Revista Pontos de Vista Edição 67

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. AGOSTO 2017 | EDIÇÃO Nº 67 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

ENGENHEIROS VS ARQUITETOS PROFISSÕES COMPLEMENTARES

IDEIAS DINÂMICAS sgps -

INOVAÇÃO E RECURSOS HUMANOS

NOVO REGULAMENTO GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS BEJA

TERRA COM ALMA CRIATIVA

José Manuel Biscaia Presidente da Câmara Municipal de Manteigas

“Está em crescimento uma nova tipologia de turistas, que querem desfrutar do ambiente e da natureza num elevado estado de pureza”

PONTOS DE VISTA NO FEMININO pag. 38 a 43



P12

P6

Alexandrina Pinheiro, Diretora de Recursos Humanos da Ideias Dinâmicas - SGPS e o impacto da Tecnologia na Gestão dos Recursos Humanos

Especialistas do Direito abordam NOVO REGULAMENTO GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS

Índice DE TEMAS

P24

Ana João Martins,

P20

Responsável pela administração da Energia em Conserva, em entrevista

João Manuel Rocha Da Silva,

P38

O Ponto de Vista de Mulheres Líderes e que perpetuam um legado de Excelência

Edil da Câmara Municipal de Beja e uma Terra com Alma Criativa Errata Por lapso, na edição de Julho da Revista Pontos de Vista, no artigo Hofstaetter Tramujas Castelo Branco Advogados Associados, página 54 e 55, a penúltima e a última pergunta foram repetidas. A Revista Pontos de Vista pede desculpa pelo inconveniente e publica o artigo na íntegra em www.pontosdevista.pt

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3 AGOSTO 2017

Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda.


ENGENHEIROS VS ARQUITETOS – PROFISSÕES COMPLEMENTARES

OPINIÃO DE Carlos Mineiro Aires, Bastonário da Ordem dos Engenheiros

Exercício de Atos de Arquitetura por Engenheiros Civis Apenas justiça e cumprimento da Lei

C

omo Bastonário da Ordem dos Engenheiros começo por esclarecer que não existe, nem nunca existirá, nenhuma guerra entre engenheiros e arquitetos, como por vezes se pretende perpassar. São duas profissões complementares e indissociáveis, que trabalham em conjunto. Sempre o souberam fazer em harmonia e assim continuará a ser. No passado dia 19 de julho teve lugar a votação, pela Assembleia da República, de uma iniciativa legislativa do Grupo Parlamentar do PSD, que visa finalmente corrigir a incompleta transposição de uma Diretiva Comunitária e repor a justiça e os direitos dos cidadãos abrangidos. Na mesma data também foi votada uma idêntica iniciativa do PAN e uma Petição Pública de iniciativa dos engenheiros abrangidos. A redação dessa proposta (um curto n.º 3, a inserir no Art.º 10.º da Lei 40/2015, de 1 de junho) pouco difere daquela que, até à última hora, esteve consagrada, e que, como por magia, desapareceu na versão final aprovada pelo Parlamento de então. Esta iniciativa legislativa apenas visa acrescentar no Art.º 10.º da Lei 40/2015, de 1 de junho, o seguinte: 3. Podem, ainda, elaborar projetos de arquitetura os engenheiros civis a que se se refere o Anexo VI da Diretiva 2005/36/CE, alterada pela Diretiva 2013/55/UE, de 20 de novembro de 2013.

Expliquemos, pois, o que estava em causa

pontos de vista

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No passado dia 19 de julho teve lugar a votação, pela Assembleia da República, de uma iniciativa legislativa do Grupo Parlamentar do PSD, que visa finalmente corrigir a incompleta transposição de uma Diretiva Comunitária e repor a justiça e os direitos dos cidadãos abrangidos

A Diretiva 2005/36/CE, de 7 de setembro de 2005, relativa ao reconhecimento das (mais variadas) qualificações profissionais e aplicável nos Estados Membro, tem, para o caso, dois anexos relevantes: Do Anexo V (Reconhecimento com base na coordenação das condições mínimas de formação) constam os cursos que nos diversos Estados Membro cumprem com esses requisitos mínimos de formação para o exercício de Arquitetura; Do Anexo VI (Direitos adquiridos aplicáveis às profissões que são objeto de reconhecimento com base na coordenação das condições mínimas de formação | 6. Títulos de formação de arquiteto que beneficiam dos direitos adquiridos ao abrigo do n.º 1 do artigo 49.º), constam os cursos que conferem competências para tal e cujos titulares exerciam Arquitetura no ano de adoção da Diretiva; No caso de Portugal, as autoridades nacionais, bem como todos os Estados da então CEE, agora UE, indicaram os seguintes: nove (9) cursos de Arquitetura das Escolas e Escolas Superiores de Belas Artes de Lisboa e Porto; quatro (4) cursos de Engenharia Civil, ou seja, os correspondentes aos engenheiros civis que ingressaram até 1987/1988 nas Universidades do Minho e de Coimbra, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e no Instituto Superior Técnico. Os engenheiros e os arquitetos abrangidos têm, por esta via, os mesmos “direitos adquiridos” e, nessa condição, exercem as suas profissões. A transposição da referida Diretiva foi feita através da Lei 9/2009, de 4 de março, que na altura acautelou, clara e inequivocamente, os “direitos adquiridos” de todos. No entanto, a esta Lei seguiram-se a Lei 31/2009, de 3 de julho (qualificações profissionais, aprovada apenas quatro meses depois) e a Lei 40/2015, de 1 de junho (1.ª alteração à 31/2009), que a subverteram, tentando sonegar estes direitos aos engenheiros civis. Estávamos, pois, perante um não acatamento do Direito Comunitário, que se sobrepõe ao Direito interno, o que causou desconforto político e gerou tensões profissionais, situação que urgia resolver. A gravidade deste caso levou a Comissão Europeia a instar, por duas


A gravidade deste caso levou a Comissão Europeia a instar, por duas vezes, o Estado Português a resolvê-lo, bem como o Senhor Provedor de Justiça que, no mesmo sentido, remeteu recomendações para o Parlamento

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Neste quadro profissional e de direitos dos cidadãos, deixamos duas questões: Será justo defender que este conjunto de engenheiros civis, que toda a vida trabalhou nesta área, fique impedido de fazer apenas no seu país o que lhe é permitido no restante espaço da União Europeia e o que os engenheiros estrangeiros podem fazer em Portugal? É admissível que o Estado seja e queira continuar a ser conivente com a violação da legislação comunitária ao pretender afastar estes profissionais que reconheceu e indicou para o referido Anexo VI?

AGOSTO 2017

vezes, o Estado Português a resolvê-lo, bem como o Senhor Provedor de Justiça que, no mesmo sentido, remeteu recomendações para o Parlamento. Tratava-se de uma situação mal resolvida, pois, de outra forma, não se tentaria, pela quarta vez, encontrar uma solução legislativa para o problema, sendo que a Ordem dos Engenheiros (OE) não aceitou esta violação do Direito Comunitário que penalizava os seus membros. Por seu lado, a Ordem dos Arquitetos (OA) insiste na manutenção da ilegalidade que foi criada, defendendo esta situação lesiva para alguns portugueses, ao pretender que estes profissionais não possam trabalhar (Atos de Arquitetura) no seu próprio país, mas apenas no resto da União Europeia, enquanto os engenheiros civis estrangeiros abrangidos pelo mesmo Anexo VI o poderão fazer em Portugal. Sem comentários... Ao inverso, até hoje, a OA nunca se manifestou sobre quem regula os Atos de Engenharia que os seus membros praticam sem deterem formação de base para o efeito (certificação acústica, certificação térmica, redes de incêndios, gestão, fiscalização, coordenação de projetos, coordenação de obras, etc.). No essencial, tudo isto configura uma baralhada, que só a falta de racionalidade e de objetividade permitiu criar e que alguns insistem em querer manter. Para esse efeito, e uma vez mais, a OA desencadeou iniciativas públicas que visam passar mensagens imprecisas e populistas, a que acrescentou nomes sonantes e apoios internacionais, com o fito de transmitir a ideia de que o apoio popular pode legitimar a violação do enquadramento legal. Embora todos os engenheiros civis nestas condições possam praticar Atos de Arquitetura, o levantamento feito pela OE permitiu identificar que os que efetivamente estão interessados em fazê-lo, porque já o fazem e sempre o fizeram, corresponderão a um universo máximo de 200 engenheiros. Note-se que alguns municípios, porque sabem reconhecer a primazia do Direito Comunitário sobre o Direito interno, nunca deixaram de aceitar atos e projetos de arquitetura realizados por estes engenheiros a quem o Estado Português reconheceu tais competências. Neste quadro profissional e de direitos dos cidadãos, deixamos duas questões: Será justo defender que este conjunto de engenheiros civis, que toda a vida trabalhou nesta área, fique impedido de fazer apenas no seu país o que lhe é permitido no restante espaço da União Europeia e o que os engenheiros estrangeiros podem fazer em Portugal? É admissível que o Estado seja e queira continuar a ser conivente com a violação da legislação comunitária ao pretender afastar estes profissionais que reconheceu e indicou para o referido Anexo VI? A votação da Assembleia da República, no passado dia 19 de julho, foi inequivocamente favorável à reposição da justiça e ao acatamento e implementação da legislação comunitária em Portugal. Está em causa o prestígio de quase 150 anos de história ao serviço do País e dos portugueses e a confiança pública na profissão de engenheiro e na sua Ordem. ▪


NOVO REGULAMENTO GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS

O RGPD e as ideias essenciais O Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) passará a ser aplicado diretamente a partir de 25 de maio de 2018, substituindo a atual diretiva e lei de proteção de dados pessoais. A Revista Pontos de Vista conversou com Joana Mota Agostinho, Head do Departamento de Privacidade e Cibersegurança da CTSU, member of Deloitte Legal network, que nos deu a conhecer as ideias base e o que vai mudar no futuro. Saiba mais. será responsável pela monitorização do cumprimento integral deste normativo legal, atualização de procedimentos e documentação e realização de ações de formação. Sem prejuízo da importância das funções desta nova figura, as organizações permanecerão inteiramente responsáveis pelo cumprimento integral do RGPD, recaindo sobre estas a eventual responsabilidade contraordenacional em caso de incumprimento.

JOANA MOTA AGOSTINHo

O pontos de vista

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Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) passará a ser aplicado diretamente a partir de 25 de maio de 2018, e vem substituir a atual diretiva e lei de proteção de dados pessoais. Em concreto, o que vai mudar? O RGPD assenta em duas ideias essenciais: na devolução do controlo dos dados pessoais aos seus titulares e na desburocratização do tratamento de dados pessoais. Assim, embora os princípios relativos ao tratamento de dados pessoais permaneçam inalterados face à atual diretiva e lei de proteção de dados, os direitos dos titulares sobre a sua informação pessoal são reforçados, passando estes a deter maior informação sobre as condições de tratamento e acesso aos seus dados. Por outro lado, não havendo lugar a autorizações e notificações obrigatórias à autoridade de controlo para o tratamento de dados pessoais, passa para as organizações, públicas e privadas, demonstrar que estão a cumprir integralmente com as obrigações ali previstas. Por último, o quadro contraordenacional é alterado de forma drástica, passando as infrações a ser puníveis com coimas que poderão chegar até os 20 milhões de euros ou até quatro por cento do volume de negócios anual calculado a nível mundial, consoante o que for mais elevado. Na sua opinião, em maio de 2018 estarão as empresas prontas para a questão da portabilidade de dados? Que medidas deverão tomar numa primeira instância?

Ao abrigo da portabilidade dos dados, as empresas serão obrigadas a fornecer uma cópia dos dados pessoais a pedido do titular e/ou a transferir os dados para outra entidade, exceto quando não seja tecnicamente possível, ou seja, quando não seja possível assegurar a interoperabilidade de sistemas"

Ao abrigo da portabilidade dos dados, as empresas serão obrigadas a fornecer uma cópia dos dados pessoais a pedido do titular e/ou a transferir os dados para outra entidade, exceto quando não seja tecnicamente possível, ou seja, quando não seja possível assegurar a interoperabilidade de sistemas. As empresas deverão certificar-se que os seus sistemas estão preparados para o cumprimento destas duas obrigações, devendo as suas bases de dados estar devidamente segregadas para o efeito. Neste regulamento há uma figura nova, o encarregado de proteção de dados. Quais são serão as suas principais funções? O Encarregado de Proteção de Dados será um “guardião” do RGPD dentro das organizações e

Segundo a diretiva da Comissão Europeia existirá uma DPIA - Data Privacy Impact Assessment - (Avaliação de Impacto sobre Proteção de Dados) um processo destinado a descrever o processamento de dados. O que será avaliado e de que forma? A DPIA, obrigatória em algumas situações, é uma metodologia de avaliação de impacto e nível de compliance das operações de tratamento de dados pessoais. Através da DPIA, as empresas conseguirão aferir se estão a cumprir com todos os requisitos do RGPD e avaliar se o tratamento de dados pessoais pretendido implica um elevado risco para os direitos e liberdades dos titulares dos dados, nomeadamente, o direito de privacidade de pessoas singulares. Os resultados destas avaliações de risco deverão ser guardados pelas empresas para demonstração do cumprimento do RGPD à autoridade de controlo. Que regras acarreta este regulamento para as empresas quando se trata de obter o consentimento para recolha e tratamento de dados pessoais? Sem prejuízo de outras condições de legitimidade para o tratamento de dados pessoais, o consentimento ganha um especial destaque no RGPD, uma vez que terá de ser explícito, inequívoco, voluntário e informado. Caberá às empresas rever os métodos de recolha de consentimento para cada uma das finalidades de tratamento de dados pessoais na sua organização e garantir que estes consentimentos são devidamente armazenados para demonstração da sua existência. Serão necessárias adaptações nas bases de dados das empresas para a encriptação e supervisão dos acessos às mesmas? As empresas terão que implementar as medidas técnicas e organizativas para assegurar um nível de segurança adequado à informação pessoal de cada base de dados. Assim, consoante a natureza dos dados pessoais e a finalidade a que se destinam, as empresas terão que assegurar a confidencialidade, integridade, disponibilidade e resiliência permanentes dos sistemas e dos serviços de tratamento através de técnicas próprias para o efeito (pseudonimização, cifragem, entre outros). ▪


NOVO REGULAMENTO GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS

OPINIÃO DE Margarida Pacheco de Amorim, Associada Sénior da GPA

Qual o impacto do RGPD?

sa a incumbir sobre as empresas o dever de notificarem a CNPD e os titulares dos dados de violações de dados pessoais que comportem um risco para os direitos e liberdades destes últimos (dever este cujo incumprimento está sujeita à aplicação de uma coima). Tendo em conta este cenário, as empresas têm vindo a implementar, sobretudo durante este ano, projetos de adaptação dos seus procedimentos internos às regras do RGPD de forma a estarem em cumprimento com as mesmas em maio de 2018, os quais têm vindo a encontrar vários desafios. Um dos grandes desafios tem sido a necessidade de as empresas assegurarem o cumprimento do novo direito dos titulares dos dados à sua portabilidade que lhes visa atribuir um maior controlo sobre os seus dados, incluindo a possibilidade de os transmitir em ficheiro informático a outro prestador de serviços. Saber quais os dados que devem ser incluídos nesse ficheiro e quais os formatos em que o ficheiro deve ser disponibilizado são questões que se colocam neste âmbito. Um outro desafio significativo é a necessidade de as empresas garantirem o dever que o RGPD lhes impõe de comprovarem que o tratamento dos dados pessoais é feito nos termos exigidos pelo RGPD, incluindo o dever de regis-

certo tipo de tratamento, sobretudo o que utilize novas tecnologias, for suscetível de implicar um elevado risco para os direitos e liberdades dos titulares dos dados (avaliação de risco); matéria esta que exige às empresas a definição de metodologias para a elaboração da referida avaliação de impacto. Acresce que os requisitos identificados na avaliação de impacto permitirão às empresas introduzir o «privacy by design». Todas estas matérias são novas na proteção de dados e exigem às empresas um processo de adaptação consistente, quer em termos jurídicos quer em termos tecnológicos, que passe pela implementação de soluções operacionais adequadas. Resta saber se todas as empresas têm presente a prioridade a dar ao projeto de adaptação ao RGPD ou se, até, já começaram com o mesmo. ▪

7 AGOSTO 2017

O

Regulamento (UE) 2016/679, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de abril de 2016 - o Regulamento Geral de Protecção de Dados («RGPD») – e que entrará em vigor em 25 de maio de 2018 – vai ter um impacto significativo em todas as empresas e entidades que tratem dados de cidadãos da União Europeia. Tendo como principal objetivo assegurar o respeito pelo direito fundamental de cada pessoa à privacidade dos seus dados, o RGPD prevê sanções muito elevadas em caso de incumprimento das regras que estabelece, as quais podem ascender a 20M€ ou a 4% do volume de negócios anual da empresa a nível mundial correspondente ao exercício financeiro anterior, consoante o montante que for mais elevado. O papel da Comissão Nacional de Proteção de Dados («CNPD») é profundamente alterado, deixando de ter os atuais poderes prévios de controlo, consubstanciados nos procedimentos de notificação e autorização para o tratamento de dados pessoais, e passando a concentrar os seus esforços em ações inspetivas. O “outro lado da moeda” desta alteração no papel da CNPD é a completa internalização da responsabilidade pelo cumprimento das normas previstas no RGPD nas empresas, cabendo notar que pas-

to de todas as atividades de tratamento sob a sua responsabilidade (pelo menos no caso das empresas de maior dimensão ou no caso de tratamento de categorias especiais de dados). Outra novidade introduzida pelo RGPD, e que exige adaptação por parte das empresas que tratam um volume significativo de dados, é a obrigação de designarem um Encarregado de Proteção de Dados independente, interno ou externo à empresa («DPO»), a quem caberá controlar o cumprimento, pela empresa, das regras do RGPD e das políticas definidas internamente em matéria de proteção de dados. Assim, o DPO deve ter um conhecimento aprofundado do RGPD e da organização interna da empresa. Por fim, cabe sublinhar a necessidade de as empresas promoverem a uma avaliação de impacto sobre proteção de dados quando um


NOVO REGULAMENTO GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS

“A grande inovação trazida pelo RGPD é a uniformização do quadro legal” A propósito do Novo Regulamento Geral de Proteção de Dados, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Alexandra Bessone Cardoso, Sócia da ABC Legal – Sociedade de Advogados, RL., que nos deu a conhecer um pouco sobre estas alterações e sobre a relevância das mesmas.

A

menos de um ano da entrada em vigor do Novo Regulamento Geral de Proteção de Dados, as dúvidas são mais do que muitas. Para começar, em concreto o que é que vai mudar? A grande inovação trazida pelo RGPD é a uniformização do quadro legal, sendo obrigatório e diretamente aplicável a todos os Estados-Membro, sendo ainda que, por outro lado, o RGPD passa a aplicável não só aos responsáveis pelo tratamento de dados, mas também às entidades subcontratantes, ainda que uns e outros estejam estabelecidos fora da EU (designadamente quando as atividades de tratamentos destas respeitam a oferta de bens e serviços a titulares de dados da UE). Introduz, depois, o princípio da autorregulação, responsabilizando as empresas pela operacionalização e manutenção da conformidade dos tratamentos de dados com o RGPD, com a criação da figura do Encarregado de Proteção de dados (DPO), reservando para as autoridades de controlo (em Portugal, a CNPD) maior disponibilidade para desenvolver ações preventivas, fiscalização e sancionamento. Surgem novos direitos (como seja o da portabilidade) e são reforçados os demais (e.g. o direito ao apagamento dos dados). Outra novidade é a introdução de condições aplicáveis ao consentimento de crianças, bem como a maior importância e dada aos códigos de conduta e a possibilidade de certificação. Por fim, realçamos a definição das vias de recurso, tais como o direito de apresentar reclamação junto de autoridade de controlo e o direito de ação judicial.

pontos de vista

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O novo quadro legal traz algumas mudanças significativas que terão diferente impacto na vida das organizações. O que é que as empresas precisam de saber de antemão? Com a introdução da autorregulação, as empresas devem avaliar, adequar e atuar. Avaliar, porque precisam identificar e definir, ao longo de todo o processo de tratamento, quais as categorias de dados que recolhem, o respetivo fundamento jurídico e finalidades dos tratamentos de dados pessoais que executam, bem como os riscos que possam advir do tratamento (com especial destaque para os dados considerados sensíveis, aqui desempenhando um papel importante a existência de um Encarregado de Proteção de dados (DPO). Adequar procedimentos e medidas que permitam o registo de todas as operações de tratamento de dados e respetivas alterações, mecanismos que assegurarem o exercício dos direitos dos titulares dos dados pessoais e que permitam o cumprimento da obrigação de notificação em caso de violação do tratamento de dados pessoais, devendo, ainda, consultar previamente a autoridade de controlo relativamente a tratamentos de dados que possam implicar um elevado risco para os titulares dos dados

jurídicos que sirvam de fundamento jurídico aos tratamentos de dados pessoais. Realça-se o facto de que se o tratamento tiver como fundamento o consentimento do titular é necessária especial atenção em face das condições mais exigentes para a sua obtenção.

parte da Equipa do Departamento de Propriedade Industrial e Tecnologias da Informação uma equipa dedicada à Proteção de Dados e Privacidade (Ao centro, Alexandra Bessone Cardoso – Sócia Fundadora, à direita, Letícia Antunes Duarte – Sócia e data protection officer e Beatriz Reis Santos à esquerda)

pessoais; devem ainda realizar auditorias, avaliações de impacto e implementar medidas que permitam a proteção de dados pessoais desde a conceção e por defeito e ao longo de todos o processo de execução do tratamento. E, por fim, atuar, adotando um comportamento proactivo e eficaz para uma ação célere e de prevenção de riscos e manutenção de conformidade e licitude dos tratamentos. Que problemas poderão surgir aquando da aplicação do novo regulamento? O RGDP tem previsto um período alargado de dois anos, ou seja, até 25/05/2018, para que os seus destinatários se possam informar e preparar, designadamente, e no que às empresas concerne, para que estas possam fazer a avaliação e adequação às novas exigências. Estarão numa situação mais problemática as empresas que, dentro deste período, não venham a implementar as medidas necessárias ao cumprimento do RGPD, correndo o risco de que os seus tratamentos sejam considerados ilícitos. Por outro lado, mesmo para as empresas que têm vindo já dar desenvolvimento às imposições do RGPD, poderá ser demorada a interação com a autoridade de controlo quando previamente consultada pelas empresas relativamente a tratamento de dados que implique um elevado risco para os titulares dos dados pessoais. As empresas vão ser obrigadas a mudar os seus sistemas e a fazer uma nova recolha de dados? Não necessariamente, desde que já atuem de forma compliant com o RGPD. Esta, não será, contudo, a realidade da maioria das empresas, pelo que, e em primeiro lugar, devem avaliar a conformidade dos seus tratamentos com o RGPD, para depois aferir da necessidade de obter dados adicionais, eliminar desnecessários ou desconformes com as finalidade dos tratamentos, obter novos consentimentos, rever contratos e instrumentos

Mas a entrada em vigor do novo regulamento geral da proteção de dados não acarreta desafios apenas para as empresas…? Correto. O RGPD representa também um desafio para todos quantos apoiamos a atividade empresarial, designadamente, advogados/juristas, técnicos de sistemas de informação e a própria CNPD, dai que seja essencial incentivar a cooperação entre todos de modo a colocar em prática as adaptações necessárias. O Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) passará a ser aplicado diretamente a partir de 25 de maio de 2018, e vem substituir a atual diretiva e lei de proteção de dados pessoais. Era urgente um novo regulamento? Nos já mais de 20 anos que tem o quadro legislativo atualmente aplicável, muito mudou – e a grande velocidade – na relacionamento entre empresas e sues clientes e potenciais cliente, nomeadamente, no que respeita à respetiva abrangência territorial. Concordamos que era necessário este novo regulamento, que será uma base mais sólida para a disciplina legal do tratamento de dados pessoais e proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos A rápida evolução tecnológica e a globalização criaram novos desafios em matéria de proteção de Dados Pessoais exigindo um quadro de proteção sólido e mais coerente na União Europeia. O novo regulamento vem corresponder às mudanças necessárias? O novo regulamento vem clarificar, complementar, desenvolver e uniformizar o quadro aplicável em matéria de proteção de dados ao nível da União Europeia, o que já constitui um passo importante e uma boa base para fazer face às evoluções tecnológicas e à globalização. Mas este é um terreno demasiado fértil e movediço, pelo que se antevê que o tratamento de dados pessoais ao nível legislativo deva merecer nova reflexão e nova atenção com mais regularidade. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

ABC Legal – Sociedade de Advogados, RL Avenida Conselheiro Fernando de Sousa 19 B-C 1070-072, Lisboa - Portugal +351 21 358 44 80 | Fax.+351 21 358 44 89 abclegal@abclegal.com.pt


NOVO REGULAMENTO GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS

OPINIÃO DE Nuno Cerejeira Namora e de Tatiana Marinho, respetivamente Sócio Fundador e advogada da Nuno Cerejeira Namora, Pedro Marinho Falcão & Associados

MULTAS DE MILHÕES OBRIGAM A REVOLUÇÃO EMPRESARIAL Num mundo em constante evolução tecnológica, com um aumento crescente de empresas multinacionais, surge a necessidade de serem harmonizadas regras sobre um dos principais direitos fundamentais dos cidadãos – a protecção dos seus dados pessoais. A lei anteriormente em vigor foi publicada em 1995, altura em que a era digital dava os seus primeiros passos. Hoje, as empresas vão ter de se adaptar às novas regras, sob pena de sofrerem penalizações de milhões de euros.

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decisão no sentido de que os cidadãos têm direito a, reunidas determinadas condições e/ou pressupostos (não se tratar de figura pública; inexistência de interesse histórico, etc.), exigir que o seu nome não seja associado a determinadas buscas efectuadas online, quando surja elencado em notícias ou outro tipo de conteúdos públicos que entenda afectar negativamente a sua imagem. O Regulamento prevê ainda um especial reforço na tutela dos dados pessoais de crianças e menores. Já para as empresas, surgem obrigações mais rígidas. Estas passam, nomeadamente, a ser obrigadas a manter registos sobre a actividade interna de tratamento de dados e a realizar auditorias periódicas. Impõe-se também uma maior transparência no relacionamento entre a empresa e o cliente no que respeita à informação que consta das políticas de privacidade, existindo a obrigação das políticas serem redigidas numa linguagem clara e perceptível (o que implicará e reformulação de impressos, políticas de privacidade e todos os textos que prestem informação aos titulares dos dados). Ainda no âmbito da relação com o cliente, sempre que uma empresa constate que o seu siste-

ma de armazenamento de dados foi, por qualquer forma, violado, tem a obrigação de notificar não só as autoridades de protecção de dados, como também os próprios indivíduos afectados. A quantidade de dados passiveis de recolha e tratamento diminui significativamente. Apenas podem ser recolhidos e tratados os “dados pessoais mínimos necessários para cada finalidade específica” e “conservados apenas durante o período considerado necessário”. Na verdade, as empresas passam a possuir menos dados (quantitativos) dos cidadãos, mas qualitativamente mais relevantes, de acordo com as necessidades para as quais são recolhidos, o que visa igualmente uma maior segurança não só dos dados dos indivíduos, como também da própria empresa, tendo presente os crescentes ciberataques. Este novo Regulamento vai obrigar a céleres e avultados investimentos em todo o tecido empresarial, quer em meios humanos, quer tecnológicos, e a uma assessoria jurídica sobretudo preventiva, mas também reactiva, para se evitarem ou minorarem as pesadíssimas multas já anunciadas. Os empresários que preventivamente acatarem este novo desafio, vencerão o problema; os que adiarem a resposta irão sofrer o cutelo de multas de milhões de euros. ▪

9 AGOSTO 2017

epois de vários anos de negociações (cujo processo veio mesmo a dar origem a um interessante documentário de David Bernet, intitulado, “Democracy”), entrou em vigor em Maio de 2016 o Novo Regulamento Geral de Protecção de Dados (RGPD) - REGULAMENTO (UE) 2016/679 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO, de 27 de Abril de 2016. No entanto, prevendo este Regulamento um período transitório de dois anos para a sua total aplicação aos 28 Estados Membros, apenas a partir de 25 de Maio de 2018, o panorama geral de protecção de dados será amplamente alterado e harmonizado em toda a União Europeia. Até lá, (sobretudo) as empresas têm (agora, menos de um ano) de se adaptar às novas e substancialmente diferentes regras, cujo incumprimento acarretará coimas avultadas e que podem ascender a 4% da facturação anual global ou até 20 milhões de euros, sendo extremamente importante que as empresas comecem, desde já, a adaptar a sua organização para a aplicação do RGPD, para que até Maio de 2018 tudo esteja em conformidade. Alguns analistas avançam no entanto que, neste momento, apenas 20% das empresas em Portugal estão aptas a funcionar de acordo com as novas regras. Em pleno século XXI, a rápida evolução tecnologia, a globalização e as perspectivas de modernização constantes, obrigam a uma regulamentação mais sólida e mais coerente (pelo menos) em todo o território Europeu. A protecção de dados pessoais trata-se de um direito fundamental de todos os cidadãos (hoje em dia com especial relevância para os consumidores de produtos e serviços online), que, com a entrada em vigor deste Regulamento, sai reforçado. A protecção conferida pelo RGPD é aplicável às pessoas singulares, independentemente da sua nacionalidade ou do seu local de residência ou de trabalho, relativamente ao tratamento dos seus dados pessoais. Desde logo são clarificados vários conceitos, nascem novos direitos para os titulares dos dados e são reforçados direitos preexistentes. Um dos direitos que sai claramente reforçado com a entrada em vigor deste Regulamento é o direito ao esquecimento. De salientar que ainda se discutia a aprovação do Regulamento e já o Tribunal de Justiça da União Europeia (em Maio de 2014) proferia uma


DIREITO & JUSTIÇA

OPINIÃO DE MANUEL RAMIREZ FERNANDES, PARTNER DA RAMIREZ & ASSOCIADOS, SOCIEDADE DE ADVOGADOS RL

ASSÉDIO NO LOCAL DE TRABALHO

E

ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS

m 19 de julho de 2017 foi aprovado na Assembleia da República o Decreto n.º 139/XIII, com o objetivo de reforçar o quadro legislativo para a prevenção da prática de assédio no local de trabalho. Antes de desenvolvermos o âmbito das alterações aprovadas, ao nível do Código do Trabalho e do Código do Processo do Trabalho, vejamos o que se deve entender por assédio e os problemas que motivaram a necessidade de proceder a um reforço legislativo do quadro legal.

O que se deve entender por assédio?

O conceito legal de assédio abrange as tipologias de assédio sexual e moral, e pode assentar, ou não, em fatores discriminatórios. Entende-se por assédio o comportamento indesejado, nomeadamente o baseado em fator de discriminação, praticado quando do acesso ao emprego, ou no próprio emprego, trabalho ou formação profissional, com o objetivo ou o efeito de perturbar ou constranger a pessoa, afetar a sua dignidade, ou de lhe criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador. Os Tribunais superiores têm analisado as situações em que está em causa a possibilidade de existência de assédio, procurando densificar o conceito e torná-lo mais claro nos seus contornos práticos. Assim, em termos jurisprudenciais já foi defendido que o que caracteriza o assédio moral são “três facetas”: (i) a prática de determinados comportamentos hostis (por palavras, gestos ou escritos); (ii) A sua duração e carácter repetitivo; e (iii) as suas consequências sobre saúde física e psíquica da vítima.

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O problema da prova e da reparação dos danos morais do assédio.

Os factos que podem configurar assédio moral são, por natureza, muito subtis e dissimulados, a maioria das vezes potenciados e inseridos numa relação de autoridade do assediador relativamente à vítima. A própria vítima, com frequência, só toma consciência de que está sendo sujeita a uma situação de assédio tardiamente, quando já existe grande deterioração da sua capacidade de resistência, e quando já terá muita dificuldade em recolher ou acautelar a prova da situação de assédio. Por outro lado, não existe na doutrina e na jurisprudência uma posição unívoca que considere, à luz do Código do Trabalho, que o assédio moral não discriminatório beneficia da inversão (ou repartição) do ónus da prova previsto para as situações em que existe discriminação. À luz desta posição, tendencialmente maioritária, caberá à vítima de assédio alegar e provar o seu direito. Esta situação não se alterará com as alterações legislativas que foram aprovadas.

Depois de percorrer o autêntico “calvário” que pode ser a prova de uma situação de assédio, a vítima a miúde defronta-se com indemnizações judiciais de pequeno montante, tendo em conta os bens jurídicos violados. Os valores orbitam, na maioria das situações, em torno da quantia de € 5.000,00. A dispersão existente das normas que permitem a criminalização das situações de assédio (Código do Trabalho e Código Penal) dificulta a sua aplicação. Assim, chegou a defender-se a necessidade de criação de um diploma específico, aglutinador desta temática em todas as suas vertentes, como um fator de dissuasão do assédio no local de trabalho e, em simultâneo, de criação de melhores condições para a realização de uma justiça mais célere e eficaz. Não foi essa a opção do legislador, que optou por alterar o regime legal vigente, mantendo essa dispersão das normas aplicáveis às situações de assédio.

O que é que não é assédio?

Quer ao nível jurídico, quer ao nível da gestão de recursos humanos, nem sempre é fácil distinguir ou identificar as situações de assédio. A autora Marie-France Hirigoyen, na sua obra “O Assédio no Trabalho – Como distinguir a verdade” (Pergaminho, 2002, 1ª Edição), cuja leitura deveria ser obrigatória para todos os responsáveis pela gestão de recursos humanos, procura distinguir o assédio moral de outras figuras que lhe estão próximas, mas que com ele não se devem confundir. A saber: (i) O stress: estado biológico onde o isolamento do indivíduo é moderado e a –eventual - agres-

são externa apenas respeita às condições de trabalho e não representa uma situação que lhe esteja especialmente destinada, não havendo uma intenção específica de magoar. “O stresse só se torna destruidor pelo excesso. O assédio é destruidor pela sua própria natureza”. (ii) O conflito: segundo Hirigoyen, «o que caracteriza o conflito é a “escalada simétrica”, isto é, uma igualdade teórica dos protagonistas». Os contendores mutuamente reconhecem-se como interlocutores pertencentes a uma organização, atuando como tal no âmbito das suas funções, ainda que possa haver entre eles uma relação de dependência hierárquica. No assédio moral não há uma relação “simétrica”, mas uma relação em que um dominador procura submeter um dominado e fazer-lhe perder a sua identidade, nomeadamente por via da afetação da sua dignidade pessoal; (iii) A brutalidade dos gestores: os procedimentos de assédio são ocultos, dissimulados, enquanto que a “brutalidade dos gestores” ocorre de forma visível para todos e onde todos os trabalhadores são indiferentemente maltratados; (iv) As agressões ocasionais: o termo assédio não é apropriado para qualificar uma atitude agressiva ocasional por parte de um empregador, ainda que essa agressão tenha consequências especialmente graves para a vítima. O assédio é uma agressão que se prolonga no tempo, com carácter repetitivo; (v) As más condições de trabalho: para distinguir estas duas realidades Hirigoyen considera essencial recorrer à noção de intencionalidade.


O que se alterará no quadro legal?

No Código do Trabalho, as alterações aprovadas foram, na sua essência, as seguintes: (i) Facilitação da produção de prova ao denunciante de assédio, salvaguardando-o, e às testemunhas que por ele forem arroladas, da possibilidade de serem disciplinarmente sancionados com base em declarações ou factos constantes dos autos de processo, judicial ou contraordenacional, de assédio, até à decisão final transitada em julgado. Esta proibição só não é operativa se tiverem agido com dolo e não pode prejudicar o normal exercício do contraditório por parte do empregador. Em bom rigor esta proibição já decorria da proibição de sanções abusivas, mas a sua inclusão expressa permitiu ao legislador estender a presunção legal de despedimento sem justa causa às situações de despedimento até um ano após a denúncia do assédio, nos mesmos termos em que essa presunção já estava prevista para o exercício de direitos relativos à igualdade e não discriminação; (ii) Consagração expressa do dever do empregador instaurar procedimento disciplinar sempre que tiver conhecimento de situações de assédio, e de elaborar códigos de conduta para prevenção do assédio, neste último caso sempre que a empresa tenha sete ou mais trabalhadores. Admite-se como pedagógica e favorável a obrigação de criação de códigos de conduta. No entanto, estranha-se a obrigatoriedade legal de instauração de procedimento disciplinar, tendo em conta a natureza privada e auto-tutelar do poder disciplinar do empregador, e sobretudo a classificação como contraordenação grave da violação dessa obrigação. Neste particular o regime privado de trabalho é influenciado por opções políticas que passam a qualificar de “interesse público” situações cuja origem e natureza sempre se centrou no interesse privado dos trabalhadores. Renova-se, nesta sede, a mesma política e estratégia que o legislador usou com as alterações legislativas relativas ao combate ao falso “recibo verde”; (iii) A responsabilidade pela reparação de danos emergentes de doenças profissionais resultantes da prática de assédio será do empregador, ainda que num primeiro momento esses pagamentos sejam assumidos pela Segurança Social, que fica sub-rogada nos direitos do trabalhador;

(iv) A propósito desta alteração legislativa, todas as formas de cessação do contrato de trabalho por acordo passam a ter de mencionar, no documento escrito que titule essa cessação, o prazo legal para o exercício do “direito ao arrependimento” (até ao sétimo dia seguinte ao da sua celebração). No entanto, mantém-se a desnecessidade do cumprimento dessa obrigação nos casos em que o documento escrito de cessação por acordo tenha reconhecida notarial e presencialmente a assinatura do trabalhador, porque, nestes casos, não existe “direito ao arrependimento”; v) Por último, o assédio passou a constar, expressa e autonomamente, do conjunto de situações que legitimam o trabalhador a promover a cessação do contrato de trabalho, por sua iniciativa, com justa causa, e o empregador passou a ser obrigatoriamente sujeito à sanção assessória de publicidade sempre que for sancionado contraordenacionalmente por esta prática. Esta informação constará de sítios de internet disponibilizados pela Autoridade para as Condições do Trabalho e pela Inspeção-Geral de Finanças, endereços que também servirão para receção das queixas de assédio em contexto laboral. O Código de Processo do Trabalho, complementando o regime jurídico substantivo de facilitação de prova das situações de assédio, passou a determinar que as testemunhas arroladas em processos com esta causa de pedir, sejam sempre notificadas pelo Tribunal, independentemente de residirem dentro ou fora da sua área de jurisdição. As presentes alterações estão pensadas entrarem em vigor no primeiro dia do segundo mês seguinte ao da sua publicação, cabendo ao Governo proceder à regulamentação da situação de assédio em sede de acidentes de trabalho e doenças profissionais no prazo de um mês após essa publicação.

Qual o papel da área de recursos humanos (RH) nesta temática?

O papel mais importante na prevenção deste tipo de comportamentos cabe ao empregador e seus representantes. “Mesmo conscientes da realidade do problema, constata-se que os

DRH oscilam entre a negação, a banalização e a perplexidade. Há que dizer que a sua posição é ambígua, apanhada entre dois fogos” (Hirigoyen). Na nossa opinião, a possibilidade dos RH poderem intervir e prevenir (ou remediar) situações de assédio depende, essencialmente, de dois fatores: (i) A importância que a organização dá à função RH; (ii) O perfil do gestor de RH. Uma organização que não valorize adequadamente a função de gestão de recursos humanos, aliada a um perfil de gestor de RH mais preocupado em salvaguardar a sua posição, do que em exercer a sua função, poderá facilmente gerar uma posição de mera transmissão dos comandos e inputs que forem superiormente emitidos, procurando a neutralidade e não intervenção. Ao invés, uma organização que valore a função de gestão de RH na empresa e lhe conceda alguma autonomia, aliada a um gestor de RH personalizado e competente, poderá criar as condições para que a própria organização empresarial previna e elimine as situações de assédio. Um gestor de RH deve também saber diferenciar as situações de assédio daquelas que decorrem de circunstancialismos subjetivos associados a hipersensibilidade ou desmotivação de um trabalhador, produtos de fatores exógenos à organização, ou que não lhe sejam imputáveis. A justiça e equidade nas relações de trabalho deve procurar-se sempre no seio das organizações empresariais, para que as empresas tenham futuro e sejam locais de motivação para o trabalho, produtividade e de realização pessoal dos seus trabalhadores. O recurso aos Tribunais do Trabalho é uma possibilidade que o Estado de Direito proporciona aos seus cidadãos, mas que revela, na maioria dos casos, a existência de problemas organizacionais no seio da empresa, relegando-se a solução para o aplicador da lei, normalmente numa fase adiantada de degradação da relação de trabalho, o que poderá gerar decisões judiciais empresarialmente inexequíveis ou subjetivamente disfuncionais. ▪

11 AGOSTO 2017

No assédio as más condições de trabalho são intencionalmente criadas para constranger a vítima, e não produto de uma deficiente organização, planeamento ou escassez de meios, que recai sobre o conjunto dos trabalhadores; (vi) Os constrangimentos profissionais: finalmente, Hirigoyen alerta também para que o assédio moral não seja confundido com decisões legítimas do empregador, ou de superiores hierárquicos, no âmbito do poder de direção que caracteriza a sua posição no contrato de trabalho. Deste poder de direção decorre o poder de controlo e vigilância que são legítimos e emanam do conceito de subordinação que caracteriza a posição do trabalhador face ao seu empregador. Este exercício de autoridade só se poderá transformar em assédio quando as críticas e as avaliações do trabalho deixam de ser explícitas ou são utilizadas com a finalidade específica de exercer represálias sobre determinado indivíduo.


IMPACTO DA TECNOLOGIA NA GESTÃO DOS RECURSOS HUMANOS

» Ideias Dinâmicas SGPS em destaque

“As empresas são feitas de pessoas, sendo estas a sua chave de sucesso” “Na Ideias Dinâmicas SGPS o que pretendemos que nos diferencie é a qualidade, a excelência, o conhecimento e a paixão e a entrega dos nossos colaboradores”, afima Alexandrina Pinheiro, Diretora de Recursos Humanos da Ideias Dinâmicas SGPS Portugal, Angola, Moçambique e Índia, que em entrevista à Revista Pontos de Vista abordou um pouco mais de um player de renome no domínio dos Recursos Humanos, e onde percebemos a relevância que a Inovação tem hoje na gestão dos mesmos.

E

nquanto diretora de Recursos Humanos, o que nos pode dizer sobre gestão do capital humano? Enquanto Diretora de Recursos Humanos posso dizer que as empresas são feitas de pessoas, sendo estas a sua chave de sucesso. A Gestão de Capital Humano refere-se à gestão de todo o potencial que a empresa concentra, tais como conhecimentos, experiências e competências dos seus colaboradores, a fim de que estes contribuam de forma significativa para a sua produtividade e desenvolvimento. A Gestão de Capital Humano destaca a importância de habilidades sociais e do desenvolvimento das competências dos colaboradores, sendo tão importante para a empresa como para o colaborador.

ALEXANDRINA PINHEIRO

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Que importância assume, atualmente, a gestão de Recursos Humanos (e o próprio departamento) nas empresas? A Gestão de Recursos Humanos é fundamental para o sucesso de qualquer empresa, devendo ser alvo de atenção e análise, tornando-se ainda mais importante se tivermos em mente que o recurso principal de qualquer empresa são as pessoas. Considero que a Gestão de Recursos Humanos nas empresas tem vindo a assumir um papel mais estratégico, tendo em vista a sua integração com os objetivos organizacionais. Atualmente, o papel da Gestão de Recursos Humanos nas empresas vai muito além do recrutamento & seleção, gestão administrativa e processamento de salários, engloba todas as práticas e políticas de recursos humanos ao longo do ciclo de vida dos colaboradores. Existe cada vez mais uma preocupação constante com o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e com a felicidade dos colaboradores nas empresas. No Grupo Ideias Dinâmicas SGPS temos a constante preocupação em manter os colaboradores felizes com um ambiente estável e saudável, tendo sempre em consideração a diversidade cultural. Temos que nos sentir bem no local onde trabalhamos! A aposta na qualificação dos recursos humanos para as novas tecnologias e processos é, hoje, crucial no seio das organizações. Pode mesmo ser encarado como um dos maiores desafios? Os mercados e a própria sociedade estão sempre em constante mudança o que faz com que a gestão de recursos humanos assuma novas atribuições nas empresas, sendo crucial adaptação às novas realidades.


Mais do que apostar na qualificação é urgente capacitar pessoas em tecnologias da informação e comunicações para fazer face à carência de técnicos especializados nesta área e permitir a reconversão profissional, criando novas oportunidades de inserção profissional através da obtenção de novas competências? Para as nossas empresas de tecnologias de informação temos apostado em pessoas cuja formação base é em outra área mas que detém os conhecimentos funcionais necessários e dotamos com as competências necessárias para trabalhar nas tecnologias de informação, consoante as necessidades existentes nas empresas, sendo uma forma de reconversão profissional. O próximo passo será em breve termos academias para jovens recém-licenciados nas novas tecnologias de informação. Estamos conscientes do desafio e entusiasmados em construir uma academia que contribua positivamente para o início de muitas carreiras profissionais. Que posição assume a própria Ideias Dinâmicas SGPS no que diz respeito aos Recursos Humanos? Na Ideias Dinâmicas SGPS o que pretendemos que nos diferencie é a qualidade, a excelência, o conhecimento e a paixão e a entrega dos nossos colaboradores. Para isso contamos com profissionais que buscam excelência em tudo o que fazem e com capacidade para assumirem responsabilidade pelas suas ações.

Temos uma equipa jovem, internacional e muito diversificada geograficamente. A aposta no reforço do Capital Humano tem sido claramente decisiva para o sucesso dos projetos dos nossos clientes. A alta disponibilidade dos nossos colaboradores e a sua capacidade de se ajustarem culturalmente à forma de estar em cada país tem sido um fator determinante para o sucesso dos projetos nos nossos clientes. Como incentivo a esta proximidade cultural, e contribuindo para a valorização do mercado de trabalho dos países onde atua, a Ideias Dinâmicas SGPS assume uma filosofia de recrutamento de importância estratégica, unindo equipas de colaboradores expatriados e locais em torno de um projeto empresarial comum. Proporcionamos um ambiente acolhedor, informal, onde se respira um ar saudável. Desenvolvemos e implementamos práticas de Recursos Humanos que permitem a satisfação, motivação e retenção dos nossos colaboradores, tendo sempre em consideração a diversidade cultural. Tentamos desenvolver práticas no sentido de obter resultados e desenvolver as pessoas, conciliando os objetivos pessoais e profissionais com os objetivos do nosso Grupo. Oferecemos momentos de convívio entre os nossos colaboradores, fomentado o espirito de equipa e de Grupo, contribuindo para momentos de felicidade com os colegas de trabalho. Numa economia cada vez mais global, o que é preciso ter em conta para as empresas e empreendedores conseguirem singrar com os seus negócios e ideias? O espírito empreendedor não tem fronteiras e deve-se traçar metas para viabilizar presença em outros mercados, nomeadamente, com parcerias locais de grande importância estratégica para o processo de internacionalização. A tecnologia é um setor de futuro, que fomenta a competitividade e o crescimento económico, o que mantém a Ideias Dinâmicas SGPS alinhada no investimento no capital social de Startups, que revelem potencial de internacionalização e perfil inovador. ▪

Para terminar, qual é a força impulsionadora da Ideias Dinâmicas SGPS? A força impulsionadora da Ideias Dinâmicas SGPS é transformar boas ideias de negócio em empresas com potencial. Desde 2008, que a força impulsionadora da Ideias Dinâmicas SGPS cria as condições para que os negócios mantenham o seu dinamismo, com recursos humanos, financeiros, capacidade estratégica e serviços adequados. E com uma rede de contatos que garanta a sua visibilidade e crescimento. Diferentes projetos têm diferentes necessidades de financiamento, planos de implementação específicos e necessidades de gestão estratégica particulares. A Ideias Dinâmicas SGPS especializa-se em avaliar estas necessidades e criar as condições ideais para que distintos empreendedores possam desenvolver as suas ideias de negócio, assegurando uma plataforma sólida para o lançamento de novos projetos empresariais em diferentes setores de atividade. A Ideias Dinâmicas SGPS alicerçada numa estratégia de diversificação e empreendedorismo, agrega um conjunto internacional de empresas, que se agrupam em três áreas de atuação distintas: Comunicação e Serviços, Tecnologia e Construção.

13 AGOSTO 2017

As empresas necessitam de informações oportunas e conhecimentos personalizados para auxiliar nos processos de decisão e de gestão, sendo fulcral os recursos humanos terem qualificações para que possam trabalhar com os novos processos e novas tecnologias. O Grupo Ideias Dinâmicas SGPS tem várias empresas de tecnologias de informação, pelo que tentamos sempre estar na vanguarda das novas tecnologias de informação, apostando sempre na qualificação dos nossos colaboradores, o que é sem dúvida um dos grandes desafios.


CAPITAL HUMANO / INDÚSTRIA 4.0 (ECONOMIA DIGITAL)

» JOSÉ CARLOS PEREIRA, CONSULTOR DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS E MEMBRO DA DIREÇÃO DA APQ/NORTE, EM ENTREVISTA

“MAIOR FLEXIBILIDADE, MAIOR CONETIVIDADE E MAIOR VELOCIDADE DE RESPOSTA” José Carlos Pereira, Consultor de negócios internacionais e membro da Direção da APQ/Norte, em entrevista, fala-nos sobre a 4ª revolução industrial que está a mudar a economia, o mundo empresarial e, assim, a gestão de pessoas nas organizações.

O

Governo criou um programa específico para ajudar as empresas portuguesas a abraçarem da melhor forma a indústria 4.0, em que, segundo a PwC, o nível médio de digitalização das empresas do setor industrial crescerá de 33% para 72% dentro de 5 anos. Qual é a sua opinião sobre esta iniciativa? Acredito nos números, embora ainda esteja muito por fazer em alguns setores «distraídos», logo é hoje um grande desafio. A “desmaterialização” da economia, como lhe gosto de lhe chamar, envolve um compromisso muito grande na mudança de processos – empresas, pessoas e liderança. Tenho dúvidas sobre uma revolução tão rápida de digitalização, e isto porque não se limita a isso, ou seja, vai envolver uma série de inovações revolucionárias na produção e nos processos produtivos, em toda a cadeia de valor de alguns setores, com foco no aumento da produtividade. Há termos/conceitos como “the internet of things, the internet of services, the industral internet, advanced manufacturing, cyber-physical systems, smart factory, big data, cloud computing”, entre outros, que ainda não fazem parte do vocabulário da gestão atual. E que já deveriam ser uma obrigação e um compromisso para quem quer conhecer e jogar segundo as novas regras de jogo.

pontos de vista

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O Secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, referiu que esta “é a primeira revolução industrial em que a localização geográfica de Portugal não nos prejudica e os investimentos em infraestruturas tecnológicas, em ciência e na qualificação realizados neste país na última década nos permitem ambicionar liderar esta mudança”. Concorda? Embora, hoje, já afastado da Secretaria de Estado, reconheço um dinamismo ímpar do João Vasconcelos em todas as questões relacionadas com o tema. Principalmente muitos programas criados esse sentido que alimentam e facilitam a adoção de novos modelos por todo o ecossistema empresarial português. Há um trabalho que vem de trás e que efetivamente se materializou em ações concretas da parte governativa. Não concordo com a “liderança da mudança” do lado português, mas sim como ator e protagonista com peso no processo – e nem tanto pelo dinamismo governativo nesta matéria, mas sim pelas empresas, empresários e pessoas que todos os dias marcam a diferença e se ajustam para serem mais produtivos amanhã, de forma a “não perder o comboio”. O ficar de fora, ou atrasado, para algumas indústrias e fileiras pode mesmo, na minha opinião, ser fatal.

JOSÉ CARLOS PEREIRA

Os métodos colaborativos, se os souberem maximizar, vão fazer toda a diferença em termos de inovação e competitividade num setor

Quais diria que são as grandes tendências que afetam o desenvolvimento do capital humano? Maior flexibilidade, maior conetividade e maior velocidade de resposta. Estes serão três vetores como “pedra de toque” para o capital humano 4.0, tudo relacionado com mudança e capacidade de adaptação. A cadeia de valor num determinado setor vai ficar ainda mais dinâmica, otimizada em tempo real (e que se organize só por si), em que o custo, a disponibilidade e o consumo de recursos passam a ser dos principais drivers do negócio. Os métodos colaborativos, se os souberem maximizar, vão fazer toda a diferença em termos de inovação e competitividade num setor. Falando apenas de Portugal, de que forma pode ser explicado o conceito de reindustrialização, indústria 4.0 e de política industrial? Eu chamava-lhe apenas desmaterialização da

economia, com tudo o que isso vai implicar na modificação dos processos e dos relacionamentos “das coisas”. Existe uma clara ligação entre produção industrial, desenvolvimento tecnológico, inovação e emprego qualificado? Porquê? Claro que sim. É todo um ecossistema colaborativo que potencia resultados. Como já referi, a conetividade é a chave, entre empresas, processos, pessoas e a academia. O caminho vai obrigar ao seguinte: meios produtivos mais eficientes, flexíveis e que incorporem inteligência e interconetividade; séries e tempos de produção cada vez mais curtos (personalização massiva dos produtos); uma gestão logística integrada e inteligente; uma digitalização dos canais e gestão omnicanal; análise preditiva das necessidades dos clientes; informação exaustiva e com valor; rastreabilidade de todo o processo produtivo; especialização em ecossistemas de valor; e evolução digital dos produtos. Na sua opinião, do que precisam as empresas portuguesas para se incluírem em pleno naquela que é a Quarta Revolução Industrial? Em primeiro lugar precisam de liderança e visão, antecipando tendências – uma liderança inclusiva e participativa. Em segundo, uma capacidade de adaptação rápida, pois a velocidade passou a ser uma obrigação. Em terceiro, uma capacidade única de ler dados, e os saber analisar/medir em benefício do seu negócio. ▪



Não é excesso de linguagem dizer que dediquei muitos dos meus melhores anos e do meu saber à minha terra. Foi uma escolha que muito me honra e de que gostaria continuar a ver resultados e projetos em andamento, ainda mais dirigidos aos meus conterrâneos Ribeira de Leandres


FOTO: Marco Santos Marques

TEMA DE CAPA

» Testemunho de jOSÉ MANUEL BISCAIA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MANTEIGAS

UM PARAÍSO

NO CORAÇÃO DA SERRA DA ESTRELA Tendo o seu território integrado totalmente no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) o Município de Manteigas, também designado Coração da Serra da Estrela é o guardião do Vale Glaciário do Zêzere, o maior da Europa. Pela sua localização e condições naturais, aliadas às suas paisagens singulares, Manteigas oferece uma qualidade de vida de excelência. Aqui pontuam o turismo de natureza e aventura. O número de visitantes tem crescido exponencialmente e antevê-se a sua evolução como destino turístico, para visitar, onde viver e investir.

JOSÉ MANUEL BISCAIA

EMPENHAMENTO NA EDUCAÇÃO E AÇÃO SOCIAL

Sem dúvida que a nossa maior preocupação são as pessoas, o seu bem-estar e a sua qualidade de vida. Os eleitos têm a nobre missão de representar o seu território e as pessoas que nele habitam, corolário que resultou da confiança de quem elege e a disponibilidade de quem é eleito. Servir melhor é sempre o lema e os objetivos a atingir são a qualificação e a inovação, integrando a participação cívica e a solidariedade intergeracional. É por isso que os setores da Educação e da Ação Social são desígnios que merecem a maior consideração, respeito e atenção. Relativamente às medidas tomadas em relação à área da edu-

cação explica: A Câmara apoia os alunos dos primeiros e segundos ciclos com pagamento de manuais escolares, transportes e pagamento de refeições, assegurando o princípio de, a cada um, conforme as suas necessidades. Mais, em Manteigas, nenhum jovem deixa de ingressar e frequentar o Ensino Superior, por falta de capacidade financeira. Em cada ano são asseguradas cerca de 40 bolsas de estudo e o transporte para visitas à família aos fins-de-semana. Da máxima importância é também a nossa articulação com a UBI - Universidade da Beira Interior - designadamente, com quem estamos a promover protocolarmente a instalação do Centro de Energia Viva de Montanha de Manteigas, em colaboração ainda com a Agência de Energia do Interior. Concomitantemente, com os mesmos parceiros e com a Agência Nacional de Ciência, do Ministério da Cultura, irá cá ser instalado o Centro de Ciência Viva. Estes Centros são espaços únicos, em termos regionais, e modelares, em termos nacionais. Nos centros a instalar, a Educação e a Investigação terão espaços de eleição para os alunos dos diversos níveis de ensino e para professores e cientistas, que nos ajudarão a formar, atrair e cativar jovens qualificados. Se aos jovens queremos propiciar um futuro qualificado e sustentado, damos equivalente importância à ação social que é uma preocupação constante. É por isso que a autarquia apoia as instituições de índole social, solidária, cultural e recreativa e os cidadãos diretamente. Os apoios diretos são feitos aos detentores do cartão do idoso, na aquisição de medicamentos, comparticipando deslocações a destinos dos seus imaginários, desde Fátima, Santiago de Compostela até Lurdes, Açores e Madeira. Oferecemos ainda encontros intergeracionais e disponibilizamos ginástica geriátrica. O município é igualmente pioneiro no apoio à regeneração urbana de habitações que permitam criar condições para retardar a institucionalização dos seus proprietários, tendo sido apoiadas mais de 800 pessoas, para além das intervenções em todos os bairros sociais.

UMA APOSTA NA DEMOGRAFIA E NO INVESTIMENTO

Manteigas, durante mais de um século, foi

17 AGOSTO 2017

R

egressei à presidência da Câmara Municipal de Manteigas nas últimas eleições. No momento em que assumi novamente a gestão do Município em 2013. Deparei-me com dificuldades financeiras resultantes das dívidas a fornecedores, particularmente nas redes de saneamento e abastecimento de água. A dívida assumida e não paga era superior a dois milhões de euros (€ 2.000.000,00). Daqui resultavam os mecanismos de cabimentação e compromissos obrigatórios que estavam na raia da ilegalidade e os pagamentos a fornecedores estavam atrasados há cerca de um ano. Este era um problema que tinha de ser a primeira prioridade a ser resolvida e assim foi. Neste sentido, tivemos que recorrer ao Programa de Saneamento Financeiro e contrair um empréstimo bancário de dois milhões e meio de euros (€ 2.500.000,00) para liquidar as dívidas. Neste momento, a lei está a ser totalmente respeitada, os pagamentos a fornecedores são feitos a sete dias, e a gestão do município está completamente estabilizada, tendo-se readquirido a capacidade de contrair novos empréstimos, se disso houver necessidade.


TEMA DE CAPA

foto: CMM

» Testemunho de jOSÉ MANUEL BISCAIA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MANTEIGAS

pontos de vista

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conhecida por ser uma terra de lanifícios em que o emprego, a continuidade e substituição geracional não estavam em risco. “O mundo muda e não pede autorização para mudar. Importa, por isso, encontrar soluções novas para novos problemas. Com o fenómeno da globalização, também os lanifícios sofreram um abalo global em Manteigas e na Europa. De um momento para o outro, uma indústria estável e qualificada viu-se abalroada e destruída. No princípio, mais de 200 pessoas e depois, mais de 300 viram ruir a sua estabilidade de vida. Estes fenómenos sociais acontecem num abrir e fechar de olhos, mas só lentamente, depois de anos, conseguem ser superados, deixando, ainda assim, no intervalo, marcas socioeconómicas e demográficas profundas. Foi grave, mas há que enfrentar e criar alternativas que deem resultados a médio e longo prazos. Há que equacionar o aproveitamento das pessoas que sabem fazer e que podem ser um ativo imprescindível. Isto já está a acontecer com fábricas novas que inovaram sobre um produto lanígero tradicional, chamado BUREL e que já conquistou mercados nacionais e internacionais; Há que encontrar produtos endógenos e industrializá-los, como é o caso da água de engarrafamento ou para efeitos medicinais, como acontece com a água termal. A água é um produto de excelência e qualidade únicas, em Manteigas. Há que privilegiar a promoção das condições naturais do concelho, em ordem a que se tornem em produtos atrativos, em termos turísticos, particularmente virados para a aventura e natureza e, com eles, aportar gente e investidores focados na hotelaria e na restauração; Há que criar e divulgar condições excecionais para os investidores: Efetivamente, Manteigas é um concelho onde não se cobra derrama, o IMI é o mais baixo permitido por lei e os empresários têm apoios muito significativos para se instalarem e criarem novos postos de trabalho. Foi recentemente criado um novo programa, o Empreende + que prevê apoios até dez mil euros por cada posto de trabalho criado, desti-

nado a jovens com curso profissional ou licenciatura. Pergunta-se: Isto dá resultado? Felizmente, sim. Além de mais de uma centena de postos de trabalho já apoiados, estão em curso novos e vultosos investimentos na área hoteleira. Cá está, Manteigas como destino turístico: cerca de trezentas camas e quatro hotéis em marcha. Serão mais de 150 postos de trabalho diretos e indiretos. Se a tudo isto juntarmos a dedução de 5% do IRS para os domiciliados fiscais e os apoios à natalidade e fixação de famílias, penso que a prazo teremos o casamento certo entre Demografia e Investimento”, conclui.

UM MANDATO VOLTADO PARA AS NECESSIDADES DAS PESSOAS

Ao longo dos tempos do poder autárquico, foram percorridos ciclos diferentes em função das necessidades: Um primeiro, centrado na construção de infraestruturas essenciais, como fosse o abastecimento de água, o saneamento, os resíduos e acessibilidades de base e até iluminação pública. Um segundo, que cruza com um terceiro, passa pelo desenvolvimento e, depois ou, em simultâneo, a promoção da qualidade de vida e qualificação territorial. Genericamente, podemos afirmar que já passámos o ciclo primeiro e estamos avançados no segundo e terceiro. Os nossos problemas prendem-se com a necessidade de termos mais pessoas, e pessoas cada vez mais qualificadas, jovens e empreendedoras. O desígnio nacional, e, também o nosso, é a qualificação, a inovação e a internacionalização. Por isso, como já referimos, a nossa aposta está na formação e qualificação dos jovens. Não é por acaso que já apoiamos mais de 200 jovens com bolsas de estudo: Apostar nas pessoas é imperativo. Pode faltar dinheiro para obras, mas não pode faltar para a reabilitação de residências, nem para Instituições de Solidariedade Social, para as Escolas ou para os Bombeiros e para a inclusão social. É evidente que havendo dinheiro, principalmente vindo da Europa com os Fundos

foto: CMM

Vale Glaciário do Zêzere

Parapente

Comunitários, temos que manter e requalificar também as infraestruturas. Finalmente, ao fim de quatro anos, apareceram algumas poucas verbas que saberemos utilizar na Biblioteca, no Posto de Turismo, no Ribeiro da Vila, na Praça da Vila, no Centro de Energia Viva, no Centro de Ciência Viva, enfim no que for mais necessário e útil.

UM MARCO NO TURISMO DE NATUREZA

Foi referido que em Manteigas não há uma tradição de investidores, circunstância muito determinada pelo sistema que era secular da organização empresarial, do tipo mono indústria. Entretanto, não deixa de ser verdade que a Serra da Estrela, marca nacional e internacionalmente reconhecida, foi e é um bom prenúncio para a atividade turística. Manteigas, Coração da Serra da Estrela, território do Vale Glaciário do Zêzere e do aspirante Geopark tinha e tem condições únicas de uma natureza bem conservada e qualificada. Isto não chega. Era e é preciso transformar condições em produtos, fazer a sua promoção e conquistar mercados e investimentos. Isso foi e é o que fazemos. Analisamos e hoje sabemos e confirmamos que está em crescimento uma nova tipologia de turistas. São turistas que querem desfrutar do ambiente e da natureza num elevado estado de pureza, a que se liga a saúde, o relaxamen-


foto: Autor Miguel Serra foto: CMM

Manteigas Trilhos Verdes

Manteigas Vale por Natureza

foto: CMM

Manteigas é presente. É natureza que vive no agora. É guardiã dos valores naturais que palpitam no momento. É o reflexo natural de passados que dão vida ao futuro. Manteigas é sentir o pulsar do coração da serra da Estrela. Manteigas é natureza presente! Manteigas é valor acrescentado. É o maior Vale Glaciário da Europa. É natureza a valer! Manteigas vale pela paisagem! Vale pelo que guarda, preserva e protege. Vale pelo pulsar de cada dia e pelo palpitar do coração que contempla a Serra da Estrela. Vale pela vibração das cores durante todo o ano.

BTT

RECANDIDATURA PELA POPULAÇÃO DE MANTEIGAS

Não é excesso de linguagem dizer que dediquei muitos dos meus melhores anos e do meu saber à minha terra. Foi uma escolha que muito me honra e de que gostaria continuar a ver resultados e projetos em andamento, ainda mais dirigidos aos meus conterrâneos. Obras foram muitas, mas as pessoas merecem ainda mais no que entendo ser a próxima fase

que é qualificar, inovar, desenvolver e rejuvenescer o nosso concelho. Serão novos empregos nas novas empresas. Serão mais pessoas, mais jovens e novas oportunidades de criar riqueza.Serão novas hipóteses de apoiar a formação em empreendedorismo, em articulação com as Instituições de Ensino Superior e elevar o patamar de competências, colocando-as ao serviço do município e das Pessoas. Cá estaremos para celebrar o reconhecimento da Serra da Estrela como Geoparque pela UNESCO, para assistir ao arranque dos novos hotéis, à instalação e internacionalização do Centro de Energia Viva e do Centro de Ciência Viva. Quem não se sentiria com vontade de continuar a ver frutificar estas realidades? Ainda há mais, diz o autarca, para se conseguir e que já está em marcha, como seja o Plano de Pormenor para as Penhas Douradas que queremos transformar em Estância de Montanha e que pretendemos, venha a ser ligada a Manteigas através de meios mecânicos ou de um passadiço. Assim haja e haverá, acreditamos, empresas que o queiram construir e explorar. Tudo faremos para que Manteigas seja um concelho de carbono zero e, inclusive, em termos de mobilidade. Para isso, alguns dos troços dos trilhos existentes serão preparados para pessoas invisuais e insuficientes motores, para o que já temos uma candidatura em curso. Por Manteigas continuaremos, vale a pena! ▪

Manteigas vale pelo ritmo da vida. Vale pela água mais pura. Vale pela riqueza gastronómica. Vale pelos produtos locais! Vale pelo saber recriado no burel! Manteigas vale pelas pessoas. Manteigas vale por si! Vale por nós! Vale por todos! Vale a pena! Diferenciação Vale Glaciário; Natureza Genuína; Guardiã de Saberes; Harmonia todo o ano. Valores Vida Saudável; Qualidade de Vida; Respeito pela Natureza; Montanha; Grandiosidade Biodiversidade; Pureza e Qualidade; Simplicidade; Genuinidade. Benefícios/Vantagens Turismo Ativo e de Natureza; Imagens/Fotografia; Paisagens; Produtos Endógenos e Tradicionais; Burel; Truticultura; Cortes; Turismo Desportivo; Alta Competição; Turismo Saúde; Turismo Científico. Atributos/Recursos Vale Glaciário; Penhas Douradas; Património Natural; Gastronomia Regional; Feijoca; Truta; Cabrito; Burel; Floresta; Água; Termas; Ar Puro; Parque Natural; Cão Serra da Estrela; Beleza e Facilidade de Acesso à Serra; Diáspora; Bandas Filarmónicas.

19 AGOSTO 2017

to, a observação e a qualidade de vida e fora do stress do dia-a-dia, a par da segurança. Em Manteigas encontra-se tudo isto. Temos 200 quilómetros marcados de tracks (trilhos) que convidam ao pedestrianismo e à contemplação, à aventura e ao desporto, desde a BTT e outras modalidades com bicicleta, orientação, geocaching, esqui, canyoning, ao parapente e até à escalada, etc. O fluxo de turistas multiplicou por seis nos últimos anos e as empresas hoteleiras tiveram a mesma perceção que nós e isto deixa-nos esperançados e entusiasmados. Ele é a Pousada de São Lourenço, ele é o Hotel da Fábrica, o Hotel de Santa Luzia, a Cadeia Vila Galé e foram também requalificados o Hotel e as Termas da Fundação Inatel. E porquê? Porque fizeram os seus estudos empresariais e acharam que valia a pena investir em Manteigas. Serão quatro unidades. É um novo marco em qualquer concelho deste país. É um novo paradigma.


O PODER LOCAL E A SOCIEDADE

» CÂMARA MUNICIPAL DE BEJA

BEJA

TERRA COM ALMA CRIATIVA “Quem me conhece, e não estou a falar só de mim, mas de equipas com quem trabalho, sabe que não sou muito de conversas mas sim de realização, e isso dá-me a satisfação de ver resolvidos problemas que as pessoas e o concelho antes tinham e hoje estão ultrapassados”, afirma João Manuel Rocha Da Silva, Presidente da Câmara Municipal de Beja.

B

eja, Alma Criativa, é uma afirmação que identifica e classifica o que pertence à cidade naquilo que ela tem de único, original e notável. Que características são estas que tornam Beja e as suas gentes únicas? Beja é única porque dificilmente uma cidade congrega tantos elementos distintivos do seu passado histórico, com mais de 2000 anos, a coexistir com uma urbe moderna, cheia de vida e atividade cultural, infraestruturas desportivas, sociais e de lazer. É única, com uma localização privilegiada, paisagem natural, gastronomia de excelência e um potencial de desenvolvimento económico, sobretudo no turismo, agricultura e agroindústrias, tem tudo para oferecer qualidade de vida. A marca que queremos para Beja, é de uma terra com Alma Criativa, porque a designação, em si, traduz visão, vontade, inovação, modernidade.

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Trata-se de uma marca moderna, orgulhosa do seu passado, erguida sob uma torre de modernidade com vista para todos os futuros. Ancorada no seu passado histórico, por onde passa o futuro de Beja? O que é necessário fazer? O passado é incontornável e rentabilizá-lo como fator de desenvolvimento, sobretudo turístico, faz parte da nossa estratégia. O caso do Fórum Histórico de Beja é um exemplo mas temos projetos complementares, como o centro UNESCO para salvaguarda do património, o Museu Regional ou a parceria para valorização do património da Diocese. O que nos falta, apenas, é a concretização das acessibilidades que liguem esta região a Lisboa e Espanha, como a linha ferroviária É a rentabilização do aeroporto, a instalação de empresas. Falta o governo cumprir a sua parte numa estratégia de coesão territorial, investindo o pouco que falta no desenvolvimento económico desta região. Temos empresários, agricultores, com vontade de aproveitar o potencial de Alqueva mas falta garantir as acessibilidades, para pleno funcionamento destas empresas. Beja irá recuperar edifícios no centro histórico,

JOÃO MANUEL ROCHA DA SILVA

A estratégia passa por devolver a cidade aos seus habitantes, construir um Concelho vivo. Para isso a recuperação de edifícios, públicos, particulares e espaços públicos, é determinante" no sentido de instalar o novo Centro de Apoio ao Desenvolvimento Local. É mais uma aposta da Câmara Municipal de Beja, que prossegue a sua estratégia de requalificação de edifícios e valorização do centro histórico. Que outros aspetos fazem parte da estratégia deste executivo? A estratégia passa por devolver a cidade aos seus habitantes, construir um concelho vivo. Para isso a recuperação de edifícios, públicos, particulares e espaços públicos, é determinante. Nesta valorização incluímos o Fórum Histórico de Beja, cujas escavações continuam e revelarão a cidade majestosa que Beja foi, a intervenção na Praça da República, devolvendo-lhe a calçada portuguesa, o centro

UNESCO, o Parque Vista Alegre em pleno centro, ou o requalificar de habitação nos bairros sociais, a dinamização de atividades culturais com caracter regular, que contribuem para a atividade económica, hoteleira e comercial. O futuro está a um passo do presente e consideramos que a oferta cultural e turística numa base de identidade local e preservação da memória duma região com mais de vinte séculos de história, será diferenciadora e atrativa, a par duma terra moderna, de serviços, acessível, onde seja possível investir, nomeadamente, na agricultura e em novas produções a partir da água de Alqueva, com empresas e com qualidade para viver. O Município de Beja instalou jardins verticais em algumas varandas de edifícios públicos do Centro Histórico, no âmbito do projeto “Florir Beja”, e que fomenta a participação ativa dos cidadãos no embelezamento da cidade, contribuir para o seu desenvolvimento turístico e melhorar a imagem do espaço público. De que outra forma o município tem procurado fomentar a participação ativa dos seus cidadãos? Para que se verifique participação, é necessário que as pessoas se identifiquem, sintam a sua cidade e nela gostem de viver. Esta campanha e eventos como o Beja Romana, o cortejo histórico das festas em honra de Santa Maria, os Contos do Mundo, as Palavras Andarilhas, o Festival de Banda Desenhada, as Noites ao Fresco e o Beja na Rua, com as artes a saírem às ruas, a celebração das Maias, entre muitas outras iniciativas de entidades do concelho, com uma adesão maciça dos cidadãos, cumprem este objetivo associado de trazer as pessoas para usufruir dos espaços que estão requalificados e fazer com que sejam elas os atores das atividades, enquanto se fomentam e reforçam laços afetivos entre a comunidade. Que razões enumeraria para se investir em Beja? Estamos no centro do maior investimento público realizado em Portugal que é o empreendimento


Quem me conhece, e não estou a falar só de mim, mas de equipas com quem trabalho, sabe que não sou muito de conversas mas sim de realização, e isso dá-me a satisfação de ver resolvidos problemas que as pessoas e o concelho antes tinham e hoje estão ultrapassados"

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou recentemente que “estamos a perder tempo adiando a descentralização em geral. Os municípios estarão em melhores condições para obter resultados positivos na educação, na saúde e em vários outros setores onde é fundamental que possam ganhar competências”. É urgente que este passo seja dado? Somos os primeiros a defender a descentralização, sempre o afirmámos sem demagogias. No entanto, entendemos que o assunto deve ser tratado com serenidade e debate. Desde logo, com a participação de facto das autarquias, o que não tem existido, para além de factos consumados. Depois, e em respeito pela defesa e qualidade dos serviços públicos, achamos que as chamadas responsabilidades centrais e universais devem manter-se, pois não faz sentido que, por exemplo na saúde, educação, segurança, o estado se demita da sua função. Entendemos que devem discutir-se algumas matérias mas que, descentralização sem poder de decisão são encargos e isso não é verdadeira descentralização. Mas estarão os municípios preparados para uma descentralização “apressada”?

Não estão e nem querem, pelo menos no nosso caso. Esta posição é porque entendemos ser melhor para o país e as populações que este seja um processo que mereça uma discussão séria. Tem existido transferência de competências para os municípios, que já demonstraram ser capazes de gerir com eficácia os dinheiros públicos. Estamos disponíveis para muito mais, mas com correspondente descentralização financeira e autonomia de decisão. “Descentralização é transferir áreas em que as competências de decisão passam a ser de uma entidade mais próxima da população e com os recursos adequados para melhorar o serviço às pessoas”. De que forma o município tem procurado ter mais recursos para melhor servir as pessoas? A proximidade é desejável mas não é o suficiente pois é em função de termos meios que poderemos, ou não, fazer mais e melhor. Mesmo com poucos meios, o poder local é responsável por elevados índices de desenvolvimento, investimos muito, de forma a responder às necessidades das populações, procurámos parcerias, rentabilizámos recursos. A maior capacidade de intervenção será proporcional aos meios que nos transfiram, é apenas disso que se trata. O secretário de Estado das Autarquias Locais refere que é “impossível” no Orçamento do Estado de 2018 aumentar as verbas para os municípios em 595 milhões de euros, como pretende a Associação Nacional de Municípios Portugueses. Que panorama se prevê, ou que panorama seria favorável para os municípios, sobretudo do interior? O problema são as centenas de milhões perdidos ao longo de anos e não agora os de 2018. O problema é que todos os governos até hoje só viram impossibilidades e não cumpriram a lei, designadamente a das finanças locais. O problema está em dividir de forma justa e de acordo com a lei e a constituição, os dinheiros recebidos pelo Estado, em que se encontram as transferências para as autarquias, por direito e não por favor. Aliás, basta aferir um indicador que coloca Portugal muito mal nesta matéria, em termos europeus.

O chamado interior corresponde a território nacional e é “esquecido”. Perdemos todos com a concentração de riqueza no litoral. Por isso e muitas outras questões, defendemos uma regionalização a pensar nas pessoas e no desenvolvimento, legitimada em sufrágio, sem perda de tempo e sem mais “desculpas”. João Manuel Rocha da Silva conta com um currículo vasto e enriquecedor no comando do destino dos cidadãos de Beja. Que balanço faz destes quatro anos de mandato? O balanço que poderão verificar e que eu vejo com satisfação é de muita obra, transformação, projetos, investimento na cultura, diversificada e acessível a todos, com adesão e participação das pessoas, intervenção social e recuperação das finanças, pagando a fornecedores com prazos de 11 dias, a recuperação da confiança e de créditos para todos os investimentos. É muito trabalho para conseguir em tão pouco tempo. Definimos uma estratégia e seguimos este rumo desde que entrámos até hoje, com os resultados que aqui sublinho e estão à vista de quem queira, de forma séria, ver. Que marca pretende deixar na cidade de Beja e nos seus cidadãos? Quem me conhece, e não estou a falar só de mim, mas de equipas com quem trabalho, sabe que não sou muito de conversas mas sim de realização, e isso dá-me a satisfação de ver resolvidos problemas que as pessoas e o concelho antes tinham e hoje estão ultrapassados. Por exemplo, as freguesias rurais tinham grandes necessidades e foram várias as intervenções municipais, em praticamente todas, quer em asfaltos, jardins e espaços verdes, remodelação de redes de águas e saneamento ou no apoio a associações, em parceria com as juntas de freguesia. Queremos continuar a projetar e construir um território coeso, com qualidade de vida, onde se goste de trabalhar e viver. Se falarmos em termos de marca…eu diria esta - de mais trabalho e menos conversa, é isso que me motiva, ver resultados. O que o concelho precisa, digo eu sempre, é de quem concretize coisas sem demagogia ou folclores, faça o que tem que ser feito, com prioridades esquecendo o acessório. ▪

21 AGOSTO 2017

de Alqueva, com todas as oportunidades que isso cria para o desenvolvimento e emprego, estamos num corredor que liga Espanha ao nosso Litoral Alentejano, com praias, clima e oferta turística ímpar, estamos próximos, quer de Lisboa quer do Algarve, temos a natureza e a gastronomia que nos tornam únicos, o Cante Alentejano património da humanidade e um património religioso e histórico, Romano e Islâmico, aos nossos pés. Temos potencial de crescimento controlado e sustentável no plano industrial, do comércio e turismo, designadamente, rural. Temos uma paisagem e uma qualidade de vida classificadas como dos melhores locais da Europa para visitar, que melhores razões poderá haver? Está à vista, a situação privilegiada que possuímos para viver.




Inovação no setor Fotovoltaico

» Energia em Conserva

ENERGIA EM CONSERVA QUER SER A NÚMERO UM EM PORTUGAL NA ÁREA DA INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO DE CENTRAIS FOTOVOLTAICAS

A Energia em Conserva oferece soluções para a redução de custos associados ao consumo energético, tornando assim as empresas mais competitivas no mercado onde atuam. Ana João Martins, Responsável pela administração da Energia em Conserva, explica-nos, em entrevista de que forma tem a empresa trabalhado de forma a tornar-se a número um em Portugal.

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etade de 2017 já passou… que ano tem sido este para a Energia em Conserva? Tem sido extremamente positivo e desafiante, com elevadas expectativas de futuro. Nos primeiros meses do ano na Energia em Conserva ganhámos vários projetos e estabelecemos novos contratos com empresas parceiras e assinamos contratos de elevado potencial com investidores na área do fotovoltaico e eficiência energética. Alcançámos já o volume de faturação de 2016 e contamos duplicar o mesmo até final do presente ano. Questões ambientais assim como redução de custos são algumas das vantagens que poderão ser enunciadas quando se fala em eficiência energética e produção de energia renovável. De todas as vantagens, quais são aquelas que raramente são referidas e que devem fazer parte do conhecimento geral? As vantagens das energias renováveis, talvez menos faladas são: Podem ser consideradas inesgotáveis à escala humana comparando aos combustíveis fósseis;

PERFIL

PERFIL

Administradora

Administrador

Ana João Martins Mestre em Física com grande paixão pelas energias renováveis. Responsável pela administração da Energia em Conserva.

O seu impacto ambiental é menor do que o provocado pelas fontes de energia com origem nos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), uma vez que não produzem dióxido de carbono ou outros gases com “efeito de estufa”; Oferecem menos riscos do que a energia nuclear, centrais térmicas, e outras; Permitem a criação de novos postos de emprego (investimentos em zonas desfavorecidas); Permitem reduzir as emissões de CO2, melhoran-

Edgar Moreira Engenheiro civil com vAstA experiênciA em centrais FotovoltAicas internAcionAis. responsável pelA AdministrAção técnicA dA energiA em conservA.

do a qualidade de Vida (Ar mais puro); Conferem autonomia energética a um país, uma vez que a sua utilização não depende da importação de combustíveis fósseis; Conduzem à investigação em novas tecnologias que permitam melhor eficiência energética; É possível pagar investimentos elevados através da poupança gerada pela eficiência energética ou produção de energia renovável, existindo investidores ativos e focados nesta área de negócio;


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obra da barragem

a caso que vão de encontro às necessidades reais e individuais de cada cliente, garantindo assim a máxima eficiência das soluções apresentadas. Fomos a empresa de Engenharia, dentre muitas, selecionada pela Ciel & Terre para a execução de Engenharia, Procurement, Construção e Comissionamento da primeira instalação fotovoltaica flutuante em Portugal, um projeto inovador da EDP Produção que alia a energia hídrica com a energia solar.

De que forma podem as empresas perceber se dispõem das características ideais para adotar um sistema de autoconsumo? Todas as empresas ou instituições podem usufruir de elevadas poupanças com a instalação de uma central fotovoltaica em regime de autoconsumo (UPAC). A engenharia da Energia em Conserva efetua uma análise pormenorizada dos consumos do edifício em questão apresentando soluções com poupanças reais e garantias de produção. O cliente pode ainda usufruir de uma UPAC com todos os seus benefícios de redução de emissões e redução de custos na fatura elétrica a custo zero, sendo o investimento efetuado por investidores focados neste género de negócio permitindo que o cliente reduza custos de operação mantendo o foco no seu negócio.

De acordo com um relatório do Eurostat, Portugal foi terceiro país da EU a apresentar as maiores reduções em emissões de CO2. Que está Portugal a fazer de diferente? Portugal, através das suas políticas assertivas, está a obter reduções reais nas emissões, no passado através da bonificação da venda de energia renovável. Neste momento Portugal é pioneiro na produção de energia renovável a preço de mercado! O custo das centrais de energia renovável, principalmente as de tecnologia fotovoltaica têm reduzindo consideravelmente levando a que este género de central seja rentável por si só, não necessitando de comparticipações ou incentivos!

O que diria que distingue a Energia em Conserva dos demais players do setor? Oferecemos soluções que se propõem reduzir os custos associados ao consumo energético, tornando as empresas mais competitivas no mercado onde atuam, isto aliado aos vários anos de experiência na área das energias renováveis. Além disto, realizamos projetos personalizados caso

Falando especificamente em inovação na indústria da energia solar, qual diria que tem sido o contributo que a Energia em Conserva tem tido? A Energia em Conserva vai desde o mais ínfimo detalhe no que respeita à apresentação de soluções que sirvam não só o propósito de cada cliente, mas que sejam sempre as mais vantajosas, desenvolvemos muitas vezes soluções inexistentes no mercado de forma a que a solução final seja a mais vantajosa para o cliente. A Energia em Conserva tem um departamento de IDT de onde já

surgiu uma spin-off de estruturas de suporte para instalações fotovoltaicas e está neste momento a trabalhar no armazenamento de energia de baixo custo para industrias. Quais os objetivos da EEC a 5 anos? Temos como pretensão ser a número um em Portugal na área da instalação e manutenção de centrais fotovoltaicas e adoção de medidas de eficiência energética na indústria de elevada qualidade e fiabilidade. Estamos neste momento a trabalhar na possível integração de um projeto fotovoltaico de 17MW em França pais onde pretendemos abrir escritórios em 2 anos. Já em Espanha iremos acompanhar um grupo de investidores, onde pretendemos abrir escritórios no inicio do próximo ano. O nosso departamento de internacionalização está a trabalhar em outras operações assertivas com parceiros já existentes em outras regiões do globo onde pretendemos atuar sempre com a base em Portugal. ▪

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25 AGOSTO 2017

Neste momento o fotovoltaico é considerado a energia com menor custo Instalação/produçãoPor outro lado, que desvantagens deverão ser igualmente conhecidas? A desvantagem poderá passar pelo desmantelamento de centrais de energia renovável no fim do seu tempo de vida. No entanto esta desvantagem é aplicável a qualquer outra central de produção de energia elétrica.


1ª Instalação

fotovoltaica Flutuante

em Portugal

Descrição do projeto Instalação piloto de uma central fotovoltaica com módulos fotovoltaicos flutuantes. O sistema foi instalado na barragem do Alto do Rabagão em Montalegre e permite complementar a energia hídrica gerada pela barragem com a energia solar proporcionada pelos módulos fotovoltaicos. A Energia em Conserva foi convidada pela empresa Francesa Ciel & Terre a participar neste projeto piloto da EDP Produção. A Energia em Conserva foi responsável pela Engenharia, selecção e aquisição dos equipamentos, bem como efetuar a instalação e comissionamento do sistema fotovoltaico flutuante, dos sistemas eléctricos em corrente continua e do avançado sistema de monitorização. O tipo de sistema instalado torna as barragens mais eficientes, uma vez que durante o dia é utilizada a energia gerada pelos módulos fotovoltaicos, havendo assim uma poupança da energia hídrica para os períodos noturnos. Este tipo de sistema híbrido permite reduzir o recurso a energia proveniente de fontes não-renováveis.


Endereço: Rua José António Cruz, nº 89 4715-343 Braga Contato Telefónico: +351 253 055 016 E-mail: geral@energiaemconserva.com www.energiaemconserva.com follow us on

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SUPPLY CHAIN SOLUTIONS

» CARLOS VaZ, FUNDADOR DA MEGATRÓNICA, EM ENTREVISTA

“EM PORTUGAL, ESTAMOS AO NÍVEL DO MELHOR QUE SE FAZ NO MUNDO” Carlos Vaz, Fundador da Megatrónica e Administrador do grupo inCentea, em entrevista, revela que projetos têm elevado a empresa a nível nacional e internacional e ainda que aspetos estiveram na origem da fusão com o grupo inCentea. Saiba mais.

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Megatrónica é uma das empresas portuguesas mais certificadas para responder às solicitações do exigente mercado residencial e o complexo mercado empresarial”. Que soluções e em que áreas se posicionam no mercado? A Megatrónica nasceu em fevereiro de 1997, com três pessoas, dedicando-se à montagem de computadores de “linha branca” e o compromisso de entregar em casa do cliente até 24 horas após encomenda. Iniciámos também a comercialização de software de faturação. Em 2000, com 13 colaboradores e delegações em Barcelos e Guimarães, promovemos um plano estratégico a cinco anos e sedimentámos parcerias com a Primavera, Toshiba, Asus, Samsung, Compaq, HP e Microsoft. Em 2005, o negócio empresarial representava 40%, com 25 colaboradores e uma faturação superior a cinco milhões de euros. Com o novo plano estratégico para 2015 e especializámo-nos na prestação de serviços na área das Tecnologias de Informação, fornecendo soluções empresariais ao nível de Software de Gestão, Infraestruturas SI, Comunicações, Consultoria, Renting e Lojas. Especialistas em diversos setores de atividade, implementamos soluções globais na indústria, em empresas de distribuição e comércio, em unidades de saúde privada e consultórios e em gabinetes de contabilidade. Desenvolvemos e implementamos soluções especializadas para a gestão de armazéns, para gestão de equipas de terreno nas vendas e assistência técnica e para a gestão da manutenção de edifícios e equipamentos. Através de que fatores diria que a empresa se destaca dos outros players do setor? Naturalmente, haverão muitos fatores, alguns de pormenor, outros mais estruturantes, mas diria que no plano estratégico 2015, as parcerias sedimentadas com os mais importantes fabricantes e o programa de gestão de desenvolvimento dos colaboradores, foram os mais

importantes e os mais distinguidos. Somos Parceiro Integrador Primavera desde 2007, e desenvolvemos soluções integradas que resultaram no primeiro produto certificado pela Primavera e ainda existente MMCI (contagens e inventários). As certificações Toshiba Mobility Partner, cinco anos como “Maior Volume de Vendas”, “ASUS Gold”, Premium Partner Primavera, certificação Microsoft SB Specialist e criação da marca mmSolution, comprovam o sucesso da estratégia. Fomos “Melhor Parceiro” da MedicineOne em 2011 e 2012 e mantemos o estatuto Premium Partner. Obtivemos o estatuto de “Parceiro com maior Crescimento” da Eticadata, integramos o grupo TOP parceiros Primavera e fomos o 1º Parceiro Premium Primavera a certificar um produto na nova plataforma OMNIA, tendo obtido uma Menção Honrosa, pelo segundo lugar no concurso internacional.

CARLOS VAZ

A inovação tem de estar na estratégia de todas as empresas. A diferença, na minha opinião, é que não basta termos produtos ou soluções inovadoras para os clientes, temos de ser inovadores dentro da nossa organização, com os nossos colaboradores e «inovadores omnicanais»

Sobre a recente fusão com a inCentea, que análise é possível fazer? Em fevereiro de 2017 formaliza-se a fusão da Megatrónica no grupo inCentea, num negócio concretizado por troca de participações. A fusão tem subjacentes duas ordens de razão principais. Por um lado, a inCentea, com um posicionamento nacional “ambiciona ter um reconhecimento mais forte no norte do país”, o que é possível através da MEGATRÓNICA. Por seu lado, a MEGATRÓNICA “procura forma de conseguir que as suas competências e soluções estivessem disponíveis em todo o país, o que consegue atingir com a inCentea”. As empresas complementam-se, “em conjunto conseguirão ter uma organização mais forte, mais focada no cliente e com mais capacidade de resposta”. Durante o ano de 2016, a soma do volume de negócio das duas empresas ascendeu a 22 milhões de euros, onde mais de cinco milhões dos quais são provenientes da MEGATRÓNICA. O grupo inCentea emprega cerca de 300 colaboradores em seis países e a MEGATRÓNICA conta com 65 colaboradores


Em julho deste ano foram reconhecidos como parceiro do ano da Microsoft em Portugal na área SMB (Small and Medium Business - Pequenas e Médias Empresas). O que pode ser dito sobre esta distinção? É o primeiro “mais valor” resultante da fusão com a inCentea, distinguidos pela Microsoft como parceiro do ano em Portugal na área Small and Medium Business (SMB), fruto do crescimento de mais de 40% no negócio Cloud com produtos da gigante tecnológica. Distinção recebida pela segunda vez pela inCentea, a MEGATRÓNICA foi o Melhor Parceiro Microsoft Office 365, no Norte, em 2015 e 2016. A distinção realça o papel nacional que a inCentea e a MEGATRÓNICA têm hoje no mercado das Tecnologias de Informação. Este esforço traduz-se na capacidade que ambas tem demonstrado em potenciar e alavancar as empresas clientes para mercados que são cada vez mais globais e virtualizados. O objetivo é sempre o de aumentar a produtividade e competitividade. “Vamos iniciar uma segunda fase, mais profunda, com a virtualização das infraestruturas que permitirá às empresas estarem globalmente com todas as ferramentas disponíveis para crescer os negócios e serem mais eficientes”. Um dos objetivos da empresa é o foco na inovação. Há novos projetos em curso? A inovação tem de estar na estratégia de todas as empresas. A diferença, na minha opinião, é que não basta termos produtos ou soluções inovadoras para os clientes, temos de ser inovadores dentro da nossa organização, com os nossos colaboradores e “inovadores omnicanais”. Neste sentido, lançámos o ano passado as primeiras soluções na plataforma OMNIA para clientes. Soluções capazes de executar em todas as plataformas do mercado e em todos os dispositivos, desde o mais simples smartphone, ao tablet ou computador. São um grande contributo para a transformação digital nas empresas. Estamos atentos às tecnologias AR (Augmented Reality) e a novas soluções para a Indústria 4.0, distribuição e serviços. O Azure e os sistemas computacionais híbridos, serão drivers de grande inovação, e pela experiência que temos, seremos um parceiro sempre a considerar pelo tecido empresarial. E vamos surpreender o mercado (e os nossos colaboradores!) com o WALL, um projeto disruptivo, uma inovadora plataforma de serviço... “Num mercado cada vez mais digital, os sistemas de informação são o principal suporte dos grandes negócios”. Os empresários portu-

No conjunto, a presença das duas empresas abrange agora países como Portugal, Espanha, Angola, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Juntos somos o maior parceiro da Primavera, com mais de 2.600 clientes e o único parceiro global. a Megatrónica + inCentea é igual a mais valor!

gueses estão bem preparados para trabalhar globalmente? Eu acompanho os empresários portugueses há 20 anos e não há dúvida que são os melhores do mundo, a sua capacidade de adaptação e resiliência é única. O problema é que estamos ainda numa grande crise e os sistemas de informação exigem investimento em sistemas e em pessoas. Sentimos uma grande abertura e vontade, mas há incapacidade de investimento e por esse motivo, há poucas empresas bem preparadas para trabalhar globalmente. No último ano em particular, e muito motivado pela sensibilização para a Indústria 4.0, temos recebido mais pedidos de propostas para sistemas de informação e soluções inovadoras de transformação digital das empresas. Como qualificaria o segmento de supply chain em Portugal? O supply chain, depois da banca nos anos 80 e das biotecnologias em finais do século anterior, é o grande desafio para as empesas em todo o mundo. De tal forma importante, que se discute em determinados setores, o supply chain vs. demand chain, e nas correntes mais inovadoras, o Digital Supply Chain. Os hábitos e processos de consumo mudaram e o “last mile” incrementou complexidade, a par dos “omnicanais” e da necessidade de satisfazer com novas experiências o consumidor final. Na visão da Indústria 4.0 os processos empresariais são digitalizados, é crítico a evolução das cadeias de fornecimento tradicionais em direção a um ecossistema conectado, inteligente e altamente eficiente. Por esses motivos, e por sermos um país periférico, é ainda mais desafiante o segmento de negócio, mas, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade para empresas e consumidores

experienciarem algo de novo, ligado entre si. Como parceiros tecnológicos estamos a fazer o nosso papel, tal como fizemos na transformação digital e com sucesso, sensibilizar os decisores e apresentar soluções chave-na-mão, que sejam inovadoras e competitivas. Implementámos soluções Supply Chain 360°, suportadas nas soluções do nosso parceiro em software, a Primavera BSS, e soluções ADC de vários fabricantes, os serviços são assegurados pela recente e especializada equipa, inCentea Mobility Solutions. O que era impossível de concretizar há 20 anos que, agora com os avanços tecnológicos, se tornou possível no mundo empresarial? Esta é uma pergunta difícil de responder, não diria impossível, mas que acarretava custos e tempos que hoje não seriam comportáveis. Quais foram os fatores que influenciaram esta evolução? A Indústria 4.0, não tem fonteiras, é a revolução mais rápida da história. A maior oportunidade de revitalização pela inovação tecnológica. Por um lado, as novas tecnologias como o Big Data, a Cloud, e a IoT (Internet das Coisas), são “empurradas” para o mercado e totalmente democratizadas. Por outro lado, expectativas mais exigentes por parte dos consumidores, funcionários e parceiros de negócios, “puxam” as empresas para que desenvolvam cadeias de fornecimento mais confiáveis e mais ágeis. A digitalização e a impressão 3D são gerador de novas oportunidades e crescimento. A digitalização eliminará grande parte da ineficiência, erros potenciais e integrará o processo em toda a cadeia de fornecimento. E a impressão 3D será decisiva na transformação do fornecimento de peças sobresselentes, além do que já é na área dos protótipos e testes funcionais. Com delegações em Portugal, Angola e Moçambique, que diferenças são mais visíveis entre os diferentes mercados relativamente ao progresso tecnológico empresarial? Ainda hoje, e após quase dez anos de África, fico maravilhado com as ideias que existem em Angola e Moçambique, resultam da experiência importadora, de modelos americanos e da África do Sul, muito avançados. Infelizmente as infraestruturas ainda não permitem implementar as avançadas ideias dos empresários e, normalmente, os projetos mais arrojados param. Em Portugal, e pelos vários exemplos que falei, estamos ao nível do melhor que se faz no mundo, comprovado pela crescente procura de engenheiros portugueses pelas tecnológicas internacionais, e mais recentemente, a instalação de grandes centros de investigação, desenvolvimento, suporte e decisão em várias cidades portuguesas. Os setores dos serviços, no geral, estão num nível de sofisticação elevada, na indústria temos excelentes exemplos do uso intensivo de tecnologia. No meu entender, o setor primário, a indústria transformadora e a agricultura, será o que mais evoluirá na próxima década. ▪

29 AGOSTO 2017

em três geografias. No conjunto, a presença das duas empresas abrange agora países como Portugal, Espanha, Angola, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Juntos somos o maior parceiro da Primavera, com mais de 2.600 clientes e o único parceiro global. a Megatrónica + inCentea é igual a mais valor!


REEDUCAÇÃO ALIMENTAR – (RE) APRENDER A COMER

» AQUI HÁ GÉNIO

COMER BEM PARA SER MAIS FELIZ Marta do Nascimento é Diretora Técnica e Pedagógica do Aqui Há Génio e Técnica de Psicologia, em entrevista à Revista Pontos de Vista, fala-nos de reeducação alimentar. Saiba mais.

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e que forma está estruturada a equipa “Aqui Há Génio” que é responsável pela parte nutricional? Que métodos são utilizados? A equipa responsável pela parte nutricional é composta por uma nutricionista, assim como dois técnicos da área da Psicologia, ambos com formação em Perturbações do Comportamento Alimentar, trabalhando também em parceria com um enfermeiro que sempre que necessário pedimos que se desloque às nossas instalações. A juntar à equipa ainda temos três Personal Trainers disponíveis e toda uma infra-estrutura de apoio a este acompanhamento, com todo o equipamento necessário para o treino individual. A Consulta de Nutrição consiste na estruturação de um plano alimentar personalizado, ajustado à medida de cada um, atendendo às suas necessidades e objetivos, mas respeitando sempre os gostos pessoais, as rotinas

pontos de vista

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MARTA DO NASCIMENTO

e os horários de cada um. Os métodos utilizados passam pela sensibilização, assim como uma avaliação nutricional em que se realiza a avaliação do estado nutricional direto – exame físico – assim como antropométrico – com técnicas de medição. Para além da tradicional pesagem é realizada uma análise da composição corporal, realizada por bio impedância.

“Cada aluno é um aluno diferente e com necessidades diferentes”, quando se fala em alimentação, a mesma, tem de ser ajustada de acordo com aquilo que é o ambiente familiar/ escolar da criança? Claro que sim e só assim faria sentido. Tentamos sensibilizar para o tipo de alimentação praticada, disponibilizando uma zona de copa para quem frequenta o “Aqui Há Génio”, onde os pais e quem usufrui dos nossos serviços pode sempre trazer alimentos, de forma a minimizar a procura de comida processada e/ou rápida oferecida nos cafés e bares da zona. Todos somos diferentes, com necessidades nutricionais distintas e com organismos completamente diferenciados. A realidade é que as escolas têm vindo cada vez mais a preocupar-se com esta questão da alimentação, se bem que muitas vezes não a adaptam de acordo com o que seria expectável. A realidade é que nem todos os pais têm disponibilidade para confecionar refeições caseiras para os filhos levarem todos os dias para a escola e da escola para o Aqui Há Génio. Nos períodos de férias, tentamos ter uma oferta diversificada a nível alimentar, com salada a acompanhar as refeições e fruta como sobremesa, mas devo confessar que não há uma grande adesão. Para além do excesso de peso, que outras causas podem ser apontadas como fatores para a necessidade de uma reeducação alimentar? De facto, o ganho de peso é tão importante quanto a perda de peso, assim como conseguir mantê-lo. O controlo do colesterol e da glicose, são outras razões que devem levar à procura de um nutricionista. Todos nós deveríamos passar por uma reeducação alimentar, dado que um corpo bem nutrido terá uma melhor performance a todos os níveis, sejam eles físicos, emocionais, psicológicos, intelectuais. Além de problemas de saúde que outras complicações podem advir de uma dita má alimentação? A falta ou o excesso de nutrientes podem causar uma série de situações menos agradáveis para o nosso organismo, contribuindo para uma redução do bem-estar. O stress, o cansaço, a diminuição da capacidade de trabalhar, assim como o risco de desenvolver doenças como a obesidade, depressão, distúrbios alimentares, doenças cardiovasculares, entre outros

problemas de saúde, estão entre algumas das complicações que podem surgir devido à dita má alimentação. A má alimentação da criança em desenvolvimento e do adolescente pode provocar doenças que dificultam o seu desenvolvimento físico e mental. O facto de muitos alimentos tidos como mais saudáveis serem, por norma, mais caros, influencia diretamente a má alimentação? Como pode esta questão ser contornada? Hoje em dia tem-se a ideia que sai caro ser-se saudável. Esta questão não é de todo verdade. Comer bem não é necessariamente mais caro se a pessoa se dedicar a preparar os alimentos. Os alimentos estão à nossa disposição nas diversas superfícies comerciais, mas o ritmo avassalador que hoje em dia temos leva-nos a pensar que não temos tempo para estar a cozinhar “esta e aquela” comida. Gerir o tempo de outra forma, priorizar tarefas e mesmo distribuí-las pelos membros da família pode ser um início para o “tempo crescer” e assim conseguir-se confecionar os alimentos e criar outras dinâmicas familiares. O que significa e o que é necessário para se comer bem? O principal conceito que devemos reter é que esta reeducação de que se fala não é o facto de deixarmos de comer tudo o que nos é agradável ao palato e passarmos a comer somente fruta, legumes ou produtos light, mas sim aprender que podemos comer tudo, sem excessos e de forma equilibrada. A ideia é que este seja um processo individualizado, “cada aluno é um aluno diferente e com necessidades diferentes”, assim como “cada pessoa é um indivíduo diferente e com necessidades diferentes” e com a orientação de um nutricionista se tornar-se mais simples para cada um. A alimentação não deve ser imposta como algo inflexível, que gere sacrifícios. Deve ser algo agradável, planeada de acordo com as preferências da pessoa, levando em conta os seus hábitos e costumes, respeitando sempre os aspetos culturais, com bom senso e com o equilíbrio nutricional necessário. Mudar de hábitos não é uma tarefa fácil, mas é possível. É um processo de educação e deve ser encarado dessa forma, com erros, acertos, deslizes, recaídas, etapas vencidas. ▪



MARCA DE QUALIDADE EUR-ACE

» Mestrado Integrado em Engenharia Química da FEUP

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA DA FEUP DISTINGUIDO COM SELO DE QUALIDADE EUROPEU A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) é a primeira instituição portuguesa com todos os cursos de Mestrado Integrado em Engenharia reconhecidos pela ENAEE (European Network for Accreditation of Engineering Education) através da atribuição da Marca de Qualidade EUR-ACE. O Mestrado Integrado em Engenharia Química (MIEQ) obteve a sua acreditação em 2012. Luís Miguel Madeira, atual Diretor do Curso de Engenharia Química da FEUP, e José Miguel Loureiro, Diretor do Curso aquando da acreditação EUR-ACE, falam-nos de todo o processo para submeter a candidatura a este selo de qualidade, bem como dos benefícios que o mesmo acarreta.

LUÍS MIGUEL MADEIRA E JOSÉ MIGUEL LOUREIRO

pontos de vista

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EUR-ACE é uma marca europeia de qualidade, cujo sistema de avaliação tem por base um conjunto de requisitos que distinguem os cursos de engenharia de alta qualidade na Europa e no mundo. Sinteticamente, o que está em causa com esta acreditação? Luís Miguel Madeira (LM) Participei e colaborei no processo que permitiu a acreditação do curso, sendo na altura o diretor do curso o Professor José Miguel Loureiro. Esta acreditação é um selo de qualidade para toda a comunidade envolvente: para os estudantes, para as empresas e entidades empregadoras, para as organizações profissionais e entidades de acreditação, para os docentes e instituições universitárias, mas, sobretudo, é um selo de qualidade e de distinção para o mercado nacional, europeu e internacional. É um reconhecimento da qualidade que o Mestrado Integrado em Engenharia Química oferece na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. José Miguel Loureiro (JL) Na sequência do processo de Bolonha as instituições europeias acharam que deveria haver um sistema que permitisse aos estudantes fazerem parte do seu curso numa universidade de um país diferente. Para isso tinha de haver universidades acreditadas que permitissem que os estudantes tivessem a sua carta de

curso válida em toda a Europa. Para tal, também foram criados os ECTS (European Credit Transfer System), o sistema de créditos no qual nos baseamos atualmente. É um sistema centrado no estudante que permite acumular e transferir créditos académicos de uma universidade para outra instituição fora do país. Com o sistema ECTS e com as acreditações a nível europeu tudo se tornou mais fácil, e com o devido reconhecimento. Para além dos requisitos educacionais, a atribuição contempla também a opinião dos vários intervenientes do processo como os estudantes. Quais são os maiores benefícios deste selo de qualidade? LM Este selo apresenta vantagens não só no que diz respeito à mobilidade dos nossos estudantes durante o mestrado integrado, mas também para atrair estudantes, e sobretudo, em termos profissionais. É dada a garantia de que um curso que é acreditado vai cumprir com os padrões europeus e internacionais e as empresas reconhecem essa qualidade. Os estudantes quando escolhem o nosso curso sabem que, mais tarde, a abertura ao mercado de trabalho é maior. Por outro lado, verão o processo simplificado aquando da candidatura a outros programas de mestrado ou doutoramento acreditados.

JL Estando nós na União Europeia este selo de qualidade é importante para a mobilidade dos nossos estudantes, para quem o mercado de trabalho não é exclusivamente Portugal. É importante esta acreditação para se abrirem portas, não só na Europa, mas a nível internacional, aos nossos estudantes. A FEUP é já uma entidade de renome, com esta qualificação que patamar podemos considerar que a instituição alcançou, quer a nível nacional quer a nível internacional? LM A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto orgulha-se em ser a primeira instituição portuguesa com todos os cursos de mestrado integrado em engenharia reconhecidos pelo ENAEE (European Network for Accreditation of Engineering Education) através da atribuição da Marca de Qualidade EUR-ACE. JL O curso de Engenharia Química foi o segundo a receber este selo, tendo sido o primeiro o curso de Engenharia Mecânica. A avaliação do MIEQ teve lugar em 2012 e a certificação é válida por um período de seis anos, até 2018. A partir daí os restantes cursos de Mestrado Integrado (e Mestrado em Engenharia de Minas e Geo-Ambiente) da FEUP candidataram-se ao EUR-ACE e, neste momento, são todos acreditados (dez no total).


FOTOS: ©Susana Neves

de estar associada ao ensino. Só se pode evoluir no ensino se houver um acompanhamento nas matérias que são lecionadas a par do que se faz de novo em termos de investigação. E este é, claramente, um departamento forte em termos de investigação. Para ter uma ideia, podemos dizer que no ranking de Shanghai deste ano a Engenharia Química da Universidade do Porto ficou classificada no 29º lugar a nível mundial (!). Está, ainda, no sétimo lugar a nível europeu e é a melhor a nível nacional.

grama Erasmus Estudos e, mais recentemente, do programa Erasmus Estágios, que permite aos estudantes, no 5º ano do curso, fazerem a sua dissertação num ambiente empresarial em empresas espalhadas pela Europa. São programas com uma adesão cada vez maior, por parte dos estudantes, de universidades de referência e de empresas de renome no espaço europeu. Podíamos dar-lhe mais exemplos, mas este em particular ilustra bem o reconhecimento europeu da qualidade oferecida no MIEQ e na FEUP. ▪

Especificamente, o que/quem é avaliado? JL Para além do programa curricular e do corpo docente também são avaliadas as próprias instalações da faculdade, as instalações do departamento, desde os laboratórios aos gabinetes e salas de aula, bem como as infraestruturas como a biblioteca, a rede informática ou, ainda, as atividades extracurriculares que a faculdade fornece aos seus estudantes. Estamos aqui para formar pessoas e profissionais, por isso mesmo tudo é alvo de avaliação. LM Além disso, a avaliação que os próprios estudantes fazem dos docentes, através de inquéritos pedagógicos de forma anónima, também entra nos critérios para a acreditação. Todos estes critérios são importantes e têm contribuído bastante para a questão da internacionalização. Temos parcerias e acordos com diversas e prestigiadas instituições espalhadas pelo mundo que têm permitido a mobilidade dos estudantes, quer seja a partir da nossa faculdade para outras instituições, quer a partir de outras universidades para a FEUP. Estamos a falar por exemplo do pro-

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O EUR-ACE atribui o selo depois de reconhecidos e validados os critérios. Que critérios são esses? E em que áreas? JL Em Portugal, a entidade emissora deste selo de qualidade europeu às instituições académicas é a Ordem dos Engenheiros, devidamente credenciada pela ENAEE. Há um guião de avaliação que abrange vários itens, entre eles as competências que são geradas no curso, ou seja, o conhecimento e a compreensão, a análise de engenharia, o projeto de engenharia, a investigação, a prática de engenharia e as competências transferíveis, entre outros. Todos estes itens são avaliados, quer por documentação que fazemos chegar através de um relatório, quer por uma comissão da Ordem dos Engenheiros que visita a instituição e faz um pré-relatório, o qual é comentado pelo diretor do curso e, posteriormente, (desejavelmente) aprovado com a atribuição da Marca de Qualidade EUR-ACE durante um período renovável, que no caso do MIEQ foi de seis anos. LM Nem todos os cursos são acreditados e nem todos os cursos são acreditados pelo mesmo período. A partir do relatório do curso e dos pareceres surge uma série de recomendações, algumas para serem implementadas no imediato e outras a médio/longo termo. Este fator acaba por se revelar numa forma de aferir a qualidade do curso, que tentará implementar essas recomendações para uma renovação da candidatura ao selo de qualidade. Dos critérios anteriormente referidos posso dar o exemplo da investigação. Quando falamos da oferta de um curso de mestrado integrado de cinco anos, a componente de investigação tem


NOVA ACADEMIA DE NEGÓCIOS ActionCOACH

nOVA ACADEMIA DE NEGÓCIOS ActionCOACH VEM REVOLUCIONAR A FORMA DE ”EDUCAR” EMPRESÁRIOS PARA NEGÓCIOS DE SUCESSO São vários e distintos os desafios que se apresentam no crescimento de um negócio quando a meta é o sucesso.

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ActionCoach é a resposta a estes desafios, através de um programa especializado, denominado Academia de Negócios, que assenta numa filosofia de gestão integrada, onde o sistema Testar & Medir está sempre presente. A Academia de Negócios é um programa que decorre por seis meses, dividido em 12 sessões quinzenais de duas horas e meia e orientado pelos Business Coaches da ActionCoach. Dirige-se exclusivamente a quem quer melhorar o seu negócio, aferir a qualidade dos seus métodos de gestão e atingir resultados de sucesso, através de um curso qualificado e de curta duração. Os objetivos do curso são afinar a definição das prioridades e a gestão de tempo, definir uma proposta única de venda através de estratégias competitivas, aumentar os leads e a sua taxa de conversação, criar metodologias de fidelização, diferenciar o cash-flow da margem de lucro, contratar, desenvolver e reter os melhores colaboradores e ainda dar a conhecer sistemas que permitem que o negócio funcione sem a presença da gerência. Tudo isto em 98 dias com a equipa da ActionCoach e adaptando algumas das 328 estratégias de crescimento do negócio. Para Rita Santos, CEO da Slim 7 e cliente da Academia de Negócios, “a sua participação na academia de negócios tem sido de extrema importância. Adquirimos noções a nível de gestão diária que não valorizávamos antes, como a importância de testar e medir as estratégias implementadas. Ensinou-nos a ganhar clientes mas mais importante a recusar ‘cliente’. Conseguimos definir melhor o nosso nicho o que permitiu ganhar foco no que

realmente importa para o negócio. O impacto tem sido notório: “desde que estivemos na academia de negócios, conseguimos ter mais foco no nosso negócio através da definição de objetivos concretos e realizáveis. Aprendemos a delinear estratégias, a testá-las e medi-las para tomar decisões mais acertadas.” Fábio Nunes, proprietário de uma start-up, também destaca a importância da “definição de objetivos, o mapa cash-flow a 13 semanas e a qualificação de leads e clientes”. Segundo o próprio “o maior impacto foi passar a definir objetivos e, assim, definir como e quando os atingir, resultando num maior crescimento pessoal e do negócio”. A Academia de Negócios continua a decorrer em Lisboa e Porto e com resultados comprovados. Para mais informações visite o site www.actioncoach. com.pt e venha fazer crescer o seu negócio! ▪

Desde que estivemos na academia de negócios, conseguimos ter mais foco no nosso negócio através da definição de objetivos concretos e realizáveis. Aprendemos a delinear estratégias, a testá-las e medi-las para tomar decisões mais acertadas" Rita Santos CEO da Slim 7

O maior impacto foi passar a definir objetivos e, assim, definir como e quando os atingir, resultando num maior crescimento pessoal e do negócio" Fábio Nunes proprietário de startup



INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

» SHARING FOUNDATION

SHARING FOUNDATION: HÁ CINCO ANOS EM PROL DA MULTICULTURALIDADE E DA INTERCULTURALIDADE “A Fundação trabalha na Guiné equatorial, em Cabo Verde, em Moçambique e colabora com a Rússia, Brasil e países europeus, interagindo assim com outras culturas de uma forma globalizada”. Descubra tudo sobre a Sharing Foundation nas palavras de Carla Silva, Diretora Geral.

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Fundação atua em diferentes áreas que vão da educação à cultura, às artes e formação em âmbito regional, nacional e internacional. De forma a elucidar os nossos leitores, que história pode ser contada sobre a origem e o propósito da Sharing Foundation? A Sharing Foundation é um Fundação de cariz familiar, instituída em homenagem em vida à mãe do nosso Presidente Silvio Santos, no dia do seu último aniversário, a 15 de Outubro de 2013. Baseada na visão de um país melhor com uma juventude educada e formada numa pedagogia diferenciada, alicerçada na meritocracia, mas também promotora de culturas e línguas que fazem parte do desenvolvimento do ser humano. Nem sempre, na nossa sociedade, somos capazes de usar a cooperação como forma de prática de trabalho, não é fácil ao ser humano “despir-se” da sua individualidade e do espírito de sobrevivência que nos caracteriza. Essas competências, chamadas de soft skills, são competências adquiridas na formação, na aprendizagem por um modelo multicultural e intercultural, basilar na Fundação e foi este o espírito que a promoveu.

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É diretora geral da fundação e tem um pós doutoramento em Sistemas de Inteligência Artificial, um tema que trouxe para a fundação. Que projetos têm sido desenvolvidos nesse sentido? A Fundação tem os seus projetos na área da Educação e Pedagogia na temática do multiculturalismo e multilinguismo associados à rede de escolas ao nível nacional bem como ao nível internacional, nomeadamente nos países da CPLP. A investigação na área de Sistemas de Inteligência Artificial tem sido uma das iniciativas trazidas à discussão nos nossos projetos de investigação e em projetos europeus. Acreditamos que a tecnologia pode promover a aprendizagem numa metodologia inclusiva e integradora do aluno. Nos nossos projetos pretendemos demonstrar a intervenção de boas práticas ao nível da inteligência artificial que podem ajudar a gestão de uma boa escola e um novo paradigma de aprendizagem do aluno. Em Portugal, esta é uma temática que começa a ganhar alguma força… comparativamente com outros países, estamos num bom patamar? Portugal tem feito um excelente percurso de investigação nesta área há décadas, desde machine learning, robótica inteligente, à inteligência aumentada com aplicação da área da saúde nos centros de investigação. Ligados à aprendizagem, é uma ideia inovadora e completamente revolucionária. Escrever um algoritmo que possa prever

Portugal tem feito um excelente percurso de investigação nesta área há décadas, desde machine learning, robótica inteligente à inteligência aumentada com aplicação da área da saúde nos centros de investigação. Ligados à aprendizagem, é uma ideia inovadora e completamente revolucionária" se determinado aluno vai ter dificuldades em determinados conteúdos, pode ajudar a gestão da escola a realizar uma intervenção adequada e atempada de modo a prevenir abandono ou insucesso escolar. Os sistemas de inteligência artificial podem fazê-lo, enriquecendo o sistema de ensino de novas ferramentas para ensinar, evoluir e ter sucesso. Onde nos leva a inteligência artificial? A inteligência artificial é um meio pelo qual se pretende modelar os pensamentos em processos computacionais. E definir processos mentais como uma expressão algorítmica é de facto algo extremamente ambicionante. E isto leva-nos com certeza ao desenvolvimento da engenharia do conhecimento, uma nova área e provavelmente novos perfis de trabalho serão definidos por este conhecimento. Esta capacidade de um computador reconhecer padrões e definir perfis tendo por base as lógicas humanas e o comportamento humano, vai fazer-nos, a nós como seres humanos, ambicionarmos ir mais longe no conhecimento, aliás uma característica que nos distingue das demais espécies.

Promover a multiculturalidade e o interculturalismo são princípios que estão enraizados na fundação. Através de que meios promovem este comportamento global? A Fundação trabalha na Guiné equatorial, em Cabo Verde, em Moçambique e colabora com a Rússia, Brasil e países europeus, interagindo assim com outras culturas de uma forma globalizada. Trabalhar com muitas culturas permite-nos desenvolver competências entre culturas. Nos nossos projetos, a cultura é sempre vista a partir de um ponto, e nessa perspetiva, é sempre coordenada e respeitada a vista de outros pontos. E é nesta missão de espírito cultivador que podemos e devemos evoluir e respeitar as diferenças. O Ser Humano evoluiu como espécie porque era diferente e foi necessário adaptar-se à diferença do seu meio para evoluir. Nós, como seres culturais devemos ser capazes de viver nessa diferença, mas acima de tudo, respeitando a vivência da diferença. Isto é basilar e um dos alicerces dos direitos humanos, um meio pela qual a Fundação pretende sempre seguir. Organizam encontros, seminários e conferências, quais serão as próximas? Até ao final do ano a Fundação está envolvida na gestão e coordenação de alguns projetos europeus, tendo as ações inerentes a esses projetos as conferências e seminários com as nossas Universidades e Instituições parceiras. Em 2018 celebramos o 5º aniversário da Fundação e pretendemos associá-lo à nossa missão, juntamente com os nossos parceiros de educação e ciência, a promoção deste dia com uma conferência internacional. ▪


ENSINO E CPLP

» MADEIRA MULTILINGUAL SCHOOL

EDUCAÇÃO MULTILINGUE, UM LEQUE DE OPORTUNIDADES Madeira Multilingual School é a única escola internacional, multilingue e multicultural na Ilha da Madeira com certificação IB, International Baccalaureate, para o Ensino Básico. Qual é a grande diferença de estudar numa escola IB? A IBO é uma organização educacional que oferece uma qualificação de reputação mundial para estudantes que querem um currículo que os ajude a desenvolver as habilidades necessárias para o sucesso na vida académica e na vida profissional. A grande diferença na metodologia do nosso ensino é o facto de trabalharmos com turmas com um máximo de 17 alunos, permitindo assim um trabalho mais individualizado com cada aluno e uma adequação às suas características de aprendizagem. Este acompanhamento personalizado desafia os alunos a pensar de forma crítica e analítica sobre as mais diversas temáticas, respeitando as diferenças de uma sociedade cada vez mais globalizada.

internacionalização da educação e da promoção do ensino da língua, bem como na divulgação da cultura portuguesa no estrangeiro. Há exceções, naturalmente, e domínios mais explicitamente económicos, como o AICEP no fomento às exportações. Mas ao nível da educação, da promoção da cultura e da língua, cujo valor económico começa a ser cada vez mais irrefutável, as organizações do Estado são ainda tímidas no seu relacionamento e cooperação com as instituições privadas para este desiderato.

Em conjunto com a APEL criaram a Cape Verde Multilingual School em 2013 e as Equatorial Guinea Multilingual Schools em 2014. Estes projetos surgiram para colmatar que necessidades? O nosso principal objetivo é desenvolver em todo o mundo uma rede de escolas internacionais, multiculturais e multilingues com o intuito de preparar as novas gerações para um mundo cada vez mais globalizado e com permanentes mudanças económicas, sociais, culturais e politicas. Este projeto pretende nos próximos anos chegar a todos os países da CPLP, que representa um universo de mais de 350 milhões de habitantes com acesso a uma educação cada vez mais integrativa de visão ampla, para se compreender melhor o mundo, no seu todo e em todas as suas especificidades.

Que vantagens advêm para os jovens de uma educação internacional, multicultural e multilingue? A principal vantagem desta oferta é a possibilidade de ingressar, a nível superior, tanto numa escola portuguesa como numa instituição de ensino de língua inglesa em qualquer parte do mundo. Para isso, implementamos a aprendizagem do português e do inglês desde o início do percurso académico, saindo os alunos da nossa escola com o Ensino Básico completo e ainda a falarem fluentemente cinco línguas das sete que fazem parte do nosso plano curricular, sendo o português, o inglês, o alemão, o mandarim e o russo obrigatórias, e o francês e o espanhol optativas. As gerações futuras serão em breve confrontadas com uma crescente necessidade de compreensão e capacidade de trabalhar com línguas e culturas diferentes, e esta nossa metodologia de ensino vem precisamente contribuir para esta preparação a nível académico e abrir o leque de oportunidades futuras. A par com a educação multilingue, temos uma base de atuação multicultural, pois temos mais de uma centena de alunos que representam 19 nacionalidades e sabemos como é essencial à construção da aprendizagem e crescimento individual a interligação cultural.

A cooperação bilateral entre Portugal e os países integrantes da CPLP no domínio da educação deveria ser mais fomentada? Em Portugal ainda é insipiente a cooperação entre agentes públicos e agentes privados em matéria de

A Madeira Multilingual School procura parcerias no continente e quer estar, nos próximos anos, em todos os países lusófonos. Que mais-valias a escola procura nestas parcerias? A Madeira Multilingual School faz

parte do projeto International Sharing Schools – Multilingual Education, da Sharing Foundation, e procura tanto a nível nacional, como noutros países da CPLP, parceiros com vocação para a educação e o desenvolvimento social, para abrir novas escolas com este sistema de ensino internacional, multicultural e multilingue. A nível nacional procuramos entidades públicas ou privadas, nas cidades de Lisboa, Porto ou na região do Algarve, com instalações disponíveis em localizações adequadas que nos permitam implementar este projeto e possam ser concessionadas com um custo reduzido, numa perspetiva de desenvolvimento social. Estas escolas poderão posteriormente candidatar-se também à Certificação International Baccalaureate. ▪

JÚLIA SANTOS

37 AGOSTO 2017

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A Madeira Multilingual School faz parte do projeto International Sharing Schools – Multilingual Education, da Sharing Foundation, e procura tanto a nível nacional, como noutros países da CPLP, parceiros com vocação para a educação e o desenvolvimento social. Júlia Santos, Diretora da Madeira Multilingual School e Vice-presidente da Sharing Foundation, fala-nos mais sobre os propósitos da escola e da fundação.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» VANDA RAMOS, COORDENADORA DO ENSINO SECUNDÁRIO NO COLÉGIO ST. PETER’S INTERNATIONAL SCHOOL

“NADA SE CONSEGUE SEM TRABALHO” Vanda Ramos, Coordenadora do Ensino Secundário no Colégio St. Peter’s International School, defende que “se temos indicadores diversos que atestam que as mulheres reúnem características que podem ser vantajosas em cargos de liderança, a sociedade tem de se adaptar a essa realidade, procurando obter vantagem da participação feminina”.

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anda Ramos é Coordenadora do Ensino Secundário no Colégio St. Peter’s International School. Como tem sido lidar com este desafio? O Ensino Secundário foi inaugurado no colégio em 2004, sendo objetivo da direção da instituição prosseguir o projeto educativo preconizado no Ensino Básico. Pretendeu-se, assim, oferecer às famílias a possibilidade de concluir connosco mais este ciclo de estudos, completando o percurso escolar do aluno, do jardim-de-infância à faculdade. Nessa altura, fui convidada para coordenar este novo ciclo. Desde então, este cargo tem sido um desafio para mim, pois, apesar de exercer esta função há alguns anos, trabalhar com pessoas é uma constante construção. São muitos os intervenientes: os encarregados de educação, que pretendem um ensino exigente e rigoroso; os alunos, que ambicionam os melhores resultados para escolherem a faculdade onde prosseguirão os seus estudos; os professores e técnicos pedagógicos, que têm de se unir, para desenvolver um percurso sólido, com o objetivo de alcançar o máximo de sucesso possível. Este tem sido, portanto, um desafio exigente, com o qual tenho lidado diariamente com dedicação e muita persistência.

pontos de vista no feminino

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O St. Peter’s International School atingiu o 2º lugar nacional, com uma média de 14,84 valores, entre as 626 escolas com Ensino Secundário com mais de 100 provas realizadas. Para além do 2.º lugar no ranking das escolas 2016, obteve o 1.º lugar nacional na disciplina de Português. O que tem contribuído para estes resultados? Um dos fatores que considero prioritário é a exigência. Cada professor tem de ser exigente com o seu trabalho, com o trabalho dos seus alunos: na forma como desenvolve a sua meto-

Um dos fatores que considero prioritário é a exigência. Cada professor tem de ser exigente com o seu trabalho, com o trabalho dos seus alunos: na forma como desenvolve a sua metodologia VANDA RAMOS


O colégio orgulha-se dos resultados alcançados, atendendo ao facto de que os Exames Nacionais são essenciais para o acesso ao Ensino Superior e são encarados como um desafio para todos os elementos do colégio. De futuro, o que poderá ser feito para o colégio alcançar o 1º lugar no ranking das escolas? Presentemente, para ingressar numa Universidade em Portugal, apenas duas variáveis interessam: a média do ensino secundário e os resultados dos exames nacionais. Como tal, é essencial trabalhar sobre estes dois aspetos: por um lado, transmitir conhecimentos, desenvolver competências que serão cruciais para toda a vida, tais como o raciocínio, a comunicação, a proficiência na língua, a capacidade para resolver problemas; por outro lado, preparar os alunos para os exames nacionais, que poderão ser ponderados com cerca de cinquenta por cento para o ingresso na universidade. Não selecionamos os alunos com quem trabalhamos. Procuramos corresponder às expetativas de cada família, tentando otimizar a margem de progresso de cada aluno. Encaramos o ensino como um processo em construção permanente. Por isso, independentemente de uma boa posição do ranking, que tem sido regular, o nosso objetivo será sempre o da melhoria dos percursos escolares individuais. Claro que um bom lugar no ranking nos deixa orgulhosos, principalmente porque isso significa que os alunos têm bons resultados nos exames, para poderem escolher o curso e a faculdade que pretendem. Aqui, o propósito é garantir um ensino pré-universitário, “com tudo o que isso implicará”. Portanto, mais do que futuros profissionais, no St. Peter’s International School formam-se cidadãos? Sem dúvida, esse é também um dos nossos objetivos. Os alunos têm de ser educados, ter valores e respeitar o próximo, proporcionando um bom ambiente na comunidade, independentemente das diferenças de cada um. Acredito que todos nós temos uma missão na sociedade em que vivemos e que temos de dar se quisermos receber. Nós, agentes diretos na educação, temos um papel fundamental em todo esse processo, ao servirmos como modelos para os nossos alunos. Garantir uma boa formação é edificar uma sociedade mais responsável, proativa e colaborante na resolução de problemas, na partilha de ideias, o que nos conduzirá, certamente, à construção de um futuro melhor. Entre outras funções, Vanda Ramos coordena

Os alunos têm de ser educados, ter valores e respeitar o próximo, proporcionando um bom ambiente na comunidade, independentemente das diferenças de cada um. Acredito que todos nós temos uma missão na sociedade em que vivemos e que temos de dar se quisermos receber. Nós, agentes diretos na educação, temos um papel fundamental em todo esse processo

equipa de trabalho de professores do Ensino Secundário, orienta e acompanha alunos durante o percurso escolar, analisa resultados e define estratégias. É uma líder. E o que a caracteriza enquanto líder e gestora de pessoas? É preciso conhecer bem todo o processo. É fundamental conhecer todas as regras que regem o ensino secundário para se poder criar um percurso mais benéfico para cada aluno, de acordo com as suas características. É preciso conhecer bem cada pessoa com quem se trabalha para potenciar as suas funções. Neste sentido, penso que a relação que estabeleço com cada elemento é fundamental para atingir os diferentes objetivos. A forma como avalio resultados ao longo do processo, como comunico com os diferentes intervenientes, como sugiro a recuperação dos erros, num processo de melhoria contínua, tem sido reconhecida como uma mais-valia para todos. Sou crítica, exigente, sou ativa. Estou sempre disponível para aprender, para refletir, no sentido de melhorar, mesmo quando o resultado atingido já foi bom. As mulheres são líderes mais eficazes? O que diferencia as mulheres dos homens em cargos de liderança? As mulheres reúnem competências que proporcionam, em muitas situações, uma rentabilização de recursos e do trabalho realizado. Reconheço que existem diferenças individuais, mas penso que somos mais objetivas e pragmáticas, o que nos torna visionárias do produto final que almejamos. Evitamos discursos que, muitas vezes, não nos conduzem a resultados. Temos mais capacidade de perseverança e resiliência, mais resistência face às adversidades e mais empatia, características que, a meu ver, se tornam diferenciadoras em funções de liderança. Em Portugal as mulheres representam quase metade da força de trabalho. Mas a igualdade

de género ainda está longe de ser uma verdade absoluta. Muitas mulheres veem os seus direitos e regalias ficarem aquém dos que são dados aos homens. Esta é uma realidade para si? Acredito que estejam a ser operadas algumas mudanças nesse sentido. Na verdade, as regalias de cada trabalhador não devem ser só resultado dos direitos legais, mas também do seu nível de produtividade e dos resultados atingidos. Cada empresa deve procurar valorizar quem atinge os objetivos propostos. Dessa forma, estará a motivar a capacidade de trabalho do colaborador e a estimular a sua vontade de superação. Essa será uma boa fórmula para melhorar a qualidade da empresa e consequentemente obter mais reconhecimento no mercado. Assim sendo, é lamentável que a gestão de uma empresa ceda mais regalias por uma questão de género. Essa não é uma realidade para mim. Um dos mais recentes relatórios do Fórum Económico Mundial concluiu que a igualdade de género em termos económicos só deverá ser atingida dentro de 170 anos. O que urge para mudar este paradigma? Tudo depende da gestão de cada empresa, da sua visão. Esse mesmo fórum refere que “os países com mais igualdade de género têm um melhor crescimento económico”. Talvez seja um indicador importante para que cada empresa comece a adotar princípios potenciadores da igualdade de géneros nos cargos de liderança. Para tal, torna-se imprescindível que cada empresa inclua, na sua atividade, programas que garantam mais qualidade na vivência profissional, familiar e pessoal. Esses programas devem ser de natureza diversa, ligados à saúde, à educação e ao lazer, que são pilares básicos na construção do indivíduo, com consequências diretas na sua ação na sociedade, partilhada por todos e em constante mudança. E a sociedade está preparada para ter mulheres a liderar e em cargos de topo? A sociedade tem de estar preparada para o que lhe permitir um crescimento económico e social mais sustentado. Se temos indicadores diversos que atestam que as mulheres reúnem características que podem ser vantajosas em cargos de liderança, a sociedade tem de se adaptar a essa realidade, procurando obter vantagem da participação feminina. É preciso ser-se uma “supermulher” para conciliar todos os papéis inerentes a uma mulher que quer apostar tanto na vida pessoal como na sua carreira? Devemos procurar um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, sabendo de antemão que, em certos momentos, teremos de priorizar uma delas em detrimento da outra, que haveremos de compensar. Tem de existir uma grande capacidade de gestão de todas as tarefas que desempenhamos, inerentes às diferentes funções que ocupamos nas nossas vidas. Acredito que não tem de se viver só para a carreira. Também defendo que nada se consegue sem trabalho, nem mesmo a sorte! Por isso, se queremos ser as melhores no que fazemos, temos mesmo de ser “super-heroínas” nas histórias das nossas vidas. ▪

39 AGOSTO 2017

dologia. Temos um contexto privilegiado, já que conhecemos grande parte dos alunos desde o início da sua escolaridade, desenvolvendo com eles um trabalho gradual. Por outro lado, o grupo de professores é, maioritariamente, estável, coeso, em atualização permanente, no que respeita aos objetivos a cumprir para cada disciplina. Outro fator fundamental para os nossos resultados é a recetividade e o envolvimento do encarregado de educação, que acompanha o aluno no seu processo, colaborando com o colégio na definição de estratégias que ajudem a traçar um percurso que proporcione maior margem de progressão, sob orientação pedagógica e beneficiando da disponibilidade de todos os elementos da comunidade educativa.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» GMV - INNOVATING SOLUTIONS

“AS PESSOAS SÃO A PEÇA MAIS IMPORTANTE DO NEGÓCIO” Teresa Ferreira, Diretora de Espaço na GMV Portugal, é uma das entrevistadas que nos traz mais uma história de sucesso. Um percurso profissional gratificante aliado à concretização pessoal. Como Teresa Ferreira diz, “sou uma mulher apaixonada pelo que faço e muito feliz por durante o dia ter a cabeça no espaço e à noite os pés bem assentes na terra junto da minha família”.

T

eresa Ferreira juntou-se à GMV em 2004 e hoje é Diretora de Espaço na GMV Portugal. Este percurso corresponde ao que expectava? Estava longe de imaginar! Em 2004 integrei uma PME a dar os primeiros passos na área de Espaço. Com a entrada do grupo GMV passei a integrar uma equipa maior e onde a partilha de ideias e conhecimento tinha (e tem) um lugar de destaque. O caminho até aqui acabou por acontecer com bastante naturalidade.

pontos de vista no feminino

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Como descreveria as três etapas pelas quais já passou neste Grupo? 1) Trabalhar numa PME ambiciosa. Portugal estava a formar uma indústria espacial com a entrada na ESA em 2000 e por isso tudo era muito novo e dinâmico. Ao fim de alguns meses, estava a apresentar um dos nossos produtos na Workshop mais relevante da área de Navegação por Satélite da Agência Espacial Europeia. 2) A entrada do grupo GMV que colocou as nossas atividades num patamar global. Integrada numa equipa de centenas de técnicos de excelência com uma cultura muito sedimentada de colaboração e inovação. Orgulho-me de ter trabalhado com algumas das pessoas mais brilhantes que já conheci. Comecei a coordenar equipas, a especializar-me e tive oportunidade de trocar ideias com os principais especialistas mundiais na área. 3) Assumir o papel de diretora de Espaço onde muito do meu empenho passa por trazer desafios cada vez mais aliciantes, que são a razão principal pela qual voltamos todos os dias. As pessoas são a peça mais importante do negócio e o sucesso da GMV assenta na excelência técnica e numa comunicação fluída entre as equipas internacionais. Outro aspeto fundamental é a consolidação da nossa liderança em Portugal e o posicionamento de referência a nível mundial. Há cada vez mais mulheres na liderança de empresas portuguesas. No final de 2016, as mulheres ocupavam já cerca de 28,6% dos cargos de liderança. No entanto, a desigualdade de género ainda é um assunto a debater. Em algum momento esta foi uma realidade para si? Na área da Engenharia o número de mulheres é muito reduzido desde a escolaridade; quando entrei no IST éramos menos de 10% dos alunos do curso. Hoje há mais mulheres em cursos de Engenharia e penso que a igualdade de género já se vai avistando ao fim do túnel. Ainda esta semana, na Nova Zelândia, um apresentador de televisão questionou a líder do partido trabalhista sobre a maternidade, dizendo que os neozelandeses tinham o direi-

TERESA FERREIRA

tendo praticamente nascido to de saber se ao escolhecom a entrada de Porrem o primeiro-ministro tugal na ESA, no início essa pessoa pode Com a entrada do século. Pela minha ausentar-se devido à experiência posso licença de maternido grupo GMV passei dizer que o ambiente dade. A sociedade a integrar uma equipa é positivo e o debate está preparada para maior e onde a partilha de ideias flui naturalter mulheres em de ideias e conhecimento mente. cargos de liderantinha (e tem) um lugar ça? Quem é Teresa FerAcredito que sim e de destaque reira? Como surgiu eu sou um exemplo este gosto pela tecnodisso. Fui promovida logia e engenharia relaprecisamente quando cionadas com o Espaço? estava em licença de materSou uma mulher apaixonada nidade e, embora esta não seja pelo que faço e muito feliz por durana regra em todo o lado, penso que te o dia ter a cabeça no espaço e à noite os pés enquanto sociedade estamos a caminhar no bem assentes na terra junto da minha família. sentido de aceitar cada vez mais mulheres em O meu gosto esteve sempre ligado à matemácargos de liderança. tica e à física e de achar fascinante como conseguiam explicar fenómenos que nem sequer A GMV foi uma das empresas convidadas do víamos! A partir daí acabei por estudar ondas encontro Ciência’17, um evento anual que eletromagnéticas, processamento de sinal e reúne a comunidade científica e tecnologia aterrei no maravilhoso mundo da navegação Portuguesa. No âmbito da discussão sobre a por satélite! O Espaço tem um efeito inspirador Estratégia Nacional Espacial 2030, participou que move gerações e representa hoje a força na sessão Portugal Espacial 2030: Satélites, da multidisciplinaridade, nações a trabalhar em Antenas e Lançadores. É fácil uma mulher conjunto para conseguir atingir objetivos cada conseguir ter voz neste setor dominado, vez mais ambiciosos e, acima de tudo, o retormaioritariamente, por homens? no para a sociedade num infindável número de Em Portugal a GMV é um dos atores principais aplicações e serviços relacionados com saúde, na área de Espaço e consequentemente uma lazer, segurança marítima, migrações, gestão voz importante nestes debates públicos. A florestal, entre tantos outros. ▪ indústria de Espaço em Portugal é muito jovem,


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» ADÉLIA CARVALhO

“AS MULHERES DE ANGOLA TÊM MUITAS CONQUISTAS CONSEGUIDAS” Adélia de Carvalho, Docente Universitária, em entrevista, fala-nos sobre o seu percurso no ensino, enquanto política e ativista. Afirma que o caminho percorrido assenta numa coisa só: os seus próprios sonhos. Saiba mais sobre esta mulher que decidiu dedicar parte da sua vida, também, a ajudar as mulheres angolanas a lutarem pelos seus direitos.

É

Neste momento, qual é a realidade da mulher angolana face à discriminação laboral e em sociedade? A mulher angolana tem grandes desafios. Desde que me enquadrei na OMA que ela demostra estar com firmeza na luta pelos seus direitos. Temos vindo a ultrapassar algumas barreiras; as mulheres de Angola têm muitas conquistas conseguidas. Lutamos contra todas as formas de discriminação, sobretudo na educação do género; ainda há alguns tabus que não se conseguem ultrapassar somente com leis, mas sim com educação cultural; a mulher Angolana está inserida num processo de luta a nível mundial e há tabus que já conseguimos ultrapassar; Temos o direito ao voto; a Constituição de Angola consagra-nos no artigo 22º e 23º do Capítulo I, do Título II, Direitos e Deveres Fundamentais; Temos assinadas várias Convenções do género; somos membros da CEDAW (Comissão dos Direitos das Mulheres das Nações Unidas) e outras Convenções Internacionais. Mas, não descuramos o valor que a mulher detém na sociedade Angolana. Tudo são conquistas, não nos deixamos relaxar.

Por que escolheu o ensino para construir uma carreira profissional? O ensino como carreira profissional, porque já fazia parte do meu “Eu”; a minha mãe dizia que mesmo desde pequena (7/11 anos) gostava de ensinar as crianças do bairro. Colocava-as em bancos e ensinava-as, estava inerente à minha pessoa. A sociedade atribui ao papel de professor muitas vezes o de educador, aquele que prepara os futuros adultos e líderes. Sente isso? Sinto sim senhora e tenho orgulho dessa minha vida de educadora, qualquer aluno ou estudante que passa por mim, sente isso, não só ensino, mas sobretudo educo. É mãe de três filhos e já tem netos. Foi difícil encontrar o equilíbrio entre uma vida profissional tão preenchida com a familiar? Nunca foi problema porque sempre tive apoio do meus familiares, especial do meu marido, que sempre envidou esforços para eu me formar e colaborar condignamente na família. Para ele, uma mulher formada é subsídio para vida futura.

ADÉLIA CARVALHO

O mundo está em constante mudança e com ele mudam as pessoas… Olhando para as gerações mais novas, que mundo diria que teremos amanhã? Teremos amanhã o mundo que preparamos hoje. Acontece em todas as gerações. Tudo é fruto de continuidade. Tanto que nos adaptamos às mudanças muito rapidamente. Senão vejamos, até os anos 90 não existiam telefones móveis. Logo que as tecnologias evoluíram, imediatamente nos adaptamos e cá estamos. Hoje teclamos coisas que não sonharíamos em tempos. Desde a criação da luz elétrica que o mundo vai se transformando vertiginosamente. Temos o dom de adaptação. Sobre a OMA – organização que

defende os direitos da mulher angolana – o que a levou a abraçar este projeto dedicado à emancipação feminina? Foi toda uma sequência de vida, enquadrei-me na OMA quase simultaneamente com o Partido MPLA. A OMA naquela altura era uma organização muito proativa. Tínhamos o direito e dever de mobilizarmos as mulheres para os trabalhos socias no bairro; especificamente a educação familiar moral e ética. Presto uma homenagem merecida às mulheres que comigo militaram na OMA da Vila Alice: Regina Marques, Lourdes, Noémia, Miquelina Dinis, Deolinda, Conceição Caposso, Helena Milagre, Ana Ezequiel de Almeida, Conceição Piedade, Francisca do Marçal, Ana do Zangado, Palmira Pascoal, e tantas outras.

Tem algum lema de vida? Qual é? O meu lema de vida é a solidariedade e conseguir alcançar os meus sonhos. A solidariedade creio que é melhor para todas as mulheres de valor. Estou inserida no continente africano, e como tal, em Angola, ainda há um longo caminho a percorrer na luta contra vários problemas sociais e não só. O nosso continente é muito fustigado. Temos problemas com refugiados, luta contra a pobreza, luta contra a discriminação, luta a favor da melhoria do meio ambiente, entre outras. Então não podemos adormecer. A nossa batalha é constante mas vamos vencer. Temos também que respeitar o outro, esse é outro lema para aprendermos a trabalhar em solidariedade e união. A nossa luta também é regional e internacional. ▪

41 AGOSTO 2017

Vice-decana interina para os Assuntos Académicos da Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto, deputada pela bancada do MPLA e secretária para as Relações Exteriores da OMA… Como descreveria o seu percurso e que motivações estiveram na origem de um trajeto desenhado entre o ensino, a política e o ativismo? O meu percurso de vida esteve muito ligado aos meus sonhos. Desde pequena desejava ser professora, por força da vida (1974/ 75) enquadrei-me no MPLA e segui a trajetória política dos jovens da minha idade (irreverência) e tomada de decisão. O ativismo veio por acréscimo, vontade de ajudar, colaborar e sobretudo prestar solidariedade aos que mais necessitavam.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» SILVANA MARQUES DE OLIVEIRA, CONSULTORA DE GESTÃO E SUPPLY CHAIN

“O CÉU NÃO É O LIMITE!” Silvana Marques de Oliveira conseguiu alcançar o que sempre ambicionou, o seu próprio projeto, o “smo”, como Consultora de Gestão e Supply Chain independente. Depois de passar por países como a Bélgica e o Brasil, regressou a Portugal, como tanto queria. Aqui era onde tinha tudo. Aqui é onde quer continuar a concretizar os seus objetivos. Venha connosco conhecer um pouco mais da sua história.

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pontos de vista no feminino

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ue história pode ser contada sobre o seu percurso (até chegar à SMO)? Durante seis anos fui Assessora e Gestora de Marketing, sendo responsável pelos negócios e compras, negociando com os fornecedores e clientes nacionais e internacionais, encontrando novas oportunidades no mercado, gestora dos eventos e feiras. Acumulava, também, a responsabilidade do desenvolvimento das estratégias comerciais e marketing dos produtos. Aconselhando as melhores práticas de gestão geral, implementando e introduzindo processos de melhoria. Em 2013, trabalhei na Katoen Natie Bélgica e no Brasil, em várias operações logísticas, exercendo funções Team Leader, Supervisora em diferentes áreas e negócios, clientes como Kimberly Clark, Zoetis, Timken, Volvo, Quiksilver e outros clientes. Gerindo equipas nas operações em diferentes departamentos, supervisionar e treinar as equipas. Coordenando, controlando e integrando novos processos, resolvendo e dando soluções a problemas e/ ou desvios nas startups. Especialista em suporte técnico de integração de ERP (SAP, ATLAS); implementação e melhoria contínua. Entretanto, em 2016 aceitei um novo desafio na XPO Logistics Belgium, desempenhando funções de Gestora de Projetos. Desenvolvimento e criações de projetos de melhorias contínuas em operações de logística, coordenar, implementar, melhorar e controlar, garantindo a coerência com a estratégia da empresa, compromissos e objetivos, com os respetivos clientes. Passados alguns meses fui aliciada com uma proposta e a concretização de mais um sonho: regressar a Portugal, exercendo as funções de Gerente/ Managing Director. Um projeto extremamente desafiador e desgastante, sendo constantemente confrontada com os demais gestores masculinos, na área da agricultura. Assim, antecipando os meus futuros sonhos, iniciei, muito recentemente, o meu projeto pessoal. Sou consultora de gestão e supply chain independente, direcionando os meus serviços para o delineamento/desenvolvimento da gestão estratégica de novos negócios e/ou novos posicionamentos no mercado; bem como,

diato, coaching. É realmente o que me faz sorrir. Quando a operação inicia (go live) e comeca a fluir, sinto-me realizada. Este é um setor que sofreu inúmeras mudanças ao longo dos tempos. Qual o momento mais desafiante da sua carreira e porquê? O momento mais desafiante da minha carreira foi o convite para a resolução de um problema de inventário e estruturação de uma nova operação logística automotivo na Katoen Natie Brasil. Eu e a minha equipa trabalhamos dia e noite, para solucionar os problemas durante um mês, com sucesso. No entanto, fui convidada para permanecer mais um mês, garantindo a continuidade da operação e formando as equipas brasileiras para caucionar a eficiência da operação logística. Fazem falta mais mulheres em supply chain ou em funções equiparadas? Sim, fazem falta boas profissionais, ambiciosas e lutadoras. As mulheres tendo como funções, como por exemplo, Supply Chain Manager ou Managing Director, terão sempre que demonstrar/provar que conseguem superar as dificuldades perante os desafios, com eficácia.

SILVANA MARQUES DE OLIVEIRA

criação e/ou desenvolvimento de projetos de supply chain; logísticos; lean projects; melhoria continua; change management com o propósito de gerar receitas e, obviamente, o sucesso. Para além disso, tenho uma parceria com CrossLogistics, colaborando nos vários projetos logísticos. Trabalha em supply chain há uns anos… O que mais gosta no seu trabalho? Adoro startups, todo o envolvimento no novo desafio, novos conceitos, definição de novos processos, a resolução de problemas de ime-

Que características naturais têm as mulheres que são mais-valias no mundo da logística? As características naturais que realmente são mais-valias no mundo da logística, são uma maior capacidade gestão de tempo e multitasking. Uma mensagem para as mulheres que sentem na pele as dificuldades de conquistar espaço num mercado ainda predominantemente masculino, como é a logística/supply chain. Todas nós, mulheres, conseguimos alcançar os nossos objetivos, se acreditarmos em nós próprias, nos nossos sonhos. Trabalhando com muita dedicação e profissionalismo, tendo sempre em conta os valores éticos e morais. Não há impossíveis, tudo é possível com um sorriso, muita determinação e esforço. O céu não e o limite! ▪


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» SUSANA ASSUNÇÃO, DIRETORA DE RECURSOS HUMANOS DA TRANSCRANE LOGISTICS SA

“O ERRO FAZ PARTE DO CRESCIMENTO” Sem medo de errar, aprendeu que a liderança não é um cargo, mas um conjunto de competências. Garante que nunca se sentiu discriminada por ser mulher, admite, contudo, que este é um tema sensível e ainda com muitas questões por ultrapassar. Conheça Susana Assunção, Diretora de Recurso Humanos da empresa Transcrane Logistics SA, em Maputo.

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Na sua opinião, o mundo do trabalho ainda é discriminatório face às mulheres? Pessoalmente, lidou com algum tipo de preconceito? A igualdade de oportunidades para as mulheres é um tema para o qual devemos estar alerta e contribuir para acelerar o equilíbrio ainda inexistente. Os estudos são claros e apontam essa desigualdade. Para a mulher, em muitos casos, é necessário fazer mais e melhor que o homem, para ter o mesmo reconhecimento. Para além de, muitas vezes, as mulheres terem que demonstrar o dobro das competências para desempenharem os cargos com sucesso,

pelo desequilíbrio emocional provocado pelas ausências físicas, a incapacidade de adaptação ao meio (por dificuldades culturais ou linguísticas), ou ainda traços de personalidade que impedem o relacionamento interpessoal eficaz, quer na empresa ou no meio local que o rodeia. A expatriação é uma solução “cara” para as empresas. Neste sentido, julgo que a melhor solução consiste no desenvolvimento do talento local, através dos expatriados, contribuindo assim, não só para o crescimento sustentável da empresa como para o desenvolvimento de competências no país.

SUSANA ASSUNÇÃO

A igualdade de oportunidades para as mulheres é um tema que devemos estar alerta e contribuir para acelerar o equilíbrio ainda inexistente

ainda sofrem o estigma da abstinência e da falta de disponibilidade acabando por serem preteridas no acesso a determinados cargos ou progressão na carreira, pelos homens. No meu caso em especial não registo nenhuma situação de discriminação ou diferenciação por ser mulher. Acredito que ocupei os lugares pelas competências demonstradas, pela integridade, pelo elevado empenho e comprometimento. Todavia, reconheço que estamos longe de este tema estar ultrapassado, pois ainda há muito a fazer para que a igualdade entre homens e mulheres seja uma realidade. Cabe-nos, enquanto gestores de organizações, contribuir para esta mudança de mentalidade na nossa sociedade. Sobre a questão da migração feminina dentro da CPLP, diria que existem oportunidades iguais para homens como para mulheres? Os maiores desafios colocados num processo de migração, no meu ponto de vista, não tem a ver com o género. Quer para homens, como para mulheres, existem fatores comuns que podem dar origem ao insucesso numa expatriação: as questões familiares, traduzidas

Nas empresas onde os fenómenos migratórios são uma realidade, é difícil gerir a diversidade? Sim, trata-se de um processo complexo. O fluxo migratório para os PALOP conduz a transformações sociais e económicas nos países de acolhimento. Paralelamente, as organizações sofrem com essa realidade e necessitam de efetuar os devidos ajustamentos. Existe uma grande preocupação das empresas em gerir a diversidade. Este processo implica a capacidade de integrar harmoniosamente pessoas que têm hábitos, expectativas, valores socioculturais e formas de relacionamento interpessoal diferentes. Aqui a questão que se coloca é se as organizações (pessoas que nelas trabalham) encaram a diversidade como uma oportunidade ou como uma ameaça, pois no primeiro momento podem existir alguns fatores de intolerância ou incompreensão. Na minha opinião, em termos de gestão, é imperativo que as empresas tenham em conta as oportunidades deste processo, uma vez que este é mais vantajoso na qualidade das soluções que proporciona, gera índices de produtividade superiores e permite olhar para os problemas com visões diferentes, mas complementares. Independentemente da “bagagem” cultural de cada um, deve ser garantido o alinhamento de todas as pessoas com a missão e os valores da organização, para a concretização dos objetivos e para o crescimento sustentável do negócio. Que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres que irão ler a sua entrevista? A vida é enriquecida com mudanças e transições. Mudar de lugar onde se vive, de carreira, de emprego, de projetos e de relações, permite-nos adquirir e desenvolver novas competências, novas formas de encararmos os obstáculos. Aceitar os desafios sem medo de errar, porque o erro faz parte do nosso crescimento, sair da nossa zona de conforto, agarrar as oportunidades com muita dedicação e nunca ter receio de voltar ao princípio para construir tudo de novo, são a base para uma mudança evolutiva e certamente bem-sucedida. Acredito que muito depende de nós, pois somos, em grande parte, consequência das nossas ações. ▪

43 AGOSTO 2017

ue história pode ser contada sobre o seu percurso até se ter tornado Diretora RH na Transcrane Logistics? Mulher, mãe de dois filhos adolescentes e com uma carreira profissional de 22 anos. Licenciei-me em Educação Física e Desporto, pela Universidade Lusófona, paixão que tinha desde que iniciei o meu percurso como atleta de competição. Ao longo de 11 anos ensinei Educação Física no ensino básico e secundário, onde igualmente acumulei funções de coordenação do departamento e responsável pela gestão das instalações desportivas. No ano de 2006 surgiu a oportunidade de abraçar novos projetos e de alterar o meu rumo profissional e pessoal, através de um convite para integrar a equipa da maior empresa moçambicana de aluguer de maquinaria pesada, transportes e sistemas de elevação - Servitrade - e ficar responsável pelo departamento de recursos humanos. Sem hesitações e quebrando, na altura, o estigma de que uma carreira era para toda a vida, aceitei o desafio de uma nova experiência que sabia, desde o início, que me acrescentaria valor, tanto a nível pessoal como profissional. Foi na Servitrade que aprendi que a liderança não é uma posição, mas sim um conjunto de competências que se desenvolvem com muita humildade, honestidade, resiliência e generosidade, com o propósito de nos transformarmos em pessoas melhores e sermos um exemplo para os outros. Ajudar as pessoas a potenciar as suas competências, a terem confiança no seu trabalho e colocá-las ao serviço da equipa traduziu-se no fator de sucesso do meu trabalho. Em 2012, com a aquisição da Servitrade pela empresa AMECO, uma subsidiária do grupo norte-americano Fluor, que pretendia reforçar a sua presença estratégica em África, tomei a decisão de participar na criação de uma nova empresa, num país que se apresentava em grande crescimento e com expectáveis oportunidades de negócio nos anos seguintes. Surgiu assim a Transcrane Logistics SA, uma empresa que entrou com muita força no mercado, apostando fortemente em frotas de equipamentos novos e certificados, assim como na formação, especialização e certificação dos seus quadros.


SAÚDE DA MULHER: TRICOLOGIA - A CIÊNCIA ESPECIALISTA NA SAUDE DOS CABELOS

» Clínica DermAge

O SEU CABELO É SAUDÁVEL? Todas as mulheres gostam de se sentir bem com os seus cabelos, não fossem eles considerados como um dos “cartões-de-visita” de cada um de nós. Porém, mais do que um cabelo bonito importa ter um cabelo saudável. Há erros cometidos aos quais devemos ter atenção porque um cabelo bonito e saudável é possível. Estivemos à conversa com a Clínica DermAge e contamos-lhe tudo. Saiba mais.

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uando falamos em tricologia, devemos ter presentes que aspetos? O que estuda exatamente esta ciência? Tricologia é a ciência que estuda o cabelo. O título tricologista não é muito usado na comunidade científica, porque é muito redutor. Tricologista é um dermatologista que se dedica aos problemas capilares que são imensos – não é só referente à queda de cabelo…. Não se pode efetivamente tratar e curar as doenças do cabelo e couro cabeludo não sendo médico.

PERFIL pontos de vista

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Dr.ª Alexandra Osório

Diretora Clínica e Administradora da Clínica Dermage Dermatovenereologista, Cirurgia Dermatológica e Lasers. Mestre em Dermatologia Estética Avançada e Cirurgia Estética. Médica residente dos doutores da SIC das Queridas Manhãs.

tânia Maia e Alexandra ozório

Sobre a DermAge A Clínica Dermage é um Centro Médico-Cirúrgico e especializado em Anti-Aging, Dermatologia Geral, Dermatologia Estética-Cirúrgica Avançada, com uma Unidade Capilar dedicada aos diferentes problemas capilares, uma Unidade Vascular e outra Unidade dedicada ao Emagrecimento e Modelação Corporal. Na Clínica Dermage dispomos de uma equipa especializada que oferece aos nossos pacientes. Acompanhamento personalizado, aconselhamento particular e tratamentos médicos assistidos, nas mais variadas situações relacionadas com a dermatologia estética. Av. António Augusto Aguiar n.º 17 - 2.ºD 1050-012 Lisboa, Portugal

www.dermage.pt

clinicadermage

215 904 450/2

info@dermage.pt

ClinicaDermage

Quais são os distúrbios capilares mais comuns e que método é aplicado no tratamento desses distúrbios? Os distúrbios capilares mais frequentes são a seborreia (vulgo caspa), a alopecia androgenética feminina e masculina, a alopecia cicatricial e a alopecia areata ou por peladas. Para se tratar corretamente estes problemas capilares é fundamental uma correta avaliação e diagnóstico, a Drª Alexandra Osório elabora minuciosamente uma história clinica detalhada para perceber o problema capilar. O tratamento pode passar pelo uso de champôs e loções específicos, toma de suplementos alimentares - com biotina, ferro, zinco, cobre e vitaminas do complexo B - aplicação de medicação tópica no couro cabeludo e medicação específica oral dirigida ao problema em questão. Com a experiência que foi adquirindo ao longo de 17 anos, dedicados a dermatologia capilar com os pacientes, apercebeu-se que isto só não chega. Por isso, desenvolveu também tratamentos HCR@ capilares e outros, que se têm revelado muito eficazes no tratamento da doença do cabelo e couro cabeludo, na eliminação da queda do cabelo, na estimulação do nascimento de novos fios de cabelo e no rejuvenescimento e fortalecimento do restante cabelo. Os cuidados diários são também muito importantes, seja para quem já tem um problema capilar, seja para quem queira um cabelo saudável. Devem ser sempre usados champôs adequados ao tipo de cabelo, idade e estilo de vida. Os cabelos devem ser penteados de uma forma suave, com respeito, duas vezes ao dia, com uma escova ou pente de dentes largos de acordo com a densidade capilar e as características do cabelo. como se tratam esses distúrbios? A seborreia, resulta de uma hiperprodução seborreica, que, muitas vezes, por mais tratamentos que se façam no cabeleireiro ou produtos que se comprem no supermercado – é difícil de tratar. Deve recorrer-se a um dermatologista, se estas medidas falharem. Constatamos que muitas vezes está associada à presença de pele oleosa, pele acneíca, toma de medicamentos específicos e alterações do humor e stress. Além dos habituais champôs medicinais com estudos clínicos, associamos loções capilares específicas e há mesmo casos de uso de medicação oral. Dedicado aos casos mais relutantes, há um tratamento capilar seboregulador na Dermage, com a utilização de um cocktail específico cria-


Os produtos hoje são melhores que há décadas atrás, hoje há mais informação sobre diversos problemas capilares assim como o acesso a tratamentos, posto isto, a pergunta que urge é… Por que motivo continuam a haver problemas para os quais já se sabe qual é o tratamento? Nos últimos anos, a ciência e os produtos farmacêuticos têm evoluído imenso. Hoje, é possível a utilização de champôs, loções capilares e nutracêuticos que apresentam fortes estudos clínicos, os quais reforçam o potencial curativo dos mesmos. Por que motivo continuam a haver problemas para os quais já se sabe qual é o tratamento? Por um lado há falta de informação, por outro lado os tratamentos não são comparticipados, nem os próprios produtos farmacêuticos cientificamente provados. Sem falsas modéstias, podemos dizer que a Clínica Dermage - tendo a Drª Alexandra Osório como Médica e especialista em Dermatovenereologista, dedicada também fortemente a área capilar – é um Centro de referência em Portugal e no estrangeiro com tratamentos inovadores desde médicos e/ ou cirúrgicos (transplante e implantes), sempre em constante evolução científica e tecnológica. Existem inúmeros produtos para os mais variados problemas, no entanto, nem sempre funcionam… Porque será? Os produtos só não funcionam quando existe um problema médico por detrás que tem de ser descoberto e tratado. É por isso que a história clínica, ouvir o doente e observar o cabelo e o couro cabeludo faz toda a diferença. ▪

Verdade ou mito? Lavar o cabelo diariamente faz mal?

Não faz mal, não pode é ser com um champô de tratamento todos os dias. Deve lavar com um champô anti-seborreico sempre que o cabelo estiver oleoso ou sujo. Caso contrário, se não houver queda capilar, agrava a saúde do cabelo.

O stress provoca queda abrupta do cabelo?

Sim, por dois fenómenos clinicamente bem definidos. É possível parar a queda.

A maternidade “prejudica” o cabelo?

Durante a gravidez nada acontece, mas ao terceiro mês, o cabelo da mãe e do bebé caem ao mesmo tempo. A Clínica Dermage tem um protocolo específico para grávidas e mamãs.

Lavar com água quente ou fria?

Não deve ser usada água muito quente… e deve-se terminar com água fresca para o cabelo ficar mais ‘espevitado’.

Dormir com o cabelo molhado faz mal?

Não faz mal, ele irá secar naturalmente. Pode é ficar doente no dia seguinte – com uma constipação ou uma faringite…

É necessário utilizar um champô específico para cada tipo de cabelo? (Oleosos, secos e estragados, normais…) Sempre! O que é que se deve evitar a todo o custo quando falamos em cuidados capilares?

- Fazer alisamentos que não sejam médicos; - Não pintar frequentemente, sobretudo com tintas claras; - Não atrasar o diagnóstico clínico, porque a causa da queda capilar não é só a Alopecia Androgenética; - Vá a uma Clinica especializada, se não gosta do tratamento proposto vá a outra… a ciência está sempre em evolução; - Pensar que a calvície não tem cura. tem cura.

45 AGOSTO 2017

do pela Dr.ª Alexandra Osório. A alopecia feminina é difícil de tratar. A Drª Alexandra Osório dedica-se com muito sucesso a este grande flagelo do século XXI. Criou protocolos específicos patenteados “HCR treatment”, que fazem parar a queda nas mulheres e fazem crescer cabelo. Nas mulheres, muitas vezes, o padrão de queda repete-se pelas gerações seguintes, sendo que as primeiras manifestações podem ocorrer mais cedo ou mais tarde. A dificuldade no diagnóstico precoce ocorre porque as mulheres vão fazendo tratamentos capilares no cabeleireiro (não quer dizer que para situações banais não resolva ou atenue a queda) mas com essa atitude vamos adiando o diagnóstico de uma situação grave, a mulher perde progressivamente a densidade capilar que nunca recupera, ano após ano – a não ser com uma intervenção diagnóstica forte. Já no homem – na Alopecia Androgenética - a situação é diferente. Há ainda o mito de que não há nada a fazer – se o pai é careca o filho também ficará – ERRADO! Não há razões, nos dia de hoje, para se ficar careca. No entanto, também se perde tempo a atuar – hoje existem campanhas farmacêuticas de diagnóstico gratuito, cujo objetivo é vender champôs e loções – e não diagnosticar e curar! O tratamento nos homens é mais fácil, no entanto, precisa de um bom diagnóstico, perseverança e dedicação. Não chega só fazer um Transplante Capilar, é preciso ir ao cerne da questão. Na Alopecia Areata, ou peladas é preciso atuar rapidamente e não é com mesinhas… o diagnóstico precoce é muito importante. As peladas podem aparecer no cabelo, na barba, no peito ou em qualquer outra área pilosa. Com o HFF Dermage Capilar, muitos casos ficaram controlados e conseguiu-se reverter esta doença autoimune.


SAÚDE DA MULHER: TRICOLOGIA - A CIÊNCIA ESPECIALISTA NA SAÚDE DOS CABELOS

» MARIA VIOLANTE, REPRESENTANTE DA BY SIMONE G PORTUGAL

BY SIMONE G PORTUGAL: A DIFERENÇA QUE FAZ O CABELO ENTENDA-O DA RAIZ ATÉ ÀS PONTAS A By Simone G é uma empresa especializada em tricologia avançada, fundada há cerca de 30 anos. em Portugal, ainda tem uma presença recente, mas começa a despertar a atenção dos consumidores pela sua eficácia no tratamento de problemas capilares graves e moderados. À conversa com a representante da marca em Portugal (By Simone G Portugal), Maria Violante, fomos descobrir como melhorar a saúde capilar.

MARIA VIOLANTE

A pontos de vista

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nossa interlocutora explica que a saúde do cabelo começa no couro cabeludo e continua ao longo de todo o fio. Por isso, tratar o cabelo por todo deve ser uma prioridade. A marca foi desenvolvida para tratar os mais variados problemas, desde alopecias (redução parcial ou total de pêlos ou cabelos em uma determinada área), psoríase (doença autoimune de longa duração caracterizada por manchas geralmente avermelhadas, pruriginosas e escamosas) ou dermatites (comumente conhecida como eczemas, são um grupo de doenças que causam inflamações na pele). “Há uma vergonha associada a este tipo de problemas porque são visíveis e incomodam. Quan-

do a marca surgiu não havia nada do género no mercado para combater este tipo de situações, apenas produtos de cosmética – e que não são pensados para atuar em profundidade”. Há várias causas associadas aos problemas capilares, como questões hormonais, pós-parto e menopausa. A alimentação é parte fundamental, quer de forma negativa quer de forma positiva - o que comemos também se reflete no cabelo.

“É DA IDADE…”

Nem tudo vem com a idade e os problemas capilares são um bom exemplo disso. Deve estar atento se “sentir o cabelo mais fino, sem brilho, sem vigor, com uma queda incomum, se notar um despovoado… O fio do cabelo tem de estar sempre hidratado, independentemente do tipo (oleoso ou seco). Uma moda que se instaurou foi a queratina, mas atenção porque em excesso estraga o cabelo”, explica Maria Violante. ▪

ERROS FREQUENTES! LAVAR MAL O CABELO “As pessoas pensam que ao lavar o cabelo todos os dias e passar uma única vez shampoo o cabelo fica bem lavado e não é verdade. Devemos aplicar sempre duas vezes, sem exceção, shampoo e enxaguá-lo muito bem com água tépida ou fria se aguentar. Relativamente a máscaras e condicionadores, também devem ser sempre usados. Mesmo em cabelos oleosos é necessário tratar os fios. As máscaras comuns (vendidos em supermercados, por exemplo) não têm a vitamina suficiente para hidratar o fio a longo prazo. O uso alternado de shampoo também é de extrema importância”. USAR PRODUTOS ERRADOS “Usar tintas que não são profissionais é um enorme erro e pode levar a estados irreversíveis. É importante também escolher um bom profissional para fazer seja qual for o tratamento. O cabeleireiro tem de aconselhar convenientemente os clientes, informar se tem queda em excesso, se tem peladas”… O QUE DIZEM CABELOS BONITOS E TRATADOS…? “Dizem que é uma pessoa que gosta dela, que tem uma boa autoestima e que quer estar sempre bem”. A Simone By G foi a primeira empresa, a nível mundial, a obter resultados expressivos em disfunção capilar e que até à data têm sido difíceis ou impossíveis de resolver, como alopecia, seborreia e caspa. Os produtos estão à venda em cabeleireiros profissionais especializados e autorizados pela marca, no norte e sul do país, ou então através da página de Maria Violante no facebook em: @by.simone.g.tricologia.



BREVES BREVES

NATUREZA

‘Glamping’ está na moda no Norte Viagem Medieval

Viagem Medieval recebeu este ano 620 mil visitantes A organização da recriação histórica Viagem Medieval revelou hoje que a edição que terminou no domingo em Santa Maria da Feira recebeu 620.000 visitantes e foi a que registou maior procura por turistas espanhóis, brasileiros e grupos empresariais. A próxima edição da Viagem Medieval vai realizar-se entre os dias 1 e 12 de agosto de 2018, sendo então dedicada ao reinado de D. Pedro, filho do rei Afonso IV (que inspirou a recriação deste ano) e conhecido sobretudo como protagonista do romance trágico com Inês de Castro. Por esse motivo, a organização da Viagem antecipa já que “o episódio da coroação de D. Pedro e de D. Inês, depois de morta, faz antever momentos de grande intensidade”no programa do próximo ano.

O ‘glamping’, junção das palavras ‘glamour’ e ‘camping’, é nova tendência turística no Norte de Portugal, com taxas de ocupação próximas dos 100%, segundo operadores do setor, e nem os incêndios afastam os turistas desejosos por descanso na natureza com luxos. “Claro que houve clientes preocupados a telefonarem para saber se havia problemas para fazer ‘glamping’, mas isso não afetou as reservas”, afiançou à Lusa Maria do Carmo, sócia gerente do Carmo’s Boutique, empreendimento que inaugurou este verão, no Alto Minho, duas tendas de ‘glamping’ rodeadas por jardins e vinhas de casta loureiro e que, desde a abertura, tem estado com lotação esgotada. As tendas suite ‘deluxe’ do Carmo’s Boutique, sus-

pensas por pequenos pilares em terras de Gemieira, no concelho de Ponte de Lima, fazem parte da cadeia de ‘small luxury hotels’ e estão a ter uma receção “ótima”, com turistas portugueses, mas também oriundos da Bélgica, Holanda, França ou Estados Unidos, a quererem desligar do ‘stress’ e recarregar baterias em camas de ferro minhotas com dossel ou tomar banho com vistas sobre a Serra D’Arga.

HISTÓRIA

Festival Novas Invasões mostra cultura do Japão pontos de vista

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O Japão é este ano o país invasor do Festival Novas Invasões, que entre 31 de agosto e 3 de setembro, partindo das invasões francesas levará a Torres Vedras manifestações culturais, história e contemporaneidade. As incursões militares de tropas francesas sobre o território português, entre 1807 e 1811, são o ponto de partida para o Festival Novas Invasões que durante quatro dias recriam o espírito das guerras peninsulares, abrindo portas à invasão de culturas de vários países. Torres Vedras, cujas linhas defensoras travaram a invasão das tropas, deixa-se agora invadir por propostas culturais dos países envolvidos no conflito (Portugal, França, Reino Unido e Espanha) mas, sobretudo do Japão, escolhido como país invasor da segunda edição do festival bianual, que arrancou em 2015. A escolha tem por base o facto de o escritor japonês Kazuo Dan (1912 –1976) se ter radicado em Santa Cruz, praia onde entre 1971 e 1972 se dedicou à poesia e onde em 1992 foi erigido um monumento em sua memória.

DESPORTO

Uma despedida emocionada a Bolt Na última corrida da sua longa carreira, Bolt caiu na pista, vitimado por uma cãibra na perna esquerda. Estava na reta da meta, a 40 metros do final, a tentar colocar a Jamaica melhor do que terceira nos 4x100 metros. Em fim de programa do último dos dez dias dos Mundiais de Londres, a IAAF fez questão de homenagear o mais mediático dos atletas e ofereceu-lhe emoldurado um pedaço do tartã utilizado nos Jogos Olímpicos de 2012, onde defendeu os títulos de 100 e 200 metros. Bolt recebeu a prenda onde seria mais normal, junto à linha de meta, das mãos do ‘mayor’ de Londres e do presidente da IAAF, Sebastian Coe. Depois, ainda sem esconder a dor pela

lesão da véspera, deu uma volta à pista, ovacionado por um estádio mais uma vez cheio, ao som de música reggae. Era evidente o desconforto do atleta, sem a alegria habitual. Desta vez o sorriso de ‘Thunder’ Bolt só muito espaçadamente aparecia. Embrulhado na bandeira da Jamaica, como tantas vezes, era pela última vez o foco para as dezenas de fotógrafos na pista. Nas bancadas, uma lotação de 60 mil espetadores estava em pé e aplaudia, no tributo ao atleta que já foi apontado como o melhor de sempre. Uma forma emocionada de reparar o que seria a saída pela ‘porta pequena’, no passado dia 12 de agosto.


BREVES BREVES

Icewine, o vinho elaborado a partir de uvas congeladas Um vinicultor de Freixo de Espada à Cinta, no Douro Superior, produziu uma centena de garrafas de vinho branco tido como biológico e elaborado a partir de uvas congeladas, através de um processo “importado” de países como o Canadá. “A ideia de fazer um ‘icewine’ biológico branco levou cerca de quatro anos e várias tentativas. Este ano produzimos cerca de uma centena de garrafas que foram colocadas no mercado nacional e internacional, a 250 euros a unidade”, explicou à Lusa o produtor vinícola Gilberto Pintado. Segundo o vitivinicultor, este tipo de vinho é feito em países como o Canada ou Estados Unidos da América, onde são utilizadas uvas de colheita tardia, que depois são congeladas para elaborar este tipo de vinho que começa e ser procurado no mercado. “Durante a produção do vinho congelámos as uvas a sete graus negativos, cujo processo de maceração e fermentação demorou cerca de 60 dias feito em cubas isotérmicas com temperaturas controladas”, indicou. Cada meia tonelada de uvas vai dar origem a cerca de 50 a 70 litros deste vinho biológico. Em condições normais, a mesma quantidade de matéria-prima permitiria produzir mais de 300 litros de vinho.

MÚSICA

The BackBeat Beatles em Vila Nova de Gaia The Backbeat Beatles são a principal banda de homenagem aos Beatles e vão estar em Portugal para um único concerto. A Comissão de Festas de São Lourenço 2017, um lugar da freguesia de Vilar de Andorinho em Vila Nova de Gaia, conseguiu elevar o nível das romarias, tipicamente conhecidas por cartazes recheados de música popular. Além dos The BackBeat Beatles, Miguel Araújo e o humorista Fernando Rocha também marcam presença na festa que se realiza de 25 a 28 de agosto. Os The Backbeat Beatles conquistaram uma autorização exclusiva dos autores de ‘BACKBEAT’ para usar o nome enquanto banda de tributo aos Beatles. Chegam a Portugal na sexta-feira (25 de Agosto), e voltam no domingo (27 de Agosto). Tocam apenas músicas dos Beatles e tocam regularmente no bar onde começaram os Beatles (The Carvern).

49 AGOSTO 2017

VINHO


EVENTO | OPORTUNIDADES NA COSTA DO MARFIM

Diplomática Talks

Oportunidades de Investimento na Costa do Marfim

FOTOS: Pasma Almeida

A Revista Pontos de Vista marcou presença num evento organizado, no Hotel Palácio Estoril, para discutir a importância das empresas portuguesas começarem ou aumentarem as exportações para a Costa do Marfim.

pontos de vista

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o painel de oradores fizeram parte Maria de Bragança, Fundadora e Diretora da Revista Diplomática; Filipe de Bottom, Presidente do CDP – Conselho da Diáspora Portuguesa; Filipa Monteiro, Diretora da Câmara de Comércio e Indústria Portugal Costa do Marfim e Gonçalo Terenas, Presidente do África Cluster e da AEPLGroup. A economia costa-marfinense é largamente dependente do setor agrícola (o país é o maior produtor e exportador mundial de cacau, e um dos maiores exportadores de café e de óleo de palma) - que emprega cerca de 68% da população - e é, por isso, muito vulnerável à flutuação das cotações destes produtos nos mercados internacionais, assim como das condições climatéricas. De realçar que o país também produz ouro e petróleo, detendo uma posição com alguma relevância em termos de reservas mundiais de crude.

Numa altura em que que os países mais tradicionais nas relações empresariais com Portugal em África, como Angola e Moçambique, apresentam alguns riscos, quer cambiais e quer no repatriamento de dividendos, a Costa do Marfim começa a parecer uma economia mais diversificada e por isso mais atrativa. “Esta câmara de comércio nasceu para ser o veículo valioso para a criação de canais entre os dois países. Criar oportunidades de negócio e aprofundar laços é o nosso objetivo”, refere Filipa de Monteiro, que prossegue com uma avaliação sobre a relação de Portugal com a Costa do Marfim, “a Costa do Marfim tem vindo a apresentar resultados extraordinário desde o fim da guerra. Há uma grande abertura e simpatia entre os dois países”. Gonçalo Terenas avalia a Costa do Marfim como o pulmão financeiro de África. “As principais sobre África passam pela Costa do Marfim. Este é o momento para os negócios. Há voos semanais,

do ponto de vista da logística é um processo célere, os prazos são cumpridos – diria que é um mercado ocidentalizado”. É necessário saber que entre Portugal e a Costa do Marfim ainda não foram assinados acordos bilaterais em matéria de proteção e promoção de investimentos ou para evitar a dupla tributação dos rendimentos. Relativamente à abertura de uma empresa na Costa do Marfim, os interessados precisam de constituir uma sociedade, o que implica a escolha de uma forma jurídica de acordo com o Direito local, a elaboração dos respetivos Estatutos ou Contrato Social, o registo da sociedade recém-criada, entre outras formalidades. É essencial que a empresa obtenha apoio jurídico especializado, através da contratação de escritório de advogados, com vista à concretização do negócio, à realização das diversas formalidades de constituição da empresa, entre outras questões relevantes. ▪




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