Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. MARÇO 2020 | EDIÇÃO Nº 91 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros
VANESSA OLIVEIRA SÓCIA-GERENTE DA FINANCIAL LIBERTY
“ESCOLHER A FINANCIAL LIBERTY É ATINGIR A LIBERDADE FINANCEIRA E TER UM PARCEIRO PARA A VIDA”
ÍNDICE DE TEMAS
FICHA TÉCNICA Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Administração | Redação | Departamento Gráfico Rua Rei Ramiro 870, 2º J 4400 - 281 Vila Nova de Gaia Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660, 4455-518 Perafita Matosinhos Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt; redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt | www.facebook.com/pontosdevista Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas Distribuição Nacional / Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 | Dep. Legal: 374222/14 DIRETOR: Jorge Antunes EDITOR: Ricardo Andrade Rua Rei Ramiro 870, 2º J 4400 – 281 Vila Nova de Gaia
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PONTOS DE VISTA NO FEMININO. PERSONALIDADES FEMININAS EM DESTAQUE NESTE MÊS DA MULHER
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DISCUSSÃO DE IDEIAS DE SARA MACIAS E RICARDO PINA CABRAL: À DESCOBERTA DE NOVOS MUNDOS ATRAVÉS DOS CAMINHOS DOS NOVOS “VISTOS GOLDS”!
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JOANA MATEUS, TECHNICAL MANAGER DA ANTICIMEX, FALA SOBRE O SURTO DO COVID-19 E DE COMO ATUAR NESTAS SITUAÇÕES
PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Vanessa Ferreirinha PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares FOTOGRAFIA: Diana Quintela - www.dianaquintela.com Rui Bandeira - www.ruibandeirafotografia.com Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para: Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua Rei Ramiro 870, 2º J, 4400 - 281 Vila Nova de Gaia E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt
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HELDER BAPTISTA, ADMINISTRADOR EXECUTIVO DA AMENER, ABORDOU UM POUCO MAIS SOBRE A MARCA QUE ATUA ATRAVÉS DA IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA COM BASE NO MODELO DE DESEMPENHO ENERGÉTICO
Preço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%) | Assinatura anual (11 edições): Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%), | Europa: 65 euros Resto do Mundo: 60 euros
Editorial A Revista Pontos de Vista apresenta-se como uma publicação editada pela empresa de comunicação empresarial Horizonte de Palavras, sendo de frequência mensal, assume-se como um meio de comunicação que pretende elevar as potencialidades do tecido empresarial em Portugal. Assumimos o compromisso de promover paradigmas práticos e autênticos do que de melhor existe em Portugal, contribuindo decisivamente para a sua vasta difusão.
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TELMO SANTOS, CO-CEO E CO-FOUNDER DA EUPAGO, UMA MARCA QUE SE PREPARA PARA LANÇAR ESTE ANO O NOVO BACKOFFICE COM NOVAS FUNCIONALIDADES. UMA NOVA FERRAMENTA QUE RESPONDE ÀS NECESSIDADES DOS UTILIZADORES E SEM NUNCA DESCURAR A SEGURANÇA
3 MARÇO 2020
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UMA EMPRESA NÃO NASCE PELO ESFORÇO APENAS DE UMA PESSOA. SÃO INÚMEROS AQUELES QUE ESTÃO AO LADO DE QUEM TEM A CORAGEM E A RESISTÊNCIA PARA ENVEREDAR POR UM PERCURSO REPLETO DE OBSTÁCULOS E DIFICULDADES. VANESSA OLIVEIRA É UM CLARO EXEMPLO DISSO MESMO. PORQUE O MUNDO NÃO SE CONSTRÓI A SOLO, E FOI SEMPRE ESSA FILOSOFIA E ESSE CUNHO PESSOAL QUE PRETENDEU DAR À FINANCIAL LIBERTY, UMA MARCA DIFERENTE TAMBÉM NA FORMA COMO LIDA COM OS SEUS CLIENTES, PARCEIROS E COLABORADORES. SEM NUNCA ESQUECER O APOIO FAMILIAR QUE SEMPRE TEVE E QUE FOI ESSENCIAL PARA EDIFICAR ESTE DESAFIO E PARA O LEVAR MAIS LONGE, ELEVANDO A SUA DINÂMICA, A CAPACIDADE DE CRESCIMENTO E A RELAÇÃO DE ENORME CONFIANÇA E PROXIMIDADE COM CADA CLIENTE. ISTO É A FINANCIAL LIBERTY.
TEMA DE CAPA
“TRABALHAR PASSOU A SER UM PRAZER, QUANDO SE GOSTA DO QUE SE FAZ” A Financial Liberty, uma empresa que lhe concede a liberdade financeira através de créditos consolidados, trouxe à Vanessa Oliveira, Sócia-Gerente da empresa, a liberdade de fazer aquilo que mais gosta. Liderar este projeto. Saiba mais.
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setor da intermediação de créditos e apoio jurídico, é agora regulamentado pelo Banco de Portugal. Considera que este facto veio expressar uma maior notoriedade e segurança das empresas do setor junto do público? Em que sentido? Essa notoriedade é gradual, não é imediata. A notoriedade pode surgir, na medida em que os intermediários, podem dar-se a conhecer sem receios de serem comparados com algumas empresas que possam estar no mercado com uma posição dolosa para o cliente. Atualmente, como uma medida de segurança, os clientes podem sempre consultar junto do portal do cliente bancário/Banco de Portugal, se a empresa que estão a consultar é de facto uma empresa legitimada a atuar neste setor. Concordo plenamente em tudo o que concerne segurança ao cliente. Considera que esta conjuntura veio permitir e facilitar uma maior expressão por parte das empresas do setor? Sem dúvida alguma, contudo ainda existe junto do público em geral, muita falta de literacia nesta área. Constantemente chegam até nós, situações de clientes ou propensos clientes que de alguma, foram vítimas desta falta de literacia. Por isso, a Financial Liberty, está a desenvolver junto de algumas empresas, de forma “free”, a possibilidade de dar a conhecer aos seus funcionários algum conhecimento de literacia financeira. VANESSA OLIVEIRA
O crédito consolidado é a junção de vários créditos num único. De que forma é que a Financial Liberty analisa as garantias e consequências que advêm da consolidação destes? A Financial Liberty, trabalha com as principais instituições financeiras e bancárias em Portugal. Somos feitos pelos nossos clientes e pelos nossos parceiros. A nossa análise gratuita e sem compromisso, é feita com base na documentação solicitada ao cliente e posteriormente verificada com cada um dos nossos parceiros. O que é muito importante salientar, é que somos de facto uma equipa coesa, e que connosco, trabalham parceiros de excelência que acreditam na confiança do nosso trabalho e que nos dão a possibilidade de nos fazer crescer e consequentemente, em conjunto, existirem mais casos de sucesso.
Cada caso é um caso? É fundamental personalizar o serviço perante o cliente e a sua situação e realidade? É exatamente esse serviço personalizado que prestamos, que me faz acreditar tanto neste produto e na nossa empresa. Existimos exatamente por isso. Os nossos analistas, fazem horas de análise e de pareceres, precisamente porque são vistos de modo casuístico, daí a importância de cada consultor acompanhar sempre o seu cliente e conhecer em detalhe a sua situação. É importante a confiança que os clientes possam ter nos nossos analistas. Acima de tudo , é fulcral, perceberem que com eles, vão ter sempre um acompanhamento e que não são sinónimo de apenas mais um número. Os nossos analistas, por sua vez, sabem que os nossos clientes são pessoas com expectativas e com planos, daí nos procurarem. Procuramos estar sempre próximos e presentes, mesmo após um processo resolvido.
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O primeiro valor da Financial Liberty é a satisfação dos seus clientes e a resolução da sua situação financeira. Para tal, é necessária uma reestruturação e reeducação da condição financeira de cada cliente. Como é feito esse acompanhamento? Este acompanhamento passa por várias fases. Mas antes de mais, permite-me esclarecer, que este valor vem do facto de termos nascido com o principal intuito de sermos exatamente uma solução para o impacto que a situação financeira pode ter na vida de cada um. Acima de tudo, tentamos garantir uma maior confidencialidade, para que o consultor que acompanha o cliente, seja o mesmo do início ao fim do processo. Num primeiro contato, é pedido ao cliente que nos informe quais são as suas reais pretensões para nos ter procurado, e, nos casos de grande dispersão de crédito, o que realmente o fez chegar ali. Como já tivemos a possibilidade de explicar em outras situações, não julgamos ninguém, estamos ali apenas para resolver uma situação.
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TEMA DE CAPA
DIA INTERNACIONAL DA MULHER 2020
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A instabilidade financeira é um dos fatores com maior impacto no quotidiano de cada indivíduo. De que forma pode o crédito consolidado trazer contribuições positivas para a vida de quem recorre a este método? Infelizmente a instabilidade financeira afeta em vários níveis, a vida de todos. O crédito consolidado, vem por sua vez, contribuir para suavizar essa instabilidade, permitindo aos indivíduos de ficarem com uma maior disponibilidade orçamental. Contudo, muitas vezes, focamo-nos apenas na poupança que temos mensalmente, esquecendo também, que existem outros fatores. Por exemplo: o facto de existir uma dispersão de créditos, é algo que por norma é ignorado,
mas esta situação não só, nos traz um desgaste muito grande, na medida em que temos que ter um controle acrescido nos vários dias de prestações, como o controle de várias contas e consequentes despesas das mesmas. Outra situação relacionada com a dispersão de crédito, é o facto de transmitir a ideia de ser alguém “desorganizado” ou com um perfil mais consumista, ou seja, em caso de necessitar de um financiamento para despesas de habitação ou até mesmo de saúde, a viabilidade desse pedido, não será a mesma. Afirmam que têm como objetivo, a liberdade financeira de cada cliente. É essa a vossa
motivação diária enquanto empresa que já se encontra no setor há 10 anos? Sim, esta é a nossa motivação. Como disse anteriormente, nós temos uma vida comum, convivemos diariamente com várias realidades e começamos a aperceber-nos cada vez mais, de situações de pessoas que exercem a sua atividade profissional com vencimentos acima da média e que têm dificuldade em pagar as suas contas consideradas essenciais (água, luz, gás). Não obstante disto, percebemos que isto também acontecia com as compras alimentares, ou seja, estando a falar de uma classe média/média alta não faz qualquer sentido, isto acontecer. Por isso, é que a Financial Liberty existe, para ajudar
“INFELIZMENTE A INSTABILIDADE FINANCEIRA AFETA A VÁRIOS NÍVEIS A VIDA DE TODOS. O CRÉDITO CONSOLIDADO, VEM POR SUA VEZ, CONTRIBUIR PARA SUAVIZAR ESSA INSTABILIDADE, PERMITINDO AOS INDIVÍDUOS DE FICAREM COM UMA MAIOR DISPONIBILIDADE ORÇAMENTAL”
A Vanessa Oliveira é atualmente Sócia Gerente do grupo. Que caraterísticas diria serem fulcrais para construir uma carreira profissional nesta área? Sim, eu sou a única sócia-gerente do grupo Financial Liberty. Não tenho segredos. Tenho simplesmente aquelas que considero serem as minhas características próprias. Gosto e acredito no trabalho das empresas do grupo Financial Liberty. Acredito acima de tudo, nesta área, nos parceiros e na equipa que trabalha comigo. Portanto, parece-me que as principais características neste setor, passam por gostar e acreditar naquilo que se faz e na confiança nos diferentes grupos de trabalho. Tratando-se de uma equipa a “remar” toda para o mesmo lado, é tudo muito mais fácil. O que a define enquanto profissional? Que principal caraterística considera, que uma mulher deve assumir neste setor? A mim o que me define, é acima de tudo, gostar daquilo que faço e nunca desistir daquilo em que acredito. E, como já referi anteriormente, acredito muito em mim, e na minha equipa. Nunca senti que o facto de ser mulher nesta área, fosse um fator diferenciador ou influenciador. Como é enquanto líder? Acredita que existe uma liderança feminina e outra masculina? Ou um líder é um líder, independentemente do género? Acredito nos valores de cada um, não em géneros. Acredito que um líder, só o é, mediante os seus valores, princípios e objetivos, e não, mediante o seu género.
nestes casos, permitindo a tal, liberdade financeira. Poder trabalhar numa área que gostamos e ajudamos as pessoas, é gratificante. Este, é o nosso trabalho, e regemo-nos todos, por estes mesmos princípios. Sente que hoje o ceticismo em torno dos players deste setor foi completamente desmistificado e que existe maior confiança por parte do público em geral? Como referi logo no inicio, é algo gradual. Infelizmente, ainda chegam até nós, muitas situações de experiências menos positivas, que inclusive, nos colocam em causa. É aqui que entra a parte mais importante, a tal
confiança permitida através da legislação do Banco de Portugal. Esta, é uma mais valia e que de alguma forma, protege o cliente e os “players” que trabalham dentro do que é regulamentado. No âmbito da vossa atuação, como é que procuram inovar e fazer uso da inovação no sentido de promover um serviço de maior valor? Mais do que inovar, pretendemos ser próximos dos nossos clientes. Este, é um dos nossos valores. Neste momento atuamos na área da formação a empresas, onde dispomos de outros serviços complementares, sendo que, para além do crédito consolidado, fazemos também, crédito pessoal, automóvel e habitação.
Quais são os principais desafios da marca para este ano? Os principais desafios da marca, vêm de acordo com os desafios anteriores. Atualmente, a Financial Liberty, está em mudança de instalações e aumento de colaboradores e ainda, se propôs a incrementar a área de formação certificada na literacia financeira. Objetivo? Ajudar mais portugueses a atingir a liberdade financeira. Escolher a Financial Liberty é…? Escolher a Financial Liberty é atingir a liberdade financeira e ter um parceiro para a vida! ▪
7 MARÇO 2020
O que mudou na sua vida, com a Financial Liberty? O que mudou?! Bem mudou muita coisa. Desde a vontade de trabalhar a qualquer hora em qualquer lugar. Trabalhar, passou a ser um prazer quando se gosta do que se faz, porque sei que todos os dias existe alguém que vai ter uma questão da sua vida resolvida. Na Financial Liberty, dizemos que não existem problemas, mas sim questões para serem resolvidas. Tem sido uma constante aprendizagem, com parceiros, clientes e colaboradores. Mesmo com o crescimento a nível de equipa e de parceiros que temos vindo a ter nos últimos anos, posso afirmar que consigo ter tempo para todos, ouvir e aprender com cada um. A Financial Liberty trouxe-me por isso, um grande crescimento a nível pessoal e profissional. Sou uma pessoa de pessoas, e esta, é a profissão que melhor se encaixa no meu perfil.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“A LIDERANÇA PASSA MUITO MAIS POR UMA BOA GESTÃO DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL” A Revista Pontos de Vista conversou com Ângela Marques, Diretora de Desenvolvimento de Negócio das Farmácias Portuguesas, da Associação Nacional das Farmácias, que, entre outras coisas, revelou que “para o sucesso de uma organização, e da dinâmica de uma equipa, é muito importante a partilha das diretrizes estratégicas gerais e muita comunicação”.
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á quanto tempo é que assume a pasta de Diretora de Desenvolvimento de Negócio das Farmácias Portuguesas, da Associação Nacional das Farmácias e quais são os principais desafios que a função que ocupa lhe aportam diariamente? Há cerca de um ano que ocupo esta posição e o desafio prende-se com a gestão de duas áreas que desenvolvem produtos (Marcas Próprias) e projetos (Gestão de Categorias) para implementação nas Farmácias Portuguesas. Estamos a falar da coordenação de cinco empresas e de uma equipa de cerca de 30 pessoas, por isso todos os dias são desafiantes! Desenvolvemos e comercializamos produtos dedicados aos consumidores do setor, adaptamos da melhor forma as lojas aos comportamentos de consumo dos clientes e, através da comunicação em nome das Farmácias, convidamos todas as pessoas a visitar estes espaços, onde podem encontrar muitas soluções para a Saúde e Bem-Estar. Procuramos, todos os dias, encontrar as melhores soluções e colocá-las à disposição das equipas das Farmácias para que estas consigam, em conjunto com o atendimento dedicado e já reconhecido, prestar cada vez mais um serviço de excelência à comunidade que servem.
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Fazendo uma retrospetiva na sua carreira, de que forma é que o seu caminho se cruza com a Associação Nacional das Farmácias e de que forma é que a mesma tem sido relevante no seu percurso? A minha experiência, de quase 15 anos, passou por empresas multinacionais, no mercado de grande consumo, sempre em funções de gestão (financeira, marketing, vendas, gestão de categorias) e o desafio de integrar a ANF para a construção de um projeto de Gestão de Categorias para as Farmácias representou um desafio totalmente novo, dado o setor, mas também a possibilidade de aprender e criar algo de raiz, declinando alguns conceitos de retalho neste canal. O propósito de, com isto, ajudar as Farmácias a prestar um melhor serviço às Pessoas foi também aquilo que mais me interessou no projeto. A integração da área de Marcas Exclusivas de Farmácia surgiu de forma natural, dado o meu percurso e porque há uma grande ligação com a outra área: em Gestão de Categorias, através do conhecimento do comportamento de compra do consumidor e análises de mercado, podemos propor, de forma mais ajustada ao canal Farmácia, as tendências e necessidades que devem ser cobertas pelos produtos das marcas próprias.
ÂNGELA MARQUES
De que forma é que carateriza o seu estilo de liderança e que mais valias é que o mesmo aporta às suas equipas e, consequentemente, ao sucesso da organização que representa? Diria que é um misto de uma liderança democrática, com muito coaching, procurando o foco na integração das valências de todos para a construção das soluções e resultados. A equipa é composta em grande parte por farmacêuticos, que aplicam aos projetos os conceitos de ciências farmacêuticas, mas que estão muito abertos (e até ávidos) para a aprendizagem de temas corporativos como gestão, marketing, vendas. Um dos benefícios de trabalhar com gerações Millennials é a flexibilidade e a possibilidade de criar dinâmicas multidisciplinares. Assim, suporto-me muito nos seus aportes técnicos, passando o meu conhecimento das outras áreas e desafio-os a partilhar ideias e feedback para que, em conjunto, sejam propostas novas e eficazes maneiras de atingirmos os objetivos, tendo sempre por base a necessidade das Farmácias. Na minha opinião, para o sucesso de uma organização, e da dinâmica de uma equipa, é muito importante a partilha das
diretrizes estratégicas gerais e muita comunicação. Só assim as equipas podem, tendo a noção do ponto de partida (a visão das suas áreas) e do ponto de chegada (os objetivos a atingir), fazer o caminho que dista os dois pontos, da forma mais eficiente e construtiva e com uma boa dose de liberdade. Existem diferenças entre uma liderança feminina e uma masculina ou a questão da importância do verdadeiro líder não pode ser resumida somente a questões relacionadas com o género? Não concordo que seja reduzida a género. Cada um tem os seus pontos fortes e menos fortes. A meu ver, nos dias de hoje, a liderança passa muito mais por uma boa gestão da inteligência emocional e isso está presente em tantos exemplos que conhecemos de líderes femininos e masculinos. Podemos sim dizer que as mulheres têm caraterísticas diferentes dos homens, como o facto de serem mais observadoras e terem mais atenção para o detalhe, o que facilita muito o tema da inteligência emocional e pode funcionar como um excelente trunfo no caso da liderança de pessoas.
Ao longo do seu percurso enquanto profissional, alguma vez sentiu que o facto de ser Mulher lhe criou mais obstáculos? Se sim, como contornou os mesmos? Nunca senti nada do género, talvez por ter tido a oportunidade de trabalhar em instituições com visões de lideranças já evoluídas. Na anterior empresa, a gestão de topo era feita por uma mulher e atualmente, na unidade de negócio das Farmácias Portuguesas, a direção é feita em 2/3 no feminino, visto o Diretor Geral ter escolhido
duas mulheres para assumirem a coordenação das áreas. Também nas Farmácias as mulheres farmacêuticas são uma maioria considerável, dos cargos de gestão ou direção técnica, ao atendimento e até às funções mais de suporte, são muito mais as mulheres que os homens nesta profissão (diria 80%). Na minha perspetiva, o sucesso faz-se com ambição, coragem e vontade de enfrentar os obstáculos e acredito que, além de estas serem caraterísticas presentes nos dois géneros, as mulheres estão mais do que à altura para defrontar estes desafios. É importante criar na sociedade, mais concretamente no universo empresarial, um sentido de maior equilíbrio nas oportunidades dadas às Mulheres? A palavra certa é de facto equilíbrio e se, do ponto de vista pessoal, defendo uma igualdade de géneros, no universo empresarial a tónica deverá ser a meritocracia e o perfil de líder/colaborador que se pretende para as funções. Se cada um, para as funções a que se propõe, tiver o perfil mais adequado e ajustar as suas competências ao que é esperado, a sociedade e as empresas devem ser “cegas” quanto a género, promover e dar oportunidades de igual modo aos dois géneros. Talvez ainda estejamos longe disso pelo estilo de gestão de algumas empresas e pelas necessidades de criação de condições de trabalho que não limitem as mulheres de qualquer forma. Questões como a flexibilidade laboral para suporte à família e a igualdade salarial devem ser cada mais trabalhadas e esbatidas.
O que podemos continuar a esperar de si e da Associação Nacional das Farmácias para o futuro? Partilho com a Associação, a total entrega aos projetos a que me dedico. Há uma frase (de Arianna Huffington) que gosto muito e que diz que “a vida é uma dança entre fazer acontecer e deixar acontecer” Reconheço em mim, em todas as mulheres no geral e nesta casa que represento, a capacidade e o poder de decisão de “fazer acontecer” e a dedicação colocada na forma como, até mesmo nas maiores adversidades, continuamos a lutar pelos nossos objetivos e projetos. E sempre, como a atendimento nas Farmácias, com um sorriso nos lábios! O Dia Internacional da Mulher comemorou-se no passado dia 8 de março. Que mensagem gostaria de deixar sobre a importância desta data? O simbolismo do Dia Internacional da Mulher deveria ultrapassar o conceito comercial e mediático que hoje lhe damos. Se pensarmos que começou como uma jornada de manifestação pela igualdade de direitos civis e em favor do voto feminino, deverá ser vivido e interpretado como uma forma de união entre os cidadãos, de todos os sexos. É natural, neste dia, darmos uma importância especial às mulheres (que nós, mulheres, adoramos, claro!) mas devia servir mais como uma inspiração da força e características distintas que as mulheres têm e da forma, como a sociedade, beneficia das mesmas. ▪
9 MARÇO 2020
Olhando o panorama global, como é que vê hoje em dia as Mulheres e a sua preponderância no universo das empresas e dos negócios? Sente que evoluímos neste capítulo? O que ainda falta? Penso que tem havido uma evolução, mas ainda estamos aquém do desejado. Se na Europa a percentagem de mulheres em cargos diretivos não chega aos 30%, em Portugal é ainda mais baixa. As barreiras, que passam por questões empresariais, culturais e pessoais, têm por base a tradição do nosso país e a mentalidade que tende a evoluir, mas aos poucos. Temos cada vez mais mulheres no ensino superior, e que começam a impor uma voz ativa na sociedade, mas o panorama empresarial de negócios ainda está lento a adaptar-se. Acredito que as novas tendências em termos de profissões venham equilibrar mais a questão de género e que, uma maior noção por parte das direções empresariais de topo, que a diversidade de género será muito positiva para a tomada de decisão mais completa, possam trazer melhorias progressivas no futuro.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
ANA BORBA
“SER FEMININA, É UMA ARMA”
DIA INTERNACIONAL DA MULHER 2020
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Entrar no Pastanaga é como entrar na casa de Ana Borba, proprietária do espaço. Uma verdadeira extensão da sua casa no centro de Lisboa, mais precisamente na Travessa dos Pescadores.
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ensinou. “Sou aquilo que o meu avô me ensinou, sempre com os pés bem assentes na terra. Através dele aprendi a gerir um negócio, a não ter medo de errar, a aplicar tudo o que me foi ensinado, a arriscar”.
“SOU AQUILO QUE O MEU AVÔ ME ENSINOU” Recebidos com um sorriso no rosto e estimulados por uma conversa descontraída, conhecemos a Ana. E quem é a Ana Borba? É simplesmente um produto de si mesma. Sempre segura dos seus objetivos, assertiva, dinâmica, lutadora. Ensinada pelo seu avô a nunca desistir, Ana Borba admite que teve a sorte de se tornar no que hoje é através do que a linhagem lhe
O “CASAMENTO” PERFEITO ENTRE O DESIGN E A ÁREA ALIMENTAR Formada em Design Gráfico, Ana Borba descreve-se como intensamente orientada para a obtenção de resultados e com experiência profissional em diversos setores, como a consultoria, a comunicação, o design e a restauração. Com um percurso profissional na área criativa, fez trabalhos para clientes como o Banco Totta & Açores, Barclays Bank, KPMG ou Fnac. “Adoro o meio gráfico, adoro o
nterior cuidado e acolhedor, onde a criatividade e o bom gosto imperam, num design com um estilo genuíno, muito próprio. Um espaço agradável e descontraído que convida a sentar e partilhar uma mesa de amigos ou mesmo colegas de trabalho.
barulho, o cheiro, o saber como é que as coisas são produzidas. Sei o que é o processo gráfico, como este se atualizou e quão diverso é atualmente. É magnífico participar nessa mudança e conseguir acompanhá-la”. Especificamente na área alimentar, começou por criar a empresa Giraldinha, através da qual trabalhou para clientes como a Câmara do Comércio Portugal Holanda, o Barclays Bank, a Fundação Luso-Americana, a Embaixada da Bélgica, a Rebelo de Sousa, Cunha Vaz e Associados, a Bertrand e o Lisboa Racket Center, onde explorou o restaurante “A Giralda”. Um caminho de sucesso que Ana Borba considera “uma sorte que tem de ser agarrada. Sempre comum pouco de loucura pelo meio, mas
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
O ESPÍRITO EMPREENDEDOR Com um espírito empreendedor que já vem de família, Ana Borba deixou bem claro que separa os temas profissionais e pessoais na definição da sua missão enquanto mulher e profissional. “O meu papel enquanto mulher e profissional é passar a mensagem de que é importante que as pessoas gostem daquilo que fazem e se sintam bem acima de tudo. Procurar o lado positivo de cada trabalho também é importante por-
“SOU AQUILO QUE O MEU AVÔ ME ENSINOU, SEMPRE COM OS PÉS BEM ASSENTES NA TERRA. ATRAVÉS DELE APRENDI A GERIR UM NEGÓCIO, A NÃO TER MEDO DE ERRAR, A APLICAR TUDO O QUE ME FOI ENSINADO, A ARRISCAR" 11 MARÇO 2020
sempre uma loucura comedida. Acima de tudo, temos de nos conhecer e saber até que ponto conseguimos ir”. Para a empreendedora é essencial conhecer todos os limites e arriscar, sim, mas responsavelmente. “Conheço-me muito bem e nunca tive medo de arriscar. É obvio que existem áreas em que eu nunca apostaria, tenho noção dos meus limites e do que sou capaz. Mas aposto sempre na evolução, que me vai aperfeiçoando.” Quando questionada sobre o balanço destes anos de conquistas profissionais, admite que “foram anos de crescimento muito rápido, anos difíceis em que a minha vida profissional me ocupou mais do que o desejado. Mas tudo contribuiu para o meu crescimento e aprendizagem pessoal e profissional”.
que, todos têm o seu lado significante, é uma questão de realçar tudo aquilo em que podemos tirar real partido. É importante perceber que conseguimos chegar aos nossos objetivos, mas não basta querer, temos que acreditar, ir atrás das oportunidades, agarrá-las e trabalhar. Sou exemplo disso. Agarrei cada conjuntura que me apareceu para poder chegar ao lugar onde estou hoje”. Como conselho, a empreendedora realçou que é primordial “olhar para nós próprios e ver se realmente somos capazes de levar os nossos desafios em frente. Temos de dar o nosso melhor em cada objetivo, e tudo o que fizermos tem de ser bem feito. Há sempre oportunidades à nossa volta e todos somos capazes de a ver. Mas é preciso estar um passo à frente de cada oportunidade, porque enquanto estamos a ter uma ideia, centenas de pessoas estão a pensar no mesmo naquele exato momento. É preciso não ter medo de arriscar, agarrar a oportunidade, analisá-la, estudá-la, e principalmente ser muito rápido”. MULHER, MÃE E PROFISSIONAL Para a nossa entrevistada ser mãe é um papel que nunca deve ser descurado. “Ser mãe é um projeto que nunca acaba, um projeto para a vida. Primeiro é importante ser mãe, ser mulher e ter vida própria. Depois e igualmente importante, ser feminina (para mim é um ponto importantíssimo, ser profissional e ser feminina são coisas diferentes, mas articuladas), ser feminina é uma “arma””. Claro que ficámos curiosos: como é que a Ana Borba utiliza essa arma? A resposta foi simples e clara. “Utilizo-a naturalmente. Sou o que sou. Gosto de olhar as pessoas nos olhos. Não hesito em dizer o que penso, e muito menos de o fazer de forma feminina”. TRADIÇÃO PORTUGUESA COM INFLUÊNCIAS DE OUTRAS PARAGENS O tempo de conversa foi essencial para poder ouvir atentamente as histórias de Ana Borba, saboreando tudo o que este espaço tem para oferecer: deliciosas iguarias, confecionadas com ingredientes de qualidade e oriundos de culturas diversas, prazeres a que nos rendemos num simpático almoço no Pastanaga. ▪
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“MUDAR DE CASA É, TALVEZ, A MUDANÇA MAIS IMPORTANTE DA VIDA DAS PESSOAS”
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Amélia Vilas Boas é Diretora da loja ERA na Trofa e dedica-se ao mercado imobiliário há 17 anos. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, refere que “este é um trabalho que nos ajuda a crescer como seres humanos e profissionais”. Saiba mais.
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á quantos anos está presente no mercado da mediação imobiliária? Estou presente no mercado imobiliário há 17 anos. Uma vida dedicada a esta profissão que tanto me completa. O que pode ser contado sobre o seu percurso profissional? Posso dizer que caí de paraquedas na área do imobiliário. Não era algo que estava planeado,
foi uma oportunidade que simplesmente surgiu e que rapidamente me conquistou pela positiva. 17 anos de muito trabalho e crescimento. É realmente importante e aconselho vivamente a todas as pessoas que façam aquilo que gostam. Acima de tudo, foram anos de vivências e novas experiências, em que nem a crise de 2011 me conseguiu abalar. Aliás, foi através da crise que eu consegui ir buscar o melhor de mim e fazer aquilo que não sabia de que era capaz.
Lutar ainda mais pelos meus objetivos, trabalhar no terreno à procura de clientes, encorajar a minha equipa e enfrentar todo o tipo de obstáculos. Posso dizer que a altura da crise, que foi um dos grandes desafios profissionais para mim, foi também a época em que mais me diverti, devido aos grandes desafios que coloquei a mim própria e a todos aqueles que me quiseram acompanhar na caminhada, dentro e fora do escritório.
ser sempre muito exigentes connoscoh, competitivos e rigorosos em tudo aquilo que fazemos para nunca falhar. E o mais importante de tudo, temos que ter sempre um plano de desenvolvimento pessoal, só assim conseguimos alcançar os nossos objetivos.
Qual a importância da mediação imobiliária na economia portuguesa, e na vida das pessoas? AMÉLIA VILAS BOAS Portugal é atualmente o mercado imobiliário mais dinâmico da Europa Ocidental e com isso, o peso do imobiliário na economia do país e na vida das pesMotiva-me soas é muito grande. Com isto, acima de e inspira-me, saber tudo, é importanComo é ser diretora que nesta área, ou se é numa empresa como te perceber que ao competitivo, ou se a ERA? vender casas, nós “morre”. Se eu não Não é uma profissão estamos também tiver algo que exija de mim fácil, admito. Trataa mudar a vida das pessoas. A mudan-se de uma profissão todos os dias, sinto-me da qual é preciso gosça de uma casa é desmotivada uma mudança radical tar muito, para que os em todos os aspetos. resultados e o sucesso É importante que cada sejam alcançados. Contudo, mediador imobiliário perceassumidamente, é um trabalho que nos ajuda a crescer como seres ba a importância e o peso que humanos e profissionais. tem em cada cliente. Nós não somos só O facto de me identificar muito com a marca, é mediadores, somos também conselheiros. Em um ponto forte a favor neste cargo. O nosso foco cada venda de uma casa, está uma história de principal são as pessoas. É preciso gostar de pesvida diferente e isso engloba conceitos e objetisoas, tal como diz o meu slogan preferido da ERA, vos diferentes para cada cliente. Mudar de casa é, “o nosso negócio não são casas. O nosso negócio talvez, a mudança mais importante da vida das são pessoas”. E este é o segredo deste negócio. pessoas e, para isso, é preciso ser sempre o mais É, acima de tudo, um trabalho extremamente profissional possível e transparente em cada caso desafiante e competitivo. Diariamente temos de forma a tentar transmitir confiança e ajudar desafios aos quais nos propomos. Trata-se de um cada cliente a ficar satisfeito com a sua compra trabalho que nos obriga a dar o melhor de nós, e e com o nosso trabalho. Por isso a legislação na esse sempre foi o meu espírito e também o lema, nesta área de trabalho deveria ser muito mais que eu tento passar para toda a minha equipa. exigente. Só deveria trabalhar na Mediação ImoTento transmitir a mensagem de que devemos biliária quem tivesse formação específica na área,
NÃO É UMA PROFISSÃO FÁCIL, ADMITO. TRATA-SE DE UMA PROFISSÃO DA QUAL, É PRECISO GOSTAR MUITO, PARA QUE OS RESULTADOS E O SUCESSO SEJAM ALCANÇADOS. CONTUDO, E ASSUMIDAMENTE, É UM TRABALHO QUE NOS AJUDA A CRESCER COMO SERES HUMANOS E PROFISSIONAIS
como já acontece em vários países. É um trabalho demasiado sério para ser feito da forma como acontece no nosso país. O que a motiva e inspira diariamente? Amar o que faço, motivar as pessoas que me rodeiam a descobrirem o seu verdadeiro potencial, ser melhor e acima de tudo, desenvolver-me a nível pessoal. Para além disso, considero-me uma pessoa muito dinâmica, competitiva, exigente e que tem prazer naquilo que faz. Motiva-me e inspira-me, saber que nesta área, temos algo a aprender todos os dias. É um trabalho que exige formação e desenvolvimento constante. Se eu não tiver algo que exija de mim todos os dias, sinto-me desmotivada. Preciso de ação, desafios, competição, dinamismo, um misto de oportunidades para desenvolver e crescer diariamente. Devido ao seu cargo na ERA, é difícil conciliar a vida pessoal com a profissional? Neste momento consigo conciliar mais facilmente, a vida pessoal com a profissional. Tenho neste momento pessoas na equipa que são o meu braço direito e em quem eu confio plenamente de forma a estar tranquila quando estou fora do trabalho. Ninguém consegue fazer tudo sozinho, o stress coloca as pessoas doentes, é necessário o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Sem esse equilíbrio não somos felizes. Cada vez mais se fala na felicidade nas organizações, porque só pessoas felizes conseguem ter bons resultados. ▪
13 MARÇO 2020
Como descreve o seu trabalho e missão na ERA da Trofa? Gosto imenso do meu trabalho e das pessoas com quem trabalho, e acima de tudo, gosto das pessoas da Trofa. Nos últimos meses/anos temos verificado que, cada vez mais, as pessoas se deslocam dos centros das cidades para morar nas periferias, e, a Trofa, nesse sentido, encontra-se muito bem localizada. Existe cada vez mais procura de habitações na nossa cidade, o problema está só e unicamente na oferta. Estamos bem localizados, a Trofa faz parte da zona metropolitana do Porto e os preços das casas não são de todo comparáveis aos centros das grandes cidades. Falta construir habitações, mas, para isso, é preciso convencer as construtoras de que vale a pena apostar na Trofa. É bom e fácil trabalhar aqui. Para além disso, considero que tenho uma boa equipa, unida, forte, bastante competitiva, que acima de tudo me ajuda com os objetivos desta loja e que gosta de trabalhar aqui. Tento fazer todos os possíveis para que todos se sintam bem e felizes ao fazerem o seu trabalho e aquilo que gostam. Nós damos e eles dão. Prova disso são os vários prémios ERA a nível regional que a nossa loja já conquistou ao longo dos anos. Desde melhor agência, a melhor no total de transações, melhor faturação, melhores comerciais, e também melhor direção comercial. Juntos, somos “máquinas”.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“MULHER, MÃE, ADVOGADA, EMPREENDEDORA, EMPRESÁRIA, SONHADORA, IDEALISTA E POSITIVA POR NATUREZA”
DIA INTERNACIONAL DA MULHER 2020
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Carla Vieira Mesquita, Partner na Vieira Mesquita, Zenóglio de Oliveira & Associados – Sociedade de Advogados, S.P., R.L., explica-nos como é trabalhar numa posição de relevo como a sua e de como a qualidade de vida é essencial para o desempenho profissional.
Q
uem é Carla Vieira Mesquita? Como é que o direito surge na sua vida? Sou mulher, mãe, advogada, empreendedora, empresária, sonhadora, idealista e positiva por natureza. O direito surge na minha vida muito cedo, ainda na infância, quando percebi que o meu pai era advogado e comecei a brincar aos tribunais com as folhas timbradas que encontrava na sua secretária. Mais tarde, ainda na adolescência, fui desenvolvendo uma tendência natural para defender causas, ideais e pessoas, o que já na minha vida profissional me permitiu desenvolver estratégias de negócios e delinear soluções à medida. Hoje fascina-me a descoberta de soluções criativas para situações desafiantes.
Em algum momento teve dúvidas sobre a escolha da advocacia como carreira profissional? Nunca tive dúvidas, foi uma escolha natural, acho mesmo que foi a advocacia que me escolheu e não o contrário. É partner na Vieira Mesquita, Zenóglio de Oliveira & Associados – Sociedade de Advogados, S.P., R.L., uma sociedade de renome a nível nacional e internacional. Desta forma, como tem sido estar numa posição de relevo como esta? Ser partner da VMA tem sido, ser melhor todos os dias, tem sido aliar o sentido de responsabilidade e de justiça à independência e ao equi-
líbrio na tomada de decisões. Tem sido um caminho muito gratificante a todos os níveis. O entusiasmo e a paixão são a energia positiva que tento incutir ao meu dia a dia na VMA. Fazer parte da VMA é um percurso de que me orgulho bastante porque representa muito trabalho, um conjunto de ideais e convições partilhados, em que a equipa é muito mais importante do que qualquer um de nós individualmente. Acredito na importância e força da equipa como chave do sucesso da VMA. Que fatores decisivos contribuem para a notoriedade de uma sociedade de advogados no mercado atual? O mercado atual é muito exigente. A VMA é
OS MAIORES DESAFIOS DESTA PROFISSÃO SÃO ESTAR À ALTURA DAS NECESSIDADES DOS NOSSOS CLIENTES DE FORMA TRANSVERSAL. ESTES SÃO SUPERADOS COM MUITO TRABALHO, ESTUDO, FORMAÇÃO CONTÍNUA, DEDICAÇÃO, EXPERIÊNCIA TÉCNICA, CAPACIDADE DE INOVAÇÃO E PARTILHA DE CONHECIMENTOS EM EQUIPA
Como é que definiria o seu género de liderança? Acredito que qualidade no desempenho profissional exige qualidade de vida. Acredito nas pessoas, na capacidade de superação do ser humano, invisto muito na felicidade e no bem-estar das pessoas que trabalham comigo. Sou uma líder natural, gosto de fazer tudo dentro da VMA, sei fazer tudo e procuro saber sempre mais para poder dar o exemplo. Quais diria que são os maiores desafios desta profissão? Como é que eles são superáveis? Sou uma pessoa apaixonada pelo que faço, sempre fui defensora daqueles que por qualquer circunstância da vida precisam de ser defendidos, sou positiva por natureza, acredito que a vida nos conduz onde temos que estar. Os maiores desafios desta profissão são estar à altura das necessidades dos nossos clientes de forma transversal. Estes são superados com muito trabalho, estudo, formação contínua, dedicação, experiência técnica, capacidade de inovação e partilha de conhecimentos em equipa. Concorda que nas últimas décadas, uma significativa transformação das profissões jurídicas tem sido a sua crescente feminização, algo que não acontecia num passado não muito longínquo, em que a área da justiça era com-
posta, maioritariamente, por homens? Quando comecei, a área da justiça já era composta por muitas mulheres, mas sei que na geração dos meus pais era maioritariamente composta por homens, por razões culturais e socialmente aceites na época. Trata-se de uma evolução natural se considerarmos que existem mais mulheres que homens. Alguma vez sentiu dificuldades ou enfrentou obstáculos pelo facto de ser mulher neste setor? Eu nunca senti dificuldades por ser mulher na minha profissão. Talvez por ser uma profissão que se pauta por valores ético-deontológicos que estão acima da afirmação do próprio género. Acredita que Portugal ainda se encontra atrasado no âmbito das oportunidades dadas a Mulheres e Homens? Como podemos alterar esse cenário? Sinceramente não penso que Portugal se encontre de forma alguma atrasado nesse âmbito. A vida em sociedade encarrega-se de reconhecer as qualidades profissionais independentemente do género. Como líder e mulher, que mensagem gostaria de deixar a todas as nossas leitoras? Acreditem sempre nos vossos sonhos e que a capacidade de superação do ser humano está para lá do próprio género. Vivam de forma positiva. ▪
15 MARÇO 2020
uma sociedade de advogados que se destaca por ter uma abordagem construtiva, criativa e pragmática, estamos orientados para soluções eficazes cujas variáveis ultrapassam a perspetiva puramente jurídica. Na VMA somos conscientes da importância de cada transação na vida dos nossos clientes e com o nosso conhecimento, experiência técnica e inovação acompanhamos cada detalhe em equipa, acreditamos no rigor, na excelência e valorizamos as qualidades humanas que enriquecem as relações e contribuem para deixarmos o melhor de nós em cada interação. Transformamos os obstáculos em desafios a superar, acreditamos na inovação e apresentamos as soluções mais eficazes num serviço de elevada qualidade, com integridade e respeito mútuo por todas as pessoas envolvidas.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“AS ESCOLHAS DO MEU PERCURSO TÊM-SE BASEADO EM SABER SEMPRE O QUE NÃO QUERO FAZER E EXPERIMENTAR FAZER TUDO O QUE APAREÇA PARA ALÉM DISTO, O QUE ME TEM PROPORCIONADO EXPERIÊNCIAS DIVERSIFICADAS QUE ME PERMITIRAM CRESCER NÃO SÓ PROFISSIONALMENTE, COMO PESSOALMENTE” SOFIA BRAZÃO
RESPONSÁVEL DE RECURSOS HUMANOS NA GILEAD SCIENCES PORTUGAL
DIA INTERNACIONAL DA MULHER 2020
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“TEMOS VISTO UMA PREOCUPAÇÃO EM AUMENTAR A PRESENÇA FEMININA NA GESTÃO DE TOPO DA EMPRESA” Sofia Brazão, Responsável de Recursos Humanos na Gilead Sciences Portugal, e com um vasto percurso profissional, deu a sua visão, em entrevista à Revista Pontos de Vista, sobre a importância das pessoas no sucesso das marcas e empresas, sem esquecer a importância das mulheres no universo dos negócios.
Num mundo cada vez mais global e onde as empresas se cruzam cada vez mais, que importância assume uma empresa como a Gilead Sciences – especialista em descobrir, desenvolver e comercializar terapêuticas inovadoras? Qual é a vossa área de atuação? As áreas de atuação da Gilead são sobretudo a virologia, a oncologia e a inflamação. Na prática o compromisso da Gilead ou a sua missão é encontrar soluções terapêuticas para necessidades medicas não preenchidas. A sua história confunde-se com a da terapêutica do HIV e hoje tem autorizadas algumas das metodologias mais avançadas na oncologia, em tumores líquidos. O desafio é expandir a nossa presença nesta área, bem como iniciar o nosso trajeto na inflamação. Nesse sentido, o impacto da Gilead é sempre global, nomeadamente porque se procura que todos os doentes independentemente da área do globo onde se encontram, tenham acesso às nossas terapêuticas mais avançadas, através de programas específicos. Num mercado de trabalho onde as questões ligadas à liderança e à gestão de talentos são cada vez mais fulcrais, que características indicaria como sendo fundamentais para um líder e gestor de pessoas? Essa questão não é fácil de responder porque as características de liderança dependem das circunstâncias e do ambiente onde se expressam, ou seja não há um “one size fits all” ainda que possamos
falar de algumas transversais que podem ser mais valias em qualquer situação: capacidade de escuta e de observação, para saber o que realmente se passa no negócio, estar presente no terreno e com as pessoas, para conhecer o que não vem expresso nas folhas de balanço ou tableau de boards da empresa; agir como exemplo, o percurso profissional e comportamento devem permitir que outros na organização se projetem e reconheçam a credibilidade e a capacidade para conduzir os destinos da mesma. Visão estratégica e capacidade de decisão: A estratégia deve ser pensada em termos de negócio e, também, em termos de pessoas. Temos as pessoas certas, nos lugares certos para atingir os nossos objetivos estratégicos? Se sim, como garantimos que as retemos e desenvolvemos? Se não, como podemos ter? E neste caso utilizar a rotação interna, a formação, o recrutamento externo, coaching e outros programas de desenvolvimento para o conseguir. No seio da Gilead Sciences, que análise perspetiva das oportunidades dadas ao sexo feminino? É uma instituição que promove essa igualdade? A Gilead promove esta igualdade quer de um ponto de vista de salários como de oportunidades de promoção. Nós costumamos brincar um pouco com as estatísticas na empresa, porque nos últimos anos promovemos mais mulheres que homens e não foi por uma questão de quota. Na realidade, ainda que esta igualdade se verifique em geral nas filiais comerciais da Gilead, ao nível da gestão de topo só se tornou uma prioridade com esta nova gestão e temos visto uma preocupação em aumentar a presença feminina na gestão de topo da empresa, bem como a criação de medidas que permitem um maior equilíbrio entre trabalho e família, o que tendo em conta o papel da mulher na sociedade cria um ambiente facilitador para essa igualdade. Defende que é importante sair-se da zona de conforto e ir atrás do que realmente se gosta de fazer? É este lema que tem pautado o seu percurso? O lema que tem pautado o meu percurso é mais “se não estás a aprender, está na hora de mudar”, essa constante procura de aprendizagem leva a que o conforto se torne um catalisador de mudança, que pode ser no sentido de procurar um novo projeto ou de adotar uma perspetiva diferente daquele de que já se faz parte, para poder fazer diferente e, possivelmente, fazer melhor. Há que manter “as borboletas no estômago” para se poder estar sempre alerta e não nos acomodarmos e perdermos, eventualmente, a qualidade no que fazemos, pela força do hábito. As escolhas do meu percurso têm-se baseado em saber sempre o que não quero fazer e experimentar fazer tudo o que apareça para além disto, o que me tem proporcionado experiên-
cias diversificadas que me permitiram crescer não só profissionalmente, como pessoalmente. Que retrato podemos fazer da Sofia Brazão? Como antecipa o ano de 2020 no que diz respeito a desafios e oportunidades? Correndo o risco de fazer mais uma caricatura que um retrato fiel de mim mesma nesta resposta, diria que a minha persistência e criatividade têm possibilitado encontrar e implementar soluções para problemas complexos. O inconformismo tem-me ajudado a não baixar os braços em situações que parecem ter pouca probabilidade de ocorrer e o humor, permite-me lidar com os erros e insucessos de forma construtiva e como aprendizagem constante. Como as nossas qualidades levadas a extremo são os nossos piores defeitos posso ser descrita como chata e teimosa pelo meu filho, com problemas em lidar e reconhecer a autoridade, pelos meus chefes; ser sarcástica na forma como abordo algumas questões, pelos meus amigos. O ano de 2020 traz-me assim a oportunidade de tentar não extremar tanto as minhas qualidades, para as utilizar em todo seu potencial: E uma vez que acabo de ter uma bebé, posso procurar ser melhor como mãe para ela e para o meu filho mais velho, terei o desafio de encontrar o equilíbrio certo entre as minhas responsabilidades pessoais e profissionais e, ainda, o de responder de forma adequada às necessidades que as diferentes áreas terapêuticas vão trazer à Gilead em Portugal de um ponto de vista de recursos humanos. Este mês comemorou-se o Dia Internacional da Mulher, a 8 de março. Em 2020, por que direitos, na sua opinião, ainda têm de lutar as mulheres? O tema da maternidade, por exemplo continua a ter peso na probabilidade de contratação, não necessariamente positivo. A presença em lugares de topo torna-se cada vez mais habitual, todavia sobretudo em funções de suporte mais do que nas que definem a estratégia de negócio e há uma necessidade de maior afirmação das mulheres neste domínio para contribuir para formas diferentes de fazer negócio e para enriquecer os grupos de gestores de topo do nosso país, tanto no setor público, como no setor privado. Há ainda um caminho longo a percorrer, mas espero que com menos obstáculos que até aqui. Felizmente há empresas que já não agem de acordo com estes pressupostos, mas ainda são uma minoria. Nós mulheres temos a responsabilidade acrescida, em ambiente profissional, e sobretudo quando temos o privilégio de trabalhar numa empresa que faz parte dessa minoria de continuarmos a partilhar nos fóruns interempresas as iniciativas e soluções que nos permitem acelerar este processo, para possibilitarmos às gerações vindouras um mundo melhor, neste âmbito. ▪
17 MARÇO 2020
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ofia Brazão é Manager HR Portugal & Eastern European Distributors, na Gilead Sciences, sendo uma função que exige um elevado nível de profissionalismo e competência. Desta forma, dê-nos a conhecer um pouco mais do trajeto profissional e como chegou até ao cargo que ocupa atualmente? Sou atualmente Responsável de Recursos Humanos na Gilead Sciences Portugal, desde há cinco anos e, mais recentemente também, para os 12 Estados do Leste Europeu onde estamos presentes através de distribuidores. Abracei esta oportunidade quando a Gilead teve pela primeira vez a necessidade de ter alguém dedicado aos Recursos Humanos em Portugal e foi a possibilidade de mais uma vez fazer um projeto de recursos humanos de raiz. Trabalhei anteriormente oito anos no Grupo Lactalis, em Portugal com as marcas President, Galbani, Ucal, Parmalat e LongaVida, e na Sede, em França, como DRH e Talent Manager. Foi neste Grupo que tive pela primeira vez um cargo executivo e a possibilidade de criar uma direção de recursos humanos de raiz, bem como a minha primeira experiência internacional. Comecei o meu percurso profissional em 1999, na Ray Human Capital, tendo ingressado na área de Desenvolvimento Organizacional da Vodafone, em 2004, onde estive cerca de dois anos antes de integrar o Grupo Lactalis.
CARLA MARTINS E ANA PAULA TEIXEIRA
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
DHC – FOOD EXPERIENCE RECEBE PRÉMIOS SABOR DO ANO EM SETE ARTIGOS
A edição Sabor do Ano 2020, decorreu no passado mês de fevereiro, tendo sido lançado em Portugal em 2010, sendo o único prémio da área alimentar no nosso país, e que tem ganho cada vez mais prestígio e reconhecimento, até porque este é um momento que premeia as marcas que perpetuam a diferença perante o consumidor, através de produtos de excelência e qualidade. timento muito especial, porque significa que estamos a fazer as coisas bem, e, é nessa senda que pretendemos continuar”, advoga satisfeita a nossa entrevistada, que fundou a empresa em 1997, e que o fez porque “percecionei algumas oportunidades de negócio onde eu sabia que podíamos acrescentar valor, nomeadamente nos produtos onde nos posicionamos”. Nesta entrevista, tivemos também a presença de Carla Martins, Sales Manager da DHC - Food Experience, e que era também uma mulher extremamente satisfeita com os resultados alcançados. “Somos uma empresa tipicamente familiar, mas temos uma coisa que marca a diferença, ou seja, a forma apaixonada como trabalhamos e como cuidamos dos nossos produtos em prol do nosso cliente. Acima de tudo, temos o verdadeiro espírito de missão em aportar aos portugueses os melhores produtos, com a melhor relação qualidade/preço, estando sempre disponíveis para inovar, e isso, é um cenário inerente a toda a equipa”, esclarece a nossa entrevistada. “PERCEBER AS MUDANÇAS PARA CHEGAR PRIMEIRO” Como já foi salientado, a DHC é hoje um player de excelência no domínio alimentar, estando no mercado há mais de duas décadas, e sendo uma marca exemplar no compromisso que assume diariamente com os seus clientes e consumidores. Mas como é que a marca tem conseguido manter-se no patamar da excelência e na liderança em Portugal neste segmento alimentar desde o início? Ana Paula Teixeira e Carla Martins não têm dúvidas, e um dos pontos essenciais do êxito da marca passa pela capacidade que têm tido em estar atentas às mudanças de comportamento do consumidor e saber antecipar as mesmas, até porque este segmento, a vertente alimentar, está em constante mutação e é muito dinâmica. “Temos de nos adiantar e perceber as mudanças para chegar primeiro. Naturalmente que colocar isto em prática não tem sido fácil, mas temos conseguido fazê-lo ano após ano, pois temos uma equipa de excelência e que está pronta a dar tudo pela marca e pela satisfação do cliente”, revela a fundadora da DHC, não sem antes assegurar que também é determinante “escolher os parceiros certos, tanto a nível dos produtos, como dos canais, através dos quais, os mesmos chegam aos consumidores”.
19 MARÇO 2020
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m dos grandes vencedores da edição deste ano, foi, como não podia deixar de ser, uma das marcas mais reputadas presentes neste certame, de seu nome DHC – Food Experience, edificada em 1997, e que é o reflexo perfeito do que significa a paixão pelos produtos alimentadores inovadores, deliciosos, saudáveis e que proporcionam momentos inesquecíveis e de verdadeiro prazer. É importante realçar que na edição deste ano, foram sete os produtos da DHC que ganharam o Prémio Sabor do Ano 2020, três dos quais da marca própria Pasta do Dia. Antes de tudo, interessa compreender que o compromisso da marca passa pela seleção dos melhores produtos e pela colocação dos mesmos no mercado de forma competitiva e à altura dos consumidores mais exigentes. Mas, nestas coisas da qualidade não basta querer, é necessário apostar diariamente numa dinâmica positiva e enriquecedora da própria marca e dos produtos em prol do mercado. Como ninguém cresce a solo, a DHC assume que uma das suas principais vantagens e riquezas passa pela capacidade que teve em assumir parcerias com players de excelência e reconhecido prestígio nacional e internacional. A Revista Pontos de Vista esteve presente no evento e conversou com Ana Paula Teixeira, Fundadora e Managing Director da marca, que, por esta altura, é uma mulher satisfeita e grata, até pelas vezes que teve de subir ao palco para receber os galardões, tantos foram os prémios conquistados. “Sou, naturalmente, uma mulher grata e realizada, mas neste momento de contentamento, não posso deixar de agradecer a todos aqueles que me ajudaram e que estiveram sempre presentes para levar a marca a um patamar mais elevado. Falo da minha família, amigos, da equipa da DHC que tem sido fundamental e, naturalmente, dos nossos parceiros que têm sido verdadeiros cúmplices neste êxito. Por último, mas não menos importante, não posso deixar de salientar a importância dos nossos clientes, pois sem eles nada disto faria sentido. Tudo o que fazemos. Todo o esforço que colocamos diariamente. Todos os produtos inovadores que apresentamos, é por eles e para que fiquem sempre satisfeitos com a DHC. O PRÉMIO SABOR DO ANO 2020 ganha ainda outro impacto porque é atribuído pelos consumidores e isso, tem outro sabor e um sen-
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“TEMOS DE NOS ADIANTAR E PERCEBER AS MUDANÇAS PARA CHEGAR PRIMEIRO. NATURALMENTE QUE COLOCAR ISTO EM PRÁTICA NÃO TEM SIDO FÁCIL, MAS TEMOS CONSEGUIDO FAZÊ-LO ANO APÓS ANO, POIS TEMOS UMA EQUIPA DE EXCELÊNCIA E QUE ESTÁ PRONTA A DAR TUDO PELA MARCA E PELA SATISFAÇÃO DO CLIENTE”
DHC – CONTINUAR A FAZER A DIFERENÇA Inovação e produtos saudáveis são dois conceitos intimamente ligados quando falamos dos produtos da DHC - Food Experience, podendo até ser este o segredo mais bem guardado da marca. “Sabemos que estes dois conceitos são fundamentais para o nosso sucesso”, revela Ana Paula Teixeira, dando o mote para a excelência. “Acima de tudo o fator saudável aliado ao sabor, à textura e à conveniência”, assume convicta a nossa entrevistada. Contudo, que não se julgue que alcançar este nível e este patamar de excelência foi um caminho simples e fácil e que surgiu da noite para o dia. De todo. Este patamar de qualidade, rigor e transparência obrigou e obriga a um trabalho apurado e de sacrifício positivo em prol dos melhores produtos e de continuar a elevar a marca. Assim, esta capacidade inovadora em busca de novas soluções e tendências de consumo, tem obrigado as nossas interlocutoras a “muitas viagens, com inúmeras visitas a Super e a Hipermercados em outros países e feiras. Sabemos que para sermos os melhores temos de estar preparadas para procurar os melhores parceiros e os melhores produtos, e, desse nível não pretendemos sair, ou seja, tudo faremos para continuar a oferecer ao mercado um nível de excelência do mais elevado que existe em Portugal”, revelam as nossas entrevistadas. Mas de que forma é que a DHC, com os seus produtos de excelência, veio aportar valor adicional a esta iniciativa: PRÉMIO SABOR DO ANO 2020? Segundo Ana Paula Teixeira, estes eventos e galardões servem, também, para ajudar a comunicar a qualidade “dos nossos produtos aos atuais e aos potenciais novos consumidores”, afirma, assegurando que uma das valias que a DHC conseguiu trazer para a edição deste ano, 2020, passou pelas Massas Sem Glúten, que foram os únicos produtos premiados nesta nova Categoria do prestigiado Selo, assim como nas categorias de Massas Culinárias, Salmão Fumado e Mozzarella “em que fomos igualmente pioneiros”, salienta a nossa entrevistada.
“VAMOS CONTINUAR NESTA LÓGICA DE CRESCIMENTO” A terminar, interessa dar a conhecer que este reconhecimento, trata-se de um símbolo de qualidade e sabor excecional dos produtos alimentares que guia o consumidor no processo de escolha simplificando o momento de compra. É ainda importante salientar, que pelo facto destes reconhecimentos serem atribuídos pelo consumidor, num teste cego, aumenta ainda mais o nível de satisfação e orgulho das nossas interlocutoras e dos seus pares. “Vamos continuar nesta lógica de crescimento ao nível da inovação de produtos e da satisfação do cliente, porque ainda queremos mais e sabemos que temos capacidade e qualidade, para ir mais além. Estamos gratos aos nossos parceiros e consumidores, porque sem eles nada disto seria possível. A DHC - Food Experience, vai continuar a fazer o melhor e cada vez mais para ultrapassar as expetativas de todos que confiam em nós, tendo sido este prémio, um enorme reconhecimento e motivação para continuarmos a crescer”, conclui Ana Paula Teixeira, Fundadora da DHC - Food Experience. ▪
O QUE DIZEM OS PARCEIROS DA DHC – FOOD EXPERIENCE REBECA DEL PUEYO
ZANETTI FORMAGGI
A DHC é uma das companhias mais profissionais que já tive o privilégio de conhecer e nestes vinte anos de cooperação e relacionamento, nunca tivemos qualquer problema. Acima de tudo, sabemos do elevado nível de profissionalismo existente entre nós e a DHC, principalmente na pessoa da Ana Paula Teixeira. Temos noção que iremos continuar a trilhar o mesmo caminho em prol da qualidade”. JOSEBA MARTIKORENA DIRETOR GERAL DA MARTIKO
“Trabalhamos com a DHC – Food Experience há 17 anos e esta relação foi sendo construída paulatinamente, sendo hoje, cada vez mais, uma relação que assenta na confiança, e que é, cada vez mais intensa, até porque os resultados alcançados têm sido fantásticos para ambas as empresas. Este prémio Sabor do Ano 2020 é um reconhecimento importante do trabalho quotidiano que temos realizado com a DHC”.
DIRETORA COMERCIAL DA MARTIKO
“É extremamente fácil e simples trabalhar com a DHC e criar uma relação sólida, porque estamos a falar de uma marca com pessoas muito responsáveis e que sabem bem o que querem. O nível de clareza e transparência que rege a nossa relação tem sido muito elevado e isso aporta, naturalmente, resultados extremamente gratificantes e positivos. HUBERT CHOPART DIRETOR DE EXPORTAÇÃO GRUPO CÉRÉLIA
“O nosso primeiro contato com a DHC – Food Experience surgiu através da Ana Paula Teixeira, há duas décadas, e desde logo que sentimos que havia uma química positiva entre as duas empresas e conseguimos criar um nível de colaboração de excelência muito bom. A Ana Paula Teixeira conseguiu desenvolver uma boa relação com a marca e temos orgulho em dizer que produzimos produtos para a DHC, uma marca, sem dúvida, de excelência e qualidade. Este galardão é um reconhecimento (mais um), do excelente trabalho que tem vindo a ser realizado pela direção e equipa da marca em território português, onde é uma marca reconhecida e que aporta valor acrescentado”. 21 MARÇO 2020
PAOLO ZANETTI
ANA PAULA TEIXEIRA
CARLA MARTINS
FUNDADORA DA DHC – FOOD EXPERIENCE
SALES MANAGER DA DHC - FOOD EXPERIENCE
“Vamos continuar por aqui e não vamos baixar os braços, porque a procura pela excelência está no nosso ADN e é isso que vamos continuar a fazer em prol da marca, mas acima de tudo, do cliente. Estamos felizes pelo que temos vindo a conquistar, e isso é um motivo de orgulho, mas também aumenta o nível de exigência e de responsabilidade. Com isso, acredito que temos o que é necessário para continuarmos a crescer”.
“A ideia passa por continuarmos a ser melhores, porque a excelência nunca está finalizada ou concluída. Daí que estejamos sempre à procura de inovar e de procurar marcar a diferença perante os produtos, os parceiros e o cliente”.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“LUTEI MUITO PARA CHEGAR AQUI” Doutorada em Implantologia pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, terminou a licenciatura em Medicina Dentária em 2002 com uma das melhores notas de sempre desta faculdade, Raquel Zita Gomes foi sempre muito focada nas suas intenções e desideratos, e mesmo perante os obstáculos que foram surgindo, soube sempre contornar os mesmos, demonstrando, acima de tudo, uma enorme capacidade para nunca duvidar de si ou deixar que outros o fizessem, porque “lutei muito para chegar aqui e sei perfeitamente do meu valor”, revela a nossa entrevistada.
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ulher apaixonada, profissional focada, Raquel Zita Gomes foi construindo um legado ao longo de 18 anos na área da medicina dentária, tendo fundado o seu primeiro espaço, em parceria, em Albergaria a Velha, corria o ano de 2004. “Esse projeto ainda existe e tem tido bastante sucesso”, revela a nossa entrevistada, lembrando que este foi o seguimento que levou à abertura da clínica denominada por Raquel Zita Dental Clinic, em 2010, “e que tem sido um enorme êxito, pois aqui temos como principal preocupação os nossos pacientes e a melhoria da sua qualidade de vida”, esclarece a nossa entrevistada.
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NOVOS PROJETOS, A MESMA FILOSOFIA Nunca parar é o segredo de Raquel Zita Gomes, que agora pretende apostar num espaço de formação, já adquirido, na zona do Campo Alegre, no Porto, e que pretende funcionar como um culminar de um dos principais objetivos da nossa interlocutora, ou seja, a formação. “Esta possibilidade surgiu em 2013, pois foi um período em que comecei a fazer muitas palestras a nível internacional e tive algumas marcas interessadas em colaborar comigo e isso levou-me ao regresso à minha universidade, algo que me levou a realizar um doutoramento”, esclarece, lembrando que esta foi uma forma de juntar o útil ao agradável, ou seja, “era uma ambição que tinha, apesar de não ser uma prioridade, mas tudo se formou para seguir esta dinâmica e como eu precisava de um projeto, decidi enveredar pela vertente do doutoramento e entrámos 12 profissionais no mesmo, tendo sido eu a aluna a entrar com a nota mais alta”, afirma a nossa entrevistada, lembrando que este projeto não foi fácil. “Naturalmente que não, pois conciliar a vida profissional com a pessoal nunca é um caminho simples e é necessário muita perseverança e dedicação para singrar e alcançar o que pretendemos”, assume convicta a nossa entrevistada. Abordando ainda a vertente deste centro de formação, será que o mesmo irá surgir já em 2020? A nossa interlocutora ainda não sabe, mas “não deverá faltar muito para ver concretizado mais um dos meus objetivos”, assevera Raquel Zita Gomes, lembrando que este centro de formação terá
RAQUEL ZITA GOMES
também a capacidade, depois de ver o seu nome construído a nível nacional e internacional, de “trazer as pessoas aqui e isso era algo que pretendia e ansiava”. Mas o que tem a nossa entrevistada que a faz querer mais? “Teimosia”, assume a nossa interlocutora, “teimosia no bom sentido, naturalmente e eu sou e sempre fui, porque todos nós queremos algo mais e todos temos momentos em que só queremos desistir, mas eu não sou assim e não desisto de ir à luta. Quero ir mais além e isso está relacionado com a minha personalidade. Quero sempre mais e não falo de questões financeiras, mas de valorização pessoal e profissional, pois é isso que me preenche. As pessoas que conheço e que têm sucesso numa determinada área, normalmente têm muita paixão pelo que fazem e acho que esse é o meu gatilho, ou seja, essa paixão que tenho por esta área e pela valorização pessoal e de tudo em que decido fazer”. DIVAS IN DENTISTRY EM DESTAQUE Assumindo que hoje é uma Mulher realizada, Raquel Zita Gomes não deixa de falar sobre a questão do género e da importância da igualdade
de oportunidades entre homens e mulheres. Mas será que ser Mulher alguma vez lhe criou obstáculos no seu percurso? “Sem qualquer dúvida”, revela e lembrando que, felizmente, este cenário está a mudar, mas a um ritmo lento. “Senti-me, em determinados momentos, injustiçada pelo simples facto de ser mulher e isso também me levou a fazer mais e a querer. Felizmente que a própria sociedade começa agora a mudar, e também na própria área da medicina dentária começamos a assistir a essas alterações, porque também temos valor e também podemos chegar a outros patamares e eu sou um claro caso disso mesmo, ou seja, que é possível lá chegar”. Neste sentido, Raquel Zita Gomes faz parte de diversos movimentos que promovem a relevância das mulheres na sociedade, mais concretamente no domínio da medicina dentária em Portugal e no Mundo. Um dos movimentos é denominado por Divas in Dentistry, que tem cerca de 20 países associados e em que cada país tem uma líder nacional, sendo que em Portugal é a nossa interlocutora a líder do mesmo. “Este movimento tem o desiderato de colocar as mulheres desta área em conexão um pouco por todo o mundo e decidi associar-me ao mesmo quando começou, ou seja, em 2014 e tem crescido muito”, revela, lembrando que a ideia não é promover o feminismo fundamentalista. “De todo. Não somos feministas, mas realistas, porque hoje em dia cerca de 80% da medicina dentária é composta por mulheres e temos de mudar alguma coisa, algo que temos vindo a fazer e que tem sido promotor de atenção por parte da comunidade destas áreas. Já fizemos o primeiro congresso sobre a alçada das Divas in Dentistry em que convidamos 15 palestrantes femininas e vamos voltar a realizar um evento semelhante, agora na Croácia, onde vamos ter alguns homens palestrantes e aqui é que está o foco, pois não pretendemos qualquer afastamento ou radicalismo entre homens e mulheres, apenas pretendemos que haja um equilíbrio e haja igualdade de oportunidades entre os géneros e que as pessoas alcancem os seus objetivos fruto do seu mérito e valor”, reconhece e conclui a nossa entrevistada. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“AS MULHERES ENCAIXAM NA PERFEIÇÃO NA COMUNICAÇÃO” Rita Boavida, é Diretora Geral da 7/Tools, uma agência de Marketing e Comunicação que trabalha apaixonadamente todos os dias para criar os melhores resultados e as melhores soluções. Saiba mais. MAIS DE 70% DOS PRODUTOS QUE EXISTEM NO MERCADO, SÃO DESTINADOS ÀS MULHERES, ASSIM QUEM MELHOR PODERÁ FAZER ESSE PAPEL DO QUE UMA MULHER?
RITA BOAVIDA
Como foi abraçar um projeto como este? Face ao atual mercado, fiz uma análise dos prós e contras e vi que era a altura ideal para seguir com o projeto da 7/TOOLS. Convidei os melhores designers, criativos, programadores, social media managers e produtores com quem trabalhei durante 20 anos e apresentei os objetivos do projeto. A minha equipa teria espaço e liberdade de horários sem necessitar de estar confinada a um espaço, sendo que a meu ver é uma benesse para toda a área criativa – sem prisões nem complicações. Que avaliação faz da situação profissional das mulheres na área do Marketing e Comunicação? Posso dizer que na minha equipa
criativa são só mulheres, no meu ponto de vista as mulheres encaixam na perfeição na comunicação, no que respeita à sua questão as mulheres devem criar o seu próprio modelo, sem “imitar” o papel do homem. Qual a posição da 7/Tools no que respeita à seleção dos profissionais que constituem a sua equipa? A seleção é feita pelo portfólio e provas dadas como profissionais na área em que trabalham, apenas isso. Que tipo de estratégias uma mulher de marketing e comunicação adota, geralmente, ao iniciar a sua carreira profissional nesta área? Quando um profissional se inicia no mercado de trabalho, o que tem que valer é sua seriedade, rigor e competência, não o seu género. Na área do marketing e comunicação temos que conhecer as nossas melhores virtudes e enaltecê-las, fazendo uma analise swot pessoal, após isto, tudo virá por acréscimo. Quais os maiores desafios ou, se assim entender, vantagens associadas ao género feminino nesta área? Mais de 70% dos produtos que existem no mercado, são destinados às mulheres, assim quem melhor poderá fazer esse papel do que uma mulher?
23 MARÇO 2020
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omo surge esta paixão que já conta com mais de 20 anos de experiência? O amor pelo marketing e comunicação surge com o projeto da Expo’98, foi simplesmente único e envolvente a todos os níveis. Uma de muitas coisas que aprendi com o mesmo foi “vestir a camisola”, pois só assim nos conseguimos envolver no espírito dos projetos/ marcas e entender o nosso cliente nos objetivos que têm a curto e a longo prazo. Todos os dias dedicamos o nosso know how para garantir os melhores objetivos de cada marca/projeto.
Quando falamos de cargos de topo em grandes empresas, gostamos de saber como é a relação entre a progressão de carreira e a questão do género. Como é ser líder deste grande projeto enquanto mulher? Na atualidade a mulher tem um papel soberano na família, é um alicerce fundamental. Face a este
ponto a mulher de hoje tem de ser multifacetada a todos níveis: família, trabalho e dona de casa, sendo que é uma tarefa de supermulher e por vezes até nos esquecemos de nós próprias. Por isso mesmo tenho reservado na minha agenda um período do dia para me dedicar a mim mesma, seja no aspeto espiritual como físico e acho que todas as mulheres o deveriam fazer. Por isto tudo, o dia das mulheres não deveria ter um dia específico, porque todos os dias são o dia das mulheres. Em relação à questão de ser “líder”, considero que sou agente ativo na minha equipa e que preciso deles como eles precisam de mim. Nos brainstorming que fazemos, todas as opiniões são válidas e importantes, por isso aprendo todos os dias com eles e eles comigo. ▪
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“ENQUANTO MULHER SINTO QUE CONSEGUI HUMANIZAR AS MINHAS EQUIPAS” Marta Casimiro, Diretora Técnica da Panidor, um dos principais players no mercado da padaria e pastelaria ultracongelados, esteve à conversa com a Revista Pontos de Vista, onde além de ter abordado alguns dos motivos que levam a marca a estar num patamar cimeiro no seu mercado de atuação, falou também, sobre o seu percurso profissional. Conheça mais de uma mulher e de uma líder que vai trabalhar todos os dias com a mesma vontade desde o primeiro dia.
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MARTA CASIMIRO
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Marta Casimiro, é Diretora Técnica da Panidor. Como é trabalhar nesta empresa familiar com décadas de experiência? É um orgulho, claro, mas é acima de tudo um grande desafio. Trabalhar numa empresa com mais de 25 anos e reconhecida no mercado é muito exigente. Os clientes são cada vez mais exigentes e o consumidor está em constante mudança. O que ontem fazia sentido, hoje já não faz e temos de nos adaptar diariamente, criando produtos e processos novos. A inovação tecnológica nos processos, conjugando a experiência e domínio dos métodos artesanais de fabrico, adquirida ao longo de mais de 30 anos, tornaram a Panidor como uma das empresas pioneiras em Portugal na produção de produtos de padaria e pastelaria ultracongelados. Considera que o vosso sucesso da liderança está nestes fatores?
A resposta é não. Claro que esses fatores nos ajudam a manter a liderança, mas penso que o que faz a diferença é a paixão com que trabalhamos os nossos produtos e o respeito que temos pelos mesmos. Somos uma empresa inovadora sim, mas inovamos sempre respeitando as características do produto e das matérias primas, evitando ao máximo recorrer a fake ingredients e fabricando produtos que queremos ter nas nossas próprias mesas! Além disso, somos de natureza curiosa e adoramos provar e descobrir especiarias pelo mundo fora, trazendo as inspirações para dentro das nossas cozinhas. É essa paixão que faz a diferença, é aliar a experiência e o know-how ao entusiasmo. Não criamos produtos com cifrões nos olhos, mas sim a imaginar os sorrisos dos nossos familiares e amigos a deliciarem-se com eles, aqui está o valor acrescentado!
"NO MEU CASO NÃO É DIFÍCIL PORQUE EXISTE UM GRANDE RESPEITO POR MIM E PELO QUE CONQUISTEI DURANTE TODOS ESTES ANOS. DEDICO-ME A ESTA EMPRESA DESDE QUE SAÍ DA UNIVERSIDADE E A PROGRESSÃO TEM SIDO NATURAL ACOMPANHANDO A EVOLUÇÃO TAMBÉM DA EMPRESA"
O pão de cerveja artesanal e o pastel de nata da Panidor foram considerados os sabores do ano 2019. Qual a importância desta distinção para a empresa? Todos os anos somos premiados “sabor do ano”, entre outros prémios, em Portugal, mas também em França e em Espanha. Estes prémios atestam o investimento que fazemos em inovação e desenvolvimento. Receber este tipo de prémios dá-nos ainda mais legitimidade no mercado. Em Portugal, somos já conhecidos como parceiros importantes para as maiores cadeias da grande distribuição, do setor da hotelaria ou da restauração centralizada, mas quando falamos na exportação, ter produtos vencedores de prémios reconhecidos no mundo, ajuda-nos a ganhar a atenção dos compradores de grandes insígnias, para quem Portugal é apenas um pequeno país onde se come pastel de nata e se apanha banhos de sol. Quando falamos de cargos de topo em grandes empresas, gostamos de saber como é a relação entre a progressão de carreira e a questão do género. Como é ser líder de grandes projetos enquanto mulher? No meu caso não é difícil porque existe um grande respeito por mim e pelo que conquistei durante todos estes anos. Dedico-me a esta empresa desde que saí da universidade e a progressão tem sido natural acompanhando a evolução também da empresa. Enquanto mulher sinto que consegui humanizar as minhas equipas, sinto que os projetos nunca são grandes demais para mim exatamente porque tenho boas equipas. Que reflexão faz sobre o seu percurso até aos dias de hoje? O meu percurso foi desafiador, primeiro aprendendo tudo sobre o negócio, tudo mesmo,
desde a matéria-prima, passando pelo fabrico até à logística. Depois formando a primeira equipa de controlo de qualidade (visto a minha formação ser em Qualidade Alimentar), e a partir daí desenvolvendo competências noutras áreas que me permitiram ter um alinhamento geral de como liderar não só pessoas, mas uma empresa no seu todo. Quais as suas responsabilidades enquanto diretora técnica da Panidor? As minhas responsabilidades enquanto diretora técnica passam por principalmente supervisionar o trabalho de vários departamentos técnicos como sendo o departamento de Gestão da Qualidade, Controlo da Qualidade, IDI (Investigação, desenvolvimento e inovação) e Engenharia de projetos. O que mais gosta no seu trabalho? Que dizer quando me levanto todos os dias e vou trabalhar com a mesma vontade desde o primeiro dia? O importante aqui é conseguirmos ter um grande equilíbrio entre a vida profissional e a familiar. ▪
“SOMOS UMA EMPRESA INOVADORA SIM, MAS INOVAMOS SEMPRE RESPEITANDO AS CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO E DAS MATÉRIAS PRIMAS, EVITANDO AO MÁXIMO RECORRER A FAKE INGREDIENTS E FABRICANDO PRODUTOS QUE QUEREMOS TER NAS NOSSAS PRÓPRIAS MESAS”
25 MARÇO 2020
Neste domínio, que balanço faz da atuação da marca no mercado e quais as vossas principais potencialidades? A Panidor é hoje um dos principais players no mercado da padaria e pastelaria ultracongelados. Temos orgulho em ser reconhecidos como uma empresa que, acima de tudo, investe na qualidade e segurança alimentar dos produtos que coloca no mercado. A nossa taxa de reclamações ligadas à qualidade em 2019 foi de 0,0014, extremamente baixa para uma empresa do ramo alimentar, e os nossos clientes confiam em nós também por isso. Por outro lado, temos uma adaptabilidade e uma reatividade excecional. Isto é, conseguimos desenvolver produtos à velocidade da luz e reagir a eventuais problemas ou solicitações dos nossos clientes num espaço de tempo muito reduzido. Outra potencialidade importante da Panidor é o seu know-how. Não nos podemos esquecer que o nosso fundador é padeiro e filho de padeiros. Quem melhor para gerir uma padaria gigante do que alguém que nasceu na farinha? E prova disso é a qualidade dos nossos produtos, que surpreende os maiores conhecedores e até Chef’s de cozinha, habituados a trabalhar produtos frescos e com uma certa resistência quanto à utilização de produtos ultracongelados.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
FILIPA FIXE SANTOS
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UMA MULHER DAS TI
ilipa Fixe Santos é Executive Board Member na Glintt. O que pode ser contado sobre o seu percurso profissional? Sou Administradora Executiva da Glintt (Global Intelligent Technologies, S. A.) desde 2018, liderando a unidade de negócios HealthCare. A Glintt é uma multinacional líder em consultoria e serviços tecnológicos na Saúde, com mais de 20 anos de experiência. As nossas soluções são utilizadas em mais de 200 hospitais e clínicas e em 14.000 farmácias na Península Ibérica. Somos uma equipa com mais de 1100 colaboradores, que opera a partir de 10 escritórios em 6 países: Portugal, Espanha, Angola, Brasil, Reino Unido e Irlanda. Ocupei o cargo de Diretora do Mercado Healthcare na Glintt entre 2016 e 2018, ano em que fui eleita membro da Comissão Executiva da Glintt. Sou licenciada em Engenharia Química, Mestre em Engenharia Bioquímica e Doutorada em BioMedicina/Nanotecnologia no desenvolvimento de chips de DNA para a deteção de alterações genéticas. O meu percurso profissional é caracterizado por uma forte presença em áreas ligadas à tecnologia, à gestão da saúde e às ciências da vida. Gosto de escrever, o que para além da tecno-
logia e das área biomédicas, é uma das minhas paixões. Sou autora e coautora de várias publicações em jornais e em conferências internacionais nas áreas da bioeletrónica, biomedicina, biotecnologia, educação e ehealth. Para além da Glintt, participo noutras entidades e associações, tais como a APDSI (www. apdsi.pt), da qual sou membro da direção, e também na Universidade de Lisboa, onde sou professora auxiliar convidada. Acredito que a tecnologia vai mudar não só a forma como gerimos a nossa saúde, mas vai também transformar a medicina e a forma como a vemos hoje em dia. E qual é o balanço que faz deste seu percurso até aos dias de hoje? É sempre difícil olhar para nós próprios, mas posso afirmar que gostei muito do que estudei e que gosto muito destes temas que envolvem o meu dia a dia. A minha formação levou-me a diferentes áreas e esta diversidade, para mim, tornou-se uma vantagem. Hoje em dia, acredito que não nos devemos dedicar apenas a um só assunto, mas sim ter uma visão mais transversal e multidisciplinar, porque o mundo não se resolve só com matemática e português, mas sim com um conjunto de disciplinas e variáveis.
Por isso, considero que este mote da diversidade deve estar sempre presente em cada uma das profissões que exercemos. Para mim, tudo o que seja biotecnologia, saúde digital e medtech faz-me brilhar os olhos e acredito que é através destas áreas que podemos mudar a saúde/medicina. Por tudo isto, considero que o meu balanço pessoal é muito positivo. Claro que todos estes anos envolveram muita dedicação e muito esforço em gerir o meu trabalho dentro e fora da empresa. Mas o caminho faz-se caminhando e, ao longo dele, executei, conciliei, aprendi e hoje olho para o mesmo de outra forma. “Na vida não há nada a temer, apenas a ser compreendido” - Marie Curie. Porque é que ainda vemos tão poucas mulheres no mercado da tecnologia? Se olharmos para a parte das universidades, hoje em dia já temos uma grande transformação e Portugal é um bom exemplo disso. Em 1999, quando estudei no Instituto Superior Técnico, o mundo técnico era maioritariamente masculino e o meu curso, Engenharia Química, era já considerado um “mundo feminino”, porque tinha 50% de mulheres e 50% de homens. Atualmente, olhando para este Instituto, veri-
Quais são então para si, os grandes desafios para quem decide ingressar na área? Pessoalmente acredito que a sorte acontece porque nos esforçamos e trabalhamos: “Talento é um por cento de inspiração, noventa e nove por cento de transpiração” | “Genius is one percent inspiration, ninety-nine percent perspiration” (Thomas Edison)”. Acima de tudo, é preciso gostar do que fazemos no nosso dia-a-dia, perceber qual o objetivo, com o que podemos contribuir e o que estamos a fazer, mas depois é preciso perceber também que, como em qualquer outra carreira, é preciso dedicação, empenho, esforço e garantir que percebemos o que estamos a devolver para a sociedade e o seu alcance. Nesta área acho que as mulheres têm de apostar cada vez mais em ter um papel de “role model” e mentoria, no sentido de se mostrarem um pouco mais e partilhar como é que chegaram ao cargo onde estão, estabelecendo mais pontos de contacto fora do próprio ecossistema da empresa ou da universidade. O tema do networking para as mulheres, é ainda um passo difícil, ou menos fácil do que para os homens, não sei se pelo facto da sociedade ou cultural, contudo acho que estes temas têm de ser partilhados para que, cada vez mais, deixe de ser um tabu e passe a ser tão natural como é para a parte masculina.
A pergunta é recorrente: como aumentar a presença feminina em TI? A Glintt, promove essa presença? Na minha opinião, para aumentar a presença feminina em TI, é importante que a pirâmide de qualquer empresa seja equivalente, tanto de mulheres como de homens, com modelos de carreira muito bem definidos. É importante também perceber que, ao estar numa empresa tecnológica, é possível alcançar as mesmas condições de evolução de carreira. Acima de tudo temos de alimentar essa pirâmide e garantir que as mulheres têm o mesmo nível de acesso e as mesmas condições de evolução. Mais uma vez, mentoria e networking são dois ingredientes que devemos juntar para esta equação. Quanto à Glintt, a empresa continua a promover e a apostar cada vez mais nas mulheres. Neste momento, e a título de exemplo a Glintt tem duas iniciativas concretas: WE Health “Empowering women entrepreneurs in health innovation” - projeto com o EIT Health, um consórcio europeu que pertence à Comissão Europeia. Este consórcio agrega mais de 140 parceiros de 14 países da Europa, contando com empresas nas áreas das tecnologias da informação e comunicação, prestadores de cuidados de saúde públicos e privados, organismos do poder local, universidades e centros de investigação, cuja estratégia baseia-se no conceito de triângulo do conhecimento, integrando a formação com os projetos de inovação e a criação e aceleração de empresas. A participação da Glintt neste consórcio foi realizada no âmbito do projeto WE Health, financiado pelo EIT Health, e apontou direções às diversas mulheres que trabalham no setor da saúde sobre como podem ter mais sucesso nas suas carreiras, sendo que estas podem ser aplicadas por todos os que querem melhorar as suas vidas profissionais, independentemente do setor em que trabalham. Programa “Tech Women, by Glintt” – aproveitando o Dia da Mulher, a Glintt deu o pontapé de saída para o TECH WOMEN, by Glintt. Uma das primeiras iniciativas deste programa são as Glintt Women Tech Talks (GWTT), que tiveram lugar no dia 9 de março, no Porto e em Lisboa. As GWTT surgem da vontade de dar a conhecer histórias e experiências inspiradoras e de sucesso, em contexto corporativo, proporcionando momentos de networking e de maior descontração entre os colaboradores e colaboradoras da Glintt, e os oradores(as) convidados(as). Todas as sessões terminam com um cocktail. Enquanto na educação, saúde e serviço social há 30% de mulheres e 7% de homens, nas tecnologias e engenharias há 9% das mulheres e 31% dos homens. E é precisamente nas tecnologias que está a aposta ao nível de crescimento económico na União Europeia. Sendo a Glintt uma multinacional tecnológica dedicada ao mercado da saúde, queremos desenvolver de dentro para fora uma postura e ações capazes de mudar este cenário. Como é que atraímos mais mulheres para as tecnologias? Sendo a Glintt uma tecnológica, temos de proporcionar essas condições através de iniciativas como estas. Como é liderar e gerir uma empresa como a Glintt? Liderar uma área que eu gosto é simplesmente muito mais fácil e próximo, porque são temas que
eu conheço e com os quais me identifico. Isso faz 75 porcento da equação. No dia a dia não faço diferença se tenho reports de mulheres ou de homens, trato todos de igual forma. Considero que ter disponibilidade para ouvir as pessoas é fundamental, porque acho que liderar passa muito por ouvir. Saber definir os objetivos, ser transparente e ter uma ambição para a qual a minha equipa e, principalmente, os meus líderes diretos se sintam comprometidos e acreditem, também é fulcral neste cargo. A humildade de aprender com colegas, chefias e com todos os que nos rodeiam no dia-a-dia é também fundamental para crescermos pessoal e profissionalmente. Depois, é fazer acontecer todos os dias, mais e melhor. Nem tudo sai certo à primeira, é preciso corrigir, reajustar e aprender. É fácil gerir a sua vida profissional com a pessoal? Todos os dias é uma pequena loucura. A preocupação com os filhos é uma constante, desde os lanches que devem levar para a escola, aos testes, à roupa, às atividades fora da escola… preocupações que fazem parte do papel de mãe. Felizmente a sociedade tem vindo a mudar e vemos cada vez mais a figura do pai a ter um papel importante e presente em casa, tal como foi o da mãe durante tantos anos. Efetivamente o facto de ser mulher não nos deixa desligar de todas estas preocupações, contudo, tento-me organizar o melhor possível de forma a ter tempo livre para a família, para mim, para os amigos e para fazer algum networking (estar com outras pessoas, partilhar e trocar opiniões, dar e receber), é fundamental colocar estes tempos na agenda e, acima de tudo, não esquecer de os concretizar. Que mensagem quer deixar a todas as nossas leitoras que querem apostar nas TI? O segredo para as mulheres é acreditarem e terem confiança nas próprias capacidades. Se acreditamos, se gostamos e ambicionamos, vamos em frente. Pode não correr sempre bem, mas aprendemos, melhoramos e nunca devemos desistir. Devemos ter vários ângulos de observação de um problema. Esta diversidade é fundamental, tanto na nossa vida pessoal como na profissional. Um conselho? Sejam mais transversais, pois ajuda a encarar problemas e a percecionar mais oportunidades e arrisquem! ▪
SOBRE A GLINTT A Glintt – Global Intelligent Technologies é uma multinacional de tecnologia e consultoria, cotada na Euronext, com um volume de negócios em 2018 de 86,2 milhões de euros. Conta com mais de 1100 colaboradores que operam a partir de 10 escritórios em 6 países: Portugal, Espanha, Angola, Brasil, Reino Unido e Irlanda. Com mais de 20 anos de experiência, a Glintt é uma empresa líder em consultoria e serviços tecnológicos na Saúde. As suas soluções são utilizadas em mais de 200 hospitais e clínicas e em 14.000 farmácias na Península Ibérica. Visite a Glintt em www.glintt.com
27 MARÇO 2020
ficamos que existem cada vez mais mulheres. Os cursos, por sua vez, também diversificaram muito para a parte das Ciências da Vida, o que cativa, de certa forma, a parte feminina. Contudo, quando o tema é igualdade de género no trabalho, os contrastes são notórios. Se, por um lado, há mais mulheres com qualificações universitárias, por outro, há consideravelmente mais homens a ocupar cargos mais elevados na hierarquia das instituições. Segundo o “World Economic Forum” (1) 40% da força de trabalho a nível global é do sexo feminino. Espera-se que esse número aumente apenas 3% nos próximos 10 anos e que como tal pode levar mais de 30 anos para chegar a 50/50; (2) A igualdade de género nas funções de liderança está a décadas de distância - as organizações precisam intensificar os esforços para aumentar a contratação, promoção e retenção de mulheres; e (3) a automação de empregos trará novos desafios para as mulheres. Considero que temos mulheres altamente qualificadas na área das TI em grandes empresas, mas a ascensão profissional das mesmas, ainda é muito reduzida. Há um estudo da McKinsey, que afirma que só 6 porcento das mulheres, chegam a ocupar a cadeira de CEO numa empresa. Isto é uma boa amostra de como efetivamente existem ainda mudanças a fazer para garantir que proporcionamos uma maior diversidade, e com isso, criar mais oportunidades às mulheres. Para isso, considero que as mulheres, que hoje em dia têm grandes cargos nas empresas, devem garantir a promoção e incentivar outras mulheres a olhar para a tecnologia como uma carreira em que estão efetivamente a contribuir para a sociedade, como por exemplo, a tecnologia na área da saúde, cujo objetivo é melhorar a qualidade de vida de todos nós. Cada mulher deve garantir o seu papel de “role model” na carreira das TI para que cada vez mais as raparigas escolham de forma consciente esta carreira.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“SUCESSO
É PODER DIZER QUE CONTINUO A SER UMA PESSOA FELIZ”
ANA PAULA CARVALHO
“Costumo usar o princípio de que a vida se resolve. Estou aberta à mudança, acho que isso foi o que mais impactou a minha carreira”. Quem o afirma é Ana Paula Carvalho, Chief Commercial Officer (CCO) da Pfizer para os mercados emergentes que incluem a China e que em entrevista à Revista Pontos de Vista se deu a conhecer um pouco mais, naquela que foi uma conversa intimista, onde ficamos a conhecer o lado mais pessoal e profissional da nossa interlocutora.
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e bem com a vida, Ana Paula Carvalho é hoje uma profissional realizada, sendo uma pessoa que está disponível para novos desafios e que tem um gosto muito próprio de aprender, ajudar os outros e estar em constante evolução. Satisfeita com a sua carreira e percurso profissional, a nossa entrevistada está ainda mais feliz pela vertente familiar que tem sido um verdadeiro pilar, principalmente o seu marido, filhos, pais e irmão. “Acima de tudo sou mulher, mãe, filha e irmã e esta vertente mais próxima e mais familiar é fundamental para mim e complementa a minha perspetiva profissional”, diz, assegurando que ao longo da sua caminhada, “nunca tive um plano delineado. Nunca iniciei um determinado projeto a pensar que hoje quero ser isto e amanhã quero estar naquela função. Deixei que as coisas acontecessem naturalmente e no momento certo estava no local certo. Fui aproveitando as oportunidades da melhor forma que sabia e podia, nunca permiti que o desconhecido ou o medo em relação à mudança me paralisasse ou manietasse as minhas intenções”, afirma Ana Paula Carvalho. Sempre com os olhos no presente e no futuro, interessa contudo perceber, principalmente no caso da entrevistada, um pouco do passado da mesma, isto para compreendermos como a sua carreira tem sido um avolumar de desafios interessantes e relevantes e como Ana Paula Carvalho tem sabido retirar mais valias dos mesmos, aprendendo e ensinando o que sabe, isto numa perspetiva de ajudar os outros e contribuir decisivamente para
"NINGUÉM SABE TUDO E SOZINHOS NÃO VAMOS A LADO ALGUM. ASSIM, TIVE SEMPRE A CONSCIÊNCIA E A HUMILDADE PARA, NAS ÁREAS QUE NÃO TINHA UM VASTO CONHECIMENTO, IR À PROCURA DE QUEM TINHA ESSAS COMPETÊNCIAS E CAPACIDADES PARA ME AJUDAR A CONCRETIZAR UM DETERMINADO OBJETIVO"
“SEJAM GENTIS COM ELAS PRÓPRIAS. ESTA MENSAGEM É ESSENCIAL. NÃO DEVEMOS TER PUDOR POR SERMOS BEM-SUCEDIDAS OU POR TENTARMOS SER. NÃO NOS PODEMOS REDUZIR AO JULGAMENTO DOS OUTROS. HÁ QUE TER CONFIANÇA NO FUTURO E EM NÓS PRÓPRIAS”
Estou a adorar, embora tenham sido semanas caóticas, conheço muito bem a Europa e estive exposta ao Japão e aos Estados Unidos neste último ano, mas os mercados emergentes são um novo mundo para mim. Nos mercados emergentes temos um modelo mais tradicional e assim temos todos os portfolios da Pfizer”, salienta a nossa entrevistada, que com esta metodologia, “voltei a ter uma perspetiva totalmente holística em relação à própria Pfizer, onde voltei a trabalhar com áreas como a oncologia, as vacinas, as doenças raras, imunologia e inflamação, entre outros, e isso deixa-me naturalmente satisfeita". Interessa ainda perceber que esta mudança na vida profissional de Ana Paula Carvalho lhe vai permitir conhecer novas regiões. Isso, alinhado com o surto do coronavírus, aumenta o desafio da nossa entrevistada, até porque este vírus surgiu na China, um mercado extremamente importante para os desideratos da Pfizer. “Esse facto trouxe dificuldades, mas também está a ser interessante porque estou exposta a novos colegas, a novas culturas e a uma perspetiva
muito forte em termos de inovação”, esclarece, tendo agora algo que não tinha no passado, ou seja, toda a área de Business Development e Commercial Development bem como a estratégia de marketing digital “que são uma das partes mais atrativas desta nova função”. “AS PESSOAS FORAM SEMPRE A CHAVE DO SUCESSO” Assumindo que é uma líder que delega, mas que está atenta, para Ana Paula Carvalho a sua liderança ao dia de hoje é um reflexo da sua experiência e do seu trajeto profissional, assegurando “que nunca foi sobre mim, mas sobre o todo, as minhas equipas, as minhas pessoas e se faço uma análise retrospetiva de tudo o que foi e é a minha carreira e se eu ao longo dos anos sempre tive sucesso, foi porque tive a clarividência de saber que podia ter as melhores táticas, estratégias, ferramentas e investimentos, mas que isso de pouco valia sem as pessoas. Elas foram o elemento chave e o segredo para o sucesso”, assume convicta a nossa entrevistada, lembrando que a humildade que sempre teve foi e é algo que não abdica. “Ninguém sabe tudo e sozinhos não vamos a lado algum. Assim, tive sempre a consciência e a humildade para, nas áreas que não tinha um vasto conhecimento, ir à procura de quem tinha essas competências e capacidades para me ajudar a concretizar um determinado objetivo, sem esquecer a importância da diversidade, porque o que dá origem à verdadeira inovação e aporta valor acrescentado é esta capacidade da diversidade que leva a pensar fora da caixa e suporta profundamente o pensamento disruptivo e olhar para as coisas de uma forma distinta”. E são estes os principais pontos que Ana Paula Carvalho considera essenciais numa liderança positiva e salutar, isto sem esquecer que é uma mulher que nunca perdeu a vontade de sorrir e até de rir consigo própria, assegurando que tenta sempre levar alegria para o local de trabalho. “Adoro a perspetiva de podermos trabalhar com seriedade, competência e exigência sem deixarmos de ser seres humanos, de nos rirmos e tra-
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o projeto da Pfizer. Vamos por partes. A nossa entrevistada foi Diretora Geral da Pfizer Portugal durante cinco anos, desde 2008 a 2013, tendo sido a primeira personalidade em toda a Europa a assumir este cargo depois de uma mudança radical da Pfizer a nível mundial. Coadjuvado a isso, no último ano e meio, assumiu ainda a Vice-Presidência da APIFARMA. Será relevante afirmar que a nossa interlocutora cumpriu estes dois desafios na perfeição e em 2013 surgiu um novo convite. Para onde? Para assumir a parte do negócio da Pfizer em Itália. “Fiquei honrada, claro, até porque este convite surgiu num momento em que colocaram à minha consideração a possibilidade de liderar a vertente do negócio, na altura denominada por Pfizer Essential Health, que era a maior unidade de negócio de todo continente europeu e quarta maior a nível mundial”, revela a nossa entrevistada, que esteve em terras italianas durante cinco anos. O que se seguiu? No final dessa meia década, a Ana Paula Carvalho foi oferecido o lugar de Central Europe Cluster Lead, que incluía todo o negócio retail, ou seja, a parte respiratória, cardiovascular, dor e inflamação, oftalmologia, doenças do homem e mulher, os medicamentos hospitalares e o portfolio de biosimilares, entre outros. Com mais uma experiência, em dezembro de 2018, assumiu o lugar de Europe Lead para a Unidade de Negócios Hospitalar com responsabilidades sobre mercados como França, Reino Unido, Espanha, todos os mercados nórdicos e da europa ocidental nos quais se inclui Portugal e integra a equipa de liderança mundial desta área de negócios da Pfizer. No início de 2020 assume a sua mais recente função como Vice-PresidenteChief Commercial Officer da Pfizer para todos os mercados emergentes, ou seja, onde está incluída a China, toda a Ásia emergente, África e Médio Oriente e América Latina, num negócio que ronda os oito biliões de dólares. “Estou ainda em fase de transição e proximamente irei mudar-me para Nova Iorque para começar esta nova aventura!”. Mas quais são as sensações de Ana Paula Carvalho para este novo desafio? “Extraordinário.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
zermos boa disposição com quem trabalhamos e interagimos. Temos de perceber uma coisa, as equipas felizes estão mais disponíveis para dar tudo pelo projeto”, salienta a nossa interlocutora.
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WOMEN INSPIRING WOMEN Igualdade do género e equilíbrio de oportunidades entre homens e mulheres são temas que têm estado na ordem do dia e que muitos têm falado. Mas será que a nossa entrevistada alguma vez se sentiu manietada ou impossibilitada de chegar a um determinado desafio ou desiderato? Negando qualquer tentativa de boicote na sua carreira pelo simples facto de ser do género feminino, Ana Paula Carvalho assume, contudo, que por vezes se sentiu altamente escrutinada, embora isso não a detivesse de chegar onde achava que podia chegar, dando dois exemplos concretos disso mesmo. “Na minha chegada à APIFARMA, onde adorei trabalhar, lembro-me perfeitamente de que nas primeiras reuniões me senti avaliada”, revela, assumindo também que essa imagem “pode ter sido a minha perceção e não a realidade, mas senti que tinha de me preparar muito bem porque era muito nova comparativamente à idade média dos meus parceiros e senti em alguns momentos que tinha de demonstrar que estava ali por valor e por direito próprio. Outro exemplo que tenho, foi quando cheguei a Itália, em 2013, onde o primeiro contacto com o board of directors não foi fácil. Era a primeira mulher com a responsabilidade de negócio, e isso na altura não era comum e vinha de fora, o que pode ter criado algum ceticismo”, advoga, assegurando, contudo, que na Pfizer “sempre senti muito apoio e nunca associei essa ajuda ao facto de ser mulher, mas como algo natural, que aconteceu comigo e com outras colegas, em termos de apoio na progressão na carreira e no desenvolvimento de competências”. Exemplos? A Pfizer é uma marca diferente em tudo e até nestas questões da igualdade do género tem marcado a diferença e basta ver que há um ano a marca iniciou um projeto denominado por «Women Inspiring Women», em que foram selecionadas 12 mulheres a nível mundial, entre elas Ana Paula Carvalho, sendo que um dos pontos abordados foi perceber como é que no seio da Pfizer se poderia aumentar a representatividade de mulheres em posições de liderança a nível mundial. “Acreditamos piamente que o sucesso de uma mulher vai inspirar outras mulheres”. “AS MULHERES ESTÃO MAIS ASSERTIVAS E MENOS RECEOSAS” Se Ana Paula Carvalho é hoje uma mulher realizada e feliz, muito se deve também ao apoio familiar que tem tido, principalmente por parte do seu companheiro e dos seus filhos. “Se estou onde estou e consegui o que consegui, acima de tudo, devo também ao meu parceiro e marido”, revela, dando a conhecer um facto no mínimo curioso. “Sempre que me ofereceram uma nova posição/desafio a minha reação inicial era recusar. Depois falava com o meu marido que me ajudava a refletir, reconsiderar e então avançava. O meu sucesso é o sucesso dele e vice-versa. Se eu não contasse com o apoio da família mais próxima não teria conseguido chegar até aqui.” Assegurando que hoje as mulheres estão mais
“NUNCA FOI SOBRE MIM, MAS SOBRE O TODO, AS MINHAS EQUIPAS, AS MINHAS PESSOAS E SE FAÇO UMA ANÁLISE RETROSPETIVA DE TUDO O QUE FOI E É A MINHA CARREIRA E SE EU AO LONGO DOS ANOS SEMPRE TIVE SUCESSO, FOI PORQUE TIVE A CLARIVIDÊNCIA DE SABER QUE PODIA TER AS MELHORES TÁTICAS, ESTRATÉGIAS, FERRAMENTAS E INVESTIMENTOS, MAS QUE ISSO DE POUCO VALIA SEM AS PESSOAS”
assertivas e menos receosas de liderar e aceitar desafios, sendo ela exemplo disso. Para Ana Paula Carvalho é importante que as mulheres continuem nesta senda e que “sejam gentis com elas próprias. Esta mensagem é essencial. Não devemos ter pudor por sermos bem-sucedidas ou por tentarmos ser. Não nos podemos reduzir ao julgamento dos outros. Há que ter confiança no futuro e em nós próprias”, revela, quase em jeito de mensagem pelo Dia Internacional da Mulher que se comemorou no passado dia 8 de março. “SOU UMA MULHER FELIZ E REALIZADA” E se entrevistarmos a nossa interlocutora no final de 2020? O que espera ela dizer-nos? “Sucesso no final do ano é poder dizer que continuo a ser uma pessoa feliz, com saúde e que a minha carreira e profissão continuam a impactar positivamente os outros, a valorizar-me profissionalmente e a ter uma performance de acordo com as expetativas da Pfizer. Sucesso no final do ano será olhar para trás e dizer que esta mudança para Nova Iorque valeu a pena. Poder dizer que contribuí para o propósito da Pfizer que é entregar “inovações, medicamentos e ou vacinas que mudam a vida dos doentes, que no fundo são os mais importantes". Eu estarei a fazer o que mais gosto e sempre com um sorriso no rosto, porque sou uma Mulher feliz e realizada”, conclui a Ana Paula Carvalho, Chief Commercial Officer (CCO) da Pfizer. ▪
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“SONHAR, ACREDITAR, FOCAR E TRABALHAR” “Sempre acreditei que mais do que ser homem ou mulher, o importante é sabermos o que queremos, não baixar os braços e lutarmos pelo que acreditamos”, afirma Cidália Ferreira, CEO de diversos espaços Opticalia e que revelou, em entrevista à Revista Pontos de Vista, como tem sido realizado o seu percurso profissional que tem sido, felizmente, repleto de vitórias e conquistas.
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Tem sob a sua alçada um vasto conjunto de espaços comerciais, e apenas para citar alguns, Opticalia Valongo, Gondomar, Vila Nova de Gaia, Paredes, Penafiel, entre outros. Para que estes desafios e projetos sejam e continuem a ser um êxito, é fundamental munir-se de pessoas da sua confiança? É este também o segredo de um verdadeiro líder? Sabemos que as equipas fazem toda a diferença. Seja no momento de ajudar o cliente a encontrar o que procura e que muitas vezes nem ele próprio sabe o que é; seja na gestão dos desafios com que se deparam diariamente. Daí que seja fundamental sim, como diz, termos as pessoas certas. Agora para isso também é necessário saber o que se procura quando se está a recrutar, formá-las com a cultura da empresa, saber delegar e dar-lhe espaço de manobra e oportunidade de crescimento. Acredito que um
o desafio, a vontade de fazer, de crescer e o trabalho constante.
CIDÁLIA FERREIRA
verdadeiro líder é aquele que reconhece e sabe exponenciar as melhores aptidões do seu staff, o que permite às pessoas crescerem pessoal e profissionalmente. Daí que façamos questão de ter os nossos profissionais motivados e felizes, até porque eles são a linha da frente com o cliente. São o nosso cartão-de-visita. A data 17 de fevereiro fica marcada por ter sido o início do seu sonho, pois foi nesse dia, há 23 anos, que inaugurou a sua primeira loja em Valongo. Quão especial é para si esta data e o que mudou passadas estas mais de duas décadas? É um dia muito especial, pois foi o início do percurso, o concretizar de um sonho e desafio que propus a mim própria. É um dia em que obviamente recordo e faço um balanço. Olhando para trás, tenho que definir este percurso como de sucesso. Composto de alguns momentos mais altos que outros, mas acreditando sempre que é assim que se aprende, que se cresce e que se evolui. No caso da nossa empresa não foi diferente, mas temos atualmente muito orgulho em olhar para o que construímos e vermos que temos tido sempre um crescimento ao longo dos anos, sustentando no nosso trabalho e numa equipa que no dia-a-dia coloca em prática toda a nossa filosofia da empresa. Passadas duas décadas, posso dizer que o principal se manteve, o sonho,
Olhando o panorama global, como é que vê hoje em dia as Mulheres e a sua preponderância no universo das empresas e dos negócios? Sente que evoluímos neste capítulo? O que ainda falta? Sempre acreditei que mais do que ser homem ou mulher, o importante é sabermos o que queremos, não baixar os braços e lutarmos pelo que acreditamos. Penso que ainda temos um caminho a percorrer em termos de determinação, definição de objetivos, espírito de sacrifício e trabalho. Mas olhando para o mundo e para as pequenas mudanças e conquistas que se vão fazendo no feminino, parece-me que cada vez mais as mulheres se sentem confiantes para ocuparem os lugares e posições que querem e que trabalham para atingir. Existem muitos outros fatores mais importantes que o género, como o desempenho de funções que lhe são atribuídas, a disponibilidade, a motivação, a ambição, a vontade de evoluir constantemente e ser boa pessoa. Estes sim, são os fatores que consideramos essenciais para o sucesso profissional. Na nossa empresa, na Opticalia- EsonorOlharlongo, o género não é importante, temos mais mulheres que homens, mas ambos são tratados da mesma forma e têm as mesmas obrigações e regalias dentro da empresa. O que a define enquanto profissional? Quais as principais caraterísticas que considera que uma mulher deve assumir na liderança de um determinado projeto? Sou uma mulher decidida, e tenho bem definido onde estou na minha vida e para onde quero ir, quer a nível pessoal quer profissional. Como líder, encaro as minhas equipas como minha família também e gosto de trabalhar com elas de forma a ajudar todos os colaboradores a desenvolverem as suas competências pessoais e profissionais e terem autonomia para tomarem decisões. Eles sabem que podem contar sempre comigo. E que o meu sucesso é o sucesso deles. Somos uma equipa/família. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
31 MARÇO 2020
mpreendedora nata, tem sido um verdadeiro exemplo de como as Mulheres podem sonhar alto e chegar bem longe. Qual é o principal segredo do sucesso alcançado ao longo do seu trajeto? Sonhar, Acreditar, Focar e Trabalhar. Acredito que tudo começa com o desejo, o sonhar com o que se realmente quer. Em Portugal ainda temos uma cultura que sempre foi muito opressiva em relação ao empreendedorismo e que agora aos poucos se começa a tentar mudar. Por isso é preciso acreditar, focarmo-nos, definirmos bem os objetivos e o que temos que fazer para lá chegar e depois trabalhar, trabalhar, trabalhar. A atitude que temos quando nos lançamos nos desafios que aceitamos faz toda a diferença. Desde o início da nossa atividade que sempre tivemos uma postura pró-crescimento. Analisamos todas as oportunidades e decidimos sempre com base nos objetivos que temos definidos para a nossa empresa e que queremos alcançar. A abertura de lojas faz parte do nosso plano estratégico de crescimento, por isso mesmo é que temos vindo constantemente a acrescentar novos pontos de venda ao grupo Opticalia-Esonor como as nossas últimas duas lojas em dois shoppings de referência, o Nova Arcada em Braga e o Vila do Conde Style Outlet que se encaixam perfeitamente na nossa filosofia de moda.
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“SOU EXATAMENTE A CRIADORA QUE SE MOSTRA AO MUNDO” Este é o mês de todas as mulheres. Como tal, a Revista Pontos de Vista, entrevistou a estilista Fátima Lopes, a portuguesa que mais longe conseguiu chegar no mundo da moda internacional. Fique a conhecer o seu lado mais pessoal.
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que falta fazer a Fátima Lopes estilista? São 27 anos de carreira sendo os últimos 21 com presença constante duas vezes por ano na Paris Fashion Week. O objetivo é continuar o percurso de forma ascendente com o objetivo de fazer sempre mais e melhor. Terminado mais um desfile em Paris, está em curso um projeto de Franchising da marca Fátima Lopes, sendo neste momento a grande aposta para o mercado nacional e internacional. E a Fátima Lopes mulher? Como se autodefine? Eu sou exatamente a criadora que se mostra ao mundo. Sou feminina e sensível, mas também forte e determinada. Sou muito positiva, tento ver sempre o lado bom de tudo e não suporto mentiras, invejas ou maldades. Tenho a sorte de ter a minha paixão como profissão, muitos amigos e uma família maravilhosa, por isso tudo, acho que sou uma pessoa feliz. Quando é que percebeu que a moda era mesmo o que pretendia fazer? Eu acho que nasci com a paixão e com o dom para a moda, mas só quando comecei a trabalhar em turismo e a viajar pelo mundo, tive consciência de que era possível ser criadora de moda e decidi deixar tudo para trás e abraçar o sonho. Em 1988 deixei a minha terra, a Madeira e parti para Lisboa, dois anos depois abri uma Concept Store chamada Versus e em 1992 lancei a marca e dei início ao percurso que tenho vindo a traçar até hoje. Falando exclusivamente de moda, em que outra era gostaria de ter vivido? Gosto muito do glamour dos anos 50 mas prefiro sempre o momento atual. Eu vivo muito bem com a mudança dos tempos, das mentalidades, das novas tecnologias, gosto sempre de ver a inovação e me desafiar a fazer sempre melhor.
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Tenho a sorte de ter a minha paixão como profissão, muitos amigos e uma família maravilhosa, por isso tudo, acho que sou uma pessoa feliz FÁTIMA LOPES
FOTOS: IMAXTREE
Qual foi a primeira lição que aprendeu no que diz respeito a moda? Não há ditaduras de moda. Ser criador é ter a liberdade de criar, de ser único, de não ter medo de ser diferente, aliás só é criador no verdadeiro sentido da palavra quem é diferente e tem um estilo próprio. Depois é preciso respeitar toda a gente e todos os estilos.
Que peça de roupa ou acessório nunca usaria? Não gosto de pijamas, não uso desde criança muito pequena.
Que peça, por outro lado, usa sempre? Só uso Fátima Lopes e felizmente tenho um leque de opções no dia a dia. No inverno uso habitualmente, camisolas de gola alta e calças pretas, com um grande casaco. No verão sou mais de vestidos ou jumpsuits práticos e confortáveis, de cores claras.
Considera que há espaço em Portugal para novos projetos e para quem queira apostar no mundo da moda? Como todas as profissões, Portugal é um país com uma dimensão pequena, mas não impeditiva. Acredito que há sempre lugar para mais alguém se houver talento e capacidade de trabalho. ▪
33 MARÇO 2020
Qual é a tendência que adorava que voltasse? E a que mais odeia? Eu não sigo e nunca segui tendências. As tendências são as coincidências dos vários desfiles das quatro capitais da moda – Nova Iorque, Londres, Milão e Paris. Eu faço parte dos criadores, não dos que seguem as tendências criadas por nós.
FOTO: IMAXTREE
Qual é o pior erro que as pessoas cometem na hora de vestir? Acho que o único erro será se não se sentirem bem com o que vestem. Há uma total liberdade de estilos neste momento e há lugar para todos. Acredito que toda a gente está bem se se sentir bem.
"É UMA ÁREA QUE ESTÁ PRESENTE NA MINHA VIDA DESDE A MINHA INFÂNCIA, E QUE AGORA, COM 10 ANOS DE EXPERIÊNCIA DE ATIVIDADE NA M. RODRIGUES & ASSOCIADOS, POSSO AFIRMAR CONVICTAMENTE QUE SOU APAIXONADA POR AQUILO QUE FAÇO" ANA RODRIGUES DE ALMEIDA
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“SOU APAIXONADA POR AQUILO QUE FAÇO” Num contexto mais pessoal, a Revista Pontos de Vista visitou a M. Rodrigues & Associados, com a finalidade de conhecer melhor Ana Rodrigues de Almeida, Advogada e Partner da empresa, que nos falou de como é ser advogada mulher, numa carreira maioritariamente masculina. ter vida pessoal. É possível conciliar. É possível sermos femininas o suficiente e não ter medo de arriscar. É claro que temos sempre de gerir prioridades, e, quando é necessário e possível a família ou a vida pessoal toma a primazia. Para um bom desempenho a nível profissional é essencial termos tempo para descontrair e recuperar energias. Acredito que a sociedade está a evoluir no sentido de libertar a mulher das suas responsabilidades familiares de há 20 ou 30 anos. Assistimos a uma gradual divisão de tarefas que dá mais tempo às mulheres para terem espaço para a sua carreira profissional sem prejudicarem a sua vida pessoal. No meu caso é fácil manter ambos de forma equilibrada. A mulher pode tudo, basta querer.
Que balanço é possível fazer destes anos de experiência na área enquanto profissional? São 10 anos de experiência e balanço positivos. Anos de aprendizagem, crescimento e maturidade, numa área que assim o exige. É uma especificidade que necessita que estejamos sempre em constante evolução, prática, estudo, conhecimento e aprendizagem. Sou uma profissional bastante realizada e sortuda, porque sou apaixonada por aquilo que faço. É preciso ser diferente. E ao mesmo tempo, transmitir os valores que nos caracterizam e identificam. É um trabalho viciante.
O que é Liderança Feminina (na Advocacia)? No meu caso, é ter muita sorte com a equipa que tenho comigo, que me ajuda a liderar e me ajuda a crescer enquanto profissional. Trata-se de uma equipa competente, que colabora e que acrescenta em muito a M. Rodrigues & Associados. Nunca senti que o facto de ser mulher fosse um impedimento e uma dificuldade no que toca à liderança. A boa relação que tenho com a minha equipa e com os meus clientes, é a prova disso.
Quais são os grandes desafios da atuação feminina, numa carreira maioritariamente masculina? Nunca senti que fosse um desafio ser mulher numa carreira maioritariamente masculina. Contudo, é preciso nunca deixar de ser mulher e de
"ACREDITO QUE A SOCIEDADE ESTÁ A EVOLUIR NO SENTIDO DE LIBERTAR A MULHER DAS SUAS RESPONSABILIDADES FAMILIARES DE HÁ 20 OU 30 ANOS. ASSISTIMOS A UMA GRADUAL DIVISÃO DE TAREFAS QUE DÁ MAIS TEMPO ÀS MULHERES PARA TEREM ESPAÇO PARA A SUA CARREIRA PROFISSIONAL SEM PREJUDICAREM A SUA VIDA PESSOAL"
O que podemos esperar da Ana Almeida como mulher e profissional num futuro a curto/médio prazo? Irei continuar a desbravar tudo em busca do crescimento e bem-estar da minha equipa. Deixar a minha marca todos os dias, primeiro na minha família, depois nos meus colaboradores, nos meus parceiros de negócio e nos meus clientes. ▪ 35 MARÇO 2020
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omo todas as histórias têm um inicio, quando se deu esta paixão pelo direito/advocacia? Venho de uma família de advogados. Conheci a advocacia através do meu pai. Em tempos livres acompanhava sempre o meu pai ao escritório e observava com muita atenção tudo aquilo que ele fazia, até que dei por mim a memorizar o nome de todos os seus clientes. Esta foi uma paixão que se foi conquistando ao longo dos anos. É uma área que está presente na minha vida desde a minha infância, e que agora, com 10 anos de experiência de atividade na M. Rodrigues & Associados, posso afirmar convictamente que sou apaixonada por aquilo que faço.
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“UM CONCEITO QUE ASSENTA EM CRIATIVIDADE, EXCLUSIVIDADE, SERIEDADE E COMPROMISSO" Desafiada pelos seus sonhos, Daniela Moço decidiu agarrar uma oportunidade ligada ao mundo do empreendedorismo e criou a sua própria marca. Uma marca que é, segundo a entrevistada, uma expressão de si mesma. Saiba mais.
DANIELA MOÇO
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que nos pode contar sobre o seu percurso profissional? O meu percurso profissional nesta área é ainda muito recente. Trabalhei durante 20 anos na área da educação no ensino privado, onde desempenhei diversos cargos, desde a docência até à direção e gestão executiva de diversas escolas e projetos. Curiosamente nessa área também tive a oportunidade de desenvolver múltiplos trabalhos de decoração de interiores e organização de eventos. Com tantos anos dedicados a uma vida profissional, por sua vez, muito intensa e muito desafiadora, comecei a sentir que tinha atingido os meus objetivos e comecei a questionar-me em relação ao que queria e ao que ainda ambicionava concretizar fora daquele contexto. Foi então que decidi muito ponderadamente seguir o meu coração em busca da arte, para um reencontro comigo mesma. Acredito verdadeiramente que nascemos com uma missão de vida e que, por onde passamos, devemos contribuir com o melhor que somos e sabemos. Assim fiz. Em verdade, quando sentimos que o nosso tempo “ali” acabou é porque chegou a
hora de contribuir e dar um pouco de nós em outros projetos. Sou apaixonada por natureza e de mente muito inquieta, vejo a vida cheia de cor, onde a natureza e os animais têm um papel determinante. E surge, assim, em 2019, a marca Daniela Moço. Uma expressão de mim e da forma como vejo o mundo. Posso dizer que faço aquilo que quero e gosto. O restante, apenas flui. Diz que a sua marca é uma expressão de si e da forma como vê o mundo. Fale-nos um pouco do seu conceito. A marca Daniela Moço começou do zero e sem qualquer influencer para a sua projeção no mercado. É um constante desafio. Considero que só há uma primeira vez para causar boa impressão, pelo que, só efetuei o lançamento quando considerei que reunia todos os requisitos que considero básicos. A marca tem subjacente toda uma organização empresarial desenvolvida por mim, e, desde o início, uma forte aposta na imagem, toda ela criada por uma designer de grande talento, a Gisela Paz. Esta imagem para além de presente e coerente em todas as
redes e plataformas digitais da marca (website, Facebook, Instagram e LinkedIn), é visível também em pequenos (grandes) apontamentos, tais como o material de escritório, merchadising ou o simples email. Pensei em tudo ao detalhe, pois é parte integrante do conceito. Um conceito que assenta em criatividade, exclusividade e seriedade, direcionado para todos aqueles que apreciem e valorizem a identidade de uma peça única. Inicialmente o projeto era para estar apenas focado em uma das áreas, a que denominei por Collection. Ligada ao meu lado mais criativo e exclusivo, a Collection engloba peças feitas ou personalizadas à mão por mim. Cada peça é única e, por isso, a considero obra artística e é acompanhada de um certificado de autenticidade. Única porquê? Porque não faço réplicas e em cada uma, coloco sentimentos, emoções e histórias. Quando começo uma obra, nunca penso no resultado final, estou somente focada nas sensações do momento e vivo cada peça de maneira diferente. O meu limite é a inspiração. O cliente pode adquirir peças que integrem coleções ou solicitar uma peça específica com requisitos próprios.
Que balanço é possível perpetuar da existência da marca Daniela Moço? Só posso fazer um balanço muito positivo. Sinto-me particularmente grata com os projetos fantásticos que tive a oportunidade de desenvolver, e que me permitiram evoluir profissionalmente face aos desafios que me proporcionaram; com os clientes que me escolheram e deram um feedback que só me impulsiona a continuar e com todas as pessoas que conheci e com as quais sempre aprendemos algo. Agora é tempo de ouvir todas essas variáveis, o mercado e a minha intuição e efetuar os reajustamentos que considero serem oportunos para fazer mais e melhor. O que pretende trazer ao mercado com este seu projeto? Quais as grandes apostas para o mesmo?
nunca dei importância, e que serviram unicamente para me desafiar a fazer ainda melhor. Penso ainda que a capacidade de condução de um projeto no feminino é igual no masculino. O homem não lidera melhor que a mulher, nem a mulher lidera melhor que o homem. Para liderar é necessário ter o perfil e a competência, mas sobretudo valores, caráter e humanismo. Sou defensora da igualdade de oportunidades/ desafios, entre géneros, para o mesmo tipo de recompensa e nível de exigência. E este é um aspeto, no qual o nosso país, ainda tem muito para caminhar, fundamentalmente em questões de mentalidade.
Tal como já referi, o que pretendo trazer ao mercado são soluções criativas e exclusivas para todo o cliente que procura algo único. Algo personalizado para si. Seu. Quero ainda consolidar a marca como uma referência de confiança, seriedade e compromisso. Vou continuar a apostar na dimensão criativa, na diferenciação, na personalização e, reforço, na exclusividade. Ser uma Mulher empreendedora em Portugal é difícil? Sente que o facto de ser mulher lhe criou mais obstáculos ou nunca sentiu ao longo da carreira essa realidade? Ser uma mulher empreendedora em Portugal tem desafios que se superam através da personalidade, determinação e convicção dos nossos valores e competências. Contudo, acho que ser empreendedor no nosso país não é fácil por múltiplas variáveis, entre elas políticas, económicas, sociais. É uma aventura para a qual é necessário muita resiliência, determinação e foco. Na minha atual carreira não sinto que o facto de ser mulher me crie obstáculos, tanto mais que são áreas onde a presença e reconhecimento femininos estão muito enraizados. No passado, recordo alguns episódios para os quais
O que podemos continuar a esperar de si e da sua marca para o futuro? Podem esperar a mesma seriedade e compromisso. A minha vontade em criar e inovar, mantendo e reforçando o conceito de exclusividade. Posso adiantar que a curto prazo irei introduzir algumas novidades, que não posso ainda revelar, mas que estão diretamente ligadas com a parte criativa. O ano de 2020 será para mim, um ano de concretizações e um ano de reajustamento daquilo que tenho vindo a aprender, do que quero fazer e do que sou. Para terminar..quem é a Daniela Moço? Sou uma mulher, muitas vezes menina, orgulhosa do meu caminho, das escolhas e responsabilidades que assumi. Determinada, humana, generosa e criativa. Sou muito alegre, divertida, mas também uma pessoa muito reta, séria e comprometida. Exigente. Muito independente. Hoje, mais tolerante e muito mais consciente do que sou e de quem quero ao meu lado. Dizem que sou uma guerreira, concordo. Luto todos os dias por aquilo em que acredito, desafio após desafio, acredito sempre na superação e num dia melhor. Acredito que o bem prevalece sobre o mal. Sou apaixonada pelo meu gato, pelos meus quatro cães, pela minha casa. Acredito em anjos, fadas, elfos, unicórnios, árvores falantes e tudo o que me leve mais além, em bom, e me permita viajar neste mundo, assim como o vejo e sinto. ▪
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Contudo, a minha criatividade quis ir mais além, e decidi que também iam nascer dentro da marca Daniela Moço, as áreas HomeStyling e Events, naturalmente ligadas entre si, através da criatividade. A área do HomeStyling é um serviço personalizado de decoração de interiores. Não sendo conservadora nem refém de tendências, vou até onde o cliente me permite em termos de criatividade. Sou addicted por papel de parede e mistura de materiais e estilos. Muito eclética. Cada projeto tem o meu toque exclusivo e personalizado, mas é sempre centrado no cliente. Na área Events (um serviço personalizado de organização e decoração de eventos), tento criar uma história que apenas tem que fazer sentido para o cliente. Também aqui não replico decorações. Cada evento tem uma decoração própria e, querendo, com detalhes exclusivos, personalizados à mão, que ficarão como peça de cliente. E é isto, um conceito que assenta em criatividade, exclusividade, seriedade e compromisso. São áreas onde me envolvo de corpo e alma, me expresso tal e qual como sou esperando que, cada uma à sua maneira, deixe a sua alegria e manifeste a “criança interior” em todos os clientes que me escolhem.
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“NUNCA DUVIDEM DA FORÇA QUE TEMOS E QUE JUNTAS CONSEGUIMOS CONQUISTAR O MUNDO” Sempre de sorriso no rosto, a boa disposição reinou na conversa que tivemos com Patrícia Magalhães e Lina Marau, Private Brokers da Secretdevotion Properties Solutions, que se assumem apaixonadas pela vertente do imobiliário e que têm apenas um desiderato, a satisfação dos clientes. Duas mulheres de armas e que estão sempre preparadas e prontas para responder a qualquer desafio.
“UM LÍDER É SEMPRE UM EXEMPLO ONDE TODOS O SEGUEM COM ADMIRAÇÃO. CONSIDERAMO-NOS SEM DÚVIDA LÍDERES POIS A NOSSA MÁXIMA É: “O SUCESSO DOS NOSSOS É O NOSSO SUCESSO””
LINA MARAU E PATRÍCIA MAGALHÃES
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Secretdevotion Properties Solutions foi criada a partir de um projeto ambicioso, sendo hoje um player de relevo no domínio do segmento do imobiliário. Quando foi edificada a marca e como tem a mesma vindo a prosperar e a sustentar a sua presença no mercado através de uma forte dinâmica de confiança, transparência e rigor? A Secretdevotion “nasceu” no final de janeiro, embora secretamente já manifestavamos o interesse de criarmos uma marca com um serviço diferenciados. Após um mês intensivo de preparação e elaboração da nossa imagem de marca, estabelecimento de parceria com um dos melhores fotógrafos nesta área, Saulo Souza com um currículo fabuloso, trabalhando com os Altman Brothers, é com enorme orgulho que temos fotos reportagens diferenciadoradas do mercado. Como ambas já temos bastante experiência no mercado, dicidimos marcar a nossa presença através de serviços, relações sinceras, diretas e sempre muito divertidas com os nossos clientes e parceiros.
Sendo o setor imobiliário um segmento cada vez mais competitivo e concorrencial, de que forma é que a Secretdevotion tenta marcar a diferença no relacionamento com o cliente e o mercado? Num mercado claramente mais competitivo, marcamos a diferença com a nossa honestidade, transparência e seriedade para com todos os nossos clientes. A nossa prioridade é a satisfação dos nossos clientes, pois são eles que nos referenciam e nos fazem “crescer”. Relativamente ao mercado Imobiliário é necessária uma formação contínua para prestar um serviço de excelência e, claramente, estamos sempre em formação contínua. Quem é Patrícia Magalhães e a Lina Marau e porquê a aposta neste projeto? Quais têm sido os maiores desafios do mesmo e como é que a sua liderança tem sido importante para contornar os obstáculos diários? Patricia Magalhães: Tenho 48 anos, formada em Gestão de Empresas, trabalhando desde os meus 17 anos e sempre em Empresas ligada à
Área de Marketing e Comercial, que fizeram ser quem hoje sou. Na Sonicel Electrodomésticos e Ar Condicionado foi onde realmente adquiri todas as bases de marketing, venda e contato com os clientes, sempre com rigor, transparência e muita dedicação. Na Sonicel, as imensas oportunidades de Viagens de Negócios e Formações no Japão e Europa, foram sem dúvida os momentos profissionais da minha vida que me fizeram crescer e lidar com diferentes realidades, nunca esquendo a minha principal referência: o meu pai. Na Vodafone, como Representante Empresarial, tive uma experiência única e completamente enriquecedora. Com desejo de mudança abracei esta área em vária empresas, apaixonando-me pelo mercado imobiliário. Nesta nova fase da minha vida, não posso deixar de agradecer o apoio incondicional do meu marido e filhas que sempre acreditaram no sucesso da Secretdevotion. Lina Marau, 37 anos, formada em técnica de Artes Gráficas, desenvolveu de imediato um gosto pela aréa comercial desde os 19 anos,
Num passado ainda não muito longínquo, este setor era composto por um número superior de homens, algo que mudou nos dias de hoje. Na sua opinião, quais foram os pontos centrais que levaram a esta mudança de paradigma e realidade? Sem dúvida que no passado o setor imobiliário era dominado pelos Homens. Naturalmente, com o passar dos tempos, sendo este setor uma área em constante crescimento, é muito natural que as Mulheres têm vindo a crescer e a desempenhar as suas funções de igual modo como os Homens.
Quais são as principais caraterísticas que um verdadeiro líder deve ter no sentido de impulsionar uma marca e uma equipa a chegar mais longe? Qual a diferança entre chefe e líder? Um chefe dá ordens, impõe-se, não tolera crescimento e age sempre a seu favor. As pessoas vêem-se obrigadas a segui-lo. Um líder vê sempre o interesse de todos e é sempre uma pessoa que deseja o crescimento dos que o rodeiam. Um líder é sempre um exemplo onde todos o seguem com admiração. Consideramo-nos sem dúvida líderes pois a nossa máxima é: “O Sucesso dos nossos é o nosso Sucesso” Olhando o panorama global, como é que vê hoje em dia as Mulheres e a sua preponderância no universo das empresas e dos negócios? Sente que evoluímos neste capítulo? O que ainda falta? Numa forma global, as Mulheres têm naturamente mais carga pessoal enquanto mães, mulheres e donas de casa. Desta forma, é natural que ainda exista preconceito relativamente às mulheres. Contudo, e graças a toda a esta “carga” e visto que desempenham funções e cargos tão bem quanto os homens, só prova que as mulheres são umas verdadeiras guerreiras. Sentimos que claramente evoluímos, e muito, talvez o que falte seja o equilibrio entre responsabilidade vs. carga horária, distribuídos de igual forma entre ambos. Existem diferenças entre uma liderança femi-
nina e uma masculina ou a questão da importância do verdadeiro líder não pode ser resumida somente a questões relacionadas com o género? No nosso entender, não existe qualquer tipo de diferença entre liderança de géneros. Um bom líder não escolhe género, raça, estatuto ou religião. O que podemos continuar a esperar de voçês e da marca para o futuro? Abraçámos este projeto acreditando na nossa parceria, ficando no mercado por muitos anos sempre a evoluir e crescer com toda a devoção. A Secretdevotion será sempre uma marca em constante evolução, recorrendo sempre às melhores tecnologias para realizar o vosso projeto imobiliário. O Dia Internacional da Mulher comemorou-se no passado dia 8 de março. Que mensagem gostaria de deixar sobre a importância desta data? Lamentavelmente, o Dia da Mulher, surgiu devido a uma tragédia que ocorreu numa fábrica textil nos EUA, no ano de 1911. Sem dúvida, o incidente decorrido a 25 de março daquele ano, marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do Sec. XX. A nossa principal mensagem a todas as Mulheres, é que nunca duvidem da força que temos e que juntas conseguimos conquistar o Mundo! Como sempre foi dito: “Por detrás de um Grande Homen, está sempre uma Grande Mulher”.▪
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abandonando por completo a sua área de formação e dedicando a sua vida na área comercial, mas a retalho, trabalhando durante 11 anos na Inditex, ao qual deu me a oportunidade de crescimento como cordenadora, cordenadora-formadora em várias equipas internacionais, e naturalmente um gosto imenso pelo atendimento ao público. O desejo pela área imobiliária surgiu quando há anos coloquei a casa do meu pai à venda e apaixonei-me pelo processo, seguindo muito atentamente o que o consultor fazia. A partir desse momento estava decidida em ser consultora imobiliária, esforçando-me ao longo dos anos em aperfeiçoar e formar-me na área e ao qual orgulho-me do meu histórico como profissional da área, passsando por momentos fantásticos de crescimento em várias redes do setor. Ambas conhecemos-nos numa agência na qual trabalhávamos e num dia de muito calor decidimos ir à aventura na prospecção de rua e sem esperar, para além do divertimento, foi o dia em que realmente verificámos que tinhamos uma sintonia magnífica, com resultados positivos. Podem não acreditar, mas realmente tem sido um sucesso, e acreditamos que a nossa boa energia, atrai sem dúvida alguns melhores resultados, contornando os obstáculos diários, sempre com um sorriso e pensamento positivo. Relativamente aos obstáculos, que vieram principalmente do passado (afinal ainda temos pouco tempo de vida) os mesmos são sempre ultrapassados com a maior serenidade, onde sem dúvida, após contornados, tornam-nos ainda mais fortes!!
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
RAQUEL ALVES E MAFALDA FERNANDES
POR UMA KAUSA FEMININA
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Numa conversa descontraída, Raquel Alves e Mafalda Fernandes, deram a conhecer o seu lado mais pessoal para além da advocacia. Temas como os desafios da atuação feminina na advocacia, desigualdade de género e liderança feminina foram debatidos em cima da mesa. Saiba mais.
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orquê a advocacia? Raquel Alves (RA) – Desde os meus 12 anos que quero ser advogada. Quando estava no meu sétimo ano escolhi esta profissão que devia seguir e nunca mais mudei de ideias. Acredito que é a minha vocação, que decorre da minha personalidade reivindicativa, protetora, com um grande sentido de justiça. Este caminho da advocacia sempre foi muito claro para mim. Mafalda Fernandes (MF) – A minha história é muito semelhante à da Raquel. Sei que nunca me vi a tirar outro curso. Contudo, a certa altura coloquei a hipótese de dois caminhos: a advocacia ou a magistratura do ministério público. Ponderei estas duas áreas durante toda a minha licenciatura, mas
foi no meu estágio que a resposta à minha indecisão surgiu: a advocacia. Atualmente, não me imagino a fazer outra coisa, na verdade sempre foi este o caminho que quis seguir. Como é que se conheceram e como é que juntas, criaram a Kausa Advogados? RA- Eu trabalhava numa sociedade de advogados aqui em Lisboa e, em 2008, engravidei da minha primeira filha. Na altura, essa sociedade precisava de alguém para me substituir no período de tempo em que eu estaria ausente. A Mafalda foi quem me veio substituir, porque se enquadrava perfeitamente no perfil que precisavam e foi aí que nos conhecemos.
MF- Sim. Quando a Raquel voltou, trabalhámos juntas nessa sociedade até 2016 e após tantos anos a trabalhar em conjunto, com os mesmos objetivos e ideais, decidimos dar o “salto” e criar este nosso projeto, a Kausa Advogados. Que balanço é possível fazerem destes anos de experiência na área enquanto advogadas? MF- Criámos aquilo que ambas ambicionávamos e isso é, com toda a certeza, um balanço positivo. Confirmámos, nestes quase quatro anos, que é muito bom trabalharmos em conjunto e que juntas conseguimos alcançar os objetivos a que cada uma, individualmente, se propôs. É claro que temos objetivos/desafios
individuais, e posso confirmar que estes anos só têm revelado que escolhemos o caminho certo para atingir esses mesmos propósitos. RA- É um balanço muito positivo, e concordando com o que a Mafalda disse, tenho a certeza de que foi o caminho certo, no momento certo. Sei que temos ainda muito potencial e estamos precisamente na altura certa para explorar esta capacidade. Quais são os grandes desafios da atuação feminina, numa carreira maioritariamente masculina? RA- O grande desafio é destruir preconceitos. Temos a perfeita noção de que partimos sempre do grau -10 quando vamos a uma reunião ou a Tribunal, por exemplo. São pequenas coisas, como por exemplo uma irritação, que rapidamente é confundida com: “e lá estão as mulheres” e que é sempre vista como normal no sexo masculino. Infelizmente ainda se ouve muitas vezes este tipo de menções em contexto profissional e sentimos que temos que ter uma dose extra de preparação e de credibilidade em relação aos homens advogados. É pena que isto, assim seja, mas sinto que todos os dias tentamos combater esse preconceito. MF- A verdade é esta, um homem na advocacia mesmo que seja jovem tem um impacto no seu ouvinte diferente. Já a mulher na advocacia com um ar jovem tem a necessidade de se impor de outra forma para obter a devida credibilidade. Não é tão fácil para uma mulher impor-se numa determinada discussão. Por vezes, é preciso dar provas de confiabilidade para ser aceite. O que falta fazer para colmatar esta desigualdade de género na advocacia? MF- Passa por fazermos o esforço de sermos mais assertivas e demonstrar que não há diferenças entre os géneros. RA- Falta tudo até que a mesma desapareça. É uma luta constante e diária. O que é Liderança Feminina na advocacia? MF- É uma liderança necessariamente diferen-
te. Liderar no feminino, a meu ver, tem sempre inerente uma sensibilidade diferente. Temos uma maior sensibilidade para lidar e liderar de forma mais ajustada ao nosso destinatário. Somos muito mais sensitivas em tudo. RA- Sinceramente, eu acho que é um erro uma mulher tentar liderar como um homem. Nós somos todos iguais e ao mesmo tempo todos diferentes. Nós não podemos é ser descriminadas por essa diferença. Ser uma boa líder, não é atuar como um homem atuaria, mas sim aproveitar as nossas características próprias e liderar pelo exemplo. Tenho a perfeita noção, por exemplo, de que nós temos uma maior perceção do que é conciliar as nossas diferentes tarefas (vida pessoal vs vida profissional) o que permite compreender melhor quem se lidera. Como é conciliar a vida pessoal com a vida profissional? MF- Não é fácil, nem para mulheres, nem para homens. Nos dias que correm os desafios são iguais para ambos os géneros. No nosso caso, trabalhar por conta própria é desafiante porque requer uma maior disponibilidade e nem sempre é fácil. Mas tudo é possível quando bem organizado e conciliado. RA- Sim. Tudo é possível. Contudo, quando temos o nosso próprio negócio, temos que exigir um pouco mais de nós em termos de disponibilidade, principalmente no que toca à maternidade. Na advocacia existe ainda uma grande desproteção quanto às advogadas que querem ser mães, seja em sociedade ou por conta própria. O que vos motiva e inspira diariamente enquanto mulheres e profissionais? MF- Diariamente, ao trabalhar na área que sempre quis é inspirador. A paixão que eu tenho por aquilo que faço é o meu motor diário. RA- Eu adoro aquilo que faço sem dúvida nenhuma e isso traz-me a energia que preciso no meu dia-a-dia. O que me motiva é fazer a diferença na vida das pessoas de forma positiva e sempre que o consigo, tenho o dia ganho. ▪
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Confirmámos, nestes quase quatro anos, que é muito bom trabalharmos em conjunto e que juntas conseguimos alcançar os objetivos a que cada uma, individualmente, se propôs
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“A IGUALDADE DO GÉNERO É A BASE PARA UM MUNDO MAIS JUSTO” Susana Garrett Pinto, Business Developer HiPay, sempre quis ser útil e dar mais aos que pouco tinham e daí que em 2015 tenha fundado o Projeto Teach How to Fish, em que o grande desiderato passa por transformar a dependência de caridade em auto-suficiência. Saiba mais de uma mulher que acredita que a capacitação de pessoas é o único processo que garante um futuro em dignidade e autonomia aos mais carenciados.
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HiPay é uma fintech com forte expressão nacional e internacional. De que forma é que tem vindo a crescer? Para que os comerciantes se mantenham focados nos seus negócios é fundamental que adquiram a plataforma certa, que inclua uma Gateway com as parcerias e ferramentas adaptadas, que lhes permita disponibilizar uma experiência de pagamento integrada, modular e flexível, e garantindo sempre o conforto e segurança que todos valorizam. É exatamente aqui que a HiPay mais se destaca, porque ao lado dos nossos parceiros conseguimos fornecer não apenas soluções de cobrança, mas alavancar e acompanhar o crescimento e a expansão das suas marcas.
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Quais são as principais vantagens HiPay? Conseguirmos garantir um único contrato e integração, para evitar custos desnecessários de desenvolvimento posteriormente. Por outro lado, as ferramentas que deixamos ao dispor dos nossos parceiros, permitem evitar transações fraudulentas, enquanto garantem um aumento na taxa de conversão e uma experiência de compra melhorada, eliminando autenticações desnecessárias (como o 3DS). Também dispomos de funcionalidades de “data analytics”, permitindo obter uma visão total do negócio e dos visitantes de forma simples e em tempo real. Quem é a Susana como profissional e como chegou à HiPay? A minha formação é em Publicidade, mas os desafios profissionais em áreas destintas fazem parte do meu percurso. Trabalhei em Publicidade, como designer e account, no Turismo na organização de eventos e comercial, na grande Distribuição como responsável por uma conta de exploração e o recrutamento e formação de equipas, até depois ingressar na HiMedia para a coordenação de uma equipa na produção digital e vendas. Na divisão da HiMedia entre a Publicidade e os Pagamentos, tive de escolher entre vender espaço de publicidade na HiMedia ou ingressar num novo desafio como business developer na HiPay. Escolhido o desafio
SUSANA GARRETT PINTO
HiPay a “minha única condição” foi ter a oportunidade de trabalhar uma área que acreditava que viria a ser determinante para o crescimento da empresa, o Turismo, área da qual ainda hoje sou responsável. Considero-me uma profissional exigente e curiosa, com pensamento crítico e atitude positiva, defensora da cooperação e da ética laboral. Fundou em 2015 o Projeto Teach How to Fish. O que a levou a fazê-lo e que resultados pretende? Sempre quis ser útil e servir voluntariamente os mais carenciados. Numa missão em março de 2015 ao Camboja, percebi que o meu trabalho dava na verdade muito pouco às pessoas com quem me cruzava, e após uma conversa com um monge local, tive a confirmação: teria de parar de dar o peixe e ensinar a pescar! Iniciei o Projeto ainda nesse ano com dez famílias numa das aldeias visitadas durante a missão. O objetivo principal é transformar a dependência de caridade em auto-suficiência. Acredito que a capacitação de pessoas é o único processo que garante um futuro em dignidade e autonomia aos mais carenciados. Ao final de cinco anos já reconstruímos casas, casas de banhos para todas as famílias, garantimos que tenham furos e filtros de água, acesso a alimentação e que as crianças frequentem a escola. Também já temos algumas famílias na terceira e última fase, a empregabilidade.
Olhando o panorama global, como é que vê hoje em dia as Mulheres e a sua preponderância nas empresas? Nunca se falou tanto sobre os direitos das mulheres e equidade, mas efetivamente a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança é muito residual em cargos de chefias. Considero fundamental adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável dos direitos, deveres e obrigações das entidades empregadoras para o tema da igualdade de género. O Dia Internacional da Mulher comemorou-se no passado dia 8 de março. Que mensagem gostaria de deixar sobre esta data? É importante insistir e afirmar o dia da Mulher porque infelizmente ainda existe um elevado nível de discriminação contra as mulheres, tal como de preconceitos contra a igualdade de género em áreas como a educação, política, saúde e direitos reprodutivos, para além da violência doméstica. E o mais triste, mas já não surpreendente, é que, quando falo em discriminação ou preconceitos não digo apenas por parte de alguns Homens, mas também por parte de outras Mulheres. A IGUALDADE de género deverá ser vista não apenas como um direito humano fundamental, mas como a base necessária para a construção de um mundo mais justo, pacífico, próspero e sustentável. ▪
BREVES BREVES
DESCUBRA ALGUNS FACTOS SURPREENDENTES E VERDADEIROS SOBRE AS MULHERES: 1. LONGA VIDA ÀS MULHERES! Às vezes, a diferença do tempo de vida entre homens e mulheres pode ser de até uma década, mas em média, no mundo todo é de dois a três anos pelo menos, e isso não se aplica apenas aos humanos, visto que orangotangos fêmeas, assim como as chimpanzés também vivem mais que os machos. 2. INTERPRETAÇÃO DE EXPRESSÕES FACIAIS Desde sempre, as mulheres foram melhores na hora de interpretar ou ler as expressões faciais, gestos e tom de voz, o que as transformou em líderes sociais, tomando a frente em conversas e na socialização. Mesmo num grupo de pessoas, todas as interações sociais são melhor aproveitadas por uma fêmea alfa que por um macho alfa.
7. AS MULHERES VEEM MAIS CORES Alguma vez já discutiu com a sua amiga sobre as cortinas brancas que ela dizia serem creme? Bem, isso deve-se ao facto de, na média, as mulheres verem 20% a mais as cores e as formas.
4. SÃO AS INVENTORAS ESQUECIDAS DE MUITOS PRODUTOS Mary Anderson inventou o pára-brisas em 1903. Além disso, ao longo dos anos, as mulheres patentearam: fraldas descartáveis, sacos de papel, vidro anti-reflexo, baldes de lixo com pedal, máquina de lavar loiça e muitas outras inovações. Mas, infelizmente, quem acabou por levar a fama, foram os homens. 5. AS CÉLULAS DO CÉREBRO FEMININO SÃO COMPRIMIDAS MAIS DENSAMENTE Em média, o cérebro da mulher é 9% menor que o do homem. Mas isso não tem qualquer efeito sobre as capacidades cognitivas, já que a contagem das células é a mesma, só que nelas são comprimidas mais densamente. Ou seja, a mesma quantidade de neurônios em menos espaço. 6. UM OLFATO APURADO O olfato ajudou a sobrevivência de nossos ancestrais, e como as mulheres dedicavam-se sobretudo às colheitas, o sentido ajudava a escolher os alimentos adequados para a família. Então, para apelar a esse sentido tão apurado, que tal umas flores?
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7 Factos curiosos e verdadeiros sobre as mulheres
3. OS SALTOS ALTOS ERAM PARA OS HOMENS Na década de 1600, os saltos altos foram trazidos para a moda feminina para imitar os homens que os usavam como um sinal de masculinidade, prestígio e reputação.
FOTO: DR
CURIOSIDADES
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“AMO O QUE FAÇO”
GRÁCIA SOFIA
O que faz uma empresa perpetuar uma dinâmica positiva, sustentada e dinâmica? São diversos os fatores que elevam essa distinção, sendo que a principal passa pela dedicação e pela excelência no relacionamento com o mercado, equipa, clientes e parceiros, sendo essencial promover sempre uma capacidade diferenciadora e promotora de valor.
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percurso de qualquer empresa é marcado por altos e baixos, sendo que somente aqueles que conseguem ultrapassar os momentos menos bons é que conseguem alcançar a excelência e, assim, promover e fomentar resultados positivos e de valor em prol da qualidade, marcando esse cartão de visita de quem pretende prestar um serviço de sublimidade e superioridade em prol dos seus clientes e parceiros. A Revista Pontos de Vista foi conhecer uma dessas entidades, e conversou com Grácia Sofia, Responsável e Fundadora da Grácia Sofia Unipessoal, Lda, uma empresa que se dedica ao trabalho manual direcionado para diferentes áreas, como vestuário, calçado, têxtil lar, banho, joalharia, entre outros. Um dos fatores mais preponderantes da empresa passa pela capacidade que tem em personalizar e chegar ao que o cliente pretende e deseja, pois, esta também é uma área que vive e muito das sensações, emoções e sentimentos que são colocadas em cada peça, em cada trabalho, em cada aplicação. “Tudo tem de ter dedicação e paixão ou não vamos conseguir alcançar o que queremos e comigo não foi diferente. O gosto que tenho por esta arte é fundamental para o sucesso”, revela a nossa entrevistada, ela que tem um percurso que a ajudou a ser aquilo que é hoje. “Não tenho
“CONSIDERO QUE, PARA SER O QUE SOU HOJE, TUDO SE DEVE À FORÇA, QUE TODOS OS DIAS, A MINHA MÃE E O MEU FILHO ME TRANSMITEM. ELES SÃO OS PILARES DA MINHA VIDA. PARA ALÉM DISTO, CONSIDERO-ME UMA MULHER PERSISTENTE, QUE DIFICILMENTE DESISTE DOS SEUS SONHOS. CRIO OBJETIVOS A MIM MESMA E QUANDO OS CONSIGO CONCRETIZAR, PENSO NOS PRÓXIMOS”
qualquer dúvida que o meu passado permitiu-me ter uma bagagem preciosa que me permite ser o que sou no presente e, ao mesmo tempo, preparar diariamente o futuro”, afirma, lembrando que antes de criar o seu próprio negócio, “trabalhei durante quatro anos na Estamparia Costampa, e foi através deste percurso, que surgiu o meu gosto por trabalhos com arte. Esta paixão, foi de facto tão relevante para mim, que me levou a apostar neste ramo. Decidi lutar por aquilo em que acreditava e desejava e fundei a Grácia Sofia Unipessoal, Lda, empresa de trabalhos manuais", esclarece a nossa entrevistada. 15 ANOS DE LUTA E MUITA SATISFAÇÃO Tem sido um trabalho quotidiano, “mas de enorme paixão”, e já diz o velho ditado, «quem corre por gosto não cansa» e fazendo jus ao poeta Fernando Pessoa, «Deus quer, o homem sonha, a obra nasce», neste caso quem sonhou foi uma Mulher, Grácia Sofia, uma líder determinada, perseverante e lutadora e que tem levado a empresa a um patamar elevado, marcado por 15 anos de vida, que comemora este ano. E o que dizer desta década e meia de vida? Que sensações? A nossa interlocutora não tem dúvidas, acima de tudo, “de luta, muita batalha, conquista, muito trabalho, persistência e muita
O LEMA: EQUIPA + CLIENTES = EMPRESA E onde entra a equipa? Qual a importância dos mesmos no êxito alcançado? A fundadora não tem dúvidas, “são fundamentais” e a própria cultura das colaboradoras, cerca de 95% da equipa é de nacionalidade russa e ucraniana, tem sido importante, pois revelam constantemente uma capacidade técnica e criativa acima da média, com resultados positivos e diferenciadores em prol da empresa e dos respetivos produtos. É isso mesmo que Grácia Sofia idealizou, ou seja, uma entidade que se dedica de alma e coração aos trabalhos que executa e que gosta de ser desafiada pelos clientes. “Sou assim, ou seja, gosto de desafios e gosto que me coloquem à prova e abraço todos os desafios com ânimo e dedicação. “Para mim, todos os clientes merecem o meu maior respeito e agradecimento.
Acompanharam-me durante todo o meu crescimento, sendo a maior prova de confiança que me podiam ter dado. Quero que os meus clientes conquistem tudo o que pretendem, através do sucesso do meu trabalho. Quero estar sempre ao lado deles, e que saibam que só não farei por eles, aquilo que não souber fazer”, afirma a nossa entrevistada, revelando o seu lema: “Equipa + Clientes = Empresa. Este é o modelo e a fórmula do sucesso e se algum deles falhar, então o projeto pode estar condenado”.
“METI NA CABEÇA, QUE SE O MEU SONHO É FAZER O QUE NINGUÉM QUER FAZER, O CAMINHO PASSA POR TER AS PESSOAS CERTAS AO MEU LADO. CONSEGUIR A EQUIPA CERTA, TAMBÉM NÃO FOI TAREFA FÁCIL. CONTUDO, ATUALMENTE, CONSIDERO QUE TENHO UMA EQUIPA, QUE É A MINHA SEGUNDA FAMÍLIA. UMA EQUIPA QUE ME MOTIVA SEMPRE EM CADA PASSO QUE DOU, SEMPRE QUE POSSO”
MOMENTOS QUE NOS FAZEM CRESCER Mas quem é esta Mulher, que é insatisfeita por natureza e muito exigente consigo e com os outros? Quem é Grácia Sofia? Que experiências ao longo da vida fizeram com que seja a Mulher e Líder que é hoje? São diversos os momentos que ao longo da vida mudaram as feições da nossa entrevistada, e se alguns foram duros, muito penosos, todos eles serviram para que a nossa interlocutora ficasse ainda mais forte. “Perdi o meu pai aos 16 anos e isso fez-me acordar para uma nova realidade. Foi um momento muito difícil porque o meu pai era para mim o melhor do mundo, um homem incrível e um profissional fantástico, ou seja, a referência da minha existência e perdê-lo foi como iniciar uma nova vida”, assevera, assegurando que essa tragédia pessoal também a levou a querer demonstrar que era capaz de singrar. “Quis provar à minha mãe que apesar de ter perdido o seu marido e companheiro de vida, que ganhou uma filha mais atenta e preocupada e procuro demonstrar isso no meu dia a dia e creio que, felizmente, o tenho conseguido”, revela Grácia Sofia, mãe de um menino de dez anos, que costuma dizer que a “mãe é a melhor do mundo, e uma mulher para todo o terreno”, diz, satisfeita. “Considero que, para ser o que sou hoje, tudo se deve à força, que todos os dias, a minha mãe e o meu filho me transmitem. Eles são os pilares da minha vida. Para além disto, considero-me uma mulher persistente, que dificilmente desiste dos seus sonhos. Crio objetivos a mim mesma e quando os consigo concretizar, penso nos próximos”, refere, lembrando que a experiência 45 MARÇO 2020
dinâmica. Um trabalho viciante que preenche os meus dias e o meu coração. É uma vida dedicada quase a 100% a este projeto desenhado por mim. Um projeto difícil, mas que aos poucos tem vindo a crescer de forma significativa a nível nacional e internacional”, assevera satisfeita a nossa entrevistada. De salientar que na Grácia Sofia Unipessoal, Lda, tudo é feito com o timbre da personalização, pois aqui faz-se todo o género de aplicações manuais, sendo que é de realçar os macramés e as diversas aplicações com vários tipos de pedras, pérolas, missangas e canutilhos. “Começamos por simples aplicações no vestuário, mas fomos conquistando, fruto do nosso trabalho, as restantes áreas”, revela Grácia Sofia, lembrando que um dos pontos fortes da empresa, entre outros, passa pela capacidade que tem na qualidade imposta e no cumprimento dos prazos de entrega “que são sempre uma das nossas prioridades. Tem sido essencial essa capacidade e pensar no crescimento que temos conseguido obter, é um sentimento gratificante após tantos anos de dedicação a esta área. Acima de tudo, trata-se de um crescimento reconhecido pelos meus clientes, que dia após dia, confiam no meu trabalho e me desafiam a fazer cada vez mais e melhor”, revela a nossa entrevistada.
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que teve na Estamparia Costampa, gerida por Joaquim Costa, "foi uma excelente oportunidade para mim atendendo à criatividade que esta empresa tinha e onde deixei amizades que considero para a vida".
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PARA OS VALENTES É A OPORTUNIDADE Não sendo uma mulher que se deixa abater facilmente, Grácia Sofia confessa, contudo, que de início não foi fácil, principalmente pelas vozes e pensamentos que alguns tinham perante o projeto de lançar a sua empresa. “Achavam que uma empresa de trabalhos manuais nunca chegaria onde consegui chegar”, revela. E o que fez a nossa entrevistada? O que tão bem sabe fazer. Deitou mãos à obra, desvalorizou as vozes da tragédia e seguiu o seu caminho, dando a resposta aos seus críticos como tão bem sabe fazer. “Com trabalho e dedicação e a partir daí os resultados começaram a aparecer e provei que em Portugal também se pode ter sucesso nesta área. Hoje temos qualidade, reconhecimento e prestígio. Demonstramos diariamente que conseguimos ter produtos de excelência e com preços competitivos, tudo isso sustentado por uma mão de obra qualificada, profissional e que perpetua uma excelente capacidade de resposta”, assume Grácia Sofia, que não esquece a importância dos recursos humanos da empresa ao longo deste trajeto. “Meti na cabeça, que se o meu sonho é fazer o que ninguém quer fazer, o caminho passa por ter as pessoas certas ao meu lado. Conseguir a equipa certa, também não foi tarefa fácil. Contudo, atualmente, considero que tenho uma equipa, que é a minha segunda família. Uma equipa que me motiva sempre em cada passo que dou, sempre que posso”. Victor Hugo escreveu: O Futuro tem muitos nomes. Para os fracos é o inalcançável. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes é a oportunidade. E Grácia Sofia faz parte deste último grupo. Dos valentes. Dos que vão à luta e nunca se deixam cair. Dos que lutam até ao último fôlego e se hoje o cenário é positivo e a empresa segue uma linha de crescimento e evolução, para a nossa eterna insatisfeita, esta realidade ainda não é suficiente e quer mais. “Quero chegar onde os outros ainda não chegaram ou não quiseram chegar. Quero que a qualidade do meu trabalho e da minha equipa, deixe marcas e saudades. Através da minha persistência e trabalho, consegui chegar ao mercado inglês, francês, italiano e mais recentemente ao Dubai com a realização de trabalhos em macramé. O meu objetivo, é que todos os nossos trabalhos continuem a conquistar a nível internacional, nunca descurando o mercado nacional. É desta forma simples e universal que compreendo qual é o meu caminho. Ao fazê-lo, sinto uma grande paz, uma grande harmonia e um grande equilíbrio na minha vida”, assume convicta a nossa interlocutora, terminado esta entrevista com uma expressão que revela e personifica tudo o que é enquanto Mulher, Mãe, Filha e Profissional. “Amo o que faço e a ambição pela melhoria está inerente aos meus dias”. ▪
EQUIPA DA GRÁCIA SOFIA UNIPESSOAL, LDA
O QUE ELES DIZEM...
GONÇALO ALMEIDA REPRESENTANTE DO MERCADO BRITÂNICO
AMADEU OLIVEIRA SÓCIO GERENTE DA CTAJ - COMERCIO TEXTEIS AMADEU JOÃO, LDA, FORNECEDOR DA GRÁCIA SOFIA UNIPESSOAL, LDA
“A empresa Grácia Sofia, tem bem definida a gestão empresarial. Essa boa gestão gere bons resultados na esfera dos negócios, a começar pela produtividade dos colaboradores, que é estimulada por meio de uma liderança altamente qualificada. É uma empresa com produtos de excelência na indústria da moda. A exigência pela qualidade transmitida pela Grácia Sofia, é franca e clara e isso ajuda-nos a garantir o fornecimento de produtos que satisfaçam as necessidades dos seus clientes. Acreditamos no sucesso da empresa Grácia Sofia”.
“Trabalhar com a Grácia Sofia é ter a certeza que irão cumprir o que é solicitado por nós enquanto cliente e que tudo farão para exceder a expectativa. Sempre tentando superar os níveis de qualidade e prazos de entrega, bem como terem a proatividade para tentar descobrir solução para todos os novos desafios que se lhes apresentam”.
FÁTIMA GONÇALVES COLABORADORA DE UM CLIENTE NACIONAL
É um orgulho fazer parte de um trabalho tão especial, com essa equipa maravilhosa e responsável, que responde com rapidez e qualidade. Uma equipa unida que sabe que só alcança os objetivos se todos remarem na mesma direção".
O QUE DIZEM OS SEUS COLABORADORES SOBRE GRÁCIA SOFIA » “Com a sua criatividade transforma uma peça vulgar em algo singular” » “É lutadora e alegre. Criativa e positiva, com a capacidade de estar sempre a acompanhar as últimas tendências” » “Muito séria, justa e respeitadora. Uma mulher bonita, moderna e com sentido de humor” » “Uma pessoa que todos os dias nos
encanta com o seu sorriso” » “É uma lutadora nata, de enorme coração e sempre de braços abertos para ajudar os outros nos momentos mais complicados. Acima de tudo, é uma Pessoa fantástica e uma Mulher lindíssima” » “Uma mulher orgulhosa do que alcançámos e da equipa que tem. Diariamente procura que tenhamos novos objetivos para alcançar novas metas”
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"CADA VEZ QUE ME DEBRUÇO SOBRE ESTA TEMÁTICA DA SAÚDE MENTAL, FAÇO-O COM UMA NOVA ABERTURA, COM UMA NOVA AMPLITUDE, FLEXIBILIDADE DE PENSAMENTO E CAPACIDADE DE AVALIAR O NOSSO PRÓPRIO ENTENDIMENTO SOBRE O DESENVOLVIMENTO HUMANO" NORA CAVACO
PESQUISADORA E PALESTRANTE INTERNACIONAL EM AUTISMO
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“A PSICOLOGIA, É A PORTA QUE SE ABRE PARA TODAS AS OUTRAS ÁREAS” Reconhecida pesquisadora e palestrante internacional em autismo e outras perturbações, Nora Cavaco esteve à conversa com a Revista Pontos de Vista. Saiba mais sobre este transtorno de neuro-desenvolvimento.
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O que a fascina nesta área? É conseguir ver a felicidade das pessoas com que trabalho. O autismo nas suas múltiplas formas em que se manifesta revela-se intrigante, desafiando e testando a todo o momento os nossos saberes, as nossas teorias e conhecimentos. Conviver com o autismo implica da nossa parte, uma enorme sensibilidade, conhecimento, flexibilidade psico socioemocional e comportamental, de forma a desenvolver outros olhares, outras formas de ver e sentir os outros e o mundo em que eles e nós nos inserimos. Sei que não é uma área fácil, e, por não o ser, comecei a olhar para esta problemática de uma maneira diferente, ou seja, para além da visão geral, com o objetivo de poder chegar até eles. O campo da neurociência é realmente admirável, porque possibilita-nos o acesso a um conhecimento que nos permite entender a funcionalidade típica e atípica do ser humano. Entender o desenvolvimento humano é entender como o sujeito entende o mundo mesmo nas suas peculiaridades, e claro que, trabalhar em prol da reabilitação ou a habilitação de competências/ habilidades e dar respostas às famílias, também me fascina de igual forma. É fundadora e diretora geral do The Nora Cavaco Institute. Como psicóloga, defende as terapias adequadas ao autismo?
Claro que sim! Estas terapias são uma forma de preparar e capacitar estas pessoas para o mundo e para a sociedade/microssistemas, onde estão inseridos. Tratam-se de pessoas que têm uma funcionalidade diferente das outras. Não se trata de uma doença, mas sim de um transtorno de neuro-desenvolvimento que incide sobre o comportamento da pessoa e da forma como se comunica, ou seja, têm uma fragilidade e um comprometimento na interação social e comunicação social. Para isto não existe cura, mas sim terapias, e é através destas terapias que felizmente temos conseguido bons resultados. Como se manifesta o autismo? Não existem testes específicos que nos ajudem a perceber se a criança sofre deste transtorno, e os que existem são de cariz qualitativo, ou seja, para detetar, é preciso que essa identificação seja feita por uma equipa multidisciplinar. Normalmente eu faço esse reconhecimento, porque conheço as várias áreas que estão comprometidas. Esta postura, enquanto investigadora, psicóloga e docente é essencial já que me possibilita cruzar conhecimentos e saberes, falar uma outra linguagem, ouvir todos os sinais e sons, mesmo que me pareçam silenciosos. A intencionalidade no olhar que não existe, todo o comportamento desenquadrado que se mantém durante uma temporalidade significativa e em vários contextos (casa, espaços clínicos, escola), na forma como comunicam (verbal e não-verbal), ou na maior parte das vezes, na ausência dessa comunicação, tudo isto são formas do autismo se manifestar. Através de uma diversificada e correta avaliação neuropsicológica, é possibilitada uma intervenção consciente e adequada a respeito da reabilitação neuropsicológica da pessoa autista, com o objetivo de melhorar as suas funcionalidades e assim
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INTERFACES DA PSICOLOGIA, ATUALIDADES E PESQUISAS:
MAIS DE 25 CONFERENCISTAS QUE VÃO DAR A CONHECER TODAS AS INTERFACES DA PSICOLOGIA, UMA VEZ QUE A ÁREA DA PSICOLOGIA, É A PORTA QUE SE ABRE PARA TODAS AS OUTRAS ÁREAS
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e que forma surge o gosto pela saúde mental? O gosto pela saúde mental, surge desde sempre. Já são cerca de 20 anos a trabalhar nesta área. Tenho uma formação em educação na infância e desde cedo, comecei a trabalhar com crianças com dificuldades de aprendizagem, em especifico, com o transtorno do espectro do autismo. Esta problemática (autismo), desenvolveu a minha curiosidade e levou-me a trabalhar e a aprofundar um pouco mais, tudo aquilo que fui estudando, através de muitas pesquisas e teses. Através deste meu interesse, estou inteiramente ligada a este transtorno de neuro-desenvolvimento, sendo licenciada em Psicologia da Educação e Reabilitação, pela UALG, Pós-Doutorada em Intervenção Precoce no Autismo, Doutora em Educação Infantil e Familiar - Investigação e Intervenção Psicopedagógica, Pós-Graduada em Neurociências Aplicadas à Educação, pela FAPSS (Brasil), formação avançada em TREC Terapia Racional Emotiva pelo Instituto Albert Ellis de Nova York, em Dialética Método de Marsha M. Linehan e em Neuropsicologia e Demências, pela Universidade de Barcelona. Assim, através de todo este conhecimento, cada vez que me debruço sobre esta temática da saúde mental, faço-o com uma nova abertura, com uma nova amplitude, flexibilidade de pensamento e capacidade de avaliar o nosso próprio entendimento sobre o desenvolvimento humano.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO promover nestas crianças, adolescentes e adultos uma melhor qualidade de vida. O mundo do autista é o nosso mundo! Definir o autismo não é tarefa fácil visto que as fronteiras existentes entre as várias perturbações do espectro autista são muito ténues. Considera que as escolas em Portugal dispõem de meios adequados para prestar apoio a crianças com transtornos do espectro autista? Não, e é emergente que as nossas escolas tenham este conhecimento no sentido de existir uma maior capacitação e treino dos nossos docentes para saberem identificar o que mais comprometido a criança em sala de aula revela e ajustar um plano educativo individual, tranquilamente solicitando o apoio necessário. Atualmente, sou contactada muitas vezes por docentes que se sentem incapazes e que não têm ajuda nenhuma neste sentido. Esta via transdisciplinar de conhecimentos e recursos (incluído a família), permite que todos sejamos mais eficazes na prática, no trabalho com todas as crianças que diretamente e indiretamente a estas estão ligados como dentro da sala de aula. Falta nas escolas a capacidade de entender o autismo, como um ser em desenvolvimento ao logo da vida, capaz de aprender; e vislumbrá-lo como um ser aprendente, apesar de todas as barreiras e de todas as contrariedades, diferenças e limitações que possa manifestar.
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O The Nora Cavaco Institute é reconhecido a nível nacional e internacional. Como fundadora que balanço faz desde a sua fundação? Já são vários anos de trabalho a nível nacional e internacional. Aquilo que não consegui obter no meu país, consegui realizar pelo mundo. Hoje agradeço todos os passos que dei, por conseguir chegar onde cheguei. Felizmente juntei uma grande equipa de profissionais nacionais e internacionais, desde médicos, psicólogos, psicopedagogos, psicomotricistas, psicólogos educacionais, educadores e terapeutas da fala. Todos juntos, partilhamos os nossos casos e divulgamos terapias eficazes em casos específicos. O balanço que faço é bastante positivo. É uma realização, não somente minha, mas de todos aqueles que me acompanham. Estamos sem dúvida a expandir-nos e a crescer cada vez mais. O nosso maior interesse é desenvolver um trabalho de pesquisa, formativo e de atendimento personalizado e que possamos generalizar pelos resultados positivos que alcançamos. De uma forma geral, é muito gratificante porque somos uma só voz, numa rede alargada que atravessa oceanos. O Instituto é atualmente uma marca registada, reconhecida e confiável. Foi necessário muito trabalho, empenho, vontade de ver acontecer e acreditar que era possível. Qual o vosso maior interesse com este instituto? O nosso maior interesse é desenvolver um trabalho de pesquisa, formativo e de atendimento personalizado, para que possamos generalizar pelos resultados positivos que alcançamos. Tranquilizar estas pessoas, é mostrar que é possível fazer. Para isso, em primeiro lugar, é preciso capacitar os profissionais (professores, profissionais de saúde e famílias), valorizá-los no sentido de respeitar os seus limites de forma a conseguirem respeitar os dos outros, fazer com que percebam
que são capazes de chegar onde querem, desde que tenham um objetivo/ uma meta clara, de forma a serem eficazes no seu trabalho. Este ano, através do Instituto vão promover o I Congresso Mundial - Interfaces da Psicologia, atualidades e pesquisas. O que podemos esperar deste evento? Pretendo que seja diferente de todos estes congressos, que não seja apenas só mais um. Já fiz vários em diversos pontos do mundo e por isso, chegou a vez de fazer um dos mais importantes, no meu país. Neste primeiro congresso mundial, vamos juntar todos os nossos parceiros que nos representam. Neste momento, ultrapassamos os 25 conferencistas e já várias inscrições de pessoas estrangeiras. O objetivo passa por dar a conhecer ao país, os saberes e as práticas de todos estes profissionais (especialistas reconhecidos internacionalmente), no autismo e em outros transtornos, ou seja, todas as interfaces da psicologia, uma vez que a área da psicologia, é a porta que se abre para todas as outras áreas. Faro, sendo a capital do distrito, merece receber estas pessoas com o melhor carinho e para mim já é um sucesso conseguir fazê-lo, independentemente do número de pessoas que possam aparecer.
PARA TERMINAR, QUEM É A NORA CAVACO? Sou uma pessoa do mundo, inquieta. Não posso estar presa num só lugar. Adoro viajar, adoro levar e trazer. Sou mãe de família, com dois filhos fantásticos e 30 anos de casamento. Sou uma pessoa feliz e concretizada, fiz aquilo que queria fazer da minha vida. Fica registado que é possível fazer em Portugal e no Algarve um bom trabalho, promover conhecimento, fazer pesquisa de qualidade e atualizar-nos dentro das nossas áreas e sobre o que é que existe. Tenho a certeza de que vai ser um bom momento e um bom evento. Após tudo isto, o que falta fazer? Continuar a fazer mais e melhor. É inevitável para mim não continuar, gosto muito daquilo que faço. Pretendo continuar a fazer mais pesquisa, abranger mais áreas em que ainda não estou tão por dentro, e continuar a ter resultados positivos como temos tido até agora em diversas áreas, desde a hipnoterapia, terapia cognitiva comportamental, formações e entre outras, sempre no respeito pela ética e pela pessoa que solicita este espaço. ▪
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“ TUDO A QUE ME PROPONHO FAZER, É FEITO COM PAIXÃO" Susana Setúbal é a Retail Manager da PRENATAL em Portugal. Com muita experiência na área, a entrevistada define-se como intensa e perfeccionista em tudo aquilo que faz. Saiba mais.
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uando é que a PRENATAL entrou no seu percurso profissional? Em 2010 quando fui convidada a participar no projeto de reestruturação da marca em Portugal. Como se define enquanto mulher e profissional? Intensa. Tudo a que me proponho fazer, é feito com paixão, dedicação e às vezes, um exagerado perfeccionismo.
Considera que existe um mercado de trabalho para ambos os géneros ou que há setores que podem beneficiar de uma liderança maioritariamente masculina / feminina? Na minha opinião são as características pessoais que determinam esse beneficio e não o género. A personalidade, a paixão e as aptidões de quem lidera, no mercado onde atua, é o que pode e vai fazer toda a diferença. Evoluímos para um crescente número de mulheres na liderança das empresas. Quais os maiores benefícios desta mudança, no seu ponto de vista? As mulheres são “conhecidas” pela capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, assim como terem mais tato para lidar com pessoas. Obviamente não é uma regra, mas de uma maneira geral assiste-se ao desenrolar de uma diversidade de projetos que acontecem simultaneamente com a mesma qualidade e / ou resultados, em ambientes mais abertos que
SUSANA SETÚBAL
fomentam a melhoria nas relações interpessoais quer com colaboradores quer com clientes, e em que maior participação existe de todos. Para o futuro, que projetos quer ver concretizados no seio da PRENATAL em Portugal? Quais os objetivos que têm delineados em termos de estratégia de crescimento desta empresa? Eleita pelo 5ª ano como melhor loja de puericultura pela Escolha do Consumidor, o nosso objetivo é continuarmos cada vez mais próximos do nosso cliente indo de encontro às suas reais necessidades, quer na adaptação da oferta quer na presença física com novas lojas ou renovação das existentes; o nosso compromisso é acompanhar todos os futuros papás nessa grande e atribulada viagem, tornando-a mais fácil e divertida, com soluções técnicas e com um grande apoio emocional! Este mês comemoramos o Dia Internacional
A conciliação de uma carreira profissional com a vida pessoal nem sempre é fácil para uma mulher, especialmente quando se quer chegar a tudo com prontidão e perfeição, e aqui sim penso que é mais difícil do que para um homem ou pelo menos leva mais tempo 51
da Mulher, que mensagem pode deixar para as nossas leitoras? Partilhe connosco o lema que aplica à sua vida pessoal e profissional. Diria que tudo o que se faz com paixão e entrega, gera uma energia positiva contagiante, influenciando e inspirando os demais e os resultados chegam. Se é para fazer, faça-se muito bem e do principio ao fim. Se não, deixe. ▪
MARÇO 2020
Ser mulher, em algum momento da sua carreira, foi um impeditivo ou colocou algum tipo de entrave à realização de um objetivo? Em que medida? Impeditivo não, mas a conciliação de uma carreira profissional com a vida pessoal nem sempre é fácil para uma mulher, especialmente quando se quer chegar a tudo com prontidão e perfeição, e aqui sim penso que é mais difícil do que para um homem ou pelo menos leva mais tempo. Sempre se perde algo pelo caminho e muitas vezes é a família, os filhos, os companheiros, os mais vezes prejudicados.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“MULHERES PODEROSAS EMPODERAM OUTRAS” Sandra Santos, Diretora Geral do Instituto Médico Privado do Porto, deu-se a conhecer à Revista Pontos de Vista. Não perca a história de uma mulher que se move pela paixão por esta área e que adora um bom desafio, sendo essa, a capacidade que a tem acompanhado ao longo do seu trajeto profissional.
“No Instituto Médico Privado preocupamo-nos muito com esse passo e nunca recomendamos um tipo de tratamento aos nossos clientes sem uma avaliação corporal inicial porque consideramos que a segurança dos nossos clientes é tão importante como os resultados”
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SANDRA SANTOS
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uando foi criado o Instituto Médico Privado e de que forma é que a marca tem vindo a preconizar uma orgânica inovadora e promotora de uma melhoria no domínio da área de medicina estética e cirúrgica? O Instituto Médico Privado foi criado em 2017 com um conceito inovador: espaço de saúde, beleza e bem-estar, desdobrado em vários serviços, como medicina estética, nutrição, cirurgia plástica, psicologia e reeducação postural. O acompanhamento personalizado dos nossos profissionais de saúde nas suas diversas especialidades, com programas elaborados a cada cliente e com o recurso à tecnologia de ponta e às técnicas inovadoras de que dispomos, faz com que sejamos, já, uma clínica de referência, procurada por clientes nacionais e estrangeiros. Para além disso, somos representantes exclusivos da marca Mimi Luzon em Portugal, uma linha exclusiva de produtos de cosmética detentora
de uma fórmula única à base de Ouro Puro de 24K e prata, que responde às necessidades dos diferentes tipos de pele com efeito imediato. São tratamentos eleitos pelas maiores celebridades nacionais e internacionais, procurados essencialmente por segmentos de luxo, mas também em ocasiões especiais que requerem resultados mais imediatos, como é o caso das noivas. As máscaras de ouro e de prata fazem parte dos tratamentos exclusivos que podem desfrutar no Instituto Medico Privado. O que marca a diferença do Instituto Médico Privado neste setor e como é que a inovação tem sido essencial para elevar a dinâmica de excelência? Termos em conta a avaliação antes de escolher um programa de remodelação corporal. É muito importante identificar, com a ajuda de um especialista, o que funciona melhor para o cliente e
quais as suas necessidades, a fim de obter os melhores resultados. No Instituto Médico Privado preocupamo-nos muito com esse passo e nunca recomendamos um tipo de tratamento aos nossos clientes sem uma avaliação corporal inicial porque consideramos que a segurança dos nossos clientes é tão importante como os resultados. Avaliamos cada caso através dos recursos mais avançados e proporcionamos a solução mais eficaz, transparente e informada, de forma personalizada e atendendo às preocupações, necessidades, historial clínico e à expectativa de cada cliente. O “Fotofinder” permite-nos fazer uma avaliação real de cada cliente, com recurso à fotografia (antes e depois). Desta forma, os nossos clientes conseguem perceber os resultados reais dos tratamentos de nutrição, emagrecimento e estética. A segurança dos procedimentos, conhecer o tratamento proposto e conversar com o profissional
A Sandra Santos é formada em Turismo e Gestão de Empresas, tendo iniciado o seu percurso na aviação comercial e executiva, e desde 2012, tem estado fortemente envolvida na gestão e consultoria na área de Nutrição e Rejuvenescimento. Como é que tem sido realizado o seu percurso profissional e como explica a sua presença em áreas tão díspares? Sempre trabalhei com o foco no cliente e na excelência do serviço. A tomada de consciência de que há valores basilares que conduzem à diferenciação, sempre nortearam a minha conduta em todos os setores de atividade, que contribuíram para a minha formação e experiência, nomeadamente na aviação executiva, uma área com um nível de rigor e exigência em que nada pode falhar. Na área da medicina estética, pela qual me apaixonei de imediato, os valores são os mesmos: foco no cliente e excelência no serviço. O elevado custo em tratamentos de medicina estética em alguns países da Europa e do Mundo impulsiona o Turismo de Saúde em Portugal. Pessoas residentes no estrangeiro recorrem ao IMP devido aos preços acessíveis, clima agradável e hospitalidade da nossa cidade. Fazem-se férias e tratamentos ou cirurgias em simultâneo: o que comumente designamos por Turismo de Saúde. A cidade do Porto tem recebido distinções no estrangeiro, uma vantagem que pode juntar-se à qualidade dos serviços na área da medicina estética e cirurgia plástica. A experiência que tenho adquirido nestas duas áreas tão distintas, permitem-me consolidar o melhor serviço a oferecer. A clínica é tão privada que atende à porta fechada, privilegiando a privacidade nos tratamentos de excelência que oferece, num ambiente tranquilo, acolhedor e requintado. Como é a Sandra Santos enquanto líder e enquanto promotora para levar e elevar este projeto para a frente e para outros rumos? Sou bastante disciplinada e gosto de planear. Movo-me pela paixão que nutro pela área, tenho o privilégio de fazer o que gosto e ajo dentro dos meus valores. A minha ascensão profissional é, uma consequência natural da minha dedicação, resiliência e perfecionismo. Tudo o que me proponho a fazer tento fazê-lo bem feito com a flexibilidade de adaptação a diferentes contextos que este setor nos impõe. A minha realização pessoal e profissional é o reflexo de escolhas ponderadas, refletidas em que o fascínio por desafios estimulantes e inovadores desde cedo se revelaram. Ser empreendedor, nos dias de hoje, é das opções mais ousadas, exigentes e stressantes, sobretu-
do pela responsabilidade inerente. Estamos cientes que para atingirmos as metas que traçámos a responsabilização pelo sucesso tem que ser partilhada. As empresas são as pessoas e o reconhecimento e valorização de cada um tem repercussões imediatas na sua autoestima. Comunicar de forma assertiva convidando-os a intervir, ativamente, em decisões importantes da empresa, identificando pontos de melhoria são simples atos que geram motivação. Um colaborador motivado é um colaborador feliz. E essa felicidade propicia um ambiente saudável que se reflete, inevitavelmente, no bem-estar dos nossos clientes. Enquanto promotora, a estratégia que definimos para elevar este projeto e ascender a um patamar de excelência, passa pela inovação, diferenciação e personalização dos serviços que disponibilizamos. Olhando para o panorama global, sente que hoje existem mais oportunidades para as Mulheres chegarem a funções e cargos de liderança? O que mudou ou o que ainda falta mudar? Sente que as mulheres têm de provar mais o seu valor? Não querendo generalizar, dado que considero que competência e profissionalismo não é, de todo, uma questão de género, a minha perceção é que as mulheres, pelas qualidades que lhes são inatas como a versatilidade, foco, bom senso, sensibilidade e adaptação à mudança, conseguem gerir conflitos com maior facilidade e lidar com situações de crise com recurso à chamada empatia emocional. O equilíbrio entre o racional e o emocional é, sem dúvida alguma, uma das capacidades mais complexas. E cargos de liderança requerem uma inteligência emocional muito “trabalhada”. Lida-
mos, diariamente, com diferentes personalidades, comportamentos e hábitos sociais distintos. Ao conseguirmos controlar e gerir as nossas próprias emoções temos uma maior facilidade em “pormo-nos no lugar do outro”, sentir o que o outro está a sentir. Apesar de estudos recentes comprovarem que as mulheres têm uma escolaridade média superior à dos homens e que entram no mercado de trabalho em condições mais precárias persistem, ainda, desequilíbrios de género no mundo laboral. Os salários das mulheres são, em média, inferiores ao dos homens, auferem pensões baixas e gastam mais do dobro do tempo do que os homens em trabalho não remunerado, sobretudo trabalhos em casa. No entanto, quero acreditar que, apesar de termos ainda um longo caminho a trilhar, vamos conseguir inverter, por mérito, esta tendência. O aumento significativo de mulheres que já ocupam lugares de grande destaque e exposição é, por si só, um excelente indicador de que vale a pena acreditar nesta mudança de paradigma. Enquanto mulheres e, sobretudo como educadores, temos uma enorme responsabilidade nesta matéria. Esta desigualdade entre homens e mulheres começa desde tenra idade, no berço. Cabe aos pais que têm uma grande influência na criação do estereótipo, mostrar aos filhos que, hoje, homens e mulheres têm que dividir responsabilidades e compromissos: em casa, no trabalho e até no governo dos países. O que podemos continuar a esperar de si e do Instituto Médico Privado para 2020? A área da medicina estética, saúde e bem-estar está sempre em evolução e o nosso objetivo é o de acompanhar e melhorar, constantemente, os produtos e serviços. Apostamos fortemente na formação e atualização dos nossos profissionais e a constante evolução do mercado obriga-nos a acompanhar todas estas as mudanças. Uma das grandes novidades que podemos, desde já, avançar em primeira mão, acontecerá já a partir de abril. O IMP será pioneiro ao disponibilizar tratamentos inovadores patenteados no Brasil com resultados imediatos surpreendentes. Trata -se de um conjunto de várias técnicas que combinam massagens modeladoras, drenagens, entre outros métodos que, complementados com uma dieta adequada e/ ou com recurso a equipamentos médicos disponíveis no nosso instituto, garantem resultados efetivos e prometem revolucionar o setor da estética medica. Dia Internacional da Mulher comemorou-se no passado dia 8 de março. Que mensagem lhe apraz deixar sobre esta efeméride? “Mulheres poderosas empoderam outras". ▪
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sobre expectativas versus realidade é, para nós fundamental.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“O MAIS IMPORTANTE É INSPIRAR AS PESSOAS” Uma guerreira. Uma lutadora. Uma Mulher que nunca se nega a novos desafios e enfrenta cada um deles com um sentido de missão e de tentar fazer o melhor em prol do seu crescimento e dos outros também. De quem falamos? De Paula Tomás, Fundadora e Administradora da Paula Tomás Consultores, uma marca criada pela nossa interlocutora há cerca de 17 anos e que hoje é um dos principais players no domínio da consultoria RH e formação e desenvolvimento de pessoas e que marca a diferença, acima de tudo, pela seriedade, rigor e transparência que impõe em tudo o que se propõe fazer.
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PAULA TOMÁS
“PARA ISSO TERIA DE HAVER UM DIA DO HOMEM E, ALÉM DISSO, NÃO ME RECONHEÇO NESSE DIA PORQUE SÓ O FACTO DE ELE EXISTIR, SIGNIFICA QUE É UM SINAL DE QUE HÁ UMA DIFERENÇA, QUE NÃO CONCORDO, E COMO NUNCA SENTI ESSA DISTINÇÃO A NÍVEL PESSOAL E PROFISSIONAL, FAZ-ME UMA CERTA CONFUSÃO QUE O MESMO EXISTA. NÃO ESTOU A DIZER QUE ESTÁ TUDO BEM, ATÉ PORQUE AINDA EXISTEM DETERMINADAS COISAS QUE TEMOS DE EQUILIBRAR E RESOLVER, COMO POR EXEMPLO AS DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÕES ENTRE HOMENS E MULHERES, MAS ACHO QUE AS PESSOAS DEVEM ASSUMIR UM DETERMINADO DESAFIO PELA SUA COMPETÊNCIA E VALOR E NÃO POR SER MULHER OU HOMEM”
Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Paula Tomás, uma mulher que tem uma carreira atrás de si de mais de três décadas, mais concretamente 33 anos, e que sempre lutou para chegar onde quis e que nunca se deixou desistir devido às dificuldades e obstáculos que foi enfrentando ao longo da sua vida e percurso profissional. Começou o seu trajeto na área em que está hoje, ou seja, formação e consultoria, numa multinacional de génese gaulesa, tinha a nossa entrevistada 27 anos. Antes disso, devido à sua formação em psicologia clínica, trabalhou numa unidade hospitalar, no Hospital Júlio de Matos e num consultório privado, momento em que decidiu dar um novo rumo à sua vida profissional e “comecei na área de formação e consultoria de recursos humanos. Estive 17 anos nessa empresa francesa e decidi sair em 2002, por não concordar com a estratégia seguida e passados quatro meses, em 2003, decidi edificar a Paula Tomás Consultores, “e que tem sido um projeto muito interessante e, acima de tudo, desafiante, porque dia após dia temos de lidar com diversos desafios em que temos de dar o nosso melhor para dar a resposta mais eficaz e que corresponda às exigências e às necessidades dos nossos clientes e parceiros”, advoga a nossa entrevistada. Mas será que ser um líder na área de gestão e formação de pessoas é um desafio mais difícil? Segundo a nossa interlocutora, “não mais que em outras áreas e realidades, até porque acredito que as pessoas que exercem funções de liderança nestas áreas são personalidades, que pela sua própria experiência e formação, possuem uma sensibilidade superior para as pessoas e, portanto, não me parece que seja mais complicado assumir o papel de líder nestas áreas”, revela Paula Tomás. Apaixonada pelo crescimento e desenvolvimento, a nossa entrevistada tem uma paixão, ou seja, gosta de fazer crescer as pessoas que consigo trabalham, sendo uma líder de pouco controlo, fazendo jus à velha máxima, «dar liberdade com responsabilidade». “Sou mais de dar desafios e deixar as pessoas encontrar o seu próprio caminho. Gosto de delegar e, mais do que isso, sou apologista de dar projetos e desafios em que eu própria, às vezes, também não sei qual será a melhor solução, mas sei que isso nos vai ajudar a encontrar o melhor caminho, pois para mim este é o segredo para as pessoas crescerem. Deixo as «minhas» pessoas à vontade, estando atenta, obviamente, à forma como se comportam e evoluem”, afirma convicta, não sem lembrar que é importante dar espaço de pensamento às pessoas, muitas vezes até treinar
com as mesmas esse processo de pensamento crítico. “A empresa tem, todos os anos, diversos estagiários e fico muito satisfeita por ver que uma grande parte deles que passaram aqui estão hoje em lugares interessantes do ponto de vista profissional na área dos recursos humanos. Isso dá-me gozo, porque acredito que é importante continuar a inspirar as pessoas para elas pensarem além do que é o imediato e o mais visível”.
“UMA PESSOA É UMA PESSOA E INTERESSA-ME É QUE SEJA COMPETENTE” Assumindo-se como uma mulher realizada,
"SOU MAIS DE DAR DESAFIOS E DEIXAR AS PESSOAS ENCONTRAR O SEU PRÓPRIO CAMINHO. GOSTO DE DELEGAR E, MAIS DO QUE ISSO, SOU APOLOGISTA DE DAR PROJETOS E DESAFIOS EM QUE EU PRÓPRIA, ÀS VEZES, TAMBÉM NÃO SEI QUAL SERÁ A MELHOR SOLUÇÃO, MAS SEI QUE ISSO NOS VAI AJUDAR A ENCONTRAR O MELHOR CAMINHO, POIS PARA MIM ESTE É O SEGREDO PARA AS PESSOAS CRESCEREM. DEIXO AS «MINHAS» PESSOAS À VONTADE, ESTANDO ATENTA, OBVIAMENTE, À FORMA COMO SE COMPORTAM E EVOLUEM” para Paula Tomás não interessa o género ou as orientações sexuais. “Uma pessoa é uma pessoa e interessa-me é que seja competente e eficaz”, salienta, assegurando que não é muito apologista de existirem datas como o Dia Internacional da Mulher. “Para isso teria de haver um dia do homem e, além disso, não me reconheço nesse dia porque só o facto de ele existir, significa que é um sinal de que há uma diferença, que não concordo, e como nunca senti essa distinção a nível pessoal e profissional, faz-me uma certa confusão que o mesmo exista. Não estou a dizer que está tudo bem, até porque ainda existem determinadas coisas que temos de equilibrar e resolver, como por exemplo as diferenças de remunerações entre homens e mulheres, mas acho que as pessoas devem assumir um determinado desafio pela sua competência e valor e não por ser mulher ou homem”. NÃO À FORMAÇÃO ESPETÁCULO A terminar, Paula Tomás lembrou o que a sua marca pretende continuar a perpetuar no mercado, ou seja, apostar numa formação que tenha
como principal desiderato a mudança de comportamentos. “É isso que temos feito, ou seja, centrar os nossos esforços em atividades e modalidades formativas que permitam validar essas mudanças de comportamentos, pois é isso que os clientes procuram”, afirma. E se a nossa interlocutora sabe o que pretende continuar a fazer no mercado, sabe ainda melhor o que não fará, e fala sobre um fenómeno que existe atualmente neste setor. “Não temos intenção de investir na nova vaga da chamada formação espetáculo, onde temos um formador no palco quase a dar um show. O formador não é o ator principal da formação. A verdade é que sempre que trabalhamos com clientes que já optaram por essas ações de formação, percebemos que ficaram insatisfeitos com as mesmas porque a mudança comportamental não aconteceu. Temos de perceber uma coisa, na formação não basta gostar nem ser muito divertida, ou seja, gostar não é o fim, mas o meio para chegar aos objetivos finais e, felizmente, os nossos clientes e parceiros sabem que a nossa formação tem resultados positivos e, acima de tudo, efetivos”, conclui a nossa interlocutora. ▪
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UMA MULHER PIONEIRA Paula Tomás sempre foi uma mulher pragmática e pouco dada a essas temáticas da desigualdade do género e de oportunidades e nunca sentiu, ao longo da sua carreira, qualquer boicote ou obstáculo ao seu crescimento pelo facto de ser mulher. “Tive a sorte de ter tido um excelente diretor na multinacional onde me iniciei nestas lides e que era uma pessoa que sempre me deu uma enorme autonomia com um elevado grau de confiança e responsabilidade”, revela, dando a conhecer que na Paula Tomás Consultores aos consultores nunca exigiu o cumprimento de horários. “Não sou apologista desse rigor, acredito é na concretização dos objetivos e na competência das pessoas”, revela, recuando um pouco e lembrando que nessa multinacional francesa foi inclusive pioneira em algumas mudanças. “Fui a primeira mulher consultora permanente da empresa e a primeira mulher a viajar em trabalho para Angola, pois nesse tempo as mulheres não eram escolhidas para este género de projetos. Além disso, assumi a responsabilidade de liderar uma equipa de consultores em que alguns eram homens e já eram consultores permanentes quando eu entrei. Portanto, nunca senti essa dificuldade, mesmo no domínio da formação, pois desde muito nova que dou formação a quadros superiores, a diretores, entre outros, muitos deles homens e nunca senti que o facto de ser mulher me retirasse credibilidade ou competência. Nunca senti que tinha de provar mais, até porque sempre fui uma pessoa muito exigente comigo própria e sempre trabalhei em função do que era necessário fazer. Acredito é que as oportunidades se foram proporcionando por ser eficaz e competente no que fazia”, afirma Paula Tomás, que também foi presidente da extinta Associação Nacional de Empresas de Recursos Humanos, onde era na altura a única mulher na direção, entretanto fundida com a APESPE, pertenceu à direção da APESPE RH, sendo hoje Presidente da Assembleia Geral da APESPE RH.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“A QUESTÃO ESSENCIAL É NÃO COLOCAR RÓTULOS”
CATARINA BYSCAIA DE CARVALHO
Assume-se como uma inconformada e nunca baixou os braços perante um desafio. Falamos de Catarina Byscaia de Carvalho, que depois de ter assumido a Direção Executiva da WINICIO – Land of Believers, tornou-se CEO da marca há três anos, sendo a líder da agência de publicidade 360º, uma marca que acredita nas relações e que estas fazem magia.
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uando foi edificada a WINICIO – Land of Believers e de que forma é que a marca tem vindo a apresentar um conceito diferente e positivo no segmento de atuação? A Winicio é uma Agência de Publicidade 360º que nasceu em 2006 pela mão de André Almeida e Miguel Fernandes. Eu entrei cerca de um ano mais tarde, uns anos depois assumi a Direção Executiva e há três anos tornei-me sócia maioritária e CEO. Em 2017, a Filipa Alves assumiu a Direção Criativa da Winicio e, desde aí, lidera comigo a Agência. O André Almeida continua ligado à Winicio como sócio, mas vive fora do país: não está presente no dia a dia, mas discutimos as grandes decisões. Somos uma empresa de cerca de 20 pessoas, trabalhamos todas as áreas da comunicação, temos Clientes e marcas que caminham connosco há muitos e muitos anos, que cresceram connosco e temos parceiros com quem trabalhamos também há muitos anos, que nos ajudam todos os dias a concretizar os projetos. Como marca somos a Winicio, The Land of Believers. Somos a terra dos que acreditam. Acreditamos nos bons conceitos e nas boas ideias. Acreditamos que boas ideias têm o enorme poder de mudar o mundo. Acreditamos nas relações e que as boas relações fazem magia.
Somos inconformados, acreditamos que uma marca forte tem que constantemente reinventar-se. E que tudo isto só faz sentido porque somos verdadeiramente apaixonados. Em que é que somos únicos? Acreditamos. Verdadeiramente acreditamos. É esta a bandeira que acenamos e o que nos guia todos os dias. É o que nos faz acordar para trabalhar. É este acreditar sempre de que o amanhã tem que ser melhor do que hoje, que temos que conhecer cada vez melhor o negócio do Cliente, que a marca tem que ser diferente, relevante e única e que isto, só é possível se andarmos de mãos dadas com o Cliente.
mismo, a procura de relações sólidas e do fazer sempre melhor sob pena de ficar para trás obviamente é transferido para a Winicio, para as pessoas que contratamos, para os nossos Clientes e Parceiros e para o nosso ambiente de trabalho. A Winicio é uma soma de muitas coisas e de tudo o que as pessoas que dela fazem parte transferem e transferiram para a marca, ao longo dos nossos 14 anos. Isso começa em mim, mas passa pelos outros sócios André Almeida e Filipa Alves, e por todas pessoas que trabalham e já trabalharam connosco, sejam Colaboradores, Clientes ou Parceiros.
A Catarina Byscaia de Carvalho apresenta uma longa carreira, tendo passado por diversas marcas, sempre em posições de destaque. O que é que o seu estilo de liderança tem aportado para a marca? As marcas que criamos acabam sempre por ter um bocadinho de nós e isso é ainda mais verdade quando são as nossas marcas. Sou exigente, faço tudo com paixão, sou inconformada, acredito em relações estáveis e duradouras e acredito que a única forma de ter sucesso a longo prazo é procurando sempre a verdade e a excelência. E sou uma apaixonada pela vida. Tudo isto - a exigência, a paixão, o inconfor-
De que forma é que as diferentes experiências que teve em diferentes entidades, lhe aportaram uma maior capacidade para liderar e assumir mais riscos e novos desafios? Hoje integro em mim tudo o que aprendi em todas as marcas de referência por que passei. E isso é muito rico e muito forte. As empresas por que passei, as marcas que trabalhei, as pessoas com que me relacionei deixaram a sua marca em mim e mudaram-me, transformando-me naquilo que sou hoje. A vida é um caminho em que vamos aprendendo, somando experiências, conquistando e perdendo, rindo e chorando, errando muitas
vezes, mas o importante é nunca perder de vista a razão pela qual caminhamos. Se isso acontecer, as diferentes experiências tornam-nos mais fortes, mais seguros e também mais humanos. Conhecer os nossos defeitos e tentar corrigi-los, mesmo que isso seja uma luta diária, reconhecer os nossos erros, potenciar as nossas qualidades e perceber a importância que tem a nossa integridade na forma como lidamos connosco próprios e com os outros, são passos essenciais na vida e só se aprendem com a experiência. E, obviamente, tudo isto torna-nos líderes pelo menos mais seguros e capazes de arriscar mais. O importante não é querer agradar toda a gente e sim sentirmo-nos bem com as decisões que tomamos.
É importante criar na sociedade, mais concretamente no universo empresarial, um sentido de maior equilíbrio nas oportunidades dadas às Mulheres? Em tudo na vida deve haver um equilíbrio. No universo empresarial também. Um CEO não deve ter condições mais baixas por ser mulher nem uma empresa deve deixar de contratar alguém para determinado cargo por ser mulher. As mulheres têm de forma geral características diferentes dos homens. Têm um sexto sentido, de forma geral mais sensibilidade, são geral-
CATARINA BYSCAIA DE CARVALHO E FILIPA ALVES
mente mais emocionais. Em determinadas funções e áreas estas caraterísticas são muitíssimo preciosas. Mas isto não são regras, não é necessariamente sempre assim, uma mulher pode ser extremamente fria e um homem extremamente sensível. A questão essencial é não colocar rótulos. O importante não é ser mulher ou homem, mas até que ponto o perfil e caraterísticas da pessoa se adequam à função. O Dia Internacional da Mulher comemorou-se no passado dia 8 de março. Que mensagem gostaria de deixar sobre a importância desta data? Qualquer mulher, qualquer que seja a sua raça, origem, profissão é um exemplo e inspiração para o mundo que a rodeia. Seja qual for a dimensão deste mundo. Por isso, o mais importante é traçar o seu caminho e nunca deixar de acreditar. Acreditar e nunca desistir são a garantia que o caminho é em frente e que conseguimos vencer os obstáculos. ▪
“TUDO ISTO - A EXIGÊNCIA, A PAIXÃO, O INCONFORMISMO, A PROCURA DE RELAÇÕES SÓLIDAS E DO FAZER SEMPRE MELHOR SOB PENA DE FICAR PARA TRÁS - OBVIAMENTE É TRANSFERIDO PARA A WINICIO, PARA AS PESSOAS QUE CONTRATAMOS, PARA OS NOSSOS CLIENTES E PARCEIROS E PARA O NOSSO AMBIENTE DE TRABALHO”
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Olhando o panorama global, como é que vê hoje em dia as Mulheres e a sua preponderância no universo das empresas e dos negócios? Sente que evoluímos neste capítulo? O que ainda falta? Globalmente, continuamos a viver num mundo profissional mais liderado por homens do que por mulheres. Mas, apesar de tudo, sinto que já se percorreu um longo caminho neste sentido. Há muitas sociedades que ainda são claramente machistas. E Portugal é um país com uma cultura tradicionalmente machista. Mas tem evoluído muito. E também acho que depende muito das áreas. Em Publicidade e outras áreas mais criativas, até mesmo no Marketing, vemos há já, vários anos, muitas mulheres assumirem cargos de liderança.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“É UM ORGULHO VER O MEU TRABALHO RECONHECIDO E VALORIZADO PELAS MINHAS COMPETÊNCIAS” A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Carla Bastos da Fonseca, Diretora de Marketing da BI4ALL, desde 2016, que nos deu uma visão um pouco mais profunda e apurada do seu trajeto e carreira profissional, abordando ainda a importância do papel da Mulher em funções de destaque e liderança. Saiba mais de uma líder de sorriso fácil, motivadora e com boa energia. faço! Sou uma apaixonada por marketing, gestão, análise e criatividade. Adoro desenvolver estratégias que trabalhem a imagem e o posicionamento da empresa e que contribuem para a geração de novas leads e oportunidades de negócio, e que ao longo da jornada, se traduzem numa série de ações, que se unem como um puzzle, e que têm um propósito e uma lógica condutora para atingir e superar os objetivos traçados. O marketing é uma área muito desafiante, dinâmica e complexa também pela diversidade de projetos e áreas em que trabalha em simultâneo. Há muito trabalho de bastidores que não é visível e que implica uma grande alocação de tempo, organização, foco e dedicação. Mas, são os pormenores que fazem a diferença e, o segredo está, também, na dedicação aos “bastidores”. Por outro lado, as pessoas! Tenho a felicidade de trabalhar ao lado de pessoas que me inspiram e com quem adoro trabalhar!
CARLA BASTOS DA FONSECA
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BI4ALL é hoje um dos principais players no domínio da inovação, tendo como principal desiderato a transformação das organizações, tornando-as mais ágeis e vigorosas. Desta forma, como tem vindo a marca a promover uma dinâmica assente na vanguarda da inovação e da aposta das novas tecnologias? A BI4ALL é líder em serviços de consultoria com competências de excelência em Transformação Digital e Data Strategy, com foco em Data Analytics e Inteligência Artificial. Desde 2004 que estamos totalmente focados no sucesso dos nossos clientes e partilhamos com eles um conhecimento de excelência quer na componente tecnológica, quer na componente de negócio permitindo que as empresas tenham vantagens competitivas ao transformarem os seus dados em insights. Ao longo dos anos e fruto da vasta experiência em diversos setores de atividade e funções de negócio, a BI4ALL adquiriu uma capacidade de resposta ímpar ao conjunto específico de desafios e requisitos que hoje se apresenta a qualquer negócio, independentemente do setor de atividade em que atua.
Apostamos num serviço de excelência, e desenvolvemos e implementamos soluções tecnológicas disruptivas que melhoram a produtividade e a eficiência dos nossos clientes. Para tal, trabalhamos com os melhores talentos e na valorização contínua da nossa equipa, para que tenham todas as ferramentas necessárias para a realização de um trabalho de alta performance junto dos nossos clientes. Assume a pasta da liderança do marketing da marca, função que exige claramente uma vertente forte e de liderança constante. Antes de tudo, como é que o seu percurso se cruza com a marca e qual tem sido o grande segredo para o êxito desta “relação”? Entrei na BI4ALL em outubro de 2016, fruto do reconhecimento do trabalho que tinha exercido anteriormente noutras empresas. A empresa acreditou em mim e confiou-me a missão de liderar toda a estratégia de marketing e levar a BI4ALL a outro nível. Mais recentemente, houve uma reorganização estratégica devido ao nosso crescimento, e fui convidada para fazer parte do Board da empresa. O segredo? Simplesmente a paixão pelo que
No seu quotidiano, quem é Carla Bastos da Fonseca e o que é que o seu estilo de liderança tem aportado para a marca? Dizem que sou de sorriso fácil, motivadora e com boa energia. No meu dia-a-dia, tento estar sempre disponível para ouvir, orientar, ensinar, reconhecer e inspirar, gosto de partilhar conhecimento e de ajudar a realçar o que há de melhor em cada um, fazê-los assim descobrir os seus talentos e potenciá-los. Tenho como base o respeito, a comunicação e a disponibilidade, o que possibilita à equipa trabalhar de forma unida e construtiva, onde todos têm espaço para debater, aprender e progredir, e sinto que isso vai ao encontro da postura descontraída, e muito profissional da BI4ALL, onde os colaboradores são tratados como pessoas e não como números. Sou determinada em entregar os melhores resultados, e incentivo a equipa a seguir este mesmo compromisso de entrega, o que contribui diariamente para um melhor posicionamento e reconhecimento da BI4ALL, como uma empresa de referência na área do Data Analytics e Inteligência Artificial. Quais são as principais caraterísticas que um verdadeiro líder deve ter no sentido de impulsionar uma marca e uma equipa a chegar mais longe? O verdadeiro líder é aquele que inspira crescimento, desenvolvimento, evolução e transmite energia positiva junto da sua equipa e da empresa, e funciona, também, como um agente de mudança e transformação, sendo uma peça
me foi dado pela minha enorme dedicação, determinação e pelos resultados que alcancei e demonstrei. É um orgulho liderar no feminino e ver o meu trabalho reconhecido e valorizado pelas competências e valorização dessas aptidões, que superam as questões de género.
Existem diferenças entre uma liderança feminina e uma masculina ou a questão da importância do verdadeiro líder não pode ser resumida somente a questões relacionadas com o género? Não sou apologista de defender o desempenho de um profissional pelo género. Para mim não é de todo esse fator que define um bom líder, mas a sua personalidade, dedicação, a resiliência e os resultados que consegue alcançar. Acredito em líderes inspiradores e inclusivos, independentemente de serem homens ou mulheres. Gerir pessoas é um grande desafio que envolve, entre outros aspetos, estar atento a cada membro da equipa e criar oportunidades para que possam evoluir. Um bom líder procura aperfeiçoamento constante, identifica e reconhece os seus pontos de melhoria e contribui para transformações e mudanças positivas. Desenvolve as pessoas continuamente, traz inovações para a empresa, estratégias assertivas, supera os momentos de crise e atinge resultados extraordinários. Olhando o panorama global, como é que vê hoje em dia as Mulheres e a sua preponderância no universo das empresas e dos negócios? Sente que evoluímos neste capítulo? O que ainda falta? Apesar de, cada vez mais, termos uma ascensão da liderança feminina nos vários setores, ainda há bastante trabalho a fazer nesta área. Sinto que a desigualdade de género tem vindo a diminuir, contudo, a sociedade ainda limita a mulher que tem de conseguir conciliar a vida profissional com a vida pessoal. Ser mulher e líder é, sem dúvida, um desafio constante e implica uma enorme dedicação, compromisso, organização, apoio familiar e um quase malabarismo das várias tarefas pessoais e profissionais que temos no nosso dia-a-dia. Pela minha experiência, não necessitamos de abdicar de nenhum dos lados para ser melhor num dos papéis, aliás quando gostamos do que fazemos, estamos felizes e de bem connosco, conseguimos gerir bem o trabalho, ao mesmo tempo que somos mães, esposas, donas de casa, e estarmos a 100% em todas as situações. É, sem dúvida, um capítulo que está a evoluir, mas, reconheço que em algumas organizações (e sociedades) ainda há algum preconceito e bastante trabalho a fazer neste capítulo. Ao longo do seu percurso enquanto profissional, alguma vez sentiu que o facto de ser
“HÁ, SEM DÚVIDA, ALGUMAS CARACTERÍSTICAS QUE CONSIDERO EXTREMAMENTE RELEVANTES NUM BOM LÍDER E DESTACO AQUI A HONESTIDADE E A INTEGRIDADE, O COMPROMISSO E A PAIXÃO, A CONFIANÇA, A RESILIÊNCIA, A CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO E A HUMILDADE. A VISÃO ESTRATÉGICA E A CAPACIDADE DE INSPIRAR OS OUTROS TAMBÉM FAZEM PARTE DAS CARACTERÍSTICAS DE UM VERDADEIRO LÍDER”
Mulher lhe criou mais obstáculos? Se sim, como contornou os mesmos? Desde que assumi a liderança de departamentos de marketing, nunca me senti penalizada por ser mulher. Felizmente, desde o início da minha carreira, que trabalhei com pessoas que me inspiraram e me ensinaram muito e tive o privilégio de trabalhar em empresas onde me foi dada a oportunidade de progredir. Contudo, tenho de realçar que esse reconhecimento
É importante criar na sociedade, mais concretamente no universo empresarial, um sentido de maior equilíbrio nas oportunidades dadas às Mulheres? Vermos exemplos e reconhecimento de mulheres em cargos de liderança, de alguma forma, já contribui para esse equilíbrio. É importante pensar na liderança de forma mais humanizada e olhar para a equipa como o mais importante capital do negócio. Cabe aos líderes, sejam eles mulheres ou homens, fazer crescer os membros da sua equipa, inspirar, motivar e incentivar, dar suporte ao seu desenvolvimento contínuo, colaborar com o seu crescimento, e fazer com que estejam comprometidos com a concretização das suas metas e conduzi-los aos resultados esperados. Um ambiente profissional positivo é aquele onde o líder também é uma referência, caso contrário, pode comprometer não apenas os resultados da organização ou o ambiente da empresa, mas também aumentar os níveis de insatisfação, improdutividade, rotatividade e potenciar a perda de grandes talentos. Nos dias de hoje, os colaboradores não procuram apenas chefes, mas sim líderes e mentores que os inspirem a serem cada vez melhores. O que podemos continuar a esperar de si e da BI4ALL para o futuro? A mesma dedicação, o mesmo foco e o mesmo empenho. Na BI4ALL, trabalhamos diariamente para trazer mais inteligência às organizações e fazê-las prosperar no mundo dos negócios. Queremos continuar a oferecer valor além das expectativas ao fornecer tecnologias poderosas e serviços de excelência que capacitem e inspirem os clientes a transformar dados em insights, consolidando o estatuto de empresa de referência no setor onde atuamos. Ao longo de 2020 e nos próximos anos, queremos continuar a reforçar as nossas valências na área de Data Analytics e Inteligência Artificial, tendo sempre em mente o objetivo de continuar a crescer e a fazer evoluir os nossos Clientes, a nível nacional e internacional. ▪
O DIA INTERNACIONAL DA MULHER COMEMOROU-SE NO PASSADO DIA 8 DE MARÇO. QUE MENSAGEM GOSTARIA DE DEIXAR SOBRE A IMPORTÂNCIA DESTA DATA? Que as mulheres acreditem sempre em si e nas suas capacidades, que estudem, trabalhem e que se dediquem com toda a energia e determinação ao que realmente acreditam e são apaixonadas. E, acima de tudo, não deixem que alguma má energia que possa eventualmente surgir, derrube os seus sonhos! Resiliência e perseverança terão de fazer parte da jornada
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chave para que a sua equipa consiga alcançar o máximo desempenho. Um líder tem de ter uma visão clara, estratégica e futurista e saber como pode transformar as suas ideias e estratégias em histórias de sucesso, tendo ao mesmo tempo, o papel de inspirar, motivar e incentivar pessoas, e contribuindo para que as suas equipas estejam comprometidas com os seus projetos e as suas responsabilidades. Há, sem dúvida, algumas características que considero extremamente relevantes num bom líder e destaco aqui a honestidade e a integridade, o compromisso e a paixão, a confiança, a resiliência, a criatividade e inovação e a humildade. A visão estratégica e a capacidade de inspirar os outros também fazem parte das características de um verdadeiro líder.
"SOU ALGUÉM QUE ACREDITA QUE A MISSÃO DE ACOMPANHAR E TENTAR PROMOVER O CRESCIMENTO DO OUTRO, ATRAVÉS DA ANÁLISE DO DITO E DO NÃO DITO; DO CONSCIENTE, MAS SOBRETUDO DO INCONSCIENTE; E MEDIANTE A RELAÇÃO PSICOTERAPÊUTICA QUE SE ESTABELECE COM OS PACIENTES; ESSA MISSÃO, DIZIA, É O MAIS ENRIQUECEDOR E APAIXONANTE TRABALHO QUE EXISTE" SÓNIA SOARES COELHO
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“SOU UMA MULHER APAIXONADA PELA VIDA E PELA PROFISSÃO” Sónia Soares Coelho é a Diretora Clínica da Mentanalysis, Psicologia e Saúde Mental, uma marca que a nossa entrevistada edificou e que tem mais de vinte anos de existência. O que marca a diferença neste espaço? Venha saber mais e conheça também uma Mulher que sempre tratou qualquer desafio por tu.
AGRADECIMENTO: SAPIENTIA BOUTIQUE HOTEL
O setor da saúde mental em Portugal ainda é o “patinho feio” da saúde em Portugal ou esse cenário já foi radicalmente alterado? O que ainda falta neste domínio para colocar a saúde mental como uma das principais prioridades em Portugal? A saúde mental continua a ser o “parente pobre” porque, apesar da sua falta ser aterradora e com consequências gravíssimas, a todos os níveis, as patologias mentais tendem a surgir de forma gradual e são “rastejantes”: a dor é mental, não é tão “visível” como a física, sendo, muitas vezes, confundida com doenças, meramente, orgânicas. A nível privado, parece imprescindível que estas especialidades sejam englobadas nos vários planos de saúde das seguradoras. Do ponto de vista da saúde pública, urge aumentar o número de técnicos de saúde, uma vez que os ratios Técnico - Paciente são preocupantes! Por outro lado, é ínfimo, ainda, o número de instituições que acolhem doentes mentais, em qualquer dos seus estádios, não havendo resposta para as necessidades da população. É a Diretora Clínica da Mentanalysis, Psicologia e Saúde Mental, sendo, portanto, a líder deste projeto. Porquê esta aposta neste campo da saúde e neste projeto e que análise é que perpetua do seu trajeto até aos dias de hoje? A escolha foi simples, pois teria que incidir, sempre, na área que, ao fim de 25 anos, me continua a fascinar, hoje talvez ainda mais do que no primeiro dia. A opção pela área psicodinâmica/psicanalítica, enquanto abordagem primeira da Mentanalysis também se coaduna com a minha opção, já antiga, pela formação e trabalho em Psicanálise, tanto na Clínica, como no mundo académico. Porém, o sucesso da Mentanalysis prende-se com a sua Equipa Clínica e com os nossos Pacientes, que escolhem confiar em Nós para crescer. A diferença está, igualmente, no facto de sermos uma equipa de profissionais empenhada, diferenciada, altamente habilitada e com vasta experiência clínica, que trabalha individualmente, ou em equipa, de forma a promover uma intervenção eficaz. Da nossa parte, o projeto foi e continua a ser tentarmos promover e potenciar, de forma eficaz e eficiente, a saúde integral, apontando no sentido do crescimento e
desenvolvimento psíquico, do bem-estar e equilíbrio mental, promovendo a qualidade de vida no seu todo. Eu tenho sorte com a minha Equipa e Nós temos imensa sorte com os Pacientes que nos procuram, sendo que, como é evidente, a sorte dá-nos muito, muito, trabalho ..., mas também prazer. O que a define enquanto profissional? Quem é Sónia Soares Coelho enquanto líder deste projeto? Gosto de Pessoas. Gosto, também, dos seus “monstros” e “lugares sombrios”, sobretudo quando a eles há a coragem de aceder. Gosto de afetos. Sou uma Mulher apaixonada pela vida e pela profissão. Sou determinada, mas uma eterna insatisfeita e algo temerária. Nos (muitos!) erros, tento criar oportunidades. Sou alguém que acredita que a missão de acompanhar e tentar promover o crescimento do Outro, através da análise do dito e do não dito; do consciente, mas sobretudo do inconsciente; e mediante a relação psicoterapêutica que se estabelece com os Pacientes; essa missão, dizia, é o mais enriquecedor e apaixonante trabalho que existe. Acredita que existe uma liderança feminina e outra masculina? Ou um líder é um líder, independentemente do género? Na minha opinião, a liderança tem que ver com a Pessoa, com o Líder, em questão, muito mais do que com o seu género. Quais são os principais desafios da marca para este ano? A Mentanalysis pretende consolidar o trabalho já feito, bem como continuar a primar pela qualidade e pela humanidade do serviço prestado, apostando nos valores que estão na base do seu trabalho, nomeadamente: respeito pela individualidade, transparência, lealdade e confidencialidade; respeito pela ética e deontologia profissional; rigor intelectual e espírito de equipa. Pretende, ainda, assumir um lugar singular nos cuidados de saúde mental privada, privilegiando uma intervenção integrada e, altamente, especializada. ▪ A pedido da interlocutora, este artigo não foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.
61 MARÇO 2020
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uando é que foi edificada a Mentanalysis, Psicologia e Saúde Mental e de que forma é que a marca tem vindo a fomentar um incremento da qualidade da saúde no domínio da promoção da saúde mental? A Mentanalysis começou comigo, de forma individual, há mais de duas décadas, em Aveiro. Em seguida abrimos em Coimbra e, só mais recentemente, em Lisboa. A Equipa Clínica veio a surgir e foi crescendo à medida que percebíamos a carência existente, em Portugal, de serviços de saúde mental privados de qualidade, multidisciplinares e acessíveis a toda a população. Como também temos preocupações sociais, as Clínicas possuem inúmeros protocolos e parcerias, bem como um programa que apelidámos de “Mentanalysis para Todos”, que fornece ajuda psicoterapêutica, a muito baixo custo, aos mais necessitados. Temos como referência teórico-prática a abordagem psicanalítica/psicodinâmica, embora também ofereçamos serviços em outras sub-áreas da saúde mental. De facto, cedo constatámos que era imperativa a necessidade de reunir vários serviços, partilhando saberes, com o recurso a uma sólida e diversificada equipa de trabalho que integra, neste momento, 18 profissionais de saúde mental. O corpo clínico da Mentanalysis partilha uma postura profissional de competência, exigência e rigor, promovendo um tratamento personalizado, “à medida de cada Paciente”, orientado e eficaz, de forma a abranger todas as necessidades de quem procura os nossos serviços de saúde mental. Nessa medida, prestamos cuidados de saúde de elevada qualidade aos problemas de foro psíquico das diferentes faixas etárias (bebés, crianças, adolescentes, adultos e séniores), sendo especialistas em: Psicanálise; Psicoterapia Individual; Psicologia Clínica; Psicologia Forense; Terapia Familiar e de Casal; Neuropsicologia; Sexologia; Avaliação Psicológica; Orientação Escolar e Profissional; Psicodrama e Grupos terapêuticos; Pedopsiquiatria; Pediatria; Psiquiatria; Terapia da Fala; Desenvolvimento Infantil; Dificuldades de Aprendizagem; Psicomotricidade e Supervisão Clínica.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“UM LÍDER É RECONHECIDO PELA FORMA COMO ENVOLVE A EQUIPA, MOTIVA E MOSTRA A DIREÇÃO” Gosta de liderar pelo exemplo e assume que a sua liderança é baseada em três pontos: o que queremos fazer. Onde queremos chegar. A vertente humana. Conversamos com Vânia Serra, Coordenadora Operacional do Grupo maisfarmácia, que nos levou numa «viagem» pelo seu mundo e se deu a conhecer.
VÂNIA SERRA
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á quanto tempo é que assume a pasta de Coordenadora Operacional do Grupo maisfarmácia e quais são os principais desafios que a função que ocupa lhe aportam diariamente? Assumi a função de Coordenadora Operacional do Grupo maisfarmácia no início do ano de 2020. Iniciar uma nova função traz sempre inúmeros desafios. Desde logo implica uma melhor gestão de tempo e uma maior capacidade de delegar tarefas. O outro grande desafio passa pela gestão dos recursos humanos que são, no meu ponto de vista, o ativo mais importante das empresas. Fazendo uma retrospetiva na sua carreira, de que forma é que o seu caminho se cruza com o Grupo maisfarmácia e de que forma é que a mesma tem sido relevante no seu percurso? Iniciei a minha ligação ao Grupo maisfarmácia em 2015. Quando cheguei o desafio foi ajudar a criar uma função na empresa cujo objetivo era uma maior proximidade com os nossos clientes. Entender as necessidades, preocupa-
ções e desejos destes foi fundamental para ter a visão integrada do que queremos continuar a construir. Posteriormente assumi a área da gestão de projetos o que me permitiu ter noções de metodologias de organização, timings e de maior proximidade com a equipa e as suas necessidades. Considero que estas duas visões são um suporte muito importante para o equilíbrio necessário à função que desempenho atualmente. De que forma é que carateriza o seu estilo de liderança e que mais valias é que o mesmo aporta às suas equipas e, consequentemente, ao sucesso da organização que representa? Sou da opinião que associar um líder ao estilo A ou B é redutor na medida em que o estamos a catalogar. Os princípios base têm de existir e depois cada um adota as características que mais fazem sentido para si. No meu caso passa pelo equilíbrio entre a visão do que queremos fazer, onde queremos chegar e a vertente humana. Dar o exemplo e desempenhar as tarefas quando necessário mostrando que é possí-
vel e como funciono. Por outro lado, a empatia é-me essencial para manter a equipa motivada, ouvir a opinião/necessidades da equipa é a base para poder atuar e ir ao encontro das expectativas. Existem diferenças entre uma liderança feminina e uma masculina ou a questão da importância do verdadeiro líder não pode ser resumida somente a questões relacionadas com o género? Os estudos suportam que há diferenças entre a liderança feminina e masculina. Enquanto os homens têm uma liderança mais orientada para a parte racional as mulheres fazem-no de uma forma mais emocional. Acredito que ambas funcionam desde que adaptadas ao ambiente em causa. Um líder é reconhecido entre outras coisas pela forma como envolve a equipa, motiva e mostra a direção. Todas estas são caraterísticas transversais a homens e mulheres. Não se trata de uma questão de género, mas de capacidade. Olhando o panorama global, como é que vê
Ao longo do seu percurso enquanto profissional, alguma vez sentiu que o facto de ser Mulher lhe criou mais obstáculos? Se sim, como contornou os mesmos? No setor da saúde os cargos de decisão, historicamente, são desempenhados por homens apesar de na sua maioria os profissionais de saúde serem mulheres pelo que foi inevitável me deparar com alguns obstáculos. Perante estes a minha resposta foi trabalhar ainda mais para ser merecedora de cargos que até agora foram ocupados por homens. Não por ser mulher, mas por ser merecedora de os ocupar pelas minhas mais valias. É importante criar na sociedade, mais concretamente no universo empresarial, um sentido de maior equilíbrio nas oportunidades dadas às Mulheres? Considero que é indispensável. Está demonstrado que as mulheres trazem às organizações mais criatividade, mais produtividade e consequentemente mais resultados a todos os níveis. Para que cada vez mais mulheres integrem numa primeira fase o universo empresarial e depois cargos de decisão é essencial que lhes sejam dadas iguais oportunidades. Quer sejam de oportunidades de formação, quer sejam
funções de maior responsabilidade e também maior flexibilidade de gestão de horários para conciliar com o suporte familiar. Apesar de termos vindo a evoluir na divisão de tarefas no que respeita à família e ao período de nascimento de um bebé sabemos que a mulher continua a assumir a dianteira destes processos. É importante que mantenham as oportunidades e que sejam igualmente estimuladas para assumir cargos de chefia. O que podemos continuar a esperar de si e do Grupo maisfarmácia para o futuro? Tenho ainda uma grande margem de aprendizagem e progressão pelo que tenciona continuar a formar-me nas várias áreas que considero ser importantes para o meu contributo. Pretendo continuar a incentivar a que mais mulheres assumam cargos de maior responsabilidade e decisão não só no universo empresarial, mas também na sociedade. É por isso que integro a Glow Woman Club, uma rede internacional de mulheres que procuram redefinir as possibilidades de liderança para conseguir ter um impacto positivo na sua vida e nas suas organizações. O Grupo maisfarmácia vai continuar o caminho de inovação e a preparação do que consideramos ser o futuro do setor das farmácias que passa pela maior aposta na diferenciação do Farmacêutico através dos serviços farmacêuticos e na contribuição cada vez maior nos cuidados primários e SNS. O Dia Internacional da Mulher comemorou-se no passado dia 8 de março. Que mensagem gostaria de deixar sobre a importância desta data? Trata-se de uma data importante que assinala a luta das mulheres com o intuito de evidenciar a sua importância para a sociedade. Ainda assim, o dia das mulheres é e dever ser todos os dias não devendo ser necessário um dia para falar de cotas, paridades, diferenças de salários entre outros assuntos. A minha mensagem passa por tornar todos os dias do ano dia 8 de março. Pequenos passos todos os dias promovem um avanço mais rápido e consistente. ▪
"PARA QUE CADA VEZ MAIS MULHERES INTEGREM NUMA PRIMEIRA FASE O UNIVERSO EMPRESARIAL E DEPOIS CARGOS DE DECISÃO É ESSENCIAL QUE LHES SEJAM DADAS IGUAIS OPORTUNIDADES. QUER SEJAM DE OPORTUNIDADES DE FORMAÇÃO, QUER SEJAM FUNÇÕES DE MAIOR RESPONSABILIDADE E TAMBÉM MAIOR FLEXIBILIDADE DE GESTÃO DE HORÁRIOS PARA CONCILIAR COM O SUPORTE FAMILIAR. APESAR DE TERMOS VINDO A EVOLUIR NA DIVISÃO DE TAREFAS NO QUE RESPEITA À FAMÍLIA E AO PERÍODO DE NASCIMENTO DE UM BEBÉ SABEMOS QUE A MULHER CONTINUA A ASSUMIR A DIANTEIRA DESTES PROCESSOS. É IMPORTANTE QUE MANTENHAM AS OPORTUNIDADES E QUE SEJAM IGUALMENTE ESTIMULADAS PARA ASSUMIR CARGOS DE CHEFIA"
63 MARÇO 2020
hoje em dia as Mulheres e a sua preponderância no universo das empresas e dos negócios? Sente que evoluímos neste capítulo? O que ainda falta? É inegável a presença cada vez maior das mulheres no universo empresarial. Esta é uma tendência que acompanha outros setores como as faculdades, a política ou a empregabilidade em geral. Contudo, esta maior presença no universo empresarial e dos negócios não se traduz ainda em tomadas de decisão uma vez que poucas assumem cargos executivos. Penso que a forma de aliar maior presença das mulheres com cargos de decisão passa por mais formação e experiência. Aqui as empresas têm uma grande responsabilidade de permitir iguais oportunidades para homens e mulheres e no final impera a mérito.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
"AJUDEI A CONSTRUIR E A ALCANÇAR RESULTADOS POSITIVOS" Há seis anos a liderar as lides da Universidade de Évora, a Reitora da instituição, Ana Costa Freitas, esteve à conversa com a Revista Pontos de Vista onde nos deu a conhecer um pouco mais do seu percurso, assegurando que “uma boa liderança é aquela que consegue atingir os objetivos traçados e ir mais além”.
ANA COSTA FREITAS
É
a Reitora de uma das universidades mais prestigiadas e reputadas do país, a Universidade de
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Évora, sendo a líder da mesma. Ao longo seu percurso enquanto líder da instituição, o que aportou a sua liderança para que este projeto siga o rumo do sucesso? A Universidade de Évora tem percorrido um longo caminho baseado em valores sendo uma instituição que junta experiência juventude, história e inovação, tradição e multiculturalidade, e que oferece, por isso, uma formação única, onde priorizamos a investigação e o desenvolvimento de carreiras. Mas respondendo diretamente à questão, apesar de a liderança ser muito importante o sucesso de uma organização só será possível se contar com a colaboração de todos. No caso da Universidade de Évora, um ponto que considero muito importante foi a definição
do plano estratégico aprovado em 2015, documento este que tem norteado a nossa atuação e servido de base aos planos mais recentemente aprovados e cujos ideais temos prosseguido. Em suma, não tenho dúvida em afirmar que foi a vontade de envolver toda a academia num projeto comum que tem permitido alcançar o sucesso. Está no cargo desde 2014, mas ao longo da sua carreira tem ultrapassado todos os desafios. Sente que hoje, fruto também do seu desempenho e da sua liderança, a universidade é hoje uma instituição mais coesa e sustentada? Não serei a pessoa mais adequada para avaliar a minha liderança, ainda assim creio que ajudei a construir e alcançar resultados positivos, motivo pelo qual apresentei a minha recandidatura. No entanto, uma Universidade não muda radicalmente em seis anos; é um acumular de experiências. A diferença neste âmbito reside em saber potenciar o que de melhor se faz, de forma sustentada, criteriosa e estratégica. Não teríamos estes resultados, que são no nosso entender muito positivos, quer em termos de valorização da investigação e inovação, quer em termos de número de estudantes (registou-se, desde 2014, um aumento global de cerca de 2000 estudantes), quer ainda em termos da ligação à comunidade, sem uma liderança capaz e uma estratégia forte, que implica, sublinho, o envolvimento de todos, cada um na sua área de atuação em prol de um projeto que nos orgulha. De que forma é que esta “aventura” a mudou enquanto pessoa e profissional? Esta é uma “aventura” muito interessante que abracei, desde o primeiro momento, com grande entusiasmo. É natural que tenha provocado algumas mudanças, pois há sempre aspetos muito importantes enquanto estamos à frente de uma Instituição com o peso e a responsabilidade de uma Universidade. Estando num cargo de liderança, o mais importante é
entender que qualquer organização é feita por pessoas! A verdade é que se ocupa muito tempo em prol da instituição, mas a vida deve continuar a ser vivida e a existir um equilíbrio entre “vida pessoal/ familiar” e “vida profissional”, porque decididamente não somos super-heróis (heroínas). Recordo-me que, no início do meu primeiro mandato, em 2014, foi de tal forma intenso, em termos de horas de trabalho, que praticamente era uma obsessão; com o passar do tempo, a experiência levou-me a “dosear” melhor o tempo. Que caraterística acredita que deve ser intrínseca de um líder de sucesso? Quem é a Reitora Ana Costa Freitas enquanto líder? A principal caraterística será o facto de não ter medo de tomar decisões. Embora saibamos que há a probabilidade de errarmos, devemos assumir as decisões tomadas e ter a inteligência de caso necessário, proceder a ajustes, porque como se costuma dizer: «errar é humano». Por outro lado, é necessário ter sempre presente que todos os que connosco trabalham têm sentimentos, angústias e ambições, e encontrar um equilíbrio de gestão, por vezes difícil de alcançar. Pessoalmente considero que um líder deverá entender os sinais e tomar as decisões certas no momento oportuno para alcançar, juntamente com a equipa, os objetivos a que se propôs. Creio que seja também esta a minha forma de liderança enquanto Reitora da Universidade de Évora. Sobre o Dia Internacional da Mulher, que mensagem lhe apraz deixar sobre esta efeméride? Devemos sobretudo, como Seres Humanos, respeitar e fazer-nos respeitar, independentemente dos géneros. Qualquer agressão, violência ou falta de respeito deverá ser condenada, não tolerada. Costuma-se dizer “quando se educa uma mulher educa-se um povo”. A mensagem que pretendo transmitir, é que o mundo precisa, cada vez mais, de pessoas educadas. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“A MULHER TRANSMITE TODA A SUA SENSIBILIDADE NAS SUAS FOTOS” Ruth Rafaela está ligada à arte de fotografar desde jovem. Há 14 anos edificou a FotoMatriz, uma empresa de fotografia cujo core business são as fotografias institucionais e empresariais. Hoje, faz um balanço muito positivo desta caminhada que decidiu abraçar com toda a paixão. Saiba mais.
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uando foi edificada a Fotomatriz? Que história e balanço pode ser contado desde a sua
criação? A Fotomatriz surgiu há 14 anos. Abraçar este projeto, foi sobretudo um desafio que eu e o meu ex-companheiro aceitámos com toda a paixão. Inicialmente o core business da empresa era a fotografia turística, mas nós sempre procurámos em nos manter especializados em várias áreas e o mercado dos eventos institucionais e empresariais surgiu naturalmente. Atualmente temos uma vasta experiência na cobertura de congressos nacionais e internacionais, convenções, conferências, debates, reuniões e em reportagem fotográfica de eventos sociais: jantares, cocktails, etc. Procuramos sempre realizar cada iniciativa com qualidade e discrição, equilibrando a nossa experiência com as necessidades e expectativas dos nossos clientes, criando relações de longo-prazo sustentadas por um trabalho profissional e personalizado à medida de cada um. É acima de tudo um balanço positivo, fazemos aquilo que gostamos. Porquê o mundo da fotografia? O que significa para si a fotografia? É muito mais que uma «simples» imagem? O gosto pela fotografia já vem desde muito cedo. Sempre estive ligada às artes e a fotografia foi a arte que eu escolhi para dar sentido à minha vida e acrescentar valor à vida das outras pessoas. Para mim, a fotografia é uma linguagem estética carregada de simbologia e mensagens kinestésicas. É mais do que uma simples
Se num passado o universo da fotografia era o mundo mais masculino, hoje o panorama mudou e o equilíbrio é maior Alguma vez sentiu dificuldades na sua carreira pelo facto de ser Mulher? Se sim, como as contornou? Sim. No passado não havia um equilíbrio de género no mundo da fotografia. Exemplo disso, foi o início conturbado da minha carreira, que perto dos anos 90, não me foi dada nenhuma oportunidade, única e exclusivamente, por ser mulher numa área de homens. Dificilmente nesta época se conseguia atingir uma carreira de sucesso, sendo mulher. Embora não conseguisse emprego imediato nesta área, nunca desisti. Fui apostando sempre mais na minha formação, até que, com o passar dos anos e com a evolução do papel da mulher no mundo fotográfico, consegui dar cartas na área, até aos dias de hoje. Como vê o crescimento das mulheres no universo da fotografia profissional? Felizmente os tempos foram mudando e hoje este universo está de igual forma bem distribuído. Sinto que as mulheres estão a dar grandes passos neste sentido e a marcar a sua posição. Temos mulheres a explorar várias áreas no universo da fotografia profissional, desde repórteres de guerra, erotismo, sensualidade do corpo humano, vida selvagem, ou seja, áreas que no passado eram impensáveis. A mulher tem outra sensibilidade e outra forma de olhar a vida, e isso reflete-se muito nas suas fotografias. A mulher envolve-se de corpo e
alma. A mulher aproxima-se e comunica com quem está a ser fotografado e envolve-se no seu mundo. A mulher vê mínimos detalhes importantes que fazem toda a diferença numa foto. A mulher transmite toda a sua sensibilidade e sensitividade nas suas fotos e isso tem vindo a ser bastante reconhecido neste universo. Como mulher empreendedora que é no mundo da fotografia, é fácil conciliar a vida pessoal com a profissional? Nada fácil, principalmente quando o sócio é o ex-companheiro. O mercado de trabalho exige muito, por isso é preciso parar de vez em quando, saber gerir e encontrar maneiras de não o deixar tomar conta do nosso dia a dia por completo.
Neste momento estou a trabalhar num projeto pessoal para criar novas propostas de ofertas para as corporações. Abordando um pouco a vertente da fotografia, todos nós achamos que temos um fotógrafo dentro de nós e que esta é uma área que pode ser concretizada por qualquer pessoa. Como é que uma fotógrafa profissional vê este cenário? É uma democratização muito positiva. A fotografia é um meio artístico e acho bem que as pessoas explorem essa veia artística e mostrem os seus olhares e perspetivas ao mundo. Estamos numa era tão digital e rápida, que basta apenas um “clique” para nos permitir mostrar o mundo e experimentar essa liberdade. Somos livres e a fotografia permite-nos Ser. ▪
65 MARÇO 2020
RUTH RAFAELA
imagem, através da fotografia transmitimos também sentimentos, pensamentos, e muitas vezes até cheiros, remetidos pela nossa memória afetiva. Basta lembrarmos das fotografias que já nos encantaram durante toda nossa vida. Um conjunto de fotografias consegue contar uma boa história, pois cada foto retrata e eterniza um momento especial e por vezes essa experiência é tão forte, que mesmo num mundo tão digital, há uma tendência para voltar a procurar a fotografia impressa, os porta retratos, o contacto com o papel.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“UM BOM LÍDER É AQUELE QUE MOTIVA A SUA EQUIPA E A INSPIRA” Adepta do lead by exemple, Joana Sousa, CEO e Fundadora da Moai Consulting, empresa que surgiu há cerca de meio ano, não se assume como uma empreendedora, mas uma pessoa que se motiva pelo desafio e que quer fazer algo de útil pelo país em que vive. Conheça um pouco mais de uma mulher determinada e de uma entidade que pretende deixar uma marca positiva no mercado.
JOANA SOUSA
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Moai Consulting surgiu há cerca de seis meses, estando ainda numa fase embrionária. Antes
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de tudo e no sentido de contextualizar junto do nosso leitor, que conceito é que a marca trouxe para o mercado e qual o balanço que é possível realizar deste meio ano de atividade? A Moai é uma empresa de consultoria estratégica que atua maioritariamente no setor da saúde. Queremos apoiar os nossos clientes no desenvolvimento das bases de conhecimento fundamentais para alcançar o sucesso. Somos diferentes das restantes consultoras pelo nosso conhecimento profundo da área da saúde, pelas ideias inovadoras e por trabalharmos em estreita proximidade com nossos clientes. Queremos deixar uma marca positiva num setor em que ainda há tanto para pensar e fazer.
Quem é a Joana Sousa e porque decidiu desistir de uma carreira de sucesso numa multinacional para abraçar este projeto da Moai Consulting? Podemos dizer que «bateu» mais forte a sua veia empreendedora? Nunca me considerei uma pessoa empreendedora. Acho que sou acima de tudo uma pessoa que se motiva pelo desafio, que não gosta de rotinas e que quer fazer algo de útil pelo país em que vive. Adoro o que faço e não me via em qualquer outra função que não implicasse analisar problemas e pensar em soluções. Ter a possibilidade de fazer isso, aliado à gestão do dia a dia de uma empresa e à responsabilidade de ter outras pessoas ao nosso encargo é um enorme desafio, mas muito recompensador. É legítimo afirmar que esta mudança na sua vida profissional, pode e deve ser vista como um ato de coragem e determinação? Não foi tanto um ato de coragem, pois para mim era um “risco calculado” - sempre considerei que a probabilidade de sucesso era bastante elevada. Claro que a incerteza nos assusta, e quando as coisas não correm exatamente como imaginámos é fácil pormos tudo em causa! Por isso é necessária uma boa dose de determinação (e também alguma loucura!) para fazer esta mudança. Acima de tudo achei que estava na altura de ser eu a decidir o caminho que queria seguir no futuro. De que forma é que a sua liderança e caraterísticas da mesma serão essenciais para levar este projeto a bom porto? Sou uma grande adepta do lead by example - sou a primeira a “arregaçar as mangas” quando é necessário e estou muito atenta ao que motiva quem trabalha comigo. Para além disso acredito que a nossa preocupação enquanto líderes deve ser com as pessoas em primeiro lugar, e só depois com os objetivos financeiros – pois são as pessoas que fazem a empresa, e se elas estão bem os resultados financeiros serão certamente atingidos. Existem diferenças entre uma
liderança feminina e uma masculina ou a questão da importância do verdadeiro líder não pode ser resumida somente a questões relacionadas com o género? Honestamente não creio que seja uma questão de género – como em tudo há bons e maus profissionais, e não é o género per se que define a qualidade de um líder. Para mim um bom líder é aquele que motiva a sua equipa, e a inspira a serem melhores, que dá autonomia, mas ainda assim está presente sempre que necessário. E estas caraterísticas não estão de todo condicionadas pelo género. Olhando o panorama global, como é que vê hoje em dia as Mulheres e a sua preponderância no universo das empresas e dos negócios? Sente que evoluímos neste capítulo? O que ainda falta? As mulheres continuam a ter uma progressão de carreira mais lenta, a ter menos relevância nos cargos de gestão e a ter um ordenado significativamente inferior do que os seus pares masculinos. É necessário fazer uma análise aprofundada das causas que estão na base destas diferenças e implementar soluções direcionadas (por exemplo, através de políticas de parentalidade). Não acho que se resolva com quotas - até porque qualquer mulher quer ser promovida por mérito e pelo reconhecimento do seu trabalho, e não porque um indicador assim o define! Para além disso a sociedade portuguesa tem de evoluir, pois ainda não se adaptou aos novos papéis que homens e mulheres têm na vida empresarial e familiar. Quais são as grandes perspetivas e desafios da marca para 2020? Os objetivos para 2020 passam por crescer em termos de número de colaboradores (e estamos atualmente a contratar!), mas também em competências que nos permitam diversificar as áreas de atuação. Estamos inseridos num meio extremamente competitivo e vamos continuar a apostar numa estratégia de diferenciação, prosseguindo assim no percurso de sucesso que iniciámos há seis meses. ▪
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“QUE CADA MULHER SEJA DONA DA SUA AMBIÇÃO” A Revista Pontos de Vista conversou com Ana Rito, Presidente da Direção do Centro de Estudos e Investigação em Dinâmicas Sociais e Saúde (CEIDSS), que nos deu a conhecer um pouco mais do papel desta instituição, sem esquecer o papel que as Mulheres têm, cada vez mais, no universo da liderança. Saiba mais.
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nstituição de excelência, o Centro de Estudos e Investigação em Dinâmicas Sociais e Saúde (CEIDSS) tem vindo a promover um serviço de relevância no domínio do estudo, da investigação e intervenção social e de saúde. Antes de tudo, como podemos caraterizar o percurso da organização e como tem a mesma vindo a preconizar um serviço alinhado com as políticas da saúde em Portugal? O CEIDSS é uma instituição experiente e dinâmica ainda que jovem, que conta com pouco mais de uma década de atividade centrada nos aspetos sociais e nas desigualdades em saúde em projetos científicos na área da malnutrição infantil, onde se inclui a obesidade a doença mais prevalente na infância. Gosto de pensar que temos dado um contributo importante nesta matéria. A nossa missão desenvolve-se em associação às Instituições nacionais e internacionais mais relevantes na área da Saúde. Estamos atentos às prioridades da saúde e respondemos colaborando para construção de políticas de saúde mais ajustadas, em Portugal.
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constante, mas não é um mau desafio. Aprendi a tirar partido da sensibilidade feminina, do olhar mais cuidado, do brilho e visão mais apurada, mais organizada e sistemática da vida equilibrando-a com a ciência. Trabalhamos com comunidades onde há muita desigualdade social e é difícil ficar indiferente. Hoje já é reconhecido o papel importante da Mulher em cargos de liderança, embora saiba que a nossa escada tem sempre mais uns degraus e o nosso caminho é sempre mais difícil e às vezes mais sinuoso, mas somos capazes de o subir com elegância e astúcia.
ANA RITO
O que tem significado para si ser a Líder do Centro de Estudos e Investigação em Dinâmicas Sociais e Saúde (CEIDSS)? De que forma é que esta “aventura” a mudou enquanto pessoa e profissional? Uma aventura que não realizo sozinha. É uma jornada feliz que só é possível com uma equipa (de mulheres jovens e todas nutricionistas) que me ajuda a procurar a perfeição. É uma ambição que construo em conjunto, mas que se reflete em mim de forma muito positiva. Como em tudo na vida, as barreiras que vamos ultrapassando dão-nos experiência, maturidade e somos melhores pessoas porque devolvemos aos outros a nossa atenção, o nosso conhecimento e trabalho.
os níveis, culturas e disciplinas, tem contribuído muito para o meu crescimento como mulher, como profissional e como líder. Construo-me através das competências de todos que contribuem para o sucesso do CEIDSS e dos seus projetos. Gosto de desafios e não me canso. O nosso publico alvo são crianças e jovens e isso obriga-me a estar atenta às novas tendências. O mundo é diferente agora, há problemas hoje na equação que não pensávamos antes, como questões relacionadas com as alterações climáticas, a sustentabilidade, a influencia do marketing alimentar, as redes sociais. Pelo que me obrigo a fazer mais perguntas, a ouvir, participar, a definir e redefinir rapidamente a meta e estratégias para a alcançar. Tenho segurança e não tenho receio de avançar. Sei que consigo hoje ver o quadro mais alargado e isso facilita a orientação dos que seguem comigo
Como é a Ana Rito enquanto líder e enquanto promotora para levar e elevar este projeto para a frente e para outros rumos? Creio que a soma de experiências pessoais e profissionais de quatro países (Portugal, Inglaterra, Brasil e Dinamarca) sendo liderada por pessoas, principalmente grandes mulheres de todos
Enquanto Mulher, que significado tem para si assumir a pasta da Direção do CEIDSS? Olhando para o panorama global, sente que hoje existem mais oportunidades para as Mulheres chegarem a funções e cargos de liderança? O que mudou ou o que ainda falta mudar? Ser mulher no mundo de trabalho é um desafio
O que podemos continuar a esperar de si e do CEIDSS para 2020? De mim sempre a mesma dedicação e curiosidade. É muito gratificante pensarmos que desde 2008, quando começamos com um projeto (o MUN-SI) em alguns municípios, chegamos a 2020, como uma Organização que já atingiu mais de 20 000 crianças em parceria com Instituições portuguesas e do resto da Europa, sempre mantendo o mesmo grau de exigência. Passaram pelo CEIDSS mais de 50 nutricionistas. Quero poder continuar a trabalhar com equipas multidisciplinares com pessoas de várias gerações e vários países que por si só é uma aprendizagem pessoal e profissional muito enriquecedora. Mas temos ainda muito que fazer. O Dia Internacional da Mulher comemorou-se no dia 8 de março. Que mensagem lhe apraz deixar sobre esta efeméride? Que o dia relembre a todas as Mulheres o seu valor. Que cada mulher acredite em si mesma, que sejamos donas da nossa própria ambição de vida e aproveitemos todas as experiências, oportunidades profissionais e críticas/orientações de quem respeitamos, como aprendizagens para sermos sempre melhor. Sem receios e com determinação. ▪
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PONTOS DE VISTA NO FEMININO
OPINIÃO DE PAULA MELO, COACH E LÍDER NO FEMININO
APRENDI QUE NA VIDA NÓS SOMOS OS HERÓIS DE NÓS MESMOS A “Viagem” que iniciei há mais de uma década na área do coaching, permite-me “no hoje e no agora” ser uma Mulher Líder da e na minha vida.
PAULA MELO COACH E LÍDER NO FEMININO
U
m despertar diferente no meu olhar levou a uma tomada de consciência do quanto podemos estar mais congruentes e alinhados com as nossas expectativas. Neste sentido, o coaching foi e é uma ferramenta que facilita o desenvolvimento individual, descobrindo a intenção constante de autodesenvolvimento e das transformações interiores que são facilitadoras e que conduzem ao equilíbrio pessoal. No coaching, são trabalhadas áreas a nível individual e organizacional, que pressupõem a definição de objetivos de desenvolvimento que tendem a ser reparadores. Objetivos com um alinhamento S.M.A.R.T.. Como me encontro? Qual a consciência de esse estar? É o desejado? Qual a melhoria estou disponível para me desafiar? Os obstáculos acontecem e o acreditar que a ação depende de mim, posiciona-me diariamente a abraçar desafios profissionais, sociais e pessoais. A Ética, a honestidade e o respeito pelo outro, tem sido os valores de base da minha “Roda da Vida “. Valores estes que levam a uma ação e um estar na vida com coerência e com uma grande
capacidade de gerir “ruídos interiores “que poderiam ser obstáculos na concretização dos objetivos e na gestão do dia a dia. A Paixão pelas Pessoas sempre esteve presente em mim desde muito jovem. Numa atitude genuína, cada vez mais me posiciono na vida com um comportamento de aceitação pelo outro, respeitando-o nos seus pensamentos e decisões. Profissionalmente, aprendi a desafiar-me diariamente enquanto gestora das minhas decisões e das minhas competências. Projetos nacionais e internacionais acontecem onde o rigor, a paixão pela excelência, a confiança, as soluções, os princípios éticos rigorosos que partilho, fazem acontecer os resultados definidos. Compreender e ouvir as preocupações de cada pessoa, permite criar e propor as soluções organizacionais mais adequadas, ajudando a concretizá-las sempre com um objetivo: as pessoas e o resultado. Enquanto Mãe, o desafio de vida mais apaixonante que me põe diariamente à prova. Os meus filhos solicitam diariamente um comportamento de rigor e um ato de mãe presente! O estar presente, tem sig-
"SOMOS DESAFIADOS PELA VIDA, O QUE NOS FEZ ACREDITAR E AGARRAR COM UMA MAIOR FORÇA A VONTADE DE VIVER E DE “SABOREAR” CADA MOMENTO COM QUE ESTA NOS PRESENTEIA"
nificados e expectativas diferentes para cada um de nós e é esta sintonia que diariamente, como mãe na minha atitude, me leva a crescer, a desafiar-me e a promover uma escuta ativa diária, fazendo com que suas expectativas sejam respeitadas e aceites na sua plenitude. Somos desafiados pela vida, o que nos fez acreditar e agarrar com uma maior força a vontade de viver e de “saborear” cada momento com que esta nos presenteia. A impotência perante áreas da vida que não conseguimos controlar, devolvem-nos uma aprendizagem se as deixarmos acontecer. Acreditar diariamente! Aprender a respeitar, a apoiar e a potencializar,
é uma atitude com que no seio família me oriento. O autocontrole enquanto mãe e esposa são um enfoque diário. A resiliência é gerida com uma maior assertividade, onde as inquietações são tranquilizadas e as respostas numa gestão emocional passam a estar alinhadas. Enquanto Mulher, Mãe, Esposa, Profissional, Amiga e Cidadã do mundo, a gestão do tempo é um desafio diário. E a tomada de consciência acontece quando sei que terminei de escrever este artigo e o momento do início do mesmo já está em outro domínio. A que sabor nos Sabe a Vida? ▪
69 MARÇO 2020
PERFIL
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“PRETENDO CAMINHAR PARA A SUBLIMIDADE” EUGÉNIA PEREIRA
Eugénia Chela Pontes Pereira Miguel, é atualmente a Presidente do Conselho de Administração da Autoridade Reguladora da Concorrência de Angola. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, fala-nos de como foi assumir este cargo e as responsabilidades que advêm. Saiba mais.
Q
ue responsabilidades advêm deste cargo? Assumi a liderança da Autoridade Reguladora da Concorrência, num processo gradual de transformação desde o Instituto de Preços e Concorrência, onde assumi diversas funções, como Diretora Geral Adjunta e Chefe do Departamento de Estruturas de Mercado e Concorrência. Abracei o desafio de assegurar uma promoção eficaz da concorrência para uma sólida recuperação económica, numa altura de descrédito nas instituições. É fundamental garantir a credibilidade da ARC, o que impõe confiança na sua isenção, na sua competência técnica, no rigor com que aplica a lei e na transparência da sua atuação. Com o empenho de todos os colaboradores, tenho a responsabilidade diária de construir essa credibilidade.
Que verdadeiro papel pretende assumir no país e junto às pessoas enquanto presidente da ARC? Num contexto de retração da confiança dos
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Implementar o regime jurídico da concorrência em Angola é uma tarefa desafiante num país onde os hábitos de uma verdadeira cultura de concorrência são ainda incipientes, mas não deixa de ser um grande privilégio
"ACREDITO QUE CHEGAR A ESTA POSIÇÃO É CONSEQUÊNCIA DA DEDICAÇÃO E DO TRABALHO ÁRDUO DEMOSTRADOS DIARIAMENTE, BEM COMO DO RECONHECIMENTO DAS PESSOAS QUE ACREDITARAM EM MIM, ENQUANTO LÍDER"
Nesta área quais são os maiores desafios enfrentados diariamente? A implementação efetiva de uma cultura de concorrência em Angola é um processo complexo, tal como acontece em muito países. Numa altura em que os recursos financeiros disponíveis são limitados, os desafios são vários, quer a nível cultural, como a nível operacional. Pela transversalidade da atuação da ARC na economia angolana, um dos desafios mais gritantes é a escassez de meios humanos para dar resposta aos casos que somos chamados a analisar. Os técnicos de que dispõe a ARC são brilhantes, mas ainda insuficientes para todos os casos que queremos investigar, com a qualidade e celeridade devida. É igualmente importante realçar que a fraca cultura de concorrência em Angola, no que diz respeito a aspetos relacionados com a implementação de boas práticas, indispensáveis para melhorar a credibilidade das empresas e a confiança dos investidores, na aplicação das regras de concorrência, constitui também um desafio. Considera que o facto de ser mulher foi, em algum momento, um entrave para conseguir alcançar esta posição? Sinceramente, não considero que o facto de ser mulher tenha sido algum entrave. Acredito que chegar a esta posição é consequência da dedicação e do trabalho árduo demostrados diariamente, bem como do reconhecimento das pessoas que acreditaram em mim, enquanto líder. Nas sociedades tradicionais de Angola as mulheres sempre tiveram um papel de destaque e isso foi levado para a luta pela independência e depois na instituição da República, mas importa ainda lutar por mais oportunidades, pois temos mulheres no topo e muitas na
base, há um longo trabalho de empoderamento a ser feito. A Lei da Concorrência permitiu introduzir, pela primeira vez no ordenamento jurídico angolano, um sistema de defesa da concorrência, a ARC. Que princípios integra esta lei? A Lei da Concorrência integra três princípios fundamentais: o respeito pela constituição e pela lei, como base da economia de mercado, da livre concorrência, e da liberdade de escolha do consumidor; a prossecução de interesse público na promoção e defesa da concorrência; e a proporcionalidade adequação, que se consubstancia com a prevenção e punição das práticas anti competitivas. Através desta criação tornou-se possível enfrentar situações de imperfeições do mercado ainda existentes na economia angolana? Existem setores com situações de imperfeições de mercado, em que algumas empresas têm o poder de influenciar o preço do mercado e, consequentemente, influenciar negativamente a vida dos consumidores. Com a publicação da Lei da Concorrência e a criação da ARC, os monopólios são preventivamente controlados através dos processos de controlo de concentrações de empresas por notificação prévia obrigatória, a pedido da ARC e também com os processos de investigação de abusos de posição dominante. Em teoria económica existe o conceito de concorrência perfeita onde não existem estruturas monopolistas, porém existem mercados que naturalmente podem formar monopólios. Podemos afirmar que a criação ARC vem promover a competitividade dos agentes económicos e a eficiência na alocação dos fatores de produção e distribuição de bens e serviços? Com certeza. A ARC surge como materialização do princípio constitucional da sã concorrência e este propósito foi acolhido por quase toda a regulamentação setorial, pelo que se
exigiam normas específicas que promovessem e defendessem a concorrência e a necessária entidade encarregue da sua aplicação. Deste modo, adotaram-se regras que garantem o funcionamento eficiente e equilibrado dos mercados, a afetação ótima dos recursos, e a proteção dos interesses dos consumidores. As regras de defesa da concorrência asseguram a justiça nos mercados, permitindo a inserção e permanência das micro, pequena e média empresas de acordo com as suas performances e preferência dos clientes, concorrendo em igualdade de circunstâncias. Se o mercado assim funcionar espera-se que os preços dos bens e serviços sejam mais competitivos e atrativos ao consumidor, proporcionando ainda diversidade de escolha, qualidade e inovação nas ofertas. Que projetos tem atualmente em “mãos”? Implementar o regime jurídico da concorrência em Angola é uma tarefa desafiante num país onde os hábitos de uma verdadeira cultura de concorrência são ainda incipientes, mas não deixa de ser um grande privilégio fazer parte do primeiro conselho de administração com a difícil tarefa de assegurar a aplicação das regras de defesa da concorrência, na salvaguarda das regras do mercado e da livre concorrência no mercado. A estratégia passa pela afirmação da ARC como uma entidade de referência em matéria de defesa e promoção da concorrência, quer a nível nacional como internacional. Aponto aqui cinco grandes projetos: o reforço da política preventiva no Programa de Privatizações, não basta privatizar e liberalizar, é fundamental que haja concorrência para haver eficiência e promover o bem-estar dos consumidores; a avaliação de impacto concorrencial de políticas públicas; o combate ao conluio na contratação pública; o reforço da cooperação com as congéneres internacionais; e a implementação do regime de clemência, que estabelece uma redução da multa em processos de contraordenação por infração às regras de concorrência. ▪
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investidores internacionais e nacionais, pretendo caminhar para a sublimidade na prestação de serviço público com qualidade, agilidade e capacidade de criar valor aos consumidores. O compromisso assumido passa pela dinamização da política de defesa da concorrência em Angola, como um dos objetivos de promoção do bem-estar social. O foco é o reforço institucional, através da contínua formação dos quadros, ainda escassos, o desenho permanente de procedimentos e o monitoramento da aplicação efetiva das normas no sistema jurídico-administrativo e até judicial.
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MARIA JOÃO ESCREVENTE
“ACREDITO QUE O MOVIMENTO EM ANGOLA SERÁ MUITO MAIS RÁPIDO E EFICAZ EM TERMOS DA LIDERANÇA FEMININA” Maria João Escrevente é, desde 2012, a Diretora de Recursos Humanos da Unitel, uma das entidades mais reputadas e reconhecidas em Angola e não só. Diz que ocupar esta função tem sido uma experiência fantástica, até porque poder representar a Unitel é muito mais que uma «simples» representação, “significa representar os Angolanos na sua essência, a forma de estar, a cultura e os valores”.
A
UNITEL é hoje um dos principais players angolanos e a maior operadora móvel no país, fazendo a diferença nos serviços apresentados e, principalmente, na forma como quer ser um parceiro de confiança para o consumidor. De que forma é que a marca tem vindo a perpetuar essa dinâmica e que mais-valias apresenta a mesma no sentido de ser hoje uma marca de enorme reconhecimento? A Unitel é uma empresa que existe desde 2001 e que tem desenvolvido a sua atividade com valores assentes na inovação tecnológica, na qualidade dos serviços da rede que se estendem por todo o país até às zonas fronteiriças, garantindo que os desafios da rede rodoviária não são um impedimento para fazer chegar os nossos serviços de comunicação a todos os Angolanos.
A UNITEL, entre outras valias, apresenta ainda uma forte dinâmica no que concerne à promoção da igualdade do género, como por exemplo a iniciativa da 1ª edição do programa de bolsas de estudo da UNITEL, “Mulheres Para o Futuro”. Porquê esta aposta na criação de oportunidades e na dinamização do papel das mulheres na sociedade e nas empresas? A Unitel tem uma estratégia de Responsabilidade Social assente na inclusão social e tecnológica em que a Saúde, Educação, Artes e Desporto são os seus pilares. Em paralelo, e não menos importante, o setor das telecomunicações é tipicamente um mundo dos homens. A criação do programa “Mulheres para o Futuro” desmistificou esta questão e procura abrir a porta para que as mulheres possam assumir o seu papel neste setor. Os requisitos do programa são exigentes e procuram a excelência de resultados. Adicionalmente foi criado um grupo de mentores, colaboradores da Unitel, que pela sua experiência e vertente pedagógica (por exemplo formadores internos), se disponibilizaram para serem mentores. Para que fosse possível padronizar o acompanhamento das bolseiras, os mentores receberam formação específica de mentoring, através de um programa desenhado pela Academia Unitel, para que lhes fosse possível assumir esta missão com todo o profissionalismo e manter em simultâneo com as suas responsabilidades profissionais. Algumas das mentees estão em zonas geográficas diferentes dos seus mentores. Criar rotinas de acompanhamento pedagógico e permitir que elas atingissem os níveis exigidos para que pudessem continuar a ser bolseiras. Para que fosse possível o acompanhamento do plano curricular foi necessário uma disciplina e um plano de atividades sério e responsável para ambas as partes. O primeiro ano foi um sucesso e será para continuar. Já estamos na fase final de seleção das 50 bolseiras para o ano curricular 2020_2021. Na Unitel, 37% mulheres e na gestão representam 40%. Acreditamos no equilíbrio entre o género como forma de potenciar a excelência, criatividade, inovação e o futuro da Unitel. Assume a função da direção de Recursos Humanos da marca, um papel nem sempre fácil de cumprir, até pela forma direta como lida com os colaboradores. Qual tem de ser o ponto de equilíbrio para que a sua função vai ao encontro das necessidades dos recursos humanos da marca? Em janeiro completei oito anos de Unitel na função de Diretora de Recursos Humanos e tem sido uma experiência extraordinária. Representar a Marca é poder representar os Angolanos na sua essência, a forma de estar, a cultura e os valores. O ponto de equilíbrio é sempre a humanização das relações entre pessoas, independentemente da sua idade, religião, crenças
e valores. Foi e é (pois continua a ser uma aprendizagem constante) equilibrar regras, procedimentos, estratégias e cultura organizacional com as dificuldades e desafios que é viver em Angola. Sempre procurei estudar e compreender o negócio para que as políticas e estratégias estejam alinhadas com o que a empresa se propõe. Não podemos conceber modelos virados para dentro do RH. Ou serve o negócio ou de nada serve. Por outro lado, reter, desenvolver talento, recrutar e alinhar os colaboradores e gestores nas ferramentas, modelos e políticas RH, tem como fator crítico de sucesso a sua natural compreensão. Em suma, gerir Capital Humano é garantir que o que desenvolvemos é compreendido por todos e tem como objetivo fundamental permitir que o negócio cumpra a sua estratégia. Temos de ser um aliado! Adicionalmente, e como base de tudo o que faço, acredito na humanização das relações, sem hierarquia nem formalismos excessivos. É preciso criar limites e regras, mas sem muros relacionais. O melhor das Pessoas vem da sua paixão por todos os dias estarem no local de trabalho e sentirem que contribuem diretamente para o desenvolvimento da Unitel. Que caraterísticas acredita serem necessárias e relevantes para que tenha a confiança dos colaboradores da marca? Identidade e consistência. No caso da Unitel, a marca representa a identidade dos Angolanos e a consistência de o fazer bem ao longo de 18 anos. Angola tem uma população muito jovem, em que mais de 50% da população tem menos de 25 anos e 50% desta tem até 14 anos. Todos eles cresceram com a Marca, faz parte da sua vida a imagem, as músicas, as campanhas Unitel, não apenas no que representamos em termos de serviços que oferecemos, mas no facto de representarmos o que ambicionam ou sonham para o futuro. O que mais ouvi ao longo destes oito anos é “o meu maior sonho é poder parte desta grande família!” Um dos grandes sonhos dos jovens é conseguirem ter a oportunidade de trabalhar na maior e melhor empresa Angolana. Quais têm sido os maiores desafios do mesmo e como é que a sua liderança tem sido importante para contornar os obstáculos diários? A sua equipa é essencial para ultrapassar e contornar as dificuldades diárias? A minha equipa é absolutamente extraordinária. É um grupo de trabalho de que muito me orgulho pelo que tem feito e no que se tem transformado. O ensino em Angola tem muitas lacunas e quando terminam a faculdade apresentam muitas debilidades de conhecimento. Quem tinha tido experiências profissionais eram invariavelmente muito administrativas ou demasiado vazias de conteúdo. A minha liderança tem procurado promover as oportunidades de aprender fazendo em que cada um cresce na sua medida e forma. Ou seja, potenciando o que cada está disposto a fazer por si, permitindo-lhes que decida onde querem e até onde querem chegar. Cada sucesso é celebrado e cada retrocesso ou insucesso é trabalhado no sentido da superação das dificuldades e nunca do fracasso. O que mais os carateriza é a vontade de aprender e a felicidade quando atingem metas para as quais trabalharam arduamente. E essa é uma experiência emocional muito gratifi-
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Desenvolveu a sua marca com base da energia de uma marca jovem, dinâmica e que tem a cultura Angolana na base da sua identidade. A forte presença dos valores de cultura, família, música criou desde cedo uma identidade com que a sociedade Angolana se identificou. O ADN – A Unitel o próximo mais próximo, foi sempre o mote que garante que Angola se encontra “ligada” entre si.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO Olhando o panorama global, como é que vê hoje em dia as Mulheres e a sua preponderância no universo das empresas e dos negócios em Angola? Sente que houve uma evolução neste capítulo? O que ainda falta? Em Angola, tradicionalmente, as mulheres têm um papel preponderante no desenvolvimento da economia. São elas que são empreendedoras, cuidam dos filhos e da família (filhos, marido, pais, irmãos mais novos, entre outros). O conceito de família alargada confere à mulher a responsabilidade de sustentar toda a família. São elas quem geram “riqueza” ainda que num segmento económico mais baixo enquanto os homens assumem outro tipo de papéis. Naturalmente, por tudo isto, e sendo Angola uma sociedade muito tradicional no papel que o homem e a mulher têm, são eles quem ainda ocupam os lugares de maior responsabilidade. Mas as novas gerações estão a alterar este cenário, ainda que lentamente, mas de forma progressiva. Hoje temos mulheres em lugares de elevada responsabilidade e é-lhes reconhecida competência e como geradoras de equilíbrio, quer na política quer na economia. Existe um longo caminho pela frente, mas considerando a realidade europeia, acredito que o movimento em Angola será muito mais rápido e eficaz em termos da liderança feminina.
“A MINHA EQUIPA É ABSOLUTAMENTE EXTRAORDINÁRIA. É UM GRUPO DE TRABALHO DE QUE MUITO ME ORGULHO PELO QUE TEM FEITO E NO QUE SE TEM TRANSFORMADO. O ENSINO EM ANGOLA TEM MUITAS LACUNAS E QUANDO TERMINAM A FACULDADE APRESENTAM MUITAS DEBILIDADES DE CONHECIMENTO”
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cante. Aprendi que nunca devemos desistir das Pessoas e menos que elas desistam de si próprias. Em 2012 eram 26 e hoje somos 54, poucos saíram, e muitas transformações aconteceram. Tenho o privilégio de liderar a melhor equipa de Recursos Humanos de Angola porque eles assim o decidiram ser. É legítimo afirmar que uma das funções mais difíceis de uma empresa é a direção de recursos humanos, pois sabemos que cada pessoa é uma pessoa, o que obriga a uma gestão diferente em cada caso? Sem dúvida! Cada indivíduo tem de ter o espaço para ser ouvido. Uma das grandes missões da Direção de Recursos Humanos é a capacidade de criar condições para poder trabalhar a escuta ativa de cada um dos que nos procura ou os que nós procuramos. Sim, precisamos de procurar as pessoas. Elas têm que sentir que nos importamos, que o propósito da nossa atividade é conseguir a pessoa certa no lugar certo. Não é uma utopia, é uma máxima em que acredito e desafio a minha equipa todos os dias. A Unitel tem 3300 colaboradores. Tem de ser definido um plano sério e rigoroso e que anualmente pensamos de forma muito estruturado. Temos de procurar conhecer, estar disponível. Saber quando temos razão e quando não temos. A agilidade da organização também depende da agilidade dos seus colaboradores e
a minha direção é um catalisador dessa mesma agilidade. Temos de saber dar o exemplo nessa matéria. No seu dia a dia, de que forma procura colocar em prática essas mesmas caraterísticas em prol de uma dinâmica equilibrada e positiva no domínio do bem-estar das equipas/recursos humanos da marca? A Unitel desde 2014 tem um programa de Cultura Organizacional que designamos SOMOS UNITEL. O desenho da nossa cultura está assente em promessas e comportamentos. Temos uma promessa com o Cliente, com a Sociedade com a uma Liderança diferenciadora, mas para tal cada um de nós tem de assumir comportamentos que nos caraterizam e pelos quais nos pautamos. A Direção de Recursos Humanos através, quer da Academia, quer da Gestão Estratégica RH (ambos departamentos sob a minha direção) desenvolve todo o tipo de atividades, ações, programas que tem sempre por base o mesmo mote, o SOMOS UNITEL. Viver a cultura da empresa é uma das formas que nos orienta e guia no mesmo caminho e na mesma direção na persecução dos objetivos estratégicos. É uma forma de todos conhecerem os seus valores e se poderem identificar com os mesmos. Esta identidade interna é uma forma de gerar equilíbrio, pois o modelo por onde se devem guiar é semelhante entre todos.
O que podemos continuar a esperar de si e da marca para o futuro? Conforme já referi, acredito em Pessoas, são elas que geram negócios, desenvolvem empresas e as economias. Procuro todos os dias trabalhar em prol de uma Marca em que o desafio em 2012, era, independentemente das contingências e caraterísticas que nos rodeiam, ser uma Marca ao nível de outras da mesma dimensão (em termos de geração de volume de negócios). Hoje, em 2020, acredito que foi este desafio que me fez sair de Portugal e abraçar esta Marca contagiante e pessoas poderosas. Uma das caraterísticas avassaladoras de Angola é a resiliência e a capacidade de manter o sorriso nas maiores adversidades, e com estes dois ingredientes é possível manter a adrenalina do primeiro dia convicta de que podemos sempre fazer melhor. O Dia Internacional da Mulher comemorou-se no passado dia 8 de março. Que mensagem gostaria de deixar sobre a importância desta data? As mulheres têm uma energia poderosa e contagiante e as vantagens do empoderamento entre nós são infinitas. As novas gerações e as menos jovens, as recém-licenciadas e as repletas de conhecimento, as que são mães de primeira viagem ou que já têm netos são uma força da natureza. As diferenças entre homens e mulheres são fundamentais ao equilíbrio das organizações, mas também sei que quem melhor compreende as mulheres são as mulheres. Como exemplo do que refiro, no dia 2 de março, dia da Mulher Angolana, a Unitel inaugurou a sala de amamentação. É uma sala destinada a recolha e conservação do leite materno. De mulheres para mulheres, e que agora têm um ambiente que as protege na sua condição de mães, permitindo-lhes cumprir a sua missão de forma condigna. Homens e mulheres contribuíram para que esta sala fosse uma realidade porque acreditam que ser mãe é uma dádiva. ▪
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“DOU SEMPRE O MEU MELHOR, MANTENDO UMA ATITUDE MOTIVADA” Para Deize Fonseca Serrano, Proprietária e Diretora Criativa da CNERGIA – Creativity for You, as mulheres têm vindo a provar, cada vez mais, a sua relevância no sucesso das empresas, embora ainda haja a necessidade de continuar a promover uma mudança na sociedade para que este desiderato seja uma realidade cada vez mais evidente. Saiba o que diz a nossa entrevistada sobre este tema.
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Quem é a Deize Serrano e que mais valias é que o seu estilo de liderança tem aportado à marca? Essencialmente, sou uma mulher determinada a ser feliz e a proporcionar momentos felizes àqueles que amo. Ao longo dos anos e perante os vários desafios que a vida me apresentou,
e relações de proximidade são a chave de ouro no trabalho em equipa.
FOTO: NUNO SERRANO
uando é que foi edificada a CNERGIA – Creativity for You e de que forma é que a marca tem vindo a promover uma dinâmica positiva e enriquecedora em prol do mercado e satisfação dos vossos clientes? Em 2011, atravessava um momento menos bom na minha vida (falecimento do meu pai) e procurava encontrar um novo rumo, dez anos após o meu primeiro trabalho como designer gráfica. Então formadora na Etic_Algarve (Escola de Tecnologias, Inovação e Criação do Algarve), a vontade de fazer algo diferente e desafiante crescia dentro de mim. Nascia a CNERGIA, da vontade de criar uma marca dinâmica, multidisciplinar e portuguesa com soluções integradas do Algarve para o Mundo. Um projeto ambicioso, onde reuniram-se vários profissionais de várias áreas criativas, alguns deles formados na Etic_Algarve. Na CNERGIA procuramos oferecer aos nossos clientes um atendimento diferenciado. Distinguimo-nos pela excelência na entrega, dedicação e transparência no que fazemos. Como parte integrante da nossa equipa, estabelecemos, com os nossos clientes, uma relação de proximidade e confiança nos nossos serviços. Assumimos um papel responsável e consciente no que respeita a sociedade, contribuindo com o nosso trabalho. Exemplo disso são alguns projetos de carácter social, como o desenvolvimento da Imagem dos Eventos Outubro Rosa e novembro Azul, para o Brasil, o desenvolvimento da nova Imagem da Associação de Pais da Ameijeira Lagos (da qual faço parte como membro ativo) e, o mais recente, a nova Imagem do Centro de Formação Desportiva do Agrupamento de Escolas Gil Eanes, Lagos.
DEIZE FONSECA SERRANO
tornei-me mais flexível e versátil, adaptando-me às diversas circunstâncias. Sou mãe de coração cheio, consciente de que para educar o que é preciso é serenidade, paciência, carinho e, acima de tudo, muito amor. Sou sonhadora, mas gosto de manter os pés bem assentes na terra. Otimista por natureza, estou sempre pronta a ajudar e odeio injustiças. Dou sempre o meu melhor, mantendo uma atitude motivada e um bom ambiente de trabalho. No seu dia a dia, de que forma procura colocar em prática essas mesmas caraterísticas em prol de uma dinâmica equilibrada e positiva no domínio do bem-estar das equipas/recursos humanos da marca? Procuro sempre ser o mais assertiva possível, defendendo as minhas ideias com vigor mantendo sempre o respeito pelo outro. Gosto de conhecer com quem trabalho, pois é importante sabermos o que de melhor um colega ou colaborador é capaz de fazer para que essa característica seja levada para o projeto e, dessa forma, obtermos os melhores resultados. Por isso, um bom ambiente, positivo e motivador
Existem diferenças entre uma liderança feminina e uma masculina ou a questão da importância do verdadeiro líder não pode ser resumida somente a questões relacionadas com o género? Todas as lideranças são diferentes e únicas, independente do género. Mas, devo salientar que estamos numa era em que os valores femininos são mais valorizados e necessários. Precisa-se de um novo modelo de liderança, mais intuitivo e emocional, que ultrapasse o egoísmo, o preconceito e o medo do que é diferente – com mais empatia. Olhando o panorama global, como é que vê hoje em dia as Mulheres e a sua preponderância no universo das empresas e dos negócios? Sente que evoluímos neste capítulo? O que ainda falta? As mulheres têm vindo a provar que a sua presença como líderes melhora a performance das empresas. É notório o progresso sentido nesse campo. Mas, ainda há muito caminho a percorrer. É necessária uma mudança de paradigma por parte das empresas e da sociedade, onde se reconheça mais o valor da Mulher. Ao longo do seu percurso enquanto profissional, alguma vez sentiu que o facto de ser Mulher lhe criou mais obstáculos? Se sim, como contornou os mesmos? Sim. Reagi de forma profissional, dei o meu melhor, provando que era tão capaz quanto outra pessoa qualquer para executar determinado trabalho. O Dia Internacional da Mulher comemorou-se no passado dia 8 de março. Que mensagem gostaria de deixar sobre a importância desta data? Que todas as mulheres continuem a reivindicar os seus direitos e que lutemos por um Mundo mais justo. ▪
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“É IMPORTANTE HAVER SEMPRE UMA MULHER NOS LUGARES DE DECISÃO NAS ORGANIZAÇÕES” Tânia Lourenço é Diretora Comercial na BAU Special Solutions, uma empresa Portuguesa, sediada em Portugal há 10 anos, que oferece soluções especiais para renovação de estruturas. Saiba mais.
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omo foi abraçar a gestão desta empresa com tanta história? Desde o início que entrei para a BAU que vi que este era o meu projeto de vida, uma empresa com um caminho já realizado, mas com espaço de manobra enorme para evoluir, ao qual podia dar o meu contributo pessoal. Com o tempo, verificámos que afinal tinha capacidades e softskills para as funções que me foram confiadas. O meu percurso dentro da empresa tornou-se maior quando fui convidada a fazer parte dos quadros e do próprio capital social. Tem sido incrível, o caminho que estamos a percorrer. Quais as expectativas para este desafio profissional? A BAU tem tido uma grande evolução e mudança nos seus paradigmas, para conseguirmos estar no mundo da construção, que é muito instável e volátil. Continuo a acreditar que é uma empresa com bons alicerces, fazemos o possível para que quem colabora connosco se sinta “em casa”. O desafio são sempre as pessoas, porque a empresa é formada por pessoas, cada uma
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TÂNIA LOURENÇO
com a sua maneira de comunicar. A BAU já é conhecida pelo seu know-how relacionado com os serviços de engenharia e das impermeabilizações especiais. Enquanto diretora comercial o que é para si mais interessante na área em que trabalha? Como diretora comercial e como parte integrante da empresa, o que me mais motiva é conseguirmos solucionar as questões e problemas que os nossos clientes têm num menor espaço temporal possível. Gerir a área comercial não é de
todo fácil, podemos até considerar que o departamento é uma peça importante do motor do desenvolvimento da empresa, visto que estão inseridas todas as ações que fazem as outras áreas funcionarem plenamente. Existe uma componente estratégica nesta função para que a BAU consiga ser conhecida pela sua qualidade/execução e não pelo preço. Na sua opinião, o que representa a liderança no feminino? Julgo que é importante haver sempre uma mulher nos lugares de decisão nas organizações. A sociedade em que estamos já está consciente que as mulheres podem ocupar um lugar na estrutura de topo nas empresas. Contudo nem sempre é fácil, é necessária uma grande capacidade de liderança, compreensão e capacidade de gestão, e ao mesmo tempo, haver colegas que nos apoiam e nos ajudam a desempenhar um trabalho conjunto. Hoje em dia muito se debate o tema “liderança empresarial”, dividida por géneros. A forma de trabalhar de uma mulher é inevitavelmente diferente da metodologia de um homem? Eu digo que sim, não desfazendo do trabalho dos homens numa ges-
tão de topo, as mulheres acabam por ser igualmente organizadas, metódicas e coordenadoras. No entanto, os homens têm outras qualidades que podem ser sempre compreendidas e compatíveis, às quais se podem unir forças para um bem maior, e que as mulheres, de uma forma geral podem não ter. O mercado evoluiu e com ele trouxe novos estímulos e tendências como é o caso da tecnologia. Qual é a estratégia da BAU Special Solutions neste sentido? A BAU é uma empresa especializada na vanguarda da aplicação de soluções especiais para o setor da construção. É fundamental possuir uma estratégia global de comunicação eficaz e adaptada à realidade da empresa, com o foco na satisfação dos clientes e melhoria contínua do serviço prestado. Formamos os colaboradores para um bom desempenho, uma maior capacidade de resposta e alertar para a crescente tecnologia, com novos produtos com qualidade, adaptado a cada patologia, cada obra e a cada cliente. Estão presentes no mercado espanhol e português. Que outros mercados pretendem abraçar? A BAU nasceu em Barcelona em 2009, passado um ano radicou-se em Portugal e desde então desenvolvemos a área de negócio de forma autónoma, tendo mantido e reajustado o core business. Sempre teve uma componente internacional nas suas obras, mercados como a Argélia, Colômbia, Espanha, Qatar e Geórgia. Neste sentido pretendemos continuar a alargar os horizontes para outros mercados internacionais. Qual é a proposta de valor apresentada pela BAU Special Solutions? O que mudou desde a vossa entrada no mercado? Verificou-se que as empresas de grande dimensão não tinham capacidade de resposta para estas especialidades tão técnicas, pelo que a BAU veio ajudar nesse sentido. Por sermos uma empresa de pequena dimensão, conseguimos ser mais ágeis e deslocar para vários pontos do país ou até mesmo ao nível internacional. ▪
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“SEM DESAFIOS A VIDA NÃO SERIA A MESMA COISA” Adora desafios e adora conhecer pessoas. De quem falamos? De Ana Mação, Consultora Imobiliária de sucesso da Keller Williams, e que nos explicou como tem sido a sua carreira e como a capacidade de sonhar a tem levado mais longe e não quer ficar por aqui.
ANA MAÇÃO
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na Mação é Consultora Imobiliária, um desafio e uma vocação desde sempre. O que a define enquanto mulher e profissional? Para uma pergunta complicada, uma resposta simples: sou Mãe, Mulher, Amiga e uma Profissional em quem os meus clientes podem confiar! São estes os quatro pilares da minha vida ao redor dos quais procuro gerir um equilíbrio nem sempre fácil. Para quem tem a minha profissão não existem horários nem momentos em que podemos abdicar de ser um destes quatro personagens. Cada dia é uma luta onde procuro balançar o tempo que destino a cada um deles. O que me define? A capacidade de sonhar e de realizar esses sonhos. Um coração gigante, uma ambição e uma garra de viver e gostar de conviver, procurando ser feliz com coisas simples, mas onde cada pormenor conta! O seu percurso profissional está muito ligado à área imobiliária. Enquanto consultora o que a fascina mais nesta área? Em primeiro lugar conhecer pessoas! Esse é um bónus que esta profissão proporciona. Tenho o privilégio de “colecionar” amigos junto de cada cliente que me contata. Em segundo lugar, realizar o sonho que os meus clientes acalentam de encontrar a casa que os fará sentir “um passo mais à frente”. A mudança é um motor que nos impulsiona ao longo da vida, cabe a mim parte da responsabilidade de ajudar a que essa mudança seja para melhor! Quais são os seus maiores desafios a nível pessoal e profissional?
Que competências tem vindo a acrescentar à sua “bagagem” com estes anos de experiência? O “digital” é uma trave mestra da minha atividade e um sinal da modernização em curso no ramo imobiliário. Procuro estar presente através dos principais canais digitais, de modo a fazer a diferença. Num mercado tão competitivo quanto o nosso e em que não se avizinham tempos de bonança, navegar a crista da onda é essencial para manter o sucesso alcançado.
Ser mulher e empresária representa… O Desafio supremo! Vivemos num país que não facilita a vida de uma mulher ... e muito menos a de uma empresária. É ainda mais complicado quando o sucesso nos bate à porta. A pressão vem de todos os lados. Procuro encontrar o lugar certo, onde a ambição do crescimento não comprometa os restantes objetivos. A vida é um todo e tem que ser vivida com equilíbrio. Não é fácil, mas sem desafios a vida não seria a mesma coisa… Onde quer chegar? Como quer chegar? Quando chega? Viver o dia presente sem ansiedade com o futuro nem arrependimentos sobre o que ficou por fazer, é o primeiro passo para uma vida balanceada. Foco-me mais na qualidade do meu trabalho e no sucesso cliente a cliente, do que no “big picture” da minha carreira enquanto consultora e empresária. Só assim, consigo ser mais produtiva. Cada cliente exige de mim o máximo, não o posso colocar numa fila de prioridades. O tempo para apreciar o momento em que cheguei a uma nova fase é uma consequência do somatório destes múltiplos sucessos, e correspondentes dificuldades.▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
79 MARÇO 2020
A nível pessoal, ser uma mãe exemplar e como mulher, preencher a minha vida de momentos felizes. Adoro viajar, conhecer novos lugares e fazer novos amigos. Como alguém disse antes: “O mundo é um livro e aquele que não viaja, lê sempre a mesma página”. A nível profissional, considerando que o meu sucesso na KW - Keller Williams foi arrebatador, o que me move hoje em dia em termos profissionais é não perder o comboio da mudança que todas as profissões enfrentam (e a minha em particular), rodear-me dos melhores profissionais e não deixar nenhum cliente sem a minha melhor resposta. Deixar a “minha marca” é fundamental em cada relação que estabeleço.
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TRÊS PAIXÕES. TRÊS DESAFIOS Maria João de Figueiredo, é a Owner e Founder na Ciphra e na Starting Travel e ainda lidera como Presidente o Futebol Clube Barreirense. Uma mulher de desafios dedicada às suas verdadeiras paixões. Saiba mais.
Todos os dias aprendo com cada um destes três projetos e tiro o melhor que há em cada um deles
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MARIA JOÃO DE FIGUEIREDO
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orquê a aposta em três setores tão distintos? Costumo dizer que em tudo o que faço tenho de ter paixão, e a paixão que tenho por cada um destes meus projetos é o que me move. O meu grande projeto e também o primeiro, foi a Ciphra. Foi para esta área da consultoria e contabilidade que fiz toda a minha formação académica e a sua criação em 2006, foi o culminar de algo que já andava a pensar há algum tempo. É uma marca da qual me orgulho e da qual reconheço que tem vindo a ter um reconhecimento bastante notório. O que dizer do Futebol Clube Barreirense? A minha ligação ao Barreirense, já vem desde jovem. Sempre fui uma adepta assídua dos jogos de basquete e futebol e transmiti esse interesse e entusiasmo aos meus filhos que desde pequenos assumiram-se como jogadores do clube na modalidade de basquete. Ao longo destes anos, fui fazendo parcerias e patrocínios, estive na mesa de assembleia e fui presidente do conselho fiscal, até chegar à presidência em 2019. E como normalmente as coisas acontecem quando menos esperamos, a Starting Travel surgiu inesperadamente, também no ano de 2019. Sempre tive uma paixão enorme por viajar e a ideia desta criação eleva-se através de uma proposta de uma amiga com mais de 20 anos de experiência na área. Esta proposta inspirou-me uma grande confiança e através do meu background e networking, decidi apostar nesta agência que se destaca pelas suas linhas estratégicas que marcam a diferença, relacionadas com a saúde, desporto e necessidades especiais, com os lemas: Starting “for you” – Seja para onde for, à sua medida; Starting “health” - Dedicação exclusiva ao turismo de saúde; Starting “sports” - Para eventos e deslocações de atletas e grupos desportivos; Starting “accessible” – Dedicado às viagens para indivíduos com necessidades especiais. O que pretende trazer ao mercado com cada um destes projetos? Quais as grandes apostas para cada um deles? Com a Ciphra, uma vez que é uma empresa consolidada, a ideia que tenho, é continuar a fazê-la crescer. Como? Investir muito na marca e torná-la num franchising. Aproveitar as oportunidades, procurar investidores e fazer crescer a marca no país. Quanto à Starting Travel, ainda há muito por fazer. É ainda uma marca muito “bébé” e precisa ainda de consolidação, de crescer, fazer mais parcerias a nível do desporto, saúde e mobilidade reduzida. Portugal tem recursos humanos e naturais de que outros países não dispõem. O nosso país tem sol, tem mar, tem boa gastronomia, pessoas simpáticas e todos estes fatores ajudam a termos condições para alinhar positivamente e decididamente neste caminho. O Futebol Clube Barreirense conta com 108 anos de história. As suas modalidades principais são o futebol e basquetebol, mas o clube desenvolve igualmente as modalidades de futsal, ginástica, xadrez, kickboxing e natação.
Como tem conseguido gerir todos os seus empreendimentos? Costumo dizer que tudo é possível com a ajuda das minhas equipas. São elas o segredo. Que influência tem toda esta dedicação profissional na sua vida pessoal? É fácil conciliar? Sempre fui uma mãe muito presente, contudo, admito que não era fácil por vezes, conciliar a minha vida pessoal com a minha vida profissional. Atualmente, sou uma mulher muito independente e tenho sorte em já ter uma família estruturada e que me facilita toda esta dedicação. Tenho paixão suficiente e liberdade total para gerir todos eles e ainda ter tempo de estar com a minha família e amigos.
“COSTUMO DIZER QUE TUDO É POSSÍVEL COM A AJUDA DAS MINHAS EQUIPAS. SÃO ELAS O SEGREDO"
Estes dois parâmetros devem ser separados e eu sempre soube fazê-lo na perfeição. Devemos trabalhar os projetos e não trabalhar para os projetos, esse é o segredo. Como é que é a Maria João Figueiredo em cada um destes setores? Sou igual em todos eles. Nunca prescindi do meu lado feminino e do que sou em cada um dos meus projetos. O meu dia a dia é andar de saltos altos e maquilhada, independentemente do local onde estou. Sempre fui assim e nunca vou abdicar da minha essência por nada nem por ninguém. Atitude, compromisso, seriedade e rigor é a camisola que eu visto em cada um destes setores tão distintos e com os quais me identifico tanto.
O que é que lhe ensinaram as mulheres da sua vida? Mãe, avós, tias, primas, madrinhas, vizinhas, etc. Eu tenho muitas mulheres na minha vida, mas há uma que me inspira todos os dias. A minha mãe. A minha mãe sem duvida que tem sido a mulher que mais me tem inspirado ao longo da vida. É uma mulher empreendedora, trabalhadora e atualmente, com os seus 74 anos continua a trabalhar, porque simplesmente não consegue estar parada. Aprendi imenso com ela através da resiliência que coloca em tudo na sua vida. É uma mulher que por onde passa, deixa uma marca muito positiva. Sempre foi uma mãe presente, muito preocupada com os outros e transmitiu-me essa maneira de ser. Acima de tudo, nunca me julgou nas decisões que eu tomei ao longo da minha vida e enquanto mãe, avó, e agora, bisavó, é um exemplo. Quis ser a mãe que ela foi, a avó que ela foi, e hoje, quero ser a mulher que ela sempre foi. É o meu pilar e o meu estimulo. Este mês comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Que mensagem gostaria de deixar às nossas leitoras? Todos os dias, são os nossos dias. O dia da mulher é todos os dias. Ser mulher é aquilo que nós quisermos, é estarmos onde queremos, é ter a liberdade suficiente para sermos femininas quando, onde e como pretendemos. ▪
81 MARÇO 2020
O clube tem um grande historial em Portugal, sendo ainda hoje o 15º clube com mais presenças no escalão máximo do futebol português e um dos clubes com mais jogos disputados na Taça de Portugal. No basquetebol, tem no seu palmarés 2 Campeonatos Nacionais e 6 Taças de Portugal. E é assim neste registo que é preciso continuar. Continuar a crescer, apostar mais na visibilidade, na formação, na sustentabilidade financeira e na manutenção do património. Quero continuar a estar presente e a viver cada jogo como se fosse uma final. O balanço que faço destas três áreas é muito trabalho, consistência e rigor, de forma a transmitir confiança a todos. Todos os dias aprendo com cada um destes três projetos e tiro o melhor que há em cada um deles.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“ADORO E ACREDITO NAS PESSOAS”
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VIVIANA PELÁGIO
A Revista Pontos de Vista conversou com Viviana Pelágio, Assistente Pessoal do CEO e Office Manager da Livingroup, que nos deu uma visão mais ampla do mercado imobiliário e da posição da LIVINGROUP no mesmo, sem esquecer o papel das mulheres no universo dos negócios.
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uando é que foi edificada a LIVINGROUP e de quer forma é que a marca tem vindo a perpetuar um serviço de excelência em território luso, fazendo a diferença na relação com o mercado e o cliente? A Livingroup surgiu de uma procura crescente por soluções adaptadas às necessidades de um portefólio diversificado de clientes com backgrounds muito distintos
a nível cultural. A expansão do grupo para novas áreas de negócio só vem provar a nossa força. Como fatores de diferenciação. Talvez destacasse o facto de vermos as diferenças como força, e de tratarmos todos os clientes e parceiros com grande proximidade, atenção e respeito. Fazemos todos parte de uma grande equipa e, acredito, que é isso que nos torna uma marca de referência em todos os setores onde atuamos.
Sendo este setor um segmento cada vez mais competitivo e concorrencial, de que forma é que a LIVINGROUP tenta marcar a diferença no relacionamento com o cliente e o mercado? O mercado do imobiliário vive, neste momento, tempos de grande mudança e dinamismo. A chave do sucesso reside na nossa capacidade constante de adaptação a diferentes realidades e à compreensão total das necessida-
des específicas dos nossos clientes. Aceitar a diversidade cultural e saber apreciá-la em todo o seu esplendor, é sem dúvida, a nossa maior força. Quem é Viviana Pelágio e porquê a aposta neste projeto? Quais têm sido os maiores desafios do mesmo e como é que a sua liderança tem sido importante para contornar os obstáculos diários?
"NOS DIAS QUE CORREM E COM OS INÚMEROS EXEMPLOS DE MULHERES CHEIAS DE GARRA E VENCEDORAS, A DESIGUALDADE DE GÉNEROS DEIXA DE TER LUGAR. JULGO QUE CADA VEZ MAIS SOMOS CONSCIENTES QUE SOMOS CAPAZES DE FAZER MAIS E MELHOR. SOMOS DISPONÍVEIS, COMPROMETIDAS E RESPONSÁVEIS COM OS PROJETOS E AS PESSOAS COM QUEM NOS COMPROMETEMOS"
Num passado ainda não muito longínquo, este setor era composto por um número superior de homens, algo que mudou nos dias de hoje. Na sua opinião, quais foram os pontos centrais que levaram a esta mudança de paradigma e realidade? É inegável que em Portugal, bem como no mundo, existe uma grande desigualdade entre géneros. De qualquer forma, cada vez mais assistimos, a uma luta maior para eliminar estas diferenças culturais. O paradigma mudou com o tempo, como diriam “a necessidade aguça o engenho”. Nos dias que correm e com os inúmeros exemplos de mulheres cheias de garra e vencedoras, a desigualdade de géneros deixa de ter lugar. Julgo que cada vez mais somos conscientes que somos capazes de fazer mais e melhor. Somos disponíveis, comprometidas e responsáveis com os projetos e as pessoas com quem nos comprometemos. No seu dia a dia, de que forma procura colocar em prática essas mesmas caraterísticas em prol de uma dinâmica equilibrada e positiva no domínio do bem-estar das equipas/recursos humanos da marca? Somos uma PME, onde valorizamos a autenticidade e a liberdade de expressão. A equipa que me acompanha é uma equipa real, de confiança, onde partilhamos ideias, sabemos ouvir críticas, aprendemos com os erros, sabemos cair e levantar. Sabemos que ninguém é perfeito e ninguém
sabe tudo. Ajudamo-nos nas fragilidades e respeitamos as diferenças de cada um. Admiramos a individualidade de cada membro da equipa e incentivamo-nos a ser autónomos de forma a inspirarmo-nos mutuamente. As diferenças são sempre a nossa maior força e é da diversidade que nascem as melhores ideias. Existem diferenças entre uma liderança feminina e uma masculina ou a questão da importância do verdadeiro líder não pode ser resumida somente a questões relacionadas com o género? Vai muito para além do género, apesar de reconhecer que tipicamente há características associadas predominantemente a mulheres e a homens. A importância do verdadeiro líder não é uma questão de gênero. O tema da liderança tão falado, escrito e comentado é relativo. Perdeu-se muito o uso da informação para a aprendizagem e tornou-se, uma espécie de guia a seguir de como se lidera bem ou mal, como se existisse uma estratégia de sucesso a seguir, uma constante comparação da existência do mau líder para enaltecer o bom. Uma boa liderança a meu ver não
tem termo de comparação. Os líderes são diferentes, podem ser homens ou mulheres, têm de ser humanos, reais e leais. A liderança é criada e baseada no ambiente específico, aplicada diariamente, adaptada às diferentes personalidades, estratégias e planos de negócio decididos e pensados. Não é uma regra generalizada onde possa existir o correto ou o errado. Não pode ser usada como um estatuto, mas sim como uma ferramenta de equipa. O aspeto fundamental da Liderança, é a meu ver o sentido de proximidade e a autonomia que se dá ao colaborador para se sentir livre e inspirado, permitindo desta forma que contribua com as suas melhores ideias. O que podemos continuar a esperar de si e da marca para o futuro? Inovação e consistência, acima de tudo, consistência. Somos uma marca credível, experiente, profissional e dedicada, é assim que queremos continuar a ser vistos, pelos clientes e por todos os parceiros que trabalham connosco diariamente, de forma a proporcionar sempre um serviço de excelência. ▪
83 MARÇO 2020
O aspeto fundamental da Liderança, é a meu ver o sentido de proximidade e a autonomia que se dá ao colaborador para se sentir livre e inspirado, permitindo desta forma que contribua com as suas melhores ideias
Sou Mãe, sou Mulher sou uma pessoa simples, adoro e acredito nas pessoas, batalho pelas relações, questiono-me muito e entre tantas dúvidas encontro as minhas convicções que transformo num ato de fé pelo qual luto. Sou Assistente Pessoal do CEO e Office Manager da Livingroup. Para mim apostar neste projeto foi uma aprendizagem de RH. Trabalhar diretamente com o board de administração e paralelamente ser responsável pelo escritório é exigente. É fundamental saber estar com todos. Ser Office Manager é ser responsável não só por um espaço físico, mas ter uma preocupação igual com todas as pessoas que nele convivem. Uma empresa é um projeto de pessoas. Todos na minha equipa são fundamentais e sabem-no. A minha forma de liderar começa pelo reconhecimento e valorização de todos com quem trabalho. Os obstáculos diários são contornados, pela auto liderança que cada colaborador tem e pela união de equipa, que reforça a eficácia e sucesso deste grupo.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“É INEVITÁVEL RECONHECER A ESTREITA RELAÇÃO ENTRE A SUSTENTABILIDADE E A MULHER” Manuela Silva Marques é uma Advogada que, desenvolvendo predominantemente a sua atividade na área do direito fiscal, se encontra envolvida em temáticas do ambiente, da sustentabilidade e economia circular, como Presidente do Conselho Fiscal da BasN Business as Nature – Sustainable & Responsable Consumption and Circular Economy.
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MANUELA SILVA MARQUES
ara si, quais são as perspetivas para uma economia mais diversa, inclusiva e sustentável? A eficiência e a competitividade são desde sempre os objetivos primordiais da economia. Os problemas ambientais vieram, como sabemos, tomar posição nesta equação, assumindo lugar cimeiro como tema de discussão. No contexto global tornou-se necessário eleger ferramentas ambientais igualmente eficientes e competitivas, rapidamente se reconhecendo a vantagem da fiscalidade como instrumento fundamental para o cumprimento das metas ambientais. Porquanto, tendo como base o princípio universalmente aceite do “poluidor-pagador”, a tributação ambiental propicia a modificação de comportamentos ambientais, pois o poluidor poderá sempre optar pelo uso de energias mais limpas de modo a evitar a tributação. Neste âmbito, as recomendações da UE aos Estados Membros têm sido no sentido da adoção de uma política fiscal ambiental (Green Tax Reform.) Também a OCDE tem vindo a dar enfase à importância da fiscalidade ambiental recomendando o seu uso para atingir os objetivos ambientais. Uma economia mais inclusiva e sustentável pode, e deve ter, uma vertente tributária. Sendo que uma política fiscal de carácter ambiental com a introdução de novos impostos e taxas ambientais não visará o aumento carga fiscal, mas antes comportamentos mais responsáveis por parte dos contribuintes que, deste modo, evitam a tributação “verde”, assegurando o ganho ambiental. É nesta perspetiva que a tributação ambiental assume um papel primordial e predominante, sob a forma de tributação da poluição, de tributação sobre o consumo sendo mais gravosa sobre de bens com maior “pegada ambiental”, com o desagravamento dos preços dos produtos “verdes”, com a adequação das taxas do IVA. Será este o impacto positivo da fiscalidade ambiental, focada na responsabilidade social e na alteração dos padrões de consumo e de produção, em suma, na promoção de uma economia upcycling mais sustentável.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
Através desta associação, que objetivos garantem o futuro do planeta e como é que mudam a forma como consumimos e produzimos e tornamos todo o processo sustentável? O objetivo será o de provocar a disrupção do modelo atual de desenvolvimento, contribuindo para a transição para uma economia circular, em prol de uma prosperidade económica assente na abundância e diversidade do planeta, assente no respeito individual e coletivo por princípios de responsabilidade social e de gestão eficiente e sustentável dos recursos naturais e de minimização do desperdício. Em suma, assumindo os negócios (business) não como sempre (as usual), mas procurando o equilíbrio da natureza (as nature). Atingir o crescimento económico e o desenvolvi-
mento sustentável exige que reduzamos urgentemente a nossa pegada ecológica. Para isso, é necessário alterar a forma como produzimos e consumimos bens e recursos. De que forma? Assegurando padrões de produção e consumo sustentáveis, em cumprimento de um dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável que compõem a Agenda 2030 (ODS#12). Nesta linha, a par da dinamização de ações de sensibilização para alteração de padrões de consumo e implementação de um estilo de vida responsável e sustentável e para implementação de projetos concretos de negócios circulares, pretende-se promover a reflexão e o debate criativo, contribuindo para a definição de políticas públicas, que suportem o processo de mudança, e para a produção e troca de conhecimento e aceleração do desenvolvimento tecnológico.
Qual é o papel da mulher no processo de mudança? É inevitável reconhecer a estreita relação entre a sustentabilidade e a mulher. Com efeito, esta tem o papel prioritário na gestão, organização e economia familiar e social. 85% das decisões de compra são da sua responsabilidade. É, como tal, uma “influencer” nas famílias, nos locais de trabalho e na comunidade. Em linha com o ODS#5 (promoção da igualdade de género e empoderamento da mulher), impõe-se, por conseguinte, a sua defesa como agente fundamental na alteração dos padrões de consumo, com vista a catalisar uma nova cultura ambiental, mediante o incremento do consumo de produtos sustentáveis que contribuam para a circularidade e aproveitamento racional dos recursos naturais. ▪
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Atualmente, integra o núcleo da “Business as Nature – Sustainable & Responsable Consumption and Circular Economy” (BasN), ocupando a posição de Presidente do Conselho Fiscal. Qual a missão desta associação? A BasN é uma associação sem fins lucrativos constituída por um grupo de mulheres com experiências diversas, motivadas para uma missão comum: dar o seu contributo para a promoção da produção e consumo sustentável e da economia circular, com especial atenção ao envolvimento das mulheres como influenciadoras e agentes diretos neste processo de mudança e de desenvolvimento económico-social.
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“SOMOS NÓS QUE TEMOS QUE CRIAR AS OPORTUNIDADES” Chegou do Brasil há duas décadas, rumo a Castelo Branco, cidade natal dos seus progenitores, e mesmo face às dificuldades, jamais baixou os braços. Falamos de Sofia Lourenço, Sócia Gerente da Clinibeira, edificada em 2001, e que tem como principal propósito servir bem a população.
SOFIA LOURENÇO
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Clinibeira foi edificada em 2001, sendo hoje um importante player no domínio da saúde. O que carateriza a qualidade, confiança e excelência aos pacientes? Desde o primeiro dia, o nosso objetivo é servir a população com profissionais competentes, produtos de qualidade, inovação e essencialmente diversidade de oferta. Estando no interior, temos algumas lacunas que vamos ao longo dos tempos preenchendo. Medicina Dentária em todas as valências, Psicologia, Ginecologia,
Clínica Geral, incluindo Medicina Ortomolecular, Acupuntura, Nutrição Funcional além do espaço Saúde e Bem Estar com tratamentos estéticos, terapêuticos e aulas de condicionamento físico para todas as idades. Como Sócia Gerente, como carateriza a sua liderança e dedica-se exclusivamente a esta empresa? Além da direção e atendimento de pacientes na Clinibeira, sou diretora da Saberformar Produtora de Eventos e Formação, e Associação Artística e Cultural da Beira Interior Art’Acontece, com inúme-
ros projetos sociais. Tenho um currículo muito diversificado que me permite atuar em vários sentidos: licenciada em Direito, e na área da saúde, Acupuntura, pós-graduada Nutrição Funcional, Medicina Ortomolecular, Fitoterapia e Preparação Física. Sou formada em Produção de Eventos e responsável por várias ações nacionais e internacionais que destaco o Festival Internacional Luso-brasileiro, já na 4ª Edição, onde promovo o intercâmbio cultural entre o Brasil e Portugal, com cerimónias lá e cá dando a conhecer a minha região, um pouco esquecida no turismo. Tenho a sorte de me realizar em tudo o que desenvolvo. Ser líder significa compreender as necessidades, estabelecer regras, com inteligência, sabedoria, mas essencialmente com vontade. A Clinibeira está localizada em Castelo Branco, interior de Portugal. Como é ser empresária nesta zona do país? Ser empresária aqui ou ali não nos torna menos ou mais, apenas temos que nos adaptar às realidades. O trabalho bem estruturado, bem apoiado, com equipas de qualidade, vinga nos quatro cantos do mundo, uma vez que identificar o público-alvo será sempre a chave do sucesso. É legítimo afirmar que esta
“aventura” a mudou enquanto pessoa e profissional? Se sim, em que aspetos? Nasci em São Paulo e, chegar do Brasil há 20 anos, advogada recém-formada, e instalar-me em Castelo Branco, cidade natal dos meus pais, foi, sem dúvida, um desafio, em que hoje tenho o orgulho em dizer que “valeu a pena”. Comecei como jurista, mas rapidamente mudei o meu rumo empresarial, acrescentei outros e, garanto, nunca há limites para o crescimento, pessoal e profissional, basta querer. Este será sempre o meu lema. Sente que hoje o paradigma mudou e que as mulheres têm hoje mais oportunidades e são devidamente reconhecidas pelas suas capacidades de liderança? Na minha opinião, as oportunidades somos nós que temos que criar e procurar. As mulheres devem despir a capa que as inferioriza. O reconhecimento começa por nós e só assim é possível mudar mentalidades. Quais são os grandes desafios da Sofia Lourenço para 2020? Expandir as empresas não só na área territorial como na diversidade de ofertas de serviços. Na divulgação cultural, concretizar alguns projetos que estão em estudo, entre Portugal continental e Açores, Cabo Verde e Brasil. Na ação social, continuar a contribuir para um interior melhor, principalmente na qualidade de vida dos idosos. Quanto a mim, continuar com o melhor sentimento que o ser humano pode ter quando chega a casa ao fim do dia: “fiz a minha parte para um mundo melhor”. A 8 de março comemorou-se o Dia Internacional da Mulher. Quão importante é realçar esta data? Este dia deve ser realçado com o intuito principal de levantar a bandeira da igualdade entre homens e mulheres, sem distinção de raça, crença, estatuto social, entre outros. Todos iguais...todos diferentes, mas, sob uma só regência... é isso. ▪
PONTOS DE VISTA NO FEMININO
“AS MULHERES TÊM DE ACREDITAR QUE SÃO CAPAZES” A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Joana Correia da Silva, Event Manager na We Do Parties, uma mulher com um percurso profissional assinalável e para quem o sonho comanda a vida, sendo que o principal é nunca deixar de acreditar.
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oana Correia da Silva é Event Manager na We do Parties. O que a define enquanto mulher e profissional? Como dizia Fernando Pessoa através do seu heterónimo Alberto Caeiro “eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura”. Acredito que somos capazes do que acreditamos. Acreditar, persistir e não desistir são atributos que me caraterizam enquanto mulher e profissional. Tenho um percurso de mais de 17 anos ligado às tecnologias de informação, tendo passado por três empresas de renome nessa área. O seu percurso profissional está muito ligado a Relações Públicas e Publicidade, tendo passado por duas empresas de grande nome na área Tecnológica, estou correta penso. Enquanto profissional o que a fascina mais nestas áreas e no seu envolvimento no que aos eventos corporativos diz respeito?
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Os eventos corporativos têm, regra geral, um intuito comercial e de networking que permite aproximar clientes e/ou parceiros de uma marca. Nesse sentido, é fascinante entrar no mundo de uma empresa, perceber o foco e as necessidades do cliente e encontrar as soluções mais adequadas para cada evento. Comprometemo-nos com os nossos clientes e asseguramos que colocaremos toda a paixão pelo nosso trabalho nos seus resultados. Quais são os seus maiores desafios a nível pessoal e profissional? Numa era de transformação digital como a que atravessamos, acreditamos que o mercado de eventos continue numa vertente de crescimento. Como tal, temos de acompanhar esse progresso, inovando nos serviços que oferecemos e nos eventos que realizamos. Cada cliente tem as suas especificidades de negócio e objetivos próprios. É um trabalho em constante
JOANA CORREIA DA SILVA
transformação e uma aprendizagem diária. Que competências tem vindo a acrescentar à sua “bagagem” com estes anos de experiência? Sobretudo o desenvolvimento de soft skills pois considero serem um atributo necessário à gestão de qualquer negócio. Temos de ter a capacidade de criar uma ligação empática quer com os nossos clientes quer com os nossos parceiros de negócio. Ser mulher e Manager na We Do Parties representa… Um desafio constante. Atualmente as mulheres têm de ser gestoras competentes dos seus lares, das suas famílias, profissionais de sucesso seja em que área for, mães presentes e atentas e no final ainda terem tempo para cuidar de si próprias. Tudo isto junto, carece de uma gestão de tempo exímia complementada com a dose certa de positivismo. Onde quer chegar? Como quer chegar? Ao que ainda lhe falta chegar? Quero levar a We Do Parties a ser uma marca de confiança sempre que se pense na realização de um evento corporate. É um caminho que se faz com muita resiliência, não desistindo e encarando as
"Atualmente as mulheres têm de ser gestoras competentes dos seus lares, das suas famílias, profissionais de sucesso seja em que área for, mães presentes e atentas e no final ainda terem tempo para cuidar de si próprias"
dificuldades como uma aprendizagem e algo necessário para chegar onde nos esperam. Que mensagem deixaria às mulheres que têm medo de arriscar no seu próprio negócio e em posições de liderança, numa altura em que se comemorou o Dia Internacional da Mulher? Acreditar! Primeiramente têm de acreditar que são capazes. Depois munirem-se das ajudas certas para que haja um planeamento do negócio a desenvolver/criar. Nos dias que correm, são já muitas as empresas e instituições que prestam apoio à criação do próprio emprego. Por fim, colocar em ação o plano, alinhado com a estratégia definida, sempre com foco e com uma capacidade de se reinventarem a cada contrariedade. A criatividade também é um ingrediente fundamental. Tudo começa com um sonho e este só deixa de o ser com muito trabalho e dedicação. ▪
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“O SEGREDO É TER PAIXÃO POR AQUILO QUE FAÇO” A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Sara Dias, General Manager da JobImpulse, uma marca de prestígio no domínio dos recursos humanos e que muito tem crescido. A nossa entrevistada abordou diferentes temas, não deixando de lado a possibilidade de falar sobre o crescimento das Mulheres em funções de destaque nas empresas lusas. Conheça uma história de vida e um percurso fascinante de uma líder no feminino.
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Como Diretora Geral, como é que carateriza a sua liderança e de que forma é que a mesma tem aportado bons resultados para que a marca alcance os seus desideratos?
o facto de ser mulher lhe colocou mais obstáculos no seu caminho? Se sim, de que forma os procurou contornar? Infelizmente muitas vezes a sociedade valoriza mais a imagem da mulher do que o seu profissionalismo, competências, potencialidades, mas isto nunca me impediu de continuar a lutar pelos meus objetivos e sonhos, sempre soube onde queria chegar e aqui estou! Como dizia Fernando Pessoa, “O Sonho Comanda a Vida.” Não considero que tenham sido obstáculos, mas sim desafios que me deram bastante bagagem e aprendizagem.
É legítimo afirmar que esta “aventura” a mudou enquanto pessoa e profissional? Se sim, em que aspetos? Sem dúvida esta “aventura” mudou a minha vida enquanto pessoa e profissional, a partir do momento que decidi abandonar a minha zona de conforto onde estava há oito anos e abraçar este projeto começando tudo de novo foi o despoletar de potencialidades que eu própria desconhecia que tinha, tornei-me mais confiante, mais resiliente, determinada, mais líder, hoje falo inglês fluentemente, há uns anos atrás tremia cada vez que tinha de o falar. O trabalho, dedicação, paixão e persistência é a chave fundamental para chegar onde queremos.
Na sua opinião a liderança positiva tem género? Ou não podemos resumir à questão do género a vertente de uma liderança positiva, construtiva e dinâmica? Independentemente do género o importante para se adquirir uma liderança positiva são as competências, os valores, a personalidade tanto existem líder positivos homens como mulheres e vive versa. Mas se falarmos no impacto da liderança positiva nos RH, pela experiência que tenho as mulheres tem características diferentes, nomeadamente a sensibilidade o saber ouvir tão importante nesta área e que permite muitas vezes oferecer o conforto e a estabilidade a quem as procura, chave fundamental para o sucesso dos RH em empresas. ▪
Ao longo do seu percurso profissional, alguma vez sentiu que
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SARA DIAS
A minha liderança é assente sobretudo na proximidade com a minha equipa, faço constantemente reuniões de follow up, quero estar presente nos bons, nos maus momentos, incentivando apoiando para que a equipa se sinta motivada e direcionada para as soluções e não problemas. Sou a favor da pressão positiva e não excessiva, sou boa ouvinte e tento transmitir a confiança a iniciativa e comunicação interna necessárias, nunca esquecendo a humildade e o sentido de justiça. Mas o verdadeiro segredo é ter paixão por aquilo que faço, todos os dias acordo motivada para trabalhar, com novas ideias, projetos e isso acaba por contagiar quem trabalha comigo. Quando fazemos o que gostamos e nos apaixonamos diariamente, pelos desafios que encontramos o sucesso é garantido.
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JobImpulse é hoje um dos principais players no domínio de serviços de recursos humanos, estando presente no mercado há cerca de 14 anos. No sentido de contextualizar o nosso leitor, como é que a marca se define e apresenta um serviço de valor em prol do vosso cliente? Somos uma empresa multinacional alemã focada na prestação de serviços especializados de RH. Operamos há oito anos no mercado português. Acreditamos que com a nossa vasta experiência na gestão de RH, com a equipa de consultores especializados conseguimos proporcionar às pessoas uma orientação, preparação, formação para atingirem o sucesso ou o seu sonho profissional. Como diz o nosso slogan “Oferecemos um Futuro e levamos as pessoas ao êxito” sempre com muita paixão e dedicação. O nosso Know How, a nossa forma de trabalho é orientada para prestar um serviço de excelência, oferecemos soluções à medida das necessidades do nosso cliente. Potencializamos o valor do departamento dos RH, valorizando talentos pois só assim quer as empresas quer os colaboradores conseguem criar sinergias positivas com vista ao seu desenvolvimento/crescimento.
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“O QUE ME DÁ MAIS PRAZER? LIDAR COM PESSOAS” “A nível profissional os maiores desafios são os maiores prazeres também: as pessoas”. Quem o afirma é Joana Resende, CEO e Broker da CENTURY 21 Arquitetos Porto e Gondomar, e que em entrevista à Revista Pontos de Vista deu-se a conhecer um pouco mais, ao abordar o seu percurso profissional, sem esquecer a relevância que o seu círculo familiar tem no seu crescimento enquanto profissional e pessoa.
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oana Resende é Broker e Arquiteta. O que a define enquanto mulher e profissional? São condições indissociáveis. A profissional define-me enquanto mulher, e a profissional que sou, só o consigo ser por ser mulher. Na minha atividade, enquanto líder de uma empresa que conta com 65 pessoas penso que o facto de ser mulher ajuda muito na forma de lidar diariamente com todas elas. Faz diferença o lado maternal com que se diz o bom dia, ou como se dá o abraço ou o sorriso, como se lida com os conflitos ou com a competição. Como mulher, a vida profissional intensa interfere muito. Sou casada e mãe de duas filhas pequenas (seis e quatro anos). Da mesma forma intensa com que vivo o trabalho, quero viver a vida familiar. E para isso, os períodos de descanso são escassos. Durmo muito pouco, descanso muito pouco, mas a vivacidade e alegria delas valem tudo.
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O seu percurso profissional está muito ligado à Engenharia, Arquitetura, Construção e Imobiliária, estou correta penso. Enquanto profissional o que a fascina mais nestas áreas? Desde criança que soube sempre que queria ser Arquiteta. O meu pai é Engenheiro civil, o meu avô paterno trabalhou na área, e por isso sempre me fascinou o desenho, a construção da habitação para as pessoas, a organização das cidades. Mais tarde, quando fui para a Faculdade de Arquitetura (FAUP), vivi o curso com muita intensidade. Foram seis anos de imensa aprendizagem, onde me apaixonei essencialmente pelas questões da História e do Património. Sempre achei que a minha vida profissional passaria pela carreira académica, mas foi por um caminho completamente diferente. Após dez anos dedicados exclusivamente à Arquitetura, eu e o meu marido (que é meu sócio) decidimos adicionar a Mediação Imobiliária aos nossos serviços. E foi quando me rendi… apaixonei-me por esta atividade de uma forma muito intensa. Realizou-me pessoal e profissionalmente, e tenho a certeza que é essencialmente por fazer aquilo que me dá mais prazer: lidar com pessoas.
JOANA RESENDE
Quais são os seus maiores desafios a nível pessoal e profissional? A nível profissional os maiores desafios são os maiores prazeres também: as pessoas. Criar uma equipa, motivar e mimar essa equipa dia a dia, gerir os seus inevitáveis conflitos, e lutar diariamente por uma filosofia de entreajuda, de coesão. A nível pessoal é conciliar o turbilhão da minha vida profissional com o meu papel de mãe. Tento ser uma mãe presente e participativa na vida das minhas filhas, e trabalhando mais de 12 horas por dia, muitas vezes ao fim de semana também, não é fácil. Mas tenho conseguido (com muitas noites mal dormidas), e isso é muito gratificante. Que competências tem vindo a acrescentar à sua “bagagem” com estes anos de experiência? Ganhei muitas competências técnicas durantes os anos que estive dedicada à Arquitetura e à Construção. Mas como empresária, confesso que cresci mais nestes quatro anos na mediação imobiliária. No início da atividade foram momentos de grandes desafios económicos, e ao longo destes anos tenho crescido e aprendido muito ao trabalhar com muitas pessoas. Eu não sei dar-me em metade, ou aos poucos. E isso causou-me algumas desilusões. Aprendi por isso que nem todas as pessoas são iguais, mas que não é por
isso que vou deixar de ser quem sou e de me dar desta forma. É o dar-me por completo que me identifica e que me trouxe até aqui. Posso ter-me magoado, mas levantou-me mais ainda. Trabalho para as pessoas, e elas seguem-me por isso. Ser mulher e empresária na Century 21 Arquitetos e na ART3 Arquitetos representa quem eu sou. Identifica-me. Abri a empresa aos 26 anos, e hoje com praticamente 40, não sei existir sem ela. Onde quer chegar? Como quer chegar? Ao que ainda lhe falta chegar? Estou neste momento com um propósito na minha empresa que é a de dotar das ferramentas, da formação e do know-how necessário para se afirmar como a melhor empresa de Mediação Imobiliária para se trabalhar no Norte do país. Para isso, faço questão de oferecer à minha equipa a melhor formação e a mais especializada, as ferramentas mais vanguardistas e mais atualizadas do mercado, e aquilo que o mercado internacional nos vai ditando como sendo o futuro da atividade. Quero mudar a vida de quem trabalha comigo. Quero que sejam tão felizes a trabalhar como eu, e que possam realizar os seus sonhos. A médio prazo, gostava de poder contribuir para a maturação da atividade imobiliária nacional. Gostava de saber que caminhamos para uma realidade mais próxima a países como o Canadá ou os Estados Unidos, e gostava de participar e de ter voz ativa nesse processo. Que mensagem gostaria de deixar às mulheres que têm medo de arriscar no seu próprio negócio? Não é o nosso sexo que nos define. É a nossa personalidade, a nossa tenacidade e sagacidade. Se temos um objetivo de vida, um sonho e uma carreira a cumprir, é rodear-nos das pessoas certas, ouvir os conselhos de quem sabe, aprender tudo o que se pode aprender sobre esse negócio, e avançar. A partir daí, nunca pensar que o nosso trabalho está feito. Nunca está. É um investimento e uma aprendizagem constante. ▪ LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT
» DIREITO EM PORTUGAL DISCUSSÃO DE IDEIAS DE SARA MACIAS E RICARDO PINA CABRAL, AMIGOS E CONVICTOS ADVOGADOS, ESCRITA A QUATRO MÃOS NUM QUALQUER CAIS DE EMBARQUE DO ILUSTRE TERRITÓRIO LUSITANO ...
À DESCOBERTA DE NOVOS MUNDOS ATRAVÉS DOS CAMINHOS DOS NOVOS “VISTOS GOLDS! (quase parafraseando Luís Vaz de Camiões em Os Lusíadas) “Favorecer a promoção do investimento nas regiões de baixa densidade, bem como o investimento na requalificação urbana, no património cultural, nas atividades de alto valor ambiental ou social, no investimento produtivo e na criação de emprego.”, e acrescentam os autores, deslocar atividades económicas dos grandes centros urbanos para outros municípios onde se reabilite parque imobiliário, onde se projete um eco-turismo sustentável, onde se criem novos postos de trabalho com dinamização de atividades que até agora se concentravam apenas nos centros urbanos!”
SARA MACIAS
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o início do mês de fevereiro, aquando da discussão na especialidade do Orçamento de Estado para 2020, foi aprovada a limitação da concessão dos chamados “Vistos Gold” aos investimentos imobiliários em municípios, que estejam fora da zona geográfica das grandes áreas de Lisboa e Porto, e regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Na verdade, o que está em causa é uma alteração legislativa sobre o Regime das Autorizações de Residência para Investimento (comummente designado por todos os players de “Vistos Gold”), que coloca limites à concessão de novos, releia-se novos, “vistos golds” nos centros urbanos de Lisboa e Porto até ao final do ano 2020, contudo não se prejudica a possibilidade de renovar as autorizações de residência já concedidas ao abrigo das atuais condições legais. E, logo de imediato, e para quem é do mundo do Direito entender-nos-á ... a doutrina dividiu-se! Senão vejamos ... Se houve autores que de imediato defenderam a manutenção das condições, ora porque só assim protegiam os investidores nacionais e estrangeiros que perspetivavam determinados investimentos imobiliários nos grandes centros urbanos, ora
RICARDO PINA CABRAL porque foram os “Vistos Gold” que influenciaram a recuperação do parque imobiliário, ora porque foram os “vistos gold” que alimentaram a atividade da construção, promoção e mediação imobiliária nos últimos anos, ora porque assim é que está bem e não se termina assim com estas medidas legislativas, ora porque é assim que está bem e pronto! Outros autores, aqueles que gostam de analisar dados, e manifestaram a sua posição no sentido de aferir porque é que as estatísticas nos revelam que nos últimos anos, por exemplo, no Distrito de Setúbal só houve 2 processos atribuídos de “vistos golds” , nos municípios ditos de Interior não há registo de casos de atribuição de nenhum! Estes autores concluem que o mercado / parque imobiliário não estava preparado e havia muito potencial em Lisboa e no Porto, em termo de reabilitação urbana e recuperação de parque imobiliário, e na verdade, esta era a via que conferia maiores rentabilidades. Esta contundente discussão, recordou-nos de imediato uma estória que, um dia alguém nos contou e muito bem caracteriza o povo português! Na época áurea dos Descobrimentos, existiram
des” de desenvolvimento sustentável, entre outros. A par de todos eles, e numa outra dimensão, tem o Governo utilizado a “ferramenta” em causa como instrumento de incentivo ao desenvolvimento regional. É assim que se encontra hoje em discussão a possibilidade de exclusão dos grandes centros urbanos do programa GU, na sua discussão imobiliária. É certo e todos concordamos que, a par das visíveis virtudes do programa GU, também este trouxe aspectos negativos, dos quais destacamos o incremento à especulação imobiliária, e que afastam – ainda mais – os portugueses dos centros das cidades, empurrando-os para a periferia. Importa, contudo, não diabolizar o programa neste aspecto, até porque não é a causa única para o fenómeno. Voltando à questão do investimento fora dos grandes centros, alguns números que nos ajudam a reflectir:
BUSCA-SE UM DESENVOLVIMENTO MAIS HARMONIOSO DE TERRITÓRIO NUM PAÍS COM 92 212 KM² (UM DOS MAIS PEQUENOS DA EUROPA), TENDO VINDO O GOVERNO A ADOTAR MEDIDAS COM VISTA À FIXAÇÃO DA POPULAÇÃO FORA DOS GRANDES CENTROS URBANOS E EM REGIÕES MAIS AFASTADAS DO LITORAL
Nota-se, pois, que a adesão, pese embora as condições mais favoráveis, não tem correspondido às expectativas, servindo, pelo menos em parte, de explicação, as circunstâncias de Lisboa e Porto – é certo que o país em geral, mas estas duas cidades em particular – estarem na moda, a par do facto de os agentes imobiliários direcionarem os investidores para estas localizações pois é aí que estão os negócios mais lucrativos. Estamos em crer que a suspensão da possibilidade do investimento nos grandes centros funcionará como forte estímulo à capacidade comercial dos agentes económicos no sentido de provocarem o desenvolvimento de negócios em novas localizações. Talvez esta seja uma oportunidade para se fazerem projetos de qualidade e com dimensão no interior do país, assim se reduzindo as assimetrias existentes entre o litoral e o interior, formando-se a fixação de pessoas e o desenvolvimento das economias locais. Certamente que esta medida não será a solução para um problema com alguns anos, mas poderá ser um contributo. Não queríamos terminar sem deixar um alerta para as notícias iniciais que a todos nos assustaram e que faziam suspeitar para a face menos boa que uma medida deste tipo poderia traduzir e que se prende com a necessidade de o legislador considerar por um lado, a importância que o programa tem na reabilitação urbana dos grandes centros e, por outro, considerar os investimentos feitos por promotores imobiliários que, com a súbita e imediata alteração legislativa, veriam os mesmos seriamente comprometidos. Como em tudo, a confiança é um valor fundamental, e esses investidores, sentido a sua traída, tenderão a não mais investir num país que não lhes proporciona a estabilidade de que a sua atividade necessita. E assim se corre o risco de transformar uma medida virtuosa num desastre, o que certamente ninguém pretende, a começar pelo Governo. Pelo que, após os momentos iniciais, se constatou que aos projetos em curso e aprovados sobre determinadas condições tudo se iria manter e se admitem as necessárias renovações para conclusão dos “business plans”. ▪
93 MARÇO 2020
uns portugueses que, imbuídos de espírito de aventura, dinamismo e coragem se lançaram por esses mares fora e descobriram Novos Mundos, novas culturas e enriqueceram as suas mentes de positivismo, novas ideias e construíram verdadeiros Mundos Novos. Na mesma época, e nos mesmos cais de embarque existiram uns portugueses que desconfiavam destas inovações, destas ideias de descobrir coisas novas e recusaram embarcar na procura do desconhecido e preferiram ficar no seu pequeno mundo repleto de defeitos, mas ainda assim eles conheciam e não queriam mudar! Agora perguntamos ... sabem de quem é nós descendemos?? Os portugueses que não admitem inovações, receiam a mudança e temem pelo desconhecido, são os filhos, netos ou bisnetos daqueles que não embarcaram e ficaram nos vários cais de embarque a ver as oportunidades a passarem ao lado. Pois, meus caros, a verdade é que a nossa cultura portuguesa, ao invés de ser uma cultura de aceitar os novos desafios, aproveitar a mudança para redirecionar os novos rumos e trilhar novos caminhos, adora criticar, apontar defeitos e resistir às mudanças. Na nossa humilde opinião, e após o relato desta breve alusão ao espírito dos portugueses, cremos que esta alteração legislativa pode ser alvo de várias interpretações e que aqui procuraremos espelhar, pois ainda que seja uma alteração legislativa que apanhou todos os players do mercado um pouco de surpresa e que irá obrigar a alterações em modelos de negócios, a verdade é que a todo o negocio existe uma componente de risco e este terá de ser sempre enquadrado, também irá permitir abrir a recuperação de novos parques imobiliários, reabilitar edifícios de arquitetura inigualável que existem nas nossas cidades de província, dar a conhecer os verdadeiros sítios paradisíacos dessa costa alentejana, promover imóveis que se encontram em serras, bosques encantados, estradas nacionais de enorme beleza, locais de uma natureza abismável e que permitem projetos de eco-resorts, dar a conhecer locais de paisagens idílicas e que agora poderão ser alvo de novos projetos e “equilibrar o parque imobiliário e criar uma coesão em todos o território nacional”! Atendamos então ao ponto que nos une, a importância da descentralização; Busca-se um desenvolvimento mais harmonioso de território num país com 92 212 km² (um dos mais pequenos da europa), tendo vindo o Governo a adotar medidas com vista à fixação da população fora dos grandes centros urbanos e em regiões mais afastadas do litoral. Para além das medidas de incentivo fiscal, o próprio Estado tem vindo a deslocalizar importantes instituições de poder central, disso sendo exemplo a alteração de algumas secretarias de estado. No que concerne ao tema em análise, refere-se que a lei determina critérios financeiros menos exigentes para o investidor que pretenda aplicar fundos na área do imobiliário, com vista à obtenção de ARI. É assim que ao cidadão estrangeiro que pretenda candidatar-se à referida autorização de residência se exige um menor investimento, ou seja um valor inferior ao que lhe é exigido na circunstância de apenas investir nos grandes centros urbanos, como Lisboa e Porto. Há aqui, contudo, uma “nuance” que importa sublinhar e que se prende com o investimento feito em imóveis enquadrados no programa de reabilitação urbana, para os quais a lei exige o valor mínimo de 350.000 euros, ao contrário de outros imóveis aos quais a exigência sobe para o mínimo de 500.000,00. Com efeito, tem vindo o legislador a utilizar esta ferramenta legislativa na tentativa de explorar outras virtualidades como sejam o investimento em empresas, a criação de postos de trabalho, o apoio à cultura, o incremento de políticas “ver-
» TRANSIÇÃO ENERGÉTICA EM PORTUGAL
FOTO: DIANA QUINTELA
“TEMOS DE CONTRIBUIR PARA UMA VERDADEIRA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL DO MERCADO ENERGÉTICO E DA ECONOMIA” HELDER BAPTISTA
Apesar da aposta no domínio das energias renováveis, Portugal ainda apresenta um elevado nível de dependência energérica, sendo importante continuar a promover mudanças neste sentido. A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Helder Baptista, Administrador Executivo da Amener, que abordou um pouco mais sobre a marca que atua através da implementação de projetos de eficiência energética com base no modelo de desempenho energético, sem esquecer a relevância do programa de Lisboa Capital Verde 2020. Saiba mais.
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Amener, uma sociedade anónima com uma estrutura acionista de referência, é uma empresa especializada na promoção de serviços de eficiência energética, alicerçada na criação de valor, inovação e sustentabilidade. De que forma é que os vossos serviços garantem o mesmo nível de conforto, fazendo mais, mas com menos energia e custos? O modelo de negócio da Amener assenta na prestação de serviços de energia baseado no modelo de desempenho energético (habitualmente designado por Energy Services Company – ESCO ou ESE). Temos como objetivo reduzir os custos energéticos nos clientes, mantendo ou aumentando o seu nível de conforto, pelo que a remuneração da Amener é definida em função da poupança garantida ao cliente. Oferecemos um serviço chave-na-mão, em que após um diagnóstico pormenorizado, propomos soluções tecnológicas que permitem uma maior eficiência na utilização da energia pelos nossos clientes, o que resulta numa redução da fatura energética, sem qualquer investimento por parte dos clientes. A nossa atuação consiste na implementação de soluções que visam racionalizar o consumo de energia, fomentar a utilização de energias renováveis e reduzir os índices de dióxido de carbono (CO2), recorrendo a utilização de tec-
nologia de vanguarda, com vista a manter ou melhorar os níveis de conforto. A Amener, ao oferecer soluções de eficiência energética chave-na-mão desempenha um papel distinto no campo dos prestadores de serviços de energia, pois prestamos serviços chave-na-mão que abrangem uma ampla gama de atividades: auditoria energética, engenharia de projeto, implementação e financiamento de medidas de eficiência energética, operações e manutenção das medidas implementadas, e monitorização e verificação do desempenho energético das soluções propostas. A principal diferença do nosso modelo de negócio é que as soluções que propomos não têm qualquer custo associado para os nossos clientes e só lhes trará benefícios. Os projetos são implementados após aprovação do cliente e a nossa remuneração está totalmente dependente do desempenho da solução implementada. De forma a termos uma ideia mais clara do que estamos a falar, apresentamos alguns exemplos de contratos de eficiência energética desenvolvidos pela Amener: No Município de Santo Tirso implementámos um projeto de eficiência energética que teve como âmbito a instalação de um sistema de gestão inteligente e substituição da iluminação pública por LEDs (light emitting diode), que permite ao município reduzir o consumo de energia elétrica em mais de 75%, garantindo uma poupança efe-
tiva superior a 30% da fatura energética, antes da implementação do projeto. Na Comunidade Intermunicipal do Oeste, que é constituída por 12 municípios na região Oeste de Lisboa, e na Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central, que é constituída pelos 14 municípios do distrito de Évora, efetuámos um trabalho idêntico com uma redução do consumo de energia elétrica em 72 %, e de 74%, respetivamente, garantindo uma poupança efetiva aos municípios superior a 25% da fatura energética, antes da implementação do projeto. Atualmente temos projetos idênticos em fase de implementação noutros municípios e também com empresas privadas. A Amener acompanha o desenvolvimento dos avanços tecnológicos assim como as preferências de consumo e desempenho dos mercados mundiais. Desta forma garantimos a implementação das medidas mais eficientes, permitindo sempre uma melhoria do nível de conforto dos clientes. Que soluções da Amener visam a gestão racional do consumo de energia e a redução da fatura energética? Dependendo das necessidades dos clientes, os serviços de eficiência energética que propomos, assentam sempre num mix de tecnologias com vista a oferecer uma solução integrada, em que realçamos os seguintes serviços:
e mudanças nas infraestruturas que potenciam a redução da fatura energética. Importa salientar uma vez mais que elaboramos e implementamos as diferentes fases do projeto, sem qualquer investimento por parte do cliente e com resultados garantidos. Para concretizar um pouco mais o que fazemos em cada uma das fases, dou alguns exemplos de alguns serviços que desenvolvemos. Na fase de auditoria e diagnóstico, realizamos auditorias energéticas das instalações, das condições estruturais térmicas e de iluminação, procedemos à análise de instalações, consumos de eletricidade, água, gás, e por último à definição e caraterização de políticas energéticas a implementar. Elaboramos e propomos planos de racionalização de energia adequados às necessidades dos clientes, com a identificação das tecnologias a implementar, os investimentos associados e níveis de poupança. Na fase subsequente, após diagnóstico e desenho das soluções a implementar, elaboramos um projeto de soluções tecnológicas energeticamente eficientes, com ou sem gestão técnica centralizada, e desenvolvemos planos de gestão de contratos de eficiência energética por um determinado período, em regime de partilha de resultados. Para além do referido, implementamos soluções de monitorização e gestão remota de luz, gás e água, que permite ao cliente acompanhar e monitorizar os seus consumos. Realçamos que a mais-valia da Amener é apresentarem soluções chave-na-mão sem qualquer custo para os clientes e com desempenho energético garantido. Todas as medidas que nos propomos a implementar nos nossos clientes, além de contribuírem para a redução dos custos energéticos dos nossos clientes, contribuem diretamente para o desígnio nacional em termos de política energética – aumentar a eficiência energética, reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, contribuindo assim para a transição energética e economia totalmente descarbonizada. Nos clientes que atuamos temos tidos resultados extraordinários em matéria de eficiência energética. No entanto, sentimos que poderíamos ir mais além com um melhor enquadramento regulatório para os serviços de eficiência energética. Poderá esta tese do mercado único, colocar Portugal na vanguarda da sustentabilidade, eficiência energética e luta contra as alterações climáticas? De que forma? Claro que sim. Realço a riqueza de recursos endógenos e a excelente localização geográfica de
Portugal para a produção de energia renovável. A capacidade instalada em Portugal aumentou em grande parte devido a fontes de energia endógenas, como a água e o vento. No entanto, não devemos esquecer que temos muitas outras fontes de energia renovável a nosso favor. A maior fronteira de Portugal é a costa, a partir da qual se pode produzir energia através da ondulação do mar. Temos os Açores que estão numa junção tripla entre placas tectónicas, 0 que faz ser possível a produção de energia geotérmica através do calor. O sol será o recurso com maior potencial para Portugal, sendo um dos países da Europa com melhores condições para o seu aproveitamento. Portugal é um país que no contexto europeu apresenta vantagens competitivas face a outros países para a produção de energias renováveis. No entanto, para maximizar a utilização destas fontes de produção de energia, é importante o estabelecimento de redes de transmissão com o resto da Europa (e não apenas ao nível da Península Ibérica) para que a energia renovável produzida em Portugal possa ser exportada para os demais países da Europa. A aposta de Portugal na implementação de planos de eficiência energética associado com a produção de energias renováveis traduzir-se-á numa estratégia estrutural para uma verdadeira descarbonização da economia. As energias renováveis têm dado um contributo importante para o desenvolvimento da economia portuguesa, aumentando o emprego, diminuindo a importações e aumentando as exportações. Em 2016, na Conferência das partes da Convenção Quadro das Nações para Alterações Climáticas (CQNUAC), Portugal assumiu o objetivo de atingir a Neutralidade Carbónica até 2050, tendo desenvolvido o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC2050). Em articulação com os objetivos do RNC2050, foram estabelecidas metas para o horizonte 2030, que se encontram no Plano Nacional Energia e Clima e constitui o principal instrumento de política energética e climática nacional para a década 2021-2030, rumo a um futuro neutro em carbono. Importa realçar o facto de Portugal manter uma posição de destaque no contexto internacional, no que respeita à redução das emissões de gases de efeito de estufa (GEE) e à aposta nas fontes de energias renováveis, tendo alcançado resultados bastante positivos nos últimos anos. No que respeita às emissões de GEE, em 2017 verificou-se uma redução de 17,5% face às emissões registadas em 2005. Portugal tem caminhado no sentido de alcançar níveis cada vez mais elevados de incorporação de fontes renováveis nos vários setores. Em resultado desta evolução, Portugal tem conseguido reduzir a sua dependência energética do exterior, pelo aumento da produção doméstica de energia e redução do consumo de energia primária. Desta maneira, consegue assegurar um maior nível de segurança de abastecimento, o que coloca Portugal na vanguarda da sustentabilidade. Falta a integração de Portugal num mercado único de energia a nível Europeu, para que sejamos um caso de sucesso no que respeita ao aproveitamento dos recursos endógenos, inesgotáveis, e criarmos uma indústria de ponta na produção de energia por fontes renováveis a nível europeu. Considera que falta em Portugal uma coerência política que permita ao país embarcar de forma eficaz neste processo de transição? Pode sempre fazer mais e melhor. Portugal devia
95 MARÇO 2020
Assumem-se como um parceiro estratégico no desenvolvimento das diferentes fases de um projeto de eficiência energética (Diagnóstico: auditoria e consultoria energética; Implementação de soluções de eficiência energética; Gestão de contratos de eficiência energética). Como são elaboradas e implementadas estas fases? A atuação da Amener junto dos clientes passa essencialmente por três fases: a fase de diagnóstico, a identificação das medidas e soluções mais adequadas às necessidades dos clientes a fase de implementação dessas mesmas medidas e por último a gestão das medidas. A fase de diagnóstico envolve o enquadramento da situação atual das instalações do cliente, durante a qual se propõe uma variedade de soluções tecnológicas que sejam mais adequadas ao cliente, ou seja, soluções com vista a aumentar a eficiência energética nas instalações. Após o diagnóstico e identificação das medidas a implementar, passamos à fase de implementação das soluções propostas, previamente discutidas com o nosso cliente e por último gerimos as medidas implementadas pelo período que vier a ser contratualizado com o cliente, que resulta de um trade-off entre benefícios económicos para a Amener e Cliente, a maturidade dos projetos e um mix de tecnologias a instalar. Em termos muito resumidos, avaliamos, implementamos, financiamos e operacionalizamos planos de eficiência energética que assentam essencialmente na implementação de medidas de eficiência energética, inovações tecnológicas
FOTO: DIANA QUINTELA
Sistemas de monitorização, com vista a uma gestão técnica centralizada, que permite uma monitorização e controlo dos consumos energéticos, do calor, eletricidade e água; Fornecimento e instalação de sistemas solar térmicos e fotovoltaicos, para produção de energia renovável de forma descentralizada e que suprima as necessidades de consumo dos clientes, com ou sem recurso ao armazenamento de energia em baterias, com vista a aumentar a eficiência energética; Fornecimento e instalação de sistemas de cogeração (bombas de calor); Substituição dos sistemas de iluminação convencionais por tecnologia LED; Substituição da tecnologia atual dos clientes, por tecnologias mais eficientes em termos de consumos energéticos. No caso das cidades, o principal foco de atuação da Amener assenta na implementação de medidas de eficiência energética, desenvolvimento e implementação de sistemas inteligentes e substituição das luminárias convencionais por LEDs. A utilização das luminárias LEDs apresenta múltiplas vantagens, como a ausência de calor no feixe luminoso, produzem iluminação instantânea, possuem uma alta resistência a impactos e vibrações, a sua vida útil é longa, não emitem vapores tóxicos e é possível obter diferentes tonalidades de branco para distinção de zonas. A instalação de contratos de eficiência energética nos sistemas de iluminação pública das cidades, possibilita a gestão integrada das suas infraestruturas de iluminação pública e a implementação de plataformas para a promoção de cidades inteligentes. Deste modo é possível gerir os aspetos mais importantes do quotidiano de uma zona urbana ou rural, como por exemplo: gestão de tráfego, gestão de calamidades/proteção civil, gestão de espaços verdes, estacionamento inteligente, entre outros aspetos.
» TRANSIÇÃO ENERGÉTICA EM PORTUGAL
PONTOS DE VISTA
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ter um processo eficaz de transição energética para uma economia neutra em carbono. Relembro uma vez mais que Portugal apresenta um elevado nível de dependência energética, mesmo após elevada taxa de penetração de renováveis na produção de energia elétrica, a dependência energética do exterior apresenta um valor de 75,9% em 2018. A principal discussão política a que assistimos nos últimos meses passou pela redução da taxa de IVA na eletricidade, e não se discutem medidas estruturais e estratégicas para assegurar o processo de transição para uma descarbonização da economia. Apesar do Governo ter plasmado no seu programa como objetivo estratégico “a promoção de políticas e incentivos com vista à penetração de serviços de eficiência energética”, a realidade é que ainda não propôs medidas estruturais ou incentivos que promovessem a integração desses serviços e consequentemente um incentivo aos consumidores para uma utilização mais eficiente e racional da energia. Tem-se apostado na produção de energia renovável, essencialmente no solar, mas não se tem combatido de forma estrutural as ineficiências no consumo de energia. Se, por exemplo, analisarmos o consumo de energia na administração autárquica, os municípios gastam aproximadamente 190 milhões de euros, por ano, na energia elétrica para os sistemas de iluminação pública, sendo que mais de 50% deste consumo resulta em energia não útil. A redução de consumos energéticos, pode traduzir-se na redução global do consumo energético na economia, o que contribui para uma redução do índice de dependência energética, do volume de importações energéticas do país e redução das emissões de CO2 em aproximadamente 382.560 toneladas de CO2. No entanto, e ao contrário do que se verifica em países como Reino Unido e Alemanha, a existência de uma regulação estrutural que promova e incentive este tipo de serviços é muito escassa. Acompanhamos uma discussão interessante em que alguns partidos políticos propuseram a redução da taxa de IVA nos serviços energéticos para 6%, proposta esta que acabou chumbada no Parlamento. Salienta-se que esta medida a ser aprovada, seria uma medida estrutural para a promoção dos serviços energéticos e permitiria ganhos claros para o Estado, em termos de redução de despesa e aumento de receita fiscal. Portugal tem os recursos naturais e humanos necessários para ser um beneficiário da transição energética, todavia, a ainda ausência de algumas políticas públicas coerentes, tem impedido a maximização desse potencial. Apesar do governo estar a implementar medidas no sentido de avançar com o processo de transição energética, uma das medidas já aplicadas são os leilões de energia solar (leilões de capacidade renovável em Portugal, sendo que o primeiro ocorreu em 2019) nada se tem apostado na utilização eficiente da energia, através da promoção de serviços de eficiência energética. O atual enquadramento político e a regulação, ainda impõem várias dificuldades à implementação de uma verdadeira estratégia para a transição energética. Apoiar a transição para a descarbonização da economia, é muito mais que apenas reduzir consumos, é contribuir para uma verdadeira transformação digital do mercado energético e da economia. De que forma é que este poderá trazer van-
tagens em termos de acesso e de preços para os consumidores e de competitividade para a Amener? A Amener atua através da implementação de projetos de eficiência energética com base no modelo de desempenho energético. Em Portugal o mercado deste tipo de serviços permanece um pouco subdesenvolvido em comparação com outros países da Europa, como é o caso do Reino Unido e Alemanha. Este mercado passou por um crescimento lento, mas sólido, desde 2010, estando a emergir agora, com um aumento contínuo, embora muito lento, tendo a Amener estado na primeira linha do desenvolvimento deste mercado. O mercado tem apetite por este tipo de serviços, no entanto, falta o estabelecimento de políticas estruturais e regras que promovam um incentivo aos serviços de eficiência energética. No caso dos serviços de eficiência energética, além de não existirem perdas de receitas para o Estado (como por exemplo acontece com o incentivo à penetração dos carros elétricos), vai potenciar o investimento na economia nacional e uma verdadeira transformação digital do mercado energético, ao promover a utilização de tecnologias mais eficientes, mais competitivas e mais digitais. Os clientes passam a ter uma estrutura de custos mais competitiva, com redução dos custos energéticos, um melhor nível de serviço, com a utilização de tecnologias mais eficientes e a possibilidade de controlo totalmente digital. Associando políticas estruturais e estratégicas na promoção de serviços de eficiência energética, com a redução considerável do custo das tecnologias de energias renováveis em resultado da expansão do mercado europeu e mundial deste tipo de energias, leva a ganhos comerciais para os consumidores, com maior concorrência e uma redução efetiva dos custos energéticos com ganhos claros na competitividade dos grandes consumidores de energia. Considera que concretizar a transição energética é uma das metas mais importantes para alcançar no programa de Lisboa Capital Verde 2020? Sem dúvida. A transição energética visa descarbonizar a economia eliminando por completo a contribuição que os combustíveis fosseis têm na economia. Na União Europeia, a transição energética é um processo complexo, compreender as oportunidades que esta transição representa e transformá-las em novos empregos, novos negócios e menos importações de energia, é sem dúvida um grande desafio que está a começar a surgir. O Plano de Ação para Energia Sustentável e Clima Lisboa, alinhado com a “Estratégia Energético-Ambiental para Lisboa”, aprovada em 2008, apresentam medidas com vista à redução do consumo de energia, água e materiais, melhorando a qualidade de vida através do aumento da eficiência energética e das energias renováveis, alcançando-se a redução de emissões de CO2. O programa de Lisboa Capital Verde 2020, pretende tornar Lisboa uma cidade neutra em Carbono até 2050, resiliente às alterações climáticas, ou seja, adaptada no presente, a preparar o futuro, na continuação e superação dos objetivos para a sustentabilidade. Como já foi falado, Portugal assumiu o objetivo de atingir a Neutralidade Carbónica até 2050 (RNC2050), desta forma a transição energética deve ser a meta mais importante a alcançar no programa de Lisboa Capital Verde 2020.▪
INDEPENDÊNCIA E A SEGURANÇA ENERGÉTICA Concorda que um mercado único de energia é essencial para a competitividade, o crescimento e o bom funcionamento da economia portuguesa e para a nossa independência e a segurança energética? Concordo, sim. Nunca é demais lembrar que Portugal apresenta um elevado nível de dependência energética. Mesmo após a elevada taxa de penetração de renováveis na produção de energia elétrica, a dependência energética do exterior apresenta um valor de 75,9% em 2018. A criação de um mercado de energia único com regras e objetivos comuns para os diferentes países da Europa, que permita eliminar as barreiras físicas na transmissão de energia, fomenta a entrada de novos operadores, a concorrência e permite aproveitar e maximizar a utilização dos recursos naturais existentes em cada área geográfica, levando a uma transformação dos mercados de distribuição de energia. A consequência deste mercado único será uma indução das condições comerciais do consumidor final, e no caso de Portugal, irá contribuir para aumentar as suas exportações energéticas, assegurar a sua segurança energética e reduzir a dependência energética. Apesar de muita discussão no seio dos decisores políticos, têm existido vários bloqueios à implementação de um mercado único de energia. A criação de um mercado único integra uma estratégia de transição energética que tem entre os seus promotores, a Alemanha e reúne o apoio de vários países, como é o caso de Portugal que muito tem a ganhar com a criação deste mercado. Esta transição traduz-se num forte apoio à descarbonização da economia, pela aposta em fontes renováveis de energia e deve estar associada à promoção de planos de eficiência energética. Além dos benefícios já referenciados, realça-se a segurança do abastecimento, que permite aos países terem uma posição mais forte em situações de stresse nos mercados energéticos. Gostaria de realçar que o mercado único de energia será bastante benéfico para Portugal, onde existe uma forte penetração das energias renováveis, que em Portugal têm, no caso das eólicas, mini-hídricas e solar, um preço fixo garantido, ao contrário de outras fontes, como as centrais a gás natural e as barragens, cuja energia é vendida no mercado a preços variáveis. Para Portugal maximizar a penetração das renováveis, a criação de um mercado único de energia torna-se estrategicamente crítico, pelo menos o estabelecimento de linhas de transmissão com a Europa.
ANTICIMEX EM DESTAQUE
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COVID-19 E OS NOVOS COMPORTAMENTOS DE HIGIENIZAÇÃO Anticimex Portugal é uma empresa que se assume atualmente como um dos principais players no domínio de controlo de pragas, serviços de higiene e segurança alimentar. Em entrevista, Joana Mateus, Technical Manager fala-nos do surto do COVID-19 e de como atuar nestas situações. Saiba mais.
JOANA MATEUS
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Anticimex assume-se atualmente como um dos principais players no domínio de controlo de pragas, serviços de higiene e segurança alimentar. No sentido de contextualizar junto do nosso leitor, como é que a marca tem vindo a promover o seu lema: “prevenir e proteger”? Mais do que prevenir e proteger, o nosso objetivo é fazê-lo de uma forma inovadora, permitindo uma redução significativa das grandes quantidades de produtos tóxicos usados no combate às pragas, todos os anos, em Portugal. Para isso, contamos com o serviço Anticimex SMART, que nos permite um controlo contínuo da atividade de pragas e, por conseguinte, uma maior segurança e proteção dos nossos clientes. No âmbito da higienização, focamo-nos essencialmente em oferecer uma proteção integrada e contínua dos espaços, especialmente em áreas onde haja um elevado fluxo de pessoas. O mundo tem assistido nos últimos dias ao surto do coronavírus COVID-19, realidade que tem provocado o pânico e comportamentos nem sempre legítimos por parte das pessoas. Primeiramente, de que forma é que vê todo este cenário e como é que a marca tem lidado com o mesmo? Sempre que há um surto deste âmbito, é normal que seja gerado algum pânico. Prova disso, é o que estamos a assistir atualmente com o novo coronavírus COVID-19 e ao que já assistimos, em 2009, aquando do surgimento do vírus H5N1, conhecido como a Gripe das Aves. Devemos sempre aprender com estes surtos, rever comportamentos e proteger-nos. Para tal, é fundamental saber-
Estaremos a cair num clima de paranoia generalizada sem sentido, pois sabemos que existem doenças e vírus muito mais fatais que o referido e que não têm provocado o mesmo nível de receio e medo? É normal que o acesso facilitado a uma elevada quantidade de informação – correta ou não – potencialize este clima de insegurança nas pessoas, provocando-lhes inclusivamente alguma incerteza sobre a forma mais correta de atuar. Contudo, o necessário a reter desta situação, será a importância de mantermos hábitos regulares de higienização para uma melhor prevenção. A Anticimex lida com o universo empresarial no domínio da higiene e da importância da mesma no seio das empresas. De que forma é que o surto do coronavírus COVID-19 e os comportamentos associados das pessoas vos obrigou a ter uma nova estratégia de atuação perante os vossos clientes e possivelmente as questões feitas pelas empresas? A Anticimex possui, no seu leque de serviços, a desinfeção de espaços – onde o objetivo é haver uma desinfeção regular para reduzir a população microbiana existente – bem como consumíveis de higiene e desinfeção, de modo a que o cliente tenha uma solução integrada. Com o surto de COVID-19 há uma maior procura por parte dos nossos clientes por soluções que tragam mais segurança, bem como a divulgação dos respetivos planos de contingência para que todos os intervenientes estejam protegidos. Existe a necessidade de ser estabelecida e concretizada nas empresas uma correta e eficaz meta de higienização? Era uma lacuna que faltava? A existência deste tipo de surtos
leva-nos a questionar o que deve ser melhorado ou até analisar se o que estamos a fazer é o indicado para a segurança dos utilizadores de um determinado espaço. Desta forma, podem vir a ser estabelecidos novos procedimentos, incluindo medidas organizacionais que envolvem não só a limpeza do espaço como também a sua desinfeção em determinadas alturas do ano, nomeadamente em períodos de maior incidência do vírus da gripe. Estes novos comportamentos permitirão reduzir significativamente a quantidade de micro-organismos a limites considerados seguros para o ser humano. Não colocando de lado os perigos e riscos inerentes a vírus desta natureza, acredita que todo este clima de alguma histeria está a ser
impulsionado pela própria comunicação social? Inicialmente, enquanto o COVID-19 apenas se encontrava localizado na Ásia não gerou pânico como a partir do momento em que houve os primeiros casos confirmados na Europa. O crescimento abrupto de casos de uma hora para a outra em diversos países fez com que as pessoas começassem a tomar consciência real do problema. Que mensagem gostaria de deixar aos portugueses sobre esta temática? Prevenir deve ser o nosso lema, de modo a que, quando surja alguma situação que nos possa deixar mais vulneráveis, qualquer que seja a situação, estejamos preparados e o efeito não seja tão grave. ▪
97 MARÇO 2020
mos como atuar nestas situações, seja através de uma correta higienização dos locais de trabalho ou da higiene regular das nossas mãos. A Anticimex tem estado atenta a todas as orientações dadas pela Organização Mundial de Saúde e pela Direção Geral de Saúde, de modo a estar corretamente informada e a permitir o mesmo aos seus clientes.
» INSTITUIÇÕES DE PAGAMENTO – EUPAGO EM DESTAQUE
“OS CLIENTES ESTÃO SEMPRE EM PRIMEIRO LUGAR” A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Telmo Santos, Co-CEO e Co-Founder da EuPago, uma instituição de pagamento 100% nacional e um dos principais players no domínio dos pagamentos. A marca prepara-se para lançar este ano o novo backoffice com novas funcionalidades e que resultam no esforço de três anos, sendo esta uma nova ferramenta que responde às necessidades dos utilizadores, e sem nunca descurar a segurança.
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EuPago, é uma instituição de pagamento 100% nacional, que atualmente faz parte de um sistema que permitiu a democratização dos meios de pagamento, ao criar um ecossistema onde as pequenas empresas têm ao seu dispor as mesmas ferramentas que as grandes empresas. Deste modo, podemos afirmar que através do sistema EuPago se torna possível diminuir a desigualdade entre as empresas? Anteriormente apenas as maiores empresas tinham acesso a um conjunto de meios de pagamento que era inacessível a outras empresas de menor estrutura. O nosso objetivo é possibilitarmos que todas as empresas adquiram esses mesmos métodos de pagamento, alavancando o seu negócio e simultaneamente fazendo com que os comerciantes transmitam uma maior credibilidade aos seus clientes.
PONTOS DE VISTA
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Consideram que a maior lacuna do sistema financeiro português era sem dúvida a automatização do processo. Como é que com a chegada da EuPago ao mercado, este processo se tornou mais ágil e prático? Consolidamos todos os processos, dos quais destaco os seguintes, numa única plataforma, o backoffice/API Eupago 1 – Criar algoritmos para as referências 2 – Enviar via email/sms essas mesmas referências 3 – Aguardar 24horas pela confirmação de pagamento
Cada caso é um caso. A EuPago tem diversidade de tarifários para cada cliente, de forma a subsistir uma tarifa justa para todos? Será justo que um pequeno negócio que transaciona bijuteria artesanal, com um valor de três euros, pague o mesmo que um grande comerciante que venda bicicletas de cem euros, ou de uma multinacional que vende automóveis de quinze mil euros? A nossa resposta é não e é por esse motivo que temos um tarifário diferenciado às necessidades de cada um.
TELMO SANTOS
4 – Fazer a reconciliação bancária Desta forma é possível criar pedidos de pagamento e gerir todo o fluxo (confirmação de pagamentos/reconciliação bancária) de vários meios de pagamento (Referências Multibanco/ MB Way, Payshop…) De que forma é que acrescentam valor aos produtos/serviços já existentes para que o comerciante possa ter acesso a um serviço superior ao seu atual? Diferenciamo-nos pela busca constante de novos desenvolvimentos, funcionalidades e integrações técnicas. É por esta razão que temos sido constantemente pioneiros na introdução de novos meios de pagamento e iremos procurar manter-nos assim no futuro criando soluções que permitam
aos nossos clientes ter as melhores ferramentas no seu negócio. Considera que a EuPago é uma mais-valia para vários tipos de negócios, desde grandes volumes de vendas e pagamentos recorrentes até negócios esporádicos, sendo a escolha ideal, quer para empresas com loja online, quer para prestação de serviços, donativos entre outros? Para qualquer negócio é uma mais-valia ter acesso a diversos métodos de pagamentos pois é essa diversidade que leva à evolução das suas atividades. A nossa polivalência permite-nos ajustar a todos os comerciantes que nos procuram dando-lhes os recursos necessários para que todos possam competir de igual forma.
Anunciaram que este ano será lançado o vosso novo backoffice com novas funcionalidades. O que podemos esperar desta nova solução? Quais as vantagens e características diferenciadoras? Este novo backoffice, é o resultado de três anos de evoluções graças ao feedback dos nossos utilizadores. Graças a eles conseguimos criar uma nova ferramenta que vai de encontro às necessidades dos utilizadores sem descurar a segurança. Além do facelift, foram acrescentados novas funcionalidades e serviços dos quais destaco a possibilidade de efetuar reembolso pelo mesmo de meio de pagamento (Multibanco Visa/,mastercard/MB Way) e o acesso a informações que podem despistar casos de eventuais fraudes. Em resumo teremos um backoffice mais limpo, intuitivo, funcional e seguro onde se pode gerir os mais diversos meios de pagamento. Para nós, os clientes estão sempre em primeiro lugar e o nosso backoffice é a nossa de sala visitas onde queremos que o cliente se sinta à vontade. ▪