Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Junho 2018 | EDIÇÃO Nº 75 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros
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“Na próxima edição suplemento Earth Consulters”
Junho 2018
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» EVENTO
“PARA ONDE CAMINHAM AS CIVILIZAÇÕES QUE CONHECEMOS?” Lisboa foi a cidade escolhida para acolher a reunião anual do International Association of Defense Counsel (IADC), uma prestigiada associação internacional de juristas constituída atualmente por advogados de 40 países do mundo. Manuel Barrocas, Advogado e Presidente do Comité Internacional do IADC fala-nos mais sobre este evento.
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Reunião Anual do IADC 2018 irá realizar-se em Lisboa, de 7 a 12 de Julho. Que balanço é possível fazer destes encontros anuais? Antes de responder diretamente à sua pergunta, deixe-me dizer o que é o IADC, mais propriamente, de sua denominação completa, International Association of Defense Counsel. É uma prestigiada associação internacional de juristas constituída atualmente por advogados de 40 países do mundo. Foi fundada, em Chicago, no ano de 1920. A razão próxima da sua constituição teve a ver com os devastadores efeitos económicos e sociais que a aplicação pelos tribunais americanos, daquela altura, que todavia hoje ainda permanecem, em parte, das denominadas punitive damages, isto é, a entidade, em regra empresas, que por ato próprio tivesse causado prejuízos em alguém deveria, não apenas indemnizar em termos usuais a vítima pelos danos diretos causados (danos físicos, psicológicos, etc.), mas também deveria sofrer uma penalidade pelo facto de ter atuado, se tivesse sido o caso, com violência, opressão, fraude ou outras circunstâncias com a intenção de causar à vitima angústia, laceração de sentimentos, vergonha pública, degradação humana ou outras consequências particularmente graves. As indemnizações atribuídas atingiram, então, e isso continua em parte a suceder, valores extremamente elevados, frequentemente chocantes. São, aliás, do conhecimento generalizado. Nos países europeus este tipo de indemnização punitiva não é, em regra, reconhecida. A especial gravidade do dano é considerada no cálculo da indemnização atribuída, segundo os termos gerais e não é uma indemnização em cima de outra indemnização. O IADC surgiu sob a iniciativa de juristas dos EUA com o propósito de debater esta questão e propor uma justa e humanizante contenção no montante das indemnizações. A Reunião Anual do IADC é a mais importante efetuada em cada ano, entre as muitas conferências e seminários que realiza anualmente. Os temas abordados incluem temas sociais, como a desigualdade de tratamento, em razão do sexo, no emprego, na gestão empresarial, na política, etc. e as medidas tendentes à sua integração; também a inteligência artificial, etc.. O IADC é uma associação de prestígio e não tem quaisquer fins lucrativos. Portugal tem a honra de acolher, em Lisboa, a Reunião Anual, que apenas se realiza fora dos EUA desde data recente e tão-somente em cada quatro anos. Irá trazer a Lisboa cerca de 700 participantes. O balanço feito às reuniões desta natureza têm contribuído para o debate público dos temas tratados, em cada um dos 40 países representados, e particularmente nos EUA, quer pela sua divulgação pública, quer nas instâncias políticas.
medicamentos opióides); Questões Ambientais (desastres ambientais); Comparação dos Regimes Legais da Proteção de Dados na UE e nos EUA; Certas Questões de Arbitragem Internacional; Whistleblowers (empregados ou colaboradores de uma empresa que discordam de atividades ilegais dela e denunciam os factos); Tecnologia Blockchain (uma nova plataforma digital que visa assegurar, pela sua inviabilidade, eficiência e confiança na atividade empresarial via internet, mediante o uso de bitcoins, proteção de dados e outros instrumentos). É considerada por muitos a maior inovação desde o aparecimento da internet e, possivelmente, constituirá para alguns e em breve, uma nova internet, mais fiável e segura. A par dos programas, o encontro oferecerá aos seus participantes eventos sociais, atividades para crianças ou, ainda, tours pela cidade de Lisboa. Quais são as expectativas para o encontro deste ano? As expectativas são muitas. Sintetizando, reuniões sociais, tours, visitas aos muitos locais que a cidade e o país oferecem. MANUEL pereira BARROCAS
Portugal tem a honra de acolher, em Lisboa, a Reunião Anual, que apenas se realiza fora dos EUA desde data recente e tão-somente em cada quatro anos. Irá trazer a Lisboa cerca de 700 participantes
Tenho, pessoalmente, a honra de ter sido nomeado, recentemente, presidente do seu Comité Internacional, que tem por missão representar a organização no âmbito internacional. Pretende-se que esta reunião seja uma experiência gratificante para todos. Quais serão os pontos fortes ou os temas-chave desta reunião? Entre outros, os pontos principais a tratar em Lisboa são: a Educação Inclusiva e o Emprego – o Sistema Europeu (tratará de questões de diferenciação de sexos); a Droga e a Biotécnologia – a Responsabilidade do Produtor (tratará da explosão do número de ações, sobretudo nos EUA, de cidadãos e instituições públicas contra laboratórios farmacêuticos e distribuidores de
José Manuel Barroso será orador no Fórum Aberto. É o momento alto do encontro? Porquê a presença de José Manuel Barroso no encontro? O IADC gostaria de conhecer múltiplos aspetos da situação atual da UE, das suas dificuldades e do seu futuro. O Dr. Durão Barroso foi, durante dez anos, presidente da Comissão Europeia e tem sido professor numa importante universidade americana. Está por isso em excelente posição para falar de temas que interessam aos dois blocos. Estarão em cima da mesa temas como a Inteligência Artificial e a Profissão Jurídica, Blockchain, Diversidade e Inclusão. Que principais desafios preocupa o setor atualmente? Os desafios e as preocupações que esses temas produzem atualmente têm a ver com as dúvidas sobre a questão de saber para onde caminham as civilizações que conhecemos? Como será o mundo dentro de poucos anos em consequência da vertigem de inovações e dos desafios que fenómenos como a inteligência artificial e outros provocam? Qual o impacto de tudo isso na atual estrutura social e cultural? Em que medida é possível neutralizar os riscos da violação de direitos e interesses mediante a utilização da internet tal como está hoje concebida e é utilizada? O que é que o encontro anual de 2018 pretende transmitir a todos os participantes? A Reunião Anual pretende despertar para esses fenómenos e para outros que se avizinham e consciencializar as pessoas para as mutações que estão à vista e como reagir? Como nos organizarmos e nos precavermos, se existe remédio possível para isso? ▪
P 18 e 19
P 22 e 23
Gerber – Inovação na Indústria Têxtil
Câmara Municipal de Ponta Delgada As celebrações do Dia de Portugal
Índice DE TEMAS P 24 e 25
Howden Iberia Regulamentação da Atividade dos Intermediários de Crédito
P 48 e 49
P 36 a 45
Pontos de Vista no Feminino Conheça as histórias de mulheres empreendedoras
PNRVT Parque Natural Regional do Vale do Tua
FICHA TÉCNICA
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5 Junho 2018
Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda.
» EARTH CONSULTERS EM DESTAQUE
Em Portugal ainda se formam pessoas para cumprir legislação e não pela aquisição de competências David Magalhães, administrador da Earth Consulters, em entrevista, explica o trabalho desenvolvido pela empresa de consultoria e formação e faz uma análise sobre o panorama atual que se vive em Portugal sobre formação laboral.
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orquê uma aposta nestes setores? Sob que premissa a empresa procurou crescer? A Earth Consulters é uma empresa de consultoria e formação profissional certificada pela DGERT, e com uma vasta área de cursos reconhecidos por outras instâncias como o Instituto de Mobilidade e Transportes, o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, entre outras. Quando a Earth Consulters iniciou a sua atividade, há oito anos atrás, existiam ainda várias lacunas no que respeita à legislação no âmbito da formação profissional, que se encontrava já em vigor. Nesse sentido a Earth Consulters, pautou desde sempre a sua atividade, disponibilizando uma série de produtos e serviços que alertasse as Entidades para a obrigatoriedade da formação profissional, cumprindo com a legislação profissional mas também fomentado o crescimento e competitividade sustentáveis das mesmas. O objetivo da Earth Consulters, centra-se no crescimento, quer da empresa quer dos clientes. A equipa trabalha todos os dias de forma a elevar a missão da formação profissional, capacitando todos os que nos procuram, em especial, no mundo do trabalho.
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Sediada em Viseu, a Earth Consulters atua por todo o país. Que fatores têm contribuído para a sua diferenciação dos demais do setor? Que papel procura assumir no mercado? O que nos diferencia dos demais do setor, é a relação que criamos e procuramos manter com os nossos formandos e formadores. Queremos ser os melhores com a excelência e profissionalismo que qualquer atividade profissional exige, pelo que atuamos para estar em constante contacto com os nossos clientes, acompanhando-os no seu setor de atividade. O rigor aplicado em todas as tarefas da Earth Consulters, desde processos internos às dinâmicas das sessões de formação, é primordial no dia-a-dia da equipa, amplamente vocacionada e qualificada, para que todo o atendimento a fazer seja persona-
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Earth Consulters todas as batalhas do dia-a-dia, são um ciclo vicioso que se tem traduzido em evolução, crescimento e sucesso DAVID MAGALHÃES
Têm como principal objetivo qualificar as empresas e os particulares. Desde 2010, que balanço é possível fazer? O feedback dos nossos clientes fala por si, o balanço é excecional! Estamos em constante evolução e a par de um crescimento notável, que nos coloca na vanguarda da formação profissional do país. Mais do que sentir que todo o nosso trabalho é recompensado, é sentirmos também que contribuímos para aumentar a competitividade e excelência profissional dos nossos clientes. Para a Earth Consulters todas as batalhas do dia-a-dia, são um ciclo vicioso que se tem traduzido em evolução, crescimento e sucesso. A empresa tem uma experiência consolidada na promoção de formação, a nível nacional, com elevado grau de empregabilidade ou em formação obrigatória. Que importância assume a formação profissional nos dias de hoje? Com o aceleramento do mercado de trabalho e das exigências impostas, tornou-se premente a formação de novos quadros técnicos bem como a capacitação dos que já se encontram no mercado mas que precisam de responder a novas necessidades laborais e legais. Hoje em dia as competências das pessoas, são um fator de extrema relevância na hora do recrutamento assim como na integração do mercado de trabalho. A velocidade da informação é um fator que incute nas Pessoas o reconhecimento da importância que a formação profissional tem. Tal facto, surge na medida em que há um maior acesso e compreensão da legislação em vigor, com ênfase para o cumprimento das normas instituídas e para as contra- ordenações que podem advir do não cumprimento das mesmas. O paradigma da formação profissional em Portugal está a mudar. A formação profissional já começa a ser vista como um importante veículo de valorização, quer para o trabalhador quer para a empresa. A própria Earth Consulters sente essa mudança? Sentimos ainda, que uma parte significativa da população não compreende a importância da formação profissional, e uma outra parte ainda aposta na formação apenas com o intuito do cumprimento legislativo e não da aquisição de competências em si. A Earth Consulters pretende que a formação profissional seja também fonte de aquisição de “know-how”, reforçando junto dos nossos clientes os paradigmas do crescimento económico e competitividade através da sua qualificação. Cada vez mais sente-se a necessidade de preparar as empresas para os novos desafios que advêm de fatores múltiplos como a transformação digital, a internacionalização, a gestão do capital humano ou o posicionamento no mercado. Mais do que nunca a consultoria assume um papel relevante? As empresas vão compreendendo a premência e necessidade dos serviços de consultoria por forma a fomentar a sua competitividade e reforçar o seu crescimento económico. Este reconhecimento da
Acarreta a responsabilidade de “continuidade”. Trilhamos o caminho da evolução, crescimento e sucesso e isso apesar de nos confortar e encher de orgulho, ao mesmo tempo, impõe-nos a obrigação de continuar no mesmo trilho. Continuamos a trabalhar com ambição e máxima dedicação de forma a estarmos preparados para os novos desafios, que se esperam cada vez mais exigentes. Em 2018, a Earth Consulters conta, mais uma vez, com a sua Equipa, com os seus clientes e parceiros, para sermos cada vez mais e melhores.
"As empresas vão compreendendo a premência e necessidade dos serviços de consultoria por forma a fomentar a sua competitividade e reforçar o seu crescimento económico"
importância dos serviços de consultoria surgem após os clientes nos conhecerem na vertente da formação profissional onde são sensibilizados para tantas outras áreas de atuação. Nesse sentido a Earth Consulters, tem uma vasta área de serviços de consultoria que complementam as necessidades que os clientes nos fazem chegar, relativamente às empresas que lideram. A Earth Consulters obteve várias distinções, Gazela2016 e 2017, Aplauso, PME Líder 2016 e PME Líder 2017. Estas distinções acarretam responsabilidades acrescidas?
Estas distinções trazem, igualmente, novos desafios à empresa? A Earth Consulters está sempre predisposta a novos desafios. Não podemos dar nada por garantido, da mesma forma que o sonho comanda a vida, o trabalho delineia o caminho do sucesso e nós gostamos de arriscar e ser ousados, mantendo sempre presente os nossos valores e a nossa missão, com a vontade contínua de sermos os melhores. A globalização traz novas necessidades, obriga-nos a adotar novas estratégias, daí ter surgido o processo de internacionalização para reforçar o nosso crescimento e expansão em novos mercados, bem como parcerias consolidadas com outras entidades, nomeadamente organismos de ensino superior, como é exemplo o ISCAC – Coimbra Business School. “Formar para Qualificar” continuará a ser o lema da Earth Consulters para se assumir como um centro de formação líder no mercado? “Formar para qualificar” é e será um dos lemas que seguimos com rigor na Earth Consulters, pois as exigências atuais a nível de competitividade e crescimento do mercado de trabalho assim o impõem. A Earth Consulters trabalha sempre de olhos postos no futuro, apostando nas qualidade dos serviços, procurando estar cada vez mais perto do cliente. O trabalho vai preencher uma grande parte da vida das pessoas e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que se acredita ser um excelente trabalho, e é isso que a Earth Consulters faz todos os dias, para se continuar a assumir como centro de formação líder no mercado. ▪ 7 Junho 2018
lizado, tudo com o claro objetivo de estar à altura das necessidades dos nossos clientes. O nosso papel é não estagnar, estarmos sempre preparados para acompanhar os novos desafios da sociedade e dinamismo, com o objetivo único, o crescimento.
» SEMANA INTERNACIONAL DO COACHING 2018
APRENDA FAZENDO A propósito da Semana Internacional do Coaching fomos conhecer a ProPeople – Formação e Consultoria de Gestão – que tem como foco o desenvolvimento de pessoas e, especialmente, de líderes. Mafalda Carvalho, Partner da ProPeople, fala-nos da importância e das mais-valias do Coaching e dos programas formativos que privilegiam a metodologia de aprendizagem experiencial.
MAFALDA CARVALHO
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riada em 2000, inicialmente por cinco sócios, a ProPeople surge no mercado no âmbito de intervenção alargada da formação e consultoria de processos. Hoje, com Mafalda Carvalho e Alexandre Ribeiro como partners, o foco da empresa é a formação e desenvolvimento de pessoas, privilegiando a metodologia de aprendizagem experiencial. Como o próprio nome indica, aprendizagem experiencial é aprender com a experiência. “Está provado que as pessoas aprendem melhor praticando. Assim, todos os nossos programas formativos são sempre orientados para terem momentos de prática simulada”, começa por explicar Mafalda Carvalho. Com programas exclusivamente baseados em simuladores, a ProPeople oferece aos seus clientes uma formação eficaz e focada nas suas necessidades. Os participantes têm a possibilidade de desenvolver as suas skills através de simuladores de negócios, simulador da mudança ou simulador de liderança. “Para consolidar a formação disponibilizamos programas com uma componente experiencial forte, que colocam as pessoas em contacto com diversas situações, permitindo-lhes, ao longo do processo formativo, testar o que estão a aprender ou a reforçar. Colocam em prática o que aprendem
Qualquer pessoa pode, e deveria, participar nos programas de simulação de gestão. É bom que todos os colaboradores tenham uma perceção alargada e integrada do negócio
de uma forma protegida”, acrescenta Mafalda Carvalho. “Não fazemos formação de outra maneira que não seja esta porque, de facto, tem uma eficácia e adesão elevada”, diz-nos, ainda. Com uma experiência e know-how adquiridos ao longo destes anos, este é o fator de diferenciação da empresa que tem, igualmente, um modelo de Coaching que garante a obtenção de resultados relevantes ao final de um mínimo
de dez sessões focadas no desenvolvimento de uma competência, quer se trate de Life ou Executive Coaching. O Team Coaching é implementado como follow-up dos programas de formação da ProPeople. “Notávamos que as pessoas saiam da formação cheias de vontade de fazer diferente e motivadas para aplicar o que tinham aprendido. No entanto, muitas vezes, quando se deparavam com dificuldades, desistiam, voltando tudo à estaca zero. As pessoas viam muita validade nos nossos programas, por perceberem que tudo o que era trabalhado nas formações era aplicável e, sobretudo, eficaz, mas, ainda assim, nem sempre aplicavam”, refere Mafalda Carvalho. A realidade e a vontade das pessoas condiciona os resultados previstos dos programas formativos, por isso mesmo a ProPeople desenhou estas sessões de Team Coaching de curta duração (de 3 a 4 horas), para grupos pequenos, onde, através de casos práticos, reforçam as competências trabalhadas na formação, acrescentando competências correlacionadas ou introduzindo variantes mais sofisticadas de uma determinada competência. “Isto permite que os participantes, no período pós-formação, tenham um acompanhamento continuado do trabalho que vão desenvolvendo. Este suporte
OS DESAFIOS DOS LÍDERES NA ERA DIGITAL
Focam-se no desenvolvimento de pessoas, desenvolvimento de líderes e trabalham desde as competências de comunicação até às competências de gestão e financeiras, específicas ou transversais a todos os colaboradores de uma organização. “Qualquer pessoa pode, e deveria, participar nos programas de simulação de gestão. É bom que todos os colaboradores tenham uma perceção alargada e integrada do negócio”, afirma Mafalda Carvalho. A ProPeople procura ativamente organizações para aplicar as suas metodologias, e as empresas mais recetivas são aquelas que têm maior apetência para desenvolver os seus colaboradores e que já perceberam que o seu ativo mais importante é o capital humano.
Com uma experiência e know-how adquiridos ao longo destes anos, este é o fator de diferenciação da empresa que tem, igualmente, um modelo de Coaching que garante a obtenção de resultados relevantes ao final de um mínimo de dez sessões focadas no desenvolvimento de uma competência, quer se trate de Life ou Executive Coaching
A questão que se coloca agora é: o estilo de liderança mudou? Que desafios se colocam aos líderes nesta era digital? Para Mafalda Carvalho, existem muitos dos desafios fruto das novas circunstâncias. “O facto de os salários terem sofrido uma depreciação nos últimos tempos cria logo um enorme obstáculo aos líderes que não sabem como motivar os colaboradores, tendo recursos financeiros limitados. É preciso saber criar contextos motivadores para além da questão financeira”, realça a nossa entrevistada, para quem outro dos desafios que os líderes de hoje enfrentam resulta da maior informalidade que as empresas têm atualmente devido à geração Y, também conhecida por Millennials. Os Millennials estão a transformar a economia e a obrigar alguns setores tradicionais a reinventar-se. Os jovens nascidos entre 1980 e 1996 estão sempre ligados mas são menos consumistas do que os seus pais, fogem do endividamento e preferem a experiência à posse. Estes jovens pretendem trabalhar em organizações que ofereçam oportunidades de desenvolvimento e que invistam na melhoria dos níveis de satisfação dos seus profissionais. Para Mafalda Carvalho os líderes de hoje têm, portanto, de ser capazes de compreender as pessoas que têm na sua equipa e conhecer as suas expectativas ou aspirações, ter uma capacidade de envolvência e de empatia, gerir a diversidade e a multiculturalidade que hoje as organizações têm. “A retenção de talentos é o maior desafio que as empresas enfrentam. Os líderes têm que conseguir captar e reter talentos, para que a empresa não se torne numa escola por onde as pessoas passam e não ficam. Isto numa geração ávida de novas experiências, de novos desafios, e que não vai para uma organização para ficar se não tiver perspetivas de crescer pessoal e profissionalmente”, conclui a nossa entrevistada. ▪
11 Junho 2018
é fundamental para a consolidação das competências e para que se dê a mudança de comportamentos”, explica a nossa entrevistada. O Executive & Life Coaching são programas feitos à medida do coachee. É um processo individual em que a ProPeople se dedica totalmente ao às competências que a pessoa precisa de desenvolver. “É um programa tailor-made, com uma estrutura que obedece a um conjunto de parâmetros para ser eficaz, focando as competências que o coachee necessita de trabalhar”, adianta Mafalda Carvalho. Na vertente do Life Coaching são trabalhadas áreas pessoais do colaborador que, direta ou indiretamente, se refletem na sua atuação na empresa. O equilíbrio global do colaborador afeta positivamente o seu desempenho na empresa e, como o próprio nome sugere, Life Coaching está orientado para ajudar o coachee a organizar a sua vida pessoal, para que ela fique alinhada com os seus principais valores e para maximizar o potencial do indivíduo no atingimento dos seus objetivos.
» EVENTO
SEMANA INTERNACIONAL DO COACHING 2018 “Vivemos mais uma Semana Internacional de Coaching (International Coaching Week 2018), evento que aconteceu, em simultâneo, no mundo inteiro de 7 a 12 de maio. Esta foi, sem dúvida, uma semana rica em conhecimento, partilha e inspiração”, afirma Maria Helena Anjos, Presidente do Chapter, e Coach ICF, PCC.
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ecorrida a Semana Internacional do Coaching 2018, sob temas enriquecedores e afetos ao Coaching, Maria Helena Anjos deixa uma nota especial de agradecimento a todos os participantes e envolvidos. “Inteiramente dedicada ao Coaching, a ICW 2018 contou com um programa organizado por grandes temáticas diárias, onde os participantes puderam assistir e participar ativamente em workshops e dinâmicas, facilitados por diversos oradores – cada dia um tema. Esta foi a ICW mais forte desde que o Chapter existe. Na qualidade dos temas e oradores, no número de participantes, no espaço onde decorreu o evento, no
conteúdo das questões dos participantes, no compromisso com o coaching profissional. Enquanto Presidente do Chapter, é com um orgulho sentido e muito consciente que partilho que fizemos acontecer uma obra gigante e com um forte reconhecimento internacional. Criámos a nossa identidade neste mundo do Coaching Profissional. E esta marca é o princípio de uma história que também vai ser única. Obrigada a todos os oradores, aos participantes, ao Palácio Baldaya e aos media que nos apoiaram nesta jornada. E agora viaje pela semana de coaching connosco”. ▪
o que eles dizem...
Ana Castanho, uma coach ICF, que se voluntariou para ajudar o Chapter a fazer acontecer esta ICW
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“Uma enorme gratidão e amizade por todos aqueles que diariamente encheram a sala do Palácio Baldaya para assistir aos workshops que preenchiam esta semana dedicada ao coaching e ao desenvolvimento pessoal. Foram muitos e bons! Um agradecimento a todos os oradores e colegas coaches que generosamente deram o seu tempo e a sua partilha, criando momentos absolutamente inesquecíveis. Obrigada ao Palácio Baldaya por nos ter recebido a todos tão bem. E a ti, Helena, obrigada por tudo e por tanto o que deste ao Chapter e dás ao coaching profissional em Portugal.” João Catalão, coach sénior
“Os meus sinceros parabéns e aplausos! Adorei o espaço. Organização impecável. Foi a ICW com maior número e diversidade de participantes! Senti muito entusiasmo e muita partilha. Viva o Coaching!”.
Paulo Carmo
“Agradeço o convite para participar e dar o meu testemunho a uma plateia que transmitia muito entusiasmo e partilha de emoções, foi uma experiência gratificante e motivadora para continuar o meu percurso no Coaching. Obrigada à
minha coach pela pessoa fantástica que é e pelo profissional que me ajudou a ser. Parabéns ao ICF Portugal pela excelente organização”.
Nídia Brito da Costa
“Muitos parabéns! Foi uma semana cheia... cheia de qualidade, de saber, de experiências, de perspetivas, aprofundamento, partilha, reencontros e encontros com pessoas inspiradoras. Muito obrigada a toda a equipa”.
João Leborinho Lúcio
“Foi um prazer imenso ter estado presente na ICW, um momento de grande comunhão e crescimento. E uma grande honra ter podido partilhar um pouco do meu conhecimento. Estou muito grato”.
Carla Santos, coach.
“A ICW é sempre um espaço maravilhoso para quem se dedica ao coaching e quer sempre aprender mais e fazer melhor, mas este ano está a superar todas as minhas expectativas. Coaches e coachees a darem e exporem tudo o que têm e são ao serviço da partilha e da aprendizagem. Obrigada a todos os corajosos que o fizeram e que com isso contribuíram para o crescimento de todos”.
FORMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO NA INDÚSTRIA AUTOMÓVEL «
“O crescimento passa pela qualificação das pessoas” Pedro Silva, Managing Director da OPCO, abordou o crescimento da marca no domínio da formação e qualificação na indústria automóvel, onde percebemos que, entre outros, o grande desafio passa pela sustentabilidade do crescimento, através da qualificação das pessoas.
PEDRO SILVA
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OPCO deu início à sua actividade há cerca de 12 anos, mais concretamente em 2006. Desta forma, que balanço é possível perpetuar da vossa orgânica ao longo destes 12 anos e de que forma se foram adaptando às mudanças e vicissitudes do mercado? De facto, surgimos em 2006, na altura sob outra designação, tendo-nos tornado independentes em 2015, já com créditos firmados no mercado, nomeadamente através da ligação à VDA QMC, ligação essa que culminou este ano, com a realização da primeira conferência VDA em Portugal. De forma geral, foi esta dinâmica, reforçada após 2015, que nos permitiu crescer e continuamente oferecer soluções inovadoras à indústria. Também a relação de longa data com vários clientes, com os quais também crescemos muito, têm sido os fatores diferenciadores. Isto, claro, sempre muito suportado pelos nossos profissionais, internos ou externos. Como definiria atualmente a indústria automóvel em Portugal e quais são as principais prioridades para a mesma num futuro próximo? Por tudo o que temos presenciado podemos dizer que a indústria tem mudado muito, felizmente para melhor. Esta mudança passa por dois grandes grupos: as empresas que cresceram enormemente, a todos os níveis, desde há 25, 30 anos e que hoje marcam presença significativa na indústria ou, outro grupo, mais recente, constituído por empresas que transitam de outras áreas da indús-
No âmbito da formação e qualificação na indústria automóvel, quais são os principais desafios deste setor? O grande desafio, na nossa opinião, passa exatamente pela sustentabilidade do crescimento, através da qualificação das pessoas. Vemos, felizmente, já algumas movimentações, envolvendo as empresas, as organizações e as universidades, no sentido de aumentar a oferta de cursos e, assim, alimentar a procura existente. Qual tem sido o papel da OPCO no âmbito da qualificação e formação no setor da indústria automóvel? Da nossa parte, temos atuado em várias frentes. Desde a nossa oferta interna, na qual estamos em constante inovação a nível de temas, passando pelo contínuo estabelecimento de ligações com as principais organizações da indústria automóvel e pelo estabelecimento de parcerias a nível de universidades e politécnicos onde contamos, muito em breve, iniciar novas atividades. A formação e a especialização entram nesta fase como essenciais para um maior desenvolvimento? Qual é a oferta da OPCO neste sentido? A nossa oferta é, neste momento, bastante abrangente, desde as áreas da qualidade, às áreas da produtividade, nas várias normas de referência na indústria. Temos tido uma atividade constante a nível das qualificações de auditores, gestores de projeto ou pessoal operacional. A nossa oferta é, neste momento, bastante abrangente e transversal à indústria. De que forma é que a OPCO tem, como principal preocupação, trazer para Portugal o que de melhor existe na área? Como o perpetuam? Até há bem pouco tempo, para obter algumas qualificações, teríamos de ir lá fora. Atualmente, tal
já não é, de todo, necessário, pelo contrário, temos várias situações de profissionais que vêm de fora obter essas qualificações connosco, em Portugal. Temos, neste momento, já implementados ou em fase de proposta, projetos com países Europeus, mas também com Marrocos, Tunísia, México ou Brasil, para referir alguns. Podemos claramente dizer que já passámos a fronteira de ir buscar lá fora, para a fase de levar lá para fora o que de melhor cá fazemos. De que forma é que a Inovação tem sido essencial para a OPCO no domínio da formação e da qualificação na indústria automóvel? Tem sido fundamental. Temos clientes que ainda escolhem com base no preço, simplesmente, mas o nosso
mercado não passa por aí, passa essencialmente por organizações que escolhem com base no valor. Podemos dizer que tem sido devido a essa inovação, seja em termos de conteúdos, abordagens ou pedagogia, que temos, ano após ano, crescido, a todos os níveis. Quais são os principais desafios da OPCO neste domínio e o que espera num futuro próximo da Indústria Automóvel? Os desafios estão identificados e passam por temas como novas normas, novos sistemas de gestão, os quais estamos já a desenvolver. Acreditamos que serão essas novas áreas que farão a diferença, a médio prazo. ▪
www.opco.pt | academia@opco.pt
13 Junho 2018
tria para o fornecimento de produtos automóvel. Este crescimento acarreta, principalmente, a necessidade de pessoal qualificado pelo que, um dos pontos prioritários, passa claramente pela gestão do conhecimento e gestão das competências.
» TEMA DE CAPA
“É preciso ousadia de mostrar ao mundo que em Angola há angolanos que fazem bem” A Revista Pontos de Vista conversou com Cilene Correia, CEO da Defendideias, uma marca de renome e que tem vindo numa esfera evidente de crescimento ao longo dos anos. A nossa interlocutora recusa o rótulo de empreendedora revolucionária e muito menos o de destemida. É «somente» uma empresária angolana que respeita os seus colaboradores e o seu país. “A única coisa que pretendo é conseguir exercer o meu trabalho cumprindo, através dele, a minha missão de vida que é a de mostrar ao mundo que ANGOLA FAZ E FAZ BEM!!!”. Conheça uma marca que é um projeto de vida liderado por uma personalidade que se define como uma sonhadora... uma mulher furacão.
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DEFENDIDEIAS surge em 2009 em Luanda, Angola, como empresa de design. Estamos a falar de quase dez anos de existência. Para si são dez anos de…? De completos desafios, em que todos os dias te “reinventas” para conseguir ultrapassar as situações anómalas que surgem… São dez anos de realização total porque o dia-a-dia vai muito para além do aspeto meramente profissional… acabas por ser a chefe, a mãe, a amiga…
A DEFENDIDEIAS é mais do que uma empresa, é um projeto de vida. Pode falar-nos um pouco mais sobre como surge este desafio? Sim, é o projeto da minha vida que mais não é que a continuidade do projeto de vida dos meus pais, numa outra dimensão e em ‘parâmetros’ diferentes. Prometi ao meu pai que voltaria à terra que ele amou como sua, honraria o trabalho deles com o meu trabalho conferindo-lhe a mesma dignidade e respeito pelos outros, a mesma garra e o mesmo amor! Pretende elevar o nome de Angola e promover a valorização da identidade angolana. Trata-se mesmo de uma missão? Sente que tem sido bem-sucedida nesse propósito? Sim, é uma missão, sinto-o quase como a missão da minha vida… Sabe? Durante muitos anos senti-me ser inferiorizada por ser angolana, como se a terra onde nasci fosse “menor”, fiz-me mulher num sítio onde havia pessoas que me faziam sentir isso todos os dias… É preciso ousadia de mostrar ao mundo que em Angola há angolanos dignos, sérios, capazes de bem-fazer… Acho que tenho conseguido esse propósito através das nossas peças que ”gritam” a alma angolana, que provam ao mundo que os angolanos têm muito mais para dar, que vai para além da imagem que uma pequena elite criou.
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CILENE CORREIA
Um dos projetos mais recentes e marcantes diz respeito aos Mussulus. Pode dar-nos a conhecer os Mussulus? Os MUSSULUS, são fruto de todos os sonhos que fui tendo do colorido da minha terra enquanto geri, por um lado, as saudades e, por outro, a angústia de ver os meus pais “definharem” pela distância da terra que tanto amaram… Os MUSSULUS são os chinelos orgulhosamente angolanos, pintados com a cor da nossa alma e da nossa esperança.
te e, por isso se acha no direito de reclamar as situações com as quais não concorda tentando assim dar o seu contributo para que o ‘slogan’ de companha eleitoral: «Corrigir o que está mal e melhorar o que está bem» se cumpra! A única coisa que pretendo é conseguir exercer o meu trabalho cumprindo, através dele, a minha missão de vida que é a de mostrar ao mundo que ANGOLA FAZ E FAZ BEM!!!
É motivo de enorme orgulho pois sentimos todos que é a “coroação” de uma caminhada feita com resiliência, determinação e sempre com o foco no trabalho, fazendo bem e com qualidade
Isso pode significar que existem mais facilidades de trabalhar em Angola e que há maior abertura no apoio ao investidor nacional? Significa que a Defendideias tem à frente alguém que tem tanto de empreendedor como de louco (risos), ou seja: trabalhar em Angola não é fácil, todos os dias temos desafios novos para serem ultrapassados, todos os dias surgem situações anómalas que noutros sítios seriam impensáveis, todos os dias há “barreiras” que surgem sem sabermos como… Então o segredo é, em 1º lugar ter a audácia de contornarmos as situações sem ferir suscetibilidades e em 2º lugar ter a capacidade de “denunciar “ e de ir junto das competentes entidades e fazermo-nos ouvir… eu faço isso quase todos os dias pois considero que só a boa vontade do Executivo em mudar as “regras do jogo” não será suficiente se não puder contar com o apoio de todos os empresários que têm vontade de trabalhar e de dar o seu contributo. Compete a nós empresários ir chamando a atenção para o que não está bem, é necessário que haja mais e melhor fiscalização para que os projetos que se criam para apoio às empresas nacionais possam vingar. Digo isso em todas as reuniões para as quais sou convidada a participar: “sem fiscalização competente continuarão a ‘morrer’ empresas todos os dias".
Estamos perante uma empreendedora revolucionária? Não, de forma alguma. Recuso esse rótulo assim como recuso o rótulo de “destemida” como alguém já me chamou… Sou só uma empresária angolana que respeita os seus colaboradores, o seu país, pagando os salários e os impostos sempre atempadamen-
Tem tido apoio do poder executivo no desenvolvimento do seu projeto? Não sei bem ao que se refere quando fala em apoio, é assim: tudo o que fiz até aqui tem sido com capitais próprios e assim continuará. Apoio moral vou tendo de algumas entidades que fazem parte do nosso executivo e que acreditam no meu trabalho.
Falemos da atribuição do Prémio IAE Frankfurt, atribuído pela instituição BID na categoria de liderança, qualidade, excelência e inovação. O prémio BID à qualidade é um indicador de excelência conquistado por uma empresa que procura a qualidade total nas suas atividades. E para si o que representa este reconhecimento? É motivo de enorme orgulho pois sentimos todos que é a “coroação” de uma caminhada feita com resiliência, determinação e sempre com o foco no trabalho, fazendo bem e com qualidade! Tenho um grupo de trabalho que todos os dias se esforça por fazer melhor, que todos têm um orgulho enorme por fazerem parte desta equipa fantástica, a equipa do “VAMU LÁ” como gostamos de nos auto apelidar. A empresa continua a crescer e a dar cartas no mercado. Prova disso é o início de relação comercial com a Shoprite, o maior retalhista do continente Africano. Que passos ainda faltam ser dados para consolidar a presença da empresa no mercado africano? Ainda temos muito para fazer…A shoprite concretizou-se agora depois de muitos meses de negociações… isto é só o início… Estabelecemos o prazo máximo de dois anos para estarmos em todo o continente africano. Tivemos contactos e reuniões com uma grande cadeia espanhola mas que houve necessidade imperiosa, da nossa parte, de não prosseguirmos as negociações pois não teríamos capacidade de resposta de acordo com os nossos parâmetros de qualidade, pela falta de espaço físico para trabalharmos… Infelizmente e, apesar das necessidades que o nosso país
Os MUSSULUS são os chinelos orgulhosamente angolanos!!!, pintados com a cor da nossa alma e da nossa esperança.
15 Junho 2018
No auge deste projeto deu-se o início da exportação dos Mussulus para Portugal. Era algo que já ambicionava ou surgiu naturalmente? O projeto “MUSSULUS” que, para além dos chinelos, engloba uma linha de praia mais alargada, (sacos de praia, saídas de praia, óculos de sol, bolsas, etc.) é um projeto ambicioso, que nasceu com a pretensão de calçar os pés de todos os africanos, e depois, os pés do mundo… Curiosamente, a primeira oportunidade que surgiu, foi para exportarmos para Portugal, o que a mim me enche de duplo orgulho: é algo criado por mim na terra que me viu nascer, algo feito por angolanos que chega à terra onde me fiz mulher! Esperamos que no verão do próximo ano os MUSSULUS possam estar já por Portugal inteiro.
» TEMA DE CAPA
tem de dinamizar a sua economia, tivemos de abortar essas negociações. Brevemente irá ser lançada uma loja online. É mais um passo conquistado para elevar e levar o nome de Angola aos quatro cantos do mundo? A necessidade da loja online surge na sequência dos contactos que vamos tendo de pessoas de todo o mundo que, de alguma forma, vão conhecendo os nossos produtos e perguntam como podem adquirir. A loja no centro comercial Colombo em Lisboa onde se podem encontrar os MUSSLUS também tem sido uma “montra” para nós.
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Têm projetado a construção de uma unidade fabril, é verdade? Para quando? Sim, é verdade, estamos há dois anos a construí-la, a lutar com capitais próprios para conseguir concretizar aquilo que considero ser uma das maiores façanhas da minha vida. Teremos 2000 metros quadrados de área de produção, 500 metros quadrados para área
É fácil ser mulher no mundo empresarial? Ainda existem entraves à ascensão das mulheres a cargos de topo? Eu não sinto nem nunca senti entraves pelo facto de ser mulher… reconheço que não é fácil mas, por isso, temos de saber impor-nos pelo respeito e pela auto valorização do que sentimos ser e podemos fazer!!!
administrativa e mais 500 metros quadrados destinados a balneários e refeitório. Não sei quando conseguirei concluir a obra e, finalmente, podermos trabalhar num espaço condigno e com capacidade de maior produção para não perdermos oportunidades como já aconteceu. Infelizmente os bancos não acreditam no nosso projeto… resta-me, pois, respeitar isso e continuar a trabalhar no sentido de concretizar os objetivos que são meus mas que acompanham os objetivos que o país precisa de alcançar para dinamizar a sua economia. A DEFENDIDEIAS é descrita como uma empresa que nos transporta aos sons, cores e formas de Angola. Essas características continuarão bem presentes na nova coleção? Quando será o seu lançamento? A nova coleção que, garantidamente, será apresentada este ano continuará a ter bem patente a identidade angolana. Cilene Correia, natural do Seles – Kwanza Sul,
Que caraterísticas vincam a sua liderança? O respeito pelos meus colaboradores, o sentir e perceber que sem eles não conseguiria atingir objetivos, o sentimento de que, por eles vale a pena lutar até à exaustão para não deixar ‘morrer’ este projeto que também é deles
é a mentora deste projeto. Quem é Cilene Correia enquanto mulher? Uma sonhadora, uma amante da sua terra, uma ‘sentimentalona’ e… uma mulher furacão (risos) E quem é Cilene Correia enquanto empresária, empreendedora e líder? Sabe? Tenho um defeito: não consigo ser só empresária e “despir-me” da mulher que sou… às vezes poderá ser menos bom mas eu acho que é isso que faz de mim uma verdadeira líder. ▪
ANA INÊS ANDRADE, CREATIVE DESIGNER DA DEFENDIDEIAS, EM ENTREVISTA «
“Não existe sucesso sem trabalho e isto é o que me define” Ana Inês Andrade é a Creative Designer da Defendideias e, em entrevista à Revista Pontos de Vista, conta como é fazer parte deste projeto e como tem crescido enquanto profissional e pessoa, assegurando que “não podia estar mais feliz com tudo o que já conquistei até hoje”.
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Inês Andrade assume-se como a Designer da Defendideias. Começaria por perguntar como surge esta relação com a marca e que balanço é possível fazer da ligação com a mesma? Sempre tive uma paixão por Angola. Cresci com as histórias da minha avó que me marcaram e que despoletaram este amor pelo país. Depois de pisar pela primeira vez a terra vermelha de Angola, apercebi-me que tinha que honrar a terra da minha avó e decidi abraçar este projecto de corpo e alma. Não podia estar mais feliz com tudo o que já conquistei até hoje. Se hoje me fosse embora iria consciente de que deixei a minha marca. O que é para si ser um elo importante no âmbito da dinâmica da Defendideias? É ser tudo, o braço esquerdo e o direito. É olhar para a Defendideias como se fosse minha e dar o melhor de mim. Só assim é que os restantes colaboradores da equipa, que eu supervisiono, conseguem ver que também são especiais e orgulharem-se do que fazem diariamente.
Como mais que uma colaboradora da marca, como é que caraterizaria o seu contributo para o crescimento da Defendideias? De que forma é que se inspira para fazer a diferença? Não existe sucesso sem trabalho e isto é o que me define. A entrega, a dedicação e a persistência são algumas das características que fazem parte de mim e do meu dia-a-dia. Contribuo para a formação dos colaboradores para que possam desenvolver autonomamente o seu trabalho. Somos uma equipa integrada numa empresa com missão, valores e cultura que valorizamos. Inspiro-me nas cores, na cultura, na música e na diversidade cultural. Sou amante das cores e adoro tudo o que sejam cores fortes e mistura de padrões. Não podia estar num lugar melhor para viven-
ANA INÊS ANDRADE
ciar esta experiência. Não vejo a arte enquanto concorrência, a arte é livre e eu tenho o meu estilo próprio e bem definido.
17 Junho 2018
E como surge o contato e a relação com Cilene Correia, CEO da Defendideias e mentora de todo o projeto? De que forma é que a vossa dinâmica enquanto personalidades tem sido essencial para que esta união seja positiva e de sucesso? A nossa relação profissional iniciou-se após a minha licenciatura em Design com a execução da primeira peça: as chávenas da Independência de Angola em 2011. Isto aconteceu antes de decidir abraçar o projeto de corpo e alma em 2014. Esta relação vive de dois lados: o profissional e o familiar, pelos laços de sangue que nos unem. A dinâmica move-se pela existência de dois carateres quase opostos, um extravagante, ambicioso e emotivo; o outro racional, minucioso e criativo. Assim sendo, conseguimos juntas encontrar pontos de vista diferentes, ideias que se complementam e consensos, para abarcar a diversidade da noção do “belo” espalhado pelo mundo.
Nos produtos e imagens desenvolvidas por si para a marca, de que forma é que tenta que os mesmos tenham um pouco da personalidade de mentora deste projeto, Cilene Correia? Nas peças, vou mais além do que é cultural, tento sempre passar uma história que faz parte das memórias da minha família. Muitas delas é a Cilene que me conta e eu transporto-as para uma peça que será sempre especial. Sinto que só assim é que faz sentido porque sei que também é a realidade de muito angolanos. O que podemos continuar a esperar no futuro de Inês Andrade e da Defendideias? Ainda me falta fazer muita coisa. Queremos lançar a linha dos fatos de banho que é algo que desejo muito fazer com a Defendideias e que prevemos concretizar brevemente. Sinto que nos próximos anos vamos poder desenvolver e inovar a produção angolana. Mostrar ao mundo que aqui existem pessoas capazes de contribuir para a divulgação da cultura angolana resultante da produção nacional. ▪
Escolher a Defendideias é…? Que palavra descreveria melhor Cilene Correia? Um desafio constante, sem dúvida. Batalhadora, aquela que não desiste.
»Miguel Sousa Confeçcões S.A.
TRABALHAR. PENSAR. RESOLVER. Barcelos - localizada na província do Minho, muito a norte do país, a 40 km da fronteira com a Espanha, permanece na parte portuguesa do “caminho de Santiago”. A cidade de Barcelos, com as suas 60 freguesias circundantes, é um importante centro de produção de têxteis e vestuário. E - Barcelos é o local onde Claudia Sousa e Miguel Sousa construíram o seu negócio. Um pouco uma jornada de peregrinação, de facto, o desenvolvimento de um negócio modesto, como uma loja de varejo com alguns serviços de alfaiataria para um negócio respeitável, ganhando cada vez mais atenção internacional nos dias de hoje – Deu agora o salto para se tornar uma marca de moda. Represent a new generation of entrepreneurship in Portugal: ClÁudia Sousa and Miguel Sousa
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eças de design, partes de cima e de baixo, vestidos, peças extravagantes fabricadas a partir de uma variedade de tecidos jersey e outros tipos de malhas que é no fundo a especialidade da empresa. Até agora nada fora do comum, mas então o que torna a Miguel Sousa Confeçcões S.A. diferente? A qualidade de fabrico extraordinária e - uma oferta de serviços completos de design / desenvolvimento de produtos, compra de tecidos e acabamentos até ao produto final, rotulados e embalados de acordo com as exigências do cliente. Esta é a base da sua elevada reputação. No entanto, em particular, as marcas de moda da Escandinávia quem mantêm uma parceria de longo prazo com a Miguel Sousa também contam com os acabamentos de costura de alta qualidade. Com 50 funcionários no departamento de corte e coze mesmo ao lado do departamento de amostras, subcontratou um total de 17 subcontratantes. Com uma enorme variedade de estilos e cores continuamente na pipeline , a empresa vê-se constantemente confrontada com elevadas exigências na gestão de cada pedido individual. Cerca de 20 clientes habituais colocam atualmente os seus pedidos, aproveitando a rápida reação do fabricante de roupas, que tem uma capacidade de produção de cerca de 40.000 peças por mês.
Para além disso, o lançamento da sua própria coleção de marcas irá tornar-se o próximo ponto alto do empreendedor Miguel e da sua esposa Cláudia - uma mulher talentosa no mundo da moda e confeção. Juntos, eles têm vindo a avaliar as possibilidades de sistemas automáticos vantajosos de última geração para vários projetos, seguidos por testes sistemáticos e investimentos em tecnologia de alta gama, paralelamente ao crescimento dos negócios ao longo dos anos desde que a start-up clássica foi fundada em 2001. “A nossa decisão a favor da Gerber, como nosso parceiro tecnológico de eleição, demonstrou repetidamente que é a melhor maneira possível de assegurar, de forma sustentável, a continuação da existência e desenvolvimento dos nossos negócios”, afirmou Miguel Sousa. “Crescemos com a Gerber Technology e isso também se deve à consultoria orientada para processos de alto nível e ao serviço confiável prestado pela equipa da Gerber localizada em Portugal.”
Processos integrados levam a aumentos de produtividade entre 25% a 30%
Houve de imediato um forte interesse quando o fornecedor global de tecnologia com presença em mais de 130 países, introduziu o inova-
dor sistema ‘Cut-ticket Option’, implementando uma solução totalmente integrada desde o software de desenho de marcadas AccuMark e marcadas automáticas AccuNest, estendimento do material até ao corte automatizado. O próximo passo estratégico lógico para o fabricante de moda em relação à melhoria significativa do processo foi concluído em 2017. Atualmente, a sequência do processo rigoroso e totalmente controlável é a seguinte:
Para o próximo processamento de vários pedidos
• Os planos de corte são desenvolvidos no AccuMark • Em seguida, o encaixe das peças é otimizado no AccuNest • O AccuMark gera uma eqtiqueta de corte impresso com código de barras por pedido • Digitalização do código de barras para obter os detalhes do estendimento • O etiquetador da Gerber aplica a etiqueta de corte da peça no colchão - ou em diferentes camadas, no caso do estendimento incluir várias cores • O AccuPlan gera um plano otimizado da ordem de corte de acordo com o fluxo de trabalho global, prazos de entrega, entre outras vantagens. • O Software de corte PARAGON permite ace-
der com facilidade diretamente do monitor a todos os detalhes e métricas relevantes para o processamento do pedido. “Dada a variedade de materiais e cores que enfrentamos, o processo integrado agora em vigor tem um grande impacto na produção que somos capazes de gerar - a produtividade aumenta em 25 a 30%”, sublinhou Miguel Sousa. Ele enfatiza a drástica redução de horas extras em 90%, enquanto antes parecia inevitável nos horários de pico. E o que isso significa em relação à rentabilidade da empresa e, portanto, também em relação ao provável ROI, Sr. Sousa? - “Bem, aumentamos o nosso rendimento numa média de 50% com a mesma quantidade de força de trabalho. Além dos benefícios monetários associados, hoje em dia, somos capazes de responder com muito mais rapidez e facilidade aos nossos clientes coloca-nos numa posição altamente competitiva e forte”. Na sua opinião geral: O aplicativo “Cut ticket” apoia o planeamento para um crescimento adicional e o desenvolvimento da empresa para um novo nível, também como um fornecedor de produtos de marca própria, de uma forma superior às expectativas.
tecido para uma nova linha de produtos: Algodão orgânico, tecidos produzidos a partir de resíduos plásticos reciclados recolhidos do mar, tecidos Ökotex e GOT - tecidos certificados com estruturas e estampados mais atraentes estão à nossa frente, desenvolvidos por empresas têxteis portuguesas como Vilartex e Sodlir - todas elas ligadas a empresas de moda através de uma grande colaboração de clusters, iniciada pela faculdade de têxteis da Universidade do Minho. – A Universidade do Minho (Uminho) representa uma das “Novas Universidades” que, na altura, mudou profundamente a paisagem do ensino superior em Portugal. O nível da atividade científica, tecnológica e cultural da Universidade concedeu-lhe reconhecimento internacional. Em particular, para o segmento têxtil e, portanto, de vestuário, pesquisando entre outros segmentos de forma intensiva em todos os aspetos relacionados à proteção do meio ambiente, essencial para a indústria têxtil europeia. Mas isso é uma outra história desta região particular ao longo do Caminho de Santiago. ▪
Seguindo novos caminhos
O espírito de inovação, de uma nova geração de empreendedorismo é omnipresente quando nos deslocamos na Miguel Sousa Confeçções S.A. - num edifício funcional pós-moderno, com operações surpreendentemente silenciosas, onde todos parecem saber exatamente o que fazer. E assim o encontramos - o Espírito de inovação - além da apresentação de catálogos de
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» Ribau Esteves, Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, em entrevista
Venha conhecer a «Veneza portuguesa» …
Aveiro
A Revista Pontos de Vista foi conhecer aquela que é considerada a «Veneza portuguesa». Falamos, naturalmente, da cidade de Aveiro, um local com um enorme potencial e riqueza em todos os sentidos. Estivemos à conversa com Ribau Esteves, Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, que nos deixou algumas diretrizes do presente e do futuro de uma das mais belas cidades portuguesas… Aveiro.
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onhecida como a “Veneza portuguesa” a cidade de Aveiro encanta-nos com os seus edifícios exuberantes e a incrível biodiversidade da ria. Visitar e conhecer a cidade de Aveiro é…? É ter uma experiência única a todos os níveis: a beleza natural e única dos canais urbanos da Ria de Aveiro, as salinas e as marinhas de sal, os nossos barcos moliceiros, a gastronomia, das enguias aos ovos-moles, passando pelo Licor de Alguidar e o principal, as Gentes de Aveiro. Somos a Cidade dos Canais, uma Terra com Horizonte, feita de gente boa, empreendedora que sabe inovar, cuidar e preservar. É essa a nossa principal missão, cuidar da herança recebida, para a dar valorizada aos nossos filhos, e a Ria de Aveiro é uma muito boa herança que queremos continuar a cuidar bem. Formada no século XVI, a Ria de Aveiro, com a sua biodiversidade, é hoje o símbolo e o espelho de uma cidade em forte crescimento. Está a Ria de Aveiro preparada para este crescimento? Que desafios acarreta o mesmo para o Município de Aveiro? Para o mandato atual 2017/2021 existem dois grandes eixos que estamos a trabalhar: a Cultura e o Ambiente. Queremos valorizar a frente-Ria, melhorando a sua perceção, intensificando a relação entre a terra e a água da Ria de Aveiro, apostando no modo de mobilidade elétrico para as embarcações. Neste âmbito iremos criar uma rede de distribuição de energia elétrica de abastecimento nos cais para os Moliceiros e restantes embarcações. Aveiro Cidade dos Canais é uma aposta a continuar. Estamos já hoje a qualificar os canais urbanos com a reabilitação de vários canais, inauguramos recentemente a nova Ponte de São João, que faz a travessia do Canal de São Roque e
RIBAU ESTEVES
“É neste sentido que as vias ecológicas cicláveis são tão importantes para o Município e para a Região de Aveiro, e que estamos a ultimar a Grande Rota da Ria de Aveiro no âmbito da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro”
que permite a partir de agora que os barcos moliceiros tenham uma largura de navegação bem superior à que existia com a antiga ponte. Esta é uma obra que vai ficar para a cidade durante várias gerações. O CMIA – Centro Municipal de Interpretação Ambiental, visa promover a educação ambiental, potenciando a sua proximidade com a Ria de Aveiro. Qual tem sido o impacto do seu propósito nos visitantes e, inclusive, nos habitantes? O CMIA tem um edifício-sede que integra um conjunto de equipamentos inaugurados há cerca de dois anos, nomeadamente o Cais da Ribeira de Esgueira, o Parque Ribeirinho do Carregal e o Parque Ribeirinho de Requeixo. Com um investimento ligeiramente superior a um milhão de euros, o CMIA é um espaço notável e diferente, de arquitetura contemporânea, desafiando-nos a conhecer mais sobre a Ria de Aveiro, e com um ponto de observação diferente e excecional sobre o Salgado Norte Aveirense e sobre a Cidade de Aveiro. Recebemos visitantes de vários pontos da Europa, bastantes Escolas em visitas de estudo e através de um protocolo firmado com a Universidade de Aveiro, damos a oportunidade aos alunos de biologia de fazerem lá o seu estágio para conclusão do seu plano de estudos. O balanço é claramente positivo, ajudando a sensibilizar os cidadãos e a dar a conhecer a fauna e flora da Ria de Aveiro. Com 107 km de extensão, qual é a complexidade e que importância assumem as vias ecológicas cicláveis da Polis Litoral Ria de Aveiro? As vias cicláveis que estamos a tratar de desenvolver terão um traçado final de mais de 300km de extensão. O Património Natural assume um
“Recebemos visitantes de vários pontos da Europa, bastantes Escolas em visitas de estudo e através de um protocolo firmado com a Universidade de Aveiro, damos a oportunidade aos alunos de biologia de fazerem lá o seu estágio para conclusão do seu plano de estudos”
O Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano da Cidade de Aveiro (PEDUCA) é uma aposta da Câmara Municipal. No âmbito do PEDUCA que projetos são de destacar? O PEDUCA integra um vasto conjunto de intervenções, nas áreas da qualificação urbana
de edifícios e espaços públicos, da mobilidade e da qualificação de Bairros Sociais, com um valor global de investimento de 25 milhões de euros. No site da CMA, www.cm-aveiro.pt, pode ser consultada informação sobre os vários projetos e o seu estado de desenvolvimento. Uma nota de destaque para a Qualificação do Rossio, que assuem a opção política de dar à Cidade de Aveiro uma Praça Urbana de elevada qualidade, que conjugue um espaço livre e grande para a realização de eventos e para espaço de encontro das Pessoas, deviamente conjugado com espaços verdes e a presença de árvores, numa organização que valorize devidamente a frente-Ria, do Canal Central e do Canal das Pirâmides. Dar muito mais espaço à utilização pedonal alargando passeios e criando novas zonas de estar e de circular com qualidade, condicionar a circulação automóvel, organizar o estacionamento numa área de menor valor e sem impacto na paisagem urbana, resolver os problemas de segurança conferindo um bom ambiente de segurança passiva, são objetivos assumidos nesta aposta de qualificação. Estamos a desenvolver este projeto em fase inicial, de forma aberta e participada, estando disponíveis para receber contributos de quem o entenda por bem fazer, o que desde já agradecemos. ▪
21 Junho 2018
papel basilar neste processo, que queremos que tenha uma forte vocação turística, mas também de coesão territorial e de inovação. Não obstante o valor intrínseco e singularidades dos recursos turísticos (naturais ou culturais), não pode ser descurada a necessidade de criar as condições básicas necessárias para que os visitantes possam experienciar os territórios de uma forma, mais ou menos, autónoma. É necessário conferir uma melhor acessibilidade do Homem à Natureza, para que esta possa ser compreendida e desfrutada por um maior número de pessoas e de uma forma mais intuitiva. Para cumprir este propósito é importante dotar os territórios de sinalética e estruturas de comunicação e construir estruturas de apoio à visitação. É neste sentido que as vias ecológicas cicláveis são tão importantes para o Município e para a Região de Aveiro, e que estamos a ultimar a Grande Rota da Ria de Aveiro no âmbito da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro.
Foi aprovada, em Conselho de Ministros, a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade 2030 (ENCNB 2030), reforçando que Portugal é reconhecidamente um país rico em património natural. Esta estratégia vem corresponder, de facto, à transversalidade das problemáticas que se colocam nos domínios da biodiversidade e da conservação da natureza? Em termos globais sim, sendo que existe muito dessa estratégia que tem de ser concretizada no terreno, materializando os objetivos definidos, podendo dar como exemplo a necessidade urgente de uma intervenção do ICNF na qualificação da Reserva Natural das Dunas de São Jacinto.
» José Manuel Boleiro, Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada E O DIA 10 DE JUNHO
“É o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Venham todos até Ponta Delgada”
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As celebrações do Dia de Portugal em 2018 vão começar nos Açores, notícia que foi anunciada no ano passado pelo atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Tendo como pretexto esta novidade, a Revista Pontos de Vista conversou com José Manuel Boleiro, Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, onde muito mais foi abordado.
stamos sensivelmente no final do primeiro ano do seu segundo mandato como edil daquele que é considerado o maior município dos Açores. Neste sentido, quais têm sido os pontos de ordem da sua gestão e quais as maiores conquistas realizadas até ao dia de hoje? Ver Ponta Delgada no Top 25 das melhores cidades para viver, visitar e fazer negócios (Portugal City Brand Ranking da Bloom Consulting) é uma “conquista” que expressa bem o desenvolvimento crescente e consolidado do concelho e que resulta de uma estratégia concertada entre os órgãos públicos municipais, regionais e nacionais, nas mais variadas áreas de atuação. Temos apostado numa gestão financeira criteriosa com vista a reduzir o endividamento, o que conseguimos, e temos ainda as melhores médias do país em prazo de pagamentos. A nossa prioridade diz respeito às questões socioeducativas: melhorar as condições para a Educação, combater a pobreza extrema, promover a inclusão social e fomentar a participação cívica. Em Ponta Delgada, num período nacional de restrições, rigor financeiro e prioridade no investimento público e nas áreas socioeducativas, desoneramos os custos de contexto da economia privada. Nesse sentido, foi feita uma aposta na diminuição dos custos em contexto do negócio turístico e de reabilitação urbana. Isto é, nós diminuímos as receitas fiscais, favorecendo os empresários enquanto investidores. Começamos por gerir melhor e disponibilizar o espaço público municipal na cidade para dar competências nomeadamente aos serviços de restauração, hotelaria e animação turística no centro histórico. Daí resultou o surgimento de esplanadas e ocupação de espaço público para o turista e para o próprio residente. Criamos animação cultural, recreativa e performativa no centro histórico da cidade, e, hoje em dia, o centro histórico de Ponta Delgada não tem nada a ver com que era há sete anos. Também renovamos o programa Reviva, que ajudava a desonerar o contexto de reabilitação e regeneração urbanas, acrescentamos o PIRUS (Programa Integrado de Regeneração Urbana Sustentável) e as ARUS (Áreas de Reabilitação Urbana). Isto veio permitir novas apostas em Ponta Delgada de reabilitação e o reforço do alojamento local, com um novo cenário e um novo paradigma de atividades no centro histórico da cidade. O turismo foi, efetivamente, a área que maior impulso económico deu a Ponta Delgada e que
JOSÉ MANUEL BOLEIRO
maior notoriedade e notabilidade deu à economia dos Açores. Em primeiro lugar, foi uma opção estratégica do Governo da República obrigando a região a apostar numa liberalização do espaço aéreo, isto é, à renegociação das obrigações de serviço público de transporte aéreo para os Açores, o que permitiu a entrada de empresas low cost e criou concorrência. Isto garantiu mais oferta de transporte aéreo e mais lugares. Esta medida juntou mais voos, mais companhias, menor preço e ainda notoriedade ao destino turístico. Inspirado por William Cowper, quando diz que Deus fez o campo e o homem fez a cidade, nós temos tentado criar estímulos na cidade pelo conforto, higiene e bom acolhimento. O balanço que perspetiva da sua gestão é positivo? Como definiria este período de liderança enquanto presidente da autarquia de Ponta Delgada? Com os meios que tivemos, e considerando o contexto económico e financeiro, acho que tem sido positivo. Reconhecemos, no entanto, que ainda há muito a fazer. Ponta Delgada pode potenciar um crescimento aos Açores, o que exige de nós, governantes, um trabalho de planeamento e resposta acrescido. A minha preocupação enquanto Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada é servir Ponta Delgada: os que cá vivem, trabalham e nos visitam (e os potenciais moradores, trabalhadores/investidores e visitantes).
As celebrações do Dia de Portugal em 2018 vão começar nos Açores, notícia que foi anunciada no ano passado pelo atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Que significado tem este facto para os Açores? Esta foi uma escolha do Presidente da República que honra e prestigia Ponta Delgada e que evidencia a exemplar relação, institucional e pessoal, que Marcelo Rebelo de Sousa mantém com a Região Autónoma dos Açores e, em especial, com o Município de Ponta Delgada. O que está a ser preparado pela autarquia de Ponta Delgada para estas comemorações? O que podemos esperar para este dia? A Câmara Municipal de Ponta Delgada vai atribuir a “Chave de Honra do Município, a mais alta Distinção Honorifica Municipal, ao Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, numa cerimónia que tem lugar hoje, dia 9 de junho, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, numa cerimónia restrita aos eleitos locais do Município e das Freguesias de Ponta Delgada. De acordo com o Regulamento das Distinções Honorificas do Município de Ponta Delgada, a “Chave de Honra do Município” destina-se a “galardoar titulares de órgãos de soberania nacionais ou estrangeiros e personalidades nacionais ou estrangeiras de reconhecida projeção e prestígio, que tenham desenvolvido ou desenvolvam ação meritória relacionada com o Município de Ponta Delgada ou que a ele se desloquem em visita de interesse relevante”.
Tem sido um defensor da descentralização no desenvolvimento integral e na coesão territorial em Portugal. O facto dos Açores terem sido escolhidos para a abertura das celebrações do Dia de Portugal em 2018 podem ser encaradas como uma vitória em prol da descentralização? Não colocaria a questão nestes termos. Esta foi uma escolha do Presidente da República que, como referi anteriormente, honra e prestigia Ponta Delgada e que evidencia a exemplar relação, institucional e pessoal, que Marcelo Rebelo de Sousa mantém com a Região Autónoma dos Açores e, em especial, com o Município de Ponta Delgada. A decisão de descentralizar faz todo o sentido para todos os dias. Crê que hoje ainda não é dada a devida relevância às Regiões Autónomas e ao seu papel e contributo para o desiderato nacional? O que acha que falta para que este panorama seja de facto uma realidade visível? A Autonomia Política dos Açores e da Madeira é uma das conquistas democráticas do 25 de abril com maior sucesso e impulso no desenvolvimento integral de Portugal e na importância geoestratégica do nosso país no contexto internacional. A minha opinião é a de que o país precisa de levar a efeito uma verdadeira reforma administrativa e descentralizadora, envolvendo também o poder local democrático, e de assegurar uma referência que identifique aquelas que são as responsabilidades melhor resolvidas por proximidade, tanto
ao nível de freguesia, de município e de regiões, sendo preciso considerar, desde logo, com realismo, a dimensão de cada realidade. Tenho defendido que é preciso formar uma ideia de coesão territorial pela repartição de competências entre a administração central, regional e local. Acho que se deve ponderar mais organização territorial em Portugal. O que tem sido realizado pela autarquia de Ponta Delgada em prol do investimento estrangeiro? Sente que este é um ponto essencial para o desenvolvimento da Região Autónoma dos Açores? O desenvolvimento não se faz por decreto, mas, ao invés, pode conseguir-se através da pedagogia e de orientações geradoras de confiança nos investidores e é isso que, enquanto executivo, temos procurado desenvolver. Não pretendemos fazer tudo sozinhos, e estamos dependentes de candidaturas a fundos comunitários e de parcerias estabelecidas com agentes económicos locais. A juntar a isso, Ponta Delgada tem a mais baixa taxa de IMI e uma carga tributária reduzida e competitiva, o que é um forte incentivo quer à fixação de população, quer à fixação de empresas. Aquando do início do seu mandato, assumiu que era importante um reafirmar do relacionamento institucional de proximidade e cooperação com todas as Juntas de Freguesia, independentemente dos partidos políticos. Como define atualmente as relações institucionais entre o Município e as Freguesias? Posso afirmar, pela minha perceção e atendendo ao retorno que tenho obtido dos presidentes de junta, que é pautada pela confiança e cooperação. Há, na relação institucional e financeira entre o Município e as 24 freguesias, referências de princípios e de valores doutrinários, mas sobretudo de comportamento, que nos devem orgulhar mutuamente. Aliás, a nossa opção estratégica de apoio financeiro às juntas – que devia ser exemplo para a configuração nacional – é pautada pela transparência e equidade de tratamento capaz de assegurar certeza, regularidade, estabilidade e previsibilidade e que deveria ser cultivada por todos. É fundamental para a evolução do Município que acha haja um sentido de diálogo e cooperação com as Juntas de Freguesia? Sem dúvida. O informar/comunicar e o saber escutar são essenciais em qualquer relação, para o reforço da confiança e estimulo da cooperação. Quais são os principais desafios e pontos de ordem de futuro da autarquia de Ponta Delga-
da? Que mensagem gostaria deixar a todos os açorianos? Ponta Delgada quer ser uma cidade Global. Estamos a trabalhar para estar na linha da frente dos conteúdos das cidades inteligentes. Ponta Delgada já proporciona hotspots urbanos, em vários pontos distintos. A nossa beleza natural é o nosso maior bem e é aquele que podemos oferecer, mas atualmente ainda existe um grande desconhecimento, quer pelo nosso lado, quer pelo lado de quem nos visita, e é aí que eu acredito que a tecnologia possa ajudar. Estamos a criar verticais de inteligência tecnológica citadina, para podermos desenvolver aplicações multilingue, que abarquem os principais pontos turísticos do nosso concelho. Devemos assumir o controlo do número de visitantes a cada espaço mais frágil, o que é muito importante para manter o equilíbrio e a sustentabilidade da natureza. Estas aplicações tecnológicas podem, aliás, justificar apoio dos fundos comunitários, e com o apoio de empresas privadas, que também têm tido enorme intervenção no desenvolvimento do concelho. As aplicações tecnológicas criarão roteiros mais avançados do que as placas informativas, para que residentes e visitantes se sintam integrados e conhecedores do nosso património. Como tenho defendido, recensear os ativos de natureza e de património cultural, com potencial turístico, para eliminar a contemplação ignorada pelas entidades públicas e a contemplação ignorante, por parte dos visitantes, que não tendo informação desconhecem o que visitam. Um trabalho a desenvolver por todos e liderado pela Região Autónoma dos Açores. ▪
Termino, pedindo-lhe que deixe um convite a todos para o dia 10 de Junho… É o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Dia de afirmarmos a cultura portuguesa e o seu lastro pelo mundo. É dia de expressar o nosso pátrio orgulho, respeitar e elevar o simbolismo institucional desta data. Venham todos até Ponta Delgada. Ao longo da Avenida Infante D. Henrique - das Portas do Mar, passando pelas Portas da Cidade e até ao Campo de São Francisco - há muito para assistir e participar. São todos bem-vindos!
23 Junho 2018
A maior cidade dos Açores vai ser, também, palco de outras cerimónias e espetáculos alusivos à data, com destaque para as Cerimónias Militares do Içar e do Arriar da Bandeira Nacional nas Portas da Cidade. Num mastro de 12 metros vai ser erguida uma bandeira de quatro panos oferecida pela Presidência da República e que ficará iluminada à noite. A Cerimónia Militar - Parada e Desfile Militar decorrerá na Av. Infante D. Henrique em frente ao Campo de São Francisco. A Câmara Municipal vai, para os eventos mencionados e para outros da responsabilidade da Presidência da República e do Governo dos Açores, disponibilizar um vasto conjunto de meios humanos, técnicos e patrimoniais. A autarquia também dará apoio ao nível da Segurança, Divulgação e Prestação de Serviços e Apoio Logístico, para além de disponibilizar o Coliseu Micaelense para a realização de concertos populares com a Banda da Armada (7 de junho), a Orquestra Ligeira do Exército (8 de junho), a Banda do Exército (10 de junho) e a Banda da Força Aérea (12 de junho).
» REGULAMENTAÇÃO DA ATIVIDADE DOS INTERMEDIÁRIOS DE CRÉDITO
INTERMEDIÁRIOS DE CRÉDITO O QUE MUDA? O regime jurídico que regula a atividade dos intermediários de crédito entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 2018. Considerando que a quantidade de intermediários de crédito que tem de regularizar a situação é grande - as associações profissionais falam à volta de 15 mil intermediários no conjunto de atividades - há um risco de entupimento nos serviços do Banco de Portugal. Américo Oliveira, Country Manager da Howden Iberia Portugal, explica-nos mais sobre este assunto.
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AMÉRICO OLIVEIRA
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m apenas 15 anos de atividade em Espanha, a Howden Iberia tornou-se o 5º Corretor de Seguros no “ranking” do mercado espanhol. No entanto, “no momento atual, creio que já podemos considerar o 4º no ranking, ainda que tal se concretize apenas nos apuramentos do próximo fecho de exercício”, começa por referir Américo Oliveira. A Howden Iberia é parte do Hyperion Insurance Group, sendo este, no panorama internacional, a maior organização independente de corretagem e subscrição (MGAs) de seguros. A principal característica deste grupo é a forte personalização das relações com os clientes. A Howden é um operador global focado na captação de talentos locais para oferecer ao mercado soluções especializadas e serviços de qualidade premium. A organização usa como lema a expressão “We know how”, para evidenciar a sua capacidade de gerar novas soluções e encontrar respostas eficientes em domínios de especialidade, sem prejuízo de também atuar transversalmente em todos os domínios da atividade seguradora. Em Setembro de 2016 a Howden decide avançar com a criação de uma sucursal em Portugal. “A globalização ibérica faz todo o sentido. A opção de começar de base zero é o melhor caminho quando, como é o caso, se pretende criar uma oferta diferenciada. É o percurso mais direto para implantar um modo de estar que aproveite a potência dos recursos já existentes na organização”, explica o nosso entrevistado. “Naturalmente que isso significa um percurso mais lento na aquisição de um volume de operações importante e na formação de uma carteira de negócios, mas estou certo que a marca Howden se tornará uma referência importante no mercado segurador português num curto espaço de tempo”, reforça ainda.
O PAPEL DO INTERMEDIÁRIO DE CRÉDITO
Este domínio particular é um bom exemplo da capacidade e da diferença da Howden Portugal e Américo Oliveira explica-nos o que vai mudar. No geral, trata-se de uma regulamentação nova que a supervisão do Banco de Portugal lançou para ordenar e dar segurança aos consumidores que recorrem a operações de crédito nas suas aquisições de consumo ou de imobiliário de habitação. Uma quantidade de operadores disponibilizam aos clientes os seus serviços de aconselhamento e de mediação na
fazia sentido, para nós, criar um processo de subscrição do produto que fosse expedito e automatizado por forma a facilitar o acesso a todos os operadores e a preços acessíveis por consideramos que os intermediários de crédito são operadores de pequena dimensão
esclarecer que quaisquer outros seguros de Responsabilidade Civil Profissional de que os intermediários sejam titulares não servem para este enquadramento legal específico. “Temos conhecimento de que o Banco de Portugal já começou a notificar alguns operadores que entregaram os seus processos de candidatura sem o seguro específico. Algumas associações profissionais tiveram o cuidado de, atempadamente, estudar e analisar este tema, transmitindo aos seus associados a informação adequada. Posso citar os casos da ASFAC (Associação das Instituições de crédito especializado) e da ACAP (Associação Automóvel de Portugal) que, na sequência desse tratamento, recomendaram aos seus associados a solução comercializada pela Howden em condições preferenciais de preço e facilidade de subscrição”, adianta-nos Américo Oliveira.
DEFESA DO CONSUMIDOR
colocação de crédito junto das instituições financeiras, e com este enquadramento legal essa atividade passa a ser regulamentada. Os consumidores passam a lidar com entidades que têm formação adequada e que reúnem características de idoneidade e de desempenho para a prestação de um serviço eficiente e seguro. É por isso que, para além das condições técnicas e de idoneidade que são requeridas para licenciar a atividade dos intermediários, se introduziu a obrigatoriedade de que tenham um seguro de Responsabilidade Civil Profissional – este permitirá aos clientes, que eventualmente sejam lesados por qualquer erro ou falha profissional cometida pelo Intermediário de Crédito, poderem ser ressarcidos dos danos que essa má prestação lhes provoque. Este é o espírito e a letra da lei que determina a obrigatoriedade deste seguro em defesa dos direitos dos clientes contraentes de crédito. No entanto, como refere o nosso entrevistado, tratando-se de um seguro novo que não estava disponível no mercado segurador, a resposta do mercado para estas solicitações novas é normalmente lenta, e poucos seguradores têm oferta especializada no domínio da RC Profissional. No espaço de dois meses, a Howden obteve suporte no mercado internacional para este fim e montou todo o processo de distribuição, estando já a comercializar soluções especificamente desenhadas para esta exigência.
“O FATOR TEMPO É MUITO IMPORTANTE”
Segundo a nova lei, os intermediários de crédito deverão completar o seu processo de autorização e registo para o exercício desta atividade até ao final do ano, sob pena de não poderem continuar a exercer a referida atividade. Assim, o fator tempo é muito importante. O processo de registo e licenciamento requer algum tempo – o Banco de Portugal tem 90 dias para se pronunciar sobre os pedidos recebidos, razão pela qual é importante que os interessados tratem do necessário com a maior antecedência possível. Américo Oliveira alerta que é importante
Eles são o foco desta nova regulamentação. “Como já referimos, o legislador preocupou-se em criar condições que garantam a competência e a idoneidade de quem desempenha as funções de intermediário de crédito, para que os clientes possam confiar na qualidade dos serviços que adquirem”, reforça o nosso entrevistado. O seguro surge para ressarcir os eventuais prejuízos que os clientes possam sofrer quando, apesar de tudo, ainda ocorrerem erros ou falhas profissionais dos intermediários. Quem não reunir estas condições não pode continuar a atuar como intermediário de crédito – condição de segurança que só beneficia os clientes. Para os intermediários, houve a preocupação de criar condições que permitissem facilidade de acesso e nível de preço comportável. “Estes intermediários de menor volume são seguramente a esmagadora maioria – basta pensar nas vendas a crédito de automóveis, eletrodomésticos, equipamentos eletrónicos, etc., para ter noção do elevado número de operadores. A expectativa de um volume de adesão elevado permitiu antecipar um efeito de escala para tornar os preços acessíveis”, refere Américo Oliveira. No plano processual foi feito um grande esforço de simplificação dos processos, chegando ao nível de permitir a subscrição online e padrões de serviço de 48 horas. No caso dos operadores de maior volume, continua a ser necessário fazer uma análise casuística, mas, ainda assim, com tempos de resposta otimizados. “Estamos convictos, em todos os sentidos, de estar a oferecer a melhor solução disponível no mercado para o seguro obrigatório de Responsabilidade Civil Profissional dos Intermediários de Crédito”, afirma Américo Oliveira, e conclui: “fazia sentido, para nós, criar um processo de subscrição do produto que fosse expedito e automatizado por forma a facilitar o acesso a todos os operadores e a preços acessíveis por consideramos que os intermediários de crédito são operadores de pequena dimensão. A nossa intervenção passa, portanto, por identificar a necessidade do mercado e promover um produto adequado com uma abordagem de proximidade para criar condições adequadas”. ▪
» Jorge Conceição, Country e Senior Manager da BLUE-INFINITY Portugal, EM ENTREVISTA
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JORGE CONCEIÇÃO
BLUE-INFINITY
IDEIAS SEM LIMITES "We are the pixel-pushing, code-creating, digital addicts of tomorrow. A combination of creative minds and technical excellence".
Este é o lema da blue-infinity que tem como missão melhorar o modo como as organizações líderes comunicam e interagem com os seus consumidores, clientes, colaboradores, fornecedores e parceiros através das soluções digitais inovadoras. Jorge Conceição, Country e Senior Manager da blue-infinity Portugal conta-nos mais.
SALESFORCE MARKETING CLOUD
O marketing digital é hoje um ponto fulcral para a “sobrevivência” das organizações. Fale-
As empresas têm de estar preparadas não só para a geração X e Y, mas também para um nicho da população mundial mais envelhecida e que não está tão disponível para as novas tecnologias e para a transformação digital
mos, portanto, do Salesforce Marketing Cloud, uma plataforma para profissionais de marketing que permite criar e fazer a gestão dos relacionamentos e campanhas de marketing com os clientes. Trata-se de uma plataforma inteligente, integrada e colaborativa que permite direcionar soluções de marketing digital com base no comportamento, nas preferências ou em qualquer outra informação dos clientes. “A nossa mais-valia é a forte capacidade que temos de integrar todos os sistemas de uma organização. Numa estratégia de economia digital em que fatores como business-to-business e business-to-consumer são cada vez mais prementes, a nossa capacidade de alavancar os sistemas que já estão em vigor sem sermos disruptivos, transportando os nossos clientes para essa economia digital, é o que nos diferencia. Sabemos fazê-lo e fazemo-lo com bastante sucesso”, garante Jorge Conceição. Procurando estar sempre um passo à frente com ideias inovadoras, o foco da blue-infinity é a economia digital. A economia digital assenta em quatro pilares tecnológicos – as tecnologias Cloud, Mobile, Social e Big Data – que constituem a denominada terceira plataforma, e que se ligam aos Aceleradores de Inovação: Internet of Things (IoT), Inteligência Artificial (IA)/Computação Cognitiva, Realidade Aumentada/Virtual, Impressão 3D, Robótica e Segurança de Próxima Geração.
OS DESAFIOS DA ECONOMIA DIGITAL
O papel das tecnologias digitais está a mudar e a economia digital está a ganhar uma maior dimensão e a transformar as regras económicas e os papéis que os líderes tecnológicos têm de assumir. Aqui, Jorge Conceição realça a importância de humanizar nesta transformação digital em que a máquina começa a substituir o homem em algumas vertentes. “Temos a preocupação de ter uma componente emotiva e humana”. Os desafios da economia digital, esses, passam pela compreensão das tendências geracionais. “As empresas têm de estar preparadas não só para a geração X e Y, mas também para um nicho da população mundial mais envelhecida e que não está tão disponível para as novas tecnologias e para a transformação digital”, conclui o nosso entrevistado. ▪
27 Junho 2018
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undada em 1995 a blue-infinity é hoje um importante player na economia digital na Suíça e na Europa. Em Portugal, a blue-infinity surge em outubro de 2014 pelas mãos de três consultores de Salesforce. Hoje, três anos e meio depois, já são cerca de 185 pessoas a trabalhar nesta era da transformação digital. Com mais de 20 anos, a empresa digital sediada em Genebra, foi adquirida pela gigante Dentsu Aegis Network, com a firme intenção de se desenvolver digital e internacionalmente. “É uma sinergia que fazia todo o sentido”, começa por referir Jorge Conceição A Dentsu Aegis Network é um grupo especializado em serviços de media, comunicação digital e comunicações criativas que inovam na maneira como as marcas são construídas. Por sua vez, a blue-infinity, enquanto empresa que atua na área da transformação digital, consegue alavancar todo o canal de informação e de dados dos seus clientes a partir desta componente da comunicação e marketing, ajudando as marcas e as empresas a transformarem-se e serem bem-sucedidas nesta economia digital. Para este propósito, a blue-infinity combina serviços apoiando-se no potencial do marketing, criatividade e tecnologia. Assumem-se uns apaixonados pelas tecnologias e a criatividade sente-se nas próprias instalações da empresa. Aliando a criatividade à tecnologia e com um espírito de uma startup numa empresa com uma maturidade de mais de 20 anos, esta combinação é o fator-chave para o sucesso da empresa que atua fortemente em duas áreas: a ativação de marca e a ativação da empresa. A operação portuguesa da blue-infinity, com a sua voracidade e criatividade, tece todo o suporte destas duas áreas de atuação, ajudando os clientes a ganhar uma expressão significativa digital ou internacionalmente. A verdade é que a blue-infinity Linked by Isobar acredita em ideias sem limites. A sua experiência digital é apoiada por sistemas e plataformas robustas, e é apoiada pelo poder e escala da Dentsu Aegis Network, através de mais de 50 mil especialistas, em 145 países, que inovam na maneira como as marcas são construídas.
» CIBERSEGURANÇA
INFORMANTEM A TECNOLOGIA PERTO DE SI A Cibersegurança diz respeito a todos. E, na era da transformação digital, urge aumentar o conhecimento e a utilização de boas práticas por parte de todos nós. Daniel Passos, Diretor de Soluções e Tecnologia da Informantem, fala-nos, na primeira pessoa, sobre as vulnerabilidades no domínio da cibersegurança.
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ediada em Lisboa, a Informantem é hoje um dos principais fornecedores nacionais de soluções de tecnologias de informação. Com a dedicação e empenho de uma equipa de profissionais, a Informantem fornece soluções e serviços especializados, alinhados com as estratégias dos principais fabricantes de Hardware e Software. Por sua vez, Daniel Passos, juntamente com a sua equipa, assume um papel preponderante na empresa, reformulando-a ao nível das soluções e das tecnologias de informação. Designer de processos de segurança e um apaixonado pelas tecnologias, Daniel Passos afirma que é tudo menos contra o desenvolvimento tecnológico. “Sou sim a favor da sua aplicabilidade consciente. A nossa sociedade e as gerações mais novas não entendem o quão vulneráveis estão com todo este desenvolvimento tecnológico”, refere o tecnólogo. Quanto à reformulação da Informantem, esta processou-se a nível do catálogo de serviços orientados para as soluções e tecnologias que estão a ser introduzidas na empresa. “Temos um leque alargado de serviços em termos de manutenção, por isso mesmo impunha-se fazer um «shift» para fazer face a toda esta dinâmica da transformação digital. Nós próprios transformámos os nossos serviços, acrescentando novas plataformas, novas soluções e novos serviços no nosso catálogo, de forma a modernizá-lo para continuar a garantir a confiança que os nossos clientes depositam em nós e para reforçar a segurança e integridade da informação, bem como o reforço das defesas a ataques cibernéticos”, explica Daniel Passos. No entanto, reforça que a segurança e a proteção dos seus clientes já é algo intrínseco à empresa, o que se reflete na confiança dos clientes na Informantem como uma entidade segura. De facto, a Informantem tem implementado e certificado um Sistema de Gestão de Segurança da Informação em conformidade com os requisitos da norma de referência ISO/ IEC 27001 na prestação de Serviços de Housing, Hosting, Backup e Disater Recovery. Caso de sucesso e orgulho é o facto de o Datacenter ter sido projetado para proporcionar ao cliente vantagens a nível de rapidez e segurança. O total controlo de acessos e monitorização garante uma disponibilidade total. Assim, passo a passo, a Informantem vai redirecionando a sua atuação no mercado, explorando novas áreas e disponibilizando novas soluções. Contudo, é importante consolidar áreas de negócios já trabalhadas pontualmente pela Informantem, bem como consolidar as ofertas com base nas ofertas dos fabricantes. A Informantem, com uma estratégia fortemente direcionada para um vasto portefólio de fabri-
DANIEL PASSOS
"Somos alfaiates de soluções. Cada negócio deve ser analisado, estudado e ter um pensamento estratégico, não só no âmbito da cibersegurança. Defendo que esta boa governança deva existir em todos os modelos"
cantes, redirecionou-se agora para um grupo mais restrito de fabricantes, de forma a garantir a especialidade dos seus produtos e serviços. Estamos a falar de parceiros como a HP, HPE, Microsoft ou a Cisco. “Trata-se de um modelo de consolidação da oferta e de especialização porque estamos a trabalhar com a tecnologia mais emergente destes fabricantes neste momento”, adianta Daniel Passos. A visão orientada para o cliente, aliada, à experiência e uso de normas internacionais, tais como ISO 9001, 14001 e 27001, permite à Informantem ser um integrador de referência nos diferentes setores de mercado.
CIBERATAQUE: ERRO HUMANO?
"hoje a segurança da informação e sua a consciencialização deve ser o mote das organizações, essencialmente para quem está na gestão de topo e “que adquire soluções de cibersegurança, mas que acaba por não estar verdadeiramente consciencializado sobre as vulnerabilidades"
Podemos afirmar que o ciberataque deve-se, na maioria das vezes, a um erro humano? Daniel Passos é reticente a esta questão. Não sabe se o desconhecimento é um erro, mas sim que, nos dias de hoje, com o fácil acesso à informação, a falta de uma consciencialização é um erro humano. “Por outro lado, somos demasiado “preguiçosos” e facilitamos o caminho para o ciberataque quando, por exemplo, colocamos as mesmas passwords em diferentes sites ou quando aceitamos termos e condições sem, verdadeiramente, as ler. O homem, por natureza, cria ferramentas de segurança, mas ele próprio acaba por se colocar numa posição de vulnerabilidade”, diz-nos. Explica, ainda, que hoje a segurança da informação e sua a consciencialização deve ser o mote das organizações, essencialmente para quem está na gestão de topo e “que adquire soluções de cibersegurança, mas que acaba por não estar verdadeiramente consciencializado sobre as vulnerabilidades”. Por sua vez, relativamente à proteção de dados e com a entrada em vigor do novo Regulamento Geral de Proteção de Dados, Daniel Passos também tem uma posição
bem vincada. “O Regulamento Geral de Proteção de Dados atualiza uma lei que já tem 20 anos pelo que urgia, com esta transformação digital, sofrer uma reformulação”, elucida. Mas, mais uma vez, também este tema está intrinsecamente relacionado com consciencialização. Consciencialização essa que passa por gestos tão simples como “tomar precauções quando andamos com o nosso telemóvel com o wifi ligado ou com as passwords gravadas”. “Concordo que hoje o RGPD é olhado com mais cuidado, mas porque traz consigo a aplicação de coimas. Não sei se traz algo de novo, mas coloca à luz do dia aquilo que deve ser enaltecido. Os direitos do cidadão, a segurança e tratamento dos dados pessoais ou os direitos da propriedade intelectual é algo que já sabemos há muito tempo. Agora se a consciencialização não muda, o regulamento apenas trará coimas pesadas”, acrescenta Daniel Passos. Neste domínio, a Informantem está consciente da importância de divulgar mais informação, pelo que está a desenvolver e a ministrar workshops por todo o país para apresentar as vulnerabilidades que o desenvolvimento tecnológico acarreta. ▪
“TUDO, SEM UMA ESTRATÉGIA, PODE CRIAR FRAGILIDADES”
29 Junho 2018
Quando questionado sobre se a transformação digital veio trazer tudo o que há de bom, mas também o que de menos bom há, Daniel Passos explica que tivemos um crescendo galopante no que diz respeito à transformação digital, portanto, “o bom e o mau é relativo”. “Estamos é muito mais vulneráveis por não termos acompanhado de uma forma tão próxima todo este crescendo. O bom e o mau já existe há muito tempo, e o crime informático também. Hoje estamos é mais expostos e vulneráveis ao ciberataque devido ao avanço das tecnologias”, acrescenta. E mais. A adoção de tecnologias mais recentes, sem que haja uma direção e uma estratégia, pode fragilizar a empresa para eventuais ciberataques. Aliás, “tudo, sem uma estratégia, pode criar fragilidades”, alerta o nosso entrevistado. É aqui que a Informantem se diferencia, por definir soluções e estratégias adequadas a cada empresa. “Somos alfaiates de soluções. Cada negócio deve ser analisado, estudado e ter um pensamento estratégico, não só no âmbito da cibersegurança. Defendo que esta boa governança deva existir em todos os modelos. Essa sim é uma forma correta de estar no mercado, adequando as soluções às necessidades e capacidades das organizações”, adianta Daniel Passos.
Informantem Há mais de 20 anos no mercado A Informantem, Informática e Manutenção, é um distinto fornecedor nacional de soluções e serviços de Tecnologias de Informação (TI). Há mais de 20 anos no mercado, é uma empresa competitiva e sólida, que garante, conjuntamente com os maiores fabricantes de Hardware e Software, soluções e serviços de Tecnologias de Informação adequados a cada cliente.
» GONÇALO CONDE, CEO DA BUBBLEVEL CONSULTING EM ENTREVISTA
FALEMOS DO novo RGPD e DE transformação digital! Gonçalo Conde, CEO da BUBBLEVEL CONSULTING, explica em entrevista o que as empresas ainda não sabem sobre conceitos que estão agora a fazer parte das preocupações do tecido empresarial português de forma evidente. Falamos de transformação digital e do Novo Regulamento Geral de Proteção de Dados. Saiba mais.
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gestão dos sistemas de informação é, mais do que nunca, um tema chave nas empresas”. Porquê? Nas duas últimas décadas, as grandes empresas criaram cargos específicos para pensar, desenvolver e gerir tecnologia e sistemas de informação. A gestão dos sistemas de informação é, mais do que nunca, um tema chave, seja micro, pequena, média ou grande empresa. Esta necessidade não tem diminuído, muito pelo contrário, tem aumentado especialmente no grau de cobertura da influência e intervenção dos sistemas de informação das empresas. Se há pouco mais de 25 anos despontava em Portugal a utilização da internet, primeiro nas universidades e grandes empresas, hoje em dia não existe praticamente negócio ou atividade que de alguma forma não a utilize, seja para se promover, para interagir com clientes e fornecedores ou mesmo sendo esta a única razão da sua existência. Ainda que com cada vez mais particularidades de empresa para empresa, a necessidade de uma consciencialização e visibilidade dos sistemas de informação cresce de dia para dia. Seja por imposição legal (comunicação digital com os diversos organismos estatais) ou por imposição de clientes e fornecedores, é praticamente uma utopia pensar ou ter a ousadia de pensar que se pode ter um negócio de venda de produtos ou prestação de serviços sem um computador ou um e-mail. Consideremos o seguinte facto, de acordo com a IDC, em 2015, mesmo num momento de crise, foram movimentados perto de 140 biliões de dólares em sistemas e informação, seja em Cloud computing, mobilidade, internet das coisas, realidade aumentada, Big Data e várias outras tendências. A constante evolução dos sistemas de informação não pára de nos surpreender, sendo esta área profissional a que maior taxa de atualização requer. estando nós a caminhar muito rapidamente para uma cada vez maior especialização, consideremos as seguintes áreas que estão em maior destaque / evolução:
GONÇALO CONDE
por qualquer razão ficar sem internet ou computador durante quatro horas num dia, o que pode fazer? Se tiverem a possibilidade de ter um equipamento de segurança ligado à vossa ligação à internet e abrirem a janela de interações em tempo real ficarão surpreendidos com as tentativas de acesso indevido a informação e sistemas.
Gestão da informação
Segurança da informação:
Não só está em voga com o RGPD (Regulamento Proteção de Dados), mas também com a consciencialização de que a informação é a nova moeda de troca. Recordemos os recentes escândalos que chegaram ao conhecimento público como o da Cambridge Analytica e o Facebook, ou ainda o caso Edward Snowden e as fugas de informação e utilização indevida de dados. Os cada vez mais crescentes casos de Ransomware (nos últimos três anos cresceram a um ritmo de vertiginoso de quase 50%), nas quais várias empresas nacionais ficaram praticamente paradas várias horas no dia perdendo milhares de euros. podem os pequenos empresários pensar: "ok, mas a minha empresa fatura 25k por ano, e os meus clientes estão num raio de 50Km, como é que isso me afeta?". Afeta todos. não podemos pensar que as nossas empresas são ilhas, não são! Parem e pensem um pouco, num dia de trabalho quantas interações fazemos com informação que nos chega no momento? Se
O termo é este mesmo, quanto tempo do nosso dia passamos a filtrar e catalogar informação? Quantos e-mail recebemos por dia? Quantos indicadores, números, estatísticas temos acesso em segundos? Centenas! Façam o seguinte exercício, tentem executar uma tarefa simples, como responder a esta entrevista por exemplo, com o telefone e o e-mail com motivações ativas e sem! Extrapolemos então, para tomada de decisão na sua empresa, expandir para outra região? Contratar mais pessoas? Abrir uma nova loja? Em que se baseiam estas decisões…. Em informação! Obter a informação necessária e concisa é chave!
Cloud computing
Adaptando um termo antigo, “é fácil, é barato... e pode poupar milhões”. Cada vez mais as empresas tendem a virtualizar as infraestruturas e sistemas. é um grande negócio, tanto do ponto de vista económico (redução de custos por não haver necessidade de manter um exército físico de toneladas de “ferro” na empresa), mas também de segurança da informação, entre outros aspetos. O Cloud computing tem crescido exponencialmente especialmente por parte das pequenas e médias empresas, que veem na virtualização uma excelente forma de competir de igual para igual com grandes empresas do mercado, do ponto de vista da TI. Ah, e o termo Cloud computing já era… agora é somente Cloud! ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
NOVOS PARADIGMAS DO RECRUTAMENTO EM PORTUGAL «
EXISTE UM NOVO PARADIGMA DO RECRUTAMENTO EM PORTUGAL? “As dinâmicas de recrutamento mudaram…Se antes o processo era controlado, quase na maioria, pelo empregador, agora este controlo é dividido por ambas as partes”, afirma Inês Miranda, HR Manager da Crossjoin. Venha connosco saber mais.
Durante muito tempo, o recrutamento foi encarado como um desafio pelos candidatos. Com a transformação digital, este paradigma alterou drasticamente. De que forma? O desafio direcionou-se completamente para os recrutadores? O desafio agora é de ambas as partes. Implica um esforço extra para quem recruta, que teve que deixar cair o habitual processo de anúncio e candidatura. Atualmente, recrutar implica pesquisa exaustiva, através de todas as novas formas de recrutamento. Implica também um investimento na atração de candidatos: não basta sermos um empregador, temos que ser a empresa onde todos querem trabalhar. No entanto, tanto esforço despendido implica também critérios mais apurados por parte de quem recruta, o que representa um novo desafio também para os candidatos. Os candidatos são agora a força dominante do processo de recrutamento? Penso que atualmente existe um equilíbrio. Se antes o processo era controlado, quase na maioria, pelo empregador, agora este controlo é dividido por ambas as partes. Há um processo bilateral de seleção: a empresa continua a decidir se o candidato corresponde ao que pretende, e o candidato, por sua vez, avalia a empresa e decide se é ali que quer desenvolver a sua carreira. O mercado está em clara mudança e enfrenta múltiplos desafios até no campo ético. Como podemos definir ou classificar o processo de
recrutamento atualmente? Estamos preparados para esta mudança? As questões éticas, relativas ao recrutamento, sempre se levantaram. Se até há pouco tempo as linhas eram ténues, e respeitar as questões éticas estava nas mãos de cada empresa e de cada recrutador, agora a realidade mudou! Com a entrada em vigor do novo Regulamento Geral de Proteção de Dados, surgiu a necessidade de reestruturar todo o processo de recrutamento. Agora as regras são claras, e têm que ser respeitadas. No geral, acredito que é uma mudança positiva: agora, o candidato tem um controlo maior sobre o processo, e sabe como e para onde vão os seus dados. Há uma maior transparência, e é menos provável acontecerem quebras de sigilo. No entanto, esta mudança também implica um maior processo burocrático, e este é o grande desafio para as empresas. Além disso, existe um desconhecimento geral sobre as verdadeiras diretivas do RGPD e de como impactam o recrutamento, o que poderá contribuir para uma fraca preparação por parte das empresas que recrutam. Na Crossjoin, o processo de recrutamento sempre ocorreu com total transparência, e por isso a implementação foi fácil. Foi feito um investimento, foram contratados serviços de consultoria externa, foi pedido apoio ao nosso gabinete jurídico, e com base nisso foram criados procedimentos internos que garantem que respeitamos todas as normas. Pode uma empresa recrutar um talento através do Instagram, por exemplo? Pode, mas é uma questão que tem que ser encarada com cuidado. Atualmente, o processo de recrutamento está muito associado às redes sociais. Estas redes são a nossa principal forma de comunicação com possíveis candidatos e são, na maioria das vezes, a primeira forma de contacto entre a empresa e o candidato. No entanto, o seu papel no recrutamento termina exatamente aí: chegar ao contacto. Não devem nunca ser usadas para recolher mais informações ou dados sobre os candidatos sem que estes estejam conscientes desse processo.
INÊS MIRANDA
Em quatro anos, em Portugal, a contratação através das redes sociais mais do que triplicou na Europa. Trata-se de um “novo paradigma ou um novo paradoxo”? Trata-se, acima de tudo, de uma nova forma de encarar o recrutamento – logo, um novo paradigma. As redes sociais são claramente a melhor e mais direta forma
de chegar aos candidatos e de fazer uma primeira abordagem. E são também a principal forma da empresa se promover enquanto empregador de excelência. Foi uma mudança instituída pelos candidatos, e à qual as empresas tiveram que se adaptar, dando origem a toda uma nova forma de recrutar. ▪
31 Junho 2018
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squeça tudo o que tem como certo relativamente a dinâmicas de recrutamento em Portugal”. Concorda com esta frase? Somente em parte. Sim, é verdade que as dinâmicas de recrutamento mudaram, e que os esforços de quem recruta, neste momento, estão a ser direcionados para outras realidades. No entanto, há toda uma cultura, e toda uma base de interação, que ainda se mantém, e que certamente não irá mudar ou irá demorar muito a acontecer.
» OS DESAFIOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO
INTERNACIONALIZAÇÃO REQUER MATURIDADE
Num mundo atual de intensificação da concorrência e de disrupção das tecnologias, a gestão em todos os setores precisa depender muito de objetivos estratégicos. E estratégia, aqui e hoje, é a palavra de ordem. João Faria, International Business Advisor, fala-nos mais sobre o crescimento das organizações e da internacionalização.
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JOÃO FARIA
Para João Faria é fulcral que as organizações respondam, igualmente, a outras questões. “Temos de perceber se fazemos a diferença no país onde estamos, para onde queremos ir e, sobretudo, se o nosso portefólio por si só e a nossa oferta de produtos e serviços marcam e vão marcar a diferença. Que modelo adaptar e que parcerias fazer. Tudo tem de ser ponderado. São questões que devem ser respondidas antes do processo de internacionalização”, explica o nosso entrevistado. Considerando que possa ser uma voz dissonante, João Faria acredita que a maior parte das empresas não têm que dar prioridade à internacionalização, têm é de se adaptar à realidade e necessidades atuais do mercado onde operam. “Aí, quando perceber que tenho o meu mercado dominado e estofo para crescer é que analiso a possibilidade de internacionalizar. Temos de esquecer a ideia de que se uma organização não se internacionalizar não é bem-sucedida. É uma questão de adaptação e estratégia”, afir-
ma o nosso interlocutor que também viu uma oportunidade de mercado em Portugal, concretamente em Sintra, e a qual não passaria pelo processo de internacionalização, mas sim pelo processo de adaptação à realidade do mercado português atual. João Faria abriu um negócio onde a cultura e história do nosso país se aliam ao comércio e oferta de produtos diversificados e diferenciadores: o Celeiro Popular. Ao longo da sua história (desde 1952) o Celeiro Popular, sempre foi um ponto de encontro onde se potenciam os sabores tradicionais de Portugal. Hoje é um local de excelência para uma verdadeira experiência gastronómica onde se reinventam os sabores tradicionais de Portugal, numa verdadeira galeria de arte. Mais uma vez, a internacionalização não é um passo obrigatório para o crescimento de uma empresa. E mais. É preciso perceber a diferença entre internacionalizar e exportar. “São conceitos diferentes, com custos e dimensões diferentes
O PAPEL DO STRATEGY ADVISOR
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e com riscos diferentes. É um debate interno de uma organização que precisa de ser mediado e bastante ponderado”, afirma o nosso entrevistado. É neste âmbito que se enquadra o trabalho de João Faria como International Business Advisor.
nquanto International Business Advisor, João Faria respondeu-nos a algumas questões sobre o paradigma atual da internacionalização. Será que o crescimento de uma organização e a sua estratégia, passam, inevitavelmente, pelo processo da internacionalização? O nosso entrevistado responde que não. A internacionalização não tem de ser forçada. É algo que acontece naturalmente, é um estágio de evolução e de maturidade de uma organização e, inclusive, tem de existir um DNA para esse processo. “Há um conjunto de questões que, inclusive, levanto nos meus workshops que devem ser tidas em conta. Temos de fazer perguntas como “será que esgotei o mercado nacional?”, “tenho dimensão para internacionalizar?”. As empresas têm de ter noção que para internacionalizar têm que ter uma resiliência financeira de, pelo menos, quatro anos. Se não tiver dimensão, segurança ou estrutura interna suficientes não devem dar este passo”, começa por referir João Faria.
OS DESAFIOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO
Estará o tecido empresarial português preparado para este processo de internacionalização? O que é que implica este processo? João Faria explica que há um conjunto de players que falam em internacionalizar sem nunca terem saído do país. Recolhem todas as informações e dados que são necessários, mas existem coisas que têm de ser vividas. As questões culturais e sociais, as diferenças e os impactos locais nos negócios envolvem uma vivência de longa duração no país de destino. “É aqui que me quero posicionar. Apoiar os empresários e ajudar as empresas a viver esta experiência imprescindível que faz a diferença para o processo de internacionalização”, acrescenta João Faria para quem humildade, aqui, é a palavra de ordem. “Temos de saber olhar para as oportunidades de internacionalização e perceber que não podemos ir sozinhos. Isso implica estudar o país de destino e o que vamos fazer nesse mercado”, explica o nosso entrevistado. “Faz sentido empresas portuguesas irem para o mesmo mercado concorrer ou faz sentido as empresas irem para o mesmo mercado complementarem-se?”, questiona João Faria. “Isto é algo que os empresários portugueses ainda não fazem, aproveitar as mais-valias das parcerias”, diz-nos. “Quando internacionalizamos não temos de ter obrigatoriamente a ideia de que vamos liderar, mas sim enriquecer um parceiro que já existe e complementar uma oferta nesse mercado. É por aqui que as empresas portuguesas deveriam ir”, conclui o nosso entrevistado. A internacionalização implica preparação, a todos os níveis, estado de espírito (aceitar desafios, empreendedorismo) e, acima de tudo, maturidade. ▪
A IMPORTÂNCIA DO E-COMMERCE NO GRUPO CTT «
E-COMMERCE ASSUME POSIÇÃO ESTRATÉGICA NO GRUPO CTT “O Grupo CTT enquanto líder do mercado de Expresso e Encomendas em Portugal, posiciona-se como o parceiro natural dos retalhistas, startups e empreendedores em iniciativas de e-commerce, no sentido de lhes fornecer as soluções de logística e entregas que proporcionem aos seus clientes a melhor experiência de compra”, afirma Alberto Pimenta, diretor de e-commerce dos CTT.
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m 2009 apenas 13% dos portugueses faziam compras online, dados indicam que até 2025 a percentagem aumentará até aos 59%. A internet está mais con-
Para o grupo CTT que importância tem o E-Commerce? O e-commerce, como impulsionador do crescimento das atividades de logística e entregas de encomendas, ocupa uma posição central na estratégia dos CTT, constituindo, a par do desenvolvimento do Banco CTT, uma das principais alavancas do seu crescimento futuro, como contraponto ao declínio estrutural do correio devido à substituição das cartas pelas novas formas de comunicação eletrónica, um fenómeno que está a decorrer de forma global. De uma forma muito clara e proactiva neste domínio, o Grupo CTT enquanto líder do mercado de Expresso e Encomendas em Portugal, posiciona-se como o parceiro natural dos retalhistas, startups e empreendedores em iniciativas de e-commerce no sentido de lhes fornecer as
ALBERTO PIMENTA
soluções de logística e entregas que proporcionem aos seus clientes a melhor experiência de compra. Transformação digital é um foco dos CTT? Em que moldes se processa o mesmo no grupo? Ao nível do negócio, e considerando as três áreas de atividade em que os CTT atuam, o posicionamento e ação estratégica para o digital compreende fundamentalmente o seguinte: preservar o valor do negócio core (Correio), mediante o desenvolvimento de soluções de convergência entre o físico e o digital, que viabilizem melhores experiências na relação entre as empresas ou organizações do Estado respetivamente com os seus clientes ou cidadãos; capturar e maximizar o crescimento das entregas last mile na ibéria das Encomendas que decorre do desenvolvimento do e-commerce; e continuar
Quais são os planos em termos de crescimento? Os planos, em termos de crescimento no e-commerce, compreendem uma atuação a três níveis. Primeiro, expandir a nossa nova oferta modular, flexível e inovadora de entregas (e-Segue) aos nossos parceiros e clientes. Segundo, aprofundar a nossa atuação na cadeia de valor do e-commerce, quer através da disponibilização de uma rede única de distribuição ibérica, quer incorporando de forma cada vez aprofundada as dimensões da logística integrada, para continuarmos a liderar o desenvolvimento da construção do ecossistema nacional de e-commerce. Finalmente, tirar vantagem das nossas parcerias internacionais e da localização geoestratégica de Portugal, para uma maior afirmação dos CTT nos fluxos cross-border, quer de inbound (suporte às compras em sites estrangeiros) quer de outbound (apoio às exportações online). 2018 tem sido um ano de que apostas para os CTT na área E-Commerce? O ano 2018 pauta-se pela obsessão dos CTT pela inovação permanente ao nível das soluções de entregas, compreendendo o lançamento de pilotos nos domínios dos cacifos automáticos (parcel lockers) e das entregas no mesmo dia e em menos de duas horas, no alargamento do serviço Express2Me ao Reino Unido como facilitador de compras através de morada virtual e na consolidação de soluções globais de entregas. ▪
33 Junho 2018
fiável? A experiência do cliente é essencial em qualquer novo negócio. No mundo digital essa experiência assume ainda maior relevância e a segurança e a confiança são fatores decisivos. Claro que existem outras razões estruturais que, no passado recente, retardaram a maior utilização dos portugueses nas compras online, tais como os baixos níveis de penetração relativa da internet, a existência de poucas marcas portuguesas a vender online e um retalho físico muito dominante e próximo dos consumidores, nomeadamente em termos da grande distribuição. Experiências bem-sucedidas de compra online geram mais confiança e, consequentemente, mais compras. O marketing digital, as soluções de pagamento seguras e confiáveis e a maior transparência, visibilidade e previsibilidade das entregas são fatores essenciais que tendem a propiciar uma maior apetência para o consumidor aumentar as suas compras online.
a incorporar no Banco CTT o desenvolvimento de soluções de banca eletrónica que propiciem a melhor experiência aos seus clientes. Ao nível da organização, e tendo como aceleradores os programas em curso de transformação cultural, IT e inovação, a transformação digital foca-se em dois eixos fundamentais: a eficiência operacional, pela melhoria contínua de processos e operações; e a excelência comercial, via implementação de uma abordagem cada vez mais integrada e centrada no cliente.
» arrendamento habitacional OPINIÃO DE Romão Lavadinho, Presidente da ASSOCIAÇÃO DOS INQUILINOS LISBONENSES
UM MERCADO DE ARRENDAMENTO
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pontos de vista
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arrendamento habitacional tem sido, desde há muito, o parente pobre das políticas habitacionais, assente numa legislação que tornou o mercado propositadamente desregulado, descredibilizado e desacreditado, com os direitos do lado da propriedade e os deveres do lado dos arrendatários. Assumimos que é imprescindível haver um mercado de arrendamento dinâmico e estável, com oferta em quantidade e qualidade, com rendas compatíveis com os rendimentos das famílias, um mercado apelativo, credível, responsável e confiável. Não se esgotando na oferta pública, aliás muito reduzida, o arrendamento tem uma inegável função social, devendo ser uma componente essencial das políticas públicas de habitação com vista ao acesso pelas famílias deste direito constitucional. Além da função social, o arrendamento é, sem dúvida, uma atividade económica ao implicar uma prestação de serviços da propriedade/senhorio ao utilizador/inquilino mediante um pagamento regular de uma renda. Se a sociedade e o poder político concordarem que o arrendamento é um pilar estruturante de uma política de habitação, inquestionavelmente, será necessário regular, organizar, responsabilizar e fiscalizar, de modo a pôr cobro à anarquia, ao descrédito e à irresponsabilidade que grassam no mercado. O Programa “Para uma Nova Geração de Políticas de Habitação” trouxe expectativas de que se iriam resolver problemas e constrangimentos. No entanto, por enquanto, ficou-se apenas por propostas avulsas e insuficientes. Não apresentou ainda medidas para regular o mercado. Não está a ir ao fundo da questão. É por aqui que se tem de caminhar! Haver uma Lei de Bases da Habitação que enquadre e estabilize as políticas a seguir e que não seja regularmente alterada pelos ciclos eleitorais ou fique refém dos interesses políticos, económicos, financeiros e especulativos. Haver um quadro legal que regule a atividade económica do arrendamento. Conferir aos municípios as competências e as responsabilidades na fiscalização e no estabelecimento de regras específicas do mercado local. Centrar nos municípios o registo dos locados destinados ao arrendamento, verificando e certi-
ficando o seu estado de conservação para serem arrendados; o registo dos contratos de arrendamento celebrados, alterados, aditados ou cancelados, comunicando com a Autoridade Tributária para efeitos fiscais; a fiscalização e o cumprimento da obrigatoriedade da conservação regular do edificado; a intervenção em tempo útil quando da necessidade de obras de reparação ou conservação nos locados arrendados. Instituir um SEGURO DE RENDA, da responsabilidade do senhorio por ser similar a um seguro de crédito, e um SEGURO MULTIRISCOS, da responsabilidade do inquilino, para cobertura de eventuais danos no locado, ambos obrigatórios e com prémios acessíveis. Recolocar a resolução dos conflitos nos tribunais comuns, tribunais especializados e Julgados de Paz, extinguindo-se o Balcão Nacional do Arrendamento/Despejos. Estabelecer uma política fiscal concernente com a função social do arrendamento, aplicando às rendas os mesmos escalões e taxas da tabela do IRS; declarando o rendimento de acordo com o m2 de cada locado, de forma autónoma e não englobável; considerando benefícios fiscais progressivos, premiando e incentivando a continuidade estável, e não especulativa, dos contratos. Cometer aos municípios a decisão da redução do
IMI de forma progressiva para os locados, quando efetivamente arrendados pelo prazo mínimo de cinco anos. Permitir aos inquilinos a dedução das rendas independentemente da data da celebração do contrato. Alocar a propriedade pública disponível e agregar locados dos diversos setores (privado, social e cooperativo) a bolsas para arrendamento com rendas limitadas, destinando quotas para os mais jovens. Intervir na propriedade devoluta com vista à sua utilização. Incentivar e alargar os apoios à reabilitação de edifícios destinados ao arrendamento. Contratualizar com aqueles setores um ciclo de construção nova, planeado e restritivo, destinado ao arrendamento. Montar um sistema de subsídios credível para as situações de carência económica e de fragilidade social. Estabelecer um prazo contratual mínimo de cinco anos para garantir estabilidade, segurança e continuidade aos inquilinos e rendimento certo e prolongado aos senhorios. Destinar e disponibilizar verbas adequadas para a satisfação de uma política de habitação no Orçamento do Estado. Tudo isto, em síntese, é possível, necessário e concretizável! Vamos conversar? Vamos regressar ao futuro? ▪
MOVIJOVEM E UMA VISÃO DO FUTURO «
MOVIJOVEM
EXPLORAR, ENVOLVER, EVOLUIR A Movijovem tem como objeto principal promover, apoiar e fomentar ações de mobilidade juvenil na sua vertente social, possibilitando aos jovens portugueses, em particular, aos jovens com menos oportunidades, um contacto mais direto com a realidade e o património cultural, histórico e natural do país. Nuno Coelho Chaves, Presidente da Movijovem, conta-nos mais.
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e que forma é que a Movijovem tem vindo a perpetuar este desiderato? A Movijovem, ciente da missão que o seu objeto social encerra, tem colocado a sua rede continental de turismo juvenil, constituída por 42 pousadas de juventude, ao serviço da mobilidade e das necessidades dos jovens, nacionais e estrangeiros, proporcionando-lhes experiências junto do património cultural, histórico e natural do nosso país, mas também das realidades urbanas e rurais, de praia e de natureza. É por termos sempre presente essa responsabilidade e o interesse público que ela reveste que trabalhamos todos os dias para contribuir para a sua mobilidade a preços competitivos, com produtos e serviços inovadores, mas acima de tudo para que o quotidiano da Movijovem seja um poderoso instrumento de enriquecimento social, educativo, cultural, desportivo e recreativo daqueles que a procuram e que nela confiam.
De que forma pretende prosseguir com o aumento da vossa atividade comercial no sentido de reforçar a missão social? Queremos tirar o máximo proveito das novas tecnologias, de novos conceitos e abordagens comerciais, de modo a dispor paulatinamente de uma rede moderna e inovadora. Os jovens e os adultos portugueses são os mais conectados à internet na Europa. É por isso que temos de responder às transformações da sociedade, simplificando processos, modernizando a nossa organização e diversificar os serviços que prestamos. Por outro lado, a nossa atividade comercial passa igualmente pela reorientação da estratégia do Cartão Jovem EYC, efetivando o seu papel enquanto programa de política pública de juventude. A conjugação destas orientações permitirá aumentar a atividade comercial sem, contudo, colocar em causa a qualidade do serviço já prestado, que faz da Movijovem uma referência. Em 2017, a Movijovem atingiu os melhores
A eleição como novo presidente da Movijovem representa um desafio que está ancorado numa estratégia, para o período 2018-2020, que tem como mote três E's: Explorar, Envolver, Evoluir
resultados de atividade desde a sua fundação, com as Pousadas de Juventude a registarem 489.000 dormidas, o Cartão Jovem EYC 173.000 unidades e o INTRA_RAIL mais de 1.500 unidades. Com estes números tão positivos, acredita que é possível fazer melhor? De facto, estamos a falar de excelentes resultados de atividade que orgulham a Movijovem pelo reconhecimento público das marcas e dos produtos que estão à sua gestão. Acreditamos que podemos ir ainda mais longe, aumentando a atividade das Pousadas de Juventude, apostando na comunicação e marketing, na estruturação do produto, na fidelização de novos clientes e na redução da sazonalidade. Vamos continuar a investir na ativação promocional do INTRA_RAIL, que entre outras ações, terá em Cascais – Capital Europeia da Juventude 2018 um grande momento de destaque, através da realização de um INTRA_RAIL Live Trip promocional. Como tive oportunidade de referir anteriormente, estamos igualmente apostados na reorientação da estra-
tégia do Cartão Jovem EYC, que consistirá na sua modernização e promoção do envolvimento dos jovens em novos processos e projetos de formação pessoal, social e profissional, nomeadamente, implementando uma App e a tecnologia NFC à gestão de utilizações, dinamizando, assim, o portal web, criando, por conseguinte, um sistema de reporte, avaliação e inovação permanente. A Movijovem é membro de diversas organizações europeias e internacionais, entre as quais a EYCA (European Youth Card Association) e IYHF (International Youth Hostel Federation). A cooperação internacional será um dos pontos mais fortes da sua liderança? Vamos continuar a aprofundar e a promover a cooperação. A Movijovem tem para com as diversas organizações europeias e internacionais de que é membro o entendimento de que o seu estatuto de fundador comporta um comprometimento acrescido. Essa visão traduz-se em ações como a coorganização da 34.ª Conferência Anual e Assembleia Geral da EYCA, que se realizará em Cascais - Capital Europeia da Juventude 2018 e na realização, em Lisboa, de uma reunião da Direção da EYCA, mas também, no estabelecimento de formas e protocolos de cooperação com outras organizações congéneres, ao nível da Hostelling Internacional, como é o caso do recentemente celebrado com a Rede Espanhola de Albergues Juvenis e que visa a promoção conjunta do património cultural no destino ibérico. Este último caso reflete, ainda, a nossa aposta na segmentação do mercado ibérico e europeu como alavanca de crescimento, sem descurar outros mercados internacionais, designadamente, o do Brasil, dos Estados Unidos e da Ásia. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
35 Junho 2018
No passado dia 22 de janeiro foi eleito como o novo presidente da Movijovem. O que representou para si esta vitória e quais os planos/projetos que se propõe cumprir? A eleição como novo presidente da Movijovem representa um desafio que está ancorado numa estratégia, para o período 2018-2020, que tem como mote três E’s: Explorar, Envolver, Evoluir. Nortearemos a nossa ação, com o envolvimento de todos os colaboradores da Movijovem, no sentido de afirmar as Pousadas de Juventude como hub para o desenvolvimento económico, social e ambiental, em todo o território, colocando as energias e o potencial desta rede, dentro do quadro da sua missão, no posicionamento de Portugal como um dos destinos turísticos mais competitivos e sustentáveis do mundo.
Nuno Coelho Chaves
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
» SOFIA BRAZÃO
“O ERRO É O QUE NOS TORNA HUMANAS” Sofia Brazão é Responsável de Recursos Humanos Portugal & Distribuidores do Leste da Europa na Gilead Sciences, uma marca de renome e prestígio no palco mundial. Em entrevista à Revista Pontos de Vista fala-nos sobre o seu percurso, os desafios de um líder e o impacto da liderança feminina.
pontos de vista no feminino
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SOFIA BRAZÃO
Gilead Sciences é uma das marcas mais prestigiadas no domínio da biofarmacêutica que investiga, desenvolve e comercializa terapêuticas inovadoras em áreas da medicina com maior necessidade. Como carateriza e avalia o percurso da marca que está oficialmente presente em Portugal desde 1996? Fundada em Foster City na Califórnia, em 1987, a Gilead Sciences tornou-se, em menos de 30 anos, numa das biofarmacêuticas de maior relevância e mais rápido crescimento a nível global, graças ao seu portfólio de medicamentos em expansão e ao impacto que os mesmos têm proporcionado na vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Em Portugal desde 1996, iniciou a sua atividade como Nexstar Farmacêutica e, mais tarde, em 2001, tornou-se oficialmente Gilead Sciences. De forma sucinta, diria que somos uma biofarmacêutica que disponibiliza medicamentos
para o tratamento da infeção pelo VIH/SIDA, das hepatites virais crónicas B e C, das infeções fúngicas invasivas, da fibrose quística e, mais recentemente, da leucemia linfocítica crónica e do linfoma folicular. Mas o nosso papel não se esgota aqui. Implementámos o Programa Gilead GÉNESE que, desde 2013, incentiva a investigação translacional e clínica, a geração de dados e a implementação de boas práticas no acompanhamento dos doentes, apoiando também iniciativas de educação e intervenção cívica para a saúde. Este programa de apoio financeiro reflete a nossa política global de Responsabilidade Social, que se tem pautado por um trabalho conjunto com as entidades governamentais e a sociedade civil, com o objetivo de ampliar o conhecimento e a consciencialização sobre as doenças e sua prevenção, melhorar as estratégias de diagnóstico e tratamento, e apoiar a educação dos profissionais de saúde nas áreas terapêuticas onde atua.
Como é que a Gilead Sciences tem vindo a marcar a diferença perante o tratamento de doentes com patologias potencialmente fatais? A Gilead como millennial que é (fez 30 anos o ano passado) trabalha por propósito: responder a necessidades médicas não satisfeitas e significativamente impactantes na vida dos doentes, daí a sua própria história se confundir com a evolução da terapêutica para o tratamento do VIH. Nos anos 80 o VIH lançava uma sombra sobre o “amor livre” e desencadeava uma doença fatal. Hoje quem vive com este vírus pode fazer uma vida com qualidade, desde que tome a medicação diária, até a esperança média de vida é apenas dez anos inferior ao de uma pessoa não infetada. A cura para o VIH continua a ser um propósito para a Gilead, como o foi a cura da Hepatite C e como há-de ser a procura e desenvolvimento de terapêuticas nas áreas da Hepatite B, oncologia, entre outras.
Desta forma, como tem sido estar numa posição de relevo e como é que definiria o seu género de liderança? Os RH são uma posição de bastidores, de “puxar cordelinhos”, de ver como se consegue que as pessoas se sintam motivadas a dar o seu melhor para trabalharem em equipa e alinhadas com os objetivos da empresa. Temos que fazer uma gestão transversal, temos que ser parceiros e temos que tentar orientar, mais do que pensar em liderar. Claro que quando é necessário liderar, eu lidero pelo exemplo, sou a primeira a pôr “a mão na massa”, avalio o que se passa, falando com as pessoas. Costumo dizer que faço “managing by walking around” e tomo decisões, corro riscos calculados, diria mesmo que me “atravesso”. Durante a sua carreira, alguma vez sentiu ou enfrentou obstáculos pelo simples facto de ser mulher? No mundo empresarial esperam que sejamos muito bons a fazer o que fazemos, é assim que surgem as oportunidades. Não sinto que ser mulher ou homem tenha aí algum efeito. Podemos é não competir nas mesmas condições. Na vida pessoal, a expectativa é que ser mulher e mãe implica a responsabilidade de ajudar com os trabalhos de casa, pensar o que fazer para o jantar e acompanhar as atividades extra-curriculares. Mesmo que ninguém exija, por vezes sentes-te em débito em relação à expectativa que a sociedade tem do teu papel e isso cria frustração, culpa e até sensação de incompetência. Tudo isso porque, muitas de nós sofremos “delírios de autoeficácia” e temos que ser boas em tudo. “As mulheres conseguem fazer mais do que
"Quanto ao estilo de liderança há diferenças com certeza, mas não acho que nos permitam dizer que há características exclusivas de um e de outro género a esse nível. Acredito sim, que há bons líderes e maus líderes, em ambos os géneros"
uma coisa ao mesmo tempo”, mito que corre há muito e, na verdade, fazemos. Está comprovado que o processamento paralelo não é necessariamente tão focado e preciso, há dispersão de energia e portanto se fazes mais do que uma coisa ao mesmo tempo não estás a fazer tão bem como poderias, seja um homem ou uma mulher. Às vezes penso que a própria mente feminina, assente nestas crenças, pode ser o nosso pior obstáculo. No universo do trabalho, as questões relacionadas com a Liderança e a Gestão são absolutamente essenciais. Que características indicaria como sendo fundamentais para um/uma líder e gestor/a de pessoas? Empatia e experiência de vida! Tem que se ter vivido/observado/sentido muita coisa a nível pessoal e profissional, para se poder reconhecer nos outros, sentimentos, frustrações, medos e não se esquecer como é passar pelos mesmos e a forma como os ultrapassámos. Fazer as perguntas certas, que dão que pensar e que vão fazer quem trabalha contigo encontrar o próprio caminho, para chegar mais longe. É importante reconhecer e valorizar a diferença, e também o potencial maior que o teu, para crescer e assumir que a melhor forma de liderar e gerir pessoas é ajudá-las a encontrarem a chave do seu potencial, e o que melhor podem fazer com ele. Se a tua equipa cresce e aprende, tu cresces e aprendes com eles. É importante ainda, a humildade para perceberes que o miúdo mais novo da equipa olhou para um problema que te assombrava, com a clareza que já não tens, pelos filtros que adquiriste ao longo da vida para seres mais eficaz e ficares grata por isso. Acredita que existe alguma diferença no estilo de liderança única e exclusivamente baseada no género? Liderança no Feminino ou Masculino ou ambas? Acredito que equipas de gestão, com pouca representatividade de qualquer dos géneros, perdem em diversidade e complementaridade de pontos vista. É sabido que, embora possam chegar à mesma decisão, os caminhos percorridos, de um ponto de vista de cérebro, não são os mesmos nos homens e mulheres. Significa isto, que a perspetiva com que olhamos para os problemas é diferente, e assim, na resolu-
ção conjunta de um problema complexo podemos acrescentar variáveis importantes, que de outro modo não seriam consideradas. Quanto ao estilo de liderança há diferenças com certeza, mas não acho que nos permitam dizer que há características exclusivas de um e de outro género a esse nível. Acredito sim, que há bons líderes e maus líderes, em ambos os géneros. Como referi a questão anterior, o panorama começa a mudar. Na sua opinião, quais foram os pontos de ordem que levaram a esta mudança? Uma questão de mentalidade? Não descurando as mulheres que foram vingando num mundo de homens desde cedo na história, entre as quais a Rainha Isabel II de Inglaterra; desde as duas grandes guerras, em que a ausência dos homens conduziu a uma maior utilização de mão-de-obra feminina nas fábricas e no tecido empresarial; o direito ao voto, à greve; o maio de 1968 e, como em tudo, o facto de nada ser um dado adquirido (como o era para o género masculino) desencadeou um sentido de resiliência, resistência à frustração, e procura de alternativas, que conduziu a que as protagonistas destes movimentos fossem excecionais, outliers que ganharam espaço para nós, hoje. Embora atualmente algumas das dificuldades estejam mais esbatidas, continua a ser uma responsabilidade nossa, mulheres no ativo, abrir caminho para outras protagonistas e diluir as assimetrias salariais, de tratamento e de colocação, ainda tão sentidas em setores como a política, a administração pública, as empresas do psi20 e outras. Devemos acautelar que, pela qualidade que os recursos femininos têm que ter para chegar a lugares de destaque, não criemos assimetrias em sentido contrário, no futuro. Se há sinónimo de feminino é equilíbrio, por enquanto equilibrismo mesmo, por isso não podemos deixar de ser defensoras do equilíbrio, da diversidade e da inclusão. O que podemos continuar a esperar de si no futuro e da Gilead Sciences? De mim podem esperar a convicção de que ainda tenho muito que aprender. Quero continuar atenta ao que as novas gerações de profissionais procuram e oferecem, enquanto competências e saberes, e trabalhar para conseguir alinhar esses propósitos individuais com os da empresa onde trabalho, para assim atingirmos os resultados esperados. Da Gilead, devemos esperar o que nos habituou até agora: a procura de soluções terapêuticas para necessidades médicas não satisfeitas, a entrada no mundo da medicina personalizada a cada doente, a contribuição para o acesso a estes tratamentos, também nos países em vias de desenvolvimento. Que mensagem gostaria de deixar a todas as Mulheres que irão ler a sua entrevista e quais são os desafios que se colocam, atualmente, à liderança feminina? Continuem o bom trabalho. Larguem as amarras do papel feminino tradicional, assumam que o erro é o que nos torna humanas, que a culpa só desculpa, e que, seremos sempre capazes de fazer mais e melhor. O desafio da liderança feminina é um desafio de liderança independente do género, é ser capaz de integrar e criar pontes entre diferentes gerações, aproveitar a sabedoria do talento sénior e acompanhar os desafios da era digital. ▪
37 junho 2018
O que nos pode contar do seu percurso profissional e quais foram as suas principais conquistas e vitórias até chegar a esta posição? Não sei se foram vitórias e conquistas, ou se foram erros e aprendizagens. Foi um erro de vocação que me levou a estudar psicologia. Foi o saber bem o que não queria fazer, que me fez escolher um estágio em recrutamento e selecção, foi o decidir que a evolução de carreira, numa perspetiva mais comercial na consultoria não me satisfaria, que me levou a experimentar o lado do cliente, até hoje. Assumi sempre que os projetos que abracei e a que me candidatei eram nutrientes para uma curva de aprendizagem que, espero, não pare nunca. Se tiver que descrever o que me trouxe a este momento, começo por um projeto de recrutamento na Nestlé, enquanto era consultora. Mais tarde, quando já trabalhava na área de desenvolvimento organizacional da Vodafone, e atendendo ao trabalho que desenvolvi para a Nestlé, fui convidada a construir a Direcção de Recursos Humanos na Longa Vida (joint-venture Lactalis Nestlé). Daí surgiu a possibilidade de trabalhar na sede do Grupo Lactalis, em França como Talent Manager para a área do Marketing. Posteriormente, tive a oportunidade de implementar um shared-services de Recursos Humanos para as empresas do grupo Lactalis em Portugal. A necessidade de fazer algo novo, sem sair do mercado português, conduziu-me àquela que foi a primeira posição permanente de RH na Gilead em Portugal, já num contexto de inovação de uma bio-farmacêutica multinacional, num setor altamente regulado.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
» ROSÁLIA PEDROSA
“Queremos que o nosso paciente se sinta em casa na Clínica Liberty” A busca pela perfeição não se faz de um momento para o outro. É necessário criar bases e pilares que promovam e fomentem essa dinâmica diferenciadora e promotora de valor acrescentado para que um projeto, uma iniciativa ou um desafio se assumam como verdadeiros municiadores de mudança e de mais-valias.
ROSÁLIA PEDROSA
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esta forma, a Revista Pontos de Vista decidiu conhecer a Clínica Liberty e conversou com Rosália Pedrosa, Country Manager em Portugal da marca, onde ficamos a conhecer as mais-valias da mesma e a forma como perpetua a diferença no tratamento dos seus pacientes. Ao longo desta entrevista, a nossa interlocutora abordou a dinâmica que a Clínica Liberty tem tido e a forma como se dedicam a todos aqueles que buscam os serviços «made in» Liberty, passando ainda pela vertente dos diferentes tipos de liderança, dando voz a uma mulher que subiu a pulso e que tudo o que conquistou, fê-lo pela sua dedicação, resiliência e capacidade de querer saber sempre mais. Venha connosco nesta «viagem» e fique a conhecer uma personalidade distinta e uma marca cujo desígnio maior é a excelência em prol dos seus pacientes e que está presente em território luso há cerca de dois anos, com resultados extremamente positivos. Antes de tudo, é necessário salientar que a
Clínica Liberty é a primeira clínica em Portugal especializada em tratamentos para a transpiração, numa dinâmica que alia inovação tecnológica, conhecimento e serviço ímpares. Segundo a nossa entrevistada, a transpiração é um tema do “qual ainda não se fala muito e reduz o conforto e qualidade de vida das pessoas que têm esse problema”, salienta a responsável pelas Clínicas Liberty em Portugal, lembrando que, adicionalmente a este panorama, são criados rótulos às pessoas que transpiram acentuadamente. “Uma pessoa que tem problemas de transpiração tem receio que se note no local de trabalho, nos círculos de socialização e até mesmo no seio familiar, por poder ser etiquetada como alguém que tem poucos cuidados de higiene. Isto está frequentemente muito longe da verdade, pois inúmeras vezes são estas pessoas que habitualmente tomam três banhos por dia e reféns de todos os produtos de «higiene imediata» como toalhitas, absorventes e anti-transpirantes”, assevera convicta Rosália
Pedrosa, assegurando que foram estes casos mais graves que levaram a marca a apostar em Portugal com soluções dedicadas ao tratamento para a transpiração, um problema que afeta mais de um milhão de portugueses.
Expansão revela sucesso
Inaugurada há cerca de dois anos em Lisboa, o sucesso da marca tem sido tão evidente e reconhecido que em 2017 foi dado um novo passo neste percurso de expansão e de chegar a mais portugueses que foi aberto um novo espaço, desta feita na cidade do Porto e que tem tido, igualmente, resultados de excelência. Basta ver que a taxa de sucesso da marca ronda os 90%, sendo que a taxa de satisfação aporta os 98%. “Estamos extremamente satisfeitos com o crescimento da marca e com a forma como temos vindo a proporcionar uma melhor qualidade de vida aos nossos pacientes”. Mas não se pense que a marca ficará por aqui, pois existem perspetivas de continuar a crescer no mercado
“Hoje o equilíbrio entre homens e mulheres no mundo dos negócios é maior”
Profissional e com um trajeto ímpar, Rosália Pedrosa nasceu na região centro de Portugal, numa pequena aldeia com cerca de 400 habitantes, tendo sido a primeira pessoa da sua família a aceder ao ensino superior, começando a trabalhar quando entrou na universidade. “Como vim de uma aldeia pequena, não havia o apoio de uma rede familiar ou de contactos. Assim, o meu crescimento e a orientação da minha carreira profissional foram sendo realizados à medida que fui evoluindo como pessoa e profissional”, assume a nossa entrevistada, que ao longo do seu trajeto no mundo do trabalho exerceu diversas funções de direção e vendas, com resultados bastante positivos e que foram servindo como rampa para outros e novos voos. Mas será que a nossa entrevistada alguma vez
inspirar as pessoas a ir mais além, a ultrapassar as adversidades e obstáctulos com uma atitude vencedora e é isso que tento transmitir diariamente nas Clínicas Liberty. Naturalmente que essa atitude vem de mim enquanto pessoa, mas também tem sido consolidada pela dinâmica que impomos na marca e pelo nosso presidente, que é homem, e que é um líder emocional e inspirador. O que queremos é isso mesmo: ter pessoas que se consigam superar e realizar profissionalmente, tendo como desiderato aportar algo mais à comunidade, aos pacientes e aos fornecedores, pois a nossa missão é melhorar a vida das pessoas”, afirma a Country Manager da Clínica Liberty.
Melhorar em prol de um projeto
sentiu maiores dificuldades na evolução da sua carreira por ser mulher? “Sem dúvida. Naturalmente que senti. Principalmente no início do meu percurso”, assume, dando um exemplo disso mesmo quando decidiu regressar à faculdade depois de já estar inserida no mundo do trabalho. “Regressei à universidade para fazer uma pós-graduação. Alguns colegas eram homens e contaram-me que as suas companhias lhes tinham comparticipado o valor dos estudos. Eu tive de o fazer sozinha e sem esse apoio. Se calhar porque a minha empresa dessa altura não viu grande interesse”, assevera, assegurando, contudo, que o panorama está a mudar e “hoje o equilíbrio entre homens e mulheres no mundo dos negócios é maior”, embora ainda haja um longo caminho a percorrer.
O meu papel nos negócios é o de inspirar as pessoas a ir mais além
A nossa interlocutora não acredita que a liderança esteja associada ao género, embora reconheça que a forma como se partilham as vitórias seja mais feminina, “mas como se lidera não está relacionado com o género”. E qual o estilo de liderança adotado por Rosália Pedrosa? “Quero acreditar que o meu papel nos negócios é o de
A terminar, a nossa entrevistada assumiu que é uma pessoa extremamente exigente consigo e com aqueles que a rodeiam, mas assegura que essa filosofia, essa forma de estar passa toda por uma “melhoria contínua em prol de algo… de um projeto como a Clínica Liberty”, salientando que diariamente se dedica a contribuir com o seu papel de liderança em prol de mais e melhor. “Quando estamos numa organização como a minha as pessoas compreendem que o líder é aquele que vai à frente e que puxa por todos, para assegurar que ninguém fica para trás. O líder não é o que chega primeiro, ser líder é ajudar os seus a andar sozinhos e carregá-los sempre que precisarem”. E o que podemos esperar de Rosália Pedrosa no futuro? “Melhorar como pessoa, porque o crescimento das pessoas faz os projetos crescerem. Continuar a contribuir para o crescimento da marca Clínica Liberty, porque tem tido um sucesso evidente e tem tudo para poder continuar a crescer em torno de todos aqueles que nos rodeiam e fazem parte da mesma, tendo sempre como ponto fulcral melhorar a vida das pessoas”, esclarece, assegurando que irá continuar a representar o género feminino e a sua condição na capacidade de promover mudanças em prol da igualdade de género, juntando a sua à voz das mulheres em Portugal. ▪
39 junho 2018
português e assim está a ser delineada a possibilidade de abrir uma Clínica Liberty na zona centro do país e outra na região do Algarve. A simbiose existente entre a Clínica Liberty e a inovação é por demais evidente, pois as dinâmicas apresentadas assumem-se como tratamentos de médicos, seguros e de última geração, aliados a tecnologia de vanguarda. exemplos disso mesmo são as duas soluções exclusivas apresentadas pela Liberty: o miraDry®, orientado para a transpiração e odor nas axilas e o PalmaDry, um dispositivo para tratar as mãos e pés. A nossa entrevistada revela que o caminho não cessa aqui, mesmo na aposta no domínio da inovação. “Queremos estar sempre na linha da frente e isso, naturalmente, obriga-nos a ser cada vez melhores e diferenciadores para oferecer o melhor tratamento e as melhores soluções a quem nos procura. Recentemente introduzimos em Portugal a Liberty Estética – Medicina Estética inovadora e de vanguarda. Não queremos que o nosso paciente venha aqui só uma vez. Sabemos que se sente em casa e por isso o passo de aumentar o leque de tratamentos para o servir era simplesmente natural. E está, como esperávamos, a ser um enorme sucesso!”
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
» CLARA RODRIGUES, entrevista
FUTURE BALLOONS ASSOCIAR A TECNOLOGIA À EDUCAÇÃO Clara Rodrigues é Cofundadora e Gestora de Projetos da Future Balloons, uma empresa de consultoria que atua nas áreas de TIC, Educação e Formação, com as componentes social e pedagógica sempre presentes em cada um dos projetos desenvolvidos. Venha connosco saber mais.
CLARA RODRIGUES
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em 2010 que Clara Rodrigues e Gerhard Doppler fundam a Future Balloons, direcionada para o universo das novas tecnologias e que tem vindo a preconizar uma marca de qualidade e excelência no mundo da inovação. Mas mais do que uma tecnológica, a Future Balloons quer diferenciar-se pela vertente social intrínseca aos seus produtos e projetos. Em colaboração com parceiros com a mesma visão e, certamente, com a mesma paixão, a Future Balloons atua em quatro áreas distintas: Desenvolvimento de Software - Serviços de desenvolvimento de programas em contexto web e mobile, em especial em sistemas aplicados à formação, e-Learning e gestão de conhecimento; Design para a Educação e Inovação Social Design Social é um método criativo aplicado à resolução de problemas sociais, baseado nas técnicas do Design Thinking. Envolve o treino de empatia, uma abordagem centrada na pessoa/ utilizador e na síntese colaborativa de ideias; Formação – Cursos intensivos incorporados numa metodologia centrada no utilizador e orientados para a aquisição de competências muito tangíveis. Têm como alvo um amplo grupo de profissionais que estão comprometidos com a missão da empresa; Por fim, Consultoria de Projetos – Focada em chegar à raiz do problema, a Future Balloons procura dar as respostas certas às necessidades das organizações, oferecendo soluções exponenciais. A Future Balloons tem um objetivo, uma utopia, nas palavras de Clara Rodrigues, que é
apoiar a transição da sociedade baseada no conhecimento para uma sociedade baseada na compreensão. “Em 2010 quando desenhámos esta missão já pensávamos assim. Vivemos na era da informação. Toda a gente tem acesso a uma panóplia de informações disponíveis em qualquer lado. Mas mais do que consumidores de informação, também nós somos produtores de informação. No entanto, as pessoas não compreendem a informação que está disponível de forma a conseguir selecioná-la e utilizá-la devidamente. É por aqui que é necessário educar e é neste sentido que a Future Balloons trabalha. Há a necessidade de que as pessoas sejam mais críticas e mais criativas sobre os próprios conteúdos”, diz-nos a nossa entrevistada. Então, de que forma a Future Balloons procura promover essa mudança? Para Clara Rodrigues, essa mudança passa por “compreender que a nossa interação com qualquer informação vai modificá-la ou transformá-la, esta noção é literacia e uma necessidade transversal a todas as gerações; ao gostarmos ou partilharmos determinado conteúdo estamos a contribuir para um movimento ou até para uma conspiração”, acrescenta Clara Rodrigues. Neste âmbito, a Future Balloons encontra-se envolvida no projeto “Fostering Adolescents’ Knowledge and Empowerment in Outsmarting Fake Facts” - FAKE OFF – que visa o incentivo da literacia digital nos jovens despertando a sua consciência para a desinformação intencional e permitir que identifiquem “notícias falsas” e as evitem.
A evolução social está patente em todos os projetos: tentam oferecer respostas tecnologicamente ativadas a questões como o emprego jovem, envelhecimento ativo ou acompanhamento de crianças com doenças crónicas
“A TECNOLOGIA SÓ NOS É ÚTIL QUANDO CORRESPONDE A UMA MUDANÇA”
Quando Clara Rodrigues e Gerhard Doppler idealizam criar a sua própria empresa não imaginavam nem tinham planeado que a empresa chegasse à dimensão atual. “Era o nosso projeto, mas não pensávamos em atingir a dimensão que temos hoje. Éramos apenas nós e o nosso emprego. Não passámos por nenhum processo de incubação nem tivemos investimentos típicos de start up. Passados dois anos sentimos a necessidade de contratar um colaborador para nos ajudar em termos de secretaria e logística. Ao passarmos a ter um espaço físico próprio também passámos a ter outra capacidade de resposta. Entretanto conseguimos novos clientes e projetos de maior dimensão. Hoje somos 11 pessoas, distribuídas em equipas especializadas”, explica Clara Rodrigues. A evolução social está patente em todos os
QUEM É CLARA RODRIGUES? Natural da Figueira da Foz, Clara Rodrigues é licenciada em Ciências da Educação e pós-graduada em Economia Social (Universidade de Coimbra). Cofundadora da Future Balloons, na empresa trabalha na área da inovação e na gestão de recursos humanos. Antes da criação da Future Balloons, Clara Rodrigues teve a oportunidade de adquirir um know-how e uma bagagem fundamental através da sua experiência no Gabinete de Projetos do Instituto Politécnico de Beja. É aqui que tem o seu primeiro contacto com a consultoria e é, ainda, convidada a lecionar aulas de metodologias de investigação e a ministrar formação de formadores e professores. Enquanto se formava, fez uma passagem pela Rádio Universidade de Coimbra como locutora, o que talvez explique a mulher entusiasta e comunicativa que tínhamos à nossa frente durante a entrevista à Revista Pontos de Vista.
projetos: tentam oferecer respostas tecnologicamente ativadas a questões como o emprego jovem, envelhecimento ativo ou acompanhamento de crianças com doenças crónicas. A componente da mudança é pedagógica. “O objetivo final é sempre uma melhoria social. A tecnologia só nos é útil quando corresponde a uma mudança ou transformação social, de outra maneira é apenas um produto consumível. Para nós sempre fez sentido esta componente social estar presente nos nossos projetos”, afirma Clara Rodrigues. A título de exemplo, falemos do projeto CUVID que visa dar resposta à necessidade urgente de combater o desemprego juvenil. Foi desenvolvida uma plataforma interativa de talentos online para jovens de forma a ligá-los diretamente a potenciais empregadores. A plataforma CUVID permite que os jovens criem vídeos para autoapresentação ligados aos seus currículos digitais. Os clientes e parceiros percebem que a Future Balloons é mais do que uma tecnológica que desenvolve software. “Esta é a nossa diferenciação e o nicho de mercado que queremos alcançar”, afirma a nossa entrevistada. A capacidade tecnológica da Future Balloons foi crescendo à medida que a empresa foi integrando novos talentos, tornando-se capaz de responder de forma mais inovadora aos problemas dos clientes. “Aplicamos metodologias como o design thinking e a cocriação para alcançar a raiz do problema e criar resultados excecionais. Na consultoria de projetos traba-
A tecnologia está feita para trabalhar, as pessoas, por sua vez, quando chegam a uma empresa têm as suas próprias expectativas. No fundo, o sonho é nosso. Por isso mesmo cabe-nos gerir as capacidades, os objetivos e as perspetivas de cada pessoa. bem como acompanhá-las e fazê-las sentir-se parte integrante e valorizadas no projeto
lhamos de forma muito estreita com o cliente e com os utilizadores finais, de forma a perceber todos os parâmetros do problema e só depois desenhamos uma solução à medida. De facto, o que fazemos é alinhar o que o cliente quer com aquilo que ele precisa.”
A LIDERANÇA FEMININA
Enquanto líder de equipa, acha mais difícil gerir pessoas ou gerir tecnologia? Clara Rodrigues afirma que é muito mais difícil gerir pessoas: “A tecnologia está feita para trabalhar, as pessoas, por sua vez, quando chegam a uma empresa têm as suas próprias expectativas. No fundo, o sonho é nosso. Por isso mesmo cabe-nos gerir as capacidades, os objetivos e as perspetivas de cada pessoa. bem como acompanhá-las e fazê-las sentir-se parte integrante e valorizadas no projeto”, afirma Clara Rodrigues. Nunca se falou tanto na dinâmica dos géneros no universo do trabalho. Existem, de facto, diferenças entre uma liderança feminina e uma masculina? “Existem sim, até porque os homens e as mulheres têm cérebros diferentes. Lideram de forma diferente tal como fazem compras de modo diferente ou abordam um problema de forma diferente. Ambos chegam a uma solução. Há quem descreva a liderança feminina como transformacional e a masculina como transacional (independentemente do género que a aplique)". Clara acredita que se pode aprender muito entre géneros. A empatia, a capacidade de perspetiva global e visão “por trás dos cenários” mais femininas é necessária numa empresa, assim como a parte pragmática e direcionada a objetivos de curto prazo do homem é igualmente essencial. A questão da desigualdade de género no setor tecnológico acontece sobretudo ao nível da representação. Em média, nas empresas tecnológicas, as mulheres representam apenas cerca de 26% dos colaboradores. Na Future Balloons as mulheres representam 36,4%. "Queremos continuar a contrariar o gender gap e por isso é necessário investir também em atrair raparigas para percursos de formação ligados às tecnologias e às ciências exatas". ▪
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
» HELENA MORAIS
“SOMOS UM SER DIGNO DE RESPEITO” Falemos de desigualdade de género. A desigualdade que pode assumir-se como um obstáculo à evolução profissional. Ou então não. Helena Morais, Diretora do Gabinete de Compliance do Banco Keve, conta-nos, na primeira pessoa, a sua história.
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ulheres e Homens. Na sua opinião existe alguma diferença na forma de perpetuar uma liderança segura, de qualidade e rigor ou a liderança nada se relaciona com o género? Suponho que não devemos conotar liderança ao género. Defendo que a liderança seja uma característica nata e que se vai evidenciando durante o crescimento do indivíduo, até à formação da personalidade, pese embora nalguns casos tenhamos exemplos de homens ou mulheres que foram moldados para exercer a liderança. Quanto à liderança ser segura, de qualidade e de rigor, são requisitos próprios deste estado de espírito, acrescentando a autoridade e quiçá ascendência.
Quem é Helena Isabel Morais, e qual o modelo de liderança que aporta no seu quotidiano no sentido de aportar resultados? É uma mulher versátil com valores morais e defeitos, nasceu e cresceu em Luanda. Concluiu a sua formação académica na Rússia, com grau Mestre em Direito Internacional. É mãe, executiva, advogada e tem como hobbie a música. Não tenho um modelo de liderança de eleição. Procuro moldar-me às situações, e com certeza no dia a dia ser desafiada a adotar métodos dos vários modelos existentes para fazer acontecer, mas existem aspetos de que não abro mão ao liderar que definem alguns traços da minha personalidade como a responsabilidade, o rigor e o bom humor.
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De que forma é que define o seu percurso profissional e quais os momentos que considera mais importantes na sua carreira? Defino como desafiante, com altos e baixos. Um período complexo desde o primeiro emprego que nada tinha a ver com a minha área de formação. Penso que todos os momentos foram importantes, porque permitiram-me aprender, desafiar-me e amadurecer profissionalmente. Qual é, na sua opinião, o melhor modelo de liderança, se é que existe um? Suponho que não exista o melhor modelo de liderança, mas sim uma forma de adaptarmo-nos a situação e os liderados à nossa liderança. As relações humanas são complexas. Podemos reunir as melhores práticas e métodos entendidos como eficazes, mas que não servem para todos. Num mercado de trabalho onde as questões ligadas à liderança e à gestão de talentos são cada vez mais fulcrais, que características indicaria como sendo fundamentais para um líder e gestor de pessoas? Presumo que as características fulcrais para um bom líder seriam: a disciplina, o respeito pela
HELENA MORAIS
discriminada por essa realidade, não me apercebi ou quiçá não tenha dado relevância, porque não me podia deixar fragilizar e distrair do foco, pois se formos afetados psicologicamente por fatores externos, bloqueamos completamente e não nos conseguimos libertar, é como se estivéssemos privados de liberdade estando livres. O que falta, na sua opinião, para que a igualdade de oportunidades seja cada vez mais uma realidade? Analisando o paradigma que se vislumbra em muitas sociedades em que a mulher é o género mais frágil e que deve ser totalmente submissa ao homem, deixa evidente que a corrente milenar apologista desta ideologia, o machismo, ainda é um facto nos dias de hoje. Penso que, para que a igualdade de oportunidades seja uma realidade, exige-se uma sociedade diferente e entidades com competência para, que através de programas de ensino e/ou políticas, houvesse uma mudança cultural e de atitude, que posterior e claramente se refletiria também nas demais organizações e/ou outras instituições.
hoje mais mulheres ocupam cargos, outrora ocupados somente por homens, mulheres ávidas em obter qualificação para alcançarem outros patamares, imbuídas de vontade, competência, disciplina e justiça
dignidade das pessoas, a integridade, o carisma, a comunicação, a flexibilidade, a resiliência, a perseverança e o bom humor, enquanto, que para gestão de pessoas, precisamos mostrar como e com que meios devemos atingir esse objetivo, pois é imperioso que estejamos dotados de valores e know-how para servir de exemplo. Durante a sua carreira, alguma vez sentiu ou enfrentou obstáculos pelo simples facto de ser mulher? Sempre me foquei nos meus objetivos, e a prioridade foi alcançá-los. O mercado de trabalho continua muito competitivo, independentemente do género. Se de entre o misto de obstáculos já enfrentados por mim neste percurso um deles tenha sido o facto de ser mulher, e ser
Que análise perpetua da dinâmica e da importância da mulher profissional em Angola? Ainda existe muita coisa a mudar? Esta dinâmica ainda está aquém da ideal, mas repare que hoje mais mulheres ocupam cargos, outrora ocupados somente por homens, mulheres ávidas em obter qualificação para alcançarem outros patamares, imbuídas de vontade, competência, disciplina e justiça. Quanto à mudança, existe sem sombra de dúvida! Não vamos somente atender aquela mulher angolana que começa a destacar-se apenas pela sua qualificação académica/profissional, mas também pela sua independência como ser humano. Temos que ser realistas e afirmar que a maior parte da mulher angolana é dependente economicamente e esta subordinação torna-a vulnerável. Que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres que irão ler a sua entrevista? Mulheres angolanas valorizemo-nos, pois ao fazê-lo teremos o reconhecimento merecido. Independentemente de qualquer profissão que exerçamos, somos um ser digno de respeito. Sejamos unidas e solidárias com aquelas que precisam de coragem para o seu engrandecimento e demonstrarmos que a diferença de género é unicamente genética, de modo a transpormos a “barreira psicológica” imposta pelo estereótipo da sociedade. Posicionemo-nos contra qualquer tipo de assédio ou atitudes machistas e sexistas por parte de quem quer que seja. O assédio é crime, e por isso não deve ser tolerado em momento nenhum. ▪
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
» MARIA RAMOS
“É TÃO BOM SER MULHER!” Constituída por sócios que estão no mercado há mais de 30 anos, a M. Ramos – Engenheiros e Consultores Associados nasceu e tem-se mantido como empresa familiar há 22 anos. Maria Ramos, CEO da M. Ramos, é convidada da Revista Pontos de Vista para, na sua função de líder, nos falar sobre liderança e desigualdade de género.
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M. Ramos colabora com empresas dos países de Língua oficial Portuguesa e em Espanha com empresas de avaliação que atuam em todo o país. Que importância assumem as parcerias para as organizações nos dias de hoje? São fundamentais. Hoje temos de estar abertos ao mundo. A globalização não é algo só dos telejornais, é um novo paradigma. Preparamo-nos para isso e temos tido bons resultados.
Maria Ramos é engenheira e desde muito nova que está no mercado de trabalho. O facto de ser uma profissão que até há bem pouco tempo era dominada pela presença masculina representou um obstáculo para si? Não. E o facto de ser mulher não foi fundamental
É cada vez maior o número de mulheres que ocupam lugares de liderança e de chefia nas empresas. Mas ainda falta um longo caminho a percorrer para chegarmos à igualdade de género? Sabe? Sempre achei que éramos iguais. Iguais em dignidade, direitos e deveres. Quando tenho dificuldade em “acompanhar” alguém vou fazer mais um curso. Evidente que nunca serei um Einstein ou uma Marie Curie - e um foi homem e o outro, mulher -. É tão bom ser mulher!
MARIA RAMOS
no meu desenvolvimento profissional. Em 1983 concorri a um lugar de Especialista Internacional em Desenvolvimento Urbano para um Banco e um professor – nessa altura frequentava um curso de Economia Europeia, na Católica – a quem disse que ia faltar a um exame porque ia Washington por causa das entrevistas, avisou-me: “não pense em ficar com o lugar, porque é muito nova, é mulher e é portuguesa”. Fui, não tinha aplication form, nem “proteção” de ninguém e fiquei em primeiro lugar. Ah! Não vale a pena dizer: a primeira pessoa a quem telefonei foi a esse professor. Tenho sido preterida, mas por outras razões. Não
Que desafios acarreta um cargo com funções de topo? Esses desafios são maiores pelo facto de ser mulher? Os desafios são sobretudo porque estão repletos de responsabilidades. Alguém que tem funções de topo tem a seu cargo a “comida” da sua casa e a “comida” da casa das pessoas com quem trabalha. Tem a seu cargo o “serviço” para os clientes, para a sociedade em geral. A gestão de uma empresa é uma grande responsabilidade. Seja ela pequena ou grande. Claro que numa grande empresa muita coisa funciona por arrastamento e torna-se mais fácil. Quanto aos desafios serem maiores pelo facto de se ser mulher, não me parece. O que a mulher tem são outras atividades paralelas que também são de grande responsabilidade: casa, filhos, pais, marido, amigos, etc. ▪
43 junho 2018
Garantem serviços independentes e rigorosos, sendo que as avaliações imobiliárias são realizadas de acordo com as normas internacionais de avaliação. Que outros fatores têm contribuído para a solidificação e diferenciação da M. Ramos? A formação, a ligação à Universidade e a prática do dia a dia. Estudamos todos os dias e temos dado cursos um pouco por todo o mundo. Por curiosidade, acabamos de receber cinco alunos da Universidade Autónoma da Baja Califórnia, que vieram, com uma bolsa de estudo do Ministério da Educação, fazer a sua Tese sobre avaliação de bens singulares – cada um com um caso diferente, desde imóveis históricos a zonas com águas termais e locais de interesse ambiental. Foi muito bom para todos. Aprendo sempre muito com os alunos. Não foram os primeiros e, se Deus quiser, não vão ser os últimos.
por ser mulher. Os meus melhores amigos são os meus colegas, as minhas melhores amigas são as mulheres dos meus colegas e o meu marido é meu colega e sócio, há 40 anos.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
» ANABELA TEIXEIRA
“A MULHER FOI FEITA PARA LIDERAR” Anabela Teixeira, Diretora Coordenadora do Banco Económico, fala-nos, na primeira pessoa, sobre a igualdade de género e afirma: "encontrei sempre espaço para pensar, opinar e trabalhar, isto é, sem dúvida, o grande catalisador para a minha motivação e crescimento, tanto pessoal como profissional”. Venha connosco saber mais
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uem é Anabela Teixeira e de que forma é que nos pode caraterizar o seu percurso profissional, tendo sempre em linha de conta as principais vitórias e os momentos menos bons? Anabela Teixeira é uma profissional da Banca angolana, comecei o meu percurso profissional no BCI- Banco de Comercio e Indústria. Foi uma grande escola, visto que era integrado por uma equipa de Bancários com bastante experiência, profissional e pessoal, fiz parte da equipa fundadora do Banco BAI, depois integrei o BESA- actual Banco Económico, onde me encontro até hoje com a função de Diretora Coordenadora. Principais vitórias: ter sido gerente da melhor Agência BESA, ter atingido o objetivo de abertura de trinta Agências em um ano, enquanto Directora da Rede Comercial garantindo cobertura nacional, ser convidada a gerir uma área de controlo do Banco Económico, após uma longa trajetória em áreas de negócios, e, tem sido uma experiência gratificante. Momentos menos bons, processo de saneamento do BESA. Num mercado de trabalho onde as questões ligadas à liderança e à gestão de talentos são cada vez mais fulcrais, que características indicaria como sendo fundamentais para um líder e gestor de pessoas? O líder deve ser uma referência a seguir, trabalhando lado a lado, buscando motivar e apoiar a equipa no desenvolvimento pessoal de cada um. Um líder deve saber ouvir, enxergar as pessoas para além do técnico/profissional, saber que cada um tem as suas ambições e frustrações pessoais, e que vivemos em uma sociedade globalizada. portanto, não estamos imunes aos seus problemas.
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Anabela Teixeira
Pessoalmente defendo a liderança no feminino, sem desvalorizar os grandes líderes que tive a oportunidade de conhecer/ trabalhar e outros que leio e sigo as suas diretrizes
Como a Anabela Teixeira como líder? Que aspetos considera reunir que lhe perpetuam uma dinâmica de líder inovador e democrático? Considero-me uma líder muito próxima da equipa. gosto de interagir, aceito opiniões/ sugestões, e partilho o meu conhecimento e experiências. À parte disso, sou bastante exigente e perfecionista.
Graças a Deus, encontrei sempre espaço para pensar, opinar e trabalhar, isto é, sem dúvida, o grande catalisador para a minha motivação e crescimento, tanto pessoal como profissional.
A desigualdade do género assume-se como um obstáculo à evolução. Durante a sua carreira, alguma vez sentiu ou enfrentou obstáculos pelo simples facto de ser mulher? O setor financeiro em Angola é composto maioritariamente pelo género feminino. Ainda assim, os lugares de topo são ocupados maioritariamente pelo género masculino, penso que esta questão merece reflexão. Este é um processo que temos estado a acompanhar. No entanto, já estivemos pior, se tivermos em conta os fatores culturais, que no passado posicionaram a mulher para os trabalhos domésticos, a maternidade e a educação dos filhos. Existe uma pressão política para a proteção e ascensão do género feminino, mas ainda temos um caminho a percorrer. Ainda assim, existe a necessidade de mudança de mentalidade de ambos os géneros.
Liderança no Feminino ou Masculino ou ambas? Acredita que existe alguma diferença no estilo de liderança única e exclusivamente baseada no género? Pessoalmente defendo a liderança no feminino, sem desvalorizar os grandes líderes que tive a oportunidade de conhecer/trabalhar e outros que leio e sigo as suas diretrizes. A mulher tem o instinto materno, lidera com amor, com emoção, transmite segurança, empatia, enfim, características muito particulares do género feminino, e que as pessoas nos dias de hoje sentem falta. A mulher foi feita para liderar, desde o lar e a sociedade em geral, muitas vezes defendo sob pretexto dos amigos, que o “mundo deveria ser governado pelas mulheres”, a todos os níveis, com certeza não teríamos os problemas de desigualdade social que hoje vivemos. Mais uma citação: “A mão que embala o berço, é a mão que embala o Mundo”. Mulheres...
O que falta, na sua opinião, para que a igualdade de oportunidades seja cada vez mais uma realidade? Claramente é a mudança de mentalidades de ambos (feminino e masculino). a mulher já provou que pode realizar todo o tipo de tarefas com brio e profissionalismo. Volto a realçar que é um processo gradual, o seu resultado depende das sociedades, fatores culturais, etc., umas já estão mais evoluídas do que outras, vamos chegar lá. Sendo a Diretora Coordenadora de um Banco angolano, que análise perpetua desta dinâmica do poder feminino no país? O que ainda falta para dar o passo seguinte? É um desafio, os homens muitas vezes querem mostrar o seu lado “macho”, entretanto na minha instituição já somos algumas mulheres em lugar de liderança. pessoalmente, em trabalho, não olho para o género, defendo as minhas ideias sem olhar para este fator, naquele momento sou a profissional que tem opinião própria. Na sua opinião, o que ainda falta para que as mulheres tenham ainda mais voz? Na minha opinião o que falta é percebermos que temos voz e somos livres de usá-la. Ninguém tem o poder de retirar-nos o conhecimento uma vez adquirido. De futuro, o que podemos esperar de si e quais serão os seus grandes desafios? Uma profissional melhor a cada dia, buscando sempre a energia divina, para continuar a trabalhar com zelo e dedicação, poder ser um exemplo de determinação, superação e humildade. ▪
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
» JOANA REIS
A mulher tem de mostrar sempre que vale o que vale independentemente da profissão Desde cedo sentiu vontade de ter o seu próprio negócio. Mas não basta querer, é preciso ter coragem e foi isso que Joana Reis demonstrou ao fundar a Peça 21 em 2010. Conheça a história.
H
oje é CEO da Peça 21, até fundar a empresa que história pode ser contada sobre o seu percurso? Após terminar a minha licenciatura comecei a trabalhar na área da Engenharia Civil numa empresa hoje nossa concorrente. Desde cedo senti a vontade de criar o meu próprio negócio, e assim, em conjunto com o meu sócio, que também trabalhava no mesmo gabinete e sentia a mesma necessidade e vontade, criámos a Peça21 em 2010. A empresa nasce desta vontade de termos uma marca nossa, com a qual nos identificássemos.
Com que fatores surge a Peça 21 no mercado que marcam a diferença? O nosso fator diferenciador em relação ao mercado é, por um lado, o foco que colocamos no nosso cliente e na satisfação das suas necessidades e, por outro lado, o atendimento personalizado que lhe é dispensado. O cliente é acompanhado desde a primeira reunião pelo elemento da equipa que irá coordenar o seu projeto até ao momento da entrega do mesmo. Neste momento estamos a desenvolver uma plataforma infor-
JOANA REIS
mática, através da qual o cliente pode, em qualquer momento, saber em que fase está o seu processo. A engenharia civil foi durante muito tempo tida como uma profissão masculina, alguma vez sentiu esse tipo de preconceito? Algumas vezes sim. Sobretudo no início do projeto senti que a minha opinião não era tão valorizada, mas no decorrer do mesmo sentia que o cliente passava a valorizar-me e a confiar no meu trabalho. Na Peça21 somos três engenheiras e um engenheiro e sentimos que nos tratamos da mesma forma e com mesmo respeito.
Que fatores considera imprescindíveis para que se alcance o sucesso? Os fatores imprescindíveis como a honestidade, o rigor e a transparência. A honestidade na forma como aconselhamos o nosso cliente. Rigor na forma como executamos os nossos projetos e transparência no trato com o cliente. Ser mulher e engenheira é…? É como em qualquer outra profissão, termos de demonstrar aquilo que valemos…É ser dona de casa, mãe, mulher…coordenar e organizar uma série de tarefas! ▪
45 junho 2018
O que a levou a escolheu engenharia para construir uma carreira? Desde cedo tive queda para os números e para a resolução de problemas, assim quando chegou a altura de optar por um curso superior, as ciências foram a opção natural. Tornei-me Engenharia Civil, pois sempre gostei de ver os números tornados em algo palpável, ou seja, ver o projeto tornado em algo concreto, criar soluções para os problemas que vão surgindo quer em projeto quer em obra, sempre foi uma ambição e hoje é uma paixão. E o mais importante que é no final da execução de um projeto ou obra ver que o nosso cliente ficou satisfeito com as soluções apresentadas e com o trabalho realizado.
Tornei-me Engenharia Civil pois sempre gostei de ver os números tornados em algo palpável, ou seja, ver o projeto tornado em algo concreto, criar soluções para os problemas que vão surgindo, quer em projeto quer em obra, sempre foi uma ambição e hoje é uma paixão
» Saúde em Portugal PEDRO MONTEIRO, Professor Auxiliar de Cardiologia da FMUC e Consultor de Cardiologia do CHUC
Cuidados Intensivos Cardíacos em Portugal:
Que futuro?
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esde a criação das primeiras unidades coronárias nos anos 60 do século XX, assistimos a um rápido e contínuo desenvolvimento dos cuidados intensivos cardíacos e da Cardiologia, em geral. Antes deste marco histórico, os doentes cardiológicos estavam quase sempre na dependência da Medicina Interna e os fármacos, dispositivos e protocolos para os tratar eram, à luz de hoje, muito rudimentares. A título de exemplo, os doentes com enfarte agudo do miocárdio estavam frequentemente internados durante um mês, em repouso absoluto no leito e a revascularização era uma miragem. Se muita coisa mudou desde então, a centralidade da Unidade de Cuidados Intensivos Cardíacos (UCIC) no contexto dos Serviços de Cardiologia só se tem reforçado, num processo que, seguramente, continuará a consolidar-se no futuro. Hoje as UCICs são unidades de tratamento de doentes cardíacos críticos, dotadas de importantes recursos técnicos e humanos, sendo que estes últimos enfrentam diariamente enormes desafios. Sendo assim, importa refletir sobre o presente das UCICs e perceber quais os caminhos a seguir para garantir a sua contínua melhoria no futuro. É este o objetivo deste artigo.
Visão estratégica
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A centralidade a que há pouco nos referimos deve estar plasmada na visão estratégica de qualquer UCIC. Hoje, como no futuro, a UCIC não deve ser uma “mera” unidade coronária, mas antes o local onde se tratam todos os doentes cardíacos críticos (embora, por vezes, estes doentes possam estar segmentados por áreas terapêuticas em serviços de maior dimensão), nomeadamente aqueles que requerem isolamento, cuidados intensivos médicos e de enfermagem. Deve ainda ser o local do Serviço que dispõe dos recursos técnicos e humanos necessários ao seu tratamento e monitorização, em estreita articulação com as outras áreas da Cardiologia, incluindo o laboratório de hemodinâmica e de eletrofisiologia, a imagem cardíaca e a reabilitação. Não menos importante, deve ser um local onde cada doente e os seus familiares e cuidadores se sintam bem, informados e cuidados, desde o momento da admissão até ao momento da alta hospitalar (encarada não como um fim, mas como o início de uma nova etapa no acompanhamento do doente e no tratamento e monitorização das suas patologias cardíacas e fatores de risco cardiovascular).
Organização
Mais do que discutir modelos de organização, importa vincar que a UCIC do futuro deverá estar centrada no doente e efetivamente ao seu serviço. Apesar de estarmos no século XXI, continua a ser demasiado frequente que os doentes e seus familiares e cuidadores se sintam isolados e abandonamos no meio de tanta ciência e técnica, de tanta nova informação e novos tratamentos. Isso interfere negativamente com o doente e seu bem-estar, comprometendo frequentemente a sua recuperação, a sua compreensão da doença, a sua adesão à
terapêutica e às necessárias alterações no seu estilo de vida, independentemente da patologia que tenha sido responsável pelo seu internamento. O sucesso de cada doente, e da UCIC como um todo, começa muito antes da admissão de cada doente. Importa ter uma boa organização dos recursos humanos e técnicos, uma boa articulação entre as equipas médicas e os restantes profissionais de saúde, importa que cada elemento da UCIC conheça detalhadamente o seu lugar e as suas competências em cada momento, particularmente em caso de emergências, que numa UCIC acontecem com demasiada frequência e geralmente não se compadecem com hesitações ou amadorismos. Devem existir checklists e procedimentos estandardizados padrão para todas as situações clínicas antecipáveis, os quais devem ser treinados, avaliados, revistos e atualizados regularmente. Os profissionais da UCIC, médicos e não só, deverão ter diferenciação própria em cuidados intensivos, realizada preferencialmente num centro de referência internacional, e essa diferenciação deve ser atualizada com frequência, de preferência através de certificação nacional ou internacional, por forma a garantir a excelência dos cuidados prestados. Antes da admissão de cada doente (exceto em casos emergentes), a equipa de saúde deve conhecer (e validar) o seu motivo de internamento, as suas comorbilidades e fatores de risco, a medicação habitual e aquela já administrada desde a sua admissão hospitalar, alergias, complicações prévias, procedimentos realizados (e seu resultado) e qualquer outra informação considerada relevante. Toda esta informação deve ser confirmada, incluindo junto do doente e dos seus familiares e cuidadores. No momento da admissão na UCIC, o doente deve ser recebido pela equipa de saúde, que se deve apresentar e explicar a sua função, explicando em seguida ao doente (e/ou familiar ou cuidador) o seu diagnóstico, a razão da sua admissão na UCIC, o seu plano integrado de monitorização e tratamento, possíveis exames ou procedimentos complementares a realizar, além de, sensatamente, lhe explicar possíveis sinais de alarme e o que fazer caso eles ocorram. Deve ser dado ao doente e seus familiares e cuidadores a possibilidade de colocar dúvidas e questões, as quais deverão ser respondidas usando linguagem acessível e garantindo que a informação foi compreendida. Deve igualmente ser reforçado que o doente poderá chamar a equipa de saúde a qualquer momento, se sentir necessidade disso. A visita médica deve ser realizada diariamente, logo ao início da manhã (e posteriormente, se necessário) e nela deve estar toda a equipa médica da UCIC disponível e ainda pelo menos um representante de cada grupo profissional da equipa de saúde, por forma de garantir a continuidade e integração de cuidados, sempre tendo em vista o benefício do doente. Idealmente esta visita diária deve ser preparada algum tempo antes pelos elementos em formação na UCIC, uma forma de melhorar a qualidade da visita e de otimizar a sua formação e progressiva independência na tomada de decisões. A interação com os doentes deve ser estimulada, a fim de transmitir segu-
rança e esclarecer dúvidas ou questões. No final da visita médica deverão ser estabelecidas prioridades (relativamente a exames complementares e revascularizações) e o plano de monitorização e tratamento para cada doente, articulado com os próprios e com os demais setores do Serviço e do Hospital. Um elemento da equipa médica deve funcionar como supervisor das referidas prioridades e decisões, em articulação com o resto da equipa de saúde. Logo que esteja reunida toda a informação relevante, devem ser tomadas e comunicadas as decisões quanto a altas ou transferências, para que estas possa ser agilizadas em tempo útil, em articulação com os familiares e cuidadores de cada doente. A este respeito importa referir que, com o progressivo envelhecimento da população, tenderão a existir cada vez mais doentes sem condições para alta para o domicílio, pelo que estas situações devem ser sinalizadas e confirmadas o mais precocemente possível, dando tempo para que o doente possa ser, por exemplo, referenciado para cuidados continuados. Na UCIC não devem existir tempos mortos, pelo que o tempo remanescente deve ser usado para reforçar a formação do doente, bem como dos seus familiares e cuidadores, sobre a sua doença, sobre os fatores de risco cardiovascular, hábitos de vida saudáveis, comportamentos de risco e educação para a saúde. Este deve ser um esforço de equipa, o que reforça a mensagem, o espírito de equipa e a qualidade da formação.
Formação
Não há boas UCICs sem bons profissionais e ninguém é um bom profissional de saúde apenas porque domina um determinado conhecimento científico e tecnológico num determinado momento. As qualidades e competências perdem-se se não forem treinadas e, dada a vastidão do conhecimento científico necessário para trabalhar numa UCIC e a sua contínua transformação, importa que toda a equipa de saúde tenha um espírito de formação contínua, quer através do esforço pessoal, quer através de ações de formação periódicas e programadas, idealmente com teste final e certificação. A formação não deve ser encarada como coisa só para internos ou satisfeita apenas pela ida anual ao congresso nacional. Pelo contrário, a formação deve ser uma espécie de estilo de vida: cada doente pode e deve ser uma oportunidade de formação, mas a formação também deve ter um componente estruturado e verificável, que garanta que, a cada momento, cada UCIC dispõe de equipas de saúde de excelência, bem formadas e bem entrosadas e que isso se nota em cada momento e em cada doente. Esta formação não deve ser apenas em cuidados intensivos cardíacos, mas também noutras áreas igualmente importantes, como comunicação com os doentes e com os pares, gestão de conflitos, urgências e emergências, liderança e humanismo, decisões de fim de vida, entre outras. Paralelamente à formação, cada UCIC tem que conhecer os seus indicadores de qualidade, refletir pe-
Investigação
Sendo a UCIC o centro de qualquer Serviço de Cardiologia, deve ser encarado como um lugar de investigação por excelência, dado o manancial de dados que aí se podem colher e analisar. Falar de investigação clínica significa falar de ensaios clínicos, mas significa muito mais do que isso. Se é verdade que a cada doente da UCIC deve ser oferecida a oportunidade de participar nos ensaios clínicos que estejam a ocorrer na sua patologia, não é menos verdade que muito mais pode ser feito na UCIC em termos de investigação, sobretudo no que respeita a estudos da iniciativa do investigador e estudos académicos e colaborativos, passando pela atividade científica dos internos em formação e, necessariamente, pela orientação de todos os projetos de investigação à sua publicação científica, sempre que possível em revistas científicas internacionais. Deve, pois, existir em cada UCIC um ambiente que facilite e estimule a investigação: visitas clínicas participadas e interativas, com adequada profundidade científica, um espírito de saudável curiosidade e estímulo da diferença, uma verdadeira orientação científica de todos os elementos em formação, a realização periódica de reuniões científicas internas e a participação ativa nas reuniões de serviço, a promoção periódica de reuniões de definição e acompanhamento de projetos científicos, a inclusão dos elementos em formação nas equipas de investigação, a promoção de reuniões científicas com convidados externos, a discussão regular dos últimos ensaios clínicos e recomendações científicas. Como atrás foi dito, nenhum projeto deve ser considerado concluído sem a respetiva publicação, facto que deve ser estimulado nas UCICs relativamente a todos os seus elementos. Por último, mas não menos importante, para fazer investigação há que ter tempo e condições para
investigar e as direções de serviço e as coordenações da UCIC devem garantir isso mesmo, sob pena de se assistir a uma deterioração da qualidade dos seus elementos, do seu trabalho e dos seus indicadores.
Relação com outras áreas da Cardiologia
A centralidade da UCIC deve significar uma intensa e frutuosa interação com todos os demais setores do Serviço, não numa postura de superioridade, mas de saudável colaboração. Tratar diariamente de doentes críticos requer uma excelente articulação com os laboratórios de hemodinâmica e eletrofisiologia, com a imagem cardíaca, com a reabilitação cardíaca, com as enfermarias, com a eletrocardiografia, com todos os setores do serviço. Para garantir e aprimorar essa articulação, devem ser realizadas reuniões periódicas com cada setor, a fim de melhorar a comunicação, avaliar o que corre bem e o que pode correr melhor, identificar necessidades de formação e oportunidades de investigação e publicação científica. Caso seja considerado necessário e oportuno, pode inclusivamente convidar-se um elemento desses setores a estar presente em algumas visitas médicas e convidar esses setores para algumas reuniões internas, sejam elas clínicas ou científicas. Deve igualmente promover-se a partilha de informação com esses setores, por exemplo em termos dos indicadores de qualidade da UCIC, a fim de identificar oportunidades de melhoria. Por último, deve ser sempre reiterado a cada um desses setores que a UCIC também é deles, abrindo a UCIC ao Serviço e garantindo que a UCIC está sempre disponível para receber os seus doentes críticos e para colaborar em ações de formação, projetos de investigação ou qualquer outro tema por eles considerado relevante.
Relação com outras especialidades afins
Falar de um doente cardíaco crítico é, muitas vezes, falar de um doente que requer cirurgia cardíaca, hemodiálise, ventilação mecânica, assistência ventricular ou antibioterapia agressiva. Tal significa que, mesmo o melhor elemento clínico de cada UCIC não consegue dominar na perfeição o conhecimento científico e tecnológico para lidar com muitos aspetos do seu doente crítico. Se é habitualmente verdade que o melhor lugar para o doente cardíaco crítico é a UCIC, não é menos verdade que muitos dos doentes da UCIC vão requerer a ajuda de diversas especialidades. Sendo assim, importa que a UCIC promova um bom relacionamento e uma boa articulação com todos os demais serviços, preferencialmente através da definição de um interlocutor em cada serviço com quem possa ser feita essa articulação, não
apenas em termos dos cuidados cínicos, mas também em termos de formação e investigação. Em vez de uma postura adversativa e competitiva, em que os doentes são disputados ou empurrados entre especialidades, deve existir uma lógica colaborativa, tendo sempre em conta o superior interesse do doente. Para além da definição de interlocutores privilegiados por especialidade, é útil promover a criação e implementação conjunta de protocolos de atuação e referenciação em todas as situações clínicas consideradas pertinentes, por forma a que, quando tal situação ocorre, todos saibam exatamente o que fazer. Importa também apostar na formação conjunta e no desenvolvimento de projetos de investigação e publicações científicas multidisciplinares, como forma de estimular a colaboração entre pares, a articulação entre equipas e o desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico em áreas de interesse comum, o que inevitavelmente se irá repercutir em melhores cuidados prestados aos doentes. Como facilmente se compreende, tudo o que atrás foi dito se aplica também à colaboração com outros serviços de cardiologia (e respetivas UCICs) e com outros hospitais, sobretudo aqueles com os quais existam particulares afinidades, sejam elas científicas ou decorrentes do facto de pertencerem à mesma rede de referenciação.
Conclusões
Trabalhar na área dos cuidados intensivos cardíacos no século XXI é um enorme desafio, tão difícil quanto estimulante. Em pouco mais de 60 anos passámos das unidades coronárias incipientes para unidades de tratamento de doentes cardíacos críticos com enorme complexidade técnica e científica para tratar doentes também eles cada vez mais complexos. Muito se avançou nesta área da Cardiologia, mas nem sempre esse avanço foi integralmente colocado ao serviço do doente e muitas UCICs confrontam-se, atualmente, com enormes desafios organizativos, financeiros, técnicos e humanos. Ao longo deste artigo tentou fazer-se um levantamento dos principais problemas e desafios de uma UCIC, bem como elencar algumas ideias para a sua otimização rumo ao futuro. Qual o futuro da UCICs em Portugal? A resposta ainda não é clara, mas uma certeza temos: ele só será radioso se o doente cardíaco crítico for a nossa prioridade número um e se soubermos reunir os melhores recursos técnicos e humanos, utilizando bem e racionalmente os primeiros e valorizando e motivando os segundos, rumo à excelência na formação, investigação e prática clínica. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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riodicamente sobre eles, identificando oportunidades de melhoria e novos objetivos e estabelecendo planos para os atingir e manter. Neste contexto, são também importantes as reuniões de morbilidade e mortalidade, em que se discutem os casos clínicos de desfecho adverso, não para apontar culpas, mas sobretudo para identificar coisas que possam ter corrido menos bem e que possam ser melhoradas no futuro, sempre com um espírito humilde em busca da excelência. Ainda neste contexto, a obtenção e renovação da certificação de qualidade pode e deve ser um valioso processo formativo, na medida em que os auditores, enquanto entidades independentes e não “viciadas” pela rotina da UCIC, podem identificar erros, omissões e aspetos a rever, o que é mais difícil quando somos nós próprios a tentar identificá-los.
» Parque Natural Regional do Vale do Tua em destaque
“Estamos a ajudar as pessoas a formatar um produto turístico, aproveitando as potencialidades locais” O Homem sonha e a Obra nasce. Este bem que poderia ser o desígnio do primórdio do Parque Natural Regional do Vale do Tua (PNRVT), um espaço singular e único em Portugal e que tem vindo a percorrer um caminho de sucesso num fito direcionado para a biodiversidade e potencialidades do património cultural e, acima de tudo, para a afirmação da marca do Vale do Tua, onde o turismo de natureza tem sido um forte pilar do desenvolvimento económico da região em prol do crescimento local, mas não só.
ARTUR CASCAREJO
pontos de vista
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uisemos saber mais e fomos conversar com o atual Diretor do PNRVT, Artur Cascarejo, um homem da região e que conhece a fundo as principais necessidades e lacunas, mas acima de tudo as grandes potencialidades de uma região que se tem vindo a cimentar, cada vez mais, assente nas valias do Parque Natural Regional do Vale do Tua. Depois de ter este testemunho, acreditámos que vai querer conhecer este espaço, pois são tantas as singularidades e belezas ímpares, que será um desperdício se não o fizer. O PNRVT promove os fatores distintivos de cinco municípios, ou seja, Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor, sendo que foi criado na sequência da construção da Barragem do aproveitamento hidroelétrico da foz do Tua. quando estes municípios foram confrontados com a existência dessa edificação, “foi encomendado um estudo que serviu de base à Declaração do Impacto Ambiental (DIA) da barragem. Queríamos, acima de tudo, conceber uma estratégia de caráter territorial para o Vale do Tua numa lógica supramunicipal”, revela o nosso interlocutor, lembrando que a filosofia passava por tudo aquilo que fossem compensações para o território, “dividir
numa lógica equitativa em prol de todos os municípios abrangidos”. Interessa compreender que foram dois os princípios básicos que tornaram possível o sucesso deste empreendimento. O primeiro passava pela dinâmica e lógica supramunicipal e o segundo assentou na coesão e na capacidade que os autarcas de então tiveram para reivindicar um projeto com esta dimensão de caráter supramunicipal e com projetos que, embora estivessem distribuídos por todo o território, conseguissem ter impacto além deste território. “E, nessa medida, há cinco pilares/projetos que foram desenvolvidos ao longo deste tempo e que nos permitem compreender as razões que levaram ao surgimento do Parque Natural Regional do Vale do Tua. Porque tudo tem de fazer sentido e de assumir um cariz de rigor e qualidade, o modelo realizado para aproveitar as medidas compensatórias e as verbas recorrentes das mesmas assentou na constituição de uma instituição denominada por Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua (ADRVT), sendo que a o PNRVT é um dos projetos da ADRVT. Este player é uma associação de direito privado, mas de interesse público porque é constituído pelos cinco municípios: Alijó, Murça, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor e Mirandela, mais a EDP. “Os municípios entram com o território e a EDP com o capital e daí a dimensão pública e privada. A ADRVT é o instrumento que criámos para gerir as contrapartidas decorrentes da construção da barragem e que estão assentes em cinco projetos”.
Projetos diferenciadores que alavancam o desenvolvimento
O primeiro princípio assenta na Mobilidade, ou seja, na capacidade de trazer turistas para o território através de barco, comboio e autocarro. É uma concessão que está a ser negociada com a
Douro Azul e que pretende desenvolver a marca Tua associada à marca Douro. “Acima de tudo pretendemos fazer uma ligação entre todos os municípios através destes meios de transporte. Este projeto engloba a construção de vários cais para os barcos e da recuperação de parte da linha de comboio do Tua, que foi abandonado pelo Estado e que nós negociamos a recuperação de parte da linha, numa lógica de mobilidade quotidiana e turística”, salienta Artur Cascarejo, lembrando que este desafio engloba um investimento na ordem dos 15 milhões de euros e que, segundo um estudo realizado pela Douro Azul, poderá levar à região, anualmente, cerca de 100 mil turistas. O segundo vetor assentou na dinâmica da Dimensão Cultural, ou seja, foram recuperados dois armazéns na Estação do Tua que estavam abandonados, em protocolo com a Direção Regional de Cultura do Norte (DRC-N). Assim, foi edificado um Centro Interpretativo do Vale do Tua (CIVT), no valor de 2,2 milhões de euros. “No fundo este investimento assume um cariz de porta de entrada do ponto de vista turístico, sendo que a gestão do mesmo é feita pela autarquia de Carrazeda de Ansiães, mas é para todo o território”, revela o nosso entrevistado. Ainda neste domínio da cultura, para além do CIVT, e será o terceiro pilar, foi realizado um investimento na recuperação de património classificado, em conjunto com a Direção Regional de Cultura do Norte, no valor global de um milhão e 700 mil euros, “dividido pelas cinco autarquias”. Desenvolveu-se também uma vertente do apoio ao emprego e ao empreendedorismo, um programa com um investimento de cerca de 1,5 milhões de euros. Como? Através de um programa que somente nos dois primeiros anos promoveu a
criação de 84 novas empresas na região em diversas áreas. A ADRVT promove formação, apoio e aconselhamento a todos aqueles que pretendam apostar nesta vertente, através de um apoio concreto no âmbito da viabilidade prática do projeto, na criação do plano de negócios, nos estudos de mercado, na formação presencial e virtual, entre outros, “numa lógica do que de melhor se faz no âmbito da promoção do empreendedorismo e da capacitação institucional, que, na nossa opinião, era uma das coisas que faltava”, esclarece o diretor do PNRVT, revelando que esta iniciativa teve tanto êxito, “que nos levou a realizar uma candidatura a fundos comunitários para alavancar mais 600 mil euros, dando uma nova dimensão ao projeto”.
Projeto abrigos para Morcegos
Um dos pilares iniciais do nosso entrevistado e dos seus pares passou pela preponderância dada às parcerias, “pois sozinhos não faríamos nada. Temos a noção que o PNRVT isolado não faria qualquer sentido. Desta forma, depois da aposta no marcanatural.pt, decidimos dinamizar a vertente da sinalização do parque, ou seja, em todas as acessibilidades existe uma sinalética bem visível de quem somos e onde estamos. Isto pode não parecer importante, mas é, pois só assim o turista vem até nós”. São diversos os projetos e as iniciativas levadas a cabo pelo PNRVT. Seis no domínio da natureza e da biodiversidade e seis no domínio do turismo sustentável. No seio da biodiversidade, foi realizada uma candidatura no valor de 200 mil euros, em parceria com a Universidade de Trás os Montes e Alto Douro e com a Universidade do Porto, esta última tendo também presente o CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos. “Assim, realizámos uma candidatura para instalar postes com abrigos para morcegos em todo o território. Estes morcegos funcionam como um ecossistema, ou seja, evitam que o agricultor tenha de despender de dinheiro em pesticidas e em mão de obra para eliminar estas pragas, pois os morcegos fazem-no de uma forma fiável e sem custos para o agricultor. Assim, e conhecedores disso mesmo, os agricultores da região
Percursos pedestres e o sucesso a nível internacional
No domínio do turismo sustentável, a grande aposta do parque consistiu na certificação e homologação de percursos pedestres. Como o PNRVT abrange todos os cinco municípios aqui referidos, neste momento, existem pelo menos dois percursos pedestres em cada concelho, que reúnem também uma dupla característica, ou seja, para além do tradicional percurso pedestre com vantagens, óbvias, ao nível da saúde, do desporto e do turismo de natureza, “temos também sete micro reservas com a melhor fauna e flora do parque. Estas micro reservas podem ser observadas em painéis interpretativos que explicam o que as pessoas estão a ver in loco ao nível da flora e da fauna, mantendo, portanto, uma linha de ligação com a biodiversidade e o turismo, algo que tem tido um enorme sucesso”, explica Artur Cascarejo. Outra caraterística dos percursos pedestres «made in» PNRVT, preparados para pessoas dos 8 aos 80 anos, é que estes passam sempre por aldeias ribeirinhas, numa clara tentativa, conseguida com êxito, de revitalizar e dinamizar a economia local, sustentado em percursos circulares e de pequenas rotas. “Temos constatado que espaços comerciais que estavam a fechar ou que inclusive já estavam fechados começaram a reerguer-se e a reanimar-se e isso é um fenómeno extraordinário para a região”. Assim sendo, o público bem como o turista internacional, aproveita a dinâmica imposta pelos percursos pedestres numa dupla perspetiva: autónoma e com guias. Estes últimos, implementados com empresas locais e de uma forma organizada têm também contribuído para o crescimento da atividade sócio económica local. “Estes percursos guiados criaram uma enorme dinâmica e o nosso feedback vem sobretudo dos operadores turísticos que os realizam. Temos turistas oriundos de diversos pontos do mundo como EUA, França, Noruega, Espanha, entre outros. Esta aceitação acaba por ter maior impacto na economia local porque esse turista não vem apenas um dia, fica mais tempo e usufrui de outras ofertas na região, o que acaba, invariavelmente, por aportar mais-valias económicas”, esclarece o diretor do PNRVT.
O PNRVT e os mais jovens
Os mais jovens e as escolas são, sem dúvida, elementos agregadores e potenciadores de qualquer iniciativa. Assim, o PNRVT promoveu dois projetos com os agrupamentos de escolas dos cinco muni-
cípios, para alunos do 3º ciclo do ensino básico ou secundário, sendo que um já foi concluído, e que teve como parceiro a Oikos - Cooperação e Desenvolvimento. Este projeto consistiu em dar a conhecer à juventude as mais-valias locais. Como? Através do concurso Festi-Vale do Tua, que teve como principal desiderato a distinção e divulgação das melhores curtas produzidas sobre o Parque Natural Regional do Vale do Tua. “Esta iniciativa ultrapassou as nossas expectativas e passou pela realização de micro filmes de três minutos, em que foram atribuídos prémios de mil euros ao aluno vencedor e o mesmo valor à escola desse aluno. O segundo prémio era de 750 euros e o terceiro de 500 euros, convertidos em Cheques FNAC, pois não podemos dar prémios monetários”, revela Artur Cascarejo. Face ao sucesso obtido, o PNRVT está já a realizar outro projeto envolvendo os mais jovens. dentro da área da biodiversidade está a ser preparado um projeto piloto que já foi lançado pelo Ministério da Educação abordando a flexibilidade do currículo, “em que uma parte do mesmo será standard e a outra pode ter uma vertente regional, e será lançado em 2019”. Além disso, vai ser lançada também a iniciativa, em 2019, denominada por «Junto à Terra», que assenta num conjunto de workshops práticos com os mais jovens, direcionado para os alunos do 8º ano. “Queremos que esses jovens, na disciplina de Biologia, aprendam os conteúdos sobre a origem do parque, a razão de existir, as vicissitudes das alterações climáticas, entre outros. Tudo isto terá um formato em sala de aula, mas não só, porque queremos, através das associações locais, levar os mais jovens para o terreno, onde poderão ver in loco todas estas coisas. No final, teremos uma apresentação dos projetos, em que vamos promover workshops sobre como resumir uma ideia em três minutos, no sentido de os ajudar a melhorar a sua capacidade de comunicação, como falar em palco, como apresentar um trabalho, isto é, dar-lhes competências para a vida através de uma componente ambiental de educação”.
À boleia do Douro, Afirmar a marca Tua
Muito mais haveria para falar sobre um projeto de enorme simbolismo, riqueza e diferenciação e que pretende, segundo o nosso entrevistado, associar a marca Tua a outra marca de enorme sucesso, que é a marca Douro. “Queremos, um pouco à boleia do Douro, afirmar a nossa marca com a identidade desta região porque estes cinco concelhos fazem parte do Douro e do Tua. Acredito que este é um projeto único e singular e que vai transformar o Vale do Tua, porque o investimento será enorme e se não fosse esta oportunidade não estou a ver nenhum Governo de qualquer partido a investir os milhões que aqui foram, estão e vão continuar a ser investidos. É, sem dúvida, um investimento nas pessoas e no território, no sentido de ajudar a formatar um pacote turístico, aproveitando as potencialidades locais que são imensas”, conclui Artur Cascarejo, atual Diretor do Parque Natural Regional do Vale do Tua. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
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aderiram imediatamente a este projeto através de protocolos que previam a colocação destes postes nos terrenos com vinha, olival e sobreiral. “Este projeto superou as nossas melhores expectativas, pois prevíamos para o primeiro ano uma ocupação de entre 20 a 30% e conseguimos chegar aos 80%. Se este projeto tiver sucesso, será posteriormente apresentado do ponto de vista científico como uma boa prática que pode ser levada para outros territórios, tanto a nível nacional como internacional. É facilmente percetível que este projeto apresenta duas dimensões: sócio económica e investigação cientifica”.
» ECONOMIA DO RIO TEJO
RIO-A-DENTRO
A NATUREZA ESTÁ PRIMEIRO “O futuro do rio Tejo passa pelo turismo de natureza, baseado na proteção do rio, da fauna e da flora local. E a Rio-a-Dentro tudo fará para ser um exemplo na proteção e desenvolvimento local. De outra forma não vale a pena”, afirma Rui Domingos, Administrador da Rio-a-Dentro.
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uando foi edificada a Rio-a-Dentro e como é que a marca tem vindo a perpetuar um percurso assente na qualidade, rigor e excelência? A Rio-a-Dentro é uma empresa criada por mim (Rui) e pelo meu irmão Luís Domingos em 2011. era um projeto que já levava alguns anos de pesquisa e trabalho, digamos que foi sendo sonhado e trabalhado desde os finais dos anos 90. É algo que foi devidamente planeado e desenhado para o nosso rio Tejo, na zona da nossa aldeia, o Escaroupim, Salvaterra de Magos. Escolhemos este troço porque o conhecemos desde crianças. Foi com o nosso avô José Tomás que aprendemos a amar e a respeitar este rio. O nosso avô era um pescador Avieiro, alguém que respeitava e conhecia o rio como ninguém. Com ele descobrimos todos os seus recantos. Era um prazer navegar rio a dentro e ouvi-lo falar do rio. Contava histórias e mais histórias, falava das plantas, dos peixes, das aves, dos lugares, tudo tinha um nome e uma história para contar. Foi através dos seus “olhos” que descobrimos este rio maravilhoso, cheio de vida e paisagens únicas. E é desta forma que o damos a descobrir aos nossos clientes, “através dos seus olhos e das suas palavras”.
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Como operador marítimo-turística de renome, como é que a Rio-a-Dentro promove o rio Tejo? A Rio-a-Dentro sente que tem duas responsabilidades e que só aparentemente são muito simples: dar a descobrir, mas, sobretudo, preservar o rio Tejo. Enquanto pessoas acreditamos que a “natureza está primeiro” e enquanto operadores acreditamos que a nossa atividade empresarial reflete isso mesmo. Promovemos e criamos produtos que respeitam estes princípios éticos. Produtos baseados na descoberta, nas potencialidades e na preservação da natureza e do rio. Embora esteja a menos de 50 minutos de Lisboa, poucas são as pessoas que conhecem o rio Tejo. As suas margens são de difícil acesso e, para além de alguns pescadores, poucos são aqueles que por cá andam. É um rio desconhecido e “quase selvagem”, mas bem preservado. Um rio cheio de vida ao longo de todo o ano. Em que outro lugar se podem ver ilhas, canais secundários, praias, margens verdejantes com uma
“Programas Escolares e ATL” especialmente desenhados para Crianças. Adoramos dar-lhes a descobrir este rio maravilhoso e único que é o rio Tejo.
RUI DOMINGOS
fauna e uma flora luxuriante, com milhares de aves e cavalos que pastam livremente pelas ilhas? Na voz de alguns dos nossos clientes, é “um autêntico paraíso” e que, como todos os potenciais paraísos, tem de ser cuidado e preservado a todo o custo. Que género de ofertas possui a marca para todos aqueles que pretendem conhecer melhor as belezas do Rio Tejo? Na Rio-a-Dentro os nossos produtos têm sempre como base a natureza, somos e gostamos de ser uma empresa “amiga do ambiente”. O nosso produto padrão é o “Passeio de Natureza Rio-a-Dentro”, com uma duração de 2h30, onde percorremos entre 15 a 17 km, por canais secundários e troços mais pequenos do nosso Tejo. Vamos vendo a fauna e flora, vamos observando bem de perto as muitas aves e cavalos que nesta altura do ano nidificam ou habitam. Embarcamos sempre no cais do Escaroupim, passamos pela Ilha das Garças, onde nidificam sete espécies diferentes, (Colhereiro, Ìbis-preta, Garça-cinzenta, Garça-branca-pequena, Garça-boieira, Garça-nocturna e Garça-laranja), passamos pelas Ilhas dos Cavalos, onde se podem ver os cavalos em liberdade, a vila ribeirinha de Valada e pelas Aldeias Avieira da Palhota e do Porto da Palha. Oferecemos, ainda, produtos para públicos mais específicos. É o caso dos observadores de aves e dos fotógrafos, pessoas com quem aprendemos muito e com quem adoramos trabalhar. Sem esquecer os
Na sua opinião, crê que estamos a aproveitar bem e a potenciar as valias do rio Tejo? O rio Tejo é o típico segredo que está escondido à vista de todos. É um rio ainda quase selvagem, porque teve a sorte de ter ficado esquecido. Um local onde o desenvolvimento económico do país passou ao lado e talvez tenha sido essa a sua sorte. Ainda hoje, no século XXI, poucas são as pessoas que se encontram quando nele navegamos. Se hoje ainda temos toda esta riqueza é porque o acesso ao rio sempre foi, de uma alguma forma, controlado. E pensamos que essas são as suas mais-valias que devemos preservar. Tudo o que se possa fazer no rio deve ter em conta a sua preservação. Só esse tipo de investimento e desenvolvimento deve ser bem-vindo. Todo o progresso e desenvolvimento económico que o rio irá ter deve ter sempre em conta a natureza e a forma como vai ela reagir. Que lacunas ainda identifica e que na sua opinião urgem dar resposta? A nossa parte do rio Tejo é o último terço navegável e onde ainda chegam as marés. Uma das problemáticas é o assoreamento em algumas zonas como no cais do Escaroupim, onde ficamos sem acesso ao cais na maré vazia. Preocupa-nos a proteção ambiental e da vida selvagem. Urge criar em lei “zona de proteção especial” às muitas aves que por cá vivem. Há que deixar espaço para a natureza. Há que devolver às margens as zonas de proteção e replantar árvores. Estes corredores ecológicos são fundamentais para o desenvolvimento saudável, não só dos mamíferos como das aves. Há que regulamentar e definir as atividades turísticas no rio. O rio Tejo não comporta mais empresário sanguessugas, focados em retirar dividendos do rio, sem olhar a meios. Precisamos urgentemente de uma visão de futuro. Um olhar amigo do ambiente que traga investimentos positivos, mas que, sobretudo, cuide deste rio e o ame. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT