizonte da NCForenses? Pretendemos alargar o leque de serviços disponibilizados, para além de consolidar a nossa posição na área da análise de documentos, escrita manual e serviço de traduções. Além disso tencionamos apostar na inovação, com a introdução da análise de assinaturas digitais. Está ainda no nosso horizonte a continuar e aprofundar a nossa colaboração em projetos de investigação científica, reforçar as parcerias nacionais e internacionais e, quem sabe, num futuro não muito longínquo possa haver outras agradáveis surpresas. ▪
pontos de vista
52 CARINA FERNANDES E JUDITE NUNES
CONTACTOS: Rua: Avenida da Boavista, nº. 1167 - 3ºEsq. - Frente, Sala 3.5 - 4100-130 Porto Portugal Telefone/Fax: +351 224022684 Telemóvel : +351 931960849 E-mail: geral@ncforenses.pt
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
» CIÊNCIAS FORENSES
OPINIÃO Ricardo Jorge Dinis-Oliveira, Professor Auxiliar com Agregação do Instituto Universitário de Ciências da Sáude (CESPU) e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
AS CIÊNCIAS FORENSES: DA INOCÊNCIA À CULPA E DA FICÇÃO À REALIDADE PERICIAL As Ciências Forenses (CF) são hoje um muito complexo mas muito atrativo “mundo novo”, muito devido ao seu amplo objeto: a pessoa enquanto vítima de violência. Aquele equipamento existe? Aquilo é possível? Os resultados são obtidos de forma tão rápida? É muito comum vermos as personagens a trabalhar no escuro para criar uma atmosfera de drama… andarem de helicópteros… interrogarem os suspeitos e a liderar a investigação... e de repente temos o agente da força policial a fazer atividade pericial laboratorial produzindo resultados em 20 segundos; o Windows demora mais tempo a abrir! A verdade é que esta máquina de gerar receitas, de bater recordes de audiência é caso raro de longevidade. O CSI despediu-se recentemente dos grandes palcos com dezenas de prémios e um património de milhões de euros. Na
minha perspetiva deixa um legado inequívoco que foi o despertar dos investigadores e académicos para esta área do conhecimento. Pois veja-se o crescimento galopante da produção científica que veio a reboque das séries televisivas. Provavelmente a área das CF terá sido uma das que mais cresceu em termos de número de artigos científicos indexados e em revistas com fator de impacto. Por exemplo vários investigadores nacionais são hoje reconhecidos pelo desenvolvimento de técnicas para a quantificação de substâncias psicoativas no cabelo, unhas e outras matrizes alternativas; pelo grande contributo que aportam à descoberta do “Santo Graal” das CF
(i.e., o intervalo postmortem); e do terreno fértil que são os casos forenses para o progresso de outras áreas científicas, nomeadamente o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas.▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
53 julho 2016
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ão a aplicação das diferentes ciências a questões do direito, seja no âmbito penal, civil, trabalho, ou outro e estão dotadas de grande mediatismo motivado pelos constantes desafios a que estão sujeitos os peritos forenses. Na verdade cada caso é único. Não há dúvida também que para este mediatismo, muito contribuem os meios de comunicação social, nomeadamente através as séries televisivas. Mas deparamo-nos uma enorme barreira entre o CSI da realidade e da ficção. A verdade é que sempre que contactamos com jovens investigadores que pretendem ingressar nesta área do conhecimento, as questões repetem-se:
INDÚSTRIA AUTOMÓVEL
» SCHNELLECKE PORTUGAL EM DESTAQUE
IDEIAS INOVADORAS, O GARANTE DO SUCESSO DOS SEUS CLIENTES Schnellecke Portugal, operador logístico e fornecedor de componentes para a indústria automóvel a nível mundial, oferece conceitos integrados que englobam o planeamento de transporte e trajetos, a logística de armazenamento, pré-montagens, serviços de valor acrescentado, fornecimentos JIT e JIS de peças e módulos, bem como o embalamento MKD, SKD e CKD.
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á 16 anos a operar em Portugal, Schnellecke apresenta-se no mercado como um player facilitador em processos complexos de outsourcing de serviços de logística. A filial do grupo alemão conta como cliente a Autoeuropa para a montagem final e prefabrica componentes para a carroçaria dos modelos produzidos na Volkswagen. Pretendem tornar-se numa referência tanto na produção de componentes para automóveis de peças soldadas como na logística. Qual tem sido a estratégia usada para essa consolidação? Inovação é a palavra de ordem na Schnellecke. Todos os anos, a empresa lança um prémio de Inovação a nível internacional, que é entregue à melhor ideia inovadora implementada durante o ano anterior numa das unidades da empresa. Em 2015, o projeto inovador escolhido para representar Portugal nos prémios foi a impressora 3D para peças suplentes em equipamento industrial. A Gestão de Pessoas e Talentos é, igualmente, um dos pilares fundamentais para o crescimento e sucesso da empresa. Atualmente a Schnellecke está presente em cerca de 50 localizações, contando com o talento de 18.000 colaboradores. Esse é o segredo para a estrutura funcional e competitiva da empresa? A verdade é que ao longo dos últimos anos a Schnellecke Portugal tem apostado no desenvolvimento das competências dos seus colaboradores, quer através de ações de formação, do envolvimento dos colaboradores na implementação e/ou desenvolvimento de melhorias, mas também através da aposta numa política de comunicação, abertura, transparência e partilha de informação, promovida pela liderança. Os colaboradores motivados empenham-se e responsabilizam-se mais pelas decisões tomadas, por sentirem também a empresa como sua. “Como prestadores de serviços que trabalha com e para pessoas valorizamos muito a componente humana. Um dos dez princípios da Schnellecke Spirit guia-nos para a colaboração permanente”, realça Max Dores, Business Development Production da Schnellecke em Portugal e Espanha.
Schnllecke em Portugal
Durante o ano 2000 a Schnellecke instalou-se em Portugal, no mesmo ano a empresa iniciou atividade com duas naves destinadas à área da produção e da logística. Cinco anos depois a empresa mudou-se para novas instalações feitas “à medida” de forma a tornar a Schnellecke apta para conseguir ter capacidade de resposta eficaz e satisfazer o cliente AutoEuropa, bem como clientes a Norte do País. Uma vez que o norte de Portugal tem
MAX DORES E JOÃO REIS
uma concentração industrial significativa, a Schnellecke decidiu abrir um escritório na Trofa, trazendo valor acrescentado aos clientes que optem pelo outsourcing da logística. “Queremos que este seja o nosso ponto forte: a flexibilidade e a proximidade ao cliente. Queremos primar pelo rigor e permitir uma redução de custos ao cliente, bem como criar uma ligação de confiança duradoura”, afirma Max Dores. Afirmou-se em tempos que não é possível em Portugal superar a produtividade alemã. Max Dores responde: “Não é verdade. A indústria alemã é
eficaz, mas se compararmos as mesmas condições entre os dois Países conseguimos constatar que os portugueses são mais práticos e eficazes. São “desenrascados”. Infelizmente, Portugal ainda não é visto como um país industrial. Mas, a indústria, em particular a indústria automóvel está a crescer significativamente contribuindo para o PIB português”, explica o gestor.
Schnellecke Logística: Fatores diferenciadores.
A abordagem ao mercado e o compromisso é o que distingue a Schnellecke. Não aguardam pelo contacto. A Schnellecke Logistics demonstra a sua pro-atividade e a procura das melhores soluções para os seus parceiros. A peculiaridade inicia-se nos primeiros contactos quando se estabelecem as convergências para a apresentação de soluções logísticas customizadas para cada parceiro, para cada projeto e para cada processo. O suporte técnico
BEST 2020
55 julho 2016
BEST 2020 é o nosso compromisso de excelência com os nossos clientes e, em sintonia com o Schnellecke Spirit, é também a base para a colaboração profissional entre os colaboradores. As auditorias personalizadas são o exemplo de como uma boa ideia pode influenciar de forma positiva e assim melhorar os processos de trabalho além-fronteiras.
direitos reservados
da equipa de engenharia é fundamental no levantamento de necessidades in Loco, no design do projeto, na procura da inovação e da melhoria contínua, no estabelecimento de prazos, na implementação, na definição de objetivos e no acompanhamento do desenvolvimento da atividade. À semelhança das melhores consultoras logísticas do mercado, a Schnellecke tem a expertise em casa e usa-a em benefício dos seus clientes, os quais são considerados parceiros. “Mas somos diferentes: propomos e queremos fazer parte integrante na implementação das soluções apresentadas. Envolvemo-nos, responsabilizamo-nos diariamente e agendamos reuniões de follow up frequentes com os parceiros. Queremos acrescentar-lhes valor. Procuramos parcerias duradouras”, segundo João Reis, Key Account Manager Logística da Schnellecke Portugal. Hoje, transportam todo o conhecimento que possui da indústria automóvel, que é extraordinariamente exigente e específica, para os restantes ramos da indústria transformadora. Sentem a necessidade da indústria portuguesa para se tornar mais competitiva nos mercados da europa central. Atrevem-se a afiançar que nenhum competidor do mercado logístico detém estas valências. O que diferencia a Schnellecke dos demais concorrentes é a múltipla capacidade de associar várias competências no domínio da consultoria, da logística e da produção na indústria transformadora, sob a mesma jurisdição. Possui produção própria proporcionando um melhor entendimento das necessidades e especificidades da indústria em geral. A Schnellecke é detentora de inúmeras certificações. Algumas pouco comuns e específicas dos setores industriais, que atestam o empenho e a qualidade, que a distingue no mercado em que opera. ▪
INOVAÇÃO E TECNOLOGIA
» José Agostinho, CEO da Tomi World, EM ENTREVISTA
“O TOMI foi pensado e criado para todas as cidades do mundo” Em conversa com José Agostinho, CEO da TOMI WORLD, a Revista Pontos de Vista ficou a conhecer o TOMI, um equipamento urbano interativo criado e pensado para quem vive e visita a cidade, e muito mais. Venha conhecer a TOMI WORLD, uma tecnológica portuguesa que é hoje um player de sucesso.
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om ambição global, a TOMI WORLD tem vindo a expandir-se por todo o país, em várias cidades e além fronteiras. Que mais-valias acarreta esta tecnologia para as cidades e seus utilizadores? Até ao lançamento do 1º TOMI em 2012, a TOMI WORLD passou por um processo de dois anos de investigação e desenvolvimento em exclusivo. Hoje juntamos quatro anos de operação de rua e experiência de comportamento e interação em ambiente outdoor e indoor em Portugal. Os TOMI são equipamentos urbanos digitais interativos, capazes de funcionar em rede e de forma geolocalizada. Têm como missão recolher e difundir, de forma integrada e oportuna, a informação que existe hoje nas cidades, acrescentando-lhes valor, melhorando a qualidade de vida a quem nelas habita e a experiência de quem as visita. Colocados em locais estratégicos contribuem para transformar as cidades, melhorando a sua relação com os cidadãos facilitando o acesso à informação. Estes dispositivos estão equipados com uma plataforma tecnológica que contém um sistema integrado de informações úteis, micro locais, geolocalizadas, de forma a permitir que os habitantes obtenham informação relevante e curada no local onde se encontram. Na era da partilha e da comunicação global, o TOMI permite a interação com qualquer dispositivo móvel e dispõe de funcionalidades que simplificam o dia-a-dia das pessoas. Neste curto espaço de tempo obtivemos já diferentes distinções das quais destacamos Produto/Serviço do Ano, atribuído pela Associação de Hotelaria Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), a nomeação para Produto do Ano pela European Digital Communication Awards e mais recentemente, o Worldwide Technical Innovation Award, o mais alto galardão mundial de inovação do setor OOH (Out of Home), atribuído pela FEPE International, a federação internacional de empresas de publicidade exterior. O TOMI é uma solução tecnológica interativa pensada e criada para quem vive e visita a cidade. Direcionado para as necessidades atuais das cidades, assenta na otimização da
JOSÉ AGOSTINHO
mobilidade urbana. Para quem ainda não conhece, como funciona esta plataforma? O TOMI é um equipamento interativo de informação urbana, criado para servir e interagir com a população. Tem como objetivo prestar informação oportuna, relevante e atualizada, acessível a todas as pessoas, todos os dias, no sítio certo e à hora certa, usando um critério de proximidade que privilegia as opções que o utilizador tem mais perto de si. Estes conteúdos e a experiência com o TOMI, podem ser complementados com uma integração com os smartphones e as redes sociais. A plataforma digital e interativa assenta em quatro áreas base: Noticias, Agenda, Diretório e Transportes - mais uma área Fun zone para City marketing. O Diretório apresenta de forma agrupada tudo o que a cidade tem para oferecer, desde pontos de interesse, oferta comercial, serviços, informações de utilidade pública, entre outros. Dependendo do local onde estiver a ser feita a consulta no TOMI, o utilizador poderá navegar em diferentes categorias que vão desde Onde Dormir, Onde Comer, O que Fazer, entre outras. Pode-se ainda partilhar a informação por email ou QR Codes e transferir os contactos e a georreferenciação para o smartphone, mesmo estando offline. Na área de Notícias são disponibilizadas notícias locais, atualizadas permanentemente. O objetivo é informar e dar voz a quem “vive” a cidade. No menu de categorias é possível segmentar a pesquisa por diferentes temas, como por exemplo desporto, arte, cultura, entre outros. Elas são
apresentadas por ordem de publicação e a navegação é feita de forma intuitiva e universal em linha com os produtos tecnológicos mais atuais. A informação pode ser enviada por email ou partilhada através de sistema QR Code para o smartphone. Na Agenda estão reunidos os principais acontecimentos culturais, desportivos ou outros de interesse local que estejam a decorrer na cidade. A agenda disponibiliza uma lista dos eventos do dia, da semana e do mês. Dessa forma o utilizador pode recolher, partilhar e guardar a informação por um período temporal do seu interesse, via email ou integrando os dados no seu smartphone por sistema QR Code. Na área de Transportes pretende-se promover a mobilidade urbana, com recurso à utilização de transportes públicos disponíveis na cidade. O objetivo é indicar os melhores itinerários, desde um ponto A até um ponto B, tendo em conta a duração, o transporte a utilizar e tipo de mobilidade em causa (transportes públicos, carro ou a pé). O utilizador pode transferir via QR Code as coordenadas GPS para o seu smartphone, mesmo que sem serviço de internet ativo. Existe ainda uma Fun Zone onde são utilizadas várias ferramentas multimédia de city marketing. O TOMI assegura uma experiência fiável, estável, intuitiva e de fácil acesso e manuseamento, por parte dos utilizadores de todas as idades. A sua tecnologia é única no mercado mundial e está em evolução contínua, para garantir sempre uma boa experiência para o utilizador.
O TOMI surge num mundo que comunica e partilha ao momento e de forma global. Trata-se de um produto tecnológico com forte potencial de expansão internacional. Que trabalho tem vindo a ser desenvolvido nesse sentido? O TOMI foi pensado e criado para poder ser implementado em todas as cidades do mundo. Acabámos de concretizar um dos nossos objetivos de expansão, com a implementação de uma rede no Brasil, o maior país da América do Sul. É o primeiro passo na concretização do objetivo de globalização, que faz parte da natureza deste projeto. Há já algum tempo que temos vindo a analisar e a testar o mercado Brasileiro, que é naturalmente atrativo pela recetividade espontânea dos utilizadores, pela natural apetência para produtos tecnológicos e claro, pela notoriedade esperada com a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. A abordagem a outros países da América do Sul também está planeada para os próximos anos. Com o escritório que pretendemos abrir nos Estados Unidos da América, ainda este ano, contamos introduzir e alicerçar a nossa presença na América do Norte. Pretendemos também avançar para as principais capitais europeias, onde o nosso escritório de Londres servirá de base para essa expansão. Paralelamente existem também abordagens feitas no Golfo Pérsico, já a pensar na concretização de futuras redes em cidades como Dubai, Abu Dhabi e Omã. A tecnológica portuguesa tem aprovado um investimento significativo. Por onde passa o futuro do TOMI? O TOMI, enquanto produto tecnológico, está em constante progresso e inovação. Temos previsto um plano total de investimento superior a 4 milhões de euros para os próximos 2 anos destinados a Inovação, Investigação, Desenvolvimento e Internacionalização. Com este plano pretendemos dar continuidade ao trabalho de desenvolvimento tecnológico da plataforma, adicionar mais funcionalidades às redes existentes e instalar novas redes em todo o mundo. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
EMPREENdeDORISMO
» ACREDITAÇÃO EQUIS ATRIBUÍDA À CATÓLICA PORTO BUSINESS SCHOOL
“Somos uma escola preocupada com a criação de valor” “A Católica Porto Business School regozija-se por conseguir a sua primeira acreditação EQUIS, pelo facto de sermos a única Escola acreditada fora de Lisboa e a norte do Tejo, e a terceira a nível nacional”, afirma Sofia Salgado, Diretora da Católica Porto Business School, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Conheça mais de uma entidade de referência e que tem feito a diferença.
Prepararam profissionais para os negócios globais com um grande foco no empreendedorismo e na sustentabilidade. Portugal é um país empreendedor e um país com potencial para empreender? Portugal tem mostrado ser um país onde pode haver e há iniciativa e onde a inovação, os processos, os produtos e os serviços surgem e com sucesso. Mas há ainda trabalho a fazer ao nível do acompanhamento dos novos projetos, do seu financiamento e da promoção de uma cultura que não penalize a falha, mas que promova a aprendizagem sustentada. Temos de trabalhar no sentido de uma crescida responsabilização daquilo que se faz. Acredito que isto conduz a um maior reconhecimento daquilo que é bem feito e daquilo que não correu bem, e logo a aprendizagem. A Católica Porto Business School é membro da EFMD (European Founda-
tion for Management Development), uma das principais redes de Escolas de Gestão do mundo que desempenha um papel central na criação de uma abordagem internacional para a educação da Gestão. Que mais-valias advêm desta cooperação? Esta rede é muito interessante pela qualidade das Escolas que a integram e pela continuada exigência para aí permanecer. Isto significa que é uma rede que promove a melhoria contínua e um caminho de desenvolvimento exigente para lá se continuar. A EFMD promove diversos momentos e eventos de partilha das melhores práticas, reflexão sobre as necessidades futuras de formação e sobre as melhores metodologias para o conseguir, e permite também uma partilha de contactos interessantes para a promoção de cooperação e de parcerias entre escolas de renome internacional. A Católica Porto Business School tem agora a acreditação internacional EQUIS, tornando-se na única escola no norte do país e a terceira a nível nacional a obter este reconhecimento. Esta certificação tem como objetivo elevar o padrão de educação em gestão em todo o mundo, destacando as melhores escolas a nível mundial. O que significa este feito para a escola? A Católica Porto Business School regozija-se por conseguir a sua primeira acreditação EQUIS, pelo facto de sermos a única Escola acreditada fora de Lisboa e a norte do Tejo, e a terceira a nível nacional. É uma enorme satisfação constatar que o trabalho levado a cabo ao longo de vários anos – focado no desenvolvimento sustentado da Escola, ancorado em inter-relações empresariais fortes e no desenvolvimento das competências dos alunos, – é reconhecido internacionalmente. A atribuição da certificação reconhece a qualidade distinta em todos os ciclos de ensino da Católica Porto Business School e significa que a escola cumpre os exigentes critérios de qualidade no que respeita ao ensino, à investigação, à internacionalização e à cooperação com o mundo empresarial. Esta distinção traz mérito e reconhecimento, mas também uma responsabilidade acrescida?
O processo de acreditação EQUIS, especialmente a avaliação levada a cabo pela EFMD, a par da autoavaliação feita pela Escola – foram elementos essenciais para evidenciar os fatores distintivos da Católica Porto Business School, bem como aquilo que é preciso para ir ainda mais além nos próximos anos. A responsabilidade mantém-se. Fomos sempre uma escola preocupada com a criação de valor para aqueles que nos escolhem para a sua formação e desenvolvimento, em particular, as famílias, as empresas, e os profissionais, bem como para as comunidades onde nos inserimos e para a Universidade Católica Portuguesa. Por exemplo, é valor para a Universidade Católica ter duas das três Escolas acreditadas em Portugal. Isto implica trabalhar continuamente para que se consiga fazer melhor do que a
sofia salgado
concorrência, entregando mais valor aos nossos stakeholders. É assim que temos trabalhado e assim continuaremos a trabalhar. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
57 julho 2016
U
ma das apostas da escola é a internacionalização através da realização de disciplinas fora do país, de missões internacionais ou de trabalhos com alunos provenientes de outras geografias. O que se depreende desta aposta na internacionalização? A internacionalização não é uma moda, mas uma necessidade das empresas, devido à dimensão do mercado nacional. Daqui decorre que os economistas e os gestores não trabalham apenas no mercado nacional, mas num contexto internacional e multicultural e têm de ser preparados nesse sentido. Nesta área os profissionais trabalham muito em inglês, com parceiros, clientes ou fornecedores fora do espaço geográfico português e em muitas situações, integrados em equipas de trabalho multidisciplinares e multiculturais. Isto pode e deve ser treinado tão cedo quanto possível. A Católica Porto Business School atenta a estas necessidades, cedo começou a oferecer as disciplinas em inglês (atualmente não é possível fazer a licenciatura toda em português, mas é possível fazê-la em inglês) e a promover a participação dos alunos em projetos ou programas internacionais, para uma melhor preparação para o futuro desempenho profissional.
saúde ANIMAL
Opinião Rita Silva, Médica Veterinária, formadora do Departamento de Formação e Comunicação Científica da Royal Canin Portugal (MARS PETCARE)
Nutrição Animal e Qualidade de Vida Mais do que um animal de companhia, o gato e o cão são verdadeiros membros da família. Afetuosos, leais e fiéis, não faltam qualidades a estes amigos de 4 patas.
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s gatos e os cães fazem parte da sociedade humana há milhares de anos. Mantêm-se ao nosso lado, partilham as suas alegrias e satisfações connosco. Como consequência disso, merecem toda a nossa atenção e todo o nosso respeito. Respeitar o gato e o cão pelo que nos oferecem e representam para nós, não se deve traduzir numa abordagem antropomórfica que procure transformá-los, como frequentemente se ouve, “numa criança a quem apenas falta falar”. Este reflexo antropomórfico que, por vezes, os donos manifestam pelo seu gato e pelo seu cão, deve ser evitado pois não respeita o funcionamento biológico e fisiológico do animal. A proximidade (aparente) entre os nossos animais de companhia e o ser humano leva-nos a crer que sabemos como “funcionam” e, portanto, a tratá-los como se na realidade fossem seres humanos. Mas reagir assim, de forma antropomórfica, é conhecer mal o gato e o cão. É projetar neles os nossos desejos, o nosso modo de vida, sem ter em conta as suas diferenças. O ser humano é omnívoro, dotado de paladar, aprecia a variedade de alimentos e dá importância ao aspeto da refeição. Como tal, é frequente pensarmos que é correto dar ao gato e ao cão uma alimentação semelhante à nossa. Trata-se de um grande erro! O seu organismo está dimensionado de uma forma muito diferente do nosso: mandíbulas concebidas para cortar e não para mastigar, sem pré-digestão pela saliva e um tubo digestivo relativamente curto… Eis o que caracteriza um gato e um cão! No caso específico do gato, apresenta ainda um estômago concebido para digerir “presas” engolidas rapidamente! De facto, este caçador solitário realiza em média 10 a 20 refeições diárias se o alimento for administrado em regime ad libitum. De cada vez, consome entre 5 a 6 gramas pelo que a “refeição” não dura mais do que 1 ou 2 minutos. No total, o
gato despende menos 30 minutos por dia com a alimentação. Um gato é bem diferente de um cão! Outros dos aspetos a ter em consideração é por exemplo o modo de vida. O modo de vida de um gato de interior é totalmente diferente do de um gato com acesso ao exterior. Esta diferença reflete-se igualmente nas necessidades nutricionais e sensibilidades de cada animal. Alimentar corretamente um gato de interior implica respeitar o facto de este animal realizar menos exercício, despender muito do seu tempo a dormir e a lavar-se, tendo uma grande tendência para formar bolas de pelo e para o aumento de peso. Os alimentos indicados para animais com este modo de vida contêm um valor energético baixo (através da diminuição do teor de gordura) e uma suplementação com fibras (como as sementes de Psylium) para facilitar a eliminação natural das bolas de pelo. Por outro lado, um gato que tenha acesso ao exterior necessita de ingerir mais calorias, deste modo, o alimento tem de ter maior teor energético. O alimento destes animais também deve fornecer elevados teores de antioxidantes, de modo a reforçar o sistema imunitário do animal que está diariamente sujeito a um grande desgaste, agressões ambientais e tem uma maior probabilidade de contrair doenças. Qualquer que seja o modo de vida do seu animal há sempre modo de garantir o seu bem-estar. Apesar dos gatos de raça serem normalmente mantidos dentro de casa, as suas necessidades são tão diferentes como a sua aparência. Entre um Main Coon com 10kg, pelagem semilonga e fortes mandíbulas, um Siamês ativo, musculado e com pelagem curta, e um Persa braquicéfalo e de pelagem longa, as necessidades nutricionais variam muito, logo a sua alimentação também terá de ser diferente. Por exemplo, o Siamês requer um alimento com elevado teor proteico e L-carnitina para ajudar a manter a sua silhueta musculada, enquanto o Persa requer
croquetes adaptados à sua mandíbula braquicéfala e nutrientes que favoreçam a beleza da sua pelagem. Estes são só alguns exemplos a ter em consideração relativamente à alimentação dos nossos animais tais como a raça, modo de vida mas também esterilização, fase da vida e sensibilidades particulares como a pelagem ou sensibilidade articular. Esta abordagem espelha a nossa filosofia: conhecimento e respeito pelas necessidades e especificidades do gato e do cão. A ROYAL CANIN® é mundialmente reconhecida como uma marca pioneira na inovação científica e que molda a sua história e o seu crescimento na procura constante pela precisão nutricional. Desde a fundação da marca em 1967 por Jean Cathary, um médico veterinário, que todos os produtos nascem de uma necessidade identificada em primeiro lugar no gato e no cão. Esta abordagem é o fio condutor e diferenciador de tudo o que fazemos e também aporta à empresa uma grande responsabilidade: a de não parar nunca esta procura de precisão. Há mais de 46 anos que produzimos alimentos segundo fórmulas muito precisas e equilibradas que satisfazem as verdadeiras necessidades dos gatos e dos cães. E fazemos tudo isto, confiando na ciência, nos factos e no conhecimento sobre gatos e cães para o qual a marca também contribui. Deste modo queremos melhorar a sua qualidade de vida, aumentar a sua esperança média de vida e fortalecer a relação que mantemos com os nossos animais. Para todos aqueles que possuem um gato ou um cão, é fundamental aperfeiçoarem o seu conhecimento e compreenderem o seu animal com vista a melhorarem a sua vida em conjunto. A Royal Canin® continuará certamente em busca de mais conhecimento e a partilhá-lo com todos os apaixonados por gatos e cães. Juntos iremos certamente contribuir para oferecer um mundo melhor aos gatos e cães. ▪
MAIS SAÚDE, MAIS FUTURO
» CLÍNICA DENTÁRIA DR. PEDRO MOUTINHO
CUIDADOS DE SAÚDE ORAL “É necessário que haja uma maior preocupação com a intervenção precoce e a promocão dos cuidados essenciais a ter com a saúde oral”, afirma Pedro Moutinho, Diretor Clínico da Clínica Dentária Dr. Pedro Moutinho, em conversa com a Revista Pontos de Vista.
A PEDRO Moutinho
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Clínica Dentária Dr. Pedro Moutinho nasce a 11 de Novembro de 2013 como um projeto pessoal, após quase oito anos de prática privada. Com que propósito surgiu este projeto? A abertura da Clinica surge naturalmente como consequência do trabalho desenvolvido durante oito anos na Clinica Ormasa - Urgência da Casa de Saúde da Boavista e após este ter terminado. Também coincide com a minha saída do Grupo Trofa Saúde por decisão pessoal e no sentido de poder abraçar um projeto praticamente a tempo inteiro. Desta forma posso desenvolver a minha atividade como Médico Dentista da forma que a projetei quando conclui a Licenciatura na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto em 2005. É uma profissão que necessita de uma aposta constante em formação, devido aos grandes avanços que existem nas áreas da saúde. Não obstante às diversas especialidades que a Clínica disponibiliza e nas quais aposta fortemente, a implantologia e a ortodontia são duas das especialidades da Clínica de Medicina Dentária. No que concerne a estes tratamentos dentário, muitas são as vezes em que as questões financeiras são barreiras acrescidas para quem quer recorrer aos mesmos. Este é o principal motivo para o “descuido” dos portugueses para com a sua saúde oral? São cada vez mais as pessoas que nos procuram com o objetivo de fazer tratamentos dentários como reabilitações orais com implantes dentários ou correções ortodônticas. Assistimos a um aumento considerável do nível de informação e conhecimentos acerca das diferentes possibilidades de tratamento. São tratamentos altamente especializados que necessitam que o Médico Dentista dedique tempo extra-consulta para que possa ser capaz de avaliar todos os dados e exames, estabelecer um correto diagnóstico e elaborar um plano de tratamento adequado. Além disso, também é importante referir que os materiais envolvidos neste tipo de tratamentos são extremamente dispendiosos para uma clinica e no final, como se trata de uma atividade quase exclusivamente privada, é o doente que tem de assumir esses custos. Os custos dos tratamentos dependem da severidade
e complexidade do problema. Não existem dois tratamentos iguais. A Ordem dos Médicos Dentistas tem feito um trabalho excecional na tentativa de proporcionar a entrada de Médicos Dentistas no Sistema Nacional de Saúde, e também na criação do Programa de Promoção da Saúde Oral, mais conhecido como cheque dentista, do qual nós somos aderentes. É um programa que possibilita que crianças, idosos, grávidas e diabéticos tenham acesso a tratamentos de Medicina Dentária totalmente comparticipados. Seria muito bom que no futuro cada Centro de Saúde pudesse contar com uma consulta de Medicina Dentária de acesso fácil à população. “De pequeno é que se torce o pepino” e uma das especialidades da Clínica é a Odontopediatria. É muito importante que a primeira consulta no Médico Dentista seja feita quando a criança complete a sua dentição decídua, primária ou de leite. Isto acontece por volta dos 2 anos e meio a 3 anos. Os pais estão mais atentos à prevenção da saúde oral dos seus filhos? É com muita satisfação que assisto a uma maior preocupação por parte dos Pais em trazerem os filhos à primeira consulta de Medicina Dentária, que deve ser feita pelo menos uma vez por ano a partir dos 3 anos, de modo a conseguirmos detetar precocemente lesões de cárie dentária, eliminar qualquer hábito parafuncional desfavorável ao normal desenvolvimento das arcadas dentárias como por exemplo o uso da chupeta ou sucção digital, e avaliar a necessidade de correção por discrepância dentária ou esquelética. A consulta de uma criança numa clínica dentária tem de ser uma consulta onde haja uma relação de confiança. Temos de ter a sensibilidade de que uma criança não é um “adulto pequeno” e que, muitas vezes, chegam até nós com receio do desconhecido e a nossa missão é ajudá-los a ultrapassá-lo. Nas crianças devemos dedicar tempo a dar instruções de higiene oral e também podemos fazer tratamento preventivo como aplicação de selante de fissuras, que vai diminuir drasticamente o aparecimento da cárie dentária e consequentemente a necessidade de tratamentos curativos mais invasivos. Os Pais têm a função de criar o hábito da higiene oral das crianças como prática na rotina diária. ▪
MEDICINA REGENERATIVA
» CLÍNICA FISIO MIGUEL AREZ
ESTAR NA FRENTE A PENSAR DIFERENTE A Clínica Fisio Miguel Arez distingue-se pela diferenciação e pela premissa de estar constantemente na vanguarda a nível tecnológico. Como? Descubra na voz de Miguel Arez.
Quem é Miguel Arez?
Na Escola Superior de Alcoitão, em 1986, formou-se em Fisioterapia. Foi convidado e aceitou para trabalhar no Sport Lisboa e Benfica onde esteve 15 anos. Garante que foi no clube que ganhou experiência para se tornar um fisioterapeuta de calibre. Mais tarde, surge outro convite, desta vez para trabalhar com o Grupo Desportivo da Assembleia da República. Em Setembro de 2001, é convidado para trabalhar no Hospital Particular do Algarve. Mais tarde, da necessidade de criar uma equipa de trabalho, edifica a Clínica Fisio Miguel Arez. O objetivo foi criar uma clínica com uma dinâmica de trabalho diferente, apostando na alta tecnologia para a saúde. “Tenho bons contactos no estrangeiro e quando há uma novidade vou avaliá-la e se considerar que é boa implanto-a cá na clínica”. A revolução aconteceu quando foi convidado para ter formação em Espanha. De Espanha trouxe consigo mais experiência e com ela a visão de conceber uma clínica com recursos extraordinários no que concerne a equipamentos de alta tecnologia, que permitem por exemplo a regeneração de cartilagem, e o tratamento de tendinites crónicas.
PROJETO PIONEIRO EM PORTUGAL
A Clínica Fisio Miguel Arez é especializada em lesões graves, ruturas completas, lesões meniscais e pubalgias. Trata também uma série de patologias: distensões musculares, rupturas musculares, tendinites, lombalgias, cervicalgias, hérnias discais e conta com uma rede de conceituados médicos especializados em Ortopedia e Medicina Desportiva, para dar uma resposta ampla a qualquer paciente que sofra qualquer tipo de lesão ou patologia. Porém, existe um tratamento inovador e impulsionado de forma exclusiva pela clínica: o Biomagnetismo. O conceito é praticamente desconhecido em Portugal. Não se tratando de um tratamento dito milagroso, já apresenta resultados fascinantes para muitas das patologias cujo tratamento prescrito, via medicina convencional, pode muitas vezes retrair a qualidade de vida de milhares de pessoas. Falamos de fibromialgia, diabetes, alergias, entre muitas outras. Indolor, simples e preventivo. Consiste na aplicação de ímanes em pontos específicos do corpo de forma a combater bactérias, fungos, vírus, parasitas… que originam diversas doenças. “Entre o trabalho em Espanha e Portugal, 1000 pessoas já foram tratadas com sucesso. As sessões são acessíveis e extensíveis a qualquer pessoa”, garante. Para Miguel Arez, o desconhecimento ou a desconfiança são os grandes obstáculos à adesão do tratamento. “Pode usar-se o tratamento de forma preventiva uma vez que no nosso organismo residem parasitas, evitando assim, possivelmente, doenças para as quais poderemos ter uma predisposição”. José Cruz e Fátima Antunes, ambos familiares de Miguel Arez e profissionais na área da saúde, foram os primeiros a introduzir o conceito em Portugal. Miguel Arez e Lília Silva, o seu “braço direito” na clínica, confiam que a continuação de um trabalho ético, vanguardista cujos resultados falam por si, farão do biomagnetismo um tratamento reconhecido. “A percentagem de pessoas que conhece este tratamento ainda é muito reduzido, porém quem experimenta sente melhorias céleres”, afirma o nosso entrevistado. A clínica, além das soluções inovadoras e tecnológicas, prima, também, pela cortesia de tratar cada paciente como único. Com uma equipa altamente especializada, focada e motivada. ▪
Miguel Arez E LÍLIA SILVA
Agradeço o profissionalismo e a dedicação de toda a minha equipa
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uando se fala em fisioterapia é recorrente fazer-se uma associação redutora de tudo o que ela pode oferecer. Há mitos por desvendar sobre todo o potencial desta ciência e de como ela pode ser ampla. Para perceber esta ciência, é preciso saber que disciplinas fazem parte do seu objeto de estudo. São elas: anatomia, citologia, fisiologia, embriologia, histologia, biofísica, biomecânica, bioquímica, cinesiologia, farmacologia, neurociências, genética, imunologia, além da antropologia, ética, filosofia, sociologia, deontologia, entre outras… Miguel Arez, veio contrariar a perceção de fisioterapia com tratamentos alternativos alheios ao que a maioria da população conhece. Tratamentos diretamente ligados a uma significativa melhoria contínua da vida dos seus pacientes. O saber advém da experiência na área e da incansável pesquisa de métodos e equipamentos que permitam uma evolução da fisioterapia.
MEDICINA REGENERATIVA
» UNIDADE DA ANCA
OPINIÃO Dr. Jorge Cruz de Melo, Diretor da Unidade da ANCA
Medicina Regenerativa Da utopia à realidade
A Pedra Filosofal é um mito, algo com poderes incríveis, capaz de transformar qualquer metal em ouro. Segundo as lendas, a Pedra Filosofal também poderia ser usada para criar o Elixir da Vida, que tinha a propriedade de prolongar a vida da pessoa que o bebesse.
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nível teórico, com a Pedra Filosofal e o Elixir da Vida era possível obter juventude eterna. A Medicina Regenerativa tem como objetivo principal o reparo e a substituição terapêutica de tecidos lesados e/ou degenerados por complexos celulares ou moleculares com estruturas e funções equivalentes. A medicina regenerativa e a engenharia de tecidos constituem na atualidade uma área auspiciosa da medicina no que se refere ao tratamento de patologias que exigem a substituição de alguns tecidos e órgãos afetados de forma irreversível e cujo tratamento convencional não resolveu. Baseia-se na potencialização de células que permitem ao próprio organismo reparar tecidos e órgãos lesados. Aproveitamos a possibilidade de promover a renovação das células dos tecidos velhos, por células e tecidos novos. Presentemente pode ser considerada a maior e melhor contribuição para a vida. Este ramo da medicina e da investigação tem tido nos últimos anos uma enorme evolução. Noticias como estas são cada vez mais frequentes: “Uma equipa de cientistas norte-americanos, do Instituto Wake Forest, desenvolveu uma técnica que pode ser revolucionária nos processos de implantes e na medicina regenerativa. Os cientistas imprimiram tecido com a forma de uma orelha e implantaram-no em ratos. A estrutura acabou por se transformar em tecido funcional, tendo até criado um sistema de vasos sanguíneos. Estes resultados abrem assim caminho para que a técnica possa ser aplicada no corpo humano.”; “Um grupo de cientistas conseguiu obter em laboratório um membro posterior de rato totalmente orgânico dando mais um passo na área da medicina regenerativa para obtenção de órgãos completos.” A Medicina Regenerativa tem sido chamada de “a próxima evolução de tratamentos médicos», pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos, dos EUA, mas esta realidade está mais próxima do que se imaginava.
PREVENÇÃO
O Homem desde a antiguidade que procura o Elixir da Vida, ou seja a possibilidade utópica de manter a juventude eterna. Assistimos na atualidade a uma procura desesperada deste estado. O ser humano procura fugir, esconder, retardar o seu normal processo de envelhecimento. Somos diariamente bombardeados por publicidade, ideais de beleza e “juventude”, estilos de vida ativos onde apesar da idade continuamos a realizar e usufruir de atividades antes julgadas apanágio dos jovens. A “juventude” é hoje procurada, seguindo modelos
samos rapidamente para os extremos, de não fazer nada para realizar cargas e atividades extremas, por vezes agressivas e nefastas. Deve-se procurar seguir dietas equilibradas, seguir um estilo de vida calmo, equilibrado e evitar práticas destrutivas, como o tabaco e o álcool. A Medicina de Saúde Publica e ainda mais a Medicina Anti-Aging, estão vocacionadas para a prevenção. Prevenir o aparecimento de patologias e retardar o processo natural de envelhecimento. Não podemos parar o tempo, o relógio biológico mantém a sua contagem de forma contínua. Procuramos alterar o ritmo do tempo e as suas consequências, atuando nas causas do envelhecimento e minimizando as suas consequências.
PRESERVAÇÃO
“A ignorância gera mais frequentemente confiança do que o conhecimento: são os que sabem pouco, e não aqueles que sabem muito, que afirmam de uma forma tão categórica que este ou aquele problema nunca será resolvido pela ciência.” Charles Darwin
de moda, roupas descontraídas e juvenis; com a prática de atividades desportivas com o objetivo de manter uma aparência física atlética, esbelta, tonificada, mas também com o objetivo de criar uma aura de energia, de jovialidade; com dietas cuidadas procurando não perder o controlo da aparência física; com o uso de produtos de estética “antiaging”. Os publicitários usam bem este sentimento humano. Deparamo-nos por todo o lado com frases como estas “renova a juventude do seu rosto graças ao poder da renovação das células…” A Organização Mundial de Saúde define saúde como ““um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afeções e enfermidades». Saúde e bem estar são um bem precioso, que deve ser preservado com todos os cuidados e atenções. Uma vida saudável, equilibrada, cuidada pode ser a base para uma longa e boa vida. O desporto efetuado de forma moderada e equilibrada é ótimo, mas lembro que estamos em tempos em que pas-
Perante o processo patológico, a anomalia, a doença, pode ser encarada com uma atitude preservadora, atuando com gestos terapêuticos, médicos ou cirúrgicos, com vista a preservar a estrutura, o órgão, a função. A medicina e cirurgia preservadora visa a manutenção por um tempo mais prolongado, seja de um órgão, seja de uma articulação. Por desvio profissional, abordaremos aspetos ligados à ortopedia. O diagnóstico correto e atempado, o uso de medidas preventivas, terapêuticas médicas e cirúrgicas, podem minimizar e retardar as manifestações e evolução de certas patologias, nomeadamente da artrose, ou seja do desgaste articular. O uso de suplementos como os condroprotectores, Calcio, Vitaminas D podem ter um papel importante na proteção osteoarticular. O equilíbrio postural, a tonificação muscular e protocolos personalizados de fisioterapia podem ser particularmente úteis. A Fisioterapia, a Osteopatia, Pilates, Pilates com máquinas, Hidroterapia, etc permitem equilibrar e melhorar o sistema musculo-esquelético. Infiltrações articulares com Acido Hialurónico, com Plasma Rico em Fatores de Crescimento, com Colagéneo, são soluções para manter a função articular por um tempo mais prolongado. A cirurgia preservadora, aberta e sobretudo a artroscópica, tem um papel importante nesta preservação, nomeadamente em patologias como o conflito femoro-acetabular e a displasia na anca, as lesões meniscais e de ligamentos no joelho. O objetivo dos cuidados preservadores é manter a articulação, o órgão a função pelo maior tempo possível.
REGENERAÇÃO
A Medicina Regenerativa tem como objetivo prin-
matologia é incapacitante, o tratamento é a substituição da articulação, na maioria das vezes uma prótese articular. Este procedimento apresenta na atualidade uma taxa de sucesso e de qualidade de vida com resultados muito elevados. Nas lesões focais, localizadas, tentamos vários tipos de técnicas cirúrgicas para as tratar. A evolução da ciência médica, leva-nos na atualidade no sentido de tentar regenerar este tecido. O cultivo de condrócitos, com possibilidade do transplante de tecido cartilagíneo há vários anos que se realiza, se estuda e evolui. A aplicação de concentrado de Stem-Cells (“Celulas Mãe”) no leito da lesão condral, procurando a diferenciação destas para o tecido alvo, a cartilagem, tem tido uma aplicação crescente, com resultados animadores. A bioengenharia tem proporcionado matrizes indutoras que aplicadas na zona da lesão, podem ajudar ao tratamento da lesão e aparecimento de tecido de substituição. Na atualidade ainda não foi possível regenerar este tecido à sua forma natural, no entanto conseguimos regenerar em muitas situações uma “fibrocartilagem” que substitui pelo menos em parte a estrutura e a função. Hoje é uma realidade clara, a prevenção e a preservação, nas suas mais variadas vertentes. Há um enorme incremento no desenvolvimento, conhecimento e aplicação de técnicas preservadoras e regenerativas, nomeadamente na estética e no sistema osteo-articular. Os nossos Alquimistas não encontraram a Pedra Filosofal, mas a “utopia” pode estar mais próxima da “realidade” do que pensamos. ▪
Porto Hip Unit Unidade da Anca Os últimos anos têm sido sinónimo de fortes incrementos no conhecimento das questões ligadas à anca, que representa uma região com elevados números de incidência de doença na população. O Porto Hip Meeting (PHM) nasce a partir da necessidade de partilha destas descobertas entre profissionais, a fim de as implementar no seu sistema de saúde e de melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Nestes eventos, realizam-se diversas palestras temáticas, troca de conhecimentos e opiniões entre especialistas nacionais e internacionais. Ao vinho e às paisagens portuenses aliam-se alguns dos mais conceituados ortopedistas a nível nacional e internacional. O PHM dirige-se a todos os profissionais de saúde ligados ao tratamento da patologia da anca, Ortopedistas, fisiatras, radiologistas, Reumatologistas, terapeutas e enfermeiros, Ligado ao tradicional programa, o PHM organiza cursos práticos em cadáver de artroplastias e artroscopia da anca fomentando a formação académica e o aperfeiçoamento de técnicas cirúrgicas A Porto Hip Unit - Unidade da Anca, iniciou esta viagem em 2013 e conta já com um forte reconhecimento no país e no estrangeiro.
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cipal o reparo e a substituição terapêutica de tecidos lesados e degenerados por complexos celulares ou moleculares com estruturas e funções equivalentes, ou seja a regeneração do órgão, da estrutura ao seu estado normal. Esta é uma utopia que está cada vez mais próxima. Deparamo-nos hoje com indivíduos que conseguem manter a sua pele e o seu cabelo, “escondendo as marcas da idade”, assistimos a tentativas de regenerar tecidos, pelo, cartilagem, órgãos, membros, de forma a poderem ser implantados Procuramos regenerar tecidos, com ajuda de mediadores citoquimicos, como com a aplicação de Plasma Rico em Plaquetas, com a colheita e introdução de Stem Cells (“celulas mãe”), no sentido de conseguir a sua diferenciação em células e tecidos específicos, capazes de substituir os tecidos doentes, degenerados. Hoje, tentamos a reconstrução tridimensional de estruturas, orgãos, membros, para que depois se possa fazer a “implantação no organismo” conseguindo um integração, uma incorporação, pela “colonização“ de células vivas, neo vascularização, ou seja o objetivo de conseguir repor o tecido perdido. Na Ortopedia o maior desafio com que nos deparamos é o tratamento das lesões da cartilagem, a possibilidade de controlar o desgaste, a evolução destas lesões ou mesmo a regeneração do tecido cartilagíneo lesado. Na atualidade ainda não temos solução para as lesões degenerativas generalizadas. Na verdade perante estas lesões, quando a sinto-
CÉLULAS ESTAMINAIS - presente e futuro
» crioestaminal
CRIOESTAMINAL,
ciência para a vida Fundada em 2003, a Crioestaminal foi o primeiro banco familiar de criopreservação de células estaminais da Península Ibérica. André Gomes, Fundador e Administrador, em entrevista à Revista Pontos de Vista, dá a conhecer o universo da criopreservação de células estaminais.
H
á treze anos e com uma evolução notável, a Crioestaminal é o maior banco familiar em Portugal, com uma forte aposta em investigação, são os únicos no país acreditados pela Associação Americana de Bancos de Sangue, ou seja, a única, também, que segue, e é reconhecida por seguir, critérios de qualidade internacionais. “Quando começamos era algo novo e pouco conhecido. Na altura havia uma expectativa enorme em volta de tudo o que poderia vir a ser feito através das células estaminais. A realidade veio mostrar que o progresso foi maior do que aquilo que estávamos à espera. Na época havia cerca de três mil transplantes e hoje contamos 40 mil. Com um número de 80 doenças tratáveis. Mais significativo ainda é o facto de estarem a decorrer centenas de ensaios clínicos com células do cordão umbilical para o tratamento de outras doenças”, revela o nosso entrevistado. A Crioestaminal já libertou 8 amostras para tratamentos, cuja taxa de sucesso foi de 100%.
PARA QUE SERVEM?
“Essencialmente para tratar as mesmas doenças que são tratáveis com medula óssea”. Apesar de Portugal estar alinhado com o resto do mundo em termos de investigação e em termos de aplicação clínica, André Gomes, considera que o público em geral não está bem informado sobre o que são e que uso têm as células estaminais do sangue do cordão umbilical. “Ainda há quem pense que é apenas uma promessa de futuro, mas na verdade é uma realidade com mais de 40.000 utilizações”.
PROCESSO E FINALIDADE
pontos de vista
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O sangue do cordão umbilical é recolhido após o parto e já depois de o bebé ser separado da mãe. É completamente indolor e não apresenta qualquer risco para a mãe ou para o bebé.
PORQUÊ O SANGUE DO CORDÃO UMBILICAL?
É no cordão umbilical que mais facilmente se conseguem recolher e se encontram células estaminais com maior qualidade e em maior número, comparativamente a qualquer outra parte do corpo. Não estão envelhecidas e não têm normalmente qualquer tipo de infeção. Há uma oportunidade única para recolher o sangue do cordão umbilical, uma vez que depois, e no caso de não ser recolhido logo após o parto, o mesmo fará parte dos resíduos hospitalares, não podendo ser aproveitado. “São células que já provaram ser benéficas
e por isso as pessoas devem considerar doar a um banco público ou guardá-las num banco familiar. São células com um valor extraordinário e que se não forem colhidas naquele momento são completamente desperdiçadas”.
PORQUE NÃO SÃO TODAS RECOLHIDAS?
Ao que tudo indica a falta de informação sobre as aplicações atuais destas células e o seu potencial uso futuro leva a que o público em geral não conheça as potencialidades das células estaminais. Por outro lado, há as razões económicas. No entanto, o custo “não é muito elevado. Falamos de cerca de 50 euros por ano e de um serviço por 25 anos”. “A questão essencial é se devemos ou não desperdiçar a oportunidade de ter esta alternativa para o futuro, ter ou não células estaminais guardadas caso sejam necessárias. Os casais mais informados normalmente optam pela recolha”, afirma.
BANCO PÚBLICO VS BANCO FAMILIAR
“O facto de o banco público deter cerca de 500 amostras está relacionado com a escolha criteriosa das amostras que guarda. Todos os bancos públicos a nível mundial têm critérios semelhantes, ou seja, escolhem as amostras que pretendem guardar. É preferível ter 500 amostras de boa qualidade ao invés de 5.000 de má qualidade e sem cumprir os procedimentos técnicos adequados. É preciso também entender o modo de funcionamento dos bancos públicos, que funcionam em rede a nível mundial, logo o número de amostras disponível na verdade é o somatório de todas as amostras de todos os bancos públicos e são centenas de milhares. Não faz sentido achar que há competição entre o banco público e os bancos familiares. O banco público não tem menos amostras por existirem bancos familiares. 90% das amostras não são recolhidas para bancos públicos ou familiares, são desperdiçadas como resíduos hospitalares. Tudo o que for dito em contrário é mero desconhecimento das causas. A Crioestami-
nal defende uma coexistência entre o banco público e o familiar, tal como acontece em todo o mundo”, explica o nosso interlocutor.
PRÓXIMOS PASSOS
Os planos da Crioestaminal passam por um contínuo investimento em investigação, com vários projetos em curso há alguns anos, buscando novas aplicações para as células estaminais. Além da investigação, também a qualidade e rigor, que têm diferenciado a Crioestaminal, serão os pilares de crescimento nos próximos anos em Portugal e no estrangeiro. Com duas patentes internacionais, pretendem começar ainda dois ensaios clínicos para novas aplicações das células estaminais, algo único no sector a nível europeu. “Estamos empenhados em reforçar o desenvolvimento desta área, para que mais pais possam beneficiar da decisão de guardar as células estaminais dos seus filhos: é o que distingue a Crioestaminal e é também a melhor forma de servir os nossos clientes. Vamos continuar o nosso trabalho com o profissionalismo e dedicação de sempre”, conclui André Gomes. ▪
andré gomes
Oito FACTOS CIENTÍFICOS
SOBRE CÉLULAS estaminais DO SANGUE DO CORDÃO UMBILICIAL
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Mais de 80. É o número das doenças tratadas com sangue do cordão umbilical. A maioria dos transplantes foram realizados para o tratamento de doenças do sangue e do sistema imunitário. Porém as células do sangue do cordão umbilical são também usadas no tratamento de doenças genéticas ou metabólicas.
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A utilização de amostras de sangue do cordão umbilical entre irmãos é preferível à de dadores não relacionados O transplante de sangue do cordão umbilical alogénico com amostras de um dador familiar (irmão) aumenta o sucesso do transplante. “Cord blood is a feasible alternative source of hematopoietic stem cells for pediatric and some adult patients with major hematologic disorders, particularly if the donor and the recipient are related” – Gluckman et al. (1997).
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A maioria dos transplantes hematopoiéticos são autólogos. Num artigo recente, dos 40.829 transplantes hematopoiéticos realizados na Europa em 2014, 58% foram autólogos e 42% alogénicos. As principais doenças tratadas com células estaminais do próprio (transplante autólogo) são linfomas e tumores sólidos, enquanto que em doenças como leucemias ou genéticas são usadas preferencialmente células obtidas a partir de um dador compatível (transplante alogénico).
Existem novas aplicações em que será necessária a utilização autóloga do sangue do cordão umbilical. A utilização do sangue do cordão umbilical em paralisia cerebral, diabetes, e outras doenças encontra-se em estudo, no âmbito de múltiplos ensaios clínicos atualmente a decorrer. Esta questão traz enormes perspetivas de aplicação do sangue do cordão umbilical.
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Foram já realizados mais de 40.000 transplantes com sangue do cordão umbilical. Desde o sucesso do primeiro transplante com sangue do cordão umbilical em 1988, foram já realizados mais de 40.000 transplantes, mais de 80% dos quais nos últimos nove anos. Este aumento demonstra a crescente adoção do sangue do cordão umbilical como uma opção terapêutica.
As células de SCU podem ser criopreservadas
por longos períodos. As células e tecidos mantidos em contentores abastecidos por azoto líquido a -196ºC mantêm-se viáveis por longos períodos (em teoria, para sempre).
Bancos públicos e familiares coexistem em todo o mundo. Nos bancos familiares são armazenadas amostras de sangue do cordão umbilical para uso autólogo (no próprio) ou em familiares compatíveis (alogénicos relacionados), enquanto nos bancos públicos são guardadas amostras de dadores voluntários, para serem utilizadas em transplantes alogénicos (nos quais o dador das células é diferente do recetor). No âmbito das aplicações atuais na área da hemato-oncologia existem doenças (e.g. em doenças genéticas) para as quais é indicada a utilização de células de um dador compatível e a existência de bancos públicos é importante para doentes em que não é possível encontrar dadores compatíveis no seio familiar.
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O sangue do cordão umbilical (SCU) contém células
estaminais com inquestionável utilidade terapêutica.
Referências: http://www.nationalcordbloodprogram.org/qa/ | Baron et al. (2016) Methods of ex vivo expansion of human cord blood cells: challenges, successes and clinical implications. Mar; 9(3):297-314. Gluckman et al. (2011) Family-directed umbilical cord blood banking. Haematologica. 96(11):1700-7; Rubinstein P (2006) Why cord blood? Hum Immunol. 67(6):398-404. Review. | luckman et al. (2011) Family-directed umbilical cord blood banking. Haematologica. 96(11):1700-7. Rocha et al. (2009) Pediatric related and unrelated cord blood transplantation for malignant diseases. Bone Marrow Transplant.44, 653–9. Gluckman et al. (1997) Outcome of cord-blood transplantation from related and unrelated donors. Eurocord Transplant Group and the European Blood and Marrow Transplantation Group. The New Eng J Med. 337(6), 373–81. | Gluckman et al. (2011) Family-directed umbilical cord blood banking. Haematologica. 96(11):1700-7. Rocha et al. (2009) Pediatric related and unrelated cord blood transplantation for malignant diseases. Bone Marrow Transplant.44, 653–9. Gluckman et al. (1997) Outcome of cord-blood transplantation from related and unrelated donors. Eurocord Transplant Group and the European Blood and Marrow Transplantation Group. The New Eng J Med. 337(6), 373–81. | Passweg et al. (2016) Hematopoietic SCT in Europe 2014: more than 40 000 transplants annually. Bone Marrow Transplant. Feb 22. Doi: 10.1038/bmt.2016.20.[Epub ahead of print] Rosenthal et al. (2011) Hematopoietic cell transplantation with autologous cord blood in patients with severe aplastic anemia: An opportunity to revisit the controversy regarding cord blood banking for private use. Pediatr Blood Cancer. 56: 1009–12. Thornley et al. (2009) Private cord blood banking: experience and views of pediatric hematopoietic cell transplantation physicians. Pediatrics 123(3):1011-17. Hayani et al. (2007) First report of autologous cord blood transplantation in the treatment of a child with leukemia. Pediatrics 119(1):e296-300. Fruchtman et al. (2004) The successful treatment of severe aplastic anemia with autologous cord blood transplantation. Biol Blood Marrow Transplant 10(11):741-2. | Cotten et al. (2014) Feasibility of autologous cord blood cells for infants with hypoxic-ischemic encephalopathy. J Pediatr. May;164(5):973-979.e1. doi: 10.1016/j.jpeds.2013.11.036. Lee et al. (2012) Safety and feasibility of countering neurological impairment by intravenous administration of autologous cord blood in cerebral palsy. J Transl Med;10(1):58. Papadopoulos et al. (2011) Safety and feasibility of autologous umbilical cord blood transfusion in 2 toddlers with cerebral palsy and the role of low dose granulocyte-colony stimulating factor injections. Restor Neurol Neurosci. 29(1): 17-22. Haller et al. (2008) Autologous umbilical cord blood infusion for type 1 diabetes. Exp Hematol 36(6):710-5. http://parentsguidecordblood.org/diseases.php http://clinicaltrials.gov/ | Broxmeyer et al. (2011) Hematopoietic stem/progenitor cells, generation of induced pluripotent stem cells, and isolation of endothelial progenitors from 21- to 23.5-year cryopreserved cord blood. Blood. 117(18):4773-7. | Polymenidis et al. (2008) Towards a hybrid model for the cryopreservation of umbilical cord blood stem cells. Nat Rev Cancer.;8(10):823. http://cordbloodbank.corduse.com/
CÉLULAS ESTAMINAIS OPINIÃO João de Couto Sousa, Direção Executiva Laboratório Bebé Vida
Células estaminais doar ou guardar? Bancos públicos e bancos privados ou familiares de armazenamento das células estaminais do sangue do cordão umbilical, são uma realidade na maioria dos países desenvolvidos, onde estas duas estruturas se complementam pois é dessa forma que se reforça a importância desta fonte de células estaminais na transplantação hematopoiética.
PERFIL
João de Couto Sousa Direcção Executiva Laboratório Bebé Vida
É pontos de vista
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comum hoje em dia muitos pais e mesmo profissionais de saúde se questionarem relativamente às diferenças entre bancos públicos e bancos familiares de sangue do cordão umbilical. As diferenças são substanciais, principalmente no seu objetivo primário. O banco público tem por objetivo guardar amostras de sangue do cordão umbilical para utilização em contexto alogénico, ou seja, o dador das células é diferente do recetor. Assim, o banco público não reserva a propriedade da amostra para o próprio e fica dessa forma disponível para a população em geral. Além disso, os bancos públicos têm por política limitar as colheitas a um conjunto restrito de unidades hospitalares. O banco familiar tem por objetivo guardar o sangue do cordão umbilical dos filhos, cujos pais decidiram guardar a amostra do sangue do cordão no momento do parto. A utilização do sangue do cordão umbilical neste caso restringe-se ao próprio, contexto autólogo, ou a utilização entre irmãos (utilização relacionada). O banco público não presta um serviço alternativo aos bancos familiares. Não se trata de escolher um banco público ou o banco familiar. Acresce a isso, que em momento algum os bancos familiares desviam dádivas dos bancos públicos, pois em mais de 90% dos partos realizados em Portugal não é realizada a colheita de sangue do cordão umbilical e as amostras são descartadas. O número reduzido de amostras criopreservadas do banco público insere-se numa lógica correta de escolher as melhores amostras,
seja em termos de quantidade de células como em representatividade genética. Esta é pois a política correta de um banco público sério e com objetivo de longo prazo. É fundamental que um banco público seja extremamente criterioso na seleção das dádivas pois os recursos financeiros disponíveis do erário público são escassos e deverão ser bem geridos. Os principais bancos públicos de sangue do cordão umbilical da Europa apesar de desenvolverem a sua atividade há mais de 15-20 anos, têm um stock de amostras de sangue de cordão reduzido. Em Portugal, as principais fontes de células estaminais hematopoiéticas são o sangue periférico mobilizado e a medula óssea, com uma residual expressão do sangue do cordão umbilical. Contudo, e se olharmos para a vizinha Espanha, o uso de sangue do cordão umbilical na transplantação hematopoiética, principalmente em crianças, assume um papel muito relevante. Isto deve-se aos bancos públicos existentes em Espanha. Concluindo, em termos de opinião pessoal penso que o banco público adotou a estratégia correta no que diz respeito à colheita, processamento e armazenamento de amostras de sangue do cordão. Foram colhidas mais de 2.800 amostras durante o primeiro ano tendo sido criopreservadas cerca de 483. Se compararmos com a taxa de descarte de amostras dos principais bancos públicos da Europa, o banco público está em linha com a taxa de descarte de amostras. Estou seguro que dentro de 5 a 10 anos teremos um Banco Público com um número de amostras que fará da Lusocord uma referência internacional. ▪
ENVIO 24 CRL
» O PODER DE AGIR PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL
COOPERATIVA ENVIO 24
DE TODOS E PARA TODOS O significado corrente da palavra cooperativa assenta numa ideia de associação que presta serviços aos seus membros e atua em nome deles. Porém, hoje, ser uma cooperativa vai além disto. Saiba como e porquê com a Envio 24.
JOÃO MANUEL PARDAL
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A
Cooperativa Envio 24 nasceu da necessidade dos transportadores se unirem”, começa por explicar João Manuel Pardal, Presidente da Cooperativa e um dos cinco fundadores do projeto que surgiu em 2004. Os fundadores eram pequenos transportadores que de forma empreendedora e engenhosa se juntaram para fundar a cooperativa. Se no início eram cinco, depressa cresceram e aumentaram o número para 80 trabalhadores. “Começámos num pequeno armazém em casa de um dos sócios e hoje já temos instalações próprias, no Montijo e em Évora”, revela João Manuel Pardal. O crescimento foi exponencial e nunca satisfatório. Prova disso é o novo projeto em que a Cooperativa tem trabalhado: a Loja dos Transportes. um projeto que pretende alargar a distribuição das mercadorias pelos 18 distritos criando, por sua vez, mais postos de trabalho. “Antes trabalhávamos apenas para grandes transportadores mas hoje já começámos a trabalhar com cargas nossas. Nunca querendo pôr de lado os
nossos clientes, esta Rede Cooperativa de Transportes está a ser criada para que possamos atender aos nossos clientes mais diretos e aumentar a nossa faturação para que nunca paremos de crescer e para que possamos continuar a empregar quem quer trabalhar. A Cooperativa é a preferência dos grandes transportadores porque trabalhamos de forma personalizada, uma vez que cada trabalhador trabalha para si próprio. Constatamos que desta forma o colaborador faz a distribuição com mais dedicação e rigor porque é patrão de si mesmo”, explica o nosso interlocutor.
A INTERNACIONALIZAÇÃO NO HORIZONTE
Com uma cobertura a nível nacional, Espanha começa a fazer sentido enquanto possível expansão, no entanto para o nosso interlocutor, há que ser dado um passo de cada vez. “Gosto de dar passos seguros, já temos contactos com Espanha, mas para já o projeto a seguir é o da Loja dos Transportes”.
O FUNDAMENTO DE SER UMA COOPERATIVA
A crise que começou em 2008 teve consequências assoladoras na economia, nomeadamente no aumento do desemprego, assim como da precariedade no trabalho, que se
revelou uma das maiores causas de injustiça social. “As pequenas empresas sofreram as consequências das mudanças de mercado e para muitas começou a ser insuportável conseguir fazer face às despesas”, afirma João Manuel Pardal. Este fator nefasto da economia veio a alcançar o seu resultado positivo quando as pessoas perceberam que fazer parte de uma cooperativa poderia ser uma boa solução. O setor cooperativo ganhou uma maior relevância quando a coesão social foi percebida como forma de contornar o flagelo do desemprego. “As pessoas perceberam que estão automaticamente mais protegidas dos encargos fiscais, uma vez que a única preocupação que terão de ter é, unicamente, a de trabalhar”, garante o presidente. A filosofia da cooperativa assenta na premissa de não dizer ‘não’ a quem os procura. Quem pode fazer parte da cooperativa? “Qualquer pessoa”, responde, prontamente, João Manuel Pardal. Seja homem ou mulher…“As mulheres são uma força do negócio”, firma o nosso entrevistado. “Impulsionei a entrada de mulheres neste setor e verificou-se que a maior parte das mulheres da cooperativa são as nossas melhores trabalhadoras. Não se distraem facilmente, são muito focadas e mais organizadas”. “O único investimento que as pessoas precisam ter é a vontade de trabalhar”. Caso não tenha experiência na área da distribuição a Envio 24 dá-lhe a formação. João Manuel Pardal acredita que a tendência atual é que “as pessoas deixem os seus micros negócios que são mais dores de cabeça do que lucros e que se juntem a nós para conseguirem trabalhar e ganhar com isso. O poder e a grande vantagem de fazer parte da cooperativa é exatamente essa, a de criar postos de trabalho. Não interferimos em nada no negócio de cada um, a única responsabilidade que cada um tem é o pagamento da quota mensal. Todos os instrumentos são facultados para que quem quiser possa exercer a sua atividade”. “As cooperativas são de todos e para todos. Percorri a Europa durante 20 anos, ajudei a fundar a Cooperativa Envio 24, e ainda hoje trabalho enquanto distribuidor, pois o trabalho é o que nos dignifica”, conclui. ▪
DIA INTERNACIONAL DAS COOPERATIVAS
» ESCOLA PROFISSIONAL DE ALVITO
“Queremos continuar a ser uma instituição de referência” A orgânica de todas as instituições que perpetuam um papel no domínio da formação deve passar, sempre, pela criação de um sentido de autonomia, autoconfiança e respeito pela autonomia dos outros, incentivando, naturalmente, uma ligação ao universo do trabalho, aproximando-os desse contexto de trabalho.
A
Revista Pontos de Vista quis saber mais e conversou com António Coelho, Diretor da Escola Profissional de Alvito e que nos deu a conhecer os desafios da mesma, sem esquecer a importância do Dia Internacional das Cooperativas que se comemorou a 2 de julho. Sobre este ponto, o nosso interlocutor assumiu que ainda existem muitas barreiras e desconfianças entre as entidades para que se trabalhe em conjunto e sob a égide de um desiderato comum. Razões não encontra, mas reconhece a surpresa que têm sido estas dificuldades de relacionamento. “Naturalmente que seria importante alterar estes comportamentos e esta orgânica, até porque uma posição mais individualista não ajuda ninguém e muito menos será fomentadora da edificação de projetos que deveriam ser comuns. Temos de perceber que se remarmos todos juntos será mais fácil concretizar determinados projetos essenciais para a região”, advoga o nosso entrevistado. Com cerca de 270 alunos, a Escola Profissional de Alvito possui uma orgânica educacional assente em 11 turmas, onde cerca de 60% das mesmas estão ligadas às áreas da restauração, bifurcadas em duas vertentes: Técnico de Restauração de Variante de Cozinha e Pastelaria e de Restaurante/Bar. “Além disso, temos mais três turmas a funcionar, estas mais pontuais e únicas, nos domínios da Informática de Gestão, Banca de Seguros e Comércio”, revela António Coelho, lembrando que esta aposta mais forte na vertente da restauração “é a nossa identidade, tendo sido o caminho que decidimos fazer desde que esta instituição foi aberta”.
“Temos de ser criativos”
Apesar do desenvolvimento, para António Coelho, ainda falta um lon-
go caminho, até porque a instituição cresceu de uma forma exponencial e encontra-se, atualmente, dispersa em três pólos diferentes e isso provoca dificuldades de organização e funcionamento. “Esse será um dos pontos a melhorar e creio que proximamente iremos ser capazes de concentrar todos os serviços num espaço único, algo que será muito importante para a escola”, afirma o nosso entrevistado, lembrando que essa concentração também seria importante pelo simples facto de “termos quase três centenas de alunos, em que apenas 22 pertencem ao concelho de Alvito, sendo que os restantes pertencem a cerca de 44 freguesias do Alentejo e daí, também por esta razão, ser importante esta concentração. Temos de perceber que estamos numa região com somente 2500 habitantes e uma população ativa muito reduzida, onde apenas existe um agrupamento escolar que tem somente uma turma do 9ºano com 14 alunos. Só por aqui percebemos que temos de ser muito criativos para continuar com este projeto de enorme importância para a região”.
Saber fazer é a filosofia
A Escola Profissional de Alvito, desde a sua génese, teve sempre uma capacidade para promover aquilo que deve uma escola e, principalmente, uma escola profissional, unindo esta dinâmica ao saber fazer. “Este chavão é usado há muito tempo, mas tem sido um pilar da nossa filosofia desde sempre e daí termos a preocupação de questionar os nossos alunos quando cá chegam com duas questões: Qual a razão para escolherem esta escola? O que estão à espera da escola? Percebermos estas dinâmicas é essencial para prestarmos um serviço de melhor qualidade e preparar melhor
aqueles que nos escolhem e procuram”, revela o nosso entrevistado, lembrando que o saber fazer é essencial e daí que a Escola Profissional de Alvito tenha uma preocupação iminente em criar novas iniciativas como por exemplo aquele que foi assinado no passado dia 23 de março, tendo sido celebrado o Contrato de Subcessão
LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
69 julho 2016
ANTÓNIO COELHO
de Exploração da Pousada do Castelo de Alvito, entre o Grupo Pestana Pousadas – Investimento Turístico e a Escola Profissional de Alvito, em que a EPA assume, a partir da referida data, a gestão da Pousada do Castelo de Alvito. “Concretizámos assim mais um dos objetivos traçados”, esclarece satisfeito o nosso interlocutor. A finalizar, António Coelho lembrou que o desafio principal passa mesmo pela centralização dos serviços num espaço único, sendo que “pretendemos continuar a crescer, criando outras valências em termos dos cursos que possuímos. Queremos continuar a ser uma instituição de referência e condutora da formação integral dos nossos alunos”, conclui o Diretor da EPA. ▪
ARQUITETURA DE SOLUÇÕES
Opinião Nelson Pereira, CTO da NOESIS Portugal
A ARQUITETURA DE SOLUÇÕES ABRANGENTES As economias e as sociedades deparam-se regularmente com profundos processos de mudança, o atual ciclo prende-se com a digitalização, a qual está a transformar as empresas e as economias, gerando novos produtos, serviços, modelos de negócio e alterando a forma como nos relacionamos.
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medida que mais setores vão sentindo o impacto da transformação digital, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de assegurar que a arquitetura das soluções tenha flexibilidade para se adaptar às alterações de contexto, possa recorrer a metodologias de desenvolvimento ágeis e permita o acesso e disponibilização das soluções de uma forma simplificada e rápida, garantindo a sua adequabilidade aos desafios que as organizações enfrentam. Na verdade, o desenvolvimento de uma arquitetura de última geração que respeite os requisitos enunciados exige, habitualmente, atenção a três níveis distintos. Em primeiro lugar, há que ter em conta o propósito com que esta é desenvolvida, o que implica uma profunda compreensão dos processos dos clientes, garantindo que as suas reais necessidades são endereçadas, e avaliando também a potencial abrangência da solução, se conjugada com novos serviços, produtos ou modelos de negócio. Quando foi iniciado o desenvolvimento do 4Assets (solução de gestão de ativos), e apesar do foco inicial na automatização dos processos operacionais associados aos ativos, nomeadamente logísticos e de Reparação & Manutenção, a arquitetura foi desenhada para poder escalar a solução para outras funcionalidades. Incorporando sensores nos ativos, garantimos comunicação em tempo real e tratamos de forma inteligente a informação, o que permitiu transformar a filosofia como os nossos clientes gerem e controlam os seus ativos. O segundo ponto que merece especial atenção é a longevidade e escalabilidade da solução sendo que, para tal, é necessário que a solução seja elástica o suficiente para se adaptar aos diferentes contextos que vai enfrentar. Nos dias que correm, utilizadores com perfis
não técnicos, dos responsáveis de marketing aos de operações ou aos financeiros, têm cada vez mais preponderância na definição das arquiteturas funcionais. Esta mudança tem implicações profundas nas arquiteturas de solução, as quais devem ser permeáveis à mudança e a acomodar requisitos adicionais quando solicitado. Um outro fator a considerar é que que cada vez mais as arquiteturas têm de ser abertas ao exterior, permitindo a convergência de múltiplas soluções de negócio e que o utilizador possa configurar ou adaptar facilmente a sua experiência de utilização. Para que uma solução respeite estes quesitos, a arquitetura tem que ser obrigatoriamente “change friendly”.
Nesta sequência abordamos o último ponto que consideramos importante no desenvolvimento de uma arquitetura adaptada às exigências deste novo paradigma tecnológico: o papel da informação para os processos das organizações, do Big Data ao manuseamento de informação com recurso a mecanismos preditivos ou inteligentes. O acesso a esta informação implica, por um lado, receber dados de uma multiplicidade de sensores ou dispositivos em diferentes formatos e, por outro, estruturar a informação que já está disponível, mas não está organizada. Para concretizar este cenário, é indispensável que a solução disponha de uma arquitetura favorável à integração de informação em diferentes formatos e a partir de outras plataformas de gestão de dados. Embora a exigência de racionalidade e otimização dos orçamentos tecnológicos possa gerar uma natural tendência para a padronização de soluções e ofertas, a personalização, abertura e disponibilidade não podem ser comprometidas, sob risco de a própria solução falhar o seu propósito. No caso da solução 4assets, por exemplo, existia uma variedade significativa de utilizadores de diferentes entidades e geografias, com diferentes objetivos e diferentes competências. Para endereçar os requisitos definidos, a solução foi desenhada enquanto plataforma, onde em primeiro lugar é permitido acoplar pequenas e diferentes aplicações, podendo em seguida funcionar como hub de consolidação, interpretação e disponibilização de informação. Flexibilidade, melhoramento contínuo, desenvolvimento ágil, rapidez e capacidade de processar dados de diferentes fontes são aspetos fundamentais das arquiteturas de soluções do futuro. Na NOESIS, trabalhamos diariamente para concretizar este objetivo para os nossos clientes. ▪
PODER LOCAL
» MUNICÍPIO DE ARRAIOLOS, ÉVORA, EM DESTAQUE
“À CONVERSA COM A POPULAÇÃO” “Defender e salvaguardar o Tapete de Arraiolos, dinamizar a economia, animar o território, preservar a nossa identidade, aumentar a capacidade atrativa do concelho para novos projetos”, este é o propósito de Sílvia Pinto, Presidente da Câmara Municipal de Arraiolos, Évora, para o município.
A Câmara Municipal de Arraiolos promoveu uma vez mais a edição deste ano do “Tapete está na Rua” mantendo os principais objetivos do evento. O que representa este evento para o concelho de Arraiolos? Com este evento pretendemos juntar à defesa e salvaguarda do Tapete de Arraiolos, a dinamização da economia local, o aumento da capacidade atrativa para novos projetos concretizáveis no concelho de Arraiolos, bem como reforçar a divulgação dos produtos regionais ligados à nossa terra e evidenciar toda a relevância do Tapete de Arraiolos para o desenvolvimento do concelho, pelo seu enorme valor patrimonial e cultural. A Câmara Municipal de Arraiolos e a ERT- Alentejo têm vindo a trabalhar para a salvaguarda e valorização deste património, através da inscrição do Tapete de Arraiolos como património imaterial da UNESCO. O Castelo de Arraiolos é considerado um dos mais belos e emblemáticos do mundo pela revista Port.com. Localizado no cimo do monte de São Pedro, proporciona uma vista 360 graus sobre a planície alentejana. A aposta no Turismo tem sido um dos focos da autarquia? Arraiolos tem um património histórico e cultural de inegável relevância, que queremos dar a conhecer e que merece ser visitado, pelo que a aposta no turismo se concretiza em diversas áreas. As unidades de Turismo Rural, a Pousada, outras unidades de alojamento, as atividades de enoturismo e equo-turismo, bem como outros projetos integrados na área do turismo, permitem tornar uma visita ao concelho num momento diferente. O turismo no concelho tem beneficiado da atividade do Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos e do Centro Interpretativo Mundo Rural Vimieiro, onde as exposições temporárias são um incremento para o aumento de visitantes. Aquando a extinção de freguesias
foi posto em causa um dos princípios fundamentais neste nível de organização administrativa do Estado, nomeadamente a proximidade entre o poder local e a população. Que trabalho tem sido desenvolvido pela Câmara para colmatar as fragilidades desta organização administrativa e promover a proximidade com a população? A Câmara Municipal de Arraiolos não é indiferente ao problema demográfico existente, mas não aceita a diminuição da qualidade de vida das populações, através da extinção das freguesias, da privatização da água ou da retirada de outros serviços públicos necessários. Porque é necessário intervir e defender o desenvolvimento integrado e susten-
tado do nosso concelho, com medidas que tenham em conta os interesses das populações, corrigindo as graves assimetrias regionais e promovendo as potencialidades existentes, a Câmara Municipal tem como opção clara a defesa dos Serviços Públicos essenciais e repudia o seu encerramento, reivindicando, para que não se perca capacidade e qualidade, a realização de investimentos em creches, centros de dia, lares, postos médicos. A Câmara Municipal tem apoiado a luta das Freguesias e acompanha o esforço feito para que as Freguesias extintas no concelho mantenham os mesmos serviços à população. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
71 julho 2016
Q
uando, em 2014, assumiu a liderança do Município de Arraiolos trouxe consigo uma nova forma de contacto e de inovação para apostar e promover o município: estamos a falar na aposta na tecnologia. Neste sentido, quais foram os primeiros passos dados enquanto Presidente para afirmar a modernização de Arraiolos? O atual executivo da Câmara Municipal avançou para o objetivo de “desmaterialização” dos serviços, onde se pretende dar maior celeridade aos processos, a par da poupança e da eficiência. Vai ser um processo longo, mas que será muito importante para a melhoria dos serviços municipais. Por outro lado demos continuidade à implementação contínua de novas tecnologias, no sentido de melhor servir os munícipes e de modernizar o Município. Neste quadro temos desde sempre pautado a nossa ação no sentido de maximizar os recursos próprios e o Software livre (free software). Aliás, o projeto de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) elaborado pelo Município de Arraiolos, através de recursos humanos próprios e com recurso, exclusivo, a software de código aberto e gratuito/free and open source software - caso singular entre os 59 municípios que compõem a Região Alentejo (leia-se NUTS II) é um exemplo reconhecido publicamente, onde o acesso à informação e as novas tecnologias são utilizadas para servir a comunidade. Procuramos melhorar a comunicação com os munícipes tendo reforçado a utilização das novas tecnologias, com destaque para a colocação on-line de um novo site do município e da presença nas redes sociais. A par desta questão das novas tenologias criamos um espaço que chamamos “à conversa com a população” onde visitamos as localidades e freguesias e falamos diretamente com as pessoas nas suas terras. É necessário ter atenção a esta questão, porque a infoexclusão também é uma preocupação para nós.
SÍLVIA PINTO
JUNTA DE FREGUESIA DA PENHA DE FRANÇA
» PROXIMIDADE AO CIDADÃO
“Trabalhamos todos os dias para que as pessoas sintam que temos a porta aberta” Em entrevista, Sofia Oliveira Dias fala dos principais temas em destaque na Penha de França. Estar à frente desta autarquia “é um serviço à comunidade”, resume. Conheça melhor a Presidente da Junta de Freguesia da Penha de França. fazer o que a maioria das pessoas que participaram querem. É inspirador e bom prenúncio para o futuro esta participação dos jovens.
SOFIA OLIVEIRA DIAS
C pontos de vista
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omecemos pelas novidades. Uma delas prende-se com a imagem e com a comunicação da autarquia, sendo a Penha um claro exemplo disso. Qual é a importância destas realidades? A importância é muito grande, por vários motivos. Em primeiro lugar porque a junta de freguesia está ao serviço das pessoas. Se não informar sobre o que faz e o que está disponível para fazer, as pessoas não adivinham. Até agora, o feedback tem sido enorme. As pessoas contactam-nos a dizer que viram o que fizemos, leram o que vamos fazer e apresentam as suas sugestões. A ideia é abrir a junta às pessoas e comunicar mais próximo delas. Uma outra vertente que me preocupa é a divulgação institucional da freguesia: pôr a freguesia no mapa, as suas instituições, os seus comerciantes. Esta nova comunicação envolveu a elaboração de um novo logotipo e a adoção do slogan ‘Do rio à colina’. Decidimos elaborar uma nova identidade, através de um novo logotipo. Ainda não temos um brasão aprovado oficialmente e não queríamos ficar à margem das dinâmicas das freguesias e da cidade. O processo de criação de um brasão, que terá necessariamente elementos gráficos que digam respeito às anteriores freguesias de São João e da Penha de França, passa por várias fases e organismos, incluindo a Comissão de Heráldica e a Assembleia de Freguesia. É um processo demorado. A criação de um logotipo é mais rápida. Chegámos a um conceito feliz, que diz respeito à freguesia. Conciliámos a história com a modernidade e juntámos duas realidades distintas: o rio e a colina mais alta de Lisboa. Daí o slogan: ‘do rio à colina’. A ordem é propositada: implica uma subida, é um conceito ascendente, positivo, de procurar melhores horizontes.
A reforma administrativa veio multiplicar os serviços prestados pela junta. Em que medida importa divulgar o trabalho desenvolvido pelos serviços da junta? É muito importante. Estamos aqui para servir as pessoas, mas precisamos que todos conheçam as novas competências da junta de freguesia. As pessoas ainda não distinguem bem as competências da Câmara das responsabilidades da junta. Por vezes, pedem-nos coisas que cabem à câmara e acredito que peçam à câmara coisas que cabem à junta. Por outro lado, os programas e atividades que oferecemos não funcionam se as pessoas não souberem que se podem inscrever. Digamos que a circulação da informação tem de parte do trabalho que desenvolvemos. Estamos no ‘ano zero’ dos programas POP Penha e POP Escolas. Considera fundamental colocar os fregueses no centro do processo de decisão? Sim. A democracia participativa baseia-se na ideia de que a participação política dos cidadãos não se pode resumir ao ato eleitoral ‘de x em x anos’. As pessoas devem estar presentes e tomar decisões em relação ao que lhes diz respeito. Já tínhamos experiências de orçamentos participativos, sobretudo na antiga freguesia de São João. Decidimos continuar com essa experiência e inovar com a criação de um orçamento participativo escolar, colocando a comunidade educativa a pensar sobre as necessidades da escola. Ficou surpreendida com a adesão dos jovens? Fiquei. A quantidade de jovens que participaram nas assembleias, que deram ideias, tomaram posição, espantou-me e deixou-nos muito satisfeitos. Espero que continue a correr bem, é muito interessante verificar a democracia participativa a funcionar na gestão de recursos públicos: proposta, votação, concretização. Dessa forma, temos a certeza de que estamos a
Também o espaço público tem merecido especial atenção. Numa freguesia com uma fatia significativa de população envelhecida, os problemas de mobilidade devem ser tidos em conta. Que diagnóstico traça nesta matéria? A freguesia tem um relevo muito próprio que coloca acrescidos obstáculos de mobilidade à população envelhecida. É por termos consciência dos problemas de mobilidade que já foi iniciada a transformação da Avenida General Roçadas numa “rua amiga do peão”. Há ali uma taxa elevada de sinistralidade... O mesmo vai acontecer na Rua Morais Soares. A aposta no espaço público e na sua requalificação também é um convite a que as pessoas fruam dele. Se não for convidativo, é evidente que as pessoas não querem vir para a rua e acabam por se fechar em casa, entregues à solidão e ao sedentarismo. A dinamização tem passado muito por iniciativas nas principais praças da freguesia. Como avalia esta aposta? A receção das pessoas foi interessantíssima, as pessoas aderiram imenso às atividades dinamizadas, sobretudo na Praça Paiva Couceiro. Ouvimos as pessoas dizerem que querem mais iniciativas desse género, mais animação do espaço público. Sem descurar a Alameda e o Mercado de Sapadores, o centro cívico da freguesia é a Praça Paiva Couceiro, que fica mesmo no centro geográfico do nosso território e onde as pessoas gostam muito de ir. O espaço público é de todos. Se o abandonarmos, não serve para nada. Quer destacar algum projeto ou empreitada além das que mencionou? A Câmara Municipal de Lisboa está a preparar um pacote de protocolos de delegação de competências na junta de freguesia de obras que vamos começar em breve. Incidem particularmente em duas áreas: melhorar os passeios e reordenar o estacionamento onde isso seja possível. Já obtive a garantia da Câmara e do Conselho de Administração da EMEL de que ainda durante o ano de 2016 a EMEL virá disciplinar o trânsito na freguesia. Destaco ainda o parque de estacionamento que vai nascer em frente ao Mercado de Sapadores, com 120 lugares, e um conjunto de ruas da freguesia que foram ou estão a ser repavimentadas. É mais ou menos consensual que um dos principais problemas da freguesia é a questão do estacionamento. Esta questão costuma ser abordada no seu contacto com os fregueses? Não há semana em que não receba queixas relacio-
nadas com o estacionamento na freguesia, a somar aos e-mails que recebemos. Os problemas do estacionamento não vão desaparecer da noite para o dia, mas estou em crer que a vinda da EMEL, com os lugares reservados para os residentes e os pagantes nas zonas de estacionamento tarifado, vai acabar com situações abusivas que se verificam aqui e ali, nomeadamente os veículos abandonados, os autênticos stands automóveis a céu aberto, entre outras situações. Um problema que sentimos é a pressão de estarmos rodeados por zonas de estacionamento tarifado nas freguesias limítrofes. Nas zonas da freguesia onde a EMEL já está presente, não há falta de lugares para os moradores. Ao nível do edificado, as Torres do Alto da Eira conheceram desenvolvimentos. A junta de freguesia desempenhou um papel de relevo neste processo? A empreitada da recuperação das Torres do Alto da Eira está a evoluir favoravelmente e vai entrar na segunda fase. Acompanhámos desde sempre este processo, participando como parceiros nas reuniões, ouvindo os anseios veiculados pela Associação dos Moradores e servindo um pouco também de intermediários com a Câmara e a Gebalis. Tem sido uma experiência muito positiva, o processo tem corrido bem e estamos muito satisfeitos que a Câmara tenha tomado a decisão de requalificar aquelas torres em vez de as implodir. Foi uma decisão muito corajosa, mantendo as pessoas que já lá moravam. Noutro ponto da freguesia, no Bairro da Quinta do Lavrado, a junta também está cada vez mais presente. De facto, estamos muito presentes. A junta tem os seus espaços, como o Espaço Nova Atitude e a Loja Social, uma componente muito importante, e também é parceira nos projetos BIP/ZIP e USER - DLBC, que têm a ver com a Câmara Municipal, a Santa Casa e a Fundação Aga Khan. Está em causa a requalificação de toda aquela área, não só o Bairro da Quinta do Lavrado. Uma preocupação que temos prende-se ao nível da acessibilidade. Queremos acabar com o beco sem saída da Rua José Inácio de Andrade, a rua das traseiras do edificado na Quinta do Lavrado. Colocámos essa questão ao Presidente Fernando Medina quando visitou a nossa freguesia. Estamos muito empenhados em romper aquele beco sem saída e em transformar o bairro num quarteirão acessível, colocando corrimãos, rampas para cadeiras de rodas e carrinhos de bebés, e derrubando outras barreiras à circulação pedonal. Em breve teremos novamente uma piscina aberta ao público. Está satisfeita com o andamento do processo?
Deste ponto, saltamos para a questão do empreendedorismo. Com que olhos vê o tecido empresarial da sua freguesia? Uma das primeiras coisas que pedi ao assumir funções foi que fosse feito um levantamento dos estabelecimentos comerciais a operar na freguesia. Uma das minhas prioridades é apostar no empreendedorismo para dar as melhores condições aos que já cá estão instalados e facilitar a instalação de novos projetos na freguesia. Seria positiva a criação de uma associação dos comerciantes locais e será importante a criação de um gabinete de apoio ao empreendedorismo, que ajude as pessoas da freguesia que queiram criar o seu próprio negócio a saberem o que devem fazer. Quanto mais atividade económica existir numa freguesia, mais viva ela é, com criação de emprego e de riqueza. A Comissão Social de Freguesia é uma plataforma de diálogo e trabalho em rede que muitas vezes não é tão visível para os munícipes. Como se relaciona a autarquia com esta Comissão? Uma componente grande da nossa intervenção é ao nível do apoio social. É importante que seja prestado com regras e obedecendo a determinados requisitos. Temos de ter a certeza que alocamos os recursos aos que realmente precisam. O trabalho desenvolvido pela Comissão Social de Freguesia é crucial neste aspeto, porque os parceiros trabalham em rede e trocam informações entre si, desde o Instituto do Emprego, a Santa Casa, as Paróquias… As pessoas que nos batem à porta, se não têm o processo feito nestes organismos, pedimos que o façam, para termos essa garantia. Como é ser Presidente da Penha de França? É um serviço à comunidade. Primeiro, a responsabilidade de representar todas as pessoas, de conseguir encontrar o equilíbrio para agir de acordo com a vontade das pessoas. Por outro lado, sentir o peso de resolver os problemas das pessoas. É muito mais fácil chegar ao presidente da junta de freguesia que à Câmara Municipal ou ao Governo. Tenho a capacidade de responder de forma mais imediata aos problemas das pessoas, por vezes no próprio dia, ou na própria semana. Podem até nem ser grandes problemas, mas aqueles que aborrecem as pessoas no seu dia a dia. Pensa que os fregueses se sentem próximos da sua junta de freguesia? Estamos a trabalhar todos os dias nesse sentido, para que as pessoas sintam que temos a porta aberta para receber as suas ideias, sugestões, reclamações… Gosto de atender as pessoas e de as ouvir. Ainda ontem recebi várias ideias de uma freguesa. Muitas cabeças pensam sempre melhor que uma e concebem um conjunto de soluções maiores para cada problema. Por vezes surge-me uma questão interior: “e se um dia me acabarem as ideias?”. É importante ouvir os fregueses porque é um diálogo muito frutuoso: cada pessoa que vem pode trazer uma solução nova em que não tínhamos pensado. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
EDUCAÇÃO É PRIORIDADE “Uma freguesia com uma população envelhecida que tem de criar condições atrativas para a fixação de novas famílias.” Escolas públicas e a Junta de Freguesia parceiras das famílias e oferecem as melhores condições Período letivo Tempos livres: Componente de Apoio à Família Atividades Extracurriculares Verão Penha - Programa para os tempos livres dos jovens a partir dos 12 anos-307 vagas
REJUVENESCER POPULAÇÃO COM EDUCAÇÃO, HABITAÇÃO E EMPREGO “A criação de habitação com custos controlados e renda acessível no Vale de Santo António é muito importante para a atração de famílias jovens da classe média para a Penha de França”. . Oferta educativa e de tempos livres para as crianças . Oferta de habitação acessível por impulso da Câmara Municipal . Gabinete de Apoio ao Empreendedorismo-Apoio à dinamização da economia local e à instalação de novos projetos.
JUNTA ATENTA AOS DESAFIOS “É preciso estar atenta aos problemas de sempre e às novas realidades” . Carrinhas e motoristas da Junta de Freguesia apoiam Paróquia de São João evangelista e Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França com o Banco Alimentar . Refood utiliza imóvel da Junta para combate ao desperdício alimentar. . Glifosato deixou de ser usado desde fevereiro. Usam-se meios mecânicos (roçadoras) e uma solução de vinagre a 15% e sal, que exigem mais manutenção. . Criada Comissão Local de bem-estar animalCombater maus-tratos, sensibilizar crianças e idosos para os animais de companhia, criar banco alimentar de rações para animais e protocolo com o Movimento de Esterilização dos Gatos e com a Associação Animais de Rua para esterilizar as 30 colónias de gatos assilvestrados assinaladas na freguesia. Comissão reflete as questões do veganismo, a experimentação animal, as touradas, entre outros. . Núcleo de Proteção Civil com novo impulso, gera de novo uma bolsa de voluntários de Proteção Civil no nosso território!
73 julho 2016
A informação que tenho é que as obras estão a decorrer a bom ritmo. A piscina é muito importante para os fregueses porque servia vários escalões etários, desde as crianças aos seniores, e faz parte da identidade das pessoas, gerou um sentimento de pertença. Além do estacionamento, as piscinas são outro assunto sobre o qual sou muitas vezes abordada pelos fregueses.