Revista Pontos de Vista Edição 72

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. março 2018 | EDIÇÃO Nº 72 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

MÁRCIO AGUIAR

QUANDO A MODERNIZAÇÃO DA ADVOCACIA PASSA PELA SIMPLICIDADE

PONTOS DE VISTA NO FEMININO

NUNO GODINHO OS SEUS DADOS ESTÃO SEGUROS?

FOTO: BRUNO RIBEIRO

MANAGING PARTNER DA DAYZERO


“Em 2017 o ActivoBank é eleito o melhor banco comercial em Portugal pela World Finance. Já tinha sido distinguido com o prémio de melhor banco comercial em Portugal pela revista World Finance em 2016, mas volta a afirmar a sua posição de banco nacional que oferece serviços abrangentes e de caráter inovador” Luís Magro, Diretor de Marketing do ActivoBank


FOTO: DIANA QUINTELA



MARÇO 2018

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» DIREITO OPINIÃO DE MARLENE DE SOUSA TEIXEIRA, Advogada, Partner da Teixeira&Guimarães Sociedade de Advogados E DE ANA DEL PINO ALVES, ADVOGADA ASSOCIADA

REGIME EXTRAJUDICIAL DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS (RERE) No passado dia 12 de Fevereiro, foi promulgada a lei que cria o Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas (doravante RERE), o qual tem como principal objetivo dar resposta às empresas em dificuldades, através de uma intervenção precoce que lhes permita salvaguardar os seus negócios e os postos de trabalho com recurso a um procedimento e mecanismo ágeis, desenvolvidos fora dos tribunais.

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pontos de vista

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om efeito, o Programa do XXI Governo Constitucional assumiu “…entre os seus objetivos essenciais para o relançamento da economia portuguesa e para a criação de emprego, a redução do elevado nível de endividamento das empresas e a melhoria de condições para o investimento, nomeadamente através da eliminação ou mitigação dos constrangimentos com que as empresas atualmente se deparam no acesso ao financiamento por capitais próprios ou alheios. A definição destes objetivos tem subjacente o pressuposto de que o investimento empresarial deve assumir um papel preponderante na recuperação forte e sustentada do crescimento económico” e, almejando atingir tais objetivos, foram apresentadas várias medidas enquadradas em cinco eixos estratégicos de intervenção: Simplificação Administrativa e Enquadramento Sistémico, Fiscalidade, Reestruturação Empresarial, Alavancagem de Financiamento e Investimento e Dinamização do Mercado de Capitais. No âmbito do III eixo, relativo à reestruturação empresarial, foi proposta a “conceção e lançamento de um regime jurídico de reestruturação extrajudicial de passivos empresariais, a partir da avaliação de potenciais aspetos de melhoria no âmbito do PER e do SIREVE.” Para dar seguimento aos referidos eixos estratégicos de intervenção, o Governo aprovou o Programa Capitalizar, programa estratégico de apoio à capitalização das empresas, à retoma do investimento e ao relançamento da economia com a adoção de um vasto conjunto de medidas orientadas para o apoio à capitalização das empresas e à promoção do sucesso das operações de reestruturação empresarial. Para execução dessas medidas, o RERE, integrando um pacote legislativo que revê a generalidade da legislação em vigor destinada a regular o regime das empresas em situação económica difícil ou de insolvência iminente, visa proporcionar um novo instrumento que permite às mesmas encetar negociações com todos ou alguns dos seus credores com vista a alcançar um acordo – voluntário, de conteúdo livre e, por regra, confidencial – tendente à sua recuperação, permitindo ainda que, por via da celebração de um protocolo de negociação, o devedor obtenha um ambiente favorável à negociação com os seus credores. O RERE vem, nessa medida, substituir o SIREVE (Sistema de Recuperação de Empresa por Via Extrajudicial), revogando o mesmo, por se reconhecer que este ficou aquém do esperado, não obstante ter características consideravelmente diferentes. Por outro lado, tendo-se apostado na

credibilização do processo especial de revitalização enquanto instrumento de recuperação dirigido efetivamente às empresas, limitando o acesso ao mesmo a empresas em situação económica difícil ou em insolvência iminente, perspetiva-se que muitas outras fiquem impedidas de recorrer a esse regime por não cumprirem com os respetivos requisitos de acesso, pelo que o RERE vem, também, para estas, como um mecanismo extrajudicial de recuperação alternativo ao processo de insolvência. A nova regulamentação prevê ainda um regime transitório que, excecionalmente e durante os 18 meses seguintes à entrada em vigor do diploma que cria o RERE, permite às empresas que se encontrem em situação de insolvência recorrer ao novo regime. Perspetiva-se que este novo regime possa trazer as seguintes vantagens para as empresas: - a possibilidade do devedor convocar todos ou apenas alguns dos seus credores (dado tratar-se um procedimento voluntário, sendo a participação livre, quer ao nível das negociações, quer ao nível do acordo de reestruturação); - o teor do acordo de reestruturação é fixado livremente entre as partes (ainda que deva compreender medidas que sejam comprovadamente aptas a contribuir para a recuperação do devedor); - o acordo de reestruturação apenas afeta os direitos de crédito de que sejam titulares os credores que o subscreveram; - o acordo de reestruturação é confidencial, (excetuando-se os casos em que é necessário conhecer o seu conteúdo para efeitos de

suspensão dos processos judiciais); - o depósito do acordo na conservatória do registo comercial determina a imediata suspensão dos processos executivos que respeitem a créditos incluídos no acordo; não obstante, ao passo que o SIREVE prevê a suspensão das ações executivas contra a empresa e respetivos garantes, o RERE exclui esse efeito relativamente a estes últimos. - a possibilidade de iniciar um processo especial –PER- com vista à homologação judicial do acordo de reestruturação; - o depósito do protocolo de negociação determina que os prestadores de alguns serviços essenciais (como eletricidade, comunicações, água…) fiquem impedidos de interromper os fornecimentos dos mesmos, pelo prazo máximo de três meses. A par da possibilidade de adopção deste novo regime, verifica-se também a possibilidade da empresa ser acompanhada por um Mediador de Recuperação de Empresas, ou seja, um profissional qualificado, com formação específica em mediação e com experiência na atividade, que possa assisti-las no diagnóstico económico-financeiro e prestar-lhes o apoio necessário no processo tendente à sua reestruturação. Ora, ainda que só a execução destas medidas venha dar a conhecer, efetivamente, os seus resultados, é certo que, medidas como esta, que visem incrementar a economia nacional, potenciando a criação e manutenção de postos de trabalho, a redução do endividamento das empresas e o acesso a financiamento em boas condições, devem ser bem recebidas. ▪


P 16 E 17

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P 24 e 25

Márcio Aguiar, Sócio-Fundador da Corbo, Aguiar & Waise Advogados Associados

Sandra Veloso, Consultora especialista em proteção de dados

Adidas Business Services e a gestão de talentos

Índice DE TEMAS

P 44 e 45 P 34, 35 e 36

jp.group, um grupo que nasceu para inspirar pessoas

P 30 e 31

Grupel, uma marca de referência no setor da Energia em Portugal

Pedro Rebordão, Diretor de Promoção e Inovação do LISPOLIS

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5 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares | Miguel Beirão | Vítor Santos Design E PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca | Vanessa Taxa Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua Rei Ramiro 870, 2º J, 4400 - 281 Vila Nova de Gaia E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt Preço de capa:

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MARÇO 2018

Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660 4455-518 Perafita Matosinhos

Editor: Ricardo Andrade Rua Rei Ramiro 870, 2º J 4400 – 281 Vila Nova de Gaia


» REGULAMENTO GERAL De PROTEÇÃO DE DADOS OPINIÃO DE Paulo Coelho, Datashield DPBCS, GDPR Consultant e DPO

RGPD, a nova (r)evolução industrial O Regulamento Geral da Proteção de Dados (UE 2016/679) desafia as organizações a tal ponto, que nos falta memória de uma revolução desta dimensão. Mais que uma mudança organizacional, é apontada como uma mudança cultural nos gestores, nos colaboradores, na relação com parceiros e na relação com os titulares dos dados. O paradigma do RGPD, terá de ser embebido na estratégia, na gestão e em todas as operações das organizações. Porquê?

pontos de vista

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Em linha com a obrigação legal, o RGPD acentua ou ativa mecanismos de governance, compliance, gestão de risco, segurança, entre outros, que até ao momento permaneciam latentes ou remetidos para níveis secundários. Em Portugal, de acordo com os estudos já publicados, o tema parece estar fora da agenda de muitos executivos. Desconhecimento da mudança que se vai operar? Da complexidade que envolve? Do calendário de aplicação? Do impacto e dos riscos inerentes ao tratamento de dados pessoais? Falta de recursos? Falta de percepção de “como” e “por onde” começar? Enfim, os motivos são variados e legítimos na maioria dos casos e, sabendo que nesta ponta da Europa se nota a ausência de mediatização do tema, antecipa-se uma viagem turbulenta. Por outro lado, também constatamos que ainda existe indefinição sobre quem será a Autoridade de Supervisão em Portugal, que legislação específica será publicada, que mecanismos de certificação existirão, enfim, um conjunto de dúvidas relevantes que ainda estão por esclarecer. Se acrescentarmos que os dados pessoais são o activo que justifica a existência de tantas organizações, é quase paradoxal imaginar que o tema possa estar esquecido, ser negligenciado ou registado na lista de baixas prioridades. Com a aproximação do dia 25 de Maio, para uns, significa que o problema vai ficando mais pequeno e, para outros, que o problema vai aumentando. Apesar de tudo, o esforço e recursos investidos na conformidade com o RGPD, são uma excelente oportunidade para (r)evolucionar a organização, alcançar parâmetros de excelência e posicionar a gestão das organizações Portuguesas nos níveis mais elevados da Europa.

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Mitos do RGPD

De tudo o que vamos ouvindo sobre este novo regulamento, nas redes sociais, em fóruns, nas conversas informais, etc., alguns apontamentos já podem ser considerados mitos. Mito 1: As coimas serão de pelo menos dez milhões de euros O artigo 83º indica que a aplicação de coimas “é, em cada caso individual, efetiva, proporcionada e dissuasiva”. A ideia de aplicar uma coima de 10 milhões de euros a uma entidade que fa-

tura cinco milhões de euros é um mito porque seria uma decisão desproporcional. Além disso os valores que constam no RGPD são os limites superiores. Mito 2: Todas as infrações serão punidas com coimas O artigo 83º indica que as Autoridades de Supervisão podem aplicar outras sanções em substituição da coima financeira ainda que, em alguns casos, aquelas sanções possam ter implicações bem relevantes nas operações da organização (ex. proibição de processar os dados). Mito 3: Têm de ser pedidos consentimentos a todas as pessoas O artigo 6º define várias possibilidades para garantir a licitude no tratamento de dados pessoais e o consentimento é apenas uma delas. Mito 4: É proibido tratar dados pessoais sensíveis (ex. clínicos, biométricos) O artigo 9º, nº 2, define exceções em que o tratamento de categorias especiais de dados pessoais pode ser licito e em algumas situações nem tem de obrigatoriamente passar pelo consentimento. Mito 5: Todos os contratos com fornecedores têm de ser revistos Apenas os contratos que implicam partilha de dados pessoais, nas condições descritas no artigo 28º. Mito 6: A certificação ISO 27001 garante conformidade com o RGPD A certificação ou um sistema de gestão de segurança de informação baseado na norma ISO

27001 é um grande avanço mas na grande maioria dos casos insuficiente. Existem requisitos específicos do RGPD que têm de ser implementados. Mito 7: Nas organizações de pequena dimensão o RGPD não se aplica O RGPD é aplicável à maioria das organizações, independentemente da sua dimensão. O que determina a obrigatoriedade de estar conforme com o regulamento é a existência e o tratamento de dados pessoais, por meios automatizados ou outros. Mas o processo de conformidade pode ser mais simples, dependendo do volume, da tipologia dos dados e dos riscos envolvidos (ex. DPO, DPIA). Mito 8: A atual autorização da CNPD garante conformidade com o RGPD O cumprimento da atual lei de protecção de dados é um acelerador mas não garante a conformidade com o novo regulamento porque existem novos requisitos. Mito 9: Apenas é necessário notificar em caso de roubo de dados O artigo 4º (nº 12) define violação de dados como a destruição, perda, alteração, divulgação ou acesso não autorizado, ou seja, várias tipologias de incidentes. A respeito das notificações, o artigo 33º define que qualquer incidente com os dados que consubstancie riscos relevantes para os direitos e liberdades do titular dos dados, tem de ser reportado à autoridade de supervisão e, em alguns casos, ao próprio titular dos dados. Mito 10: A CNPD não vai fiscalizar todas as organizações


Mito 11: No ano 2000 e entrada do Euro, apenas foi necessário atualizar os sistemas informáticos Ao contrário do ano 2000 e da entrada do Euro, o RGPD não se reduz a um problema nos sistemas informáticos e introduz alterações mais complexas, mais abrangentes e mais transversais à organização. Mito 12: Falta sair a legislação em Portugal Por ser um Regulamento da UE, dispensa transposição para a legislação nacional. Em 25 de Maio o RGPD é aplicado e revoga a diretiva europeia na qual se baseia a atual lei de proteção de dados. Ainda assim, aguarda-se que em Portugal seja publicada legislação especifica para adaptar algumas das leis atuais, complementar o regulamento e, eventualmente, alguns normativos específicos. Mito 13: Ter a implementação em curso resolve o problema Após 25 de Maio de 2018, demonstrar que a implementação está em curso, não evidencia conformidade com o RGPD. 25 de Maio é a data em que o regulamento é aplicado e não uma data em que se inicia um período de transição. ▪

DATASHIELD No contexto do RGPD, a DATASHIELD desenvolveu uma oferta integrada (GDPR One-Stop Shop) que endereça de forma multidisciplinar as diferentes vertentes do regulamento. Em complemento das suas competências, associou-se a alguns parceiros especializados nas vertentes jurídica e compliance, tecnológica e ciber seguros. A DATASHIELD propõe uma abordagem que assenta em três dimensões: Avaliação (assessment), para identificar níveis de conformidade e definir um plano de atividades; Implementação, tendo por objectivo o cumprimento do RGPD; Controlo, baseado numa framework de compliance desenvolvida pela DATASHIELD e num DPO as a service. As atividades e a framework de compliance, são baseadas nos standards de implementação de Sistemas de Gestão de Protecção de Dados (BS10012:2017, ISO 29100:2011, ISO 29134:2017, ISO 27005:2011) e de Sistemas de Gestão da Segurança da Informação (ISO 27001:2013).

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Os titulares dos dados também podem apresentar denúncias junto da autoridade de supervisão, a que esta terá de responder. Assim, em caso de incidentes ou de incumprimento (ex. direito do titular à informação, falta de base legal para o processamento), a probabilidade de ficar sujeito a fiscalização aumenta significativamente.


» REGULAMENTO GERAL De PROTEÇÃO DE DADOS

Em contagem decrescente para o RGPD “Em termos globais o maior desafio será mesmo o de as empresas conseguirem estar 100% em conformidade com todos os pontos do regulamento até 25 de maio”, afirma Sandra Veloso, da Data Privacy ON, que em entrevista à Revista Pontos de Vista abordou o que trará de novo o Regulamento Geral de Proteção de Dados, dando ainda a conhecer as potencialidades que se irão alcançar com esta mudança, perpetuando ainda mais a relação com a inovação e a competitividade.

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Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) passará a ser aplicado diretamente a partir de 25 de maio de 2018, e vem substituir a atual diretiva e lei de proteção de dados pessoais. Em concreto, o que vai mudar? Nunca antes se falou tanto num Regulamento europeu! Estamos em contagem decrescente, anunciam todos os meios, faltam menos de três meses, mas muitas das empresas ainda não sabem por onde começar. É certo que a sua execução plena começa a partir de 25 de maio, no entanto, há que desmistificar tal execução! O legislador europeu pretende que o processo de aplicação deste Regulamento seja contínuo e evolutivo. O RGPD - aplicável diretamente a todos os

pontos de vista

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Estados-membros – não é exatamente uma novidade, mas comporta mudanças significativas para todas as organizações, com maior ou menor impacto consoante a natureza, atividade, dimensão, tipo e volume de tratamentos de dados pessoais que realizem. O Regulamento prevê o reforço dos princípios da diretiva em relação aos direitos fundamentais dos titulares dos dados pessoais, tentando uniformizar a legislação ao nível de todos os Estados-membros, e introduz algumas novidades, em termos de novos direitos para os indíviduos, como é o caso da portabilidade e do direito ao esquecimento. É no entanto, na transferência de responsabilidades para as empresas quanto aos tratamentos dos dados pessoais que estas realizam, que surge a grande novidade. Passamos assim

Nunca antes se falou tanto num Regulamento europeu! Estamos em contagem decrescente, anunciam todos os meios, faltam menos de 3 meses, mas muitas das empresas ainda não sabem por onde começar. É certo que a sua execução plena começa a partir de 25 de maio, no entanto, há que desmistificar tal execução SANDRA VELOSO

para um cenário de autoregulação, deixando de ser necessária a comunicação das atividades de tratamento de dados à autoridade local de proteção de dados, no nosso caso em Portugal, a CNPD, a qual passará a ter um papel predominantemente fiscalizador, mas mantendo o papel de conselheiro. Inverte-se assim o ónus de prova em caso de incumprimento por parte do responsável de tratamento de dados, que por sua vez poderá ser ou não partilhada com o subcontratante. Esta responsabilização estruturada representa o conceito de accountability. Uma alteração impactante para as empresas em caso de incumprimento, são as avultadas multas, que vão até 20 milhões de euros ou 4% do volume total global do negócio (o que for mais alto). Também aqui, no regime sancionatório, existem algumas novidades a ter em conta e que estão a ser objeto de análise por parte do legislador nacional Com esta inversão de papeis, surgem uma série de novas obrigatoriedades para as empresas, como a exigência documentar as atividades de tratamento, comunicar falhas de segurança e violação de dados à autoridade de proteção de dados com um prazo de 72 horas. De referir a necessidade de comunicar também aos titulares dos dados afetados, caso se trate de uma falha que ponha em risco os seus direitos e liberdades fundamentais. O legislador exige ainda que os responsáveis pelo tratamento apliquem medidas adequadas para assegurar e comprovar a sua conformidade, tendo em conta, entre outros, «os riscos para os direitos e liberdades das pessoas singulares, cuja probabilidade e gravidade podem ser variáveis». Estas medidas adequadas introduzem novos conceitos, como o Privacy by Design and by Default que estabelecem princípios de privacidade na fase de desenho e conceção de produtos e serviços, e também o recurso a ferramentas e abordagens de avaliação e mitigação dos riscos, como o DPIA. Surge com o Regulamento, a figura do Encarregado de Proteção de Dados (EPD ou DPO na sigla inglesa) a qual assume especial relevância, sendo o ponto de contacto para a autoridade de controlo e stakeholders. Quanto às transferências internacionais, também objeto de reformulações, não serão permitidas transferências de dados para Países fora do espaço europeu que não cumpram os níveis de proteção considerados adequados. Entre empresas existirá ainda a obrigatoriedade de estabelecer códigos de conduta e BCR’s (bidding corporate rules).


E o que é que precisam de saber antecipadamente? O regulamento indica em que condições devem os dados ser exportados ou fornecidos a outro responsável de tratamento de dados. É aqui que a meu ver as empresas devem para já prestar maior atenção, de forma a darem resposta ao direito do titular dos dados pessoais. Os dados pessoais devem ser fornecidos de forma estruturada e em formatos abertos que incluem arquivos CSV, TXT, outros. A informação deve ser fornecida gratuitamente. Se o indivíduo o solicitar, as empresas poderão ser obrigadas a transmitir os dados diretamente para outra organização, se isso for tecnicamente viável. De ressalvar que, se os dados pessoais disserem respeito a mais de um indivíduo, as empresas devem ter em consideração se o fornecimento da informação prejudica ou não os direitos de qualquer outro indivíduo. Este novo regulamento vem substituir a atual diretiva e lei de proteção de dados pessoais. Na sua opinião, era algo urgente? Sim, claramente. Com a rápida evolução tecnológica, e as particularidades inerentes do mercado único digital, urge o reforço dos direitos dos titulares dos dados pessoais e

de estes usufruírem dos serviços e oportunidades proporcionadas pela transformação digital com confiança e transparência. Se olharmos para as tendências de tecnologia e informação mundiais e para as empresas que mais lucram com a era da informação (onde estão muito mais do que os nossos dados pessoais), percebemos esta necessidade urgente de regular o acesso e tratamento dos dados. Informação é poder! Na minha opinião, a proteção dos dados vai trazer maior confiança aos cidadãos e uma maior transparência por parte das empresas, traduzindo-se numa oportunidade para as empresas a nível da inovação e num fator reputacional para as marcas, e não apenas mais uma legislação com peso financeiro para estas. Qual o maior desafio? Em termos globais o maior desafio será mesmo o de as empresas conseguirem estar 100% em conformidade com todos os pontos do regulamento até 25 de maio! O que, na realidade, não poderá acontecer uma vez que muitos dos legisladores locais ainda não adaptaram totalmente o Regulamento à legislação interna. Outro desafio, será a capacidade de estruturação e gestão dos dados, o governance, e claro, as pessoas. Envolver e sensibilizar toda a organização, todos os stakeholders, para a importância da proteção de dados, é claramente um desafio. É igualmente desafiante a capacidade de deteção e reposta a eventuais violações de dados, “data breaches”. Segundo a diretiva da Comissão Europeia existirá uma DPIA – Data Privacy Impact Assessment – (Avaliação de Impacto sobre Proteção de Dados) um processo destinado a descrever o processamento de dados. O que será avaliado e de que forma? O DPIA visa assegurar uma revisão da legitimidade e cumprimento dos princípios e direitos. Permite identificar riscos face aos direitos e liberdades dos titulares dos dados e propor soluções que reduzam o risco residual e deve ser efetuada sempre que o tratamento é previsivelmente de alto risco. Sendo um documento formal e comprometedor para a empresa, deve ser tratado com muito rigor. Todos os stakeholders relevantes devem participar na realização do DPIA para estabelecer credibilidade e autoridade ao estudo. Os subcontratantes devem assistir os responsáveis de tratamento dos dados nesta avaliação, apesar da responsabilidade ser do responsável pelo tratamento. ▪

PERFIL

SANDRA VELOSO EU GDPR e Data Privacy Certified CCIP/E, CIPM Consultora e formadora em Data Privacy Management e Data Protection Compliance na DPON e na Calçada Advogados. Formada em Data Privacy e EU GDPR pela Católica Lisbon School of Business & Economics (Lisboa) e ECPC (Maastricht University), e certificada pela IAPP - International Association of Privacy Professionals (EUA/Bruxelas), e pela ITGovernance (Londres). Foi Consultora Senior na Capgemini Portugal, consolidando a larga experiência em TI com trabalho relevante em matéria de gestão e proteção de dados, em projetos de CRM e Account Based Marketing e outros.

O Regulamento prevê o reforço dos princípios da diretiva em relação aos direitos fundamentais dos titulares dos dados pessoais, tentando uniformizar a legislação ao nível de todos os Estadosmembros, e introduz algumas novidades, em termos de novos direitos para os indivíduos, como é o caso da portabilidade e do direito ao esquecimento

9 MARÇO 2018

Na sua opinião, em maio já estarão as empresas prontas para a questão da portabilidade de dados? A quem ainda não tomou quaisquer medidas, o que é que deve fazer? O direito à portabilidade de dados está de alguma forma relacionado com o direito de acesso, mas difere em vários aspetos. A ideia é permitir facilmente copiar ou transferir dados pessoais de um ambiente informático para outro, de forma estruturada e segura, sem obstáculos à sua usabilidade. Um dos objetivos deste novo direito é capacitar o titular dos dados em causa e dar-lhe maior controlo sobre os dados pessoais que lhe dizem respeito. Uma vez que a portabilidade permite a transmissão direta de dados pessoais de um responsável de dados para outro (não válido entre subcontratantes), e é também uma ferramenta importante que irá apoiar o fluxo livre de dados pessoais na UE e promover a concorrência entre responsáveis de tratamento de dados. O legislador europeu pretendeu assim facilitar a mudança entre diferentes prestadores de serviços e, portanto, promover o desenvolvimento de novos serviços no contexto da estratégia digital de mercado único.


» REGULAMENTO GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS OPINIÃO DE ANTÓNIO GONÇALVEs, CEO DA Semanticdream-Soluções de Reporte, Lda

RGPD

Reforçar os direitos dos titulares dos dados O seu nome? RPGD. Regulamento Geral de Proteção de Dados. Provavelmente o passo mais importante a nível mundial para garantir que a privacidade e os dados pessoais dos cidadãos europeus estão devidamente protegidos.

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pontos de vista

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uando em 1995, surge sobre a forma de “diretiva” (uma das formas de legislação europeia), um conjunto de artigos sobre proteção de dados, não existia por exemplo, “Linkedin”, “Facebook” e a “Internet” dava os seus primeiros passos. Comparar 1995 com o tempo atual é tão marcadamente diferente que “a lei de 1995” não poderia ser mais aplicada. Com o RGPD, adota-se o outro tipo de legislação europeia, que ao contrário da sua antecessora, não precisa de ser transposto para a legislação nacional (porque já é “lei” em todos os Estados-Membros da UE), criando uma igualdade de condições para a proteção de dados, representando harmonização, modernização e o reforço pessoal dos titulares dos dados. Harmonização, porque cria um conjunto único de normas em todos os Estados-Membros da UE; Modernização, porque se encontra adaptado ao tempo presente; Reforço, dos direitos dos titulares de dados, criando maior responsabilidade nas organizações que tratam/processam dados pessoais as quais, por incumprimento do diploma, ficam sujeitas a coimas elevadas. A partir de 25 de maio de 2018, nada mais será igual nesta matéria. Pensando de forma “positiva”, ainda faltam mais de três meses para a entrada em vigor do regulamento, ainda haverá tempo para preparar o caminho para que nada falhe a partir daquela data. Se assim acontecer, excelente. Se as organizações conseguirem demonstrar que já fizeram alguma coisa e que a implementação segue o seu percurso até à total conformidade, excelente. Porém, aquilo que sabemos, até de acordo com os nossos contactos internacionais, ensombra-se essa perspetiva, porque uma elevada percentagem de organizações dos Estados-Membros do Sul da UE, ainda não se consciencializaram que algo vai mudar, irreversivelmente. E assim, ainda que faltem os ditos três meses referidos, se as organizações já não se encontram em conformidade com o articulado da diretiva e da sua transposição nacional, experimentarão ainda mais dificuldades, porque a solução não é

escolher “um modelo” e fazer a sua aplicação na organização e “feito”. Pelo contrário, cada projeto terá de ser personalizado para cada organização. Com um custo variável, mais ou menos elevado, conforme a distância entre o “incumprimento total” e o “total cumprimento”, envolvendo por exemplo, alterações na infraestrutura informática ou na forma como os dados são tratados. Diagnóstico, verificação do “existente” e Implementação do projeto, poderia de uma forma simples, definir o trabalho a fazer. Conhecer tudo o que se faz na empresa em termos de dados pessoais para perceber o grau de afastamento da conformidade com o RGPD. Analisar “consentimento”, “politicas de privacidade”, “termos de utilização”, “contratos externos”, etc… Identificar as medidas a implementar e a forma de as implementar. Naturalmente que para garantir a continua conformidade com o regulamento, apresenta-se como relevante a formação, ampliando o conhecimento e a necessária sensibilidade de todos os colaboradores das organizações que participarem no ciclo de vida do tratamento dos dados. E como o RGPD se aplica a vários setores da economia, torna-se relevante conhecer o diploma no

seu articulado global, assim como fazer uma incursão mais específica em cada setor envolvido. Pelo exposto, entendemos que a consultoria de negócio/tecnológica, a prestação de serviços e a formação completam as necessidades de qualquer organização para obter a conformidade com o RGPD. Assim, em 2018, naturalmente esperamos continuar envolvidos no desenvolvimento da aplicação do RGPD em Portugal para garantir a conformidade, assim como continuar em contacto com parceiros internacionais para nos mantermos de acordo com as melhores praticas, além de estarmos preparando cerificações para a formação que ministramos. Contudo, o nosso trabalho não se centra apenas no RGPD. Com os nossos parceiros tecnológicos, tentamos envolver-nos em outros desafios não menos aliciantes, como por exemplo o “Reporte-País-por-País (OCDE)” ou os reportes prudenciais / financeiros (EBA/BCE) entre outros. Na Semanticdream – Soluções de Reporte, Lda., queremos oferecer qualidade, competência e rigor, escolhendo a melhor alternativa para cada um que nos procure. ▪


BREVES A NÃO PERDER

David Bruno // O Último Tango em Mafamude ESPAÇOS NOTURNOS

Identificados 70 bares e discotecas com risco de segurança pública A PSP e a GNR identificaram 70 bares e discotecas em Lisboa, Porto e Albufeira, que representam risco para a segurança pública, no âmbito de uma avaliação pedida pelo Ministério da Administração Interna, em dezembro. Este levantamento foi feito na sequência de uma avaliação de risco a um total de estabelecimentos de diversão noturna de todo o país, após as agressões junto ao Urban Beach e ao homicídio de um segurança no Barrio Latino, em Lisboa, avança hoje o Diário de Notícias (DN). O objetivo era “identificar o risco em estabelecimentos de diversão noturna cuja atividade seja suscetível de alteração da ordem pública “, segundo uma fonte citada pelo DN. Inicialmente a avaliação foi pedida à PSP e cingia-se a Lisboa, mas, numa fase posterior, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, solicitou também à GNR um levantamento em todo o país. Foram identificados 23 espaços de diversão noturna de risco em Lisboa, 28 no Porto e 19 em Albufeira, sendo nestas cidades que se encontra o maior número de estabelecimentos com problemas de segurança, e onde as autoridades policiais têm registado maior número de ocorrências.


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“O CIBERATAQUE DEVE-SE, NA MAIORIA DAS VEZES, A UM ERRO HUMANO” Num ambiente onde se sentia o dinamismo, o foco e o trabalho de equipa, mas num tom descontraído e de boas-vindas, Nuno Godinho, Managing Partner da Dayzero, recebeu-nos para falar sobre o novo Regulamento Geral de Proteção de Dados e sobre a segurança da informação. Ele que, em conjunto com mais dois amigos que já estavam na área e, posteriormente, mais três outros amigos, procurou criar um negócio para solucionar problemas que surgem de algo que é hoje uma realidade, está a acontecer e está bem presente, mas ainda é desvalorizado em Portugal: o cibercrime. trazer tudo o que há de bom, mas também algumas coisas não tão boas. “As empresas começaram a adotar estratégias e a digitalizar os seus processos, e vemos boas tentativas dessas implementações. Aquilo que notamos é que estas transformações são normalmente feitas numa perspetiva pontual e não transversal, o que pode trazer graves problemas no que diz respeito, por exemplo, à segurança da informação”, começa por referir o nosso entrevistado para quem ainda existe muito trabalho pela frente. “Basicamente o que temos visto nas empresas portuguesas (especialmente PME’s) é, a título de exemplo, como se as empresas estivessem a adquirir um serviço de alarmes para o todo escritório e no final o que é realmente feito é a instalação de um detetor de fumo na porta de entrada e que nem sequer está ligado”, acrescenta. A adoção de tecnologias mais recentes, sem que haja uma direção e uma estratégia, pode fragilizar a empresa. E este é um dos maiores desafios, na ótica de Nuno Godinho, das empresas no que diz respeito à sua proteção. “Portugal não é conhecido por ser pioneiro nem por seguir as tendências neste campo. Normalmente só agimos depois de nos acontecer alguma coisa. Por isso mesmo é que a nossa equipa tem parcerias estratégicas internacionais com várias empresas como, por exemplo, a Marbral

Advisory, participamos nos principais eventos mundiais, e estamos a desenvolver tecnologia interna para poder dar aos clientes uma resposta completa e dinâmica”, afirma o nosso interlocutor.

A CIBERSEGURANÇA E OS SEUS DESAFIOS

Na ótica de Nuno Godinho é necessário, em Portugal, começar a ganhar-se consciência no que diz respeito à cibersegurança. “A gestão de topo do nosso mercado empresarial ainda não sabe o que significa cibersegurança”, adianta. Explica que o know-how desta matéria é complexo e os recursos, a nível mundial, são reduzidos e que as ferramentas e software ainda representam um investimento elevado. Acrescenta ainda que é necessário formar, desde a faculdade, engenheiros especializados nestas áreas e que as empresas devem, igualmente, começar a criar posições específicas para o tipo de tarefas relacionadas com a cibersegurança. “Há tempos conheci o professor Pedro Adão do IST e percebi que já existe algo a ser feito neste sentido e com sucesso, o que significa que o talento existe, mas tem de ser explorado e cultivado. Apesar de termos bons especialistas em Portugal muitos acabam por ir para fora, para outros mercados, onde são

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orquê o nome Dayzero para a empresa? Para quem é entendido nesta matéria, diz-nos Nuno Godinho, faz todo o sentido a escolha deste nome. E começa a explicar-nos porquê. Na área da cibersegurança quando há uma vulnerabilidade que ainda não foi explorada nem encontrada dá-se o nome de zero-day exploit. Trata-se de uma vulnerabilidade de software de computador que é desconhecida para aqueles que estariam interessados ​​em atenuar a vulnerabilidade. Até que a vulnerabilidade seja mitigada, os hackers podem explorá-la para afetar adversamente o computador. O nome Dayzero surge invertido exatamente para explanar que a empresa procura antecipar estas vulnerabilidades e porque também acreditam que é a partir do dia zero que se começa a refazer e a recuperar uma empresa que sofreu um ataque. Os ataques vão sempre acontecer e estamos cá para dar capacidade aos nossos clientes de recuperarem de um ataque, bem como monitorizar e prevenir ataques e exploits já conhecidos. A Dayzero é, portanto, uma empresa que se mostra motivada em acompanhar as últimas tendências na área da segurança da informação. Para Nuno Godinho a transformação digital veio


» TEMA de CAPA mais valorizados”, explica Nuno Godinho. Configurar o e-mail ou uma impressora num PC é, portanto, completamente diferente de fazer análise forense sobre um ciberataque e tentar detetar vulnerabilidades num sistema. “Além de tudo isto, um dos maiores desafios que temos detetado é a evolução dos malwares (vírus, ransomware, etc.). Para poder prestar serviços de cibersegurança as equipas dedicadas precisam de ter horas de R&D para investigar e atualizar a sua base de conhecimento, e investir muito em ferramentas inovadoras”, afirma Nuno Godinho. A formação e as parecerias estratégicas é algo levado muito a sério na Dayzero. “Sabemos também que a troca de conhecimento nesta área é a chave para poder ultrapassar os desafios que nos são colocados diariamente”, refere.

O NOVO REGULAMENTO GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS

Nuno Godinho

FORMAR E CONSCIENCIALIZAR

O Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) tem promovido um trabalho de excelência no que diz respeito à melhoria contínua da cibersegurança nacional e da cooperação internacional. No entanto, a nível nacional ainda há um longo caminho a percorrer. “Em termos proativos são a entidade governamental criada e dedicada a estes temas que tem feito o que acredito ser o possível para sensibilizar a sociedade, através de eventos e cursos gerais gratuitos, acessíveis a qualquer pessoa”, elucida-nos o Managing Partner da Dayzero. Porém, é necessário aumentar e formar mais engenheiros especializados para dar resposta a eventuais ciberataques. O qual é, atualmente, um dos desafios do país: conseguir reter talento. Nuno Godinho dá-nos um exemplo concreto

O sucesso de uma implementação do RGPD é alcançado quando existe uma equipa multidisciplinar e especializada a desenvolver o projeto numa perspectiva transversal, ou seja, englobar tecnologia, pessoas e processos

FOTOS: BRUNO RIBEIRO

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“O foco do regulamento são, de facto, os dados pessoais, mas acreditamos que as empresas devem aproveitar este tema para endereçar outros problemas e aplicar uma estratégia de segurança da informação ou mesmo cibersegurança de forma transversal a toda a organização”, responde-nos Nuno Godinho quando questionado sobre o novo Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD). Para o nosso entrevistado os pontos mais críticos definidos pelo regulamento são, a nível processual, a comunicação em 72h no caso de uma falha de segurança, a implementação de processos de mitigação das mesmas, a sensibilização dos colaboradores e a regularização de todos os contratos com fornecedores e clientes. A nível técnico é referido que as empresas devem ter, internamente ou subcontratado, um serviço de monitorização e resolução de problemas, as chamadas equipas de resposta a incidentes (CSIRT – Computer Security Incident Response Team), bem como a realização de testes de intrusão periódicos. A Dayzero fez um estudo de mercado através de um questionário (disponível no site) para perceber quais as dificuldades que as empresas estão a ter no âmbito do RGPD e qual o grau de preparação das mesmas. Obtiveram mais de 500 respostas até agora e, embora meramente indicativo, os resultados são claros: 80% das empresas nunca fez testes de intrusão às suas infraestruturas. Isto significa que no caso de ataque não estão preparadas para reagir; 72% das empresas não têm ainda um plano para a implementação do RGPD (e faltam apenas dois meses), no entanto 70% delas sabem, ao mesmo tempo, que têm de ter um. “Costumamos dizer aos nossos clientes que devem estar mais preocupados com a proteção dos seus sistemas, formar os seus colaboradores e implementar os processos internos, no que diz respeito à segurança da informação no geral, do que apenas com o regulamento em si”, diz-nos Nuno Godinho. Isto porque, no caso de uma falha de segurança, é muito mais provável que a empresa sofra danos reputacionais do que seja alvo de uma multa derivada de um processo relativo ao RGPD. Nuno Godinho considera, portanto, que as empresas nacionais não estão preparadas para o RGPD, quer a nível técnico quer a nível processual, apesar de já saberem que irão ter de adotar estratégias no sentido de estarem em conformidade.


ATAQUES CIBERNÉTICOS, UMA REALIDADE BEM PRESENTE

“É muito difícil saber a quantidade de ataques cibernéticos que acontecem a toda a hora. No caso de Portugal não existem ainda estatísticas credíveis, mas sabemos que somos um alvo fácil. Sofremos também danos colaterais, ou seja, podemos não ser os alvos principais, mas acabamos por sofrer pelas ligações que temos com outros países,

ESTAR SEGURO OU PRIVADO SÓ DEPENDE DE NÓS

Importa saber que, em Portugal, poucas empresas têm os mínimos necessários para poderem responder adequadamente a um ataque e que ainda não estão realmente preparadas. No entanto, é impossível estar 100% seguro. “Nenhuma empresa no mercado garante isso. Tal como comprar um alarme para casa não significa que não possa ser assaltado na mesma. O alarme vai disparar, o processo vai

ser posto em prática mas, no final, o assaltante pode conseguir escapar e nunca ser apanhado”, aponta Nuno Godinho. Num ciberataque, ou “ciberassalto”, o que importa é que se consiga recuperar tudo o que foi roubado/destruído. Isso consegue-se adotando não só as recomendações do RGPD, mas ir além disso. Na era em que vivemos a informação é o asset mais importante e o mais valioso, e a Internet e os computadores permitem o acesso rápido e (quase que parece) infinito à informação. “No entanto a rapidez com que as pessoas tiveram acesso a uma máquina que traduz zeros e uns em ícones e imagens fez com que não houvesse tempo para educar as pessoas sobre como funciona um computador”, indica o nosso entrevistado. Vamos por partes. Como Nuno Godinho explica, para si pode ser óbvio que um site sem encriptação (HTTP) está desprotegido, não introduzindo dados sensíveis aí. No entanto, muitas pessoas, que utilizam computadores diariamente, não entendem o que está por detrás de um site sequer, quanto mais perceber se está encriptado ou não. Nas escolas, desde o primeiro ano, deviam ser dadas disciplinas de Informática. Toda a gente tem o direito de perceber algo que utilizam todos os dias. Para perceberem como devem estar mais seguras na Internet devem primeiro entender a Internet e os riscos associados. “Acompanhar a evolução é difícil, principalmente quando não se tem o gosto de ler e investigar, mas se os media derem um exemplo e fornecerem mais informação e notícias nesse sentido, poderá ajudar” realça o nosso entrevistado. E é aqui que a Dayzero entra. “Existem tópicos e tarefas que não fazem sentido serem as empresas a fazer, têm de deixar para os especialistas que no final resolvem o problema. Vemos cada vez mais os clientes a optarem por serviços de monitorização constantes e/ou periódicos às suas infraestruturas. Este é o cenário ideal. Se grandes multinacionais já têm equipas internas que o fazem, está na hora das PME’s também terem acesso a esses serviços, adequados obviamente às suas necessidades e capacidade de investimento, e que garantem mais segurança e o acompanhamento da evolução tecnológica. Por último, deixa uma nota importante no que diz respeito à privacidade: É cada vez mais comum vermos pessoas escandalizadas e assustadas com o facto do facebook, do instagram ou das pesquisas da Google parecerem saber aquilo que queremos, o que falámos no outro dia ou o email que enviámos para o colega. As pessoas devem perceber o que estão a subscrever antes de aceitarem os termos e condições de serviços como o Gmail, o WhatsApp, o Facebook, Linkedin, Spotify, etc. Nesses termos e condições, poderá esta escrito (uns mais explicitamente, outros menos) que irão utilizar os dados para direcionar anúncios ou para tratamento de informação. Numa outra nota, Nuno Godinho realça que a implementação do RGPD engloba todos as vertentes da empresa, ou seja, é transversal. O papel dos advogados é importante para blindar a documentação da empresa, numa perspectiva mais teórica. No entanto uma implementação do RGPD tem de ser acompanhada por uma equipa multidisciplinar, especializada na implementação do regulamento, porque envolve metodologias de negócio de gestão do risco e da mudança, análise de ameaças e obviamente a transformação digital. ▪

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FOTO: BRUNO RIBEIRO

do que poderia ser feito em Portugal para além da sensibilização e da formação. No Reino Unido o centro nacional de cibersegurança (NCSC) contratou hackers (que estiveram detidos inclusive, responsáveis por ataques a bancos, etc.) para a sua equipa. “Obviamente que isto passa, por vezes, por um processo de integração social e é um tema sensível. No entanto os melhores investigadores, InfoSec e especialistas na área foram ou são hackers. A diferença está entre serem Black-Hat ou White-Hat, ou seja, usar os conhecimentos para o mal, ou para o bem”, explica o nosso entrevistado. Mas mais do que isso é necessário inovar as formas de comunicação. Aqui, Nuno Godinho deixa-nos uma sugestão: um programa no formato do já existente num canal de televisão, o “Bom Português”. A ideia seria criar um programa, o “Bom Internauta,” que ensine os Do’s e Dont’s da internet. Até porque o ciberataque deve-se, na maioria das vezes, a um erro humano. Já na Dayzero são realizadas simulações de ataques, usando técnicas de Social Engineering ou outras, nas sessões de Sensibilização (Threat Awareness) com os seus clientes. “Quando vemos algo a acontecer que pensávamos ser impossível ficamos deslumbrados, como se estivéssemos num espetáculo de magia, mas no final explicamos como e o porquê de aquilo acontecer”, elucida-nos Nuno Godinho.

pois hoje em dia tudo está conectado”, observa Nuno Godinho. Existe a noção de que os ataques são constantes, mas a própria tecnologia de deteção de intrusões (IDS) ou de prevenção (IPS) ainda está a evoluir. Existem muitos falsos positivos, o que significa que ainda é muito importante a análise humana para perceber se, de facto, se trata de um ataque cibernético ou não. O nosso entrevistado dá alguns exemplos de ciberataques a nível mundial: sites governamentais, bancos e multinacionais são alvos diários de ciberataques. Desde ataques de negação de serviço (DoS) até ataques mais complexos para tentativas de ganhar controlo de sistemas internos e “crashar” sistemas. Existem depois ataques muito comuns como a tentativa de roubo de identidade (hackar a conta de uma rede social, ou criar uma falsa para depois tentar obter informações a outra pessoa), roubo de informações bancárias como cartões de crédito ou, ainda, espionagem empresarial. “É importante salientar que os hackers (neste caso os black-hat) já não têm aquela imagem de “nerd” encapuzado, antissocial e que bebe coca-cola a toda a hora. Há casos de jovens, com apenas dez anos, que conseguiram entrar em sistemas de abastecimento de água, na NASA, etc.”, afirma Nuno Godinho. A verdade é que as técnicas por detrás de um ataque evoluíram muito nos últimos anos, basta procurar por Social Engineering no YouTube e encontram-se exemplos de alguém a conseguir obter os dados de outra pessoa fazendo-se passar pela vítima, através do telefone. “Há tutoriais e cursos de hacking que ensinam como o fazer. Uns gratuitos outros pagos, está disponível para qualquer um, é legal e se as pessoas soubessem o quão fácil é aceder a um sistema desprotegido acho que a preocupação seria outra. E é legal porque isto também é uma área de estudo, para protegermos temos de saber como é que se ataca”, alerta o nosso entrevistado, deixando-nos duas sugestões de leitura: O livro Future Crimes de Marc Goodman descreve muito bem esta temática. Especializados em obter grandes fontes de financiamento através de uma grande variedade de ataques e esquemas fraudulentos, executados em grande escala, o número de grupos associados a estas atividades tem vindo a aumentar de forma significativa nos últimos cinco anos, com toda uma mecânica de execução da sua atividade cada vez mais “produtiva e refinada”. Com backgrounds atualmente tão diversificados e o inevitável aumento da dependência/necessidade tecnológica, todo o tecido empresarial a nível mundial tem, diretamente ou indiretamente, sofrido alguma forma de ataque/ação ilícita, resultando em algum tipo de impacto para a entidade em questão ou algum membro da mesma. E, anda, o livro “Countdown to Zero-Day” de Kim Zetter, sobre o caso de Stuxnet que é referido como o lançamento da primeira “arma digital”.


» Direito Lusófono

Um conceito mais moderno da Advocacia A diferença perpetua-se no estilo de cada um, na forma como se encaram os desafios da vida e na atitude que se tem perante os obstáculos que surgem. Todos nós conhecemos pessoas assim. Que se reerguem a cada obstáculo e nunca admitem baixar os braços. Fomos conhecer o lusodescendente Márcio Aguiar, filho de pai e mãe portugueses, mas nascido no Rio de Janeiro, ele que é Sócio Fundador do escritório Corbo, Aguiar & Waise Advogados, um dos mais admirados do Brasil.

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aiba mais de um homem e profissional que tem vindo a marcar a sua chancela através de pilares como a credibilidade, o rigor e valores bem definidos. Temos a ideia que um advogado «advoga» sempre um ar formal, quase solene e até sisudo. Nada mais errado, até porque essa ideia é erradicada depois de conversarmos com Márcio Aguiar, ele que é muito extrovertido, espirituoso e com um humor ácido, mas daquele positivo, principalmente na esfera das relações pessoais. E como é Márcio Aguiar no quotidiano profissional? “Naturalmente que um pouco mais fechado e reservado, mas sempre mantendo três ideais: disciplina, simplicidade e acessibilidade”, salienta convicto. De discurso solto e palavras assertivas, o nosso entrevistado vê nesta ligação entre Portugal e Brasil uma parceria natural e comum entre dois povos que estão ligados por diversas razões, sendo que é a língua portuguesa aquela que promove maior simbolismo. Bernardo Soares, semi-heterónimo de Fernando Pessoa e autor do “Livro do Desassossego”, escreveu na mesma publicação “a minha pátria é a língua portuguesa”. Márcio Aguiar é disso prova, pois demonstra a virtude de um luso descendente e pela vontade que tem em continuar a unir os dois países. Já dizia a música, “Eu tenho dois amores” e Márcio Aguiar tem-nos. “Tenho um sentimento forte por ambas as pátrias, mas é o sangue quente do português que corre nas minhas veias”. “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, assim escreveu Fernando Pessoa, um dos «heróis» da literatura portuguesa e um dos escritores de eleição de Márcio Aguiar. “É por ele o meu gosto pela literatura”, salienta, lembrando que esta é somente mais uma ligação a Portugal e que a referida frase, tão conhecida, é o reflexo do seu percurso. Diz que pretende uma advocacia mais próxima de todas as camadas da sociedade justa e dinâmica, e, acima de tudo, com uma linguagem simples, que no seio da complexidade das leis seja mais acessível para compreender e assimilar.

A minha Pátria é a Língua Portuguesa”, Fernando Pessoa

Assegura que nada na vida foi simples, ou seja, e como se diz na gíria, lhe foi dado de bandeja. Teve de lutar muito e de ultrapassar inúmeros obstáculos para obter algum espaço nesse concorrido mercado profissional. Existe uma fórmula? Qual o caminho para o êxito? Toda a história tem altos e baixos. Todo o percurso é como uma «montanha russa» dinâmica e somente a forma como encaramos os desafios nos tornam diferentes. O nosso entrevistado é hoje um homem bem-sucedido na profissão, mas que nunca digam que esta caminhada foi simples, pois começou muito cedo e foi

repleta de reptos. Tinha 12 anos quando o pai ficou doente e, como toda a família, dependia desse ordenado do pai, o advogado e o seu irmão mais velho, foram trabalhar no café/restaurante do próprio pai e cuidar dos negócios. “Foi uma época de muita aprendizagem. Guardo vivas boas memórias. Gosto de contar aos meus filhos e amigos, talvez como exemplo de que não existem barreiras instransponíveis para crescer profissionalmente nas mais simples, porém muito dignas atividades. Uma história que também vale ser contada, pois pode parecer, para muitos, que a vida me foi fácil, sobretudo para os que olham de fora. Nada nessa vida, pelo menos para a maioria - vem fácil. E a partir daí não parei mais de trabalhar. Deparamo-nos com o lado bom e o mau. Era, sobretudo para aquele período, uma criança, apenas. Já tinha grandes responsabilidades nas costas. As brincadeiras eram muito limitadas. O lado positivo, entretanto, foi o amadurecimento precoce. Ganhei uma enorme experiência para os negócios. Mas, nestes momentos, vamos buscar forças nos valores familiares assentes na lealdade, honestidade e integridade para construir os alicerces que pavimentam a nossa estrada em direção daquilo que procuramos”, defende.

Linguagem objetiva e clara para todos, sem rodeios, acessível

A proximidade é fundamental para o nosso interlocutor. A simplicidade da linguagem é importante. Em quê? A ideia que as leis, o direito, a advocacia e a justiça são conceitos inatingíveis. Se calhar a modernidade da advocacia está aí mesmo, nessa proximidade, nesse entender do povo. Frases longas e com um vocabulário muito rebuscado são normalmente dominadas por quem de direito. Mas, até no direito, contudo, há quem seja completamente contra este tipo de frases complexas e que fazem qualquer pessoa leiga sentir-se impotente, inculta e diminuída. É o que chama de “juridiquês”. Felizmente, Márcio Aguiar é um advogado que compreende o difícil que é para o cidadão

comum ler duas palavras seguidas e entender o seu significado e é por isso a favor de uma comunicação fluída, moderna, sem que seja necessário recorrer a um dicionário palavra-a-palavra. Hoje, o que funciona, segundo o nosso interlocutor, é uma linguagem limpa e clara para todos, sem rodeios, acessível. É dessa forma que o Judiciário estará mais próximo do cidadão a ser tutelado. O nosso Bastonário, Dr. Guilherme Figueireso, já se pronunciou sobre essa mesma questão. Na advocacia, os temas que destaca como os que mais lhe chamam à atenção são: o direito de acesso à justiça; a ética na advocacia; a linguagem jurídica moderna; o cidadão e a dificuldade da descodificação do direito; a advocacia versus a tecnologia; a qualidade da advocacia enquanto profissão no contexto social. Márcio defende que em qualquer país, a história do direito está estreitamente relacionada com a evolução da própria sociedade e que no caso de Portugal e Brasil, a língua promove relações. No seu entender, o potencial económico da língua portuguesa não tem sido devidamente aproveitado no seio da lusofonia. “A nossa vitória deve ser essa, ou seja, no direito a permissão que damos ao outro em entender aquilo que lhe está a ser dito. Deve ser essa uma luta incessante”, refere. “Por que não lutar pela criação e defesa de um estilo contemporâneo e moderno de escrever no exercício da advocacia?” - questiona. “Deve ser este o estilo e aquele que pretendo sempre”, salienta Márcio Aguiar, uma personalidade que, fora da advocacia, ainda consegue encontrar algum tempo, mesmo que no silêncio das madrugadas, para se dedicar à escrita. Os temas são diversos e vão desde os simples pensamentos, a poemas ou artigos. Tem dois livros, escritos em simultâneo, por terminar. “Às vezes estou quase a adormecer e surgem-me pensamentos. Levanto-me e vou para o computador digitar alguns parágrafos. A inspiração aparece e desaparece. É importante que fique de imediato registada”. Ainda no domínio do direito, interessa abordar a dinâmica imposta nos denominados «Edifícios do Saber», vulgo universidades, mais concretamente na vertente do direito, pois para o nosso interlocutor é importante que as mesmas, as Universidades de Direito, “incluam uma cadeira que ensine técnicas de negociação e conciliação, já que no mundo moderno, mesmo aqueles que não atuam no âmbito corporativo, “devem saber negociar. O ideal do direito é a conciliação. Devemos, ao máximo, evitar a briga, a batalha, os longos e desgastantes conflitos dentro do processo. É fundamental que se invista mais nas Câmaras de Mediação e Arbitragem. A própria legislação revela o tamanho da importância do acordo e é esse o caminho que devemos seguir ou tentar seguir”. O Judiciário deve ser a última das instâncias.


Hoje a Sociedades está mais atenta

A Matemática e o Direito

Direito e matemática. Num olhar mais atento até poderíamos achar que são conceitos completamente distintos. Serão? Para o nosso entrevistado assumem uma ligação mais importante do que aquilo que se pensa. Márcio Aguiar sempre gostou de números, estatísticas e probabilidades, e, ao longo dos anos, começou a detetar padrões que podem levar a uma proximidade entre a estatística e a justiça, principalmente na advocacia de grandes volumes. “Naturalmente que são de naturezas distintas, mas entre a lógica e a abstração, as mesmas podem unir-se e funcionar em harmonia para um fim interessante”, assegura o nosso entrevistado, lembrando que “o direito é bom senso da suposta e esperada racionalidade. A matemática é o bom senso da regra exata. Aqui dois e dois ainda continuam a ser quatro”. As ações e comportamentos sociais estão em constante evolução. Devemos estar, igualmente, atentos para essas mudanças sociais e os anseios que surgem e medem necessidades, demandas, interesses e acomodação temporal. Chegamos, portanto, dentro dessa perceção lógica e humanista, dos conflitos sociais. As relações conflituosas também obedecem ao mesmo ritmo das mudanças que se impõe pelas métricas matemáticas da vida. “Temos de compreender que, no mundo moderno, tudo se equaciona. Até as nossas relações são baseadas em indicadores de qualidade”. Mas pode o direito funcionar como um elo de pacificação? “Sem dúvida, principalmente em épocas de sucessivos abalos sísmicos fazendo ruir os edifícios da economia, política e ética social”. ▪

Márcio Aguiar

Nunca virar a cara à luta O advogado foi embaixador olímpico e coube-lhe fazer a ligação entre a missão portuguesa, as autoridades e as instituições locais e o Comité Organizador do Rio’2016. Na época prestou declarações ao jornal português Record sobre o feito: “Vou honrar esta função com muita dedicação, amor, serenidade, discrição e muito trabalho, tendo sempre em mente construir o melhor ambiente para os atletas competirem ao mais alto nível”. Para Márcio Aguiar, esta nomeação foi algo que o deixou claramente honrado até porque a sua opinião sobre o tema desporto vai muito além de vitórias ou derrotas. O nosso entrevistado encara o desporto como algo que torna o mundo homogéneo, que educa e disciplina e que, sobretudo ensina conceitos como respeito e justiça. Desde o gosto pela literatura, à pscicanálie, a filosofia, ao desporto e da descoberta pelo mundo, Márcio conta com alguns prémios no que diz respeito à sua vida profissional. Em 2015 e em 2016 a Revista Análise Advocacia 500 o classificou como sendo um dos advogados mais admirados do Brasil na especialidade Direito do Consumidor, Setor Económico dos Bancos e, nomeadamente, do Estado do Rio de Janeiro; em 2017 foi citado por grandes empresas como um dos melhores advogados em áreas como contencioso e arbitragem do Brasil pela Agência Internacional Leaders League. Ainda em 2017 foi indicado, pela Revista Análise 500, mais uma vez como um dos advogados do Brasil, pelo complexo da profissão que, é tão difícil e concorrida. Conseguiu manter a posição, consecutivamente, como um profissional admirado. E esta é uma questão pertinente pela exigência, trabalho, educação, disciplina, ética, lealdade. Márcio Aguiar explica que “tudo isto acontece porque

De discurso solto e palavras assertivas, o nosso entrevistado vê nesta ligação entre Portugal e Brasil uma parceria natural e comum entre dois povos que estão ligados por diversas razões, sendo que é a língua portuguesa aquela que promove maior simbolismo

tenho o total e irrestrito apoio da minha linda família. Concluiu recentemente o mandato de Diretor Jurídico da Câmara Portuguesa do Rio de Janeiro. É diretor de estudos sobre Ética Jurídica na Rede Internacional de excelência Jurídica

Sem advogado…

Não há justiça, como sem justiça não há democracia e como sem democracia não há liberdade…Chegou a uma conclusão? Pois é, a justiça é essencial assim como o papel do advogado em sociedade. A vida de um advogado não é realmente fácil. A sociedade, de um modo geral, tende a ter a falsa impressão de que todos os advogados vivem um verdadeiro mar de rosas, mas não é bem assim… Um advogado, para começar, é um eterno estudante. As leis sofrem constantemente mudanças, juntamente, com a evolução da sociedade, e por isso, quem trabalha na área do direito precisa de estar constantemente atualizado. Este é um mercado muito competitivo, de extrema habilidade e que requer um vasto conhecimento. Podemos estabelecer uma analogia: imagine que o advogado é um cirurgião, só que do direito. Uma vez que também trabalha, segundo uma especialidade e que mexe com a vida moral e financeira da pessoa. Um erro pode causar prejuízos sérios e, na área penal, sobretudo, pode custar a própria liberdade do cliente. O contacto permanente com estes elementos provocam uma carga de stress enorme na vida de um advogado. Considerar que um advogado, de fato e gravata, é uma personagem sempre muito bem-sucedida, típico de filmes americanos de Hollywood é, simplesmente, um grande equívoco.

17 MARÇO 2018

Diminuir diferenças e aproximar conceitos jurídicos entre Portugal e o Brasil é essencial para o nosso entrevistado. Complexo é o conceito escolhido pelo advogado, que aborda esta questão da comparação jurídica entre os dois países como algo a mitigar. “Não só pela dimensão que é completamente desproporcional como o próprio mercado”, revela. Mas como é que se pode realizar isso? Não sendo simples, o importante é que se vão dando passos nesse sentido. Assim, de forma a cimentar relações unilaterais com Portugal, a banca conta já com um escritório em Lisboa, e indica a sua pretensão em fomentar uma advocacia voltada para os brasileiros em Portugal e para os portugueses no Brasil. Portugal, que apesar de mais “pequeno” tem as suas “particularidades e fatores interessantes”. Uma coisa é certa, seja em Portugal, no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo: “Há uma ação coletiva natural e instantânea da sociedade quando sente que de alguma forma alguns dos seus direitos foram violados. A globalização e as redes sociais construíram firmemente essa possibilidade do reconhecimento dos respetivos direitos”, conclui, lembrando “que temos o dever de promover esse reconhecimento e proximidade”. Devemos também estar atentos, por outro lado, ao que chamo da esquizofrenia da judicialização. Esse fenómeno provocou, no Brasil, por exemplo, uma enxurrada de ações sem fim. Os Tribunais lotaram as respetivas prateleiras com discussões rasas e sem relevância jurídica. O judiciário braileiro acabou se tornando um balcão de consultas. Surgiu a indústria do dano moral. Pequenas picuinhas começaram a ser judicializadas atrás de indenizações. Esses conflitos, que poderiam encontrar refúgio e resolução nos órgãos administrativos, correram para dentro do Poder Judiciário. Toda a sociedade perdeu com esse movimento, sobretudo as grandes empresas, que são demandadas com muitas ações artificializadas. As empresas precisam se defender e gastam valores elevadíssimos com as custas judiciais que não mais voltam para os seus cofres. O prejuízo, portanto, é de toda a sociedade, como um todo. Movimenta-se uma grande máquina para absolutamente nada.


» MARIA JOÃO de FIGUEIREDO DA CIPHRA EM ENTREVISTA

MARIA JOÃO de FIGUEIREDO

“São as pessoas, e a atitude das mesmas que me ajudam todos os dias a ser melhor” Quem o afirma é Maria João de Figueiredo, fundadora da Ciphra, uma empresa especializada em contabilidade que hoje já se desdobrou para outras áreas. Conheça a história desta empresa que tem vindo a crescer de forma exponencial.

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Ciphra surgiu no mercado, fruto de um trabalho intenso e dedicação máxima. Mas queremos saber mais… conte-nos qual é a história sobre a forma de como fundou a empresa? A marca Ciphra surge em novembro de 2012, mas a história desta empresa começa em 2006, e em outubro desse ano decidi constituir a minha empresa. Assim adquiri um escritório no Seixal que tinha uma carteira de dez clientes e apenas uma trabalhadora. Sabia que havia muito trabalho pela frente, mas seria uma boa base para começar. No entanto e porque nem sempre nos aparecem as pessoas mais honestas na vida pessoal e profissional, em dezembro tive a notícia que o maior dos dez clientes ia sair e passar a ter contabilidade interna. No fundo, o mesmo tinha servido apenas de “engodo” para o negócio. Olhando para trás, percebo que esse revés foi o que melhor me podia ter acontecido! A minha vontade e o meu querer foram levados ao extremo, e acompanhada pela colaboradora que ficou comigo desde o primeiro dia e me acompanha até hoje, começamos

a crescer até chegarmos ao que somos hoje. Até 2012 fazíamos parte de uma conhecida marca de franshaising, no entanto como não nos identificávamos com o rumo e orientação da mesma, tomei a decisão de criar a minha própria marca: a Ciphra! Em 2016 abrimos escritório também em Lisboa. O crescimento no mercado internacional fez-me dar esse passo e, com as pessoas certas ao meu lado, sei que posso ir mais longe. Hoje com mais de 20 colaboradores e dois escritórios continuo a ter a certeza que são as pessoas, e a atitude das mesmas que me ajudam todos os dias a ser melhor! A Ciphra atua em três áreas de negócio: Contabilidade e gestão, projetos e investimento e gestão de recursos humanos. Estes são os pilares essenciais para uma empresa? Porquê? Na minha opinião, são dos pilares mais importantes na origem e progresso de qualquer empresa, pois se falhamos nestes aspetos, não podemos avançar para outras áreas de desenvolvimento do negócio. Cada empresa tem a

sua alma, o empresário que a cria dá-lhe o know how adquirido ao longo da vida académica e profissional, bem como o sonho de a tornar diferente das que já existem, mas a verdade é que só consolidada com um bom projeto de investimento, uma contabilidade devidamente organizada e exigente, e uma gestão de recursos humanos rigorosa, pode tomar decisões de gestão acertadas. E sem dúvida, é isso que influencia o sucesso de qualquer empresa. O grande core da empresa sempre foi a contabilidade, sobre a qual sempre teve uma visão diferenciada do mercado, qual é essa visão? Simples, a contabilidade é um meio e não um fim. Na Ciphra, não pensamos na contabilidade como um mero cálculo das obrigações fiscais. Damos formação aos clientes, ouvimos e aconselhamos, somos parceiros nas tomadas de decisão. A gestão, fiscalidade e recursos humanos são tratados como um todo e de forma estratégica no serviço prestado ao cliente. O nosso maior objetivo é ajudar os clientes a crescerem, a inovarem ou simplesmente consolidarem o seu negócio.


Escolha as pessoas certas para estarem ao seu lado, inspire-as e faça com que tenham essa mesma atitude. Seja apaixonado pelo que faz, aprofunde e desenvolva conhecimentos sobre o seu negócio. Estude, seja o melhor na sua área

Que dicas pode deixar a quem vai ler a sua entrevista e que tem um negócio a manter? Eu diria negócio a manter ou a iniciar. Tenha uma atitude positiva, nunca perca o foco e nunca desista dos seus objetivos, é muito importante! Escolha as pessoas certas para estarem ao seu lado, inspire-as e faça com que tenham essa mesma atitude. Seja apaixonado pelo que faz, aprofunde e desenvolva conhecimentos sobre o seu negócio. Estude, seja o melhor na sua área. Vou mais longe, cada empresário deve ser acompanhado por um Coach, ajuda a pensar o negócio, saber que está alguém ao nosso lado. Faça um plano de negócios e envolva a equipa na elaboração do mesmo. Por último, mas não menos importante, escolha um contabilista certificado que seja o parceiro ideal para o seu negócio, que o oriente, que o inspire e que transmita confiança. ▪

19 MARÇO 2018

Sobre a transformação digital nas empresas, em específico na contabilidade, as pessoas já perceberam que ela é inevitável? A era digital é cada vez mais uma realidade, contudo na área da contabilidade ainda estamos muito “agarrados” ao papel. Para desmaterializar esta questão são necessários quatro vetores estarem muito bem alinhados, nomeadamente a Autoridade Tributária (AT), Contabilistas Certificados (CC), empresas de software e as Empresas. Existem já alguns desenvolvimentos efetuados nesse sentido pelas empresas de software e algumas empresas estariam dispostas a aderir. Confesso que é Investimento que estou preparada para avançar. No entanto para haver um avanço efetivo, a AT deve ser a primeira a permitir a implementação da documentação digital, uma vez que atualmente a legislação obriga as empresas a guardar durante 10 anos toda a documentação. Outra razão que acredito que ainda poderá ser um entrave a este “salto” é o facto de muitos CC pensarem que ao transformar o seu trabalho cada vez mais automatizado de futuro serão apenas uns meros administrativos, desvalorizando a sua profissão. Uma das razões para a qual me associei a uma lista candidata à Ordem dos Contabilistas Certificados foi a de valorizar esta profissão que ainda é vista como um “mal necessário” por algumas empresas e não como um parceiro na gestão das mesmas.

FOTO: DIANA QUINTELA

Quais são os programas de investimento que estão a decorrer e aos quais o tecido empresarial deve estar atento? Neste momento está a decorrer até 30/03 as candidaturas ao Sistema de Incentivos ao Empreendedorismo e ao Emprego (SI2E). No âmbito do Portugal 2020 estão abertas candidaturas até 5 e 12 de março. Nomeadamente, sistema de Incentivos à Inovação Produtiva e Empreendedorismo Qualificado e Criativo, Apoios à Qualificação, Apoios à Internacionalização. Ainda durante 2018 outras candidaturas estarão disponíveis. Criação do próprio emprego a qualquer momento se pode entregar a candidatura, e aguardamos abertura do Comercio invest Contudo na página da internet da Ciphra, no facebook e no Linkedin vamos atualizando a informação diariamente.

Relativamente à gestão de recursos humanos. Qual a importância de implementar uma gestão de talentos na estratégia da empresa? O sucesso das empresas depende de um recurso chave: os colaboradores certos. Há uma relação entre ter os melhores talentos e conquistar os melhores resultados para a empresa. É preciso distinguirmo-nos da concorrência, de forma a ganharmos vantagem competitiva no mercado, e esta vantagem pode ser alcançada através de várias alterações internas, mas principalmente através da aposta nas pessoas certas. São as pessoas que contribuem para o sucesso da empresa, através das suas experiências, dos seus valores e das suas competências. As pessoas devem ser encaradas como centro estratégico do negócio, independentemente deste e de quais os desafios do mercado, para tal é preciso reconhecer que o sucesso de qualquer empresa depende do seu capital humano. Este tem que estar, sem dúvida, alinhado com as restantes estratégias organizacionais. Não apostar nas pessoas certas, poderá levar-nos ao fracasso do negócio. Para a Ciphra, os talentos são sem dúvida uma maneira de obter vantagem competitiva no mercado, como tal orientamo-nos pelos cinco fatores da gestão de talentos: atrair pessoas que se distingam pelas suas competências, selecionar, envolver e desenvolver os talentos para que estes se sintam uma mais-valia e retê-las, criando condições favoráveis de trabalho e de ambiente organizacional.

FOTO: DIANA QUINTELA

FOTO: DIANA QUINTELA

De um modo geral, considera que os empresários portugueses investem nas suas empresas? Quem me conhece sabe que sou muito positiva, mas em alguns casos não chega. Avaliando o universo dos meus clientes, parceiros e fornecedores, considero que o momento é positivo, no entanto, constato que os nossos empresários ainda investem por reação e não por antecipação, ou com intuito de inovar. As taxas de juro baixas têm ajudado, penso que 2018 será sem dúvida um ano de maior investimento, se o consumo privado continuar a subir, será um excelente ano para todos. Nesta matéria, existem várias candidaturas a abrirem na área de projetos de investimentos, o que pode ser uma alavanca para o crescimento nesta área. Contudo, verifico que existe uma grande percentagem de empresários que ainda não tem conhecimento ou não percebeu na totalidade as vantagens de investir aproveitando o Portugal 2020.


» ASSOCIAÇÃO INTERNACIONALIZAÇÃO E INTELIGÊNCIA ECONÓMICA

AIIE REALIZA WORKSHOPS SOBRE COMPETITIVIDADE NAS EMPRESAS

JOSÉ CARLOS PEREIRA

ISABEL DE ARAÚJO SIMÕES

jORGE CUNHA

DULCE FORTE

No dia 19 de fevereiro a AIIE - Associação Internacionalização e Inteligência Económica - organizou aquela que foi a primeira sessão do Ciclo de Workshops Competitividade nas Empresas: Incentivos à Internacionalização das PME, no edifício central do MARL, em Loures e contou com um painel de oradores de distintas áreas.

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pontos de vista

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osé Carlos Pereira, que está no mundo do desenvolvimento de negócios há mais de 20 anos, é experiente em gestão de projetos internacionais e vendas, atuou em múltiplas empresas, quer nacionais, quer multinacionais. Foi o primeiro a estrear o palco e falou sobre como pensar e conceber um plano robusto para internacionalizar o negócio e ainda sobre financiamentos disponíveis para a atividade exportadora. Começou por explicar que o mais difícil e, talvez, o mais importante é “encontrar o parceiro certo, seja ele agente, distribuidor, importador ou mesmo sócio. Salientou que o acerto na escolha pode valer à empresa o queimar de etapas na sua curva de experiência”. Ao longo do workshop foi dando algumas dicas sobre a forma de como as empresas se devem posicionar no mercado destino e quais os erros que são mais frequentes e devem ser evitados: “Um dos erros das empresas é descurar a relação de proximidade com os mercados e com os clientes ou acreditarem em tudo o que ouvem, tomando decisões com base nas emoções e não tanto em racionalidade”. A parte final da intervenção de José Carlos Pereira foi dedicada à explicação de como formular uma candidatura a programas de incentivos e que cuidados devem os empresários ter em conta.” “A Isabel de Araújo Simões, advogada, coube o tema “Novo Regulamento Geral de Proteção de Dados”. Começou por explicar a importância da prevenção no âmbito do Regulamento, sendo

muito importante o aconselhamento do advogado/Jurista para o cumprimento do Regulamento mas também “se houver violação, estão previstas sanções, e aí uma vez mais o papel do advogado é determinante na defesa dos responsáveis. “É determinante que recolham os dados estritamente necessários, a pessoa tem que perceber para que finalidade vai fornecer os seus dados e dar o seu consentimento”, começa por explicar. As novas regras podem gerar alguma confusão e receio às empresas, como o caso do consentimento e da sua obtenção, sendo que “Se o consentimento tiver sido devidamente obtido, antes da aplicação das novas regras, as empresas não terão que se preocupar”. Relativamente às crianças, dos 13 aos 16 anos, – as empresas têm de provar que obtiveram o consentimento dos responsáveis pela criança para a utilização dos dados e/ou que esta tinha maturidade suficiente para saber o que estava a fazer. Quanto às categorias especiais, os chamados dados sensíveis merecem mais atenção. “Dados recolhidos como os da medicina no trabalho… o que importa aqui saber é se a pessoa está ou não apta para trabalhar. Outros dados recolhidos têm que ter um nível de proteção elevado, não podem estar acessíveis. Aqui, a proteção de dados tem de estar muito bem guardada. A violação de dados pessoais não tem reparação possível e por isso o seu tratamento tem de ser obri-

gatoriamente cumprido e restrito. No caso de violação, as empresas terão um prazo de 72 horas para comunicarem à comissão protetora o sucedido”. Há ainda dois novos direitos atribuídos aos titulares dos dados: o apagamento e a portabilidade dos dados. Fala-se que o tratamento de dados irá gerar cerca de 175 mil novos postos de trabalho. “As empresas têm de ter mecanismos para não violarem os direitos”. A advogada graceja embora fale de forma séria quando diz que “isto vai gerar imensas oportunidades de queixas porque o queixoso não tem de provar que teve dano mas sim que as empresas violaram direitos. Vai aparecer uma nova profissão: o profissional da queixa!” Jorge Cunha, Fundador e Senior Partner da IT Tech BuZ, consultora especializada em projetos e prestação de serviços de otimização com base em Corporate Analytics & Metrics relacionados

com a indústria digital. A sua intervenção foi dedicada à otimização e retorno disso mesmo: Marketing Digital. Ao longo da sua abordagem, a plateia foi esclarecida sobre a importância de uma boa estratégia online para o sucesso empresarial e de como tirar o melhor partido dela. Foram discutidas questões sobre como se devem preparar as empresas para os mercados externos, por que devem, e como, realizar estudos de mercado, construir personas e adequar o produto aos mercados em que se apresentam, tendo em conta fatores como a demografia, cultura e tradições. No fundo, o essencial, segundo Jorge Cunha, é saber para quem estamos a comunicar. Por isso, qualquer campanha deve ser planeada e ter em conta a definição de objetivos, o público-alvo, conteúdos, imagens e a sua distribuição. Em suma a Gestão do Marketing Digital só pode ser efetiva se for medida!


AIIE «

A OPINIÃO DE Sílvia Fernandes, Conselho Consultivo AIIE

Internacionalização/AIIE: Um novo parceiro para as micro e pequenas empresas

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E-mail: geral@aiie.pt Telm.: 912 852 480 www.aiie.pt

nalização e Inteligência Económica, nasce precisamente para apoiar estas empresas, acompanhando-as de forma ativa nos seus processos de Internacionalização, acompanhando-as quer em Portugal, quer nos mercados de destino, através de parcerias estratégicas que identificam oportunidades de negócio, acompanham todo o processo de instalação e/ou exportação, tornando assim efetivo o seu processo de internacionalização. O Conselho Consultivo da AIIE dispõe de uma equipa de consultores vocacionada para prestar uma assessoria empresarial com acesso privilegiado a informação sobre Programas de Apoios Nacionais e Comunitários, Acções de Formação, identificação de oportunidades de negócios e potenciais parceiros e clientes. Criada em Janeiro de 2016, a AIIE tem neste momento a decorrer projectos de Formação-Ação (MOVE PME) nas áreas de Internacionalização e Economia Digital e em preparação missões empresariais, nomeadamente para o mercado europeu, e Moçambique, país este que apesar de algumas vicissitudes, continua a representar boas oportunidades para as micro e pequenas empresas portuguesas. ▪

21 MARÇO 2018

Dulce Forte, fundadora da DSolutions Consultoria & Formação e membro fundador da AIIE, encerrou a sessão com o tema “Incentivos para a internacionalização e qualificação”. Com uma vasta experiência em formação, consultoria e elaboração de candidaturas a fundos comunitários a interlocutora explicou que o objetivo da AIIIE é ajudar as micro e pequenas empresas na internacionalização e qualificação dos seus serviços podendo recorrer a apoios para implementação de sistemas de garantia da qualidade e economia digital, entre outros. A AIIE disponibiliza um serviço de elaboração de candidaturas para os seus associados e pretende também facilitar o processo de internacionalização destas empresas, dentro ou fora de Portugal, dispondo de parcerias estratégicas que identificam oportunidades, acompanham o processo de instalação e/ou exportação, divulgam os serviços das empresas nos mercados e possuem espaços privilegiados para que estas empresas possam estabelecer-se, e que tornam assim efetiva a sua Internacionalização. ▪

artir em busca de novos mercados, fez com que nos últimos anos a palavra “internacionalização” se tenha vulgarizado nos meios empresariais. Hoje, é raro o empresário que não tenha ouvido falar, ou mesmo, não tenha já vivenciado uma experiência de trabalho além-fronteiras. Relatos de casos de sucesso, mas também de muitos fracassos, preenchem as conversas nos bastidores dos workshops e seminários que se vão realizando um pouco por esse país fora, esteja ou não o tema dos mesmos relacionado com a internacionalização. Neste universo, as micro e pequenas empresas, vão olhando de forma tímida para os mercados externos, atitude perfeitamente natural se tivermos em conta o investimento e os riscos que o processo de internacionalização pode representar, sobretudo, quando não são contemplados adequadamente factores essenciais como a recolha de informação correta e a escolha de parceiros seguros. No entanto, são também estas empresas que por exigirem menos investimento em estrutura, acabam por ter melhores probabilidades de sucesso. A AIIE – Associação Internacio-


» DIGITALIZAÇÃO DOS PORTOS

Grupo SOUSA OFERECE soluções de vanguarda aos clientes Desde a sua génese, o Grupo Sousa tem atuado em diversas áreas de negócios e, apesar desta diversidade, mantém sempre padrões de qualidade, excelência e rigor na forma como encara o mercado. A Revista Pontos de Vista conversou com Pedro Amaral Frazão, Administrador do Grupo Sousa, que nos deu a conhecer um pouco mais de uma marca que soube sempre preparar-se para os desafios do presente e do futuro.

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om sede na ilha da Madeira, o Grupo Sousa tornou-se um dos três principais grupos portugueses do setor marítimo-portuário. Que fatores contribuíram para esta posição e solidez? O Grupo Sousa iniciou a sua atividade há mais de 30 anos com o transporte marítimo de carga entre o Continente e as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira e na operação portuária. Consolidou as operações que progressivamente foi integrando na sua estrutura, alargando as suas atividades aos setores da logística, energia e turismo. Correspondemos à dinâmica dos mercados onde operamos com grande flexibilidade na ótica da prestação de serviços de excelência, para garantir um elevado nível de satisfação e fidelização dos nossos clientes, parceiros e colaboradores. A nossa solidez advém, sobretudo, do “saber fazer” dos cerca de 700 colaboradores que integram os nossos quadros, que atualmente se repartem entre o Continente Português, Madeira, Açores, Cabo Verde, Guiné-Bissau, mas também entre os quatro navios que constituem a nossa frota.

PEDRO AMARAL FRAZÃO

É considerado pela Alphaliner o maior armador nacional. Como definiria a estratégia do Grupo? Prestamos serviços em toda a cadeia de valor: transporte marítimo, operação portuária, agenciamento de

navios, terminais de logística, transporte rodoviário de mercadorias e serviços de manutenção. O nosso objetivo é fornecer soluções de transporte integradas, privilegiando a utilização de meios próprios nos setores marítimo-portuário, transporte marítimo de carga e passageiros, terminais e operações de logística, gás natural (Small Scale LNG) e energias renováveis. Temos vindo a fomentar parcerias estratégicas com operadores de referência e a antecipar as tendências do mercado, oferecendo soluções de vanguarda aos nossos clientes. Ao longo dos últimos 20 anos o Grupo Sousa tem atuado em diferentes áreas de negócios. Que principais marcos ou etapas enumeraria como fundamentais para a história do Grupo? Foram dados três passos importantes nos últimos dez anos. (1) Transporte marítimo: aquisição da Boxlines (2010) e da Port Line Containers International (2015) que conferiram profundidade estratégica e dimensão internacional às linhas marítimas operadas pelo Grupo Sousa, por agora entre Portugal, Marrocos, Canárias, Cabo Verde e Guiné-Bissau. (2) Energia: a operação logística de GNL, iniciada em 2014, entre o Terminal de GNL de Sines e a ilha da Madeira, através da qual mantemos o maior “gasoduto virtual de GNL” do Atlântico para a produção de energia elétrica. É uma operação pioneira em Portugal, uma referência internacional com mais de 5.200 contentores de GNL consumidos, que pode representar 25% da matriz energética da Madeira. Realizámos, também, o 1º abastecimento de GNL a um navio em Portugal no porto do Funchal, ao navio de cruzeiros Aidaprima, operação que mantemos até abril deste ano. (3) Indústria de Cruzeiros: O Grupo Sousa é o único grupo empresarial português do consórcio multinacional que, desde 2014, detém a concessão para a construção, operação, financiamento e transferência do novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa por um período de 35 anos, representando 30% do capital, do qual fazem


Com uma vasta experiência em diferentes áreas de intervenção, qual é o caminho a seguir pelo Grupo Sousa? Esse caminho já está a ser percorrido. Trabalhar, todos os dias, para continuarmos a ser o melhor operador marítimo-portuário de Portugal, especialista logístico de excelência que, privilegiando a utilização de meios próprios, está apto a proporcionar soluções inovadoras com reconhecida credibilidade, e que procura fazer sempre melhor. A Indústria 4.0 ou a quarta revolução industrial está aí. Já se fizeram sentir os seus efeitos no setor marítimo-portuário? Ao longo dos últimos anos têm vindo a ser dados passos importantes no âmbito do shipping 4.0. Hoje é comum utilizar sensores para supervisionar o que se passa a bordo de um navio em tempo real, sendo disso exemplo a monitorização dos parâmetros de contentores frigoríficos 24h/dia. Trata-se de informação crucial para que possamos atuar, sem demora, na reposição das condições de operação desses equipamentos, preservando a qualidade da carga e, portanto, do seu valor. Na atividade portuária existem hoje alguns terminais de contentores com elevado grau de automatização, dotados de máquinas e tratores com sensores e câmaras, controlados por operadores que atuam a partir de uma torre de controlo. Apesar destes exemplos, o setor marítimo-portuário tem ainda, no plano nacional, que recuperar o atraso tecnológico de que padece, pelo que a evolução proporcionada pela Janela Única Portuária e, recentemente, com a Janela Única Logística, constituem iniciativas importantes para a simplificação e digitalização do sector. No plano mundial estão a dar-se passos no sentido de criar um conhecimento de embarque eletrónico inteligente (Bill of Lading), utilizando a tecnologia Blockchain. Trata-se de um instrumento fundamental para

a circulação marítima de mercadorias que há muito deveria estar a funcionar em formato eletrónico, reconhecido e validado universalmente. Quais considera ser os fatores críticos para que se alcance o sucesso pretendido neste desafio que é a Indústria 4.0? Em primeiro lugar, é indispensável desburocratizar os processos inerentes à circulação das mercadorias por via marítima, aproveitando as tecnologias de informação que estão disponíveis, num esforço conjunto de todas as entidades, públicas e privadas. Em paralelo, a questão da capacitação dos recursos humanos é determinante para que o processo de digitalização e interação com as máquinas, e com os navios em especial, se faça de forma eficaz. Por último, não menos importante, a liderança, já que estamos num processo de mudança que, apesar de tecnológico, comporta uma transformação que resultará em novas formas de trabalhar que permitirão obter ganhos de eficiência, cujo propósito é alavancar o negócio por forma a que as empresas sejam cada vez mais competitivas. Quem não acompanhar estas evoluções e implementar as que são viáveis, corre sério risco de ficar fora de mercado. É uma realidade que começa a ter efeitos nos indicadores operacionais das empresas. Que ferramentas nos traz que permitem alterar beneficamente os setores de atividade? Em termos de hardware, a produção e instalação dos sensores para recolha e transmissão da informação sobre a condição dos sistemas e equipamentos. Por outro lado, o software potente, inteligente e interoperável que possibilita filtrar, gerir e partilhar a informação pertinente. Estas capacidades, a par de comunicações fiáveis e seguras que permitam a transmissão em tempo real (real time), ou quase real (near real time), a baixo custo para o decisor, constituem ferramentas indispensáveis para o sucesso desta revolução.

A Quarta Revolução Industrial é considerada “a revolução da digitalização massiva, da Internet of Things, da aprendizagem automática (machine learning) e da robotização, mas também da nanotecnologia e dos novos materiais, e da biotecnologia”. Está o setor marítimo-portuário preparado para esta revolução? Está a acompanhar e a preparar-se. No setor portuário assiste-se já, nalguns terminais, à automatização da estiva de contentores, controlada a partir de uma central e, a seu tempo, perspetiva-se que as operações portuárias sejam feitas numa base M2M (Machine to Machine), em resultado do machine learning, dispensando a intervenção humana. De igual modo, tem-se assistido a resultados promissores de investigação e desenvolvimento para os navios, que se traduzem na sua autonomia progressiva podendo, em última instância, ser integralmente dirigidos a partir de uma “ponte de comando” em terra. também neste caso, com o M2M, perspetiva-se, em última análise, a não intervenção humana neste processo. Importa, ainda, sublinhar que esta revolução tecnológica deverá ser acompanhada da revisão da moldura legal aplicável aos navios, à navegação e aos tripulantes, com impacto em Convenções e Regulamentos à escala global e em diplomas legais dos Estados, em matérias como a segurança da navegação, poluição do meio marinho, trabalho dos inscritos marítimos, seguros, mas também da defesa e proteção dos interesses dos Estados nos espaços marítimos sob sua jurisdição e soberania, um enorme desafio que é indissociável da revolução do shipping 4.0. ▪

23 MARÇO 2018

parte a Global Ports Holding (Turquia), a Royal Caribbean (EUA) e a Creuers Ports (Barcelona).

Hoje, produtos, máquinas e pessoas estão ligados em rede, cada vez em maior número, através de plataformas digitais que disponibilizam informação em tempo real. Para si, o que acarreta esta revolução industrial? No shipping já existem casos muito concretos da utilização de sensores nos navios. A exemplo dos contentores frigoríficos, a monitorização pode ser estendida a outros contentores, entre outros, os de transporte de GNL. A IOT (Internet of Things) tem permitido otimizar o consumo de combustível e as rotas em função das condições atmosféricas e oceanográficas prevalecentes. Sobre a manutenção dos navios certamente que também se verificará uma evolução, centrada na recolha, tratamento e transmissão de dados a navegar, relativos à condição dos seus sistemas e equipamentos, monitorizada pelas equipas de manutenção em terra em tempo real. São capacidades em permanente evolução, de aplicação transversal em muitas áreas de atuação do Grupo Sousa, designadamente nas operações portuárias e na logística.


» ADIDAS BUSINESS SERVICES

Gestão de talentos… Como se faz na Adidas Business Services?

CRISTIANA RODRIGUES E MARIA INÊS DINIS

Fomos conversar com Cristiana Rodrigues, Gestora do departamento de contas a pagar (Accounts Payable), que começou no grupo como junior accountant e Maria Inês Dinis, diretora dos Recursos Humanos da adidas Business Services. O Grupo adidas é conhecido por ter um ‘mindset’ informal, eficaz, orientado para as pessoas e com resultados comprovados. Numa altura em que a valorização do capital humano está em alta, fomos ouvir quem percebe do assunto.

P pontos de vista

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ortugal ocupa, neste momento a simpática 29ª posição (entre 119 países analisados) da tabela dos mais competitivos do mundo na gestão de talento, segundo um estudo elaborado pela multinacional de recrutamento Adecco, em colaboração com a escola global de negócios INSEAD e a TATA Comunications. Qual é a primeira coisa que lhes chama à atenção, pela positiva, num candidato? E pela negativa? Porquê? MID: Nos candidatos, aquilo que procuramos, essencialmente, é a tão falada componente soft skills, a componente técnica é uma componente para a qual estamos capacitados para treinar as pessoas. Nas entrevistas, tentamos perceber a forma como a pessoa trabalha, quais são os valores que a movem e se se identificam com a nossa cultura e com aquilo que precisamos no momento. Falo de iniciativa, de olhar para situações de forma resiliente e não negativa. Precisamos de energia, vontade de aprender e iniciativa. CR: Fazemos uma série de questões para tentarmos conhecer quais são as motivações pessoais, gostamos de perguntar o que os apaixona na vida, por exemplo. Mais importante do que as respostas, às vezes, é a forma de como expõem as razões. A forma de falar e de estar. Depende muito do perfil que procuramos, mas

Maria Inês Dinis

Todos os anos temos projetos novos e isso significa que a cada ano temos de alocar os novos talentos para novos projetos e continuar a gerar outros. Temos de estar muito próximos das pessoas e conhecê-las ao ponto de saber exatamente o que gostam de fazer

quando sentimos falta de confiança no candidato percebemos que aquela forma de ser não encaixa na nossa cultura. Sabemos distinguir pessoas tímidas de pessoas aversas à mudança, tem a ver com a forma de como olham para as situações do dia-a-dia. Conseguimos entender, na maioria das vezes, se as pessoas se vão adaptar ou não.

Qual é a importância de implementar uma gestão de talentos nas empresas? CR: A gestão de pessoas é o mais importante para nós e por isso está sempre em primeiro lugar. A parte operacional é de extrema importância, mas se não soubermos trabalhar com as nossas pessoas não adianta porque são elas o motor das empresas. Aqui, isso é uma constante, estamos sempre, aliás, diariamente, a falar da gestão de talentos e das próximas gerações, sobre quem vai para que projeto e porquê. Temos de “estudar” e conhecer muito bem as pessoas para saber em que papel elas vão estar no seu melhor. As pessoas têm de estar abertas ao desenvolvimento para que possam crescer, esta é sem dúvida uma premissa relevante. MID: Todos os anos temos projetos novos e isso significa que a cada ano temos de alocar os novos talentos para novos projetos e continuar a gerar outros. Temos de estar muito próximos das pessoas e conhecê-las ao ponto de saber exatamente o que gostam de fazer. Há pessoas que gostam de realizar tarefas menos diversificadas e elas também são essenciais, por outro lado, precisamos de pessoas cheias de garra e que queiram abraçar projetos novos, uma vez que aqui, os novos projetos são quase mensais. Temos uma ferramenta interessante que avalia o potencial, que para nós está muito direcionado para a gestão de equipa, coordenação de projetos, resolução de problemas e conhecimento


Nos últimos anos, que mudanças mais significativas têm ocorrido? CR: Hoje em dia o crescimento é mais acelerado, porém há fases pelas quais as pessoas têm obrigatoriamente que passar. Temos de ter cuidado como preparamos os nossos talentos porque há estágios que são “obrigatórios” numa aprendizagem para um cargo de liderança e/ou de perfil técnico elevado, por mais que reinventemos a formação, tudo tem o seu tempo de maturação. MID: No ano passado recrutamos 110 pessoas, este ano vamos pelo mesmo caminho e isto significa que temos que ser muito mais ágeis a identificar talentos. O tempo é necessário para a exposição a novas realidades, a novas metodologias de trabalho sendo estas fases de maturação essenciais para o desenvolvimento. Na adidas Business Services que metodologias são postas em prática? MID: Nos questionários de satisfação que fazemos, algo que vem sempre como ponto positivo é exatamente a nossa cultura organizacional, as pessoas crescem aqui caso queiram, isso é um facto. Há muitas oportunidades fruto dos projetos que temos vindo a desenvolver e, se quiserem, há sempre lugar para crescer. Costumamos realizar uma metodologia que se pratica no grupo adidas inteiro, uma vez por ano, aqui fazemos duas porque tiramos muito sumo dessas reuniões. É um processo de identificação ou cruzamento do potencial e de performance de cada colaborador, que nos permite tomar decisões de acordo com o seu posicionamento em termos de performance e potencial. CR: Tal como em outros centros de serviços partilhados, a nossa mentalidade e cultura são singulares. Trabalhamos com métodos muito próprios, tais como planos de indução, treinos individuais e documentação de processos detalhada. Temos uma fortíssima focalização para as pessoas e para os seus talentos. As nossas portas estão sempre abertas, a qualquer hora e para qualquer assunto. Talento e competência são palavras similares ou em nada têm a ver? CR: Uma coisa não existe sem a outra. Podemos identificar muito talento numa pessoa mas isso é só a base para se construir em cima. Temos que trabalhar o talento e ajudar a pessoa a ganhar as respetivas competências. MID: São diferentes. Competência poderemos moldar, talento é talvez uma questão de vocação, o nosso trabalho é exatamente fazer a fusão entre ambos. Um bom mix das duas é o

Cristiana Rodrigues

Podemos identificar muito talento numa pessoa mas isso é só a base para se construir em cima. Temos que trabalhar o talento e ajudar a pessoa a ganhar as respectivas competências

ideal, mas diria que é mais fácil ensinar competências técnicas do que as chamadas soft skills (competências pessoais/sociais). Enquanto gestora de RH, que conselho gostaria de deixar às empresas sobre a forma de

como devem olhar, tratar e reter os seus talentos? MID: A comunicação interna é importantíssima, precisamos de perceber o que a pessoa quer fazer, quais são as suas motivações para tentar corresponder às expectativas. Não temos que corresponder a 100%, mas temos de estar próximos. Relativamente aos colaboradores ou candidatos, a ideia que eu tenho é que as pessoas querem tudo muito rápido e é importante gerir bem as expectativas. É essencial passar por alguns patamares para que o crescimento seja sustentado. A questão da pressa para crescer tem de ser ponderada. Tudo tem que fazer sentido, o crescimento tem de ser pensado pelos colaboradores e pela empresa como algo que faça parte do seu plano a médio prazo. CR: Comunicação e acompanhamento. São as componentes que considero mais importantes. Só assim seremos capazes de motivar e fazer crescer os nossos talentos. Esta pressa constante que sinto muitas vezes nos dias de hoje, é um enorme desafio para nós, também temos que nos adaptar. É uma aprendizagem para nós como fazer as pessoas confiarem num crescimento por etapas e acreditar que quando elas estiverem preparadas nós estaremos cá para as desafiar, lançar e acompanhar. Só com comunicação e acompanhamento se consegue algo assim. ▪

25 MARÇO 2018

técnico de determinadas áreas. Com essa avaliação, vamos determinando o perfil de cada pessoa e depois tudo se torna mais fácil para decidir quem vai fazer o quê. Esta é uma das formas de desenvolver os colaboradores. Ao serem enviados para outro país, aprendem metodologias diferentes e tornam-se mais versáteis. Da nossa parte é importante garantir que eles tenham todas as bases necessárias para serem bem sucedidos no seu processo de desenvolvimento. Neste sentido, fazemos a gestão de performance com todas as nuances implícitas, mas também lhes damos, às pessoas, o feedback do seu desempenho, sempre numa óptica de desenvolvimento.


» MARCAS DIFERENCIADORAS

pontos de vista

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MARCAS DIFERENCIADORAS «

“VÁ AO BANCO SEM TER DE IR A LADO NENHUM” O setor bancário português tem procurado reinventar-se depois dos problemas do passado. E a reinvenção da banca passa, em muito, pela atenção no cliente, em eixos como a simplicidade e a conetividade permanente com a instituição financeira. Luís Magro, Diretor de Marketing do ActivoBank, fala-nos da estratégia, da posição do banco online no mercado e sobre como é ser cliente ActivoBank.

FOTO: DIANA QUINTELA

FOTO: DIANA QUINTELA

S

LUÍS MAGRO

A inovação é, sem dúvida, a sua principal característica. Foi o primeiro banco telefónico em 1994, banco de investimento online em 2001, embora fosse um banco completo, mas com uma comunicação dirigida ao investimento e, em 2010, transforma-se e adequa a operação bancária a uma nova realidade e a uma nova geração que estava a surgir com necessidades mais exigentes

importância”, diz-nos Luís Magro para quem o desafio, aqui, passa pela dificuldade em encontrar um equilíbrio com a extração de valor destes processos. O ActivoBank tem percecionado que consegue automaticamente, com a implementação dos seus processos, melhorar significativamente no que diz respeito a aspetos como a sustentabilidade e responsabilidade social.

ECONOMIA DE MERCADO LIVRE

Nos últimos anos os preçários dos bancos dispararam e só para se ter uma conta à ordem em Portugal já são pedidos, em média, 63 euros por ano para manutenção. E apesar de, desde 2015, ser só permitida, em Portugal, a cobrança de comissões bancárias por “serviços efetivamente prestados”, a verdade é que a legislação não clarifica o conceito de “serviço”. Limitar as comissões bancárias cobradas aos clientes - depois de aumentos de 45% em dez anos – será, portanto, um dos temas na agenda de 2018. Aqui, Luís Magro defende que o ActivoBank tem conseguido manter uma atuação positiva nesta economia de mercado livre. “Um mercado onde podemos determinar, de alguma forma, o nosso preçário permite que o ActivoBank possa ter o poder de tomada de decisão sobre as comissões que não quer cobrar, de acordo com as necessidades dos seus clientes. Isto é que é o

27 MARÇO 2018

er cliente ActivoBank é rápido e simples!” Este é o conceito do ActivoBank, um banco cujos clientes notam a diferença logo no primeiro contacto no momento de abertura de conta. A instituição oferece aos seus clientes simplicidade, transparência e inovação em todos os produtos e serviços disponibilizados. De facto, a inovação faz parte do “ADN” do ActivoBank desde 1994, altura em que se designava Banco 7. Em 2001 disponibiliza aos seus clientes, num único banco, soluções de investimento e em 2010 lança um novo conceito que visa transformar a experiência bancária. Com um percurso marcado por pontos de viragem importantes para o banco e para os clientes, o ActivoBank teve sempre uma linha condutora durante todo o processo, sob a égide de um conceito com a oferta de produtos e serviços inovadores. A inovação é, sem dúvida, a sua principal característica. Foi o primeiro banco telefónico em 1994, banco de investimento online em 2001, embora fosse um banco completo, mas com uma comunicação dirigida ao investimento e, em 2010, transforma-se e adequa a operação bancária a uma nova realidade e a uma nova geração que estava a surgir com necessidades mais exigentes. No fundo, este novo banco reforça os valores sempre presentes desde 1994 dando-lhes uma expressão ainda maior. Em 2017 o ActivoBank é eleito o melhor banco comercial em Portugal pela World Finance. Já tinha sido distinguido com o prémio de melhor banco comercial em Portugal pela revista World Finance em 2016, mas volta a afirmar a sua posição de banco nacional que oferece serviços abrangentes e de caráter inovador. A comunidade nacional e internacional tem vindo a reconhecer, portanto, o objetivo do banco com vários prémios que o distingue pelo serviço de excelência, canais de comunicação acessíveis e inovadores e pela simplificação dos processos. Repensaram os serviços para que os clientes só tenham que pagar pelo que usam. Procuraram, igualmente, remover complexidades na operativa das sucursais, reduzir ao máximo a utilização do papel, investir em tecnologia para agilizar processos. “Este é um tema transversal a todas as organizações. A responsabilidade social e a importância atribuída reflete-se na própria imagem da empresa e são temas aos quais as pessoas atribuem que cada vez maior


FOTO: DIANA QUINTELA

» MARCAS DIFERENCIADORAS

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bom desta economia de mercado livre, a possibilidade de escolha”, realça Luís Magro. No entender de Luís Magro é necessário perceber que as instituições são diferentes, as estratégias são diferentes e os clientes também eles são diferentes. O mercado tem de ser suficientemente livre para que as pessoas possam escolher a instituição que mais de adequa às suas necessidades. Por sua vez, é preciso entender, igualmente, que as organizações precisam de ser sustentáveis. Os clientes exigem serviços de qualidade e uma disponibilidade total e permanente por parte das instituições financeiras. “O simples facto de se ter uma conta à ordem, estando o banco disponível 24 horas para receber transações, tem custos associados, bem como as infraestruturas inerentes a um banco. O mercado tem de ser livre para que as instituições possam cobrar pelos seus serviços, desde que, claro está, não existam práticas abusivas e que os processos sejam sempres claros e transparentes para os clientes”, explica o nosso entrevistado. O ActivoBank “precisa” deste mercado livre para que possa ser diferente e concorrer de forma diferente. Com 14 pontos ativos, o ActivoBank é um banco inovador e que tem elevado a relação com os clientes para um patamar que ainda não existia. É um banco rigoroso na experiência que o cliente vivencia em cada contacto com a instituição. “Se os nossos clientes revelam insatisfação num desses contactos garanto que olhamos para o que aconteceu e que corrigimos. Esta atenção ao pormenor na relação com o cliente faz parte da nossa missão”. O ActivoBank afirma-se como um banco pensado ao pormenor, “e estes pormenores” são oportunidades para intervir e melhorar. “Esta melhoria constante e a vontade de ter sempre os nossos clientes satisfeitos é o que marca a diferença. Algo que não é conseguido apenas pelo banco, é conseguido quando conseguimos fazer com que todas as pessoas da organização olhem para a atenção dada ao cliente desta forma”, afirma Luís Magro. Quanto aos serviços financeiros prestados, o ActivoBank entende que determinados serviços

UMA RELAÇÃO PRÓXIMA “À DISTÂNCIA”

Com 14 pontos ativos, o Activobank é um banco inovador e que tem elevado a relação com os clientes para um patamar que ainda não existia. É um banco rigoroso na experiência que o cliente vivencia em cada contacto com a instituição

podem ser gratuitos, como é o caso da cobrança da comissão de manutenção de conta, a anuidade dos cartões e as transferências nos canais automáticos. “Entendemos que podemos dar algo em troca às pessoas que trazem o seu dinheiro para o nosso banco, deixando o seu património à nossa guarda. Os clientes devem poder movimentar o seu dinheiro de forma gratuita. A partir daqui, os serviços cobrados dizem respeito ao que os nossos clientes, efetivamente, utilizando, pois, naturalmente, as pessoas querem pagar só por aquilo que utilizam”. No entanto, existe um conjunto de serviços que são tomados como gratuitos pelos clientes, sem a associação de que os mesmos acarretam custos para o banco. “É esta consciencialização que urge ser tomada. O setor da banca, tal como os restantes setores, presta serviços em prol da comunidade, mas precisa de ser sustentável”, diz-nos o nosso interlocutor. É aqui que surge o maior desafio da banca, na ótica de Luís Magro. Encontrar um comissionamento que, por um lado, pague a sua estrutura e o seu funcionamento, mas que, por outro lado, leve as pessoas a percecionar valor nos serviços que são prestados. “A nossa atividade necessita de ser reconhecida como algo que acrescenta valor através dos serviços que presta à comunidade”, salienta Luís Magro.

Para Luís Magro o que diferencia o ActivoBank dos demais é o facto de ser um banco que tem clientes com vontade de o recomendar aos seus amigos e familiares. “Para nós, sucesso é isto. Desempenharmos as nossas funções de forma a levar os nossos clientes a recomendar-nos”, afirma. Para tornar esta experiência única, a instituição está a desenvolver projetos digitais que irão permitir melhorar a qualidade da relação do cliente com o ActivoBank. Em março ficará disponível uma App que possibilitará ao cliente abrir conta sem sair de casa, a partir do seu smartphone. O ActivoBank prepara-se, portanto, para introduzir novidades e melhorias ao longo deste ano. Quer seja ao nível do site, da aplicação ou, ainda, da relação com o cliente. “Queremos aperfeiçoar a relação «à distância» com o cliente. Chama-se de relação à distância porque existe, efetivamente, uma distância física, no entanto queremos manter nessa distância uma relação cada vez mais próxima”, explica o nosso entrevistado. Mas salienta que é importante conseguir estar e aparecer nos momentos certos aos clientes. “Não podemos ser intrusivos nem abusivos na forma como comunicamos. Devemos surgir com as soluções corretas e adequadas e saber quando é que devemos aparecer e para quem é que devemos aparecer quando propomos os nossos serviços financeiros”, alerta Luís Magro. Trata-se de um equilíbrio entre os serviços prestados e as necessidades dos clientes que contribui, igualmente, para a diferenciação da atuação do ActivoBank no mercado. “Queremos estar presentes com os vários serviços que podemos prestar de forma integrada na vida das pessoas. Queremos ser um parceiro amigável e permanente na vida das pessoas”, conclui Luís Magro para quem os bancos têm de conseguir mudar a sua imagem e deixar de ser uma instituição que suporta, de forma desintegrada, aquilo que é o dia-a-dia das pessoas, para passar a ser uma instituição que está omnipresente na vida dos cidadãos e com a qual podem contar a qualquer momento. ▪


BREVES BREVES

FACEBOOK

investigadores criam substituto de café à base de bolotas Investigadores da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) desenvolveram um produto à base de bolotas para substituir o café, de forma a evitar os efeitos negativos que esta bebida pode ter nos consumidores. “O café é uma das bebidas mais apreciadas e consumidas em todo o mundo. Contudo, a presença de cafeína pode causar alguns efeitos negativos nos consumidores”, disse à Lusa Diana Pinto, investigadora da FFUP e uma das responsáveis pelo projeto. Quando consumido em doses elevadas, continuou, o café pode originar ou aumentar sintomas como taquicardia, palpitações, insónias, ansiedade, tremores e dores de cabeça. Segundo a investigadora, esses efeitos indesejáveis verificam-se igualmente em indivíduos mais sensíveis à cafeína, mesmo que não consumam elevadas quantidades de café. “Certos consumidores com distúrbios gástricos, anemia por deficiência de ferro, hipertensos ou em situações de ‘stress’ podem apresentar sensibilidade aumentada ao café”, referiu. Para ultrapassar esta questão, contou a investigadora, torna-se necessário procurar alternativas para o desenvolvimento sustentável de substitutos do café, onde se incluem produtos alimentares sem valor comercial. Neste projeto, a equipa usou as sementes de ‘Quercus cerris’, conhecidas por bolotas e consideradas um recurso com baixo impacto na alimentação humana, para desenvolver uma bebida que pode ser um substituto do café tradicional.

Facebook pede desculpa por ter promovido jogo violento após massacre O Facebook retirou uma carreira de tiro virtual instalada num evento dos conservadores americanos, reconhecendo que errou ao promover um jogo de vídeo violento poucos dias depois do tiroteio da Florida, em que morreram 17 pessoas. “Removemos a demonstração de vídeo e estamos arrependidos de não ter feito isso desde o início”, disse Hugo Barra, vice-presidente do Facebook, responsável pelas atividades de realidade virtual da empresa na Conferência de Acção Política Conservadora (CPAC), que decorreu nos arredores de Washington. Barra pediu desculpa pela “insensibilidade” às famílias das vítimas do tiroteio na escola secundária de Parkland, a 70 quilómetros de Miami, no estado norte-americano da Florida, onde Nikolas Cruz, de 19 anos, matou 17 pessoas no passado dia 14 de fevereiro.

“FIRE AND FURY”

o livro de donald trump já está nas livrarias portuguesas CULTURA

Descoberto quadro de Edgar Degas roubado em 2009 Um quadro do século XIX do artista Edgar Degas, roubado no final de 2009, em Marselha, intitulado ‘As Coristas’, foi descoberto pelas autoridades aduaneiras na região de Paris, anunciou hoje o ministério francês da Cultura. A tela - propriedade do Museu d’Orsay, na capital francesa - foi encontrada na bagageira de um autocarro na região parisiense e tinha desaparecido a 31 de dezembro de 2009, no Museu Cantini, em Marselha, onde estava emprestado para uma exposição. Quando a polícia fez um controlo no autocarro, a tela, com a assinatura Degas - pintor impressionista francês (1834-1917) - foi descoberta numa mala, mas ninguém se deu como proprietário, segundo um comunicado oficial.

Um dos livros mais polémicos dos últimos tempos chegou às livrarias nacionais. Trata-se do ‘Fire and Fury’, em que o autor Michal Wolf aproveita o acesso privilegiado que teve à Casa Braca para desvendar alguns segredos de Donald Trump. O livro está a ser vendido em Portugal pela Actual Editora, do Grupo Almedina, e conta “a história da presidência mais controversa de todos os tempos e abre-nos portas ao caos da Sala Oval”, como se pode ler no comunicado enviado às redações. A obra, que em português se chama ‘Fogo e Fúria: dentro da Casa Branca de Donald Trump’, “dá a conhecer ao leitor diversas revelações chocantes sobre o presidente norte-americano e, entre outras coisas, permite conhecer a verdadeira opinião da equipa de Trump sobre o presidente; assim como os motivos que inspiraram Trump a afirmar que o ex-presidente Obama o tinha sob escuta ou a despedir James Comey, diretor do FBI”. O livro que não foi bem aceite por Donald Trump chega agora a Portugal e custa 17,90 euros.

29 MARÇO 2018

CAFÉ


» Grupel

Grupel

A melhor opção A Grupel foi distinguida recentemente com o Prémio Cinco Estrelas na categoria de “Geradores a Diesel” pelos consumidores em Portugal, e este foi o mote para a conversa que tivemos com Marco Santos, CEO da Grupel S.A, onde foi possível compreender as motivações de uma marca que pretende estar sempre na linha da frente ao nível da qualidade, diferenciação e proximidade com os clientes.

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Grupel é hoje uma marca de referência no seu setor de atuação, tendo uma vasta intervenção no mercado a nível nacional e internacional. Quais são as principais características da marca que perpetuam na mesma a excelência na proximidade com o cliente? Somos uma empresa com experiência e know-how, temos 42 anos de existência, o que nos permite ter uma maturidade muito grande no negócio da energia (geradores a diesel e gás). Durante todos estes anos fomos crescendo até nos tornarmos um dos principais players deste setor a nível mundial. Somos líderes absolutos em Portugal e já estamos presentes em mais de 60 países, o que representa uma quota de exportação de 87% no nosso volume de negócios. Em Portugal e no resto do mundo, estamos envolvidos nos maiores e mais importantes projetos de energia, é um orgulho ver a nossa energia espalhada pelo mundo. Somos muito próximos dos nossos clientes e, acima de tudo, flexíveis, isto é, temos os nossos produtos standard, mas que acabam sempre por ser otimizados para cada cliente e nem todas as empresas estão disponíveis para isto. Outra das nossas grandes vantagens é que somos das poucas empresas a nível mundial que trabalha desde o gerador mais pequeno (gama portátil) até à produção de centrais elétricas. Isto confere-nos uma grande abrangência e capacidade para “disputar” qualquer projeto. Temos também um espírito e uma equipa muita dinâmica, somos o reflexo da nossa cor (laranja): positividade, vitalidade, prosperidade e sucesso. Que análise perpetua do setor da Energia em Portugal e quais as principais potencialidades do mesmo? O setor da Energia, nomeadamente o nosso, tem crescido nos últimos tempos, é o reflexo da retoma da economia e, consequentemente, da construção. Neste momento verificamos o aumento do investimento em infraestruturas como novos hospitais, novas empresas, novos empreendimentos de habitação, entre outros. O mercado nacional é um mercado baseado nos geradores que atuam caso existam cortes de energia (mais esporádicos do que contínuos ou longos), ou seja, existem inúmeras atividades que necessitam deste tipo de geradores para garantir o pleno funcionamento da sua atividade e segurança, desde a indústria, hospitais, data-centers… Nesse sentido o mercado português voltou a estar com mais potenciali-

MARCO SANTOS

dade e, desse modo, as nossas vendas também aumentaram. A Grupel foi distinguida com o Prémio Cinco Estrelas na categoria de “Geradores a Diesel” pelos consumidores em Portugal. Que significado tem este reconhecimento? Sente que o mesmo ganha outra dimensão por ter sido distinguido pelos consumidores? Sem dúvida, não fomos nós que nos designámos os melhores, foram os consumidores, perante a nossa concorrência, quase 2000 pessoas elegeram a nossa marca como a melhor na categoria “Geradores a Diesel”. Isto ganha, sem dúvida, outra dimensão, é o reconhecimento do nosso trabalho, qualidade e fiabilidade. Convém realçar que fomos avaliados perante concorrentes internacionais (mas que operam em Portugal) e com volumes de faturação

muito superiores ao nosso, ou seja, conseguimos superar os “números” dessa mesma concorrência e mostrar que a dedicação e visão compensam. Se já tínhamos responsabilidade por sermos líderes, então agora ainda temos mais, pelo reconhecimento da marca, isto “obriga-nos” a estar cada vez mais atentos e a melhorar todos os dias. Com atribuição deste prémio a Grupel passa a integrar um grupo restrito de marcas portuguesas que se destacam pela sua excelência na satisfação do consumidor e na relação de confiança juntos dos clientes. Este é o grande desiderato da marca? A nível interno, ou seja, no seio da empresa e dos seus funcionários, que mais-valias aporta este galardão? Julgo que o que qualquer empresa ambiciona é ser a melhor, estar com os melhores e nós não


fugimos à regra. Estamos nesse rol e não queremos sair de lá. Trabalhamos para a satisfação do consumidor, só auscultando o cliente é que conseguimos analisar internamente o que melhorar. Não temos receio nenhum em admitir que estamos constantemente a renovar e melhorar processos, tendo em conta as exigências do mercado (consumidores) e isso é assumir que não somos perfeitos. No dia em que acharmos que o consumidor não sabe do que fala é nesse mesmo dia em que começamos a traçar o nosso fim. Felizmente não somos assim. Quanto à nossa equipa, é a cereja no topo do bolo do ano 2017, o nosso melhor ano de sempre, onde só graças às pessoas que estão

Esta distinção vem consolidar a liderança da Grupel como empresa nº1 na produção de geradores a diesel em Portugal? O que podemos continuar a esperar da marca de futuro? Este prémio não nos vai fazer relaxar perante os objetivos de curto e médio prazo, antes pelo contrário, queremos fazer de 2018 o melhor ano de sempre e estamos muito focados nisso. Tudo indica que o será. Somos líderes e queremos reforçar essa posição, estamos a fazer um trabalho muito forte no terreno, a incluir novos produtos no nosso portfólio, a melhorar processos, em breve iremos ter a Grupel Academy (um centro de formação), ou seja, não paramos, a nossa energia será cada vez mais e melhor. Somos também cada vez mais na Grupel, hoje já temos cerca de 125 colaboradores, ou seja, crescemos em todos os aspetos, queremos os melhores profissionais connosco para nos ajudar a crescer e é isso que vamos continuar a fazer. ▪

Escolher Grupel é…? “A melhor opção!” Este é o título de um email proforma que temos para enviar a potenciais clientes. Não temos dúvida do que dizemos: temos qualidade, fiabilidade e preço. São três focos essenciais do nosso negócio.

31 MARÇO 2018

connosco foi possível. Este prémio reflete o trabalho de todos, porque satisfação não é apenas ter um produto que funciona, vai muito mais além, é a celeridade nas respostas, na assistência, na empatia ao atender o telefone, ao receber/visitar um cliente, ao criar positividade no nosso meio e nisso somos dos melhores. Temos um prazer imenso em mostrar ao mundo a nossa “energia” enquanto pessoas. Sem dúvida que este prémio é também uma representação disso, a nossa equipa é CINCO ESTRELAS.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» Raquel Serradilla Juan

“SOMOS NÓS QUE CRIAMOS A NOSSA PRÓPRIA REALIDADE” Com mais de 25 anos de experiência na área das tecnologias, Raquel Serradilla Juan, Executive VP Southern Europe na Altitude Software, esteve sempre vinculada a empresas multinacionais. Venha connosco conhecer a sua história.

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primeiro contacto que teve nesta área foi na Intergraph, uma multinacional americana, no âmbito da gestão documental e desenho gráfico para computadores. Teve o privilégio de trabalhar com um chefe que considera ser até hoje o seu melhor mentor. “Ajudou-me a direcionar a minha vida profissional para onde me sentia verdadeiramente mais feliz, na área da pré-venda, vendas e da relação com as pessoas. Foi, para mim, uma total fonte de inspiração e aprendizagem”, afirma. Mais tarde agarra a oportunidade de trabalhar na Recognition onde, uma vez mais, teve um líder que a ajudou a crescer. Com esta experiência teve o primeiro contacto com o mercado português. “É um mercado com o qual tenho uma grande ligação e que me fez crescer muito do ponto de vista cultural”, realça Raquel Serradilla Juan. Posteriormente, no ano de 2000, aventura-se naquele que foi e tem sido o seu maior projeto até ao momento: a Altitude. Durante estes 18 anos teve a oportunidade de desempenhar quatro cargos diferentes que a fizeram crescer não só num contexto profissional, como pessoal. Atualmente, como Vice-Presidente para o Sul da Europa desde há cinco anos, voltou a contactar diretamente com o mercado português e, em conjunto com a sua equipa, segue na constante procura da excelência. “Durante o meu percurso profissional as coisas aconteceram sempre de forma natural, sem que as tenhas planeado, e acredito que isso tenha sido resultado da entrega e da paixão que coloco em tudo aquilo a que me proponho”, diz-nos a nossa entrevistada. A Altitude Software é uma empresa com escritórios internacionais espalhados no mundo. É uma vitória conquistada, mas também um desafio? Foi uma evolução natural, resultado de fazer bem as coisas. Foi, também, um desafio sair da minha zona de conforto, entrar num país que não era o meu, mas é muito gratificante. A mim, pessoalmente, que gosto muito de tudo o que envolve o contexto cultural, bem como a gestão da diversidade cultural. Com esta função que desempenho há cinco

des durante o seu percurso profissional pelo facto de ser mulher? Não, nunca senti dificuldades durante o meu percurso profissional por ser mulher. Somos nós que criamos a nossa própria realidade. Às vezes, inconscientemente, somos também nós próprios que construímos falsos obstáculos. Mas com ambição, luta e preserverança tudo se consegue. O meu percurso profissional no setor da tecnologia desenvolveu-se sempre de forma muito natural, o facto de ser mulher não representou entrave nenhum. Aliás, desde bem cedo que estou habituada a lidar com homens porque sempre pratiquei desporto e era bastante competitiva.

RAQUEL SERRADILLA JUAN

anos tive a oportunidade de trabalhar com diferentes pessoas dos mais diversos países e esse fator tem-me ajudado a ser uma pessoa com mais conhecimento. Sente que ainda existem muitos obstáculos para a ascensão das mulheres a cargos de topo ou tipicamente masculinos? Creio que a sociedade é consciente que, de facto, ainda são muito poucas as mulheres a trabalhar no setor da tecnologia. Pela minha experiência, e do contacto direto que tenho tido, as raparigas com as idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos já têm uma noção do que querem fazer e quase todas elas querem seguir áreas ligadas às letras, medicina ou enfermagem. E é verdade que esta é uma preocupação social geral, embora, comecem a surgir alguns movimentos de incentivo para que estas jovens escolham carreiras ligadas às ciências. É o caso do STEM Talent ou do Technovation que têm como

objetivo dar a conhecer pessoas reconhecidas ligadas à área da ciência, por forma a consagrarem-se um exemplo para estas jovens e que, com isso, o número de mulheres no setor da tecnologia aumente. Não creio que existam obstáculos, no passado a mulher esteve durante muito tempo vinculada ao papel de “dona de casa”, mas essa realidade está cada vez a perder mais força. Não obstante, ainda existe um longo caminho a percorrer para que tenhamos mais mulheres em cargos de topo. Na Altitude, temos vindo a incorporar, de forma crescente, as mulheres nos mais variados cargos. Somos, atualmente, 70. Além disso, temos apostado em programas de formação como a PWN Lisbon. Acredito, firmemente, que só podemos atingir a excelência naquilo que fazemos quando nos focamos apenas no talento, independentemente do género. A própria Raquel sentiu dificulda-

A 8 de março celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Faz sentido assinalar este dia? Acho que sim, é importante mencionar este dia, é uma oportunidade de romper com as falsas realidades e focar-nos no mais importante: o talento sem género. Assim como existem mulheres boas, existem homens bons, o mesmo com mulheres e homens maus, temos bons e maus exemplos em todo o lado, não há que estabelecer radicalismos. Considera que esforço, perseverança, ordem e humildade são aspetos fundamentais para avançar. Que conselho ou mensagem gostaria de deixar às nossas leitoras? Na minha opinião, o esforço, a preserverança, o trabalho e humildade são ingredientes imprescindíveis para se ter sucesso. É, igualmente, importante que não nos deixemos levar pelas histórias negativas. Devemos procurar sempre por olhar para as coisas de forma positiva. Desta forma, gostaria de dizer às leitoras que: o mais importante é saber aproveitar cada oportunidade que nos dão e crescer, nas mais variadas formas, com ela. Mas, sobretudo, que possamos trabalhar para ser um – bom – exemplo para as gerações futuras, sublinhando a importância de se continuar a trabalhar na construção do talento sem género. ▪


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» CIDÁLIA FERREIRA DA OPTICÁLIA ESONOR

MAIS DO QUE UMA MULHER DE NEGÓCIOS…

UMA EMPREENDEDORA Cidália Ferreira é uma mulher que sempre soube muito bem o que quis. Formou-se nas áreas que pretendia, construir um negócio à sua imagem e fê-lo crescer. Hoje é um exemplo das capacidades que alguém tem que ter para ultrapassar os desafios de quem se arrisca pelo mundo empresarial. Saiba mais sobre esta empreendedora de sucesso.

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uem é Cidália Ferreira, licenciada em Física Aplicada no Ramo Ótica pela Universidade do Minho e Mestre em Optometria, e de que forma começa a história da Opticália – Esonor? A integração da Esonor, Lda. na Opticália ocorreu de uma forma natural e aquando de um convite feito pela marca quando esta se decidiu a expandir para Portugal. Na altura, o Dr. António Alves, Presidente da Opticália em Portugal, e o Dr. Paulo Pereira estavam na vanguarda do projeto e eram pessoas que conhecia há largos anos, de uma outra marca, com a qual já tínhamos trabalhado e que decidimos abandonar quando esta mudou de estratégia.

Este mês comemora-se o Dia Internacional da Mulher, em memória das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho, na sua opinião, nos dias de hoje esta ainda é uma luta que faz sentido? Para mim as lutas sejam de homens ou de mulheres fazem sentido quando existe um objetivo bem definido. No caso referido, considero que lutar por uma igualdade de género, de forma a adquirir direitos, é um deles. Porém é de extrema importância ter em conta que com os direitos também vêm as responsabilidades.

CIDÁLIA FERREIRA

Há 21 anos que a Opticália - Esonor está no mercado de forma consolidada, olhando para trás, quais são as melhores memórias que recorda? Recordo muitas vitórias conquistadas, inaugurações de lojas, clientes satisfeitos e agradecidos pela minha disponibilidade total para dar o meu melhor sempre na perspetiva de lhes tornar a vida facilitada e mais feliz com quem se cruza comigo ou no meu “caminho” (risos). No próximo ano completa 50 anos, sabemos que é uma data que vai querer comemorar, pode contar-nos o que está a preparar? No dia 1 de Maio de 2019 tenho como objetivo definido a inauguração de um novo projeto, uma quinta de turismo rural para criar experiências únicas a quem decidir deixar-se levar num envolvimento de paz e de emoção no contacto com a natureza. Este é um projeto pensado, principalmente, para as crianças, para que possam, assim como eu tive, ter a liberdade de

quatro anos consecutivos

poder explorar e descobrir aquilo que o campo nos dá e assim perceberem de onde vêm os alimentos que todos os dias lhes são colocados no prato... Este será um projeto a ser aprovado no âmbito do Portugal 2020. Neste momento a rede conta com 11 lojas, está para breve a abertura de mais alguma? Possivelmente… nunca direi não a um novo projeto pelo qual me sinta atraída. ▪

33 MARÇO 2018

Foram presenteados com o Prémio Cinco Estrelas, o que representa esta nomeação? O Prémio 5 Estrelas é um prémio que no setor dos serviços é muito importante, tendo em conta que premeia as melhores empresas a operar em Portugal nas várias áreas de negócio. É atribuído com base em inquéritos realizados aos consumidores, de uma forma totalmente alheia às empresas, sendo por isso, credível e sem qualquer possibilidade de manipulação. A Opticália recebeu-o durante quatro anos consecutivos desde que foi criado e é com grande satisfação e confiança que o recebemos. Isto mostra-nos que estamos no caminho certo dia após dia, sempre numa perspetiva de que os nossos clientes têm sempre uma experiência encantadora quando se dirigem a qualquer uma das nossas lojas.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» ALEXANDRA SOBRAL CARREIRA

“A MUDANÇA COMEÇA EM CADA UMA DE NÓS, MULHERES” Alexandra Sobral Carreira é Responsável de Marketing na jp.ik, pertencente ao jp.group, um grupo que nasceu para inspirar pessoas. E esse é, também, o lema da Alexandra: procurar inspiração e inspirar os outros. Venha connosco saber mais.

P pontos de vista no feminino

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resente no mercado há quase 30 anos e há dez anos a implementar grandes projetos educativos em todo o mundo, o jp.group é um grupo empresarial português, com presença internacional e que atua principalmente no setor das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Surgiu da necessidade que a JP Sá Couto sentiu de proceder a uma renovação da marca, unindo as várias empresas do Grupo, agregando as várias unidades de negócio que operam no mesmo grupo económico, o jp.group. Quantos aos valores e missão da empresa, esses, continuam a ser os mesmos, mas com um punho cada vez mais vincado. Esta é a história de um grupo que nasceu para inspirar pessoas.

DA COMUNICAÇÃO… AO MARKETING

Desde cedo que a comunicação é uma área fascinante para Alexandra Carreira, não fosse a sua mãe uma mulher das letras: professora. Conviveu, portanto, com a realidade do poder das palavras e da importância da comunicação. Mais tarde, a escolha do curso fez prova desse seu fascínio. Licenciou-se em Ciências da Comunicação e, enquanto estudava, foi jornalista nos jornais da Academia, numa rádio e em jornais locais, uma experiência que lhe deu uma bagagem importante. “Percebi que a comunicação e o marketing podem fazer mover vários grupos num

Enquanto Responsável de Marketing da jp.ik, a unidade de negócio de Educação do jp.group, diz ter a sorte de ter elementos excelentes que contribuem ativamente e em equipa no trabalho diário e para um bem comum

sentido comum, num bem maior e levá-los a tomar determinadas ações”, começa por explicar a nossa entrevistada. Quando chegou a altura de decidir em que ramo se iria especializar surgiu o marketing e toda a formação e especialização seguiram nesse sentido. Mestre em Marketing e Pós-graduada em Gestão, Alexandra afirma “hoje o que me move é o poder que o marketing e a comunicação têm: a construção de modas, a criação de sentimentos, a fixação de conceitos, a conquista de mentes e de corações”, realça Alexandra Carreira. Afirma que o marketing é 98% de transpiração e 2% de inspiração. “As pessoas não nascem preparadas. As suas capacidades são, na maior parte das vezes, fruto de muito trabalho e dedicação”. Começou a trabalhar no Grupo Porto Editora, foi Gestora de Produto e Gestora de Marca, até que passados sete anos o seu percurso profissional a levou até à jp.ik. Enquanto Responsável de Marketing da jp.ik, a unidade de negócio de Educação do jp.group, diz ter a sorte de ter elementos excelentes que contribuem ativamente e em equipa no trabalho diário e para um bem comum. Quanto à liderança explica que o desafio passa por ser transparente, assertiva e ter uma open mind. “É importante saber ouvir e saber aceitar a diferença. Mais importante ainda é saber receber as críticas construtivas e ter liberdade para dizer que se errou para depois melhorar”, elucida-nos Alexandra Carreira.


#1 we are #1! Ask me why!

Em 2017 a JP Sá Couto passa pelo processo de rebranding reforçando a sua presença no mercado. Presença essa que teve, igualmente, um forte impacto na BETT SHOW de 2018, um evento de cariz tecnológico para a educação que acontece todos os anos em Londres e que tem como missão reunir pessoas, ideias, práticas e tecnologias para que educadores e alunos possam preencher o seu potencial. É considerado o mais importante evento global dedicado à utilização das tecnologias de informação e comunicação na Educação. “Tivemos uma presença bastante significativa onde lançámos a marca JP, a marca dos nossos computadores para a educação e que teve uma expressão muito mediática. Foi um desafio aliciante”, avança Alexandra Sobral Carreira. Relativamente aos projetos mais relevantes que marcaram a sua experiência profissional, Alexandra destaca a criação do conceito ecosystem que se trata de um novo approach ao nível de identificação de negócio. A iniciativa integrada desenvolvida pela jp.ik - “Inspiring

35 MARÇO 2018

“INSPIRING KNOWLEDGE ECOSYSTEM”


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» ALEXANDRA SOBRAL CARREIRA

A iniciativa integrada desenvolvida pela jp.ik - “Inspiring Knowledge Ecosystem” abrange três pilares chave de um projeto educativo de base tecnológica: Tecnologia, Engenharia e Pedagogia

Knowledge Ecosystem” - abrange três pilares chave de um projeto educativo de base tecnológica: Tecnologia, Engenharia e Pedagogia. Com o ecossistema educativo a jp.ik distribui mais do que tecnologia, assegurando a transferência de conhecimento como fator-chave de sucesso para o desenvolvimento sustentável das comunidades, a longo prazo. Outro dos projetos em que esteve envolvida foi o lançamento do Inspiring Knowledge Education Software, um software para a educação e que está presente nos dispositivos eletrónicos. “Agora, para além da tecnologia em sala de aula, a nossa oferta passa também pelo software educativo integrado nos nossos computadores. É um passo marcante”, explica Alexandra Carreira.

AS PESSOAS COMO O “CAPITAL MAIS VALIOSO”

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Com uma cultura organizacional muito própria e direcionada para o bem-estar dos colaboradores, no jp.group as pessoas são vistas como o capital mais valioso. O jp.group promove várias ações de responsabilidade social, preocupa-se com o bem-estar dos seus colaboradores e tem um código de ética desenvolvido para orientar os princípios e os valores essenciais do Grupo. A preocupação com a ética está também visível em vários projetos nacionais e internacionais em linha de conta com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: a igualdade de género, o acesso à educação, a diminuição da pobreza, a criação de postos de trabalho, etc. “Há toda uma política de sustentabilidade bem definida a par da responsabilidade social e económica”, afirma. No jp.group são promovidas atividades que refletem, uma vez mais, os valores do Grupo. “Atividades de solidariedade, em prol da educação para a cidadania e que, no fundo, acabam por unir os colaboradores e criar um forte sentimento de pertença”, reflete a nossa entrevistada.

“HOMENS E MULHERES TÊM DE ESTAR EM CARGOS DE DIREÇÃO POR MÉRITO”

Com dez anos de experiência em Marketing, Alexandra Carreira admite nunca ter sentido quaisquer obstáculos ou dificuldades na sua

ascensão profissional, mas reconhece que é mais difícil para uma mulher ocupar lugares de topo. A sociedade ainda espera e exige mais da mulher do que do homem e ainda está moldada para atribuir exclusivamente à mulher responsabilidades relacionadas com as tarefas domésticas e a educação dos filhos. No entanto, as mentes estão mais despertas e as novas gerações veem as questões ligadas à igualdade de género de forma diferente, pelo que a sociedade está a caminhar, ainda que a passos lentos, para a mudança. “A verdade é que não tenho dúvida que o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é a receita para o sucesso. Hoje, as mulheres podem ter, simultaneamente, famílias e carreiras bem-sucedidas”, afirma. Alexandra Carreira não defende o acesso a cargos de Direção atribuído através de leis e quotas impostas. “Homens e mulheres têm de estar em cargos de direção por mérito e não por imposição das percentagens. Os desempenhos melhoram quando existe

pluralidade de perspetivas, as empresas deviam promover mais a liderança no feminino”. O medo está na origem de muitas barreiras que as mulheres enfrentam. “Mas a mudança começa em cada uma de nós, mulheres. Não podemos ter medo nem baixar os braços”, conclui. Para Alexandra “as mulheres com elevado potencial têm, por vezes, medo de falhar e por essa razão não arriscam. Não ter a certeza de como prosseguir é a sensação mais natural do mundo. Pedir opiniões não é um sinal de fraqueza, é frequentemente o primeiro passo para descobrir o rumo a seguir”. “Assumir riscos, optar por crescer e desafiarmo-nos todos os dias são elementos essenciais na gestão de uma carreira. É sempre possível sermos melhores do que somos”. ▪


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

OPINIÃO DE RITA OLIVEIRA PELICA, Chief Energy Officer & Founder da ONYOU – Empowering & Learning Experiences

LIDERANÇA E EMPREENDEDORISMO NO FEMININO

PERFIL

Rita Oliveira Pelica

Networker, curiosa e de espírito empreendedor, é Chief Energy Officer & Founder da ONYOU – Empowering & Learning Experiences, desenvolvendo vários projetos na área da educação, facilitação e formação, em empresas e nas Universidades, com ênfase nas competências comportamentais pessoais e sociais (soft skills).

te relevante e é efetivamente uma ferramenta que tem de ser “trabalhada” de forma continuada e consistente. Não basta “aparecer” nos eventos – é preciso pensar no pré, durante e pós evento! Participar com um objetivo em mente e com a devida preparação. Exige pensamento crítico, inteligência emocional e planeamento. Nos últimos anos tive a oportunidade de conhecer e de me relacionar com várias organizações que têm o propósito de serem alavancas para o sucesso profissional das mulheres, enfatizando também a conciliação com a sua vida pessoal (e social), através de programas de mentoring, liderança, empreendedorismo e outros muito específicos: PWN Lisbon, Dress for Success, Women Win Win, Mulheres à Obra, Chicas Poderosas, Women in Business (WinB). Estes são apenas alguns nomes, outros existirão. Cada uma tem o seu posicionamento específico, mas há palco para todas: para executivas, empreendedoras, em transição de carreira ou desempregadas; para millennials, geração X ou baby boomers; na área digital, em comunidades online ou com presença física. Todas merecem o nosso respeito pelo trabalho que desenvolvem, sobretudo em regime pro bono. Com foco na aprendizagem, na partilha e na colaboração, com um espírito win-win. A verdadeira riqueza destas estruturas é o somatório de interações que se promove entre mulheres reais, da sua diversidade, das suas histórias de vida e experiências. Tornando acessíveis casos de sucesso, partilhando dificuldades e insucessos para se desmistificar verdadeiramente o

que é a liderança e do empreendedorismo no feminino. Foi exatamente a pensar nesta lógica de comunidade que a iniciativa Women in Business (WinB) desenhou a sua Conferência para o Dia Internacional da Mulher, a 8 de março, no LEAP CENTER (Amoreiras) sob o tema Economia e Prosperidade – women in business friendly cities. Cristina Ferreira, fundadora da iniciativa refere que “as cidades que queremos só acontecem com uma convergência de esforços para a prosperidade, com autodeterminação, capacitação, responsabilidade, partilha equilibrada de valor e participação direta e representativa, nas decisões que afetam a vida de cada um/a”. Assim sendo, todas as organizações acima mencionadas vão estar presentes e vão ter a oportunidade de “contar a sua história”, os seus resultados e desafios e os exemplos de boas práticas. E todos beneficiam com esta abordagem assente na inteligência coletiva. É assim a sharing economy que nos traz esta vertente tão participativa e democrática enquanto estilo de liderança. Em jeito de síntese: não há uma receita para liderar e empreender no feminino. Há números, desafios e evidências. E existe um conjunto de pessoas e organizações que podem facilitar este processo e esta aprendizagem. O papel das networks neste processo é fundamental. O capital social ganha uma relevância imensa neste enquadramento. Estes são alguns dos ingredientes que podem fazer a diferença num percurso de sucesso de liderança e de empreendedorismo no feminino. ▪

37 MARÇO 2018

O

tema está na ordem do dia. Faz parte da agenda. E ainda bem! Falar de liderança e de empreendedorismo no feminino não pode ser entendido como uma moda, pois o assunto é demasiadamente sério. Há números a melhorar pelo que há muito trabalho a fazer mas não podemos esquecer tudo o que tem vindo a ser feito por um conjunto de mulheres com a atitude e as competências (pessoais e sociais) adequadas ao “fazer acontecer”. E é neste domínio que importa atuar: no plano da ação! Liderar e empreender no feminino não se pode reduzir à criação e a gestão de empresas nem à criação de emprego próprio. É gerir diariamente um manancial de desafios com recursos limitados. É um mindset! É conciliar a esfera profissional com a pessoal e a social. Como diria Peter Drucker: “não é uma arte nem uma ciência, é uma prática!”. É usar a criatividade e outras soft skills: a orientação para objetivos e resultados, a capacidade de resolução de problemas de forma criativa e inovadora, a autoconfiança, o espírito de iniciativa, a influência e a resiliência. E sem esquecer o poder da comunicação: o que se diz (conteúdo) e como se diz (assertividade). Neste contexto, gostava de destacar o papel crucial que várias organizações e/ou associações têm assumido na realização de iniciativas de capacitação e desenvolvimento pessoal, no estreitar de colaborações com o mundo corporativo e com o académico e também no estímulo à criação de redes de relacionamento (leia-se networking). Este último ponto é extremamen-


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» MANUELA SILVA

QUANDO UMA EMPRESA OLHA PARA A BELEZA DE FORMA DISTINTA “A Coty é uma das maiores empresas do mundo no setor de produtos de beleza, com receitas anuais de aproximadamente nove mil milhões de dólares, com um portfólio de marcas icónicas que lideram este mercado: Wella Professionals, ghd, OPI, Marc Jacobs, Calvin Klein, Hugo Boss, Gucci, Chloe, Astor, Max Factor, Rimmel, Bourjois”. A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Manuela Silva, Country Manager Portugal da Coty Professional Beauty. Saiba mais.

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Coty pretende desafiar a indústria da beleza. O que nos pode dizer mais sobre esta companhia? Somos apaixonados pela beleza, pela liberdade criativa e pelo espírito empreendedor, forças que foram introduzidas pelos nossos fundadores. O propósito da Coty é celebrar e liberar a diversidade da beleza dos nossos consumidores. Alinhado a isto está a missão da Coty: tornar-se ao longo do tempo líder global da indústria, sendo o principal desafiador da beleza, encantando os nossos consumidores e criando valor a longo prazo para os nossos acionistas. Na divisão profissional – Coty Professional Beauty - centramo-nos em celebrar e elevar os profissionais de beleza para que no seu trabalho diário no salão possam realizar transformações de beleza feitas à mão e à medida, personalizadas e artísticas, no cabelo e nas unhas. Na indústria profissional, a nível global, lideramos o combate ao enfraquecimento capilar com Nioxin, temos a marca de stylers preferida nos mercados principais com ghd (good hair day) e lideramos o cuidado profissional das unhas com OPI. A completar o nosso portfólio profissional, para além da nossa marca icónica Wella Professionals, temos a marca System Professional com um conceito de consultoria ultra

MANUELA SILVA


O crescimento responsável é um dos valores da Coty. Que outros valores são intrínsecos ao percurso e estratégia da companhia? Os nossos valores e a nossa cultura descrevem como fazemos as coisas aqui na Coty. Eles orientam o nosso comportamento e o nosso desempenho. Agir como dono do negócio (sentir que o negócio é nosso, como se o nosso nome estivesse escrito na porta do edifício); Viver e Respirar Beleza (valorizar a beleza, ter paixão por conhecer os corações e a mente dos nossos consumidores e estilistas); ter um pensamento de start – up (ser empreendedor, ágil, criativo e engenhoso); ser corajoso e ir mais além, superando objetivos (ter ambição para fazer melhor todos os dias) e finalmente, ganhar para a equipa (a equipa é mais forte do que a soma dos indivíduos por causa da diversidade de pontos de vista, de “expertise” e de conhecimento). Atualmente estamos a desenvolver uma nova estratégia de crescimento responsável com base nos nossos valores, objetivos e questões materiais em toda a nossa cadeia de valor. Acreditamos que o negócio desempenha um papel importante para ajudar a resolver alguns dos desafios mais urgentes que o mundo enfrenta, quer a nível social, ambiental e de políticas. A beleza transcende culturas e países. A beleza pode ser mais sustentável, mais positiva, mais inclusiva. Ao desafiarmo-nos a nós mesmos e aos outros, podemos mudar a beleza impactando as pessoas e o mundo. Acreditamos que a beleza pode inspirar as pessoas a expressarem o seu verdadeiro eu. Como parte da nossa estratégia de crescimento responsável e o nosso compromisso de quebrar as barreiras para a auto-expressão plena e gratuita, associamo-nos a uma organização internacional, a Global Citizen, para enfrentar e desafiar o preconceito e a discriminação que impede as pessoas de poder expressar o seu verdadeiro eu. Manuela Silva é Country Manager Professional Beauty Portugal da Coty. Num mercado de trabalho onde as questões ligadas à liderança e à gestão de talentos são cada vez mais fulcrais, que características indicaria como sendo fundamentais para um líder e gestor de pessoas? Para se vencer no mercado, onde o comportamento do consumidor está a mudar mais rápido do que nunca, é fundamental que os líderes tenham uma mentalidade desafiadora, um espírito empreendedor e flexível, e um focus em obter sucesso de forma sustentável. Os líderes devem liderar pelo exemplo abraçando mudanças, novas tecnologias, novos processos, novas pessoas. Com a diversidade e a quantidade de contatos e estímulos que temos no dia-a-dia (offline e online), destaco como fundamental a capacidade de conseguirmos estar efetivamente presentes e conscientes nas diversas interações com as pessoas, olhos nos olhos, sem distrações para ganharmos esses momentos de conexão. Acredito que um bom líder é aquele que trabalha junto da equipa, ouvindo-a, envolvendo-a e

tomando decisões em conjunto. É aquele que faz com que a equipa funcione sem ele. Para isso, há que ser capaz de definir uma visão clara para criar e moldar o futuro, tentar ser o melhor mantendo a humildade, ser corajoso, ser congruente, fazer escolhas, ser e fazer o trabalho de forma simples, construir capacidades e relacionamentos, aprender e reaprender, executar com excelência e ser-se feliz a fazer tudo isto.

recebeu a notícia de forma muito natural dando-me todo o apoio. Tenho tido por isso a vantagem de trabalhar em empresas que têm no seu ADN a promoção da diversidade e da inclusão. Parece que continuam a existir regras que raramente permitem que uma mulher chegue a cargos de liderança. Uma delas diz respeito à maternidade. Maternidade e liderança são incompatíveis como querem fazer crer? Eu não acho que seja incompatível ser mãe e líder (tenho três filhos: 13 meses, sete anos e nove anos), contudo implica uma frequente revisão de valores e objetivos de vida, uma gestão diária de tempo, de planeamento e de muito trabalho de equipa com o meu marido (e claro, de muita compaixão). Acredito que conciliar e equilibrar o trabalho e a família potencia algumas das nossas caraterísticas, desenvolve e aperfeiçoa outras, pois as aprendizagens são diárias e, mais ainda, ajuda-nos a gerir melhor as situações de stress em casa e no trabalho. Claro que tem de existir um contexto familiar e profissional flexível a tudo isto. Temos de que nos ir adaptando às necessidades da empresa e às da família, o que nos obriga a fazer escolhas. Importante é sentirmo-nos bem com isso!

Outra questão muito discutida nos últimos tempos prende-se com a desigualdade de género. Desigualdade essa que pode assumir múltiplas formas. A Manuela, durante o seu percurso profissional, enfrentou obstáculos pelo facto de ser mulher? Eu cresci numa família em que ambos os meus pais trabalhavam, sendo que a minha mãe teve um forte papel de liderança a nível profissional, pelo que, para mim, uma mulher poder ser líder era algo natural. Aliado a isto, ao longo do meu percurso académico assumi alguns papéis de liderança em grupos da faculdade. Em termos profissionais tive o privilégio de integrar durante 14 anos uma companhia cujos valores e princípios se baseavam na igualdade de oportunidades, a Procter & Gamble; essa cultura foi-me passada pelos meus colegas, chefias e mentoQue mensagem gostaria de deixar a todas res, aos quais estou muito agradecida. Mesmo as nossas leitoras líderes, empresáiniciando a minha carreira como venrias, mães, empreendedoras ou dedora (profissão mais ligada aos simplesmente mulheres? homens na época), tive uma Devemos acreditar em ou outra situação mais carinós, confiar nas nossas cata com clientes, mas Acredito capacidades: somos que nada tinha que ver que um bom líder todos iguais enquancom desigualdade é aquele que trabalha to seres humanos. Às de género, mas com junto da equipa, ouvindo-a, vezes, por causa da alguns estereótipos cultura, das nossas que foram ultrapasenvolvendo-a e tomando crenças ou da edusados com trabalho, decisões em conjunto. cação, tendemos a disciplina e dedicaÉ aquele que faz evitar a oportunidação. No processo de com que a equipa de: a realidade é que aquisição e transição funcione sem ele podemos fazer qualda divisão profissional da quer coisa (independenProcter & Gamble para a temente do género)! ▪ Coty estava grávida e a Coty

39 MARÇO 2018

personalizada, a marca Sebastian Professional com produtos de styling muito trendy e inovadores e a marca Kadus Professional.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» CLARISSE MACEDO

“NÃO EXISTEM CONCORRENTES

CLARISSE MACEDO

Com um percurso marcado pelas vendas, Clarisse Macedo, hoje tem uma empresa de consultoria imobiliária e financeira. Antes esteve ligada a outras áreas, até que decidiu criar algo seu e à sua imagem, imagem essa muito singular.

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L

icenciou-se em Biologia, na cidade de Coimbra e diz que ainda hoje faz constantemente analogias entre o comportamento animal e o humano. Teve em tempos o sonho de trabalhar em investigação cosmética, algo que conseguiu de certa forma, numa empresa com produção. Começou como professora de ciências e na década de 90 começou a vender produtos farmacêuticos, fê-lo durante muitos anos e adorava o que fazia. Chegou a cargos de topo, mas o seu envolvimento era de tal modo que já afetava a sua vida familiar e decidiu, então, sair. E saiu em plena crise. Na época, pensou em constituir uma empresa de produtos de saúde, à sua imagem, ainda não era o ramo imobiliário que estava em vista, mas vivia-se a crise e teve de alienar património pessoal e com isso conheceu o mundo imobiliário, ao olhar para ele constatou que o via de uma forma diferente e começou a pensar como o poderia tornar melhor. Estava dado o primeiro passo para se lançar na área. Não se identificava

Temos de tirar da vida as aprendizagens que ela nos vai dando, fui tendo os meus fracassos mas foi com eles que aprendi, hoje sei que não temos só o hoje, o amanhã existe. Nunca devemos dizer às pessoas que não precisamos delas porque agora posso estar na mó de cima, mas, amanhã não. Daí a minha insistência com a ética e a questão dos parceiros . Precisamos uns dos outros e não faz qualquer sentido acreditar no contrário"

com nenhuma empresa que na altura operava no mercado em Portugal até que surge a KW e Clarisse aposta. Com a formação que recebeu, passado algum tempo, percebeu que estaria pronta para arriscar. Começou como consultora porque acha que é das bases que se começa.

NÂO EXISTEM CONCORRENTES, MAS SIM PARCEIROS

A Quintessential nasce em parceria com um filho. Ele lida com a parte do investimento e Clarisse trata das restantes áreas da empresa: financeira e imobiliária. Agora localizados na Quinta da Marinha, em Cascais. A porta está aberta a qualquer pessoa que queira vender ou comprar casa. “Não existem exclusões nesta empresa. Todos são potenciais clientes”. A visão de Clarisse também é distinta no mercado porque para ela não existem concorrentes e sim parceiros. “Partilho os meus negócios com toda a gente e não existe no meu léxico a palavra concorrência. Somos todos parceiros uma vez que o negócio é


MAS SIM PARCEIROS”

QUERER, APRENDER E NÃO SE DESVIAR DO FOCO

“Temos de tirar da vida as aprendizagens que ela nos vai dando, fui tendo os meus fracassos, mas foi com eles que aprendi, hoje sei que não temos só o hoje, o amanhã existe. Nunca devemos dizer às pessoas que

não precisamos delas porque agora posso estar na mó de cima, mas amanhã não. Daí a minha insistência com a ética e a questão dos parceiros. Precisamos uns dos outros e não faz qualquer sentido acreditar no contrário”, diz. “Se virmos, as pessoas mais bem-sucedidas foram aquelas que mais fracassos tiveram. Desceram um degrau e subiram dois ou três. Temos que ter a capacidade de nos reinventarmos, tal como eu, quando estive desempregada aos 50 anos, procurei algo e construí novamente o meu caminho”. A broker afirma, para se entrar no mercado imobiliário e singrar é preciso ser competente, ter um foco, um propósito. “Se formos determinados vamos conseguir chegar lá”. ▪

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todo em regime aberto, apenas a promoção é em exclusivo”. O acompanhamento ao cliente é algo levado muito a sério e faz parte da abordagem ao setor. “O que é importante para o cliente é importante para nós. O nosso principal objetivo é esse”. Com uma parceria com a Maxfinance, especializada em produtos financeiros e seguros, a totalidade da consultoria fica assegurada uma vez que a maioria dos portugueses necessitam de crédito à habitação para comprarem casa. “Ajudando no financiamento, ao procurar a melhor solução junto da banca, conseguimos que as pessoas concretizem os seus sonhos”. “Se prestarmos um bom serviço as pessoas acabarão por nos recomendar e isso acaba por ser o melhor retorno”. Esta visão focada no cliente e orientada para os resultados é, segundo Clarisse, “o segredo para o sucesso num negócio que à partida parece simples, mas que não é fácil”. “Se não tivermos um trabalho de rigor não vamos ter sucesso. Seja meia-noite ou sete da manhã, estou disponível. Por isso, não é qualquer pessoa que pode ser consultor”, garante. Em fase de recrutamento, perguntámos à empresária que características procura num consultor: “têm de ser preocupados com os clientes, têm de ter uma postura muito ética, têm de ser muito resilientes, assertivos e de ter um foco”. Hoje afirma que as pessoas têm mais importância do que as marcas “se confiar num vendedor, compro-lhe tudo. Quando estive na Indústria farmacêutica comecei a liderar pessoas e essa noção intensificou-se. Um líder é como o professor primário: ninguém esquece. Se ele tiver a capacidade de transmitir o que quer, de forma clara, tem seguidores”. Por isso, aposta muito na formação. Aos seus colaboradores exige que tenham um conhecimento profundo do mercado imobiliário, que saibam o que é uma transação imobiliária e o que ela implica e que um mau conselho pode afetar outras vidas. Com a escolha de bons parceiros oferece um serviço chave na mão, como: remodelação, decoração. Pretende desta forma dar o serviço mais abrangente possível, de modo a ter mais um cliente satisfeito. “Nunca fiz nenhum curso de neurolinguística, mas tenho uma sensibilidade apurada para as relações pessoais. Na indústria farmacêutica lidei com o rigor e imensas culturas e isso ajudou-me a fazer bem e entender pessoas diferentes”.


BREVES BREVES ASSÉDIO SEXUAL

Agressões sexuais atingem artes, política, empresas, imprensa e desporto Mais de uma centena de mulheres acusaram o produtor Harvey Weinstein desde as primeiras revelações pelo New York Times, em outubro de 2017. O produtor está sob investigação das polícias de Nova Iorque, Los Angeles e Londres. Várias celebridades, como os atores Kevin Spacey, Dustin Hoffman, Michael Douglas ou James Franco também foram acusadas e reapareceriam as acusações da enteada de Woody Allen. A Metropolitan Opera de Nova Iorque afastou em dezembro o seu diretor musical, James Levine, acusado de agressão sexual por quatro homens. O magnata norte-americano do hip-hop Russell Simmons, posto em causa por várias mulheres por violação e agressão, abandonou todas as funções nas suas empresas. O diretor do New York City Ballet, o dinamarquês Peter Martins, que se demitiu depois de acusado de assédio sexual e abusos físicos por uma vintena de antigos bailarinos, acaba de ser inocentado.

MODA SUTENTÁVEL

Leggings feitas de garrafas de água recicladas Não é novidade que a moda sustentável é uma das grandes tendências da atualidade no mundo da moda. Seja por uma produção mais ecológica, pela reutilização de materiais ou aproveitamento de produtos reciclados, este é um ponto que chama a atenção dos Millenials – e outras gerações que procurem estar a par das mais recentes novidades do street style. Se estivermos a falar da moda athleisure, que celebra o conforto ao unir o estilo mais desportivo (athletic) com a praticidade do lazer (leisure), ainda melhor. E se tal peça for feita com 25 garrafas de plástico recicladas, a internet para, como refere o Business Insider. São produzidas pela americana Girlfriend Collecti-

ve, marca que defende a diversidade de corpos e a moda sustentável, seja pelo poliéster reciclado e uso de outros materiais como garrafas de plástico. No caso das leggings agora apresentadas, estão disponíveis em vários modelos e nos tons branco e cinza. São equiparadas pela marca às ‘tuas jeans favoritas’, sendo indicadas para qualquer treino, até aos mais intensos, com impacto. Além disso, garantem adaptar-se a qualquer tipo de corpo pela sua elasticidade. Apesar de serem mais de 70% feitas de garrafas de plástico, a Girlfriend Collective garante a suavidade do material, que é leve e elástico, idealmente pensado para o exercício físico. Cada leggin custa cerca de 55€.

POUPANÇA

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Dicas para poupar em Março Seja para se preparar para o bom tempo ou garantir que recebe o pagamento do IRS, há simples práticas a adotar: Arrume as roupas da estação O frio vai e dá lugar às roupas de meia estação. É possível que precise de comprar algum básico ou outra peça que lhe falte, mas a melhor forma de garantir que não gasta dinheiro desnecessariamente é com uma boa organização do seu closet. Dê o que já não lhe serve, arrume as roupas mais quentes e deixe visível tudo aquilo que vai usar durante a estação que se avizinha. Aproveite os saldos de artigos mais específicos Não vá de cabeça para o fim dos saldos de inverno, onde muitas vezes acaba por comprar por impulso. Contudo, se precisa de algo específico como uma mala de viagem, aproveite a época, mesmo que não tenha uma viagem em vista. (se comprar na véspera de viajar, vai certamente gastar mais do que queria.

Atenção ao IRS Em fevereiro teve de validar todas as suas faturas, o prazo terminou dia 15 e no final deste mês ser-lhe-à atribuído o valor das despesas dedutíveis no IRS, relativas ao ano passado. Caso note algum erro no registo das despesas, deve reclamar até 15 de março (no portal das finanças ou pessoalmente). Este é o limite para garantir que recebe o reembolso total a que tem direito, já que a partir do mês seguinte entra no período de entrega do IRS. Poupe nos utensílios e decoração de jardim Assim que as temperaturas dão indícios de começar a subir, a vontade de aproveitar o quintal ou o jardim aumentam automaticamente. Se quer por mãos à obra para preparar as zonas exteriores lá de casa para receber amigos, esta é a altura certa, diz o site Pure Wow: várias superfícies comerciais escolhem a pré-primavera para colocar a mobília de exterior em saldos, além de utensílios de jardinagem.

Diminua a temperatura lá de casa É certo que ainda estamos longe do pico do calor, mas será que ainda precisa de ligar o aquecimento geral? Ou estará na altura de apostar apenas numas meias e camisola grossa? Vai manter o conforto ao mesmo tempo que vê a conta da luz descer.


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» PROGRAMA START UP VISA

UMA RELAÇÃO DE CONFIANÇA MÚTUA Testemunhos afirmam que o LISPOLIS é muito mais do que um parque empresarial ou tecnológico. É uma verdadeira casa para as empresas nascerem, crescerem e se sentirem acolhidas. Pedro Rebordão, Diretor de Promoção e Inovação do LISPOLIS, fala-nos sobre esta entidade gestora do Pólo Tecnológico de Lisboa.

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uais têm sido os eixos estratégicos de atuação do Lispolis? Em primeiro lugar, é sempre bom ouvir esse tipo de testemunhos, pois significa que, enquanto LISPOLIS, estamos a cumprir a nossa missão. O LISPOLIS tem uma estratégia definida, denominada “Nova Ambição”, assente em cinco eixos: Parcerias / Redes, relacionado com a colaboração com atores estratégicos; Conhecimento, que tem a ver com a proximidade com focos de saber, como Universidades ou as próprias empresas; Empreendedorismo, muito relacionado com inovação e com a necessidade de fazer coisas novas; Investimento / Empresas, que tem a ver com a atração de empresas diferenciadas e com capacidade de crescer e atrair mais empresas; Internacionalização, não só do LISPOLIS, mas também das suas empresas. Tendo em conta que o LISPOLIS acolhe startups,

micro, pequenas, médias e grandes empresas, incluindo multinacionais, unidas por um cariz tecnológico e pela capacidade de diferenciação, é importante a proximidade às empresas, a criação de uma relação de confiança mútua e a capacidade de as apoiar no que elas necessitam e no momento em que a necessidade é sentida, seja no apoio ao desenvolvimento do negócio, no estabelecimento de contactos ou na procura de investimento. O Lispolis integra a Rede de Incubadoras de Lisboa, a TECPARQUES – Associação Portuguesa de Parques de Ciência e Tecnologia, a Rede Nacional de Incubadoras e o IASP – International Association of Science Parks and Areas of Innovation. É também Ignition Partner da Portugal Ventures. Que desafios enfrenta atualmente enquanto parque empresarial/ tecnológico?

Um dos desafios do LISPOLIS é continuar a manter a colaboração com as redes aqui referidas, assim como com as entidades que as integram de forma a manter a sua posição de parceiro no desenvolvimento de iniciativas e um ator na proposta de políticas públicas orientadas para o setor. O LISPOLIS tem vários desafios concretos para 2018: posicionar-se como local de destino para startups e empresas tecnológicas provenientes de incubadoras ou de programas de aceleração; tornar a comunidade de empresas LISPOLIS cada vez mais cooperante (ou colaborativa) – acolhemos presentemente mais de 120 empresas que faturam mais de 100M€ / ano; melhorar os serviços de apoio às empresas, seja através do reforço de competências internas ou de parcerias – está previsto para este ano lançar a Rede de Mentores LISPOLIS; lançar iniciativas exclusivas do LISPOLIS - este ano vamos fazer a


Que principais diferenças se encontram entre o panorama empresarial atual em Portugal e o momento em que o projeto Lispolis iniciou? O LISPOLIS iniciou a sua atividade em julho de 1991, acolheu a primeira empresa em 1994, e desde então acolheu mais de 330 empresas. Identificamos três diferenças muito significativas que ilustram bem a mudança de paradigma. Uma primeira, relacionada com as startups, e com todo o ecossistema que se construiu, e que inclui redes de incubadoras, programas de aceleração, investidores, mentores, e também uma mudança muito significativa nos objetivos dos jovens que hoje em dia frequentam a Universidade: o objetivo já não é apenas trabalhar numa grande empresa ou consultora por conta de outrem, iniciar um negócio próprio passou também a ser uma forte alternativa de carreira ou opção profissional. A segunda diferença está relacionada com os serviços de near shore, ou seja, a deslocalização de serviços, seja porque se encontram condições mais favoráveis ou a mão-de-obra necessária noutras localizações: no LISPOLIS acolhemos empresas que fazem desta a sua atividade, existindo já casos de empresas que têm a seu cargo não a prestação de serviços de manutenção (mais comuns de serem deslocalizados) mas assegurar o desenvolvimento do core do próprio negócio. A terceira diferença é a escolha de Portugal para instalação de grandes empresas, como o caso recente da Google. É também importante realçar que toda esta mudança começou a acontecer, pelo menos de uma forma mais consistente, em plena

330 Empresas

PEDRO REBORDÃO

crise, suportada na excelência da qualificação dos nossos quadros e reforçada com a vinda do Web Summit para Lisboa, que veio definitivamente sinalizar a cidade e o país como local de eleição para acolher iniciativas empresariais. E isto era algo que não acontecia em 1991, quando se falava apenas em spin off dos laboratórios do Estado. No âmbito da estratégia nacional para o empreendedorismo, designada de StartUP Portugal, foi incluída a medida Vale Incubação. Quais são as expectativas? O LISPOLIS apoia presentemente dois projetos ao abrigo do programa Vale Incubação, um na área da manutenção industrial e outro na área da impressão online. A expectativa será assegurar que empresas em fase inicial possam continuar a ser apoiadas por esta medida. A expectativa do LISPOLIS é utilizar o Vale Incubação para apoiar empresas cuja atividade envolva não só o desenvolvimento de software mas também o hardware, empresas relacionadas com robótica, IoT ou prototipagem rápida, todas estas alinhadas com a nova política do LISPOLIS de atração de empresas. O Centro de Incubação e Desenvolvimento do LISPOLIS é uma incubadora acreditada. Qual é, portanto, o seu papel? O papel do Centro de Incubação e Desenvolvimento é idêntico ao de outras incubadoras, isto é, apoiar empreendedores e empresas através de um programa de incubação que visa o apoio ao seu desenvolvimento em diversas vertentes (mercado, financiamento, quadro legal, etc.) que está para lá da mera cedência de espaços e serviços conexos. Como incubadora acreditada, diferenciamo-nos por sermos “parceiros” da Startup Portugal – Estratégia Nacional para Empreendedorismo, que inclui medidas como o Vale Incubação (apoiámos 2 projetos em 2017), já aqui referida, e o Startup Voucher (apoiámos 9 projetos em 2017 que atingiram a fase final do programa).

Para contextualizar o nosso leitor, o que é a Rede Nacional de Incubadoras e o Vale de Incubação? A Rede Nacional de Incubadoras é também uma medida da Startup Portugal – Estratégia Nacional para Empreendedorismo que contribui, sobretudo, para demonstrar a expressão da incubação em Portugal e permitir uma melhor articulação entre todos os que têm interesse neste tipo de atividade, sejam incubadoras ou incubados. O Vale Incubação apoia projetos com menos de um ano na contratação de serviços de incubação prestados por incubadoras de empresas previamente acredita-

O LISPOLIS iniciou a sua atividade em julho de 1991, acolheu a primeira empresa em 1994, e desde então acolheu mais de 330 empresas das, como o Centro de Incubação e Desenvolvimento do LISPOLIS. Por fim, de que se trata este novo Programa Start Up Visa? Este novo programa destina-se a empreendedores extracomunitários, caracterizando-se pela concessão de um visto de residência ou autorização de residência. Os empreendedores que necessitam de ser incubados numa incubadora previamente acreditada têm de desenvolver atividades inovadoras e “internacionalizáveis”, têm de criar emprego qualificado e ter capacidade de atingir, em 3 anos, o valor de 325.000€ ou um volume de negócios superior a 500.000€/ano. ▪

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segunda edição de um concurso de ideias cujo prémio é o MVP de uma APP e vamos lançar a primeira edição de um programa de aceleração focado em ajudar negócios a passarem do modelo físico ou em loja para o digital. Como parque empresarial / tecnológico, para além dos desafios no apoio aos empreendedores e às empresas, e esta é a principal função das incubadoras, temos que nos preocupar também com questões como continuar a garantir as condições de mobilidade no LISPOLIS - a instalação e possível expansão da Universidade Europeia veio tornar o estacionamento, algo tão vulgar, numa das nossas grandes preocupações enquanto gestores do parque a par do reforço do transporte público. Outra preocupação, e acreditamos que não é só do LISPOLIS, é continuar a investir na digitalização dos nossos serviços.


» DIA INTERNACIONAL DO CUIDADO AUDITIVO

“Temos de promover a prevenção” O Dia Internacional do Cuidado Auditivo comemora-se hoje, 3 de março. Desta forma, fomos conversar com Dulce Martins Paiva, Diretora-Geral da GAES – Centros Auditivos, em Portugal, que nos deu a conhecer o que a marca tem vindo a realizar no domínio da audição. De salientar que existem cerca de 800 milhões de pessoas no mundo com algum nível de perda auditiva e estima-se que até 2025 esse número poderá chegar a 1.1 mil milhões, aproximadamente 16% da população mundial. Saiba mais sobre esta matéria.

N

este Dia Internacional do Cuidado Auditivo, que cuidados, na sua opinião continuam a ser esquecidos ou que continuam sem terem a atenção

devida? Ainda se pensa que a perda auditiva é apenas consequência do passar da idade. Mas, infelizmente, não é. A industrialização e a sociedade moderna fizeram com que, diariamente, estejamos expostos a níveis de ruído elevados e permanentes que acabam por ser prejudiciais para a nossa audição. Falo de atividades diárias e simples como ouvir música nos nossos reprodutores de música, assistir a eventos desportivos em que o ruído ultrapassa os limites recomendados ou frequentar espaços noturnos de diversão em que a música está num volume tão alto que não nos permite falar uns com os outros. O simples uso de proteção auditiva, nestes casos, ou garantir que o volume dos reprodutores de música está abaixo dos 60% ajudaria a prevenir.

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Nesse sentido, que trabalho tem desenvolvido a GAES ao longo dos seus mais de 60 anos de experiência, de forma a sensibilizar a população? O nosso trabalho não passa apenas por recordar a importância de efetuar exames auditivos com regularidade. É igualmente da nossa responsabilidade alertar sobre o que são e o que não são ruídos perigosos para a nossa saúde auditiva. Ao longo destes quase 70 anos temos organizado campanhas de sensibilização, eventos, palestras, congressos, cursos, formações, variadas ações tanto entre a população em geral, como entre a comunidade médica, tendo em vista a investigação e difusão desta temática, em parceria com especialistas das mais diversas áreas. "Não se esqueça dos seus ouvidos" foi o mote de uma das campanhas que desenvolvemos há uns anos, com a realização de rastreios em várias cidades do país, em que levámos os nossos equipamentos à população. Esta campanha nasceu precisamente com o intuito de sensibilizar a população para a importância de cuidar da saúde dos ouvidos, bem como de prevenir a perda auditiva. Também tivemos patente durante quase dois anos, entre Lisboa e Porto, a exposição INAUDITO – A Aventura de Ouvir, uma exposição itinerante, informativa e interativa que desafiou os visitantes a descobrirem o mundo da audição e o seu impacto no dia-a-dia. Regularmente, também abrimos as portas da nossa fábrica em Barcelona a escolas para que, desde cedo, as crianças estejam sensibilizadas para este tema e adotem medidas preventivas e seja tão natural usar protetores auditivos em ambientes com ruído mais elevado como lavar os dentes antes de dormir, por exemplo. É recomendado que se faça pelo menos uma vez por ano um exame auditivo. Os portu-

DULCE MARTINS PAIVA

gueses cumprem esta recomendação? Que tipo de problemas podem ser evitados com o mesmo? A maioria das pessoas vai ao dentista ou ao oftalmologista para verificar como estão os dentes ou a visão, mas a verificação dos ouvidos e da audição fica um tanto ou quanto esquecida. Apesar da perda de audição ser a terceira afeção mais importante, a seguir à artrose e à hipertensão arterial, na Península Ibérica, mais de metade das pessoas que sofrem deste problema nunca realizou um simples teste auditivo. E mesmo depois de detetada perda auditiva, só quando esta condiciona realmente o dia-a-dia, é que é tomada a decisão de procurar uma solução, o que demora em média sete anos a acontecer. Quanto mais tarde a perda auditiva for detetada, mais difícil é encontrar uma solução ou alcançar um resultado satisfatório. Os aparelhos auditivos estão indicados sobretudo para que tipo de pessoas e com que níveis de surdez? A perda pode ser leve, moderada, severa ou profunda. Sendo a perda auditiva, na maioria dos casos, um processo gradual, começa por afetar os sons de menor intensidade, o que impede de identificar as palavras que contêm tons de alta frequência ou agudos. Em 90% dos casos é possível encontrar uma solução que passa pelo uso de aparelhos auditivos. Nos casos em que o aparelho auditivo não é suficiente, a colocação de um implante auditivo, que pressupõe uma avaliação médica, poderá ser a solução. A GAES tem um departamento dedicado à inovação e desenvolvimento. nestas seis

décadas de atuação, quais são os avanços mais significativos que pode apontar? Há duas linhas de orientação no trabalho de I&D na GAES: ouvir o utilizador e estudar o som. Analisamos o comportamento do utilizador, os seus hábitos e expectativas para perceber o que mais valoriza e o que necessita num aparelho auditivo. Estudamos o som para que o software que implementamos nos nossos aparelhos auditivos esteja o mais próximo possível da realidade e adapte o comportamento do aparelho auditivo aos diferentes ambientes sonoros e necessidades do utilizador. Neste sentido, diria que o principal avanço tem a ver com o tamanho dos aparelhos auditivos e a qualidade do som. Hoje em dia é possível produzir aparelhos auditivos tão pequenos que se colocam no canal auditivo e se tornam praticamente invisíveis, porque o utilizador ainda procura um aparelho que não se veja. Somos também a primeira marca de aparelhos auditivos que utiliza plasma como material para o revestimento dos aparelhos auditivos. Chama-se nanoproof e protege os aparelhos auditivos da humidade, do suor e de outros agentes externos, como o pó, por exemplo. Com este revestimento, aumenta o tempo de vida útil do aparelho, em média, mais dois anos e também reduz a probabilidade de avarias. Cerca de 34 % da população portuguesa, com mais de 65 anos, sofre de perda auditiva. Este número desceria se …? Se houvesse mais prevenção. Porque na verdade este ainda é o melhor remédio para a maioria das doenças. Mas quando a perda auditiva acontece, para evitar que tal seja um problema, há que procurar uma solução, porque ela existe. ▪


TRANSFORMAÇÃO DIGITAL «

SABE QUANTO TEMPO A INFORMAÇÃO FICA DISPONÍVEL? Daniel Gomes é investigador doutorado em Engenharia Informática pela Universidade de Lisboa e Gestor do Arquivo.pt na Fundação para a Ciência e Tecnologia, um serviço público que surge para preservar a informação que é publicada na web e para se tornar na memória da web portuguesa.

INFORMAÇÃO PARA CRIAR CONHECIMENTO

A internet surge “a medo” em Portugal em meados dos anos 90. Hoje tudo está ligado à internet e a informação está toda online. Já não existe uma informação impressa que posteriormente é colocada online, mas sim informação que já nasce de forma online. A informação é já, nos dias de hoje, digital. “A sociedade produz toda esta informação que fica ao dispor para qualquer cidadão, mas durante quanto tempo é que esta informação fica disponível? Está disponível muito menos tempo do que estavam os livros ou os jornais em papel”, começa por referir Daniel Gomes. A verdade é que 80% das páginas que estão disponíveis hoje daqui a um ano já não estão ou os conteúdos já mudaram. “Vivemos atualmente numa sociedade onde se produz muita informação, mas que também perde muita informação. Como é que conseguimos criar conhecimento com uma informação que é tão efémera?”, questiona o nosso entrevistado. Esta é, portanto, a génese para criar os arquivos da web, ou seja, preservar a informação que é publicada na web, tal como os arquivos foram criados para preservar e dar acesso à informação impressa. “Preocupa-nos potenciar a Ciência, contribuindo por exemplo para a História ou a Sociologia. Na prática, como é que conseguimos descrever um determinado evento que aconteceu há dez anos ou analisar um fenómeno sociológico se não acedermos aos conteúdos digitais?”, acrescenta, ainda, Daniel Gomes.

DANIEL GOMES

Mas o Arquivo.pt não responde apenas a questões históricas ou sociais. A vertente económico-social também terá benefícios com este arquivo. “Olhemos para as organizações que têm custos elevados associados à criação de sites e de proteção dos conteúdos. A informação aqui gerada pode perder-se. Estimamos que o dinheiro que foi investido para a criação dos sites que estamos a preservar no Arquivo.pt é equivalente ao PIB de Portugal em 2016, ou seja, perder esta informação é o equivalente a perder um ano do PIB português”, diz-nos Daniel Gomes. Estamos aqui a falar, portanto, de um serviço criado para funcionar como um backup e motor de busca do passado da web portuguesa. A principal missão desta iniciativa é preservar os projetos que vão sendo criados sob o domínio .pt. Pode ser visto como um pilar essencial ao nível de informação para fins de investigação, mas o potencial do Arquivo.

80%

dAS PÁGINAS DA web desaparecem ou mudam passado apenas 1 ano.

pt é muito mais do que isto. Estamos a falar da possibilidade de podermos aceder ao passado de tudo o que é colocado na web. Os desafios, esses, passam por manter a qualidade do serviço considerando a evolução da web. A transformação digital será constante e a tecnologia está a evoluir num sentido em que diariamente surgem novas soluções, novas projetos e produtos inovadores. “Temos de conseguir acompanhar esta evolução constante da tecnologia e a forma como a informação surge e é publicada, ao mesmo tempo que mantemos acessível a informação que já foi publicada no passado”, explica o nosso interlocutor. Daniel Gomes reforça que preservar não é sinónimo de armazenar. Armazenar é apenas uma parte da preservação e para preservar é necessário conseguir recolher, armazenar e manter o acesso ao longo do tempo. Outro dos desafios passa por conseguir pesquisar, igualmente, imagens já preservadas. Neste sentido, está já a ser desenvolvido um serviço para assegurar esta vertente, cujo protótipo será lançado ainda este ano.

“A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL AINDA NÃO ESTÁ COMPLETA”

A transformação digital ocorreu, está cá e agora precisamos de nos adaptar. Aqui surgem fatores como a iliteracia digital. Hoje em dia toda a gente usa a internet, mas poucas pessoas têm o mínimo de conhecimento de como é que a internet funciona. “Para uma boa literacia digital é essencial, igualmente, ganhar a consciência da importância da preservação digital”, afirma Daniel Gomes. A informação não deve ser só protegida e publicada, mas também preservada. “Toda a gente concorda que informação é poder e que é necessária informação para produzir conhecimento, mas esquecem-se que nos dias de hoje a informação é produzida e perdida. A transformação digital ainda não está completa enquanto não houver esta consciencialização de que é importante preservar também a informação publicada na Internet”, conclui Daniel Gomes. ▪

47 MARÇO 2018

H

á dez anos, o Arquivo.pt era um “simples” projeto académico. Hoje é um serviço que funciona como backup e motor de busca do passado da web portuguesa onde é possível pesquisar por páginas web desde o ano de 1996. O Arquivo.pt é hoje um serviço público e de acesso público da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Começou em 2001 como um projeto feito em colaboração com a Biblioteca Nacional, evoluindo, posteriormente, na Universidade de Lisboa. Em 2006 Daniel Gomes faz o Doutoramento em Engenharia Informática pela Universidade de Lisboa e em 2007 inicia a transformação do projeto num serviço na Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN). Em 2008 é feita a primeira recolha de conteúdos da web portuguesa para serem preservados e em 2010 é lançado o primeiro protótipo do sistema de pesquisa e de acesso à informação preservada. Em 2016 o Arquivo.pt efetiva-se como serviço que é prestado à comunidade científica e académica, mas também ao cidadão comum.


O Centro de Investigação ALGORITMI é uma unidade de investigação da FCT e também uma sub-unidade orgânica de investigação da Escola de Engenharia da Universidade do Minho que, no âmbito das Tecnologias da Informação, Comunicações e Eletrónica (TICE), desenvolve atividades de I&D. Em conversa com José Machado, Diretor do ALGORITMI, e com Ricardo J. Machado, Diretor do ALGORITMI até 2017 e Vice-reitor da UMinho, ficamos a conhecer um pouco mais sobre o centro e os desafios da Inteligência Artificial.

pontos de vista

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JOSÉ MACHADO

E

leito recentemente diretor do ALGORITMI, José Machado explica que os objetivos e a estratégia do centro continuam a refletir a importância que o mesmo assume no país no que diz respeito à investigação e desenvolvimento. O Centro nasceu em 1979 com o nome de Centro de Ciências e de Engenharia de Sistemas. Em 1992, aquando da reformulação dos centros de investigação, surge com a designação ALGORITMI. Trata-se, portanto, do centro mais antigo do país na área das tecnologias, da informação, da comunicação e da eletrónica reconhecido pelo Estado Português. Estas quatro áreas da engenharia esti-

RICARDO J. MACHADO

veram sempre presentes no percurso do centro. Atualmente é o maior centro da Universidade do Minho (UMinho), representando cerca de 40% da Escola de Engenharia e que envolve 115 docentes de carreira da UMinho. Note-se que o ensino da informática em Portugal nasceu nesta universidade com a introdução da licenciatura em informática em 1976 e do mestrado em 1984. A UMinho foi, igualmente, pioneira na inclusão do programa doutoral em informática. Fatores que contribuem para a associação natural da UMinho à informática em Portugal. O Programa Doutoral em Sistemas Avançados

de Engenharia para a Indústria (AESI) foi fundado em 2013 pelo professor Ricardo J. Machado. Trata-se de um programa doutoral em parceria com a Bosch Car Multimedia que permite que os estudantes tenham aulas e desenvolvam as suas teses em ambiente industrial ao mesmo tempo que promove a formação de engenheiros de 3º ciclo (doutorados) em temáticas no âmbito da Indústria 4.0 em contexto real e com uma atratividade elevadíssima em termos de empregabilidade. É apoiado pelo Programa PD-F da FCT, tendo recebido, no âmbito deste programa, o maior número de bolsas atribuídas a uma única universidade. Revendo a história do ensino da informática no


INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL «

PIONEIRO NA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

O professor José Maia Neves foi pioneiro na introdução do estudo da Inteligência Artificial na UMinho, criando, inicialmente, um grupo restrito a esta área. Trabalhou em áreas como a representação de conhecimento e raciocínio, a computação lógica e a aprendizagem por computador. Hoje, existem vários grupos no centro dedicados ao trabalho na área da Inteligência Artificial: Engenharia do Conhecimento, Inteligência Sintética, Sistemas Inteligentes de dados e Controlo, automação e Robótica. “A Inteligência Artificial sempre esteve presente, no entanto agora há uma maior preocupação e atenção dedicada a esta área. Um pouco devido ao alarmismo que se tem criado com a forte associação que se faz da Inteligência Artificial à robotização”, começa por referir José Machado. Robotização esta que já se iniciou nas últimas décadas do século XX na produção industrial com o uso de computadores e robôs para a fabricação de vários produtos. Os robôs passaram a executar um grande número de tarefas, reduzindo a possibilidade de erro. “Já usamos sistemas inteligentes e já vivemos com a Inteligência Artificial há muito tempo sem dar por ela. Quer seja nos computadores, nos carros, em casa, na medicina, em contacto com programas de reconhecimento, entre outros. O que acontece agora é que a principal preocupação das pessoas é que os robôs substituam o homem. Mas as máquinas já substituíram o homem há muito tempo”, explica o nosso entrevistado. Hoje estes processos ganharam outro relevo devido à rapidez com que as tecnologias estão a evoluir. Conceitos como Big Data, Internet of things ou a dimensão e disponibilidade dos sistemas têm contribuído para desenvolver cada vez mais a Inteligência Artificial. Hoje, se as pessoas não têm informação tudo para. Hoje, tudo está praticamente conectado à internet. “Temos de perceber que a Inteligência Artificial está aqui para ajudar as pessoas e aumentar a sua qualidade de vida. E esse é, sem dúvida, o maior desafio da Inteligência Artificial, melhorar a qualidade de vida da população”, acrescenta, ainda, José Machado. Para a inteligência artificial prosperar, deve ser explicada e percebida. Não tema a Inteligência Artificial. Ela pode impulsionar o seu negócio, pode simplificar as tarefas em sua casa, pode facilitar a rotina do seu dia-a-dia ou ajudá-lo no trabalho.

DO CAMPUS… PARA AS EMPRESAS

Com diversos projetos de inteligência artificial aplicados na indústria, mas também na medicina, e com

projetos europeus significativos, o ALGORITMI tem alguns projetos de bandeira. Falemos, por exemplo, da sua parceria com a marca Bosch. Existe um forte envolvimento do ALGORITMI com a Bosch Car Multimedia em Braga, nomeadamente na co-promoção do Programa Doutoral da AESI e vários projetos de investigação aplicada co-promovidos desde 1999. Atualmente trabalham, conjuntamente, em projetos para a condução autónoma. Aqui José Machado reforça a importância de as universidades saírem dos seus campi para aplicar as suas soluções na indústria. “O ALGORITMI já o faz há algum tempo, mas é preciso fazer cada vez mais. As cidades e a sociedade precisam das universidades para aliar a teoria à prática e aplicar o seu conhecimento científico, os seus projetos e soluções para o bem-estar da população e para o desenvolvimento da economia, das empresas e da indústria. A investigação cada vez mais precisa de ser feita nas empresas”, salienta o nosso interlocutor. Com base no forte envolvimento do ALGORITMI com a Bosch Car Multimedia em Braga, traduzido, nomeadamente, no Programa Doutoral AESI em vários projetos de investigação aplicada co-promovidos desde 1999, o ALGORITMI liderou recentemente (em cooperação com IPC - Institute for Polymers and Composites), a criação do DTx - Digital Transformation CoLab como resposta à chamada da FCT 2017 para Laboratórios colaborativos. A candidatura do DTx – Laboratório Colaborativo em Transformação Digital à FCT foi co-liderada pelo professor Ricardo J. Machado (ALGORITMI) e pelo professor António M. Cunha (Ex-Reitor da UMinho e Investigador do IPC) e aprovado pela FCT em dezembro de 2017. É promovido pela UMinho, no entanto envolve outras duas universidades (Évora e Católica), duas estruturas de investigação intermédia (CEIIA e INL), 13 empresas (Bosch Car Multimedia Portugal, Accenture Technology Solutions, Embraer Portugal, IKEA Portugal, Cachapuz Equipamento para Pesagem, Celoplás Plásticos, ebankIT Omnichannel, Neadvance, NOS Inovação, Primavera Software, Simoldes Plásticos, TMG Tecidos Plastificados, WeDo Consulting Sistemas de Informação), duas Unidades de Interface (Instituto CCG/ZGDV e Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros - PIEP) e 11 Unidades de Investigação da FCT (todas associadas às três universidades envolvidas). O Laboratório Colaborativo em Transformação Digital – DTx tem por missão investigar novos paradigmas de desenvolvimento de tecnologias ciber-físicas (materiais, hardware e software) no âmbito da conceção de produtos, serviços e interfaces entre entidades ciber-físicas e humanos capazes de suportar a desmaterialização de fenómenos/ processos físicos, humanos e sociais, bem como estudar as consequentes mudanças na indústria e na sociedade, através da colaboração entre a academia e a indústria e o desenvolvimento tecnológico aplicado. ▪

Atualmente é o maior centro da Universidade do Minho (UMinho), representando cerca de 40% da Escola de Engenharia, envolvendo 115 docentes de carreira da UMinho

49 MARÇO 2018

país e na UMinho, é impossível desassociar o papel do ALGORITMI ao longo deste percurso e da posição de destaque que assume no país. Trata-se de um centro com uma dimensão bastante significativa que a nível internacional também tem já a sua posição conquistada, destacando-se o enorme envolvimento do ALGORITMI na parceria do Estado Português com a universidade Norte-Americana MIT, bem como o facto de o Diretor Nacional do Programa MIT | Portugal ser o professor Pedro Arezes (docente da UMinho e investigador do ALGORITMI). Com ligações internacionais e com investigadores de renome mundialmente presentes no centro, o ALGORITMI publica mais de 700 artigos científicos por ano e tem cerca de 500 pessoas envolvidas, dos quais 206 são doutorados.


» CENTRO DE TECNOLOGIA MECÂNICA E AUTOMAÇÃO

TEMA

PELA SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA DESDE 1996 António Bastos, Diretor do Centro de Tecnologia Mecânica e Automação, em entrevista à Revista Pontos de Vista, explica de que forma o TEMA tem contribuído para a evolução das indústrias sustentáveis em Portugal. Saiba tudo.

Não acho que hoje o investimento em investigação e inovação seja pequeno em Portugal. Pelo contrário, nós estamos a conseguir captar financiamento das empresas, dos fundos regionais e europeus ANTÓNIO BASTOS

Q pontos de vista

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uando foi edificado o Centro de Tecnologia Mecânica e Automação (TEMA) e de que forma é que o mesmo tem vindo a contribuir decisivamente no âmbito de novos produtos, processos e serviços? O TEMA tem procurado a excelência através da investigação e inovação de vanguarda desde 1996. Com base no seu capital humano, equipamentos e laboratórios, o TEMA está focado em dois desafios societais, procurando contribuir para uma indústria sustentável e para o bem-estar das pessoas. As soluções de fabrico sustentável estão focadas no desenvolvimento e na inovação em engenharia e tecnologias de produção, com aplicações industriais subsequentes. Pretende-se aumentar a produtividade, melhorar a qualidade dos produtos e reduzir o desperdício nos processos de produção. A estratégia sobre tecnologias para o bem-estar visa aumentar a qualidade de vida da sociedade por meio de sistemas de engenharia, focando as pessoas e as suas necessidades. O estudo e o desenvolvimento de novos materiais e processos técnicos promove maior eficiência e sustentabilidade dos recursos. Como é que perpetuam essa dinâmica no sentido de apoiar as empresas? O TEMA trabalha diariamente com empresas. Neste momento temos mais de 40 projetos em colaboração, que vão desde as PMEs até às grandes empresas. O problema, normalmente, não é o “fazer o trabalho”, é o “quem paga?”. O desenvolvimento de novos materiais e processos é muito caro. Por vezes as empresas, especialmente as

PMEs, não dispõem de recursos, quer financeiros, quer humanos. Nós temos uma solução: o TEMA dispõe de uma equipa de profissionais que desenvolve o projeto, faz a candidatura e obtém o financiamento via fundos nacionais ou europeus. Cerca de 50% dos trabalhos de I&D feitos no TEMA são dedicados a empresas. Em que áreas é que atuam? Existe alguma vertente que tenha maior preponderância na dinâmica da instituição? Se sim, qual e porquê? Dou-lhe dois exemplos: Hoje em dia a poluição da água tornou-se um dos problemas mais graves do mundo, com escassez de água potável ameaçando a sustentabilidade de um número cada vez maior de comunidades. Em 2016, investigadores do TEMA desenvolveram um material que usa grafeno para a remoção de metais pesados de ​​ águas contaminadas. É de fácil preparação e de baixo custo. O protótipo foi avaliado em comparação com produtos de carvão ativado comercialmente disponíveis para remoção de mercúrio. Sob as mesmas condições experimentais, o material por nós desenvolvido mostrou uma melhoria na eficiência de remoção, permitindo alcançar concentrações residuais de mercúrio cerca de 21 vezes menores do que aquelas obtidas por outros processos. Noutro projeto, investigadores do TEMA projetaram e patentearam um novo conceito de bateria que tem o potencial de conseguir armazenar energia à escala industrial, com baixos custos, alta densidade de energia e maior segurança do que as soluções disponíveis. O novo sistema de bateria de estado sólido é extrema-

mente estável, seguro e tem uma densidade de energia específica 40% superior às atuais. Que análise faz deste setor em Portugal? O que ainda falta para que a vertente do investimento em investigação e inovação seja maior e mais preponderante? Não acho que hoje o investimento em investigação e inovação seja pequeno em Portugal. Pelo contrário, estamos a conseguir captar financiamento das empresas, dos fundos regionais e europeus, etc. Acho que o que falta é dar utilidade à imensa quantidade de investigação que já se faz. Nós procuramos fazê-lo. Sem descurar a investigação fundamental que também é necessária, envidamos todos os esforços para que a investigação seja direcionada para um produto, para uma aplicação que seja útil a alguém. Como analisa o Centro de Tecnologia Mecânica e Automação a ligação com o universo empresarial? As empresas já compreenderam a importância do «Saber» para o seu crescimento? As empresas já procuram o saber das Universidades e dos Centros de Investigação há muito tempo. É um mito pensar que os Investigadores estão dissociados do “mundo real”. Só nos falta chegar a todos; mas há muitas empresas e pessoas que já estão convencidas. O que podemos continuar a esperar do Centro de Tecnologia Mecânica e Automação? O nosso lema é “procurando a excelência e o impacto através da investigação e inovação desde 1996 para as pessoas”. Contem com isso! ▪

O TEMA tem o apoio dos projetos UID/EMS/00481/2013-FCT e CENTRO-01-0145-FEDER-022083




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