Revista Pontos de Vista Edição 59

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. OUTUBRO 2016 | EDIÇÃO Nº 59 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

Iolanda Mouta Mendes em entrevista GERBER TECHONOLOGY

Helder Ferreira, “O Advogado português é uma mais valia nos Países de Língua Oficial Portuguesa”

FOTO: DIANA QUINTELA

Sócio Fundador da Helder Ferreira & Associados sociedade de Advogados, afirma:

Ana Pedro sa Augusto

Sócia da R ogério Alves & As sociados



CONGRESSO DOS ROC: AUDITORIA NA SUPERVISÃO

GERBER TECHONOLOGY

Gala europeia dos World Travel

38

Awards de 2016 - Bensaude Hotels

44

16

Índice DE TEMAS

MULHERES NA LIDERANÇA

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MICROCRETE E A INOVAÇÃO

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– LIBERTY SEGUROS

51 DIA NACIONAL DOS CASTELOS

FICHA TÉCNICA

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3 OUTUBRO 2016

Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda.


PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial

CONCEITO DE IMITAÇÃO DE MARCA REGISTADA A DIRETIVA no mercado comum; que importa, pois, aproximar as legislações dos Estados-membros com vista ao estabelecimento e funcionamento do mercado interno; Considerando que todos os Estados-membros da Comunidade estão vinculados pela Convenção de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial; que é necessário que as disposições da presente diretiva estejam em harmonia completa com as da Convenção de Paris; que as obrigações dos Estados-membros decorrentes dessa Convenção não são afetadas pela presente diretiva; que, se necessário, é aplicável o segundo parágrafo do artigo 234.º do Tratado.” 3 = Para o estudo que estamos a fazer, interessa particularmente examinar as disposições relativas ao conceito de imitação, ou seja o artigo 5.º, que foi alterado pelas Diretivas de 2008 e de 2015. 4 = O artigo 5.º da Diretiva de 1988, relativo aos “Direitos conferidos pela marca” dispunha: 1 = De tudo quanto temos vindo a expor, na última meia dúzia de artigos, pode concluir-se que parece indispensável determinar as características essenciais a que deve obedecer a disposição do nosso Código que define o conceito de imitação de marca registada.

pontos de vista

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Na verdade, não basta eliminar os erros do artigo 245º do Código da Propriedade Industrial: as práticas incorretas que muitas vezes passaram a ser adotadas – como os vícios que se enraizaram de não “usar” o nº 3 do mesmo artigo para recusar registos, considerando que o importante é o aspeto de conjunto das marcas, comparadas lado a lado, evidenciando as diferenças e não as semelhanças para concluir se há ou não imitação – exigem uma redação da disposição que “imponha” a correta forma de decidir se há ou não imitação de marca registada. É que, respeitando o princípio da especialidade, não pode incluir-se uma marca registada naquela que se pretende registar, mesmo se esta tiver mais quaisquer elementos que tornem o conjunto diferente – o que tem sido feito frequentemente e parece um erro tremendo.

“1. A marca registada confere ao seu titular um direito exclusivo. O titular fica habilitado a proibir que um terceiro, sem o seu consentimento, faça uso na vida comercial a) De qualquer sinal idêntico à marca para produtos ou serviços idênticos àqueles para os quais a marca foi registada; b) De um sinal relativamente ao qual, devido à sua identidade ou semelhança com a marca e devido à identidade ou semelhança dos produtos ou serviços a que a marca e o sinal se destinam, exista, no espirito do público, um risco de confusão que compreenda o risco de associação entre o sinal e a marca.” 5 = Na Diretiva de 2008, a alínea b) foi ligeiramente alterada e ficou com a seguinte redação: “De um sinal relativamente ao qual, devido à sua identidade ou semelhança com a marca e devido à identidade ou semelhança dos produtos ou serviços a que a marca e o sinal se destinam, exista um risco de confusão, no espirito do público; o risco de confusão compreende o risco de associação entre o sinal e a marca.” 6 = A alteração estava apenas na parte final, em que na Diretiva de 1988 se dizia

Portanto, é indispensável respeitar a Diretiva e “forçar” decisões corretas ou, pelo menos, que permitam às Instâncias Superiores aplicar devidamente a lei.

“… um risco de confusão que compreende um risco de associação ...”

2 = Com receio de que as disparidades das leis de marcas, nos países da Comunidade, pudessem prejudicar a livre circulação de produtos e a prestação de serviços, foi decidido aproximar essas legislações com uma Diretiva, publicada em 21 de dezembro de 1988, justificada com várias considerações, das quais se destacam apenas a primeira e a última:

“… exista um risco de confusão, no espirito do público; o risco de confusão compreende o risco de associação entre o sinal e a marca,”

“Considerando que as legislações atualmente aplicáveis nos Estados-membros em matéria de marcas comportam disparidades suscetíveis de entravar a livre circulação dos produtos e a livre prestação de serviços e de distorcer as condições de concorrência

passou a dizer-se

para vincar bem que só pode haver risco de associação quando houver, também, risco de confusão. A necessidade deste esclarecimento deve ter sido provocada pela redação de algumas das disposições dos vários países membros, para evitar erradas interpretações – como a que desde 1995 figura no nosso Código, que deixa duvidas quanto a este ponto, que é, realmente, muito importante.


PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Portanto, as duas primeiras Diretivas referiam-se mais ao uso de marcas confundíveis com a que se encontrava registada, enquanto que a Diretiva de 2015 vai diretamente para a recusa ou anulação do registo da marca imitadora. A alteração é positiva, uma vez que as Diretivas pretendem aproximar as leis de marcas dos países membros da Comunidade Europeia e, portanto, diretamente ligadas ao registo e não apenas ao uso das marcas. Aliás, a epígrafe das Diretivas de 1988 e 2008 não era correta, uma vez que os direitos não são conferidos pela marca, mas pelo registo, pelo que deveria ser “Direitos conferidos pelo registo” ou “Direitos conferidos pela marca registada”. E todo o artigo 5º atual diz respeito à recusa ou anulação do registo de marcas, o que parece mais correto. Vejamos o texto do nº 1 do novo artigo 5º da Diretiva de 2015: 1. É recusado o registo de uma marca ou, se efetuado, é passível de ser declarado nulo se: a) a marca for idêntica a uma marca anterior e se os produtos ou serviços para os quais a marca foi pedida ou registada forem idênticos aos produtos ou serviços para os quais a marca anterior estiver protegida; b) devido à sua identidade ou à sua semelhança com a marca anterior, e devido à identidade ou semelhança dos produtos ou serviços a que as duas marcas se referem, existir, no espírito do público, um risco de confusão; o risco de confusão compreende o risco de associação com a marca anterior.

Nas Diretivas anteriores referia-se o “sinal” e a “marca” e na nova Diretiva essa indicação foi substituída por “marca” e “marca anterior”. O artigo 5º da Diretiva de 2015 é completado por mais 5 números, dos quais o nº 2 diz respeito à noção de “marcas anteriores”, o nº 3 à declaração de nulidade das marcas já registadas e os nºs 4, 5 e 6 a outras situações especiais, como os casos das marcas de prestígio, concorrência desleal ou declarações de consentimento – mas o que interessa mais ao nosso estudo é o caso geral tratado no nº 1, que estabelece, com toda a clareza, os motivos de recusa ou anulação do registo de uma marca idêntica ou semelhante a outra já registada. A proteção conferida pela marca registada foi esclarecida nas considerações que antecedem o texto da Convenção e tem o maior interesse: A proteção conferida pela marca registada, cujo objetivo consiste nomeadamente em garantir a marca enquanto indicação de origem, deverá ser absoluta em caso de identidade entre a marca e o sinal correspondente e entre os produtos ou serviços. A proteção deverá ser igualmente válida em caso de semelhança entre a marca e o sinal e entre os produtos ou serviços. É indispensável interpretar a noção de semelhança em função do risco de confusão. O risco de confusão, cuja avaliação depende de numerosos fatores, e nomeadamente do conhecimento da marca no mercado, da associação que pode ser estabelecida com o sinal utilizado ou registado, do grau de semelhança entre a marca e o sinal e entre os produtos e os serviços designados, deverá constituir a condição específica da proteção. Os meios utilizados para verificar o risco de confusão, em especial o ónus da prova nesta matéria, devem ser previstos pelas normas processuais nacionais, cuja aplicação não pode ser prejudicada pela presente diretiva..▪

5 outubro 2016

7 = A alteração do artigo 5º na Diretiva de 2015 é muito mais profunda: enquanto que nas duas Diretivas anteriores a disposição dizia respeito aos “Direitos conferidos pela marca”, agora a epígrafe é “Motivos relativos de recusa ou de nulidade”.


DIREITO

OPINIÃO DE TÚLIO MACHADO ARAÚJO, PARTNER DA TÚLIO M ARAÚJO, CRISTINA CASTRO & ASSOCIADOS

Alterações recentes

no setor do Trabalho Temporário Por vezes é preferível pouco do que nada, dificultar o pouco é criar o nada e o que é temporário não deve ser tratado como definitivo

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pontos de vista

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interceção entre a procura e a oferta de trabalho vem sendo muito inconsequente nestas últimas décadas e o aparecimento e desaparecimento de algumas profissões e atividades tem obrigado a adaptações. Os despachantes quase desapareceram das alfândegas, o serviço de táxi começou agora a ser substituído por carros sem condutor, a reparação de computadores não existia há 30 anos e a comercialização pela internet lidera vendas. Mesmo em países de tradição gregária empresarial, de padrão japonês, os tempos mudaram. As empresas têm que se vocacionar para o que sabem fazer ou produzir. Isto passou a ser um ato dinâmico e deixou de ser um conhecimento depositado nuns dirigentes ou transmitido de mestre a aprendiz. Na noção de trabalhador inclui-se, agora, toda a cadeia hierárquica, abrangendo já o gerente ou administrador, contratado para o desempenhar. Cabe aos governos amortecer as consequências das mudanças abruptas, mas não consegue proibir, por decreto, que o mundo evolua. Um governo poderia penalizar o uso da internet, da pen ou do DVD, em defesa da cassete VHS. Poderia legislar no sentido dos carros e casas em que só se usasse cassetes pagariam 50% de IUC e IMI, para defesa da continuação da produção das cassetes. Mas por quanto tempo o poderia fazer e com que consequências? As empresas precisam de manter um agregado de colaboradores diretos, mas para a totalidade do trabalho pode ter que ser assegurado por trabalhadores vinculados a empresas de trabalho temporário, o que flexibiliza a oferta da mão de obra. Isso permite à cliente da empresa de trabalho temporário (empresa utilizadora) uma almofada de aumento e redução de pessoas, sem que ao mesmo tempo estas sofram um imediato despedimento. Será a empresa de trabalho temporário, a que estão vinculadas, que lhes assegurará trabalho noutra empresa utilizadora. Ademais não é regra a duração de um contrato de

trabalho, com uma empresa de trabalho temporário, exceder a duração da causa que o justifica e há sempre o limite dos dois anos. Mesmo no acréscimo excecional da atividade esse limite reduz-se a um ano e há até casos que a lei limita a meio ano. O que é provisório não deve ser eterno. Mas por vezes é preferível pouco do que nada e dificultar o pouco é criar o nada, tudo com ponderação. Está demonstrado que o nosso circulo de amigos é incapaz de nos encontrar um emprego, porque o leque de conhecidos dos nossos conhecidos pouco maior é do que aqueles que nós conhecemos. Já uma empresa de trabalho temporário conhece, pelo primeiro nome, os dirigentes das empresas utilizadoras que precisam de trabalhadores. E os direitos laborais dos que trabalham nessas empresas utilizadoras, são os mesmos dos trabalhadores diretos desta utilizadora. Legislar no sentido de penalizar o dinamismo empresarial e laboral, se não for uma legislação transitória, abranda de imediato as consequências negativas individuais, mas só pode criar desemprego a prazo. Em 23 de agosto a Lei n.º 28/2016 veio fazer uma alteração ao Código do Trabalho de 2009, tornando responsáveis subsidiários pelos créditos do trabalhador e pelos encargos sociais e pelo pagamento das coimas, a empresa de trabalho temporário, a empresa utilizadora, os respetivos gerentes, administradores e diretores, as sociedades que com a empresa de trabalho tempo-

rário ou o utilizador se encontrem em relação de participações recíprocas, de domínio ou de grupo. Em meu parecer, esta alteração era quase desnecessária porquanto os gerentes, administradores e / ou diretores das empresas de trabalho temporário eram já os que menos incumpriam, porquanto a licença da empresa, por força do artº 11.º da Lei n.º 5/2014 de 12/2 não lhes seria mantida se violasse algumas dessas obrigações e o montante da garantia bancária assegurava outras. Ser gerente ou administrador em Portugal é uma atividade temerária, sem ser reconhecida como tal. No caso de insucesso da empresa, o seu dirigente não só pode responder criminalmente (IVA, TSU, má gestão), como pode, pior do que isso, ficar com o seu nome na lista das finanças ou na do Banco de Portugal. Pior porque, na certidão de registo criminal, ao fim de 10 anos, deixa de constar a pena em que o tribunal condenou. Mas da lista das finanças e da do Banco de Portugal, sem ter havido julgamento, não é retirado sequer com a morte. Não há reinserção social (será constitucional?). Fala-se, agora, em legislar no sentido de limitar as renovações ao máximo de três do contrato de trabalho temporário, desta empresa com o trabalhador. Em termos político-jornalísticos esta alteração será interessante, termos em que não nos atrevemos a comentar. Juridicamente, impedir que uma pessoa seja de novo contratada para trabalhar, não parece ser um ato em defesa do trabalhador, dentro desse limite temporal dos dois anos. Nomeadamente, vai-se reprimir atividades sazonais, até algumas bem remuneradas, proibindo-as de se repetirem. A bala do canhão e a couraça do navio estão em constante antagonismo. A primeira aumenta o poder de penetração, a segunda aumenta o grau de resistência. O mercado fará o mesmo com o contrato de trabalho com empresas de trabalho temporário. Por isso em vez de penalizar e dificultar o que é a tendência natural, seria mais didático incentivar quem tem boas práticas.▪


DIREITO

opinião de Manuel Teixeira Gomes, Advogado na Sociedade “Gameiro e Associados”

Os Regimes de investimento

estrangeiro em Portugal e Brasil Nos dias que correm temos algumas disparidades nos regimes de investimento no Brasil e em Portugal.

atividade de Inovação, de Pesquisa Básica ou Aplicada, com caráter científico ou tecnológico. Esta exceção permite o investimento entre os anteriores 150 mil reais e os atuais 500 mil reais e é destinada a incentivar a proliferação das startups Concluindo, no que respeita ainda ao regime Brasileiro podemos referir que a equiparação ao cidadão Brasileiro é positiva mediante um investimento simbólico comparado ao que é exigido do outro lado do atlântico. Agora, debruçando-nos sobre o regime aplicado em Portugal ao investidor estrangeiro temos necessariamente que falar dos regimes da autorização de residência para atividade de investimento (vulgo Golden Visa) e o regime dos residentes não habituais. O Golden Visa consiste numa autorização de residência temporária para entrada e permanência em território português, para fins de investimento. Esta autorização de residência destina-se a ser atribuída a quem não seja cidadão de território da União Europeia, nem esteja sob sua aplicação. Uma das modalidades mais utilizadas e pela qual pode ser obtida esta autorização de residência, diz respeito à aquisição de imóveis de valor igual ou superior a 500 mil euros. Existe também a hipótese de investir em quotas ou acções de sociedades, mas aí o valor mínimo sobe para um milhão de euros. Daí ser mais recorrente o investimento em imóveis em Portugal por parte do cidadão estrangeiro bastanto apresentar o título aquisitivo ou promessa de aquisição dos bens imóveis a declaração de uma instituição financeira, atestando a transferência efectiva de capitais para aquela aquisição ou para pagamento do sinal da promessa de aquisição, no valor igual ou superior a 500 mil euros e a certidão predial da Conservatória do Registo Predial atualizada, da qual deve sempre constar o registo da aquisição ou da promessa de aquisição. No que respeita ao regime dos residentes não

habituais aplicado em Portugal cumpre referir que através deste é permitida a isenção da tributação de rendimentos em Portugal nos casos dos trabalhadores dependentes, independentes e também nos pensionistas se os rendimentos tiverem sido tributados na fonte e não sejam considerados à luz da lei como obtidos em território português. O sujeito passivo que seja considerado residente não habitual adquire o direito a ser tributado como tal pelo período de 10 anos consecutivos a partir do ano, inclusive, da sua inscrição como residente em território Português, tendo que cumprir o requisito da permanência todos os anos. Aqui o interessado deve solicitar, junto do Registo de Cadastro de Contribuintes da Autoridade Tributária e Aduaneira, a adesão ao regime dos RNH no ato da inscrição como residente em Portugal ou, posteriormente, até 31 de Março, inclusive, do ano seguinte àquele em que se tornar residente neste território sendo que apreciação e a concessão de cada pedido demora cerca de seis meses a ser obtida. Devem ainda ser preenchidos outros tipos de requisitos como: obter o número de identificação fiscal português, junto de qualquer Serviço de Finanças, proceder à abertura de uma conta bancária em Portugal, assim como deve o interessado proceder à inscrição na Segurança Social. Ora, vistos os regimes e comparando, podemos referir como inicialmente foi adiantado que entre os dois países temos três pontos de destaque. Primeiro nunca é demais destacar os valores envolvidos, enquanto que o valor no Brasil é representado na moeda local em 500 mil reais, em Portugal o mínimo aumenta por termos um investimento mínimo também de meio milhão, mas de euros. O segundo destaque é a da atribuição de algumas benesses em Portugal para o considerado “residente não habitual” seja ele estrangeiro ou nacional. Contudo, no Brasil em virtude do tratado de dupla tributação existente entre os dois países também temos a tributação apenas no país de destino. Por fim a terceira e última diferença prende-se com o facto de em Portugal se dar primazia e maior facilidade ao investidor singular através do investimento imobiliário, enquanto que no Brasil é dada primazia ao investidor individual mas através do investimento numa empresa, que até pode ser sua. Assim, temos dois primas de um paradigma que é o investimento estrangeiro: de um lado um investimento mais alto e mais imediatista (em virtude da moeda e da aquisição do imóvel- Portugal), por outro temos um investimento virado para o empreendedor, mais baixo e com plano evolutivo empresarial (em virtude da moeda e do investimento societário- Brasil). Cada nacional em cada caso poderá estranhar o modelo utilizado por ser diferente do aplicado no seu país, e terá que necessariamente toldar o seu pensamento para uma realidade diferente de investimento... ▪

7 OUTUBRO 2016

H

oje propõe-se um curto enquadramento dos regimes dos dois países, que, separados pelo oceano atlântico encontram-se separados também nos seus regimes e incentivos ao investimento estrangeiro, o que reflete também a disparidade na procura ao acesso a estes mesmos regimes. No que diz respeito ao regime Brasileiro, vimos há um ano uma mudança legislativa que fez aumentar o valor mínimo de investimento, que não se compara ao exigido e praticado em Portugal, não se comparando também os incentivos e vantagens advenientes desses mesmos regimes. Assim, temos do lado do regime Brasileiro um visto permanente atribuído pelo prazo inicial de três anos sujeito a uma renovação que o tornará efetivamente permanente. Este, é atribuído ao investidor singular estrangeiro que realizar um investimento mínimo de quinhentos mil reais (anteriormente estava fixado nos cento e cinquenta mil reais) na empresa brasileira da qual for sócio. O investimento deve ser realizado em dinheiro e como prova do investimento realizado, deve ser apresentado do registo do investimento estrangeiro no Banco Central do Brasil através dos documentos societários que evidenciam o aumento de capital devidamente efetuado, como se costuma designar no brasil, “integralizado”. Como tal, devemos ver cumpridos uma série de passos para a obtenção do título de residente permanente que vão desde coisas tão simples como: a obtenção do CPF – Cadastro de Pessoas Físicas, que é o identificador fiscal do estrangeiro e a constituição da empresa para obtenção do CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, que é o identificador fiscal da empresa. Conforme já foi referido, o próximo passo para a continuação de todo o processo passa pelo credenciamento da empresa no Banco Central do Brasil posterior registo do capital ingressado no país, assim como a capitalização da empresa com a remessa dos recursos em moeda estrangeira ao Brasil. Por fim temos o pedido do visto para o investidor estrangeiro e de seus dependentes na imigração brasileira, passando pela aplicação do visto no passaporte do estrangeiro bem como dos seus dependentes no Consulado brasileiro no exterior a solicitação do RNE (registo nacional de estrangeiro) e dos seus dependentes na Polícia Federal brasileira após seu retorno ao Brasil. Estes são os trâmites essenciais para a obtenção de um visto de investidor que dará ao cidadão estrangeiros todos os direitos e deveres que tem um cidadão brasileiro à exceção de poder votar. Note-se ainda que também é possível utilizar recursos investidos em imóveis e outros bens no país. A última alteração da lei que regula este regime introduziu ainda uma exceção para o empreendedor de outra nacionalidade que pretenda fixar-se no Brasil com o propósito de investir em


TEMA DE CAPA

» O DIREITO NO BRASIL E EM PORTUGAL

“O Advogado português é uma mais-valia nos países de língua oficial portuguesa” A Advocacia e o Direito em Portugal e no Brasil. Que desafios se colocam aos profissionais de advocacia lusos em Terra de Vera Cruz? Que histórias de sucesso e quais os novos horizontes? A Revista Pontos de Vista conversou com Helder Ferreira, Advogado e Fundador da Helder Ferreira & Associados - Sociedade de Advogados, sendo ainda um dos mais prestigiados advogados em Portugal e que constituiu uma Sociedade de Advogados com a designação A&MF, Marcio Accioly e Moura Ferreira – Advocacia. Conheça mais. Conheça novos paradigmas da advocacia. Conheça pela voz de um Advogado conhecedor de ambos os países.

Q pontos de vista

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ual o panorama da advocacia quer no Brasil, que por um lado, enfrenta uma crise política, quer em Portugal, com a crise económica? Na realidade o panorama da Advocacia em Portugal, devido à crise económica, origina novos desafios que os Advogados Portugueses têm de vencer, nomeadamente abarcando mais áreas de direito e se possível abrirem novos horizontes como a Internacionalização dos seus serviços. A crise política do Brasil, tratando-se de um país com grande riqueza natural, embora afete a disponibilidade financeira das famílias, creio que será de curto prazo a duração dessa mesma crise.

à justiça com muita regularidade, ao contrário do que se passa em Portugal.

O que representa a internacionalização dos advogados portugueses? Os novos horizontes dos advogados portugueses a que me referi, são normalmente histórias de sucesso uma vez que além dos nossos cursos de direito bem como das exigências justas da nossa Ordem dos Advogados, tornam o advogado português uma mais valia técnica nos países de língua oficial portuguesa, além de que o principal segredo para esse sucesso se consubstancia numa eficiente gestão dos escritórios internacionalizados

Que tipos de vistos existem e que recomendações devem ser seguidas quando se pretende viver no Brasil? Os tipos de vistos que existem já foram referidos anteriormente.

No Brasil, a baixa escolaridade e a pouca qualidade na educação pública aumentam a importância do advogado? De que forma? Não considero que no Brasil exista uma baixa escolaridade e pouca qualidade de educação pública, tratando-se somente de uma questão de cultura diferente da europeia. Na realidade, a importância dos Advogados no Brasil é muito grande pois o cidadão brasileiro recorre

Que acompanhamento é necessário na obtenção do visto? Que considerações são feitas? Para obtenção dos diversos tipos de vistos os quais já referi, é sempre necessário o acompanhamento pelo advogado, uma vez que se trata de várias normas provenientes dos tratados de amizade cooperação e consulta observadas pelos dois países, tornando-se complicado a qualquer pessoa as burocracias e o conhecimento de tais normas para um aboa finalização dos processos de vistos.

Como explica a importância de consultoria jurídica no momento de encontrar casa para morar? É muito importante, senão fundamental, a consultoria jurídica quando o cidadão português quer encontrar casa para viver uma vez que as leis do inquilinato são muito diferentes da lei do inquilinato portuguesa. Por isso, o acompanhamento por um advogado é crucial. Comprar ou arrendar? O que é mais aconselhável? Se o cidadão português for residir no Brasil, com caráter definitivo, coloca-se a questão de comprar ou arrendar casa. Aconselho vivamen-

te a que inicialmente arrende uma casa até verificar que é exatamente o Brasil o país onde quer viver e, posteriormente, se as condições financeiras lhe permitirem adquirir uma casa própria. Tudo isto com o acompanhamento de uma imobiliária segura e de um advogado. Tenho conhecimento pessoal de portugueses que alugaram e /ou compraram casa para residir em João Pessoa, através da Imobiliária Remax Divina (não querendo fazer publicidade) e que foi um êxito. Revistas internacionais de reputação de nomeada, consideram João Pessoa, capital da Paraíba, um dos quatro melhores destinos para um estrangeiro viver, atendendo a que as praias e o clima são excelentes e que se vive em tranquilidade Os Tratados assinados pelos dois países garantem aos cidadãos segurança e estabilidade quando falamos imigração? Os tratados assinados entre os dois países garantem aos cidadãos Portugueses que querem imigrar tanto segurança como estabilidade, desde que sejam possuidores dos respetivos vistos, analisados anteriormente, devido ao princípio da reciprocidade existente entre os dois países. O Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta, estabelece direitos e deveres iguais para cidadãos portugueses no Brasil assim como para cidadãos brasileiros em Portugal. No entanto existem alguns requisitos, posto isto, quem pode beneficiar deste estatuto? Os portugueses, depois de obtido o visto que mais lhe interesse, após um ano dessa obtenção têm possibilidade de requerer a igualdade de direitos. ▪


Opinião de Helder Ferreira, Advogado e Fundador da Helder Ferreira & Associados - Sociedade de Advogados

Brasil e Portugal

FOTO: DIANA QUINTELA

FOTO: DIANA QUINTELA

Onde o Direito é muito semelhante

Um advogado ou sociedade de advogados, para conseguir tem destaque no contexto atual e atendendo à crise que continua a persistir em Portugal e demais países europeus, cujo fim estará muito distante, deverá, sendo advogado individual, tratar de todos os ramos de direito, isto é, ser advogado generalista, tarefa que, em minha opinião, se torna deveras difícil, pois não é fácil para um advogado abarcar, com profundidade todos os ramos do Direito.

Helder Ferreira

Advogado e Fundador da Helder Ferreira & Associados Sociedade de Advogados Após a licenciatura em Direito, pela Faculdade Clássica da Universidade de Lisboa, exerceu as funções de monitor das aulas práticas de Direito das Obrigações na Faculdade de Direito de Lisboa. Exerceu as funções docentes, agora como Assistente de Direito Processual Civil declarativo e Direito Processual Civil Executivo ministrado ao 3º ano e 4º ano jurídicos na Universidade Livre e, posteriormente, durante sete anos, na Universidade Lusíada de Lisboa. Exerceu o cargo de Diretor do Contencioso dos CTT-Correios de Portugal, SA., onde exerceu também as funções de jurista/Advogado, durante cerca de 23 anos. Exercício liberal da advocacia durante cerca de 38 anos, sendo advogado de “barra”. Fundou a Helder Ferreira & Associados, Sociedade de Advogados, RL, há muitos anos. A HF Advogados tem atualmente como Executivas: Rita D. Ferreira e a Marina Coelho de Almeida, alem de vários associados e advogados estagiários. Formou com o Professor Márcio Accioly, - ADVOCACIA, com sede em Joao Pessoa, Paraíba, Brasil.

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vogados. Assim, um desafio importante para as sociedades de advogados e que é aliciante, em sede de motivação própria, é a internacionalização dessas mesmas parcerias. Entendo que essa atuação, a nível internacional, se deve executar em países de língua oficial portuguesa, por ser muito mais fácil a adaptação. A HF ADVOGADOS, através de mim, sócio fundador, aliou-se a um ilustre advogado brasileiro, o Professor Márcio Accioly e constituiu uma sociedade de advogados em João Pessoa, capital da Paraíba-Brasil. Considero a cidade de João Pessoa, um local muito agradável para se viver, bem como é comentado que João Pessoa integra uma das quatro melhores cidades do Mundo para se viver. Tem tandos argumentos positivos. É uma Cidade com praias excelentes, clima excecional, onde variação é pequena, mantendo-se nos 30º/24º, sendo uma zona de pouco turismo, devido à falta de divulgação. Além disso, a criminalidade em João Pessoa, ao contrário de outras zonas do Brasil, é reduzida, o que nos proporciona um sentimento de segurança, absolutamente vital quando apostamos no universo externo/internacional. É fácil para o advogado português, não só o processo de inscrição na OAB, devido à reciprocidade existente entre Portugal e o Brasil, como exercer a advocacia, pois o Direito é muito semelhante. ▪

9 OUTUBRO 2016

quem é

elativamente às sociedades de advogados, interessa compreender, que as mesmas devem incluir colegas com grande experiência em áreas específicas do Direito, tendo núcleos de advogados “especialistas” em todos os pretendidos pelos clientes. Na realidade, com mais de 30 anos de exercício da advocacia, tenho consciência que, apesar da evolução informática e de todas as inovações que foram sendo criadas e projetadas, que muito ajuda os agentes judiciais, existe a contrapartida que a rapidez encontrada não tem correspondência nos tribunais. Quero dizer com tudo isto, que as delongas judiciais são abismais e incríveis, em todas as áreas de direito. Assim, não considero e tenho a certeza que se trata de uma missão impossível para os juízes, procuradores e funcionários judiciais, pois o volume de processos é muito superior ao correspondente número de magistrados e funcionários que deveriam existir. Justiça mais eficiente? Para a justiça ser eficiente é necessário que os processos sejam decididos em tempo muito menor que o atual. Assim como o Estado não investe o suficiente na saúde e na educação, também não investe na justiça o suficiente. Daí o descrédito das pessoas no sistema de justiça e com toda a razão. Por isso existem reptos e principalmente no domínio das sociedades de ad-


TEMA DE CAPA

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Considerações sobre inquilinato à REMAX Divina

uanto à vistoria ao imóvel pelo locador durante a vigência do contrato de locação. O locatário tem obrigação de permiti-la? O locador ou seu mandatário pode, durante a vigência do contrato de locação, vistoriar o imóvel para fins de constatação de como anda o estado físico do seu bem, sua manutenção e preservação, assim como vistoriar o imóvel para fins de venda e alienação do bem à terceiro. Conforme disposição do art. 23, inciso IX, da Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/91 alterada pelas leis nº. 12.112/09 e nº 12.744/12) “o locatário deve permitir a vistoria do imóvel pelo locador ou por seu mandatário, mediante combinação prévia de dia e hora, bem como admitir que seja o mesmo visitado e examinado por terceiros, na hipótese prevista no art. 27”. Dessa forma, o locador tem direito assegurado pela referida lei de vistoriar o imóvel durante a vigência do contrato de locação, sendo o locatário obrigado por lei a permitir essa vistoria, desde o início da locação até o encerramento do contrato, desde que combinada previamente o dia e a hora da visita.

pontos de vista

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Sobre os prazos dos contratos de locação imobiliária, quais aspetos merecem destaque ao leitor? A Lei do inquilinato sugere o prazo de 30 meses para o contrato de locação residencial, como preceitua o art. 46, da lei do Inquilinato: “Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a trinta meses, a resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso”. Nessa linha de entendimento, verificamos no texto legal que, no contrato com prazo igual ou superior a dois anos e seis meses (30 meses), o término do prazo fixado implica na resolução automática do contrato, isto é, sem que haja necessidade de notificação ou aviso prévio. Ademais, se o locador desejar pode reaver o imóvel dando o prazo de 30 dias ao inquilino para desocupação, a qualquer tempo após o encerramento, sem qualquer necessidade de justificativa. Em caso de não desocupação, conforme aduzido acima, poderá o locador se utilizar de uma ação judicial denominada AÇÃO DE DESPEJO em que dentro desta poderá ser requerida uma medida liminar ou tutela de urgência, onde o locador deverá recolher três aluguéis antecipados a ser depositado em juízo para que a mesma ação possa prosseguir. Na hipótese da mesma ação ser proposta sem pedido de liminar/ tutela de urgência não haverá necessidade de ter-se que recolher previamente as mencionadas cauções (alugueis). Por outro lado, no contrato residencial cujo prazo estabelecido é inferior a 30 meses, a retomada do imóvel só poderá ser realizada após cinco anos ininterruptos de locação ou se identificado os casos definidos nos incisos do art. 47 da Lei do Inquilinato, dentre eles estão: mútuo acordo, infração legal ou contratual, falta de pagamento do aluguel e encargos, reparos urgentes determinados pelo Poder Público, extinção do contrato de trabalho, se for pedido para uso próprio. Quanto à locação comercial, o art. 51, da lei de Inquilinato, estabelece ao locatário a renovação do

contrato por igual período, no entanto, a aludida lei não prevê expressamente o termo “automaticamente”, logo mesmo inexistindo tal expressão a renovação deverá ser por presunção automática. O locador pode exigir o pagamento antecipado do aluguel? O locador não poderá exigir o pagamento antecipado do aluguel, salvo na locação para temporada e na hipótese do art. 42, que traz a possibilidade do locador exigir do locatário o pagamento do aluguel e encargos até o sexto dia útil de cada mês vincendo, desde que a locação não esteja garantida por caução, fiança, seguro de fiança locatícia ou cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento (modalidades de garantia previstas no art. 37, da Lei do inquilinato). Todo e qualquer contrato de locação exige uma garantia para assegurar ao locador o devido cumprimento da obrigação. Quais são as modalidades de garantia locatícia? Conforme já mencionamos anteriormente, o art. 37 da lei do Inquilinato estabelece as modalidades de garantia que o locador pode exigir do locatário no contrato de locação, quais sejam: caução, fiança, seguro de fiança locatícia ou cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. Caução: garantia dada em bens móveis (registrada no Cartório de Títulos e Documentos) ou imóveis (averbada à margem da matrícula do respetivo imóvel, objeto da locação, no Cartório de Registro de imóveis a qual pertence). Além disso, há possibilidade da exigência da caução em dinheiro que será depositada em caderneta de poupança e não poderá exceder o equivalente a três meses de aluguel. Fiança: Garantia pessoal concedida por terceiro em favor do locador em que o fiador garante satisfazer a obrigação assumida pelo locatário, caso este não a cumpra (art. 818,CC). Seguro de fiança locatícia: Substitui o fiador nos contratos de locação e garante o pagamento do aluguel e dos demais encargos do locatário em caso de inadimplência. Tal modalidade funciona a partir da contratação de uma apólice de seguro pelo locatário, cujo locador é o único beneficiário, que abrangerá a totalidade das obrigações do locatário. Cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento: Nesta modalidade, o pretenso locatário oferece como garantia ao locador um fundo de investimento, negociado ou não em bolsa, subordinado à tutela da Comissão de Valores Mobiliários para administração de sua carteira e rendimentos. Conforme estabelece art. 76, da lei 11.196/05. As cotas do fundo garantidor ficam indisponíveis, inalienáveis e impenhoráveis enquanto permanecer a relação de locação. Por fim, importa ressaltar que o texto legal veda a utilização de mais de uma modalidade de garantia no contrato de locação (art. 37, parágrafo único, da Lei de Inquilinato) O mundo sabe que o Brasil passa por uma crise econômica, política e financeira. Para tanto, comente a respeito da rentabilidade da locação. Apesar da presente e atual crise que o Brasil vem enfrentando, abalando por consequência todos os setores importantes e ligados à economia, entende-

mos que a locação ainda é considerada a mais vantajosa opção de renda fixa ao locador, “proprietário”, bem como, constitui a melhor forma de conservação aos imóveis desocupados, isto é, aqueles em que o locador não se encontra residindo. Assim, a rentabilidade da locação associada a projeção de valorização é uma das principais causas para aquisição de um imóvel e o meio mais eficiente para apurar o aluguel do mesmo, considerando o valor do mercado, as condições do bem e o fator de comercialização. Importa ainda salientar, que o aluguel não tem incidência de imposto e são geralmente ajustados de acordo com o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) da FGV, ou outros índices oficiais de correção. Negociar e administrar todas as questões que envolvem o mercado imobiliário exige do locador extenso conhecimento jurídico e administrativo. Quais as vantagens de contratar uma imobiliária que tem planos eficientes de administração ao seu imóvel? Não se pode negar que imóvel é um investimento, tanto para obter renda com o valor do aluguel, referente à locação do imóvel, quanto para venda. Por isso, uma locação bem sucedida requer profissionalismo, exigindo planos de locação com a intermediação de uma administradora diferenciada, como a REMAX DIVINA, que possui uma equipe administrativa e jurídica especializada para gerenciar e proporcionar a melhor rentabilidade à locação, além de assegurar e resguardar todos os direitos e garantias inerentes ao imóvel desde a celebração do contrato até a sua resolução e cumprimento da obrigação pelo locatário. Por outro lado, sem o intermédio da administradora, o locador ou proprietário do imóvel precisará se informar acerca do mercado imobiliário para desenvolver atividades que exigem conhecimentos legais e administrativos para gerenciar os planos de negociação e administração do imóvel para fins de locação ou venda. Precisam inclusive de grande disponibilidade de tempo para diligências de praxe, cobrar aluguel, preparar recibos e laudos de vistoria, elaborar um contrato que amarre todas as condições de uma locação ou venda, de acordo com previsão legal atualizada, fazer um trabalho prévio de análise financeira do promitente locatário, além de realizar consultas à órgãos de proteção de crédito, pedir e conferir certidões, exigir garantia (fiança, caução), tudo em razão da preservação dos direitos e garantias do locador previstas em lei. Portanto, é de grande relevância a intermediação de uma administradora imobiliária, pois, além de dar comodidade ao locador, resolvendo questões burocráticas, administrativas prévias à celebração contratual e durante o seu cumprimento, até o encerramento da obrigação, geram segurança jurídica ao proprietário do bem por ter certeza que está sendo assessorado por uma equipe de profissionais especializados e preparados para resolver as mais variadas questões imobiliárias e resguardar direitos referentes ao contrato de locação celebrado, através da sua assessoria jurídica. ▪ Accioly & Moura Ferreira Advocacia João Pessoa, Paraíba, Brasil.


PLANOS DE RECUPERAÇÃO FINANCEIRA

“É URGENTE UMA CLARIFICAÇÃO” “Pessoalmente, defendo a tese de que o PER (Processo Especial de Revitalização) deve aplicar-se também às famílias, por se tratar de um processo mais célere e menos estigmatizante do que o Processo de Insolvência com Plano de Pagamentos”, refere Iolanda Mouta Mendes, Sócia Fundadora da Pereira Mouta Mendes e Associados em entrevista à Revista Pontos de Vista.

O

O Governo diz que as famílias têm tanto direito a planos de recuperação financeira quanto as empresas, mas há tribunais a recusar acesso de particulares ao PER, pois a lei não distingue que devedores podem recorrer ao mecanismo. Qual é a alternativa ao PER?

IOLANDA MOUTA MENDES

Com efeito, alguns tribunais têm indeferido liminarmente os Processos Especiais de Revitalização, quando os requerentes são pessoas singulares. São situações preocupantes, porque a alternativa ao PER é o Incidente de Aprovação de Plano de Pagamentos (previsto nos artigos 251.º e seguintes do CIRE), no âmbito do qual o legislador estabelece um quórum de aprovação muito mais exigente. Além de que, o Plano de Pagamentos não suspende as acções executivas em curso e implica sempre a declaração de insolvência do devedor, ainda que com caráter limitado, se o Plano de Pagamentos for aprovado pelos Credores. Num mesmo tribunal, começa agora a haver juízes com interpretações distintas sobre se os pedidos das famílias em dificuldades devem ou não ser deferidos. O que parece ser consensual é que é urgente uma clarificação. Esta questão só se resolverá com jurisprudência ou com uma alteração legislativa? Concordo que é urgente uma clarificação, por uma questão de segurança jurídica e penso que a questão só se resolve com um Acórdão Uniformizador de Jurisprudência ou com uma alteração legislativa. Pessoalmente, defendo a tese de que o PER deve aplicar-se também às famílias, por se tratar de um processo mais célere

Os PER são uma alternativa aos processos de insolvência, para ser aplicada quando a situação financeira não é ainda tão grave, e que permitem traçar um plano de recuperação de forma mais célere, com mais incentivos para acordos com os credores, e com a vantagem de suspenderem ações de execução. A Pereira Mouta Mendes & Associados tem lidado com muitos processos destes? Sim, temos lidado com alguns Processos Especiais de Revitalização. Os devedores podem socorrer-se do PER quando se encontram em situação económica difícil, situação esta que é bem diferente da situação de insolvência. O PER é um processo que tem inúmeras vantagens para o devedor: é mais célere, menos estigmatizante, incentiva os credores a participar nas negociações, suspende acções executivas, permite ao devedor manter a sua atividade e o seu património e vincula todos os credores ao seu cumprimento. ▪

11 OUTUBRO 2016

A medida aprovada em Conselho de Ministros restringe adesão às empresas, mas o Ministério da Justiça garante que famílias vão poder continuar a recorrer a esta alternativa à insolvência. Nesta situação, estarão mesmo os particulares protegidos? Penso que os particulares não estão protegidos. Atualmente, os artigos 17.º-A a 17.º- I do CIRE, que regulam o Processo Especial de Revitalização, em momento algum referem que a sua aplicação está limitada às pessoas colectivas ou entidades equiparáveis, antes anunciando, expressamente, que o Processo de Revitalização pode ser utilizado “por todo o devedor”. Não obstante, existem diversos Acórdãos das Relações e do Supremo Tribunal de Justiça que têm defendido a tese de que só as empresas podem aceder ao PER, socorrendo-se da análise dos trabalhos preparatórios e do Preâmbulo do Diploma Legal que aprovou o mecanismo. No actual contexto de incerteza jurídica, é premente que o legislador esclareça a questão em definitivo, alterando a redacção da lei, no sentido de consagrar expressamente que as pessoas singulares podem aceder ao PER, sob pena de os particulares continuarem desprotegidos.

e menos estigmatizante do que o Processo de Insolvência com Plano de Pagamentos. Desde a entrada em vigor da Lei n.º 16/2012, de 20 de Abril, já muitas pessoas singulares acederam ao PER, na medida em que o legislador não restringiu este acesso, criando-se agora situações de desigualdade sob a égide do mesmo diploma legal. Além de que, o PER permite a inúmeras famílias evitar a sua declaração de insolvência, a qual tem consequências muito nefastas na sua esfera jurídica, designadamente a perda para a massa insolvente da casa de morada de família.

FOTO: DIREITOS RESERVADOS

Governo vai tornar mais difícil o acesso ao Processo Especial de Revitalização (PER), uma alternativa à insolvência que nos últimos quatro anos foi usada por quase oito mil famílias e empresas. A intenção é apertar ainda mais os critérios de adesão a este mecanismo, aumentar o quórum de credores necessário para avançar com a recuperação financeira e exigir certificados que comprovem que o devedor ainda não está falido. O que significa esta alteração para os portugueses e o país? Na minha opinião, esta alteração legislativa, a concretizar-se, irá traduzir-se numa redução da importância prática do recurso ao Processo Especial de Revitalização, com consequências muito nefastas para as famílias e para as empresas. Na verdade, é muito difícil que 10% dos Credores não subordinados (pessoas não relacionadas com o Devedor) avalizem o recurso do Devedor ao PER, pois, os Credores receiam que tal implique desde logo assentir num Plano de Recuperação, que preveja condições de pagamento menos favoráveis para si. Por outro lado, exigir que um TOC emita uma Declaração atestando que o Devedor não se encontra em situação de insolvência, também me parece uma exigência desprovida de sentido, já que o conceito de insolvência é eminentemente jurídico, encontrando-se definido no artigo 3.º do CIRE.


O PANORAMA DA ADVOCACIA EM PORTUGAL

» TM LEGAL EM GRANDE ENTREVISTA

“O ADVOGADO TEM DE SER UM INSTRUMENTO PARA A SUSTENTABILIDADE” Com uma vasta experiência em internacionalização de empresas, Teresa Mendes é Sócia Co-Fundadora da TM LEGAL. Foi precisamente a sua experiência que a levou a tomar a decisão de fundar uma sociedade de advogados assente em valores como a proximidade, a disponibilidade, o pragmatismo e a transparência. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, a Advogada falounos um pouco sobre a situação do país, o conceito da sociedade e a sua forma de atuar no mercado. A CRISE ECONÓMICA E O SEU REFLEXO NA ADVOCACIA

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crise económica teve obviamente impacto no setor da sdvocacia, para além de ter tido o efeito de retracção do próprio mercado dos advogados, penso que tal, como nos mais variados sectores da actividade económica, levou à redução dos preços dos serviços prestados e exigiu, a nosso ver, destes profissionais atitudes, técnicas e formas diferenciadoras de abordar os problemas das empresas. É nos momentos difíceis que surgem as grandes oportunidades”, começa por referir Teresa Mendes Em 2011, os bancos fecharam o crédito à tesouraria das empresas, o dinheiro deixou de chegar para fazer face aos compromissos dos empresários, o que teve desde logo dois efeitos imediatos: um, aumentou de forma acentuada o crédito vencido e, outro, disparou o desemprego.

DESEMPREGO

A crise teve e continua a ter um grande impacto na taxa de desemprego continuando-se a falar constantemente em despedimentos em massa, exigindo uma forte intervenção dos advogados na condução de processos de despedimentos. Quadro II - Despedimentos coletivos (2005-2015)

CRÉDITO VENCIDO E MOROSIDADE DOS TRIBUNAIS fonte: Base de dados, DSRP, DGERT, MTSSS (2005-2015) Duração média das acções executivas cíveis findas (2005-2013)

pontos de vista

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fonte: Direcção Geral da Politica de Justiça”

Os processos em tribunal continuam a registar uma morosidade de mais de três anos no que diz respeito às ações executivas. “A reforma do processo civil de 2013 terá melhorado um pouco esta média, mas ainda se deve situar em mais de dois anos”, afirma Teresa Mendes. Comentando as diversas fases processuais, Andreia Almeida, uma das responsáveis da área das cobranças, explica que “atuamos muito e de forma muito incisiva na fase de pré-contencioso e nunca deixamos que uma penhora no local ocorra sem a nossa presença, faz toda a diferença estarmos lá e a fazer o máximo para que o cliente receba, pois esta é, muitas vezes, a última hipótese para que tal aconteça”. “Estamos muito contentes com os resultados das cobranças em 2015, tivemos vários clientes que em menos de um ano, recuperaram cerca de 70% da sua carteira de crédito vencido”, avança Teresa Mendes.

Teresa Mendes e Pedro Santos destacam o seguinte do quadro acima: “É interessante atender que do total de efetivos despedidos em 2012, somente 1% tenham cessado o seu contrato por revogação, ou seja por acordo, e em 2015 esse número não vai além de 1,7%”, refere Pedro Santos. Em 2015, 5.236 pessoas foram despedidas, sendo que, para além do peso que este número de desempregados tem para o Estado, no que se refere ao subsídio de desemprego, as empresas tiveram que pagar a totalidade das indemnizações legais devidas pelo despedimento. Teresa Mendes recorda que “precisamente em 2011, vimo-nos confrontados com diversas empresas que, para se salvarem e ainda salvar alguns postos de trabalho, não tinham dinheiro para pagar a totalidade das indemnizações legais, mas tinham viabilidade comercial. No meio de tal limitação, desenvolvemos um método próprio que, numa média que se situa em cinco dias e não em 75 dias, como pode acontecer nos despedimentos colectivos ou por extinção de posto de trabalho, conseguimos através do método da revogação, acordar a cessação do contrato de trabalho, num ambiente, que apesar da envolvência, podemos considerar bom, e com ganhos imediatos para a tesouraria das empresa, conseguindo uma poupança para as empresas que, em 2015, foi de 48,21%, o que tem também uma

outra vantagem: os casos que terminam por acordo não são impugnados em Tribunal e, como tal, não engrossam a coluna volumosa e lenta de processos pendentes nos Tribunais de Trabalho”, regista.

A DINÂMICA DA TM LEGAL

Uma das preocupações da TM LEGAL aquando da sua fundação foi distinguir-se pelo valor do seu trabalho e não tanto pelo nome de quem constituía a empresa. “Sete anos volvidos, vamos alterar a marca de TML, sendo que a nova marca pretende expressar o que se refere acima de forma inequívoca, o L converte-se em legal, forma abrangente de designar a actividade jurídica, que vai além da advocacia e da consultoria, pretendendo abranger todas as envolvências legais que às empresas e clientes em geral digam respeito; e o TM na forma do símbolo de TRADE MARK, para que a nossa intervenção seja sentida com um cunho muito particular de profissionalismo especializado, sendo que pretendemos deixar com o nosso trabalho uma marca indelével de quem sabe o que as empresas e os clientes precisam e que acredita firmemente que o conhecimento jurídico é factor de eficiência e sustentabilidade, afirma Teresa Mendes. Para a TM LEGAL, as empresas devem ter fácil acesso ao aconselhamento jurídico especiali-


Quando uma tomada de decisão terá repercussões a outros níveis para além da área do direito que estamos a trabalhar, propomos imediatamente procedimentos e alternativas para que esses aspetos não sejam descurados

FOTO: DIANA QUINTELA

TERESA MENDES

jurídico em tomadas de decisões e no desenvolvimento de processos”, explica Andreia Almeida. Pedro Santos vem reforçar a ideia da “utilidade de um advogado para o cliente”. “É isso que procuramos ser para cada cliente e em todos os trabalhos a que nos propomos”, afirma o nosso entrevistado.

A INTERNACIONALIZAÇÃO E O MERCADO GLOBAL

Uma das áreas de atuação da TM LEGAL assenta na vertente da internacionalização. “Já trabalhei em muitos continentes e culturas: África do Sul; Irlanda; Tanzânia; Grécia; Índia; Tunísia; Egipto; Itália; Cabo Verde; Suécia; Reino Unido; Holanda; Brasil; Estados Unidos da América; Turquia; Brasil; Espanha; Argélia e Nigéria. A verdade é que a extensão das operações a mercados estrangeiros, facilitada pelos processos de “regionalização dos mercados” e de globalização, é uma opção estratégica à qual as empresas recorrem cada vez mais”, observa Teresa Mendes.

Aqui, também a experiência de Teresa Mendes em internacionalização é fulcral. Tendo sido responsável dessa área durante oito anos no Grupo CIMPOR verificou que, inúmeras vezes, os advogados especialistas e excelentes profissionais tecnicamente, não tinham uma visão empresarial, nem se preocupavam com o que os administradores pretendiam ou com as consequências das decisões das empresas em diversos aspetos. Assim, a fundadora da TM LEGAL rápido percebeu que um advogado tem de estar sempre ao lado de quem está a decidir e conhecer toda a dinâmica e os assuntos relacionados com determinada empresa para conseguir responder de uma forma eficaz aos serviços que são solicitados. A disponibilidade tem de ser total, principalmente quando se trata de empresas que se estão a internacionalizar ou pretendem preparar-se para o mercado global. “Temos de saber falar a linguagem empresarial, entendê-la e colocá-la ao serviço da área jurídi-

13 OUTUBRO 2016

zado. E este acompanhamento jurídico deve ser feito de uma forma plena e integrada, pelo que, para a TM LEGAL não é o cliente que tem de se dirigir ao escritório, mas sim os advogados às instalações do cliente no sentido de compreender a cultura da empresa e as suas necessidades para poder dar uma resposta mais célere e eficiente. Quando, em 2009, Teresa Mendes decidiu fundar a TM LEGAL, o fito era ser uma sociedade vocacionada para o universo empresarial. “Penso que conseguimos o nosso objetivo, de sermos reconhecidos pela capacidade de entender os problemas dos empresários, muitos vêm ter connosco para os ajudar a pensar e avaliar aspetos que vão muito para além do estritamente jurídico”. Com uma sociedade de advogados direcionada para as PME´s de forma especializada nas diferentes áreas, a TM LEGAL tem uma visão empresarial, procurando pensar de uma forma semelhante aos empresários. “Não quero alguém que complique o negócio, mas sim alguém que fomente e promova resultados”, afirmam muitos dos clientes. A TM LEGAL procura, assim, trabalhar sempre com uma linguagem simples e objetiva junto dos seus clientes, num contexto de proximidade e de envolvência total. “Quando acompanhamos juridicamente um cliente se percebermos que uma tomada de decisão terá repercussões a outros níveis para além da área do direito que estamos a trabalhar, propomos imediatamente procedimentos e alternativas para que esses aspectos não sejam descurados”, refere a fundadora da TM LEGAL. Por outro lado, a sociedade de advogados procura também consciencializar as empresas e particulares para a importância de recorrer a um advogado sem ser “em ultima instância ou quando há um problema ou algo para resolver”. “Queremos que as empresas e organizações tenham a noção da importância do acompanhamento


O PANORAMA DA ADVOCACIA EM PORTUGAL

» TM LEGAL EM GRANDE ENTREVISTA

PEDRO SANTOS

ANDREIA ALMEIDA

Pedro Santos vem reforçar a ideia da “utilidade de um advogado para o cliente”. “É isso que procuramos ser para cada cliente e em todos os trabalhos a que nos propomos

ca. Foi esta visão que pretendi trazer para esta sociedade de advogados”, refere Teresa Mendes que a par do cargo exercido no Grupo CIMPOR, foi responsável pelo apoio jurídico à área da expansão, património e licenciamento do Grupo Jerónimo Martins, tendo sido responsável pela aquisição e arrendamento de setenta lojas daquele Grupo.

pontos de vista

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LIDERANÇA PARTILHADA

Devido ao seu vasto percurso profissional e à experiência adquirida, Teresa Mendes percebeu que a partilha e o espírito de equipa eram cruciais em qualquer atividade. O início da carreira da nossa entrevistada foi marcado pela “especialização, polivalência, espírito da equipa, responsabilidade e acompanhamento constante com os conselhos de administração”. “Estávamos sempre disponíveis e estudávamos diariamente em horário pós-laboral para nos especializarmos nas áreas que o crescimento do Grupo exigia”, explica Teresa Mendes. Atualmente a TM LEGAL é constituída maioritariamente por mulheres, todavia para Teresa Mendes neste momento isso é uma mera circunstância histórica, não fazendo nenhuma questão que assim seja, “amanhã pode ser o contrário”, afirma. Refere mesmo que está muito habituada a trabalhar em ambientes em que é a única mulher, foi o que aconteceu quando esteve oito anos envolvida no processo de internacionalização da CIMPOR, onde, especialmente nos países árabes, era muitas vezes a única

Queremos que as empresas e organizações tenham a noção da importância do acompanhamento jurídico em tomadas de decisões e no desenvolvimento de processos

mulher na sala de trabalho ou de negociações. Questionada sobre as diferenças entre a liderança no feminino e a liderança no masculino, afirma: “talvez possamos dizer que a Liderança no masculino é triangular e a Liderança no feminino é circular, quer com isto dizer que o homem prefere marcar a sua posição hierarquicamente, situando-se no topo e a mulher prefere estar no meio da sua equipa”. Reconhece que se sente bem em partilhar constantemente objectivos, visão, planos e ideias e que da interacção de todos nasce sempre algo muito melhor do que da estratificação de posições. É acérrima defensora do princípio “o todo é maior que a soma das partes”, por isso cultiva, desde que se conhece profissionalmente, o espírito de equipa e a partilha constante de conhecimento e de ideias. «A este respeito um membro da sua equipa, Patrícia Pereira, que a acompanha desde o início da TM LEGAL afirma: “a Teresa é muito profissional e atenta a todos os pormenores; é uma pessoa muito humana, gosta e importa-se com a opinião de todos e que todos se sintam confortáveis”. «É com esta visão que gere a TM LEGAL e que está agora a reforçar a equipa com gente jovem, mas de muito valor, não tendo qualquer receio de partilhar com eles a própria estrutura de capital. «A TM LEGAL está também envolvida em projetos novos, de formação e de empreendedorismo, estando a sua equipa fortemente envolvida e motivada para abraçar novos desafios! ▪

TERESA MENDES & ASSOCIADOS, SOCIEDADE DE ADVOGADOS, SP, RL Parque das Nações Avenida D. João II No 12, 1o andar, Escritório 3, 1900-091 Lisboa - Portugal


PROJETOS A APRESENTAR NO ORÇAMENTO DO GOVERNO

» ARRENDAMENTO URBANO E ALOJAMENTO LOCAL

OPINIÃO de Romão Lavadinho, Presidente da Associação de Inquilinos Lisbonenses

DINAMIZAR O ARRENDAMENTO Há que corrigir urgentemente a enorme discrepância e injustiça na fiscalidade sobre o arrendamento e o alojamento local, com claro prejuízo do primeiro, que inegavelmente tem uma função social de grande relevo que o segundo não tem. Ao primeiro aplica-se uma taxa liberatória de 28% sobre o total das rendas. No segundo, o IRS incide apenas sobre 15% do rendimento anual auferido.

Sendo a habitação um direito humano e um bem essencial, há que tomar medidas administrativas e fiscais para dinamizar o arrendamento, com vista a satisfazer as necessidades da procura e a garantir um rendimento ajustado, estável e prolongado à propriedade do locado, contendo fatores minorativos relativos à vetustez e ao estado de conservação. Instituir um “SEGURO DE RENDA”, tendo em vista a credibilização e a confiança da sociedade e das partes no mercado de arrendamento. Relativamente ao arrendamento não habitacional, atendendo às diversas necessidades e diferentes especificidades, poderá ser autonomizado, em capítulo ou lei própria.

REGRAR A UTILIZAÇÃO DE APARTAMENTOS AFETOS AO TURISMO

O recente crescimento do turismo nas cidades e a consequente procura de alojamento mais acessível fora da oferta hoteleira, levou a que muitos proprietários afetassem apartamentos

a este serviço, desviando-os da habitação e do arrendamento. Tal crescimento induziu o Governo a determinar certa regulamentação sobre esta oferta, designadamente no sentido de a colocar sob a alçada fiscal, aproveitando também para arrecadar receita sobre o tradicional alojamento sazonal para férias. Mas, ao não se terem imposto limites razoáveis e aceitáveis à possibilidade de afetar apartamentos a esta indústria, tal resultou na utilização indiscriminada, desregrada e intensiva de inúmeros apartamentos em prédios de habitação, com arrendatários e/ou em condomínio, causando desnecessárias perturbações, incómodos, excessos, conflitos e despesas não previstas. Se o crescimento desta atividade veio trazer alguns benefícios à reabilitação do edificado, ao aumento dos rendimentos de proprietários e uma maior receita fiscal, veio também trazer algumas consequências negativas e preocupantes para as cidades e seus habitantes. Não se questionando satisfazer a procura de alojamento turístico em apartamentos, entende-se que se deve intervir, a exemplo de outras cidades europeias, de modo a regrar e disciplinar esta utilização. Haverá que não permitir a utilização para alojamento local de apartamentos destinados a habitação, sem a prévia autorização municipal de alteração de uso, com base no projeto para o qual foi licenciado, limitando, no máximo em 50%, os apartamentos para utilização afeta ao AL quando em prédios com locados arrendados e licenciados para habitação. Não permitir a utilização afeta ao AL de apartamentos em condomínios sem a prévia concordância dos condóminos, acrescido da obrigatoriedade de um seguro multirriscos. Impor regras de higiene e segurança idênticas às exigidas para a hotelaria e exercer a consequente fiscalização. ▪

15 OUTUBRO 2016

O

mercado de arrendamento habitacional apresenta uma enorme carência quanto à quantidade e qualidade da oferta e preços claramente excessivos para a disponibilidade das famílias que procuram e necessitam deste serviço. O mercado não funciona porque não responde às necessidades da procura e à sua função social. A política seguida foi centrada na aquisição, apoiando-a com facilidades no crédito, isenção de impostos e taxas, bonificação de juros, com o consequente endividamento das famílias, dos bancos e do Estado, e que contribuiu inegavelmente para a obsolescência do arrendamento. Mais recentemente, o crescimento do turismo de curta duração nas cidades veio originar a brusca e intensa transferência de casas do arrendamento para o alojamento local, por ter um rendimento superior e uma fiscalidade mais favorável. Sendo a habitação um direito humano e um bem essencial, há que tomar medidas administrativas e fiscais para dinamizar o arrendamento, com vista a satisfazer as necessidades da procura e a garantir um rendimento ajustado, estável e prolongado à propriedade. Haverá, então, que considerar o arrendamento uma atividade económica, com regras próprias face à sua natureza e função social e atribuir aos municípios competências e responsabilidades na intervenção no mercado e na definição de regras locais. Estabelecer uma política fiscal que alivie os encargos sobre a propriedade arrendada e que contribua para incentivar os proprietários a colocar no mercado de arrendamento fogos com rendas comportáveis. Permitir aos inquilinos a dedução de todas as rendas em sede de IRS, até ao montante de uma vez e meia da RMN. Estabelecer o conceito de “RENDA ACESSÍVEL”, assente num valor máximo de 1/25 sobre o VPT


XII CONGRESSO DOS ROC

» QUE PAPEL PARA A SUPERVISÃO?

CONGRESSO DOS ROC AUDITORIA NA SUPERVISÃO Os Revisores Oficiais de Contas reuniram-se num Congresso sob o tema “Auditoria na Supervisão”, para mais um momento de discussão alargada sobre os desafios da profissão, a sua ligação ao contexto da Auditoria e a análise das boas práticas no setor.

O pontos de vista

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Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Ministro das Finanças, Mário Centeno, o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, Carlos Tavares, Presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, marcaram presença enquanto intervenientes do Congresso que se realizou em Lisboa nos dias 15 e 16 de setembro. Mário Centeno garantiu que “o Governo está atento para que se possa ponderar avaliar o quadro legal resultante da recente regulamentação europeia e está empenhado em aperfeiçoar e corrigir os aspetos pontuais que se mostrem necessários”. Carlos Tavares considerou que “mais importante do que estar agora a discutir os aperfeiçoamentos da lei, que são possíveis e desejáveis, é que a CMVM e a Ordem dos ROC trabalhem juntas no sentido de aplicar bem a lei, de forma sensata e construtiva. Têm de estar do mesmo lado, promover a qualidade da auditoria”, disse, referindo que “a tarefa de auditoria é imensa e que a CMVM não a pode fazer sozinha”, sublinhando ainda a competência que agora a CMVM passou a ter nos órgãos de fiscalização das sociedades e

considerando a colaboração da Ordem dos ROC (Revisores Oficiais de Contas) como “essencial”. José Azevedo Rodrigues, Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), explicou que “o processo de supervisão deve ser capaz de demonstrar que é portador para os agentes de um dos elementos fundamentais para a sociedade moderna, a confiança” e que este congresso “propõe-se a refletir sobre a atualidade da Auditoria e Supervisão, num momento de supervisão global face a uma lógica ativa de controlo democrático da sociedade sobre as instituições públicas e privadas. Sendo a Auditoria uma das áreas da supervisão, torna-se necessário refletir sobre os vários elementos que a influenciam, retirando lições e ensinamentos de como se torna possível realizar um controlo cruzado de diferentes instituições na economia nacional. Como organização aberta às melhores práticas e que sempre se tem pautado pelo rigor, confiança e evolução na atuação dos Auditores, esta iniciativa surge como fundamental para potenciar este debate entre os profissionais do setor, os seus responsáveis, dirigentes, gestores e o contexto no qual a Auditoria tem o seu lugar.” O bastonário lembrou ainda que a cooperação existente entre a ordem dos revisores oficiais de contas e a CMVM é fruto da boa vontade de ambas as instituições mas que o mesmo deveria estar previsto na lei. Ao longo dos painéis participaram personalidades como Miguel Cruz, Presidente do IAPMEI, Teixeira dos Santos, antigo Ministro das Finanças e António Mota, Presidente da Mota-Engil e Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal. O Presidente da República encerrou a sessão num discurso em que deu a conhecer que percebe como a profissão de revisor é “inglória” e que “resistir a tamanhos desafios é obra. Mas esse é o vosso dever e o essencial da vossa função social. Pode ser que alguém não vo-la reconheça. Não é o caso do Presidente da República, que vos testemunha o respeito e a devida consideração como protagonistas muito relevantes na nossa sociedade e na nossa economia”. ▪


A PALAVRA A… ORÇAMENTO DE ESTADO 2017

“A análise sobre o orçamento do estado para 2017 ganhará em ser compreensível para os portugueses… Com clareza e sem paixão… O orçamento para 2017 é uma oportunidade única para encontrarmos um rigor financeiro resultante dos compromissos europeus, de justiça social e de estímulo ao investimento. 2016 ou 2017 não são 2011 por mais tentador que seja. É bom que se tenha noção de que o mundo mudou e a Europa também”

Presidente da República

O CONGRESSO

“Quisemos trazer pessoas relevantes porque os últimos acontecimentos revelam que se não houver coesão entre todas as partes as coisas não funcionam. O exercício da profissão está muito exigenJosé Azevedo Rodrigues te. Não só praticamos Bastonário da Ordem auditoria como tamdos Revisores Oficiais de Contas bém somos controlados, no entanto, isso acarreta uma maior credibilidade e é útil para a sociedade nesse sentido para que o nosso trabalho seja reconhecido como de confiança”.

OS REVISORES OFICIAIS DE CONTAS “A tarefa dos revisores oficiais de contas é uma tarefa central para garantir transparência, credibilidade para garantir às empresas que cumprem as suas Manuel Caldeira Cabral Ministro da Economia obrigações fiscais. Mas é muito mais do que isso. Os revisores oficiais de contas são muitas vezes também os conselheiros, os companheiros de negócios. São quem está no dia-a-dia das empresas e quem conhece as dificuldades”.

CRESCIMENTO “Muitas das dificuldades que estamos a sentir no relançamento do crescimento e em particular do comportamento a que estamos a assistir no investimento, tem muito a ver com uma dose de incerteza quanto à conduTeixeira dos Santos ção do país nos próximos Antigo Ministro das Finanças tempos. É fundamental ser-se capaz de sinalizar o quadro de estabilidade política para que as pessoas saibam com o que contar. O país precisa de investir quer do tecido empresarial português como estrangeiro. Procurar investimentos que promovam a tecnologia e fomentem a inovação mas também precisamos de investimento nas pessoas”.

INVESTIMENTO ESTRANGEIRO “Não fui para o México para fugir aos impostos, só pago impostos em Portugal, só fui para o México porque preciso de uma banca forte, o que não existe em Portugal. Era preciAntónio Mota Presidente so uma Caixa Geral de da Mota-Engil Depósitos forte e era conveniente pelo menos mais um banco que tivesse maioritariamente capitais portugueses ou pelo menos com estruturas acionistas diferente das que existem”.

PME’S PORTUGUESAS “Os sistemas de incentivos são um instrumento muito importante para as empresas e que não é de banda larga. É um instrumento muito orientado para determinado tipo de empresas e para um conjunto restrito de empresas para os quais os requisitos de informação contabilística e financeira são indispensáveis. Miguel Cruz Não é compreensível que a informaPresidente do IAPMEI ção disponibilizada não seja utilizada de outra forma que não para ajudar na avaliação de risco. Já foram aprovados três mil projetos aprovados dos quais com pagamentos na ordem de 225 milhões de euros. A taxa média de aprovação dos projetos ronda os 50% e o critério essencial é estratégia, estratégia e informação que seja consistente na ligação da estratégia e da gestão financeira do projeto”.

17 OUTUBRO 2016

Marcelo Rebelo de Sousa


XII CONGRESSO DOS ROC

» JOSÉ AZEVEDO RODRIGUES EM ENTREVISTA

“ORDEM E ESTABILIDADE” O Bastonário da Ordem dos Roc, em entrevista à Revista Pontos de Vista, fala sobre as suas preocupações relativas ao universo fiscal português e da valorização necessária da profissão dos Revisores Oficias de Contas.

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quando da sua tomada de posse, exprimiu o desejo de esta ordem trabalhar juntamente com o governo em prol de uma justiça fiscal. Hoje, que retrospetiva faz do seu trabalho? Um dos papéis mais relevantes dos revisores oficiais de contas é garantir a conformidade das demonstrações financeiras divulgadas pelas entidades. Nesta conformidade, inclui-se também a adequada divulgação da situação tributária da entidade, o que constitui já um contributo dos profissionais para a promoção da justiça fiscal. O processo de transposição da Regulamentação Europeia de Auditoria gerou algumas divergências com os responsáveis pela área das finanças do anterior executivo, pelo que não foram criadas condições que pudessem ser melhorados alguns processos conducentes a uma maior justiça fiscal. Presentemente o assunto está na agenda do dia e continuamos disponíveis para cooperar no sentido de ser garantida uma maior equidade fiscal, melhorando a eficácia dos revisores nalguns domínios.

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Atualmente o que é mais urgente que aconteça no mundo fiscal? Transparência e estabilidade. Tal exige caminhar no sentido de promover uma cada vez maior equidade fiscal, permitindo aos agentes planear de forma mais previsível os seus negócios futuros, evitando modelos de planeamento fiscal abusivo e tributando autonomamente operações realizadas em localizações com regimes fiscais muito mais favoráveis. Também a adoção de medidas que evitem o desenvolvimento da economia paralela seria bem-vinda, em prol da redução da carga fiscal para os cidadãos com menores rendimentos e da criação de um ambiente favorável ao investimento e ao empreendedorismo. Não é possível motivar investidores nem promover o empreendedorismo, se o sistema fiscal não for transparente e estável, pois não é aceitável que num determinado ano se incentive determinado tipo de iniciativa para, passados dois ou três anos, a mesma se venha a consubstanciar numa carga fiscal adicional, tornando-se em verdadeiras “armadilhas fiscais”. Em tempos de crise há uma necessidade da contabilidade se tornar criativa? Poderá afirmar-se que a profissão se tornou mais exigente com a recessão económica? A recessão económica provoca dificuldades aos agentes económicos, o pode contribuir para a sua degradação económica e financeira. Infelizmente em Portugal o nível de endividamento bancário das empresas é muito grande, o que provoca reduzida autonomia financeira e elevados gastos financeiros. Por esse motivo exige-se uma maior criatividade dos gestores para manter a sustentabilidade das suas empresas, a qual terá naturalmente impactos

na contabilidade, dado nesta se repercutirem os efeitos financeiros das decisões tomadas. Adotar uma contabilidade criativa não é necessariamente um problema, salvo se esta for uma ação planeada para beneficiar alguns (em regra poucos) em prejuízo de outros (por norma muitos) o que, neste caso, estamos certos duma atuação dos revisores mais exigente e responsável. Um dos objetivos do XII Congresso sobre “Auditoria e Supervisão”, que se realizou nos passados dias 15 e 16 de setembro, foi a discussão sobre o rigor e a transparência da profissão. Estas são questões que ainda carecem de especial atenção? A história recente indica-nos que sim, pois temos de aprender com os erros, mas não só da profissão mas da generalidade de todos aqueles que pelas suas decisões e ações afetam os interesses ou direitos de terceiros. Como referido no Congresso, queremos que os revisores constituam um pilar de confiança e estou certo que todos estaremos alinhados com este lema, mas a garantia de confiança necessita também de outros pilares, que nos são alheios e que nem sempre se têm revelado com a resistência suficiente. Trata-se de alguma renovação cultural que todos seremos forçados a acompanhar.

Que papel assume a Ordem perante as consequências que a recessão do mercado trouxe e que, por sua vez, afetam diretamente os Revisores Oficiais de Contas? A Ordem tem procurado constituir-se um agente proactivo em termos de dinamização do mercado da auditoria. A necessidade de fiabilidade da informação divulgada pelas entidades quer pública quer privadas, tem vindo a transferir para a sua certificação pelos revisores um significado e importância crescentes, competindo aos profissionais interiorizar as suas cada vez maiores responsabilidades. O conhecimento e a ética são assuntos que nunca pecam por excesso, pelo que também são áreas onde a Ordem tem vindo a focar a sua atenção. Que legado gostaria de deixar? Tal como os anteriores colegas Bastonários, uma OROC forte e coesa e uma profissão valorizada e reconhecida pela sociedade. ▪

não é aceitável que num determinado ano se incentive determinado tipo de iniciativa para, passados dois ou três anos, a mesma se venha a consubstanciar numa carga fiscal adicional, tornando-se em verdadeiras “armadilhas fiscais

JOSÉ AZEVEDO RODRIGUES



Dia Internacional do Tradutor

Opinião de Carla Alexandra Lopes, Tradutora

E esta é a Tradução nos dias de hoje. Desafiante. Sou uma orgulhosa tradutora freelancer desde 2004. Com formação base em línguas, aprendi inglês, francês, castelhano, italiano e catalão em ambiente académico e institutos de línguas, onde obtive os respetivos certificados de competências linguísticas. Fui aluna ERASMUS em Barcelona, período em que também dei aulas de línguas em colégios espanhóis e tive a oportunidade de tomar contacto com outra realidade cultural e laboral que me enriqueceu muito enquanto pessoa e profissional.

Q

uando regressei, decidi usar toda a bagagem que tinha acumulado e apostei paralelamente em duas áreas: a tradução e a formação de línguas. Passadas mais de 800 horas de formação ministrada em centros de formação e empresas e já com uma carteira de clientes sólida na área da tradução, acabei por enveredar exclusivamente pela tradução. Tornei-me membro da APT (Associação Portuguesa de Tradutores), APTRAD (Associação Portuguesa de Tradutores e Intérpretes) e ASETRAD (Asociación Española de Traductores, Correctores e Intérpretes), e sou tradutora certificada pelo CTP Program e pela rede internacional Proz.com, cumprindo a norma EN 15038. 12 anos volvidos, posso dizer que tem sido um percurso de grande aprendizagem. A indústria da tradução tem tido momentos de ascensão, retrocesso, evolução, crise… O progresso tem-nos obrigado a ser dinâmicos, a adaptar-nos a diferentes métodos de trabalho, a permanecer visíveis no mercado e a aprender a usar a inovação a nosso favor. Já não podemos ignorar as

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PERFIL

Carla alexandra lopes tradutora

novas tecnologias, nem confiar no que antes tomávamos por garantido, nem mesmo achar que virão bater-nos à porta para estabelecer uma relação comercial. Cada vez mais, exige-se rapidez e qualidade - conceitos que raramente andam de mãos dadas. Além disto, vivemos ainda numa sociedade pouco conhecedora do papel da tradução no mundo. Tudo à nossa volta é tradução. Desde o pacote de cereais que comemos de manhã ao contrato de trabalho que assinamos com aquela multinacional onde tanto queríamos trabalhar. Pensa-se que para se ser tradutor basta “saber línguas”. E isso, ao longo dos anos, não mudou. Infelizmente. Para se ser tradutor (dos bons, entenda-se!), é preciso dominar terminologia especializada, saber pesquisar, dominar ferramentas informáticas específicas para uniformizar e rentabilizar o trabalho, conhecer contextos culturais e linguísticos distintos, frequentar cursos e conferências para nos mantermos atualizados, ser criativos e dedicados. E esta é a Tradução nos dias de hoje. Desafiante. ▪


DIA internacional DO TRADUTOR

» TAGS – LANGUAGE SOLUTIONS

“A ARTE DA TRADUÇÃO NÃO É ASSIM TÃO LINEAR” A propósito do dia Mundial do Tradutor que se celebrou no passado dia 30 setembro, a Revista Pontos de Vista procurou saber mais sobre esta arte que se assume como um processo bastante complexo. Teresa Sousa, fundadora da TAGS – Language Solutions, fala-nos um pouco sobre a importância de uma boa tradução.

O caminho até à TAGS

Com formação de base em Tradução e Interpretação, Teresa começou o seu percurso profissional na área do marketing numa empresa onde acumulava, igualmente, a responsabilidade por trabalhos de tradução devido aos seus conhecimentos de alemão e inglês. “Rapidamente me apercebi de que era exigente conciliar os trabalhos de tradução com outras tarefas”. A experiência, que, no entanto, descreve como enriquecedora, permitiu-lhe perceber que “isto é o que acontece em diversas empresas, onde, inocentemente, os administradores pensam que é suficiente contratar pessoas bilingues para exercer funções de tradução”, refere. Depois dessa experiência, seguiu-se uma década na indústria da tradução e o contacto com diferentes práticas que se usam no mercado que, em conjunto com uma série de fatores pessoais,

TERESA SOUSA

suas indústrias específicas. “Daí a importância de trabalhar fielmente com um prestador de serviços linguísticos e da necessidade de uma relação estreita entre o tradutor e o cliente, de modo a que este possa acompanhar de perto a sua realidade para um bom trabalho final com resultados positivos”, refere a fundadora da TAGS. A especialização e o desenvolvimento profissional contínuo são também fundamentais. Por isso mesmo, Teresa dedica-se igualmente à formação de profissionais de tradução. Por exemplo, a Associação Portuguesa de Tradutores e Intérpretes, da qual a Teresa é associada, criou um programa de mentoring que visa ajudar os tradutores recém-licenciados (e não só) a enquadrarem-se na profissão, promovendo a sua aproximação a profissionais já estabelecidos.

Porquê TAGS?

levaram Teresa a querer criar a própria empresa direcionada para a prestação de serviços linguísticos, consultoria nas áreas da internacionalização e comunicação empresarial, e ações de formação e orientação para profissionais de tradução. Nasceu, assim, a TAGS – Language Solutions. Teresa Sousa considera que a comunicação é uma das áreas cruciais da globalização e, num mercado cada vez mais competitivo, onde é necessário alargar regularmente a carteira de clientes e encontrar novos espaços de negócio, é um instrumento cada vez mais valorizado. Ao trabalhar com empresas nacionais e internacionais, percebeu que a maior resistência à contratação de serviços profissionais de tradução não se centra tanto nas questões de orçamento ou de confidencialidade, mas na falta de confiança nos conhecimentos técnicos do tradutor sobre as

TAGS é um jogo de palavras: sendo as iniciais do seu nome, Teresa Alexandra Gonçalves de Sousa, é, ao mesmo tempo, algo muito usado na internet e nas redes sociais, as ditas etiquetas das publicações, ou como códigos de formatação de documentos em programas de processamento de texto. “Como é uma palavra bastante conhecida hoje em dia e, igualmente, muito usada no setor específico da tradução, decidi optar por esse nome para a empresa”, explica a nossa entrevistada. No entanto, Teresa considerou ser importante acrescentar a denominação Language Solutions para acentuar o foco da empresa: “queremos apresentar soluções junto das empresas e não levantar problemas. Queremos dar-nos a conhecer no mercado junto das empresas com a ideia de que nós existimos para facilitar o trabalho e trazer benefícios”. Para o futuro, diz ainda querer continuar a equilibrar a tradução técnica com o trabalho mais criativo e trabalhar mais de perto com empresas inovadoras e inspiradoras. “É importante a questão da proximidade. Os clientes querem sentir que estamos a «cuidar» da empresa com o mesmo brio e dedicação com que eles o fazem”, conclui Teresa Sousa. ▪

21 OUTUBRO 2016

N

o dia internacional do tradutor devemos celebrar principalmente aqueles que trabalham para que a cultura seja difundida em todos os níveis sociais, facilitando a comunicação entre culturas de idiomas diferentes. Quando questionada sobre o facto de a sociedade estar consciencializada para a importância da tradução e de um tradutor com a formação adequada, Teresa Sousa relembra que, hoje em dia, a ideia que prevalece é a de que qualquer pessoa que saiba duas línguas tem capacidade para fazer tradução. Referindo-se ainda às ferramentas oferecidas pela internet, explica que “o processo não é assim tão linear. A nossa grande luta é afirmar que somos profissionais que tiveram formação específica para esse fim.” A TAGS – Language Solutions trabalha, por isso mesmo, no sentido de sensibilizar as empresas para a necessidade de contratar serviços profissionais. “Muitas vezes, as pessoas só se apercebem da necessidade de um serviço especializado quando as traduções não têm os resultados esperados ou trazem consequências que podem ser mais ou menos graves”, explica a nossa entrevistada.


MULHERES NA LIDERANÇA

» MARTÃO ALARCÃO TRONI, CFO DA LIBERTY SEGUROS, EM ENTREVISTA

“Deve existir um equilíbrio entre a presença masculina e feminina em cargos de liderança” “É para mim um grande orgulho ser administradora da Liberty Seguros e ver ano após ano a nossa marca crescer de uma forma tão sustentada e socialmente responsável”. A Revista Pontos de Vista conversou com Marta Alarcão Troni, CFO da Liberty Seguros, que abordou as várias dinâmicas da marca e de como a mesma é hoje extremamente reconhecida pelos portugueses, não deixando de salientar o papel das mulheres ao nível da liderança empresarial. Apesar de ainda existir um longo caminho, hoje o panorama é mais positivo.

A

A Liberty Seguros está presente, em Portugal, desde 2003, oferecendo as melhores soluções de proteção para as famílias portuguesas, os particulares e para as micro, pequenas e médias empresas. Porquê ser Liberty? Que vantagens e mais-valias oferecem a empresas e particulares? A Liberty Seguros é uma Companhia direcionada para os particulares e pequenas empresas. Todas as nossas soluções são trabalhadas a pensar neste alvo e com o objetivo de responderem às necessidades destes. Em termos de mais-valias, destacaria os nossos produtos específicos adequados aos estilos de vida dos nossos clientes, direcionados por exemplo para as diferentes práticas desportivas que podem ir desde o golfe ao surf, passando pela prática da corrida. Desenvolvemos ainda uma variada oferta para as necessidades específicas da maioria das atividades profissionais, destinadas a garantir a melhor proteção dos pequenos empresários portugueses. Por fim destacaria ainda o aspeto de sermos uma seguradora que privilegia o canal tradicional de distribuição, ou seja, os mediadores profissionais de seguros. Acreditamos na importância do aconselhamento profissional para que os clientes estejam verdadeiramente protegidos e que tenham as soluções de proteção adequadas às suas vidas e aos seus negócios.

pontos de vista

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Em todo o território nacional a companhia conta com uma vasta rede de espaços Liberty Seguros e escritórios de agentes de seguros, aliados estrategicamente à companhia, através dos quais oferece uma ampla gama de produtos e serviços. Que balanço é possível fazer da presença da Liberty Seguros em Portugal desde 2003?

Marta Alarcão Troni


A Liberty Seguros iniciou a sua atividade em 2003 com uma quota de mercado não vida de 2,8% tendo atingido em 2015 os 6,5%. Somos neste momento a 4ª Companhia em termos de vendas de seguro automóvel e a 5ª em multirriscos habitação e comércio. Penso que estes dados dizem muito sobre a Liberty Seguros em Portugal. A nossa marca tem um reconhecimento notório e somos uma empresa reconhecida pelos nossos segurados e parceiros de negócio pela nossa responsabilidade social.

O resultado líquido combinado das seguradoras que são supervisionadas em Portugal fixou-se em 99 milhões de euros no primeiro semestre, contra o lucro global de 432 milhões de euros no período homólogo de 2015. Os dados são da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), que diz, ainda, que a maioria das empresas de seguros fecharam os primeiros seis meses do ano com resultados positivos. É o caso da Liberty Seguros? A Liberty Seguros fechou o primeiro semestre de 2016 com resultado positivo, bastante acima do período homólogo de 2015 e em linha com o mercado. Que análise é exequível fazer do mercado segurador em Portugal? O mercado segurador continua em ebulição – continuamos a assistir a operações de aquisição e a práticas tarifárias com consequências negativas para o setor, num ambiente dominado pela entrada em vigor do regime Solvência II. Em suma, apesar de nos últimos tempos termos assistido a algumas correções dos desvios existentes nos Ramos Automóvel e Acidentes de Trabalho, estas continuam a ser insuficientes para uma manutenção de equilíbrio sustentável dos mesmos. A realidade portuguesa ainda diz respeito à ideia de que um seguro é só para cobrir

Sou uma pessoa alegre, hiperativa, organizada (diria mesmo utilizando uma palavra algo forte – maníaca da organização), que adora estar com a família e amigos! Jogo ténis, padel e tenho aulas de desenho. Adoro ler e viajar com a família. Já as viagens de trabalho custam um pouco, mas procuro sempre tirar o melhor partido das mesmas. Sobretudo gosto muito de confusão saudável à minha volta – tenho quatro filhos com idades muito diferentes, desde os 6 anos aos 18 anos.

Não sei se se pode dizer que as mulheres em detrimento dos homens são melhores líderes ou vice-versa. Na minha opinião, as mulheres pela sua própria natureza são mais sensíveis e versáteis. Costuma-se dizer que as mulheres conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo, o que manifestamente é mais difícil para a natureza masculina.

a sinistralidade rodoviária, menosprezando os seguros de vida e seguros de acidentes pessoais, por exemplo? Ou estão os portugueses a procurar cada vez mais por estes seguros? Os últimos eventos do verão demonstram-no bem como foram os casos do festival “Andanças” e dos incêndios na Madeira, em que os capitais seguros não eram os apropriados e as pessoas sofreram muito com esse facto. Temos assistido na nossa companhia a uma procura maior dos capitais adequados, muito reforçado no último mês pelo que aconteceu. No entanto, continua a ser muito claro que as pessoas e as empresas continuam a segurar o estritamente necessário, sem terem em consideração que se algum dia precisarem de acionar o seu seguro o mais provável é não terem o capital adequado. O número de mulheres em funções de liderança tem vindo a aumentar nos últimos anos, mas ainda assim a presença feminina em cargos de chefias em Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer. Como é estar na linha da frente de uma marca tão conceituada e com uma forte presença no país?

É para mim um grande orgulho ser administradora da Liberty Seguros e ver ano após ano a nossa marca crescer de uma forma tão sustentada e socialmente responsável. Conseguimos ao longo destes 13 anos criar uma ligação muito forte entre todos os colaboradores da Liberty Seguros, os nossos parceiros de negócio e os nossos clientes. Somos uma família no verdadeiro sentido da palavra e praticamo-lo em todos os nossos atos. Serão as mulheres melhores líderes? O que diferencia as mulheres em cargos de liderança? Não sei se se pode dizer que as mulheres em detrimento dos homens são melhores líderes ou vice-versa. Na minha opinião, as mulheres pela sua própria natureza são mais sensíveis e versáteis. Costuma-se dizer que as mulheres conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo, o que manifestamente é mais difícil para a natureza masculina. No entanto, os homens são mais pragmáticos, ligam menos aos detalhes, o que em certos casos é uma vantagem. Daí que a minha opinião seja sempre de que deve existir um equilíbrio entre a presença masculina e feminina em cargos de liderança. Ver uma mulher em cargos de liderança ainda é visto mais como uma exceção do que uma regra. Durante o seu percurso profissional alguma vez sentiu dificuldades acrescidas pelo facto de ser mulher? Não, nunca. Mas eu tive um percurso profissional em áreas em que desde sempre houve uma certa presença feminina – comecei a minha vida profissional como auditora financeira e desde o princípio ligada ao setor segurador onde estive oito anos. Daqui passei logo para uma posição semelhante à que ocupo hoje em dia, embora noutro grupo financeiro. Penso que o facto de ter sido auditora financeira num período de grande crescimento dos grupos financeiros me permitiu uma aquisição de conhecimentos e experiência de vida ímpar – a conjugação da vida profissional e da vida pessoal sempre foram uma preocupação, tentando nunca descurar nenhum dos lados! ▪

23 OUTUBRO 2016

É inevitável o constante avanço tecnológico e, numa realidade não muito distante, os carros autónomos, por exemplo, podem revolucionar o mercado dos seguros. De acordo com vários especialistas, os prémios dos seguros automóveis podem sofrer uma desvalorização de quase 40% quando os carros autónomos se tornarem uma realidade efetiva. Partilha desta opinião? Para começar temos de perceber quando é que os carros autónomos se tornarão uma realidade efetiva pois as ultimas experiências tornadas conhecidas colocaram alguns entraves aos mesmos – do meu ponto de vista, lógicos – ao não serem capazes de lidar com os imponderáveis da vida. Por isso penso que ainda estamos longe desta realidade. E quando isto acontecer ainda teremos o facto de para um prémio de seguro se alterar ter de ter por base uma implantação destes em massa no mercado e não apenas em pequenos nichos. Penso que outras realidades ocorrerão primeiro e essas sim com impacto na forma como hoje tarifamos os prémios de seguro: o carsharing, o não ser dono de um veículo automóvel e optar pelo aluguer por curtos períodos de tempo e conforme as necessidades, a procura de seguros por curtos períodos de tempo de pequenos bens, enfim… A realidade está em constante mutação e a geração que aí vem irá trazer com toda a certeza mudanças nos paradigmas.

Quem é Marta Alarcão Troni para além de administradora e CFO da Liberty Seguros?


LIDERANÇA NO FEMININO

» REDINHA, BARATA & ASSOCIADOS EM ENTREVISTA

“TEMOS CONSEGUIDO DERRUBAR MUITAS BARREIRAS” Luísa Redinha exerce advocacia há mais de 20 anos, tendo-se licenciado em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade Católica de Lisboa. Com uma Pós-Graduação em Consultadoria Jurídica da Empresa e Mestrado – MBA (Master Bussines and Administration), Luísa Redinha fala-nos um pouco sobre o panorama da advocacia em Portugal e a liderança no feminino.

E

m defesa de uma justiça mais acessível aos cidadãos, a Bastonária da Ordem dos Advogados referiu que “quando se ataca a advocacia, é a democracia que treme”. Que análise é possível fazer do mercado da advocacia em Portugal? Essa afirmação é, indubitavelmente, uma grande verdade. Se não tivermos uma garantia efetiva de acesso ao direito e aos tribunais, aliás, um direito garantido constitucionalmente, nunca teremos um verdadeiro Estado de Direito Democrático, que é aquilo porque todos temos vindo a pelejar. E como, muito bem disse a senhora bastonária, no seu discurso de abertura do ano judicial, «não há Estado de Direito sem tribunais, sem uma magistratura independente e sem, uma advocacia verdadeiramente livre. Entendo que a advocacia é, hodiernamente, e cada vez mais, uma atividade seriamente ameaçada. O País atravessa uma grave crise económica e financeira e, ainda, grassa uma crise de valores na sociedade portuguesa. Ora, isto tem um enorme impacto na advocacia. Tem-se verificado, de um modo geral, uma diminuição da procura dos serviços dos advogados, resultante das dificuldades financeiras dos cidadãos, sendo que isso só poderia ser compensado, quanto aos mais débeis economicamente com uma assistência judiciária eficaz.

pontos de vista

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A Redinha, Barata & Associados, RL é uma sociedade de advogados que se assume como um escritório de referência na prática da advocacia a nível da região centro, bem como na capital, Lisboa, ou nos seus escritórios parceiros (Brasil, Macau e Angola). Conhecendo, assim, várias realidades do mercado da advocacia e da justiça que principais obstáculos ainda persistem no nosso país ao efetivo cumprimento da justiça? No meu entender, são inúmeras. Mas há algumas muito graves. Em primeiro lugar, uma justiça morosa é, sempre, uma justiça injusta. É urgente combater a morosidade processual e termos uma Justiça de qualidade. Basta pensar que as testemunhas envelhecem e morrem e, a cada momento que passa, a memória dos factos vai-se esvaindo. Por outro lado, nem toda a gente entende ou aceita que a preparação atual dos magistrados seja a melhor, porque além da capacidade intelectual de cada um, seja magistrado judicial ou do Ministério Público requer algo mais, referindo-me, especialmente, à experiência de vida, que é fonte de maturidade, mesmo intelectual. O sistema judiciário atual logo inspirado no espírito dos magistrados, no Centro de Estudos Judiciários, propicia o risco de os jovens

REDINHA, BARATA E ASSOCIADOS Sociedade de Advogados, RL

LUÍSA REDINHA

magistrados em nome da independência do Poder Judiciário, que deve sempre existir, algumas vezes ou até muitas vezes, exercitarão a sua «vaidade intelectual» em produzir coisas originais, em vez de ponderarem os efeitos das suas decisões numa opinião pública profana que compreende mal a grande diversidade de decisões antagónicas sobre realidades, essencialmente, idênticas. Sendo uma das áreas de atuação da sociedade o direito do urbanismo e imobiliário qual é a sua opinião sobre a mais recente polémica respeitante ao aumento do imposto sobre o património imobiliário? Isso é uma questão de fiscalidade, de impostos, de redistribuição da riqueza e uma decisão absolutamente política. Como é evidente, tal decisão pode ter apoiantes e críticos. Em primeiro lugar discordarão os potenciais atingidos. Em segundo lugar, será de ponderar e bem, se a arrecadação de receita daí decorrente compensará o desinvestimento desse valor, ou até mesmo a eficácia da medida em si, pois que a imaginação das pessoas é ilimitada e muitos dos potenciais atingidos se poderão preparar para fracionar o património a favor de empresas, familiares, senão mesmo «testas de ferro». Mais uma vez, aqui, poderemos assistir ao jogo

do «gato e do rato» entre os contribuintes e o fisco, onde o resultado seja, apenas, o arrependimento de quem teve tal ideia. A RB & Associados é uma sociedade constituída maioritariamente por mulheres. Trata-se de uma estratégia ou de um reflexo da mudança do paradigma na nossa sociedade relativamente à liderança feminina em cargos de chefia? Não se trata de qualquer estratégia. Para mim só me interessam pessoas competentes, e isso não é uma questão de género. No entanto, sou a favor da igualdade de direitos e entendo que as mulheres têm a mesma capacidade que os homens para liderar. Associámo-nos com pessoas responsáveis e competentes, em ambiente de confiança recíproca. Para nós, há muito, que está ultrapassada a questão da capacidade do homem e da mulher. A competência concreta demonstrada é que conta. E que, no nosso caso, contou. Todos nós sabemos que, ainda, existem inúmeras situações de desigualdade, apesar de a lei o não permitir, mas que na prática são comuns. Por exemplo, existem muitos empregadores que excluem a contratação de mulheres para certos postos de trabalho, por causa da maternidade, considerando-a um impedimento. No entanto, ninguém nunca se lembrou de excluir alguém do sexo masculino, por um homem poder ter de prestar serviço militar, quando obrigatório era. Ouvir falar de mulheres empreendedoras e líderes começa a ser cada vez mais uma realidade, mas ainda não é suficiente. Está a nossa sociedade num bom caminho? Acho que está. Na nossa sociedade já estamos a muitas milhas da discriminação que outrora as mulheres tiveram, muito por mérito da mulher, que se emancipou, das longas lutas que travou e que fizeram com que as mentalidades se alterassem. A mulher esteve adormecida durante várias décadas, aceitando a situação de dependência. A sua luta, inicialmente, foi esparsa, com um ou outro movimento. Hodiernamente, a mulher tem plena consciência do seu potencial, dos seus direitos e demonstra o seu grande valor como cidadã, como mãe, como gestora e como líder. Temos conseguido derrubar muitas barreiras, conceitos e preconceitos, mas a sociedade, como um todo, necessita de ter um grande empenho e fazer um grande esforço nessa «cruzada» que é de todos. Quando existir em todos esta vontade, este espírito e esta mentalidade, significará que todos fomos vencedores.▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT


MULHERES NA LIDERANÇA

» Ana Pedrosa Augusto, sócia da Rogério Alves & ASSOCIADOS SOCIEDADE DE ADVOGADOS RL

“AS MULHERES TÊM AS MESMAS ARMAS QUE OS HOMENS” obre a Ana Pedrosa Augusto diz-se que “é seguramente uma das melhores advogadas da sua geração na área do Direito dos Negócios, e um exemplo a seguir”. Como chegou até este nível de reconhecimento pelo mercado e pelos seus pares, tendo em conta os seus 35 anos? Quando chegamos a um determinado patamar e revemos o nosso percurso nunca achamos que foi rápido. Mas tenho noção que aos 35 anos já alcancei importantes conquistas profissionais, numa idade em que tal não é frequente, principalmente neste tipo de negócio. A resposta à pergunta é só uma: muito trabalho, empenho, dedicação e muito foco. Sempre quis ser advogada nesta área e nunca me imaginei a fazer outra coisa. Este sempre foi o meu desígnio. Sempre quis acompanhar quem cria valor, que é o que admiro. Sentir que estou também a criar valor junto dos nossos clientes é o meu grande propósito, é aquilo que gosto realmente de fazer. Olhar para trás e constatar que estive nesse processo de criação é indescritível. Ana Pedrosa Augusto integra a Rogério Alves & Associados desde 2013, tendo sido recentemente nomeada sócia da RA&A. Este acontecimento importou, certamente, mais responsabilidades. Alguma coisa mudou para a Ana desde então? Foi fantástico para mim estar, em 2013, na génese da Rogério Alves & Associados. Foi muito marcante poder acompanhar a fundação de um projeto no qual tanto acredito. Ter sido nomeada sócia em 2016 foi magnífico. Partilhar a definição do destino da nossa sociedade de advogados, deste projeto que queremos tanto ver crescer… é qualquer coisa de extraordinário. Por isso só posso agradecer aos sócios fundadores, em especial ao Rogério Alves e ao João Pedro Varandas, por terem depositado a sua confiança em mim. Sei bem que estou à altura do desafio. Sempre que prossegui um objetivo e me foquei nele as coisas correram como pretendido. Dito isto, muito mudou, mas o essencial – o trabalho, a relação com os clientes, o foco – esse é o mesmo. A RA&A Advogados conta, atualmente, com seis sócios, refletindo assim o crescimento da sua

atividade e o posicionamento da sociedade em diversas áreas de prática. É a única mulher neste painel de sócios. Esta é uma tendência em todas as principais sociedades. A advocacia continua a ser uma área dominada por homens? Ser mulher é um obstáculo acrescido? É indiscutível que esta área ainda é dominada por homens. Basta olhar para o tecido empresarial português para verificar que a grande maioria das empresas é dirigida por homens. Obviamente que no Direito se acompanha essa tendência. Não posso dizer que não notei, pontualmente, alguma reserva pelo facto de ser mulher. Mas foi sempre vencida, utilizando invariavelmente a mesma fórmula: com trabalho, empenho e paixão, todas as dúvidas que possam surgir são esmagadas. Hoje, ser mulher é um detalhe, uma circunstância, mas para aqui chegar tive certamente mais a provar. A mudança não acontece de um dia para o outro. Há apenas uma ou duas gerações eram raras as mulheres que tiravam cursos superiores e ainda menos as que assumiam cargos de chefia. Mas não tenho a menor dúvida de que as coisas vão mudar. Nesta área, por exemplo, há grandes mulheres que são advogadas fantásticas e o mercado reconhece isso, porque o mercado necessariamente percebe o mérito e a qualidade. Por natureza a mudança pode demorar. Mas ela não parte só dos homens, depende principalmente da atitude das mulheres. A Ana Pedrosa Augusto atua predominantemente nas áreas de direito fiscal, imobiliário, comercial e societário, sendo também membro do painel de árbitros em matéria tributária do CAAD (Centro de Arbitragem Administrativa). Na sua opinião, como está o Direito dos Negócios em Portugal? Vivemos muito em função do que é a economia do país. Estamos intimamente ligados a ela e ao que se vive em cada momento. Com o abrandamento da economia, o acompanhamento aos nossos clientes não foi tanto numa perspetiva de expansão, mas sim de con-

solidação. Tivemos que nos adaptar, porque tudo mudou e houve que acompanhar essa mudança. Hoje há mais atividade, mas o seu crescimento sustentado é muito prejudicado pela ausência de estabilidade tributária. Precisamos de previsibilidade, de racionalidade e de bom senso, se queremos investimento. As maiorias parlamentares têm que perceber isto de vez. Há que compreender que quem gera riqueza não é um alvo a abater. Na sua opinião, as mulheres carecem de alguma proteção especial, designadamente legal, para que possam ascender a lugares de direção e decisão? As mulheres têm as mesmas armas que os homens. Não sou a favor de regulamentação ou proteção que privilegie as mulheres. Eu não quereria que houvesse dúvidas sobre o motivo pelo qual cheguei a um certo nível, se foi por mérito ou porque simplesmente fui preencher uma quota. Hoje, se as mulheres chegam a cargos de chefia é porque, como os homens, o merecem. E tal é o que deve prevalecer. A lei é clara e as questões de desigualdade de género estão tratadas. A Constituição da República Portuguesa impede a discriminação seja de que tipo for. Apesar de ainda poder existir algum preconceito relativamente às mulheres, a mudança está acontecer e não tenho dúvidas que rapidamente este será um falso problema. Deixará de ser uma questão de género, será puramente uma questão de mérito. E claro que isso pressupõe um percurso muito individual. Cada um tem de trilhar o seu caminho. Tenho a certeza que se todas as mulheres traçarem o seu percurso e nele se mantiverem, com determinação, ultrapassando os seus próprios obstáculos, esta dúvida deixará de surgir. Não se pode ficar à espera que o Estado resolva este ainda aparente problema, porque já fez o que havia que ser feito. Agora parte das mulheres, têm de ir à luta como os homens vão à luta. Não sinto hoje qualquer grau de discriminação em relação à minha pessoa. Tenho a sorte de ter clientes que reconhecem o trabalho, que vivem no presente e pensam no futuro. Não têm vocação para problemas que devem ficar no passado. O mérito prevalece sempre e o mérito sobrepõe-se a qualquer questão de género. ▪

“O mérito prevalece sempre, e o mérito sobrepõe-se a qualquer questão de género ANA PEDROSA AUGUSTO

25 OUTUBRO 2016

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Ana Pedrosa Augusto recomenda a todas as mulheres foco e empenho na hora de trilhar um caminho profissional. Com apenas 35 anos tornou-se sócia da Rogério Alves & Associados. Conheça a mulher determinada para quem a Advocacia é aquilo por que sempre lutou.


MULHERES NA LIDERANÇA

“Gosto do que faço, é a minha paixão” “Acho que muito do que faço se associa a uma certa ingenuidade, pois acredito que posso contribuir para ajudar “a mudar o mundo”. Quem o afirma é Paula Vilarinho, uma profissional portuguesa que é reconhecida por diversos quadrantes. Fomos numa «viagem» com a nossa entrevistada e ficamos a conhecer um pouco mais da nossa interlocutora.

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ormada em Engenharia Cerâmica e do Vidro e doutorada em Ciência e Engenharia de Materiais, Paula Vilarinho é uma profissional reconhecida na sua área, nacional e internacionalmente. É presidente da Sociedade Portuguesa de Materiais (SPM), professora na Universidade de Aveiro e Investigadora do Laboratório Associado, (CICECO) - Aveiro Institute of materials. Por que valores se pautam a sua vida pessoal e profissional em prol deste complexo currículo? Há valores que estão presentes na minha vida que me foram transmitidos pelos meus pais e alguns excelentes educadores, e que, claramente, determinam o meu comportamento pessoal e profissional. Ética, caráter, dignidade, honestidade, honra, frontalidade, transparência, responsabilidade e comprometimento, são alguns dos valores com que me identifico e, pelos quais luto diariamente. Do ponto de vista profissional há uns quantos outros aspetos comportamentais que julgo regerem o meu desempenho. Para além de uma alguma “hiperatividade”, acho que muito do que faço se associa a uma certa ingenuidade, pois acredito que posso contribuir para ajudar “a mudar o mundo”. Nas minhas atividades talvez haja também alguma ousadia, gosto pela diferença e mudança; na verdade sinto-me estimulada pelo desafio. Dizem que sou uma obcecada por tudo quanto faço, mas eu acho que é mais paixão, pois de uma forma geral gosto muitíssimo do que faço.

pontos de vista

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Está entre as cientistas mais importantes do mundo na área dos materiais cerâmicos, sendo considerada uma das cem mulheres do mundo que mais e melhor contribuíram para o desenvolvimento internacional desta engenharia, de acordo com o livro “Inspirational Profiles of Successful Women: Ceramic and Glass Scientists and Engineers”, escrito por Lynnette D. Madsen, diretora do programa em Cerâmicos da National Science Foundation dos EUA. O que significa esta distinção para si? Uma enorme honra. Considero que qualquer distinção é sempre um ato honroso, já que destaca alguém pelo seu contributo numa determinada área e circunstância. É sempre excelente e altamente motivador ver o nosso esforço e dedicação reconhecidos. Esta distinção reveste-se para mim de relevância maior por diferentes razões. Trata-se de um reconhecimento totalmente imparcial vindo de uma comunidade à qual não estou diretamente ligada e que tem origem num país onde atualmente se desenvolvem as atividades de investigação e desenvolvimento de maior excelência e impacto mundial, os Estados Unidos da América. É um reconhecimento oriundo num país que pratica e preconiza a meritocracia, ou seja, promove a excelência, valoriza a diferença e promove com base no mérito; valores estes nos quais acredito, e pelos quais tento pautar a minha vida

PAULA VILARINHO

e transmitir aos que me rodeiam; mas infelizmente “escondidos” ou “esquecidos” no nosso país e na carreira científica. Este reconhecimento é ainda importante, porque me permite transmitir às mulheres cientistas e profissionais de engenharia portuguesas mais novas, que a excelência, ética e dedicação, mesmo no feminino, acabam por ser reconhecidas. Esta distinção é também um reconhecimento para o país e para a Universidade de Aveiro. Como está a engenharia e o desenvolvimento da ciência em Portugal? Embora me considere do ponto de vista profissional uma cidadã do mundo, sou portuguesa. Fiz toda a minha carreira associada à Universidade de Aveiro e foi esta universidade que contribuiu para o que sou hoje como cientista e potenciou o meu desempenho. Deste modo, qualquer distinção profissional, que me seja atribuída, será também, no meu entendimento, uma distinção para a Universidade de Aveiro. O mesmo se aplica ao país, claro está. Sou engenheira de formação de base. E se há coisas em que acredito, uma delas é que não há desenvolvimento sem engenharia. Assim sendo, do meu ponto de vista, o futuro da engenharia é brilhante. E Portugal não deverá escapar a este futuro. Portugal tem uma reconhecida tradição em engenharia, a nível de formação e prática, na qual se apoiam as grandes e médias empresas de Portugal. Portugal tem excelentes escolas de engenharia, formando profissionais a exercerem

em algumas das maiores empresas do Mundo. No entanto, por razões várias, a profissão de engenharia não está a ter na sociedade o devido reconhecimento. É sobejamente reconhecido que a escolha por parte de estudantes do ensino secundário das áreas das ciências exatas, cruciais na formação de um engenheiro, não são, atualmente, suficientemente atrativas. Mas há um outro aspeto a ser considerado (para além da educação em engenharia) e que tem a ver com a necessidade de “evolução” da indústria nacional para indústrias mais avançadas e com base em tecnologia de ponta. Julgo que a “quantidade” e a “qualidade” de tecnologias desenvolvidas, com base na investigação científica permitirá potenciar esta transformação da indústria nacional; aqui os atores de geração de conhecimento e tecnologia têm um papel fundamental. Há inúmeras iniciativas neste sentido no país, que estão a dar os seus frutos, com um número cada vez maior de “start ups” criadas; mas, mais uma vez, uma congregação de esforços e uma estratégia definida, independente do poder político, poderá ajudar a “Engenharia Portuguesa” a não perder este futuro. Apesar de considerar que o futuro da engenharia é brilhante e com enorme potencial económico, é também claro que num mundo global a competição é feroz e há alguns mais bem posicionados do que outros para colherem os melhores frutos. Tendo isto em consideração e as vantagens da pequena dimensão do nosso país, julgo que a definição de estratégias a longo prazo, claras, e independentes do poder político (mas com ele concertado), ajudarão a modernizar a engenharia (no sentido lato) e a indústria nacional, tornando-a mais competitiva a nível mundial. Aqui há sem dúvida um grande desafio para organizações como a Ordem dos Engenheiros, a Sociedade Portuguesa de Materiais (SPM) e outras idênticas, para serem motores desta mudança e garante dos interesses dos profissionais de engenharia. Por estas razões e por acreditar que organismos como a S ociedade Portuguesa de Materiais (SPM) podem contribuir e têm mesmo responsabilidades desta natureza que aceitei o desafio de presidir esta sociedade. A Ciência Portuguesa (como a conhecemos hoje) é relativamente jovem e o seu grande “boom” ocorreu a partir dos anos 80. Os resultados da política de investimento em ciência são bem visíveis. A Ciência Portuguesa é hoje reconhecida internacionalmente à luz dos mais altos standards de excelência científica internacional. Contudo, para preservar e promover estes standards, e potenciar o investimento que tem sido feito, é fundamental, do meu ponto de vista, manter-se o investimento na ciência, definir, implementar e cumprir estratégias (de acordo com os interesses nacionais) e acima de tudo promover a excelência. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT


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A ARQUITETURA COMO ESTILO DE VIDA A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Anabela Macieira, Administradora da Core Architects, um atelier que se propõe a criar obras-primas arquitetónicas únicas, combinando o melhor das tecnologias ocidentais modernas com as antigas filosofias orientais.

ANABELA MACIEIRA

Zen Architecture é mais do que um estilo de arquitetura. É um estilo de vida. Propõe-se a criar obras-primas arquitetónicas únicas, combinando o melhor das tecnologias ocidentais modernas com as antigas filosofias orientais. No que se traduz a arquitetura da Anabela? A Arquitetura da Anabela é um princípio, que se traduz em combinar/criar espaços para o ser humano que permitam transmitir felicidade e harmonia aos habitantes. Todos os materiais escolhidos pelo nosso atelier são saudáveis e ecológicos, isto porque, hoje em dia a maioria dos materiais são compostos por químicos perigosos que se encontram nos materiais de construção, nas tintas, pavimentos, no compósito dos móveis, etc… como por exemplo o formaldeído, este componente é composto por gases tóxicos que se vão libertando dos materiais durante anos, causando aos habitantes diversas doenças como asma, alergias graves, entre outras. Devido à falta de informação nesta área os habitantes procuram soluções na medicina para as suas doenças e no entanto o que deveriam alterar é a sua habitação e materiais que

os rodeiam por forma a conseguirem um ambiente saudável. “A inspiração é a semente para grandes criações. Seguindo a ideia de que a simplicidade é sofisticação». Em quê é que a Anabela se inspira no seu dia a dia? A minha inspiração muita das vezes vem da natureza, adoro viajar, conhecer novas culturas, descobrir o que têm de novo, materiais, hábitos, combinação de cores, tradições, etc. Adoro tradições especificamente as portuguesas, daí que, em todos os projetos idealizados existe sempre a originalidade e a natureza mesmo em zonas citadinas. Em Portugal temos 1860h de sol/ano, é o país com mais sol da Europa, porque não aproveitar o que temos sem custos e desenhar casas de baixo consumo com piscinas biológicas, sem químicos, uma construção que respeita a natureza, utilizando materiais adequados por forma a criar um modo de vida sustentável e saudável. A escolha de materiais recai sobre os materiais naturais, proveniente da natureza, tais como o barro para o reboco, a madeira para a estrutura do telhado, cobertura ajardinada, aquecimento solar, alto desempenho a nível do isolamento, combinados estes materiais criam um ambiente equilibrado com baixos custos de manutenção e de despesas correntes. Nos meus projetos uma das grandes preocupações é a preservação do meio ambiente e a utilização de energias renováveis. Fascinada pelas outras culturas encontrei no feng shui uma ferramenta adicional que permite compreender o segredo da influência dos materiais sobre os humanos. Esta fusão entre a ciência e o conhecimento antigo sobre o fluxo de energia ajudou a criar o nosso estilo de arquitetura, a qual denominamos por ZENARQ. O Feng Shui é uma antiga, milenar, ancestral filosofia oriental que estuda a interação humana com o ambiente. O objetivo é criar nos edifícios uma atmosfera motivante e rejuvenescedora.

A Core Architects propõe-se a criar e construir ambientes que beneficiem as pessoas e os seres vivos envolventes. O nosso país tem aderido facilmente a este conceito de arquitetura que a Anabela nos trouxe? A procura por este tipo de construção tem crescido anualmente a nível do cliente nacional, pois a nível dos clientes estrangeiros este tipo de conceito na construção e na escolha de materiais já faz parte da sua cultura, uma vez que, já receberam informação e estão alertados sobre os benefícios deste tipo de construção há mais anos. Numa sociedade onde cada vez mais o dia precisa de ter mais do que 24 horas, sendo mulher e com uma carreira profissional que exige muito de si, é fácil fazer a gestão de todos os papéis que lhe são inerentes? Claro que não é fácil, contudo é uma questão de gestão de prioridades. Gosto muito da minha família, mas dedico a maior parte do meu tempo ao meu trabalho, à arquitetura, pois é, e sempre foi a minha paixão. Para além de que o mercado está sempre em evolução e cada vez é mais exigente, o arquiteto tem de estar constantemente a atualizar-se para poder implementar novos produtos e tecnologias. A discussão sobre lideranças no feminino e no masculino está cheia de lugares comuns. Diz-se que os homens são mais competitivos, imediatistas e propensos ao risco e diz-se que se houvesse mais mulheres no topo, as coisas estariam melhores. Na sua opinião, as mulheres têm um estilo de liderança diferente? Muito honestamente adoro trabalhar com mulheres, neste momento a minha equipa é constituída por três mulheres e um homem, contudo para que exista um equilíbrio saudável aprecio e respeito a presença masculina, todos temos alguma coisa para ensinar e para aprender. Como fazemos gestão de obra, o meu trabalho diário envolve uma grande presença masculina. Na área da gestão acredito que a forma feminina na maioria das vezes atinge melhores resultados, porque conseguimos ter uma liderança distinta, mas suave. O universo masculino durante o meu percurso profissional tem aceitado muito bem a liderança desta forma, sem existir confrontos, não tendo qualquer razão de queixa. ▪

27 OUTUBRO 2016

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m 2007, depois de ter estado 37 anos na Alemanha, Anabela mudou-se para Portugal, a sua terra natal, para trazer as tecnologias de baixo consumo energético “para um país onde o sol brilha 1860 horas por ano”. Foi a melhor aposta que podia ter feito? Sim, sem dúvida. Os 2 motivos principais foram: - O primeiro porque regressei ao país onde nasci e que adoro, identifico-me com a cultura, com a culinária e com o estilo de vida, especialmente por poder estar perto do mar. - O segundo motivo foi porque como profissional é gratificante poder trazer para este país a ultimas novidades relativamente às tecnologias de baixo consumo e contribuir para a sua implementação. Tenho me apercebido de grandes dificuldades na introdução deste tema, especialmente porque o mesmo ainda não é obrigatório, no entanto, tenho assistido ao aumento da procura por parte do consumidor dos nossos serviços, devido ao nosso know-how e qualidade da tecnologia utilizada. Daí que, continuo bastante satisfeita com a aposta que fiz em 2007 e ainda espero assistir à obrigatoriedade da utilização de tecnologias de baixo consumo em todas as futuras construções novas, porque é benéfico para a carteira e para o ambiente.


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» HAYGROVE EM DESTAQUE

O CANTINHO DE OURO DOS FRUTOS VERMELHOS Quando falamos de produção de frutos vermelhos referimo-nos a uma atividade agrícola relativamente recente em Portugal, mas que se encontra atualmente em franco crescimento, acompanhando assim a tendência internacional. Para este crescimento é inevitável falar do contributo da Haygrove, uma empresa fundada em Inglaterra e representada no nosso país “pelas mãos” de Mónica McGill.

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Haygrove nasceu há 28 anos com Angus Davison, que após finalizar o curso de Agronomia decide tornar-se produtor de morangos em Inglaterra. Contudo, a época de produção era significativamente curta devido, em muito, às condições climáticas. Verificando que em países como Espanha esta cultura era protegida por estufas, em 1994, Angus Davison decide levar esse conhecimento para o seu país começando a cobrir as culturas e a estender a área e época de produção de morangos. Esta aposta rapidamente deu frutos e Angus Davison decide diversificar o negócio da empresa. A par da produção começou a apostar nas estruturas agrícolas. Foram, assim, desenvolvidas estruturas próprias para a cobertura das suas produções. Depois de testadas, a empresa começou a vender estas estruturas de apoio à produção a outros agricultores. Os sistemas de produção da Haygrove são utilizados mundialmente, em cerca de 50 países e cobrem cerca de 25 diferentes tipos de cultura. A verdade é que os produtores têm que, continuamente, adaptar-se e ir de encontro às exigências dos consumidores, de forma a garantir a colocação dos seus produtos no mercado. A par desta expansão e como forma de garantir um fornecimento durante todo o ano, Angus Davison, expandiu a sua área geográfica ao hemisfério sul, mais concretamente, África do Sul. Quando se fala de cultivos de elevado valor, como a produção de frutos vermelhos é importante associar-se a escolha do túnel agrícola adequado. A Haygrove investiu, assim, fortemente no desenvolvimento de sistemas que permitam ao produtor investir e melhorar os seus túneis ao longo do tempo. Em 1996 a Haygrove começou a desenvolver a vertente social, apostando fortemente na responsabilidade social. Assim, atualmente a Haygrove é composta por 3 vertentes: a produção, sistemas de produção e a área social. “Queremos muito dar retorno social, ambiental e económico às comunidades onde estamos inseridos em Inglaterra, África do Sul e Portugal. Essa responsabilidade social faz parte da nossa filosofia e é a linha condutora de todo o nosso trabalho”, começa por referir Mónica Mcgill, Representante Regional da Haygrove. Nesta área podemos destacar o projeto “Gambia is Good” e “Bright Futures”. A empresa procura sensibilizar as pessoas para a atividade que exerce, pelo que tem vindo a apostar em parcerias com escolas, desde escolas primárias a universidades, para colocar os alunos em contacto com a atividade agrícola através de visitas escolares às quintas da Haygrove. A preocupação ambiental é outra das prioridades da empresa que se espelha nas quintas onde, apesar de se fazer uma produção intensiva, é defendida a ideia de que “não se podemos tirar só partido da terra, temos de assumir uma responsabilidade para com o ambiente e a comunidade envolvente”, afirma Mónica Mcgill.

como nas demais quintas situadas em África do Sul e no Reino Unido. A quinta beneficia de uma localização costeira privilegiada, livre da formação de geadas, proporcionando um período de crescimento prolongado e oferecendo condições ideais para o cultivo destes frutos. Estamos a falar de um terreno que é favorecido por uma rede de canais de água abundante, alimentados a partir do reservatório de Santa Clara. O solo arenoso é livre de drenagem beneficiando, assim, a produção convencional de frutos vermelhos como morangos, amoras, mirtilos e framboesas.

Liderança não representa um género

Mónica McGill

Atualmente a Haygrove emprega 616 trabalhadores permanentes e cerca de 3000 temporários, numa área de produção de 468ha. 200 ha em Inglaterra em 14 localizações distintas e com 14ha de estufas de vidro, 200ha na África do Sul, em 4 localizações e mais recentemente 68ha em Portugal, em 2 localizações. Esta área em Portugal será de 80ha já em 2017.

Blue Sky Zambujeira do Mar

Quando, em 2006, Angus Davison decidiu conhecer melhor o terreno português para o cultivo de frutos vermelhos, foi Mónica Mcgill quem auxiliou o contacto entre o empresário e a realidade portuguesa. Foi convidada, provisoriamente, para ser representante da Haygrove em Portugal enquanto procuravam “a pessoa certa” para o cargo, no entanto, passados dez anos da empresa no país, Mónica Mcgill, cuja formação é Biologia Marinha, revelou ser “a pessoa certa” para representar a empresa. A Blue Sky, é assim, a mais recente aquisição da Haygrove que tem como diretiva o crescimento e a garantia de produto todo o ano. A empresa começou a produzir em Portugal em janeiro deste ano, pelo que atividade ainda é recente, mas conta já com 400 trabalhadores e a perspetiva é a de crescimento favorável. Com 55 hectares já em produção, mas com o objetivo de atingir os 80 hectares de produção no próximo ano, a Blue Sky está situada no parque nacional do sudoeste alentejano e costa vicentina e no perímetro de rega do mira, na localidade de Zambujeira do Mar, Odemira. O objetivo é atingir os 200 hectares de produção

Mónica Mcgill é presidente da Casas Brancas, um projeto voltado para o turismo de qualidade no Alentejo e Algarve, é CEO do Monte do Zambujeiro, localizado em pleno coração do Parque do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, associada da Rota Vicentina e representante regional da Haygrove. Mulher, empresária e empreendedora, Mónica Mcgill faz parte do que se pode classificar de uma “minoria de elite”, a das mulheres portuguesas em cargos de topo. Se atualmente vivemos numa era em que as pessoas precisam que o dia tivesse mais do que 24 horas, para Mónica Mcgill esta necessidade faz ainda mais sentido. Sendo mulher e com uma carreira profissional que exige muito de si, poderia ser difícil fazer a gestão de todos os papéis que lhe são inerentes. No entanto, para Mónica Mcgill há um aspeto muito importante que é fazer aquilo de que se gosta. “É meio caminho andado para se ter sucesso e conseguir conciliar tarefas de índole diferente. A par destes cargos que absorvem os meus dias, tenho outra profissão a tempo inteiro: sou mãe de 3 crianças. Porém, é possível conciliar tudo quando se tem uma estrutura familiar e uma equipa motivada e empenhada que nos apoia”, refere a empresária. A discussão sobre lideranças no feminino e no masculino está cheia de lugares comuns. Diz-se que os homens são mais competitivos, imediatistas e propensos ao risco e diz-se que se houvesse mais mulheres no topo, as coisas estariam melhores. Para Mónica Mcgill esta realidade não se verifica, nem nunca sentiu que tivesse sido diferenciada pelo facto de ser mulher. Sempre esteve focada no seu caminho e nos seus objetivos pelo que quaisquer obstáculos não seriam impeditivos para percorrer o seu trilho profissional. Sobre a liderança feminina e sobre o facto de se considerar que as mulheres têm mais sensibilidade para exercer cargos de chefia e orientar equipas, Mónica não considera que seja pelo género que a sensibilidade é diferente. “Tem muito a ver com cada um de nós e com os valores que nos foram incutidos, as oportunidades e conhecimentos que temos e com os contextos com os quais privamos”, conclui a representante da Haygrove. ▪


MULHERES NA LIDERANÇA

» VISÃO DA SAÚDE

Um parceiro estratégico e vantajoso A Pharmaissues é uma empresa de Consultoria Farmacêutica que pretende dar resposta às constantes e novas necessidades deste setor, através da prestação de serviços globais e especializados nas áreas de Assuntos Regulamentares, Assuntos Médicos e Científicos e Assuntos Farmacêuticos.

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Pharmaissues surge da vontade, do empreendedorismo e da dedicação de Inês Coelho, Fundadora e CEO da Pharmaissues – Consultoria Farmacêutica, Lda, com mais de uma década de experiência profissional na indústria farmacêutica, e que em conversa com a Revista Pontos de Vista deu a conhecer as potencialidades da marca. Inês Coelho vê o futuro do setor da saúde recheado de grandes mudanças quer a nível tecnológico quer a nível de organização e funcionamento das estruturas que o suportam e regulam. A emergente necessidade de adaptação das empresas a um ambienINÊS COELHO te cada vez mais regulado está a criar aos principais intervenientes do setor farmacêutico a obrigatoriedade de adaptação a novos modelos de negócio. O recurso a serviços de outsorcing altamente especializados apresenta-se como uma possibilidade altamente vantajosa pois permite libertar as empresas para se focarem

nos seus processos mais críticos, ao mesmo tempo que reduz as necessidades e os custos de recrutamento com diferenciação. Desta forma, “a Pharmaissues apresenta-se como ferramenta preferencial por ser uma empresa que resolve os principais desafios enfrentados pela indústria, através da disponibilização de serviços, com foco na satisfação, qualidade e excelência”, revela a nossa interlocutora. A dedicação e o caminho pretendem-se com vista à obtenção de um trabalho diferenciador, de rigor, de excelência e de realização profissional e assim “a inteligência emocional é sem dúvida a chave para o sucesso, alicerçada em competências, persistência e colaborações de excelência por uma equipa que partilha o entusiasmo e empenho”, assume, lembrando que a Pharmaissues apresenta-se como um parceiro estratégico e vantajoso, com um alto nível de conhecimento técnico e científico capaz de dar resposta às modernas necessidades do mercado. ▪

BREVES BREVES REDES SOCIAIS

Portugueses passam cerca de 90 minutos nas redes sociais por dia

FOTO: DIREITOS RESERVADOS

29 OUTUBRO 2016

Os utilizadores de redes sociais dedicam diariamente, em média, 91 minutos do seu tempo a estes ‘sites’, revela o estudo da Marktest “Os portugueses e as redes sociais”, que aponta que o Facebook é líder nesta matéria. Segundo o estudo, a que a Lusa teve acesso, os utilizadores dedicam mais de hora e meia, em média, às redes sociais e este valor “sobe entre os mais jovens e as mulheres”. Mais de dois terços (68%) “considera que este é o tempo adequado para dedicar às redes sociais, embora um em cada quatro refira que no último ano passou a dedicar-lhes mais tempo”. O Facebook “destaca-se claramente das restantes redes sociais, pois a maioria refere que ele é o ‘site’ mais credível, o que informa melhor, o que mais gostam” e “o mais viciante”, sendo também “a rede com maior penetração em Portugal, com 94% de utilizadores, a que se segue o Youtube, Google+, WhatsApp e Instagram, que foi a rede que mais subiu face a 2015”.


PORTUGAL 2020

» PROJETOS DE INVESTIMENTO OPINIÃO DE Miguel Cruz, Presidente do Conselho Diretivo do IAPMEI

Informação

ao Serviço das Empresas Os projetos de investimento devem estar ao serviço da estratégia definida para a empresa e não o contrário. Esta será certamente a regra de ouro da boa utilização dos fundos comunitários e um pré-requisito para o sucesso.

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s sistemas de incentivos procuram estimular o investimento empresarial privado, inovador para o mercado e gerador de uma melhoria da posição competitiva da empresa. Constituem um estímulo para a realização do investimento, mas não devem ser confundidos com uma mera fonte de financiamento para esse investimento. Estimular o investimento com características de inovação dirigidas para um mercado global, e baseado na estratégia empresarial, implica um envolvimento profundo de quem, na empresa, não apenas conhece o negócio, mas perspetiva o seu futuro. Este conhecimento é indispensável, tal como indispensável é assegurar uma abordagem eficiente à preparação e realização da candidatura. Importa recordar que uma candidatura aprovada constitui apenas uma pré-condição para o sucesso de uma intenção de investimento. A execução do mesmo é crítica para que o seu impacto na empresa coincida com as expectativas que estiveram na génese da candidatura. O Portugal 2020 apresenta um enquadramento e condições de acesso e de execução de projetos com diferenças significativas em relação ao anterior quadro comunitário – o QREN. É neste contexto que o IAPMEI procura ter uma abordagem integrada que maximize o potencial de sucesso dos projetos de investimento, facilite o trabalho das empresas num enquadramento regulatório bastante exigente, e que contribua para um crescimento do investimento com as características relevantes do ponto de vista de política pública. Temos vindo a desenvolver uma efetiva política de empresa que facilite o processo de instalação e de atração de investimento, nacional e internacional. Neste sentido, o IAPMEI tem realizado, pelo país, ações de coaching dirigidas a empresas com projetos aprovados, e focados nos fatores críticos de sucesso. Temos vindo, ainda, a ampliar e simplificar canais de interação com as empresas, de que é exemplo o recentemente lançado canal de comunicação Gestão de Incentivos IAPMEI +. Já este ano divulgámos o manual/guia do empreendedor. O lançamento de dois mini-manuais de boas práticas, para candidaturas e para a gestão de projetos, vai precisamente beber à experiência desse relacionamento com as empresas, mas resulta também, da experiência de mais de 30 anos que o IAPMEI tem na gestão de incentivos, e da competência dos seus técnicos. Estes mini manuais de boas práticas são fáceis de ler e constituem um referencial de aspetos principais a que importa dar atenção no âmbito das candidaturas. E se da leitura deste manual um responsável de uma empresa considerar que precisa

de aprofundar um tema… pois bem, pode recorrer ao IAPMEI. No tocante às boas práticas em matéria de candidaturas, os vários tópicos estão organizados por sistemas de incentivos, mas sempre referenciados a quatro questões essenciais: 1) Estratégia e sua consistência no âmbito do projeto. Consistência da estratégia declarada com o plano de investimentos, caracterização do modelo de negócios, impacto estimado nos mercados, entre outros. Uma candidatura deve ser um todo coerente, ancorado na realidade e posicionamento da empresa. 2) Caráter inovador do projeto, com uma demonstração do conhecimento do estado da arte e do posicionamento face ao mercado, incluindo a caracterização das competências que garantem a adequada execução do projeto. 3) Internacionalização, contextualizada no modelo de negócios e, portanto com uma caracterização não apenas de quanto e onde, mas particularmente de como. 4) Impacto financeiro, capacidade de financiamento e seus pressupostos. Já no que se refere à execução do projeto, ou se quisermos, às boas práticas para a gestão de projetos de investimento, são apresentadas 10 questões críticas para o sucesso de projetos de investimento. Neste contexto são destacados elementos importantes como a relevância da informação transmitida e a gestão dos prazos de execução de projeto, cujo impacto é muito diferente do verificado em quadros comunitários anteriores. A recente disponibilização do novo site do IAPMEI vem facilitar o potencial da informação que o IAPMEI procura disponibilizar às empresas. Cumprindo todos os requisitos e exigências regulamentares e de compliance a que estamos obrigados, bem como mantendo uma exigência consistente com a aplicação de prioridades de política pública, apostamos decididamente na maximização do sucesso dos bons projetos candidatados aos sistemas de incentivos do Portugal 2020. A procura do Portugal 2020 (a sistemas em que o IAPMEI tem responsabilidades) tem sido mais de duas vezes superior à do QREN e, se bem que as taxas de seletividade sejam muito semelhantes, a aposta em iniciativas de qualificação da procura tem de ser constante. Nos projetos acompanhados pelo IAPMEI, a execução é já superior a 240 Milhões de euros, bem acima do registado em período homólogo do QREN mas, em paralelo com a execução, devemos olhar para todo o ciclo de vida dos projetos. Este é um compromisso nosso, e os guias de boas práticas constituem um sinal desse compromisso. Tirem bom partido destes instrumentos. ▪


BREVES cultura

Um escritor imprudentemente poético “Homens imprudentemente poéticos”, o mais recente romance do escritor Valter Hugo Mãe, chegou esta segundafeira às livrarias de todo o país. O pré-lançamento foi feito este domingo na Casa da Música, no Porto, entre amigos e centenas de leitores que se deslocaram até lá para conhecerem um pouco mais acerca da obra que nos conduz até uma floresta labiríntica no Japão.

GEOLOGIA

A nova caverna mais profunda do mundo tem mais de 404 metros e fica na República Checa Já não fica em Itália. A caverna mais abismal do mundo tem mais de 404 metros de profundidade e fica a este na República Checa. “Hranicka Propast”é um mundo difícil de enfrentar pelos exploradores. A caverna mais profunda do mundo foi descoberta na República Checa. O “Abismo de Hranice” – também chamada pelos checos de HranickaPropast – fica perto da cidade que lhe dá nome e tem pelo menos 404 metros de profundidade. É doze metros maior do que o Pozzo del Merroem Itália, até agora registada como a caverna mais abismal do planeta, garante a Sociedade Espeleóloga Checa. A profundidade da caverna foi determinada através de um medidor ligado a um robô equipado com um cabo. No final de setembro, o explorador polaco Krzysztof Starnawski aventurou-se e desceu a 200 metros da gruta. Foi o primeiro ser humano a entrar no poço de pedra calcária. Nessa viagem, onde se disse ter sentido “como um Cristóvão Colombo do século XXI”, Starnawski montou um robô subaquático controlado remotamente que chegou à profundidade de 404 metros. No entanto, os exploradores admitem que a caverna pode ser ainda maior: a máquina ainda não tocou no fundo do buraco, mas o cabo usado não lhe permitia ir mais longe. Na verdade, os relatórios dizem que “a essa profundidade, o fundo da caverna ainda nem sequer aparecia nos radares”.

Amamentação A sua mama autodestrói-se quando acaba de amamentar Os cientistas descobriram uma molécula que leva as células mamárias a comerem aquelas que morrem assim que a mulher deixar de amamentar. Em poucos dias, a mama de uma mulher deixa de se assemelhar a uma fábrica de produção de leite para retomar a sua composição original. De acordo com as descobertas feitas por uma equipa de investigadores da Universidade de Sydney, na Austrália, e publicada no Development Cell, existe uma mudança molecular que controla a transformação das células secretoras de leite em células que comem as vizinhas que estão a morrer. Com esta descoberta, os cientistas acreditam ter encontrado novas pistas na tentativa de perceber o que corre mal no cancro da mama.

31 OUTUBRO 2016

BREVES


TALENTO E GESTÃO

OPINIÃO DE Pedro Rebelo, Managing Partner da WISE – Talent Partners

(BI)POLARIDADE Numa palavra apenas, é assim que me arrisco a caracterizar a indústria do Recrutamento e Seleção (e afins). Faço esta caracterização livre de preconceitos, já que a WISE – Talent Partners, atua nesta área.

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pontos de vista

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eixem-me enquadrar e partilhar convosco algumas preocupações que fundamentam o que afirmo. Atualmente, ouvimos cada vez mais falar acerca da importância das pessoas enquanto maior ativo nas organizações. Temas como o “talento”, a sua escassez no mercado, o employer branding, o engagement, o debate à volta dos millennials, são cada vez mais frequentes no dia-a-dia das empresas. Num momento em que se reflete à volta destas temáticas, o papel das empresas deveria ser de união, planeamento, e organização centrada em redor das suas pessoas. Ao longo dos anos, temos vindo a subestimar ou subvalorizar o papel de cada um de nós, deixando que o recrutamento se tornasse num processo mecânico, industrial e demasiado impessoal. É bipolar! E na realidade não podemos atribuir culpas nem designar culpados, quando as empresas que procuram ajuda nestas áreas, também se deixaram levar por esta mecanização. As pessoas, no geral, passaram a ser números para algoritmos de um determinado software, que conclui se têm ou não talento, competências, ou “perfil” para desempenharem uma função. Números que na maior parte das vezes são desconsiderados pelas mais variadas razões, incluindo encontrarem-se desempregados. Aqui há umas semanas atrás, um cliente que estamos a ajudar a reposicionar-se no mercado de trabalho, dizia-me e cito: “Pedro, quando os bebés nascem muitas vezes dizemos que cheiram a leite, quando estamos desempregados cheiramos a desempregados.” Parece cruel, não concordam? Certamente, quem se encontra nesta situação ou já se encontrou, está neste momento a acenar com a cabeça. Na verdade, mais do que cruel, é triste. É triste que quem recorre a recrutadores e empresas nesta área, e que precisam de alguém que os ouça, que os ajude a focar e criar hábitos e disciplina na procura de novos desafios, não passe apenas de um curriculum vitae para cumprir métricas e fazer número. Claro que se existir real interesse, alguns irão ser contactados e, quem sabe, até recebidos. Atualmente, serviços como o recrutamento e seleção ou de gestão da mudança e carreira, proliferam no mercado. A oferta e a procura, deveriam ser suficientes para elevar o nível de exigência, de envolvimento e, sobretudo, obrigar a diferentes formas de servir as pessoas. Mais do que inovar é preciso simplificar, voltar ao básico, personalizar e singularizar o que realmente importa...as pessoas! Elevar o nível de exigência é isso mesmo, pensar que hoje quem está desempregado ou empregado e ativamente (ou não) à procura de um novo desafio, precisa de orientação, pode encontrar-se vulnerável e precisa ser ouvido. E amanhã será grato a quem o tratou como um ser humano e recordar-se-á para sempre. Os meios que temos à disposição hoje, são cada vez mais e melhores, no entanto, de nada servirão se existir um enorme desequilíbrio entre o que contribui para construir relações e o que bloqueia e cria obstáculos. As empresas de recrutamento e seleção, deveriam todas ter um papel fundamental junto do seu cliente. E não me refiro apenas ao cliente “pagador”, à empresa que contrata os serviços para encontrar alguém talento-

so com aquele perfil que não existe. Refiro-me sim ao candidato e à candidata que são assediados na sua zona de conforto (ou desconforto), para abraçarem novos desafios. Afinal não são estes os maiores promotores de uma empresa na nossa área de atuação? Não são estes que desejam ver algo diferente, que lhes proporcionem experiências diferentes e positivas? Não são estes a quem um dia possivelmente iremos bater à porta para confiarem nos nossos serviços? Não se conquista a confiança, se não mostrarmos ser dignos da mesma. Estou convicto que é preciso reforçar o nosso papel, sobretudo quando muitas pessoas já começam a duvidar deste tipo de serviço, sentem que não são tratadas pela sua individualidade, nem respeitadas. A verdadeira mudança de paradigma nesta área está ainda por acontecer, quando todos chegarem à conclusão que perdemos anos a tratar pessoas enquanto números e agora, precisamos reconquistar a confiança porque caímos em descrédito. É fácil seguir um guião de perguntas, com respostas que podem ser preparadas por qualquer pessoa. Difícil é sermos genuínos, sem qualquer pretensão de agradar alguém que nos colocará numa qualquer fase final de um processo de recrutamento. Difícil mesmo, é ouvir uma pessoa ativamente, perceber a sua autenticidade, o caminho e a montanha que passou até chegar a nós, olhar para a estória de cada um, para o seu todo. O difícil, meus caros, é conhecer bem uma organização e as suas pessoas, de forma a contextualizarmos o negócio com a cultura e com as necessidades, e só assim sermos capazes de aconselhar a melhor escolha para cada situação. Diria que uma boa empresa de recrutamento entrega os resultados pretendidos ao seu cliente, ou seja, recruta a pessoa para a função em causa. Uma excelente empresa de recrutamento, é aquela que ouve o seu cliente, questiona, conhece pessoas e envolve-as como se fizesse parte dos recursos humanos da empresa, dá feedback (personalizado e construtivo), apresenta os seus candidatos mostrando o seu valor acrescentado. É a empresa que aconselha ambas as partes envolvidas no processo, e mantém o contacto mesmo após a conclusão do processo. É aquela empresa onde as pessoas reconhecem confiança, criam relações de longo prazo e onde sabem que podem sempre recorrer. Sabemos que todos apregoam isso, nenhuma empresa de recrutamento vos vai dizer que não faz, a dificuldade é encontrar quem diga e quem o faça igualmente e naturalmente. Todas as empresas a atuar nesta área têm pessoas de valor, por isso escolham aquela que for mais adequada para as vossas necessidades, para o valor que pretendem ver acrescentado nas vossas organizações, que reflita os vossos padrões de exigência e qualidade, que contribua para o vosso crescimento e desenvolvimento. “Adorar o que fazemos, não é um privilégio! É um direito e uma escolha.” ▪


PORTUGAL 2020

» ASSOCIAÇÃO AÇÃO PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO

QUALIFICAR PARA INTERNACIONALIZAR Numa realidade em que se verifica uma elevada percentagem de empresas em pleno processo de globalização, a Associação Ação para a Internacionalização (AAPI) assume-se como uma ferramenta primordial. A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Nuno Morgado, Presidente da AAPI, que tem como objetivo a realização de atividades de promoção da internacionalização e do desenvolvimento empresarial. logística ou com institutos politécnicos. São protocolos essenciais, pois tratam-se de entidades de relevo para a qualificação e a internacionalização em Portugal”, afirma Nuno Morgado. Sabendo que uma das necessidades das empresas prende-se com o financiamento, a AAPI desenvolveu um projeto, “Internacionalizar Qualificando”, focado na qualificação das competências das PMES dotando-as de ferramentas capazes para os seus processos de internacionalização, beneficiando de incentivos não reembolsáveis em cerca de 50%. “Os apoios comunitários são uma grande janela de oportunidade que possibilitam às empresas meios financeiros para a qualificação. Hoje em dia é impensável uma empresa que pretende internacionalizar-se não ter uma plataforma digital de venda dos seus produtos, por exemplo. O mundo é muito grande e é preciso perceber de que forma e onde queremos estar”, realça o presidente. Estamos a falar de meio milhão de euros que a AAPI pretende incorporar nas empresas até ao final de 2017.

EQUIPA AÇÃO PARA INTERNACIONALIZAR

Portugal e globalizarem-se”, afirma Nuno Morgado. Já os vales simplificados, apesar de se ter verificado algumas irregularidades no que diz respeito à alteração das normas para as empresas que se candidataram, “revelaram-se adequados, pois estamos a falar de pequenas

quantias no valor de 20 mil euros essenciais para colmatar as lacunas nas empresas no que diz respeito à qualificação e à preparação para se internacionalizarem”, conclui o presidente da AAPI.▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

PORTUGAL 2020

Uma das prioridades do Portugal 2020 é o estímulo à produção de bens e serviços transacionáveis, internacionalização da economia e a qualificação do perfil de especialização da economia portuguesa. Por sua vez, os vales simplificados, e neste caso, os Vales Internacionalização e Inovação têm como objetivo o reforço da capacitação empresarial das PME através do apoio à procura de serviços tecnológicos e do conhecimento de mercados e de interface com os agentes económicos relevantes nos mercados externos. Quando questionado sobre o que se pode esperar do tecido empresarial português no que diz respeito à internacionalização, Nuno Morgado não tem dúvidas de que a estrutura do quadro Portugal 2020 foi pensado e organizado “de uma forma excelente” para as pequenas e médias empresas, pois abarca várias áreas para qualificar as empresas para a inevitável internacionalização. “Não há volta a dar, os empresários têm de ultrapassar as barreiras deste retângulo que é

33 OUTUBRO 2016

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uando, em 2012, a Associação Ação para a Internacionalização surgiu, o tema da internacionalização ainda não era significativamente abrangente e relevante. Contudo, quando se concretizou efetivamente era um tema relacionado maioritariamente com empresas que foram “empurradas” para a necessidade de se internacionalizar para não ficarem num nicho do mercado em Portugal que apenas sustenta a atividade. “Hoje é muito fácil os empresários aperceberem-se que o caminho é o mercado global”, começa por referir Nuno Morgado. A associação, que se assume estatutariamente como uma associação de apoio à internacionalização das empresas, focou-se naquilo que são os seus estatutos que se prendem com a ação concreta para a internacionalização. “Verificámos que existiam algumas lacunas em Portugal, quer no movimento associativo, quer nas empresas, nesse apoio em concreto. Queremos acrescentar valor a este processo e marcar pela diferença”, explica o presidente. Assim, a associação começou por definir um processo de internacionalização que tem como ponto de partida identificar quais são as necessidades e os aspetos das empresas que são precisos alavancar em termos de ação concreta no terreno. “Dotamos as empresas com os mecanismos necessários para este caminho da internacionalização, desde a área financeira, passando pela implementação de estratégias, a identificação de mercados, os requisitos nas áreas comercias, até à imagem e o plano de comunicação das mesmas”, refere o nosso entrevistado. Depois de definido um plano e o mercado para onde a empresa pretende ir, a associação presta serviços de ação em termos comercias no terreno onde a mesma pretende implementar-se. Para este processo, a associação rápido se apercebeu da importância das parcerias pelo que foi celebrando protocolos com entidades que entendia serem fulcrais de acordo com as necessidades que identificavam nas empresas. “Estamos a falar de protocolos nas diversas áreas financeira, legal,


Consultoria de negócios e investimentos

» STARTUP BUSINESS CONSULTING

LADO A LADO DO CLIENTE Com uma forte presença no mercado no que concerne ao apoio à criação de startups, a StartUp Business Consulting (SBC) trabalha diariamente com fundos comunitários e uma vasta rede de investidores com o objetivo de potenciar ideias incubadas. Ricardo Costa Mendonça, Diretor Comercial e de Operações, explica-nos melhor o trabalho desenvolvido pela SBC.

RICARDO COSTA mendonça

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omo pode ser descrito o trabalho e acompanhamento junto das startups realizado pela StartUp Business Consulting (SBC)? Desde o início da nossa atividade, a SBC tem procurado apoiar de forma atenta e constante os nossos clientes através de um serviço especializado na área da dinamização de negócio e obtenção de

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importantes ganhos de tração no mercado em que pretendem inserir-se ou no qual já estão inseridas. Trabalhamos caso a caso e lado a lado com o cliente, ouvimos as suas necessidades, analisamos o mercado e o percurso da startup, a força da equipa e a sua capacidade de superação de resultados. De seguida apresentamos um plano de ação, seja na vertente de captação de capital, de apoio estratégico na internacionalização, obtenção de parceiros de relevo, realização de plano de marketing e demais atividades inerentes às necessidades de cada cliente. O nosso trabalho não se esgota na realização de planos, aliás, diria mesmo que é nessa fase que

ele começa, sendo importante estar presente nas várias fases de implementação dos ditos planos e apoiar a startup a obter as métricas de negócio que pretende. O que procuram específicamente? Qual o valor acrescentado que oferecem? Sendo direto, e tendo em conta que somos uma empresa conhecida pelo elevado dinamismo e procura ativa de novos negócios, bem como a elevada adaptabilidade a novas realidades de negócios, estamos sempre atentos ao aparecimento de novas startups, procurando sempre aquele fator wow que as difere do que atualmente o mercado oferece. Seja na área do Turismo, Saúde, IT, plataformas online, produção artesanal, entre muitas outras, o nosso foco prende-se com startups que pretendem efetivamente tomar o próximo passo ou apoiar startups já com elevados ganhos de tração mas que ainda não conseguiram atingir determinadas métricas de negócio. Por vezes é apenas necessário aquele pequeno “empurrão” dado por uma entidade especializada na dinamização de negócio e angariação de capital. A empresa detém uma bolsa ativa de investidores nacionais e internacionais. Podemos, com isto afirmar que a falta de capital já não é entrave para as startups? A SBC é possivelmente uma das consultoras em Portugal de média dimensão a possuir uma das maiores bolsas de investidores nacionais e internacionais. Embora seja verdade que neste momento a concorrência relevante se foca bastante em linhas comunitárias (o que considero algo perigoso), as mesmas não vão, infelizmente, durar para sempre nesta cadência! Concluímos que é na bolsa de investidores que conseguimos dar uma resposta mais direta, dinâmica, estruturada e abrangente às necessidades

de capital. Um mesmo investidor poderá suprir todas as necessidades de uma startup, sendo que, por exemplo, nas linhas comunitárias a startup não conseguirá numa única candidatura satisfazer todos os seus objetivos. Também o apoio estratégico dado por um investidor é sem dúvida diferente, é o seu próprio dinheiro que está em jogo, logo, a entrega daquele à startup é atento e constante, independentemente da sua dimensão. Até mesmo capitais de risco que gerem vários milhões de euros estudam ao pormenor a entrada numa startup, até porque na maioria das vezes a fase é inicial, em que se tenta até apresentar provas de conceito e, portanto, o risco é maior. Por outro lado, quais são os maiores obstáculos? De que forma se contornam? São várias as fases numa startup, por vezes é necessário dar um passo atrás para ser possível avançar dois passos à frente, as provas de conceito, a falta de capital que por vezes existe na fase inicial, a necessidade de aceitação por parte do mercado, a busca de parceiros, enfim, praticamente todas as startups já passaram por pelo menos um destes obstáculos! A forma de contornar é testar, enfrentar, desafiar constantemente o seu projeto perante terceiros, sendo que a SBC encontra-se lado a lado do seu cliente por forma a dar o apoio especializado necessário à correta prossecução dos seus objetivos. Numa época de grandes mudanças e instabilidade económica vivida no tecido empresarial podemos dizer que a Consultoria de Negócios tornou-se uma área ainda mais criativa para assim garantir o sucesso dos clientes? Sem dúvida! Falar neste momento em Consultoria de Negócios passa por campos mais vastos, especializados e ajustados às necessidades dos clientes. A atividade dinamizou-se e apoia neste momento o cliente em áreas complementares de relevo. Em três palavras, que características não podem de todo faltar a uma startup? Vontade, dinamismo e dedicação, sem dúvida! ▪


PROJEKTA 2016

» FABRIMETAL EM DESTAQUE

“O COMPROMISSO COM ANGOLA É DE AÇO” Fabricante de barras de aço e presente em vários países do continente africano, a Fabrimetal tem caminhado ao lado de Angola no seu progresso e afirmação no mundo global. Luís Diogo, Diretor Comercial da empresa, fala-nos um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido pela Fabrimetal.

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ão obstante ao atual contexto económico, o setor da construção é um dos setores mais promissores em Angola, em termos de evolução e fundamental na regeneração das economias locais e nacional. O contexto económico despertou novas oportunidades de negócios para a empresa? O atual contexto económico tem sido bastante adverso, dada a drástica descida da cotação do Barril do Petróleo, principal fonte de receita para o Orçamento de Estado Angolano. Enquanto produtores nacionais, não podemos dizer que a procura não tivesse aumentado, porque aumentou efetivamente, todavia também nós fomos e continuamos a ser atingidos pela falta de divisas, o que afetou consideravelmente a importação de algumas matérias primas, pois apesar de adquirirmos grande parte da nossa matéria prima no mercado nacional, temos também necessidade de importar alguns produtos que são essenciais para manter os níveis de qualidade do nosso produto. Apesar de tudo isto, temos vindo a conseguir manter os níveis de produção e não fizemos despedimentos, pelo contrário!

Estamos convictos de que o pior da crise já tenha passado e como tal, verificando-se melhorias no ambiente económico, o nosso compromisso com Angola será certamente reforçado.

macroeconómica não nos foi possível avançar. Reforçamos a nossa presença no mercado com a nossa atual gama de produção, Varões de Aço Reforçado FM TMT dos diâmetros 8 a 32. Apostamos continuamente na qualidade do nosso produto. Denotam-se fortes avanços no setor da construção em Angola, porém a crise evidenciou algumas debilidades que teimam em persistir. Que principais desafios enfrentam no setor enquanto produtores nacionais de forte presença no país? Um dos principais desafios que temos é, face à atual conjuntura, mantermos a nossa estrutura e os níveis de produção.

A Fabrimetal tem caminhado ao lado de Angola no seu progresso e afirmação no mundo global. Na sua opinião, o potencial do mercado angolano continua a ser devidamente reconhecido? Nós acreditamos que sim. No nosso caso em particular, com dados precisos podemos afirmar que temos potencial para crescer quer ao nível do mercado interno quer ao nível do mercado externo! Isto é demonstrativo de que o mercado continua a ser reconhecido, não obstante o atual ambiente macroeconómico. ▪

35 OUTUBRO 2016

LUÍS DIOGO

A Fabrimetal tem desenvolvido um trabalho de forma muito comprometida com Angola, gerando um valor acrescentado significativo à economia nacional. Que produtos a empresa conseguiu introduzir este ano de forma a corresponder às exigências do mercado atual? Efetivamente o compromisso da Fabrimetal com Angola é de “aço”. O valor agregado que geramos para a economia nacional é substancial, quer no nível de emprego gerado quer no contributo que damos à redução das importações. Tínhamos previsto para este ano um investimento com vista à produção de produtos complementares ao Varão de Aço, tais como Barras, Cantoneiras e Perfis, todavia face à situação

No ano passado estiveram presentes na Projekta, a maior feira dedicada à indústria da construção, obras públicas, urbanismo e arquitetura, em Angola. Uma feira que fomenta oportunidades de contacto, negócio e investimento internacional necessárias à revitalização e reconstrução das infra estruturas base do país. A Fabrimetal tem novidades promissoras para apresentar na edição deste ano da feira? Estivemos efetivamente presentes no ano passado e estaremos também este ano. A nossa presença estará em linha com a do ano anterior. Temos hoje uma notoriedade maior no mercado, tendo um nível maior de responsabilidade também para com os nossos clientes. As novidades serão o que já materializamos até ao momento, a introdução do sistema de vazamento contínuo para obtenção de Bilets (Lingotes), o novo sistema de empacotamento do nosso produto e obviamente o reforço contínuo que temos depositado no sistema de qualidade.


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

» Rui Laranjinha, CEO da Teleflex, em entrevista

CORDÕES DE FIBRA ÓTICA À MEDIDA DO CLIENTE Presente no mercado há mais de duas décadas, a Teleflex é uma empresa que trabalha nos segmentos de mercado da indústria e infraestruturas em edifícios, na área das comunicações com base em cobre ou fibra ótica. Rui Laranjinha, CEO da Teleflex leva-nos a conhecer um pouco mais sobre estes cabos que, com o avanço da tecnologia, foram substituindo os cabos de cobre.

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esde 1993 a exercer atividade no mercado nacional, a Teleflex atua ao nível da importação, fabrico e distribuição de produtos elétricos e eletrónicos na área das comunicações em redes de voz e dados em cobre ou fibra ótica. São vinte e três anos a acompanhar as tendências do mercado, correspondendo sempre de forma eficaz às exigências dos clientes. Em 2010, com a evolução das infraestruturas nacionais em fibra ótica, a empresa implementou um laboratório de produção de cabos conectorizados com capacidade para utilizar conectores de diversos tipos (SC/APC; ST; LC; SC; E2000/APC; FC; FC/APC e LC/APC). A verdade é que, atualmente, cerca de 90% dos lares em Portugal estão preparados para receber serviços através de fibra ótica, uma média muito superior à da União Europeia, que se situa nos 23%, segundo o relatório anual que caracteriza o setor publicado pela Anacom. A produção de cordões terminados com comprimento e conectores selecionados pelo cliente é manufaturada e testada de acordo com as normas da indústria mais exigentes, sendo que as suas características mecânicas e desempenho ótico está de acordo com as especificações das normas IEC, CENELEC e Telcordia. Uma das prioridades da Teleflex passa pelo cumprimento dos prazos estabelecidos e prazos de entrega imediatos. Assim, o prazo de entrega típico é cerca de 2 a 5 dias, podendo produzir quantidades de 1 a mil unidades em cerca de 1 a 5 dias. Mesmo para quantidades superiores o prazo de entrega é de 2 a 3 semanas.

RUI LARANJINHA

O MERCADO DA FIBRA ÓTICA

“Em todas as áreas a que nos dedicamos temos de ter sempre como base um forte conhecimento científico”.

Em 2014 é dado outro passo e a empresa começa a preparar o processo de internacionalização, estando desde logo presentes como expositor na maior feira de tecnologia informática da Europa Cebit em Hannover pelo que, hoje em dia, os produtos da Teleflex estão já presentes nos mercados da Tunísia e Angola. “É inevitável expandirmo-nos internacionalmente e estamos a trabalhar nesse sentido. Sabemos que temos capacidade em termos de competitividade nestes mercados”, afirma Rui Laranjinha. O engenheiro explica que, antes deste da fibra ótica, a empresa já trabalhava com as mesmas, mas apenas a nível das operadoras de comunicação como a PT e a Vodafone. No entanto, quando em 2011 surgiu o novo regulamento ITED (Infraestruturas de Telecomunicações em Edifícios) com a introdução da fibra ótica, “surgiu ali uma oportunidade e um nicho do mercado que queríamos explorar e expandir”, explica o administrador da Teleflex. Para o engenheiro trata-se de um mercado com soluções à medida que dá primazia à proximidade, necessitando de especialistas que

apresentem respostas imediatas e eficazes. “Implementamos, assim, o nosso laboratório, começamos a desenvolver conhecimento e a especializar-nos nesta área que é delicada e exigente”, refere Rui Laranjinha para quem esta área obriga a testes com uma precisão e técnicas muito mais avançadas, um forte know-how e uma aposta contínua na formação técnica da equipa. “Trata-se de uma produção bastante complexa que tem de estar associada a um tempo médio de trabalho rentável”, acrescenta. Com uma vasta gama de produtos para responder prontamente a uma elevada percentagem de clientes, a Teleflex, a par da fibra ótica trabalha, igualmente, com a distribuição de componentes em cobre e equipamentos ativos, ou seja, a infraestrutura completa para a rede funcionar, conseguindo responder a soluções mais alargadas em mercados internacionais. Atualmente, os produtos Teleflex estão presentes em todas as operadoras de comunicação a nível nacional, bem como na EDP. “Temos junto dessas empresas um patamar de confiança bastante satisfatório. Penso que para tal contribuem fatores como a qualidade do produto que é fornecido atempadamente e dentro dos preços expectáveis, bem como a relação de


confiança que é desenvolvida entre nós e o cliente”, explica Rui Laranjinha. A par do apoio técnico e logístico que disponibilizam, a empresa presta, igualmente, total acompanhamento e apoio pós-venda. “Tentamos estar sempre atentos e responder eficazmente a algum problema que surja”, afirma o engenheiro. APOSTA CONTÍNUA NA FORMAÇÃO “Em todas as áreas a que nos dedicamos temos de ter sempre como base um forte conhecimento científico. A partir daí apostamos continuamente na aprendizagem”, explica Rui Laranjinha. A preocupação constante da empresa é a aposta numa equipa composta por pessoas especializadas e com um forte conhecimento em diversas áreas de forma a poderem complementar-se. Por outro lado, acompanham, regularmente, feiras internacionais procurando estar sempre atentos a novos produtos que surjam. “Seguimos de perto as tendências do mercado para conseguir corresponder às exigências dos nossos clientes. Temos também um contacto direto com os fornecedores para conhecer bem os produtos e saber quais são os mais adequados, sendo fundamental uma boa análise e estudo do mercado antes da escolha dos mesmos”, explica o nosso entrevistado para quem é importante sair da zona de conforto e procurar “saber o que está a acontecer nos mercados internacionais”. Se no início a linha orientadora da Teleflex era a distribuição de produtos, trabalhando com algumas das marcas mais conceituadas, rapidamente a empresa apercebeu-se que tinha capacidade e potencial para fabricar e implementar produtos com a sua marca. “Assim, podemos definir a nossa qualidade e a nossa competitividade e esse é o caminho que a empresa irá seguir. Queremos centrar-nos nas nossas próprias soluções”, afirma Rui Laranjinha. Futuramente, a par do desenvolvimento e da consolidação do mercado da fibra ótica, a Teleflex irá apostar noutro segmento do mercado: soluções fotovoltaicas. “Estamos já a desenvolver essa componente e o futuro da empresa passará, certamente, por estas duas áreas promissoras do mercado”, conclui Rui Laranjinha. ▪

OUTUBRO 2016

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GERBER TECHNOLOGY

» OS DESAFIOS E A DIFERENCIAÇÃO

Gerber Technology A marcar a diferença

Gerber Techonology – Theo Ostendorf, Vice-Presidente e Diretor Geral EMOA e Francisco Aguiar, Diretor Comercial EMOA (Europa, Médio Oriente, África), em entrevista à Revista Pontos de Vista.

Theo Ostendorf Vice – Presidente da Gerber e Diretor Geral EMOA

Q pontos de vista

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ue desafios enfrenta a Gerber Technology face ao cenário de tensão sentido pelos seus clientes europeus no contexto da chamada indústria 4.0 ? Theo Ostendorf - A quarta revolução industrial vai transformar profundamente os processos entre as empresas, ninguém pode duvidar disso. A cooperação plena, sem interface, as normas da entidade… Desde a produção até à gestão de pedidos em rede, o tempo real das máquinas e da tecnologia de automação, a manufatura e a logística. Tudo acarreta imensos desafios, não só técnicos, como também de adaptabilidade organizacional da própria empresa. De facto temos constatado que os nossos clientes, que estão espalhados por todo o mundo, detêm alargados conhecimentos informáticos. No entanto, não se verifica o mesmo na indústria têxtil (que representa cerca de 65 % dos clientes Gerber). Porém, os mesmos são pioneiros a adotar um modelo de referência perante a industria 4.0. Isto parece mais realista uma vez que a automatização dos processos, principalmente na costura, é parcial e limitada. Francisco Aguiar - Acreditamos que, muito provavelmente, vamos assistir a uma introdução gradual de redes inteligentes modulares, por exemplo: melhorar a transparência na rede de abastecimento. É precisamente a este nível que a Gerber Technology intervém: apoia os clientes na utilização dos serviços como: prototipagem virtual com AccuMark 3D integração da CAO com AccuMark em geral, YuniquePLM e, finalmente, em rede com sistemas de ERP.

Francisco Aguiar, Diretor Comercial Gerber e EMOA (Europe, Moyen Orient, Afrique)

Lançámos as bases com o sistema GERBERconnect, de manutenção remota de comunicação, intersystem, conhecido como IoT – Internet Of Things. Estamos extremamente bem preparados para agir de acordo com as necessidades dos nossos parceiros comerciais. Sobre fabricação digital e impressão em 3D: a mesma tem um impacto a médio e longo prazo. De que forma a mudança de paradigma acarreta consequências para os vários ramos de indústria para as quais trabalha a Gerber Technology? Vê essa tecnologia como potencial concorrente no que concerne à abordagem predominantemente bidimensional das soluções de automação? Theo Ostendorf - A Gerber Technology não considera a impressão 3D concorrência, e certamente também não o será nas aplicações têxteis, uma vez que o tato dos materiais será sempre preeminente. O módulo 3D do software CAO AccuMark da Gerber permite, além da prototipagem virtual e das correções de corte, o desenvolvimento e modificação de modelos a baixo custo. Quanto à forma como o design 3D irá prefigurar a produção 3D na indústria da moda... Só o futuro o dirá. Sempre com revoluções tecnológicas. Inicialmente observámo-los com cuidado, antes de segui-los. Por exemplo, convidamos, como parte do nosso departamento de criatividade 2015, o designer israelense Danit Peleg e a sua primeira coleção inteiramente desenvolvida e produzida em 3D.

Ouve-se falar imenso de ecologia e responsabilidade social. O mesmo se aplica à indústria têxtil e outros ramos também dominados pela Gerber que é dos principais fornecedores de tecnologia de automação. Os players estão comprometidos em mostrar tudo o que é possível fazer nesse sentido. Como tem sido a contribuição da empresa perante estes princípios? E enquanto fornecedor de sistema? Theo Ostendorf - A Gerber Technology tem uma contribuição notável perante a durabilidade económica e ecológica. Com a YuniquePLM, conseguimos obter a rastreabilidade completa dos produtos e processos de fabricação, que é um pré-requisito para a avaliação, auditoria e controlo de todos os aspetos relevantes, a este respeito, incluindo o ambiente de trabalho e o respeito das diretrizes ambientais globais e locais. Os sistemas CAO e FAO da Gerber Technology têm permitido alcançar consumos de energia e de recursos consideráveis, graças a uma melhor utilização do material, produção de filme sem gerar vácuo, durabilidade das ferramentas, tais como facas, tiras de couro, entre outros. A questão da durabilidade tem incontestavelmente uma grande importância para a empresa assim como no desenvolvimento de novos produtos. A instabilidade geopolítica, os conflitos armados, a crise financeira: tudo isto poderá suscitar inquietude para o consumidor e por isso influenciar invariavelmente os negócios, em particular na região EMOA (Europa, Médio Oriente e África)? De que


Theo Ostendorf A integração da PDMPLM e ERP desempenha um papel fundamental na construção de redes modulares nas cadeias de fornecimento

Com o sistema de corte Paragon® é possível uma análise da comunicação homem-máquina que abrange as diferentes necessidades setoriais

forma tem contornado a Gerber europeia todas estas problemáticas? Theo Ostendorf - A fragilidade da zona euro é realmente um desafio para a empresa. Uma vez que promove uma maior concorrência que não seja afetada com tais problemas. No entanto, conseguimos manter os nossos preços. Esta é particularmente a oportunidade para criar soluções abrangentes em termos de serviços. A Gerber Technology realizou estudos independentes que nos coloca numa posição «acima da média». Além disso, as várias questões que mencionou, com razão, estão entre os desafios que as empresas enfrentam no mercado globalizado. Enfrentá-los com sabedoria e ponderação para os superar, na medida do possível, pode por isso ser encarada como uma questão de sobrevivência. Não devemos entrar em pânico. Para a indústria Gerber há que manter uma dinâmica de inovação e até intensificá-la. Esta necessidade é particularmente aguda entre os nossos clientes, os setores de alta tecnologia, tais como processadores têxteis automotivos ou aeroespaciais, materiais inteligentes e toda a indústria de compósitos. Dentro da EMOA, qual é o mercado que representa os maiores desafios atualmente ? Theo Ostendorf - O mercado de exportação russo e ucraniano que se mostram completamente colapsados. Compete-nos contudo uma recuperação rápida após o fim do embargo. Quais são, na sua opinião, os grandes desafios que se avizinham em 2016 a

AccuMark 3D Screen Capture ACT

Modelagem 3D, prenúncio 3D de fabricação Fonte Gerber AccuMark 3D

médio prazo para um especialista em automação como é a Gerber Technology ? Theo Ostendorf - Em relação às áreas de desenvolvimento e fabrico de produtos de consumo acabados, como a indústria de vestuário e de embalagem, considero a tendência têxtil 2.0 interessante e que traz novas perspetivas. Com as possibilidades da internet, testemunhamos agora uma nova era da cultura da indústria têxtil internacional. Nos próximos anos, as relações dentro da rede, desde o desenvolvimento de produtos, compra e fabrico, distribuição, mas também a última etapa, vai continuar a mudar, exceto para o consumidor. A Gerber Technology, está no mercado como pioneira de automação e líder de mercado há quase 50 anos, não poderia estar numa melhor posição para continuar a fornecer o apoio aos seus clientes globais, cerca de 26 mil no setor de vestuário, têxtil, couro e materiais compósitos, garantindo soluções de software ad hoc. Francisco Aguiar - O mesmo se aplica aos nossos produtos de hardware com a série Paragon®, por exemplo, uma nova referência na comunicação entre o homem e a máquina e disponibilização dos dados. Acima de tudo, a empresa, especialmente nos últimos anos, alterou significativamente o seu ADN com o desenvolvimento de software e soluções de TI inovadoras. Fornecendo a mercadoria certa, no momento certo, no lugar certo. Este é o objetivo dos nossos clientes, reduzir drasticamente a proporção de devoluções, cancelamentos e armazenamento de peso. É uma atitude que o mercado valoriza. ▪

Sobre a Gerber Technology Fundada em 1968, inicialmente denominada de Gerber Garment Tecnologia, a empresa é fornecedora líder global de soluções integradas. A Gerber Technology apoia os clientes a automatizar processos e a gerir o design, desenvolvimento e fabrico dos seus produtos. Cerca de 27mil utilizadores em 130 países, nos segmentos de moda e vestuário, mobiliário, construção de automóveis e aeronaves, têxteis técnicos e materiais compósitos, assim como embalagens. A empresa pertence à American Partners Industrial (AIP), uma entidade private equity com foco operacional orientada para empresas industriais, na América do Norte, que operam no mercado nacional e internacional. Está sediada em Tolland, Estados Unidos. Atualmente administra 3,2 bilhões de dólares de ativos em nome dos maiores fundos de pensão, fundações e instituições financeiras. Investe em todos os tipos de capital de desenvolvimento como os RES, aumentos de capital, reestruturações societárias e privatizações estabelecidas no volume de negócios entre 100 milhões e 1 bilião. Na Europa, a Gerber Technology tem filiais em Ismaning (Munique), Bièvres (Paris), Milão, Porto, Zaventem (Bruxelas) e Sant Vicent dels Horts (Barcelona).

39 OUTUBRO 2016

Fonte F.I.R. Aachen

Theo Ostendorf assumiu em maio de 2012, a gestão da EMEA , Gerber Technology , como Vice-Presidente e Director Geral. Anteriormente, fez uma pós-graduação em gestão de negócios e foi responsável pelo projeto Planeamento de Negócios e Desenvolvimento para a Europa na empresa, que é uma das líderes a nível mundial em CAD / CAM / PDM / PLM . Desde 1991, data da sua entrada na empresa, que desenvolveu estratégias cruciais na reestruturação da Gerber na Europa e na Austrália.


MICROCRETE E O MICROCIMENTO

» MARCAS com história

Sair do convencional com um Revestimento único

A aposta na diferenciação assume-se como um factor essencial no momento de criar valor e assim conquistar a aceitação e a receptividade do mercado e portanto é importante que as marcas promovam e fomentem produtos e serviços que criem no consumidor essa vontade de conhecer mais. É neste «palanque» que surge a Microcrete. Mas venha conhecer mais.

A pontos de vista

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tenta a estes cenários, a Revista Pontos de Vista foi conhecer a Microcrete, marca que está na vanguarda e que tem vindo a crescer no mercado interno e internacional através daquele que é um produto inovador, o denominado Microcimento, um produto que proporciona benefícios práticos e decorativos no revestimento de pavimentos e paredes, ideal para projectos de reabilitação e decoração minimalista, até porque se assume como um material flexível e de enorme qualidade, capaz de enaltecer qualquer espaço, tornando-o mais moderno e distinto. Fomos portanto perceber as mais-valias deste produto e marca e conversámos com Sérgio Vasconcelos, CEO da Microcrete, que nos deu a conhecer um pouco mais do background deste produto, das valias e vantagens do mesmo, sem esquecer as potencialidades que representa para o consumidor final e não só. A entrada em Portugal do designado Microcimento deu-se há cerca de 8 anos, mais concretamente em 2008, período em que a Microcrete decidiu trazer este produto bastante reconhecido pelas suas valias em outros mercados, em especial o francês, pois esta é uma solução que permite, entre outras coisas, diversas utilizações que vai desde a impermeabilização à reabilitação e revestimento, aportando um «ar» moderno e novo. “A ideia primordial foi a de olharmos para o universo da construção como uma construção 2.0, ou seja, pretende-

A ideia primordial foi a de olharmos para o universo da construção como uma construção 2.0, ou seja, pretendemos trazer uma tecnologia moderna e diferenciadora como solução para os problemas do quotidiano

SÉRGIO VASCONCELOS

mos trazer uma tecnologia moderna e diferenciadora como solução para os problemas do quotidiano”, esclarece o nosso entrevistado. Como já foi salientado, em 2008 deu-se a entrada do produto da Microcrete, o Microcimento, em Portugal, período em que se viveu de uma forma mais profunda a crise no setor da construção, principalmente no domínio do edificado novo. Mas porquê correr este risco num período de dificuldades? Segundo Sérgio Vasconcelos, a marca gosta de trabalhar nos designados nichos de mercado, fazendo sempre algo pioneiro, mesmo que para isso seja necessário correr alguns riscos. “Naturalmente que corremos riscos, até porque quando o fazemos temos necessariamente que «educar» o mercado e isso é penoso e moroso. Temos de perceber que estávamos num momento de crise em Portugal e o nosso país, nessa altura, ainda se encontrava bastante atrasado relativamente a estes produtos mais inovadores na dinâmica da construção”, salienta o nosso interlocutor, lembrando que o mundo da reabilitação começou a surgir em Portugal nesse período, 2008, sendo que ainda hoje os dados existentes no âmbito da reabilitação são inferiores ao que era nesse período em mercados congéneres como o alemão ou o francês, “em que cerca de 85% do mercado assentava na reabilitação e o restante em construção nova. Em Portugal era o inverso, ou seja, cerca de 80% de construção nova e o restante ao nível da reabilitação. Aquilo que tenho aprendido é


que tendencialmente seguimos o caminho dos restantes países europeus, embora ainda estejamos algo atrasados”, revela o CEO da Microcrete, assegurando que Portugal está no bom caminho, mas que este rumo é naturalmente árduo e complicado.

Cepticismo ultrapassado

Desafios não cessam… e ainda bem

Atualmente a Microcrete opera a nível de todo o território nacional, mas também a nível internacional, estando presente em diversos países como França, Espanha, Holanda, Angola, entre outros. “Temos bastante qualidade e conseguimos ser bastante competitivos ao nível do preço”, salienta o nosso interlocutor, realçando que a marca se candidatou ao sistema de incentivos Portugal 2020, “pois pretendemos continuar a apostar fortemente no mercado”. Mas será que este produto e marca vieram mudar o paradigma da construção e da reabilitação em Portugal? Para Sérgio Vasconcelos assumir essa linha de pensamento “é demasiado ousado e não temos essa veleidade, mas temos feito o nosso trabalho como agentes deste mercado e contribuído para o mesmo. Temo-nos assumido como alguém que compreende as necessidades e as exigências das pessoas e do seu dia a dia. A reabilitação tem e deve caminhar para que o utilizador ou o dono da propriedade/habitação saia de casa de manhã e quando regressa do trabalho a mesma esteja concluída. Este panorama é o ideal, e embora ainda seja uma utopia, acredito que estamos mais próximos do dia em que isso seja uma realidade. Os produtos, as soluções e os instaladores têm e estão a fazer este caminho e hoje já temos soluções que permitem essa celeridade e comodidade”. Desafios, Desafios, Desafios! Nunca cessam e na Microcrete este desígnio é muito mais que um desejo ou aspiração. É uma realidade. E o desafio da marca passa, atualmente, pelo mercado externo, até porque no mercado interno o crescimento tem sido evidente e recorrente. “O que os outros vêm como obstáculos, nós vemos como desafios e temos orgulho porque vemos grandes marcas portuguesas da construção a utilizarem o Microcimento e isso é um sinal de que estamos a fazer um excelente trabalho de uma marca que foi pioneira ao trazer este produto para terras lusas. Continuamos a trabalhar um nicho de mercado, mas somos especialistas nesta área e sabemos o que fazemos. Temos rapidez de entrega, inovação na área com produtos e materiais de excelência. Por isso, estamos no caminho certo e sei que vamos singrar”, conclui Sérgio Vasconcelos, CEO da Microcrete. ▪

Mais um Produto, mais uma Inovação A Homeing - Interior Design and Home Living, que se realizou de 29 de Setembro a 1 de Outubro, foi palco da apresentação de um novo produto «made in» Microcrete, o M Liner. Um produto comercializado em kit pronto a aplicar, resultado da vontade de inovar que se traduz na optimização e simplificação da aplicação de microcimento, preservando todas as suas características. “O M Liner é produzido artesanalmente nas nossas fábricas, através do barramento manual de microcimento sobre uma fibra que permite o seu enrolamento, o que facilita o transporte e a sua aplicação em obra sem necessidade de mão-de-obra especializada. É uma grande evolução no setor, até porque o trabalho que até aqui demorava 3 a 4 dias a concluir, agora pode ser realizado e concluído no próprio dia. Estamos bastante satisfeitos com a presença que tivemos neste evento e com a curiosidade e receptividade que o produto teve”, afirma Sérgio Vasconcelos.

41 OUTUBRO 2016

O Microcimento «made in» Microcrete aporta um vasto conjunto de valias, além de poder ser revestido sobre madeira, tijoleira, pedra natural e cerâmica. É altamente resistente à água, gordura e óleos, e a sua aplicação é feita de forma rápida, sem barulho, confusão e entulho. Para além disso, problemas como a humidade, fissuras e a acumulação de sujidade nas juntas deixam de existir. “É um produto que agrada transversalmente a todos os agentes que tomam decisões, principalmente aos arquitectos, que o adoram por ser um produto contínuo. Para o utilizador final tem a vantagem de não possuir juntas, tornando-se mais fácil de limpar, e para os instaladores demora menos tempo a aplicar, ou seja, há poucos desperdícios”, revela. Mas esta entrada no mercado não foi fácil. Longe disso. Principalmente por ser um produto desconhecido, o que provocou algum cepticismo no consumidor final. “Sim, o utilizador final tinha algumas dúvidas ao nível da eficácia e das garantias, mas fomos contornando e ultrapassando essas dificuldades e hoje a visão das pessoas sobre o Microcimento é o inverso, ou seja, sabem das qualidades e valias do produto. Além disso, não existiam aplicadores/ instaladores dentro da própria marca e tivemos que criar uma equipa que assegurasse a aplicação do produto, o que ajudou no desenvolvimento da marca”. Atento a estes cenários, o nosso entrevistado assegurou que o caminho passou também por acções de formação e workshops, sendo que atualmente a marca ministra dois workshops mensais em Lisboa e no Porto, completamente gratuitos, “ao contrário de outros países, em que são pagos. São ações abertas ao público em geral e profissionais, em que temos instaladores, engenheiros, arquitetos e o consumidor final. Tem tido bastante sucesso e todos os meses temos entre quarenta a sessenta pessoas que assistem a estes workshops o que ajuda na promoção e divulgação do produto”, afirma. Inicialmente, a Microcrete assumia-se como uma marca importadora de Microcimento, algo que mudou em 2013, quando a mesma começou a produzir o produto, sendo actualmente a única empresa a fazê-lo em Portugal. “Foi uma consequência positiva em que aproveitamos o know-how que fomos adquirindo como instaladores para melhorar o produto e neste momento temos uma matéria prima de enorme qualidade, preferida até pelo mercado francês e isso dá-nos muita satisfação, pois sabemos que estamos no caminho certo”. Se inicialmente a marca detinha uma maior preponderância de atuação em obras novas, hoje os «pratos da balança» estão muito mais equilibrados, estando divididos entre a construção nova e a reabilitação. “Diria que, hoje em dia, o nosso volume de negócios é de 50/50, sendo que também estamos muito focados no domínio da reabilitação nos centros históricos do Porto e de Lisboa, principalmente no âmbito de parcerias relativamente aos nossos workshops”, salienta Sérgio Vasconcelos.


DINÂMICA DIFERENCIADORA DE EXCELÊNCIA

» AUTATLANTIS, PME EXCELÊNCIA

QUALIDADE DE SERVIÇO Eleita PME Excelência há 6 anos consecutivos, a Autatlantis – Automóveis de Aluguer sem Condutor apresenta-se no mercado com as melhores ofertas em rent-a-car e com a garantia da prestação de um serviço de qualidade. Horácio Franco, Administrador da Autatlantis, fala-nos um pouco mais sobre este negócio da rent-a-car em expansão no país.

A

Autatlantis é há 6 anos consecutivos eleita PME Excelência, um reconhecimento que valeu a atribuição do prémio de Mérito 2016. É fácil trabalhar com a pressão no sentido de fazer jus à distinção? Tem sido mais um grande desafio e, sem falsas modéstias, fiquei bastante orgulhoso em subir ao palco e receber esta soberba distinção! De salientar que a Autatlantis iniciou a sua atividade em Abril de 1988. O desenvolvimento acentuado da empresa ao longo dos últimos anos, apoiado na valorização permanente dos seus recursos técnicos e humanos, está refletido no forte e sustentado o crescimento da sua estrutura e negócios, com uma frota de 900 viaturas, renovada anualmente na medida em que os serviços prestados sejam os de melhor qualidade e segurança possível. A verdade é que as PME são o grande motor da economia portuguesa, representando 99,9% do seu tecido empresarial, assegurando 80% do emprego e registando 60% do Volume de Negócios e 63% do VAB (Valor Acrescentado Bruto). Que balanço é possível fazer a Autatlantis em Portugal? A Autatlantis rent-a-car tem procurado pautar a sua atividade pela busca incessante das melhores condições de atuação para os seus clientes, tendo em conta a necessidade da procura constante de condições em matéria de serviços de qualidade e preços competitivos no mercado. Julgo que a Autatlantis tem conseguido cumprir nestes 30 anos os seus objetivos. Foi ganhando o seu espaço, criando emprego e hoje, com cerca de 50 trabalhadores, tem contribuindo para a economia da região e do país, cumprindo com as suas obrigações.

pontos de vista

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Desde o passado mês de março o mercado automóvel tem vindo a apresentar uma tendência de desaceleração, tal como a Associação Automóvel de Portugal tinha antecipado na altura da entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2016. Esta situação foi sentido na Autatlantis? Julgo haver alguma alteração nestas estatísticas, o mercado automóvel em 2016 recuperou aos níveis do ano 2000, ou seja, verificou-se um forte crescimento na venda de automóveis ligeiros passageiros e comercias. Orgulho me de dizer que a nossa atividade contribuiu largamente para este aumento. Um mercado cujo crescimento assenta no rent-a-car, nas frotas e vendas a particulares prevê-se que recupere de forma saudável? Sim, está a recuperar de forma saudável. O Rent-a-Car deverá ter absorvido cerca de 40 mil veículos em 2015, correspondendo a cerca

de 22% do mercado automóvel português. É possível que o mercado automóvel comece a passar maioritariamente pelo rent-a-car? Como já mencionei esta atividade tem contribuído para o aumento da venda de viaturas novas em 2016 pelo que a percentagem é bastante superior à mencionada. A Autatlantis assume que para se fazer diferente é preciso também pensar e agir de forma diferente. Qual vai continuar a ser a posição da marca no mercado? A Autatlantis tem como foco a qualidade do serviço prestado. Para isto uma das nossas prioridades tem sido a aposta na formação contínua e na qualidade do nosso produto. A nossa frota é renovada anualmente procurando ter sempre as últimas novidades em marcas e modelos, isto porque é sabido que o cliente gosta de experimentar os modelos do ano e as tendências do mercado, tanto no segmento baixo como no médio e alto. ▪

RAZÕES PARA ESCOLHER OS SERVIÇOS DA AUTATLANTIS - Frota renovada anualmente que oferece os últimos modelos de viaturas; - Modelos para todos os gostos: económicos, desportivos, de luxo e todo o terreno; - Disponibilizamos serviço com motorista; (desde que sejam requisitados com antecedência); - Dispomos de uma equipa que garante um serviço de qualidade, mantendo as viaturas em boas condições as e solucionando qualquer tipo de problema a qualquer hora do dia; - Em situações de emergência garantimos assistência; - Prestamos serviços complementares para melhor conhecer as belezas dos Açores: Pesca Desportiva e Jeep Safari; - Disponibilizamos cadeiras de bebé para as nossas viaturas (desde que solicitado com antecedência).


CERTIFICAÇÃO: SIM, É A ÁGUA DA TORNEIRA DO ALGARVE

» ÁGUAS DO ALGARVE

ÁGUA DA TORNEIRA? SIM, BEBA… Mais de 98% da água da toneira em Portugal é segura para consumo humano. No Algarve, a Águas do Algarve lançou uma campanha pioneira para desmistificar a insegurança relativamente ao consumo da água da torneira, campanha que ganhou visibilidade e se tornou um verdadeiro sucesso. Joaquim Peres, Presidente da Águas do Algarve, em entrevista.

Foi criada uma campanha de sensibilização e de apelo ao consumo da água da torneira. Que atividades foram propostas e que balanço é possível fazer da mesma? A Campanha de Sensibilização para o consumo de água da torneira, teve a duração aproximada de 1 mês, entre 9 de agosto e 15 de setembro. Tratou-se de uma importante ação, de caráter bilingue, que teve como principal objetivo, mais do que apelar ao consumo, dar a conhecer à população em geral (residentes e turistas), a elevada qualidade da água que é fornecida pela Águas do Algarve na região. Para além disso é uma água que tem um baixo custo, e que está disponível dentro das nossas casas. Para atingir os objetivos propostos, foi importante a dinamização de uma campanha multimeios, de forma a poder atingir o maior número possível de pessoas. Gostaria, contudo, de destacar os aguadeiros que andaram pelas praias e mercados da região, oferecendo água fresca da torneira a todas as pessoas que com estes se cruzavam, e outros que iam sendo convidados a provar a água. Neste momento já

é possível apurar o número de pessoas que tiveram contacto com a Campanha no total aproximado de 1 milhão e 500 mil consumidores, o que para a Águas do Algarve é motivo de grande satisfação. A população em geral tem conhecimento da melhoria da água canalizada em Portugal? Na Águas do Algarve o fornecimento de água é efetuado em “alta”, i.e., até aos pontos de entrega dos municípios, sendo a chamada entrega em “baixa” – até casa dos consumidores – da responsabilidade dos municípios, sendo também destes que deverá ser motivado um maior esforço nessa divulgação. Todavia, a informação não tem sido escassa, sendo várias as entidades que promovem essa divulgação. É o caso da Entidade Reguladora – ERSAR, que todos os anos divulga relatórios concisos e muito completos acerca da realidade do setor em Portugal, onde essa evolução é bem evidenciada. Também a Águas de Portugal, e as suas participadas, onde a Águas do Algarve se inclui, têm tido um importante papel nesta difusão, inclusivamente através da divulgação dos avultados investimentos que anualmente são efetuados em todo o país neste setor, com a consequente melhoria também da qualidade de vida das populações. A Águas do Algarve, paralelamente a outros formatos, disponibiliza online, toda a informação relativa à qualidade da água que é fornecida em todos os 16 municípios da região. Assim, e respondendo diretamente à questão – Sim, a população tem obrigação de ter conhecimento destes dados. Quais são as dúvidas mais frequentes que as pessoas apresentam? Não são necessariamente dúvidas. Por vezes são sugeridas situações ocasionais de cheiro e sabor, ou até mesmo cor na água da torneira. São situações que podem ser ocasionadas pela presença de cloro usado na desinfeção das redes em baixa, ou eventualmente uma deficiente manutenção das redes prediais e canalizações domiciliárias, incluindo torneiras no interior das habitações. Que benefícios diretos existem para o consumidor que bebe água da torneira? A água fornecida pela Águas do

Algarve destaca-se pela sua excelente qualidade, suportada através do cumprimento das melhores práticas de operação e manutenção, sustentadas pela monitorização laboratorial de parâmetros acreditados. Para a monitorização da qualidade é utilizada uma rede de amostragens com cerca de 260 pontos de colheitas, num total de cerca de 96 mil determinações analíticas/ano. Seja para consumo ou para as tarefas diárias, a água da torneira está sempre acessível em quantidade, qualidade e pressão e à distância do simples gesto de abrir a torneira, assumindo um papel preponderante no dia-a-dia e no bem-estar de cada um de nós. Para além disso, a água da torneira tem um baixo custo por litro, o que faz dela uma escolha racional e economicamente equilibrada. ▪

JOAQUIM PERES

43 OUTUBRO 2016

A

Águas do Algarve é a primeira empresa a nível mundial a conquistar uma certificação no âmbito da água para consumo humano. Como pode ser descrita a importância da certificação e qual foi o processo até à obtenção da mesma? Sim, de acordo com a informação que dispomos a água fornecida pela Águas do Algarve aos seus clientes foi a primeira água para consumo humano a obter a certificação de produto relativa a sistemas de abastecimento público em alta. A certificação foi obtida em 2007 e a importância que conduziu a este processo mantém-se atual. É um fator distintivo, que garante que a qualidade da água para consumo humano fornecida está para além do exigido legalmente, sendo esta garantia verificada com uma frequência bastante elevada. Para uma região como o Algarve, em que a dependência do turismo é bastante alta, a elevação dos padrões da qualidade da água oferecida é um pré-requisito para um serviço de elevada qualidade, promovendo simultaneamente que os diferentes atores do setor melhorem as suas práticas.


Gala europeia dos World Travel Awards de 2016

» DESTINOS DE SONHO

Bensaude Hotels - Momentos inesquecíveis na sua bagagem e um desejo de voltar “Os desafios da marca são mesmo estes, ouvir, perceber e implementar, para que os nossos hóspedes saiam sempre com momentos inesquecíveis na sua bagagem e um desejo de voltar”, afirma Marta Sousa Pires, Administradora da Bensaude Turismo, que em entrevista à Revista Pontos de Vista deu a conhecer um pouco mais de uma marca de requinte. Mas venha conhecer mais ao longo desta conversa.

A

s unidades hoteleiras «made in» Bensaude Hotels assumem-se como espaços de luxo, preparados para receber qualquer um de nós com todo o requinte e excelência. Neste sentido, o que marca a diferença das vossas unidades hoteleiras e que perpetuam nas mesmas um cariz de excelência? As nossas unidades hoteleiras têm a vantagem de ser bastante diversas entre si, quer em termos geográficos, quer em termos de infraestruturas, o que permite uma diversificação da oferta em cada destino. Temos sete unidades hoteleiras em funcionamento, sendo que quatro se situam na Ilha de São Miguel, uma na ilha do Faial, outra na Ilha Terceira e finalmente temos a unidade em Lisboa que é, também, uma espécie de embaixador do “bem servir” e “bem receber” açoriano.

Uma das nossas principais mais-valias são os mais de oitenta anos de experiência no setor, tendo sido pioneiros do turismo nos Açores, o que nos permitiu até aos dias de hoje aperfeiçoar o nosso serviço, sempre numa perspetiva de melhoria e acompanhando as tendências do mercado. Apoiamo-nos também num conceito muito próprio “inspired by azores”, capitalizando o património de uma região que é cada vez mais um exemplo de sustentabilidade, hospitalidade e qualidade.

pontos de vista

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Como define a Bensaude Hotels com unidades tão diferentes? É a chamada «coleção de hotéis»? É mesmo isso, uma coleção de hotéis que pretende responder às diversas necessidades de mercado e respetivos segmentos. Desde hotéis citadinos e cosmopolitas até ao melhor Boutique Hotel em

Portugal: o Terra Nostra Garden Hotel com a envolvência do Parque Terra Nostra como um lugar ímpar e único no nosso país. A Bensaude Hotels é fruto das mais variadas influências, um pouco como o arquipélago onde nasceu, que se marca pelas diferenças acentuadas de ilha para ilha, quer em termos dos seus habitantes como dos seus usos e costumes. De que forma são fundamentais a sustentabilidade a médio e longo prazo, em termos ambientais, sociais e económicos para a marca? A Bensaude Hotels está inserida no Grupo Bensaude que se pugna por valores como a sustentabilidade, logo não poderia viver alheada de uma temática que é cada vez mais fundamental na exploração de negócios. Para quem já teve o

prazer de visitar os Açores certamente reparou no equilíbrio que tem de existir entre a exploração do destino e a natureza que é o maior ex-líbris da ilha. O não preservar a natureza, um dos principais argumentos de venda do destino, não faz sentido. Nas questões sociais e económicas o caminho é exatamente o mesmo. Estamos a falar de uma população que está dividida entre várias ilhas e nós, enquadrados no Grupo Bensaude, como maior empregador privado dos Açores temos uma responsabilidade acrescida. São conhecidos como os Óscares do turismo e pretendem premiar o melhor do turismo em cada país. A edição europeia dos World Travel Awards decorreu no passado mês de setembro, na ilha de Sardenha, em Itália, e já é conhecida a


Vencedor em 2014 na categoria Portugal’s Leading Boutique Hotel dos World Travel Awards, o Terra Nostra Garden Hotel foi nomeado, pelo terceiro ano consecutivo, em duas categorias: Portugal’s Leading Boutique Hotel 2016 e Europe’s Leading Boutique Hotel 2016, concorrendo com alguns dos melhores hotéis europeus, tendo ficado no top 3 destas categorias o ano passado. Que significado tem este reconhecimento para a marca? É de fulcral importância num destino ultraperiférico que cada vez se aproxima mais das metrópoles e que cada vez mais desperta o interesse no estrangeiro. É uma sensação incrível aqui no meio do Atlântico conseguirmos ter um reconhecimento destes. Ficar no top 3 europeu, por exemplo, é um prémio. A concorrência é de grande qualidade e conseguirmos estar nesse patamar dá-nos muita esperança para o futuro e obriga-nos por outro lado a fazer cada vez mais e melhor, a inovar na oferta e no serviço. Este reconhecimento pode também ser considerado o espelho da evolução e do crescimento do turismo nos Açores? O que falta para ir mais longe? Sem dúvida. Há alguns anos atrás os Açores não tinham qualquer representante neste tipo de certames, hoje em dia não faltam, desde a Bensaude Hotels à nossa concorrência, já temos hotéis colocados nas principais referências da hotelaria internacional, contando sempre que há muito por fazer e para fazer, ainda agora estamos no início de

um novo “momentum”. Só o Terra Nostra da Bensaude Hotels até à data arrecadou cinco grandes prémios a nível de turismo, e sempre que somos premiados o nome dos Açores vai connosco, para a Europa, para a Ásia, para a América do Norte, somos “inspired by Azores”. Estamos a viver um momento de crescimento do turismo nacional, mais concretamente da região dos Açores? Certo. Esperamos que a tendência se mantenha. O nível de exigência é maior, o que torna o nosso dia a dia mais desafiante. Já não estamos a concorrer regionalmente, estamos a concorrer globalmente. O aumento das dormidas nos Açores verificadas em 2015, o incremento de pessoas a procurar informações sobre o arquipélago, a crescente mobilidade proporcionada pelas companhias aéreas são algumas particularidades evidentes. Mas o que ainda falta, na sua opinião, para consolidar ainda mais o turismo dos Açores? Falta mais tempo com crescimento da procura. Este tempo vai refletir-se nas aprendizagens, na melhoria da qualidade das ideias e dos processos, e vai permitir a todos os operadores e intervenientes focarem-se na consolidação do turismo nos Açores. A formação é sem dúvida um dos fatores fundamentais a nível local, a promoção online e offline assume um fator preponderante. Não podemos relaxar e pensar “agora já está”. Há muita evolução a ser feita e os Açores e os Açorianos estão prontos e abertos para responder aos clientes mais exigentes que chegarem agora e no futuro. Portugal estava nomeado, na 23.ª edição do evento dos World Travel Awards, em 91 categorias e saiu vencedor em 24, mais oito comparativamente a 2015, ano em que venceu em 14. Isto significa que o turismo e a hotelaria em Portugal estão no bom caminho? Portugal está no caminho certo, e em diversos setores já é a referência a nível Mundial. Deixámos de ser o país do sol e praia, somos muito mais que isso. Tem sido feito um esforço muito grande para que o turismo de qualidade se afirme e o nosso país é maravilhoso para quem o visita, as pessoas, a gastronomia, as diferenças culturais e geográficas. Somos riquíssimos na terra, no mar e até no ar. Qual tem sido o contributo da Bensaude Hotels e para onde pode ir a marca de futuro? A Bensaude Hotels como pioneira no Turismo dos Açores, desde os tempos da Sociedade Terra Nostra, continua a assumir um papel de liderança e de procura contínua pela diferenciação e pela qualidade de serviço. Estamos focados nos Açores e no seu desenvolvimento enquanto destino, tendo uma certeza, temos de preservar o mesmo. Enquanto marca temos de consolidar a nossa imagem e projetar a mesma para geografias cada vez mais longínquas. Levar os Açores ao Mundo.

MARTA SOUSA PIRES A arte de bem receber açoriana, serviço, qualidade, localização, tudo isto “inspired by Azores”. Escolher a Bensaude Hotels é escolher os Açores em formato hotel, seja na Região Autónoma ou em Lisboa. Quais as principais lacunas que deteta na atividade hoteleira nacional? Que desafios tem a mesma? A hotelaria nacional é considerada ao nível internacional de muito boa qualidade e muito competitiva ao oferecer uma relação de qualidade/ preço superior a outros destinos europeus. Neste momento, de aumento da procura, mas também da oferta, a hotelaria nacional tem o desafio de manter e consolidar um serviço de qualidade, quando as pessoas qualificadas neste setor começam a não ser suficientes, tornando-se necessária mais formação. Por outro lado, a oferta está também a aumentar por um alojamento local que não é considerado alojamento turístico, e sobre o qual existe uma fraca fiscalização, o que não permite a obtenção de estatísticas fiáveis no setor. Outro dos desafios da hotelaria nacional é o seu crescimento no marketing e nas vendas online diretas, e portanto no acompanhamento das tendências de marketing digital. A procura online está a crescer e a hotelaria nacional tem o grande desafio de se saber posicionar ao nível internacional nos meios digitais. Nesta área é também fundamental mais formação e mais recursos humanos qualificados. Quais são os principais desafios da marca Bensaude Hotels e das respetivas unidades hoteleiras? A constante melhoria é um ponto de ordem da vossa orgânica em prol de receber bem os vossos clientes? Sem dúvida. Melhorar infraestruturas, melhorar a experiência do hóspede, melhorar o serviço. São tudo processos contínuos, nunca paramos em cima do que já alcançámos. Estamos num período em que a necessidade de diversificação da oferta tem de ser cada vez maior para responder aos nichos por exemplo, os clientes estão cada vez mais exigentes e “viver” o destino é muito mais importante que o contemplar. Se há dez anos o turista ficava feliz em tirar uma fotografia à Lagoa do Fogo, hoje em dia não descansa enquanto não percorre um qualquer trilho que o leve lá abaixo. Os desafios da marca são mesmo estes, ouvir, per­ ceber e implementar, para que os nossos hóspedes saiam sempre com momentos inesquecíveis na sua bagagem e um desejo de voltar. ▪

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lista completa dos vencedores. Que importância tem para a Bensaude Hotels este certame? Já imaginou o que é num país de dez milhões de habitantes, com dois arquipélagos, ser considerado o melhor Boutique Hotel? É com certeza muito importante para nós enquanto marca e para o destino Açores na senda de se afirmar como uma referência de qualidade! Queremos que olhem para nós e para os Açores e pensem em qualidade, exclusividade, diferenciação. Não temos a ambição de ser iguais a ninguém, temos uma identidade muito própria e na qual temos orgulho. Os WTA só vêm reforçar a visibilidade do nosso trabalho e dos nossos colaboradores. É um certame que tem uma importância fundamental, não trabalhamos em função do mesmo, mas o que desenvolvemos em função dos hóspedes é reconhecido através dos WTA e isso deixa-nos muito felizes.


BREVES BREVES

PRÉMIO NOBEL DA MEDICINA

FOTO: DIREITOS RESERVADOS

Yoshinori Ohsumi, 71 anos, foi distinguido com o prémio Nobel da Medicina. Professou no Instituto de Tecnologia de Tóquio, Ohsumi desenvolve pesquisas na área da autofagia, um processo fundamental na degradação e reciclagem dos componentes celulares, e cujo conhecimento é particularmente´importante para a compreensão e tratamento de doenças como a de Alzheimer. As descobertas de Ohsumi, escreve o júri do Nobel da Medicina no comunicado em que anuncia o laureado, “levaram a um novo paradigma na compreensão de como a célula recicla o seu conteúdo”. “As suas descobertas abriram o caminho à compreensão da importância fundamental da autofagia em muitos processos fisiológicos, como a adaptação à fome ou a resposta à infeção. As mutações nos genes da autofagia podem provocar doenças e o processo autofágico está envolvido em diversos problemas, incluindo o cancro e a doença neurológica. A palavra autofagia vem das palavras gregas ‘auto’, que significa “o próprio”, e ‘phagein’, que significa comer, pelo que significa comer-se a si próprio.

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FOTO: DIREITOS RESERVADOS

Nobel da Medicina para Yoshinori Ohsumi

TURISMO

Portugal com turismo ‘de olhos em bico’ como nunca antes visto O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, assumiu hoje que o turismo em Portugal está a ter um “crescimento asiático” e classificou de “recorde absoluto” os proveitos da hotelaria e o número de turistas registados no Porto e Norte. “O turismo em Portugal está a ter crescimentos asiáticos, crescimentos daqueles que já nem hoje há na Ásia, mas que marcaram os últimos anos da Ásia, crescimentos acima dos 10%. Esse é o turismo em Portugal”, declarou Manuel Caldeira Cabral, no âmbito da assinatura de um protocolo hoje, no Porto, entre o Ministério da Economia e 27 ‘start-ups’ [empresas em início de atividade] portuguesas.

O ministro da Economia considerou que o ano turístico está a ser “fantástico”e dedicou esse mérito a “todos”, principalmente aos hoteleiros, mas também “à cidade do Porto, que sabe receber”, e a “todo o Portugal que está a receber bem os turistas e a aproveitar as enormes oportunidades que há no crescimento deste setor”. O ministro faz um balanço antecipado “muito positivo” da semana dedicada ao turismo, que termina na próxima sexta-feira, designadamente pelo crescimento de 10% de turistas e de 17% dos proveitos, mas também pelos quase “200 projetos de investimento que estão a concurso e já em curso”.


EVENTOS CORPORATE - JÁ PENSOU NO SEU?

» DOURO ROYAL VALLEY HOTEL & SPA

“O DOURO ESTÁ NO RADAR DAS MAIS VARIADAS ÁREAS DO NEGÓCIO” Os eventos corporativos assumem, atualmente, uma grande importância para as empresas, apresentando-se como uma ferramenta poderosa na atividade das empresas. Se está a procura de um espaço para realizar o seu evento corporate saiba que o Douro Royal Valley assegura um serviço de excelência.

RUDI AZEVEDO

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Seja uma pequena reunião de trabalho ou um congresso, o Douro Royal Valley assegura um serviço de excelência e planeado ao detalhe, oferecendo diversos programas corporativos, adaptáveis a cada ocasião. De que programas estamos a falar? Quando mencionamos programas à medida, estamos a falar de programas “chave na mão” para as necessidades de cada evento e temos uma equipa com uma vasta experiência nesta área para que as expectativas dos nossos clientes e parceiros sejam superadas. Nestes programas o cliente ou o parceiro apenas tem de nos comunicar quais as suas expectativas e qual o intuito do evento, e imediatamente a nossa equipa irá trabalhar numa proposta Tailor made que vai de encontro ao que procura. Outra das mais-valias é o facto de fazermos chegar as nos-

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sas propostas em menos de 24h pois nesta área este é um factor decisivo. O Douro Royal Valley dispõe de 6 salas de eventos adaptáveis e de serviços de apoio a todos os eventos privados ou empresariais. A par da cedência do espaço, que serviços disponibiliza o hotel? No Royal disponibilizamos também a parte lúdica dos eventos, isto é, experiências autênticas que nos diferenciam dos demais, disponibilizamos um spa com 700m2, 4 salas de tratamentos, piscina de hidroterapia, piscina interior, infinity pool, ancoradouro que permite a chegada de barco ao hotel, restaurante com gastronomia regional e internacional com capacidade para 300 pessoas, 2 bares, parking até 80 viaturas, court de ténis, e sempre com a mais-valia de todos os espaço sem excepção, terem vista rio. Com um ambiente ímpar e vistas panorâmicas sobre o Rio Douro, qual é a maior preocu-

pação do hotel quando se trata da organização de um evento? A 1ª preocupação quando temos um evento é que não tenha impacto ambiental negativo, pois somos certificados pelo galardão da Green Key (certificação Internacional de Turismo Sustentável). Temos também a preocupação de envolver a economia local e sugerimos com regularidade alguns espaços alternativos onde os clientes ou parceiros poderão desfrutar de experiências tradicionais. É fundamental garantirmos a capacidade de execução do serviço sem prejudicar outros clientes que possam estar alojados no hotel, e somos muito rigorosos com a qualidade dos produtos que servimos. Vamos frequentemente à lota para servirmos o melhor peixe, tentamos na medida do possível recorrer a produtores locais para outro tipo de produtos de forma a salvaguardar a excelência do serviço. Temos sempre um membro da equipa totalmente disponível para acompanhar todo o evento. ▪

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ocalizado na Região Demarcada do Douro, o Douro Royal Valley Hotel & Spa tem assumido uma posição de relevo correspondendo sempre da melhor forma às exigências dos clientes. Que importância assume, atualmente, os Eventos Corporate para o hotel? O segmento MI é particularmente importante para nós e já representa 25% da nossa faturação anual com tendência a aumentar exponencialmente, fruto da nossa proatividade comercial junto dos principais “feeder” markets. Sentimos que o Douro está no radar das mais variadas áreas de negócio que geralmente recorrem a este tipo de empreendimentos hoteleiros para uma reunião de trabalho ou um incentivo, e tal como outras zonas de Portugal, beneficia também da crescente procura internacional. O facto de estarmos apenas a 1h do aeroporto Francisco Sá Carneiro, das acessibilidades existentes em conjunto com alguma saturação de espaços no Porto, facilitam este movimento e reforçam esta tendência.


XXIV CONGRESSO DE CIRURGIA DA MÃO

» sociedade portuguesa de cirurgia da mão

XXIV CONGRESSO PORTUGUÊS DE CIRURGIA DA MÃO A 23 e 24 de setembro realizou-se, no Hotel MH Peniche, o 24º Congresso Português de Cirurgia da Mão. A Direção da Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Mão (SPOCMA) foi responsável pela organização do evento que contou com personalidades ilustres do comité científico relacionado com a Cirurgia da Mão.

concurso de fotografia Da esquerda para a direita: David Rasteiro, Pedro Negrão, Maria Manuel Mouzinho, Fernando Cruz, Horácio Zenha

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Congresso, que abriu com uma sessão inaugural, contou com a presença do Presidente da Câmara de Peniche, um representante da Ordem dos Médicos e com Maria Manuel Mouzinho, Presidente da SPOCMA. Nos painéis, divididos entre espaços de conferências, discussões e comunicações livres, foram abordados temas como a mão queimada, o transplante de mão, a reconstrução complexa da mão, artroplastias do punho e avanços de artroscopia do membro superior. Foi num ambiente de partilha de experiências que os interlocutores foram discursando com base em casos clínicos, os métodos, tratamentos e diagnósticos. “A importância de uma reunião científica desta natureza que aborda um tema, a Cirurgia da Mão, na qual estão envolvidas duas especialidades, a ortopedia e a cirurgia plástica, é de extrema importância para um maior desenvolvimento da Cirurgia da Mão no nosso país. Pode ser encarado como um enriquecimento

dos nossos conhecimentos, através da partilha de experiências, para assim tratarmos os nossos doentes da melhor forma possível. Em Portugal, a cirurgia da mão é uma área com um bom nível técnico e científico, não colocando assim o país atrás de nenhum outro”, explicou Maria Manuel Mouzinho, Presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Mão. A importância da especialidade prende-se com a dependência manual do ser humano para exercer atividades do seu dia-a-dia. A especialidade Cirurgia da Mão não é meramente uma especialidade cirúrgica, ela também diagnostica e trata. Sendo que a maior premissa no tratamento da mão é restabelecer a função da mesma. A presença de convidados nacionais e estrangeiros criou uma interação favorável à partilha de conhecimentos e técnicas, tudo em prol de uma melhoria da qualidade científica. Desde 1967 que a Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Mão trabalha para a divulgação e promoção da especialidade. ▪

Em Portugal, a cirurgia da mão é uma área com um bom nível técnico e científico, não colocando assim o país atrás de nenhum outro Maria Manuel Mouzinho PRESIDENTE DA SPOCMa

Paralelamente ao congresso decorria um concurso de fotografia de tema livre: “ A ideia de ser apenas sobre um tema era muito redutor. Nestas especialidades a fotografia faz parte do nosso dia a dia. Em cirurgia plástica por exemplo é apresentado no exame final de internato um currículo escrito acompanhado por um currículo fotográfico. Bem ou mal temos sempre um contacto muito próximo com a fotografia. Aqui, não fazia sentido ser sobre um tema específico e por isso demos liberdade às pessoas para que soltassem a imaginação”.

Quer tornar-se sócio da SPOCMA? Conheça algumas das vantagens: a Preços especiais em inscrições dos Congressos Anuais da SPOCMA, FESSH E IFSSH a Presença no site SPOCMA com página pessoal com informações personalizáveis para acesso do público Acesso gratuito à revista científica: Journal of Hand Surgery a Acesso privilegiado a informações, notícias e eventos na área da Cirurgia da Mão a Fellowship SPOCMA para internos de especialidade


DIA MUNDIAL DA VISÃO

OPINIÃO DE Vera Carneiro - Vogal da Direção da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) dedicada à área da comunicação com entidades governamentais e outras autoridades da Saúde em Portugal

No dia em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) comemorou o seu 37º aniversário, a 15 de Setembro, teve lugar um Conselho de Ministros totalmente dedicado à área da saúde. Num momento em que são sublinhadas as virtudes que o SNS proporciona aos portugueses e a Portugal, em que se enaltece a equidade no acesso, a maximização da capacidade instalada e a redução dos tempos de resposta e listas de espera deste serviço público torna-se imperioso abordar também questões que constituem ainda falhas e omissões neste âmbito e que afetam tanto utentes, como profissionais de saúde e a própria eficácia e eficiência do SNS.

A Saúde Visual e o acesso aos cuidados primários de saúde

PERFIL

Vera Carneiro

Vogal da Direção da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria

dos últimos 5 anos. Torna-se deste modo claro que não existe uma solução para a reforma dos cuidados primários que envolva os Médicos Oftalmologistas, tanto pela escassez destes profissionais no SNS, como pelo facto dos mesmos estarem, por definição, inseridos nos chamados cuidados secundários. Como recentemente noticiado, os dados constantes no Relatório Anual sobre o Acesso aos Cuidados de Saúde revelam um aumento do tempo médio de resposta e das listas de espera no SNS, sendo as consultas das especialidades

de Dermatologia e Oftalmologia as que apresentam maiores dificuldades de acesso. A não diferenciação de cuidados primários e secundários ao nível da Saúde Visual, a inexistência de uma primeira linha de resposta e a centralização de todos estes cuidados numa única classe profissional são as variáveis culpabilizadas pelas extensas listas de espera e o excessivo tempo de resposta. No entanto, são também as variáveis sobre as quais existe a possibilidade de atuar e inovar. Os Optometristas têm vindo a intervir juntos das autoridades competentes e entidades governativas, apresentando-se como uma solução para os objetivos a que o atual Governo se propõe e oferecendo a capacidade já instalada e ao serviço da comunidade. A partilha nos cuidados de saúde visual envolvendo os Optometristas Portugueses não é ainda uma realidade aproveitada pelo SNS. No entanto, existem casos de sucesso, onde a multidisciplinariedade trouxe vantagens inegáveis. O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro esteve na vanguarda do setor com a colocação de Optometristas no seu serviço de Oftalmologia, o que permitiu pôr fim a listas de espera excessivas e desenvolver novos métodos de rastreio e acompanhamento de utentes com maior celeridade, eficiência e eficácia. Portugal tem mais de mil Optometristas e realizam mais de 2 milhões de consultas anuais, fonte: Associação Profissional de Licenciados de Optometria. Os Optometristas representam um dos pilares dos cuidados primários de saúde visual em Portugal. Contudo, a adiada integração destes profissionais no Serviço Nacional de Saúde, assim como a inexistência de regulamentação da profissão de Optometrista tem impedido Portugal de retirar total benefício deste recurso nacional. ▪

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Governo, no seu programa para a saúde, estabeleceu como prioridade a defesa e a promoção do SNS, tendo especial foco na reforma da rede de cuidados primários de saúde. Avizinhava-se um novo ciclo que tem como objetivos a melhoria da qualidade e da efetividade da primeira linha de resposta do SNS. As duas áreas a reforçar seriam a Saúde Oral e a Saúde Visual, áreas quase inexistentes ao nível dos cuidados primários. Era expectável que deste Conselho de Ministros, dedicado a uma área tão fundamental como a saúde, surgissem modelos de resposta inovadores, de fácil acesso e que constituíssem acima de tudo um aproveitamento de uma capacidade já instalada, mas não usufruída pelo Estado, os Optometristas. Contudo, as medidas apresentadas por este Conselho de Ministros sugerem, uma vez mais, que os cuidados primários foram esquecidos. Os Optometristas são peças fundamentais na implementação e desenvolvimento das reformas pretendidas para os cuidados primários. Constituímos neste momento a classe mais numerosa na área da Saúde Visual, com mais de mil profissionais em exercício, académica e profissionalmente habilitados, devidamente organizados e regidos por normas e orientações. Segundo o documento “Rede Nacional de Especialidade Hospitalar e de Referenciação de Oftalmologia” de Fevereiro de 2016, e de acordo a ACSS, exercem funções no SNS em Portugal Continental 422 Médicos Oftalmologistas, sendo que em 2014, 47,63% desses especialistas tinham idades superiores a 50 anos. Mesmo com as entradas de novos médicos na especialidade não tem havido alteração sensível ao número de especialistas a atuar no SNS ao longo


ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE ATLÂNTICA

» I CONGRESSO LUSO-ESPANHOL DE ENFERMAGEM Opinião de Sérgio Serra, Coordenador da Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Saúde Atlântica e Organizador do I Congresso Luso-Espanhol de Enfermagem

INVESTIGAÇÃO E CLÍNICA EM ENFERMAGEM SERÃO TEMAS DO CONGRESSO LUSO-ESPANHOL EM OEIRAS Existe ainda em muitos a ideia de que o conhecimento científico em enfermagem está muito afastado da sua aplicabilidade clínica. Da experiência que temos no ensino superior em enfermagem, particularmente nos contactos que vamos estabelecendo com as diferentes organizações e profissionais de saúde com os quais anualmente trabalhamos, temos a perceção que boa parte dos enfermeiros portugueses vive e age na convicção de que ainda são dois mundos distintos, que nunca se “encontram”.

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aqui resulta um aparente afastamento entre duas relevantes partes da mesma profissão onde podemos muitas vezes observar o ensino e a investigação de um lado e, no seu oposto, a atividade clínica. O I Congresso Luso-Espanhol de Enfermagem: Da Evidência à Prática Clínica está apostado em contribuir para demonstrar o quanto isso não corresponde à verdade. Organizado pela Atlântica University Higher Institution realiza-se nos dias 27, 28 e 29 de outubro, na antiga Fábrica da Pólvora de Barcarena. O Congresso pretende desmistificar ideias preconcebidas, aproximando desta forma os enfermeiros da divulgação da produção científica, enquanto disciplina e profissão, dando ênfase à aplicabilidade da investigação e do conhecimento científico na prática clínica de enfermagem. Para cumprir este objetivo, o programa apresentado centra-se nas quatro grandes áreas de intervenção autónoma da profissão de enfermagem – a gestão, o ensino, a investigação e a prática clínica – o que constitui uma novidade neste tipo de iniciativa, pela interligação de múltiplas áreas de interesse. O contributo e a participação de peritos que desenvolvem a sua atividade em diferentes academias – professores e investigadores – e dos profissionais que desenvolvem prática clínica em hospitais e centros de saúde serão fundamentais para que estejam representadas as atuais e diferentes perspetivas desenvolvidas nos cuidados de enfermagem prestados às populações, no ensino, na investigação e na gestão em saúde. No Congresso vão estar presentes algumas das maiores referências da enfermagem portuguesa e espanhola nas quatro áreas definidas, o que representa uma oportunidade de aproximação entre as academias e os profissionais dos dois países.

Entre os representantes portugueses, salientamos Joaquim Amendoeira (Instituto Politécnico de Santarém) que fará a conferência inaugural, Maria dos Anjos Dixe (Instituto Politécnico de Leiria), Sérgio Deodato (Universidade Católica Portuguesa), Maria de Fátima Marques (E.S.E. de Lisboa), Rosa Cândida de Melo (E.S.E. de Coimbra), Maria do Céu Barbieri (E.S.E. do Porto), Lucília Nunes (Instituto Politécnico de Setúbal), Maria José Costa Dias (Diretora de Enfermagem no Hospital da Luz), Élvio de Jesus, (Enfermeiro Supervisor no Hospital da Cruz Carvalho, na Madeira) e Ricardo Braga, enfermeiro com trabalho reconhecido na Investigação Clínica em enfermagem (Hospital de São José). Provenientes de Espanha, estarão presentes Juan Gómez Salgado (Universidade de Huelva), Daniel Fernandez Garcia (Universidade de Léon) e José Ramon Riera (Universidade de Alicante), Gonzalo Duarte Climent (Universidade de Tenerife), Begoña Gómez (Universidade de Tenerife), Diego Murillo (Hospital Universitário de Getafe), José Peralta (Agência de Qualidade em Saúde de Andaluzia), entre outros notáveis congressistas. A moderação das mesas será feita por professores da Atlântica University Higher Institution. Importa reforçar que o painel de convidados reflete diferentes visões sobre o conhecimento em enfermagem na atualidade, estando representadas as principais escolas superiores de enfermagem nacionais, universidades espanholas de referência, profissionais de hospitais públicos e privados, diretores de revistas, responsáveis por agências de qualidade, supervisores e diretores de enfermagem, entre outros importantes atores do setor. Criámos um notável espaço que nos permitirá refletir sobre a atualidade e o futuro da enfermagem e da saúde num mundo globalizado.

O I Congresso Luso-Espanhol de Enfermagem: Da Evidência à Prática Clínica é por tudo isto uma iniciativa única, inovadora e abrangente. Cumprindo os seus objetivos, vai ainda permitir que as diferentes escolas, institutos de enfermagem e profissionais portugueses e espanhóis conheçam melhor a Atlântica University Higher Institution e o trabalho que está a desenvolver na área da saúde. ▪


DIA NACIONAL DOS CASTELOS

UMA VIAGEM CULTURAL PELOS CASTELOS PORTUGUESES A propósito do dia Nacional dos Castelos, que se celebrou a 7 de outubro, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Francisco Sousa Lobo, Presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos (APAC) para ficar a conhecer um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido pela associação em prol do património fortificado português.

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Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos - APAC foi edificada em 1983, tendo, desde esse período, vindo a fazer um trabalho meritório e fundamental, contribuindo para a conservação, protecção, divulgação e salvaguarda do património fortificado português. Quais são os principais pilares da instituição e que análise perpetua destas mais de duas décadas de existência? Temos um grande ideal. Foram trinta e três anos de vida a criar e aperfeiçoar o sistema operacional. Ao fim de algum tempo concebemos uma estrutura interna baseada em três áreas: património, serviço educativo e visitas de estudo. Esta última atividade é a geradora de fundos que as cotas dos associados reforçam, conferindo um prudente equilíbrio financeiro. O ambiente de trabalho nas instalações é muito bom.

Um dos vossos grandes desideratos passa pela estimulação do estudo, investigação e interesse

pelos castelos e fortalezas lusas. Acredita que esse caminho tem vindo a ser realizado? O que ainda falta? A recolha de informações sobre o património histórico/militar é permanente. Temos um inventário que se alarga todos os anos. A biblioteca é dirigida por um voluntário muito competente que angaria em continuidade livros oferecidos por entidades públicas e privadas. Acredita que atualmente existe uma maior consciência da importância do património fortificado português por parte do domínio público? O ensino da fortificação e arquitetura militar é ministrado há muitos anos na Academia Militar e suas antecessoras. Fui ali professor dessas fascinantes cadeiras, durante anos. Hoje já se ministra em várias universidades. Por outro lado, com a democracia, o país abriu-se ao exterior. As nossas viagens culturais pelos cinco continentes colocam os castelos e fortalezas portugueses sob nosso olhar direto! Acredita que ainda faltam redes activas para a defesa dos vestígios materiais e imateriais do passado em Portugal? Qual o cenário actual? Temos procurado, a par de outras entidades, conciliar esforços. Penso que o tempo corre a favor das pessoas e organizações que têm uma forte consciência do valor do património. As associações culturais ganham estreitando laços e trabalhando em rede. Isso acontece de uma forma crescente. Estamos bastante otimistas.

A sociedade em geral já começa a dar maior relevância para este tema? De que forma são fundamentais os mais jovens nesta promoção? A APAC tem promovido projetos educativos junto dos mais jovens? Muitas autarquias têm tirado partido dos recintos fortificados situados nos seus concelhos. Cada castelo ou fortaleza deveria ter “um alcaide”, alguém que daria o alerta para os problemas que surgissem. A Direção Geral do Património é a entidade de tutela que tem desempenhado um bom papel, com o apoio das suas direções Regionais. Há muito a fazer o que exige uma convergência alargada de esforços. No dia Nacional dos Castelos, que se celebrou a 7 de outubro, foi possível visitar gratuitamente vários castelos portugueses e conhecer um pouco mais da história destes edifícios emblemáticos da história portuguesa. Que relevância tem esta efeméride para esta promoção? O que foi realizado neste dia pela APAC? O Dia Nacional dos Castelos foi instituído pela nossa Associação há cerca de trinta anos. As comemorações dispersam-se pelo país de acordo com a iniciativa das escolas, das autarquias, ou de outras entidades ligadas ao Património. Esta é uma forma de valorizar a arquitetura militar salientando a importância dos castelos e fortalezas na formação da identidade portuguesa. Este ano comemorámos o Dia Nacional dos Castelos na Cidadela de Cascais. Este conjunto fortificado incorpora séculos de fortificação. D. João II mandou construir, no final do século XV, o Castelo de Cascais, hoje encastoado no ângulo sudeste da cidadela.▪

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FRANCISCO LOBO


DIA NACIONAL DOS CASTELOS

» CÂMARA MUNICIPAL DE CHAVES

CASTELO DE CHAVES

UMA VIAGEM À ÉPOCA MEDIEVAL A propósito do Dia Nacional dos Castelos a Revista Pontos de Vista conversou com António Cabeleira, Presidente da Câmara Municipal de Chaves. Conheça o Castelo medieval de Chaves assim como que apostas turísticas estão em desenvolvimento na aconchegante e simpática cidade de Chaves.

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7 de outubro comemora-se o Dia Nacional dos Castelos. Na cidade de Chaves existe um castelo medieval. Que história pode ser contada sobre o mesmo? Na cidade de Chaves existe um castelo medieval e três em todo o concelho. Os outros dois ficam localizados em Santo Estêvão e em Monforte de Rio Livre. O castelo medieval de Chaves conANTÓNIO CABELEIRA

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serva atualmente a Torre de Menagem, possivelmente construída no século XIII, e restos das muralhas que circundavam a antiga cidadela. Em 1938 foi declarado Monumento Nacional, tal como os Fortes de São Francisco e São Neutel. Desde 1978 à atualidade, está aí instalado um Museu Militar, que dá a conhecer a história militar portuguesa. Quando assumiu o cargo da Presidência, qual era o panorama do turismo no concelho? Era uma área em desenvolvimento? Quando assumi o cargo de Presidente da Câmara, o turismo já era uma aposta no concelho. O executivo anterior, no qual eu já exercia o cargo

de Vice-presidente desde 2002, valorizou sempre o turismo como uma aposta estratégica. Hoje, continua a ser uma mais-valia para Chaves. Desde então, a abertura de diversos equipamentos e requalificação de outros tem potenciado o turismo. Entre eles, destaque para o Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, recentemente inaugurado, projeto do conceituado arquiteto Álvaro Siza Vieira; o novo Balneário Pedagógico de Vidago; a requalificação das Termas de Chaves; e o futuro Museu das Termas Romanas resultante da descoberta de um achado singular. A localização estratégica do concelho, devido às acessibilidades a nível nacional e da Península Ibérica de que dispõe, bem como as potencialidades emergentes do termalismo, são também importantes pilares de desenvolvimento. O dia 7 de outubro foi assinalado de alguma forma no município? Sim, o Dia Nacional dos Castelos foi assinalado em Chaves. Durante todo o dia, as visitas à Torre de Menagem foram gratuitas. Este ano, o Teatro Experimental Flaviense e a Academia de Artes de Chaves associaram-se à comemoração da efeméride, promovendo, da parte da tarde, uma peça de teatro alusiva aos Castelos e à noite um Ensemble de Metais da Academia de Artes. Foi, podemos dizer, uma viagem ao período medieval através da música, recriando os ambientes sonoros típicos do imaginário feudal, terras de castelos e cavaleiros. Chaves é uma cidade historicamente rica o que para o turismo é um impulso bastante positivo. Mas que lugares e monumentos podem ser destacados? Sim. De facto, a cidade de Chaves detém um vasto património arqueológico e monumental que testemunha as suas origens romanas constituindo-se assim um local com imensa atratividade e um destino turístico muito importante. Podem ser destacados vários pontos de passagem obrigatória: os Fortes de São Francisco e de São Neutel; a Ponte Romana de Traja-

no, Monumento Nacional; o Paço dos Duques de Bragança, onde está instalado o Museu da Região Flaviense, inserido num complexo monumental dos mais emblemáticos que compõem o centro histórico. Este desenvolve-se em redor do Castelo, do qual resta a Torre de Menagem, e das suas Muralhas. As estreitas ruas e ruelas, tipicamente medievais, cujas características varandas se impõem como imagem de marca também. Os flavienses, de forma geral, conhecem a história da cidade? Há iniciativas em curso que levem as pessoas a quererem saber mais sobre a mesma? Sim, os flavienses conhecem e interessam-se bastante pela história da cidade. A comprovar tal facto tem sido a elevada adesão nas iniciativas promovidas em Chaves que envolvam, por exemplo, recreações históricas, como é o caso da nossa “Festa dos Povos em Aquae Flaviae”, que se realiza anualmente em agosto e atrai milhares de visitantes. Outra iniciativa, por exemplo, é a nossa “Rota BTT Fortalezas da Raia”, no âmbito do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Eurocidade Chaves-Verín. É uma rota que leva os visitantes por Chaves e Verín, mostrando-lhes as suas antigas estruturas defensivas. Desde a Idade Média e, em particular, depois da Guerra da Restauração, que a meados do século XVII separou as coroas de Portugal e Espanha, foram erguidos castelos e fortalezas para proteger posições perante o inimigo: Castelo de Monterrei, vestígios da muralha de Verín, Fortes de São Neutel e São Francisco, Torre de Menagem e Castelo de Santo Estêvão e Monforte de Rio Livre; todos eles são de paragem obrigatória. Entre castelos e fortalezas, o visitante poderá atravessar lugares que contam a outra face da Raia: a passagem dos emigrantes, a mistura de sotaques, o velho contrabando e as aldeias promíscuas, como Lamadarcos, localizada antigamente sobre a fronteira e dividida por dois reinos. ▪


DIA NACIONAL DOS CASTELOS

» município DE NISA

UM PASSADO COM OS OLHOS NO FUTURO Nisa tem um património digno de realce no que concerne a construções amuralhadas referenciadas através do celebérrimo “Livro das Fortalezas” da autoria de Duarte de Armas, datado do ano de 1510, no qual encontramos a reprodução dos castelos de Alpalhão, Amieira do Tejo, Montalvão e Nisa. Venha conhecer um pouco mais sobre a história destes castelos pelas palavras de Bento Semedo, Técnico Superior da Câmara Municipal de Nisa. Castelo de amieira

Nisa - porta da vila

A Preservação do património A existência e valorização deste património, associado aos vestígios arqueológicos, recentemente revitalizados, por intervenção da Câmara Municipal, como é o caso do Menir do Patalou, a Anta dos Sarangonheiros ou a construção de um Centro Interpretativo do Conhal (Mina de Ouro Romana) associados à existência natural dos Blocos Pedunculares ou das Portas de Ródão e de todo um património de arquitetura religiosa são fontes de interesse e motivos únicos para que o Concelho de Nisa se constitua como uma referência turística e uma fonte de conhecimento de um passado com os olhos no futuro.

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A

comemoração do Dia Nacional dos Castelos veio Porta de montalvão relembrar o papel que estas fortificações desempenharam na história local, regional e nacional pelo que dar a conhecer estas grandes obras da arquitectura militar será igualmente relembrar as populações e aqueles que com o seu suor e lágrimas resistiram heroicamente aos invasores que teimavam em apoderar-se do território luso. Neste breve texto damos nota dos castelos de Nisa, Amieira do Tejo e Montalvão, e daremos apenas referência da existência, em tempos idos, de um castelo em Alpalhão do qual apenas restam algumas menções toponímicas e bibliográficas. A existência destas fortalezas está intimamente ligada à localização fronteiriça do concelho de Nisa que obrigou sempre largos investimentos nas suas fortificações, Castelo de montalvão bem como um papel fundamental na defesa da independência do território. para o Prior do Crato, apresenta uma planta retangular com torres de ângulo, de secção quadrada, não maciças, Castelo de Nisa A construção do Castelo de Nisa, clas- interligadas pelos adarves dos troços sificado como Monumento Nacional, de muralha; a Torre de São João, a remonta à reconstrução da vila orde- sudeste, tem dois pisos, dispondo a de nada por D. Dinis, na década de 90 do Menagem, a nordeste, de quatro (uma século XIII, e dirigida pelo mestre da das janelas é mainelada, com moldura Ordem do Templo, D. Frei Lourenço gótica). As quadrelas norte e sul apreMartins, da qual constava um forte sentam escadas endossadas que dão castelo com seis torres e portas. O acesso aos adarves; no centro do pátio, castelo sofreu, ao longo de diferen- uma cisterna. O castelo está envolvido tes reinados, diversas remodelações por barbacã de desenho pentagonal, sendo de particular realce aquela que com porta principal a nascente, envolocorreu durante a Guerra da Suces- vendo aí, a capela quinhentista de São são com reforço da fortificação com João. É também neste sector que se uma segunda cinta defensiva, o que abre a porta principal do castelo, junto não invalidou a sua derrocada provo- à Torre de Menagem, localizando-se a cada pelo conflito. A destruição con- da traição na diagonal oposta, através tinuou no século XIX, restando hoje da qual se acede à liça e daí a exterior duas torres, alguns panos de muralha pela porta da barbacã, a sudoeste. que circundam o casario da “Vila” disposta em bastide, e as portas ainda Castelo de Montalvão de finais do século XIII, a da Vila e a de A localização de Montalvão numa zona Montalvão e ainda a de João d’Évora. fronteiriça conferiu-lhe grande importância em termos defensivos, particularmente da ordem cristã, associando-se Castelo de Amieira a construção do Castelo de Montalvão, do Tejo O Castelo de Amieira do Tejo, classi- classificado como Monumento de Inteficado como Monumento Nacional, resse Público, à Comenda da Ordem é uma verdadeira “obra de arte” fruto de Cristo. Duarte d’Armas desenhou o do restauro realizado na década de castelo de Montalvão como tendo ape40 do século XX que lhe conferiu nas uma muralha, sem qualquer torre a fisionomia que ainda hoje man- anexa, fazendo-se o acesso ao espaço tém, remontando a sua construção intra-muros por porta única pelo que ao século XIII pelas mãos de Álvaro aquela fortaleza de origem baixoGonçalves Pereira, da Ordem do Hos- -medieval não terá sido uma obra de pital, que se havia radicado na vila. O grande envergadura restando vestígios castelo da Amieira é o protótipo de dos alicerces das muralhas, das torres e castelo gótico português, exercia, da cisterna, sendo visíveis os panos de essencialmente, funções residenciais muralha, nas quais predomina o xisto. ▪


PODER LOCAL

» CÂMARA MUNICIPAL DE SERPA

“Serpa é uma experiência forte em todos os sentidos” No Alentejo e na sua imensidão de lugares extraordinários existe uma cidade chamada Serpa. Tomé Alexandre Martins Pires, Presidente da Câmara Municipal, em entrevista à Revista Pontos de Vista, fala sobre os desafios e conquistas da terra conhecida pelo queijo de sabor inigualável.

E

nquanto Presidente da Câmara Municipal de Serpa que missão o define perante a sua população? A Câmara Municipal, enquanto órgão executivo do município, tem como missão definir e executar políticas que promovam o desenvolvimento do Concelho. Por conseguinte, temos como objetivo melhorar a qualidade de vida da população, através do desempenho das competências do Poder Local e exigindo do Poder Central políticas que defendam os interesses das populações e que promovam o desenvolvimento e coesão territorial, nomeadamente no que respeita à qualidade dos serviços públicos, às vias de comunicação e ao investimento. Enquanto presidente da Câmara estou fortemente empenhado nesta missão, que é um missão coletiva como já referi, cumprida todos os dias com o maior gosto e determinação.

pontos de vista

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Que balanço autárquico é possível fazer desde a tomada de posse até agora? O balanço é positivo, se falarmos do trabalho que fizemos e que estamos a fazer, é positivo também a nível funcionamento interno, mas já é negativo se falarmos no investimento, sobretudo com o atraso do Portugal 2020 e com a redução das transferências para os municípios. Os nossos investimentos estão muito dependentes das verbas disponibilizadas pelo Portugal 2020, as indefinições e demoras têm sido mesmo um dos maiores condicionalismos, correspondendo a um atraso de muitos meses e dificultando o planeamento das intervenções. Que iniciativas estão em curso e que contribuem de forma direta para o aumento da qualidade de vida da população? O nosso trabalho tem sido sempre baseado numa lógica de continui-

tes territórios. E é isto que acontece, apesar de todo o trabalho que temos vindo a fazer, a nível local, em defesa das populações, potenciando os recursos, promovendo a qualidade de vida das populações, fomentando o desenvolvimento económico e social.

Tomé Alexandre Martins Pires

dade e melhoramento, apostando fortemente nas dinâmicas culturais, sociais e educativas, no apoio ao movimento associativo e no desenvolvimento económico e na promoção turística do concelho. Refiro alguns dos projetos em que estamos a trabalhar, que foram agora aprovados pelo Portugal 2020 e que vão criar dinâmicas muito importantes no desenvolvimento do concelho, como é o caso da requalificação das infraestruturas educativas, com intervenções de melhoria nas escolas de 1º ciclo e novos equipamentos informáticos em todas as salas de aula, a beneficiação do Jardim Municipal de Serpa, cujo concurso publico está a decorrer, ou o conjunto de projetos no âmbito do desenvolvimento económico, muito direcionados para o apoio e qualificação das empresas locais, apostando também na internacionalização, designadamente do Queijo Serpa, uma das nossas maiores imagens de marca. Serpa, situada no Baixo Alentejo, é uma região do interior de Portugal, considera este facto como um entrave à evolução económico-social? O entrave não é estar no interior, porque este território tem muitas potencialidades. O entrave são as políticas centrais: menos serviços públicos, más vias de comunicação, falta de estratégia em algumas áreas nomeadamente na agricultura… Estar no interior só é uma dificuldade na medida em que não existe uma política central de desenvolvimento regional, que combata as assimetrias, que promova a coesão territorial e o desenvolvimento des-

Considera questões como inovação e modernização cruciais para a melhoria do município? Que medidas podem ser apontadas como exemplos? Sim, a modernização administrativa, a inovação, a criatividade são fundamentais. O município de Serpa há muito que apostou na modernização administrativa como uma forma de garantir um trabalho de aproximação aos munícipes, com melhores e mais rápidas respostas e neste momento apresentámos uma candidatura no âmbito do Alentejo 2020, que tem como objetivo aprofundar todo o trabalho já feito. De igual forma estamos muito atentos às questões da inovação, em todas as áreas, desde a cultura e indústrias criativas, às questões relacionadas com o desenvolvimento económico e às atividades ligadas à agricultura, nomeadamente na transformação agroalimentar e, também, na agricultura em modo de produção biológica. Para quem ainda não conhece, visitar Serpa é…? Visitar o concelho de Serpa é ter uma oportunidade única de conhecer um património imenso…Temos para oferecer a hospitalidade das nossas gentes, a nossa excelente gastronomia, com destaque para o queijo, o vinho, o pão, os enchidos, os muitos pratos típicos, o Cante Alentejano, nosso principal património imaterial e também Património da Humanidade, um património construído de grande valor, um património ambiental importantíssimo, um clima excelente. Temos o Centro Histórico da Cidade de Serpa, os Museus, a Casa do Cante, o Musibéria, as nossas aldeias tradicionais, a rede de percursos temáticos no concelho, pedestres e em BTT, temos ao longo do ano uma agenda de eventos para todos os gostos e idades… Visitar Serpa é, sem dúvida, uma experiencia afetiva, uma experiencia forte em todos os sentidos… ▪


BREVES BREVES BIBLIOTECAS

Investimento em bibliotecas públicas atingiu 250 milhões de euros em 30 anos FOTO

O Estado e as autarquias investiram nos últimos 30 anos cerca de 250 milhões de euros na criação de bibliotecas da rede de leitura pública, que contam com mais de seis milhões de volumes impressos. O valor do investimento, “suportado em 50 por cento pelo estado e 50 pelas autarquias locais”, foi este sábado avançado por Silvestre Lacerda, diretor-geral da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), na abertura do II seminário “Educação leitura, Literatura”.

Som Quando Miles Davis esteve em Portugal

EITO

: DIR S RE

FOTO: DIREITOS RESERVADOS

OS VAD

S ER

Atuou por quatro vezes em Portugal entre 1971, quando abriu o Cascais Jazz, e 1991, ano que marcou também o seu adeus à vida. 25 anos depois da sua morte, recuperamos um artigo de 2007 sobre as passagens de Miles Davis pelo nosso país. Quando em 1971 Miles Davis, aos 46 anos, pisou pela primeira vez território nacional era já uma estrela não do jazz, mas da música de massas, tocando as audiências do rock e da pop com as suas experiências de fusão entre géneros musicais. O auge da sua popularidade tinha sido atingido apenas um ano antes, quando na sua actuação no célebre Festival da Ilha de Wight (Reino Unido) partilhara o cartaz com os gigantes The Who, The Doors, Sly and the Family Stone, Joni Mitchell e Jimi Hendrix, perante nada menos do que 350 mil espectadores.

AFOGAMENTOS

Morreram mais pessoas esta época balnear

Dezassete pessoas morreram entre 1 de maio a 30 de setembro, em Portugal, em acidentes relacionados com a prática balnear, que exigiu 605 intervenções de nadadores salvadores, em praias concessionadas, segundo informação hoje divulgada pela Autoridade Marítima Nacional. De acordo com dados disponíveis na página da Autoridade Marítima Nacional na internet, oito das dezassete mortes ocorreram em zonas vigiadas, sete em praias marítimas e uma numa praia fluvial. Duas dessas mortes verificaramse na praia do Amado, em Lagos, no dia 6 de setembro, e as vítimas foram dois espanhóis de 45 e 50 anos que se afogaram. Um alemão de 85 anos morreu no dia 22 de setembro na praia de Altura, em Vila Real de Santo António, acometido por morte súbita.

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19º CONGRESSO APLOG

» APLOG | ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE LOGÍSTICA

“ESTÁ NA ALTURA DAS EMPRESAS MUDAREM E PERCEBEREM QUE OS DESAFIOS HOJE SÃO GLOBAIS” Em entrevista à Revista Pontos de Vista, o Presidente da APLOG, Associação Portuguesa de Logística, explica a importância do 19º Congresso de Logística, que temáticas, panoramas e soluções desenham a realidade da Logística em Portugal.

“Somos capazes de n adaptar aos d os ifere panoramas q ntes ue vão surgindo com a rapide z necessária?”

ALCIBÍADES PAULO GUEDES

pontos de vista

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C

om 25 anos de existência, a APLOG é uma associação voltada para o desenvolvimento da logística em Portugal. Ela nasce num contexto da iniciação de algumas atividades em Portugal que eram muito dependentes da logística num país que ainda não tinha capacidade de resposta no setor da cadeia de abastecimento. 25 anos depois o contexto da APLOG evoluiu significativamente, tornando a logística uma matéria relevante e com um papel de destaque para as empresas portuguesas.

19º CONGRESSO DE LOGÍSTICA “SUPPLY CHAIN NUM CONTEXTO DE MUDANÇA”

Tanto a logística como o seu próprio contexto estão em constante mutação, e é desse evidência que surge o tema do congresso. “Somos capazes de nos adaptar aos diferentes panoramas que vão surgindo com a rapidez necessária?”, quem pergunta é Alcibíades Paulo Guedes, Presidente da APLOG.

O online, a sustentabilidade, novos mercados e clientes, a complexidade, as tecnologias de informação e imprevisibilidade, são alguns dos temas que serão abordados no congresso que se realizará no Centro de Congressos de Lisboa nos dias 19 e 20 de outubro. Ao longo dos painéis estes serão temas cruciais e que pretendem chamar à atenção dos empresários portugueses para a necessidade de inovar para melhor competir. Os dois dias serão preenchidos com palestrantes ilustres como Rui Rio (Senior Advisor e Partner - Boyden global executive search e Neves de Almeida | RH Consulting), João Pedro Matos Fernandes (Ministro do Ambiente), Sérgio Marques (Managing Director - PARFOIS), Pedro Silva (Sustainability Manager - The Navigator Company), Paulo Pires (Diretor de Logística - Grupo Cooprofar Medlog), António Gonçalves (CEO - ES-KO), entre outros. Questionado sobre os problemas que o uso e a implementação das tecnologias da informação representa para as empresas, Alcibíades Paulo

Guedes, não tem dúvidas: “as tecnologias ainda são um problema nas empresas. Mas não há outro caminho possível. Só investindo em tecnologia é que o acompanhamento do mercado pode ser feito”. “A rastreabilidade também tem aumentado brutalmente em todos os mercados, e esta é uma necessidade fulcral”, recomenda. “Temos de ter noção de que as empresas portuguesas só poderão ser competitivas se souberem inovar”. Enquanto associação, a APLOG pretende chamar a atenção do tecido empresarial português para a necessidade emergente de inovar, que “já mudou muito mas que tem de continuar a mudar”.

O FUTURO

“As novas gerações estão muito bem preparadas, há que transformar essa capacidade em valor, produtos, serviços e capacidade de integrar esses conhecimentos em cadeias de abastecimento”, conclui Alcibíades Paulo Guedes. ▪


BREVES BREVES

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TECNOLOGIA

Investigadores testam banda larga nos Açores Uma equipa de técnicos do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) concluiu hoje, com “sucesso”, um conjunto de testes com banda larga no mar dos Açores. A operação, designada por “BLUECOM+”, é um projeto que visa tornar possível aceder à Internet em zonas remotas do oceano, a mais de 100 quilómetros da costa, em banda larga e com baixo custo, utilizando tecnologias como o Wi-Fi e o 4G. “Foi um sucesso. Conseguimos demonstrar capacidade de banda larga verdadeiramente, com uma vídeo-chamada por Skype entre uma pessoa na embarcação e uma pessoa que estava em terra”, sublinhou Rui Campos, investigador do INESC TEC, durante uma saída para o mar junto à costa sul da ilha do Faial.

STARTUPS

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‘Start-Up’ portuguesa cria primeiro sistema digital para fisioterapia sem sair de casa A ‘start-up’ portuguesa SWORD Health apresentou hoje “o primeiro e único” sistema digital que permite acelerar a recuperação em processos de fisioterapia de doentes de AVC ou com problemas músculo-esqueléticos sem terem de sair de casa. Criada em 2013 por Vírgilio Bento, a ‘start-up’ [empresas em início de atividade] apresentou hoje a SWORD Arya, uma estrutura ‘user-friendly’ que permite acelerar a recuperação pelo próprio paciente ou cuidador sem sair de casa, uma “abordagem revolucionária” que possibilita “avanços mais rápidos” e “uma redução de custos até cinco vezes”, através do acompanhamento ‘online’permanente e presencial, segundo diz a empresa em comunicado. “O princípio é simples”, diz a empresa, que é já considerada pela Comissão Europeia como uma das mais inovadoras da Europa, explicando que inicialmente o doente é avaliado pessoalmente pela equipa clínica de terapeutas da SWORD Health que define as necessidades específicas e prescreve o programa de reabilitação.

POPULAÇÃO IDOSA Idosos vivem sós e com pensões praticamente estagnadas em 40 anos A pensão mínima de velhice é hoje apenas mais três euros do que há 40 anos, descontando a inflação, sendo Portugal o terceiro país da União Europeia com mais idosos a viverem sozinhos. Os números da Fundação Francisco Manuel dos Santos lançados hoje a propósito do Dia Internacional do Idoso traçam um retrato da população mais velha em Portugal. Dizem, por exemplo, que a atual pensão mínima de velhice e invalidez, de 262 euros, é muito superior aos 8 euros de 1974, mas que descontando a inflação os idosos do regime geral da segurança social recebem hoje apenas mais 3 euros do que há 40 anos. A preços constantes tendo como base 2011 ganhavam 251 euros em 1974, ganhavam 253,7 euros em 2015. Pegue-se agora no total de pessoas que vivem sozinhas e olhe-se para a idade: 53% têm 65 ou mais anos. Na União Europeia só a Croácia e Malta têm mais idosos a viver sozinhos do que Portugal. A média europeia é de 40% e do outro lado da tabela está a Suécia, onde só são idosos 14 por cento de todos os agregados domésticos unipessoais.

MONUMENTOS

Forte de Peniche: já há uma petição contra entrega a privados

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Depois de se saber que o Forte de Peniche estava na lista dos 30 monumentos históricos que o Governo quer concessionar a privados, sucederam-se as críticas. Já há uma petição a correr online. O texto da petição que começou a circular online é curto e simples: os abaixo assinados querem que o Forte de Peniche permaneça património nacional e saia da lista elaborada pelo Governo onde constam os nomes de 30 monumentos que deverão ser concessionados a entidades privadas que os transformarão em unidades hoteleiras, restaurantes ou salas de conferências.


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