Revista Ponto de Vista Edição 77

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. AGOSTO 2018 | EDIÇÃO Nº 77 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

ALD AUTOMOTIVE SUPORTA A DECISÃO ENERGÉTICA

ROSA MARIA ARANHA EM ENTREVISTA

SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES E A IDENTIDADE LUSÓFONA CIBERSEGURANÇA EM DESTAQUE

SABINO DE POMPEIA FOTO: DIANA QUINTELA

CEO DA ULTRA-CONTROLO

“COMO SOMOS PORTUGAL O RESTO DO MUNDO ESTÁ À ESPERA QUE SEJAMOS BARATOS. ESQUECEM-SE É QUE TRABALHAMOS COM EQUIPAMENTOS DE TOPO DE GAMA E QUE ISSO TEM UM PREÇO”

ESPECIAL




» EMPREENDEDORISMO OPINIÃO DE LUÍS SANTOS, PRESIDENTE DO PSD COVILHÃ

EMPREENDER NO INTERIOR:

UMA QUESTÃO DE VONTADE E DE CORAGEM

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PONTOS DE VISTA

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LUÍS SANTOS

temática do empreendedorismo tem vindo a ocupar cada vez mais espaço mediático como forma de desenvolvimento local, regional e mesmo nacional. Mas, antes de falar em implementar estratégias empreendedoras, importa entender global e teoricamente a sua importância socioeconómica e cultural. Deste ponto de vista, a aposta no empreendedorismo de pequenas e médias empresas é fundamental como fonte de criação de emprego, aliás, a mais imediata que se pode ter. Ao implementarmos um negócio, geramos e respondemos a necessidades e, consequentemente, criamos postos de trabalho que têm ser imediatamente preenchidos. Em segundo e terceiro lugares, o papel do empreendedorismo é decisivo na introdução de inovação na cadeia económica, contribuindo para o desenvolvimento da nossa comunidade, bem como para o desenvolvimento regional e crescimento da economia. Por último, o empreendedorismo constitui uma opção de carreira extremamente aliciante, na ótica de uma nova geração à descoberta de novas profissões, de práticas da inovação, de fomento da criatividade e de necessidade de autonomia. Devemos, pois, deixar de lado o empirismo que nos guia nestas áreas e verificar que os países com mais atividade empreendedora detêm um crescimento do PIB mais elevado, onde o empreendedorismo explica um terço da diferença de crescimento entre países, sobretudo ao nível das PME, a tipologia responsável por triplicar as exportações, com a vantagem do reinvestimento ser superior às filiais de grandes empresas. Eis as razões pelas quais se justifica uma política integrada, tanto mais quanto, já em 2002, Portugal foi identificado como o único país da União Europeia onde eram desenvolvidas ações que tinham como objetivo fomentar o espírito empresarial, sem qualquer enquadramento no quadro do sistema nacional de educação. Contudo, foi no interior, mais concretamente na Covilhã, que o “Parkurbis - Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã” - implementou um dos primeiros projetos educativos nesta área, nomeadamente o Projeto Empresários na Escola – Percursos de Acompanhamento à Criação de Novas Empresas de Base Tecnológica que tinha como objetivo primordial o desenvolvimento de competências empreendedoras dos jovens.

Todas estas razões evidenciam a importância considerável do empreendedorismo para o desenvolvimento de uma região ou de um país. Como diria o Prémio Nobel, Hayek (1974), “o empreendedor é a chave para o desenvolvimento”. Mas que instrumentos temos para se apoiarem os empreendedores de forma organizada? Para além da formação especializada de que tanto carecemos, existem dois instrumentos fundamentais que têm de ser incentivados, tanto por instituições bancárias como universitárias e ainda por medidas governamentais e políticas. Salientamos aqui a urgência do apoio de fundos de capital de risco, sobretudo porque, em Portugal, o número de empresas que recebem apoio de capital de risco é muito baixo quando comparado com o que acontece noutros países. Uma boa incubação de empresas é outro instrumento particularmente importante para o incremento do empreendedorismo no nosso país que pode ser a almofada de apoio que evite as elevadas taxas de mortalidade das PME empreendedoras nos primeiros 5 anos de vida. Termino, desafiando os leitores a analisarem toda a faixa interior de Portugal, de norte a sul, e a encontrarem o local onde todos estes instrumentos se reúnam e possam construir um verdadeiro ecossistema de empreendedorismo. A verdade é que, neste momento, esse local simplesmente não existe. No entanto, um verdadeiro Eldorado empreendedor no interior poderá bem vir a ser a Covilhã, cidade que reúne as condições necessárias, tanto ao nível académico (com uma das 150 melhores universidades do mundo com menos de 50 anos), como ao nível empresarial (um dos concelhos com maior taxa de exportação de todo o interior), com um clima e uma cultura de juventude e inovação dinamizados pelos quase 7500 alunos que podem propiciar uma das atmosferas académicas mais eletrizantes do nosso país, terminando pela respetiva localização geográfica (praticamente no centro de um triângulo quase perfeito entre Lisboa-Porto-Madrid com Salamanca à espreita). Replicar, redimensionar e diversificar, constitui per si, a condição necessária ao desafio de empreender no interior… Será que não temos coragem e força coletivas para o fazer? ▪


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PGA CONSULTORIA - LIDERANÇA E EMPREENDEDORISMO NA LÍNGUA PORTUGUESA

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ALD AUTOMOTIVE - PRESENTE HÁ MAIS DE 50 ANOS NO MERCADO E LÍDER EM RENTING E GESTÃO DE FROTAS

CIBERSEGURANÇA – OS DESAFIOS DA CIBERSEGURANÇA PARA AS ORGANIZAÇÕES

ÍNDICE DE TEMAS

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FUJIFILM - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA AO SERVIÇO DA SAÚDE

PÁG. 40 E 41 PÁG. 38 E 39

IERA - PROCRIAÇÃO MÉDICA ASSISTIDA

GERBER - COLEX UNIFORMES S.L., MONTCADA I REIXAC/BARCELONA

ERRATA: NA EDIÇÃO DE JULHO DA REVISTA PONTOS DE VISTA, POR LAPSO, À QUAL A REVISTA PONTOS DE VISTA É ALHEIA, NÃO FOI COLOCADA A INDICAÇÃO SOBRE O AUTOR DA FOTOGRAFIA DA CAPA DA PUBLICAÇÃO. OS CRÉDITOS PERTENCEM A SÍLVIA FARIA.

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5 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares | Miguel Beirão | Vítor Santos DESIGN E PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua Rei Ramiro 870, 2º J, 4400 - 281 Vila Nova de Gaia E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt Preço de capa:

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AGOSTO 2018

Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660 4455-518 Perafita Matosinhos

EDITOR: Ricardo Andrade Rua Rei Ramiro 870, 2º J 4400 – 281 Vila Nova de Gaia


» CENTRO NACIONAL DE CIBERSEGURANÇA

PROMOÇÃO DE UMA CULTURA DE CIBERSEGURANÇA No mundo digital que vivemos cada vez mais é necessário ajudar a manter a sociedade segura. Falemos de cibersegurança, um fenómeno verdadeiramente global e não apenas uma questão de TI. A sua empresa está segura? Sabe quais são os possíveis riscos para os seus negócios ou como se manter um passo à frente das ameaças? Venha connosco conhecer o Centro Nacional de Cibersegurança.

N PONTOS DE VISTA

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ão são só as empresas que precisam de estar consciencializadas para potenciais exposições ao risco de ataques à cibersegurança. Os clientes também precisam de garantias que os seus dados pessoais estão seguros e o cidadão comum precisa de saber como navegar na Internet de modo mais seguro. Até porque “a cibersegurança é uma matéria de todos”, pelo que é crucial aumentar o conhecimento e a utilização de boas práticas de todos. Nós, utilizadores e colaboradores de organizações, sabemos “estar” no mundo da Internet? Com ataques cibernéticos a serem relatados diariamente, promove-se a necessidade de se fazer mais pedagogia do que adotar uma atitude punitiva em relação à cibersegurança. Como o Centro Nacional de Cibersegurança refere, “é fundamental informar, sensibilizar e consciencializar não só as entidades públicas e as infraestruturas críticas, mas também as empresas e a sociedade civil. Por outro lado, importa que o país se dote de recursos humanos qualificados para lidar com os complexos desafios da segurança do ciberespaço”. O Centro Nacional de Cibersegurança atua como coordenador operacional e autoridade nacional especialista em matéria de cibersegurança junto das entidades do Estado, operadores de Insfraestruturas Críticas nacionais, operadores de serviços essenciais e prestadores de serviços digitais, garantindo que o ciberespaço é utilizado como espaço de liberdade, segurança e justiça, para proteção dos setores da sociedade que materializam a soberania nacional e o Estado de Direito Democrático. Em Portugal, promove a utilização do ciberes-

paço de uma forma livre, confiável e segura, através da melhoria contínua da cibersegurança nacional e da cooperação internacional. O sucesso da segurança do ciberespaço passa pela promoção de uma cultura de segurança que proporcione a todos o conhecimento, a consciência e a confiança necessários para a utilização dos sistemas de informação, reduzindo a exposição aos riscos do ciberespaço. Recentemente, o Centro Nacional de Cibersegurança desenvolveu um simulacro, o Exercício Nacional de Cibersegurança, onde especialistas reagiram a cerca de 90 ataques a infraestruturas críticas. Cada entidade recebeu, no fim, um relatório confidencial sobre o que correu menos bem e quais os pontos de melhoria. O balanço foi positivo ao fim de dois dias de testes para avaliar os métodos e procedimentos na área de cibersegurança, de entidades dos setores público e privado. Os números traduzem-se em cerca de cem pessoas que estiveram envolvidas como participantes nesta primeira edição, alguns presencialmente, no Centro Nacional de Cibersegurança, e outras através dos seus locais habituais de trabalho. Aos participantes de todos os setores, com os seus diferentes níveis de maturidade e capacidade, foi dada a oportunidade de agilizar e nivelar procedimentos para colmatar essas diferenças. A realização deste Exercício contribuiu não só para aumentar o nível de confiança e partilha de conhecimento entre as diversas entidades com responsabilidades ao nível da cibersegurança em Portugal, como também para que essas entidades melhorem a capacidade de resposta, de forma a que se torne um ambiente

mais seguro e, desta forma, reforcem a qualidade e segurança dos serviços que prestam à sociedade e ao cidadão.

CURSO GERAL DE CIBERSEGURANÇA

De 17 a 18 de outubro, o Centro Nacional de Cibersegurança promove o Curso Geral de Cibersegurança (CGC) que pretende, de uma forma abrangente, contribuir para a sensibilização, educação e literacia em todas as questões que caracterizam, moldam, influenciam e conduzem ao estado-da-arte atual da cibersegurança e do ciberespaço. Pretende-se incentivar e despertar nos formandos um espírito de participação na discussão das temáticas abordadas, sensibilizando-os para a importância e atualidade das mesmas e para a necessidade de conhecer as temáticas relacionadas com a cibersegurança de uma forma holística, nas suas variadas dimensões de atuação, no ecossistema em que desenvolve e em razão dos fatores (internos e externos) que a influenciam e tornam uma realidade indiscutivelmente atual e relevante. São objetivos particulares do CGC: • Criar nos formandos capacidade de apoio aos processos de decisão em assuntos e matérias de/relacionados com cibersegurança; • Desenvolver capacidades analíticas que habilitem e potenciem o apoio e desenvolvimento de estratégias organizacionais de cibersegurança mais eficazes; • Promover a formação para uma cultura nacional de cibersegurança e promover o estudo e a investigação científica nos domínios da segurança e defesa do ciberespaço, bem como em domínios conexos. ▪


CIBERSEGURANÇA

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NOVOS DESAFIOS SOBRE A PROTEÇÃO DE DADOS A Revista Pontos de Vista conversou com Jorge Martinez Batalha, Mestre em Segurança de Informação e Direito no Ciberespaço, onde ficamos a conhecer um pouco mais sobre a importância da Cibersegurança e do Novo Regulamento de Proteção de Dados. Venha conhecer estes temas nas palavras de um especialista na matéria.

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uitas dúvidas ainda pairam sobre as novas normas europeias que entraram em vigor a 25 de maio. Nomeadamente no que diz respeito à videovigilância e o Novo Regulamento de Proteção de Dados (RGPD), as normas são claras? Em primeiro lugar importa referir que existe muita desinformação. Relativamente à videovigilância, ficou claro já não ser necessário pedir autorização e pagar qualquer taxa à Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) para implementar ou alterar um sistema de videovigilância. No entanto, uma entidade pública ou privada que o pretenda fazer tem agora de avaliar se está a cumprir o RGPD e ter capacidade de demonstrar que o cumpre. Ora, isso não é tarefa fácil sem orientação adequada. Também por essa razão, tal como defendi na minha dissertação de mestrado sobre esta temática, é premente a produção de uma lei geral sobre a utilização de sistemas de videovigilância em Portugal.

PERFIL

JORGE MARTINEZ BATALHA

MESTRE EM SEGURANÇA DE INFORMAÇÃO E DIREITO NO CIBERESPAÇO INVESTIGADOR DO CICPRIS EM PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS CONSULTOR-FORMADOR ENCARREGADO DA PROTEÇÃO DE DADOS (DPO)

esquecer a clarificação dos limites a impor aos responsáveis pelo tratamento e, por outro lado, em contexto laboral, há que acautelar a impossibilidade de interconexão de dados biométricos com dados obtidos com recurso a sistemas de videovigilância. O controlo no local de trabalho de diferentes formas, desde o GPS ao controlo de utilização das TIC, passando pela videovigilância e pela biometria estão entre o conjunto de motivos que levam os portugueses a reclamarem mais junto da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), assim como a utilização indevida ou sem consentimento de dados pessoais. Que principais desafios enfrentam agora as empresas de segurança privada relativamente à videovigilância? Tomar medidas para que não se justifique a

Nós, comuns cidadãos, o que precisamos de saber? A formação e informação é suficiente para todos (colaboradores das empresas e cidadãos)? Há um longo caminho a percorrer. Precisamos todos de saber que temos direitos em matéria de proteção de dados pessoais. Cabe à CNPD divulgar informação de forma clara para todos entenderem as matérias em causa. Cabe igualmente aos responsáveis das entidades públicas ou privadas a formação dos seus trabalhadores, não só para demonstrar transparência como para evitar eventuais sanções por tratamentos ilícitos. Na sua investigação, “Novos desafios sobre a proteção de dados”, faz referência à necessidade de existir um cuidado especial das entidades públicas e privadas na formação, informação e consciencialização dos colaboradores para o cumprimento rigoroso dos direitos dos titulares dos dados pessoais. Este é o ponto fulcral, a formação e preparação do humano? Efetivamente, é esse o caminho. Se forem criados procedimentos internos, mas os trabalhadores que possam ter parte ativa nos diversos tratamentos de dados não receberem formação para os seguir e não os souberem interpretar adequadamente, esses procedimentos nunca serão cumpridos. Há ainda que informar e consciencializar, de forma contínua, para que os objetivos previamente estabelecidos sejam atingidos. ▪

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No âmbito do cumprimento do RGPD o que muda no tratamento de dados pessoais com recurso a sistemas de videovigilância, assim como sobre o controlo de acessos e de assiduidade com recurso ao tratamento de dados biométricos? Em espaços privados, a videovigilância apenas pode ter como finalidade a proteção de pessoas e bens. Isso não mudou. Por outro lado, à partida, é proibido o tratamento de dados biométricos, visto que o RGPD passou a incluir estes dados nas categorias de dados especiais, ou seja, no denominado grupo de dados sensíveis. Este grupo engloba, por exemplo, dados relativos à saúde, como ainda, dados pessoais que revelem a origem racial ou étnica, as opiniões políticas, as convicções religiosas ou filosóficas. Como os dados são sensíveis, as regras são mais apertadas, mas já o eram anteriormente. No entanto, o RGPD prevê que os Estados-Membros possam legislar no sentido de autorizar o tratamento de dados biométricos, particularmente em contexto laboral. Falta a publicação da legislação que se encontra em fase de apreciação no parlamento e que indicia vontade de permitir o tratamento de dados biométricos com a finalidade de controlo de acessos e de assiduidade. Importa ainda não

apresentação de reclamações por parte dos titulares dos dados, sejam estes, clientes, trabalhadores ou outros, é um dos principais objetivos que estabeleço nas entidades onde desempenho funções de Consultor ou Encarregado da Proteção de Dados. Relativamente às empresas de segurança privada, para além das denominadas empresas instaladoras de sistemas de segurança, como é o caso da videovigilância, sendo entidades subcontratadas, passam a ter maior responsabilidade em caso de incumprimento do RGPD. É agora necessário estabelecer cláusulas contratuais específicas perante os seus clientes, vinculando estas entidades ao cumprimento das novas regras impostas pelo RGPD. Este passo, para além dos procedimentos que têm de ser adotados internamente para cumprir os contratos assumidos, constituem os principais desafios.


» CIBERSEGURANÇA

SERÁ A SUA EMPRESA

CIBER SEGURA?

Num universo cada vez mais online, o digital é, por consequência, cada vez mais vasto, em que todos os ativos usados pela organização podem correr riscos sérios. Definir limites para o ambiente digital é uma manobra ainda complexa para muitas pequenas e médias empresas portuguesas que estão ainda aquém do que seria preciso para se prevenirem ou agirem com uma boa capacidade de resposta perante um ataque desta natureza.

CECÍLIA SOARES E PAULO GONÇALVES

A PONTOS DE VISTA

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CA4BC está no mercado desde 2013, é especializada em serviços de consultoria na área de segurança de informação, proteção de dados e continuidade de negócio e conta com consultores com uma vasta experiência. Estivemos à conversa com Cecília Soares, CEO e Paulo Gonçalves, Sócio, que explicaram o trabalho que têm desenvolvido junto de PME’s e alguns organismos ou empresas de grande dimensão. Na sequência da segurança de informação vem todo um conjunto de temas relacionados com a cibersegurança e com a proteção de dados. Cibersegurança prevê que as empresas se preparem para ataques desta natureza. A confidencialidade é uma das características dos dados (um determinado dado pode ou não ser confidencial). Os dados pessoais são, pela sua natureza, confidenciais. “Uma empresa nunca pode garantir que os ataques não aconteçam. O que têm de fazer é estar preparadas para que se acontecer estejam protegidas o mais possível para defender os seus ativos (pessoas, instalações, dados)”, comenta Cecília Soares, que acrescenta que “algumas estão bem preparadas como por exemplo os bancos. Aquelas que não têm obrigatoriedade legal ou regulação existe um pouco de tudo”. Por isso o RGPD é visto como uma excelente oportunidade para as empresas que nunca se

preocuparam com estas questões e para muitos empresários que se pautaram pela dificuldade em aceitar a mudança. Paulo Gonçalves explica que “a análise do risco não é feita. Alguns empresários desvalorizam esta questão. Temos trabalhado bastante fora dos grandes centros e no interior do país onde existem muitas empresas dedicadas à produção e cujo objetivo é não parar a produção. Existem empresas que começaram os processos de certificação por exigências externas (clientes ou exportação) e que depois chegaram à conclusão de que toda a restruturação lhes trouxe muitas vantagens e acordaram, assim, para alguns riscos que corriam sem todo aquele processo”.

OS CUSTOS SÃO UM OBSTÁCULO PARA O INVESTIMENTO EM SEGURANÇA

O não ter dinheiro para investir, aliado à descrença de que lhes pode acontecer, são as maiores razões que levam as empresas a negligenciarem a segurança. “Isto passa muito por mudar a cultura da empresa, por mais medidas técnicas que se implementem e que custam bastante ao nível do investimento financeiro. Na maioria das vezes, formar os funcionários é uma mudança essencial e que faz toda a diferença e que, além disso, acarreta menos custos. Se formos comparar os pre-


ços para implementar medidas técnicas com a formação que é necessária dar aos colaboradores, verificamos que não fica assim tão caro”, afirma a CEO da CA4BC. “Estamos a sofrer uma mudança superinteressante no tecido empresarial português. Fora das grandes cidades, vemos um fenómeno extraordinário a acontecer: aqueles patrões, que criaram a empresa, algumas com cariz familiar, e que, por isso, têm uma ligação emocional muito forte e a nova geração que chega com ideias diferentes. Apesar do choque geracional, chegam a verificar que estas novas gerações, com outras qualificações, trazem ideias realmente inovadoras, e estas estão a receber o devido valor”, elucida Paulo Gonçalves. Não é possível evitar um ataque mas há que preveni-lo para que as consequências sejam as menos nefastas. As organizações deverão assim estar cientes de que é apenas uma questão de tempo até sofrerem um ataque bem-sucedido. Depois de um ataque, aquilo que é medido e que garantirá a continuação do sucesso da organização é a capacidade de resposta, através da minimização do impacto no seu negócio. “Há cerca de dez anos quando se falava em certificação de qualidade as pessoas consideravam irrelevante, não era prioritário. Hoje quando dizemos que somos certificados isso já é um carimbo de qualidade e por vezes normal”, refere Paulo Gonçalves. Para muitos empresários a cibersegurança ainda é uma realidade distante. Outro fator distinto é o nível de digitalização de cada empresa. Quanto menos informatizados, maior o desinteresse. Porém, é pertinente que entendam que a segurança informática é importante porque sem ela todos sofrem consequências. Cecília Soares alerta que qualquer empresa que sofra um ataque tem como consequência direta o abalo da sua reputação. Este é um peso que não é mensurável. Gera desconfiança em parceiros, clientes ou fornecedores. Por outro lado, e para avaliar o grau de impacto que uma empresa pode ter, é necessário analisar os processos de negócio, quais os mais críticos, que sistemas de informação é que estão associados, e qual a exposição de cada um ao mundo exterior.

EM CASO DE ATAQUE, O QUE VEM A SEGUIR?

Na sequência de um ataque cibernético, as empresas preparadas deverão seguir os seus planos de resposta ao incidente, coordenado por um plano de gestão de crise da organização e complementado com a execução de planos de recuperação, dependendo dos danos sofridos.

O QUE FAZER PARA SE PREPARAR?

É realizado um estudo que começa por avaliar os processos de negócio dentro de uma organização que são mais críticos – aqueles que sofram algum dano e que possam fazer parar a empresa, parar o negócio. São identificados os sistemas de informação que os suportam e são avaliados de forma a perceber, para cada um, qual o grau de exposição a ataques cibernéticos. Tudo isto é avaliado, incluindo tempos de paragem, de reparação e quanto custa todo este tempo e outras consequências, como faturação que se perde ou que não se ganha, indeminizações que têm de ser pagas, legislação que não se cumpriu e penalizações – ou seja, tudo isto é traduzido de uma forma financeira. “Explicar isto a uma empresa que está a crescer é muito complicado e exige delicadeza da nossa parte. A melhor forma é fazer analogias com exemplos do dia-a-dia para que eles absorvam o impacto que as consequências poderão ter”, refere Paulo. “O interesse maior destas pessoas é continuar a trabalhar e por isso tirar tempo deles para formação ou mudança de procedimentos é difícil. Felizmente depois de lhes explicarmos eles entendem bem a necessidade”, completa Cecília.

PORTUGAL VS EUROPA

“Portugal, assim como todos os outros países do sul da Europa são muito diferentes dos restantes, sendo que a Alemanha está particularmente à frente”, revela a CEO, que explica que “o sul da Europa é caracteristicamente mais resistente à mudança, mas por outro lado conseguem responder muito bem e de forma improvisada”. O norte da europa caracteriza-se, portanto, como mais metódico e com estratégias muito bem definidas e estruturadas. “Estudam todos os cenários possíveis e por isso, caso aconteça alguma coisa, seguem os planos que têm preparados e são mais rápidos na resposta”, conclui Cecília. Pouco ou muito informatizada, grande ou pequena, qualquer empresa pode ser alvo de um ataque. As consequências podem, no seu limite, terminar com o ciclo de vida das organizações e, por isso, vale a pena tentar perceber o que se pode fazer dentro das possibilidades. ▪


» CIBERSEGURANÇA

“PORTUGAL AINDA GATINHA EM QUESTÕES DE CIBERSEGURANÇA” É possível prevenir um ciberataque? Quais seriam as consequências para a sociedade depois um ataque informático em Portugal? As empresas preocupam-se e o Estado também mas… falta dinheiro para investir. E ter um bom antivírus e um firewall não é a solução. João Manso da Redshift em entrevista à Revista Pontos de Vista, explora estas e outras questões. Saiba mais.

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Redshift Consulting está presente no mercado desde 2010 com colaboradores com mais de 25 anos de experiência e atua especialmente em duas vertentes: Data Networking e Information Security. Especializados em cibersegurança avaliam que lacunas existem no Estado e nas organizações. João Manso começa por explicar que a grande “dificuldade atual do mercado está na conquista de investimento. Os líderes das empresas têm algumas dificuldades em entender o benefício da segurança como um investimento e não como um custo. Na cibersegurança temos tido algumas dificuldades neste sentido. Mesmo quando começou a haver mais capacidade de investimento, os empresários continuaram, na sua maioria, a olhar para a segurança como custo. O facto de as entidades, vítimas de ciberataques que acontecem hoje no nosso país com prejuízos significativos infligidos, não partilharem as suas experiências, contribui de forma significativa para esta ausência de sensibilidade para o problema”. A segurança informática é facilmente entendida como um gasto uma vez que não produz capital. Algumas organizações começam a mudar esta filosofia, segundo o nosso interlocutor, e a definir estrategicamente na empresa a questão da necessidade de protecção como fator crítico de sucesso.

DESAFIOS REDSHIFT

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“A cibersegurança exige hoje que se tenha uma visão holística do problema da Segurança de Informação requerendo uma equipa especializada multidisciplinar para suportar a implementação de projetos nos nossos clientes. A gestão das equipas técnicas, numa área de oferta em que escasseiam recursos especializados, é atualmente um grande desafio para qualquer empresa nacional ou internacional. A contínua avaliação da indústria e a seleção dos melhores parceiros tecnológicos é também um desafio numa área que tem neste momento uma grande dinâmica de inovação e exigência. Em Portugal a maturidade em cibersegurança é globalmente reduzida, não só em IT, mas principalmente em OT (Operational Technology), o que nos transporta para a necessidade de investimentos em áreas de intervenção que aumentem a visibilidade e proteção sobre a superfície de ataque alargada, como a gestão de vulnerabilidades, a gestão de identidades para a autenticação de todo o tipo de utilizadores em todo o tipo de dispositivos, aplicações e sistemas operativos, gestão de configurações e patching, a deteção de ataques avançados através da correlação de eventos e utilizando Machine Learning que permita identificar

JOÃO MANSO

“Temos dado elevada prioridade à transformação digital mas a segurança fica muitas vezes esquecida. Só a encaramos depois de outras questões, como por exemplo o tratamento de dados pessoais. A transformação digital tem que andar a par da segurança, nunca antes, nunca sozinha”

comportamentos anormais dos diversos componentes dos sistemas de informação e dos utilizadores.” A transformação digital veio trazer alguma confusão e João Manso explica que “se tem dado elevada prioridade à transformação digital mas a segurança fica muitas vezes esquecida. Só a encaramos depois de outras questões, como por exemplo o tratamento de dados pessoais. A transformação digital tem que andar a par da segurança, nunca antes, nunca sozinha”, alerta.

BOAS PRÁTICAS EXISTEM

Em Portugal existe uma boa legislação em termos de proteção de informação. Mas porquê é que não há mais preocupação em torno da proteção? “Existem normas internacionais, que apesar de não estarem ainda previstas na nossa legislação, começam agora a ser vistas como uma referência em termos de cibersegurança. Portugal preocupou-se muito com a proteção de dados e só depois se apercebeu que tinha que trabalhar melhor a segurança. Estamos muito atrasados nestas questões, falta-nos maturidade, talvez devido à crise e à falta de recursos humanos. Pensarmos que não somos um alvo é perigoso. No dia em que alguém quiser fazer de Portugal um exemplo vamos ter problemas sérios”. O ideal passa sobretudo pela educação para a cibersegurança, que na opinião do nosso entrevistado “tem de começar a ser ensinada às mais recentes gerações. Temos de aprender a usar a tecnologia de forma responsável. Os menos jovens são desmotivados perante a tec-


CIBERATAQUES ACONTECEM E SÃO DIFÍCEIS DE PREVENIR

Normalmente os ataques são dirigidos à direção de uma empresa. E são mais frequentes do que se pensa. Para evitá-los ainda falta formação a par da informação. Uma das atividades que mais contribui para a cibersegurança é o treino. Treino do pessoal, das equipas e entre equipas. Neste âmbito ainda falta muito em Portugal, é preciso mais investimento na criação da capacidade de treino e em exercícios mais regulares e mais abrangentes. Os responsáveis por segurança informática dizem, há anos, que uma pessoa que trabalhe numa organização não pode considerar que o computador em que trabalha é seu, há que ter cuidado com a instalação de software, e com a utilização feita em ambiente familiar, por exemplo. É necessário o envolvimento de todas as pessoas da empresa para garantir a segurança dos dados, esse é um trabalho longo e que requer formação. As pessoas são o elo mais fraco de qualquer sistema de segurança. “Vemos muitas empresas que já começam a estar atentas a estas questões, mas ainda somos imaturos”, refere João Manso.

“NÃO ESTAMOS PREPARADOS NEM ENQUANTO EMPRESAS NEM ENQUANTO PAÍS, PARA LIDAR COM AS CONSEQUÊNCIAS DE UM CIBERATAQUE DE GRANDE DIMENSÃO”

Em Portugal, existem três grandes áreas no Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS). A primeira missão tem a ver com a preparação das organizações, do Estado, das empresas, para o tema da cibersegurança. O CNC tem ainda o Centro de Resposta a Incidentes de Segurança (cert.pt), com ligação privilegiada aos membros da União Europeia, Israel, Brasil e outros países Porém o grave problema é a falta de fundos, nas organizações e, principalmente, no Estado, de modo a que haja forma de fazer funcionar o sistema neste sentido. Quando há um ataque e não há partilha as consequências triplicam. “Uma parte muito importante da cibersegurança é a partilha. Mais tarde ou mais cedo surgirão regulamentos que nos obriguem a fazê-lo. Por partilha entende-se avisar que fomos vítimas de um ataque. É o princípio mais importante, já que quanto mais ajuda tiver, mais depressa resolvo o meu problema. No entanto, ainda há uma certa vergonha associada ao facto de se ser atacado". Neste momento, as empresas e o Estado não estão preparados para as consequências de um ataque e em muito se deve à falta de dois recursos: humano e financeiro. ▪

O PHISHING EM PORTUGAL De acordo com o relatório de spam e phishing realizado pela Kaspersky Lab em 2017, Portugal encontra-se em 8º lugar no top dos países que mais phishing recebem estando apenas acompanhado por outros dois países Europeus, a Albânia (6º) e a Rússia (10º). As organizações mais vulneráveis a ataques phishing e spam são as da área da banca, sistemas de pagamento e lojas online, encontrando-se Portugal com um nível médio de risco, sendo este valor idêntico aos restantes valores europeus.

11 AGOSTO 2018

nologia e alguns são mesmo iletrados a nível informático e não entendem a dimensão dos perigos”.


» CIBERSEGURANÇA

QUAL A MAIS ADEQUADA DEFINIÇÃO DE

CIBERSEGURANÇA?

É possível uma organização proteger-se de um ataque de cibersegurança? Paulo Borges, consultor, formador e auditor de segurança, começa por nos dizer o seguinte: “Sim, mas não utilizando as abordagens de segurança informática convencionais utilizadas pelas organizações”. Venha connosco saber mais.

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o entanto, “cada organização deverá definir uma estratégia de cibersegurança baseada na necessidade de presença no ciberespaço e da exposição a possíveis atacantes. E complementa: “A sensibilização, a formação e o treino do humano são pontos fulcrais para as organizações em relação a matérias relacionadas com a cibersegurança”. No mundo virtual que procuramos viver, Paulo Borges opta por manter uma presença no mercado discreta, apostando no relacionamento e conhecimento de pessoas e organizações em vez do anúncio dos seus serviços em web sites ou redes sociais, o que é, de facto é uma situação díspar. A sua empresa, a Segurti, não tem um site ou redes sociais a ela associadas. Deve-se a questões relacionadas com a cibersegurança? Questionámo-lo. Não. Prende-se apenas com o seu modo de funcionamento. "Apesar de a minha atividade estar ligada à Segurti, trabalho como um profissional independente no mercado, preservando como ativos mais importantes na minha atividade profissional a minha imagem, reputação e conhecimento. Desde 2001 que desenvolvo ações de consultoria, auditoria e formação. Nalguns organismos para os quais presto serviço de auditoria é exigido um elevado nível de sigilo de acordo com o código deontológico subscrito”, começa por explicar Paulo Borges. Isto significa que no mundo da cibersegurança existem muitas práticas que devem ser seguidas de acordo com a objetividade de cada um dos temas que se quer proteger. “Neste caso a minha proteção está centrada nos ativos de alto valor que detenho, não estando exposto ao mundo da internet de uma forma mais generalizada ou global como é feito no comum das empresas. É uma opção consciente, sendo a única exceção a disponibilidade do meu perfil profissional no Linkedin”, acrescenta. Com atividade corrente em vários países, Paulo Borges investiu dez anos numa relação profissional com vários clientes em Angola. Hoje, como exemplo desta internacionalização voluntária, é professor de cibersegurança nos mestrados integrados do INPT (Institut National des Postes et Télécommunications), em Marrocos. Relembra que, em 2000, quando era diretor de sistemas de informação de uma multinacional, passou pela fronteira da ameaça que a viragem do século acarretou, uma ameaça muito maior do que a preparação das organizações para a entrada em vigor do novo Regulamento Geral de Proteção de Dados a 25 de maio de 2018. “Na passagem para o ano de 2000, a maioria dos equipamentos e aplicações que trabalhavam com a data incluindo apenas dois dígitos, tiveram de sofrer uma reformulação técnica profunda para não resultar em colapso dos sistemas de

PAULO BORGES

informação que suportavam. Em plena época de revolução das tecnologias de informação, decidi trabalhar por conta própria,” conta-nos o nosso entrevistado. É neste momento da sua vida que decide mudar-se para Inglaterra, onde viveu dois anos e onde “descobre” a segurança de informação. “Quando voltei para Portugal encontrei um país com pouca experiência em matéria de segurança tecnológica e organizativa, e quase sem atividade em temas relacionados com garantia da continuidade de negócio e de cibersegurança. Tendo em conta o conhecimento adquirido em experiências com a BSI e na utilização de normas ISO, decidi apostar na sensibilização de empresas e pessoas para o significado da cibersegurança através da implementação de sistemas para gestão da segurança da informação”, adianta Paulo Borges. Entretanto é convidado por várias organizações para lecionar o tema da cibersegurança, tornando-se, efetivamente, professor convidado de instituições académicas nacionais e internacionais. Começa a desenvolver trabalhos de consultoria, mas, no entanto, o mercado ainda não estava suficientemente maduro para que fosse um sucesso. Decide, consequentemente, e mantendo a vinculação à consultoria, começar a desenvolver trabalhos de auditoria interna em várias organizações no país. “Nunca me desvinculei, nem o farei nunca, da atividade de formação e à medida que me fui introduzindo nos temas relacionados com a segurança das organizações, que é um universo de aplicações muito vasto, comecei a relacionar algumas áreas que, a nível de mercado internacional, estavam a desenvolver-se, mas a nível nacional

ainda não constituíam prioridades nas organizações privadas ou públicas”, adianta. Aqui surge a questão: qual a mais adequada definição de cibersegurança? “Quando falamos destes conceitos relacionados com a segurança, corremos o risco de ficar reféns de estratégias e soluções canalizadas para o mercado por fornecedores e dos fabricantes, o que nos leva, muitas vezes, a depender da interpretação por eles feita e da aplicação dos seus produtos. Por força destas situações, decidi fazer várias acreditações pessoais nas normas ISO, que permitem utilizar definições internacionais e isentas para as boas práticas. As normas definem a terminologia, a aplicabilidade, os objetivos que se pretendem atingir, a identificação dos controlos de segurança a implementar, como os manter eficazes e auditáveis ao longo do tempo, permitindo até a certificação ISO da organização na(s) norma(s) que cada uma adote para implementação”, esclarece Paulo Borges. No mundo da cibersegurança em particular, a norma ISO/IEC 27032, pertencente à família de normas ISO 27000, permite que uma organização defina uma metodologia de sistema de gestão para a aplicação de proteções contra ataques que coloquem em causa a cibersegurança dos seus ativos de informação. “O tema da cibersegurança no mundo académico está ainda muito orientado para dissertações temáticas, aplicações tecnológicas e a sua relação com a segurança tecnológica. É importante trabalhar no sentido de apresentar outra visão sobre a cibersegurança aos novos profissionais, por forma a entenderem que cibersegurança é um acto de gestão das organizações e não apenas circunscrito ao mundo das tecnologias da informação”, conclui o nosso entrevistado.


“Uma organização que necessite de definir uma estratégia para gestão da cibersegurança deve antes de mais realizar uma auditoria das suas práticas e da sua prontidão, utilizando como referencial a norma ISO 27032. Em seguida, é fundamental capacitar os recursos humanos com formação e treino para que entendam a metodologia de gestão da cibersegurança e os métodos adequados para se responder a ataques de cibersegurança. Só depois poderão surgir as necessidades para eventuais serviços de consultoria, com o objetivo de acelerar a implementação dos controlos de segurança entretanto definidos pela organização”, começa por referir Paulo Borges em relação às organizações, explicando cada um destes passos: o resultado da auditoria é um “road map” de implementação do esforço que a organização terá de fazer para estar alinhada em conformidade com as práticas definidas pela ISO 27032; a formação é uma oportunidade de troca de conhecimento e conseguir, de forma estruturada, transmitir às pessoas um conjunto de conhecimento e verificar se os mesmos são absorvidos e se tais colaboradores estarão em condições de apoiar a implementação e operacionalização dos controlos de segurança; Finalmente, a consultoria procura apoiar a organização na sua capacidade de execução. “Uma metodologia definida por estes três passos permite uma otimização do investimento das organizações e a melhor garantia de eficácia do sistema implementado”, afirma Paulo Borges. E complementa: “Claro está que não deveremos descurar o interesse de serem realizadas auditorias internas da implementação realizada, para garantia da melhoria contínua deste modelo, a exemplo do que acontece em qualquer sistema ISO, seja com a norma 9001 ou a 27001, por exemplo”. Falando dos verdadeiros desafios relacionados com a inovação em segurança da informação, é importante referir que “a cibersegurança é uma matéria que deve envolver todos os níveis de decisão nas organizações”, pelo que o objetivo é aumentar o conhecimento e a utilização de boas práticas de todos os envolvidos. Tendo por base a norma ISO/IEC 27032, cibersegurança é a defesa e preparação do indivíduo e das organizações para ataques com origem no ciberespaço, um local virtual na web onde apenas residem recursos virtuais. Designa-se por um ataque de cibersegurança um conjunto de ações tipicamente com origem na “darknet” (ou também conhecida como “dark web”), área da internet correntemente identificada como sendo a origem de múltiplos ataques mais recentes (como o caso do “ransomware”) e explora recursos que estão no ciberespaço, podendo o ataque ser direcionado apenas e só para os recursos no ciberespaço, o qual contém de momento cerca de 150 mil aplicações diferentes, ou percorrer o ciberespaço para chegar à “Surface web”, ou seja, aos 4% da Web utilizada correntemente por aplicações e serviços convencionais, atacando assim organizações físicas ou indivíduos comuns. A cibersegurança é a proteção que tem de ser realizada nas infraestruturas virtuais no ciberespaço e nas infraestruturas físicas para resistir a estes ataques. “A norma ISO/IEC 27032 apresenta claramente como é que se deve responder a um ataque de cibersegurança. Que não haja dúvidas nesta

Paulo Borges Telm.:96 691 3960 | E-mail:paulo.borges@segurti.pt https://www.linkedin.com/in/paulojmborges/

matéria: não se deve contrariar um ataque de cibersegurança! O grupo organizado de profissionais/criminosos que está por detrás do ataque tipicamente tem imensuráveis recursos e, muitas vezes, também conhecimento, em relação aos controlos de segurança informática que lhes podem surgir pela frente”, alerta Paulo Borges. Portanto, como é que se responde a um ataque de segurança? “Procurando não demonstrar ao atacante que se reconhece a existência dos ataques e como tal contrariando-os de alguma forma. Tal reação dará origem a um reforço do ataque, seja por ego ou por motivação extra para atingir os objetivos que o atacante identificou. É importante criar infraestruturas alternativas para permitir que estes ataques estejam a ser executados em recursos que não correspondam aos que de facto devem ser protegidos, utilizando réplicas de aplicações e dados devidamente mascarados e/ou forjados. Estas técnicas designam-se correntemente por “backholes”, “sink holes”, “sand boxes” entre outras técnicas diferentes que permitem atingir o mesmo objetivo. Uma organização que tenha uma estratégia de presença no ciberespaço, tem de entender que este é permanentemente monitorizado pelos atacantes da “darknet” à procura de oportunidades, pelo que deve ser adotada uma estratégia cautelosa no que diz respeito a possíveis exposições indevidas. Podemos acrescentar também que a utilização de “blockchain” é apropriada para este ambiente, sendo uma técnica criada para proteger as transações feitas entre recursos virtuais, mas que não se destina a proteger os ativos que alojam a informação”, acrescenta o nosso entrevistado. Quando questionado sobre se podemos afirmar que a cibersegurança é, atualmente, a maior ameaça para as empresas, a resposta do nosso entrevistado é clara. “A resposta não pode ser dada com base nesta pergunta. A resposta deve ser dada com base nesta questão: quais são os maiores riscos que cada organização identificou? Se nessa lista de riscos encontramos a exposição a ataques que coloquem em causa a sua cibersegurança, então a resposta é sim”.

A VULNERABILIDADE DO SER HUMANO

Paulo Borges explica ainda que para se proteger uma organização virtual no ciberespaço, devemos ter em atenção o elemento mais falível de todos em relação a matérias de cibersegurança: o ser humano. “A vulnerabilidade associada ao ser humano é muito relevante. As organizações prepararam-se apenas para ataques convencionais com origem na Internet, utilizando sistemas convencionais de proteção de segurança informática e que são

muito pouco eficientes para as necessidades de cibersegurança. Os colaboradores das organizações devem ser preparados para o reconhecimento de eventuais ataques deste tipo e em particular para o seu comportamento durante tais ataques”, elucida-nos Paulo Borges. Por um lado, temos os colaboradores que gerem as infraestruturas e que devem conseguir entender os chamados vetores de ataque, (são cinco e estão descritos na norma ISO/IEC 27032), saber reconhecer os seus sintomas, perceber quais as suas consequências e elaborar, treinar e operacionalizar respostas adequadas para cibersegurança que, reforça-se, são diferentes de ataques convencionais. Por outro lado, temos os utilizadores dos sistemas de informação que são os alvos por excelência das “Botnets”, sendo que estes precisam de formação para estarem verdadeiramente preparados para o conceito de cibersegurança. “Na simples utilização das redes sociais e dos e-mails existem inúmeras vulnerabilidades exploradas por inúmeras ameaças, cujo objetivo consiste em tornar equipamentos do tipo tablets ou smartphones em “zombies” captados para estas “Botnets”, geridas por possíveis atacantes da “Darknet”. Quando estes colaboradores acedem com estes equipamentos às redes empresarias, tornam-se elementos propagadores de código malicioso que permite ao atacante colocar-se de uma forma imune aos sistemas de segurança convencionais e preparar o ataque durantes meses, se assim o entender, sem ser detetado. Tendo por base esta abordagem, é importante que as organizações consigam definir um ponto de conforto para com o nível de segurança que definiram, e que obviamente deve incluir também os temas mais recentes relacionados com a gestão da privacidade de dados pessoais”, adianta o nosso entrevistado, explicando os três tipos diferentes, mas complementares, de ações que devem ser realizadas para a preparação do humano: sensibilização em relação a regras e práticas para se utilizar o ciberespaço; formação, sobretudo, aos colaboradores das organizações, com a transmissão de conhecimento do que significa a presença de agentes de “Botnets” nos seus computadores e equipamentos tecnológicos, de forma a conseguirem identificar, reagir e evitar a propagação e a exposição a ataques de cibersegurança; e, finalmente o treino. O treino é fundamental para permitir dar condições ao elemento humano de aplicar o conhecimento que adquiriu e avaliar a sua própria prontidão. Finalizando, Paulo Borges assinala ainda: “A gestão da cibersegurança nas organizações é um investimento que tem de ter retorno. Deve ser incluída num sistema de gestão de segurança mais alargado, suportado pela ISO 27001 e contendo todos os temas relacionados com a segurança da informação e a gestão da privacidade dos dados pessoais. Respeitando as definições ISO para a gestão da segurança: todos os investimentos em controlos de segurança custam algo, seja tangível em investimento, seja na mudança operacional das organizações. Que não se invente a roda: existem diversas normas ISO já preparadas para endereçar a gestão da segurança, que encurtam o tempo necessário para a compreensão, implementação e operacionalização de modelos de gestão em que as organizações se sintam confortáveis”. ▪

13 AGOSTO 2018

AUDITORIA, FORMAÇÃO E CONSULTORIA, POR ESTA ORDEM


» CIBERSEGURANÇA

TUDO O QUE PRECISA NUMA SÓ APP Com a certeza que as empresas se tornam mais proficientes com a utilização da solução Odoo para impulsionar o crescimento dos seus negócios, Diogo Duarte, CEO da OdooGap, juntou-se, em 2015, a um projeto que já atingiu uma dimensão internacional ímpar. Simples e intuitivo, o Odoo integra todos os departamentos de uma organização numa única plataforma. Venha connosco saber mais.

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omeçando pela questão “já se perguntou quanto tempo gasta na integração do seu negócio”, Diogo Duarte começa por explicar os benefícios do Odoo, uma solução de gestão empresarial ERP completa, com um sistema CRM. Com base na arquitetura MVC, esta solução implementa um cliente e um servidor, sendo a comunicação entre ambos feita por interface XML-RPC. Anteriormente intitulado OpenERP, o Odoo é a ferramenta certa para a gestão empresarial por ter um conjunto de aplicativos de negócios de código aberto. Isto porque, a plataforma de aplicações de negócio, Odoo, aborda mais do que a área do ERP, chegando ao nível do Content Management System e E-Commerce. Assim, a OdooGap conta com consultores especializados em Odoo, em desenvolvimento de Odoo e gestão de projetos, bem como na análise de negócios, planeamento de projetos de TI ERP, CRM, e E-commerce. Adaptando-se a pequenas, médias e grandes empresas, com o Odoo é possível ter as informações da empresa num só lugar e em tempo real, acarretando mais-valias para a gestão dos negócios, que acaba por ser mais eficiente. E como é que a Odoo contorna os problemas ou os desafios relacionados com as matérias de cibersegurança? Por se tratar exatamente de uma solução que utiliza um código aberto, os riscos de exposição a ataques de cibersegurança são menores e mais facilmente detetáveis. No entanto, Diogo Duarte alerta para a necessidade de os colaboradores adotarem estratégias que reduzam a exposição ao risco, apostar na formação e adquirir conhecimentos em termos de IT para não se tornarem vulneráveis em questões de segurança informática. “Por melhor que o sistema seja, existe sempre risco. É impossível evitar um ataque, mas existe a possibilidade de reduzir a exposição ao risco se trabalharmos com pessoas competentes”, afirma Diogo Duarte.

FLEXÍVEL E MODULAR

Em Portugal, o Odoo não é um sistema tão conhecido. No entanto, com clientes mundiais, desde os EUA à Austrália, a OdooGap tem singrado a nível internacional. O poder de customização e modularização são

DIOGO DUARTE

muito atraentes. E, custos de aquisição são uma coisa do passado. Sendo o ERP um sistema que faz tudo dentro de uma empresa – desde as vendas, faturação, gestão de projetos, tudo integrado num website, agregando a loja online (em Portugal este sistema é, maioritariamente, utilizado no comércio online), o armazém e transportadores –, o Odoo faz uma série de integrações benéficas para a indústria. Esta solução “open source” é flexível e modular, podendo ser aplicada em diversos setores, desde a indústria à advocacia. Note-se que ERP é a sigla para Enterprise Resource Planning, que em português significa Sistema de Gestão Empresarial. O software ERP é um sistema de informática responsável por todas as operações diárias de uma empresa, desde a faturação até à gestão de stocks. Sendo o SAP, atualmente, o sistema mais conhecido e utilizado em Portugal, o Odoo começa a ganhar terreno por se tratar de um sistema aberto que não implica custos de propriedade, acabando o cliente por se tornar proprietário do seu próprio código. Por se tratar de um sistema aberto, torna-se numa mais-valia

em termos de matérias de cibersegurança. “Um open source é mais escrutinado e a segurança já está implícita no sistema. Se existir uma debilidade no sistema, facilmente será detetada”, explica Diogo Duarte, acrescentando que, em Portugal, fortemente focados na gestão de projetos, essencialmente no comércio eletrónico, os clientes da OdooGap ficam surpreendidos com a eficácia desta solução. Paralelamente, e porque potenciar a competitividade empresarial pela via da internacionalização constitui um desafio e uma consequência natural da globalização, a OdooGap tem prestado serviços a diversas empresas que procuram internacionalizar-se. “Hoje em dia não basta ter uma loja online, é necessário ter um sistema de vendas e uma presença online muito forte. Desde a otimização de tempo à logística, é importante perceber que ter um site hospedado em Portugal não é suficiente para atingir o mercado global. Tem de ter uma rede informática com uma escala global, capaz de corresponder às necessidades dos clientes internacionais em termos de rapidez, simplicidade e flexibilidade, por exemplo”, conclui Diogo Duarte. ▪


CIBERSEGURANÇA

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UMA VISÃO INTEGRADA DA GESTÃO DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

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PGM Consultores marca presença no mercado há cerca de 15 anos, sendo um importante player no âmbito da consultoria em diversos serviços. Desta forma, qual tem sido a evolução da marca ao longo destes 15 anos e quais as principais caraterísticas da mesma que perpetuam uma dinâmica de confiança e satisfação perante o cliente? A PGM tem uma história de 15 anos de trabalho em parceria com os clientes, numa relação de máxima confiança e com o propósito de ajudar o cliente a desenvolver competências internas, diferenciadoras das dos seus concorrentes, tendo sempre em consideração que cada cliente é único, seja pela atividade ou pela cultura interna. São estes valores que nos garantem a fidelização dos clientes e a solicitação e recomendação de novos serviços. Que marcos no percurso da empresa podem ser destacados? Os marcos da PGM são os dos seus clientes, sendo que esses são tão relevantes para a PGM como o são para cada cliente e que podem passar por conseguir a certificação de um Sistema de Gestão da Segurança da Informação (ISO 27001), num prazo de cinco meses. A PGM destaca como marco relevante o reconhecimento pela PECB enquanto entidade formadora, o que lhe permite disponibilizar cursos de formação com reconhecimento internacional em áreas como sejam a da Segurança da Informação. Apresentar uma visão integrada da gestão de segurança da informação, de sistemas de informação (SI) e da cibersegurança, é algo complicado em Portugal? Sem dúvida. Na maior parte das organizações ainda não são tratados estes três pilares de forma consistente e integrada. Sendo a segurança da

informação mais abrangente, deviam as empresas iniciar a identificação da informação relevante e crítica para a organização e implementar os níveis de segurança e controlo no âmbito dos sistemas de informação e da Cibersegurança, na perspetiva de garantir a confidencialidade, a integridade e a disponibilidade da informação. A nível nacional, como avaliam aquilo que está a ser feito a nível de Cibersegurança e do RGPD (Regulamento Geral de Proteção de Dados)? Acredita que a introdução do RGPD foi uma medida bem pensada e concretizada? O RGPD veio alertar para a transmissão de dados pessoais e como podem estes ser um bem valioso para quem gere as bases de dados de contactos, sendo que os valores limites das coimas, ao contrário do que se passava na lei anterior, vieram fazer com que as empresas ficassem preocupadas e tomassem algumas medidas. Em Portugal a medida está a ser atrasada pela falta da publicação da legislação de implementação do RGPD e pelo facto da CNPD ainda não ter sido formalmente nomeada “Autoridade de Controlo”. Como tal, temos um vazio legal. E sobre a cibersegurança? É importante aumentar o conhecimento e a utilização de boas práticas de todos em relação à cibersegurança? Claro que sim. Numa sociedade cada vez mais dependente dos meios de comunicação, da ligação à internet disponível 24h/dia, em que uma operação pode ser realizada em qualquer local, é muito importante todos termos uma noção do risco que corremos com esses comportamentos. Por muitas medidas técnicas que se implementem, todas elas são insuficientes se o comportamento humano, em termos de Segurança da Informação, falhar.

Simples regras como a não partilha de códigos de acesso e passwords, a utilização de passwords robustas e de as mudar com alguma frequência ainda não são práticas existentes nas organizações. A Cibersegurança exige um forte investimento? Este pode ser o maior desafio para as organizações? Qual o papel da PGM no domínio da cibersegurança e do RGPD? A Cibersegurança exige algum investimento, maior ou menor em função do nível de risco a que a organização está exposta e do nível de risco residual que está predisposta a aceitar. A PGM continuará a dar apoio na implementação de sistemas de gestão de segurança da informação, onde se inclui Cibersegurança e RGPD, de modo as organizações poderem reduzir o risco para níveis aceitáveis, com o mínimo investimento possível. 60% das PME’S abrem falência após um ataque cibernético, há consciência de forma generalizada sobre isto? Não há, nem estão recetivas a falar sobre o assunto, pois acham que nunca lhes vai acontecer. As empresas deveriam ter Planos de Continuidade de Negócio, onde são avaliados os riscos e definidas medidas de mitigação e de continuidade de fornecimento do produto ou serviço ao cliente, minimizando o risco de encerramento ou de perda dos clientes, em caso de algum ataque cibernético ou de outro tipo. Quais são os principais desafios da PGM de futuro? O que podemos esperar da marca? Continuar a crescer na consultoria e auditorias dos Sistemas de Segurança da Informação (ISO 27001) e Continuidade de Negócio (ISO 22301), sendo cada vez mais uma empresa de referência nesta área pelo nível de serviço prestado. ▪

15 AGOSTO 2018

PAULO GARCIA MIGUEL

“A Cibersegurança exige algum investimento, maior ou menor em função do nível de risco a que a organização está exposta e do nível de risco residual que está predisposta a aceitar”, afirma Paulo Garcia Miguel, Fundador e Consultor Sénior da PGM Consultores, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Cibersegurança e o RGPD em destaque ao longo de uma entrevista esclarecedora.


» CIBERSEGURANÇA

“PERFORM TO PERFECTION” Sendo a cibersegurança uma das prioridades da Crossjoin, deixam o alerta de que tanto os utilizadores como as organizações devem ter a perceção de que o risco de ataques de cibersegurança é bem real, e que os impactos poderão ser muito críticos. João Modesto, CEO, e Fernando Ohana, Security e DB Engineer da Crossjoin, explicam-nos mais.

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undada em 2009, a Crossjoin já se encontra presente em diversos países. Como se deu este crescimento exponencial? A Crossjoin sempre procurou destacar-se e diferenciar-se do mercado a vários níveis: • Única empresa portuguesa na área da Performance – Perform to Perfection. • Única na abordagem ao cliente e ao mercado. • Única na rápida especialização e progressão dos seus profissionais. • Única que aceita missões que parecem impossíveis e que conduzem ao sucesso dos nossos clientes.

PONTOS DE VISTA

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Entre outros serviços, são especialistas em cibersegurança. Hoje, este é um tema que ganhou muita relevância. Porquê? Com o crescimento e diversidade dos meios de comunicação social e a massificação de telemóveis, o uso da tecnologia como mecanismo de comunicação e negócio ganhou nova escala. Tanto pessoas como empresas passaram a usar a tecnologia da informação e a internet para alcançar cada vez mais público e para compartilhar e armazenar cada vez mais informações. Para além disto, as pessoas estão, cada vez mais, a usar tecnologia e a internet, numa base diária, para realizar as mais variadas tarefas: compras, aquisição de serviços, transações bancárias, redes sociais, etc. Desta forma, há um aumento

exponencial da quantidade de informação processada pelos utilizadores e pelas empresas, incluindo informações confidenciais, pessoais e financeiras e que ficam à disposição de agentes “invisíveis”. Quais são os maiores desafios quando se fala em cibersegurança? Podemos dividir os desafios, basicamente, em dois tipos: 1) TÉCNICO – O alinhamento com a evolução tecnológica, relativamente às ameaças é um grande desafio. Estima-se que programas maliciosos fiquem meses camuflados, antes de serem identificados. Desta forma, é necessário compreender que o uso da tecnologia é um risco e que não haverá 100% de garantia de segurança. Entretanto, há que se fazer o máximo para atenuar e mitigar este risco; 2) COMPORTAMENTAL - A consciencialização dos managers, colaboradores e utilizadores quanto às suas responsabilidades, sobre o uso seguro da tecnologia. O uso errado, seja por negligência, inobservância de boas práticas, ou mesmo dolo, terá impactos consideráveis para pessoas e organizações. No caso das empresas, manter um nível de segurança a nível cibernético é fundamental em que medida? Os desafios que a cibernética coloca, não se restringem a ataques de hackers e roubos de informação. Há inúmeros outros riscos associados aos negócios, especialmente quando se fala em performance corporativa: integridade das informações; disponibilidade

de serviços; confidencialidade; rapidez. Além das exigências de clientes e do mercado, há exigências legais e setoriais que poderão ter grandes impactos financeiros, como o RGDP, PCI-DSS (Payment Card Industry - Data Security Standard), SOX (Sarbanes–Oxley Act. O SOX é uma lei americana para regulamentar a prática financeira de empresas que operam na bolsa dos EUA), entre outras. A nossa capacidade de análise aprofundada de riscos, problemas, proposta e implementação de soluções eficientes e rentáveis têm sido consideradas das melhores do mercado. Ainda há muito trabalho para ser feito ao nível da segurança informática? Basicamente, a segurança assenta sobre três pilares: Pessoas-Processos-Tecnologia. O melhor ponto de partida será aquele que permite: a) o maior impacto, b) no mais curto espaço de tempo e com c) o menor investimento. Neste ponto, o trabalho na consciencialização das pessoas é crítico para iniciar este processo. Ao considerar a máxima de que “uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco”, torna-se ponto de partida fundamental que os utilizadores entendam a importância de seguirem boas práticas e respeitem princípios básicos de uso responsável das tecnologias. Investimentos em tecnologia e processos não terão impacto se as pessoas não estiverem a trabalhar corretamente. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT



FOTO: DIANA QUINTELA

SABINO DE POMPEIA


TEMA DE CAPA

30 ANOS DE EXPERIÊNCIA COLOCAM A ULTRA-CONTROLO A ANOS-LUZ DO RESTO DO MERCADO

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empresa continua a sua trajetória de sucesso desde que se iniciou como representante em Portugal de marcas mundialmente famosas como a Rietschle – uma visão do CEO, Sabino de Pompeia. Esta é, acima de tudo, uma área sensível, não estivéssemos a falar de equipamentos que produzem gases medicinais considerados medicamentos, e que por isso, deverão cumprir os mais elevados padrões de segurança, qualidade e eficácia. Sabino de Pompeia iniciou a sua atividade profissional em 1979 na área industrial e hospitalar. Em 1981 começou a trabalhar com marcas de renome mundial, fundou a empresa em 1987, e em 1989 as portas para a área médica abriram-se. Na indústria, a ULTRA-CONTROLO tornou-se especialista em Sistemas Centralizados de Vácuo o que fez com que, em Portugal, se tor-

nassem líderes de mercado durante quase duas décadas. Com a famosa Rietschle, atual Elmo-Rietschle, que pertence a um dos maiores grupos internacionais de ar comprimido e vácuo, o grupo Gardner Denver, em 1986 concebeu a primeira central de vácuo, que ainda hoje funciona no Hospital dos Capuchos. Sabino de Pompeia introduziu tecnologias totalmente inovadoras em Portugal com a implementação de sistemas centralizados de vácuo para laboração contínua em todo o tecido industrial português. Indústrias de envelopes e gráficas como a Porto Editora, Gráfica de Coimbra, Editorial do Ministério da Educação, indústria eletrónica como a antiga Ford Elecronica, Grundig e a Delphi ou a vidreira como a Crisal e a Santos Barosa, entre milhares de empresas portuguesas, continuam a ter o suporte técnico da sua empresa.

19 AGOSTO 2018

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indústria portuguesa começou por ser o primeiro setor a ser servido pela empresa que se dedicava às áreas do vácuo, ar comprimido, filtração de gases e controlo de processos industriais. Mais tarde surgiu a possibilidade de passarem também a trabalhar o sector da saúde na área dos gases medicinais que são utilizados no apoio respiratório, em equipamentos de suporte de vida, anestesia, reanimação e ainda em cirurgias e instrumentação cirúrgica. A ULTRA-CONTROLO é o primeiro fabricante português de centrais para gases medicinais, certificadas de acordo com a Diretiva Europeia 93/42/CEE e o primeiro fabricante português de compressores de ar totalmente isentos de óleo. Hoje, com mais de 30 anos de experiência na fabricação de centrais de produção de oxigénio medicinal, centrais de vácuo e centrais de ar comprimido para aplicação hospitalar, a

FOTO: DIANA QUINTELA

Com sede e fábrica em Sintra, a ULTRA-CONTROLO fabrica e instala centrais de produção de oxigénio medicinal, centrais de vácuo, ar comprimido respirável, equipamentos médicos, compressores de ar isentos de óleo e sistemas completos de vácuo e ar comprimido para uso industrial. 30 anos depois da sua fundação continua a dar cartas em temas como inovação e tecnologia. À conversa com a Revista Pontos de Vista o CEO, Sabino de Pompeia, faz uma análise de como a empresa tem vindo a tornar-se uma referência em Portugal e no mundo.


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A empresa foi dividida, a certa altura, devido ao crescimento exponencial que teve em duas vertentes: a dos produtos standard e em desenvolvimento de equipamentos para exportar. Na área industrial, um dos maiores marcos foi a introdução dos sistemas centralizados de vácuo que trouxe consigo o aumento da produtividade das máquinas, uma redução profunda nos custos energéticos e um melhoramento relevante no ambiente de trabalho das pessoas com a diminuição drástica do ruído das máquinas dos operadores. Em 1989 começaram a trabalhar com os hospitais e esse tem sido um caminho bem percorrido, não contassem hoje já com cerca de 500 centrais instaladas em Unidades de Saúde, só em Portugal. Em 1991 foram a primeira empresa a instalar uma central de ar medicinal totalmente isenta de óleo num hospital privado em Lisboa. A ULTRA-CONTROLO foi ainda a primeira empresa a instalar sistemas de tratamento de ar com secagem por refrigeração e adsorção, bem como cadeias de filtração de alta eficiência nas redes de ar respirável nos hospitais; em 1997 introduziu o conceito de total isenção de óleo nas redes hospitalares e desde esse ano começaram a equipar os hospitais com este tipo de tecnologias. O primeiro a receber o equipamento de topo de gama foi o Hospital Militar Principal de Lisboa, seguiu-lhe o Hospital da Cruz Vermelha, o Hospital da Marinha Portuguesa, os Hospitais da Universidade de Coimbra, e, mais recentemente, o Hospital de Braga e o Hospital de Santo António, no Porto. O CEO da ULTRA-CONTROLO refere que a sua postura laboral sempre se moldou por tentar satisfazer os pedidos de quem os procura, colocando sempre a máxima qualidade. Sabino de Pompeia conheceu muitas das metodologias de vários países europeus onde visitou as fábricas das suas representadas com o intuito de saber o que de melhor se faz lá fora para depois replicar cá de forma ainda mais perfeita. Os avanços foram muitos, mas cada passo, garante, “foi sempre a pensar de que forma poderíamos melhorar o trabalho de quem utiliza os nossos equipamentos. Na área hospitalar fomos os primeiros a instalar sistemas de retenção de CO e CO2. Percebemos que as centrais estavam próximas de parques de estacionamento, o que significava que havia uma maior concentração de monóxido e dióxido de carbono, o que afetava em larga escala a qualidade do ar. Daí a necessidade de instalar sistemas de tratamento de ar para baixar o teor para os níveis exigidos pela Farmacopeia Europeia”. Portugal sempre mostrou dificuldades financeiras e uma das principais preocupações da empresa foi instalar sistemas que reduzissem ao máximo os custos operacionais, mas que ao mesmo tempo fossem de elevada qualidade e fiabilidade. A ULTRA-CONTROLO desde cedo também apostou na formação dos engenheiros e técnicos das empresas portuguesas, bem como dos engenheiros hospitalares de modo a trabalharem mais eficazmente com os equipamentos e a respeitarem os procedimentos de manutenção adequada para garantir a operacionalidade e a longevidade dos mesmos.

Na área hospitalar fomos os primeiros a instalar sistemas de retenção de CO e CO2. Percebemos que as centrais estavam próximas de parques de estacionamento, o que significava que havia uma maior concentração de monóxido e dióxido de carbono, o que afetava em larga escala a qualidade do ar


FOTO: DIANA QUINTELA

21 AGOSTO 2018

“A partir de 1997 comecei um trabalho de campo para instalar compressores de ar isentos de óleo em Portugal, que era algo praticado só na Suíça. Quando os vi achei que seria o melhor para os hospitais”. Os compressores isentos de óleo possibilitam a eliminação do risco de contaminação do ar, reduzem os custos com a manutenção operacional no tratamento do ar comprimido e ainda diminui os custos de energia. “Tenho sido desde então promotor do conceito de total isenção de óleo nas redes hospitalares. O investimento inicial é efetivamente o dobro em comparação com os sistemas tradicionais de compressores lubrificados mas na verdade trata-se de um investimento para um ciclo de vida útil de um equipamento que vai durar 30 a 40 anos. Comparado com os sistemas convencionais que terão de ser substituídos a cada 10-15 anos e com o risco de contaminação da conspurcação da rede devido à possível contaminação com a presença do óleo, este é o melhor investimento que o Estado ou o privado pode fazer. Mas o mais importante é que com o nosso sistema isento de óleo o paciente começa a receber ar medicinal da melhor qualidade que supera a Farmacopeia Europeia e desde o primeiro minuto em que este equipamento começa a funcionar.

FOTO: DIANA QUINTELA

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PIONEIRISMO EM COMPRESSORES ISENTOS DE ÓLEO


» TEMA DE CAPA

Estamos a trabalhar no sentido de introduzir novas tecnologias de produção de gases medicinais que vão não só beneficiar os utilizadores mas irão trazer uma larga redução de custos para os hospitais

PONTOS DE VISTA

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A maioria dos hospitais em Portugal ainda não têm compressores isentos de óleo. A ULTRA-CONTROLO é a única empresa do meio a promover este produto, que garantem a segurança e a qualidade do ar ao paciente. “Estamos a trabalhar no sentido de introduzir novas tecnologias de produção de gases medicinais que vão não só beneficiar os utilizadores mas irão trazer uma larga redução de custos para os hospitais. Tanto em oxigénio como em ar comprimido e também no vácuo”. “Existe um trabalho que está a ser feito com o Ministério da Saúde de forma a reforçar a iniciativa nos hospitais”, garante o CEO. Há um ano e meio conseguiram instalar a primeira central em vácuo no SAMS em Lisboa, uma tecnologia que reduz 40% a energia e uma pequena intervenção de assistência feita apenas a cada 20 mil horas de serviço (a cada três anos). “Há a necessidade de envolver o Estado nisto porque ele é o dono dos equipamentos”, explica o nosso interlocutor. Os preços costumam ser um problema mas Sabino de Pompeia afirma que “Portugal tem beneficiado muito pela nossa presença como fabricantes pois desta forma, somos um regu-

lador de mercado em relação à concorrência estrangeira, no que toca a preços. Por outro lado, uma vez que fazemos parte da fábrica das marcas que representamos, conseguimos beneficiar especialmente os hospitais portugueses com equipamentos de todo de gama a preços muito reduzidos. Por isso os hospitais portugueses nesta área dos gases medicinais não estão um milímetro abaixo de qualquer outro país do mundo.” A ULTRA – CONTROLO formalizou acordos com os quatro maiores gasistas (Linde, Praxair, Gasin e com a Air Liquide) para assistir às máquinas de cada um sob um modelo de subcontratação. “95% das centrais podem ser assistidas por nós em Portugal e somos a única empresa portuguesa com técnicos certificados pelo ISO 13485 nesta área ”, esclarece.

INTERNACIONALIZAÇÃO TEM SIDO SINÓNIMO DE SUPERAÇÃO

Em 2012 a ULTRA-CONTROLO começou a sua expansão a nível internacional, com o apoio da AICEP e fazendo algumas mudanças necessárias a nível interno como disponibilizar o site em quatro línguas e a criação de departamentos para lidar em mercados distintos. “A área mais difícil neste momento para nós é a internacionalização. Temos de lidar com marcas de topo em todo o mundo, para conseguirmos mantermos temos de ser imensamente rigorosos. Fazemos parte de um grupo de marcas que lideram qualitativamente o mercado mundial. O mais difícil é passar isto aos nossos colaboradores. Ao competir com grandes marcas a exigência é elevadíssima mas essa é também a nossa sorte, tal nível de exigência é-nos muito familiar porque nunca soubemos funcionar de outra forma”. Mais do que exigentes, por vezes, os preços são algo a ter de ser posto à prova e comprovado. “Como somos Portugal o resto do mundo está à espera que sejamos baratos. Esquecem-se é que trabalhamos com equipamentos de topo de gama e que isso tem um preço. Depois de

provarmos a nossa qualidade em todos os aspetos, torna-se mais fácil”. Mas nem os preços se podem considerar um verdadeiro obstáculo para a empresa portuguesa uma vez que atualmente, exportam para 48 países e têm em curso projetos em mais de 60. “Em Marrocos ganhámos o fornecimento integral da rede de gases medicinais para o maior hospital que está em construção, o Centro Hospitalar Universitário de Tânger. Entretanto estamos a trabalhar no sentido de entrarmos na Índia. Os meus pais vieram de Goa em 1958, a convite do Governo português e 60 anos depois, estou trabalhar nos maiores projetos de remodelação e construção de hospitais do Governo indiano.” Sabino de Pompeia já deu formação a engenheiros indianos que trabalham para o Estado e diz que o mais difícil de conquistar é a aprovação técnica no Ministério da Saúde indiano – que já alcançaram – e que agora se preparam para que nos próximos concursos que lá abrir, a ULTRA-CONTROLO seja uma empresa vencedora. Das muitas provas que a ULTRA-CONTROLO já deu, faz parte o interesse que a gigante japonês Hitachi demonstrou. “Andei 25 anos a tentar captar o interesse da Hitachi e quando nos viram a fabricar as centrais de produção de oxigénio foram eles que me procuraram”. Neste momento pretendem consolidar os distribuidores que têm porque “queremos que eles continuem a aumentar a quota de mercado. É preciso dar-lhes uma boa formação e fazê-los crescer como nós. Fizemos um bom trabalho a nível industrial e na área hospitalar e queremos replicar este modelo que criámos fora de Portugal”. A nível internacional, com a criação de um conceito de sistemas acessíveis para que não deixem de funcionar, mais intuitivos e que seja qual for o problema que qualquer técnico, de qualquer área, consiga resolver é uma das premissas da empresa cujo objetivo é tornar-se líder de mercado nos países onde operam. ▪



» EDUARDO ANTUNES, DIRETOR FLEET & BUSINESS SALES DA FCA PORTUGAL, S.A, EM ENTREVISTA RENTING AUTOMÓVEL – AS VANTAGENS PARA AS EMPRESAS

GRUPO FCA

SOLUÇÃO GLOBAL DE MOBILIDADE AUTOMÓVEL ADAPTADA ÀS NECESSIDADES DO CLIENTE “As vantagens do renting, de uma forma muito resumida, passam por garantir em permanência uma solução otimizada, que acompanha as evoluções tecnológicas de cada setor e adaptada às diferentes necessidades de cada cliente”. Quem o afirma é Eduardo Antunes, Diretor Fleet & Business Sales da FCA Portugal, S.A, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Quer saber mais sobre o Grupo FCA e as diversas valias do renting? Não perca esta entrevista.

PONTOS DE VISTA

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O

Grupo FCA assume-se como um dos mais prestigiados neste mercado. Neste sentido, que análise é possível perpetuar do crescimento da marca e quais as mais valias que a mesma aporta ao cliente? A Marca Fiat - Fabbrica Italiana Automobili Torino, celebrou no passado dia 11 de julho 119 anos de vida, tendo sem dúvida um longo e bem-sucedido historial no mundo. Em Portugal, iniciou o seu percurso comercial em maio de 1929, sendo desde então uma presença indispensável no dia-a-dia dos portugueses. Com a denominação FCA Portugal desde há três anos, demos início a uma nova estratégia que tinha por objetivo aumentar as vendas no mercado nacional, através de uma renovação profunda da Rede de Concessionários e uma ampla diversidade de novos produtos e processos, com um particular enfoque na atividade e respectiva redefinição da estratégia orientada para o mundo Fleet, assente em três pilares distintos:

EDUARDO ANTUNES

Produtos, concebidos para a atividade Fleet&Business desde a fase de design; Pessoas, formadas e especializadas para uma correta identificação das necessidades dos clientes profissionais; Experiência cliente, com soluções exclusivas e direcionadas para a satisfação das necessidades específicas dos clientes profissionais. Em primeiro lugar, o PRODUTO, com a FCA a disponibilizar ao mercado uma das gamas mais alargadas de soluções de mobilidade, como são exemplo os dois modelos citadinos Fiat Panda e o Fiat 500, duas referências a nível Europeu no segmento A, com uma quota de mercado conjunta de 30%, a família Fiat Tipo, que disponibiliza três modelos distintos num só, com as carroçarias sedan, hatchback e station wagon, o modelo Alfa Romeo Giulia, líder em estilo e performance, permite o regresso da marca ao segmento D com um sedan desportivo que se posiciona a nível Europeu no “top 5”, o Alfa Romeo Stelvio, um conceito inovador na marca

e particularmente procurado pelos clientes Fleet “user-chooser”, os modelos Fiat 500X e o Jeep Renegade, que em conjunto representam um em cada sete vendas no segmento I0 a nível Europeu e toda a nossa gama Fiat Professional, que cobre todas as necessidades profissionais até quatro toneladas, incluindo o “best seller” em vendas Fiat Ducato, conjuntamente com o Fiorino, Doblò, Talento e a pickup Fullback. Em segundo lugar, as PESSOAS, com equipas especializadas e em contínuo processo de formação, que possibilitam que a FCA se diferencie das demais marcas do mercado ao oferecer processos estandardizados, específicos para o mundo B2B e que permitem um correto diagnóstico das necessidades Fleet, o que nos leva ao terceiro pilar, o da EXPERIÊNCIA CLIENTE de referência, que nos permite oferecer soluções exclusivas e corretamente direcionadas às verdadeiras necessidades Fleet previamente diagnosticadas, na procura contínua duma satisfação plena e consecutiva fidelização dos nossos clientes Fleet&Business.


Recentemente, a Jeep passou a ser representada e comercializada em Portugal pela FCA. Este foi um grande passo dado pelo grupo? O que significa esta aquisição para o grupo e para Portugal? A estratégia do grupo FCA Portugal tem assente nos últimos três anos numa comunicação para o mercado e para os clientes orientada na Qualidade de Gama, nomeadamente com o lançamento dos modelos Alfa Romeo Giulia e Stelvio, na continuidade do Value for Money, com a gama Fiat Tipo e na Diversidade de Gama, com a nova marca JEEP, o que nos tem permitido de forma clara reconquistar segmentos de onde estivemos afastados e adicionalmente conquistar outros onde não tínhamos grande histórico. De facto a marca JEEP, a mais recente do nosso portefólio e sendo parte integrante do mesmo desde o passado mês de setembro de 2017, reconhecida como a mais ampla em termos de oferta de modelos UV (Utility Vehicle), nomeadamente com o nosso modelo Compass a pautar o regresso da JEEP ao segmento dos SUV compactos, tem conseguido uma impressionante performance, quer nos diferentes meses em isolado, quer no acumulado dos primeiros sete meses do ano, com um crescimento superior a 2.661,1%. É notória a performance a nível nacional desta marca agora italo-americana, tendo igualado nos primeiros seis meses do ano a totalidade dos volumes realizados no país nos últimos quatro anos! De facto, a grande maioria dos clientes da JEEP procuram o conceito de liberdade… a liberdade para se deslocarem na cidade, para a montanha e para a praia, num veículo versátil que no fundo lhes permita a possibilidade de se deslocarem para qualquer lado, em segurança e de forma confortável, nomeadamente quando viajam para o trabalho no dia-a-dia. Muitos destes clientes procuram a rutura com os tradicionais conceitos de berlina e/ou station wagons, logo ambicionam um conceito “cool” e simultaneamente prático, versátil e que consiga enfrentar qualquer terreno, estrada ou engarrafamento… Em resumo, a marca Jeep como parte integrante do portefólio de marcas do grupo FCA Portugal, possibilita a entrada num novo segmento de mercado, nomeadamente pela conquista duma tipologia de clientes particulares e profissionais, novos utilizadores de Utility Vehicles, que procuram como solução de mobilidade veículos com Estilo, Funcionais e Versáteis. O posicionamento da Jeep ao lado da Alfa Romeo como marca ‘premium’ do grupo obrigou a uma vasta reestruturação da rede

de concessionários e a fortes investimentos. Que outros desafios o grupo enfrentou ou enfrenta? Com o objetivo claro de nos posicionarmos com uma dispersão geográfica de Norte a Sul do país e sabendo que 80% das vendas de automóveis estão concentrados nos distritos litorais que vão de Braga até Setúbal e mais o Algarve, onde era imperativo termos a cobertura total que temos atualmente, procedemos a 35% de renovação da nossa rede de concessionários nas marcas Fiat e Fiat Professional, 95% de renovação na marca Abarth e 75% de renovação nas marcas Alfa Romeo e Jeep, contando hoje a nossa renovada rede de concessionários entre todas as marcas, com 35 Grupos concessionários, representando perto de 50 pontos de assistência entre rede primária e secundária e com uma capilaridade de norte a sul do país, ilhas inclusive. A LeasePlan e a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) criaram uma parceria de renting em vários mercados europeus, incluindo Portugal. Em que moldes se processará esta parceria? A parceria existente entre a Leaseplan e a Fiat Chrysler Automobiles assenta num acordo comercial global em vários mercados europeus, nomeadamente em Portugal, no âmbito do qual a Leaseplan se reveste como o parceiro preferencial da rede de concessionários da FCA, nos mercados onde o grupo não tenha operações de renting próprias, colocando-se dessa forma ao dispor dos clientes da FCA e com um particular enfoque no segmento das SME, soluções de renting best in class da Leaseplan adaptadas às viaturas das gamas FCA mais adequadas às necessidades dos clientes Fleet , garantindo-se assim que duas empresas de referência no setor automóvel trabalham conjuntamente no sentido explorar todas as oportunidades de negócio existentes, com equipas comerciais dedicadas a atuarem com vista a um objetivo comum – a satisfação do cliente que procura uma solução de mobilidade automóvel FCA associada ao renting Leaseplan. Quais são, afinal, as vantagens do renting para as empresas e particulares? O que precisamos de saber sobre renting? As vantagens do renting, de uma forma muito resumida, passam pelo garantir em permanência uma solução otimizada, que acompanha as evoluções tecnológicas de cada sector e adaptada às diferentes necessidades de cada cliente, sejam elas de âmbito informático, tecnológico, de mobiliário, ou de mobilidade. De facto este produto financeiro, abrange hoje em dia todos os setores e pode ser aplicado a quase todos os bens móveis, dando a flexibilidade a qualquer cliente com perfil para contratar um renting, de se focar no seu core-business e não se preocupar com as restantes variáveis, embora que necessárias para o desenvolvimento da sua atividade. Chegamos assim ao renting automóvel através do qual, se garante a um cliente seja ele profissional ou particular e pela utilização duma viatura automóvel FCA, a melhor solução de mobilidade de acordo com as suas necessidades, sejam elas temporais ou quilométricas, com mais ou menos serviços

incluídos, por um valor mensal definido de acordo com a folga orçamental de cada um, teoricamente sem lugar a custos extraordinários futuros. Sente que o universo empresarial já compreende as mais valias do renting na sua orgânica enquanto organização? O que ainda falta em Portugal para que esse sentido de recetividade seja criado nas empresas lusas? O renting ainda é visto com alguma desconfiança, quanto a mim perfeitamente injustificável nos dias de hoje, mas enquadrada pelos anos iniciais do produto. Como em todos os setores, a chave do sucesso neste mercado, prende-se com o nível de confiança e estabilidade na estratégia que se consegue transmitir ao mercado, constituído por empresas, que por sua vez são constituídas por pessoas, trazendo assim a este contexto o fator humano, por vezes facilmente relevado para segundo plano. Nesse sentido, conseguir uma relação de confiança entre empresas, passa por conseguir criar uma relação de confiança entre as pessoas das diferentes empresas e fazer com que as mesmas apostem em nós, dotando-nos de maior competitividade face aos restantes players do mercado. No âmbito do renting, o que podemos continuar a esperar de vocês? Quais as novidades e os desafios mais prementes? Em termos de renting, as apostas claras e que têm tido bastante visibilidade no mercado, têm sido algumas das novidades que já trouxemos este ano 2018 para o mercado Fleet, nomeadamente com soluções de renting multiproduto de cross selling e a utilização duma viatura citadina com a opção de utilização de uma viatura de maiores dimensões para um período de férias pré-definido. Dois exemplos claros das novidades que já lançámos no mercado e que serão o futuro ao qual daremos continuidade, numa procura constante para conseguirmos oferecer soluções de mobilidade adaptadas às reais necessidades do mercado. Adicionalmente, continuaremos a explorar novos canais de mobilidade que têm surgido recentemente, com tipologias de clientes bem distintas das “tradicionais” e atuais, que obrigarão os diferentes players do mercado a reenquadrarem-se, como é o caso do Private Lease e o próprio Car-sharing. ▪

ESCOLHER O GRUPO FCA É…? …uma aposta na solução global de mobilidade automóvel mais adaptada às reais necessidades do Cliente, possível pelo empenho contínuo e individual que cada colaborador da FCA Portugal coloca no seu dia-a-dia, de modo a implementarmos no mercado a relação de confiança, segurança e perenidade que os clientes Fleet esperam e ambicionam do Grupo Fiat Chrysler Automobiles.

25 AGOSTO 2018

A conjugação dos fatores anteriormente identificados, conjuntamente com a renovação feita em 35% da nossa Rede de Concessionários nas Marcas Fiat e Fiat Professional, em 95% na Marca Abarth e em 75% nas Marcas Alfa Romeo e Jeep, permitiu criar as fundações necessárias para atingirmos os resultados que nos posicionam hoje, depois de decorridos sete meses de 2018, no TOP 3 do ranking do Mercado Automóvel em Portugal, com a marca Fiat com um crescimento acumulado de 19% face a esse período em 2017.


» ALD AUTOMOTIVE NUNO JACINTO, DIRETOR COMERCIAL DA ALD AUTOMOTIVE, EM ENTREVISTA

ALD AUTOMOTIVE

UM PARCEIRO DE EXCELÊNCIA A Revista Pontos de Vista conversou com Nuno Jacinto, Diretor Comercial da ALD Automotive, marca que está há 26 anos em Portugal e que tem marcado a diferença no que respeita a serviços e soluções líderes de mercado. Saiba mais de um player que tem na proximidade com o cliente um dos seus pontos-chave para o sucesso.

P

resente há mais de 50 anos no mercado, a ALD Automotive é líder em Renting e Gestão de Frotas. Há 26 anos em Portugal, que posição assume atualmente no mercado português? O desempenho do Grupo ALD Automotive confere-lhe a posição de líder europeu de gestão de frotas com mais de 1.54 milhões de veículos sob gestão a nível global, em mais de 100 mil clientes. Em Portugal, para além da solidez associada a 26 anos de presença no nosso mercado, a empresa destaca-se pela qualidade, com o seu sistema de gestão certificado pela mais recente norma ISO 9001 de 2015, pela inovação, continuando empenhada em ser a referência no setor no que respeita a serviços e soluções líderes de mercado e ainda pela atuação ao nível de parcerias. Neste canal, somos claramente a empresa referência no mercado e contamos hoje com cerca de uma dezena de produtos “White Label” entre o canal bancário, marcas automóveis e também nos serviços automóveis. Sempre orientados para os mais de 2.500 clientes que gerimos, temos na proximidade um ponto-chave da nossa atuação.

PONTOS DE VISTA

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A ALD Automotive lançou recentemente um serviço digital de apoio à decisão de condutores e gestores de frota de elegerem o tipo de veículo mais adequado para cada pessoa, o Energy Website. Fale-nos um pouco sobre esta plataforma. O Energy Website é uma nova plataforma digital de apoio à decisão, para auxiliar condutores e gestores de frota na transição para uma motorização energética mais responsável. Os repetidos picos de poluição e o seu impacto na saúde, centros urbanos com áreas de circulação restrita, o COP21 e as regulamentações internacionais sobre questões ambientais como o WLTP, fazem da transição energética uma questão-chave para um futuro mais responsável. Particulares e empresas estão hoje cientes de que novas energias representam uma economia de custos e garantem tranquilidade nos próximos passos que serão dados até 2020. No entanto, para se fazer a escolha certa e antecipar as novas legislações e padrões responsáveis é importante, acima de tudo, acompanhar e orientar os condutores na sua escolha energética. Este novo serviço digital da ALD Automotive vem corresponder à importância de os serviços e produtos se direcionarem para as necessidades dos clientes e aos desafios da inovação tecnológica? Sem dúvida! Questões como: com o meu perfil de condutor devo mudar para gasolina?

NUNO JACINTO

Será um veículo elétrico ou híbrido uma boa opção para mim? É cada vez mais frequente a ALD Automotive receber este tipo de questões por parte dos seus clientes e condutores, e foi nesse sentido que quisemos trazer mais objetividade e clareza à decisão. Para promover energias alternativas precisamos de disponibilizar ferramentas dedicadas e comparativas aos nossos clientes e condutores. Hoje é essencial antecipar a transição energética e implementar frotas alinhadas com as necessidades reais - é importante que os condutores conheçam o motor e o veículo que melhor se adaptam à sua real utilização. Esta nova plataforma é uma forte ferramenta de comunicação direta com os clientes, facilitando a opção pela energia adequada a cada tipologia de condução. Com as energias alternativas a ganharem cada vez maior expressão, que desafios se colocam aos operadores de Renting e Gestão de Frotas? É verdade que se colocam alguns desafios, o primeiro é essencialmente na aceitação de novos serviços de mobilidade alternativa que nem sempre é fácil e imediata. Existe algum trabalho de evolução de mentalidades que tem que ser feito no nosso país. Por parte da ALD Automotive, o lançamento recente do Energy website mostra que estamos preparados, que

temos um leque de novos serviços para oferecer e que estamos aptos a responder aos novos desafios de mobilidade. O segundo desafio é referente à exponencial evolução tecnológica no mercado automóvel na procura por tecnologias cada vez mais limpas, como por exemplo as novas normas WLTP. Por último, pretendemos dar resposta aos desafios recentes da era digital em que vivemos, com o cliente a procurar cada vez mais informação online, que lhe permita ter conhecimento e que possibilite uma consulta ou decisão na hora, nomeadamente através do seu smartphone. A ALD Automotive está a trabalhar no sentido de caminhar para uma frota com energias mistas e mais responsáveis. Este será agora o foco da ALD Automotive? O grupo pretende ser protagonista no novo paradigma da mobilidade? A nível internacional e local, existe uma nova tendência cada vez mais forte por parte dos clientes e do mercado com questões frequentes sobre as novas motorizações e alternativas existentes. Queremos apoiar empresas e particulares nas suas escolhas, de forma a proporcionar as soluções mais relevantes, tanto económicas como ecológicas, demonstrando mais uma vez a nossa forte aposta na promoção da transição energética no mercado português. ▪



» SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES OPINIÃO DE JOSÉ JORGE LETRIA, PRESIDENTE DA DIREÇÃO E DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

IDENTIDADE LUSÓFONA FORTALECE O DIREITO DE AUTOR A SPA tem a noção exacta da importância estratégica da cooperação desenvolvida em torno de uma língua comum que une povos e culturas em vários continentes. O mundo vive um tempo preocupante de quebra de solidariedade e de desconfiança que aumentam a tensão global e dificulta os naturais e desejáveis processos de cooperação e diálogo.

S PERFIL

JOSÉ JORGE LETRIA

PRESIDENTE DA DIREÇÃO E DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

PONTOS DE VISTA

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abemos que este projeto de cooperação é observado com atenção e apreço por sociedades de autores de todo o mundo e também pela OMPI, agência da ONU com sede em Genebra, que muito tem apoiado a SPA. A língua e a cultura comuns podem unir e fazer convergir sociedades de autores e países que a incerteza por vezes afasta e divide. A CPLP deve ser, cada vez mais, o espaço de concretização deste desejo de unir e mobilizar em torno de uma língua comum que também é um fator de progresso e modernidade No momento em que se discute o presente e o futuro da lusofonia, a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) reafirma a importância estratégica que atribui à cooperação das sociedades de gestão coletiva do direito de autor e o seu desejo de criar uma confederação que a congregue, fortaleça e mobilize. O projeto desencadeado pela SPA desde 2013 e reforçado com a criação de um manifesto sobre a importância da língua portuguesa, o que aconteceu no início de outubro de 2016 no Rio de Janeiro, é para ser levado por diante com empenho, convicção e criatividade. Reconhecendo o potencial e a riqueza da diversidade cultural destes milhões de falantes, mas também apercebendo-se das fragilidades e dificuldades de afirmação dos criadores dos países da Lusofonia, a SPA começou no início de 2013 a envidar esforços no sentido de desenvolver um projeto de cooperação e assistência com países lusófonos, cujo intuito engloba, igualmente, o desenvolvimento das suas sociedades de gestão coletiva. Tendo por objetivo a proclamação e proteção dos direitos dos criadores, e graças aos 93 anos de experiência na gestão multidisciplinar de direitos autorais, a SPA desenvolveu o projeto Lusófono, com o apoio da Organização Mundial para a Propriedade Intelectual (OMPI), agência das Nações Unidas, e da CISAC (Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores). Nesse sentido, logo em dezembro de 2013, realizou-se em Lisboa o 1º Seminário Internacional, A importância do Direito de Autor nos Novos Mercados Culturais da Lusofonia, que teve por oradores especialistas de várias áreas assim como dirigentes de sociedades de direitos de autor de países lusófonos. Nesse mesmo mês, em articulação com a Secretaria de Estado da Arte e Cul-

tura de Timor-Leste, a SPA organizou igualmente um Seminário em Dili sobre a temática dos direitos de Autor, onde esteve presente um técnico da cooperativa que colaborou na instituição da Sociedade Timorense de Autores (STA). A SPA continuou a colaborar com Timor em 2014, através da coordenação do Fórum O Direito de Autor como paradigma de Desenvolvimento e a prestação de apoio jurídico na elaboração do Código de Direito de Autor daquele país. No último trimestre de 2014, a SPA realizou também um workshop em Maputo, em parceria com a Associação Moçambicana de Autores (SOMAS). Simultaneamente, definimos a nossa cooperação com Angola onde organizámos o seminário Cultura e Direitos de Autor em Angola: como desenvolver o presente e assegurar o futuro, apoiado pelo ministério da Cultura angolano, e uma série de quatro workshops (em Luanda, Huambo, Benguela e Cabinda). Prestámos igualmente formação técnica à União Nacional de Autores e Compositores de Angola (UNAC), a entidade responsável pela gestão coletiva naquele país e que, com o apoio da SPA, foi aceite como membro da CISAC (Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores). Dando continuidade à nossa aposta na proteção dos direitos dos autores, teve lugar no final de 2014 o 2º Seminário Internacional da SPA, Cultura, Direito de Autor, Lusofonia e o Futuro, que decorreu na sede da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), evidenciando a importância e alcance que o projeto Lusófono obteve em menos de um ano. No ano seguinte, a SPA foi convidada a participar na assembleia geral do Comité Africano da CISAC, em Luanda, no prosseguimento das ações implementadas em colaboração com a UNAC. Em dezembro de 2015, a Fundação Gulbenkian acolheu o 3º Seminário Internacional da SPA sobre a proteção dos direitos de autor na era digital, constituindo mais um passo na afirmação deste projeto enquanto veículo condutor de sinergias em todos os campos ligados à defesa do património cultural. O reconhecimento oficial internacional pelo trabalho em prol da língua portuguesa aconteceu


RECONHECENDO O POTENCIAL E A RIQUEZA DA DIVERSIDADE CULTURAL DOS MILHÕES DE FALANTES DA LÍNGUA PORTUGUESA MAS TAMBÉM APERCEBENDO-SE DAS FRAGILIDADES E DIFICULDADES DE AFIRMAÇÃO DOS CRIADORES DOS PAÍSES DA LUSOFONIA, A SPA

em 2016, durante o Comité Africano da Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores (CISAC), decorrido na Namíbia, onde a língua portuguesa foi declarada uma das três línguas estratégicas em África. A lusofonia foi, assim, definida como uma prioridade estratégica de intervenção e de defesa dos criadores no seio daquele organismo. Entretanto, a SPA tinha vindo a estabelecer durante o ano de 2016 uma estreita colaboração com Cabo-Verde, que resultou na preparação da candidatura da recém-criada Sociedade Cabo-verdiana de Música à CISAC, aceite durante a assembleia geral desta organização mundial que decorreu em junho de 2017 em Lisboa. Não sendo possível falar de Lusofonia sem incluir o Brasil, por iniciativa da SPA foi elaborado e assinado por oito sociedades de autores no Rio de Janeiro o Manifesto da Lusofonia, afirmando a língua portuguesa como “(...) poderoso instrumento de unidade, de trabalho e de clara afirmação.” O passo seguinte foi a criação da Confederação Lusófona de Sociedades de Autor, com a participação de todas as sociedades de autores do mundo lusófono, cuja oficialização se prevê que venha a ocorrer na assembleia geral da CISAC, em Tóquio, em junho de 2019. A par de todas as atividades empreendidas, a formação sobre a temática dos direitos de autor é um dos setores de maior relevo para a cooperativa. A sociedade civil tem de estar esclarecida sobre o que são obras protegidas, direitos autorais, cópia privada, entre outros, e não apenas os que lidam diariamente com criações culturais, sejam eles autores, promotores, editores e outros profissionais. Por isso, a SPA formalizou um protocolo com a Universidade de Lisboa-ISCSP, programando uma Pós-graduação em “Gestão Colectiva e Direito de Autor para a Lusofonia”. A primeira edição decorreu no final de 2016 e contou com alunos de Cabo Verde, de Moçambique e de Angola, mas também de Portugal. Entretanto, em 2017 a SPA recebeu em Lisboa a AG da CISAC, onde, paralelamente às estratégias definidas em defesa dos direitos dos autores, o projeto Lusófono e a instituição da Confederação Lusófona de Autores foram reconhecidos por esta entidade internacional, juntando-se assim ao apoio que a OMPI deu a este projeto

desde o início. De destacar a realização de um festival lusófono que, celebrando o acolhimento em Lisboa de largas centenas de criadores do mundo inteiro, reuniu no mesmo palco autores e artistas de Portugal, Brasil, Moçambique, Cabo-Verde, Angola e Guiné-Bissau, num momento de beleza e de emoção. O ano de 2018 tem sido prolífero no que respeita à colaboração com entidades ligadas à gestão coletiva. No seguimento de uma proposta da sociedade macaense de autores (MACA), será coeditado um álbum com músicas de autores lusófonos - MACA Album Volume 7 - que se insere na celebração do 10º aniversário daquela entidade. Do mesmo modo, têm-se multiplicado as parcerias com gabinetes governamentais para a gestão de direitos de autor, caso da Guiné-Bissau ou do Bureau des Droits d’Auter de Marrocos. Efectivamente, a SPA foi a única sociedade não africana a estar presente num congresso organizado recentemente em Marrocos, sob o lema “Africa e o Futuro”, depois de já ter sido convidada pela OMPI para participar em São Tomé e Príncipe num evento destinado a entidades governamentais e a sociedades de autores dos países africanos lusófonos. Em Março deste ano o Diretor Geral da OMPI recebeu em Genebra a SPA, a quem reiterou o

UM AMBICIOSO PROJECTO DE COOPERAÇÃO C O M O S PA Í S E S L U S Ó F O N O S C U J O S RESULTADOS JÁ SÃO VISÍVEIS

apoio daquela organização mundial ao projeto lusófono e, em junho, a Diretora Geral adjunta da OMPI deslocou-se à SPA também com o intuito de reforçar a cooperação com a nossa sociedade, o que comprova que o projeto Lusófono segue um rumo certo e promissor. Por outro lado, a presença regular da SPA nas assembleias gerais do Comité Africano da CISAC, designadamente no Ruanda, na Namíbia, em Angola e este ano na Costa do Marfim, contribui para acentuarmos a importância e alcance deste projeto e sabermos o que pensam muitos países sobre este assunto e sobre a forma de o acompanhar e aprofundar. A Sociedade Portuguesa de Autores encontra-se já a definir as linhas de atuação para o próximo ano, sendo uma delas a continuidade da Pós-graduação em Gestão Colectiva, o prosseguimento da colaboração com as sociedades de gestão coletiva do mundo lusófono, com particular destaque para o continente africano, não só em termos da capacitação técnica como também promovendo o intercâmbio cultural, ao mesmo tempo que se prepara para enfrentar novos desafios, com o alargamento da sua esfera de intervenção a outros países de África que têm vindo a solicitar o apoio da cooperativa dos autores portugueses por nela reconhecerem capacidade, credibilidade e solidez. ▪

29 AGOSTO 2018

FOTO: DIREITOS RESERVADOS

COMEÇOU NO INÍCIO DE 2013 A DESENVOLVER


» PEDRO GUERRA ALVES DA PGA CONSULTORIA E PT VISA

SABER TIRAR PARTIDO DAS “COINCIDÊNCIAS” PARA ALCANÇAR METAS Depois de um acidente quase fatal em 2016 quando experimentava uma asa de Kite que terminou sem sequelas no hospital de Santa Maria, Pedro Guerra Alves começou uma nova fase da vida. Em 2017 completou 40 anos e teve dois eventos marcantes que o levaram a alterar a sua forma de trabalhar e a conquistar novas metas na sua empresa de consultoria financeira sediada em Portugal e ainda iniciar um negócio sediado no Dubai.

PEDRO GUERRA ALVES

I PONTOS DE VISTA

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niciou a sua carreira como consultor financeiro em 2002 na maior empresa americana (AIG). Hoje, olhando para trás já passaram 16 anos. Que análise faz da sua carreira? Os Grandes Grupos americanos selecionam pelo compromisso com a excelência e acredito que foi o facto de sempre ter desenvolvido características de rigor, disciplina, dedicação e resiliência ao ter praticado desporto de competição desde desportos de combate, ao Pentatlo, Ténis, karts, entre outros, que me ajudou a conquistar o meu lugar entre os melhores em Portugal durante cinco anos consecutivos. Esse estatuto qualificou-me para formações nacionais e internacionais que foram determinantes para a minha carreira. Embora reconheça o mérito de vários mentores na minha formação, desde os meus professores, atletas olímpicos, diretores, coaches e até mesmo pessoas que embora não tenham cargos de destaque, me inspiraram a fazer bem feita a nossa tarefa, tenho de confessar que com quem mais aprendi durante toda a minha carreira foi com os clientes! Especialmente os mais complicados e rigorosos e que mais exigiram e exigem até hoje. Passados 16 anos de constante aprendizagem verifico que tenho ainda maior motivação e determinação para abraçar projetos de criação de Legado para as diferentes famílias com as quais trabalho em soluções de crescimento de património, de financiamento ou de expansão das suas competências ou área de negócio através da consultoria de gestão e da facilidade de networking que desenvolvi.

Como surgiu a PT Visa e que fatores diferenciadores veio a mesma trazer ao mercado? Portugal é o país mais interessante para quem procura obter a sua segunda residência, através do investimento em imobiliário, não apenas pela oportunidade de conhecer um dos países que melhor combina a paz e tranquilidade, fruto de ser uma população pequena e amável, com a facilidade de criar negócios internacionais por pertencer à Europa e pelas relações diplomáticas que Portugal tem com a todas as grandes economias mundiais em particular com as ex-colónias, do Brasil e de Angola. É inquestionável que vamos receber nos próximos anos milhares de candidatos a investimento em imobiliário em Portugal especialmente devido ao famoso Golden Visa. Por esse motivo pretendo ter uma participação ativa no desenvolvimento do imobiliário em Portugal, em particular para a reconstrução dos nossos centros históricos que são o legado de um povo centenário. A PT Visa foi a empresa que lancei no Dubai em conjunto com um grande empresário, com uma vasta experiência em negócios internacionais. O Dubai é um excelente mercado, pois temos acesso a uma classe de profissionais que só têm a possibilidade de residir no Dubai através de um visto de trabalho. Em especial as famílias que aceitaram o desafio profissional por estarem desagradadas com a situação política e social do seu país e não têm qualquer intenção de regressar, mas sabem que a sua estadia no Dubai está condicionada ao visto de trabalho e que terão de ter um plano. A Europa é um des-

tino apetecível para qualquer família com posses e Portugal é um dos países mais procurados pelos reformados. É também CEO e fundador da PGA Consultoria, qual é o foco da empresa? A PGA Consultoria foi criada em 2008 com um conceito de “boutique” oferecendo aos clientes a possibilidade de ter acesso a uma equipa familiar com capacidade de propor soluções em todas as áreas financeiras. A forma de garantir um leque tão variado de soluções é o facto de ter desenvolvido parcerias em áreas complementares e indicar ao cliente uma equipa de parceiros com mais de 100 colaboradores. Assim conseguimos combinar a criação de estratégias de crescimento de património, com as melhores soluções de financiamento, de contabilidade e jurídicas de apoio à criação ou desenvolvimento de negócios próprios. O DNA da PGA é ser recompensado pela criação de soluções, pelo que não cobramos qualquer fee ao nossos clientes, pois temos a nossa remuneração garantida através de bancos e seguradoras quando encontramos a solução que satisfaz o cliente. A exceção é a consultoria de negociação para aquisição de imóveis onde cobramos 11% do valor que conseguimos reduzir ao valor do bem (ex. Se o cliente pretende um imóvel de 1M€ e conseguimos que ele seja vendido por 900.000€ cobramos ao cliente 11.000€). Por trabalharmos muito com clientes estrangeiros este é um serviço que é muito solicitado. Uma vez que temos uma formação financeira com origem num grupo segurador do ramo


Enquanto consultor financeiro, quais diria que são os seus principais desafios? De que forma os contorna? O maior desafio de qualquer consultor é conquistar a confiança dos novos clientes. É fundamental entender a dimensão da nossa responsabilidade no desenvolvimento do património das famílias com as quais trabalhamos para subir a “escada da fidelização do cliente” - segundo Michael Morrow MDRT é conquistar um potencial cliente até que fique embaixador do nosso negócio. O facto de o cliente decidir alterar a sua estratégia sem qualquer racional, pela redução de custos ou pela alocação de capital a extravagâncias de momento, vai comprometer o resultado no nosso trabalho. Infelizmente, na minha carreira, já tive de gerir algumas situações desagradáveis que obrigaram a família a alterar a sua realidade drasticamente. A grande maioria dos clientes da PGA não eram ricos quando começámos a trabalhar, mas a esmagadora maioria tem hoje uma condição financeira muito mais confortável e próxima dos seus objetivos. Em alguns casos, os clientes conquistaram mesmo um outro nível de vida. Já deve ter reparado que falo muito em família, pois considero que para alcançar um objetivo TODA a família deve estar comprometida. Uma das estratégias que utilizo é baseada no trabalho de Sunny Lee, que aborda a transformação das crianças de “Money Monsters em Money Masters” através de pequenas técnicas que levam à motivação para as suas poupanças pessoais. Como consegue gerir a sua agenda de forma a trabalhar clientes internacionais e portugueses. Quais as diferenças mais marcantes entre eles? Antes de mais quero agradecer à minha mãe que desde cedo me deu a capacidade de comunicar em inglês de forma fluente. Como já teve oportunidade de ver, o site da PGA, e da PT Visa bem como toda a comunicação que faço no Linked In está em inglês, pois mais de 70% dos novos clientes são estrangeiros. Apresentamos um serviço dedicado por estarmos disponíveis para nos adaptar aos horários do cliente e devo confessar que já tivemos inúmeras chamadas de video fora de horas, de forma a estar disponíveis no horário confortável para os clientes (ex. China, Austrália e Brasil). Para que a comunicação com os clientes através de video chamada seja realmente eficiente, temos de ter a capacidade de entender as necessidades reais do cliente e conseguir fazer a ponte para os seus objetivos em particular na seleção dos imóveis, poupanças ou financiamentos. Neste momento está a escrever um livro… Podemos saber sobre o quê e como surgiu essa iniciativa? Penso que escrever um livro está no imaginá-

“Depois de iniciar o Fundo de Investimento e lançar o livro, irei iniciar a academia on-line para empreendedores que procuram financiar os seus negócios a nível internacional e que estão disponíveis para gerir as suas empresas em plataformas on-line para que seja possível qualquer investidor a nível mundial ter acesso a informação em tempo real”

rio de cada pessoa. Infelizmente a maioria das pessoas não encontrou ainda a sua missão ou o seu projeto de vida e por esse motivo não realizou esse desejo de escrever um livro. Antes de iniciar a minha carreira na atividade financeira, iniciei a minha formação espiritual com um guia que acompanho até hoje e que me ensinou a conseguir tirar partido das “coincidências” para alcançar a paz interior e a realização pessoal. Tenho adaptado muito desse conhecimento na minha atividade, pois trabalho com pessoas todos os dias e em regra a nossa realidade é condicionada pela nossa forma de pensar e agir perante os desafios da vida. Devo porém reconhecer que quando participei pela primeira vez no MDRT (“Million Dollar Round Table”) em 2017, depois do acidente quase mortal em Dezembro de 2016, a minha posição face ao meu negócio, face aos meus clientes e face ao mercado de advisory financeiro ficou totalmente alterada. Ao receber o Mentoring dos melhores consultores financeiros do Mundo, que por sua vez aprendem também diretamente com algumas das maiores fortunas a nível mundial, aconteceu o que chamam de “AHA MOMENT” - o momento em que com todo o conhecimento que temos, a experiência que desenvolvemos parece ficar consolidada na forma de pensar, de agir e de falar. Por entender o privilégio que tenho tido com formações, viagens, amigos, clientes e em especial de um casamento de mais de 20 anos, decidi

que este era o momento de partilhar essa aprendizagem de forma mais global. A única limitação que temos de perceber é o TEMPO. Por muito recompensador que seja participar na criação de soluções para clientes e partilhar da felicidade das suas conquistas, existe um momento em que devemos “partilhar sem olhar a quem”. Esse foi o momento em que decidi escrever este livro: “Coincidências que Acontecem a Pessoas de Sucesso”. O aumento de trabalho que temos recebido na PGA e na PT Visa fez atrasar o lançamento do livro, esse facto tem sido positivo por ter recebido cada vez mais partilhas interessantes de pessoas que estão neste momento a conseguir alcançar os seus objetivos e a conquistar os seus sonhos. Que outros projetos se avizinham? Depois de iniciar o Fundo de Investimento e lançar o livro, irei iniciar a academia on-line para empreendedores que procuram financiar os seus negócios a nível internacional e que estão disponíveis para gerir as suas empresas em plataformas on-line para que seja possível qualquer investidor a nível mundial ter acesso a informação em tempo real. Já temos algumas inscrições na plataforma da sevens.guru e pedimos desculpa pela demora no arranque da academia, mas prometemos que serão premiados com descontos e vídeos grátis na altura do lançamento que prevemos para o final do ano. ▪

31 AGOSTO 2018

vida, preparamos sempre para os nossos clientes soluções de poupança que integram a criação de uma salvaguarda para o próprio (em caso de doenças graves ou acidentes) ou para a família em caso de fatalidade que permitam que os objetivos financeiros estejam sempre garantidos. Sabemos através dos exemplos reais que acompanhamos que existem regras que determinam o sucesso. Como diz a célebre frase: “Se falhas em planear, planeias em falhar.”


» DIA NACIONAL DO CONTABILISTA E XIV ENCONTRO NACIONAL

EMPRESÁRIOS RECORREM CADA VEZ MAIS A CONSELHOS DOS CONTABILISTAS A 21 de setembro celebra-se o Dia Nacional do Contabilista e a Revista Pontos de Vista foi conhecer as estratégias e desafios desta profissão com a SRS Consulting, uma empresa preocupada com a evolução daquilo que é a contabilidade. Elisabete Oliveira Martins CEO e CC responsável da SRS, conta tudo em entrevista.

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m que ano foi fundado o gabinete e qual é a principal missão com que foi criado? A “SRS Consulting, Lda.” foi criada em Novembro de 2017. Resultou da fusão de dois gabinetes, a ESCRITEX, de Fernando Ferreira, com 32 anos de existência e a SRS – Consultores de Gestão, com seis anos de existência. A nossa principal missão é sermos uma clara mais-valia para os nossos clientes.

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Vivemos numa época marcada pelo digital e a contabilidade não fica de fora neste processo. O que pensa sobre a transformação digital a que assistimos? A evolução é sempre benefica se usada de forma produtiva. Na nossa área torna-se importante estar atualizado e investir cada vez mais em sistemas informáticos que reduzem a probabilidade de erro humano e, claramente, ajudam a tornar a informação cada vez credivel. A evolução nesta área será cada vez mais intensa, uma vez que no mercado temos cada vez mais software houses interessadas neste nicho de mercado. O contabilista é uma figura fundamental na gestão de uma empresa. Como é lidar com várias empresas ao mesmo tempo? Um desafio. Temos vários setores de atividade e necessidades diferentes, o que nos obriga a estarmos atentos às alterações e exigências de cada setor e de cada cliente. Não existem dois clientes iguais. A legislação em constante mudança prevê que os contabilistas estejam sempre atualizados, de que forma se mantêm sempre em cima do acontecimento no SRS Consulting? Na SRS – Consulting procuramos estar atentos às alterações legislativas constantes, quer através da OCC, quer atraves da APECA da qual somos associados. Este é um aspeto muito importante no nosso trabalho, que procuramos estar sempre atentos, não só as alterações fiscais como a alterações legislativas nos sectores que os nossos clientes estão inseridos.

ELISABETE OLIVEIRA MARTINS

A formação contínua é uma questão importante? Porquê? Como formadora, reconheço que nesta área é muito importante a formação constante dos nossos colaboradores. Temos constantes alterações fiscais, e aspetos normativos que é importante, os nossos colaboradores estarem a par delas. Neste campo, contamos com as formações da OCC e da APECA. Quais são os maiores desafios de um escritório de contabilidade? O nosso maior desafio é conseguir dar um constante acompanhamento aos nossos clientes, e estar sempre um passo à frente das necessidades deles. Que perspetivas fazem parte da vossa estratégia a médio-longo prazo? Procuramos ter uma posição cada vez mais relevante no mercado, queremos ser reconhecidos pela qualidade dos nossos serviços e como uma mais-valia para os nossos clientes. Como caracteriza 2018 em termos de recuperação económica das empresas? No ano de 2018 nota-se uma recuperação económica, em vários setores, mas é de salientar que o fator turismo tem sido uma grande ajuda para a maioria das empresas. A maior parte dos empresários, agora, são mais cautelosos nas decisões de gestão que tomam, e procuram muitas vezes o conselho do CC na tomada de decisão. ▪

“Temos constantes alterações fiscais, e aspetos de normativos que é importante, os nossos colaboradores estarem a par delas. Neste campo, contamos com as formações da OCC e da APECA”



» EVENTO

“MENTE SÃ EM CORPO SÃO” Este é o mote da sétima edição do “Dia do Cliente Samsys 2018” (DDC), que decorreu no Multiusos de Gondomar. Aquele que é o maior evento de desenvolvimento pessoal e profissional do país contou, este ano, com a presença de 2085 participantes. Um número que superou, em muito, as expectativas. Venha connosco saber mais.

O QUE ELES DIZEM... SAMUEL SOARES CEO E COFUNDADOR DA SAMSYS

O Dia do Cliente Samsys nasce em 2011, quando o país atravessava um período financeiro conturbado. As empresas, os empresários, o diretores e os líderes deste país apresentavam um registo cabisbaixo, de desalento e desânimo perante as adversidades que estavam a acontecer. A Samsys, enquanto consultora de tecnologia, percebeu que podia fazer algo mais e que devia ajudar a sociedade, na qual nos inserimos, a sair deste registo. É possível vencer as adversidades, é possível ser-se criativo. A verdade é que o primeiro evento do Dia do Cliente Samsys teve 320 presentes, o que nos deu energia e força para continuar. O feedback que os participantes nos deram foi de tal ordem gratificante que decidimos continuar com o evento e, hoje, na sétima edição contamos com 2085 participantes. A nossa intenção é levar valor à sociedade, levar ideias, levar experiências e inspirar as pessoas a agir, a não ficarem paradas. No DDC podem contar com boa-disposição, uma fonte de energia positiva quase que inesgotável, um bom ambiente, um espaço excelente para absorvermos experiências e ideias, um espaço único de networking. RUBEN SOARES DIRETOR EXECUTIVO DA SAMSYS

SAMUEL SOARES E RUBEN SOARES

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“Pessoas felizes têm hábitos saudáveis”. E este é o foco do “Dia do Cliente Samsys 2018”: as práticas que proporcionam bem-estar e, consequentemente, rentabilidade nas empresas. Com atrações, palestras, convidados especiais e convívios imperdíveis, a pensar na troca de conhecimento e experiências e no networking, fundamental para proporcionar negócios, o DDC, uma iniciativa da Academia Samsys, teve como temas principais a motivação, liderança, inovação, marketing, felicidade e bem-estar nas organizações. ▪

O networking é uma das iniciativas que mais promove este evento. Temos cada vez mais empresas a quererem associar-se ao DDC, pela promoção de contactos, promoção de relações comerciais e pelas temáticas que os oradores trabalham neste evento e que ajuda as pessoas a potenciarem o seu crescimento enquanto pessoas e profissionais. Quando o evento começou, em 2011, as empresas que tivemos associadas foram as tecnológicas com as quais a Samsys já trabalhava. Hoje, temos uma diversidade de áreas de negócio aqui presentes pelo valor e pelo target de pessoas que o DDC acarreta. Acreditamos que as pessoas estão mais sensíveis a questões relacionadas com o bem-estar, com o corpo e mente sãos. Por isso mesmo, e como a própria Samsys pratica essa filosofia dentro da empresa, consideramos que este seria o mote ideal do evento deste ano. A Samsys, reconhecida recentemente como uma das empresas mais felizes para trabalhar, pratica dentro da sua organização, não só atividades que promovam a mente sã, mas também atividades para um corpo são, através do exercício e da alimentação saudável. Sentimos e promovemos esses resultados positivos na nossa equipa. MIGUEL COELHO FUNDADOR E DIRETOR DA FAILBIG SUMMIT

O FailBIG Summit orgulha-se de ser a maior e mais reconhecida conferência sobre falhanço do mundo. Falhar em grande é uma das melhores coisas que pode acontecer aos empreendedores. Existem razões para os falhanços serem os melhores métodos de aprendizagem de todos nós e sobre como há sempre lições positivas a serem retiradas. Ou, ainda, podemos colocar questões fundamentais para se falhar bem. Sim, ouviu bem. Falhar bem. Será que eu sei falhar bem? É possível falhar melhor, com mais ritmo, com mais aprendizagem, com mais valor? Poderia ser possível falhar mais rápido, mais cedo, de forma menos dramática e com maior crescimento de todos?


INOVAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS – SAÚDE

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MARGARIDA SILVA, BUSINESS COORDINATOR MANAGER MEDICAL SYSTEMS DA FUJIFILM, EM ENTREVISTA

SOLUÇÕES INOVADORAS E TECNOLOGIA DE PONTA EM SAÚDE “A FUJIFILM tem vindo a desenvolver e a patentear várias tecnologias de imagem aplicadas à saúde e que inovam os meios de diagnóstico, com aplicações à endoscopia e à imagiologia”, revela Margarida Silva, Business Coordinator Manager Medical Systems da FUJIFILM, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer como este player de prestígio mundial tem apostado fortemente no âmbito da inovação e das novas tecnologias em saúde.

MARGARIDA SILVA

Em termos de qualidade de vida do paciente, por exemplo o sistema Synapse, veio revolucionar que aspetos? Em proporcionar às instituições e profissionais de saúde de trabalhar com uma solução inovadora e com tecnologia de ponta. Quais são os principais produtos fruto das novas tecnologias e quais as funcionalidades dos mesmos? Neste âmbito de atividade, a FUJIFILM tem vindo a desenvolver e a patentear várias tecnologias de imagem aplicadas à saúde e que inovam os meios de diagnóstico, com aplicações à endoscopia e à imagiologia. Ano passado a empresa decidiu concentrar em Portugal a atividade de reparação de endoscópios. A que se deveu a escolha do território português? Porque em Portugal podemos contratar

bons profissionais de engenharia com competências académicas fundamentais para esta área de negócio. Que balanço é possível fazer até ao momento? Um balanço muito positivo. O centro de serviços especializados da FUJIFILM em Vila Nova de Gaia vai terminar este ano com a reparação de um milhar de aparelhos de endoscopia, com a administração desta estrutura técnica de âmbito ibérico a estimar a duplicação desse registo até 2020, dobrando também o número de trabalhadores, dos atuais 15 para 30. Em Vila Nova de Gaia têm um centro tecnológico que desenvolve “workflows” clínicos para centenas de hospitais de todo o mundo, da Ásia à América Latina. Continuar a expansão na área da saúde é uma das prioridades da Fujifilm? Sem dúvida, que a aposta da empresa centra-se sobretudo nas soluções de healthcare. Para além de toda a tecnologia, há também que destacar a diferenciação dos serviços prestados. A área de cuidados médicos é importantíssima e queremos expandi-la. Além da inovação na área da saúde, a Fujifilm apresenta avanços em muitas outras áreas como é o caso da cultura e indústria. Quais são os marcos que mar-

caram a história da empresa nos últimos dez anos? No negócio da FUJIFILM no mercado português, que também abarca as restantes grandes áreas do grupo – como a gráfica ou a original da fotografia –, os sistemas médicos asseguram já um terço (33%) do negócio. Com sede em Tóquio, o grupo FUJIFILM agrega um total de 277 empresas e mais de 78.500 trabalhadores em todo o mundo, dos quais 4.500 na Europa. Neste âmbito de atividade, temos vindo a desenvolver e a patentear várias tecnologias de imagem aplicadas à saúde e que inovam os meios de diagnóstico, com aplicações à endoscopia e à imagiologia. ▪

QUAIS SERÃO OS PRÓXIMOS PASSOS EM TERMOS DE INOVAÇÃO PARA O SETOR DA SAÚDE? A aposta constante no desenvolvimento de novos produtos, equipamentos, soluções e serviços técnicos especializados.

35 AGOSTO 2018

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Fujifilm apresentou soluções inovadoras para o diagnóstico de imagens de radiologia. De que soluções falamos? Soluções de equipamentos digitais diretos para radiologia, mamografia, equipamento de TAC e todo o Software de arquivo e distribuição de imagem (PACS), bem como também na área de ecografia portátil, gastroenterologia e diagnóstico in vitro.


» SOCIEDADE PORTUGUESA DE MEDICINA DA REPRODUÇÃO

MEDICINA

DA REPRODUÇÃO EM PORTUGAL. QUAL A EVOLUÇÃO? Pedro Xavier, Presidente da SPMR (Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução), em entrevista explica que papel desempenha na sociedade a medicina de reprodução e que evolução tem a mesma ganho ao longo dos tempos.

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Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (S.P.M.R) é uma associação científica. Em que contexto surgiu a criação da mesma e com que propósitos? A SPMR foi fundada há 40 anos com o objetivo de promover o conhecimento e a investigação científica na área da Medicina da Reprodução. Numa época em que a partilha de experiências entre os Centros nacionais e destes com os internacionais era mais difícil, foi decisivo o papel da Sociedade para que tal fosse possível.

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O que se entende por Medicina da Reprodução e qual o contributo direto na mesma para a sociedade civil? Medicina da Reprodução é a área das ciências médicas que se dedica ao estudo e tratamento da infertilidade bem como à promoção da fertilidade. São dois problemas complementares mas não sinónimos um do outro. Tem vindo a ganhar um protagonismo crescente em face do aumento da prevalência da infertilidade nas sociedades ocidentais, sobretudo relacionado com o estilo de vida das populações e da idade cada vez mais tardia em que se decide ter filhos. Este último ponto é particularmente sensível no caso da mulher, uma vez que o seu “relógio biológico” funciona a um ritmo muito mais acelerado do que no caso do homem. Para além do impacto emocional e de saúde em geral que a infertilidade representa em termos individuais, também se coloca o problema em termos de sociedade civil. Num país como o nosso, em que o número de nascimentos tem vindo a diminuir de forma consistente, o contributo da Medicina da Reprodução para esses nascimentos tem vindo a crescer. Em 2016, a percentagem de crianças nascidas após a utilização de técnicas de procriação medicamente assistida (PMA) era já de 3% do total de nascimentos. A tendência é para que essa proporção aumente. O desenvolvimento da Medicina da Reprodução permite aplicações cada vez mais amplas, quais são as consequências que daí advêm? Esse é um assunto bastante complexo uma vez que a ciência tem sofrido uma evolução muito significativa nesta área. Se por um lado essa evolução tem permitido uma melhoria importante das taxas de sucesso dos tratamentos, a utilização das novas tecnologias poderia permitir a sua aplicação em áreas que a sociedade teria dificuldade em aceitar, nomeadamente por questões éticas. Felizmente Portugal é um bom exemplo de regulação desta atividade. A lei da PMA de 2006 veio estabelecer regras de

PEDRO XAVIER

“Infelizmente ainda há um grande desconhecimento, nomeadamente do seu potencial e também das suas limitações”

conduta nesta área, tendo criado um órgão regulador para o efeito que é o Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida. Assumiu recentemente o cargo de presidente da SPMR. Quais são os objetivos a que se propõe neste início de mandato? A SPMR é uma instituição prestigiada com uma longa tradição de promoção do desenvolvimento e conhecimento científico. Nesse aspeto vai ser difícil melhorar porque sentimos que o seu papel é já muito relevante. Mesmo assim temos a ambição de pelo menos manter o patamar de qualidade. Para tal vamos criar uma bolsa de investigação que permita ajudar financeiramente a concretização de projetos com mérito científico na área da Medicina da Reprodução. Por outro lado sentimos que é dever da SPMR ter uma maior abertura para com a Sociedade Civil. Essa é uma das suas vocações. Come-

çamos por lançar uma petição à Assembleia da República para alertar os deputados quanto à necessidade de criar nova legislação que permita ultrapassar os problemas que resultaram do recente acórdão do Tribunal Constitucional, que na prática levantou a questão da constitucionalidade do anonimato dos dadores de gâmetas e embriões, bem como da gestação de substituição. Por outro lado pretendemos fazer campanhas junto dos nossos jovens, nomeadamente universitários, que os alerte para dois importantes problemas: como cuidar da sua fertilidade e como ajudar a ultrapassar a escassez de dadores de gâmetas em Portugal, uma prática altruísta que em muito tem contribuído para a resolução de inúmeros casos de infertilidade. Na relação com a sociedade, quais diria que são os maiores desafios que a SPMR tem de ultrapassar? Creio que os maiores desafios estão na base das campanhas que temos em mente. Informar e sensibilizar os jovens para os problemas da fertilidade. Por serem tão importantes é que os considerámos prioritários. O que é que a população portuguesa ainda desconhece sobre medicina de reprodução? Eu quase colocaria a questão ao contrário! O que é que sabe sobre medicina da reprodução? Infelizmente ainda há um grande desconhecimento, nomeadamente do seu potencial e também das suas limitações. ▪



» PROCRIAÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA

IERA TORNA A PROCRIAÇÃO MÉDICA ASSISTIDA EM ALGO MUITO MAIS DO QUE ALCANÇAR UMA GRAVIDEZ A IERA (Instituto de Reprodução Assistida) tem sido responsável por conseguir tornar a vida de muitas pessoas em algo melhor graças à capacidade e profissionalismo dedicados à fertilização. A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com a equipa: Eduardo Rosa, da medicina de reprodução, Mafalda Rato de embriologia clínica e com a enfermeira de saúde reprodutiva, Sara Arruda, para perceber qual a dinâmica do instituto e perceber também como se pratica PMA (Procriação Médica Assistida) em Portugal.

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oje, a tecnologia dita a melhoria contínua da procriação médica assistida em Portugal. O Instituto de Reprodução Assistida, em Lisboa, tem vindo a crescer e a proporcionar aos pacientes uma experiência totalmente individualizada, uma vez que, segundo Sara Arruda, “é uma questão fundamental para que as pessoas se sintam bem e em segurança”. Nos últimos tempos a tecnologia tem sido o grande aliado da evolução na área, tornando o processo mais qualitativo. Na IERA existem equipamentos como a Geri, uma incubadora com sistema time-lapse que “permite, 24 sobre 24 horas, avaliar o desenvolvimento dos embriões desde a fecundação. Isso faz com que tenhamos acesso a imagens em pontos temporais que antes, sem esta tecnologia, não conseguíamos aceder. No passado fazia-se uma avaliação diária aos embriões, hoje podemos observá-los a toda a hora e classificá-los melhor quanto à sua qualidade. Melhor qualidade significa maior probabilidade de gerar uma gravidez”, explica Mafalda Rato. Mas como é que se inicia o processo? “Num primeiro momento é traçada a história clínica do casal ou da mulher (no caso de mulheres que querem ser mães e que não tenham um companheiro), análises cínicas gerais, avaliado o estado das trompas do falópio com recurso a um contraste visível em ecografia (totalmente indolor), bem como avaliada a parte hormonal e o útero, a vários níveis. Feito o diagnóstico, posteriormente, é perceber qual o tratamento a seguir”, elucida Eduardo Rosa. “Para gerir expectativas da melhor forma possível temos uma psicóloga a trabalhar connosco porque, apesar de todo o carinho que colocamos no nosso trabalho, existe uma taxa de insucesso e essa parte também nos compete”, afirma Eduardo Rosa. “A psicologia é um grande suporte mas até chegar lá é necessário um acompanhamento e esse acompanhamento é realizado desde o início, o que ajuda a gerir melhor as expectativas em caso de insucesso”, completa Sara Arruda. Segundo Mafalda Rato, algo que não é falado com a frequência devida é a questão de como lidar com o insucesso. Em caso de abortos de repetição, a partir do terceiro aborto seguido a mulher é considerada infértil. “Com tecnologia que hoje temos disponível, um dos nossos pontos fortes é também o tratamento individualizado. Cada mulher é uma mulher”, acrescenta Sara Arruda.

SARA ARRUDA, EDUARDO ROSA E MAFALDA RATO

A QUESTÃO DA DOAÇÃO DE OVÓCITOS

Ao que parece a doação de esperma é algo tido como mais natural na sociedade portuguesa, por outro lado, a doação de óvulos continua a ser alvo de preconceito. O preconceito e o desconhecimento da técnica em si são dois fatores importantes na doação de gâmetas femininos, como explica o Dr. Eduardo Rosa: “O preconceito associado à doação de óvulos vem da cultura. Portugal nunca teve muito esta prática. “Mas os meus filhos vão andar por aí? Não!” “Todos os meses as mulheres perdem naturalmente ovócitos, logo não vai afetar a sua fertilidade Desde as 20 semanas de vida da mulher que esta perde os seus ovócitos de forma natural. Em Portugal, as mulheres podem doar ovócitos até três vezes. O tratamento, apesar de ter alguma complexidade, tentamos torná-lo simples e completamente seguro, com doses hormonais mais baixas. É feito um check-up ginecológico e podem ter acesso, caso pretendam, a informações como a existência de doenças genéticas”, explica Eduardo Rosa. “A população ainda não está educada nesse

sentido e as pessoas que consideram que estão a doar os seus bebés não são candidatas”, diz Mafalda Rato.

OS MAIORES DESAFIOS DE QUEM TRABALHA COM PMA

Para Eduardo Rosa, o maior desafio prende-se com a questão da personalização e de individualizar cada mulher, de forma a escolher o melhor tratamento. Já Mafalda Rato explica que do ponto de vista da embriologia é a questão de as pessoas confiarem na tecnologia ao ponto de a mesma poder substituir o natural. Por isso, em laboratório, tudo tem que ser minucioso de forma a maximizar este resultado. Temos cada vez mais tecnologia mas é preciso saber fazer o equilíbrio entre as expectativas que a sociedade deposita na própria tecnologia. Sara Arruda fala ainda dos desafios relacionados a parte psicológica. “Saber lidar com as emoções e sentimentos das pessoas. Não é fácil… chegam cá muitas vezes já com um grande historial. É preciso fazê-las sentir em segurança. Neste projeto, para além da tecnologia, queremos personalizar ao máximo o atendimento a cada pessoa”, completa. ▪


PROCRIAÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA

ENTREVISTA

A JOSÉ ANTONIO DOMÍNGUEZ ARROYO, DIRETOR MÉDICO DO IERA Qual tem sido a evolução da procriação medicamente assistida em Portugal? Em Portugal a evolução da PMA não é diferente do resto dos países ocidentais. Os tratamentos dos problemas de infertilidade foram iniciados cá com a introdução da Inseminação Intra - uterina (IIU), pelo Professor Doutor Alberto Barros na Faculdade de Medicina do Porto. Em 1978, começou a realizar-se a Fertilização in vitro (FIV), que resultou no nascimento da primeira criança resultante deste procedimento em Inglaterra. Em Portugal o primeiro ciclo de FIV foi realizado em 1985, no Hospital de Santa Maria, Faculdade de Medicina de Lisboa (equipa dirigida pelo Professor Doutor Pereira Coelho). A primeira criança nascida foi no ano 1986. A primeira Injeção Intracitoplasmática de um espermatozoide no ovócito (ICSI) realizada com sucesso foi descrita em 1992 e rapidamente começou a ser utilizada em quase todos os centros, sobretudo em casais em que o homem era estéril. Atualmente, existem centros por quase todo o país, e embora tenha havido um ligeiro aumento do número de ciclos de inseminação e de FIV efetuados por ano, estes são ainda insuficientes para responder ao elevado número de casais que procuram ajuda. Atualmente existem aproximadamente 30 centros de PMA no país, públicos e privados. A infertilidade é doença. Esta é uma afirmação do conhecimento geral? A infertilidade foi declarada uma doença pela WHO em 2010 e afeta milhões de pessoas em todo o mundo, de tal forma que as estimativas sugerem que entre 10 a 15% dos casais em idade reprodutiva sejam inférteis. A infertilidade é, cada vez mais, considerada uma doença com relevância em termos de saúde pública, com consequências sociais, económicas e psicológicas. Em que casos é que a procriação medicamente assistida é mais frequente? As principais causas de infertilidade dividem-se em quatro grandes grupos: fator masculino (35%), disfunção ovulatória (20%), patologia das trompas de falópio e do útero (20%) e endome-

Atualmente, que técnicas estão disponíveis? Que efeitos secundários tem cada uma delas? Basicamente, podemos fazer dois grandes grupos de tratamentos. Aqueles que são feitos com gametas (óvulos e espermatozoides) próprias e aqueles que são feitos com gametas doadas. Para qualquer um deles será usada a Indução da Ovulação (IO) e Inseminação Intra Uterina (IIU), a Indução da Ovulação (IO), Fertilização in vitro (FIV) e Injeção Intracitoplasmática de um espermatozoide no ovócito (ICSI). No caso da Indução da Ovulação para IIU, os tratamentos têm o objetivo de desenvolver menos de três folículos para que os efeitos colaterais sejam mínimos. Para a FIV o objetivo é desencadear a ovulação múltipla e, portanto, é possível que durante a estimulação surjam mais desconfortos relacionados com o crescimento ovárico e dos níveis suprafisiológicos de estradiol, mas em qualquer caso, são efeitos colaterais que desaparecem após a punção. Contudo, este desenvolvimento também pode conduzir ao síndrome de hiperestimulação do ovário, principal problema associado à indução da ovulação múltipla. Mas este risco tem sido minimizado nos últimos anos graças aos novos protocolos para desencadear a ovulação e a melhoria das técnicas de vitrificação embrionária e ovocitária com transferências diferidas para ciclos não estimulados. Um outro problema associado às técnicas de PMA é a probabilidade acrescida de gestação múltipla. Para isso, temos vindo a restringir o número de embriões transferidos. Em Portugal a PMA já conta 30 anos de existência mas nos últimos 15 anos quais foram as técnicas que mais se destacaram?

Basicamente, podemos dizer que todas as técnicas associadas à PMA evoluíram, tanto em termos de diagnóstico como de tratamento. Todos os dias, a ultrassonografia é de melhor qualidade e a ultrassonografia 3D permite diagnósticos melhores em patologias como malformações uterinas, adenomiose, endometriose, etc. Os tratamentos de estimulação também estão a mudar e novos protocolos têm surgido direcionados para mulheres com baixa reserva, para a preservação da fertilidade, respondedores elevados e para desencadear a ovulação. Mas os avanços mais notáveis que ​​ poderíamos dizer foram produzidos pelo aparecimento da vitrificação de oócitos e/ou embriões, que substituiu e melhorou o congelamento lento e que quase eliminou o risco de hiperestimulação. Outro campo que avançou muito nestes está relacionado com estudos genéticos destinados tanto a embriões quanto a pacientes antes de iniciar qualquer tratamento de reprodução. Na sua opinião, quais serão, num futuro próximo, os passos da PMA? Sem dúvida que serão os avanços no campo da genética, tanto em pacientes, como em embriões e em tecidos como o endométrio, continuarão a evoluir e será mais barato a cada dia o que nos fará ter melhores índices de taxas de gravidez, menos falhas de implantação e menores taxas de aborto. Acho que no futuro generalizaremos a transferência de um único embrião com um teste genético que descarta alterações cromossómicas, já que estas são as causas mais frequentes de insucesso do processo reprodutivo, especialmente em mulheres mais velhas. Estudos de outras facetas do embrião como a função da energia embrionária (escore mitocondrial) permitirão, provavelmente, uma melhor compreensão do implante embrionário. A terapia com células-tronco e a regeneração tecidual com fatores de crescimento provavelmente melhorarão a estimulação e a implantação. Para outras técnicas em pesquisa, como a transferência nuclear, reprogramação e manipulação genética ou transplante uterino, que sem dúvida evoluirá muito rapidamente, terão um longo caminho a percorrer para serem incorporados no nosso arsenal terapêutico, especialmente para os aspetos éticos e morais que surgem com eles. ▪

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triose (10%). No entanto, podem ocorrer situações em que não seja possível definir uma causa, o que se denomina de infertilidade idiopática/ inexplicada, em 10-15% dos casais. Cada um destes grupos beneficia das diferentes modalidades de tratamento existentes. Considera-se que qualquer casal que não utilize métodos contracetivos, se após um ano não conseguir engravidar, seja candidato a um estudo básico de fertilidade e este tempo é ainda mais curto em certas circunstâncias, como a suspeita de um fator masculino devido aos antecedentes, distúrbios ovulatórios, patologia pélvica conhecida anteriormente e especialmente a idade de mulheres com mais de 35 anos

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» COLEX UNIFORMES S.L. , MONTCADA I REIXAC/BARCELONA

EMPREENDEDORISMO ÁGIL A FÓRMULA PARA O SUCESSO

Enquanto que em Portugal a utilização de uniformes escolares é rara e limitada a escolas privadas, existem muitos países no mundo onde o seu uso é obrigatório para os alunos. Entre eles, está a Inglaterra, vista como a nação de origem dos uniformes escolares do século XVI *, mas também os países asiáticos, o Médio Oriente, África e Nova Zelândia têm regulamentos para o uso de uniformes obrigatórios em escolas públicas e privadas. O benefício de roupas uniformizadas para os jovens pode porém ser contestado.

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or um lado, a indumentária individual expressa inquestionavelmente a personalidade própria, promovendo-a. Em contrapartida, com o uso de uniformes há menos “rivalidade” entre crianças e jovens e como tal, menos necessidade de usar as roupas “certas”. Assim sendo, em escolas onde o uso de uniforme é obrigatório, há muito menos bullying. Por este motivo, apresentamos aqui a história de sucesso da Colex S.L. uma empresa de confeção situada no país vizinho que duplicou a capacidade e as vendas em apenas ano, através de uma compreensão clara das necessidades dos clientes, oferecendo vestuário personalizado e mantendo o ritmo dos investimentos em tecnologia. Sob a sua forma atual, a empresa Colex Uniformes, SL (colexuniformes.com), com sede em Moncada i Reixac / Barcelona, foi fundada em 2005. Em 2016 foram fabricados mais de 200.000 uniformes, sendo este valor ultrapassado em 2017 para as 400.000 unidades. A duplicação da produção num ano foi possível graças ao foco atribuído ao produto, ao aumento das oportunidades de venda como resultado da política comercial e à capacidade de responder através de um aumento das instalações de produção. A implementação da tecnologia certa foi a base deste passo em frente.

ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS PORTUGUESES ORGULHOSAMENTE USANDO O TRAJE ACADÉMICO. SABIA QUE A TRADIÇÃO DAS TUNAS ACADÉMICAS TEVE INÍCIO EM ESPANHA E PORTUGAL NO SÉCULO XIII COMO UM MEIO DOS ESTUDANTES GANHAREM DINHEIRO OU COMIDA?

COMO TUDO COMEÇOU

PONTOS DE VISTA

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Apesar de ser uma empresa liderada entretanto pela terceira geração, a Colex é uma empresa muito jovem que começou praticamente do zero: Os avós confecionavam capas têxteis para TVs, dado que havia empresas naquela área que fabricavam esses televisores. A partir do momento em que as proteções de Porexan substituíram estas capas, a pequena empresa começou a confecionar casacos escolares para venda em lojas especializadas. A segunda geração deu seguimento ao negócio, abrindo uma loja de uniformes escolares, sweatshirts e outro vestuário, concentrando-se agora também na venda a retalho. Quando a terceira geração, liderada pelo atual proprietário Xavier Colmenero, assumiu o negócio, deu a volta por cima em apenas dois anos. A Colex aumentou significativamente as suas instalações, passando de uma cave de 40m2 para uma loja de 160m2. Em 2009, foi dado o próximo passo: atualmente a empresa reside nas imediações de Barcelona, onde foram recentemente anexados dois prédios para produção, armazenamento e administração perfazendo uma área total de 1 200m2. A Colex conta agora com cerca de 90 funcionários para cobrir o volume de produção atual. O crescimento foi rápido mas sustentado, mantendo o foco no design, qualidade de produto e venda de uniformes escolares, descontinuando a venda na pequena loja original – embora muito recentemen-

PROPRIETÁRIO DE 3ª GERAÇÃO DA COLEX: XAVIER COLMENERO

JOVEM E FRESCO: UNIFORME ESCOLAR DA COLEX.

te as atividades de venda a retalho direto tenham sido iniciadas na loja online – a Colex Online Shop.

referiu Xavier Colmenero, gerente e fundador da empresa na sua forma atual.

UMA NOVA DIMENSÃO DE UNIFORMES ESCOLARES.

A roupa standard para os alunos em Espanha era até recentemente um casaco às ricas, calça/saia cinza, com um polo branco e uma sweater azul-marinho ou castanha, mais um agasalho. Além da linha clássica, a Colex também oferece coleções diferentes, com detalhes que as tornam únicas. A Colex começou a lançar uniformes escolares trabalhando especialmente para as escolas públicas das redondezas, uma vez que este ramo está tradicionalmente ligado a fornecedores das proximidades, havendo apenas algumas grandes empresas a trabalhar à escala nacional.

Primeiro o produto: Precisamente por ser uma empresa muito jovem, com um proprietário e gerente de renome, relembrando a sua própria experiência dos dias de estudante, Xavier Colmenero sabia que teria uma oportunidade ao lançar os uniformes com uma nova abordagem. As crianças estavam entediadas com uniformes quase idênticos em todos os lugares, e cada vez mais as escolas aspiravam a distinguir as suas próprias roupas através de elementos de personalização. “Capturamos a filosofia da escola e transferimo-la para o uniforme alterando golas, cores e design”,

Em 2008, surgiu a recessão econômica no país, os


orçamentos familiares diminuíram e muitas escolas públicas, com a intervenção de associações de pais organizadas, tornaram-se menos exigentes em termos de uniformidade. Houve por exemplo uma proliferação de Sweatshirts de 9.95€ distribuídas por lojas de desporto low-cost como a Decathlon. A Colex estava então em fase de crescimento, conquistando novos clientes e quase não foi afetada pela recessão. A empresa começou a trabalhar com agrupamentos escolares compostos por várias escolas. Um agrupamento de 3 escolas pode ter até 1 500 estudantes com alunos de diferentes províncias ou comunidades. A extensão das vendas para além da região da Catalunha representou o próximo passo empresarial subsequente para a Colex no novo milênio. A presença em feiras e congressos foi apenas uma das várias atividades para que isso acontecesse: Atualmente a Colex SL tem clientes em todas as províncias espanholas, incluindo as Ilhas Canárias, e também vende para o mercado externo. Na Guiné Equatorial, estabeleceu contatos com a França e países latino-americanos, onde Xavier Colmenero identificou oportunidades para um maior crescimento. Formar alianças estratégicas com empresas de diversos setores fez com que, coletivamente, esses parceiros pudessem oferecer soluções conjuntas às escolas, desde a uniformidade ao material para o desporto, passando pela logística e pelos serviços.

TRÊS CANAIS DE MARKETING

O mercado de uniformes escolares tem as suas particularidades. Xavier Colmenero explica que existem três canais de venda para o segmento: O canal clássico com intermediário, pode ser uma loja ou um grossista especializado nas necessidades de um ou mais clientes. Eles recebem os pedidos e obtêm os artigos de fabricantes como a Colex. A negociação direta entre escolas e fabricantes, que está ganhando força: as escolas montam a sua própria loja onde os pais podem comprar os uniformes e todos os materiais escolares. Nesse caso, o negócio é feito diretamente entre o fabricante e a escola. A terceira opção, completamente nova é a venda online. Colocando os pais diretamente em contato com o fabricante. Esta é a fórmula complementar implementada pela Colex que chega a acordo com o fabricante, mas prefere não trabalhar como uma loja ou lidar com os pedidos. Em vez disso faz a compra no início da campanha, mas não lida com reabastecimentos ou compras adicionais ao longo do ano, que os pais delegam no fabricante através da loja online.

DESAFIOS: PERSONALIZAÇÃO, PREVISÃO E GARANTIA DE QUALIDADE

O pico de atividade de produção de uniformes escolares vai de Maio a Outubro, incluindo as enco-

mendas para o início do ano e os ajustes da previsão de pedidos, determinada pela quantidade de crianças que necessitam de sua primeira roupa, a procura de nova compra com a mudança de tamanho, sucesso ou fracasso em antecipação ao sortimento de tamanhos, etc. “A diferença entre a indústria de moda e o mercado de uniformes escolares está na relativa previsibilidade dos volumes, no entanto, não há certezas absolutas”, explica Xavier Colmenero: o fabricante de uniformes trabalha com a procura e pedidos individuais, assim como programas baseados no número de alunos que a escola possui, faixas etárias e a distribuição aproximada dos tamanhos usuais. Além da procura para produzir programas de vestuário personalizado com tudo o que é preciso e mantê-los em stock, a garantia de qualidade é fundamental também continuar a competir com as importações asiáticas com preços mais acessíveis. O critério de qualidade aplica-se ao uniforme escolar sob todos os aspetos. “A t-shirt ou polo-shirt que todos nós vestimos não é usada com tanta frequência como a dos alunos na escola”, o empresário alerta-nos para o fato de que os uniformes escolares “são usados e lavados com frequência. Somos obrigados a produzir um produto de qualidade. Se desbotar ou estiver danificado a consequência é a devolução. Por exemplo, usamos os melhores zipes do mercado, cujo preço é dez vezes superior aos mais baratos. Eles têm que durar sob as mais duras condições...».

INVESTIMENTO: RECURSOS HUMANOS E TECNOLOGIA

A evolução da Colex de um pequeno player para uma empresa forte, com altas expectativas de crescimento, foi apoiada por investimentos em equipamentos. “Sem a tecnologia contemporânea, não estaríamos onde estamos hoje”, enfatiza o nosso interlocutor. Enquanto que o departamento de costura, com exceção dos protótipos é tratado por empresas subcontratadas, as competências centrais são cobertas internamente na Colex: para otimizar o desenvolvimento de produtos, a modelagem e o corte, era necessário investir num software CAD com estendimento semiautomático. Em 2016, o volume de produção cresceu ao ponto de ser necessário aumentar a aposta. Após uma avaliação cuidadosa, a escolha foi para o software e hardware da Gerber Technology: atualmente a Colex conta com o software de modelagem AccuMark PDS-GMS , um plotter e ainda com um equipamento fundamental que mobilizou as outras duas aquisições em prol da mais perfeita integração e compatibilidade: o GERBERcutter Paragon® HX. O que é que a Colex mais valoriza na Gerber Technology - perguntamos: “Basicamente, a produtividade”, afirma Xavier Colmenero. “A máquina de corte Paragon trabalha a alta velocidade e é muito

UMA QUESTÃO DE INTEGRAÇÃO E COMPATIBILIDADE PERFEITAS: GERBERCUTTER PARAGON® HX

ANTES DO PROCESSO DE CORTE AUTOMATIZADO DOS TECIDOS, AS MARCADAS OTIMIZADAS SÃO PREVIAMENTE IMPRIMIDAS NO PLOTTER DA GERBER

SISTEMA ACCUMARK® DA GERBER TECHNOLOGY PARA SATISFAZER AS NECESSIDADES DE PRODUÇÃO

confiável. A manutenção não é barata, mas o custo é compensado pelo desempenho desse sistema automatizado de alto nível. Estamos também muito satisfeitos com o serviço e suporte fornecido pela equipa técnica da Gerber, que nos ajudou muitíssimo na integração de todos os sistemas nos nossos processos de trabalho”. Foram feitos Investimentos adicionais em duas máquinas de bordar da Barudan e dois silkscreen, de quatro e doze cabeças, para integrar mais processos de personalização dos produtos no fluxo de trabalho. A implementação de um sistema ERP para melhorar o planeamento dos recursos da empresa é agora o próximo passo a dar para a Colex. Adicionalmente, um dos segredos de qualquer negócio bem sucedido é os recursos humanos, enfatiza Xavier Colmenero. “Na Colex, estamos todos muito próximos e todos os nossos colaboradores estão altamente envolvidos em suas tarefas reais. Além disso, mantemos o nível de formação muito alto e - crescemos juntos”. * O Christ’s Hospital School, em Londres, acredita-se ter sido o primeiro instituto educacional a usar uniformes escolares em 1552.

[Nota de rodapé:] Este Case-Study foi-nos facultado por Humberto Martinez, TEXTIL EXPRES, www.aramo-editorial.com/aramo/ and Yvonne Heinen-Foudeh.

41 AGOSTO 2018

NÃO ADMIRA QUE AS CRIANÇAS ADOREM OS UNIFORMES COLEX


» SOLUÇÕES DE POUPANÇA DE ENERGIA

“SE NÃO POUPAR, DEVOLVEMOS A DIFERENÇA!” O que é o mercado livre de energia? O mercado livre permite-lhe escolher o seu comercializador de eletricidade e gás natural, sendo a oferta comercial e os respetivos preços determinados por cada comercializador e não pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, como acontece no mercado regulado. Venha connosco conhecer melhor a Elusa, uma comercializadora do mercado livre que oferece uma modalidade de contratação única no mercado europeu.

EURICO SOBRAL E JOSÉ MARIA DELGADO

PONTOS DE VISTA

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om a liberalização do mercado energético, os consumidores passaram a ser livres para escolher as companhias fornecedoras de energia e as tarifas que mais lhes conviessem. E, segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) as tarifas de luz são mais baixas no mercado livre do que no regulado. Mas estarão os cidadãos suficientemente consciencializados ou informados sobre a sua liberdade de escolha e as opções existentes no mercado? No final de 2017, as famílias tinham ao dispor mais de 130 ofertas de eletricidade em mercado livre, num total de 16 comercializadores, de acordo com o relatório da ERSE. A Elusa pretende assumir-se como a energia dos portugueses através da oferta da modalidade de contratação única no mercado europeu: a tarifa SEMCUSTO. No tarifário SEMCUSTO o preço final obtido é o somatório de todos os componentes regulados (todos os componentes regulados sem margem comercial) e da energia consumida ao preço de custo (por período publicados em OMIE Portugal por período consumido + perdas). A comercializadora de energia que se rege pela

Mas estarão os cidadãos suficientemente consciencializados ou informados sobre a sua liberdade de escolha e as opções existentes no mercado? No final de 2017, as famílias tinham ao dispor mais de 130 ofertas de eletricidade em mercado livre, num total de 16 comercializadores, de acordo com o relatório da ERSE

prestação de serviços transparentes e a otimização de preços ajustados ao máximo nasceu em Portugal em 2004, mas é em 2015, aquando do processo de licenciamento, que começa a desenvolver o seu negócio, direcionado para pequenos consumidores. Em 2017 é adquirida por um grupo multinacional com bastante experiência nos mercados português e espanhol e que vem com o objetivo e a ideia revolucionária de prestar um serviço personalizado ao cliente ao invés de vender apenas energia. Com uma vertente altamente direcionada para a assessoria, a Elusa presta apoio aos seus clientes para saberem quais são os custos associados à energia. Este é mesmo um dos grandes desafios da Elusa, gerar confiança e difundir informação aos clientes para que saibam como baixar o seu consumo. “Este é um trabalho constante que a Elusa desenvolve junto dos clientes, tendo por base as tecnologias e as parcerias com entidades externas que também nos apoiam a prestar esta informação para chegar ao maior número possível de clientes. A prestação de informação é um benefício para todos e temos de fazer este trabalho”, refere Eurico Sobral, Diretor de Operações da Elusa.


TARIFA ÚNICA SEM CUSTO

Para José Maria Delgado, Diretor Executivo da Elusa, o mercado português é um mercado bastante transparente, devido, em muito, à intervenção da ERSE que tem vindo a disponibilizar e a trabalhar no sentido de oferecer informação bastante distinta aos consumidores sobre as ofertas tanto do mercado regulado como do mercado livre. A verdade é que o mercado livre representou em maio cerca de 94% do consumo total em Portugal Continental, segundo a ERSE. Apresentando as vantagens que o mercado livre oferece ao cliente face ao mercado regulado, José Maria Delgado fala da diferenciação da Elusa e da oferta, tanto aos clientes particulares como aos clientes empresariais, de uma tarifa altamente competitiva que se traduz na melhor oferta dentro do mercado português e europeu. “Garantimos que os nossos clientes irão poupar e caso isso não aconteça comprometemo-nos a devolver o dinheiro”, começa por explicar o nosso entrevistado. Operando no segmento doméstico e empresarial, na Elusa todas as tarifas de eletricidade são criadas para obter a melhor poupança aos seus clientes. É o exemplo da tarifa sem custo com a qual a Elusa se apresenta no mercado. E como é que funciona esta tarifa sem custo? Deve estar a questionar-se. “Oferecemos ao cliente a possibilidade de lhe fornecer energia sem nenhuma margem comercial. É algo inovador e é o nosso produto estrela por oferecer o melhor preço do mercado”, acrescenta o Diretor Executivo da Elusa.

A Elusa quer prestar um serviço altamente personalizado e transparente ao cliente através desta tarifa única SEMCUSTO. “Dedicamo-nos a comercializar apenas energia”, diz-nos, ainda, José Maria Delgado. A par da tarifa SEMCUSTO, a Elusa diferencia-se no mercado livre pelo facto de ser a única empresa no mercado português que oferece uma conta certa e sem acertos. No tarifário Conta Certa os preços apresentados incluem impostos e taxas, sem margem comercial. É feito um cálculo do consumo do cliente para estabelecer a conta certa adequada. “Dentro do setor da energia existem poucas oportunidades de inovação, mas a Elusa quer fazer algo distinto porque se faz o mesmo que os demais, então será igual aos demais. Assim, temos apostado na diferenciação com um modelo de negócio que tem atraído clientes particulares e empresariais de grande envergadura. O nosso objetivo não é angariar o maior número possível de clientes, mas sim deixar os nossos clientes satisfeitos e com a certeza de que não irão mudar de comercializadora pelo facto de a nossa tarifa ser competitiva e transparente”, afirma José Maria Delgado. Prova da presença sólida e diferenciadora da Elusa no mercado são as adjudicações que tem vindo a angariar em sede de concursos públicos, contando inclusive já com uma carteira considerável de contratação no setor público. “Somos fornecedores públicos de serviços de energia o que dá uma forte confiança aos clientes

por sermos uma empresa idónea”, refere Ricardo Alarcão, Gestor de Projeto na Elusa, que nos elucida, ainda, sobre o foco da comercializadora na eficiência energética, um serviço que tem vindo a complementar os serviços de eletricidade prestados pela Elusa. Com o lema “crescemos juntos com os nossos clientes”, a Elusa dispõe de um gabinete técnico apetrechado para realizar estudos e o levantamento, de norte a sul do país, de situações com a possibilidade da substituição de infraestruturas com maior eficiência energética. Este serviço vai ao encontro do programa 2020 e de outros incentivos da União Europeia para a sustentabilidade energética. Trata-se de uma verdadeira transformação estratégica no setor da energia, com o intuito de reduzir a dependência energética, optando pela produção de energia, bem como pela redução de consumo energético, através da implementação de sistemas integrados de redução de consumo. Ainda, em 2020, com as novas normativas europeias e com a mudança das denominações da EDP Comercial, Distribuição e Produção, bem como da mudança da concessão atribuída à EDP, prevê-se uma mudança no mercado com a entrada de novos players com impacto na diversificação do negócio e na economia. Os municípios são os detentores da concessão da distribuição de energia elétrica em baixa tensão, atribuída à EDP Distribuição por um período de 20 anos, que termina em momentos diferentes entre 2016 e 2026 (Porto, Cascais, Arouca são os últimos), mas a maioria dos contratos com a empresa do grupo EDP chega ao fim entre 2021 e 2022. No âmbito da liberalização do mercado energético, as autarquias podem optar pela exploração direta da distribuição de eletricidade em baixa tensão ou pela concessão e, caso decidam, podem atribuir a novos operadores. Em resumo, a Elusa encontra-se atenta às tendências e tem vindo a demonstrar capacidade de adaptação e inovação tais que permitem um desenvolvimento sustentado. ▪

43 AGOSTO 2018

“SOMOS FORNECEDORES PÚBLICOS DE SERVIÇOS DE ENERGIA O QUE DÁ UMA FORTE CONFIANÇA AOS CLIENTES POR SERMOS UMA EMPRESA IDÓNEA”


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» ANDREIA MENESES

“O MUNDO É DAS MULHERES” Aos 36 anos, Andreia Meneses prova-nos que com determinação e trabalho se consegue concretizar sonhos e alcançar o sucesso. Sucesso esse que não é fácil. Nunca é. “Transformei o pouco em muito, com o pouco que tinha...Benditos 700 contos!”

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PONTOS DE VISTA NO FEMININO

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os 12 anos Andreia Meneses já sonhava ser esteticista, uma ambição que, há 24 anos atrás, era arrojada. “Guardava religiosamente recortes das poucas revistas que chegavam à ilha, com informações das escolas de estética que existiam no continente, sempre com a esperança que um dia a família me compreendesse e me deixasse sair da ilha para ir tirar um curso que não fosse uma licenciatura”, conta-nos Andreia Meneses relembrando que, na altura, o poder da insularidade e a falta de informação na ilha faziam com que o mundo da estética fosse desconhecido para muitos, principalmente nos meios rurais. Mas aos 15 anos conseguiu ter o seu primeiro contacto com este mundo da estética quando, nas férias de verão da escola, pede aos seus pais que a deixassem ir aprender com uma pessoa que viera do Canadá. “A minha mãe entendia-me, mas o meu pai não. Ambicionava o mesmo para as duas filhas e a minha irmã já entrava nesse ano para a universidade”, relembra. No entanto, conseguiu. Durante esses três meses “os meus olhos absorviam tudo, a minha vontade de aprender era enorme e a senhora era, sem dúvida, uma excelente profissional. Setembro chegou e o dia da decisão aproximava-se, ou convencia os meus pais que aquela era a profissão que queria ter ou teria de seguir os estudos universitários. A esteticista chamou os meus pais e ofereceu-me trabalho, facilitando-lhes a decisão”, explica. Podemos dizer que este foi o ponto de partida para aquele que seria um percurso cheio de conquistas, mas também de obstáculos, e de sucesso. Mais tarde Andreia Meneses é convidada a explorar um espaço num cabeleireiro com 2x3 m por 350 contos por mês. “Os meus pais aceitaram de imediato. Venderam o gado de engorda, que era o pé-de-meia daquele ano. Entregaram-me 700 contos e disseram-me que este era o dinheiro que podiam dar-me para ir estudar. Se não corresse bem, ficava por minha conta. Tinha só 16 anos e se não corresse bem já não podia voltar atrás. Benditos 700 contos que deram para tão pouco, mas fizeram muito”. Nasce o Andreia Clinica de Estética e Spa e seguem-se formações atrás de formações, na ilha e no continente, que surgem através de oportunidades que a sua paixão pela estética impelia. “Não tenho um percurso académico,

ANDREIA MENESES

mas procurei as melhores formações e corri meio mundo a fazê-las. Na verdade ainda hoje é assim. É raro o mês que não faço formações ou que eu própria não as ministre. Transformei o pouco em muito, com o pouco que tinha... Benditos 700 contos!”. Hoje, Andreia Menses, é a mulher que está por detrás da criação do Luxus Day Spa, o projeto mais recente em termos de Day Spa (o primeiro Day Spa na ilha Terceira). Garante que “sucesso” é fácil de descrever, mas descreve-o usando uma outra palavra que “só leva mais uma letra”: trabalho. “´É realmente o fator determinante para o sucesso. Tentei sempre o impossível e a maioria das vezes o impossível tornou-se possível, mas só porque sempre trabalhei e acreditei em mim e nos meus projetos”, afirma a nossa entrevistada. Recentemente, apresentou um novo tratamento biológico, certificado 100% Açoriano, prestado pelo Luxus Day Spa: a Azorean Bio Massage. A Azorean Bio Massage é um conceito novo, totalmente Açoriano, biológico e único. Consiste num tratamento corporal profundo,

aliado ao relaxamento e ao bem-estar. Trata-se de um ritual, que o levará a viajar pelos Açores, através dos seus aromas, texturas e paladares, com ingredientes biológicos puros de excelência, oriundos das Ilhas dos Açores. “Este conceito foi criado a pensar em todos aqueles que são apaixonados pela natureza e para quem nos visita, para melhor conhecer e descobrir as maravilhas e riquezas que têm os nossos Açores”, adianta Andreia Meneses. «Sentir os Açores na sua pele» foi o slogan escolhido para este projeto que nasceu há sete anos atrás, quando Andreia Meneses faz o curso de gestão de Spas e cuja tese incidiu na construção de um Spa de raiz. “Este projeto estava guardado na gaveta e registado, à espera do momento certo. Tínhamos que ter mais turismo na ilha para que fizesse sentido lançar este tipo de conceito. Achei que esta era a altura certa para criar um ex-libris para o turismo e, muito embora pudesse não construir de imediato o espaço para o Azorean Spa concept, que é o meu maior projeto, estaria na altura de levantar o véu e estudar o mercado para a massagem de assinatura do mesmo, a Azorean Bio Massage”, explica a nossa entrevistada.

“NUNCA TENHAM MEDO DE ACREDITAR QUE SÃO CAPAZES”

Andreia Meneses acredita que ser-se mulher e empreendedora torna-se mais fácil pela “nossa perspicácia e sexto sentido. Temos vindo a ganhar espaço na sociedade de uma forma silenciosa. Aos poucos ganhamos a confiança, mas só porque damos provas da nossa grande capacidade de trabalho”, diz-nos “Uma vez disseram-me que «o mundo é das mulheres» e eu acredito plenamente que sim porque o homem nasce de uma mulher, é criado e guiado por uma mulher, depois segue o seu caminho”, acrescenta a nossa entrevistada, deixando uma mensagem a todas as leitoras: “nunca tenham medo de acreditar que são capazes, nunca desistam de realizar os vossos sonhos, as vossas vontades e ambições profissionais, e nunca contem com os outros porque tudo vai sempre depender de vocês. Tão depressa se sobe, como se desce e o sucesso, este, só se atinge com muito trabalho e perseverança”, conclui. ▪


DIA INTERNACIONAL DA IGUALDADE FEMININA

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“A MULHER ESTÁ MAIS LIBERTADORA” Rosa Maria Aranha, advogada há 27 anos, é a pessoa que está por detrás da criação do projeto “Stop Violência Contra Mulheres”, um projeto que surgiu e se criou por si próprio. Venha connosco saber como.

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ROSA MARIA ARANHA

de ser e estar: comunicativa e altruísta, a nossa entrevistada mantém uma relação de proximidade onde a comunicação e empatia prevalecem. “É muito importante saber ouvir”, afirma. “Em dado momento da minha vida dei por mim a ouvir, a dar força e coragem e a prestar apoio moral e social bem como aconselhamento jurídico a amigas que viviam situações verdadeiramente dramáticas de violência doméstica. Deparei-me com mulheres, de diferentes estratos sociais, em situações de limite. Foi aí que o destino se encarregou de me mostrar que a minha missão e o caminho a seguir seria outro bem diferente, o de ajudar, promover e prestar apoio social e dar aconselhamento jurídico às mulheres vítimas de violência, daí a criação do projeto Stop Violência Contra Mulheres”, explica-nos Rosa Maria Aranha. Desde a criação do projeto que Rosa Maria Aranha tenho vindo a ser confrontada com mulheres “desprovidas de qualidade de mulher, decorrente de violência exercida nelas e sobre elas”. No entanto realça que, apesar de ser pouco a pouco, as mulheres começam a ter coragem e a colmatar os medos e a vergonha, lutando sem receios pela sua dignidade de mulher, razão pela

qual solicitam cada vez mais o apoio e aconselhamento na defesa dos seus direitos, em casos em que são vítimas de violência doméstica, que se apresenta de diversos modos. Sendo a igualdade do género uma questão de direitos humanos, para Rosa Maria Aranha torna-se importante, nos dias de hoje, promover a igualdade de oportunidades e educar-se para os valores de pluralismo e da igualdade entre homens e mulheres. “A mulher não deve ser vista como ser diferente do homem, pois embora diferentes biologicamente, ambos são seres pensantes, em que nenhum deles é superior ou diferente do outro. Ambos têm os mesmos instrumentos e capacidade para, na sociedade, serem respeitados, quer a nível pessoal quer profissional”, remata Rosa Maria Aranha que deixa, ainda, um alerta: “urge, indubitavelmente, colmatar as questões sociais que diferem os homens das mulheres negativamente e que têm vindo, pouco a pouco, a ser revogadas por ambos os sexos. No entanto, deve desenvolver-se um esforço para a eliminação da discriminação do género, coadjuvantes das relações de intimidade focadas pela desigualdade e pela violência”. ▪

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alvez por causa da sua essência ou porque teve a sorte de ter liderado boas equipas, Rosa Maria Aranha viu o seu percurso profissional tomar o seu rumo sem percalços ou obstáculos pelo facto de ser mulher e, principalmente, pelo facto de ser uma mulher na liderança. Durante largos anos teve a seu cargo a direção de recursos humanos e jurídica numa empresa em que os trabalhadores eram, maioritariamente, homens. “Os homens que dependiam de mim hierarquicamente sempre me aceitaram e cumpriram escrupulosamente os seus deveres. Nas reuniões de direção era a única mulher presente e nunca me senti inferiorizada nem marginalizada, aliás sempre fui valorizada pela capacidade de liderança e de resolução dos problemas e conflitos no mundo empresarial. Mas também fui uma felizarda por ter encontrado uma excelente equipa e colegas de trabalho”. As mulheres empreendedoras têm vindo a alcançar cada vez mais lugares de topo no mundo dos negócios, o que, para Rosa Maria Aranha, demonstra que “a mulher está mais libertadora e é mais respeitada pelo mundo dos homens, pela capacidade que possuem de liderança e de fazerem uma multiplicidade de atos em simultâneo, nomeadamente serem mães, empresárias e gestoras de multinacionais, em que o trabalho das mulheres é reconhecido e valorizado mundialmente”. Rosa Maria Aranha acrescenta ainda que, quer pela cultura que as mulheres possuem quer pela sua capacidade de conhecimento a nível empresarial, face às formações que as mesmas obtêm, os indicadores demonstram que as empresas são melhores geridas pelas mulheres, revelando-se que o mundo empresarial, ultimamente, é grande parte composto por mulheres. Quando questionada sobre liderança e as diferenças entre a liderança feminina e masculina, a nossa entrevistada não tem dúvidas que a mulher tem certas características que lhe permite ser melhor líder em certos aspetos. Considera, ainda, que um líder já nasce com as características e a sensibilidade para ser um bom líder. Características estas que passam pela empatia, pelo exemplo e pelo tratamento igual entre todos. A forma de Rosa Maria Aranha ver as suas equipas refletem, em muito, a sua forma


» CASTRO MARIM GOLFE & COUNTRY CLUB

CASTRO MARIM GOLFE & COUNTRY CLUB CONTINUA A INVESTIR E A SOMAR PREFERÊNCIAS O Castro Marim Golfe & Country Club é um empreendimento com um forte crescimento exponencial. A Revista Pontos de Vista foi saber que apostas têm sido feitas por uma nova gestão que trouxe dinamismo em todas as frentes. Em entrevista, Ricardo Cipriano, Diretor Geral, conta-nos tudo. Quais foram os investimentos que destacaria dos últimos dois anos? Nos últimos dois anos, investimos por exemplo na renovação da nossa frota de buggies, de forma a poder prestar um melhor serviço ao cliente. Ao nível dos campos de golfe também fizemos alguns melhoramentos para aperfeiçoar a performance dos greens, bem como o melhoramento dos acessos e caminhos de buggy, nova sinalética no campo. Em termos de infraestruturas melhorámos os passeios tornando-os mais acessíveis, criámos mais área de ciclovia, melhoramos a iluminação pública e os arranjos paisagísticos com o intuito de valorizar o empreendimento e o serviço à disposição do Cliente.

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RICARDO CIPRIANO

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om que produtos e serviços se distingue o Resort Castro Marim Golfe & Country Club? O Castro Marim Golfe & Country Club é um empreendimento com 224 hectares. Como âncora tem um campo de golfe com 27 buracos com vistas fantásticas para a Serra, para o Rio Guadiana e para o Oceano Atlântico, e, nos últimos anos, tem vindo a crescer, em dimensão e em qualidade e, agora, a nossa oferta passa também pelo alojamento, pela restauração, ginásio, loja de golfe e pelas aulas de golfe, bem como por uma componente imobiliária. Em termos de alojamento, o nosso aldeamento turístico “The Village”, funciona nos mesmos moldes de um hotel, os serviços que prestamos são precisamente aqueles que um hotel, com

uma receção, um bar, uma zona de entretenimento com três piscinas, um snack-bar próprio. Também disponibilizamos room service, porque, aproveitando o serviço de take away do Club House, fazemos entregas diretas às moradias aldeamento turístico. Ao longo do tempo, o empreendimento tem demonstrado um crescimento exponencial. 2017, como foi? Felizmente, desde que assumimos a gestão, o empreendimento tem vindo a crescer todos os anos. 2017 foi, sem dúvida, o melhor ano de sempre do empreendimento, quer no que respeita ao número de voltas de golfe, ao número de dormidas, com mais eventos, o que se refletiu ao nível das receitas.

Que outros estão previstos para breve? Trabalhamos diariamente para evoluir e nessa perspetiva estamos a ultimar toda a nova decoração do club house, com a criação de mais um espaço de restauração o “Quinta do Guadiana Bistro” que aproveita as magnificas vistas do terraço para os campos de golfe, para a foz do Rio Guadiana e para o Oceano Atlântico e nos traz um menu renovado com ofertas bastante apetitosas. Estamos, igualmente, a trabalhar em investimentos de natureza mais macro como a construção de um hotel de 5 estrelas dentro do empreendimento e a construção de mais um loteamento. Esperamos até ao final do presente ano estar em condições de poder avançar com ambos os investimentos. Também apostaram em formação ao fundar a Academia de Golfe Christy O’Connor. Fale-nos um pouco sobre este projeto… É verdade! Em Março de 2016, lançámos a Christy O’Connor Golf Academy em parceria


com o Profissional de Golfe Peter O’Connor, filho de uma das maiores lenda do Golfe Irlandês, que ainda hoje detém o record de 10 presenças na Ryder Cup. Em conjunto, desenvolvemos toda a zona do empreendimento destinada à aprendizagem do Golfe, melhorando e modernizando as infraestruturas já existentes. Para além dos grupos que durante as suas férias desfrutam das nossas instalações e aprendem golfe, recebemos também nos meses de Janeiro a Março, um Colégio de Golfe Inglês que visa a formação de futuros jogadores profissionais. A Academia tem por objetivo fomentar, igualmente, a prática na comunidade local, em particular nos mais jovens, destacando, por exemplo, o protocolo celebrado com a Câmara Municipal de Castro Marim para a prática do golfe, a título gratuito, por crianças do projeto Ferias Ativas levada a cabo pelo Município! A responsabilidade social também entra no Castro Marim Golfe & Country Club. Que iniciativas já elaboraram neste sentido? Entendemos que entidades como a nossa tem um papel fundamental em questões de responsabilidade social. Por isso, levamos a cabo várias iniciativas no sentido de apoiar várias associações locais em projetos de cariz social. Referi acima, o protocolo com o Município de Castro Marim, mas também as crianças e jovens do CATL da Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim, os infantários do Azinhal e da Altura. Procuramos que todas possam ter uma experiência diferente e que acima de tudo se divirtam. Procuramos, igualmente, na medida

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das nossas possibilidades ajudar associações desportivas do concelho, assim como instituições de proteção de natureza dos animais, destacando o Canil e Gatil pelo excelente trabalho que levam a cabo. Atualmente, quais são as problemáticas com que o golfe tem de lidar na região do Algarve? Como já referi algumas vezes, os bons resultados turísticos do Algarve têm esbatido alguns problemas que subsistem, mas que apenas se notam menos, não desapareceram. Falo por exemplo, do efeito das portagens na Via do Infante, que restringe a mobilidade na região, com claro prejuízo para os campos dos extre-

mos do Algarve como por exemplo o nosso. O IVA do golfe a 23% continua a ser um problema, uma vez que nos retira a competitividade face aos destinos concorrentes. Repare que esta percentagem de IVA conjugada com a retoma de destinos concorrentes, como a Turquia, Tunísia, Egipto que sofreram com a questão da primavera árabe ou mesmo a nossa vizinha Espanha criará a curto prazo dificuldades que sentiremos bem mais do que temos vindo a sentir e que já estamos a assistir com um abrandamento da procura em 2018. Nessa perspetiva, a redução do IVA do Golfe para a taxa intermédia, já seria uma grande ajuda para a competitividade do Golfe. ▪


» NOVOS PARADIGMAS DO RECRUTAMENTO EM PORTUGAL – SETOR DA SAÚDE

VITAE PROFESSIONALS RECRUTA, EMPREENDE E FORMA CANDIDATOS NA ÁREA DA SAÚDE Selecionar e recrutar nos dias de hoje ultrapassa a métrica de analisar um currículo e responder sim ou não a determinado candidato. A Vitae Professionals põe em prática na sua estratégia esta máxima e a Revista Pontos de Vista foi saber como. Marcos Ferreira, especialista em recrutamento, explica tudo.

T

er nacionalidade portuguesa no exterior é hoje para os profissionais de saúde um benefício. Dos vários argumentos, os dois mais ditos por quem pretende uma experiência internacional variam entre a possibilidade de progressão na carreira de forma mais rápida e a remuneração bem distinta da praticada em Portugal. Uma das mais-valias da Vitae Professionals é a multidisciplinaridade da equipa que conta com psicólogos, advogados, tradutores, especialistas em línguas, enfermeiros, professores, sociólogos e técnicos de saúde. “Conseguimos albergar toda a necessidade que um profissional de saúde tem para trabalhar fora, até porque grande parte da nossa

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equipa já passou pelo processo de tralhar em outros países e por isso podem ajudar melhor os candidatos sendo testemunhos privilegiados, explica o especialista. Um enorme apoio prestado pela empresa é também conseguirem que em todos os casos seja dado o apoio na tradução de documentos… em toda a burocracia. Quase com oito anos de existência, a empresa tem crescido e, neste momento, recruta para qualquer área do setor da saúde.

BONS CANDIDATOS

Recrutar profissionais de saúde é um trabalho delicado e que prevê análises específicas: “acima de tudo porque estamos a selecionar candidatos

que irão cuidar de pessoas”. Por isso e, segundo Marcos Ferreira, a empatia é uma das características mais importantes, aliada a um gosto pela profissão. Ser bastante resistente devido às situações que enfrentam também é de extrema importância. “No fundo, são avaliadas as competências técnicas mas olhamos para as competências emocionais como sendo fator preponderante na escolha”. A idade não é um fator eliminatório até porque a candidata mais velha que já recrutaram tinha 63 anos. “Era uma pessoa que estava em fim de carreira em Portugal mas que se sentiu estagnada durante muitos anos e decidiu ir para o Reino Unido para ter uma experiência diferente”. Os países do norte da Europa e ocidental são os que têm uma grande lacuna de profissionais de saúde. Não conseguem formar o número suficiente de profissionais para prestar os cuidados necessários à sua população. “Em Portugal há mais de dez anos que as carreiras nos hospitais públicos estão congeladas, noutros países a progressão acontece e sentem-se mais valorizados”, aponta Marcos Ferreira como um dos motivos que mais leva portugueses a escolherem o estrangeiro para fazer carreira. Sendo que a questão monetária não é a principal. “Ninguém vai tornar-se rico para o Reino Unido ou para a Irlanda, vão pela empregabilidade, formação contínua, reconhecimento e realização profissional”. Portugal apresenta características muito fortes em termos de formação, o que faz com que países como a Irlanda e o Reino Unido olhem para os portugueses como pessoas com uma formação capaz de suprir as suas necessidades. Para quem vai para fora pode deparar-se com diferenças, por exemplo, ao nível da estrutura das equipas: “cá ainda existe a concentração da tomada de decisões na figura do médico. Lá fora isso não acontece, o médico é parte de uma equipa cujas opiniões são tão válidas quanto as de um técnico ou enfermeiro, trabalham todos em conjunto”.

MARCOS FERREIRA

TODOS OS CANDIDATOS SÃO VÁLIDOS

“Raramente desistimos de um candidato, já esperei dois anos até conseguir colocar uma pessoa em determinada vaga. Nunca a mandámos embora. Se alguém chega até nós e verificamos que precisa de algum tipo de formação complementar, encaminhámo-la nesse sentido até que as suas competências estejam trabalhadas de modo a enveredar pelo caminho certo. Por sabermos escolher os melhores candidatos, estamos, neste momento, entre as empresas que mais recruta pessoal permanente para o NHS, Serviço Nacional de Saúde. Trabalhamos com hospitais do norte ao sul que nos procuram porque sabem como trabalhamos com todos os candidatos e que tiramos deles o melhor". A Vitae Professionals assume-se, por isso, como uma empresa além do simples recrutamento que auxilia, até no processo de transferência do país com questões burocráticas, de certificações. “Não somos apenas uma empresa de recrutamento, damos formação em línguas, em suporte básico de vida ou, ainda, em cuidados de saúde. Além da formação ainda temos um departamento de tradução e de certificações que potencia a facilidade e rapidez dos processos. Quando saímos para um outro país existe uma burocracia imensa”. Apesar de apetecível numa primeira instância, nem todas as pessoas são talhadas para trabalhar fora. Marcos Ferreira explica que quando se apercebem que um candidato poderá não se adaptar a uma vida no exterior que o alertam. ▪



» FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO FACULDADE DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

1ª EDIÇÃO DE CURSO PATRIMÓNIO E PAISAGEM. GESTÃO, ANÁLISE, PROJETO Património e paisagem são campos de ação indissociáveis e centrais na sociedade contemporânea como suporte identitário e fator de desenvolvimento sociocultural e territorial sustentável. Deste modo, com esta unidade de formação, propõe-se a potenciar áreas de trabalho interdisciplinar – entre Arquitetura, Arquitetura Paisagista, História de Arte e Engenharia Civil fundamentais para uma compreensão do conceito de património na sua aceção contemporânea e alargada – construído e natural, material e imaterial. A unidade de formação propõe uma abordagem crítica aos conceitos de património e de paisagem cultural, incluindo os seus fundamentos históricos e teóricos, as ferramentas metodológicas e de projeto, assim como os instrumentos de salvaguarda e gestão. DOCENTES TERESA CUNHA FERREIRA (FAUP; COORDENAÇÃO); TERESA PORTELA MARQUES (FCUP); MARIA LEONOR BOTELHO (FLUP); XAVIER ROMÃO (FEUP)

DESTINATÁRIOS

AVALIAÇÂO DE RISCOS

Estudantes da U. Porto de diferentes áreas disciplinares (Arquitetura, História de Arte, Arquitetura Paisagista, Engenharias, e áreas afins), incluindo estudantes de mobilidade. Creditável como unidade curricular de opção U. Porto (2º ciclo), unidade curricular singular (suplemento ao diploma) ou unidade de formação contínua/ curso livre (3 ECTS).

-Análise e gestão de riscos em património edificado. Diretivas para a elaboração de um plano de gestão de riscos. - A prevenção como ferramenta de gestão de riscos em património edificado. -Evolução histórica dos principais materiais e sistemas construtivos; recomendações para a inspeção, diagnóstico e intervenção estrutural.

LINHAS PROGRAMÁTICAS: PATRIMÓNIO ARQUITETÓNICO E URBANO

- Património: evolução do conceito e significados contemporâneos. - Teorias de intervenção no construído: perspetiva histórica e debate atual. -Metodologias e ferramentas de análise, diagnóstico e intervenção no construído. -Práticas de intervenção: reabilitação, conservação e manutenção. Exemplos nacionais e internacionais. PAISAGEM CULTURAL

FUNCIONAMENTO

A Unidade de Formação organiza-se em quatro linhas programáticas: Património Arquitetónico e Urbano, Paisagem Cultural, Análise de Riscos e Gestão de Património. O trabalho prático seguirá o formato de um concurso de ideias simulando uma situação real, sendo avaliado por um júri composto pelos docentes e por especialistas externos. São previstas diferentes atividades como trabalho de campo, participação em seminários internacionais (Fórum do Porto. Património e Paisagem, 27 de Novembro de 2018), workshop intercalar com convidados nacionais e internacionais, elaboração de uma exposição virtual e/ou exposição final de painéis síntese.

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-Paisagens Culturais - A Convenção para a Proteção do Património Mundial Natural e Cultural e as orientações para a inclusão na lista do Património Mundial (1972); a Carta de Florença sobre a Salvaguarda dos Jardins Históricos (1981) . -Interpretação e apresentação de paisagens culturais. Exemplos de conservação e recuperação. -Planos de gestão e salvaguarda. GESTÃO DO PATRIMÓNIO

-Gestão cultural e patrimonial. -Organismos, cartas, recomendações e legislação. Contexto nacional e internacional. -Comunicação, educação e divulgação do património.

OBJETIVOS

- Sensibilizar para a importância do caráter multidisciplinar do estudo do património - Adquirir conhecimentos sobre teorias, metodologias e práticas de intervenção no construído e na paisagem - Desenvolver metodologias de análise sobre preexistências arquitetónicas e paisagísticas - Aprofundar conhecimentos sobre reabilitação, conservação e restauro, considerando a sua evolução histórica e as práticas contemporâneas - Analisar criticamente as cartas e convenções internacionais, a legislação portuguesa e suas aplicações; - Desenvolver competências no domínio do projeto de arquitetura e da paisagem - Reconhecer e aplicar diversos modelos de gestão integrada do património (cartas de risco, planos de gestão e de manutenção, entre outros) - Explorar novas ferramentas, tecnologias e práticas pedagógicas (vídeo, fotografia, workshop, exposição virtual) ▪ + info www.fa.up.pt




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