Revista Pontos de Vista Edição 62

Page 1

Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. FEVEREIRO 2017 | EDIÇÃO Nº 62 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

PORTO CAPITAL

A EXCELÊNCIA NA MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA

APCER

TRANSIÇÃO DAS NORMAS ISO 9001 E ISO 14001

LIDERANÇA NO FEMININO

David Magalhães “A formação não transforma o Mundo. A formação aperfeiçoa as pessoas e as pessoas mudam o Mundo”

ELCOS

SOCIEDADE PORTUGUE SA DE FERIDAS

FOTO: RUI BANDEIRA

CEO da Earth Consulters



04

J.P. CRUZ – PROPRIEDADE INTELECTUAL

10

UNIVERSIDADE DE ÉVORA

Índice DE TEMAS LIBERTY SEGUROS – TECNOLOGIAS E INOVAÇÃO

68

42

SENSE TEST – PRÉMIO INOVAÇÃO NOS

FICHA TÉCNICA Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Administração – Redação – Depº Gráfico Rua Rei Ramiro 870, 5º A 4400 – 281 Vila Nova de Gaia Telefone +351 220 926 879 Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660 4455-518 Perafita Matosinhos PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ana Rita Silva | Elisabete Teixeira GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: Elisabete Marques | João Soares | Luís Pinto | Miguel Beirão | Nelson Luiz | Design E PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca | Vanessa Taxa Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de Gaia E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt Preço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%) Assinatura anual (11 edições): Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%), Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros

Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.horizonte-de-palavras.pt www.facebook.com/pontosdevista Impressão Lidergraf - Sustainable Printing Distribuição Nacional / Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 Dep. Legal: 374222/14 DIRETOR: Jorge Antunes Editor: Ricardo Andrade Rua Rei Ramiro 870, 5º A 4400 – 281 Vila Nova de Gaia

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico. Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

44

CÂMARA MUNICIPAL Do SEIXAL


PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial

MANUAL DE APLICAÇÃO DO CÓDIGO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL: - A SUA “APLICAÇÃO”… NÃO DEVIA SER PERMITIDA … 3 = A Regra 84 refere-se à aplicação do artigo 350.º do Código de Propriedade Industrial – Revalidação de direitos – que é o seguinte: “1 - Pode ser requerida a revalidação de qualquer título de patente, de modelo de utilidade ou de registo que tenha caducado por falta de pagamento de taxas dentro do prazo de um ano a contar da data de publicação do aviso de caducidade no Boletim da Propriedade Industrial. 2 - A revalidação a que se refere o número anterior só pode ser autorizada com o pagamento do triplo das taxas em dívida e sem prejuízo de direitos de terceiros.”

1 = Antigamente, as leis da Propriedade Industrial eram acompanhadas por um Regulamento que esclarecia a aplicação de certas disposições, por vezes pouco claras ou, até, pouco utilizadas. A primeira lei de marcas – a Carta de Lei de 4 de Junho de 1883, foi acompanhada pelo Regulamento de 23 de Outubro de 1883 e a Carta de Lei de 21 de Maio de 1896 – na verdade o primeiro Código Português de Propriedade Industrial – pelo Decreto de 28 de Março de 1895 (que regulamentava o Decreto nº 6, de 15 de Dezembro de 1894, que deu origem à Carta de Lei de 1896). pontos de vista

4

E o nº 2 da Regra 84 estabelece que “Uma vez que a revalidação só pode ser autorizada não havendo prejuízo de direitos de terceiros, no que concerne aos sinais distintivos do comércio são efectuadas pesquisas de anterioridade com o intuito de afastar qualquer possibilidade de lesão de direitos entretanto constituídos.” Este entendimento – que, ao que parece, ainda se aplica – é muito antigo e está profundamente errado: e nada justifica que continue a ser utilizado, pois é contrário aos interesses do País, do titular do registo considerado prejudicado e do detentor do direito a revalidar. Aliás, desde que as “declarações de consentimento” foram incluídas no Código – artigo 243º – quando há conflito de interesses, o poder decisório para recusar registos de marcas passou do INPI para as partes.

Mas depois do Código de 1940 os Códigos da Propriedade Industrial passaram a não ser acompanhados de qualquer Regulamento e a Repartição de Propriedade Industrial fazia um Manual – normalmente sem os cuidados devidos – que ajudava a interpretar algumas disposições menos claras.

Estes problemas sucedem, em geral, mais com estrangeiros, que têm registos de marcas válidos em Portugal, muitas vezes sem a vigilância de profissionais Portugueses e não reclamam em devido tempo contra pedidos de registo e de concessão de revalidações, entre outros.

Foi assim que surgiu o Manual de Aplicação do Código de 2008, feito apenas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial sem qualquer discussão com os chamados meios mais interessados na Propriedade Industrial.

Mas não se entende que o INPI se coloque na posição de mandatário – sem qualquer mandato – e trate da defesa desses interesses sem cobrar um cêntimo.

O resultado, como é normal, não foi famoso – e o “Manual” não serve, manifestamente, para cumprir a sua missão. 2 = Para avaliar o nível do Manual elaborado pelo INPI (última versão, revista em Janeiro de 2014), basta dar dois ou três exemplos: a) A Regra – 84 – REVALIDAÇÃO (artigo 350.º); b) A Regra – 80 – LOGÓTIPOS (ARTIGO 304.º-C); e c) A Regra – 66 – ELEMENTOS NÃO EXCLUSIVOS (artigo 223.º).

E o que tem uma certa graça, acabando por prejudicar o titular do direito que o Técnico que examinou o pedido queria beneficiar! Mas como é que não se entende que deve apenas limitar-se a informar o titular do registo, dizendo-lhe que se sentir prejudicado pode reclamar, em prazo determinado, contra o pedido de revalidação do registo que se deixou caducar? A partir desse ponto, o interessado titular do registo oposto ficaria com todas as possibilidades: a) Não tomar qualquer atitude contra o pedido da revalidação


PROPRIEDADE INDUSTRIAL

E o INPI, assim, prestaria um óptimo serviço: a) Ao País, que sempre lucraria por receber as taxas oficiais desse processo; b) Ao titular do registo oposto, que poderia fazer um bom acordo; e c) Ao requerente do pedido de revalidação, que poderia evitar a recusa ou caducidade do registo. Haverá alguma justificação para beneficiar, tão claramente, o titular do registo supostamente prejudicado? 4 = a) A Regra 80 diz respeito aos “Logótipos”, que foram incluídos nos artigos 304.º-A a 304.º-S, e o primeiro é o seguinte: "Constituição do logótipo 1 – O logótipo pode ser constituído por um sinal ou conjunto de sinais susceptíveis de representação gráfica, nomeadamente por elementos nominativos, figurativos ou por uma combinação de ambos. 2 – O logótipo deve ser adequado a distinguir uma entidade que preste serviços ou comercialize produtos, podendo ser utilizado, nomeadamente, em estabelecimentos, anúncios, impressos ou correspondência."

insígnias de estabelecimento, havia que distinguir os antigos registos (que seriam apenas para proteger “estabelecimentos”) dos novos – agora juntos aos logotipos e que tinham já (no entender de quem orientou o assunto) uma amplitude muito maior. Simplesmente, brilhante! b) É obvio que quem discutiu este problema no Grupo de Trabalho – se é que houve Grupo de Trabalho, ou o problema foi discutido – desconhecia, por completo, o artigo 118.º do Código de 1940 – e que era o seguinte: “Considera-se estabelecimento, para efeitos deste artigo, a universalidade constituída pela loja, armazém, fábrica, adega ou local de exploração de qualquer indústria ou comércio e todo o seu activo e passivo, inclusive direito à locação, chave, nome, insígnia, clientela e outros valores.” Portanto, o nome e a insígnia de estabelecimento protegiam tudo … e mais alguma coisa, como costuma dizer-se! 5 = A Regra 66 diz respeito à aplicação do nº 3 do artigo 223º do Código, que é o seguinte: “A pedido do requerente ou do reclamante, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial indica, no despacho de concessão, quais os elementos constitutivos da marca que não ficam de uso exclusivo do requerente.” E o nº 3 (1ª parte) da Regra 66 é o seguinte: “Quando considerar oportuno, o INPI pode, oficiosamente, indicar no despacho de concessão os elementos genéricos, descritivos e usuais, não devendo, contudo, entender-se que, quando o não faça, todos os componentes da marca ficam de uso exclusivo do titular. (...)”

O objectivo era juntar os nomes e insígnias de estabelecimento e os logótipos no mesmo direito – que continuou a designar-se “LOGÓTIPO” – mas que resultou em confusão incompreensível.

Portanto, a Regra confere poderes que o Código não autoriza.

Na verdade, em vez de transformar TRÊS em UM, o resultado foi transformar TRÊS em QUATRO, o que apenas piorou a situação: é que o entendimento demonstrado pela protecção conferida pelos nomes e insígnias de estabelecimento é, realmente, extraordinário!

“A pedido do requerente ou do reclamante, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial indica, no despacho de concessão, quais os elementos constitutivos da marca que não ficam de uso exclusivo do requerente.”

Na verdade, o artigo 223º, nº 3, dos Códigos de 2003 e de 2008, apenas confere essa possibilidade às partes:

Como eram “nomes” e “insígnias” de “estabelecimentos” … “parecia evidente” que apenas deviam proteger “ESTABELECIMENTOS”.

E que confusão não será o INPI indicar, de vez em quando, por sua exclusiva iniciativa, que este ou aquele elemento não fica de uso exclusivo do requerente, sem que as partes o tenham requerido?

Parece incrível, mas é verdade: e a Regra 80 (nºs 2 e 3), relativa aos Logótipos, é a seguinte:

Para que serve então o nº 2 do mesmo artigo 223º do Código da Propriedade Industrial?

“2. Os pedidos e registos de nomes e as insígnias de estabelecimento que tenham sido convertidos em logótipos, conservam o mesmo objecto, ou seja, estes logótipos apenas se destinam a identificar estabelecimentos e não entidades. 3. Os pedidos e registos de logótipos existentes à data de entrada em vigor do decreto-lei nº 143/2008, de 25 de Julho, mantêm o objecto para o qual foram requeridos e registados, ou seja, apenas se destinam a identificar entidades.”

Vejamos:

Ora, como os novos “LOGÓTIPOS” incluíam os nomes e

“Os elementos genéricos referidos nas alíneas a), c) e d) do número anterior que entrem na composição de uma marca não serão considerados de uso exclusivo do requerente, excepto quando, na prática comercial, os sinais tiverem adquirido eficácia distintiva.” Assim, a indicação dos elementos genéricos, quando não pedida pelas partes, apenas deverá ser feita em casos excepcionais, devidamente justificados. ▪

5 FEVEREIRO 2017

do registo, se não lhe interessar; b) Reclamar contra esse pedido em processo de contencioso normal; ou c) Negociar com o requerente, a quem poderá conceder ou recusar – ou vender – uma declaração de consentimento; d) Conceder uma declaração de consentimento com a condição de que esse direito não será oponível ao que tem registado (como previsto no artigo 8º do Código da Propriedade Industrial).


LIDERANÇA FEMININA NO IMOBILIÁRIO

» PORTO CAPITAL

“AS MULHERES PREOCUPAM-SE MAIS EM HARMONIZAR” A resposta à pergunta “o que tem de diferente uma gestão feminina de uma masculina?” conhece várias respostas e às vezes surpreende. E no setor imobiliário, qual é o panorama atual? Fomos junto de uma empresária de sucesso, Arménia Moreira da Silva, Advogada e CEO da Porto Capital, em busca de respostas

ARMÉNIA MOREIRA DA SILVA

pontos de vista

6

C

om 16 anos de existência a Porto Capital já atingiu um estatuto de referência no ramo imobiliário. Como pode ser explicado o sucesso da Sociedade de Mediação Imobiliária? Como em todas as atividades na Mediação Imobiliária, haverá sempre lugar a empresas boas, e menos boas, bons, e menos bons profissionais. No entanto, não restam dúvidas que os que oferecerem um serviço de elevada excelência e baseado na qualidade e perspicuidade, irão decerto crescer e permanecer no mercado nacional e internacional, os outros, serão inevitavelmente substituídos, e é ai que marcamos a diferença. Sendo que a todos os meus clientes, presto sempre o serviço de Consultadoria Financeira e Apoio Jurídico, torna-se mais fácil solidificar o negócio. Nos últimos 25 anos de Mediação Imobiliária em Portugal houve definitivamente uma clara evolução, onde todos os profissionais participaram e deram o seu contributo para que esta atividade crescesse e desenhasse o seu caminho rumo à qualidade de serviço ao dispor da sociedade. Estamos de parabéns por fazer parte desta evolução e deste mercado! “Vendemos soluções, não promessas…!”, é o slogan da Porto Capital. A honestidade é um dos valores máximos da empresa? Explique-

-nos a importância da mesma no mundo dos negócios. Procuro demonstrar atitudes de alto grau de honestidade, e manifestar na negociação com o meu cliente, regras como tais como respeitar a lei, rejeitar a corrupção, favorecer a transparência e a rotatividade no poder, e fazer valer as políticas financeiras responsáveis pelas diferentes instituições de crédito e as suas propostas. Pode-se pensar na importância da competência técnica, da inteligência, da inovação e da criatividade. Mas no mercado imobiliário, o que mais está em falta é mesmo a honestidade. Tudo o resto são benefícios que se podem construir por cima de ações e pensamentos honestos. A honestidade é uma das virtudes mais importantes: na família, na sociedade e especialmente nos negócios. Na mediação imobiliária, então, assume especial relevância. Como pode ser descrito o crescimento da empresa num universo competitivo como é o caso do setor imobiliário? Sendo Portugal um país relativamente pequeno com um número de transações imobiliárias que rondaram as 379.000 em 2016, e um mercado imobiliário que passou por um período de reajustamento e recessão recente, é um dos países europeus onde se verificou a maior

evolução da atividade de Mediação Imobiliária, sendo hoje, sem dúvida, um case-study a nível de qualidade e sucesso das empresas que aqui operam. O meu maior desafio como líder e empresária de sucesso é conseguir ajustar-me às mudanças constantes do ambiente de negócios. Sempre uma nova lei, um novo imposto, um momento diferente da economia, um novo concorrente. Isso e muito mais obriga-me a agir com agilidade e rapidez. A Arménia Moreira da Silva é, além de Ceo da Porto Capital, advogada. Como se dá este “casamento” e que benesses se destacam da junção das duas áreas? Como advogada e CEO da Porto Capital, estou familiarizada e bem acostumada com casos mais comuns e os vícios do sistema que podem surgir nos contratos ou ao longo da negociação, nestes casos posso de imediato indicar as cláusulas que podem ser alteradas, assim como assumir a atitude perante as mesmas, procurando a melhor solução para economizar de igual forma os gastos no âmbito de concretizar o negócio. Ou seja, sendo advogada os meus clientes e proprietários, estão a assegurar um serviço com maior segurança sem ter de contratar um advogado para intervir na negociação. Em suma, é incomparavelmente uma mais-valia para o nosso cliente. De acordo com a sua experiência, que contribuições mais notórias traz uma liderança no feminino a organizações de imobiliária? As mulheres são mais sensíveis, expressivas e os homens mais contidos e, de facto, as mulheres preocupam-se mais em harmonizar o grupo. São mais preocupadas com o bem-estar da sua equipa e mais acolhedoras quer com os colegas quer com os clientes. Além disso, têm maior capacidade para adaptar a sua comunicação a diferentes ambientes e interlocutores. A contribuição da liderança feminina para o desenvolvimento das empresas já está a ser medida e comprovada. Estudos recentes revelam que a diversidade de género na administração de uma empresa impulsiona a performance e aumenta as receitas. Que valores cultivam as mulheres nas empresas diferentes dos homens? A presença feminina na gestão das organizações tem aumentado nos últimos anos, mas as mulheres continuam sub-representadas nos cargos de decisão económica. “Há características que remetem para que alguns traços mais femininos ajudem a responder a necessidades do futuro: comunicação, integração, construção de redes, vão mais ao encontro das interdepen-


A cidade do Porto está, este ano, novamente nomeada para melhor destino europeu. Numa perspetiva de negócio, que vantagens para o setor imobiliário acarreta esta nomeação? Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que a cidade é um destino cada vez mais procurado, nomeadamente para viver e trabalhar, e que o número de turistas que visitam a cidade tem vindo a aumentar. Segundo a nota divulgada pela ‘Vote Porto’, os dados relativos a 2016 indicam que aquele foi o melhor ano de sempre para o turismo na cidade, com portugueses (28 por cento), espanhóis e franceses (16 e 10 por cento, respetivamente), a serem as nacionalidades da maioria dos turistas. Estes dados refletem a procura ao âmbito do investidor, setor público-privado e do promotor imobiliário. Que resenha é possível fazer acerca do crescimento de imóveis no Grande Porto? O mercado habitacional no distrito do Porto tem estado este ano a exibir sinais de maior dinamismo, com um movimento crescente da procura, dizem diversas entidades que trabalham o imobiliário na Área Metropolitana do Porto e nos concelhos circundantes. São os casos dos concelhos de Paredes, Penafiel, Lousada e Paços de Ferreira Face ao ano de exercício de 2016, as exceções são Espinho e Póvoa do Varzim, onde os preços apresentaram uma variação homóloga negativa mais acentuada do que no trimestre anterior, caindo 3,6% no primeiro caso e 6,6% no segundo, sendo este último o concelho em que os preços mais desvalorizaram. Matosinhos é o segundo concelho, a seguir ao Porto, onde os preços mais cresceram (1,4% em termos homólogos) no 2º trimestre deste ano, onde temos a oportunidade de promover empreendimentos em regime de exclusividade. Já entre os que mais desceram, está ainda Vila do Conde, onde a desvalorização homóloga do preço das casas foi de 4,6% no 2º trimestre. Quais são as tendências que marcarão o mercado imobiliário no novo ano? Sendo que o ano de 2017 será crucial para a consolidação do crescimento e do emprego em Portugal, num quadro de recuperação de rendimentos e de uma política orçamental responsável. O aumento da confiança e a execução

Tanto o Brexit quanto a vitória de Trump colocam um ponto de interrogação sobre o gerenciamento e as tendências da ordem internacional, refletindo-se no campo do investidor internacional, já sentimos a síndrome no campo económico e financeiro

plena do PT2020 serão essenciais para estimular o investimento privado, promovendo o aumento do potencial de crescimento na construção. Esta é uma questão crucial para ultrapassar um dos principais bloqueios ao investimento. Em 2017 a minha expectativa é que a velocidade dos factos e dos acontecimentos continue altíssima. Assim, o maior desafio de 2017 vai ser a gestão das expectativas. De acordo com os nossos estudos do mercado em 2016, as áreas comerciais de grande movimento nas grandes cidades, armazéns de média dimensão em zonas de boa acessibilidade, os escritórios e armazéns em Lisboa e os armazéns e lojas médias na periferia foram os produtos mais ativos. Além da retoma económica, um dos fatores para o aumento de procura foi a “aquisição para exploração de arrendamento”, o que, na nossa perspetiva, se deve também “à falta de imóveis residenciais”, que “levou a que os investidores se voltassem para o não residencial como forma de investimento do seu capital”. A procura do não residencial “está ainda abaixo do desejável” e um dos desafios é, precisamente, conjugar estes níveis de procura com “uma oferta ainda grande deste tipo de imóveis, especialmente terrenos para construção em altura, lojas e armazéns/ unidades industriais”, que na sua opinião, têm ainda “desencontro de preços que possibilitem aumento do volume de negócios”. As expetativas em relação aos preços nestes segmentos apontam para estabilidade em 2017, tendência já sentida este ano, ao contrário da habitação, onde o ritmo é de subida. O cenário pós-Brexit e a eleição de Donald Trump são motivos a ter em conta? Sem dúvida que sim, as semelhanças entre as duas escolhas também ocorrem em relação às incertezas geradas pelos resultados. A maioria dos eleitores dos dois países não mudou sua escolha pelo receio das consequências imprevisíveis do Brexit e da vitória de Trump para a política e a economia. O triunfo do republicano pode significar uma rutura com o modelo de livre comércio das últimas décadas e indicar uma era de protecionismo económico. Apesar de o Brexit não ter sido um voto pelo protecionismo, o eleitor britânico aceitou o risco de sofrer consequências nessa área, já que o pacto de livre comércio está ligado a outros princípios da União Europeia, como o livre movimento de pessoas. Tanto o Brexit quanto a vitória de Trump colocam um ponto de interrogação sobre o gerenciamento e as tendências da ordem internacional, refletindo-se no campo do investidor internacional, já sentimos a síndrome no campo económico e financeiro. ▪

7 FEVEREIRO 2017

dências que estão a ser criadas”. Será que “as mulheres têm estilos de gestão diferentes - e menos eficazes - do que os homens?”, é, por isso, uma pergunta que tem ocupado muitos investigadores, mas que não tem produzido resposta conclusiva.


LIDERANÇA NO FEMININO

» PANTEST, EM DESTAQUE

CATARINA DE ALMEIDA

Recomendados pela Organização Mundial da Saúde, os testes rápidos são a mais avançada forma de diagnóstico de variadíssimas doenças. Este tipo de testes podem ser utilizados na etapa de triagem, em situações de emergência, rastreio ou na ausência de uma estrutura laboratorial. Catarina de Almeida, CEO da Pantest, explica-nos mais sobre o primeiro laboratório de testes rápidos em Portugal.

pontos de vista

8

A

Pantest é o primeiro laboratório de testes rápidos em Portugal e um dos primeiros da Europa. Para contextualizar o nosso futuro leitor, como se processam estes testes e que doenças abrange? A Pantest é o primeiro laboratório de testes rápidos por imunocromatografia em Portugal, mas os testes rápidos são uma forma de diagnóstico já com alguns anos. Estamos habituados, enquanto consumidores, a este tipo de testes rápidos como os testes de gravidez, por exemplo. Em termos de técnica, o procedimento é o mesmo, mas agora aplicado a diversas patologias de doenças infeciosas, doenças diarreicas agudas, marcadores tumorais, cardíacos e fertilidade. E a premissa é, igualmente, a mesma. Um teste rápido não substitui uma ida ao médico. Os testes de diagnóstico rápido da Pantest apresentam uma fiabilidade próxima dos 100%. São testes de triagem e/ou diagnóstico que produzem resultados entre cinco a 15 minutos. Apresentam uma metodologia simples (imunocromatografia), utilizando substâncias fixas (anticorpos, antigénios), num suporte sólido (membranas

de nylon, celulose, etc.) que vão interagir com as substâncias presentes na amostra biológica específica (sangue, urina ou fezes). São acondicionados em embalagens individuais estéreis. Em termos práticos, através de uma picada no dedo, é aplicada uma gota de sangue numa cassete inteiramente plástica com uma tira impregnada com reagentes (anticorpos, antigénios), e que de acordo com a existência de infeção ou não aparecerá um risco, no caso negativo, dois ou três riscos, caso o teste seja positivo. Trata-se da produção de testes rápidos que podem ser utilizados na etapa de triagem, em situações de emergência, rastreio ou na ausência de uma estrutura laboratorial, sob o lema 15 minutos podem ser fundamentais numa vida. De que forma a Pantest se diferencia e se destaca dos demais do setor? A Pantest conta com uma equipa altamente especializada com áreas de formação no âmbito da Biotecnologia, Engenharia Biomédica, Engenharia Química e Medicina Humana. Neste momento está a decorrer uma formação a cerca

de 40 candidatos encaminhados do Centro de Emprego de Oliveira de Frades. Depois da formação será feita uma seleção e a contratação de pessoas devidamente preparadas e qualificadas para os postos de trabalho disponíveis que terão, contudo, formação contínua mesmo após a contratação. Porquê a instalação do laboratório em Oliveira de Frades? Qual é, e qual será a longo prazo, o seu impacto local? Sendo o nosso mercado alvo o mercado externo e sendo o nosso objetivo a exportação, Oliveira de Frades é um local extremamente estratégico para o escoamento do nosso produto. Está situado a uma hora do Porto de Leixões e está a uma hora e meia de distância de Espanha para norte e para este. A empresa vai trabalhar sobretudo para o mercado externo. Qual é a estratégia e que mercados visa alcançar? O nosso mercado alvo é a CPLP. Portugal tem um ativo, um potencial enorme inexplorado que é a


É natural de Lisboa e decidiu instalar um laboratório pioneiro em Oliveira de Frades. O que mais podemos saber sobre si? Quem é Catarina Almeida, uma mulher na liderança? Para nós mulheres é tudo muito mais complicado. O caminho é mais difícil e temos que trabalhar sempre mais do que homens para sermos reconhecidas no nosso trabalho. Durante o meu percurso sempre senti dificuldades acrescidas pelo facto de ser mulher e jovem. Não me levam a sério.

como sempre foi o meu desejo ir trabalhar para Angola, fui trabalhar para uma empresa de consultoria de produtos médicos. Em 2011 estive presente numa feira em Düsseldorf onde tive o meu primeiro contacto com os testes rápidos. Foi aqui que surgiu a ideia da startup. Em 2013 criei uma empresa em Londres e registei a marca PrimeDiagnostics. Mais tarde, com a oportunidade do Portugal 2020 decidi implementar cá o projeto.

Sou licenciada em Direito, exerci advocacia durante algum tempo e durante esse tempo percebi que tinha de batalhar muito mais para atingir o mesmo patamar dos meus colegas. As mulheres têm de se esforçar para conseguirem impor-se. Não é um mito. Ainda há diferença entre homens e mulheres no que diz respeito ao mercado de trabalho. Mestre em Direito do Trabalho e da Segurança Social, trabalhei em dois dos melhores escritórios de advogados do país. Durante esse tempo estava a fazer a minha tese de mestrado, mas estava a ser bastante árduo conciliar o trabalho com a tese. Decidi largar tudo. Não era aqui que ia ser feliz. Mais tarde, consegui concluir a minha tese e,

A Pantest é apoiada pelo Programa 2020 e contou com o apoio do IAPMEI e da AICEP para a internacionalização. Na sua opinião, o tecido empresarial português é devidamente apoiado no que concerne ao empreendedorismo e internacionalização? Temos dois programas operacionais em curso. O projeto Empreendedorismo e Inovação, com cerca de 1 milhão 330 mil euros cofinanciados, e o projeto Internacionalização com 250 mil euros cofinanciados. Estes apoios revelam-se fundamentais para a implementação dos projetos, quando bem operacionalizados. Contudo, na minha opinião, era necessário haver um apoio da banca mais intensivo ao tecido empresarial português (aquele onde vale a pena). Contudo, a Pantest tem sido uma privilegiada, pois a Caixa Geral de Depósitos tem funcionado como um verdadeiro parceiro de negócios e tem desempenhado um papel fundamental na implementação do projecto. Atrevo-me mesmo a dizer que sem este apoio não teríamos chegado onde chegámos . A candidatura ao Portugal 2020 revelou-se um processo fácil por se tratar de um projeto que não existia no país. É necessário investir em projetos inovadores e Portugal é bom no que faz, por isso estes fundos europeus revelam-se um apoio essencial ao tecido empresarial português. ▪

9 FEVEREIRO 2017

língua. É a nossa maior riqueza. Temos uma língua que tem 230 milhões de falantes e possíveis utilizadores, com patologias comuns. Trata-se, igualmente, de um estratégia que nos permite reduzir custos nesta fase de arranque. Isto porque um dos componentes do nosso produto com algum custo associado é embalagem. Sendo exportado para a CPLP não é necessária a tradução do português. Iremos estar já presentes na feira Arab Health no Dubai, UAE e na Feira Hospitalar em São Paulo. A feira do Dubai reúne fabricantes e distribuidores de produtos médicos de extrema importância e com poder de decisão na área de saúde do mundo árabe, abrindo-nos portas para outros mercados. A Pantest foi já, inclusive, contatada pelo Escritório Privado do Sheikh Saeed Al Maktoum (gabinete destinado ao investimento estrangeiro) que demonstrou interesse em celebrar uma potencial parceria/investimento durante o ano 2017. A Pantest, uma microempresa, começou como startup, mas a expetativa é para crescer, a curto prazo, até cerca de 70 colaboradores. Temos já assegurados 42 postos de trabalho quando o laboratório estiver a funcionar em pleno.


LIDERANÇA NO FEMININO

» ANA COSTA FREITAS, REITORA DA UNIVERSIDADE DE ÉVORA

“AQUILO QUE SE FAZ POR GOSTO NÃO CANSA”

ANA COSTA FREITAS

Ana Costa Freitas, Reitora da Universidade de Évora, em entrevista à Revista Pontos de Vista, fala sobre a sua perspetiva acerca daquilo que a define enquanto profissional e que visão trouxe à universidade.

E pontos de vista

10

m Portugal existem apenas duas mulheres reitoras. Ana Costa Freitas é uma delas. Tomou posse em 2014 e garante que não sabe dizer se a caminhada até aí foi difícil, uma vez que, “quando se gosta realmente do que se faz nada custa”. Com um currículo notável, a reitora é licenciada em Agronomia pelo Instituto Superior de Agronomia (Lisboa) e doutorada em Biotecnologia Alimentar pela Universidade de Évora (1988). De 2006 a 2010, foi vice-reitora da Universidade de Évora, com o pelouro Académico, foi membro do Conselho Geral da instituição, de dezembro de 2012 a outubro de 2013, foi Conselheira no Gabinete de Conselheiros Políticos do Presidente da Comissão Europeia, em Bruxelas, entre 2011 e 2013, experiência que classifica como tendo sido “extremamente importante para se inteirar daquilo que são as políticas académicas”. “Eu não sei se o percurso foi fácil porque não sei como é com as outras pessoas. Eu gosto do que

faço, adoro ser docente universitária, gosto de fazer investigação e gosto de ser reitora. Reconhece que nem sempre foi fácil: “tenho três filhos, doutorei-me enquanto eles eram ainda pequenos, neste momento tenho sete netos, não tenho tanto tempo para eles como gostava, mas a vida é feita destas coisas todas, é uma escolha, disse-me o meu pai, e eu concordo. A vida é feita de escolhas. Eu fiz as minhas. Gosto do que faço.

A UNIVERSIDADE

Enquanto reitora, diz não saber que vitórias destacar, no entanto, revela que há mudanças que já se verificam: “a academia está coesa, aprovámos o plano estratégico, que junta as pessoas à volta do que é central numa universidade. A universidade tem muita visibilidade no Alentejo, uma forte implementação na região e uma permanente articulação com as instituições-chave, o que é bom para se afirmar enquanto instituição académica. Há hoje o reco-

nhecimento geral da importância do ensino superior para a valorização das pessoas e da relevância da investigação e da transferência de conhecimento e de inovação com vista ao desenvolvimento, quer ao nível regional, quer ao nível nacional. Por outro lado, a Universidade de Évora tem um objetivo claro: abrir a universidade ao mundo e o mundo aos nossos estudantes. É preciso que eles cheguem ao final de um curso com um conhecimento profundo da área que escolheram e com a capacidade de se aventurarem para aquilo que são os seus sonhos”. “As lideranças são muito pessoais, e por isso há sempre mudanças. Houve mudanças e só o tempo julgará se foram para melhor. Tenho a certeza que neste momento a universidade está muito mais aberta, com mais afirmação no mundo exterior, temos captado o interesse de alunos, temos ganho muitos projetos quer a nível nacional, quer a nível europeu, por isso há uma dinâmica bastante positiva. Questionada sobre a sua análise

No que diz respeito ao relacionamento com as pessoas com quem trabalhamos há uma diferença nítida entre homens e mulheres. Há um cunho diferente, é difícil haver aqui um equilíbrio de géneros. Mas começa a perceber-se uma tendência: já há casos de instituições em que as mulheres são em maior número e ninguém refere que é preciso equilibrar


a propósito de diferenças significativas entre homens e mulheres em cargos de liderança, Ana Costa Freitas garante que não sabe ao certo quais as diferenças entre uma liderança feminina ou masculina mas “que as há, há! Há sempre diferenças. Mas eu só sei o que é eu que fiz. No entanto, em abstrato, acho que é mais difícil ser-se mulher e atingir um cargo de chefia, tudo porque é menos vulgar e por isso talvez haja mais dificuldade em pensar-se em mulheres como primeira opção. Há diferenças de atitude. A minha atitude foi simples: eu gosto do desafio, gosto da componente de formação dos jovens, da política universitária, o que é fundamental e, portanto, achei que me deveria candidatar, porque tenho ideias concretas sobre o posicionamento da universidade no país e no mundo”. “No que diz respeito ao relaciona-

ÀS LÍDERES DE AMANHÃ

mento com as pessoas com quem trabalhamos há uma diferença nítida entre homens e mulheres. Há um cunho diferente, é difícil haver aqui um equilíbrio de géneros. Mas começa a perceber-se uma tendência: já há casos de instituições em que as mulheres são em maior número e ninguém refere que é preciso equilibrar”, constata a reitora. Terão as mulheres muito mais a provar no mundo profissional? “Após a aprovação ninguém espera que se falhe. Porém existem pontos que ainda não têm a devida importância: o apoio à família, que considero um valor essencial na nossa sociedade. Alguém tem de dar atenção a isso. Os filhos não crescem sem que haja alguém que se preocupe com isso. Normalmente esse papel é atribuído à mulher e ela não deveria ser prejudicada por querer criar uma família, assim como os homens”. ▪

“Para liderar, seja o que for, primeiro é preciso perceber que não se faz nada contra as pessoas. Só conseguimos construir algo com as pessoas. É preciso saber ouvir, tentar obter consensos. No entanto, é preciso ter noção de que o momento da decisão é sempre solitário. Ouvimos quem pensamos que devemos ouvir, mas decidimos sozinhas. Portanto, é preciso ter a capacidade de decidir com convicção, sabendo que podemos errar, mas isso faz parte da vida. É necessário abraçar isso com alguma segurança. Quando erramos só há uma coisa a fazer: corrigir”, conclui a nossa interlocutora.


LIDERANÇA NO FEMININO

» LISACCOUNT, EM DESTAQUE

O SEU SUCESSO É O NOSSO SUCESSO Fundada a 21 de Maio de 1982, a Lisaccount tem como filosofia a qualidade, eficácia e personalização dos seus serviços. Atua como entidade externa às empresas com que trabalha, assumindo sempre uma posição bastante próxima no que toca à relação com o cliente. Cidália Marques, CEO da Lisaccount, fala-nos mais sobre os 35 anos de trabalho rigoroso da empresa.

E

mpresária há 35 anos, Cidália Marques abriu a sua primeira empresa com 27 anos, a Lisaccount, uma empresa de administração e gestão que presta serviços personalizados em Contabilidade, Consultoria de Gestão Financeira, Fiscalidade, Serviços Administrativos e Financeiros, Outsourcing e Recursos Humanos. Com instalações no centro de Lisboa, a Lisaccount oferece serviços de excelência com uma vasta experiência no mercado nacional e internacional. A palavra de ordem é qualidade e dedicação e tem como principal objetivo a satisfação total dos seus clientes, pelo que é pautada pela qualidade dos serviços prestados e não pela quantidade. Num mercado de recessão a empresa mantém uma carteira de clientes fidelizados que contam com a Lisaccount como um parceiro de confiança que os acompanha em todas as suas necessidades permanentes. Os clientes da Lisaccount não são números, há um acompanhamento contínuo e apoio permanente à gestão das empresas.

“POR DETRÁS DE UMA GRANDE EMPRESA HÁ UMA GRANDE MULHER”

pontos de vista

12

Lisaccount tem uma cara e essa cara é Cidália Marques, uma mulher de números, mas que sabe fazer bem a gestão de pessoas. O segredo do seu sucesso? Rigor e dedicação. “No início da empresa, durante muitos anos, trabalhava 16 horas por dia, de segunda a domingo e feriados”, refere Cidália Marques que manteve sempre o foco no seu percurso profissional. Exigente consigo própria, com o seu trabalho e com as pessoas que a rodeiam, Cidália Marques sempre revelou um espírito empreendedor. Em 1996 faz nascer um projeto que viria a ter um forte impacto no país – Os Ursitos. Pioneiro em soluções completas e integradas de mobiliário infantil e juvenil até aos 15 anos, Os Ursitos primou pela pormenorização e pela sua particularidade, não fosse Cidália Marques também ela mãe e não tivesse o projeto resultado na procura do quarto de sonho para o seu bebé. Um projeto que veio de Espanha, após uma procura incessante e resiliente pelo quarto que Cidália Marques idealizava para o seu filho e que não conseguia encontrar em Portugal. Presente no mercado até 2004 e com 25 lojas abertas no país em regime de franchising, n’Os Ursitos era possível encontrar-se móveis pintados à mão, as mais recentes novidades em design de mobiliário moderno, produtos de decoração e ainda todos aqueles mil e um acessórios que completam e personalizam um ambiente infantil. Aqui, todas as mães poderiam encontrar “um quarto de sonho, para uma criança de sonho”.

ESPÍRITO EMPREENDEDOR

Mulher com forte presença no mundo dos negócios, Cidália Marques abraçou dois novos projetos que prometem surpreender. Podemos

CIDÁLIA MARQUES

No início da empresa, durante muitos anos, trabalhava 16 horas por dia, de segunda a domingo e feriados

avançar que um dos projetos será o lançamento de um livro que contará a história de vida de Cidália Marques, “Mulher, Mãe e Amante – 60 anos de vida”. É um objetivo há muito ambicionado e que agora terá os seus frutos. Neste livro encontrará a história de vida de uma mulher que trabalha desde os 11 anos de idade, conciliando sempre os estudos com a sua educação e formação profissional, até a abertura da sua empresa em 1982. Uma empresa cuja atividade, na altura, era exclusivamente dominada por homens. Garra e determinação definem Cidália

Marques e foi esta garra que permitiu, ao longo de 62 anos, contornar os obstáculos, superar dificuldades e ser sempre uma pessoa muito ativa. O segundo projeto está ligado ao automobilismo, não podendo ser para já revelado. Contudo, promete revolucionar mais uma vez o “mundo de homens”, não fosse Cidália Marques uma mulher empreendedora com espírito de liderança, sempre à procura de desafios. Uma mulher otimista por natureza que nunca baixou os braços, que ama a humildade e honestidade em detrimento da hipocrisia e falsidade. ▪


LIDERANÇA NO FEMININO

» Teresa Saraiva, Sócia Gerente da Ecosativa, em entrevista

“A liderança no feminino é uma realidade atual e crescente” “Considero que houve já uma alteração de mentalidades e atitudes, que com o passar das gerações será cada vez mais evidente”. Quem o afirma é Teresa Saraiva, Sócia Gerente da Ecosativa, um player de relevo no âmbito do projecto e da consultoria ambiental. Saiba mais de uma marca inovadora que tem uma Mulher irrequieta na liderança.

O que ganham aqueles que procuram os serviços «made in» Ecosativa? Quais são as vossas principais mais-valias? Os nossos clientes salientam o bom relacionamento estabelecido, o empenho e compreensão das suas necessidades, a competência técnica e a confiança nos nossos serviços. A nossa atenção à constante dinâmica do mercado permite um enfoque no desenvolvimento de técnicas e soluções que melhor lhes permitem alcançar os seus objetivos. Enquanto fundadora e líder deste projecto, que características aponta como mais-valias de uma liderança no feminino? Tenho alguma dificuldade em apontar mais-valias da liderança feminina, já que considero que a chave do sucesso da Ecosativa não se esgota na sua liderança, mas sim resulta de uma equipa coesa, empenhada e motivada. Aspetos como uma maior sensibilidade humana contribuem para a coesão e foco da equipa nos objetivos e estratégia da empresa, mas esses dependem das características humanas e sociais do líder, não do género. Com efeito, alguns dos aspetos mais valorizados pela nossa equipa são a compreensão das suas necessidades individuais, incluindo as relacionadas com a compatibilização da sua vida laboral e pessoal, e uma maior informalidade do ambiente de trabalho. Que análise perpetua da liderança no feminino nos dias que correm? Sente que ainda falta alterar muitos comportamentos, mentalidades e atitudes? Ao longo da sua carreira sente que o facto de ser Mulher foi motivo de algum cepticismo no âmbito da sua liderança? A liderança no feminino é uma realidade atual e crescente. Este facto tem ocorrido de modo natural, resultando, por um lado, de uma maior afluência de mulheres ao ensino superior e, por outro, de uma educação para a autonomia mais igualitária. Considero que houve já uma alteração de mentalidades e atitudes, que

com o passar das gerações será cada vez mais evidente. Pessoalmente nunca senti qualquer ceticismo por a liderança da Ecosativa ser ocupada por uma mulher, nem nunca me senti em desvantagem por esse motivo. Hoje, as mulheres ocupam cada vez mais cargos de chefia em diversas áreas. Que benesses trouxe este facto à sociedade? Quais são as principais características de uma liderança feminina? A sociedade é constituída por homens e mulheres, pelo que quando a estrutura de uma empresa reflete essa composição da sociedade, poderemos ter um ambiente laboral mais propício à pluralidade, à criatividade e acima de tudo ao respeito pela individualidade. Este respeito estende-se aos interesses sociais e familiares, mas também à necessidade de autorrealização, motivação e crescimento como profissional. Quais são os grandes desafios de futuro da Ecosativa? A Ecosativa atingiu a sua maturidade, sendo hoje uma empresa de referência no mercado da consultoria ambiental. Nesta fase o grande desafio tem sido potenciar as competências e experiência adquiridas, cimentando projetos em parceria com as instituições públicas e privadas que constituem a nossa rede de colaboração, particularmente no contexto da sustentabilidade ambiental. O que mais podemos saber sobre si? Quem é Teresa Saraiva, uma mulher na liderança? Sou uma mulher irrequieta, sempre à procura de novos desafios e focada em objetivos. Sou mãe de duas meninas de dois e quatro anos e uma otimista por natureza. O percurso profissional e pessoal, rico em diferentes experiências, constitui a base fundamental da minha ação como gestora. Nasci no Porto, onde estudei. Iniciei atividade ainda no decorrer da licenciatura, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Especializei-me em Ecologia Aplicada e Direção de Empresas. Profissionalmente colaborei com a EDP, o ICN, a SPEA (ONG) e o CEAI, antes de, em 2005, com 26 anos, ajudar a fundar a Ecosativa. ▪

13 FEVEREIRO 2017

E

dificada em 2005, a Ecosativa assume-se como um player relevante na dinâmica do projecto e da consultoria ambiental. De que forma é que tem sido realizado este trajecto e como colocam as vossas competências, técnicas e tecnologias ao serviço da sociedade, contribuindo para a conservação da natureza e biodiversidade e para a melhoria da qualidade do ambiente? TERESA SARAIVA A Ecosativa teve início numa fase em que os projetos de produção com recurso a energia eólica se encontravam em franca expansão. Definimos como visão tornar-nos uma empresa de excelência no mercado, destacando-nos pela qualidade e rigor, pela competência da equipa técnica e confiabilidade. Ao longo do tempo a aposta foi feita na diversificação de competências e serviços e na inovação, sempre orientada para a compatibilização das atividades económicas com os deveres de salvaguarda e conservação dos valores naturais, numa ótica de desenvolvimento sustentável. Paralelamente promovemos e participamos em diversas ações orientadas para a sustentabilidade, numa lógica de colocar as nossas competências ao serviço da sociedade.


LIDERANÇA NO FEMININO

» MAFALDA FLORES | BLOOD.COM

COMUNICAR ESTÁ-LHE NO SANGUE

A

A Blood.Com é uma Agência de Comunicação e Ativação Mediática que nasce da vontade constante de querer sempre mais. Mafalda Flores, Diretora Geral, à conversa com a Revista Pontos de Vista, explica o trabalho distinto que desenvolve em torno da comunicação.

história a contar sobre Mafalda Flores é uma história de vontade. Vontade de fazer mais, vontade de crescer e vontade de sonhar para concretizar... A empresária começa por explicar todo o percurso de trabalho árduo e de contínua aprendizagem que fez para alcançar o que hoje está construído: “apostei na formação especializada e passei por várias e diferentes empresas multinacionais. No início escolhi as vendas a conselho de um antigo professor - que me garantiu - ser esse o caminho que me abriria as portas no marketing – estava certo. Na vontade de ir mais além, nunca hesitei na mudança porque sempre tive a certeza de uma coisa: quem procura acha e as oportunidades surgem para quem não tem medo de trabalhar. Tive diferentes experiências, umas boas, outras nem por isso, mas todas me deram uma bagagem sólida de conhecimentos que hoje se refletem no que sou e que me fizeram chegar

pontos de vista

14

até aqui, à Blood.Com”. Contou com um apoio, que classifica como “crucial”: o familiar. “Sem o extraordinário apoio familiar que tenho na gestão das crianças tudo seria mais complicado”. Chamou-lhe Blood.Com porque comunicar está-lhe no sangue: “o projeto acontece em 2015, num momento de transição da minha vida, em que se conjuga a necessidade de encontrar um novo desafio profissional, dedicar mais tempo à família e construir algo próprio, à minha imagem. Logo pensei… o que é que me corre nas veias? Sangue e comunicação! E foi aí que tudo começou a fazer sentido”. Com um balanço “extremamente positivo”, a nossa entrevistada revela que tem uma equipa jovem e consolidada, capaz de dar resposta a todos os desafios inerentes ao dia-a-dia da empresa: “tem sido um crescimento marcado por parcerias e grandes projetos”. Dedicada à Comunicação, o conceito da agência passa, fundamentalmente, por trabalhar com

Start-Ups e PME’S. Sempre com um ADN muito próprio e espelho daquilo que é a sua fundadora: dinâmica e orientada para o desporto e lifestyle. Mafalda Flores procura sobretudo conhecer a história da história dos seus clientes. Aumentar a visibilidade de modo a que prosperem no mercado e, deste modo, aumentem o volume de negócios. “Trabalhamos num plano de estratégia 360º, que alavanca a notoriedade através da assessoria de imprensa, ativações de marca e gestão das redes sociais. Construímos uma história, desenvolvemos um plano de ação e ativamos os veículos certos da comunicação. Somos uma equipa que se completa, cada um na sua área de especialidade e, em conjunto, trabalhamos todos os projetos potenciando o conhecimento e capacidades que nos é inerente”. E é desta forma que garante ser possível fazer bem e diferente. Oferecendo um acompanhamento absolutamente individualizado, Mafalda Flores, garante que passam dias nas empresas dos clientes, uma vez que ao estarem mais perto deles conseguem conhecer a sua história e como se apresentam no mercado, o que é crucial no momento de traçar uma estratégia. O propósito? Contá-la. “Percebi a dada altura que uma das minhas grandes valências era o construir histórias originais e ‘vendáveis’. Por vezes o que está por trás da empresa ou do seu dono é uma história que vale muito a pena contar”.

A par da Blood.Com, tem um outro projeto, o Integral Woman. Uma comunidade de empreendedorismo feminino, de mulheres inspiradoras para mulheres inspiradoras. “O Integral Woman aparece na minha vida por intermédio de uma amiga. Fui apresentada ao conceito com a finalidade de o promover. Enquanto mulher que aprecia empreendedoras, com objetivos e que, sobretudo, não vejam os filhos como uma menos-valia para conseguirem ser empresárias, aceitei o desafio. Há tempo para

MAFALDA FLORES

tudo. Por vezes é um desafio mas, querendo, todas conseguimos”. Quando conheceu Tânia Trevisan, criadora desta Comunidade no Brasil, apaixonou-se de imediato: “demo-nos logo bem, por isso aceitei divulgar o evento cá em Portugal. Entretanto, com o sucesso conseguido, assumi a representação no nosso país. Este é um projeto para fazer crescer, com expansão regional, focalizado em empreendedoras. Mulheres integrais com atitude”. Que apoios precisam estas mulheres no seu dia-a-dia? “É a pergunta que impera. Nos nossos Encontros IW queremos sobretudo fazer networking e criar parcerias sólidas. Selecionamos sempre nomes que nos trazem experiências ou novos conhecimentos. A interação é a base deste grupo. A troca de contactos, uma entreajuda, o apoio prestado umas às outras e, por isso, desejamos criar uma plataforma que contenha uma base de dados de todos os países que fazem parte do grupo de modo a criar sinergias vantajosas para todas”.

ÀS MULHERES EMPREENDEDORAS…

“Primeiro tenham um sonho… depois não desistam e lutem por ele. Tracem um objetivo para atingir esse sonho, passo a passo ultrapassem os desafios e conquistem. Conquistar e conquistar. Todos os dias…” ▪


LIDERANÇA NO FEMININO

»ABYLOS, EM DESTAQUE

TRANSFORMAMOS A PERFORMANCE, ANTECIPAMOS TENDÊNCIAS Conhecer e analisar as tendências que impactam na gestão do capital humano é um fator diferenciador para as organizações que pretendem atrair, desenvolver e reter o talento. É precisamente para apoiar as empresas a repensar as práticas do capital humano, no médio e longo prazo que foi fundada em meados de 2014, a Abylos, Trends and Consulting. Rosa Silva e Márcia Queiroga, Partners da Abylos, explicam-nos como.

A

Abylos para além do mercado português, tem desenvolvido projetos em Espanha, Angola e Moçambique. Apesar de ser uma consultora que atua essencialmente in company realiza regularmente Trends Seminars com o objetivo de dar a conhecer às empresas as principais tendências. Já no próximo dia 17 de fevereiro vão realizar o Workshop 2017 HR Trends, onde serão abordados temas como a consumerization dos recursos humanos – experiência colaborador, data ownership, como a inteligência artificial está a mudar o trabalho, o ciclo da gestão da performance, a guerra das APPS – massificação da tecnologia para recrutamento, produtividade, engagement e colaboração, o fim do open space, entre outros temas. MÁRCIA QUEIROGA E ROSA SILVA

Que insights a análise das tendências nos traz à gestão

A esperança média de vida das empresas passou de uma média de 67 para 15 anos de vida. Num contexto VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) os novos players diferenciam-se pela sua capacidade de antecipar o futuro, promover transformação interna a um ritmo superior à mudança externa e reinventar as competências dos seus profissionais. “Agilidade, curiosidade, seguir tendências, criar conexões, construir redes e garantir um foco customer centric são competências criticas para o sucesso”, revelam as partners. Os líderes em particular têm desafios diferentes. “Antecipar a necessidade de mudança, criar visão de futuro, construir sentido de urgência e cultura de execução, garantir propósitos inspiradores, servir e desenvolver os outros mais do que os seus próprios interesses, revelar elevados padrões éticos, tomar decisões rápidas em ambientes de incerteza, integrar diversidade e conseguir dar e receber feedback em real time, são determinantes numa liderança de futuro”, referem Rosa Silva e Márcia Queiroga.

Com uma abordagem totalmente customizada

A Abylos desenvolve programas que permitem às empresas dar resposta às tendências, possibilitando o crescimento sustentado do negócio. “Mergulhamos no negócio do nosso Cliente e conhecemos muito bem a sua organização. Identificamos fatores diferenciadores, dominamos a oferta, analisamos as dificuldades e apoiamos no desenvolvimento do capital humano para incrementar a performance”, referem as partners. Por exemplo, repensar a experiência Cliente e garantir a performance, redefinir e criar mecanismos de desenvolvimento do líder 2050, preparar as equipas de vendas e a abordagem comercial para responder aos desafios do novo Cliente. Com Clientes em setores muito distintos, nomeadamente, banca e seguros, grande distribuição, automóvel, farmacêutico, tecnológico, serviços e indústria os programas transformacionais em que se afirmam como especialistas são nas áreas de vendas, experiência Cliente, liderança e comunicação. “Os clientes são cada vez mais globais e desafiam-nos a sermos globais também”, pelo que a

Consultoria, formação, coaching e instrumentos de assessment

Atuando em quatro grandes áreas a Abylos tem a exclusividade de representação e certificação de instrumentos de avaliação como o MBTI®, o EQ-I® 2.0 (Inteligência Emocional), o ITP Liderança e o TMP (Team Management Profile), entre outros. O portfólio de instrumentos abrange diversas áreas do desenvolvimento pessoal, com maior destaque para a liderança, a carreira, a motivação e gestão de equipas, as relações interpessoais, a gestão de conflitos e a inteligência emocional. Já em março irão realizar a Certificação em MBTI®- Myres Briggs Type Indicator – o mais conhecido e confiável instrumento de assessment de personalidade. Anualmente são realizadas mais de 2 milhões de avaliações em todo o mundo: é utilizado em 89 das 100 empresas na Fortune para maximizar a eficácia individual e das equipas e pelas mais conceituadas universidades e escolas de negócios, para o desenvolvimento da carreira e coaching.

Neuroleadership Institute em Portugal

A Abylos assegura ainda a representação do NeuroLeadership Institute, organização que utiliza a investigação da neurociência para incrementar a performance de liderança. Estudos sobre o funcionamento do cérebro permitiram identificar estratégias para incrementar a performance da pessoa e perceber de que forma o cérebro está a dar resposta às alterações constantes a que estamos sujeitos. A sua aplicação na área do coaching tem-se revelado muito eficaz. “A nível de liderança, por exemplo, a forma como influenciamos, como comunicamos e como podemos alterar o comportamento dos outros podem ser estudadas e trabalhadas a partir do Neurocoaching”, avançam Rosa Silva e Márcia Queiroga. No próximo mês de abril irá decorrer em Portugal a primeira Certificação Brain-Based Coaching Certificate. O BBCC é um curso de 60 horas para quem deseja obter a certificação em Coaching - Results Coaching Systems®, acreditado pela International Coach Federation e pelo Neuroleadership Group. Outro fator diferenciador é a confiança. “Temos de conhecer bem os nossos clientes porque o nosso trabalho é um trabalho de confiança. Temos clientes que nos acompanham há 20 anos pela relação de proximidade que criamos. É muito gratificante”, concluem as partners da Abylos. ▪

15 FEVEREIRO 2017

quando da criação da Abylos, e com 20 anos de experiência em consultoria, “percebemos que as consultoras existentes estavam muito centradas em dar resposta aos desafios do hoje e eram pouco estratégicas a preparar o futuro”, referem Rosa Silva e Márcia Queiroga. Por exemplo, as pessoas esperam uma experiência no trabalho comparável à experiência que têm enquanto Clientes na sua vida pessoal. Sabendo que apenas 12% dos colaboradores afirmam estar engaged é fundamental desenhar uma experiência colaborador alinhada com as novas preferências do consumidor. A Netflix conhece os seus interesses e faz boas recomendações. As redes sociais permitem-nos estar conectados com uma rede alargada.


LIDERANÇA NO FEMININO

» SC LEGAL ADVOGADOS, EM ENTREVISTA

RELAÇÃO LUSO-BRITÂNICA: PARCERIAS ESTRATÉGICAS Sandra Carito é lusodescendente, natural da Inglaterra, está inscrita na Ordem dos Advogados em Portugal e exerce, enquanto Advogada da União Europeia, na Inglaterra e país de Gales. Após a sua formação e uma temporada de trabalho em Lisboa, regressou ao país onde nasceu e cresceu, para exercer advocacia tendo como foco promover e estreitar os laços entre os dois países.

O

pontos de vista

16

conhecimento dos diferentes sistemas jurídicos e o domínio das línguas faladas de Portugal e Inglaterra são uma mais-valia para a prestação de um melhor serviço e acompanhamento dos processos dos clientes da SC Legal Advogados. E este tem sido o foco de Sandra Carito nas áreas de atuação do private client, imobiliário, societário investimento estrangeiro e imigração. Nascida no Reino Unido, Sandra Carito optou por forma-se em Portugal. Posteriormente, estagiou numa sociedade de advogados internacional em Lisboa onde acabou por ficar a trabalhar durante oito anos. “Não quis limitar-me a uma só jurisdição, o meu objetivo foi sempre ter o conhecimento de ambas as jurisdições e o conhecimento linguístico para trabalhar com as duas. Entretanto, queria crescer profissionalmente pelo que decidi sair da sociedade e trabalhar independentemente. E assim nasceu a SC Legal Advogados”, esclarece a nossa entrevistada. A trabalhar com clientes privados e com grupos de investidores estrangeiros, a estratégia da SC Legal passa pelo estabelecimento de parcerias internacionais. Sandra Carito sabe da importância das parcerias com colegas de outros países, como é o caso de Portugal e outros países de expressão Portuguesa, onde a SC Legal Advogados tem clientes. O trabalho em networking é uma mais-valia, uma vez que essa rede de contatos representa um suporte para a partilha de serviços, conhecimento e informação. “É bom existir esta colaboração e estas relações entre colegas e demais profissionais para prestar um melhor serviço”, refere Sandra Carito. A advogada é ainda membro do conselho da Câmara de Comércio de Portugal em Londres, que promove e dá apoio a empresas e organizações de diversos setores. Esta colaboração a nível institucional é fundamental para ter uma maior participação onde a atividade dos diversos setores cruzam-se.

SANDRA CARITO

RELAÇÃO ANGLO-PORTUGUESA

A decisão de estudar em Portugal deveu-se ao interesse de ter um contacto direto com a língua para um melhor domínio da mesma, bem como um contacto com a própria cultura do país para perceber a realidade de Portugal e da sua jurisdição. “A questão transfronteiriça é fundamental. Muitos clientes ingleses sentem-se mais confiantes por saber que sou inglesa, mas que tenho um conhecimento aprofundado da língua, da cultura e da lei portuguesa. É importante não existir esta barreira linguística para manter uma relação de proximidade e de confiança com o nosso cliente”, avança a nossa entrevistada. Sandra Carito colabora com o Consulado Geral de Portugal em Londres onde o domínio de língua e possibilidade de exercer a sua atividade entre duas jurisdições também serve de apoio

à própria comunidade Portuguesa no Reino Unido. Com o Brexit muitos portugueses residentes no Reino Unido estão preocupados com a saída britânica da União Europeia, mesmo aqueles que estão há mais tempo no país. A procura pelos serviços do Consulado por parte de residentes portugueses em Inglaterra que necessitam de apoio aumentou e Sandra Carito tem prestado um papel de alerta junto dos seus clientes para consciencializar as pessoas e saber se estão a par das alterações que o Brexit acarreta e as das suas implicações. “Coloco essa questão aos meus clientes. E muitos ainda não sabem. Há falta de informação e aconselho-os para a necessidade de regularizarem a sua situação. Há ainda muito trabalho a fazer de divulgação e nós temos a obrigação de transmitir essa informação. Existem muitos portugueses a residir no Reino Unido e temos de os apoiar”, explica Sandra Carito. Trustee e Secretária Honorária da Anglo-Portuguese Society, uma instituição de caridade, Sandra Carito apoia causas relacionadas com a cultura, artes e educação, bem como procura participar em ações de voluntariado e participação em organizações sem fins lucrativos. Com dupla nacionalidade, este projeto é uma oportunidade para Sandra Carito de manter laços de proximidade com o seu país. Como Trustee, acredita que é importante não só apoiar as várias iniciativas, mas também oferecer as suas competências e experiência como advogada. “Damos um pouco de nós sem nenhuma contrapartida. Não nos devemos limitar à nossa profissão e à nossa zona de conforto. Temos de conhecer pessoas e trocar experiências e conhecimento para termos a sensibilidade para saber o que está a acontecer à nossa volta”, avança a nossa interlocutora que também faz voluntariado e participa ativamente em iniciativas do London Legal Support Trust cujo objetivo é prestar apoio legal e jurídico a entidades sem fins lucrativos. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT


LIDERANÇA NO FEMININO

» PAULA TAVARES

“OS RÁCIOS DE MULHERES DIRIGENTES EM PORTUGAL NÃO SÃO EXEMPLARES” Paula Tavares, Diretora da Escola Superior de Design e do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, dá a sua perspetiva sobre liderança no feminino no ensino. não gosto de reduzir a questão à testosterona e à competição que esta implica, pois parece-me que a inteligência emocional e as soft skills também se adquirem pela educação e treino. A que se deverá o facto de haver mais mulheres que homens no ensino superior? Na minha opinião, deve-se essencialmente ao facto das raparigas atingirem a maturidade muito mais cedo que os rapazes, logo, os programas do ensino de base parecem mais adequados para o sucesso das raparigas. Não quer dizer que elas são melhores que eles, quer dizer que crescem de forma diferente. No entanto, apesar dos alarmes lançados nos últimos anos, em 2016 apenas tínhamos mais 24.165 de raparigas num universo de 356.399 estudantes matriculados nas IES. No mundo atual como se explica o facto de os homens serem em maior número nos cargos dirigentes? Porque aqui ainda há muito a fazer. É necessário construir políticas estruturais que possibilitem a igualdade no acesso aos cargos para homens e mulheres, e não estou a falar de cotas, apesar de entender que em determinadas situações são necessárias como contributo para a mudança de paradigma. Portugal, apesar de toda a evolução dos últimos anos continua a ter uma sociedade conservadora que exerce uma pressão imensa sobre as mulheres. Sobre o que é expectável uma mulher ser. Efetivamente a igualdade de género só estará conquistada quando não necessitarmos de falar nela. Há, portanto, um caminho a fazer, mas é responsabilidade de todos nós, todos os dias, fazer por mudar. E o que me parece relevante é que esta mudança não começa na escola, mas em casa, na educação que damos aos nossos filhos, nomeadamente na organização dos dias e respetivas tarefas assim como formas de estar e agir. ▪

17 FEVEREIRO 2017

É

professora, investigadora, artista plástica e diretora da Escola Superior de Design do IPCA. Como descreveria o seu percurso? Efetivamente sou formada em Belas Artes, formação de base e pós-graduada. Iniciei o meu percurso como professora do ensino superior de forma natural, terminei a licenciatura e candidatei-me a um lugar de assistente na FBAUP; nessa mesma altura candidatei-me a doutoramento e concluí-o em tempo útil. O que me assegurou a possibilidade de carreira como professora no ensino superior numa instituição onde podia crescer, o IPCA. A par de ser artista sempre me interessou a partilha que a profissão de PAULA TAVARES professor possibilita. Rapidamente cheguei à conclusão que ser professor é continuar a aprender sempre, desde que se esteja disponível para tal. A direção da escola surgiu como rentes áreas, Ilustradores e Animadores, preparados consequência da criação da Escola Superior de para o mercado regional, nacional e global, com Design do IPCA e da confiança depositada em mim resultados excelentes. Os melhores embaixadopara o exercício do cargo, o que muito me honrou res do Design IPCA são os nossos estudantes que, e honra. com a sua tenacidade e capacidade de trabalho, vêm contribuído para demonstrar que somos uma Na ESD existem as Licenciaturas de Design mais-valia enquanto instituição de ensino superior Gráfico e de Design Industrial, os cursos de Mesna região. Tenho a convicção que os nossos profistrado em Ilustração e Animação, Mestrado em sionais são agentes transformadores, isto além de Design e Desenvolvimento do Produto e mais uma vantagem, no cumprimento da nossa missão, recentemente o Mestrado em Design Digital. é também um orgulho. Existem ainda os Cursos Técnicos Superiores Profissionais em Design do Calçado; Design de Enquanto diretora da Escola Superior de Moda; Design para os Media Digitais e Ilustração Design, que características aponta como maise Arte Gráfica. Quais são as grandes vantagens -valias de uma liderança no feminino no ensino? da vossa oferta formativa? Compreendo a questão, mas preocupa-me que A nossa oferta formativa nasceu como resem 2017 ainda a façamos. De facto, os rácios de mulheres dirigentes em Portugal, não são exemposta às necessidades da região. Essa pareceplares, há um caminho grande a percorrer, mas não -me a principal vantagem da ESD e dos seus julgo que as mulheres sejam assim tão diferentes cursos enquanto estratégia IPCA de ligação dos homens nas lideranças. Acredito sim que as ao meio empresarial e industrial do norte. mulheres ainda não tiveram as oportunidades Através do Design, enquanto escola, potenciamos suficientes. Agora, claro está, que, apesar de não e cultivamos relações de parceria com o tecido apreciar generalizações, podemos, eventualmenindustrial e criativo da região, através da inovação e competências específicas da área. Formamos prote, falar de uma maior ou melhor capacidade de ouvir e estabelecer pontes ou consensos. Mas fissionais de elevada qualidade, Designers nas dife-


liderança no feminino

» Sociedade de Advogados Dinis Lucas & Almeida Santos

O DIREITO COMO A OPÇÃO DO CORAÇÃO Tornou-se advogada pelo fascínio que o Direito sempre lhe causou. Hoje, passados 25 anos, afirma que põe “quanto sou naquilo que faço”. Conheça, na primeira pessoa, Margarida Almeida Santos, sócia fundadora da Sociedade de Advogados Dinis Lucas & Almeida Santos.

Q

uem é Margarida Almeida Santos? Não há uma Margarida Almeida Santos, há várias. Há a mulher, há a advogada, há a mãe. No conjunto Margarida nasceu, cresceu e formou-se em Coimbra, por opção o seu destino foi Lisboa, ciente das limitações, que, já na altura, se impunham na sua cidade Natal. Advogada de coração tenta, também como gestora, ultrapassar os desafios que a profissão que escolheu lhe coloca diariamente.

Por que motivo escolheu tornar-se advogada? Na verdade, aquando da finalização do ensino secundário havia duas opções, ou entrava no curso de direito, que sempre me fascinou, pese embora não ter ninguém na família relacionado com o direito, ou seguia para a escola de hotelaria. Quis o destino que entrasse na Universidade de Direito de Coimbra, onde desde o primeiro ano não tive qualquer dúvida que aquele seria o meu caminho, devorando com inesgotável saciedade as pesadas sebentas do 1º ano. Hoje decorridos 25 anos sobre a minha formatura tenho a certeza de ter tomado a decisão certa e como tal ponho “quanto sou naquilo que faço”.

pontos de vista

18

É sócia fundadora da Sociedade Dinis Lucas & Almeida Santos. Assente em que princípios foi criada a sociedade e, enquanto profissional, como descreve o acrescento que a mesma veio trazer-lhe? A sociedade foi criada em 1998, há 25 anos, com o fito de responder, na altura, aos desafios económicos e conjeturais da sociedade de então. Certos de que a especialização, embora entenda que a mesma

Margarida Almeida Santos

não possa ser tão restritiva quanto muitas vezes é praticada por escritórios de grande dimensão, e uma equipa multidisciplinar nas várias áreas de direito, seriam a resposta adequada à clientela que tínhamos e que pretendíamos almejar. A ideia nunca foi criar uma sociedade com vista a um crescimento numérico de sócios e associados. Somos uma “Boutique Law Firm”, sendo que em Portugal é a única com marca registada desde 2012 tendo como principal objetivo a satisfação das necessidades individuais e particulares de cada cliente numa ótica de “Taylor Made”. Com a criação da sociedade a individualidade passou, inevitavelmente, ao pensamento de grupo, quer na forma como interagimos com os nossos Colegas, sócios e associados, respeitando as várias ideias com respeito pela diversidade, quer com os próprios clientes que nos procuram. Por outro lado, a criação da sociedade trouxe-me responsabilidades acrescidas e um desafio diário na superação das questões de liderança, profissionalismo e de gestão com amor. Hoje, as mulheres ocupam cada vez mais cargos de chefia em diver-

sas áreas. Que benesses trouxe este facto à sociedade? Efetivamente, as mulheres ocupam cada vez mais cargos de chefia, mas ainda em menor número que os homens. Penso que as mulheres pelas virtudes que lhes são inerentes como a facilidade de executar, simultaneamente, várias tarefas, personificando vários papéis, focalizando-se nas relações humanas, na facilidade na tomada de decisões e resoluções de conflitos, decorrentes da resolução de conflitos familiares, conseguem humanizar, não descurando a racionalização, podendo gerir com amor, o que para um homem líder, ainda hoje, é sinónimo de fraqueza. E um líder tem de necessariamente ser forte. Historicamente, a advocacia era uma profissão dominada por homens mas hoje começa a tomar outros contornos… As mulheres ganharam força e posição. Tal posição é ganha de forma igual ou as mulheres, na sua opinião, têm sempre mais a provar face aos homens? Se, de facto, presentemente existem mais mulheres inscritas na Ordem dos Advogados do que

homens (cerca de 16 mil contra 14 mil), certo é, também, que os senior partners das sociedades de advogados em Portugal continuam a ser, maioritariamente, homens. Não gosto de fazer discriminação de género, contudo, penso que ainda hoje embora, mais ténue do que há 20 anos, a mulher advogada tem mais a provar do que o homem. Existem nalguns setores de atividade a “preferência” pelo sexo masculino quando chega o momento de escolha pelo advogado. Acho também que quando uma mulher conquista o seu lugar já nada a impede de alcançar os seus objetivos e de atrair a confiança dos clientes. É certo que no que concerne ao mercado internacional há clientes que, expressamente, não querem trabalhar com mulheres ou que perguntam quando estamos duas mulheres numa reunião se não existem homens no nosso escritório. É que, na nossa sociedade de advogados temos, presentemente, uma rácio de 2/3 de mulheres contra 1/3 de homens. Qual é a sua opinião relativamente à posição da Ordem dos Advogados quanto à defesa da profissão e dos profissionais da área? Quanto à posição da Ordem dos Advogados em defesa da profissão, penso que poderia haver mais empenho na defesa dos profissionais da classe. Sendo hoje a advocacia considerada como uma profissão de risco, a vários níveis, deveria haver, no meu entender, por um lado, um controlo da legalidade, mais focalizado, deixando de lado questões insignificantes de processos disciplinares que acabam por ser arquivados, oferecendo mais apoio institucional e pedagógico aos profissionais associados. ▪


LIDERANÇA NO FEMININO

» CECÍLIA MORENO EM ENTREVISTA

EM CADA CASA UMA CAUSA colaboração com a Habisolvis, em que efetua projetos para quem não tem possibilidade de o fazer. “Se todos fizermos um pouco, passará a ser muito.” Este projeto realiza-se através da Câmara Municipal de Viseu, que seleciona casas de famílias carenciadas para que sejam reabilitadas. "Renovar a casa das famílias seleccionadas requer uma ginástica financeira muito grande, porém, fascinante."

As pessoas nunca estão satisfeitas com o que têm. Consideram muitas vezes que o velho e o antigo já não têm valor, ironicamente também se esquecem que usamos antirrugas

CECÍLIA MORENO

A CRISE COMO LIÇÃO

“As pessoas nunca estão satisfeitas com o que têm. Consideram muitas vezes que o velho e o antigo já não têm valor, ironicamente também se esquecem que usamos antirrugas. Estes anos de crise foram, por isso, uma lição. Houve pessoas que ficaram desempregadas e que começaram a dar valor ao que têm”. Cecília Moreno garante que o criar, a reciclagem e a reabilitação ganharam valor uma vez que “muita gente não tinha uma consciência de que as coisas merecem ser recuperadas. A sustentabilidade já está a ficar na consciência. Todos nós temos muito que aprender”.

HÁ ALGUM SEGREDO PARA O SUCESSO?

Há! Felicidade. Vontade. Amor. Se pusermos tudo isto no que fazemos, é garantido. Ter a certeza e acreditar em nós é essencial.

O QUE NÃO PODE FALTAR NUMA CASA?

Pessoas. Nem que seja uma, caso contrário deixa de ser uma casa. ▪

19 FEVEREIRO 2017

D

esde 2000, altura em que concluiu o curso de arquitetura, que anda de mãos dadas com a reabilitação, e confirma que essa é a sua grande paixão. Entre imensos projetos em que esteve envolvida, fundou a sua empresa, na altura deu-lhe o nome de Moreno Arquitectos, cuja realizou projetos de grande destaque, porém não eram suficientes. Em 2009 colaborou com a Viseu Novo SRU projetando a reabilitação e restauro da “Casa do Miradouro” e em 2014, recebeu o Prémio IHRU, uma menção honrosa, devido a essa reabilitação. Nunca se dedicou somente a projetos, uma vez que, gosta de estar envolvida em várias coisas ao mesmo tempo. Neste momento, “a Moreno continua”…mas Cecília prossegue com mais desafios e: “como próximo passo quero desenvolver um esquema de cidade autossustentável”. Ao adquirir o franchisado “Querido, mudei a casa! Obras” reconquistou uma paixão: a reabilitação desde o projeto à decoração. Diz não haver nada que pague a satisfação que sente ao entregar às pessoas as suas casas ou espaços recuperados. Recriar espaços com custo reduzidos é um desafio ao qual não vira costas. “Temos que virar as coisas um pouco ao contrário daquilo que são, mantendo sempre o carisma e o valor que as coisas têm”. Quando se atinge a satisfação pelo que se faz afirma que “o negócio vem sozinho”. “A marca do «Querido, mudei a casa! Obras» é essencialmente paixão. É por isso que a defendo e represento”. É ainda docente dos Cursos Técnico Superiores Profissionais no Politécnico de Viseu. “Adoro ensinar. A faculdade ajuda-me a aprender e a reciclar os meus conhecimentos. Sou totalmente a favor destes cursos, de forte caráter profissional porque o país precisa deste tipo de técnicos. Eles são ótimos, têm imenso talento.Estes cursos são extremamente práticos e dá aos alunos valências ótimas para ingressarem no mercado de trabalho. O país não precisa só de arquitetos. Há pessoas que têm tanta qualidade… vejo nestes alunos muita vontade e potencialidade”. Afirma que é feliz a fazer os outros felizes. E por isso está ligada a um outro projeto de ação social. Uma

Cecília Moreno é arquiteta. Mas é muito mais que isso. Descubra-a na primeira pessoa.


LIDERANÇA NO FEMININO

» Apolónia Rodrigues, uma Mulher que venceu

“Desistir nunca foi opção para mim” “No geral todos podemos ser bons líderes se assim nos esforçarmos para tal e respeitarmos quem nos rodeia”, afirma Apolónia Rodrigues, Presidente da Genuineland – Turismo de Aldeia e Criadora e Coordenadora da Dark Sky Alqueva, em entrevista à Revista Pontos de Vista onde foram abordados diversos pontos das marcas que representa e, principalmente, desta dinâmica da liderança no feminino.

Q

APOLÓNIA RODRIGUES

pontos de vista

20

uando foi edificada a Dark Sky Alqueva e a Genuineland – Turismo de Aldeia e de que forma é que as marcas têm como principal desiderato conseguir oferecer momentos fantásticos a quem vos procura? A Genuineland - Turismo de Aldeia foi criada formalmente em 2007 como resultado de um projeto de cooperação europeia iniciado em 2003. O Dark Sky® Alqueva surgiu em 2008 como modelo de gestão integrada de destino e como forma de diferenciar Alqueva através da utilização de um recurso, o céu escuro, base para um produto que considerava de grande potencial a médio prazo e que não estava aproveitado até à data. A Genuineland e mais concretamente os projetos inseridos no Programa Dark Sky® Alqueva centram-se no Turismo Científico. O Dark Sky® enquanto produto organizado em torno da observação astronómica e atividades noturnas, tais como canoagem, birdwatching, provas cegas de vinho, passeios pedestres, astrofotografia, passeios a cavalo, etc, pretende transmitir experiências que apelam aos sentidos do olfato, tato e audição. À noite, estes sentidos são amplificados e permitem a quem nos visita sensações e experiências muito diferentes. Por outro lado, poder observar a Via Láctea a olho nu com milhares de estrelas e poder tornar aquilo que num céu citadino é apenas um “sonho”, em pura realidade, é sem dúvida uma experiência única e plena de sensações, capaz de tocar mais fundo cada pessoa que nos visita. Não nos podemos esquecer que existem, pelo menos, cinco mil milhões de pessoas que nunca viram a Via Láctea a olho nu, ou seja, cerca de dois terços da população mundial. Como conseguem marcar a diferença com os vossos pacotes e ofertas? Em que moldes podemos analisar outro projeto denominado por Genuineland – Turismo de Aldeia? A nossa diferença está na forma como vemos o cliente e os seus interesses ao mesmo tempo que pensamos no equilíbrio e susten-

tabilidade do destino e das comunidades residentes. Para nós é fundamental que o Dark Sky® represente acima de tudo um modelo de desenvolvimento do destino e que a experiência de quem nos visita seja melhorada por esta visão integradora das várias componentes que dele fazem parte. Por isso, existe todo um trabalho de sensibilização, de combate à poluição luminosa, de melhoria contínua dos serviços turísticos que pretendem no final transmitir uma experiência enriquecedora a quem nos visita, que aumente a reputação do destino, da referência que já é hoje em dia a marca Dark Sky® e marque assim a diferença no panorama internacional. Quem é Apolónia Rodrigues para além de Presidente da Genuineland – Turismo de Aldeia e Criadora e coordenadora da Dark Sky Alqueva? É difícil responder sobre mim mesma, mas diria que uma apaixonada pela natureza em geral, por viajar, e completamente encantada por gatos. Ao nível profissional, penso que se houvesse uma palavra ou duas que me pudessem definir seriam talvez a Persistência e o Empenho que dedico a todos os projetos dos quais faço parte e em que acredito. Sou uma pessoa muito interessada por todos os temas com que lido e gosto sempre de me manter o mais informada possível acerca do que me rodeia. Considero-me também uma boa amiga e que se preocupa com as necessidades dos que me rodeiam, e quando não consigo ajudar mais, isso parte-me o coração. O número de mulheres em funções de liderança tem vindo a aumentar nos últimos anos, mas ainda assim a presença feminina em cargos de chefias em Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer. Como é estar na linha da frente das marcas Genuineland – Turismo de Aldeia e da Dark Sky Alqueva? Estar na linha da frente é sempre difícil e exige uma dedicação total face aos constrangimentos que advêm dessa posição. Por diversos momentos senti que as minhas


Serão as mulheres melhores líderes? O que diferencia as mulheres em cargos de liderança? No geral todos podemos ser bons líderes se assim nos esforçarmos para tal e respeitarmos quem nos rodeia. No meu caso, desistir nunca foi opção e talvez a capacidade de observar, a perseverança, a vontade de me desafiar constantemente e a curiosidade em aprender cada vez mais ajudaram-me a chegar aqui. Talvez as mulheres se tenham que esforçar mais para demonstrar que merecem realmente os cargos que lhes são atribuídos quando comparado com os homens, provavelmente já decorrente de questões históricas e de uma mentalidade social mais antiga que acabou por se enraizar e traçar esse caminho. Ver uma mulher em cargos de liderança ainda é visto mais como uma exceção do que uma regra. Durante o seu percurso profissional alguma vez sentiu dificuldades acrescidas pelo

facto de ser mulher? Sem dúvida senti muitas dificuldades mas não senti que fossem pelo fato de ser mulher, mas acima de tudo pela minha personalidade. Percebi muito cedo que para desenvolver certos projetos teria de mover montanhas e aceitei isso como um desafio e os enormes constrangimentos que daí advieram têm mais a ver com as mudanças que eram e ainda são necessárias na sociedade e nos meios onde desenvolvo o meu trabalho. Naturalmente, num meio onde os cargos de liderança sejam maioritariamente tomados por homens, as mulheres têm o acesso menos facilitado mas como sempre, criei o meu espaço e essa questão não foi sentida como um problema. Uma sociedade equilibrada contempla a integração de homens e mulheres com igualdade

de oportunidades. O sexo não torna o indivíduo nem mais nem menos apto para o desempenho de uma determinada função. O que é para si ser um bom líder? Ser acima de tudo humano, sensível, competente, capaz de reconhecer os erros e não ter vergonha/preconceito em os admitir, nunca pensar que sabe tudo, aceitar os problemas como um desafio, ser humilde, persistente, curioso, aberto às novidades e ao diferente, e nunca se arrepender de escolhas passadas sejam boas ou más. Ser um líder nunca é fácil, seja homem ou mulher, pois espera-se muito dele mas a capacidade de lidar com essas expectativas e ao mesmo tempo liderar é algo natural e depende de uma personalidade forte. Ser um bom líder revela-se quando nos momentos difíceis quem está à nossa volta nos respeita e acredita em nós, acabando por aceitar de uma forma natural as nossas decisões sabendo que estas só poderão ser em prol de uma boa resolução de um problema e para o bem maior de todos! O que podemos continuar a esperar da Genuineland – Turismo de Aldeia e da Dark Sky Alqueva? Muitas novidades, muitas iniciativas e projetos que primem pela diferença. E fazendo referência à boa liderança, acreditem em expectativa, pois o que ainda está por vir está no segredo dos Deuses, mas será para que todos possam aproveitar mais e melhor de um Universo fascinante e em constante evolução, na janela aberta que é o Céu do Alqueva e quem sabe de outros pedaços de céu em terras lusas. ▪

21 FEVEREIRO 2017

ideias pela sua diferença até seriam aceites se me limitasse a ficar em segundo plano perdendo a capacidade de seguir a ideia/modelo que tinha idealizado. Como acreditava que assim acabariam por se perder, optei, desde cedo, por assumir e desenvolver as minhas ideias e projetos com toda a responsabilidade inerente e muitas das vezes, sozinha. Claro que nunca foi fácil e quanto mais inovadoras e diferentes são as ideias mais árduo é o caminho. No entanto estar rodeada de pessoas próximas que nos apoiam, compreendem e incentivam é fundamental.


LIDERANÇA NO FEMININO

» CLÍNICAS DRA. CRISTINA CAMÕES

DESMISTIFICAÇÃO DA SAÚDE MENTAL “Cabe-nos a nós, profissionais desta área, informar, esclarecer, estudar e ajudar o Humano a compreender melhor estas problemáticas”, conta-nos Cristina Gonçalves D' Camões, Diretora Clínica das Clínicas Dra. Cristina Camões.

C

línicas Dra. Cristina Camões disponibilizam aos seus pacientes uma gama de serviços na área da saúde mental e bem-estar. Quais são as suas especialidade e de que forma a Clínica se diferencia das demais na sua atuação? A nossa Clínica é uma instituição certificada pela ERS (Entidade Reguladora da Saúde). Dispomos de uma equipa de profissionais altamente qualificados, com uma vasta experiência clínica e que proporcionam aos seus pacientes uma gama de Serviços na área da Psicologia Clínica, Neuropsicologia e Demências, Nutrição Clínica, Mediação Familiar e, mais recentemente, Hipnose Clínica. Diferenciamo-nos das demais, pois percepcionamos o Humano na sua globalidade e apostamos na formação científica que é validade pela experiência profissional de cada clínico que trabalha connosco. Toda a equipa técnica possui formação pós-graduada e especialização clínica.

pontos de vista

22

De que forma as Clínicas apostam na inovação e na exigência que o mundo ocidental tem vindo a mostrar neste novo milénio, na área da saúde mental? Apostamos na inovação, utilizando os meios audiovisuais, como meio de chegar a todos aqueles que precisam de ajuda especializada e não conseguem chegar a esses serviços clínicos nos locais onde residem. Refiro-me a um novo projeto que designamos como: Psiconline. Trata-se de um novo meio de fazer psicoterapia que abrange todos os países onde se fala português. Neste momento, todos os emigrantes que estão localizados na Europa ou noutros Continentes podem usufruir de tratamento psicológico com um profissional credenciado e especializado. Desenvolvemos há alguns anos um novo sistema de Psicoterapia, por videoconferência que permite prestar serviços Clínicos a qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, já que é aconselhável que a Psicoterapia seja feita com um Clínico que domine a nossa língua materna. Cristina Gonçalves D' Camões é Psicóloga e foi reconhecida pela Ordem dos Psicólogos, como Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde. Que papel tem procurado assumir junto da comunidade e dos pacientes? A ordem dos Psicólogos esteve, ao longo do ano de 2016, a reconhecer as especialidades. Fui reco-

Psicologia Online Trata-se de um novo meio de fazer psicoterapia que abrange todos os países onde se fala português.

Cristina Gonçalves D' Camões

nhecida como especialista em Psicologia Clínica e da Saúde, e, mais recentemente, reconhecida como Especialista Avançada em Neuropsicologia (Especialização tirada na Universidade de Barcelona), e como Especialista Avançada em Psicologia da Justiça (Especialização tirada no ICBAS UP). Ao longo dos anos tenho tentado procurar assumir um papel junto da comunidade e dos pacientes, antes de mais, de honestidade científica, pois o ser humano é extremamente complexo, o que implica que os profissionais desta área científica estejam munidos de conhecimento profundo e especializado nas áreas em que trabalham. A importância de recorrer a um especialista torna-se nos nossos dias um factor muito importante na cura mental. A par da formação, tem sido o meu lema de vida, contribuir para a desmistificação da Saúde Mental em Portugal e no Mundo, não só junto do público em geral, mas também junto de outros profissionais da área da saúde. Infelizmente ainda existe um estigma muito elevado na sociedade ocidental relativamente às patologias do foro mental. Cabe-nos a nós, profissionais desta área, informar, esclarecer, estudar e ajudar o Humano a compreender melhor estas problemáticas. Pode falar-nos da sua experiência, enquanto líder e empreendedora, na gestão da vida profissional com a vida pessoal? Atualmente, as mulheres assumem um lugar fulcral na sociedade, nas empresas e numa Instituição muito importante que é: a Família. As mulheres são,

desde cedo, ensinadas a resolver várias dificuldades ao mesmo tempo, o que lhes dá uma capacidade extraordinária de resolução dos problemas. Este fator é uma mais-valia na gestão das empresas e, até, nos cargos públicos. Na minha ótica, o segredo de conseguir uma boa gestão da vida profissional e pessoal, enquanto líder feminina e empreendedora, é Viver o Presente! Passo a explicar: em cada problema, em cada momento, em cada conflito, estar focado naquilo que se faz, é um dos segredos do sucesso. Por outro lado nunca fico bloqueada nos problemas, aliás penso que este seja um dos graves problemas da sociedade. Costumo dizer que temos um dom magnífico que nos distingue dos animais, que é a capacidade de Pensar, mas somos nós os donos do pensamento e somos nós que o dominamos, caso contrário, ficaremos retidos nos problemas tempos infinitos. Ter um locus de controlo interno tem sido também uma grande arma na vida, pois, geralmente assumo a responsabilidade dos insucessos unicamente a mim mesma e não à sorte, aos outros ou à sociedade. Assumir que o nosso caminho resulta do nosso empenho pessoal, da nossa competência para o bem e para o mal, é a melhor ferramenta que um Humano pode ter na sua vida. Um último factor não menos importante é fazer como disse Fernando Pessoa “pedras no caminho? Guardo todas, um dia construo um castelo…”, posso dizer que tenho construído alguns castelos ao longo do meu caminho. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT


LIDERANÇA NO FEMININO

OPINIÃO DE Conceição Zagalo, Presidente da Assembleia Geral do GRACE em representação da IBM

Desafiemos as convenções Falar sobre mulheres e liderança será para muitos uma causa tão gasta e perdida quanto despojada de sentido e de futuro. esforços na hora da decisão. Mas ultrapassámos já a fase de alerta de perigo e entrámos em pleno ciclo de reconhecimento do papel que ao homem e à mulher cabe no seio da família ou em matéria de equidade de oportunidades e de género em cargos de liderança, de alta direção, de decisão política? Sabemos que não. E que a culpa não é delas que não querem assumir tais compromissos ou exercer tais responsabilidades. Tenhamos a coragem de reconhecer que, enquanto não operarmos mudanças significativas ao nível dos sistemas educativos, a começar na mais tenra idade, não vamos lá. Até porque, não se duvide, é nos bancos de escola que tudo tem que começar. Se importa avançar com este trabalho num esforço de convergência entre governantes, academias e sociedade civil, importa também que, a jusante, se vão trabalhando organizações corporativas, associativas e representativas de diversos setores de atividade e de intervenção, e tudo fazer para não se pôr em causa talento, competências e capacidades de pessoas que, independentemente do género com que vêm ao mundo, têm um enorme potencial no crescimento e desenvolvimento de um mundo que faça mais sentido. Valores, cultura, empenhos, é tudo o que urge trabalhar para podermos usufruir da grande mais-valia que líderes, homens ou mulheres, podem aportar na hora de fazermos proliferar organizações saudáveis e sustentáveis. Mulheres e liderança trata, pois, mais do que um debate de circunstância, de capacidade de tudo fazer para desafiar convenções e reparar desvios socioculturais aberrantemente cultivados ao longo dos séculos. É que, incorporar homens e mulheres em processos de gestão, não deixando nenhum deles sub-representado na hora de desenhar estratégias, de tomar decisões seja em que quadrante e nível for, assegurando equidade de tratamento, também na remuneração, constitui, que não se duvide, uma medida de inteligência e de visão capaz de sustentar o sucesso de pessoas e de organizações empenhadas em marcarem definitivamente o futuro a começar

desde logo pela agenda do século XXI. Cumprido este desígnio, pelo qual me baterei com toda a convicção e empenho, verei ajustadas as injustiças dos meus tempos de

menina, reforçados os princípios que recebi em família, ultrapassados inibidores que ponham em causa a sustentabilidade deste planeta em que acreditamos. ▪

23 FEVEREIRO 2017

P

orém, longe de constituir uma never-ending discussion, este é um tema que impõe crescente coragem e determinação, e até a teimosia capaz de derrubar preconceitos que em nada contribuem para a evolução das sociedades e da economia. Recordo da minha meninice que homens e mulheres tinham prorrogativas distintas. Os homens não choram, uma menina não sobe às árvores, onde há galos não cantam galinhas eram afirmações que ecoavam com alguma profusão no sítio onde nasci. Confesso que sempre me senti pouco confortável com tais generalizações e até sem perceber as razões de existência de escolas e colégios para rapazes e para raparigas. Afinal eu adorava brincar com os meus dois irmãos, com quem me divertia mais do que com as minhas irmãs mais velhas que me limitavam de brincar aos índios e aos cowboys ou a quaisquer outros entreténs de rapazes. Até porque, em boa verdade, tudo resultava muito melhor quando cumpríamos tarefas em que a destreza deles era comandada pelo rigor delas. Longe estava eu de entender o alcance da visão de um pai e de uma mãe que bem cumpriam o princípio da complementaridade e nos levavam a todos nós, filhos e filhas, a executarmos por igual toda uma série de tarefas domésticas independentemente de serem tidas como masculinas ou femininas. Uma coisa era certa, não teríamos na nossa geração a inibição da minha mãe no acesso a formação académica superior, substituída pelo sexto ano dos liceus em que o francês, os lavores femininos e aprendizagem sobre como ser uma boa esposa, dona de casa e mãe exerciam uma especial relevante na vida da mulher. Este era o contexto em que autorização para viajar para o estrangeiro cabia ao homem a quem era conferida exclusividade na hora de votar. Pois bem, longe vão os tempos de tamanho desperdício humano, de competências, de conhecimento, de entendimento de que o verdadeiro poder reside na combinação de forças aportadas por homens e mulheres capazes de conjugarem


Erasmus – 30 anos em análise

» Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra

“ESTUDAR NA FCDEF É TER A OPORTUNIDADE DE ESTUDAR NO MUNDO” Liliana Moreira, responsável pelo Gabinete de Relações Externas, Imagem e Comunicação da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, retrata, em entrevista, os 25 anos da instituição, que cresceu com os programas de mobilidade.

O

Programa Erasmus nasceu há 30 anos. Mais do que uma experiência académica, o que representa o programa em termos sociais? Uma conquista de direitos dos cidadãos Europeus, um progresso na cidadania Europeia, acompanhada de deveres, que abriu mentalidades e

pontos de vista

24

que permite aos jovens de hoje sentirem-se confiantes tanto em Portugal, como na Dinamarca ou na Eslováquia. O Programa Erasmus permite a partilha, pela convivência, de uma identidade europeia. Quem usufrui de uma mobilidade Erasmus é mais tolerante. Três décadas depois, o que

mudou? Que apoios existem hoje e que tornam a realização do programa quase imperativa? Considero que o programa se democratizou, abrange mais estudantes. As famílias estão mais recetivas à mobilidade, entendem que é um passo importante na educação dos filhos e chegam mesmo a promovê-la. Os serviços tornaram-se mais especializados na promoção dos programas de mobilidade. Há viagens mais económicas, há maior acesso à informação à distância e as novas formas de comunicar encurtam os espaços. Tudo se tornou mais fácil. Na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da UC de que forma promovem e incentivam os vossos alunos a Erasmus? A FCDEF comemora este ano 25 anos e a sua história cresceu com os programas de mobilidade. Estudar na FCDEF é ter a oportunidade de estudar no mundo. A faculdade tem um gabinete que, entre outros assuntos, trata dos programas de mobilidade, permitindo à comunidade estudantil tirar as suas dúvidas sobre as instituições com protocolos, as áreas científicas das universidades de acolhimento, o custo de vida nesses países e informações no geral. Existe sempre uma sessão de esclarecimentos aos estudantes que é bastante concorrida, promovida pela Divisão de Relações Internacionais. Mas, especialmente, são os estudantes do ano anterior que passam a palavra e tal tornou-se quase uma tradição de padrinhos para caloiros. O corpo docente também integra regularmente missões de ensino Erasmus, o que contribui para uma visão coletiva diferente. Que contributo tem o acréscimo de “fazer Erasmus” num curriculum vitae? A experiência de uma mobilidade desenvolve as competências emocionais dos jovens. Cada vez mais

o mercado de trabalho pretende recém-graduados com autonomia, abertos ao multiculturalismo, com conhecimento de uma língua estrangeira e que estejam aptos a deslocar-se para fora do país. Uma mobilidade Erasmus registada num Suplemento ao Diploma é um bom indicador. O Programa Erasmus funciona com uma rede de 33 países europeus e parcerias entre instituições de ensino e empresas, os participantes podem estudar fora do país de origem ou realizar um estágio internacional, por um período máximo de um ano. Desta forma, Portugal poderá “perder” alunos formados no país que depois optam por trabalhar fora? Que impacto tem essa eventualidade em Portugal? Já não existe o estudante internacional com dois pólos, isto é, o estudante com um país de origem e um país de chegada. O estudante internacional e em mobilidade também se transnacionalizou, isto significa que pode fazer mobilidade em mais que um país. Do mesmo modo, os recém-graduados podem ir trabalhar para fora de Portugal e voltarem, ou irem para outro país e este país também perderá. Portugal tem que se tornar atrativo. Portugal está entre os países mais escolhidos por alunos estrangeiros. Na sua opinião, que conjunto de expectativas reúne o país que o torna um dos mais eleitos? Em primeiro lugar, os estudantes que enviamos, ditos outgoing, são os nossos melhores embaixadores. Por outro lado, Portugal reúne um conjunto de características que o tornam atrativo. Especificamente, a cidade de Coimbra e a Universidade de Coimbra encontram-se muito ligadas e acredito que seja a nossa principal característica. Os alunos escolhem uma instituição ao mesmo tempo que escolhem um local, uma boa ligação entre ambas, cidade e universidade, é fundamental. A qualidade da instituição, do corpo docente a par de oferta diferenciada de serviços, como alojamento, cantinas, uma cidade média com boa oferta de transportes, alojamento privado e com uma tradição académica internacional, faz com certeza a diferença. ▪


ERASMUS – 30 ANOS EM ANÁLISE

» FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

"EUROPA DAS UNIVERSIDADES" Vasco Pereira da Silva, Presidente do Gabinete Erasmus e de Relações Internacionais da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, fala-nos da necessidade e da importância das relações internacionais académicas, ao abrigo do programa Erasmus e de outros projetos europeus, para a construção de uma verdadeira “Europa das Universidades”.

A) Promover o intercâmbio e a mobilidade internacional, não só de alunos, como também de Professores, de investigadores e de funcionários.

«Foi com o intercâmbio estudantil que tudo começou e é a ele que tudo sempre retorna. Trata-se do mais bem sucedido dos programas europeus, dando origem a uma “geração Erasmus”, que permite acreditar no futuro da União Europeia, mesmo nos tempos de crise, em que vivemos», diz o Prof. Vasco Pereira da Silva. Mas a intensificação do intercâmbio estudantil europeu tem sido acompanhada de uma tentativa de alargamento desse intercâmbio a estudantes de outros continentes (nomeadamente sul-americanos, em especial brasileiros, e a africanos), a quem a Faculdade acolhe, aplicando as mesmas regras do Programa Erasmus. Mas é preciso também dizer que o intercâmbio de estudantes é completado pelo de Professores e de pessoal administrativo, que se vem também desenvolvendo cada vez mais. B) Participação e coordenação de grupos académicos europeus (“Erasmus Network”)

A FDUL participa em vários grupos europeus, que se reúnem anualmente, para tratar das questões da mobilidade académica, da pedagogia e do ensi-

VASCO PEREIRA DA SILVA

no científico do Direito. Assim, a Faculdade integra, entre outros, o Grupo “ELPIS (European Legal Practice Network Studies))”, o “Rotterdam Law Network”, a “ELFA/AFDE (Associação das Faculdades de Direito da Europa)”, o “Nanterre Law Network”, o “Europepolis”. Num desses grupos (“ELPIS Law Network”), a FDUL assumiu mesmo a função de liderança, coordenando a sua atividade internacional. C) Realização de Programas de Mestrado conjuntos (“Joint Master degrees”)

A Faculdade tem participado (e atualmente coordenado) um grupo de Universidades, pertencentes ao Grupo ELPIS, até agora integrado no Programa Erasmus Mundus. Deste mestrado conjunto fazem parte as Faculdades de Direito da Universidade de Lisboa, da “Leibniz Universität Hannover” (Alemanha), da “Université de Rouen” (França) e da Mykolas Romeris University in Vilnius (Lituânia). O Erasmus Mundus é um programa de cooperação e mobilidade, no domínio do ensino superior, que promove a União Europeia como um centro mundial de excelência de aprendizagem. O programa apoia cursos europeus de mestrado de elevada qualidade e reforça a visibilidade e a atratividade do ensino superior europeu nos países terceiros, procura promover as relações interculturais e desenvolver a cooperação com países terceiros, em consonância com as políticas externas

da União Europeia. Objetivo do Erasmus Mundus é ser uma ferramenta para o diálogo intercultural entre a União Europeia e o resto do mundo. A experiência frutífera, desde 2002, deste Mestrado conjunto, no seio do Programa Erasmus Mundus, vai agora dar lugar à sua autonomização, passando a assentar em acordos interuniversitários, entre as partes, que visam ampliar o respetivo âmbito de ação. Trata-se de um programa de dois anos, em que os estudantes devem simultaneamente aprofundar as suas aptidões científicas e técnicas, assim como as linguísticas, frequentando as suas aulas em, pelo menos, duas Universidades e estudando as línguas de, pelo menos dois países europeus. Mas a Faculdade tem também um acordo já assinado, para a criação de um outro Mestrado Conjunto (este não já europeu, mas global), com a Loyolla University, de New Orleans, que começará muito em breve. D) Programa de Cursos Intensivos Erasmus

A FDUL organiza um Programa de Cursos Intensivos Erasmus, lecionados por um Professor estrangeiro, numa língua estrangeira, sobre um ramo de direito estrangeiro (mesmo se estudado de uma perspetiva comparada, europeia ou global), destinados a ser frequentados tanto por estudantes Erasmus, como pelos estudantes nacionais. Estes cursos intensivos têm a duração de dez ou de 20 horas letivas (duas horas por dia, durante uma ou duas semanas) e permitem aos estudantes aprovados a obtenção de três ECTS (curso de 10 horas) ou de seis ECTS (curso de 20 horas). Os ECTS obtidos através da conclusão de dois cursos intensivos, de 10 horas, ou um curso de 20 horas, num total de 6 ECTS, poderão ser utilizados na FDUL para substituição de disciplinas optativas nos cursos de Licenciatura e de Mestrado. Trata-se de uma forma de oferecer a todos os nossos estudantes uma experiência Erasmus “dentro de portas”, permitindo-lhes introduzir nos seus currículos disciplinas de Universidades estrangeiras, ou criadas especialmente para eles. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

25 FEVEREIRO 2017

S

endo a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) uma das pioneiras na aplicação do programa Erasmus, em Portugal, teve a oportunidade de participar num processo de transformação do ensino universitário, sem precedentes na História europeia. Ao longo destes cerca de 30 anos, o agora reciclado Programa Erasmus+, não apenas permitiu realizar a mobilidade internacional de estudantes, docentes e funcionários, como foi igualmente capaz de criar e de promover o desenvolvimento de relações de colaboração académica, nos domínios da pedagogia e da investigação, ao nível europeu. Hoje, o Gabinete Erasmus e de Relações Internacionais da FDUL realiza um conjunto diversificado de tarefas universitárias, das quais as mais importantes são as seguintes:


ERASMUS – 30 ANOS EM ANÁLISE

» ESCOLA SUPERIOR NÁUTICA INFANTE D. HENRIQUE, EM ENTREVISTA

ERASMUS

"UMA EXPERIÊNCIA BENÉFICA PARA TODA A COMUNIDADE ACADÉMICA" “A experiência Erasmus na ENIDH acaba por ser uma oportunidade única para desenvolver competências muito valorizadas no mercado laboral que, sem dúvida marcarão uma grande diferença no futuro destes jovens”, responde-nos Olga Delgado, Responsável pelas Relações Internacionais da Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, quando questionada sobre a importância do programa ERASMUS.

O programa Erasmus na ENIDH tem vindo a expandir os horizontes dos nossos alunos e a facilitar os seus estágios profissionais. Eu própria já fui estudante Erasmus há 20 anos atrás, e posso dizer que se trata de uma experiência que ajuda a evoluir como pessoa de uma forma impressionante, e que portanto acaba por mudar a vida num sentido muito positivo OLGA DELGADO

pontos de vista

26

A

Escola Superior Náutica Infante D. Henrique (ENIDH) é a única instituição pública de ensino superior em Portugal com a missão de formar quadros para os transportes marítimos e portos. Como descreveria o percurso da ENIDH? A ENIDH foi fundada em 1924 com o objetivo de formar oficiais civis para a marinha mercante. Funcionou até 1974 na dependência da Marinha Portuguesa, transitando a partir desse ano para a esfera civil. Desde a sua criação até aos nossos dias, a Escola tem vindo a cumprir cabalmente a sua missão de formar quadros superiores qualificados para o setor marítimo-portuário, sendo reconhecida internacionalmente como uma escola de referência na área do ensino superior náutico. Atualmente a ENIDH possui cerca de 750 alunos e oferece um conjunto alargado de licenciaturas, mestrados e cursos técnicos superiores profissionais em diversas áreas de relevo para o setor dos transportes marítimos e portos. A par das licenciaturas e dos mestrados, a ENIDH disponibiliza os Cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP). Que vantagens oferecem estes cursos? A sua procura tem aumentado?

A ENIDH iniciou dois cursos TeSP no ano letivo anterior que preencheram totalmente o número de vagas (50). Este ano, a Escola abriu mais um TeSP na área de redes e sistemas informáticos, pelo que atualmente o número global de alunos de cursos TeSP já ultrapassa os cem alunos. Trata-se de uma aposta ganha da Escola, embora subsistam algumas dúvidas quanto ao financiamento destes cursos por parte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Considerado o “país do mar”, mas sem marinha mercante, o futuro dos alunos da escola náutica passa pelo estrangeiro. Qual é a taxa de empregabilidade e o que significa estes valores para a ENIDH? Na realidade, a marinha mercante nacional de primeiro registo, ou seja, a que emprega exclusivamente marítimos portugueses está reduzida a cerca de oito navios, o que é manifestamente pouco para um país de vocação marítima como o nosso. No entanto, o segundo registo ou registo da Madeira (MAR), já tem mais de 400 navios registados, o que constitui uma boa opção para os jovens diplomados dos cursos marítimos pela ENIDH. Temos vindo a celebrar protocolos de colaboração com armadores internacionais de

modo a viabilizar o embarque dos nossos jovens diplomados (praticantes) em navios do registo MAR. Até ao momento, já conseguimos embarcar um número razoável de diplomados em navios deste registo. O programa Erasmus é uma das iniciativas mais populares da construção europeia e que tem levado jovens de toda a Europa a realizar períodos de estudos noutros países. O que podem encontrar os alunos ao abrigo do programa Erasmus na ENIDH? Para começar estes alunos vão contar com todo o apoio da equipa Erasmus da ENIDH, que cada dia se esforça por tornar a experiência Erasmus mais fácil e proveitosa para os seus participantes. Com a ajuda da Carla Alvim, Manuela Batista e Dulce Mendes, uma equipa de profissionais muito competentes, motivadas e orientadas para a excelência, com uma admirável preocupação com todos os detalhes e uma gentileza exemplar, o aluno ao abrigo do programa Erasmus na ENIDH vai sentir-se como se estivesse na sua casa. O programa Erasmus na ENIDH tem vindo a expandir os horizontes dos nossos alunos e a facilitar os seus estágios profissionais. Eu própria já fui estudante Erasmus há 20 anos atrás,


e posso dizer que se trata de uma experiência que ajuda a evoluir como pessoa de uma forma impressionante, e que portanto acaba por mudar a vida num sentido muito positivo. A possibilidade de conviver com pessoas de outras culturas, e de descobrir novos pontos de vista e perspetivas muito diferentes das nossas, ajuda a ter a mente muito mais aberta, a questionar a nossa realidade, e a querer melhorá-la, através de uma mentalidade mais crítica. Esta imersão multicultural ajuda sem dúvida a desenvolver a criatividade, a ter uma atitude mais inovadora, mais competitiva e mais orientada ao exterior. O facto de estar fora do nosso país também ajuda a melhorar alguns aspetos como a adaptabilidade e a resolução de problemas, a desenvolver a nossa autonomia e responsabilidade, ao mesmo tempo que a colaboração e a cooperação ganham uma nova dimensão, contribuindo para o desenvolvimento de competências de trabalho em equipa, comunicação efetiva e liderança. Resumindo, a experiência Erasmus na ENIDH acaba por ser uma oportunidade única para desenvolver competências muito valorizadas no mercado laboral que sem dúvida, marcarão uma grande diferença no futuro destes jovens. No caso da ENIDH, este desenvolvimento de competências vê-se acentuado pela vocação internacional dos seus cursos, e pela sua missão consistente em proporcionar uma sólida formação cultural, científica e técnica, desenvolver a capacidade de inovação e análise crítica e ministrar conhecimentos científicos de índole teórica e prática, dirigidos ao desempenho das atividades específicas do setor Marítimo-Portuário, garantindo a elevada empregabilidade dos seus diplomados, característica pela qual a ENIDH sempre se destacou. Que experiências extracurriculares a escola oferece a estes estudantes de forma a facilitar a sua integração? A formação da ENIDH é dirigida ao setor Marítimo-Portuário. O facto de ser o transporte marítimo o exponente máximo da globalização, faz com que tenhamos muitos estudantes estrangeiros, inclusivamente sem fazer parte do programa Erasmus. O bom ambiente que se respira entre alunos, professores e pessoal não docente, assim como as instalações da ENIDH, desenhadas para promover o estudo e facilitar o lazer e o desporto, permitindo um bom equilíbrio entre o exercício mental, a socialização, o descanso e o exercício físico, facilitam a boa integração de todos os estudantes, tanto nacionais como internacionais. Dentro das experiências extracurriculares na ENIDH, destacaria as atividades de prática de vela, da Nautituna (a Tuna da Escola) e as várias atividades desportivas (running, campeonatos de várias modalidades, etc...) em que participam equipas formadas por alunos, pessoal docente e não docente, assim como diversas atividades culturais. A nossa Associação de Alunos tem um papel muito importante nesta integração, e estamos a trabalhar na implementação de um Sistema de Apadrinhamento entre colegas para facilitar a integração inicial dos alunos estrangeiros e envolver os alunos mais veteranos na experiência Erasmus desde o próprio país. Desta forma potenciamos a capacidade de mentoring, sendo, portanto, uma experiência benéfica para toda a comunidade académica, e que contribui decisivamente para ampliar o futuro networking internacional de todos os que fazem parte desta pequena grande família que é a ENIDH. ▪


ERASMUS – 30 ANOS EM ANÁLISE

» INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO

“O PROGRAMA ERASMUS é uma clara mais-valia” O programa de ensino e formação europeu Erasmus+, que celebra este ano o 30.º aniversário, atingiu um número recorde de 678 mil participantes em 2015, incluindo 16.116 portugueses, dados anunciados em Bruxelas pela Comissão Europeia. Neste sentido, fomos conversar com Carlos Ramos, Vice-Presidente do Instituto Politécnico do Porto, que nos deu a sua visão sobre um programa de ensino que tem sido essencial na vida de todos aqueles que o escolheram. Saiba mais.

CARLOS RAMOS

O pontos de vista

28

Erasmus+ é o novo projeto da União Europeia. De que forma está ele estruturado e que novidades traz o recente programa ao Politécnico do Porto (P.PORTO)? O Erasmus+ está dividido em três ações chave principais, orientadas para a mobilidade de pessoas, cooperação para a inovação e troca de boas práticas e apoio a reforma de políticas de internacionalização e mobilidade. O P.PORTO tem tido bastante sucesso nessas três ações chave, liderando projetos de International Credit Mobility (ICM) para mobilidade para regiões fora da UE, para Parcerias Estratégicas e para Troca de Boas Práticas (Capacity Building). Há ainda atividades específicas para a área do Desporto e para apoio a disciplinas, módulos e centros de excelência ou ainda para o debate de políticas ou apoio a associações. Em termos de apoios, existe o ICM (International Credit Mobility), como funciona este tipo de financiamento? O ICM permite mobilidades de estudantes, funcionários e docentes para blocos geográficos não enquadrados na União Europeia (UE) ou nos países aderentes ao programa Erasmus+ (por exemplo Turquia ou Noruega). Há 11 blocos geográficos, por exemplo a América Latina ou o Mediterrâneo Sul ou ainda a Ásia Industrializada. Em função do bloco geográfico há regras específicas, por exemplo para alguns países só é permitida a mobili-

dade de estudantes de doutoramento. A gestão dos projetos ICM é feita pelas Agências Nacionais Erasmus+. O objetivo essencial dos projetos ICM é permitir que muito do que foi feito dentro do Erasmus com países da UE possa passar a ser estendido para países de outros blocos geográficos, como por exemplo o reconhecimento de créditos de unidades curriculares realizadas noutras instituições. Mas para esse clima de confiança entre instituições ser levado à plenitude é importante que um projeto ICM não se esgote em si próprio, mas dinamize a colaboração em outros projetos. Já tivemos dois projetos ICM aprovados pela nossa Agência Nacional, o que permitiu incrementar em muito a relação com países tão diversos como o Brasil, Coreia do Sul, Rússia ou Bósnia-Herzegovina. E qual é a avaliação da cooperação potenciada pelas mobilidades com esses países? O maior caso de sucesso é o Brasil. A nossa proposta visou o relacionamento mais próximo com as Instituições de Ensino Superior do Brasil a diversos níveis, tais como captação de estudantes internacionais, investigação, duplas titulações e equivalência de diplomas. Estabelecemos uma forte relação com várias Universidades e Institutos Federais do Brasil, encabeçamos vários projetos Europeus do Programa Erasmus+ (por exemplo o projeto Capacity Building VISIR+ na área dos Laboratórios Remotos) ou do Programa de I&D Marie Curie para mobilidade de investigadores (como os projetos

ELECON para a área das Redes Elétricas Inteligentes ou o GMOsensor para a área de deteção de Alimentos Geneticamente Modificados). Isso deu-nos uma excelente visibilidade que nos permitiu assinar acordos com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e com o Conselho de Reitores dos Institutos Federais do Brasil. Os Institutos Federais estão a financiar várias centenas de seus funcionários para virem fazer os nossos Mestrados, cada Instituto Federal envia-nos uma turma completa de 25 a 30 funcionários, alguns têm enviado três turmas. Estamos a receber muitos alunos do Brasil que nos chegam expressamente para estágios nos nossos grupos de I&D. Com a Coreia do Sul também dinamizamos um projeto de mobilidade de investigadores que coordenamos (projeto EKRUCAmI na área da Computação Ubíqua e Ambientes Inteligentes) e a vinda de estudantes. Com a Bósnia-Herzegovina temos estado em projetos que visam a instalação de uma Agência de Acreditação de cursos ou a Internacionalização das instituições de ensino superior deles (projeto STINT) ou a formação na área da Terapia da Fala (projeto ABC). Com a Rússia temos trabalhado a mobilidade de estudantes, docentes e funcionários. É de facto impressionante como com algumas mobilidades para países fora da UE permitidas pelo ICM conseguimos multiplicar as oportunidades de cooperação. Posso dar um bom exemplo, no projeto ELECON cooperamos com as Universidades de São Paulo (USP), Universidade Paulista (UNESP), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), todos integrantes do nosso projeto ICM. Fruto desta colaboração algumas dessas instituições têm financiado mobilidades de estudantes para estágios de pesquisa nos nossos grupos de I&D, o IFSC já enviou mais de cem alunos. E toda essa visibilidade permitiu que a coordenadora do ELECON fosse selecionada como Perita Europeia para um projeto de Diálogos Setoriais UE-Brasil, na área das Smart Grids. Ela publicou com um perito do lado do Brasil um vasto estudo sobre as possibilidades das Smart Grids no Brasil e esse documento é hoje a referência usada pela indústria do setor no Brasil. São coisas como estas que nos dão visibilidade além fronteiras, que fazem as nossas instituições verdadeiramente globais. Em termos de adesão por parte dos alunos ao Programa Erasmus, como tem sido ao longo dos anos? Aqui há duas vertentes, a vinda de estudantes internacionais, vulgarmente conhecida como mobilidades IN, e a ida dos nossos estudantes para outros países, mobilidades OUT. Segundo o último grande estudo do Programa Erasmus, que


Portugal está em destaque nas escolhas dos estudantes estrangeiros. No Instituto Politécnico do Porto verifica-se esta realidade? Certamente! Para além das mobilidades IN do Erasmus+ onde os estudantes vêm fazer um ou dois semestres e nas quais tivemos mais de 800 mobilidades em 2016, temos o caso dos alunos que vêm fazer o curso completo, o que passou a

ter um novo enquadramento, inclusive com uma propina diferenciada para o caso de alunos de fora da UE. Num recente estudo promovido pelo MCTES o P.PORTO apareceu em grande destaque com 857 alunos desse tipo.

Neste último ano tomamos a decisão de apoiar todas as candidaturas dos nossos estudantes no âmbito do Erasmus+, quer para mobilidades de estudos quer para mobilidades de estágio

Quais são os principais países nessas mobilidades? Brasil, Cabo Verde e Espanha são os países dos quais recebemos mais alunos. Quanto ao envio tem sido sobretudo para Espanha, Polónia e Alemanha. Quando concluem o período de tempo escolhido e regressam, qual é o feedback? A experiência que trazem é muito boa. Nota-se que cresceram muito, sobretudo nas competências transversais e na autonomia. Aliás, há estudos do Erasmus que demonstram que a probabilidade de um jovem diplomado que tenha feito mobilidade internacional estar desempregado é cerca de metade face a um que não tenha feito mobilidade internacional. É uma clara mais-valia no curriculum do jovem diplomado.▪

29 FEVEREIRO 2017

diz respeito a 2013/2014 o P.PORTO é a sexta instituição de ensino superior portuguesa que recebe mais estudantes IN, apenas atrás das Universidades de Lisboa, Porto, Coimbra, Nova e Católica. Isso demonstra bem a nossa imagem em termos internacionais. No que diz respeito a mobilidades OUT temos evoluído bastante. Neste último ano tomamos a decisão de apoiar todas as candidaturas dos nossos estudantes no âmbito do Erasmus+, quer para mobilidades de estudos quer para mobilidades de estágio. Estas últimas já tinham sido apoiadas totalmente no ano anterior, pois julgamos que são mobilidades especialmente vocacionadas para o sucesso da empregabilidade dos jovens diplomados.


ERASMUS – 30 ANOS EM ANÁLISE

» AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE ARGANIL

DE ARGANIL PARA Em 2012, o Agrupamento de Escolas de Arganil (AE Arganil) teve a sua primeira mobilidade internacional de alunos sob o programa Aprendizagem ao Longo da Vida. Desde então, a aposta na experiência internacional de alunos e docentes (Erasmus +) do AE Arganil tem aumentado. Anabela Soares, Diretora do AE Arganil, Ana Teixeira e Eunice José, Coordenadora de Projetos Europeus, explicam-nos a importância que o programa Erasmus + assume para a escola, os seus alunos e a comunidade local.

C

pontos de vista

30

om a certeza de que cada vez mais o sucesso dos seus alunos, enquanto futuros profissionais e cidadãos, passa pela obtenção de competências além-fronteiras, o Agrupamento de Escolas de Arganil tem desenvolvido um trabalho de excelência para que a mobilidade internacional seja uma realidade e continue a crescer. Desde 2012 foram vários os projetos desenvolvidos pela Escola para que alunos e professores possam ter uma experiência internacional para melhorar os seus conhecimentos e cresceram enquanto alunos, educadores e cidadãos, numa atualidade onde os efeitos da globalização assim o obriga. Acompanhados sempre por um orientador, aos alunos do AE Arganil é-lhes possível, durante um mês, vivenciar culturas e tradições de outros países. Mais do que a realização de um estágio profissional e o contacto com o mundo laboral de um país com uma realidade diferente e sistemas de ensino diferentes, o programa Erasmus apresenta-se como um concretizar do ideal europeu de uma Europa para os cidadãos e dos cidadãos. Em 2015, por exemplo, no âmbito do projeto Trainees on the Move – Erasmus+, Educação e Formação Profissional, aprovado e subvencionado pela Agência Nacional para a Gestão do

Apre(e)nder e Partilhar para Melhorar

Programa Erasmus+, um grupo de 12 alunos dos cursos profissionais Técnicos de Turismo Ambiental e Rural, Multimédia e Animador Sociocultural do Agrupamento de Escolas de Arganil, realizaram um estágio profissional em Dublin, Irlanda. O AE Arganil tem trabalhado no sentido de oferecer aos seus alunos a oportunidade de vivenciar o espírito europeu e de alargar os seus horizontes.

Neste sentido, um dos projetos europeus do AE Arganil é o Apre(e)nder e Partilhar para Melhorar. Sabendo que devido à globalização a língua inglesa e o domínio das tecnologias assumem uma extrema importância como competências básicas num Curriculum Vitae no mercado de trabalho, este projeto visa proporcionar aos participantes a possibilidade de melhorar as suas competências linguísticas, conhecer e adotar novas metodologias e abordagens para o ensino da ciência e tecnologia ou utilização das TIC, aperfeiçoar competências de gestão e promover uma atualização profissional tendo em vista a promoção do sucesso escolar e a prevenção do abandono escolar precoce. Estão previstos treze fluxos de mobilidade, 23 participantes, para países como o Reino Unido, Itália, Islândia, França, Alemanha, Espanha e Finlândia tendo sido a primeira mobilidade feita em outubro de 2016, com a participação de dois docentes no curso Using technology in teaching, em Cardiff, País de Gales, durante duas semanas. O último fluxo termina em julho de 2017 e, pela primeira vez, duas assistentes operacionais estão envolvidas numa mobilidade europeia para frequentar o curso Erasmus+ Active English-Intensive for Staff em Dublin, na República da Irlanda, um


A A EUROPA

DA EUROPA PARA ARGANIL É objetivo do AE Arganil sensibilizar a comunidade para a importância destas mobilidades internacionais de alunos, vistas como uma ferramenta que poderão abrir novas oportunidades de emprego no contexto da União Europeia, já que alguns alunos do Agrupamento receberam propostas de trabalho nos países onde realizaram o estágio profissional. Contudo, estas experiências internacionais também são de extrema importância para a Escola no que concerne à melhoria do método de ensino e ao incremento da inovação de metodologias de ensino profissional, tornando-as mais apelativas e interativas. Por sua vez, para a comunidade local, a vinda de alunos estrangeiros traduz-se em benefícios e tem tido uma aceitação e envolvência gratificante. O alojamento local dos alunos ao abrigo do programa Erasmus+ é feito em habitações familiares. As famílias são devidamente selecionadas para receberem, durante uma semana, um aluno estrangeiro, sendo feita uma preparação prévia e uma análise das características, quer das famílias, quer dos alunos, para que o alojamento local atribuído ao aluno seja o que melhor se adapte, de acordo com a sua personalidade. Tudo é preparado para receber os alunos estrangeiros da melhor forma possível, inclusive cuidados com a alimentação. Aqui também é feita uma preparação prévia e recolhidos dados sobre as restrições alimentares que alguns alunos possam ter. Os próprios alunos locais recebem e acompanham os estudantes em mobilidade internacional de modo a que sua integração na Escola e na comunidade seja plena e enriquecedora. Aqui, “são feitas amizades para toda a vida”.

31 FEVEREIRO 2017

motivo de orgulho para o Agrupamento. Apre(e)nder e Partilhar para Melhorar vai possibilitar interagir com países europeus, abrir as portas da escola a outras realidades e formas de aprender, de ensinar e de fazer, de acordo com a especificidade de cada país e, através destas experiências de internacionalização, adquirir um novo vigor e motivação para o processo de ensino/aprendizagem. Os projetos europeus apresentados pelo AE Arganil têm crescido e têm sido aprovados de forma bastante satisfatória para a Escola, bem como o seu envolvimento com atividades europeias. A título de exemplo, o Agrupamento participou na atividade de Cooperação Transnacional (TCA) para 2016/2017 intitulada YSE – Youth and School Exchanging que se realizou na Polónia. Este evento é dirigido a professores de escolas secundárias interessados na elaboração de projetos que promovam o intercâmbio de jovens no setor do ensino escolar do programa Erasmus + e constituiu uma oportunidade para o estabelecimento de contactos, partilha de experiências, conhecimento mais aprofundado do programa Erasmus+ e planeamento de futuras parcerias estratégicas. Num evento desta magnitude, é importante referir que o Agrupamento recebeu várias propostas de trabalho colaborativo com escolas da Croácia, Bulgária, Lituânia e Polónia. ▪


ERASMUS – 30 ANOS EM ANÁLISE

OPINIÃO DE ALEXANDRA BIGOTTE DE ALMEIDA, COMMUNICATION MANAGER DA ESN PORTUGAL

Erasmus+: mais que um programa, uma experiência de vida Se há 30 anos nos dissessem que sair fora da zona de conforto era sinónimo de desenvolvimento pessoal e até profissional, dificilmente acreditaríamos. Contudo, somos de uma geração e país que agora tem a oportunidade de viver a grande aventura Erasmus.

I

pontos de vista

32

niciado em 1987 como programa de intercâmbio no estrangeiro, dirigido aos estudantes do ensino superior, o Erasmus+ é hoje em dia conhecido por oferecer milhares de oportunidades por ano a quem pretenda realizar um período de mobilidade dentro ou fora da Europa, para fins de aprendizagem, estágio ou formação. No entanto, por mais popular que seja o programa e a quantidade de informação disponibilizada, ninguém está, na verdade, preparado para embarcar na grande aventura que é ir de Erasmus. E é isso que o torna tão especial. É impossível colocar em palavras a ansiedade sentida pelos jovens quando recebem a confirmação de que vão sair da sua zona de conforto. Entre documentos e burocracias que teimam em não acabar, as suas cabeças já vão estar longe, a pensar onde vão viver, se vão perceber o que lhes dizem numa língua com a qual podem até nunca ter tido contacto, se vão gostar e se não se vão arrepender. Tudo isto ao mesmo tempo que fazem uma contagem regressiva dos dias que faltam para viver aquela que será A experiência da sua vida. É exatamente no meio destes receios e anseios que acabam por se cruzar com quem (con)vive diariamente com Erasmus: os voluntários da rede Erasmus Student Network (ESN). Presente em 40 países europeus, a maior associação de estudantes da Europa conta com cerca de 15 mil voluntários que se dedicam à integração de mais ou menos 200 mil jovens que decidiram participar no programa Erasmus+ ou outros programas de mobilidade. Em terras lusitanas, a ESN Portugal conta atualmente com 14 secções locais (Algarve, Aveiro, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Covilhã, Évora, Leiria, Lisboa, Madeira, Minho, Porto, Tomar, Vila Real) em 15 cidades, compostas por um total de cerca de 500 jovens voluntários que trabalham diariamente para a criação de aprendizagens mais flexíveis, apoiando a mobilidade de jovens em diferentes níveis e proporcionando uma experiência intercultural para aqueles que não podem participar em programas de intercâmbio (“internacionalização em casa”). Desengane-se quem pensa que estes voluntários não fazem mais do que promover a cultura “Erasmus é só festa”. Porque Erasmus também é festa, mas não só. Ir de Erasmus significa fazer parte de uma nova sociedade, descobrir novos hábitos, reeducarmo-nos enquanto seres humanos que vão abrir as suas mentes e tornar-se mais tolerantes e apreciar

melhor a vida. Ser Erasmus significa redescobrirmos uma melhor versão de nós mesmos. Para os voluntários da ESN, Erasmus é uma experiência transformadora através da qual os jovens se desafiam e superam, conhecendo outras realidades que lhes permitem crescer enquanto cidadãos do mundo capazes de contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Desta forma, asseguram-se de que a experiência Erasmus não fica reduzida aos sucessos académicos, e para além das atividades culturais onde é possível visitar e conhecer o nosso país ou aprender outras línguas, os voluntários da ESN Portugal desenvolvem iniciativas de caráter social que permitem que os participantes do programa Erasmus+ usem o seu tempo livre de forma produtiva, voluntariando-se para causas sociais. Na verdade, os voluntários da ESN enriquecem o período de mobilidade de outros jovens, contribuindo para a expansão dos seus horizontes através da aprendizagem fora do contexto sala de aula. Inevitavelmente, o contacto com outros participantes Erasmus que as atividades da

PERFIL

Alexandra Bigotte de Almeida COMMUNICATION MANAGER DA ESN PORTUGAL

É impossível colocar em palavras a ansiedade sentida pelos jovens quando recebem a confirmação de que vão sair da sua zona de conforto. Entre documentos e burocracias que teimam em não acabar, as suas cabeças já vão estar longe, a pensar onde vão viver, se vão perceber o que lhes dizem numa língua com a qual podem até nunca ter tido contacto, se vão gostar e se não se vão arrepender

ESN proporciona, traduz-se numa oferta cultural adicional que de outra forma os jovens não poderiam ter acesso. A longo prazo, esta experiência internacional é uma porta privilegiada para o mercado de trabalho. Com quase 28 anos de existência, desde cedo a ESN tem enviado esforços não só para acompanhar o programa Erasmus+, mas também para contribuir positivamente no seu desenvolvimento. Mostrando que Erasmus não consiste apenas em viajar ou estudar fora, a ESN tem colaborado na afirmação do programa como fator-chave para o envolvimento ativo dos participantes nas comunidades locais, promovendo assim uma melhor compreen-

são cultural e inspirando os jovens a regressar aos seus países de origem com a vontade de também ali serem agentes de mudança. Para além disso, na ESN cultiva-se a ideia de que é possível viver e identificarmo-nos com os mesmos valores de solidariedade e tolerância. É possível a construção de uma identidade comum - a identidade Europeia. E o facto destes jovens voluntários estarem unidos pelo mesmo objetivo, sob os mesmos valores, prova que todos os envolvidos no programa Erasmus+ estão não só de parabéns pelos seus 30 anos, como também por tornarem este programa um dos maiores sucessos da herança da União Europeia. ▪


ERASMUS – 30 ANOS EM ANÁLISE

» COLÉGIO GUADALUPE

ERASMUS + É FUNDAMENTALMENTE

OPORTUNIDADE, CONHECIMENTO, CRESCIMENTO Oportunidade, conhecimento e crescimento, é assim que Cristina Melo, Diretora Pedagógica do Colégio Guadalupe, define Erasmus+. A Revista Pontos de Vista foi perceber de que forma se vive o programa que conta já com 30 anos de existência, numa escola de referência, situada na Verdizela, Concelho do Seixal.

5 PROGRAMAS ERASMUS +

“Every Child is Special” O Projeto “Every Child is Special” tem como principal objetivo a educação para a tolerância e para os afetos. Através da metodologia Persona Dolls, pretende-se desenvolver a empatia e o sentido de justiça. Esta metodologia pretende levar as crianças a resolver problemas do seu dia-a-dia, a serem criativas e, acima de tudo, a desenvolverem a capacidade de se colocarem no lugar do outro, valorizando o respeito e as emoções

de cada um. Desenvolvida nos Estados Unidos desde 1950, esta metodologia é muito utilizada também no Reino Unido, Dinamarca e África do Sul. Este projeto é desenvolvido nas turmas do ensino pré-escolar e no primeiro ano, envolvendo nove países europeus. “Read on the EU Road” Este projeto visa a literacia, o desenvolvimento nos alunos do gosto pela leitura e pela escrita, estimulando simultaneamente capacidades hermenêuticas e argumentativas. Através de um conjunto de atividades e metodologias inovadoras, pretende-se motivar os alunos para a importância da leitura e da escrita, transmitindo-lhes um conjunto de ferramentas que lhe permitam descodificar adequadamente as mensagens, explícitas ou implícitas, assim como o desenvolvimento das suas competências reflexivas. São sete os países europeus que participam neste projeto, o que permite a partilha de experiências entre países com sistemas educativos tão diferentes como a Finlândia, a Espanha, o País de Gales, a Itália, a Polónia ou a Grécia. “Spring Celebration” Um projeto orientado para a educação ambiental, proteção da natureza, hábitos de vida saudável e importância da prática desportiva. “Esta é também uma preocupação nossa, uma vez que somos uma escola galardoada com a Bandeira Verde das Eco Escolas e que se preocupa com as questões ecológicas. Nesse sentido, formamos e educamos os nossos alunos para o respeito e a compreensão do meio ambiente. Enquanto responsáveis pela sua educação, sentimos que nos cabe a nós formá-los também nestas questões”. “Increase” Empreendedorismo e criatividade descrevem a iniciativa que, para Cristina Melo, “é sem dúvida um projeto muito interessante para os alunos, mas extremamente relevante para a prática pedagógica dos professores”. O mesmo visa desenvolver metodologias e práticas letivas inovadoras. Para além da criatividade e capacidade empreendedora, este projeto trabalha questões também elas fun-

damentais como a autoestima e a autoconfiança. “Europe Web Walking” O objetivo principal deste projeto é consolidar nos alunos competências fundamentais para o desenvolvimento de uma cidadania ativa e responsável. As novas tecnologias são as ferramentas para a comunicação e para partilha de experiências com outros estudantes na União Europeia. Visa o melhoramento das competências informáticas, assim como o conhecimento da riqueza cultural de cada um dos países envolvidos, utilizando sempre a língua inglesa como forma de comunicação, “competência fundamental para nós que também somos uma escola internacional, reconhecida pelo Cambridge International Examinations”, conclui. “Erasmus, para nós, é fundamentalmente oportunidade, conhecimento e crescimento. Ter projetos Erasmus

Cristina Melo

é garantir que grande parte do nosso corpo docente tem acesso a uma formação e a conhecimentos que, de outra forma, seria muito difícil. É dispor de uma ferramenta que nos permite aprender com outras escolas e outras realidades, contribuindo para o desenvolvimento do sentimento e da consciência europeia.” ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

33 FEVEREIRO 2017

O

Colégio Guadalupe conta com uma larga experiência de projetos europeus. Em 2008, teve início o primeiro Projeto, na época ainda Comenius. Desde então, foram 12 os projetos desenvolvidos no Colégio, sendo que, atualmente, existem cinco projetos Erasmus+ implementados. Todos eles servem um propósito: “quebrar fronteiras que permitem a professores e alunos contactarem com outras realidades. Os nossos alunos têm a oportunidade de participar em diversas atividades e, por isso, são informados sobre a importância dos projetos Erasmus +”, começa por explicar Cristina Melo. O objetivo inerente a todos os projetos desenvolvidos é dotar os nossos alunos de capacidades que os ajudem a enfrentar as mudanças socioeconómicas com que as sociedades atuais se deparam. É neste sentido que o Colégio Guadalupe procura implementar um sistema de educação e de formação que promova políticas educativas eficazes, dotando os seus alunos das competências exigidas no mundo atual, permitindo-lhes desempenhar um papel ativo na sociedade e alcançar a realização pessoal. Os projetos Erasmus + são fundamentais como complemento de uma educação não-formal, destinada a melhorar as capacidades e as competências de crianças e jovens, tornando-os cidadãos ativos e críticos. Este programa destaca, ainda, as oportunidades de cooperação e mobilidade junto dos países parceiros, por parte de professores e alunos, promovendo a criação e o desenvolvimento de redes europeias de intercâmbio de conhecimentos, em diversos domínios relacionados com a educação.


ERASMUS – 30 ANOS EM ANÁLISE

» ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DA SAÚDE DE COIMBRA

GRACIANO PAULO

“AS ESCOLAS TÊM DE PREPARAR O ALUNO PARA O MERCADO DE TRABALHO”

pontos de vista

34

A Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC) é uma das três escolas pioneiras do ensino da designada área das tecnologias da saúde em Portugal e reconhecidamente uma das mais dinâmicas, tanto a nível nacional como internacional. Graciano Paulo, Vice-Presidente da ESTeSC, fala-nos da importância de dotar os alunos das ferramentas essenciais para o exercício das profissões num mercado de trabalho cada vez mais exigente e global, dando particular ênfase à importância do programa ERASMUS, no qual a ESTeSC também foi pioneira.

A

Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC) está há 36 anos ao serviço do ensino de excelência em saúde. Quais têm sido os valores orientadores do percurso da escola? A ESTeSC sempre foi referência no panorama do ensino na designada área das tecnologias da saúde em Portugal. Apesar de ser uma instituição jovem, a ESTeSC, pautou sempre o seu percurso com base na qualidade do seus recursos humanos e do seu projeto de ensino, respeitando o legado histórico, pondo ao serviço dos seus alunos programas de excelência, dos quais nos orgulhamos. A ESTeSC foi sempre a

alavanca de desenvolvimento deste ensino em Portugal e foi um pilar de referência nos vários momentos históricos que marcaram a evolução e desenvolvimento deste ensino. Destaco a integração no Ensino Superior em 1992 e a consolidação do modelo formativo, com as licenciaturas de quatro anos (240 ECTS), contrariando assim uma vontade instalada de reduzir a duração das nossas formações, pela aplicação dos princípios emanados do processo de Bolonha. Oferecemos assim licenciaturas de 240 ECTS, dos quais, no mínimo, 60 são adquiridos em contexto real de trabalho (prática clínica/estágio profissional), onde contamos com a cola-


A ESTeSC foi a primeira escola das tecnologias da saúde a sair de Portugal quando em 1995 fez a sua primeira mobilidade internacional ao abrigo do programa ERASMUS. Só conseguimos ser melhores e diferentes quando nos comparamos com os melhores. E o programa ERASMUS permitiunos isso mesmo. Melhorar e superar-nos continuamente

No ano letivo 2014/2015 a escola inicia a formação de três licenciaturas inovadoras em Portugal, resultantes de um processo de fusão de formações. De que forma aconteceu? Um dos objetivos do processo de Bolonha era mudar o paradigma do ensino superior a nível europeu, tornando-o mais atrativo com competências de base mais alargada e por isso mais abrangentes. Portugal adotou o processo Bolonha sem nunca repensar o modelo de ensino nem as próprias formações. Desde 2004 que foram produzidos vários documentos que apontavam para a necessidade de se refletir sobre a formação na área das tecnologias da saúde. Em 2012 a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) publicou um relatório onde se apresentavam modelos alternativos de formação, criando novas licenciaturas, fundindo áreas que partilhavam o mesmo corpo de conhecimentos, nomeadamente as Ciências Biomédicas Laboratoriais (Análises Clínicas e Saúde Pública e Anatomia Patológica); Imagem Médica e Radioterapia (Medicina Nuclear, Radiologia e Radioterapia) e Fisiologia Clínica (Cardiopneumologia e Neurofisiologia).

A ESTeSC analisou a sua oferta formativa e agarrou o desafio lançado pela A3ES e apostou de forma clara nestas novas licenciaturas, mais abrangentes, que permite aos alunos, após o término da licenciatura, exercer em mais do que uma profissão. Este processo de reforma na ESTeSC foi um verdadeiro sucesso, que resultou de um trabalho intenso entre colegas do meio acadêmico e clínico, que desenharam melhores padrões de acordo com o melhor que se faz a nível mundial, tendo havido uma enorme recetividade do mercado nacional e internacional aos novos licenciados. O programa Erasmus tem levado jovens de toda a Europa a realizar períodos de estudos ou estágios noutros países. O que podem encontrar os alunos ao abrigo do programa Erasmus nesta escola? Recebemos alunos ao abrigo do programa ERASMUS desde 1995 e tem sido uma mais-valia para a escola esta troca de vivências, culturas e experiências pedagógicas. E é com orgulho que podemos constatar que, a nível de ensino e formação, os alunos portugueses na área da saúde estão muito bem preparados, do melhor que se faz a nível mundial. É por todos reconhecida a qualidade do modelo de ensino português. Recebemos cerca de 30 a 40 alunos internacionais por ano letivo. Todos os anos fazemos uma análise e um reajustamento, pois queremos proporcionar as melhores condições e a melhor experiência aos nossos alunos do programa ERASMUS neste seu percurso. A maioria dos estudantes que recebemos estão integrados em equipas multidisciplinares supervisionados quer pelos nossos docentes, quer pelos nossos próprios alunos. Temos cerca de 70 alunos da ESTeSC em mobilidade internacional por ano sendo que no ano passado atingimos os cem alunos. É um número muito importante do qual nos orgulhamos, porque trabalhamos para o percurso dos alunos enquanto estudantes, mas sobretudo para o seu percurso após a sua licenciatura. O Erasmus + não é só para alunos. Os professores também podem efetuar períodos de docência em Instituições de Ensino Superior

de outros países europeus. Esta é uma prática comum na ESTeSC? A ESTeSC foi a primeira escola das tecnologias da saúde a sair de Portugal quando em 1995 fez a sua primeira mobilidade internacional ao abrigo do programa ERASMUS. Só conseguimos ser melhores e diferentes quando nos comparamos com os melhores. E o programa ERASMUS permitiu-nos isso mesmo. Melhorar e superar-nos continuamente. Foi através deste projeto que aprendemos com os melhores de como é que se deve fazer, que erros não devemos cometer e quais as melhores práticas. Temos tido uma evolução notável no que diz respeito ao nosso gabinete de relações internacionais. Consolidado em 2009, apresenta valores extraordinários no que concerne ao número de alunos em mobilidade internacional. Inicialmente, a nossa aposta era a mobilidade de alunos em estudos, no entanto, na mudança do ERASMUS para o programa ERASMUS +, a nossa aposta tem sido na sua experiência profissional através de estágios internacionais. Uma mais-valia que se reflete na taxa de empregabilidade dos alunos da ESTeSC, devido às competências que são adquiridas através do estágio feito através da mobilidade internacional. Pelo menos 30% dos alunos que estão matriculados no quarto ano têm uma experiência no espaço europeu, através do programa ERASMUS, no Brasil e na CPLP, um mercado onde estamos a apostar, consubstanciado no facto de termos sido parceiros na criação da RACS – Rede Académica das Ciências da Saúde da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Aproveitamos, igualmente, o programa ERASMUS + para a mobilidade de professores e funcionários para que possam vivenciar práticas e realidades diferentes. Temos cerca de 60 acórdãos bilaterais em vigor e cerca de oito professores por ano letivo em mobilidade internacional. Não queremos quantidade, queremos qualidade, pelo que os nossos protocolos são extremamente direcionados. Não queremos acórdãos apenas pelo número. Podemos colocar barreiras onde quisermos menos no conhecimento e essa é a importância estratégica do programa ERASMUS.▪

35 FEVEREIRO 2017

boração dos profissionais do exercício, cuja experiência e conhecimento é crucial para a formação dos nossos alunos As Escolas não podem ter a pretensão de formar profissionais já feitos. O que nós formamos são indivíduos dotados com um conjunto de aptidões, competências e conhecimentos, em cada uma das áreas profissionais, necessárias para o início do desenvolvimento profissional, que lhes permita aprender, desenvolver o conhecimento e abraçar os desafios societais que vão encontrar. As escolas têm que dotar o indivíduo para um mercado de trabalho cada vez mais exigente e global, devendo ainda proporcionar formação avançada (pós-graduações, Mestrados e Doutoramentos) para o reforço das competências da formação de base. A ESTeSC está sempre um passo à frente daquilo que é a realidade atual. As nossas áreas evoluem de forma exponencial e por isso temos de estar sempre em ciclo com o processo evolutivo, incorporando nos curriculos as mudanças necessárias e inovando na relação pedagógica.



ERASMUS – 30 ANOS EM ANÁLISE

OPINIÃO da UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

Estudar na UBI: experiência

universitária em estado puro Em 2017, cerca de 800 estudantes estrangeiros experimentam uma vivência universitária plena na Universidade da Beira Interior (UBI), oferecendo à cidade da Covilhã um ambiente cosmopolita numa região de grande riqueza histórica e natural. ção uma rede de residências universitárias que se situam nas proximidades de quatro das suas cinco faculdades, além das zonas de alimentação (cantinas e bares). Encontra ainda estruturas de apoio como o GISP - Gabinete de Internacionalização e Saídas Profissionais, que em parceria com a International Exchange Erasmus Student Network – ESN, faz o acompanhamento de quem vem de fora. Podem também frequentar os cursos livres de línguas para estrangeiros, acrescentando ao currículo a experiência de aprender Português, uma língua com 250 milhões de falantes em todo o mundo. Na Covilhã, os estudantes vivem numa verdadeira cidade universitária e acolhedora, onde a interação com outros estudantes e até docentes e investigadores, num ambiente mais informal, contribui Antes de mais, a qualidade de ensino, para o ambiente apaixonante que os alunos destacam nas mensagens deicom os elevados padrões europeus, xadas no mural Leave your Mark. Combinando história com as mais numa instituição de Ensino Superior modernas infraestruturas de comunicação, a Covilhã é uma cidade com que recentemente foi colocada pelo elevada qualidade de vida e custos acessíveis, comparativamente com ranking da Times Higher Education outras regiões do país. A zona de entre as mil melhores universidades montanha onde se situa, em plena Serra da Estrela, mas com visibilidade do mundo para o vale da Cova da Beira, garante-lhe uma enorme beleza paisagística, e acesso a desportos de inverno ou de natureza. Por outro lado, a UBI localiza-se numa região com uma rica oferta cultural, turística e desportiva estando ainda a escassa distância de algumas das mais belas cidades espanholas. A cidade é servida por boa uma rede de transportes públicos rodoviários e ferroviários que assegura a ligação rápida aos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto e Madrid. ▪

37 FEVEREIRO 2017

C

hegaram à UBI provenientes de quatro continentes e encontraram na instituição estudantes portugueses de todas a zonas do país, criando-se um ambiente de diversidade, que sempre constituiu a identidade desta academia, mas que tem sido incrementado nos últimos anos. A estratégia que existe é de incentivar o contacto entre culturas, para criar uma interação que valorize o sucesso escolar e o enriquecimento pessoal de todos. Por isso, circular pelos corredores da UBI – e pelas ruas da Covilhã – é hoje iniciar uma viagem pelo multiculturalismo, que é resultado da mistura de experiências de vida, que convergem ao abrigo dos programas de intercâmbio, como o Erasmus+ e outros, que têm atraído cada vez mais estudantes. O sucesso que a UBI tem alcançado na atração de alunos resulta da predisposição para os receber a todos os níveis e das condições que existem para que estes estudantes alcancem o sucesso académico e pessoal. Antes de mais, a qualidade de ensino, com os elevados padrões europeus, numa instituição de Ensino Superior que recentemente foi colocada pelo ranking da Times Higher Education entre as mil melhores universidades do mundo. Apesar de ser a mais jovem universidade portuguesa, a UBI tem hoje um corpo docente altamente qualificado, estruturas laboratoriais bem equipadas e bibliotecas especializadas em permanente atualização. Para complementar estas vantagens, os estudantes têm à disposição salas de estudo que funcionam 24 horas por dia e 365 dias por ano. As suas cinco faculdades cobrem praticamente todas as grandes áreas do saber: das Ciências à Engenharia, das Ciências Sociais e Humanas às Artes e Letras passando pela das Ciências da Saúde. Para além da qualidade de ensino, a UBI tem mais para oferecer. Quem chega tem à disposi-


TEMA DE CAPA

» DAVID MAGALHÃES, CEO DA EARTH CONSULTERS, EM ENTREVISTA

FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA QUALIFICAR “Além do rigor com que atuamos, temos uma equipa vocacionada para o atendimento personalizado ao cliente, prestando apoios necessários na resolução de problemas, fazendo com que os empresários se dediquem apenas ao negócio, deixando o excedente connosco”, explica David Magalhães, CEO da Earth Consulters, em grande entrevista à Revista Pontos de Vista.

E

arth Consulters surge em 2010 com o principal objetivo de qualificar as empresas e os particulares, desenvolvendo ações de formação profissional certificada e obrigatória. Que principais lacunas visava colmatar no mercado? Quando se iniciou o projeto Earth Consulters existiam ainda lacunas no mercado para responder à legislação da formação profissional em Portugal. Pretendíamos, dessa forma, prestar um serviço que aconselhasse as entidades da obrigatoriedade da formação profissional, em várias vertentes, bem como a importância que esta tem para reforçar a produtividade e competitividade. Atualmente, a Earth Consulters continua a intervir na capacitação de recursos humanos, promovendo e realizando projetos de formação e intervenção inovadores. Com a premissa de aumentar as competências profissionais dos seus clientes, qual tem sido o elemento diferenciador que destaca a Earth Consulters dos demais no setor? A Earth Consulters tem vindo a destacar-se no mercado por manter contacto próximo e regular com os formandos, apostando em práticas de excelência, desde o primeiro contacto. Queremos ser os melhores, renovando esse objetivo todos os dias. Além do rigor com que atuamos, temos uma equipa vocacionada para o atendimento personalizado ao cliente, prestando apoios necessários na resolução de problemas, fazendo com que os empresários se dediquem apenas ao negócio, deixando o excedente connosco.

FOTO: RUI BANDEIRA

pontos de vista

38

David Magalhães

“O nosso sucesso advém dos nossos clientes e por isso, damos uma resposta adequada, de rigor e excelência a quem nos procura tantas e tantas vezes”. Que outros valores definem a Earth Consulters? A dedicação e ambição das equipas de alto rendimento e que integram a estrutura são considerados os pilares basilares do sucesso. O sucesso aparece quando se tenta atingi-lo. O sucesso não é tudo, mas querê-lo é. Somos produto das nossas decisões. A integridade, credibilidade e solidez, são outros valores enraizados, na medida em que a conduta para com os nossos stakeholders, rege-se sempre por práticas de excelência. Credibilidade e solidez «andam de mãos dadas». Com formadores qualificados, um departamento de formação dedicado e homogéneo e um departamento comercial que faz acompanhamento em todas as fases. Damos às pessoas responsabilidade, poucas


mas apresenta insuficiências nas infraestruturas económicas, sociais, viárias e energéticas. Moçambique tem uma economia débil, com limitados recursos financeiros sendo o custo de vida desajustado à realidade dos ordenados. Praticarmos os valores de investimento médio que aqui praticamos, seria impensável, traduzir-se-ia num investimento inconcebível de cerca de 10 mil meticais, mais que o salário da maior parte dos Moçambicanos. É o país da África Austral com menor taxa de escolaridade efetiva. A falta de bases para potenciar a aprendizagem na idade adulta é outro problema. Junto com os E.U.A., Maurícias e África do Sul, Portugal é dos países que mais tem investido em Moçambique, com mais de 300 milhões de euros de investimento em 2014. Vivem cerca de 25 mil portugueses na nossa ex-colónia. É um desafio.

A Earth Consulters tem como visão a promoção e realização de projetos de formação e de intervenção inovadores, de qualidade e de valor sustentável. Que papel pretende assumir a empresa na sociedade? Pretendemos assumir o topo, sermos os melhores, o lugar de destaque, alcançando tudo e todos. A Earth Consulters sabe que existe uma percentagem significativa de pessoas que desconhece a legislação e não cumpre com obrigações laborais. Nem sempre é fácil chegar a elas, nem encontrar a melhor estratégia para lá chegar, e fazer compreender que a formação profissional é mais que mera obrigação ou dever. A Earth Consulters quer alargar o seu setor de atividade, tendo já feito pedido de alargamento de áreas na DGERT. Tentar que as pessoas se preparem cada vez melhor para o futuro, mostrar que as limitações, a maior parte das vezes, apenas vivem dentro das suas cabeças. As pessoas têm de ter desejo de sucesso. Esse desejo tem de ser maior que o medo do fracasso. Temos de nos aperfeiçoar, dessa forma tornamos o mundo melhor. As pessoas têm medo de crescer devagar demais, que a aprendizagem corra devagar, devem ter medo é de ficarem paradas. A Earth Consulters encontra-se sediada na cidade de Viseu. Porquê? Qual é a estratégia e onde está a empresa presente para além desta cidade? Viseu é central, chamou-me a atenção mas não só, porque muitas coisas me chamam a atenção, só decido avançar para as que me chamam também o coração. Viseu sempre nos pareceu estrategicamente um bom ponto para chegar a bom porto, pela proximidade com várias capitais de distrito. Não obstante Viseu possuir ótimas vias de comunicação, a Earth, quer estar perto das pessoas, para que tenham acesso direto a informação e formação, sem terem de se deslocar. Para alcançar essa proximidade com pessoas e entidades, a Earth alavancou o seu crescimento, abrindo em Portugal espaços em Braga, Porto, Lisboa e Faro, e recentemente nas Ilhas da Madeira e Açores. Com forte presença no continente e nas Ilhas da Madeira e Açores, a Earth Consulters tem alargado a sua área de atuação, tendo já

Nós queríamos muito que fosse uma realidade sólida, mas como deve compreender, as expansões de atividade são um desafio que tem de ser equacionado em muitas vertentes. A vida fecha-nos portas, mas também nos abre outras. Quase nunca vemos as que se abriram, porque ficamos demasiado tempo focados a olhar para as que se fecharam. Nós temos o farol sempre nas que se abrem. Estamos a trabalhar nesse sentido. A alma é o segredo do negócio

entrado no mercado de trabalho de Moçambique. Quais as principais diferenças entre os mercados português e moçambicano? As diferenças são muitas. Existem obstáculos para o crescimento das empresas naquele País, começando pelos recursos humanos pouco qualificados. É um país que apresenta sistemas contabilísticos, fiscais e jurídicos semelhantes ao nosso,

Com um reforço e consolidação no mercado bem visíveis, por onde passa o futuro da Earth Consulters? A sua expansão nos Palop é uma realidade? Nós queríamos muito que fosse uma realidade sólida, mas como deve compreender, as expansões de atividade são um desafio que tem de ser equacionado em muitas vertentes. A vida fecha-nos portas, mas também nos abre outras. Quase nunca vemos as que se abriram, porque ficamos demasiado tempo focados a olhar para as que se fecharam. Nós temos o farol sempre nas que se abrem. Estamos a trabalhar nesse sentido. A alma é o segredo do negócio. Os planos de formação elaborados pela Earth Consulters pretendem ir de encontro às necessidades dos clientes, proporcionando planos feitos à medida. Quais as áreas de formação disponibilizadas pela empresa? O nosso core business é baseado na necessidade do cliente em obter formação obrigatória para o exercício de uma determinada área de negócio. A Earth Consulters ministra formação profissional obrigatória e formação à medida. As ações de formação profissional que dispomos são certificadas pela DGERT, o que por si só, já é o reconhecimento da nossa capacidade enquanto entidade formadora. A Earth Consulters dispõe ainda de reconhecimento do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, para ministrar ações de formação na área da Agricultura. Estamos ainda reconhecidos pelo IMT- Instituto da Mobilidade

39 FEVEREIRO 2017

A Earth Consulters é uma empresa de Consultoria e Formação Profissional. Que balanço é possível perpetuar do seu percurso até aos dias de hoje? O balanço que se faz é cada vez mais um balanço positivo e o feedback ainda melhor, com crescimento e evolução consolidados. Tal como um avião, descolamos contra o vento, mas hoje estamos em plena velocidade de cruzeiro e está a ser uma viagem excecional, pelos desafios que se nos apresentam. O trabalho duro, as batalhas invisíveis dentro de nós reforçam o crescimento, observável com a posição que alcançamos no setor da formação profissional. O reforço e consolidação no mercado tem permitido capacitar as empresas a serem mais competitivas e produtivas e darem respostas céleres às exigências laborais.

FOTO: RUI BANDEIRA

outras coisas podem ajudar mais as pessoas, deixamos que sintam que confiamos nelas.


TEMA DE CAPA

» DAVID MAGALHÃES, CEO DA EARTH CONSULTERS, EM ENTREVISTA

pontos de vista

40

e dos Transportes, IP., para ações de formação na área dos Serviços de Transporte. A Agricultura, os Serviços de Transporte, a Segurança e Higiene no Trabalho, entre tantas outras, são áreas de extrema importância para a economia e por isso apostamos na capacitação de quem as exerce.

lação ao invés da aprendizagem e know-how adquiridos. Ainda existe a ideia de que a formação profissional é uma medida política, o que não corresponde à verdade. A formação profissional contínua fomenta o espirito crítico e preventivo, incrementando a competitividade e a qualificação de recursos humanos.

De que forma podem ser ministradas? As ações podem ser ministradas, logo no momento em que haja necessidade expressa para a sua realização. Além das nossas infra-estruturas, temos nos vários pontos do país, estabelecidos protocolos de cooperação e cedência de salas, que permite ministrar formação em locais apropriados, que cumpram com requisitos para o bem-estar dos formandos e a qualidade pedagógica da ação. Por forma a responder a uma das maiores necessidades dos formandos, proximidade do local de trabalho/ residência ao local da formação, a nossa equipa encontra a solução que melhor se adequa às situações. Para a prática, contamos com uma bolsa de formadores altamente qualificada, e com uma experiência profissional enquadrada no setor de atividade a que a formação se refere.

Inovação é cada vez mais a palavra de ordem no universo empresarial. De que forma a Earth Consulters tem conseguido corresponder às necessidades dos seus clientes num mercado competitivo e exigente? A estratégia sempre foi inovar, acompanhando os desafios que a globalização nos colocou. As realidades estão sempre a alterar-se e por isso fazemos questão de acompanhar sempre os nossos clientes, conhecendo hábitos e problemas para também nós nos sentirmos na vanguarda. Este conhecimento e acompanhamento permite ajustar a nossa missão, qualificando também nós a nossa equipa para que sejamos capazes de implementar a mudança. Os paradigmas da era da globalização levaram-nos a adotar novas estratégias, recorrendo ao processo de internacionalização para reforçar o crescimento e expansão em novos mercados.

Refere que a formação profissional certificada e complementar ao exercício de determinadas profissões assume-se cada vez mais como “natural”. Os profissionais estão consciencializados para a importância que a formação complementar assume nos dias de hoje? Temos ainda uma parte significativa que não vê a importância da formação complementar nos dias de hoje e que, na maioria das vezes, realiza a ação apenas para cumprir com a legis-

A Earth Consulters disponibiliza, igualmente, aos seus clientes serviços de consultoria. Quais as áreas de atuação? As empresas compreendem a relevância dos serviços de consultoria para o seu reforço e expansão no mercado? As empresas vão compreendendo a relevância destes serviços, após nos terem conhecido na vertente da formação profissional, onde são sensibilizados para outras áreas de atuação.

Eleita PME líder em 2016 o que podemos esperar da Earth Consulters para 2017? Tudo o que sonhamos ser, ou que sonhamos que podemos fazer, temos de começar. Arriscar, ser ousados. Pretendemos evoluir, mantendo presentes os valores e a nossa missão. Queremos fazer mais e melhor. Não podemos dar nada por adquirido, pelo que cada dia e não cada ano é um desafio. A nossa dedicação e ambição torna tudo possível, procurando em cada um dos dias, novos caminhos para alcançar o sucesso. Há sempre arestas a limar e novos trajetos para percorrer, e, em 2017, contamos também com os nossos clientes para tornar a Earth Consulters mais e melhor.

Prestamos consultoria jurídica, auxiliando os nossos clientes no melhor caminho a trilhar, na resolução de problemas jurídicos que tenham inerentes à sua atividade profissional. Prestamos ainda consultoria na área do Marketing e do novo quadro comunitário, auxiliando os clientes a incrementar a sua área de negócio, tornando-os mais competitivos num mercado já saturado em muitos setores de atividade. Com uma experiência consolidada na promoção de formação a nível nacional, a aposta da empresa passa pela formação com elevado grau de empregabilidade ou em formação obrigatória para o desempenho de uma área de atividade. Por quem são mais procurados? Empresas ou particulares? Inicialmente seria mais por empresas que estariam, nessa fase, ainda sem conhecimento da legislação e que apostaram na qualificação dos recursos humanos. Atualmente, podemos afirmar que a discrepância entre Particulares e Empresas é reduzida, uma vez que os Particulares já procuram obter certificação em áreas distintas, como forma de serem mais competitivos, mas também de garantir a empregabilidade. ▪

FOTOS: RUI BANDEIRA

FOTO: RUI BANDEIRA

Eleita PME líder em 2016



PRÉMIO INOVAÇÃO NOS

» Rui Costa Lima, CEO da Sense Test, em entrevista

“A Inovação tem sido a chave do nosso sucesso” O que pode esperar um consumidor de um determinado produto? O que sentimos quando visualizamos ou provamos um produto? Estas são questões que nos surgem diariamente e para as quais é possível ter resposta, principalmente porque existem marcas de renome preparadas para as dar, como a Sense Test, Lda, uma empresa dedicada à análise sensorial e à perceção do produto.

N

pontos de vista

42

uma era onde tudo é realizado «à velocidade da luz» e as mutações são diárias, é preciso ter em linha de conta que o consumidor é o centro das atenções, ou seja, nada é lançado no mercado sem ser testado e avaliado até à exaustão. Mas, naturalmente, não basta que se peça apenas a opinião ao consumidor sobre o produto A ou B, é necessário também medir sensações e é aqui que entra a Sense Test, uma marca que só em 2016 realizou mais de 1.500 ensaios a mais de 5.000 referências, obtendo acima de 150 mil resultados para avaliação. No fundo, a Sense Test ajuda as empresas a conhecer melhor as preferências e os comportamentos do consumidor, cenário fundamental para a sua maior competitividade e êxito no mercado. A Revista Pontos de Vista foi conhecer a Sense Test, uma marca que está entre os 10 finalistas da categoria PME do Prémio Inovação NOS e conversou com Rui Costa Lima, CEO da Sense Test, uma marca que foi criada sob a égide da inovação e que vive e respira diariamente inovação, porque aqui, na Sense Test, tudo é Inovação e quem não pactuar com essa filosofia, não é «made in» Sense Test. Edificada há cerca de 17 anos, mais concretamente no ano de 2000, a Sense Test foi pioneira, uma vez que nessa altura não existia, em Portugal, qualquer empresa vocacionada única e exclusivamente para este core business. “Não havia quem fizesse exclusivamente análise sensorial e percepção do produto”, revela o nosso entrevistado, lembrando que a Sense Test teve de criar mercado e ir respondendo às exigências do mesmo. “Éramos líde-

res porque não existia ninguém, mas hoje somos líderes porque somos inovadores e apostamos na Inovação desde o início e isso tem sido a chave do sucesso da nossa empresa”, salienta Rui Costa Lima. Assumindo que a concorrência é maioritariamente internacional, Rui Costa Lima assume que há 17 anos o desiderato da criação da Sense Test passou por colmatar um gap que existia no mercado nacional e “seguíamos modelos que conhecíamos do exterior. Neste momento já não é assim e temos tecnologia e desenvolvemos sistemas de percepção e medição que não existem externamente”.

Finalistas do Prémio Inovação NOS

O reconhecimento de uma marca e a credibilidade que aporta no mercado são vetores essenciais para o sucesso. A Sense Test é exemplo desse paradigma e por isso é hoje reconhecida como um dos players de sucesso deste setor. Desta forma, a presença nos finalistas do Prémio Inovação NOS, na categoria PME, vem «apenas» atestar aquilo que a marca tem vindo a perpetuar nos últimos tempos, sempre assente na dinâmica da Inovação. “Naturalmente que este reconhecimento agradou-nos e muito, e é motivo de enorme orgulho. Sem qualquer prepotência, este reconhecimento leva-nos a ter ainda mais a certeza que daqui a dois ou três anos vamos estar a fazer coisas ainda mais distintas e inovadoras”, assume o nosso interlocutor, assegurando que um dos motivos de orgulho por este prémio “é que saímos da nossa zona de conforto para sabermos se o nosso nível de inovação podia competir com outros setores e isso foi

SENSE TEST Velocidade apoiada na Inovação Não existe qualquer dúvida de que os mercados são mutáveis e portanto é vital saber acompanhar os mesmos. Ao contrário de outros segmentos e empresas, que podem perspetivar o que vão ser daqui a alguns anos, a Sense Test sabe que tem de continuar a «perseguir» a antecipação do próprio mercado e o que este quer. “Por isso, os grandes desafios de futuro passarão por qualidade e velocidade de resposta. Temos de vencer pelo preço, pela qualidade e capacidade de dar resposta e tudo isso exige uma aposta constante e sustentada na Inovação”, conclui Rui Costa Lima, CEO da Sense Test.

RUI COSTA LIMA


Investimentos a curto/médio prazo

Mas será que as marcas já assimilaram a importância destas dinâmicas de análise sensorial e percepção do produto na alavancagem da competitividade? Segundo Rui Costa Lima, a chave está “no consumidor”, sendo que esse panorama é evidente a nível internacional, principalmente pelo investimento que é realizado nestas áreas. “Hoje já ninguém arrisca colocar um produto no mercado, o que tem custos avultados, sem conhecer o nível de sucesso e de ajuste que deve ter”, revela, assegurando que a realidade nacional está, cada vez mais, recetiva a isso mesmo, embora, em alguns aspetos, “ainda não tenha atingido essa maturidade para compreender o que é relevante: um artigo até pode ser de enorme qualidade, mas se o consumidor não a perceber… não estamos a fazer nada. A análise sensorial e a percepção do produto oferecem isso mesmo, ou seja, uma solução que procura ajudar a identificar o melhor posi-

Acompanhar o que o mercado quer

Quem não vive a empresa e a inovação não funciona no seio da Sense Test cionamento e a melhor relação qualidade/preço para que os produtos satisfaçam o que as pessoas pretendem”. Na opinião de Rui Costa Lima Portugal não se encontra atrasado relativamente aos seus congéneres europeus nestes domínios, bem pelo contrário, como revela. “Posso afirmar que a Sense Test tem previsto nos próximos dois anos, e obviamente que dependerá sempre de algumas circunstâncias e de alguns projetos merecerem ou não a aprovação das entidades de apoio à investigação, inovação e desenvolvimento, cerca de meio milhão de euros de investimento em novas tecnologias para fazermos em Portugal o que ainda se está a pensar fazer a nível externo. Isto revela bem o nosso posicionamento relativamente ao mercado internacional, ou seja, conseguimos fazer tudo em Portugal e estas soluções existem. É um facto!”, esclarece convicto o nosso entrevistado.

A Sense Test está aqui para ficar, assumindo que a Inovação é o «motor» desta marca e que esta veia inovadora, está nos colaboradores que fazem parte da empresa, “porque eles têm esse nível de liberdade e exigência. A inovação na Sense Test não parte somente de um grupo de pessoas que gere um conjunto de ideias que vão ser desenvolvidas para apresentar serviços num dado período de tempo. A inovação está no quotidiano que aqui é natural e normal. Quem não vive a empresa e a inovação não funciona no seio da Sense Test”, esclarece Rui Costa Lima, que tem como background académico a Engenharia Alimentar, domínio pelo qual a Sense Test começou em Janeiro de 2000. “Foi por essa área que começámos e posteriormente fomos alcançando novos segmentos como o setor infantil, portadores de doenças, sénior, pet food, entre outros. O mercado foi segmentando os produtos e nós os serviços, para dar resposta à perceção desses mesmos produtos, porque cedo percebemos que este setor funciona nos dois sentidos. Compreendemos muito bem o mercado porque trabalhamos com quem produz, comercializa e distribui os produtos e portanto sabemos para onde o mercado está a ir e temos de ir «atrás» dele, sem nunca tentar forçar o mercado a ir por determinado caminho. Isso seria um erro crasso”. ▪

43 FEVEREIRO 2017

muito interessante, além de termos provado que conseguimos ser inovadores em outras áreas além da nossa e isso deixou-nos muito satisfeitos”, revela antes de abordar o serviço que conquistou este reconhecimento, denominado por SenseProfilling. “Esta conquista ainda nos deu mais prazer porque é mais fácil avaliar a inovação num produto físico ou numa aplicação de software do que numa solução ou serviço em que não existe algo palpável e visível e é uma solução para o cliente final. Esta complexidade fez com que o reconhecimento deste serviço ainda nos desse maior orgulho, porque conseguimos provar que conseguimos inovar também na análise sensorial e na medição da perceção do produto”. Se hoje pretendemos produtos direcionados para o consumidor, tem de se conseguir medir, cada vez melhor, aquilo que o consumidor pretende e as características que prefere nesses mesmos produtos. “Por isso, se não conseguirmos melhorar na vertente da medição da resposta dos consumidores, nunca iremos conseguir melhorar na parte de produzir os próprios produtos direcionados para estes, e é essa solução que criámos com o SenseProfilling”, esclarece o responsável da Sense Test.


SEGUROS 2017 - MATURIDADES TECNOLÓGICAS

» PAULA NETO, DIREÇÃO DE DESIGN E GESTÃO DE PRODUTOS DA LIBERTY SEGUROS, EM ENTREVISTA

PELA PROTEÇÃO DOS VALORES DA VIDA É importante que as empresas do setor dos seguros procurem disponibilizar novas formas de aquisição de produtos e serviços, aliando-se à inovação e às tecnologias. Paula Neto, da Direção de Design e Gestão de Produtos da Liberty Seguros, fala-nos destas soluções, eficientes e práticas, para corresponder às necessidades dos seus clientes.

H

oje, o mercado dos seguros assume-se como um setor em que a tecnologia e a inovação são fundamentais. Que principais motivos impulsionam a inovação em seguros? Os motivos que impulsionam a inovação e tecnologia nos seguros são praticamente os mesmos que os que impulsionam as outras atividades: ter o cliente mais próximo, conhecer melhor o cliente e as suas necessidades, ter uma resposta mais rápida e dar um serviço de excelência. Acresce neste mercado em que gerimos o risco, a tecnologia e inovação podem ajudar e em muito a diminuir o risco (alarmes inteligentes em casa, indicadores

de condução nos carros, indicadores de atividade física, entre outros). Aliando a experiência da Liberty Seguros à inovação, é possível para os clientes encontrar as melhores alternativas de seguros disponíveis para os seus casos. De que forma a Liberty Seguros se destaca das demais seguradoras no mercado? O lema da Liberty Seguros é “Pela proteção dos valores da vida”. Temos a trabalhar connosco uma rede de agentes profissionais que aconselham aos nossos comuns clientes a solução que melhor se adapta a cada um. Os seguros não são um tema “sexy” e tem alguma complexidade pelo que entendemos que a melhor forma de proteger os valores da vida dos nossos clientes é aconselhá-los profissionalmente, através do mediador de seguros, e prestar a todos um serviço de excelência. A atividade seguradora transfere para si, a troco de um pagamento

PAULA NETO

pontos de vista

44


nomeadamente, ao disponibilizar novas ferramentas aos clientes, como a aplicação para preenchimento da declaração amigável de seguro automóvel, no lançamento de produtos para fazer face a novas necessidades, como, por exemplo o produto de responsabilidade civil ambiental, em aplicações para que os clientes possam saber que seguros possuem, entre outros.

a que chamamos prémio, os riscos que cada um de nós corre. Num cenário nada simpático e que não gostamos de pensar, em que há uma tempestade (algo cada vez mais comum nos últimos anos em Portugal) e esta danifica a nossa casa e bens nela existentes, o seguro serve para nos ressarcir desses danos e permitir voltar à nossa casa. Mas este é um cenário que não pensamos no dia-a-dia, e até fugimos de pensar nele. O mediador ajuda-nos a lembrar e aconselha o que devemos proteger para termos uma vida mais tranquila.

No panorama atual português, o setor dos seguros ainda é visto pela sociedade como um setor tradicional de processos longos e complicados e de alguma burocracia? Sim, é verdade, embora todo o setor esteja alerta para esta realidade e seja ele próprio o motor da mudança. Como exemplo temos a aplicação lançada no final de 2016 pela Associação Portuguesa de Seguradoras para preenchimento da declaração amigável de seguro através de telemóvel, sem todo o processo aborrecido de preenchimento num papel autocopiativo e com direito a ter de desenhar, o que para alguns segurados (como é o meu caso) pode ser um desafio. É defendido por alguns como um setor com predisposição para a inovação, a tecnologia e novos modelos de negócio. Nesta medida, qual tem sido a estratégia da Liberty Seguros no que concerne à inovação e desburocratização? Na Liberty trabalhamos muito de forma a disponibilizar aos nossos parceiros e clientes soluções amigáveis. Vamos lançar no início do ano uma nova plataforma para os nossos mediadores, mais ágil e rápida, e que permite ser usada também em smartphones e tablets. Estamos a trabalhar igualmente num projeto inovador em termos de diminuição do papel que dará os seus frutos em 2017. Iremos disponibilizar,

A inovação nos seguros passa também, como já disse acima, por associar tecnologia de forma a diminuir o risco. Ao diminuir o risco contribuímos para menos acidentes para os segurados

ainda, aos nossos mediadores uma forma de fazer simulações e emissão de apólices nos seus smartphones. Por outro lado, as tecnologias e inovação podem dificultar a prestação das seguradoras, numa altura em que o setor segurador é extremamente competitivo? Não vejo as tecnologias e inovação como um fator que dificulte a prestação das seguradoras. Muito pelo contrário, vejo como um fator facilitador. O que acontece e que nos levanta novos desafios é que nós, na atividade seguradora, estamos habituados a estudar o passado e a extrapolar o futuro com base neste. Quando temos inovação lança-nos o dilema de como extrapolar, pois não temos passado para estudar. Por isso inovamos e, mais uma vez, temos a tecnologia a ajudar e rapidamente podemos estudar a inovação e aplicar aos nossos modelos. O setor segurador pode ambicionar ter uma capacidade de inovação superior ao que tem demonstrado? Podemos sempre ambicionar a mais. Mas na minha opinião o setor segurador tem inovado,

Foi criada pelas seguradoras uma app que pode substituir a tradicional “Declaração Amigável” (DAAA). Que comodidades apresenta esta aplicação? Esta aplicação, como já mencionei acima tem várias vantagens, entre elas, facilidade de preenchimento e poupança significativa de tempo. O que podemos fazer com esta aplicação? - Preenchimento automático dos dados da apólice (incluindo a apólice do terceiro) - Preenchimento automático dos dados do Cliente, dado que a app permite guardar a informação do Tomador e das várias apólices (automóveis) - Carregamento de fotos e geolocalização do local do sinistro - Envio automático para a seguradora, dispensando deslocações ou envio de documentos em papel Os desafios que se impõem ao setor implicam um novo horizonte para a indústria dos seguros? Os desafios que o setor enfrentará, na minha opinião, são como simplificar a contratação de seguros adaptando cada vez mais os seguros às necessidades do cliente e como reforçar a venda especializada. Ao simplificar a contratação dos seguros de massa automóvel, por exemplo, permitindo ao consumidor a sua contratação fácil, será necessário, na minha opinião, um especialista (mediador) que aconselhe o consumidor quais os riscos que deve proteger. O seguro protege-nos dos riscos que corremos no dia-a-dia: na nossa habitação, se cairmos na rua e partirmos uma perna, se formos viajar e adoecermos, se tivermos um acidente no estrangeiro e quisermos regressar, aos nossos filhos, entre outos. Mas, nós consumidores, não nos lembramos/ pensamos em todos estes acidentes que podem acontecer. Mas um especialista poder-nos-á aconselhar da melhor forma e qual a melhor proteção para nós para “protegermos os valores da nossa vida”. ▪

45 FEVEREIRO 2017

A inovação é cada vez mais um fator de diferenciação e de conquista de mercado da indústria seguradora. Mas não só. Não se limita a ser uma estratégia defensiva à volatilidade e mutações do mundo que a rodeia. Que vantagens traz para os segurados? A inovação nos seguros passa também, como já disse acima, por associar tecnologia de forma a diminuir o risco. Ao diminuir o risco contribuímos para menos acidentes para os segurados. Um alarme inteligente em casa que detete maus funcionamentos pode evitar acidentes. Um indicador no carro que nos indique que estamos com uma condução perigosa pode evitar acidentes, entre outros. Ou seja, ao aconselhar objetos que diminuam o risco ajudamos, igualmente, os segurados a viverem vidas mais seguras.

A Liberty Seguros disponibiliza gratuitamente uma aplicação para iPhone. Como funciona e o que permite fazer esta aplicação? Esta aplicação permite aos nossos clientes participarem sinistros de automóvel e lar. Estamos este ano a preparar o lançamento de mais aplicações móveis para clientes e parceiros.


PORTUGAL 2020 – AGENDA ELETRÓNICA PARA EMPrESAs CANDIDATAS A FUNDOS

» IAPMEI, EM DESTAQUE

“O NOSSO OBJETIVO É MINIMIZAR PROBLEMAS E MAXIMIZAR INVESTIMENTO” “A missão do IAPMEI é promover o empreendedorismo, estimular o investimento e a inovação, apoiar a capacitação competitiva das empresas, virada para o mercado global”, afirma Miguel Cruz, Presidente do IAPMEI.

Q

pontos de vista

46

ue balanço é possível fazer da atuação do IAPMEI junto do universo empresarial? Vou tentar apresentar alguns exemplos muito resumidos. No ano de 2016 o IAPMEI transferiu para a economia mais de 500 milhões de euros, no âmbito dos sistemas de incentivos. Este valor é, para nós, muito significativo. Não tanto pelo montante, o mais elevado de sempre, mas particularmente pelo que ele representa em termos do esforço notável de milhares de empresas a investir em inovação, diversificação de processos, de produtos, de serviços e de mercados. Representa o resultado de um trabalho continuado de aposta na inovação, na eficiência de processos, na boa gestão, na adoção de tecnologia. Um dado que utilizo sempre que posso refere-se à comparação entre níveis de exportação pós projeto e pré projeto, no âmbito de projetos aprovados no anterior período de programação – o QREN. Apenas considerando projetos sob gestão do IAPMEI, verificamos que, entre pré e pós projeto, o volume de exportações aumentou cerca de 16 mil milhões de euros. Não se deverá exclusivamente aos incentivos, claro, mas o facto de no sistema de incentivos à inovação o aumento desse volume de exportações ter sido de mais de 165% é um sinal claro do efeito desta aposta na inovação. Um terceiro dado que é importante é o relativo às linhas de crédito que são financiadas pelo IAPMEI e que são operacionalizadas no terreno pelos Bancos e pelo Sistema Nacional de Garantia Mútua, com o acompanhamento da PME Investimentos. Perto de 180 mil operações enquadradas, mais de 16 mil milhões de euros de crédito associado, mais de 84 mil empresas e de um milhão de postos de trabalho envolvidos. Creio que num contexto de crédito, como o que temos vivido desde 2008, estes números devem reter a nossa atenção, até porque mais de 2/3 do valor, flui para PME. O IAPMEI disponibiliza uma agenda eletrónica para empresas candidatas aos fundos do Portugal 2020. De que se trata e o que visa esta agenda eletrónica? O IAPMEI tem, no âmbito do Portugal 2020, já mais de 4300 projetos aprovados e em acompanhamento. Ora, este facto, conjugado com uma máxima que aplicamos com frequência, de que o sucesso dos projetos de investimento não está na sua aprovação mas na sua execução, leva a que concentremos uma particular atenção na realização do investimento. Nesse sentido já tínhamos divulgado manuais de boas práticas para a análise e acompanhamento de projetos. Temos vindo, entretanto a introduzir sucessivas funcionalidades à Consola de Gestão do IAPMEI, para apoio no interface

plex+, e é dedicada às empresas e gestores de projeto com processos de candidatura a decorrer no Portugal 2020, QREN e Comércio Investe. Esta iniciativa surge em que âmbito? Sim, esta é uma medida que queríamos implementar e que sugerimos no âmbito do SIMPLEX +. Sabemos bem que a gestão de um projeto no âmbito dos sistemas de incentivos implica um conjunto de requisitos burocráticos, para as empresas mas também para os organismos gestores. Esta medida enquadra-se no âmbito da estratégia do IAPMEI orientada para uma contínua desburocratização, e para a capacitação empresarial.

MIGUEL CRUZ

500

milhões de euros

sistemas de incentivos “No ano de 2016 o IAPMEI transferiu para a economia mais de 500 milhões de euros, no âmbito dos sistemas de incentivos. Este valor é, para nós, muito significativo. Não tanto pelo montante, o mais elevado de sempre, mas particularmente pelo que ele representa em termos do esforço notável de milhares de empresas”

com as empresas, e para apoio às empresas na gestão dos seus processos. Ao longo de um projeto, há datas e momentos que são relevantes, para comprovação de investimentos, certificação de despesas, datas obrigatórias, datas recomendadas. O que pretendemos com esta nova funcionalidade é alertar, informar e recomendar, de forma contextualizada a cada situação, facilitando a boa gestão do projeto. O nosso objetivo é minimizar problemas, minimizar incumprimentos, maximizar investimento. O lançamento desta nova ferramenta é uma medida que se integra no programa Sim-

Neste momento, cerca de três quartos (74,4%) dos projetos em acompanhamento dos programas de financiamento comunitário Portugal 2020 (PT2020), ou seja, mais de 2.600 projetos, já aderiram à nova ferramenta disponibilizada pelo IAPMEI. O que representam estes valores para o IAPMEI? Os níveis de adesão mostram claramente tratarem-se de ferramentas bem entendidas e bem vistas pelo mercado. São necessárias, facilitam. Esperamos que sejam fortemente utilizadas. É, também, uma indicação de que o nosso rumo está certo. O IAPMEI já tinha realizado, desde o quadro comunitário anterior, várias sessões presenciais com empresas, associações e mesmo com entidades que apoiam as empresas, no sentido de apostar decididamente numa gestão de projetos baseada em fatores críticos. Essas sessões, que continuamos a dinamizar, servem ainda para ajudar a desenhar o modelo de abordagem à Consola de Gestão do IAPMEI, para a qual, como referi, temos vindo e continuaremos a introduzir funcionalidades. O IAPMEI tem vindo a desenvolver novas funcionalidades de apoio às empresas na gestão dos seus projetos e no cumprimento das obrigações associadas à sua execução. Para além da agenda eletrónica, que outras ferramentas de apoio disponibiliza o IAPMEI aos empresários? No âmbito da Consola de Gestão, desenvolvemos recentemente uma ferramenta que permite um canal de comunicação mais facilitado com o gestor de projeto. Introduzimos outras facilidades como os assistentes contextuais, ou o reportório de legislação, ou ainda, como referi, os manuais de Boas Práticas. Iremos, durante o primeiro trimestre, comunicar outras novidades. Como se costuma dizer, o caminho faz-se caminhando, e o IAPMEI tem uma visão muito clara do que pretende disponibilizar os seus clientes. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT


PORTUGAL 2020 – INCENTIVOS E VALES

» LUMO – CONSULTORIA DE GESTÃO, EM ENTREVISTA

PROJETOS ESTRATÉGICOS, RESULTADOS ÚNICOS LUMO significa luz em Esperanto, uma língua criada para facilitar a comunicação entre os povos do mundo inteiro, e que traduz o que a LUMO pretende ser. Uma entidade facilitadora capaz de encontrar soluções flexíveis. Gustavo Tavares, Managing Partner da LUMO – Consultoria de Gestão, explica-nos mais.

É missão da LUMO contribuir para o desenvolvimento sustentado das empresas, auscultando as suas necessidades e desenvolvendo serviços e soluções integradas. De que forma orientam a sua prestação destacando-se das demais do setor? A nossa especialização na gestão de projeto é o fator-chave da LUMO. Assumimos um compromisso com a empresa de que o projeto vai chegar à reta final cumprindo as metas definidas. Contamos com estas áreas de competência que nos permitem intervir e, ao longo do projeto, suprir

MARGARIDA LOURO, GUSTAVO TAVARES, BEATRIZ CRAVO, RICARDO VIEIRA, ANA FERREIRA (da esquerda para a direita)

as necessidades que vão surgindo, auxiliando o cliente para que tenha o resultado esperado. Somos uma equipa de séniores com uma vasta experiência e especialização em diferentes áreas e a nossa visão alargada em gestão de projetos é a nossa diferenciação. A LUMO é entidade acreditada para prestação de serviços no âmbito dos vales. Prestam serviços de consultoria no âmbito dos vales Empreendedorismo e Inovação. Em que aspetos as empresas necessitam de maior apoio? As empresas pretendem otimizar os seus recursos e focalizam-se no seu negócio, não tendo muitas vezes recursos para gerir internamente os projetos. A nossa abordagem passa pela criação de equipas integrando elementos da empresa, da LUMO e outros recursos externos específicos para cada projeto. Após a conclusão dos projetos, a LUMO mantém o contacto com as empresas, existindo

recorrentemente a possibilidade de surgir novos projetos após esta cooperação. É necessária uma atuação próxima do cliente e esta relação de proximidade é muito importante. A acreditação do Portugal 2020 é um fator importante para a LUMO, que defende a acreditação não só para quem presta os serviços, mas também para quem elabora e acompanha as candidaturas, pois só beneficiaria a qualidade do serviço prestado, constituindo assim uma garantia para as empresas que contratam o serviço de elaboração e acompanhamento das candidaturas. Tem de haver rigor e profissionalismo nesta questão. É importante dar respostas adequadas às necessidades que vão surgindo. A importância da experiência e a capacidade de resposta às empresas é o que define a LUMO pela sua especialização e experiência no mercado. Queremos ser uma mais-valia e criar valor acrescentado nas empresas com as quais trabalhamos.

A LUMO apoia, igualmente, o desenvolvimento de projetos de investimento das empresas, desde a ideia original até à sua conclusão física e financeira. De forma a LUMO ajuda as empresas a contornar os obstáculos durante o acompanhamento? O sucesso de uma candidatura a um sistema de incentivos, não se resume à sua aprovação, esse é apenas o ponto de partida para o desenvolvimento do projeto de investimento na empresa. Ao longo desse processo a LUMO identifica cinco fases, acompanhando cada uma delas de modo a assegurar a eficácia da prestação do serviço. Numa primeira fase fazemos o diagnóstico e o enquadramento daquilo que o cliente pretende. Saber como podemos ajudar e quais são as soluções disponíveis. É uma fase importante de relacionamento com o cliente. A segunda e terceira fase, correspondem à elaboração e gestão da candidatura, respetivamente, onde prestamos um trabalho técnico para ajustar o processo às regras exigidas. A quarta fase é a fase de acompanhamento num contacto permanente junto das entidades financiadoras, propondo alterações e soluções com vista a maximização do incentivo recebido. É a fase mais importante e onde fazemos a diferença, pela experiência que acumulamos em diversos processos. Por fim, a fase do encerramento, que corresponde ao fim da execução física do investimento e análise do cumprimento das metas do projeto, o grande objetivo de cada projeto. ▪

47 FEVEREIRO 2017

A

LUMO Consultoria de Gestão é uma empresa de consultoria empresarial que desenvolve a sua atividade focalizada na gestão dos projetos dos seus clientes. Aquando a criação da LUMO que principais lacunas no mercado visavam colmatar? A LUMO surgiu em torno de uma ideia: gerir os projetos das empresas do início até ao encerramento físico e financeiro do investimento. Criada por cinco profissionais com cerca de 20 anos de experiência no mercado, apercebemo-nos que, durante o nosso percurso profissional, as pequenas e médias empresas não têm a lógica de funcionamento da criação de uma equipa permanente para a execução e acompanhamento de um projeto. E é aqui que a LUMO entra, quando nos apercebemos das falhas existentes neste nicho do mercado, como especialistas de gestão e projetos e com cinco áreas de atuação: Incentivos, Sistemas de Gestão, Capital Humano, Marketing e Internacionalização e Corporate Finance.


PORTUGAL 2020

Opinião DE João Medeiros, Secretário Geral da ABIMOTA

ABIMOTA – QI PME 2020 A ABIMOTA – Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas, Ferragens, Mobiliário e Afins vai promover o projeto conjunto de formação-ação QIPME 2020, gerido pelo Organismo Intermédio CEC/CCIC, o Programa de Formação-Ação QI PME 2020 é co financiado pelo FSE e enquadra-se na Prioridade de Investimento (PI) 8.5 do Eixo III do domínio da Competitividade e Internacionalização do Portugal 2020.

M

pontos de vista

48

ais especificamente, é desenvolvido na modalidade Projetos Conjuntos do Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização das PME, do COMPETE 2020, para Micro e PME`s da Região Centro. A formação-ação é uma intervenção com aprendizagem em contexto organizacional e que mobiliza e internaliza competências com vista à persecução de resultados suportados por uma determinada estratégia de mudança empresarial. Os tempos de formação e de ação surgem sobrepostos e a aprendizagem vai sendo construída através do desenvolvimento das interações orientadas para os saberes-fazer técnicos e relacionais. Trata-se assim de uma metodologia que implica a mobilização, em alternância, das vertentes de formação (em sala) e de consultoria (on the job). Os objetivos do projeto, de intensificar a formação dos empresários e gestores para a reorganização e melhoria das capacidades de gestão, assim como dos trabalhadores das empresas, apoiada em temáticas associadas à inovação e mudança, têm tradução prática através de: ∙aumento da qualificação específica dos trabalhadores em domínios relevantes para a estratégia de inovação, internacionalização e modernização das empresas; ∙aumento das capacidades de gestão das empresas para encetar processos de mudança e inovação;

∙promoção de ações de dinamização e sensibilização para a mudança e intercâmbio de boas práticas. O público-alvo serão as micro, pequenas e médias empresas produtoras de bens e serviços transacionáveis e/ou internacionalizáveis ou que contribuam para a cadeia de valor dos mesmos. Os projetos serão desenvolvidos entre 2017 e 2018, com a duração máxima de 24 meses, nas áreas da “Organização e Gestão” e “Economia Digital”, com os objetivos e as linhas orientadores descritos para cada uma delas:

Organização e Gestão

Objetivos gerais: Reforçar a competitividade e a capacidade de resposta das PME no mercado global, através da sua qualificação. Linhas orientadoras: Introdução de novos métodos ou novas filosofias de organização do trabalho, reforço das capacidades de gestão, estudos e projetos,

redesenho e melhoria de layout, ações de benchmarking, diagnóstico e planeamento, melhoria das capacidades de desenvolvimento e distribuição de produtos, processos e serviços.

Economia Digital

Objetivos gerais: Inovação na área do marketing para reforço do posicionamento e notoriedade à escala global. Linhas orientadoras: Desenvolvimento de redes modernas de distribuição e colocação de bens e serviços no mercado; criação e/ ou adequação dos modelos de negócios com vista à inserção da PME na economia digital; presença na web; introdução de sistemas de informação aplicados a novos métodos de distribuição e logística. O apoio a conceder tem a contribuição do FSE limitada a 90% das despesas elegíveis excluindo as remunerações dos ativos empregados em formação durante o período normal de trabalho, con-

forme previsto na alínea f ) do n.º 1 do art.º 50.º do RECI.

O projeto da ABIMOTA

A ABIMOTA selecionou 35 Empresas, de vários setores de atividade para adesão ao QI PME 2020, da região Centro. O custo total elegível de 412 635,92 €, comparticipação FSE 213 148,80 €, vai permitir no final do projeto vencer as resistências à mudança e criar uma dinâmica de inovação permanente. Trata-se de um processo que apenas funciona se for estruturado para ser percecionado por todos dentro da organização, mas sobretudo se tiver o envolvimento direto da gestão de topo. A ABIMOTA, como entidade certificada pela DGERT, com 20 anos de experiência na formação, na implementação de sistemas de gestão, inicialmente na área da qualidade e mais recentemente na área da gestão da inovação, possui larga experiência na dinamização de processos de mudança. ▪


REABILITAÇÃO URBANA

» PONTO 85, EM DESTAQUE

“É URGENTE UMA REABILITAÇÃO ESTRUTURAL” A Ponto 85 – Estudos, Projetos e Obras de Engenharia, fundada em 2004, apresenta-se no mercado com soluções para a reabilitação estrutural de edifícios, racionalizando recursos e evitando intervenções dispersas que possam revelar-se inviáveis. Hugo Leão, Diretor Técnico da Ponto 85, explica-nos mais.

HUGO LEÃO

50

anos

período de vida útil dos edifícios “O período de vida útil dos edifícios em projeto é de 50 anos, a partir daí é preciso manutenção e obras de intervenção mais profundas, e a verdade é que o parque edificado de Lisboa já tem mais de duzentos anos."

mente vocacionado para a reabilitação da habitação na Cidade de Lisboa, com três prioridades que têm estado sempre presentes em todas as decisões da Câmara Municipal: Reutilizar, Reabilitar e Regenerar. Para a sua concretização, a Câmara Municipal estabeleceu um conjunto de parcerias envolvendo as várias entidades que

atuam no setor da reabilitação urbana, assumindo-se a Câmara Municipal como um facilitador, um dinamizador e um regulador. Trata-se de um programa de apoio à reabilitação urbana que oferece nove vantagens para a reabilitação dos imóveis localizados na Área de Reabilitação Urbana de Lisboa – cerca de 92% dos imóveis da Cidade de Lisboa. A par destes programas de incentivos com os quais a Ponto 85 trabalha, a empresa desenvolve projetos de reabilitação para situações em que a capacidade de investimento é precária. “Os condomínios não têm capacidade de investimento para estas intervenções estruturais. Nestes casos desenvolvemos uma intervenção menos intrusiva possível e de custos mais baixos. A preocupação constante da Ponto 85 na reabilitação estrutural é a intervenção que permita o reforço das estruturas para situações em que se verifique atividade sísmica. “Existem vários fatores que agravaram o problema da antiguidade dos edifícios, como as obras que se foram concretizando, muitas delas precárias em planeamento e sem sensibilidade para a resistência das suas estruturas em caso de uma atividade sísmica”, avança Hugo Leão. A Ponto 85 procura, por isso mesmo, promover a sensibilização para este aspeto de obras que modificam a estrutura de um edifício tornando-o mais frágil. “Sensibilizamos o nosso cliente para evitar intervenções desse tipo, arranjando soluções que não inviabilizam a resistência mecânica do edifício. Fazemos obras de conceção-construção e sugerimos uma proposta de solução estrutural que mantenha o comportamento do edifício ou que o melhore”, refere o nosso interlocutor, para quem o trabalho de um engenheiro não pode ser visto a curto prazo. Com o foco na inspeção, reabilitação de estruturas e execução de estruturas novas, a aposta da Ponto 85 será desenvolver técnicas económicas e potentes no ponto de vista da reabilitação, tendo sempre em atenção a eventual atividade sísmica na cidade de Lisboa. ▪

49 FEVEREIRO 2017

N

uma altura em que as cidades vão assistindo à degradação progressiva das suas estruturas urbanas e dos seus edifícios, decorrente do envelhecimento próprio, da sobrecarga de usos, ou ainda do desajustamento dos desenhos da sua organização a novos modos de vida, torna-se imprescindível o desenvolvimento de processos de intervenção de reabilitação. A aposta na reabilitação estrutural, tanto ao nível do projeto como da obra é, portanto, o foco da Ponto 85. Constituída por técnicos com avançados conhecimentos técnicos e experiência no ramo de consultoria e projeto para construção e reabilitação de edifícios e pontes, a Ponto 85 procura sempre a otimização de projetos com o objetivo de obter redução de custos em obra. “Lisboa tem uma construção muito antiga e bastante frágil para atividades sísmicas, pelo que é necessário apostar fortemente na reabilitação. Mas não se trata de reabilitação apenas superficial e de estética. É urgente uma reabilitação estrutural”, começa por nos explicar Hugo Leão. A Ponto 85 começou os seus trabalhos de projetos e obra de edifícios com estruturas metálicas, no entanto, com a promoção da necessidade de se reabilitar a cidade de Lisboa, a empresa acabou por se direcionar naturalmente para a reabilitação urbana. “O período de vida útil dos edifícios em projeto é de 50 anos, a partir daí é preciso manutenção e obras de intervenção mais profundas, e a verdade é que o parque edificado de Lisboa já tem mais de duzentos anos. Mas o que verificamos é que os senhorios ou os condomínios não têm, muitas vezes, capacidade financeira para essas obras de reabilitação”, avança o nosso entrevistado. Assim, os programas de apoio e de incentivo à reabilitação promovidos pela Câmara Municipal de Lisboa têm-se revelado uma ferramenta importante, como é o caso do programa RE9. A Câmara Municipal decidiu criar um programa de reabilitação mais abrangente, especifica-


2017 - Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento

» CÂMARA MUNICIPAL DE TORRES VEDRAS

TORRES VEDRAS,

UM CONCELHO GREEN DESTINATION

S

A propósito de 2017 ter sido decretado pela ONU como o ano do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento, a Revista Pontos de Vista, conversou com Carlos Bernardes, Presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, um concelho que há anos direciona especial atenção a temas como ambiente e turismo. GREENFEST

e cada um localmente contribuir, julgo que garantimos um contributo a nível mundial. Em Torres Vedras temos feito esse trabalho”, começa por explicar o presidente. Com um plano estratégico de turismo sustentável para o concelho aprovado no final de 2016, o nosso entrevistado garante que “esta era uma das áreas que nos faltava integrar. De acordo com o território, Torres Vedras, planeia sob dois eixos de referência, a “Cultura” e a vertente “Sol e Mar”.

CULTURA, SOL E MAR, QUE PROJETOS?

pontos de vista

50

“É para nós uma prioridade apostar no património, nomeadamente, nas Linhas de Torres Vedras e no Castro do Zambujal. Do ponto de vista da inovação, há uma forte aposta na valorização e na sua requalificação e, por outro lado, é nosso objetivo torna-los produtos turísticos. Desta forma, foi recentemente criada na organização a Área da Marca “Torres Vedras”. “Nesta área, pretendemos apostar por via da diferenciação e na valorização do Castro do Zambujal, que é único do ponto de vista patrimonial a nível da Península Ibérica e mundial. Iremos dar início à sua reabilitação no primeiro semestre de 2017 e potenciá-lo posteriormente para a componente de visitação. As Linhas de Torres Vedras estão inseridas num contexto com mais cinco municípios. Estas estendem-se do Atlântico até ao Tejo. O contributo de Torres Vedras tem sido importante na sua divulgação e promoção. Desejamos fazer este trabalho de forma persistente, por isso

CARLOS BERNARDES

mesmo, aliámo-nos a dois operadores turísticos para apostar no mercado interno e inglês. A par disto, iremos abrir também no primeiro semestre de 2017, o Centro Interpretativo das Linhas de Torres Vedras, no Forte de São Vicente, sendo que este é um ponto essencial no que toca ao acolhimento de turistas”, revela o presidente. Sobre “Sol e Mar”, “todo o trabalho que temos vindo a desenvolver e que se verifica no QualityCoast, visa justamente a promoção do turismo sustentável em áreas costeiras. Temos 20 quilómetros de costa, praias bandeira-azul. É neste modelo que surge a criação do Green Destinations para o território de Torres Vedras.

EMBAIXADOR GREEN DESTINATIONS

“As responsabilidades são acrescidas e estão ao nível da honra que foi aceitar o compromisso”, garante Carlos Bernardes. O que exige o cargo? “Poder estar disponível em função da experiên-

cia que Torres Vedras tem tido ao longo deste processo da promoção do turismo sustentável e assim dar o meu contributo para que mais territórios se tornem, também, Green Destinations”. “12 Municípios da Comunidade Intermunicipal Oeste são QualityCoast e Green Destinations”, este foi um trabalho desenvolvido em função daquilo que se pretende enquanto embaixador desta causa. Alguns dos critérios estabelecidos para a obtenção da classificação são a promoção de emprego - ligado à economia verde, o uso dos recursos locais, bem como a promoção e utilização de produtos locais. Note-se que Torres Vedras passou de certificação básica, em 2009 para, em apenas sete anos, conquistar a platina (2016). Factos? “Há mais dormidas nos nossos hotéis, há mais diversidade por quem nos procura, essencialmente no mercado externo. Os principais eram espanhóis, mas os franceses foram quem mais nos procurou ano passado”.

É o maior evento de sustentabilidade realizado em Portugal. Onde é apresentado o que de melhor se faz no âmbito da sustentabilidade, nas vertentes social, económica e ambiental. Um evento dirigido a toda a população, que conta com a presença de empresas, autarquias e escolas. O objetivo? Sensibilizar os visitantes para as questões intrínsecas à sustentabilidade e à partilha de melhores práticas. Carlos Bernardes mostra-se empreendedor e defende que há um acrescento que pensa fazer todo o sentido: “a sustentabilidade é ditada muitas vezes como tendo três pilares, eu gosto de lhe acrescentar um quarto para que ela não balance. Além dos elementos economia, social e ambiental, acrescento o modelo de governança”, que o autarca define como essencial, através da participação dos cidadãos.

O TURISMO NO PAÍS

“Portugal tem feito um percurso brilhante no que concerne ao turismo. Porto e Lisboa são dois pólos exemplares daquilo que é o crescimento do turismo, exemplos que podem estender-se ao restante território português. O turismo é experienciação e, por isso, estou convicto que o turista que venha visitar Torres Vedras viverá ótimas experiências. O turismo é sem dúvida uma área em pleno crescimento, onde o Governo tem tido um cunho muito importante naquilo que tem sido feito a este nível nas várias dimensões da promoção de Portugal”, conclui o nosso entrevistado. Não se esqueça, Torres Vedras o lugar… “à beira-mar plantado, a 30 minutos da nossa capital”. ▪


ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS - DESCARBONIZAÇÃO

» INERCO PORTUGAL EM DESTAQUE

“É essencial o empenho de todos os setores-chave em Portugal” A propósito do Acordo de Paris, de 4 de novembro de 2016, a Revista Pontos de Vista conversou com Artur Landeiro, Diretor Executivo em Portugal da INERCO, que revelou os desafios existentes no âmbito do aumento da temperatura média global.

Portugal representa apenas 0,18% das emissões globais. Que mudanças podem surgir no universo empresarial português? A União Europeia tem sido um líder mundial nos esforços para “descarbonizar” a economia, com a meta de que até 2030 as suas emissões de CO2 sejam 40% menores do que em 1990. Portugal está na mesma posição que o resto dos países europeus que têm de se adaptar ao novo contexto. E qual é o caminho? De fornecimento exclusivo com - renovável de baixas emissões - deve resolver os seus problemas antes do armazenamento. Assim, a transição é marcada pela otimização progressiva dos combustíveis fósseis-que hoje respondem a 80% do total e por ferramentas que reduzam as suas emissões: captura e tecnologias de armazenamento de CO2 ou eficiência energética. Neste último caso, a indústria tem uma clara necessidade destas ações com tecnologia já comprovada e eficaz, porque assumem um custo fixo mais baixo e com mais elevados resultados de produtividade. No passado dia 19 de janeiro, António Guterres disse no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que “os melhores aliados daqueles que querem garantir que o Acordo de Paris seja implementado… são provavelmente as

empresas e é muito importante mobilizá-las plenamente”. Na sua opinião, que papel podem assumir as empresas para que as premissas do Acordo estejam ressalvadas? O papel das empresas é crucial para a transição para uma economia de baixo carbono. O seu compromisso e alinhamento será fundamental para que haja uma eficaz diminuição das emissões. Para fazer isto, dispõem dos conselhos e da experiência de empresas de tecnologia, e das quais devem aproveitar o know-how e o investimento em Investigação e Desenvolvimento para a criação de ferramentas e técnicas que permitam tornar realidade a eficiência e a redução de emissões. Que medidas podem ser implementadas e em que campos de ação? As emissões de GEE associadas à produção e utilização de energia pressupõem 75% do antropogénico global, dividido em três blocos: geração de energia, indústria e transportes. As principais medidas - em que INERCO tem experiência comprovada na Europa, América Latina, EUA e Canadá seriam uma melhor descarbonização da produção e uma maior eficiência energética com tecnologia de otimização de processos. Além disso, esses avanços serão complementados por melhorias na captura e armazenamento de CO2. O setor elétrico já tem uma crescente contribuição das energias renováveis, mas ainda não há realmente soluções eficazes de armazenamento em massa. Assim, a produção de energias renováveis deverá ​​ ser complementada com tecnologias convencionais e outras energias renováveis, como a biomassa ou energia geotérmica. No setor industrial, é difícil concluir a substituição de combustíveis fósseis com a tecnologia e os custos associados com soluções emergentes. E no transporte, os regulamentos implementados levam à redução progressiva das emissões, fruto de um menor consumo de automóveis e da substituição parcial de combustíveis fósseis por biocombustíveis. Que análise é possível fazer sobre os desafios que o Acordo significará para Portugal? O principal desafio para Portugal é

ARTUR LANDEIRO

antecipar as mudanças que irão ocorrer, especialmente nas formas de produção e nos consumos de energia, identificando oportunidades e ameaças que se abrem. Uma vez que já estamos envolvidos

um processo de transição, é essencial o empenho de todos os setores-chave em Portugal para alcançar esses objetivos, bem como ter o conselho de um especialista quando tiver de planear a sua estratégia. ▪

51 FEVEREIRO 2017

C

om a entrada em vigor do Acordo de Paris a 4 de novembro de 2016, há já uma agitação natural de acordo com a necessidade urgente de travar o aumento da temperatura média global. Enquanto entidade consultora, qual é a opinião da INERCO Portugal? O Acordo de Paris é um novo passo no sentido de um crescimento económico mais eficiente e emissões decrescentes de gases de efeito estufa (GEE). Essa é a chave: reduzir o aumento dessas emissões para a atmosfera sem deixar de lado a necessidade crescente de energia. Para este fim, medidas como a otimização do consumo de combustíveis fósseis e de eficiência energética ou a evolução tecnológica para reduzir as emissões são os eixos sobre as quais temos de trabalhar.


SUSTENTABILIDADE

OPINIÃO DE ELSA NASCIMENTO, DIRETORA DA RENASCIMENTO

O papel dos vários atores

no Desenvolvimento Sustentável no contexto da Economia Circular A preocupação ambiental tem assumido um papel cada vez mais relevante para os cidadãos, para o estado e para as empresas, não só pela crescente exigência dos governos através de legislação e normas específicas, mas também por pressões de mercado, provenientes sobretudo da consciência ecológica que se tem verificado nos consumidores, estando estes cada vez mais informados e exigentes, procurando uma melhor qualidade de vida.

pontos de vista

52

P

ara as empresas, torna-se indispensável descobrir o equilíbrio mais rentável entre três variáveis à partida pouco compatíveis: lucros, satisfação das necessidades dos clientes e interesse ambiental. O equilíbrio destas três variáveis irá representar uma vantagem competitiva face às empresas concorrentes, promovendo um impacto positivo na sua imagem. Na empresa onde trabalho (Renascimento, Lda.), os benefícios que fomos acumulando ao longo dos anos, provenientes das boas práticas de sustentabilidade, foram imensos, destacando: a inegável melhoria da reputação da nossa marca, uma maior vantagem competitiva dada à possibilidade de um maior acesso a novos mercados

e consequente aumento da nossa quota nos mesmos. Devo sublinhar que a integração da legislação ambiental e legal, assim como todos os requisitos associados ao desenvolvimento sustentável, nos obrigam a uma inovação permanente nos nossos modelos de negócio, obtendo uma eficiência crescente, através da redução de custos, nomeadamente energéticos e de desperdícios.” A sustentabilidade não pode ser encarada como uma moda. Todos os atores devem encarar a sustentabilidade como uma oportunidade estratégica de reduzir custos e de se adaptarem a um mercado com mais partes interessadas. Os gestores de topo devem estar cientes que o desenvolvimento sus-

tentável deve ser uma responsabilidade que transcende os restantes objetivos empresariais. Em termos abrangentes, os princípios da economia circular e do desenvolvimento sustentável deveriam ser algo que está claramente interiorizado por todos os seres humanos, “algo que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer as necessidades das futuras gerações”. Nós trabalhamos para que os conhecimentos da nossa empresa e dos nossos parceiros sirvam como um espaço de partilha de ideias e experiências, abordando as principais tendências do momento presente e antecipando sempre que possível o futuro. Na Renascimento desde sempre assumimos que todos os temas relacionados com a Sustentabilidade e a Economia Circular são desafios de curto, médio e longo prazo e é importante estarmos permanentemente de mente aberta para novos desafios e oportunidades, quer em termos ambientais, económicos ou sociais. De uma forma regular também nos empenhamos em eventos socias, feiras, conferências, ações de formação, seminários, etc., com o objetivo de transmitir ao cidadão comum a ideia de que ele também é um agente de mudança e que também ele tem a capacidade e o poder de transformar o “nosso” mundo. A mudança acontece nas pequenas coisas, tais como

estimular a reutilização de materiais, fomentar a utilização de materiais mais ecológicos, a maximização da reciclagem, etc. É urgente poupar o nosso planeta e os recursos naturais com padrões sustentáveis de produção e consumo, tendo ainda em conta que uma economia circular exige o envolvimento e o empenho de todos, de decisores políticos, das empresas e dos próprios consumidores. Na minha opinião e em termos estruturais, ainda existe muito espaço para evoluir em Portugal na área dos resíduos, quer melhorando a triagem dos resíduos urbanos e industriais, quer através da evolução da qualidade e na quantidade processada de combustível derivado de resíduos (CDR). Daqui resultaria uma maior quantidade de resíduos reciclados, maior quantidade de CDR e menores quantidades de resíduos enviados para aterro. É fundamental acreditar que somos nós (todos os seres humanos), que possuímos a capacidade de inovação e que é através da educação e da investigação que conseguimos transitar para uma sociedade de Desperdício Zero. ▪



ELCOS-Sociedade Portuguesa de Feridas

» 8º FÓRUM IBÉRICO DE ÚLCERAS E FERIDAS

Nos dias 3 e 4 de março, no Pavilhão Multiusos de Guimarães, vai realizar-se o 8º Fórum de discussão sobre feridas, organizado pela ELCOS-Sociedade Portuguesa de Feridas. Conversámos com Kátia Furtado, Enfermeira no Hospital de Portalegre e Presidente desta sociedade científica, no sentido de perceber que impacto tem o tema “feridas” em Portugal.

O pontos de vista

54

impacto das feridas na qualidade de vida das pessoas, e a dimensão dos reflexos económicos e sociais associados, constituem hoje, pela sua grandeza, um grave problema de saúde pública. A sua prevenção e tratamento estabelecem uma área de elevada complexidade, que requer não só uma abordagem holística dos seus portadores, como também uma intervenção clínica interdisciplinar, em tempo útil, baseada nas melhores práticas, apoiadas pela ciência, única forma de obter ganhos em saúde. Face a esta exigência, a prevenção e o tratamento das feridas é, indubitavelmente, uma área negligenciada, em Portugal. De elevado interesse clínico, por ser condicionadora da qualidade de vida das pessoas, uma ferida pode acompanhar um cidadão ao longo de 30 ou 40 anos ou, se bem avaliada e tratada, cicatrizar em menos de seis meses”, começa por explicar a nossa entrevistada. A ELCOS é uma sociedade científica nacional, fundada em 2009, constituída por profissionais ligados às áreas da saúde, ensino e investigação, que têm como foco a promoção do debate, a formação e a investigação no âmbito da prevenção e tratamento de feridas. Trata-se de uma Comunidade de Prática que se projeta no espaço nacional através dos seus Conselhos Regionais distritais (CR).

“Cada profissional tratava o seu utente de forma isolada, sem haver um olhar e um diálogo interdisciplinar. Por isso, tornou-se óbvia a criação de uma sociedade científica nacional que se ocupasse desta problemática, promovendo o diálogo, a reflexão, a continuidade médica, as consultas da especialidade e uma resposta em tempo útil às pessoas com feridas. Só assim se reduzirão os elevadíssimos custos, financeiros e humanos, com as feridas”, afirma Kátia Furtado. Esclarece ainda que “a ELCOS tem desenvolvido o Diagnóstico Organizacional nas instituições parceiras e introduzido documentos, metodologias, materiais e formação/ação, de forma a implementar processos e práticas científicas na prevenção e tratamento de feridas”.

Kátia Furtado, Presidente da ELCOS-Sociedade Portuguesa de Feridas

“Todos os cidadãos”, refere, “devem ter garantidos cuidados de qualidade, todavia, estes revelam-se bastante desiguais na geografia do país.” De modo a padronizar conhecimentos, metodologias, processos, a ELCOS tem, em parceria com instituições de ensino, pós-graduações a decorrer em todo o país, tendo já formado centenas de profissionais (médicos e enfermeiros) que garantem uma resposta de elevada qualificação nos seus contextos clínicos”, explica Kátia Furtado.

Hugo Partsch e membros dos Corpos Sociais da ELCOS: Kátia Furtado, Pereira Albino, José Daniel Menezes


Conferência inaugural do VII Fórum Ibérico proferida pelo Profº Doutor Pedro Gaspar: “O Diálogo das Instituições na Prevenção e Tratamento de Feridas”

A criação de uma Rede de Referenciação Nacional para feridas complexas: a articulação geográfica dos serviços, consultas da especialidade, profissionais e demais recursos; a pronta referenciação, constituem um desiderato a prosseguir na prevenção e tratamento de feridas, afigurando-se o único modo de obter, de forma sustentada, ganhos em saúde e qualidade de vida para a população. De acordo com a nossa interlocutora, neste momento a DGS já reconhece esta realidade e “estamos, em conjunto, a trabalhar duas novas normas, exatamente para que as diretivas, superiormente desenvolvidas, tutelem as práticas dos profissionais, em cada instituição. Estas diretivas permitirão, também, que as instituições de saúde adquiram materiais essenciais à prevenção e tratamento das feridas. Há hospitais com elevada carência de materiais, porém, a carência na área da formação é a mais gritante. Quando os profissionais têm formação na área, consomem menos e obtém melhores resultados. É esta a nossa experiência e os estudos que temos promovido revelam isso mesmo”. Financeiramente, a maior despesa resulta de não se cicatrizar. A presidente da ELCOS afirma que “há doentes portadores de feridas há 40 anos e isto é que é um enorme gasto. Não só

não cicatrizamos o doente e, por conseguinte, não melhoramos a sua qualidade de vida, como continuamos com custos diários elevadíssimos, uma vez que permanecem doentes internados só para tratarem feridas”.

8º FÓRUM IBÉRICO DE ÚLCERAS E FERIDAS

O 8º Fórum convoca a reunião do pensamento científico interdisciplinar que se produz em torno da prevenção e tratamento de feridas: a prática clínica, o ensino e a investigação, para um diálogo de elevada riqueza, devido à diversidade das disciplinas em presença, tutelado pelo olhar analítico, escrutinador e distanciado da sociologia da saúde. Acessibilidade e Equidade na Prevenção e Tratamento de Feridas é o tema que norteará, este ano o Fórum. Observamos uma desigualdade notável na resposta às feridas complexas. Esta desigualdade condiciona a índices de qualidade de vida diferentes em cada região de saúde, a uma incidência de amputações em diabéticos, vergonhosamente desigual; a uma

esperança de vida distinta, por região geográfica, parecendo, neste contexto, que o norte e o sul do país são tutelados por ministérios diferentes. O desenvolvimento do Fórum em regiões diferentes do país, prende-se com o facto de sermos uma sociedade científica nacional que tem CR nos diversos distritos e que pretende chamar a atenção das instituições responsáveis para as necessidades na área das feridas, em cada região. Resulta ainda da necessidade de apoiar os CR e desenvolver formação nas instituições com as quais temos parceria (no caso, a Universidade do Minho, onde desenvolvemos uma Pós-graduação há vários anos). Resulta, por fim da necessidade de produzir investigação, apoiar e cimentar boas práticas, nas instituições que estamos a assessorar. Face à complexidade que envolve esta área, particularmente menosprezada, em termos clínicos, a ELCOS, em parceria com a Universidade do Minho, a Universidade de Évora, o Hospital da Senhora da Oliveira, Hospital da Luz-Guimarães e Hospital Narciso Ferreira, propõe dois dias de debate sobre o tema, na procura de respostas para as diversas realidades e desigualdades observadas em Portugal. Na procura de condições para uma mais qualificada resposta nacional às feridas complexas, aumentando o conhecimento, reduzindo custos, promovendo ganhos em saúde e qualidade de vida para a população. ▪

55 FEVEREIRO 2017

Face à complexidade do tema, a ELCOS tenta um envolvimento a todos os níveis: “temos tido a preocupação de sensibilizar não só os profissionais de saúde, mas também gestores e políticos, ao nível da DGS e Ministério da Saúde.


CONTRATO-EMPREGO

» MEDIDA IEFP

IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P.

Contrato-Emprego:

uma nova medida de apoio à contratação Condições de acesso

As condições e requisitos de acesso estão detalhadamente referidas nos pontos 5 e 6 do regulamento (cuja leitura é indispensável), destacando-se: A publicitação e registo de oferta de emprego, no portal do IEFP www.netemprego.gov.pt. com sinalização da intenção de candidatura à medida; A celebração de contrato de trabalho a tempo completo ou a tempo parcial, sem termo, ou a termo certo por prazo igual ou superior a 12 meses;

D

esde 25 de janeiro e até às 18h do próximo dia 25 de fevereiro está a decorrer o primeiro período para apresentação de candidaturas no âmbito da medida Contrato-Emprego, que foi recentemente criada (Portaria n.º 34/2017, de 18 de janeiro) e através da qual a entidade empregadora pode beneficiar de um apoio financeiro para a celebração de contrato de trabalho com desempregado que se encontre inscrito no Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. (IEFP). Este apoio financeiro é atribuído no caso da celebração de contratos de trabalho sem termo, embora também se admita a celebração de contratos a termo certo, o qual não pode ter prazo inferior a 12 meses e só é admissível para a contratação de certas categorias de públicos, em situação de maior desfavorecimento. O Contrato-Emprego insere-se numa nova geração de medidas ativas de emprego destinadas a aumentar a eficácia e eficiência na concessão e utilização dos apoios públicos, assentando na prevenção e combate ao desemprego, sobretudo de públicos em situação de maior vulnerabilidade, no fomento e apoio à criação líquida de postos de trabalho, incentivando vínculos laborais mais estáveis, privilegiando ainda a criação de emprego em territórios mais desfavorecidos.

Quem pode candidatar-se?

pontos de vista

56

As entidades privadas, sendo elegíveis o empresário em nome individual e a pessoa coletiva de natureza jurídica privada, com ou sem fins lucrativos, incluindo as que iniciaram processos de revitalização ou de recuperação no âmbito do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas e do Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial.

A criação líquida de emprego, demonstrando atingir por via do apoio um número total de trabalhadores superior à media observada nos 12 meses anteriores ao mês de apresentação da oferta de emprego; A manutenção do nível de emprego atingido por via do apoio, desde o início da vigência do contrato de trabalho apoiado e pelo período de 24 meses, no caso de contrato sem termo, ou pela duração inicial do contrato, no caso de contrato a termo certo; Obrigatoriedade de proporcionar formação profissional ajustada às competências do posto de trabalho, que pode ser no próprio posto de trabalho (durante os primeiros 12 meses) ou e em entidade formadora certificada, com uma carga horária mínima de 50 horas. O contrato de trabalho deve ter uma duração igual ou superior a 12 meses e só pode ser celebrado com beneficiário do rendimento social de inserção, pessoa com deficiência e incapacidade, Refugiado, ex-recluso e aquele que cumpra ou tenha cumprido penas ou medidas judiciais não privativas de liberdade em condições de se inserir na vida ativa, toxicodependente em processo de recuperação, com idade igual ou superior a 45 anos ou que esteja inscrito há 25 ou mais meses.

Apoios

A entidade empregadora que celebre contrato de trabalho que venha a ser aprovado nos termos previstos na medida Contrato-Emprego, tem direito a um apoio financeiro correspondente à tipologia de contrato celebrado:

Destinatários

Para as candidaturas no âmbito dos novos Contrato-Emprego são elegíveis os desempregados inscritos nos serviços de emprego do IEFP, numa das seguintes condições:

APOIOS Apoio Simples

A. Inscrito há seis meses consecutivos; B. Independentemente do tempo de inscrição, como beneficiário de prestação de desemprego, beneficiário do rendimento social de inserção, pessoa com deficiência e incapacidade, pessoa que integre família monoparental, entre outros; C. Inscrito há pelo menos dois meses consecutivos, se com idade igual ou inferior a 29 anos, ou com idade igual ou superior a 45 anos ou que não tenha registos na Segurança Social como trabalhador por conta de outrem, nem como trabalhador independente nos últimos 12 meses consecutivos que precedem a data do registo da oferta de emprego. D. Independentemente do tempo de inscrição, se concluiu há menos de 12 meses, estágio financiado pelo IEFP, no âmbito de projetos reconhecidos como de interesse estratégico.

majorado em 10%

majorado em 20%

Contratos Sem Termo

9 x IAS = € 3.791,88

€3.791,88 x 1,1 = € 4.171,07 €3.791,88 x 1,2 = € 4.550,26

Contratos a Termo Certo

3 x IAS = € 1.263,96

€1.263,96 x 1,1 = € 1. 390,36

€1.263,96 x 1,2 = € 1.516,75

O apoio financeiro à celebração do contrato pode ser majorado, nomeadamente pela contratação de desempregados em situação de maior desfavorecimento (ver grupos abrangidos no regulamento da medida) e pela criação de postos de trabalho localizados em território economicamente desfavorecido. Estas duas majorações são cumuláveis entre si. Adicionalmente, o apoio financeiro pode beneficiar ainda de uma majoração por Promoção de Igualdade de Género no Mercado de Trabalho, caso a contratação em profissão onde se verifica uma representatividade inferior a 33,3% por parte de um dos sexos (20% para contratos de trabalho a termo; 30% para contratos de trabalho sem termo).


Prémio de conversão

A conversão de contrato de trabalho a termo certo em contrato de trabalho sem termo, dá direito ao valor equivalente a duas vezes a retribuição base mensal nele prevista, até ao limite de 5 vezes o valor do IAS, ou seja, de € 2.106,60, pago de uma só vez, no 13.º mês após a conversão do contrato. O pedido do Prémio de Conversão é efetuado no portal www.netemprego.gov.pt. nos períodos de abertura de candidatura adiante indicados.

Processo de análise

As candidaturas são analisadas com base nos critérios que constam do regulamento, sendo hierarquizadas e aprovadas até ao limite da dotação orçamental disponível (ver aviso de abertura), desde que obtenham a classificação mínima de 50 pontos. ▪

Períodos de candidatura

Para além do período de candidatura em curso, estão já aprovados pelo conselho diretivo do para o ano de 2017 mais dois períodos, divulgados no sítio eletrónico, www.iefp.pt. 2.º período: de 1 a 31 de maio; 3.º período: de 1 a 31 de outubro. A primeira condição é o registo de oferta de emprego no portal do IEFP www.netemprego.gov.pt. com sinalização da intenção de candidatura à medida. Nesse momento, pode optar por identificar o(s) trabalhador que quer contratar ou deixar que seja o IEFP a apresentar-lhe os candidatos com perfil de competências ajustado à oferta que comunicou. Depois da oferta ter sido validada pelo IEFP, pode de imediato submeter a candidatura no mesmo portal, www.netemprego.gov.pt. Note-se que, antes da decisão de aprovação ou indeferimento da candidatura, pode celebrar o contrato, assumindo o risco do eventual indeferimento.

Informações e esclarecimentos A legislação, regulamento de acesso e aviso de abertura de candidaturas estão publicitados no Portal do IEFP, em www.iefp.pt (apoios). Se tem dúvidas e pretende informações adicionais, contacte-nos. Telefone: 300 010 001, das 8 às 20 horas, dias úteis.

INERCO 57 FEVEREIRO 2017

Como pode candidatar-se


TRANSIÇÃO DAS NORMAS ISO 9001 E ISO 14001

OPINIÃO DE Carolina Nogueira, Gestora de Produto APCER

Novidades das normas ISO 9001:2015 e ISO 14001:2015 É reconhecido pelas Organizações de todo o mundo o valor da utilização de um sistema de gestão para controlar o risco e acrescentar valor ao negócio.

A norma ISO 14001:2015 responde às tendências mais recentes em gestão ambiental, como sejam a análise de risco e oportunidades, um maior compromisso da liderança e envolvimento das partes interessadas. A norma inclui várias alterações, tanto ao nível do sistema de gestão como especificamente ambientais

A pontos de vista

58

s duas normas de sistemas de gestão mais utilizadas a nível global, a ISO 9001 e ISO 14001, foram revistas e publicadas a 15 de setembro de 2015, integrando melhorias significativas para os sistemas de gestão da qualidade e ambiental das Organizações. A ISO 9001:2015 é o culminar de uma adaptação ao mundo atual, tentando ir ao encontro das necessidades e expectativas dos seus utilizadores no contexto dinâmico e complexo em que operam. Sendo mais explícita e compatível com outras normas de sistemas de gestão, facilita a sua implementação e integração com outros sistemas de gestão adotados pelas Organizações. Esta nova versão está focalizada no desempenho organizacional, exigindo às Organizações uma gestão eficiente e eficaz dos seus processos, aplicando uma abordagem de “pensamento baseado em risco” na determinação do grau de planeamento e controlo necessários, gerindo os processos e o sistema como um todo, utilizando o ciclo “Plan-Do-Check- Act”. A norma ISO 14001:2015 responde às tendências mais recentes em gestão ambiental, como sejam a análise de risco e oportunidades, um maior compromisso da liderança e envolvimento das partes interessadas. A norma inclui várias alterações, tanto ao nível do sistema de gestão como especificamente ambientais. As principais alterações nas duas normas centram-se na adoção da estrutura de alto nível (que visa homogeneizar a estrutura das normas ISO), na inclusão do pensamento baseado em risco, na determinação do contexto organizacional, no reforço do papel da gestão de topo como líder na gestão organizacional e, especificamente para a ISO 14001, na perspetiva de ciclo de vida dos produtos/ serviços. Atividades como: - a análise do contexto externo e interno (cada Organização é diferente e única. Por esta razão as normas requerem que as Organizações determinem seu contexto específico no qual operam de forma a garantir que o seu sistema de gestão seja apropriado à realidade); - a determinação de requisitos das partes interessadas relevantes (as Organizações devem pensar para além dos requisitos contratuais dos seus clientes e considerar as necessidades expectáveis relevantes de outras partes interessadas);

- a determinação de riscos e oportunidades (o “pensamento baseado em risco” está integrado nas normas pressionando as Organizações a identificar os riscos (e oportunidades!) associados às suas atividades, e tomar medidas para os reduzir ou controlar); - a gestão do conhecimento organizacional (os conhecimentos e experiências adquiridas ao longo dos anos estão entre os maiores patrimónios de qualquer organização); - a determinação de requisitos de produto que vão ao encontro das necessidades e expectativas do cliente (o foco primordial da gestão da qualidade é a satisfação dos requisitos dos clientes e o esforço em exceder as suas expectativas); - o comprometimento e envolvimento da gestão de topo (qualquer iniciativa organizacional depende da forte liderança vinda do topo); - considerar a perspetiva do ciclo de vida dos produtos e serviços (determinando quais as etapas do ciclo de vida que são controláveis ou influenciáveis pela organização. Questão específica da ISO 14001); têm como principal objetivo o aumento e reforço da confiança nas organizações que consistentemente aplicam estes sistemas de gestão. Acreditamos que os novos referenciais encerram inúmeras oportunidades para as organizações melhorarem os seus processos, produtos e serviços e o seu desempenho ambiental, em sintonia com a sua orientação estratégica, o alcance dos seus objetivos e, sobretudo, as necessidades e expectativas das partes interessadas.

Prazos para a Transição

Durante três anos após a data de publicação, as duas versões estarão em vigor (ISO 9001 de 2008 e 2015 e ISO 14001 de 2004 e 2015), pelo que coexistirão até 15 de setembro de 2018. A partir desta data apenas estarão em vigor as normas ISO 9001:2015 e ISO 14001:2015. Até dia 15 de setembro de 2018 as organizações certificadas devem realizar uma auditoria de transição para manterem os seus certificados válidos. Aconselhamos que a auditoria de transição coincida com uma auditoria do ciclo e certificação e que seja realizada com a maior antecedência possível em relação àquela data. A leitura dos guias APCER ISO 9001 e ISO 14001 (www.apcergroup.com/ Publicações) poderá ser útil para ajudar na interpretação das novas normas. ▪



BIOTECNOLOGIA – DESAFIOS

» CEBAL EM DESTAQUE

CEBAL

e um Alentejo a inovar A Revista Pontos de Vista foi conhecer o CEBAL - Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Alentejo e conversou com Fátima Duarte, Investigadora Responsável pelo Grupo dos Compostos Bioativos do CEBAL, Investigadora Coordenadora do projeto ValBioTecCynara e atualmente Diretora Executiva do CEBAL, que nos deu a conhecer um pouco mais desta instituição e do quotidiano do CEBAL.

N

pontos de vista

60

o sentido de contextualizar junto do nosso leitor, quando foi edificado o CEBAL - Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Alentejo e de que forma tem vindo a desenvolver um percurso que aposte na evolução e na ligação com o tecido económico local? O CEBAL reporta o início da sua atividade cientifica em janeiro de 2008, com a contratação de quatro investigadores doutorados. A prioridade do CEBAL foi criar um laboratório de Biologia Molecular, que desse apoio à região, na área da biotecnologia agrícola. O apoio financeiro dos sócios, bem como do Município de Beja, foi e continua a ser importantíssimo. O CEBAL hoje em dia conta com uma equipa jovem de 32 investigadores, dos quais 11 doutorados, 18 mestres (7 a fazer doutoramento) e 3 alunos de mestrado. Os 5 grupos de investigação orientam as suas linhas de trabalho em resposta às necessidades da região, como opção estratégica fundamental para o estímulo à endogeneização do conhecimento tecnológico, e à sua conversão em realidades mais produtivas, inovadoras e competitivas. Esta estratégia tem permitido ao CEBAL o desenvolvimento de um perfil de especialização diferenciadora, científica e tecnologicamente, que se traduz no progressivo reconhecimento, por parte de outras instituições de I&D, empresas e entidades financiadoras, do potencial instalado. 23 projetos aprovados, quase 4 M€, 8 empresas envolvidas, várias associações de produtores e diversas unidades de I&D nacionais e internacionais. Quais são as principais lacunas e dificuldades que ainda enfrentam atualmente na vossa orgânica quotidiana? Sente que esta vertente da Biotecnologia ainda carece de mais apoios dada a sua relevância? O CEBAL enfrenta obviamente a necessidade de consolidação da sua estrutura técnico-científica, aumento do número de investigadores, ambicio-

nando alcançar uma dimensão média com 70-80 investigadores. As discrepâncias em termos de investimento público em I&D entre as várias regiões do país, e a ausência de medidas de discriminação positiva para as entidades que desenvolvem atividades de I&D em áreas de baixa densidade populacional, é uma realidade à qual o CEBAL não está indiferente, e não-alinhada com a Estratégia Europa 2020, que aponta para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. Ainda assim, o CEBAL numa conjuntura mais regional tem conseguido medidas de apoio à sua atividade, mas que não permitiram ainda o crescimento inicial espectável. Em que ponto está o desenvolvimento do setor da Biotecnologia em Portugal e a té que ponto a Biotecnologia já está presente, nos alimentos e produção agrícola nacionais?

FÁTIMA DUARTE

O setor tem tido um crescimento muito significativo. Nos últimos anos tem-se assistido a uma profunda alteração do setor agroalimentar, denotando-se elevado esforço de modernização, com mais aposta na inovação, na eficiência e sustentabilidade. Estas novas exigências associadas às tendências de consumo criaram uma nova dinâmica entre quem produz, quem transforma e a I&DT. Foi este incrementar de “valor em rede” que despoletou positivamente, a afirmação do setor da biotecnologia em Portugal, com imenso potencial de crescimento e afirmação futura. Um dos pilares em que assenta a Estratégia para a Europa 2020 é o reforço da liderança industrial em inovação, estando previsto, neste quadro, um investimento em tecnologias-chave e um melhor acesso ao capital como forma de apoiar as PME. Nesta direção, a Biotecnologia assume-se como uma tecnologia facilitadora essencial, promotora de processos e materiais inovadores e sustentáveis? No seguimento da questão anterior, a pressão exercida, sob a indústria, a diferentes níveis, potencia, e potenciará ainda mais a necessidade de aliança entre I&I, alicerçada na transferência do conhecimento e tecnologia. O setor da Biotecnologia terá também uma grande responsabilidade, como alias tem tido, na capacidade de potenciar o acesso a novos produtos, a tecnologias diferenciadoras e mais sustentáveis. Quais os projetos de maior referência que o CEBAL tem vindo a desenvolver e de que forma têm tido os mesmos impacto? Os projetos que o CEBAL desenvolveu ou desenvolve contribuem todos de igual modo para a estratégia institucional. Há obviamente projetos que pelo impacto que têm dentro de determinadas fileiras produtivas, são naturalmente referências. Para o setor Agroalimentar, uma referência será o projeto RefinOlea, financiado pela ADI, lide-


O CEBAL está a desenvolver um projeto denominado por ValBbio TecCynara. Quais os desideratos deste projeto? Que aplicações terá na vertente da Biotecnologia? O CEBAL lidera o projeto ValBiotecCynara – “Valorização económica do Cardo (Cynara cardunculus): estudo da sua variabilidade natural e suas aplicações biotecnológicas”, em parceria com seis entidades do SCTN, nomeadamente Faculdade de Ciências e Tecnologia/Universidade Nova de Lisboa, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Instituto Politécnico de Beja, Universidade de Aveiro, Universidade Católica Portuguesa: ICSViseu, e Universidade de Évora. Projeto financiado pelo Programa Alentejo 2020, no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). O ValBioTecCynara pretende promover economicamente o cardo através da avaliação da variabilidade genética natural de populações de cardo, distribuídos pela região Alentejo, no sentido da valorização dos seus perfis bioquímicos. Esta

variabilidade natural está a ser explorada na área da valorização bio-farmacêutica, através da identificação das plantas com maiores quantidades de uma lactona sesquiterpénica, denominada cinaropicrina. O projeto está a desenvolver/otimizar procedimentos de extração, purificação e formulação de bioprodutos de cardo (matrizes poliméricas para revestimento de feridas crónicas e formulações biocidas). O perfil bioquímico e tecnológico (cardosinas e capacidade proteolítica) dos pistilos das flores será explorado na influência sobre as características finais de queijos DOP Alentejo (Serpa, Évora e Nisa), combinando inovação com os produtos tradicionais portugueses. De que forma é que o ValBbio TecCynara assenta numa estratégia combinada para a valorização económica do cardo?

Portugal submeteu recentemente à União Europeia, nos termos e por imperativos regulamentares em vigor, um pedido de inclusão do extrato bruto tradicional de Cynara cardunculus na lista de enzimas alimentares autorizados na EU, para utilização em queijaria. O aprofundamento do conhecimento referente à variabilidade relativa da planta e perfis bioquímicos/enzimáticos é crítico para o melhoramento e sustentabilidade da queijaria tradicional, permitindo no futuro uma base para a certificação ou garantia das fórmulas enzimáticas usadas no fabrico de queijo. Os indivíduos/plantas selecionados no ValBioTecCynara serão preservados, com o estabelecimento de um campo experimental de cardo (em instalação), como pedra basilar para futuras valorizações económicas do cardo. A abordagem integrada (folha e flor) potenciará esta cultura, associando-a a soluções tecnológicas de elevado valor acrescendo. Quais são os grandes desafios de futuro do CEBAL? O que podemos continuar a esperar da vossa dinâmica de futuro? O CEBAL irá continuar o seu caminho, com uma estratégia de desenvolvimento alicerçada na excelência das atividades de I&D, mas com um claro reforço da promoção da transferência de conhecimento e tecnologia. Em 2016 a equipa construiu um slogan, que simbolicamente aponta o caminho que já percorremos, e o desafio para o futuro “ 10 anos de Ciência para um Alentejo a Inovar”. ▪ 61 FEVEREIRO 2017

rado pela União de Cooperativas Agrícolas do SUL, e que se centrou no desenvolvimento de novas estratégias de valorização do bagaço de azeitona. Outra referência no setor Agroflorestal é o projeto de sequenciação do Genoma do Sobreiro, liderado pelo CEBAL, num consórcio nacional alargado a várias instituições de Investigação, e cofinanciado pelo Programa INALENTEJO.


PERITOS AVERIGUADORES

Opinião de José Baptista, Coordenador Geral da MCBAP - Averiguações e peritagens

Peritos averiguadores, que futuro? Quando se fala em peritagem, normalmente a generalidade das pessoas pensa imediatamente nos peritos avaliadores do ramo automóvel, os quais têm como principal missão orçamentar de forma fidedigna a reparação dos danos produzidos nos veículos intervenientes num determinado sinistro.

N

pontos de vista

62

o entanto a peritagem não se esgota nestes profissionais, uma vez que para uma correta regularização de um sinistro as seguradoras têm muitas vezes que recorrer a outro tipo de serviços, de forma a apurar as verdadeiras circunstâncias do mesmo, surgindo assim os peritos averiguadores. De facto, são inúmeras as situações em que o papel de um perito averiguador assume especial importância na regularização dos sinistros, munindo as seguradoras dos elementos indispensáveis a uma tomada de decisão justa e em conformidade com a verdade dos factos que o originaram. Desde a audição dos intervenientes e testemunhas, à análise ao local do sinistro, passando pelo contacto com as autoridades e demais organismos que possam ter informações relevantes para o processo, até à opinião relativamente à compatibilidade dos danos bem como o enquadramento do sinistro em termos de responsabilidade, o papel do perito averiguador assume um papel extremamente relevante na decisão final a ser tomada pelas seguradoras. Aliás, a importância do perito averiguador tem assumido cada vez mais um papel determinante na regularização dos sinistros, porquanto os protocolos IDS e CIDS, ao criarem óbvios benefícios na perspetiva do cliente, tornando o processo de regularização mais simples e rápido, também tornaram a informação disponibilizada pelos intervenientes mais escassa, gerando assim uma maior necessidade de recolha de elementos adicionais, num curto espaço de tempo, obrigando assim as seguradoras a recorrerem aos serviços de averiguação para poderem tomar uma decisão fundamentada dentro do pouco tempo disponível. Além disso, mesmo perante participações de sinistros aparentemente completas, muitas vezes surgem situações fraudulentas, sendo cada vez maior o grau de sofisticação de quem as pratica, obrigando por isso a um trabalho de investigação cada vez mais robusto por parte dos peritos averiguadores.

É pois, na minha perspetiva, fundamental que a profissão do perito regulador, em particular o perito averiguador, seja cada vez mais reconhecida, não só pela atividade seguradora, mas também pela comunidade em geral, uma vez que toda ela está sujeita a ter que lidar no seu dia-a-dia com processos de regularização, sendo muito importante que o contacto com os peritos averiguadores não seja visto com desconfiança mas como uma parte fundamental do processo de regularização, cujo objetivo final é garantir apenas e tão só a sua conformidade e rápida resolução. Neste contexto, penso que assume uma importância fulcral no futuro desta profissão o caráter independente do perito averiguador, ancorado em bases sólidas de rigor, transparência, experiência e idoneidade, pois quanto mais fortes forem estas bases e quanto mais evidente for esse caráter de independência, mais recetivos estarão os intervenientes em colaborar com a investigação, bem como mais credível será o testemunho dos peritos averiguadores para a formulação do juízo pelos tribunais competentes em caso de diferendos. E se na MCBAP temos a preocupação de garantir que todos os peritos averiguadores preenchem os requisitos de idoneidade, independência, rigor, transparência, experiência e disponibilidade, fundamentais para o exercício desta profissão, temos consciência que por se tratar de um mercado ainda pouco regulado nesta matéria, muitas vezes poderão surgir situações menos credibilizadoras desta profissão, afetando inevitavelmente a sua imagem pública. É pois mais que tempo que a acreditação dos peritos averiguadores, efetuada por uma entidade independente, com o reconhecimento de todo o mercado segurador, deixe de sair do plano de intenções e se concretize o mais rapidamente possível, para que este setor de atividade possa continuar a progredir no sentido de uma maior credibilidade, maior competência, mas também maior responsabilização, gerando um

PERFIL

José Baptista

Coordenador Geral da MCBAP Averiguações e peritagens

valor acrescentado cada vez mais seguro para o setor segurador e consequentemente para a comunidade como um todo. O envolvimento ativo da APS (Associação Portuguesa de Seguradores) nesta matéria, procurando numa primeira fase efetuar um cadastro da situação atual, parece-me um bom primeiro passo no sentido de se concretizar o objetivo atrás elencado, não podendo deixar também de enaltecer o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela CNPR (Câmara Nacional de Peritos Reguladores) na sensibilização permanente para a importância desta temática e na prossecução do objetivo de termos esta profissão do perito regulador definitivamente reconhecida e acreditada, dando assim também mais justiça e dignidade ao trabalho árduo, sério e competente que inúmeros profissionais diariamente realizam por todo o país. ▪



PALETIZAÇÃO

» Toyota Caetano Portugal

“Construímos relações de confiança que nos permitem ser líderes de mercado” “A paletização representa para as empresas considerável redução de custos com as operações logísticas e com outros processos da supply chain”, afirma Vítor Monteiro, Diretor da Divisão Equipamento Industrial Norte da Toyota Caetano Portugal, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Saiba mais sobre o posicionamento de uma marca que aposta constantemente em soluções inovadoras.

R VÍTOR MONTEIRO

pontos de vista

64

econhecida como uma marca capaz de responder às mais diversas necessidades dos seus clientes, a Toyota Caetano Portugal tem assumido uma posição de destaque no mercado. Qual tem sido a sua estratégia? A Toyota Caetano Portugal (TCAP) assume-se como um fornecedor de equipamentos e serviços para os operadores logísticos. A TCAP e a marca, trabalham de perto este segmento de clientes, através da oferta e desenvolvimento de soluções quer em termos de equipamentos quer em termos de serviços, direcionados a reduzir o custo das suas operações logísticas. Para reforçar esse posicionamento, a empresa tem lançado produtos e serviços no mercado que se apresentam como soluções inovadoras. De que produtos estamos a falar no que diz respeito ao tema da paletização? Recentemente, com o desenvolvimento das áreas e-commerce, a empresa tem reforçado o desenvolvimento de produtos para manuseamento de itens isolados, mas ainda assim praticamente toda a gama de equipamentos que comercializamos está direcionada ao manuseamento de materiais paletizados. A diversidade de soluções que apresentamos pretende cobrir necessidades até às 8,5 toneladas, e alturas até aos 13 metros, com versões

destinadas a movimentações em interior e outras para exterior. Em 2017 serão lançados dois novos produtos – um porta-paletes elétrico e um stacker elétrico de entradas de gama, destinados a operações ligeiras, mas que são considerados como o equipamento básico e essencial em qualquer operação. Estes equipamentos básicos, começam em Portugal, tal como na Europa, a substituir o tradicional porta-paletes manual, em resposta às necessidades de melhor ergonomia e proteção dos operadores contra lesões músculo-esqueléticas. O segundo equipamento em lançamento será o empilhador retrátil da família BT Reflex. Mantém todas as características que o tornaram uma referência de sucesso e melhora substancialmente ao nível do mastro, com maiores alturas de elevação e maiores capacidades residuais. Apresenta como novidade o posicionamento correto dos garfos através de um laser, que facilitará substancialmente o acesso às paletes sobretudo quando se estão a manusear materiais a 13 metros de altura. Apostando na aquisição da empresa representante da marca BT em Portugal, a Toyota Caetano Portugal disponibiliza uma gama completa e alargada de equipamentos para movimentação de cargas em armazém da reconhecida marca sueca BT. Que mais-valias resultaram desta aquisição? Com a comercialização dos empilhadores contrabalançados Toyota, desde 1970, a empresa construiu um vasto conhecimento das necessidades logísticas e reconhecimento pelo segmento da Indústria. A forma de trabalhar com a logística da Distribuição & Armazenagem é diferente e foi com a ligação à marca BT que rapidamente entramos neste segmento e construímos relações de confiança que nos permitem ser líderes de mercado consecutivamente, desde a aquisição. Este ano entramos na última fase de integração da marca BT na Toyota, com os equipamentos a ostentarem definitivamente a marca TOYOTA, mas sem se perder o legado BT, que passa a ficar associado à


A Toyota Material Handling Europe está atenta às tendências e ao potencial desta área e tem vindo a dar passos largos no desenvolvimento de soluções para manuseamento automatizado de artigos paletizados, assim como de ítens isolados"

Que importância assume a paletização nos dias de hoje e que valor acrescenta às empresas? A paletização representa para as empresas considerável redução de custos com as operações logísticas e com outros processos da supply chain, desde otimização dos espaços de armazenagem, nomeadamente armazenagem vertical, pois facilita armazenar uma quantidade maior de ítens numa dada área, redução em termos de tempo e custo das movimentações e transportes, redução dos danos e furtos nas mercadorias por maior facilidade em as proteger com cintas ou filme; simplificação dos processos de rotulagem/ identificação e controlo de inventário; redução de custos com pessoal e maior facilidade em mecanização e automatização de processos, entre outros. Os modernos sistemas de produção utilizam de forma crescente equipamentos automáticos, nomeadamente equipamentos baseados em robôs industriais, que se apresentam como uma opção económica. Que desafios se impõem à robótica industrial? A automação não só otimiza os processos, como também aumenta a produtividade e a rentabilidade. O rápido desenvolvimento e crescimento de tecnologias de informação e robótica, trazem novas perspetivas às empresas para inovar em termos de automação. Os tradicionais sistemas de transporte, têm potencial para ser substituídos por veículos automáticos

Este ano entramos na última fase de integração da marca BT na Toyota, com os equipamentos a ostentarem definitivamente a marca TOYOTA, mas sem se perder o legado BT, que passa a ficar associado à família, como por exemplo família BT Levio de porta-paletes elétricos Toyota ou família BT Reflex de empilhadores retráteis Toyota"

guiados (AGVs), como resposta à exigência de flexibilidade e de sistemas mensuráveis. Um grande interesse sobre AGVs vem de aplicações com um alto nível de tráfego de empilhadores em áreas densamente povoadas onde acidentes com pedestres e danos no produto são de alto risco. A Toyota Material Handling Europe está atenta às tendências e ao potencial desta área e tem vindo a dar passos largos no desenvolvimento de soluções para automatização de artigos paletizados ou de ítens isolados: O Toyota BT Staxio SAE160 é um stacker AGV equipado com tecnologia de navegação a laser associado a fortes características de segurança, destinado a movimentos repetitivos de transporte horizontal e empilhamento. Pode ser usado como equipamento ‘stand-alone’ em operações simples, como o transporte de mercadorias, ou em operações maiores, integrado numa frota de empilhadores e no WMS do cliente. O Autopilot TAE050, lançado na feira IMHX no Reino Unido em finais de 2016, é uma outra solução da Toyota Material Handling Europe. Esta solução de baixo custo pode ser instalada facilmente. Otimiza fluxos internos, reduz o custo de mão-de-obra e danos, tudo de forma precisa e segura. As operações são simplificadas e otimizadas especialmente em processos produtivos, empresas de e-commerce ou instalações ligadas à saúde. Um dos principais benefícios do automático TAE050 é a fácil instalação. O TAE050 segue uma tira magnética no chão e recebe comandos ao longo do caminho dos marcadores no piso ao lado da fita de orientação. Depois de definir o fluxo do material e as paragens para (des)carga, basta enfiar a fita e os marcadores no chão e iniciar a máquina. ▪

65 FEVEREIRO 2017

família, como por exemplo família BT Levio de porta-paletes elétricos Toyota ou família BT Reflex de empilhadores retráteis Toyota.


PALETIZAÇÃO

» LPR PORTUGAL EM DESTAQUE

O VERMELHO

QUE ESTÁ EM TODA A EUROPA A LPR é uma empresa especialista em pooling de paletes que pertence ao Grupo Euro Pool System. Quando se fala em paletes é comum associar-se à diminuição do tempo de carga, de descarga e da manipulação. E quando se fala de pooling? Que maisvalias representa este sistema para as empresas? Flávio Guerreiro, Country Manager da LPR Portugal responde-nos a estas e outras questões.

pontos de vista

66

novos parâmetros de qualidade e eficiência ao mercado. “Esta é a nossa grande aposta, a qualidade do produto, simplicidade e a proximidade ao cliente, uma vez que trabalhamos com empresas sobretudo do ramo alimentar. Foram estas três premissas que permitiram à LPR crescer ao longo destes 17 anos de forma significativa. Se inicialmente a LPR era uma alternativa, agora faz parte do mercado como uma solução consensual”, começa por nos explicar Flávio Guerreiro. Hoje a LPR tem 13 centros logísticos no país que se traduzem na melhoria da rede logística e de distribuição, assim como na redução das emissões de CO2 pelo facto de estar mais próximo dos clientes, concedendo poupanças

Hoje a LPR tem 13 centros logísticos no país que se traduzem na melhoria da rede logística e de distribuição, assim como na redução das emissões de CO2

FOTO: LPR - La Palette Rouge

L

a Palette Rouge, LPR, uma Divisão do Grupo Euro Pool System, é uma empresa de pooling de paletes para fabricantes e distribuidores no setor dos produtos de grande consumo. A LPR desenvolve as suas atividades na Europa, oferecendo um serviço completo de paletes entre os seus clientes e os respetivos parceiros retalhistas. Com uma rede de mais de 100 armazéns em 11 países, ocupam uma posição de relevância na Europa, movimentando cerca de 75 milhões de paletes por ano. Considerada uma das melhores paletes do mercado e especialista de pooling de paletes vermelhas na Europa para o setor dos produtos de grande consumo, a La Palette Rouge apresenta-se como uma solução sustentável para os seus clientes. Ao longo dos últimos 20 anos de presença na Europa, as paletes vermelhas LPR têm assegurado uma eficiência, simplicidade, qualidade e sustentabilidade crescentes na cadeia de abastecimento. Em Portugal está presente há 17 anos. Criada em 2000 como uma extensão da operação de Espanha, e numa altura em que o sistema de aluguer de paletes era algo ainda muito recente e pouco utilizado ou mesmo desconhecido no mercado português, rapidamente se expandiu. A LPR assumiu, assim, um papel importante, tornando o mercado mais competitivo e vantajoso, numa altura em que apenas existia uma empresa europeia do ramo a operar, trazendo

FLÁVIO GUERREIRO


EFICIÊNCIA, SUSTENTABILIDADE E DIMINUIÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL

E o que diferencia as paletes vermelhas das paletes brancas? O sistema da LPR baseado no pooling de paletes de madeira oferece vantagens ambientais e económicas aos clientes e contribui, inclusive, para a redução das emissões de gases de estufa, uma preocupação constante na LPR. As paletes vermelhas ou aluguer face às paletes brancas ou de compra apresentam-se assim como uma solução mais rentável e eficiente. A LPR assegura a garantia de fornecimento e qualidade, através de um processo de seleção, reparação, pintura e tratamento térmico ISPM 15 (exige que as paletes sejam quimicamente fumigadas ou que tenham um tratamento térmico, de forma a impedir a propagação de pragas relacionadas com madeira). Outra das vantagens está relacionada com os relatórios de gestão que permitem um controlo eficiente dos custos, investimentos e gastos associados às paletes.

“O uso de paletes brancas pode apresentar falhas não detetáveis ou detetáveis pelas empresas apenas mais tarde. Quando se apercebem, acabam por adotar o sistema de pool”, explica Flávio Guerreiro. Isto porque, não havendo um relatório de gestão, as paletes brancas, muitas vezes, não são corretamente contabilizadas nem há um controlo de investimentos e de perdas de paletes, que têm custos associados, bem como custos de reparação que não são mensurados, tornando-se numa “zona cinzenta” desconhecida para as empresas. E ainda, prossegue Flávio Guerreiro, “a esmagadora maioria das empresas de paletes brancas não dispõem de uma gama diversificada de paletes”. Hoje, no mercado, é possível fornecer uma gama de paletes vasta adaptada às necessidades dos clientes. A par da Europalete, a palete mais conhecida e mais utilizada em toda a Europa, adequada a um armazenamento prolongado e seguro assim como para transporte de todos os bens e produtos, já estão disponíveis no mercado as paletes inglesas, um pouco maiores, também conhecida como palete industrial/ exportação. Mas também está a assistir-se ao crescimento dos pequenos formatos como a

meia palete e o quarto de palete para negócios pontuais, promoções ou campanhas, sobretudo em lojas de proximidade e/ou de pequena dimensão, permitindo aumentar a diversidade e a rotação. “Atualmente a distribuição moderna é um dos grandes motores da economia e normalmente, são estas as entidades que definem as tendências do mercado e não a indústria que, por sua vez, tem de se adaptar e fornecer os produtos com as paletes adequadas”, arremata o country manager da LPR. A palete de aluguer por si só é um método sustentável, rentável e eficiente, uma vez que com o retorno à empresa que a aluga, volta ao cliente, depois de passar pelo processo de monotorização, em boas condições e restaurada, traduzindo-se em ganhos de produtividade e na diminuição do impacto ambiental, uma vez que não implica, por exemplo, o abate de árvores para a produção de novas paletes. A LPR tem apostado numa rede de proximidade. “Com 13 centros logísticos, para além de uma cobertura global, estamos mais dispersos permitindo uma maior proximidade com os nossos clientes. Isto significa que as nossas paletes são transportadas em percursos de curta distância, o que se traduz na otimização de tempo, recursos humanos e financeiros, ganhos na produtividade”, adianta Flávio Guerreiro. A LPR vai, ainda, reforçar a implementação do sistema in house, ou seja, armazéns LPR dentro das instalações dos seus parceiros, permitindo não só a otimização de rotas, diminuição de emissões de CO2, mas também a proximidade com os clientes, permitindo aos mesmos savings substanciais no que concerne a distâncias percorridas, tempos de espera e emissões de CO2. ▪

67 FEVEREIRO 2017

consideráveis, impulsionando a produtividade e respeitando os compromissos da sua política ambiental. “Não somos fabricantes, comercializamos um produto de qualidade, eficiente e sustentável que nos permite manter uma relação de proximidade com o cliente. É criada toda uma parte relacional no pós-venda fundamental para a LPR, que tem como base os princípios de qualidade, proximidade e serviço. Um cliente satisfeito é um cliente fidelizado, em que o índice de retenção de clientes da LPR é de praticamente 100%”, refere o country manager da LPR.


Poder local

» JOAQUIM SANTOS, EDIL DO SEIXAL, EM ENTREVISTA

“Continuar a colocar o Seixal na senda do progresso e qualidade de vida” “Dedicação à causa pública e o empenho de sempre na consolidação do nosso projeto autárquico, aliados a capacidade de trabalho, visão pragmática, honestidade e competência”. Quem o afirma é Joaquim Santos, Presidente da Câmara Municipal do Seixal, que em entrevista à Revista Pontos de Vista abordou várias temáticas, todas relacionadas com o município do Seixal que é hoje um espaço que promove qualidade de vida.

A

o mesmo tempo que permaneceu fiel às suas características tradicionais, o Seixal abriu as suas portas à modernidade, tornando-se numa cidade cosmopolita que é hoje um exemplo. O que é que esta região tem para oferecer a quem por lá passa? O Seixal é um concelho com características únicas, com uma baía única, integrada no estuário do rio Tejo, que se estende terra dentro através de um conjunto de braços de rio que lhe conferem um aspeto singular. Com uma ampla frente ribeirinha, o Seixal tem todas as condições para se assumir como um destino perfeito para a prática das atividades de náutica de recreio, não só por ser um porto de abrigo natural, como também pela sua excelente localização perto de Lisboa. A nossa baía convida a longos passeios a pé pelas suas margens ou a bordo das embarcações tradicionais. Os vários núcleos do Ecomuseu Municipal dão ainda a conhecer o património do concelho bem como a sua história. Para além da Estação Náutica Baía do Seixal, que é a porta de entrada no concelho por via fluvial, existem outros projetos em curso, como a criação de um hostel integrado no projeto Seixal Vila Hotel, um novo conceito de alojamento turístico que trará aos visitantes a vivência de uma vila piscatória junto a Lisboa, ou um novo local de acostagem em Amora, obra que vai já iniciar neste mês de fevereiro.

pontos de vista

68

Quais são aquelas que considera as grandes vitórias destes quatro anos de mandato e gestão da autarquia do Seixal? Neste espaço de tempo, aprovámos o novo Plano Diretor Municipal 2015-2025, que traça os principais eixos de desenvolvimento para os próximos dez anos da vida do município e reflete uma estratégia de intervenção no território que consagra uma aposta clara na fixação da indústria, logística e serviços, potenciando o reforço e a criação de novas áreas de desenvolvimento económico. Temos registado uma evolução positiva dos principais indicadores económico-financeiros da autarquia do Seixal, dos quais se destacam a redução da dívida em mais de 36 milhões de euros desde 2012 e saldos positivos de tesouraria obtidos no final de cada ano. A nível de investimentos do Governo no concelho, congratulamo-nos com os mais recentes desenvolvimentos relativos à construção do hospital no Seixal, equipamento determinante para a melhoria das condições de saúde e bem-estar das populações dos concelhos do Seixal, de Almada e Sesimbra, bem como pelos avanços nos processos do novo Centro de Saúde de Corroios e da Loja do Cidadão, ainda que se encontrem longe de estarem finalizados. Num período económico conturbado, no qual os detentores de cargos políticos são diariamente colocados à prova, como é estar na linha da frente de uma autarquia?

" O concelho do Seixal caracterizase por ser um território de liberdade, solidário, com uma população que não desiste dos seus sonhos e direitos"

JOAQUIM SANTOS

É um cargo de grande exigência, ainda mais num concelho com a dimensão e características do nosso, que o tornam um dos maiores do país. De todo o modo, o executivo municipal desenvolve uma forma de trabalhar assente numa base de grande partilha dos assuntos, de coordenação próxima e recíproca, de trabalho em equipa, de delegação e descentralização. Isto permite-nos concretizar, de forma equilibrada, este nosso projeto autárquico coletivo e abrangente, suportado pelos trabalhadores das autarquias do concelho que com o seu contributo valioso desenvolvem um enorme e extraordinário trabalho, num projeto democrático que entende o trabalho e os trabalhadores como uma componente indissociável de um serviço público indispensável às populações. Seria importante criar mecanismos que cativem investidores nacionais e estrangeiros para investirem na região? Tem sido feito algum trabalho nesse sentido? Em concreto no apoio ao tecido empresarial local, que papel a autarquia tem procurado desempenhar? O município tem vindo a promover uma estratégia integrada de desenvolvimento do território, apostando na reabilitação do património histórico-cultural, na preservação do património natural, na náutica

de recreio enquanto fileira económica e turística de grande significado para a região, na qualificação e refuncionalização do espaço público, para melhor servir a população, na dinamização e valorização do tecido económico local instalado, com destaque para o setor do comércio e prestação de serviços e na captação de investimento privado que potencie o surgimento de novas atividades económicas e projetos inovadores. A qualificação dos espaços industriais, através da criação de condições para o reforço do desenvolvimento do polo siderúrgico existente e da procura de novas unidades produtivas é uma estratégia fundamental para a dinamização económica e produtiva do concelho do Seixal, da região e do país, e esta estratégia está enquadrada no Projeto do Arco Ribeirinho Sul, um desígnio dos municípios do Seixal, Almada e Barreiro. Com a designação internacional Lisbon South Bay, o projeto visa a promoção do território e captação de investimento para as áreas industriais da Siderurgia Nacional (Seixal), Quimiparque (Barreiro) e Margueira (Almada), as duas primeiras eminentemente industriais com capacidade para acolher indústria pesada, ligeira, logística, serviços, atividades portuárias e turismo, e cuja gestão está a cargo da Baía do Tejo, empresa do setor empresarial do Estado. A Câmara Municipal do Seixal tem


tido um papel ativo na potenciação e ampliação do tecido empresarial, destacando, neste concreto, o funcionamento da Incubadora de Empresas Baía do Seixal, equipamento que visa apoiar novas empresas proporcionando-lhes condições técnicas favoráveis à sua instalação.

O Poder Local tem vindo, ao longo dos últimos anos, a ser «alvo» por parte do Poder Central com uma série de alterações e mudanças. Na sua opinião, qual o atual estado do Poder Local e acredita que têm sido colocadas no terreno todas as medidas para que o trabalho do Poder Local seja mais efetivo, ou seja, esteja mais próximo da população? Lembro que atravessámos um período conturbado, no âmbito da implementação da designada Reforma da Administração Local, a partir de 2012, quando foram introduzidas diversas reformas legais que alteraram significativamente o enquadramento financeiro, de controlo e de prestação de contas dos municípios portugueses, e que limitaram a capacidade de atuação e ação do Poder Local Democrático, naquilo que foram restrições, violações e ingerências da Administração Central na autonomia municipal. Felizmente, e depois de constituída a Assembleia da

República e da nova composição política correspondente à vontade popular, decorrente das eleições de outubro de 2015, começámos a vislumbrar algumas medidas de inversão da estratégia político-legislativa de degradação do serviço público que foi seguida pelo anterior Governo, e reposta alguma da autonomia retirada às autarquias. O Orçamento do Estado para 2017 consolida o rumo encetado, ainda que não se avance tanto quanto desejável na valorização do Poder Local Democrático, principalmente ao nível da reposição da capacidade técnica e financeira. Continua a não ser cumprida a Lei das Finanças Locais, no que se refere ao montante das transferências de verbas para as autarquias, e que representou, no caso do Seixal e desde 2008, a retirada de perto de 100 de milhões de euros do orçamento da autarquia (incluindo a quebra de receitas municipais motivada pelas políticas recessivas), não obstante o aumento de 2,9% em relação a 2016. E perdeu-se outra oportunidade de eliminar a comparticipação dos municípios para o Fundo de Apoio Municipal, de reduzir para 6% o IVA nos transportes escolares e na iluminação pública, ao não revogar a aplicação da taxa de audiovisual aos equipamentos municipais e ao não assumir a totalidade da contrapartida nacional, no âmbito da educação, saúde e cultura nas operações contratualizadas nos pactos. Sente que o Poder Local é o «parente pobre» do atual Governo? Creio que não. Apesar das opções não o traduzirem em pleno, há elementos positivos. Há a consciência de que, apesar da degradação da situação económica e financeira a que os municípios foram sujeitos durante um largo período de tempo, vítimas das políticas recessivas, e da escassa participação na receita global do Estado, estes continuam a ser os principais promotores de investimento público, sendo responsáveis, na maior parte do território, pela totalidade do investimento público que é realizado. Por isso é necessário que se acredite mais nas autarquias, dando-lhes as condições necessárias para continuar a fazer mais e melhor pelas populações. Acredita que a atribuição de maiores competências às autarquias e juntas é o melhor caminho? As mesmas estão preparadas para receber essa enorme responsabilidade acrescida? É fundamental ter condições para assegurar a prossecução das competências próprias dos municípios historicamente consolidadas, sem limitações impostas pela gestão financeira. E orientar a reorganização dos serviços públicos tendo em linha de conta critérios de natureza social e não economicistas. Assim, e estando disponíveis para considerar um processo de descentralização de competências, este só o será realmente se for ponderado, amplamente consensualizado, territorialmente equilibrado, apto a contribuir para um modelo global de aproximação da administração às necessidades e aspirações das populações, acompanhado da afetação dos recursos materiais e humanos adequados. Por conseguinte, associamo-lo a um processo de implementação das

regiões administrativas, capaz de promover a criação de uma estrutura governativa intermédia, dotada de competências amplas, harmonizadora de políticas e recursos. O que podemos esperar de si enquanto edil da autarquia do Seixal até às próximas eleições autárquicas a realizar no final de 2017? Dedicação à causa pública e o empenho de sempre na consolidação do nosso projeto autárquico, aliados a capacidade de trabalho, visão pragmática, honestidade e competência. Para 2017, a Câmara Municipal do Seixal conta com um orçamento de 83,1 milhões de euros. Apesar das dificuldades impostas principalmente ao nível de financiamento e à capacidade de gestão pelas políticas recessivas, iremos continuar a aprofundar o nosso projeto autárquico de valorização do território e defesa intransigente dos interesses da nossa população. Vai-se recandidatar? Se sim, o que pode prometer à população do Seixal? Estamos ainda em fase de discussão das listas e das candidaturas. Trata-se de um processo amplamente participado e democrático que vai fazer uma avaliação do trabalho realizado e das condições dos vários quadros em análise. Mas independentemente do presidente da câmara, o projeto no concelho do Seixal tem todas as condições para continuar a colocar o Seixal na senda do progresso e qualidade de vida. O que podemos esperar do Seixal de futuro? O concelho do Seixal caracteriza-se por ser um território de liberdade, solidário, com uma população que não desiste dos seus sonhos e direitos. Uma terra que apresenta qualidade de vida, que possui uma importante dinâmica cultural, que promove estilos de vida saudáveis com o desporto para todos, que forma os mais jovens através de uma educação pública de qualidade, que é ambientalmente sustentável e equilibrada e que apoia e ajuda os mais desfavorecidos e excluídos da sociedade. Temos uma população trabalhadora, muito dinâmica, participativa, que gosta do concelho que escolheu para viver e que está ao serviço das suas causas principais. É uma população que sabe o que quer, que tem escolhido bem a estratégia que pretende para o seu concelho e, por isso, aqui estamos, 42 anos depois, no concelho de referência que somos hoje, pelo que a nossa população sabe que pode contar connosco para o seu desenvolvimento, para a sua valorização, para o apoio social, para incrementar a qualidade de vida, no fundo, para a prossecução deste projeto coletivo enraizado nos valores de abril. Assim, queremos que no futuro o Seixal consiga ter mais respostas na saúde, na educação, mais empresas, com novas indústrias a implantarem-se no território do município, com mais e melhores transportes públicos, com o aumento do nível de vida de toda a população, acabando com as bolsas de pobreza existentes. Seixal é Terra de Futuro. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

69 FEVEREIRO 2017

É um conhecedor nato do concelho, até porque está em funções, primeiramente como Vereador, desde 2001, Vice-Presidente desde 2005, até que em 2013 assumiu a liderança da autarquia. Desta forma, quais são as principais valias do concelho e que lacunas ainda identifica que urgem serem resolvidas? O município do Seixal, com 95 km2 de superfície, cerca de 160 mil habitantes e localizado na Área Metropolitana de Lisboa (AML), integra a nova centralidade do Arco do Tejo, apresentando uma forte proximidade à capital e uma localização que permite manter relações privilegiadas com a maioria dos concelhos da margem sul do Tejo e com Lisboa. Permanece, de acordo com os dados dos últimos Censos, como um dos mais jovens municípios do país, apresentando um índice de envelhecimento muito inferior à península de Setúbal, à AML e mesmo aos dados registados para Portugal Continental, continuando a apresentar uma evolução muito positiva ao nível das habilitações literárias da sua população. Assim, temos um território com elevado potencial para a captação de investimento, fixação de empresas e instalação de polos agregadores de dinâmicas de desenvolvimento económico-social. O tecido empresarial, mesmo em momentos de dificuldades, continua a registar interessantes indicadores de dinamismo e sustentação, possuindo forte diversidade de atividades económicas. Atualmente, estão sedeadas no concelho mais de 14.000 empresas, e que empregam, aproximadamente, 35.000 trabalhadores. Como grandes lacunas, destacaria a área dos cuidados de saúde primários e hospitalares, nomeadamente a urgência da construção do hospital no Seixal. Os últimos dados oficiais conhecidos apontam para um défice de 1.302 camas hospitalares na península de Setúbal (49% abaixo da média nacional), e para um défice de 714 médicos hospitalares (47% abaixo da média nacional). O hospital no Seixal representa um investimento de 60 milhões de euros. Trata-se de um equipamento de proximidade, vocacionado para os cuidados em ambulatório, com serviço de urgência a funcionar 24 horas, 72 camas, 23 especialidades e unidades de apoio domiciliário e de medicina física e de reabilitação. Portanto, mantemos a reivindicação pela melhoria das condições de acesso a cuidados de saúde da população do concelho do Seixal.


Dinâmica Diferenciadora

» PRODUTOS BIOLÓGICOS

POR UMA ALIMENTAÇÃO

100% BIOLÓGICA

La Finestra Sul Cielo trabalha desde 1978 com uma convicção: produzir alimentos biológicos com a máxima qualidade. Este e outros fatores determinam a marca como tendo uma dinâmica diferenciadora. Saiba mais.

Miguel Ángel Montesinos

os princípios da marca La Finestra Sul Cielo: não ter qualquer tipo de açúcar refinado, ou açúcares rápidos como frutose, nem leite ou derivados

O pontos de vista

70

grupo La Finestra Sul Cielo foi fundado em Itália no ano de 1978 e em 2003 chegou a Espanha. Passaram 39 anos, como avalia o percurso da marca? O trabalho que desenvolvemos no setor do biológico na Europa, colocando disponíveis cada dia mais e

melhores opções de alimentos Biológicos e Macrobióticos, levando também ao desenvolvimento de uma maior consciencialização ao nível do consumidor e consequentemente a um crescimento deste segmento de mercado. Atualmente, estamos presentes não só em Itália onde possuímos

unidades produtivas, também em Espanha, e também em França. La Finestra Sul Cielo Espanha exporta para 36 países.

Finestra Sul Cielo: não ter qualquer tipo de açúcar refinado, ou açúcares rápidos como frutose, nem leite ou derivados.

Hoje já se verifica uma maior atenção à alimentação e à sua relação direta com a saúde, porém, em 1978, marcaram a diferença numa época em que o conceito era mais distante à maioria das pessoas. Em termos estratégicos, de que forma conseguiram manter a dinâmica diferenciadora ao longo dos tempos? A marca La Finestra Sul Cielo teve sempre a preocupação de se manter fiel aos princípios dos seus fundadores: “Respeito pelo ser humano, sentido ético e respeito pelo meio ambiente”. Os produtos de alimentação natural, biológica e macrobiótica que comercializamos estão enquadrados nestes princípios, e são eles que nos diferenciam de outras empresas.

Que produtos se destacam na vossa oferta e porquê? A marca La Finestra Sul Cielo tem lançado muitos produtos ao longo dos últimos anos, destacando-se a gama de alimentos Macrobióticos, as bebidas vegetais sem glúten e sem açúcar, a nossa gama La Finestra Sul Cielo sem glúten, e Quinoa Real.

E a nível de produtos? Tivemos sempre a preocupação de colocar produtos no mercado que permitam a todos ter uma alimentação diversificada e rica do ponto de vista nutricional, respeitando os princípios da marca La

Tratando-se de produção biológica é impossível desassociar a questão da preocupação ambiental. Este é um fator que acompanha o grupo desde a sua génese? O respeito pelo meio ambiente é um dos valores que teve como base a constituição da La Finestra Sul Cielo. Todos os produtos que comercializamos são vegetais e biológicos, dessa forma ao contribuir para a promoção de uma dieta com base vegetariana reduz-se o impacto no meio ambiente, nomeadamente, o cultivo de alimentos vegetais, que necessita de menos energia e água, quando realizada sob os princípios da Agricultura Biológica, não é poluente, e contribui para a preservação do meio ambiente. O que é mais importante numa empresa de produtos biológicos? São os seus valores, ou melhor, os valores dos seus fundadores, as suas motivações e os princípios por detrás da constituição da empresa. Não é suficiente ter certificação bio, é necessário colocar no mercado alimentos naturais e biológicos de alto valor nutricional, que respeitem o meio ambiente e que os mesmos sejam obtidos de forma ética. Hoje em dia, com o crescimento da procura de alimentos e produtos biológicos, muitas grandes empresas têm entrado neste segmento de mercado. Mas será o consumidor a escolher as que são autênticas. ▪




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.