Revista Pontos de Vista Edição 82

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LEXUS UMA FORMA DIFERENTE DE ESTAR DIA INTERNACIONAL DA MULHER

ISABEL HENRIQUES E VÂNIA DELGADO EM ENTREVISTA Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. MARÇO 2019 | EDIÇÃO Nº 82 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

FÁTIMA PEREIRA DA SILVA

SEGURANÇA NA MOBILIDADE

EDITE TEN JUA

UMA MULHER QUE FAZ O QUE PROMETE

BANCO KWANZA

O BANCO QUE FAZ A DIFERENÇA

ANA PAULA TEIXEIRA E CARLA MARTINS FUNDADORA DA DHC, IRMÃ E SÓCIA

“OS HÁBITOS MUDARAM E HOJE AS PESSOAS PROCURAM CADA VEZ MAIS UM ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL”





MARÇO 2019

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PÁG. 44 E 45

MILLENIUM BIM CRIA LINHA DE FINANCIAMENTO À ECONOMIA NACIONAL COM PROJETOS DE ECOTURISMO

PÁG. 8 E 9

CREDITO Y CAUCIÓN - AS VANTAGENS DO SEGURO DE CRÉDITO PARA O UNIVERSO EMPRESARIAL

PÁG. 13 A 39

ESPECIAL DIA INTERNACIONAL DA MULHER

PÁG. 48, 49 E 50

PAYLINK SOLUTIONS UM DOS PRINCIPAIS PLAYERS NO DOMÍNIO DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE

PÁG. 54 E 55

BLMP ADVOGADOS – RGPD E O CONSENTIMENTO DESCONCERTADO

FICHA TÉCNICA

Administração Redação Departamento Gráfico Rua Rei Ramiro 870, 2º J 4400 - 281 Vila Nova de Gaia Telefone +351 220 926 879 Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660 4455-518 Perafita Matosinhos Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.facebook.com/pontosdevista Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas Distribuição Nacional / Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 Dep. Legal: 374222/14

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Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda.


» NUNO DOMINGUES, DIRETOR-GERAL DA LEXUS PORTUGAL, EM ENTREVISTA

LEXUS?

“É FAZER COM QUE O CLIENTE SE SINTA ESPECIAL DENTRO DA NOSSA CASA”

NUNO DOMINGUES

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A Revista Pontos de Vista conversou com Nuno Domingues, Diretor-Geral da Lexus Portugal, que revelou um pouco mais da marca e de como a mesma é muito mais que uma marca de automóveis, pois o grande desiderato da mesma passa por proporcionar experiências inesquecíveis a todos os que com ela contactam.

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Lexus é uma das marcas mais prestigiadas a nível mundial no âmbito do setor automóvel, conhecida, entre outras dinâmicas, pela aposta constante e recorrente na inovação e na tecnologia. Para contextualizar junto do nosso leitor, como é que essa aposta tem permitido criar uma relação de maior proximidade com o cliente? No centro de tudo o que a Lexus faz está o Cliente. Neste contexto, a tecnologia desenvolvida resulta predominantemente do diagnóstico de necessidades que a Marca faz junto dos seus Clientes. Sendo uma marca visionária, a identificação de necessidades ocorre com frequência na perspetiva que a Lexus tem sobre o futuro. Posto isto, citando o exemplo da tecnologia híbrida, a relação de maior proximidade surge pela forma como o Cliente sente que a tecnologia foi desenvolvida a pensar em si, e não por razões comerciais, de marketing ou de outra ordem. De que forma é que é realizada essa apos-

ta na abordagem à tecnologia para que a mesma possa integrar uma dinâmica pioneira e diferenciadora? Quando a Lexus se centra no Cliente, está também a centrar-se na Sociedade. Este facto, associado à coragem que constitui um dos valores da Marca, tem permitido o desenvolvimento e viabilização de tecnologias pioneiras e disruptivas. A diferenciação na Lexus não é um propósito mas sim uma consequência de toda a estrutura de valores pela qual se rege. Na sua opinião, sente que esta aposta na inovação com criatividade é fundamental para promover um relacionamento mais próximo com o cliente Lexus? O Cliente Lexus já se habituou a um produto e uma mentalidade que procura, tanto quanto possível, envolver as suas necessidades. A inovação com criatividade é fundamental para criar o fator UAU que tanto caracteriza a Marca. A diferenciação de uma marca também se revela no momento de contacto com o clien-


Concorda que a própria filosofia da marca, que é assente na arte japonesa denominada Omotenashi, tem sido essencial para que o cliente se sinta especial? Como é que esse tratamento é realizado? O Omotenashi pode ser traduzido para Português como a arte de bem receber, por outras palavras, a arte da hospitalidade. Fazer com que o Cliente se sinta especial dentro da nossa casa é algo dinâmico, algo que exige sempre um pouco mais da organização, uma vez que a cada visita sentimos a necessidade de superar as expectativas da anterior. Nem sempre o conseguimos e por vezes falhamos mesmo. Contudo, não baixamos os braços e tentamos aprender com os nossos erros. É essa filosofia que tem possibilitado à marca ter sucesso? Não será o único fator, mas sim, consideramos que tem contribuído positivamente. Mas mais do que isso, é algo que faz do trabalho na Marca algo especial uma vez que em termos humanos é muito gratificante. Sentir que conseguimos fazer o Cliente sentir-se especial é algo muito recompensador. Que análise perpetua da presença da marca em Portugal? De que forma tem a Lexus feito a diferença perante o público luso? A Lexus tem uma presença relativamente pequena em Portugal. Não obstante, a vasta maioria dos Clientes tende a tornar-se fã da Marca, principalmente a partir do momento em que foi introduzida a tecnologia Híbrida de forma transversal. Como analisa a vertente da inovação no universo automóvel? É legítimo afirmar que no setor automóvel só quem consegue criar esta simbiose entre a inovação do produto e do serviço e a relação com o cliente é que singra? A inovação ao serviço das necessidades mais genuínas do Cliente é um grande impulsionador do sucesso duradouro. Nem toda a inova-

ção no setor automóvel serve este propósito, há uma parte que está mais dedicada a propósitos comerciais. No caso da Lexus, há uma matriz de valores que molda não só o produto, como o serviço – a atenção permanente às necessidades da Sociedade faz com que exista consistência entre a linguagem do produto e a linguagem do serviço. Isto é algo que nem sempre se explica racionalmente, mas que serena a mente – o cérebro é ávido de coerência. Está à frente dos destinos da Lexus Portugal há sensivelmente um ano. Que balanço perpetua deste ano como diretor geral da marca em Portugal? Estamos a atravessar um período de grande incerteza ao nível do Consumidor. Existe uma avalanche de informação conflituante em torno do impacto negativo das emissões, em particular do Diesel. A tomada de decisão de compra neste contexto é algo muito complexo. A Lexus antecipou este momento e há cerca de 15 anos teve a coragem de iniciar o seu próprio caminho. Foi uma jornada difícil com muitos obstáculos a transpor. Contudo, hoje, é talvez a única Marca que apresenta uma solução alternativa às motorizações convencionais com 14 anos de experiência e uma vasta carteira de Clientes fidelizados. Não é um risco, não é uma novidade, é uma escolha segura. Posto isto, estamos confiantes que 2019 será um ano de sucesso, ainda mais porque iremos lançar dois magníficos modelos, o ES300h e o UX250h sobre os quais temos grandes expectativas. Quais são os principais desideratos da marca em Portugal para este ano? Pretendemos crescer cerca de 25% face ao ano anterior, mas mais do que crescer, pretendemos proporcionar Experiências Fantásticas “Experience Amazing” a todos os nossos Clientes. ▪

O QUE SIGNIFICA ESCOLHER LEXUS? É algo difícil de explicar. Deixo o desafio da experiência aos Leitores.

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te e a Lexus é conhecida também por proporcionar experiências inesquecíveis a todos que com ela contactam. Quão importante é no seio da marca esta preocupação em provocar e criar sensações no cliente? Para quem trabalha diariamente a Marca, esta preocupação assume com frequência o carater de filosofia de vida. A arte de bem receber, de bem servir e a necessidade de surpreender fazem parte dos fatores motivacionais que servem de combustível a quem dedica os seus dias ao Cliente Lexus. Esta forma de estar é uma característica da Marca em todos os Mercados em que opera.


» AS VANTAGENS DO SEGURO DE CRÉDITO PARA O UNIVERSO EMPRESARIAL

SEGUROS DE CRÉDITO:

PORTUGAL EM QUARTO LUGAR À ESCALA MUNDIAL A constante evolução do comércio internacional tem levado as empresas portuguesas a tomar decisões mais sólidas e seguras e, por isso, existe cada vez mais uma procura de soluções de gestão e mitigação do risco de créditos, por causa do risco de incumprimento. Paulo Morais, Country Manager da Crédito y Caución para Portugal e Brasil, explica de que forma se deve olhar para os seguros de crédito. Saiba tudo.

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PAULO MORAIS

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Crédito y Caución é líder indiscutível do seguro de crédito no mercado interno e no crédito à exportação na Península Ibérica. Neste sentido, e para contextualizar o nosso leitor, como é que a Crédito y Caución tem vindo a promover uma dinâmica de confiança com os seus clientes no domínio do seguro de crédito? Há vários fatores, mas o mais importante é a ênfase no serviço ao cliente e na disponibilidade para apoiar os segurados sempre que necessitam. Isso traduz-se em taxas de captação e retenção elevadas. Depois há fatores como uma cultura empresarial forte, uma ampla cobertura internacional ou a implementação de iniciativas para aumentar a eficiência e, com isso, a qualidade dos nossos serviços ao cliente. A digitalização, por exemplo, tem permitido gerar eficiências e melhorar a acessibilidade e transparência dos nossos serviços.

Quais são as mais-valias das vossas soluções e de que forma é que as mesmas contribuem para o sucesso comercial dos vossos clientes? Cada serviço oferece diferentes mais-valias, mas, de forma geral, aquilo que nos distingue é a adequação dos nossos produtos ao mercado e a constante ampliação da nossa oferta. A dedicação e experiência das nossas equipas é uma mais-valia igualmente importante, tal como a segurança de estarmos integrados num grande grupo mundial. Dispomos de mais de 50 milhões de registos empresariais, continuamente atualizados e monitorizados, e fazemos a análise diária de mais de 10 mil vendas a

crédito. Isto representa um grande manancial de informação que dá confiança às empresas. O Seguro de Crédito, talvez mais do que qualquer outro ramo de seguro, é fortemente influenciado pela evolução da situação económica e das diferentes variáveis conjunturais. Que análise perpetua deste setor em Portugal? O seguro de crédito existe para reduzir riscos nas transações a crédito. Riscos decorrentes dos próprios intervenientes nas operações e os associados aos setores, países ou cenário internacional. Este será um ano difícil com aumento da incerteza global e do risco. O Brexit, a sucessão política na Alemanha, as eleições europeias e a possível afirmação de movimentos eurocéticos que aumentem o protecionismo, a situação em Itália e, acima de tudo, o acentuar da guerra comercial entre EUA e China são fatores que geram incerteza e que podem influenciar o comércio mundial. Em 2019 espera-se um acentuar das insolvências mundiais. A Europa Ocidental onde se localizam os nossos principais mercados de exportação vai liderar essa tendência com previsões para um aumento de 2%. Este cenário poderá potenciar o recurso ao seguro de crédito. A relevância do setor de seguro de crédito é superior em momentos mais desfavoráveis a nível económico e financeiro? É um mecanismo muito importante para as empresas, em especial, em momentos de maior incerteza. Através do seguro de crédito e dos serviços associados os nossos segurados partem para as suas transações com maior segurança. A segurança de conhecerem os seus parceiros de negócio em termos de solvabilidade, cumprimento e condições de pagamento. A segurança de terem o apoio para a cobrança de faturas caso seja


Sente que as empresas lusas perpetuam atualmente uma recetividade e conhecimento superiores das vantagens dos seguros de crédito? As empresas portuguesas são boas conhecedoras do seguro de crédito e das suas vantagens e muito recetivas a esta ferramenta de gestão. Dados da Associação Portuguesa de Seguradores referentes a 2016 colocam Portugal como o quarto país, em termos mundiais, com maior penetração do seguro de crédito na economia. Esta posição é estabelecida com base na análise da relação entre prémios e PIB e pela evolução das vendas cobertas pelas seguradoras face ao PIB. Em 2016, o setor segurador nacional garantiu vendas equivalentes a quase 15% do PIB e perto de 20% das exportações. Acreditamos que este rácio está a crescer, acompanhando a maior dinâmica exportadora do país e o facto do seguro de crédito, pelo menos no nosso caso, ser hoje uma ferramenta à disposição tanto das grandes empresas como das PME. Como é que este setor é essencial para que as empresas portuguesas consigam ter maior competitividade e segurança com a sua presença nos mercados? O seguro de crédito mitiga a incerteza associada às transações a crédito. É uma segurança essencial para que as empresas avancem para novos mercados ou concretizem negócios com novos clientes sem que isso, em caso de incumprimento, ponha em risco a sua estabilidade financeira. À medida que a carteira de clientes de uma empresa cresce e se diversifica torna-se, por vezes, difícil o controlo e a gestão assertiva da mesma. Este é um dos maiores desafios que as empresas enfrentam atualmente? Temos desenvolvido diversos serviços para apoio às empresas nesse processo. Um exemplo é a nossa plataforma de análise comercial e procura de novos clientes. Centra-se no apoio à diversificação da carteira com base em critérios de solvabilidade. O CyCred Maps permite identificar novos clientes e filtrá-los com base no seu

risco de incumprimento, delimitar zonas de atuação e desenhar áreas de influência para estudar individualmente cada potencial cliente e, por último, posicionar esses clientes num mapa e definir rotas otimizadas. Além de Portugal, esta busca de mercados potenciais está disponível para a Alemanha, Bélgica, Luxemburgo, França, Espanha, Noruega, Holanda e Suécia e, em breve, Irlanda e Reino Unido. Depois temos toda uma área de apoio na gestão de faturas e cobranças, através da Gestifatura, que nos permite oferecer soluções personalizadas no apoio à gestão e recuperação de faturas em Portugal e no estrangeiro, independentemente do valor, antiguidade, setor ou dimensão da empresa. Qual é a importância das avaliações de risco de crédito? Este é fundamental no âmbito da internacionalização e das exportações das empresas portuguesas? A avaliação de risco é fundamental na internacionalização. Qualquer empresa que faça vendas a crédito para o exterior deveria conhecer bem o perfil de solvabilidade dos seus parceiros, o risco de incumprimento associado e os riscos macro que podem atuar a favor ou contra a operação. Só assim se poderá proteger e garantir que tem as suas vendas cobertas perante qualquer atraso de pagamento ou incumprimento. Sem este mitigar do risco, o insucesso de uma operação pode inviabilizar a continuidade da empresa. Quais são as principais ofertas da Crédito y Caución neste domínio? A nossa solução para a internacionalização, o CyComex, integra um conjunto de serviços de apoio à internacionalização. Desde logo, o acesso a informação prática sobre os processos de internacionalização, como questões legais, documentação, financiamento, garantias ou fiscalidade, bem como a disponibilização de informação de mercado que vai da identificação de oportunidades de negócio, a dados sobre o contexto empresa-

rial, meios e prazos de pagamento, morosidade ou ações de cobrança. Inclui ainda um serviço de alertas internacionais que permite o envio, por email, de informação antecipada e relevante sobre mercados onde o cliente pretenda atuar. Destacamos igualmente dentro do CyComex o serviço de consultoria personalizada que avalia a capacidade de internacionalização de uma empresa, assim como a sua necessidade de reorientação se já tiver experiência no âmbito internacional, podendo elaborar um Plano de Internacionalização com a finalidade de definir uma estratégia eficaz e rentável para a sua expansão internacional. Que análise é possível fazer sobre a presença da Crédito y Caución em Portugal? Quais as perspetivas de crescimento? Uma

das apostas passará pela fileira agroalimentar? Porquê este setor? O balanço é muito positivo. Temos mais de 20 anos de presença no mercado, somos um dos maiores e mais reconhecidos operadores no setor, lideramos a nível ibérico e continuamos a crescer. Em 2018, o volume de prémios processados ascendeu a 18 milhões de euros com um crescimento na ordem dos 3% face a 2017. Em 2019 queremos manter este ritmo de crescimento e isso passa por disponibilizar os nossos produtos e serviços a todos os setores e tipologias de empresas, tanto no mercado interno como para exportação. O agroalimentar é sempre uma aposta pela capacidade exportadora das empresas do setor e pelo crescente reconhecimento nas marcas e produtos nacionais. ▪

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necessário e a segurança de serem indemnizados se a operação não correr como previsto. Esta tripla garantia é fundamental para ajudar as empresas a expandir a sua atividade.

"A dedicação e experiência das nossas equipas é uma mais-valia igualmente importante, tal como a segurança de estarmos integrados num grande grupo mundial"


» RITA LACERDA, DIRETORA-GERAL CESCE PORTUGAL, EM ENTREVISTA

“UMA EMPRESA QUE TENHA SEGURO DE CRÉDITO VAI NECESSARIAMENTE POTENCIAR AS SUAS VENDAS” Parceiro de valor, a CESCE PORTUGAL, tem vindo a calcorrear um percurso que permitiu que a mesma chegasse a um patamar de enorme valor, confiança e credibilidade. Rita Lacerda, Diretora-Geral CESCE PORTUGAL, conversou com a Revista Pontos de Vista e, entre outros, abordou a importância do seguro de crédito para as empresas.

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nquanto referência do setor, quais diria que são as prioridades que a CESCE apresenta ao mercado e que por isso a distinguem? A CESCE é uma Companhia que tem a característica de acompanhar os seus clientes em todo o seu ciclo de negócio, oferecendo assessoria e consultoria através dos seus serviços e ferramentas, que são consideradas as mais inovadoras do mercado. A Companhia conseguiu implantar-se como uma das empresas líderes do sector graças ao desenvolvimento de um painel de soluções totalmente inovadoras que dinamizaram o mercado e aportaram novos conceitos e serviços. A CESCE conseguiu alcançar estes desafios graças à sua investigação e análise das necessidades das empresas para, desta forma, desenvolver uma carteira de soluções integrais, flexíveis, adaptadas a cada empresa, que cobrem toda a panóplia de serviços inerentes à gestão do crédito comercial. Desenvolver uma estratégia comercial, um processo de venda, obriga a estabelecer e gerir corretamente uma grande variedade de áreas do negócio, entre as quais se destacam o credit management, a pesquiza de clientes solventes, definir as condições de venda, monitorizar o rendimento dos clientes, definir e concretizar a gestão do risco de crédito, analisar a posição e ações perante a morosidade e financiar as necessidades de circulante do crédito comercial. A nossa oferta de valor concretiza-se na CESCE MASTER OURO, a ferramenta com que a CESCE rompeu o princípio da globalidade e, inclusivamente, mudou a própria natureza do seguro de crédito. O lançamento desta solução de serviços de crédito integral transformou o Sector segurador português. CESCE MASTER OURO conta com um amplio portfolio de serviços que configuram uma solução integral para se adequar às necessidades de cada empresa: gere de forma inteligente e eficiente os riscos de crédito em todas as fases do ciclo empresarial e conjuga na sua estrutura uma ampla carteira de instrumentos, desde a prospeção de novos clientes solventes a quem pode vender e a assessoria dos riscos comerciais, até à gestão de cobranças, a indemnização em caso de sinistro e o acesso a distintos canais de financiamento. CESCE MASTER OURO, entre outras características, oferece a oportunidade de analisar e avaliar os riscos comerciais concretos com os quais se enfrenta cada cliente. Risk Management é um sistema de seguimento em tempo real dos possíveis riscos derivados do crédito da carteira de clientes. Esta ferramenta conta com diferentes modelos estatísticos de decisão sobre os diferen-

No ano de 2019 estamos também a lançar o produto de risco de fabrico com o nosso produto CESCE 360º. Este produto cobre a resolução unilateral e injustificada da encomenda por parte do comprador, a resolução da encomenda pelo comprador em situação de insolvência e a impossibilidade de executar e entregar a prestação do objeto da encomenda devido ao incumprimento das obrigações por parte do comprador.

RITA LACERDA

tes comportamentos de pagamento dos clientes e permite às empresas controlar cada um dos riscos representados pelos seus clientes. Através do serviço de Transferência de Risco, as empresas têm a possibilidade de controlar a evolução de riscos da sua carteira de clientes e devedores, definir que clientes cobrir ou não e estabelecer os valores sobre os quais deseja aplicar uma cobertura de riscos. Neste sentido, a CESCE põe à disposição de cada cliente duas soluções concretas, configuráveis segundo as suas necessidades: Full Cover, cobertura da totalidade da carteira, com a particularidade de que a oferta de preços é distinta segundo a qualidade do devedor. Pay Per Cover, oferece ao empresário uma flexibilidade única ao não ter a obrigatoriedade de cobrir toda a carteira de devedores e poder decidir que riscos concretos transfere para a CESCE e em que momento. Por outro lado, as nossas apólices podem garantir até 95% das faturas dos nossos clientes tanto em Mercado Interno como no Mercado Externo, proporcionando uma ausência total de risco comercial. Também retirámos o limite máximo de indemnização das nossas apólices MASTER OURO. Ou seja, os nossos segurados deixaram de ter um teto máximo de indemnizações. Por fim, pagamos as indemnizações em dois meses o que permite repor as quebras de tesouraria provocadas pelos atrasos de pagamento.

A CESCE está presente em vários países. De que forma conseguem garantir os níveis de alta qualidade de assistência e serviço que prestam? Os produtos que comercializamos e as ferramentas que dispomos são de uma forma geral comuns em todos os dez países onde estamos presentes e por isso contamos com uma larga experiência sempre que implementamos algo de novo. No entanto, os recursos humanos são locais e também adaptamos os próprios produtos às especificidades de cada país. Temos formação continua em todos os países e grupos multidisciplinares no desenvolvimento de produtos e serviços. Como explica os benefícios das empresas ao aderirem a um seguro de crédito? O seguro de crédito oferece uma proteção contra o risco de não pagamento dos créditos, especialmente depois de um período de crise que levou a que a internacionalização tenha passado a ser uma obrigação e um objetivo prioritário para as empresas portuguesas. Na CESCE os nossos eixos de atuação são e continuarão a ser a aposta na permanente inovação tecnológica e numa ampla gama de serviços, tudo isso com a finalidade de prestar um bom serviço às empresas portuguesas. O nosso foco primordial é o cliente. Ouvimos o cliente e desenvolvemos produtos e estratégias para o acompanhar. O seguro de crédito deve ser visto como uma mais-valia que desenvolve e potencia as vendas das empresas com o apoio da informação privilegiada que uma seguradora de crédito tem, com o efeito preventivo ao incumprimento dos seus clientes pelo facto de terem as vendas seguradas e pela recuperação total dos seus créditos em caso de incumprimento. O seguro de crédito é um aliado fundamental das empresas exportadoras. Somos quem melhor conhece os mercados de exportação e conseguimos reduzir a zero a taxa de incumprimentos. Ou seja, cobrimos o risco de não pagamento de faturas, tanto nos mercados externos como em Portugal. Isto traduz-se na segurança de que todas as vendas se convertam em cobranças.


Em análise, considera que muitas empresas não têm problemas de faturação, mas sim de receção de pagamentos? Desde os anos da crise as empresas portuguesas têm vindo a aumentar de forma significativa, de uma forma geral, a sua faturação. Seja porque ocuparam mercados de empresas que desapareceram, seja porque se viraram para mais mercados de exportação, especializaram-se e souberam aproveitar a retoma económica. No ano de 2018 a CESCE cresceu 21% em vendas admitidas ao seguro e isto deve-se essencialmente ao crescimento das vendas dos nossos segurados e que nós acompanhámos aceitando também mais limites de risco. No entanto, a venda só se conclui com a cobrança e temos vindo a assistir a um aumento dos incumprimentos. Os prazos de concessão de crédito continuam muito elevados e nesta fase é importante as empresas começarem a reduzi-los. Mas também aqui é importante o seguro de cré-

dito. Somos especializados em cobranças, temos equipas em todo o mundo a cobrar os créditos mal ocorre um incumprimento. As empresas devedoras pagam mais facilmente a uma Seguradora de crédito porque sabem que enquanto não pagarem não assumimos risco de crédito para mais nenhum outro seu fornecedor. Na sua opinião, os empresários portugueses priorizam uma boa gestão de risco financeiro das suas organizações? De uma forma geral os empresários portugueses preocupam-se com o risco de crédito tentando vender para as empresas que já conhecem e com quem têm boas experiências comerciais e os que têm seguro de crédito só vendem para os clientes aceites pela Seguradora. No entanto, continuam a vender com prazos de vencimento muito alargados e a aceitarem prorrogações de vencimento quando os clientes incumprem. A chave para uma boa gestão do risco é precisamente encurtar estes prazos e ter uma garantia de suporte, ou seja, vender com seguro de crédito. Em poucas palavras, explique-nos porque motivos as empresas deverão escolher uma seguradora de crédito comercial? As empresas portuguesas procuram um seguro que aceite garantir o maior número de vendas, com o menor risco e com total flexibilidade de serviço. Para as empresas portuguesas, o crescente interesse no mercado internacional resultou numa

procura de instrumentos financeiros de cobertura de riscos e de seguro de crédito à exportação mais completos e especializados que a oferta das entidades bancárias, o que permitiu posicionar as nossas soluções e ferramentas como as mais valoradas do mercado. Na CESCE oferecemos aos clientes o apoio e serviço em todas as fases da sua atividade comercial de forma modular: ajudamos o nosso cliente a identificar o seu problema e propomos uma solução, mas ele escolhe-a com toda a flexibilidade. Pode segurar uma parte dos seus créditos ou a totalidade, ou ainda não segurar nada mas utilizar o nosso serviço de vigilância de risco de todos os seus clientes ou apenas utilizar o serviço de cobranças de créditos que pomos à disposição dos nossos clientes sem necessidade de contratar um seguro. Podemos ajudar a fazer o seguimento das suas faturas, cobrar, pesquisar mercados e encontrar novos clientes solventes. Com a experiência que temos de mais de 45 anos presentes no mercado mundial de seguro de crédito, com mais de 70 analistas de crédito espalhados por vários países e com o nosso sistema de qualificação do risco cobrando menos prémio por riscos melhores e cobrando mais prémio por riscos piores, isso permite-nos aceitar e conceder mais limites de risco do que as outras Seguradoras. Aliado a que o nosso seguro cobre 95% das faturas dos nossos clientes e pagamos as indemnizações em dois meses, estamos a falar de quase uma ausência total de risco para os nossos clientes. ▪

11 MARÇO 2019

Se o cliente não paga é a CESCE que se responsabiliza pelo pagamento. É bastante difícil conseguir abrir caminhos em mercados não tradicionais, e ainda garantir que as transações se concretizem com sucesso. Uma empresa que tenha Seguro de crédito vai necessariamente potenciar as suas vendas porque a Seguradora, que tem informação privilegiada em todos os mercados, vai ajudá-la a encontrar novos clientes solventes, mas também a garantir que se correr mal, estará lá para a ressarcir.


» SEGURO DE CRÉDITO OPINIÃO DE JOÃO SILVA, RESPONSÁVEL PELO DEPARTAMENTO DE SEGURO DE CRÉDITO E CAUÇÃO DA COSTA DUARTE E BOARD MEMBER DA ASTREOS CREDIT

O SEGURO DE CRÉDITO É FERRAMENTA CADA VEZ MAIS UTILIZADA PELAS EMPRESAS O Seguro de Crédito é cada vez mais uma ferramenta fundamental na gestão das empresas, seja na sua função mais tradicional, a cobertura do risco de não pagamento, seja como suporte a um financiamento de operações mais elaborado, ou até mesmo como mecanismo de apoio à prospeção de clientes e à descoberta de novos mercados.

A PONTOS DE VISTA

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protecção dos créditos é crucial para um futuro sustentado e sem sobressaltos que pode pôr em causa a sobrevivência de uma empresa. Se quando vende para clientes no mercado nacio-nal a proximidade geográfica pode dar uma falsa sensação de segurança, quando tem como objetivo a internacionalização, tem necessariamente de recorrer a parceiros que tenham um conhecimento efetivo desses novos mercados, como são os corretores e seguradores de crédi-to. É importante frisar que em processos de internacionalização, tal como os riscos políticos, ca-tastróficos e os riscos relativos ao pessoal expatriado, o risco comercial deve ser igualmente avaliado. O seguro de crédito tornou-se ainda numa ferramenta cada vez mais utilizada pelas empresas como garante de operações de financiamento. Soluções de factoring puras, ou operações de securitização feitas à medida permitem uma antecipação dos recebimentos melhorando a li-quidez e potenciando um crescimento mais sustentado. Através do seguro de crédito, e antes da possibilidade de comunicar um sinistro devido a um qualquer incobrável, é possível contar com ferra-

mentas para identificar potenciais clientes numa nova geografia, e desses, quais os que têm uma boa saúde financeira, permitindo dessa forma selecionar alvos preferenciais. Conhecer a carteira de clientes e antecipar incobráveis é uma questão que deve estar na primeira linha de prioridades dos empresários. Para o efeito, é fundamental que as empresas se façam assessorar por especialistas em gestão de risco de crédito, capazes de elaborar, com recurso a novas metodologias, um plano abran-gente, a montante e a jusante do processo de venda, assegurando também a competitividade dos prémios. Como corretor de seguros, a tem estado na linha da frente das soluções e das melhores práticas, sendo desde 2013 membro fundador da Astreos Credit - uma das principais networks mundiais de corretores na área de crédito – o que nos permite acompanhar os nos-sos clientes em 41 países, garantindo o acesso às melhores soluções a nível mundial e manter contacto direto com a subscrição de riscos locais nos países onde estes se encontram. ▪


DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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“OS NOSSOS PRODUTOS SÃO SUPORTADOS POR UM AMBICIOSO PROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO CLÍNICA” Miguel Coelho, Country Manager da Procare Health, em entrevista, fala sobre uma das marcas que mais tem marcado a diferença no que diz respeito à saúde da mulher. Saiba tudo, agora!

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PROCARE HEALTH Portugal assume-se como uma marca focada na saúde e no bem-estar da Mulher e está em Portugal desde março de 2018, fazendo portanto agora um ano em território luso. Que balanço é possível realizar e o que aportaram de positivo ao mercado português? É com muito orgulho que olhamos para o trabalho desenvolvido no último ano com o lançamento de 3 produtos resultantes da nossa Investigação. Estes produtos constituem opções terapêuticas relevantes na Saúde da Mulher, área de especialização da empresa. Identificámos algumas lacunas terapêuticas e percebemos que poderíamos oferecer soluções novas e/ou mais eficazes. E foi a proposta que fizemos aos profissionais de Saúde e doentes em Portugal, que identificaram a nossa mensagem, com reflexos no crescimento consolidado que obtivemos em 2018. Sendo um laboratório farmacêutico, como tem vindo a marca a promover a inovação ao nível dos seus produtos? Somos uma empresa biotecnológica. Os nossos produtos são suportados por um ambicioso programa de investigação clínica. A nossa comunicação assenta em critérios científicos, focados na evidência clínica. Esse posicionamento faz parte do nosso ADN, mas é também uma exigência da comunidade médica e científica. Escolhemos o caminho da Inves-

Num domínio mais generalista, como analisa o crescimento das Mulheres no âmbito das posições de liderança do universo empresarial? Sente que estamos no caminho de maior igualdade? Acompanho com orgulho o caminho que as mulheres estão a traçar, em termos sociais e profissionais. Cada vez encontramos mais mulheres em lugares de destaque na sociedade e nas organizações. O número de mulheres em posições de liderança é crescente e sabem que já não precisam de vestir fato escuro e gravata para serem respeitadas e reconhecidas. A mulher de hoje mantém a sua essência feminina, é extraordinariamente segura nas suas posições e enfrenta com tranquilidade as adversidades e obstáculos que se lhe deparam. Eu costumo dizer que as mulheres trouxeram para as Administrações das empresas mais eficácia, diversidade, mais cor e um pensamento disruptivo. Talvez seja resultado do tal sexto sentido. No seio da PROCARE HEALTH Portugal, de que forma é que perpetuam um sentido igualitário entre Homens e Mulheres? É importante que as empresas também façam o seu papel neste domínio? Essa é uma não questão na Procare Health Portugal. Não me revejo a

fazer contas a quotas ou a colocar entraves à entrada de novos colaboradores com base no género. A minha experiência nas organizações deu-me a conhecer excelentes profissionais, assim como algumas desilusões. Talvez o facto de não ter filtros na forma como lido com as pessoas me tenha ajudado a não ter esse tipo de preocupações. A Procare Health procura os melhores profissionais e as melhores pessoas para fazerem parte do seu projeto, independentemente do seu cromossoma x ou y. A 8 de Março comemorou-se o Dia Internacional da Mulher. Qual a importância neste domínio e fizeram algo diferente no seio da empresa para “homenagear” as

Mulheres da PROCARE HEALTH Portugal? Nessa data participámos num congresso na área da Saúde da Mulher. A Procare Health tem um claim corporativo que é: “Respostas para a mulher de hoje”, que leva de forma muito séria. Naturalmente que essas respostas não se encontram num único dia, sendo para nós Dia da Mulher todos os dias do ano, sem ser um cliché. Direi que felicitámos cada mulher nesse dia de modo mais particular, oferecendo um chocolate para adoçar o dia, mas na essência, dedicámos à Mulher a atenção que dedicamos todos os dias. ▪

LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

13 MARÇO 2019

MIGUEL COELHO

tigação Clínica e sabemos que estamos certos. Mas vamos mais longe, como é exemplo o projeto Cervix-on-a-Chip, em parceria com a UCLA. No domínio da saúde da Mulher, para que áreas estão mais direcionados ao nível de produtos relacionados com a saúde feminina? Cada produto foi desenvolvido para uma indicação específica, como a prevenção e tratamento de lesões causadas pelo HPV, o tratamento da disfunção sexual da mulher ou ainda o tratamento de atrofia vaginal, em particular na fase da menopausa. Brevemente iremos lançar novos produtos, reforçando a nossa área da Saúde da Mulher.


PONTOS DE VISTA

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TEMA DE CAPA

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PRODUTOS SAUDÁVEIS E DELICIOSOS QUE PROPORCIONAM MOMENTOS DE PURO PRAZER

FOTO: DIANA QUINTELA

A DHC Food Experience antecipa as tendências de consumo e procura disponibilizar um leque de produtos saudáveis e deliciosos que ofereçam momentos de prazer, quer no momento da preparação das refeições quer no seu consumo. Quem dá a cara pela DHC Food Experience é Ana Paula Teixeira, a sua fundadora, e Carla Martins, irmã e sócia na DHC. Venha connosco saber mais.

ANA PAULA TEIXEIRA E CARLA MARTINS

FOTO: DIANA QUINTELA

rentes mercados o que nos levou a querer conhecer sempre coisas novas e a querer experienciar produtos diferentes”, partilha connosco Ana Paula Teixeira. Mas foi a partir do momento em que teve o primeiro contacto com a distribuição, e quando constituiu a sua própria família, que o prazer que tinha de encontrar coisas novas, não só em Portugal como nos países que visitava, motivou-a a querer proporcionar essa satisfação aos portugueses. Ana Paula queria facilitar o acesso a esses produtos no mercado nacional o qual, há 22 anos, tinha uma oferta escassa. Apesar de hoje o mercado nacional estar ao nível de vários mercados europeus, há sempre novidades a ser lançadas noutros países e a a DHC, sempre atenta a esses mercados, procura justamente continuar a trazer novidades e novas tendências para o mercado português. Esta no ADN da DHC estar atenta ás novidades e coloca-las á disposição dos consumidores portugueses. Foi a DHC quem lançou pela primeira vez no mercado português uma gama de massas frescas culinárias sem glúten, com a marca Pasta do Dia, bem como a variedade de Massa para Pizza sem Glúten, sob a marca francesa Croustipate. A aceitação e a procura

por estes produtos surtiram efeitos imediatos e correspondeu às expectativas da DHC. A verdade é que setor de produtos sem glúten tem vindo a conquistar um espaço cada vez maior nas prateleiras dos supermercados, bem como são já produtos com uma presença diária à mesa dos portugueses. A DHC procura, assim, ter produtos com essas características em todas as categorias em que se posicionam. “Queremos ter uma oferta variada no que diz respeito a estes produtos, não só para celíacos, mas também para pessoas intolerantes ou para o grupo de pessoas que optam por escolher este tipo de alimentação. Os hábitos mudaram e hoje as pessoas procuram cada vez mais um estilo de vida saudável. Temos essa consciência e temos vindo a aumentar significativamente a nossa gama nesse sentido”, explica Ana Paula Teixeira. A procura por produtos vegans e sustentáveis do ponto de vista social e ambiental tem aumentando consideravelmente e são cada vez mais os portugueses que optam por uma alimentação saudável, o que abre portas ao crescimento dos produtos free from: sem açúcar, corantes, conservantes, sabores artificiais, organismos geneticamente modificados, glú-

15 MARÇO 2019

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DHC Food Experience foi fundada em 1997, mas foi em 2013 que ganhou uma nova dinâmica e identidade na categoria das massas frescas. Trata-se de uma aposta ganha num nicho de mercado em clara expansão e cada vez com mais adeptos. Hoje a DHC, sinónimo de delicious, healthy e comfort, é também sinónimo de inovação, diz-nos Carla Martins, e sinónimo de satisfação, afirma Ana Paula Teixeira. “É importante conseguir agregar todos estes produtos saudáveis, free from ou biológicos a um momento de prazer que é a refeição. Seja uma refeição social, individual ou familiar, queremos trazer satisfação no momento da preparação das refeições e no momento do consumo dos nossos produtos. O ato de cozinhar deve ser, igualmente, um ato de prazer e de satisfação” refere Ana Paula Teixeira. Ana Paula conta-nos que sempre gostou de cozinhar, mas, sobretudo, sempre gostou de inovar no momento de elaborar refeições. “A cozinha rotineira não é para mim. Preciso de agregar criatividade à elaboração de refeições. Esta já é uma paixão de infância. O nosso pai viajava bastante e trazia-nos produtos de dife-


» TEMA DE CAPA ten, lactose, antibióticos ou hormonas. Este é um segmento de mercado que parece ter um futuro promissor e onde existe grande espaço para a inovação. Neste sentido, a DHC prepara-se para reposicionar as suas massas com zero aditivos. Visando as questões da saúde, da alimentação saudável e da sustentabilidade, a DHC colocará no mercado produtos sem corantes nem conservantes e com óleo de palma, produzido de forma sustentável.

“MARÇO SERÁ UM MÊS FORTE E REPLETO DE NOVIDADES”

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Ana Paula Teixeira prometeu trazer novidades ao nível das refeições prontas para o ano de 2019. Aqui estamos nós para lhe revelar as novidades e os projetos que tem em cima da mesa. Março será um mês forte e repleto de novidades. “É o nosso mês, o mês da mulher e o mês dos nossos aniversários”, diz-nos Ana Paula Teixeira. Por isso mesmo, vai ser lançada no próximo dia 9 de março a massa tenra Pasta do Dia. Na semana seguinte a dinâmica continuará com o lançamento da massa filo, igualmente sob a marca Pasta do Dia. Em simultâneo, vão ser lançadas saladas mediterrâneas de origem belga, à base de produtos naturais sem corantes e sem conservantes, característica transversal a todos os produtos da DHC. Para as lojas irão quatro referências sob o conceito de Grab and Go. “Queremos estar à frente das grandes tendências: a conveniência, ready to eat e saudável. Acompanhar e estar à frente das tendências do consumo faz parte da estratégia da DHC que apostará agora também e ainda durante o mês de Março em refeições rápidas, prontas a comer. Dentro do conceito da conveniência a DHC está a preparar o lançamento de uma gama de refeições pré-cozinhadas como sejam lasanhas bolonhesa, salmão, Bio e Vegan, cannellonis de carne e vegan e tagliatelle. Tratam-se de massas italianas produzidas na Bélgica, país da Europa por excelência na produção de refeições pré-cozinhadas. “Queremos apostar fortemente nesta gama de refeições pré-cozinhadas e de refeições biológicas, um mercado a crescer significativamente”, acrescentam as nossas entrevistadas.

“MAIS DO QUE ACOMPANHAR QUEREMOS ESTAR À FRENTE DAS TENDÊNCIAS DE CONSUMO”

Ana Paula Teixeira é CEO da DHC Food Experience, uma marca que está sempre em cima da constante mudança do mercado. Olhando para trás voltaria a fazer exatamente tudo igual ao que fez até agora? Questionámo-la. “Seguramente não faria tudo igual até porque agora tenho uma aprendizagem acumulada e penso que teria feito melhor algumas coisas. Mas se me arrependo do percurso que fiz? Não. Estou muito satisfeita e sobretudo grata pelo percurso percorrido e o seu resultado”, adianta Ana Paula Teixeira. “Juntamente com a minha irmã e toda a nossa equipa, temos conseguido alcançar resultados que nos permitem consolidar e sustentar o crescimento da empresa, agregando uma enorme satisfação por ter conseguido criar na DHC uma cultura empresarial muito focada na satisfação do cliente e ao mesmo tempo com uma componente humana e social bastante

forte”, acrescenta ainda a nossa entrevistada. Para Ana Paula Teixeira é uma enorme satisfação olhar para a DHC e ver tudo o que foi construído à sua volta, acima de tudo pela confiança dos clientes e dos seus parceiros. “Estou muito grata por todo este processo, pelo caminho percorrido e pela confiança e reconhecimento que nos motivam a continuar e a procurar sempre fazer melhor”, afirma Ana Paula Teixeira. Sob a máxima “não vender o que nunca compraria”, Ana Paula Teixeira sabe que o mercado português está bem posicionado a nível europeu, no entanto há sempre algo para inovar mas para isso é preciso estar atenta às novidades, viajar e auscultar os clientes e consumidores, afinal são eles que devem conduzir a nossa rota. “As expectativas são boas para a aceitação destes produtos, mas temos de ter sempre em atenção as necessidades e o que o mercado nos pede para podermos procurar os produtos adequados lá fora, mas com características que assentem nos nossos valores e princípios. Temos de saber seguir as tendências, este é o segredo. Não podemos forçar nada nem

tentar introduzir um produto que o mercado não esteja a pedir ou para o qual não esteja recetivo”, esclarece a fundadora da DHC. Aqui, os clientes da distribuição têm um papel determinante para conseguirem auscultar o mercado, com base no conhecimento de quem tem o contacto direto com o consumidor. “A opinião dos nossos clientes institucionais é fundamental importante para nós para saber qual é o momento certo para trazermos, ou não, determinados produtos”, acrescenta Ana Paula Teixeira. Para a DHC o desafio passará, portanto, por continuar a ter esta dinâmica, bem como a capacidade de inovação, a palavra-chave da DHC. “Estamos confiantes de que iremos continuar a corresponder às necessidades e exigências do mercado, mas não deixará de ser um desafio constante. Por vezes temos de saber dar um passo atrás para depois dar dois em frente. Temos de ter a capacidade de reconhecer quando um produto não é bem aceite pelo mercado e retirá-lo por falta de performance”, refere Ana Paula Teixeira. “Felizmente a nossa taxa de sucesso de produtos


A cozinha rotineira não é para mim. Preciso de agregar criatividade à elaboração de refeições. Esta já é uma paixão de infância Ana Paula Teixeira

FOTO: DIANA QUINTELA

Queremos colocar à disposição dos portugueses produtos que permitam a criatividade e a conveniência sem deixar de cuidar das pessoas e de proporcionar bons momentos na hora de cozinhar e à mesa. Queremos entrar na vida dos portugueses para facilitar o seu dia e as suas refeições Carla Martins

é bastante elevada e estamos muito satisfeitas com os resultados que temos obtidos, mas estamos sempre conscientes dos riscos e das falhas que podem acontecer”, acrescenta.

IRMÃS POR DESTINO, AMIGAS E SÓCIAS POR OPÇÃO

Ana Paula Teixeira já nos contou que quando fundou a DHC, o facto de ser jovem e mulher foi muitas vezes encarado como vulnerabilidade. Hoje, olha para trás e sabe que foi um desafio importante para o seu crescimento pessoal. “Homens e mulheres são diferentes, mas ambos os géneros são igualmente competentes”, refere Ana Paula Teixeira. No entanto, sabe que, pelo facto de ser muito jovem quando criou a DHC, teve de trabalhar muito mais para conseguir transmitir a confiança e credibilidade necessárias. “Felizmente, consegui construir o meu percurso assente nestes fatores. Hoje ainda me questionam, muitas vezes, se fui mesmo eu quem criou, do zero, a DHC”. Somos duas mulheres a dar a cara pela empresa e aprende-

mos a focar-nos no que realmente importa”, afirma Ana Paula Teixeira, referindo-se à sua irmã. Carla Martins é licenciada em Maketing e Publicidade e o gosto pela vertente comercial levou-a a abraçar o projeto da DHC, após o término da sua formação em 2001. Numa altura em que a empresa estava já com um crescimento significativo era altura de se focarem na sua solidez, mas também na sua expansão. Hoje é com orgulho que diz que abraçou um projeto pelo qual tem uma verdadeira paixão e pelo qual vive intensamente. Durante os 18 anos que já faz parte da empresa sabe que o mercado teve as suas mutações e que a DHC teve o desafio constante, mas também a capacidade, de acompanhar a evolução do mesmo. Hoje disponibiliza um leque maior e diversificado de produtos inovadores. Mulheres, amigas, esposas, mãe, entre tantos outros papéis, Ana Paula e Carla Martins sabem que cada vez mais as pessoas precisam que o dia tenha mais de 24 horas para cumprirem com todas as suas tarefas. A DHC pretende, por isso mesmo, assumir

um papel no mercado de forma a facilitar o dia a dia de cada um de nós. Facilitar no que diz respeito à utilização prática dos seus produtos e surpreender pela qualidade. “Queremos colocar à disposição dos portugueses produtos que permitam a criatividade e a conveniência sem deixar de cuidar das pessoas e de proporcionar bons momentos na hora de cozinhar e à mesa. Queremos entrar na vida dos portugueses para facilitar o seu dia e as suas refeições. É um dos nossos grandes objetivos e é o que nos move”, dizem-nos as nossas entrevistadas. Para 2019 têm desenhado um forte plano de marketing para ativação e divulgação da marca Pasta do Dia, com o objetivo de se focarem na marca, fazê-la crescer e continuar a representar marcas prestigiadas. “A nível de DHC é importante termos a nossa própria marca, mas o nosso ADN é a representação de marcas que correspondem aos nossos ideais e que muito no orgulham de representar em Portugal”, concluem Ana Paula e Carla Martins. ▪

MARÇO 2019

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PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“A MINHA EQUIPA É A MINHA SEGUNDA FAMÍLIA” Carla Sofia Estêvão é Gerente do Bricomarché dos Carvalhos, Vila Nova de Gaia, e foi há um ano que decidiu abraçar este projeto e abrir uma loja Bricomarché sozinha. Um ano depois a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Carla para saber mais sobre este desafio.

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pesar de ser formada em enfermagem, Carla Sofia Estêvão teve sempre o bichinho pela bricolage. Lá em casa é Carla quem gosta de “meter a mão na massa”. Filha única e, talvez, por influência do avô com quem passava a maior parte do tempo, Carla Sofia Estêvão já ajudava, em pequena, nas pequenas tarefas às quais o avô se dedicava em casa e no campo. Este é um ensinamento, mas também uma paixão. “Gosto de ser eu a fazer as coisas. Desde sempre que gosto de bricolage e de decoração”, começa por nos dizer. No entanto, a sua outra paixão leva a nossa entrevistada a tirar o Curso Superior de Enfermagem. “Foi sempre o que quis fazer e dei o meu melhor enquanto exerci a profissão”. Mãe de dois filhos, é por opção que decide colocar uma pausa na carreira para se dedicar inteiramente aos filhos, à sua educação e a acompanhá-los durante o seu crescimento. Mais tarde, é a vez de o marido de Carla Sofia Estêvão abraçar um desafio promissor para a sua carreira levando-o a mudar-se para a Arábia Saudita. A escolha natural foi, sem dúvida, a família acompanhá-lo neste novo projeto. Durante os quase quatro anos que Carla viveu na Arábia Saudita dedicou-se à família, mas também abraçou novos projetos. Como nunca foi uma mulher de cruzar os braços aceitou o convite para dar aulas de matemática neste país. Durante este tempo sabia que as condições eram as mais favoráveis, no entanto, as questões culturais do país entraram em conflito com a forma como Carla queria que os filhos, sobretudo a sua filha, fossem criados e educados. Num país onde as mulheres sofrem várias limitações, chegara a altura de Carla Sofia Estêvão regressar novamente a Portugal com os seus filhos. “O choque cultural para nós mulheres na Arábia Saudita é muito grande”. Natural da Figueira da Foz e a residir na Marinha Grande, e após um período de transição e de adaptação para os seus filhos, Carla começa a debater-se com o seu

As pessoas que aqui trabalham são pessoas dedicadas e que trabalham muito bem. Tento retribuir a sua dedicação o máximo que posso

percurso profissional. Entre conversas com amigos que pertencem ao grupo Mosqueteiros (Intermarché, Bricomarché e Roady), e quase que de forma natural, surge a possibilidade de abrir a sua própria loja Bricomarché. Deixado o bichinho para esta possibilidade, Carla decide avançar. Segue-se um processo complexo e demorado até se tornar num membro do grupo Mosqueteiros. A abertura da loja acontece nos Carvalhos, Vila Nova de Gaia. Dá-se uma nova e abrupta mudança. “Sabia que indo para o grupo Mosqueteiros tinha de ter esta disponibilidade de área. Quando iniciamos este processo não sabemos para onde vamos, só o sabemos depois de uma fase de entrevistas e de seleção e após um ano e meio de estágio, de trabalho e de aprendizagem daquilo que é o grupo, o seu funcionamento, a sua posição no mercado e dinâmica comercial”, explica a nossa entrevistada.

“SÃO AS PESSOAS QUE FAZEM O NOSSO NEGÓCIO”

A 23 de março Carla Sofia Estêvão já comemora um ano da abertura da sua loja. Comemora um ano de desafios e de sucesso, mas sempre ciente de que existem aspetos para melhorar todos os dias. Comemora um ano de empreendedorismo e de um projeto de uma vida, mas comemora também um ano de

CARLA SOFIA ESTÊVÃO

luta diária para conciliar a sua vida profissional com a sua vida pessoal que está a quilómetros de distância do seu local de trabalho. “A minha equipa é a minha segunda família. Não tenho mais ninguém aqui, é com eles que passo os meus dias”, diz-nos. Sabe que agora o desafio que tem pela frente é o de fazer a loja crescer e conseguir dar um cunho à marca nesta zona do país, onde a concorrência é grande. Mas o desafio agora passa também por ter a capacidade de liderar e de gerir pessoas. “Ainda estou a aprender a liderar. Aprendo todos os dias com a minha equipa e sei que este é o fator mais importante, pois são as pessoas que fazem o nosso negócio, sem elas não conseguimos andar para a frente”,

afirma a nossa entrevistada. Carla Sofia Estêvão quer que as pessoas acreditem no projeto e que estejam ao seu lado. Mas sabe que cada pessoa é diferente e que cada equipa também é diferente, por isso mesmo o trabalho de liderança é constante e diário. “As pessoas que aqui trabalham são pessoas dedicadas e que trabalham muito bem. Tento retribuir a sua dedicação o máximo que posso”, adianta a nossa entrevistada para quem o facto de ser mulher e mãe, e talvez por estar ligada à enfermagem, lhe confere a sensibilidade para perceber as necessidades pessoais da sua equipa, quer das mulheres, quer dos homens, enquanto mães e pais que precisam de conciliar a vida familiar com a carreira profissional. ▪


Estudei para ajudar a criar oportunidades e, nos dias de hoje embora por outras linhas, tenho traçado um caminho nesse sentido: dar oportunidade a todas as pessoas com quem me cruzo e onde vejo que existe potencial para crescerem VĂ‚NIA DELGADO


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“ESTAVA GRÁVIDA DO SEGUNDO FILHO QUANDO FUI NOMEADA DIRETORA-GERAL E O MÉRITO É DE QUEM ACREDITOU EM MIM” Vânia Delgado é portuguesa e mudou-se para Angola em 2009 para trabalhar na Ucall, uma empresa líder em serviços de contact center angolana, e também com Operações em Portugal. Afirma-se apaixonada pelo que faz e rejeita qualquer tipo de feminismos. Diz nunca ter sentido reprovações pelo facto de ser mulher e, de Portugal, sente saudades das manhãs de inverno. Não é dada a saudosismos porque Angola já é sinónimo de casa, afinal, foi lá que cresceu profissionalmente e que quis constituir família.

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oje é diretora geral da Ucall. Entrou em 2009 e foi subindo de patamar até ao lugar que ocupa atualmente. Que história pode ser contada sobre o seu percurso? A história de um caminho que percorri com muito esforço e com as pessoas certas ao meu lado. Fui nomeada diretora-geral em 2018 e desde a minha entrada em 2009 que olho para a Ucall com respeito de quem me faz crescer e e aprender todos os dias. Cá em Angola chama-nos a empresa-escola, e eu também sou “aluna” desta escola. Ainda em Portugal comecei como tantas pessoas, como assistente de Call Center num part-time conciliável com a faculdade, e aí iniciei o meu percurso e evolução. Já na Ucall, comecei por gerir uma única conta de um cliente e por essa razão vim para Angola. Depois, fui crescendo de acordo com o trabalho que ia demonstrado. Cometi erros que me ajudaram a melhorar sempre. Há dez anos, altura da minha entrada, conheci colegas que estavam no atendimento telefónico e hoje partilham a direção da empresa comigo. Este é sem dúvida um dos meus maiores motivos de orgulho: ter percebido o potencial deles e ter o prazer de hoje estarem a meu lado na direção e de aprender com eles.

VÂNIA DELGADO

O que é para si gerir pessoas, liderá-las? Tenho uma equipa direta que ao todo lidera uma organização de 2000 mil pessoas. Gerir pessoas baseia-se, sobretudo, em estarmos movidos pela mesma emoção e paixão por aquilo que fazemos, e que nos entregamos nos projetos. Gosto de ter diversidade nas equipas de forma a evoluir, não quero ninguém formatado à minha imagem mas preciso de ter as pessoas envolvidas a 100%. Sentir o frio na barriga sempre que existe um desafio para superar… Liderar pessoas é gerir as competências mais fortes de cada um, torna-las cada vez mais relevantes, e tirar enquanto gestora o maior partido da diversidade de competências que tenho na Ucall, e que nos fazem entregar projetos com a qualidade que os nossos parceiros de negócio nos reconhecem. Que características devem ter as pessoas que fazem parte da sua equipa? Para 2019 nomeámos algumas características que são entendidas por nós enquanto motores de um melhor desempenho. São elas: o valor: valorizar aquilo que já construímos; a atitude;


energia positiva; a partilha, com quem trabalha connosco e mesmo com o contexto sociocultural; melhoria; praticar o feedback, dar e receber, amanhã tem de ser incansavelmente melhor que hoje; a ousadia: liderar pela inovação e não pela tradição e o sucesso: que não é medido apenas pelos resultados financeiros, mas também pelo impacto que conseguirmos ter nas nossas pessoas e nos projetos sociais em que nos envolvemos. Ao viver em Angola, do que mais sente falta de Portugal? Dia 27 de março faço dez anos de Angola e desde que cá cheguei que aconteceram muitas coisas, quer a nível profissional, quer a nível pessoal. Fui mãe duas vezes, alcancei muitas metas no trabalho… em Portugal, apesar de ter família e amigos, nunca senti que quando saí estava a deixá-los, eles sabem que esta é a vida que escolhi, e todos “vivemos bem esta experiencia”. Estamos unidos. Angola, sinto-a como a minha casa e isso é o mais importante. Gosto do frio de Portugal e sinto saudades das manhãs de inverno… quando estou em Portugal aproveito o tempo da melhor forma com aqueles que gosto. A Ucall tem também clientes e Operações em Portugal, e por isso consigo não perder a pegada… mas estar em Angola é estar em casa e penso que se estivesse constantemente com saudades de Portugal isso não me fazia feliz a mim, à minha família de cá, e à que tenho em Portugal.

21 MARÇO 2019

Alguma vez sentiu que o facto de ser mulher é um entrave no universo empresarial? Nunca senti que ser mulher Nunca senti fosse um entrave ou um tirar porque queque ser mulher benefício. Aquilo que conria construir algo fosse um entrave ou segui foi fruto da minha de melhor para atitude perante o trabatodos. Hoje, não um benefício. Aquilo que lho. Todos os dias acordo trabalho atraconsegui foi fruto da minha com a responsabilidade vés de polítiatitude perante o trabalho. de demonstrar mais e cas sociais mas Todos os dias acordo com melhor. Penso que tive tento fazer a a responsabilidade de sorte no meu percurso ao minha parte atracruzar-me com as pessoas vés do meu trademonstrar mais e certas e de elas terem acredibalho. Estudei para melhor tado em mim, e também penso ajudar a criar oportuque essa sorte me deu muito tranidades e, nos dias de balho. Quando engravidei do meu hoje embora por outras segundo filho fui nomeada diretora-geral linhas, tenho traçado um camida Ucall. Esta foi uma das coisas mais bonitas nho nesse sentido: dar oportunidade a todas as que me aconteceram e pela qual sou extremapessoas com quem me cruzo e onde vejo que mente grata… Acreditaram em mim e, por isso, existe potencial para crescerem. o mérito não é meu mas sim de quem apostou em mim. Dia 8 de março assinala-se o Dia Internacional da Mulher. Sobre as mulheres, o que é que Qual foi o momento mais difícil da sua carreia preocupa mais no mundo? ra e como é que lidou com ele? São muitas as coisas que me preocupam, Muitas vezes existem decisões difíceis de porém, existe algo que se destaca: a falta de tomar pelo impacto que elas possam ter na oportunidades para que as mulheres prospevida das pessoas. Sempre que tenho que tomar rem, não só a nível profissional mas também a decisões difíceis são os momentos mais duros. nível pessoal, em qualquer caminho que elas Mas é aí que a nossa liderança é testada e para tracem. A violência, os conflitos, descriminação isso é necessária uma grande dose de resistênpor género, questões políticas e sociais fazem cia. com que as mulheres, muitas vezes, sejam travadas e impossibilitadas de avançar. Licenciou-se em política social. Como é que Esta é uma das minhas missões pessoais, onde olha para o que é ser mulher nos dias de hoje reconheço que posso fazer ainda mais. Consiem sociedade? Na sua opinião, faltarão mais dero que se todos fizermos um pouco, dentro políticas sociais que melhor as mulheres? daquele que é o nosso contexto, esse pouco Política social foi o curso que sempre quis tornar-se-á muito e fará a diferença. ▪


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

SUSTENTABILIDADE, MOBILIDADE E SEGURANÇA: PESSOAS E ORGANIZAÇÕES Fátima Pereira da Silva traz do passado um percurso enriquecedor, projetos e causas. No presente é homenageada e premiada na categoria “Empreendedorismo” pela Associação da Mulheres Empreendedoras Europa & África. Para o futuro tem já em cima da mesa novos projetos e parcerias fulcrais no âmbito da sua causa: segurança na mobilidade.

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DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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no mês da mulher que lhe damos a conhecer uma história e um percurso de mulher assente na persistência e determinação. Queremos felicitar, neste mês, todas as mulheres com história e percursos de reconhecimento. Fátima Pereira da Silva é filha de Alcobaça e leva a sua terra de paixão, sempre consigo em cada evento, conferência e palestra ao nível internacional. Coimbra é a sua segunda cidade. Professora Adjunta Convidada na Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC). Dedica-se à atividade docente desde o ano de 2000 na ESEC. ISLA (Leiria) e IPL foram também percursos que regista como docente. Possui estudos avançados em Psicologia das Organizações do Trabalho e Recursos Humanos; é Mestre e Especialista por defesa de provas públicas no IPC; Especialista em Psicologia do Trabalho, Social e das Organizações pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP). Integra o grupo de trabalho da OPP que visa definir as competências e atribuições do Perfil do Psicólogo de Psicologia do Tráfego e foi Vogal/ Membro da Comissão Técnica Ad hoc para Adaptação da norma NP ISO 39001: 2017-“Gestão da segurança rodoviária nas organizações” Membro Diretivo de vários Comités e Associações Internacionais e Nacionais, foi recentemente eleita para a Direção do International Council on Alcohol, Drugs and Traffic Safety (ICADTS), sendo a única mulher europeia neste organismo mundial, com responsabilidades nos Comités de Marketing e Educação. Assume, ainda, funções diretivas no Consortium of Adolescent Road Safety, Inc (CADROSA- Austrália) como Public Relations Officer (EU), bem como no European Workplace Drugs Testing Society – EWDTS, onde integra, o comité de Networking desde 2015. Internacionalmente, assume ainda a coordenação das relações públicas no Traffic Psychology International, (TPI) e é membro da German Society for Traffic Psychology (DGVP- Deutsche Gesellschaft Fur Verkehrspsychologie, E. V) e ICTCT-International Co-operation on Theories and Concepts in Traffic Safety. “O Traffic Psychology International foi a alavanca

FÁTIMA PEREIRA DA SILVA, NO SOLAR DA CERCA DO MOSTEIRO

internacional. Mais de 20 países e uma relação de amizade e elevado profissionalismo com todos os colegas de trabalho do TPI. Já estiveram em Alcobaça, em Coimbra e em Lisboa e irão concerteza voltar. Será em Portugal que em 2020 concretizarei o maior desafio de todos: Portugal será o palco dos fatores humanos, segurança e mobilidade nas suas várias vertentes onde peritos internacionais e algumas das organizações internacionais a que pertenço estarão seguramente presentes”.

PRÉMIO DE MÉRITO

“Ter sido honrada com um Prémio de Mérito e galardoada com o Prémio de Empreendedorismo pela Associação das Mulheres Empreendedoras Europa & África foi a valorização de três décadas de percurso. É e será sempre um momento nobre ao estar ao lado de outras mulheres que igualmente se destacaram nos seus percursos de vida. O Galardão de Mérito na Categoria de Empreendedorismo traduz determinação, persistência, resiliência e sobretudo a crença que devemos aliar pessoas, organizações, equilíbrio e qualidade”.

Ao longo destes anos, investiu num percurso único como perita, consultora, docente e investigadora. Estreitar parcerias, partilhar conhecimento, aplicar novas metodologias, novas tecnologias, novas formas de intervenção nas organizações nacionais e internacionais no âmbito da sustentabilidade, qualidade e segurança das pessoas e organizações em contextos de mobilidade são a sua determinação de vida. “Olho para trás e tenho a clara consciência que só aqui cheguei porque fui persistente e lutadora e essa crença acompanha-me no dia a dia. Mas encontrei entraves e pessoas sem ética e formação. Esta é a face da “dor” do Empreendedor”.

PERCURSO CONSTRUÍDO E PROJETADO PARA O FUTURO

“Todos nós estamos conscientes de que muito há a fazer quando falamos de sinistralidade no cenário rodoviário. Os acidentes rodoviários são responsáveis pela morte de 1,35 milhões de pessoas, anualmente e são hoje a principal causa de morte de crianças e jovens entre os cinco e os 29


ring Cities (21 a 25 de Outubro em Singapura), bem como do 13th ITS European Congress of Brainport-Eindhoven (3-6 de junho de 2019). Daqui “bebo” a atualização permanente dos desafios e contextos mundiais, permitindo partilhar com as organizações em Portugal, o saber e implementação de novos modelos numa lógica de sustentabilidade no presente e no futuro. A consultoria nestas áreas é um desafio atual projetado para o futuro, onde se ligam indiscutivelmente lógicas de cooperação entre o turismo, a mobilidade, a economia circular, entre outros desafios. Nas organizações e nas políticas públicas, temos a obrigação de fazer de Portugal um lugar de excelência em todos os contextos de mobilidade onde, os peões, devem também ter a primazia da nossa atenção”. “Campanhas de sensibilização sobre os perigos no consumo de álcool, drogas e condução, para crianças, jovens e adultos, fazem parte, também da minha atividade profissional, atuando numa lógica inovadora e introduzindo modelos formativos criativos, práticos e motivantes São disso exemplo, a utilização de materiais de simulação de álcool e drogas, bem como a utilização das mais recentes tecnologias de despiste de álcool no local de trabalho. Estar na direção do ICADTS e EWDTS é fundamental para partilhar em Portugal o que de melhor se faz no mundo. Assumir as funções de Public Relations Officer no Consortium Mundial com sede na Austrália (Cadrosa) e focar a intervenção nos comportamentos dos jovens condutores e perigos a eles associados é um desafio permanente. Novas ações estão já definidas com vários parceiros e clientes. Por último: mulheres de referência

que formam outras mulheres, que ajudam a definir percursos, entre tantas outras competências, são igualmente outros projetos que surgirão num futuro muito próximo. “Formação e Consultoria de Excelência com parceiros de referência são o suporte da minha atividade. O apoio incondicional do Crédito Agrícola sempre foi uma das referências e incentivo. Também a parceria com o Solar da Cerca do Mosteiro (Alcobaça) assume-se como um desafio de futuro. O Solar da Cerca do Mosteiro é uma referência local, nacional e internacional no âmbito do turismo. Com uma vista privilegiada para o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça (património da UNESCO desde 1989), inspira naturalmente qualquer processo formativo. Chairperson no 11th EWDTS Symposium de expressão mundial (em Londres- Maio de 2019) e a coordenação do painel “Towards best practices for drug, alcohol, mobility and work”´será mais um dos desafios emergentes.

EQUILÍBRIO

O seu percurso baseia-se em modelos estruturantes nos quais cresceu e que a incentivam todos os dias. Uma família que sempre a apoiou: um pai modelo como profissional, como homem e como pai. “No universo, acompanha-me todos os dias”. Uma mãe que esteve e está sempre a seu lado, como mãe e como avó. Os seus filhos que são e serão sempre o seu incentivo permanente e que lhe dão a força para

continuar. Um irmão que traçou há muitos anos um percurso internacional onde tem feito um caminho brilhante, de excelência e internacionalmente reconhecido. “O meu percurso acontece com base nestes pilares estruturais e no equilíbrio entre a vida familiar, profissional e social. Este equilíbrio torna-se o nosso motor energético. Somos o que construímos ao longo de uma vida e o brilho nos olhos conquista-se todos os dias. Ser profissional é permanentemente a aprender com os melhores e para os melhores”. ▪

Fátima Pereira da Silva, vestida por Noivas Belina

23 MARÇO 2019

anos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) Organizei conferências internacionais em Portugal, sensibilizei até ao momento mais de 4 000 jovens relativamente aos perigos de condução sob o efeito de álcool e drogas. Foram mais de 10 000 avaliações psicológicas de condutores, múltiplas intervenções como consultora nas organizações, ligando o fator humano, a gestão de pessoas, a liderança, a qualidade, entre outras áreas de consultoria… mas não chega”. Tem que haver apoio, incentivo, um discurso alinhado para a cooperação entre entidade públicas e privadas. Tem que haver controlo do que se faz e como se faz. Temos tantos países na Europa a fazer bem. Trabalho com esses colegas, conheço a forma como se faz e muitas vezes pergunto: Porque em Portugal as organizações trabalham de forma isolada? Em 2018 e exatamente com esse objetivo, frequentei o Curso Superior em Estudos Superiores para a Implementação de Políticas Públicas em Segurança na Universidade Rey Juan Carlos/ Pons Seguridad Vial. Como colega e formador estava o atual Diretor Geral da DGT e outros colegas de renome Internacional com os quais frequentemente partilho informação. Como consultora e perita esta é e será uma área que, cada vez mais, importa atuar numa lógica de parceria/cooperação internacional e benchmarking. Desenvolvi a minha tese de Mestrado, já em 2004, sobre “Mental workload, aprendizagem, condução e Intelligent Transport System (ITS)”. Com orgulho, sou hoje uma das revisoras internacionais nos dois maiores congressos que irão decorrer em 2019: 26th ITS World Congress -Smart Mobility, Empowe-

FÁTIMA PEREIRA DA SILVA https://www.linkedin.com/ in/f%C3%A1tima-pereira-da-silva71b01014/


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

26 PERSONALIDADES DISTINGUIDAS NA III GALA DE MÉRITO DAS MULHERES EMPREENDEDORAS EUROPA & ÁFRICA A Associação das Mulheres Empreendedoras Europa e África (MEEA) promoveu a III Gala de Mérito das Mulheres Empreendedoras Europa & África. O mais emblemático evento anual do Grupo “MEEA” realizou-se no passado dia 22 de fevereiro no Hotel Palácio Estoril, Lisboa, para galardoar mulheres empreendedoras.

D FÁTIMA PEREIRA DA SILVA

urante o jantar de Gala assistimos à entrega de Prémios de Mérito (Óscar) das Mulheres Empreendedoras Europa & África em diferentes categorias. Da saúde, às artes, passando pelo empreendedorismo, a política, o desporto ou a literatura, foram várias as mulheres que viram o reconhecimento do seu trabalho e do seu contributo para a sociedade com a atribuição do Prémio Mérito na III Gala de Mérito das Mulheres Empreendedoras Europa & África. O evento contou com momentos musicais das artistas Sofia Hoffmann, Monáxi e Salomé Pais Matos, com um desfile da nova coleção da estilista Zaineb El Kadiri e com a peça “Como salvar um casamento”, uma comédia encenada por Lídia Franco, com texto original de Bruno Motta. “Porque o amor é um assunto que nunca se esgota, esta comédia é uma aula séria sobre relações amorosas”. Lídia Franco foi uma das mulheres distinguida com o prémio Mérito na categoria “Representação”.

ISABEL DE NASCIMENTO

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III GALA DE MÉRITO DAS MULHERES EMPREENDEDORAS EUROPA & ÁFRICA

A bailarina Carolina Costa, de apenas 12 anos, venceu o Prémio Mérito na categoria “Arte”, tornando-se na mais jovem mulher de sempre a ser galardoada com este prémio. Na categoria “Empreendedorismo” foi a vez de Fátima Pereira da Silva, Helena Centeio e Patrícia Vasconcelos de verem o seu trabalho reconhecido. “A Associação Mulheres Empreendedoras Europa & África saiu mais encorajada para continuar a valorizar o papel da mulher nas mais distintas áreas profissionais pelo conjunto do seu trabalho”. A MEEA é um grupo de mulheres independentes, que ajudam criar sinergias entre mulheres de várias áreas sociais. O prémio é uma iniciativa da Presidente e Fundadora da Associação Mulheres Empreendedoras Europa & África, Isabel de Nascimento, empresária e ativista social e cultural na Bélgica e Portugal. ▪



PONTOS DE VISTA NO FEMININO

Sandra Menezes é a criadora da marca HOMELAB, uma marca direccionada para o sector de Têxteis lar, com foco principal em Hotelaria. Apesar de ser uma marca recente é já um sucesso no meio, um negócio até aqui liderado maioritariamente por homens. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, a nossa interlocutora falou um pouco mais deste projeto e do seu percurso profissional.

C

omo justifica este sucesso e o relaciona com o facto de ser mulher? Nos dias de hoje ser mulher é sinónimo de determinação, isto aliado à sensibilidade natural das mulheres traz resultados muito positivos para as empresas. O sucesso das empresas são as pessoas, deve haver um equilíbrio, um ambiente misto e não um mundo só de mulheres nem só de homens porque é inegável que se complementam.

Como mulher encontrou muitas barreiras pelo caminho? Admito que para chegar ao mesmo patamar que os homens é mais difícil, encontrei mais obstáculos mas, com dinamismo e perseverança chegamos lá e depois encontramos igualdade nos pares. Só precisamos das mesmas oportunidades!

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Porque a sua empresa é considerada especial? É difícil vender algo em que não se acredita ou não se gosta, acredito muito no nosso produto, o tratamento com o cliente é bastante diferenciador, não somos meros fornecedores, somos parceiros, conselheiros, consultores. Os nossos clientes aumentam as críticas positivas dos clientes deles porque adaptamos o artigo às necessidades do cliente, tendo em conta ambiente inserido, características da unidade e dos próprios consumidores. Temos uma excelente relação qualidade preço, é muito importante sermos competitivos. O meu objectivo principal é trazer mais cuidado, qualidade e luxo à hotelaria na área dos têxteis que, muitas vezes são esquecidos e deviam ser considerados como dos mais importantes porque a roupa de cama e banho são considerados os verdadeiros cartões-de-visita de um hotel, pois o seu uso reflecte-se directamente no conforto e satisfação do hóspede. Como lidera a sua equipa? O desafio é incluir toda a equipa e, fazer acreditar que quando a empresa cresce crescemos todos, e funcionários felizes e motivados são mais produtivos. É licenciada em psicologia, isso ajuda na sua posição enquanto líder? Penso que sim, deu-me algumas ferramentas para poder pôr em prática enquanto líder. A liderança ainda é associada à capacidade de ser assertivo, dominante e ter autoridade mas, quando associamos isso a mulheres, pensamos na liderança de forma diferente. A liderança feminina é inclusiva, encoraja a participação, partilha o poder e informação com todos por isso tende a criar grupos mais fortes. O estilo da mulher é inovador, assenta na qualidade, flexibilidade, comunicação e persuasão, assim como conseguem gerar altos níveis de empatia.

Que mensagem deixaria a outras mulheres? Convidava todas as mulheres a acreditarem no seu potencial, a serem independentes e determinadas. Mesmo com os desafios da vida moderna, que fazem com que as mulheres estejam verdadeiramente assoberbadas, não vamos desistir agora e perder o estatuto que tão difícil foi conseguir! ▪

SANDRA MENEZES


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“LIDERO PELO EXEMPLO” “Posiciono-me enquanto parte integrante da equipa, lidero pelo exemplo, faço parte da solução e vejo os problemas como oportunidades”. Quem o afirma é Paula Ferreira de Almeida, Diretora Comercial da FactorChave, uma Mulher Líder que deu a conhecer à Revista Pontos de Vista um pouco mais do seu percurso profissional e da realidade geral da posição das Mulheres no universo dos negócios.

P

Num mercado de trabalho onde as questões ligadas à liderança e à gestão de talentos são cada vez mais fulcrais, que características indicaria como sendo fundamentais para um líder e gestor de pessoas? Um líder tem de estar disponível para a equipa, as empresas são as pessoas que lá trabalham. Se tivermos uma equipa comprometida e alinhada teremos melhores resultados. Trabalhamos de porta aberta, somos interventivos e participativos. Lideramos pelo exemplo. Ouvimos as pessoas, acatamos as suas sugestões e implementamos muitas das mudanças que sugerem. Somos adeptos de quanto maior a liberdade, maior a responsabilidade. No final do dia, somos generosos, reconhecemos e recompensamos, fazemos distribuição de lucros quando os objetivos são superados. Quem é Paula Ferreira de Almeida como Líder de pessoas? Posiciono-me enquanto parte integrante da

As oportunidades estão lá! Dá muito trabalho gerir tudo, é necessário um planeamento elevado, uma estrutura de apoio pessoal e familiar para hoje em dia ser profissional, mulher e mãe. Tenho por lema que o único local onde o Sucesso vem antes do Trabalho é no dicionário. É mais cómodo e mais fácil muitas vezes ficar na argumentação de género, do não posso e do não consigo do que ir à conquista dos sonhos e dos objetivos. Falta às mulheres sentirem e acreditarem que são capazes! Acreditar em si mesmo, no ‘eu vou conseguir’, no milagre do ‘eu posso’ e ‘eu quero’. A maior parte dos obstáculos existem apenas dentro da nossa cabeça. Liderança Feminina ou Liderança Masculina? Existe alguma diferença entre ambas ou a questão da liderança nada está relacionada com a vertente do género? Liderança pelo talento. As capacidades de liderança não dependem do género.

PAULA FERREIRA DE ALMEIDA

equipa, lidero pelo exemplo, faço parte da solução e vejo os problemas como oportunidades. Adoro a partilha e o saborear das vitórias, motivo a aprendizagem com os erros diários. Defendo sempre que só não comete erros quem nada faz. Tenho muito orgulho quando a equipa diz que somos inspiracionais. A desigualdade do género assume-se como um obstáculo à evolução. Durante a sua carreira, alguma vez sentiu ou enfrentou obstáculos pelo simples facto de ser mulher? Quem nunca sentiu? A experiencia baseia-se exclusivamente na passagem pelas multinacionais onde apesar de todas as politicas de igualdade de género, senti sempre que pela mesma tarefa ainda que com maior competência, formação e resultados a remuneração era sempre inferior. Nunca senti quaisquer obstáculos à evolução pelo facto de ser mulher e mãe. O que falta, na sua opinião, para que a igualdade de oportunidades seja cada vez mais uma realidade?

No seio da FactorChave, que análise perpetua das oportunidades dadas ao sexo feminino? É uma instituição que promove essa igualdade? Somos uma equipa maioritariamente jovem e feminina. Sempre que estamos a contratar, as pessoas mais criativas, com as características que queremos na equipa tem sido mulheres. Que mensagem gostaria de deixar a todas as Mulheres que irão ler a sua entrevista? Para acreditarem que são seres fantásticos e que conseguem tudo o que quiserem alcançar! Tudo começa com um sonho, deste para o planeamento e para a concretização depende do nosso trabalho, perseverança, resiliência e espirito positivo, o sucesso está no final. Numa dinâmica mais empresarial, o que podemos esperar de si e da FactorChave de futuro? A FactorChave quer ser reconhecida enquanto o parceiro preferencial para a concretização e superação dos objetivos dos nossos clientes quer estejam a organizar o lançamento de um produto novo ou de um congresso. Da Paula e do Vasco, continuarem a inspirar a equipa a superar objetivos. ▪

27 MARÇO 2019

aula Ferreira de Almeida é Diretora Comercial da FactorChave, sendo uma função que exige um elevado nível de profissionalismo e competência. Desta forma, dê-nos a conhecer um pouco mais do trajeto profissional e como chegou até ao cargo que ocupa atualmente? A FactorChave é uma agência de Marketing integrado com 19 anos de experiência, especializada na área da saúde. Paula Ferreira de Almeida é gestora com mais de 30 anos de industria farmacêutica. Iniciei a carreira como delegada de informação médica num laboratório nacional, evoluí para as multinacionais, para a carreira de marketing, tendo ocupado todos os cargos até à liderança de unidades de negócio onde permaneci cerca de oito anos. A passagem para a agência era desde há muito tempo ambicionada e aconteceu em 2011, alicerçada pelo conhecimento do mercado e das necessidades da Industria Farmacêutica, coincidindo com o crescimento da FactorChave até então liderada em exclusividade pelo Vasco Noronha. Orgulhamo-nos de estar a construir uma PME líder, com uma estrutura de 12 pessoas, de possuirmos para além da certificação ISO9001, o certificado n1 de qualidade em Congressos em Portugal.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“SER MULHER AJUDOU-ME IMENSO NUM MUNDO MAIORITARIAMENTE MASCULINO” A Revista Pontos de Vista conversou com Cristina Sousa Conduto, Administradora da Lock Corporate Spaces, uma marca especialista em Design e Construção de espaços interiores, onde ficamos a conhecer um pouco mais do percurso da nossa entrevistada e da sua paixão pela arquitetura.

É

administradora da Lock Corporate Spaces, uma empresa especialista em Design e Construção de espaços interiores. Como surgiu este projeto na sua vida? Comecei desde muito cedo a trabalhar, fiz inicialmente projeto, mas cedo descobri que o que gostava mesmo era da obra, de ver acontecer. Fui aprendendo, e tive a imensa sorte de trabalhar em empresas que me permitiram crescer profissionalmente, mas, trabalhando por conta de outrem, os procedimentos e as formas de trabalhar, por muito que aportemos o nosso estar e conhecimento, são sempre formas impostas que, quer concordemos ou não, temos que cumprir. O projeto LOCK permitiu-me liberdade de atuação, sair da rotina e conseguir trabalhar em algo que gostava. Procurei um novo projeto que me desse liberdade na definição de objetivos, na decisão de quando e como trabalhar, na definição de estratégias e na escolha de equipas. Procurei fazer aquilo que sempre gostei de fazer, sem monotonia. Fazer o que me dá prazer. É desafiante e exigente, mas o esforço é claramente recompensado. Mas como é impossível criar um negócio e ter sucesso sozinho, foi extremamente importante criar uma equipa com pessoas talentosas, com competências que eu não possuía. O projeto Lock surgiu naturalmente, somos três sócios que já trabalhávamos juntos numa empresa com o mesmo core business, mas com a qual não partilhávamos exatamente os mesmos valores.

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Que motivos a levaram a escolher arquitetura? Acho que já era arquiteta antes de saber... de miúda adorava construir cidades e casas em Lego. Acho que era a única altura em que gostava de brincar com bonecas! Não tinha especialmente muito jeito para o desenho, mas adorava imaginar espaços e analisar a forma como se interligavam e funcionavam. Na arquitetura, adoro o mundo multidisciplinar que tem de se gerir. É como um puzzle que tem de se montar, não descurando nenhuma das suas peças. O exercício de Arquitetura é difícil, mas também bastante divertido e empolgante por causa do dinamismo da sua experiência. Como todas as profissões, a arquitetura é uma forma de saber. Ser arquiteto é partilhar uma certa forma de ver o mundo, capaz de tirar partido do espaço, das tecnologias construtivas, dos instrumentos de representação e de outros aspetos do

origem na pessoa que os vive, sendo os indivíduos todos diferentes será natural que as respetivas arquiteturas tenham determinadas identidades e caraterísticas, independentemente do género. Comecei a trabalhar no segundo ano de arquitetura na FAUTL. Trabalhava no gabinete de projeto de um professor da faculdade que era maníaco com o rigor da representação do espaço e na organização do mesmo. Aprendi imenso. Nunca senti, neste período qualquer tipo de segregação de género... ganhava o mesmo que os meus colegas e tinha as mesmas obrigações que eles! Depois de acabar a faculdade, comecei a trabalhar num gabinete de projeto de uma multinacional que fazia essencialmente Shopping Centers! E aí, entrei diretamente para o mundo Não considero da obra. Não tive tempo de teorizar CRISTINA SOUSA CONDUTO existir uma arquitetura muito o conceito masculina e/ou uma de arquitetura, conhecimento disciplinar, arquitetura feminina, era tudo muito contribuindo para uma ou sequer que existam racional e rápisociedade mais culta e especificidades em arquiteturas qualificada. do, deparei-me com tudo aquifeitas por mulheres e em O que mais a apaixona no lo que não nos arquiteturas feitas por seu trabalho? tinham ensinado homens O que mais me apaixona é na faculdade. Histoa contínua aprendizagem, o ricamente, o mundo conhecimento do mundo que nos da obra foi aprendido rodeia, a transformação do impossível. como sendo duro e fisicaO desconforto da saída da nossa zona de mente exigente, dando origem a conforto, que nos faz aplicar teorias e conhecitodo um imaginário sobre os papéis adequados à profissão, papéis esses associados ao género mentos de outras áreas. Considero que todos masculino. Contudo, considero que tive muita esses conhecimentos são muito bem-vindos sorte, nunca senti qualquer tipo de discriminadentro da arquitetura, e essas outras fontes de conhecimento podem ser tão variadas como ção e sempre tive o respeito de todos com quem relações sociais, geografia, filosofia e economia. trabalhava! Acho mesmo que ser mulher ajuAdoro a relação entre o espaço, a gestão das dou-me imenso num mundo maioritariamente expectativas do cliente, os condicionamentos masculino, conseguia melhores resultados que espaciais e técnicos. A análise das partes para os meus colegas homens. construir um todo! Um conselho a quem gostaria de construir Onde encontra inspiração para realizar os carreira em arquitetura. seus trabalhos? Que o façam com paixão, que sejam (muito) No mundo que me rodeia... nos detalhes, na persistentes e que acreditem que como arquitecnologia, nos novos materiais, na racionalizatetos temos uma grande arma, apercebemo-nos do todo. ção do estar, na procura do sentido estético do Que como arquitetos empreendedores prenecessário. cisamos de tomar a dianteira, propor projetos, explicar porque é que eles fazem sentido e ir em Na sua opinião, as arquitetas têm uma visão busca das soluções necessárias e das compemuito diferenciada dos arquitetos? Não considero existir uma arquitetura mascutências para os realizar. Que precisamos muitas vezes de descer um pouco à terra, deixar a bolha, lina e/ou uma arquitetura feminina, ou sequer observar, falar e, sobretudo, ouvir. Só assim conque existam especificidades em arquiteturas feitas por mulheres e em arquiteturas feitas por seguimos juntar uma série de ferramentas, uma homens. O exercício da arquitetura resulta num série de competências que podemos usar e conjunto de vivências e experiências, que têm interligar para agir. ▪


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

OPINIÃO DE ISABEL HENRIQUES, FUNDADORA DA MENTAL HEALTH CLINIC ISABEL HENRIQUES

A QUESTÃO DA PSICOLOGIA E A DOENÇA MENTAL NAS MULHERES A figura da mulher, outrora um elemento secundário, passou a ser extremamente importante na sociedade atual, onde ela exerce cada vez mais um papel de protagonista, embora ainda sofra com as heranças históricas do sistema social no seu dia a dia.

canismos de defesa ficam ativados. (Freud) A ansiedade é um dos transtornos mentais mais comuns, principalmente em mulheres. Pode ser um desdobramento da depressão, mas também aparece muitas vezes sozinha e pode causar complicações na vida de quem desenvolve esse tipo de transtorno. Os transtornos mais comuns nas mulheres são a depressão, transtorno de ansiedade, transtorno disfórico pré-menstrual (SPM), distúrbios alimentares e o transtorno de stress pós-traumático. Segundo a OMS em Portugal, a prevalência de sintomas de depressão (ligeira e grave) nas mulheres é de (13,59%). Várias pesquisas mostram uma maior vulnerabilidade feminina aos transtornos mentais, isto pode ser devido às alterações no sistema endócrino que ocorrem no período pré-menstrual, pós-parto e menopausa. Pode até parecer que estamos a falar da tensão pré-menstrual, a famosa TPM, mas o Transtorno

Disfórico Pré-Menstrual é algo mais forte e mais sério. Este pode atingir até 10% das mulheres e apresenta sintomas muito parecidos com os de uma Transtorno Pré-Menstrual convencional, porém, muito mais fortes. Alguns deles são, ansiedade, dores intensas nos seios, retenção de líquidos, irritabilidade e distúrbios de apetite e do sono. A principal causa do transtorno disfórico pré-menstrual é a alteração de transmissão de neurotransmissores, os responsáveis por fazer a comunicação entre os diversos setores do sistema nervoso. Entre os neurotransmissores, o mais afetado é a serotonina, que, quando alterada, deixa de inibir os sintomas que causam o transtorno. O Transtorno de stress pós-traumático é, também, um tipo de transtorno que atinge diversas mulheres por diferentes motivos, violência doméstica, abuso, etc, neste tipo de transtorno especificamente, além do fator hormonal, também existe o fator social. Os principais sintomas do transtorno e stress pós-traumático são, agitação e agressão, ataques de pânico, stress agudo, pensamentos suicidas e tensão extrema. Apesar do fator social ser de extrema relevância para o número de mulheres que desenvolvem este transtorno, muitas mulheres também desenvolvem o transtorno de stress pós-traumático após um parto difícil/traumático, que pode afetar até mesmo uma próxima gravidez. Felizmente, quase todos os transtornos têm um tratamento tranquilo, que apesar de envolver acompanhamento psicológico e medicamentos, mostram resultados e proporcionam melhoras significativas na vida de quem os faz. A melhor forma de prevenir a depressão é cuidando da mente e do corpo, com alimentação saudável e prática de atividades físicas regulares. Saber lidar com o stress e compartilhar os problemas com amigos ou familiares é outra alternativa, que pode ser aliada à prática de alguma atividade integrativa e complementar, como yoga, por exemplo. Ajudam a prevenir a depressão leitura, aprender coisas novas, ter hobbies, viajar e se divertir. Essas práticas mantém a cabeça ativa e a ocupam com pensamentos positivos. ▪

29 MARÇO 2019

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om o tempo, foi abandonando a figura de mera dona de casa e assumindo postos de trabalho, cargos importantes de variadíssima ordem, os quais lhe foram dando um papel menos submisso. Atualmente, apesar das desigualdades entre géneros serem menores, esta continua a carregar, ainda, todo o tipo de obrigações inerentes ao seu papel de mulher, ser esposa, mãe e dona de casa, o desgaste e a fadiga vão-se acumulando, ficando assim mais vulneráveis a doenças mentais, tais como ansiedade, depressão, fobias, pânico, insónias e diminuição do desejo sexual. Entre os transtornos mentais os mais comuns nas minhas pacientes são a depressão, a bipolaridade, Estado-Limite da personalidade e problemas relacionados com ansiedade. As causas de cada um dos distúrbios variam de mulher para mulher e cada caso é avaliado individualmente. Os transtornos mentais são disfunções no funcionamento da mente, que podem afetar qualquer pessoa e em qualquer idade e, geralmente, são provocados por complexas alterações do sistema nervoso central. Charles Darwin, o brilhante naturalista britânico, famoso por ser o pai da teoria da seleção natural e da evolução, percebeu a importância de compreender a forma como nos emocionamos. Do ponto de vista evolutivo, o estudo das expressões de Darwin sugere que todos os organismos dispõem de mecanismos emocionais primordiais, inatos e conservados, que nos ajudam a sobreviver. Esta “sobrevivência” a que este se refere retrata, no entanto, ações psicológicas (mecanismos de defesa) têm por finalidade reduzir qualquer manifestação que pode colocar em perigo a integridade do ego, onde o indivíduo não consiga lidar com situações que por algum motivo considere ameaçadoras. São processos subconscientes ou mesmo inconscientes que permitem à mente encontrar uma solução para conflitos não resolvidos no nível da consciência. As bases dos mecanismos de defesa são as angústias. Quanto mais angustiados estivermos, mais fortes os me-


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

A PRESENÇA FEMININA NO UNIVERSO DA ALD AUTOMOTIVE Devido às capacidades de facilitação, dinamização e monitorização dos projetos, temos vindo a assistir à transferência para um conjunto de mulheres da gestão estratégica das empresas. A presença de um conjunto de mulheres na gestão de topo das empresas espelha a ALD Automotive, empresa líder europeia de gestão de frotas que tem vindo a apostar num crescimento de cargos femininos na direção da empresa em Portugal. A Revista Pontos de Vista foi conhecer as Mulheres Líderes da ALD Automotive. Saiba quem são e qual a sua importância na organização. SUSANA JACINTO, CARLA CARVALHO, MARTA LOPES DE ARMADA E PATRÍCIA SANCHES

DIREÇÃO DE RECURSOS HUMANOS CARLA CARVALHO

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omo chegou até à ALD Automotive e quais diria que são as suas motivações de futuro? A minha presença dentro do Grupo Société Generale é vasta e a minha passagem para a gestora de frotas do Grupo acabou por ser natural. Sendo o nosso core business a gestão de frotas, trabalhar sobre a mobilidade dos nossos Clientes e dos nossos colaboradores em particular, de uma forma corporativa, coerente e justa, é talvez o meu maior desafio futuro. Outra missão importante e pertencendo o Renting a um setor fortemente competitivo, passa por integrar os nossos colaboradores numa transição energética responsável, promovendo a experiência e formação para o conhecimento destas novas tecnologias. É importantíssimo desenvolver internamente as competências de futuro, só assim conseguiremos acompanhar as novas formas de mobilidade e de inovação existentes a grande velocidade no nosso setor. Um exemplo recente foi a disponibilização aos nossos colaboradores da Electric Mobility station, que lhes permite conhecer uma forma de mobilidade interna, elétrica, atual e disruptiva. Sendo a Diretora de Recursos Humanos da marca, a sua função assenta na relação com as pessoas. O que é para si mais difícil neste exercício de gerir pessoas? Vivemos numa época de rápido avanço tecnológico nas organizações e gerir relações humanas nestas alturas é realmente desafiante. Neste contexto dar a devida valorização aos nossos colaboradores que são a alavanca principal do crescimento do nosso negócio é essencial. Pessoas que têm a capacidade de inovar e de pensar “fora da caixa” e que são capazes não só de desempenhar a sua função, mas de criar, surpreender e fazer a diferença. Por essa razão, criámos o ano passado um grupo de inovação, composto por colaboradores que trabalham em conjunto para trazer projetos diferentes e inovadores para a empresa. Sente que ainda existe preconceito relativamente a Mulheres Líderes no universo dos negócios? As mudanças implementadas em conjunto com

as políticas de recursos humanos funcionam como agentes de mudança da cultura da empresa. A ALD Automotive aposta numa forte cultura de igualdade e inovação, onde as pessoas têm a capacidade de se adaptar rapidamente e agarrar o sentido de oportunidade, assumindo assim um papel vital e crucial no crescimento da empresa, seja Homem ou Mulher. Como exemplo, a empresa tem mais de 100 colaboradores com um grande equilíbrio, de 46% sexo masculino e 54% do sexo feminino. Acreditamos que valores humanistas como a liberdade de trabalho, a igualdade de género e de direitos, a autonomia e responsabilidade têm um peso essencial nas organizações. Que mensagem gostaria de deixar a todas as Mulheres que irão ler a sua entrevista? As lutas e conquistas dos direitos de género são notórias para toda a humanidade, mais liberdade e mais igualdade. Hoje em dia o perfil das Mulheres é muito diferente daquele do começo do século, e felizmente existe um maior equilíbrio em termos de género, quer no âmbito familiar, quer no mundo do trabalho. Atualmente, as mulheres têm maior destaque no mundo dos negócios, por exemplo, os Membros da Direção da ALD Automotive Portugal são compostos por 50% de mulheres, e existem políticas nacionais e internacionais que incentivam a diversidade e a igualdade de géneros nas equipas. Já está mais do que provado que as mulheres são profissionais e perfeitamente capazes de conquistar aquilo que ambicionam e de efetuar transformações profundas no curso da história. Bem sei que ainda existem realidades muito diferentes da nossa, onde as lutas em busca da salvaguarda de direitos das mulheres é crucial. É preciso acreditar na mudança e continuar a lutar por uma vida condigna para todos.

DIREÇÃO DE PARCERIAS PATRÍCIA SANCHES

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atrícia Sanches é, atualmente, Diretora de Parcerias da ALD Automotive, sendo um cargo de enorme responsabilidade. Como analisa o seu trajeto até aos dias de hoje? O meu trajeto foi sempre muito ligado à área

comercial, num percurso enriquecedor nesta área tanto em Portugal como a nível internacional, que me permitiu assumir este recente desafio e contribuir de forma positiva, assim o espero, para o desenvolvimento e crescimento da área de parcerias e do produto de Renting em Portugal. Há um enorme potencial de clientes que pretendem um Renting e que não o procuram necessariamente junto de uma gestora de frotas. Aqui o nosso papel é fundamental para selecionar e dotar os nossos parceiros de ferramentas para converterem essas oportunidades eficazmente. O meu objetivo passa por dar continuidade à imagem de liderança e notoriedade da marca ALD Automotive na distribuição indireta, fortalecendo a relação junto dos atuais parceiros, bem como abordar novas soluções de parcerias. As mulheres empreendedoras têm vindo crescer e a conquistar o seu espaço. Mas é suficiente? Existem as mesmas oportunidades para mulheres e homens? Sim, sem dúvida. Sou talvez a mais recentemente nomeada para um cargo de direção na ALD Automotive Portugal. Cresci no Grupo ALD Automotive e sempre senti a igualdade entre homens e mulheres como ponto estratégico de atuação da empresa. Se assim não fosse, o convite para desempenhar funções e adquirir experiência internacional na sede da empresa em Paris, e agora como parte da direção em Portugal, não teria sido possível. De igual forma, a presença feminina é cada vez maior no mundo dos negócios. É fácil ser-se mulher no mundo dos negócios? Alguma vez sentiu dificuldades ou enfrentou obstáculos pelo facto de ser mulher? Falamos muitas vezes entre nós, sobre a igualdade e a presença das mulheres no mercado automóvel, num mundo que era até há uns anos quase que exclusivo do perfil masculino. A verdade é que nunca senti dificuldades/condescendência pelo facto de ser mulher, talvez por pertencer a uma empresa onde claramente essas diferenças não existem. No entanto, é nitidamente um setor de negócio dominado por homens.


Se pudesse mudar algo imediatamente de forma a tornar um mundo melhor para o universo feminino o que seria? O equilíbrio entre a família e o trabalho é fundamental para que o percurso nas duas áreas seja bem-sucedido e complemente a mulher enquanto ser individual/ mãe/ profissional. Numa perspetiva mais abrangente, em termos universais, o acesso à educação, liberdade de expressão e de escolhas mais do que essencial, é uma questão de justiça. É desolador que nalguns países ainda seja um direito a alcançar, parece uma realidade tão distante da nossa, só temos de estar gratas às feministas que conquistaram a igualdade. É um longo caminho a trilhar e começámos com alguns séculos de atraso. Que mensagem gostaria de deixar a todas as Mulheres que irão ler a sua entrevista? Serem otimistas à partida, e acreditarem que pelo facto de sermos mulheres já estamos dotadas de capacidades que nos permitem estar em clara vantagem!

DIREÇÃO FINANCEIRA MARTA LOPES DE ARMADA

O

que considera que no seu trabalho é mais desafiante? Assumindo uma função de responsabilidade numa multinacional de relevância como é a ALD Automotive e sendo a marca e o Grupo em que se insere cotados em bolsa, surgem naturalmente desafios diários para garantir o controlo da atividade, minimizando todos os riscos inerentes ao negócio. A minha posição exige uma aprendizagem constante e uma visão muito atenta e abrangente face à complexidade da dinâmica do negócio, numa empresa onde a inovação é uma prioridade. Como caracteriza o seu percurso até ao momento na empresa? O meu percurso na ALD Automotive foi sempre marcado por desafios dentro da área financeira, criando processos e estruturando funções e equipas ao longo do tempo. Ter tido a oportunidade

de criar as fundações do Reporting, Controlo de Gestão e Análise de Risco, assumindo também a responsabilidade pela Contabilidade, permitiu-me ter as bases essenciais para manter o equilíbrio entre os pontos críticos do departamento financeiro e do negócio. O que é mais difícil quando se é mulher e se constrói, também, uma carreira? Assumindo uma função de Direção e tendo um foco absoluto no rigor da informação e no cumprimento de prazos e de reporte ao acionista, a gestão familiar é sem dúvida um desafio. A chave passa por manter o equilíbrio entre os objetivos da esfera pessoal e profissional, formando e atribuindo autonomia e sobretudo, confiando nas equipas que me acompanham. Se pudesse mudar algo imediatamente de forma a tornar um mundo melhor para o universo feminino o que seria? Na verdade, sinto-me privilegiada por pertencer a uma empresa onde existe igualdade de oportunidade entre géneros. Penso que a criação de uma plataforma de partilha de realidades como a ALD Automotive, poderá estruturar as bases para as empresas seguirem os casos de sucesso e implementarem medidas de oportunidade para a valorização pelo mérito, independentemente do género. Que mensagem gostaria de deixar a todas as Mulheres que irão ler a sua entrevista? A confiança em desempenhar qualquer função e acreditar na capacidade de adaptação são as bases para eliminar barreiras. Acredito que a mudança de mentalidade passa pela atitude. Atitude para informar, atitude para agir e atitude para mudar.

DIREÇÃO QUALIDADE SUSANA JACINTO

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um mercado de trabalho onde as questões ligadas à Qualidade e serviço ao cliente são cada vez mais fulcrais, que características indicaria como sendo

A desigualdade do género assume-se como um obstáculo à evolução. Durante a sua carreira, alguma vez sentiu ou enfrentou obstáculos pelo simples facto de ser mulher? Com mais de 20 anos de experiência profissional, metade dos quais como elemento da Direção da ALD Automotive, posso afirmar que o facto de ser mulher nunca constituiu um obstáculo na minha evolução profissional na empresa. Ter tido a oportunidade de evoluir na função, de ter atualmente a meu cargo áreas que requerem um elevado grau de ética, exigência, rigor e conhecimento, como a gestão de risco e controlo interno, a gestão da qualidade e a conformidade, evidenciam o reconhecimento e a confiança que a empresa sempre depositou em mim ao longo do meu percurso profissional. O que falta, na sua opinião, para que a igualdade de oportunidades seja cada vez mais uma realidade? A igualdade de oportunidades já é uma realidade dentro da ALD Automotive, foi sempre um tema presente, e promovido de forma recorrente pelo Grupo (que tem origens francesas). Em Portugal, como empresa que presta serviços, apesar de estarmos ligados a um setor que poderíamos dizer como “tendencialmente masculino” - o setor automóvel, sempre vi as oportunidades surgirem, tanto para a evolução na função, como para a mobilidade interna e externa. Exemplo disso é o número de mulheres que temos em cargos de responsabilidade na empresa, que entraram nos programas de mobilidade, inclusive dentro do Grupo. Se pudesse mudar algo imediatamente de forma a tornar um mundo melhor para o universo feminino o que seria? Não é uma questão fácil. Estamos numa era de grande mudança cultural e evolução tecnológica onde as questões de género já não deveriam ser questões e onde deveríamos poder evoluir de forma natural, sem ser “por decreto”. Que mensagem gostaria de deixar a todas as Mulheres que irão ler a sua entrevista? A competência, o profissionalismo, a responsabilidade, a ética, a perseverança e o compromisso, aliados a um equilíbrio entre vida profissional e vida pessoal, são os fatores chave para o sucesso em qualquer atividade. De qualquer forma, devemos celebrar o facto de, mesmo com todos os desafios com que nos deparamos no dia-a-dia, conseguirmos estar, conseguirmos ter presença, conseguirmos Ser Mulheres! ▪

31 MARÇO 2019

FOTO: DIANA QUINTELA

fundamentais para um líder e gestor desta área? O Cliente procura cada vez mais um serviço de qualidade prestado com a máxima eficiência. Por isso, diria que a experiência, o conhecimento, o profissionalismo, a competência, a dedicação, aliados a uma atenção ao detalhe, a uma maior exigência, e capacidade de inovação, são talvez as características fundamentais para um gestor nesta área. Assegurar um processo em melhoria continua e focado na satisfação do Cliente fazem parte das competências necessárias, numa área cada vez mais competitiva e onde o Cliente é cada vez mais atento à qualidade do serviço que lhe é prestado.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“CUSTA MUITO SAIR DA ZONA DE CONFORTO, MAS É FUNDAMENTAL PARA O CRESCIMENTO” Falar de Edite Ten Jua, atual Assessora dos Assuntos Petrolíferos do Primeiro-Ministro e Chefe de Governo da República Democrática de São Tomé e Príncipe, é falar de uma mulher que acredita que nada é impossível e que utiliza as plataformas e as oportunidades que a vida proporciona para crescer e servir de exemplo para as gerações mais novas. Venha connosco saber mais.

A

o longo da sua experiência profissional já acumulou experiência como advogada, mediadora, jurista, consultora e Ministra da Justiça, Administração Publica e Assuntos Parlamentares de S. Tomé e Príncipe. O que a motiva e a inspira diariamente para alcançar os projetos e objetivos a que se propõe? Sou uma mulher de fé, acredito que aprendo todos os dias e, sobretudo, gosto de superar-me. O conhecimento é dinâmico, o que sabíamos ontem já foi melhorado hoje; então, inspiro-me nessa perspetiva dinâmica dos acontecimentos.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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Edite Ten Jua é também uma mulher empreendedora e dona da marca TEN JUA Collection, um dos seus sonhos desde criança. Em que momento da sua vida surge este projeto? Que valor aporta para si? A Ten Jua Collection surge de três fatores fundamentais ao longo da minha vida. De uma mãe que embora de origem humilde sempre teve bom gosto e sempre valorizou a qualidade sobre a quantidade. Na adolescência tive alguns amigos ligados a moda e que através dos mesmos comecei a ir ao Moda Lisboa e aos desfiles de moda. Estávamos na década de 90, início dos anos 2000 e é a altura em que surgem as icónicas modelos como a Naomi Campbell, a Claudia Schiffer, Christy Turington, a Cindy Crawford entre outras e na moda portuguesa as fantásticas Ana Marta Faial, a Sofia Aparício, a Nayma. A tudo isto acresce a minha ida à Nigeria em 2004, por razões profissionais, onde me deparo com uma vivência diferente. A riqueza dos panos africanos, no contexto dos mercados cheios de cores e aromas tropicais. As diversas

EDITE TEN JUA

línguas locais e sobretudo a história por detrás do pano africano. Aprendi que os panos caracterizam diversas etnias e são utilizados em cerimónias específicas, servindo como elemento unificador e representativo de respeito. A TEN JUA Collection surge em 2006, tendo aberto a primeira loja em S. Tomé no ano de 2007, seguiu-se uma segunda loja em Abuja (capital da Nigeria) em 2010 e em 2017 abrimos uma pop-store no Chiado, em Lisboa. Neste momento estamos a abrir novamente em S. Tomé. A moda tem relevância, na medida em que é uma forma de comunicar, ela exprime quem somos ou o que queremos projetar, ela contém em si uma mensagem. Ao mesmo tempo, a moda conta uma história, seja no corte, seja nos tecidos utilizados. E sobretudo a moda representa uma área de investimento em crescente expansão. Como se definiria enquanto profissional? Diria que a veia de empreendedora já nasceu consigo? Enquanto pessoa posicionei-me em ser uma solução, uma resposta, e transporto isso para a minha vida profissional. Acredito que sim, que a veia empreendedora já nasceu comigo. Acredito que essa vocação foi reforçada pela minha mãe que era, efetivamente, uma grande empreendedora, uma mulher que estudou somente até à 4a classe, mas que era avançada para o seu tempo, no sentido dos princípios que ela valorizava: a educação, as boas maneiras, o diálogo. Igualmente, acredito que, enquanto africana que veio para Portugal em 1976, fiz parte de uma geração que tinha de se superar, porque viemos sem nada e tínhamos de enquadrarmo-nos numa sociedade

diferente e em que tínhamos de vencer. Enquanto Cristã acredito que todos temos em nós o poder criativo de Deus. Tanto quanto sei, Deus não faz cadeiras, mas fez árvores e delas o ser humano cria objetos infindáveis, então nós temos a capacidade de criar. Defende que é importante sair-se da zona de conforto e ir atrás do que realmente se gosta de fazer. É este lema que tem pautado o seu percurso? Custa muito sair da zona de conforto, mas é fundamental para o crescimento e para que possamos abrir novos horizontes. Gosto de ilustrar que o próprio processo de nascer é extremamente doloroso e stressante quer para mãe, quer para o filho. Mas se a criança ficar no conforto do útero materno nunca será a pessoa que deveria ser. O desconforto, a dificuldade e até os fracassos são elementos propulsores para o crescimento e o sucesso. É ainda escritora e autora de histórias infantis como o livro “Tita Catita” e defensora do empoderamento das mulheres e dos direitos das crianças. Que projetos tem ligados a estas causas? Escrevo livros infantis porque acredito que só se consegue ser grande sonhando e idealizando. E as histórias são, de facto, um meio de dar a conhecer estórias, hábitos e costumes, ao mesmo tempo que se incute o hábito da leitura. Cada vez lemos menos. Nunca tivemos uma sociedade com tanto conhecimento disponível, ao toque de um dedo, de uma tecla. A era digital é, sem dúvida, uma grande aquisição, mas também nos tornou seres mais isolados, alimentados por imagens predefinidas, em que


Em 2004, quando integra os quadros da organização internacional Autoridade Conjunta Nigéria - S. Tomé e Príncipe, exercendo funções na unidade Jurídica (que dirigiu entre 20082010), torna-se na primeira mulher advogada santomense no setor do Petróleo e Gás. Este foi, na altura, um verdadeiro desafio para si? Foi um grande desafio. Vinha de um background de advocacia em Portugal e Moçambique. Estava, na altura, a dirigir o Departamento de Tax & Legal da KPMG Angola, através do qual tive a oportunidade de passar pela KPMG Africa do Sul e KPMG Moçambique. Angola apresentava-se um espaço profissional interessante, após a guerra civil, despertando um enorme interesse às grandes empresas internacionais. Tinha sido convidada para criar de raiz a prática jurídica e fiscal da KPMG Angola e formar jovens quadros talentosos para os desafios empresariais que se avizinhavam. Foi uma época profissional muito interessante, em que tive como grande mentora a saudosa Isabel Serrão, então Sénior Partner da KPMG Angola, alguém que me incentivou imenso na minha carreira e que me mostrou que as mulheres podem e devem empoderar outras mulheres no contexto profissional. Na mesma época recebo um convite para dirigir a Polícia de Investigação Criminal de S. Tomé e Príncipe, convite que declinei devido a esta grande responsabilidade profissional que se me apresentava em Angola. Mas, anos antes S. Tomé e Príncipe começara a surgir no contexto da exploração petrolífera,

sobretudo na Zona de Desenvolvimento Conjunto com a Nigéria; e eu havia-me candidatado para preencher uma vaga como advogada na organização internacional Nigeria-São Tomé e Príncipe e, em 2003, recebo a oferta de trabalho. Foi, efetivamente, um grande desafio, que me tornou na primeira mulher jurista no setor do Petróleo e Gás. Vinha de um background de advocacia em Portugal e Moçambique, onde exerci advocacia nas firmas Macedo Pinto & Pedrosa Russo e a sociedade António Vasconcelos Porto & Associados. Num país com uma língua diferente (o inglês), com um sistema jurídico diferente, numa indústria eminentemente masculina. Foram anos em reuniões em que eu era a única mulher. Devo reconhecer o cavalheirismo dos colegas, mas no estágio da progressão o mundo profissional ainda é muito masculino. No entanto, há que reconhecer da mesma forma a presença feminina transversalmente nos diversos setores profissionais da sociedade; embora ainda tenhamos um longo caminho a percorrer no sentido da consolidação da nossa presença. Temos de continuar a advocacia por salários iguais para funções iguais, maior representatividade nos Parlamentos e maior oportunidade para as meninas e mulheres. Durante o seu percurso profissional enfrentou obstáculos pelo facto de ser mulher? A desigualdade de género é uma realidade para si? Não e sim. Não, porque pertenço a uma classe profissional com muitas mulheres, porque tive o privilégio de abraçar projetos pioneiros, o que logo, à partida, me colocou na primeira linha de os desenvolver. Mas sim, no que concerne à progressão na carreira. No início da minha carreira senti que ser mulher, jovem e negra criou alguns entraves a uma maior progressão. Parece-me que a sociedade permite, acede à capacidade da mulher para iniciar, para maturar projetos, mas, muitas vezes, quando é o momento de reconhecer o trabalho, o empenho e as escolhas recaem nos homens. Em alusão ao dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, desejo que as mulheres sejam mais unidas e que assumam o papel de mentorar outras meninas e mulheres, ao mesmo tempo em que educam os rapazes a serem fortes e decididos, mas reconhecedores do valor de uma mulher. No essencial, que a sociedade progride de modo mais sustentável se tiramos partido das capacidades próprias e inerentes, quer dos homens quer das mulheres. ▪

QUEM É EDITE TEN JUA Atualmente exerço as funções de Assessora dos Assuntos Petrolíferos do Primeiro-Ministro e Chefe de Governo da República Democrática de São Tomé e Príncipe. Fui convidada a colocar os conhecimentos adquiridos ao longo de quinze anos no setor petrolífero ao serviço do país. São Tomé e Príncipe está estrategicamente localizada na zona do Golfo da Guiné, a qual é efetivamente uma das regiões geológicas mais

ricas do mundo em hidrocarbonetos. O setor do Petróleo e Gás é a par do Turismo, da Agricultura e das Pescas um dos sectores de grande importância para São Tomé e Príncipe, a qual possui duas grandes áreas com grande potencialidade em petróleo e gás: a Zona Económica Exclusiva e a Zona de Desenvolvimento Conjunto com a República Federativa da Nigéria, ambas têm despertado grande interesse internacional.

Foi, efetivamente, um grande desafio, que me tornou na primeira mulher jurista no setor do Petróleo e Gás. Num país com uma língua diferente (o inglês), com um sistema jurídico diferente, numa indústria eminentemente masculina. Foram anos em reuniões em que eu era a única mulher. Devo reconhecer o cavalheirismo dos colegas, mas no estágio da progressão o mundo profissional ainda é muito masculino 33 MARÇO 2019

em vez de se procurar a autenticidade se cultiva o copiar a história do outro. O querer ser o outro. O livro, na minha opinião, alarga a imaginação. Potencia a curiosidade e a aprendizagem. No âmbito dos direitos das crianças tenho através da minha Fundação El-Shaddai feito ações com crianças desfavorecidas em África, onde o acento tónico é a escola, a educação e a importância da estruturação familiar. Quanto as mulheres tenho tido a oportunidade de participar em colóquios e debates sobre a temática da mulher, no contexto do combate à violência doméstica, a necessidade de maiores oportunidades laborais e a representatividade, sobretudo política. Mas, considerando sempre que as mulheres, sobretudo mães e encarregadas de educação, devem promover, incentivar o conhecimento das meninas e mulheres de modo a que adquiram efectivamente as competências necessárias para preencher lugares chaves na sociedade.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“SOU QUEM ESTAVA DESTINADA A SER, MULHER E ADVOGADA” “É a própria sociedade em si que se encarrega do reconhecimento do profissionalismo, independentemente do género”, afirma Manuela Silva Marques, Of Counsel na Ilime Portela & Associados e advogada especialista em Direito Fiscal e Direito Penal Tributário, que em entrevista à Revista Pontos de Vista abordou a sua carreira e um pouco sobre o papel das mulheres no universo do direito.

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uem é Manuela Silva Marques? O que a inspira e motiva diariamente? Exatamente a pessoa que estava destinada a ser, mulher e advogada há mais de duas décadas. Numa sociedade baseada no respeito pelo primado da lei, motiva-me poder desempenhar um papel ativo na defesa dos direitos e na afirmação dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, colocando, com honestidade, probidade, retidão, lealdade, cortesia e sinceridade, todo o saber e conhecimento adquirido ao longo do tempo na busca de uma melhor interpretação e aplicação das leis. Em suma, pugno por uma boa administração da justiça, por uma sociedade mais justa. Assumo o gosto e empenho pela profissão, num consciente soft style. Todavia, tendo em conta que a prestação de serviços jurídicos evoluiu de forma extremamente dinâmica com os fenómenos da globalização e da evolução tecnológica, há que aceitar dos desafios da comunicação social e o assumir de um comportamento público e profissional como instrumento e elo de contacto entre cultura jurídica e a comunidade. Um advogado não deve ser apenas um pleiteador de causas e o conselheiro do seu cliente, deve assumir a sua função como uma condição essencial para a garantia do Estado de Direito Democrático.

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MANUELA SILVA MARQUES

Existem cada vez mais casos de sucesso de mulheres de negócios e empreendedoras. Mas, na sua opinião, o caminho ainda continua a ser bastante dificultado para as mulheres ascenderem a cargos de topo? A História, como sabemos, escreve-se no masculino. Mas, a História também no diz, por exemplo, que na Grécia Antiga as mulheres, embora sequer tivessem o estatuto de cidadãos, não podendo participar nos debates públicos nem decisões políticas e vivendo na dependência dos pais e dos maridos, eram elas precisamente quem tinha o poder de os influenciar. Desde então e até aos dias de hoje, a evolução histórica dos Direitos da mulher revela uma marcante trajetória. Ora, se olharmos para dados atuais sobre o número de mulheres que hoje se encontram nos bancos das universidades, não será difícil fazer um prognostico muito favorável sobre a ascensão e sucesso do papel e poder feminino na sociedade. A construção de uma sociedade igualitária implica necessariamente uma mudança de mentalidades, na qual o Direito desempenhará o seu papel fundamental. Temos como exemplo recente a Lei n.º 60/2018, de 21 de Agosto, que entrou em vigor no passado dia 21 de Fevereiro, visando promover um combate eficaz às assimetrias salariais entre mulheres e homens e aprovando medidas de promoção da igualdade remuneratória por trabalho igual ou de igual valor. No plano da advocacia, este é por si só um ecos-


Esta é uma realidade para si? Enfrentou obstáculos durante o seu percurso profissional pelo facto de ser mulher? Pelo facto de ser mulher, não. É a própria sociedade em si que se encarrega do reconhecimento do profissionalismo, independentemente do género. Para além das competências técnicas, há qualidades que são essenciais, que determinam o estatuto de advogado e a afirmação da sua liberdade e independência. Em minha opinião, o apelo não será pela igualdade mas sim pelo conjunto de valores ético-deontológicos que claramente distingue esta profissão das outras, assegurando a dignidade e o prestígio dos advogados, quer sejam estes homens ou mulheres. Manuela Silva Marques é Of Counsel na Ilime Portela & Associados e advogada especialista em Direito Fiscal e Direito Penal Tributário. Atualmente, que assuntos ou temas suscitam uma verdadeira preocupação aos advogados nesta área do Direito? Nestas áreas do Direito a contraparte é necessariamente o Estado. Em discussão e julgamento encontra-se a legalidade e a exigibilidade de atos da administração pública ou a procedência da acusação pública, sendo por sua vez o Estado representado em juízo pela Representação da Fazenda Pública nos tribunais fiscais e pelo Ministério Publico nos tribunais administrativos e tribunais criminais. O que nos leva para o patamar da necessária articulação, nem sempre fácil, entre a defesa dos direitos dos cidadãos e a prossecução do interesse público. Em conflito encontram-se, na maioria dos casos, a defesa de interesses privados e defesa dos interesses patrimoniais do Estado, sendo que todas as atuações têm, necessariamente, de se pautar por critérios de legalidade, imparcialidade e objetividade, seguindo os ditames da boa fé, sob pena de vício autónomo de violação de lei e incursão do Estado em responsabilidade civil extracontratual. Com efeito, o princípio da boa fé não se esgota

Há que flexibilizar o paradigma até aqui observado interligado à inflexível exigência das obrigações fiscais. Há que prognosticar as consequências das dificuldades enfrentadas pelos cidadãos

nos atos praticados no exercício de poderes discricionários, devendo ser colocada a possibilidade da sua aplicação em caso de atos praticados no exercício de poderes vinculados. Por estas razões, os assuntos ou temas que suscitam uma verdadeira preocupação prendem-se com as violações do direito de defesa e do princípio da presunção da inocência, assim como com a violação do segredo de justiça. O fenómeno atual de necessidade de contenção orçamental e arrecadação de receita determina o máximo alerta na salvaguarda das garantias de defesa e um maior foco nos princípios da proteção da confiança e do processo justo e equitativo. Não se pode aceitar que a apreciação do julgado seja apenas uma questão técnica do julgador. Há que captar o real sentido e alcance dos textos normativos na subsunção dos factos às normas, sob pena de sermos confrontados com a instrumentalização do Direito e vermos os nossos tribunais convertidos em mero instrumentos de política orçamental. Dito de outro modo, impõe-se uma visão esférica da realidade e sistémica do processo ajustado à realidade social e económica. A análise do contexto político, económico e social vividos à data dos factos em discussão, são fundamentais para enquadrar as condutas em juízo. Há que flexibilizar o paradigma até aqui observado interligado à inflexível exigência das obriga-

ções fiscais. Há que prognosticar as consequências das dificuldades enfrentadas pelos cidadãos. Há que atender às circunstâncias envoltas ao caso concreto, à realidade e estrutura organizativa do tecido empresarial português. E, em particular, porque no âmbito específico do direito fiscal e direito penal tributário, ao facto de estarmos perante uma administração fiscal inatuante e incapaz de cobrar as dívidas aos seus respetivos devedores permitindo que revertam e deem azo à instauração de constantes e sucessivas imputações criminais, o que conduz a um deficiente funcionamento do sistema de justiça. Tendo em conta o enquadramento de criminalidade ocupacional e white collar a que respeita, esta realidade tem um impacto extremamente negativo nos cidadãos, estes, na sua generalidade pessoas com uma correta inserção social e um passado sem mácula criminal, passam a ver a sua vida tornar-se completamente impossível como consequência de uma “salamização” processual. Impõe-se colocar a questão de saber se não será de reavaliar a hermenêutica jurídica, os critérios de imputação e de juridicialidade, se não será de nos afastarmos de uma conceção maniqueísta, onde só existem os bons e os maus. É atentatório à dignidade da pessoa humana que assim não seja. É atentatório à dignidade da pessoa humana que assim não seja. Com efeito, é a nossa Lei Fundamental um texto de cariz humanitário, protetor dos princípios da solidariedade (entre o Estado e os seus administrados), da dignidade da pessoa humana (que impede que sejam os administrados circunstanciados a realidades que lhe determinam uma vivência abaixo de um mínimo existencial) e da capacidade contributiva (no sentido de que só podem ser exigidos dos contribuintes impostos nos estritos termos da sua condição económica). Como dispõe o Artigo 266.º, n.º 2 da Constituição da República Portuguesa: “Os órgãos e agentes administrativos estão subordinados à Constituição e à lei e devem atuar, no exercício das suas funções, com respeito pelos princípios da igualdade, da proporcionalidade, da justiça e da imparcialidade.” Só com o respeito pelos mesmos se alcançará a verdade material e fará Justiça. Que retrato podemos fazer da advocacia em Portugal? Como antecipa o ano de 2019 no que diz respeito aos desafios e oportunidades? Temos uma advocacia que, em busca da excelência, deverá desenhar um plano de atuação sustentável, debruçando-se sobre a problemática da necessidade de medição da eficácia e avaliação das chances de sucesso. Ou seja, a concepção e posicionamento estratégico são fundamentais. Entre muitas outras possíveis, fica a pergunta, em que clientes nos deveremos concentrar e porquê? ▪

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sistema competitivo, desde sempre com uma predominância masculina. Às mulheres licenciadas em Direito apenas foi permitido “o exercício da profissão de advogado” há pouco mais de 100 anos (pelo Decreto n.º 4676 promulgado em 19 de Julho de 1918Curiosamente, facto é que o universo da Justiça é hoje já maioritariamente feminino, conforme se pode constatar pelo número de Juízas, Procuradoras da República, Ministras e agentes da justiça. Ou seja, temos uma Justiça tramitada por mãos femininas, uma justiça provida de uma diferente competência emocional, resiliência e aptidão para o chamado work life balance.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

PORTUGAL HOMES

UMA REFERÊNCIA NO UNIVERSO EMPRESARIAL Mais do que uma marca, a Portugal Homes é um player sem medo de falhar e que assume na sua forma humana uma mais valia no contato direto com o cliente, o grande parceiro e aliado da marca. A Revista Pontos de Vista foi conversar com Andreia Leite, Business Development Director, Verónica Rosa, Operations Director e com Mariana Lemos Vieira, After Sales Director, três Mulheres que assumem o rosto da marca, entre outros, e que perpetuam um «carimbo» feminino à orgânica e dinâmica da Portugal Homes

ANDREIA LEITE

A DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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Portugal Homes é um dos principais players no domínio do mercado imobiliário em Portugal, apresentando também uma nova visão sobre o setor. Neste sentido e apenas para contextualizar, de que forma é que a Portugal Homes se tem vindo a assumir como um parceiro de confiança e credibilidade no setor? Andreia Leite (AL) Inovação e diferenciação são as palavras chave. Inovamos na forma como captamos os nossos clientes e em todo o procedimento para os trazer a Portugal. Somos dotados de uma atitude ativa ao viajar pelo mundo inteiro para reunirmos com os nossos clientes um a um no seu país de origem. O objetivo passa por criar uma relação de confiança desde o 1º minuto num ambiente familiar aos clientes. Diferenciamo-nos pela forma como damos continuidade à relação estabelecida com esses mesmos clientes através do nosso departamento de After Sales, pois pretendemos que essa ligação se prolongue no tempo, sem esquecer a produção de estudos de mercado especializados e feitos à medida de cada investidor. Sim! Um dos departamentos da Portugal Homes é o de Análise de Mercado que produz estudos de mercado e analisa possibilidades de investimento. Aliás, tudo na Portugal Homes é feito in house, um fator de extrema relevância no que toca à qualidade e personalização dos serviços que prestamos e, por conseguinte, à excelente reputação que estamos neste momento a construir com objetivo último de sermos cada vez mais uma referência no mercado.

MARIANA LEMOS VIEIRA

VERÓNICA ROSA

A vossa filosofia assenta neste vetor, ou seja, “Compreender os nossos pontos fortes e aceitar nossas fraquezas”. O que significa este lema e de que forma é importante na orgânica diária da empresa em prol do vosso cliente? Mariana Lemos Vieira (MLV) Essa é uma frase tirada do nosso site e brochura, vejo que fez trabalho de casa. Poderíamos ignorar as nossas fraquezas e focar-nos somente nos nossos pontos fortes, mas é exatamente na análise e compreensão das nossas fraquezas que nos tornamos mais fortes. Fazemos de tudo para perceber onde podemos melhorar, trabalhamos muito para que os erros não se repitam e tentamos ao máximo que essas mesmas fraquezas se transformem e se tornem em pontos fortes. Esse lema é importante porque nos permite não ter medo de falhar, mas sobretudo saber o que fazer caso se erre e repetir o processo quando encontramos a fórmula correta.

nós como Mulheres sabermos lidar com o estigma e vencê-lo, minimizando-o e reduzindo-o à sua mais ínfima importância. Como Líder cabe-me a mim ajudar uma colega ou amiga a fazer o mesmo. Ninguém merece viver com estes estigmas, a narrativa é nossa só nós a podemos escrever.

Pelo facto de serem Mulheres e Líderes, algumas vez sentiram, ao longo da vossa carreira, algum estigma pelo facto de serem Mulheres num universo que até há bem pouco tempo estava “reservado” aos Homens? Verónica Rosa (VR) A liderança é um percurso de aprendizagem constante, percurso esse que nem sempre é fácil, principalmente neste sector que se encontrava reservado para Homens até há bem pouco tempo. Recordo vários episódios em que fui olhada como uma “boneca” ou silenciada numa reunião, tudo isto são alguns exemplos dos estigmas existentes. Mas cabe-nos a

MLV A minha entrada no mercado imobiliário é também recente, mas confesso que nesta e noutras áreas, ainda sinto alguma desigualdade entre o papel do homem e da mulher no mundo empresarial. O caminho que nós mulheres temos que percorrer para criarmos uma relação de confiança com um cliente é algo moroso. Muitas vezes, do lado do recetor, não ouvir uma voz grossa e grave pode alterar a forma como percebe e interpreta a mensagem. Por vezes esquecemo-nos, mas a forma é sempre mais importante do que a própria mensagem. Nessa perspetiva, e para combater o estigma, sinto que temos que ser mulheres muito assertivas e determinadas, só assim conseguimos conquistar positivamente a confiança dos nossos clientes. Na vossa dinâmica, como é que a personalização que colocam em cada processo é importante para criar essa relação de confiança com o cliente? AL A personalização é um dos nossos fortes, motivo pelo qual somos a única agência imobiliária em Lisboa com um serviço completo de After Sales. A nossa relação com o cliente não


Numa só palavra, revolucionar. As ideias existem e algumas já estão a ser colocadas em prática com sucesso, como é o exemplo do nosso departamento de After Sales e do departamento de Análise de Mercados, outras ainda estão no papel, por assim dizer. Mas da Portugal Homes poderão esperar sempre o melhor, uma empresa consolidada e uma referência não só no sector imobiliário, mas no mundo empresarial em geral.

termina após a assinatura de uma escritura, vai muito para além disso. Vai desde representação fiscal, a verificarmos com periocidade se está tudo bem com o imóvel, conectarmos água, luz e gás, entre outros. Esta “personalização” foi um dos pilares do crescimento da Portugal Homes enquanto organização e queremos que continue a ser ao sermos constantemente referenciados por clientes a familiares e amigos. Foi assim que o nosso negócio começou. No caso de clientes investidores, o importante são os números, e ter um departamento que possa prestar uma análise detalhada sobre o mercado e potenciais investimentos é sem dúvida um fator crítico de sucesso. No dia 8 de março comemorou-se o Dia Internacional da Mulher. Em 2019, por que direitos, na sua opinião, ainda têm de lutar as mulheres? VR É alarmante a diferença salarial existente para os mesmos cargos entre homens e mulheres, inclusivamente assustador que nos dias que correm uma mulher continue a ser penalizada profissionalmente pela sua escolha de ser Mãe, igualmente assustador são os inúmeros casos de assédio sexual que ouvimos falar todos os dias nas notícias. Tudo isto são razões para continuar a lutar e com o tempo mudança virá. A Portugal Homes é o perfeito exemplo disso, uma empresa com, não uma mas sim, três mulheres em cargos de chefia. Trabalhar numa empresa que promove este ideal é algo que me enche de orgulho. ▪

O QUE ELAS DIZEM... "Inovação e diferenciação são as palavras chave. Inovamos na forma como captamos os nossos clientes e em todo o procedimento para os trazer a Portugal. Somos dotados de uma atitude ativa ao viajar pelo mundo inteiro para reunimos com os nossos clientes um a um no seu país de origem. O objetivo passa por criar uma relação de confiança desde o 1º minuto num ambiente familiar aos clientes" ANDREIA LEITE

"Esse lema é importante porque nos permite não ter medo de falhar, mas sobretudo saber o que fazer caso se erre e repetir o processo quando encontramos a fórmula correta" MARIANA LEMOS VIEIRA

"Mas cabe-nos a nós como Mulheres sabermos lidar com o estigma e vencê-lo, minimizando-o e reduzindo-o à sua mais ínfima importância. Como Líder cabe-me a mim ajudar uma colega ou amiga a fazer o mesmo. Ninguém merece viver com estes estigmas, a narrativa é nossa só nós a podemos escrever" VERÓNICA ROSA

37 MARÇO 2019

DE FUTURO, O QUE PODEMOS ESPERAR DA PORTUGAL HOMES?


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“ACREDITAMOS QUE O QUE NOS DIFERENCIA É A NOSSA EQUIPA COMERCIAL” Paula Moreira é a pessoa por detrás da criação da PMR Imobiliária. O projeto surge na sua vida num momento em que nada fazia prever que a veia de empreendedora teria de vir ao de cima. Hoje, orgulha-se da equipa que a acompanhou neste projeto e orgulha-se de estar no mercado com um perfil vincadamente humano, onde a técnica se alia ao forte conhecimento e experiência da sua equipa.

EQUIPA PMR IMOBILIÁRIA

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om o mercado em crescimento exponencial existem cada vez mais negócios e empresas ligados ao ramo imobiliário. Consequentemente, é necessário existirem fatores diferenciadores e diretrizes que levem uma imobiliária a conseguir fazer a diferença no mercado. Paula Moreira lembra-se que quando começou a trabalhar neste setor, enquanto comercial, a primeira coisa que aprendeu, e que faz toda a diferença, é que “temos de ser bons ouvintes. Este é um dos princípios que procuro incutir na minha equipa e que aplico diariamente na PMR Imobiliária”, diz-nos Paula Moreira. Mais tarde, relembra, um dos conselhos profissionais que lhe deram e que fez a diferença na pessoa que é hoje é que, neste setor, quem for mais genuíno e estiver verdadeiramente disponível para a sua equipa e para os seus clientes, vai conseguir, efetivamente, fazer a diferença. Com uma equipa constituída maioritariamente por mulheres, a PMR Imobiliária nasce em novembro de 2017 como resultado da necessidade de dar continuidade a um projeto que teve o seu início há quase duas décadas. O encerramento da imobiliária que Paula Moreira represen-

tava, como diretora comercial, juntamente com a sua equipa, levou a nossa entrevistada a optar por avançar com um projeto em nome próprio. “Depois da forma como terminou a experiência anterior, decidi não me associar a nenhuma marca já existente no mercado. Surgiu a oportunidade de avançar em nome próprio e, incentivada pela minha equipa, criei a PMR Imobiliária”. Grande parte da equipa manteve-se, bem como os valores e a estratégia que sustentam o posicionamento da PMR no mercado. “Felizmente, na PMR Imobiliária, como na empresa que representámos anteriormente, temos muito pouca rotatividade de pessoas, quando comparado com o setor da mediação imobiliária em geral. Algumas das pessoas da nossa equipa estão nesta casa há 18 anos, outros há 12 anos, eu própria há mais de dez anos”, elucida-nos Paula Moreira. Fruto da relação humana que têm com os seus clientes e da primazia que dão aos mesmos, a PMR teve uma boa alavanca para iniciar este projeto com a totalidade da carteira de imóveis que tinham angariados à data da criação da PMR, a renovar a confiança nesta equipa com a celebração de novos mandatos para venda

dos seus imóveis. “É com bastante orgulho e satisfação que digo que tivemos um excelente início de atividade e um excelente ano de 2018 e tal só foi possível pela confiança que os nossos clientes mantiveram em nós e, depois, pelo excelente trabalho e pela dedicação de toda a equipa ao longo deste primeiro ano”, afirma Paula Moreira. No entanto, assumir este projeto foi um desafio. “Não começámos do zero porque começámos com anos de experiência acumulada e com um forte know-how. Tínhamos o espaço físico, a carteira de clientes, mantivemos a mesma forma de trabalho, bem como a grande maioria dos serviços para o cliente, no entanto para que tal fosse possível foi necessário criar uma empresa e colocar tudo a funcionar em menos de um mês, o que tornou o desafio ainda maior”, salienta a nossa entrevistada. Hoje identificam como grande diferença a melhor capacidade de resposta que conseguem dar aos seus clientes, fruto das sinergias criadas através de parcerias que a PMR Imobiliária e os seus comerciais têm criado com outras mediadoras para encontrar o imóvel que o cliente pretende, para além dos imóveis que a PMR tem em carteira.


Somos pessoas diferentes e por isso temos estilos de liderança diferentes, não por sermos de um ou outro género. É tudo uma questão de valores, de experiência e do nosso percurso profissional

CONHECIMENTO TÉCNICO, FERRAMENTAS DE MARKETING E COMPONENTE HUMANA

casas. O nosso foco tem obrigatoriamente que ser o cliente, a perceção das suas necessidades e vontades e a procura e apresentação de soluções, tanto para proprietários como para compradores, com o desafio acrescido de ser nossa função conciliar estas vontades”. Na PMR acreditam que o que os diferencia são as pessoas que fazem parte deste trabalho diário. “Preocupamo-nos em ter ferramentas de marketing de qualidade e em trabalhar com parceiros que acrescentem valor, mas sabemos que na mediação estes são fatores que por si só não fazem a diferença. Podemos ter as melhores ferramentas de marketing do mercado, mas se a isso não aliarmos a verdadeira preocupação com o cliente, o nosso sucesso será efémero.” A formação da equipa, o acompanhamento da evolução e das alterações do mercado, sejam elas legislativas, comerciais ou de qualquer outra natureza, são uma preocupação de Paula Moreira e da sua equipa. E estes são também fatores que acabam por fazer a diferença na forma como a PMR Imobiliária está na mediação imobiliária, que persiste em prestar um serviço cada vez mais completo ao cliente. Nesta linha, a PMR Imobiliária foi das primeiras mediadoras a nível nacional a credenciar-se junto do Banco

de Portugal como intermediário de crédito, para continuar a prestar todo o acompanhamento nos processos de crédito habitação aos seus clientes. “Privilegiando a capacidade dos nossos consultores em estarem dotados de conhecimentos para darem uma resposta imediata ao cliente, temos a consciência que um dos fatores que nos diferencia no mercado é o nosso departamento processual, que, sem descurar a vertente humana, transmite ao cliente toda a serenidade, confiança, conhecimento e profissionalismo, fundamentais no momento da compra e venda da sua casa”, conclui Paula Moreira. ▪

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O facto da equipa da PMR Imobiliária ser constituída, maioritariamente, por mulheres aconteceu de forma natural, sem que fosse essa a intenção de Paula Moreira. Questionada pelas diferenças nos estilos de liderança de homens e mulheres, ela que ao longo da sua carreira teve sempre como responsáveis diretos homens, acredita que os estilos de liderança de homens e mulheres não são assim tão diferentes. “Somos pessoas diferentes e por isso temos estilos de liderança diferentes, não por sermos de um ou outro género. É tudo uma questão de valores, de experiência e do nosso percurso profissional. Tenho a certeza que a líder que sou hoje, ou o estilo de liderança que diariamente me acompanha, tem uma forte influência do excelente líder que me acompanhou nos últimos anos da minha vida profissional”, diz-nos Paula Moreira. Ainda que acredite que os homens podem ser mais práticos e objetivos, o que é bom quando o contexto assim o exige, as mulheres podem ter uma maior sensibilidade em muitos momentos, aspeto também ele necessário em diversas situações. Na PMR Imobiliária, a forte vertente humana é conciliada com o conhecimento e com as competências técnicas da sua equipa para se diferenciar no mercado, aspetos que diariamente têm o cuidado de reforçar. “O nosso negócio, o nosso trabalho é muito mais do que vender


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FABRIMETAL LANÇA PRODUTO QUE ATÉ À DATA NÃO É PRODUZIDO EM ANGOLA O mais recente investimento da Fabrimetal é dedicado a um produto complementar ao varão de aço – produto-chave da empresa – barras de aço, cantoneiras e perfis. Este é um produto que Angola ainda não produz e, apesar de não ser um mercado massivo, é uma necessidade a colmatar. Luís Diogo, Diretor Geral, explica esta evolução e adaptação constante que tanto descreve a Fabrimetal. LUÍS DIOGO

É preciso uma forte resiliência para estar em Angola e esse tem sido um dos grandes desafios. O maior desafio de um gestor em Angola é criar condições para conseguir colocar o seu produto fora. Este lançamento vai alavancar outros setores como a metalúrgica, serralharia e outros do género sem os quais o setor da construção civil não existe

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sa começou a produzir, devido a questões burocráticas. Começaram por produzir em novembro de 2010, 1000 toneladas por mês e para um segmento muito específico - o mercado informal – que normalmente opta por preços baixos e alto consumo. Das mil toneladas até às atuais oito mil, a Fabrimetal foi crescendo a olhos vistos. Em 2014 foi o grande aumento de produção e em 2015 tomam uma decisão que se tornou crucial para o sucesso alcançado: “Com a crise, o setor da construção civil começou a ter problemas em importar os materiais, havia imensas restrições pela falta de divisas. A Fabrimetal começou a ver o mercado formal/profissional como uma oportunidade e criou as condições necessárias para se tornar num dos principais produtores de aço nacional e abastecer as empresas que estavam com dificuldades”, explica Luís Diogo. Fizeram investimentos significativos, nomeadamente ao nível da qualidade de produto. A qualidade já existia, mas era preciso mostrá-la. “Aquilo que quisemos mostrar, principalmente, às pessoas é que comprar Fabrimetal é sinónimo de confiança, que sabem onde estamos e que, por isso, podem ver facilmente aquilo que produzimos”. Mas o que agora está consolidado não foi fácil de alcançar: “Houve uma grande preparação para isto,

conseguimos materializar este objetivo e em 2016, 99,9% do nosso volume de negócio transformou-se em mercado formal e não informal como inicialmente. A crise foi assim, um fator determinante de sucesso, fez-nos perceber que tínhamos espaço no mercado e que o caminho era para a qualidade do produto e para a profissionalização do setor e ainda exportar. Numa época em que todos reduziam os investimentos, nós aumentamos”. “Angola pertence à zona de comércio livre, as portas abriram-se e por isso o país terá que se adaptar”, recomenda e explica que os passos internacionais que a empresa quer dar são direcionados aos países africanos mais próximos. “Existem barreiras que apesar de menores, continuam problemáticas como a energia e a água. O país tem vindo a melhorar e Luís Diogo, acredita assim que os empresários angolanos têm que apostar essencialmente na qualidade do produto. A Fabrimetal tem marcado presença em várias feiras e 2019 não será diferente. Desde 2015 que apresentam os seus produtos em feiras e na opinião de Luís Diogo “além de mostrar o que fazemos, temos a possibilidade de procurar mão-de-obra necessária e é importante mostrar ao mercado que as profissões técnicas são essenciais enquanto motor do mundo de trabalho”. ▪

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lançamento está previsto para finais abril, no meio deste investimento ainda vai surgir um novo forno e assim capacitar a empresa a passar das oito mil toneladas de varão de aço para 15 mil, por mês. “É preciso uma forte resiliência para estar em Angola e esse tem sido um dos grandes desafios. O maior desafio de um gestor em Angola é criar condições para conseguir colocar o seu produto fora. Este lançamento vai alavancar outros setores como a metalúrgica, serralharia e outros do género sem os quais o setor da construção civil não existe”, começa por dizer Luís Diogo. A Fabrimetal é uma das organizações angolanas que cria impacto desde que começou a sua produção em 2010. E são ainda um dos grandes produtores de aço nacionais que contribuem para a redução de exportações e consequentemente para a diversificação da economia Em 2012, a importação média mensal de aço em Angola, de acordo com dados do Conselho Nacional de Carregadores de Angola, era de cerca de 25 mil toneladas por mês, hoje esses números desceram e, no caso da Fabrimetal – que já contribui com 8 mil toneladas por mês – tal facto traduz-se em menos importações e aumento da produção nacional. Por outro lado, em termos do mercado da construção civil, já não se verifica a mesma dimensão mas as empresas de construção civil “começaram a olhar mais para o mercado local – onde estamos - e começam a reconhecer cada vez mais o nosso produto como um produto de qualidade”, afirma o diretor geral, que continua a explicar o impacto económico criado pela empresa produtora de aço: “Empregamos, neste momento, 600 trabalhadores nacionais e cerca de 130 expatriados. Se tivermos em conta que o agregado familiar mínimo em angola tem, em média, cinco elementos, podemos dizer que contribuímos diretamente para o rendimento de 2500 pessoas, e ainda todo o ciclo em torno do negócio, a nível de fornecedores e subcontratados sobre os quais somos também parte do seu rendimento”. Também a questão ambiental é uma das maiores premissas da Fabrimetal que, só em 2017 transformou 92 mil toneladas de sucata de metal em aço. Apesar de constituída em 2006, só 2010 a empre-


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“ANGOLA TEM UM ENORME POTENCIAL E, POR ISSO, PODERÁ OFERECER RENTABILIDADES ATRATIVAS PARA OS INVESTIDORES NACIONAIS E ESTRANGEIROS”

CRÉDITOS DE MUGINGA/EXPANSÃO

Adriano de Carvalho é CEO do Banco Kwanza Invest, o principal banco angolano de investimento privado. Em entrevista, fala-nos sobre oportunidades e desafios para o universo empresarial em Angola.

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Banco Kwanza é o principal banco angolano de investimento privado. Neste momento, quais diria que são os maiores desafios ao investimento no país? Classificada como uma economia emergente, Angola tem um enorme potencial de crescimento e, por isso, poderá oferecer rentabilidades atrativas para os investidores nacionais e estrangeiros em praticamente todos os sectores, desde a agricultura, pecuária e pescas até ao comércio e serviços, passando pela indústria e a construção civil. O esperado aumento do consumo, quer interno, quer na região em que o País se insere, favorece a substituição das importações e as exportações. Enquanto economia excessivamente dependente do petróleo, penso que o maior desafio e também o mais crítico é a diversificação da economia num quadro de estabilidade macroeconómi-

ca, incluindo o equilíbrio das contas públicas. A utilização criteriosa e eficiente da moeda estrangeira, que ainda é quase exclusivamente conseguida através das exportações do petróleo, será fundamental já que a produção nacional tem uma componente importada elevada. Fundamental é igualmente a atracão de capital e talento estrangeiro através da oferta de propostas amigáveis e semelhantes ao que outros países fazem, num contexto legal e administrativo, mais expedito e transparente. A boa notícia é que algumas dessas políticas já estão a ser adotadas. Em 2014 foi nomeado CEO do banco. Que balanço faz desde então? Até ao momento, os acionistas têm mantido o enfoque na atividade de investimento. Note, no entanto, que, em 2016, o País iniciou um período de contração económica e de desinvesti-

mento muito significativo, em consequência da queda do preço do petróleo, agravada pela incerteza política à volta da sucessão presidencial, que só terminou em 2018. Acredito que em 2019 sairemos da recessão, mas com taxas de crescimento muito abaixo do que seria expectável e desejável para a nossa economia. O contexto económico dos últimos anos afetou bastante a nossa atividade, na medida em que as oportunidades de investimento ficaram abaixo das nossas previsões iniciais. A Lei do Investimento Privado (LIP) que veio liberalizar o investimento privado em Angola e que entrou em vigor ano passado já surtiu efeitos? Verificou-se uma maior captação de investimento privado? A aprovação desta nova legislação é positiva para a diversificação e futuro da nossa economia… mas é prematuro dizer-se que a maré


São precisos os dois investimentos: financeiro e talento, nacional e estrangeiro. São ambos fundamentais para se atingirem níveis mais elevados de crescimento da riqueza nacional

O Kwanza tem-se mantido relativamente estável desde o início do ano. Isto é um indicador que beneficia o universo empresarial? Naturalmente. A estabilidade cambial é sempre considerada positiva. A ONU anunciou recentemente que dará prioridade ao investimento em capital humano de Angola em vez de apoio meramente financeiro. Concorda com esta medida? São precisos os dois investimentos: financeiro e talento, nacional e estrangeiro. São ambos fundamentais para se atingirem níveis mais elevados de crescimento da riqueza nacional. Angola é um dos países com mais destaque naquele que é a comunidade dos países de língua portuguesa. Do ponto de vista da cooperação, como avalia Angola perante os outros países lusófonos? Depois do Brasil e de Portugal, a economia angolana é a maior dos países de língua oficial portuguesa. Penso que Angola só sairia beneficiada se houvesse um maior entrosamento com a comunidade lusófona, nomeadamente na atracção de investimento e de talento. Que papel poderão ter as entidades bancárias para que os países CPLP se “aproximem”? O sector financeiro apoia a economia através do apoio à gestão dos projetos dos investidores, com crédito, aconselhamento e prestação de serviços. Esta postura aplica-se a todos os investidores, sejam eles oriundos de países de língua portuguesa ou não. Mas o facto de falarmos a mesma língua ajuda e tem sempre um impacto positivo. Nunca podemos subestimar essa ligação. Angola tem um imenso potencial económico

em virtude da grande variedade de recursos que possui, porém, a economia tem-se mostrado mais dependente da indústria e da produção do petróleo. Como é que esta questão poderá ser revertida ou equilibrada? Com uma diversificação “inteligente” da economia, que é já um desígnio nacional, a situação irá alterar-se significativamente. Se existem áreas onde não poderemos oferecer neste momento valor acrescentado (como por exemplo, na produção de telemóveis, de televisores e outro) há muitas outras áreas onde se podem produzir bens para exportação e para substituir as importações para o mercado nacional. Não é possível tolerar muito mais tempo o atual mecanismo de usarmos as receitas do petróleo para importar tudo, incluindo roupa, comida e combustíveis, entre outros. Este modelo não tem futuro e deverá ser rapidamente substituído. ▪

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mudou. Certamente que é um passo muito importante e positivo. Falta dar a conhecer ao Mundo (e este entender) que Angola está recetiva aos investidores.

Acredito que em 2019 sairemos da recessão, mas com taxas de crescimento muito abaixo do que seria expectável e desejável para a nossa economia. O contexto económico dos últimos anos afetou bastante a nossa atividade, na medida em que as oportunidades de investimento ficaram abaixo das nossas previsões iniciais


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MILLENNIUM BIM É PARCEIRO DE EXCELÊNCIA DAS EMPRESAS EM MOÇAMBIQUE O Millennium bim é um banco moçambicano e vê a sua posição no país como parceiro para garantir o desenvolvimento económico e social de Moçambique”, explica José Reino, PCE do Millennium bim. Saiba mais. que, complementados por 342 Agentes Bancários (JáJá), mais de 500 ATM (aproximadamente 40% do sistema) e cerca de 7.500 POS, servem mais de 1,8 milhões de Clientes, disponibilizando serviços e produtos específicos adequados às necessidades de cada um. O Millennium bim está em todos os distritos do país e dessa forma mais próximo de todos os moçambicanos.

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JOSÉ REINO DA COSTA, PCE DO MILLENNIUM BIM

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onquistaram o prémio “Melhor Banco Digital em Moçambique em 2018”, já em 2017 tinham conquistado a distinção. Quais diria que são as características que vos tornam um banco de confiança e de reconhecimento? O Millennium bim é, de facto, a instituição bancária mais premiada do país, fruto de um trabalho de equipa em que os nossos Colaboradores assumem um papel central no processo de venda dos produtos e serviços disponibilizados pelo Banco aos nossos Clientes. Penso que factores estruturais e estratégicos como a solidez, a inovação e a proximidade aliadas a um serviço de excelência são as principais razões para este reconhecimento externo, mas também interno. Continuamos a trabalhar, todos os dias, para o desenvolvimento e progresso da economia moçambicana. É esse o nosso compromisso e o nosso contributo para com Moçambique. Este posicionamento tem permitido ao Banco ganhar a confiança e a preferência de um número crescente de Clientes.

Foram a única entidade financeira lusófona nomeada para os prémios “African Banker Awards” entregues no âmbito dos Encontros Anuais do Banco Africano de Desenvolvimento, em Busan, Coreia do Sul. Como descreveria o mercado bancário africano? O mercado bancário africano está em linha com o mercado mundial na medida em que os mercados têm ficado cada vez mais, próximos e homogéneos principalmente nas grandes cidades, dado o efeito da globalização. Hoje em dia é muito difícil diferenciar um Cliente de uma cidade africana dos que vivem em outras grandes cidades do mundo. De qualquer forma há diferenças quando se olha para o país como um todo. Fenómenos como a Bancarização e a Inclusão Financeira são algumas das nossas principais prioridades tendo em conta que Moçambique é um país muito vasto e ainda com muitos dos seus habitantes sem acesso ao sistema financeiro. É uma instituição de referência junto dos moçambicanos. O Banco tem hoje um total de 193 balcões distribuídos por todas as províncias do país

O banco Millenium bim nasce da parceria estratégica entre o Banco Comercial Português, atualmente Millennium BCP, e o Estado Moçambicano e tem crescido de forma exponencial. Tal crescimento é o espelho da economia moçambicana ou ainda se sentem muito os efeitos da crise? O Millennium bim é um banco moçambicano e vê a sua posição no país como parceiro para garantir o desenvolvimento económico e social de Moçambique. O Banco tem crescido de forma estrutural e acompanhado todos os momentos da economia do país. Em 2019 queremos prosseguir com a nossa estratégia focada no desenvolvimento do país e dos moçambicanos. Obviamente, os mega projetos que estão a ser criados no Norte do país terão um grande impacto na economia de Moçambique. A Decisão Final de Investimento (FID) no projecto da Área 1 GNL no primeiro semestre de 2019 deverá impulsionar o investimento e o crescimento económico em Moçambique. Isto cria grandes expectativas e coloca o país novamente em boa posição para atrair investimentos estrangeiros directos, não só para os megaprojectos, mas também para as pequenas e médias empresas. Moçambique tem uma grande oportunidade para alavancar esses megaprojetos e usá-los para desenvolver, de forma sustentável, uma comunidade empresarial local forte e confiável, que poderia gerar dividendos que permaneceriam em Moçambique e teriam um efeito multiplicador na economia local. Neste contexto, a forma como as empresas locais serão capazes de integrar os chamados megaprojectos será a chave para um crescimento sustentável no futuro. O setor bancário local é um dos principais facilitadores desse desenvolvimento e o Millennium bim apresenta-se com um parceiro de excelência para auxiliar as empresas e os empresários moçambicanos a conseguirem captar esta enorme oportunidade. Desde essa altura que o Millennium bim implementou medidas preventivas com o objetivo de garantir um acompanhamento rigoroso da carteira de crédito e monitorização dos riscos. Que balanço é possível fazer dessas medidas até ao momento? O Millennium bim acompanhou sempre as medidas introduzidas pelo Banco de Moçambique no sentido de conter a crise e garantir a robustez do sistema financeiro. Sem um crescimento visível


Especialistas afirmam que os principais desafios são o restabelecimento da estabilidade macroeconómica e o restabelecimento da confiança através de uma melhor governança económica e mais transparência, incluindo o tratamento transparente da investigação sobre dívidas ocultas. Que papel assume neste sentido o Millenium Bim? Essa é uma questão de política interna do país e estamos certos que as autoridades e instituições moçambicanas encontrarão o caminho para a sua resolução. A transparência e estabilidade financei-

O investimento no ecoturismo pode e deve tornar-se numa prioridade do nosso tecido empresarial, contribuindo para a geração de riqueza, criação de postos de trabalho e inclusão dos cidadãos em zonas rurais onde estes investimentos terão o impacto transformador

ras beneficiam a confiança no mercado moçambicano e isso traz consigo vantagens pelo que quaisquer medidas nesse sentido serão positivas para o desenvolvimento da economia moçambicana. Há uns meses anunciaram que iriam disponibilizar 42 milhões de euros para projetos de ecoturismo em Moçambique. Este é um setor onde há ainda muito para explorar no país? O investimento no ecoturismo pode e deve tornar-se numa prioridade do nosso tecido empresarial, contribuindo para a geração de riqueza, criação de postos de trabalho e inclusão dos cidadãos em zonas rurais onde estes investimentos terão o

impacto transformador. Consciente da importância e da oportunidade que o ecoturismo representa para o país, o Millennium bim criou esta linha de financiamento à economia nacional com condições muito competitivas e que promovem o investimento. Este fundo promove um sector que poderá liderar esta transformação, motivando e apoiando os empresários a investir em projectos turísticos com impactos positivos para a economia, para o meio ambiente e, mais importante, para as pessoas, principalmente em zonas rurais. O Millennium bim pretende, com a criação deste fundo, apoiar e inspirar os nossos empresários a investir no ecoturismo e, assim, contribuir no esforço de desenvolvimento sustentável de Moçambique. Sobre a aposta em transações em moeda chinesa, uma medida pensada para facilitar negócios e comércio entre os clientes do Millennium bim e fornecedores chineses, que resultados já são possíveis observar? Fazemos um balanço muito positivo. O mercado chinês é estratégico para Moçambique. O serviço de transações em moeda chinesa veio dar resposta a uma crescente necessidade do mercado. Estas medidas visam facilitar a concretização de negócios e o processo de trocas comerciais entre as empresas Clientes do Millennium bim e os seus fornecedores chineses, numa altura em que a China se assume como um dos principais parceiros económicos de Moçambique. O objectivo do Millennium bim é continuar na vanguarda da inovação proporcionando aos seus Clientes os melhores serviços nas melhores condições. ▪

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do sector produtivo, num ambiente de ainda elevadas taxas de juros de crédito (de encontro com as expectativas da política monetária) aliado ao sobreendividamento da sociedade no geral (Estado, Empresas e Pessoas) a expansão da carteira de crédito do Millennium bim tem sido pouco expressiva. O Millennium bim é o Banco com maior capacidade de dar crédito à economia moçambicana, e está preparado para responder às necessidades do mercado, nomeadamente das PME e de clientes particulares. Mas de facto na presente conjuntura, de taxas de juro elevadas e de redução do consumo e investimento a procura de crédito tem sido reduzida. É importante que a actividade económica retome um crescimento robusto e que as taxas de juro regressem a valores mais baixos e, do nosso lado, não faltará capacidade de dar crédito para empresas bem estruturadas, com planos de negócio robustos e bem capitalizadas e para particulares seja no crédito ao consumo como no crédito à habitação.


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EM 20 ANOS O NÚMERO DE EMPRESAS CERTIFICADAS JÁ ULTRAPASSOU UM MILHÃO E MEIO Aline Cortez é Administradora da eiC – uma empresa especialista em certificações internacionais, em entrevista, fala-nos sobre a área de atuação da mesma e da importância das certificações num mundo cada vez mais global.

ALINE CORTEZ

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um mundo cada vez mais global e onde as empresas se cruzam cada vez mais, que importância assume uma empresa como a eiC – especialista em certificações internacionais? Qual é a vossa área de atuação? A pergunta é de facto interessante. Porquê um tal sucesso da Certificação no mundo. Porque é que, em pouco mais de 20 anos, o número de empresas certificadas já ultrapassou o 1.500.000? A eiC distingue-se por ser obviamente uma entidade independente mas sobretudo por garantir uma grande proximidade aos clientes e desenvolver os serviços prestados sem perdas de tempo, sem percursos complicados e sem intervenções desnecessárias. Preocupamo-nos em reconhecer as necessidades de cada cliente e garantir qualidade no serviço prestado. Oferecemos ao mercado certificações de Sistemas de Gestão (Qualidade, Ambiente, Saúde Segurança no Trabalho, Segurança da Informação, Segurança Alimentar, entre outras) e também certificação de serviços e produtos. De forma a elucidar os nossos leitores, o que se entende por certificação internacional e qual a sua aplicabilidade? Voltemos então ao sucesso das Normas ISO no mercado global. A globalização veio colocar em contacto economias e culturas através do mundo como nunca antes tinha acontecido, o que originou uma procura pelos nossos serviços por parte de empresas que, embora longínquas de Portugal, têm necessidade de demonstrar que cumprem normas internacionais aos seus clientes, através das mais diversas certificações. A eiC ao ter a quase totalidade da sua atividade acreditada e reconhecida pelo IAF (International Acreditation Forum) apresenta-se no mercado global como um parceiro lógico. Para o sucesso da internacionalização, contribui existirem indutores de confiança e uma linguagem comum. Vender produtos ou serviços a milhares de quilómetros só se tornou possível porque todos nos balizamos por Normas reconhecidas por todas as partes, geradoras da confiança necessária para que a ou as transações se efetuem Além das Normas Internacionais, como a ISO, ou as Normas Europeias EN que tornam possível esta confiança, a existência de entidades independentes que garantam o cumprimento das mesmas é peça fundamental. Essas entidades são empresas certificadoras acreditadas no âmbito do IAF (International Acreditation Fórum) organização, que define a nível mundial os procedimentos que cada


Estão presentes em Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde e Itália. Existem muitas diferenças entres estes países nos processos de obtenção de certificação? Talvez seja preferível refrasear a pergunta. Digo isto porque o processo em si decorre de regras e requisitos de carácter global que são horizontais em todo o mundo. Não há consequentemente diferenças. Creio que aqui se estaria a referir à forma como os agentes destes diferentes países encaram a certificação e aí de facto existem situações com diferenças significativas entre, por exemplo, Itália um dos países com maior densidade de entidades certificadas e outras regiões onde a atividade económica está agora a entrar em desenvolvimento. Nesses países as necessidades de exportação que se vão fazendo sentir podem considerar-se a grande alavanca para a procura pela certificação. Ainda, referindo um país onde a procura já é de algum valor, Angola, pode apontar-se a pressão de algumas indústrias, nomeadamente a petrolífera como motor para a demonstração do cumprimento de normas sobre a maioria dos seus fornecedores. Interessante referir que há efetivamente abordagens diferentes ao tipo de certificação. Enquanto os aspetos da Gestão da Qualidade, referimo-nos concretamente aos Sistemas de gestão da Qualidade ISO 9001 que geram interesse e procura de forma transversal. Em todas as economias e regiões são normalmente as mais utilizadas. Já quando olhamos para outros referenciais normativos, enquanto em Angola o cumprimento dos aspetos de Saúde e Segurança no Trabalho são fulcrais, em Itália há um enfoque maior no cumprimento dos aspetos ambientais. Quais são as principais dificuldades que uma empresa denota na hora de obter uma certificação? Eu diria que a obtenção da certificação é a fase final de um processo que começa muitas horas de trabalho antes. Começa na implementação do sistema de gestão preconizado pela Norma selecionada, procurando construir um sistema que além de dar resposta aos requisitos ali expressos reflita a empresa, sua cultura e estratégia. Da minha experiência, seria caso para dizer, e afirmo o sem base científica, apenas por perspetiva pessoal, as principais dificuldades são o envolvimento das pessoas, fazê-las acreditar nos benefícios que irão resultar para a organização em si e para os próprios em particular. O sucesso de um projeto deste tipo é alcançar um sistema que se adapte às necessidades da organização, que prove ser útil, que seja de facto utilizado no dia-a-dia e conduza ao almejado processo de melhoria contínua. Nesse processo, qual o papel desempenhado pelo organismo certificador? O organismo certificador surge após a implementação do sistema de gestão ter sido realizada e

torna-se num parceiro fundamental no processo de melhoria contínua do seu sistema de gestão. Existe uma grande contribuição, no sentido de ter ao seu serviço auditores experientes e competentes, que se preocupam em avaliar um sistema pelas questões de substância e não de pormenores eventualmente irrelevantes para a performance da empresa. Distinguir entre o que de facto ajuda a organização a melhorar e não levantar questões que muitas são apenas de forma. Envolver os colaboradores é um dos maiores desafios? Sem dúvida. A motivação dos colaboradores num objetivo comum levando os intervenientes a acreditar na importância de um sistema de gestão no funcionamento da organização na melhoria de resultados e na melhoria do seu dia-a-dia e nos seus resultados pessoais. A eiC também efetua auditorias cuja importância se reflete no desempenho melhorado das organizações. Que outras vantagens podem ser retiradas de tais auditorias?

Ao evidenciar que cumpre os requisitos associados á uma determinada Norma uma empresa certificada mostra a diferença e gera um acréscimo de confiança aos clientes atuais e potenciais. Por outro lado, estar certificado é uma afirmação pública e uma garantia de cumprimento das expectativas dos seus parceiros. Para além da melhoria de imagem que decorre da Certificação, ao debruçar-se igualmente sobre a gestão dos processos e sobre a melhoria continua, as empresas que adotam a certificação gerem melhor as suas fragilidades e os seus pontos fortes, criando uma sequência de indicadores que, devidamente utilizados, propiciam uma gestão com base em dados reais, garantindo uma adequada avaliação das decisões tomadas e do grau de satisfação que os franchisadores percecionam nos serviços que lhes são prestados. Em suma: a certificação melhora a imagem da empresa através da segurança adicional que transmite permitindo, em simultâneo, gerar internamente uma cultura da Qualidade e de satisfação de todas as partes interessadas. ▪

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organismo de certificação deve cumprir de forma a garantir que fornece serviços de forma competente e imparcial. Só com este conjunto, documento que define os requisitos necessários (norma) e entidade que garante serem esses requisitos cumpridos, se garante a confiança.


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“OS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA SÃO UM MERCADO NATURAL PARA PORTUGAL” O CVSP Advogados é um escritório de advocacia português sedeado em Lisboa, mas com presença em países de língua portuguesa. João Santos Pinto, Partner no CVSP Advogados fala-nos da presença do escritório no mercado e dos desafios e oportunidades esperados para este setor.

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Depois de um crescimento verificado no mercado da advocacia, que análise ou observação podemos fazer agora deste setor em Portugal? Depois de uma fase mais atribulada em que as sociedades de advogados estavam mais retraídas, assiste-se a um retomar de confiança com novas contratações. Se o nível de investimento na economia real continuar a aumentar, em boa parte fruto do investimento estrangeiro, não ficaria surpreendido se ainda este ano ocorressem fusões de alguns escritórios de advogados. Nos últimos anos tem-se verificado uma aposta crescente na especialização, o que irá continuar seguramente a ocorrer com tendência para aumentar.

ue verdadeiros desafios acarreta atravessar fronteiras na advocacia? O principal desafio é o conhecimento da realidade local mais concretamente da prática local. Podemos ter leis iguais ou semelhantes, como é o caso muitas vezes nos países de língua portuguesa, mas o conhecimento da aplicação e interpretação da administração pública local e dos próprios tribunais é decisivo. Outro dos desafios é encontrar parceiros locais certos que cumpram com os mesmos requisitos de qualidade e exigência.

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Porquê o foco da prática do CVSP em países de língua portuguesa? Que mais-valias acarretam a cooperação e a fomentação de negócios na CPLP? Os países de língua portuguesa são, sem sombra de dúvida, um mercado natural para Portugal, não só por razões de proximidade da língua, mas também por questões culturais. Num momento em que Portugal atravessava uma crise económica foi precisamente para esses países que as empresas portuguesas se viraram. Em todo o caso, o ideal seria que a aposta fosse contínua. Estamos em crer que a cooperação económica possa resultar em maiores e melhores resultados a médio e longo prazo. Em termos práticos e em resultado de sinergias entre empresas nacionais e locais temos assistido a investimentos de ambos os lados. Assim, e numa perspetiva de acompanhamento das empresas portuguesas na internacionalização, entendemos que faria todo o sentido apostar, antes de mais, nos países de língua portuguesa. O CVSP Advogados surge em 2013, estabelecendo de imediato uma rede em todo o mundo. Que propósitos e objetivos definiram aquando da criação do CVSP Uma das principais apostas foi o mercado internacional, razão pela qual foram criadas parcerias com escritórios em diversas partes do mundo. Dado que uma das áreas principais do escritório

JOÃO SANTOS PINTO

é a da fiscalidade, um dos critérios na escolha dos parceiros locais é precisamente o domínio dessa área de atuação. Que valores têm vindo a sustentar a vossa prática na advocacia? Que papel o CVSP assume hoje no mercado? Os valores que norteiam o nosso escritório são aqueles que estão previstos no Estatuto da Ordem dos Advogados, ou seja, o da integridade e o da independência. Quanto ao papel que desempenhamos no mercado entendemos que deverão ser os clientes e os outros colegas que melhor do que ninguém poderão responder a essa questão. Em todo o caso, o papel que gostaríamos de ter é o de um escritório que preza que os seus clientes estejam sempre devidamente informados sobre os riscos, para que possam sempre tomar uma decisão de forma ponderada e consciente.

Os desafios criados pelas novas tecnologias e pela sua gestão ou o debate sobre o futuro da advocacia estão na ordem do dia, afirmando-se que modelos de gestão e de trabalho vão sofrer alterações profundas nos próximos cinco a dez anos. Que desafios e oportunidades são então esperados para este setor? Têm surgido novas tecnologias nomeadamente ao nível da inteligência artificial que permitem o tratamento de um grande volume de informação e, em particular, na revisão de contratos. Atualmente os clientes estão cada vez mais exigentes e aguardam uma resposta quase em tempo real. Um dos principais desafios será a redefinição do papel do advogado, dado que, tais tecnologias não visam a sua substituição, mas o desempenho de tarefas que até aqui implicam perda de eficiência e custos acrescidos. Para os escritórios de menor dimensão será um desafio poderem acompanhar essa evolução, contudo estou confiante que com o decorrer do tempo a tecnologia estará acessível a todos. Ao nível da mobilidade temos também assistido ao desenvolvimento de soluções que permitem a um advogado estar a trabalhar a partir de qualquer parte do mundo e de na prática ter acesso a um escritório virtual. ▪


Podemos criar uma solução aparentemente brilhante e de acordo com as necessidades identificadas, mas se não é funcional para o consumidor final, é inútil LUÍS FILIPE MOREIRA


» LUÍS FILIPE MOREIRA, IBERIAN COUNTRY MANAGER DA PAYLINK SOLUTIONS

“ENFRENTAMOS OS DESAFIOS LADO A LADO (COM OS NOSSOS CLIENTES)” A Paylink Solutions assume-se atualmente como um dos principais players no domínio de desenvolvimento de software. Luís Filipe Moreira, Iberian Country Manager da Paylink Solutions, fala-nos mais sobre as soluções “Made in” Paylink Solutions.

N

o sentido de contextualizar junto do nosso leitor, como podemos perpetuar o percurso da marca desde a sua génese, 2016, até aos dias de hoje? Para contextualizar o surgimento da Paylink Solutions é preciso olhar mais para trás quando, ainda em modo embrionário, era um departamento de desenvolvimento para o grupo Totemic. Nessa altura, e enquanto departamento de software do grupo, providenciava as soluções necessárias para os negócios Totemic. Quando falamos do Grupo Totemic falamos de gestão e recuperação de crédito, de seguros, de empréstimo hipotecário, financiamento automóvel. Em 2016 a Paylink Solutions autonomiza-se e é formalizada como uma empresa de direito próprio, que aproveita a sua experiência interna para desenvolver soluções à medida para o mercado externo.

PONTOS DE VISTA

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Assumem-se como um importante player na vertente do fornecimento de soluções digitais, direcionadas para diversas áreas de negócio. Quais são as principais caraterísticas das soluções «made in» Paylink Solutions? Uma solução “Made in” Paylink Solutions é uma solução flexível e totalmente direcionada para ir ao encontro das necessidades e requisitos dos nossos clientes. Flexível porque abrange áreas de negócio diversas e direcionada, porque trabalhamos com os nossos clientes, não apenas para eles, mas e principalmente, com eles. Temos soluções standard que respondem à maioria das necessidades do mercado, mas também fazemos adaptações quando necessário, ou desenvolvemos de raiz se essa for a melhor solução. O foco da Paylink são os nossos clientes e procuramos que a solução apresentada seja tanto deles como nossa, trabalhamos para um “Made with” Paylink Solutions, muito mais do que para um “Made in” Paylink Solutions. Relativamente à concorrência, como perpetuam a diferença na gestão, personalização e relacionamento com o cliente? Os nossos clientes são mais parceiros que clientes, trabalhamos mais com eles do que para eles. É precisamente nessa relação que fazemos algo diferente. A relação quer-se sólida e duradoura. Trabalhamos em parceria sempre com uma base de transparência, confiança e amizade porque são eles os alicerces de qualquer operação. Se perdemos isso, perdemos os alicerces que sustentam todo o negócio. Acreditamos que perpetuamos uma diferença na gestão de clientes porque enfrentamos os desafios lado a lado, caminhamos juntos para um objetivo comum e com o total compro-

marca genética. É uma solução que engloba vários anos de experiência e aprendizagem que advêm de trabalhar em mercados distintos, enfrentando vários desafios pelo caminho. A vantagem que o Embark traz para o mercado é que simplifica e ganha tempo na recolha de dados do consumidor final, apresentando um certificado/relatório final com todos os dados partilhados pelo próprio consumidor final, sejam eles extractos bancários, recibos de vencimentos, IRS ou mesmo o Mapa de responsabilidades de Crédito - tudo isto numa solução 100% digital, segura e disponibilizada em poucos minutos. De que forma é que as vossas soluções se enquadram num mercado que é cada vez mais digital, tanto a nível institucional como para o consumidor final? Temos que olhar sempre para o consumidor final ao mesmo tempo que olhamos para as necessidades do nosso cliente. Podemos criar uma solução aparentemente brilhante e de acordo com as necessidades identifiO foco da cadas, mas se não é funcioPaylink são os nossos nal para o consumidor final, clientes e procuramos é inútil. O consumidor que a solução apresentada final, hoje, independente metimento seja tanto deles como nossa, da idade, está cada vez que depois mais digital. Há 15 anos se traduz na trabalhamos para um “Made era impensável que todos redução dos with” Paylink Solutions, muito andassem com pequenos riscos de falhar mais do que para um “Made computadores de bolso e na entrega in” Paylink Solutions que acedessem a informação daquela solução a velocidades alucinantes mas específica, aquela é, de facto, a realidade actual. solução que foi idenNão podemos criar soluções que tificada previamente, não acompanhem este ritmo veloz e como a solução perfeita tão contemporâneo, porque os nossos clienpara aquele cliente específico. tes não podem correr o risco de ficar para trás na corrida. A nossa experiência destes anos em Quais são as principais soluções que dispoUK tem-nos permitido acompanhar muito de nibilizam em território luso? perto esta era da digitalização e assim dar-nos A nossa solução mais sonante no mercado, conhecimento e sensibilidade para conseneste momento, é o Embark Solution. Uma guir responder a este paradigma do mercado solução de onboarding digital que pode ser nacional. moldada para os mercados de crédito ao consumo, de imobiliário, de automóvel, entre A vossa solução de pagamentos online já outros. O Embark recolhe uma panóplia de está em vigor e funcionamento? Se sim, informações do cliente final, de uma forma quais as vantagens da mesma e em que mersegura e rápida, perfeitamente ajustada às cados é que está a ser inserida? necessidades do nosso cliente. Esta soluNo Reino Unido, sim e já há alguns anos, porção pode ser integrada com vários módulos, que a legislação assim o permite. Em Portugal, incluindo o nosso Módulo de Pagamentos Insserá integrada até ao final de 2019, visto que tantâneo. ainda existem algumas adaptações que estão a ocorrer no mercado para que a mesma possa No âmbito das vossas soluções, existe alguser utilizada de igual modo, como em UK. ma ou algumas que considere mais relevantes na orgânica da marca? Se sim, qual ou Quando abordamos a vertente dos pagaquais e que vantagens aporta ao mercado? mentos online, um dos primeiros vetores Sem dúvida o Embark porque tem a nossa


que surge passa pela vertente da segurança. Este é um dos pontos primordiais das vossas soluções/produtos? Sem dúvida alguma que a vertente segurança é fulcral para a nossa actividade. Hoje em dia, a segurança de dados pessoais é de um valor crucial. As nossas soluções e produtos são criadas e mantidas com o máximo de cuidados de segurança. É esse mesmo nível de cuidado que exigimos dos nossos parceiros e providers, razão pela qual somos uma entidade certificada com a ISO 270001.

competitivo que se constituirá. De facto, a directiva é de 8 de Outubro de 2015. Contudo, o caminho para a sua real implementação continuará a ser “ longo”, bastando para isso analisar o que tem acontecido em alguns países, entre eles Portugal, que só este ano está a transpor a Diretiva. Ou seja, levou cerca de três anos, para que a mesma fosse transposta para a realidade portuguesa. Na nossa opinião, importa deixar claro, que o regulamento impõe mudanças em todos os níveis: nas instituições, nos mercados, no modo como o consumidor final passará a ser “o dono” dos seus dados. A grande alteração é mesmo essa, porque cria novas figuras no ambiente financeiro, entre eles, os Fornecedores de Terceiros (TPP) ou Fornecedores Externos de Pagamento.

O universo do digital está constantemente em mutação, obrigando que players como a Paylink Solutions estejam atentas quase diariamente. Como perpetuam esta dinâmica e qual a importância dos recursos humanos da marca para que a empresa não se deixe ultrapassar? Para nós é tão relevante esse acompanhamento diário que optamos por ter um recurso 100% dedicado ao estudo e análise das alterações, não só a nível tecnológico, mas também legal, porque são ambas componentes primárias em soluções digitais como as nossas. No entanto, como instituição britânica, toda a empresa está em constante processo de formação e aprimoramento das competências, sejam eles os nossos developers ou a equipa de suporte, com os nossos project managers e business analysts, num esforço continuo para estarem sempre a par das alterações mais recentes e preparando-se para as futuras. Na sua opinião, que consequências é que terá o Brexit para as empresas e negócios entre Portugal e o Reino Unido? Qual seria o melhor desfecho? É difícil dizer… O melhor desfecho seria uma saída suave que não tivesse consequências graves mas, infelizmente, neste momento, é uma incerteza. Pode criar sérias dificuldades para empresas que negoceiem entre os dois países, especialmente devido a legislação ao nível da fiscalidade. A Paylink Solutions tem um escritório em Portugal que lhe permite trabalhar nos mercados da União Europeia teoricamente sem consequências, mas até à saída real, é impossível prever o que pode acontecer. De que forma é que o Brexit já criou transtornos e mudanças no relacionamento empresarial entre ambos os países? No vosso caso, que impacto é que o mesmo teve? Para já, não teve impactos graves porque ainda não se concretizou, a mudança principal foi mais ao nível de preparação para algumas possíveis consequências. A primeira-ministra britânica, Theresa May, insistiu que continua a ser possível o Reino Unido abandonar a União Europeia a 29 de março. Acha que é um prazo viável? Viável, é. Desejável? Nem por isso. O Reino Unido é um membro fundador e importante na União Europeia, de tal maneira que é impossível calcular os impactos da sua saída, mesmo que seja bem programada e suave. Uma saída dia 29 de Março sem preparação, pode ser caótica a vários níveis. Em 2015 foi adotada a diretiva de paga-

Para nós é tão relevante esse acompanhamento diário que optamos por ter um recurso 100% dedicado ao estudo e análise das alterações, não só a nível tecnológico, mas também legal, porque são ambas componentes primárias em soluções digitais como as nossas

mentos pelo Parlamento Europeu, também denominada por PSD2. Quase quatro anos depois, de que forma é que a mesma veio revolucionar o mundo bancário e financeiro? Como sabe, para muitos players, a directiva comumente chamada de PSD2, será uma revolução para o mundo bancário e financeiro equivalente à chegada dos aplicativos móveis. Mas importa referir, que o objetivo maior do PSD2 é melhorar a concorrência, a inovação e a proteção do cliente final. Para isso, a directiva obrigará as instituições financeiras a uma transformação do “status quo” visto que as mesmas terão que adaptar as suas infra-estruturas e serviços e, em alguns casos, os próprios modelos de negócios para o novo paradigma

Sente que este passo veio promover uma melhoria concreta ao nível do mercado, ou seja, da concorrência, da inovação e da segurança do consumidor final? O Decreto Lei nº 91/2018, que aprovou o novo regime jurídico dos serviços de pagamentos em Portugal e que mais não é que a transposição da Directiva comunitária de 2015, não apenas acelerará a mudança das instituições financeiras, reduzindo as barreiras à entrada e à chegada de produtos e serviços alternativos, como dará ao cliente final “uma nova força”, visto que passará a ter uma maior transparência e qualidade nos serviços financeiros, beneficiando da entrada de um novo “ conceito de banco”. Por isso, sim. Sinto claramente que, como já acontece no Reino Unido e em Espanha, o novo conceito de banco significa que haverá novos players que irão operar sem a necessidade de serem bancos ou de terem os seus próprios produtos, permitindo que se ofereça um melhor aconselhamento aos clientes e um portfólio de produtos mais interessante, criando uma nova realidade de “Customer Journey “ que passará a ser o diferenciador, num mercado cada vez mais digitalizado onde a inovação, associada a elevados níveis de segurança, será preponderante para as escolhas do consumidor final. O que podemos esperar da Paylink Solutions para o futuro, mais concretamente para 2019? Em 2019 teremos uma posição mais marcante no mercado Ibérico. Finalizada esta fase inicial de apresentação da empresa e das nossas soluções, estaremos preparados para solidificar a nossa marca, num mercado que tem um grande apetite pelos nossos serviços. Escolher Paylink Solutions é…? Mais que escolher um provider, é escolher um parceiro com bastante know-how num mercado muito competitivo como o britânico, que procura trazer essa experiência e inovação para o mercado Ibérico, sempre com o intuito de ajudar os nossos clientes e parceiros a ir ao encontro da resolução para as suas inquietudes e problemáticas, e, em resumo, é escolher um parceiro em que as soluções foram bastante experimentadas e testadas ao longo de vários anos de aprendizagem contínua em UK. ▪


» INVESTIMENTO ESTRANGEIRO EM PORTUGAL

VGP PARKS AFIRMA QUE PORTUGAL É BOM PARA INVESTIMENTO ESTRANGEIRO Martijn Vlutters, Vice-Presidente da VGP Parks e em entrevista explica o que de mais atrativo tem Portugal para quem quer investir.

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GP é uma empresa líder no desenvolvimento de projetos internacionais de logística de alta qualidade e escritórios semi-industriais imobiliários e auxiliares. Qual é a coisa mais atraente sobre Portugal? O nosso foco estratégico está no desenvolvimento de parques empresariais e, enquanto grupo, queremos poder oferecer os nossos serviços nos países em que têm vindo a investir por toda a Europa Continental. Neste contexto, vemos Portugal como um país muito atraente para investir. É um mercado estável e tem-se mostrado atraente para investimentos estrangeiros, beneficiando-se de condições favoráveis​​ no mercado de trabalho.

PONTOS DE VISTA

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É possível definir um perfil de quem quer investir em Portugal? Os nossos clientes incluem operadores logísticos - como Rhenus, DSV, DB Schenker e DHL -, players de comércio eletrónico - como Amazon, 4PX e Zalando - e empresas industriais. Este último grupo representa metade do nosso portefólio de locatários e inclui fornecedores e fabricantes relacionados com o setor automotivo - incluindo a Volkswagen e a BMW - e uma ampla gama de empresas industriais leves. Quais são as maiores vantagens que Portugal apresenta aos investidores? Portugal faz parte da União Europeia, da Zona Euro e do espaço Schengen. Com um ambiente político e social estável, uma sociedade segura, uma força de trabalho altamente qualificada e muitas vezes inglesa, Portugal oferece um clima de investimento favorável. Além disso, a qualidade da infraestrutura rodoviária portuguesa está classificada como uma das melhores da União Europeia e o país beneficia ainda mais da infraestrutura aeroportuária, portuária e ferroviária de alta qualidade. Existem desvantagens? Quais são elas? Abrimos os nossos escritórios em Portugal em

janeiro deste ano e até não nos deparamos com nenhum problema. O nosso arranque tem sido muito promissor, uma vez que já estamos em negociações avançadas e exclusivas no que diz respeito à compra de vários terrenos na região de Lisboa e Porto. Como é que a solução “Built-to-suit” da VGP pode ser descrita e o que oferece? Nós construímos de acordo com os requisitos dos nossos clientes, mas também como proprietários de longo prazo do ativo, portanto, usamos um projeto interno de edifícios com base em diretrizes rígidas para a utilização de múltiplos propósitos. Permitimos a adaptação de acordo com os requisitos dos locatários, mas isto tem que estar dentro dos próprios parâmetros de construção padrão de alta qualidade do VGPs para garantir que o edifício manterá sua alta qualidade nas próximas décadas. Enquanto proprietários de longo prazo e também nos preocupamos com os municípios locais ao redor dos nossos parques. Acompanham um processo do início ao fim? Diria que essa é uma das características que mais te diferencia? Como grupo, operamos num modelo integrado. Identificamos lotes de terrenos estrategicamente localizados e a partir daí desenvolvemos parques de negócios dinâmicos. Os nossos clientes conhecem-nos pelas nossas especificações de construção padronizadas e de alta qualidade que utilizamos em toda a Europa. Por último, mantemos os parques em portefólio e gerámo-los a longo prazo. O vosso objetivo é criar um potencial relacionamento de arrendamento de longo prazo. Como cumprem esse objetivo? Trabalhamos em estreita colaboração com os inquilinos na procura de soluções de longo prazo para suas necessidades de armazenagem semi-industrial e de logística, de tal forma que os nossos contratos são geralmente de longo

Portugal está aberto para negócios e a economia está no bom caminho. O país beneficia de laços estreitos e de excelente infraestrutura com o resto da UE e vemos a vantagem adicional de perder ligações com o resto do mundo, incluindo a América do Sul (Brasil), África (Angola, Moçambique e Cabo Verde) e Ásia (China, incluindo Macau) como um diferenciador adicional

prazo. Isso reflete-se no prazo remanescente da nossa carteira existente, que é em média sete, oito anos. Uma palavra aos investidores... Porque é que deveriam investir em Portugal? Portugal está aberto para negócios e a economia está no bom caminho. O país beneficia de laços estreitos e de excelente infraestrutura com o resto da UE e vemos a vantagem adicional de perder ligações com o resto do mundo, incluindo a América do Sul (Brasil), África (Angola, Moçambique e Cabo Verde) e Ásia (China, incluindo Macau) como um diferenciador adicional. ▪



» OPINIÃO OPINIÃO DE EDUARDA MARTINS PEREIRA E LUÍS BRANCO LOPES

RGPD

O CONSENTIMENTO DESCONCERTADO DOS TRABALHADORES A BLMP analisa o Regulamento Geral de Proteção de Dados, na ótica da recolha e tratamento dos dados pessoais dos trabalhadores.

PONTOS DE VISTA

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RGPD E O CONSENTIMENTO DESCONCERTADO

Apesar de o Regulamento Geral de Proteção de Dados já vigorar em Portugal desde o dia 25 de maio de 2018, continuam a pairar, junto das empresas, dúvidas estruturais, relacionadas com a base legitimadora e com os procedimentos tendentes à recolha e tratamento de dados pessoais dos seus trabalhadores. Na verdade, talvez por associação à ideia de dignidade, reserva, transparência e liberdade decorrentes do espírito do próprio RGPD, foi gerada a convicção, errónea, de que qualquer empresa, antes de recolher e tratar dados pessoais dos seus trabalhadores, carecia do consentimento expresso dos mesmos. Foi com base nessa premissa que se assistiu ao fenómeno de massificação de formulários, fichas individuais e cláusulas enxertadas em contratos de trabalho, por forma a se obter uma espécie de “free pass” por parte de cada trabalhador, legitimando, aparentemente, os empregadores a recolherem e tratarem os dados pessoais daqueles.

Sucede que o consentimento, apesar de ser uma das bases legitimadoras de recolha e tratamento de dados pessoais, assume uma expressão muito reduzida no seio laboral, reservando-se, nessa medida, como se verá, a situações verdadeiramente excecionais. O motivo para que o consentimento seja, para o referido efeito, descaracterizado prende-se com o facto de se reconhecer um verdadeiro desequilíbrio de poder em contexto laboral e com a improbabilidade na obtenção de uma verdadeira, desinteressada e livre anuência, por parte dos trabalhadores, em que os seus dados sejam usados e “abusados” pelos seus empregadores. Ciente da inevitabilidade de tal realidade, o órgão consultivo europeu independente em matéria de privacidade e proteção de dados (vulgo “Grupo de Trabalho do artigo 29.º” da Diretiva 95/46/CE) emitiu uma orientação no sentido de expurgar o consentimento como base legitimadora para a recolha e tratamento de dados pessoais dos trabalhadores em contexto de trabalho, antes reservando-a aos casos em que, excecionalmente, é possível demonstrar um

consentimento livre. Estamos aqui a referir-nos a situações pontuais que não colidem, em bom rigor, com a própria atividade da empresa, nem com a consequente conformação da prestação da atividade dos seus trabalhadores (servindo como exemplo o caso em que o consentimento é validamente prestado, por um trabalhador, para que a sua fotografia figure no site da empresa). Assim, ao invés da preocupação em se obter, como se viu, um consentimento desconcertado dos seus trabalhadores, as empresas deverão, outrossim, assegurar um cumprimento rigoroso da informação a prestar àqueles, em matéria de RGPD. O empregador encontra-se, nessa esteira, obrigado a assegurar, de forma rigorosa, clara e precisa, o dever de informação que sobre si impende, o que implica que terá de transmitir aos seus trabalhadores, entre o mais, os concretos dados que passará a recolher e tratar, o fundamento da necessidade de tal tratamento para efeitos de execução do contrato de trabalho, a eventual existência de obrigação legal e/ou


F O I CO M B A S E N E S S A P R E M I S S A Q U E S E ASSISTIU AO FENÓMENO DE MASSIFICAÇÃO DE FORMULÁRIOS, FICHAS INDIVIDUAIS E CLÁUSULAS ENXER TADAS EM CONTRATOS DE TRABALHO, POR FORMA A SE OBTER UMA ESPÉCIE DE “FREE PASS” POR PARTE DE CADA TRABALHADOR, LEGITIMANDO, APARENTEMENTE, OS EMPREGADORES A RECOLHEREM E TRATAREM OS DADOS PESSOAIS DAQUELES

A BLMP

Em janeiro de 2019 nasceu a BLMP, Sociedade de Advogados, SP, RL. Trata-se da efetivação de um projeto desenhado por Eduarda Martins Pereira e Luís Branco Lopes (ex-associado sénior do departamento de Direito do Trabalho e Segurança Social da Garrigues). “Cada vez mais assistimos a pequenas necessidades de grandes empresas, o que determina a existência de assessoria focada em situações peculiares e concretas, mas com um potencial impacto na estrutura empresarial, de uma

forma transversal. O crescente grau de especialização de mão-de-obra levou a que as empresas deixassem de ter uma visão genérica e massificada da sua capacidade produtiva, passando a procurar otimizar cada célula da sua organização, estudando as especificidades dos vários setores, e até mesmo o enquadramento pessoal e pormenorizado de cada elemento de cada equipa”, conclui Luís Branco Lopes, depois de mais de dez anos assessorando complexas reestruturações empresariais. Eduarda Martins Pereira acrescenta que “sem prejuízo de a BLMP procurar um fato à medida de cada operação, afigura-se como preponderante praticar uma assessoria integrada, o que passa por uma análise cuidada dos pontos de contacto das várias áreas do Direito. É, nessa medida, crucial analisarmos se uma medida

de assessoria preventiva em matéria de cariz societário pode ou não ter um impacto direto ou indireto a nível laboral ou fiscal. A BLMP visa assim conhecer de “muito perto” a realidade dos seus clientes, procurando apostar na medição periódica do risco associado a cada medida a ser implementada”. A BLMP procura, portanto, uma posição distinta no mercado em que se insere, apostando na excelência e na proximidade dos serviços jurídicos que presta. No mês de março de 2019 a BLMP encontra-se a ministrar sessões de formação e esclarecimento junto de entidades certificadas, bem como tem assegurado mini-conferências, onde analisa, junto dos seus clientes, recentes alterações legislativas com impacto direto na estrutura dos mesmos. ▪

55 MARÇO 2019

verificação de interesse público ou de interesse legítimo. Para além de se evidenciar, nessa comunicação, o fundamento de tratamento, é igualmente exigível que o trabalhador seja informado, entre o mais, do prazo de conservação de cada dado em concreto, da identificação das entidades a quem os dados poderão ser transmitidos e ainda dos seus direitos, na qualidade de titulares dos dados. Este dever de informação pode ser alcançado, nomeadamente, através da implementação de um processo meticuloso de mapeamento dos dados a serem tratados, de uma organização dos mesmos em categorias distintas, da implementação de procedimentos e políticas internas de segurança e proteção dos dados e da consciencialização de trabalhadores e empresas da importância de uma postura conforme o RGPD. O RGPD veio assim dar vida a princípios que até então não passavam disso mesmo, punindo, com coimas milionárias, o seu incumprimento, pelo que, seja pelo cariz sancionatório, seja pela preocupação social comunitária, as empresas encontram-se agora impelidas a estar em conformidade com o novo regime legal.


» EVENTO OPINIÃO DE MÁRIO MARTINS, COORDENADOR DA COMISSÃO ORGANIZADORA DO VI CONGRESSO NACIONAL DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

PENSAR A FORMAÇÃO ERA DIGITAL E HUMANISMO O Forma-te, o ISCTE-IUL, a McDonald´s e a TAP Air Portugal, com o apoio institucional da ANQEP e IEFP, vão realizar o VI Congresso Nacional da Formação Profissional, no dia 11 de Abril de 2019, no Grande Auditório do ISCTE-IUL. Este CONGRESSO anual tem como mote principal “Pensar a Formação”. Pretende, desta forma, partilhar opiniões, experiências e conhecimentos dos especialistas da área da educação e formação profissional em Portugal.

O PONTOS DE VISTA

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contexto da sociedade atual está marcado pelas transformações permanentes e profundas a nível social, cultural, demográfico, tecnológico, económico, com consequências, muitas delas imprevisíveis, nas pessoas, nas organizações e no mercado de trabalho. As recentes inovações que, de forma galopante, têm caído sobre nós, sem apelo nem aviso, apresentam um conjunto único de caraterísticas nunca antes verificado. A primeira é que são todas tocadas a tecnologia com um travo digital incontornável. A segunda refere-se à ausência de alternativa. Ou seja, não mais poderemos passar ao lado, dizendo que aquilo não é para nós, desistir, mantendo-nos intocáveis nos nossos confortáveis processos de vida, muito menos resistir, mergulhando numa luta deliberada contra tais inovações. Estamos em plena ERA DIGITAL! E… digital vem de dedo! Ao alcance do dedo! Esta contundente enxurrada que tudo toca e a todos leva, assenta em três pilares de transformação que revolucionaram a vida em todas as suas formas de expressão: i. a velocidade (estamos e vamos a toque de dedo); ii. a acessibilidade (a qualquer hora e em qualquer lugar); iii. a simplicidade (facilitar e tornar as coisas “ amigáveis “).

E o que faz a FORMAÇÃO PROFISSIONAL neste novo mundo? Como se posiciona? Como percebeu e incorporou os impactos e, sobretudo, o que precisa de fazer para não perder, hoje, o estatuto, que tão bem lhe assentou, de dinâmica de desenvolvimento? De que forma o sistema de formação tem vindo a dar resposta aos novos desafios colocados pela digitalização? Qual o seu contributo para assegurar que a digitalização promova um desenvolvimento sustentável e inclusivo? Como garantir a renovação e o desenvolvimento de competências ao longo da vida, para que as pessoas se possam ajustar às constantes mudanças? Que mudanças ocorreram, ou vão ocorrer, ao nível do desenho, desenvolvimento e avaliação da formação? Quais as mudanças ao nível da organização e estrutura do próprio processo formativo, das metodologias, estratégias e espaços de aprendizagem, dos recursos utilizados, das competências dos formadores e de outros intervenientes? É​ em cima destas preocupações de fundo que montamos o CONGRESSO NACIONAL DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL, na certeza de garantir um momento de reflexão partilhada da maior oportunidade e importância sobre a FORMAÇÃO PROFISSIONAL à luz da nova ordem ditada pela ERA DIGITAL. Num fórum de âmbito nacional, reservado a todos quantos, direta ou indiretamente, têm ligações, afinidades ou mesmo responsabilidades

no universo da FORMAÇÃO PROFISSIONAL, vamos convocar um diversificado naipe de especialistas para animar uma caminhada conjunta, orientada para as seguintes metas: -​ identificar os novos cenários de vida provocados pela ERA DIGITAL; - tipificar as inevitáveis brechas geradas pela ERA DIGITAL na formação profissional; - caraterizar os desafios e as oportunidades que hoje se colocam à formação profissional; - definir os caminhos, as abordagens e os passos a dar para uma participação efetiva e plena na Era Digital. Durante o congresso será ainda divulgado o vencedor do Prémio Criatividade e Inovação na Formação 2019. Este prémio visa promover e valorizar as boas práticas desenvolvidas pelas Entidades Formadoras que constituem o Sistema Nacional de Qualificações. ▪ Mais informações: https://www.forma-te.com/cnfp2019.php


INDÚSTRIA DO OVO EM PORTUGAL E A SUA COMPETITIVIDADE

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OPINIÃO DE FERNANDO MOREIRA, PRESIDENTE DE DIREÇÃO DA APCA (ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE CIÊNCIA AVÍCOLA)

"A AVICULTURA MODERNA TEM SOFRIDO INÚMERAS TRANSFORMAÇÕES AO LONGO DOS ANOS" A Associação Portuguesa de Ciência Avícola (A.P.C.A) representa a Sociedade Cientifica do sector avícola em Portugal, representando o nosso sector a nível internacional através da World Veterinary Poultry Association.

PERFIL

FERNANDO MOREIRA

PRESIDENTE DE DIREÇÃO DA APCA (ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE CIÊNCIA AVÍCOLA)

A avicultura moderna tem sofrido inúmeras transformações ao longo dos anos. Os índices produtivos que hoje em dia são apresentados pelas galinhas poedeiras são impressionantes, podendo uma galinha atingir um pico de produção de ovos de 97%, produzindo mais de 420 ovos durante o seu período de vida. Para podermos ter uma ideia da evolução e do melhoramento genético das estirpes de aves com que hoje trabalhamos, num espaço de 20 anos passamos de 20,6 Kg de ovo/galinha às 76 semanas para 26,4 Kg de ovo/galinha às 90 semanas, aumentando em mais de 20% a capacidade produtiva das aves. Naturalmente que outros fatores tais como, a evolução nas práticas de maneio, a biossegurança, modernização das instalações, o aumento da qualidade do bem-estar animal, a implementação de novos programas nutricionais e a abordagem do ponto de vista da higiene e medicina veterinária preventiva, com avanços tecnológicos e incorporação de novas e melhores ferramentas imunológicas e nutracêuticos, contribuíram para estas mudanças. Atualmente as empresas portuguesas são dotadas de equipas técnicas multidisciplinares competentes, com qualidade igual ou superior aos seus pares Europeus. A velocidade de diagnóstico aumentou exponencialmente e, hoje em dia, obtemos com clareza, feedback sobre situações sanitárias num curto espaço de tempo. Este facto, contribui para o aumento da competitividade do sector, tornando-o uma importante alavanca para a economia nacional, nomeadamente através da autossuficiência e exportação. Novos paradigmas estão a aparecer, em que os consumidores ditam as tendências, e estas têm de ser perceptíveis pelas organizações ligadas ao sector. Não só no sector dos ovos, mas em todas a fileira avícola. Terá lugar, ainda este ano, o I Encontro Cientifico da Avicultura Portuguesa, organizado pela APCA, onde iremos reunir todos os principais

investigadores na área avícola das universidades, politécnicos e centros de investigação. O objetivo é criar pontes entre todos, estimular a investigação, dizer que o sector está disponível para contribuir para a investigação. A aproximação entre a indústria e a universidade é fundamental. A APCA irá também realizar um workshop dia 26 de Março deste ano sobre Maneio Avícola e, à semelhança do I Simpósio APCA 2018, estamos já a preparar o II Simpósio APCA 2020 que será em Lisboa. Como pertencemos ao World Veterinary Poultry Association, temos o objetivo de apresentar já em 2021 a candidatura à realização do Congresso Mundial. Seria uma grande honra para o nosso País receber o mais importante encontro mundial de avicultura e acho que a avicultura nacional mais do que merce. ▪

ATUALMENTE AS EMPRESAS PORTUGUESAS S ÃO D OTA DA S D E E Q U I PA S T É C N I C A S M U LT I D I S C I P L I N A R E S CO M P E T E N T E S, COM QUALIDADE IGUAL OU SUPERIOR AOS SEUS PARES EUROPEUS. A VELOCIDADE DE DIAGNÓSTICO AUMENTOU EXPONENCIALMENTE E, HOJE EM DIA, O B T E M O S CO M C L A R E Z A , F E E D B A C K SOBRE SITUAÇÕES SANITÁRIAS NUM CURTO ESPAÇO DE TEMPO

57 MARÇO 2019

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avicultura mundial, onde se inclui a indústria do ovo, está em permanente atualização e faz parte das funções da associação a partilha de informação e conhecimento com o intuito de a disponibilizar como forma fundamental de sustentar o crescimento dos variados intervenientes que fazem parte desta indústria em Portugal.


» INDÚSTRIA DO OVO EM PORTUGAL E A SUA COMPETITIVIDADE

EMPRESA PORTUGUESA É A ÚNICA EM PORTUGAL A EXPORTAR OVOS PARA ISRAEL “Ano passado, exportámos cerca de 120 contentores, em cada contentor vão cerca de 321 mil ovos. Este ano, até ao momento já seguiram para Israel 40 contentores. É muito provável que alguém em Israel esteja, neste momento, a comer um ovo português, uma vez que, abastecemos todo o país”. Paulo Mota, Diretor Executivo da Rica Granja, explica de que forma Portugal se destaca no setor dos ovos.

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PONTOS DE VISTA

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Rica Granja surgiu na sequência da diretiva de 2012 decretada pela União Europeia que definia que o sistema de alojamento de galinhas poedeiras em gaiolas convencionais teria que ser abandonado ou substituído por gaiolas melhoradas. Num estudo realizado pela ANAPO, foram contactados todos os seus associados, no sentido de perceber se estes tinham planos de conversão da exploração ou se abandonavam a atividade, total ou parcialmente. O que se verificou foi que a maioria iria dizimar e a alternativa que encontraram foi a de se unirem e criarem uma só empresa, de modo a combater a falta de recursos para se adaptarem à diretiva. Hoje, a Rica Granja produz, em média até 550 mil ovos por dia. No final de É muito 2015 já tinham quatro pavilhões PAULO MOTA provável que em perfeito funcionamento, alguém em Israel esteja, atualmente exportam 60% do neste momento, volume de faturação, sendo que 25% são para Israel – em 2018 a comer um ovo exportaram quase três milhões português, uma vez que, de euros, o que se traduziu em abastecemos 120 contentores enviados para todo o país aquele país. Além do grande número de euros ganhos, é com orgulho que Paulo Mota se refere à Rica Granja como a “a única empresa do setor habilitada a exportar para Israel. Segundo os parâmetros israelitas, a Rica Granja é a única empresa nacional que cumpre todos os requisitos. Cada produtor pode candidatar-se e, posteriormente, as autoridades israelitas responsáveis pela qualidade alimentar visitam os candidatos e dimentos mais atuais, com particular destaque avaliam de forma a escolher o seu exportapara as normas de biossegurança implemendor. Ano passado, exportámos cerca de 120 tadas. O controlo da alimentação das galinhas contentores, em cada contentor vão cerca é rigoroso assim como a atividade laboratorial de 321 mil ovos. Este ano, até ao momento já que trabalha diariamente para o controlo de seguiram para Israel 40 contentores. É muito qualidade. COMER OVOS À VONTADE provável que alguém em Israel esteja, neste Já foram muitos os estudos que preveniam momento, a comer um ovo português, uma as pessoas sobre o consumo exagerado de UM SETOR PEQUENO vez que, abastecemos todo o país”. ovo mas hoje, a história é outra. O ovo é visto COM ALGUMAS BATALHAS Segundo dados oficias da exportação de ovos como um alimento essencial na alimentação Apesar de pequeno, o setor vê-se, por vezes, da União Europeia para países terceiros, Porde qualquer pessoa e quantos mais, melhor. Tal obrigado a adaptar-se a tendências ou regras tugal apareceu em 4º lugar como exportador tendência verificou-se no acréscimo de produque vão surgindo. Neste momento, Paulo para fora da UE. O setor de produção de ovos ção de ovos. O ovo voltou a estar no topo de Mota refere que a tendência atual é deixarem é um setor pequeno e cuja maior representapreferências alimentares da população. de existir gaiolas e que as galinhas passem a ção se resume a cinco ou seis produtores mas Durante anos o ovo foi considerado prejudiser criadas sob três alternativas possíveis: de tem-se mostrado um setor resiliente, unido e cial devido à quantidade de colesterol exismodo biológico, no solo ou ao ar livre. capaz de ultrapassar os desafios que vão apatente na gema. No entanto, estudos recentes “O grande desafio é conseguir realizar todo o recendo. mostram que isso não é verdade e que este aliprocesso de modificar as condições de toda mento pode ser consumido diariamente sem a estrutura de um pavilhão. E aí o número de afetar a saúde. animais será reduzido para menos de metaPORTUGAL E OS SEUS OVOS O ovo é dos alimentos mais completos e de. Fala-se em gripe das aves e em questões DE QUALIDADE nutritivos que a natureza disponibilizou, uma que ferem a biossegurança e estas tendências Desde o clima ao conhecimento dos produvez que, contém proteína, niacina, ferro, sódio, tornam-se mais vulneráveis. O desafio não é só tores, Portugal surge no mapa como um país vitamina B12, E, A, D e K, selénio, tiamina, colio investimento mas a questão sanitária, concom a conjuntura perfeita para a produção de na, fósforo, potássio, zinco, riboflavina e magtrolar doenças que possam surgir no exterior, o ovos. A Rica Granja surge como um excelente nésio. Tem aqui 16 boas razões para comer que requer mais conhecimento por parte dos exemplo com as suas infraestruturas moderovos à vontade. ▪ produtores”, explica. nas e construídas segundo as técnicas e proce-


INDÚSTRIA DO OVO EM PORTUGAL E A SUA COMPETITIVIDADE

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A OPINIÃO DE PAULO MOTA, PRESIDENTE DA ANAPO

"CONSUMAM OVOS PRODUZIDOS EM PORTUGAL" de produção a optar. E aqui surgem as incertezas. Quais os ovos que os consumidores vão comprar? Serão os produzidos em Modo Biológico? No Ar Livre? Ou no solo? Quanto é que o consumidor está disponível para pagar a mais pelos ovos produzidos em sistemas alternativos? Esta é a maior dificuldade do produtor, não só porque gostaria de saber qual o tipo de ovos que mais poderá vender, mas também porque se trata de níveis de investimentos diferentes, que vão aumentando à medida que se proporcionam melhores condições de bem-estar às galinhas. Por exemplo, o capital necessário para investir no sistema de Produção Biológico é 300% superior do que no sistema ao Ar Livre ou no Solo, para o mesmo número de galinhas. Outro desafio a enfrentar com o desenvolvimento destes sistemas de produção tem a ver com as técnicas de produção pois, neste momento, o conhecimento técnico ainda é escasso. Estes sistemas são mais exigentes, é necessário mais tempo de dedicação aos animais e novas técnicas de maneio para produzir com o mesmo nível de produtividade que se produz no sistema de gaiolas. A este nível têm surgido algumas dúvidas, por exemplo: A galinha que contacta mais com os seus excrementos, com aves selvagens e com o exterior onde é mais difícil controlar as condições de biossegurança, vai ter mais problemas sanitários ou vai ganhar resistência uma vez que o contacto é mais frequente? A galinha que faz mais exercício físico será mais saudável, tal como acontece com os humanos? Nos sistemas alternativos as galinhas circulam livremente no pavilhão ou no pavilhão e no exterior. A menor densidade animal praticada nos sistemas alternativos terá influência na saúde dos bandos? Os ovos produzidos em sistemas alternativos serão diferentes? Uma vez que são produzidos por galinhas que fazem mais exercício físico e têm uma alimentação mais próxima daquela que teriam no seu habitat natural, comem minhocas, insetos, ervas espontâneas, etc… Só será possível responder, com alguma certeza, a estas questões daqui por alguns anos, quando houver mais experiência e conhecimento técnico nestes sistemas de produção. Uma coisa é certa, o sector continuará a enfrentar desafios e a garantir o abastecimento do nosso mercado, com ovos de qualidade, seguros e que cumpram com as necessidades dos consumidores. Recordamos que Portugal reúne melhores condições climatéricas para a produção de ovos em sistemas alternativos, principalmente em Modo Biológico e Ar Livre, do que outros países, principalmente do que os países do norte da europa. Numa altura em que se fala muito nas vantagens do consumo de ovos e menos em desvantagens, porque estas não existem, apelamos aos nossos consumidores que não hesitem, consumam ovos produzidos em Portugal, consultem o código impresso nos ovos e optem por ovos com os códigos 0PT-Modo Biológico, 1PT-Ar Livre, 2 PT – Solo e 3PT – Gaiolas, pois todos cumprem com os requisitos de qualidade e nunca por ovos com código de produção noutro país. ▪

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O

sector da produção de ovos está habituado a enfrentar desafios, sejam eles por imposição legal ou simplesmente por imposição comercial, a prova disso é que em Portugal se produzem ovos com o mesmo nível de qualidade que qualquer outro país, Portugal é excedente na produção de ovos, é o 4.º maior exportador de ovos da UE para Países Terceiros. No entanto, o maior desafio ocorreu há menos de 10 anos quando o sector teve que se adaptar às novas regras do Bem-estar Animal definidas no Decreto-Lei n.º 72-F/2003 de 14 de abril. Esta legislação obrigou os produtores de ovos a abandonar a produção em gaiolas convencionais, a adaptar-se ao sistema de gaiolas melhoradas ou aos sistemas alternativos. Com esta legislação surgiu esta nova designação - Sistemas alternativos - sendo eles “Ar Livre” e “Solo”. Inclui-se ainda a produção de ovos em Modo Biológico, com legislação própria que, para além do Bem-estar das galinhas contempla outras regras nomeadamente a alimentação das próprias galinhas que, por exemplo, obriga que os cereais, base da alimentação, também sejam produzidos em Modo Biológico e não podem ser OGM. Na definição dos sistemas de produção, o Decreto-lei define que é “importante alterar os parâmetros que devem ser observados na produção de ovos por forma a melhorar as suas condições, mantendo o equilíbrio entre os diferentes aspetos a ter em consideração, quer em termos de bem-estar animal quer do ponto de vista sanitário, económico e social, quer ainda no que diz respeito às implicações ambientais” Portanto, o que está em causa nesta legislação tem a ver com as condições em que as galinhas são criadas e não com a qualidade do produto final. Menos de 10 anos depois deste grande desafio, que obrigou os produtores a investir largos milhões de euros, surge um novo desafio, agora por exigência do mercado - a substituição da produção de ovos em gaiolas pela sua produção em sistemas alternativos. Como se trata de um desafio há que o enfrentar e assumir riscos, nomeadamente na seleção do sistema


» INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL – DEPARTAMENTO DE EMPREGO

APROXIMAR O SERVIÇO PÚBLICO DE EMPREGO DOS CIDADÃOS E EMPRESAS Com uma ampla cobertura territorial, o Instituto do Emprego e Formação Profissional presta serviços de proximidade, ajustando as suas respostas às necessidades específicas das pessoas, das empresas e das comunidades em que estas se inserem.

P

ara adequar os serviços prestados à maior autonomia e exigência (de conteúdo e tempo de resposta) dos cidadãos e empresas, o IEFP tem vindo a implementar, no âmbito da modernização do serviço público de emprego, projetos centrados na promoção de uma relação de confiança e qualidade, apostado na diversificação e melhoria dos seus canais de atendimento e prestação de serviços presenciais e a distância. Existe, pois, uma clara aposta do IEFP na personalização de serviços, simplificação e desmaterialização, para uma resposta mais célere, sem custos e de qualidade, permitindo o alargamento das possibilidades de escolha dos cidadãos quanto à forma como pretendem aceder e utilizar os serviços.

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De entre os desenvolvimentos mais recentes, ao nível da componente digital, destaca-se o portal iefponline, como alternativa ao atendimento presencial. O iefponline é o balcão único de emprego de serviços interativos de emprego e formação profissional do IEFP, para cidadãos e empregadores, que facilita o acesso generalizado à informação e aos serviços, no sentido de responder aos desafios impostos pela crescente exigência que os cidadãos e as empresas pretendem e esperam de si. Este portal conta com uma série de novas funcionalidades que facilitam a vida quer de cidadãos quer de empregadores. É fácil de usar, em função do tipo de utilizador, é seguro e permite o acesso por computador, smartphone ou tablet.

Para além de uma maior rapidez e agilidade no tratamento dos assuntos, este portal disponível todos os dias e todas as horas permite, também, uma maior proximidade entre as empresas e os cidadãos. Das funcionalidades disponíveis online para cidadãos destaca-se a inscrição para emprego e a gestão da respetiva inscrição (consulta, alteração, atualização de dados ou anulação); a divulgação de currículos; a pesquisa e resposta a ofertas de emprego e estágios, a pré-inscrição em cursos de formação profissional; o pedido de declarações e a submissão de documentos. Encontra-se também disponível a possibilidade de submeter o requerimento do subsídio de desemprego. O serviço de notificações eletrónicas é outra mais valia do iefponline. Ao aderir (apenas

O iefponline enquadra-se numa estratégia que privilegia a proximidade e a personalização dos serviços, que se reflete também na adoção de formas de atuação mais ajustadas às necessidades de cada um


QUER SABER MAIS?

É de destacar ainda a possibilidade de, através do iefponline ou por telefone ou email, ser possível agendar previamente o dia e hora em que quer ser atendido presencialmente no serviço de emprego. Para as empresas que procuram

trabalhadores ou apoios do IEFP existem funcionalidades específicas que permitem: consultar os currículos disponíveis e definir perfis de consulta, com possibilidade de contato direto com os candidatos que o autorizarem previamente; a divulgação e gestão das ofertas de emprego; a comunicação dos resultados do recrutamento; a candidatura a apoios, bem como toda a gestão e acompanhamento das candidaturas. Podem ainda receber informação sobre medidas de emprego, com alertas, notificações e troca de correspondência.

O iefponline enquaEntre em: dra-se numa estratéhttps://iefponline.iefp.pt gia que privilegia a e veja por si. proximidade e a personalização dos serviços, que se reflete também na adoção de formas de atuação mais ajustadas às necessidades de cada um. para os candidatos a emprego, em É nesse sentido que o IEFP tem vin- especial para os desempregados de do a estreitar a sua relação com os longa duração (ou em risco) e para empregadores, através da criação do os subsidiados, foi reforçado o acomGestor+, um gestor para empresas panhamento por um Gestor Pessoal com implantação nacional que presta responsável por encontrar respostas serviços personalizados que integram adequadas que permitam o regresso as diversas valências do IEFP. Também ao mercado de trabalho. ▪

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obrigatório para as entidades beneficiárias de apoios) o utilizador recebe as comunicações do IEFP na sua “caixa de correio digital” e um email de aviso de nova notificação. Este serviço representa ganhos para o ambiente e evita ao utilizador a deslocação aos correios.


» MBA SURGICAL EMPOWERMENT

“A SAÚDE É FEITA, SOBRETUDO, DA RELAÇÃO HUMANA” No ano em que celebra o 20º aniversário de presença em Portugal, a Revista Pontos de Vista dá-lhe a conhecer a MBA Surgical Empowerment, uma empresa líder no setor da distribuição de tecnologia médico-cirúrgica, pela voz do Country Manager Portugal, Vítor Morais.

A

MBA é uma empresa de distribuição de produtos da área da saúde, catalogados em três áreas distintas: ortopedia, cirurgia geral e anestesia. Presente na Península Ibérica há cerca de 30 anos e no mercado português há 20 anos, foram já vários os projetos levados a cabo pela MBA em países europeus durante o seu percurso. Tendo como pilares a tecnologia, o serviço prestado e o conhecimento, hoje é com orgulho que Vítor Morais nos diz que, pelo segundo ano consecutivo, a MBA está a crescer acima dos dois dígitos. “A nossa presença no mercado enquanto empresa multinacional coloca-nos em países como Itália e Espanha, assim como em Portugal. Nos três países estamos a crescer acima do que o mercado faz, conseguindo aumentar a nossa quota, ano após ano. Estamos muito orgulhosos da unidade de negócios portuguesa, liderada por Vítor Morais, pelo crescente respeito que está a gerar entre a comunidade médica portuguesa e pelo elevado nível de serviço e profissionalismo que a sua equipa desenvolve no seu dia adia”, acrescenta Carlos Marina, CEO da MBA.

PONTOS DE VISTA

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Quais são as novidades dos últimos anos neste setor? Posso dizer que a maior novidade a nível da afetação das empresas prendeu-se, não tanto com o produto em si, mas sim com a crise que o país atravessou há alguns anos. Sendo nós uma empresa de distribuição de produtos, essa crise acabou por nós bater à porta mais cedo. No entanto, a MBA soube reagir, adaptar-se e posicionar-se num bom caminho. Procurando constantemente pelos melhores produtos e materiais inovadores que acarretem mais-valias à empresa, paralelamente, a MBA tem vindo a apostar fortemente na formação externa e interna dos seus colaboradores. Enquanto empresa de distribuição temos uma maior capacidade de nos adaptarmos ao mercado e de assumir uma posição crítica perante os produtos que distribuímos e presentes no mercado. Com a ajuda dos nossos colaboradores e parceiros apostamos nos produtos com um forte potencial, assumindo-nos, assim, referentes no mercado, com um papel importante em algumas especialidades e na sua expansão, bem como na influência dos comportamentos de consumo do cliente. Somos uma parte ativa das empresas fabricantes. A posição crítica relativamente aos produtos, a pesquisa e a procura de opiniões sobre os produtos internacionais são fatores que nos permitem criar confiança entre os demais profissionais de saúde. Começaram o vosso percurso nas Astúrias, marcando um ponto decisivo no entendi-

VÍTOR MORAIS

mento da traumatologia e ortopedia. De que forma? Este tem sido um logo caminho. Há mais de 30 anos que estamos no mercado, o qual se tem revelado bastante promissor. Foi um caminho de entendimento, de análise e, principalmente, de autocrítica sobre todo o trabalho que viemos a desenvolver ao longo do tempo. Procurámos sempre atender às necessidades dos clientes e de quem queremos servir, pois é aí que está o nosso passado e o futuro. Isto levou-nos, em primeiro lugar, a um levantamento constante das necessidades do mercado e, especificamente, dos nossos clientes, e, em segundo lugar, à procura constante de produtos de qualidade de forma a evoluir e a servir essas necessidades do mercado. Efetivamente, conseguimos estar presentes de forma diferente juntos dos nossos clientes e dos nossos parceiros e conseguimo-lo baseando-nos em três fatores: equilíbrio - orientado para um negócio estável e duradouro, com base no respeito e transparência com os nossos clientes; confiança - tanto no serviço que prestamos ao cliente como na nossa capacidade de resposta célere, nos produtos que obtemos e que fornecemos aos nossos clientes, e na proximidade. Com cerca de 280 colaboradores na distribuição e venda, a MBA tem a maior rede comercial a nível Ibérico; por fim, o conhecimento e o forte know-how que temos no setor da saúde. Acima de tudo, procuramos ser considerados parceiros no trabalho e nas dificuldades e procuramos ser sempre parceiros íntegros e de confiança. Em 1999 expandiram a vossa atuação para

um nível internacional e chegaram a Portugal. Que balanço faz destes últimos 20 anos? As mudanças em Portugal, e não só nestes últimos anos, foram tremendas. Foram mudanças a nível tecnológico, político, económico, mas também a nível social. Neste percurso a MBA passou por altos e baixos, acompanhando não só as tendências do mercado como as próprias dificuldades sociais que existem. A verdade é que sobrevivemos a muitas mudanças e podemos dizer que hoje a MBA goza de uma saúde estável e com expectativas para o futuro promissoras. Não posso deixar de referir a qualidade do grupo de trabalho que representa a MBA. Queiramos ou não, no meu entender, quem faz as empresas e o nome das empresas são as pessoas que lá trabalham e não há maior satisfação a nível profissional do que ver uma equipa bem formada, motivada e que tem gosto pelo que faz no dia a dia. O trabalho de equipa que aqui se tem feito trouxe-nos até onde estamos hoje. Por isso aproveito para reconhecer a pessoas que fizeram e fazem a MBA, pelo seu esforço e dedicação. Para concluir, o balanço é muito positivo. Permitiu-nos conhecer o mercado, analisar as suas carências e dificuldades, as dificuldades dos clientes e, principalmente, as nossas próprias dificuldades. Conseguimos reorganizarmo-nos e, neste momento, encaramos o futuro com muito otimismo. A medicina é uma ciência em constante mutação e adaptação - o que faz com que de novas teorias saiam novas terapêuticas, técni-


Em 2017 a marca renovou-se e passou a ser MBA Surgical Empowerment sob o qual operam a MBA e Bioser. Porquê este rebranding e que novidades vieram com ele? Em 2015, e depois da Alantra, um Fundo de investimento global, ter adquirido a maioria do

capital social da MBA, iniciaram-se mudanças significativas na MBA, principalmente a nível de direção de equipas e na abordagem que se fazia ao cliente. Neste ano de 2017 a MBA e a Bioser convertem-se em duas divisões especializadas sob a chancela da MBA Surgical Empowerment. A marca criada reflete uma nova etapa para a MBA, mas vem também acrescentar ao nome um cunho que permite à MBA, por um lado, ser mais facilmente reconhecida pelo público que não conhece a sua área de atuação. A nova marca reflete, ainda o nosso valor diferencial: a possibilidade de dar “poder” aos profissionais de saúde. Entendemos este poder como sinónimo de capacidade e de habilidades, tanto na sala de operações, através dos produtos que distribuímos e do serviço de proximidade que nos distinguem, como através do campo de formação e de investigação que fornecemos. A MBA tem vindo a procurar o equilíbrio entre o progresso e a sua atividade, onde as preocupações ambientais e a sustentabilidade estão sempre presentes, bem como o desenvolvimento social. O trabalho desenvolvido pela MBA sustenta-se, assim sendo, e desde sempre, em três linhas: na investigação, iniciando-se uma série de projetos com universidades com o objetivo de difundir canais inovadores na área da biomecânica; na ação social, onde estão bem vincadas contribuições, todos os anos, a

diferentes Organizações não Governamentais (ONGs), Fundações e Entidades de Interesse Público na área da saúde, através da doação de materiais e equipamentos para o desenvolvimento das suas atividades; patrocínio e participação em atividades de inovação no campo da bioengenharia e disciplinas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), bem como o patrocínio de atividades desportivas e de promoção da saúde. Em conexão com o nosso compromisso com o meio ambiente, temos um Sistema Integrado de Gestão da Qualidade e Ambiente baseado e certificado segundo as normas internacionais ISO 9001 e ISO 14001. Estes fatores contribuíram para que, em 2017, se renovasse então a marca, nascendo, assim, a MBA Surgical Empowerment. ▪

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cas e por isso novos materiais. Que desafios e oportunidades são então esperados para este setor? Esta é uma área que está em constante evolução e mutação. Estão sempre a surgir novas técnicas e materiais e se pensarmos sobre onde é que estávamos há 30 anos e se refletirmos um pouco sobre isso, leva-nos a questionar onde é que estaremos nos próximos 30 anos com a tecnologia que temos hoje disponível e com os avanços tecnológicos que vão continuar a verificar-se. Por um lado, a população tem sofrido com o aumento de algumas doenças como as doenças oncológicas que são a segunda maior causa de mortes em Portugal ou as doenças vasculares, a primeira causa do maior número de mortes no país. No entanto, a esperança média de vida tem vindo a aumentar drasticamente. Olhemos para o forte trabalho desenvolvido pelo Serviço Nacional de Saúde através dos programas de rastreios que têm vindo a ser lançados no âmbito das doenças oncológicas e a tentativa de controlo das doenças vasculares através, igualmente, de rastreios. As pessoas vivem mais tempo, mas não querem apenas viver mais anos. Querem viver com uma maior qualidade de vida. Hoje, as pessoas estão mais informadas e são muito mais exigentes, quer com os profissionais de saúde quer com o próprio Serviço Nacional de Saúde. Neste sentido, e analisando os últimos anos, a evolução do setor foi gritante. Os avanços tecnológicos na medicina são constantes e proporcionam aos médicos, cientistas e pacientes novidades na cura e tratamento de doenças. No entanto, a tecnologia também nos leva a perder muitas coisas no que diz respeito à condição social e humana. E isso preocupa-nos porque a saúde também é feita dessa parte, da interação e da relação humana.


» MEDICINA DESPORTIVA – QUAL O PAPEL DO ORTOPEDISTA?

MEDICINA DESPORTIVA:

ASTROSCOPIA E ENGENHARIA DOS TECIDOS SÃO DUAS TÉCNICAS QUE REVOLUCIONARAM O MUNDO DO DESPORTO João Torres é médico no Hospital São João e no Hospital Lusíadas Porto e Professor de Ortopedia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, conversou com a Revista Pontos de Vista sobre a amplitude e importância da Medicina Desportiva sob a ótica da sua especialidade: a ortopedia. TRATAR UM DESPORTISTA É DIFERENTE DE TRATAR UM DOENTE COMUM

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A medicina desportiva é uma área da medicina dedicada aos cuidados prestados aos atletas. Orientada para que o rendimento de um atleta esteja em alta, esta especialidade abrange muitas áreas da medicina comum com destaque para ortopedia, fisiatria, cardiologia e medicina interna. A medicina desportiva incide na prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de lesões sofridas durante a atividade física. O objetivo do tratamento é curar e reabilitar a lesão para que o atleta possa retornar à atividade o mais rapidamente possível. A ortopedia ganha terreno nesta área devido ao uso frequente, desgaste e risco de quedas ou acidentes associados com as atividades desportivas. Os atletas são muitas vezes suscetíveis a lesões ortopédicas (como fraturas, lesões musculares, tendinosas e ligamentares). Nesta necessidade de rápidas melhoras surgiu uma técnica que veio revolucionar por completo tratamentos cirúrgicos: a artroscopia, um procedimento cirúrgico pelo qual a estrutura interna de uma articulação é examinada para diagnóstico e/ou tratamento usando um instrumento semelhante a um tubo, chamado artroscópio. Popularizada no estrangeiro por volta da década de 60, acabou por se tornar comum um pouco por toda a parte. É normalmente feita por cirurgiões ortopédicos em regime ambulatório - o que significa que os pacientes podem geralmente regressar a casa depois do procedimento-. “A técnica da artroscopia resume-se em inserir o artroscópio, um pequeno tubo que contém fibras óticas e lentes, através de pequenas incisões na pele para que a articulação possa ser examinada. O artroscópio está conectado a uma câmara de vídeo e o interior da articulação pode ser visto num ecrã de televisão”, explica o médico. A cirurgia artroscópica é uma técnica muito pouco evasiva e que consiste em, através de pequenos furos, introduzir uma câmara e operar a olhar para um ecrã sem fazer grandes estragos. Inúmeros procedimentos podem ser feitos desta forma. Uma cirurgia artroscópica causa menos impacto nos tecidos, quando comparada com uma cirurgia tradicional, resultando em menos dor e numa recuperação mais rápida.

ENGENHARIA DOS TECIDOS NO DESPORTO – REPRODUZIR TECIDOS DO CORPO HUMANO EM LABORATÓRIO

“Deixem jogar o Mantorras”, recorda-se? O joelho direito do avançado que se consagrou no Sport Lisboa e Benfica não melhorou após quatro cirurgias e inúmeros tratamentos e ditou o final de carreira aos 28 anos.

JOÃO TORRES

Kerlon Foquinha passou seis cirurgias ao joelho e duas no tornozelo e o precoce fim de carreira deu-se aos 29 anos. Críticos de futebol garantiram que ele seria tão bom quanto Neymar. No ténis, Andy Murray, aos 31 anos, anunciou a sua retirada dos courts por causa de uma lesão na anca. Chegou a ser número um do mundo no ranking ATP. Muitos foram os atletas que viram chegar o fim da sua carreira devido a lesões e, nesta temática, a engenharia dos tecidos promete ser o fim, não de carreira, mas da falta de soluções para dar a volta ao resultado. “A ideia é chegar a um ponto em que se vai conseguir reproduzir um tendão, um menisco e colocá-lo no corpo. Embora ainda em fase embrionária, a possibilidade de tratar lesões com tecidos do próprio atleta, irá permitir que uma lesão grave não signifique o término de uma carreira de um desportista, revela João Torres.

PAPEL DO ORTOPEDISTA NO DESPORTO E LESÕES MAIS FREQUENTES

A ortopedia, tradicionalmente, é das especialidades mais associadas com o desporto, pelo tipo de lesões envolvidas. Com a evolução dos tempos a medicina desportiva começou a ser muito abrangente e, hoje, existem muitas pessoas dedicadas à medicina desportiva que nada têm a ver como a ortopedia”, afirma João Torres. O papel do ortopedista tem no entanto uma importância relevante na investigação e tratamento das patologias.

TRATAR UM ATLETA É DIFERENTE DE TRATAR UM DOENTE COMUM

Em termos de lesões, as lesões são diferentes porque as lesões das pessoas no dia-a-dia acontecem mais por desgaste continuado, contraria-

mente aos desportistas, em que o corpo sofre altas pressões constantemente. O papel do ortopedista pode ser essencialmente dois. Dedicar-se à medicina desportiva em geral, algo que se vê muito nos EUA, ou o mais comum que é ser um traumatologista no desporto. O leque das lesões mais frequentes é extenso e o seu tipo depende do desporto em causa. No entanto as áreas mais afetadas são os ombros, joelhos e tornozelos. As modalidades que mais risco apresentam são, segundo o nosso interlocutor, as de combate, de contacto direto ‘corpo a corpo’ e as com rotações, que põem mais em risco as estruturas ligamentares do membro inferior, como basquetebol e andebol. Em Portugal há muito que se faz um bom trabalho em termos de medicina do desporto e por isso “já não há a necessidade de sair do país para tratar uma lesão desportiva: em Portugal converge uma panóplia de técnicas inovadoras assim como conhecimento para que os resultados sejam bons e rápidos”.

AEFMUP E O CURSO DE MEDICINA DESPORTIVA

Com o objetivo de projetar a conversação e o entendimento geral acerca de lesões desportivas, João Torres, criou em sinergia com a associação de estudantes da Faculdade de Medicina do Porto, o Curso de Medicina Desportiva. “A ideia surgiu depois de ter regressado dos meus estágios nos EUA, onde as lesões desportivas eram faladas e discutidas publicamente de forma didática. Enquanto entusiasta do desporto, pensei em criar um curso de Medicina Desportiva em que, num dia, conseguisse reunir um conjunto de patologias de áreas ligadas à MD e que quem participasse ficasse com uma ideia generalizada das principais patologias presentes na traumatologia desportiva e também, englobar várias áreas da saúde como nutrição ou a psicologia que estão também intimamente ligadas à boa prática de desporto. Depois de quatro edições, o curso é um sucesso em que as inscrições esgotam em poucos minutos e já se tornou num curso dedicado não só aos médicos mas aberto a várias áreas de formação em saúde”. O curso é dividido em duas partes. A primeira, é reservada ao escrutínio de lesões específicas e mais comuns em certas regiões do corpo por parte de convidados especialistas. A segunda, é dedicada a palestras, onde em edições anteriores se contam nomes como André Villas Boas ou Nélson Pulga – médico do Futebol Clube do Porto - e workshops em simultâneo em que os participantes escolhem aquele em que querem participar. A oferta varia e vai desde psicologia, nutrição do atleta, metodologia de treino, cirúrgicos ou traumatologia. No final, é realizada uma discussão de casos clínicos. ▪






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