Revista Pontos de Vista Edição 79

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. NOVEMBRO 2018 | EDIÇÃO Nº 79 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

BIZDIRECT

A IMPORTÂNCIA DO BUSINESS INTELLIGENCE

PAULA OLIVEIRA DA SDO CONSULTING

EM DESTAQUE

AMINT ADVANCED MARKET INTELLIGENCE O MELHOR PARCEIRO

SYLVIA LIN DIRETORA GERAL DA SANOFI PASTEUR PORTUGAL EM ENTREVISTA

ANTONIO RAAB

“UM LÍDER TEM DE FICAR DO LADO DAS PESSOAS, TEM DE AS RESPEITAR E OUVIR E QUERO ACREDITAR QUE ALCANCEI ISSO AO LONGO DESTES ANOS”

FOTO: RUI BANDEIRA

DIRETOR GERAL DA HILTI PORTUGAL



NOVEMBRO 2018

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“LIDERANÇA É A ARTE DE NOS RELACIONARMOS, TENDO POR BASE VALORES COMO O RESPEITO PELAS PESSOAS E PELA DIVERSIDADE, A CORAGEM DE NOS DESAFIARMOS DIARIAMENTE, A COOPERAÇÃO TRANSVERSAL E O TRABALHO DE EQUIPA” SYLVIA LIN, DIRETORA GERAL DA SANOFI PASTEUR PORTUGAL


FOTO: DIANA QUINTELA


» AS VANTAGENS DO BUSINESS INTELLIGENCE NA ERA DIGITAL A OPINIÃO DE BRUNO COSTA, POWER BI TECH LEAD NA BIZDIRECT

A IMPORTÂNCIA DO

BUSINESS INTELLIGENCE PARA A GESTÃO

Vivemos atualmente numa era digital em que a constante evolução tecnológica leva as organizações a questionarem-se em “como tomar decisões mais assertivas para a empresa num cenário em que cada vez mais é importante ser rápido e eficiente?”.

É PERFIL

BRUNO COSTA

POWER BI TECH LEAD NA BIZDIRECT E-mail: bruno.costa@bizdirect.pt

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como resposta a esta questão que surge o Business Intelligence (BI). As tecnologias de BI são uma mais-valia na hora de tomar decisões assertivas uma vez que tornam possível o manuseamento de uma grande quantidade de dados desestruturados de forma a ajudar a identificar, desenvolver e até mesmo criar uma nova oportunidade de estratégia de negócios. Ao permitir uma rápida e fácil interpretação de um grande volume de dados o BI pode revelar-se um forte aliado no mundo dos negócios, uma vez que as suas ferramentas são um apoio na identificação assertiva de novas oportunidades de negócio e na implementação de uma estratégia de negócio efetiva. No mundo empresarial atual que valoriza cada vez mais a informação, o Business Intelligence é uma ferramenta essencial ao planeamento estratégico e para as tomadas de decisão pois possibilita a identificação de problemas e de oportunidades de negócios em tempo recorde, traz um fundamento teórico para as discussões de negócios e um maior conhecimento do mercado. A nossa experiência nesta área leva-nos a destacar o contributo da plataforma da Microsoft, o Power BI, pois esta possibilita através dos insights gerados fazer com que os seus resultados deixem os utilizadores muito satisfeitos com a fluidez e a dinâmica que os relatórios conseguem produzir e disponibilizar à organização. Uma das capacidades únicas do Power BI é a facilidade de trabalhar em conjunto com diversas ferramentas da própria Microsoft, um dos exemplos desta harmonia é o Microsoft Project, o que facilita o trabalho de diferentes equipas dentro da empresa. No dia-a-dia da organização, muitas vezes há a necessidade de analisar várias vezes o estado de um

determinado projeto ou a necessidade de conhecer a alocação de um determinado recurso entre muitas outras questões e esta interligação entre os diferentes programas da Microsoft apresenta-se como uma mais-valia na agilização da análise de projetos. Com a exploração destes dados pelo Power BI torna-se possível para vários elementos da equipa construir relatórios específicos e que ficam também disponíveis no Power BI Mobile, possíveis de ser consultados em qualquer smartphone ou tablet. No campo do Business Intelligence o Power BI destaca-se igualmente pela sua camada adicional de flexibilidade de, a partir de um relatório mais geral, criar várias camadas mais apropriadas para a necessidade de cada membro da organização. No contexto organizacional que vivemos, sobretudo nas áreas de gestão que lidam diariamente com um grande volume de dados, o Power BI (na sua vertente Desktop, Service ou Mobile) é uma resposta inteligente e a qual defendemos ser a aposta certa, pois trata-se de uma poderosa ferramenta analítica que vem conferir aos decisores um conjunto de insights que permitem acompanhar em tempo real a evolução do negócio e simultaneamente partilhar esses indicadores com a restante organização. Permite ainda integrar com a sua atual plataforma de dados, desde o Microsoft Dynamics 365, o SQL, o Azure, Office (Excel, Access) ou qualquer serviço Cloud), e assim atualizar os dados da sua empresa automaticamente sem ter que se preocupar com nada! Nunca é demais relembrar que a análise baseada em factos é essencial para o sucesso de qualquer negócio! E nesta matéria, o Power BI é a solução certa que irá ajudá-lo a potenciar o seu negócio! ▪


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CANDY HOOVER – INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

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WONDERCOM – TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E CIBERSEGURANÇA

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DHC FOOD EXPERIENCE – PONTOS DE VISTA NO FEMININO

ÍNDICE DE TEMAS

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ANTICIMEX – INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO NOS FACILITIES SERVICES

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PÁG. 40 E 41

GERBER TECHNOLOGY – INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

APORMED – DISPOSITIVOS MÉDICOS

Editorial A Revista Pontos de Vista apresenta-se como uma publicação editada pela empresa de comunicação empresarial Horizonte de Palavras, sendo de frequência mensal, assume-se como um meio de comunicação que pretende elevar as potencialidades do tecido empresarial em Portugal. Assumimos o compromisso de promover paradigmas práticos e autênticos do que de melhor existe em Portugal, contribuindo decisivamente para a sua vasta difusão.

FICHA TÉCNICA

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DIRETOR: Jorge Antunes EDITOR: Ricardo Andrade Rua Rei Ramiro 870, 2º J 4400 – 281 Vila Nova de Gaia PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ana Rita Silva | Elisabete Teixeira GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares | Miguel Beirão | Vítor Santos PAGINAÇÃO Mónica Fonseca

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*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico. Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro

processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, exceto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com

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Preço de capa:

erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

NOVEMBRO 2018

Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda.


» GESTÃO E ORGANIZAÇÃO DO NEGÓCIO DE PME ‘S

OYO: A SOLUÇÃO 100% ONLINE QUE ORGANIZA E SIMPLIFICA AS PME’S

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presentamos o OyO, um software 100% online, que não precisa de instalação nem manutenção. Para utilizar o OyO basta apenas registar-se no site e terá à disposição funcionalidades como a gestão documental, a gestão financeira e a gestão de recursos humanos. A Revista Pontos de Vista conversou com Mário Moura e Bruna Almeida de Novaes, respetivamente CEO e CMO da OyO, que nos deram a conhecer um pouco mais de uma marca inovadora. O que é gestão empresarial? Qual é a sua importância para as PME’s? A Gestão Empresarial contempla estratégias e ações aplicadas às empresas, utilizando os seus recursos financeiros (estruturais e humanos), sendo imprescindível para a boa condução dos negócios, responsável pelas decisões administrativas que ajudam a atingir os resultados. Qual o papel da Startup OyO e que posição assume no âmbito do tecido empresarial? Como empresários de PME´s, não temos o tempo que gostaríamos para dedicar à gestão empresarial, já que o nosso foco e tempo são dedicados ao nosso core business. As atividades como documentação, financeira e recursos humanos geralmente delegamos a terceiros (secretária, financeiro). Mas o acompanhamento, o controlo e as decisões da empresa são atividades que não podemos delegar. Como ferramenta que ajuda na Gestão Empresarial, o OyO além de permitir uma organização e gestão diária para as PME’s, garante ao empresário acompanhar, em tempo real, toda as atividades administrativas.

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Como funciona o OyO? O OyO é um software 100% online, não precisa de instalação e nem manutenção. Para utilizar o OyO basta apenas registar-se no site. Ao aceder ao software terão à disposição funcionalidades como a gestão documental em que todos os documentos da empresas podem ser catalogados e armazenados no software, a gestão financeira que ajuda a planear e controlar todo o ciclo financeiro da empresa (mapa de tesouraria, reconciliação bancária etc.) e a gestão de recursos humanos todos as informações e documentos do colaborador ficam registados no sistema, sendo possível permitir que cada colaborador

MÁRIO MOURA

«…o OyO é um facilitador na gestão das PME’s, gera o aumento da produtividade, a diminuição da carga administrativa, elimina erros, aumenta a eficiência e a capacidade de decisão (…)»

faça a gestão e atualização do seu cadastro, faltas e pedidos de férias no sistema. Todas as informações que estão no OyO são encriptadas. Quais as mais-valias deste organizador de PME’s? O OyO é um software simples, intuitivo e adaptável a qualquer empresa. É integrador, o que significa dizer que podemos integrar com outros software ou entidades. Neste momento, integramos com o sistema E-fatura, os principais bancos nacionais, software de faturação online e com software de contabilidade. A integração com contabilidade é a mais recente funcionalidade e a nossa grande aposta, sendo um diferencial tanto para as empresas como para os contabilistas. É neste sentido que trabalhamos para tornar

o OyO num facilitador na gestão das PME’s ao gerar o aumento da produtividade, diminuição da carga administrativa; eliminação dos erros; aumento da eficiência e da capacidade de decisão; controlo otimizado do risco; acesso à informação, de forma clara e simples, combinado a tecnologia da automação e do OCR. Quais os maiores desafios do mercado português para as PME’s? Os portugueses são conservadores no que diz respeito a investimentos em novas tecnologias, ainda estão habituados a fazer o controlo da empresa em papel ou folhas de cálculos. Contudo, têm consciência de que é preciso investir em ferramentas de produtividade, mas procrastinam na tomada de decisão e, por vezes, acarretam um atraso tecnológico, tornando as nossas empresas pouco produtivas e competitivas comparadas a outros mercados. Quais os passos seguintes? (novos desenvolvimentos) Adoramos desafios e tecnologias, que é uma combinação perfeita, temos no nosso road map para os próximos dois anos: utilizar a tecnologia do Blockchain para criar novas funcionalidades, a assistente virtual - a nossa Siri do OyO - e novas funcionalidades como a gestão de ativos e contratos. Em 2019 e 2020 está previsto a internacionalização para o Brasil, a Espanha e o Reino Unido. ▪


TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E A CIBERSEGURANÇA

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SENSIBILIZAÇÃO PARA A IMPORTÂNCIA DA CIBERSEGURANÇA “É necessário manter as ações de sensibilização e de prevenção sobre cibersegurança, que alertem para a necessidade de não adotar comportamentos de risco no mundo virtual”, afirma Lino Santos, Coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), sendo esta uma das principais linhas de atuação do CNCS.

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Maria Manuel Leitão Marques afirma que existe a necessidade de se fazer mais pedagogia do que adotar uma atitude punitiva em relação à cibersegurança. O ponto fulcral nesta matéria é o humano? Sem dúvida, não sendo a panaceia, é necessário manter as ações de sensibilização e de prevenção sobre cibersegurança, que alertem para a necessidade de não adotar comportamentos de risco no mundo virtual. Esta tem sido uma das principais linhas de atuação do CNCS, sendo que para isso, o CNCS promove cursos, como por

exemplo, o Curso Geral de Cibersegurança, ações de sensibilização temáticas (feitas com alguma regularidade), ou externas, com entidades com as quais temos protocolo estabelecido. Também promovemos cursos de e-learning, como é o caso do Cidadão Ciberseguro (https://moodle.ina.pt/ login/index.php), e participamos e dinamizamos conferências, como a conferência anual de cibersegurança – C-DAYS, workshops e/ou entre outros. De notar que esta atividade envolve toda a estrutura do CNCS, desde a Direção aos colaboradores mais técnicos. Em 2019 pretendemos levar estas ações para fora de Lisboa em parceria com alguns dos nossos parceiros. “A cibersegurança é uma matéria de todos”, pelo que o objetivo é aumentar o conhecimento e a utilização de boas práticas de todos. Nós, utilizadores e colaboradores de organizações, sabemos “estar” no mundo da Internet? Seria errado generalizar, mas há setores de atividade ou da própria sociedade que se encontram bastante bem preparados, e outros onde podem haver problemas significativos, que é necessário ultrapassar de modo coerente e sustentado. Aqui o importante é ter essa consciência. Nos dias que correm existe um défice relevante no que respeita à

perceção de que a segurança - ou a cibersegurança, tendo em conta que estamos a referir-nos ao ciberespaço – é algo que deve ser tido em conta durante todo o processo de negócio, por exemplo, quando falamos de uma organização que pretende atuar no mundo digital. O que é nos diz a norma ISO/ IEC 27032 sobre cibersegurança? Está, efetivamente, adaptada à realidade do mercado e da sociedade? Relativamente a esta questão, o CNCS esclarece que normas ISO são orientações gerais, que necessitam de adaptação consoante as características da organização que a irá utilizar. O mesmo facto não serve uma grande empresa e ao mesmo tempo uma PME. O CNCS vai produzir um conjunto de referenciais normativos orientados ao contexto nacional e com uma geometria variável que acondicione diferentes realidades. A transformação digital é um tema em voga. O que é urgente saber mais sobre esta temática, que está interligada a questões de segurança informática? Todos os utilizadores do ciberespaço estão sujeitos a ciberameaças, com a transformação digital que vivemos ainda mais, e é neste sentido que se torna importante sensibilizá-los para o facto de existirem meios de prevenção e

de resposta a ciberataques. Estes meios servem não só para dar a conhecer aos utilizadores quais os métodos que podem ser utilizados para adotarem comportamentos ciberseguros, como também para dar a conhecer as ferramentas de prevenção e de resposta a ataques informáticos. Por exemplo, quando falamos em dois dos ataques comuns: ransomware ou phishing, considera-se um comportamento preventivo, que o utilizador verifique sempre se os e-mails ou SMS recebidos têm uma origem fidedigna e que este não faça download nem aceda a ficheiros e links fraudulentos. É igualmente essencial conhecer a ameaça para melhor a mitigar. Estamos a dedicar uma especial atenção à Administração Pública, produzindo quadros de ameaça atualizados. Quais são os maiores perigos que podem surgir para as empresas quando a proteção de dados, em termos informáticos, é negligenciada? Desde logo um forte impacto reputacional. Quando a empresa assenta o seu negócio, maioritariamente, online, esta quebra de reputação pode significar a extinção da empresa. Por outro lado, a entrada em vigor do Regulamento Geral de Proteção de Dados vem impor severas coimas perante o seu incumprimento. ▪

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parlamento aprovou, na especialidade, o regime jurídico da segurança do ciberespaço, que transpõe uma diretiva europeia para a legislação portuguesa e visa reforçar a segurança nesta área nos Estados-membros. Fale-nos um pouco sobre este regime e sobre o que o mesmo acarreta. O regime jurídico da segurança do ciberespaço prevê a necessidade de implementação de requisitos de segurança, bem como a obrigação de notificação de incidentes com impacto relevante nas redes e sistemas de informação das entidades da Administração Pública, dos operadores de infraestruturas críticas, dos operadores de serviços essenciais, bem como dos prestadores de serviços digitais. Aqui o desafio é reter este instrumento com o atual mecanismo de notificação e partilha de informação voluntária, que tão bem tem funcionado. Para além disso, fica legitimada a existência de uma equipa nacional de resposta a incidentes de segurança da informação no ciberespaço (CERT.PT), que embora já estivesse operacional há alguns anos, tem agora a sua criação vertida numa Lei da AR, bem como do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço, com a missão principal de gerir e acompanhar a execução da Estratégia Nacional de Segurança do Ciberespaço, entre outras medidas.


» TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E A CIBERSEGURANÇA OPINIÃO DE SAMUEL CRUZ, DIRETOR DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DA WONDERCOM

OS DESAFIOS DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E CIBERSEGURANÇA Vivemos numa era em que a informação que as empresas geram aumentou significativamente tanto em volume como em valor, tornando-se num dos seus bens mais valiosos e talvez aquele que é mais difícil de proteger.

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sivamente em veículos, hospitais, barom a crescente necessidade de ragens, sistemas de saneamento, entre mobilidade por parte dos cooutros, o risco para a sociedade é real e laboradores das organizações não pode ser descurado. a informação tem que estar A chave para mitigar os riscos e ameaças disponível a partir de qualquer lugar, à segurança da informação e dos sisteaumentado exponencialmente a supermas passa por implementa-los já com o fície de exposição e os riscos associados tema da segurança da informação como a este facto aumentam também em núrequisito primordial desde o início. Tramero e complexidade. dicionalmente os sistemas eram deseAs soluções cloud permitem às empresas nhados tendo em consideração a expeuma enorme flexibilidade com custos inriência de utilização, a performance, e a feriores aos dos sistemas convencionais, segurança. Desde que esta última não para além de serem mais resilientes a afetasse nenhum dos anteriores. A segueventos disruptivos e há já uma grande rança da informação deve ser um pilar percentagem de empresas com ambientes mistos entre sistemas alojados localmente interligados com outros alojados A SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO DEVE SER numa ou várias clouds. Esta mudança de paradigma faz UM PILAR BASE DE QUALQUER SISTEMA com que deixe de ser importante proteger apenas o INFORMÁTICO E NÃO ALGO A PENSAR APÓS perímetro da rede onde está guardada a informação e ESTE ESTAR IMPLEMENTADO, E A GESTÃO DE passa a ser fundamental gaRISCO EM TERMOS DE CIBERSEGURANÇA rantir a segurança de dados que estão espalhados por PASSA A TER QUE SER PARTE INTEGRANTE DA vários sistemas e clouds. O aumento do número de CULTURA ORGANIZACIONAL DAS EMPRESAS dispositivos que recolhem, processam e trocam inforMODERNAS E NÃO UMA CAMADA ADICIONAL mação ligados a redes privadas ou publicas é outro ÀS SUAS ATIVIDADES fator de preocupação. O IoT (Internet das Coisas) vem permitir dotar equipamenbase de qualquer sistema informático e tos que tipicamente estão isolados de não algo a pensar após este estar impleredes informáticas de uma interligação mentado, e a gestão de risco em termos para que possam ser monitorizados, de cibersegurança passa a ter que ser geridos, e operados remotamente, o parte integrante da cultura organizacioque também os torna potencialmente nal das empresas modernas e não uma vulneráveis a ataques. Com dispositivos camada adicional às suas atividades. ▪ desta natureza a serem instalados mas-


TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E A CIBERSEGURANÇA

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SABEMOS “ESTAR” NO MUNDO DA INTERNET? A Transformação Digital é uma inevitabilidade para as empresas que acarreta mudanças radicais a processos de negócio em todas as partes da cadeia de valor. Quais são os maiores perigos que podem surgir para as empresas quando a proteção de dados, em termos informáticos, é negligenciada? Daniel Ferreira, CEO da PFC – Projetos, Formação e Consultoria –, responde-nos a esta e outras questões.

om apenas três anos de existência e em fase franca de crescimento e desenvolvimento, a PFC possuí já a visibilidade e a credibilidade no mercado, resultado do número de projetos que têm chegado até si, no âmbito da gestão de serviço, BPM e segurança de sistemas de informação. Com um know-how interno especializado e diversificado, estas são as três áreas de enfoque da PFC que tem visto o reconhecimento por parte dos clientes e o valor acrescentado pelos serviços, recursos e estratégias que disponibiliza no que ao desenvolvimento de projetos diz respeito, acréscimo de valor e otimização de toda a cadeia, incluindo os processos de gestão. “Desenvolvemos e trabalhamos com e para o cliente um conjunto alargado de soluções inovadoras e a otimização de processos existentes, através de um acompanhamento próximo e personalizado durante todo o processo, o que acaba por criar uma relação de confiança e de lealdade mútua. De salientar que a nossa colaboração não termina quando o projeto está finalizado. Fazemos, igualmente, um acompanhamento posterior dando respostas e apoio a eventuais necessidades que possam surgir”, começa por explicar Daniel Ferreira. Trabalhando tanto com o setor privado como com o setor público, a PFC disponibiliza um conjunto de soluções e serviços adaptados, fruto da diversidade da equipa e do seu know-how. “Quando criámos a empresa houve a necessidade de pensar sobre como a PFC iria surgir, como iria estar estruturada e organizada, e como é que se iria apresentar ao mercado. Analisámos e verificámos que uma das principais opor-

A SEGURANÇA INFORMÁTICA

A PFC tem progredido no sentido de criar uma marca de referência

especializada em Gestão de Serviço, Projetos, Formação com um enfoque especial para a Consultoria de serviços IT. E que verdadeiros desafios se colocam atualmente às empresas de IT em Portugal? Para o nosso entrevistado, os desafios passam muito por conseguir e garantir a solidez dos recursos humanos. “Sendo esta uma área em constante desenvolvimento, queremos captar recursos humanos com novas ideias e abordagens disruptivas para assim simultaneamente crescermos de forma sustentável e proporcionarmos ao mercado uma oferta mais abrangente, em termos de know-how, nas áreas em que trabalhamos”, diz-nos Daniel Ferreira para quem o capital humano é, sem dúvida, o ponto fulcral das organizações. “Embora, atualmente se fale muito em transformação digital, não podemos esquecer que na base dessa transformação existe a componente humana. A transformação digital existe para criar valor para o cliente final e para a empresa, mas é necessário que as empresas disponham de recursos e capital humano habilitado e capacitado para conseguirem acompanhar essa transformação”, elucida-nos Daniel Ferreira. Refere, ainda, que a transformação digital passa, primeiramente, por uma mudança de paradigma e de cultura dentro das organizações.

“Não se pode pensar em transformação digital sem se pensar numa transformação humana, o que nos conduz a uma gestão da mudança que as organizações se obrigam a fazer para conseguirem chegar à referida transformação digital. É necessária uma reorganização interna, com equipas multidisciplinares e ainda mais ágeis e dinâmicas que consigam e otimizem essa capacidade de resposta”, refere o nosso entrevistado. Aqui, destaca ainda a importância da formação dos recursos humanos e da sensibilização e pedagogia para este processo. “A ferocidade do mercado, a escassez de tempo, a inovação tecnológica e a quantidade de dados recolhidos e manuseados através de sistemas como IoT, Big-Data, Al e ML, obrigam a uma preparação estruturada para a transformação digital”, adianta o nosso entrevistado que refere também o facto de não podermos, inclusive, separar a questão da transformação digital das questões de segurança informática. “A quantidade de dados que hoje em dia estão armazenados e são manuseados nas organizações requerem uma segurança redobrada não só por parte de quem utiliza estes novos sistemas, mas também por parte de quem fornece os serviços”, diz-nos, ainda. ▪

LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

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DANIEL FERREIRA

tunidades seria uma resposta global com a inclusão de uma abordagem nestas três áreas mais específicas”, acrescenta o nosso entrevistado. Daniel Ferreira diz-nos, ainda, que a PFC atua sempre segundo os normativos e as referências existentes no mercado: na componente de gestão de serviço guiam-se pelas normas ISO, como a ISO/IEC 20 000, o Cobit e ITIL desde o desenvolvimento da estratégia até à entrega do serviço; no BPM orientam-se pelas melhores práticas do mercado, criando processos mais fluídos e reduzindo ao máximo o desperdício ao longo do processo e da cadeia de valor com a utilização de plataformas de Low-Code e No-Code; na segurança de sistemas de informação estabelecem parcerias com que complementam e asseguram os serviços prestados pela PFC. “Enquanto consultores definimos toda uma estratégia de componente de segurança de sistemas de informação que necessita de ser implementada. Este é o nosso core e não pretendemos desfocar-nos desta estratégia simultânea de B2B (Business to business) e B2C (Business to consumer), pois o cliente dos nossos clientes é o principal consumidor final da boa prestação dos nossos serviços”, afirma Daniel Ferreira.


» TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E A CIBERSEGURANÇA

SOFTWARE SEGURO MAIS RÁPIDO A Checkmarx é líder em soluções de segurança de software, tendo desenvolvido uma das primeiras plataformas de análise de códigofonte (SCA) para deteção de vulnerabilidades de segurança. Fu Xu, Responsável pela equipa de investigação na Checkmarx Portugal, fala-nos mais sobre a empresa e a sua presença no mercado português.

PONTOS DE VISTA

10 EQUIPA CHECKMARX PORTUGAL

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undada em 2006 em Israel, a Checkmarx é hoje uma empresa global que atua na área de segurança aplicacional, ao nível de aplicações web ou móveis, cujo principal produto é um software de análise estática, sendo líder neste setor. Este software encontra vulnerabilidades em código-fonte, detetando padrões no código que podem levar a vulnerabilidades ao nível da tecnologia mais complexa, com consequências graves para organizações e clientes. A premissa da Checkmarx passa, portanto, por permitir que as organizações protejam os aplicativos desde o início do seu desenvolvimento, reduzindo os riscos e os custos ao longo do tempo. Mas estarão as organizações suficientemente consciencializadas

A premissa da Checkmarx passa, portanto, por permitir que as organizações protejam os aplicativos desde o início do seu desenvolvimento, reduzindo os riscos e os custos ao longo do tempo

para a importância da prevenção? Fu Xu diz-nos que sim. “Até há poucos anos, as empresas encaravam a segurança como um fator secundário. No entanto, nos dias de hoje, as organizações começam a ter mais atenção nas questões sobre a segurança e a privacidade dos dados. Verificamos também, e cada vez mais, a necessidade por parte das empresas de se responsabilizarem pela segurança dos produtos que levam para o mercado”, afirma. Problemas como fugas de informação dos utilizadores ou falhas de segurança em multinacionais conceituadas são hoje problemas recorrentes que há uns anos eram desconhecidos aos olhos do público. Para além da preocupação cívica e moral de se garantir a integridade e a privacidade dos


dados dos clientes e dos utilizadores, é igualmente preponderante garantir a reputação da empresa. Desta forma, é necessária, por parte das entidades, uma maior sensibilização e consciencialização para questões relacionadas com a cibersegurança nesta era digital e da globalização, uma vez que a realidade nos remete tanto para o trabalho a nível global como para a realização de parcerias. “Mais do que proteger os aplicativos desde o início, reduzindo os riscos e os custos ao longo do tempo, a nossa missão é alertar para possíveis vulnerabilidades o mais cedo possível”, alerta Fu Xu.

A CHECKMARX EM PORTUGAL

UMA NOÇÃO DE SEGURANÇA

A transformação digital é hoje um tema incontornável e um fator imprescindível a todas as organizações. Atualmente, qual a informação pertinente a ter em conta no que respeita à transformação digital? Para Fu Xu podemos dividir esta pergunta em duas óticas: na ótica do utilizador e das empresas. Sob a ótica das empresas, Fu Xu considera que as mesmas precisam de ter uma perfeita noção de cibersegurança, de privacidade e de proteção de dados. “As empresas precisam de ter uma noção clara sobre o tipo de dados com os quais trabalham, a criticidade dos mesmos, bem como o tipo de processamento que utilizam para trabalhar os dados ou, ainda, como toda a estrutura do sistema está feita e se é possível existir alguma quebra no mesmo”, realça o nosso entrevistado acrescentando que as empresas precisam de se mentalizar que a segurança não é um extra adicionado aos seus produtos, mas sim uma parte

As empresas precisam de ter uma noção clara sobre o tipo de dados com os quais trabalham, a criticidade dos mesmos, bem como o tipo de processamento que utilizam para trabalhar os dados ou, ainda, como toda a estrutura do sistema está feita e se é possível existir alguma quebra no mesmo

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do produto que é tão importante como as restantes. E sobre a cibersegurança? É importante aumentar o conhecimento e a utilização de boas práticas de todos em relação à cibersegurança? Para Fu Xu este conhecimento deve começar nas universidades. “É preciso existir um maior foco nos cursos de informática ou afins e formar os developers para as questões de segurança de modo a que os conhecimentos sejam, mais tarde, transferidos para as empresas para ganhar esta noção e começar a criar políticas e guidelines a nível de desenvolvimento e de infraestrutura. As empresas com presença digital devem ter ainda o papel de educar e formar os seus colaboradores para a cibersegurança, independentemente do setor em que estejam inseridos”, esclarece Fu Xu. Fu Xu entende que a falta de formação é o principal fator para a falta de noção de segurança que, a nível de políticas e de processos

internos, deve ser tida em conta, por parte das empresas, nas várias fases de desenvolvimento dos seus produtos. Quando questionado sobre os maiores desafios atuais para as organizações e sobre o investimento que a Cibersegurança exige, Fu Xu explica que dependendo da dimensão das empresas, este investimento pode ser considerado um entrave ou um desafio. “É um processo exigente e complicado para empresas com um orçamento mais apertado e com os seus recursos maioritariamente concentrados no desenvolvimento do produto, esquecendo-se das questões relacionadas com a segurança”, diz-nos, apesar de defender que atualmente se vive uma fase de maior consciencialização para a importância de criar produtos seguros em todas as etapas de desenvolvimento. “Nos últimos anos temos verificado um aumento da preocupação com a segurança, no entanto, no contexto académico ainda há muito a fazer nesta área”, conclui Fu Xu. ▪

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Em Portugal, a Checkmarx está sediada em Braga, desde 2016, com cerca de 60 colaboradores e pretende continuar a crescer. Com abertura de um novo escritório, nesta cidade, a empresa irá contratar mais elementos para a suas equipas. E porquê a aposta em Portugal? Fu Xu diz-nos que, pela sua experiência, Portugal tem recursos humanos extremamente qualificados na área da informática. “Temos nomes sonantes em todas as áreas e a formação em Portugal está num patamar bastante elevado”, afirma Fu Xu. Em Portugal, a Checkmarx conta com várias equipas de desenvolvimento e investigação. Duas destas equipas são compostas por profissionais experientes na área de segurança que focam o seu trabalho na investigação, efetivando-se assim a aplicação deste conhecimento no desenvolvimento do seu próprio produto. “Na prática, e tomando como exemplo um ataque de cibersegurança, a nossa equipa tem de saber de antemão como é que o ataque aconteceu, replicar o ataque e perceber se é possível, com a tecnologia e o nosso produto, detetar as vulnerabilidades subjacentes ao ataque. Posteriormente, passamos toda a informação adquirida na investigação para as nossas equipas de desenvolvimento de modo a que o nosso software suporte a vulnerabilidade”, explica-nos Fu Xu.


MARKET AND BUSINESS INTELLIGENCE E O CRESCIMENTO EMPRESARIAL

» OSCAR PALOMAR, SÓCIO E FUNDADOR DA AMINT, EM ENTREVISTA

“O MARKETING INTELLIGENCE É UMA FERRAMENTA FUNDAMENTAL PARA SE PROMOVER NEGÓCIOS DE SUCESSO”

OSCAR PALOMAR E EQUIPA DA AMINT

O conhecimento é absolutamente essencial para dar lugar à ação e à uma tomada de decisão. Esta orientação assumese ainda mais primordial quando abordamos a dinâmica das empresas que perpetuam no cliente uma estratégia válida para gerar vantagens competitivas. Neste sentido, é necessário contar com o apoio de especialistas, dos melhores. Neste contexto, importa introduzir o conceito do Marketing Intelligence que tem como base o conhecimento sobre o consumidor e sobre o mercado, e define como objetivo final ajudar os marketers a definir estratégias consistentes, que conduzam à escolha de um determinado produto, serviço, marca ou empresa. PONTOS DE VISTA

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uisemos saber mais sobre esta matéria e fomos em busca dos melhores e encontramos a AMINT, um player de renome e prestígio nacional e internacional quando abordamos as vertentes do denominado Marketing Intelligence. Entramos à conversa com Oscar Palomar, Sócio e Fundador da AMINT. Fundada em 2007, em Barcelona, a AMINT começou rapidamente a sua expansão internacional e deu entrada no território luso há três anos e em Santiago do Chile em 2013. Mas quem é a AMINT? Este player encontra-se devidamente orientado para o tratamento de dados e informação “que ajudem e auxiliem as empresas a possuir uma orientação fidedigna e célere orientados para o crescimento e desenvolvimento”, salienta o nosso entrevistado. Nesta visita ao escritório em Lisboa da AMINT, a Revista Pontos de Vista conheceu ainda a equipa da marca em Portugal, ou seja, os especialistas em estudos qualitativos, composta por Carla Ribeiro, Leonor Evangelista e Maria João

Loureiro. Este conjunto de profissionais conta com mais de 20 anos de experiência, e possui um enorme e profundo conhecimento e know how do mercado luso nas mais diversas áreas, como o grande consumo, o retalho, o comércio e turismo, as telecomunicações, a internet e as novas tecnologias, a banca e seguros, contemplando, portanto, uma vasta experiência de coordenação de estudos no mercado nacional e internacional.

“OS DADOS? TEMOS DE OS SABER INTERPRETAR E TRANSFORMAR EM ALGO MAIS”

As mutações dos diferentes mercados e as constantes evoluções de todos os setores, obriga, atualmente, a que haja uma enorme atenção a todas estas mudanças e alterações e, por isso, é fundamental que se atue de uma forma célere e bastante dinâmica, «fugindo» um pouco aos conceitos mais tradicionais e clássicos dos denominados estudos de merca-

do. “Temos de o fazer dessa forma, pois pretendemos dar sempre uma resposta concreta às exigências e necessidades dos nossos clientes e por isso, o que defendemos no Marketing Intelligence vai para além dos conceitos mais habituais de research”, esclarece Oscar Palomar. Mas ir mais longe o que significa? “Temos de entender a informação e promover uma transformação da mesma, realizando uma investigação profunda e meticulosa dos dados obtidos para alcançar um estudo de mercado que esteja capacitado para orientar o cliente para as necessidades reais e específicas do mercado”, afirma o sócio e fundador da AMINT. Neste seguimento, o estudo de mercado traduz-se em conclusões e ideias para que o cliente aproveite as oportunidades existentes, ou seja, a informação é transformada em conhecimento e este, por sua vez, irá gerar ação. O conhecimento assume-se como essencial, mas torna-se ainda mais evidente que o sucesso de uma organização dependa sempre do


“NÃO PODEMOS QUEIMAR ETAPAS”

Segundo Oscar Palomar, o empresário que ainda acredita que a intuição é a sua melhor arma para realizar negócios está completamente equivocado e isso pode ser fatal. Neste contexto, o consultor relembra o lema da AMINT, “quando a sua intuição não chega. Não podemos gerir uma organização ou um projeto baseado na expressão «eu acho», porque isso nada está relacionado com o possuir e analisar dados concretos e fidedignos. Temos de compreender que os números potenciam a realidade e isso pode transformar-se num obstáculo. Os empresários têm de ter esta consciência, ou seja, devem compreender os benefícios dos dados e, a par da sua intuição, unir os dois para

"Gosto de dizer que os dados têm odor, sabor e som e para alcançar um nível de entendimento eficaz e credível temos de possuir uma excelente técnica e uma enorme sensibilidade para aprofundar os dados e conhecê-los"

uma tomada de posição que potencie resultados positivos e mais valias para o seu negócio”, esclarece, lembrando que sem isso a AMINT é obrigada a dar más notícias aos empresários e isso é complicado. “É normal acreditarmos nas nossas ideias, mas, naturalmente, isso não significa que elas sejam profícuas e potenciadoras de resultados e por vezes temos de dar estas más notícias e isso torna-se complexo. Temos diversos casos em que uma ideia positiva fracassou porque o mercado não pediu aquilo que as empresas acreditavam que estava a pedir. Isto está provado, ou seja, está comprovado que 99% dos erros de qualquer estudo assentam na incapacidade de compreender e de saber aquilo que o cliente realmente quer ou necessita”, assume o nosso entrevistado, lembrando que a AMINT existe, também, para dar esse sentido de orientação para um percurso positivo dos seus clientes, promovendo uma estratégia, algo que por vezes é esquecido pelo empresário luso. “Temos de saber extrair

a informação das pessoas, mas isso apenas se torna uma realidade quando as conhecemos e as estudamos e só a partir deste ponto pode ser traçada uma estratégia”. Assim, é vital conhecer o cliente e os comportamentos de consumo, pois são estes que abrem um novo leque de possibilidades de ações inteligentes de marketing e incentivos para que a empresa possa construir um relacionamento efetivo e duradouro com o cliente e assim construir um ritmo de crescimento constante. “Não podemos queimar etapas sob pena de prejudicar o nosso cliente e o negócio do mesmo e daí que o Marketing Intelligence seja uma ferramenta fundamental para se promover negócios de sucesso, sem que sejam criadas falsas expetativas”, afirma Oscar Palomar.

“ESTAMOS NO MERCADO PARA APOIAR OS NOSSOS CLIENTES”

A versatilidade de uma organização deve e pode ser vista como uma grande vantagem, facto ao qual a AMINT não «escapa», ou seja, a marca fundada por Oscar Palomar, assume-se como especialista em compreender pessoas, independentemente do setor. “As pessoas são sempre o fator mais importante, mas ao mesmo tempo mais imprevisíveis e isso torna toda esta dinâmica num enorme desafio para o qual estamos preparados, pois tem-nos permitido conhecer as pessoas e as suas preferências, o que nos tem facultado um enorme background e know how para trabalhar com qualquer setor de atividade”. Os nossos novos interlocutores, os clientes de uma geração mais jovem, possuem níveis de exigência mais elevados o que, aliado a alguma inexperiência fruto da sua idade, faz com exijam «tudo para ontem». “Mas têm de entender que os planos e as estratégias bem delineadas são mais morosas, pois não podemos esquecer que os erros pagam-se caro e nesta área quem opta pelo lema «depressa e bem», acaba, inevitavelmente, por cometer erros crassos. A solução passa pelo equilíbrio, ou seja, perceber realmente o que o cliente pretende e o que é possível de realizar”, esclarece o nosso interlocutor. Mas qual o papel do Marketeer? “Funcionar como o elo de ligação e como a ponte entre estes dois polos, que nem sempre têm pontos de interesse comuns”. Não tenhamos dúvidas, atualmente os consumidores são mais imediatistas, mais conscientes e informados fruto, do conhecimento que foram adquirindo e dos meios que possui para alcançar e absorver essa informação. "E por isso exigem soluções e respostas mais céleres e flexíveis". Estes consumidores desafiam a convencional abordagem de marketing e o modo de fazer negócios e por isso é essencial, para alcançar o sucesso, que existam players que saibam estar no mercado e promovam meios, mecanismos e ferramentas para que as empresas possam singrar perante e no mercado. A AMINT é esse player, porque o tempo da intuição no universo dos negócios já passou e hoje é fundamental saber apostar no denominado Market Intelligence. “Estamos no mercado para apoiar os nossos clientes e para lhes proporcionar as melhores armas e soluções rumo ao sucesso”, conclui Oscar Palomar, sócio e fundador da AMINT. ▪

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conhecimento que se tem do cliente. Oscar Palomar explica esta dinâmica e assevera, “não basta possuirmos os dados, temos de os saber interpretar e transformar em algo mais”. Naturalmente que neste campo as capacidades de «adivinho» não existem, já que é necessário antecipar de forma sustentada e científica os movimentos mais relevantes no mercado que podem ter forte impacto no negócio, identificando oportunidades que podem alavancar o êxito. “Gosto de dizer que os dados têm odor, sabor e som e para alcançar um nível de entendimento eficaz e credível temos de possuir uma excelente técnica e uma enorme sensibilidade para aprofundar os dados e conhecê-los. Para que isso seja uma realidade e tenha resultados positivos, é essencial possuir e observar os clientes como parceiros, compreender quais as suas necessidades, pois só dessa forma conseguimos estabelecer relações de confiança fortes e de excelência, que é algo que temos vindo a realizar ao longo destes anos de presença no mercado português”, afirma o nosso interlocutor.


» TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E A CIBERSEGURANÇA

MIGUEL JACINTO, COORDENADOR DO GABINETE DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO DO EUROBIC, EM ENTREVISTA

“EXISTEM VÁRIOS DESAFIOS NOS PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL” A cibersegurança e a proteção de dados está hoje na ordem do dia. Sobre estas matérias, a Revista Pontos de Vista conversou com Miguel Jacinto, Coordenador Gabinete de Segurança da Informação do EUROBIC, onde ficamos a perceber que a cibersegurança e todas as questões em seu torno devem fazer parte da estratégia empresarial.

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PONTOS DE VISTA

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cibersegurança tem sido uma prioridade naquilo que é definido como estratégia empresarial? Numa economia cada vez mais digital e onde as fronteiras das organizações não são mais as que conhecemos desde há séculos, é normal que a Cibersegurança seja cada vez mais uma preocupação das organizações ao mais alto nível. Os clientes procuram cada vez mais os serviços digitais em detrimento do contacto tradicional. É uma tendência incontornável. As novas gerações nativas digitais já preferem os dispositivos digitais, os comandos por voz, a interligação entre as aplicações. Em pouco mais de 20 anos passámos de um mundo onde a internet era um privilégio de muito poucos para um mundo onde tudo assenta na utilização desse veículo de comunicação. Com a adoção de tecnologias baseadas na internet, as fronteiras das organizações passaram para o mundo digital que, em bom rigor, muitas pessoas e organizações ainda não compreendem verdadeiramente. Com o aumento da exposição dos processos de negócio tradicionais às novas tecnologias e com a criação de novos processos e novas oportunidades de negócio baseados exclusivamente em novas tecnologias de informação, a “governance” tecnológica está também a mudar com as necessidades evidentes de adaptação das organizações, que se mostra, cada vez mais, não como uma opção, mas sim como uma obrigação. Neste contexto diria que existem claramente duas velocidades diferentes: uma é que está relacionada com a velocidade de evolução das novas tecnologias; e outra é a capacidade de adaptação das organizações que, na generalidade dos casos, é bastante mais lenta por razões estratégicas, comportamentais e até orçamentais. Também nesta realidade se aplica a teoria da seleção natural de Darwin, onde claramente apenas sobrevirão os que se mais rapidamente se adaptarem às novas realidades e não aqueles que aparentemente são os mais fortes. De que forma podem os clientes contribuir para uma melhor segurança informática dos seus dados? O fator humano é absolutamente crítico para a segurança da informação das empresas. O triângulo pessoas, processos e tecnologia é considerado a base da segurança da informação e é nela que as organizações investem cada vez mais recursos, para garantir uma gestão eficaz e eficiente da segurança dos seus ativos

MIGUEL JACINTO

de informação. As pessoas, tais como clientes, colaboradores e outros stakeholders, são um dos principais riscos das organizações devido à imprevisibilidade do fator humano. Apesar das inúmeras campanhas de Awareness empresarial direcionadas aos seus clientes externos e internos, verifica-se que em muitos casos os incidentes de segurança começam porque alguém acedeu indevidamente a um site, ou fez download de um ficheiro malicioso, ou colocou o seu cartão de crédito num site não seguro, ou deu os seus dados de acesso a um site que parece ser do seu banco, mas não é, etc. A imprevisibilidade comportamental dos utilizadores da informação, instrumentos de pagamento ou equipamentos informáticos, é um verdadeiro quebra-cabeças para as organizações que pretendem manter os seus ativos de informação seguros.

Por outro lado, os comportamentos maliciosos online não param de aumentar e estão cada vez mais evoluídos quer do ponto de vista técnico quer do ponto de vista de engenharia social. Os recursos disponíveis para os atacantes maliciosos são quase inesgotáveis, contando com uma relativa impunidade, ironicamente propiciada pelos mesmos meios técnicos criados para facilitar a vida às pessoas e às organizações. A utilização de um veículo virtualmente sem fronteiras, em muitos casos com poucas regras e altamente robotizado, permitindo atacar dezenas ou milhares de alvos ao mesmo tempo, torna o crime digital muitas vezes altamente rentável, o que faz com que haja potencialmente cada vez mais cibercriminosos. Em face deste cenário cada vez mais real e porque todas as organizações pretendem interagir cada vez mais com os seus clientes de forma


Todo o processo de evolução da transformação digital e das novas tecnologias acarreta novos desafios, quais merecem destaque? Existem vários desafios nos processos de transformação digital. Mais uma vez podemos recorrer à base da segurança da informação - pessoas processos e tecnologia - para identificar os três principais pontos onde os desafios são mais significativos. No caso das pessoas o desafio é evidente. As evoluções tecnológicas sucessivas dos processos de negócio têm ditado, desde a revolução industrial, o afastamento dos processos produtivos de classes etárias que não conseguem acompanhar essas evoluções. Esses ciclos de renovação são cada vez mais curtos e são cada vez mais evidentes à medida que a digitalização do trabalho acontece. Este cenário é ainda mais agravado quando assistimos à elevada automatização dos processos produtivos que por isso carecem cada vez menos da mão-de-obra humana, ficando para as pessoas apenas o papel de, por enquanto, supervisionar e não de fazer. Quanto aos processos de negócio a transformação digital tem um impacto significativo dado que altera radicalmente a forma de trabalhar. Exemplo disso é um processo de abertura de conta bancária em

A imprevisibilidade comportamental dos utilizadores da informação, instrumentos de pagamento ou equipamentos informáticos, é um verdadeiro quebra-cabeças para as organizações que pretendem manter os seus ativos de informação seguros As evoluções tecnológicas sucessivas dos processos de negócio têm ditado, desde a revolução industrial, o afastamento dos processos produtivos de classes etárias que não conseguem acompanhar essas evoluções

que deixa por exemplo de ser necessário assinar e rubricar contratos e condições gerais, para passar a ser apenas necessário recolher uma assinatura digital que garante as mesmas evidências jurídicas no processo de onboarding de um cliente. Os impactos e as interligações entre todos os processos internos de uma organização são por isso muito difíceis de quantificar. Relativamente à tecnologia e estando esta intimamente ligada aos restantes pilares da segurança da informação, os desafios são de diversos âmbitos. Diria que o mais significativo será garantir que todas as novas peças tecnológicas conseguem “falar” com as mais antigas. Com a evolução dos sistemas a acontecer de forma galopante, fazer com que todas as peças tecnológicas continuem a funcionar de acordo

com o que e espectável, é um verdadeiro desafio. As aplicações e sistemas ficam legadas cada vez mais depressa e obrigam as organizações a avultados investimentos para a sua substituição ou manutenção. Quase todas as semanas saem novas versões, novas atualizações das existentes, novos modelos de máquinas, novos processadores, etc. É humana, técnica e até financeiramente impossível acompanhar esta velocidade de acontecimentos, sendo para isso mandatório que as organizações apostem em soluções estruturadas e com a maior durabilidade, de modo a mitigarem o mais possível o risco de obsolescência das suas ferramentas tecnológicas. Além de uma tecnologia eficaz contra os possíveis ataques cibernéticos, falta fazer algo a nível de legislação? Qual é a sua opinião? Diria que ao nível da legislação temos dois problemas. O primeiro é que claramente esta não acompanha a rapidez de evolução dos acontecimentos. Devido à natural interligação das diversas temáticas, os processos legislativos são mais burocráticos e por isso mais lentos do que a evolução dos acontecimentos. Muitas legislações carecem de discussões em sede própria e até de consulta pública, o que torna lenta a concretização dos processos legislativos. Depois temos as questões de aplicação transfronteiriça da legislação. Como já referi, o cibercrime não tem fronteiras, podemos ser atacados de ou através de outras geografias, em fusos horários, culturas e enquadramentos legislativos diametralmente opostos, pelo que aferir qual a legislação a aplicar em alguns casos é bastante difícil. Acresce ainda o facto de ser conhecido que alguns estados são particularmente ativos no patrocínio à guerra cibernética o que dificulta sobremaneira à identificação e mitigação de ciberataques nessas geografias. O caminho, que já vai sendo traçado, será optar-se por uma globalização do conceito de cibercrime, bem como pela via da cooperação institucional entre os países ao mais alto nível, de modo a que os processos de investigação sejam mais rápidos e eficazes. ▪

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digital, é natural que as mesmas estejam cada vez mais preocupadas com a forma como os seus clientes tratam os seus próprios dados na nova economia digital. No setor bancário esta preocupação é cada vez maior, dado que muitas vezes o comprometimento de dados pessoais, nomeadamente de credenciais de acesso a sistemas de pagamento, está diretamente relacionado com ações fraudulentas que podem ter impactos financeiros relevantes para os clientes e reputacionais para as organizações. É verdade que o conhecimento dos clientes nestas matérias está a mudar, mas também é verdade que a economia digital está também ela a mudar muito rapidamente, pelo que a educação dos novos clientes digitais está cada vez mais na ordem do dia.


FOTO: RUI BANDEIRA

» TEMA DE CAPA

ANTONIO RAAB

PONTOS DE VISTA

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“A BASE DA NOSSA ESTRATÉGIA SÃO MESMO AS PESSOAS” A Hilti Portugal assume-se como uma marca de enorme e inquestionável valor. Estivemos à conversa com Antonio Raab, Diretor Geral da Hilti Portugal, que nos deu uma imagem do que é a Hilti Portugal, que tem tido a base do seu sucesso nas pessoas, sempre nas pessoas.

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Hilti é considerada, tendo já arrecadado prémios nesse sentido, uma das melhores empresas para se trabalhar em Portugal. Quais são os fatores que tornam a Hilti numa empresa onde as pessoas querem trabalhar? Sim. É com orgulho que temos recebido essas distinções, algo que considero uma consequência muito clara da forma como vemos e como trabalhamos com as pessoas dentro da empresa. Temos uma comunicação extremamente simples e direta, somos uma equipa pequena, constituída por cerca de 115 trabalhadores, na qual a proximidade entre as pessoas é evidente… E um dos exemplos disso é o “open space” que temos na nossa sede, onde convivem vários departamentos, pois pretendemos que as pessoas comuniquem, independentemente da função que exercem. E isto também se deve a um excelente trabalho dos nossos recursos humanos, que sabem escutar as pessoas dentro da empresa. Nós desenvolvemos anualmente um questionário em que procuramos perceber os níveis de

satisfação dos nossos colaboradores relativamente à empresa, ao trabalho, à chefia e aos colegas. Nesse questionário as pessoas são incentivadas a veicularem opiniões, expectativas e sugestões para melhorarmos. E todos os anos temos implementado medidas sugeridas pelos colaboradores. A título de exemplo, uma das mais recentes iniciativas que implementamos, e que está relacionada com uma preocupação crescente dos nossos colaboradores com o equilíbrio trabalho/ vida, foi a possibilidade de nos departamentos internos os colaboradores terem a possibilidade de praticarem um horário de entrada e saída flexível, assim como terem flexibilidade no tempo de trabalho. Esta ideia da centralização nas pessoas já vem do nosso fundador, Martin Hilti, que afirmava que as pessoas estão em primeiro lugar. E nós apenas damos sequência a essa máxima, considerando-as o mais importante recurso que temos dentro da Hilti. Sem pessoas motivadas e contentes com a empresa, certamente não teríamos os resultados que estamos hoje a alcançar e, simultanea-

mente, teríamos clientes insatisfeitos porque a insatisfação interna reflete-se diretamente na insatisfação externa. O capital humano tem vindo a ser uma área em que as organizações portuguesas mais apostam nos últimos tempos. Quais têm sido as apostas da Hilti nesta temática? Sim, de fato é verdade que a preocupação com o capital humano tem aumentado ou pelo menos é um tópico cada vez mais consciente nas organizações. Contudo este não é um problema para a Hilti, já que a base da nossa estratégia são mesmo as Pessoas e o seu desenvolvimento dentro da empresa. Tem sido feita uma aposta muito clara em responsabilizar, não apenas o líder, mas também o próprio colaborador, pelo seu próprio desenvolvimento. É esta cultura de empreendedorismo que queremos cultivar em todas as nossas pessoas. Temos neste momento quase 30 colaboradores que começaram a sua carreira na Hilti Portugal, e que agora estão em posições de destaque


As soft skills, como a flexibilidade cognitiva ou a inteligência emocional, são tão importantes como uma boa formação técnica? Porquê? Na minha opinião, as soft skills são ainda mais importantes. Inclusivamente uma boa formação técnica já não tem a diferenciação que tinha no passado num mundo pautado por mutações tão aceleradas. Os fatores de diferenciação encontram-se exatamente nas soft-skills, nomeadamente na flexibilidade cognitiva e inteligência emocional que refere. Devido a esta valorização de emoções ter-se-á tornado o recrutamento mais exigente? Sim, especialmente para o entrevistador, que numa breve conversa necessita de ter a capacidade para observar estas competências. Com a minha experiência fui apurando esta sensibilidade. Três competências de que quem quer trabalhar na Hilti tem de ter. Pessoas das áreas de Engenharia Civil, Marketing, Economia e Gestão, que para além das competências técnicas, possuam fortes competências interpessoais e de comunicação, gostem de desafios, trabalhem em equipa de forma inclusiva, tenham sede de aprender e de se superar constantemente e ambição por uma carreira internacional. Por outro lado, que características fazem alguém ser excluído? Falta de valores, dos quais destacamos compromisso, trabalho em equipa, coragem e integridade.

Líder há mais de três décadas da empresa, que análise faz acerca do panorama que se vive a nível organizacional nas empresas portuguesas no que diz respeito à atenção dadas aos seus colaboradores? Foram 36 anos que trabalhei em diversos países e em diversas posições, e noto uma evolução positiva a esse nível, nas empresas portuguesas. É um facto que hoje em dia, os gestores começam a dar cada vez mais atenção aos seus recursos humanos, sabendo que a felicidade e motivação no trabalho traz no final, uma maior produtividade. Em anos passados, e quando se vive longos períodos de crise, há uma tendência para se olhar apenas para os resultados, mas aos poucos, e muitas empresas já dão cartas, o capital humano ganha prioridade. A Hilti Portugal utiliza mão-de-obra exclusivamente portuguesa e esta é uma característica do grupo nos vários locais a nível global onde opera… Não, e apesar de neste momento não termos estrangeiros na Hilti Portugal, no passado este não foi o caso e tenho a certeza que no futuro também não será. É verdade que temos promovido na Hilti Portugal bastante o desenvolvimento de talentos portugueses que se desenvolvem posteriormente para outros países em que a Hilti está presente, e somos muito reconhecidos por isso. Num cenário de crise económica, de que forma se motivam as pessoas? Devemos ser consistentes com a nossa estratégia. A prioridade que damos às pessoas não deve nem pode ser afetada pelos ciclos económicos ou de contexto. Diria que é ainda mais

importante darmos a importância que as pessoas merecem em alturas de crise, com uma comunicação próxima de forma a tranquilizar a organização. Isto não significa que não se tenham tomado decisões bem difíceis durante os anos de crise que afetaram toda a economia e a construção com especial incidência, mas estas decisões devem ser tomadas e comunicadas com todo o respeito que os colaboradores merecem. O facto de que este equilíbrio é possível, é o facto de o nosso inquérito interno de satisfação anual ter tido melhorias de ano para ano durante o período de crise, período durante o qual nos vimos forçados a reduzir a estrutura de colaboradores. Os reconhecimentos externos, com prémios como Empresa Feliz ou Melhor Empresa para Trabalhar também reforçam esta mesma mensagem. Afinal, de que precisam os colaboradores no contexto organizacional? Reconhecimento, segurança, oportunidades de desenvolvimento, formação e flexibilidade. Qual é o grande projeto de negócios da Hilti em Portugal? Esperamos um futuro desafiante, assente no crescimento sustentado e numa estratégia na área de serviços e soluções de gestão digitais. É importante que as empresas do setor recorram a novas soluções e tecnologias para se tornarem mais rentáveis e ganharem competitividade. O mercado exige cada vez mais soluções que permitam construir mais rápido, em maior segurança e com elevados padrões de qualidade. Aqui a Hilti distingue-se como um parceiro de confiança e disponível para apoiar os seus clientes em qualquer projeto de engenharia e construção. ▪

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Existe um perfil de um trabalhador Hilti? Qual é? Uma dimensão não negociável são os valores que um colaborador nosso tem obrigatoriamente de ter, sendo que no caso da Hilti são a Integridade, Coragem, Trabalho de Equipa e Compromisso. Não me pronunciando sobre as demais empresas, e respeitando a diversidade das nossas pessoas (porque obviamente não temos, nem procuramos, o mesmo perfil para todas as posições), diria que genericamente um colaborador Hilti deve ser um verdadeiro entrepreneur. Na Hilti, isto significa que esta pessoa deve ter as seguintes cinco características: - Trabalha com o que tem - Procura e cria oportunidades - Decide, move-se com rapidez, aprende, corrige ou para quando necessário - Gere como se fosse o seu dinheiro - É determinado em atingir bons resultados Este perfil é extremamente valorizado na Hilti, estando mesmo incorporado na essência da nossa Estratégia 2020. Após o recrutamento temos processos 100% claros de acompanhamento e desenvolvimento, sendo que neste caminho, os Recursos Humanos podem, e devem ter um papel ativo, assegurando que os processos que suportam o desenvolvimento são implementados de forma ativa e consistente.

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na Hilti Internacional. Penso que o facto de nos últimos anos termos mais de dez pessoas que se desenvolveram internacionalmente, é uma evidência forte que estamos no bom caminho. Adicionalmente temos obviamente colaboradores com um excelente desenvolvimento na nossa organização em Portugal.


» TEMA DE CAPA | PARTE II DA ENTREVISTA

“CONTINUEM A DIGNIFICAR O NOME DA HILTI PORTUGAL”

PONTOS DE VISTA

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A história de uma carreira profissional perpetua-se de altos e baixos, sendo que é nos momentos menos positivos que se conhece verdadeiramente a natureza de um líder nato com capacidade de inspirar pessoas. E quem melhor do que Antonio Raab para nos falar sobre a «arte» da liderança e da importância das pessoas no seio de uma organização? Tudo começou a 3 de Agosto de 1982...


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humano. “O sucesso da empresa deve-se às pessoas, porque são elas o elemento mais forte no seio de uma empresa e que podem trazer lucro pu prejuízo. Mas se tivermos pessoas felizes elas vão ser mais competentes e vão dignificar a marca perante o cliente e o mercado e foi isso que fomos construindo e conseguindo ao longo dos anos”. Uma das coisas que ensinaram ao nosso entrevistado, é que um líder deve estar sempre próximo das pessoas, “porque se assim não for então estamos longe da realidade. Eu uso essa proximidade no seio da Hilti Portugal e tenho sempre a minha porta aberta para toda a gente porque gosto de uma comunicação aberta e próxima com as pessoas”. As vitórias, os sucessos e os êxitos foram evidentes ao longo dos anos, mas terá Antonio Raab algum arrependimento? Algum dissabor? “Seria incorreto da minha parte se não assumisse algumas derrotas. Fazem parte da viagem e são naturais num percurso tao longo como o meu. Mas servem para nos ensinar. O facto de investirmos em pessoas e estas não conseguirem entender a nossa estratégia, comunicação e pensamento é uma deceção e uma frustração”, afirma o nosso interlocutor que faz mea culpa e assume um defeito na liderança da empresa Hilti. “Se calhar podia ter imposto outra velocidade na implementação de novos projetos que tivemos”, reconhece Antonio Raab.

FOTO: RUI BANDEIRA

certeza que as pessoas vão aceitar este novo líder que tem uma mentalidade como a minha, ou seja, trabalhar com as pessoas e para as pessoas”.

“OBRIGADO A TODOS”

“Não é um adeus, é um até breve”, afirma Antonio Raab, aproveitando para deixar uma mensagem a todo o universo da Hilti Portugal. “Continuem a dignificar o nome da Hilti Portugal pela continuidade da filosofia que foi o modelo destes 16 anos e continuem a acreditar na empresa como uma oportunidade. Desejo toda a sorte às pessoas e à Hilti Portugal, porque é uma empresa que nunca vou esquecer e que me vai deixar recordações fantásticas e se me quiser dar um presente, que seja no futuro aquilo que é hoje. Obrigado a todos que me ajudaram, apoiaram e aconselharam ao longo destes 16 anos”, conclui Antonio Raab. ▪

O ÚLTIMO DIA

31 de dezembro de 2018 será o último dia de Antonio Raab como Diretor Geral da Hilti Portugal, data que já cria uma simbiose de sentimentos no nosso entrevistado. “Vou estar triste, naturalmente, pelas pessoas e pelo trabalho que foi sendo feito com resultados muito positivos, mas ao mesmo tempo feliz porque acredito que chegou o momento de dar um novo rosto, uma nova pessoa, no fundo uma pessoa mais jovem e que pode trazer mais dinamismos e novas ideias. Sou um homem feliz e concretizado porque acredito que fiz um trabalho executivo muito positivo e deixo um legado importante”, esclarece. Depois da Hilti Portugal, segue.se a Ursula Zindel-Hilti-Foundation no percurso de Antonio Raab, uma instituição de causas sociais e que tanto dizem ao nosso entrevistado. “Será mais um desafio na minha carreira. Tive este convite há dois anos por parte do dono da empresa, Michael Hilti, para trabalhar nesta instituição da irmã dele, que infelizmente faleceu em 2016 e será uma oportunidade excelente para desenvolver projetos na América Latina, direcionados para a área da saúde e para a responsabilidade social de retirar crianças com dificuldades económicas das ruas para as colocar em escolas sustentadas pela fundação. Sou um homem grato pela confiança depositada em mim e porque vou fazer um trabalho que muito me honra e satisfaz”.

NOVO ROSTO, MESMA FILOSOFIA

O próximo diretor geral da Hilti Portugal é Francesco Bandini, atualmente diretor de Vendas na Hilti Itália e Antonio Raab não tem dúvidas que o seu sucessor irá encontrar “uma marca forte e uma equipa fantástica. Gostava de ter encontrado a Hilti em 2002 como ele vai encontrar agora. A empresa está montada da forma correta, com as pessoas certas e motivadas e por isso tem tudo para dar certo. Nestes 16 anos fui eu, mas agora será a vez do Francesco Bandini, um talento da nossa empresa a quem desejo muita sorte e sucesso e tenho a

O QUE ELES DIZEM... RICARDO SANTOS HEAD OF FINANCE AND COSTUMER SERVICE “Refletir sobre o que escrever sobre o António Raab é fácil, já que é uma pessoa totalmente transparente e as palavras surgem naturalmente. A forma direta com que comunica, mas ao mesmo tempo com uma sensibilidade para as pessoas bem acima da média são características que o tornam a pessoa especial que é.” RITA VIEIRA MARKET REACH MANAGER “A Antonio Raab deixo um grande obrigada! Obrigada por todas as oportunidades e desafios que me permitiram crescer como profissional e pessoa. Obrigada pela sua atenção redobrada nas pessoas, no seu equilíbrio e bem-estar. Desejo-lhe os maiores sucessos no seu novo projeto na Ursula Zindel-Hilti Fundation, na certeza de que vai deixar uma marca extremamente positiva na vida de tantas pessoas e crianças pelo mundo.” BRUNO DUARTE TRADE MANAGER ME&IF “À pessoa que ao recrutar novos colaboradores valoriza sempre saber “O que é importante para si na sua vida?”, desejo uma nova missão cheia de significado. A etapa é nova e terá a ligação às pessoas como fio condutor da carreira do António. “ SUSANA GUIMARÃES CREDIT & COLLECTION CLERK “Obrigada pela dedicação, empenho e compromisso que sempre teve pela empresa e pelas pessoas. Desejo as maiores felicidades para o novo desafio.”

19 NOVEMBRO 2018

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que tem esta data de tão importante? Foi a primeira vez que o nosso entrevistado «vestiu a camisola» da Hilti. “Foi o meu primeiro dia na Hilti e lembro-me que tive uma panóplia de sentimentos e sensações. Inseguro e nervoso por um lado, mas ao mesmo tempo com uma certeza muito grande de ter entrado numa empresa de dimensão e prestígio, e não me enganei”, salienta o nosso entrevistado. Mas a aventura não haveria de cessar por aqui e Portugal cruzou-se no caminho de Antonio Raab. Depois de sete anos como diretor geral da Hilti Brasil, o nosso entrevistado teve uma proposta que se baseava em três opções: Singapura, Holanda e Portugal. “Não pensei duas vezes e decidi apostar em Portugal. Já conhecia o país, pois tinha visitado em 1992 e, portanto, foi uma decisão fácil de tomar para assumir a posição de Diretor Geral da Hilti Portugal no dia 1 de outubro de 2002”, salienta o nosso entrevistado, revelando que este dia fica também marcado pelo nascimento do seu filho Rafael. “É curioso de facto. No dia em que começava na Hilti Portugal o meu filho nasceu”, salienta satisfeito o nosso interlocutor. Mas, 16 anos depois da sua entrada para a Hilti Portugal, o que mudou na marca com a gestão do Homem e Líder, Antonio Raab? Pragmático e humilde, o nosso entrevistado cresceu muito como pessoa “pelas pessoas que sempre me rodearam e que foram fundamentais para o meu sucesso e da marca. Um líder tem de ficar do lado das pessoas, tem de as respeitar e ouvir e quero acreditar que alcancei isso ao longo destes anos”, assume. Quando Antonio Raab entrou na Hilti Portugal, em 2002, o setor da construção civil passou por uma pequena crise, cenário que criou maiores dificuldades na gestão do nosso entrevistado, mas que este, em conjunto com a equipa que o rodeava, soube ultrapassar. “Recuperámos dois anos depois, em 2004 e desde este ano, até 2008, obtivemos um recorde de vendas e em que crescemos também ao nível dos recursos humanos, pois passamos de cerca de cem colaboradores, para 190”, esclarece. Mas o verdadeiro «teste de fogo» haveria de surgir em 2008, ano em que o país começou a sua crise económica e que levou as empresas a promover um reajustamento e adaptação, mesmo ao nível de pessoas. Antonio Raab não tem pejo em revelar que este foi um dos momentos mais difíceis destes 16 anos. “Tivemos que reduzir pessoas e foi muito complicado porque gosto de contratar pessoas e não de dispensar”, assume, lembrando que nesse momento também se viu a grandeza e a forma de estar da Hilti Portugal no mercado. “Decidimos atuar de uma forma diferente e colocámos muitas pessoas em outros países, dando-lhes a oportunidade de fazer carreira internacional. Entre outras coisas que fomos obrigados a fazer, essa foi uma medida muito positiva e hoje, fruto dessa decisão, temos pessoas portuguesas em cargos superiores no seio do universo Hilti. Crescemos muito com essa crise e conseguimos ultrapassar essas dificuldades juntos. Só assim foi possível, unidos e a olhar para o futuro tendo sempre como «farol» a filosofia da Hilti e isso teve frutos em 2014, ano de enorme crescimento, e nos anos seguintes, e hoje podemos dizer que temos tido resultados extremamente positivos”. Defensor acérrimo da marca Hilti, Antonio Raab acredita que o seu sucesso se deve às pessoas e à forma como ele e a marca Hilti valorizam o capital


» CIBERSEGURANÇA

CIBERSEGURANÇA: “O RISCO CIBERNÉTICO EXISTE E CONTINUARÁ A EXISTIR DE FORMA EXPONENCIAL, FRUTO DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL” Miguel Gonçalves da Axians, fala sobre erros cometidos por empresas quando o tema é cibersegurança e explica de que forma podem ser corrigidos. A Axians é uma empresa dedica-se à consultoria de empresas, organizações governamentais e provedores de serviços, uma variedade única de soluções para projetar, implementar e operar sua infraestrutura de TIC.

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om a imensidão de informação sobre o uso devido das novas tecnologias outras dúvidas surgem no âmbito informático. O que é que as empresas ainda desconhecem sobre segurança da informação? As empresas ainda associam a segurança de informação como sendo um tema exclusivamente tecnológico. E fazem-no erradamente. O tema da segurança da informação é um tema que deverá ser assumido e mitigado de uma forma transversal por todas as áreas da organização. A escolha da melhor solução tecnológica deixou de ser um problema e, atualmente, os inúmeros fabricantes disponibilizam opções capazes e fiáveis onde a diferença entre elas, muitas vezes, se cinge a aspetos comerciais. Agora o que as empresas devem entender, em definitivo, é que este é um desafio de toda a organização e que deverá ser pensado estrategicamente em três dimensões: pessoas, processos e tecnologias.

PONTOS DE VISTA

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Enquanto parceiros de clientes, nesta temática da segurança da informação, quais são as principais falhas que as organizações cometem? As organizações e a sociedade em geral estão ainda numa fase muito reativa quanto à adoção e uso das novas tecnologias. Existem ainda imensas oportunidades de melhoria dentro das organizações, nomeadamente na redefinição de uma estratégia de sistemas de informação, que deverá contemplar duas vertentes distintas: a segurança da informação e a privacidade dos dados. Não basta orçamentar software e hardware de última geração se não forem desenvolvidas políticas, processos e procedimentos internos que garantam a correta adoção das soluções tecnológicas e o uso adequado dos dados e consequentemente da informação da organização. As organizações devem desenvolver programas de adoção que passem essencialmente pela mudança comportamental. Qual a importância de envolver os funcionários e de os sensibilizar de forma a mitigar o risco cibernético? Toda e qualquer organização depende dos seus funcionários. É, pois, por isso de extrema importância envolvê-los a todos, independentemente do seu papel na organização. Este é um tema que deve fazer parte dos planos de formação internos da organização. O risco cibernético existe e continuará a existir de forma exponencial, fruto da transformação digital (aumento da digitalização, IoT…). Naturalmente que, estatisticamente, perante um aumento de um determinado universo a probabilidade de risco

querem proteger. Depois, sim, deverá perceber-se como fazê-lo. Nesse aspeto temos tido um papel de extrema importância junto dos nossos parceiros.

MIGUEL GONÇALVES

Acima de tudo, as empresas devem conseguir perceber e entender que possuem dados e informação e que, muitas vezes, não protegem ambos ou que, em muitas situações, protegem erradamente um deles

no mesmo aumenta, e o risco cibernético não é exceção. Creio que a breve prazo vamos começar a ver as escolas, logo no ensino básico, a sensibilizar as nossas crianças para o tema, pois esta sensibilização está a acontecer a um ritmo demasiadamente lento, comparativamente ao ritmo da evolução tecnológica. Diria que a proteção da informação é uma prioridade para a maioria das empresas? Diria mais, a proteção dos dados. Não confundir, as organizações devem proteger a informação pois, em muitos dos casos, essa faz farte do core e da sua essência. Ou seja, são um dos ativos mais importantes. Acima de tudo, as empresas devem conseguir perceber e entender que possuem dados e informação e que, muitas vezes, não protegem ambos ou que, em muitas situações, protegem erradamente um deles. A prioridade deverá passar por perceberem o que

Alguns especialistas apontam o fator humano como a principal ameaça. Porquê? A utilização de soluções, baseadas em Inteligência Artificial, tornam cada vez mais essas soluções fiáveis e viáveis, não só porque os algoritmos são cada vez mais complexos, mas porque são cada vez mais autónomos na decisão. Significa, pois, que a variável que maior possibilidade tem de falhar atualmente na equação da segurança da informação nas organizações são as pessoas. Grande parte das falhas de segurança de informação identificadas têm como origem o fator humano. Aspetos tão simples como o envio de e-mails para destinatários errados, a perda ou extravio de pendrives, contendo informação empresarial e muitas vezes confidencial, ou o hábito ainda muito comum de abandonar o posto de trabalho sem bloquear o computador, são alguns dos inúmeros exemplos que ocorrem diariamente nas organizações e que revelam que existe ainda um trabalho que deverá ser feito a nível de consciencialização, formação e sensibilização junto dos funcionários das organizações. Poder-se-á considerar a segurança da informação como um acelerador de crescimento? Por que razão? Creio que começa a surgir uma alteração de mindset, muito associada a uma nova geração de gestores e a algumas alterações que estão a ser promovidas por entidades externas. Neste caso, a União Europeia tem desenvolvido e promovido ações que, na nossa opinião, são de louvar. Através de regulamentos, tais como o RGPD ou o ePrivacy, as entidades são “obrigadas” a tomar algumas medidas que vão promover o aumento da segurança e da privacidade, os quais, não obstante serem conceitos diferentes, andam muitas vezes de mão dada. A história diz-nos que grandes desafios provocam grandes alterações e é essa a nossa visão. Qualquer organização, que entre num processo de implementação de um programa de segurança de informação, vai obrigatoriamente promover a mudança, aumentar os níveis de capacidade e, consequentemente, acelerar o seu crescimento digital enquanto organização. Mas, ainda mais importante, esse crescimento digital vai promover um aumento de maturidade de todas as áreas da organização. Estamos certos que a transformação digital irá funcionar como catalisador para o crescimento da organização. ▪


"É COM ESTE ESPÍRITO IRREVERENTE QUE A SDO SE APRESENTA ATUALMENTE AOS SEUS CLIENTES: APOIAR A MUDANÇA A QUE CHAMAMOS EVOLUÇÃO COM UMA ABORDAGEM QUE INTEGRA A DIVERSIDADE DE GÉNERO, IDADES, E COMPETÊNCIAS, DE FORMA A RESPONDER À RAPIDEZ QUE O MERCADO E O MUNDO EXIGEM" PAULA OLIVEIRA, SÓCIA NA SDO CONSULTING E FUNDADORA DA UCALL


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“É NAS PESSOAS QUE ESTÁ A CAPACIDADE DE FAZER DIFERENTE” A SDO Consulting acredita no valor das pessoas e coloca a questão às empresas “como pode potenciar o seu capital humano”? Paula Oliveira, Sócia na SDO Consulting, fala-nos mais sobre a importância do capital humano nas organizações.

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aula Oliveira tem três filhos. Sim, é desta forma que queremos começar a contar a história desta mulher líder e empreendedora. Já vai perceber porquê. Paula Oliveira é sócia na SDO Consulting e fundadora da Ucall. É mulher, casada, tem três filhos e uma carreira profissional de sucesso que a obriga a viajar regularmente. “Tudo aconteceu de forma natural, não foi nada planeado”, começa por referir a nossa entrevistada. Nos dias de hoje, numa sociedade onde ainda se colocam limites às mulheres, numa sociedade com estereótipos e onde a desigualdade de género ainda é bastante proeminente, a questão natural seria: “como é que ela consegue conciliar a vida pessoal com a vida profissional?”. Licenciada em Gestão de Recursos Humanos e Psicologia do Trabalho, Paula Oliveira fala-nos do seu percurso e do seu cargo aliciante, mas bastante desafiante. A SDO Consulting está integrada num grupo que opera a nível nacional e internacional, um desafio que encara com entusiasmo apesar do esforço que exige pela constante conquista de parceiros, clientes e do mercado no geral. “Esse caminho da conquista é o que realmente me entusiasma, enquanto pessoa, e o que contribui para o crescimento consistente da empresa. Tratam-se de mercados diferentes, com culturas e contextos laborais diferentes que nos obrigam a um treino e adaptação constantes, tornando-nos em pessoas mais versáteis e ágeis na compreensão e execução de projetos”, afirma Paula Oliveira, adiantando que se trata de uma grande alavanca para perceber as pessoas e compreender o

que as motiva para darem o seu melhor. Quanto à questão colocada anteriormente, “é difícil conciliar a vida pessoal com a vida profissional”, Paula Oliveira diz-nos que nunca sabe responder bem a essa pergunta, porque é algo muito natural em si. “Nunca planeei como é que iria ser o meu percurso. Tenho três filhos que exigem bastante de mim, mas com foco e versatilidade conseguimos fazer o nosso caminho. Não sou aquela mãe que leva os filhos todos os dias à escola, mas também não sou aquela mãe que se culpabiliza por isso, não deve ser um remorso porque o que importa é estarmos lá quando eles realmente precisam de nós”, adianta a nossa entrevistada. Para Paula Oliveira, é tudo uma questão de conseguir fazer a gestão do equilíbrio entre estas duas esferas. “Entre a vida profissional e pessoal existem momentos em que temos de privilegiar o trabalho e outros em que temos de privilegiar a família. Para mim é importante envolver a família no que faço profissionalmente, para que eles percebam o porquê de passar tanto tempo fora de casa, mas também para celebrar as vitórias e as conquistas e partilhar os dias menos bons”, afirma.

MULHERES NA LIDERANÇA

Paula Oliveira conta-nos que teve a “sorte” de não ter sido discriminada pelo facto de ser mulher, no entanto é bastante solidária com a causa da desigualdade de género. “Não desprezo esta causa nem a sua importância. Falando no meu caso pessoal, sempre fui posta à prova em termos de resultados e de entrega, mas os

Nunca planeei como é que iria ser o meu percurso. Tenho três filhos que exigem bastante de mim, mas com foco e versatilidade conseguimos fazer o nosso caminho


PAULA OLIVEIRA

meus colegas homem também eram postos à prova. Não se tratava de uma questão de género, porém, para mostrar os mesmos resultados tinha de me esforçar mais por ter de gerir as várias vertentes da minha vida. Mas isso está relacionado com a minha escolha pessoal”, elucida-nos Paula Oliveira. Explica, ainda, que existe uma tendência para escolhermos pessoas que se pautam pelos mesmos valores que os nossos para trabalhar connosco. “Quando chegamos a uma posição com o privilégio para escolher a nossa equipa, tendemos a escolher pessoas com quem nos identificamos de alguma forma, sendo o género uma delas. Há estudos que indicam que os homens tendem a escolher mais homens para as suas equipas e as mulheres e a escolher mais mulher”, acrescenta a nossa entrevistada, rematando que no caso dos líderes, maioritariamente homens devido a toda uma história que carregamos, é lógico que a tendência seja um homem líder continuar a escolher um

homem, com o qual se identifica melhor. “Existe aqui uma curva muito natural, que não é propriamente discriminatória, que temos de saber inverter”.

“NÃO PODEMOS GENERALIZAR”

Paula Oliveira defende, ainda, que para esta causa da desigualdade de género falta uma maior cumplicidade e espírito de liderança entre as mulheres ao invés da competição. “O movimento deve ser mais coletivo e menos individualista para que consigamos ultrapassar estas questões relacionadas à liderança feminina”, diz-nos a nossa entrevistada, relembrando que é solidária com esta causa e prova disso é a SDO ser constituída, maioritariamente, por mulheres. “É por este caminho que devemos seguir. Temos de dar oportunidades às pessoas e perceber que essas mulheres, eventualmente, irão ter filhos, licenças de parto e reuniões de escola, mas que isso não afetará o comprometimento com a empresa e com o trabalho nem as

tornará menos capazes ou focadas. Antes pelo contrário, a garra feminina faz falta nas equipas de liderança das empresas”, acrescenta Paula Oliveira. Quanto aos estilos de liderança entre homens e mulheres, Paula Oliveira defende que as mesmas não são opostas. “Depende das pessoas, não podemos generalizar nem gosto de generalizar”, afirma. De acordo com a sua experiência profissional, em termos de contacto com equipas de gestão, Paula Oliveira entende que mulheres e homens têm características comuns, independentemente do género, às pessoas que chegam a cargos de liderança. “São pessoas focadas, competitivas e inteligentes. Estas são características que identifico tanto em homens como em mulheres, pelo que a genialidade não está relacionada com o género”, diz-nos. O que tem acontecido é que as mulheres não têm tido oportunidade de mostrar estas características e é por aqui que temos de abrir

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QUEM É

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Quando chegamos a uma posição com o privilégio para escolher a nossa equipa, tendemos a escolher pessoas com quem nos identificamos de alguma forma, sendo o género uma delas. Há estudos que indicam que os homens tendem a escolher mais homens para as suas equipas e as mulheres e a escolher mais mulher

um caminho. “Não defendo a teoria de que as mulheres são mais inteligentes ou capazes de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, apesar de a nossa natureza ser essa. Mas entendo que estas características não estão no género, mas sim na personalidade das pessoas”, adianta Paula Oliveira, referindo que concorda que faz falta um olhar feminino na equipas de gestão pela diversidade que é necessária para tomarmos uma decisão. “Quanto mais diversidade existir, quer seja de género, quer seja de cultura, de raça ou de idades, mais diferenças existem para debater, acrescentando valor às tomadas de decisão. É importante sim a inclusão de mulheres nestas equipas pelo lado da diversidade”.

COMO POTENCIAR O CAPITAL HUMANO NAS EMPRESAS?

A abordagem da SDO Consulting passa pela promoção do desenvolvimento organizacional e gestão dos seus recursos humanos. Podemos afirmar que hoje um dos maiores desafios das empresas é a retenção e gestão de talentos? Paula Oliveira responde que sim. Gerir as pessoas é o grande desafio atual e dos próximos anos. “Toda a evolução e revolução que está a acontecer a nível tecnológico, económico e social imprime um ritmo incomum às empresas. A tecnologia traz esse ritmo acelerado para chegar a melhores resultado e mais ambiciosos”, explica-nos. Realça que a competitividade já não é local, mas sim global e que as práticas são partilhadas pelo mundo através de uma comunicação mais abrangente e transparente, o que faz com que a diferença resida cada vez mais nas pessoas. “É nas pessoas que está a capacidade de fazer diferente. E é aqui que está o grande desafio: atrair pessoas com capacidades de resiliência e de adaptação a esta constante evolução tecnológica, e com ideias visionárias”, afirma Paula Oliveira. “É com este espírito irreverente que a SDO se apresenta atualmente aos seus clientes: apoiar a mudança a que chamamos Evolução com uma abordagem que integra a diversidade de género, idades, e competências, de forma a responder à rapidez que o mercado e o mundo exigem. Conciliar 28 anos de história com visão de futuro, aliar sabedoria à criatividade e a tecnologia ao know-how, é o nosso dia a dia.” ▪

Licenciada em Gestão de Recursos Humanos e Psicologia do Trabalho, começou o seu percurso profissional como técnica de Recursos Humanos. Fez todo um percurso natural, ascendendo a Consultora Júnior e posteriormente a Consultora, Consultora Sénior, Gestora de Projeto e Líder dessa mesma empresa de Recursos Humanos. Quando era sócia de uma empresa de Consultoria, Paula Oliveira foi convidada para ingressar na multinacional Coca-Cola como Diretora de Recursos Humanos Corporate Affairs, durante cinco anos. Aqui é convidada para fazer parte da equipa do Conselho de Administração do Grupo Espírito Santo, assumindo os dois pelouros de Relações Institucionais e Recursos Humanos. Chegou ao topo da carreira com muito foco e trabalho, independentemente do seu género. É aqui que é lançado o desafio a Paula Oliveira de criar o seu próprio negócio. Enquanto pessoa com ideias sempre diferentes e inovadoras, e com o espírito empreendedor, Paula Oliveira faz nascer a UCall, um Call Center de domínio no metier angolano, onde as pessoas “são a sua maior fonte de orgulho”. A UCall é um espaço único de desenvolvimento e crescimento, pessoal e profissional, onde formam e apostam na sua equipa, como o coração das suas operações. “Fazia todo o sentido para mim enveredar numa carreira onde pudesse decidir o futuro e o percurso da empresa, bem como pôr em prática as minhas ideias". Entretanto, surge a SDO Consulting em Portugal e Paula Oliveira decide voltar a Portugal, com outro prisma, e mergulhar nesta aventura enquanto sócia.


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OPINIÃO DE ISABEL FARIA, CEO E FUNDADORA DA OLIVEEMOTION

NESTA HISTÓRIA VAMOS FALAR-VOS DE EMOÇÕES... MAIS CONCRETAMENTE DA EMOÇÃO DO AZEITE... Esta é a história da OliveEmotion que recentemente ganhou vida como uma marca de azeite premium e que convida à descoberta de emoções, para quem gosta de novas experiências, de arriscar sabores invulgares, partilhar o inesquecível à mesa e colocar as emoções à prova.

É QUE QUANDO UM PORTUGUÊS CRIA ALGO, PÕE TODA A EMOÇÃO NO MOMENTO! FOI ISSO QUE ACONTECEU AO CRIARMOS A MARCA OLIVEEMOTION

A marca quer apostar num modelo de consumo diferenciado que combine azeite a cru com outros ingredientes. A OliveEmotion promove a partilha com família e amigos, unindo uma imagem contemporânea com um forte enfoque nas plataformas digitais, para um mercado nacional e internacional. Está presente no Facebook, Instagram e LinkedIn, não faltando o canal no Youtube.

A IMPORTÂNCIA DO AZEITE E DOS SEUS BENEFÍCIOS

O azeite deixou de ser apenas um alimento utilizado só na cozinha para passar a ser visto também como um “produto na moda”, associado a um estilo de vida mais saudável. A difusão dos resultados científicos relativos aos inúmeros benefícios do azeite para a saúde, bem como as inúmeras campanhas promocionais levadas a cabo, quer pela União Europeia, quer pelo Conselho Oleícola Internacional também contribuíram para a sua ascensão. O consumo de azeite de forma diária contribui para um coração saudável ajudando a diminuir a tensão arterial, o risco de Ataque cardíaco, o risco de diabetes tipo 2 e reduz o risco de alguns tipos de cancro. Representa assim um alimento indispensável no combate de doenças como os diabetes, obesidade, colesterol, doenças cardiovasculares, depressão, osteoporose entre outras. Nos últimos anos o mercado tem feito uma maior aposta no marketing com um posicionamento mais alto mas ainda falta fazer muito trabalho no que toca à promoção da sua qualidade e da capacidade de inovar do que se faz em Portugal. É esse o objetivo da OliveEmotion, o de promover um azeite de qualidade de Por-

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tugal com uma imagem mais contemporânea e apostando em utilizações invulgares de forma saudável e criativa. A OliveEmotion descobriu o pulso da terra , e engarrafou o vento que beija as nossas oliveiras. Deixou cair preconceitos e misturou as melhores variedades para oferecer todo o prazer do sabor. Seria egoísmo puro ficar com um segredo destes. Este é um segredo para quem gosta de novas experiências, arriscar sabores invulgares, partilhar o inesquecível à mesa, pôr as emoções à prova. E quem prova com o coração descobre.

Descobre a OliveEmotion

www.oliveemotion.com

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or detrás da criação da OliveEmotion está a empreendedora Isabel Faria, que descobriu cedo a paixão pelo azeite que a levou à concretização deste sonho. “Uma das memórias que tenho mais presente em mim é o do pão com azeite que a minha avó tanto gostava de comer. Ainda hoje é das coisas que me dá mais prazer comer”. E continua, “quis criar uma marca que fosse diferente no mercado, que apelasse ao entusiasmo pela descoberta do azeite e dos seus benefícios, a um desejo pela Dádiva dos Deuses, a uma inspiração numa viagem à nossa gastronomia, à atração por combinações invulgares com azeite e à paixão pelas tradições de Portugal”. – refere a empreendedora. “É que ao descobrir o azeite ficamos inspirados com tanto potencial que está por ser explorado e ficamos tão entusiasmados que queremos quebrar padrões antigos e partilhar novas e criativas utilizações do Azeite". A Dieta Mediterrânea está repleta de exemplos onde o azeite é um ingrediente chave na preparação e finalização de pratos ou simplesmente como entrada de degustação com pão, uma flor do sal, umas ervas aromáticas. E ainda temos o potencial de explorar sobremesas em que o azeite pode ser usado de uma forma inovadora com um sorbet, com uma laranja ou chocolate. “Podemos desta forma despoletar muitas emoções. E temos que cada vez mais de valorizar o azeite pela riqueza que acrescenta aos pratos e pela importância como parte de uma alimentação saudável e completa". Quando falamos do azeite OliveEmotion falamos num azeite de qualidade superior feito essencialmente com variedades portuguesas, Cordovil, Cobrançosa e Galega e uma acidez abaixo de 0.2%. É um azeite caracterizado por ser um frutado médio de azeitonas verdes, complexo, muito fresco e equilibrado. É produzido na região do Alentejo por portugueses que colocam toda a emoção no momento.


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“A DIVERSIDADE É ESSENCIAL PARA RESPONDER À SOCIEDADE QUE SERVIMOS" Sylvia Lin, Diretora Geral da Sanofi Pasteur, está em Portugal há dois anos. Americanoasiática e casada com um português, Sylvia Lin concedeu-nos esta entrevista para falar da unidade de negócio de vacinas da Sanofi e dos desafios enfrentados pelas mulheres que ocupam cargos de liderança.

FOTO: DIANA QUINTELA

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seguir de acordo com as necessidades e desaylvia Lin é Diretora Geral da Sanofi fios desta área? Pasteur Portugal, a unidade de negóA nossa companhia tem um legado de mais de cio de vacinas da Sanofi, há dois anos. cem anos dedicados à investigação e à produComo encarou este desafio? ção de vacinas. Desde sempre atuamos na área Em Janeiro de 2017 foi criada a unidade de da prevenção, pois acreditamos num mundo vacinas da Sanofi Pasteur, no seguimento do onde nenhuma pessoa sofra ou perca a vida fim da joint-venture com a MSD. Mas, a Pasteur por doenças preveníveis pela vacinação. já tem um histórico de liderança em Portugal, Em linha com a prevenção, a nossa estratégia pelas suas vacinas inovadoras e também pelo e prioridades incluem o compromisso contíseu portefólio de vacinas que são a base do pronuo de sensibilizar, de impulsionar e grama nacional de vacinação. melhorar o conhecimento sobre Somos reconhecidos pela nossa a importância e a ciência parceria e compromisso com da vacinação, em criana saúde pública. Não conseguimos ças e adultos, e de traAssim, foi com muito balhar junto com os orgulho que encarei atingir a igualdade nossos parceiros, com este desafio e é para de oportunidades sem termos o governo e as automim um privilégio equidade. Existem questões ridades para melhoassumir esta posição estruturais e sistemáticas rar a saúde pública em Portugal. Mas, e a sustentabilidade como acontece com que temos de resolver da sociedade. quase todos os gesenquanto sociedade para A somar a esta estratores que assumem garantirmos a tégia, está também posições de liderança igualdade de género o trabalho de garannuma empresa nova tir que os portugueses ou num país diferente, eu têm acesso às vacinas também enfrentei e ainda necessárias e mais eficazes a enfrento alguns desafios. O curto-prazo e também de uma meu primeiro desafio foi conhecer maneira sustentável a longo-prazo. Para bem o mercado português e a equipa. isso, muitas pessoas, grupos e instituições têm Inicialmente, dediquei muito tempo a estudar de ser envolvidos. o mercado, todos os seus intervenientes e parA vacinação é muito mais que uma medida ticularidades. de prevenção eficaz para reduzir a doença e a Felizmente posso dizer que assumi este commortalidade, podendo ser usada como estratépromisso com uma equipa fantástica que me gia para promover a igualdade e a equidade na tem apoiado desde o início. Tive a sorte de ter, prestação de cuidados de saúde. desde há dois anos, uma equipa com imensa experiência e conhecimento. Juntos, temos trabalhado para ultrapassar todos os desafios, para Sente que é necessário apostar fortemente na antecipar e fazer crescer a companhia. divulgação de informação e consciencialização para o valor inestimável das vacinas e para o seu É, portanto, responsável pela coordenação e contributo para a saúde pública? desenvolvimento do negócio das vacinas em É essencial apostar na comunicação e na sensibiPortugal. Qual será, doravante, a estratégia a lização sobre o valor da vacinação; acredito é que


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ainda temos de ser mais específicos e concretos. O contributo da vacinação para a saúde pública é indiscutível quando olhamos para os dados e para a ciência. Com a exceção da disponibilização da água potável, a vacinação é das melhores medidas de prevenção de doenças transmissíveis: reduz a mortalidade e promove a saúde e o crescimento da população em todo o mundo. A vacinação tem benefícios individuais e coletivos, na medida em que ao vacinarmos uma pessoa contribuímos para a sua proteção pessoal, mas também para promover a proteção de outros indivíduos não vacinados, o que chamamos de “proteção de grupo”. Todos os intervenientes na área da saúde pública têm o compromisso e a responsabilidade de informar e de transmitir às pessoas que a prevenção através da vacinação é essencial. Isto inclui também a responsabilidade de desmistificarmos factos e argumentos que não são fundamentados pela ciência e pela evidência. Adicionalmente, é muito importante irmos além do valor de saúde pública. Há informação relevante que demonstra os benefícios sociais e económicos da vacinação. A vacinação contra a gripe é um bom exemplo disso. Em média, ocorrem entre 3 000 a 4 500 mortes por ano em Portugal relacionadas com a gripe. Este é uma realidade devastadora, particularmente se pensarmos que é um número exponencialmente mais elevado do que o número de mortes que ocorrem devido a acidentes de automóvel todos os anos. Se analisarmos os últimos dados, observamos que morreram cerca de 500 pessoas por acidentes rodoviários em 2017. E no período gripal 2017/2018, morreram 4 500 pessoas em Portugal por causas relacionadas com a gripe. A vacinação pode reduzir a mortalidade devido a esta causa especialmente nos grupos de risco. É um facto, que a vacina da gripe reduz o risco de desenvolvimento de complicações graves relacionadas com a gripe que muitas vezes conduzem à morte. Aqui, temos um impacto claro e direto na saúde pública. Associado a este, temos o peso económico que a gripe causa anualmente, resultado de hospitalizações, tratamentos, dias de abstenção laboral, quer para a pessoa que fica doente, quer para o cuidador. Existem custos sociais e económicos claros e elevados que resultam da época gripal e que poderiam ser minimizados se existisse um maior conhecimento quanto à importância da vacinação anual contra a gripe. Há cada vez mais mulheres em cargos de liderança. No entanto, mesmo com o crescimento do número de mulheres em cargos de chefia ainda temos um longo caminho a percorrer para assegurar a “igualdade de oportunidades” de género nas organizações. Concorda? Concordo em absoluto que existe um número crescente de mulheres a assumir cargos de liderança, o que é uma tendência muito positiva, e posso afirmar que a Sanofi em Portugal é disso um exemplo, com um Comité Executivo onde mais de 75% são mulheres. Mas, Portugal é também um excelente exemplo de um país que realmente permite que isto aconteça. No entanto, ainda temos um caminho a percorrer, pois não é suficiente que apenas haja mulheres em cargos de liderança. Devemos falar em igualdade mas também em equidade e equilíbrio. Em primeiro lugar, a presença de mulheres em cargos de liderança varia muito consoante os setores. No setor da saúde, as mulheres predominam em muitas profissões. Contudo, seria interessante analisar as diferenças no acesso a posições de liderança nas diversas

áreas de atividade: media, tecnologia, infraestruturas, finanças, engenharias... Em segundo lugar, é importante que sejam feitas as mesmas exigências às mulheres em cargos de liderança mas que também lhe sejam dadas as mesmas oportunidades que aos homens, incluindo espaço e oportunidade para correr riscos, oportunidade de desenvolvimento profissional, compensação equitativa, entre outros. Em terceiro lugar, temos de garantir que os jovens talentos, mulheres e homens, são continuamente desenvolvidos dentro das organizações e que existem planos de sucessão baseados em competências, independentemente do género. No fundo, temos de garantir que conseguimos criar uma pool de talento feminino e lide-

QUEM É

SYLVIA LIN Mãe de dois filhos, Sylvia Lin que já passou pelos EUA, pelo México, Colômbia e Brasil, confessa que sem apoio teria sido um percurso difícil, aliás, “para qualquer mulher o é se não tiver uma rede de apoio à sua volta”. Para mulheres com uma carreira profissional, conciliar a vida pessoal, casamento ou filhos ainda é um desafio. “No meu caso, que sou mulher, jovem e estrangeira, tive a sorte de Portugal ser um país bastante recetivo. Passei por outros países antes de chegar à Sanofi Pasteur Portugal, por isso posso tomar como exemplo diferentes realidades”, ressalta Sylvia Lin. Sylvia Lin confessa que não encontrou uma barreira pelo facto de ser mulher, mas outros fatores levaram o seu tempo a consolidar por ser uma mulher jovem e estrangeira a ocupar um cargo de direção num mercado que não era ainda a sua zona de conforto. “Chegar a uma empresa nova, num país novo é normal que cause dúvidas nas pessoas, por isso temos de saber ouvir e compreender para, pouco a pouco, explorar e conhecer a realidade”, diz-nos Sylvia Lin. E conclui: “Temos de conhecer o mercado, a empresa, os métodos de trabalho, bem como as pessoas, e ter uma mentalidade aberta para absorver uma nova realidade. Isto acontece em qualquer setor e em qualquer país, pois de país para país a cultura é diferente e temos de nos saber adaptar”.

rança transversal a todas as indústrias, assegurar que todos têm acesso às mesmas oportunidades e trabalhar no seu desenvolvimento e retenção. O que me leva ao meu último ponto, que é a equidade de género. Não conseguimos atingir a igualdade de oportunidades sem termos equidade. Existem questões estruturais e sistemáticas que temos de resolver enquanto sociedade para garantirmos a igualdade de género. Alguns dos meus artigos favoritos sobre este tópico são de Anne-Marie Slaughter, CEO de um think tank e Professora na Universidade de Princeton, e anterior responsável de Planeamento de Políticas do Departamento de Estado dos EUA. Na raiz da questão está o desafio de, enquanto sociedade, pensarmos nos papéis do género e no impacto que eles têm em casa e no trabalho. Só quando avançarmos na modernização do pensamento em relação a estes papéis, estaremos mais perto de atingir a igualdade e a equidade de género. Que desafios enfrentam, ainda, as mulheres que ocupam cargos de chefia? No seguimento do que já mencionei, é um facto que existe uma batalha de longa data entre as mulheres serem tratadas de forma igualitária e o equilíbrio entre a vida profissional/pessoal. Apesar de haver um número crescente de mulheres em posições de liderança, as mulheres continuam a acumular a função de cuidadoras da casa e o papel de mães, muitas vezes em exclusivo. Adicionalmente, como muitos líderes seniores continuam a ser homens, é um grande desafio encontrar mentores e criar redes que facilitem os contactos e as relações entre mulheres líderes. A desigualdade de género, em múltiplos domínios, é uma realidade bem presente. Durante o seu percurso profissional foram-lhe colocados entraves pelo facto de ser mulher? Eu diria que o contexto de hoje é muito diferente (e melhor) do que quando comecei a trabalhar há 20 anos. Ao longo da minha carreira deparei-me com inúmeros desafios por ser mulher e por ser americana-asiática. Estes dois elementos em determinadas regiões, como por exemplo, na América Latina, e mesmo na Europa, incluindo Portugal, contribuíram para por vezes ser olhada de maneira diferente. Durante a minha carreira, sempre senti orgulho nesta diferença, mas, ao mesmo tempo, sempre me esforcei ao máximo e fui muito focalizada nos meus objetivos, procurando responder aos desafios com bons resultados. Esta atitude fez com que ao longo do tempo eu fosse vista como um par, um colega, um membro da equipa, e um líder, que por acaso traz também todo o valor de ser uma mulher americana-asiática. Uma das grandes riquezas e beleza do mundo é a sua diversidade a todos os níveis mas, dentro dessa diversidade, ainda urge trabalhar a igualdade e a equidade de uma forma muito mais transversal e abrangente enquanto sociedade universal. Todas as formas de diversidade, de género, raça, orientação sexual, idade, ou qualquer handicap, devem ser respeitadas e valorizadas. Vivemos num mundo incrivelmente diverso e devemos saber refletir e aproveitar essa riqueza da diversidade da população, caso contrário perderemos oportunidades na pool de talento e não conseguiremos compreender verdadeiramente as necessidades da população diversa que servimos. Este é um ponto essencial que a sociedade e as empresas têm de trabalhar para que todos ganhem ao nível da representação global dessa diversidade, homens e mulheres. ▪


FOTO: DIANA QUINTELA

Concordo em absoluto que existe um número crescente de mulheres a assumir cargos de liderança, o que é uma tendência muito positiva, e posso afirmar que a Sanofi em Portugal é disso um exemplo, com um Comité Executivo onde mais de 75% são mulheres

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DHC FOOD EXPERIENCE SELECIONA PRODUTOS QUE PODE TER À MESA

Ana Paula Teixeira, jovem e ainda com pouca experiência fundou a DHC em 1997. Formou-se em Relações Internacionais, tinha o objetivo de dar aulas, fez investigação e participou numa publicação de uma editora. Adorava o que fazia. Porém, numa época de férias propôs-se a ajudar na empresa do pai, despachante. Estava feito o primeiro contacto com a área alimentar. De lá nunca mais saiu. Conheça a sua história e a de uma empresa responsável por produtos que muitos portugueses elegem na sua alimentação. ANA PAULA TEIXEIRA

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paixão por produtos alimentares inovadores e pelas relações interpessoais, bem como a sua ambição, motivaram Ana Paula Teixeira a lançar-se neste projeto. No início, o ser jovem e mulher foi muitas vezes encarado como vulnerabilidade, quando chegava a hora de se afirmar como empresária. Porém, conta que manteve sempre presente que seria o seu profissionalismo, honestidade e humildade a falar por si. E assim foi. Diz que felizmente o mercado mudou e que as mentalidades, na maioria dos casos, também.

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DHC FOOD EXPERIENCE

“Ser mulher e uma jovem empresária em 1997 foi muito desafiante”

Os produtos da DHC Food Experience têm em comum o fato de o frio positivo ser o seu principal meio de conservação. A empresa seleciona e coloca no mercado aqueles que considera serem os melhores produtos refrigerados nas respetivas categorias em que se posiciona. Podemos encontrar no portefólio da empresa, produtos com mais de 20 marcas, entre elas Pasta do Dia, Soloitália, Martiko e Tulip. Em 2013, já com16 anos de experiência no mercado, a oportunidade surgiu e a DHC lançou a sua marca própria PASTA DO DIA na cate-

goria de Massas Frescas. A marca tem-se vindo a afirmar no mercado e a ganhar a confiança dos consumidores e já conta com dez referências. No próximo mês a décima primeira juntar-se-á à família. Ana Paula fala-nos que para que a empresa hoje possa ter solidez e reconhecimento no mercado, foi preciso ter muito otimismo, confiança e resiliência para ultrapassar os obstáculos, que foram surgindo ao longo dos anos, nomeadamente no período da crise económica. Características que continua a ter e que considera fundamentais para continuar neste seu percurso. As pessoas importam para a empresária. Considera que os colaboradores são o maior património de uma empresa. Que para haver sucesso é essencial ter, em simultâneo ambição e humildade: “Quem não é humilde não aprende e não evolui”, afirma. Gerir pessoas considera ter sido uma das suas funções mais difíceis de desempenhar, mas hoje Ana Paula garante não o ser mais devido à aprendizagem adquirida ao longo dos tempos e que agora se traduz em tranquilidade. “Sou mais seletiva e assertiva, tenho pessoas em que posso confiar e delegar embora continue


“NÃO VENDO O QUE NUNCA COMPRARIA”

É sob esta máxima que a empresária faz negócios. Para saber se um produto tem o nível de qualidade e garantia da qual não prescindem, começam por aceitar apenas parceiros produtores que sejam certificados ao mais alto nível, com Certificação Internacional IFS- International Fea-

tured Standards e/ou BRC - British Retail Consortium. No processo de seleção de produtos, para além das tendências, são tidas ainda em conta visitas regulares às fábricas com quem trabalham, ou que podem vir a trabalhar, o acompanhamento constante de outros mercados e as visitas regulares às feiras Internacionais. A DHC procura ser também uma solução para os clientes na Área da Alimentação Saudável, contando com diversos produtos transversalmente em todas as categorias em que se posiciona com os designados Free From (sem Gluten e sem Lactose), Lights (Baixo teor de sal, gordura, açucar), Vegetarianos, Vegan e Orgânicos (Bio), todos eles com tendência num forte crescimento.

PARCEIROS CERTOS, FATOR DETERMINANTE PARA O SUCESSO

Desde 1997 que a mudança acontece a toda a hora com todas as exigências naturais de um mercado muito dinâmico e em constante evolução. “Os nossos clientes nomeadamente da distribuição são muito profissionais, é um privilégio trabalhar com equipas tão bem prepara-

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das, mas isso também acarreta os seus desafios e responsabilidades. Para se estar à altura, é fundamental trabalhar só com equipas e parceiros de excelência e ter os mais eficazes sistemas de informação. O nosso papel é gerar valor para os nossos clientes e consequentemente para o consumidor. Nos dias de hoje, não basta ter um bom produto, é determinante ser capaz de o colocar no mercado a um preço ao qual o mesmo está disposto a pagar. É indispensável ter uma estrutura otimizada e conseguir economias de escala em toda a cadeia para que o produto seja colocado no mercado a um preço competitivo”. Já em 2019 a DHC promete lançar novos produtos, todos eles com a excelência pela qual se pauta e de acordo com aquilo que mais importa à sua fundadora: gerar satisfação ao consumidor através da qualidade, diferenciação e inovação. ▪

NOVEMBRO 2018

a estar muito presente na área comercial por gostar do contato com clientes e fabricantes e por considerar esse contato direto muito importante”. Considera que recrutar novos elementos nem sempre é tarefa fácil. Devido à forte cultura organizacional assente em valores enraizados como humildade, honestidade, foco, produtividade e a máxima orientação para a satisfação cliente, a nossa entrevistada confessa que a sua maior dificuldade é encontrar pessoas que se adaptem a esta filosofia da qual nunca prescindirá e que ainda tenham as competências necessárias, como sejam, sentido de responsabilidade e autonomia, rigor, disciplina, proatividade, reatividade e elevados níveis de produtividade.

“Para se estar à altura, é fundamental trabalhar só com equipas e parceiros de excelência e ter os mais eficazes sistemas de informação”


"Quem não é humilde não aprende e não evolui”


COSMÉTICA SUSTENTÁVEL

Já ouviu falar de champôs sólidos? O mais recém lançamento da Lush dá destaque aos champôs sólidos, que não são novidade para a marca mas que já os produz há largos anos. A proposta da britânica Lush, a cinge-se aos produtos de higiene e beleza e passa por preferir os produtos mais naturais e por tudo a nu, ou seja sem embalagens. Com óleos essenciais e ingredientes naturais, totalmente livres de crueldade animal, a novidade resume-se a seis champôs que devem ser passados nas mãos, no duche, até criar alguma espuma (não espere muita, já que é a presença de químicos nos tradicionais champôs que mais espuma produzem) ou esfregue-o diretamente na cabeça. O bem é feito não só ao planeta, já que a cada champô sólido evita o gasto de três embalagens de plástico, mas ao seu próprio cabelo, que irá ganhar um aspeto mais brilhante e natural graças à falta de químicos e aposta nos produtos mais naturais, garante a Lush. Os produtos já se encontram à venda na loja online e nos espaços da marca que em Portugal se encontram no shopping das Amoreiras e Oeiras Parque, pelo preço de 10,95€ a unidade. Conheça-os na fotogaleria.

DESCOBERTA INCRÍVEL

Chilenos criam sacos plásticos solúveis em água e que não poluem Roberto Astete e Cristian Olivares, os dois artífices deste produto, começaram por fazer experimentos para fabricar um detergente biodegradável, mas acabaram por encontrar a fórmula química à base de PVA (álcool polivinílico, solúvel em água) e que substitui os derivados do petróleo, responsáveis pela alta durabilidade dos plásticos que se integrou à cadeia alimentar de animais marinhos e responsáveis pela deterioração do meio ambiente. “A grande diferença entre o plástico tradicional e o nosso é que aquele vai estar entre 150 e até 500 anos no meio ambiente e o nosso demora apenas cinco minutos. Decidimos quando o destruir”, afirma Astete, antes de acrescentar que “hoje em dia a máquina recicladora pode ser uma panela de casa ou a máquina de lavar”. Outra vantagem dos sacos é que são antiasfixia, uma causa importante de mortalidade infantil, pois se dissolve em contato com a língua ou as lágrimas. Com a produção maciça, que pode ser feita nas mesmas empresas que fabricam os plásticos convencionais – basta apenas alterar a fórmula -, o preço de seus produtos pode ser similar ao dos atuais, garantem.

O CONSULTÓRIO DAS PERGUNTAS DIFÍCEIS – CLÍNICA LIBERTY SOLUÇÃO INCLUÍDA

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PORQUE PARECE SER TÃO COMPLICADO SENTIRMO-NOS BEM NA NOSSA PELE? “Sentir-se bem na própria pele” transformou-se num objetivo comum a muitas pessoas e deu lugar a inúmeras opiniões e estratégias publicadas nas redes sociais, blogues, livros de autoajuda e programas de televisão. Nunca como hoje foram oferecidas tantas soluções para atingir este estado de graça e nunca como hoje parece ser tão complicado perceber que decisões devemos tomar para o atingir.

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bom começar por entender aquilo que para nós significa “sentir-se bem na própria pele”. Pode ser por exemplo conseguir manter uma determinada atitude resolutiva perante os obstáculos da vida; manter relações equilibradas com as pessoas que são importantes para nós; conseguir o emprego que realmente nos potencia; ou conseguir uma aparência que revela a nossa verdadeira beleza interior. Quando conseguimos identificar o que num determinado momento da nossa vida é importante para nos sentirmos bem connosco próprios, temos o nosso objetivo identificado - é o primeiro passo. O segundo passo passa por perceber quais são as opções que temos disponíveis para o atingir e conciliar essas opções com os nossos próprios valores - e é nesse equilíbrio que a decisão mais indicada para nós se revela. Por exemplo: se o que é mais importante para si neste momento é encontrar uma forma de aliviar as marcas da passagem do tempo no seu rosto, então o passo seguinte é perceber quais são as opções que tem disponíveis na oferta do mercado. Este é o segundo passo: listar as alternativas que lhe são oferecidas para ir de encontro ao seu objetivo. Verá que neste caso particular, a oferta é imensa, e cobre um espectro que vai desde tratamentos de biotecnologia à base de ingredientes totalmente naturais - até à intervenção cirúrgica, mais invasiva mas com resultados mais visíveis num curto espaço de tempo. O terceiro passo passa por conciliar os seus valores pessoais com as alternativas que tem no seu elenco de opções. Continuando com o mesmo exemplo prático: se deseja amenizar as rugas do rosto e é importante para si fazê-lo da forma menos invasiva possível, então tratamentos à base de ingredientes naturais (séruns de biotecnologia ou peelings com vitaminas para hidratar a pele profundamente) são boas opções. Se por outro lado, o que procura são resultados mais rápidos, independentemente de isso implicar um ato mais invasivo para o seu rosto, então as injeções de ácido hialurónico ou os liftings faciais podem ser mais indicados para o seu objetivo. Este passo é muito importante e deve estar claramente definido por si antes de avançar para o passo seguinte: é ele que lhe vai dar confian-

ça para realizar o tratamento e sentir-se bem com os resultados, independentemente de serem mais ou menos rápidos. O quarto passo é a procura das pessoas certas para conseguir cumprir o seu objetivo. E a identificação das pessoas certas passa pela validação de dois fatores essenciais: o conhecimento e know-how da pessoa (ela tem um conhecimento profundo do tema e sabe o que deve fazer?) e a própria missão com que essa pessoa desempenha a sua atividade profissional (se quiser, os seus valores). Também este passo é importante para ter confiança no tratamento que escolher e sentir-se bem com a sua decisão. O quinto passo passa por - com a ajuda e o conhecimento do profissional identificado - conseguir conhecer em profundidade as suas próprias características: neste caso prático, o seu tipo de pele, a tipologia de rugas que existem no seu rosto, a sua idade, a forma como o seu estilo de vida influencia a qualidade da sua pele. Ou seja: entender que o seu caso é e será sempre único e aconselhar-se com os profissionais competentes sobre a melhor forma de ser eficaz nos objetivos que pretende. Verá que, organizando o seu processo de decisão por etapas, a sua decisão será mais informada, consciente, confiante e dará um contributo valioso para essa enorme e bela tarefa de “sentir-se bem na sua pele”. ▪

33 NOVEMBRO 2018

BREVES BREVES


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

DE GUIMARÃES PARA O MUNDO A Vidraria Taipas conta já com a segunda geração no comando do seu destino. Desta feita, conta com uma mulher, Ana Silva, que, sem medos e convicta das potencialidades das mulheres, afirma que “devemos assumir-nos como profissionais, independentemente do género”.

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PONTOS DE VISTA NO FEMININO

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á 40 anos no mercado, a Vidraria Taipas estava, inicialmente, muito centrada na construção civil. Em 2007, a estratégia comercial foi alterada atempadamente e hoje apresenta-se no mercado de uma forma vanguardista, dividindo os nichos de mercado onde atua. Logo depois da alteração da estratégia da empresa o país começa a atravessar uma profunda crise na construção, estando a Vidraria Taipas salvaguardada por ter expandido o negócio a outras áreas e por se pautar sempre pela inovação. Essa mentalidade é notória quando verificamos que foi uma das primeiras empresas a nível nacional na produção de vidro duplo. Atualmente, e seguindo este mesmo paradigma, a Vidraria Taipas tem vindo a destacar-se pela aposta em produtos diferenciadores que rompem, assim, o conceito das vidrarias direcionadas apenas para a construção, como é o caso do Vidro Laminado Decorativo. O Vidro Laminado Decorativo é uma variante otimizada do Vidro Laminado normal. No Vidro Laminado Decorativo a película de segurança que intercala os dois vidros é peculiar, podendo assim ser configurada com qualquer imagem, tecido ou padrão, tornando-se numa ótima solução em termos de decoração. Em arquiteturas de exterior e interior, dá um toque de criatividade e design pessoal aos mais arrojados trabalhos. Arquitetos e decoradores têm agora à sua disposição uma nova ferramenta de criatividade para os mais variados projetos em vidro. O core business da empresa é agora, a par da construção, a decoração, o frio e a arquitetura, com

ANA SILVA

uma resposta personalizada às necessidades dos clientes, o que envolve uma capacidade forte de adaptação.

“A PERSISTÊNCIA É O CAMINHO DA EXCELÊNCIA”

Em 2007 aconteceu uma passagem geracional e estruturada na Vidraria Taipas e Ana Silva assume a administração da empresa partilhada com o irmão e o sócio, sob o supervisionamento do fundador da empresa, o seu pai, que considera ser o melhor mentor, professor e patrão. “Foi ele que me ensinou quase tudo” o que, complementado com a sua formação,

determinação e o facto de ser mulher, tem contribuído bastante para a expansão da empresa. Hoje, enquanto CEO da Vidraria Taipas, Ana Silva continua a implementar mudanças não só a nível de estratégia comercial, mas também a nível de organização estrutural da empresa e da diversidade de género. Com quatro mulheres a assumir funções na administração, a Vidraria Taipas tem uma visão mais abrangente e diversificada, neste que é um setor associado e dominado, maioritariamente, por homens. Ana Silva é quem dá a cara pela empresa e tem consciência que os inícios não foram fáceis pelo facto de ser nova e mulher numa área dedicada à construção civil. No entanto, “a persistência é o caminho da excelência” e com bastante resiliência os obstáculos foram superados. Resiliência, coragem, entrega e uma gestão do quotidiano de proximidade com todos os setores da empresa foram os fatores-chave para Ana Silva assumir a liderança, considerando que a liderança feminina é diferente. Contudo, Ana Silva entende que, enquanto mulheres, não podemos considerar esse fator como uma vantagem nem como uma desvantagem ou “não deveríamos”. “Devemos assumir-nos como profissionais, independentemente do género. Não podemos vitimizar-nos, temos de lutar com as armas que temos nesta que será sempre uma guerra diária”, diz-nos. Para Ana Silva, a diferença nos estilos de liderança entre homens e mulheres embate apenas na questão pessoal, a qual influenciará nas tomadas de decisões e na resolução de problemas.

Quanto ao seu trabalho, Ana Silva afirma que gosta de tudo. Apesar de ser responsável pela área administrativa, confessa que a área que mais a fascina é a produção. “Novos projetos e produtos inovadores é o que mais me empolga, mas não é uma área fácil. Tratam-se de projetos que envolvem meses de trabalho e muita dedicação”, elucida a nossa entrevistada. Por sua vez, em relação aos desafios encarados quando se está em cargos de chefia, Ana Silva reconhece que a gestão de equipa foi outro dos desafios encontrados inicialmente, mas que com o tempo e com a sua postura sempre próxima na resolução dos mais diversos problemas “tornou tudo mais fácil”, conclui. ▪

VIDRARIA TAIPAS Fundada em 1978, nas Caldas das Taipas (Guimarães), a Vidraria Taipas dedica, há quatro décadas, toda a sua atividade na elaboração de trabalhos em vidro e sua colocação. Do seu portefólio destaca-se o Vidro Laminado Decorativo que permite máxima personalização para todo o tipo de decoração exterior e interior, bem como o Vidro LED através de inserção de fontes luminosas no interior do vidro.



PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“NA CULTURA TIMORENSE A MULHER AINDA ASSUME ESSENCIALMENTE O PAPEL DE MÃE E MULHER” Berta Montalvão, licenciada em Gestão de Recursos Humanos pelo ISCTE, conta já com 15 anos de experiência, 12 dos quais em Consultoria, em ambiente internacional, e três anos em Direção de Recursos Humanos. Venha connosco conhecer a história de sucesso desta mulher empreendedora.

E

ra este o percurso que ambicionava para si? Interessei-me pela área de Gestão muito cedo. De certa forma, o mundo empresarial sempre me fascinou pelo seu dinamismo, desafio e complexidade. Quanto estava no 12º ano comecei a pesquisar sobre as saídas profissionais possíveis e deparei-me com a área dos Recursos Humanos. Felizmente em 1998 o ISCTE lançou o primeiro curso de Gestão de Recursos Humanos e eu entrei no ano a seguir. Considerei de imediato que poderia ser uma mais-valia, pois ainda existiam poucas pessoas especializadas na área no país. A Consultoria está presente na minha vida desde cedo também. Lembro-me de ser presença assídua nas apresentações das “Big Four” que visitavam o ISCTE, as quais se deslocavam às universidades para promover o sector e contratar estagiários. Ficava sempre fascinada com o que ouvia, com as brochuras que recebia e imaginava-me a trabalhar numa delas. Tinha esta ambição pois queria construir uma carreira no seio de uma empresa multinacional que me permitisse construir uma carreira internacional. Nos últimos 15 anos tenho desenvolvido toda uma carreira internacional em torno da Gestão de Recursos Humanos. Já trabalhei em empresas nacionais e multinacionais, tendo trabalhado e vivido em Portugal e Angola. Recentemente abracei um novo desafio em Timor-Leste. Posso afirmar que tudo aquilo que ambicionei aconteceu, e sou muito feliz por isso. Escolhi o meu caminho e corri sempre atrás dos meus objetivos.

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No dia 25 de outubro lançou a sua própria marca. Em que momento da sua vida surge este projeto de consultoria? Porquê uma reviravolta no seu percurso profissional? Todo o meu percurso profissional foi feito em torno da consultoria de Gestão de Recursos Humanos, exceto nos últimos três anos em que assumi a liderança de uma Direção de Recursos Humanos, acumulando também a posição de Board Member numa empresa de retalho alimentar e não alimentar. Após 13 anos a viver em Angola, em maio, regressei a Portugal. Durante cinco meses estive a viajar por África, Europa e Ásia e numa dessas viagens apercebi-me de que o meu recomeço em Portugal seria difícil, pois o país não está preparado para receber alguém que esteve a trabalhar mais de uma década no continente africano. As empresas não dão o devido valor a quem esteve a trabalhar num mercado tão distinto de Portugal, apesar de ser muito mais exigente a vários níveis. Por esse motivo, e à medida que o tempo foi passando, fui ficando cada vez mais convencida de que o meu futuro não passava por Portugal.

BERTA MONTALVÃO

Nasceu em Lisboa, mas esteve ausente do país durante 13 anos. Que desafios surgem quando se regressa a um país em tudo diferente da realidade que viveu até então? Apesar de nunca ter perdido o contacto com Portugal nos 13 anos que vivi em Angola, Luanda passou a ser o lugar a que passei a chamar de casa. E mesmo fazendo inúmeras viagens por ano a Portugal, a verdade é que quando regressei a Lisboa senti-me deslocada. Os amigos já não eram os mesmos, as rotinas já não existiam, as conversas já não se enquadravam na minha realidade. Em termos profissionais apercebi-me de que as empresas não valorizam quem teve uma experiência dedicada a África. Apesar das relações e dos negócios existentes entre Portugal e os países lusófonos, essa experiência não é considerada para as empresas que se encontram sediadas em Portugal, quer sejam empresas nacionais ou multinacionais. No entanto, a nova empresa será lançada em Díli, Timor-Leste, devido às suas origens. Qual será a estratégia e as facetas do projeto para singrar neste mercado? Naturalmente que ser timorense, conhecer a cultura e os costumes é uma vantagem competitiva que me permitiu entrar no mercado facilmente. Ao longo dos últimos meses fui falando com diversas pessoas (nacionais e estrangeiras) que estavam ou estiveram em Timor para perceber os desafios, as dificuldades e as limitações do tecido empresarial, de forma a garantir que iria montar um projeto diferenciador e adequado à realidade do país. À medida que fui criando uma ideia mais consistente em torno do que pretendia que fosse o meu projeto, as ideias tornavam-se mais claras. Em setembro contactei um amigo e pedi-lhe

ajuda para montar o meu negócio, aproveitando os seus conhecimentos e experiência em startups. Desde o momento da ideia até ao lançamento da FORSAE em Díli, no passado 25 de Outubro, passaram cinco semanas. Felizmente tive a melhor equipa de estratégia e branding a trabalhar comigo. Definimos a estratégia de entrada no mercado, a marca, a identidade, o plano de comunicação e o lançamento. Para tal, contei com a ajuda fantástica da equipa da Zenki Group e da BUS – Creative Agency. As mulheres empreendedoras têm vindo crescer e a conquistar o seu espaço. Mas é suficiente? Existem as mesmas oportunidades para mulheres e homens? É verdade, cada vez mais as mulheres têm ocupado um lugar mais significativo no mundo empresarial, na criação de novos negócios. Em Portugal, não sei se será suficiente, mas claramente em Timor-Leste não é. Na cultura timorense a mulher ainda assume essencialmente o papel de mãe e mulher. São poucas as mulheres que trabalham, e menos ainda as que se tornam empresárias ou que ocupam cargos de destaque no Governo. Por isso, acredito que, desde a minha participação na Conferência da União Europeia, a mentalidade do mercado timorense tenha mudado ligeiramente e que as mulheres irão gradualmente alterar a sua condição de mulher no país. É um grande desafio, que irá levar muito tempo para consolidar a mudança pretendida. Esta mudança de paradigma implica a alteração de valores e costumes muito fortes existentes na cultura timorense. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

» PAULA CALEÇA, DIRETORA DE MARKETING DO GYMNASIUM, EM ENTREVISTA

FAZER PESSOAS FELIZES “O nosso foco é contribuir para o bem-estar geral de cada pessoa. Isto é, seja através de um treino, uma aula divertida ou apenas uma conversa”, afirma Paula Caleça, Diretora de Marketing do Gymnasium, onde fazer as pessoas felizes é o lema. contribuem para nos distinguir do que se faz no Algarve. Enquanto diretora de marketing, quais são os maiores desafios com que se depara? Cada vez se torna mais difícil captar a atenção do público. No entanto com a criatividade genuína de uma equipa, embora pequena, que me acompanha em todas estas aventuras temos conseguido algum destaque no on-line. “No Gymnasium cuidamos de ti como um todo”, este é o lema da empresa. De que forma pode ser explicado? O lema/missão da empresa é “Fazer pessoas felizes”. O nosso foco é contribuir para o bem-estar geral de cada pessoa. Isto é, seja através de um treino, uma aula divertida ou apenas uma conversa. Nos dias de hoje existe uma

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em como formação base psicologia e, neste momento, lidera uma equipa de fitness no Gymnasium. Diz que faz desta empresa a sua vida até hoje. O que mais gosta no seu trabalho? A alegria do fitness e o poder de mudança na vida de cada pessoa. A par disto a comunicação no seu todo é outra paixão. Os três Gymnasium estão situados no Algarve desde 2011, de forma a elucidar os nossos leitores, quais são as características diferenciadoras que a organiza-

ção promove e de que forma está estruturada? O Gymnasium é um conceito pensado de pessoas para pessoas. A cultura de proximidade, conhecer quem nos visita e sobretudo tratar cada pessoa pelo seu nome. Temos também vários serviços complementares como a Nutrição, a Acupuntura e a Estética. A par disto temos o cuidado de construir espaços atuais e agradáveis que acompanham as tendências do mercado tanto nacional como internacional. A dinâmica dos eventos que fazemos outdoor para toda a comunidade também

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TRÊS MOTIVOS PELOS QUAIS AS PESSOAS DEVEM INSCREVER-SE NO GYMNASIUM

A relação qualidade /preço bastante apelativa. Espaços agradáveis concebidos não apenas vocacionados para o fitness mas para o bem-estar geral. A garantia de ser recebido com um grande sorriso todos os dias.

maior preocupação com a forma física e o bem-estar, tanto emocional como fisicamente, mas nem todas as pessoas dizem não gostar ou ter tempo para frequentar o ginásio. O que diria a estas pessoas? Penso que é uma questão de prioridades, no entanto temos o cuidado de adequar cada treino à disponibilidade apresentada por cada sócio. É sempre feita uma avaliação inicial em que os objetivos e tempos disponíveis são cruzados para que não haja expetativas erradas. O exercício físico per si previne variadíssimas doenças e contribui para uma qualidade de vida superior a médio/longo prazo. É, portanto, algo que se aprende a gostar. Por vezes diz-se que não se gosta de ginásio devido a experiências anteriores pouco gratificantes. Há que ter paciência e ser perseverante. Os resultados surgem com o tempo. ▪

37 NOVEMBRO 2018

PAULA CALEÇA


» INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

SIMPLIFICA A SUA VIDA É em 1945 que a Candy produz a sua primeira máquina de lavar roupa. Hoje apresenta-se no mercado com máquinas de lavar com inteligência artificial. João Paulo Ferreira, Country Manager Portugal da Candy, fala-nos sobre a importância da Inteligência Artificial como fator de crescimento empresarial.

PONTOS DE VISTA

38 JOÃO PAULO FERREIRA

E

sta é, de facto, uma verdadeira “história de sucesso, desde a primeira máquina de lavar roupa até aos eletrodomésticos ligados por WiFi”? Sim, uma história de grande sucesso, sendo hoje uma empresa na vanguarda da tecnologia, tendo mais de 80% das suas máquinas conectadas por Wi-Fi, NFC e Bluetooth. Hoje, em plena era digital, a Candy abre o caminho a uma forma inteiramente nova de vivenciar os eletrodomésticos, de interagir com eles e de comunicar com eles de forma direta, simples e intuitiva. O que representa este momento para a marca e para o grupo? Na Candy o lema é criar produtos que facilitem a vida aos consumidores. Numa era em que cada vez mais falta tempo, porque não simplificar usando as tecnologias disponíveis e adaptá-las?

Foram precisamente a investigação e o desenvolvimento do grupo que deram origem à gama Candy simply-Fi, a primeira gama completa de eletrodomésticos ligados por WiFi apta a comunicar remotamente com os utilizadores. Fale-nos mais sobre esta geração de máquinas. A gama Candy simply-Fi foi sem dúvida a primeira pedra de um projeto que se revelou um ponto de viragem nos eletrodomésticos conforme os conhecíamos até então. A possibilidade de interagir com “todos” os eletrodomésticos da cozinha, mesmo não estando na mesma área, foi inovador e disruptivo. Hoje somos o grupo líder em produtos (eletrodomésticos) conectáveis, porque nos antecipámos no desenvolvimento da Internet das Coisas, aplicada ao nosso mercado. A inteligência artificial é uma das tecnologias que mais prometem causar disrupções nos

Na Candy o lema é criar produtos que facilitem a vida aos consumidores. Numa era em que cada vez mais falta tempo, porque não simplificar usando as tecnologias disponíveis e adaptá-las?


Não há como voltar atrás nem ter medo das tecnologias, mas sim usá-las em prol de uma utilização mais fácil, que simplifique a vida aos consumidores. Com a nova geração tão focada nestas tecnologias, será fácil passar a uma nova era

modelos existentes. Que verdadeiro impacto terá a inteligência artificial nas organizações? A inteligência artificial está hoje a começar a ter impacto nas organizações e até na sociedade, porque a possibilidade de ter “máquinas” a interagir connosco, a entender a nossa forma de agir e pensar, é quase assustador. Os mordomos digitais ou virtuais são hoje uma realidade em casa, nos carros e nas empresas, e é uma tendência. Ou seja, grande parte da ficção dos filmes da década de 80 está a tornar-se uma realidade.

Considera-se que as empresas têm neste momento uma enorme oportunidade para implementarem as tecnologias digitais e “as empresas que não estão a aplicar a inteligência artificial aos seus negócios já estão fora do jogo”. Concorda? Sim, o mercado tem hoje a possibilidade de melhorar o “Ad-value” no portefólio de artigos da empresas do setor, que tem vindo a sofrer com corrosão o preço, mesmo inovando todos os dias. Acredito que num futuro muito próximo estas tecnologias serão implementadas por todos, caso contrário será difícil subsistir. Não há como voltar atrás nem ter medo das tecnologias, mas sim usá-las em prol de uma utilização mais fácil, que simplifique a vida aos consumidores. Com a nova geração tão focada nestas tecnologias, será fácil passar a uma nova era. ▪

CANDY SIMPLY-FI A primeira gama de aparelhos que comunica consigo, onde quer que esteja os seus aparelhos falam consigo. Fale com eles. Hoje, mais e mais pessoas organizam as suas vidas através de um smartphone. Por que não usá-lo ao redor da casa também? A Candy apresenta a simplicidade Fi, a primeira gama completa de aparelhos concebidos para facilitar a sua vida. Conectados por Wi-Fi, eles podem comunicar consigo onde quer que esteja. O inovador aplicativo permite que possa controlar os seus eletrodomésticos a partir de qualquer lugar. Economize tempo para fazer as coisas que mais gosta. Simplifique o seu dia com a coleção mais completa, atualizada e conectada. • Toque inteligente: Graças ao NFC, o Smart Touch é a tecnologia de conectividade “proximidade” da Candy. Dependendo do produto, ele pode enriquecê-lo com os recursos adicionais, fornecer dicas úteis sobre como usar os seus eletrodomésticos de maneira mais eficiente e ajudar a solucionar pequenos problemas diretamente no smartphone. • SMART FI: Graças ao Wi-Fi, o Smart Fi é a tecnologia de conectividade “remota” da Candy. Com esta tecnologia estará sempre

informado sobre o status do produto, gerenciará e iniciará as funções, mesmo quando não estiver em casa* e receberá sugestões úteis para explorar todo o seu potencial (*excluindo o fogão). • SMART FI +: Graças ao NFC e Wi-Fi, o Smart Fi + é a tecnologia de conectividade “proximidade e remota” da Candy. Esta tecnologia permite-lhe estar sempre informado sobre o status do produto, gerenciará e iniciará as funções, mesmo quando não estiver em casa* e receberá sugestões úteis para explorar todo o seu potencial (*excluindo a placa).

39 NOVEMBRO 2018

A Inteligência Artificial veio para mudar a computação e a vida em geral, mas quais são, de facto, os possíveis riscos e benefícios que ela pode trazer? Na minha opinião poderá ajudar as pessoas a ter uma vida mais facilitada. Se a mesma for utilizada para estes propósitos, ótimo. Poderá ser usada por pessoas com dificuldades de visão ou outras. Sendo um otimista, não vejo riscos de maior que não existam já hoje.


» DISPOSITIVOS MÉDICOS

"SNS É CRONICAMENTE SUBFINANCIADO HÁ DÉCADAS E AFETA GRAVEMENTE A ECONOMIA" João Gonçalves, Secretário-Geral da Apormed, fala em entrevista sobre a importância dos dispositivos médicos e sobre o estado de saúde do SNS português.

JOÃO GONÇALVES

PONTOS DE VISTA

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ecentemente, pela primeira vez, um português recebeu um dispositivo médico para o tratamento da insuficiência cardíaca. Segundo o paciente, o aparelho fá-lo sentir-se capaz de correr uma maratona. Estamos perante uma inovação tecnológica de enorme dimensão. Portugal está em que nível no que toca a dispositivos médicos? Portugal está muito em linha com aquilo que se passa com outros países da Europa. É um facto que os portugueses beneficiam da inovação tecnológica desta indústria – que é altamente inovadora – contudo, o mercado português tem especificidades que não são propriamente amigas da inovação. Com isto, quero dizer que o mercado da saúde em Portugal não é suficientemente atrativo, nomeadamente, no que se refere aos elevados prazos de pagamento dos hospitais públicos e a uma ineficiente aplicação do Código de Contratos Públicos no que concerne à escolha do critério de adjudicação. Uma vez que a generalidade das nossas entidades adjudicantes têm primado pelo critério de adjudicação do preço mais baixo em detrimento do critério da proposta economicamente mais vantajosa, impacta

negativavemte a inovação tecnológica e o acesso a dispositivos diferenciados Resumidamente, as empresas mais representativas do setor do dispositivo médico, quer de base nacional quer as multinacionais que operam também no mercado português, o mercado é livre desde que os dispositivos cumpram os requisitos regulamentares, e por isso temos acesso à tecnologia mas existem estes dois problemas que associados a outros custo de contexto, dificultam a introdução de tecnologias inovadoras: os prazos de pagamento que são muito elevados (em média de 345 dias) e a questão da contratação pública que ainda olha muito para o preço e não para a qualidade/valor. Que inovações tecnológicas dos últimos anos merecem destaque pelo seu cariz revolucionário? Estamos a falar de uma indústria altamente inovadora, com um curto ciclo médio de vida de produto, em média de 18 a 24 meses. A nível europeu, este setor colocou, em 2016, mais de 12 mil patentes no Instituto Europeu de Patentes (EPO). Posso destacar algumas situações que pelo seu cariz disruptivo e/ou incremental transformaram significativamente a qualidade

de vida dos pacientes ou tornaram as cirurgias minimamente invasivas contribuindo para a obtenção de ganhos em saúde: -Em nefrologia, a diálise peritoneal. São doentes com insuficiência renal que, com recurso a equipamentos sofisticados fazem o tratamento em casa e de forma autónoma, sendo monitorizados remotamente por profissionais de saúde: -Em cardiologia: os pacemakers com monitorização remota que evitam que o doente precise de se deslocar regularmente ao seu hospital, os stents coronários com fármaco incluído que reduzem os níveis de rejeição e evitam a restenose ou as válvulas aórticas percutâneas que permitem que doentes que não podiam ser referenciados, nomeadamente idosos ou com outras complicações, possam agora ser operados; -Em oftalmologia temos as lentes intraoculares multifocais que para além de curarem a catarata possibilitam, em simultâneo, o tratamento da presbiopia ficando o doente livre de usar óculos para leitura; -Em ortopedia, as próteses ortopédicas em titânio ou em cobalto/crómio, e o design das próprias próteses tornam-nas mais duradouras aumentando significativamente o período para


Quando se fala em uso inadequado de dispositivos médicos falamos do quê? À APORMED não são nem têm que ser reportadas este tipo de situações e por isso não tenho conhecimento de casos de uso inadequado. Contudo, posso adiantar que os utilizadores, ou seja, os profissionais de saúde portugueses, quer sejam médicos, enfermeiros ou outros técnicos de saúde, são altamente qualificados e muito experientes no uso dos dispositivos que utilizam. A própria indústria é também muito responsável no que toca a formação de produto contínua aos profissionais de saúde. Qual é o principal papel da associação na relação dos seus associados com os representantes do setor da saúde e entidades públicas? A associação serve essencialmente para defender e representar os interesses comuns e legítimos dos seus associados não agindo fora deste balizamento. Esta missão é desafiante e reveste-se de alguma complexidade uma vez que este setor é caracterizado por grande heterogeneidade, não só ao nível dos produtos como também das próprias empresas que nele operam. Através da representatividade, tentamos encontrar soluções para problemas ou para desafios do setor que uma empresa atuando isoladamente não conseguiria ou teria mais dificuldades. O nosso principal stakeholder institucional é o Ministério da Saúde assim como um conjunto de entidades que o ministério tutela. Desde logo o Infarmed enquanto entidade reguladora, a ACSS – Administração Central do Sistema de Saúde - que é o financiador dos hospitais e depois os SPMS - Serviços Partilhados do Ministério da Saúde – na sua função de central de compras. A interação da APORMED com estas entidades faz-se de formas distintas. Reativamente em situações inesperadas que afetem o setor, de forma proativa através de propostas

O nosso SNS é cronicamente subfinanciado há décadas e o seu grande financiador tem sido os fornecedores hospitalares, tanto a indústria de dispositivos médicos como a indústria farmacêutica

concretas de soluções a determinados desafios e por último nos contributos para diplomas legislativos em fase de consulta pública. Neste momento, dado o estado de saúde do SNS, quais diria que são os maiores desafios para o setor da saúde? Atrevo-me a dizer que o principal desafio prende-se com a comportabilidade do SNS. De facto o nosso SNS é cronicamente subfinanciado há décadas e o seu grande financiador tem sido os fornecedores hospitalares, tanto a indústria de dispositivos médicos como a indústria farmacêutica. Este subfinanciamento tem-se refletido no ele-

vado atraso do pagamento às empresas e que não se entende como é que subsiste há tanto tempo. Este era um problema tipicamente dos países do sul da Europa mas hoje, Portugal, encontra-se na pior situação. Na Grécia os prazos rondam os 230 dias, os hospitais públicos em Espanha pagam atualmente a 85 dias, Itália está a recuperar e nós continuamos na cauda da Europa com uma média de 345 dias. Este é para nós o principal desafio para o qual terão que ser criadas medidas estruturais que resolvam definitivamente esta realidade atípica. As empresas necessitam de continuar a cumprir atempadamente os seus compromissos, seja o pagamento de impostos, de salários, ou a fornecedores... posto isto, como é que podem sobreviver com prazos de recebimentos tão dilatados? A par disto, penso que outro grande desafio do SNS é dar resposta aos desafios demográficos atuais, nomeadamente o envelhecimento da população e o aumento de doenças crónicas que daí advêm. Portugal tem hoje uma esperança média de vida fantástica que ronda os 85 anos mas perde qualidade de vida a partir dos 65 anos comparativamente aos cidadãos europeus, pelo que o envelhecimento ativo deverá ser igualmente uma prioridade do SNS. Os portugueses sabem exatamente o que se entende por dispositivo médico ou ainda existe falta de informação neste sentido? Uma parte significativa da população não sabe, porém, a maioria utilizam-nos todos os dias. Convém contudo realçar que esta iliteracia não é exclusiva de Portugal pois situações idênticas ocorrem também noutros países. Para combater esta lacuna de informação, realizamos ações de sensibilização de forma a explicar a diferentes públicos-alvo a importância que os dispositivos médicos têm na vida das pessoas. A esmagadora maioria dos portugueses usa ou irá usar um dispositivo médico, desde um par de óculos a um teste de gravidez ou outros mais complexos aplicados em procedimentos cirúrgicos. ▪

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uma eventual cirurgia de revisão. Estes são alguns exemplos entre muitos.


» ESCLEROSE MÚLTIPLA AMIOTRÓFICA MAMEDE DE CARVALHO SOBRE ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA

“EM PORTUGAL HÁ POUCA INFORMAÇÃO E MUITA APATIA” Mamede de Carvalho, neurologista e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em entrevista, fala sobre ELA, uma doença grave em que “o ritmo de progressão é muito variável entre cada doente, havendo casos de evolução por mais de 20 ou 30 anos, e, excecionalmente, há doentes nos quais a doença parece deixar de progredir”.

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Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença neurodegenerativa, progressiva e rara. Nos últimos anos, que descobertas foram realizadas no sentido de melhorar a qualidade de vida dos pacientes? A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença relativamente rara, mas é a condição neurodegenerativa mais frequente do adulto jovem. Por exemplo é excecional a observação de doentes com Doença de Alzheimer (a doença neurogenerativa mais frequente) antes dos 50 anos, mas, infelizmente, tenho muitos doentes com ELA antes dos 50, e vários antes dos 40 anos. Várias intervenções têm melhorado a qualidade de vida dos doentes, e dos cuidadores, com comprovação cientifíca. A mais relevante é a ventilação não-invasiva proporcionada a doentes com envolvimento dos músculos respiratórios, por vezes o sintoma inicial. A segunda é o apoio multidisciplinar, em centros dedicados a esta doença, situação devidamente regulamentada em quase todos os países Europeus, incluindo a vizinha Espanha, mas infelizmente ainda não em Portugal. A terceira é a a realização de gastrostomia, técnica para permitir a ingesta de alimentos em doentes com severa dificuldade de deglutição devido a envolvimento dos músculos necessários a este processo. O nosso centro foi historicamente determinante na aplicação da ventilação não-invasiva nesta doença.

PONTOS DE VISTA

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Quais são os primeiros sintomas que denunciam a ELA? Os sintomas derivam da falta de força, progressiva e sem dor. Pode incialmente causar redução da mobilidade de um braço ou de uma perna (o mais frequente), mas pode ter início pela pertubação da fala e da deglutição (quadro dito de início bulbar, cerca de 30% dos doentes), mas pode começar pelos músculos respitórios ou do pescoço. A progressão da doença é uma marca diagnóstica. A compreensão pelos médicos de família de que a falta de força sem dor não traduz seguramente patologia da “coluna”, com a rápida referenciação a um neurologista, permitiria abreviar o diagnóstico.

SINTOMAS Espasmos ou câimbras frequentes nos músculos, especialmente nas pernas e braços; Atrofia e falta de força muscular nas pernas e braços; Dificuldade em falar; Impossibilidade de manter uma postura correta; Cansaço respiratório.

Os avanços tecnológicos têm um papel fundamental na forma de ajudar os pacientes num estado mais avançado da doença, por exemplo, na forma de comunicarem. Concorda? Os meios tecnológicos avançados de comunicação são já uma realidade. Naturalmente, desenvolvimentos rápidos irão suceder nesta área. Para alguns doentes em situação clínica muito avançada e motivados, os meios de comunicação cérebro-computador (“brain-computer interface”) serão de utilização frequente.

PERFIL

MAMEDE DE CARVALHO NEUROLOGISTA, ASSISTENTE GRADUADO SENIOR DO CENTRO HOSPITALAR LISBOA NORTE PROFESSOR CATEDRÁTICO DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA UNIT LEADER DO INSTITUTO DE MEDICINA MOLECULAR

Descobrir que se tem ELA é o mesmo que receber um diagnóstico de morte? A doença é na sua natureza progressiva, pelo que é antecipável maior incapacidade funcional, e redução da esperança de vida. No entanto o ritmo de progressão é muito variável entre cada doente, havendo casos de evolução por mais de 20 ou 30 anos, e, excepcionalmente, há doentes nos quais a doença parece deixar de progredir.

De que forma pode o médico ajudar o paciente a lidar com questões emocionais, isto é, a lidar com o impacto da doença? Ajuda se explicar a natureza da doença, sem prolongar desnessariamente a incerteza, eventualmente com sucessivos exames inúteis ou explicações sem suporte cientifíco. Para tal, estes doentes têm importantes ganhos emocionais com o acompanhamento por neurologistas experientes em centros de referência. Ajuda se o médico estiver disponível para com humildade ouvir o doente e responder às suas dúvidas. Ajuda se estiver presente nas dificuldades major da doença e nas decisões críticas que podem ser tomadas. Na sua opinião, o Estado apoia devidamente quem tem esta condição? Não. O Estado deveria fazer duas coisas simples, tal como outros Paises da Europa ou fora da Europa já fizeram há muitos anos. Estabelecer centros de excelência para tratamento desta doença (sem necessidade de preenchimento de toneladas de formulários inúteis), e a estes providenciar as necessárias condições de apoio multidisciplinar. Tudo simples e eficaz, algo de bom senso e que tem faltado. De forma geral, Portugal é um país bem informado sobre ELA? Portugal está muito mais bem informado do que no passado, quando a doença era totalmente desconhecida ou denominada de esclerose múltipla, outra doença neurológica, inflamatória, muito mais benigna. No entanto, o envolvimento social nesta doença é muito menor em Portugal que em outros países. A indiferença chegar a surpreender. Por exemplo, conhecidos jogadores afectados por esta doença, ao contrário de outros países, não motivam nos seus ex-clubes, uma iniciativa, que promova o apoio ao doente, à associação ou ao desenvolvimento científico. O mesmo se passa relativamente a quadros superiores de empresas de elevado rendimento. Portanto, há pouca informação, talvez, e muita apatia, seguramente. ▪



» GERBER ARTIGO DE OPINIÃO

ACORFATO APOSTA NA GERBER:

PRECISÃO NO PLANEAMENTO GARANTE MAIOR RENTABILIDADE desde 1997, investiu cerca de 1 milhão de euros em equipamentos de apoio à equipa de desenvolvimento de coleções, modelagem, CAD, planeamento e sala de corte.

NECSSIDADE DO CLIENTE:

SEDE ACORFATO S.A. EM TÁBUA, DISTRITO DE COIMBRA

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Software de planeamento da ordem de corte – AccuPlan é desde a sua implementação, uma ferramenta analítica essencial para o cálculo rigoroso de consumos e análise de desvios que permite otimizar a gestão de stocks e propor assim uma política de preços mais atrativa e precisa ao cliente.

A Acorfato, Indústria de Confeções S.A., situada em Tábua num envolvimento paisagístico idílico e inspirador, foi fundada em 1989 por António Correia, alfaiate de profissão, com uma vasta experiência na sua arte com apenas um objetivo: a total satisfação do cliente, primando pela qualidade e inovação através de uma resposta eficaz e de maior rapidez ao cliente.

A abertura de novos mercados como é atualmente o caso do mercado americano e mais recentemente o holandês, ambos ainda em estado embrionário, colocam novos desafios em termos de análise de consumos, desperdícios, otimização de stocks e apoio ao departamento comercial. Para dar resposta a esta exigência dos clientes, a Acorfato necessitava de um software de planeamento e análise que ajudasse a planificar e a otimizar antecipadamente a quantidade de matéria-prima necessária para determinado pedido, de forma a evitar o máximo desperdício possível. Na maior parte das vezes, o planeamento da ordem de corte com o AccuPlan permite uma redução da margem de corte entre 3 a 5% e ajuda o departamento comercial a determinar o preço, fazendo face ao rigor do cliente no corte, no ato de encomendar os tecidos.

O DESAFIO

Antes da implementação do AccuPlan na Acorfato, todo o processo era efetuado de forma manual, sendo por isso mais moroso, dando origem a uma maior margem de erro no cálculo por parte do utilizador, requerendo pessoal mais qualificado e tornando o acesso à análise de consumos mais difícil.

SOLUÇÃO

44 PONTOS DE VISTA

A implementação do software de planeamento da ordem de corte AccuPlan da Gerber, permitiu à Acorfato analisar ao pormenor os consumos de matéria-prima que iriam neces-

RECEÇÃO – ACORFATO S.A.

A empresa de cariz familiar dedicada à confeção de calças e casacos para homem começou como muitas outras empresas da região numa garagem com apenas 28 colaboradores. Foi passando por várias fases de reestruturação, mudanças de instalações e superando com mestria, algumas crises no setor têxtil através da subcontratação de algumas empresas da localidade. Foi desta forma que foi consecutivamente aumentando os quadros de pessoal, crescendo

através dos grandes investimentos feitos em novas tecnologias e equipamentos essenciais para dar resposta à política de internacionalização para novos mercados como França, Alemanha e Espanha. Com o intuito de levar os seus artigos a novos mercados, a empresa conta atualmente com 247 funcionários e tem uma capacidade diária de 400 peças. A Acorfato que conta com a Gerber Technology como seu parceiro tecnológico


Estes relatórios facultam também a possibilidade de saber com precisão quais os consumos exatos antes ou depois da encomenda com posterior análise dos desvios. Uma vez que a Acorfato dispõe de várias soluções de CAD e CAM da Gerber, a integração e o encadeamento do AccuPlan em todos os outros programas contribui para um aumento da transparência no processo de produção e consequentemente um aumento da produtividade e qualidade dos artigos confecionados.

DEPARTAMENTO DE CAD A INSERIR ORDEM DE CORTE NO ACCUPLAN

seguem reduzir a margem de corte até 5%, dando resposta ao rigor do cliente no ato de encomenda dos tecidos, propondo também a melhor opção de corte, o que em termos de planeamento é bastante rápido e eficaz.

UMA DAS MUITAS FUNÇÕES DE GRANDE UTILIDADE DO ACCUPLAN: A OPÇÃO DE VISUALIZAR A IMAGEM DE CADA UM DOS MODELOS A SER CORTADO.

PRINCIPAIS VANTAGENS

• Com o AccuPlan da Gerber a Acorfato conseguiu uma maior precisão e rigor na otimização de consumos. • Redução de 3% a 5% da margem de corte, permitindo uma melhor gestão de stocks e consequente economia da matéria-prima. •M aior celeridade na entrada e execução das ordens através da sugestão de vários planos de corte, o que em termos de planeamento é bastante eficaz. • Aumento de produtividade através da aceleração de todo o processo. • Fluxo de trabalho melhorado devido à integração entre programas o que evita duplicação de trabalho e elimina o recurso a programas externos. • Emissão de relatórios dos planos de corte para simulação ou análise de resultados por parte das chefias. • Permite aos quadros da direção não estar dependente do CAD para obter a informação dos consumos. ▪ ALEXANDRA COSTA

TESTEMUNHO DO CLIENTE FILIPE PINTO, CEO DA ACORFATO S.A. “A mais-valia do AccuPlan encontra-se no apoio prestado à otimização de consumos, dando sequência em termos de tempo e custos em toda a empresa”, referiu Filipe Pinto, CEO DA Acorfato S.A.. O CEO da Acorfato referiu ainda: “Com um grande rigor nos consumos em função dos tamanhos, vai ao encontro das exigências dos clientes que não pretendem gerar stock de tecidos. O AccuPlan complementa a nossa política de digitalizar toda a fábrica e impulsionar novas formas de trabalho mais produtivas e eficientes dando assim resposta aos clientes mais exigentes nos vários mercados”.

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sitar para produzir um determinado pedido, apoiando assim a gestão de stocks, eliminando desperdícios e apoiando a política comercial da empresa. Os relatórios emitidos pelo AccuPlan con-


» INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO

“O FUTURO DO CONTROLO PREVENTIVO DE PRAGAS É DIGITAL” Recentemente, a Anticimex deu um passo na consolidação da marca com a aquisição da WiseCon, uma empresa dinamarquesa que desenvolve e produz sistemas de captura e monitorização digitais de roedores. Paulo Coelho, Managing Director da Anticimex Portugal, conta-nos mais em entrevista.

PONTOS DE VISTA

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Anticimex assume-se no mercado como “The modern pest control company”. Fale-nos um pouco mais sobre este lema e sobre a estratégia que a Anticimex tem vindo a assumir no mercado. A Anticimex tem operações em 18 países, contando com mais de 5.500 colaboradores e todos nos orgulhamos daquela que é a nossa promessa de marca. Desde a sua criação, na Suécia, há mais de 80 anos que a Anticimex tem vindo a desenvolver novas metodologias na área do controlo de pragas, tendo nos últimos anos um foco muito especial em tecnologias digitais e IoT. Em 2017, o grupo Anticimex deu um passo muito importante na consolidação da sua promessa de marca, através da aquisição da WiseCon, uma empresa dinamarquesa que

desenvolve e produz sistemas de captura e monitorização digitais de roedores. Temos hoje instalados em todo o mundo, mais de 80.000 dispositivos SMART, sendo que o conceito está agora a ser desenvolvido para outros tipos de pragas, fortalecendo assim a nossa liderança mundial na área da inovação para o controlo de pragas. Todos estes equipamentos são desenvolvidos no nosso Centro de Inovação, na Dinamarca, cuja responsabilidade passa pelo desenvolvimento de ofertas digitais numa ampla gama de aplicações no controlo de pragas para os nossos mercados. Em Portugal temos já vários clientes que estão a utilizar estes novos equipamentos SMART, nomeadamente nas áreas Alimentar, Industrial e Retalho em que o controlo de pragas de roedores é feito através de sistemas remotos e onde

PAULO COELHO


O Grupo Anticimex anunciou recentemente a aquisição das operações das empresas Pestkil e da MM Desinfecções, as quais prestam um alargado leque de serviços no controlo preventivo de pragas. O que representam estas aquisições para o grupo? Concluímos em março a aquisição da Pestkil, tornando-nos assim na empresa líder de mercado nos Açores, onde prestamos serviços para um leque bastante alargado de clientes em todas as ilhas do arquipélago. Agora mais recentemente, no passado mês de outubro concluímos com sucesso a nossa quarta aquisição do último ano e meio, com a aquisição das operações da MM, que é sem dúvida uma das empresas de referência no nosso mercado, nomeadamente, na zona norte do país. É uma empresa com uma enorme capacidade técnica que nos permitirá desenvolver o nosso negócio de forma sustentada, servindo de plataforma para o nosso crescimento no norte de Portugal. Esta aquisição faz parte da estratégia da Anticimex Portugal em se tornar líder no controlo pre-

ventivo de pragas em Portugal. Podemos afirmar que está no caminho certo? Claramente. Em 2015 quando demos início a este plano estratégico a Anticimex tinha menos de 5% de cota de mercado e hoje passados três anos, deveremos fechar 2018 com cerca quase 15%. Portanto, o balanço é extremamente positivo, sendo que toda esta transformação só foi e continuará a ser possível devido a todo o empenho e profissionalismo dos mais de cem colaboradores da Anticimex Portugal. Sendo assim, qual será o próximo passo da empresa? O principal passo é continuarmos a trabalhar como até aqui para garantirmos que os nossos clientes continuam a receber um serviço de qualidade, cada vez mais digital e ambientalmente amigável. A nossa estratégia passa claramente por continuar a apostar no crescimento por aquisições e esse continuará a ser uma das áreas de foco nos próximos anos para que alcancemos o nosso principal objetivo de nos tornarmo-nos líderes no controlo preventivo de pragas. ▪

a cada captura ou deteção, sejam eles acima ou abaixo do solo, somos imediatamente informados através de e-mail ou SMS. Através da prevenção, novas tecnologias e soluções sustentáveis, a Anticimex tem procurado ir ao encontro das necessidades das pessoas, das empresas e do ambiente. Este pode ser considerado o maior desafio do setor, inovar com soluções sustentáveis? Sim, sem dúvida, argumentos muito fortes como as mudanças climatéricas, acentuadas por um aumento da procura de soluções mais sustentáveis e não-tóxicas, resultado das novas leis e regulamentos europeus, juntamente

com sociedades mais focadas na sustentabilidade em geral, faz-nos acreditar que o futuro do controlo preventivo de pragas é digital. Contrariamente ao que se tem vindo a verificar em outros países, nomeadamente da Europa, Portugal ainda tem muito trabalho pela frente uma vez que a própria legislação, quase inexistente, não permite que o controlo de pragas passe a ser visto como uma área importante na manutenção da saúde pública. Por outro lado, com os avanços tecnológicos que se têm vindo a verificar nas outras áreas dos Facilities, o controlo de pragas não tem porque ficar para trás e terá também de se adaptar a essas novas tecnologias digitais.

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» PORTAL FALAR SEGUROS

FALAR SEGUROS: A PRIMEIRA REDE SOCIAL SOBRE SEGUROS Bruno Carvalho e Tiago Pedro são amigos do tempo da escola e há cerca de dois anos decidiram criar, juntos, um projeto que promete revolucionar o mundo dos seguros. Falamos da Falar Seguros, um portal que vai ajudar empresas e particulares a entender melhor o universo das seguradoras.

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alar de seguros e entendê-los nem sempre é fácil. Desde palavras desconhecidas a informações pertinentes, existe ainda falta de informação disponível para simplificar e desmistificar. A pensar nisso, Bruno e Tiago criaram uma plataforma gratuita online onde será possível entender melhor aquilo que lhe é proposto de forma a simplificar as negociações. O “segurês” nem sempre é fácil de entender. A par da linguagem descomplicada, este portal serve para juntar todos os profissionais de seguros do país. Não para substituir nada mas para auxiliar a concentrar a informação. “Tendencialmente fala-se de seguros como advocacia, com uma linguagem muitas vezes impercetível

PONTOS DE VISTA

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BRUNO CARVALHO E TIAGO PEDRO

para a maioria das pessoas”, afirma Bruno, que garante “que se simplificarmos a linguagem, conseguimos fazer com que as pessoas entendam melhor o mundo dos seguros e deixar de ver a entidade seguradora como inimiga”. Disponível também para particulares, o portal servirá como orientador e como forma de os profissionais de seguros se adaptarem e aconselharem de forma mais rápida sem precisarem de gastar largos minutos à procura de uma informação. Revolucionar a forma de como os seguros são vistos atualmente é, também, um dos grandes objetivos deste projeto. A escassez de informação parece ser um problema constante na vida de quem trabalha com seguros, “é muitas vezes necessário fazer uma procura exaustiva para descobrir informação”, diz Tiago. O portal pode ser entendido como uma rede social que será atualizada com notícias relacionadas com o setor e com uma parte dedicada a diretórios que contêm acesso à informação e dados que muitas vezes as seguradoras precisam para realizar uma peritagem, por exemplo. Saber o que é um seguro para entender qual é o papel das seguradoras também é importante. Por vezes, as queixas são muitas e em parte deve-se ao desconhecimento de como funciona o sistema.

“Um seguro é uma transferência de responsabilidades e riscos passadas por via legal e que tem um custo associado”, explica Bruno que entende que não existe motivo para que a imagem que as pessoas muitas vezes têm das seguradoras esteja correta.

AGARRAR AS NOVAS TECNOLOGIAS PARA EVOLUIR

“Hoje em dia, as seguradoras devem concentrar os seus esforços em oferecer aos clientes qualidade e não os chamados ótimos preços. Se algum profissional de seguros começar a conversa pelo preço e não por analisar as necessidades do cliente, o melhor que este tem a fazer é procurar outro que não esteja só disposto a vender sem se importar com os riscos a que aquela pessoa pode estar sujeita”, refere Bruno. “Com este ‘boom’ tecnológico que existe em vários setores e que, chegou também ao mercado dos seguros, os profissionais dos seguros podem e devem acrescentar à tecnologia uma vertente humana e utilizar o digital a seu favor”, explica Bruno sobre a tendência digital iminente. Com uma acessibilidade que se estende a profissionais e clientes de seguros, a Falar Seguros surge assim como a primeira experiência no mínimo esclarecedora para quem tenha pequenas ou grandes dúvidas sobre o meio. ▪


ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DA INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS

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OPINIÃO DE DAVID PIMENTA, SECRETÁRIO-GERAL DA APIP – ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DA INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS

PASSADO, PRESENTE E FUTURO DOS PLÁSTICOS Vivemos numa era de transformações rápidas ditadas pelo crescimento da população mundial e pela vertiginosa evolução tecnológica. Neste contexto várias indústrias e empresas desaparecem, prosperando aqueles que melhor se adaptam; e a capacidade de adaptação é precisamente uma das principais virtudes que caracterizam o plástico.

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plástico tem acompanhado a humanidade desde tempos imemoriais (em 1600 a.C. povos indígenas sul americanos já usavam polímeros orgânicos), mas foi a partir do século XIX que o plástico de natureza artificial viu a luz do dia. Desde então, especialmente após a II Guerra Mundial, que este material super adaptável ganhou mais presença em todo tipo de setores e atividades. Observa-se que a produção de plástico tem acompanhado os grandes momentos de crescimento económico mundial. Segundo a organização PlasticsEurope em 2016 foram produzidas 335 milhões de toneladas de plástico. Várias previsões apontam que este número mais que quintuplique até 2050, especialmente no continente asiático. O plástico tem dando conforto às nossas vidas e sustentando o desenvolvimento económico à escala global, mas não tem sido apenas pela via económica que o plástico se notabilizou. A vertente ambiental do plástico, recorrentemente esquecida e constantemente atacada, tem sido também um critério fundamental nos processos de seleção para a escolha de qual o material mais sustentável a usar em diversas aplicações. A campanha “10 Verdades sobre os Plásticos”, lançada pela APIP – Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos e outras Associações europeias, ilustra alguns dos méritos de natureza ecológica do plástico: O ecodesign e a inovação nas embalagens de plástico permitem-nos consumir os alimentos com maior segurança, conforto e em melhores

condições. Além disso, contribuem na redução do desperdício alimentar – a comida dura mais tempo conservando toda a sua qualidade. Cerca de 60% dos produtos feitos com plásticos duram entre cinco a 50 anos, ou até mais, como acontece com certas aplicações para a construção. Graças à durabilidade dos plásticos podemos poupar muitos recursos. Por exemplo, os isolamentos plásticos de uma moradia poupam 250 vezes mais energia do que aquela que se usou para fabricá-los. Os plásticos desempenham uma pequena parte no consumo das reservas de petróleo. Apenas 4% a 6% do consumo europeu de petróleo e gás é destinado ao fabrico de plásticos. Os plásticos permitem uma drástica redução das emissões de CO2. Em média, um automóvel tem 15% de componentes plásticos, permitindo poupar 750 litros de combustível em 150 mil quilómetros. Num avião verifica-se uma poupança de 20% de combustível, devido à redução do peso de alguns dos seus componentes fabricados em plástico. A substituição do plástico por materiais alternativos tem de ser cuidadosamente analisada caso a caso. São raras as circunstâncias em que uma alternativa ao plástico é menos custosa e tem menos pegada ambiental. Por assim ser, o plástico continua a ser

o material por excelência nos setores das embalagens, construção, automóvel, saúde, entre outros. Neste sentido, podemos afirmar com segurança que a indústria do plástico continuará a ser uma indústria cimeira no futuro desenvolvimento dos países, mesmo que por vezes um tipo de debate público desinformado e demagógico coloque em causa o seu papel. O futuro da indústria do plástico está já a ser construído na base da economia circular, onde a reciclagem e a reutilização são palavras de ordem. Os players da indústria em Portugal querem ser parte da solução no combate aos resíduos de plástico, que são deixados ao abandono por comportamentos negligentes e irresponsáveis. É aqui que surge a APIP, que tem como uma das suas missões desmistificar, informar e formar a sociedade – não só sobre os méritos económicos e ambientais do plástico, mas também sobre a importância de saber dar um fim de vida correto aos plásticos, impedindo que acabem nos nossos oceanos. ▪

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A SUBSTITUIÇÃO DO PLÁSTICO POR MATERIAIS ALTERNATIVOS TEM DE SER CUIDADOSAMENTE ANALISADA CASO A CASO. SÃO RARAS AS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE UMA ALTERNATIVA AO PLÁSTICO É MENOS CUSTOSA E TEM MENOS PEGADA AMBIENTAL


» LECTRA OPINIÃO DE LECTRA PORTUGAL

DIGA NÃO AO «UM SERVE PARA TODOS» OS DESAFIOS DIÁRIOS DAS MARCAS, RETALHISTAS E FABRICANTES DE MODA

OS DESAFIOS DIÁRIOS DAS MARCAS, RETALHISTAS E FABRICANTES DE MODA

A indústria da moda de hoje é ágil e implacável. Entregar coleções on-trend respeitando prazos, é apenas um dos muitos itens na lista de tarefas de uma empresa de moda. O panorama da moda está a passar por uma revisão completa graças a quatro megatendências: Millennials, Digitalização, a ascensão da Indústria 4.0 e o crescimento económico da China. Este é um teste decisivo para empresas. As apostas são altas. Aqueles que conseguem acompanhar essas mudanças vão sair vencedores do jogo da moda. Mas o que significam essas mudanças para o seu negócio? Como a sua empresa deve adotá-las? Acreditamos que não existe uma solução única para todas as empresas. Porque todos os negócios são diferentes. E todas as empresas têm diferentes necessidades, desafios e objetivos. Nós sentamo-nos com os nossos clientes para perceber como essas mudanças podem afetar os seus negócios. Com base nessas conversas e pesquisas, escrevemos três artigos breves para três segmentos de mercado: retalhistas, marcas e fabricantes. Fizemos um resumo para cada segmento de mercado, onde abordamos detalhadamente todos os desafios do setor, e como podem ser superados. Para ter uma ideia do que vai encontrar, aqui estão alguns dos desafios referidos pelos retalhistas, marcas e fabricantes.

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AQUI ESTÃO ALGUNS DOS DESAFIOS COMUNS NO NEGÓCIO DO RETALHO: Responder às exigências do consumidor está a ficar cada vez mais difícil. Com consumidores da geração Millennial a pedir mais produtos personalizados, para serem entregues em prazos mais curtos, todos os retalhistas precisam de produzir um maior número de coleções de pequeno volume e avançar rapidamente nas tendências. O prazo médio de entrega na indústria passou de 12 semanas para uma. E está a ficar mais difícil responder e adaptar-se a estas novas procuras. Manter as margens de lucro está a ser difícil devido ao aumento dos custos de material. Os custos de material estão a aumentar e isso está a afetar o resultado final das empresas. O sourcing em países de mão-de-obra barata é uma abordagem de curto-prazo para um problema a longo-prazo, mas até agora, não há alternativa viável. Designers estão a lutar com a criatividade sob pressão. Os prazos estão cada vez mais curtos, os consumidores exigem mais coleções com mais variedade de estilos e personalidade, enquanto que o número de pessoas na equipa de design permanece a mesma. Tem de haver uma forma de os libertar de tarefas administrativas para que possam começar a focar-se no seu trabalho. Uma MARCA de moda pode estar a enfrentar estas dificuldades neste momento:

Está a ficar cada vez mais difícil oferecer coleções únicas, com alta qualidade a preços competitivos. As marcas querem a fidelidade do consumidor. Isto significa que precisam de garantir que a qualidade dos seus produtos é consistente e que os seus preços permanecem os mesmos enquanto salvaguardam o ADN da marca. Existem lacunas na cadeia de fornecimento que têm de ser identificadas e corrigidas. Onde a empresa está a gastar mais e menos? Em que áreas se deveria concentrar? As equipas de desenvolvimento de produto estão a lutar constantemente para entregar coleções inovadoras, porque as tarefas administrativas estão, literalmente, a limitar a sua criação. Os consumidores de hoje querem mais variedade, mais coleções e mais personalização. Mas os criadores e modelistas também precisam de tempo para pensar e se inspirar entre coleções. Como podem aliviar a sua carga de trabalho para ganhar tempo para o fazer? A marca está a perder dinheiro devido à ineficiência dos processos de aprovação de protótipos e produtos. A empresa tem utilizado métodos manuais. Como resultado, modelos em papel são perdidos e fichas técnicas não padronizadas levam a más interpretações. Precisam de encontrar uma forma de capitalizar os dados existentes para acelerar a validação de processos e criar produtos com tamanhos, qualidade e fit precisos. Finalmente, para os FABRICANTES: Tem havido um excesso de material em stock e uma regular ocorrência de custos inesperados. A falta de comunicação está a causar imensos problemas para todos. Ao não serem capazes de comunicar com os fornecedores em tempo real, muitos fabricantes não estão a receber a quantidade certa de tecidos ou não estão a produzir a quantidade certa de produtos. Os membros da equipa estão a ter problemas para estimar a quantidade exata de tecido antes da produção. Isto resulta em quebra do preço. As amostras estão a consumir demasiado tempo. O tempo é precioso na moda. É importante obter os dados certos de forma a fazer os produtos certos com a qualidade e fit desejados. Muitos membros da equipa acabam por refazer amostras porque receberam informações erradas. Quando o tempo é apertado e existe procura de mais variedade de produtos, é frequente acontecer erros. O que pode ser feito para os evitar? Os clientes estão a colocar encomendas de grande volume à última da hora, o que vai afetar os resultados finais da sua empresa. Como a indústria da moda é muito rápida, é inevitável que os seus clientes tenham necessidade de ocasionalmente, colocarem encomendas de última hora. Logo, essa necessidade passa a ser a sua, uma vez que não terá tempo de procurar melhores fornecedores e perder uma boa parte do lucro no processo. Quer saber mais sobre como ultrapassar estes desafios? Contacte-nos: s.costa@lectra.com


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