Revista Pontos de Vista Edição 81

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. FEVEREIRO 2019 | EDIÇÃO Nº 81 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

CÉLULAS ESTAMINAIS MAIOR BANCO DE CRIOPRESERVAÇÃO PORTUGUÊS EM ANÁLISE

RENTING

FCA PORTUGAL EM DESTAQUE

PAULO BISPO VARGAS

CANDIDATO À ORDEM DOS ENGENHEIROS, PELO MOVIMENTO MAIS ENGENHARIA

EXIS GROUP

SERVIÇOS DE PERITAGENS | UMA MARCA SEMPRE A CRESCER

LOGICALBRAIN E A CONSULTORIA

JOÃO MANSO “OS ATAQUES NO FUTEBOL, HOSPITAIS E NAS GRANDES SOCIEDADES DE ADVOGADOS VÊM PROVAR QUE POR MUITO BOAS QUE AS EMPRESAS SEJAM (OU ACHAM QUE SÃO) NÃO ESTÃO PREPARADAS PARA RESISTIR A TODOS OS ATAQUES”

FOTO: DIANA QUINTELA

CEO DA REDSHIFT




» OPINIÃO OPINIÃO DE FRANCISCO ALMEIDA SOBRE CONSULTORIA

PORQUE UMA EMPRESA TAMBÉM É COMO UMA CASA… “Tal como uma pintura de uma parede ou a maçaneta de uma porta, também a empresa é como uma casa que precisa de uma manutenção regular.”

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odas as empresas nascem de um sonho. Todas começam por ser uma ideia, mas é o concretizar dessa ideia que permite que ela saia da esfera do sonho e, por fim, exista e prospere. A "Mil Projetos" n ​ ão é exceção: saltou da mente do seu CEO para o mundo real e, com esse salto, chegou um conjunto de aspetos que sintetizam claramente a vida dentro do que é “ser empresa”: vieram os funcionários, os procedimentos, os clientes e, 5 anos volvidos desde a sua criação, tudo parece correr dentro do esperado na ​"Mil Projetos". Até que um dia, e como numa casa que começa a pedir manutenção, ora com uma parede cuja tinta descasca, ora com uma maçaneta que parte, a "Mil Projetos"​passou a exigir pequenas atenções, daquelas que se traduzem no bom ou mau funcionamento daquele micro ecossistema, na diferença entre uma máquina bem ou mal oleada.

FRANCISCO ALMEIDA E A EQUIPA LogicalBrain

PONTOS DE VISTA

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As necessidades eram novas e surgiam dentro e fora da empresa. Por um lado, alguns dos funcionários necessitavam de acompanhamento para estarem a par de algumas mudanças que se iam efetivar em alguns processos, muitos deles antigos; por outro, esses processos antigos tinham que dar lugar a novos, mais adaptados às recentes mudanças no sector, precisando por isso de ser devidamente documentados; a "Mil Projetos"​queria passar a oferecer mais serviços, novos serviços, que tinham de ser comunicados sem erro e no tempo certo, da forma certa. Tudo isto preocupava o CEO da "​Mil Projetos" que via, em mãos, a existência de uma tarefa quase hercúlea: como iria ele ter tempo de pensar e agir sobre todas estas variáveis, quando já tanta coisa fazia parte do seu dia-a-dia enquanto líder da sua empresa? Se pudéssemos continuar a escrever esta história, prevendo o seu final, aqui entraria a LogicalBrain. A "​Mil Projetos" e o seu CEO são fictícias, mas esta empresa e o contexto que aqui descrevemos podia ser o de um dos nossos clientes. Dentro da "​Mil Projetos", a LogicalBrain ofereceria uma solução integral que cobriria todas as áreas de intervenção identificadas pelo seu CEO: primeiro, e porque o olhar para dentro deve ser uma prioridade antes de todas as outras prioridades, os nossos serviços de Produtividade e Motivação representariam uma porta de entrada para um conjunto de ações concretas e concertadas junto dos colaboradores da ​"Mil Projetos"​, auxiliando-os, igualmente, no que à Gestão de Processos e Mudança diz respeito. Desta forma, far-se-ia a ponte entre a comunicação e apreensão de novos processos & procedimentos e o primeiro público de cada empresa, os colaboradores, que é quem porá, na verdade, estes novos processos em prática. À Gestão de novos Projetos e de Serviços dentro do seio da ​"Mil Projetos"​, e porque esta é uma empresa que lida com dados sensíveis, não podemos esquecer a auditoria e levantamento das necessidades relacionadas com o novo Regulamento Geral de Proteção de Dados, de forma a garantir que todos os processos são e​ m conformidade ​com o RGPD. Por último, e porque o CEO da ​"Mil Projetos"​precisa, também, de comunicar os novos serviços disponibilizados pela empresa, a LogicalBrain ofereceria, dentro do pacote de outsourcing criado especificamente para a "Mil Proje-

tos"​, o seu serviço de Copywriting e Produção de Conteúdo, que incluiria um​ update​integral no conteúdo do website da empresa, bem como produção de novo conteúdo para as redes sociais onde a "​Mil Projetos"​está presente. Assim, e com uma abordagem circular, 360º e perfeitamente interligada, a LogicalBrain seria capaz de intervir dentro das necessidades apontadas pelo CEO da ​"Mil Projetos​", cruzando-as com uma resposta única e personalizada às questões que se haviam tornado pertinentes para a empresa. Desta forma, e usufruindo do melhor que o sistema de outsourcing tem para oferecer, o CEO da ​"Mil Projetos"​conseguiria melhorar infra (e info) estruturas, alterar e documentar procedimentos, re-fidelizar e motivar equipas e colaboradores, comunicar aos atuais e potenciais clientes, sem falhas, a existência de novos serviços, enfim, estabelecer as condições para prosperar durante, pelo menos, mais cinco anos. Tal como uma pintura de uma parede ou a maçaneta de uma porta, também a empresa é como uma casa que precisa de uma manutenção regular. É aqui que entramos nós, LogicalBrain, como o seu parceiro ideal no cuidado de um dos valores mais importantes para si: a sua empresa. ▪

Mail:

geral@logicalbrain.pt | Tel: +351 919 539 998 www.logicalbrain.pt


PÁG. 20 E 21

MANUEL FREITAS, PRESIDENTE DA ATLÂNTICA - ESCOLA UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS, SAÚDE, TECNOLOGIAS E ENGENHARIA, E A IMPORTÂNCIA DA AERONÁUTICA

PÁG. 8

HIPAY - FINTECH ESPECIALIZADA EM SERVIÇOS DE PAGAMENTOS MULTICANAL

PÁG. 12 E 13

LISPOLIS – INOVAÇÃO EMPRESARIAL

PÁG. 30 E 31

PÁG. 28

PÁG. 22 E 23

ADA - ACERIA DE ANGOLA A PRIMEIRA SIDERURGIA EM ANGOLA

EDENRED - O TÍTULOS DE REFEIÇÃO LÍDER EM PORTUGAL

EXIS GROUP - O GRUPO DE SUCESSO NO RAMO DAS PERITAGENS E AVERIGUAÇÕES

Editorial A Revista Pontos de Vista apresenta-se como uma publicação editada pela empresa de comunicação empresarial Horizonte de Palavras, sendo de frequência mensal, assume-se como um meio de comunicação que pretende elevar as potencialidades do tecido empresarial em Portugal. Assumimos o compromisso de promover paradigmas práticos e autênticos do que de melhor existe em Portugal, contribuindo decisivamente para a sua vasta difusão.

FICHA TÉCNICA

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DIRETOR: Jorge Antunes

Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas Distribuição Nacional / Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 Dep. Legal: 374222/14

PAGINAÇÃO: MÓNICA FONSECA

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EDITOR: Ricardo Andrade Rua Rei Ramiro 870, 2º J 4400 – 281 Vila Nova de Gaia PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ana Rita Silva | Elisabete Teixeira

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Preço de capa:

4,00 euros (iva incluído a 6%) Assinatura anual (11 edições): Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%), Europa: 65 euros Resto do Mundo: 60 euros

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico. processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, exceto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções

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5 FEVEREIRO 2019

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» MAIS ENGENHARIA

“A ORDEM DOS ENGENHEIROS NÃO PODE CONTINUAR A SER UMA ESPÉCIE DE INATEL DOS RICOS” Construir uma nova Ordem, mais ativa, participativa, liderante e atenta ao que se passa com a profissão são as demandas da Lista B, uma das listas candidata às eleições da Ordem dos Engenheiros. Paulo Bispo Vargas é o candidato a Bastonário e, em entrevista, explica que ambições tem o Movimento Mais Engenharia.

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PONTOS DE VISTA

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Ordem vai novamente a eleições... E em 2016 a sua lista reuniu cerca de 25% dos votos. Nestes últimos três anos o que é que não aconteceu? Estes últimos três anos na Ordem foram anos perdidos sob o nosso ponto de vista. Uma vez que a atual direção mais não fez do que gerir alguns dossiers e apostar em coisas que na nossa opinião não fazem grande sentido e continua a existir um grande distanciamento entre a direção da ordem e os engenheiros. Como principais flagelos observamos a perda de influência da classe, o desprestígio da profissão com a ausência da empregabilidade e as más condições de trabalho. A Ordem continua apenas focada na internacionalização, fazem protocolos com países da América Latina, alegadamente para promover a mobilidade dos engenheiros mas não se vê expressão nesse sentido. Existem casos mais importantes aqui em Portugal como o caso do desemprego. Por exemplo, se um engenheiro português estiver desempregado não pode recorrer à Ordem como forma de apoio, o que indica que os propósitos estão desviados da realidade e que aspetos como estes além de contribuírem, de forma passiva, para a perda de trabalho dos engenheiros, ainda vemos que os interesses dos engenheiros não estão salvaguardados. Existem cada vez mais arquitetos a ocuparem o lugar dos engenheiros e não se nota uma mudança de rumo neste sentido. A somar a isto vê-se um comportamento reativo e não preventivo. Pouco se vê e se sabe da Ordem... É necessário colocar especialistas das diversas áreas da engenharia a falar sobre assuntos que acontecem na sociedade onde a engenharia tem a obrigatoriedade de intervir. Tal não tem acontecido. A par disto de tudo isto, vemos a falta de democracia na ordem como algo muito preocupante, não me lembro de alguma vez ter havido um referendo na ordem para saber o que os seus membros pensam de determinada situação. Além de mudar estes aspetos começaremos por reavaliar todos os protocolos e o que não tiver interesse será para eliminar. Assim como toda a política de realização de eventos. Tem de haver uma descentralização e começar a apostar fortemente nas delegações por todo o país, reabilitá-las, equipa-las, mantê-las abertas. Tais organizações são de extrema importância porque são o primeiro contacto com os engenheiros. Numa nota introdutória pode ler-se que estas eleições serão as mais importantes dos últimos dez anos. Porquê? Fui funcionário da ordem durante cinco anos, no Porto, e sempre me interessei pela potencia-

PAULO BISPO VARGAS

lidade da OE. Sou um pouco sonhador e acredito que devemos privilegiar a meritocracia e, por isso, sinto-me desanimado em perceber que o ser engenheiro em Portugal tem vindo a sofrer um declínio. A ideia de que apenas existe uma única lista vai piorando de ano para ano. É muito difícil criar alternativas. Eu próprio já dediquei bastante tempo a esta causa e, por isso, ou se muda agora ou quanto mais tempo passar mais difícil será mudar. Tem de haver uma mudança geracional. São sempre os mesmos a ocupar-se da Ordem, chamam-lhe sistema de rotatividade interna em que a única pessoa que muda é o Bastonário e isto é inaceitável. A OE não pode ser uma espécie de Inatel dos ricos. O trabalho da Ordem não se pode basear em festas e visitas internacionais. De todo o programa apresentado, quais são as propostas mais urgentes? A primeira medida a ser tomada será descentralização da Ordem. Menos festas, menos passeios e visitas internacionais. A Ordem tem que se focar na defesa da profissão e ouvir mais os seus membros. Isso implica ter posições mais firmes, assertivas e enérgicas na defesa dos engenheiros. Neste sentido vamos começar por ouvir o que os Colégios têm a dizer sobre o que está por fazer. Queremos criar legislação, não abdicamos de tentar definir valores mínimos para a profissão e com isto refiro-me aos salários baixos que estão em vigor e aos quais os engenheiros portugueses têm muitas vezes de se submeter ou então imigrar – quando ir para fora deve ser uma opção e não a única opção-.

Sou um pouco sonhador e acredito que devemos privilegiar a meritocracia e, por isso, sinto-me desanimado em perceber que o ser engenheiro em Portugal tem vindo a sofrer um declínio

Em termos de atos de engenharia pretendemos definir o que é um ato de engenharia ou não. Vamos arranjar uma forma de tabelar os preços dos atos, se o mesmo acontece noutras áreas, porque não acontecer também na engenharia? O investimento em parceiros tecnológicos e em startups de qualidade é também uma das nossas principais demandas. Em termos de reestruturação interna queremos desmaterializar sistemas, reduzir o número de declarações e até fazer obras nos edifícios da Ordem e das delegações. Nos próximos anos, se Portugal quiser evoluir vai precisar de Engenheiros, quer na ferrovia, ou para se reindustrializar, o nosso país vai ter que voltar a produzir, o ornamento do território também parece algo esquecido. Neste momento achamos que temos de construir uma nova Ordem e é para isso que vamos trabalhar. ▪


JOAQUIM NOGUEIRA DE ALMEIDA

Mas a sociedade parece não sentir essa lacuna. Pode explicar melhor por exemplo a questão do ensino? Na realidade tudo tem de estar interligado. Se não veja, o ensino tem de resolver alguns problemas nomeadamente na interligação com as empresas, em Portugal há um grande défice nesta situação. Bem sei que depende muito do dinamismo das empresas e do mercado de trabalho, por isso o ensino deveria promover programas específicos para esta matéria. Dou como exemplo a execução de curtos estágios profissionais durante a formação académica para o desenvolvimento de projectos específicos nas empresas e sujeitos a avaliação académica. Outra questão é a discussão do próprio currículo, tem de ser revisto e actualizado, nomeadamente na questão das matérias a ensinar tendo em conta a rápida evolução técnica em que nos encontramos. Temos de encontrar outros modelos e antecipar problemas, para que o país e as famílias não invistam em profissionais não motivados ou desnecessários. Mencionou também a questão da promoção da engenharia. De que forma propõe melhorar essa questão? Hoje em dia o marketing é uma ferramenta imprescindível, não basta ser bom profissional, tem de se promover esse facto. Ainda se verifica um tímido acordar sobre este assunto, mas promover a engenharia não é somente ter uma presença mais forte e bonita nas redes digitais, é ter simultaneamente uma ação de promoção junto dos órgãos de decisão como sejam os governos, as autarquias e as empresas. É nisto que estamos a falhar. Veja o caso tão

badalado sobre o direito dos engenheiros fazerem ou não arquitectura. Uma questão com um desfecho medíocre para as ambições dos engenheiros civis e incompreendida pela sociedade. Não houve a devida informação sobre esta matéria. Todo o movimento à volta desta questão tem por base uma Directiva Comunitária e o acordo de Bolonha. Afirmo claramente, que os engenheiros não souberam promover o seu saber nesta questão. Por que razão engenheiros de outras nacionalidades podem fazer arquitectura em Portugal? Por que razão engenheiros portugueses podem fazer arquitetura noutros países e no seu não? Não concorda que é bizarro e injusto? Ao longo dos tempos a história tem mostrado que os engenheiros sempre fizeram arquitetura pelo que deviam continuar a fazer nem que para isso houvesse necessidade de ajustar algumas cadeiras do curso. E sobre a defesa da engenharia, o que está a falhar? Está a falhar o essencial. A engenharia é o principal motor da inovação e do suporte básico de uma sociedade. A engenharia é que permite a internet, a inteligência artificial, os telemóveis e todos estes últimos avanços ligados à área digital. É também quem garante o correcto funcionamento das infraestruturas físicas onde vivemos e que precisamos para o nosso conforto de vida, sejam edifícios, estradas, ferrovias, portos, aeroportos, redes de eletricidade, fibra ótica, águas, esgotos, gás, etc. Sendo uma profissão essencial na sociedade por que razão está praticamente ausente nas decisões governamentais? Porque é que tem salários inferiores aos médicos e advogados, por exemplo? Porque é que tantas atividades de engenharia são efetuadas por não engenheiros? Porque é que mais de dez mil engenheiros tiveram de sair do país nos últimos cinco anos? A resposta é simplesmente porque não tem havido um trabalho correto por parte de quem nos representa. Razão porque me candidato pela LISTA B para termos UMA NOVA ORDEM. ▪

Q

ue motivos a levaram a abraçar este projeto de pertencer à Lista B? A vontade de contribuir para uma Ordem mais próxima de todos os engenheiros. Uma Ordem dos Engenheiros sustentada numa política de equidade de oportunidades, de géneros e de melhoria de condições de trabalho e valorização profissional

Quais são as suas maiores preocupações enquanto engenheira e membro da Ordem dos Engenheiros? A não sensibilização da sociedade do ato de engenharia, assim como a débil atuação na defesa dos interesses da profissão na sociedade civil. O distanciamento entre a atual Ordem e os seus associados, com a não existência de um espaço online para acompanhamento, esclarecimento e partilha de experiências, de documentos, regulamentação necessárias à prática da engenharia. A degradação contínua da engenharia a nível nacional que se tem verificado quer pela saída de Portugal de mais de 10.000 engenheiros nos últimos cinco anos, quer pela contratação de profissionais de Engenharia para áreas puramente comerciais, como por exemplo, para agências imobiliárias. A engenharia tem vindo a sofrer algumas mudanças, nomeadamente, na questão de género. Cada vez mais mulheres escolhem fazer carreira em áreas de engenharia. Em algum momento sentiu algum tipo de discriminação por ser mulher? Existem áreas da Engenharia em que predomina o sexo feminino, como é o caso da Engenharia Química. Não irei por isso generalizar a todas as áreas mas sim focar apenas na minha área de atuação, ou seja, na área de Engenharia Civil. Nunca senti discriminação profissional ao longo da minha carreira. E como tal considero que a diferença de género não diferencia os profissionais. Mas falo apenas por experiência própria, acredito que colegas minhas possam tê-lo sentido, até porque já ouvi desabafos nesse sentido. Existem bons e maus profissionais, em todos os géneros, e apelo às entidades patronais que sejam efetuadas avaliações com base somente nas competências técnicas, desempenho, ética e capacidade relacional. ▪

7 FEVEREIRO 2019

É

de novo candidato à Vice-Presidência da Ordem dos Engenheiros, qual é a sua motivação? É sem dúvida ter mais e melhor engenharia em Portugal. Existe uma necessidade de mudança na defesa da engenharia, no ensino e na sua promoção. São várias as lacunas que têm se ser eliminadas.

INÊS MOTA


» REFERÊNCIAS MULTIBANCO

HIPAY: MAIS DE 200 MÉTODOS DE PAGAMENTOS À SUA DISPOSIÇÃO A referência multibanco é o método de pagamento local mais utilizado pelos portugueses. Mas como funcionam as referências multibanco? Quais são as mais-valias? Existem riscos associados? Eduardo Barreto, General Manager da HiPay Portugal, explica-lhe tudo.

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e forma a contextualizar o nosso leitor, que empresa é a HiPay? A HiPay é uma Fintech com presença global, especializada em serviços de pagamentos MultiCanal. Em Portugal, contamos com mais de 700 clientes e somos líderes de mercado em termos do processamento de pagamentos à distância, tanto para pequenas empresas, como para grandes empresas e Marketplaces. Temos imenso orgulho em dizer que metade dos nossos 180 colaboradores trabalham na área técnica. Isto vê-se na qualidade da nossa plataforma, na simplicidade de integração e na agilidade em desenvolver novos produtos e funcionalidades. As referências multibanco são hoje um método muito popular para o pagamento de compras e serviços online, em Portugal. Mas o que é fundamental saber sobre as referências multibanco? Quais são as suas mais-valias? As referências multibanco são, de facto, um método de pagamento muito popular em Portugal. A sua popularidade deve-se à sua versatilidade, pois foi um método que respondeu bem às necessidades que levaram ao seu desenvolvimento, nomeadamente o pagamento de faturas, e que soube adaptar-se ao pagamento das compras online. A sua mais-valia é ser vista como um método de pagamento seguro, onde não é necessário partilhar os dados de um cartão. É também seguro para os comerciantes, pois há pouco risco de um pagamento ser considerado fraudulento, após ter sido efetuado.

PONTOS DE VISTA

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E quanto ao Hipay, quais são as mais-valias? De que forma se diferencia das demais empresas especializadas em sistemas de pagamento por referência multibanco em Portugal? A plataforma de pagamentos da HiPay distingue-se pela tecnologia que desenvolveu para ajudar os seus clientes a aumentarem a sua faturação. Com uma simples integração, a HiPay disponibiliza cerca de 220 métodos de pagamentos, entre os quais as referências Multibanco, o MBWay, o processamento de pagamentos com cartões de débito e de crédito em mais de 150 moedas, o das transferências bancárias através do Sofort, Paypal, Ideal, Klarna, Boleto Bancário, etc., permitindo aos nossos clientes o acesso, não só ao mercado português, mas também ao mercado global, incluindo o Brasil, maximizando, assim, o potencial do seu negócio. Vamos para além do pagamento também, oferecendo todo um conjunto de ferramentas destinadas a aumentar a taxa de conversão, a automatizar o processo de reconciliação e a minimizar a fraude. Com uma solução de pagamentos simplificada e concebida para PME’s e pequenos negócios, que papel pretende a HiPay assumir no mercado e no seio do tecido empresarial?

A Plataforma da HiPay foi concebida de forma modular, o que nos permite oferecer o serviço simplificado característico das PMEs, como também responder aos complexos requisitos das grandes empresas. Temos a grande vantagem de sermos ágeis e respondermos rapidamente às necessidades dos clientes. Posicionamo-nos como o parceiro que permite o processamento de qualquer tipo de pagamento, por qualquer método, em qualquer lugar, de forma segura, económica e eficaz.

EDUARDO BARRETO

A sua mais-valia é ser vista como um método de pagamento seguro, onde não é necessário partilhar os dados de um cartão. É também seguro para os comerciantes, pois há pouco risco de um pagamento ser considerado fraudulento, após ter sido efetuado

Hoje, as referências multibanco são, de facto, a melhor forma de pagamento à distância? As referências multibanco têm as suas vantagens e desvantagens e, se é ou não a melhor forma de pagamento, tal vai depender da área de negócio, do modelo adotado e de muitos outros fatores, inclusive para quem se quer falar. Porém, as referências multibanco são um método de pagamento fundamental para quem opera no mercado português. Mas existem riscos associados? Temas como a cibersegurança, proteção de dados ou ataques cibernéticos são, nesta era globalizada e das novas tecnologias, riscos reais? Apesar da referência multibanco ser um método de pagamento bastante seguro, existem riscos. Estes riscos podem ser bastante reduzidos, até eliminados se tomarmos as seguintes precauções: nunca partilhar os nossos dados bancários, os dados pessoais, as passwords e matrizes do banco com ninguém, mesmo que o email pareça vir do nosso banco. Nenhuma entidade financeira pede estes dados aos seus clientes. Finalmente, se algum produto está a ser vendido por um preço demasiado bom para ser verdade, então é porque é demasiado bom para ser verdade - especialmente se for um particular e pedir para ser pago por referência. Que verdadeiros desafios se impõem hoje às empresas especializadas em sistemas de pagamento por referência multibanco? O verdadeiro desafio é a velocidade a que o mundo dos pagamentos está a evoluir. Em termos de legislação, como em termos de produtos e funcionalidades novas. Acompanhar esta evolução e até liderá-la em alguns casos, requere uma imensa habilidade técnica, coisa que faz parte do ADN da HiPay como Fintech, e que permite aos nossos clientes sentirem-se seguros, porque têm um parceiro que: 1) respeita a importância e a confiança depositada na HiPay para processar a sua fonte de rendimento com uma plataforma estável, segura e certificada pelos reguladores; 2) que disponibiliza as tecnologias mais avançadas para incrementar ao máximo a sua taxa de sucesso e fazer crescer a facturação; 3) que acompanha o seu crescimento com uma excelente equipa de apoio ao cliente baseada em Portugal. ▪


FATURAÇÃO ELETRÓNICA

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SAPHETY É A EMPRESA PORTUGUESA LÍDER EM FATURAÇÃO ELETRÓNICA Há 18 anos no mercado, a Saphety, empresa do grupo Sonae, é líder em Faturação Eletrónica mas também em áreas como Contratação Pública eletrónica e EDI (electronic data interchange). Rui Fontoura, CEO da Saphety, explica os benefícios da implementação da faturação eletrónica, assim como todos os desafios que a mesma acarreta. Saiba tudo.

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O QUE É UMA FATURA ELETRÓNICA?

De acordo com a definição que consta na Dire-

RUI FONTOURA

tiva 2014/55/EU “uma fatura que foi emitida, transmitida e recebida num formato eletrónico estruturado que permite o seu processamento automático e eletrónico”. A faturação eletrónica pressupõe que os dados sejam criados com uma determinada estrutura correta (definida por um modelo standard europeu) e, depois disso, que seja enviada diretamente do sistema do vendedor para o do comprador, sem necessidade de inserção manual. Distinguir o que é faturação eletrónica é importante: “percebam bem o que estão a comprar. Enviar uma fatura como em formato PDF por email não é uma fatura eletrónica. Existe um formato próprio. Esta deve sim, ser uma preocupação das empresas. Está dado o prazo e, apesar de todas as preocupações que possam existir, não há volta a dar. Há boas soluções no mercado. As empresas só têm de a escolher e começar a trabalhar dessa forma. Não vejo que possa haver ou grande problema. O alerta que

pode ser dado é na hora de escolher a solução a comprar”, conclui Rui Fontoura. Comece já a pensar numa solução de modo a evitar constrangimentos para a sua empresa. Existem procedimentos que têm ser implementados e aprendidos. E lembre-se: a faturação eletrónica é obrigatória no formato aprovado pela União Europeia.

PRAZOS ATÉ…

18 de abril de 2019: este é o prazo com que os Estados-Membros contam para transpor e implementar as obrigações de fatura eletrónica nos processos de contratação pública. 18 de abril de 2020: as entidades públicas sub-centrais (regionais ou locais) podem beneficiar de um alargamento do prazo para a aplicação da Diretiva. 31 de dezembro de 2020: as PME e as microempresas serão obrigadas a emitir faturas em formato eletrónico a partir de 1 de janeiro de 2021. ▪

9 FEVEREIRO 2019

esde o primeiro dia do ano que fornecedores e entidades da Administração Pública devem emitir, transmitir e receber faturas exclusivamente por via eletrónica. As regras em Portugal, já previstas no Código dos Contratos Públicos, antecipam a imposição de Bruxelas para todos os Estados-Membros. Já há vários anos que a Saphety começou a implementar faturação eletrónica no setor privado, nomeadamente, na área do retalho, por isso mesmo a Diretiva 2014/55/EU com o prazo estipulado de entrada em vigor a partir do dia 1 de janeiro de 2019, já não é novidade para a empresa que desenhou plataformas como o SaphetyDoc (solução de EDI e faturação eletrónica) e o SaphetyGov (solução de contratação pública - plataforma eletrónica certificada). Rui Fontoura esclarece que “em espaço europeu a faturaçãoo eletrónica é encarada como um meio para reduzir custos e um modo de trazer mais eficiência às organizações. Na América Latina é um meio para evitar a evasão fiscal”. “Em Portugal, a faturação eletrónica vai permitir basicamente que a fatura deixe de ser um custo adicional e aumentar a eficiência das organizações. A União Europeia entendeu que o setor público sairia muito beneficiado em termos de redução de custos e fez uma previsão de uma poupança na ordem dos dois mil milhões de euros em custos só associados às faturas”, explica o CEO da Saphety. Em termos de números, o Estado poderá vir a poupar cerca de cinco euros em cada fatura que emite, atualmente, todo o processo de obtenção de faturas tem um custo aproximadamente de 10 a 15 euros. Para além das vantagens económicas, a faturação eletrónica está diretamente ligada também a questões ambientais, uma vez que haverá a total eliminação do papel.


» FATURAÇÃO ELETRÓNICA

FATURAÇÃO ELETRÓNICA:

ARQEBI É A SOLUÇÃO QUE PROMETE DESCOMPLICAR A Revista Pontos de Vista, conversou com Paulo Marques, Business Unit Manager da solução tecnológica arQEBI, a propósito da Diretiva 2014/55/EU da União Europeia que obriga a partir de 1 de janeiro de 2019, fornecedores e entidades da Administração Pública a emitir, transmitir e receber faturas exclusivamente por via eletrónica. Saiba mais.

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Arquiconsult é uma empresa de consultoria de sistemas de informação, assente em tecnologias Microsoft, com o título de “Gold Certified Part-

PONTOS DE VISTA

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ner”. Enquanto consultores entregam soluções de gestão assentes num amplo conhecimento de processos de negócio, de forma a colmatarem lacunas que as empresas clientes possam ter. Na sua oferta está inserida uma solução que promete descomplicar a obrigatoriedade da faturação eletrónica. arQEBI, é uma solução criada para agilizar a troca de informação entre clientes, enquanto entidades externas, que visa garantir o cumprimento de todos os requisitos legais que a Diretiva pressupõe. “Com a introdução da faturação eletrónica, fizemos ajustes e tornámo-la abrangente de forma a cumprir os requisitos legais pedidos na Diretiva. Conseguimos ainda muni-la de benefícios para os utilizadores como a questão de a tornar específica a cada necessidade, porque cada empresa é diferente das outras”, começa por explicar Paulo Marques que garante que tais adaptações, tornam a solução global mas ajustável às particularidades de cada empresa ao mesmo tempo. “Esta era da transformação digital traz consigo algumas obrigações legais e o nosso papel é também ajudá-las a entender de que forma se podem adaptar ao mercado, para que consigam acompanhar todas as mudanças a que as tecnologias de hoje em dia obrigam”, completa. Acompanhar a rápida inovação tecnologica é apontada como a maior dificuldade das empresas, e aqui reside a importância das IT e do seu conhecimento de forma a melhorar a execução de processos nas organizações. Como tal, a faturação eletrónica pode ser encarada como mais um desafio neste âmbito, que segundo Paulo Marques “não será nenhuma dor de cabeça, mas sim um ponto muito importante para reforçar a competitividade das organizações”. O Investimento em Tecnologias de Informação é, hoje em dia, veículo essencial para a otimização das diferentes funções de uma empresa e a garantia de um crescimento saudável, por isso, nenhuma empresa poderá prescindir de acom-

Há um mindset que é preciso mudar porque a fatura em papel vai deixar de existir. Assim como as incertezas que acompanham um envio da fatura. Olhando de uma forma positiva, as empresas têm aqui uma oportunidade de otimizar os seus negócios e garantir que os seus processos de cobrança e pagamento sejam cada vez mais simples, com acesso a uma informação mais fidedigna e ressalvar de eventuais surpresas

panhar a inovação se quiser ser competitiva. A faturação eletrónica não traz nada de novo, até porque já se sabia que mais cedo ou mais tarde seria implementada, pois a Diretiva remonta a 2014. “A mudança e o burburinho acontecem agora porque passou a ser obrigatória do ponto de vista legal”.

FATURAÇÃO ELETRÓNICA: O QUE É E O QUE MUDA?

“Uma fatura que foi emitida, transmitida e recebida num formato eletrónico estruturado que permite o seu processamento automático e eletrónico”, por isso, não é suficiente enviar via e-mail uma fatura em PDF para que esta seja considerada uma fatura eletrónica. Os dados de uma fatura eletrónica deverão


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PAULO MARQUES

ser apresentados num formato definido pela União Europeia e que possa ser transmitido diretamente entre o emissor e o destinatário e processado de forma automática, embora o emissor de uma fatura eletrónica deva continuar a ter a possibilidade de garantir a autenticidade da origem e a integridade do conteúdo da fatura através de diversos meios, incluindo a assinatura eletrónica, de modo a assegurar a sua conformidade com a Diretiva. “Há um mindset que é preciso mudar porque a fatura em papel vai deixar de existir. Assim como as incertezas que acompanham um envio da fatura. Olhando de uma forma positiva, as empresas têm aqui uma oportunidade de otimizar os seus negócios e garantir que os seus processos de cobrança e pagamento sejam cada vez mais

simples, com acesso a uma informação mais fidedigna e ressalvar de eventuais surpresas”.

PRAZOS DETERMINADOS

Para dar consequência a este desígnio nacional, o Governo estabeleceu uma adoção gradual da faturação eletrónica de modo a que todos os intervenientes, nomeadamente, as micro, pequenas e médias empresas, possam garantir a correta gestão da mudança relativamente a este processo. As datas obrigatórias de implementação serão: 18 de abril de 2019 para o setor público, 18 de abril de 2020 para os restantes organismos públicos e para as grandes empresas e, ainda no mesmo ano, mas a 31 de dezembro para as micro e PME’s. ▪


» LISPOLIS E A INOVAÇÃO OPINIÃO DE CÍNTIA COSTA, MARKETING E COMUNICAÇÃO DO LISPOLIS E PEDRO REBORDÃO, DIRETOR DE PROMOÇÃO E INOVAÇÃO DO LISPOLIS

TECHVISA AJUDA EMPRESAS A ATRAIR TALENTO EXTRACOMUNITÁRIO As empresas estão cada vez mais exigentes. E esta exigência é ainda maior quando se tratam de empresas tecnológicas, como as de desenvolvimento de software, e empresas inovadoras, como as que desenvolvem novos produtos e / ou serviços. São estas as empresas que o LISPOLIS acolhe e pretende continuar a acolher, sejam elas Startups, PMEs ou Grandes Empresas e Multinacionais.

CÍNTIA COSTA

PONTOS DE VISTA

12

A

convivência que o LISPOLIS tem com as empresas instaladas permite-lhe entender o que estas necessitam para desenvolver a sua atividade. Espaço por espaço, considerando que inclui serviços associados a condomínio e manutenção, é hoje manifestamente insuficiente. Mais do que a procura por metros quadrados, as empresas querem um local onde possam encontrar apoio no desenvolvimento do seu negócio, seja no acesso a informação e à agenda de eventos, seja na facilidade de alargarem a sua rede de contactos, seja no apoio na procura de soluções de investimento e / ou financiamento, ou ainda no acesso a serviços especializados. Um dos assuntos que mais preocupa estas empresas atualmente é conseguirem atrair e reter os recursos humanos altamente qualificados de que necessitam para darem resposta a todos os pedidos e propostas que lhes chegam por parte dos seus clientes. A focusbc (http://www.focus-bc.com/pt/), empresa de consultoria de negócio e de conceção e implementação de soluções no âmbito da performance management e location intelligence, com foco na personalização de ferramentas

PEDRO REBORDÃO

para os seus clientes, é uma das empresas que mais tem sentido esta realidade. “Temos vindo a procurar talento a um nível global, com ajuda de clientes e parceiros especializados, oferecendo condições atrativas aos candidatos e mecanismos de retenção de talento”, afirma Sandro Baptista, Managing Partner. Explica ainda que entre os pontos mais relevantes para os novos colaboradores aquando da escolha de uma nova empresa para trabalhar estão os “desafios contínuos, inovação de produto e projetos, clientes de referência nacional e internacional, instalações modernas com zonas de lazer e diversão interior e exterior, ambiente informal e mecanismos de acolhimento (fruta, bebidas), fóruns de partilha de conhecimento abertos à comunidade (eventos, meetups, etc.), diferentes modelos de contratação, flexibilidade de horários e trabalho remoto, atividades de lazer em equipa e um modelo de gestão de capital intelectual que engloba um pacote de remuneração atrativo, prémios trimestrais, fringe benefits, modelo de carreiras, formação contínua e programas de certificação”. O talento é cada vez mais exigente, o que cria uma dificuldade acrescida para as empresas e

TEMOS VINDO A PR OCUR AR TALENTO A U M N Í V E L G LO B A L, CO M A J U DA D E CLIENTES E PARCEIROS ESPECIALIZADOS, OFERECENDO CONDIÇÕES ATR ATIVAS AOS C ANDIDATOS E MEC ANISMOS DE RETENÇÃO DE TALENTO

uma diferença no mercado entre a oferta e a procura. É também notória uma escassez de talento em Portugal, que é sobretudo sentida pelas empresas de software. Segundo o relatório Hays Global Skills Index 2018, existe um gap de 9,4 numa escala até 10 entre as competências que as empresas procuram e as competências disponíveis no mercado de trabalho, em Portugal. Este número significa que “os negócios enfrentam agora um problema sério em fazer coincidir o talento disponível com


“ É E N O R M E A D I S PA R I DA D E E N T R E O NÚMERO DE RECURSOS QUALIFICADOS E X T R ACO M U N I TÁ R I O S Q U E D E S E J A M R E A L O C A R - S E PA R A P O R T U G A L E AQUELES QUE FAZEM ESSA MUDANÇA. N A H H S T E M O S A P R O V E I TA D O A DESMATERIALIZAÇÃO QUE AS TI PERMITEM, ATRAVÉS DO TRABALHO REMOTO

as vagas de trabalho”, indica o mesmo relatório, disponível em http://www.hays-index.com/. A escassez de recursos justifica-se ainda por um aumento da procura, uma vez que é do conhecimento público que grandes empresas têm optado por Portugal para instalar os seus centros de competências e que, simultaneamente, não houve um acompanhamento e adaptação a um novo paradigma de mercado por parte das entidades que trabalham o talento, como é o caso das Universidades. O LISPOLIS tem acompanhado estas preocupações de muito próximo e tem feito tudo o que está ao seu alcance para ajudar as empresas a encontrarem soluções, nomeadamente a dois níveis: 1) fazendo a ponte com os cursos com saída para tecnologia das Faculdades associadas ao LISPOLIS, nomeadamente o Instituto Superior Técnico (IST) e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL); 2) fazendo a ligação entre empresas que querem contratar (procura) e empresas que disponibilizam o talento (oferta), numa lógica de contratação de serviços de desenvolvimento ou de outsourcing de recursos humanos qualificados, ao invés da tradicional solução do ingresso de um novo colaborador no quadro. É por esse motivo que, considerando também que a falta de recursos qualificados é um problema não apenas português mas também europeu, dá destaque ao programa Tech Visa, promovido pelo Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) e pela estratégia Startup Portugal. Esta nova iniciativa tem como objetivo “que quadros altamente qualificados, especialmente da área tecnológica, estrangeiros à União Europeia, possam aceder aos empregos criados pelas empresas portugue-

MARCO CORREIA

sas de forma simplificada”, como se pode ler na sua génese, em http://www.iapmei.pt/. Se no Startup Visa, programa destinado a empreendedores estrangeiros que pretendam desenvolver um projeto de empreendedorismo e/ou inovação em Portugal, com vista à concessão de visto de residência ou autorização de residência, a certificação é atribuída a incubadoras que possam acolher estes projetos, como o LISPOLIS, no programa Tech Visa são as empresas tecnológicas e inovadoras que têm de ser certificadas pelo IAPMEI. E as empresas do LISPOLIS veem com bons olhos este tipo de iniciativas. “É enorme a disparidade entre o número de recursos qualificados extracomunitários que desejam realocar-se para Portugal e aqueles que fazem essa mudança. Na HHS temos aproveitado a desmaterialização que as TI permitem, através do trabalho remoto, para colmatar a falta de uma via expedita para acolher estes(as) profissionais. Um capital humano de inestimável valor que contribuirá para a nossa sociedade. Urge alterar a postura. Portugal é um país fantástico para viver, recebamos de braços abertos o talento que nos procura”, declara Marco Correia, Conselheiro Estratégico da Host Hotel Systems (https://www.hostpms.com/) Toda a informação sobre o programa, processo e critérios de certificação das empresas, assim como os requisitos de elegibilidade de trabalhadores altamente qualificados, está disponível no site do IAPMEI (http://www.iapmei.pt). Referir apenas que: O programa é destinado a empresas tecnológicas e inovadoras que pretendam contratar talento altamente qualificado oriundo de Estados terceiros; As candidaturas abriram a 2 de

janeiro de 2019 e têm como data limite 31 de dezembro de 2019; Todo o processo decorre numa área reservada da Consola de Cliente do IAPMEI; As candidaturas serão analisadas num prazo máximo de 20 dias úteis a contar da data de submissão. Costumamos dizer que o sucesso do LISPOLIS está intimamente ligado ao sucesso das empresas que acolhe. Se as empresas tecnológicas e inovadoras não conseguirem ter os recursos de que necessitam, não conseguirão de-

senvolver e entregar os projetos, quer os que têm em carteira quer outros que não conseguirão obter por falta de capacidade de resposta. É por isso, e por pretender sempre que possível contribuir para a resolução dos problemas da sua comunidade, que o LISPOLIS promove ativamente este programa junto das suas empresas e da sua rede de contactos e está disponível para o esclarecimento de todas as dúvidas online (em https:// www.lispolis.pt/) ou pelos seus contactos habituais (217101700 ou geral@lispolis.pt). ▪

13 FEVEREIRO 2019

SANDRO BAPTISTA


» CENTRO NACIONAL DE CIBERSEGURANÇA

“PORTUGAL USA O CIBERESPAÇO DE UMA FORMA LIVRE, CONFIÁVEL E SEGURA” Lino Santos, Diretor do CNCS (Centro Nacional de Cibersegurança), aborda a missão da entidade e que desafios fazem parte da atualidade em matéria de cibersegurança. Saiba tudo.

E

nquanto entidade que atua em articulação e estreita cooperação com as estruturas nacionais responsáveis pela ciberespionagem, ciberdefesa, cibercrime e ciberterrorismo, comunicando à Polícia Judiciária os factos de que tenha conhecimento relativos à preparação e execução de crimes, quais diria que são neste momento as maiores preocupações que fazem parte do universo da cibersegurança? Nesse sentido, tem-se vindo a trabalhar não só em áreas que dizem respeito à regulamentação e implementação da Lei que estabelece o Regime Jurídico de Segurança do Ciberespaço, por forma a criar um quadro de referência em cibersegurança que as organizações poderão adotar, independentemente da sua tipologia ou setor de atividade, para melhor se prepararem para os riscos de segurança a que possam estar expostas, mas também em matérias que promovam uma maior sensibilização e capacitação da sociedade para os temas relacionados com a cibersegurança.

PONTOS DE VISTA

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LINO SANTOS

O Governo propôs recentemente uma lei prevê coimas de mil euros para empresas que omitem ciberincidentes, tal legislação dará ao Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) «funções de regulação, regulamentação, supervisão, fiscalização e sancionatórias» e ainda «o poder de emitir instruções de cibersegurança e de definir o nível nacional de alerta de cibersegurança». Qual a importância desta medida? A Lei n.º 46/2018, de 13 de agosto, que estabelece o regime jurídico da segurança do ciberespaço, prevê que o incumprimento da obrigação de notificar o Centro Nacional de Cibersegurança dos incidentes de cibersegurança constitui uma infração grave, sendo objeto de coima de € 1000 a € 3000, tratando-se de uma pessoa singular, e de € 3000 a € 9000, no caso de se tratar de uma pessoa coletiva. Paralelamente, a lei acima referida determina que Centro Nacional de Cibersegurança é a Autoridade Nacional de Cibersegurança conferindo-lhe, nomeadamente, o poder de emitir instruções de cibersegurança e de definir o nível nacional de alerta de cibersegurança. Deste modo, capacita o Centro Nacional de Cibersegurança para garantir que o Portugal usa o ciberespaço de uma forma livre, confiável e segura e para permitir a implementação de medidas para deteção, reação e recuperação de incidentes que ponham em causa o interesse nacional, designadamente, o funcionamento da Administração Pública, dos operadores de infraestruturas críticas, dos operadores de serviços essenciais e dos prestadores de serviços digitais. O facto de as empresas terem de partilhar qualquer tipo de ameaça ou mesmo um ataque é essencial para uma maior segurança? Porquê? Sim, é sem dúvida essencial pois a partilha dessa informação por parte das empresas, mas não só empresas, permitirá agregar um conjunto de dados que conduza a uma melhor identificação das situações, como, por exemplo, atores envolvidos, motivações, causas e origem. Isto será, certamente, importante para a criação e produção de conhecimento na área da cibersegurança, até de uma forma mais alargada, mas em concreto permitirá que CNCS, nomeadamente através do CERT.PT (que assegura a coordenação operacional na resposta a incidentes), apoie essas organizações com, por exemplo, sugestões e soluções mais robustas para a mitigação dos efeitos desses mesmos incidentes. Esta abordagem junto das empresas é tarefa fácil? Verifica-se uma maior perceção da existência de riscos no ciberespaço e uma consequente maior abertura para aprofundar o conhecimento em matérias relacionadas com a cibersegurança.

Prova disso, no âmbito do balanço Mês Europeu de Cibersegurança (que decorreu ao longo do mês de outubro do ano transato) identificámos que este ano houve maior adesão por parte das empresas privadas, bem como da administração pública para promoção de iniciativas de sensibilização para estas questões, o que denota maior preocupação e consciencialização sobre tema. Há, no entanto, muito trabalho por fazer e observamos, ainda, a falta de enquadramento da cibersegurança, em algumas organizações, como fator de risco de negócio. Em que medida os ciberincidentes fazem parte da consciência dos colaboradores e das entidades empregadoras? Serão os riscos e as consequências bem medidas? A educação de todos os envolvidos (empresas, cidadãos e da própria sociedade civil) para uma cultura de segurança é essencial. Deste modo, é fundamental que exista uma maior preocupação em adotar comportamentos em conformidade, ou requisitos de segurança para proteção das suas redes e sistemas de informação. A título de exemplo, a Estratégia Nacional de Segurança, Regime Jurídico de Segurança do Ciberespaço preconizam uma abordagem baseada na gestão do risco. Um dos objetivos do CNCS é promover projetos de inovação e desenvolvimento na área da cibersegurança. Neste sentido, que projetos estão neste momento em curso? Como já aqui foi referido, há uma necessidade bastante grande de criação e produção de conhecimento nesta área, que permita o desenvolvimento e a tomada de decisões mais informadas no domínio das políticas públicas. Nesse sentido, há um conjunto de projetos em curso que visa a produção de materiais de referência, para cidadãos e organizações. Ainda neste campo, para além de todas as ações desenvolvidas por entidades públicas, estão em curso algumas iniciativas que contam com a participação de entidades dos setores público e privado. Através dos vários protocolos estabelecidos, e de outros que se estabelecerão no futuro, pretende-se a criação de uma rede de colaboração que contribua para a identificação dos melhores instrumentos, mecanismos e formas de capacitação que respondam da melhor forma às necessidades das organizações e dos cidadãos em geral. A vertente de cooperação, seja ao nível nacional, seja ao nível internacional, é bastante importante e também contribui neste campo da inovação e desenvolvimento. Igualmente importante é a aposta na capacitação, treino e sensibilização de pessoas, e a título de exemplo podemos referir o projeto “Cidadão Ciberseguro”, uma medida Simplex, que será lançada já no próximo dia 5 de fevereiro, ou mesmo a dinamização de conferências e workshops, como é o caso da Conferência Anual de Cibersegurança – C-DAYS. ▪


CIBERSEGURANÇA

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OPINIÃO DE JOVIANO SILVA, ADMINISTRADOR DE BASE DE DADOS E SEGURANÇA

COMO SE PROTEGER DE ATAQUES DE PHISHING? A técnica conhecida por phishing é a uma forma fraudulenta de obter informações confidenciais, como nomes de utilizador, palavras passe e detalhes do cartão de crédito, disfarçando-se como uma entidade confiável em comunicações eletrónicas.

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15 FEVEREIRO 2019

ormalmente é transmitido por spoofing de email ou mensagens instantâneas, e muitas vezes direciona os utilizadores a inserir informações pessoais em sites falsos, cuja aparência é idêntica ao site legítimo. O phishing é uma das formas mais comuns dos hackers obterem a sua password. De forma a proteger-se do phishing, as chaves de segurança “security keys” adicionam um nível extra de proteção, porque mesmo que hackers consigam roubar sua password por meio de phishing, eles não se conseguem autenticar sem o acesso fisico à sua chave de segurança. As chaves de segurança também poderão avisar se o web site que estiver a aceder é um site de phishing, uma vez que detetam pequenas diferenças no url que diferem do url original. Atualmente no mercado existem vários produtos, como a security key da google (Titan Security Key), a yubikey da empresa Yubico que neste momento é a mais avançada a nível de funcionalidades, ou a da empresa Feitian que a um preço reduzido perto de dez euros implementa todas as caracteristicas de segurança necessárias. Estas chaves de segurança utilizam a autenticação de dois fatores baseada em hardware (2FA) para contas online com o mais alto nível de proteção contra-ataques de phishing e baseiam-se no protocolo da Aliança FIDO (Fast IDentity Online) e protocolo U2F (segundo fator universal) que inclui um firmware desenvolvido para verificar a

integridade das chaves de segurança a nível de hardware. Este tipo de chaves adicionam uma camada extra de autenticação além do uso da sua password. O Google informou que desde a adoção das chaves de segurança para os seus 85000 funcionários, nunca mais existiu nenhum ataque de phishing. Este tipo de chaves é compatível com a maioria dos browsers de internet como o Chrome, firefox e internet explorer e está disponível nos serviços mais populares online como o Gmail, o Facebook, o Twitter e o Dropbox. ▪ joviano.silva@mailfence.com


Deixámos de ter a figura do “homem dos computadores”, o “informático”, para passar a ter alguém responsável pela segurança de informação de forma a ajudar na tomada de decisões do ponto de vista estratégico da segurança e dos sistemas de informação. O que nos indica que a segurança tem vindo a afirmar-se enquanto driver motor de investimento, infelizmente ainda mais no setor privado do que no público JOÃO MANSO


TEMA DE CAPA

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“NENHUMA EMPRESA ESTÁ LIVRE DE UM ATAQUE CIBERNÉTICO” Portugal, no final dos anos 80, conhecia apenas dois canais de televisão, ninguém tinha telemóveis e a internet ainda era um universo distante, uma outra galáxia. Quase quatro décadas depois, vemos esse universo tão próximo que podemos considerar que fazemos parte dele. A comercialização e acessibilidade da Internet ao grande público dá-se a partir de 1999/2000 e é no novo milénio que a liberalização da internet acontece, em grande medida devido ao mercado das telecomunicações.

Q

FOTO: DIANA QUINTELA

uase vinte anos depois verifica-se uma gigante adesão à tecnologia e com ela os perigos comuns. Hoje, empresas e particulares vivem cercados por dispositivos cuja segurança é ainda muito pouco percecionada pela maioria. Neste sentido, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com João Manso, CEO da Redshift, que nos fala sobre a necessidade de uma atenção e literacia daquilo que é a cibersegurança.

FOTO: DIANA QUINTELA

A Redshift está no mercado desde 2010 e é especializada em cibersegurança, com quase nove anos de atuação, já conquistaram o estatuto de empresa de referência em consultoria e integração de sistemas, em Networking, Information Security/Cybersecurity, Industrial Security e Forensics. Até 2014 os anos foram de fundação. Um começar do zero com clientes que tinham vindo de projetos em que a equipa havia participado. Nos primeiros quatro anos a empresa conseguiu atingir os números que faziam parte dos objetivos anuais da empresa e a cada ano crescer dois dígitos. Em 2015 e apesar de o Estado mostrar dificuldades acrescidas devido à entrada da troika no país, o ano continuou a ser de crescimento para a Redshift que à época já contava com muitos clientes pertencentes ao Estado em carteira. “O Estado estava a retrair-se muito e mesmo assim conseguimos aumentar a faturação e crescer. Em 2017 crescemos três dígitos com a entrada em novos projetos e novos mercados, como a investigação forense. Passámos a ter uma oferta de software e hardware de análise forense e, com isso, ganhámos a liderança nesse setor, explica o CEO. Com a conquista de mais do dobro da faturação aumentaram as equipas e em 2018 a aventura tornou-se ainda maior: “Havia valores muito interessantes a manter”. Mas mais uma vez correu tudo bem. “Tornou-

se uma surpresa. Apesar de até maio o mercado estar focado no RGPD (Regulamento Geral de Proteção de Dados), no segundo semestre apareceram projetos relacionados com a proteção de dados e outros mais tecnológicos, atingimos os números e até os superamos. Aumentámos o número de clientes, a diversidade de negócio, voltámos a contratar mais colaboradores, passámos a ser uma empresa reconhecida pelos nossos clientes e temida pelos nossos concorrentes. Isso fez-nos crescer bastante”, conta João Manso. O foco no cliente, apesar de parecer um cliché é de facto o segredo Redshift para o sucesso. “Os nossos clientes sabem que a nossa primeira preocupação é prestar um serviço de excelência”. Tal foi a evolução nos últimos dois anos que o Financial Times sentiu interesse em perceber quem é a Redshift e o que faz dela uma empresa de forte crescimento e de ampliação de áreas de negócio de forma tão acelerada. “O nosso mercado tem-nos mostrado o seu reconhecimento. Começámos a trabalhar com clientes ligados ao Estado e Indústria, e agora também trabalhamos com a Banca e Seguros o que traduz o nosso crescimento”.

A IMPORTÂNCIA DA INFORMÁTICA GANHA NOVO RELEVO NAS EMPRESAS

“Deixámos de ter a figura do “homem dos computadores”, o “informático”, para passar a ter alguém responsável pela segurança de

O nosso mercado tem-nos beneficiado bastante e mostrado o seu reconhecimento. Começámos a trabalhar com clientes ligados ao Estado e Indústria, e agora também trabalhamos com a Banca e Seguros e issoo que traduz o-se no nosso crescimento

17 FEVEREIRO 2019

MARCA A ENTRADA DA REDSHIFT NO MERCADO


» TEMA DE CAPA informação de forma a ajudar na tomada de decisões do ponto de vista estratégico da segurança e dos sistemas de informação. O que nos indica que a segurança tem vindo a afirmar-se enquanto motor de investimento, infelizmente ainda mais no setor privado do que no público”. De acordo com João Manso, as empresas continuam ciber imaturas, mesmo as grandes empresas que continuam preocupadas em atingir pequenos objetivos e não olham para a segurança como um todo. “As empresas que têm planos estratégicos de governance são muito poucas. Verificamos algum trabalho na indústria ou em outras redes

PONTOS DE VISTA

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críticas como a rede elétrica, de abastecimento de água, combustíveis… Já existem algumas iniciativas mas ainda é muito pouco”. Na opinião do empresário, o facto de Portugal começar a estar mais próximo de problemas que se vivem atualmente na Europa, tem ajudado a desconstruir o mito de que Portugal não é um risco e por isso as pessoas começam a pouco e pouco a pensar nesta questão de segurança. “Os ataques no futebol, hospitais e nas grandes sociedades de advogados vêm provar que por muito boas que as empresas sejam (ou acham que são) não estão preparadas para resistir a

“Os nossos clientes sabem que a nossa primeira preocupação não é ganhar dinheiro é prestar um serviço de excelência”


todos os ataques e as falhas frequentemente não são tecnológicas mas sim humanas. As pessoas não terem formação em awareness (consciencialização) faz com que continuem a cometer erros que podem ser muito graves para a sua organização”.

UE ESTÁ HÁ ANOS PREOCUPADA COM A SEGURANÇA INFORMÁTICA

A União Europeia fala há anos sobre segurança informática. Em 2016 foi lançada a diretiva sobre segurança das redes e dos sistemas de informação (Network and Information Security - NIS, na sigla em inglês) que estabelece obrigações de comunicação para os operadores de serviços em setores críticos como energia, transportes, saúde e finanças, bem como para os fornecedores de recursos digitais, como é o caso dos motores de busca (programa que permite pesquisar e extrair informação da Internet, de uma base de dados, de um conjunto de textos) ou dos serviços de comércio eletrónico. Porém, existem outros aspetos que estão a ser descurados e apresentados apenas como “conselhos a seguir”. Sobre isso, o nosso entrevistado garante que “o que falta é definir normas, normalizar processos e procedimentos que as empresas e as pessoas possam executar. Portanto, a União Europeia e Portugal em particular conhece a lacuna e está a tentar colmatá-la, o que não está é ainda a impor aos reguladores uma exigência que é necessária para os seus setores”. É importante perceber como é que os colaboradores se comportam a nível informático e se sabem reagir perante as adversidades. Outro aspeto apontado por João Manso como estando em falta em diversas questões é a ética e a moral das decisões, “cuja responsabilidade pertence aos decisores seja no setor privado seja no Estado”.

FOTO: DIANA QUINTELA

COLABORADORES O MAIOR E MELHOR INVESTIMENTO QUE UMA EMPRESA PODE FAZER

Não adianta investir em excelente software se os colaboradores de uma organização não souberem “utilizar” o computador ou se não estiverem familiarizados com os riscos que de lá podem advir. Os riscos cibernéticos são responsabilidade das administrações e todas as

empresas correm perigo independentemente da sua área de atuação ou dimensão. Assim, é importante explicar e consciencializar as pessoas sobre o que as rodeia. Dar-lhes formação e criar exercícios para por em prática os conhecimentos que vão sendo adquiridos. João Manso vai mais longe e afirma que além das empresas, a formação sobre cibersegurança deve começar na escola “a escola tem que ensinar desde pequenino, princípios de ética e moral, mas também de segurança. E estes são directamente aplicados a tudo o que tem a ver com o nosso futuro, no ciberespaço e no mundo virtual”. “Ainda existem empresas que apesar de terem uma política de segurança, não a explicam aos colaboradores. Em Portugal ainda se conta muito apenas com a boa vontade dos colaboradores. É necessário existir uma liderança preocupada, sempre, com a Cibersegurança”, conclui. ▪

As empresas que têm planos estratégicos de governance são muito poucas. Verificamos algum trabalho na indústria ou em outras redes críticas como a rede elétrica, de abastecimento de água, combustíveis… Já existe algum burburinho e iniciativas mas ainda é muito pouco

19 FEVEREIRO 2019

Qualquer empresa, independentemente da sua dimensão ou atividade, é vulnerável a ataques cibernéticos internos ou externos. Além de interno ou externo pode ser ainda acidental ou deliberado. O CEO da Redshift explica que tudo aquilo que, em cibersegurança, for realizado sem a autorização do alvo, é, em Portugal, crime. Existem empresas que pagam para saberem que problemas têm, o chamado white hacking. Os white hat são o equivalente a cavaleiros do bem que utilizam os seus conhecimentos extraordinários a nível informático para o bem. São especialistas em segurança da informação, e, desta forma, auxiliam empresas a encontrar vulnerabilidades existentes nos seus sistemas. São considerados “hackers do bem” Em Portugal existem vários white hat, no entanto, qualquer ação a nível informático que não seja autorizada é ainda considerada crime.

FOTO: DIANA QUINTELA

PERCEBER O QUE É UM ATAQUE E IDENTIFICAR UM CIBERCRIME


OS DESAFIOS DA AERONÁUTICA 2019

“A ATLÂNTICA QUER DAR UMA EXCELENTE CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO EM AERONÁUTICA” A Revista Pontos de Vista foi conversar com Manuel Freitas, Presidente da Atlântica - Escola Universitária de Ciências Empresariais, Saúde, Tecnologias e Engenharia, que nos deu a conhecer um pouco mais desta instituição e como a mesma é um player importante no domínio da Indústria Aeronáutica em Portugal

A Atlântica

ensino e investigação orientada para públicos diferenciados em vários momentos dos percursos vocacionais e profissionais, que atua segundo os princípios da excelência, da aprendizagem ao longo da vida e da integração entre os saberes humanistas, organizacionais, científicos e tecnológicos, procurando contribuir igualmente para a promoção e desenvolvimento da comunidade, em cooperação com entidades nacionais e internacionais de referência. Hoje, como ontem, como na sua criação em 1996, assume os mesmos referenciais de inovação e de qualidade no ensino e na formação. A aposta da Atlântica nas áreas de Ciências Empresarias, Tecnologias da Informação, Saúde e mais recentemente, desde 2015, na área da Engenharia, acentua o pendor tecnológico do nosso ensino e investigação aplicada em contacto com as entidades empresariais nacionais.

PONTOS DE VISTA

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MANUEL FREITAS

A

Atlântica, Escola Universitária de Ciências Empresariais, Saúde, Tecnologias e Engenharia, surge há 23 anos como um projeto inovador e com o objetivo concreto de fazer um ensino superior privado de elevada qualidade e excelência. Hoje, que papel assume a Escola no país e no setor do ensino e da formação? A Atlântica é uma instituição universitária de

Em 2014 o grupo multinacional Carbures – fornecedor de componentes estruturais aeronáuticos para a Airbus e a Boeing – passou a ser o maior acionista da Atlântica - Escola Universitária de Ciências Empresariais, Saúde, Tecnologias e Engenharia. Este era, sem dúvida, o passo que a Atlântica queria e precisava de dar? Em 2014, a Empresa Carbures adquiriu 87% do capital social da E.I.A. S.A., entidade instituidora da Atlântica, com o propósito de contribuir para uma alteração do ensino superior privado em Portugal, pelo fomento da ligação entre indústria-universidade-investigação. Esta parceria possibilitou a criação na Atlântica da área de engenharia, com a introdução de licenciaturas, mestrados e doutoramentos na área de engenharia de materiais, engenharia aeronáutica e

do fabrico pretende incrementar industrial. a formação em materiais e O objecaeronáutica, e naturalmente tivo foi a inserir-se-á na área criação aeroespacial, sobretudo na área de um dos novos materiais, com uma pólo tecimportância fundamental nológico de desenem componentes para volvimento o espaço da área da engenharia de materiais e da engenharia aeronáutica - core business da Carbures - e da gestão industrial. Com esta nova actividade de ensino e investigação, a Atlântica, em parceria com a Carbures e a FIDAMC-AIRBUS, procura incrementar a ligação universidade-industria sem a qual Portugal não poderá responder com sucesso aos novos desenvolvimentos tecnológicos em curso. Hoje, o core business da Atlântica é a engenharia aeronáutica, engenharia de materiais e todas as novas tecnologias associadas a esta indústria. Afirma que se criou, assim, uma universidade-empresa que ajudou o país a firmar a sua posição enquanto cluster global na área das engenharias. De que forma? Fale-nos um pouco mais sobre este conceito de “universidade-empresa”. A interacção entre o ensino universitário e o tecido industrial está presente no ensino das engenharias na Atlântica desde o primeiro ano das licenciaturas. Os alunos beneficiam de um contacto com a entidade empresarial, Carbures e FIDAMC-AIRBUS, através de estágios, onde


Que dimensão e importância assume hoje a Indústria Aeronáutica em Portugal? A indústria aeronáutica teve um crescimento excelente nos últimos anos em Portugal. Esta indústria está agrupada no AEDCluster, Aeronáutica, Espaço e Defesa, ao qual pertencemos, e o qual estima, para os próximos cinco anos, duplicar a contribuição dos três setores (aeronáutico, espaço e defesa) dos atuais 1,2% para 3% do PIB. O cluster representa cerca de 68 empresas, dá emprego a cerca de 18.500 pessoas, sendo que 87% da sua faturação é exportação (o mercado interno não tem expressão). Nos últimos cinco anos, Portugal formou mais de 2.000 quadros técnicos e 300 engenheiros que estão a trabalhar neste cluster, mas a indústria aeronáutica, espacial e de defesa, estima que seja necessário formar mais 2.000 novos técnicos qualificados e

mais 200 novos engenheiros nos próximos três anos. Concorda? Que outros fatores são igualmente cruciais para este setor? Sim, a indústria nacional tem neste momento uma falta de engenheiros da área aeronáutica, essencialmente devido a apenas existirem três cursos de engenharia na área, mas também porque a nível europeu se verifica a mesma procura de engenheiros aeronáuticos o que leva muitos engenheiros a optar por ir trabalhar para a Europa, onde se verifica também um enorme crescimento da indústria aeronáutica. As previsões da AIRBUS para o crescimento de fabrico de aeronaves comerciais nos próximos 20 anos são de cerca de 35000 novos aviões, dos quais cerca de 25000 “singe aisle aircraft”, 8500 “twin-aisle aircraft” e 1500 “very large aircraft”. Este crescimento implica uma necessidade de formação de engenheiros para a concepção, fabrico e manutenção de aeronaves e para a qual Portugal tem de estar preparado, sendo a intenção da Atlântica dar uma excelente contribuição para esta formação. Para além da necessidade destes profissionais, toda a área envolvente, como a aviação, necessita de maais profissionais, como pilotos e tripulantes de cabine. A Atlântica estabeleceu por isso uma parceria com a OMNI que viabiliza uma dupla titulação Engenheiro Aeronáutico e Piloto. Estabeleceu igualmente uma parceria com a Orbest para a formação de tripulantes de cabine. Foi com o objetivo de dar resposta às necessidades do mercado que a EIA, entidade instituidora da Atlântica, ajudou a criar a ESCC – European School for Cabin Crew. Também na área dos TMA’s – Técnicos de Manutenção Aeronáutica, cujos profissionais escasseiam em Portugal e no mundo mas cuja procura é elevadíssima, a Atlântica terá notícias muito em breve, tendo também vindo a celebrar protocolos com várias entidades.

Os objetivos estratégicos definidos passam, ainda, por duplicar o atual esforço de inovação no seio do cluster e tornar visível a nível internacional a marca ‘Portugal aeroespacial’. Que papel a Atlântica pretende assumir neste sentido? A Atlântica pretende incrementar a formação em materiais e aeronáutica, e naturalmente inserir-se-á na área aeroespacial, sobretudo na área dos novos materiais, com uma importância fundamental em componentes para o espaço. Enquanto instituição universitária assume um papel crucial na qualificação superior e capacitação de jovens e adultos e na reconversão de profissionais para estas áreas,

tão necessárias e cuja taxa de empregabilidade é muito elevada. A investigação aplicada a esta indústria é também um dos objetivos estratégicos da Atlântica, prevendo-se o consolidar de sinergias, uma maior ligação às empresas do setor, candidaturas a financiamento europeu de projetos na área, o que será potenciado com os novos doutoramentos. A internacionalização é também um objetivo para o qual temos vindo a trabalhar desde há cerca de três anos. Naturalmente, pretende-se também que a Atlântica se evidencie no panorama nacional e internacional do ensino das Engenharias e ganhe a visibilidade e a notoriedade que merece. ▪

21 FEVEREIRO 2019

a experiência industrial destes parceiros com um elevado teor tecnológico e inovador, como é apanágio da área aeronautica, está a par com um ensino universitário de elevado teor tecnológico. Estes estágios decorrem ao longo da Licenciatura, constituindo uma mais valia para os futuros diplomados pela Atlântica. A par da parceria industrial com a Carbures, a Atlântica estabeleceu também parceria com entidades nacionais com o objectivo de complementar a formação universitária dos seus colaboradores, nomeadamente com a Galucho, a Embraer e o ISQ, estando em vista outras colaborações. Este estreitar de relações entre o mundo académico e o mundo empresarial/ industrial é urgente. Sabemos que o futuro, já presente, passa por inovação e desenvolvimento de tecnologias avançadas e as empresas terão que acompanhar esta nova “revolução industrial”. É este o nosso posicionamento.


» OS NOVOS DESAFIOS DO SETOR DA PERITAGEM EM PORTUGAL

20 ANOS DE CRESCIMENTO E SUSTENTABILIDADE O EXIS Group é o parceiro ideal das seguradoras. Apresenta-se no mercado com soluções de A a Z para a resolução de sinistros, onde celeridade e qualidade são as palavras de ordem. A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Xavier Neto, Diretor Geral do EXIS Group, Mário Rodrigues, Administrador, e Cláudia Rodrigues, Diretora Geral da HomeFix e Diretora de Recursos Humanos do EXIS Group. Venha connosco saber mais.

MÁRIO RODRIGUES, XAVIER NETO, CLÁUDIA RODRIGUES

D PONTOS DE VISTA

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o EXIS Group fazem parte empresas especializadas no ramo das peritagens e averiguações, com processos e mecanismos avançados: estamos a falar da Realperitos, Realperitos Auto, HomeFix (assistência técnica ao domicilio) e da GSI (Gestão de Sinistros Integrada). E, enquanto grupo, o EXIS sabe bem que estratégia e que papel pretende assumir no mercado. Com escritórios em Braga, Lisboa, Faro e Ilhas, o EXIS Group tem vindo a trabalhar no sentido de consolidar a sua presença em Portugal. “Queremos ser vistos, no futuro, pelos nossos clientes e parceiros como uma referência no que diz respeito à gestão de sinistros e de oferta de soluções para sinistros. Este é o nosso objetivo”, começa por referir o administrador do grupo, Mário Rodrigues. Querem apresentar-se no mercado como o parceiro ideal das seguradoras, disponibilizando soluções que vão ao encontro das suas necessidades e das necessidades dos seus segurados. “Temos vindo a crescer de ano para ano com o desenvolvimento de novas estratégias e âmbito do negócio, mas ainda existem áreas que podem ser exploradas. Ainda temos muito por onde crescer neste mercado”, acrescenta Mário Rodrigues. O objetivo, esse, é ambicioso, mas não é impossível: “Queremos que, perante um sinistro, a seguradora pense automaticamente no

EXIS Group como o parceiro ideal”, realça Mário Rodrigues. No EXIS Group sabem ouvir o cliente e sabem quais são as suas necessidades. Por isso mesmo, o grupo está a apostar na oferta de um pacote de A a Z às seguradoras, com todas as valências necessárias para a resolução de um sinistro. “O mercado segurador é um mercado em constante mutação e queremos estar sempre atentos às suas necessidades e exigências. Temos vindo a arriscar ao longo do nosso percurso e temos projetos já em mãos que vão permitir às seguradoras terem várias opções e resoluções rápidas”, acrescenta, ainda, Mário Rodrigues. A verdade é que, como Cláudia Rodrigues nos diz, o segurado de hoje não é o mesmo de há 20 anos. É um segurado mais informado e exigente, que sabe que existe uma ampla oferta no mercado. É um segurado que sabe que seguradoras estão a operar no mercado e que, sem dificuldade, poderá transitar para aquela que lhe oferecer melhores condições, melhor prestação de serviços e, acima de tudo, qualidade e confiança.

ENQUANTO EXISTIREM SINISTROS EXISTIRÁ A FRAUDE

O projeto pioneiro do EXIS Group, a empresa HomeFix, visou colmatar uma lacuna existente no mercado segurador. O projeto destina-se a

reparar, analisar e orçamentar todo o tipo de equipamentos, facilitando, dessa forma, a regularização de sinistros de riscos elétricos e similares, aumentando substancialmente a taxa de sinistros não enquadrados/fraudes. “Já há muitos anos que estamos dotados de um sistema que gere todos os processos que nos chegam e nos facilita o combate à fraude. Com a HomeFix e com a assistência direta, através dos registos das marcas, modelos e número de série dos equipamentos, bem como todas as informações dos sinistros registados numa base de dados, este combate à fraude é maior”, explica-nos a diretora geral da HomeFix, Cláudia Rodrigues. No entanto, reforça e elucida que a fraude é transversal a todas as áreas e que sempre existiu e sempre existirá. “Podemos é estar mais bem dotados de mecanismos que nos auxiliem no seu combate o que, por sua vez, reduzirá a sua taxa de incidência. O nosso foco é, igualmente, conjugar o fator humano, através de recursos humanos especializados e com formação contínua, com o fator tecnológico”, acrescenta Cláudia Rodrigues. Através da HomeFix e com a assistência direta, o grupo tem vindo a constatar, nos últimos cinco anos, uma diminuição considerável a nível da fraude e da tentativa de aproveitamento, aliás, o que vem ao encontro das expectativas do projeto inicial. “Os segurados já sabem


PIONEIROS EM SOLUÇÕES NOS SERVIÇOS DE PERITAGENS

Um investimento de sucesso, que ainda hoje se mantém como uma referência no mercado, é a aplicação de gestão de sinistros ERP - Sistema integrado de gestão empresarial de sinistros, desenvolvida integralmente pelo departamento informático do grupo. A inovação, bem como as novas tecnologias, nesta era da transformação digital, são o foco e a aposta contínua do grupo. “Na altura fomos pioneiros na área das peritagens com a criação de um sistema próprio de gestão de sinistros e que, inicialmente, serviu como uma plataforma para as seguradoras. Com este sistema informático as seguradoras têm acesso em tempo real ao estado do processo, algo diferenciador e inovador na altura da sua criação”, elucida-nos Mário Rodrigues. Ainda hoje o ERP permite-lhes fazer uma gestão completa e eficaz, assegurando uma monitorização contínua de todos os colaboradores e serviços. “Levamos muito a sério a qualidade de serviço que prestamos, bem como a performance dos nossos peritos”, acrescenta Mário Rodrigues.

DA REALPERITOS AO EXIS GROUP

Sempre com objetivos bem delineados, o EXIS Group continua a alargar a oferta de serviços desde a sua reestruturação, aquando da forma-

ção de uma das empresas do grupo, a HomeFix. “Começámos a nossa atividade na área nas peritagens, com a Realperitos, mas, devido às exigências do mercado, acabámos por criar uma empresa que veio colmatar uma lacuna existente no mercado segurador: a resolução da área dos riscos elétricos. Surgiu assim a HomeFix e, com ela, o EXIS Group. Posteriormente, surge a Realperitos Auto e, recentemente, a GSI – Gestão de Sinistros Integrada”, explica o administrador do grupo, Mário Rodrigues. Diferenciadores e diruptivos no setor, deixaram de ser uma empresa de peritagem tradicional e foram mais além. “Ouvimos as seguradoras e as suas necessidades, bem como as exigências do mercado, e acabamos por ir criando empresas e disponibilizando serviços que vão ao encontro dos nossos clientes e, por sua vez, dos segurados”, afirma Mário Rodrigues. Com uma forte aposta nas recentes tecnologias e na formação contínua, o EXIS Group pretende estar na vanguarda do negócio das peritagens. A génese da criação do grupo prende-se mesmo com as necessidades que se foram verificando ao longo dos anos no mercado. “Hoje em dia a peritagem por si só é apenas um dos muitos serviços deste leque dentro das soluções integradas de sinistros. Daí a necessidade de criar um conjunto de empresas vocacionadas e direcionadas para o mercador segurador”, diz-nos Xavier Neto. A Realperitos é especializada na área de serviços patrimoniais; por sua vez, a Realperitos Auto está vocacionada para a peritagem e averiguação de sinistros automóvel; a HomeFix está direcionada para a reparação direta; e, por fim, a GSI – Gestão de Sinistros Integrada – vem complementar o leque de serviços de A a Z do EXIS Group. Com a GSI todo o processo de um sinistro é gerido pelo grupo, ou seja, desde o momento em que existe participação de sinistro até ao momento do pagamento da respetiva indeminização. “Todo esse processo poderá passar por nós. Garantimos este serviço aos nossos clientes, tendo sempre por base a inovação e o acompanhamento da evolução tecnológica, para prestar um melhor serviço a nível de compromisso, celeridade e transparência”, explica o diretor geral do grupo, Xavier Neto. Com um trabalho isento e de qualidade, o EXIS

Querem apresentar-se no mercado como o parceiro ideal das seguradoras, disponibilizando soluções que vão ao encontro das suas necessidades e das necessidades dos seus segurados

Group quer garantir a prestação de um serviço assente na transparência e confiança. Sabendo que o segurado é o fator principal nesta área e que o mesmo, futuramente, será proativo nos processos de resolução de sinistros, o EXIS Group quer continuar a garantir celeridade e soluções vocacionadas e direcionadas às necessidades do mercado e dos seus clientes. Para este propósito é fulcral manter a multidisciplinaridade e a formação interna dos colaboradores e continuar a ser pioneiro em soluções e projetos como foi o caso da introdução, em 2014, da Pós-Graduação em Peritagem de Seguros. Pela primeira vez em Portugal, com a direta colaboração da Realperitos, o Instituto de Estudos Pós-Graduados (IEPG), unidade orgânica do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa, introduziu a Pós-Graduação em Peritagem de Seguros com o objetivo de aumentar as competências dos alunos para elevar o seu nível de desempenho e competência na atividade, lacuna há muito diagnosticada no setor. Apesar dos avanços tecnológicos e com as ferramentas adequadas que permitirão que um sinistro quase “se auto regularize”, será sempre necessária a intervenção humana e as capacidades e formação dos técnicos para validar e auditar os processos. Xavier Neto não tem dúvidas que o perito continuará, assim, a assumir um papel fundamental. Que importância assume este setor no país? Xavier Neto realça que a indústria seguradora em Portugal representa 7% do PIB, o que espelha bem a importância do setor na economia do país. A área das peritagens e gestão de sinistros como sendo partes integrantes da atividade acaba por ter um papel relevante no setor. ▪

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que existe uma assistência direta e técnicos especializados que vão analisar profundamente o equipamento e até, eventualmente, repará-lo”, reforça Cláudia Rodrigues. Mas mais do que o combate à fraude, a assistência direta promove a proximidade com o segurado e permite a otimização de custos/ timings dos processos, garantindo melhores níveis de serviço. Acaba por ser uma mais-valia, ainda, para o próprio segurado que vê o processo muito mais simplificado. Basta-lhe participar o sinistro e a assistência técnica dirige-se ao local. Como Cláudia Rodrigues refere, trata-se de um serviço que lhes foi exigido devido às necessidades do mercado. Hoje os segurados são mais exigentes e as seguradoras têm de conseguir diferenciar-se e destacar-se das demais do setor. Fatores como a rapidez, transparência e eficácia são fulcrais e este serviço, direcionado para as necessidades dos segurados, acaba por ser mais célere do que a peritagem convencional. “Em casos de avarias de equipamentos essenciais para o quotidiano do segurado e seu agregado familiar, temos a possibilidade de deixar um equipamento de substituição, de forma a garantir o seu bem-estar e fazer face às necessidades imediatas. É um serviço muito mais vocacionado, o que acaba por se tornar numa mais-valia”, reforça a nossa entrevistada. O próximo passo do EXIS Group é agora alargar o serviço de assistência direta à área da construção civil, disponibilizando, assim, mais um produto às seguradoras. Trata-se de alargar o serviço de assistência direta a outros ramos, por exemplo na área de multirriscos habitação e condomínio. “Através deste serviço é enviado um técnico para avaliar o dano e, caso se aplique, para reparar o mesmo. Se o segurado assim o entender e concordar, o técnico intervém de imediato, iniciando os trabalhos de reparação”, explica-nos Mário Rodrigues.


EDUARDO ANTUNES, DIRETOR FLEET & BUSINESS SALES DA FCA PORTUGAL, EM ENTREVISTA

“QUEREMOS GARANTIR AOS NOSSOS CLIENTES AS SOLUÇÕES BEST IN CLASS EM CADA SEGMENTO” “Atualmente a gestão de frotas nacional pode classificar-se como sendo um mercado maduro, cuja evolução de um ano para o outro se aproxima cada vez mais da estabilização”. Quem o afirma é Eduardo Antunes, Diretor Fleet & Business Sales da FCA Portugal, que em entrevista à Revista Pontos de Vista nos deu a conhecer mais sobre o presente e o futuro de um dos principais players do setor automóvel. Não perca e saiba mais sobre a FCA Portugal.

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gora que entramos em 2019, de que forma as marcas e fabricantes de automóveis, e em concreto a Fiat, vão desafiar o setor automóvel? A questão parece-me estar colocada de forma contrária, uma vez que serão as marcas automóveis na sua generalidade em Portugal quem serão desafiadas pelo sector automóvel e em particular pela fiscalidade inerente ao mesmo. De facto, sermos um mercado pioneiro na entrada em vigor do novo normativo WLTP, vem desafiar as Marcas a redefinir no curto prazo as suas gamas por forma a impactar ao mínimo os preços finais das viaturas ao abrigo da nova forma de cálculo do ISV. Efetivamente, é já percetível para todos os players do setor, que os preços finais das viaturas a partir do dia 1 de Janeiro de 2019 são alvo de incrementos face ao ano 2018 única e exclusivamente pelo

facto de ao abrigo da nova fiscalidade automóvel, os níveis de emissões de CO2 das viaturas serem impactadas por variáveis que anteriormente em regime de NEDC não eram consideradas, nomeadamente o terem mais ou menos opções e a diferente combinação das mesmas. Nesse sentido, a racionalização da diversidade e otimização das viaturas e respetivas gamas é um trabalho que está em curso no Grupo FCA, no sentido de reforçarmos a competitividade dos modelos nas diferentes marcas e garantirmos aos nossos clientes as soluções Best in Class em cada segmento. Todos os fabricantes de automóveis procuram novas formas de colocar no mercado veículos, serviços ou produtos novos, sendo a transformação digital e as novas tecnologias uma preocupação constante das empresas.


Mas os fabricantes sentem que, no futuro, a necessidade de chamar a si a propriedade vai ser cada vez menor, prevendo que aconteça com os particulares o que já acontece com as empresas. O que nos reserva 2019 relativamente ao setor do renting? Temos vindo a assistir nos últimos anos, a uma estabilização do canal dos particulares e a um crescimento cada vez mais acentuado do canal de frotas, este último não apenas pela atividade de frotas pura, mas muito por via do crescimento de um sub-canal que tem vindo a ganhar cada vez mais expressão no mercado nacional, o Private Lease. Efetivamente os clientes particulares têm atualmente um nível de expectativa e de necessidades cada vez mais idêntico aos clientes de frota, assente em soluções de mobilidade mediante um custo mensal pré-definido, em linha com a flexibilidade de cada orçamento familiar e apostando numa lógica full-service, com todos os custos de manutenção e até recondicionamentos futuros devidamente contemplados. O mindset está a mudar, com a noção de propriedade da viatura automóvel a perder cada vez mais relevância e a procura por soluções de mobilidade com períodos e quilometragens de utilização previamente contratualizadas, a serem cada vez mais determinantes no momento da escolha final. A FCA Portugal foi em 2018 um dos players do

sector com maior expressão no Private Lease e continuaremos em 2019 a reforçar a nossa presença no mesmo, numa colaboração próxima com os diferentes parceiros de gestão de frotas do mercado, por forma a darmos continuidade à competitividade e qualidade reconhecida nas nossas diferentes ofertas e soluções de mobilidade. A Fiat regressa a lugares de destaque em Portugal e apresenta uma gama de soluções para os carros das empresas: a Fiat Business. Fale-nos mais sobre este conceito. A nossa estratégia passa por identificar as versões Business como sendo as mais competitivas e eficientes da nossa gama para os clientes profissionais, para os quais a viatura automóvel é uma ferramenta de trabalho e simultaneamente uma solução para o lazer. De qualquer forma, os clientes particulares têm de igual forma ao seu alcance a gama de viaturas e versões que tem um cliente de frotas, numa oferta transversal de soluções Best in Class que vão ao encontro das necessidades mais exigentes. Com uma gama o mais equilibrada possível, abrangemos o maior número de segmentos e canais de mercado, pelo que estratégias de versões Business “despidas” de equipamento com o foco exclusivo no price target, não se enquadram na nossa estratégia. Nesse sentido, a terminologia Business é transversal a diferentes versões nas Marcas do Grupo, como a Fiat com a versão Lounge, a Alfa Romeo com

Temos vindo a assistir nos últimos anos, a uma estabilização do canal dos particulares e a um crescimento cada vez mais acentuado do canal de frotas, este último não apenas pela atividade de frotas pura, mas muito por via do crescimento de um sub-canal que tem vindo a ganhar cada vez mais expressão no mercado nacional, o Private Lease

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Com um mercado ativo, quais são os verdadeiros desafios para dar resposta às novas tendências da mobilidade com soluções adaptadas às necessidades dos clientes? A informação está hoje em dia acessível para todos e à distância de utilização de qualquer smartphone ou tablet que trazemos connosco no bolso, sendo a informação digital aquela que mais utilizamos no momento da pesquisa e anterior à escolha do produto ou serviço que pretendemos adquirir, funcionando na maioria das vezes como o primeiro contacto comercial que é feito pelos clientes. Sendo esta situação comum e transversal a todos os sectores de atividades, o desafio que o sector automóvel tem no seu horizonte prende-se com a necessidade de digitalização do negócio, nomeadamente por uma forte presença da sua gama de viaturas numa montra digital atraente, funcional e eficaz, que culminará com uma proposta comercial já devidamente direcionada e um convite para uma visita à Rede de Concessionários FCA, onde se ultimam as etapas finais do processo negocial da solução de mobilidade.


EDUARDO ANTUNES, DIRETOR FLEET & BUSINESS SALES DA FCA PORTUGAL, EM ENTREVISTA

a versão Super e a Jeep com a versão Longitude, sendo sinónimo nos diferentes segmentos de um nível de equipamento de referência, aliado a uma forte competitividade em termos de valor reconhecido pelo mercado e pelos diferentes clientes, sejam eles empresariais ou particulares.

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Recentemente, e com a denominação Fiat Chrysler Automobiles (FCA Portugal), deram início a uma nova estratégia com o objetivo de aumentar as vendas no mercado nacional, e com um particular enfoque na atividade e respetiva redefinição da estratégia orientada para o mundo Fleet, um setor que adquiriu um elevado grau de profissionalização em Portugal nos últimos anos. Que importância assume hoje a gestão de frotas? Atualmente a gestão de frotas nacional pode classificar-se como sendo um mercado maduro, cuja evolução de um ano para o outro se aproxima cada vez mais da estabilização. De qualquer forma e conforme já foi referido anteriormente, a rutura positiva do renting nacional, passa naturalmente por explorar novos canais de mobilidade que têm surgido recentemente, com tipologias de clientes bem distintas das “tradicionais” e atuais, que obrigarão os diferentes players do mercado a reenquadrarem-se e a pensarem em soluções e ofertas disruptivas com o passado. De facto, acreditamos que o crescimento da gestão de frotas assentará cada vez mais numa procura por produtos com uma flexibilidade acrescida, nomeadamente com períodos contratuais inferiores a 12 meses e inclusive sem qualquer obrigatoriedade temporal, como é o exemplo do car-sharing. As empresas procuram cada vez mais soluções que não se traduzam em assumir compromissos de longo prazo, tendo ainda e sempre de se conseguir o necessário equilíbrio em termos de competitividade e soluções Best-in-Class.

A nossa estratégia passa por identificar as versões Business como sendo as mais competitivas e eficientes da nossa gama para os clientes profissionais, para os quais a viatura automóvel é uma ferramenta de trabalho e simultaneamente uma solução para o lazer

Eduardo Antunes, Diretor Fleet & Business Sales da FCA Portugal, afirma que as vantagens do renting passam por garantir em permanência uma solução otimizada, que acompanha as evoluções tecnológicas de cada setor e adaptada às diferentes necessidades de cada cliente. No entanto, tendo em atenção os novos hábitos da população, conceitos como ‘car sharing’ ou ‘car pooling’, nas suas diferentes modalidades, poderão ser uma ameaça ou desafio ao renting? Como referi anteriormente, não classificaria enquanto ameaça ou desafio, mas sim como um complemento ao renting tradicional, numa ótica de novas soluções de mobilidade emergentes, com características de produto distintas e que vão ao encontro de diferentes necessidades e expectativas, de cliente para cliente. ▪



» TÍTULOS DE REFEIÇÃO E A SUSTENTABILIDADE DAS PME´S

"A EDENRED TEM ACUMULADO MAIS DE MEIA CENTENA DE ANOS DE EXPERIÊNCIA NO SEGMENTO DE TÍTULOS DE REFEIÇÃO, EM TODO O MUNDO" Os títulos de refeição têm origem na década de 60 e pressupõem ganhos fiscais, quer para as empresas, quer para os colaboradores. Mauro Borochovicius, Diretor-Geral da Edenred Portugal, em entrevista, explica estes e outros ganhos associados aos títulos de refeição.

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Edenred é atualmente líder em Portugal, no mercado de cartões refeição, com a maior rede de restauração do País. Quais são os principais benefícios da sua utilização para as empresas? Antes de mais, importa referir que a Edenred não é apenas líder em Portugal no segmento de títulos de refeição, como também à escala mundial, no âmbito de soluções transacionais para empresas, colaboradores e comerciantes. Relativamente à liderança no segmento de títulos de refeição é importante sublinhar que esta começou a ser construída com a criação do título de refeição, na década de 60, em França. Desde ai até aos dias de hoje, a Edenred tem acumulado mais de meia centena de anos de experiência neste segmento, em todo o mundo. No caso particular de Portugal, essa experiência ganhou fôlego, a partir de 2013, ano em que o Orçamento de Estado contemplou a possibilidade de potenciar os ganhos fiscais, sempre que o pagamento do subsídio de refeição, enquanto benefício social, fosse realizado sob a forma de título, em vez de numerário. Apesar deste reconhecimento legal ainda hoje, este título de cariz social é confundido com os tradicionais meios de pagamento, como cartões de crédito e débito. No entanto, com a recente publicação do Decreto-Lei nº 91/2018, que define e caracteriza o que é um titulo social, é expetável que a distinção entre o que é um meio de pagamento e um título social seja finalmente aplicada na prática ao mercado. Em traços gerais, este decreto-lei regula as instituições de serviços de pagamento e os seus respetivos meios de pagamento e, ao mesmo tempo, exclui expressamente os títulos refeição, enquanto títulos sociais, do seu âmbito. Uma das características imperativas relativamente aos títulos de refeição, enquanto benefício social, é a obrigatoriedade da existência de um acordo comercial entre as entidades emissoras e os estabelecimentos que comercializem refeições ou bens alimentares para a confeção dessas refeições. Este Decreto-Lei equipara, deste modo, o mercado Português de benefícios sociais a outros mercados Europeus, revestindo-o de um nível de maturidade muito mais amplo do que no passado no que respeita à disponibilização, utilização e aceitação dos benefícios sociais e, em particular, do título de refeição. Quando o mercado de títulos de refeição atinge este nível de maturidade é um claro sinal de que os benefícios para todos os seus stakeholders – não só as empresas, mas também os colaboradores, os estabelecimentos parceiros e o Estado – são assegurados.

E para os colaboradores? A publicação do Decreto-Lei nº 91/2018 vem reforçar também a forma como o título de refeição é utilizado pelos colaboradores. A aposta no

MAURO BOROCHOVICIUS

Euroticket Refeição, enquanto título de benefício social, é hoje uma componente-chave para o aumento do poder de compra dos colaboradores relativamente a refeições já preparadas ou a bens alimentares que adquiram para a sua confeção. Além de uma maior liquidez, todos os utilizadores do Euroticket Refeição tem acesso a vantagens adicionais, tais com promoções exclusivas em hotéis, farmácias, serviços de mobilidade, combustíveis e, claro, descontos diretos, de Norte a Sul do País e Ilhas, em restaurantes parceiros da nossa Rede Credenciada Euroticket. Estas promoções podem ser consultadas, diretamente no nosso website – edenred.pt – ou através da APP MyEdenred. Os cartões refeição poderão ser vistos como um projeto de apoio, que opera em rede, onde empresas, colaboradores e fornecedores saem todos a ganhar? Porquê? A titularização do subsídio de refeição assenta num ecossistema composto por empresas, colaboradores, estabelecimentos parceiros e pelo próprio Estado. É sobre o papel deste último que gostaria de refletir. Quando o Estado dinamiza a adoção e utilização dos títulos de refeição está a trabalhar para a redução da economia não registada, para a criação de empregos e consequentemente para o aumento das suas receitas. A titularização do subsídio de refeição implica a utilização de mecanismos e instrumentos que permitem rastrear todas as transações que são realizadas. Essa monitorização minimiza os casos de organizações que não cumprem as regras fiscais determinadas pelo Estado. Em Portugal, de acordo com o Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF), a economia não

registada vale cerca de 46 mil milhões de euros, o que corresponde a mais de 26% do PIB. A economia não registada revela-se, deste modo, uma fonte de receita fiscal que não pode ser ignorada e que carece ainda de mecanismos de combate assertivos e transparentes, como é o caso do uso de títulos de refeição, pois têm um potencial de incremento das receitas do Estado muito expressivo e, consequentemente um impacto positivo na Economia nacional. Além dos benefícios sociais, disponibilizam o Easyfin, um portal onde se encontram “os melhores serviços de mercado associados à gestão e ao bem-estar financeiro”. De que falamos? O Easyfin resulta da diversificação da oferta de produtos e serviços da Edenred, enquanto Grupo. No nosso plano estratégico delineado para o futuro próximo, os Benefícios Sociais continuam a ter um papel muito expressivo. Mas, assim como a nível do Grupo, tem-se registado uma crescente diversificação da oferta para outras áreas de negócio – Frota&Mobilidade e Pagamentos Corporativos – também a Edenred Portugal tem acompanhado esse crescimento. Por isso, chegou agora o momento de trazermos para as empresas Portuguesas soluções inovadoras como o Easyfin, um portal através do qual as empresas aderentes poderão disponibilizar aos seus colaboradores produtos e serviços que possam contribuir para a melhoria da sua saúde financeira, tais como seguros, crédito ao consumo, entre outros. Mas a novidades não ficam por aqui. Até ao fim do ano haverão outros lançamentos de novos produtos que refletem, sem dúvida, o nosso espírito empreendedor e a nossa capacidade de inovação. ▪


BRAILLE E O MUNDO DIGITAL

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“SOMOS UMA EMPRESA DE SERVIÇO COMPLETO” “Somos uma empresa de referência, que construiu a sua idoneidade ao longo de 28 anos de serviço”, refere Aquilino Rodrigues, Administrador da Sertec, que nos deu a conhecer como a tecnologia e a inovação têm sido essenciais no universo dos deficientes visuais.

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A tecnologia tem vindo a auxiliar deficientes visuais a explorar o mundo. Esta é, igualmente, a premissa da Sertec. Fale-nos um pouco mais sobre a vossa missão. Mais do que fornecer tecnologia, a missão da Sertec é descodificá-la. Temos tendência a associar a solução de um problema a um produto, mas na maior parte das vezes, o produto, só por si, não chega. É preciso adequa-lo ao utilizador, e vice-versa, treinar o utilizador. Por exemplo, para um cego poder utilizar um computador basta instalar um programa de voz gratuito, mas se não houver formação ou treino ele não saberá utilizá-lo. A tecnologia sofreu uma evolução gigantesca e a Sertec tem acompanhado a evolução dos tempos. Que papel assume hoje no mercado? Somos uma empresa de referência, que construiu a sua idoneidade ao longo de 28 anos de serviço. Trazermos para Portugal os produtos de última geração e prestamos apoio na sua utilização. Somos o que em inglês se chama uma one-stop-shop, ou seja, uma empresa de serviço completo.

Que verdadeiros desafios se enfrentam atualmente no que diz respeito à inclusão de pessoas cegas na escola e no mundo digital? Os desafios são enormes, e não diferem muito dos do passado. Simplesmente, o contexto social e tecnológico mudou. Existem melhores produtos de apoio, mas são caros e o financiamento escasseia. Precisamos encontrar formas criativas de colocar nas escolas os materiais necessários, como patrocínios ou campanhas, porque os recursos públicos são limitados. Por outro lado, a formação dos professores na deficiência visual é exigente e requer atualização constante. Defendo um modelo de colaboração mais próximo entre as escolas, as empresas e as ONGs.

AQUILINO RODRIGUES

Que soluções disponibilizam às pessoas cegas ou com baixa-visão? Todos os produtos existentes no mercado, quer para a cegueira quer para a baixa-visão: desde o mais simples artigo, como uma régua de assinatura, ao mais sofisticado, como um ampliador de imagem com leitura automática de texto. No nosso centro de formatos alternativos – o CEFAS – produzimos braille, relevos, áudio e texto ampliado. A nossa oficina trata da manutenção e avarias - somos o único centro autorizado para reparação das máquinas de escrever braille Perkins. E o apoio na utilização dos produtos é uma marca que nos caracteriza. Sem isso, o propósito das tecnologias fica por cumprir.

Sertec é sinónimo de tecnologia acessível. A transformação digital é, sem dúvida, uma mais-valia, acarretando vantagens para o futuro do braille e da inclusão das pessoas com deficiência visual? Sem dúvida. O Braille é insubstituível como sistema de leitura e escrita. Felizmente, as linhas braille digitais permitem ler e escrever Braille num computador. Para alguns trabalhos específicos, como de revisor ou tradutor, é um elemento indispensável. E o Braille em papel, fundamental nos primeiros anos de escola, é mais fácil de produzir com as impressoras de Braille. Apesar dos esforços de inclusão, o mundo não espera pelos cegos. Por cada passo adiante, dá-se um passo atrás. Por exemplo, a Apple conseguiu o que parecia impossível ao tornar um telefone tátil totalmente acessível aos cegos. Por outro lado, todos os dias surgem produtos inutilizáveis, como uma máquina de lavar roupa com o painel plano e sem qualquer relevo. É necessário um trabalho constante de pressão política pelas ONGs, e de regulamentação pelas autoridades. A Sertec desempenha o seu papel ao interagir com os fabricantes e a facilitar a vida aos seus clientes. ▪

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e Louis Braille à era digital… Como é que a tecnologia ajuda, nos dias de hoje, a vida dos deficientes visuais? Em tudo. Da escola ao emprego; da cultura ao turismo; da saúde ao desporto. Imagine acordar ao som de um despertador que lhe diz as horas e a temperatura ambiente. Depois do seu banho, pesa-se numa balança falante. Veste a roupa a condizer com a ajuda do identificador de cores. Depois de aquecer o leite no micro-ondas falante, vai para o trabalho com ajuda da bengala. O seu computador, equipado com leitor de ecrã e linha braille, dá-lhe acesso total a textos, emails, Internet. Ao longo de todo o dia, o smartphone acessível mantém-no em contacto com o mundo, e à tardinha, uma partida de futebol com os amigos.


» COOPERAÇÃO & NEGÓCIOS NA CPLP

ADA

A SIDERURGIA DOS ANGOLANOS Georges Choucair, Presidente do Conselho de Administração da ADA, teve como propósito, através da ADA, a única unidade industrial do país, tornar Angola autossuficiente no que diz respeito à produção de aço. Venha connosco conhecer o projeto deste empresário francês que fala português e que tem Angola no coração.

PONTOS DE VISTA

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ADA

– Aceria de Angola – é a primeira Siderurgia em Angola e a primeira siderurgia africana certificada LNEC. Encontra-se posicionada ao nível das maiores e mais modernas indústrias do continente africano e foi criada com “uma ambição a longo prazo”. Foi com esta visão em mente que o investimento foi feito, tendo como premissa e política da empresa a qualidade, acima de tudo, e a todos os níveis. Assim sendo, foi escolhida a tecnologia mais moderna e construtores mundialmente reconhecidos para a construção da fábrica (o construtor da ADA é considerado o segundo melhor a nível mundial), de maneira a respeitar as normas ambientais, o envolvimento da responsabilidade social, e o rigor da qualidade na cadeia de produção para garantir um pro-

duto certificado. Neste sentido, são feitas auditorias semestralmente pelo instituto CERTIF. Com a entrada em funcionamento da Aceria de Angola (ADA), um investimento concluído em dezembro de 2015, avaliado em 260 milhões de euros e com capacidade de produção de 300 mil toneladas anuais de varão de aço para construção, tem havido um aumento da recolha de sucatas. Entre outros propósitos e ambições, a ADA pretendia, até 2020, tornar Angola autossuficiente no que diz respeito à produção de aço. Este é, sem dúvida, um objetivo ambicioso já alcançado, pois no domínio do varão de aço Angola já é autossuficiente. “A nossa ambição passa agora por diversificar a cadeia de outros produtos até 2020. É muito ousado atingir autossuficiência no aço, pois é muito vasto, entre os produtos longos e os planos, existem variadíssimos pro-

dutos de aço”, explica-nos Georges Choucair. Sendo a ADA é uma unidade industrial dedicada à produção de varão de aço, com capacidade para produzir 500 mil toneladas de aço/ano, o objetivo para 2020/2021 estará direcionado para a diversificação, tanto nos produtos longos como nos planos, para alargar a gama da ADA e oferecer matéria-prima de forma a fomentar outras indústrias de acabamentos, tais como pregos, arames, malhasol, entre outros. A ADA, para além de recolher sucata (a principal matéria-prima do aço, a par da cal e liga de aço), possui uma estação de tratamento de fumos, estação de tratamento de água potável e águas residuais. É o primeiro contribuinte na província do Bengo e emprega 600 trabalhadores. “Conseguimos assegurar a autossuficiência no mercado do varão de aço”, afirma, orgulhosamente, Georges Choucair.


Foi escolhida a tecnologia mais moderna e construtores mundialmente reconhecidos para a construção da fábrica (o construtor da ADA é considerado o segundo melhor a nível mundial), de maneira a respeitar as normas ambientais, o envolvimento da responsabilidade social, e o rigor da qualidade na cadeia de produção

Hoje a ADA é reconhecida como uma siderurgia de alta qualidade ao nível das europeias e com um projeto ambicioso que envolve a construção das mais modernas fábricas de aço do continente africano. Pela frente tem como verdadeiro desafio obter as divisas necessárias para sustentar o seu crescimento.

“A ADA É UMA EMPRESA ANGOLANA COM UMA DIMENSÃO AFRICANA ANTES DE MAIS”

O EMPRESÁRIO FRANCÊS QUE FALA PORTUGUÊS

Georges Choucair, nascido em Dakar, decidiu ir viver para Angola há 24 anos, onde iniciou a sua atividade profissional com a importação de bens alimentares. Mais tarde, alcançou o sucesso numa padaria industrial, em Luanda, que criou para vender baguete francesa. Foi com este sucesso, e perante as dificuldades que teve para adquirir aço para a construção da segunda padaria, que Georges Choucair viu uma oportunidade na produção de varão de aço no país. Acreditou nas potencialidades do mercado e no produto da sua unidade industrial, surgindo, assim, a ADA – Aceria Angola, uma unidade industrial dedicada à produção de varão de aço, na comuna da Barra do Dande, província do Bengo. É a primeira unidade do género desde a independência de Angola em 1975 e levou três anos a ser construída. ▪

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Hoje a ADA é reconhecida como uma siderurgia de alta qualidade ao nível das europeias e com um projeto ambicioso que envolve a construção das mais modernas fábricas de aço do continente africano

FEVEREIRO 2019

A CPLP - Comunidade de Países de Língua Portuguesa - tem como visão estratégica a cooperação económica e empresarial. Esta cooperação é, sem dúvida, fulcral para fomentar uma verdadeira plataforma de negócios e de cooperação, estimulando trocas comerciais, bem como a internacionalização. Questionamos Georges Choucair se a estratégia da ADA passaria por potenciar e beneficiar das mais-valias que advêm do facto de Angola ser um dos países-membros da CPLP. “A ADA é uma empresa angolana com uma dimensão africana antes de mais. O que beneficiaria as empresas dos países-membros da CPLP seriam acordos de livre circulação e mais abertura comercial e económica”, diz-nos Georges Choucair.


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“SÃO OS EMPRESÁRIOS QUE MOLDAM O FUTURO DE ANGOLA” As pequenas e médias empresas são essenciais para a economia de qualquer país e Angola não foge a este desígnio. Assim, é essencial que existam espaços de partilha entre eles que fomentem a melhoria desses players. O ABF - Angola Business Fórum representa isso mesmo, ou seja, dar voz ativa a essas empresas para promover a criação de parcerias e sinergias. Fomos conversar com Ana Nogueira, a Responsável pelo ABF que nos deu a uma visão sobre as mudanças em Angola.

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o sentido de contextualizar um pouco o nosso leitor, o que representa o ABF - Angola Business Fórum e como é que a mesma tem vindo a promover uma dinâmica de cooperação e crescimento do país? Este fórum foi criado com o intuito de dinamizar as pequenas e médias empresas. Ao longo de dois dias criamos uma agenda de trabalho informativo e formativo, com negócios criados em pleno tempo de crise, mas que são um sucesso. Estes casos foram contados na primeira pessoa pelos próprios empresários e foram exploradas as ferramentas usadas, os métodos de gestão e financiamento para que estas empresas criam-se e desenvolvessem estas atividades. Criamos um ambiente de partilha, interação entre empresários, fomentamos o networking, ferramenta mundialmente mais poderosa para a concretização de negócios. E mais uma vez utilizada com resultados fantásticos neste fórum. Para além de união de sinergias que proporcionam um desenvolvimento e crescimento, várias empresas juntas criaram condições de internacionalização.

PONTOS DE VISTA

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Que análise perpetua do potencial do tecido empresarial em Angola e de que forma é necessário continuar a potenciar novas perspetivas e oportunidades para o mesmo? Na minha análise fazia sentido criar empresas próprias, tanto que, em 2013 saí da situação colaboradora, para abraçar projeto pessoal e abri a Africonta. A partir desse momento e tendo em conta os pedidos que iam continuamente surgindo por parte dos meus clientes, fui criando novas empresas em áreas de know-how específicas. E aí surge a Afriacademy para colmatar a necessidade que havia no mercado formação à medida nas áreas de gestão, e por último a Finance Skills que foi ao encontro das oportunidades dadas pelos nossos clientes na área da criação e modelagem de modelos de gestão, reengenharia de processos, gestão de risco e compliance. As oportunidades surgem com a presença no

frutos desidratados para outros países africanos e asiáticos. Na sua opinião, quão importantes são os chamados fóruns empresariais para que esses desideratos e ligações sejam realizadas com sucesso? Fóruns deste género numa economia ainda a “gatinhar” onde se está a criar a estrutura economia a nível público e privada vêm permitir a partilha de know how, experiências, criação de parcerias para os vários agentes económicos necessária a dinamização das cadeias de valor sectoriais. Classifico de extrema importância, daí ser organizadora de um e apoiar outros.

ANA NOGUEIRA

mercado e relação de confiança, baseada em muito know-how especializado. É preciso adaptar os comportamentos, produtos e serviços a realidade das necessidades do mercado. É legítimo afirmar que o grande desiderato do ABF passa pela promoção do universo empresarial angolano? Isso também pressupõe a criação de parcerias e redes com entidades e empresas de outros países? Não só é legítimo, como o fez com sucesso. O ABF foi criado para colmatar um espaço e fazer com que as pequenas e médias empresas tivessem voz ativa na criação de parceria e sinergias que lhes permitisse valorizar os seus produtos e serviços ao nível nacional e internacional. O que aconteceu com algumas dessas empresas veio provar que há espaço nos mercados internacionais para acolher e absorver os produtos de Angola e vice-versa. Um dos exemplos, e não querendo desvalorizar os outros, a Bricomel já exporta

Quão importante é Portugal e os restantes países da CPLP para que Angola e o seu meio empresarial evolua e seja cada vez mais forte e sustentado? Respondendo diretamente… não só Portugal, mas todos os membros da CPLP são importantes. O grupo tem vindo a se aproximar para criar sinergias cada vez mais fortes e aumentar o volume de negócios entre si de forma sustentada. É importante referir ainda que o BDA, criou uma linha de crédito para estes países desenvolverem o sector primário e secundário. Tendo em conta que muitos destes países apresentam o mesmo conjunto de desafios. Que mensagem lhe aprazaria deixar a todos os empresários angolanos? Que sobreviver a momentos de mudança, em especial em momentos de crise, obriga-nos a ter mais organização, uma visão clara do que nós queremos e uma estratégia definida para atingir os objetivos. O mercado evolui bastante nos últimos dez anos, com consumidores mais exigentes, já não basta políticas de diferenciação por preço, mas sim qualidade e inovação. As oportunidades em Angola continuam a existir e ultrapassado o clico económico de recessão, são os empresários que moldam o futuro de Angola. ▪

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“ESTAMOS VOCACIONADOS PARA APOIAR O DESENVOLVIMENTO DO TECIDO EMPRESARIAL MOÇAMBICANO” Escolher Banco MAIS é “ser MAIS, é ser eficiente, confiante, descomplicado e rápido. Queremos que os clientes reconheçam estas características no Banco MAIS”, afirma Luís Veloso de Almeida, CEO do Banco MAIS.

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PONTOS DE VISTA

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Banco MAIS é hoje um dos principais players no seu setor de atuação em Moçambique. Para contextualizar junto do nosso leitor, que análise podemos fazer da atividade e quais são as mais-valias da instituição em prol da satisfação do cliente? O Banco MAIS foi registado há 20 anos com o nome de Cooperativo de Crédito Tchuma e tinha como atividade principal a prestação de serviços de microfinanças. Os seus acionistas fundadores, com a vontade de continuar presentes no sistema financeiro moçambicano como um Banco comercial, criaram condições para a entrada na estrutura acionista da Geocapital, uma entidade que fundou o Moza Banco em 2008 (hoje o 5º maior Banco em Moçambique) que, após a venda da sua participação nessa instituição em 2013, liderou, em 2014, a transformação e mudança de nome do Banco Tchuma (denominação atualizada em 2008) para Banco MAIS, passando a atuar como Banco Comercial com a oferta completa de produtos e serviços. Desde essa altura que temos vindo a dotar o banco de todos os meios para melhor servir os clientes nas agências em Maputo, Boane, Xai-Xai, Chimoio e Tete. Entre 2014 e 2018 o banco cresceu 5 901% no número de clientes, 5 874% nos depósitos e 1 362% no crédito. Em 2019, devido à entrada do novo acionista em 2018, o BISON Group, o Banco estará também dotado para servir da melhor forma os clientes provenientes da China. Quais têm sido os principais pilares do Banco MAIS que levaram a marca a alcançar um patamar de excelência e credibilidade perante o mercado? Como referido no ponto anterior, o Banco e a marca ainda são novos no mercado. A equipa que trabalha no Banco está fortemente motivada e focada em fazer desta marca uma marca de sucesso e de excelência. O trabalho desenvolvido nos últimos quatro anos mostra que estamos no caminho certo da excelência e credibilidade no mercado como atesta o crescimento verificado na carteira de depósitos, onde, em quatro anos o Banco passou da 19º para a 10º posição no ranking dos Bancos em Moçambique. Os seus principais pilares são: o tra-


LUÍS VELOSO DE ALMEIDA

De que forma é que o Banco MAIS se tem vindo a posicionar como um banco inovador na capacidade de satisfazer as necessidades específicas dos clientes? Num mercado competitivo como é o mercado financeiro em Moçambique, a inovação é fundamental para atrair e fidelizar clientes, assim como para criar fatores de diferenciação com os concorrentes. Por esse motivo, o Banco MAIS investiu fortemente em tecnologia nos últimos três anos como forma de melhorar o serviço ao cliente, com a diminuição dos tempos de respostas a clientes e criação de produtos novos. De referir que o Banco MAIS foi o primeiro Banco em África a utilizar um sistema de BPM em Cloud (IBM), o que permitiu reduzir o tempo entre o pedido do cliente, análise, aprovação e a concessão de um determinado produto de crédito para 48 horas. No final de 2018 também lançámos um produto inovador, para aplicação de fundos, no mercado moçambicano. Assumem-se como um banco comercial vocacionado para apoiar o desenvolvimento do tecido empresarial moçambicano. Assim, que mais-valias aportam aos vossos clientes empresariais e qual tem sido a capacidade de relacionamento com os mesmos? É verdade, estamos vocacionados para apoiar o desenvolvimento do tecido empresarial moçambicano. Como sabe Banco MAIS quer dizer Banco Moçambicano de Apoio aos InvestimentoS. O nosso primeiro ano completo, como Banco MAIS, foi em 2015 e como é sabido Moçambique atravessou uma forte crise que se iniciou no final de 2015 e só mostrou claros sinais de recuperação, apesar de lenta, em 2018. Esta crise levou a uma desvalorização acentuada do Metical, subida considerável das taxas de juro e da inflação, o que travou o crescimento económico. Com esta situação, decidimos ser conservadores e apoiar apenas um pequeno conjunto de empresas. No entanto, e com a melhoria das condições económicas, estabilização da taxa de câmbio, diminuição das taxas de juros e da inflação contamos, em 2019, retomar a nossa vocação, não só na Banca Comercial como também na Banca de Investimentos.

Como tem a instituição contribuído para o desenvolvimento do sistema bancário moçambicano? Que posição assume, atualmente, a marca no país? O Banco MAIS nasce da aquisição, em 2014, de um pequeno Banco de microfinaças, tendo, desde logo, iniciado o processo de transformação para um Banco Comercial completo. Em 2018 o Banco já disponibilizava aos Para 2019 seus clientes uma oferta completa de produtos e serviços e em 2019 podemos esperar um iremos disponibilizar cartões VISA Banco MAIS, mais forte, mais e serviços de banca de investifocado no desenvolvimento do mento. Durante estes últimos tecido empresarial moçambicano quatro anos o banco passou da e mais envolvido no última posição, 19ª, no ranking estabelecimento de parcerias dos bancos em Moçambique e relações comerciais com para a 10ª posição, em termos de depósitos. A marca ainda é nova e entidades chinesas está em fase de construção e com ela a contribuição para o desenvolvimen-

to do sistema bancário com a modernização nas nossas agências. Quais são as grandes lacunas que ainda identifica no âmbito do sistema bancário moçambicano e de que forma é que o Banco MAIS tem vindo a alterar e a ultrapassar esses obstáculos? Diria que as grandes lacunas são a falta de literacia financeira e bancarização da população moçambicana, o que, devido à dimensão do país e o desafio de desenvolvimento das infraestruturas básicas, tornam esta tarefa mais difícil. Os bancos, na sua generalidade, e o próprio Banco Central têm vindo a fazer um grande esforço no campo da literacia financeira com ações de divulgação e formação. O Banco MAIS tem sido um player impulsionador e dinâmico no âmbito das relações e cooperação da CPLP? Como o perpetua? O Banco MAIS está inserido numa estrutura acionista que o coloca logo como um elemento relevante na CPLP, uma vez que um dos seus principais acionista, a Geocapital, é também acionista do maior Banco em Cabo Verde e do maior Banco na Guiné-Bissau. Com estas participações pretende criar um maior intercâmbio e cooperação entre estes países. Através deste acionista, com sede em Macau, também temos uma ligação ao Fórum MACAU, com quem também mantemos uma boa relação. Na sua opinião, o que é necessário para uma cooperação cada vez mais sólida entre os Estados-Membros da CPLP? Os Estados membros da CPLP estão localizados nos quatro cantos do mundo, América do Sul, Europa, África e Ásia o que dá à CPLP uma vantagem única de poder atuar a nível global. Do meu ponto de vista, ainda há muito trabalho a ser feito para que os países membros possam, de facto, beneficiar da pertença a esta Comunidade, mas, e do meu ponto de vista, parece-me fundamental que se trabalhe no sentido de se chegar a um entendimento sobre a circulação de pessoas, bens e fluxos financeiros entre os países membros, que beneficiaria, em muito, todos os envolvidos. Para 2019, o que podemos esperar por parte do Banco MAIS? Quais os grandes desafios da marca? Em 2018 o Banco MAIS viu a sua estrutura acionista reforçada com a entrada de um novo acionista, o BISON Group, grupo Chinês com investimentos na China, Hong Kong, Portugal, Estados Unidos e Moçambique. Com a entrada deste acionista foi também reforçada a sua capacidade financeira com um aumento de capital de 600 milhões de meticais. Para 2019 está previsto um novo aumento de capital e começará a ser visível a nova estratégia, que está em fase de implementação, e que passa por criar uma relação forte com o mercado chinês, com a criação de produtos específicos e estabelecimento de parcerias com entidades financeiras chinesas, que visem uma maior aproximação entre Moçambique e a China. Para 2019 podemos esperar um Banco MAIS, mais forte, mais focado no desenvolvimento do tecido empresarial moçambicano e mais envolvido no estabelecimento de parcerias e relações comerciais com entidades chinesas. Escolher Banco MAIS é…? Ser MAIS é ser eficiente, confiante, descomplicado e rápido e queremos que os clientes reconheçam estas características no Banco MAIS. ▪

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O Banco MAIS foi o primeiro Banco em África a utilizar um sistema de BPM em Cloud (IBM), o que permitiu reduzir o tempo entre o pedido do cliente, análise, aprovação e a concessão de um determinado produto de crédito para 48 horas

balho em equipa, a estratégia bem definida com abordagem que procura constantemente corresponder às expectativas dos clientes, a honestidade e a entrega ao cliente de um serviço de qualidade.


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PELCOR

A MARCA AMIGA DO AMBIENTE

“A estratégia da Pelcor passa, essencialmente, por ser uma marca de Portugal para o mundo. Queremos chegar a todo o lado e permitir que toda a gente tenha acesso a um produto de boa qualidade, com um ótimo design e, sobretudo, um produto sustentável, eco friendly e que permita o bem-estar comum”, afirma Rui Tati, CEO da Pelcor. Venha connosco saber mais. essencialmente, por ser uma marca de Portugal para o mundo. Queremos chegar a todo o lado e permitir que toda a gente tenha acesso a um produto de boa qualidade, com um ótimo design e, sobretudo, um produto sustentável, eco friendly e que permita o bem-estar comum.

RUI TATI

“Fascinado com a capacidade regenerativa do sobreiro e as qualidades inerentes à cortiça”, está entregue às preocupações ambientais e sustentáveis através da cortiça. A que objetivos se propõe agora alcançar? O nosso principal objetivo é oferecer ao mercado um produto de qualidade, que permita um bem-estar comum, tal como mencionado, e que esteja disponível para qualquer um. Daí o nosso propósito futuro é ser uma marca com produtos inspirados na sustentabilidade da cortiça.

PONTOS DE VISTA

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m 2016 Rui Tati assumiu o cargo CEO da portuguesa Pelcor e adquiriu a Mol My Own Label, detentora da marca Pelcor e de todas as suas submarcas (Corky By Pelcor e Home By Pelcor). Como encarou este desafio? Sou uma pessoa que gosta de desafios e retirar a Pelcor da situação em que esta se encontrava tem-se revelado ser um desafio,

contudo, é também ele um desafio bastante interessante. Alargar a presença a nível mundial é um dos seus objetivos, enquanto responsável da marca, bem como promover a expansão para novos mercados na Europa, África e Ásia. Fale-nos um pouco da nova estratégia da Pelcor. A estratégia da Pelcor passa,

Atualmente a portuguesa PELCOR assenta numa dinâmica que une o design, a inovação e a sustentabilidade, através de uma linguagem percetível a nível global. Quais são os verdadeiros desafios, tendo em atenção que o mercado está cada vez mais global e exigente? O desafio é, sobretudo, atender às exigências de todos os mercados onde estamos presentes. Necessitamos de ser uma marca homogénea, contudo, cada mercado tem as suas especificações e o verdadeiro desafio é adaptar-nos a cada um, mantendo sempre uma entidade única. Pretende apostar em novidades exclusivas e numa maior

diversidade de produtos. Que projetos estão, atualmente, em cima da mesa? Pretendemos para o futuro da Pelcor alargar a sua oferta de produtos. Este é um ano que conta com novidades, essencialmente, novas apostas no que toca à gama de produtos que a nossa marca oferece. A nossa Nova Coleção APPAREL, uma nova e imprescindível linha de vestuário unissexo, para usar todo o dia, todos os dias! É, ainda, administrador da Obras Publicas Lda, Angola, que detém a marca Café Náutico, e da UX Angola (emprego.co.ao). Enquanto empresário e líder, que papel pretende assumir no mercado africano? A crise em Angola obrigou à redução da minha presença e do desenvolvimento da empresa Obras Publicas Lda, Angola, (entidade criada para manutenção de estradas). Mais tarde, foi desenvolvido o Café Náutico que, por diversos motivos ligados ao complexo em que está instalado, se encontra atualmente encerrado. No que concerne à UX Angola, empresa ligada à vertente social de procura de emprego, esta deverá tornar-se mais visível tendo em conta o novo período que o mercado angolano atravessa. Uma maior interação entre os povos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a livre circulação são os objetivos a que novo secretário executivo da CPLP, o embaixador português Francisco Ribeiro Telles, se propõe alcançar. Estes


são os fatores fulcrais para se fomentar as relações comerciais entre os países-membros? Existem outros? Acho pertinente, temos soluções nos países-membros da CPLP que servem perfeitamente a nossa realidade. A minha ligação, através da UX Angola, é um perfeito exemplo destas oportunidades, no meu caso, vindas de Moçambique.

Necessitamos de ser uma marca homogénea, contudo, cada mercado tem as suas especificações e o verdadeiro desafio é adaptar-nos a cada um

A cooperação económica entre os países-membros da CPLP é outro aspeto que tem vindo a ser bastante debatido. Considerada um dos maiores desafios da CPLP, esta cooperação é fulcral para fomentar o tecido empresarial dos seus países-membros? Conforme mencionado na questão anterior, temos muitas soluções que podem e, sobretudo, devem ser aproveitadas. Na minha opinião já perdemos muito tempo. ▪

A PELCOR CONTINUA A SURPREENDER! De Portugal para o mundo, o leque de produtos da portuguesa Pelcor continua a crescer. Depois de carteiras, guarda-chuvas, chapéus, acessórios de escritório e uma linha de calçado, a nova aposta é agora a Coleção APPAREL, uma nova e imprescindível linha de vestuário unissexo, “para usar todo o dia, todos os dias!”. Pode encontrar todos estes produtos na Flagship Store no Príncipe Real, em Lisboa ou em pelcor.pt.


» ARREPIO PRODUÇÕES

ARREPIO PRODUÇÕES

A IMPORTÂNCIA DE UMA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL DE QUALIDADE Trabalham pelo mundo todo e têm uma capacidade transversal a todas as áreas do audiovisual. Conheça a Arrepio Produções, uma empresa com mais de 30 anos de experiência que se nota.

A PONTOS DE VISTA

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Arrepio está no mercado há mais de 30 anos. Conheceu várias mutações e foi-se readaptando conforme os desafios foram aparecendo. Hoje, é uma empresa consolidada e que transpira qualidade em tudo o que faz. Desde a produção de áudio para filmes, dobragem e anúncios, documentários, vídeos institucionais e cobertura de eventos, a Arrepio capta cada momento como único. Começaram, em 1987, pela produção de vídeo e televisão e depois o passaram para o mundo desportivo. Neste momento a produtora audiovisual é produto de um conjunto de empresas que foi mudando o nome até ao ano 2000 e se consolidar na Arrepio Produções. Nos anos 80 existiam poucas empresas em Portugal especializadas em produção audiovisual e o acesso a equipamentos não era nada fácil, assim como o conhecimento técnico, – que era adquirido através de formações, muitas delas no estrangeiro – passados 30 anos o universo do audiovisual, como tantos outros, sofreu um “boom” e de repente são muitas as pessoas com acesso facilitado quer a equipamentos, quer a formações. Por ano saem milhares de licenciados em multimédia, cinema ou artes similares das universidades portuguesas. Os meios hoje são muitos, mais baratos e com uma qualidade “mais ou menos” aceitável. Então, de que forma sobrevive uma empresa neste ramo? Na Arrepio garantem que existe uma única coisa que ainda não está massificada e que é dessa forma que a distinção se apresenta como forma de expressão: criatividade ou talento, se preferir.

Há 20 anos um filme era válido durante anos, hoje é tudo mais efémero. A voracidade dos media e das plataformas é tão alta que o preço que à partida é barato no fundo torna-se caro. A pensar nisso, a Arrepio sugere planos de produção permitindo que o investimento do cliente não se consuma rapidamente num único conteúdo, criando vários momentos de comunicação. A empresa tem uma capacidade de abordar o mercado de forma transversal em qualquer área de produção com qualidade e eficiência, tenta conhecer o seu público-alvo ao máximo porque sabe que a atenção do utilizador é algo cada vez mais escassa e difícil de captar. Se não for conquistada em poucos segundos, ficará dispersa rapidamente para outros conteúdos considerados mais atrativos, com consequente perda de clicks, de views, de vendas e de oportunidade de negócios. A produção de vídeos tornou-se quase indispensável quando o assunto é marketing e as empresas começam a procurar conteúdos de qualidade, que maximizem a sua mensagem e sua imagem. No mundo profissional, para além da qualidade do conteúdo, precisamos de confiança de entrega, cumprimento de prazos, preenchimento dos requisitos técnicos e legais, fundamentais a qualquer negócio e que nem sempre estão disponíveis nos prestadores destes serviços. Finalmente a Arrepio Produções garante que “qualquer que seja o projeto somos uma empresa que não sabe fazer menos bem. Aquilo que fazemos é fruto de uma evolução de 30 anos”. ▪

www.arrepio.com


ENDOMARKETING

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ENDOMARKETING:

O MARKETING QUE FOCA O BEM-ESTAR E O DESENVOLVIMENTO DOS COLABORADORES “Hoje, mais do que nunca, ter colaboradores felizes no trabalho é essencial, as pessoas querem sentir-se bem, respeitadas na sua singularidade e integradas na cultura da empresa”, afirma Ana Gonçalves, Culture and Internal Communication Manager da SONAE MC. ANA GONÇALVES

39 FEVEREIRO 2019

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Endomarketing pode ser entendido como o Marketing voltado para as ações no interior da empresa, em que o público-alvo são os colaboradores. Tem assumido um papel crescente e fundamental, sobretudo porque se vive um momento em que os colaboradores procuram, cada vez mais, um trabalho com significado e propósito. Também a "guerra" pelo talento e a mudança que a entrada, das novas gerações, no mercado de trabalho está a originar corroboram a relevância do Endomarketing, que tem comprovadamente um impacto positivo nas empresas. Hoje, mais do que nunca, ter colaboradores felizes no trabalho é essencial, as pessoas querem sentir-se bem, respeitadas na sua singularidade e integradas na cultura da empresa, procurando o equilíbrio pessoal e profissional. Surge aqui o grande desafio atual das empresas: atrair e reter talento, garantindo bons níveis de envolvimento. Numa organização como a Sonae MC, o foco no bem-estar e no desenvolvimento dos colaboradores é uma prioridade. Esta premissa, numa empresa como a nossa, tem tanto de simples como de desafiante, especialmente quando se fala em melhorar o bem-estar de cerca de 32500 mil colaboradores, numa diversidade de profissões como poucas empresas poder-se-ão orgulhar de ter. Uma pluralidade que não se esgota nas clássicas diversidades de género ou etária, mas que se desdobra em inúmeras formas de pensar, resultado de formações académicas, interesses e expectativas variadas. Assim, em 2016, lançámos internamente na Sonae MC o Movimento Improving Our Life. Um conjunto de iniciativas que garantem a valorização de todos, encontrando significado no seu trabalho; ações que ambicionam promover uma cultura de melhoria da forma como se trabalha, desenvolvendo as pessoas e lideranças, impactando a comunidade de forma cada vez mais considerável, bem como estreitando a relação entre colaborador e empresa. Conscientemente optámos por lançar um movimento, porque a responsabilidade não cabe apenas aos Recursos Humanos ou ao departamento de Comunicação Interna, é sim de natureza coletiva, devendo ser construída por todos e imprimida na cultura vivenciada e partilhada na empresa. Neste Movimento trabalham-se cinco grandes dimensões, que se materializam nas relações: do colaborador consigo mesmo - Eu e Eu, onde se potenciam forças e desenvolvem limites, aumentando a eficácia pessoal dos colaboradores; Para tal, várias iniciativas têm sido implementadas: por um lado, focadas no bem-estar – como a ginástica laboral –, por outro lado, focadas no desenvolvimento pessoal. com os outros - Eu e os Outros, alimentando ligações com significado com colegas e líderes. Neste âmbito, promovemos, ao longo do ano, uma série de iniciativas impulsionadoras de momentos de partilha e convívio entre colegas e chefias, como é o caso dos teambuildings. com a organização - Eu e a Organização, fomentando o envolvimento e o compromisso com a organização, assumindo um papel ativo no seu sucesso. Temos vindo a apostar na melhoria dos espaços de trabalho, que materializam a nossa cultura que se pretende, com espaços mais informais, próximos e colaborativos. Aproveitamos também as épocas festivas e as ocasiões especiais para criar momentos em equipa, como o Natal, o Dia do Trabalhador e a celebração da antiguidade na empresa. com a comunidade - Eu e a Comunidade, em que cada colaborador assume o papel de embaixador das iniciativas com impacto nas próprias famílias e na sociedade. Passam, por exemplo, pela produção de iniciativas focadas na exploração vocacional, desenvolvimento de competências de futuro e ocupação de tempos livres para os filhos dos colaboradores. Por fim, a liderança assume-se como um fator crítico para o sucesso das mesmas e amplificador do impacto da concretização destas dimensões, apoiada por uma estratégia concertada ao nível dos processos, gestão de pessoas e comunicação.

Numa empresa com a dimensão da Sonae MC, é difícil, mas fundamental que os colaboradores estejam informados, seja sobre novos produtos e serviços, aquisições ou campanhas de publicidade, para que exista um sentimento de pertença. A comunicação interna é uma ferramenta essencial na medida em que dá a conhecer a empresa e todas as ações que estão a ser desenvolvidas, garantindo que o colaborador se sente envolvido com o negócio e parte integrante da empresa. O objetivo último é promover a satisfação, compromisso e envolvimento de todos os colaboradores, para que se sintam cada vez mais realizados. Os colaboradores já não são apenas o rosto da empresa junto do consumidor, mas assumem, num mundo cada vez mais digital, um papel de embaixadores, com uma rede de contactos capaz de amplificar as mensagens da empresa a nível global. Por isso, temos de começar de dentro para fora, o foco no bem-estar e no potencial dos colaboradores é prioritário, para reter e atrair talento. E estes talentos, apaixonados pelo que fazem e pela empresa onde trabalham, serão a sua voz e reflexo para o exterior. ▪


» REGIME JURÍDICO DAS SOCIEDADES DE INVESTIMENTO E GESTÃO IMOBILIÁRIA

“CONTINUAREMOS A ASSISTIR A UM MERCADO AGITADO E MUITO APETECÍVEL” Pedro Guerreiro e Francisco Figueiredo, Advogados na LisbonLaw, falam, em entrevista à Revista Pontos de Vista, sobre o mercado imobiliário em Portugal, as expectativas e os desafios, bem como o que muda com a entrada em vigor do regime jurídico das Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária (SIGI).

PONTOS DE VISTA

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FRANCISCO FIGUEIREDO

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ortugal tem vindo a viver uma época de franca valorização e dinâmica no imobiliário. O que se espera para o mercado imobiliário para 2019? Com o que podem contar os portugueses, mas também o setor? FF - Não ocorrendo nenhum facto internacional que tenha repercussões na Europa, e especialmente em Portugal, estamos convictos que o mercado imobiliário em Portugal continuará em crescimento, ainda que de uma forma menos acentuada que no ano de 2018. Temos, no entanto, alguma expectativa quanto aos desenvolvimentos políticos internos, pois temos vindo a assistir a sinais no sentido de criar medidas que criam desconfiança aos investido-

PEDRO GUERREIRO

res e que podem levar a um abrandamento do investimento imobiliário. Ainda assim, mantendo-se o crédito bancário em níveis semelhantes e Portugal como uma zona preferencial para investimento estrangeiro, continuaremos a assistir a um mercado agitado e muito apetecível. O preço das casas continua a subir em Portugal. Dados do INE dão conta de um aumento de 1,5% do preço médio das vendas de habitação em Portugal no terceiro trimestre do ano passado. Afinal existe ou não bolha no imobiliário em Portugal? PG - Antes de tudo, devemos esclarecer que, no nosso entendimento, o fenómeno da

bolha imobiliária tem necessariamente que estar relacionado com endividamento bancário (e hipotecário). E neste sentido, apesar de entendermos que provavelmente existe um aumento forçado de preços, não somos da opinião que se esteja perante uma bolha no imobiliário. Grande parte do investimento que está a ser realizado em Portugal, está a ser feito por capital estrangeiro (individual ou coletivo) sem recurso a divida bancária, ou mesmo por capital português com recurso a “poupanças”. Isto não invalida, mas não a uma escala significativa, que se venham a sentir algumas dificuldades no momento em que as taxas bancárias venham a subir, o que não deverá ocorrer proximamente.


Com a entrada em vigor do regime jurídico das Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária (SIGI) Portugal vai, de facto, captar mais investidores? PG - Não nos parece que este novo regime vá trazer grandes novidades ou alterações na captação do investimento. Parece-nos que este novo regime foi pensado para uma época diferente da presente. O problema atual não é a falta de captação de investimento. O mercado imobiliário em Portugal é atualmente um mercado agitado e com bastante procura, pelo que temos necessidade sim de criar regras que tornem o mercado sustentável, preparado para eventuais quebras e que em simultâneo, sem descurar o investimento estrangeiro, permita um desenvolvimento cuidado e ordenado a

nível urbanístico e de organização das cidades. Não necessitamos, nem é sustentável, continuar a crescer a níveis históricos, o que necessitamos é continuar um desenvolvimento sustentado, prolongado no tempo, manter os capitais em Portugal e criar as condições para que não se cometam erros que outros países cometeram quando tiveram esta entrada de investimento abrupto. Por último, e sempre sem descurar o investimento já realizado ou investimento futuro, deveriam pensar-se em formas de promover a compra de imobiliário por parte de capital nacional, independentemente da zona em que tal seja feito. As SIGI serão mais vantajosas e atrativas para que segmento do setor do imobiliário? FF - Um dos objetivos destas SIGI é a manutenção do património adquirido (ou a participação em sociedades que o façam) com a obrigação de distribuição de dividendos (com regras especificas sobre estas matérias), pelo que estamos em crer que estas SIGI poderão vir a dinamizar o mercado do arrendamento (independentemente do setor). Em face do aumento dos preços de aquisição (e até em face de um fenómeno de mobilidade, especialmente por parte dos mais jovens) poderão estas sociedade dinamizar o arrendamento habitacional, especialmente quando os investidores começarem a sentir uma estabilização dos preços de transação dos imóveis. Portugal está a viver um momento positivo e a captar investimento, mas existe quem defenda que, apesar de o mercado nacional ser muito atrativo, existem alguns problemas como a subida de preços sobretudo no setor residencial e a grande falta de oferta de ativos. Concorda? PG - Apesar de o setor residencial ser o mais visível em termos de aumento de valor, a verdade é que todos os setores estão com preços em alta e estão a fechar-se negócios por valores muito atrativos.

O mercado imobiliário em Portugal é atualmente um mercado agitado e com bastante procura, pelo que temos necessidade sim de criar regras que tornem o mercado sustentável, preparado para eventuais quebras e que em simultâneo, sem descurar o investimento estrangeiro, permita um desenvolvimento cuidado e ordenado a nível urbanístico e de organização das cidades

Relativamente ao setor residencial, especialmente em zonas prime, os valores estão de facto muito altos, comparáveis às principais cidades europeias. No entanto, julgamos que nos próximos anos vão surgir no mercado muitos novos projetos no setor residencial (em zonas prime e nas periféricas a estas prime) que provavelmente terão impacto no setor residencial – por um lado, com um aumento da oferta e, por outro, com uma estabilização/ajuste dos preços praticados. Seria interessante estes novos projetos começarem a adotar o regime das SIGI e assim dinamizar o setor do arrendamento habitacional. ▪

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O regime das sociedades de investimento e gestão imobiliária (SIGI), mais conhecidas por REIT (Real Estate Investment Trust), entra em vigor esta sexta-feira (1 de fevereiro de 2019). Desde Espanha, onde há já alguns anos existem estas sociedades, às Socimi, surgem notícias a dar conta de que Portugal pode “roubar” investidores ao país vizinho. De que se tratam estas sociedades de investimento e gestão imobiliária? FF - São sociedades que, como refere, já existem plenamente noutros ordenamentos jurídicos, e que estão em análise pelo legislador em Portugal, pelo menos desde 2015. Estas sociedades de investimento e gestão imobiliária servirão como um veículo de promoção do investimento imobiliário, nas suas diversas vertentes, ou seja, quer através da aquisição direta de direitos reais sobre imóveis (para posterior desenvolvimento), quer através da aquisição de participações sociais em fundos de investimento imobiliário. O governo pretende com a criação deste novo tipo de entidades, oferecer novas formas de captação de investimento. No nosso entendimento, ficam a faltar novas regras a nível fiscal para consolidar, na totalidade, este novo tipo de sociedades e os objetivos propostos.


» A INOVAÇÃO NOS TRATAMENTOS COM CÉLULAS ESTAMINAIS

“AS CÉLULAS ESTAMINAIS SÃO JÁ UMA REALIDADE NO TRATAMENTO DE VÁRIAS DOENÇAS” “O papel da Crioestaminal é o de garantir a melhor amostra de células estaminais para um tratamento futuro, a todas as famílias que optam por guardar as células estaminais”, afirma André Gomes, Fundador e Diretor Geral da Crioestaminal, que em entrevista à Revista Pontos de Vista abordou um pouco mais da dinâmica da marca e de como a mesma tem apostado fortemente na Investigação & Desenvolvimento, até porque é único banco em Portugal que promove a investigação da aplicação terapêutica de células do sangue e do tecido do cordão umbilical.

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Crioestaminal é o primeiro e o maior banco de criopreservação em Portugal. Desde 2003, ano em que foi fundada, o que mudou? Que papel assume hoje a Crioestaminal? Quando iniciamos a atividade em 2003 começava a falar-se em Portugal da importância das células estaminais do sangue do cordão umbilical, para mais tarde poderem ser usadas no tratamento de doenças. Nesta altura existiam cerca de 2000 transplantes realizados com sangue do cordão umbilical. Desde então, o conhecimento sobre as células estaminais tornou-se mais vasto existindo hoje mais de 40 mil transplantes realizados, mais de 80 doenças tratadas e centenas de ensaios clínicos em curso, algo que não acontecia há 15 anos. A Crioestaminal tem hoje mais de 100 mil amostras criopreservadas e é o banco de criopreservação em Portugal que contribuiu para mais tratamentos: 17 tratamentos em 12 crianças. Somos também o laboratório que mais investe em Investigação e Desenvolvimento na área das células estaminais. É o único Banco Europeu acreditado para o processamento do Sangue e Tecido do Cordão Umbilical pela Associação Americana de Bancos de Sangue e em 2018, unimo-nos ao Grupo FamiCord, criando o maior grupo de criopreservação de sangue do cordão umbilical da Europa. Assim, o papel da Crioestaminal é o de garantir a melhor amostra de células estaminais para um tratamento futuro, a todas as famílias que optam por guardar as células estaminais. As células estaminais são um bem que deve ser preservado, sendo que o sangue do cordão umbilical é utilizado, desde 1988, como fonte de células estaminais para o tratamento de várias doenças. Os portugueses estão suficientemente consciencializados para a importância e as mais-valias da criopreservação das células estaminais? O primeiro transplante com células estaminais do sangue do cordão umbilical realizou-se há 30 anos, Mathew Farrow, com apenas cinco anos, recebeu o sangue do cordão umbilical, doado pela sua irmã recém-nascida, para tratamento de anemia de Fanconi. Desde então realizaram-se mais de 40.000 transplantes em todo o mundo para o tratamento de mais de 80 doenças. Atualmente, encontram-se em curso centenas

de ensaios clínicos, em todo o mundo, com células estaminais de modo a alargar as opções terapêuticas para doenças como a paralisia cerebral, doenças do espectro do autismo e diabetes tipo 1. No entanto, a mensagem sobre a importância de guardar as células estaminais é complexa, o que leva a que nem sempre fique claro para os futuros pais a importância de as guardar, é para nós fundamental continuar a trabalhar neste âmbito para que mais famílias possam tomar uma decisão informada. Destaco algumas das nossas principais iniciativas neste âmbito: o Prémio Crioestaminal em investigação biomédica que distingue o trabalho de jovens investigadores na área das células estaminais, a comemoração do Dia Mundial do Sangue do Cordão Umbilical e a partilha contínua dos avanços científicos com a comunidade, em geral.

ANDRÉ GOMES

A mensagem sobre a importância de guardar as células estaminais é complexa, o que leva a que nem sempre fique claro para os futuros Pais a importância de as guardar, é para nós fundamental continuar a trabalhar neste âmbito para que mais famílias possam tomar uma decisão informada

A utilização de células estaminais do cordão umbilical é já uma realidade bem presente em todo o mundo. E em Portugal? O primeiro transplante realizado em Portugal, com recurso a células estaminais do sangue do cordão umbilical guardadas num banco familiar, teve lugar no IPO do Porto, em 2007, numa criança de 14 meses com Imunodeficiência Combinada Severa, uma doença rara e fatal quando não tratada, tendo-se recorrido às células estaminais do irmão mais velho, criopreservadas aquando do nascimento, na Crioestaminal. A criança ficou totalmente curada. Seguiram-se outras utilizações de células estaminais do sangue do cordão umbilical: um caso de leucemia mieloide aguda (Hospital Niño Jesus, em Espanha) e oito utilizações no âmbito da paralisia cerebral (sete nos EUA e uma em Espanha). Nos casos das crianças com paralisia cerebral, os pais e os prestadores de cuidados, identificaram melhorias após a infusão de sangue do cordão umbilical. Recentemente, libertamos mais duas amostras para tratamentos no âmbito de ensaios clínicos para patologias do espectro autista, na Universidade de Duke, nos EUA. A Crioestaminal aplica cerca de 10% do seu volume de negócios em I&D, sendo o único banco em Portugal que promove a investigação da aplicação terapêutica de células do sangue e do tecido do cordão umbilical. Este será o foco e o caminho da Crioestaminal? Diria que o nosso foco é possibilitar o acesso a terapêuticas personalizadas baseadas em célu-


O investimento de mais de dois milhões de euros em investigação, associada a terapias celulares, atesta a forte aposta da Crioestaminal no desenvolvimento de novas soluções que ampliem o número das aplicações terapêuticas. Que verdadeiros desafios enfrentam neste vosso propósito? Os desafios são de vária ordem, desde conseguir financiamento que possa ajudar a cobrir parte das despesas, porque os projetos em que queremos estar envolvidos incluem a realização de ensaios clínicos e para isso é necessário um financiamento elevado, até à necessidade responder a todas as exigências ao nível regulamentar para podermos chegar à fase de aplicação destas terapias em humanos, passando pela dificuldade de conseguir encontrar médicos que estejam interessados em participar neste tipo de estudos. A equipa de I&D da Crioestaminal e os seus

parceiros têm desenvolvido um conjunto de projetos que visam alargar a aplicação clínica das células estaminais (do sangue e do tecido do cordão umbilical). Para o ano de 2019 que projetos pode desvendar? Vamos estar cada vez mais voltados para a investigação clínica, com projetos que visam testar novas terapias baseadas em células estaminais em humanos, e que implicam a utilização das nossas recém-criadas Salas Limpas, dedicadas à produção de medicamentos de terapias celulares avançadas. Pretendemos demonstrar a capacidade de produção deste tipo de medicamentos e explorar o potencial terapêutico das células estaminais: quer das células estaminais mesenquimais (do tecido do cordão umbilical e do tecido adiposo), em doenças de natureza autoimune, quer das células do sangue do sangue do cordão umbilical na área da pediatria do desenvolvimento. Para além dos nossos próprios projetos de I&D, participaremos noutros projetos com parceiros internacionais. ▪

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las estaminais, o desenvolvimento de projetos de I&D tem em vista descobrir novas terapias celulares, o que permite alargar a aplicação de células estaminais para além das doenças atualmente tratadas. Com os vários projetos de investigação e desenvolvimento e as três patentes internacionais já registadas, a Crioestaminal tem desenvolvidos estudos nas áreas de oncologia, do enfarte do miocárdio e diabetes. Na área da diabetes, está projetado um ensaio clínico que visa aplicar a metodologia patenteada em ulcerações do pé em doentes diabéticos. Esta patente partiu da utilização combinada de células do sangue do cordão umbilical e células progenitoras endoteliais para melhorar a cicatrização de feridas crónicas em diabéticos, através da redução da inflamação e da revascularização da área afetada. Na área cardiovascular, a patente internacional relaciona-se com a regeneração de tecido cardíaco após acidentes isquémicos. O conhecimento gerado está a ser incorporado no planeamento de novos projetos e em aplicações concretas na área da medicina regenerativa, em doenças como o Acidente Vascular Cerebral.

AS CÉLULAS ESTAMINAIS SÃO, SEM DÚVIDA, O FUTURO? As células estaminais são já uma realidade no tratamento de várias doenças. No futuro, serão, sem dúvida, novas alternativas terapêuticas para doenças que atualmente não têm tratamento, como evidenciam as centenas de ensaios clínicos em curso em todo o mundo. Seguramente que alguns terminarão com resultados positivos e serão novas aplicações no futuro.


» O PAPEL DA INOVAÇÃO NA PREVENÇÃO E CONTROLO DE INFEÇÕES

A TECNOLOGIA É UMA «FERRAMENTA» ALTAMENTE EFICAZ NAS INFEÇÕES HOSPITALARES A Revista Pontos de Vista conversou com Victoria Quintas, Sócia-Gerente da BIODECON - BDSD - Soluções de Biodescontaminação, Lda, que nos deu a conhecer um pouco mais do universo das infeções hospitalares e o impacto na saúde em Portugal. Saiba mais.

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que são infeções hospitalares e qual o seu impacto na saúde dos Portugueses? Hoje utiliza-se o conceito mais abrangente de Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS), já que este problema não se limita ao meio hospitalar. Associadas ao aumento das Resistências aos Antimicrobianos (RAM) pelos microrganismos causadores de doença, são problemas relacionados e de importância crescente à escala mundial. As IACS aumentam a morbilidade e a mortalidade, prolongam a duração dos internamentos e agravam significativamente os custos em saúde. Acentuando a pressão geradora da RAM pelo maior uso de antibióticos, inviabilizam a qualidade dos prestados e constituem a principal ameaça à segurança dos cidadãos.

PONTOS DE VISTA

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De forma a prevenir a transmissão cruzada de microrganismos, de um portador são ou doente, para outro, de forma direta ou indireta, torna-se importante recorrer às “boas práticas”. Será suficiente? Onde entra o aqui o papel da tecnologia? O Programa de Prevenção e Controlo da Infeção e Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA), um programa prioritário da Direção Geral de Saúde (DGS), com uma direção nacional, assim como núcleos a nível regional e local em cada instituição de saúde, foi criado em 2013 pela fusão entre o Programa Nacional de Controlo da Infeção e o Programa Nacional de Prevenção da Resistência Antimicrobiana, surgindo como resposta à necessidade de uma abordagem integrada de ambos os problemas. O PPCIRA deu início à promoção das Precauções Básicas de Controlo de Infeção (PBCI), implementando uma estratégia multimodal que traduz regras padronizadas de boas práticas a adotar por todos os profissionais na prestação de cuidados de saúde, a fim de minimizar o risco da transmissão cruzada da contaminação. Constituindo as IACS um problema multifatorial, a tecnologia é uma “ferramenta” altamente eficaz como parte integrante de um bundle de estratégias que assentam naturalmente nas boas práticas de controlo de infeção. A Biodecon - BDSD pretende assegurar uma abordagem integrada do controlo da contaminação ambiental através de uma seleção de soluções inovadoras. De que soluções falamos? Tratam-se de soluções que visam o reset da situação de contaminação ambiental, erradicando os microorganismos causadores de infeção, a par da sua contenção, com soluções para o isolamento de doentes contaminados. A Biodecon combina a melhor relação de eficácia e rapidez na erradicação de microrganismos patogénicos com uma tecnologia automatizada, segura e perfeitamente reprodutível, que usa Vapor de Peróxido de Hidrogénio (VPH) de elevada concentração (35%), um sistema de biodescontaminação ambiental que elimina bactérias, fungos e vírus, com validação de resultados comprovados por indicadores químicos e biológicos.

VICTORIA QUINTAS

Com recomendação de nível máximo pelo Rapid Review Panel do Department of Health do Reino Unido, esta patente já conta com mais de 14 anos de experiência em praticamente todo o mundo e inúmeras publicações que evidenciam a superioridade da sua eficácia e reprodutibilidade comparativamente a metodologias convencionais/manuais de descontaminação ambiental habitualmente utilizadas nos hospitais. Em Portugal, a prestação de um serviço completo de biodescontaminação pela Biodecon às instituições de saúde públicas ou privadas, com equipas especializadas no uso deste equipamento, é não só utilizada para controlo de surtos, como, cada vez mais, numa base regular e programada. Deste modo, responde-se às necessidades e prioridades das áreas a intervencionar e reduz-se a carga microbiana ao longo do tempo, numa ação não só corretiva como proativa, que contribui para a diminuição das taxas de IACS. Relativamente à contenção da infeção, comercializamos soluções inovadoras e custo-efetivas como estruturas com pressão negativa de fácil montagem e dimensão customizada para isolamento de doentes em espaços abertos como Enfermarias, Unidades de Cuidados Intensivos, Urgência ou outros Serviços. Com base na barreira física criada e sistema de filtragem de ar HEPA, estas estruturas de isolamento de contacto promovem a redução da contaminação cruzada e maximizam a flexibilidade da instituição para acomodar doentes de risco e/ou infetados. Em termos de noções básicas para prevenir as IACS, qual é o grau de perceção que os cidadãos comuns têm? As PBCI destinam-se a garantir a segurança dos cidadãos, dos profissionais de saúde e de todos os que entram em contacto com os serviços de saúde, pelo que devem ser seguidas por todos.

Embora com episódios de surtos recentemente mais divulgados pelos meios de comunicação social, os cidadãos comuns possuem fraca perceção não só das noções básicas para prevenir as IACS, como da própria dimensão do problema. Um estudo amplamente divulgado, realizado em 2014 pelo PPCIRA/DGS em conjunto com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) analisou dados de 2010 a 2013 e demonstrou que o número de óbitos associados à infeção em internamento em Portugal é sete vezes superior às mortes causadas por acidentes de viação, sinistros de elevada perceção pelo cidadão comum, que provocam justificada consternação geral. No entanto, a taxa de IACS é avaliada periodicamente através de estudos de prevalência. Entre 2011 e 2012, Portugal participou no 1.º Inquérito Europeu de Prevalência de IACS e Uso de Antimicrobianos em hospitais de agudos coordenado pelo European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC). Este estudo apurou que 10,5% dos doentes internados em Portugal tinham adquirido infeção em internamento, o valor mais elevado da amostragem e praticamente o dobro da média europeia (6,1%). Na mesma população, em Portugal 45,3% dos doentes estavam a ser tratados com antibióticos enquanto na Europa essa percentagem era de 35,8%. Em 2016 foi realizado novo inquérito, que revelou valores tendencialmente favoráveis, sendo de 7,8% a prevalência das IACS. Segundo um estudo da OCDE divulgado em novembro de 2018, mais de 40 mil pessoas podem morrer em Portugal na sequência de infeções por bactérias resistentes a antibióticos até 2050, estimando-se que morram acima de 10 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Como é que se pode inverter esta realidade? É necessário reduzir a emergência de resistências a antibióticos, o que pode conseguir-se reduzindo o seu consumo. Este objetivo é atingível, promovendo o uso racional destes fármacos, não os utilizando quando não são necessários e utilizando apenas quando estritamente indicados os antibióticos de espetro mais estreito possível, apenas durante o tempo necessário. O consumo inadequado de antimicrobianos é um dos principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento e aumento das resistências, tornando-se um efetivo desafio para a saúde pública. A Organização Mundial da Saúde e a Comissão Europeia lançaram planos de ação junto dos cidadãos e profissionais de saúde para promover o conhecimento desta temática, havendo antibióticos alvo de vigilância através da rede nacional que colabora na rede de vigilância epidemiológica europeia de resistência aos antimicrobianos, enviando anualmente dados representativos da realidade portuguesa para o sistema European Antimicrobial Resistance Surveillance Network (EARS-Net), coordenado pelo ECDC. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT


MEDICINA DE PRECISÃO E INOVAÇÃO

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JANSSEN É INOVAÇÃO EM SAÚDE A Revista Pontos de Vista foi conversar com Manuel Salavessa, Diretor Médico da Janssen Portugal, que nos deu a conhecer um pouco mais da denominada Medicina de Precisão e das suas vantagens, sem esquecer que a marca tem sido um player fundamental na aposta em inovação no domínio da saúde.

A medicina de precisão está mais desenvolvida no ramo da oncologia, mas começam a surgir cada vez mais perspetivas da sua aplicação a outras doenças. Fale-nos um pouco mais sobre estes progressos. Os avanços na medicina de precisão anteveem um ganho impressivo na prática clínica oncológica, mas que ainda estão por cumprir na sua plenitude. Obter benefícios maximizados com a menor exposição possível à toxicidade é o desejo de qualquer clínico. Hoje, felizmente, existem tratamentos oncológicos muito menos evasivos e daí ser tão importante o acesso à inovação terapêutica. Mas com o

MANUEL SALAVESSA

desenvolvimento da medicina de precisão – e também com a imunoterapia – serão obtidos ganhos adicionais que poderão fazer a diferença na vida de muitos doentes. O screening genético permite determinar a suscetibilidade do indivíduo a cada cancro e estabelecer opções de tratamento mais ajustadas. No cancro da mama, pulmão ou coloretal esta é já uma realidade com enorme valor, que começa agora a chegar a outros cancros e outras patologias. A Janssen Diagnostics Research & Development (R&D) combina a ciência de nível mundial e ideias inovadoras com rigorosos padrões de qualidade e alcance global para melhorar a vida das pessoas. Com os avanços da ciência e da tecnologia, que desafios enfrentam hoje os sistemas de saúde? A inovação tem potenciado ganhos de saúde impressionantes e por essa razão deve ser estimulada. Na Europa temos hoje premissas de longevidade e saúde que ajudámos a erguer com o medicamento. A título de exemplo e segundo um estudo recente da McKinsey, lembro que desde 1990, os medicamentos inovadores evitaram em Portugal mais de 110 mil mortes e a esperança de vida foi prolongada até dez anos. Ora, neste sólido retorno social assenta todo um modelo e sistema de saúde que importa preservar. E para

o preservamos com ganhos de qualidade e resultados para o doente, temos de acautelar a sua sustentabilidade num panorama de pressão demográfica e de inovação crescente. É por isso fundamental que se evolua para um modelo que melhor assegure o acesso à inovação e aos cuidados de saúde. Um modelo que assente na avaliação e diferencie os prestadores que apresentem melhores resultados e os remunere de acordo com o valor para o doente. Só assim conseguiremos diferenciar a inovação de modo a adotar a que maiores ganhos traz para o sistema, para o doente e para a sociedade, sem fragilizar o pilar da sustentabilidade. “Somos a Janssen. Colaboramos com o mundo pela saúde de todos”. Com a premissa de investir no futuro, a Janssen está completamente comprometida e focada na investigação e na inovação na saúde, correto? O cariz inovador e diferenciador da Janssen resulta em grande parte dessa premissa colaborativa. O modelo e estratégia de inovação aberta e a utilização de novas tecnologias para a geração e partilha de conhecimento são prioridades claras que permitem soluções terapêuticas de grande valor. Globalmente, investimos em Investigação e Desenvolvimento mais 88% do que em vendas e marketing, o que demonstra bem o papel basilar que a inovação tem na nossa estratégia. Em valor absoluto, são cerca de 8 mil milhões de dólares que todos os anos investimos globalmente em investigação e desenvolvimento e que permitem resultados que fizeram da Janssen, em 2018, uma das três empresas mais inovadoras do setor a nível mundial. A tal produção de inovação científica na Janssen passa por modelos que envolvem a academia, os centros de investigação, empresas de biotecnologia, outras companhias da indústria farmacêutica, entre outras entidades de todo o mundo. E é nesta rede global que vivemos comprometidos num permanente screening, à procura da melhor ciência e das melhores soluções terapêuticas, através de quatro centros de inovação, que complementam os nossos dez polos de Investigação dedicados ao desenvolvimento interno de novos medicamentos. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

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medicamento certo para o paciente certo, na dose certa e com o efeito certo”. Para iniciarmos a nossa conversa e de forma a elucidar o leitor, o que é medicina de precisão? É um objetivo que a Medicina há muito persegue e que graças à informação e à tecnologia disponíveis está hoje mais próximo. Trata-se de uma abordagem customizada no tratamento e prevenção de doenças por oposição ao one-size-fits-all que atualmente impera. A Janssen, enquanto companhia farmacêutica do grupo Johnson & Johnson - o maior grupo de cuidados de saúde do mundo - tem uma responsabilidade acrescida no setor e por isso tem procurado também responder a estes princípios da medicina de precisão: porque é que em duas pessoas com a mesma doença, numa resulta um determinado fármaco ou tratamento e noutra não? Porque é que apenas algumas pessoas desenvolvem efeitos secundários? Com informação personalizada sobre a genética, com dados de vida real sobre o estilo de vida do doente, e o ambiente em que vive, será possível produzir, mas também prescrever com maior precisão – mais uma vez apoiados pelo machine learning e o big data - o tratamento a prestar a cada uma das pessoas de forma diferenciada. É um tremendo ganho de eficácia com um valor inquestionável para a saúde de cada um de nós. A medicina de precisão não se restringe à farmacologia mas é a este nível que irá evitar exposições excessivas à toxicidade e desperdícios. Ora, esses são ganhos de efetividade e eficiência que interessam a todos: doente, pagador e prestador.


» CULTURA

MAGIA

DAS MARIONETAS É PARA TODOS A Revista Pontos de Vista visitou o Museu da Marioneta, no Convento das Bernardas, em Lisboa. Um museu inteiramente dedicado ao teatro de marionetas.

O PONTOS DE VISTA

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MARIA JOSÉ MACHADO SANTOS

teatro de marionetas, também designadas como títeres, bonifrates ou robertos, existiu em quase todas as civilizações e em quase todas as épocas. Na China, na Índia, em Java e em muitas outras partes do Oriente, o teatro de bonecos tem uma tradição antiga que é impossível determinar quando começou. A história do teatro de marionetas em Portugal ainda não está na sua totalidade construída. Porém, na Europa, existem registos e referências desde a Idade Média a este tipo de teatro. À época, eram utilizadas na igreja por forma a difundir a fé cristã. Na Europa do séc. XVI, na igreja apenas se falava latim e, portanto, a maior parte da população não entendia o que ouvia. Para que algumas liturgias fossem explicadas, recorria-se às marionetas para contar a história e assim passar a mensagem. Com o Concílio de Trento, as marionetas são proibidas nas igrejas e nessa altura passam para a rua (SÉC. XVI), sobretudo as marionetas de luva por serem mais fáceis de transportar de manipular. Nos séculos XVII e XVIII, as elites começam a criar a tendência de ter nas suas festas momentos de marionetas de fios e desta forma a arte sobreviveu bem até ao Séc. XX. Porém, com o aparecimento da rádio e posteriormente da televisão, o teatro de marionetas infantilizou-se e passou a ter como público-alvo as crianças. No entanto, havia sempre quem entendesse que as marionetas iam muito além do universo infantil. Um dos grandes nomes é Henrique Delgado, tido como o grande investigador que recolheu e divulgou muito daquilo que hoje se conhece do teatro de marionetas em Portugal. Apesar de esforços por parte de marionetistas,


ras provenientes das mais diversas partes do mundo e de várias culturas.

MUSEU DA MARIONETA

COISAS PARA VER O ANO TODO

Criado em 1987 pela Companhia de Marionetas “São Lourenço e o Diabo” de Helena Vaz e do José Alberto Gil que se dedicava à realização de espetáculos pelo país e pelo estrangeiro. Encontra-se, desde Novembro de 2001, no Convento das Bernardas. Este museu é inteiramente dedicado à interpretação e divulgação da história da marioneta e difusão do teatro do género, percorrendo a história desta expressão artística através do mundo, apresentando os diferentes tipos de marionetas e as diversas abordagens que elas permitem, com especial relevo para a marioneta portuguesa. Aquilo que começou com um espólio pequeno, tem vindo a aumentar, muito devido a doações de colecionadores e por depósitos. Hoje já detêm coleções de quase toda a parte, desde marionetas e máscaras do sudeste asiático e africanas do colecionador Francisco Capelo, com exemplares de máscaras e marionetas orientais, de Java, Bali, Sri Lanka, Birmânia, Tailândia, Índia, Vietname, China, mantendo os núcleos das mais significativas famílias de marionetas europeias e brasileiras. Com um trabalho fundamental para a promoção destes espetáculos, o Museu da Marioneta tem conseguido provar que as marionetas não são apenas para crianças. Desde marionetas de sombra, de água, de fios, de máscara, ali estão representadas as famílias de marionetas mais importantes da Europa e portuguesas. Das suas exposições fazem parte mais de mil peças e marionetas de todos os tipos de técnica de manipulação e másca-

Existem duas exposições anuais temporárias no museu. A primeira deste ano, é em parceria com o Festival Monstra e dedicada ao cinema de animação que está disponível para visitar a desde fevereiro. A segunda, acontece a partir de junho em que o espólio do museu é exposto. Entre as exposições também se realizam alguns espetáculos para os mais novos e para os mais velhos amantes da arte. O museu desenvolve ainda um serviço educativo que engloba todas as idades, com visitas orientadas, oficinas de construção de marionetas, festas de aniversário e as Manhãs Criativas para pais e filhos (sempre no último domingo de cada mês). As marionetas são para todas as idades devido à sua transversalidade a tantas áreas e começa a ser utilizada enquanto instrumento pedagógico.

“MUSEU À MEDIDA”

A pensar no desenvolvimento criativo e interpessoal, o museu criou o “Museu à Medida”, uma proposta que pretende agir enquanto facilitador para o desenvolvimento de competências no processo de aprendizagem das várias disciplinas, possibilitando o contacto com diversos meios de expressão artística, promovendo a prática ativa da exploração de materiais e o confronto com diferentes culturas. O projeto está pensado para ser desenvolvido com escolas e instituições culturais. Henrique Delgado dizia que “dar vida a um ser inanimado é o ato supremo da criação”. Por isso, deixe-se surpreender e visite um espaço onde há sempre histórias para serem contadas e que surpreendem do início ao fim. ▪

AGENDA FEVEREIRO 9 DE FEVEREIRO, 10H30:

OS FANTOCHES TAMBÉM AMAM INÊS PINA

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RESERVAS E INFORMAÇÕES museu@museudamarioneta.pt 213 942 810

24 DE FEVEREIRO, 10H30:

BETTHA DALA KHOLA, MÁSCARAS DO SRI LANKA

RESERVAS E INFORMAÇÕES Sujeito marcação prévia.: 21 394 28 10 ou museu@museudamarioneta.pt

FEVEREIRO 2019

por cá, na televisão as marionetas foram usadas em espetáculos apenas para crianças…


» O MUNDO DO FITNESS EM PORTUGAL

OS CLUBES DE SAÚDE SÃO UMA “MODA” QUE VEIO PARA FICAR? Enquanto Empreendedor e Consultor na indústria da saúde e fitness, Pedro Miranda foca-se no acompanhamento e gestão de equipas e no desenvolvimento de projetos. Quer iniciar o seu próprio negócio? “Tudo se resume à personalidade, experiência e escolha pessoal”. Venha saber mais.

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ue conselhos dá às pessoas que querem iniciar um negócio próprio na indústria do fitness? Neste negócio, tal como noutros, só serão bem-sucedidos aqueles que possuam bases sólidas e experiência na área. Assim, na minha opinião, os empresários que consideram abrir um negócio de fitness têm duas opções: fazê-lo por conta própria ou através de um modelo de franchising. Tomar esta decisão exige uma análise muito ponderada e cuidadosa e, para isso, é importante definir se pretendem ser independentes ou fazer parte de um franchising. Tudo se resume à personalidade, experiência e escolha pessoal. É necessário decidir se os sistemas e o suporte de um modelo de franchising justificam a liberdade empreendedora de ser proprietário de uma empresa independente. Como esta decisão nem sempre é a mais fácil, o que eu sugiro é que as pessoas adquiram alguma experiência do negócio e da forma como ele funciona. Para isto, o melhor é começarem por trabalhar em clubes bem estruturados e organizados, de forma a que possam aprender e perceber melhor todas as variáveis deste negócio. Depois, e caso continuem com dúvidas, há a opção de contratar alguém com conhecimento na área do fitness que lhes trará clareza, direção e o suporte necessários para que possam decidir o que melhor se adapta aos seus objetivos.

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Para além de uma alimentação mais saudável, os portugueses estão cada vez mais adeptos da prática de atividade física regular. Os clubes de saúde são uma “moda” que veio para ficar? Sim, sem dúvida! Apesar de ainda haver um longo caminho a percorrer, os clubes de saúde vieram para ficar. Cada vez mais, os clubes passarão a ser uma extensão da vida dos portugueses, pois, para além das questões de perda de peso e alimentação saudável, as pessoas já perceberam que o exercício físico regular as ajuda a melhorar o seu bem-estar geral e a sua saúde mental. Neste momento já temos clubes que olham para si enquanto um local de encontro, o que lhes permite construir pequenas comunidades com interesses comuns e, consequentemente, aumentar a lealdade das pessoas pelo clube, fomentando, assim, esta “moda” de boas práticas. Qual é o futuro do mercado do fitness? Com o aparecimento de grandes cadeias low cost os consumidores têm muitas e boas alternativas. Para além dos ginásios tradicionais, existem também boxes de cross fit, estúdios de fitness com especialidades, desde o yoga, ao pilates, boxe, etc. Para além disto, há várias empresas a apostar em programas de promoção de saúde no local de trabalho, recorrendo aos serviços de profissionais de fitness para a implementação destes programas. Depois temos, finalmente, alguns médicos e outros profissionais de saúde a recomendar a prática de

saúde e condição física, sentir-se-ão mais fortalecidos. A exploração de várias tecnologias atualmente desenvolvidas para o fitness é uma das grandes oportunidades diferenciadoras para os clubes e para os proprietários que desejem obter alguma vantagem competitiva face à concorrência.

PEDRO MIRANDA

Claro que copiar algo sem saber o que está por detrás de muitas ações trará, a médio prazo, problemas que poderão ser difíceis de resolver e até colocar a viabilidade das empresas em causa

exercício físico aos seus pacientes, reforçando a importância de serem mais ativos para melhorar a sua saúde e reduzir o risco de doenças. Os praticantes de hoje procuram experiências de fitness cada vez mais personalizadas seguindo algumas tendências. Acredita que estas tendências podem beneficiar o negócio do fitness? As tendências são uma das verdades por excelência da humanidade e uma das principais verdades do capitalismo. Tendências influenciam a forma como pensamos, o que queremos acreditar ou não, como agimos e como reagimos. Do ponto de vista comercial, as tendências dizem-nos para onde o mercado está a ir, o que os nossos concorrentes estão a fazer e o que os consumidores pretendem. Assim, caberá aos donos das empresas de fitness distinguir entre as tendências orientadas pela opinião, e as que são baseadas em dados, e, então, agir apropriadamente dentro do mercado. Na minha opinião, ao nível das tendências, acredito que as tecnológicas irão transformar as experiências dos utilizadores, pois à medida que os consumidores obtêm maior controlo sobre os seus dados de

Qual é a maior ameaça para a indústria do fitness atualmente? O sucesso de alguns operadores do mercado tem feito com que haja uma maior concorrência. Como em qualquer indústria, as pessoas “copiam” as boas práticas e tentam, desta forma, melhorar os seus serviços. Claro que copiar algo sem saber o que está por detrás de muitas ações trará, a médio prazo, problemas que poderão ser difíceis de resolver e até colocar a viabilidade das empresas em causa. É necessário que as empresas percebam que é fundamental definir o seu posicionamento no mercado, assim como as suas estratégias de comunicação e marketing, pois, como sabemos, as empresas que melhor comunicam são as que conseguem apresentar melhores resultados e, por conseguinte, ser bem-sucedidas. Por último, convém não esquecer a questão do mercado imobiliário que, da forma como se encontra, proporcionará dificuldades acrescidas na obtenção e aquisição dos lugares certos para a abertura de novas unidades e este sim será, para mim, o maior desafio que se avizinha para a indústria do fitness. O seu trabalho é prestar serviços de consultoria e apoio estratégico na gestão. Que lacunas tem encontrado? Como sabemos, para a construção de uma marca de sucesso é necessário uma equipa de gestão forte, um grupo de consultores de confiança e uma estra-tégia de marca clara e objetiva. Neste momento, em Portugal, há, ainda, muitos clubes/ ginásios que não têm estas questões bem definidas e que precisam de ajuda para se adaptarem às novas realidades de mercado. Na minha atividade de consultoria presto um apoio à gestão e aconselhamento profissional apoiando esses proprietários ou investidores a alcançarem o sucesso, auxiliando-os na tomada de decisões e na elaboração de um plano estratégico em termos de liderança e gestão das equipas a curto, médio e longo prazo, necessário para o crescimento dos seus negócios. A base da minha consultoria assenta na criação e implementação de Dasboards de Gestão (KPI’s), reports diários e acompanhamento das equipas, por forma a proporcionar melhores resultados, assim como uma maior eficácia e rentabilidade. ▪

965 624 584 www.pedromiranda.pt | www.linkedin.com/in/pedrojomiranda/


O MUNDO DO FITNESS EM PORTUGAL

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FITNESS FACTORY O SEU GINÁSIO SMART COST Os ginásios estão a encher-se e os portugueses estão cada vez mais a demonstrar interesse em manter um estilo de vida saudável. Fugindo ao conceito de ginásio tradicional, surgem os Clubes Fitness Factory que têm como premissa tornar o fitness e a atividade física mais acessível e fácil para todos. Pedro Simão, CEO do Fitness Factory, conta-nos mais. “Entendemos que os clientes que procuram um ginásio Fitness Factory são clientes que estão à procura de um serviço de qualidade, mas, acima de tudo, são clientes que sabem que não precisam de pagar muito para ter um bom ginásio, um ginásio consistente, com um bom design e com bons serviços de base de qualidade”, refere Pedro Simão.

CONSISTÊNCIA

Este é o objetivo, manter sempre a consistência em qualquer um dos clubes do Fitness Factory. “Um cliente quando entra no nosso espaço sabe que vai encontrar todos os dias um espaço limpo, os equipamentos em perfeitas condições, um front office que lhe sorri e que o recebe bem e um instrutor sempre predisposto a ajudá-lo. É esta consistência que trabalhamos com as nossas equipas para que os nossos clientes consigam encontrar estas condições reunidas. Mais do que encontrar máquinas queremos que os nossos clientes encontrem um espaço onde se sintam bem”, afirma Pedro Simão explicando que existem dois grandes grupos de pessoas que frequentam os ginásios: o grupo de pessoas que gostam e que querem moldar o seu corpo para se sentirem bem fisicamente; e grupo de pessoas que vão à procura dos benefícios secundários da prática de exercício físico. Este segundo grupo, o que está mais direcionado para a saúde está, nitidamente, a aumentar. Existe uma mudança de paradigma e a saúde está agora, claramente, indexada à frequência de atividade física e de ginásios. “As pessoas sabem quais são os benefícios do exercício físico para a sua saúde e procuram, cada vez mais, os ginásios para esse efeito. Na conceção do Fitness Factory tivemos esta preocupação de cruzar as populações. As áreas de treino foram pensadas de maneira a que as pessoas se cruzem e não exista a distinção nem espaços destinados a uma atividade física específica e com um propósito apenas”, adianta Pedro Simão. Até porque, para Pedro Simão, o fitness não é uma moda, é uma tendência e, normalmente, as tendências demoram mais a passar do que as modas. É uma tendência que está para ficar por se correlacionar dire-

PEDRO SIMÃO

tamente com a qualidade de vida das pessoas. “Somos um reflexo do resto do mundo. Vamos ter cada vez mais público adepto dos ginásios por entenderem que esta é uma escolha para uma vida saudável. Vão

continuar a aparecer cadeias e ginásios low cost, mas o mercado continuará a ter espaço para todos: os ginásios low cost, os ginásios middle market, e o ginásios boutique e premium. ▪

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nquanto nas grandes cidades estavam e continuam a aparecer grandes cadeias e grandes grupos de investimento no segmento do low cost, verificámos que fora dos grandes centros urbanos o mesmo não acontecia. Esta era, portanto, uma oportunidade de negócio”, começa por nos explicar Pedro Simão. Agarraram, assim, neste segmento do low cost e caracterizaram-no para atender às necessidades das pequenas cidades. Nasce assim, um ginásio com um conceito de smart cost, que profissionaliza três áreas distintas: a área de gestão, a área comercial e técnica, formatadas para serem implementadas nas pequenas cidades. “Tivemos de ter em atenção, claro está, vários fatores como o número de habitantes, a rotação de clientes e a retenção dos mesmos, o que não nos impediu de agarrar o conceito de smart cost e implementá-lo nas pequenas cidades”, acrescenta o nosso entrevistado. Explica-nos, ainda, que o conceito de smart cost é diferente de low cost. É um conceito com um preço mais baixo no mercado, mas com elevada qualidade e que se ajusta às necessidades de cada cliente. É um conceito direcionado para o cliente que sabe que serviços quer utilizar e quanto está disposto a pagar. Isto foi em 2015. Hoje já entraram nas capitais de distrito e nas grandes cidades, nomeadamente o Porto e Lisboa, onde, para além dos clubes que já estão implementados, estão a trabalhar na abertura de mais. O conceito smart cost e a forte componente tecnológica são, portanto, as grandes apostas dos Clubes Fitness Factory, 100% portugueses e que estão a crescer de forma significativa, através da aposta no modelo de franchising. A ideia do próprio nome, Fábrica do Fitness, não surgiu por um acaso. Como Pedro Simão nos diz, e utilizando aqui uma metáfora relacionada com a indústria/fábrica, esta é o setor secundário de produção. Não é o primário nem é o setor de serviço. Voltando-nos para a pessoa, trata-se de começarmos a trabalhar o nosso corpo de uma forma diferente e num setor intermédio na nossa evolução enquanto pessoa.


» O MUNDO DO FITNESS EM PORTUGAL

"É IMPRESCINDÍVEL INSERIR O DESPORTO NAS SUAS ROTINAS” “Nunca se falou tanto em desporto e nunca se fez tanto exercício em Portugal”, afirma João Morgado, fundador de vários conceitos na indústria de bem-estar e fitness. A Revista Pontos de Vista quis conhecer João Morgado, que nos apresentou duas das suas marcas presentes no mercado com conceitos focados no setor do fitness.

JOÃO MORGADO

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ara iniciarmos a nossa conversa e de forma a contextualizar o leitor, explique-nos os seus dois conceitos focados no setor do fitness: a FHIT UNIT e a RUN BOX?

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A FHIT UNIT nasceu em 2015 e tem conhecido uma evolução acelerada desde a sua criação. Começou como um teste ao mercado do fitness e encaminha-se para a visão de se tornar no primeiro fitness marketplace & SaaS em Portugal, e, em certa medida, no mundo. A adesão presencial e online conseguida até ao momento só confirma esta visão estando, por isso, a FHIT UNIT “obrigada”, em 2019, a corresponder às aspirações dos inúmeros seguidores que a acompanham. 2019 será, em parceria com diversas marcas de referência a nível nacional, ano de muitas novidades. A Run Box, conceito que nasce a meados de 2018 e que vai ser lançada oficialmente no início de março, é uma caixa para corredores com inúmeras vantagens em seguros, provas e parceiros.

O objectivo é facilitar a vida aos corredores oferecendo um produto que é comprado online, no site da Run Box, e que chega a sua casa e/ou trabalho pronto a ser utilizado, sem qualquer preocupação. A Run Box é actualizada ao longo de todo o ano, e contém de base: uma T-shirt técnica de corrida personalizada Run Box, seguro de acidentes pessoais anual específico para proteger o corredor nos seus treinos e corridas, mais de 60 provas de norte a sul do País e um conjunto de descontos e vantagens em parceiros (na área da alimentação, equipamento desportivo, suplementação e fisioterapia, entre outros) que ajudarão o corredor a estar sempre a 100%. Parece que a “moda” do fitness veio para ficar e que os portugueses se renderam ao desporto. O que precisa de fazer agora este mercado para se adaptar às necessidades e exigências dos clientes e quais os maiores desafios para 2019? Nunca se falou tanto em desporto e nunca se fez tanto exercício em Portugal. Uma prova disso é o boom de conceitos de treino que vemos nascer quase todos os meses, é ter nascido uma concorrência cada vez mais evidente entre cadeias de ginásios e, sobretudo, ter uma vasta oferta de opções para quem quer, verdadeiramente, treinar. Parece que, finalmente, os portugueses perceberam que é imprescindível inserir o desporto nas suas rotinas. Tudo isto, a nosso ver, é positivo. Um mercado em movimento e concorrencial é sempre positivo, para todos: para quem está no mercado, porque é obrigado a inovar, a mexer, a reinventar-se, ou passa a ser obsoleto. Mas também para quem usufrui do mercado, porque tem um maior leque de escolha para se adequar à sua personalidade, exigência ou, obviamente, necessidade. Portanto, resumidamente, o balanço desta era em que estamos é positivo. Onde está o verdadeiro desafio desta expansão tão rápida? Na qualidade. É muito perigoso haver um mercado tão grande, tão concorren-

cial, onde, para conseguir chegar a mais pessoas, a qualidade do serviço prestado acaba por ficar em segundo plano. Ouvimos muito “o importante é fazer algum exercício”. Mais ou menos. Importante é fazer algum exercício de qualidade. E é fácil haver falhas onde não podem haver nenhumas: a saúde das pessoas. É imprescindível, quer para o bem-estar e qualidade do serviço prestado, quer para o sucesso do negócio em causa, que esta área seja cada vez mais exigente e rigorosa a nível de formação e condições dos treinadores, ao próprio acompanhamento de qualidade do aluno e as suas condições de treino. Estamos a falar de saúde e há aqui dois lados de uma moeda: o treinador tem de ter ferramentas e formação para executar bem o seu trabalho, e o aluno tem de estar bem acompanhado para se sentir motivado e para poder usufruir verdadeiramente do seu treino e melhorar a sua condição e saúde física e mental. João Morgado é fundador de vários conceitos na indústria de bem-estar e fitness. Com a emergência do low cost e com a tecnologia a mudar a indústria do fitness, quais são, atualmente, as prioridades dos gestores do mercado do fitness? A prioridade de todos os “players” deveria ser sempre a qualidade das propostas que se fazem aos clientes. Se o mercado fizer gala de se apresentar pelo lado da qualidade acaba por educar o cliente, que muitas vezes procura soluções pelo preço. É imperativo contrariar a lógica do “quanto mais barato melhor”. A qualidade das propostas está, não só na qualidade técnica imposta, mas também na diversidade que se oferece aos clientes. Não somos todos iguais, logo devemos ter cuidado em personalizar como abordamos e tratamos o cliente. Respondendo sucintamente à questão, diria que as apostas de futuro são, sem dúvida, a digitalização, a inovação e a personalização cuidadosa e adequada a cada cliente. ▪



PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“SOMOS TODOS SERES ÚNICOS E DE EXCEÇÃO” “Tenho como propósito de vida gerar O Efeito Borboleta na sociedade levando a mudança para a sociedade através do meu trabalho nas organizações”, afirma Cristina Maldonado, Diretora Geral da Leader2Be, que em entrevista à Revista Pontos de Vista abordou um pouco mais do seu percurso profissional e de como uma Mulher vê o mundo empresarial e profissional.

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Cristina trabalha enquanto formadora internacional especializada em comportamento organizacional e desenvolvimento, gestão e administração, liderança e habilidades de comunicação há mais de 20 anos. Fale-nos um pouco sobre o seu trabalho. Sou consultora internacional em Desenvolvimento Organizacional e Liderança, baseada em Moçambique há seis anos. Trabalho com e para pessoas há mais de 20 anos, e é essa a minha paixão de vida. Comecei a dar formação no ensino técnico profissional, com 22 anos. Desde então, trabalho na área de desenvolvimento humano. Hoje em dia, faço projetos de Cultura Organizacional e Desenvolvimento de Liderança em organizações nas áreas da Banca, do Oil & gás e outras. Ao longo da minha carreira, que começou na área de Marketing e Comunicação, investi sempre muito na minha formação académica e profissional. Acredito que a formação contínua é a base de crescimento de qualquer profissional, pelo que, independentemente da nossa idade e estágio de vida, deve fazer sempre parte do nosso percurso. Nunca é tarde para aprender. Tenho como propósito de vida gerar O Efeito Borboleta na sociedade levando a mudança para a sociedade através do meu trabalho nas organizações.

PONTOS DE VISTA NO FEMININO

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Ao longo desses 20 anos com certeza que houve episódios que a marcaram. Que história lhe ficou na memória e porquê? A líder que, depois de um workshop de comunicação com a sua equipa, onde se promoveu o feedback aberto e honesto sobre os comportamentos da equipa, usou esse mesmo feedback para penalizar os seus colaboradores nas avaliações intermédias. Um líder deve saber dar e receber feedback sobre si próprio, como sendo a única forma de melhorar e de trabalhar em equipa. O que considera que é mais difícil no exercício de liderar pessoas? O mais complexo é lidar com as emoções das pessoas e ensiná-las a gerir a sua inteligência emocional. As emoções são a base de todos os nossos comportamentos e atitudes. Movem o ser

sionar o crescimento dos outros. Na prática, isso não acontece. Promove-se a punição e castigo de erros, o que leva a que se criem regras dentro das regras com medo de falhar. A ausência de feedback positivo e construtivo e incentivo de comportamentos ligados ao exercício do poder. Não se estimula o pensamento crítico e criativo no seio das equipas. A maior parte das vezes, os colaboradores sabem o que a liderança espera deles. Mas os líderes não abrem espaço para saberem o que é esperado de si no exercício desses cargos de liderança. Em 2013 um estudo comprovou que apenas 25 por cento das mulheres em Moçambique ocupavam posições de liderança nos setores privado e público. Passados seis anos, o panorama mudou? Não mudou muito, infelizmente.

CRISTINA MALDONADO

"SOMOS PERFEITOS NA DIMENSÃO DA NOSSA IMPERFEIÇÃO"

humano no sentido positivo ou negativo e condicionam os nossos resultados em termos de desempenho e eficácia de vida. Devemos ter sempre presente que “SOMOS TODOS PERFEITOS NA DIMENSÃO DA NOSSA IMPERFEIÇÃO”. Aceitar as nossas imperfeições e abraçar a diversidade, recebendo o que cada um tem de bom para contribuir para os destinos das organizações.

Daquilo que tem vindo a observar ao longo do seu trabalho, quais são as piores práticas que muitas vezes são exercidas nas organizações? As piores práticas estão muitas vezes ligadas à ausência de comunicação de uma visão clara sobre o que se pretende para a Organização e da partilha dos valores e missão da organização. A não aplicação da “Teoria em Ação”, que consiste em praticar o que se advoga em teoria. O exercício errado dos cargos de poder, que leva a que se adotem comportamentos com um impacto negativo na eficácia das equipas. Um líder deve ser carismático, humilde, comunicativo, impul-

Na sua opinião, qual é o caminho a percorrer para que se dê uma maior paridade de género? O caminho passa por gerar novas crenças e perspetivas sobre o papel de cada um dos gêneros na sociedade e na família. Empoderar as jovens e desenvolver as suas capacidades de liderança através de programas de capacitação e muita formação. E em simultâneo, empoderar os homens, para que passem a ter um novo olhar sobre as mulheres e sobre si próprios na sociedade, na família e nas organizações. Passa também por mudar a forma como estamos a educar os nossos filhos no que respeita a estas questões. São eles quem, no futuro, podem mudar o estado das coisas e viver com uma maior consciência sobre a equidade dos géneros. Antes de sermos homens e mulheres, somos seres humanos. Com tudo o que isso implica no que respeita aos sonhos e expectativas de vida. E acredito que é esta a nova consciência que deve ser criada nas novas gerações. “SOMOS TODOS SERES ÚNICOS E DE EXCEÇÃO”. É essa unicidade e capacidade de fazermos coisas excecionais que nos deve caracterizar, muito para além do género. ▪

The Butterfly Effect - Generating Great Leaders M: +258 843 012 186 | leader2be.geral@gmail.com


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

ILHA DE SANTIAGO

DAS PRAIAS E DAS DUNAS AO TURISMO INCLUSIVO E DIVERSIFICADO Marvela Rodrigues, Gerente da PraiaTur - Agência de Viagens e Turismo, é uma mulher de projetos. É uma mulher empreendedora. E é uma mulher de causas. Para Cabo Verde, com o foco na Ilha de Santiago, quer promover o desenvolvimento do turismo. Para as suas gentes quer promover a inclusão, quer promover a sua história e a educação cultural.

MARVELA RODRIGUES

Santiago é mesmo uma das ilhas com melhores condições para um turismo inclusivo e diversificado. santiago, a primeira ilha de cabo verde a ser descoberta, em 1460, tem praias, uma cultura rica e muita história para contar

Para o ano de 2019/2020 este circuito, que precisa de ser requalificado, estará pronto para receber grupos turísticos. Neste ponto questionámos Marvela Rodrigues sobre as vantagens da nova medida que visa cidadãos da União Europeia a estarem isentos de visto para Cabo Verde em 2019. Esta é uma medida que acarreta vantagens para o turismo em Cabo Verde? Já se fez sentir os efeitos desta medida? “Para já ainda não, até porque a emissão do visto não exigia uma burocracia demorada, não sendo, por isso mesmo, um entrave para quem quisesse visitar Cabo Verde. Quanto às vantagens desta medida, ainda é cedo para se saber se a isenção de visto trará ou não um aumento do turismo”, diz-nos Marvela Rodrigues. Mas continuemos a falar dos seus projetos. Outro dos projetos em mãos e pronto para arrancar é de cariz sócio educacional. Direcionado para a camada mais jovem, e sabendo que é em criança que se incute valores, Marvela tem já uma parceria com uma escola de Santiago para desenvolver um projeto sobre o turismo nas escolas, desde a pré-primária. O objetivo é ensinar e mostrar aos mais pequenos as mais-valias e as vantagens do turismo para Santiago e para Cabo Verde, e como se pode receber e acolher turistas. Por outro lado, Marvela Rodrigues também se destaca nos projetos de âmbito social. Tem, igualmente, em carteira, um novo projeto social com mulheres reformadas, visando aproveitar o know-how destas e ajudar jovens mulheres em várias vertentes. Juntamente com outras associações, tem desenvolvido um trabalho junto da comunidade no que diz respeito à inclusão, sobretudo de mulheres. Tem conhecimento que, chegado o momento da reforma ou em casos em que mulheres se ocupam inteiramente das tarefas domésticas, acabam por atravessar situações difíceis ou estados de saúde frágeis. Este projeto, que arranca este ano, servirá para apoiar essas mulheres. Servirá para apoiar as gentes da Ilha de Santiago, não fosse Marvela Rodrigues uma mulher de causas. ▪

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epois de assumir a gerência da PraiaTur - Agência de Viagens e Turismo, há três anos, Marvela Rodrigues começou a trabalhar no sentido de implementar na Ilha de Santiago o que há muito ambicionava e idealizava: um turismo histórico e cultural. Santiago é a maior ilha de Cabo Verde e é conhecida pelas praias e pela cultura crioula portuguesa/ africana. É aqui, na Ilha de Santiago, que Marvela sabe que ainda há muito a fazer no que diz respeito ao turismo e que ainda existem muitas valências por explorar. “Santiago não é só praia. Santiago é muito mais. É história e cultura”, diz-nos Marvela Rodrigues. Santiago é uma das ilhas com melhores condições para um turismo inclusivo e diversificado. Santiago, a primeira ilha de Cabo Verde a ser descoberta, em 1460, tem praias, uma cultura rica e muita história para contar. Na IV Edição do Somos Cabo Verde 2018, Marvela Rodrigues foi pré-nomeada na categoria de Turismo pelo trabalho que tem feito no sentido de desenvolver o turismo na Ilha de Santiago, com vários projetos turísticos que têm essa ilha como foco. Falemos do “Projeto Darwin”, a partir do qual desenvolveu o circuito turístico Charles Darwin, evocando a sua passagem por Cabo Verde em 1844. Esse circuito deu origem a um livro da autoria de António Correia e Silva e Zelinda Cohen, “Cabo Verde, o despertar de DARWIN”, que foi lançado em 2017 no Grémio e na BTL- Feira de Turismo, em Lisboa, com uma boa aceitação. Em Cabo Verde, foi lançado na presidência da República em Abril do mesmo ano. Este projeto vai ao encontro da forte pesquisa que tem feito para desenvolver um turismo histórico e cultural em Santiago, tendo por base a qualidade e veracidade dos dados. Em Cabo Verde poucas pessoas têm conhecimento da passagem de Charles Darwin pelo país e é este turismo cultural e histórico que Marvela quer promover e desenvolver, quer para os próprios cabo-verdianos quer para quem visita o arquipélago. “Em Cabo Verde temos muito mais para contar”.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“A VIDA ENSINA-NOS A SABER QUAIS SÃO AS PRIORIDADES” Maria Manuela Cruz Cunha é Professora e Investigadora da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, e afirma que o que a atrai no que faz é “conhecer, diariamente, talentos com novas motivações que nunca me tinham ocorrido”. Venha connosco conhecê-la.

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professora e investigadora em Informática na Escola Superior de Tecnologia do IPCA. Quem é a Maria Manuela Cruz Cunha? Estudei Engenharia de Sistemas e Informática na Universidade do Minho (UM) quando um computador ocupava uma sala. No início trabalhei ligada à universidade, mas as empresas e a produção industrial atraíam-me muito, e montei uma empresa informática, fui engenheira numa empresa têxtil, consultora de empresas industriais e gestora de uma organização de interface da UM. O meu doutoramento em Engenharia de Produção e Sistemas foi, por isso, uma escolha natural e fi-lo com um orientador da UM e outro da Universidade de Massachusetts. Era essencial para mim a dimensão internacional (por pouco não fiquei em Boston). Só no final dos anos 90 optei pela vida académica, atraída pela possibilidade de ajudar a construir uma escola de tecnologia numa instituição de ensino superior que se começava a desenhar na região do Cávado e do Ave e por acreditar verdadeiramente no poder das tecnologias para ajudar as pessoas. Nasci em Luanda e vim para Portugal com 10 anos. Por isso gosto tanto do mar e de música com ritmo para dançar. Diz, quem me conhece bem, que sou distraída, que passo horas intermináveis ao computador, mas acham graça ao meu sentido de humor e ao facto de gostar, ainda e sempre, de Fellini e dos clássicos da literatura.

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Autora e editora de mais de 30 livros e 150 artigos, é, ainda, o rosto e a voz de conferências internacionais na área das tecnologias, uma área ainda muito associada ao sexo masculino. Numa sociedade que impõe limites às mulheres, é fácil conciliar a vida pessoal com uma carreira profissional de sucesso? Sou da geração de engenheiros informáticos com formação de banda larga. Hoje o paradigma é outro. O curriculum dos cursos tecnológicos é muito mais convergente e as outras áreas do conhecimento dependem da informática para o seu desenvolvimento. Temos de pensar de forma integrada com a humildade de aceitar outros conhecimentos que não passaram por nós. O que me atrai no que faço é conhecer diariamente talentos com novas motivações que nunca me tinham ocorrido. Por isso a

MARIA MANUELA CRUZ CUNHA

troca de ideias é tão fundamental! As conferências em cuja organização participo e os livros que produzo surgiram desta necessidade. Realmente não existem muitas mulheres nesta área. O Fórum Económico Mundial em 2016 salienta o grave problema que isso representa para o crescimento económico sustentável da sociedade, considerando os benefícios que talento, inovação e tecnologia têm como pilares essenciais da Quarta Revolução Industrial. Apenas 30% das mulheres trabalham em tecnologias e a esta escassez acresce o seu persistente desinteresse por esta área. O desafio será mostrar às jovens os novos horizontes da economia digital e o interesse de escolherem carreiras ligadas à ciência, tecnologia engenharia e matemática (STEM) para não ficarem excluídas deste novo modelo económico. Nunca senti limites por ser mulher, mas sei que existem em outros contextos. Quando passei pela indústria, no final dos anos 80, conheci a realidade das mulheres em profissões pouco qualificadas e com salários desiguais. Por sinal, no IPCA a representação feminina na gestão é elevada; a presidência é ocupada por uma mulher e a vice-presidência é atribuída a um homem e a uma mulher. Tenho a sorte de ter uma excelente retaguarda na minha vida pessoal, que me dá liberdade para fazer aquilo que gosto. Os homens com quem trabalho são cheios de qualidades, altamente competentes, e devo-lhes grande parte dos meus resultados. Tento dividir o tempo entre o trabalho, a família e o lazer.

No início da minha carreira o trabalho esteve em primeiro plano, chegando mesmo a estar antes de mim... Mas a vida vai-nos ensinando as prioridades. O IPCA comemora 25 anos de Ensino Superior Público. São 25 anos de…? Somos a mais jovem instituição pública de ensino superior. Hoje temos mais de 4500 estudantes que se dividem por quatro Escolas, em cursos de TeSP, Licenciatura e Mestrado. Em 25 anos o IPCA tornou-se uma referência nacional e tem uma dinâmica importante para o desenvolvimento da região, em grande medida fruto da visão do recém-desaparecido Professor Doutor João Carvalho, que presidiu ao IPCA até 2016. Em particular a Escola Superior de Tecnologia (EST) foi pioneira em cursos como a Engenharia e Desenvolvimento de Jogos Digitais. Que atividades tem previstas ao nível de temas como a transformação digital, indústria 4.0, cibersegurança? O grande desafio da EST é, atualmente, o reconhecimento pela FCT do Laboratório de Inteligência Artificial Aplicada – 2Ai, um centro de investigação que vai albergar as atividades nesses temas. Vamos iniciar uma pós-graduação em Cibersegurança e Informática Forense, organizamos a Semana Industry 4.0, coordenamos a edição de 2019 do International Symposium on Digital Forensic and Security e participo na organização da CENTERIS 2019 a ter lugar na Tunísia em outubro próximo. ▪


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PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“NÃO É SÓ TRABALHAR, É ACREDITAR NO QUE FAZEMOS” Desde 2006, ano em que nasce a Cooltra, o crescimento da empresa tem vindo a ser uma constante, tendo chegado à liderança europeia da mobilidade em duas rodas. Almudena del Mar Muñoz Corredor, PR & Communications Manager do Grupo Cooltra para Portugal, Espanha, França e Itália, fala-nos mais sobre o sucesso desta empresa de negócios de scooters.

ALMUDENA MUÑOZ CORREDOR

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Cooltra é uma empresa especializada no aluguer de motas e mobilidade sustentável. Fale-nos um pouco sobre a empresa. A Cooltra é uma empresa nascida em Barcelona no ano de 2006 com o objetivo de fornecer soluções de mobilidade para empresas, indivíduos e instituições públicas. Há uns anos atrás, a Cooltra lançou duas novas empresas dentro do grupo: a eCooltra, empresa de scooters elétricas para utilização por minutos, que atualmente podemos encontrar em Lisboa, e a Ecoscooting, empresa de entregas sustentáveis ao domicilio. Com mais de 15 mil scooters e 700 trabalhadores, a empresa está atualmente presente em seis países (Portugal, Espanha, França, Áustria, Itália e Brasil) e é considerada a líder europeia no seu segmento.

Em Portugal, concretamente, que posição a Cooltra assume atualmente no mercado? A Cooltra instalou-se em Portugal no ano 2016, com o negócio de aluguer de scooters para turismo na cidade de Lisboa. Pouco tempo depois, começamos a desenvolver o ramo de negócios B2B, fornecendo frotas de veículos para empresas. Atualmente, a Cooltra fornece scooters elétricas a empresas como a Domino’s Pizza, em cinco cidades do país. A evolução do negócio no país é contínua e exponencial, sendo um dos mercados de maior sucesso para a empresa de duas rodas. A mobilidade elétrica e a sustentabilidade são, sem dúvida, o foco da Cooltra. A eCooltra e EcoScooting são os primeiros dos muitos projetos neste sentido? A Cooltra lançou as empresas eCooltra e Ecoscooting como um desafio interno voltado para uma nova mobilidade. Ambas as marcas, uma focada no consumidor final e a outra nas empresas, cumprem as premissas de: mobilidade elétrica, sustentável e conectividade. A Cooltra está atualmente a consolidar estas linhas de negócios nas cidades em que opera, mas é claro que haverá mais projetos de diferente índole, todos de carácter sustentável. Almudena del Mar Muñoz Corredor foi nomeada PR & Communications Manager do Grupo Cooltra para Portugal, Espanha, França e Itália. Em que momento da sua vida surge este desafio? Como o encarou? Juntar-me à família Cooltra foi um desafio que apareceu no meu caminho num momento em que eu estava com vontade de mudança. Tinha trabalhado na gestão de projetos de mobilidade, comunidade e sustentabilidade, e quando me falaram na ideia, foi como amor à primeira vista. Na Cooltra têm como principal objetivo alterar a ideia que temos de mobilidade e eu quis juntar-me ao projeto e pôr nele o meu cunho pessoal. Almudena del Mar Muñoz Corredor é apaixonada pela inovação, pelas tendências tecnoló-

gicas, mas também pela cultura empresarial. Que verdadeiros desafios acarreta uma posição de liderança e de gestão de pessoas? Acho importante mencionar que tem havido uma mudança de mentalidade empresarial nos últimos anos, as pessoas querem trabalhar em ambientes dinâmicos, em empresas com projetos apaixonantes e queremos trabalhar todos os dias para aprender algo novo. Não é só trabalhar, é acreditar no que fazemos. Nesse sentido, toda a mentalidade e maneira de fazer as coisas mudou muito, as hierarquias tendem a desaparecer, as barreiras caem, as equipas são cada vez mais multidisciplinares para assim poder partilhar conhecimentos e habilidades, as formas de comunicarmos mudam, agora existem cada vez mais e mais ferramentas para nos conectarmos e para que as relações seja mais próximas, e até mesmo, a disposição de como estamos sentados num escritório. Todos esses pontos interferem muito sobre a gestão do trabalho e penso, portanto, que é essencial, quando se trabalha em equipa. Tem a seu cargo a liderança da estratégia de comunicação da empresa e a afirmação do posicionamento das três marcas do grupo – Cooltra, eCooltra e EcoScooting. Paralelamente à complexidade deste cargo, o facto de ser mulher acrescenta-lhe adversidades? A desigualdade de género é uma realidade para si? Infelizmente, esta é uma pergunta que muitas vezes me perguntam, e tenho certeza de que se fosse um homem, nunca me tinham perguntado. Existem áreas em que o facto de ser mulher é desvantajoso, criticado ou simplesmente não aceite. Este não é o meu caso, trabalhar num ambiente tecnológico garantiu-me igualdade perante os meus semelhantes. Não foi assim quando, por diferentes razões, interagi com pessoas de outros setores, onde encontrei comentários ou gestos ocasionais que não deveriam acontecer nesta altura do século. Nem a idade nem o género devem ser motivo para julgar nem o trabalho, nem o valor de uma pessoa. ▪


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“AS DIFICULDADES DEVEM IMPELIR-NOS À AÇÃO” Fundadora e Vice-Presidente da Associação Ser Contigo e Diretora Técnica do Centro Comunitário de Estoi, Dora Valério afirma que é uma líder democrática e próxima das pessoas. “Gosto de partilhar responsabilidades e de dar abraços”. Venha connosco conhecer a sua história.

Dora Valério é Fundadora e Vice-Presidente não executiva da Ser Contigo. Em que momento da sua vida surge este desafio? Este desafio surge numa altura de reflexão sobre a minha identidade e o meu papel na sociedade, bem como sobre os nossos ambientes sociais que são, tantas vezes, promotores da doença mental. Dora Valério é também Diretora Técnica do Centro Comunitário de Estoi, uma IPSS com 20 anos de existência. O que significa para si estar ao serviço de uma IPSS com duas décadas de trabalho comunitário e numa associação recém-criada? No que toca ao Centro Comunitário de Estoi, sinto diariamente a responsabilidade de desempenhar um trabalho que faça a diferença na vida dos utentes. Trata-se de um trabalho que só se pode fazer com amor, apesar de o amor ter em cima de si um estigma quase tão grande como a doença mental. Ninguém fala de amor no trabalho, parece anti profissional. É uma conceção triste do profissionalismo! Fala-se de competitividade, competência, currículos profissionais, mas não se fala de amor. Como se, no currículo da profissão e da vida, o amor pudesse estar ausente… No que concerne à Ser Contigo, a dimensão da minha representatividade é outra, porque tenho uma palavra a dizer na filosofia da associação. Isso faz com que sinta uma responsabilidade acrescida relati-

vamente à maneira como tocamos nas fragilidades do ser humano. Na nossa cultura não estamos habituados a expor as nossas fragilidades. Somos incentivados a escondê-las. Há rostos que, nas redes sociais, se apresentam numa gargalhada permanente. Como se fosse possível e obrigatório estar sempre feliz. Não existem gargalhadas permanentes. E qual é o problema? Nenhum… é preciso apenas deixar cair a aparência de super-heróis e assumirmos a essência humana! Quem é Dora Valério, líder, profissional e mulher? Sou uma mulher determinada, a quem a vida deu alguma sabedoria para conseguir transformar problemas em oportunidades. Uma mulher com muitas ideias. Tenho a responsabilidade de ser mãe, mas não me esforço por ser a melhor mãe do mundo! Educo de forma muito persistente as minhas filhas e o meu filho para não tolerarem injustiças e para lutarem pelos seus sonhos. Sou uma líder democrática, próxima das pessoas, gosto de partilhar responsabilidades e de dar abraços. O número de mulheres em cargos de liderança está a aumentar. No entanto, ainda não é suficiente. Para si, que obstáculos são colocados às mulheres durante o seu percurso profissional? Esta é uma realidade para si? A questão da desigualdade de género preocupa-me, pois ainda que esta realidade injusta tenha vindo a ser alterada, existe um caminho por fazer. Um exemplo: há dias ouvi uma conversa em que um pai tentava convencer o seu filho a não se divorciar, porque “se te separares, quem é que te vai passar a roupa e fazer a comida?”. Fiquei sem saber se havia de lamentar mais o facto de o filho ser rotulado como incapaz para as lides domésticas, se o facto de as lides domésticas serem as únicas competências reconhecidas à nora! Ao fazer uma retrospetiva, encontro situações em que senti essa discriminação, curiosamente nunca em contexto profissional. Recordo-me de na minha infância me tentarem dissuadir de jogar à bola, pois não

era coisa de meninas. Na adolescência, lembro-me de só poder sair à noite se o meu irmão também saísse. Na idade adulta, lembro-me de um evento no qual estive com o meu marido e no qual ele foi apresentado de acordo com o seu grau académico e eu como a “esposa de…”. Nunca aceitei essas prisões! Talvez por isso, nas minhas histórias, as protagonistas sejam sempre mulheres! O facto de haver cada vez mais mulheres a ocupar cargos de prestígio é um bom indicador! Não obstante, continuar a educar os mais novos para a igualdade (leia-se equidade) é essencial e, nesse aspeto, temos um grande poder, pois ainda somos nós, mulheres, as principais educadoras das nossas filhas e dos nossos filhos. ▪

DORA VALÉRIO

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Associação Ser Contigo é muito recente. No entanto, já captou muito interesse por parte da comunidade, talvez pelo seu propósito... A Ser Contigo é uma associação de intervenção socioeducativa que se propõe a desconstruir preconceitos e combater o estigma relativamente à questão da Saúde Mental. Não vai ser fácil, mas as dificuldades devem impelir-nos à ação. Não podemos tolerar que as pessoas com experiência de doença mental sejam consideradas fracas, inúteis ou incapazes. Porque não o são! É preciso mudar mentalidades!


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

INTEGRIDADE

O PILAR DA PAHLCONSULTING Como se constrói o sucesso de uma empresa ou de um negócio nesta era das novas tecnologias da informação? Venha conhecer a PahlConsulting, uma empresa de consultadoria de gestão e que surge com a ambição de inovar e acrescentar valor aos serviços prestados aos seus clientes. Cristina Ferreira, Managing Partner da PahlConsulting, conta-nos mais.

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em abril de 2018 que surge a PahlConsulting, uma ramificação da PahlData, uma empresa que conta já com mais de 30 anos de presença em Portugal nas áreas das tecnologias e das telecomunicações. Recentemente, a Pahldata, de origem espanhola, sofreu uma profunda reestruturação e foi adquirida por um grupo que viu uma empresa com nome no mercado, com uma base de clientes sólida e um conjunto de certificações que lhe conferem um enorme prestígio. Direcionada para as grandes empresas e de índole tecnológica, surge a ambição de crescer em termos de valor acrescentado para os seus clientes. É aqui que surge Cristina Ferreira, Managing Partner da PahlConsulting. Com uma carreira consolidada na área da consultadoria de gestão, e após ter deixado, no final de 2017, a liderança da área de estratégia e de operações de outra empresa, por sentir que a sua missão estava cumprida, surge a proposta a Cristina Ferreira de abraçar o desafio de criar a PahlConsulting. Este projeto surge exatamente num momento da sua vida em que sentia a necessidade de uma mudança. A PahlConsulting nasce, assim, em abril de 2018, como um braço de consultadoria de gestão da PahlData. Com uma prestação de serviços diversificada, nas áreas de transformação digital, inovação, segurança de informação, incentivos, controlo interno, entre outros, teve um forte crescimento em apenas oito meses. “Começámos com a certeza de que sabíamos o que queríamos e o que não queríamos fazer”, começa por referir Cristina Ferreira. O objetivo era construir um projeto que fosse para todos e, por isso mesmo, sabia o que não queria numa empresa que iria liderar, bem como queria ter a garantia de que a sua equipa e os acionistas estariam de acordo com a sua visão. “Estava à procura de criar uma empresa com uma visão a médio e longo prazo. É assim que as empresas conseguem alcançar o sucesso”, acrescenta Cristina Ferreira. Cristina Ferreira explica, ainda, que uma empre-

investindo em formações, certificações e com foco em áreas do futuro como a transformação digital e a segurança da informação. “Vivemos num mundo cada vez mais digital. Nunca se produziu tanta informação como agora e nunca as empresas e as pessoas estiveram tão vulneráveis relativamente a questões como a segurança de informação, proteção de dados ou ataques cibernéticos. Estas são, tendencionalmente, áreas de investimento e a PahlConsulting quer estar, claramente, na linha da frente nestas áreas”.

“AQUILO QUE NÃO SERVE PARA MIM TAMBÉM NÃO SERVE PARA OS OUTROS”

CRISTINA FERREIRA

sa de serviços como a PahlConsulting - que vive das pessoas, das suas competências e know-how -, vende conhecimento, credibilidade e confiança. “Isto significa que não posso olhar apenas para o retorno do acionista. Tenho que ter uma equipa motivada, empenhada e comprometida com o projeto. Tenho de ter clientes que confiam em nós, na nossa capacidade e que é connosco que querem trabalhar”, reforça a nossa entrevistada. Sendo a PahlConsulting uma empresa que acabou de ser criada e que ainda está a construir o seu caminho e a sua marca, Cristina Ferreira já sabe qual é o seu caminho: criar uma empresa com uma equipa motivada e qualificada,

A liderança e a gestão feminina nas empresas têm vindo a crescer nos últimos anos em Portugal. No entanto, estudos demonstram que cargos de direção continuam a ser dos homens e que só nas áreas da qualidade e dos recursos humanos é que o comando feminino é mais notado. Relativamente às dificuldades/obstáculos que as mulheres ainda enfrentam durante o seu percurso profissional e tendo em atenção os diferentes estilos de liderança, Cristina Ferreira acredita que o género não faz uma liderança ser melhor ou pior, mas sim os valores e a formação. “Existem pessoas que veem a liderança como um todo e numa perspetiva de conjunto e outras que a encaram como uma projeção pessoal”, diz-nos Cristina Ferreira. Licenciada em Economia, Cristina Ferreira teve um percurso profissional bastante enriquecedor, contactando com diferentes pessoas que lhe permitiram criar a visão sobre liderança que hoje tem. “Há um princípio que aplico no meu dia a dia: aquilo que não serve para mim também não serve para os outros. A liderança implica tomar decisões difíceis e tomar posições rígidas, mas também implica espírito de equipa e compreensão pelos problemas de cada um e aí talvez o lado maternal que as mulheres detêm, faça alguma diferença. Acima de tudo aquilo que me move do ponto de vista da liderança é a justiça e a construção de algo em equipa”, conclui a nossa entrevistada. ▪


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DIZER «EU NÃO QUERO ISTO PARA MIM» É UM ATO DE CORAGEM Ligia Ramos é Master Coach, Master Trainer e Client Experience Director na In2motivation, uma empresa internacional que oferece sessões de treino, coaching, palestras e eventos em equipa, com o objetivo de fornecer experiências de aprendizagem positivas e de promover o máximo potencial de cada indivíduo e empresa. Venha connosco saber mais.

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Um bom coach não tem uma área onde esteja mais apto para auxiliar do que outras. Um bom coach pode ser eficaz em qualquer área, seja ela profissional, familiar ou pessoal. O coach está focado em reconhecer padrões e em promover alterações de padrões que possam facilitar o coachee a ir do ponto A para o ponto B, levar a pessoa de onde ela está para onde ela quer ir. “Um bom coach será bom em qualquer área na vida de um individuo ou equipa”, afirma a nossa entrevistada.

LIGIA RAMOS

“O «bichinho» pelas pessoas e a vontade de as querer conhecer e perceber já cá está há muito tempo. As áreas de psicologia e de filosofia sempre despertaram o interesse em mim"

“UM BOM COACH SERÁ BOM EM QUALQUER SITUAÇÃO”

Até há bem pouco tempo o coaching era um conceito pouco falado em Portugal. O que é, para que serve, que transformação provoca nas pessoas, eram as questões mais colocadas. Só agora é que se tem verificado um aumento na procura de sessões individuais e/ou formações em coaching em Portugal. Contudo, e talvez devido ao seu crescimento significativo, ainda existe alguma confusão ou desconhecimento sobre o que é, efetivamente, coaching. “Às vezes tenho a sensação que ainda se confunde muito o coach com o mentor, ou o psicólogo ou mesmo com o amigo com quem vamos desabafar. O Coaching é a facilitação de um processo, coaching é autonomia”, explica Ligia Ramos. No entanto, na Holanda esta realidade é um pouco diferente. O coaching é algo ao qual as pessoas recorrem, não só quando têm um problema, mas, muitas vezes, quando querem criar para si próprias uma outra perspetiva, em geral.

O “BICHINHO” PELAS PESSOAS

Esta forma de estar e de ser, esta vontade de ajudar os outros é algo que tomou o seu rumo naturalmente. Sendo licenciada em Filosofia e tendo exercido a carreira de docente, Ligia Ramos desde cedo que conseguia ver para além da pessoa que estava à sua frente, conseguia ver o seu potencial. “O «bichinho» pelas pessoas e a vontade de as querer conhecer e perceber já cá está há muito tempo. As áreas de psicologia e de filosofia sempre despertaram o interesse em mim e, mais tarde, quando trabalhei na área dos recursos humanos, a motivação pelos processos de desenvolvimento aumentou”, explica a nossa entrevistada. Ligia queria saber qual era o talento de cada uma das pessoas com quem trabalhava e desenvolver o seu potencial. “Quero acreditar que posso contribuir para melhorar e auxiliar o percurso das pessoas. Isso é o que me faz feliz”, diz-nos. “Toda a gente tem um talento, muitas vezes temos que facilitar a descoberta desse talento e como ele pode ser vivido todos os dias. Existe duas perguntas essenciais e que exigem muita coragem: Estou a fazer o que quero estar a fazer? E, o que quero estar a fazer? Não deixando, claro, de também ser capaz de dizer, com a mesma firmeza e sem culpas: “isto eu não quero”, conclui Ligia Ramos. ▪

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que faço? Como o faço? E porque o faço? Estas são algumas das questões às quais Ligia Ramos nos responde. Mas tudo se resume a uma maneira de ser e de estar: Ligia Ramos treina pessoas e equipas para serem a melhor versão delas mesmas. A trabalhar entre Portugal e Holanda durante algum tempo, Ligia Ramos fixou-se em Amesterdão há cinco anos, o lugar onde encontrou o seu verdadeiro “eu” e onde se sente completamente realizada. Mãe de três filhos e quando chegou a altura de escolher onde é que os seus filhos iriam crescer, a decisão da família foi que seria na Holanda que queriam viver. A In2motivation já existia na sua vida, mais precisamente há 12 anos quando o seu marido, Peter Koijen, decide fundar a empresa com a intenção de “criar momentos que deem às empresas e aos indivíduos mais liberdade e formas de criar mudanças, escolhas e motivações positivas, num mundo em mudança”. Na In2motivation, coragem é a palavra de ordem e o foco é o desenvolvimento pessoal e profissional. Desde 2006 que a In2motivation trabalha em contexto internacional tendo como princípios básicos a experiência, a liberdade e a simplicidade. O foco é criar experiências que promovam em cada pessoa ou equipa a oportunidade de escolher. A In2motivation tem a ambição de que as pessoas sejam autónomas e independentes, e que usem todas as ferramentas entregues e experimentadas durante as sessões de formação para aumentar a escolha individual. “Queremos que sejam elas a escolherem por onde e como querem fazer o seu caminho. Queremos criar autonomia. Este é, para nós, o ponto principal do desenvolvimento pessoal. Queremos que tomem consciência das suas próprias decisões e do que é melhor para si, sem estarem dependentes de algo ou alguém”, afirma Ligia Ramos, salientando que tudo aquilo que fazem, bem como todo o conteúdo que entregam, é sempre transformado numa ferramenta que pode ser utilizada no dia a dia de adultos, jovens ou crianças.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“QUANTO MAIS TRABALHO MAIS SORTE TENHO" Margarida Gonçalves já sabia no nono ano aquele que viria a ser o seu caminho. Afirma que teve sempre muita sorte a acompanhar o seu trabalho e que Portugal é um paraíso para se ser mulher apesar de todas as dificuldades que possam existir. Dona de uma boa disposição contagiante diz que só se trabalha bem quando se gosta daquilo que se faz. Conheça esta consultora que escolheu a qualidade de software como carreira.

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MARGARIDA GONÇALVES

engenheira e desde cedo que está envolvida em projetos de tecnologia e de telecomunicações e hoje dedica-se à consultoria. Que história pode ser contada sobre o seu percurso e quais são as suas motivações? No nono ano descobri logo qual seria a minha vocação. Um dos resultados de testes psicotécnicos que fiz na época indicava que seria boa enquanto analista de sistemas. Pedi logo ao meu pai que me levasse a ver um computador ao LNEC e assim que vi o primeiro computador apaixonei-me, estávamos na década de 80. Como sempre gostei de coisas diferentes, andei sempre a dizer aos meus amigos que seria analista de sistemas. Quando entrei na faculdade ingressei em matemática aplicada, algo que até preocupou a minha família: “afinal, o que é que ela vai fazer em matemática”? Tive a sorte de, em 1990, sair do primeiro curso que existiu no Instituto Superior Técnico de Lisboa, o de Matemática Aplicada à Ciência de Computação. Ingressei logo na banca e tive sempre um excelente enquadramento. Comecei em ciência da computação e rapidamente cheguei a chefe de equipas e foi aí que percebi que adorava gerir pessoas. Quando decidi criar a minha empresa já tinha

arrecadado contactos e conhecia bem o mercado. O meu pai já era empresário e quando disse que seria a minha vez não foi algo inesperado, aliás, na área de consultoria é uma evolução normal. Criar a própria empresa é um dos dois caminhos possíveis. Acredito piamente que as coisas se fazem melhor com qualidade e daí a minha paixão pela consultoria na qualidade do software. Se tivermos um bom processo, escalamos de forma diferente e criamos valor aos clientes. Era uma área onde já era reconhecida e por isso abrir a minha empresa foi fácil. Considero que tive sorte quando comecei ciência da computação, em 1990, quando ninguém sabia o que isso era. A componente da matemática sempre me foi fácil, a abstração e a formalização agradam-me. Fui realizando projetos enquanto gestora de projeto para organizar a entrega e acabei na consultoria porque gosto de organizar/ajudar a reorganizar as empresas dos outros. Acredito que as metas são importantes e, por isso, liguei a minha consultoria aos standards para haver uma certificação no fim. Deste modo, fui-me dedicando à certificação em qualidade de software, que é a minha área de origem. Gosto de trabalhar com pessoas e a consultoria

de processos implica a gestão de mudança da vida das pessoas que executam ou são afetadas por esses processos. O que a levou a escolher uma área como a tecnologia para construir uma carreira? Na minha família “Letras são tretas”, venho de uma família de engenheiros e militares. Pais engenheiros químicos, irmão mais velho químico, irmã agrónoma, lá acabei no IST. Penso que não poderia ser de outra forma… Como surgiu a Quasinfalível que hoje já conta com nove anos de existência? A Quasinfalível surge do meu gosto pela engenharia de software e pelo facto de, tendo sido consultora/gestora de projeto ao longo de 20 anos, conhecer bem o mercado e ter boa imagem junto dele. As grandes empresas na altura não se preocupavam em ter departamentos dedicados à engenharia de software e daí ter querido apostar nisto. No entanto, não me lembro de acordar e de pensar “vou criar a minha empresa”. Foi algo muito natural, quase como um passo que tinha que ser dado. Nunca tive medo porque tinha contactos e até tive a sorte de, logo no início, ter tido um grande projeto para começar.


Na sua opinião, o acesso a cargos de topo ainda são lugares mais vedados às mulheres? Sim, pelo menos no meu meio, que é um meio de engenharia, onde os homens são claramente a maioria. Existem programas internacionais como o girlsintech (https://girlsintech.org/) para combater essa tendência, mas que não têm resultado. A pirâmide não é alimentada de baixo, por isso, a probabilidade é baixa mesmo admitindo que não há discriminação. Talvez faltem mais incentivos para que mais mulheres escolham a tecnologia como carreira. Que características elege como as principais para se alcançar o sucesso? 99% de transpiração, 1% de inspiração. E sobretudo estar atento. Quanto mais treino mais sorte

tenho, - este é claramente um lema de vida - o sucesso vem, indubitavelmente, do trabalho. Tudo o que alcancei foi sempre através de muito trabalho e não conheço outra realidade.

Construam uma empresa assente em coisas de que gostam realmente de fazer, porque se faltar o dinheiro, pelo menos, divertem-se; aprendam os básicos de contabilidade, vocabulário destas matérias, proficiência com números; trabalhem em rede; troquem serviços com outros consultores e avaliem os vossos valores. Trabalhem com pessoas que partilhem desses valores, senão não vai funcionar bem

Como é que se define enquanto empresária? Sente que é diferente de quando trabalhava noutras empresas? Obviamente que é muito diferente ser empresária do que ser assalariada. A responsabilidade de ter dinheiro para pagar salários é a grande diferença. Ter de pensar no futuro enquanto se garante o presente não é fácil. Gosto de pensar que me preocupo com as pessoas com quem trabalho, que tento criar ambientes que são propícios a uma pessoa acordar de manhã e ter vontade de vir trabalhar. Foi difícil dar este passo? Que conselho gostaria de deixar a quem está a pensar fazer mudanças a nível profissional? Não foi muito difícil o primeiro, mas há muitos que custam muito mais do que o primeiro. Tudo aquilo que temos de fazer é sair da nossa zona de conforto. Conselhos... Preparem-se para o pior. Existirão dias que tudo vai ser ainda pior. Construam uma empresa assente em coisas de que gostam realmente de fazer, porque se faltar o dinheiro, pelo menos, divertem-se; aprendam os básicos de contabilidade, vocabulário destas matérias, proficiência com números; trabalhem em rede; troquem serviços com outros consultores e avaliem os vossos valores. Trabalhem com pessoas que partilhem desses valores, senão não vai funcionar bem. ▪

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Qual foi o maior desafio profissional que já enfrentou? Os projetos trazem-nos sempre desafios. O maior desafio foi enfrentado na Nigéria, em Lagos, que não é uma cidade fácil. Uma mulher em África - sinónimo de vida muito restringida -, nem à rua podia sair sem ser de carro. A falta de respeito no ambiente de trabalho foi das coisas mais difíceis de gerir. Outro episódio que me marcou também, embora de forma diferente, foi no Brasil, onde estive envolvida num projeto de reestruturação de uma equipa de consultoria em que a minha missão era despedir e contratar outras pessoas, e depois ter que deixar tudo a funcionar; foram nove meses repletos de stress.


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“PORQUÊ ADAPTARES-TE SE NASCESTE PARA TE DESTACARES?”

HELENA PATACÃO

Helena Patacão é Sócia Fundadora da Helena Patacão Investments. Detém um Master em Gestão e Administração de Empresas, é uma empreendedora e empresária na área da gestão e eficiência energética, com recordes de vendas anuais enquanto consultora sénior no segmento corporate (grandes contas, clientes empresariais). Venha connosco conhecê-la.

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sua empresa é especializada no estudo de perfis de energia, integração de sistemas e gestão de consumos de grandes instalações elétricas. Este projeto surgiu na sua vida num momento em que sentiu a necessidade de dar o próximo passo. “Construí a minha carreira profissional de forma a conseguir obter a experiência e os conhecimentos fundamentais para fundar a minha própria empresa”, começa por nos dizer Helena Patacão. Nessa altura, relembra, o país atravessava uma crise financeira e económica. Mesmo assim, decidiu arriscar e dar este passo. “A minha filha tinha apenas quatro anos. Sendo eu mãe solteira, este foi, sem dúvida, um grande desafio quer na minha carreira profissional quer na minha vida pessoal”, diz-nos. Conta com 14 anos de experiência neste mercado, é líder na criação de novas estratégias de negociação focadas no mercado elétrico, e já foi distinguida com 7 prémios de liderança desde 2004. Podemos dizer que a veia empreendedora já nasceu consigo? Questionámo-la. Helena Patacão acredita que sim. Sabe desde pequena que o seu perfil a indicava como líder e lembra-se, ainda na escola primária, de começar a liderar trabalhos e grupos. “Quer o sentido de responsabilidade quer o sentido de independência chegaram muito cedo à minha vida, pois desde sempre ambicionei a liderança. Acredito que

é uma capacidade inata, e que um bom líder tem de reunir determinadas características na sua personalidade. O bom carácter, o sentido de responsabilidade e de justiça, e a independência na tomada de ações e decisões são fatores determinantes no meu sucesso como líder e empreendedora”, realça. A sua ânsia pela independência levou-a a querer começar a trabalhar cedo e ir viver sozinha. Queria ser autónoma, e aos 21 anos já tinha a cargo uma equipa de 30 pessoas. Como é que concilia, no seu dia a dia, ser mãe solteira, sem ajuda de familiares, com a sua vida de empresária? “Acima de tudo é necessária muita disciplina, rigor na gestão de tempo, espírito de sacrifício e a capacidade de saber gerir prioridades. Sou guiada pelo sucesso e não me permito falhar como mãe. Ser mãe todos os dias, mimar, dar banho, cozinhar, acompanhar os trabalhos escolares, brincar, e observar a evolução da minha filha, que é o grande amor da minha vida. Sacrifico muitas vezes o tempo que seria necessário para realizar algumas reuniões ou para terminar algum trabalho importante, mas sendo ela a minha prioridade, opto por depois de um dia cansativo, e após ela já estar a dormir, ficar até altas horas da noite a trabalhar para poder cumprir com as metas que estabeleço e as responsabilidades que assumo”. Praticante e treinadora de Karaté, a nossa entre-

vistada não tem dúvidas que as artes marciais, as quais fazem parte da sua vida desde os sete anos de idade, também influenciaram na sua maneira de ser e na sua capacidade para liderar. “O espírito de luta e de competição, o espírito de equipa e os desafios associados ao Karaté e às artes marciais vão ao encontro da pessoa que sou. Capacidades desenvolvidas como a perseverança, necessária para nunca desistir, a superação dos limites físicos da dor e cansaço, bem como a capacidade de concentração, tornaram-se um modo intrínseco à minha forma de estar na vida e à minha personalidade. É desta forma que me é possível superar as dificuldades e adversidades da vida sem lamentações e vencer qualquer obstáculo”. Mas quem é, afinal, Helena Patacão, enquanto mulher e enquanto profissional? “Em qualquer circunstância sou sempre grata e humilde, quer na aprendizagem quer no relacionamento com o próximo. Sou exigente comigo mesma e estou em constante auto análise, auto crítica e melhoria evolutiva, porque acima de tudo é um dever dar o exemplo, como mulher, mãe e profissional”, realça Helena Patacão. Para a nossa entrevistada, um líder tem de ser uma pessoa humana, com capacidade para perceber que os negócios e as empresas são feitas de pessoas.


DE PORTUGAL PARA OS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS

Depois de uma restruturação e adaptação da empresa, Helena Patacão irá agora apostar na sua internacionalização e integração em mercados estrangeiros, com grande foco nos Emirados Árabes Unidos, onde terá sede própria, mas sem descurar o trabalho em Portugal. Especializada em gestão eficiente de energia de edifícios na indústria, Helena Patacão tem trabalhado, em Portugal, para grandes empresas e clientes de renome e alerta para a responsabilidade sócio-económica-ambiental: “é imperativo a construção de sustentabilidade e independência energética, como medida de responsabilidade sócio ambiental e mudança de mentalidades”. Irá agora aplicar os seus conhecimentos e desenvolver projetos nos Emirados Árabes Unidos. O Dubai, que será o centro de operações para trabalhar com o médio oriente, foi a escolha natural por reunir as melhores condições dentro da conjuntura atual económica mundial e pelo seu potencial de desenvolvimento e crescimento. “Identifico-me com as suas estratégias, cultura, leis e metas, e admiro as práticas de liderança da família real do Dubai. Reúnem todas as condições que necessito para ser melhor e mais criativa, e acredito que o meu perfil, conhecimentos e experiência, sejam uma mais-valia e que possa fazer a diferença numa sociedade que incentiva e apoia a mulher empreendedora”. Dentro da evolução do próprio mercado elétrico, e uma vez que a legislação já permite a produção de energia elétrica para autoconsumo, existem cada vez mais empresas no mercado que apresentam propostas e soluções aos clientes. “Torna-se crucial analisar, apurar e estudar o perfil energético,

introduzir medidas de alteração de práticas comportamentais, observando as condições técnicas e legais, para que as empresas, face à oferta tão diversificada e disparidade de preços com que se deparam, obtenham as garantias necessárias para a execução dos seus projetos”. É aqui que a Helena Patacão Investments lidera, pois além de viabilizar a negociação, defendendo os interesses do cliente e garantindo o melhor rácio-performance de qualquer medida a ser implementada, viabiliza financeiramente a operação evitando o investimento de capitais próprios por parte do cliente. “Garanto sempre que o cliente está a obter a melhor solução técnica e financeira”, diz-nos. Para Helena Patacão, as empresas portuguesas sentem cada vez mais as dificuldades financeiras que advêm das exigências da competitividade dos mercados e das imposições fiscais. “Estas dificuldades levam à procura incessante por parte dos gestores a repensarem as suas estratégias por forma a se adaptarem a um ciclo de sobrevivência que estrangula a liquidez financeira”. O desenvolvimento de projetos nos Emirados Árabes Unidos terá os seus desafios, uma vez que cada mercado tem as suas especificidades. No entanto, para Helena Patacão, é necessário adaptar o modelo de negócio às necessidades e realidades de cada mercado, e ganha-se quando se descobre a necessidade em falta e se preenche uma lacuna. “Aplico a minha técnica em que identifico «o que está em falta e o que está errado». É com base na resposta que proporciono a estas duas questões, que assento a base das minhas estratégias e realizo operações de negócio de sucesso”. Assim, o maior desafio será mesmo ser bem-sucedida no Dubai, emirado que conquista inúmeros prémios de liderança mundial em diversas áreas. “Este é um desafio ambicioso e que exige alguma coragem. Numa das minhas visitas ao Dubai, uma

HELENA PATACÃO Helena Patacão estimula a versatilidade por considerar que enriquece a personalidade e fortalece o carácter. É Treinadora de Karaté e fundou a classe KAMAE de defesa pessoal para mulheres que ensina a prática de movimentos e técnicas de reação utilizadas para preservar a integridade física e emocional da mulher. É também adepta participante em diversos eventos de competição do desporto automóvel, onde também já conquistou alguns prémios.

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personalidade notável mundialmente reconhecida, que se tornara meu bom amigo, disse-me, utilizando uma frase do conhecido Dr. Seuss… “Porquê adaptares-te se nasceste para te destacares?” (“Why fit in when you were born to stand out?”). “Esta é agora a minha principal diretriz, e, sem dúvida, o maior incentivo para acreditar que esta aposta tem tudo para vencer”, conclui a nossa entrevistada. ▪

FEVEREIRO 2019

Mas que características julga cruciais para alcançar o sucesso? Desde sempre que Helena usa a expressão “o dinheiro é a recompensa do trabalho e o sucesso é a recompensa de um excelente trabalho”. Partindo desse seu princípio, diz-nos que é importante definir que posição pretendemos ocupar no mercado de trabalho, se queremos ser mais um número ou queremos atingir a excelência. “No entanto, para atingir a excelência é preciso saber identificar o elemento diferenciador e aplicá-lo no meio que nos rodeia, sabendo como utilizar e aproveitar as próprias capacidades”. E que verdadeiros desafios enfrenta uma mulher líder e empreendedora nos dias de hoje? Para a nossa entrevistada existe uma dificuldade acrescida e os desafios são muito maiores pelo facto de se ser mulher, sobretudo nesta área: uma área técnica e associada, maioritariamente, ao sexo masculino. “Já vemos algumas mulheres com alguma influência em cargos de liderança, no entanto, quando falamos de administração de empresas, esta, ainda é exercida em grande parte por homens. É gratificante ser respeitada, reconhecida e distinguida neste meio, mas precisamos de mais mulheres empreendedoras”, realça.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

EI! ASSESSORIA MIGRATÓRIA A PRIMEIRA AGÊNCIA MIGRATÓRIA EM PORTUGAL Gilda Pereira fundou a primeira agência migratória em Portugal, a Ei! que tem como missão tornar a vida mais fácil a quem pretende entrar ou sair de Portugal. Em entrevista, revela as motivações para criar um negócio que não existia em Portugal até à data e o que procuram os estrangeiros neste cantinho à beira mar plantado.

A tendência é assistirmos a uma maior globalização, por isso mesmo me sinto uma cidadã do mundo mas espero que os meus filhos e as gerações futuras sintam isso ainda de uma forma mais natural

GILDA PEREIRA

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oda a sua vida profissional foi em torno da consultoria empresarial e fiscal, na área da internacionalização. Então, em que momento da sua vida surge este projeto, o Ei! Assessoria migratória? Trabalhava como consultora em Angola, e enquanto emigrante senti na pele todas as dificuldades que uma pessoa nessa condição sofre. Quando fui para Angola, trabalhei não só em consultoria, como também auxiliei expatriados a fixarem-se lá e isso deu-me as bases para o que viria a criar no futuro. A ideia de criar a empresa surgiu quando comecei a pensar em regressar a Portugal. Procurei saber que negócio poderia criar e, como sempre gostei da área do Direito dedicada aos estrangeiros e do tema das migrações, após uma pesquisa, verifiquei que cá não existia nenhuma agência migratória. Nos países anglo-saxónicos já existiam as chamadas migrations agencies e foi inspirada nesse modelo que criei a Ei!.

Afirma-se uma cidadã do mundo. Como cidadã do mundo o que mais a choca/preocupa nos dias de hoje? Neste momento existem muitos problemas no mundo que me preocupam, como por exemplo a questão da Síria e dos refugiados. A tendência é assistirmos a uma maior globalização, por isso mesmo me sinto uma cidadã do mundo mas espero que os meus filhos e as gerações futuras sintam isso ainda de uma forma mais natural. Espero que vivam num mundo com menos barreiras migratórias, que possam estudar e trabalhar onde quiserem, sem grandes problemas. Não deveriam existir tantas barreiras nem tantos preconceitos, tento transpor isso na educação dos meus filhos e aplico esses valores e convicções no meu trabalho. Na sequência das necessidades geradas pela mobilidade geográfica dos dias de hoje, a Ei! tem como objetivo facilitar a vida a todos os que decidam procurar novos desafios. Com

que principais entraves/dificuldades ou obstáculos se deparam mais as pessoas que vos procuram? Se pertencerem a um país que não faça parte do espaço schengen, as dificuldades começam logo com a obtenção do visto. Existem vários tipos vistos. Mas qualquer um deles tem de ser obtido no consulado português mais próximo da área de residência – isto para um estrangeiro. Depois, as dificuldades começam logo com o tipo de visto deve solicitar, que documentos são necessários. Após a obtenção do visto tudo se torna mais fácil mas até aí é complicado… Para os cidadãos da EU, a barreira linguistica e o lidar com as burocracias portuguesas são de longe o mais difícil em todo o processo. Desde


PORQUÊ PORTUGAL?

Portugal reúne algumas condições que são procuradas por diferentes requisitos. No caso dos brasileiros, as preocupações principais são a educação dos filhos e estabilidade social e a segurança. Os norte-americanos procuram, essencialmente, cuidados de saúde a um custo aceitável. Os reformados de países da EU procuram benefícios fiscais, o que lhes permite ter uma vida mais desafogada do que no país de origem. Os portugueses estão sempre a reclamar e, na minha opinião, não valorizam o país que têm. Uma cliente brasileira contou-me há uns tempos que deixou tudo o que tinha no Brasil – que não era pouco – mas que nada era mais valioso do que poder ir até a um café à noite e cami-

nhar pela rua com a filha tranquilamente sem medo de ser assaltada ou morta. Por isso, penso que está na hora de os portugueses perceberem que aquilo que temos neste pequeno país é grande, bom e não tem preço.

UMA HISTÓRIA PARA PARTILHAR…

É tão difícil escolher uma… são imensas e nem todas podem ser partilhadas. Mas talvez a de um casal norte-americano que procurou Portugal por motivos de saúde. O senhor sobreviveu a quatro cancros e praticamente foi à falência nos EUA por causa disso, uma vez que lá os cuidados de saúde são pagos a peso de ouro. Decidiram vir para Portugal porque depois de exaustas pesquisas percebeu que se lhe acontecesse alguma coisa sabia que iria ser assistido e que para isso não teria que ficar totalmente sem dinheiro. ▪

Uma cliente brasileira contoume há uns tempos que deixou tudo o que tinha no Brasil – que não era pouco – mas que nada era mais valioso do que poder ir até a um café à noite e caminhar pela rua com a filha tranquilamente sem medo de ser assaltada ou morta. Por isso, penso que está na hora de os portugueses perceberem que aquilo que temos neste pequeno país é grande, bom e não tem preço

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ir à repartição das finanças para requisitar um NIF, depois obter o certificado de residência de cidadão da EU, inscrição no centro se saúde. Como nem sempre os vistos são aceites, preferimos trabalhar de uma forma preventiva. Em primeiro lugar, analisamos o perfil da pessoa e vemos se reúne as condições necessárias. No caso de não serem aceites, a deceção é grande mas a nossa lei prevê a possibilidade de recorrer dessa decisão. A nossa lei dos estrangeiros é equilibrada e humana o que torna Portugal um dos países do mundo que mais e melhor recebe os imigrantes. Receber bem é, por exemplo, permitir que filhos de imigrantes que não estão legalizados ou que estejam em processo de legalização, tenham acesso ao ensino público e que todos possam ter acesso também a cuidados de saúde. Os nossos hospitais públicos não recusam ninguém e isso não acontece em muitos países. Este é um forte motivo que eleva a procura de viver em Portugal… Neste momento os brasileiros são o maior número de imigrantes em Portugal. A questão da instabilidade económico-social e da dos elevados índices de criminalidade são os principais motivos.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

DONA BOLACHA

JÁ NÃO É PRECISO ESPERAR PELO VERÃO PARA COMER A DELICIOSA BOLACHA AMERICANA Dona Bolacha une tradição e inovação com receitas criadas para uma bolacha conhecida de todos, a bolacha americana. Filipa Bastos, Sócia-Fundadora do projeto, conta como nasceu e cresceu esta ideia de fazer crescer água na boca.

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la cresceu e agora é uma senhora, a Dona Bolacha! Devidamente embalada e rotulada”. Como surgiu este projeto na sua vida e que balanço pode ser feito acerca do crescimento da marca de uma das bolachas mais famosas do mundo? O projeto Dona Bolacha surgiu em 2015, pela mão de três primas, que tinham vontade de trazer para os dias de hoje uma recordação da sua infância - a bolacha americana. É um produto incontornável de tradição e recordação dos verões da nossa infância. Cresceu connosco e, por isso, é hoje uma senhora, a “Dona Bolacha”. Ao longo dos quatro anos de atividade, tem-se revelado um projeto inspirador e desafiante. Inspirador, uma vez que as novas gerações parecem ter o mesmo olhar que nós tivemos enquanto crianças para a Bolacha Americana. Desafiante, dado que procurámos inovar, criando novos sabores para a tradicional Bolacha Americana. O projeto teve uma excelente aceitação desde o início. O carinho dos clientes pela Dona Bolacha é evidente e enche-nos de orgulho. A marca tem crescido na sua oferta e em volume de negócios.

PONTOS DE VISTA NO FEMININO

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Quais foram as suas principais preocupações na hora de criar um negócio em que o produto é tão tradicional e conhecido de todos? A nossa principal preocupação foi fazer a bolacha da nossa infância sem a desvirtuar. Fazer a bolacha que nos estava na memória. Mas fazê-la com o máximo de qualidade possível e adaptá-la ao conceito que pretendíamos criar. Para isso houve necessidade de rever e afinar receitas. Houve também necessidade de selar e rotular a bolacha para ser vendida em diversos pontos de venda e durante todo o ano.

FILIPA BASTOS

Em 2016 lançaram a bolacha americana salgada. Como foi introduzir esta gama ao mercado? Foi uma espécie de “primeiro estranha-se e depois entranha-se”? Pretendíamos fazer algo de novo e diferente. Algo que não existisse. Então surgiu a ideia de criar uma bolacha americana salgada, um produto inovador. Tentámos dissociar a bolacha americana dos momentos de praia, com sol, mar e calor. Tentámos associar esta nova bolacha a outros ambientes. Eventualmente a um jantar, a acompanhar um queijo, ou mesmo um copo de vinho. Quisemos antes de mais criar algo novo, mas também chegar a outro tipo de público e a outra posição no mercado. E foi isso mesmo que aconteceu. Hoje a Dona Bolacha Salgada é um sucesso. Estão pensados, como forma de estratégia empresarial, eventos de marketing e parcerias comerciais. Pode falar-nos um pouco sobre isto?

A Dona Bolacha tem realizado a sua atividade comercial através de vários canais de distribuição. A empresa vende a revendedores selecionados e também diretamente ao cliente final (particular e empresarial). Em simultâneo, participa também com frequência em mercados e mercaditos, feiras e eventos. Estas participações têm um propósito duplo: a promoção da marca e realização de vendas. Desde 2015 que a Dona Bolacha está no mercado e que nos habituou a formatos e sabores diferentes da tão tradicional bolacha americana. Vem aí uma nova receita, o que podemos saber? Desde que o projeto iniciou a Dona Bolacha lançou três Bolachas de diferentes tamanhos e seis sabores. Atualmente estão em comercialização duas gamas de bolacha. Uma gama doce, com os sabores original, canela, cacau e alfarroba. E uma gama salgada, com sabor de queijo de cabra e de água e sal. Quanto a novidades, podemos desde já adiantar que o dia dos namorados vai servir para apresentar a bolacha especial em forma de coração. Qual é o maior segredo da Dona Bolacha? O segredo para o sucesso da Dona Bolacha, reside na verdade num conjunto alargado de fatores. O facto de termos conseguido criar uma receita própria e diferenciada de Bolacha Americana, sem perder ou desvirtuar a bolacha da nossa infância, a da memória coletiva, revelou-se fundamental para o sucesso do projeto. A Dona Bolacha criou um novo conceito, a Bolacha Americana selada e embalada com um prazo para consumo um pouco mais alargado, o que permitiu retirar a bolacha das praias e trazê-la para o consumo do dia-a-dia. Uma novidade! Também a dedicação e a atenção prestadas levam a que a Dona Bolacha seja muito acarinhada não só pelos nossos clientes, mas por todos. Com tudo isto, conseguimos de alguma forma associar tradição a inovação e revitalizar a bolacha Americana, transformando-a num produto Gourmet, mas acima de tudo num produto querido e desejado pelas pessoas. ▪




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